Simulado-Enem-Linguagens-Codigos-e-suas-Tecnologias-Q91

Transcrição

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias: Q91 a Q140
Q91 - Geekie ENEM I (2016)
Habilidade: LH6 - Utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de
acesso a informações, tecnologias e culturas.
LOS ANGELES — With rainfall at historically low levels and reservoirs quickly dwindling, California officials approved the
most drastic measures yet to reduce water consumption during the state’s increasingly serious drought, including fines of
up to $500 per day under some circumstances for watering a garden, washing a car or hosing down a sidewalk.
The new measures come in response to an apathetic public that has ignored repeated pleas to save water since Gov.
Jerry Brown declared a statewide drought emergency. Though the governor asked all Californians to reduce their water
consumption by 20 percent, water use actually increased by 1 percent statewide, according to a state survey.
O aquecimento global tem causado mudanças climáticas, como secas, em diversas partes do mundo. A seca no estado
americano da Califórnia
a. tem causado grande comoção popular.
b. ocasionou uma queda de 20% no consumo.
c. tem sido ignorada por parte das autoridades.
d. provocou medidas drásticas de redução no consumo.
e. diminuiu vagarosamente os reservatórios californianos.
RESOLUÇÃO
California officials approved the most drastic measures yet to reduce water consumption during the state’s increasingly
serious drought, including fines of up to $500 per day.
Autoridades da Califórnia aprovaram as mais drásticas medidas até então para reduzir o consumo de água durante a
seca, que é cada vez mais grave no estado, incluindo multas de até US$ 500 por dia.
As secas provocaram medidas drásticas, como multa por desperdício devido à apatia do público em relação a apelos
para a redução do consumo de água. Essas foram as medidas mais duras tomadas até então.
Train kills 37 pilgrims in eastern India
PATNA, India (AP) — A train ran over a group of Hindu pilgrims at a crowded station in eastern India early Monday, killing
at least 37 people. A mob infuriated by the deaths beat the driver severely and set fire to coaches, officials said.
Several hours after the accident, flames and dark smoke could be seen billowing out of the train coaches, as protesters
blocked firefighters from the station in Dhamara Ghat, a small town in Bihar state, officials said.
Dinesh Chandra Yadav, a local member of parliament, said the pilgrims were crossing the tracks in the packed, chaotic
station when they were struck by the Rajya Rani Express train. Several other people were injured.
A notícia informa que o acidente foi causado devido
a. à desorganização de uma estação lotada.
b. às manifestações da multidão ao redor da estação.
c. ao excesso de velocidade do trem na plataforma.
d. ao incêndio na estação causado pela multidão.
e. à irresponsabilidade do condutor, infringindo regras.
RESOLUÇÃO
A chave de resposta está no último parágrafo que traz a seguinte informação: “the pilgrims were crossing the tracks in
the packed, chaotic station when they were struck by the Rajya Rani Express train” – ou seja, os peregrinos estavam
cruzando os trilhos (“crossing the tracks”), a estação é caótica e estava lotada (“chaotic” / “packed”) quando eles foram
atingidos pelo trem (“they were struck by ... the train”).
Habilidade: LH5 – Associar vocábulos e expressões de um texto em LEM ao seu tema.
Calvin afirma estar se estressando bastante no feriado. Esse seu estresse se deve ao fato de que ele
a. apenas receberá seus presentes se ajudar nos preparativos para o Natal.
b. será responsável por fazer a comida, a limpeza e a decoração da casa.
c. duvida da possibilidade de agir como um menino bem comportado.
d. ficará sem a colaboração de Haroldo para fazer os serviços da casa.
e. considera muito pouco ficar duas semanas longe de sua escola.
RESOLUÇÃO
O ponto-chave para a resolução desta questão é o entendimento da última fala de Calvin. Ele afirma, no início, estar se
estressando bastante no feriado, o que é questionado por seu amigo Haroldo, que aponta vários fatores positivos
relacionados ao feriado: não ter que comprar nada para ninguém, passar duas semanas longe da escola e seus pais
fazerem tudo em relação a cozinhar, limpar e decorar. Em sua última fala, no entanto, Calvin justifica seu estresse
dizendo duvidar do fato de que sua cobiça por ganhar presentes possa superar seu desejo de se comportar mal.
Habilidade: LH7 – Relacionar um texto em LEM, as estruturas linguísticas, sua função e seu uso social.
A tirinha transmite uma mensagem com efeito de humor. A presença desse efeito no diálogo entre John e Garfield
acontece porque
a. Garfield leva uma bronca de John por estar muito feliz.
b. Garfield tenta agradar seu dono, mas não obtém sucesso.
c. John sente sono e Garfield acha isso estranho.
d. John se sente fracassado e Garfield o satiriza.
e. John adoece e Garfield tenta animá-lo.
RESOLUÇÃO
Para resolver o item, o aluno precisa identificar que o efeito de humor, no diálogo entre John e Garfield, ocorre porque,
ao finalizar a tirinha, o gato satiriza o seu dono confirmando seu pensamento de fracasso, repetindo, de forma alegre, o
que John tinha dito: "às vezes".
Economists see reducing sexual inequality in education as a vital part of promoting development. The failure to educate
girls limits economic growth in the developing world by wasting human capital. As a result, the UN set itself the target of
eliminating gender disparity in education at all levels by 2015, as one of its Millennium Development Goals.
Although places like China, Bangladesh and Indonesia look likely to achieve the target, Africa, in particular, will not. For
every 100 boys in secondary school on the continent in 2010, there were only 82 girls. The most common response is to
channel more money to girls’ education. UN schemes finance school places for girls in 15 sub-Saharan countries. NGOs
have got involved too. Camfed, a charity, now pays for almost 100,000 girls to be educated in Ghana, Malawi, Tanzania,
Zambia and Zimbabwe.
Além de ser uma questão de direitos humanos, a desigualdade entre homens e mulheres gera também consequências
econômicas para países em desenvolvimento. A disparidade de gêneros na educação
a. acelera o desenvolvimento econômico.
b. acentua-se na China e em Bangladesh.
c. necessita ser reconhecida pela ONU.
d. desperta o interesse de entidades.
e. será erradicada na África até 2015.
RESOLUÇÃO
UN schemes finance school places for girls in 15 sub-Saharan countries. NGOs have got involved too.
Tanto a ONU como ONGs ajudam a financiar a educação de meninas na África.
Cristiano: “¿Qué falló? No lo sé.”
El capitán de Portugal, que va renqueante, sufre un calvario contra EEUU en el estadio del Amazonas.
“Debíamos ganar pero no lo conseguimos”, dijo Cristiano, arisco y reticente a revelar el misterio insondable, ayer en
Manaos. “¿Qué falló? No sé. No lo conseguimos y cuando esto sucede no hay explicaciones. No sé explicar la razón.
Intentamos hacer nuestro juego y no lo conseguimos. El fútbol es así”.
Cristiano no remató ni una vez entre los tres palos en el empate de Portugal frente a Estados Unidos (2-2). El resultado
deja prácticamente eliminados a los portugueses, que cuentan con una de las plantillas más cotizadas del planeta, y que
solo han conseguido sumar un punto en el Grupo G, contra cuatro de Alemania y cuatro de Estados Unidos.
[...]
Nas declarações de Cristiano Ronaldo para o jornal espanhol El País, fica claro que o jogador
a. não acredita que Portugal seja eliminado da Copa do Mundo.
b. atribui o empate à péssima e despreparada equipe portuguesa.
c. está muito desanimado por ter feito três gols no jogo contra os Estados Unidos.
d. está muito eufórico e esperançoso com o desempenho de Portugal na Copa do Mundo.
e. não tem clareza sobre o que levou Portugal ao empate no jogo contra os Estados Unidos.
RESOLUÇÃO
Nas declarações de Cristiano Ronaldo para o jornal espanhol El País fica claro que o jogador não tem clareza sobre o
que levou Portugal ao empate no jogo contra os Estados Unidos.
El congresso da luz verde a Felipe VI
La primera sucesión en la Corona bajo la Constitución de 1978 ha superado el trascendente e histórico trámite de la
aprobación parlamentaria y queda a falta de la ratificación en el Senado. La gran mayoría del Congreso de los Diputados
ha despedido el reinado de don Juan Carlos desde el reconocimiento a su labor y da la bienvenida al próximo rey Felipe
VI desde la reafirmación del pacto constitucional y de la contribución de la monarquía parlamentaria.
La Cámara ha aprobado la ley de abdicación, la norma más corta y trascendente de las últimas décadas en España, en
un ambiente de solemnidad que tendrá continuidad el día 17 en el Senado y el 19 con el acto de proclamación del rey
Felipe VI. El único sobresalto imprevisto en el insólito pleno fue el voto díscolo de los socialistas Odón Elorza, Guillem
García y Paloma Rodríguez Vázquez: el primero se abstuvo y los otros dos no quisieron estar presentes. Serán multados
con 400 euros por la dirección del Grupo Socialista.
A expressão “dar luz verde”, no título da notícia, se refere à iniciativa do Congresso Nacional da Espanha para garantir
que Felipe VI venha a ocupar o trono espanhol depois da abdicação de seu pai, o rei Juan Carlos. Este caminho foi
aberto, oficialmente, a partir
a. da aprovação da lei de abdicação, na Câmara dos Deputados, a qual segue para ser ratificada no
Senado.
b. do próprio rei Juan Carlos, que deixou o trono espanhol por ter sido despedido pela Câmara dos Deputados.
c. do reconhecimento, pelo Congresso, do trabalho de Juan Carlos e da legitimidade do futuro rei, Felipe VI.
d. da imprevista e insólita ausência de três deputados socialistas na votação da lei de abdicação, o que garantiu a
não obstrução da sessão.
e. da ratificação do Senado, que reafirmou o pacto constitucional e a contribuição da monarquia parlamentar.
RESOLUÇÃO
O texto é uma notícia do jornal El País sobre o processo que se seguiu à abdicação do Rei Juan Carlos. Para legalizar a
sucessão, é necessário que seja aprovada lei específica pelo Congresso Nacional.
A aprovação por parte da Câmara dos deputados é que deu “luz verde” para que o príncipe Felipe seja sagrado Rei no
lugar de seu pai.
A expressão "luz verde" indica, assim, o caminho aberto pela aprovação da lei para a sagração de Felipe VI como rei.
Texto I
Es la historia de una tragedia. Pero una que podría haberse evitado con solo un poco de precaución.
Los videos publicados por los medios locales muestran cómo un niño de 11 años estuvo molestando a un león y a un
tigre, traspasando la jaula de seguridad con sus dedos y manos.
Todo ocurrió en el zoo de Cascavel, en el estado brasileño de Paraná. El niño fue al lugar con su padre y un hermano de
3 años. Según cuentan los testigos, la imprudencia temeraria del joven fue alentada por su padre a que a molestara a los
animales y se subiera a la reja provocándoles.
El león no le hizo mucho caso, pese a que le ofreció comida muy cerca de sus fauces. Pero el tigre sí se vio claramente
alterado por los movimientos del niño, que salta, trepa la verja metálica e introduce sus brazos frente al animal.
Por momentos consigue acariciarlo y acercar las manos a la boca de Hu, un tigre considerado como "muy tranquilo" por
sus cuidadores. Sin embargo, en un descuido, el animal lanzó un ataque relámpago que dejó sin brazo al niño.
Finalmente sobrevivió al ataque, pero el brazo tuvo que ser amputado.
Un ejemplo de imprudencia temeraria, agravado por la presencia de un padre que no hizo nada por evitar el drama.
O texto jornalístico caracteriza-se basicamente por apresentar informações sobre os mais variados assuntos, e seu título
antecipa o tema que será tratado. Tomando como base o fragmento apresentado, qual proposição identifica o tema
central e poderia ser usada como título?
a. Justicia demanda a un padre por herida grave en su hijo.
b. Padre incitó a un feroz tigre a que le comiera el brazo a su hijo.
c. Tigre huye de su jaula y le come el brazo a un niño de 11 años.
d. Padre le amputa el brazo al hijo tras el ataque de feroz tigre.
e. Tigre le arranca el brazo a un niño imprudente.
RESOLUÇÃO
Nesta questão, o candidato deve analisar todo o texto, aplicando seu poder de compreensão textual para perceber o
tema principal, que é o ataque de um tigre a um garoto que enfiou o braço em sua jaula. Assim, o tema central é: Tigre
arranca braço de um garoto imprudente.
[...] El día en que lo iban a matar, Santiago Nasar se levantó a las 5.30 de la mañana para esperar el buque en que
llegaba el obispo. Había soñado que atravesaba un bosque de higuerones donde caía una llovizna tierna, y por un
instante fue feliz en el sueño, pero al despertar se sintió por completo salpicado de cagadas de pájaros. "Siempre
soñaba con árboles", me dijo Plácida Linero, su madre, evocando veintisiete años después los pormenores de aquel
lunes ingrato. "La semana anterior había soñado que iba solo en un avión de papel de estaño que volaba sin tropezar
por entre los almendros", me dijo. Tenía una reputación muy bien ganada de intérprete certera de los sueños ajenos,
siempre se lo contaran en ayunas, pero no había advertido ningún augurio aciago en esos dos sueños de su hijo, ni en
los otros sueños con árboles que él le había contado en la mañanas que precedieron a su muerte. [...]
Crónica de una muerte anunciada, publicado em 1981, na forma de uma reconstrução jornalística, busca contar a
história de um assassinato. No fragmento, evidencia-se a habilidade da personagem de
a. utilizar metáforas nos diálogos.
b. adivinhar os ocorridos catastróficos.
c. interpretar o significado dos sonhos.
d. visualizar os acontecimentos futuros.
e. analisar o significado dos símbolos do destino.
RESOLUÇÃO
Plácida Linero representa a mãe da personagem Santiago Násar na obra. A primeira, na ocasião do fragmento, é vista
como uma interpretadora de sonhos alheios, como podemos observar nas linhas que seguem:
"La semana anterior había soñado que iba solo en un avión de papel de estaño que volaba sin tropezar por entre los
almendros", me dijo. Tenía una reputación muy bien ganada de intérprete certera de los sueños ajenos, siempre se lo
contaran en ayunas, pero no había advertido ningún augurio aciago en esos dos sueños de su hijo, ni en los otros
sueños con árboles que él le había contado en la mañanas que precedieron a su muerte.
Habilidade: LH7 – Relacionar um texto em LEM, as estruturas linguísticas, sua função e seu uso social.
Texto I
TURESPAÑA es el organismo nacional de turismo responsable del marketing de España en el mundo y de crear valor
para su sector turístico impulsando la sostenibilidad económica, social y medio ambiental de los destinos nacionales. Su
misión es constituir la vanguardia de la estrategia del Turismo Español, coordinando y liderando a los actores públicos y
privados. Marca turística España, Marketing y Conocimiento son los tres pilares sobre los que Turespaña basa su
estrategia y actuación, todo ello fundamentado en la colaboración público privada. Turespaña cuenta con una red de 33
Consejerías de Turismo en el exterior que actúan tanto como células de conocimiento y marketing como de plataformas
de negocio para el sector. Su papel en el exterior es esencial para la ejecución de la estrategia de la promoción
turística internacional. El Plan Nacional e Integral de Turismo aprobado en Consejo de Ministros es la hoja de ruta de la
Administración Turística del Estado Español para crear las bases de un sector turístico competitivo en el nuevo
escenario internacional.
A partir do que se apresenta no parágrafo sobre o organismo nacional do turismo espanhol, pode-se afirmar que o texto
foi escrito com a intenção de
a. informar ao leitor as bases do setor turístico nacional.
b. apresentar o organismo de turismo e sua missão no setor.
c. alertar aos leitores sobre as promoções turísticas internacionais.
d. indicar estratégias de sustentabilidade econômica do turismo espanhol.
e. apresentar os trinta e três apoiadores do conselho nacional de turismo espanhol.
RESOLUÇÃO
O aluno observa, nas primeiras linhas, que o texto busca apresentar o que seria o Turespaña, a sua missão para com a
sociedade e sua função dentro do cenário turístico do país. A intenção do texto é apresentar o programa de turismo
espanhol, bem como sua missão para com o setor.
Habilidade: LH16 - Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto
literário.
Quis o poeta embarcar-se para a cidade e antecipando a notícia à sua senhora, lhe viu umas derretidas mostras de
sentimento em verdadeiras lágrimas de amor
Ardor em coração firme nascido!
Pranto por belos olhos derramado!
Incêndio em mares de água disfarçado!
Rio de neve em fogo convertido!
O texto acima, ao discorrer sobre o amor, apresenta um procedimento muito comum no Barroco, que consiste
a. na condenação àqueles que se entregam ao amor carnal.
b. na visão pessimista que ignora o lado positivo do amor.
c. no jogo de palavras que despreza a preocupação com sentido.
d. na utilização de metáforas ligadas a elementos sensoriais.
e. no emprego do equilíbrio imposto pela forma decassilábica.
RESOLUÇÃO
A estrofe acima é um clássico exemplo do Barroco em sua vertente cultista, pois dá destaque, na criação de suas
metáforas, a elementos sensoriais, mais especificamente aos ligados ao tato, já que se referem a sensações térmicas.
Habilidade: LH19 - Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
Jardim da Praça da Liberdade
De repente uma banda preta
vermelha retinta suando
bate um dobrado batuta
na doçura
do jardim
Repuxos espavoridos fugindo.
Vocabulário
Repuxo: água que sai em jato contínuo.
No texto, a linguagem foi usada de maneira a dar atenção
a. ao espanto do poeta diante da intensidade da ação enfocada.
b. à abolição da lógica com a proposta de provocar humor.
c. aos mecanismos de funcionamento da linguagem musical.
d. aos expedientes linguísticos que mantêm ativa a comunicação.
e. aos elementos linguísticos usados na construção da mensagem.
RESOLUÇÃO
O texto apresenta destacada a função poética da linguagem, pois seus elementos linguísticos, principalmente as
aliterações do /p/, /b/, /d/ e /t/, chamam atenção para a construção da mensagem.
Habilidade: LH15 - Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do
contexto histórico, social e político.
A rosa de Hiroshima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada
De acordo com o poema, uma das consequências do lançamento das bombas em Hiroshima e Nagasaki foi
a. a proliferação de mutações na população japonesa, demonstrada no trecho “Rotas alteradas”.
b. o início de doenças que afetam a memória, demonstrado no verso “Mas, oh, não se esqueçam”.
c. o declínio do valor dos bens tecnológicos do Japão, demonstrado no trecho “Estúpida, inválida”.
d. a perda de odor e cor das flores que havia no Japão, demonstrada nos versos “Sem cor, sem perfume”.
e. o desenvolvimento de altas habilidades por contato com a radioatividade, demonstrado em “Mudas telepáticas”.
RESOLUÇÃO
Os Estados Unidos e o Japão travaram várias batalhas no Pacífico, alongando a Segunda Guerra Mundial, mesmo após
a rendição alemã. Os estadunidenses enviaram o avião “Enola Gay” com a bomba “Litle boy” ao Japão, e mesmo tendo
sido arremessada a 580 m, a bomba causou destruição em um raio de 2 km, com temperaturas de até 5 000 °C. Além
da incineração, a bomba, em razão da radioatividade, causou modificações genéticas na população, que ficou propensa
a doenças cancerígenas e a deficiências físicas.
Habilidade: LH3 - Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação,considerando a função
social desses sistemas.
Nos quadrinhos, há uma crítica implícita quanto
a. a atitudes preconceituosas no meio virtual.
b. à falta de solidariedade entre os internautas.
c. ao excesso de más notícias veiculadas na internet.
d. à confiabilidade de informações no mundo virtual.
e. ao rigor com que as pessoas leem o mundo digital.
RESOLUÇÃO
O texto apresentado para análise é uma história em quadrinhos. Para a resolução da questão, o aluno deve entender
como se estabelece o sentido no texto, ou seja, há uma crítica ao comportamento das pessoas que interagem no mundo
virtual de forma ingênua, acreditando na maioria das informações veiculadas. É importante que o aluno reconheça a
graça da história como uma forma de repensar a relação do ser humano com o mundo digital e com as informações nele
veiculadas. Hoje, a quantidade de informações a que as pessoas têm acesso é muito grande, porém nem todas são de
fontes confiáveis e fidedignas.
Habilidade: LH25 - Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades
linguísticas sociais, regionais e de registro.
O bucéfalo ladrão de patos
Conta-se que Rui Barbosa, “O Águia de Haia”, um dia ao chegar em casa, ouviu um barulho estranho vindo do seu
quintal. Chegando lá deparou com um ladrão com a mão na massa pronto pra levar seus patos de criação. Ele, Rui,
aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus amados patos, disselhe:
— Oh, bucéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro
de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por
necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopeia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei
com minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima
potência que o vulgo denomina nada.
E o ladrão, completamente confuso, diz:
— Dotô, eu levo ou deixo os pato?
O humor da narrativa está centrado
a. no preconceito contra as manifestações informais de linguagem, fruto da falta de escolaridade.
b. na crítica à existência de cidadãos iletrados na sociedade, incapazes de entender a própria língua.
c. na marcante diferença entre os discursos, caracterizando variedade linguística de ordem social.
d. na cena que se pode imaginar, de um homem tentando pular o muro com um pato nas mãos.
e. no improvável encontro de um intelectual como Rui Barbosa e um homem sem cultura.
RESOLUÇÃO
Depois de uma leitura integral e atenta do texto, o estudante deve observar que o humor se faz a partir da linguagem
rebuscada, de padrão formal, inesperada e desconhecida pelo meliante, utilizada pelo dono da casa. A fala do ladrão, no
final do texto – "Dotô, eu levo ou deixo os pato?" – é uma pista significativa da "marcante diferença entre os discursos",
como sugere o gabarito.
Habilidade: LH1 - Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização
dos sistemas de comunicação.
História das Copas
O infográfico fornece informações da final da primeira Copa do Mundo. Com base na imagem, infere-se que o recurso
colabora para
a. demonstrar que houve necessidade de pênaltis.
b. indicar que os uruguaios dominaram o jogo.
c. mostrar que o jogo foi definido no primeiro tempo.
d. evidenciar que o tempo foi determinante para o jogo.
e. apontar que o Uruguai teve mais chances de gol no jogo.
RESOLUÇÃO
O aluno compreende a relação entre os círculos (gols) e as linhas (tempo) dados no gráfico. Com isso, conclui que o
Uruguai abriu o placar com gols, mas a Argentina fez dois ainda no primeiro tempo e terminou o primeiro tempo na frente
na partida. Mas no segundo tempo, o Uruguai fez mais três gols e ganhou o jogo. Partindo dessa leitura do gráfico, o
aluno pode inferir que o tempo foi determinante para o jogo.
Habilidade: LH12 - Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios
culturais.
Texto I
O pintor francês George Braque (1882-1963) entendeu o que era a pintura a partir da lição de Paul Cézanne, a quem
reconhecia como grande mestre. Colocando em prática sua subjetividade, esse artista cubista reteve, da lição de
Cézanne, a atenção ao volume e às linhas das figuras, em direção à abstração.
Texto II
As características citadas da arte de Cézanne influenciaram os artistas cubistas no desenvolvimento de um estilo
marcado pela
a. geometrização, possibilitando diversas visualizações do real.
b. imitação, buscando aperfeiçoamento na realidade das figuras.
c. reprodução, objetivando uma exatidão fotográfica da natureza.
d. expressão, visando a marcar um estado de inspiração do artista.
e. decoração, organizando padrões agradáveis aos observadores.
RESOLUÇÃO
Para os cubistas, a forma está sobreposta ao tema a ser tratado na obra de arte. Os artistas, nesse estilo, trabalhavam
com as formas, superfícies e espaços de maneira estética e sem fidelidade à realidade, ou seja, sem a necessidade da
"cópia do real", suscitando a subjetividade tanto no autor da obra quanto no seu espectador.
Habilidade: LH20 - Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade
nacional.
Neste momento, a orquestra assinalou o começo do sarau. É preciso antecipar que nós não vamos dar ao trabalho de
descrever este; é um sarau, como todos os outros, basta dizer o seguinte:
Os velhos lembraram-se do passado, os moços aproveitaram o presente, ninguém cuidou do futuro. Os solteiros fizeram
por lembrar-se do casamento, os casados trabalharam por esquecer-se dele. Os homens jogaram, falaram em política e
requestaram as moças; as senhoras ouviram finezas, trataram de modas e criticaram desapiedadamente umas às
outras. As filhas deram carreirinhas ao som da música, as mães, já idosas, receberam cumprimentos por amor daquelas,
as avós, por não ter que fazer nem que ouvir, levaram todo o tempo a endireitar as toucas e a comer doces.
No trecho acima, retirado de um dos primeiros romances românticos da literatura brasileira, A moreninha, o narrador faz
uma descrição de um sarau: reunião festiva, geralmente noturna, em que se ouve música, além de haver espaço para a
dança e a conversação. A importância desse tipo de texto está em
a. ter preservado a memória de costumes que fizeram parte da identidade brasileira.
b. criticar a futilidade da classe média preocupada em imitar o comportamento da classe alta.
c. condenar uma sociedade tão apegada a valores materiais a ponto de deixar de lado a religiosidade.
d. valorizar uma elite que soube proporcionar entretenimento até mesmo para os desprestigiados.
e. mostrar que o pouco conhecimento musical do brasileiro era compensado por seu caráter festivo.
RESOLUÇÃO
A moreninha, publicado em 1844, é um romance que não exibe apenas uma açucarada história de amor. Sua narrativa
também mostra os costumes da elite que estava se formando na sociedade brasileira. É o que se nota no excerto
destacado, em que se faz a descrição de um sarau, que, como o enunciador diz, é “como todos os outros”. Dessa forma,
um evento comum àquela época, que caracterizava a sociedade de então, acaba tendo sua memória preservada quando
apresentado em um texto literário.
Habilidade: LH3 - Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação,considerando a função
social desses sistemas.
"Gordinho gostoso do Brasil" lança o arrocha ostentação
O que é que o baiano tem? Se você perguntar a Neto LX, ele vai ajeitar o paletó italiano de elastano brilhante, estalar os
dedos ornados com quatro anéis de ouro na mesma mão (um para cada letra do seu nome) e enumerar: um hit
reproduzido por Ivete Sangalo, Gusttavo Lima e Claudia Leitte, contrato recém-fechado com a Som Livre, equipe com 30
funcionários a seu dispor, um cachê que chega a R$ 150 mil e dois carrões importados – não revela as marcas "para
não fazer patrocínio de graça".
Na reportagem apresentada, os elementos descritivos foram utilizados para estabelecer
a. a caracterização de um tipo de artista.
b. comparação entre estilos musicais.
c. oposição entre prática e discurso.
d. referência de caráter intertextual.
e. a depreciação do gênero arrocha.
RESOLUÇÃO
Os elementos da descrição (as vestes, os acessórios, o sucesso profissional e financeiro) compõem o perfil de um artista
do gênero ostentação. Dessa forma, esses ingredientes serviram para produzir a "caracterização de um tipo de artista".
Habilidade: LH1 - Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização
dos sistemas de comunicação.
Os pássaros
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
Que o alimento deles já estava em ti...
O texto de Mario Quintana, ao fazer uma reflexão sobre a importância do gênero poema, se apropria de uma metáfora
que é utilizada para
a. criar uma imagem de liberdade criativa que um poeta pode ter ao elaborar seus textos.
b. remeter-se à catarse que um leitor pode ter ao ler um poema que o surpreendeu.
c. referir-se à diversidade de significados que um poema pode ter a cada leitura e a cada leitor.
d. explicitar o desejo do leitor em criar novos sentidos para o poema que está lendo.
e. associar elementos que teoricamente não possuem qualquer relação semântica no poema.
RESOLUÇÃO
Ao comparar os pássaros a um poema, Mario Quintana cria uma imagem na qual, para o autor, o texto poético é
plurissignificativo: no momento em que o leitor o lê, está aberto a receber múltiplos sentidos e interpretações.
Habilidade: LH13 - Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de
beleza e preconceitos.
O espectador comum
Vemos uma pintura como algo definido por seu contexto; podemos saber algo sobre o pintor e sobre o seu mundo;
podemos ter alguma ideia das influências que moldaram sua visão; se tivermos consciência do anacronismo*, podemos
ter o cuidado de não traduzir essa visão pela nossa – mas, no fim, o que vemos não é nem a pintura em seu estado
fixo nem uma obra de arte aprisionada nas coordenadas estabelecidas pelo museu para nos guiar. O que vemos é a
pintura traduzida nos termos da nossa própria existência. Conforme Bacon sugeriu, infelizmente (ou felizmente) só
podemos ver aquilo que, em algum feitio ou forma, nós já vimos antes. Só podemos ver as coisas para as quais já
possuímos imagens identificáveis, assim como só podemos ler em uma língua cuja sintaxe, gramática e vocabulário já
conhecemos.
*anacronismo: o que não está de acordo com a época.
Com base no texto, compreende-se que a influência do olhar sobre a pintura centraliza-se
a. na vida do artista.
b. no contexto da obra.
c. no ambiente do museu.
d. na experiência do espectador.
e. no movimento artístico da obra.
RESOLUÇÃO
O aluno compreende que o modo como o espectador comum observa uma pintura parte muito mais do seu olhar do que
da imagem propriamente dita, isto é, a experiência de vida e a visão de mundo do espectador comum influenciarão no
modo como ele observará uma pintura ("O que vemos é a pintura traduzida nos termos da nossa própria existência").
Habilidade: LH26 - Relacionar as variedades lingüísticas a situações específicas de uso social.
Português: um nome, muitas Línguas
Quando queremos ampliar nosso conhecimento da língua portuguesa e da realidade linguística do nosso país,
precisamos, antes de qualquer coisa, aprender a nos maravilhar com a diversidade que aqui existe. Precisamos
aprender a nos reconhecer como um país multilíngue; precisamos abrir nossos ouvidos e olhos, sem restrições e sem
pré-julgamentos, para todas as variedades do nosso português; precisamos deixar que as inúmeras maneiras de falar a
língua ressoem tranquilamente em nós e encantem o nosso coração.
Isso, obviamente, não é fácil porque a nossa cultura, tradicionalmente, tem sido intolerante com muitas das variedades
brasileiras do português. E transformou em fator de discriminação social o modo como parte da população fala a língua.
Por outro lado, nossa cultura tem desmerecido, quando não ignorado, a multiplicidade de línguas faladas na sociedade
brasileira. Somos um país multilíngue – aqui são faladas centenas de línguas indígenas e dezenas de línguas de
imigração, e há ainda remanescentes de línguas africanas. Apesar disso, nós temos nos idealizado como um país
monolíngue.
Os efeitos negativos dessas representações culturais não são pequenos. Vários segmentos da nossa população são
prejudicados em razão do modo como falam a língua portuguesa; outros são prejudicados porque, embora cidadãos
brasileiros, não têm o português como sua língua materna; por fim, a educação que temos dado a nossos estudantes
não lhes oferece as condições para transitar com segurança por entre as variedades do português que existem em
nosso país, em especial no domínio da língua escrita.
O texto anterior tem prosseguimento com o autor apontando caminhos para neutralizar os “efeitos negativos” a que ele
se refere. Em consonância com o seu pensamento, infere-se que ele considera necessário(a) para a preservação da
verdadeira identidade nacional e valorização do nosso patrimônio linguístico
a. o reconhecimento de que somos um país monolíngue, desconsiderando variedades pouco significativas.
b. o acompanhamento e o respeito à cultura tradicional que considera negativos certos modos de “falar errado” o
português.
c. a reunião em um único idioma das línguas indígenas e as línguas de imigração existentes no território nacional.
d. a não imposição do português como língua materna daqueles que não tiveram adequada escolarização.
e. a abertura para a aceitação das muitas variedades brasileiras do português, valorizando-lhe a
diversificação, sem atitudes discriminatórias.
RESOLUÇÃO
O texto afirma a importância do reconhecimento da diversidade de nosso ambiente linguístico – própria de um país
multilíngue – como forma de valorização do nosso patrimônio linguístico, repudiando visões tradicionais discriminatórias
que desqualificam variedades tidas como menos cultas ou aceitáveis socialmente.
Habilidade: LH4 - Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de
comunicação e informação.
A finalidade da charge do cartunista norte-americano Charles Barsotti (1933-2014) é
a. parodiar os ideais cristãos.
b. ironizar as políticas inclusivas.
c. criticar a desigualdade social.
d. atacar a ingratidão dos pobres.
e. rejeitar o discurso maniqueísta.
RESOLUÇÃO
A charge de Charles Barsotti apresenta uma situação de desigualdade social, o que se nota pela oposição entre o
tamanho gigantesco de quem pratica a doação e o tamanho diminuto de quem a recebe. A crítica é percebida pelos
traços demoníacos com que o doador é retratado, além da ironia que é estabelecida com o seu discurso.
Habilidade: LH24 - Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais
como a intimidação, sedução, comoção, chantagem, entre outras.
Os detalhes do dia a dia
Para o bem ou para o mal, os detalhes nos denunciam. [...] Certa vez reparei que o [decorador] João dava muita
importância ao banheiro das visitas, um dos cômodos menos utilizados: as cerâmicas, os metais, o toalheiro, o
sabonete. Quando um pingo de tinta foi encontrado no chão, o pintor foi imediatamente chamado. E lhe perguntei por
que tamanha preocupação com algo de uso esporádico. Não deveríamos gastar mais energia com a decoração da sala?
— Pense um pouco — explicou — você recebe uma visita. De repente, seu convidado vai ao banheiro. Ele entra, fica
sozinho e faz o que, além de usar as instalações? Repara nos detalhes. [...] A Lu, minha esposa e especialista em
detalhes, alimenta a nossa relação com pequenos mimos. Sem eles até dá pra viver, talvez sua ausência não seja
notada. Mas sua presença faz a diferença. Quando me traz um copo de leite enquanto trabalho, ou quando escreve "I
love you" em suas pálpebras (como ela faz isso?) e fecha os olhos para que eu possa ler a mensagem, ela está
lançando mão do mais poderoso antídoto à monotonia e declamando o mais sublime poema da vida cotidiana: o
detalhe.
Para sustentar a sua ideia de que os detalhes fazem a diferença nas relações cotidianas, o autor do texto
a. narra situações em que eles se destacam.
b. propõe práticas em que eles podem ser evidenciados.
c. mostra momentos especiais em que eles estão presentes.
d. evidencia mudanças de comportamento quando eles surgem.
e. explora momentos em que eles denunciam falta de cuidado com a casa.
RESOLUÇÃO
O aluno compreende que as situações citadas são centrais para a argumentação do autor, pois são exemplos de como
os detalhes são observados e fazem a diferença no cotidiano dos indivíduos, o que é posto em síntese pelas seguintes
palavras do autor: "ela está lançando mão do mais poderoso antídoto à monotonia e declamando o mais sublime poema
da vida cotidiana: o detalhe".
Habilidade: LH18 - Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e
estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos.
Te ver
Te ver e não te querer
É improvável, é impossível
Te ter e ter que esquecer
É insuportável, é dor incrível
É como mergulhar num rio e não se molhar
É como não morrer de frio no gelo polar
É ter o estômago vazio e não almoçar
É ver o céu se abrir no estio e não se animar
[...]
É como esperar o prato e não salivar
Sentir apertar o sapato e não descalçar
É ver alguém feliz de fato sem alguém pra amar
É como procurar no mato estrela do mar
[...]
É como não sentir calor em Cuiabá
Ou como no Arpoador não ver o mar
É como não morrer de raiva com a política
Ignorar que a tarde vai vadia e mítica
É como ver televisão e não dormir
Ver um bichano pelo chão e não sorrir
É como não provar o néctar de um lindo amor
Depois que o coração detecta a mais fina flor
[...]
Nos versos destacados na primeira e segunda estrofes foram empregados, respectivamente,
a. paradoxo e antítese.
b. comparação e paradoxo.
c. antítese e paradoxo.
d. antítese e metáfora.
e. comparação e metáfora.
RESOLUÇÃO
Nos versos
Te ter e não te querer
te ter e ter que esquecer
é possível perceber o emprego da antítese, pois os compositores confrontam ideias opostas para dar sentido a sua
própria.
Nos versos
É como mergulhar num rio e não se molhar
É como não morrer de frio no gelo polar
é possível perceber o emprego do paradoxo – afirmando o que, à primeira vista, parece ser contraditório, mas que na
realidade expressa uma mesma ideia, que complementa a ideia principal da música, que é a impossibilidade de ter e não
desejar.
Habilidade: LH15 - Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do
contexto histórico, social e político.
Que trata da vida e costumes do gentio potiguar
Não é bem que passemos já do rio da Paraíba, onde se acaba o limite por onde reside o gentio potiguar, que tanto mal
tem feito aos moradores das capitanias de Pernambuco e Itamaracá, e a gente dos navios que se perderam pela costa
da Paraíba até o rio do Maranhão. Este gentio senhoreia esta costa do rio Grande até o da Paraíba, onde se confinaram
antigamente com outro gentio, que chamam os caetés, que são seus contrários, e se faziam crudelíssima guerra uns aos
outros, e se fazem ainda agora pela banda do sertão onde agora vivem os caetés, e pela banda do rio Grande são
fronteiros dos tapuias, que é a gente mais doméstica com quem estão às vezes de guerra e às vezes de paz, e se
ajudam uns aos outros contra os tabajaras, que vizinham com eles pela parte do sertão. Costumam estes potiguares não
perdoarem a nenhum dos contrários que cativam, porque os matam e comem logo. Este gentio é de má estatura, baços
de côr, como todo o outro gentio; não deixam crescer nenhuns cabelos no corpo senão os da cabeça, porque em eles
nascendo os arrancam logo. Falam a língua dos tupinambás e caetés; têm os mesmos costumes e gentilidades, o que
declaramos ao diante no capítulo dos tupinambás. Este gentio é muito belicoso, guerreiro e atraiçoado, e amigo dos
franceses, a quem faz sempre boa companhia, e, industriado deles, inimigo dos portugueses. São grandes lavradores
dos seus mantimentos, de que estão sempre mui providos, e são caçadores bons e tais flecheiros que não erram
flechada que atirem. São grandes pescadores de linha, assim no mar como nos rios de água doce. Cantam, bailam,
comem e bebem pela ordem dos tupinambás, onde se declarará miudamente sua vida e costumes, que é quase o geral
de todo o gentio da costa do Brasil.
Com base no texto, podemos afirmar que a principal importância da literatura de informação ou expansão para os dias
de hoje é
a. narrar e descrever as viagens e o contato com a terra brasileira e seus nativos.
b. documentar historicamente a expansão marítima e o choque cultural da colonização.
c. nos alertar sobre a forma pela qual se explorou o Brasil na época da colonização.
d. relatar como eram os índios, seus costumes e como se relacionaram com os colonizadores.
e. informar os colonizadores sobre as vantagens e os perigos que existiam na nova terra.
RESOLUÇÃO
As cartas de viagens, tratados descritivos e diários de navegação formam a chamada literatua de informação. Sua
principal importância para os dais de hoje é o significado como documentação histórica, trazendo testemunhos e
registros das conquistas, da forma como se deu a expansão marítima na época e os registros do choque cultural entre
os colonizadores e os colonizados.
Habilidade: LH21 - Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a
finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos.
Texto do 1º quadro: Horrifying (tradução: horripilante, apavorante).
Texto do 2º quadro: More horrifying (tradução: mais horripilante, mais apavorante).
A publicidade apresentada, preocupada em ativar a intervenção social ecológica, cobra do seu receptor o
reconhecimento do(a)
a. perigo das forças da natureza.
b. relação de intertextualidade.
c. paradoxo entre as imagens.
d. manipulação de imagens.
e. significado de um índice.
RESOLUÇÃO
Para responder ao item, o aluno precisa saber que a peça publicitária trabalha com índices, pistas para informações que
se encontram subentendidas. Assim, a imagem à esquerda, de uma barbatana que desponta sobre a superfície da água,
é sinal da presença perigosa de um tubarão. O outro índice está à direita: a ausência da barbatana é ausência dessa
forma de vida, o que significa prejuízos no bioma retratado.
Habilidade: LH9 - Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas
de um grupo social.
A história do taikô
Apesar de sua longa história como instrumento musical, o que conhecemos hoje é uma arte que surgiu após a Segunda
Guerra Mundial. Ao longo da história, o taikô representou as mais variadas formas de expressão das necessidades e
vontades humanas, dentre elas: religiosas, políticas, recreacionais e artísticas.
A palavra taikô tanto pode definir a música de percussão feita com tambores japoneses como o instrumento em si, de
corpo circular, com membranas de pele bovina esticadas e amarradas com barbante ou presas por meio de rebites.
Eles eram usados, inicialmente, para motivar as tropas, auxiliar a marcar o passo na marcha e para anunciar comandos
e anúncios marciais, no Japão feudal. E por ser um povo essencialmente agrário, os japoneses usavam os taikôs em
festivais e rituais para rezar e agradecer pelas boas colheitas. Mas, após a Segunda Guerra Mundial, sua função social
sofreu uma mudança radical.
"No pós-guerra houve uma virada do taikô para as representações artísticas. Em 2002, 2003, aconteceu o boom. A partir
daí, houve a popularização do taikô", afirma Gustavo Missumi.
O taikô, assim como outras atividades que envolvem música e expressão corporal, está intimamente ligado
a. às guerras enfrentadas pelos povos e à maneira como aconteceram.
b. às necessidades de preparo e esforço físico estimulados por meio da música.
c. ao contexto social no qual está inserido, representando a cultura de um povo.
d. aos instrumentos que um determinado grupo tem disponíveis para produzi-los.
e. aos rituais religiosos pertinentes a determinados grupos sociais dos quais fazem parte.
RESOLUÇÃO
Para responder ao item, aluno precisa reconhecer o taikô como uma atividade que envolve um trabalho físico de
expressão por meio do movimento, e que também é marcado pela expressão cultural e emocional dos japoneses; uma
atividade que hoje já é praticada no Brasil de forma significativa e que contagia o público pelo envolvimento e emoções
provocadas pelos seus representantes.
Num dia quente, em 1961, pescadores pernambucanos perceberam uma movimentação em alto-mar: barcos com
bandeira da França fisgavam lagostas ilegalmente em águas brasileiras. A Marinha foi alertada, flagrou a contravenção e
expulsou os franceses do país. O problema é que eles se recusaram a ir embora – dando início ao embate conhecido
como Guerra da Lagosta, que durou dois anos.
O conflito não teve tiros. Ficou restrito ao campo diplomático e, em certos momentos, ganhou contornos surreais. Para
justificar a pesca na região, o governo francês alegou que a lagosta é um peixe “porque se desloca aos saltos”. A
resposta do comandante brasileiro Paulo de Castro Moreira Silva? “Por analogia, o canguru é uma ave.”
Enquanto os diplomatas discutiam as classes animais, navios pesqueiros franceses foram apreendidos pela Marinha.
Em represália, a França enviou dois navios de guerra para escoltar seus pescadores. No sábado de Carnaval de 1963, a
Força Aérea Brasileira deslocou quatro P-16 Tracker para Recife. Os aviões de guerra vigiaram os navios franceses por
17 dias, até que eles deixassem as águas brasileiras.
No texto, relata-se o embate entre Brasil e França por conta do uso de território marítimo brasileiro usurpado por
franceses para pesca de lagosta. Durante essa disputa, houve até a utilização de argumentação baseada em
a. provas concretas.
b. informações históricas.
c. testemunho de especialistas.
d. juízo de senso comum.
e. raciocínio por comparação.
RESOLUÇÃO
O comandante Paulo de Castro Moreira Silva compara o raciocínio absurdo que faz (canguru é ave porque salta) ao
raciocínio dos franceses (lagosta é peixe porque se desloca aos saltos). A intenção do brasileiro é invalidar a justificativa
dos franceses de se utilizarem indevidamente dos recursos de águas brasileiras. Dessa forma, sua comparação funciona
como expediente argumentativo, já que serve para comprovar uma ideia.
Habilidade: LH22 - Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos.
Texto I
Quem foi que inventou o Brasil?
Foi seu Cabral!
Foi seu Cabral!
No dia vinte e um de abril
Dois meses depois do carnaval
Depois
Ceci amou Peri
Peri beijou Ceci
Ao som...
Ao som do Guarani!
Do Guarani ao guaraná
Surgiu a feijoada
E mais tarde o Paraty
Depois
Ceci virou Iaiá
Peri virou Ioiô
De lá...
Pra cá tudo mudou!
Passou-se o tempo da vovó
Quem manda é a Severa
E o cavalo Mossoró
Texto II
A mania dessa gente
Que vive sempre a cantar,
É exaltar constantemente
As morenas do lugar
No entanto as moreninhas
Cheias de gracilidade
São produto das negrinhas
Alma da brasilidade
Quem foi que ninou o Brasil?
Foi Yáyá
Quem mais padeceu docemente?
Foi Yáyá
Portanto nosso país, oh, Yôyô
Nêgo também é gente
As duas canções foram envolvidas, em 1934, em uma acusação de plágio. Apesar de essa denúncia ter-se mostrado
infundada, o confronto entre os dois textos permite perceber que possuem em comum
a. a forma cerimoniosa com que a História do Brasil é abordada.
b. a referência a elementos que compõem a identidade nacional.
c. o enfoque idealizador dos acontecimentos da realidade brasileira.
d. a abordagem documental dos fatos da historiografia brasileira.
e. a menção a indivíduos afrodescendentes adaptados ao Brasil.
RESOLUÇÃO
O texto de Lamartine Babo faz referência a Cabral, descobridor do Brasil. Aborda também o carnaval, a feijoada, o
guaraná, Peri e Ceci – personagens de O Guarani, romance de José de Alencar e que, além de ser considerado nossa
primeira grande epopeia, inspirou a ópera homônima de Carlos Gomes. Já a segunda canção traz a participação do
elemento afrodescendente na composição de um tipo brasileiro, a morena. Dessa forma, ambos lidam com elementos
que fazem parte da identidade nacional.
Habilidade: LH10 - Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades
cinestésicas.
Corrida ajuda a aliviar os sintomas da depressão?
Sim, e muito. [...] A corrida desencadeia a liberação de endorfina, um neurotransmissor produzido no cérebro que é um
dos responsáveis por esse estado de relaxamento. Outras consequências da corrida são: aumento do fluxo sanguíneo
cerebral, aumento no consumo máximo de oxigênio e liberação desse oxigênio para os tecidos cerebrais, além do
aumento da temperatura corporal e redução na tensão muscular. Em relação aos benefícios psicológicos, é possível
observar uma série de mudanças de comportamento na pessoa que pratica a corrida, como o aumento da
autoconfiança, que acaba se estendendo e beneficiando outros setores da vida.
O texto apresenta como grande benefício da corrida, enquanto prática esportiva,
a. o fim das bases cerebrais causadoras de males psicológicos.
b. a ação da endorfina erradicadora de problemas mentais.
c. a melhora de aspectos tanto físicos quanto psicológicos.
d. o desenvolvimento de progresso concentrado na estética.
e. a cura de males causados por doença comportamental.
RESOLUÇÃO
O hábito da corrida faz com que seu praticante apresente melhora tanto no aspecto físico (ex.: melhora da oxigenação,
da temperatura corporal, relaxamento muscular) quanto no aspecto psicológico (ex.: melhora da autoconfiança).
A propaganda apresentada utiliza como recurso de linguagem
a. o paradoxo, por meio do qual duas ideias opostas são aproximadas, gerando um aparente contrassenso.
b. a polissemia, por meio da qual o vocábulo "velho" e seus cognatos são associados a significados diferentes.
c. o eufemismo, por meio do qual as transformações negativas do envelhecimento são evitadas ou eliminadas.
d. a redundância, por meio da qual a repetição de termos cognatos provoca um raciocínio de caráter circular.
e. a ironia, por meio da qual se faz crítica aos que não aceitam as consequências naturais do envelhecimento.
RESOLUÇÃO
A propaganda torna-se chamativa ao utilizar um raciocínio aparentemente absurdo, ou seja, um paradoxo: envelhecer
sem ficar velho. Na verdade, a peça publicitária quer dizer que é possível ganhar idade sem perder disposição para
viver.
Habilidade: LH12 - Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios
culturais.
Da tirinha apresentada, infere-se que, para Adão Iturrusgarai, o artista é um indivíduo que
a. procura apresentar postura rebelde.
b. sofre a rejeição dos grupos sociais.
c. suspende o senso prático cotidiano.
d. toma atitudes vistas com humor.
e. provoca ampla discussão social.
RESOLUÇÃO
A aranha artista está construindo sua teia de maneira diferente do convencional, ao contrário dos aracnídeos à
esquerda. Dessa maneira, Adão Iturrusgarai entende que o papel de quem trabalha com arte é produzir algo que foge do
padrão rotineiro, da maneira como a maioria das pessoas age no cotidiano.
Habilidade: LH21 - Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a
finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos.
Plural
Na charge, a pergunta da personagem permite identificar a crítica feita
a. ao consumismo, uma vez que o plural indica os altos gastos do consumidor.
b. à norma padrão, pois a personagem prefere uma linguagem mais informal.
c. às altas taxas de juros, pois o cartunista utiliza a ideia de plural para dar ênfase à quantidade.
d. ao comportamento impulsivo, pois alguns consumidores se endividam sem se preocupar com os juros.
e. ao baixo conhecimento do povo sobre a língua, uma vez que a palavra "juros" é usada sempre no plural.
RESOLUÇÃO
O aluno precisa saber que o plural indica quantidade maior que um. No caso da charge, o plural indica grande
quantidade dos juros cobrados dos consumidores. O aluno precisa, então, compreender que a charge critica as altas
taxas de juros cobradas dos consumidores, tanto é que a palavra "juros" só é usada no plural. Assim, o aluno poderá
assinalar a alternativa correta.
Habilidade: LH30 - Relacionar as tecnologias de comunicação e informação ao desenvolvimento das sociedades e ao
conhecimento que elas produzem.
Acesso ao material didático digital
O download do material didático é automático: basta se conectar a uma rede WiFi ou 3G e aguardar a comunicação do
sistema com o servidor. Assim que o download iniciar, uma mensagem será exibida na barra de notificações. Todos os
fascículos serão baixados automaticamente enquanto o tablet permanecer conectado à internet. Após baixar os
fascículos, não é necessário se conectar à internet para abri-los: o conteúdo fica armazenado no tablet.
Ao clicar sobre a imagem do material, a resenha do livro é aberta, exibindo maiores informações do autor e do conteúdo
da obra. Para ler o conteúdo do material, basta clicar no botão "Abrir".
Com o avanço do acesso à internet, livros e revistas ganharam versão digital. A oferta pela instituição de ensino, no texto
apresentado, do material didático via tablet revela
a. necessidade de adaptação às novas tecnologias.
b. encarecimento dos livros impressos no mercado.
c. facilidade da compra de tablets por estudantes.
d. aumento do número de computadores por lares.
e. depreciação do livro impresso em prol do digital.
RESOLUÇÃO
O candidato, ao ler o texto, deve reconhecer o tablet como um suporte de linguagem, a partir da tecnologia, que propõe
facilitar a vida do estudante.
literário.
vertigo
ver te
comigo
Vocabulário
Vertigo: termo em latim que deu origem à palavra "vertigem"; significa tanto giro quanto tontura.
O texto apresenta um elemento típico da poesia contemporânea, que consiste
a. no amor como desequilíbrio.
b. na subversão da língua.
c. no foco na subjetividade.
d. na recombinação de sons.
e. no uso de estrangeirismos.
RESOLUÇÃO
O poema apresenta um procedimento muito comum na poesia contemporânea e que consiste na recombinação sonora:
os sons da palavra "vertigo" (verso 1) aparecem em "ver te" (verso 2) e "comigo" (verso 3).
Texto I
Ali andavam entre eles três ou quatro moças bem moças e bem gentis, com cabelos muito pretos compridos pelas
espáduas, e suas vergonhas tão altas e tão saradinhas e tão limpas das cabeleiras que de as nós muito bem olharmos
não tínhamos nenhuma vergonha.
Texto II
Durante muito tempo a nacionalidade viveu da mescla de três raças que os poetas xingaram de tristes: as três raças
tristes.
A primeira, as caravelas descobridoras encontraram aqui comendo gente, e desdenhosa de mostrar suas vergonhas. A
segunda veio nas caravelas. Logo os machos sacudidos desta se enamoraram das moças bem gentis daquela, que
tinham cabelos mui pretos, compridos pelas espádoas.
E nasceram os primeiros mamalucos.
Quando Antônio de Alcântara Machado discorre sobre o processo de formação do povo brasileiro, ele utiliza como
procedimento a
a. paródia à carta produzida por Caminha.
b. contra-argumentação aos postulados de Caminha.
c. explicação do pensamento do Quinhentismo.
d. intertextualidade com a carta de Caminha.
e. exemplificação das teses feitas por Caminha.
RESOLUÇÃO
Antônio de Alcântara Machado faz alusões a trechos do texto que é considerado a certidão de nascimento da civilização
brasileira: a Carta de Caminha. É válido também observar que esses excertos foram destacados pelo próprio autor
modernista. Esse processo de incorporação de uma obra a outra recebe o nome de intertextualidade.
Bolinha de sabão
Sentado na calçada
De canudo e canequinha
Dumplec duplim
Eu vi um garotinho
Dumplec duplim
Fazendo uma bolinha
Dumplec duplim
Bolinha de sabão
Eu fiquei a olhar
Eu pedi para ver
Quando ele me chamou
E pediu pra com ele brincar
Foi então que eu vi
Como era bom brincar
Com bolinha de sabão
Ser criança é bom
Agora vou passar
A fazer bolinha de ilusão
As palavras destacadas no texto são exemplos do emprego da figura de linguagem conhecida como
a. pleonasmo.
b. prosopopeia.
c. anáfora.
d. anacoluto.
e. onomatopeia.
RESOLUÇÃO
O autor construiu o sentido do poema explorando palavras cujo som dos fonemas lembra a coisa representada. Ou seja,
o que acontece nesses versos é a imitação, por palavras, do som natural das coisas. Chamamos essa figura de
linguagem de onomatopeia.
A diferença que existe entre a obra e seu objeto de inspiração decorre de
a. múltiplas possibilidades de interpretação da realidade, sendo esta uma tendência moderna.
b. relações entre modelo e obra, sendo as mesmas independentes do contexto da produção artística.
c. variações de estilos na arte do cartum, sendo os mesmos o determinante para a produção artística.
d. marcas de períodos artísticos diferentes, sendo o intercâmbio entre eles limitado a aspectos formais.
e. inadequações realizadas pelo artista, sendo que o modelo e a obra pertencem a estilos de arte diferentes.
RESOLUÇÃO
Na arte moderna, a produção artística se desvinculou da ideia de ser "cópia do real" e ganhou mais autonomia ao abrir
mais possibilidades para interpretações do real. A Mona Lisa, modelo do pintor, é cubista, numa tendência moderna que
abre possibilidades para interpretações do real, questionando a arte acadêmica do Renascimento. Já a Mona Lisa
pintada no cartum é renascentista, como a obra original de Leonardo da Vinci, que tem como modelo uma dama
florentina. Da Vinci se esmera em fazer com que o retrato transmita a sensação de realidade, por isso está focado na
cópia fiel de seu modelo vivo.
O cartum nos apresenta a interpretação do artista como elemento fundamental na produção artística dialogando com os
estilos de arte apresentados tanto no modelo como na obra de arte.
Habilidade: LH4 - Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de
comunicação e informação.
O papel social da imprensa
O século 21 nasceu em uma sociedade baseada na informação. No mundo de hoje, o grande jogo do poder se dá na
mídia. Ao menos contar com sua isenção pode eleger ou defenestrar governantes e aprovar ou rechaçar esta ou aquela
política pública. Nesse contexto, essa mídia – e sobretudo a imprensa que a pauta – assume, antes de mais nada, um
papel social de altíssima responsabilidade e que deve ser exercido com absoluta transparência sob pena de ameaça à
democracia e aos direitos de cidadãos por conta de etnia, credo, grau de instrução, posições político-ideológicas ou de
estrato social a que pertençam.
É esperável, portanto, que aquela pautadora da mídia, a imprensa, compreenda seu papel social e aceite submeter-se a
uma única e plausível exigência: equilíbrio. Ao decidir tender para algum lado sem dar ao que pensa diferente a mesma
oportunidade que a sua de se manifestar, a imprensa rouba o direito da sociedade de decidir com base em análise
equilibrada, que para sê-la precisa de informações equilibradas que lhe deem acesso a ambos os lados de todas as
questões – e agora peço que se releve que todas as questões têm dois ou mais lados.
De acordo com o texto, a imprensa
a. precisa aceitar seu papel social.
b. tem o dever de veicular a informação de forma imparcial.
c. deve ser pautada pela mídia equilibrada.
d. tem o papel de interferir na decisão das pessoas.
e. fornece informações equilibradas de ambos os lados.
RESOLUÇÃO
O aluno precisa ler atentamente o texto, diferenciando mídia e imprensa, atento para o fato de que se podem transmitir
valores e crenças específicas durante a transmissão de uma notícia, embora seja essencial que a imprensa seja séria,
democrática e imparcial.
As raízes do racismo
Somos seres tribais que dividem o mundo em dois grupos: “o nosso” e o “deles”.
Esse é o início de um artigo sobre racismo publicado na revista Science, como parte de uma seção sobre conflitos
humanos, leitura que recomendo a todos.
Tensões e suspeições intergrupais são responsáveis pela violência entre muçulmanos e hindus, católicos e protestantes,
palestinos e judeus, brancos e negros, heterossexuais e homossexuais, corintianos e palmeirenses.
Em um experimento clássico dos anos 1950, psicólogos americanos levaram para um acampamento
adolescentes que não se conheciam. Ao descer do ônibus, cada participante recebeu aleatoriamente uma
camiseta de cor azul ou vermelha. [...]
A observação precisou ser interrompida antes da data prevista, por causa da violência na disputa de jogos e das brigas
que irrompiam entre azuis e vermelhos.
Nos anos que se seguiram, diversas experiências semelhantes, organizadas com desconhecidos reunidos de
forma arbitrária, demonstraram que consideramos os membros de nosso grupo mais espertos, justos,
inteligentes e honestos do que os “outros”.
Parte desse pré-julgamento que fazemos “deles” é inconsciente. [...]
Nos últimos 40 anos, surgiu vasta literatura científica para explicar por que razão somos tão tribais. [...]
Seres humanos são capazes de colaborar uns com os outros numa escala desconhecida no reino animal, porque viver
em grupo foi essencial à adaptação de nossa espécie. Agrupar-se foi a necessidade mais premente para escapar de
predadores, obter alimentos e construir abrigos seguros para criar os filhos.
A própria complexidade do cérebro humano evoluiu, pelo menos em parte, em resposta às solicitações da vida
comunitária.
Assim como nos trechos destacados, nesse texto Drauzio Varella utiliza, predominantemente, argumentos
a. de comparação.
b. de alusão histórica.
c. com provas concretas.
d. consensuais.
e. de presença.
RESOLUÇÃO
Ao tratar da questão do racismo no decorrer do texto, o autor retoma acontecimentos do passado e sua influência sobre
as atitudes dos diferentes grupos no presente.
Habilidade: LH26 - Relacionar as variedades lingüísticas a situações específicas de uso social.
Data de validade
— Hoje é uma moça que vai te acompanhar até a plataforma, seu Cláudio.
— Oba! — responde o velhinho cego, que iria embarcar com a esposa, também deficiente visual, dali a pouco. A
funcionária Rosângela, do balcão de informações, se aproxima dos dois e pergunta qual deles gostaria de segurar seu
braço, para que ela possa guiá-los.
— Eu! Escolhe eu! — pede Cláudio, com um sorriso. A esposa apenas resmunga: — Ô velho assanhado! Melhor a moça
ficar no meio.
E foram andando, um velhinho de cada lado. Ele, contente à beça; a mulher, meio emburrada. Mas a birra não durou
muito: logo estavam se dobrando de rir quando, a certa altura, Rosângela perguntou se o casal tinha filhos.
— Não moça — disse Cláudio. — Sabe o que é? É que a gente já casou com a validade vencida...
A fala “Eu! Escolhe eu!”, de Cláudio, poderia ser considerada inadequada do ponto de vista da norma padrão, já que o
personagem utiliza um pronome do caso reto no lugar de um objeto, e não de um sujeito na oração. Contudo, a forma de
se expressar do senhor deve ser aceita, devido
a. ao respeito necessário aos mais velhos.
b. ao contexto informal da situação.
c. à autoridade masculina na fala.
d. à ênfase dada ao pronome “eu”.
e. ao modo imperativo da fala.
RESOLUÇÃO
O aluno compreende que os usos da língua se adequam às situações comunicativas. Neste caso, a norma padrão não é
exigida, pois há uma situação comunicativa informal e o entendimento entre os indivíduos é o que prevalece sobre o uso
da norma padrão.
As pessoas surpresas com os nossos novos comportamentos acreditam que o comportamento é uma categoria estável,
mas não é. As motivações humanas mudam pouco ao longo dos anos, mas a oportunidade pode mudar pouco ou muito,
dependendo do ambiente social. Num mundo em que a oportunidade muda pouco, o comportamento mudará pouco,
mas, quando a oportunidade muda muito, o comportamento fará o mesmo, desde que as oportunidades sejam atraentes
para as verdadeiras motivações humanas.
O direcionamento do nosso excedente cognitivo permite que as pessoas se comportem de forma cada vez mais
generosa, pública e social, em comparação com o seu antigo status de consumidoras e bichos-preguiça. A matériaprima dessa mudança é o tempo livre disponível para nós, tempo que podemos investir em projetos que variam da
diversão à transformação cultural. Se tempo livre fosse a única coisa necessária, entretanto, as atuais mudanças teriam
acontecido há meio século. Agora temos à nossa disposição as ferramentas e as novas oportunidades que elas
viabilizaram.
Nossas novas ferramentas não causaram esses comportamentos, mas os permitiram. Uma mídia flexível, barata e
inclusiva nos oferece agora oportunidades de fazer todo tipo de coisas que não fazíamos antes. No mundo da “mídia”,
éramos como crianças, sentadas quietas nas margens de um círculo e consumindo o que quer que os adultos, no centro
do círculo, produzissem. Isso criou um mundo no qual muitos tipos de comunicação, pública e privada, estão de alguma
forma à disposição de todos. Mesmo aceitando que esses novos comportamentos estão acontecendo e que novos tipos
de mídia estão fornecendo os meios para que aconteçam, ainda precisamos explicar como. Novas ferramentas só são
usadas quando ajudam as pessoas a fazer coisas que queiram fazer; o que está motivando Pessoas Antes Conhecidas
Como Espectadoras a começar a participar?
O autor fala de comportamento, tempo livre e novas ferramentas midiáticas. Para ele,
a. há uma relação direta de causa e efeito entre as novas ferramentas e os novos comportamentos, sem a
interferência de outros elementos.
b. as novas mídias são elementos propiciadores de novos comportamentos, quando as pessoas se julgam
motivadas a eles.
c. a motivação é o que leva as pessoas a assumirem, atualmente, um comportamento menos social e mais
individualista e consumista.
d. o tempo livre acaba não sendo considerável como elemento necessário para as mudanças comportamentais que
hoje se percebem.
e. no mundo midiático, o que se observa, historicamente, é uma mudança comportamental no sentido da inércia e
do consumismo.
RESOLUÇÃO
O autor nos mostra, com a pergunta final, a estreita ligação que considera existir entre a disponibilização de novas
mídias e a motivação para utilizá-las. Essa alternativa encontra apoio nas passagens: “desde que as oportunidades
sejam atraentes para as verdadeiras motivações humanas” (primeiro parágrafo) e “Novas ferramentas só são usadas
quando ajudam as pessoas a fazer coisas que queiram fazer” (parágrafo final).
literário.
À pancada da porta atrás de sua saia de linho, os móveis estremeceram. Dentro de mim alguma coisa estremeceu
também. Descobri o criado-mudo, uma cadeira de braços, o guarda-casaca. Nunca entendi de estilos de móveis, nem
então me preocupei com isto.
O trecho da narrativa de Gerardo Mello Mourão, O valete de espadas, é composto de várias figuras de linguagem para
descrever o comportamento da personagem. Dentre elas, a locução “cadeira de braços”, que representa
a. uma metáfora, pois a locução está em sentido conotativo.
b. uma metonímia, pois a locução expressa a relação de semelhança.
c. uma catacrese, pois há a falta de um termo específico para descrever.
d. uma sinédoque, pois a locução expressa uma parte do objeto para definir o todo.
e. uma comparação, pois a locução mede a funcionalidade do braço humano com o da cadeira.
RESOLUÇÃO
O aluno interpretará que a locução “cadeira de braço” é formada por empréstimo do termo “braço” para designar a
imagem. Diante da falta de um termo apropriado para especificação da imagem, a catacrese permite esse tipo de
associação.
A pintura, um exemplar típico do Cubismo, serve para demonstrar como as vanguardas modernistas abriram caminho
para uma nova forma de arte, afastada dos padrões estéticos do século XIX, que coloca em foco a
a. abolição da necessidade de significado.
b. busca dos jogos de efeito humorístico.
c. simultaneidade de pontos de vista.
d. rejeição à idealização da figura feminina.
e. associação aleatória e alógica de elementos.
RESOLUÇÃO
O quadro Mulher sentada vincula-se às vanguardas modernistas por rejeitar o padrão estético convencional do século
XIX. Nessa obra, nota-se o abandono da perspectiva única, conquista da tradição renascentista, e a consequente
adoção de múltiplos pontos de vista simultâneos. Basta notar, por exemplo, que parte do rosto da retratada é focalizado
de perfil, um olho é visto de frente, o nariz por um ângulo incompatível com o queixo.
Texto I
Se em Brasília, na abertura da Copa das Confederações, a presidenta foi vaiada, em São Paulo foi xingada mesmo, com
palavrões típicos de quem tem dinheiro, mas não tem um mínimo de educação, civilidade ou espírito democrático.
Ninguém precisava aplaudi-la e até mesmo uma nova vaia seria do jogo.
Mas os xingamentos raivosos foram típicos de quem não sabe conviver com a divergência, mesmo em relação a uma
governante legitimamente eleita pelo povo brasileiro.
A elite branca, tão bem definida pelo insuspeito ex-governador paulista Cláudio Lembo, mostrou ao mundo que é
intolerante e mal agradecida a quem lhe proporciona uma Copa do Mundo no padrão Fifa.
Que os próximos governantes aprendam a lição.
Texto II
Na abertura da Copa, houve um desrespeito e uma deselegância com a presidenta Dilma Rousseff. A vaia tradicional é
uma demonstração de insatisfação e deve ser aceita em uma democracia. Mas xingamentos com palavrões ultrapassam
os limites da civilidade e mostram como o debate público no Brasil regrediu e ficou radicalizado. A presidente não é
imune a críticas, mas é uma pessoa séria e honesta, dona de uma biografia que deveria ser respeitada. É importante
que uma mulher que foi presa e torturada na ditadura militar tenha chegado à Presidência da República. Jornalistas e
personalidades públicas devem tomar cuidado ao propagar ideias regressivas e xingamentos.
Sob o ponto de vista da temática que os textos apresentam, podemos considerá-los, sobretudo,
a. complementares.
b. semelhantes.
c. divergentes.
d. contraditórios.
e. interdependentes.
RESOLUÇÃO
Os textos têm focos diferentes, mas tratam da mesma temática. Kfouri trata do assunto de um lado político atrelado ao
esporte, já Alencar faz um relato focado nas questões políticas que envolveram o fato. Os textos podem ser
considerados complementares analisando o ponto de vista da temática em comum. Em defesa da falta de postura das
pessoas frente à figura da presidente, os jornalistas complementam seus argumentos para justificar suas ideias e
esclarecer suas posições em relação ao fato.
Texto I
Se em Brasília, na abertura da Copa das Confederações, a presidenta foi vaiada, em São Paulo foi xingada mesmo, com
palavrões típicos de quem tem dinheiro, mas não tem um mínimo de educação, civilidade ou espírito democrático.
Ninguém precisava aplaudi-la e até mesmo uma nova vaia seria do jogo.
Mas os xingamentos raivosos foram típicos de quem não sabe conviver com a divergência, mesmo em relação a uma
governante legitimamente eleita pelo povo brasileiro.
A elite branca, tão bem definida pelo insuspeito ex-governador paulista Cláudio Lembo, mostrou ao mundo que é
intolerante e mal agradecida a quem lhe proporciona uma Copa do Mundo no padrão Fifa.
Que os próximos governantes aprendam a lição.
Texto II
Na abertura da Copa, houve um desrespeito e uma deselegância com a presidenta Dilma Rousseff. A vaia tradicional é
uma demonstração de insatisfação e deve ser aceita em uma democracia. Mas xingamentos com palavrões ultrapassam
os limites da civilidade e mostram como o debate público no Brasil regrediu e ficou radicalizado. A presidente não é
imune a críticas, mas é uma pessoa séria e honesta, dona de uma biografia que deveria ser respeitada. É importante
que uma mulher que foi presa e torturada na ditadura militar tenha chegado à Presidência da República. Jornalistas e
personalidades públicas devem tomar cuidado ao propagar ideias regressivas e xingamentos.
Sob o ponto de vista da temática que os textos apresentam, podemos considerá-los, sobretudo,
a. complementares.
b. semelhantes.
c. divergentes.
d. contraditórios.
e. interdependentes.
RESOLUÇÃO
Os textos têm focos diferentes, mas tratam da mesma temática. Kfouri trata do assunto de um lado político atrelado ao
esporte, já Alencar faz um relato focado nas questões políticas que envolveram o fato. Os textos podem ser
considerados complementares analisando o ponto de vista da temática em comum. Em defesa da falta de postura das
pessoas frente à figura da presidente, os jornalistas complementam seus argumentos para justificar suas ideias e
esclarecer suas posições em relação ao fato.
Habilidade: LH14 - Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam
nas manifestações de vários grupos sociais e étnicos.
Texto I
Rompe o poeta com a primeira impaciência querendo declarar-se e temendo perder por ousado.
Anjo no nome, Angélica na cara,
Isso é ser flor, e Anjo juntamente,
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, senão em vós se uniformara?
Quem veria uma flor, que a não cortara
De verde pé, de rama florescente?
E quem um Anjo vira tão luzente
Que por seu Deus, o não idolatrara?
Se como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu custódio*, e minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que tão bela, e tão galharda**,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
* Custódio: o que tem a função de proteger.
** Galhardo: elegante.
Texto II
As obras de Gregório de Matos e de Bernini apresentam-se em plataformas diferentes: poesia e escultura. Ambas
trazem como tema comum
a. a submissão da figura feminina.
b. a inutilidade dos valores terrenos.
c. o contraste entre carnal e espiritual.
d. o pessimismo diante da fragilidade humana.
e. a pequenez humana por causa dos pecados.
RESOLUÇÃO
Bernini criou uma escultura que representa o momento em que uma entidade carnal, madre Teresa de Jesus, entra em
contato com uma entidade celestial, um anjo. A maneira como a religiosa contorce o corpo, principalmente o rosto, torna
o termo “êxtase” ambíguo, podendo se referir tanto à intensidade emocional pelo contato com um anjo e tudo o que ele
representa de espiritual quanto ao êxtase provocado pelo prazer carnal. Esse contraste também se manifesta no poema
de Gregório de Matos, pois o soneto apresenta uma sequência de imagens ligadas à ideia de que a amada é flor – que
representa, no contexto, tentação, pois inspira o desejo de colhê-la – e anjo – que tem a função de afastar da tentação.
Tal contraste fica sintetizado no último verso: “Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda”.
A situação torna-se ainda mais escorregadia quando os repórteres começam a experimentar aplicativos como
oHipstamatic e o Instagram, que incentivam o uso de filtros cujas cores saturadas, desbotadas ou arranhadas criam
fotos artísticas, hiper-reais ou envelhecidas. Os fotógrafos que usam tais aplicativos para cobrir guerras criaram imagens
fortes – mas também controversas. Alguns se preocupam porque as fotos que simulam antiguidade poderiam conferir
uma aura romântica à guerra. Com a alusão a conflitos do passado, elas correm o risco de nos afastar das vidas que
combatem nas guerras atuais.
No artigo anterior, James Estrin relata que o desenvolvimento tecnológico no universo da fotografia teve como
consequência
a. a diluição da fronteira entre informação e entretenimento.
b. a confusão entre a função do jornalismo e a função da arte.
c. a alteração da percepção que se tem da realidade presente.
d. o afastamento com relação à vida no seu aspecto combativo.
e. o sensacionalismo provocador por meio da banalização da notícia.
RESOLUÇÃO
James Estrin declara que surgiu uma polêmica quando jornalistas usaram as ferramentas
do Instagram ouHipstamatic para envelhecer as fotos que têm tirado de guerras recentes, pois acabaram criando
nelas uma aura romântica ou de distanciamento de nossas vidas. Assim, o jornalista põe à tona o fato de que as novas
tecnologias estão possibilitando uma alteração na percepção da realidade presente.
Habilidade: LH23 - Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo, pela análise
dos procedimentos argumentativos utilizados.
Todos têm algo a ensinar
A experiência americana mostrou que o setor privado e a sociedade podem exercer um papel ativo para melhorar a
qualidade de ensino. A boa notícia: existem no Brasil empresas e entidades do terceiro setor empenhadas em ajudar os
gestores públicos nessa tarefa. [...] Tome-se o caso de Pernambuco, onde 80% da rede estadual de ensino médio
aplica, ao menos em parte, um modelo criado pelo Instituto de Corresponsabilidade pela Educação (ICE), organização
não governamental fundada pelo ex-presidente da multinacional holandesa Philips no Brasil, Marcos Magalhães. Nessas
escolas, as aulas são em período integral e os estudantes podem cursar disciplinas optativas de acordo com o que
pretendem fazer depois de completarem o ensino médio.
Os professores foram treinados para ajudá-los a discernir as possibilidades para o futuro — aulas extras preparatórias
para o vestibular também se tornaram parte do currículo. [...] De 2007 a 2013, a evasão escolar entre os estudantes
matriculados nas escolas públicas de ensino médio de Pernambuco caiu de 22% para menos de 5%. Há sete anos, a
a
nota média dos estudantes pernambucanos era a 22 no ranking do Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico (Ideb)
— em 2013, o estado havia pulado para quinto lugar. [...] Na prática, histórias como as do ICE mostram um tipo de
arranjo cada vez mais comum. De um lado, empresas e empresários contribuem com tempo, dinheiro e boas práticas de
gestão. De outro, instituições nas quais trabalham profissionais especializados em educação cuidam de transferir esses
recursos para a rede pública de ensino.
Ao apresentar exemplos e dados estatísticos em sua argumentação, o autor tem como objetivo
a. mostrar o efeito positivo da ajuda do setor privado e da sociedade no ensino público.
b. realizar uma propaganda do Instituto de Corresponsabilidade pela Educação.
c. construir um panorama da educação brasileira entre os anos de 2007 e 2013.
d. demonstrar a necessidade do uso do método americano no ensino brasileiro.
e. defender a educação integral como solução para o ensino público brasileiro.
RESOLUÇÃO
O aluno compreende que o assunto principal do texto envolve o impacto positivo que a ajuda do setor privado e da
sociedade (através de ONGs, por exemplo) pode causar no ensino público brasileiro ("existem no Brasil empresas e
entidades do terceiro setor empenhadas em ajudar os gestores públicos nessa tarefa") e que os dados estatíticos do
exemplo de Pernambuco ("De 2007 a 2013, a evasão escolar entre os estudantes matriculados nas escolas públicas de
ensino médio de Pernambuco caiu de 22% para menos de 5%. Há sete anos, a nota média dos estudantes
a
pernambucanos era a 22 no ranking do Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico (Ideb) — em 2013, o estado havia
pulado para quinto lugar") ratificam a argumentação do autor.
Habilidade: LH17 - Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no partimônio
literário nacional.
Casamento
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque
mas que limpe os peixes.
Eu, não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
O poema mostra que fatos corriqueiros do cotidiano de um casal podem fazer
a. o interesse de um pelo outro diminuir gradativamente, tornando o casamento uma obrigação social.
b. a realização das tarefas domésticas serem compartilhadas pelos dois, trazendo harmonia ao cotidiano.
c. a paixão entre os dois encontrar frequentemente seu espaço, renovando o entusiasmo da vida conjugal.
d. o relacionamento entre o marido e a esposa cair em uma rotina de repetição, tornando-se frio e automático.
e. o papel de cada um na vida a dois ser continuamente afirmado, dando, a cada um, consciência de suas
obrigações.
RESOLUÇÃO
O poema de Adélia Prado traz a temática do casamento, muito presente na literatura, seja em verso ou em prosa, de
uma maneira diferenciada, fugindo do senso comum do casamento de conto de fadas, em que o cotidiano é deixado de
lado, como se não existisse e como se o casal só vivesse de eventos diferenciados, mas também saindo do discurso de
desgaste do amor, que costuma mostrar o casamento como uma instituição que vai, com a rotina da convivência,
transformando-se em obrigação. Os primeiros versos apresentam um pouco dessa visão e nos vemos com o
pensamento de que vamos ler mais um poema que critica o casamento. No entanto, Adélia Prado faz um interessante
jogo de inversão das nossas expectativas e, através da deliciosa descrição de um fato corriqueiro e sem importância,
como limpar um peixe, mostra o quanto o lado ardente do amor pode penetrar qualquer espaço e reafirmar para o casal
a felicidade de compartilhar a vida.

Simulado-Enem-Linguagens-Codigos-e-suas-Tecnologias-Q91

Transcrição

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