GRÁVIDA E BEM VESTIDA, SIM! UMA ANÁLISE DA EVOLUÇÃO

Transcrição

GRÁVIDA E BEM VESTIDA, SIM! UMA ANÁLISE DA EVOLUÇÃO
GRÁVIDA E BEM VESTIDA, SIM! UMA ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA MODA
GESTANTE.
Alexia Luise Innocêncio
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Introdução
Nos últimos cinqüenta anos, conforme a mulher foi conquistando igualdade de direitos
e força no mercado de trabalho, ela tornou-se, consequentemente, mais exigente. Isso se
refletiu também em seu modo de se vestir, incluindo, particularmente, o período gestacional.
Essa mulher não se contenta mais em usar uma roupa apenas confortável, ela quer se
sentir bem com sua aparência.
O presente trabalho tem como objetivo analisar o vestuário atual dessa mulher durante
a gravidez, bem como as necessidades específicas desses produtos e sua evolução
funcional e estética durante meados do século XIII até os dias de hoje. Busca-se ainda
salientar o papel da tecnologia têxtil nessa evolução e a ascensão de marcas específicas do
ramo.
Materiais e métodos
Durante uma experiência de estágio em uma empresa do ramo gestante, foi possível
observar a metodologia de concepção das peças, assim como o comportamento de suas
consumidoras. A partir dessa experiência, iniciou-se um estudo de natureza bibliográfica em
busca de um ciclo histórico e evolutivo que justificasse as atuais preocupações que
envolvem essas roupas.
Resultados e discussão
Durante a gestação o corpo da mulher sofre inúmeras mudanças, tanto interna quanto
externamente. Enquanto internamente as rápidas variações de níveis hormonais causam
sintomas como mau-humor e enjôos, há ainda as mudanças visíveis externamente como o
inchaço e o aumento gradual da barriga. Em uma reflexão sobre a estética feminina e a
cirurgia plástica, Novaes (2002, p.155) afirma que “O envelhecimento associado à
maternidade parece ser o mote principal que leva grande parte de nossas entrevistadas a
quererem se transformar”.
Ao longo dos séculos os trajes para gestantes foram se modificando e se aprimorando
de acordo com a evolução da indumentária em geral e dos tecidos disponíveis em cada
1
[email protected], Universidade Estadual de Londrina, Departamento de Design, Rod. Celso Garcia Cid
Pr 445 Km 380.
época. Entre o começo dos tempos até o século XIII, a mulher que engravidasse teria que
se virar com as peças que já tinha. Durante séculos na Idade Média, a roupa adotada pelas
gestantes consistia apenas numa espécie de avental.
Pouco antes do século XIV, as roupas de maternidade começaram a aparecer, e no
período Barroco foi criado o primeiro vestido destinado às gestantes, batizado “Adrienne”: “it
was a gown that was characterized by voluminous folds and flowing fabric which expanded
with growing bellies” (MANNERING, 2009). Já no período Georgiano, as mulheres usavam
roupas mais práticas, que não eram consideradas especificamente roupas para gestantes,
mas se adaptavam bem conforme o crescimento da barriga. As roupas propriamente
destinadas às mulheres grávidas apareceram somente na primeira metade do século XIX.
Era comum o uso de uma peça sem mangas utilizada como um avental, conhecida como
“salopete”.
Fig. 01 “From late 1500's Elizabethan England”
Fig. 02 “Maternity dress from colonial Williamsburg”
Um dos motivos pelos quais a moda gestante tem evoluído é a mudança de
comportamento das mulheres nas últimas décadas. É cada vez maior o número de mulheres
que participam ativamente do mercado de trabalho, e para isso precisam de roupas
adequadas ao seu dia-a-dia. Essa mulher que ao longo do tempo conquistou respeito no
âmbito sócio-econômico exige roupas para o período gestacional que proporcionem o
mesmo caimento, conforto e qualidade das peças que ela usava antes. Segundo
Chataignier (2006, p.65) “A falta de conhecimento em relação aos tecidos é o principal fator
que pode derrubar um modelo criado apenas pela imaginação e sem levar em conta os
aspectos materiais e técnicos envolvidos”.
Com o advento das microfibras, os tecidos se tornaram mais leves e fáceis de cuidar,
além de permitirem respirabilidade e possuírem, como no caso do elastano, a possibilidade
de expansão conforme a necessidade, o que os torna ideais para compor uma peça
adaptável aos nove meses de gravidez.
A partir dos anos noventa, o interesse da mídia na gravidez de pessoas famosas
aumentou, e, consequentemente, também o mercado especializado nessa área.
Influenciados por esse fato, os criadores de moda foram despertados para esse público, e
assim, diversas marcas como Michael Stars e The Gap lançaram suas próprias linhas para
maternidade. É possível encontrar até sites que oferecem vestidos de gala e casamento
próprios para gestantes, como a Tiffany Rose, que vende produtos para o mundo todo.
Muitas dessas roupas têm o objetivo de fazer com que a mulher se sinta tão bem a ponto de
continuar a usá-las mesmo após o nascimento do bebê, o que também é um incentivo para
prolongar o ciclo de vida desse produto.
Atualmente a gestante pode sentir-se confortável e satisfeita com a aparência de sua
roupa, uma vez que a tecnologia têxtil está cada vez mais avançada e os criadores de moda
dessa área estão cada vez mais atentos às tendências. Além disso, devido ao aumento do
número de marcas especializadas, a mulher tem mais opções, podendo manter seu padrão
anterior e escolher roupas de acordo com seu gosto, com a tranqüilidade de estar usando
peças que foram criadas especificamente para esse período.
Agradecimentos
À Universidade Estadual de Londrina, à empresa Due Vita Moda Gestante onde
ocorreu a experiência de estágio que desencadeou a pesquisa, e à proprietária da empresa
e orientadora no campo de estágio pelo conhecimento transmitido e contribuição para o
desenvolvimento da pesquisa.
Referências
CHATAIGNIER, Gilda. Fio a fio: tecidos, moda e linguagem. São Paulo: Estação das Letras,
2006.
MANNERING,
Lindsay.
A
Brief
History
Of
Maternity
Clothes.
Disponível
em:
<http://www.huffingtonpost.com/lindsay-mannering/a-brief-history-ofmatern_b_156618.html>. Acesso em: 1 Jun. 2009.
NOVAES, Joana de Vilhena. Da cena do corpo ao corpo em cena: estética feminina e
cirurgia plástica. In: CASTILHO, Kathia; GALVÃO, Diana. A moda do corpo, o corpo da
moda. São Paulo: Editora Esfera, 2002.
___________. TIFFANY Rose. Disponível em: <http://www.tiffanyrose.com>. Acesso em: 10
Jun. 2009.