Veja o PDF da edição

Transcrição

Veja o PDF da edição
BISCOITOS
l
CANDIES
l
CHOCOLATES
l
SNACKS
l
SUCOS E REFRESCOS
28
Nº 235
Maio 2014
Um banho
de luz
Inovação ilumina
crescimento e marketing
da indústria de candies
INTERPACK & FISPAL
TECNOLOGIA
o estado da arte em
linhas de confeitos
HERSHEY’S
a estratégia de Marcel
Sacco para crescer
com a marca Reese’s
Carta do Editor
A n o X X V I I I - n º 2 3 5 - M A I O de 2 0 1 4
Diretores
Beatriz de Mello Helman e Hélio Helman
REDAÇÃO
Diretor Hélio Helman
[email protected]
Editor Fábio fujii
[email protected]
Diretor de Arte samuel felix
[email protected]
administração
Diretora BEATRIZ Helman
[email protected]
Publicidade
Antonio Canela barreto
Jalil issa gerjis jr.
Sérgio antonio da silva
Alessandra gherardi
[email protected]
International Sales
multimedia, inc. (USA)
Fone: +1-407-903-5000 - Fax: +1-407-363-9809
U.S. Toll Free: 1-800-985-8588
e-mail: [email protected]
Assinatura keli oyan
Fotografia shutterstock
Foto da Capa shutterstock
Design da Capa samuel felix
Bureau, CTP e Impressão IPSIS GRÁFICA E EDITORA
EDITORA
DEFINIÇÃO
Doce Revista é uma publicação mensal da
Editora Definição Ltda. (CNPJ 60.893.617/0001-05)
dirigida ao setor doceiro e às suas redes de atacadistas,
distribuidores, varejistas e supermercadistas.
Redação, administração e publicidade:
Rua Itambé, 341 - casa 15 - São Paulo - SP - 01239-001
Fone/Fax: (011) 3666-8301
e-mail: [email protected]
site: www.docerevista.com.br
Dispensada da emissão de documentação fiscal,
conforme Regime Especial Processo
DRT/1 nº 11554/90 de 10/09/90.
Circulação JUNHO de 2014
Membro da Anatec
Associação Nacional das editoras
de publicações técnicas dirigidas
e especializadas.
Chuva de críticas
nas redes
D
esbravadora da ala de software para
gestão da comunicação on-line na
América Latina, a empresa E.life iniciou suas atividades há cerca de dez anos e,
atualmente, conta com unidades de serviços
nas áreas de Monitoramento, Pesquisa & Inteligência e Social CRM. Ela também desenvolveu o Buzzmonitor, plataforma digital para
monitoramento, relacionamento e mensuração da performance de marcas, produtos
e serviços em redes sociais. Desde o ano
passado, a empresa observa a movimentação de consumidores durante a Páscoa nas
redes sociais, através da análise de posts
de milhares de internautas, como detalha o
artigo que abre a seção MIX da presente edição. Entre os dados curiosos não inseridos
na matéria consta o registro de que o ovo
trufado mais lembrado pelos internautas foi
o da Cacau Show, sobretudo nas versões de
maracujá e brigadeiro. Já o ovo Rocher foi
o item de marca mais comentado, seguido
pelo ovo Kinder, ambos da Ferrero. O levantamento constatou que a presença da Lacta,
como terceira marca mais comentada, pode
ser atribuída à ação do Procon- RJ, que recolheu das prateleiras o ovo Bis Xtra, impugnado por entidades de defesa do consumidor
por estampar a frase “personalize a embalagem com adesivos e sacaneie seu amigo”.
O produto acabou acusado de promover o
bullying. Todavia, a Mondelez, detentora da
marca, prontamente entrou em acordo com
a Secretaria de Proteção e Defesa do Consumidor, e a venda do produto foi autorizada
mediante retificação no texto da embalagem.
Também as barras de chocolate da marca
foram bastante lembradas pelos internautas. Com relação à Nestlé, o tópico de maior
destaque coube ao pronunciamento da companhia a respeito dos preços praticados na
data. Depois que um consumidor inseriu um
post no Facebook comparando o preço do
ovo Alpino com o da barra desse mesmo cho-
colate, a Nestlé decidiu se defender. Em nota,
ela explicou que fatores como mão de obra,
embalagem, transporte especial e armazenamento justificavam o preço mais caro do
ovo. Também após internautas terem criado
uma petição no site change.org solicitando
a criação de um ovo de Páscoa do personagem Harry Potter foi a vez da Garoto, detentora de diversos licenciamentos infantis, ser
diversas vezes lembrada no monitoramento
da E.life. As barras de chocolate da marca,
por sua vez, foram eleitas pelo público como
opção mais em conta aos ovos de chocolate
com preços nas alturas. Já no ano passado
a E.life havia captado que o brasileiro tinha
deixado a tradição da Páscoa de lado e presenteado com barras de chocolates no lugar
dos ovos. Mais de 16,4 mil depoimentos no
Twitter consistiram em relatos de pessoas
que demonstraram interesse por outros tipos
de confeitos de chocolate como forma de driblar a alta dos preços dos ovos. No Facebook,
as críticas relacionadas ao custo das barras
de chocolate em detrimento dos ovos tomaram conta de 22% do total de depoimentos
analisados, enquanto que, no Twitter, a publicação de posts referentes ao custo do ovo
de Páscoa eclodiu em forma de ironia, aliás,
uma das características do público que prestigia o microblog. •
Maio 2014 Doce Revista
3
Sumário
24 CAPA
BALAS E CARAMELOS a receita para crescer
Escaldada por anos a fio de estabilidade na produção e vendas, a indústria
redescobre a trilha do desenvolvimento, formulando apostas em produtos
inovadores, com apelos sensoriais e marketing afinado com públicos-alvos
08 ENTREVISTA
HERSHEY’S o trunfo de Marcel Sacco
O diretor geral da subsidiária local da companhia número um do setor de
chocolates na América do Norte conta a estratégia para introduzir a marca
Reese’s no Brasil e manter o crescimento na faixa de dois dígitos
16 VITRINE ATACADISTA
SALVADOR NEWS demanda de balas ainda em alta
Operação atacadista especializada em candies degusta o avanço
acelerado no comércio de doces, puxado sobretudo por clientes de lojas no
estilo bonbonnière que proliferam na capital baiana e região
18 FEIRA
INTERPACK E FISPAL TECNOLOGIA o portfólio atualizado
Em meio a uma perspectiva otimista na cena internacional e
desaceleração na economia brasileira, as principais mostras mundial
e local de linhas de produção para o setor de confectionery exibiram a
vanguarda em máquinas e sistemas
SEÇÕES
06MIX empresa de comunicação on-line E.life levanta as marcas de chocolate
mais citadas no Twitter durante a Páscoa, entre outros destaques
14CONSULTORES a análise de especialistas dos mercados de açúcar e cacau
32DESTAQUE enquete exclusiva apura opinião do trade sobre vendas de
salgadinhos durante e após a Copa
34GIRO os lançamentos que enfeitam as prateleiras do atacado distribuidor doceiro
38SAÚDE & BEM-ESTAR o esforço da Fhom para conquistar certificações e
ingressar no mercado de produtos orgânicos
4
Doce Revista Maio 2014
www.docerevista.com.br
MIX
REDES SOCIAIS
Páscoa no Twitter
P
otência
na América Latina em serviços
e software para
inteligência estratégica e gestão da comunicação on-line, a E.life voltou a levantar as marcas de
chocolate mais citadas no Twitter durante
a Páscoa. Alessandro Barbosa Lima, CEO
da empresa, insere que o estudo deste
ano reuniu e analisou 111,5 mil posts e
82.120 internautas, no período de 26 de
março a 8 de abril. “Os ovos de Páscoa
se destacaram no boca a boca sobre chocolate durante o período monitorado, com
91,7% dos depoimentos. As barras de
chocolate foram citadas em 9,9% e 2,1%
dos posts compararam os dois produtos.
Já com relação ao perfil dos internautas,
69% eram mulheres e 31%, homens,
sendo que o Sudeste representou 55%
desse público”, repassa ele.
As marcas que apareceram em destaque foram Cacau Show, com 4.222
citações; Ferrero, com 939 menções e
Lacta, com 605. Durante 14 dias foram
monitoradas as marcas Amor aos Pedaços, Arcor, Brasil Cacau, Cacau Show,
Ferrero, Garoto, Havanna, Kopenhagen,
Lacta, Nestlé e Ofner. No comparativo
com 2013, Cacau Show, Ferrero, Lacta e
Nestlé se mantiveram nos quatro primeiros lugares. A mudança ficou por conta
da Garoto e da Kopenhagen, que inverteram as posições, mas tiveram pratica-
mente o mesmo número de citações com
relação ao período anterior. Amor aos
Pedaços e Ofner, que não foram citadas
no estudo do ano passado, entraram nas
últimas posições do ranking, à frente da
Havanna. Os depoimentos, observa Barbosa Lima, foram acentuadamente ligados ao desejo de comprar ou ser presenteado. Os internautas utilizaram as redes
para informar o que gostariam de receber, colocando a sugestão de presente, e
muitas vezes fazendo brincadeiras com
seus seguidores. Eles também usaram o
Twitter para anunciar o que compraram e
para reclamar sobre os preços. O maior
número de retuites, exemplifica, esteve
relacionado a preços, geralmente com
críticas aos valores cobrados.
AQUISIÇÃO
E
ntre as maiores fabricantes
de chocolate
do mundo, a americana Hershey anunciou que sua subsidiária
holandesa assinou acordo para comprar
80% da fabricante chinesa de doces e salgadinhos Shanghai Golden Monkey Food
(SGM), em um negócio estimado em U$
Negócio da China
584 milhões, incluindo dívidas no valor de
US$ 86 milhões. A empresa chinesa deve
totalizar receita líquida de US$ 225 milhões
em 2013, com crescimento anunciado de
dois dígitos sobre o ano passado, segundo
comunicado assinado pelo presidente da
Hershey International, Humberto Alfonso. O
negócio, segundo o executivo, deve ser concluído até o final de junho e está sujeito à
aprovação de órgãos reguladores da China,
além dos acionistas da companhia adquirida. O pagamento será feito em dinheiro no
fechamento da operação, informa Alfonso. A
empresa chinesa produz chocolates, doces,
salgadinhos e produtos à base de proteína
sob a marca Golden Monkey e continuará
operando como um negócio independente,
reportando-se à Hershey International.
PARCERIA
Sobremesa de paçoca
D
urante as festas juninas, os apaixonados pelo tradicional doce brasileiro à base de amendoim irão
apreciar uma deliciosa novidade. A rede
de restaurantes Giraffas, em parceria com
a Santa Helena, oferece aos clientes um
menu com milk shake, sobremesa cascão
e sundae à base do confeito Paçoquita,
ícone da marca paulista no filão de doces
de amendoim. Os produtos estarão disponíveis nos restaurantes da rede até 15 de
julho, informa Ricardo Guerra, diretor de
marketing do Giraffas.
Essa, acrescenta ele,
é a segunda vez que
a ação é realizada.
“Em função do grande
sucesso de 2013, o mix de sobremesas
com a Paçoquita foi ampliado, incluindo
o sundae e o cascão”, sublinha o diretor,
completando que a estimativa das duas
empresas é que as vendas cresçam 20%.
Os milk shakes serão servidos nos tamanhos pequeno (300 ml) e médio (500 ml) e
a divulgação da edição comemorativa
será feita por meio de materiais nos pontos de venda (PDVs) e pelas redes sociais.
“A parceria entre Giraffas e Santa Helena
foi muito bem aceita pelos nossos consumidores, por isso, resolvemos ampliá-la”,
conclui Guerra.
Em nosso site
Desafios do chocolate gourmet
I
nserido na programação de cursos
técnicos do Cereal Chocotec – Centro de Tecnologia de Cereais e Chocolate, do Ital (Instituto de Tecnologia
de Alimentos), o seminário A Fabricação de Chocolates Gourmet: Aspectos
Sensoriais e Melhoramentos, realizado
em maio, foi resultado da parceria entre o pesquisador Pedro Pio Campregher Augusto e a maitre chocolatier
carioca Mirian Rocha. Destinado a
profissionais da indústria de confectionery ligados à chocolateria gourmet
e artesanal, o treinamento abordou os
principais processos tecnológicos envolvidos na produção de chocolate de
alta qualidade, bem como o conceito
de premium/gourmet aplicado na chocolateria com o fim de estimular a criatividade do artesão chocolateiro e auxiliar na criação de produtos exclusivos.
O produto gourmet, esclarecem
a chef e o pesquisador, é aquele que
transcende as características inerentes de qualidade e atinge significados
mais amplos no julgamento do con-
sumidor, oferecendo uma experiência
que o distingue de um produto tradicional. “Não está relacionado com
opulência e esnobismo, como muitos
podem achar, e sim com sofisticação
consciente e máxima atenção conferida a todos os aspectos do produto”,
frisam os especialistas. Os principais
tópicos do curso podem ser conferidos
em artigo do pesquisador Pedro Augusto publicado na íntegra no site de
Doce Revista/Matérias Técnicas (www.
docerevista.com.br).
ENTREVISTA
Ela quer mais
A aposta da Hershey’s na marca Reese’s para
manter o ritmo de crescimento no Brasil
Marcel Sacco empresa tem crescido no brasil acima de 20% ao ano.
M
aior produtor de chocolate na
América do Norte, a Hershey
Company abriga um portfólio com
mais de 80 marcas, mobiliza operações
em todo o mundo e ostenta um faturamento superior a US$ 7 bilhões. No Brasil,
a empresa iniciou sua operação em 1998,
via importações diretas da matriz na Pensilvânia (EUA), introduzindo marcas hoje
praticamente consolidadas como Kisses,
Almond Joy e as barras Hershey’s. Em
2001, a companhia adquiriu a fábrica da
Visconti, em São Roque (SP) e incorporou
ao menu local a pasta Io-Iô Crem e uma
linha de granulados, iniciando, no ano
seguinte, sua produção doméstica, com
formulações e embalagens adaptadas
às preferências dos consumidores brasileiros. Em 2008, a Hershey’s alinhavou a
joint-venture atualmente em curso com a
Bauducco (grupo Pandurata), maior fabricante de panetones e forneados do Brasil, ampliando sua presença no território
nacional. “De bate-pronto, estendemos
à época nossa cobertura de distribuição
8
Doce Revista Maio 2014
a mais de 130 mil pontos de venda nos
principais centros de consumo do Brasil”,
reporta Marcel Sacco, diretor geral da
companhia no país. Em maio, ele anunciou
o lançamento da linha de chocolate mais
vendida nos Estados Unidos: o Reese’s,
marca icônica conhecida em todo o mundo que, inicialmente, será importada para
o mercado brasileiro. “É a combinação
perfeita de chocolate e recheio de creme
de amendoim em um formato único e exclusivo de cup, agora disponível nas gôndolas brasileiras, cristalizando a fama da
Hershey’s de promover deliciosas experiências de chocolate para o mundo todos
os dias”, assinala Sacco. Há apenas quatro meses à frente da operação, o executivo iniciou a carreira 26 anos atrás na ala
de marketing da Bauducco, acumulando
passagens por grandes players do setor
de confectionery, como a Cadbury Adams (hoje incorporada à Mondelez). Nesta
entrevista à Doce Revista (DR), o dirigente
abre os planos da companhia para a marca Reese’s e analisa os projetos para o
presente e futuro da Hershey’s no Brasil.
Embora com larga experiência no setor de
alimentos e bebidas, com passagens pela
Ceval (Seara), Parmalat e grupo Schincariol, o executivo atuou nos últimos quatro
anos como CEO da Holding Clube, grupo
de agências de marketing e promoção e
ativação de marcas.
DR – Qual a motivação para lançar
Reese’s agora no país?
Marcel Sacco – Apesar da estreia oficial que estamos promovendo, a marca
já tem uma trajetória bem sucedida por
aqui. No ano passado, realizamos um
pré-teste, que confirmou várias boas
impressões a respeito da atuação da
Hershey’s no Brasil. Ficou claro que o público identifica a nossa marca com inovação. Outro dado importante é que ele
(o público) também associa a empresa à
vinda de alternativas diferenciadas. Percebendo as peculiaridades do consumo
de amendoim e nuts aqui, a exemplo do
hábito de apreciá-los em snacks salgados ou doces tradicionais, abriu-se uma
janela para experimentação de uma combinação totalmente inovadora do salgado
com o doce, uma das tendências em voga
no cenário chocolateiro mundial. Ela, por
sinal, remete o consumidor à lembrança do toquezinho salgado do amendoim
da nossa paçoca. Essa combinação é o
grande sucesso do Reese’s no mundo
todo. Por isso, trouxemos no ano passado a principal estrela da linha para testar junto com o consumidor e avaliar sua
aceitação. Em paralelo, testamos a receptividade à intensidade de sabor, posicionamos embalagens, displays, quantidade
e volume. Os testes foram levados a cabo
em praças do Sul, aqui em São Paulo e
no Rio de Janeiro, em alguns clientes parceiros. Dessa forma foi possível também
www.docerevista.com.br
determinar os perfis de loja identificadas
com o produto e o canal que gostaríamos
de distribuir. O resultado foi excelente e
motivou agora a fazer o lançamento em
escala nacional.
DR – Como será a linha e a sua
distribuição?
Marcel Sacco – As versões que inicialmente estamos introduzindo são
SKUs (Stock Keeping Unit) já existentes
nos EUA, em torno de 10 variantes, além
da tradicional. Selecionamos do portfólio aqueles itens que fazem mais sentido para a nossa realidade de mercado.
No caso o two cups (produto criado em
1928), que a gente chama de dois cups
(de 42g), é o principal item da linha e
também o mais vendido em qualquer
mercado onde Reese’s está presente.
Ele proporciona a experiência completa
de degustação, com a quantidade ideal
de produto. Um dos trunfos de Reese’s é
que, na prateleira, ele sobressai pela cor
e presença, chamando muito a atenção.
www.docerevista.com.br
O two cups é a principal estrela da linha
e o mais apreciado em todo o mundo. Já
a peça unitária, em miniatura, está sendo
introduzida justamente para gerar experimentação e fazer a linha ganhar mais
espaço na distribuição. Quanto maior for
a oportunidade de o consumidor experimentar, mais chance ele vai ter de conhecer o produto, gerando mais consumidores fieis para a marca. Nesse primeiro
momento ainda não teremos distribuição
em todo o Brasil. Desde abril, a cobertura
vem sendo implementada no Sul e Sudeste. No varejo, a peça unitária ingressa
a R$ 0,55 a unidade e o two cups, a R$
2,49. O trabalho de introdução da marca
prosseguirá em segredo, pois não podemos contar tudo ainda. Mas a aposta é
grande, uma vez que Reese’s é a principal
marca da companhia. Embora ainda não
seja cogitada, a fabricação local é uma
possibilidade não descartada, que vai depender de diversos fatores, como escala e
conveniências comerciais.
DR – Como vê a trajetória da Hershey’s
e onde atualmente estão as chances no
filão de chocolates no Brasil?
Marcel Sacco – A grande oportunidade
e que encaixa dentro do DNA da própria
Hershey’s é a gente trabalhar com diferenciação. Primeiro temos que cuidar da
qualidade dos produtos no sentido deles
serem diretamente associados a essa
característica, reconhecidos por isso. No
caso da Hershey’s, contamos com um
portfólio de marcas muito forte globalmente, com itens de extrema qualidade
e que também são muito diferenciados.
O Reese’s, que acabamos de lançar, é
um superexemplo. Estamos falando de
produtos únicos, os quais a concorrência
globalmente não consegue reproduzir
ou imitar. Foi sob esse olhar que surgiu
a grande oportunidade no Brasil desde a
chegada da companhia. E a Hershey’s tem
crescido muito desde esse desembarque, especialmente, com a joint-venture
fechada com a Bauducco. Essa oportu-
Maio 2014 Doce Revista
9
ENTREVISTA
Two cups e miniatura estrela da linha e minidose
para gerar experimentação.
nidade está ligada diretamente ao que a
fabricante está trazendo: a qualidade que
tem globalmente com a força das nossas
marcas mundiais. Mesmo num segmento tão consolidado como o de barras, a
Hershey’s ingressou trazendo diferenciação, por exemplo, com a barra Hersheys
Ovomaltine. A gente traz novidade, traz
diferenciação e consegue alavancar. O
Cookies ‘n’ Creme é outro exemplo, que
inaugurou o segmento de barra com biscoito no Brasil. É mais um caso de como
a diferenciação contribui com a oportunidade. Isso tudo ajuda a gente a alavancar
o crescimento.
DR –Quais outros caminhos para melhor
se posicionar no setor?
Marcel Sacco – O mercado de chocolates no Brasil é ainda muito concentrado e liderado por marcas com bastante
tempo de vida. A Hershey’s, por seu turno, exibe hoje uma participação de mercado bastante interessante. Temos crescido firmemente nos últimos 2-3 anos e
somos na cena atual uma das marcas de
chocolate que mais cresce no Brasil. Não
abrimos informações de market share,
mas posso assegurar que a companhia
está satisfeita nos segmentos onde
atua, com o atual grau de participação
e, principalmente, tendo em vista a velocidade com que essa participação vem
crescendo. Tudo isso abre perspectivas
bastante positivas. Aproximadamente,
temos crescido acima de 20% nos últimos anos, que é uma marca bastante
importante, num ritmo forte. Posso dizer
10
Doce Revista Maio 2014
que, nos últimos seis anos, a empresa
dobrou de tamanho duas vezes.
DR – Em que se apoia esse avanço
intenso?
Marcel Sacco – A performance da
companhia vem a reboque do nosso posicionamento de marcas, no foco em chocolate e na penetração bastante transversal, que cobre desde a criança até os
adultos e a família, de maneira uniforme.
Todos apreciam chocolate. O que procuramos fazer com nosso mix é atender de
maneira específica cada uma dessas faixas de público. Nosso foco com Hershey’s
Mais, por exemplo, que é o confeito à base
de wafer da marca, é claramente o público jovem, embora conceitualmente esse
produto seja de consumo familiar. Nesse
caso, o que buscamos é comunicar com
o jovem, falarmos prioritariamente com
ele, até pelo posicionamento de compartilhamento de Hershey’s Mais, de curtir o
prazer do chocolate com os amigos e com
a turma. Já com a linha de barras de 130g
temos trabalhado com a família como um
todo, sendo que alguns sabores são direcionados mais para as crianças, a exemplo de Hershey’s Sucrilhos, e outros mais
para os adultos, como a barra Hershey’s
Special Dark 60% de Cacau. Contar com
uma linha completa, que abrange toda a
família, permite isso. Ultimamente, aliás,
nosso empenho maior tem sido nesses
dois segmentos: de wafer e barras.
DR – E quanto aos outros itens da linha?
Marcel Sacco – Lá atrás, quando a
Hershey’s chegou, a importação inicialmente era dedicada às barras Hershey’s,
Kisses e Almond Joy. São marcas vivas
e fortes que estão aí até hoje, superconsolidadas e crescendo. Kisses é a marca
que a gente trabalha a Páscoa e a nossa
oferta de gifting ou segmento de presentes de chocolate. Não são variantes
comercializadas esclusivamente na Páscoa, mas principalmente intensificadas
com a proximidade da data. Já Almond
Joy compõe hoje a nossa caixa de bombons sortidos (Clássicos & Importados,
de 300g). Essa marca segue vendendo
www.docerevista.com.br
ENTREVISTA
no Brasil mais nesse formato da caixa
de bombons. O portfólio é muito rico e as
marcas são muito fortes. O que estamos
fazendo de maneira estruturada e planejada é focar nossas prioridades e desenvolver as plataformas uma por uma. Todo
os produtos são fabricados na planta em
São Roque, com exceção de Reese’s, que
vem sendo trazido da matriz na cidade
de Hershey, na Pensilvânia. Estamos trazendo o produto e, nesse momento, os
trabalhos são focados no sentido de desenvolver mercado para ele.Temos uma
missão grande de crescer e é natural que
se o negócio ganhar escala a linha será
também produzida aqui.
DR – Como está hoje a estrutrura de
distribuição?
Marcel Sacco – Desde 2000, com a
produção local, a lucratividade da companhia avançou. Mas a operação teve
um impulso grande mesmo com a parceria com a Bauducco. Nesses últimos
seis anos ela tem operado a parte de
12
Doce Revista Maio 2014
distribuição e logística e, com isso, a
Hershey’s ganhou uma musculatura e
uma presença na cena nacional muito
maior. Isso tem acelerado nosso crescimento cada vez mais. Como frisei nosso
avanço é pautado pelo portfólio com qualidade e produtos diferenciados e presença no ponto de venda pelo braço da
distribuição. É um trabalho permanente.
A nossa estrutura de distribuição hoje já
é bastante robusta. Chega em todos os
principais canais de distribuição e é um
trabalho que estamos implementando
agora de conquistar cada vez mais espaço. Além de contar com a estrutura da
Bauducco, temos equipe própria e distribuidores parceiros em algumas regiões.
A cobertura é bastante eficiente no sentido de atingir os canais de autosserviço,
o varejo tradicional e de pequeno porte,
além do atacado. É importante estarmos juntos com a Bauducco por várias
razões. A primeira é se associar a uma
marca tão forte, com um conjunto de
valores muito parecido com os nossos,
de foco na inovação,
na qualidade, na liderança, cuidado com
distribuidor, apresentação, embalagem.
É muito positivo isso,
porque a gente fala a
mesma língua. Temos
uma sinergia muito
grande e isso acaba
sendo um serviço a
mais para o cliente.
Quando a equipe da
Bauducco chega com
oferta de chocolate e
toda parte de panificação leva um mix
muito mais completo.
DR – Como o Brasil
se insere nos
planos globais da
Hershey’s?
Marcel Sacco – O
mercado brasileiro é
um dos maiores de chocolate do mundo.
Há inúmeras oportunidades e nosso foco
é continuar crescendo fortemente, como
tem sido nos últimos anos. Nosso trabalho é focado no trazer diferentes coisas
para inovar e surpreender o consumidor.
Vamos estar sempre avaliando as melhores alternativas de uma fortaleza que
a gente tem, que é ser uma das maiores empresas de chocolate do mundo. A
Hershey’s está basicamente no mundo
inteiro, com mais presença no México,
Canadá, China, Índia e Rússia. O trabalho
que tem sido feito é o de fortalecer as
marcas. A gente é muito novo no Brasil e nossa missão é fortalecer nossas
marcas. Nos EUA, a Hershey’s tem uma
liderança consolidada e bastante isolada
do segundo colocado. Mas nosso desafio no Brasil é consolidar as marcas que
temos aqui. Competimos com empresas
e marcas que estão aqui há 100 anos.
Nós, por outro lado, estamos de fato presente no mercado nacional apenas há
cinco. Para quem traz inovação, as oportunidades são grandes e o market share vai ser uma consequência disso. Por
ora, precisamos manter a nossa taxa de
crescimento e continuar sendo cada vez
mais relevantes no mercado brasileiro.O
foco é continuar inovando, fortalecer as
marcas e continuar crescendo.
DR – Como é a estrutura interna hoje?
Marcel Sacco – O portfólio da Hershey’s
que vem sendo trabalhado até aqui é
composto de cerca de 40 SKUs, sem
inversões de embalagem. Em linhas de
produtos temos barras, wafers, barras
de cereal, linha sazonal (Kisses), Io-Iô
Nutricrem, granulado e candy bars (paçoca e cocada) num total de nove itens.
Todos fabricados no Brasil, com exceção
de Reese’s. Estamos comemorando 16
anos de Brasil, desde as primeiras importações e 14, com produção local.
Nossa estrutura aqui é hoje de cerca de
500 colaboradores, incluso efetivo na fábrica e administração. A gente veio para
ficar, o trabalho é de crescimento e consolidação dessa estrutura. •
www.docerevista.com.br
Consultores
Cacau
Reviravolta
surpreendente
A
correção para baixo dos preços ocorreu como havia sido
previsto no mês passado. A
cotação do contrato de julho/14
caiu US$ 116 entre o último dia de
abril e o final da segunda semana
de maio, passando de US$ 2,980
para US$ 2,864. Entretanto, quando praticamente todos os atores
no mercado de cacau contavam
Thomas Hartmann
com a continuação do movimento
de queda para níveis em torno de US$ 2,800 ou mais abaixo,
os preços tiveram uma reviravolta surpreendente e não só recuperaram todas as perdas sofridas como avançaram para novos
picos não registrados há mais de 2,5 anos.
O comportamento do mercado não encontra explicação por
elementos fundamentais. Longe de mostrar indícios de uma possível alta, o cenário aumentou seu viés baixista. As entradas de
cacau nos portos da Costa do Marfim continuam a se distanciar
dos volumes registrados na safra anterior e já os superam em
18%. A previsão da produção no ano-safra 2013/2014 aumentou
ainda mais das 1,6 milhões de toneladas (t) citadas anteriormente para mais de 1,7 milhões. Gana, o segundo maior produtor
mundial, experimenta condições semelhantes. As compras da
estatal Cocobod, que detém o monopólio da comercialização de
cacau, estão 13% acima da safra passada e projetam uma produção total no ano-safra superior a 900 mil t. Enquanto isso, o
consumo mundial apresenta crescimento apenas vegetativo. Estoques excedentes de pó de cacau em alguns mercados inibem
as moagens, cuja taxa anual de aumento não deverá passar de
2,5%. O boletim trimestral da Organização Internacional do Cacau
ainda previu um déficit de 75 mil t para a safra internacional de
2013/2014 que terminará em 30 de setembro, mas a maioria
dos analistas privados já trabalha com a quase certeza de um
superavit, que poderá ultrapassar o marco de 100 mil t.
A principal causa dessa inversão de tendência é a mudança da atitude de um grupo de grandes fundos especulativos
14
Doce Revista Maio 2014
que orientam suas ações pela análise técnica e por modelos
matemáticos, os chamados “fundos sistêmicos”. O outro grupo de fundos, que atua com base em elementos fundamentais, já havia começado a liquidar suas posições compradas
nos últimos dias de abril e assim prosseguiu nas primeiras
semanas de maio, provocando a queda das cotações. Diante
da resultante deterioração do cenário técnico, era de se esperar que os fundos sistêmicos também começassem a liquidar
suas posições, o que teria acelerado o movimento de queda,
mas, em vez disso, eles voltaram a comprar agressivamente
e desencadearam a alta. A situação criada foge inteiramente
à lógica fundamental e torna impossível fazer previsões. A
única coisa que se pode dizer é que a condição atual do mercado de cacau é altamente volátil.
Quanto aos produtos, os ratios da manteiga e do liquor
de cacau no mercado spot norte-americano mantiveram-se
estáveis em 2,68 e 1,51 x Bolsa de Nova York, mas o ratio do
pó de cacau 10/12 desvalorizou-se de 0,73 para 0,68 diante
do excesso de oferta.
Thomas Hartmann é cacauicultor, analista do
mercado internacional de cacau e titular da
TH Consultoria e Estudos de Mercado.
www.docerevista.com.br
Açúcar
Oscilação e
estabilidade
O
mercado internacional de
açúcar apresentou em
maio uma oscilação de
preços que variou entre a mínima
de 17,02 cents/lb e a máxima de
18,25 cents/lb. O preço médio ficou em torno de 17,50 cents/lb.
No curto prazo o cenário tem
apontado dúvidas com relação à
tendência dos preços e está em
Ronaldo Lima Santana
busca de um nível de consolidação.
As incertezas com relação ao tamanho da safra 2014/2015
no Centro-Sul do Brasil, região que concentra a maior produção, e a próxima safra mundial têm sido os pivôs dessa volatilidade nas cotações de açúcar.
Por outro lado, trazendo uma perspectiva de alta, existe
a possibilidade da ocorrência do El Niño, fato esse reforçado
pela atual posição comprada dos fundos de investimentos e
também pela curva ascendente das cotações no mercado de
futuros de açúcar da Bolsa de Nova York.
O gráfico seguinte mostra o comportamento dos preços
do açúcar demerara ao longo do mês na bolsa novaiorquina,
tomando como base o vencimento de maio/2014.
No mercado interno os preços do açúcar (cor até 250
ICUMSA) apresentaram relativa estabilidade com uma sinalização leve de declínio.
Em um cenário de indefinição de preços nos balcões internacionais, unidades produtoras aumentando a oferta no
mercado interno e necessidade de caixa, os preços do açúcar
encerraram o mês de maio apresentando ligeiro viés de baixa. Diante desse ambiente a liquidez continuou se mantendo
reduzida na região, a não ser na faixa inferior de preços, onde
os compradores aproveitam a oportunidade de adquirir o produto a valores mais atrativos.
O gráfico seguinte apresenta os preços médios semanais
negociados em São Paulo apurados pelo Índice JOB Economia de preços.
A JOB Economia atua há 20 anos no mercado, através de
seus relatórios e trabalhos de consultoria. Tem como objetivo principal antecipar movimentos de mercado para um posicionamento
correto nas estratégias empresariais de seus clientes e, por fim,
contribuir para que façam um bom trading.
Solicite um exemplar do relatório e veja como esse trabalho
pode auxiliar na tomada de decisões. Para mais informações acesse
o site [email protected].
Ronaldo Lima Santana é sócio-gerente
da JOB Economia e Planejamento
www.docerevista.com.br
Maio 2014 Doce Revista
15
Vitrine Atacadista
Muitas balas na agulha
Distribuidora Salvador News sobressai entre os
atacados da Bahia com giro pesado de candies
Atacado doceiro balas ainda puxam a demanda do setor de candies na Bahia.
Z
ona imantada para negócios em todos os setores de bens de consumo,
o Nordeste sobressai no mapa da
distribuição nacional pela infraestrutura
hoje estabelecida nos principais estados.
Especificamente na Bahia cintilam operações como a da Distribuidora de Alimentos
Salvador News, potência do ranking local
da atividade atacadista especializada em
candies. Pelos monitores do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),
no início da década atual, o Produto Interno Bruto (PIB) regional superou US$
295 bilhões, enquanto que, para efeito
de comparação, o PIB do Chile ficou em
pouco mais de US$ 199 bilhões. “Os números mostram que a região e o estado
da Bahia, particularmente, são hoje em
dia o mercado preferencial dos agentes
de distribuição, que veem suas atividades
avançarem em linha com o fortalecimento
da renda da população”, observa Heraldo
Batista da Cruz, sócio diretor da Salvador
News. Conforme levantamento da Abad
16
Doce Revista Maio 2014
(Associação Brasileira de Atacadistas e
Distribuidores), repassa ele, o setor cresceu 10,6% em termos nominais, atingindo faturamento de R$ 197,3 bilhões no
último ano. O Nordeste registrou participação de 25,4% nesse resultado e o estado da Bahia abocanhou 4,9% dessa cifra,
informa Cruz. Os agentes de distribuição,
inclusos os atacados especializados em
candies, atendem cerca de um milhão
de pontos de venda (PDV) e distribuem
51,8% do que é comercializado em todo
o país. “O Nordeste como um todo é o segundo maior destino das vendas do setor,
perdendo apenas para o Sudeste”, grifa
Cruz, estimando que o comércio baiano
se equipara, em potencial de mercado, a
estados do Sudeste e Sul do país, comportando um setor atacadista forte e em
franca expansão, representado por operações que atuam em todos os modelos,
de balcão a cash&carry e de distribuidor
exclusivo a agentes de serviços.
No comando da Salvador News, os
empresários e sócios Heraldo Cruz e Bredo Alves avaliam que a venda de doces
em Salvador e região atravessa um período de desenvolvimento sem precedentes,
principalmente pelas iniciativas implementadas pelo governo, além de incentivos dados ao setor, que vêm dificultando
a ação de atravessadores de outros estados. É claro, notam eles, que a manutenção do poder aquisitivo da população tem
sido o motor do consumo mantido nas alturas nos últimos anos, porém o combate
à informalidade e à guerra fiscal contribuem fortemente para os resultados das
operações de abastecimento. “De 2012
para 2013, crescemos 11% e, este ano, a
previsão é a de registrar avanço de mais
10%”, preveem os atacadistas.
A Salvador News abriu as portas há
cerca de dez anos no bairro da Calçada como uma loja do tipo bonnbonière.
“A demanda não parava de crescer e,
além de exigir expansão, notei que havia
uma lacuna na parte de distribuição e a
www.docerevista.com.br
dez pesados, cobrindo um raio de 300
quilômetros da sede em Salvador. “No total nosso portfólio conta com mais de 40
marcas e um mix de cerca de 5.000 itens
nos segmentos de chocolates, snacks e
candies”, detalha o sócio Heraldo Cruz,
informando que 100% das compras são
efetuadas diretamente da indústria, com
frequência mensal.
Cruz crescimento previsto de pelo menos
10% em 2014.
necessidade de uma operação mais robusta para abastecer o mercado”, relata
Alves. Assim, ele partiu para a montagem
da distribuidora, atendendo os próprios
concorrentes no varejo, que também fermentava com a multiplicação de pontos
de venda (PDVs) de doces. Com essa assistência, a ascensão veio a jato e hoje
a operação conta com galpão de 3.000
metros quadrados no bairro Pirajá, que
opera com frota de 20 veículos, sendo
www.docerevista.com.br
Penetração em todos os públicos
Contrariando tendência sinalizada em
outras regiões do país, a demanda no
comércio doceiro baiano ainda é puxada
pelas diversas variantes de balas, caramelos, drops e pirulitos. “Se acrescentar
chicles e gomas de mascar, esses itens
abocanham 50% do faturamento bruto da
distribuidora, cabendo 25% a chocolates
e os restantes 25% a biscoitos, snacks
e sucos”, dimensiona o negociante. Para
ele, a explicação para essa performance
de candies como balas duras, mastigáveis e caramelos está na sua penetração
que é transversal a todos os públicos, de
crianças a adultos. “Já chocolate tem
uma demanda mais intensa por parte de
adultos e os salgadinhos, também com
giro bastante elevado, são praticamente
cativos das crianças e adolescentes”, observa Cruz.
Para dar uma ideia do consumo ele
abre que, apenas na modalidade de balas, são vendidas seis carretas por mês
ou o equivalente a 10.200 fardos com 30
pacotes cada. Entre os fornecedores que
considera parceiros, o empresário inclui
nomes como Mondelez, Cory, Danilla Foods, Boavistense, Arcor, Embaré, Riclan,
Santa Helena e Dori. Baseada em Marília
(SP), a Danilla Foods considera a Salvador
News um dos seus principais parceiros
comerciais no país. “Nenhum outro distribuidor mantém a assiduidade de compra
deles. Apenas do nosso confeito DipLoko!
Boom são 300 caixas todo mês”, frisa
Anderson Braz, gerente comercial da trading paulista. •
Maio 2014 Doce Revista
17
Feira
Vitrine de sonhos
Interpack e Fispal Tecnologia mostram o estado da
arte em máquinas e sistemas para confectionery,
apesar da desaceleração no mercado
Interpack 2014 periodicidade trienal para maturação de inovações.
P
romovida em maio, na cidade alemã de Düsseldorf, a Interpack é
a maior feira de embalagem do
mundo. Montada a cada três anos, ela é
também a mostra número um global do
setor de máquinas para pré e pós-processamento de confeitos (confectionery).
Além de ser a mais importante exposição mundial do setor de equipamentos e
embalagens, a Interpack funciona como
termômetro para as projeções de vendas
mundiais de chocolates e candies nos
próximos anos. “Essa edição foi em parte influenciada pelas projeções positivas
em relação às vendas mundiais de gêneros industrializados, pois estimativas
dos principais institutos de pesquisa indicam que o comércio mundial de itens
alimentícios embalados deve crescer
25% até 2017”, comenta Marcos Bobzin, titular da Fortunar Consultoria, especializada em tecnologias de mitigação
do consumo de energia na produção de
chocolate. Esse ambiente otimista, no
entanto, se descolou do panorama geral
18
Doce Revista Maio 2014
verificado no Brasil em meio à realização
da Fispal Tecnologia, principal evento do
setor de máquinas e embalagens para
alimentos e bebidas, promovido no início
de junho em São Paulo.
O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre, de 0,2%,
ficou aquém da expectativa que, mesmo
baixa, projetava um índice em 0,3%. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) mostraram perda de
fôlego na indústria (-0,8%), nos investimentos (-2,1%) e um ritmo mais moderado no consumo das famílias (-0,1%).
Tais números confirmaram as perdas
que a economia vem amargando nos
últimos anos.
Espelho desse cenário, o setor de
bens de capital, ao contrário do que se
previa, encerrou 2013 com queda no
valor total de suas vendas. Rotulando o
exercício como um ano perdido, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) estimou
um recuo em torno de 4%, em termos
nominais, em relação aos R$ 80 bilhões
do exercício anterior. A indústria de máquinas e equipamentos, entretanto, fechou o mês de abril com faturamento
bruto real de R$ 6,078 bilhões, registrando aumento de 5,1% em relação a
março. Mas na comparação com abril de
2013 esse faturamento bruto real recuou
14,5%, repassa a Abimaq.
Sob esse cenário no mínimo desafiador, o país se deparou com a realização da 30.ª edição da Fispal Tecnologia,
tradicional palco de negócios e lançamentos das indústrias do setor. Embora
atravesse uma conjuntura econômica
pouco favorável, a cada edição, o evento tem confirmado que a ala nacional de
alimentos e bebidas vem se renovando
para atender a um novo perfil de consumidor, observa Clélia Iwaki, diretora do
grupo BTS Informa, organizador da feira.
Com maior acesso à renda, completa
ela, esse consumidor se tornou mais exigente e quer praticidade e produtos de
alta qualidade em diferentes momentos
do seu cotidiano. “Ele, na realidade, segue uma tendência mundial, que deve se
intensificar nos próximos anos”, assinala
a executiva. Para ela, esse movimento
social tem impactado positivamente todos os setores da indústria de alimentos
e bebidas, com soluções que vão de embalagens e equipamentos multifuncionais a produtos com apelo “sensorial”
ou ecologicamente corretos, também
enfatizados nesta edição da Fispal.
Estreia brasileira
Transposta para o setor de confectionery, essa busca por soluções e tecnologias atualizadas para atender às
demandas de consumo mais prementes
www.docerevista.com.br
se traduziu em voos lotados por industriais brasileiros para o megashow de
Düsseldorf. “O maior destaque foi que
esse público, altamente qualificado, não
compareceu à Interpack para apenas ver
as novidades. A maioria foi com projetos que incluem a aquisição de maquinário”, reporta Petru Emil Rusu, diretor
da Perpack, agente de máquinas para o
setor de confeitos, com representação
de diversas grifes internacionais no Brasil. Entre os pontos altos da mostra no
segmento chocolateiro, Marcos Bobzin,
da Fortunar, insere a apresentação da
brasileira JAF Inox como o mais recente
membro da corporação holandesa Royal
DuyvisWiener (RDW).
Referência em linhas para processamento do chamado chocolate gourmet,
desde a torra e prensagem do grão de
cacau até o refino da massa, a JAF Inox
construiu nome na cena chocolateira nacional e essa fama varou as fronteiras do
país. Assim, em março passado, a em-
presa se juntou ao grupo RDW, blue chip
global em instalações completas para
cacau e chocolate e a avant-première
mundial dessa nova configuração aconteceu na Interpack. “Atraímos interesse
Clélia, do BTS Informa linhas
multifuncionais e produtos com
apelo sensorial ganharam ênfase
na Fispal.
Para Marcos Bobzin, nesse mesmo
compartimento de atuação da JAF, ou
seja, de linhas compactas, flexíveis e com
tecnologia similar a de plantas de médio
e grande porte, sobressaíram na Interpa-
Bobzin, da Fortunar ambiente
otimista permeou a edição da
Interpack.
do público principalmente pela exposição da nossa linha bean to bar compacta de 500 quilos/hora”, repassa Adriano
Sartori Pedroso, diretor da indústria sediada em Tambaú (SP).
Pedroso, da JAF Inox impacto
com linha bean to bar de
500 quilos.
ck concorrentes da RDW, como o grupo
alemão Probat, que apresentou soluções
de alta tecnologia para médias produções
de chocolate. “Essa é uma tendência que
permeou diversos estandes de grandes
Feira
Rusu, da Perpack e a Two in One aprimoramento da Bosch permite trocas sem uso de ferramentas.
nomes na indústria global de máquinas,
como a belga Hacos, a suíça Avema e as
alemãs Bosch e Sollich, entre outras”,
ilustra o especialista.
com tempo estendido de solda transversal, permite atingir velocidades de até 80
metros por minuto, na selagem a quente.
Grife pertencente ao menu da Sollich,
a Chocotech enfatizou na mostra alemã o
sistema de cozimento para candies Ecograv. Com ele, pode-se iniciar o cozimento com soluções de até 85% de Brix, ou
seja, com uma evaporação de água muito
menor, resultando na economia de mais
de 50% de energia em relação a outros
sistemas. “Com base em referências eu-
médias e pequenas empresas, particularmente interessadas em adquirir linhas
compactas para operações de terceirização no Brasil”, observa ele. Esse interesse
ficou claro na movimentação no estande
da holandesa Caotech, representada da
Brasil RT, que sobressaiu no evento com
conjuntos para processamento composto
de cacau e chocolate de alta qualidade.
“O alcance das linhas Caotech já é bem
conhecido, variando desde o moinho de
bola para laboratório Cao B5 às instala-
Fartura de destaques
Petru Rusu, da Perpack, que detém a
representação local da Sollich, frisa que,
entre os pontos altos da apresentação
da companhia, causou grande impacto o
sistema de recheamento de biscoitos e/
ou formação de tortinhas modelo Sollcocap, com capacidade de
240 filas por minuto (120
filas por minuto de recheados). “É um equipamento
totalmente servoacionado,
que o torna o mais rápido do mundo”, sublinha.
Também pertencente ao
portfólio da Perpack, a
ala de empacotadoras
do grupo Bosch chamou
atenção na Interpack com Brasil RT linha B3000 Choc-Duo foi destaque da Linha de gomas da WDS operação limpa com maior
Caotech na Interpack.
reaproveitamento de amido foi mostrada na Interpack.
a apresentação da máquina flowpack ultraflexível para biscoitos ropeias, o sistema Ecograv economiza no ções por batelada Chococon e Cao 3000modelo HCA, que incorpora o sistema período de um ano em torno de 150 mil Choc Duo, sendo esta uma linha para
Two in One. Com ele, explica o consultor, euros em energia, propiciando assim um processamento totalmente automatizada
pode-se embalar no mesmo equipamento rápido retorno do investimento”, garante para chocolate e compounds, com caporções de biscoitos em pé, assim como Rusu.
pacidades de até 1.200 quilos por hora”,
porções monodose (do tipo lanchinho),
informa Ribeiro. Ele ressalta que a tecnocom pilhas de biscoitos deitados. “Um dos Projetos de terceirização
logia da Caotech sobressai na preparação
diferenciais-chave dessa empacotadora é
Paulo Ribeiro, titular da consultoria e da massa em baixa temperatura e rotaque a troca de formatos entre os tipos de trading Brasil RT, avalia que quase a to- ção em equipamentos compactos. Tais
embalagem flowpack leva menos de três talidade das indústrias do setor brasileiro linhas não requerem sistema especial
minutos, sem exigir o uso de qualquer fer- de confectionery carimbaram passaporte de resfriamento ou válvulas de alívio de
ramenta”, repassa ele, completando que na feira de Düsseldorf. “A diferença de pressão, conferindo estabilidade contínua
também o inovador sistema de selagem, outras edições, foi a presença maciça de de processo e qualidade final do produto,
20
Doce Revista Maio 2014
www.docerevista.com.br
Feira
tch e o forno Dolphin para wafer plano ou
oco, com capacidade modular de 150 a
450 quilos/hora, informa Dagoberto Sampaio, gerente comercial da companhia.
“Uma das estrelas do estande foi a linha
V 60 de dois cabeçotes de até 1.500 milímetros de largura para a fabricação de
cookies e biscoitos coextrusados em forno de até 100 metros de comprimento”,
assinala o executivo.
Jiraschek e Sampaio, da Haas máquina para bolinho
tridimensional inaugura nicho global.
com inserção de múltiplas receitas. “Tudo
isso é resultado de anos de operação,
sem necessitar manutenção e reparo de
componentes”, frisa o consultor. Outros
lançamentos da grife holandesa reservados para a Interpack, foram a família Duo
compacta para conchagem e refino, com
capacidade até 1.000 quilos por hora;
uma concha de 5 litros para desenvolvimentos em laboratório e um pré-moedor
compacto para nibs, repassa Ribeiro.
Do cardápio da germânica Winkler
und Dünnebier (WDS), especialista em tecnologia para processamento de candies,
também representada da Brasil RT, foram
destaque os equipamentos para produtos
à base de gomas (mogul). “Além de assegurar uma operação limpa, com maior
reaproveitamento de amido e variedade
de produtos, os sistemas exibidos operam
com depositadoras precisas, do tipo one
shot, triple shot ou tabletes, com volume
exato e controlável, de até três camadas
simultâneas, sólidas ou não sólidas”, detalha Ribeiro. Estampadoras a frio de extrema exatidão, também aplicadas a chocolates decorativos ocos, completaram a
exibição da WDS.
Bolo tridimensional
A periodicidade trienal da Interpack
visa essencialmente destinar às indústrias de máquinas espaço de tempo mínimo para o desenvolvimento de tecnologias e sistemas inéditos. Foi sob essa
premissa que o grupo austríaco Haas surpreendeu o público, exibindo em primeira mão a mais recente novidade de sua
22
Doce Revista Maio 2014
Conjunto V6 duplo cabeçote Haas para cookies e
biscoitos coextrusados.
divisão Convenience Food. Batizada de
CFC (Center Food Cake), o sistema reúne
em um único equipamento a produção
tridimensional de minibolos recheados,
que inova o gênero pela possibilidade de
gravar em relevo todas as faces do produto, explica Christoph Jiraschek, diretor
geral da Haas do Brasil. “Trata-se de uma
variedade de bolinho feito artesanalmente, com gravação tridimensional, que tem
similar em alguns países da Ásia. O trunfo
da Haas foi transpor a aplicação, de forma
mais sofisticada, para uma escala industrial”, relata o dirigente. Com capacidade
que pode variar de 10 mil e 20 mil unidades por hora, o CFC foi desenvolvido nos
últimos quatro anos, desde a concepção
da ideia aos estudos de mercado, viabilidade técnica e construção de protótipo
até chegar ao equipamento mostrado na
Interpack, resume Jiraschek. “Além de
inovar na área tecnológica, a máquina
inaugura um mercado com potencial global, desde países da Ásia, onde o produto
já é conhecido, até a Europa e também
o Brasil, onde a apresentação na Fispal
Tecnologia atraiu grande interesse”, observa o diretor. Ele completa que, além do
apelo visual de grande aceitação entre o
público infantil, o minibolo produzido na
linha CFC reforça tendências de consumo individual (single) e embalagens monodose, com penetração consolidada no
reduto de merendas.
Além de anunciar o CFC, a Haas destacou em seu estande na Fispal a HSM
1500, masseira horizontal de 1.500 litros,
com capacidade para 900 quilos por ba-
Mambo, rumba e tango
Já a participação da divisão de confectionery da Netzsch na Interpack 2014
foi marcada pelo anúncio de aquisições,
com o objetivo de aprimorar os processos
produtivos voltados principalmente para
o setor de alimentos, informa Giuliano Albiero, diretor geral da Netzsch Moagem,
sediada em Pomerode (SC), que recepcionou clientes do Brasil e América Latina
no evento. A marca esteve presente em
vários estandes da feira e, no principal
deles, reuniu as tecnologias para processamento no setor de confectionery.
Um dos maiores destaques foi o sistema
Mambo, que engloba uma unidade compacta e completamente fechada para
produção de compounds, recheios e coberturas. O modelo Mambo 1000, exemplifica Albiero, ocupa espaço de aproximadamente 20 metros quadrados. “Ele
oferece os melhores recursos possíveis
de limpeza, higiene e ergonomia para
aprimorar ganhos de qualidade, evitando
qualquer contaminação por substâncias
externas”, sublinha o diretor. Também
foram apresentados o sistema Rumba,
para preparo de chocolate premium, e o
moinho de impacto Condux. “Além dessas novidades em equipamentos, os visitantes puderam degustar diferentes tipos
de chocolates, produzidos no local pelos
sistemas Netzsch”, acrescenta Albiero.
Outro anúncio de impacto, repassa
o diretor geral, coube ao lançamento do
Precutter VN. O equipamento representa
um avanço no processamento de matérias-primas para produção de cremes e
recheios a partir de amendoim ou nozes,
www.docerevista.com.br
Albiero, da Netzsch unidade compacta para compounds e recheios será
produzida no Brasil.
bem como no reprocesso de diversos
produtos, como drágeas, pastilhas de
chocolate cobertas com açúcar, biscoitos
recheados e wafers, entre outros. “Fora a
economia pela otimização dos processos,
tem a vantagem de ser acionado individualmente ou integrado a uma linha de
produção já existente e a temperatura
máxima de 50°C durante o processo contribui para intensificar o aroma e o sabor
do produto final”, conclui o especialista.
Em outro espaço, a Netzsch apresen-
www.docerevista.com.br
Moinho de facas da Netzsch sistema de moagem de
nibs com tecnologia da Dr.-Ing. Bauermeister GMBH.
tou o sistema de processamento Tango,
que combina sua própria tecnologia de
moinhos agitadores de esfera com o novo
sistema de pré-moagem de nibs de cacau
em moinho de facas, tecnologia que passou a fazer parte do portfólio de equipamentos da empresa, após a incorporação
da alemã Dr.-Ing. Bauermeister GMBH ao
grupo Netzsch, em março passado. “Esse
sistema permite, a partir de nibs de cacau, chegar a um tamanho de partícula
final de 99,5% a 99,8% menor que 75
mícron (µm) em um único passe”, repassa Albiero, salientando que, entre outras
vantagens, o conjunto se destaca pela
manutenção frente a outras tecnologias,
com possibilidade de troca de facas em
aproximadamente 30 minutos. “Anunciamos aos clientes, principalmente do
Brasil, que os três novos sistemas, produzidos pela Netzsch Moagem em Santa Catarina, serão cadastrados junto ao
BNDES para financiamento via Finame”,
assinala Albiero. •
Maio 2014 Doce Revista
23
Capa
Aquele algo mais
Estratégia da inovação reconduz a indústria de
balas e candies à trilha do desenvolvimento
Balas e caramelos retomada do crescimento com produção acima de 500 mil toneladas nos últimos quatro anos.
A
palavra inovação se tornou uma espécie de mantra para a indústria de
candies. Mas a sua assimilação por
empresas de todos os portes ainda busca corresponder à expectativa que gera
no consumidor. Tanto do ponto de vista
do produto em si como da comunicação
de marcas, a inovação é o principal catalisador dos projetos de expansão nas
fábricas, desenvolvimentos e marketing.
É assim que a indústria de balas, drops e
caramelos, em particular, vem conseguindo superar a estagnação que até a última
década persistia no setor. O cenário atual
mostra que as empresas do segmento,
incluindo derivados como pastilhas e pirulitos, conseguiram sacudir a estabilidade
nas vendas domésticas, com a modernização do parque industrial e, sobretudo,
apostando em linhas de maior valor. Essa
transformação pode ser conferida nos
itens de qualidade hoje reconhecida pelo
consumidor e custos e preços com boas
margens tanto para a indústria como para
o trade. Com os investimentos feitos em
expansões, desenvolvimentos e inova-
24
Doce Revista Abril 2014
ções, os últimos quatro anos fecharam
com produção acima de 500 mil toneladas de candies (incluso o filão de gomas
de mascar), mostrando que a indústria
vem sustentando a trilha do crescimento
(ver quadro à pág. 26).
A produção de linhas básicas, consideradas commodities pelo trade e deixadas de lado pelo consumidor, levou o
setor a um beco cuja única saída possível
era mudar radicalmente. Com um consumo per capita local considerado baixo e
a indústria acomodada a uma demanda
cativa, esse propósito só começou a vingar a partir de meados da última década.
Encurralado pelo acirramento na disputa
interna e exposição a itens globais, o setor partiu em busca de outros mercados
com portfólio renovado e a competitividade afiada por insumos fartos e câmbio, a
princípio, favorável. Nesse início, as balas,
confeitos, gomas de mascar e derivados
brasileiros emplacaram como novidade e,
por conta de trunfos como disponibilidade
de açúcar a preços baixos – ao contrário
do que se verifica hoje –, os embarques
para o exterior ganharam músculos. Mas
com a imagem de supridora de confeitos populares, o país conseguia despejar
produtos apenas em países de consumo
incipiente e instável, com preços aviltadamente negociados. Ao agregar valor às
linhas de balas e candies o setor conseguiu mudar essa imagem, como indicam
os resultados obtidos em participações
recentes em feiras de negócios internacionais.
Os aprimoramentos no conceito e
imagem dos produtos refletiram diretamente na cena doméstica, ganhando
maior impulsão com o crescimento da
demanda puxada pelas classes de baixa
renda, por sua vez capitalizadas pelo crédito farto e incremento no salário mínimo.
Apesar do consumo em segmentos como
o de balas, confeitos e derivados ser predominantemente por impulso, o ganho
de poder aquisitivo de uma fatia maior
da população afetou a intenção de compra. Itens que antes não faziam parte do
consumo entraram na lista, quando essa
massa teve seu poder de compra aumentado.
Relatório da consultoria Euromonitor International sobre o setor brasileiro
de balas e derivados indica que o varejo
doméstico saltou de um faturamento de
US$ 1,936 bilhão há cinco anos para US$
2,698 bilhões em 2013. Com base nesses
dados, a instituição estima que esse mercado continue crescendo nos próximos
anos, totalizando vendas estimadas em
US$ 3,271 bilhões em 2018. (ver quadro
à pág. 28)
Produtos aspiracionais
Atualmente a demanda de itens sofisticados tem sido abastecida tanto por
linhas fabricadas no Brasil como trazidas
do exterior. As importações, por sinal,
www.docerevista.com.br
cresceram 40% em volume no período
mais crítico da virada no segmento, entre
2007 e 2011, capta a consultoria Mintel.
Nesse mesmo período, o desembarque
em valores triplicou, assinalando mudanças no comportamento do consumidor,
que está comprando produtos de maior
desembolso. Cerca de R$ 10 milhões
em balas e derivados foram internados
no Brasil em 2007, sendo que, em 2011,
essa receita bateu em R$ 30 milhões. O
preço médio por quilo da categoria também cresceu 23% nesse mesmo período, saltando de R$ 33,00 para R$ 44,00.
Apenas para comparação, os dados da
Mintel revelam que a categoria de chocolate seguiu a tendência com 20% de valorização (de R$ 22,00 a R$ 26,00 o quilo),
contra mais de 28% de aumento no preço
por quilo da ala de biscoitos, que passou
de R$ 7,00, em 2007, para R$ 9,00 em
2011. Relatório da consultoria observa
que os brasileiros estão mais abertos a
experiências com sabores e produtos, es-
www.docerevista.com.br
Elzilene, da Perfetti Van Melle
dez lançamentos apenas no
primeiro trimestre.
Nathalia, da Mondelez
experiências sensoriais para
surpreender os consumidores.
pecialmente os consumidores da faixa de
16 a 24 anos. De fato, 76% dos brasileiros
desse grupo etário afirmam que gostam
de provar as inovações em balas, apura
a Mintel. Por outro lado, a gangorra dos
preços dos insumos abre margem para a
indústria inovar na reformulação de produtos, envolvendo o desenvolvimento de
itens com mais apelo ao sabor e outros
diferenciais, pois há grande receptividade
por parte dos consumidores para adquirir
Mariani, da Arcor marca Butter
Toffees presente em arte, moda e
gastronomia.
essas novidades.
“É o que tem trazido e consolidado
o nosso crescimento nos últimos anos”,
reporta Elzilene de Moraes, diretora de
marketing da Perfetti Van Melle (PVM),
detentora da marca Mentos, campeã no
segmento de balas mastigáveis. Para a
executiva, o consumidor já espera essa
postura da marca. “Nosso posicionamento é surpreendente porque é justamente
isso que é feito”, ela assinala. Depois de
Maio 2014 Doce Revista
25
Capa
600
500
Produção e consumo
brasileiro de balas
e derivados
400
300
200
100
0
2008 2009 2010 20112012
2013
Produção
477
432
518
568
529
533
Consumo aparente
369
335
467
526
459
465
Exportação
115
103
57
50
79
76
Importação
7
6
6
8
9
8
Fonte: Abicab
desenvolver, lançar as variantes de confeitos e torná-los aspiracionais, a Perfetti
tem trabalhado para que os produtos
cheguem ao maior número possível de
consumidores. “Sabendo que temos um
limite na distribuição, desenvolvemos o
conceito de menor valor para atingir o
público com menor desembolso”, repassa a diretora. Ela exemplifica com a linha
Mentos em stick de 14 unidades, também
disponível em rolo de 10 unidades, com
preço menor.
Entre as novidades em produto, ela
pinça a variante de pastilha Mentos Kiss
em lata de 35g com 50 unidades. “A inovação começa com o fato de o produto
ser o primeiro nessa apresentação no
mundo”, insere Elzilene. Além de isenta
de açúcar, emenda ela, o confeito exibe
bom custo/benefício, tendo registrado
alta receptividade por parte dos consumidores. Outra tacada lembrada pela diretora foi o lançamento de Mentos Strawberry Mix, com três variantes de sabor
morango no mesmo stick de 14 unidades
(38g). “Oferecemos o sabor preferido, que
é morango, nas versões azedinho, iogurte e regular e estamos observando aqui
o mesmo sucesso do produto em países
como a França e Inglaterra”, sublinha ela.
26
Doce Revista Abril 2014
Em volume (mil toneladas)
No flanco da distribuição, o projeto que
vem sendo enfatizado no momento é o de
Mentos Morango Azedinho em stick com
10 peças, com preço sugerido ao varejo
de R$ 1,00. “A ideia é elevar a distribuição
e esse produto, nessa faixa, tem tudo para
alavancar vendas”, torce Elzilene.
Apesar da alta competitividade gerada
por preço baixo no segmento de pirulitos,
a PVM iniciou no último ano a reintrodução da marca Chupa Chups, grife global
número um no segmento, também com o
traço da inovação. “Trata-se da segunda
marca da Perfetti no globo e, para preservar essa imagem, estamos trabalhando
com um produto que é sucesso em todo o
planeta”, grifa a diretora, referindo-se ao
Chupa Chups Crazy Dips, pirulito em formato de pé. O doce é vendido juntamente
com um pó de cristais, que provoca microexplosões dentro da boca. “O conceito
já existe inclusive aqui, mas a inovação
da Chupa Chups está no pó efervescente, que realmente provoca estampidos na
boca. É isso que fascina os consumidores
jovens e as crianças”, ressalta Elzilene.
Apenas em 2014, a PVM já bancou
dez lançamentos no segmento de balas.
Para a empresa essa é a chave para cativar o consumo e manter a posição que
suas marcas ocupam hoje em dia. Com
as grifes Mentos, Fruitella e Chupa Chups,
a companhia cresceu 7% em volume
e 21% em valor, em 2013 versus o ano
anterior, repassa a diretora de marketing.
“Só neste primeiro trimestre, crescemos
17% em volume e 32% em valor”, informa ela, com base em números da consultoria Nielsen, que estima o avanço do
mercado geral de balas no país em 4%
em volume e 11% em valor nos três primeiros meses deste ano.
Refrescância total
Um dos cases de benchmarking recorrentes na cena de balas e drops é o
da marca Halls, que desde os anos 1970
enfeita o portfólio da Mondelez no Brasil.O
sucesso de Halls na cena doméstica é
consequência de uma proposta de valor
único composta por produtos de alta qualidade, estratégia de comunicação surpreendente e ter o consumidor no centro
de todas as iniciativas da marca, sustenta
Nathalia Tercero, gerente de marketing
de Halls. “Além disso, estamos constantemente pesquisando tecnologias de produto e embalagem para garantir a preferência inquestionável dos consumidores
pela marca e sua liderança”, completa.
www.docerevista.com.br
Capa
Varejo brasileiro de candies
Balas/Drops
200820132018
484,0550,0550,5
Pirulitos
639,0628,7616,6
Pastilhas/Gomas/Chicles580,2
1.105,0 1.503,3
Toffees/Caramelos 233,2414,5601,2
Total
1936,42698,23271,6
Fonte: ©Euromonitor International 2014
Para Nathalia, o desenvolvimento de itens
diferenciados, criados com base em insights e necessidades dos consumidores,
aliado à estratégia de lançamento e distribuição que garanta uma execução bem
sucedida são táticas complementares.
O ano de 2013, exemplifica ela, foi
importantíssimo para a marca, pois foi
lançada em junho a plataforma Halls Soft.
Trata-se do portfólio de balas mastigáveis com casquinha crocante e recheio
refrescante nos sabores menta, laranja,
morango e frutas sortidas da marca. “Em
poucos meses essa variante conquistou
uma grande parcela do mercado de balas
mastigáveis e atingiu patamares de distribuição e execução excelentes”, comenta
a executiva, sem abrir números.
Neste ano, emenda ela, a Mondelez
introduziu o Halls Prata, sabor de intensidade Power 5, que significa o nível mais
elevado no quesito refrescância, assim
como o Extra Forte – mais conhecido
como Halls Preto. Para reforçar a liderança
dessa grife, a companhia desenvolveu um
material de merchandising que contribui
para aumentar a visibilidade e alavancar
as vendas dos estabelecimentos. “O display reforça os três sabores mais vendidos
da marca – Halls Extra Forte, Halls Prata e
Halls Cereja –, pois queremos estar cada
vez mais próximos de nossos parceiros.
Isso inclui criar soluções para acelerar as
vendas de nossos clientes”, argumenta a
executiva. O display de Halls, detalha ela,
confere ao estabelecimento maior organização e facilita a comunicação com o
consumidor.
28
Doce Revista Abril 2014
(Valor em milhões US$)
projeto Halls Contrata, que incentivou fãs
da marca a experimentarem empregos
temporários, como apresentador da MTV
e assistente de chef de cozinha. “Mais de
140 mil pessoas se inscreveram na ação
e o ineditismo do projeto trouxe um retorno de mídia espontânea superior a R$ 3,5
milhões”, orça a executiva.
Desde o lançamento da marca em
1893, na Inglaterra, o ingrediente diferenciador do produto é o menthol, responsável pela refrescância de Halls e que conquistou consumidores do mundo inteiro.
“A estratégia de inovação da marca está
focada em reforçar nosso posicionamento
na plataforma de refrescância, mas trazendo novas experiências sensoriais para
os consumidores brasileiros que sejam
completamente surpreendentes”, frisa
Nathalia.
Segundo relatório de fechamento de
2013 da Nielsen, repassa Nathalia, Halls
continua na liderança do mercado brasileiro de balas e drops refrescantes com
56,5% de participação em volume e
51,9% de share em valor, nos dois casos
apresentando crescimento versus o mesmo período do ano anterior. “A distribuição numérica de Halls continua sendo a
maior de todas as marcas da Mondelez Caramelo campeão
no Brasil, superando a presença em mais
Número um no segmento de caramede 600 mil pontos de vendas (PDVs)”, in- los de leite, as balas Butter Toffees seguem
forma ela.
Adepta ao uso das redes sociais para divulgar
ações com suas marcas
direcionadas ao público
jovem adulto, a Mondelez considera ainda mais
importante estreitar o diálogo entre Halls e seus
fãs e consumidores. “Isso
nos traz ideias sobre desenvolvimento de produto, nos ajuda a mapear
as principais dúvidas dos
consumidores e atuar atida PVM pastilha em lata, versão tripla e pirulito com pó
vamente sobre elas, além Inovações
efervescente.
de sondar oportunidades
de ativação da marca”, observa a geren- na liderança da categoria escorada nas
te de marketing. Nos últimos anos, relata apostas que a Arcor, detentora da marca,
ela, Halls implementou diversos projetos tem empreendido também no flanco das
em redes sociais que reforçam seu po- inovações. Atualmente, as atenções se
sicionamento no Brasil – a exemplo da concentram no posicionamento da ação
campanha Respire e Abra-se para Mais – O Seu Momento Único, informa Ciro Mae tiveram altíssimas taxas de engajamen- riani, gerente de marketing de guloseimas
to e exposição na imprensa on e off-line. da empresa. “Queremos proporcionar um
Outro exemplo lembrado por ela foi o momento de prazer, indulgência, pausa e
www.docerevista.com.br
Capa
Novo display mais
visibilidade com os
três sabores
campeões da
marca.
sofisticação aos consumidores, sempre
gerando experiências sensoriais únicas
por meio do contato com a marca e seus
produtos”, explica ele. Todas as inovações
bancadas pela empresa, acrescenta o
executivo, se baseiam em experiências
com os consumidores e a intenção de
fortalecer os diferenciais do produto, expandindo o relacionamento dos fãs com a
marca. Os exemplos mais recentes foram
os lançamentos em 2013 das versões
Chocolate Branco e Paçoca Amor, insere
Mariani. “Sem esquecer das ações de
branding que realizamos por meio de parcerias e ativações diferenciadas e assertivas, como a que envolveu o artista plástico Romero Britto ou a da Pizza Hut e do
grupo 3corações, que agregaram valor e
identificaram nossa marca como única”,
sublinha .
Para manter o ritmo e segurar a liderança, a Arcor preparou para 2014 lançamentos e ações ainda mais diferenciadas,
objetivando seguir com sua construção de
marca forte e desejada, além de aumentar a base de consumidores e a chamada
consciência de marca (brand awareness),
repassa Mariani. “Assim introduzimos
recentemente a linha Butter Toffees Premium para ingresso em mais PDVs onde
ainda não estávamos posicionados, como
bonbonnières de cinema, teatros e livrarias, oferecendo embalagens diferenciadas, com sabores exclusivos, aromas
sofisticados e com forte apelo para o mercado de alto padrão”, detalha o gerente.
Ele enfatiza que as ações buscam envolver três plataformas que a companhia
definiu para a atuação da marca: arte,
moda e gastronomia. Através de uma
parceria com a estilista Martha Medeiros
e com o Grupo Restoque, detentor da grife
Le Lis Blanc, líder no setor de moda de
Fonte da inovação
Principal instituição de pesquisa e orientação da indústria
de candies, o Cereal Chocotec –
Centro de Tecnologia de Cereais e
Chocolate, do Ital (Instituto de Tecnologia de Alimentos) mantém um
calendário de cursos para profissionais do setor. Especificamente
para desenvolvimento de produto,
Marise, do Cereal Chocotec
a procura ainda é incipiente, sendo
indústria busca produtos
que ofereçam gratificação
que a maioria do atendimento para
emocional.
as empresas de balas é voltado
para as áreas de treinamento, transferência de tecnologia e
solução de problemas pontuais, observam as pesquisadoras
Marise Bonifácio Queiroz e Ana Lúcia Fadini, responsáveis
pela programação do centro. “Recebemos mais consultas
de pequenas indústrias que, em geral, buscam uma nova
atividade ou diversificação em produtos”, repassa Marise.
Na entrevista a seguir, a pesquisadora do Ital, graduada em
Engenharia de Alimentos pela Universidade Estadual Paulista
Júlio de Mesquita Filho, com mestrado e doutorado pela Unicamp, aponta o perfil das empresa que buscam inovação.
DR – Qual é o porte e perfil dos fabricantes que
buscam orientação sobre desenvolvimento de produto?
Marise – São empresas de todos os portes. Em geral, as
pequenas buscam auxílio quando querem iniciar uma nova
atividade e acreditam que a fabricação de balas pode ser
30
Doce Revista Abril 2014
uma alternativa ou estão enfrentando algum problema de
durabilidade do produto. Empresas de médio e grande porte
buscam treinamento para seus funcionários ou solução para
algum problema específico. No caso das balas, na maioria
das vezes os problemas estão relacionados com a perda de
qualidade devido ao efeito de melar do produto, o que reduz
a sua vida de prateleira. A falta de conhecimento específico
para a solução de determinados problemas por parte dos
profissionais das empresas é a principal razão que levam
esses fabricantes a procurar o centro. Quando não conseguem no dia a dia se capacitar, buscam auxílio externo. De
certa forma o Cereal Chocotec é uma referência no atendimento nesta área de balas e confeitos.
DR –Quais são as tendências em produtos que mais
interessam esses fabricantes?
Marise – Como a utilização de corantes e aromas artificiais, principalmente na Europa, está sendo restrita, empresas que exportam tem procurado se adequar com o desenvolvimento de produtos utilizando alternativas naturais
para esses aditivos. O mercado de produtos naturais tem
crescido muito e isso também tem se refletido na busca por
alternativas de ingredientes naturais para as balas e confeitos. Também existe interesse em produtos de maior valor
agregado, com algum benefício adicional, por exemplo o
poder antioxidante de frutas; aromas e sabores exóticos e
regionais ou incorporação de frutas pelo crescente interesse
dos consumidores por produtos mais saudáveis.
www.docerevista.com.br
alto padrão, a Arcor bancou uma ação
exclusiva para o Dia das Mães, contemplando 102 lojas de todo país. “Fechamos também parceria com o movimento
Restaurant Week para marcar presença
em cinco importantes cidades do Brasil,
além de estarmos em todas as unidades
da rede Cinemark, com nossa linha premium”, frisa Mariani.
A Arcor, orça ele, investiu cerca de
R$ 5,5 milhões em marketing na marca
em 2013. Com isso, os caramelos Butter
Toffees cresceram 19% em toneladas
produzidas no período e, atualmente, responde por cerca de 30% da receita total
da Arcor no Brasil. “A expectativa é que
este ano as vendas da bala alcancem
18% do faturamento da companhia no
país”, torce o executivo. Além de ser uma
marca global, com
presença em mais
de 65 países e receita anual superior
a R$ 100 milhões,
na Argentina a grife
Butter Toffees detém 65% de market
share. No Brasil, ela
atinge 89% de participação em sua ca- Linha premium da Arcor ações de branding e sofisticação para público de alto padrão.
tegoria no mercado
de balas. “É um produto consumido por consumidor esperava algo mais da marca
homens e mulheres, das classes A,B e C, Butter Toffees. “Notamos que diferenciais
com idades que variam de 20 a 40 anos, introduzidos como o dourado da embalacom maior concentração de consumo en- gem, sabores exclusivos e sofisticados,
tre o público feminino, de 25 a 30 anos”, agradavam os diversos paladares, geraninforma Mariani. Após a realização de do insights importantes para fixar a marca
vários estudos, a Arcor identificou que o em seu segmento”, sublinha ele. •
DR – Que tipo de serviço o Cereal Chocotec presta a
esses fabricantes?
Marise – No momento temos focado em treinamentos e
assistência tecnológica in loco (na estrutura das próprias
empresas), já que nossa planta piloto de balas ainda está em
fase de montagem. Acredito que com a instalação da planta
piloto poderemos atender o setor de forma mais consistente,
inclusive para o desenvolvimento de produtos suprindo as
demandas e tendências do mercado.
DR – Como o Cereal Chocotec atualiza os conhecimentos para oferecer os serviços à indústria de confeitos?
Marise – Através da capacitação de seu corpo técnico,
seja formal em programas de pós-graduação, como participando de eventos e treinamentos técnicos, seminários,
feiras nacionais e internacionais, entre outros. Atualmente,
o corpo técnico do Cereal Chocotec tem trabalhado na elaboração de um documento estratégico para o setor (Brasil Bakery & Confectionery 2020) e isso tem possibilitado o
aprofundamento no conhecimento das principais tendências
e inovações em produtos, ingredientes e processos para estes mercados.
DR – No momento, qual é a maior tendência em termos
de desenvolvimento de balas e caramelos?
Marise – O mercado de balas e confeitos tem caminhado
na tendência de substituição de corantes e aromas artificiais
por alternativas naturais, seja através da adição de corantes,
extratos ou concentrados naturais, como pela incorporação
www.docerevista.com.br
de frutas. Este movimento ainda é tímido no Brasil, mas deve
ser impulsionado pelas dificuldades de exportação para países onde esta restrição é mais acentuada.
Produtos com maior valor agregado, considerados com
qualidade premium, com sabores exóticos, extremos ou
étnicos, combinações inusitadas de sabores e sensações
(quente e frio, doce e salgado ou agridoce, por exemplo) e
texturas diferenciadas têm espaço na distinção dos produtos de consumo de massa. Para balas e confeitos, a criação
de produtos experienciais, isto é, destinados a causar experiências sensoriais e emocionais nos consumidores são
interessantes. A inovação se concentra na satisfação do
desejo dos consumidores em ter novas experiências sensoriais, experimentar novas sensações, consumir novidades e
arriscar consumir produtos novos que ofereçam gratificação
emocional.
A indulgência consciente, ou seja, a busca por produtos
de consumo por impulso, mas que apresentem um aspecto
de “mais saudável” tem-se destacado na utilização de frutas reconhecidamente com potencial funcional ou nutritivo,
como aquelas com características antioxidantes, por exemplo as superfrutas.
Apesar de ainda pequeno, o segmento de confeitos com
redução de açúcar apresenta boas perspectivas de crescimento. Nesta linha, a utilização de edulcorantes naturais
têm se mostrado uma tendência, principalmente em países
da Europa.
Maio 2014 Doce Revista
31
32
Doce Revista Maio 2014
www.docerevista.com.br
www.docerevista.com.br
Maio 2014 Doce Revista
33
Giro
QUEM: MONDELEZ
PRODUTO: BIS
GANCHO: SABOR MORANGO
Grife campeã da Mondelez no segmento impulso, Bis retorna às gôndolas
em bandeja no sabor morango, uma
das versões de maior sucesso da marca, em edição limitada. Com a crocância que é marca registrada do confeito,
o Bis Morango Gostosão leva cobertura
de chocolate ao leite e recheio sabor
morango. “É uma das variantes mais
pedidas pelos consumidores e, por isso,
decidimos juntar a receita inconfundível
de Bis com essa preferência do público.
O apelido gostosão ajuda a trazer uma
brincadeira e reforçar o posicionamento
da marca”, comenta Fernanda Pincherle, gerente de marketing de Bis. Marca
líder de chocolates no Brasil, segundo
dados da Nielsen, Bis detém 11% do
faturamento da categoria no varejo. A
novidade, completa Fernanda, será comercializada exclusivamente na versão
bandeja e pode ser encontrada desde
maio nas gôndolas dos principais varejistas de todo o Brasil ao preço sugerido
de R$ 3,79. O lançamento complementa
o portfólio que, além do sabor Morango
Gostosão, oferece as versões Ao Leite,
34
Doce Revista Maio 2014
Laka e Yogo, os formatos para consumo
on the go Bis Xtra e Bis Big, além do
Mini Bis bag e copo de 30g.
está também disponível na tradicional
embalagem individual de16g e em tablete de76g, completa ele.
QUEM: GAROTO
PRODUTO: BATON
GANCHO: QUATRO UNIDADES
QUEM: ALISPEC
PRODUTO: BRIGADEIRO FESTA JÁ
GANCHO: FÓRMULA CASEIRA
Para diversificar o portfólio e oferecer mais praticidade aos consumidores, a Alispec incrementa seu arsenal
para food service e varejo com a linha
Festa Já, de produtos diferenciados e
Um dos itens mais queridos da Chocolates Garoto, o confeito Baton enfeita
os pontos de venda (PDVs) a partir de
junho em uma versão de caixinha contendo quatro unidades avulsas de16g,
com tampa abre-fecha. É mais uma das
recentes novidades do chocolate, que
acaba de ganhar 65% a mais de leite,
ficando ainda mais cremoso. O formato multipack é prático e confere maior
visibilidade ao produto nos PDVs do
trade, ampliando a exposição para além
das prateleiras e espaços tradicionais.
“Essa melhoria foi resultado do compromisso com nossos consumidores.
Além disso, ela foi pensada para uma
compra planejada em supermercado,
numa embalagem prática para ter em
casa”, argumenta Guilherme Almeida,
gerente de produto da Garoto. Além da
caixinha com quatro unidades, Baton
de abertura fácil, que apresenta inicialmente três brigadeiros enrolados
e passados no granulado, já prontos
para degustação. O Brigadeiro Festa
Já possui fórmula caseira, que incorpora mais chocolate e textura cremosa. Sua embalagem é segura, prática
e vem com um cartão na base com
informações nutricionais. Primeira a
exibir esse formato, a linha Festa Já
pode ser conferida desde maio ao preço médio de R$ 2,00 cada embalagem
no trade da categoria.
QUEM: MONDELEZ
PRODUTO: BELVITA
GANCHO: MAÇÃ E CANELA
Produto global da Mondelez Inter-
www.docerevista.com.br
national, BelVita é a marca
para produtos
integrais com
cereais
da
Mondelez Brasil, que acaba
de lançar o
sabor maçã
e canela, incluindo mais uma opção para o consumo de biscoitos no café da manhã. A
novidade terá uma campanha para consolidar esse posicionamento, informa a
companhia. Sucesso de vendas da ala
de biscoitos da Mondelez, BelVita cravou crescimento de 400% em volume
na leitura feita entre janeiro e fevereiro de 2014 diante do mesmo bimestre
de 2013, reporta a consultoria Nielsen.
O levantamento mostra que a performance da marca ajudou a impulsionar
a categoria de biscoitos saudáveis,
que cresceu 48% em volume no mes-
www.docerevista.com.br
mo período nas regiões Sul, Sudeste e
Centro-Oeste, onde por sinal a marca é
comercializada.
Com o propósito de ofertar um sabor aliado a pedacinhos de fruta, BelVita sabor Maçã e Canela apresenta
em sua formulação quatro cereais integrais (trigo, centeio, cevada e aveia),
é fonte de vitamina E, de vitaminas B1,
B3 e minerais como ferro e magnésio,
reforçando o perfil de opção saudável
para o café da manhã. Além de agradar
a maior parte dos paladares, a combinação compõe o portfólio da marca nos
Estados Unidos e promete ser sucesso
de vendas também no Brasil por ser
um sabor diferenciado do restante da
linha, com alto potencial de gerar volume. BelVita Maçã e Canela pode ser
encontrado nas gôndolas dos principais
varejistas, exceto no Norte e Nordeste,
em embalagens individuais com três
unidades de 30g e packs contendo três
sachês, totalizando 90g. Com o lança-
mento, a marca passa a ter em seu portfolio cinco sabores (avelã com cacau,
coco com gotas de cacau e cereais, mel
e cacau e aveia com leite) ao preço sugerido de R$ 2,99 a embalagem de 90g.
QUEM: ARCOR
PRODUTO: DANIX
GANCHO: NOVA LICENÇA
O mundo fabuloso da Dreamworks
ganha presença nas embalagens da linha Danix, marca de biscoitos infantis
da Arcor. Com um conceito infantojuvenil, a licença traz os personagens da
animação Como treinar o seu Dragão 2
estampados nos biscoitos e nas embalagens. Aclamado pela critica e indicado em duas categorias para o Oscar, o
Maio 2014 Doce Revista
35
Giro
primeiro filme fez um enorme sucesso
e, por isso, a sua sequência é um dos
desenhos de longa metragem mais esperados de 2014, com estreia prevista
para junho nas telonas. “Danix sempre
atrela seus produtos a licenças de sucesso no mercado com o objetivo de
agregar valor, bem como atrair a atenção dos consumidores”, pontua Eduardo Rizzo, gerente de marketing da Arcor,
esclarecendo que a meta é inserir Danix
entre as quatro marcas mais importantes no mercado brasileiro de biscoitos
recheados infantis. As três linhas atuais
de Danix exibem recheados de 140g
nos sabores Chocolate, Morango, Choco-Choco e Choco Shake (que confere
sensação de gelado na boca); cookies
de 175g e uma versão monodose de
25g nos sabores Baunilha e Chocolate;
e miniwafers quadradinhos e crocantes
em porções ideais para o lanche, nos
sabores Chocolate e Morango.
QUEM: M.DIAS BRANCO
PRODUTO: RICHESTER
GANCHO: EDIÇÃO ESPECIAL
Para entrar no clima do esporte preferido do brasileiro, a Richester, marca
da M.Dias Branco, criou uma edição especial da linha Animados Zoo Doce. Os
biscoitos, que até então tinham apenas
formatos de animais, ganharam também formato de bola, camisa, chuteira
e campo de futebol. Já as embalagens
levam as cores do Brasil, verde e amarelo, bem como as camisetas que os
personagens vestem.
Os biscoitos Animados Zoo Doce da
edição especial estão disponíveis nos
sabores leite e chocolate em pacotes de
100g, tamanho ideal para os torcedores consumirem curtindo jogos com os
amigos a qualquer hora e em qualquer
lugar.
A novidade é sazonal e pode ser
conferida no varejo desde maio no estado do Rio de Janeiro e no Norte e Nordeste brasileiros. •
Top do mês
36
Doce Revista Maio 2014
www.docerevista.com.br
www.docerevista.com.br
Maio 2014 Doce Revista
37
Saúde & Bem-Estar
Aperitivos saudáveis
Fhom investe em linha de batatas chips e torradas orgânicas
M
ais conhecida pelas linhas de batata chips, torradas e croutons, a
Fhom construiu nome no varejo
brasileiro pela excelência da qualidade
dos itens que fabrica. Apesar da produção contigenciada por esse cuidado com
o fazer bem, a empresa ostenta hoje em
seu portfólio 145 itens, que abrangem as
áreas de panificados, biscoitos e snacks.
Com capacidade em torno de 30 toneladas mensais, a indústria instalada no
ABC paulista consolidou no início deste
ano um dos seus projetos mais ousados.
Para manter a média de crescimento
anual na faixa de 18% a 20%, investiu
em torno de R$ 900 mil em equipamentos para desenvolvimentos e embalagens
e, desde maio, vem operando uma linha
de produtos orgânicos. “Estamos acreditando nesse projeto que tende a crescer
e tomar corpo próprio. Para isso, providenciamos uma estrutura inteiramente
dedicada a esse tipo de produção. Além
de facilitar a parte de inovação, ela irá
agregar itens, hoje convencionais, que
serão aos poucos convertidos para orgânicos”, relata Marisa Vidoz, diretora da
Fhom. Na entrevista a seguir, ela conta os
desafios para transformar a linha de produção e abre os planos para diversificar
o atual menu.
DR – Por que a Fhom decidiu
ingressar no filão orgânico?
Marisa – Desde sempre buscamos
inovações, pois sempre tivemos essa
veia pioneira. Um bom exemplo são os
croutons, já que fomos a primeira empresa a fabricar esse item no país, em
1996. Quando participamos de um grupo
de empresas incubadoras de produtos
orgânicos, de início com as inéditas batatas fritas orgânicas no Brasil e logo em
seguida, com a linha canapé de torradas
integrais orgânicas, não tivemos dúvidas
de que se tratava de uma excelente opor38
Doce Revista Maio 2014
DR – Quais foram as
maiores dificuldades
encontradas?
Marisa – Foi o desenvolvimento de fornecedores para
a linha de batatas orgânicas,
pois as variedades disponíveis hoje nos supermercados,
mesmo com a tarja de orgânicas, não são adequadas ao
processo industrial de fritura
Marisa linha de orgânicos para puxar crescimento anual de 20%.
para a obtenção de batatas
tunidade. Esse mercado cresce cerca de chips e palha. Foram muitas idas a pe25% ao ano e sua clientela tem uma ca- quenos produtores rurais para desenvolrência de produtos diferenciados. O filão vermos o suprimento de matéria-prima
de orgânicos no Brasil ainda é pequeno. ideal. Com as torradas, os ingredientes já
Exibe problemas de estruturação da ca- são encontrados no mercado doméstico, já
deia e pouca profissionalização, além de que são semelhantes à fabricação de pães
preços ainda considerados altos. Mas a e bolos orgânicos. O maior problema era
crescente demanda interna e, sobretudo, produzir uma torrada de sabor agradável
o seu potencial, segue encorajando uma e que não quebrasse facilmente, pois uma
produção, que movimenta algo em torno das características-chave de nossas torradas é que elas são superfinas.
de R$ 1,5 bilhão ao ano.
DR – Como foi o desenvolvimento da
DR – Quais foram as primeiras
linha orgânica?
medidas para realizar esse projeto?
Marisa – O primeiro passo foi conMarisa – Pela experiência que temos
tratar uma empresa de assessoria para com batatas convencionais, sabíamos
a fabricação de orgânicos, que apontou que era necessário uma variedade espealgumas mudanças na nossa fábrica para cífica de batatas orgânicas. Ela teria que
adequarmos melhor a produção. Devido à se adaptar à fritura e, portanto, tivemos
experiência que acumulamos fornecen- que desenvolver um produtor disposto
do para o segmento de marcas próprias, a se aventurar conosco, plantar novos
já tínhamos grande parte dos controles tipos de sementes e aguardar 110 dias
necessários para promover a conversão. com elas na terra para testá-las. Após
Após fazermos as mudanças necessárias escolhermos a melhor variedade, dena planta, fomos, como é praxe, submeti- mos o aval para plantá-la e esperar mais
dos a auditorias. A empresa certificadora 110 dias para termos a batata na fábrica
de orgânicos Ecocert se encarregou das pronta para fritar. Enquanto esperávamos
instalações e controles de produção. A as batatas, fizemos os testes com as torSociedade Vegetariana do Brasil foi quem radas, e foram muitos, até acertarmos a
cuidou da certificação para o mercado receita ideal. Como não podíamos vender
vegano. Após o cumprimento de rígidos as torradas de testes, nossos funcionários
procedimentos e da documentação exigi- levaram para casa. Foi assim que realizada novamente fomos submetidos a audi- mos os testes de degustação e as receitas
foram aperfeiçoadas. •
toria e conseguimos obter o selo vegano.
www.docerevista.com.br

Documentos relacionados

Veja o PDF da edição

Veja o PDF da edição administração Diretora BEATRIZ Helman [email protected] Publicidade Antonio Canela barreto Jalil issa gerjis jr. Sérgio antonio da silva [email protected] International Sal...

Leia mais