As Guitarras no e do Jazz
Transcrição
As Guitarras no e do Jazz
As Guitarras no e do Jazz Tiny Grimes, usava apenas as primeiros quatro cordas da guitarra (mi,si,sol,lá), numa forte influência de alguns músicos de blues, em alguns temas com que acompanhava Art Tatum. Com a electrificação da guitarra, de onde surgiram as de corpo sólido e as semi-acústicas, nasceu a Gibson L5, por volta de 1923. Em 1930, Mario Maccaferri’s, desenhou para a companhia francesa Selmer, a guitarra que acompanhou as primeiras actuações de Django Reinhardt, e do seu quinteto do Hot Club de França. Depois das comercializações feitas pela marca Rickenbacker, no início dos anos trinta, a Gibson voltou à carga com a ES150, com um pickup inovador que acabou por ficar com o nome do famoso guitarrista, Charlie Christian. Só em 1948 assistimos à apresentação da primeira guitarra de corpo sólido, pela Fender. Nova resposta da Gibson e surgiu a Les Paul Guitar. Com a era digital não tardou a guitarra sintetizada, sempre dependente de um controlador electrónico. A(s) história(s) Quando a guitarra abandonou os campos de algodão e as formas mais rurais dos blues, encontrou grande resistência dos músicos de jazz, que apenas lhe davam lugar nas primeiras big bands dos anos vinte, em parte na substituição do banjo. Um dos responsáveis para que alguns banjistas se dedicassem à guitarra foi Eddie Lang, membro da orquestra de Paul Whiteman. Os anos trinta trouxeram o grande companheiro de Count Basie, Freddie Green. A relação entre eles foi tão forte, que desde a morte de Green que a orquestra não só não contratou outro guitarrista, como manteve sempre a cadeira e a estante vazias, nas actuações da orquestra. Os primeiros duos de guitarras nasceram do encontro entre Eddie Lang e o guitarrista de blues Lonnie Johnson, um músico com grande técnica de improviso. Curiosamente Lang criou um pseudónimo, “Blind Willie Dunn”, de forma a ficar mais perto dos blues. Os anos trinta foram marcados por Django Reinhardt, os seus solos atrevidos por vezes só conseguiam encontrar acompanhamento na guitarra de George Van Eps, um harmonizador brilhante da época. Eddie Durham e George Barnes, acompanhavam cantoras de blues e Durham fez parte da orquestra de Jimmie Lunceford. Bennie Goodman trouxe esse primeiro grande mago da guitarra de jazz, Charlie Christian. “Solo Flight”, gravado pela orquestra de Goodman, em 1941, é a primeira grande lição das potencialidades melódicas e harmónicas da guitarra de jazz. Com o nascimento da Bossa Nova, por volta dos anos quarenta, Laurindo Almeida foi o grande influenciador de grandes guitarrista que se lhe seguiram como: Charlie Byrd, Baden Powell, Luiz Bonfa e Egberto Gismonti. Embora se tenha dado um desenvolvimento tecnológico considerável nas guitarras e nos amplificadores, os anos quarenta e os anos cinquenta, chamaram mais atenções aos saxofones de Parker, Coltrane e às trompetes de Gillespie e Miles. Um guitarrista chamou à atenção no grupo de Lennie Tristano, Billy Bauer, um guitarrista muito sofisticado para a altura. Os anos cinquenta foram marcados pelo estilo single-note de Tal Farlow, que veio a influenciar, Herb Ellis, Oscar Moore e Barney Kessel. Kenny Burrell conseguiu combinar os blues com o Be-Bop, enquanto Jim Hall conseguiu aproveitar o estilo e técnicas clássicas para levar a técnica jazzista a um patamar já muito evoluído, um pouco na tradição de outro músico com influências clássicas, Howard Roberts. Com Wes Montgomery, foi criado o estilo de melodia oitavada, desenvolvida por muitos guitarristas, mas com ênfase na forma de tocar mais tarde de George Benson. Com a chegada do rock nos anos sessenta e de Jimmie Hendrix, a abordagem do instrumento tomou novas direcções. Guitarristas como John McLaughin e Larry Coryhell, ajudaram a criar o jazzrock, onde o som do instrumento e o uso dos vários pedais de efeitos, fizeram as mudanças. Na senda de estes guitarristas surgiram, Sonny Sharrock, Mike Stern e John Scofield. Deu-se nessa altura o retorno à guitarra acústica, as influências da música indiana por McLaughlin, deu-nos a conhecer outros grandes nomes: Paco Di Lucia, Al Di Meola, Earl Klugh e Ralph Towner. Joe Pass, Kenny Burrel e de novo Jim Hall, mantiveram-se fiéis às tradições semi-acústicas e desenvolveram uma forma de tocar completa, quase idêntica ao piano. Não deixem de ouvir “Virtuoso” (1973, Pablo 2310708) de Joe Pass, é sem dúvida um tratado de guitarra sem acompanhamento. Uma nova geração de guitarristas, Pat Metheny, Kazumi Watanabe, John Abercombie e Allan Holdsworth, conciliaram as formas pessoais de cada um com as sonoridades que instrumentos, amplificadores e processadores possibilitaram . Stanley Jordan evoluiu num estilo de step playing, onde a mão esquerda toca ao longo do braço, criando a verdadeira sensação das duas mãos do piano, com harmonia e melodia ao mesmo tempo. A guitarra conheceu outros caminhos com as experiências de James “Blood” Ulmer, Sonny Sharrock, Derek Bailey e do recente guitarrista germânico, Andreas Willers, a não perder o seu ultimo trabalho “Can I Go Like This?” (JazzHausMusik), onde ele introduz a sua guitarra barítono.