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BISCOITOS l CANDIES l CHOCOLATES l SNACKS l SUCOS E REFRESCOS 28 Nº 235 Maio 2014 Um banho de luz Inovação ilumina crescimento e marketing da indústria de candies INTERPACK & FISPAL TECNOLOGIA o estado da arte em linhas de confeitos HERSHEY’S a estratégia de Marcel Sacco para crescer com a marca Reese’s Carta do Editor A n o X X V I I I - n º 2 3 5 - M A I O de 2 0 1 4 Diretores Beatriz de Mello Helman e Hélio Helman REDAÇÃO Diretor Hélio Helman [email protected] Editor Fábio fujii [email protected] Diretor de Arte samuel felix [email protected] administração Diretora BEATRIZ Helman [email protected] Publicidade Antonio Canela barreto Jalil issa gerjis jr. Sérgio antonio da silva Alessandra gherardi [email protected] International Sales multimedia, inc. (USA) Fone: +1-407-903-5000 - Fax: +1-407-363-9809 U.S. Toll Free: 1-800-985-8588 e-mail: [email protected] Assinatura keli oyan Fotografia shutterstock Foto da Capa shutterstock Design da Capa samuel felix Bureau, CTP e Impressão IPSIS GRÁFICA E EDITORA EDITORA DEFINIÇÃO Doce Revista é uma publicação mensal da Editora Definição Ltda. (CNPJ 60.893.617/0001-05) dirigida ao setor doceiro e às suas redes de atacadistas, distribuidores, varejistas e supermercadistas. Redação, administração e publicidade: Rua Itambé, 341 - casa 15 - São Paulo - SP - 01239-001 Fone/Fax: (011) 3666-8301 e-mail: [email protected] site: www.docerevista.com.br Dispensada da emissão de documentação fiscal, conforme Regime Especial Processo DRT/1 nº 11554/90 de 10/09/90. Circulação JUNHO de 2014 Membro da Anatec Associação Nacional das editoras de publicações técnicas dirigidas e especializadas. Chuva de críticas nas redes D esbravadora da ala de software para gestão da comunicação on-line na América Latina, a empresa E.life iniciou suas atividades há cerca de dez anos e, atualmente, conta com unidades de serviços nas áreas de Monitoramento, Pesquisa & Inteligência e Social CRM. Ela também desenvolveu o Buzzmonitor, plataforma digital para monitoramento, relacionamento e mensuração da performance de marcas, produtos e serviços em redes sociais. Desde o ano passado, a empresa observa a movimentação de consumidores durante a Páscoa nas redes sociais, através da análise de posts de milhares de internautas, como detalha o artigo que abre a seção MIX da presente edição. Entre os dados curiosos não inseridos na matéria consta o registro de que o ovo trufado mais lembrado pelos internautas foi o da Cacau Show, sobretudo nas versões de maracujá e brigadeiro. Já o ovo Rocher foi o item de marca mais comentado, seguido pelo ovo Kinder, ambos da Ferrero. O levantamento constatou que a presença da Lacta, como terceira marca mais comentada, pode ser atribuída à ação do Procon- RJ, que recolheu das prateleiras o ovo Bis Xtra, impugnado por entidades de defesa do consumidor por estampar a frase “personalize a embalagem com adesivos e sacaneie seu amigo”. O produto acabou acusado de promover o bullying. Todavia, a Mondelez, detentora da marca, prontamente entrou em acordo com a Secretaria de Proteção e Defesa do Consumidor, e a venda do produto foi autorizada mediante retificação no texto da embalagem. Também as barras de chocolate da marca foram bastante lembradas pelos internautas. Com relação à Nestlé, o tópico de maior destaque coube ao pronunciamento da companhia a respeito dos preços praticados na data. Depois que um consumidor inseriu um post no Facebook comparando o preço do ovo Alpino com o da barra desse mesmo cho- colate, a Nestlé decidiu se defender. Em nota, ela explicou que fatores como mão de obra, embalagem, transporte especial e armazenamento justificavam o preço mais caro do ovo. Também após internautas terem criado uma petição no site change.org solicitando a criação de um ovo de Páscoa do personagem Harry Potter foi a vez da Garoto, detentora de diversos licenciamentos infantis, ser diversas vezes lembrada no monitoramento da E.life. As barras de chocolate da marca, por sua vez, foram eleitas pelo público como opção mais em conta aos ovos de chocolate com preços nas alturas. Já no ano passado a E.life havia captado que o brasileiro tinha deixado a tradição da Páscoa de lado e presenteado com barras de chocolates no lugar dos ovos. Mais de 16,4 mil depoimentos no Twitter consistiram em relatos de pessoas que demonstraram interesse por outros tipos de confeitos de chocolate como forma de driblar a alta dos preços dos ovos. No Facebook, as críticas relacionadas ao custo das barras de chocolate em detrimento dos ovos tomaram conta de 22% do total de depoimentos analisados, enquanto que, no Twitter, a publicação de posts referentes ao custo do ovo de Páscoa eclodiu em forma de ironia, aliás, uma das características do público que prestigia o microblog. • Maio 2014 Doce Revista 3 Sumário 24 CAPA BALAS E CARAMELOS a receita para crescer Escaldada por anos a fio de estabilidade na produção e vendas, a indústria redescobre a trilha do desenvolvimento, formulando apostas em produtos inovadores, com apelos sensoriais e marketing afinado com públicos-alvos 08 ENTREVISTA HERSHEY’S o trunfo de Marcel Sacco O diretor geral da subsidiária local da companhia número um do setor de chocolates na América do Norte conta a estratégia para introduzir a marca Reese’s no Brasil e manter o crescimento na faixa de dois dígitos 16 VITRINE ATACADISTA SALVADOR NEWS demanda de balas ainda em alta Operação atacadista especializada em candies degusta o avanço acelerado no comércio de doces, puxado sobretudo por clientes de lojas no estilo bonbonnière que proliferam na capital baiana e região 18 FEIRA INTERPACK E FISPAL TECNOLOGIA o portfólio atualizado Em meio a uma perspectiva otimista na cena internacional e desaceleração na economia brasileira, as principais mostras mundial e local de linhas de produção para o setor de confectionery exibiram a vanguarda em máquinas e sistemas SEÇÕES 06MIX empresa de comunicação on-line E.life levanta as marcas de chocolate mais citadas no Twitter durante a Páscoa, entre outros destaques 14CONSULTORES a análise de especialistas dos mercados de açúcar e cacau 32DESTAQUE enquete exclusiva apura opinião do trade sobre vendas de salgadinhos durante e após a Copa 34GIRO os lançamentos que enfeitam as prateleiras do atacado distribuidor doceiro 38SAÚDE & BEM-ESTAR o esforço da Fhom para conquistar certificações e ingressar no mercado de produtos orgânicos 4 Doce Revista Maio 2014 www.docerevista.com.br MIX REDES SOCIAIS Páscoa no Twitter P otência na América Latina em serviços e software para inteligência estratégica e gestão da comunicação on-line, a E.life voltou a levantar as marcas de chocolate mais citadas no Twitter durante a Páscoa. Alessandro Barbosa Lima, CEO da empresa, insere que o estudo deste ano reuniu e analisou 111,5 mil posts e 82.120 internautas, no período de 26 de março a 8 de abril. “Os ovos de Páscoa se destacaram no boca a boca sobre chocolate durante o período monitorado, com 91,7% dos depoimentos. As barras de chocolate foram citadas em 9,9% e 2,1% dos posts compararam os dois produtos. Já com relação ao perfil dos internautas, 69% eram mulheres e 31%, homens, sendo que o Sudeste representou 55% desse público”, repassa ele. As marcas que apareceram em destaque foram Cacau Show, com 4.222 citações; Ferrero, com 939 menções e Lacta, com 605. Durante 14 dias foram monitoradas as marcas Amor aos Pedaços, Arcor, Brasil Cacau, Cacau Show, Ferrero, Garoto, Havanna, Kopenhagen, Lacta, Nestlé e Ofner. No comparativo com 2013, Cacau Show, Ferrero, Lacta e Nestlé se mantiveram nos quatro primeiros lugares. A mudança ficou por conta da Garoto e da Kopenhagen, que inverteram as posições, mas tiveram pratica- mente o mesmo número de citações com relação ao período anterior. Amor aos Pedaços e Ofner, que não foram citadas no estudo do ano passado, entraram nas últimas posições do ranking, à frente da Havanna. Os depoimentos, observa Barbosa Lima, foram acentuadamente ligados ao desejo de comprar ou ser presenteado. Os internautas utilizaram as redes para informar o que gostariam de receber, colocando a sugestão de presente, e muitas vezes fazendo brincadeiras com seus seguidores. Eles também usaram o Twitter para anunciar o que compraram e para reclamar sobre os preços. O maior número de retuites, exemplifica, esteve relacionado a preços, geralmente com críticas aos valores cobrados. AQUISIÇÃO E ntre as maiores fabricantes de chocolate do mundo, a americana Hershey anunciou que sua subsidiária holandesa assinou acordo para comprar 80% da fabricante chinesa de doces e salgadinhos Shanghai Golden Monkey Food (SGM), em um negócio estimado em U$ Negócio da China 584 milhões, incluindo dívidas no valor de US$ 86 milhões. A empresa chinesa deve totalizar receita líquida de US$ 225 milhões em 2013, com crescimento anunciado de dois dígitos sobre o ano passado, segundo comunicado assinado pelo presidente da Hershey International, Humberto Alfonso. O negócio, segundo o executivo, deve ser concluído até o final de junho e está sujeito à aprovação de órgãos reguladores da China, além dos acionistas da companhia adquirida. O pagamento será feito em dinheiro no fechamento da operação, informa Alfonso. A empresa chinesa produz chocolates, doces, salgadinhos e produtos à base de proteína sob a marca Golden Monkey e continuará operando como um negócio independente, reportando-se à Hershey International. PARCERIA Sobremesa de paçoca D urante as festas juninas, os apaixonados pelo tradicional doce brasileiro à base de amendoim irão apreciar uma deliciosa novidade. A rede de restaurantes Giraffas, em parceria com a Santa Helena, oferece aos clientes um menu com milk shake, sobremesa cascão e sundae à base do confeito Paçoquita, ícone da marca paulista no filão de doces de amendoim. Os produtos estarão disponíveis nos restaurantes da rede até 15 de julho, informa Ricardo Guerra, diretor de marketing do Giraffas. Essa, acrescenta ele, é a segunda vez que a ação é realizada. “Em função do grande sucesso de 2013, o mix de sobremesas com a Paçoquita foi ampliado, incluindo o sundae e o cascão”, sublinha o diretor, completando que a estimativa das duas empresas é que as vendas cresçam 20%. Os milk shakes serão servidos nos tamanhos pequeno (300 ml) e médio (500 ml) e a divulgação da edição comemorativa será feita por meio de materiais nos pontos de venda (PDVs) e pelas redes sociais. “A parceria entre Giraffas e Santa Helena foi muito bem aceita pelos nossos consumidores, por isso, resolvemos ampliá-la”, conclui Guerra. Em nosso site Desafios do chocolate gourmet I nserido na programação de cursos técnicos do Cereal Chocotec – Centro de Tecnologia de Cereais e Chocolate, do Ital (Instituto de Tecnologia de Alimentos), o seminário A Fabricação de Chocolates Gourmet: Aspectos Sensoriais e Melhoramentos, realizado em maio, foi resultado da parceria entre o pesquisador Pedro Pio Campregher Augusto e a maitre chocolatier carioca Mirian Rocha. Destinado a profissionais da indústria de confectionery ligados à chocolateria gourmet e artesanal, o treinamento abordou os principais processos tecnológicos envolvidos na produção de chocolate de alta qualidade, bem como o conceito de premium/gourmet aplicado na chocolateria com o fim de estimular a criatividade do artesão chocolateiro e auxiliar na criação de produtos exclusivos. O produto gourmet, esclarecem a chef e o pesquisador, é aquele que transcende as características inerentes de qualidade e atinge significados mais amplos no julgamento do con- sumidor, oferecendo uma experiência que o distingue de um produto tradicional. “Não está relacionado com opulência e esnobismo, como muitos podem achar, e sim com sofisticação consciente e máxima atenção conferida a todos os aspectos do produto”, frisam os especialistas. Os principais tópicos do curso podem ser conferidos em artigo do pesquisador Pedro Augusto publicado na íntegra no site de Doce Revista/Matérias Técnicas (www. docerevista.com.br). ENTREVISTA Ela quer mais A aposta da Hershey’s na marca Reese’s para manter o ritmo de crescimento no Brasil Marcel Sacco empresa tem crescido no brasil acima de 20% ao ano. M aior produtor de chocolate na América do Norte, a Hershey Company abriga um portfólio com mais de 80 marcas, mobiliza operações em todo o mundo e ostenta um faturamento superior a US$ 7 bilhões. No Brasil, a empresa iniciou sua operação em 1998, via importações diretas da matriz na Pensilvânia (EUA), introduzindo marcas hoje praticamente consolidadas como Kisses, Almond Joy e as barras Hershey’s. Em 2001, a companhia adquiriu a fábrica da Visconti, em São Roque (SP) e incorporou ao menu local a pasta Io-Iô Crem e uma linha de granulados, iniciando, no ano seguinte, sua produção doméstica, com formulações e embalagens adaptadas às preferências dos consumidores brasileiros. Em 2008, a Hershey’s alinhavou a joint-venture atualmente em curso com a Bauducco (grupo Pandurata), maior fabricante de panetones e forneados do Brasil, ampliando sua presença no território nacional. “De bate-pronto, estendemos à época nossa cobertura de distribuição 8 Doce Revista Maio 2014 a mais de 130 mil pontos de venda nos principais centros de consumo do Brasil”, reporta Marcel Sacco, diretor geral da companhia no país. Em maio, ele anunciou o lançamento da linha de chocolate mais vendida nos Estados Unidos: o Reese’s, marca icônica conhecida em todo o mundo que, inicialmente, será importada para o mercado brasileiro. “É a combinação perfeita de chocolate e recheio de creme de amendoim em um formato único e exclusivo de cup, agora disponível nas gôndolas brasileiras, cristalizando a fama da Hershey’s de promover deliciosas experiências de chocolate para o mundo todos os dias”, assinala Sacco. Há apenas quatro meses à frente da operação, o executivo iniciou a carreira 26 anos atrás na ala de marketing da Bauducco, acumulando passagens por grandes players do setor de confectionery, como a Cadbury Adams (hoje incorporada à Mondelez). Nesta entrevista à Doce Revista (DR), o dirigente abre os planos da companhia para a marca Reese’s e analisa os projetos para o presente e futuro da Hershey’s no Brasil. Embora com larga experiência no setor de alimentos e bebidas, com passagens pela Ceval (Seara), Parmalat e grupo Schincariol, o executivo atuou nos últimos quatro anos como CEO da Holding Clube, grupo de agências de marketing e promoção e ativação de marcas. DR – Qual a motivação para lançar Reese’s agora no país? Marcel Sacco – Apesar da estreia oficial que estamos promovendo, a marca já tem uma trajetória bem sucedida por aqui. No ano passado, realizamos um pré-teste, que confirmou várias boas impressões a respeito da atuação da Hershey’s no Brasil. Ficou claro que o público identifica a nossa marca com inovação. Outro dado importante é que ele (o público) também associa a empresa à vinda de alternativas diferenciadas. Percebendo as peculiaridades do consumo de amendoim e nuts aqui, a exemplo do hábito de apreciá-los em snacks salgados ou doces tradicionais, abriu-se uma janela para experimentação de uma combinação totalmente inovadora do salgado com o doce, uma das tendências em voga no cenário chocolateiro mundial. Ela, por sinal, remete o consumidor à lembrança do toquezinho salgado do amendoim da nossa paçoca. Essa combinação é o grande sucesso do Reese’s no mundo todo. Por isso, trouxemos no ano passado a principal estrela da linha para testar junto com o consumidor e avaliar sua aceitação. Em paralelo, testamos a receptividade à intensidade de sabor, posicionamos embalagens, displays, quantidade e volume. Os testes foram levados a cabo em praças do Sul, aqui em São Paulo e no Rio de Janeiro, em alguns clientes parceiros. Dessa forma foi possível também www.docerevista.com.br determinar os perfis de loja identificadas com o produto e o canal que gostaríamos de distribuir. O resultado foi excelente e motivou agora a fazer o lançamento em escala nacional. DR – Como será a linha e a sua distribuição? Marcel Sacco – As versões que inicialmente estamos introduzindo são SKUs (Stock Keeping Unit) já existentes nos EUA, em torno de 10 variantes, além da tradicional. Selecionamos do portfólio aqueles itens que fazem mais sentido para a nossa realidade de mercado. No caso o two cups (produto criado em 1928), que a gente chama de dois cups (de 42g), é o principal item da linha e também o mais vendido em qualquer mercado onde Reese’s está presente. Ele proporciona a experiência completa de degustação, com a quantidade ideal de produto. Um dos trunfos de Reese’s é que, na prateleira, ele sobressai pela cor e presença, chamando muito a atenção. www.docerevista.com.br O two cups é a principal estrela da linha e o mais apreciado em todo o mundo. Já a peça unitária, em miniatura, está sendo introduzida justamente para gerar experimentação e fazer a linha ganhar mais espaço na distribuição. Quanto maior for a oportunidade de o consumidor experimentar, mais chance ele vai ter de conhecer o produto, gerando mais consumidores fieis para a marca. Nesse primeiro momento ainda não teremos distribuição em todo o Brasil. Desde abril, a cobertura vem sendo implementada no Sul e Sudeste. No varejo, a peça unitária ingressa a R$ 0,55 a unidade e o two cups, a R$ 2,49. O trabalho de introdução da marca prosseguirá em segredo, pois não podemos contar tudo ainda. Mas a aposta é grande, uma vez que Reese’s é a principal marca da companhia. Embora ainda não seja cogitada, a fabricação local é uma possibilidade não descartada, que vai depender de diversos fatores, como escala e conveniências comerciais. DR – Como vê a trajetória da Hershey’s e onde atualmente estão as chances no filão de chocolates no Brasil? Marcel Sacco – A grande oportunidade e que encaixa dentro do DNA da própria Hershey’s é a gente trabalhar com diferenciação. Primeiro temos que cuidar da qualidade dos produtos no sentido deles serem diretamente associados a essa característica, reconhecidos por isso. No caso da Hershey’s, contamos com um portfólio de marcas muito forte globalmente, com itens de extrema qualidade e que também são muito diferenciados. O Reese’s, que acabamos de lançar, é um superexemplo. Estamos falando de produtos únicos, os quais a concorrência globalmente não consegue reproduzir ou imitar. Foi sob esse olhar que surgiu a grande oportunidade no Brasil desde a chegada da companhia. E a Hershey’s tem crescido muito desde esse desembarque, especialmente, com a joint-venture fechada com a Bauducco. Essa oportu- Maio 2014 Doce Revista 9 ENTREVISTA Two cups e miniatura estrela da linha e minidose para gerar experimentação. nidade está ligada diretamente ao que a fabricante está trazendo: a qualidade que tem globalmente com a força das nossas marcas mundiais. Mesmo num segmento tão consolidado como o de barras, a Hershey’s ingressou trazendo diferenciação, por exemplo, com a barra Hersheys Ovomaltine. A gente traz novidade, traz diferenciação e consegue alavancar. O Cookies ‘n’ Creme é outro exemplo, que inaugurou o segmento de barra com biscoito no Brasil. É mais um caso de como a diferenciação contribui com a oportunidade. Isso tudo ajuda a gente a alavancar o crescimento. DR –Quais outros caminhos para melhor se posicionar no setor? Marcel Sacco – O mercado de chocolates no Brasil é ainda muito concentrado e liderado por marcas com bastante tempo de vida. A Hershey’s, por seu turno, exibe hoje uma participação de mercado bastante interessante. Temos crescido firmemente nos últimos 2-3 anos e somos na cena atual uma das marcas de chocolate que mais cresce no Brasil. Não abrimos informações de market share, mas posso assegurar que a companhia está satisfeita nos segmentos onde atua, com o atual grau de participação e, principalmente, tendo em vista a velocidade com que essa participação vem crescendo. Tudo isso abre perspectivas bastante positivas. Aproximadamente, temos crescido acima de 20% nos últimos anos, que é uma marca bastante importante, num ritmo forte. Posso dizer 10 Doce Revista Maio 2014 que, nos últimos seis anos, a empresa dobrou de tamanho duas vezes. DR – Em que se apoia esse avanço intenso? Marcel Sacco – A performance da companhia vem a reboque do nosso posicionamento de marcas, no foco em chocolate e na penetração bastante transversal, que cobre desde a criança até os adultos e a família, de maneira uniforme. Todos apreciam chocolate. O que procuramos fazer com nosso mix é atender de maneira específica cada uma dessas faixas de público. Nosso foco com Hershey’s Mais, por exemplo, que é o confeito à base de wafer da marca, é claramente o público jovem, embora conceitualmente esse produto seja de consumo familiar. Nesse caso, o que buscamos é comunicar com o jovem, falarmos prioritariamente com ele, até pelo posicionamento de compartilhamento de Hershey’s Mais, de curtir o prazer do chocolate com os amigos e com a turma. Já com a linha de barras de 130g temos trabalhado com a família como um todo, sendo que alguns sabores são direcionados mais para as crianças, a exemplo de Hershey’s Sucrilhos, e outros mais para os adultos, como a barra Hershey’s Special Dark 60% de Cacau. Contar com uma linha completa, que abrange toda a família, permite isso. Ultimamente, aliás, nosso empenho maior tem sido nesses dois segmentos: de wafer e barras. DR – E quanto aos outros itens da linha? Marcel Sacco – Lá atrás, quando a Hershey’s chegou, a importação inicialmente era dedicada às barras Hershey’s, Kisses e Almond Joy. São marcas vivas e fortes que estão aí até hoje, superconsolidadas e crescendo. Kisses é a marca que a gente trabalha a Páscoa e a nossa oferta de gifting ou segmento de presentes de chocolate. Não são variantes comercializadas esclusivamente na Páscoa, mas principalmente intensificadas com a proximidade da data. Já Almond Joy compõe hoje a nossa caixa de bombons sortidos (Clássicos & Importados, de 300g). Essa marca segue vendendo www.docerevista.com.br ENTREVISTA no Brasil mais nesse formato da caixa de bombons. O portfólio é muito rico e as marcas são muito fortes. O que estamos fazendo de maneira estruturada e planejada é focar nossas prioridades e desenvolver as plataformas uma por uma. Todo os produtos são fabricados na planta em São Roque, com exceção de Reese’s, que vem sendo trazido da matriz na cidade de Hershey, na Pensilvânia. Estamos trazendo o produto e, nesse momento, os trabalhos são focados no sentido de desenvolver mercado para ele.Temos uma missão grande de crescer e é natural que se o negócio ganhar escala a linha será também produzida aqui. DR – Como está hoje a estrutrura de distribuição? Marcel Sacco – Desde 2000, com a produção local, a lucratividade da companhia avançou. Mas a operação teve um impulso grande mesmo com a parceria com a Bauducco. Nesses últimos seis anos ela tem operado a parte de 12 Doce Revista Maio 2014 distribuição e logística e, com isso, a Hershey’s ganhou uma musculatura e uma presença na cena nacional muito maior. Isso tem acelerado nosso crescimento cada vez mais. Como frisei nosso avanço é pautado pelo portfólio com qualidade e produtos diferenciados e presença no ponto de venda pelo braço da distribuição. É um trabalho permanente. A nossa estrutura de distribuição hoje já é bastante robusta. Chega em todos os principais canais de distribuição e é um trabalho que estamos implementando agora de conquistar cada vez mais espaço. Além de contar com a estrutura da Bauducco, temos equipe própria e distribuidores parceiros em algumas regiões. A cobertura é bastante eficiente no sentido de atingir os canais de autosserviço, o varejo tradicional e de pequeno porte, além do atacado. É importante estarmos juntos com a Bauducco por várias razões. A primeira é se associar a uma marca tão forte, com um conjunto de valores muito parecido com os nossos, de foco na inovação, na qualidade, na liderança, cuidado com distribuidor, apresentação, embalagem. É muito positivo isso, porque a gente fala a mesma língua. Temos uma sinergia muito grande e isso acaba sendo um serviço a mais para o cliente. Quando a equipe da Bauducco chega com oferta de chocolate e toda parte de panificação leva um mix muito mais completo. DR – Como o Brasil se insere nos planos globais da Hershey’s? Marcel Sacco – O mercado brasileiro é um dos maiores de chocolate do mundo. Há inúmeras oportunidades e nosso foco é continuar crescendo fortemente, como tem sido nos últimos anos. Nosso trabalho é focado no trazer diferentes coisas para inovar e surpreender o consumidor. Vamos estar sempre avaliando as melhores alternativas de uma fortaleza que a gente tem, que é ser uma das maiores empresas de chocolate do mundo. A Hershey’s está basicamente no mundo inteiro, com mais presença no México, Canadá, China, Índia e Rússia. O trabalho que tem sido feito é o de fortalecer as marcas. A gente é muito novo no Brasil e nossa missão é fortalecer nossas marcas. Nos EUA, a Hershey’s tem uma liderança consolidada e bastante isolada do segundo colocado. Mas nosso desafio no Brasil é consolidar as marcas que temos aqui. Competimos com empresas e marcas que estão aqui há 100 anos. Nós, por outro lado, estamos de fato presente no mercado nacional apenas há cinco. Para quem traz inovação, as oportunidades são grandes e o market share vai ser uma consequência disso. Por ora, precisamos manter a nossa taxa de crescimento e continuar sendo cada vez mais relevantes no mercado brasileiro.O foco é continuar inovando, fortalecer as marcas e continuar crescendo. DR – Como é a estrutura interna hoje? Marcel Sacco – O portfólio da Hershey’s que vem sendo trabalhado até aqui é composto de cerca de 40 SKUs, sem inversões de embalagem. Em linhas de produtos temos barras, wafers, barras de cereal, linha sazonal (Kisses), Io-Iô Nutricrem, granulado e candy bars (paçoca e cocada) num total de nove itens. Todos fabricados no Brasil, com exceção de Reese’s. Estamos comemorando 16 anos de Brasil, desde as primeiras importações e 14, com produção local. Nossa estrutura aqui é hoje de cerca de 500 colaboradores, incluso efetivo na fábrica e administração. A gente veio para ficar, o trabalho é de crescimento e consolidação dessa estrutura. • www.docerevista.com.br Consultores Cacau Reviravolta surpreendente A correção para baixo dos preços ocorreu como havia sido previsto no mês passado. A cotação do contrato de julho/14 caiu US$ 116 entre o último dia de abril e o final da segunda semana de maio, passando de US$ 2,980 para US$ 2,864. Entretanto, quando praticamente todos os atores no mercado de cacau contavam Thomas Hartmann com a continuação do movimento de queda para níveis em torno de US$ 2,800 ou mais abaixo, os preços tiveram uma reviravolta surpreendente e não só recuperaram todas as perdas sofridas como avançaram para novos picos não registrados há mais de 2,5 anos. O comportamento do mercado não encontra explicação por elementos fundamentais. Longe de mostrar indícios de uma possível alta, o cenário aumentou seu viés baixista. As entradas de cacau nos portos da Costa do Marfim continuam a se distanciar dos volumes registrados na safra anterior e já os superam em 18%. A previsão da produção no ano-safra 2013/2014 aumentou ainda mais das 1,6 milhões de toneladas (t) citadas anteriormente para mais de 1,7 milhões. Gana, o segundo maior produtor mundial, experimenta condições semelhantes. As compras da estatal Cocobod, que detém o monopólio da comercialização de cacau, estão 13% acima da safra passada e projetam uma produção total no ano-safra superior a 900 mil t. Enquanto isso, o consumo mundial apresenta crescimento apenas vegetativo. Estoques excedentes de pó de cacau em alguns mercados inibem as moagens, cuja taxa anual de aumento não deverá passar de 2,5%. O boletim trimestral da Organização Internacional do Cacau ainda previu um déficit de 75 mil t para a safra internacional de 2013/2014 que terminará em 30 de setembro, mas a maioria dos analistas privados já trabalha com a quase certeza de um superavit, que poderá ultrapassar o marco de 100 mil t. A principal causa dessa inversão de tendência é a mudança da atitude de um grupo de grandes fundos especulativos 14 Doce Revista Maio 2014 que orientam suas ações pela análise técnica e por modelos matemáticos, os chamados “fundos sistêmicos”. O outro grupo de fundos, que atua com base em elementos fundamentais, já havia começado a liquidar suas posições compradas nos últimos dias de abril e assim prosseguiu nas primeiras semanas de maio, provocando a queda das cotações. Diante da resultante deterioração do cenário técnico, era de se esperar que os fundos sistêmicos também começassem a liquidar suas posições, o que teria acelerado o movimento de queda, mas, em vez disso, eles voltaram a comprar agressivamente e desencadearam a alta. A situação criada foge inteiramente à lógica fundamental e torna impossível fazer previsões. A única coisa que se pode dizer é que a condição atual do mercado de cacau é altamente volátil. Quanto aos produtos, os ratios da manteiga e do liquor de cacau no mercado spot norte-americano mantiveram-se estáveis em 2,68 e 1,51 x Bolsa de Nova York, mas o ratio do pó de cacau 10/12 desvalorizou-se de 0,73 para 0,68 diante do excesso de oferta. Thomas Hartmann é cacauicultor, analista do mercado internacional de cacau e titular da TH Consultoria e Estudos de Mercado. www.docerevista.com.br Açúcar Oscilação e estabilidade O mercado internacional de açúcar apresentou em maio uma oscilação de preços que variou entre a mínima de 17,02 cents/lb e a máxima de 18,25 cents/lb. O preço médio ficou em torno de 17,50 cents/lb. No curto prazo o cenário tem apontado dúvidas com relação à tendência dos preços e está em Ronaldo Lima Santana busca de um nível de consolidação. As incertezas com relação ao tamanho da safra 2014/2015 no Centro-Sul do Brasil, região que concentra a maior produção, e a próxima safra mundial têm sido os pivôs dessa volatilidade nas cotações de açúcar. Por outro lado, trazendo uma perspectiva de alta, existe a possibilidade da ocorrência do El Niño, fato esse reforçado pela atual posição comprada dos fundos de investimentos e também pela curva ascendente das cotações no mercado de futuros de açúcar da Bolsa de Nova York. O gráfico seguinte mostra o comportamento dos preços do açúcar demerara ao longo do mês na bolsa novaiorquina, tomando como base o vencimento de maio/2014. No mercado interno os preços do açúcar (cor até 250 ICUMSA) apresentaram relativa estabilidade com uma sinalização leve de declínio. Em um cenário de indefinição de preços nos balcões internacionais, unidades produtoras aumentando a oferta no mercado interno e necessidade de caixa, os preços do açúcar encerraram o mês de maio apresentando ligeiro viés de baixa. Diante desse ambiente a liquidez continuou se mantendo reduzida na região, a não ser na faixa inferior de preços, onde os compradores aproveitam a oportunidade de adquirir o produto a valores mais atrativos. O gráfico seguinte apresenta os preços médios semanais negociados em São Paulo apurados pelo Índice JOB Economia de preços. A JOB Economia atua há 20 anos no mercado, através de seus relatórios e trabalhos de consultoria. Tem como objetivo principal antecipar movimentos de mercado para um posicionamento correto nas estratégias empresariais de seus clientes e, por fim, contribuir para que façam um bom trading. Solicite um exemplar do relatório e veja como esse trabalho pode auxiliar na tomada de decisões. Para mais informações acesse o site [email protected]. Ronaldo Lima Santana é sócio-gerente da JOB Economia e Planejamento www.docerevista.com.br Maio 2014 Doce Revista 15 Vitrine Atacadista Muitas balas na agulha Distribuidora Salvador News sobressai entre os atacados da Bahia com giro pesado de candies Atacado doceiro balas ainda puxam a demanda do setor de candies na Bahia. Z ona imantada para negócios em todos os setores de bens de consumo, o Nordeste sobressai no mapa da distribuição nacional pela infraestrutura hoje estabelecida nos principais estados. Especificamente na Bahia cintilam operações como a da Distribuidora de Alimentos Salvador News, potência do ranking local da atividade atacadista especializada em candies. Pelos monitores do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no início da década atual, o Produto Interno Bruto (PIB) regional superou US$ 295 bilhões, enquanto que, para efeito de comparação, o PIB do Chile ficou em pouco mais de US$ 199 bilhões. “Os números mostram que a região e o estado da Bahia, particularmente, são hoje em dia o mercado preferencial dos agentes de distribuição, que veem suas atividades avançarem em linha com o fortalecimento da renda da população”, observa Heraldo Batista da Cruz, sócio diretor da Salvador News. Conforme levantamento da Abad 16 Doce Revista Maio 2014 (Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores), repassa ele, o setor cresceu 10,6% em termos nominais, atingindo faturamento de R$ 197,3 bilhões no último ano. O Nordeste registrou participação de 25,4% nesse resultado e o estado da Bahia abocanhou 4,9% dessa cifra, informa Cruz. Os agentes de distribuição, inclusos os atacados especializados em candies, atendem cerca de um milhão de pontos de venda (PDV) e distribuem 51,8% do que é comercializado em todo o país. “O Nordeste como um todo é o segundo maior destino das vendas do setor, perdendo apenas para o Sudeste”, grifa Cruz, estimando que o comércio baiano se equipara, em potencial de mercado, a estados do Sudeste e Sul do país, comportando um setor atacadista forte e em franca expansão, representado por operações que atuam em todos os modelos, de balcão a cash&carry e de distribuidor exclusivo a agentes de serviços. No comando da Salvador News, os empresários e sócios Heraldo Cruz e Bredo Alves avaliam que a venda de doces em Salvador e região atravessa um período de desenvolvimento sem precedentes, principalmente pelas iniciativas implementadas pelo governo, além de incentivos dados ao setor, que vêm dificultando a ação de atravessadores de outros estados. É claro, notam eles, que a manutenção do poder aquisitivo da população tem sido o motor do consumo mantido nas alturas nos últimos anos, porém o combate à informalidade e à guerra fiscal contribuem fortemente para os resultados das operações de abastecimento. “De 2012 para 2013, crescemos 11% e, este ano, a previsão é a de registrar avanço de mais 10%”, preveem os atacadistas. A Salvador News abriu as portas há cerca de dez anos no bairro da Calçada como uma loja do tipo bonnbonière. “A demanda não parava de crescer e, além de exigir expansão, notei que havia uma lacuna na parte de distribuição e a www.docerevista.com.br dez pesados, cobrindo um raio de 300 quilômetros da sede em Salvador. “No total nosso portfólio conta com mais de 40 marcas e um mix de cerca de 5.000 itens nos segmentos de chocolates, snacks e candies”, detalha o sócio Heraldo Cruz, informando que 100% das compras são efetuadas diretamente da indústria, com frequência mensal. Cruz crescimento previsto de pelo menos 10% em 2014. necessidade de uma operação mais robusta para abastecer o mercado”, relata Alves. Assim, ele partiu para a montagem da distribuidora, atendendo os próprios concorrentes no varejo, que também fermentava com a multiplicação de pontos de venda (PDVs) de doces. Com essa assistência, a ascensão veio a jato e hoje a operação conta com galpão de 3.000 metros quadrados no bairro Pirajá, que opera com frota de 20 veículos, sendo www.docerevista.com.br Penetração em todos os públicos Contrariando tendência sinalizada em outras regiões do país, a demanda no comércio doceiro baiano ainda é puxada pelas diversas variantes de balas, caramelos, drops e pirulitos. “Se acrescentar chicles e gomas de mascar, esses itens abocanham 50% do faturamento bruto da distribuidora, cabendo 25% a chocolates e os restantes 25% a biscoitos, snacks e sucos”, dimensiona o negociante. Para ele, a explicação para essa performance de candies como balas duras, mastigáveis e caramelos está na sua penetração que é transversal a todos os públicos, de crianças a adultos. “Já chocolate tem uma demanda mais intensa por parte de adultos e os salgadinhos, também com giro bastante elevado, são praticamente cativos das crianças e adolescentes”, observa Cruz. Para dar uma ideia do consumo ele abre que, apenas na modalidade de balas, são vendidas seis carretas por mês ou o equivalente a 10.200 fardos com 30 pacotes cada. Entre os fornecedores que considera parceiros, o empresário inclui nomes como Mondelez, Cory, Danilla Foods, Boavistense, Arcor, Embaré, Riclan, Santa Helena e Dori. Baseada em Marília (SP), a Danilla Foods considera a Salvador News um dos seus principais parceiros comerciais no país. “Nenhum outro distribuidor mantém a assiduidade de compra deles. Apenas do nosso confeito DipLoko! Boom são 300 caixas todo mês”, frisa Anderson Braz, gerente comercial da trading paulista. • Maio 2014 Doce Revista 17 Feira Vitrine de sonhos Interpack e Fispal Tecnologia mostram o estado da arte em máquinas e sistemas para confectionery, apesar da desaceleração no mercado Interpack 2014 periodicidade trienal para maturação de inovações. P romovida em maio, na cidade alemã de Düsseldorf, a Interpack é a maior feira de embalagem do mundo. Montada a cada três anos, ela é também a mostra número um global do setor de máquinas para pré e pós-processamento de confeitos (confectionery). Além de ser a mais importante exposição mundial do setor de equipamentos e embalagens, a Interpack funciona como termômetro para as projeções de vendas mundiais de chocolates e candies nos próximos anos. “Essa edição foi em parte influenciada pelas projeções positivas em relação às vendas mundiais de gêneros industrializados, pois estimativas dos principais institutos de pesquisa indicam que o comércio mundial de itens alimentícios embalados deve crescer 25% até 2017”, comenta Marcos Bobzin, titular da Fortunar Consultoria, especializada em tecnologias de mitigação do consumo de energia na produção de chocolate. Esse ambiente otimista, no entanto, se descolou do panorama geral 18 Doce Revista Maio 2014 verificado no Brasil em meio à realização da Fispal Tecnologia, principal evento do setor de máquinas e embalagens para alimentos e bebidas, promovido no início de junho em São Paulo. O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre, de 0,2%, ficou aquém da expectativa que, mesmo baixa, projetava um índice em 0,3%. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram perda de fôlego na indústria (-0,8%), nos investimentos (-2,1%) e um ritmo mais moderado no consumo das famílias (-0,1%). Tais números confirmaram as perdas que a economia vem amargando nos últimos anos. Espelho desse cenário, o setor de bens de capital, ao contrário do que se previa, encerrou 2013 com queda no valor total de suas vendas. Rotulando o exercício como um ano perdido, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) estimou um recuo em torno de 4%, em termos nominais, em relação aos R$ 80 bilhões do exercício anterior. A indústria de máquinas e equipamentos, entretanto, fechou o mês de abril com faturamento bruto real de R$ 6,078 bilhões, registrando aumento de 5,1% em relação a março. Mas na comparação com abril de 2013 esse faturamento bruto real recuou 14,5%, repassa a Abimaq. Sob esse cenário no mínimo desafiador, o país se deparou com a realização da 30.ª edição da Fispal Tecnologia, tradicional palco de negócios e lançamentos das indústrias do setor. Embora atravesse uma conjuntura econômica pouco favorável, a cada edição, o evento tem confirmado que a ala nacional de alimentos e bebidas vem se renovando para atender a um novo perfil de consumidor, observa Clélia Iwaki, diretora do grupo BTS Informa, organizador da feira. Com maior acesso à renda, completa ela, esse consumidor se tornou mais exigente e quer praticidade e produtos de alta qualidade em diferentes momentos do seu cotidiano. “Ele, na realidade, segue uma tendência mundial, que deve se intensificar nos próximos anos”, assinala a executiva. Para ela, esse movimento social tem impactado positivamente todos os setores da indústria de alimentos e bebidas, com soluções que vão de embalagens e equipamentos multifuncionais a produtos com apelo “sensorial” ou ecologicamente corretos, também enfatizados nesta edição da Fispal. Estreia brasileira Transposta para o setor de confectionery, essa busca por soluções e tecnologias atualizadas para atender às demandas de consumo mais prementes www.docerevista.com.br se traduziu em voos lotados por industriais brasileiros para o megashow de Düsseldorf. “O maior destaque foi que esse público, altamente qualificado, não compareceu à Interpack para apenas ver as novidades. A maioria foi com projetos que incluem a aquisição de maquinário”, reporta Petru Emil Rusu, diretor da Perpack, agente de máquinas para o setor de confeitos, com representação de diversas grifes internacionais no Brasil. Entre os pontos altos da mostra no segmento chocolateiro, Marcos Bobzin, da Fortunar, insere a apresentação da brasileira JAF Inox como o mais recente membro da corporação holandesa Royal DuyvisWiener (RDW). Referência em linhas para processamento do chamado chocolate gourmet, desde a torra e prensagem do grão de cacau até o refino da massa, a JAF Inox construiu nome na cena chocolateira nacional e essa fama varou as fronteiras do país. Assim, em março passado, a em- presa se juntou ao grupo RDW, blue chip global em instalações completas para cacau e chocolate e a avant-première mundial dessa nova configuração aconteceu na Interpack. “Atraímos interesse Clélia, do BTS Informa linhas multifuncionais e produtos com apelo sensorial ganharam ênfase na Fispal. Para Marcos Bobzin, nesse mesmo compartimento de atuação da JAF, ou seja, de linhas compactas, flexíveis e com tecnologia similar a de plantas de médio e grande porte, sobressaíram na Interpa- Bobzin, da Fortunar ambiente otimista permeou a edição da Interpack. do público principalmente pela exposição da nossa linha bean to bar compacta de 500 quilos/hora”, repassa Adriano Sartori Pedroso, diretor da indústria sediada em Tambaú (SP). Pedroso, da JAF Inox impacto com linha bean to bar de 500 quilos. ck concorrentes da RDW, como o grupo alemão Probat, que apresentou soluções de alta tecnologia para médias produções de chocolate. “Essa é uma tendência que permeou diversos estandes de grandes Feira Rusu, da Perpack e a Two in One aprimoramento da Bosch permite trocas sem uso de ferramentas. nomes na indústria global de máquinas, como a belga Hacos, a suíça Avema e as alemãs Bosch e Sollich, entre outras”, ilustra o especialista. com tempo estendido de solda transversal, permite atingir velocidades de até 80 metros por minuto, na selagem a quente. Grife pertencente ao menu da Sollich, a Chocotech enfatizou na mostra alemã o sistema de cozimento para candies Ecograv. Com ele, pode-se iniciar o cozimento com soluções de até 85% de Brix, ou seja, com uma evaporação de água muito menor, resultando na economia de mais de 50% de energia em relação a outros sistemas. “Com base em referências eu- médias e pequenas empresas, particularmente interessadas em adquirir linhas compactas para operações de terceirização no Brasil”, observa ele. Esse interesse ficou claro na movimentação no estande da holandesa Caotech, representada da Brasil RT, que sobressaiu no evento com conjuntos para processamento composto de cacau e chocolate de alta qualidade. “O alcance das linhas Caotech já é bem conhecido, variando desde o moinho de bola para laboratório Cao B5 às instala- Fartura de destaques Petru Rusu, da Perpack, que detém a representação local da Sollich, frisa que, entre os pontos altos da apresentação da companhia, causou grande impacto o sistema de recheamento de biscoitos e/ ou formação de tortinhas modelo Sollcocap, com capacidade de 240 filas por minuto (120 filas por minuto de recheados). “É um equipamento totalmente servoacionado, que o torna o mais rápido do mundo”, sublinha. Também pertencente ao portfólio da Perpack, a ala de empacotadoras do grupo Bosch chamou atenção na Interpack com Brasil RT linha B3000 Choc-Duo foi destaque da Linha de gomas da WDS operação limpa com maior Caotech na Interpack. reaproveitamento de amido foi mostrada na Interpack. a apresentação da máquina flowpack ultraflexível para biscoitos ropeias, o sistema Ecograv economiza no ções por batelada Chococon e Cao 3000modelo HCA, que incorpora o sistema período de um ano em torno de 150 mil Choc Duo, sendo esta uma linha para Two in One. Com ele, explica o consultor, euros em energia, propiciando assim um processamento totalmente automatizada pode-se embalar no mesmo equipamento rápido retorno do investimento”, garante para chocolate e compounds, com caporções de biscoitos em pé, assim como Rusu. pacidades de até 1.200 quilos por hora”, porções monodose (do tipo lanchinho), informa Ribeiro. Ele ressalta que a tecnocom pilhas de biscoitos deitados. “Um dos Projetos de terceirização logia da Caotech sobressai na preparação diferenciais-chave dessa empacotadora é Paulo Ribeiro, titular da consultoria e da massa em baixa temperatura e rotaque a troca de formatos entre os tipos de trading Brasil RT, avalia que quase a to- ção em equipamentos compactos. Tais embalagem flowpack leva menos de três talidade das indústrias do setor brasileiro linhas não requerem sistema especial minutos, sem exigir o uso de qualquer fer- de confectionery carimbaram passaporte de resfriamento ou válvulas de alívio de ramenta”, repassa ele, completando que na feira de Düsseldorf. “A diferença de pressão, conferindo estabilidade contínua também o inovador sistema de selagem, outras edições, foi a presença maciça de de processo e qualidade final do produto, 20 Doce Revista Maio 2014 www.docerevista.com.br Feira tch e o forno Dolphin para wafer plano ou oco, com capacidade modular de 150 a 450 quilos/hora, informa Dagoberto Sampaio, gerente comercial da companhia. “Uma das estrelas do estande foi a linha V 60 de dois cabeçotes de até 1.500 milímetros de largura para a fabricação de cookies e biscoitos coextrusados em forno de até 100 metros de comprimento”, assinala o executivo. Jiraschek e Sampaio, da Haas máquina para bolinho tridimensional inaugura nicho global. com inserção de múltiplas receitas. “Tudo isso é resultado de anos de operação, sem necessitar manutenção e reparo de componentes”, frisa o consultor. Outros lançamentos da grife holandesa reservados para a Interpack, foram a família Duo compacta para conchagem e refino, com capacidade até 1.000 quilos por hora; uma concha de 5 litros para desenvolvimentos em laboratório e um pré-moedor compacto para nibs, repassa Ribeiro. Do cardápio da germânica Winkler und Dünnebier (WDS), especialista em tecnologia para processamento de candies, também representada da Brasil RT, foram destaque os equipamentos para produtos à base de gomas (mogul). “Além de assegurar uma operação limpa, com maior reaproveitamento de amido e variedade de produtos, os sistemas exibidos operam com depositadoras precisas, do tipo one shot, triple shot ou tabletes, com volume exato e controlável, de até três camadas simultâneas, sólidas ou não sólidas”, detalha Ribeiro. Estampadoras a frio de extrema exatidão, também aplicadas a chocolates decorativos ocos, completaram a exibição da WDS. Bolo tridimensional A periodicidade trienal da Interpack visa essencialmente destinar às indústrias de máquinas espaço de tempo mínimo para o desenvolvimento de tecnologias e sistemas inéditos. Foi sob essa premissa que o grupo austríaco Haas surpreendeu o público, exibindo em primeira mão a mais recente novidade de sua 22 Doce Revista Maio 2014 Conjunto V6 duplo cabeçote Haas para cookies e biscoitos coextrusados. divisão Convenience Food. Batizada de CFC (Center Food Cake), o sistema reúne em um único equipamento a produção tridimensional de minibolos recheados, que inova o gênero pela possibilidade de gravar em relevo todas as faces do produto, explica Christoph Jiraschek, diretor geral da Haas do Brasil. “Trata-se de uma variedade de bolinho feito artesanalmente, com gravação tridimensional, que tem similar em alguns países da Ásia. O trunfo da Haas foi transpor a aplicação, de forma mais sofisticada, para uma escala industrial”, relata o dirigente. Com capacidade que pode variar de 10 mil e 20 mil unidades por hora, o CFC foi desenvolvido nos últimos quatro anos, desde a concepção da ideia aos estudos de mercado, viabilidade técnica e construção de protótipo até chegar ao equipamento mostrado na Interpack, resume Jiraschek. “Além de inovar na área tecnológica, a máquina inaugura um mercado com potencial global, desde países da Ásia, onde o produto já é conhecido, até a Europa e também o Brasil, onde a apresentação na Fispal Tecnologia atraiu grande interesse”, observa o diretor. Ele completa que, além do apelo visual de grande aceitação entre o público infantil, o minibolo produzido na linha CFC reforça tendências de consumo individual (single) e embalagens monodose, com penetração consolidada no reduto de merendas. Além de anunciar o CFC, a Haas destacou em seu estande na Fispal a HSM 1500, masseira horizontal de 1.500 litros, com capacidade para 900 quilos por ba- Mambo, rumba e tango Já a participação da divisão de confectionery da Netzsch na Interpack 2014 foi marcada pelo anúncio de aquisições, com o objetivo de aprimorar os processos produtivos voltados principalmente para o setor de alimentos, informa Giuliano Albiero, diretor geral da Netzsch Moagem, sediada em Pomerode (SC), que recepcionou clientes do Brasil e América Latina no evento. A marca esteve presente em vários estandes da feira e, no principal deles, reuniu as tecnologias para processamento no setor de confectionery. Um dos maiores destaques foi o sistema Mambo, que engloba uma unidade compacta e completamente fechada para produção de compounds, recheios e coberturas. O modelo Mambo 1000, exemplifica Albiero, ocupa espaço de aproximadamente 20 metros quadrados. “Ele oferece os melhores recursos possíveis de limpeza, higiene e ergonomia para aprimorar ganhos de qualidade, evitando qualquer contaminação por substâncias externas”, sublinha o diretor. Também foram apresentados o sistema Rumba, para preparo de chocolate premium, e o moinho de impacto Condux. “Além dessas novidades em equipamentos, os visitantes puderam degustar diferentes tipos de chocolates, produzidos no local pelos sistemas Netzsch”, acrescenta Albiero. Outro anúncio de impacto, repassa o diretor geral, coube ao lançamento do Precutter VN. O equipamento representa um avanço no processamento de matérias-primas para produção de cremes e recheios a partir de amendoim ou nozes, www.docerevista.com.br Albiero, da Netzsch unidade compacta para compounds e recheios será produzida no Brasil. bem como no reprocesso de diversos produtos, como drágeas, pastilhas de chocolate cobertas com açúcar, biscoitos recheados e wafers, entre outros. “Fora a economia pela otimização dos processos, tem a vantagem de ser acionado individualmente ou integrado a uma linha de produção já existente e a temperatura máxima de 50°C durante o processo contribui para intensificar o aroma e o sabor do produto final”, conclui o especialista. Em outro espaço, a Netzsch apresen- www.docerevista.com.br Moinho de facas da Netzsch sistema de moagem de nibs com tecnologia da Dr.-Ing. Bauermeister GMBH. tou o sistema de processamento Tango, que combina sua própria tecnologia de moinhos agitadores de esfera com o novo sistema de pré-moagem de nibs de cacau em moinho de facas, tecnologia que passou a fazer parte do portfólio de equipamentos da empresa, após a incorporação da alemã Dr.-Ing. Bauermeister GMBH ao grupo Netzsch, em março passado. “Esse sistema permite, a partir de nibs de cacau, chegar a um tamanho de partícula final de 99,5% a 99,8% menor que 75 mícron (µm) em um único passe”, repassa Albiero, salientando que, entre outras vantagens, o conjunto se destaca pela manutenção frente a outras tecnologias, com possibilidade de troca de facas em aproximadamente 30 minutos. “Anunciamos aos clientes, principalmente do Brasil, que os três novos sistemas, produzidos pela Netzsch Moagem em Santa Catarina, serão cadastrados junto ao BNDES para financiamento via Finame”, assinala Albiero. • Maio 2014 Doce Revista 23 Capa Aquele algo mais Estratégia da inovação reconduz a indústria de balas e candies à trilha do desenvolvimento Balas e caramelos retomada do crescimento com produção acima de 500 mil toneladas nos últimos quatro anos. A palavra inovação se tornou uma espécie de mantra para a indústria de candies. Mas a sua assimilação por empresas de todos os portes ainda busca corresponder à expectativa que gera no consumidor. Tanto do ponto de vista do produto em si como da comunicação de marcas, a inovação é o principal catalisador dos projetos de expansão nas fábricas, desenvolvimentos e marketing. É assim que a indústria de balas, drops e caramelos, em particular, vem conseguindo superar a estagnação que até a última década persistia no setor. O cenário atual mostra que as empresas do segmento, incluindo derivados como pastilhas e pirulitos, conseguiram sacudir a estabilidade nas vendas domésticas, com a modernização do parque industrial e, sobretudo, apostando em linhas de maior valor. Essa transformação pode ser conferida nos itens de qualidade hoje reconhecida pelo consumidor e custos e preços com boas margens tanto para a indústria como para o trade. Com os investimentos feitos em expansões, desenvolvimentos e inova- 24 Doce Revista Abril 2014 ções, os últimos quatro anos fecharam com produção acima de 500 mil toneladas de candies (incluso o filão de gomas de mascar), mostrando que a indústria vem sustentando a trilha do crescimento (ver quadro à pág. 26). A produção de linhas básicas, consideradas commodities pelo trade e deixadas de lado pelo consumidor, levou o setor a um beco cuja única saída possível era mudar radicalmente. Com um consumo per capita local considerado baixo e a indústria acomodada a uma demanda cativa, esse propósito só começou a vingar a partir de meados da última década. Encurralado pelo acirramento na disputa interna e exposição a itens globais, o setor partiu em busca de outros mercados com portfólio renovado e a competitividade afiada por insumos fartos e câmbio, a princípio, favorável. Nesse início, as balas, confeitos, gomas de mascar e derivados brasileiros emplacaram como novidade e, por conta de trunfos como disponibilidade de açúcar a preços baixos – ao contrário do que se verifica hoje –, os embarques para o exterior ganharam músculos. Mas com a imagem de supridora de confeitos populares, o país conseguia despejar produtos apenas em países de consumo incipiente e instável, com preços aviltadamente negociados. Ao agregar valor às linhas de balas e candies o setor conseguiu mudar essa imagem, como indicam os resultados obtidos em participações recentes em feiras de negócios internacionais. Os aprimoramentos no conceito e imagem dos produtos refletiram diretamente na cena doméstica, ganhando maior impulsão com o crescimento da demanda puxada pelas classes de baixa renda, por sua vez capitalizadas pelo crédito farto e incremento no salário mínimo. Apesar do consumo em segmentos como o de balas, confeitos e derivados ser predominantemente por impulso, o ganho de poder aquisitivo de uma fatia maior da população afetou a intenção de compra. Itens que antes não faziam parte do consumo entraram na lista, quando essa massa teve seu poder de compra aumentado. Relatório da consultoria Euromonitor International sobre o setor brasileiro de balas e derivados indica que o varejo doméstico saltou de um faturamento de US$ 1,936 bilhão há cinco anos para US$ 2,698 bilhões em 2013. Com base nesses dados, a instituição estima que esse mercado continue crescendo nos próximos anos, totalizando vendas estimadas em US$ 3,271 bilhões em 2018. (ver quadro à pág. 28) Produtos aspiracionais Atualmente a demanda de itens sofisticados tem sido abastecida tanto por linhas fabricadas no Brasil como trazidas do exterior. As importações, por sinal, www.docerevista.com.br cresceram 40% em volume no período mais crítico da virada no segmento, entre 2007 e 2011, capta a consultoria Mintel. Nesse mesmo período, o desembarque em valores triplicou, assinalando mudanças no comportamento do consumidor, que está comprando produtos de maior desembolso. Cerca de R$ 10 milhões em balas e derivados foram internados no Brasil em 2007, sendo que, em 2011, essa receita bateu em R$ 30 milhões. O preço médio por quilo da categoria também cresceu 23% nesse mesmo período, saltando de R$ 33,00 para R$ 44,00. Apenas para comparação, os dados da Mintel revelam que a categoria de chocolate seguiu a tendência com 20% de valorização (de R$ 22,00 a R$ 26,00 o quilo), contra mais de 28% de aumento no preço por quilo da ala de biscoitos, que passou de R$ 7,00, em 2007, para R$ 9,00 em 2011. Relatório da consultoria observa que os brasileiros estão mais abertos a experiências com sabores e produtos, es- www.docerevista.com.br Elzilene, da Perfetti Van Melle dez lançamentos apenas no primeiro trimestre. Nathalia, da Mondelez experiências sensoriais para surpreender os consumidores. pecialmente os consumidores da faixa de 16 a 24 anos. De fato, 76% dos brasileiros desse grupo etário afirmam que gostam de provar as inovações em balas, apura a Mintel. Por outro lado, a gangorra dos preços dos insumos abre margem para a indústria inovar na reformulação de produtos, envolvendo o desenvolvimento de itens com mais apelo ao sabor e outros diferenciais, pois há grande receptividade por parte dos consumidores para adquirir Mariani, da Arcor marca Butter Toffees presente em arte, moda e gastronomia. essas novidades. “É o que tem trazido e consolidado o nosso crescimento nos últimos anos”, reporta Elzilene de Moraes, diretora de marketing da Perfetti Van Melle (PVM), detentora da marca Mentos, campeã no segmento de balas mastigáveis. Para a executiva, o consumidor já espera essa postura da marca. “Nosso posicionamento é surpreendente porque é justamente isso que é feito”, ela assinala. Depois de Maio 2014 Doce Revista 25 Capa 600 500 Produção e consumo brasileiro de balas e derivados 400 300 200 100 0 2008 2009 2010 20112012 2013 Produção 477 432 518 568 529 533 Consumo aparente 369 335 467 526 459 465 Exportação 115 103 57 50 79 76 Importação 7 6 6 8 9 8 Fonte: Abicab desenvolver, lançar as variantes de confeitos e torná-los aspiracionais, a Perfetti tem trabalhado para que os produtos cheguem ao maior número possível de consumidores. “Sabendo que temos um limite na distribuição, desenvolvemos o conceito de menor valor para atingir o público com menor desembolso”, repassa a diretora. Ela exemplifica com a linha Mentos em stick de 14 unidades, também disponível em rolo de 10 unidades, com preço menor. Entre as novidades em produto, ela pinça a variante de pastilha Mentos Kiss em lata de 35g com 50 unidades. “A inovação começa com o fato de o produto ser o primeiro nessa apresentação no mundo”, insere Elzilene. Além de isenta de açúcar, emenda ela, o confeito exibe bom custo/benefício, tendo registrado alta receptividade por parte dos consumidores. Outra tacada lembrada pela diretora foi o lançamento de Mentos Strawberry Mix, com três variantes de sabor morango no mesmo stick de 14 unidades (38g). “Oferecemos o sabor preferido, que é morango, nas versões azedinho, iogurte e regular e estamos observando aqui o mesmo sucesso do produto em países como a França e Inglaterra”, sublinha ela. 26 Doce Revista Abril 2014 Em volume (mil toneladas) No flanco da distribuição, o projeto que vem sendo enfatizado no momento é o de Mentos Morango Azedinho em stick com 10 peças, com preço sugerido ao varejo de R$ 1,00. “A ideia é elevar a distribuição e esse produto, nessa faixa, tem tudo para alavancar vendas”, torce Elzilene. Apesar da alta competitividade gerada por preço baixo no segmento de pirulitos, a PVM iniciou no último ano a reintrodução da marca Chupa Chups, grife global número um no segmento, também com o traço da inovação. “Trata-se da segunda marca da Perfetti no globo e, para preservar essa imagem, estamos trabalhando com um produto que é sucesso em todo o planeta”, grifa a diretora, referindo-se ao Chupa Chups Crazy Dips, pirulito em formato de pé. O doce é vendido juntamente com um pó de cristais, que provoca microexplosões dentro da boca. “O conceito já existe inclusive aqui, mas a inovação da Chupa Chups está no pó efervescente, que realmente provoca estampidos na boca. É isso que fascina os consumidores jovens e as crianças”, ressalta Elzilene. Apenas em 2014, a PVM já bancou dez lançamentos no segmento de balas. Para a empresa essa é a chave para cativar o consumo e manter a posição que suas marcas ocupam hoje em dia. Com as grifes Mentos, Fruitella e Chupa Chups, a companhia cresceu 7% em volume e 21% em valor, em 2013 versus o ano anterior, repassa a diretora de marketing. “Só neste primeiro trimestre, crescemos 17% em volume e 32% em valor”, informa ela, com base em números da consultoria Nielsen, que estima o avanço do mercado geral de balas no país em 4% em volume e 11% em valor nos três primeiros meses deste ano. Refrescância total Um dos cases de benchmarking recorrentes na cena de balas e drops é o da marca Halls, que desde os anos 1970 enfeita o portfólio da Mondelez no Brasil.O sucesso de Halls na cena doméstica é consequência de uma proposta de valor único composta por produtos de alta qualidade, estratégia de comunicação surpreendente e ter o consumidor no centro de todas as iniciativas da marca, sustenta Nathalia Tercero, gerente de marketing de Halls. “Além disso, estamos constantemente pesquisando tecnologias de produto e embalagem para garantir a preferência inquestionável dos consumidores pela marca e sua liderança”, completa. www.docerevista.com.br Capa Varejo brasileiro de candies Balas/Drops 200820132018 484,0550,0550,5 Pirulitos 639,0628,7616,6 Pastilhas/Gomas/Chicles580,2 1.105,0 1.503,3 Toffees/Caramelos 233,2414,5601,2 Total 1936,42698,23271,6 Fonte: ©Euromonitor International 2014 Para Nathalia, o desenvolvimento de itens diferenciados, criados com base em insights e necessidades dos consumidores, aliado à estratégia de lançamento e distribuição que garanta uma execução bem sucedida são táticas complementares. O ano de 2013, exemplifica ela, foi importantíssimo para a marca, pois foi lançada em junho a plataforma Halls Soft. Trata-se do portfólio de balas mastigáveis com casquinha crocante e recheio refrescante nos sabores menta, laranja, morango e frutas sortidas da marca. “Em poucos meses essa variante conquistou uma grande parcela do mercado de balas mastigáveis e atingiu patamares de distribuição e execução excelentes”, comenta a executiva, sem abrir números. Neste ano, emenda ela, a Mondelez introduziu o Halls Prata, sabor de intensidade Power 5, que significa o nível mais elevado no quesito refrescância, assim como o Extra Forte – mais conhecido como Halls Preto. Para reforçar a liderança dessa grife, a companhia desenvolveu um material de merchandising que contribui para aumentar a visibilidade e alavancar as vendas dos estabelecimentos. “O display reforça os três sabores mais vendidos da marca – Halls Extra Forte, Halls Prata e Halls Cereja –, pois queremos estar cada vez mais próximos de nossos parceiros. Isso inclui criar soluções para acelerar as vendas de nossos clientes”, argumenta a executiva. O display de Halls, detalha ela, confere ao estabelecimento maior organização e facilita a comunicação com o consumidor. 28 Doce Revista Abril 2014 (Valor em milhões US$) projeto Halls Contrata, que incentivou fãs da marca a experimentarem empregos temporários, como apresentador da MTV e assistente de chef de cozinha. “Mais de 140 mil pessoas se inscreveram na ação e o ineditismo do projeto trouxe um retorno de mídia espontânea superior a R$ 3,5 milhões”, orça a executiva. Desde o lançamento da marca em 1893, na Inglaterra, o ingrediente diferenciador do produto é o menthol, responsável pela refrescância de Halls e que conquistou consumidores do mundo inteiro. “A estratégia de inovação da marca está focada em reforçar nosso posicionamento na plataforma de refrescância, mas trazendo novas experiências sensoriais para os consumidores brasileiros que sejam completamente surpreendentes”, frisa Nathalia. Segundo relatório de fechamento de 2013 da Nielsen, repassa Nathalia, Halls continua na liderança do mercado brasileiro de balas e drops refrescantes com 56,5% de participação em volume e 51,9% de share em valor, nos dois casos apresentando crescimento versus o mesmo período do ano anterior. “A distribuição numérica de Halls continua sendo a maior de todas as marcas da Mondelez Caramelo campeão no Brasil, superando a presença em mais Número um no segmento de caramede 600 mil pontos de vendas (PDVs)”, in- los de leite, as balas Butter Toffees seguem forma ela. Adepta ao uso das redes sociais para divulgar ações com suas marcas direcionadas ao público jovem adulto, a Mondelez considera ainda mais importante estreitar o diálogo entre Halls e seus fãs e consumidores. “Isso nos traz ideias sobre desenvolvimento de produto, nos ajuda a mapear as principais dúvidas dos consumidores e atuar atida PVM pastilha em lata, versão tripla e pirulito com pó vamente sobre elas, além Inovações efervescente. de sondar oportunidades de ativação da marca”, observa a geren- na liderança da categoria escorada nas te de marketing. Nos últimos anos, relata apostas que a Arcor, detentora da marca, ela, Halls implementou diversos projetos tem empreendido também no flanco das em redes sociais que reforçam seu po- inovações. Atualmente, as atenções se sicionamento no Brasil – a exemplo da concentram no posicionamento da ação campanha Respire e Abra-se para Mais – O Seu Momento Único, informa Ciro Mae tiveram altíssimas taxas de engajamen- riani, gerente de marketing de guloseimas to e exposição na imprensa on e off-line. da empresa. “Queremos proporcionar um Outro exemplo lembrado por ela foi o momento de prazer, indulgência, pausa e www.docerevista.com.br Capa Novo display mais visibilidade com os três sabores campeões da marca. sofisticação aos consumidores, sempre gerando experiências sensoriais únicas por meio do contato com a marca e seus produtos”, explica ele. Todas as inovações bancadas pela empresa, acrescenta o executivo, se baseiam em experiências com os consumidores e a intenção de fortalecer os diferenciais do produto, expandindo o relacionamento dos fãs com a marca. Os exemplos mais recentes foram os lançamentos em 2013 das versões Chocolate Branco e Paçoca Amor, insere Mariani. “Sem esquecer das ações de branding que realizamos por meio de parcerias e ativações diferenciadas e assertivas, como a que envolveu o artista plástico Romero Britto ou a da Pizza Hut e do grupo 3corações, que agregaram valor e identificaram nossa marca como única”, sublinha . Para manter o ritmo e segurar a liderança, a Arcor preparou para 2014 lançamentos e ações ainda mais diferenciadas, objetivando seguir com sua construção de marca forte e desejada, além de aumentar a base de consumidores e a chamada consciência de marca (brand awareness), repassa Mariani. “Assim introduzimos recentemente a linha Butter Toffees Premium para ingresso em mais PDVs onde ainda não estávamos posicionados, como bonbonnières de cinema, teatros e livrarias, oferecendo embalagens diferenciadas, com sabores exclusivos, aromas sofisticados e com forte apelo para o mercado de alto padrão”, detalha o gerente. Ele enfatiza que as ações buscam envolver três plataformas que a companhia definiu para a atuação da marca: arte, moda e gastronomia. Através de uma parceria com a estilista Martha Medeiros e com o Grupo Restoque, detentor da grife Le Lis Blanc, líder no setor de moda de Fonte da inovação Principal instituição de pesquisa e orientação da indústria de candies, o Cereal Chocotec – Centro de Tecnologia de Cereais e Chocolate, do Ital (Instituto de Tecnologia de Alimentos) mantém um calendário de cursos para profissionais do setor. Especificamente para desenvolvimento de produto, Marise, do Cereal Chocotec a procura ainda é incipiente, sendo indústria busca produtos que ofereçam gratificação que a maioria do atendimento para emocional. as empresas de balas é voltado para as áreas de treinamento, transferência de tecnologia e solução de problemas pontuais, observam as pesquisadoras Marise Bonifácio Queiroz e Ana Lúcia Fadini, responsáveis pela programação do centro. “Recebemos mais consultas de pequenas indústrias que, em geral, buscam uma nova atividade ou diversificação em produtos”, repassa Marise. Na entrevista a seguir, a pesquisadora do Ital, graduada em Engenharia de Alimentos pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, com mestrado e doutorado pela Unicamp, aponta o perfil das empresa que buscam inovação. DR – Qual é o porte e perfil dos fabricantes que buscam orientação sobre desenvolvimento de produto? Marise – São empresas de todos os portes. Em geral, as pequenas buscam auxílio quando querem iniciar uma nova atividade e acreditam que a fabricação de balas pode ser 30 Doce Revista Abril 2014 uma alternativa ou estão enfrentando algum problema de durabilidade do produto. Empresas de médio e grande porte buscam treinamento para seus funcionários ou solução para algum problema específico. No caso das balas, na maioria das vezes os problemas estão relacionados com a perda de qualidade devido ao efeito de melar do produto, o que reduz a sua vida de prateleira. A falta de conhecimento específico para a solução de determinados problemas por parte dos profissionais das empresas é a principal razão que levam esses fabricantes a procurar o centro. Quando não conseguem no dia a dia se capacitar, buscam auxílio externo. De certa forma o Cereal Chocotec é uma referência no atendimento nesta área de balas e confeitos. DR –Quais são as tendências em produtos que mais interessam esses fabricantes? Marise – Como a utilização de corantes e aromas artificiais, principalmente na Europa, está sendo restrita, empresas que exportam tem procurado se adequar com o desenvolvimento de produtos utilizando alternativas naturais para esses aditivos. O mercado de produtos naturais tem crescido muito e isso também tem se refletido na busca por alternativas de ingredientes naturais para as balas e confeitos. Também existe interesse em produtos de maior valor agregado, com algum benefício adicional, por exemplo o poder antioxidante de frutas; aromas e sabores exóticos e regionais ou incorporação de frutas pelo crescente interesse dos consumidores por produtos mais saudáveis. www.docerevista.com.br alto padrão, a Arcor bancou uma ação exclusiva para o Dia das Mães, contemplando 102 lojas de todo país. “Fechamos também parceria com o movimento Restaurant Week para marcar presença em cinco importantes cidades do Brasil, além de estarmos em todas as unidades da rede Cinemark, com nossa linha premium”, frisa Mariani. A Arcor, orça ele, investiu cerca de R$ 5,5 milhões em marketing na marca em 2013. Com isso, os caramelos Butter Toffees cresceram 19% em toneladas produzidas no período e, atualmente, responde por cerca de 30% da receita total da Arcor no Brasil. “A expectativa é que este ano as vendas da bala alcancem 18% do faturamento da companhia no país”, torce o executivo. Além de ser uma marca global, com presença em mais de 65 países e receita anual superior a R$ 100 milhões, na Argentina a grife Butter Toffees detém 65% de market share. No Brasil, ela atinge 89% de participação em sua ca- Linha premium da Arcor ações de branding e sofisticação para público de alto padrão. tegoria no mercado de balas. “É um produto consumido por consumidor esperava algo mais da marca homens e mulheres, das classes A,B e C, Butter Toffees. “Notamos que diferenciais com idades que variam de 20 a 40 anos, introduzidos como o dourado da embalacom maior concentração de consumo en- gem, sabores exclusivos e sofisticados, tre o público feminino, de 25 a 30 anos”, agradavam os diversos paladares, geraninforma Mariani. Após a realização de do insights importantes para fixar a marca vários estudos, a Arcor identificou que o em seu segmento”, sublinha ele. • DR – Que tipo de serviço o Cereal Chocotec presta a esses fabricantes? Marise – No momento temos focado em treinamentos e assistência tecnológica in loco (na estrutura das próprias empresas), já que nossa planta piloto de balas ainda está em fase de montagem. Acredito que com a instalação da planta piloto poderemos atender o setor de forma mais consistente, inclusive para o desenvolvimento de produtos suprindo as demandas e tendências do mercado. DR – Como o Cereal Chocotec atualiza os conhecimentos para oferecer os serviços à indústria de confeitos? Marise – Através da capacitação de seu corpo técnico, seja formal em programas de pós-graduação, como participando de eventos e treinamentos técnicos, seminários, feiras nacionais e internacionais, entre outros. Atualmente, o corpo técnico do Cereal Chocotec tem trabalhado na elaboração de um documento estratégico para o setor (Brasil Bakery & Confectionery 2020) e isso tem possibilitado o aprofundamento no conhecimento das principais tendências e inovações em produtos, ingredientes e processos para estes mercados. DR – No momento, qual é a maior tendência em termos de desenvolvimento de balas e caramelos? Marise – O mercado de balas e confeitos tem caminhado na tendência de substituição de corantes e aromas artificiais por alternativas naturais, seja através da adição de corantes, extratos ou concentrados naturais, como pela incorporação www.docerevista.com.br de frutas. Este movimento ainda é tímido no Brasil, mas deve ser impulsionado pelas dificuldades de exportação para países onde esta restrição é mais acentuada. Produtos com maior valor agregado, considerados com qualidade premium, com sabores exóticos, extremos ou étnicos, combinações inusitadas de sabores e sensações (quente e frio, doce e salgado ou agridoce, por exemplo) e texturas diferenciadas têm espaço na distinção dos produtos de consumo de massa. Para balas e confeitos, a criação de produtos experienciais, isto é, destinados a causar experiências sensoriais e emocionais nos consumidores são interessantes. A inovação se concentra na satisfação do desejo dos consumidores em ter novas experiências sensoriais, experimentar novas sensações, consumir novidades e arriscar consumir produtos novos que ofereçam gratificação emocional. A indulgência consciente, ou seja, a busca por produtos de consumo por impulso, mas que apresentem um aspecto de “mais saudável” tem-se destacado na utilização de frutas reconhecidamente com potencial funcional ou nutritivo, como aquelas com características antioxidantes, por exemplo as superfrutas. Apesar de ainda pequeno, o segmento de confeitos com redução de açúcar apresenta boas perspectivas de crescimento. Nesta linha, a utilização de edulcorantes naturais têm se mostrado uma tendência, principalmente em países da Europa. Maio 2014 Doce Revista 31 32 Doce Revista Maio 2014 www.docerevista.com.br www.docerevista.com.br Maio 2014 Doce Revista 33 Giro QUEM: MONDELEZ PRODUTO: BIS GANCHO: SABOR MORANGO Grife campeã da Mondelez no segmento impulso, Bis retorna às gôndolas em bandeja no sabor morango, uma das versões de maior sucesso da marca, em edição limitada. Com a crocância que é marca registrada do confeito, o Bis Morango Gostosão leva cobertura de chocolate ao leite e recheio sabor morango. “É uma das variantes mais pedidas pelos consumidores e, por isso, decidimos juntar a receita inconfundível de Bis com essa preferência do público. O apelido gostosão ajuda a trazer uma brincadeira e reforçar o posicionamento da marca”, comenta Fernanda Pincherle, gerente de marketing de Bis. Marca líder de chocolates no Brasil, segundo dados da Nielsen, Bis detém 11% do faturamento da categoria no varejo. A novidade, completa Fernanda, será comercializada exclusivamente na versão bandeja e pode ser encontrada desde maio nas gôndolas dos principais varejistas de todo o Brasil ao preço sugerido de R$ 3,79. O lançamento complementa o portfólio que, além do sabor Morango Gostosão, oferece as versões Ao Leite, 34 Doce Revista Maio 2014 Laka e Yogo, os formatos para consumo on the go Bis Xtra e Bis Big, além do Mini Bis bag e copo de 30g. está também disponível na tradicional embalagem individual de16g e em tablete de76g, completa ele. QUEM: GAROTO PRODUTO: BATON GANCHO: QUATRO UNIDADES QUEM: ALISPEC PRODUTO: BRIGADEIRO FESTA JÁ GANCHO: FÓRMULA CASEIRA Para diversificar o portfólio e oferecer mais praticidade aos consumidores, a Alispec incrementa seu arsenal para food service e varejo com a linha Festa Já, de produtos diferenciados e Um dos itens mais queridos da Chocolates Garoto, o confeito Baton enfeita os pontos de venda (PDVs) a partir de junho em uma versão de caixinha contendo quatro unidades avulsas de16g, com tampa abre-fecha. É mais uma das recentes novidades do chocolate, que acaba de ganhar 65% a mais de leite, ficando ainda mais cremoso. O formato multipack é prático e confere maior visibilidade ao produto nos PDVs do trade, ampliando a exposição para além das prateleiras e espaços tradicionais. “Essa melhoria foi resultado do compromisso com nossos consumidores. Além disso, ela foi pensada para uma compra planejada em supermercado, numa embalagem prática para ter em casa”, argumenta Guilherme Almeida, gerente de produto da Garoto. Além da caixinha com quatro unidades, Baton de abertura fácil, que apresenta inicialmente três brigadeiros enrolados e passados no granulado, já prontos para degustação. O Brigadeiro Festa Já possui fórmula caseira, que incorpora mais chocolate e textura cremosa. Sua embalagem é segura, prática e vem com um cartão na base com informações nutricionais. Primeira a exibir esse formato, a linha Festa Já pode ser conferida desde maio ao preço médio de R$ 2,00 cada embalagem no trade da categoria. QUEM: MONDELEZ PRODUTO: BELVITA GANCHO: MAÇÃ E CANELA Produto global da Mondelez Inter- www.docerevista.com.br national, BelVita é a marca para produtos integrais com cereais da Mondelez Brasil, que acaba de lançar o sabor maçã e canela, incluindo mais uma opção para o consumo de biscoitos no café da manhã. A novidade terá uma campanha para consolidar esse posicionamento, informa a companhia. Sucesso de vendas da ala de biscoitos da Mondelez, BelVita cravou crescimento de 400% em volume na leitura feita entre janeiro e fevereiro de 2014 diante do mesmo bimestre de 2013, reporta a consultoria Nielsen. O levantamento mostra que a performance da marca ajudou a impulsionar a categoria de biscoitos saudáveis, que cresceu 48% em volume no mes- www.docerevista.com.br mo período nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, onde por sinal a marca é comercializada. Com o propósito de ofertar um sabor aliado a pedacinhos de fruta, BelVita sabor Maçã e Canela apresenta em sua formulação quatro cereais integrais (trigo, centeio, cevada e aveia), é fonte de vitamina E, de vitaminas B1, B3 e minerais como ferro e magnésio, reforçando o perfil de opção saudável para o café da manhã. Além de agradar a maior parte dos paladares, a combinação compõe o portfólio da marca nos Estados Unidos e promete ser sucesso de vendas também no Brasil por ser um sabor diferenciado do restante da linha, com alto potencial de gerar volume. BelVita Maçã e Canela pode ser encontrado nas gôndolas dos principais varejistas, exceto no Norte e Nordeste, em embalagens individuais com três unidades de 30g e packs contendo três sachês, totalizando 90g. Com o lança- mento, a marca passa a ter em seu portfolio cinco sabores (avelã com cacau, coco com gotas de cacau e cereais, mel e cacau e aveia com leite) ao preço sugerido de R$ 2,99 a embalagem de 90g. QUEM: ARCOR PRODUTO: DANIX GANCHO: NOVA LICENÇA O mundo fabuloso da Dreamworks ganha presença nas embalagens da linha Danix, marca de biscoitos infantis da Arcor. Com um conceito infantojuvenil, a licença traz os personagens da animação Como treinar o seu Dragão 2 estampados nos biscoitos e nas embalagens. Aclamado pela critica e indicado em duas categorias para o Oscar, o Maio 2014 Doce Revista 35 Giro primeiro filme fez um enorme sucesso e, por isso, a sua sequência é um dos desenhos de longa metragem mais esperados de 2014, com estreia prevista para junho nas telonas. “Danix sempre atrela seus produtos a licenças de sucesso no mercado com o objetivo de agregar valor, bem como atrair a atenção dos consumidores”, pontua Eduardo Rizzo, gerente de marketing da Arcor, esclarecendo que a meta é inserir Danix entre as quatro marcas mais importantes no mercado brasileiro de biscoitos recheados infantis. As três linhas atuais de Danix exibem recheados de 140g nos sabores Chocolate, Morango, Choco-Choco e Choco Shake (que confere sensação de gelado na boca); cookies de 175g e uma versão monodose de 25g nos sabores Baunilha e Chocolate; e miniwafers quadradinhos e crocantes em porções ideais para o lanche, nos sabores Chocolate e Morango. QUEM: M.DIAS BRANCO PRODUTO: RICHESTER GANCHO: EDIÇÃO ESPECIAL Para entrar no clima do esporte preferido do brasileiro, a Richester, marca da M.Dias Branco, criou uma edição especial da linha Animados Zoo Doce. Os biscoitos, que até então tinham apenas formatos de animais, ganharam também formato de bola, camisa, chuteira e campo de futebol. Já as embalagens levam as cores do Brasil, verde e amarelo, bem como as camisetas que os personagens vestem. Os biscoitos Animados Zoo Doce da edição especial estão disponíveis nos sabores leite e chocolate em pacotes de 100g, tamanho ideal para os torcedores consumirem curtindo jogos com os amigos a qualquer hora e em qualquer lugar. A novidade é sazonal e pode ser conferida no varejo desde maio no estado do Rio de Janeiro e no Norte e Nordeste brasileiros. • Top do mês 36 Doce Revista Maio 2014 www.docerevista.com.br www.docerevista.com.br Maio 2014 Doce Revista 37 Saúde & Bem-Estar Aperitivos saudáveis Fhom investe em linha de batatas chips e torradas orgânicas M ais conhecida pelas linhas de batata chips, torradas e croutons, a Fhom construiu nome no varejo brasileiro pela excelência da qualidade dos itens que fabrica. Apesar da produção contigenciada por esse cuidado com o fazer bem, a empresa ostenta hoje em seu portfólio 145 itens, que abrangem as áreas de panificados, biscoitos e snacks. Com capacidade em torno de 30 toneladas mensais, a indústria instalada no ABC paulista consolidou no início deste ano um dos seus projetos mais ousados. Para manter a média de crescimento anual na faixa de 18% a 20%, investiu em torno de R$ 900 mil em equipamentos para desenvolvimentos e embalagens e, desde maio, vem operando uma linha de produtos orgânicos. “Estamos acreditando nesse projeto que tende a crescer e tomar corpo próprio. Para isso, providenciamos uma estrutura inteiramente dedicada a esse tipo de produção. Além de facilitar a parte de inovação, ela irá agregar itens, hoje convencionais, que serão aos poucos convertidos para orgânicos”, relata Marisa Vidoz, diretora da Fhom. Na entrevista a seguir, ela conta os desafios para transformar a linha de produção e abre os planos para diversificar o atual menu. DR – Por que a Fhom decidiu ingressar no filão orgânico? Marisa – Desde sempre buscamos inovações, pois sempre tivemos essa veia pioneira. Um bom exemplo são os croutons, já que fomos a primeira empresa a fabricar esse item no país, em 1996. Quando participamos de um grupo de empresas incubadoras de produtos orgânicos, de início com as inéditas batatas fritas orgânicas no Brasil e logo em seguida, com a linha canapé de torradas integrais orgânicas, não tivemos dúvidas de que se tratava de uma excelente opor38 Doce Revista Maio 2014 DR – Quais foram as maiores dificuldades encontradas? Marisa – Foi o desenvolvimento de fornecedores para a linha de batatas orgânicas, pois as variedades disponíveis hoje nos supermercados, mesmo com a tarja de orgânicas, não são adequadas ao processo industrial de fritura Marisa linha de orgânicos para puxar crescimento anual de 20%. para a obtenção de batatas tunidade. Esse mercado cresce cerca de chips e palha. Foram muitas idas a pe25% ao ano e sua clientela tem uma ca- quenos produtores rurais para desenvolrência de produtos diferenciados. O filão vermos o suprimento de matéria-prima de orgânicos no Brasil ainda é pequeno. ideal. Com as torradas, os ingredientes já Exibe problemas de estruturação da ca- são encontrados no mercado doméstico, já deia e pouca profissionalização, além de que são semelhantes à fabricação de pães preços ainda considerados altos. Mas a e bolos orgânicos. O maior problema era crescente demanda interna e, sobretudo, produzir uma torrada de sabor agradável o seu potencial, segue encorajando uma e que não quebrasse facilmente, pois uma produção, que movimenta algo em torno das características-chave de nossas torradas é que elas são superfinas. de R$ 1,5 bilhão ao ano. DR – Como foi o desenvolvimento da DR – Quais foram as primeiras linha orgânica? medidas para realizar esse projeto? Marisa – O primeiro passo foi conMarisa – Pela experiência que temos tratar uma empresa de assessoria para com batatas convencionais, sabíamos a fabricação de orgânicos, que apontou que era necessário uma variedade espealgumas mudanças na nossa fábrica para cífica de batatas orgânicas. Ela teria que adequarmos melhor a produção. Devido à se adaptar à fritura e, portanto, tivemos experiência que acumulamos fornecen- que desenvolver um produtor disposto do para o segmento de marcas próprias, a se aventurar conosco, plantar novos já tínhamos grande parte dos controles tipos de sementes e aguardar 110 dias necessários para promover a conversão. com elas na terra para testá-las. Após Após fazermos as mudanças necessárias escolhermos a melhor variedade, dena planta, fomos, como é praxe, submeti- mos o aval para plantá-la e esperar mais dos a auditorias. A empresa certificadora 110 dias para termos a batata na fábrica de orgânicos Ecocert se encarregou das pronta para fritar. Enquanto esperávamos instalações e controles de produção. A as batatas, fizemos os testes com as torSociedade Vegetariana do Brasil foi quem radas, e foram muitos, até acertarmos a cuidou da certificação para o mercado receita ideal. Como não podíamos vender vegano. Após o cumprimento de rígidos as torradas de testes, nossos funcionários procedimentos e da documentação exigi- levaram para casa. Foi assim que realizada novamente fomos submetidos a audi- mos os testes de degustação e as receitas foram aperfeiçoadas. • toria e conseguimos obter o selo vegano. www.docerevista.com.br
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