ANEMIA INFECCIOSA EQUINA (AIE)
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ANEMIA INFECCIOSA EQUINA (AIE)
ANEMIA INFECCIOSA EQUINA (AIE) A Anemia Infecciosa Eqüina (AIE) é uma doença que causa preocupações para os técnicos e criadores que se dedicam à equideocultura. Longe de estar controlada no Brasil, a enfermidade não tem cura e o animal infectado, por força da legislação sanitária, tem que ser sacrificado. Aspectos epidemiológicos e vias de transmissão A AIE é causada por um RNA vírus da família Retroviridae, o qual, depois que se instala no organismo animal, nele permanece por toda a vida. Todos os eqüídeos (cavalos, jumentos e burros) são susceptíveis ao vírus, isto é, podem ser contaminados e transmitir a doença. É uma infecção cosmopolita, ocorrendo nos cinco continentes onde há criação de eqüídeos. No Brasil, esta doença foi diagnosticada pela primeira vez pelo Médico Veterinário Bernardino Antônio Manente, em 1967, no Jockey Club Brasileiro. A partir daquele ano, diversos outros casos foram diagnosticados em praticamente todo o território nacional. A transmissão do vírus ocorre pela vias naturais ou artificiais. Via natural Por esta via, a doença é transmitida por insetos hematófagos que se alimentam em animais contaminados. Via artificial ou mecânica Por esta via, considera-se que o uso de qualquer material que permita a transfusão sanguínea entre um animal infectado e outro sadio pode transmitir o vírus. Desta forma, a utilização de seringas e agulhas não esterilizadas é, provavelmente, a principal via de transmissão do vírus. A utilização de aparadores de casco, esporas arreios e outros instrumentos utilizados no manejo dos animais podem favorecer a transmissão do vírus. Outras vias de transmissão A saliva, urina, sêmen, leite (colostro), fezes, suor e lágrimas, podem transmitir o vírus, mas não são vias muito importantes, podendo vir a ocorrer ocasionalmente. Os principais meios de transmissão da doença são a aplicação de medicamentos ou sangrias sem os devidos cuidados de desinfecção, ou através da picada de insetos hematófagos, principalmente moscas. Período de incubação É o período que vai do momento da contaminação pelo vírus, até a manifestação dos primeiros sintomas da doença. Este período pode variar de três a 70 dias, porém a média é de 15 a 20 dias. Durante este período é que a doença pode ser detectada através de testes laboratoriais específicos. Portanto, ao adquirir um animal, o criador deve ter orientação de um Médico Veterinário para orientá-lo quanto ao intervalo de tempo necessário para a realização desses exames. Quais são os sintomas da doença? Os primeiros sintomas são caracterizados pelo aparecimento de uma febre alta, perda de apetite, fraqueza, icterícia (amarelão), anemia e hemorragias. Dependendo da intensidade dos sintomas, o animal pode morrer ou apresentar uma melhora clínica após determinado período, aparentando uma cura. O animal pode ficar livre dos sintomas por várias semanas ou até meses, quando subitamente pode aparecer um novo ataque. Este ciclo pode se repetir inúmeras vezes até a morte do animal. Existem algumas formas muito agudas da doença que podem matar o animal no prazo de 48 horas após o início dos primeiros sintomas. Alguns animais são considerados como “Portadores sãos“. São aqueles que estão infectados com o vírus, podem transmiti-lo em determinadas situações, mas não apresentam os sintomas da doença. Estes animais são os mais problemáticos e importantes do ponto de vista epidemiológico, pois ninguém pode desconfiar que um animal CLINICAMENTE SADIO esteja contaminado e podendo transmitir o vírus a outros animais. Diversos medicamentos estão sendo utilizados e até podem atenuar alguns dos sintomas da doença. Porém, uma vez contaminado, o animal permanece portador por toda a vida e pode transmitir a enfermidade a outros animais. Este é o motivo pelo qual os portadores devem ser sacrificados. A égua pode transmitir a doença ao feto ou ao potro? A transmissão da égua ao potro é muito comum. Alguns casos foram relatados de éguas que abortaram e o feto estava infectado pelo vírus, provando que existe a transmissão do vírus pela via intra-uterina. Pode ocorrer do potro não ser contaminado pela via uterina, mas ser contaminado através da ingestão do colostro logo após o nascimento. Devido a este fato, todo o potro que venha a nascer de uma mãe contaminada, deverá imediatamente ser separado da mãe e submetido ao teste diagnóstico específico para a doença. Como diagnosticar a doença Atualmente existe um único meio seguro de diagnosticar a doença, que é através de um exame de sangue. Aplica-se um teste qualitativo que mostra se o animal é portador ou não do vírus da Anemia Infecciosa Eqüina com uma grande margem de segurança. O sangue não poderá ser congelado, pois pode afetar a qualidade do exame. Todo o material deverá estar acompanhado de uma requisição padrão, fornecida pelo próprio laboratório e esta requisição deverá, além dos dados completos do animal, ser assinada pelo Médico Veterinário que coletou as amostras. Este exame demora em média 48 horas para ser realizado com segurança. Quando o laboratório verifica a ocorrência de um caso positivo, o mesmo notificará imediatamente ao Serviço de Defesa Sanitária Animal da região, que entrará em contato diretamente com o proprietário do animal, afim de que sejam tomadas as medidas legais. Como controlar a doença A maneira mais efetiva para controlar a AIE é o rigoroso controle de trânsito e aglomerações de eqüídeos através da exigência do atestado negativo para a doença. A participação do proprietário de animais nesse processo é fundamental, pois ele é o maior prejudicado pela manutenção da enfermidade. Outra medida relevante deve ser a exigência do exame por parte de quem compra um novo eqüídeo. Este teste deve ter sido realizado em data recente. As propriedades especializadas em criação de eqüídeos podem adquirir o status de controlada para AIE, seguindo regras específicas do Ministério da Agricultura. Para tanto, a mesma deve ter um Médico Veterinário como Responsável Técnico. A identificação de um animal portador da Anemia Infecciosa Eqüina é o ponto de partida para qualquer medida de controle da doença. A realização de testes para diagnóstico, não deve ser encarado somente como uma obrigação legal, mas como uma questão de consciência entre os próprios criadores. Dicas importantes: Evite comprar animais sem o atestado negativo para AIE. Mesmo com o exame negativo, realize um novo teste logo após a compra e após 30 dias, pois pode ocorrer do animal estar na fase inicial de contágio; Cuidado com alguns casos de fraudes do exame; Não permita a entrada de eqüinos estranhos em sua propriedade. No caso de cobertura, somente aceite aqueles animais que tenham um exame negativo para AIE. Antes de introduzir um animal novo na propriedade, mantenha-o isolado (quarentena) pelo prazo médio de 30 dias, até a realização de outro exame confirmatório. No caso das Sociedades hípicas, onde a circulação de animais é grande, proceder a um controle mensal de todo o efetivo eqüino. Exigir através das associações, para que todos os locais onde sejam realizadas provas de equitação, sejam controlados periodicamente. Não adianta realizar um bom controle em sua entidade, se as outras não obedecerem ao mesmo critério. Para as outras propriedades, haras, fazendas de criação, realizar o controle de todo o plantel a cada dois meses, além das medidas de restrição ao trânsito de animais dentro das propriedades. Utilizar somente agulhas e seringas descartáveis. Orientar os ferradores e funcionários em geral, a desinfetarem o material sempre que forem iniciar um trabalho com um novo animal Controlar as populações de insetos através da limpeza constante de dejetos, utilização de armadilhas para moscas e desinfecção química das instalações.
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