da Silva et al Socioecon Ens Mar Virado

Transcrição

da Silva et al Socioecon Ens Mar Virado
UNIVERSID ADE DO V ALE DO P AR AÍ B A
CENTRO DE ESTUDOS DA NATUREZA
Daniel a Ca rdoso d a Silva
C AR ACTERIZ AÇ ÃO D AS ATIVID ADES DE PESCA
ARTES AN AL N A REGI ÃO S UL DO M UNICÍPIO DE
UB ATUB A, SP / BR.
Daniel a Ca rdoso d a Silva
CARACT ERIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DE PESCA ART ESANAL
NA REGI ÃO SUL DO MUNICÍ PIO DE UBATUBA, SP / BR.
Relatório Final apresentado como
parte das exigências da disciplina
de Trabalho de Graduação à
Banca Avaliadora da Faculdade
de Educação do Vale do Paraíba
para obtenção do título de
Bacharel em Ciências Biológicas
com ênfase na área ambiental.
Ori entação: Prof. Bi ól ogo sani tari sta Muri l o Pi res Fi ori ni
Co-orientação: Msc. Médica Veterinária Juliana Marigo
São José dos Ca mpo s, SP
2005
AG R A D E C I M E N T O S
A g r a d e ç o p r i me i r a me n t e a mi n h a m ã e p o r t o d o s a c r i f í c i o
f e i t o p e l a mi n h a f o r m a ç ã o a c a d ê mi c a .
Agradeço
i mensa mente
a
Murilo
Pires
Fiorini,
me u
o r i e n t a d o r e me m b r o d a c o o r d e n a ç ã o d a S E P E A ( S o c i e d a d e d e
Estudos
e
Pesquisas
em
E c o s s i s t e ma s
Aquáticos)
por
ter
a c r e d i t a d o n o me u t r a b a l h o , p o r t e r me g u i a d o p e l a s mã o s e t e r
me dado a poio quando ningué m a creditava.
A g r a d e ç o t a mb é m a J u l i a n a M a r i g o ( P r o je t o B i o p e s c a ) , c o o r i e n t a d o r a , a mi g a e c o n s e l h e i r a p o r t e r c o l o c a d o me u s p é s n o
chão e me mostrado a realidade do trabalho de ca mpo, por ter
l i d o e r e l i d o t a n t a s v e z e s mi n h a s a n o t a ç õ e s e p o r t e r m e d a d o
todo apoio que precisei em Ubatuba.
A C a r o l i n a B e r t o z z i ( P r o je t o
utilização
do
questionário
B i o p e s c a ) , p o r p e r mi t i r a
desenvolvido
por
el a
e m mi n h a s
entrevistas.
A t o d o s o s p r o f e s s o r e s e a mi g o s q u e me a j u d a r a m .
A t o d o s o s p e s c a d o r e s , p o i s s e m a a ju d a d e l e s e s t e
trabalho não seria possível.
RESUMO
N o p e r í o d o d e a b r i l 2 0 0 4 a ju n h o 2 0 0 5 , f o r a m r e a l i z a d a s 1 2
visitas
a
praia
da
Maranduba,
em
Ubatuba
com
o
o b je t i v o
de
conhecer a atividade pesqueira artesanal em seu caráter social, bem
c o mo d e s c r e v e r a f r o t a p e s q u e i r a , e r e a l i z a r u m l e v a n t a me n t o d a
captura acidental de cetáceos. Foram entrevistados 22 pescadores,
n u m t o t a l d e 1 9 e mb a r c a ç õ e s , o n d e f o r a m a b o r d a d o s o s s e g u i n t e s
a s p e c t o s : s o c i a i s ( f a i x a e t á r i a , e s c o l a r i d a d e , n a t u r a l i d a d e , mé d i a
s a l a r i a l ) ; a r t e s d e p e s c a ( e mb a r c a ç ã o : - c o mp r i m e n t o , m a t e r i a l d o
casco,
mot or,
autono mia;
redes:
-
malha,
altura,
c o m p r i me n t o ) ,
locais de pesca (distância da costa, profundidade); e interação com
cetáceos.
Notou-se
que
a
pesca
é
u ma
atividade
f a mi l i a r
e
oportunista dada a diversidade dos apetrechos e a versatilidade das
e mb a r c a ç õ e s v i s a n d o a d e q u a r o s m é t o d o s à c a p t u r a d a s e s p é c i e s
mais abundantes e / ou rentá veis e que as interações co m cetáceo s
tanto avistage m co mo captura a cidental ocorre m ao longo do ano.
O s d a d o s d e c a p t u r a a c i d e n t a l p r o v a v e l me n t e f o r a m s u b e s t i m a d o s
d e v i d o à b a i xa f r e q ü ê n c i a à á r e a d e e s t u d o f a z e n d o - s e n e c e s s á r i o o
m o n i t o r a me n t o s i s t e m á t i c o d a f r o t a p a r a a v a l i a r a d e q u a d a m e n t e o
i mp a c t o d a p e s c a s o b r e o s c e t á c e o s d a á r e a .
L I S T A P A R C I A L D O S T R AB AL H O S R E AL I Z A D O S
D U R A N T E A G R A D U A Ç ÃO
T R AB AL H O S P U B L I C AD O S / S U B M E T ID O S
SILVA, D. C. da; AQUINO-SILVA, M. R. DE; GIARDI, L.; FIORINI, M. P., 2005. Artes de
pesca da praia da maranduba, Ubatuba, São Paulo, Brasil. In: VIII Simpósio de Biologia
Marinha em Santos – SP. Livro de resumos pg. 74.
SILVA, D. C. da; AQUINO-SILVA, M. R. DE; GIARDI, L.; FIORINI, M. P., 2005.
Aspectos socioeconômicos da pesca artesanal na enseada do mar virado, Ubatuba,
SP, Brasil. Apresentado ao IX Encontro de Iniciação Cientifica INIC da Universidade do
Vale do Paraíba (UNIVAP) e aceito pelo mesmo.
MARIGO, J.; FEIJÓ, E.C.; OLIVEIRA, F. A.F. de; SILVA, D.C. da; RUOPPOLO, V.;
BERTOZZI, C. P., 2005. Novos registros de Pontoporia blainvillei em Ubatuba, Litoral
norte de São Paulo e os limites do hiato. In: IV Encontro Nacional sobre Conservaçãp e
Pesquisa de Mamíferos Marinhos – IV ENCOPEMAQ. Livro de Resumos pg.38.
SILVA, D. C. da; AQUINO-SILVA, M. R. DE; GIARDI, L.; FIORINI, M. P., 2005.
Interação da pesca artesanal com cetáceos no sul de Ubatuba, SP, BR. Submetido ao
VII Congresso de Ecologia do Brasil – Universidade de São Paulo – USP que
acontecerá entre os dias 20 e 25 de novembro de 2005.
P AR T I C I P A Ç Õ E S E M E V E N T O S
I I S i mp ó s i o P r o je t o M a r a z u l . S a ú d e e S e g u r a n ç a n o M a r r e a l i z a d o
e m ju l h o d e 2 0 0 0 .
I I I S i mp ó s i o P r o je t o M a r a z u l . S a ú d e e S e g u r a n ç a n o M a r r e a l i z a d o
e m ju l h o d e 2 0 0 1 .
I I S i mp ó s i o A p l i c a d o à E c o s s i s t e ma s A q u á t i c o s – I I S A E M r e a l i z a d o
em agosto de 2001.
I V S i m p ó s i o P r o j e t o M a r a z u l . E s p o r t e , M e i o A mb i e n t e e Q u a l i d a d e
d e V i d a r e a l i z a d o e m ju l h o d e 2 0 0 2 .
III Se mana de Biologia – III SEBIO realizado em a gosto de 2 002 na
Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP.
Congresso de Meio Ambiente realizado e m maio de 2005 pela GPA.
II Encon tro de O NGs e O SCI Ps Ambientais realizado e m maio de
2005 na Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP.
V I I I S i mp ó s i o d e B i o l o g i a M a r i n h a r e a l i z a d o e m j u l h o d e 2 0 0 5 n a
Universidade Santa Cecília - UNISANTA.
O R G AN I Z A Ç ÃO D E E V E N T O S
C O M O S Ó C I A- E F E T I V A D A S E P E A
(SO CI EDADE DE EST UDO S E PESQ UI SAS EM ECO SSI ST EMAS AQ U ÁT I CO S)
Mi ni-c ursos:
Reabilitação de Aves e Ma míferos Mari nhos – 2002.
L i x o é L u xo e L u xo é L i xo – 2 0 0 2 .
P r o je t o e p e s q u i s a d e t a r t a r u g a s m a r i n h a s n o B r a s i l - P r o je t o
TAMAR – 2003.
L i mn o l o g i a , R e c u r s o s H í d r i c o s , B i o d i v e r s i d a d e e I mp a c t o A m b i e n t a l :
a E c o t o x i c o l o g i a e a L i mn o l o g i a c o m o f e r r a m e n t a s d e a v a l i a ç ã o –
2003.
I mp a c t o s a m b i e n t a i s d e r e s í d u o s i n d u s t r i a i s : g e r e n c i a me n t o d e
t é c n i c a s e e q u i p a me n t o s n a r e c u p e r a ç ã o a m b i e n t a l – 2 0 0 3 .
I n t r o d u ç ã o d e e s p é c i e s e xó t i c a s – a ç ã o c o n t a mi n a n t e e e f e i t o s n a
aqüicultura – 2003.
E c o l o g i a d e ma m í f e r o s a q u á t i c o s – 2 0 0 4 .
Macroi nvertebrados b entôni cos co mo bi oi ndi cadores da pol ui ção
aquática – 2004.
Educação Ambiental – 2004.
N e c r o p s i a e p a r a s i t o s d e m a m í f e r o s ma r i n h o s – 2 0 0 5 .
Works hops
A ç õ e s p a r a s a l v a r a n i ma i s m a r i n h o s e m d e r r a m e s d e ó l e o – 2 0 0 3 .
Educação Ambiental: Realidade ou Utopia – 2005.
Simpósios
I I I S i mp ó s i o A p l i c a d o a E c o s s i s t e m a s M a r i n h o s – I I I S A E M – 2 0 0 3 .
I Se mana do Pei xe Vi vo – 20 04.
IV Si mpósio Aplicado a Ecossiste mas Marinhos – IV SAEM, II
Se mana do Pei xe Vi vo e I Se mana d o Mei o A mbi ente – 2005 .
ABSTRACT
B e t we e n A p r i l 2 0 0 4 a n d J u n e 2 0 0 5 , 1 2 v i s i t s we r e m a k e t o
Maranduba´s bea ch in Ubatuba intending to know and des cribe the
a r t e s i a n f i s h i n g a c t i v i t y , i t ´ s s o c i a l c h a r a c t e r a n d i t ´ s i n t e r a c t i o n wi t h
c e t a c e a n s . T we n t y t w o f i s h e r ma n we r e i n t e r v i e we d , i n a t o t a l o f 1 9
b o a t s . T h e f o l l o wi n g a s p e c t s w e r e q u e s t i o n e d : s o c i a l ( a g e , s a l a r y
average);
type
of
fishing
(Boats:
length,
a u t o n o m y ; n e t s : me s h , h e i n g t , l e n g t h )
hoof
ma t e r i a l ,
engine,
and fi shi ng areas (di stance
f r o m c o a s t , d e p t h ) ; a n d i n t e r a c t i o n wi t h c e t a c e a n s . I t wa s o b s e r v e d
t h a t f i s h i n g a s a f a mi l i a r a n d o p o r t u n i s t i c a c t i v i t y a s s h o we d b y a r t ´ s
diversity and boat´s versatility aim to adequate metods to ca tch
s p e c i e s mo r e p l e i n t f u l o r mo r e p r o f i a b l e ; c e t a c e a n s i n t e r a c t i o n s a s
much occasional observa tions as by-catch o ccure year long. Byc a t c h d a t a we r e p r o b a b l y s u b e s t i m a t e d b e c a u s e o f l o w f r e q u e n c e i n
s t u d y a r e a , b e e n n e c e s s a r y a s i s t e ma t i c f l e e t s u r v e y t o e v a l u a t e
f i s h i n g i mp a c t o n c e t a c e a n s .
LABOUR DONE DURING GRADUATION - PARCIAL LIST
PUBLICATED / SUBMITED PAPERS
SILVA, D. C. da; AQUINO-SILVA, M. R. DE; GIARDI, L.; FIORINI, M. P., 2005. Artes de
pesca da praia da maranduba, Ubatuba, São Paulo, Brasil. In: VIII Simpósio de Biologia
Marinha em Santos – SP. Livro de resumos pg. 74.
SILVA, D. C. da; AQUINO-SILVA, M. R. DE; GIARDI, L.; FIORINI, M. P., 2005.
Aspectos socioeconômicos da pesca artesanal na enseada do mar virado, Ubatuba,
SP, Brasil. Sent to Encontro de Iniciação Cientifica INIC da Universidade do Vale do
Paraíba (UNIVAP) and acept.
MARIGO, J.; FEIJÓ, E.C.; OLIVEIRA, F. A.F. de; SILVA, D.C. da; RUOPPOLO, V.;
BERTOZZI, C. P., 2005. Novos registros de Pontoporia blainvillei em Ubatuba, Litoral
norte de São Paulo e os limites do hiato. In: IV Encontro Nacional sobre Conservaçãp e
Pesquisa de Mamíferos Marinhos – IV ENCOPEMAQ. Livro de Resumos pg.38.
SILVA, D. C. da; AQUINO-SILVA, M. R. DE; GIARDI, L.; FIORINI, M. P., 2005.
Interação da pesca artesanal com cetáceos no sul de Ubatuba, SP, BR. Sent to VII
Congresso de Ecologia do Brasil – Universidade de São Paulo – USP.
EVENTS PARTICIPATION
II Simpósio Projeto Marazul. Saúde e Segurança no Mar accomplished in July, 2000.
III Simpósio Projeto Marazul. Saúde e Segurança no Mar accomplished in July, 2001.
II Simpósio Aplicado a Ecossistemas Aquáticos – II SAEM accomplished in August,
2001.
IV Simpósio Projeto Marazul. Esporte, Meio Ambiente e Qualidade de Vida
accomplished in July, 2002.
III Semana de Biologia – III SEBIO accomplished in August, 2002 in Vale do Paraíba
University - UNIVAP.
Congresso de Meio Ambiente accomplished in May, 2005 by GPA in Vale do Paraíba
University - UNIVAP.
II Encontro de ONGs e OSCIPs Ambientais accomplished in May, 2005.
VIII Simpósio de Biologia Marinha accomplished in July, 2005 in Santa Cecília
University - UNISANTA.
EVENTS ORGANIZATION AS EFETIVE-MEMBER OF SEPEA
(Studies and Researchs in Aquatic Ecossistems Society)
Mini-courses:
Birds and marine mammals reabilitation – 2002.
Trash is luxury and luxury is trash – 2002.
Project and research in marine turtles in Brazil- TAMAR Project – 2003.
Limnology, Hydric Resorts, Biodiversity and enviromment Impact: Ecotoxicology and
Limnology as valuation tools – 2003.
Industrial residue enviromment impacts: tecniques and equipmants management in
enviromment recuiperation – 2003.
Exotic species introdution – infect action and aquaculture efects – 2003.
Aquatic mammals ecology – 2004.
Bentonic macroinvertebrates as bioindicators of aquatic polution – 2004.
Enviromment education – 2004.
Marine mammals necropsy and parasites – 2005.
Workshops
Actions to save marine animals in oil accidetns – 2003.
Enviromment education: Reality or utopia – 2005.
Symposium
III Symposium applyed to marine ecossistems – III SAEM – 2003.
I Live Fish Week – 2004.
IV Symposium applyed to marine ecossistems – IV SAEM, II Live Fish Week and I
Enviromment Week – 2005.
RELAÇÃO DE FIGURAS, TABELAS E GRÁFICOS
Figuras
Foto de satélite da Enseada do Mar Virado, realizada em janeiro
de 2005
Desembocadura do rio Maranduba
Foto de satélite da área de pesca utilizada pelos pescadores da
praia Maranduba
Sotalia guianensis capturados em rede de caceio
Baleia da família balaenopteridae encalhada. Perfil
Baleia da família balaenopteridae encalhada. Cabeça
Rede de espera.
Rede de emalhar caceio.
Rede de arrasto de popa.
Rede de arrasto trangona
Zangarelho
3.1.1
3.1.2
4.2.5
4.3.1
4.3.2
4.3.3
I.a
I.b
II.a
II.b
III.b
14
14
24
25
27
27
49
50
52
52
53
Tabelas
4.1.3
4.1.4
4.1.5
4.1.6
4.2.1
4.1.2
4.2.2
5.3.1
Naturalidade
Escolaridade dos pescadores da Maranduba
Tradição de pesca
Salário médio
Descrição das embarcações utilizadas na praia Maranduba.
Embarcações utilizadas pelos pescadores da Maranduba.
Características das redes de espera e de arrasto
Resumo da pesca e captura acidental de cetáceos na região
sudeste do Brasil.
17
18
19
19
20
21
22
41
Gráficos
4.1.2
4.2.3
4. 2.4
Faixa etária dos pescadores da maranduba
Variação sazonal da pesca na praia Maranduba
Variação de uso dos artefatos de espera.
17
23
24
SUMÁRIO
Página
1 Int rodução
01
1.1) Revisão Bibliográfica
02
1 . 1 . 1 ) A s p e c t o s s o c i o e c o n ô mi c o s
02
1.1.2) Caracterização da pesca artesanal
04
1.1.3) Interação com cetáceos
06
2. O b je t i v o s
12
2. Geral
12
2.1) Específico
12
3 Mate rial e Métodos
13
3.1) Área de Estudos
13
3.2) Entrevistas
15
3.3) Saídas a Bordo
15
3.4) Capturas acidentais
15
3.5) Encalhe
4. R e s u l t a d o s
16
16
4 . 1 ) A s p e c t o s s o c i o e c o n ô mi c o s
16
4.1.1) Características da área
16
4 . 1 . 2 ) F a i xa e t á r i a
17
4.1.3) Naturalidade
17
4.1.4) Escolaridade
18
4.1.3) Tradição de pesca
18
4.1.5) Média salarial
19
4.2) Caracterização das artes de pesca
20
4.2.1) Frota
20
4.2.2) Artefatos de pesca
21
4.2.3) Sazonalidade da pesca
22
4.2.4) Utilização das redes de espera
23
4.2.5) Área de pesca
24
4.3) Interação com cetáceos
25
4.3.1) Captura acidental de cetáceos
25
4.3.2) Encalhes
26
5. D i s c u s s ã o
28
5 . 1 ) A s p e c t o s S o c i o e c o n ô mi c o s
29
5.1.1) Características da área
29
5.1.2) Fai xa etári a
30
5.1.3) Naturalidade
30
5.1.4) Escolaridade
30
5.2) Caracterização das artes de pesca
31
5.2.1) Frota
31
5.2.2) Artefatos de pesca
33
5.3) Interação com Cetáceos
33
5.3.1) Captura acidental de cetáceos
34
5.3.2) Encalhe
35
6 Concl usões
36
7 Referê ncias Bibliográficas
39
8 Ap ê n d i c e s
47
8.1) Descrição das redes de pesca
9 Anexos
Questionário de pesca
48
54
55
1
1) I N TR O D U Ç Ã O
A atividade humana é responsáv el por um grande
n ú me r o d e a me a ç a s à d i v e r s i d a d e ma r i n h a . D e n t r e e l a s
destaca m-se
a
pesca
e xc e s s i v a ,
o
uso
de
mé t o d o s
desperdiçadores de pesca (CORSON, 2002) e a captura de
espécies
não-alvo,
cetáceos.
co mo
Segundo
BENEDITTO,
tartarugas,
Norse
2001),
“o
predatórios
c o mo
o r g a n i s mo s
marinhos
e
uso
redes
de
que
aves
e
(apud
DI
Nybarkken
de
aparelhos
arrasto
não
marinhas
são
e
a
alvo
de
pesca
captura
da
pesca
de
são
c o n s i d e r a d o s g r a n d e s a m e a ç a s à v i d a ma r i n h a ” .
Desta
regional
for ma,
dos
torna-se
recursos
necessária
pesqueiros,
à
a d mi n i s t r a ç ã o
assegurando
a
sustentabilidade da pesca e da cultura caiçara.
No
realizada
Capturas
mu n i c í p i o
com
de
Ubatuba,
e mbarcações
acidentais
de
a
ou
pesca
canoas
tartarugas
e
é
de
cetáceos
artesanal,
madeira.
o corre m,
p r i n c i p a l me n t e e m r e d e s d e e s p e r a , p o r é m n ã o e xi s t e m
dados estatísticos sobre a extensão destes acidentes.
Considerando
a
p r o b l e má t i c a
supracitada,
este
t r a b a l h o v i s a a u me n t a r o s c o n h e c i m e n t o s s o b r e a p e s c a e a
e xt e n s ã o
da
captura
acidental
de
cetáceos
nas
c o mu n i d a d e s d a B a r r a e R a p o s a , P r a i a M a r a n d u b a , a o s u l
d o mu n i c í p i o d e U b a t u b a .
2
1. 1) R E V I S Ã O B I B LI O G R Á FI C A
1. 1. 1 ) As p e c t o s s ó c i o - e c o n ô m i c o s
A ocupação do l i toral norte paul ista é anteri or ao
p e r í o d o c o l o n i a l , já q u e f o i e a i n d a é h a b i t a d o p ô r í n d i o s
tupi-guaranis (BRONDIZIO, 1994). Após o descobri mento
do Brasi l , o l i toral foi quase a única área de povoa mento,
porém
nos
estados
do
Sudeste
ocorreram
duas
particularidades: a deserção de s ua população à medida
que
o
p o v o a me n t o
avançou
para
o
interior
e
o
não
e s t a b e l e c i m e n t o d e i mi g r a n t e s , f i c a n d o e s t e l i t o r a l p r i v a d o
d e i n f l u ê n c i a s c u l t u r a i s e xt e r n a s ( A D A M S , 2 0 0 0 ) . T a i s f a t o s
d e i xa r a m
marcas
étnicas
e
culturais
indígenas
que
se
r e f l e t e m n a s a t i v i d a d e s s ó c i o - e c o n ô mi c a s c o m o a r o ç a e a
pesca (BRONDIZIO, 1994), for mand o-se então a população
caiçara.
H i s t o r i c a me n t e , a f o r m a ç ã o d a s c o m u n i d a d e s c a i ç a r a s
s ó p o d e s e r e n t e n d i d a n o c o n t e xt o d a o c u p a ç ã o d o l i t o r a l
b r a s i l e i r o e d e s e u s c i cl o s e c o n ô mi c o s . N o l i t o r a l d e S ã o
Paulo, devido às dificuldades de transporte criadas pela
Serra do Mar, a ocupa ção ocorre u e m pontos distantes ,
c r i a n d o o t i p o d e v i d a f e c h a d a . O c a i ç a r a , p r a t i c a me n t e
isolado
do
influências,
mu n d o
por
de
causa
fora
da
em
t e r mo s
falta
de
de
poder
produtos
e
aquisitivo,
aprendeu a aproveitar intensivamen te os recursos do meio,
c r i a n d o u ma i n t i mi d a d e m u i t o p r o n u n c i a d a e n t r e o h o m e m e
seu habitat (ADAMS, 2000).
P o r v o l t a d e 1 7 0 0 , o c o r r e u u m ê xo d o d e m o g r á f i c o
si gni fi cati vo do Val e do Paraíba pa ra o l i toral norte que foi
intensificado
com a
queda
da
cafeicultura
no
fi nal
do
3
século dezenove (BRONDIZIO, 1994). Esta queda aliada à
queda
do
açucareiro
intensificou
a
pesca
artesanal
e,
t a mb é m , d e v i d o à n e c e s s i d a d e d e e x p l o r a ç ã o d e o u t r o s
recursos que não fossem os de fl ora e fauna litorâneas,
c o mo o p a l mi t o , a c a xe t a e o s a n i m a i s d e c a ç a ( D I E G U E S ,
1973).
A s s i m, f o r m a r a m- s e v i l a s e n t r e a S e r r a d o M a r e a
p r a i a , o n d e h a v i a u ma c o n d i ç ã o g e o g r á f i c a q u e f a v o r e c i a a
m a n u t e n ç ã o d e c e r t a a u t o n o mi a , d e v i d o à d i s p o n i b i l i d a d e
de
recursos
para
e xt r a ç ã o
e
e xp l o r a ç ã o
(BRONDIZIO,
1994).
Em meado s da década de quarenta foi inaugurada a
BR-101,
ligando
o
Rio
de
Janeiro
a
Santos
e
c o mo
conseqüência, houve u m au mento n o processo de ocupação
de
áreas,
resultando
d e s ma t a m e n t o ,
que
em
a u me n t o
co mpro meter a m
a
da
poluição,
renovação
dos
recursos naturais e de subsistência (BRONDIZIO, 1994).
Apesar disso, manteve-se a cultura caiçara e a pesca
a r t e s a n a l , d e f i n i d a p o r H a mi o v i c i ( 1 9 9 7 ) c o mo a p e s c a q u e
e n g l o b a d e s e mb a r q u e s e s t u a r i n o s , c o s t e i r a s e d e á g u a s
i n t e r i o r e s c o m d i v e r s a s a r t e s i n c l u i n d o e mb a r c a ç õ e s d e a t é
20 toneladas de registro bruto.
Segundo
R a ma l h o
(2004),
“fazer-se
pescador
a r t e s a n a l é t o r n a r - s e p o r t a d o r d e u m c o n h e c i me n t o e d e u m
p a t r i mô n i o s o c i o c u l t u r a l , q u e o p e r mi t e m c o n d u z i r - s e , a o
s a b e r o q u e v a i f a z e r n o s c a mi n h o s e s e g r e d o s d a s á g u a s ,
a mp a r a n d o s e u s a t o s e m u m a c o m p l e xa c a d e i a d e i n t e r relações
a mb i e n t a i s
típicas
dos
recursos
naturais
aquáticos.”
Neste sentido se faz necessário a manuten ção dessa
c u l t u r a e d e s u a e s t r e i t a r e l a ç ã o c o m o me i o a mb i e n t e ,
4
onde o ho me m sente- se parte de seu meio e co mpreende
as
modificações
que
podem
causar
se
utilizarem
os
recursos de for ma e xploratória e não sustentável.
È i mp o r t a n t e m e n c i o n a r q u e , a t u a l m e n t e n a á r e a d e
estudos, além da pesca, o caiçara local tem outras fontes
d e r e n d a , c o mo a t i v i d a d e s l i g a d a s a o t u r i s mo e p r e s t a ç ã o
de serviços a veranistas ( CLAUZET et al., 2005).
1.1.2) Ca racteri zação da pesca a rt esanal
A
pesca
c o me r c i a l
sendo
águas
praticada
que
Durante
em
até
a
ao
1960
década
continentais
longo
era
de
de todo
é
u ma
atividade
l i toral
b r a si l e i r o ,
p r e d o mi n a n t e m e n t e
artesanal.
setenta,
através
de
incentivos
g o v e r n a me n t a i s s u r g e p e s c a i n d u s t r i a l v o l t a d a à e xp o r t a ç ã o
(NEIVA, 1990) .
Entretanto a pesca artesanal contribui com
cerca de 60% d e todo o pesc ado n acional (águas interiores
e costeiras) (PAIVA, 1997). No Estado de São Paulo pesca
artesanal
corresponde
a
a p r o xi m a d a m e n t e
25
%
da
produção estadual de pescado (IBAMA, 2004), porém as
pequenas
co munidades
pesqueiras
não
foram
incluídas
d e v i d o a o i n s u f i c i e n t e n ú me r o d e c o l e t o r e s .
Alguns
objetivo
de
trabalhos
descrever
têm
a
sido
pesca
apresentados
artesanal
com
e/ou
o
suas
i n t e r a ç õ e s , s e ja m e l a s s o c i a i s o u e c o l ó g i c a s .
Na região sudeste do país, Di Beneditto et al. (1998) e
Di Beneditto (2001 e 2003) descreveram a pesca no litoral
norte do Ri o de Janei ro, onde há uma frota de cerca de 600
(seiscentas) e mbarcaçõe s, utilizando nove artef atos en tre
redes
de
parelha.
espera
e
de
arrasto,
inclusive
o
arrasto
de
5
No estado de São Paulo, a pesca foi descrita por
Mendonça e Katsuraga wa (2001) na região de Cananéia,
onde se utilizam oito artes sendo 5 (cinco) utilizadas no
estuário
e 3 ( t r ê s ) n o ma r , s e n d o o s a p e t r e c h o s d e p e s c a
motorizados e as e mbarca ções de pequeno porte. Berto zzi
e Zerbini (2002) descreveram a pesca na Praia Grande,
B a i x a d a S a n t i s t a , o n d e f o i m o n i t o r a d a u ma f r o t a d e 6 ( s e i s )
p e q u e n a s e mb a r c a ç õ e s s e m e q u i p a me n t o s d e n a v e g a ç ã o ,
que utilizam 7 (sete) tipos de redes de espera e o arrasto
d e p r a i a c o n h e c i d o c o mo p i c a r é . N o mu n i c í p i o d e U b a t u b a ,
Vianna
e
Valentini
(2004)
rel ata m
u ma
frota
de
162
e mb a r c a ç õ e s q u e u t i l i z a m s e i s a r t e s d e p e s c a , s e n d o e l e s
redes
de
espinhel,
arrasto,
cerco
redes
de
de
trai nei ra
e malhe,
e
linha
arrasto
de
de
fundo,
parelha.
Já
Clauzet et al. (2005) descreveu a pesca na Barra do Una e
na Enseada do
Mar Virado, esta
ú l t i ma á r e a o n d e f o i
realizado o presente trabalho. Segundo Clauzet et al.,
fora m uti l i zados 8 (oi to) di ferentes artefatos de pesca e m
a mb a s
as
co munidades
além
de
2
(dois)
diferentes
artefatos utilizados na barra do Una. Os pescadores locais
e x e c u t a m a p e s c a d i a r i a me n t e e t r a n s mi t e m a o s jo v e n s o s
c o n h e c i me n t o s s o b r e a a t i v i d a d e .
Já no estado do Paraná, a pesca foi descrita por
Chaves (2003) na Baía de Guaratuba onde há 7 (sete) tipos
d e e mb a r c a ç õ e s , u t i l i z a n d o 7 ( s e t e ) a r t e s d e p e s c a n o
e s t u á r i o e n a p l a t a f o r ma c o n t i n e n t a l .
Desta
for ma, torna-s e nece ssária a des crição da
pesca artesanal local, dada a adequação dos artefatos
pesqueiros à oferta e as condições geográficas de cada
área,
planos
observando
a
necessidade
s o c i o e c o n ô mi c o s
e
da
me d i d a s
i mp l e m e n t a ç ã o
de
ma n e jo
de
e
6
conservação
dos
estoques
pesqueiros
locais
(DI
BENEDITTO, 2001). Visto que a pesca é u ma atividade
p r a t i c a d a a o l o n g o d e t o d o l i t o r a l b r a s i l e i r o e a t u a l me n t e
r e c e b e i n c e n t i v o s f i s c a i s e e c o n ô mi c o s p a r a q u e o c o r r a u m
a u me n t o s u s t e n t á v e l n a p r o d u ç ã o ( I B A M A , 2 0 0 2 ) .
1.1.3) Inte ração co m cetáceos
Na
costa
brasileira
são
rel atadas
42
espécies
de
cetáceos ( SICILIANO, 2003) sendo oito espécies de três
g ê n e r o s d e mi s t i c e t o s e 3 4 e s p é c i e s d e 2 2 g ê n e r o s d e
odontocetos (F AO, 1993 e IBAMA, 2 001).
No Brasi l , a caça a bal ei a teve i nício no sécul o XVII, e
estendeu-se desde a Bahia até Santa Catarina. Em 1602 foi
estabelecido,
na
região
de
S a l va d o r ,
o
p r i me i r o
porto
destinado à caça das baleias. No decorrer do século XVII
foram
criadas
novas
ar maçõe s
em
pontos
estratégicos
espal hados por todo o l i toral da Bahi a. Entre 1740 e 1742,
a p r i me i r a a r m a ç ã o b a l e e i r a , d e n o mi n a d a N o s s a S e n h o r a
d a P i e d a d e e s t a b e l e c e u - s e n a s p r o xi mi d a d e s d a I l h a d e
S a n t a C a t a r i n a ( h o je n o M u n i c í p i o d e C e l s o R a mo s ) . E n t r e
1964
e
1986
operou
na
Paraíba
a
COPESBRA,
u ma
i ndústri a brasil ei ra subsi di ada pela Ni pon Rei zo Kabashi
Kai sha do Japão, que durante seu s 75 anos de e xi stên ci a
a b a t e u c e r c a d e 2 2 . 0 0 0 a n i ma i s d e t o d a s a s e s p é c i e s ,
segundo
os
registros
d e i xa d o s
pela
e mp r e s a
(GREENPEACE in Litt., 2004). Em Santa Catarina surgiram
a a r ma ç ã o d a L a g o i n h a , e m 1 7 7 2 ( h o je p r a i a d a A r m a ç ã o
e m Florianópolis); ao norte, a ar mação de Itapocoróia, na
região de Piçarras / Penha em 1778; a da Ilha da Graça em
1807,
próxi mo
a
São
Francisco
do
Sul.
Ao
sul,
a
de
7
Garopaba, ergui da entre 1793 e 1795 e a estação bal eei ra
m a i s a u s t r a l d o B r a s i l e m t o d o s o s t e mp o s , a d e I m b i t u b a ,
e m 1 7 9 6 ( I N T I T U T O B A L E I A - F R A N C A in L i t t . , 2 0 0 4 . ) .
Os
produtos
e xt r a í d o s
eram o
óleo,
a
gordura,
a
c a r n e , a s b a r b a t a n a s e o s o s s o s . O ó l e o f o i mu i t o u t i l i z a d o
p a r a a i l u mi n a ç ã o p ú b l i c a e n a c o n s i s t ê n c i a d a a r g a ma s s a
usada para as construções. As barbatanas eram utilizadas
para a confe cção de espartilhos d as mulheres da époc a.
H o je a i n d a p o d e m s e r e n c o n t r a d a s e d i f i c a ç õ e s f e i t a s c o m
óleo de baleia nos municípios d e I mbituba e Garopa ba
( I N T I T U T O B A L E I A - F R A N C A i n L it t . , 2 0 0 4 . ) .
Em 1987, a ca ça e molesta mento de cetáceo s fora m
proibidos
em
águas
sob
ju r i s d i ç ã o
brasileira,
porém
o
acentuado declínio em que se encontravam as populações
d e mi s t i c e t o s e o l o n g o c i c l o d e v i d a d a s e s p é c i e s t o r n a m o
r e a b a s t e c i me n t o d o s e s t o q u e s p o p u l a c i o n a i s mu i t o l e n t o
(DI
BENEDITTO,
décadas
após
a
et
al.,
2001).
proibição,
foi
No
entanto,
possível
a l g u ma s
observar
u ma
sensível recuperação das populações (INTITUTO BALEIAF R A N C A i n L it t . , 2 0 0 4 ) .
A t u a l me n t e , c o m a c r e s c e n t e e xp l o r a ç ã o d o s r e c u r s o s
m a r i n h o s , a u t i l i z a ç ã o t a n t o d e m é t o d o s t r a d i c i o n a i s , c o mo
d e n o v a s t e c n o l o g i a s d e p e s c a e o a u me n t o d o n ú me r o
e mb a r c a ç õ e s
surge
u ma
nova
situação
de
a me a ç a
as
populações de cetáceos, a captura acidenta. As relações
entre
os
cetáceos
resultados
envolvidas.
e
negativos
Pryor
et
a
pesca
para
al.
u ma
(1990)
n e m se mpre
ou
e
a mb a s
apresentam
as
espécies
S i mõ e s - L o p e s
(1991)
d e s c r e v e m i n t e r a ç õ e s o n d e o s c e t á c e o s d o g ê n e r o T u r s io p s
a ju d a m o s p e s c a d o r e s e m p u r r a n d o p e i xe s a t é s u a s r e d e s
n o s u l d o B r a s i l , o me s m o é d e s c r i t o p a r a o g ê n e r o S o t a l ia
8
por
Monteiro-Filho
(1995)
na
regi ão
de
Cananéia,
São
Paulo. Poré m, os relatos de cooper ação são insignificantes
s e c o mp a r a d o s a o s r e l a t o s d e e m a l h e . S e g u n d o P e r r i n e t
al. (1994) cerca de 100.000 exe mplares de cetáceo s se
p r e n d e m e m a p a r e l h o s d e p e s c a a n u a l me n t e n o mu n d o e a
g r a n d e ma i o r i a r e s u l t a e m m o r t e . O s a c i d e n t e s c o m o s
artefatos de pesca atingem um total de 80 % das espécies
e xi s t e n t e s ( c e r c a d e 6 3 e s p é c i e s ) ( P E R R I N e t a l . , 1 9 9 4 ) .
D a d o o i mp a c t o s u p r a c i t a d o , a s a r t e s d e p e s c a t ê m
s i d o d e s c r i t a s c o m o o b je t i v o d e f a c i l i t a r a c o mp r e e n s ã o
d o s me c a n i s mo s d e c a p t u r a a c i d e n t a l d e a n i ma i s m a r i n h o s
(e.g.
tartarugas,
cetáceos
e
aves).
Pois
estas
são
consideradas co mo o principal fator antrópico de morte
destes
a n i ma i s
(BARROS,
1994;
BRONDIZIO,
1994;
CORCUERA, 1994; CORCUERA et al., 1994; CRESPO et al,
1994; DANS et al, 2003; DI BENEDITTO et al, 1998; DI
BENEDITTO,
2001;
DI
BENEDITTO
BENEDITTO,
2003;
GIFFONI,
et
1996;
al,
2001;
GIFFONI,
DI
2000;
GOODALL , 1994; MO NTEI RO-NETO et al., 2000; SECCHI et
al, 1997; ROSAS et al., 2002) e de danos aos artefatos de
pesca (DI BENEDITTO, 2004).
No
Brasil,
as
principais
espécies
de
mi s t i c e t o s
( b a l e i a s v e r d a d e i r a s ) s o b p r e s s ã o a n t r ó p i c a s ã o a ju b a r t e
(Megaptera
n o v a e a n g l ia e )
e
a
bal ei a-franca-do-sul
(Eubalena au stralis) (IBAMA, 2001).
Dentre os odontocetos brasileiros (golfinhos, botos e
bal ei as-bi cudas) sob pressão antrópi ca estão o boto-corde-rosa
( I n ia
( T u r s io p s
( P o n t o p o r ia
g e o f f r e n s is ) ,
truncatus),
boto
b l a n v il l e i) ,
golfinho-nariz-de-garrafa
cinza
(Sotalia),
golfinho-rotador
toninha
(Stenella
l o n g ir o s t r i s ) , e p r o v a v e l me n t e o g o l f i n h o - d e - d e n t e s - r u g o s o s
9
( S t e n o b r e n d a n e n s i s ) , a o r c a ( O r c in u s o r c a ) a f a l s a o r c a
( P s e u d o r c a c r a s s id e n s ) e o g o l f i n h o - p i n t a d o - d o - A t l â n t i c o
(Stenella
f r o n t a l is )
(IBAMA,
2001).
Dentre
todos
supraci tados, boto ci nza e a toni nha são as espéci es de
cetáceos mais vulneráveis às rede s de pesca ( SICILI ANO ,
1994; PINEDO, 1994; DI BENEDIT TO et al, 1998; IBAMA,
2001; ROSAS et al 2002), devi do à di stri bui ção costei ra de
a mb a s ( F L O R E S , 2 0 0 2 e C R E S P O , 2 0 0 2 ) .
O b o t o c i n z a p o d e s e r c a p t u r a d o o c a s i o n a l me n t e p a r a
consu mo
hu mano,
utilizado
co mo
isca
de
tubarão
ou
c a ma r ã o , p o r é m a e xt e n s ã o d e s t a p r a t i c a é d e s c o n h e c i d a .
Acredita-se
genitais
que
usados
ocorra
em
o
co mérc io
superstições
de
olhos
a mo r o s a s
e
órgãos
na
região
a ma z ô n i c a ( D A S I L V A & B E S T , 1 9 9 4 ) . E s t á l i s t a d o c o mo
e s p é c i e p r o v a v e l me n t e a m e a ç a d a d e e xt i n ç ã o ( S M A / S P ,
1998), porém com ‘Dados Deficientes’ (IBAMA, 2001 e
IUCN, 2 002). Rece nte mente o gên ero Sotalia foi dividido
e m d u a s e s p é c i e s , a s a b e r , S . f l u v ia t i l i s p a r a a f o r m a
f l u v i a l e S . g u ia n e n s i s p a r a a f o r ma ma r i n h a ( C U N H A e t a l ,
2 0 0 5 ) , p o s s i b i l i t a n d o me l h o r a v a l i a ç ã o d a s e s p é c i e s .
A
toninha
é
considerada
a me a ç a d a
de
e xt i n ç ã o
(SMA/SP, 1998; IBAMA, 2001 e IUCN, 2002).
Pinedo
(1994)
revisou
a
captura
acidental
de
cetáceos na região sul do Brasil, onde as capturas ocorrem
e m r e d e s d e e s p e r a e d e a r r a s t o , p r e ju d i c a n d o e m m a i o r
e s c a l a f i l h o t e s e ju v e n i s . N a c o s t a d e S a n t a C a t a r i n a h á
r e l a t o s d e a g r e s s õ e s e mo r t e s d e S o t a l ia g u i a n e n s i s e m
redes de pes ca ( SI MÕES-LO PES e XÍ MENEZ, 1990). Netto
e B a r b o s a ( 2 0 0 3 ) c o m p i l a r a m i n f o r ma ç õ e s s o b r e c a p t u r a s
acidentais na costa do Espírito Santo.
10
As redes de espera e ar madilhas são os artefatos qu e
capturam pequenos cetáceos na costa norte do Rio de
J a n e i r o e o b o t o ci n z a é o a n i ma l m a i s c a p t u r a d o ( d a S i l v a
e Best, 1994; Di Beneditto et al. 1998; Di Beneditto, 2001)
o n d e f o r a m c o m e r c i a l i z a d o s c o mo i s c a n o s a n o s o i t e n t a
(Lodi e Capistrano, 1990). Rosas et al (2002) relataram
sobre a captura acidental de toninhas em redes de espera
ao l ongo do l i toral do Paraná e sul do l i toral de São Paul o.
Bertozzi (2002) caracteri zou a pesca artesanal da Prai a
Grande, l i toral central do estado de São Paul o, onde as
r e d e s ma i s u t i l i z a d a s s ã o a s r e d e s d e e s p e r a e a s c a p t u r a s
a c i d e n t a i s s ã o ma i s f r e q ü e n t e s d u r a n t e o v e r ã o e o o u t o n o .
No
ocorrem
Litoral
as
P o n t o p o r ia
b r e n d a n e n s is ,
Norte
de
São
Paulo,
seguintes
espécies:
b l a i n v i l l e i,
T u r s io p s
O r c in u s
orca
e
região
S o t a l ia
estudada,
guianensis,
truncatus,
diversas
baleias
Steno
bicudas
(HIGA et al. 1998; SANTOS et al., 2002; AZEVEDO et al.,
2 0 0 2 ; F A O , 1 9 9 3 ) . D u r a n t e a mi g r a ç ã o , p a s s a m p e l a r e g i ã o
a s b a l e i a s ju b a r t e ( M e g a p t e r a n o v a e a n g l ia e ) , b a l e i a - f r a n c a do-sul
(Eubalena
a u s t r a l is ) ,
baleia-azul
(Balaenoptera
musculus), baleia-fin (Balaenopter a physalus), baleia-sei
(Balaenoptera
b o r e a l is ) ,
b a l e i a - mi n k e
(Balaenoptera
acuturostrata) e pode haver a ocorrência da baleia-deb r y d e ( B a l a e n o p t e r a e d e n i) ( F A O , 1 9 9 3 ) .
E m Ubatuba, Brondi zi o (1994) e Gi ffoni (1996 e 2000)
descreveram
as
artes
de
pesca
que
capturam
a c i d e n t a l me n t e t a r t a r u g a s m a r i n h a s . S ã o e l a s a s r e d e s d e
e ma l h a r , a s a r m a d i l h a s e a s r e d e s d e a r r a s t o , b e m c o m o a s
l i n h a s c o m v a r a , e s p i n h e l e u ma a r t e c o n h e c i d a l o c a l me n t e
c o mo p i c a r é ( a r r a s t o d e p r a i a ) .
11
Segundo
Siciliano
(1994),
d e vi d o
à
falta
de
p e s q u i s a s , h á p o u c a i n f o r ma ç ã o s o b r e a c a p t u r a a c i d e n t a l
de cetáceos no município de Ubatu ba, apesar de co mu m a
p e s c a , p r i n c i p a l me n t e d e t u b a r ã o . S a n t o s e S i c i l i a n o ( 1 9 9 4 )
relataram que em 1987 quatro foram encontradas toninhas
e n c a l h a d a s , p r o v a v e l me n t e d e s c a r t e s d e c a p t u r a a c i d e n t a l .
E xi s t e t a mb é m o r e l a t o d e u m f i l h o t e d e b a l e i a ju b a r t e
capturado em rede de pesca ( SICILIANO, 1994). Em 1995,
u ma t o n i n h a f o i e n c o n t r a d a mo r t a e m P i c i n g u a b a , n o r t e d e
Ubatuba (AZ EVEDO e t al., 2002). Entre deze mbro de 199 6
e ma i o d e 1 9 9 8 , 1 5 e n c a l h e s f o r a m o b s e r v a d o s n a r e g i ã o
de
Ubatuba,
c o mu m
e
os
sendo
S o t a l ia
indivíduos
g u ia n e n s is
não
a
espécie
apresentavam
ma i s
evidências
d i r e t a s d e mo r t a l i d a d e e m r e d e s d e p e s c a ( H I G A e t a l . ,
1998). Entre 1987 e 1998, Santos et al. (2002) relatam 27
encal hes de toni nha na regi ão norte do li toral de São Paul o
(São Sebastião, Ilha Bela, Caraguatatuba e Ubatuba) sendo
que cinco destes indivíduos apresentavam evidências de
e ma l h e . O s a u t o r e s n ã o e s p e c i f i c a m e m q u a i s c i d a d e s o s
e xe m p l a r e s f o r a m e n c o n t r a d o s n a s c o n d i ç õ e s s u p r a c i t a d a s .
No
mu n i c í p i o
de
Ubatuba
foram
encontrados
quatro
indivíduos, sendo um deles um neonato que encalhou vivo,
poré m morreu 48 horas após o en c alhe, e outro u ma fê mea
com
um
feto.
Entre
1996
e
2004,
42
encalhes
foram
o b s e r v a d o s e m U b a t u b a , s e n d o S o t a l ia g u ia n e n s is ( 1 8 ) a
e s p é c i e ma i s f r e q ü e n t e , s e g u i d a d e P o n t o p o r ia b l a i n v i l l e i
(14), (VERDIANI, 2004; VERDIANI, e FREI 2004). Outro
e s t u d o d o m e s mo p e r í o d o , e n t r e j u l h o d e 2 0 0 0 e m a i o d e
2004 registrou 11 avistagens e 24 encalhes de cetáceos na
r e g i ã o d e U b a t u b a . O s a n i ma i s e n c a l h a d o s m a i s c o m u n s
f o r a m P o n t o p o r ia b l a in v i l l e i ( 1 0 ,
i ncl ui ndo 3 fil hotes) e
12
S o t a l i a g u ia n e n s is ( 7 ) ( M a r i g o e t a l . , 2 0 0 4 ) . A m a i o r i a d o s
registros
de
Ubatuba
são
de
espécies
costeiras,
d e mo n s t r a n d o a v u l n e r a b i l i d a d e d a s m e s m a s a o s f a t o r e s
antrópicos.
Dada a relevância do i mpacto cau sado pela captura
acidental nos cetáceos, e d evido a poucas infor mações
sobre
cetáceos
no
município
de
Ubatuba
( SICILIANO,
1 9 9 4 ) . O p r e s e n t e p r o j e t o v i s a a u m e n t a r o c o n h e c i me n t o
sobre a pesca e a proble mática da s capturas acidentais e
a v a l i a r o i mp a c t o d a p e s c a a r t e s a n a l n o s c e t á c e o s n o
L i t o r a l S u l d o mu n i c í p i o d e U b a t u b a .
2) O B J E TI V O G E R A L
O p r e s e n t e t r a b a l h o b u s c o u c o mp r e e n d e r e d e s c r e v e r
o s me c a n i s m o s d e c a p t u r a s a c i d e n t a i s e m r e d e s d e p e s c a
de espécies não-alvo, na praia de Maranduba, localizada no
l i t o r a l s u l d o mu n i c í p i o d e U b a t u b a .
2 . 1 ) O B JE TI V O S E S P E C Í F I C O S
Assi m sendo, pretendeu-se:
Descrever
a
atividade
pesqueira artesanal
em
seu aspecto social;
Caracterizar as artes de pesca;
Conhecer
e
descrever
as
artes
que
capturam
cetáceos a cidentalmente;
O b t e r i n f o r ma ç õ e s s o b r e e n c a l h e s , p o i s p o d e m
estar relacionados à captura acidental.
13
3) M A TE R I A L E M É T O D O S
3 . 1 ) Ár e a d e E s t u d o s
O município de Ubat uba es tá loc alizado no Litoral
Norte do Estado de São Paulo, Brasil, à nordeste da costa
do Atl ânti co, entre as coordenadas geográfi cas: 23º55’de
l a t i t u d e s u l e 4 5 º 2 6 ’ d e l o n g i t u d e o e s t e d e G r e e n wi c h . O
presente trabal ho foi reali zado na Prai a da Maranduba
l o c a l i z a d a n a E n s e a d a d o M a r V i r a d o ( 23°54’843’’ d e l a t i t u d e
s u l e 45°23’073’’ d e l o n g i t u d e o e s t e d e G r e e n wi c h ) a o s u l d o
município de Ubatuba faze ndo divisa co m o município de
C a r a g u a t a t u b a ( f i g u r a 1 ) . A p r o f u n d i d a d e mé d i a d a E n s e a d a
d o M a r V i r a d o é d e 6 m e t r o s e a e xt e n s ã o e l a r g u r a
m á xi ma s s ã o r e s p e c t i v a m e n t e 4 e 7 q u i l ô me t r o s . O f u n d o
d a E n s e a d a d o M a r V i r a d o é c o m p o s t o p r e d o mi n a n t e m e n t e
por
areia.
A região
é
palco
de
u ma
intensa
atividade
p e s q u e i r a , n a q u a l o p r o d u t o f i n a l é f o n t e d e a l i me n t o e
renda para fa mílias caiçaras. (Clauzet et al., 2005).
A e xt r e mi d a d e s u l d a p r a i a d a M a r a n d u b a é l i mi t a d a
pela
d e s e mb o c a d u r a
do
rio
Maranduba,
l o c a l me n t e
c h a ma d a d e B a r r a ( f i g u r a 2 ) . H á u ma m a r i n a e m c a d a
m a r g e m d o r i o , s e n d o o m e s m o u t i l i z a d o c o mo p o r t o p e l o s
p e s c a d o r e s d a B a r r a . N a s p r o xi mi d a d e s , h á a c o mu n i d a d e
da Raposa, onde a pesca não é muito co mu m. Poré m, o
úni co pescador da Raposa vende seu produto na prai a
Maranduba,
sendo
incluído
nas
entrevistas.
Devido
à
e xi s t ê n c i a d e t r a b a l h o s s e m e l h a n t e s n o s l i t o r a i s n o r t e e
central de Ubatuba, este trabalho fica restrito a região sul.
F u t u r a me n t e p r e t e n d e - s e c o m p i l a r o s d e ma i s d a d o s p a r a
14
v e r i f i c a ç ã o d a e xt e n s ã o d e s t a p r o b l e má t i c a a o l o n g o d o
l i toral de Ubatuba.
Praia Maranduba
(S 23°54’843’’ O 45°23’073’’)
Foz do rio Maranduba
(S 23°55’959’’ O 45°23’027’’)
Fig. 1) Foto de satélite da Enseada do Mar Virado, realizada em janeiro de 2005.
Fonte: Modificado de Google Earth 2005.
Fi g. 2) Desem boc adu ra d o Ri o Mar and ub a.
15
3.2) Entre vistas
N o p e r í o d o d e a b r i l d e 2 0 0 4 a ju n h o d e 2 0 0 5 f o r a m
realizadas
entrevistas
com
22
pescadores
sobre
as
e mb a r c a ç õ e s , a r t e s , l o c a i s d e p e s c a e e s p é c i e s - a l v o , b e m
c o mo i d a d e , n a t u r a l i d a d e , mé d i a s a l a r i a l e i n t e r a ç ã o c o m
cetáceos seguindo o questionário desenvolvido por Bertozzi
( P r o je t o
Biopesca).
e mb a r c a ç õ e s ,
nas
Estas
entrevistas
co munidades
da
abordaram
Barra
e
19
Raposa
( A n e xo ) .
Durante
as
entrevistas
procurou-se
manter
a
i n f o r ma l i d a d e , d e i x a n d o o s e n t r e v i s t a d o s a v o n t a d e p a r a
contar
os
“causos
de
p e s c a ” . A l g u ma s
perguntas
eram
d i r i g i d a s c o n f o r me a r e c e p t i v i d a d e e t o d o s o s d a d o s f o r a m
anotados
no
questionário.
As
artes
de
pesca
foram
a n a l i s a d a s s a z o n a l me n t e .
3.3) Saídas a bo rdo
Foram realizadas saídas a bordo de alguns barcos de
a r r a s t o d e c a ma r ã o e a l g u n s b a r c o s d e e s p e r a a o l o n g o d o
p r o je t o , v i s a n d o m e l h o r c o m p r e e n d e r o s m e c a n i s m o s d e
pesca
das
diversas
redes
e
procurando
estar
presente
n u ma e v e n t u a l c a p t u r a a c i d e n t a l d e c e t á c e o s .
3.4) Capturas Acidentai s
A captura aci dental foi quanti fi cada para cada ti po de
rede de espera. Quando possível os exe mpl ares capturados
a c i d e n t a l me n t e f o r a m c o l e t a d o s p o r p e s q u i s a d o r e s l o c a i s
(que possuem licença do IBAMA para transporte e coletas),
16
transportados
para
um
local
adequado
que
p e r mi t i u
a
realização de necropsia e coleta de órgãos e tecidos para
posterior análise.
3.4) Encal he
O s a n i ma i s e n c o n t r a d o s e n c a l h a d o s n a r e g i ã o f o r a m
fotografados
e
verificou-se
a
ocorrência
de
ma r c a s
de
e n r e d a me n t o .
Para analisar tais dados foi utilizando o progra ma
E x c e l p a r a W i n d o ws .
4 ) RESULTADOS
4. 1) A s p ec t os s oc i oe c o n ôm i c o s
4.1.1) Características da área
A
praia
da
Maranduba
é
u ma
das
praias
ma i s
m o v i me n t a d a s d e U b a t u b a , p o s s u i n d o u m g r a n d e p o t e n c i a l
turístico.
Oferece
boas
aco mod ações
co mo
hotéis
e
p o u s a d a s e d u r a n t e a t e mp o r a d a s ã o o f e r e c i d o s d i v e r s o s
passeios
turísticos,
entre
eles
um
tobogã
que
fica
a
a p r o xi m a d a m e n t e 1 0 0 m d a a r e i a . N a d e s e m b o c a d u r a d o r i o
Maranduba,
ao
sul
encontra m-s e
duas
ma r i n a s
com
d i v e r s a s l a n c h a s e je t - s k i e s , s e n d o o r i o u t i l i z a d o c o mo
porto pelos pescadores.
17
4.1.2) Faixa etária
Os pescadores têm idade entre 20 e 62 anos sendo a
m é d i a d e 3 7 a n o s e a c l a s s e mo d a l é d e 2 0 a 3 0 a n o s
(gráfico 1).
Faixa Etária
Idade
51-62
4
41-50
6
31-40
2
20-30
10
0
2
4
6
8
10
12
nº de pescadores
Gráf i co 1) Idade m édi a do s p e sca dor e s d a Mara ndu ba.
4.1.3) Nat ural idade
E xi s t e m a t u a l me n t e 1 7 q u e s ã o n a t i v o s d e U b a t u b a e
5 ve m de ou tras cidades co mo
São Paulo, Rio Claro,
C a mp i n a s e J u n d i a í ( t a b e l a 1 ) .
Tabel a 1) N atur al i dade do s p e sca dor e s d a Mara ndu ba.
Naturalidade
Na t iv os de Uba tu ba
Imigran tes
17 (77,3%)
5 (22,7%)
18
4.1.4) Escolaridade
o
nível
de
escolaridade
é
vari ado,
sendo
que
os
pescadores n ão nativos de Ubatu ba tê m maior grau d e
escolaridade do que os nativos.
Os pescadore s mais velhos, n ativos de Ubatuba s ão
os que tê m menor grau de e scolaridade e há u m pe scador
q u e e s t á e s t u d a n d o , n o e n s i n o mé d i o ( t a b e l a 2 ) .
Tabel a 2) E sc ol ari dad e d o s pe sc ad ore s d a Mara ndu ba.
Escolaridade
Na t iv os de
Escolaridade
Ubatuba
Imigran tes
Idade
(anos)
Médio Completo
0
3
20- 65
Mé d io In co mp le t o
1
0
20-30
3
1
20-30
11
1
20-50
Fundamental
Completo
Fundamental
Incompleto
4.1.5) T radição de pesca
A ma i o r i a d o s p e s c a d o r e s d a p r a i a M a r a n d u b a s ã o
filhos de pescadores, sendo que es tes se mpre trabalhara m
e m e m b a r c a ç õ e s s e ja n a p e s c a , s e ja c o m o m a r i n h e i r o s o u
mestre s de lanchas de passeio. Há u m neto de pescador ,
q u e a l é m d a p e s c a e xe r c e u o u t r a s p r o f i s s õ e s . O s d e m a i s
pescadores da área não possuem tradição de pesca e
trabalharam
em
outras
aposentados (tabela 3).
áreas,
sendo
que
alguns
são
19
Tabela 3) Tradição de pesca dos pescadores da praia Maranduba.
Tradição de pesca
Parentesco com
Filho
Neto
Sem parentesco
Nº
12
1
9
%
54,5
4,5
41
pescador
4.1.6) Média sala rial
O s a l á r i o mé d i o v a r i a d e R $ 2 5 0 , 0 0 a R $ 8 0 0 , 0 0
c o n f o r me o t a ma n h o d a e m b a r c a ç ã o , o n ú m e r o d e p e s s o a l
envolvido e a posse da e mbarca ção e artes de pes ca
(Tabel a 4). Al guns pescadores al uga m suas e mbarca çõe s
n a t e m p o r a d a o u f i n a i s d e s e ma n a c o m o u m c o m p l e m e n t o
da renda. Por outro lado, alguns barcos pesca m so men te
n a t e mp o r a d a , e d u r a n t e o r e s t a n t e d o a n o o s p e s c a d o r e s
e xe r c e m o u t r a s p r o f i s s õ e s c o m o , p o r e xe m p l o , ma r i n h e i r o
ou eletricista.
Tabel a 4) Sal ári o m édi o do s p e sca dore s da Mar an du ba.
Salário médio
Embarcações
Pescador contratado
Proprietário do barco
Camaroe ira
R$ 300,00
R$ 800,00
Espera (4 a 6 m)
R$ 250,00
R$ 500,00
Espera (7 a 11m)
R$ 400,00
R$ 800,00
20
4. 2) C ar ac t er i z a ç ão da s ar t es d e p es c a
4.2.1) Frota
Através das entre vi stas foi possível veri fi car ci nco
t i p o s d e e m b a r c a ç õ e s d e s c r i t a s a b a i xo ( t a b e l a 5 ) . M u i t a s
n ã o p o s s u e m n e n h u m t i p o d e e q u i p a me n t o d e n a v e g a ç ã o ,
a l g u ma s p o s s u e m b ú s s o l a e r a d i o a m a d o r .
Tabela
Maranduba.
5)
De scri çã o
das
Comprimento
embarcações
de
três
a
utilizadas
quatro
na
m etros,
praia
monóxilas
(con struí da s a parti r de um a úni ca tora e sc av ada pêl o s
própri o s pe sc ado re s), com f undo q ui l had o em f orm a de
Canoas de
madeira
V. Utilizada no cultiv o da maricultura (Cassandoca) e
como
salv a-v i das,
transportada
junto
às
outras
em barcaçõ e s. Há a pe na s um a can oa de oi to m etros de
com prim ent o m ov i da a rem o que pe sca com rede s de
espera (Barra).
Canoas de fibra
de vidro
Com pri m ento de ci nc o a sei s m etro s, com m otor de
centro de 7,5 a 90 Hp e fundo chato com uma quilha
central.
Com pri m ent o v ari áv el ent re 5 e 6 m et ro s, com ou sem
Botes de madeira
ca sari a. M otor entr e 11 a 90 Hp. Po de uti l i zar tanto
rede s de e sper a qu ant o arra st o de po upa .
Com pri m ent o v ari áv el ent e 8 e 10 m et ro s com m ot ores
Barcos de
de 33 Hp ou superior. Geralmente utilizam redes de
madeira
esper a. Por ém no s m ese s d e j un ho a ag ost o p e scam o
cam arão com arra sto de p opa dev i do a grand e of erta.
Comprimento
Camaroeiras
(Bal eei ra s)
madeira.
de
Possuem
8
a
11
casaria,
m etro s,
que
fabricadas
abriga
de
com
duas
a
quatr o p e sso a s par a dorm i r. O m otor v ari a de 18 a 22
Hp.
21
Na
co munidade
e mb a r c a ç ã o
de
da
arrasto
Raposa
de
opera
ca ma rão
apenas
tripulado
u ma
por
duas
pessoas.
Na
co munidade
da
Barra
operam
de
16
a
20
e mb a r c a ç õ e s . D e s t a s 3 ( t r ê s ) e m b a r c a ç õ e s t r a b a l h a m n a
p e s c a d o c a m a r ã o c o m arrasto “trangona” (duas redes por barco). A s
d e ma i s u t i l i z a m r e d e s d e e s p e r a , q u e v a r i a m c o n f o r m e a
profundidade, época do ano e espécie-alvo (tabela 6).
Tabela
Maranduba.
6)
Embarcações
utilizadas
pelos
pe sc ado re s
T ipo de embarcação
Nº
%
Canoas de fibra de vidro
3
15,8
Botes de mad eira
2
10,5
Barcos de mad eira
11
57,9
C a ma r o e i r a s
3
15,8
da
4.2.2) Artefatos de pesca
As redes de arrasto varia m de malh as 1,5 a 4 c m entre
n ó s o p o s t o s p a r a o a r r a s t o d e p o p a e ma l h a s 2 a 7 c m
entre nós opostos para o arrasto de trangona, tê m de 7 a
2 0 me t r o s d e c o m p r i me n t o ; já a s
malha
redes de espera têm
variável entre 6 e 20 cm entre nós opostos e
c o mp r i me n t o e n t r e 5 5 e 3 0 0 0 m e t r o s . S ã o d i v i d i d a s e m
cinco tipos de acordo co m a malha e a posição na água,
sendo eles: caceio, superfície, fundo, feiticeira e boeria. As
p r i n c i p a i s i n f o r ma ç õ e s e s t ã o r e s u mi d a s n a t a b e l a 4 . 2 . 2 .
22
Tabel a 7) C aract erí sti ca s da s r ed e s de e sp era e de arra st o.
Redes de espera
Arrasto
Tipo de rede
Feiticeira
Caceio
Fundo
Superfície
Boeira
Trangona
Popa
Malha (cm)
12 e 20
6-13
12-14
12-14
12-13
3-7
1,50 - 6
Comprimento (m)
40-60
1200–3000
50-1000
50-2000
60
10-12
05 /15
Altura (m)
3
10
6
8
16
11
5
Espessura do fio (mm)
60
60
50-60
60
50-60
40-60
30-50
Posição na água
Fundo
superfície
fundo
superfície
superfície
fundo
fundo
Sete-
Sete-
barbas;
barbas.
branco
branco
jun -mar
jun - ago
Espécie-alvo
Corvina
Espada
Corvina
manjuba
Período de uso
Sororoca
robalo
Cação
Ano todo
A l é m d a s a r t e s c i t a d a s a c i ma , a p e s c a d e l i n h a d a , a
vara,
o
t a mb é m
zangarelho
são
(para
utilizados
pesca
na
de
região,
lula)
porém
e
o
espi nhel
com
menor
freqüência.
4.2.3) Sazo nalidade da Pesca
N o s me s e s d e ju n h o a a g o s t o h á u m a u me n t o n a
pesca do ca marão devido a gran de oferta, convertendo
cerca de sete bar cos de espera à pesca d o ca marão co m
arrasto de popa. No entanto, durante o defeso, duas das
e mb a r c a ç õ e s d e p e s c a d e c a m a r ã o t a mb é m u t i l i z a m r e d e s
de espera, apesar do defeso não ser respeitado por todos
os pescadores (gráfico 2).
23
Variação sazonal da pesca
Estação do Ano
Inverno
Outono
arrasto
Verão
espera
Primavera
0
5
10
15
20
Nº de Embarcações
Gráf i co 2) Vari ação sazo nal da pe sc a na prai a da M ara ndu ba.
4.2.4) Utilização das redes de esp era
A r e d e d e e s p e r a p e r ma n e c e d e 1 2 a 2 4 h o r a s n o m a r ,
dependendo do pescador,
da oferta de pescado e
c o n d i ç õ e s me t e o r o l ó g i c a s .
final
da
tarde,
s e mp r e
das
A r e d e é d e i xa d a n o ma r n o
respeitando
r e c o l h i d a p e l a ma n h ã ( 1 2 h o r a s
o
fotoperíodo,
e
é
d e p e r ma n ê n c i a ) o u é
d e i xa d a n o m a r e v i s i t a d a d u a s v e z e s a o d i a , ( p e l a m a n h ã e
n o f i n a l d a t a r d e , o u s e ja , 2 4 h o r a s d e p e r m a n ê n c i a ) . J á a
r e d e d e c a c e i o p e r ma n e c e n o ma r p o r c e r c a d e 1 2 h o r a s ,
durante
a
noite,
onde
o
barco
fica
a
deriva
(Mais
i n f o r ma ç õ e s n o a p ê n d i c e ) . A r e d e d e e s p e r a m a i s u t i l i z a d a
é a rede de fundo (46%), seguida pela rede de superfície
(18%).
As
d e ma i s
são
utilizadas
e mb a r c a ç ã o c a d a ( 1 2 % ) ( g r á f i c o 3 ) .
em
apenas
u ma
24
Utilização das redes de espera
12%
12%
46%
12%
18%
Fundo
Superfície
Caceio
Boeira
Feiticeira
Gráfi co 3) Vari ação de u so d o s artef ato s de e sp era.
4. 2 . 5 ) Ár e a d e p e s c a
A á r e a u t i l i z a d a é c o mp r e e n d i d a e n t r e a I l h a B e l a , a o
sul e Ilha Anchieta ao norte (fig. 3). O arrasto de ca marão é
realizado dentro da Enseada do Mar Virado.
Enseada do Mar Virado
Ilha Anchieta
Ilhabela
Fi gura 3) Foto d e satél i te da área de p e sca uti l i zada pel o s
pe sca dor e s d a prai a Ma ran du ba reti ra da em j anei ro de 20 05.
Figura modificada de Google Earth 2005.
25
4. 3) I n t er a ç ã o c om ce t á ce o s
4.3.1)Captura acide ntal de cetáce os
Em
sete mbro
de
2004
ocorreu
a
captura
de
u ma
toninha e m redes de esp era; o mes mo ocorreu no mê s
outubro. Em nove mbro do mes mo ano fora m capturado s
d o i s e x e m p l a r e s d e P o n t o p o r i a b l a in v il l e i n a m e s m a r e d e .
Já em outubro de 2004 foi capturado um golfinho nãoidentificado. Todas as capturas supracitadas ocorreram em
redes de fundo.
E m ja n e i r o d e 2 0 0 5 h o u v e a c a p t u r a d e u ma t o n i n h a
d e a p r o xi ma d a m e n t e 1 m e t r o d e c o mp r i me n t o e m r e d e d e
e s p e r a d e f u n d o . O s e xe m p l a r e s f o r a m i d e n t i f i c a d o s p e l o s
próprios pescadores e de scartados ao mar (a identificação
foi
feita
através
de
descrições
dos
e xe m p l a r e s
pelos
pescadores que o s capturara m).
N a ma d r u g a d a d e 1 5 d e f e v e r e i r o d e 2 0 0 5 o c o r r e u a
c a p t u r a d e d o i s e xe m p l a r e s d e S o t a l ia g u ia n e n s is n a r e d e
d e c a c e i o , d e n t r o d a e n s e a d a d o ma r v i r a d o . N o d i a 1 5
m e d i r a m- s e e f o t o g r a f a r a m - s e o s e x e mp l a r e s e f o i r e a l i z a d a
a n e c r o p s i a d o s me s m o s . A m b o s e r a m m a c h o s m e d i n d o
1 , 8 6 m e 1 , 7 2 m d e c o m p r i me n t o t o t a l ( f i g . 4 ) .
Os
dados
de
captura
acidental
podem
ter
sido
s u b e s t i ma d o s d e v i d o a i m p o s s i b i l i d a d e s d a p e s q u i s a d o r a
de estar presente co m mais freqüên cia na área de estudos.
Há relatos de consu mo d e golfinhos não-identificados
n a r e g i ã o . O s a n i ma i s e r a m v i t i ma s d e c a p t u r a a c i d e n t a l .
26
Figura 4)
Ubatuba.
Sotalia
gui an en si s c aptur ad os
em
rede
de caceio
em
4.3.2) Encal hes
N o d i a 1 6 d e s e t e mb r o d e 2 0 0 4 , h o u v e o e n c a l h e d e
u ma b a l e i a d a f a m í l i a B a l a e n o p t e r i d a e , p o s s i v e l me n t e u m a
baleia-de-bryde
na
Praia
do
S i mã o ,
reportado
por
p e s c a d o r e s l o c a i s . U m m o r a d o r l o c a l f o t o g r a f o u o e s p é c i me
( f i g . 5 e 6 ) , o q u e p e r m i t i u a i d e n t i f i c a ç ã o . O a n i ma l
e n c a l h o u mo r t o e n ã o f o i p o s s í v e l d e t e r mi n a r a c a u s a d a
m o r t e o u o b s e r v a r s e a p r e s e n t a v a e v i d e n c i a s d e e ma l h e
d e v i d o a o s e u a v a n ç a d o e s t a d o d e d e c o mp o s i ç ã o .
27
Fig. 5) Foto de perfil da baleia-de-bryde (balaenoptera
f am í li a Bal aenopt eri dae, encal h ad a m ort a na prai a do Si m ão.
Fotografia gentilmente cedida por Sr. Marino, morador local.
edeni),
Fig.
6)
Foto
da
cabeça
da
balaenoptera
edeni,
Balaenopteridae, encalhada morta na praia do Simão.
Fotografia gentilmente cedida por Sr. Marino, morador local.
família
28
5) D I S C U S S Ã O
O e s t a d o d e S ã o P a u l o e s t á n a s é t i ma p o s i ç ã o e n t r e
os
ma i o r e s
SILVA et
estados
al.,
produtores
2005).
A pesca
de
pescado
artesanal
(ÁVILA-DA-
corresponde
a
a p r o xi m a d a m e n t e 2 5 % d a p r o d u ç ã o e s t a d u a l d e p e s c a d o
(IBAMA,
2004),
porém
ainda
é
pouco
conhecida.
O
município de Ubatuba correspondeu co m cer ca de 10,2 % da
produção
estadual
de
pescado
no
ano
de
2004,
a p r e s e n t a n d o u ma q u e d a d e 2 7 % n a p r o d u ç ã o e m r e l a ç ã o a
2003 (ÁVILA-DA-SILVA et al., 2005). Torna-se necessário o
c o n h e c i me n t o
de
cada
co munidade
pesqueira
visando
conhecer e melhorar as técnicas de pesca, para que se
p o s s a a u m e n t a r a r e n d a d o p e s c a d o r e d i mi n u i r a c a p t u r a
de espécies não-alvo.
Na
área
de
estudos,
a
pesca
é
e s t r i t a me n t e
artesanal, co m barcos pequen os e mal equipados.
T r a b a l h o s s e me l h a n t e s f o r a m r e a l i z a d o s p o r B r o n d i z i o
(1994) na prai a da Tabati nga, em Caraguatatuba, Vi anna e
Valentini (2004) em Ubatuba e por Clauzet et al. (2005) nas
praias da Lagoinha, Peres e Grande do Bonete, ao norte da
Enseada
do
s e me l h a n ç a s
Mar
das
Virado.
praias
da
Devido
à
Mara nduba
p r o xi mi d a d e
com as
e
de mais
praias da Enseada do Mar Virado e Tabatinga, os dados
fora m co mparad os.
29
5. 1) A s p ec t os S o ci o ec o n ôm i c o s
5.1.1) Características da área
Na
praia
Caraguatatuba
da
e
Maranduba ,
Ubatuba,
a
localizada
urbanização
entre
está
bem
avançada c o m diversos h otéis, pou sadas e condo mínios na
bei ra da prai a ou do outro l ado da rodovi a. Entretanto, no
i níci o da prai a, entrando na estrada da Cassandoca chegas e à d e s e mb o c a d u r a d o R i o M a r a n d u b a , n a B a r r a , o n d e
ainda
há
casas
de
autênticos
caiçaras
e
ali
mo r a m a
maioria dos pescadores.
S e m e l h a n t e me n t e
maioria
das
c o n d o mí n i o s .
n ú me r o
de
casas
Na
é
de
praia
lanchas
a
e
é
Maranduba,
veraneio,
possível
veleiros
na
há
Tabatinga
hotéis
observar
(BRONDIZIO,
a
e
muitos
um
grande
1994).
As
residências dos pescadore s da Maranduba mostrara m-se
s e me l h a n t e s à s r e s i d ê n c i a s d o s p e s c a d o r e s d a T a b a t i n g a .
N ã o e s t ã o p r ó x i ma s a o m a r , c o m o o b s e r v a d o a n t e s d a
e xp a n s ã o t u r í s t i c a d a r e g i ã o .
Na
Maranduba
não
há
ranchos
de
pesca,
mu i t o
p r o v a v e l me n t e d e v i d o à e x p a n s ã o t u r í s t i c a e a o g r a n d e
n ú me r o d e b a r e s e q u i o s q u e s . D e s t a f o r m a , o s p e s c a d o r e s
se
l o c o mo v e m
até
a
praia
para
a
co mercialização
do
pescado utilizando a canoa de transporte para venda. Já na
Tabatinga há três ranchos de pesca que dividem lugar com
diversos bares e quiosques, facilitando a venda do pescado
(BRONDIZIO, 1994).
30
5.1.2) Faixa etária
A i d a d e mé d i a d o s p e s c a d o r e s d a E n s e a d a d o M a r
Vi rado é de 37 anos, di feri ndo da encontrada por Cl auzet et
a l ( 2 0 0 5 ) n a me s m a á r e a ( 2 9 a n o s ) . P o r é m, o s d a d o s d e s t e
autor foram coletados na porção norte da enseada, o que
pode ter i nfl uenci ado na di ferença de cerca de oi to anos na
i d a d e mé d i a .
5.1.3) Nat ural idade
No
presente
trabalho,
observou-se
que
e xi s t e m
pescadores não nativos de Ubatuba (22,7 %, sendo 4,5 %
d e M i n a s G e r a i s e 1 8 , 2 % d e S ã o P a u l o ) . T a l f a t o t a mb é m
foi observado por Cl auzet et al . (2005) na regi ão norte da
Enseada do Mar Virado onde 23 % dos pescadores não são
nativos de Ubatuba, sendo que destes 7,6 % são nativos do
Ceará e 15,4 % são nativos de Mi nas Gerais. Apesar da s
diferenças na naturalidade dos pescadores, observa-se um
padrão
na
porcentagem
de
pescadores
não
nativos
de
Ubatuba.
5.1.4) Escolaridade
Na Maranduba não há pe scador analfabeto, poré m
m u i t o s n ã o c o m p l e t a r a m o e n s i n o f u n d a me n t a l e g r a n d e
parte dos pescadores que chegara m a co mpletar o ensino
médio não são na tivos de Ubatuba e si m de outras regiões
do estado de São Paul o. Já na Tabati nga nenhum pes cador
é a n a l f a b e t o , s e n d o q u e t o d o s c o n c l u í r a m o p r i má r i o e
a l g u n s c h e g a r a m a c o m p l e t a r o e n s i n o mé d i o ( B R O N D I Z I O ,
31
1994).
Segundo
pri nci pai s:
1)
o
autor,
parte
dos
isto
se
deve
entrevistados
a
dois
não
motivos
nasceu
na
T a b a t i n g a e 2 ) h á ma i o r f a c i l i d a d e d e t r a n s p o r t e .
Apesar das faci l i dades de transporte, a escol ari dade
n a M a r a n d u b a c o n t i n u a mu i t o b a i x a . O a s p e c t o q u e d e v e
causar maior influência na escolaridade não é a dificuldade
d e t r a n s p o r t e e s i m a n e c e s s i d a d e d e e n t r a r n o me r c a d o d e
t r a b a l h o e m i d a d e e s c o l a r a f i m d e c o m p l e me n t a r a r e n d a
f a mi l i a r .
A t r a d i ç ã o p e s q u e i r a e a mé d i a s a l a r i a l n ã o f o r a m
a n a l i s a d a s p o r B r o n d i zi o ( 1 9 9 4 ) e p o r C l a u z e t e t a l . ( 2 0 0 5 ) ,
n ã o p e r mi t i n d o c o m p a r a ç ã o .
5. 2) C ar ac t er i z a ç ão da s ar t es d e p es c a
Segundo Vianna e Valentini (2004), em 1996 havia
162
e mb a r c a ç õ e s
de
pesca
ao
longo
do
município
de
Ubatuba, divididas e m dez pont os de dese mbarque. Des te
t r ê s s ã o o s p r i n ci p a i s , s e n d o e l e s o S a c o d a R i b e i r a , a
Barra dos pescad ores e o cais do Porto e do Ale mão. As
praias da Picinguaba e Marandub a são consideradas pelos
autores
co mo
ú l t i ma ,
área
pontos
de
de
i mp o r t â n c i a
estudos
do
secundária,
presente
esta
trabalho
correspondendo a 7,4 % da s e mbarc ações do município.
5.2.1) Frota
A praia Maranduba apre senta u ma f rota variável de 16
a 2 0 e m b a r c a ç õ e s , a u m e n t o o b s e r v a d o p r i n c i p a l me n t e n o
verão. Houve u m au mento da fro ta e m relação ao ano de
32
1 9 9 6 , q u e e r a d e 1 2 e mb a r c a ç õ e s ( V I A N N A e V A L E N T I N I ,
2004).
T a mb é m h o u v e u m p e q u e n o a u m e n t o n o c o mp r i me n t o
das
e mb a r c a ç õ e s ,
que
em
1996
tinham
c o m p r i me n t o
v a r i á v e l e n t r e 5 e 9 m ( V I A N N A e V A L E N T I N I , 2 0 0 4 ) e h o je
mede m de 5 a 11 m, poré m e stas ainda são consideradas
de pequeno porte e a pesca é realizada com pequenos
i n v e s t i me n t o s .
A
pesca
desenvolvida
artesanal
na
p r i n c i p a l me n t e
praia
por
da
barcos
Marandub a
de
madeira
é
e
a p e n a s 3 b a r c o s s ã o d e f i b r a d e vi d r o d i f e r i n d o d a s d e ma i s
praias
da
Enseada
do
Mar
e mb a r c a ç ã o u t i l i z a d a é a
Virado
onde
a
principal
" l a n c h a " d e a l u mí n i o c o m m o t o r
de popa (CLAUZ ET et al., 2005).
O arrasto de ca marão é
realizado tanto ao norte (CLAUZET et al., 2005) quanto ao
s u l d a E n s e a d a d o M a r V i r a d o , s e n d o u ma p r á t i c a c o m u m
em Ubatuba.
Brondizio (1994) não tra z infor maçõ es sobre a frota da
Tabatinga.
J á n o G u a r u já , B a i xa d a S a n t i s t a , l i t o r a l c e n t r a l d e S ã o
Paulo, há u ma frota de 13 e mbarc ações medindo de 3 ,5 a
7,5 m, co m motores de popa de 7, 5 a 18 Hp na praia das
Astúrias
e
na
praia
do
Guaíuba,
há
u ma
frota
de
6
e mb a r c a ç õ e s m e d i n d o d e 3 , 5 a 6 m d e c o m p r i me n t o , s e n d o
3 n ã o - mo t o r i z a d a s e 3 c o m m o t o r e s d e 4 a 1 5 H p ( A L O N S O ,
et al., 2005). Na Praia Grande opera m 6 e mbarcaçõ es,
sendo
5
de
c o mp r i me n t o
a l u mí n i o
e
u ma
medindo
de
ma d e i r a
de
5,8
a
6,8
m
de
me d i n d o
7,8
m
de
c o mp r i me n t o . O s m o t o r e s v a r i a m d e 1 8 a 4 0 H p ( B E R T O Z Z I
and ZERBINI, 2002).
33
5.2.2) Artefatos de pesca
Nota-se que os artefatos de espera e arrasto são
muito populares no Estado de São Paulo.
Em Ubatuba os artefatos de arrasto correspondem a
62% da pesca (VIANNA e VALENTINI, 2004).
Na prai a Maranduba são uti l i zados 6 artefatos de
pesca, sendo eles as redes de espera e arrasto, a vara, a
l i n h a d a , o z a n g a r e l h o e o e s p i n h e l , s e n d o q u e a ma i o r i a
d a s e mb a r c a ç õ e s u t i l i z a m a s r e d e s d e e s p e r a e a r r a s t o . E m
1996 eram utilizadas apenas as redes de arrasto e espera
nesta praia (VIANNA e VALENTINI, 2004). Segundo Clauzet
e t a l . ( 2 0 0 5 ) , a l é m d o s a r t e f a t o s c i t a d o s a c i ma , n a s p r a i a s
L a g o i n h a , P e r e s e G r a n d e d o B o n e t e t a mb é m s ã o u t i l i z a d o s
o picaré e a tarrafa.
Na Tabatinga são utilizadas redes de espera e arrasto
(BRONDIZIO, 1994).
Na Bai xada Santi sta são uti l i zadas redes de espera e
de arrasto e o espinhel de fundo na praia das Astúrias,
redes de espera na prai a do Guaíuba (ALON SO et al .,
2005) e as redes de espera e o arrastão de praia na Praia
Grande (BERTOZZI and ZERBINI, 2002).
As
artefatos
diferenças
de
pesca
apresentadas
de monstra m
na
a
utilização
dos
versatilidade
dos
p e s c a d o r e s , q u e v i s a m a d e q u a r o s mé t o d o s a o t i p o d e
pescado disponível em cada área.
5. 3) I n t er a ç ã o c om ce t á ce o s
Segundo Freitas-Neto (2003) as interações entre a
pesca e as espécies não-alvo pode m ser classificadas e m:
34
e ma l h e , c o l i s ã o , e ma r a n h a m e n t o
(em linhas de pesca),
a r p o a me n t o ( p o r p a r t e d o s p e s c a d o r e s o u a r t e s ) , r o u b o ,
tocaia ou cooperação (por parte dos animais não-alvo).
5.3.1) Captura acide ntal de cetáce os ou ema lhe
A captura acidental de cetáceos ocorre ao longo de
toda
costa
brasileira
(BARROS,
1994;
BERTOZZI
and
ZERBINI, 2002; BENEDITTO et al, 1998; DI BENEDITTO,
2001; DI BENEDITTO et al., 2001; DI BENEDITTO, 2003;
MONT EIRO- NETO e t al., 2000; SECCHI et al, 1997; ROSAS
et al., 2002). Os principais estudos dobre o te ma tê m sido
realizados na região sudeste e sul do país.
No presente trabalho, a captura acidental de cetáceos
ocorreu so mente nas redes de esp era de fundo e n a rede
d e c a c e i o . A s e s p é c i e s c a p t u r a d a s f o r a m S o t a l ia g u ia n e n s is
e P o n t o p o r i a b l a i n v i l l e i. N o e n t a n t o , n e m t o d o s o s r e l a t o s a
respeito
de
P.
b l a in v il l e i
são
t o t a l me n t e
confiáveis,
p o d e n d o h a v e r c o n f u s õ e s c o m o u t r a s e s p é c i e s . O me s m o
foi observado na Prai a Grande, onde ocorrera m capturas
a c i d e n t a i s s o me n t e d e P . b l a in v i l l e i e m r e d e s d e e s p e r a d e
fundo e na rede boeira, que fica na superfície ( BERTOZZI
and ZERBINI, 2002).
Os dados não pode m ser adequada mente co mparados
devido à falta de coleta de dados do esforço pesqueiro no
presente trabalho, poré m é possíve l notar as se melhança s
nos
artefatos
que
capturam
cetáceos
a c i d e n t a l me n t e ,
v e r i f i c a n d o q u e a p o s i ç ã o n a c o l u n a d ’ á g u a e o t a ma n h o d a
m a l h a p a r e c e m n ã o i n f l u e n c i a r d i r e t a me n t e a s c a p t u r a s ,
s a l v o ma l h a s m u i t o p e q u e n a s , q u e n ã o c a p t u r a m c e t á c e o s ,
35
pois os mes mos consegu e m quebrá -las. Talvez o que tenha
maior influência tenha sido o local de pesca.
5.3.2) Encal hes
No presente trabalho ocorreu apenas um encalhe de
u ma b a l e i a d a f a m í l i a b a l a e n o p t e r i d a e , q u e a t r a v é s d o
r e g i s t r o f o t o g r á f i c o , a c r e d i t a - s e s e t r a t a r d e u m e xe m p l a r
Balaenoptera
eden i.
O
p r o v a v e l me n t e
trazido
pelas
estado
de
d e c o mp o s i ç ã o .
ani mal
encalhou
correntes
A
fa mília
e
em
mo r t o ,
avançado
Balaenopteridae
é
caracteri zada pel a presença de pregas ventrai s e di vi di da
em dois gêneros, abrangendo seis espécies (FAO, 1993).
Encalhes de baleias da fa mília Balaenopteridae tê m
si do rel atados com u ma peri odi ci dade bi enal em Ubatuba .
Verdiani
(2004)
e
Verdi ani
e
Frei
(2004)
rel ataram
o
e n c a l h e d e 5 e xe mp l a r e s d e s t a f a mí l i a e m U b a t u b a n o
p e r í o d o d e 1 9 9 6 a 2 0 0 4 , s e n d o q u e d o i s d o s e xe m p l a r e s
fora m i denti fi cados co mo Bala eno ptera eden i, doi s co mo
M e g a p t e r a n o v a e a n g l ia e e u m e xe m p l a r n ã o f o i i d e n t i f i c a d o
ao taxa de gênero.
ocorrência
de
três
Já Mari go et al . (2004) rel ataram a
Megaptera
n o v a e a n g l ia e
e
três
B a l a e n o p t e r a e d e n i n o p e r í o d o d e j u l h o d e 2 0 0 0 a ma i o d e
2004, sendo dois encalhes e u ma avistage m no caso das
duas espécies.
Encalhes
de
mi s t i c e t o s
da
fa mília
balaenopteridae
p o d e m s e r c o n s i d e r a d o s c o m u n s e m U b a t u b a , já q u e e s t e s
a n i ma i s , a o r e a l i z a r e m s u a s mi g r a ç õ e s s a z o n a i s , p a s s a m
p e l a á r e a e e s t ã o s u je i t o s a s c o n d i ç õ e s me t e o r o l ó g i c a s e
as interações antrópicas co m e mb arcações e/ou art efato s
de pesca.
36
Durante
o
presente
trabalho,
não
foi
observado
nenhum encalhe de odontocetos na área de estudos, poré m
o mo n i t o r a m e n t o d e e n c a l h e s n ã o f o i s i s t e m á t i c o .
Segundo Verdiani (2004) ocorreram dois encalhes na
enseada do
Mar
Virado entre
1996 e 2004.
Um deles
ocorreu na Praia Grande do Bonete em 2000 e foi relatado
por outra fonte (Infor mativo Vale Verde) tratava-se de u ma
b a l e i a ju b a r t e . O o u t r o e n c a l h e o c o r r e u n a p r a i a d o P u l s o ,
p o r é m n ã o f o i r e l a t a d a a d a t a n e m o e s p é c i me e n c a l h a d o .
Desde
1987,
82
encalhes
de
odontocetos
foram
relatados em Ubatuba (SANTOS e SICILIANO, 1994; HIGA
et al., 1998; AZ EVEDO et al. 2002; SANTOS et al., 2002;
MARIGO et al., 2004 e VERDI ANI, 2004), contudo os dados
p o d e m e s t a r s u b e s t i m a d o s , p o i s o mo n i t o r a me n t o n ã o f o i
s i s t e má t i c o a o l o n g o d e s t e p e r í o d o .
6) CONCLUSÕES
A
partir
das
i n f o r ma ç õ e s
coletadas,
foi
possível
concluir que:
A pesca é u ma atividade cultural, passada de pai
p a r a f i l h o a t é h o je e r e a l i z a d a e m f a mí l i a , s e n d o a
p r i n c i p a l a t i v i d a d e e c o n ô mi c a n a B a r r a ;
A u r b a n i z a ç ã o é v i s t a c o mo u m g r a n d e r i s c o à
continuidade
cultura
caiçara,
refletindo
nas
condições de trabalho e moradia;
A
escolaridade
dos
pescadores
continua
bai xa,
apesar das facilidades de transporte trazidas pela
37
urbanização.
educação
Houve
nos
melhora
ú l t i mo s
10
si gni fi cati va
anos,
na
visto
que
pescadores mais novos e nativos de Ubatuba tê m
c o n s e g u i d o c o n c l u i r o e n s i n o f u n d a me n t a l . P o r é m
este quadro ai nda não é o i deal de acordo co m as
e x i g ê n c i a s d o m e r c a d o e c o n ô mi c o ;
A
pesca artesanal é u ma atividade oportunista,
dada a diversidade dos apetrechos e a versatilidade
das e mbarcaçõe s visando adequa r os método s à
captura
das
espécies
ma i s
abundantes
e
/
ou
rentáveis;
H o u v e u m a u m e n t o n o n ú m e r o d e e mb a r c a ç õ e s n a
Maranduba e u ma melhora no us o dos artef atos
pesqueiros,
diversificando
que
se
tornaram
mais
diversos,
as
espécies
c o n s e q ü e n t e me n t e
capturas ao longo do ano.
A captura acidental de cetáceos ocorre em redes de
espera. A posição na água e o ta manho da malha
parecem não influenciar, visto que a captura ocorre
d e s d e ma l h a s 7 a t é ma l h a s 1 4 . P r o v a v e l me n t e o s
l ocai s de pesca tenham mai or i nfl uênci a na captura
de cetáceos do que as artes utilizadas.
O s d a d o s d e c a p t u r a a c i d e n t a l p r o v a v e l me n t e f o r a m
s u b e s t i ma d o s d e v i d o à b a i xa f r e q ü ê n c i a à á r e a d e
e s t u d o s . O mo n i t o r a m e n t o s i s t e m á t i c o d a f r o t a é
n e c e s s á r i o p a r a a v a l i a r a d e q u a d a m e n t e o i mp a c t o
da pesca sobre os cetáceos da área.
38
Os
encalhes
Balaenopteridae
de
mi s t i c e t o s
ocorrem
com
da
u ma
f a mí l i a
freqüência
bienal em Ubatuba, podendo ser considerado um
evento
co mu m,
p r i n c i p a l me n t e
nos
períodos
de
mi g r a ç ã o .
Não houve encalhes de odontocetos na área de
estudos durante o período do trabalho, contudo
estes
encalhes
ocorrência.
Faz-se
p r o v a v e l me n t e
necessário
o
têm
bai xa
mo n i t o r a m e n t o
s i s t e má t i c o d a s p r a i a s p a r a a v a l i a r a d e q u a d a m e n t e
a ocorrência de encalhes na região.
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D i s p o n í v e l e m: h t t p : / / w w w . u s p . b r / s i i c u s p / 1 2 o s i i c u s p / f i c h a
4267.ht m. Acesso e m març o de 200 5.
46
VERDIANI, J. B., 2004. Registros de encalhes de cetáceos
e m Uba tuba – SP (1996-2004). Monografia e m for ma de
a r t i g o a n a l i s a d a p e l o D e p a r t a me n t o d e C i ê n c i a s B i o l ó g i c a s
da Faculdade de Ciências e Letras de Assis – UNESP, para
obtenção do titulo bacharel em Ciências Biológicas. 18pp.
VIANNA, M. e VALENTINI, H., 200 4. Observaçõe s sobre a
frota pesqueira em Ubatuba, litoral norte do estado de São
Paulo entre 1995 e 1996. Boleti m do Instituto de Pesca,
São
Paulo,
30(2):
171-176.
Disponível
e m:
w w w . p e s c a . s p . g o v . b r / a c e s s a d o e m s e t e mb r o d e 2 0 0 5 .
47
APÊNDICE
D E S C R I Ç À O D A S A R TE S D E P E S C A
48
I) RED E S D E E MALH AR
Consistem
em
redes
de
panagem
com
malha,
c o mp r i me n t o e a l t u r a v a r i á v e i s d e a c o r d o c o m a e s p é c i e
‘alvo’.
Ia) Rede de ema lha r
Pode ser de fundo ou de superfície.
E s s a s r e d e s p o d e m t e r o d i â me t r o d e ma l h a v a r i a n d o
entre 6
c m até 50 c m. O co mprimento e altura ta mbé m
variam d e acordo co m o nu mero de panagens unidas. Cada
p a n a g e m m e d e 1 0 0 m d e c o m p r i me n t o e 2 5 o u 5 0 m a l h a s d e
altura.
O
fio
utilizado
é
n o r ma l m e n t e
o
nylon
e
sua
espessura varia de acordo com a espécie alvo.
Em
cada
e xt r e m i d a d e
da
rede
encontra-se
u ma
b a n d e i r a p r e s a a u ma b ó i a . T a i s b a n d e i r a s s e r v e m t a n t o
para o pescador identificar a rede, quanto para alertar as
e mb a r c a ç õ e s q u e p o r v e n t u r a i r ã o p a s s a r p e l o l o c a l . D e s s a
bóia que sustenta a bandeira sai um cabo de nylon que em
s u a e xt r e mi d a d e e s t á p r e s o a u m a a n c o r a , r e s p o n s á v e l
p e l o s i s t e ma d e f i x a ç ã o d a r e d e . D e s s a a n c o r a p a r t e m d o i s
cabos; um para a tralha superior da rede e outro para a
t r a l h a i n f e r i o r . A f u n ç ã o d e s t e s c a b o s é i mp e d i r q u e a r e d e
se enrole na ancora. No entralhe superior da rede estão
diversas bóias que podem ser de cortiça, isopor ou fibra
n a t u r a l , e n o e n t r a l h e i n f e r i o r e xi s t e m p e d a ç o s d e c h u m b o ;
trabalhando
a n t a g o n i c a me n t e
posição vertical.
para
ma n t e r
a
rede
em
A rede de fundo t e m mais chu mbo do que
a de superfície, não v ariando o nu mero de bóias.
49
Esse tipo de rede pode ser lança da e m mar aberto,
p r ó xi m o a o c o s t ã o r o c h o s o , a o l o n g o d a s p r a i a s o u e m
d e s e mb o c a d u r a d e r i o s , s e n d o n o r ma l me n t e l a n ç a d a n o
f i n a l d a t a r d e e r e c o l h i d a n a ma n h a d o d i a s e g u i n t e .
Fi gura I.a) Re de s de e sp era (A), p o si ci ona da s na col u na
d’á gu a (B) e su a di spo si çã o per pe ndi c ul ar (C). Ex traída do g ui a
para e stud o de c etáce o s, Vol . 1, 20 04.
Ib) Rede de e mal ha r deri va nte (Ca ceio)
É n o r ma l m e n t e l a n ç a d a n a l i n h a d a i s ó b a t a d e 6 0 m ,
sendo em alguns casos solta em águas internacionais. São
soltas
com
o
barco
em
m o v i me n t o ,
ficando
u ma
das
e xt r e m i d a d e s p r e s a à e mb a r c a ç ã o p e l a p r o a a t r a v é s d e u m
cabo
com
cerca
de
100
m.
o
r e c o l h i me n t o
é
feito
m a n u a l me n t e p o r t r ê s p e s c a d o r e s o n d e o p r i me i r o p u xa a
50
r e g i ã o d a t r a l h a s u p e r i o r , o s e g u n d o o me i o e o ú l t i mo a
regia
da
hidráulico
tralha
de
inferior,
gui nchos.
A
ou
através
espécie
alvo
de
é
um
s i s t e ma
n o r ma l m e n t e
cações.
Figura I.b) Rede de emalhar deriv ante. Extraída do Manual:
Artes de p e sca que c aptu ram tartarug a s m ari nhas, IBAMA, 20 00.
I.c) Rede de emalhar feiti ceira ou tresma lho
A r e d e f e i t i c e i r a é a ma i s a p r o p r i a d a p a r a a p e s c a d a
t a i n h a . F o r m a d a p o r d o i s " p a n o s " , o u s e ja d u a s r e d e s c o m
m a l h a s d e t a ma n h o s d i f e r e n t e s f i x a d a s u ma a o u t r a , e s t e
t i p o d e r e d e p e r mi t e q u e o p e i xe p a s s e p e l a p r i me i r a
malha,
g e r a l me n t e ma l h a 2 0 , ma s f i q u e p r e s o n a s e g u n d a ,
g e r a l me n t e m a l h a 1 2 , i mp o s s i b i l i t a n d o - o d e f u g i r .
A r e d e t r e s m a l h o é s e me l h a n t e a f e i t i c e i r a , p o r é m é
f o r ma d a
por
três
panos
de
rede,
sendo
duas
malhas
m a i o r e s d e c a d a l a d o ( g e r a l me n t e 2 0 ) e n o me i o u ma ma l h a
m e n o r ( g e r a l me n t e 1 2 ) .
II) RE DE S D E ARR AST O
51
São redes rebocáv eis de for mato cônico que pode m
operar na superfície ou no fundo.
Em U batuba são uti l i zadas redes de arrasto de fundo
com portas.
V i s a , s o b r e t u d o o c a m a r ã o . Q u a n d o a e mb a r c a ç ã o
e s t á a r r a s t a n d o , n a v e g a a u m a v e l o c i d a d e n ã o ma i o r d o
q u e 2 n ó s , e c a d a a r r a s t o p o d e d u r a r d e u ma a t r ê s h o r a s ,
sendo realizados de três a seis arrastos por operação de
pesca que dura de 12 a 24 horas. O ca mpo de pesc a
l o c a l i z a - s e a me n o s d e 5 mi l h a s n á u t i c a s d a c o s t a .
U ma
das
e xt r e mi d a d e s
do
cabo
fica
presa
a
e mb a r c a ç ã o e n q u a n t o a o u t r a a r r a s t a a r e d e d e f u n d o .
Entre o cabo que a marra a rede ao barco e a própria rede ,
exi ste m as porta s. O ta manho da s portas be m co mo o se u
p e s o é d i r e t a me n t e p r o p o r c i o n a l a o t a ma n h o d a r e d e e a
p o t e n c i a d o mo t o r d a e m b a r c a ç ã o . S u a f u n ç ã o é d e a b r i r a
boca da rede e levá-la para o fundo.
A rede de arrasto é feita de fio de nylon e pode ser
d i v i d i d a e m t r ê s p e d a ç o s : a ma n g a , o t ú n e l o u c o r p o e o
copo ou sacador. O sacador é fechado através de uma
c o r d a d e p o l i e t i l e n o c h a ma d a “ f i e l ” , q u e é p e r f i l a d a à r e d e
e quando a rede é recolhida o pescador apenas desa marr a
o
f i e l d e s p e ja n d o
o
pescado
na
e mb a r c a ç ã o .
A
ma l h a
utilizada nesse tipo de rede varia de dois cm a cinco c m
entre nós.
O arrasto pode ser de popa ou trangona.
II.a) Arrasto de popa
52
N o a r r a s t o , d e p o p a o b a r c o p u x a u ma ú n i c a r e d e
presa a sua popa, sendo que o arrasto ocorre m atrás d a
e mb a r c a ç ã o .
Fi gura II.a) Red e de arra st o de p op a. Ex traída do Man ual :
Artes de p e sca que c aptu ram tartarug a s m ari nhas, IBAMA, 20 00.
II.b) Arrasto t rango na
No arrasto trangona, o barco possui dois ‘braços’ nos
quais ficam presas as redes (u ma e m cada braço). O
a r r a s t o e n t ã o o c o r r e l a t e r a l me n t e à e mb a r c a ç ã o .
Fi gura II.b) Re de s de arr a sto do ti po tr ang on a o u dobl e- ri ng.
Ex traída do M an ual : Arte s de pe sc a que ca pturam tartar ug a s
m ari nhas, IBAMA, 20 00.
III) L INH AS
53
III.a) Linhada
F i o d e n yl o n c o m d o i s a n z ó i s , d u a s i s c a s e u ma
c h u mb a d a .
Aco mpanha
a
corrente.
Utilizada
na
pesca
p r ó xi m a a c o s t e i r a o u d u r a n t e o u t r a s p e s c a r i a s c o m o o
caceio ou o recolhimento da rede d e espera.
III.b) Zanga rel ho
Técnica utilizada na pesca de lula. É um cone feito de
c h u mb o . E m s u a b a s e , e x i s t e u m a n e l , o n d e d e v e s e r
a ma r r a d a a l i n h a d e p e s c a . N a s u a p o n t a , f i c a m o s a n z ó i s ,
que são várias pontas bem afiadas, porém não possuem
f i s g a s c o mo a s d o s a n z ó i s n o r ma i s . N e s t a s p o n t a s q u e a s
lulas ficam presas ao atacarem a isca. O cone é revestido
por
u ma
linha
enrolada
ao
seu
redor
ou
por
ma t e r i a l
b r i l h o s o . T a mb é m p o d e s e r e m f o r m a d e p e i x e .
Fig. III.b) Zangarelho.
(Baseado em observações pessoais e em literatura).
54
ANEXOS
55
QUESTIONÁRIO DE PESCA
ENTREVISTA GERAL PESCADORES – PROJETO BIOPESCA
Data entrevista: ________________
Município: __________________________
Comunidade: ____________________________________
Embarcação: ________________________
1. DADOS PESSOAIS
Nome: ________________________________________________________________________________________
Idade: ______________
Local de nascimento: __________________
Grau de instrução: _______________________
2. TRADIÇÃO DE PESCA
Ofício do pai: _________________________
Sempre trabalhou na pesca: ( ) sim ( ) não Ofício anterior_____________________ Tempo de pesca: ____________
3. C ARTEIRA PROFISSIONAL
Possui carteira de pescador profissional: ( ) sim ( ) não: ( ) caro; ( ) falta de tempo; ( ) desnecessário
Já fez algum curso de pesca? ( ) não ( ) sim Qual? ___________________________________________
Gostaria de fazer algum curso? ( ) não ( ) sim Qual? _________________________________________
4. RELAÇÕES TRABALHISTAS
Trabalha para alguém: ( ) não ( ) sim
É proprietário: ( ) barco; ( ) motor; ( ) redes; ( ) banca
Como é feito seu pagamento? ( ) fixo ( ) partes Quantas?______________
Quanto tira por mês em média? ( ) até um salário mínimo (até R$ 240); ( ) de 1 a 2 salários mínimos (R$ 241 a 480);
( ) de 2 a 3 (R$ 481 a 720); ( ) mais de 3 salários (mais de R$ 721)
5. FROTA
Embarcação: ( ) alumínio; ( ) madeira
Comprimento: _______m
Cabine: ( ) não; ( ) sim
Equipamentos: ( ) não ( ) sim __________________________
Motor: ( ) popa ___ Hp; ( ) centro ___Hp
Mecanização: ( ) não ( ) sim __________________________
Autonomia: _____dias
N de tripulantes: _______
o
Largura boca: _______m
Capacidade de carga: ______
6. ARTES , M ÉTODOS E ÁREA DE PESCA
Rede de espera tipo
Rede de arrasto tipo
Espécie alvo
Espécie alvo
Malha (cm)
Malha (cm)
Altura (m)
Malha ensacador (cm)
Comprimento (m)
Comprimento (m)
Material da rede
Diâmetro da boca (m)
Espessura fio (mm)
Material da rede
Material do flutuador (cm)
Espessura do fio (mm)
Diâmetro do flutuador
Peso das portas (kg)
Distância flutuador
Tempo de arrasto
Material peso
Distância da costa
Peso (g)
Limite ao sul
Distância peso (cm)
Limite ao norte
Tempo de permanência
Distância da costa
56
Limite ao sul
Limite ao norte
8. INTERAÇÃO COM CETÁCEOS
Presença de golfinhos na área de pesca ( ) sim ( ) não
Presença de toninha ( ) sim ( ) não
Ocorrência de capturas acidentais ( ) sim ( ) não
Freqüência de capturas: __________________
Fonte: Carolina Bertozzi – Projeto Biopesca