Movimento - Signus Editora

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MO
VIMENTO
MOVIMENTO
Ovos de Páscoa chegam até 30% mais caros ao consumidor
OVOS DE PÁSCOA
Setor aposta
em produtos
mais baratos
A forte variação cambial e os preços do
cacau como commodity no mercado internacional promoveram aumentos significativos nos custos da indústria de chocolates no País. Às vésperas da Páscoa, as
empresas lutam para repassar ao consumidor o mínimo possível dos altos preços
cobrados por produtos como cacau e açúcar no país. O cacau é o item que teve
maior aumento desde a última Páscoa, com
125%, seguido pelo açúcar, com 85% e pelo
leite, com 25%. Soma-se à cadeia, o preço
das embalagens, que cresceu 55% em média. Em março de 2002, o cacau era cotado a US$ 300 a tonelada, saltando para
US$ 2 mil a tonelada na primeira quinzena
de março deste ano.
Com isso, as indústrias estão aumentando em torno de 30% os preços dos ovos de
Páscoa em 2003, ano em que o setor aposta
no aumento do consumo de ovos de chocolate de menor porte para manter o volume
no patamar de 2002. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Chocolate,
Cacau, Amendoim, Balas e Derivados
(Abicab), o consumo de ovos de 201g a 300
6
g passou de 34% em 2000 para 38% em 2002,
enquanto os ovos com mais de 500 g caíram
de 9% em 2000 para 6% no ano passado. No
total, a produção do setor chegou a 18,6 mil
toneladas, devendo ficar na casa das 18 mil
t este ano, segundo a Abicab. Com o aumento no preço do ovos, as vendas do segmento devem passar dos R$ 360 milhões,
de 2002, para R$ 480 milhões este ano. O
volume apresentado pela Abicab não inclui
a produção de ovos caseiros, que estão estimados em torno de 3 mil t este ano. Ainda de acordo com a associação, o mercado
de chocolates sob todas as formas ficou em
337 mil t em 2002, sendo 11,5% representados pelo período de Páscoa.
mentos e insumos para os segmentos de
panificação, bebidas e conveniência, irão
participar fabricantes do pequeno varejo,
como pequenos supermercados, confeitarias, sorveterias, panificadoras, entre outros.
São esperados mais de 40 mil empresários direta e indiretamente ligados ao setor
alimentício. Eles poderão visitar 250 estandes
localizados numa área de 20 mil m2. A edição 2003 da Fipan promete movimentar em
torno de US$ 450 milhões, como explica
Frederico Maia, presidente do Sindipan/Aipan
(Sindicato e Associação das Indústrias de
Panificação e Confeitaria de São Paulo), entidade realizadora do evento. “Será uma feira histórica, com maior visibilidade em toda
a América Latina”, comenta.
Para atender às necessidades dos visitantes ligados aos três maiores sindicatos representativos do pequeno varejo brasileiro –
além do Sindipan, Sincovaga (Sindicato do
Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios
do Estado de São Paulo) e Sincofer (Sindicato do Comércio Varejista dos Feirantes do
Estado de São Paulo) – a Fipan 2003 ocorrerá em paralelo a dois outros eventos importantes: o I Congresso dos Micros e Pequenos
Varejos de Produtos de Consumo de Massa e
o I Pancon Fest - Festival de Panificação e
Confeitaria Profissional. Estes dois encontros
visam o lançamento de novas propostas de
gestão para a cadeia de produtos de consumo de massa, bem como a premiação de receitas especiais para pães, sanduíches e confeitaria, respectivamente.
LEITE
Brasil pode ser
maior exportador
do mundo
FIPAN 2003
Encontro do
pequeno varejo
de alimentos
Entre 5 e 8 de maio acontece o maior
encontro comercial e industrial de pequenos varejos de alimentos da América Latina, FIPAN 2003. Realizado no Transamérica
Expo Center, em São Paulo, o evento ganha
uma nova cara neste ano. Além das tradicionais empresas ligadas à comercialização
de produtos, serviços, máquinas, equipa-
“O Brasil tem condições de se tornar o
maior exportador de leite do mundo”. A
afirmação é de Jorge Rubez, presidente da
Leite Brasil, entidade que congrega os produtores de lácteos no País. Segundo ele,
os embarques de leite, que cresceram 107%
em 2002, devem alcançar volume recorde
este ano, o que pode gerar receita superior a US$ 100 milhões.
Pelos cálculos do presidente da Leite Brasil, a produção de leite será de 25 bilhões a
BRASIL ALIMENTOS - nº 18 - Janeiro/Fevereiro de 2003
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26 bilhões de litros em 2003, o que representa aumento de 19% em comparação ao
ano que passou. Cerca de 5 bilhões de litros
(o equivalente a 5 milhões de toneladas)
devem ser destinados ao exterior.
Alguns pontos importantes para alavancar
ainda mais o mercado de lácteos estão previstos para acontecer em 2003. Um deles é o
programa do governo federal Fome Zero, cuja
implantação pretende movimentar mais 1,2
bilhão de litros de leite na safra deste ano.
Outros ajustes no setor, como um maior equilíbrio de preços e menor disparidade na distribuição dos lucros, também são ressaltados por
Rubez. “É necessário que ocorra um fórum de
debates para acertar essas proposições”, diz.
Além de Nestlé e Parmalat, as maiores exportadoras de produtos lácteos do Brasil,
outra companhia quer ampliar os horizontes
no mercado mundial. Formada no ano passado pela união de cinco importantes cooperativas nacionais – Itambé e Embaré (MG),
CCL (SP), Confepar (PR) e Ilpisa (AL) –, a
Sertrading traça planos de mercado bastante
substanciais para este ano: elevar de US$
1,4 milhão em 2002 para US$ 15 milhões em
2003 a receita obtida por meio dos embarques de leite para o estrangeiro. “Atualmente exportamos para o Líbano e Marrocos, mas
nossos planos são de expandir presença para
o Norte da África e Oriente Médio”, declara
André Mesquita, diretor da Sertrading.
Em 2002, a companhia comercializou mil
toneladas de leite para o mercado externo.
Deste volume, 80% se refere à venda de leite
em pó e 20% de leite condensado. A expectativa de preços promissores neste ano, com
a tonelada do leite em pó chegando a custar
até US$ 1,6 mil e a do leite condensado cerca de US$ 950, leva a Sertrading estimar
vendas de 10 mil toneladas ao exterior.
O Brasil é o sétimo maior exportador mundial de leite em pó. Concorre diretamente
com Nova Zelândia, Austrália, Europa e
Mercosul. “A Holanda, em especial, é um grande concorrente do Brasil, já que é exporta
leite condensado em grande escala”, explica
o presidente da Leite B. O mercado mundial
de leite condensado movimenta 400 mil toneladas (US$ 400 milhões por ano).
Se alcançar os 25 bilhões de litros, a
produção brasileira de leite vai gerar
faturamento de R$ 18 bilhões em 2003. “A
capacidade de resposta da pecuária leiteira
é muito rápida. Alguns rumos, entretanto,
devem ser modificados. Vamos trabalhar na
modernização do setor e obtenção de lucros para os produtores”, completa Rubez.
Gioji Okuhara, diretor de Lácteos da Danone
LÁCTEOS
Danone
vai investir
R$ 40 milhões
Líder no mercado de lácteos com fatia de 35,5%, a Danone espera elevar sua
receita no País entre 7% e 10% este ano.
Para isso, vai investir R$ 40 milhões em
marketing e desenvolvimento de 20 novos produtos a base de leite, 33% a mais
que em 2002. “Temos amplo potencial
de crescimento, falta ultrapassar algumas barreiras”, diz Gioji Okuhara, diretor geral da divisão de produtos lácteos
frescos da Danone.
Quando fala em “barreiras”, o executivo se refere aos hábitos alimentares do
consumidor brasileiro, que ainda considera o iogurte um alimento exclusivamente
infantil. De acordo com Okuhara o “engano” tem sido combatido com a introdução
de lácteos lights e sobremesas no cardápio diário. Outro problema, continua o diretor, é que, apesar de o consumo de lácteos ter crescido nos últimos anos, o brasileiro ainda não incorporou este tipo de
produto em seu cotidiano. Prova disso é o
baixo índice em comparação com os de
outros países. Enquanto no Brasil cada
habitante consome 4,1 kg/ano, na França
o número salta para 33 kg/ano, chegando
a 45 kg/ano por pessoa na Holanda.
A expectativa do executivo da Danone é
elevar o consumo de lácteos no País para patamares iguais aos da Argentina, cujo índice é
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de 6,2 kg/ano por habitante. Mas para conseguir o feito a empresa está mudando sua estratégia de distribuição. Ao invés de se concentrar totalmente nas grandes redes varejistas, vai, agora, aumentar a distribuição nos
pontos de venda de pequeno porte. Apesar de
comprarem em menor quantidade, nestes locais a lucratividade é maior, por causa da ausência de acordos promocionais comuns em
negociações com as grandes redes.
Para o segmento de petit-suisse, que
tem o Danoninho com 43% de share no
mercado, a Danone quer aumentar este
porcentual para 47%. Já o mercado de iogurtes light, cujo faturamento foi de R$
220 milhões em 2002, apresenta como
novidades o Corpus Delicious Salada de
Frutas com leite condensado e o Corpus
Polpa de Manga. O segmento de sobremesas, liderado pela Danone com 44,1%, também receberá investimentos este ano.
CARGILL
Mais duas
esmagadoras
no Centro-Oeste
A Cargill anunciou investimentos de R$
195 milhões para construir mais duas plantas de esmagamento de soja em Rio Verde
(GO) e no Estado do Mato Grosso, em município ainda não definido.
Segundo o diretor do complexo de soja
da Cargill Agrícola, José Luiz Glaser, as
capacidades de produção das futuras unidades serão de 1,5 mil toneladas/dia em
Goiás e 3 mil toneladas/dia de soja
esmagadas no Mato Grosso.
As obras da planta de Rio Verde já foram iniciadas e estão previstas para serem
concluídas no primeiro semestre de 2004.
A partir do investimento, a Cargill aumentará para 11,5 mil toneladas/dia sua capacidade de esmagamento de soja no Brasil.
A escolha por Rio Verde vai ao encontro
da boa demanda por farelo de soja e a
logística da região, que oferece várias saídas para o escoamento da produção. A
unidade ficará próxima do frigorífico de
aves e suínos da Perdigão, um cliente em
potencial, já que o farelo é utilizado na
alimentação desses animais.
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MOVIMENTO
BISCOITOS
SEARA
Mabel quer
dobrar fatia
no mercado
Receita cresce,
mas lucro fica
estabilizado
Tradicional fabricante de biscoitos, a Mabel
quer dobrar para 10% sua participação no mercado de bolachas destinadas ao público
infanto-juvenil. Além disso, a empresa pretende multiplicar por cinco (de 3% para 15%)
a participação das exportações no faturamento
do grupo. Segundo o presidente da holding
que controla o grupo, Sandro Scodro Mabel,
essas metas são estimadas para 2005.
Para alcançá-las, a companhia iniciou, no
ano passado, uma pesada política de investimentos. Aplicou R$ 15 milhões (valor 150%
maior que os R$ 6 milhões direcionados em
2001) em ampliação da capacidade instalada, adequação, automação e modernização
de máquinas e equipamentos nas cinco unidades que a Mabel opera no País. Em 2003, a
empresa vai investir mais R$ 25 milhões, dos
quais R$ 20 milhões vão para a nova fábrica
que está sendo construída em Araquari (SC)
e os R$ 5 milhões restantes serão aplicados
na continuidade dos programas de ampliação iniciados no ano passado. Em três anos,
a Mabel irá aplicar aproximadamente R$ 46
milhões em suas operações.
Na disputa pelo mercado infanto-juvenil,
a companhia vai manter uma postura bastante competitiva no que se refere ao preço
dos produtos. “Fixaremos nossos preços 8%
abaixo dos principais concorrentes (Kraft e
Nestlé). Nos produtos infantis diferenciados,
queremos liderar como forma de valorizar a
marca”, afirma o executivo.
Para praticar preços mais leves do que os
da concorrência, a Mabel terá que otimizar
sua estrutura de custos. Serão realizados,
principalmente, ajustes na distribuição dos
produtos, para fazer frente às empresas que
dominam este mercado há mais de 10 anos,
segundo o presidente da Mabel.
O objetivo é elevar o faturamento do grupo no segmento infanto-juvenil em 15% ou
20% já em 2003. O foco da Mabel, nesse
caso, está concentrado nas linhas de biscoitos recheados e amanteigados, que devem
ter um crescimento de 30%. Em 2002, o grupo Mabel obteve receita de R$ 300 milhões e
produziu 200 mil toneladas de biscoitos.
A Seara Alimentos fechou 2002 com
crescimento de 26,5% na receita bruta
de vendas, que foi de R$ 1,7 bilhão no
período. No entanto, o lucro líquido da
empresa caiu de R$ 80 milhões, em
2001, para R$ 79 milhões no ano passado. Os motivos foram, principalmente, o aumento de 38% no preço do milho e a depreciação no valor da carne
suína destinada à exportação.
Mas apesar das adversidades econômicas de 2002, a Seara aproveitou a desvalorização cambial para elevar as exportações, cujo crescimento atingiu 38,7% em
volume. A companhia obteve faturamento
bruto de R$ 1,2 bilhão com os embarques
para o exterior. Somente em carne suína,
os volumes exportados foram 67,4% maiores que os de 2001, graças ao contrato
firmado com a Rússia, importante comprador. As vendas de carne de frango subiram 28,9%. Em relação ao faturamento
total da Seara no ano passado, as exportações representaram uma fatia de 72,1%,
contra 63% do ano anterior.
No mercado interno, as vendas sofreram retração de 4,6% (totalizaram R$
484,9 milhões) devido ao forte crescimento das exportações, informa o diretor geral de operações da empresa, Pedro Benur
Bohrer. “Mas nós não descuidamos do
abastecimento interno”, diz.
A Seara teve geração operacional de
caixa (Ebitda) de R$ 189,4 milhões em
2002. A margem operacional foi de
11,6%, acima da média histórica da empresa, comenta Ivo José Dreher, diretor
administrativo-financeiro e de relações
com investidores.
O quarto trimestre foi o mais produtivo para o frigorífico no ano passado. As
exportações atingiram os melhores níveis,
o mercado doméstico voltou a respirar e
as festas de fim de ano impulsionaram os
resultados. Dessa forma, a Seara obteve
faturamento bruto de R$ 550 milhões e
lucro líquido de R$ 34,9 milhões nos últimos três meses do ano.
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Edmundo Klotz, presidente da ABIA
EQUIPAMENTOS
ABIA prevê
investimentos
de US$ 238 mi
O setor de alimentos pretende realizar investimentos de US$ 238 milhões
na aquisição e modernização de máquinas e equipamentos em 2003. De acordo
com o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação
(ABIA), Edmundo Klotz, as pequenas e
médias empresas, principalmente, devem
ter suas operações reformuladas para
conseguir sobreviver no mercado. “Só é
possível promover exportações a partir
de máquinas competitivas”, explica.
Klotz também atenta para o crescimento do mercado de food service (refeições rápidas). “Há uma demanda por
alimentos prontos, seja nos supermercados, restaurante ou hotéis”, afirma. Para
o executivo, essa tendência irá fomentar toda a cadeia envolvida na produção,
beneficiamento e armazenagem de produtos alimentícios. “Os fabricantes de refrigeradores e máquinas destinadas à
confecção de embalagens especiais para
refeições rápidas, por exemplo, serão
grandes beneficiados”, finaliza Klotz.
BRASIL ALIMENTOS - nº 18 - Janeiro/Fevereiro de 2003
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Quanto aos investimentos, foram
direcionados R$ 59,5 milhões para ampliação da capacidade produtiva, atualização tecnológica e outros projetos implantados em diversas plantas industriais da companhia.
No exercício de 2002, a Seara instituiu mais 938 novos postos de trabalho, alocados principalmente nas áreas
de desenvolvimento de produtos mais
elaborados, que atualmente empregam
11.279 funcionários.
Embora diante das ameaças de crise
econômica mundial, os executivos da Seara enxergam perspectivas favoráveis
para o setor, especialmente no que diz
respeito às exportações, que vão continuar sendo o foco da empresa. Os investimentos também devem continuar progredindo (R$ 65 milhões), segundo a
direção do frigorífico. Eles serão aplicados na produção industrial – R$ 12 milhões apenas na duplicação da capacidade da planta de carnes processadas de
frango –, na criação de novas linhas de
produtos e outras ações internas.
Ampliação de unidade no Sul
A Seara vai investir R$ 12 milhões para
colocar em operação uma segunda linha
de produção na unidade de processados
de frango em Itapiranga (SC). A estratégia da empresa é driblar as restrições criadas pela União Européia (UE) sobre as
exportações de cortes de frango salgado,
cujo imposto alfandegário foi elevado de
15,4% para 75%, implicando na redução
dos embarques e, por conseguinte, em
prejuízo para o frigorífico.
Ao investir na maior produção de processados (nuggets, cortes temperados
e empanados), a Seara ganha de duas
formas: em primeiro lugar, leva ao consumidor europeu produtos cujo imposto de importação é 15% menor que o
dos cortes de frango salgado. Além disso, também estará exportando bens de
maior valor agregado.
A previsão da Seara é que a nova linha esteja pronta até julho. Até 2004,
serão produzidas cerca de 20 mil toneladas/ano de processados de frango no local. Nessa época, a direção da companhia estima que aproximadamente 90%
do total fabricado na unidade sulista seja
revertido ao exterior. Atualmente, esse
montante atinge 70% do total.
Rogério Vieira, presidente da Aberc
REFEIÇÕES COLETIVAS
Setor quer
faturar R$ 5 bi
em 2003
O mercado de refeições coletivas, cujo
crescimento em 2002 chegou a 7,6%,
quer faturar R$ 5 bilhões neste ano, apesar das dificuldades econômicas e outros
problemas que incidem diretamente no
setor. Segundo a Associação Brasileira
das Empresas de Refeições Coletivas
(Aberc), o crescimento em 2003 virá com
base nas medidas de desenvolvimento
adotadas pela entidade e seus 112 representantes este ano.
Trata-se de um planejamento sustentado pela busca de novos nichos de mercado,
como shoppings, cantinas escolares e a
comercialização de pratos prontos em eventos de cunho social, esportivo e religioso.
Além disso, as empresas do chamado food
service planejam repassar pelo menos 7%
dos custos acumulados desde o ano passado, graças ao aumento no preço das matérias-primas, reajuste de tarifas públicas e
demais problemas de ordem econômica.
De acordo com a Aberc, o mercado
de refeições coletivas ainda tem muito
para progredir no País, visto que, pelo
fornecimento de refeições do ano pas-
BRASIL ALIMENTOS - nº 18 - Janeiro/Fevereiro de 2003
sado (4,7 milhões de unidades/dia),
este volume permanece muito abaixo do
potencial de 40 milhões de unidades/
dia projetado pela entidade.
Em 2002, o crescimento no volume foi
de 6,8%. Confiante em um aumento de
10,6% neste ano, o presidente da Aberc,
Rogério da Costa Vieira, espera alcançar
5,2 milhões de refeições diárias em 2003.
O executivo estima que as empresas do
setor tendem a conseguir resultados mais
satisfatórios, uma vez que a queda contínua da autogestão (20% do ano passado)
e a entrada em novos ramos de negócio
irão proporcionar recuperação das perdas
de 2003, que variaram de 30% a 50%.
No Brasil, o segmento de refeições coletivas ainda depende muito dos clientes
industriais, empresas comerciais e de serviços, cuja fatia no mercado é de 61%.
Porém, outros nichos estão fase de desenvolvimento contínuo, como a merenda escolar (11%) e a área de presídios (7%).
Atualmente, as 112 companhias de food
service no Brasil empregam 150 mil pessoas e consomem diariamente em torno de
2,5 mil toneladas de alimentos.
Aquisição movimenta setor
Depois de comprar no ano passado as
carteiras de clientes das paranaenses Exal
e Villare, a paulista Embrasa S/A Serviços
e Alimentação adquiriu, em fevereiro, a
Ataliba Cozinhas Industriais, com sede em
Blumenau (SC). O investimento na operação, incluindo compra treinamento de pessoal e adaptações, será de R$ 8 milhões,
informa Marcos Laranjeira, diretor-presidente da Embrasa.
A estratégia da companhia visa elevar
em 50% a participação na região Sul, onde
a Ataliba possui 58 dos seus 65 contratos.
São 56 em Santa Catarina e 2 no Rio Grande do Sul. Os outros 7 estão no Ceará. Em
níveis nacionais, a Embrasa vai crescer
13%, com 400 unidades operadas, o que
significa 200 mil refeições por dia.
Em termos de receita, Laranjeira diz
que enxerga um salto de 60% em 2003,
a partir do qual conquistaria faturamento
de R$ 155 milhões. Com sede em Osasco
(SP), a Embrasa se constituí na quinta
maior fornecedora de refeições coletivas
do País. Entre os principais clientes estão Kraft Foods, Dako, Grupo Pão de Açúcar, Carrefour, Gerdau, Danone, Philip
Morris, entre outros.
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dades terminadoras de suínos. Com isso,
em 2007 o volume de abates em Rio Verde deve registrar um aumento de 28 milhões de aves/ano e de 850 mil suínos/
ano, o que significa crescimento de 100%
e 170%, respectivamente, sobre os volumes de 2002. Quanto aos produtos processados, a elevação será superior a
370% em relação a 2002, o que indica
mais 46 mil toneladas por ano.
O complexo industrial da Perdigão já
recebeu, desde 1996, investimentos da
ordem de R$ 700 milhões. Gerou 3,7 mil
empregos diretos e 10 mil indiretos. Em
quatro anos, sua receita deverá saltar dos
atuais R$ 720 milhões para R$ 1,5 bilhão.
Lucro da Perdigão cai 95%
PERDIGÃO
Lucro em 2002
foi o mais baixo
desde 1995
Desde 1995 a Perdigão não terminava o
ano com resultado tão baixo. A segunda
maior agroindústria do País obteve lucro
líquido de R$ 8,2 milhões em 2002, o que
configura queda de 95% em comparação
aos resultados apresentados no ano anterior, de R$ 168 milhões.
Os problemas de ordem econômica – desvalorização cambial, aumento de custos e
do endividamento da empresa (grande parte em dólar) – contribuíram muito para a
retração do resultado financeiro da Perdigão. Porém, o principal prejuízo enfrentado no ano que passou foi causado por problemas fitossanitários com o nitrofurano,
responsáveis pela perda de 20% das receitas da empresa no mercado europeu. “Perdemos R$ 41 milhões com prejuízos sanitários. Além disso, o milho, assim como a soja,
passou a ser um produto dolarizado, fato
que elevou os custos com matéria-prima”,
explica Wang Wei Chang, vice-presidente
financeiro, controller e de relações com investidores da Perdigão.
As despesas operacionais da companhia em
2002 foram de R$ 599,2 milhões, valor que
supera em 36% os gastos de 2001, quando
esses números chegaram a R$ 441 milhões.
Segundo Chang, a Perdigão não conseguiu
repassar os custos para o mercado interno.
10
A receita operacional líquida de 2002 foi
de R$ 2,91 bilhões e configurou crescimento de 20% sobre os R$ 2,43 bilhões
registrados no ano anterior. Já o lucro
operacional caiu de R$ 359 milhões em 2001
para R$ 214,2 milhões no ano passado.
A dívida da Perdigão, que há dois anos
era de R$ 576 milhões e tinha somente R$
162,8 milhões indexados à moeda americana, alcançou R$ 893 milhões em 2002,
sendo que o montante indexado ao dólar
foi a R$ 633,8 milhões.
As vendas de carnes no mercado interno
totalizaram 510 mil toneladas – crescimento
de 11% sobre a comercialização de 2001. Em
produtos elaborados, as vendas domésticas
aumentaram 13%, passando de 383 mil toneladas em 2001 para as atuais 432 mil toneladas. Já o comércio exterior de carnes foi de
395 toneladas (16% maior que o de 2001).
Mais R$ 200 milhões em Rio Verde
Embora o lucro líquido da Perdigão tenha caído substancialmente, a empresa vai
injetar mais R$ 200 milhões no complexo
industrial de Rio Verde (GO) nos próximos
quatro anos para a expansão da unidade e
ampliação do sistema de integração. Figurando entre os complexos industriais mais
modernos da América Latina, Rio Verde vai
receber novas linhas de produtos alimentícios, como massas, hambúrgueres, salsichas e empanados, além de ter ampliada
as áreas de processamento de lingüiças
curadas (tipo calabreza) e frescas (toscana
e de pernil), mortadelas e presuntos.
Também serão instaladas 220 unidades produtoras de frango de corte, 60 unidades produtoras de leitões e 290 uni-
EXPORTAÇÃO
Entidades
comemoram
resultados
A Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (Abef) e a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora
de Carne Suína (Abipecs) comemoram os
números conquistados pelos respectivos
segmentos em 2002.
Segundo Nildemar Secches, presidente da
Abef, as empresas do ramo exportaram 1,6
milhão de toneladas de frango no ano passado, o que configura recorde absoluto do setor. Foram 100 países compradores ante 78
há dois anos. Dessa forma, o Brasil respondeu por 31% do comércio mundial de frango.
Para 2003, Secches acredita em resultados ainda melhores, com o País exportando
entre 5% e 10% a mais que no ano passado. As negociações com a China e Canadá e
as perspectivas de entrada em nações como
Coréia do Sul, México, Filipinas e Indonésia
reforçam as previsões do executivo.
Para a suinocultura, os números são ainda mais promissores. Em 2002, o segmento exportou 80% a mais que em 2001 e
movimentou US$ 481 milhões. Das 475 mil
toneladas embarcadas, 380 mil destinaramse ao mercado russo (80%). O presidente
da Abipecs, Pedro Benur Bohrer, crê que
em 2003 o País exporte 550 mil toneladas
de carne suína, ou seja, 15% acima do
volume do ano passado.
BRASIL ALIMENTOS - nº 18 - Janeiro/Fevereiro de 2003

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