Resumo Expandido - FITOSSOCIOLOGIA EM UMA ÁREA
Transcrição
Resumo Expandido - FITOSSOCIOLOGIA EM UMA ÁREA
FITOSSOCIOLOGIA EM UMA ÁREA DE CERRADO EM REGENERAÇÃO DO PARQUE FLORESTAL DE PATROCÍNIO, MG – CAXUANA S/A Sebastião Ferreira de Lima1; Ana Paula Leite de Lima2; Rosângela de Oliveira Araujo3; Poliana Felix Araujo4; Andréa de Castro Wartha5, Luiz Carlos Rodrigues de Carvalho6 1 Doutor em Fitotecnia, Eng. Agrônomo UFMS, [email protected]; 2Doutora em Ciências Florestais, UFMS, [email protected]; 3Professora do Unicerp – Centro Universitário do Cerrado Patrocínio, MG; 4 Bióloga do Museu da Unicamp; 5Aluna do curso de Ciências Biológicas do Unicerp; 6Eng. Florestal da Caxuana Reflorestamento S/A. Resumo O estudo fitossociológico permite o desenvolvimento de modelos de conservação, manejo de áreas remanescentes e recuperação de áreas degradadas. O objetivo deste trabalho foi de descrever a composição fitossociológica de uma área de cerrado em regeneração do parque florestal de Patrocínio-MG, da empresa Caxuana S/A. As coletas foram realizadas no ano de 2007, utilizando-se do método de amostragem em sete parcelas de 10 x 30 m. Considerou-se na amostragem os indivíduos arbustivo-arbóreos de circunferência a 1,30 m de altura do solo igual ou superior a 15 cm. Foram estimados: Densidade relativa (DR); Frequência relativa (FR); Dominância relativa (DoR), índice de valor de importância (IVI) e de cobertura (IVC). No total foram encontradas 21 espécies, distribuídos em 20 gêneros. Seis espécies que apresentaram IVI maior que 20, Qualea grandiflora (62,76), Dimorphandra mollis (30,71), Copaifera langsdorffii (28,05), Myrcia uberavensis (24,64), não identificada (21,84), Piptocarpha rotundifolia (21,78) somaram 63,26% do IVI total. A espécie Qualea grandiflora apresentou o maior número de indivíduos, maior densidade relativa, freqüência relativa, índice de valor de importância, índice de valor de cobertura e alta dominância relativa, portanto, tem maior facilidade de estabelecimento ou de regeneração natural. A Copaifera langsdorffii apresentou baixa densidade relativa e freqüência relativa, entretanto, com alto IVI e IVC, devido ao mais alto valor de dominância relativa. Essa espécie não tem facilidade de estabelecimento e possui padrão de distribuição espacial mais agregado. Conclui-se que a concentração do IVI em poucas espécies mostra sua capacidade de se estabelecer e dispersar na área, positiva ou negativamente. Palavras-Chave: biodiversidade; remanescente; recuperação; áreas degradadas. Introdução O Cerrado possui grande riqueza biológica, entretanto, vem sofrendo ao longo dos anos intensa pressão antrópica para sua exploração, por esses fatores, constitui uma das 25 áreas do mundo consideradas críticas para conservação (MMA, 2002). Pequenos fragmentos de cerrado, ilhados pela atividade humana e mal conservados, são insuficientes para proteger a biodiversidade (DIAS, 1994). Embora a degradação do cerrado seja facilmente perceptível, o mesmo ainda apresenta grande diversidade de espécies em várias regiões do país (SILVA et al., 2002), mas com 67% de suas áreas altamente modificadas e somente 20% mantendo seu estado original (MITERMEYER et al., 1999). Com as exigências da legislação referentes à existência e manutenção de Reservas Legais, muitas áreas antes utilizadas como pastagens foram isoladas para regeneração da flora local. Segundo Salis et al. (1994) o estudo da flora e da estrutura comunitária da vegetação natural é importante para o desenvolvimento de modelos de conservação, manejo de áreas remanescentes e recuperação de áreas perturbadas ou degradadas. Dessa forma, o estudo da vegetação natural ou em recuperação, permite, segundo Silva e Bentes-Gama (2007) explicar a associação de espécies vegetais e a diversidade florística de florestas, proporcionando a base ecológica necessária para inferências quantitativas e qualitativas da estrutura florestal. O detalhamento fitossociológico das comunidades vegetais constitui a maneira mais usual para se conhecer o padrão de distribuição espacial e a diversidade das espécies, mediante a avaliação da densidade ou abundância, dominância, freqüência, valor de cobertura e valor de importância para espécies e famílias (SCOLFORO e MELO, 1997; SOUSA, 2000). Em levantamento fitossociológico realizado em Cerrado sentido restrito em Galheiros, MG, Cardoso et al. (2002) amostraram 240 indivíduos distribuídos em 39 espécies de 24 famílias. Verificaram que as espécies mais importantes foram Pterodon pubescens, Piptocarpha rotundifolia e Qualea grandiflora, representando 39,08% do IVI total. Teixeira et al. (2004) fizeram um levantamento florístico e fitossociológico em uma área de cerrado do município de Patrocínio Paulista, amostrando 511 indivíduos de 53 espécies e 30 famílias. Encontraram que as famílias com maior riqueza específica foram: Fabaceae, Myrtaceae, Vochysiaceae, Annonaceae e Caesalpiniaceae e as espécies com maior valor de importância (IVI) foram: Qualea grandiflora, Dalbergia miscolobium, Styrax camporum, Ocotea corymbosa, Qualea parviflora e Qualea multiflora. O objetivo desse trabalho foi de descrever a composição fitossociológica de uma área de cerrado em regeneração do parque florestal de Patrocínio-MG, pertencente à empresa Caxuana S/A. Metodologia O estudo foi realizado em uma área de Cerrado em regeneração no Parque Florestal da empresa Caxuana Reflorestamento S/A., localizado no município de Patrocínio, MG. As coletas foram realizadas no ano de 2007, utilizando-se do método de amostragem em parcelas. Foram demarcadas sete parcelas de 10 x 30 m (2.100 m2). Considerou-se na amostragem os indivíduos arbustivo-arbóreos de circunferência a 1,30 m de altura do solo igual ou superior a 15 cm (CAP ≥ 15 cm). Foram estimados os seguintes parâmetros fitossociológicos para cada família e espécie: Densidade relativa (DR); Frequência relativa (FR); Dominância relativa (DoR) por área, calculada a partir da área basal de cada indivíduo arbóreo a 1,30 m do solo; índice de valor de importância (IVI) e de cobertura (IVC). Resultados e Discussão No total foram encontradas 21 espécies, distribuídos em 20 gêneros (Tabela 1). Tabela 1 - Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas no levantamento florístico realizado no Parque Florestal da empresa Caxuana, Patrocínio-MG Espécies N* DR* DoR* FR* IVI* IVC* Acosmium dasycarpum 2 2.27 0.71 2.94 5.92 2.98 Annona coriacea 1 1.14 0.63 2.94 4.71 1.76 Aspisdosperma macrocarpon 2 2.27 3.03 2.94 8.24 5.30 Austroplenckia populnea 1 1.14 1.09 2.94 5.17 2.23 Byrsonima pachyphylla 2 2.27 0.64 2.94 5.86 2.92 Cecropia pachystachya 2 2.27 0.64 2.94 5.86 2.92 Continua... Continuação... Connarus suberosus 1 1.14 1.82 2.94 5.90 2.96 Copaifera langsdorffii 2 2.27 22.83 2.94 28.05 25.11 Coussarea hydrangeafolia 7 7.95 3.73 2.94 14.63 11.69 Dimorphandra mollis 7 7.95 13.93 8.82 30.71 21.88 Erythroxylum suberosum 1 1.14 0.55 2.94 4.62 1.68 Matayba elaeagnoides 1 1.14 0.33 2.94 4.41 1.47 Myrcia uberavensis 8 9.09 3.79 11.76 24.64 12.88 Não identificada 8 9.09 9.81 2.94 21.84 18.90 Piptocarpha rotundifolia 7 7.95 5.00 8.82 21.78 12.96 Qualea grandiflora 25 28.41 19.65 14.71 62.76 48.05 Rapanea guianensis 4 4.55 3.04 2.94 10.53 7.59 Schefflera macrocarpa 1 1.14 4.36 2.94 8.44 5.50 Siparuna guianensis 2 2.27 0.80 2.94 6.01 3.07 Solanum lycocarpum 2 2.27 1.12 5.88 9.28 3.39 Stryphnodendron adstringens 2 2.27 2.50 5.88 10.65 4.77 N*= número de indivíduos, DR*= Densidade Relativa, DoR*= Dominância Relativa, FR*= Freqüência Relativa, IVI*= Índice de Valor de Importância, IVC*= Índice de Valor de Cobertura A espécie Qualea grandiflora apresentou o maior número de indivíduos nessa área de estudo e, nesse caso, também resultou em maior densidade relativa, freqüência relativa, índice de valor de importância e índice de valor de cobertura. Além de apresentar alta dominância relativa, ficando atrás apenas da Copaifera langsdorffii. Segundo Scolforo e Mello (1997) a densidade alta mostra que essa espécie tem maior facilidade de estabelecimento, ou seja, possui maior facilidade de se regenerar naturalmente. Para a dominância alta, significa que esta espécie apresenta maiores valores de área basal, reflexo de sua maior densidade e também de seu maior porte. A freqüência alta mostra que a espécie possui distribuição espacial dispersa pela área, enquanto que o IVI mais alto caracteriza a importância dessa espécie no conglomerado total do povoamento. A Copaifera langsdorffii apresentou apenas dois indivíduos, resultando em baixa densidade relativa e freqüência relativa, entretanto, seu valor de IVI foi o terceiro maior e o IVC o segundo maior, isso devido ao mais alto valor de dominância relativa encontrado entre as espécies. Essa dominância alta é decorrente do grande porte dessa espécie, concomitante aos altos valores de área basal dos indivíduos amostrados. Portanto, de acordo com Scolforo et al. (1998) para esses índices, essa espécie caracteriza-se por não possuir facilidade de estabelecimento e padrão de distribuição espacial mais agregado. Seis espécies que apresentaram IVI maior que 20, Qualea grandiflora (62,76), Dimorphandra mollis (30,71), Copaifera langsdorffii (28,05), Myrcia uberavensis (24,64), não identificada (21,84), Piptocarpha rotundifolia (21,78) somaram 63,26% do IVI total. Em trabalho realizado em Perdizes, MG, em uma área de Cerrado Sentido Restrito, utilizando metodologia de medição de perímetro a 150 cm do solo, Cardoso et al. (2002) encontraram o segundo maior valor de IVI para Piptocarpha rotundifolia e terceiro maior valor para Qualea grandiflora, enquanto no presente trabalho os valores colocaram essas espécies em sexto e primeiro maior valor para IVI, respectivamente. Isso mostra de modo geral que essas espécies são bastante representativas do cerrado, como também é descrito por Ribeiro e Walter (1998) na caracterização das espécies mais freqüentes em áreas de cerrado Sentido Restrito. Conclusões O levantamento feito na área foi suficiente para o reconhecimento das espécies presentes e da estrutura da vegetação, uma vez que foram amostradas espécies representativas da região. A maior parte do IVI da área concentrou-se em poucas espécies, indicando a grande capacidade das mesmas positiva ou negativamente de se estabelecerem na área e se dispersarem. Referências BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Biodiversidade brasileira: avaliação e identificação de áreas prioritárias para conservação, utilização sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade brasileira. Brasília: MMA/SBF, 2002. 404p. CARDOSO, E.; MORENO, M. I. C.; GUIMARÃES, A. J. M. Estudo Fitossociológico em área de cerrado Sensu Stricto na estação de pesquisa e desenvolvimento ambiental de Galheiros – MG, Caminhos da geografia, v.3, n.5, fev., 2002. DIAS, D. F. S. A conservação da natureza. In.: PINTO, M. N. (Org.). Cerrado: caracterização, ocupação e perspectivas. Brasília-DF: Universidade de Brasília, 1994. p. 1024. MITERMEYER, R. A.; MYERS, N.; MITERMEYER, C. G. Hotspots: Earth.s biologically richest and endangered terrestrial ecoregions. México: CEMEX, 1999. 431p. RIBEIRO, J.F.; WALTER, B.M.T. Fitofisionomias do Bioma Cerrado. In.: SANO, S.M.; ALMEIDA, S.P. de. Cerrado: ambiente e flora. Planaltina: Embrapa. p. 89-168. 1998. SALIS, S. M.; TAMASHIRO, J. Y.; JOLY, C. A. Florística e fitossociologia do estrato arbóreo de um remanescente de mata ciliar do rio Jacaré-Pepira, Brotas, SP. Revista brasileira de botânica, v.17, n. 2, p. 93-103, 1994. SCOLFORO, J. R. S.; MELLO, J. M. de. Inventario florestal. Lavras: Ufla. 1997. 341p. SCOLFORO, J. R. S.; PULZ, F. A.; MELO, J.M. Modelagem da produção, idade, das florestas nativas, distribuição espacial das espécies e a análise estrututar. In.: SCOLFORO, J.R.S. Manejo Florestal. Lavras: UFLA, p.189-246. 1998. SILVA, A. P. F. F.da; BENTES-GAMA, M. de M. Contribuições sobre a fitossociologia de uma Floresta Ombrófila Aberta em Jacy-Paraná, Porto Velho, Rondônia. 2007. In: SEMINÁRIO DE INICIACÃO CIENTÍFICA, 16., 2007. Porto Velho. Anais... Porto Velho: Universidade Federal de Rondônia, 2007. (CD-ROM – Área: Exatas e da Terra). SILVA, L. O.; COSTA, D. A.; SANTO FILHO, K. E.; FERREIRA, H. D.; BRANDÃO, D. Levantamento florístico e fitossociológico em duas áreas de cerrado sensu stricto no Parque Estadual da Serra de Caldas Novas, Goiás. Acta Botânica Brasílica, São Paulo, v. 16, n. 1. 2002. SOUZA, A. L. Análise estrutural de floresta inequianea - Capitulo I. Viçosa: DEF/UFV, 2000. 34p. TEIXEIRA, M. I. J. G.; ARAUJO, A. R.B.; VALERI, S. V.; RODRIGUES, R. R. Florística e fitossociologia de área de Cerrado S.S. no município de Patrocínio Paulista, nordeste do estado de São Paulo. Bragantia, Campinas, v. 63, n. 1, p. 1-11, 2004.
Documentos relacionados
Visualizar Tese
Valores absolutos e porcentagens de aumento do número do número de indivíduos, espécies e gêneros encontrados nos dois levantamentos na área em regeneração natural com aplicação de herbicida (A3).....
Leia mais