495,4 kB - Igreja Evangelica Pentecostal Cemc

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Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus
Instituto Belém
Visão
O Instituto Belém pretende ser uma instituição de
ensino superior associada à visão afetiva e comprometida
da nossa igreja que se esforça para proclamar uma mensagem centrada em Deus, que busca glorificar a Cristo, e
ao Espírito Santo. Que se utiliza das Santas Escrituras para
auxiliar na formação espiritual de homens e mulheres equipando-os para cumprir os propósitos do Reino de Jesus
Cristo no século 21 e forjar discípulos fiéis para ele de toda
raça, tribo, língua, povo e nação.
Propomos espalhar o conhecimento de Deus, que
desperta não apenas o intelecto, ou o conhecimento intelectual, mas principalmente o amor e o desejo de viver
numa intensa e apaixonante busca por Cristo. Esta é a
razão da existência da nossa escola. E é esta a visão que
desejamos compartilhar com todos.
Autor
ão
Moisés Carneirolizaç
cia
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com
© Direitos a
Reservados
ao Instituto Belém
a
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Pro
História da Igreja
Curso Básico em Teologia
Distribuição Gratuita
2
Curso básico de Teologia
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Pastor Moisés Carneiro
Aplicação no estudo deste livro
Você deve estar perguntando qual a melhor maneira de estudar este livro e extrair o máximo possível de proveito. Ao pensar
nisso, elaboramos alguns métodos que poderão lhe ser úteis.
Seja Motivado
Motivação é um princípio peculiar na vida de todos os que
anseiam alcançar um objetivo. É impossível alguém atingir o ápice
de um grande sonho sem ter em sua bagagem o item motivação.
Muitos já iniciaram alguma coisa, mas só obtiveram o êxito aqueles que se mantiveram motivados até o final.
Seja motivado para orar, para ler, para meditar, para pesquisar, para elaborar trabalhos e estudos bíblicos. Se sentir-se sem
motivação busque-a através do Espírito Santo. Faça petições a
Deus e leia sua Palavra, pois são fontes inesgotáveis para sua renovação, e por final procure mantê-la acesa até findar o curso.
“Se não existe esforço, não existe progresso.” Fredrick Douglas
Seja Organizado e Disciplinado
a) Ore a Deus ao iniciar seus estudos e peça que lhe ajude a ter
um maior proveito do assunto em pauta.
b) Estude em lugares reservados.
c) Evite ambientes com sons, ruídos e falatórios. Pois você pode
o
perder sua concentração no estudo.
açã
z
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l
d) Procure adicionar outros importantes
materiais à cada lição a
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ser estudada, como por exemplo:
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ibid
o
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P se possível, com traduções que sejam difer• Bíblias de Estudos:
entes.
• Dicionários.
• Concordância Bíblica.
Proibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém
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• Livros: cujos assuntos sejam relacionados ao tema de cada lição.
• Lápis e bloco para anotações.
e)
Leia e estude cada matéria durante a semana, reserve pelo
menos 1 hora por dia para fazer isso.
f)
Faça anotações, especialmente àquelas que lhe causarem
dúvidas.
g)
Responda aos questionários assim que terminar de estudar cada lição. Eles irão fortalecer o assunto em sua mente.
h)
Reserve períodos da semana para você elaborar trabalhos
voltados à matéria estudada em cada mês.
i) Formule perguntas ao professor, assim tanto você como ele ficarão cada vez mais abalizados no aprendizado.
Em suma, todos esses itens elaborados cuidadosamente
pelo departamento de pedagogia do IB, são de um valor inestimável para você, desde que procure segui-los conforme se seguem.
ção
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co
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Pro
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liza
a
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Índice
Introdução
Lição 1
Origem da Igreja e sua Expansão....................................................08
Lição 2
Os Pais da Igreja e a sua Secularização...........................................27
Lição 3
A Igreja da Idade Média e a Reforma Protestante.........................47
Lição 4
A expansão da Reforma e a Contra-Reforma................................67
Lição 5
Dos Heróis do século XVII à Atualidade........................................81
ção
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Pro
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Introdução
Este volume narra a história do CRISTIANISMO. A
história do povo de Deus chamado Igreja, que vai desde a sua inauguração até os dias atuais. Uma história que ostenta uma trajetória triunfante da Noiva de Cristo que ao longo dos séculos já
sobrepôs e resistiu aos temíveis e sorrateiros levantes de seus oponentes.
O estudo deste livro desnuda uma superior compreensão
da cristandade e da sua influência sobre o mundo através dos séculos. Mostra a volatilidade de alguns homens que “conduziram”
os princípios doutrinários nos séculos subseqüentes ao seu surgimento, em detrimento dos seus ambíguos interesses. Homens,
que em alguma parte dessa história, foram mais instrumentos do
maligno do que do Divino, ao “conduzirem” a Imaculada Igreja do
Senhor Jesus.
Este estudo ressalta o início da organização da comunidade cristã iniciada por Cristo quando este passou a convidar seus
primeiros discípulos e lançar-lhes os fundamentos doutrinários da
Nova Aliança. Afirma, contudo, que a Fundação ou a Inauguração
da Igreja só veio a ocorrer no dia de Pentecostes, numa reunião de
comunhão e oração no cenáculo entre aproximadamente cento
e vinte irmãos, quando Jesus enviou sobre eles o o
Espírito Santo.
ã
ç
Com a descida do Espírito Santo sobre aqueles
liza primeiros irmãos,
a
i
c
a Igreja recebeu poder para espalhar
a Mensagem de Boas Novas
merSanto,
o
c
no mundo todo. A vinda do
Espírito
no dia de Pentecostes,
a
a
d
i
marca, portanto,oaib
data inaugural da vida da igreja como organPr
ismo espiritual.
Essa é a história que desnuda os caminhos da Igreja comprada na cruz por um alto preço, marcada por sofrimentos e
perseguições, causados por tiranos de todas as épocas, que movi6
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dos pela injúria satânica, que tentaram sem sucesso algum, apagar
o nome do CRISTIANISMO dos anais da história humana, a fim
de que nunca mais fosse lembrado.
Ao longo desses dezenoves séculos de existência, a Igreja em nenhum momento foi derrotada, pois, como afirmou o seu FUNDADOR: JESUS CRISTO, sua jornada desde o princípio seria impoluta e vitoriosa.
“Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra
edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão
contra ela” (Mt. 16.18).
ção
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Pro
liza
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Lição 1
Origem da Igreja e sua Expansão
A Igreja Cristã em todas as eras quer na passada, presente
ou futura, é constituída por todos aqueles que crêem em Jesus de
Nazaré, o Filho de Deus.
Definindo o termo IGREJA
O estudo desta lição não deseja elucidar as temáticas que
definem a estrutura doutrinária, institucional ou governamental
da Igreja, algo que é peculiar em outro estudo, mais propriamente
conhecido como Eclesiologia ou Doutrina da Igreja, onde trata
destas questões de forma clara e concisa. Contudo, propõe uma
rápida definição do termo Igreja antes de mergulhar em sua vasta
história.
O vocábulo português “igreja”, vem do termo grego ekklesia e também do latim ecclesia que dá o sentido de “uma assembléia de convocados para fora”. Na antiga Grécia seu sentido
era amplo e tinha uma conotação de “assembléia popular dos cidadãos da cidade”. Por vezes, tinha o sentido de “convocação extraordinária”.
o
A Septuaginta, tradução do Antigo Testamento
(do heaçã
z
i
l
a
braico para o grego), emprega o termo
ekklesia
aproximadamente
i
rc
evocábulo
m
cem vezes, relacionando-o com
o
hebraico qahal: aso
c
a
a
sembléia, congregação,
multidão
(de
Israel),
e
significa uma conbid
i
o
r
vocação paraPuma assembléia e, o ato de reunir-se (Dt 9.10; 2 Cr
6.3). Precisa-se notar que ekklesia é usada com frequência na Septuaginta para traduzir a palavra qahal, e nunca ‘edah (sinagõgê,
igual a sinagoga).
O uso cristão do termo ekklesia no Novo Testamento pos8
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sui um significado mais específico. Em Mateus 16.18, a palavra foi
usada pela primeira vez por Jesus no Novo Testamento, referindose ao grupo de discípulos que se reunia em torno dele. Ele afirmou: “Edificarei a minha igreja” (grifo nosso). Aqui a palavra
“igreja”. (ekklesia) transliterada do original (grego), refere-se a
uma soma da preposição ek (fora de) e o verbo Kaleõ (chamar).
Por conseguinte, ekklesia exprime o conceito de “um grupo de
cidadãos chamados e reunidos para fora, visando um propósito
especial”.
Já o vocábulo grego kuriakos (pertence ao Senhor) que é
encontrado no Novo Testamento por duas vezes (1 Co 11.20 e Ap
1.10), deu origem ao termo Church (“igreja”) em inglês. Tinha o
significado de lugar onde se reunia a igreja (ekklesia).
Entre muitos usos da palavra ekklesia, alguns se destacam
como mais importantes:
1.
Identificando uma reunião de crentes de alguma localidade específica, ou seja, uma igreja local (At. 11.26).
2.
Identificando igrejas domésticas, ou seja, os lares-igrejas (1
Co 16.19). O fato de que os pequenos grupos em casas individuais
se chamam ekklesia (1 Co 16.19) indica que nem a importância
da cidade, nem o tamanho numérico da assembléia determinam
o emprego do termo. O que conta é a presença de Cristo entre as
pessoas, e a fé que nelas é alimentada por Ele.
o
açã
z
i
l
3.
Identificando um grupo de igrejas,
ciacomo as igrejas da Jur
e
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déia, da Galiléia e de Samaria c(At
o 9.31). Isto não significa que as
a
a
igrejas constituíam uma
organização,
como a que atualmente se
id
b
i
o
r
chama de “denominação”.
P
4.
Identificando de forma mais geral a totalidade da igreja no
mundo inteiro (1 Co 10.32).
5. Identificando, em seu sentido mais significativo, todo o corpo
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de fiéis, quer no céu, quer na terra, que se uniram ou se unirão a
Cristo como seu Salvador (Ef 3.10).
Hoje, “igreja” leva muitos outros sentidos, bem como: prédios, templos (“vou à igreja”, “a igreja ficou glamorosa depois da
reforma”), denominações (“minha igreja é melhor que as outras”),
entretanto, seja como for, o sentido bíblico de “igreja” se refere
primeiramente àquelas pessoas que foram “chamadas” para a comunhão com Deus mediante a obra salvadora de Jesus Cristo e
que desde então pertencem a Ele.
Questionário
Marque “C” para certo e “E” para errado
____ 1) - A Septuaginta, tradução do Antigo Testamento (do hebraico para o grego), emprega o termo ekklesia aproximadamente
cem vezes, relacionando-o com o vocábulo hebraico qahal.
____ 2) - Em Mateus 16.18, a palavra foi usada pela primeira vez
por Jesus, referindo-se ao grupo de discípulos que se reunia em
torno dele.
____ 3) - O vocábulo grego kuriakos (pertence ao Senhor) que é
encontrado no Novo Testamento por duas vezes (1 Co 11.20 e Ap
o
1.10), deu origem ao termo Church (“igreja”) em
çãinglês.
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a
a
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iza
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erci
Origem da Igreja i
ib
Pro
Há vários pontos de vista errôneos nos círculos teológicos quanto
à data inaugural da Igreja de Cristo como organismo vivo. Vamos
enumerar alguns a seguir:
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a)
1º ponto de vista: alguns afirmam que igreja originou-se à
partir de Adão e Eva (Gn 3.15).
b)
2º ponto de vista: outros dizem que foi à partir do período
patriarcal, possivelmente com Abraão e sua descendência, continuando no tempo mosaico.
c)
3º ponto de vista: há ainda outros que afirmam que a igreja
foi inaugurada quando Cristo começou publicamente seu ministério chamando os doze que após se tornariam os apóstolos.
d)
4º ponto de vista: e por final há aqueles que acreditam que
a igreja realmente não se iniciou antes do ministério e das viagens
missionárias de Paulo.
Entretanto, a grande maioria dos estudiosos afirma que a
data da INAUGURAÇÂO DA IGREJA ocorreu no dia de Pentecostes na descida do Espírito Santo, conforme a evidência bíblica
registrada em Atos 2.
É certo que Cristo organizou a comunidade cristã ao convidar seus primeiros discípulos e lançar-lhes os fundamentos
doutrinários da Nova Aliança. Contudo, a Fundação ou a Inauguração da Igreja só veio a ocorrer no dia de Pentecostes, numa reunião de comunhão e oração no cenáculo entre aproximadamente
cento e vinte irmãos, quando Jesus enviou sobre eles o Espírito
Santo.
“A igreja de Cristo iniciou sua história com um
o movimento
ã
ç
a
z da primavera do
de caráter mundial, no Dia de Pentecoste, a
nolifim
ci do
r
e
ano 30, cinquenta dias após a ressurreição
Senhor Jesus, e dez
m
o
c
a céu. Durante o tempo em que Jesus
dias depois de sua ascensão
da ao
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b
i
exerceu seu ministério,
Pro os discípulos criam que Jesus era o almejado Messias de Israel, o Cristo. Ora, Messias e Cristo são palavras
idênticas. Messias é palavra hebraica e Cristo é palavra grega. Ambas significam “O Ungido”, o “Príncipe do Reino Celestial”. Apesar
de Jesus haver aceito esse título de seus seguidores mais chegados,
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proibiu-lhes, contudo, proclamarem essa verdade entre o povo,
antes que ele ressuscitasse de entre os mortos, e nos quarenta dias
que precederam sua ascensão, isto é, até quando lhes ordenou pregassem o Evangelho. Mas deviam esperar o batismo do Espírito
Santo, para então serem testemunhas em todo o mundo. Na manhã do dia de Pentecoste, enquanto os seguidores de Jesus, cento
e vinte ao todo, estavam reunidos, orando, o Espírito Santo veio
sobre eles de forma maravilhosa... O Espírito Santo, desde então,
ficou morando permanentemente na igreja, não em sua organização ou mecanismo, mas como possessão individual e pessoal
do verdadeiro cristão. Desde o derramamento do Espírito Santo,
naquele dia, a comunidade daqueles primeiros anos foi chamada
com muita propriedade, “Igreja Pentecostal”.
Jesse Lyman Hurlbut.
Veja algumas razões que comprovam o surgimento da igreja como organismo no dia do Pentecostes:
1.
Jesus disse: “edificarei”, está no futuro! Jesus falava de algo
que ainda ia realizar (Mt 16.18).
2.
Era necessário Jesus concluir a sua obra (morte, ressurreição e ascensão).
3.
A igreja dependia da vinda do Espírito Santo. Isso só veio
acontecer no dia do Pentecostes conforme Atos 2.
“A igreja de Cristo veio a existir, como igreja, no
odia do Penteã
ç
a
z Espírito Santo. Ascostes, quando foi consagrada pela unção
lido
cieadepois
r
e
sim como o tabernáculo foi construído
consagrado pela
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o
c
descida da glória divinaa(Ex.
d a 40.34), assim os primeiros membros
i
b
i
da igreja foramrcongregados
no cenáculo e consagrados como igP o
reja pela descida do Espírito Santo. É muito provável que os cristãos primitivos vissem nesse evento o retorno da “Shequinah” (a
glória manifesta no tabernáculo e no templo) que, havia há muito,
partida do templo, e cuja ausência era lamentada por alguns dos
rabinos. Davi juntou os materiais para a construção do templo,
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mas a construção foi feita pelo seu sucessor, Salomão. Da mesma
maneira, Jesus, durante seu ministério terreno, havia ajuntado os
materiais da sua igreja, por assim dizer, mas o edifício foi erigido
por seu sucessor, o Espírito Santo. Realmente essa obra foi feita
pelo Espírito Santo, operando mediante os apóstolos que lançaram os fundamentos da igreja por sua pregação, ensino e organização. Portanto, a igreja é descrita como sendo “edificados sobre o
fundamento dos apóstolos... (Ef 2.20)”.
Myer Pearlman
Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta
4) - Entretanto, a grande maioria dos estudiosos afirma que a data
da INAUGURAÇÂO DA IGREJA ocorreu no dia de Pentecostes
na descida do Espírito Santo, conforme a evidência bíblica registrada:
___a. Joel 2.
___b. 1 Coríntio 2.
___c. Atos 2.
___d. Apocalipse 2.
5) – Para a inauguração da igreja era necessárioçJesus
ão concluir a
a
z
i
l
sua obra:
rcia
e
___a. nascimento, morte e ascensão.
m
a co
___b. batismo, morte eid
ressurreição.
a
ib e ascensão.
___c. morte, ressurreição
Pro
___d. Todas as alternativas estão corretas.
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A expansão da Igreja
De modo evidente, nos primeiros anos subsequentes a sua
apresentação ao mundo, depois do Pentecostes, a Igreja se manteve instalada em Jerusalém, a capital da Judéia. Sua trajetória vitoriosa arrebanhou milhares de vidas em sua grande maioria judeus, com a mensagem transformadora do Evangelho, conforme
registra Atos 2.41 e 4.4. Os cristãos da época sabiam que Jesus
havia determinado quatro importantes “áreas de evangelização”,
conforme Atos 1.8:
a)Jerusalém
b)Judéia
c)Samaria
d)
Confins da Terra
A presidência da Igreja em Jerusalém ficou sob os cuidados de Tiago, meio-irmão do Senhor, conforme afirma o famoso
historiador Eusébio de Cesaréia:
“Depois também foi escolhido Tiago, chamado irmão de nosso
Senhor, visto que é também chamado filho de José... Pedro e Tiago
e João, após a ascensão de nosso Salvador, ainda que preferidos de
nosso Senhor, não se contenderam pela honra, mas escolheram
Tiago o Justo, como bispo de Jerusalém”.
ção
a
z
i
l
História Eclesiástica cap. I, 47
rcia
e
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a
A presidênciaide
Tiago,
ainda que questionada por alguns,
a
ib d 28 anos. No ano 62, Tiago, chefe da igo
foi de aproximadamente
r
P
reja, foi morto por iniciativa do sumo sacerdote e ainda contra
a oposição de alguns fariseus. Ante tais circunstâncias, os chefes
da igreja de Jerusalém decidiram mudar-se para Pela, uma cidade
em sua maioria gentia no outro lado do Jordão. Ao que apresenta
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parte do propósito nessa mudança, era não só fugir da perseguição
por judeus, mas também evitar as suspeitas por parte dos romanos. Após a morte de Tiago, Eusébio de Cesaréia relata que “certo
primo de Jesus, por nome de Simeão, filho de Cleófas, substituiu-o
como presidente:
“Após o martírio de Tiago e a captura de Jerusalém, que se seguiu
de imediato, registra-se que os apóstolos e discípulos de nosso
Senhor que ainda viviam juntaram-se de todas as partes com os
que eram parentes de nosso Senhor de acordo com a carne. Eles
se consultaram para determinar a quem deveriam julgar digno de
suceder Tiago. Todos, unânimes, decidiram que Simeão, filho de
Cleófas, a quem se faz menção no volume sagrado, era digno do
trono daquele episcopado. Dizem que ele era primo do Salvador,
pois Hegéspio afirma que Cleófas era irmão de José”.
História Eclesiástica Cap. XI, 93.
Com o crescimento impoluto e imediato da igreja, aumentou-se também a necessidade de organização, e após uma
convocação dos apóstolos, a igreja escolheu sete homens de boa
reputação para servirem na distribuição do auxílio aos pobres, em
especial as viúvas. Dentre esses homens, estava Estêvão, homem
cheio do Espírito Santo. Foi provavelmente o primeiro pregador
naquela época a ter a visão de que o evangelho seria para o mundo
o
inteiro. Este foi perseguido e morto.
açã
z
i
l
ia foi Saulo de Tarso,
Um dos responsáveis pela suarc
morte
e
m
cidade das costas da Ásia Menor,
coum jovem que foi instruído pelo
a
a
distinto intérprete da
idjudaica, Gamaliel. Atos 7.58, afirma que
iblei
Pro foram lançadas nos pés de Saulo, isso denota
as vestes de Estêvão
que ele já chefiava uma terrível e pertinaz perseguição contra os
cristãos, açoitando-os e arrastando-os pelas cidades. Com isto, a
igreja se dispersou por vários lugares. E por onde quer que fossem
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seus membros se tornavam pregadores do evangelho, conforme
registra Atos 8.1-4.
“E Saulo estava ali, consentindo na morte de Estêvão. A
Perseguição e a Dispersão da Igreja Naquela ocasião desencadearam-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém. Todos,
exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e de
Samaria. Alguns homens piedosos sepultaram Estêvão e fizeram
por ele grande lamentação. Saulo, por sua vez, devastava a igreja.
Indo de casa em casa, arrastava homens e mulheres e os lançava
na prisão. Os que haviam sido dispersos pregavam a palavra por
onde quer que fossem”.
Além de Estêvão, outro diácono que ajudou na expansão do cristianismo foi Filipe, que após se refugiar em Samaria,
pregou ali o Evangelho com grande êxito (Atos 8.5-8).
“Indo Filipe para uma cidade de Samaria, ali lhes anunciava o
Cristo. Quando a multidão ouviu Filipe e viu os sinais miraculosos que ele realizava, deu unânime atenção ao que ele dizia. Os
espíritos imundos saíam de muitos, dando gritos, e muitos paralíticos e mancos foram curados. Assim, houve grande alegria
naquela cidade”.
O jovem Saulo viajava no caminho de çDamasco
quando
ão
a
z
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l
foi surpreendido por uma visão de Jesus
ia ressuscitado que resulrcOs
e
tou em sua conversão ao cristianismo.
efeitos positivos de sua
m
co
a
conversão ao Evangelho
ida foram logos percebidos na cristandade
ibtornou
o
primitiva. Saulo
se
Paulo, o maior dos apóstolos.
r
P
Nessa ocasião muitos cristãos já tinham se dispersado por
toda parte: especialmente para Damasco e Antioquia da Síria,
localizada ao norte da Palestina, cerca de 480 km de Damasco.
Segundo o historiador Flávio Josefo, era uma cidade de avultada
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importância, só Roma e Alexandria as superavam. Era uma encruzilhada onde se encontravam gregos, sírios, e judeus. Ali a nova fé
foi pregada aos gregos (gentios), proporcionando uma fácil divulgação do Evangelho entre muitas outras regiões. Ali surgiu não
somente a primeira Igreja gentílica, mas também a maior igreja
missionária da época. Dali partiria Barnabé e Paulo em suas viagens missionárias, a fim de evangelizar a Ásia menor, a Europa e
até os confins da Terra conforme a orientação do Mestre (Atos
1.8).
Antioquia se tornou o padrão para a nova Igreja, que deveria se espalhar por todo mundo. Foi ali que os discípulos pela
primeira vez foram chamados pelos gregos de cristãos, gr. “christianoi” (Atos 11.26). Quando a Igreja em Jerusalém tomou parte
do que estava ocorrendo em Antioquia apressou-se em enviar a
Barnabé, personagem que se destacou no desenvolvimento inicial
da Igreja ali. Ocupava uma ilustre posição entre os irmãos, pois foi
contado entre os “profetas e mestres”. Quando Barnabé se instalou
em Antioquia, “muita gente se uniu ao Senhor”. E seguindo a orientação divina, foi até Tarso, a fim de buscar Saulo (Paulo), para
congregar em Antioquia com eles (Atos 11.25).
A Igreja que estava em Antioquia da Síria era muito generosa, pois naqueles dias de fome previstos por Ágabo (Atos 11.2830) enviava ajuda para os irmãos que estavam em dificuldade.
Em seguida, em Atos 13 o Espírito Santo orienta aquela
ção terras. Eles
Igreja a enviar Barnabé e Saulo para evangelizar
aoutras
z
i
l
realizam sua primeira viagem missionária
rciapassando por Chipre e
e
m
algumas cidades da Ásia Menor.
co
a
a
A Igreja de hoje,
ibidtal qual a de Antioquia deve enviar miso
r
P
sionários ao campo tendo em vista o objetivo de proclamar o
evangelho de Cristo, e fundar novas igrejas. O alvo daquela igreja era conduzir pessoas a Cristo, e não o de realizar trabalhos
políticos ou sociais. A mensagem aspirava libertação das almas
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das garras da morte e do inferno, e torná-las membros do corpo
de Cristo. Se este não for o objetivo, a visão, o anseio da Igreja
de Cristo, qual será então? Seria formar um clube social? Uma
organização política? Uma instituição de caridade? Não. A missão
da Igreja é testemunhar o poder e a mensagem de Cristo, através
do revestimento do Espírito Santo, a força propulsora da obra da
evangelização.
Questionário
Marque “C” para certo e “E” para errado
____ 6) - A presidência da Igreja em Jerusalém ficou sob os cuidados de Tiago, meio-irmão do Senhor, conforme afirma o famoso
historiador Eusébio de Cesaréia.
____ 7) - Além de Estêvão, outro diácono que ajudou na expansão
do cristianismo foi André, que após se refugiar em Capadócia,
pregou ali o Evangelho com grande êxito (Atos 8.5-8).
____ 8) - A Igreja de hoje, tal qual a de Antioquia deve enviar
missionários ao campo tendo em vista o objetivo de proclamar o
evangelho de Cristo, e fundar novas igrejas.
ção
Pro
m
co
a
a
d
ibi
As Igrejas Paulinas
liza
a
i
c
er
Paulo, o “apóstolo dos gentios”, fundou igrejas na Ásia
Menor, na Macedônia, na Grécia, e na Ásia Ocidental. Na maioria das vezes que lhe era permitido, para falar da mensagem do
Evangelho, fazia uso das sinagogas. A partir daí, surgiam igrejas
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separadas das sinagogas, compostas de judeus e gentios convertidos, tendo cada uma sua própria estrutura, com os presbíteros
separados pelo apóstolo, entre os mais piedosos irmãos. As igrejas se reuniam no lar dos irmãos, lugar que representou um papel importante para o desenvolvimento histórico dessas igrejas.
Há registros da arqueologia que comprovam que durante os três
primeiros séculos, o ponto de reunião dos cristãos era em casas
particulares e não em edifícios de igrejas distintas.
As Igrejas da Ásia
Quando analisamos a Primeira Epístola de Pedro (cap. 1),
observamos que havia um grupo de igrejas espalhadas ao longo da
costa sul do mar Negro e pelo interior: Ponto, Galácia, Capadócia,
Ásia e Bítínia. Havia uma maioria gentílica e consequentemente,
uma minoria judaica naquelas igrejas. Podemos observar alguns
detalhes dessas igrejas no livro de Apocalipse:
Éfeso era a maior cidade da Ásia, e o centro da administração de
Roma naquela extensão. Foi entitulada de a “Guardiã do Templo”,
em referência ao templo da deusa Diana.
Esmirna, atualmente conhecida como Izmir, na Turquia, localizada a uns 60 quilômetros de Éfeso, era uma das cidades mais
o
prósperas da Ásia Menor, considerada a Metrópole.
açãAli a comuniz
i
l
a
dade judaica era numerosa.
erci
m
co
a
a
d
Pérgamo era umaocidade
ibi localizada a uns 70 quilômetros de Esr
P
mirna. Era famosa por sua grande biblioteca com um acervo de
aproximadamente 200.000 pergaminhos, e seus monumentos religiosos. Sobre ela foi dito: “Mais que qualquer outra cidade da
Ásia, o seu visitante tinha a sensação de ser ela a sede da autoriProibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém
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dade”.
Tiatira era conhecida por seu comércio e indústria. Localizada a
65 quilômetros de Pérgamo. Era uma cidade pequena em relação
as demais citadas no Apocalípse.
Sardes, situada a 53 quilômetros de Tiatira, chegou a ser a capital
da Lídia, porém entrou em declínio após a conquista persa, até
que o imperador romano Tibério a reconstruiu depois de um terremoto.
Filadélfia, a 65 quilômetros de Sardes, era uma cidade que tinha
uma pequena população. Foi destruída por um terremoto no ano
17 d.C. juntamente com Sardes, e também foi reconstruída por
Tibério. Entre as demais igrejas mencionadas entre o capítulo 2
e 3 de Apocalípse, nesta foi onde o cristianismo sobreviveu por
mais tempo.
Laodicéia, localizada a 65 quilômetros de Filadélfia, estava localizada a margem de um rio, ficava no entroncamento de três vias
que cortavam a Ásia Menor, o que fez com que se tornasse um
grande centro comercial. Era um centro bancário de admiráveis
reservas financeiras, as indústrias principais eram de tecidos e tapetes de lã, e possuía uma faculdade de medicina.
ção
liza
a
i
c
er
m
Questionário
a co
a
ibid
o
r
Assinale comP“X” a alternativa correta
9) - Há registros da arqueologia que comprovam, que durante os
três primeiros séculos, o ponto de reunião dos cristãos era:
20
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___a. sinagoga.
___b. templo.
___c. tabernáculo.
___d. casas particulares.
10) – Éfeso era a maior cidade da Ásia, e o centro da administração de roma naquela extensão. Foi entitulada de:
___a. “guardiã do templo”.
___b. “guardiã da cidade”.
___c. “guardiã da Ásia”.
___d. “guardiã dos cristãos”.
Perseguição Religiosa
As primeiras reações de contrariedade à mensagem do
evangelho vieram dos próprios judeus, que tinham como religião
prevalecente o judaísmo. Como eles já haviam rejeitado o mestre,
não seria nada difícil rejeitarem também os seus discípulos. Não
demorou muito para o avanço da Igreja, e eles prenderam o diácono Estêvão, levando-o à presença de magistrados, que culminou com o seu apedrejamento até a morte. Estêvão foi o primeiro
mártir da Igreja primitiva. Contudo, isso não iria
oparar por aí,
açãcontra a Igreja
z
i
haveria ainda, como sempre houve, perseguições
l
ia
rccomo
e
de Cristo, tanto dos que estão dentro,
dos que estão fora.
m
co quando ainda
a
Algo previsto pelo próprio
mestre,
palmilhava este
da
i
b
i
mundo:
Pro
“Eu os estou enviando como ovelhas entre lobos. Portanto, sejam astutos como as serpentes e sem malícia como as pombas.
Tenham cuidado, pois os homens os entregarão aos tribunais e os
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açoitarão nas sinagogas deles. Por minha causa vocês serão levados à presença de governadores e reis como testemunhas a eles e
aos gentios”.
A perseguição sob Nero
Conforme a tradição, Nero teria chegado ao poder no ano
54 d.C., graças aos esforços de sua mãe Agripina, que não vacilou
ante o assassinato de seu próprio pai, para assegurar a sucessão
do trono em favor de seu filho. A princípio, Nero não cometeu
os crimes pelos quais depois ficou famoso. Ainda mais, várias das
leis dos primeiros anos de seu governo foram de benefício para os
pobres e os despojados. Mas pouco a pouco, o jovem imperador
se deixou levar por seus próprios afãs de grandeza e poder, e por
uma corte que se desdobrava por satisfazer seus mínimos caprichos. E se tornou um dos piores de todos os imperadores romanos
que já existiu.
No ano 64 d.C., segundo o historiador Tácito, Nero, o déspota, ateou um enorme incêndio em Roma, com o propósito de
demolir a Roma antiga, e construir uma nova e magnífica capital
para seu extenso Império. Ele só não esperava que surgissem certos rumores de que ele mesmo havia dado as ordens para tal delito. Para escapar de tal acusação, culpou os cristãosopor tal crime:
ã
“Apesar de todos os esforços humanos,
izaçda liberalidade do
l
a
i
imperador e dos sacrifícios oferecidos
erc aos deuses, nada bastava
m
o
para apartar as suspeitas, nem
a cpara destruir a crença de que o fogo
a
d
i
havia sido ordenado.
oib Portanto, para destruir esse rumor, Nero fez
Prculpados
aparecer como
os cristãos, uma gente odiada por todos
por suas “abominações”, e os castigou com mui refinada crueldade. Cristo, de quem tomam o nome, foi executado por Pôncio Pilatos durante o reinado de Tibério. Detida por um instante,
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esta superstição daninha apareceu de novo, não somente na Judéia, onde estava a raiz do mal, mas também em Roma, esse lugar
onde se narra e encontram seguidores de todas as coisas atrozes e
abomináveis que chegam desde todos os rincões do mundo. Portanto, primeiro foram presos os que confessaram (ser cristãos), e
baseadas nas provas que eles deram foi condenada uma grande
multidão, ainda que não os condenaram tanto pelo incêndio, mas
sim pelo seu ódio à raça humana. Além de matá-los (aos cristãos) fê-los servir de diversão para o público. Vestiu-os em peles
de animais para que os cachorros os matassem a dentadas. Outros
foram crucificados. E a outros acendeu-lhes fogo ao cair da noite,
para que a iluminassem. Nero fez que se abrissem seus jardins
para esta exibição e, no circo, ele mesmo ofereceu um espetáculo,
pois se misturava com as multidões, disfarçado de condutor de
carruagem, ou dava voltas em sua carruagem”.
(Anais, XV,44).
A morte dos primeiros discípulos
Nesse período, os cristãos e os seus líderes sofreram martírios bárbaros. Milhares foram torturados e mortos, entre os
quais mencionamos apenas alguns, conforme narra a tradição:
1.
André foi atravessado por uma lança.
ção
a
z
i
l
2.
De Bartolomeu tiraram sua pelecpor
ordem de um tirano.
r ia
e
3.
Filipe foi enforcado na Frigia.
m
co
a
4.
João foi lançado
numa
caldeira de óleo fervente, destera
ibid depois morreu em Éfeso.
rado para a ilhaPde
roPatmos,
5.
Mateus foi morto à espada na Etiópia.
6.
Matias foi apedrejado e depois decapitado.
7.
Marcos foi arrastado por um animal feroz nas ruas de Alexandria.
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8.
Lucas foi enforcado em uma oliveira.
9.
Tiago, irmão de João, foi morto ao fio da espada em Jerusalém.
10. Tiago, o menor, irmão do Senhor, foi lançado do templo
abaixo, tendo morte instantânea.
11. Tomé foi amarrado a uma cruz e ainda assim pregou a Cristo
até morrer.
12. Judas Tadeu foi morto a flechadas. Simão, o Zelote foi crucificado na Pérsia.
13. Pedro foi crucificado de cabeça para baixo.
14. Paulo foi decapitado em Roma nos tempos de Nero.
Os crimes bárbaros de Roma
Já mencionamos os atos sangrentos do Imperador Nero sobre
os cristãos. Atos praticados por motivos sórdidos e mentirosos.
Condenando-os por um crime do qual não tinham cometido. Os
imperadores que se seguiram após Nero, o imitaram em sua refinada crueldade contra a massa cristã, pois os tinham como opressores, pelo fato de combaterem a baixeza moral que se havia no
império. A perseguição dos truculentos imperadores romanos foi
tão desenfreada que perdurou pelos três primeiros séculos da era
cristã, como se segue:
Domiciano (96 d.C.): Este imperador liderou uma
çãodas mais acena
z
i
l
tuadas perseguições contra os cristãos.
Matou-os sob a acusação
rcia os cultos realizados em
e
de que eram ateus, por não frequentarem
m
a coque João esteve exilado na ilha de
seu favor. Foi em seuid
governo
a
Patmos. SuasP
atrocidades
roib não tinham limites, pois até a sua esposa
ele a exilou. Este matou milhares de cristãos. Também foi neste
período que se escreveram os últimos livros do Novo Testamento,
conforme afirma o famoso escritor Jesse Lyman. Ele menciona os
possíveis livros que foram compilados na época de Domiciano:
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Hebreus, II Pedro, as epístolas de João e o seu Evangelho, Judas
e o Apocalípse. Sendo estes reconhecidos posteriormente como
canônicos.
Trajano (98-117 d.C.): Apesar de se mostrar um benevolente imperador, preferiu manter as leis severas da antiga Roma, proibindo a todo custo o cristianismo. E segundo a tradição, este teria
matado a Simão, irmão de Jesus, bispo de Jerusalém.
Caio Plínio (111 d.C.): enquanto procônsul na Ásia Menor, em
111 d.C. escreve uma carta ao imperador Trajano em que cita os
cristãos, constituindo-se esta em um dos mais antigos documentos não neotestamentários sobre a igreja primitiva: “...[os cristãos]
têm como hábito reunir-se em um dia fixo, antes do nascer do
sol, e dirigir palavras a Cristo como se este fosse um deus; eles
mesmos fazem um juramento, de não cometer qualquer crime,
nem cometer roubo ou saque, ou adultério, nem quebrar sua palavra, e nem negar um depósito quando exigido. Após fazerem isto,
despedem-se e se encontram novamente para a refeição...”
Adriano (117-138): Foi menos bárbaro em suas perseguições.
Mesmo assim, tirou a vida de muitos cristãos.
Antonio Pio (138-161): Favoreceu a igreja até certo ponto, entretanto ainda proibiu o culto há um único Deus e matou muitos do
“Caminho”, entre eles, Policarpo, discípulo de João.
Marco Aurélio (161-180): Após Nero, foi o mais cruel. Praticou
ão dos fiéis e
os atos mais horríveis contra a igreja, lançando
açmão
z
i
l
jogando às feras, também decapitou a rmuitos.
cia
e
m
Sétimo Severo (193-211): Por todas
co as partes a igreja sofria pesada
a
a
perseguição. Muitos b
foram
queimados
vivos, crucificados e degoid
i
o
r
lados por não negarem
a fé.
P
Máximo (235-238): Foi um imperador cruel, matou muitos líderes
da época.
Décio (249-251): Cipriano disse a respeito da época em que o imperador Décio perseguiu aos cristãos: “O mundo inteiro está devProibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém
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astado”.
Valeriano (253-260): Este matou a Cipriano, bispo de Cartago e
perseguiu a igreja.
Diocleciano (284-305): Diz a história que esta foi a mais severa
de todas as perseguições do império romano aos cristãos. Por um
espaço de dez anos ele investiu uma grande crueldade diabólica
para destruir o cristianismo.
Questionário
Associe a coluna “A” de acordo com a coluna “B”
___ 11) – Foi atravessado por uma lança.
A. Filipe
___ 12) – Foi enforcado em uma oliveira.
B. André
___ 13) – Foi enforcado na Frigia.
C. Lucas
___ 14) – Foi crucificado de cabeça para baixo.
D. Pedro
ção
26
m
co
a
a
d
ibi
Pro
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liza
a
i
c
er
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Lição 2
Os Pais da Igreja e a sua Secularização
Os cristãos eram alvos de calúnias
Na comunidade cristã, desde o cerco e a destruição de Jerusalém (66-70 d.C) liderada pelo general Tito, filho do imperador Vespasiano, as reuniões se tornaram secretas. Visto que havia
uma forte e prolongada perseguição imperial, que perdurou até o
quarto século, por volta do ano 313, quando o edito de Constantino fez cessar todos os intentos para destruir o cristianismo.
Por causa dessas reuniões secretas que geralmente aconteciam antes do por sol, ou à noite, despertaram falsos rumores de
que entre eles haviam práticas de atos imorais e criminosos.
Havia também rumores, acusando os cristãos de comerem
e beberem até embriagarem-se, e praticarem atos sexuais entre si,
e com parentes mais próximos.
“Fundamentados na comunhão levantaram outro rumor:
que os cristãos diziam que comiam a “carne” de Cristo (simbolio
camente), e já que também falavam do menino
açãque havia nasz
i
l
cido em um estábulo, daí chegaram aeconclusão
rcia de que os cristãos
m
co recém-nascido dentro de um
estariam escondendo um menino
a
a
d
grande pão, e o colocando
oibi diante de alguém que desejava ser crisr
P
tão. Os cristãos então estariam ordenando que se cortasse o pão,
e logo devorariam o corpo ainda palpitante do menino. O neófito,
que se havia feito participante de tal “crime”, ficaria assim comprometido a guardar o segredo”.
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Outra estranha opinião que alguns sustentavam era de que
os cristãos adoravam a um asno crucificado. Algum tempo antes,
haviam dito que os judeus adoravam a um asno. Agora, começaram a transferir essa opinião aos cristãos, a quem se fazia então
objeto de zombaria.
A inimizade contra os cristãos, que parecia se basear só
em questões de religião e doutrinas, também tinha muito a ver
com preconceitos de classe, e questões econômicas. Atacavam o
cristianismo, considerando-o uma religião de bárbaros. Diziam:
“em todo caso, seja qual for esse Deus dos cristãos, o fato é
que seu culto destrói a própria fibra da sociedade”.
“Os cristãos eram considerados como niveladores da sociedade, portanto anarquistas, perturbadores da ordem social.
Eis por que eram tidos na conta de inimigos do Estado. Não raro
interesses econômicos também provocavam e excitavam o espírito de perseguição. Assim como o apóstolo Paulo, em Éfeso,
esteve em perigo de morte em razão de um motim incitado por
Demétrio, o ourives, assim também, muitas vezes os governantes
eram influenciados para perseguir os cristãos, por pessoas cujos
interesses financeiros eram prejudicados pelo progresso da igreja:
sacerdotes e demais servidores dos templos dos ídolos, os que negociavam imagens, os escultores, os arquitetos que construíram
ão da adoração
templos, e todos os que ganhavam a vida poraç
meio
z
i
l
pagã.”
rcia
e
m
Jesse Lyman
co
aa
id
roib
P
O surgimento de três escolas teológicas
Um novo e desafiador período se inicia à partir do segundo século. Defender a fé entregue aos santos por meio de obras
28
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e artigos que a corroborasse. Nesse período, surgiram muitas seitas e heresias, e então, tornou-se proeminente o cuidado da Igreja
quanto ao desenvolvimento da sua doutrina.
Nos tempos apostólicos, a comunidade cristã estava voltada para o interior, para o coração. Havia uma entrega sem ressalvas a Cristo. Contudo, nesse novo período, a fé passou a ser
mais mental e intelectual mais voltada para as doutrinas (artigos)
da Igreja, do que propriamente para o exemplo de vida de Jesus.
A doutrina ocupou um avantajado espaço no cristianismo
e com isso, nesse período, apareceram três escolas teológicas: uma
em Alexandria, outra na Ásia Menor, e outra no norte da África.
A escola de Alexandria: fundada em 180 d.C., por Patento, um
filósofo afamado. Foi um eloqüente orador, contudo, poucos de
seus ensinamentos sobreviveram. Suas obras combatiam acirradamente o paganismo. Orígenes foi o mais ilustre personagem
da escola de Alexandria. Contribuiu com muitos temas intelectuais naquele período.
A escola da Ásia Menor: era formada por um grupo distinto de
escritores e mestres da teologia. Irineu foi seu mais importante
porta-voz.
A escola do norte da África: localizava-se em Cartago. A que mais
contribuiu para o cristianismo. Ela deu forma ao pensamento
teo
açã foram: Terz
i
ológico da Europa. Seus dois maiores representantes
l
rcia
e
tuliano e Cipriano, ambos fervorosos
teólogos.
m
o
ac
a
d
i
oib por esses distintos cristãos se tornaram
As obras
Prdeixadas
ricas informações sobre a Igreja, sua vida, suas doutrinas até
aquele período.
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Questionário
Marque “C” para certo e “E” para errado.
___ 15) – Na comunidade cristã, desde o cerco e a destruição de
Jerusalém (66-70 d.C) liderada pelo general Tito, filho de Vespasiano, as reuniões se tornaram secretas..
___ 16) – A inimizade contra os cristãos, que parecia se basear
só em questões de religião e doutrinas, também tinha muito a ver
com preconceitos de classe, e questões econômicas.
___ 17) – A escola de Alexandria: fundada em 380 d.C., por Plínio,
um filósofo afamado. Foi um eloqüente pregador, contudo, poucos de seus ensinamentos sobreviveram.
Os líderes proeminentes da Igreja
Entre o primeiro e terceiro séculos, prosperou uma geração
de grandes homens verdadeiramente inspirados, capazes de representarem a fé, e ainda persuadirem a muitos com a mensagem
de Cristo e com uma vida corroborada de singeleza e pureza diante do Salvador:
ção
Inácio (67–110 d.C.) - foi o Bispo de Antioquia
liza da Síria, entre os
a
i
c
r Eusébio que ele foi o seganos 70 e 107, data do seu martírio.
meDiz
o
c
undo bispo de Antioquia:
da aTambém Inácio, celebrado por muitos
i
b
i
até hoje comoPsucessor
de Pedro em Antioquia, foi o segundo que
ro
obteve o ofício episcopal dali. A tradição diz que ele foi enviado da
Síria para Roma e lançado como alimento para as feras selvagens,
por conta de seu testemunho de Cristo. Diz ainda que ele desejava
ser martirizado, pois escrevia cartas as igrejas confessando seu anseio de não perder a honra de morrer por seu Salvador.
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Policarpo (69-156 d.C.) – homem que fora instruído pelos apóstolos e bem relacionado com muitos que haviam visto a Cristo, tendo sido também nomeado bispo pelos apóstolos na Ásia, na igreja
de Esmirna, pois ele viveu longo tempo até idade muito avançada,
quando, após glorioso e por demais notável martírio, partiu desta
vida, queimado vivo. Diz que ao ser levado perante o governador
a fim de negar o nome de Cristo, assim respondeu: “oitenta e seis
anos o servi, e somente bem recebi durante todo o tempo. Como
poderia eu agora negar ao meu Senhor e Salvador?”
Papias (70-155 d.C.) – segundo Irineu, Papias foi ouvinte de João
e companheiro de Policarpo, um escritor antigo que os menciona
no quarto livro de suas obras. Foi bispo de Hierápolis.
Justino Mártir (100-167 d.C.) - era filósofo antes de se tornar cristão. Seus ensinamentos acerca da vida da Igreja em meados do segundo século ainda existem. Foi um grande defensor da fé. Conta
em suas obras como eram realizados os cultos e suas formas de
adoração. Diz que o culto consistia na leitura dos Salmos, Profetas
e outros textos do Velho Testamento, logo após celebravam a Ceia
do Senhor, e que recolhiam ofertas para atender as necessidades
existentes.
Irineu (130 d.C.) - era natural da Ásia Menor, provavelmente de
Esmirna, onde nasceu e se tornou discípulo do bispo Policarpo.
Durante sua vida, foi um admirador de seu mestre Policarpo, e em
seus escritos se referiu repetidamente aos ensinos de um “ancião”
- o presbítero — cujo nome não menciona, mas que
o denota ser
ã
ç
a
Policarpo. Foi bispo em Lion e defensor da félicristã.
A
tradição diz
z
a
i
c
r cristãos.
que foi degolado em um monte com
meoutros
o
c
Clemente de Alexandria (150-215
a a d.C.) - ao que parece, Clemente
dcidade
i
b
i
era natural de Atenas,
a
que durante séculos havia sido faro
P
mosa por seus filósofos. Depois de viajar por uma boa parte do
Mediterrâneo, encontrou em Alexandria um mestre que o satisfez.
Este mestre era Panteno, de quem é pouco o que sabemos. Mas,
em todo caso, Clemente permaneceu em Alexandria, e sucedeu a
Panteno. No ano 202, por causa da perseguição de Sétimo Severo,
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Clemente viu-se obrigado a abandonar Alexandria, e andou por
várias regiões do Mediterrâneo oriental — particularmente Síria e
Ásia Menor — até sua morte, que teve lugar por volta do ano 215.
Tertuliano (160-220 d.C.) - nasceu na cidade africana de Cartago por volta do ano 150, mas foi em Roma, quando contava uns
quarenta anos, que se converteu ao cristianismo. Algum tempo
depois, regressou à sua cidade natal, onde se dedicou a escrever
em defesa da fé contra os pagãos, e em defesa da ortodoxia contra
os hereges. Já que, ao que parece, era advogado ou ao menos havia
sido adestrado na ciência retórica, e nos procedimentos que usavam os advogados toda sua obra leva o selo de uma mente legal.
Orígenes (185-254 d.C.) – o mais notável discípulo de Clemente,
e o último dos quatro grandes mestres da igreja que discutiremos
agora. Diferentemente de seu mestre Clemente, Orígenes era filho
de pais cristãos. Durante a perseguição de Sétimo Severo, o pai
de Orígenes foi feito prisioneiro e sofreu o martírio. Orígenes,
que ainda era jovem, quis sofrer martírio junto com ele. Sua mãe,
porém, escondeu suas roupas, e Orígenes viu-se obrigado a permanecer em casa, onde dedicou a seu pai um tratado em que o
exortava a ser fiel até a morte. Por fim, no tempo da perseguição
de Décio, Orígenes teve ocasião de mostrar a firmeza de sua fé.
Dado o caráter dessa perseguição, Orígenes não foi morto, mas
torturado até o ponto em que, posto em liberdade, morreu em
pouco tempo. Diz-se que morreu na cidade de Tiro.
ão
aç
aliz
erci
Cipriano (257 d.C.) – segundo
afirma o historiador Eusébio de
m
a co Foi alcançado por Cristo aos 45
Cesaréia, ele era bispoddeaCartago.
oibi um dos maiores escritores e dirigentes
anos de idade.
PrTornou-se
da Igreja nesse período. Acabou sendo condenado pelo imperador Valeriano por recusar-se a venerá-lo.
Eusébio, de Cesaréia (264-340 d.C.) – bispo de Cesaréia no tempo
de Constantino escreveu uma importante obra: História Eclesiás32
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tica, uma fonte riquíssima sobre os primeiros quatro séculos da
Igreja de Cristo.
Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta
19) – Foi o Bispo de Antioquia, entre os anos 70 e 107, data do seu
martírio.:
___a. Eusébio.
___b. Teófilo.
___c. Bartimeu.
___d. Inácio.
20) – Irineu (130 d.C.) - era natural da Ásia Menor, provavelmente
de Esmirna, onde nasceu e se tornou discípulo do bispo:
___a. Orígenes.
___b. Estevão.
___c. Policarpo.
___d. Filipe.
o
açã
z
i
l
Um perigo eminente: seitas e heresias cia
mer
o
c
a continuar existindo parecia não ter
As lutas da Igreja
dapara
i
b
i
fim. Não bastassem
Pro as intermináveis perseguições cruéis e bárbaras dos imperadores, e as calúnias levantadas contra eles, bravamente combatia também as seitas e heresias que passavam a surgir
no transcorres dos anos dentro do próprio rebanho. Vamos destacar as mais importantes:
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O Gnosticismo – o termo grego “gnosis” significa sabedoria.
Movimento filosófico-teológico que considerava o conhecimento
como decisivo para a salvação. Nasceu antes do cristianismo com
elementos de diversas culturas antigas, na Ásia Menor. Adquiriu
força no mundo judeu e heleno desde o século I a. C. e se prolongou, também com elementos cristãos, até o século IV d.C. Foi
dualista; o espírito deveria ser libertado do cárcere da matéria por
meio do conhecimento em etapas sucessivas. Criam que do Deus
supremo emanava um grande número de divindades inferiores,
algumas benéficas, outras malignas. Interpretavam as Escrituras
de forma alegórica. Perduraram por apenas um século.
O Ebionismo – no hebraico significa pobre. Era formado por um
grupo de judeus que observavam a lei e os costumes judaicos. Não
aderiram aos ensinos de Paulo, porque este combatia tais posturas.
Docetismo - Do grego dókesis (aparência). Heresias dos primeiros tempos da Igreja, à qual já se refere em escritos do NT (João,
Colossenses), que atribuía a Cristo um corpo apenas aparente, ilusório; com isso negava a realidade do mistério da Encarnação.
Negavam que Cristo teria nascido de Maria.
Judaizantes - Eles afirmavam ser necessário, para quem se tornava
o judeu ancristão, seguir as práticas judaicas e, portanto, tornar-se
açã
z
i
l
tes de ser cristão. Paulo respondeu defendendo
a liberdade dos
cia
r
e
m
filhos de Deus frente à lei (cf.cRm
o 1,16-17; Gl 2.11-14).
da a
i
b
i
O Marcionismo
Pro- foi uma seita religiosa fundada em 144 d.C. em
Roma por Marcião de Sinope (110-160), um religioso cristão do
segundo século, e um dos primeiros a serem denunciados pelos
cristãos como um herético. Ele rejeitava o Antigo Testamento. Por
muitos é considerado um anti-semita (aversão aos judeus).
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O Maniqueísmo – fundado por Mani, e era de origem persa. Diziam que o universo compõe-se do reino das trevas e do reino da luz
e ambos lutavam pelo domínio da natureza e do próprio homem.
Não se casavam. Antes de se converter, Agostinho, o maior teólogo da Igreja era maniqueu.
O Montanismo – nome recebido por causa do seu fundador se
chamar Montano. Eram puritanos, exigiam que tudo voltasse à
simplicidade dos primitivos cristãos. Esta seita quase não poderia
ser contada entre as heréticas. Tertuliano, um dos principais pais
da Igreja escreveu em favor delas e aceitou as idéias dos montanistas.
Arianismo – no final do século III, Sabélio, bispo da Igreja na
África, questionou a divindade de Jesus, e a doutrina da Trindade
Divina. Outro por nome de Ário, bispo de Alexandria por volta
do século IV, ampliou as idéias de Sabélio, interpretando as Escrituras de modo pessoal e irreverente. Seus ensinos influenciam
correntes heréticas até os dias de hoje, como é o caso das Testemunhas de Jeová. Consideravam Cristo como um ser igual aos
demais seres criados, e não eterno como o Pai, conforme afirmam
as Escrituras.
o
Pelagianismo – foi fundado pelo de frade Pelágio,
açã que negou a
z
i
l
corrupção total da raça humana pelartransgressão
de Adão, que
cia
e
m
segundo ele, prejudicou apenas
coo próprio Adão. Ensinava com
a
a
isso, que nascíamos bem
estado
de inocência. Sendo assim, segid
i
o
r
undo ele, o homem
P poderia salvar-se tanto pela graça quanto pela
lei,
Apolinarialismo – este grupo afirmava que Jesus tinha uma natureza divina que sobrepujava a humana, não tendo desta forma,
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35
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sofrido a agonia da cruz, ou passado fome visto que sua natureza
divina lhe supria todas as suas necessidades, em contraposição
aos ensinos bíblicos. Estes seguiam as idéias do bispo rebelde
Apolinário. Seus ensinos são aderidos pelos unicistas, que negam
a trindade.
Agnosticismo – não podemos confundir agnosticismo com gnosticismo. O agnosticismo é uma espécie de ateísmo disfarçado.
Embora não admitam que serem chamados de ateus, pois afirma
que não descrê na existência de Deus, apenas a ignora, por julgar
ser um problema insolúvel.
Os defensores da Fé Crista
A grande maioria dos tratados escritos após a formação do
Cânon do Novo Testamento tinha como objetivo opor-se tenazmente as iminentes heresias formuladas contra a Igreja. Surgiram
líderes, que escreveram um vasto acervo de tratados de cunho
doutrinários. Estes homens posteriormente passaram a ser chamados de “apologistas”, ou defensores da fé.
Jerônimo (340-420 d.C.) – o mais ilustre dos pais da Igreja. Traduziu a Bíblia para o latim, conhecida como Vulgata. Vivia num
o
mosteiro em Belém, onde se dedicou profundamente
para a
açã
z
i
l
a
tradução da Bíblia e composição de tratados
contra
as
heresias.
i
rc
e
m
a co
João Crisóstomo (345-407
bida d.C.) – um exímio orador, considerado
i
o
r
o maior pregador
P em sua época, apelidado de “boca de ouro” pela
eloqüência e unção de suas mensagens que paralisava as multidões, nas grandes reuniões da catedral de Santa Sofia em Constantinopla, onde era bispo. Suas mensagens incomodaram à corte que passou a persegui-lo. Foi lançado num exílio, onde morreu.
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Pastor Moisés Carneiro
Seu sepultamento em Constantinopla foi como o de um grande
estadista, um grande embaixador do Reino de Cristo.
Agostinho (354-430 d.C.) – converteu-se por causa da mãe de
Ambrósio, bispo em Milão, e das cartas de Paulo. Têm um nome
muito reconhecido na teologia. Foi um mestre e contribuiu distintamente para doutrina da Igreja na Idade Média. Combateu acirradamente as heresias de Pelágio e Mani.
Ambrósio de Milão (340-397 d.C.) – possuía um grande zelo que
o destacou entre os líderes mais consagrados da época. Repreendeu o imperador Teodósio por seu pecado, levando-o a um sincero arrependimento diante de Deus. Sua atitude destacou-se entre
os líderes da sua época.
Atanásio (296-373 d.C.) – bispo de Alexandria que combateu
severamente as heresias arianas. Foi acusado falsamente de ter
matado o bispo de Arsino de Mileto. No dia do julgamento, para
espanto de seus acusadores, o próprio Arsino, que estava vivo,
apareceu para testemunhar em seu favor.
A Secularização da Igreja
o
ã
Uma armadilha satânica contra a Igreja de Nosso
izaçSenhor
al
erci
om de sua coroa, por volta de
cabdicar
Depois de Diocleciano
a
a
305 d.C., dois imponentes
ibid rivais aspiravam por ocupar o trono
o
r
P Maxêncio, filho de Maximiano; e Constanimperial. O déspota
tino favorável aos cristãos. Este era filho do governador Constâncio e de Helena, filha de um estalajadeiro sérvio, que sendo
cristã, procurou incutir-lhe os princípios básicos do cristianismo:
justiça, misericórdia, paz e tolerância, contrastando com aqueles
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defendidos pela cultura romana e de seu próprio pai. Apesar disso,
a religião de sua mãe, exerceu forte influência sobre si, que mesmo
sabendo da antipatia popular aos cristãos, demonstrou desde o
princípio tolerância para com os mesmos.
Ao enfrentar a batalha campal a oposição que lhe fazia
Maxêncio no ano de 312 d.C., afirmou ter tido uma visão de uma
cruz resplandecente no céu e uma voz que lhe dizia e determinava:
-”In Hoc Signo Vinces” – (por este sinal vencerás). Adotando o
símbolo da cruz, como sinal de vitória e insígnia para o seu exército, morrendo seu inimigo Maxêncio, afogado no rio Tigre. Tendo
logrado êxito na batalha contra Maxêncio que morreu afogado no
rio Tibre, construiu o monumental arco comemorativo que existe
ainda, hoje, em Roma – o famoso arco de Constantino defronte
ao Coliseu, e determinou a liberdade aos cristãos, promulgando o
famoso “Edito de Tolerância” no ano seguinte em 313 d.C, quando
a espada não mais se levantou contra os cristãos.
Nesse período, Constantino se limitou a garantir a paz da
igreja, e a lhe devolver as propriedades que tinham sido confiscadas:
“Os templos das igrejas foram restaurados e novamente
abertos em toda a parte. No período apostólico celebravam-se
reuniões em casas particulares e em salões alugados. Mais tarde,
nos períodos em que cessavam as perseguições construíram-se
ão o tempo
templos para as igrejas. Na última perseguição,
açdurante
z
i
l
a destruídos e outros
de Diocleciano, alguns desses templos
rciforam
e
m
coTodos os templos que ainda exisconfiscados pelas autoridades.
a
a
d subiu ao poder, foram pagos pelas citiam quando Constantino
oibi
r
P
dades em que estavam. A partir dessa época os cristãos gozavam
de plena liberdade para edificar templos que começaram a ser erguidos, por toda a parte. Esses templos tinham a forma e tomavam o nome de “basílica” romana ou salão da corte, isto é, um
retângulo divido por filas de colunas, tendo na extremidade uma
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plataforma semicircular com assentos para os clérigos”.
Jesse Lyman
Depois apoiou a igreja mais decididamente, como por exemplo, doando-lhe o palácio de Latrão, em Roma, que pertencia à
família de sua esposa, e ordenando que os bispos que se dirigiam
para o sínodo de Áries, em 314, utilizassem os meios de transporte imperiais, sem nenhum ônus para a igreja.
Ao mesmo tempo, entretanto, ele tentava manter boas
relações com os devotos dos cultos antigos, e particularmente
com o Senado romano. O Império oficialmente era pagão, e designava a Constantino, como cabeça do Império, o título de sumo
sacerdote.
O Cristianismo, sem dúvidas, passou a desfrutar de muitos benefícios nesse período. Com a construção de novos templos
cristãos, a indenização pelo Estado de diversos templos destruídos
ou confiscados durante o governo do Imperador Diocleciano, até
mesmo a transformação dos templos pagãos em casas de oração,
porém a adoração pagã, não só era tolerada, mas sutilmente era
introduzida na esfera do cristianismo, que fazia “vistas grossas”.
Com o “Edito de Milão” em 320 d.C. dando mais liberdade aos
cristãos, o império ficou praticamente envolvido pelo cristianismo, não existindo mais perigo de retrocesso. As Igrejas e o clero
passaram a receber donativos em pequena escala em princípio,
mas logo depois passaram a receber de maneira generalizada
e de
ção
a
z
i
l
forma liberal, enriquecendo as Igrejas, bem
ia como todo clero, que
rcdemais
e
gozava de privilégios acima de todos
os
cidadãos, uma vez
m
co
a
que dos mesmos não se
exigiam
os deveres cívicos, não podiam
a
ibid em que tornassem parte, só poderiam
ser tributados P
nas
rocausas
ser julgados por uma corte eclesiástica e não civil.
Domingo, o primeiro dia da semana, foi proclamado o dia
de descanso e adoração em todo o império. Proibindo o funcionamento das cortes e tribunais nos domingos, ressalvo quando fosse
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para libertar algum escravo. Inibiu o exército de trabalhar aos domingos.
Da mesma forma que o cristianismo influenciou o império romano, contribuindo para o crescimento das relações sociais,
sendo eliminadas práticas extremamente desumanas e irracionais
como:
a) – A CRUCIFICAÇÃO: forma comum de castigo para todos os
criminosos, exceto para um cidadão romano, que diante de uma
pena de morte eram decapitados, como foi o caso de Paulo que
possuía a cidadania romana. Constantino aboliu a crucificação,
pelo fato de considerá-la um emblema sagrado a ponto de tornála distintivo de seu exército.
b) – O INFANTICÍDIO: naquela época havia se tornado comum
o hábito de os pais matarem asfixiadas as crianças que não lhes
agradassem. Quando não as matavam as abandonavam para que
morressem. O Cristianismo trouxe o benefício da vida para aquelas crianças, fazendo com que o infanticídio fosse banido do império.
c) – AS LUTAS DE GLADIADORES: as lutas entre os gladiadores
foram banidas. Essa lei foi imposta na capital. Entretanto, no anfiteatro romano ainda houve combates até 404 d.C. Até um monge
por nome de Telêmaco tentou parar uma luta entre
çãogladiadores ao
a
z
i
l
entrar na arena, mas acabou sendo morto.
cia Desde então, cessou a
rprazer
e
matança de homens para satisfazer
o
dos espectadores.
m
o
ac
a
d
i
ib
Contudo,
Proapesar de todos esses plausíveis benefícios ad-
vindos naquela época, a aliança com o ESTADO trouxe terríveis
resultados para o CRISTIANISMO. Que se embebedou com as
regalias que lhe foi proporcionado, e aliado ao fato de ocorrer
novamente as terríveis circunstâncias da perseguição, deixou-se
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também influenciar, principalmente pela cultura religiosa predominante no império, trazendo para ao culto cristão práticas espúrias do paganismo, como a idolatria, o culto e a veneração aos
mortos, a divinização da virgem Maria, para assumir o lugar das
divindades femininas ali cultuadas, a elevação do bispo de Roma
à condição de Bispo Universal (imitando a estrutura de poder do
império).
Infelizmente, não existem evidências animadoras da conversão de Constantino a Jesus Cristo, senão um relatório extenso
de práticas que contrariam a moral cristã, como a execução de
seu filho; e pouco depois, a de sua própria mulher. Apesar de tão
antagônico comportamento, passou a freqüentar as reuniões de
líderes da Igreja, sem encontrar restrições por parte dos mesmos,
que passaram a reverenciá-lo como o “bispo dos bispos”, dando
origem através deste desvio doutrinário do cristianismo apóstata,
que foi o dogma do papado oficializado anos depois.
Mesmo sendo o principal responsável pelo fim da
perseguição aos cristãos, e inegavelmente ter demonstrado tamanho favorecimento ao Cristianismo, Constantino nunca aceitou submeter-se ao batismo durante toda sua vida, o que só ocorreu no último momento da sua vida, em seu leito de morte. Só
Deus conhece a real sinceridade de sua decisão.
A Oficialização do Cristianismo como a Religião Oficial
o
açãcrescia dentro
z
Pouco a pouco a influência do imperador
i
l
ia concediam honras e
rclhes
e
da igreja, com isso os líderes da m
igreja
cdeo que a repressão voltasse, como
a
o bajulavam, tanto por medo
a
ibid temporais de galgar posições dentro da
também pelos interesses
Pro
hierarquia interna, ou mesmo funções públicas.
Podemos, sem sombra de dúvida, afirmar, que se o fim da
perseguição aos cristãos foi uma benção, a oficialização do cristianismo como religião oficial do império, foi uma terrível cilada
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do inimigo, que afetou profundamente a realidade espiritual da
Igreja, que se viu inflada, repleta de “membros”, que forçados a
uma pseuda conversão, migraram para o cristianismo, sem passarem pela imprescindível experiência do novo nascimento.
A Igreja e o Estado uniram-se quando Constantino adotou o CRISTIANISMO como religião oficial do império romano.
Estando a Igreja aliada ao Estado, passou a ser dominada
por ele, com isso os propósitos estabelecidos por Cristo para ela
foram postos de lados por seus líderes, que se preocupavam apenas em satisfazer os anseios do imperador, que por sua vez introduzia o mundo dentro da Igreja. Ao invés de humildade e santidade, os membros adotaram uma postura ambiciosa, arrogante e
orgulhosa.
O impacto de Constantino
O impacto da “conversão” de Constantino sobre a vida da
igreja foi tão grande que se fará sentir durante toda a narrativa da
história do cristianismo. Depois da sua “conversão”, o temor se
dissipou. Os poucos governantes pagãos, que vieram depois dele,
não perseguiram os cristãos, somente tentaram restaurar o paganismo por outros meios.
Tudo isso produziu, em primeiro lugar, o desenvolvimento do que poderíamos chamar de uma “teologia oficial”. Deslumbrados com o favor que Constantino evidenciava em
orelação a eles,
ã
ç
a
não faltaram cristãos que se empenharam
izem provar que Conialobra
rcsua
e
stantino era um eleito de Deus, m
e que
era a consumação
o
c
da história da igreja. a a
ibid
Até a época
Pro de Constantino, o culto cristão tinha sido
relativamente simples. No princípio, os cristãos se reuniam para
adorar em casas particulares. Depois começaram a se reunir também em cemitérios, como as catacumbas romanas.
No século terceiro já havia lugares dedicados especificamente para o culto. A igreja mais antiga descoberta até agora é a
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de Dura-Europos, que data aproximadamente do ano 270. Mas
também essa igreja de Dura-Europos não passa de uma pequena
habitação, decorada somente com algumas pinturas murais de
caráter quase primitivo.
Depois da conversão de Constantino, o culto cristão
começou a sentir a influência do protocolo imperial. O incenso,
que até então tinha sido sinal do culto ao imperador, apareceu nas
Igrejas cristãs. Os ministros que oficiavam no culto começaram a
usar vestimentas ricamente ornamentadas, em sinal de respeito.
Pela mesma razão vários gestos de respeito normalmente
feitos diante do imperador começaram a surgir também no culto.
Além disso, apareceu o costume de iniciar-se o culto com uma
procissão. Para dar mais destaque a esta procissão surgiram os
coros, com o resultado, em longo prazo, de que a congregação
participava cada vez menos do culto.
Por outro lado, as igrejas construídas no tempo de Constantino e dos seus sucessores contrastavam com a simplicidade
da Igreja de Dura-Europos. O próprio Constantino mandou construir em Constantinopla a igreja de Santa Irene, em honra à paz.
Helena, sua mãe construiu na Terra Santa a igreja da Natividade e
a do Monte das Oliveiras.
Ao mesmo tempo, ou por ordem do imperador, ou seguindo seu exemplo, foram construídas igrejas semelhantes nas principais cidades do Império. Essa política continuou sob o governo
dos sucessores de Constantino que morreu em 22çde
ãomaio do ano
a
z
i
l
337 d. C. Quase todos eles tentaram perpetrar
sua memória, conrcia
e
struindo igrejas pomposas.
m
o
ac
a
d
i
ib
A divisão do Oriente
Pro com a Igreja de Roma
Constantino em sua efêmera vaidade reconstruiu Bizâncio, cidade grega que datava existência de mil anos e estava situada entre a Europa e a Ásia, chamando-a de Constantinopla (hoje
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Istambul, na Turquia), assim denominada em sua homenagem,
transformando-a na nova capital do Império Romano. Logo, surgia a primeira dificuldade religiosa, pois o Bispo de Roma, havia
imposto sutilmente sua autoridade sobre as demais Igrejas a pretexto de ser o bispo da capital do império, plantando gradativamente a semente do papado.
Com a mudança da capital, o bispo de Constantinopla
passou a reivindicar seus direitos sob a mesma alegação de que
se Constantinopla era a nova capital do império, logo o direito
de comando também deveriam ser transferidos a nova igreja.
Iniciou-se então a animosidade das igrejas do Ocidente com o
Oriente, culminando com a separação definitiva no século VIII,
surgindo desta forma a primeira divisão do cristianismo: Igreja
Católica Apostólica Romana no Ocidente e Igreja Ortodoxa Grega no Oriente.
Houve durante este período cinco bispos, ou patriarcas
como passaram a ser designados mais tarde, instalados em: Jerusalém; Antioquia; Alexandria; Constantinopla, e Roma. O patriarca desta última reivindicava para a Igreja de Roma a supremacia da autoridade religiosa, por ter sido fundada pelos apóstolos
Pedro e Paulo. Nesta ocasião surgiu a tradição de que Pedro teria
sido o primeiro bispo de Roma. Seu argumento baseava-se nos
textos de Mateus 16.18 “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei
a minha igreja”. E outro registrado em João 21.16-17 “apascenta
as minhas ovelhas”. Defendiam erroneamenteçestas
ão afirmações,
a
z
i
l
utilizando-se de uma hermenêutica conveniente
e preponderante.
ia
re cnão
e
Ao contrário, a Bíblia diz que Jesus,
Pedro,
é o fundamento
m
co
a
da Igreja.
ida
ib
Pro
“Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do
que já está posto, o qual é Jesus Cristo”. (I Co 3.11)
Apóstolo Paulo
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O fim do Império Romano
Após a morte de Constantino, o Império Romano, um dos
mais bárbaros e temíveis impérios já visto, chegou ao seu final. Os
motivos que causaram seu enfraquecimento e consequentemente
sua subversão foram: as sucessivas invasões e divisões, a insatisfação do povo com a mudança religiosa, política e econômica.
Em 476, Odoacro, rei dos hérculos (uma tribo germânica)
apodera-se de Roma expulsando do trono o menino imperador
Rômulo, pondo fim ao extenso período de domínio do Império
Romano.
O fim do Império Ocidental é relevante por demarcar a
passagem da Idade Antiga para a Idade Média que vai até 1453
d.C. com a tomada de Constantinopla pelos turcos, onde finda os
dias do Império Oriental.
Questionário
Marque “C” para certo e “E” para errado
___ 21) – o termo grego “gnosis” significa graça. Movimento
filosófico-teológico que considerava a graça como decisiva para
a salvação.
ção
iza
al
erci
___22) – Depois de Dioclecianoom
c abdicar de sua coroa, por volta
a
de 305 d.C., dois imponentes
aspiravam por ocupar o trono
bida rivais
iMaxêncio,
o
imperial. O déspota
filho
de Maximiano.
r
P
___ 23) – O impacto da “conversão” de Constantino sobre a vida
da igreja não foi tão grande assim, quase não se faz senti-lo no
decorrer da história do cristianismo.
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___ 24) – A igreja mais antiga descoberta até agora é a de DuraEuropos, que data aproximadamente do ano 270 d.C
___ 25) – Em 476, Odoacro, rei dos hérculos (uma tribo germânica) apodera-se de Roma expulsando do trono o menino imperador Rômulo, pondo fim ao extenso período de domínio do Império Romano.
ção
46
m
co
a
a
d
ibi
Pro
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liza
a
i
c
er
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Lição 3
A Igreja da Idade Média e a Reforma Protestante
Período que abrangem os fatos da Idade Média até a Reforma 476-1529
Origem do Papado
No período da Idade Média, fato que se tornou mais notável foi o desenvolvimento do poder papal. Já no século V divulgou-se por todos os lugares a heresia de que o bispo de Roma
deveria exercer poder sobre os demais bispos cristãos em todo o
mundo, pois este seria o legítimo sucessor de Pedro. Quando o
império ocidental (476) caiu o bispo de Roma ganhou notoriedade como a mais célebre autoridade na cidade e nos limites do
império.
Inocêncio I já havia iniciado as prerrogativas do bispo
“universal” em 402, convencendo a igreja ocidental de que todo e
qualquer assunto de ordem eclesiástica deveria ser remetido à “sé
apostólica” para lá ser resolvido, porém não conseguiu o convencimento universal.
Contudo, o período de crescimento da autoridade papal
ão se destacou
começou com Gregório I, o Grande (589-604),
açque
z
i
l
ia de fato o domínio
por sua liderança expressiva, passando
racexercer
e
m
sobre a igreja ocidental, chegando
co a ser chamado de “o cônsul de
a
a
d
Deus”. Consideradoiobprimeiro
papa de caráter universal.
o i
r
P
O poder temporal dos papas cresceu de tal forma na idade
média, que o poder da igreja neste período comparava-se ao do
antigo Império Romano, passando o próprio papa, a utilizar inclusive, títulos exclusivos da antiga autoridade imperial, como o
de “pontiex-maximus” (sumo – pontífice).
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O registro dos fatos, porém, deixam claro e evidente, que
a criação do cargo de papa só ocorreu muitos séculos depois da
era apostólica, por pura vaidade humana, sem nenhum respaldo
bíblico, pois jamais foi mencionada no texto sacro a palavra “papa”,
ou qualquer referência a tal posto de “representante de Deus”, pois
esta é uma prerrogativa exclusiva do Espírito Santo. – S. João 14:
16-17, 26; 15: 26; 16: 7-14. Jesus enviou o Espírito Santo, como o
seu representante e fiel testemunha.
Papisa Joana
A Igreja Católica sofre por causa de um desconfortável assunto, que há muito tem sido motivo de questões na cristandade.
Trata-se da papisa Joana, que para uns existiu, e para outros não
passa de uma lenda.
“Registros históricos dão conta de que Joana ocupou o
trono papal durante dois anos, cinco meses e quatro dias, tendo
sido aclamada pelos bispos e pelo povo de Roma, em 855. A ela
se deve a fundação do Vaticano, que engloba toda a área entre o
castelo de Santo Ângelo e a basílica de São Pedro, além de muitas
casas e outras obras... o fato teria ocorrido por volta de 851, quando ela então, com o nome de João, o Anglicano, exercia a função
de cardeal. O verdadeiro nome da papisa era Gilberta, nascida em
Mogúncia... e teria quarenta e nove anos quando chegou à elevada
o
posição de papa com o nome de João VIII”.izaçã
l
a
Abraão de Almeida
erci
As Cruzadas
ibi
Pro
m
co
a
a
d
Um grande movimento da Idade Média foram as CRUZADAS, que se iniciou por volta do ano 1000 d.C. e perdurou por
trezentos anos. Com o aumento das peregrinações à terra santa
na esperança de que o retorno de Cristo ocorreria naquele ano,
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os peregrinos passaram a ser roubados e até mortos pelos maometanos, promovendo indignação em toda Europa. Dado esse
fato, o papa Urbano II foi inquirido pelo imperador Aleixo (oriente) de enviar guerreiros a fim de ajudá-lo e libertar a terra santa
das mãos dos maometanos, onde nasceu então a primeira cruzada
em 1095 d.C, no Concílio de Clermont.
Houve inúmeras cruzadas realizadas pela Igreja Papal
com o intento de libertar a terra santa do poder dos maometanos,
contudo promoveram apenas guerras, e incitou o ódio de muitos
povos contra os cristãos. As principais foram apenas sete, que diga
se de passagem, não obtiveram êxito em seus intentos:
a)
– Urbano II em 1095 d.C.;
b)
– Clairveaux, Luiz VII (França) e Conrado III, lideraram
um grande exército em socorro dos lugares santos, para reforçar o
domínio ocidental de Jerusalém, que perdurou até 1187 d.C.;
c) Frederico Barbarroxa, Felipe Augusto, e Ricardo I
(“coração de leão”) de 1188 a 1192 d.C.;
d)
– A quarta cruzada realizada entre 1201 a 1204, foi um
verdadeiro fracasso, devido os grandes prejuízos causados a igreja;
e)
– O excomungado Frederico II liderou um exército até
a Palestina em 1228 d.C. coroando a si mesmo como rei de Jerusalém;
f)
– Luiz IX (França) em 1248 a 1254 d.C.;
g)
– Luiz IX (França) e Eduardo (Inglaterra) emo1270 a 1272
çã
d.C.;
liza
cia
er
com
A Apostasia e Idolatria inseridas
a a nos cultos
id
roib
P
O início do período medieval reporta-nos a decadência na
vida e na comunhão da Igreja. Nesse tempo o papa já exercia total
domínio sobre ela, que passou a ceder às exigências dos cidadãos
romanos como as práticas dos seus antigos rituais: festas, dogmas
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e tradições, tornando o cristianismo uma religião quase pagã. A
igreja passou a receber imagens de santos, que eram cultuados em
suas reuniões, em especial da virgem Maria, “denominada” a mãe
de Deus e intercessora. Fazia-se oração pelos mortos, um costume
pagão. A liturgia do culto era uma missa, como faziam os pagãos.
Os sacramentos eram conhecidos como: batismo, matrimônio,
extrema-unção, eucaristia, penitência, confirmação e ordem. O
cumprimento dos sacramentos garantiria a salvação, segundo os
sacerdotes.
Havia-se na Igreja, especificamente entre o sacerdócio,
muitos escândalos. Eles eram acusados por negligenciarem seus
ofícios nas paróquias que dirigiam. Também eram acusados por
roubarem os cofres da Igreja.
A mistificação da Igreja nesse período, infelizmente, é inegável. Ela transformou-se numa terrível apostasia. Embora, uma
minoria ainda se mantinha em perfeita comunhão com Cristo.
O início da Reforma Religiosa – Uma luz na escuridão
Entre o século V e IX os genuínos cristãos, conhecidos como: Donatistas, Publicanos, Cátaros, Anabatistas, Paterinos, dentre outros, foram cruelmente perseguidos pelos cristãos
católicos. Pouca coisa realmente se sabe da história da Igreja nessa
fase, em virtude dessas circunstâncias em que vivia esses cristãos
genuínos. Esses irmãos possuíam parte de manuscritos
o sagrados,
ã
ç
a
que posteriormente foram alvos de aniquilação
da
Igreja papal,
liz
a
i
c
com o intento de inibir a dispersão
meder suas doutrinas.
o
c
Já nos séculos posteriores,
entre o século X a XIII surgida a
i
b
i
ram cinco grandes
movimentos
que
podemos denominá-los de
ro
P
movimentos da pré-reforma, são eles:
Os Albingenses. Surgiram no norte da Itália e sul da França por
volta do ano 1170 d.C. Aceitavam apenas o Batismo e a Santa Ceia
50
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como sacramentos eclesiásticos. A Bíblia era considerada a suprema autoridade, criticando o poder e a riqueza da Igreja Papal.
Inocêncio III mobilizou uma “cruzada” contra eles, desferindo
mortalmente quase toda a população da região.
Os Valdenses (1970 d.C.). Assim chamados por terem como cabeça um negociante de Lyon, na França, por nome de Pedro Valdo. Repugnava a missa, as orações pelos mortos e a doutrina do
purgatório. Incentiva a leitura das Escrituras, em especial o Novo
Testamento. Foram cruelmente perseguidos e expulsos da França.
Esse movimento se fortificou e ainda hoje constitui uma parte do
pequeno grupo de cristãos protestantes na Itália.
João Wyclif. Este iniciou um movimento na Inglaterra com o
propósito de libertação do poder romano e da reforma da igreja.
Wyclif nasceu em 1324, foi instruído na Universidade de Oxford,
tornando-se doutor em teologia e chefe dos conselhos que ministravam aquela instituição. Não reconhecia a autoridade do papa,
atacava os frades, era contrário a doutrina da transubstanciação,
era contrário também a divisão estrutural do sacerdócio na Igreja.
Para ele o modelo estava no Novo Testamento. Traduziu o Novo
Testamento que foi publicado em 1384, ano em que morreu. A
pregação e a tradução da Bíblia por Wyclif abriram se as portas
para a grande Reforma da Igreja.
ção
a
João Huss (1369-1415). Boêmio. Leitor a
dos
de Wyclif,
lizescritos
i
c
r
e
dando continuidade em suas doutrinas,
dando
ênfase
na
necessim
o
c
dade da libertação do poder
da apapal. Foi reitor da Universidade de
i
b
i
Praga. Propagourparte
P o de suas mensagens através de cartas, quando esteve afastado da sua cidade Praga, por ocasião de sua excomungação. Foi queimado em 1415 por ser considerado herege,
passado cem anos de morte nasceu Martinho Lutero.
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Jerônimo Savonarola (1452-1498). Um dos pregadores mais notáveis da história da Igreja. Suas mensagens abalavam as estruturas do inferno. Era considerado como um dos profetas do Antigo
Testamento. Ao ouvir dizer que ele ia pregar, a catedral se enchia
até transbordar de multidões desejosas de ouvi-lo. Às vezes suas
pregações causavam profundo medo e pavor, e por todos que o
ouviam era grandemente respeitado. Foi um proeminente reformador na cidade de Florença (Itália). Foi queimado na praça em
1498.
A Inquisição
A Inquisição chamada de a Santa Inquisição foi a instituição das mais desumanas, anticristãs e abomináveis estabelecida
pela igreja papal em vários países a partir do ano 1231 contra o
protestantismo. Esta foi a reposta da Igreja Romana para certos
movimentos populares contrários a ela e reformadores. Este tenebroso instrumento de perseguição religiosa contra os cristãos
genuínos matou milhares de pessoas em todo o mundo, não só
por questões de fé, mas, também, por pesquisa científica e racismo (judeus, árabes, e outros).
“Os tribunais do santo ofício fizeram de tudo para fulminar os discípulos da Reforma, os judeus e outros religiosos
dissidentes. Os suspeitos de heresias eram levados
o aos terríveis
ã
ç
a
tribunais eclesiásticos e, sem qualquer direito
aliz de defesa, eram suersecipossa imaginar”.
pliciados da maneira mais cruel m
que
co
a
a
ibid
“Este funesto
Pro tribunal (Inquisição), somente na Espanha,
em 18 anos levou à fogueira 10.200 e à infâmia 97.000 infelizes”.
Questionário
52
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Assinale com “X” a alternativa correta
26) – O poder temporal dos papas cresceu de tal forma na idade
média, que o poder da igreja neste período comparava-se ao do
antigo Império Romano, passando o próprio papa, a utilizar inclusive, títulos exclusivos da antiga autoridade imperial, como o
de:
___a. “maximus”.
___b. “pontiex-maximus”.
___c. “pontiex-cardeal”.
___d. “pontífice-universal”.
27) – Um dos pregadores mais notáveis da história da Igreja. Suas
mensagens abalavam as estruturas do inferno. Era considerado
como um dos profetas do Antigo Testamento:
___a. João Huss.
___b. Wyclif.
___c. Pedro Valdo.
___d. Savonarola.
ção
A Reforma Protestante
liza
a
i
c
er
m
co
a
a
d
A Renascença roibi
P grandes forças que conduziu a Reforma Protes
Uma das
tante, e a ajudou a progredir foi o movimento chamado RENASCENÇA, também conhecido como o despertar da Europa para
um novo interesse pela literatura, artes, ciências, na busca pela
transformação dos métodos medievais para os modernos.
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A Renascença surgiu não com o caráter de um movimento
religioso, mas com o caráter da literatura. Seus líderes não eram
sacerdotes nem monges, mas leigos que moravam na Itália, onde
teve início. Os motivos que culminaram no seu surgimento foram:
o colapso do poder imperial, e o enfraquecimento do poder papal.
Nesse período foi descoberta a IMPRENSA, por João
Gutemberg (1455) em Mogúncia, no Reno, que se tornou um
forte aliado da Reforma que ainda estava para chegar. O primeiro
livro que Gutemberg imprimiu foi a Bíblia.
A Renascença preparou o espírito da reforma e da independência (nacionalista) em toda Europa. Abriu o caminho para
a tradução e circulação da Bíblia despertando a sua leitura entre o
povo. Com isso a massa se convenceu de que a Igreja Papal estava
em contradição com os ensinos do Novo Testamento. Tudo isso
abriu o caminho para a Reformada Protestante liderada por Martinho Lutero.
O Reformador Martinho Lutero
São poucos os heróis da fé que durante a história do cristianismo têm sido examinados tanto como Martinho Lutero. Para
muitos católicos e céticos, Lutero é o “bicho-papão que destruiu a
unidade da igreja, a besta selvagem que pisou na vinha do Senhor,
um monge renegado que se dedicou a destruir as bases da vida
monástica”. Para outros, no entanto, ele é o grande reformador
de uma igreja corrompida, o grande herói que fez voltar,
uma vez
o
ã
ç
a
mais, a pregação do evangelho puro.
iz
cial sua obra, uma coisa
Ao estudar a vida de Luteroeertambém
m
coreforma
fica bem clara: a tão esperada
se produziu, não porque
a
a
d
i
Lutero ou outraropessoa
ib se havia proposto a isso, mas porque ele
P
chegou no momento oportuno e porque nesse momento o Reformador, e muitos outros junto dele, estiveram dispostos a cumprir
sua responsabilidade histórica.
Segundo a tradição, João Huss na hora de seu martírio
disse aos espectadores aos gritos a seguinte frase:
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“Podem matar o ganso (que significa “huss” em sua língua), mas daqui a cem anos surgirá um cisne que não poderão
queimar”.
Segundo a história, cem anos após a morte de João Huss,
Lutero nasceu, no dia 10 de novembro em 1483, em Eisleben, Alemanha, onde seu pai, de origem camponesa, trabalhava nas minas.
Sua infância não foi feliz, porque seus pais foram extremamente
duros com ele e, muitos anos mais tarde, ele mesmo contava com
amargura alguns dos castigos que lhe tinham sido impostos. Suas
primeiras experiências no colégio não foram melhores, pois também posteriormente se queixava de como o tinham golpeado por
não saber suas lições. Se bem que não se deva exagerar em tudo
isso, não resta dúvida que essas situações deixaram marcas permanentes no caráter do jovem Martinho.
Sua primeira vocação
Em julho de 1505, pouco antes de completar os 22 anos de
idade, Lutero ingressou no mosteiro agostiniano de Erfurt. Tempos depois, ele mesmo revelou que os rigores do seu lar o levaram ao mosteiro. Por outro lado, seu pai havia decidido que seu
filho se tornasse um advogado e fazia grandes esforços para lhe
o
dar uma educação adequada a essa carreira. Lutero
açãnão queria ser
z
i
l
advogado e, portanto, é muito possívelrque,
ciaainda sem saber, havia
e
m
interposto a vocação monástica
coentre seus próprios desejos e os
a
a
d
projetos de seu pai,ique
o bi se mostrou profundamente irado ao receber notícias P
dor ingresso de Martinho no mosteiro e demorou
muito tempo para perdoá-lo. Mas para Lutero, a vida presente
não parecia ser mais que uma preparação e prova para a vida vindoura. Logo seria tolice dedicar-se a ganhar prestígio e riquezas
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no presente, mediante a advocacia, e descuidar do futuro. Lutero
entrou no mosteiro como fiel filho da igreja, com o propósito de
utilizar os meios de salvação que a igreja lhe oferecia e dos quais o
mais seguro lhe parecia ser a vida monástica.
Muitas vezes se tem dito entre os protestantes que Lutero
não conhecia a Bíblia e que foi, no momento de sua conversão, ou
pouco antes, que começou a estudá-la, mas isso não é certo. Como
monge que tinha de recitar as horas canônicas de oração, Lutero
sabia o Saltério de memória. E além disso, em 1512 ele obteve seu
doutorado em teologia e, para tanto, teria que ter estudado as Escrituras.
O que é certo é que quando se viu obrigado a preparar
conferências sobre a Bíblia, Lutero começou a ver nela uma possível resposta para suas angústias espirituais. Em meados de 1513,
começou a dar aulas sobre os Salmos. Este foi o princípio de sua
grande descoberta.
Uma grande descoberta
A grande descoberta veio provavelmente em 1515, quando
Lutero começou a dar conferências sobre a epístola de Romanos,
pois ele mesmo disse, depois, que foi no primeiro capítulo dessa
epístola onde encontrou a resposta para as suas dificuldades. Essa
resposta não veio facilmente. Não ocorreu simplesmente que,
num bom dia, Lutero abriu sua Bíblia no primeiro
o capítulo de
açãfé”. Segundo ele
z
i
Romanos e descobriu ali que “o justo viverá
pela
l
ia
rcprecedida
e
mesmo conta, a grande descoberta
foi
por uma grande
m
o
cpois
a
luta e uma amarga angústia,
a
epístola
aos
Romanos
(1.17)
da
i
b
i
começa dizendo
Proque: “no evangelho a justiça de Deus se revela”.
Segundo este texto, o evangelho é a revelação da justiça de Deus.
E era precisamente a justiça de Deus que Lutero não podia tolerar.
Se o evangelho fosse a mensagem de que Deus não é justo, Lutero
não teria tido problemas. Porém este texto relaciona indissoluvelmente a justiça de Deus com o evangelho. Segundo Lutero conta,
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ele odiava a frase “a justiça de Deus” e esteve meditando nela dia
e noite para compreender a relação entre as duas partes do versículo que começa afirmando que “no evangelho a justiça de Deus
se revela” e conclui dizendo que “o justo viverá pela fé”.
A resposta foi surpreendente. Em consequência, continua
comentando Lutero sobre sua descoberta, “senti que havia nascido de novo e que as portas do paraíso me haviam sido abertas.
As Escrituras todas tiveram um novo sentido. E a partir de então
a frase “a justiça de Deus” não me encheu mais de ódio, mas se
tornou indizivelmente doce em virtude de um grande amor”.
Sua visita a Roma
Quando esteve visitando Roma, sofreu uma terrível decepção com a imoralidade a que a cidade, sede do cristianismo,
estava entregue, principalmente os clérigos. Suas convicções acerca da estrutura da instituição a que pertencia começaram a ruir,
e a doutrina da justificação pela fé, foi se consolidando em seu
coração à medida que mergulhava no estudo do Novo Testamento, principalmente das epístolas pastorais e doutrinárias, ouvindo
através das mesmas a doce voz do Espírito Santo “Todavia, o meu
justo viverá da fé...” Hb. 10.38, Rm. 5.1, Gl. 2.16-21, etc. No famoso concílio de Latrão, realizado em 1516, exortou os líderes e
sacerdotes, buscando conscientizá-los da necessidade de viverem
de acordo com a moral cristã, por eles proclamada
çãoverbalmente,
a
z
i
l
mas longe de praticá-las, comprometendo
cia assim a credibilidade
do Evangelho com suas atitudesodevassas.
mer
ac
a
d
i
ib
As Indulgências
Peroas 95 teses
Se não fosse a pregação imoral e profana da Igreja Romana, as indulgências, defendida e propagada e comercializada pelos
mensageiros do papa Leão X, diz-se que a Reforma não teria surProibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém
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gido tão rápido na Alemanha, tornando-se um brado de revolta,
que logo se estenderia por muitos países. Lutero perdeu a paciência com esta pregação que proclamava as “indulgências” como
meio de salvação, afixando na porta da Catedral de Wittemberg,
suas famosas 95 teses, onde expunha os contrastes da Bíblia com a
Igreja Romana.
“O ouro é o tesouro, e aquele que o possui tem tudo de que
se necessita no mundo, como ele tem também o meio de resgatar
as almas do purgatório e de as chamar ao paraíso”
Cristóvão Colombo se referindo às Indulgências
Segundo a Igreja Católica, define-se que doutrina das indulgências significa “remissão das penas temporais merecidas
pelo pecador, em todo ou em parte, fora da confissão”. Observe
abaixo parte de um texto apresentando o perdão ao pecador que
comprasse as indulgências:
“Que o nosso Senhor Jesus Cristo, tenha misericórdia
convosco e vos absolva pelos méritos de sua santíssima paixão.
E eu, pela sua autoridade e a dos seus santos apóstolos Pedro e
Paulo, pela sua autoridade e a do santíssimo Papa, dada a concedida a mim nestas partes, vos absolvo, primeiramente de todas as
censuras eclesiásticas, seja qual for o modo que incorrestes nelas;
depois de todos os vossos pecados, transgressões
çãoe excessos, por
a
z
i
l
enormes que sejam, mesmo dos que csão
iareservados para o conrestendam
e
hecimento da Santa Sé, e até onde
se
as chaves da santa
m
co
a
igreja. Eu vos remitoitodas
a as penas... de sorte que quando morib dficará em força ampla quando estiverdes ao
o
rerdes logo, esta
graça
r
P
pondo de morrer. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.
As indulgências foram inventadas no século XI, por São
Tomaz de Aquino, conforme ensina a tradição. Contudo no sécu58
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lo XVI, o Papa Leão X, devido à grande necessidade de obter uma
elevada soma de dinheiro para completar as obras do templo de
S. Pedro em Roma, contratou hábeis pregadores para comercializar o produto que assegurava salvação e total perdão dos pecados. Dentre esses, destacou-se João Tetzel, que em nome do papa
percorreu a Alemanha vendendo as cartas (indulgências), assinadas pelo pontífice, as quais, dizia, possuíam o poder de conceder
o perdão de todos os pecados, não só aos possuidores da carta,
mas também aos amigos, em cujos nomes fossem compradas e até
mesmo dos parentes mortos. Tetzel bradava:
“Padres, nobres, mercadores, esposas, rapazes, moças, ouvi
vossos pais e amigos já mortos, gritando-vos ao abismo profundo.
‘ Nós estamos sofrendo um martírio terrível. Uma pequena esmola poderia salvar-nos; vós podeis dá-la e, contudo não quereis
fazer! ’ Ouvi esses gritos... Como sois surdos e desleixados! Com
uma significante quantia podeis livrar o vosso pai do purgatório,
e, apesar disso, sois tão ingratos que não comprais a sua liberdade! No dia do juízo sereis castigados tanto mais severamente
por terdes desprezado tão grande salvação. Vinde e eu vos darei
cartas munidas de selos, pelas quais todos os vossos pecados vos
serão perdoados, mesmo os que desejais cometer no futuro... As
indulgências salvam não só os vivos, mas também os mortos. E
apenas a moeda tino no fundo do cofre, vossa alma será libertada
do purgatório para o Céu”.
ção
iza
al
erci
Tetzel garantia que as indulgências
que vendiam deixava o
com
a
a
pecador “mais limpo do
que
saíra
do
batismo”,
ou “mais limpo do
id
b
i
o
r
que Adão antesPde cair”, que “a cruz do vendedor de indulgências
tinha tanto poder como a cruz de Cristo”.
“Que magnífica religião a dos papas! Que religião tão cô-
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moda, desde o dia em que o ‘seráfico’ doutor Tomaz pôde descobrir o tesouro dos méritos dos santos! Podem pecar à vontade;
isto é, roubar, assassinar, adulterar, pois que, tendo dinheiro para
remir essas transgressões das leis divinas e humanas, dinheiro que
chegue para fazer saltar a mola de tal tesouro dos papas, está garantida a impunidade e regido o salvo-conduto de outros dias de
maiores crimes. As indulgências são a feira franca e permanente
da igreja: ela vende tudo. Vende o infame batismo, ao pecador
o perdão, ao amante direito de se casar, ao defunto a missa de
réquiem; vende orações, rosários, bentinhos, relíquias, amuletos.
O altar é um grande balcão, o papa o grande usuário. Os escribas
eram menos perversos, pois que os papas nem sequer se podem
chamar como Cristo chamou àqueles: sepulcros branqueados.”
Sanctis, L
Desde então Lutero, o Cisne que acreditava na justificação
pela fé, redigiu um discurso que foi lido possivelmente no Concílio de Latrão, Roma, em 1516. Afirmando que:
“A maior e primeira de todas as preocupações – ah, se eu
pudesse inscrever com letra de fogo em vossos corações! É que os
ministros, antes de tudo, tragam ricamente a palavra da verdade.
O globo terrestre está repleto, sim, repleto até em profusão como
toda imundícia possível de doutrina. O povo é submetido a tantas
leis, a tantas opiniões de homens, sim, até mesmo a matérias suão ensinando
persticiosas; é inundado por eles – não se pode
açdizer:
z
i
l
a
– de modo que a palavra da verdade
nem sequer
rcipraticamente
e
m
o
mais sussurra, sim, em muitos
a c lugares, nem sequer mais isso. O
a
d
i
que pode aí nascer,
roibse é concebido com palavras de homens, e não
com a PalavraPde Deus?! Como a palavra, assim o nascimento, assim o povo”
Para Lutero, o estado apóstata da Igreja era fruto das inconseqüências papais, ou lideranças da Igreja Católica. Tal a men60
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sagem, tal seria o povo, tal o ensinamento, tal seria o princípio do
povo. A Palavra de homens, segundo ele, produziu um povo decadente e apóstata, ao contrário do que poderia produzir a Palavra
de Deus.
“Portanto permaneça firme esta tese: a igreja não nasce
nem pode resistir segundo sua essência, a não ser que seja através
da Palavra de Deus, pois assim está escrito: ‘Ele nos gerou pela
Palavra da Verdade’, Tg 1.18”.
Lutero, indignado com as indulgências e ensinos papais,
e tendo esgotados todos os meios de frear esse comércio atroz,
afixou suas famosas noventa e cinco teses na porta da igreja do
castelo de Wittemberg. Essas teses, escritas em latim, não tinham
o propósito de criar uma comoção religiosa. Para Lutero, se era
verdade que o papa tinha poderes para tirar uma alma do purgatório, tinha que utilizar esse poder, não por razões tão vulgar
como a necessidade de fundos para construir uma igreja, mas
simplesmente por amor, e assim fazê-lo gratuitamente (tese 82). E
ainda mais, o certo é que o papa deveria dar do seu próprio dinheiro aos pobres de quem os vendedores de indulgências tiravam,
mesmo que para isso tivesse que vender a Basílica de São Pedro
(tese 51).
Lutero deu a conhecer suas teses na véspera da festa de
Todos os Santos, e seu impacto foi tal que frequentemente
o se maraçã da reforma
z
i
ca essa data, 31 de outubro de 1517, como
o
começo
l
rciaum grande número de
e
protestante. Os impressores produziram
m
co por toda a Alemanha, tanto no
a
cópias das teses e as distribuíram
a
id
original latino,Pcomo
roibem tradução alemã. O próprio Lutero havia
mandado uma cópia a Alberto de Brandeburgo, acompanhada
com uma carta muito respeitosa. Alberto enviou as teses e a carta
para Roma, pedindo a Leão X que interviesse. O imperador Maximiliano se encolerizou diante das atitudes e dos ensinos daquele
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“monge impertinente”, e também pediu a Leão X que interviesse.
Lutero é perseguido pelo papa
A resposta do papa foi pôr a questão debaixo da jurisdição dos agostinhos, cuja próxima reunião capitular, teria lugar
em Heidelberg, e Lutero foi convocado. Para lá foi nosso monge,
temendo por sua vida, pois se dizia que seria condenado e queimado. Porém para grande surpresa sua, muitos dos monges se
mostraram favoráveis a sua doutrina. Alguns dos mais jovens
acolheram entusiasticamente. Em consequência, Lutero regressou
a Wittemberg fortalecido pelo apoio de sua ordem e feliz por haver ganhado vários conversos para sua causa.
O papa então tomou outro caminho. Em breve enviaria
Cajetano, para se entrevistar com Lutero e o obrigar a retratar-se.
Se o monge se negasse, deveria ser levado prisioneiro a Roma.
O leitor Frederico, o Sábio da Saxônia, obteve do imperador Maximiliano um salvo-conduto para o frade, a quem se dispôs a ajudar em Augsburgo, mesmo sabendo que pouco mais de
cem anos atrás e, em circunstâncias muito parecidas, João Huss
tinha sido queimado em violação a um salvo-conduto imperial.
A entrevista com Cajetano não produziu o resultado desejado. O cardeal se negava a discutir com o monge e exigia sua
renúncia. O frade, por sua vez, não estava disposto a retratar-se,
se não fosse convencido de que estava errado. Quando
o por fim se
açãarrastá-lo, ainda
z
i
inteirou de que Cajetano tinha autoridade
para
l
rcia abandonou a cidade
e
que em violação do salvo-conduto
imperial,
m
a co regressou a Wittemberg e apelou
às escondidas no meiodda
noite,
a
i
a um concílioPgeral.
roib
Durante todo este período, Frederico, não protegia Lutero
porque estava convencido de suas doutrinas, mas sim porque lhe
pareceu que a justiça exigia um julgamento correto. A principal
preocupação de Frederico era ser um governante justo e sábio.
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Com esse propósito fundou a Universidade de Wittemberg, onde
muitos dos professores lhe diziam que Lutero tinha razão, e que
se enganavam aqueles que o acusavam de heresia. Pelo menos, enquanto Lutero não fosse condenado oficialmente, Frederico estava
disposto a evitar que se cometesse com ele uma injustiça semelhante a que havia acontecido no caso de João Huss.
Lutero sofre ameaças
Na bula Exsurge domine, Leão X declarou que um javali
selvagem havia penetrado na vinha do Senhor e ordenava que os
livros de Martinho Lutero fossem queimados, e dava ao monge
rebelde sessenta dias para submeter-se à autoridade romana, sob
pena de excomunhão e anátema.
A bula demorou muito tempo para chegar às mãos de Lutero, pois as circunstâncias políticas eram sobremodo complexas.
Em vários lugares, ao receber cópias da bula, as obras do Reformador foram queimadas. Porém em outros, alguns estudantes e outros partidários de Lutero, preferiram queimar algumas das obras
que se opunham ao movimento reformador. Quando enfim a bula
chegou às mãos de Lutero, este a queimou, junto com outros livros
que continham as doutrinas papistas. O rompimento era definitivo e não havia modo de se voltar atrás.
ção
liza
a
i
c
er
Lutero em Worms rompe com o Império
m
Quando Lutero chegoucaoWorms,
foi levado diante do Ima
a
perador e vários dos
personagens do Império. Quem
id
ibprincipais
Pro de interrogá-lo lhe apresentou um montão de
estava encarregado
livros e lhe perguntou se os havia escrito. Depois de examiná-los,
Lutero confirmou que os havia escrito todos e vários outros que
não estavam ali. Então seu interlocutor lhe perguntou se continuava sustentando tudo o que havia dito neles ou se estava disposto
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a retratar-se de algo. Este era um momento difícil para Lutero, não
tanto porque temia o poder Imperial, mas porque temia sobremaneira a Deus. Atrever-se a se opor a toda a igreja e ao Imperador,
que tinha sido ordenado por Deus, era um passo temerário. Uma
vez mais o monge temeu diante da majestade divina e pediu um
dia para considerar sua resposta.
No dia seguinte, correu a notícia de que Lutero compareceria diante da dieta e a assistência foi grande. A presença do
Imperador em Worms, rodeado de soldados espanhóis que abusavam do povo, havia exacerbado ainda mais o sentimento nacional.
Uma vez mais, em meio ao maior silêncio, se perguntou a Lutero
se retratava. O monge respondeu dizendo que o que havia escrito
não era mais que a doutrina cristã que tanto ele como seus inimigos sustentavam, e, portanto ninguém deveria pedir-lhe que se
retratasse daquilo.
Seu interlocutor insistiu: “Retratas-te, ou não?” E Lutero
lhe respondeu, em alemão, desdenhando, portanto, o latim dos
teólogos: “Não posso nem quero retratar-me de coisa alguma, pois
ir contra a consciência não é justo nem seguro. Deus me ajude.
Amém”.
Ao queimar a bula papal, Lutero havia rompido definitivamente com Roma. E agora em Worms, rompia com o Império.
Não lhe faltavam razões suficientes para clamar: “Deus me ajude”.
Seu objetivo inicial não era o rompimento com a Igreja
o
Romana, mas antes reformá-la espiritual e zmoralmente,
todavia
açã
i
l
a
i
Deus tinha planos mais excelentes erac reação do papa foi de tomdee Lutero, que determinou sua
o
tal indignação à atitude ousada
c
da aaconvocação de um tribunal religioso
disciplina imediata
com
i
b
i
ro na Alemanha, com o intuito de condenána cidade dePWorms
lo ao mesmo destino de seus antecessores. Lutero, contrariando
seus amigos, que temiam por sua vida afirmou: “Com a ajuda do
Senhor Jesus Cristo, estou resolvido a nunca fugir do campo, nem
abandonar a Palavra de Deus”. Chegando a Frankfurt os boatos
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de que o imperador o abandonaria à própria sorte, como, fez o
imperador Sigismundo com João Huss, Lutero reafirma sua confiança no poder de Deus e afirma: “Ouvi dizer que Carlos V, publicou um edito com o fim de me aterrorizar. Mas Cristo vive; e
havemos de entrar em Worms ainda que as portas do inferno, ou
todos os poderes das trevas se oponham”, nessa ocasião compôs o
mais antigo hino evangélico, ainda hoje conhecido: “Castelo Forte
é o Nosso Deus”.
Lutero, debaixo de forte pressão psicológica, tendo o
próprio imperador Carlos V, comparecido ao seu julgamento em
Worms, silenciou seus opositores e causou forte comoção popular,
devido à sua intrepidez e força de seus argumentos bíblicos, concluindo sua defesa da seguinte forma:
“Visto que vossa majestade e vós poderosos senhores me
exigem uma resposta clara, simples e precisa, dar-vo-la-ei, assim:
Não posso submeter a minha fé, nem ao papa, nem aos concílios,
porque é claro como o dia, que eles muitas vezes têm caído em
erro, até nas mais palpáveis contradições, com eles próprios. Se,
portanto, não me convencerdes pelo testemunho das escrituras, se
não me persuadirdes pelos próprios textos que tenho citado, libertando assim a minha consciência por meio da Palavra de Deus, eu
não posso, nem quero retratar-me, porque não é seguro para um
cristão falar contra a sua consciência”.
o
ã
izaç
l
a
i
Em seguida, ele foi excomungado
erc em plena praça pública.
m
o
c
Mas apoiado por seus alunos,
e o povo em geral, queimou
a nobres
a
d
i
a bula de sua excomunhão
e declarou publicamente a ilegitimiroib
dade do papa P
para tal atitude, iniciando assim o glorioso movi-
mento da Reforma, que recebeu o nome de “Reforma Protestante”,
e que mudou de uma vez por todas a história da humanidade.
Seus seguidores passaram a ser chamados de “luteranos” e a igreja luterana foi assim a primeira igreja evangélica após a reforma
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protestante.
Em 18 de fevereiro de 1546 faleceu Lutero em Eisleben,
local onde nasceu. Morreu com a certeza de que a Reforma na
Alemanha já estaria vitoriosamente estabelecida.
Questionário
Marque “C” para certo e “E” para errado
___ 28) – Uma das grandes forças que conduziu a Reforma Protestante, e a ajudou a progredir foi o movimento chamado RENASCENÇA.
___ 29) – Nesse período foi descoberta a IMPRENSA, por João
Gutemberg (1455) em Mogúncia, no Reno, que se tornou um
forte aliado da Reforma que ainda estava para chegar. O primeiro
livro que Gutemberg imprimiu foi a Bíblia.
___ 30) – Segundo a história, dez anos após a morte de João Huss,
Lutero nasceu, no dia 10 de novembro em 1393, em Eisleben, Áustria, onde seu pai, de origem camponesa, trabalhava nas minas.
___ 31) – As indulgências foram inventadas no século XXI, pelo
o
papa João Paulo II, conforme ensina a tradição.
açã
iz
cial
r
e
___ 32) – Lutero deu a conhecer
comsuas teses na véspera da festa de
a
a
Todos os Santos, e seu
foi tal que frequentemente se marbidimpacto
i
o
r
ca essa data, P
31 de outubro de 1517, como o começo da reforma
protestante.
66
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Pastor Moisés Carneiro
Lição 4
A expansão da Reforma e a Contra-Reforma
Dado o mesmo período que Martinho Lutera labutava
com ardor na defesa da justificação do homem pela fé, pregada
em suas teses, outros grandes homens proclamavam a mesma
verdade em suas nações. Dentre os quais se destacaram Zwínglio,
Calvino e Tyndale.
Zwínglio e a Reforma na Suíça
Zwínglio, o reformador suíço, nasceu em janeiro de 1484,
quase dois meses depois que Lutero, em uma pequena aldeia
suíça. Foi educado nas Universidades de Viena e Basiléia. Quando
recebeu seu título de Mestre em Artes, em 1506, deixou os estudos
formais para ser sacerdote na aldeia de Glarus.
Assumiu sua primeira paróquia em Glarus, de onde deu
continuidade em seus estudos. No ano de 1516 tomou emprestado o Novo Testamento, copiando as cartas paulinas o
para fazer esã
ç
a
tudos mais acurados.
iz
cialda cidade de Zurique
r
Quando por fim chegou a ser
cura
e
om sobre as verdades bíblicas.
em 1518, Zwínglio começouaacpregar
a
Em 1522 publicou
um
livro onde mencionou o seu rompimento
ibid
o
r
com o papado.P
Assim o prestígio de Zwínglio em Zurique foi grande. Quando
alguém chegou vendendo indulgências, ele conseguiu que o governo o expulsasse.
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67
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Lutero estava motivando uma imponente revolução na
Alemanha, justamente naquela mesma época, confrontando o
então, Imperador em Worms. E assim os inimigos de Zwínglio
começaram a dizer que suas doutrinas eram as mesmas do alemão.
Mais a frente, o próprio Zwínglio diria que, antes de ter conhecido
as doutrinas de Lutero, havia chegado a conclusões semelhantes
com base em seus estudos bíblicos. Assim, percebe-se aqui não
um resultado direto da obra de Lutero, mas sim de uma reforma
paralela à da Alemanha, que logo começou a estabelecer contatos
com ela, cuja origem, porém era independente.
A primeira divisão entre evangélicos
O termo Protestante surgiu depois do histórico protesto
de Espira (1529). Quando então, se percebeu a necessidade de que
logo teriam os protestantes de defender a sua fé. Dado a essa necessidade, Zwínglio e Lutero se reuniram em uma conferência, no
mesmo ano, como o propósito de se unirem e formarem uma liga.
Embora mantivessem uma mesma linha de pregação e de doutrina, descobriu-se, contudo uma divergência entre eles. O desfecho
da reunião ao invés de uni-los mais, acabou por ocasionar uma
ruptura entre ambos.
A divergência concentrou-se em apenas uma das quinze
questões elaboradas para a conferência. Chocaram-se na questão
doutrinária da Santa Ceia. Lutero dizia: “o verdadeiro
o corpo e o
ã
ç
a
verdadeiro sangue de Cristo eram recebidos
pelos
comungantes
liz
a
i
c
ao lado do pão e do vinho”. Entretanto,
mer Zwínglio dizia que o “saco
c
ramento era um memorial
da ada morte do Senhor e que a Sua prei
b
i
sença é unicamente
espiritual.
Pro
Em 1531, depois de prestar um excelente trabalho na
reforma protestante em seu país, Zwínglio morreu após ser ferido
mortalmente numa batalha entre os cantões católico-romanos e
protestantes.
68
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Questionário
Marque “C” para certo e “E” para errado
___ 33) – Zwínglio, o reformador suíço, nasceu em janeiro de
1484, quase dois meses depois que Lutero, em uma pequena aldeia suíça.
___ 34) – O termo Protestante surgiu depois do histórico protesto
de Espira (1529). Quando então, se percebeu a necessidade de que
logo teriam os protestantes de defender a sua fé.
João Calvino e a Reforma em Genebra
João Calvino que pertenceu a segunda geração da Reforma é considerado por muitos como o maior teólogo da igreja, depois de Agostinho (bispo de Hipona). Nasceu na pequena cidade
de Noyon, na França, em 10 de julho de 1509, quando Lutero, aos
26 anos de idade, já havia ditado suas primeiras conferências na
universidade de Wittemberg. Seu pai pertencia à classe média da
cidade e trabalhava, principalmente, como secretário do bispo e
procurador da biblioteca da catedral. Com esses recursos, o jovem
o
Calvino foi estudar em Paris.
açã
z
i
l
A discussão teológica que tinha clugar
ia nos seus dias levour
e
m
o a conhecer as doutrinas de Wyclif,
co Huss e Lutero. Porém, seguna
a
do ele mesmo disse: “estava
obstinadamente
atado às superstições
id
b
i
o
r
do papado”. Em
P1529, completou seus estudos em Paris, ao obter
o grau de Mestre em Artes, e decidiu dedicar-se à jurisprudência.
A Conversão de Calvino
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69
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É desconhecida a razão que levou Calvino a abandonar
a fé católica. Todavia, o mais provável parece ser que, no meio
do círculo de humanistas que frequentava e através de seus estudos das Escrituras e da antiguidade cristã, Calvino chegou à convicção de que teria de abandonar a comunhão romana e seguir o
caminho dos protestantes.
Em 1533, dois anos após a morte de seu pai, Calvino se
converteu ao protestantismo. Um ano depois, fugiu com um
grupo de convertidos para Basiléia, por causa de uma terrível
perseguição.
As Institutas da Religião Cristã
Surgia, então mais um notável reformador: Calvino. Ele
dedicou-se ao estudo das obras literárias. Seu propósito, a princípio, não era de modo algum chegar a ser um dos líderes da Reforma, mas sim encontrar um lugar tranquilo onde pudesse estudar
as Escrituras e escrever sobre a nova fé. Pouco antes de chegar
a Basiléia, havia escrito um breve tratado sobre o estado intermediário dos mortos. Segundo ele encarava sua própria vocação,
sua tarefa consistiria em escrever outros tratados como esse, que
serviriam para aclarar a fé da igreja numa época de tanta confusão.
o
A mais famosa obra que Calvino escreveu
açã foi o manual
z
i
l
ao qual deu o título de Institutas da Religião
cia Cristã, publicado no
r
e
m
ano de 1535.
co
da a
i
b
i
O Reformador
Prdeo Genebra
Passados três anos em Basiléia, Calvino rumou para Genebra (1536), onde a situação nessa cidade era confusa. O clero, em
70
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geral de escassa instrução e menor convicção, simplesmente havia
seguido ordens do governo de Genebra quando este decidiu abolir a missa e optar pelo protestantismo. Isto tinha ocorrido poucos
meses antes da chegada de Calvino a Genebra e, portanto, os missionários procedentes de Berna, cujo chefe era Guilherme Farel,
se encontravam à frente da vida religiosa de toda uma cidade e
carentes de pessoal necessário.
Calvino chegou a Genebra com a intenção de não passar
ali mais que um dia e prosseguir seu caminho para Estrasburgo.
Porém alguém avisou a Farei que o autor das Institutas se encontrava na cidade, e assim se produziu uma entrevista inesquecível,
que o próprio Calvino nos conta.
Guilherme Farel, que “ardia com um maravilhoso zelo
pelo avanço do evangelho”, apresentou a Calvino várias razões pelas quais precisava de sua presença em Genebra. Calvino escutou
atentamente seu interlocutor, uns quinze anos mais velho que ele,
porém se negou a aceitar seu rogo, dizendo-lhe que tinha projetado certos estudos e que não lhe seria possível terminá-los na situação em que Farei descrevia. Quando por fim, Farel tinha esgotado todos seus argumentos, sem conseguir convencer ao jovem
teólogo, apelou ao Senhor de ambos e insurgiu contra o teólogo
com voz estridente: “Deus amaldiçoe teu descanso e a tranquilidade que buscas para estudar, se diante de uma necessidade tão
grande te retiras e te negas a prestar socorro e ajuda”.
Diante de tal imprecação, nos conta Calvino:
ão “essas palaizaç da viagem que
vras me espantaram e me quebrantaramia
e ldesisti
erac carreira de João Calvino
tinha empreendido”. E assim começou
m
o
ac
como reformador de Genebra.
a
d
i
oib viu cumprir-se um dos seus sonhos, ao
Em 1559,
PrCalvino
ser fundada a Academia de Genebra, sob a direção de Teodoro de
Beza, que depois sucedeu Calvino como chefe religioso da cidade.
Naquela academia, se formou a juventude genebrina segundo os
princípios calvinistas. Mas seu principal impacto se deve a que
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nela cursaram estudos superiores pessoas procedentes de vários
outros países, que depois levaram o calvinismo a eles.
Os resultados das obras de Calvino em Genebra foram: a
vida moral da cidade se tornou um exemplo do que o poder da
fé reformada poderia fazer; a cidade de Genebra se tornou um
refúgio para os protestantes reformadores que eram perseguidos
em seus países, vindo principalmente da Holanda, Alemanha, Escócia e Inglaterra; na sua academia e no ambiente da cidade foram
instruídos ministros piedosos e corajosos, dentre eles o reformador escocês João Knox, que se espalharam como missionários da
reforma por países que ainda não havia entrado.
Guilherme Farel, que havia se dedicado a prosseguir a
obra reformadora em Neuchâtel, foi ver seu amigo pela última
vez. Calvino morreu em Genebra, Suíça, a 27 de maio de 1564.
Os seguidores de Calvino se dividiram em duas correntes
principais:
A Calvinista: corrente que exalta à onipotência divina a escolha e
seleção antecipada dos que hão de ser salvos.
A Arminiana: corrente que destaca à onisciência divina o conhecimento antecipado, dos que hão de ser salvos, por sua própria
iniciativa, não influenciando, todavia em sua decisão.
o
açã
z
i
l
a
A reforma logo se expandiu
apesar de muitas
rnaciFrança,
e
m
o
c
perseguições. O movimento
e se fortaleceu na luta, não só
a cresceu
a
d
i
para expandir o verdadeiro
Evangelho, mas também para alcançar
ib
Pro
Os huguenotes
a liberdade religiosa. Dado o contínuo crescimento do protestantismo, a igreja católica, não se achou satisfeita, e incitou Carlos IX
atacar esses cristãos, apelidados de “huguenotes”.
A origem desse apelido, como se sabe, deu-se porque os
cristãos protestantes costumavam reunir-se à noite em frente ao
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portão do Rei Hugo. “O povo daquele lugar acreditava que o espírito do rei perambulava pela noite. Certa vez, um monge disse
em seu sermão que os protestantes deveriam ser chamados de huguenotes ‘parentes do rei Hugo’, porque andavam à noite e por isso
se pareciam com ele”.
O nome ‘huguenotes’ passou a ser conhecido depois do
morticínio de Amboise. Havia constantes guerras entre os cristãos
reformados e os católicos. De um lado os católicos queriam extinguir os huguenotes (cristãos), e do outro lado, os huguenotes,
liderados por Coligny e o príncipe Condé lutavam pela liberdade
religiosa. A batalha que ocorreu em 1562 foi uma reação contra a
tirania da rainha Catarina de Médice.
A noite de S. Bartolomeu
A igreja católica ameaçava por um fim esmagador na comunidade protestante em toda a França, com isso tornou-se muito delicado o estado dos cristãos huguenotes.
Pio V, Catarina de Médice e Felipe II rei da Espanha, estimulavam Carlos IX para que destruísse todos os cristãos da
França. Felipe II afirmou invadir a França caso os “hereges” não
fossem destruídos.
Um terrível mal estava por vir contra os cristãos, na noite
de São Bartolomeu, dia 24 de agosto de 1582.
o durante
Muitos cristãos franceses se reuniram aem
çãParis
z
i
l
alguns dias para comemorar o casamento
rcia de Margarida de Vae
m
lois, irmã de Carlos IX, com Henrique
de Bearn, filho de Joana
co
a
a
D’Albert, rainha de Navarra,
uma
das
principais
líderes do protbid
i
o
r
estantismo naquela
P época, que se opusera a essa aliança, talvez
‘pressentindo’ a tragédia. Ela havia se dirigido para Paris alguns
dias antes no mês de maio de 1572, com intento de tentar impedir
o casamento de seu filho. Chegando lá, logo (4 de julho) ficou
doente, e no dia 9 morreu misteriosamente. O que se soube depois
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foi que ela foi envenenada pela infame rainha Catarina de Médice.
Henrique e Margarida se casaram no dia 18 de agosto de
1572, por causa da morte de Joana D’Albert. Os cristãos acreditavam que o casamento entre eles garantia uma paz duradoura entre
as duas religiões. A festa perdurou por alguns dias com muitos
jogos. Enquanto isso, em surdina, os malvados assassinos se preparavam para surpreenderem os cristãos durante a noite.
“Os algozes deveriam ter uma cruz no chapéu e um laço
da mesma cor no braço; as casas das vítimas foram marcadas com
uma cruz branca”.
Naquela como narra os anais da história, que milhares
de cristãos huguenotes foram cruelmente assassinados indefesamente. O sino da igreja de Saint Germain-l’Alxerrois dá o sinal
para o início da matança naquela noite. As ruas se enchem de corpos, uma terrível carnificina. Matam cruelmente os líderes do huguenotes, dentre eles, Coligny que foi morto e seu cadáver atirado
ao pátio do palácio de Gaspar sob os pés de Guise, que num gesto
covarde retira a cabeça do cadáver, que depois é enviada a Roma,
para regozijo do papa Gregório XIII. Acredita-se que o número
de cristãos atrocidados tenha chego a 70.000, conforme afirma
Sully, o primeiro ministro de Henrique IV. Embora, De Tour disse
que foi 30.000, e o bispo Peréfixe 100.000, Sully parece estar mais
o
próximo do número real.
açã
z
i
l
Apesar desse terrível massacre
ia cristãos se reabilitaram
rcos
e
m
e lutaram pela sua liberdadecna
o França, logrando êxito em 1598
a
a
com o Edito de Nantes.
bid
i
Pro
João Knox e a Reforma na Escócia
A Reforma na Escócia teve um progresso considerado
lento, pois a igreja estava ligada ao Estado. Em 1559, quando foi
74
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assassinado o cardeal Beaton, João Knox, que se achava exilado
em Genebra, regressou para assumir a direção da Reforma na Escócia. Nesse período, os discípulos de Calvino, em Genebra formaram uma nova congregação cristã, e foram denominados de
presbiterianos.
O que se sabe sobre Knox, é que ele nasceu em 1505, foi
educado na Universidade de Santo André, foi professor, em 1547
abraçou a causa da Reforma Protestante, foi preso por com outros
reformadores, em Genebra conheceu João Calvino e adotou suas
idéias, conseguiu que a ordem e a fé presbiterianas alcançassem
importância suprema na Escócia, e possuía uma profunda paixão
pelas almas.
“Senhor, dá-me a Escócia, senão eu morro”.
Oração feita repetidamente por João Knox
Knox morreu em 1572, quando seu corpo descia à sepultura, Morton (regente da Escócia) disse apontando para seu
caixão:
“Aqui jaz um homem que jamais conheceu o medo”.
A Reforma na Inglaterra
O movimento da Reforma na Inglaterra iniciou-se
no reo
ã
ç
a
inado de Henrique VIII, com um grupo de
estudiosos
das Escritiz
cial Tomás More, voltar
e
uras Sagradas, dentre os quais alguns
como
com
a
ram a fé católica, enquanto
outros
avançaram para a fé reformada.
da
i
b
i
João Tyndale,
Pro um homem de Deus, foi quem dirigiu a
Reforma naquele país. Este viajou para Alemanha em 1524 a fim
de traduzir o Novo Testamento para o inglês. Logo em 1526, cerca
de seis mil cópias do Novo Testamento foram distribuídas secretamente na Inglaterra. A sua tradução em inglês foi a primeira deProibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém
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pois da invenção da imprensa. Antes de sua morte conseguiu traduzir ainda parte do Antigo Testamento (até Crônicas). Tyndale
foi degolado e em seguida foi queimado no fogo publicamente no
dia 6 de outubro de 1536.
Tomás Cranmer, também foi um dos dirigentes da Reforma naquele país. Ele foi arcebispo de Cantuária. Após sua conversão ao protestantismo, pagou com sua própria vida por tal ousadia.
A Reforma da Inglaterra foi beneficiada por Henrique
VIII que havia se separado de Roma por que o papa não autorizou
seu divórcio da rainha Catarina. Com isso ele fundou uma igreja,
da qual era o próprio chefe. Aos que não aderiram à sua igreja,
tanto protestantes quanto católicos, designou-lhes à morte.
Sob o reinado de Eduardo VI que era muito jovem, a causa
da Reforma se expandiu muito. Liderada por Cranmer e outros, a
igreja da Inglaterra foi fundada e o Livro de Oração foi compilado,
com sua rica linguagem. Após Eduardo VI, subiu ao trono a rainha Maria, uma católica que iniciou um movimento para reconduzir seus súditos à igreja antiga. Depois dela, veio Elizabete, uma
mulher capaz, que abriu as portas novamente para o cristianismo.
Durante seu longo governo, a igreja da Inglaterra firmou-se outra
vez e tomou a forma que dura até hoje.
o
açã
z
i
l
rcia
e
Assinale com “X” a alternativa correta
m
co
a
a
ibid
35) – A mais famosa
Pro obra que Calvino escreveu foi o manual ao
Questionário
qual deu o título de Institutas da Religião Cristã, publicado no:
___a. ano de 1535.
___b. ano de 1553.
___c. ano de 1355.
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___d. ano de 1555.
36) – A igreja católica ameaçava por um fim esmagador na comunidade protestante em toda a França, com isso tornou-se muito
delicado o estado dos cristãos:
___a. presbiterianos.
___b. luteranos.
___c. calvinistas.
___d. huguenotes.
37) – Zwínglio, o reformador suíço, nasceu em janeiro de 1484,
quase dois meses depois que Lutero, em uma pequena aldeia:
___a. escocesa.
___b. francesa.
___c. suíça.
___d. inglesa.
A Contra-Reforma
Ameaçada em seu próprio território pela Reforma Protestante, a igreja católica, iniciou também um grande esforço para
recuperar-se em toda Europa. Um grupo deza
aproximadamente
ção
i
l
a da fé, conhecida
sessenta pessoas criou uma união para
rcidefesa
e
m
de Oratório do Amor Divino. c
Aofinalidade dessa instituição foi o
a
a
de moralizar a igrejaibcatólica
id para fazer frente às ameaças protesProinstalações dos terríveis tribunais da inquisição.
tantes, através das
Esse movimento contrário as doutrinas luteranas e calvinistas foi
denominado “Contra-Reforma”.
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Os Jesuítas
A Contra-Reforma se espalhou por toda parte, em forma
de entidades, que defendiam cegamente as tradições e os dogmas
romanistas. Dentre essas entidades, destacou-se a Ordem dos
Jesuítas organizada entre o período de 1528 à 1534 pelo espanhol
Inácio de Loyola. Este nasceu em 1491 ou 1495 em Azpeitia, no
castelo de Loyola, numa região basca, ao norte da Espanha. Era de
família nobre, caçula de 11 irmãos, ficou órfão de mãe aos 8 anos
de idade e de pai aos 14 anos. Até a idade de vinte seis anos, Loyola
foi soldado valente, embora dissoluto. Até que numa batalha travada no ano de 1521, foi gravemente ferido, deixando-o aleijado
para o resto da vida. Dedicou sua vida a serviço da igreja, e no dia
31 de julho de 1556 veio a falecer sendo posteriormente canonizado. A Sociedade de Jesus ficou conhecida como os Jesuítas, uma
das instituições mais notáveis dos tempos modernos a serviço
da igreja católica. Era uma ordem monástica caracterizada pela
combinação da mais severa disciplina. Sua meta primordial era
combater o movimento protestante, tanto com métodos conhecidos como com formas secretas. Com o fortalecimento da Ordem
dos Jesuítas, esta passou a enfrentar uma forte oposição, inclusive
pelos países católicos. E por decreto do papa Clemente XIV, foi
proibida de funcionar dentro da igreja. Ainda assim, ela subsistiu
secretamente por algum tempo, até que, mais tarde foi reconhecida pelo papa em 1814. Hoje é uma das forças ã
o ativas para
ç mais
divulgar e fortalecer a igreja católica emia
todo
lizao mundo.
O Concílio de Trento da
ibi
Pro
rc
me
o
c
a
Houve uma tentativa, quanto a fazer a Reforma dentro
da própria igreja, através do Concílio de Trento, convocado pelo
papa Paulo III, onde se reuniram durante o período de 1545 a
1563. Seu intento era “investigar os motivos e acabar com os abusos que deram causa à Reforma”. O Concílio era composto de bis78
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pos e prelados, e cujas últimas sessões foram lideradas pelo general Lainez. Havia um consenso entre muitos de que os católicos e
protestantes se unissem novamente, isso, contudo não aconteceu.
Fizeram várias reformas dentro da igreja e as doutrinas foram pregadas. Depois do Concílio de Trento, acredita-se que os papas se
conduziram com mais acerto do que os que haviam governado
antes.
Intensas Perseguições
A perseguição contra a expansão da Reforma Protestante
foi uma arma poderosa da qual a igreja católica fez uso para tentar reprimí-la. Em toda a Europa, os governos procuravam fazer
cessar o protestantismo através da espada. Na Espanha estabeleceu-se a Inquisição, por meio da qual praticaram inimagináveis
crueldades contra milhares de vidas. Nos Países-Baixos o governo
determinou matar todos os que fossem suspeitos de “heresias”.
Esforços Missionários
Os trabalhos missionários realizados pela igreja católica
foram também uma das forças da Contra-Reforma. Seu alcance
atingiu a América do Sul, México, parte do Canadá, e na Índia.
Esses trabalhos já haviam sido iniciados antes mesmo das missões protestantes, e nesse período já gozava deamuitos
ção membros
z
i
l
aumentando o poder da igreja.
rcia
A Guerra dos Trinta b
Anos
ida
i
Pro
e
m
a co
Em 1618, como consequência dos interesses e objetivos
dos Estados contrários à Reforma, culminou-se uma guerra em
toda a Europa, denominada de a “Guerra dos Trinta Anos”. Os
motivos dessa guerra abrangiam dois aspectos: rivalidades religiProibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém
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osas, e rivalidades políticas. Por vezes, estados que professavam a
mesma fé, optavam por partidos distintos. Esta guerra subsistiu
por quase uma geração, causando prejuízos pertinentes à Alemanha. Até que no ano de 1648, veio ao fim com a demarcação
dos limites católicos e protestantes, por meio do tratado de paz de
Westfália, que perdura até o dia de hoje. Aqui finda-se o período
da Reforma.
Questionário
Marque “C” para certo e “E” para errado
___38) – A Contra-Reforma se espalhou por toda parte, em forma
de entidades, que defendiam cegamente as tradições e os dogmas
romanistas.
___39) – Houve uma tentativa, quanto a fazer a Reforma dentro
da própria igreja, através do Concílio de Tróia, convocado pelo
papa Paulo V, onde se reuniram durante o período de 1555 a 1573.
___40) – Em 1618, como consequência dos interesses e objetivos
dos Estados contrários à Reforma, culminou-se uma guerra em
toda a Europa, denominada de a “Guerra dos Trinta
ão Anos”.
ibi
Pro
80
m
co
a
a
d
Curso básico de Teologia
aç
aliz
erci
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Lição 5
Dos heróis do século (XVII)
à atualidade
Os Puritanos
Surgiram após a reforma três grupos distintos na igreja da
Inglaterra:
a) os Romanistas: procuravam fazer uma nova amizade com
Roma,
b) os Anglicanos: que estavam satisfeitos com as reformas,
c) os Puritanos: denominados assim em 1654, por serem cristãos
reformados radicais. Resistia de maneira firme o sistema anglicano, e desejava uma igreja semelhante as de Genebra e Escócia.
Os puritanos foram grandes defensores dos direitos populares. Entre eles havia dois grupos: os que eram favoráveis ao presbiterianismo, e os chamados congregacionais. Três igrejas surgiram desse movimento: Presbiteriana, Congregacional, e Batista.
No início o grupo Presbiteriano predominava. Segundo a ordem
do Parlamento, um concílio de ministros reunido em
o Westminã
ç
a
ster, em 1643, preparou a “Confissão de Westminster”,
considerada
liz
a
i
c
por muito tempo como regra de fé por
merpresbiterianos e congregao
c
cionais. No período de 1660
a
1688,
em que Carlos II governava,
a
a
d
i
os anglicanos assumiram
roib novamente o poder, que passaram a
P
perseguir os puritanos. Dentre os perseguidos que foram expulsos
de suas igrejas estava o célebre João Bunyan, que escreveu a maior
obra literário-cristã depois da Bíblia, “O Peregrino”, quando esteve
na prisão durante 12 anos.
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81
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Os Congregacionais
Os abusos de autoridade por parte dos pastores luteranos
e presbiterianos foram assemelhados por alguns, iguais aos abusos
papais, que muitas, por interesses egoístas, persuadiam o presbitério a tomarem decisões contra a vontade da maioria. Isso fez com
que o sistema episcopal de governo (onde a congregação simplesmente obedecia às determinações de seus superiores, não participando das decisões, e a igreja local não tinha nenhuma autonomia
de decisão, mas submetia-se às determinações de um sínodo geral), fosse questionado, surgindo então o movimento protestante
“congregacional”. Esse movimento decidiria então, pelo voto da
maioria, subordinando assim a autoridade do pastoral aos seus interesses. O efeito negativo desse movimento, logo ficou evidente,
pois os líderes piedosos, verdadeiros arautos e servos de Deus,
foram sufocados.
O estadista João Wesley (séc. XVIII)
A Inglaterra foi despertada no início do século dezoito,
após passar um momento sombrio e formalista entre os protestantes. Os protagonistas desse despertamento foram três notáveis
pregadores, homens sinceros, tais como João Wesley, Carlos Wesley e Whitefield. Este último era o pregador mais poderoso, suas
o
mensagens comoviam milhares de pessoas. Carlos
açã Wesley era poz
i
l
eta sacro. João Wesley foi dirigente erestadista
cia do movimento.
e
m
Wesley nasceu em 1703
co em Epworth, norte da Inglaterra.
a
a
Seu pai foi superintendente
da igreja da Inglaterra por mais de
id
oibfoi
PrMas
quarenta anos.
a sua mãe quem o influenciou. Uma virtuosa mulher cristã, que educou 18 filhos. O jovem concluiu seus
estudos no Colégio da Igreja de Cristo, em Oxford em 1724, e logo
foi ordenado a ministro em seu país.
82
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“Senti que confiei em Cristo, em Cristo somente, para
minha salvação e alcancei grande segurança e certeza da purificação dos meus pecados, dos meus próprios pecados, e livrei-me
da lei do pecado e da morte”.
Depoimento da conversão de Wesley
João Wesley tornou-se pregador em 1739, e desde então,
por mais de cinquenta anos semeou a boa semente do Evangelho
de Cristo incansavelmente. Em pouco tempo, Wesley já tinha
ajuntado muitos seguidores do seu movimento, que passou a ser
chamado de “metodistas”, aceitando com naturalidade. Muitos líderes da época passaram a negar o púlpito para Wesley pregar, daí
ele dizer esta frase: “minha paróquia é o mundo”.
Suas atividades resultaram na organização do corpo wesleyano na Inglaterra, no surgimento de igrejas metodistas no
mundo inteiro, e no avultado número de membros metodistas,
chegando a milhões. Wesley morreu em 1791.
A Igreja na América do Norte
A presença das igrejas reformadas ou protestantes, não só
na América do Norte, como em todo o continente, devem-se as
colonizações de países europeus. A igreja católica foi a primeira a
se instalar no continente em 1494, quando Colombo trouxe para
o
a América, em sua segunda viagem, doze sacerdotes
açã para converz
i
l
terem os ‘escravos’ nativos.
rcia
e
m
A imigração para os Estados
co Unidos cresceu muito a para
a
tir do ano de 1845, procedente
de toda Europa, trouxe a principio
bid
i
o
r
muitos católicos,
P especialmente dos condados da Irlanda. Mas
logo depois, os primeiros imigrantes protestantes desembarcaram
em solo americano.
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83
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a)
A Igreja Episcopal
A igreja da Inglaterra, Episcopal, foi a primeira igreja protestante a se instalar no solo dos Estados Unidos. Francis Drake,
dirigiu um culto solene em 1579, na Califórnia. Com a apropriação do território de Nova Iorque pelos ingleses, antigas colônias
dos holandeses, houve um grande favorecimento para a igreja da
Inglaterra, que tornou-se reconhecida como a igreja oficial da
colônia.
b)
Os Congregacionais
A presença dos congregacionais nos arredores dos Estados
Unidos, chamado pelos colonizadores até então de Na Nova Inglaterra, foi resultado de uma intensa perseguição inglesa contra os
puritanos. Milhares de cristãos se refugiaram na Nova Inglaterra.
As colônias nessa região tiveram um imediato desenvolvimento.
Logo, fundaram duas Universidades: Harvard em Cambridge e a
de Yale em Novo Haven.
“Como os cristãos presbiterianos e os congregacionais
procediam da igreja da Inglaterra, e ambos os grupos adotavam
crenças calvinistas e aceitavam a Confissão de Westminster, suas
relações eram amigáveis”.
o
açã
z
i
l
Houve até um pacto formalizado
rcia em 1801, que permitia
e
m
aos líderes servirem em ambas
co as denominações. Extinto esse
a
a
pacto em 1852, a corrente
congregacional
cresceu muito nos Esbid
i
o
r
tados Unidos,Pmenos no sul. Em 1931 a igreja Congregacional e
a igreja Cristã uniram-se para formar a igreja Cristã Congregacional, possuindo dois milhões de membros.
c)
84
Os Luteranos
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As igrejas que se organizaram na Alemanha depois da
Reforma, foram denominadas Igrejas Luteranas. Bem no início
da colonização holandesa na Nova Amsterdã, atualmente Nova
Iorque, os luteranos chegaram a essa cidade. No ano de 1652
pediram uma licença para fundar uma igreja, mas sem êxito.
Contudo, em 1664, dada a conquista da Inglaterra sobre a Nova
Amsterdã, os luteranos gozaram de liberdade para realizarem seu
culto.
O primeiro templo luterano construído deu-se próximo
ao rio Delaware, próximo aos condados de Lewes, na América do
Norte. Em 1710, com a chegada de novos luteranos, vindo principalmente dos territórios da Alemanha, estabeleceram sua igreja
em Nova Iorque e na Pensilvânia. Atualmente o número de membros arrolados nessa igreja chega a quase 10.000.000 (dez milhões)
em todo o mundo.
d)
Os Presbiterianos
As igrejas dos Estados Unidos surgiram de duas origens.
A primeira veio da igreja presbiteriana que surgiu na Escócia no
período da Reforma, através de João Knox, depois que assumiu a
direção do movimento reformador. Onde se espalhou ao noroeste
da Irlanda quando a população era e ainda é protestante. A seguno
da fonte de onde se originou outro ramo do presbiterianismo
foi o
açã
z
i
l
a
movimento puritano da Inglaterra, durante
o
reinado
de
Tiago
I.
i
rc
e
m
Depois da ascensão de Carlos II,
coa igreja da Inglaterra conquistou
a
a
novamente influência,
onde
mais
de dois mil pastores puritanos,
bid
i
o
r
da linha presbiteriana,
foram expulsos de suas paróquias.
P
Os escoceses, irlandeses e ingleses ajudaram a formar a igreja Presbiteriana nos Estados Unidos. Uma das primeiras igrejas
presbiterianas dos Estados Unidos foi organizada em Snow Hill,
Maryland em 1648, pelo Ver. Francis Makemie.
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85
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e)
Os Batistas
A história do surgimento dos Batistas, ou Anabatistas, assim denominados por batizarem os adultos mergulhando-os em
água, remonta os primeiros anos da Reforma Protestante, com
origem na Suíça. Assim que surgiu, esse movimento logo se espalhou pela Alemanha e Holanda. Chegando aos Estados Unidos por
volta de 1644, quando Roger Willians, organizou a denominação
batista na América do Norte, depois de ser expulso do clérigo
da igreja em Massachusetts por não acatar as regras e opiniões
congregacionais. Na Inglaterra formaram a primeira agência missionária dos tempos considerados modernos em 1792, quando
enviaram Guilherme Carey à Índia.
Os batistas seguiam a linha congregacional, e assim eram
considerados, por se unirem a eles na Inglaterra. Contudo, logo se
afastaram. Diz-se que a igreja que João Bunyan pastoreou (1660)
é uma igreja considerada tanto batista como congregacional.
Por volta de 1814, organizou-se a Convenção Geral Missionária Batista, desde então, é tida como a pioneira nos esforços
missionários.
f)
Os Quakers
o
Nesse período, o inglês Jorge Fox criou
açãa sociedade dos
z
i
l
amigos na Inglaterra, mais conhecida
ia os “Quakers”. Ele era
rccomo
e
m
contrário a forma de governocda
o igreja, e dizia que esta deveria ser
a
a
instruída diretamente
pelo
Espírito
Santo e não pelos seus sacerbid
i
o
r
dotes.
P
Os Quakers eram assim chamados de Sociedade dos Amigos. Seus ensinos concluíram que a igreja não deveria ter sacerdote, que foram adotados por milhares de pessoas.
Fugidos dos perseguidores ingleses, muitos se refugia86
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ram para as colônias da Nova Inglaterra, onde depois de acirrada
perseguição por parte dos puritanos já instalados em solo americano, obtiveram êxito.
Os Quakers possuem aproximadamente 70.000 membros
espalhados pelos arredores do mundo.
g)
Os Metodistas
As igrejas Metodistas do Novo Mundo surgiram em 1766,
desde que os irmãos wesleys vieram da Irlanda para os Estados
Unidos a fim de realizarem cultos segundo a linha metodista. No
ano de 1768, Filipe Embury edificou uma capela na Rua João,
onde funciona ainda uma igreja metodista. Em 1769, por ordem
de João Wesley, Ricardo e Tomás, vieram aos Estados Unidos
acompanha a grande expansão da igreja.
Em 1784 foi organizada a Igreja Metodista Episcopal em
Baltimore. Asbury foi nomeado o bispo. Diz-se que as igrejas
metodistas da América do Norte devem mais a Asbury do que a
qualquer outro homem, por causa de seus incansáveis trabalhos.
h)
A Assembléia de Deus
A Assembléia de Deus nos Estados Unidos éoresultado do
çã espalhandomovimento que teve origem no início do século
izaXX,
l
a
i
se logo por todos os arredores do mundo.
erc
m
o
Uma das características
a c que se evidenciaram nas igrejas
a
d
i
b era a intensa sede espiritual que motino final do século
roiXIX,
vava os cristãosPda época a se reunirem por largas horas a fim de
orarem em busca de avivamento.
O início do movimento pentecostal não se pode atribuir
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a determinada pessoa, pois existem evidências do derramamento
simultâneo do Espírito Santo em vários lugares. Daniel Awrey, um
ministro protestante recebeu o batismo com o Espírito Santo em
janeiro de 1890, na cidade de Delaware, Estado de Ohio, América
do Norte. Um grupo de pentecostais realizou uma convenção em
1897 na Nova Inglaterra. Na mesma época, manifestou-se um avivamento no estado da Carolina do Norte. Segundo Clara Smith,
havia em torno de quarenta ou cinquenta pessoas batizadas com o
Espírito Santo. No mesmo ano houve um grande avivamento pentecostal em Moorhead, Minnesota, cujos resultados são notáveis
até os dias de hoje.
Nesse período William Joseph Seymour, um pastor de cor,
apareceu no norte americano, onde iniciou reuniões na cidade de
Houston, Texas. Foi ali que Seymour recebeu a mensagem antes
mesmo de ser batizado com o Espírito Santo. Em Los Angeles,
pregou as Boas Novas a um grupo de pessoas de cor. Ali reascendeu a fé no coração dos ouvintes realizando reuniões de oração
com intenso fervor.
Logo depois de receber o batismo com o Espírito Santo,
Seymour então alugou um salão na Azusa Street 312 em Los Angeles, Califórnia no dia 6 de abril de 1906, com mais oito irmãos e
uma criança onde realizaram reuniões durante três anos.
Houve um grande impacto naquele lugar ficando conheo Azusa”. “O
cida como a Azusa Street Revival “Renovaçãoada
çãRua
z
i
l
Pastor Seymour não só derrubou a existência
rcia de barreiras raciais
e
m
em favor da “unidade em Cristo”,
co ele também rejeitou barreiras às
a
a
mulheres em qualquer
forma
de liderança de uma igreja”.
bid
i
o
r
A mensagem
pentecostal espalhou-se com rapidez, que
P
recebeu o nome de movimento. Por esse motivo o termo Movimento Pentecostal passou a designar todos os grupos que enfatizavam o batismo com o Espírito Santo.
Com o objetivo de formar um conjunto de doutrinas e
88
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forma de governo para o crescente movimento, realizou-se na cidade Hot Springs, Estado de Arkansas, entre o dia 2 e 12 de abril
de 1914. Formando a primeira Convenção das Assembléias de
Deus nos Estados Unidos.
A Assembléia de Deus norte americana é uma grande
potência mundial, reunindo milhões de membros e muitos outros patrimônios.
Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta
41) – Após a Reforma surgem três grupos distintos na igreja da
Inglaterra: os Romanistas, os Anglicanos, e os Protestantes Radicais. Este último ficou conhecido como:
___a. “Os publicanos”.
___b. “Arminianos”.
___c. “Os wesleyanos”.
___d. “Os puritanos”.
42) – Uma das mais antigas igrejas presbiterianas dos Estados
Unidos foi organizada em:
___a. 1468.
___b. 1648.
___c. 1668.
___d. 1864.
ção
m
co
a
a
d
ibi
Pro
liza
a
i
c
er
43) – Muitos líderes da época passaram a negar o púlpito para
Wesley pregar, daí ele dizer esta frase:
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89
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___a. “Minha paróquia é o mundo”.
___b. “O mundo é uma paróquia”.
___c. “A paróquia é o meu mundo”.
___d. “Minha paróquia é a igreja”.
A Igreja Evangélica no Brasil
a)
A chegada dos Huguenotes no Brasil
Nicolau Durand de Villegaignon, vice-almirante francês,
rumou para o Brasil, depois de conseguir apoio do almirante Gaspar de Coligny, chegando a solo brasileiro em 1555.
Ao desembarcar na terra que tanto ambicionou Nicolau sofreu uma conspiração de seus próprios companheiros de
viagem, o que resultou na morte 16 pessoas. O vice-almirante então chefiou uma segunda expedição composta por 300 homens,
dentre eles 14 cristãos huguenotes renomados.
Ao desembarcar os Huguenotes no Rio de Janeiro, no dia
10 de março de 1557, realizou-se o primeiro culto em terras brasileiras, onde o Pastor Peter Richer pregou o Salmo 27 e verso 4.
Os portugueses, entretanto, não ficaram passivos diante
do surgimento do primeiro movimento evangélico e como tino
ham o monopólio do governo local, pressionaram
açã Villegaignon,
z
i
l
na tentativa de extinguir o recém trabalho
rcia evangélico. Como Vile
m
legaignon apesar de ter fé, tinha
co mais interesses pessoais e comera
a
ciais do que profunda
idconvicção religiosa, preferiu acomodar-se
roib
às ordens dosPportugueses,
Manoel da Nóbrega e Anchieta, que
determinaram a execução dos Pastores Jean du Bourdel, Mattthieu
Verneuil e Pierre Bourdon em 1558, e ainda mandaram enforcar
em 1567 o pregador Jean de Bolés que pregava o evangelho aos
90
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índios tamoios em São Vicente-SP.
b)
A chegada dos Holandeses
O Brasil foi invadido pela Holanda, cujos navios aportaram primeiramente em Salvador, Bahia em 1624, e em 1630 em
Recife (PB), estabelecendo nestes Estados, a fé evangélica, pelo
fato de ser a Holanda, na ocasião, um dos países onde a reforma
protestante logrou grande êxito.
Os holandeses em curto espaço de tempo de ocupação em
alguns pontos do Brasil iniciaram posteriormente alguns movimentos de evangelização. Os morávios foram até as Guianas em
1735, onde se dedicaram a evangelizar os nativos.
Com a expulsão dos holandeses por parte dos portugueses,
as portas para a pregação do evangelho no Brasil, foram mais uma
vez fechadas e aqueles que receberam a nova religião, passaram a
ser perseguidos. Há registro do primeiro culto evangélico realizado pelos holandeses em Recife, no dia 14 de fevereiro de 1630,
a bordo de um navio da Missão holandesa, ministrado pelo reverendo João Baers.
Devemos admitir que o principal motivo da frustração
destas primeiras iniciativas para evangelizar o Brasil, deveu-se
pelo fato de que tanto os franceses como os holandeses, tinham
outros interesses além da evangelização da nação brasileira, que
eram interesses políticos e econômicos.
ção
iza
al
erci
Deus abre as portas definitivamente
om
ac
a
d
i
ib se fecham e as dificuldades aumentam,
Quando
roportas
Pas
Deus interfere na história. Tem sido assim desde o princípio. Em
1810, Lord Strangford, que era crente em Jesus Cristo, foi designado como embaixador da Inglaterra para o Brasil, pelos relevantes
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serviços prestados ao rei de Portugal, pois, como comandante da
esquadra inglesa, garantiu a segurança da esquadra que trouxe o
rei D. João VI. Assim que chegou ao Rio de Janeiro, Strangford
começou a realizar cultos de adoração a Deus, despertando a
reação adversa dos padres católicos, que solicitaram a sua expulsão do país, mas não conseguiram. Em 1819, foi inaugurado
o primeiro templo evangélico do país, da Igreja Anglicana, à Rua
dos Bourdons, que hoje se chama Rua Evaristo da Veiga, no Rio
de Janeiro.
c)
A Igreja Luterana
Por volta de 1800 quando os alemães emigraram para o
Sul, ali se instalou a primeira Luterana no Brasil.
Os Luteranos, embora sejam reformados, seguindo a idéia
de Martinho Lutero, batizam crianças recém-nascidas, conforme
a igreja católica.
Os cultos luteranos no Brasil durante alguns anos foram
celebrados na língua alemã, mas depois, passaram também a ser
celebrados em português.
No ano de 1846 realizou-se um Seminário, em São Leopoldo (RS), com o intento de preparar luteranos brasileiros para
o pastorado das igrejas.
d)
A Igreja Metodista
ção
liza
a
i
c
er
A Igreja Metodista marcou
com seu início em solo brasileiro à
a
partir de 1835 quando
oaRev. Fountain Pitts, foi enviado à Améibidmissionária, e como observador, nas prino
rica do Sul em
viagem
r
P
cipais cidades do continente.
Os Metodistas dos Sul dos Estados Unidos em 1874 comissionaram Newman na qualidade de missionário episcopal me-
92
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todista do Sul para o Brasil. Três anos depois, Ranson também foi
enviado para o Brasil, dedicando seus esforços missionários no
Rio de Janeiro, São Paulo e Piracicaba.
e)
A Igreja Congregacional
Iniciada 1855 pelo Reverendo Roberto Kalley. Pelo vulto
e expressão do seu trabalho, alguns associam a ele o inicio da Igreja Evangélica Brasileira, porém esta informação não é verídica.
Organizou a primeira Escola Bíblica Dominical, voltada especificamente à evangelização de brasileiros, marcando o evangelismo
pátrio, com seus abençoados 21 anos de serviços prestados à causa
do evangelho e à medicina em nosso país.
f)
A Igreja Presbiteriana
Foi inciada em 1862 no Rio de Janeiro pelo Reverendo A
G. Simonton, enviado pela Junta de Missões Estrangeiras da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos. Logo depois outros missionários, inclusive seu cunhado Alexandre Blackford, chegaram
para ajudar expandir a obra, sendo fato notório a conversão do
Padre católico José Manoel da Conceição, cuja repercussão alcançou os jornais e se tornou um ministro presbiteriano exemplar,
que muito contribuiu para a causa evangélica no Brasil.
o
g)
A Igreja Batista
m
co
a
a
d
açã
aliz
erci
i
Um missionário
roib norte americano (1859) chegou ao Rio de
P
Janeiro onde trabalhou por pouco tempo, pois teve que retornar
ao seu país natal, por motivos de doença.
Em Santa Bárbara (SP), os colonos norte-americanos que
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viviam ali fundaram a Igreja Batista de Santa Bárbara em 10 de
setembro de 1871. Mas por serem celebradas suas reuniões em
inglês, acabou se extinguindo.
A primeira Igreja Batista brasileira foi fundada no dia 15
de outubro de 1882, Salvador (BA), por Willian e Ann Bagby, Zacary e Kate Taylor, e Antônio Teixeira de Albuquerque.
h)
A Assembléia de Deus no Brasil
Em solo brasileiro, a Assembléia de Deus foi oficialmente
estabelecida no ano de 1911, em Belém do Pará através dos dois
pentecostais sueco-americanos Daniel Berg e Gunnar Vingren
que atribuíam suas motivações missionárias as revelações recebidas “diretamente de Deus”.
Gunnar Vingren, era ex-pastor da Swedsh Baptist Church
(Igreja Batista Sueca) , Michigan, EUA. Vingren nasceu no dia
8 de agosto de 1879, em Ostra Husby, Suécia. Vingren e Daniel
Berg, outro jovem sueco nascido na aldeia de Vargon, foram os
apóstolos comissionados por Deus para lançarem os fundamentos da Assembléia de Deus no Brasil.
A aproximação dos dois pioneiros deu-se por ocasião da
convenção de igrejas batistas reavivadas, em Chicago, quando
sentiram o chamado para as terras distantes. Na cidade de South
Bend, pouco tempo depois, o Senhor lhes falou profeticamente:
o
açã
z
i
l
rcnoiacoração que deveríamos
“Num dia, no verão, Deus pôs
e
m
copara oração. Quando orávamos, o
nos reunir num sábado à noite
a
a
id
Espírito do Senhor
roibveio de uma forma poderosa sobre nós (…).
P
Um irmão, Adolfo Ulldin, recebeu pelo o Espírito Santo palavras
maravilhosas e mistérios escondidos que foram revelados. Entre
muitas coisas, o Espírito Santo falou por meio desse irmão que nós
deveríamos ir a um lugar chamado “Pará”, onde o povo a quem
94
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testificaríamos de Jesus era de um nível social muito simples. Nós
iríamos ensinar-lhes os primeiros rudimentos do Senhor. Também escutamos pelo Espírito Santo a linguagem daquele povo o
idioma português (…). Nenhum dos presentes conhecia tal lugar.
Após a oração, fomos a uma livraria a fim de consultar um mapa
que nos mostrasse onde estava localizado o Pará. Descobrimos
então que se tratava de um Estado no Norte do Brasil. A chamada
divina então estava confirmada (…)”.
Convictos da chamada de Deus, os dois missionários Berg
e Vingren empreenderam sua viagem missionária, sem o apoio
de nenhuma agência missionária, ou denominação evangélica,
pois já que não quiseram seguir para a Índia, conforme os planos
da Convenção Batista, não receberam nenhum apoio ao projeto
missionário para o Brasil. O que o irmão Vingren conseguiu juntar para o empreendimento missionário no Brasil foi 90 dólares.
Além de se ter pouco dinheiro, Vingren sentiu pelo Espírito Santo
de doar aquele dinheiro para o Pastor Durham, para ajudá-lo na
publicação de uma revista.
Ao invés de receberem o necessário para a viagem, tiveram
que doarem os poucos pertences que possuíam. Porém, havia uma
voz interior que os confortava dizendo: “Se fores, nada vos faltará”.
Envolvidos pelas chamas que ardiam em seus corações
e sem nenhuma dúvida quanto à chamada de Deus, deixaram a
o
próspera América do Norte e rumaram para ozBrasil.
açã
i
l
Ao iniciarem a viagem de trem
ciaNova Iorque, não posrpara
e
m
o
suíam dinheiro nem para suas
pessoais. Numa paracnecessidades
a
a
d
i
da para troca de composição,
andando
pela
cidade, carregando
ib
o
r
P
duas pequenas malas, enquanto aguardavam o horário de partida,
resolveram passar na Igreja do Pastor B. M. Johnson para se despedirem. Chegando lá, receberam uma oferta missionária, quatro
vezes maior do que os 90 dólares que haviam ofertado.
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Chegando ao Brasil, após 14 dias de viagem a bordo do
vapor “Clement”, onde uma alma aceitou a Jesus durante o longo
percurso, desembarcaram no Brasil no dia 19 de Novembro de
1910, indo residir e congregar na pequena Igreja Batista na Rua
Balby, 406 em Belém do Pará, onde iniciaram o ministério em terras brasileiras, pregando o evangelho com simplicidade dizendo:
“Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo, porque: Jesus Cristo é o mesmo, ontem e hoje e eternamente”.
Logo, começou a reação de um grupo de conservadores
que começaram lhes chamarem de fanáticos e cobraram do pastor
uma atitude em relação aos novos missionários, que segundo os
batistas, oravam demais e ensinavam doutrinas que só foram válidas para os dias dos apóstolos, resultando na expulsão dos dois
missionários e dos que aceitaram as doutrinas ensinadas por eles.
No dia 08 de julho de 1911, a irmã Celina Albuquerque
recebeu o batismo com o Espírito Santo, no dia seguinte sua irmã
Maria Nazaré teve a mesma experiência. O resultado da experiência pentecostal entre aqueles irmãos culminou na revolta do evangelista Raimundo que fez um motim para tentar inibi-los. Por
falta de compreensão talvez, ou não provar a gloriosa experiência
do batismo com o Espírito Santo, o irmão Raimundo fez uma reunião como nos conta Vingren:
“Todos os demais que tinham vindo da Igreja Batista Creo
ram então que isto era obra de Deus, todos menos
açã dois, o evangez
i
l
lista Raimundo Nobre e a mulher de
ciadiácono... Na terça-feira
rum
e
m
seguinte ele (Raimundo) convocou
co os membros da igreja para um
a
a
culto extraordinário
ibiednão permitiu que o pastor falasse. Ele (o
o
r
P
evangelista) somente disse: ‘Todos os que estão de acordo com
a nova seita, levantem-se’. Dezoito irmãos levantaram-se e foram
imediatamente cortados da comunhão da igreja. Estes dezoito
irmãos saíram então da Igreja Batista para nunca mais voltar. Isto
aconteceu no dia 13 de junho de 1911.”
96
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Diário do Pioneiro, G. Vingren
No dia 18 de junho de 1911 passaram a congregar na Rua
Siqueira Mendes, nº 67, em Belém, que ficou posteriormente conhecida por toda parte, por ser o primeiro endereço da maior denominação evangélica do país.
No ano de 1913 os missionários suecos consagraram os
primeiros pastores brasileiros, devido o avultamento da obra: Absalão Pinto, Isidoro Filho, Crispiniano de Melo, Pedro Trajano e
Adriano Nobre.
Questionário
Marque “C” para certo e “E” para errado
___ 43) – Os franceses foram os primeiros a difundir a fé evangélica em solo brasileiro.
___ 44) – Há registro do primeiro culto evangélico realizado pelos
holandeses em Recife, no dia 14 de fevereiro de 1630, a bordo de
um navio da Missão holandesa, ministrado pelo reverendo João
Baers.
o
çã evangélico
___ 45) – Em 1819, foi inaugurado o primeiro
izatemplo
l
a
i
c
do país, da Igreja Anglicana, à Rua dos
que hoje se chaerBourdons,
m
o
c de Janeiro.
ma rua Evaristo da Veiga, noaRio
a
ibid
o
r
P Joseph Seymour foi um pastor (filho de escra___ 46) – William
vos) norte americano que iniciou o movimento denominado neopentecostalismo.
___ 47) – Sobre o pentecostalismo no Brasil, Louis Francescon,
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97
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Daniel Berg, Gunnar Vingren, são o precursores do pentecostalismo neste solo.
O progresso Durante sete anos a Igreja Assembléia de Deus avançou
em meio as lutas e perseguições terríveis, destituindo as potestades do mal, que imperavam em uma nação idólatra. Vingren
e Berg arriscaram a própria vida, enfrentando não só a fúria dos
homens, mas principalmente a do inferno, que na tentativa de detê-los criava todos os obstáculos possíveis, tendo os mesmos contraídos por diversas vezes malária e outras doenças que minavam
a saúde, mas não minavam sua fé inabalável em Cristo Jesus. Em 11 de Janeiro de 1918, foi registrado oficialmente o nome de
“Assembléia de Deus, em Belém do Pará”.
Nos primeiros meses no Brasil, Daniel Berg, dedicou-se
ao árduo trabalho de ferreiro para garantir o sustento, enquanto
Gunnar Vingren estudava o idioma, compartilhando com ele à
noite o aprendizado.
Agora, enquanto Vingren dedicava-se ao pastorado da Igreja em Belém do Pará ao lado de sua esposa, a jovem missionária
sueca, Frida Vingren, autora de diversos hinos da Harpa Cristã;
Berg, companheiro fiel, dedicava-se ao trabalhoãde
o evangelismo
ç
a
pessoal, como colportor, fundando inúmeras
aliz igrejas, inclusive no
cipaís,
r
e
Amazonas e outras regiões do norte
do
até que o Senhor dim
o
c
recionou Vingren paraao a
d Rio de Janeiro, a fim de atender a um
i
b
i
pedido feito através
Pro de uma carta, solicitando que o mesmo fundasse uma Igreja naquela cidade.
Avanço na Região Sudeste
98
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Era tardinha, quando ao passar em frente ao número doze
da Rua São Luiz Gonzaga, Paulo Macalão deparou com um folheto amassado e jogado ao chão. Ao ler encontrou uma porção
da palavra de Deus que o tocou profundamente. De um jovem
triste e sem perspectiva levantou-se um jovem alegre e disposto a
consumir cada minuto da sua vida a proclamar o nome do Senhor
Jesus Cristo. Seu pai, preocupado, pois o mesmo queria que seu
filho seguisse a carreira militar, tentou afastá-lo da fé que abraçara,
porém em vão, mesmo sob os protestos do pai, o jovem Paulo passou a freqüentar os cultos na casa da família Brito, à Rua Senador
Alencar, 17, em São Cristóvão, trazendo seu violino com o qual
louvou a Deus por longos anos, antes que formasse a primeira
banda musical na Assembléia de Deus de São Cristóvão, criando
com esta iniciativa a salutar marca característica das Assembléias
de Deus, as bandas e orquestras que acompanham o louvor congregacional.
Nesse período, chega ao Rio de Janeiro o irmão Heráclito,
vindo de Belém do Pará, e passa a freqüentar o mesmo local de
culto, contando aos irmãos sobre o avivamento espiritual que varria o norte do país, sob a liderança dos missionários suecos. Todos sentindo o desejo de receber a mesma benção incumbiram
o jovem Paulo e o irmão Heráclito de escrever ao Missionário
Vingren, pedindo-lhe que enviasse alguém para lhes ministrar as
verdades pentecostais. Vingren responde dizendo que Deus já o
o
havia dirigido para descer para o sudeste do z
país.
açãVingren chega
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ao Rio de Janeiro em novembro de e
1923,
rciafundando oficialmente
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em 30 de abril de 1924, a Assembléia
co de Deus nesta cidade.
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a
As Assembléias
de Deus constituem a maior denominação
ibid
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em território nacional. Tendo como slogan, a mensagem anunciada por Daniel Berg e Vingren:
“Jesus cura, salva e batiza com Espírito Santo”.
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Surgimento de outras igrejas Pentecostais
A partir da década de 1950, com a chegada de dois missionários da International Church of The Foursquare Gospel, os
pastores Harold Edwin Willians e o seu auxiliar, Pastor Jesus Hermínio Vasquez Ramos. O primeiro natural de Los Angeles- EUA e
o segundo natural do Peru. A obra começou numa casa na cidade
de Poços de Caldas, junto com uma escola de inglês indo depois
para São João da Boa Vista onde foi construído pelos fundadores
um pequeno templo. Em 1952 vieram para a capital de São Paulo
realizar campanhas evangelísticas a convite de um pastor da igreja Presbiteriana do Cambuci e pouco tempo depois foram para
uma tenda de lona no mesmo bairro. De lá foram para o bairro da
Água Branca e então para o salão da Rua Brigadeiro Galvão, 713.
Diz-se que na capital paulista, eles criaram a Cruzada Nacional
de Evangelização e, centrados na cura divina, iniciaram a evangelização das massas, principalmente pelo rádio, contribuindo
bastante para a expansão do pentecostalismo no Brasil. Em seguida, fundaram a Igreja do Evangelho Quadrangular.
No seu rastro, surgiu a Igreja Pentecostal O Brasil para
Cristo, uma denominação fundada por Manoel de Mello (19291990). Mello veio a São Paulo do sertão de Pernambuco, converteu-se na Assembléia de Deus, porém, logo aderiu a Cruzaão a Igreja do
da Nacional de Evangelização, hoje conhecida
açcomo
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Evangelho Quadrangular.
rcia
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No ano de 1956, Mello
co iniciou sua própria igreja, A Iga
a
id para Cristo” (IPBC). Mello, um homem
reja Pentecostal “OibBrasil
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leigo, porém era um pregador eloqüente, usando o rádio para espalhar sua mensagem, e o seu programa, “A Voz do Brasil para
Cristo” que durou no ar por duas décadas. Conduziu reuniões de
cura em praças públicas e estádios de futebol.
Depois veio a Igreja Pentecostal Deus é Amor, uma de100
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nominação que se originou no Brasil no ano de 1962 pelo missionário David Martins de Miranda, que havia se desvinculado da
Igreja O Brasil para Cristo, iniciando seu próprio ministério, no
Brás, São Paulo, com ênfase na cura divina e libertação de oprimidos. Em função da fraca hermenêutica (regras básicas de interpretação de textos bíblicos), em que se baseava a fundamentação de
sua visão de santidade, a partir dos anos 80, muitos membros se
uniram a outras denominações pentecostais.
No dia 9 de junho de 1964 foi realizado o primeiro culto da Casa
da Bênção, na praça Vaz de Melo, Belo Horizonte, às 15 horas,
pelo Missionário Doriel de Oliveira. Este foi o primeiro culto oficial, pois Doriel já tinha realizado vários cultos como ministro da
Igreja O Brasil para Cristo. Eles se reuniram por 5 meses na praça
até arranjarem um templo.
Depois, a Igreja Unida, uma instituição evangélica pentecostal, foi fundada em São Paulo, Brasil, em 12 de julho de 1963,
que nesse ato teve como presidente o Pastor Luiz Schiliró. A entidade tem como única regra de fé e prática, declaradamente, as Escrituras Sagradas, a Bíblia. Seus membros aceitam e praticam o
batismo nas águas por imersão, e em nome da Trindade Divina.
Sua existência se deu por fusão das seguintes igrejas: Igreja Cristã
Pentecostal Evangelismo e Cura Divina “Maravilhas de Jesus”; Igreja Evangélica do Povo e Igreja Cristã Evangélica Unida.
A Igreja de Nova Vida foi organizada pelo Bispo Robert
o
McAlister, canadense, no ano de 1960 no Rio
açdeã Janeiro. Este
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oriundo do pentecostalismo clássico ercfilho
ia de pastores também
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teve sua origem religiosa na Assembléia
Pentecostal do Canadá. O
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Bispo Robert foi missionário
em
vários
lugares
do mundo e esteve
bid
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pregando no Brasil
P em 1958/1959 a convite das Igrejas Assembléia de Deus e Evangelho Quadrangular. Sentindo a direção de
Deus estabeleceu-se no Brasil, estudando a língua portuguesa e
inaugurando um programa radiofônico, logo em seguida alugou o
nono andar da ABI (Associação Brasileira de Imprensa) iniciando
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a Cruzada de Nova Vida, onde era pregado o pentecostalismo,
acompanhado de manifestações de curas, libertação e batismo
no Espírito Santo. É uma denominação compatível com as Igrejas Americanas. Uma vez que no Brasil prevalecia a tendência
conservadora, preferiu o estilo “liberal” das Igrejas Pentecostais
Americanas, alcançando principalmente a classe média carioca.
O movimento neopentecostal, teve início na segunda
metade dos anos 70 com igrejas fundadas por brasileiros, como
por exemplo:
A Igreja Universal do Reino de Deus (Rio de Janeiro,
1977), fundada pelo Bispo Edir Macedo – oriundo da Igreja de
Nova Vida. A igreja iniciou suas atividades em um salão no bairro
Abolição no Rio de Janeiro. Adotou como princípio o ultra-liberalismo, e o sincretismo de símbolos religiosos, como instrumentos
de evangelização, dando toda ênfase na teologia da prosperidade
e sendo duramente criticado por não evangélicos e recebendo a
censura das igrejas evangélicas conservadoras, devido aos seus
métodos nada ortodoxos. No final da década de 90, adotou a estratégia de construção de mega-templos em todo o país.
Depois, surgiu a Igreja Internacional da Graça de Deus no
Rio de Janeiro, fundada no de 1980 pelo Missionário RR Soares
(Romildo Ribeiro Soares), cunhado do Bispo Edir Macedo, representante oficial de Kenneth Hagin no Brasil. Em seu trabalho deu
ênfase à teologia da prosperidade.
o
Em seguida, veio a Igreja Apostólica Renascer
açã em Cristo,
z
i
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uma denominação protestante também
rciada linha neopentecostal,
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foi fundada em São Paulo, em
co 1986, por Estevam Hernandes e
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a
Sônia Hernandes. AbiIgreja
Renascer
logo passou a controlar uma
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rede de TV, uma
P gravadora, rede de rádio, uma editora e uma linha de confecções; hoje no Brasil há cerca de 1200 templos e mais
de 2 milhões de seguidores. A Renascer é hoje, uma das maiores
denominações neopentecostais brasileiras.
E por último, a Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra,
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que foi fundada em fevereiro de 1992, em Brasília, pelos bispos
Robson e Maria Lúcia Rodovalho.
As igrejas da linha neopentecostal, em sua maioria, utilizam de maneira muito intensa a mídia eletrônica, proporcionando
dessa forma uma grande expansão de fiéis. O neopentecostalismo
constitui a vertente pentecostal mais influente e a que mais cresce.
Além das grandes denominações pentecostais, existem
outros milhares de ministérios independentes surgindo anualmente no Brasil e no mundo.
No decorrer dos anos, várias igrejas tradicionais aderiram
ao Movimento Pentecostal, experimentando novos horizontes,
com manifestações pentecostais. Considerados renovados, como
é o caso da Igreja Presbiteriana Renovada, da Convenção Batista
Nacional, Igreja do Avivamento Bíblico e a Igreja Cristã Maranata.
Questionário
Marque “C” para certo e “E” para errado
___ 48) – Durante sete anos a Igreja Assembléia de Deus avançou
em meio as lutas e perseguições terríveis, destituindo as potestades do mal, que imperavam em uma nação idólatra.
o
açã
z
i
l
___ 49) – Era tardinha, quando ao epassar
rcia em frente ao número
m
doze da Rua São Luiz Gonzaga,
coPaulo Macalão deparou com um
a
a
folheto amassado jogado
ibidao chão. Lendo-o encontrou uma porção
o
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da palavra de Deus que o tocou profundamente.
___ 50) – No ano de 1996, Mello iniciou sua própria igreja, A
Igreja Pentecostal “O Brasil de Cristo” (IPBC).
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___ 51) – A Igreja de Nova Vida foi organizada pelo Bispo Robert
McAlister, canadense, no ano de 1960 no Rio de Janeiro.
___ 52) – No dia 19 de junho de 1984 foi realizado o primeiro
culto da Tenda da Bênção, na praça Paz de Melo, Belo Horizonte,
às 18 horas, pelo Missionário David Miranda.
___ 53) – A Igreja Universal do Reino de Deus (Rio de Janeiro,
1977), foi fundada pelo Arcebispo João Macedo, oriundo da Igreja
de Vida Nova. A igreja iniciou suas atividades em um salão no
bairro Abolição no Rio de Janeiro.
___ 54) – Em seguida, veio a Igreja Apostólica Renascer em Cristo, uma denominação protestante também da linha neopentecostal, foi fundada em São Paulo, em 1986, por Estevam Hernandes
e Sônia Hernandes.
___ 55) – A Igreja Internacional da Graça de Deus foi fundada no
Rio de Janeiro pelo Missionário Romualdo Ribeirinha Soares no
ano de 1980.
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Bibliografia
Dicionário de Religiões - Editora Vida
Bíblia de Estudo Pentecostal – CPAD.
CABRAL, Davi. Assembléia de Deus – A Outra face da História,
Editora Betel, 2002.
ALMEIDA, Abraão de. A Reforma Protestante, CPAD, 1997.
DAMIÃO, Valdemir. A Igreja no Século XXI, CPAD, 2005.
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática, CPAD, 1997.
CESARÉIA, Eusébio de, História Eclesiástica, CPAD, 1999.
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, Editora
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GARDNER, Paul . Quem é quem na Bíblia Sagrada, Editora Vida,
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HURBUT, Jesse Lyman. História da Igreja Cristã, Editora Vida,
1993.
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