infecção por vírus respiratórios no paciente infectado pelo hiv
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infecção por vírus respiratórios no paciente infectado pelo hiv
Tendências em HIV•AIDS Volume 3 - Número 3 - 2008 Editor chefe Ricardo Sobhie Diaz – Universidade Federal de São Paulo Corpo editorial Adauto Castelo Filho – Universidade Federal de São Paulo André Lomar – Hospital Israelita Albert Einstein Artur Kalichman – Centro de Referência e Treinamento de DST/AIDS – SP Artur Timerman – Hospital Heliópolis Breno Riegel – Hospital Nossa Senhora da Conceição, Rio Grande do Sul Celina Maria Pereira de Moraes Soares – Universidade Federal de São Paulo Celso Ramos – Universidade Federal do Rio de Janeiro Celso Francisco Hernandes Granato – Professor Adjunto da Universidade Federal de São Paulo David Salomão Lewi – Universidade Federal de São Paulo – Hospital Israelita Albert Einstein Eduardo Sprinz – Universidade Federal do Rio Grande do Sul Érico A. Gomes de Arruda – Hospital São José de Doenças Infecciosas do Ceará Esper George Kallas – Universidade Federal de São Paulo Estevão Portella – Universidade Federal do Rio de Janeiro Giovana Lótici Baggio-Zappia – Doutoranda da Disciplina de Infectologia, Universidade Federal de São Paulo Guido Levi – Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo João da Silva Mendonça – Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo José Luiz de Andrade Neto – Universidade Federal do Paraná Jeová Keny Baima Colares - Professor da Universidade de Fortaleza Jorge Simão do Rosário Casseb – Médico Pesquisador do Laboratório de Imunologia 56 – LIM56 – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Márcia Rachid – Assessoria de DST/Aids da Secretaria do Estado do Rio de Janeiro Marcos Montani Caseiro – Professor da Fundação Lusíadas, Santos, SP Marcos Vitória – Organização Mundial de Saúde Marinella Della Negra – Instituto de Infectologia Emílio Ribas Paulo Feijó Barroso – Universidade Federal do Rio de Janeiro Paulo Roberto Abrão - Médica-Pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo Reinaldo Salomão – Universidade Federal de São Paulo – Casa de Saúde Santa Marcelina Ricardo Pio Marins – Organização Panamericana de Saúde Rosana Del Bianco – Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo Shirley Cavalcante Vasconcelos Komninakis – Professora da Fundação Lusíadas, Santos – SP Simone Barros Tenore - Médica-Pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo Unaí Tupinambás – Universidade Federal de Minas Gerais Valdez Madruga – Centro de Referência e Treinamento de DST/AIDS – SP ÍNDICE RECEPTORES DO TIPO TOLL NO CONTEXTO DA INFECÇÃO PELO HIV ..................................................................................................... 5 Giovana L. Baggio-Zappia PERSPECTIVAS E ESTRATÉGIAS NO DESENVOLVIMENTO DE UMA VACINA ANTI- HIV .......................................................................... 10 Daniela S. Rosa – Susan P. Ribeiro – Edecio Cunha-Neto MANIFESTAÇÕES RENAIS EM PORTADORES DO HIV ................................................................................................................................. 21 Ciane Mackert – Patricia Albizu Piaskowy – Francisco Emanuel Almeida – Amanda Martins Pereira de Moraes INFECÇÃO POR VÍRUS RESPIRATÓRIOS NO PACIENTE INFECTADO PELO HIV ...................................................................................... 24 Aripuanã Sakurada Watanabe – Emerson Carraro DESTAQUES ..................................................................................................................................................................................................... 27 RESUMO DE TESES ......................................................................................................................................................................................... 29 Atha Comunicação & Editora Planejamento Editorial, Diagramação e Produção Gráfica Rua Machado Bittencourt, 190 - Cep: 04044-000 - São Paulo - SP - Tel: 55-11-5087-9502 - Fax: 55-11-5579-5308 E-mail: [email protected] 3 EDITORIAL Nesta edição, o artigo da pesquisadora Giovana L. Baggio-Zappia explora um dos aspectos da complexa inter-relação entre a imunidade inata e o HIV. A imunidade inata é aquela que já está presente nos mamíferos por ocasião de seu nascimento e que pode reconhecer e eliminar patógenos. O sistema de receptores do tipo Toll, como o da APOBEC é um dos exemplos de mecanismos relacionados com a imunidade inata. De forma simplificada, a família de receptores do tipo Toll reconheceria padrões moleculares conservados derivados de bactérias, fungos e vírus, ativando o sistema imune para a conseqüente eliminação destes patógenos. No caso específico do HIV, o sistema Toll agiria possivelmente como um “tiro no pé”. Aliás, muitas das respostas do organismo humano na tentativa de combater o HIV funcionariam como um “tiro no pé”. Como exemplo disto, teríamos na fase mais precoce da infecção pelo HIV, a captura do vírus pelas células dendríticas, como as células de Langherhans presentes no trato genital. O ciclo completo de infecção celular pelo HIV não ocorre no momento da exposição ao vírus. Ao invés, as células dendríticas captam poucas cepas virais e as levam aderidas em sua superfície para o linfonodo regional. O tempo envolvido neste trajeto é de cerca de duas semanas. Isto ocorre no intuito de transportar o invasor aos linfócitos T e B para início da assim chamada resposta imune adaptativa. O primeiro “tiro no pé”! Usando as células dendríticas como um cavalo de tróia, o HIV é capaz de infectar estas células presentes no linfonodo regional e iniciar seu mecanismo de destruição celular. Em um segundo momento, o HIV passa a destruir o principal órgão linfóide do corpo humano, o tecido linfóide associado ao intestino, o GALT. Mais da metade das células T do organismo encontra-se no GALT para prover o primeiro combate aos patógenos veiculados por alimentos. Esta destruição da primeira barreira imune efetiva contra o meio externo, leva à invasão dos espaços linfáticos por bactérias e liberação de LPS na circulação sanguínea. O sistema Toll passa então a reconhecer este LPS e contribuir na produção do fenômeno conhecido como ativação celular. A ativação celular normalmente é útil na eliminação de patógenos infecciosos, mas no caso do HIV está associado à progressão acelerada da doença, diminuição de CD4 por falta de reposição adequada e aumento da replicação viral. Desta forma o sistema Toll, que deveria ser protetor, pode contribuir para uma resposta inadequada à infecção. De fato, alguns sinalizadores podem estar exclusivamente associados ao aumento de replicação do HIV. Finalmente, em um golpe de misericórdia do HIV contra o corpo humano, nos estágios mais tardios da infecção, o vírus passa a destruir o órgão produtor de células T naive mais importante do corpo humano: o timo. As células T chamadas de naive são aquelas com capacidade de “aprender” a combater componentes antigênicos novos. Muito ainda não está completamente definido em relação à imunidade inata, bem como o papel protetor ou deletério do sistema Toll, ou mesmo sobre os mecanismos pelo qual o HIV se evadiria do efeito protetor deste sistema. Entretanto, o entendimento deste tipo de conhecimento é promissor e pode levar ao desenvolvimento de novos instrumentos terapêuticos. Ricardo Sobhie Diaz 4 RECEPTORES DO TIPO TOLL NO CONTEXTO DA INFECÇÃO PELO HIV TOLL-LIKE RECEPTORS IN THE CONTEXT OF THE HIV INFECTION Giovana L. Baggio-Zappia Laboratório de Virologia e Imunologia I, Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP RESUMO Os membros da família de receptores do tipo toll (TLR) desempenham papel importante tanto na imunidade inata, quanto na imunidade adaptativa. Os TLRs são receptores celulares, evolutivamente conservados, capazes de reconhecer uma ampla variedade de padrões moleculares associados à patógenos. Esses receptores foram recentemente associados ao processo de ativação imune crônica, característica marcante da infecção pelo HIV. Esta revisão aborda os aspectos gerais envolvidos no reconhecimento viral pelos TLRs e o envolvimento desses receptores na infecção pelo HIV. Descritores: resposta imune, TLR, PRR, PAMP ABSTRACT Members of the toll-like receptor (TLR) family play key roles in both innate and adaptive immune responses. TLRs are cellular receptors, evolutionarily conserved, that enable host to recognize a large number of pathogen associated molecular patterns. Recently, these receptors were associated with the state of chronic immune activation, a hallmark of the HIV infection. This review presents the general aspects involved in virus recognition by TLRs and the role of these receptors in the context of HIV infection. Keywords: immune response, TLR, PRR, PAMP Abreviaturas: DAI, DNA-dependent activator of IFN-regulatory factors; CDs, células dendríticas – dendritic cells; IRF3, interferon regulatory factor 3; LPS, lipopolissacarídeo; MDA5, melanoma differentiation associated gene 5; PRRs, pattern recognition receptors; RIG-I, retinoic acid inducible gene I; PAMPs, pathogen-associated molecular patterns; pDCs, células dendríticas plasmacitóides; Th1, resposta T helper 1; TIR, domínio homólogo ao receptor Toll/IL-1 TLR, receptor do tipo toll - toll-like receptor; TRAF6, tumor necrosis factor receptor-associated factor 6. Receptores de reconhecimento de patógenos Nos últimos 10 anos houve muito progresso no entendimento da imunidade inata e de como o sistema imune inato reconhece e reage aos patógenos. A identificação dos receptores da imunidade inata e seus alvos fortaleceu a hipótese de que esses receptores evoluíram para reconhecer padrões moleculares associados aos patógenos. Esse reconhecimento desencadeia a ativação de genes inflamatórios e o desenvolvimento da resposta imune adquirida. As células do sistema imune inato possuem receptores de reconhecimento de padrões (PRRs, pattern recognition receptors) que reconhecem padrões moleculares associados à patógenos (PAMPs, pathogen-associated molecular patterns). Os PAMPs são estruturas moleculares conservadas, como por exemplo, o lipopolissacarídeo (LPS), parte da estrutura da parede celular de bactérias gram (-), o peptidoglicano de bactérias gram (+), as lipoproteínas e os ácidos nucléicos virais. Enquanto o reconhecimento de produtos derivados de bactérias (como o LPS) e fungos ocorre sem maiores problemas, o reconhecimento viral pelos receptores da imunidade inata é um desafio. Como os vírus subvertem a maquinaria Tendências em HIV • AIDS (Volume 3 - Número 3 - 05-09) celular do hospedeiro para sua própria replicação, suas estruturas moleculares são muito semelhantes às do hospedeiro(1), dificultando o seu reconhecimento pelo sistema imune. Além disso, as altas taxas de mutações são incompatíveis com o reconhecimento pelos receptores da imunidade inata que possuem um padrão finito de reconhecimento de especificidades fixas. A solução para esse aparente paradoxo são as várias formas de ácidos nucléicos virais, que são suficientemente conservados para permitir o reconhecimento pelos receptores da imunidade inata. Os ácidos nucléicos virais podem ser reconhecidos por PRRs como RIG-I, MDA5, Lgp2 e DAI, que pertencem à família das RIG-like helicases(2-8). A PKR (proteína quinase R) também está envolvida no reconhecimento e iniciação da resposta imune contra os vírus. Estes PRRs são proteínas encontradas no citoplasma de vários tipos celulares(9). Além desses receptores de reconhecimento de patógenos, as células do sistema imune como as células dendríticas (CDs), células NK, linfócitos T e B, encarregadas de orquestrar a resposta imune, expressam outro tipo de receptores de reconhecimento de padrões, chamados de receptores do tipo toll(10). O reconhecimento de patógenos através desses receptores não 5 requer exposição prévia aos antígenos, como ocorre com os receptores das células T, e possibilita o desenvolvimento da resposta imune adaptativa. O receptor toll foi primeiramente caracterizado na Drosophila melanogaster, atuando no desenvolvimento embrionário e na imunidade inata. O primeiro homólogo humano do toll de drosófila foi descrito por Medzhitov e colaboradores em 1997(11) e chamado de receptor do tipo toll ou TLR (Toll-like receptor). Atualmente são conhecidos 13 TLRs, sendo 11 expressos em humanos(12). Os TLRs são proteínas transmembrana ricas em leucina, formadas por uma única α-hélice, com porção citoplasmática muito semelhante ao receptor de IL-1, denominada domínio homólogo ao receptor Toll/IL-1 ou TIR(13) capazes de induzir cascatas de sinalização e transdução de sinais intracelulares. Os TLRs reconhecem e respondem a vários patógenos, como LPS da parede das bactérias G (-), ssRNA, dsRNA e DNA de vírus e fungos. O reconhecimento de patógenos mediado pelos TLRs promove a ativação de uma complexa cascata de sinalização celular via TIR com a expressão de genes envolvidos na resposta imune(14-16). Após a ligação dos PAMPs, TIR recruta uma série de proteínas adaptadoras como MyD88 (utilizada por todos os TLRs à exceção do TLR3), TIRAP, TRIF e TRAM. A sinalização via MyD88 utiliza quinases como IRAK1 e IRAK6 e TRAF6, promovendo uma cascata de sinalização que culmina com a ativação de fatores de transcrição como o NF-κB, e AP-1(1,17), também envolvidos na replicação do HIV(18,19). A ativação dessa via, conhecida como via dependente de MyD88, controla a expressão de genes necessários para a ativação de uma resposta de fase aguda com produção de citocinas pró-inflamatórias como IFN-α, IFN-β, IL-6, IL-12 e TNF-α(20,21) e reações fisiológicas como a febre(22,23). A ativação dessa resposta primária produzida pelo reconhecimento desses padrões moleculares é um pré-requisito para o desenvolvimento da resposta imune adaptativa, mediada pelas células B e T. TLRs e reconhecimento viral Os TLRs 3, 7, 8 e 9 desempenham papel importante nas respostas imunes contra vírus. Enquanto o TLR3 reconhece o dsRNA viral, os TLRs 7 e 8 são capazes de induzir respostas contra os ssRNAs(24,25) e o TLR9 reconhece motivos não metilados no DNA viral (CpG DNA)(26,27). Os TLRs 7, 8 e 9 formam um subgrupo entre os TLRs e são expressos em compartimentos endossômicos, ao contrário dos demais TLRs, expressos na superfície celular. Evidências dessa localização foram fornecidas por estudos demonstrando que o tratamento de células com inibidores lisossomais inibe a ativação desses receptores, e como conseqüência as respostas imunes aos vírus(27). Já a localização do TLR3 varia de acordo com o tipo celular; enquanto se localiza em vesículas endossômicas nas células dendríticas, está presente na superfície de células como os fibroblastos(28). Embora os TLRs 3, 7, 8 e 9 apresentem a mesma localização intracelular, são expressos por tipos celulares distintos. O TLR3 não é expresso em células dendríticas plasmacitóides (pDCs), as quais expressam níveis elevados de TLR7 e TLR9(29), mas é expresso em células dendríticas mielóides. Este perfil de expressão reflete na indução de diferentes genes e com isso, distintos padrões de resposta imune. As células pDCs são 6 capazes de produzir níveis elevados de interferons do tipo I, especialmente IFN-α em resposta ao reconhecimento viral via TLR7 ou TLR9, enquanto as células dendríticas mielóides são eficientes produtoras de IL-12 e IFN-β após o reconhecimento do estímulo via TLR3(30,31). A ativação dos TLRs como resultado do reconhecimento dos antígenos virais desencadeia uma complexa cascata de sinalização, envolvendo uma série de proteínas, que culmina com a ativação de fatores de transcrição como NF-κB, AP-1 e IRF3, e produção de citocinas pró-inflamatórias como IFN-γ, IL-6 e TNF-α. A liberação dessas citocinas induz a maturação das células dendríticas, com aumento da expressão de moléculas co-estimulatórias como CD80, CD86 e CD40(32), bem como a apresentação de antígenos pelas moléculas do MHC de classe I, favorecendo a resposta imune antiviral e a migração dessas células para os tecidos infectados. TLR3 O TLR3 foi o primeiro receptor do tipo toll relacionado ao reconhecimento de vírus. O TLR3 é expresso em células dendríticas mielóides, macrófagos e linfócitos B e é capaz de mediar respostas aos vírus RNA de dupla fita (dsRNA). A maior parte dos vírus de genoma dsRNA que infectam humanos pertencem à família Reoviridae, no entanto, o dsRNA pode ser gerado durante o ciclo de replicação de muitos outros vírus, que dessa forma podem ser reconhecidos pelo TLR3. O reconhecimento do dsRNA pelo TLR3 resulta na ativação de uma cascata de sinalização intracelular, com ativação de dois fatores de transcrição, NF-κB e IRF3, culminando na produção de citocinas pró-inflamatórias(33-35). O dsRNA viral pode ser originário de células lisadas ou proveniente da fagocitose por células dendríticas. Esse reconhecimento induz a maturação das CDs com aumento da expressão de moléculas co-estimulatórias, promovendo a ativação e a expansão clonal das células T CD8 e a resposta imune celular específica. O dsRNA também pode ser reconhecido pelas células teciduais que expressam TLR3 e RIG-I e em resposta a esse reconhecimento produzem citocinas que estimulam a maturação das CDs(9,36). As células NK também expressam TLR3 e com isso também reconhecem o dsRNA viral. Alexopoulo e colaboradores demonstraram que macrófagos estimulados com dsRNA sintético e com reovírus purificado são capazes de produzir IFN-β, IL-6, IL-12 e TNF-α via TLR3(35). Experimentos conduzidos em ratos tlr3 (-/-) demonstraram que esses animais não são susceptíveis ao choque induzido pelo dsRNA, sugerindo que este receptor está relacionado às respostas ao dsRNA extracelular, in vivo(35). A equipe de Doyle(37) demonstrou que a interação TLR3-poli I:C é capaz de inibir a replicação do herpes vírus 68 em macrófagos murinos derivados da medula óssea, in vitro. Posteriormente, vários outros experimentos demonstraram o envolvimento do TLR3 na resposta imune antiviral(38-42). A estimulação do TLR3 também desencadeia a apoptose via RIP-1 e caspase 8, desempenhando um papel fundamental da eliminação de células infectadas por vírus(29,43). Enquanto a sinalização de todos os TLRs parece ativar as mesmas cascatas culminando em uma resposta inflamatória, a sinalização pelo TLR3 e também pelo TLR4 parece ser mais complexa. Enquanto os demais TLRs utilizam a proteína adaptadora MyD88, os TLR3 Tendências em HIV • AIDS (Volume 3 - Número 3 - 05-09) e TLR4 podem ativar o fator de transcrição NF-κB por uma via independente(44), através de outra proteína adaptadora, a TIRAP/Mal(45). TLR7, TLR8 e TLR9 Outros tipos de ácidos nucléicos de origem viral podem ser reconhecidos pelos TLRs. A equipe de Lund(26) demonstrou que as pDCs são capazes de reconhecer os motivos CpG presentes no genoma de bactérias e de vírus através do TLR9 e que esse reconhecimento é necessário para que as células produzam IFN-α. Oligonucleotídeos CpG sintéticos são eficientes na indução de respostas Th1 e podem ser empregados como adjuvantes em vacinas. Da mesma forma que o CpG derivado de bactérias e vírus, o CpG sintético também induz a produção de IFN-α via TLR9(27,46-48). O envolvimento do TLR7 no reconhecimento de ssRNA foi demonstrado por Diebold e equipe(24). Os autores demonstraram que as pDCs são capazes de produzir IFN-α em resposta ao vírus influenza, sendo esta resposta dependente do reconhecimento do ssRNA viral através do TLR7 e dependente de MyD88. Moléculas sintéticas de ssRNA também são capazes de induzir resposta via TLR7. O estudo de Heil e colaboradores(25) identificou o TLR8, além do TLR7, como receptores responsáveis pelo reconhecimento de ssRNA viral. Neste experimento, os autores demonstraram que o ssRNA do HIV-1, rico em guanosina (G) e uridina (U), induziu a produção de IFN-α pelas células dendríticas (DCs) e pelos macrófagos. Esses resultados demonstram que o ssRNA é um ligante natural para os receptores TLR7 e TLR8 e portanto, capaz de induzir resposta imune. O TLR8 é filogeneticamente relacionado ao TLR7. Experimentos demonstraram que células deficientes de TLR8 reconhecem o ssRNA do HIV através do TLR7(25). Esta inespecificidade, obviamente, traz vantagens ao hospedeiro. TLRs e HIV A ativação imune crônica é uma característica marcante da infecção pelo HIV e está relacionada à diminuição da contagem das células T CD4 e progressão da doença, em pacientes não tratados. Este estado hiper-imune manifesta-se in vivo pela hiperplasia folicular dos tecidos linfóides, ativação policlonal das células B, com hipergamaglobulinemia e concomitante diminuição da produção de anticorpos antígeno específicos(49,50), e aumento dos níveis plasmáticos de marcadores de ativação como neopterina e β2-microglobulina(51), além do aumento da expressão de marcadores de ativação das células T, como CD38(52,53). A observação de que a ativação imune crônica diminui rapidamente após a instituição da terapia antirretroviral(54-57) e aumenta novamente dentro de poucos dias após a falha terapêutica, com ou sem interrupção da terapia antirretroviral(58), fornece fortes evidências da contribuição da replicação viral nesse fenômeno. Embora a replicação viral e a constante exposição aos antígenos do HIV sejam fatores importantes, mecanismos adicionais parecem estar envolvidos no estado de ativação imune crônica. Estudos demonstraram o envolvimento das infecções oportunistas e dos receptores do tipo toll nesse processo(59-62) e dessa forma apontam novas estratégias que podem ser utilizadas no tratamento da infecção pelo HIV. Os primeiros indícios do envolvimento dos receptores do tipo toll Tendências em HIV • AIDS (Volume 3 - Número 3 - 05-09) na indução da replicação do HIV foram publicados pela equipe de Pomerantz(63). Nesse estudo os autores demonstraram que o LPS, derivado de bactérias gram (-) e reconhecido pelo TLR4, é capaz de induzir a replicação do HIV através da ativação do fator de transcrição NF-κB, em uma linhagem de macrófagos U1 infectados pelo HIV, in vitro. Trabalhos posteriores demonstraram que produtos bacterianos são capazes de induzir a replicação do HIV em linhagens previamente infectadas(64,65), corroborando os resultados obtidos por Pomerantz e colaboradores(63). Com o descobrimento da sinalização via TLRs em humanos(10) o envolvimento desses receptores na indução da replicação do HIV ficou evidente e em 2001 a equipe de Equils(66) demonstrou formalmente o envolvimento de produtos bacterianos na indução da replicação do HIV via TLR4. Estudos posteriores demonstraram que células mononucleares infectadas pelo HIV aumentam significativamente os níveis de replicação viral quando estimuladas com agonistas dos TLR2, TLR4 e TLR9(67,68). Ainda que não totalmente definidos, os mecanismos envolvem o aumento da produção de citocinas pró-inflamatórias, especialmente TNF-α e a ativação de fatores de transcrição como NF-κB e AP-1, necessários para a replicação do HIV(18,69). Concordante com os estudos anteriores, a equipe de Báfica demonstrou que o aumento da replicação do HIV em pacientes coinfectados pelo Micobacterium tuberculosis é dependente de TLR2(70). A co-infecção HIV/M. tuberculosis é endêmica em certas regiões, sendo mais grave do que a infecção pelo HIV ou pelo M. tuberculosis isoladas(71). Além da sinalização via TLR2, glicolipídeos derivados de micobactérias são potentes agonistas do TLR4(72), enquanto DNA micobacteriano é reconhecido pelo TLR9(73). Em um trabalho recente, a equipe de Simard(74) demonstrou que o LPS promove a expressão dos genes do HIV em monócitos infectados pelo HIV-1, enquanto inibe a replicação viral em macrófagos também infectados. Essa aparente contradição não se deve à incapacidade do LPS em induzir a transcrição do HIV nessas células, mas à capacidade de induzir a produção de interferons do tipo I, através da ativação do fator de transcrição NF-κB, como resposta à ligação do LPS ao complexo CD14/TLR4. O envolvimento dessas citocinas na supressão da replicação do HIV-1, mediada pelo TLR4, em macrófagos foi demonstrado pelo uso do B18R, um receptor solúvel com afinidade para interferons tipo I, derivado do vírus vaccínia. A ligação do B18R impede a ação antiviral do interferon, permitindo a replicação viral(37). A ligação do LPS-CD14/TLR4 também é eficiente na ativação de IRF3, um fator de transcrição importante na resposta imune antiviral(75), resultando na produção de IFN-α e IFN-β(76). O LPS pode atingir níveis elevados em vários tecidos nos pacientes HIV soropositivos e com isso estimular a replicação viral nas células da linhagem dos macrófagos. Em indivíduos saudáveis, as pequenas quantidades de LPS são continuamente depuradas no fígado pelas células do sistema mononuclear fagocitário. Em indivíduos soropositivos, no entanto, quantidades pequenas como 10 pg/mL são suficientes para interferir na replicação do HIV em macrófagos localizados no fígado, no intestino ou em outros tecidos(63). O aumento dos níveis circulantes de LPS ocorre como conseqüência da translocação bacteriana a partir do trato gastrointestinal(77,78) devido à perda da integridade e comprometimento da imunidade de mucosas e se trata de um evento precoce na infecção pelo HIV(79). 7 O advento da terapia antirretroviral altamente potente (HAART) deixou claro que a infecção pelo HIV pode persistir mesmo quando os níveis plasmáticos de RNA viral permanecem abaixo dos limites de detecção. O HIV pode persistir tanto em compartimentos anatômicos específicos, onde as drogas antivirais penetram com mais dificuldade, quanto em células de vida longa que permanecem infectadas em estado de latência. Estudos demonstraram que as células T, os macrófagos, as células dendríticas, os astrócitos, as células endoteliais e as células da micróglia são suscetíveis à infecção pelo HIV(80-82). Em um estudo recente, a equipe de Sundstrom(68) demonstrou que os mastócitos também podem ser infectados pelo HIV e que preenchem os requisitos de uma célula reservatório e, mais importante, que a sinalização via TLR é capaz de ativar a replicação do provírus integrado, in vitro. Essas células normalmente sofrem degranulação quando encontram o antígeno, no entanto, nesse experimento, agonistas dos TLR2, TLR4 e TLR9 induziram a replicação viral sem induzir a degranulação ou a apoptose. Considerações finais Embora o estudo dos TLRs ainda esteja em desenvolvimento, o descobrimento dessas moléculas e suas vias de sinalização intracelulares já forneceu novas informações acerca da capacidade de reconhecimento e interação entre hospedeiro e patógeno. Um melhor entendimento acerca da relevância dessa sinalização no contexto da infecção pelo HIV pode levar ao desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas. Referências Bibliográficas 1. Takeda K, Akira S. Toll-like receptors in innate immunity. Int Immunol 2005;17(1):1-14. 2. Kawai T, Akira S. Innate immune recognition of viral infection. Nat Immunol 2006;7(2):131-7. 3. Yoneyama M, Fujita T. [RIG-I: critical regulator for virus-induced innate immunity]. Tanpakushitsu Kakusan Koso 2004;49(16):2571-8. 4. Yoneyama M, Kikuchi M, Natsukawa T, Shinobu N, Imaizumi T, Miyagishi M, et al. The RNA helicase RIG-I has an essential function in double-stranded RNA-induced innate antiviral responses. Nat Immunol 2004;5(7):730-7. 5. 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Tendências em HIV • AIDS (Volume 3 - Número 3 - 05-09) 9 PERSPECTIVAS E ESTRATÉGIAS NO DESENVOLVIMENTO DE UMA VACINA ANTI- HIV PERSPECTIVES AND STRATEGIES IN THE DEVELOPMENT OF AN ANTI-HIV VACCINE Daniela S. Rosa1,3, Susan P. Ribeiro1,3, Edecio Cunha-Neto1,2,3* 1 – Laboratório de Imunologia Clínica e Alergia-LIM 60, Disciplina de Imunologia Clínica e Alergia, Departamento de Clínica Médica; 2 – Instituto do Coração (InCor)-HCFMUSP, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 3 – Instituto de Investigação em Imunologia, Institutos do Milênio, Brasil. *enviar correspondência para Laboratório de Imunologia Clínica e Alergia-LIM 60 Fac. Medicina USP, Av. Dr. Arnaldo, 455 s. 3207/9 CEP 01246-903 - São Paulo - SP – Brasil Fone (011) 3061-8314 Fax: (011)3061-8315 [email protected] RESUMO A infecção pelo HIV foi responsável por mais de 20 milhões de mortes nas últimas décadas e atualmente existem aproximadamente 40 milhões de indivíduos infectados, a maioria deles em países em desenvolvimento. Em países onde o acesso ao tratamento anti-retroviral pela população é limitado, somente uma vacina eficaz poderia fazer frente à epidemia. A despeito dos avanços no conhecimento da patogenia do vírus e da resposta imune à infecção, até o momento não existe uma vacina eficaz contra a infecção pelo HIV. Várias vacinas experimentais mostraram-se imunogênicas em ensaios clínicos de Fase I, porém a grande maioria não mostrou qualquer proteção em ensaios de eficácia. Diversas vacinas experimentais têm como objetivo a indução de forte resposta imune celular anti-HIV, que pode proporcionar uma proteção parcial, com diminuição da carga viral resultando em redução da transmissão e progressão mais lenta para a AIDS. Este artigo visa demonstrar os obstáculos encontrados, o status atual, as estratégias e as perspectivas para o desenvolvimento de uma vacina contra a infecção pelo HIV. Descritores: HIV, AIDS, vacinas, imunologia, imunidade celular, vetores, ensaios clínicos HIV, vaccine, AIDS, immunology, cellular immunity, vectors ABSTRACT HIV infection has caused more than 20 million deaths in the last decades and approximately 40 million live with HIV infection, most of them in developing countries. Only an effective vaccine could help to control the epidemic in countries where access to antiretroviral therapy is limited. In spite of the recent advances in the knowledge of the pathogenesis of HIV infection and the ensuing immune response, so far there is no effective vaccine against HIV infection. Several experimental vaccines have been shown to be immunogenic in Phase I clinical trials, but the vast majority showed no protection in efficacy trials. Several experimental vaccines have been designed to induce strong HIV-specific cellular immune response, which can provide partial protection leading to reduction of viral load with consequent reduction of transmission and slower progression to AIDS. This article aims to demonstrate the obstacles, the current status, strategies and prospects for the development of a vaccine against HIV infection. Keywords: HIV, vaccine, AIDS, immunology, cellular immunity, vectors, clinical trials Introdução A infecção pelo HIV foi responsável por mais de 20 milhões de mortes nas últimas décadas e atualmente existem aproximadamente 40 milhões de indivíduos infectados. Segundo a Organização mundial de Saúde (OMS), 600 novas infecções pelo HIV ocorrem por hora no mundo sendo a maioria delas em países em desenvolvimento. No ano de 2007 foram relatados cerca de 2,5 milhões de novas infecções e 2,1 milhões de indivíduos morreram em decorrência de doenças relacionadas a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) (boletim UNAIDS, 2007). Aproximadamente dois terços dos adultos e das crianças infectadas pelo HIV vivem na África subsaariana. 10 Em países onde o acesso ao tratamento anti-retroviral pela população é limitado somente uma vacina eficaz poderia fazer frente à epidemia. A despeito dos avanços no conhecimento da patogenia do vírus e da resposta imune à infecção, até o momento não existe uma vacina eficaz contra a infecção pelo HIV. Várias vacinas experimentais que induziram imunidade celular mostraram-se imunogênicas em ensaios clínicos de Fase I, porém a grande maioria não mostrou qualquer proteção em ensaios de vacinação profilática, ou no controle duradouro da viremia, no caso de vacinas terapêuticas (Cohen et al. 2003, Goujard et al., 2007, Watkins, 2008, Priddy et al., 2008, Coutsinos et al., 2008). Tendências em HIV • AIDS (Volume 3 - Número 3 - 10-20) Embora o desenvolvimento de uma vacina contra o HIV tenha desafiado os esforços até o momento, alguns fatores sugerem para a sua viabilidade (tabela 1) (AIDS vaccine Blueprint, 2006). A OMS estima que, na ausência de uma vacina eficaz, surgirão cerca de 100 milhões de novos casos de infecção pelo HIV. Sendo assim, o desenvolvimento de uma vacina contra o HIV é uma prioridade de saúde pública global. Este artigo visa demonstrar os obstáculos encontrados, o status atual, as estratégias e as perspectivas para o desenvolvimento de uma vacina contra a infecção pelo HIV. Tabela 1. Fatores que sugerem a viabilidade do desenvolvimento de uma vacina anti-HIV • Um pequeno número de indivíduos não se infecta apesar da evidente exposição repetida ao HIV (profissionais do sexo da África, casais sorodiscordantes); • Alguns indivíduos apresentam uma forte resposta imune celular anti-HIV e são capazes de suprimir a carga viral a níveis indetectáveis, diminuindo a progressão da doença e a transmissão do HIV; • Durante o curso normal da infecção pelo HIV, a imunidade celular suprime a replicação viral por um período de tempo, as vezes por uma década; • Imunização de primatas não humanos com vacinas de vírus atenuado protegem contra desafio com SIV (vírus da imunodeficiência símia); • Anticorpos neutralizantes contra o HIV são capazes de induzir proteção total em primatas não humanos contra a infecção com vírus híbrido da imunodeficiência símia-humana (SHIV) 1. Obstáculos para o desenvolvimento de uma vacina contra a infecção pelo HIV Nos últimos anos, apesar de consideráveis progressos terem sido alcançados no conhecimento da biologia do HIV e inúmeros ensaios clínicos com diversos candidatos à vacina terem sido realizados, os diversos obstáculos ao desenvolvimento de uma vacina anti-HIV eficaz ainda não foram superados adequadamente (Quadro 2). A determinação do tipo de imunidade que deverá ser induzida por uma vacina eficaz assim como quais os tipos de vacinação capazes de gerar essa imunidade são questões importantes a serem respondidas. Tabela 2. Principais obstáculos para o desenvolvimento de uma vacina anti-HIV Diversidade antigênica/genética dos isolados virais; Hipervariabilidade e freqüência elevada de mutação no vírus; 2.1. Diversidade genética do vírus A análise filogenética das inúmeras cepas de HIV-1 de origens geográficas diversas permitiu a classificação em três grandes grupos distintos de parentesco genômico denominados: M, N e O. A maioria das cepas responsáveis pela pandemia pertencem ao grupo M, dentro do qual se é possível distinguir 11 subtipos (A ao K). No mundo inteiro, cerca de 50% dos indivíduos estão infectados pelo HIV-1 subtipo C, enquanto o subtipo B, predominante nos países industrializados, posiciona-se como o terceiro mais freqüente, com cerca de 12% dos pacientes infectados. Entretanto, outros subtipos do HIV-1 (A, D, F e recombinantes) estão amplamente disseminados na África e Ásia. Com relação à prevalência dos subtipos virais no Brasil, a estimativa mais recente de identificou subtipos B (77.2%), C (3.3%), D (0.5%) e F (6.4%), bem como formas recombinantes B/F e B/C em diferentes posições (Potts et al., 1993; Morgado et al., 1994; Guimarães et al., 2002). A diversidade de seqüências inter-subtipo pode chegar a 35% e a intra-subtipo pode ser de até 20% (Gaschen et al., 2002), sugerindo uma extensa variação de alvos antigênicos para respostas imunes anti-HIV. A variabilidade genética do HIV é o principal obstáculo à obtenção de uma vacina, porque as vacinas utilizam uma seqüência viral fixa para estimular uma resposta imune que teria de ser capaz de controlar posteriormente a infecção com qualquer HIV ao qual o indivíduo se exponha, não importa o quão distinto do composto vacinal. Dado que a maioria das vacinas experimentais é elaborada a partir de isolados específicos do HIV-1 de subtipo B, o impacto de tamanha variação genética deve ser reconhecido, já que divergências genéticas de até 2% resultaram em um fracasso de uma vacina contra a infecção pelo vírus da influenza (Gaschen et al., 2002). Vacinas que protegeram primatas a desafio com SIV homólogo falharam em prevenir a infecção através de um isolado heterólogo, apresentando pequenas diferenças de seqüência, não mostrando nenhuma proteção ou controle da viremia (Peters, 2001). Mutações de escape pontuais (um único resíduo de aminoácidos) resultaram em perda do reconhecimento por células T CD8+ e aumento na viremia plasmática em macacos Rhesus experimentalmente infectados com SIV (Barouch et al., 2003). Dois casos de superinfecção em pacientes soropositivos para o HIV-1 foram publicados, demonstrando que a resposta imune que controlava o vírus da primeira infecção falhou em controlar a superinfecção por um isolado diferente (Jost et al., 2002; Altfeld et al., 2002). Uma vez que o reconhecimento cruzado de células T para epítopos de diferentes subtipos do HIV-1 não é completo (Fernandez et al., 1997), atingindo no máximo 50-80% dos epítopos, alguns pesquisadores acreditam que vacinas ideais deveriam corresponder aos subtipos de HIV circulantes no local para aumentar as chances de proteção. Destruição das células do sistema imune após infecção; Escape viral ao controle pelo sistema imune; Integração do provírus no genoma da célula hospedeira com geração de reservatórios virais; Ausência de correlatos de proteção; Superinfecção possível com um segundo isolado de HIV; Modelos animais imperfeitos Tendências em HIV • AIDS (Volume 3 - Número 3 - 10-20) 2.2. Mecanismos imunológicos contra o HIV Outro importante motivo que contribui para a dificuldade na produção de uma vacina eficaz é a inexistência de parâmetros que definam quais mecanismos estão envolvidos na proteção contra a infecção pelo HIV; a capacidade de desencadear respostas imunes, isoladamente, não significa que a vacina candidata tem capacidade protetora. Isso quer dizer que no momento presente, não existem testes que definam se a vacina é eficaz; somente um ensaio clínico de eficácia, medindo pro- 11 teção induzida pela vacina, pode avaliar isso. A conseqüência é que em tese é necessário testar clinicamente cada vacina candidata, em ensaios com milhares de pacientes e a um custo de centenas de milhões de dólares cada. O estudo dos mecanismos envolvidos na geração das respostas imunes, juntamente com o desenvolvimento de diversas tecnologias que permitem monitorar as respostas imunes induzidas após a vacinação, contribui para a determinação de alguns correlatos de proteção durante a infecção natural pelo HIV e após a vacinação. A identificação desses correlatos é um passo fundamental no direcionamento de estratégias para o desenvolvimento de uma vacina eficaz contra o HIV, pois permitiria avaliar vacinas candidatas em estágios anteriores. Diversas linhas de evidência indicam que anticorpos neutralizantes, linfócitos T CD4+ e T CD8+ desempenham um importante papel na imunidade contra o HIV (revisto por Gandhi & Walker, 2002). Os anticorpos são capazes de neutralizar o HIV, impedindo dessa maneira a entrada do vírus na célula hospedeira. Embora existam várias evidências que sugerem que os anticorpos neutralizantes são capazes de prevenir a infecção pelo HIV, até o momento não foi possível a produção de um imunógeno capaz de induzir a produção de elevados títulos de anticorpos que neutralizem diversos isolados de HIV (revisto por Letvin, 2005). Vacinas indutoras de respostas de células T podem diminuir a viremia inicial e prevenir a destruição maciça e precoce de células T CD4+ de memória, que auxiliam no controle da infecção e prolongam a sobrevida livre de doença. Além disso, a transmissão secundária poderá ser reduzida se a vacina auxiliar no controle da replicação viral. (Jonhston & Fauci, 2007). Os linfócitos T CD8+ citotóxicos (CTLs) têm um papel reconhecido no controle viral através da lise celular direta (efeito citotóxico sobre células infectadas) e da secreção de citocinas e quimiocinas que aumentam a imunidade antiviral e suprimem a infecção (Walker et al, 1987; Plata et al., 1987; Borrow et al, 1994; Cocchi et al, 1995). As células CD8+ vírus específicas são capazes de lisar as células infectadas pelo HIV através do reconhecimento de peptídeos virais expostos na superfície da célula infectada juntamente com moléculas de HLA de classe I. Dessa maneira, a resposta de CTL elimina as células infectadas antes que a progênie de vírions seja liberada, demonstrando a potencial atividade antiviral dessas células. Os linfócitos T CD8+ podem agir também inibindo a replicação do HIV pela secreção de quimiocinas β, como MIP1α, MIP-1β e RANTES, as quais possuem a capacidade de se ligar aos coreceptores do HIV nas células CD4+ bloqueando então a entrada do vírus (revisto por Gandhi & Walker, 2002). O papel das células T CD8+ específicas para o HIV-1 no controle da doença foi diretamente demonstrado em modelos de infecção por SHIV em macacos (Koup et al., 1994). A depleção desse tipo celular com anticorpos monoclonais antiCD8 e posterior infecção com SIV, levou a uma incontrolada replicação viral e acelerada mortalidade (Schmitz et al., 1999). Durante a infecção aguda pelo HIV, a ativação e expansão dos linfócitos T CD8+ HIV-específicos está relacionada com o declínio da viremia (Borrow et al, 1994; Koup et al, 1994; Greenough et al, 1997; Ogg et al, 1998). Em modelos de infecção em primatas, as imunizações direcionadas à indução de respostas mediadas por CTL são capazes de reduzir a carga viral, mas não de conferir proteção estéril contra a infecção pelo HIV (revisto por Letvin, 2005). 12 A importância de células T CD4+ vírus-específicas e sua associação com a resposta imune antiviral foi demonstrada em camundongos e em humanos (Novy et al., 2007). Os linfócitos T CD4+ HIV-específicos têm papel fundamental na atividade dos linfócitos T CD8+, através de auxílio na indução e/ou manutenção das respostas dessas células, além de também influenciar nas respostas de linfócitos B (produtores de anticorpos) e macrófagos e/ou pela mediação direta de suas funções efetoras antivirais tais como produção de citocinas e, eventualmente efeito citotóxico (Hogan & Hammer, 2001). O controle da replicação do HIV-1 e consequente diminuição da carga viral foram associados a uma vigorosa resposta linfoproliferativa HIV-1 específica em pacientes cronicamente infectados e não tratados (Rosenberg et al., 1997 e revisto por Gandhi & Walker, 2002). Essa importância é amparada pela recente observação de que imunização capaz de preservar as células T CD4+ de memória (Mattapallil et al., 2006), leva a uma sobrevida aumentada após desafio de primatas com SIV (Letvin et al., 2006). Um estudo recente utilizando clones de células T CD4+ mostrou que essas são capazes de suprimir a replicação viral e de lisar células T que expressam a proteína p24 do HIV-1. Esses dados deram suporte ao conceito de que as células T CD4+, além de prover o auxílio para a geração de CTL, possuem um efeito direto no controle da replicação viral in vivo (Norris et al., 2004). As demonstrações subseqüentes das potentes respostas de linfoproliferação em humanos LTNP (long term non progressors) demonstraram o papel das respostas T CD4+ em manter o controle da infecção por HIV em humanos (Rosenberg et al., 1997). Respostas de células T CD4+ antígeno específicas precoces podem também ser utilizadas como um fator de bom prognóstico na infecção pelo HIV (Pancré et al., 2007). Sabe-se que um dos mecanismos pelos quais as células T exercem a sua função efetora é através da secreção de citocinas. A capacidade funcional e o fenótipo das células T são determinantes críticos na indução da imunidade celular efetora. Todavia, devido à heterogeneidade da resposta de citocinas geradas por diferentes vacinas, até o momento não existem correlatos de proteção em infecções que necessitam de respostas de células T. A recente técnica de citometria de fluxo multiparamétrica vem sendo amplamente utilizada para acessar simultaneamente múltiplas funções das células T. A detecção de IFN-γ, IL-2 e TNFα por uma mesma célula podem definir a qualidade da resposta de citocinas de células T CD4+ e T CD8+ inclusive em indivíduos imunizados contra a varíola ou Mycobacterium tuberculosis (Darrah et al., 2007, Precopio et al., 2007, Beveridge et al., 2007). Na infecção pelo HIV já foi demonstrado que indivíduos não progressores mantém preferencialmente células T CD8+ HIV-específicas com capacidade multifuncional (IFN-γ, IL-2, TNF-α, MIP-1β e degranulação) cujo número se correlaciona inversamente com a carga viral (Betts et al., 2006). Respostas multifuncionais de células T CD4+ representam a maior porcentagem das respostas totais de citocinas após exposição a vírus que são eliminados ou que persistem em baixos níveis como vírus da influenza, vírus Epstein-Barr (EBV), citomegalovírus do que se comparados a indivíduos infectados pelo HIV com elevada carga viral (revisto por Seder et al., 2008). Baseado nesses achados acredita-se que a qualidade da resposta funcional de células T mais do que a quantidade, seja um fator importante a ser analisado para verificar a eficácia das vacinas. Tendências em HIV • AIDS (Volume 3 - Número 3 - 10-20) 2.4. Modelos animais de infecção pelo HIV Os ensaios clínicos de segurança e imunogenicidade (fase I/ IIa) de todas as vacinas profiláticas candidatas podem requerer o envolvimento grandes números de voluntários soronegativos, com altos custos. Portanto, estudos prévios realizados em modelos animais são de extrema relevância. A falta de tais modelos retarda o progresso do desenvolvimento de vacinas (Eiben et al, 2002). No caso da infecção pelo HIV a ausência de um modelo animal que reproduza com exatidão a infecção em humanos é um fator limitante no teste de novas formulações vacinais. Embora o chimpanzé seja susceptível a infecção pelo HIV, os isolados se replicam a níveis baixos e, portanto não são capazes de induzir um quadro de doença clínica. Os vírus da imunodeficiência símia (simian immunodeficiency viruses - SIVs) são capazes de desencadear em algumas espécies de macacos asiáticos uma doença com similaridades àquelas observadas em humanos (revisto por Letvin, 2006) e alguns isolados podem até desencadear imunodeficiência progressiva e morte. O vírus quimérico, denominado vírus da imunodeficiência símia-humana (SHIV) é produzido em laboratório e contém a estrutura do SIV e várias proteínas do envelope do HIV. Atualmente o modelo de infecção de macacos Rhesus com o SIV tem permitido a realização de avanços importantes no estudo de novas formulações vacinais, entretanto os custos de aquisição e manutenção de biotérios para primatas são elevados. O estudo da patogênese do HIV também vem sendo realizado em camundongos transgênicos que expressam co-receptores celulares humanos, implicados na entrada do vírus nas células hospedeiras, assim como em camundongos portadores de imunodeficiência severa combinada (SCID) reconstituídos com células do sistema imune humano (camundongos Scid-hu) (Sun et al., 2007; Zhang et al, 2007). Os camundongos Scid-hu infectados pelo HIV-1 desenvolvem elevada viremia no plasma, com infecção produtiva em tecidos linfóides que perdura por até 19 semanas. Esses animais podem servir como um modelo in vivo para investigar os mecanismos e a imunopatogênese da infecção pelo HIV, assim como auxiliar no desenvolvimento de novos métodos de intervenção terapêutica. 3. Diferentes estratégias utilizadas para o desenvolvimento de uma vacina anti-HIV O desenvolvimento de novos candidatos à vacina anti-HIV envolve diferentes etapas incluindo a pesquisa básica e a realização de ensaios clínicos para posterior liberação pelas agências reguladoras (Figura 1). Devido à biologia única do HIV e sua interação com o sistema imune, as estratégias convencionais para vacinação não tem se mostrado eficazes contra a infecção pelo HIV (Letvin et al., 2005). Apesar de o uso de vírus vivo atenuado, vírus inativado e proteína recombinante ser bastante eficaz contra outras doenças causadas por vírus, no caso do HIV essas estratégias parecem ter eficácia limitada (Letvin, 2006) – e o uso de SIV-1 atenuado em macacos, que pode proteger da infecção aguda por outro SIV patogênico, invariavelmente leva os animais à morte pela perda da atenuação. Devido à limitação dessas estratégias vacinais clássicas, diferentes abordagens vêm sendo investigadas com o objetivo de gerar novos imunógenos, dentre elas, DNA plasmidial, vetores virais ou bacterianos, proteínas recombinantes, combinação de diferentes imunógenos e estratégias de prime-boost heterólogo (Tabela 3). Tendências em HIV • AIDS (Volume 3 - Número 3 - 10-20) Pesquisa básica Estudo da patogênese e da imunobiologia do HIV Pesquisa aplicada Aplicação da pesquisa básica no desenho de imunógenos Desenvolvimento pré-clínico Análise dos imunógenos em animais para determinar imunogenicidade, segurança e proteção Ensaios clínicos – Pequena escala Fase I e II – segurança e imunogenicidade Ensaios clínicos – Grande escala Fase IIb e III – eficácia Produção Produção em larga escala do candidato à vacina sob condições BPF (boas práticas de fabricação) Licenciamento e distribuição Figura 1. Etapas para o desenvolvimento de uma nova formulação vacinal. Tabela 3. Principais estratégias vacinais Vacinas virais - HIV atenuado - HIV inativado - DNA plasmidial Vacinas gênicas - Vetores virais recombinantes(Poxvírus, Adenovírus, Parvovírus, Flavivírus, Herpesvírus, etc) - Vetores bacterianos recombinantes (BCG, Salmonella, Listeria monocytogenes, etc) - Proteínas naturais ou recombinantes Vacinas protéicas - Peptídeos sintéticos - Lipopeptídeos Combinação de imunógenos e prime-boost heterólogo 3.1. Vírus inteiros As estratégias tradicionalmente utilizadas para a imunização contra infecções virais são baseadas na utilização de uma forma atenuada (rubéola, febre amarela e etc) ou inativada (poliomielite, gripe, hepatite A) do agente infeccioso. No modelo de infecção rhesus/SIV essas estratégias mostraram-se eficazes, porém por razões associadas à reativação viral e recombinação genética não são utilizadas para o HIV. 3.2. Proteínas recombinantes Os primeiros ensaios clínicos com um candidato à vacina contra a infecção pelo HIV utilizaram proteínas recombinantes representando proteínas do envelope viral (gp120/gp160). Esses imunógenos induziram anticorpos que não possuíam a capacidade de neutralizar isolados primários do HIV e não foram capazes de 13 induzir uma resposta CTL. Na época, embora não se tenha obtido um amplo consenso científico, uma companhia de biotecnologia disponibilizou capital suficiente para realização de ensaios clínicos. Os resultados de dois ensaios clínicos de eficácia realizados na Tailândia e nos Estados Unidos não demonstraram proteção contra a infecção pelo HIV (Cohen, 2003). Os lipopeptídeos são constituídos de peptídeos sintéticos ligados de maneira covalente a cadeias lipídicas e a sua utilização como imunógeno vem sendo avaliada através de diferentes ensaios clínicos (Lévy et al., 2005; Gahery et al.,2006). A injeção intradérmica de lipopeptídeos em voluntários sadios demonstrou ser bem tolerada, capaz de induzir uma reposta de linfócitos TCD8+ HIV-específica de mesma magnitude a observada após imunização intramuscular mesmo em menores doses (Launay et al., 2007). De maneira similar, ensaios clínicos utilizando lipopeptídeos em indivíduos cronicamente infectados pelo HIV-1 e sobre tratamento, como vacina terapêutica, demonstraram a segurança e eficácia desta estratégia em reduzir a carga viral (Lévy et al., 2006). Entretanto, a administração da vacina em indivíduos tratados durante a infecção primária pelo HIV não alterou a carga viral em estudo subseqüente realizado pelos mesmos autores (Goujard et al., 2007). 3.3. Vetores recombinantes As vacinas de DNA, vacinas de subunidade contendo DNA codificante de parte do patógeno, são vetores de expressão de eucariotos, que utilizam sinais de tradução e transcrição, além da maquinaria protéica da célula eucariótica transfectada, para produzir os imunógenos. Com isso, quantidades suficientes de proteínas são sintetizadas e uma resposta imune apropriada é induzida. Dentre as vantagens da vacina de DNA podemos incluir a fácil construção (manipulação de vetores), produção em larga escala, maior estabilidade e uma maior segurança em relação às vacinas de patógenos atenuados. Em humanos, embora tenha sido demonstrado que as vacinas de DNA são capazes de induzir uma resposta imune antígeno-específica, a imunogenicidade é limitada (Egan et al., 2006). As vacinas de DNA testadas até o momento contra o HIV se mostraram imunogênicas em diversos modelos animais e bem toleradas em humanos. Protocolos experimentais têm usado a imunoterapia baseada na administração de vacinas de DNA em pacientes infectados com HIV juntamente com o uso de terapia anti-retroviral altamente ativa (HAART). Nesses estudos, vacinas de DNA foram capazes de aumentar moderadamente a resposta imune mediada por células em uma proporção dos voluntários (Estcourt et al., 2004; Lu, 2008) Diversas abordagens vêm sendo avaliadas com o objetivo de aumentar a imunogenicidade das vacinas de DNA como a eletroporação in vivo (Luckay et al., 2007), gene gun, aplicações dérmicas através de tatuagens (Bins et al., 2005) e adição de adjuvantes (Kwissa et al., 2007). A maneira mais eficiente de aumentar a imunogenicidade das vacinas de DNA é o sistema de prime-boost heterólogo. Este consiste na administração inicial de um antígeno através de um vetor e uma dose de reforço utilizando o mesmo antígeno, porém, utilizando outro tipo de vetor. O DNA é, em geral, utilizado para as primeiras imunizações (“DNA priming”), pois dessa maneira ele é capaz de gerar uma resposta já direcionada para o padrão Th1/Tc1. Posteriormente como dose de reforço, utiliza-se então um vírus recombinante. Os vírus recombinantes também têm sido amplamente utilizados nos protocolos de vacinas anti-HIV. Diversas linhas de evidências sugerem que os vetores virais são capazes de induzir uma forte 14 resposta imune celular. Eles têm sido utilizados em sistemas prime-boost homólogo ou heterólogo, nesse caso combinandose DNA e vírus ou dois vírus diferentes expressando o mesmo antígeno. Sua principal característica é gerar maiores magnitudes resposta de célula T e de memória imunológica, que não são obtidos em outros protocolos. Este aumento na resposta imune é demonstrado pelo aumento de células T específicas, aumento seletivo de células T de alta afinidade e maior eficácia em desafios com patógenos (revisto por Woodland, 2004). Embora inicialmente este tipo de estratégia tenha sido utilizado para indução de respostas de células T CD8+, mais recentemente foi demonstrado que tanto células T CD8+ quanto CD4+ podem ser induzidas utilizando-se estratégias apropriadas de primeboost. Experimentos com protocolos de prime-boost envolvendo vacinas de DNA e vetores virais contendo insertos codificando proteínas do HIV mostraram que os indivíduos imunizados mantiveram controle da carga viral por mais tempo do que os que receberam placebo (Tubiana et al., 2005). Os vetores virais recombinantes mais utilizados em ensaios de vacina contra o HIV incluem o adenovírus do tipo 5 (Casimiro et al., 2004), poxvírus atenuados (canarypox, Franchini et al., 2004); vírus vaccinia (vacina NYVAC) e MVA (vírus da vaccinia Ankara modificado) (Hanke et al., 2007; Ondondo et al., 2006). Os vetores bacterianos recombinantes contendo antígenos do HIV também vêm sendo avaliados em estratégia de prime- boost heterólogo. A imunização com Listeria monocytogenes atenuada recombinante codificando para o gene gag foi capaz de induzir uma reposta imune nos tecidos vaginais de linfócitos T CD8+ HIV-específicos com atividade citotóxica (Li et al., 2008). Tendo em vista que a infecção pelo HIV é também transmissível pela via de mucosa, acredita-se que imunógenos capazes de induzir uma resposta imune sistêmica e de mucosa desempenhariam um papel importante na indução de proteção. 3.4. Vacinas terapêuticas e imunoterapia O curso da infecção pelo HIV tem sofrido consideráveis mudanças nos últimos anos devido ao uso de novos regimes de tratamento anti-retroviral que combinam inibidores da transcrição reversa, clivagem de proteínas virais e inibição da entrada do vírus. Os recentes avanços no desenvolvimento de novas terapias anti-retrovirais são muitas vezes limitados pelos efeitos colaterais e pela toxicidade das drogas (Autran et al., 2003). Uma alternativa consiste no tratamento inicial com anti-retroviral a fim de restaurar a imunocompetência e posteriormente a administração de vacinas terapêuticas para reforçar a resposta imune HIV-específica (Autran et al., 2004). Como conseqüência ocorreria um aumento na resposta imune contra o vírus, diminuição na progressão para a doença clínica e limitação do uso subseqüente de drogas anti-retrovirais. As respostas de células T HIV-específicas declinam em pacientes sob terapia anti-retroviral, provavelmente devido à uma ausência de antígeno viral. Acredita-se que a imunização terapêutica de indivíduos infectados e tratados durante a infecção aguda pode ser capaz de levar um controle da replicação viral após a interrupção do tratamento (revisto por Gandhi & Altfeld, 2005). Existem vários candidatos a vacinas terapêuticas que já foram testadas ou estão em testes clínicos de fase I/II como: ALVAC-HIV, Remune e células dendríticas autólogas pulsadas com HIV inativado. A ALVAC-HIV é composta de um canarypox modificado e que expressa os genes gag e env juntamente com epítopos de pol e nef. A imunização com ALVAC-HIV Tendências em HIV • AIDS (Volume 3 - Número 3 - 10-20) (vCP1452) juntamente com a proteína recombinante gp160 em indivíduos agudamente infectados e tratados induziu respostas de células T CD8+ HIV-específicas, porém somente uma resposta transitória de células T CD4+(Jin et al., 2002). Um estudo mais recente de fase I avaliou o impacto da imunização de indivíduos cronicamente infectados e tratados com a vacina terapêutica ALVAC-HIV (vCP1433) sozinha ou em combinação com lipopeptídeos do HIV (LIPO-6T) e administrada na presença de Interleucina 2 (IL-2). A imunização foi capaz de induzir respostas de células T CD4+ e CD8+ HIV-específicas que permitiram uma interrupção mais prolongada do tratamento anti-retroviral (Lévy et al., 2006).Em contraste, uma avaliação feita pelo mesmo grupo em indivíduos tratados logo após a infecção primária demonstrou a ineficácia da mesma formulação no controle da replicação viral após a interrupção do tratamento anti-retroviral (Goujard et al., 2007). A Remune foi desenvolvida há aproximadamente 10 anos e foi um dos primeiros candidatos à vacina terapêutica anti-HIV a entrar em ensaios clínicos. A vacina é composta de um HIV inativado (contendo env do clado A e gag do clado C), depletado da glicoproteína gp120 e emulsificado em Adjuvante Incompleto de Freund. A imunização de indivíduos cronicamente infectados e tratados com a vacina Remune em ensaio de fase I é capaz de aumentar a resposta de células T CD4+ HIV- específicas (Robbins et al., 2003). Em contraste, um estudo recente de fase I demonstrou a inabilidade da Remune juntamente com a IL-2 em manter a resposta de células T HIVespecíficas (Hardy et al., 2007). As vacinas terapêuticas baseadas em células dendríticas utilizam células autólogas pulsadas com peptídeos ou vírus inativado. Monócitos do sangue de voluntários são diferenciados expandidos como células dendríticas in vitro; tais células são incubadas com o imunógeno (peptídeo ou vírus inativado) e então injetadas subcutaneamente. A imunização de indivíduos cronicamente infectados em ensaio de fase I com células dendríticas pulsadas com HIV-1 inativado foi capaz de diminuir a carga viral em uma proporção dos voluntários, e essa diminuição se correlacionou com a presença de uma robusta resposta de células T CD4+ e CD8+ HIV-específicas (Lu et al., 2004). Esses estudos demonstram um importante aspecto na avaliação das vacinas terapêuticas, que inclui a análise da imunogenicidade versus eficácia (revisto por Gandhi & Altfeld, 2005); entretanto, como comentado anteriormente, a imunogenicidade não garante eficácia vacinal. Os ensaios clínicos para avaliação dos candidatos a vacinas terapêuticas devem ser realizados com o objetivo de avaliar além da capacidade imunogênica da formulação, a capacidade desta em reduzir a replicação viral. 3.5. Vacinas multiepitópicas e multialélicas Dado o insucesso das vacinas testadas até o momento, tornou-se importante buscar novas estratégias inovadoras para uma vacina. Ao longo do tempo, os patógenos desenvolveram diversos mecanismos moleculares de escape contra o reconhecimento pelo sistema imune do hospedeiro. Esse fenômeno se baseia principalmente na capacidade do patógeno em alterar a seqüência protéica antigênica impedindo assim o reconhecimento e processamento pelas células do sistema imune. É possível então que as dificuldades enfrentadas pelas vacinas experimentais testadas até hoje sejam em parte derivadas do desenho de suas seqüências. Praticamente todas as vacinas experimentais testadas foram baseadas em proteínas Tendências em HIV • AIDS (Volume 3 - Número 3 - 10-20) ou genes inteiros do HIV-1. Vacinas de DNA, recombinantes ou de vetores virais que codificam genes ou proteínas inteiras do HIV-1 permitem a reprodução dos mecanismos de escape molecular desenvolvidos pelo HIV-1 nativo ao longo da evolução do hospedeiro, em resposta às pressões imune e outras, o que pode ser responsável pela ausência de proteção conferida por tais vacinas. Uma vacina putativa baseada em epítopos – apresentados fora do contexto das seqüencias flanqueadoras das proteínas nativas – poderia abolir os mecanismos de escape do processamento, apresentação e reconhecimento imunológicos, levando à indução de respostas imunes celulares amplificadas. Outro aspecto essencial é que tais epítopos devem ser reconhecidos pela totalidade – ou a grande maioria – dos indivíduos, de forma a cobrir uma proporção significante da população exposta. Em trabalho utilizando uma vacina multivalente contendo 176 peptídeos lipidados ou não lipidados, representando as regiões variáveis das proteínas env e gag do HIV, observou-se que a imunização de primatas e camundongos transgênicos foi capaz de induzir uma ampla resposta imune humoral e celular contra diversos subtipos do HIV (A-F) (Azizi et al., 2008). Em estudos anteriores, o nosso grupo identificou epítopos imunodominantes novos, não previamente conhecidos, do HIV-1 reconhecidos por linfócitos T CD4+, para um possível uso vacinal. Para tal, selecionamos 18 seqüências das regiões conservadas das proteínas do HIV-1 capazes de se ligar a múltiplas moléculas HLA-DR, comuns à grande maioria da população – e portanto capazes de ser reconhecidas pelos linfócitos T da população geral. Tais epítopos foram reconhecidos por linfócitos T de 90% de indivíduos infectados pelo HIV-1 em diferentes estágios clínicos da doença; cada paciente reconheceu em média 5 epítopos (Fonseca et al., 2006). Com o intuito de avaliar a capacidade imunogênica da combinação de 18 epítopos para linfócitos T CD4+, desenhamos uma vacina de DNA contendo a seqüência nucleotídica que codifica para cada um dos 18 epítopos e imunizamos diferentes linhagens de camundongos. A análise preliminar dos resultados demonstrou que a vacina de DNA é capaz de gerar uma resposta imune multiepitópica e multialélica, características desejáveis para uma vacina contra o HIV. Acreditamos que o desenvolvimento de novas formulações baseadas em regiões conservadas do HIV que visem o aumento da cobertura na população geneticamente heterogênea e a abrangência da proteção mesmo quanto a isolados virais mais distantes seria capaz de gerar uma vacina eficaz. 4. Ensaios Clínicos Os ensaios clínicos vacinais contra o HIV são conduzidos de maneira semelhante à observada contra outros patógenos. Os ensaios clínicos de fase I se baseiam na segurança da formulação vacinal; fase II na segurança e imunogenicidade e fase III na segurança, imunogenicidade e eficácia. Os primeiros ensaios clínicos vacinais para o HIV foram realizados em 1987. O primeiro ensaio clínico de fase III realizado se baseou na imunização de 2500 voluntários com uma proteína recombinante representando a gp120 do subtipo B. Esse ensaio demonstrou a ineficácia da formulação vacinal em induzir proteção contra a infecção pelo HIV ou redução da carga viral em indivíduos que subseqüentemente se infectaram (AIDS vaccine Blueprint, 2006). Outros ensaios clínicos de fase III utilizando a vacina Remune (HIV inativado e depletado de gp120) já se encerraram e em nenhum deles foi observado proteção (www.clinicaltrials.gov). 15 Durante o ano de 2007, mais de 30 ensaios clínicos foram realizados ou ainda estão em curso em mais de 26 países. Os detalhes desses ensaios estão disponíveis no site International “Aids Vaccine Iniatiative” (IAVI) (http://www.iavireport.org/trialsdb). A maior parte dos ensaios clínicos que vem sendo realizados atualmente avalia imunógenos teoricamente capazes de induzir uma forte resposta imune celular contra o HIV (Shiver et al., 2002; Boyer et al., 2000; Cao et al., 2003; Wee et al., 2002). Essa estratégia tem como objetivo a indução de uma proteção parcial, caracterizada por uma diminuição da viremia e conseqüente menor progressão para a doença clínica (AIDS) (Figura 2). A indução de uma forte resposta celular está correlacionada com uma baixa carga viral em indivíduos infectados e estudos em primatas demonstraram que vacinas baseadas nesse tipo de resposta são capazes de suprimir a carga viral e diminuir a transmissão (Wilson et al., 2006). Ao diminuir a carga viral após a infecção, uma vacina desse tipo permitirá também uma redução na taxa de transmissão do vírus (AIDS vaccine Blueprint, 2006) uma vez que já foi demonstrado que indivíduos infectados e que possuem uma baixa carga viral (<1.700 cópias/ml) não transmitiram o vírus aos seus parceiros soronegativos (Gray et al., 2001). Modelos matemáticos sugerem que uma redução de dez vezes na carga viral pode ser suficiente para reduzir em aproximadamente 35% a mortalidade associada ao HIV-1 nos primeiros 20 anos após a introdução da vacina (Davenport et al., 2004). AIDS 30.000 Vacinado <1.500 Tempo após infecção Figura 2: O objetivo de uma vacina baseada em resposta de células T é reduzir a replicação viral a um nível que reduza ou elimine a transmissão do HIV. Na prática isso seria uma redução de 30.000 cópias de RNA/ml no plasma para <1.500 cópias/ml. A linha vermelha corresponde ao curso da infecção natural, a linha azul ao curso da infecção em indivíduo vacinado. (adaptado de Watkins et al, 2008). Diversos ensaios clínicos de fase I/ II estão sendo realizados utilizando vetores virais recombinantes contendo antígenos do HIV (http://www.iavi.org/). Existem atualmente 3 candidatos em fase mais avançada de ensaio clínico (Tabela 4). Um ensaio clínico de fase III, atualmente em andamento na Tailândia, com 16000 voluntários sob risco elevado de infecção pelo HIV, avalia a eficácia da estratégia de prime-boost utilizando como imunógeno um vetor viral recombinante – poxvírus atenuado-canarypox (vacina ALVAC)- e a gp120 recombinante (AIDSVAX). Com base no ensaio realizado em primatas, no qual a imunização com DNA prime e adenovírus recombinante boost codificando gag foi capaz de reduzir a carga viral em 15 vezes nos primatas desafiados com SIVmac239 (Watkins et al., 2008) uma estratégia vacinal semelhante foi selecionada para posterior ensaio clínico de fase IIb pela empresa Merck. O 18 Tabela 4. Principais vacinas contra o HIV em ensaios clínicos avançados Vetor Antígeno/clado Organizador/ Responsável Fase Poxvírus + proteína recombinante Env (E), Gag/Pol (B), Env (B,E) Aventis/Vaxgen III IAVI II VRC,NIAIDS,NIH II ANRS II Vírus recombinante Gag (C), PR (C), adeno-associado (AAV) TR (C) DNA plasmidial + Adenovírus recombinante (rAd) Gag (B), Pol (B), Nef (B), Env (A,B,C) Lipopeptídeos Gag (B), Pol (B), Nef (B) Descrição das formulações vacinais que se encontram em ensaios clínicos mais avançados de fase II ou III. A tabela mostra os antígenos e os vetores utilizados assim como o órgão responsável. As letras em parênteses indicam o clado de origem do antígeno. AAV, vírus adeno-associado; rAd, adenovírus recombinante; Env, proteína do envelope; Gag,antígeno específico do grupo; Nef, fator regulatório negativo; Pol, polimerase, PR, protease; TR, transcriptase reversa. (adaptado de Douek et al., 2006) ensaio clínico de fase IIb, chamado de “prova de conceito”, é desenhado com o objetivo de obter indicações iniciais da eficácia da vacina, utilizando um menor número de voluntários sob elevado risco de infecção e com menor tempo de duração (AIDS vaccine Blueprint 2006). A versão testada em humanos foi desenhada com o objetivo de induzir uma forte resposta celular e consistia em um mistura de três adenovírus recombinantes do sorotipo 5 (Ad5), expressando individualmente três genes do HIV-1 subtipo B: gag, pol e nef (Sekaly, 2008; Priddy et al., 2008, Watkins et al., 2008). O ensaio clínico envolveu a imunização de aproximadamente 3000 indivíduos saudáveis sob elevado risco de infecção pelo HIV. Em setembro de 2007, o ensaio foi suspenso pelo comitê de segurança. Embora as análises estatísticas não estejam completas, os resultados indicam que a vacina de adenovírus não foi capaz de conferir proteção contra a infecção pelo HIV. Em adição, os indivíduos com altos títulos de anticorpos contra o adenovírus apresentaram maior incidência de infecção pelo HIV do que aqueles que apresentavam baixos títulos de anticorpos iniciais contra o adenovírus. Apesar das intensas investigações, nenhum mecanismo biológico ainda emergiu para explicar como a imunidade pré-existente contra o Ad5 poderia tornar as pessoas mais susceptíveis ao HIV (Cohen, 2007; Sekaly 2008; Watkins et al., 2008). Uma das possíveis explicações para a maior vulnerabilidade à infecção pelo HIV nos indivíduos com altos títulos de anticorpos iniciais contra o Ad5 é devido a uma maior ativação do sistema imune logo após a vacinação. Especificamente, o HIV estabelece a infecção através das células T CD4+CCR5+ ativadas. A infecção natural com o adenovírus induz a formação de células de memória que apresentam esse fenótipo. Teoricamente, os antígenos do adenovírus codificados no vetor vacinal (Ad5) poderiam ter ativado essas células de memória, levando à expansão das mesmas, criando um ambiente propício para a replicação do HIV. Entretanto, o que foi completamente inesperado, foi a possibilidade de que uma infecção prévia por adenovírus pudesse aumentar a susceptibilidade para a infecção pelo HIV nos indivíduos vacinados. Tendências em HIV • AIDS (Volume 3 - Número 3 - 10-20) A elevada prevalência de imunidade pré-existente ao adenovírus do sorotipo 5 (Ad5) na população humana pode limitar substancialmente a utilização clínica de vacinas baseadas em Ad5 para o HIV e outros patógenos. Uma alternativa promissora é a utilização de outros sorotipos de adenovírus menos freqüentes como o Ad11 e Ad35 assim como vírus quiméricos (Ad5/35) (Someya et al., 2007; Barouch et al., 2004). 5. O desenvolvimento da vacina anti-HIV pode se basear nas outras vacinas eficazes? Várias formulações vacinais que são eficazes contra diferentes vírus que infectam o homem (Febre amarela, Influenza, Hepatite A e B, poliomielite, rubéola, etc). Essas vacinas são capazes de induzir proteção através da geração de anticorpos neutralizantes, respostas celulares vírus-específicas ou ambas. Recentemente, tem sido estudado o tipo de resposta imune inata desencadeada por tais vacinas eficazes; a construção de uma vacina anti-HIV com um perfil semelhante poderia ser um caminho a trilhar. Também existe a possibilidade teórica da utilização desses vírus vacinais como vetores para antígenos do HIV, o que resultaria em um imunógeno “quimérico” que poderia em tese imunizar contra os dois agentes simultaneamente. 6. Conclusões Embora muitos avanços tenham sido obtidos nos últimos anos para o desenvolvimento de uma vacina contra o HIV, ainda perduram inúmeras barreiras científicas. A inabilidade dos imunógenos atuais em induzir a produção de elevados títulos de anticorpos capazes de neutralizar diversos isolados de HIV é o maior desafio a superar. Acredita-se que uma vacina capaz de induzir uma forte resposta imune celular HIV-específica, um objetivo que pode ser alcançado com a tecnologia e conhecimento hoje disponíveis, pode ser suficiente para reduzir a viremia, a progressão para AIDS e diminuir a taxa de transmissão do HIV. A qualidade e a durabilidade da resposta imune induzida por uma formulação vacinal poderão ser incrementadas devido aos avanços no desenvolvimento das vacinas de DNA assim como a geração de novos vetores virais que não sejam alvos da ação da imunidade pré-existente. Embora a geração de uma vacina eficaz seja um grande desafio, acredita-se que o desenho das formulações vacinais utilizando seqüências conservadas multialélicas e multiepitópicas, utilizando as novas tecnologias disponíveis para gerar respostas de células T CD4+ e CD8+ anti-HIV multifuncionais e de memória, utilizando um vetor capaz de induzir o perfil adequado de resposta inata, poderá auxiliar na consecução desse objetivo. 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As manifestações renais decorrentes do HIV são múltiplas e variadas, destacando-se a glomeruloesclerose focal segmentar - nefropatia associada ao HIV (HIV-associated nephropathy – HIVAN - e a glomerulonefrite mediada por complexos imunes, havendo uma maior incidência em pacientes negros. Sua patogenia é pouco conhecida, mas evidências crescentes sugerem que ela ocorre devido à infecção pelo HIV-1 no tecido renal. Os pacientes acometidos pela nefropatia associada ao HIV tipicamente apresentam proteinúria severa, seguida de uma redução na taxa de filtração glomerular que progride para falência renal em poucas semanas ou meses. A terapia para HIVAN tem sido realizada com corticosteróides, ciclosporina e terapia antiretroviral. Descritores: HIV, Nefropatia, Nefropatia associada ao HIV, Glomeruloesclerose focal segmentar, HIVAN. ABSTRACT Human immunodeficiency virus type 1 (HIV-1)–associated nephropathy is the chief cause of chronic renal disease in patients with HIV-1 infection and is now the third leading cause of end-stage renal disease in blacks 20 to 64 years of age. As survival has improved in the highly active antiretroviral therapy (HAART) era, the prevalence of kidney disease is increasing. The clinical features due to the HIV infection are multiple and varied, eminently the focal segmental glomerulosclerosis (FSGS) [HIV-associated nephropathy (HIVAN)] and immune complex-mediated glomerulonephritis. There is a higher proportion of people of black racial origin with HIVAN. The pathogenesis of HIV-1–associated nephropathy is poorly understood, but increasing evidence suggests it is due to HIV-1 infection of renal tissue. These patients typically have severe proteinuria followed by a reduction in the glomerular filtration rate that progresses to end-stage renal disease in a few weeks or months. Therapy for HIVAN has included corticosteroids, cyclosporine and antiretroviral therapy. Keywords: HIV, Nephropathy, HIV-associated-nephropathy, Focal segmental glomerulosclerosis, HIVAN. A nefropatia associada ao HIV tipo 1 é a principal causa de doenças renais crônicas em pacientes com infecção pelo HIV-1(1,13) com ou sem sinais e sintomas de AIDS, sendo atualmente a terceira principal causa de falência renal em pacientes negros de 20 a 64 anos de idade(1,7,10). A prevalência dessa doença também aumentou devido a um aumento na sobrevida dos pacientes com o advento da terapia com HAART(9,10,18,20). As manifestações renais decorrentes do HIV são múltiplas e variadas, destacando a complexidade do processo desencadeado por este vírus. Dentre estas alterações estão a nefropatia associada ao HIV (HIV-associated nephropathy – HIVAN)(3) e a glomerulonefrite mediada por complexos imunes, a qual tem sido relata com mais freqüência na última década(5,10,12). Um estudo feito com biópsias realizado em um hospital na cidade de Soweto - África do Sul – evidenciou que a nefropatia associada ao HIV estava presente em 27% dos pacientes, e associada ao complexo imune em 21%(3). A variação da incidência e distribuiçao da nefropatia associada ao HIV tem Tendências em HIV • AIDS (Volume 3 - Número 3 - 21-23) sugestionado uma susceptibilidade étnica – principalmente em afrodescendentes e descendentes de Haitianos - como um dos principais fatores contribuidores para o seu aparecimento(6,10). Estudos em pacientes negros demonstraram que estes apresentam uma maior prevalência tanto de glomeruloesclerose focal e proteinúria a níveis nefróticos quanto de disfunção renal na presença de níveis pressóricos normais ou baixos(3). Uma vez que os Afroamericanos constituem apenas 13% da população dos EUA, mas somaram aproximadamente 54% das novas infecções por HIV em 2000, alguns estudiosos descreveram a HIVAN como uma epidemia urbana emergente(10). Em comparação com a população em geral, fatores associados a um maior risco do desenvolvimento da nefropatia relacionada ao HIV incluem a etnia Africoamericana, baixo CD4+ e alta viremia (sendo o CD4+ < 200 × 106 células/l um fator de risco mais forte do que a alta carga viral), história prévia de uso de drogas injetáveis e não ser homossexual(10,19). Uma influência genética também parece estar relacionada, uma vez que familiares de 21 pacientes com HIV e nefropatia possuem chances cinco vezes maiores de apresentarem nefropatia(14). A nefropatia associada ao HIV pode também ser encontrada em crianças cujas mães eram HIV positivas(13). FISIOPATOGENIA A patogenia desta nefropatia é pouco conhecida, mas evidências crescentes sugerem que ela ocorre devido a infecção pelo HIV-1 no tecido renal(1,8). Muitos correlacionam a glomeruloesclerose focal segmentar a alterações nas células epiteliais glomerulares, bem como a fatores associados ao ciclo viral. Efeitos citopáticos dos produtos do gene do HIV, a apoptose celular mediada pela infecção viral, a formação de citocinas como resultado da produção proteica pelo vírus ou pelo hospedeiro em pacientes geneticamente suscetíveis à nefropatia e a utilização da maquinaria metabólica e de síntese do hospedeiro pelo vírus podem ser suficientes para produzir uma doença rapidamente progressiva. Boa parte do mecanismo patogênico pode ser inferido, uma vez que a infecção pelo HIV pode produzir efeitos citopáticos nas células epiteliais glomerulares e a disfunção destas células está intimamente relacionada com a patogênese e progressão da doença renal. À microscopia eletrônica, inclusões túbulo-reticulares nas células renais epiteliais são um achado típico, mas não patognomônico de HIVAN. Uma matriz mesangial aumentada é comum, e a hiperplasia das células mesangiais pode ser observada em alguns casos. Células do epitélio visceral glomerular demonstram vacuolização, hipertrofia e hiperplasia. A resposta anormal dos podócitos tem sido considerada por alguns como integralmente relacionada à patogenia da desordem(13). Recentemente, o HIV-1 foi detectado em podócitos glomerulares e células renais epiteliais tubulares em pacientes com esta nefropatia(1). A presença do RNA mensageiro e do DNA proviral no tecido renal foi confirmado pelo PCR e pela hibridização in situ, o que muitas vezes demonstra que os rins podem servir como importantes reservatórios de longa-data para o vírus(1,8,10). Alguns estudos realizados com transplante inter-vivos demonstraram que a nefropatia relacionada ao HIV-1 ocorre apenas em rins que expressam o transgene do vírus(1), embora apenas a presença do vírus no tecido renal não seja suficiente para desencadear a nefropatia, uma vez que estudos demonstraram a presença do genoma viral em biópsias renais na ausência de nefropatia(13). MANIFESTAÇÃO CLÍNICA Os pacientes acometidos pela nefropatia associada ao HIV tipicamente apresentam proteinúria severa, seguida de uma redução na taxa de filtração glomerular que progride para falência renal em poucas semanas ou meses(1,2,4,7,8,12,15,17). Esta nefropatia caracteriza-se morfologicamente por uma glomeruloesclerose focal segmentar (GEFS)(1,2,5,7,10,11,16,17), porém que acomete todas as subunidades renais(13), associada a um colapso capilar, microcistos tubulares, fibrose instersticial, edema intersticial, cilindros hemáticos em todos os segmentos do néfron, associados a dilatação tubular pronunciada; e inflamação(1,4,8,12), embora biópsias demonstrem um freqüência variada de apresentações histológicas, como necrose tubular aguda sem a identificação de etiologica hemodinâmica ou nefrotóxica, nefrite intersticial e angiopatias micro-trombóticas(3,4,10,11). Estas alterações podem estar associadas ou não 22 a agentes oportunistas, como Cryptococcus sp, Histoplasma sp, Candida sp, Paracoccidioides brasiliensis, Mycobacterium e Citomegalovirus(11). Em contraste com este quadro, a presença de alterações relacionadas a glomeruloesclerose ou anormalidades tubulointesticiais não foram evidenciadas em pacientes infectados com HIV com a glomerulonefrite por imunocomplexos(4). Outra forma de glomerulonefrite por imunocomplexos que tem sido descrita nos pacientes com HIV é a com características semelhantes a do Lupus (“lupus-like”), caracterizada por semelhanças histológicas, imunohistológicas e ultrasonográficas que remetem à nefrite lúpica, mas que ocorrem em pacientes sem evidências de LES. Há poucos relatos sobre a evolução clínica nesses pacientes(5,17). Há também as formas de nefropatia não associadas diretamente à infecção viral, como as ocasionadas por hipotensão, nefrolítiase pelo uso de indinavir ou mesmo a nefrite intersticial por CMV(17). As lesões da nefropatia associada ao HIV ocorreram em pacientes com AIDS, e em indivíduos clinicamente assintomáticos para a infecção pelo HIV. Suas características morfológicas nesses últimos são suficientes para permitir um diagnóstico acurado da infecção pelo vírus da Imunodeficiência(4). Um estudo realizado há duas décadas atrás comparou as manifestações clínicas e a progressão de 26 pacientes HIV positivos com GEFS comprovada por biópsia com as de 24 pacientes também soropositivos sem nenhuma evidência de doença glomerular. O estudo concluiu que a GEFS associada à infeccção pelo HIV pode ocorrer antes das manifestações da AIDS, é mais comum em negros e usuários de drogas EV e progride rapidamente para uremia(2,9,11,12,13,15,16,18). A sobrevida do paciente depende do estágio da infecção pelo HIV no qual ele se encontra(2). A Sociedade Americana de Doenças Infecciosas (IDSA) determinou através de guidelines de 2005 que todos os indivíduos no momento do diagnóstico do HIV deveriam ser investigados para uma doença renal, através da análise dos níveis de proteinúria e cálculo estimado da função renal, uma vez que as doenças renais são usualmente assintomáticas(3,9,18). Um screening efetivo deve incluir também a análise de fatores de risco, uma vez que alguns autores citam que a nefropatia pode ser a primeira manifestação da infecção pelo HIV(9,12). Portanto, qualquer paciente com proteinúria persistente, hematúria persistente ou com taxas de filtração glomerular menores que 60 mL/min por 1.73 m deve ser encaminhado para um especialista para investigações específicas(3). A partir da identificação de disfunção renal, o diagnóstico diferencial deve ser amplo, incluindo etiologias de doença renal comus na população geral, bem como causas de doenças específicas do HIV. Apesar da possibilidade da realização de um diagnóstico clínico, a biópsia renal freqüentemente é necessária(9,18). Independentemente da causa da doença renal, uma identificação precoce, um diagnóstico acurado e um conseqüente manejo apropriado resultarão em melhores condições clínicas(9,18). TRATAMENTO O sucesso da terapia antiretroviral para a infecção pelo HIV-1 tem gerado um enorme interesse no mecanismos pelos quais o HIV pode permanecer em alguns sítios anatômicos apesar das presença de drogas que efetivamente inibem fases críticas do ciclo viral(8). A terapia para a HIVAN tem incluído Tendências em HIV • AIDS (Volume 3 - Número 3 - 21-23) corticosteróides, ciclosporina e terapia antiretroviral(3,12,13,16,17). Tratamentos contendo inibidores da protease têm demonstrado uma associação com a diminuição dos níveis de clearance de creatinina(3). Alguns estudos citam a ação dos inibidores da enzima conversora da angiotensina como um estabilizador na função renal e retardador da evolução para em estágio terminal de doença renal, mas não há muitos testes que comprovem estes resultados(10,12,17). Em estudo realizado com 3976 pacientes HIV+ em Baltimore, EUA, no período de 1989 a 2001 demonstrou que 94 pacientes desenvolveram HIVAN. Em pacientes com diagnóstico prévio de AIDS, a incidência de nefropatia foi de 26,4‰ nos pacientes que não receberam terapia com HAART, 14,4‰ nos que receberam tratamento exclusivamente com análogos de nucleosídeos e 6,8‰ nos pacientes tratados com HAART. Em múltiplas análises, o risco de HIVAN foi reduzido em 60% pelo uso de HAART, e nenhum paciente desenvolveu a nefropatia quando a terapia com HAART foi iniciada anteriormente ao desenvolvimento de AIDS(10). Tanto a diálise peritoneal quanto a hemodiálise são apropriadas para o tratamento de pacientes HIV positivos em está- gios finais de doenças renais(3,12). Dados recentes sugerem que a sobrevida destes pacientes após um transplante renal seja similar aos de pacientes transplantados não infectados com HIV; embora taxas mais altas de rejeição aguda ou crônica tenham sido relatados nos primeiros(3). O maior conhecimento das doenças renais que afetam a população com HIV é essencial para se confrontar com sucesso esse problema crescente(9). É importante que se determine futuramente a presença de vírus mutantes resistentes no epitélio renal e como a sua freqüência e evolução se comparam com os vírus mutantes circulantes no tecido sanguíneo(8). Pesquisas são necessárias para determiner se o diagnóstico precoce de injúria glomerular, história familiar de doença renal ou marcadores genéticos podem ser usados para prever a predisposição da nefropatia associada ao HIV em pacientes infectados com o HIV-1; bem como para determinar se as lesões renais em indivíduos suscetíveis podem ser interrompidas ou meramente desaceleradas pelo uso do HAART, particularmente quando o controle da viremia é incompleto ou intermitente(10). Referências Bibliográficas 1. WINSTON, J.; BRUGGEMAN, L.; ROSS, M.; JACOBSON, J.; ROSS, L.; D’AGATI, V.; KLOTMAN, P.; KLOTMAN, M. Nephropathy and Establishment of a Renal Reservoir of HIV Type 1 During Primary Infection. The New England Journal of Medicine. Jun. 2001:344(26):1979-1984 2. CARBONE, L.; D’AGATI, V.; CHENG, JT.; APPEL, GB. Course and Prognosis of Human Immunodeficiency virus-associated nephropathy. American Jounal of Medicine. Oct 1989:87(4):389-395 3. FABIAN, J. 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No entanto esse tipo de paciente pode apresentar complicações muito mais freqüentes, principalmente quando infectados por vírus como o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), Influenza, Parainfluenza e Adenovírus, além de novos agentes recentemente descritos. As principais complicações são infecções no trato respiratório inferior, resultando em hospitalizações prolongadas e até o óbito. A hospitalização do paciente contribui para a transmissão hospitalar desses vírus para os profissionais de saúde e os demais pacientes. Com a instituição da terapia antirretroviral combinada altamente efetiva houve uma preservação do sistema imunológico considerável nesses pacientes, havendo, portanto, uma maior sobrevida. Contudo notou-se um aumento significante das hospitalizações por doenças respiratórias, principalmente decorrentes de agentes não oportunistas, pois com a maior sobrevida, esses pacientes permanecem mais tempo na comunidade, ficando sujeitos aos vírus circulantes. Em países com oferta de terapia antirretroviral aos pacientes infectados pelo HIV, como o Brasil, a infecção respiratória é a principal causa de hospitalização. A apresentação clínica dos quadros de infecção respiratória aguda (IRA) é bastante variável, sendo necessários testes laboratoriais para a confirmação do agente etiológico. Nas últimas décadas grandes avanços foram atingidos dentro dos laboratórios de virologia na elucidação da etiologia dos quadros respiratórios suspeitos de infecção viral. Todos esses aspectos fazem com que o diagnóstico diferencial dessas viroses respiratórias em relação às demais infecções oportunistas seja fundamental para o adequado manejo do paciente infectado pelo HIV. Descritores: HIV, vírus respiratórios, diagnóstico laboratorial. ABSTRACT The HIV infected patient is exposed to the same viruses that circulate in the community. However, clinical complications are more frequent in this patient, especially when co-infected with Respiratoty Syncytial Virus (RSV), Influenza Virus, Parainfluenza Virus and Adenovirus, in addition to the newly described agents. The most common complications are the infections of the lower respiratory tract, resulting in prolonged hospitalizations and also deaths. The hospitalization contributes to the respiratory viruses’ transmition to the health care stuff and to the other hospitalized patients. The institution of HAART improved the conditions of the immune system, improving the life span of the HIV infected patients. Conversely, hospitalizations due to respiratory diseases were also enhanced; particularly those caused by non-opportunistic agents, since these patients remain for more time in the community and as a consequence are more exposed to these viruses. In countries where antiretroviral is accessible to the patients, as is the case of Brazil, the respiratory infections is the main cause of hospitalizations. The clinic manifestations of the acute respiratory infection (ARI) are variable, for the reason that laboratory test are necessary to identify the etiological agent. The last decades have seen tremendous progress in laboratorial diagnosis, allowing the elucidation of the etiology of respiratory symptoms that were suspicious of viral infection. In this context, the differentiation of the respiratory viral infections of those infections caused by opportunistic agents is of importance to adequately treat the HIV infected patient. Keywords: HIV, respiratory viruses, laboratorial diagnosis. INTRODUÇÃO O paciente infectado pelo HIV está sujeito à doença respiratória resultante de diferentes patologias. Dentre as mais variadas patologias incluem: pneumonias virais e bacterianas, infecções oportunistas, pneumonites intersticiais, além das causas não infecciosas. Apesar das infecções oportunistas serem freqüentes no paciente imunocomprometido, o paciente HIV positivo que convive na comunidade está exposto aos mesmos vírus respiratórios que são responsáveis pelo aumento nas taxas de atendimentos de saúde, doença e hospitalização que ocorrem durante o inverno na população em geral (Franquet, 2004). No entanto, esses pacientes apresentam complicações muito mais freqüentes que a população da comunidade (Enarson, 1999), principalmente quando infectados por vírus como o Vírus Sincicial Respiratórios (VSR), Influenza, Parainfluenza e Adenovírus, além de novos agentes recentemente descritos (Kim, 2007). 24 Com a instituição da terapia antiretroviral combinada altamente efetiva na redução da carga viral do HIV (“highly antiretroviral therapy” – HAART) houve uma preservação do sistema imunológico considerável nesses pacientes. Além da redução na mortalidade dessa população de pacientes, a chamada era “HAART” também resultou na redução do número de hospitalizações devido às infecções por agentes oportunistas, ou infecções definidoras de AIDS, como a pneumocistose, assim como a necessidade de cuidados na terapia intensiva (Rosen, 2006). Contudo, notou-se um aumento significante das hospitalizações por doenças respiratórias, principalmente decorrentes de agentes não oportunistas (Escolano Hortelano, 2004). Em países com oferta de terapia antiretroviral aos pacientes infectados pelo HIV, como o Brasil, a infecção respiratória é a principal causa de hospitalização (Thuler, 1998). Vários são os relatos na literatura de casos de infecções graves Tendências em HIV • AIDS (Volume 3 - Número 3 - 24-26) relacionados aos vírus respiratórios, tanto causando co-infecções com agentes oportunistas (Koopann, 2000), como sendo o único agente etiológico encontrado (Malcolm, 2001; Maslo, 1997). Situações comuns ocorridas com os pacientes infectados pelo HIV são as recorrentes e prolongadas internações hospitalares, aumentando em muito o risco da transmissão nosocomial desses vírus respiratórios. Em locais de alta soroprevalência do HIV, a prevalência de VSR é cerca de três vezes maior (11,8% vs. 38,9%) nessa população de crianças hospitalizadas com HIV, sendo a maioria (54%) dos casos de aquisição nosocomial e com maior taxa de mortalidade (13%) (Madhi, 2004). De modo geral, estima-se que as infecções nosocomiais nos pacientes com HIV sejam subestimadas, uma vez que a apresentação clínica e o tempo decorrido entre o contato e o início dos sintomas são atípicos em relação à população normal (Laing, 1998). Outro aspecto importante a ser considerado no manejo do pacientes infectados pelo HIV e hospitalizado devido à infecção pelo vírus influenza é, além da maior gravidade da doença, uma excreção prolongada desse vírus e o surgimento de resistência aos inibidores da neuraminidase, antiviral específico contra o vírus influenza (Hayden, 1997). Vírus Sincicial Respiratório (VSR) Neonatos e crianças jovens com imunodeficiências congênitas, adquiridas ou induzidas por quimioterapia constituem no grupo de maior risco para o desenvolvimento de doença broncopulmonar grave como conseqüência da infecção pelo VSR. A excreção de VSR nesses pacientes pode ocorrer por mais de 112 dias, comparada aos 21 dias que ocorrem em pessoas normais (Hall, 1986; Chandwani, 1990). As taxas de mortalidade decorrentes da infecção por este vírus em crianças infectadas pelo HIV são quatro vezes superiores as de crianças sem o HIV (Madhi, 2002) e variam entre 15% e 78% (Chandwani, 1990; Hall, 1986; Madhi, 1990; Ogra, 1988). Vírus Influenza Crianças infectadas com o HIV apresentam maiores riscos de hospitalização quando infectadas pelo vírus Influenza, atingindo 8,03 vezes maior risco de infecção no trato respiratório inferior, quando comparadas a crianças não infectadas pelo HIV. Diferenças na apresentação clínica dos quadros de infecção no trato respiratório inferior entre esses grupos de crianças, infectadas ou não pelo HIV-1, indicam menor freqüência de chiado e maior evidência radiográfica de consolidação alveolar em crianças infectadas pelo HIV-1 (Madhi, 2001). Estudos anteriores descrevem taxas de comprometimento do trato respiratório inferior grave associada ao vírus Influenza de 1268 casos a cada 100.000 pacientes infectados com HIV-1, contra 148 a cada 100.000 pacientes não infectados (Madhi, 2000). Assim sendo, sem considerar infecções e doenças simultâneas, alguns autores estimaram um risco relativo de 33,7 vezes maior de evolução para o óbito em crianças infectadas pelos vírus influenza e HIV (Madhi, 2002). Vírus Parainfluenza Novamente, a infecção pelos vírus Parainfluenza são associadas à maior morbidade e maior mortalidade em crianças infectadas pelo HIV. Estima-se que o risco de hospitalização decorrente da infecção por este vírus em crianças infectadas pelo HIV com idade variando de 2 a 24 meses, seja 8,5 vezes maior do que em crianças não infectadas (Madhi, 2000). Estudo realizado na África do Sul descreveu também maior duração da hospitalização associada à infecção pelo vírus parainfluenza em crianças HIV positivas, média de 11,5 dias em comparação com 7,5 dias em crianças não infectadas (Madhi, 2002). Tendências em HIV • AIDS (Volume 3 - Número 3 - 24-26) Adenovírus Embora não existam estudos epidemiológicos de doenças respiratórias em coortes de adultos e crianças infectados com o HIV, estudos de autópsias nessa população têm apontado os Adenovírus como responsáveis por pneumonia fatal em crianças infectadas pelo HIV (Zar, 2001; Lucas, 1996; Chintu, 2002; Ansari, 2003). Rinovírus O principal agente causador de infecção respiratória aguda na população da comunidade, o Rinovírus também é o agente mais comum na população de pacientes infectadas pelo HIV. Embora ainda tenha sua patogenicidade questionada, o rinovírus tem sido descrito como o único agente encontrado em casos de óbitos em pacientes imunocomprometidos, incluindo adultos infectados pelo HIV (Perelló, 2008). Diagnóstico laboratorial A apresentação clínica dos quadros de infecção respiratória aguda (IRA) é bastante variável, sendo necessários testes laboratoriais para a confirmação do agente etiológico. Alguns aspectos podem auxiliar na suspeita da etiologia viral em algumas situações. Fatores relacionados à epidemiologia, como o perfil de circulação dos vírus respiratórios para uma determinada região geográfica, a idade e doença de base, podem direcionar a suspeita clínica. O diagnóstico das IRAs virais através de recursos laboratoriais diagnósticos específicos ainda é limitado em nosso meio. O investimento público e privado nesta área diagnóstica é pequeno se comparado aos países do hemisfério norte por limitações de custo e disponibilidade técnica, mas, sobretudo, a etiologia viral como agente de infecções respiratórias responsáveis por hospitalizações é, via de regra, subestimada (Arnold, 2008). Nas últimas décadas grandes avanços foram atingidos dentro dos laboratórios de virologia na elucidação da etiologia dos quadros respiratórios suspeitos de infecção viral. Quando a detecção era limitada aos métodos do isolamento viral em cultura de células o número de agentes a serem investigados era limitado, assim como o tempo para a obtenção do resultado era demasiado longo (Leland, 2007). A introdução de metodologias de detecção molecular, por exemplo, permitiu uma melhor investigação de vírus como o grupo dos Rinovírus, que passaram de pouco detectados para os mais freqüentes nas infecções do trato respiratório superior (Halonen, 1996). Ainda, a descrição de novos agentes virais causando infecções respiratórias, entre eles o novos Coronavírus NL63 e HKU, Bocavirus e o Metapneumovírus humano (hMPV), tem contribuído para o aumento da elucidação etiológica dessas infecções. (Fouchier, 2005). Assim, os testes laboratoriais atualmente utilizados são as metodologias de detecção de proteínas virais ou ácidos nucléicos em secreções respiratórias dos pacientes. Os testes de detecção de proteína viral podem ser realizados em várias plataformas diferentes: detecção de proteínas intracelulares de células recuperadas do próprio paciente e reveladas por imunofluorescência (IF direta ou indireta); ou o reconhecimento das proteínas virais em membranas de diferentes composições, mas que indicam a visualização do resultado (sem a necessidade de equipamentos) em poucos minutos após uma reação enzimática (enzimoimunoensaio) ou pelo acúmulo de partículas coloridas (imunocromatográfico). Estes últimos foram desenvolvidos para fornecer um resultado no momento do atendimento do paciente (resultado em poucos minutos), são os classicamente chamados de “point of care” ou testes rápidos. (Gavin, 2003). De modo geral, a capacidade desses 25 testes é menor, mas a perda em sensibilidade pode ser compensada pela rapidez na obtenção do resultado (Cox, 1999). Já os diversos testes para detecção de ácidos nucléicos virais comumente obtêm resultados de maior detecção que os testes de detecção de proteínas virais (Rebelo-de-Andrade, 2000). São testes desenvolvidos em laboratórios de pesquisa e têm seu desempenho muito relacionado à escolha do gene viral alvo para amplificação pela reação em cadeia da polimerase (PCR). De modo geral, o gene alvo da amplificação deve ser exclusivo do vírus que se deseja detectar (para família, gênero ou espécie) e ao mesmo tempo conservado entre as diferentes variantes desse agente, para que ocorra a detecção de todas as cepas. Ainda são escassas as apresentações comerciais destes testes, especialmente no Brasil, o que limita a oferta e eleva o custo em laboratórios clínicos (Ieven, 2007). Na prática clínica, os laboratórios que oferecem esse serviço diagnóstico comumente aplicam os testes de detecção de antígenos virais (proteínas), principalmente a imunofluorescência direta ou indireta. Utilizando-se estas ferramentas pode-se esclarecer em torno de 50% dos casos de IRA. Nos últimos anos têm sido descrito vários agentes relacionados às infecções respiratórias agudas, como Metapneumovíurs humano (Van den Hoogen, 2001), os Coronavírus NL63 e HKU1, além do Bocavírus humano (família Parvovírus), com patogênese ainda a ser definida (Fouchier, 2004). Dessa forma, vários relatos da literatura apontam para investigação etiológica de infecções respiratórias agudas com detecção viral em mais de 60% dos casos (Arden, 2006; Bellau-Pujol, 2005; Chung, 2007; Freymuth, 2006; Jacques, 2006; Koetz, 2006). No entanto, esses resultados representam uma investigação exaustiva em laboratórios de pesquisa e aplicação de todos os ensaios disponíveis, como a imunofluorescência e ensaios de PCR, independente da análise do custo final por amostra identificada. Os testes rápidos vêm sendo usados cada vez mais nos últimos anos, pois permitem fornecer um resultado em tempo hábil para o início do tratamento específico, que necessita ser precoce. No entanto a grande limitação no uso desses testes é a disponibilidade para alguns poucos patógenos, como o VSR e o influenza. Em recente revisão, a sensibilidade destes testes na detecção de antígenos desses vírus em amostras clínicas de pacientes de diferentes idades raramente foi inferior a 50% (Leland, 2007). Conclusões Pacientes que convivem com o HIV estão expostos aos vírus respiratórios de modo similar à população da comunidade. No entanto, uma vez infectado por estes vírus respiratórios o paciente HIV positivo pode apresentar diversas complicações, principalmente infecções no trato respiratório inferior, resultando em hospitalizações prolongadas e até o óbito. A hospitalização do paciente contribui para a transmissão hospitalar desses vírus para os profissionais de saúde e os demais pacientes. Todos esses aspectos fazem com o diagnóstico diferencial dessas viroses respiratórias em relação as demais infecções oportunistas seja fundamental para o adequado manejo do paciente infectado pelo HIV. Referências Bibliográficas Ansari N A, Kombe A H, Kenyon T A, et al. Pathology and causes of death in a series of human immunodeficiency viruspositive and -negative pediatric referral hospital admissions in Botswana. Pediatr Infect Dis J 2003; 22: 43–47. Arden KE, McErlean P, Nissen MD, Sloots TP, Mackay IM. 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Uma característica sui generis dessa conferência é a capacidade de reunir e integrar as diversas esferas relacionadas ao HIV, em que se destacam os profissionais de saúde que atuam no tratamento e nos cuidados do paciente com HIV/aids, núcleos de pesquisa em HIV/aids de todo o mundo, ativistas, portadores do HIV, representantes de diversos projetos sociais para prevenção contra novas infecções pelo HIV e para luta pelos direitos do indivíduo com HIV/aids. Com mais de 25.000 participantes, mais de 7.800 trabalhos em exposição e diversas conferências simultâneas, foram levantadas muitas discussões sobre a epidemia de HIV/aids. O Brasil levou contribuições para a Conferência, com cerca de 400 trabalhos abrangendo tanto o âmbito de projetos de pesquisa como o de projetos sociais. Dentre os principais campos de discussão científica em HIV/aids, destacaram-se os temas relacionados ao ciclo biológico e diversidade genética do HIV, imunologia da infecção, vacinas e terapias de pré e pós-exposição, mecanismos de resistência a antiretrovirais, novas metodologias de detecção e monitoramento da infecção pelo HIV, interação vírus-hospedeiro-droga, co-infecção e complicações metabólicas associadas ao tratamento do paciente portador do HIV. Destacaremos alguns dos trabalhos apresentados na XVII International AIDS Conference. A resistência primária é um importante fator causal de falha terapêutica na HAART e deve ser considerado na predição de políticas públicas de utilização de antiretrovirais para o tratamento da infecção Tendências em HIV • AIDS (Volume 3 - Número 3 - 27-28) pelo HIV/aids. O estudo do brasileiro L.H. Gagliani descreveu elevado índice de resistência primária do HIV-1 em pacientes naive da cidade de Santos, Brasil. Ao avaliar 41 pacientes para resistência primária em inibidores de transcriptase reversa nãonucleosídeos, inibidores de transcriptase reversa nucleosídeos e inibidores de protease, foi encontrada resistência primária em 41,5% dos indivíduos a pelo menos uma das classes de antiretrovirais estudadas. Houve pacientes que apresentaram resistência primária a uma classe de antiretrovirais (27%) e resistência a duas classes de antiretrovirais (14,6 %). As classes de ARV que contribuíram mais significativamente na indução de resistência nessa população foram os inibidores de transcriptase reversa não-nucleosídeos (29,2%), inibidores de transcriptase reversa nucleosídeos (21,9%) e inibidores de protease (4,87%). Como uma das justificativas para o elevado índice de resistência primária apresentado, ressaltou-se que a cidade de Santos foi a pioneira no Brasil a possuir programa de distribuição de medicamentos antiretrovirais para tratamento de HIV. A utilização da HAART está também associada com diversas síndromes metabólicas, incluindo a dislipidemia. O estudo de A. Mangano acompanhou 87 crianças submetidas a HAART por dois anos, em que 82 eram tratadas com regime de inibidores de protease e 5 com inibidores de transcriptase reversa não nucleosídeos. A genotipagem da proteína apo-C foi realizada por PCR-RFLP e os níveis de colesterol e triglicérides foram correlacionados com o polimorfismo 3’UTR 3238/GC. Demonstrouse associação do polimorfismo 3’UTR 3238G da proteína apo-C com menores níveis de colesterol e triglicérides totais em crianças infectadas pelo HIV-1 na Argentina, sugerindo que polimorfismos do gene Apo-C codificam para proteínas transportadoras de lipídeos com diferentes possibilidades de interação com a HAART. 27 Com relação à perspectiva de aderência dos pacientes a projetos de pesquisa, apresenta-se o estudo de J. Kraut-Becher, que trouxe achados dentro do estudo HVTN 502 da Merck, realizado com 124 mulheres soronegativas da Filadélfia em potencial de alto risco de infecção pelo HIV-1, por consumo de drogas injetáveis e sexo desprotegido. Dentro do estudo HVTN 502, em que foi comparada a capacidade da vacina profilática com o adenovírus 5 da Merck de induzir proteção em relação a um placebo, foi avaliada a aderência das participantes. Como conclusão, o autor relatou que fatores que comumente são relatados como interferentes potenciais em estudos clínicos não se mostraram determinantes nesse estudo, sugerindo que pacientes de comportamento de alto risco podem participar significativamente de estudos para vacinas. Outro estudo, publicado por G. Vyas, demonstrou a possibilidade de produção de partículas de HIV-1 inativadas que mantém intacta a estrutura quaternária das proteínas do envelope. Para preparar a partícula viral inativada, foram excisadas as regiões p24, RT e o RNA viral e foram retidas as estruturas quaternárias nativas das proteínas do envelope. Para avaliação do potencial replicativo das partículas inativadas, essas partículas foram co-cultivadas com células mononucleares de sangue periférico (PBMC), resultando em co-culturas consistentemente negativas, sugerindo que a utilização dessas partículas para imunoterapia é segura. Esses resultados serão submetidos ao FDA para aprovação de ensaio clínico para avaliar o potencial de partículas de HIV-1 inativadas de induzir produção de anticorpos protetores em pacientes recebendo esquemas de terapias antiretrovirais. O estudo de M. Litchterfeld buscou entender o controle da infecção pelo HIV-1 em pacientes controladores de elite. Sabe-se que a resposta eficaz de linfócitos T CD8+ é um fator importante na manutenção da baixa viremia nos controladores de elite, embora as vias moleculares desse processo são pouco elucidadas. Foi quantificada a expressão de mRNA genes de manutenção(hEST1A, MRE11, RAD50, Ku80 e RPA1) e genes de prevenção do encurtamento dos telômeros (TRF1, TRF2, hRAP1, TIN2, POT-1, TPP1) em linfócitos T CD8+ de controladores de elite (RNA <50 cópias/mL, naive) e de indivídos com infecção em 28 progresso pelo HIV-1 (RNA > 30.000 cópias/mL) por PCR em tempo real. Os resultados demonstraram maior expressão de mRNA para dois genes de manutenção (RAD50 e RPA1) e para a maioria dos genes de prevenção de encurtamemento telomérico (POT-1, TIN2, TPP1 e TRF2) avaliados, sugerindo papel dos genes de manutenção e de prevenção do encurtamento de telômeros na funcionalidade dos linfócitos T CD8+ e progressão para a aids. Por último destaca-se o estudo de K. Nagy e colaboradores, da Hungria. Sabe-se que, para que ocorra a entrada do HIV-1 numa célula, o vírus necessita de um receptor (CD4) e de um correceptor (CCR5 ou CXCR4 ou outro). A presença de deleção de 32 nucleotídeos no gene que codifica a quimiocina CCR5 (CCR5∆32) está associada a proteção parcial contra infecção pelo HIV-1. É provável que essa deleção de 32 pares de base tenha se originado recentemente em indivíduos caucasianos e atualmente detecta-se a frequência do alelo CCR5∆32 entre 15 e 4% nessa população, decrescendo do Norte para o Sul da Europa. Existem diversas teorias e inferências não confirmadas acerca da origem dessa deleção. O autor do trabalho pesquisou 256 corpos humanos naturalmente mumificados que foram retirados da cripta de uma igreja da cidade de Vac, na Hungria. O DNA desses indivíduos foi extraído e avaliado para verificar a presença dessa deleção. Como resultado, a deleção CCR5∆32 mais antiga foi encontrada em uma mulher heterozigota, cujo corpo data de cerca do ano de 1766. Esses estudos e muitos outros compuseram a pauta científica da XVII International AIDS Conference. Muitos esforços são reunidos para o combate à epidemia de HIV/aids. A partilha de conhecimentos científicos e tecnológicos e de ações sociais num evento deste nível é fundamental para ajudar a realizar progressos na prevenção da infecção, terapêutica e na integração do paciente com HIV/aids e para fazer com que os resultados das pesquisas saiam dos laboratórios em direção às pessoas cujos comportamentos são considerados de risco para aquisição de infecção pelo HIV e às já portadoras do vírus, principalmente aquelas de maior vulnerabilidade devido a menores condições de acesso à informação ou cuidado. Tendências em HIV • AIDS (Volume 3 - Número 3 - 27-28) Resumo de Teses Aluno: Christiano Maciel da Silva Bosco Orientador: Dewton de Moraes Vasconcelos Tese de Doutorado Instituição: Faculdade de Medicina (FM) - USP Título: Estudo do reconhecimento de epitopos das proteínas Gag e Nef do HIV-1 por linfócitos T em indivíduos cronicamente infectados pelo HIV-1 não progressores por longo tempo Resumo: Os linfócitos T têm um papel central no controle da infecção pelo HIV-1. As respostas mediadas por esses linfócitos contra epitopos do HIV-1 restritos a moléculas HLA de classe I podem estar associadas à proteção natural em indivíduos LTNP. Relatos sugerem que determinados alelos HLA apresentamse mais representados entre os LTNP. Para avaliar esses aspectos na coorte francesa ALT, coletamos células mononucleares de sangue periférico (CMSP) de 24 indivíduos LTNP e verificamos a freqüência de respostas específicas para o HIV-1. Para isso, utilizamos pools de peptídeos sobrepostos de Gag e regiões imunodominantes da RT e Nef, e identificamos epitopos do HIV-1 restritos a moléculas HLA de classe I, associados ou não à proteção, através do ensaio de ELISPOT IFN. Todos os indivíduos apresentaram respostas específicas aos pools testados, com uma mediana de 5 (2-12). Todas as proteínas do HIV-1 foram reconhecidas, sendo que Gag-p24 e Nef foram as mais freqüentemente reconhecidas pelas CMSP dos indivíduos avaliados. A intensidade total de resposta de linfócitos T específicos aos pools de Gag, RT e Nef do HIV-1 em cada indivíduo variou de 160 a 12307 SFC/106 CMSP (mediana: 2025). Observamos o reconhecimento de 22 epitopos já descritos na literatura, contidos nas proteínas Gag-p17, Gag-p24 e Nef do HIV-1, restritos a moléculas HLA de classe I, a maioria descrita como protetoras da progressão para a doença. Quatro novos epitopos ainda não descritos na literatura também foram observados. Concluímos que: respostas específicas mediadas por linfócitos T, eficazes e dirigidas contra um amplo painel de epitopos do HIV-1, estão presentes nos indivíduos LTNP; a presença de moléculas HLA de classe I associadas à proteção favorece o reconhecimento preferencial de epitopos do HIV-1 restritos por elas na maioria dos indivíduos LTNP; esses aspectos devem ser levados em conta na perspectiva do desenvolvimento de uma vacina candidata contra o HIV-1. Aluno: Viviane Kelly Alves Sousa Orientador: Celso F.H. Granato Dissertação de Mestrado Co-Orientador: Shirley C.V. Komninakis Instituição: Laboratório de Virologia, Disciplina de Infectologia, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP Título: Desenvolvimento de técnica molecular para avaliação da carga viral do HGV/GBV-C em pacientes co-infectados pelo HIV-1. Resumo: Introdução: A infecção pelo HGV/GBV-C é comum em humanos e pode persistir por anos sem apresentar sintomas clínicos evidentes. O HGV/GBV-C é um membro da família Flaviviridae, que possui RNA de fita simples com polaridade positiva, e é fortemente relacionado ao vírus da hepatite C (HCV). Estudos recentes sugerem que a infecção pelo HGV/GBV-C em pessoas HIV positivas está associada com uma progressão mais lenta para a AIDS, indicando uma menor carga viral do HIV e uma maior contagem de células T CD4+ nesses indivíduos, embora muitos estudos tenham falhado em demonstrar tais efeitos benéficos. Objetivos: Padronização da técnica de PCR em tempo real para estimar a prevalência e a carga viral do HGV/GBV-C entre os pacientes infectados pelo HIV, comparando os pacientes que apresentam infecção somente pelo HIV e os co-infectados pelo HGV/GBV-C em termos de carga viral do HIV e contagem de células T CD4+. Métodos: A região genômica do HGV/GBV-C escolhida para o desenvolvimento do estudo foi a 5´UTR. Foi necessária realização de uma clonagem molecular para obtenção de um plasmídeo recombinante e produção de grande quantidade deste por meio de uma transformação bacteriana em cepa DH10B. O plasmídeo recombinante foi linearizado e submetido à transcrição in vitro para obtenção e quantificação de RNA sintético para a construção da curva de quantificação absoluta do sistema da PCR em tempo real. Os pacientes foram submetidos ao ensaio e seus resultados comparados à curva padrão para obtenção das cargas virais. Resultados: Uma diluição seriada em fator 10 do RNA sintético produziu uma curva de quantificação com 9 ordens de magnitude, numa faixa de 102 a 1010 genomas equivalentes/μL. Para o ensaio, a inclinação da reta foi de -3,56, o intercepto foi de 45,56, o coeficiente de correlação de Pearson foi de r2=0,99 e a eficiência da reação foi 90,9%. A reprodutibilidade do teste foi avaliada com base numa reação em quadruplicata da curva de quantificação com média de coeficiente de variação de 1,2%. Foram incluídos 102 pacientes no estudo, onde 57,8% do sexo masculino e com média de idade 42±9 anos. Do total, 21% dos pacientes eram positivos para a presença de RNA do HGV/GBV-C no plasma com média de carga viral de 300.455 cópias/mL, e para o anticorpo anti-E2, 26,4% eram positivos. Não houve diferença estatística quanto às médias de carga viral do HIV-1 e contagem de células T CD4+ quando comparados aos pacientes infectados somente pelo HIV, co-infectados pelo HGV/GBV-C ou com presença de anticorpos anti-E2. Houve fraca correlação negativa quando comparadas as cargas virais do HIV e do HGV/GBV-C. 29 Conclusões: A padronização da técnica de PCR em tempo real pôde ser realizada e está de acordo com dados de outros trabalhos realizados na mesma área. Assim como descrito na literatura, existe alta prevalência de infecção pelo HGV/GBV-C entre indivíduos infectados pelo HIV (21%). A fraca correlação negativa entre as cargas virais do HIV e do HGV/GBV-C confere com os dados da literatura podendo sugerir efeito benéfico em relação à progressão para a AIDS, entretanto, outros fatores também podem estar relacionados e mais estudos nessa área são necessários para melhor entendimento dessa interação viral. Aluno: Janie Maria de Almeida Orientador: Neide de Souza Praça Tese de Doutorado Instituição: Escola de Enfermagem (EE) – USP Título: Projeto transmissão vertical zero: expectativas e ações de pais soropositivos para o HIV à espera do diagnóstico do filho Resumo: O trabalho realizado pelo Projeto Transmissão Vertical Zero de Sorocaba, SP, e o elevado número de crianças expostas ao vírus da AIDS, no país, motivaram a realização deste estudo quanti-qualitativo que teve como objetivo geral compreender a vivência da mãe-pai enquanto aguardam o diagnóstico definitivo do lactente exposto à transmissão vertical do HIV. Esta pesquisa teve como referencial teórico a Antropologia Médica e a Narrativa como referencial metodológico. Os dados foram coletados em 2006. O momento quantitativo do estudo constou de caracterização das gestantes matriculadas no citado Projeto, no período de 1998 a 2004. O momento qualitativo contou com a participação de 11 mães e sete pais de lactentes expostos ao HIV. Os dados nessa fase foram coletados por meio de técnica projetiva (colagem) com gravação dos relatos sobre o sentido atribuído à construção. Com o tratamento dos dados qualitativos, emergiram seis temas: Sentimentos de esperança e confiança; ansiedade e expectativa; Espiritualidade e Religiosidade; Apoio; Preocupação com a saúde do filho; Preconceito e Fazendo analogia, que possibilitaram identificar as expectativas e as ações adotadas pelos pais enquanto aguardavam a confirmação do diagnóstico da criança. Os resultados mostraram que a vivência do núcleo familiar é marcada por intensa mobilização de sentimentos, preocupação com a saúde da criança e crença no tratamento. O preconceito e o estigma à AIDS revelaram-se como principais fontes estressoras, acarretando sofrimento e sentimento de culpa, que exigem empenho dos pais para se adaptarem ao Enfrentamento a cada nova situação cotidiana. Portanto, o Enfrentamento emergiu como tema central e mostrou que o cotidiano do binômio mãe-pai é vivido com ambigüidade de sentimentos. A tolerância às adversidades e aos transtornos é motivada pela afetividade e dedicação ao filho. A maneira de encarar e resistir 30 ao infortúnio constituiu-se no Enfrentamento que gera atitudes paliativas ou de afastamento do convívio social, representadas pela busca de apoio espiritual e religioso, e também suporte social. Para os binômios atendidos no Projeto Transmissão Vertical Zero, o principal sustentáculo do Enfrentamento diante da indefinição do diagnóstico do filho é representado pela fé religiosa e pela crença em um Ser superior. As implicações destes achados são importantes para a enfermagem, que pode implementar cuidados culturalmente embasados, com a possibilidade de intervenções mais adequadas à clientela. Aluno: Roberto Maximiliano Carrasco Navarro Orientador: Antonio Alci Barone Tese de Doutorado Instituição: Faculdade de Medicina (FM) – USP Título: Avaliação da progressão da fibrose hepática de pacientes co-infectados pelo HIV/HCV em serviços de atendimento a pacientes com HIV/AIDS Resumo: INTRODUÇÃO: Embora haja cada vez mais provas de que a co-infecção pelo HCV piora a evolução da hepatotoxicidade relacionada ao HIV, as influências dos diferentes fatores associados a este permanecem mal compreendidas. Este estudo está destinado a avaliar os dados epidemiológicos, laboratoriais e HAART e sua associação com a evolução da taxa de progressão da fibrose (FPR), em doentes co-infectados acompanhados em centros de referência para o tratamento de HIV/VHC na cidade de São Paulo, Brasil. MÉTODOS: 938 prontuários de patientes coinfectados foram revisados para este estudo e 102 preencheram os critérios de inclusão. Um estudo transversal, avaliando os aspectos sócioepidemiológicos, laboratoriais e biópsia hepática foi realizado e correlacionado o grau de fibrose hepática e a FPR encontrada. RESULTADOS: A população foi caracterizada por indivíduos homens (83,3%), de meia-idade (42,9 anos), brancos (53,9%), com o principal fator de risco de aquisição de ambas as infecções foi através da utilização de drogas ilícitas (72,5%), principalmente intravenosa e presença de consumo de álcool (75,5%), com predominância do genótipo 1 de HCV (56,9%) e tempo médio de uso de antirretrovirals de 7,9 anos (DP = 3,6 a). A avaliação histológica não mostrou qualquer relação entre maior grau de fibrose na biópsia hepática relacionados com a exposição da antirretrovirals ou mesmo na FPR. Abuso de drogas ilícitas, incluindo cocaína inalada e intravenosa relacionam-se com taxas mais elevadas fibrose hepática e FPR. CONCLUSÃO: Os resultados enfatizam a necessidade de incentivar a retirada do consumo de drogas ilícitas da população de pacientes coinfectados HIV/VHC em uso de qualquer regime antirretroviral. O nosso estudo não encontrou nenhuma relação entre a utilização de regimes baseados em IP ou NNRTI e um pior prognóstico da fibrose hepática ou FPR na população avaliada. Documento Resumido do Produto Celsentri* (maraviroque) Celsentri* (maraviroque) é uma molécula antagonista reversível da interação entre o CCR5 humano e o gp120 do HIV-1. O bloqueio desta interação previne a entrada do vírus HIV-1 CCR5-trópico nas células. Indicações: em combinação com outros medicamentos anti-retrovirais, é indicado para pacientes adultos, experientes no tratamento, e infectados somente com o vírus HIV1 CCR5-trópico detectado. Contra-indicações: pacientes com hipersensibilidade ao maraviroque ou a qualquer componente da fórmula. Advertências e precauções: Celsentri* deve ser administrado como parte do regime anti-retroviral combinado e deve ser utilizado apenas quando o vírus HIV-1 CCR-5 trópico é detectado (isto é, CXCR4-trópicos ou com tropismo duplo/misto não detectado) conforme determinado por um método de detecção validado e sensível. Alterações no tropismo viral ocorrem ao longo do tempo em pacientes infectados pelo HIV-1. Por esta razão, é necessário iniciar o tratamento logo após a obtenção do resultado do teste de tropismo. Ajustes apropriados na dose de Celsentri* devem ser considerados quando este é administrado concomitantemente com inibidores e/ou indutores do CYP3A4. Verifique as bulas dos outros medicamentos anti-retrovirais utilizados em combinação. Os pacientes devem ser informados que as terapias anti-retrovirais, incluindo Celsentri*, não demonstraram prevenir o risco de transmissão do HIV para os outros através de contato sexual ou contaminação sangüínea. Eles devem continuar a usar as precauções apropriadas. Os pacientes também devem ser informados que Celsentri* não é uma cura para infecção por HIV-1. Utilizar com cautela em pacientes com risco aumentado de eventos cardiovasculares e em pacientes com histórico de hipotensão postural ou concomitantemente a medicamentos conhecidos por reduzir a pressão sangüínea. Em pacientes infectados com HIV com deficiência imune grave no momento da instituição da terapia anti-retroviral altamente ativa (HAART), uma reação inflamatória a patógenos oportunistas anteriormente assintomáticos ou residuais pode aparecer e causar condições clínicas graves ou agravamento dos sintomas. Qualquer sintoma inflamatório deve ser avaliado e o tratamento deve ser iniciado quando necessário. Pacientes com disfunção hepática pré-existente, inclusive hepatite crônica ativa, podem apresentar um aumento na freqüência de anormalidades da função hepática durante o tratamento anti-retroviral combinado e devem ser monitorados de acordo com a prática padrão. A segurança e eficácia de maraviroque não foram especificamente estudadas em pacientes com insuficiência renal, portanto maraviroque deve ser usado com cautela nesta população.e/ou que também estejam utilizando inibidores potentes do CYP3A4. Uso durante a Gravidez: nenhum dado clínico significativo sobre a exposição durante a gravidez está disponível. Celsentri* deve ser utilizado durante a gravidez somente se o benefício potencial justificar o risco potencial ao feto. Celsentri* é um medicamento classificado na categoria B de risco de gravidez. Portanto, este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica. Uso durante a Lactação: não se sabe se maraviroque é secretado no leite humano. As mães devem ser instruídas a não amamentar caso estejam recebendo Celsentri* devido ao potencial de transmissão do HIV e qualquer efeito indesejado possível durante a amamentação do lactente. Efeitos na Habilidade de Dirigir ou Operar Máquinas: não foram realizados estudos sobre os efeitos na habilidade de dirigir ou operar máquinas. Celsentri* pode causar tontura. Os pacientes devem ser instruídos que caso eles apresentem tontura, eles devem evitar tarefas potencialmente perigosas, tais como dirigir ou operar máquinas. Vide bula completa do produto com outras “Advertências e Precauções”. Interações medicamentosas: maraviroque é um substrato do citocromo CYP3A4 e da Gp-P. O ajuste de dose de Celsentri* é recomendado quando ele é administrado concomitantemente com inibidores e/ou indutores do CYP3A4. A administração concomitante de maraviroque e Erva de São João (Hypericum perforatum) não é recomendada. Estudos demonstraram que o maraviroque não inibe ou induz as enzimas P450 importantes em concentrações clinicamente relevantes. Em alta exposição ao maraviroque uma inibição potencial do CYP2D6 não pode ser excluída. O clearance renal é estimado em aproximadamente 23% do clearance total do maraviroque quando Celsentri* é administrado sem inibidores do CYP3A4. Vide tabela com interações medicamentosas e doses recomendadas com outros medicamentos na bula completa do produto. Reações adversas: As freqüências das reações adversas comuns ( 1/100 a < 1/10), assim como as taxas de interrupções em decorrência de qualquer reação adversa foram maiores nos pacientes recebendo Celsentri* 300 mg a cada 12 horas + TBO comparado com àqueles recebendo TBO isoladamente. Comum: foliculite; hipertrigliceridemia; insônia, sonhos anormais; neuropatia periférica, síncope, hipoestesia, parestesia, disgeusia, sonolência; irritação no olho, olho seco; rubor; tosse, disfonia, congestão nasal; dor abdominal, dispepsia, refluxo gastroesofágico, constipação; rash, lipodistrofia adquirida, lipohipertrofia, eritema, alopecia; espasmo muscular, dor nas costas, dor nas extremidades; disfunção erétil; noctúria; astenia; aumento da alanina aminotransferase, da aspartato aminotransferase, da gama-glutamiltransferase, creatinina fosfoquinase, triglicérides e diminuição do peso. Vide demais reações adversas na bula completa do produto. ATENÇÃO: ESTE É UM MEDICAMENTO NOVO E, EMBORA AS PESQUISAS TENHAM INDICADO EFICÁCIA E SEGURANÇA ACEITÁVEIS PARA COMERCIALIZAÇÃO, EFEITOS INDESEJÁVEIS E NÃO CONHECIDOS PODEM OCORRER. Posologia: o tratamento com Celsentri* deve ser iniciado por um médico com experiência na condução da infecção por HIV. A dose padrão recomendada de Celsentri* é de 150 mg, 300 mg ou 600 mg a cada 12 horas, dependendo das interações com a terapia anti-retroviral e outros medicamentos administrados concomitantemente. Celsentri* pode ser administrado com ou sem alimentos. Vide demais situações posológicas na bula completa do produto. Superdose: a maior dose administrada em estudos clínicos foi 1200 mg. A reação adversa dose limitante foi hipotensão postural que foi observada com a dose de 600 mg. Não há antídoto específico para superdosagem com Celsentri*. O tratamento da superdosagem deve consistir de medidas gerais de suporte incluindo a manutenção do paciente na posição supina, cuidadosa avaliação dos sinais vitais do paciente, pressão sangüínea e ECG. Caso seja indicado, a eliminação de maraviroque ativo não absorvido deve ser obtida através da emese ou lavagem gástrica. A administração de carvão ativado também pode ser utilizada para ajudar na remoção do fármaco não absorvido. Apresentações: comprimidos revestidos de 150 mg ou 300 mg em embalagens contendo 60 unidades. USO ADULTO. USO ORAL. USO SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA COM RETENÇÃO DA RECEITA. ATENÇÃO – O USO INCORRETO CAUSA RESISTÊNCIA DO VÍRUS DA AIDS E FALHA NO TRATAMENTO. A persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado. Para maiores informações, consulte a bula completa do produto (ces06). Documentação científica e informações adicionais estão à disposição da classe médica mediante solicitação. Laboratórios Pfizer Ltda., Rua Alexandre Dumas, 1860 – Chácara Santo Antônio, São Paulo, SP – CEP 04717-904. Tel.: 080016-7575. www.pfizer.com.br. Celsentri*. MS – 1.0216.0217 a vida tem de melhor é preciso ter saúde. A Pfizer investe em pesquisas, na geração d e b e m - e s t a r e n a q u a l i d a d e d e v i d a . Po r t r á s d i s s o , e s t á o n o s s o e m p e n h o e m proporcionar um mundo melhor para as pessoas, em todos os momentos de suas vidas. w w w.pf iz e r.co m .b r Código: 199629 - VOLUME 3 Nº 03 Faça como a gente: pesquise maneiras de ser feliz. Para aproveitar o que