Classificação dos Grupos Funcionais para Fins de Nomenclatura*

Transcrição

Classificação dos Grupos Funcionais para Fins de Nomenclatura*
GRAMÁTICA
Prof.: Jairo Beraldo
Lista: 04
Aluno(a): _______________________________________________
Turma: ____________________________
01. (Enem)
Data: 24/03/2015
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Novas tecnologias
Atualmente, prevalece na mídia um discurso de exaltação
das novas tecnologias, principalmente aquelas ligadas às
atividades de telecomunicações. Expressões frequentes como “o
futuro já chegou”, “maravilhas tecnológicas” e “conexão total
com o mundo” “fetichizam” novos produtos, transformando-os
em objetos do desejo, de consumo obrigatório. Por esse motivo
carregamos hoje nos bolsos, bolsas e mochilas o “futuro” tão
festejado.
Todavia, não podemos reduzir-nos a meras vítimas de um
aparelho midiático perverso, ou de um aparelho capitalista
controlador. Há perversão, certamente, e controle, sem sombra
de dúvida. Entretanto, desenvolvemos uma relação simbiótica
de dependência mútua com os veículos de comunicação, que
se estreita a cada imagem compartilhada e a cada dossiê
pessoal transformado em objeto público de entretenimento.
Não mais como aqueles acorrentados na caverna de Platão,
somos livres para nos aprisionar, por espontânea vontade, a
esta relação sadomasoquista com as estruturas midiáticas, na
qual tanto controlamos quanto somos controlados.
SAMPAIO, A. S. “A microfísica do espetáculo”.
Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br. Acesso em: 1 mar. 2013 (adaptado).
Ao escrever um artigo de opinião, o produtor precisa criar uma base
de orientação linguística que permita alcançar os leitores e
convencê-los com relação ao ponto de vista defendido. Diante
disso, nesse texto, a escolha das formas verbais em destaque
objetiva
a) criar relação de subordinação entre leitor e autor, já que ambos
usam as novas tecnologias.
b) enfatizar a probabilidade de que toda população brasileira esteja
aprisionada às novas tecnologias.
c) indicar, de forma clara, o ponto de vista de que hoje as pessoas
são controladas pelas novas tecnologias.
d) tornar o leitor copartícipe do ponto de vista de que ele manipula
as novas tecnologias e por elas é manipulado.
e) demonstrar ao leitor sua parcela de responsabilidade por deixar
que as novas tecnologias controlem as pessoas.
03. (Enem) Os principais recursos utilizados para envolvimento e
adesão do leitor à campanha institucional incluem
a) o emprego de enumeração de itens e apresentação de títulos
expressivos.
b) o uso de orações subordinadas condicionais e temporais.
c) o emprego de pronomes como “você” e “sua” e o uso do
imperativo.
d) a construção de figuras metafóricas e o uso de repetição.
e) o fornecimento de número de telefone gratuito para contato.
02. (Enem)
04. (Enem PPL)
— Ora dizeis, não é verdade? Pois o Sr. Lúcio queria esse cravo,
mas vós lho não podíeis dar, porque o velho militar não
tirava os olhos de vós; ora, conversando com o Sr. Lúcio,
acordastes ambos que ele iria esperar um instante no jardim...
MACEDO, J. M. A moreninha. Disponível em: www.dominiopublico.com.br.
Acesso em: 17 abr. 2010 (fragmento).
O trecho faz parte do romance A moreninha, de Joaquim Manuel de
Macedo. Nessa parte do romance, há um diálogo entre dois
personagens. A fala transcrita revela um falante que utiliza uma
linguagem
a) informal, com estruturas e léxico coloquiais.
b) regional, com termos característicos de uma região.
c) técnica, com termos de áreas específicas.
d) culta, com domínio da norma padrão.
e) lírica, com expressões e termos empregados em sentido
figurado.
A linguagem da tirinha revela
a) o uso de expressões linguísticas e vocabulário próprios de
épocas antigas.
b) o uso de expressões linguísticas inseridas no registro mais
formal da língua.
c) o caráter coloquial expresso pelo uso do tempo verbal no
segundo quadrinho.
d) o uso de um vocabulário específico para situações
comunicativas de emergência.
e) a intenção comunicativa dos personagens: a de estabelecer a
hierarquia entre eles.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Não era feio o lugar, mas não era belo. Tinha, entretanto, o
aspecto tranquilo e satisfeito de quem se julga bem com a sua
sorte.
1
A casa erguia-se sobre um socalco, uma espécie de degrau,
formando a subida para a maior altura de uma pequena colina
que lhe corria nos fundos. Em frente, por entre os bambus da
cerca, olhava uma planície a morrer nas montanhas que se viam
ao longe; um regato de águas paradas e sujas cortava-as
paralelamente à testada da casa; mais adiante, o trem passava
vincando a planície com a fita clara de sua linha campinada [...].
07. (Ufg)
No texto, além de localizar cronologicamente os
acontecimentos, pode-se afirmar, quanto aos tempos verbais, que
a) as formas no passado apontam para a eficácia da experiência
científica.
b) as vozes do verbo relacionam as informações sobre a
experiência e o seu grau de importância.
c) a marca de gerúndio constitui uma estratégia de polidez voltada
para a autoria da pesquisa.
d) a alternância presente/passado distingue os comentários da
descrição da experiência.
e) a ocorrência do imperfeito destaca a relevância dos
procedimentos experimentais.
BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Penguin &
Companhia das Letras. p.175.
05. (Ueg) Com relação ao tempo narrativo, nota-se que a utilização do
pretérito imperfeito
a) aproxima o material narrado do universo contemporâneo do
leitor.
b) confere ao texto um caráter dual, que oscila entre o lírico e o
metafórico.
c) faz com que o tempo da narrativa se distancie, até certo ponto,
do tempo do leitor.
d) torna o texto mais denso de significação, na medida em que
institui lacunas temporais.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Não era e não podia o pequeno reino lusitano ser uma
potência colonizadora à feição da antiga Grécia. O surto
marítimo que enche sua história do século XV não resultara do
extravasamento de nenhum excesso de população, mas fora
apenas provocado por uma burguesia comercial sedenta de
lucros, e que não encontrava no reduzido território pátrio
satisfação à sua desmedida ambição. A ascensão do fundador da
Casa de Avis ao trono português trouxe esta burguesia para um
primeiro plano. Fora ela quem, para se livrar da ameaça
castelhana e do poder da nobreza, representado pela Rainha
Leonor Teles, cingira o Mestre de Avis com a coroa lusitana. Era
ela, portanto, quem devia merecer do novo rei o melhor das suas
atenções. Esgotadas as possibilidades do reino com as pródigas
dádivas reais, restou apenas o recurso da expansão externa para
contentar os insaciáveis companheiros de D. João I.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
PREFÁCIO
São os primeiros cantos de um pobre poeta. Desculpai-os.
As primeiras vozes do sabiá não têm a doçura dos seus cânticos
de amor.
É uma lira, mas sem cordas; uma primavera, mas sem
flores; uma coroa de folhas, mas sem viço.
Cantos espontâneos do coração, vibrações doridas da lira
interna que agitava um sonho, notas que o vento levou, – como
isso dou a lume essas harmonias.
São as páginas despedaçadas de um livro não lido...
E agora que despi a minha musa saudosa dos véus do
mistério do meu amor e da minha solidão, agora que ela vai
seminua e tímida por entre vós, derramar em vossas almas os
últimos perfumes de seu coração, ó meus amigos, recebei-a no
peito, e amai-a como o consolo que foi de uma alma
esperançosa, que depunha fé na poesia e no amor – esses dois
raios luminosos do coração de Deus.
Caio Prado Júnior, Evolução política do Brasil. Adaptado.
08. (Fuvest) No contexto, o verbo “enche” indica
a) habitualidade no passado.
b) simultaneidade em relação ao termo “ascensão”.
c) ideia de atemporalidade.
d) presente histórico.
e) anterioridade temporal em relação a “reino lusitano”.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Todo o barbeiro é tagarela, e principalmente quando tem
pouco que fazer; começou portanto a puxar conversa com o
freguês. Foi a sua salvação e fortuna.
O navio a que o marujo pertencia viajava para a Costa e
ocupava-se no comércio de negros; era um dos combóis que
traziam fornecimento para o Valongo, e estava pronto a largar.
— Ó mestre! disse o marujo no meio da conversa, você
também não é sangrador?
— Sim, eu também sangro...
— Pois olhe, você estava bem bom, se quisesse ir conosco...
para curar 1a gente a bordo; morre-se ali que é uma praga.
— 2Homem, eu da cirurgia não entendo 3muito...
— Pois já não disse que sabe também sangrar?
— Sim...
— Então já sabe até demais.
No dia seguinte 4saiu o nosso homem pela barra fora: a
6
fortuna tinha-lhe dado o meio, cumpria sabê-lo aproveitar; de
oficial de barbeiro dava um salto mortal a médico de navio
negreiro; restava unicamente saber fazer render a nova posição.
Isso ficou por sua conta.
Por um feliz acaso logo nos primeiros dias de viagem
adoeceram dois marinheiros; chamou-se o médico; ele fez tudo
o que sabia... sangrou os doentes, e em pouco tempo estavam
bons, perfeitos. Com isto ganhou imensa reputação, e começou
a ser estimado.
Chegaram com feliz viagem ao seu destino; tomaram o seu
carregamento de gente, e voltaram para o Rio. Graças à
5
lanceta do nosso homem, nem um só negro morreu, o que
muito contribuiu para aumentar-lhe a sólida reputação de
entendedor do riscado.
AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. In: Obra completa. Organização de Alexei Bueno.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. p. 120.
06. (Ufg) No prefácio, a cena enunciativa coloca o autor e o leitor em
um mesmo tempo e espaço. Quais elementos linguísticos
contribuem para esse efeito no diálogo?
a) As vozes em terceira pessoa e a palavra “primavera”.
b) Os enunciados negativos e o termo “lira”.
c) As orações adversativas e o substantivo “poeta”.
d) Os argumentos explicativos e o adjetivo “pobre”.
e) As frases imperativas e o advérbio “agora”.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
LÍQUIDO QUE NÃO RESPINGA
O segredo para espalhar água num mergulho é a pressão
atmosférica. 1Quando uma gota normalmente cai sobre uma
superfície, ela se espalha em uma poça ondulada que se parte
em respingos.
Buscando controlar a ação, físicos da Universidade de
Chicago liberaram gotas de álcool em uma câmara de vácuo
sobre uma superfície de vidro lisa e seca e gravaram os
resultados com uma câmera que fotografa 47 mil quadros por
segundo.
Com cerca de um sexto da pressão atmosférica normal, o
respingo praticamente desapareceu; as gotas simplesmente se
dissolviam sem ondulações visíveis. Os pesquisadores suspeitam
que as gotas respingam porque a pressão do gás as
desestabiliza. A descoberta, apresentada na reunião de março
da Sociedade Americana de Física, poderia ajudar a controlar o
respingo em combustíveis e impressoras a tinta.
Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias.
SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL. São Paulo, nº 38, jul. 2005, p. 20.
2
convenção do Partido Democrata, que começa amanhã, não
navega bem em assuntos econômicos.
E, no entanto, um dos principais temas dessa campanha
deveria ser a crise econômica em que o país está mergulhado
há mais de um ano.
"O americano médio se sente duramente atingido no bolso.
O dólar, que ainda é o dólar, símbolo de força e saúde
econômica, perde valor a olhos vistos; a casa própria, um dos
sonhos americanos, perde preço no mercado imobiliário; e o
salário é corroído por uma inflação de 5,6% ao ano e pelo
aumento do desemprego".
Apesar do seu carisma, Obama não chega a empolgar com
sua plataforma de projetos para a área econômica. Defende
aumento de investimentos públicos, principalmente em
infraestrutura e reformas no sistema nacional de saúde. Sua
proposta de seguro-saúde universal é voltada para eleitores que
não conseguem pagar um plano privado. Nos Estados Unidos,
não há um sistema de atendimento a todos, como no Brasil
onde, mal ou bem, o SUS funciona. Lá, um seguro para família
de quatro pessoas não sai por menos de US$ 400 ao mês. Seu
projeto implicaria custeio anual para o tesouro americano em
torno de US$ 50 bilhões a US$ 65 bilhões.
As reformas seriam financiadas por aumento de carga
tributária dos americanos que ganham ao ano mais de US$ 250
mil, segmento especialmente beneficiado pelos pacotes de
cortes fiscais aprovados no governo Bush em 2001 e 2003.
Obama não esconde que, em dez anos, pretende aumentar a
arrecadação federal em US$ 800 bilhões. (...)
Apesar de contar com grande apoio dos jovens, Obama
começa a perder espaço no eleitorado, que teme o
aprofundamento da crise e o considera pouco preparado para
lidar com os atuais problemas.
Como lembra a revista The Economist, são essas as pessoas
que mais estão sentindo o rigor da crise. "Os americanos
cresceram em tempos de prosperidade. Eleitores jovens não se
lembram de uma série de recessão, desde a última, que ocorreu
no início dos anos 90."
Se continuar no mesmo diapasão, a campanha democrática
será incapaz de tirar proveito da crise, em grande parte criada
pelo governo republicano de George Bush.
E não deixa de ser irônico lembrar que o democrata Bill
Clinton venceu o republicano Bush (pai) em 1992 sob o slogan
"É a economia, idiota."
09. (Fuvest) Para expressar um fato que seria consequência certa de
outro, pode-se usar o pretérito imperfeito do indicativo em lugar do
futuro do pretérito, como ocorre na seguinte frase:
a) “era um dos combóis que traziam fornecimento para o
Valongo”.
b) “você estava bem bom, se quisesse ir conosco”.
c) “Pois já não disse que sabe também sangrar?”.
d) “de oficial de barbeiro dava um salto mortal a médico de navio
negreiro”.
e) “logo nos primeiros dias de viagem adoeceram dois
marinheiros”.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Belo Horizonte, 28 de julho de 1942.
Meu caro Mário,
Estou te escrevendo rapidamente, se bem que haja
muitíssima coisa que eu quero te falar (a respeito da
Conferência, que acabei de ler agora). Vem-me uma vontade
imensa de desabafar com você tudo o que ela me fez sentir.
Mas é longo, não tenho o direito de tomar seu tempo e te
chatear.
Fernando Sabino.
10. (Fuvest) Neste trecho de uma carta de Fernando Sabino a Mário de
Andrade, o emprego de linguagem informal é bem evidente em
a) “se bem que haja”.
b) “que acabei de ler agora”.
c) “Vem-me uma vontade”.
d) “tudo o que ela me fez sentir”.
e) “tomar seu tempo e te chatear”.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Olhar para o céu noturno é quase um privilégio em nossa
atribulada e iluminada vida moderna. (...) Companhias de turismo
deveriam criar "excursões noturnas", em que grupos de pessoas são
transportados até pontos estratégicos para serem instruídos por um
astrônomo sobre as maravilhas do céu noturno. Seria o nascimento
do "turismo astronômico", que complementaria perfeitamente o
novo turismo ecológico. E por que não?
Turismo astronômico ou não, talvez a primeira impressão ao
observarmos o céu noturno seja uma enorme sensação de paz, de
permanência, de profunda ausência de movimento, fora um
eventual avião ou mesmo um satélite distante (uma estrela que se
move!). Vemos incontáveis estrelas, emitindo sua radiação
eletromagnética, perfeitamente indiferentes às atribulações
humanas.
Essa visão pacata dos céus é completamente diferente da
visão de um astrofísico moderno. As inocentes estrelas são
verdadeiras fornalhas nucleares, produzindo uma quantidade
enorme de energia a cada segundo. A morte de uma estrela
modesta como o Sol, por exemplo, virá acompanhada de uma
explosão que chegará até a nossa vizinhança, transformando
tudo o que encontrar pela frente em poeira cósmica.
(O leitor não precisa se preocupar muito. O Sol ainda
produzirá energia "docilmente" por mais uns 5 bilhões de anos.)
(O Estado de S. Paulo, 24.08.2008. Adaptado)
12. (Fgv) O tempo verbal em destaque na frase - "E, no entanto, um
dos principais temas dessa campanha DEVERIA ser a crise
econômica em que o país está mergulhado há mais de um ano". expressa, no conjunto do texto,
a) ideia do autor quanto à possibilidade de amenizar as críticas
feitas ao programa do candidato democrata.
b) ponto de vista projetado pelo autor quanto às características
assumidas pela campanha de Obama.
c) crítica favorável à ideologia economicista deflagrada pela
campanha do candidato democrata.
d) projeção de fatos concretos, a serem realizados na área
econômica, de acordo com a programação de Obama.
e) concordância do autor quanto aos principais pontos da área
econômica, constantes no programa do candidato.
(Marcelo Gleiser, Retalhos cósmicos)
11. (Fuvest) Transpondo-se corretamente para a voz ativa a oração
"para serem instruídos por um astrônomo (...)", obtém-se:
a) para que sejam instruídos por um astrônomo (...).
b) para um astrônomo os instruírem (...).
c) para que um astrônomo lhes instruíssem (...).
d) para um astrônomo instruí-los (...).
e) para que fossem instruídos por um astrônomo (...).
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Voltou dali a duas semanas, aceitou casa e comida sem
outro estipêndio, salvo o que quisessem dar por festas. Quando
meu pai foi eleito deputado e veio para o Rio de Janeiro com a
família, ele veio também, e teve o seu quarto ao fundo da
chácara. Um dia, reinando outra vez febres em Itaguaí, disselhe meu pai que fosse ver a nossa 1 escravatura. 9 José Dias
deixou-se estar calado, suspirou e acabou confessando que não
era médico. 10 Tomara este título para ajudar a propaganda da
nova escola, e não o fez sem estudar muito e muito; mas a
consciência não lhe permitia aceitar mais doentes.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
OBAMANOMICS
Na percepção do eleitor americano médio, o candidato
democrata, senador Barack Obama, a ser sacramentado na
3
- Mas, você curou das outras vezes.
- Creio que sim; o mais acertado, porém, é dizer que foram
os remédios indicados nos livros. Eles, sim, eles, abaixo de
Deus. Eu era um charlatão... Não negue; os motivos do meu
procedimento podiam ser e eram dignos; a homeopatia é a
verdade, e, para servir à verdade, menti; mas é tempo de
restabelecer tudo.
Não foi despedido, como pedia então; meu pai já não
podia dispensá-lo. Tinha o dom de se fazer aceito e necessário;
dava-se por falta dele, como de pessoa da família.
Quando meu pai morreu, a dor que o pungiu foi enorme,
disseram-me; 2 não me lembra. Minha mãe 3 ficou-lhe muito
grata, e não consentiu que ele deixasse o quarto da chácara; ao
sétimo dia, depois da missa, ele foi despedir-se dela.
- Fique, José Dias.
- Obedeço, minha senhora.
Teve um pequeno legado no testamento, uma apólice e
quatro palavras de louvor.
Copiou as palavras, encaixilhou-as e pendurou-as no
quarto, por cima da cama.
8
"Esta é a melhor apólice", dizia ele muita vez. Com o
tempo, adquiriu certa autoridade na família, 4 certa audiência,
ao menos; não abusava, e sabia opinar obedecendo. Ao cabo,
era amigo, não direi ótimo, mas nem tudo é ótimo neste
mundo. 12 E não lhe suponhas alma subalterna; as cortesias que
5
fizesse vinham antes do cálculo que da índole. A roupa
durava-lhe muito; ao contrário das pessoas que enxovalham
depressa o vestido novo, ele trazia o velho escovado e liso,
cerzido, abotoado, de uma elegância pobre e modesta. 6Era
lido, posto que de atropelo, o bastante para divertir ao serão e à
sobremesa, ou explicar algum fenômeno, falar dos efeitos do
calor e do frio, dos polos e de Robespierre. Contava muita vez
uma viagem que fizera à Europa, e confessava que 7 a não
sermos nós, já teria voltado para lá; tinha amigos em Lisboa, 11
mas a nossa família, dizia ele, abaixo de Deus, era tudo.
- Abaixo ou acima? Perguntou-lhe tio Cosme um dia.
- Abaixo, repetiu José Dias cheio de veneração. E minha
mãe, que era religiosa, gostou de ver que ele punha Deus no
devido lugar, e sorriu aprovando. José Dias agradeceu de
cabeça. Minha mãe dava-lhe de quando em quando alguns
cobres. Tio Cosme, que era advogado, confiava-lhe a cópia de
papéis de autos.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Amava Simão uma sua vizinha, menina de quinze anos, rica
herdeira, regularmente bonita e bem-nascida. Da janela do seu
quarto é que ele a vira a primeira vez, para amá-la sempre. Não
ficara ela incólume da ferida que fizera no coração do vizinho:
amou-o também, e com mais seriedade que a usual nos seus anos.
Os poetas cansam-nos a paciência a falarem do amor da
mulher aos quinze anos, como paixão perigosa, única e inflexível.
Alguns prosadores de romances dizem o mesmo. Enganam-se
ambos. O amor dos quinze anos é uma brincadeira; é a última
manifestação do amor às bonecas; é a tentativa da avezinha que
ensaia o voo fora do ninho, sempre com os olhos fitos na ave-mãe,
que a está da fronde próxima chamando; tanto sabe a primeira o
que é amar muito, como a segunda o que é voar para longe.
Teresa de Albuquerque devia ser, porventura, uma exceção no
seu amor.
Camilo Castelo Branco - Amor de perdição
15. (Mackenzie) "Da janela do seu quarto é que ELE A VIRA PELA
PRIMEIRA VEZ". Passando-se a oração em destaque para a voz
passiva analítica, a forma verbal correspondente é
a) foi vista.
b) havia visto.
c) estava sendo visto.
d) seria vista.
e) fora vista.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A invasão dos blablablás
O planeta é dividido entre as pessoas que falam no cinema
− e as que não falam. É uma divisão recente. Por décadas, os
falantes foram minoria. E uma minoria reprimida. Quando
alguém abria a boca na sala escura, recebia logo um
shhhhhhhhhhhhh. E voltava ao estado silencioso de onde
nunca deveria ter saído. Todo pai ou mãe que honrava seu
lugar de educador ensinava a seus filhos que o cinema era um
lugar de reverência. Sentados na poltrona, as luzes se
apagavam, uma música solene saía das caixas de som, as
cortinas se abriam e um novo mundo começava. Sem sair do
lugar, vivíamos outras vidas, viajávamos por lugares
desconhecidos, chorávamos, ríamos, nos apaixonávamos.
Sentados ao lado de desconhecidos, passávamos por todos os
estados de alma de uma vida inteira sem trocar uma palavra.
Comungávamos em silêncio do mesmo encantamento. (...)
Percebi na sexta-feira que não ia ao cinema havia três
meses. Não por falta de tempo, porque trabalhar muito não é
uma novidade para mim. Mas porque fui expulsa do cinema.
Devagar, aos poucos, mas expulsa. Pertenço, desde sempre, às
fileiras dos silenciosos. Anos atrás, nem imaginava que pudesse
haver outro comportamento além do silêncio absoluto no
cinema. Assim como não imagino alguém cochichando em
qualquer lugar onde entramos com o compromisso de escutar.
Não é uma questão de estilo, de gosto. Pertence ao campo
do respeito, da ética. Cinema é a experiência da escuta de uma
vida outra, que fala à nossa, mas nós não falamos uns com os
outros. 1No cinema, só quem fala são os atores do filme. Nós
calamos para que eles possam falar. Nossa vida cala para que
outra fale.
2
Isso era cinema. Agora mudou. É estarrecedor, mas os
blablablás venceram. Tomaram conta das salas de cinema. E,
sem nenhuma repressão, vão expulsando a todos que entram
no cinema para assistir ao filme sem importunar ninguém.
(...)
Machado de Assis. Dom Casmurro. Em http://www.bibvirt.futuro.usp.br/content/view/full/1429.
Acesso em 08/09/08
13. (Fgv) Na referência 5, a forma verbal fizesse indica:
a) Ação eventual.
b) Ação anterior à outra.
c) Ação de curso garantido. d) Repetição da ação.
e) Ordem, pedido para a ação.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A ameaça de uma bomba atômica está mais viva do que
nunca. Os conflitos 5étnicos mataram quase 200 chineses só no
mês de julho. Agora uma boa notícia: a paz mundial pode estar a
caminho. Segundo estimativas de pesquisadores, o mundo está
bem menos sangrento do que já foi. Cerca de 250 mil pessoas
morrem por ano em consequência de algum conflito armado. É
bem menos do que no século 20, que teve 800 mil mortes anuais
em sua 2ª. metade e 3,8 milhões por ano até 1950.
O que aconteceu? O psicólogo Steven Pinker 6diz que o
aumento do número de democracias ajudou. Assim como a
nossa saúde1: como a expectativa de vida subiu, temos mais
medo de 3arriscar o pescoço. 4Até a globalização teria
contribuído2: um mundo mais integrado é um mundo mais
tolerante, diz Pinker.
Eliane Brum
revistaepoca.globo.com, 10/08/2009
Revista Superinteressante
14. (Mackenzie) Os conflitos étnicos mataram quase 200 chineses só
no mês de julho.
De acordo com a norma padrão, passando-se essa frase para a voz
passiva analítica, a forma verbal correspondente será:
a) foram mortos.
b) estavam sendo mortos.
c) eram mortos.
d) matou-se.
e) morreram.
16. (Uerj) Isso era cinema. (ref. 2)
O verbo assume, nesta frase, o sentido específico de indicar um
estado de coisas que durava.
No entanto, ele assume o sentido específico de indicar uma mudança
sem retorno na seguinte reescritura:
a) Isso foi o cinema.
b) Isso será o cinema.
c) Isso tem sido o cinema. d) Isso teria sido o cinema.
4
a valer nessa poltrona, a mais cômoda
da casa, e pensa sem rancor:
Perdi o dia, mas ganhei o mundo.
(Mesmo que seja por trinta segundos.)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
BEM NO FUNDO
no fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto
(BRITO, Paulo Henriques. "As três epifanias - III". In: BRITO, P. H. Macau. São Paulo: Companhia
das Letras, 2003. p. 72-73)
TEXTO III:
A MARIA DOS POVOS, SUA FUTURA ESPOSA
a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela - silêncio perpétuo
Discreta, e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora,
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos e boca o Sol, e o dia:
extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais
Enquanto com gentil descortesia
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança voadora,
Quando vem passear-te pela fria:
mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas
Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trata a toda ligeireza,
E imprime em toda flor sua pisada.
(LEMINSKI, Paulo. Distraídos venceremos. 3ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1990.)
Oh não aguardes, que a madura idade,
Te converta essa flor, essa beleza,
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.
O poema de Paulo Leminski estrutura-se em três momentos de
significação, que podem ser assim caracterizados: hipótese (1ª
estrofe); decreto (2ª e 3ª estrofes); conclusão reflexiva (4ª estrofe).
(MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos - Seleção de José Miguel Wisnik. 2ª ed.
São Paulo: Cultrix, [s.d.])
17. (Ufrj) Nomeie o recurso formal que expressa a hipótese no
primeiro momento do texto.
TEXTO IV:
VIVER
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Vovô ganhou mais um dia. Sentado na copa, de pijama e
chinelas, enrola o primeiro cigarro e espera o gostoso café com
leite.
Lili, matinal como um passarinho, também espera o café
com leite.
Tal e qual vovô.
Pois só as crianças e os velhos conhecem a volúpia de viver
dia a dia, hora a hora, e suas esperas e desejos nunca se
estendem além de cinco minutos...
TEXTO I
Na contramão dos carros ela vem pela calçada, solar e
musical, para diante de um pequeno jardim, uma folhagem, na
entrada de um prédio, colhe uma flor inesperada, inspira e ri, é
a própria felicidade - passando a cem por hora pela janela.
Ainda tento vê-la no espelho, mas é tarde, o eterno relance.
Sua imagem quase embriaga, chego no trabalho e hesito, por
que não posso conhecer aquilo? - a plenitude, o perfume
inusitado no meio do asfalto, oculto e óbvio. Sempre minha
cena favorita.
Ela chegaria trazendo esquecimentos, a flor no cabelo. Eu
estaria à espera, no jardim.
E haveria tempo.
(QUINTANA, Mário. Sapato florido. 1ª reimpressão. Porto Alegre: Editora Globo, 2005)
18. (Ufrj) Ao longo do texto I, utilizam-se dois tempos verbais.
Identifique-os e justifique o emprego de cada um, considerando a
experiência narrada no texto.
(CASTRO, Jorge Viveiros de. De todas as únicas maneiras &
outras. Rio de Janeiro: Letras, 2002. p.113)
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
A identidade brasileira é construída a partir da miscigenação e da
diversidade étnica, regional, sociocultural e linguística. Os textos
que seguem demonstram que essa diversidade foi observada sob
vários ângulos, em diferentes momentos da nossa história, positiva
e/ou negativamente.
TEXTO II: DE MANHÃ
O hábito de estar aqui agora
aos poucos substitui a compulsão
de ser o tempo todo alguém ou algo.
TEXTO I:
Um belo dia - por algum motivo
é sempre dia claro nesses casos você abre a janela, ou abre um pote
Naquela terra querida,
Que era sua e não era,
Onde sonhara com a vida
Mas nunca viver pudera,
Ia morrer sem comida
Aquele de cuja lida
Tanta comida nascera.
de pêssegos em calda, ou mesmo um livro
que nunca há de ser lido até o fim
e então a ideia irrompe, clara e nítida:
É necessário? Não. Será possível?
De modo algum. Ao menos dá prazer?
Será prazer essa exigência cega
(Ferreira Gullar. 1964. "João Boa-Morte, cabra marcado pra morrer". In: AGUIAR, F. (org.). 1999.
Com palmos medida. Terra, trabalho e conflito na literatura brasileira. São Paulo, Fundação Perseu
Abramo: p. 309.)
a latejar na mente o tempo todo?
Então por quê?
E neste exato instante
você por fim entende, e refestela-se
TEXTO II:
Os moradores desta costa do Brasil todos têm terra de
sesmarias dadas e repartidas pelos capitães da terra, e a
5
primeira coisa que pretendem alcançar são escravos para lhe
fazerem e granjearem suas roças e fazendas, porque sem eles
não se podem sustentar na terra: e uma das coisas porque o
Brasil não floresce muito mais, é pelos escravos que se
alevantarão e fugirão para suas terras e fogem cada dia: e se
esses índios não foram tão fugitivos e mutáveis, não tivera
comparação a riqueza do Brasil.
(GANDAVO, Pero de Magalhães. 1576. "Tratado das terras do Brasil". Lisboa. In: AGUIAR, F. (org.).
1999. Com palmos medida. Terra, trabalho e conflito na literatura brasileira. São Paulo, Fundação
Perseu Abramo: p. 35.)
19. (Ufrj) Destaque do Texto II duas formas verbais que indicam fatos
passados e estão grafadas de forma diversa à atual, apontando a
ortografia agora vigente.
20. (Ufrj) Quais as formas verbais que poderiam substituir, sem
prejuízo do sentido, "foram" e "tivera", na última linha do Texto II?
GABARITO
01. [D] 02. [C] 03. [C] 04. [D] 05. [C] 06. [E] 07. [D] 08. [D] 09. [B]
10. [E] 11. [D] 12.[B] 13. [A] 14. [A] 15. [E] 16. [A]
17. O recurso formal que expressa a hipótese é o futuro do pretérito
("gostaria").
18. Os tempos verbais empregados são o presente e o futuro do
pretérito. O presente expressa a experiência concretizada pelo eupoético e o futuro do pretérito expressa a experiência projetada, a
hipótese, o desejo.
19. "Alevantarão" e "fugirão", que indicam, no texto, tempo passado, e
não futuro, atualmente grafados alevantaram e fugiram.
20. "Fossem", no primeiro caso, e "teria", "haveria" ou "houvera", no
segundo.
6

Documentos relacionados