jornal digital Parceiros das Missões

Transcrição

jornal digital Parceiros das Missões
Brasília - Março de 2016 - Ano V - N° 44
Regional Sul 3 envia
três missionários
para Moçambique
(pág. 6- 7)
Pe. Domingos, Maria Roseclair e Pe. Luiz
Ir. Leonita, a religiosa
curandeira, depois de
22 anos na Argentina,
volta ao Brasil
(Pág. 4)
Obrigado PIME pelos seus
70 anos no país
(Pág. 8- 9 )
Missionário calabriano
já está em Angola
(Pág. 11)
Pra começo de conversa
Ir. Leonita
São Gabriel da Cachoeira
recebe missionário
de Botucatu (Pág. 5)
Nesta edição, retratamos diversos missionários e missionárias que partiram para a Missão
seja na Amazônia ou no exterior. São pessoas que
deixam o conforto de sua comunidade e ficam à
disposição, em qualquer lugar, para levar a mensagem evangelizadora. Pensam na universalidade da Igreja que, seguindo a voz do Mestre doam
suas vidas em prol de levar Cristo por todo o
mundo. Diz a Lumen Gent ium que “a
universadalidade é a alma da missão e do seguimento discipular, pois a Igreja foi constituída de
“sacramento universal de salvação”. Portanto são
descabidos os comentários de que primeiro deveria ser evangelizada a paróquia ou sua comunidade e depois pensar e agir no resto do mundo.
Cada paróquia tem que participar da missão universal da Igreja e prestar sua solidariedade com
nossos missionários seja orando, seja apoiando
financeiramente o trabalho junto à Missão. Isto é
ser missionário. O editor.
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TESTEMUNHO
Cruz da evangelização, símbolo do
Congresso Missionário Americano
já está no Brasil
A Cruz da Evangelização, símbolo do 5º Congresso Missionário Americano (CAM 5) a realizar-se
na Bolívia em julho de 2018, foi oficialmente acolhida, na sede nacional das Pontifícias Obras
Missionárias (POM), em Brasília (DF).
No dia 9 de julho de 2015, durante sua viagem apostólica à Bolívia, o papa Francisco abençoou 40 cruzes idênticas: uma para cada país da
América e 18 para as dioceses bolivianas. Com este
gesto, teve oficialmente início o caminho de preparação ao 5º Congresso Missionário Americano (CAM
5) que se realizará na cidade de Santa Cruz de la
Sierra. Estea cidade também o 10º Congresso Missionário Latino-americano (Comla 10).
Realizada por artesãos da região boliviana de
Chiquitos, a Cruz da Evangelização contém as relíquias da Beata Nazaria Ignacia March Mesa, a primeira a fundar uma comunidade religiosa na Bolívia.
Segundo o diretor das POM no Brasil, padre
Camilo Pauletti, a ideia é utilizar a Cruz em alguns
momentos significativos nos regionais da CNBB, a
exemplo de congressos, simpósios e outras iniciativas. Na Assembleia do Conselho Missionário Nacional nos dias 11 a 13 de março próximo, serão decididos detalhes sobre a utilização da Cruz no Brasil.
Em 2017, a Cruz será o principal símbolo do 4º Congresso Missionário Nacional.
Como parte da preparação para o Congresso
aconteceu também, nos dias 28 de setembro a 01
de outubro, em Porto Rico o 1º Simpósio Internacional de Missiologia. Participaram cerca de 100 re-
POM recebe a Cruz da Evangelização
A cruz foi feita por artesãos bolivianos
presentantes das Pontifícias Obras Missionárias
(POM), organismos e conferências episcopais de 21
países do Continente americano.
Nos dias 28 de fevereiro a 02 de março, aconteceu o 2º Simpósio, desta vez em Montevidéu no
Uruguai. A delegação do Brasil para o evento teve a
participação dos padres Camilo Pauletti, Sidnei Marcos Dornelas, Jaime C. Patias e Estêvão Raschietti.
Estes simpósios constituem momentos importantes
na reflexão e elaboração do Documento de Trabalho do CAM 5.
Jornal Digital das Pontifícias Obras Missionárias do Brasil
Brasília - Março de 2016 - Ano V - N° 44
SGAN 905 - 70790-050 Brasília - DF
Diretor: Pe. Camilo Pauletti
Fone 3340.4494
E-mail: [email protected] Edição: Jorn. Camilo Simon ( Reg. Prof. n° 3248)
TESTEMUNHO
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Paraná prepara-se para enviar
mais missionários para Guiné Bissau
Vindos de várias cidades
do Paraná, 30 vocacionados à
missão na Guiné Bissau (África),
entre os quais dois padres, estiveram reunidos nesta em fevereiro, na paróquia Nossa Senhora do Pilar, em Ponta Grossa (PR). A reunião teve por objetivo dialogar com os missionários paranaenses, o diácono
permanente Pedro Lang e sua
esposa Salete Lang que atuam
na Missão Católica de Quebo,
na diocese de Bafatá, naquele
país africano.
Durante a missa, dom
Sérgio Arthur Braschi, bispo da diocese de Ponta
Grossa e referencial para a missão no Paraná, ressaltou a importância do encontro descrevendo o
que significa ser missionário num outro país citando o exemplo de Abraão, que deixou tudo em resposta ao chamado de Deus. Dom Sérgio destacou
Leigos e padres se preparam para a missão
ainda que existem três formas de participar da
missão: rezar pela missão, colaborar financeiramente e ser enviado como missionário.
A Missão Católica Beato Paulo VI é uma iniciativa das dioceses do Regional Sul 2 da CNBB (estado do Paraná). A diocese de Bafatá tem como bispo
o brasileiro dom Pedro Zilli, PIME.
Os missionários Pedro e Salete partilharam a
experiência vivida no ano passado junto à comunidade de Quebo: tempo de aprendizado, de mergulho na cultura local com suas motivações: senso
forte de família, participação expressiva e cativante
nas celebrações. Falaram ainda de alguns desafios
como a alimentação, falta de energia elétrica, clima, língua, pobreza, doenças... No entanto, o que
mais os contagiou foi a alegria que caracteriza o
povo guineense.
O casal Pedro e Salete
Pedro e Salete relataram que várias vezes puderem literalmente salvar vidas. Um dia, enquanto
almoçavam, Salete ouviu ao longe um choro desesperado de mulher. Ela deixou seu prato de lado e
correu até a casa daquela mulher. Ao entrar, percebeu que a família era muçulmana. Viu uma criança
agonizando nos braços de seu pai. Tentou se comunicar em português e crioulo, mas não teve sucesso. Fez então sinal para que aquele homem com a
criança a acompanhasse. Imediatamente, junto com
o Pedro os levaram ao hospital. Durante o trajeto,
Salete pegou em seu colo a criança e rezou por ela
à Nossa Senhora. Chegando ao hospital, o diretor,
que havia recentemente recebido ajuda da Missão
Católica, se dispôs a atender imediatamente a criança solicitando que o pai aguardasse fora. Após o
médico ter reanimado a criança, confidenciou à
Salete que aquela menina teria morrido se não tivesse sido socorrida de imediato. Ao entregá-la a
seu pai, os missionários puderam constatar a alegria e a gratidão daquela família.
No decorrer de 2015, Pedro e Salete sentiram
na pele o sofrimento do povo ao contrair malária
por três vezes. Essa doença ainda mata muitas pessoas em Guiné Bissau com em muitos países da África. Os missionários com tristeza recordaram que das
crianças que moram ao redor da missão católica,
seis delas morreram no último ano devido à malária. Esse é um dos motivos pelo qual a Missão Católica construirá um pequeno hospital em Quebo.
O testemunho do Pedro e da Salete contagiou
e motivou os presentes de tal forma que muitos deles, emocionados saíram do encontro alimentando
o desejo de, em breve, partir para Guiné Bissau.
Mário Spaki
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TESTEMUNHO
Ir. Leonita na Argentina: a natureza
é a grande farmácia de Deus
Ir. Leonita e os remédios naturais
Regressou ao Brasil, depois de 22 anos como
missionária, em Posadas na Argentina, a religiosa
Ir. Leonita Antunes, da ordem das Irmãs da Imaculada
Conceição, com sede em Trento, Santa Catarina. O
Jornal Primeira Edição, de Posadas, assim a definiu: “curou feridas superficiais e profundas,tirou piolhos de milhares de crianças, ajudou as pessoas a
minorar seus males com preparados naturais, mas
também acalmou a alma dolorida de milhares de
pessoas”.
Ir. Leonita chegou a Posadas para trabalhar
com os mais pobres e desvalidos da periferia da cidade. Ali, vendo a miséria do povo, iniciou um trabalho com medicina alternativa à base de ervas medicinais. Depois de atrair a dezenas de voluntários fundou o Centro de Terapias Naturais da Alma,
que atende dezenas de pessoas por dia. Também
foi criada a ONG Tupá Eretá Funte de La Vida que
administra a instituição.
Para a religiosa, se quisermos saber quais os
problemas porque tanta gente acorre à medicina
alternativa, basta olhar para o mundo atual. A maioria das pessoas tem basicamente problemas e questões psicológicas, a não ser as crianças que apresentam doenças respiratórias, como asma e bronquite. A população adulta apresenta doenças de
hiperpertensão, diabetes, câncer causadas pelo
fumo, pela obesidade e pelo stress. Existe o stress
do trabalho, dos problemas econômicos e da sociedade que acaba, gerando hipertensão. E os idosos
se apresentam com alzheimer”.
Frente a tantos problemas, Ir. Leonita repete: “a natureza é a grande farmácia de Deus. Ali
encontramos de tudo, tanto para a alimentação
como paqra a cura de algumas doenças. Nós falamos muito de saúde. Não falamos de hospitais, nem
de postos de saúde, nem de médicos. Queremos que
a saúde esteja nas mãos da comunidade; que nós
nos cuidemos para
não ficarmos doentes. Se nos alimentamos bem, fazemos
exercícios físicos, tomamos água, não ficamos estressados. A
pessoa precisa estar
bem consigo mesma
para comunicar-se
com os demais e estar feliz com os que
vivem ao seu redor”.
Insiste a religiosa que
o ento rno de nós Ir. Leonita e suas plantas
onde a gente se
move, influi muito na saúde do indivíduo. “ Sempre
digo que devemos estar bem conosco, com o nosso
entorno e com Deus. A fé ajuda muito estar bem
porque te anima a seguir adiante, porque problemas todos nós temos. Grandes ou pequenos, todos
nós temos. Porém temos que saber lutar com isso e
saber conviver com eles”- diz a terapeuta e especialista em ervas medicinais.
Na sua despedida disse Ir. Leonita: “volto ao
Brasil sentindo saudades destes anos todos junto ao
povo. Faz 22 anos que cheguei a este país e é claro
vou sentir muita saudade, porém nós não temos que
amarrar nosso coração porque temos que saber nos
desprender. Saio, mas aqui está tudo planejado.
Depois de tantos anos, temos pessoas que se formaram comigo e levarão o projeto adiante. Conto
com pessoas de confiança e uma religiosa que chegou aqui há mais de um ano”.
Em Nova Trento, Ir. Leonita trabalhará numa
clínica semelhante à sua com instalações modernas
para atender a todos que necessitam. É o Centro de
Terapias Fonte da Vida.
.
Sede da ONG Tupá Eretá Fuente de La Vida
TESTEMUNHO
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Missionário de Botucatu
parte para a Amazônia
Foi celebrada no dia 31 de janeiro, na
arquidiocese de Botucatu (SP), a missa de envio do
padre Luiz Aparecido Lauch, que ficará três anos
em missão em São Gabriel da Cachoeira (AM), através do Projeto Igreja Irmãs dos regionais Sul 1 e Norte 1 da CNBB. A celebração foi presidida pelo arcebispo metropolitano de Botucatu, dom Mauricio
Grotto de Camargo e concelebrada pelo próprio padre Lauch.
O arcebispo metropolitano de Botucatu, dom
Maurício Grotto de Camargo disse que “o envio solene de um membro de nosso presbitério, é motivo
de grande alegria e estímulo para o cultivo do espírito missionário para todos nós: o povo de Deus, de
nossas comunidades, os consagrados e consagradas,
os seminaristas, os diáconos, os padres e o bispo”,
salientou o arcebispo.
Dom Mauricio recordando o Ano Santo da Misericórdia ressaltou “que esta celebração se dá dentro de um gesto concreto bem significativo no contexto do Ano Santo da Misericórdia. Esta é precedida, po ssibilitada pelo espírito e pela ação
missionária. Sem abertura para o outro, sem saída
de si, sem deixar a própria zona de conforto e segurança, sem arriscar-se, sem movimento de
desinstalação, e motivado apenas pelo amor simples e gratuito, a misericórdia não germina, não prospera e não se realiza”.
Ele aproveitou e manifestou “profunda gratidão ao padre Lauch, por colocar-se misericordiosamente a disposição das necessidades de uma Igreja
Irmã e ao Projeto Sul I - Norte I, sem o qual dificilmente teríamos condições de realizar esta obra de
misericórdia”. Ao final da cerimônia foi entregue ao
padre Lauch, uma cruz que pertencia a dom Maurício, lembrando o compromisso com Cristo e a comunhão com a diocese que envia.
Padre Lauch já atuava em Ipameri (GO), há
vários anos, onde foi assessor da animação
missionária no Regional Centro-Oeste e voltou para
sua arquidiocese de origem, Botucatu, onde a convite do arcebispo metropolitano, dom Mauricio, atendendo ao pedido de dom Edson Damian, bispo de
São Gabriel da Cachoeira, assume mais um trabalho
de evangelização na diocese de São Gabriel da Cachoeira, AM.
A diocese de São Gabriel da Cachoeira, fica a
850 quilômetros de Manaus, fazendo fronteira com
a Colômbia e a Venezuela, sob responsabilidade de
dom Edson Damian. Possui 23 etnias indígenas diferentes e 18 línguas faladas pelos povos locais. Na
região, o trabalho missionário de catequese com os
indígenas é feito com a enculturação do evangelho,
iniciando a população local à vida cristã.
Pe. Lauch
O padre Iauch concedeu entrevista antes
do seu embarque para a Amazônia.
- O que levou o senhor escolher o Projeto
Missionário na Amazônia, especialmente São
Gabriel da Cachoeira?
- Penso que, se nos dispomos para a missão, nem sempre a escolhemos: a missão nos escolhe. Mesmo porque o chamado de Deus à missão é constante, seja local ou além-fronteiras.
Como eu já estava há três anos numa missão em
Ipameri, e já inscrito para um curso de formação
missionária para a Amazônia no CCM, em Brasília,
houve essa possibilidade. Foram necessários apenas alguns contatos entre os Bispos para que o
Projeto Missionário para a Amazônia começasse a
entrar na minha vida.
- Quais são as suas expectativas em relação à sua missão na Diocese de São Gabriel da
Cachoeira?
- Pra mim a expectativa na missão é sempre de doação. Creio que posso pensar essa missão com algumas palavras: ir, vivenciar e testemunhar Cristo na caridade e na partilha.
- Como o senhor vê a Missão, hoje, na Igreja?
- Não existe Igreja “em Saída” sem Igreja
local com a consciência de sua missão. Então, Igreja local também existe porque já está em saída
“de si mesma” para o encontro com o outro: não
se contenta, não se acomoda em si, mas lança-se
no testemunho de Jesus Cristo, amando o próximo.
As. Imprensa Arquidiocese de Botucatu
A celebração
do envio
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TESTEMUNHO
Moçambique receberá reforço
de mais três missionários
Em fevereiro passado, o Conselho Missionário Regional (Comire) do
Regional Sul 3 da CNBB, esteve reunido em Porto Alegre, com o objetivo
de promover a articulação da ação
missionária no Rio Grande do Sul e
avaliar as atividades do ano.
Na ocasião, o bispo da Diocese
de Osório (RS) e referencial da dimensão missionária do Regional, Dom Jaime Pedro Kohl, anunciou os três novos missionários, que partirão para a
missão em Moçambique. “Estamos enviando missionários além-fronteiras.
Os três nomes são: Maria Roseclair
Ribas, leiga, engenheira agrônoma,
pertence à arquidiocese de Porto Alegre; padre Domingos Manoel Lopes,
do clero de Bagé, e o padre Luiz Alves
da Costa, da diocese de Itabuna, na
Bahia”, revelou Dom Jaime Pedro.
Na cidade de Osório, o Conselho Missionário Regional (Comire) Regional Sul 3 da
CNBB promoveu um encontro de experiências
missionárias, na Cúria Diocesana de Osório (RS). O
encontro, contou com a participação de bispos,
padres e leigos envolvidos com a animação
missionária ad gentes, do Rio Grande do Sul.
Segundo o bispo Dom Jaime Pedro Kohl, o
objetivo do encontro consistiu em uma partilha fraterna de experiências entre os missionários que
estiveram colaborando com o Projeto Igreja Solidária da diocese da Nampula, localizada no norte
de Moçambique, como os padres Domingos Manoel
Lopes e Luiz Alves da Costa, e ainda com a leiga
Maria Roseclair Ribas. Em fase final de preparação
eles contaram como decidiram abraçar o Projeto
Igrejas Solidárias do Rio Grande do Sul que, em mais
de 20 anos, já enviou cerca de 50 missionários e
missionárias para a Diocese de Nampula.
A troca de experiências
Os três missionários
Para o padre Maurício Jardim, da arquidiocese
de Porto Alegre, que de 2008 a 2012 colaborou com
o projeto em Moçambique, ser enviado pela Igreja
no Rio Grande do Sul requer alguns elementos básicos para adaptação. “Ao chegar é importante uma
atitude de escuta, de respeito, de diálogo e observar a realidade. Logo o missionário participa de um
curso para inserção na Igreja de Moçambique, que
precisa muito de leigos, padres e irmãs”, afirmou.
Já para o casal Edenilson dos Santos Costa e Camila
Maciazeki Gomes, que permaneceram um ano em
Moçambique, a experiência foi "maravilhosa". “Para
nós, cada dia era uma experiência nova e tudo foi
gratificante. Destacamos a convivência e a alegria
do povo. É um povo que tem muito a dar, apesar de
toda dificuldade que passa. Eles nos ensinam muito
e vale a pena partir em missão”, afirmaram.
De acordo com o arcebispo de Porto Alegre e
presidente do Regional Sul 3 da CNBB, Dom Jaime
Spengler, a Igreja tem a missão como algo
próprio de seu DNA. “Conversamos sobre a
presença da Igreja no Rio Grande do Sul e de
outras expressões do Brasil neste projeto de
solidariedade com a Igreja de Moçambique.
Fazemos votos para os que lá estão e os que
estão indo possam ajudar a promover ainda
mais essa dimensão evangelizadora da Igreja. Quem se sente tocado, encontrado e atingido pelo Evangelho não pode não desejar
partilhar e compartilhar essa experiência fundamental. Que possamos crescer mais neste
espírito de solidariedade entre nossas igrejas”, avaliou Dom Jaime.
TESTEMUNHO
Aqui os depoimentos dos novos missionários
Maria Roseclair Ribas, leiga, engenharia agrônoma, da paróquia Nossa
Senhora Auxiliadora, arquidiocese de Porto Alegre.
“Há alguns anos atrás já tinha feito um trabalho de voluntariado junto à Pastoral Missionária na qual tive o contato com a irmã Amália Vivian, que foi a responsável por despertar em mim este interesse. Porém, minha caminhada foi
curta e tive de começar minha vida profissional, como engenheira agrônoma e
este “desejo” ficou adormecido. Segui minha trajetória profissional até o ano
2002 quando minha mãe veio a adoecer e eu, como filha mais nova, lhe assumi.
Paralelamente, a esta função eu continuei meu trabalho na área ambiental, em
casa. Já muito tempo sem contato com a irmã Amália consegui seu e-mail e me
comuniquei com ela (na ocasião ela estava nos EUA) e, nestes contatos manifestei minha vontade de voltar a pensar sobre isto, mas em um dos nossos diálogos ela me disse: ‘Termine
agora esta missão e se for para um dia ires a África, ela te será dada’.
Perdi novamente o contato da irmã. Nunca mais nos falamos! Porém, em agosto deste ano minha mãe veio
a falecer e depois de dois dias de sua morte tive um encontro “providencial”, em Osório com dom Jaime
Pedro, o qual não o conhecia. Em uma de nossas conversar entrei no assunto de meus trabalhos profissionais junto com a congregação dos Pobres Servos e assim tudo foi se encaixando até chegar no trabalho
junto à Pastoral Missionária. Desde agosto quando então nos falamos eu fiquei muito sensibilizada com a
proposta, mas não deixamos nada alinhavado. Apenas fomos conversando através de algumas ferramentas
da internet. Em setembro nos reunimos e ali o assunto começou a tomar pé. Neste ínterim, eu fui pensar
em me preparar espiritualmente para encontrar a resposta.
Fui fazer o retiro sobre a liderança de Moisés e algo muito forte se manifestou em mim. Me emocionei
muito. E logo depois pedindo desculpas ao grupo, falei que estava passando por um momento difícil de
luto e de desafios na minha vida pessoal. Nessa ocasião, uma senhora que sentava ao meu lado conversou
comigo e comentamos sobre as poucas pessoas que tinham se inscrito para o “retiro” e, nestas palavras
ela me disse o seguinte: ‘Que Deus não escolhe os melhores, mas aqueles que Ele os elege para preparar’”.
Padre Domingos Manoel Rodrigues Lopes, da paróquia São Judas Tadeu,
Diocese de Bagé.
“Estou me colocando à disposição para a missão em Moçambique. O que me
motiva é a possibilidade de ser a presença da luz de Jesus, ser esperança junto
às comunidades missionárias. É necessário marcar presença enquanto Regional
Sul 3 em Moçambique. Diante de tudo isso vem o compromisso de um dia retornar
e ser um agente motivador de mais leigos e religiosos para se disporem a abraçar essa causa. Temos muitas necessidades em nosso país, mas o povo de
Moçambique também precisa de missionários. Não vou lá levar Jesus Cristo porque Ele já está lá”.
Padre Luiz Alves da Costa, atualmente administrador da paróquia Senhora Santana, de Buerarema, Diocese de Itabuna, na Bahia.
“Por decisão própria me coloco a disposição para contribuir com a missão ad
gentes com a equipe missionária do Regional Sul 3, em Moçambique. Depois de
estudar o decreto Ad Gentes, sobre a atividade missionária da Igreja no mundo,
na missão trinitária da salvação para todos os povos, senti-me impulsionado
para fazer uma experiência missionária além-fronteiras. Respondendo a este
chamado despertou em mim algumas inquietações internas que tem me acompanhado ao longo desses anos em vivenciar o Evangelho de Jesus Cristo em
outras culturas e povos. O meu sentimento neste momento é de gratidão e
abertura para a graça de Deus, tendo consciência que o chamado de Jesus
Cristo é para todos os povos e que a salvação acontece em todas as culturas,
acreditando assim numa Igreja em estado permanente de missão”.
Fonte: Regional Sul 3 da CNBB
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TESTEMUNHO
PIME missionário completa 70 anos
de atividades no Brasil
Encontro em Brasília
Por Pedro Facci
Em um dia de dezembro de 1946, há setenta
anos, três missionários italianos do Pontifício Instituto das Missões Exteriores (Pime), os padres Atílio
Garré, vindo da China, Aristide Pirovano e José
Maritano, da Itália, desembarcavam no porto de Santos. Os dois últimos se tornariam bispos de Macapá
e fundadores das missões na Amazônia.
Iniciava assim a epopeia de um Instituto missionário
que lançava na Terra da Santa Cruz a semente da
evangelização ad gentes.
Impossível elencar os frutos que nasceram
daquele plantio que se tornou, logo, uma árvore fecunda, espalhando seus ramos Brasil afora: São Paulo, Paraná, Amazonas, Amapá, Rio de Janeiro, Pará,
Santa Catarina, Mato Grosso doSul, Minas Gerais e
Sergipe; criando comunidades, paróquias, dioceses,
como Parintins e Macapá, suscitando e formando
vocações diocesanas locais, e, mais tarde, também
vocações missionárias além-fronteiras, e entregando suas belas comunidades ao clero local na mais
autêntica tradição carismática do Instituto.
Ao longo de 70 anos, toda a Comunidade Pime
presente no Brasil se encontrou em Brasília (DF),
entre os dias 25 e 29 de janeiro, para celebrar, agradecer, avaliar, discernir e projetar seu futuro. Muitas coisas mudaram nestas décadas, mas o entusiasmo missionário continua o mesmo, sinal da autenticidade e atualidade do carisma. É só observar a
assembleia para constatar esta mudança.
Nos primeiros tempos, o grupo dos missionários do Pime era predominantemente italiano. Hoje,
um quarto da assembleia provém do Brasil, de países da América, Ásia e África. E estes são os missionários mais jovens. Isso representa uma mudança
“epocal” que não é só cultural ou geográfico, mas
também eclesial. De fato, se há anos atrás a presença do Pime no Brasil era marcada pela plantatio
ecclesiae, isto é, pela finalidade de fundar a Igreja
e suas estruturas onde ela não estava presente,
hoje podemos falar de uma animatio missionis
ecclesiae, isto é, a animação missionária da Igreja
local.
Foi essa a tônica do encontro, que já mostrou o novo rosto do Instituto, inclusive com novos
membros brasileiros trabalhando além-fronteiras,
anunciando a Boa-Nova do conforme o mandato do
Senhor: ‘ide pelo mundo inteiro...’ entre todos os
povos.
O testemunho de dom Pedro Zilli, bispo do
Pime em Bafatá, na Guiné Bissau, África mostrou
como muitas leigas e leigos brasileiros também
chegam à sua missão para partilhar o Evangelho.
Nesse sentido, é muito interessante a colaboração
do Conselho Missionário Regional (Comire) Sul 2 da
CNBB, estado do Paraná, com essa missão na Guiné
Bissau, enviando padres e leigos, além de 20 mil
bíblias.
É esse um dos sinais proféticos que faz da
Igreja uma comunhão itinerante, como sublinhou o
cardeal, dom Cláudio Hummes, presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia e da Rede Panamazônica (REPAM), ao abrir a assembleia indicando algumas linhas orientadoras para o futuro.
Quais os resultados deste encontro?
Uma renovada escolha preferencial pelos
pobres, enfatizando mais a missão na Amazônia,
chamada pelo cardeal Hummes de “periferia das
periferias”, os povos indígenas, os marginalizados
como presos, migrantes, vítimas do tráfico humano, explorados, sem-terra, sem-teto, vítimas das
drogas...
A assembleia se interrogou também sobre
como evangelizar nas grandes cidades, nos centros
urbanos, numa cultura cada vez mais secularizada
e aparentemente relutante à Boa-Nova. Nasceu assim um projeto chamado “humanismo integral” que
pretende entrar nas escolas e universidades para
TESTEMUNHO
anunciar, mesmo em roupaTranscendente.
gem leiga, a centralidade de
“O Reino de Deus é como quando alguém esCristo, que é capaz de dar
palha a semente na terra... e ela vai germinando e
um sentido mais profundo e
crescendo" (Mc 4, 26)
humano à vida.
Foram escolhidas qua* Missionário do Pime em Manaus (AM)
tro áreas de trabalho missionário: São Paulo-Paraná,
Manaus-Parintins, MacapáBelém e No rdeste. A
assembleia decidiu ainda
unificar os três regionais
existentes numa única Região Pime Brasil. Uma escolha corajosa em sintonia com
os sinais dos tempos que exigem maior concentração de
O PIME atua na Amazônia desde o começo da vinda dos missionários
força e objetivos claros de
ação.
A presença do diretor
das Pontifícias Obras Missionárias (POM), padre cada vez mais, com coragem e ousadia, aquela conCamilo Pauletti, deu também ao encontro uma nota versão missionária à qual o papa Francisco contide maior inserção na Igreja local. O Pime quer se nuamente nos provoca.
colocar a serviço da Igreja do Brasil, sujeito de misO Pime, por meio da Editora Mundo e Missão
são, para que o carisma missionário ad gentes passe publica livros na dimensão missionária, a revista
aos poucos a fazer parte da Igreja local e assuma, "Mundo e Missão" e os jornais "Missão Jovem" e O
Pe. Pavan nomeado para unificar as três regiões
Durante a Assembleia realizada em Brasília no final do mês de Janeiro desse ano, por membros do Pontifício Instituto das Missões Exteriores (PIME),foi nomeado pelo superior geral de
Roma, o Padre Vicente Pavan como responsável
para unificar as três regiões do PIME Brasil.
Vicente Pavan explica que “O PIME trabalha no Brasil faz 70 anos e no Brasil existem três
diretórios divididos na região Sul, (São Paulo),
no Norte 1 (Manaus e Parintins) e Norte 2 (Macapá
e Belém). Essa Assembleia serviu para avaliar o
ponto em que nós estamos e como nós vamos
nos organizar para o futuro. Antigamente tínhamos muita dificuldade de comunicação um com
os outros e agora nos tempos modernos, temos
aviões que encurtam a distância e a internet
(WhatsApp, facebook, instagram e outros), então não há necessidade de termos três diretórios,
então será somente um”.
O Padre tem 72 anos, nasceu na cidade de
Veneza na Itália em 1944. Veio para o Brasil
(Parintins) em 1973, onde passou, três anos, na paróquia de São José Operário como ajudante do
Padre Vitório Júrin. Depois Vicente Pavan foi para Barreirinha onde fiquei nove anos. De Barreirinha
foi para Santa Catarina, como diretor de Seminário de Filosofia onde permaneceu por cinco anos,
em seguida para São Paulo como diretor de um colégio e superior do PIME também em São Paulo
terminando em 1996.
Em 1997, Pavan veio para o Andirá para descansar em um lugar solitário, sozinho, chamado
‘Grão de Mostarda’ e morou lá durante quatro anos. Mais tarde, o missionário foi chamado à Itália,
onde ficou três anos trabalhando em um Centro Missionário, voltando para Parintins a chamado de
Dom Giulliano em 2005, sendo vigário da Catedral de Nossa Senhora do Carmo e depois do Sagrado
Coração de Jesus.
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TESTEMUNHO
Missionários calabrianos partem
para Angola e Paraguai
Mais um missionário parte para Angola. Desta
vez, é o pe. Edimilson José da Silva, religioso da
Co ngregação do s Po bres Serv os da Divina
Providência. Depois de ter celebrado o envio em
Farroupilha (RS), viajou, em fevereiro passado para
Luanda. Vai somar-se a outros missionários da
Congregação, bem como ao trabalho das religiosas.
Aqui seu depoimento de despedida do Brasil:
“Angola, um Sonho. Se fosse escolher um
tema para essa matéria, seria este, pois terei a
graça de co ncretizá-lo. Este so nho de ser
missionário em Angola começou desde o início da
minha caminhada vocacional no ano de 1998, em
nossa casa de formação em Campo Grande MS. Dois
religiosos da nossa congregação foram dar
testemunho das suas experiências em Angola. Esse
testemunho alegre e emocionante foi o marco para
meu sonho de ser missionário como eles. Destaco
que neste período eles viviam no país em conflitos
internos, ou seja, guerra civil.
A partir da primeira conversa com os
superiores da delegação (província) no ano de 2000,
fui me colocando à disposição e a cada novo superior
eu manifestava o meu sonho.
Nesta espera participei de diversas atividades
religiosas em Campo Grande-MS, Porto Alegre - RS,
Feira de Santana-BA e Ponta Porã-MS. Quando recebi
a obediência para ir a Angola, meu superior me disse
que eu poderia pensar antes de responder. Eu disse,
esperei tanto tempo e minha resposta é sim. Eu
vou. Isso em meio a uma grande emoção.
Estou aqui na capital Luanda e acompanharei
a formação dos postulantes, em sua caminhada em
preparação para consagração na Vida Religiosa.
Minha missão em Angola é por tempo indeterminado
e meu desejo é que seja por muitos anos.
A minha grande expectativa é de ser sinal da
presença de Deus na vida daqueles que o próprio
Senhor me confiou. Vou para somar e ajudar naquilo
que precisarem. Como diz São João Calábria, nosso
Fundador “DISPOSTO A TUDO”.
Pe. Edmilson e Pe. Rozalino
na celebração do envio
Missão junto aos pobres do Paraguai
Animando uma celebração
Os primeiros meses serão de observação da
cultura, procurando adaptar-me aos novos
costumes, antes de tudo. O idioma é o português
de Portugal. Isso na verdade já favorece muito a
própria comunicação.
Estou mais que feliz por este chamado que o
Senhor me fez e rezo para que chame outros para
as Missões Além Fronteiras. Pela intercessão de
Mamã Muxima (Nossa Senhora da Angola) o Deus da
Vida vos abençoe! Conto com vossas orações!”
Na celebração do env io, t ambém foi
confirmado o Pe. Rozalino Vanzin como missionário
no Paraguai. Aos dois novos missionários muita
coragem, fé e persistência. É o que deseja as
Pontifícias Obras Missionárias.

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