Case de Jundiaí Coleta e Tratamento de Esgotos

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Case de Jundiaí Coleta e Tratamento de Esgotos
Case de Jundiaí
Coleta e Tratamento de Esgotos
Figura - 1
Fonte: Fonte: site CSJ
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Perfil Municipal de Jundiaí
População:
355.417 habitantes
Extensão Territorial:
432 Km2
Localização:
63 km ao Norte de São Paulo
Taxa de mortalidade infantil:
11,0 por mil nascidos vivos
Índice Paulista de Responsabilidade Social
(IPRS):
Grupo1 (municípios que se caracterizam por
um nível elevado de riqueza com bons níveis
nos indicadores sociais)
Coleta de lixo – Nível de atendimento:
100 %
Abastecimento de água – Nível de
atendimento:
97,27 %
Esgoto sanitário – Nível de atendimento:
95,08 %
Esgoto sanitário tratado:
97 %
Lixo domiciliar/comercial destinado a
formas sanitariamente recomendáveis:
100 %
Taxa de analfabetismo da população de
15 anos ou mais:
5,01 %
Parque industrial:
Mais de 700 indústrias que atuam em
diferentes setores: químico, embalagens,
autopeças, metal-mecânico, alimentos,
vestuário e cerâmico.
Produção Agrícola:
É grande produtor de frutas, principalmente
uva Niágara e morangos, além de outros
hortifrutigranjeiros e aves de corte.
Fonte: Fundação Seade, 2008
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Localização do Município de Jundiaí
A história e a questão Ambiental em Jundiaí
Percebe-se
se na história de Jundiaí uma preocupação com a questão
ambiental, observada, entre outros dados, através da legislação municipal. No ano
de 1980 foi implementada a Lei Municipal 2.405/80, que disciplina o uso do solo
para proteção dos mananciais e demais recursos hídricos do Município de Jundiaí.
Dado a atributos ambientais de preservação da Serra do Japi, com
remanescentes da Mata Atlântica, e dos recursos hídricos das bacias dos rios Jundiaí
- Mirim, Caxambu, Piraí (Figura 2), Cabreúva e Capivari, utilizados como mananciais
nos municípios de Jundiaí,
iaí, Cabreúva, Itu, Indaiatuba, Salto, Itupeva e Campinas, foi
criada a Área de Proteção Ambiental (APA) de Jundiaí. O seu principal objetivo é
conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação dos recursos naturais.
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Figura 2- Nascente do Rio Piraí
Foto: Cristina Jabbour
Com a criação da Área de Proteção Ambiental (APA) de Jundiaí (Figura 3) a
preocupação ambiental passa a permear, de forma mais profunda, o debate com a
sociedade civil da região. Segundo a lei que implementa a APA (Lei n° 9.985, de 18
de julho de 2000, art. 15°) e a lei que regulamenta a APA (Decreto Estadual n.º
43.284 de 03 de julho de 1998, título IV), verifica-se que também as populações
locais são citadas como base do Sistema de Gestão Ambiental das APAs por meio do
Colegiado Gestor.
A proposta de zoneamento ambiental, de normas para uso e ocupação do
solo e de critérios para o uso de recursos naturais foram elaborados com base nos
diagnósticos ambientais e em discussões entre os segmentos interessados, ou seja,
a população foi inserida diretamente nestes processos.
O fato de a cidade de Jundiaí toda ser uma Área de Preservação Ambiental
pode estar relacionado ao fato de a cidade ter 100% de seu esgoto tratado.
Os problemas com a qualidade da água da Bacia do Rio Jundiaí, considerada
a mais poluída do interior de São Paulo, também contribui para a consolidação de
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um amplo interesse da sociedade civil acerca do tema, demandando, assim, a
adoção de medidas pelo poder público local.
Figura 3 - Mapa Área de Proteção Ambiental (APA) Jundiaí e Região
Fonte: Secretaria do Meio Ambiente
A despoluição do Rio Jundiaí
O Rio Jundiaí nasce na região serrana do Município de Mairiporã e percorre
123 km até atingir sua foz na cidade de Salto.
O programa de despoluição do rio Jundiaí iniciou-se em 1985, com a
participação do Governo do Estado de São Paulo, município de Jundiaí e indústrias
locais com o objetivo de auxiliar na despoluição do rio Tietê.
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Sendo a bacia do rio Jundiaí parte integrante da bacia do rio Tietê, os
objetivos primordiais da despoluição foram:
1)
Trazer ao município condições de desenvolvimento sustentável;
2)
Reduzir significativamente os impactos causados pelas cargas
orgânicas geradas nas fontes industriais e domiciliares (consideradas cargas
difusas);
3)
Revitalizar o rio Jundiaí;
4)
Revitalizar, conseqüentemente, o rio Tietê;
5)
Cumprir com o importante papel de velar pela qualidade de vida e
recuperação de ambientes degradados;
6)
Interceptar lançamentos de esgotos para serem tratados na Estação
de Tratamento de Esgotos de Jundiaí (ETEJ);
O PROJETO CERJU O CERJU - Comitê de Estudos e Recuperação do Rio Jundiaí - foi constituído
com integrantes do Governo do Estado de São Paulo, dos seis Municípios situados
na Bacia e representantes das indústrias da região. O trabalho solidário dos
membros do Comitê conquistou a aprovação e o amparo de importantes segmentos
comunitários e permitiu o desenvolvimento paulatino da consciência e da convicção
de que a solução do problema comum somente poderia ser alcançada com a
participação efetiva de todos.
Neste clima de solidariedade e sob orientação do CERJU, desenvolveu-se o
projeto das obras necessárias à despoluição do rio e à recuperação da bacia, que
consiste, basicamente, na construção de um sistema de transporte dos resíduos
industriais e esgotos coletados pela rede pública e de uma ou mais Estações de
Tratamento em cada um dos municípios.
O sistema de transporte constituiu-se de Coletores Tronco e Interceptores
de esgoto ao longo do Rio Jundiaí e dos seus principais afluentes, interligados à rede
pública de cada Município e aos pontos de despejo dos resíduos industriais. Além
da tubulação, cujo diâmetro atualmente varia entre 300 mm e 2.000 mm, o projeto
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previu as interferências com os equipamentos urbanos, travessias sob a ferrovia e
as rodovias da região e as passagens sob os cursos d'água afluentes do Rio Jundiaí.
No Município de Jundiaí, cuja população e parque industrial são os maiores da
Bacia, o projeto previu e executou a instalação de 50 km de Coletores Tronco,
Interceptores e Emissários de esgotos sanitários, passando por 06 (seis) túneis sob a
ferrovia e rodovias locais e por 09 (nove) sifões sob os principais afluentes do rio.
O tratamento desses resíduos transportados deveria ser realizado com a
construção e operação de um sistema de tratamento em cada Município. Em
Jundiaí, a Estação localiza-se próximo à divisa com o Município de Itupeva, no bairro
Novo Horizonte.
O Convênio
Com a finalidade de facilitar e garantir, em cada Município, a participação
efetiva dos integrantes do convênio, formaram-se seis subcomitês do CERJU. Em
cada cidade o subcomitê foi formado pela CETESB, como representante do Governo
do Estado; por representantes da Administração Municipal e das Indústrias locais.
As reuniões periódicas e sistemáticas dos subcomitês permitiram o
desenvolvimento satisfatório do programa e o acompanhamento, por parte do
Governo do Estado, das indústrias e da própria comunidade, das providências
tomadas pelas administrações municipais quanto à adequação e complementação
do sistema público coletor de esgotos às obras previstas no projeto.
Em Jundiaí, os 50 km de coletores e Interceptores de esgoto previstos
interligaram-se aos coletores principais e às redes coletoras existentes. O sistema
permite, atualmente, o atendimento de 97 % da população urbana do Município e
das indústrias, conduzindo os efluentes até a Estação de Tratamento, cuja
capacidade final será de 1,8 metros cúbicos por segundo. A Estação de Tratamento
foi inaugurada em setembro/98, sendo elaborada com base nos parâmetros obtidos
de uma Estação Experimental construída e operada durante 18 (dezoito) meses por
técnicos da CETESB e do antigo DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTOS DE JUNDIAÍ.
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Em Jundiaí, as contribuições financeiras para a execução das obras previstas
no projeto são feitas nas seguintes proporções:
• GOVERNO DO ESTADO...............................................39 %
• PREFEITURA DO MUNICÍPIO....................................39 %
• INDÚSTRIAS...................................................................22 %
Além do projeto básico de despoluição do Rio Jundiaí, o CERJU concluiu pela
necessidade de medidas complementares no sentido do estabelecimento de uma
política de controle da ocupação e do uso do solo e de melhoria do meio ambiente.
Neste sentido, em Jundiaí, o Plano Diretor Físico Territorial, desenvolve ações
municipais, objetivando:
-
Orientar os agricultores das áreas ribeirinhas quanto ao uso
de defensivos agrícolas;
-
Manter um viveiro de mudas e sementes destinadas à
recuperação das matas ciliares;
-
Fortalecer os mecanismos de controle da preservação da
Serra do Japy através da elaboração de discussão de projetos, com a
participação de toda a comunidade.
O tratamento do Esgoto
A ETEJ - Estação de Tratamento de Esgotos de Jundiaí - foi inaugurada em 23
de setembro de 1998 e demandou investimentos da ordem de R$ 20 milhões. Tem
a capacidade de tratar os resíduos de uma cidade com um milhão de habitantes
(sem indústrias) e faz parte do processo de recuperação do Rio Jundiaí.
Hoje, segundo dados do DAE, a estação trata 100% do esgoto coletado na
cidade de Jundiaí, inclusive o industrial, o que corresponde a 90% do esgoto
produzido no município.
A redução média da carga orgânica total com a estação de tratamento,
expressa em DBO5, é próxima a 92%.
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Segundo informações obtidas junto ao DAE, através da gerente de
tratamento de esgoto, Maria Auxiliadora Pedro Dib, a qualidade dos serviços
prestados pela concessionária responsável pelo tratamento de esgoto é
constantemente fiscalizada. Há uma análise realizada de forma conjunta, através de
coletas diárias da água devolvida ao rio pela Cia. de Saneamento de Jundiaí. Duas
amostras são colhidas, uma pela própria companhia e outra pelo DAE, como
representante da prefeitura da cidade.
Há um conselho formado por três representantes do DAE, três da Cia. de
Saneamento de Jundiaí, um do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo
(CIESP), um da Associação Comercial da cidade e um representante da comunidade
local. Este conselho reúne-se mensalmente, com objetivo de avaliar os resultados
da coleta, validar o serviço prestado e a manutenção da concessão à Cia. de
Saneamento de Jundiaí.
Além disso, o Comitê de Bacias Hidrográficas Piracicaba, Cabreúva e Jundiaí (CBH-PCJ) - é responsável pelas discussões sobre a renovação da outorga da
captação de água realizada pela cidade, bem como pelo impacto desta captação na
Bacia do Rio Jundiaí e nas Bacias Próximas.
A cidade de Jundiaí, para atender sua demanda de abastecimento, passou a
captar água do rio Atibaia. A outorga para tal capacitação foi concedida sob
algumas condições, estabelecidas pelo Comitê das bacias dos rios Piracicaba,
Capivari e Jundiaí. Entre estas condições estão a instalação de emissários e redes
coletoras, bem como o tratamento do esgoto gerado na cidade e da construção de
uma barragem de acumulação para 12,5 bilhões de litros de água
A reversão das águas do rio Atibaia para a bacia do rio Jundiaí foi alvo de
uma das primeiras discussões no âmbito do CBH-PCJ devido à influência na
captação para Campinas, também feita no rio Atibaia. Da mesma forma, discutiu-se
a captação no ribeirão Piraí para Indaiatuba, interferindo na captação de Salto. A
outorga foi concedida com base nas indicações do parecer técnico aprovado na
Plenária do Comitê, determinando a construção da referida barragem. Uma destas
represas foi construída junto à foz do rio Jundiaí Mirim, onde é captada a água para
abastecimento público de Jundiaí.
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Embora os órgãos gestores continuem sendo os responsáveis pelos
instrumentos de gestão, como a Outorga e o licenciamento, as deliberações
aprovadas no Plenário vêm influenciando de forma decisiva o conteúdo destes
documentos.
A sociedade civil tem sido bastante participativa no CBH-PCJ. Entretanto a
implementação de políticas públicas, consideradas a única forma de prevenção dos
problemas, não tem sido muito devidamente discutida. Um das razões para esta
constatação pode ser a dificuldade em se atingir as deficiências institucionais dos
órgãos diretamente responsáveis pela questão do saneamento.
ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE TRATAMENTO DE ESGOTOS
Em relação à instalação de interceptores, coletores e emissários de esgotos,
para o atendimento das demandas acima citadas, foi instalada uma Estação
Experimental de Tratamento de Esgotos. Seu objetivo era estudar os processos
utilizados na atualidade para verificar qual método seria mais compatível com as
características dos esgotos gerados pelas indústrias locais, conforme sua
tratabilidade.
Iniciaram-se os estudos sobre qual deveria ser o melhor sistema de
tratamento de esgotos para a cidade de Jundiaí, diante dos efluentes industriais
lançados no rio Jundiaí naquela ocasião. Os modelos estudados foram os seguintes:
•
Lagoas aeradas seguidas de lagoas de decantação;
•
Sistema australiano composto de lagoa anaeróbia seguida de
lagoa facultativa;
•
Lodos Ativados;
•
DAFA - digestor anaeróbio de fluxo ascendente.
Foi concluído que o sistema composto de Lagoas Aeradas seguidas de Lagoas
de Decantação seria mais indicado. Este sistema foi considerado operacionalmente
viável e de menor custo para implantação e operação, por possuir custos
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operacionais compatíveis e pela tolerância significativa de carga orgânica e vazões
de picos.
A atual Estação de Tratamento de Esgotos segue o modelo adotado nestes
estudos e está em fase de Ampliação do Processo.
A ETEJ em operação hoje foi construída por uma empresa privada, a partir
de concorrência pública realizada pelo Departamento de Água e Esgoto (DAE), onde
venceu a companhia que apresentou o menor preço, com obrigação de execução
das obras de construção da estação. A concessão tem prazo de 20 anos, contado a
partir do início de sua construção, em 1996.
Hoje, segundo dados do DAE, a estação trata 100% do esgoto coletado na
cidade de Jundiaí, inclusive o industrial, o que corresponde a 90% do esgoto
produzido no município.
Os emissários de esgoto foram construídos a partir de uma parceria pioneira
entre o Governo do Estado, o município e as indústrias. Juntos, eles investiram R$
26 milhões para a instalação de aproximadamente 50 km de tubos nas margens do
Rio Jundiaí, Rio Guapeva e dos córregos afluentes.
A redução média da carga orgânica total com a estação de tratamento,
expressa em DBO5, é próxima a 92%.
O esgoto é tratado na ETE em quatro grandes etapas (Figura 4):
1ª Etapa: Retenção dos sólidos
Plásticos, panos e os sólidos maiores são separados do esgoto por um conjunto de
grades e caixas onde a areia também fica retida.
2ª Etapa: Redução da matéria orgânica
Nas lagoas de aeração, bilhões de bactérias se alimentam da matéria orgânica
presente no esgoto. Esse processo de tratamento biológico, realizado em 4 dias,
necessita de muito oxigênio, fornecido por máquinas que soltam minúsculas bolhas
de ar na água.
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3ª Etapa: Separação do lodo
Nas lagoas de decantação, o lodo é separado do esgoto por decantação, num
processo que dura um dia.
4ª Etapa: Lançamento no rio
Sem a maior parte da poluição, o esgoto tratado é lançado ao rio Jundiaí.
Os resultados alcançados através do tratamento do esgoto coletado são:
•
Redução de doenças transmitidas pelo esgoto;
•
Atração de mais empresas ecologicamente responsáveis;
•
Jundiaí pode aumentar a captação de água no rio Atibaia graças à
ETEJ;
•
Jundiaí pagará menos pela água captada, quando esta cobrança
entrar em vigor;
•
Integridade do meio ambiente.
Figura4
Fonte: site CSJ
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SATISFAÇÃO DO USUÁRIO
Conforme informações obtidas junto ao DAE S/A, não há pesquisas relativas
à satisfação do usuário quanto à qualidade do serviço prestado na coleta e
tratamento do esgoto. Há, entretanto, um canal de atendimento 24h, gratuito,
oferecido pelo DAE S/A. Segundo informações da gerente de tratamento de esgoto
do órgão, as reclamações hoje são poucas, não superando uma ligação por mês.
Conforme informações obtidas, este número era maior durante a implementação
da ETE, predominantemente em relação ao mau cheiro.
AÇÕES COMPLEMENTARES
Outras ações realizadas pela Cia. de Saneamento de Jundiaí destacam o caso
de tratamento do esgoto na cidade:
1. Programa de Gerenciamento do Lodo de Esgoto na Agricultura
Com o desenvolvimento do Programa de Gerenciamento do Lodo de Esgoto
na Agricultura, denominado biossólido, a CSJ, em parceria com a Opersan Serviços
Ambientais, transforma de esgoto em condicionador de solo, uma matéria prima
utilizada na agricultura de cana-de-açúcar e eucalipto.
Fonte: site CSJ
2. O Programa, que está registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e do
Abastecimento, conquistou o Prêmio Ação pela Água em 2002, e elevou a cidade de
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Jundiaí à condição de uma das maiores aplicadoras de biossólidos na agricultura do
Brasil.
3. Os procedimentos técnicos adotados nesse Programa, que obedece às
normas da CETESB, Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, garante a
integridade do ambiente e, deixando de lançar lodo de esgoto em aterros
sanitários, contribui para o aumento de sua vida útil. Além dessa vantagem, há
também uma redução dos custos com a destinação final dos resíduos.
4. Biossólido
O lodo de esgoto, ou biossólido, é o resíduo semi-sólido gerado em sistemas
de tratamento biológico de efluentes. Trata-se de um material rico em nutrientes,
mas que precisa ter suas características rigorosamente controladas, pelo fato de
poder apresentar metais pesados e patogênicos. Por isso, o biossólido é utilizado no
cultivo de cana-de-açúcar e eucalipto, culturas que não se destinam ao consumo
direto da população.
O Programa de Gerenciamento e Reciclagem na Agricultura do Lodo de
Esgoto da CSJ tem trazido diversos benefícios. Em primeiro lugar, os agricultores
economizam em fertilizantes com o uso do biossólido.
Uma segunda vantagem é o pequeno impacto ambiental que causa e o fato
de que, se for bem orientado, pode ser sustentável por tempo indeterminado.
Graças a esta reciclagem, elimina-se a deposição em aterros, uma prática não
sustentável.
5. O Laboratório da CSJ
O laboratório recebeu, em junho de 2004, o “Certificado de Acreditação de
Laboratório”
emitido
pelo
INMETRO
(Instituto
Nacional
de
Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial) sob o número CRL 0174.
A conquista foi possível porque o Laboratório atendeu aos requisitos
definidos na norma NBR ISO/IEC 17025/2001, demonstrando ser competente para
realizar ensaios de DBO, DQO, pH e OD, que são os principais para acompanhar o
funcionamento da Estação de Tratamento de Esgotos.
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Além de atender às exigências descritas na norma, a CSJ investiu no
treinamento de profissionais e na aquisição e calibração de equipamentos em
laboratórios da RBC (Rede Brasileira de Calibração). O esforço se concentrou em
garantir a qualidade em todas as etapas dos processos laboratoriais.
A acreditação é um reconhecimento definido por acordos de foros
internacionais, como o International Laboratory Accreditation Cooperation - ILAC, a
European Cooperation For Accreditation – EA - e a Interamerican Accreditation
Cooperation - IAAC. A acreditação é realizada pelo INMETRO.
O INMETRO, para conceder a acreditação, submeteu o Laboratório CSJ a
uma equipe de avaliadores. O processo incluiu a verificação da competência técnica
dos funcionários, a adequação das instalações do Laboratório, a documentação e a
implementação do Sistema de Gestão da Qualidade, além de testes
interlaboratoriais. Todas as informações obtidas na avaliação foram enviadas à
Comissão de Acreditação do INMETRO, que pôde emitir o certificado.
6. Monitoramento Industrial
A CSJ criou um programa de controle das diferentes contribuições de
cargas recebidas na ETEJ, que visa efetuar uma cobrança justa para cada indústria.
Esse monitoramento proporciona um melhor conhecimento das características do
efluente de cada indústria como, por exemplo, carga diária, relação DBO/DQO,
formas de abastecimento e formas de emissão (origem sanitária e/ou industrial
com ou sem pré-tratamento etc.). É verificada, ainda, a conformidade com os
padrões de lançamento em rede pública coletora de esgotos da Legislação Estadual
de Controle de Poluição Ambiental.
Com o monitoramento, realiza-se a coleta das amostras com amostrador
automático instalado no ponto onde acontece o lançamento final do esgoto, sendo
que este ponto deve contemplar o efluente gerado no processo produtivo, nos
sanitários e no restaurante. O equipamento permanece na indústria coletando
amostras durante um ou mais dias. Ao término de cada período são retiradas as
amostras. Uma parte fica com a indústria, outra vai para o laboratório da CSJ
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realizar as análises de DBO, DQO, pH e sólidos, sendo os demais parâmetros, como
metais, óleos e graxas, sulfatos, etc., analisados em laboratórios terceirizados.
O resultado das análises é enviado à indústria para que tome ciência dos
valores obtidos, e os índices anteriormente cadastrados são alterados para a
respectiva indústria, o que conseqüentemente modifica os valores cobrados,
mantendo-se sempre um valor condizente com o efluente gerado.
7.
Educação
Na área educacional, são desenvolvidas a conscientização ecológica e
ambiental, com o objetivo de mostrar a importância da preservação e modificação
do meio; conceitos relacionados à educação ambiental, dando importância ao
consumo da água tratada e evitando o desperdício; ampliados os conhecimentos
para que se possa empregá-lo no dia-a-dia, visando a preservação da natureza e
ajudando a se preocupar com a vida coletiva; e informadas as diferenças entre lixo e
esgoto, possibilitando a destinação adequada para cada resíduo.
Nessa linha, os principais projetos educacionais permanentes são o Projeto
Água Viva e o Ciclo das Águas, dirigidos ao público estudantil ou geral, realizado em
parceria com a Secretaria Municipal de Educação e a DAE S/A Água e Esgoto.
Considerações Finais
Percebe-se, portanto, que no caso de Jundiaí uma preocupação do poder
público, aliada ao interesse ambiental da população local, contribuiu para o índice
acima da média estadual, chegando a praticamente 100% de esgoto tratado. A
formação do Comitê Gestor da Bacia do Rio Jundiaí mostra-se como um importante
diferencial para a evolução na questão do tratamento de esgoto na cidade, bem
como o controle da qualidade do serviço prestado pela concessionária, através do
controle de amostras diárias e reuniões mensais com representantes de vários
setores da sociedade.
A participação da população e seu envolvimento na questão ambiental de
Jundiaí, seja no Comitê Gestor da Bacia, no planejamento da Área de Proteção
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ambiental ou no controle de qualidade, mostra-se um fator fundamental para que
Jundiaí adquirisse o nível próximo aos 100% de esgoto tratado e coletado.
Estudos técnicos, entretanto, apontam a necessidade de um programa
conjunto dos municípios pertencentes à região da Bacia do Rio Jundiaí para que
haja uma melhora na qualidade da água, em níveis gerais. O tratamento de esgoto,
apenas na cidade de Jundiaí, não é capaz, por si só, de melhorar os índices de
oxigênio do rio de mesmo nome, uma vez que as cidades situadas à jusante de
Jundiaí continuam a despejar seus esgotos in natura.
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Referências Bibliográficas
Cia. de Saneamento de Jundiaí: www.saneamento.com.br/
DAE S/A: WWW.daejundiai.com.br
GIMENES, M; JABBOUR, C; PAPA, A; PIRES E. Análise crítica do Colegiado Gestor das
Áreas de Proteção Ambiental Jundiaí e Cabreúva visando a gestão ambiental.
Monografia Faculdade de Saúde Pública USP. São Paulo, 2002.
JUNDIAÍ. Rio Jundiaí Desenvolvimento da cidade, Impactos e Despoluição. Jundiaí,
2005.
NEVES, M. ; PEREIRA, S; FOWLER, H. Impacto do Sistema Estadual de Recursos
Hídricos na Bacia do Rio Jundiaí. Disponível em www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414753X2007000200010&script=sci_arttext
NEVES, M; CARDOSO, M. Qualidade das Águas do Rio Jundiaí: A necessidade de
uma
Gestão
Integrada.
Disponível
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http://cecemca.rc.unesp.br/ojs/index.php/holos/article/viewPDFInterstitial/556/467
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