estudo da presença de mercúrio em leite materno em - Pgdra
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estudo da presença de mercúrio em leite materno em - Pgdra
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA Núcleo de Ciências Exatas e da Terra Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente ESTUDO DA PRESENÇA DE MERCÚRIO EM LEITE MATERNO EM PUÉPERAS RIBEIRINHAS E DA CIDADE DE PORTO VELHO-RO SOLANGE MENDES VIEIRA Porto Velho (RO) 2011 FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA Núcleo de Ciências Exatas e da Terra ESTUDO DA PRESENÇA DE MERCÚRIO EM LEITE MATERNO EM PUÉPERAS RIBEIRINHAS E DA CIDADE DE PORTO VELHO-RO SOLANGE MENDES VIEIRA Dissertação de Mestrado apresentada junto ao Programa de Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, Área de Concentração em Monitoramento Ambiental como um dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Porto Velho (RO) 2011 Vieira, Solange Mendes. V658e Estudo da presença de mercúrio em leite materno em puérperas Ribeirinhas e da cidade de Porto Velho-RO. / Solange Mendes Vieira. Porto Velho, Rondônia, 2011. 100f.: il. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente) – Núcleo de Ciências e Tecnologia (NCET), Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente (PGDRA), Fundação Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho, Rondônia, 2011. Orientador: Prof. Dr. José Garrofe Doréa. 1. Mercúrio. 2. Leite Materno. 3. Puérperas. 4. Rio Madeira. 5. Amazônia. I. Título. CDU: 543.272.81(811.1) DEDICATÓRIA A todas as mulheres da bacia do rio Madeira e Porto velho por terem doado seu alimento, materiais indispensáveis a esta pesquisa AGRADECIMENTOS Agradeço a DEUS por me conceder a vida e me fornecer toda a força de que necessitei ao longo desta trajetória. OBRIGADA MEU DEUS POR TUA INFINITA BONDADE Ao meu pai OTAVIO (im memoriam), SAUDADES SEMPRE! À minha MÃE MARIA pela ajuda incondicional, paciência, carinho e a mais FORTE TORCIDA SEMPRE! TE AMO! Ao meu orientador, PROF. JOSÉ GARROFE DÓREA por esta oportunidade, OBRIGADA POR TUDO QUE ME ENSINOU E PELO QUE AINDA VAI ME ENSINAR! Ao PROF. WANDERLEY pela oportunidade, por ter acreditado no meu potencial, pela paciência que teve comigo e pelas tantas considerações creditadas. OBRIGADA É POUCO! MINHA ADMIRAÇÃO POR VOCÊ É CADA DIA MAIOR! À toda a EQUIPE BIOGEOQUÍMICA DA UNIR pela importantíssima participação nesse trabalho e pela amizade.Sem a ajuda de todos não teria chegado aqui. As eternas amigas com os quais tenho aprendido muito nesses quase vinte anos de convivência: LURDES, JEANNE, WILMA, pois no caminho que cada um deve percorrer são somente os grandes amigos que suavizam e nos ajudam a superar as crises. VIRGINIA MIRTES (im memoriam), ETERNA PROFESSORA, sei que estás feliz por mim...Fecho os olhos e te vejo sorrindo e me dizendo...”não falei que irias conseguir”... ALEX Obrigada pela dedicação que você tem por mim, pelo seu companheirismo, sua amizade e amor. RENATO, IRENE, JUSCELINO, que foram mais do que colegas de MESTRADO pelo convívio, aprendizado, momentos de distração, alegria e desespero, sentirei saudade sempre. ADILSON meu irmão por opção e muito amor Agradeço também ao professor TARIC pelo auxílio nas Análises Estatísticas. Aos colegas do Departamento de Saúde Coletiva e Enfermagem /UNIR Ao TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL por ter apoiado na nossa ida em sua expedição que gerou este trabalho. O DRAMA DO MERCÚRIO EM MINAMATA “Tomoko Uemura, de 17 anos, repousa no colo da mãe. Ela é cega, surda e muda. Tem os braços e as pernas deformados. Nasceu em 1955, anos depois que uma companhia química, a Chisso, derramou mercúrio na Baía de Minamata, no Japão. Uma geração inteira cresceu marcada pelo desastre ecológico. Em abril de 1997, depois de quatro décadas de investigação, 10.353 pessoas foram declaradas aptas a receber indenização da Chisso. Foram anos de luta, que começara em 1972, quando o fotógrafo americano W. Eugene Smith fez a foto da menina. A imagem transformou-se no resumo brutal da tragédia. Hoje, as águas de Minamata estão limpas. Tomoko morreu em 1977.” ÉPOCA ONLINE – ESPECIAIS MILÊNIO VERGONHAS - DESASTRE ECOLÓGICO 30 de abril de 1997 Foto de William Eugene Smith, Tomoko Uemura em seu banho, Minamata, 1972. Minolta SRT101 + Rokkor 16mm f/2.8. VIEIRA, S. M. ESTUDO DA PRESENÇA DE MERCÚRIO EM LEITE MATERNO EM PUÉPERAS RIBEIRINHAS E DA CIDADE DE PORTO VELHO-RO. Porto Velho, 2011. 91p. Dissertação. Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR. RESUMO O leite materno é a primeira alimentação humana e fonte de nutrientes para as funções biológicas, sendo considerado o melhor alimento para crianças. A neurotoxicidade constitui o mais importante efeito adverso das exposições humanas a agentes químicos e, por essa razão, uma grande preocupação é a exposição das mulheres em idade fértil da região Amazônica, na determinação dos riscos de contaminação mercurial, uma vez que representa risco potencial para os fetos. As amostras de leite materno representam um meio conveniente e não invasivo de monitoramento humano para a presença de mercúrio (Hg). O objetivo deste trabalho está sendo avaliar a presença de Hg no leite materno de puérperas ribeirinhas ao rio Madeira e urbanas da cidade de Porto Velho. Os locais de coleta foram a cidade de Porto Velho, capital de Rondônia, e comunidades do baixo rio Madeira (Distritos de Calama, Nazaré, Santa Catarina, Terra Caída, São Carlos, Dermarcação, Papagaios e Puruzinho). A amostragem constituiu de 157 puérperas que foi precedida da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido e de entrevista, com as seguintes informações: dados gerais de identificação; consumo de peixe; presença e quantidade de amálgamas dentários, dentre outros. Este estudo foi realizado atendendo aos preceitos éticos da Resolução 196/96 do Ministério da Saúde Brasileiro e foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Rondônia (processo n° 002/2010). Para a coleta do material biológico (leite humano) foi solicitado a puérpera a doação de 10 mL de seu leite materno. Inicialmente as amostras foram liofilizadas, em seguida foram destruídas quimicamente utilizando-se mistura ácida/oxidante (HNO3H2SO4-KMnO4) e as concentrações de Hg total foram realizadas por espectrofotometria de absorção atômica de geração de vapor frio (FIMS-400, Perkin-Elmer). A média da concentração de Hg total para as amostras das puérperas da zona urbana (n=82) foi de 0,68 µg.kg-1 (variando de 0,09 - 3,74 µg.kg-1) e para as puérperas do baixo rio Madeira foi de 2,44 µg.kg-1 (variando de 0,12 - 6,47 µg.kg-1). As análises mostraram que há diferenças entre as concentrações de Hg no leite materno das puérperas estudadas por localidades. As mulheres ribeirinhas apresentaram médias mais elevadas do que as puérperas da zona urbana, podendo esta distribuição ser discrepante por conta das peculiaridades culturais no que diz respeito a freqüência de ingestão de pescado em maior quantidade pelas ribeirinhas. Pode-se considerar que a exposição desta população é elevada, tendo em vista que a OMS preconiza entre 1,40 e 1,70 µg.kg-1como indicador limite de concentração de Hg para leite materno. Esses resultados indicam a necessidade de desenvolvimento de programas de vigilância e estudos complementares envolvendo as mulheres em períodos férteis que vivem em regiões isoladas da Amazônia. Palavras-chave: Mercúrio, Leite materno, puérperas, rio Madeira, Amazônia. ABSTRACT Breast milk is the first source of food and nutrients to the biological functions and is considered the best food for children. Neurotoxicity is the most important adverse effect of human exposures to chemical agents and, therefore, a major concern is the exposure of women of childbearing age in the Amazon region, in determining the risks of mercury exposure, since it represents a potential risk to fetuses. The breast milk samples represent a convenient and noninvasive human monitoring for the presence of mercury (Hg). The objective of this study is to evaluate the occurrence of Hg in breast milk among women in the Madeira river and urban areas of Porto Velho. The collection sites were the city of Porto Velho, Rondônia, and communities of the lower Rio Madeira (Calama districts, Nazareth, Santa Catarina, Fallen Earth, San Carlos, Demarcação, Parrots) and Puruzinho in Amazonas State. The sample consisted of 157 postpartum women was preceded by the signing of the informed consent and interviews with the following information: general data identification, fish consumption, presence and amount of dental amalgams, among others. This study was conducted in view of the ethical rules of Resolution 196/96 of the Brazilian Ministry of Health and was approved by the Ethics Committee of Universidade Federal de Rondônia (Case nº 002/2010). For the collection of biological material (human milk) was asked to postpartum women to donate 10 mL of breast milk. The samples were lyophilized, then were destroyed chemically using concentrated acid/oxidant (HNO3-H2SO4-KMnO4) and the concentrations of total Hg were carried out by atomic absorption spectrophotometry of cold vapor generation (FIMS-400, Perkin-Elmer). The river dwellers had a median concentration of Hg µg.kg-11.9776 (0.1250 = Minimum, Maximum = 6.4795; Average = 2.4431; standard deviation = 1.7394) and the urban population had a median concentration µg.kg-1of 0.3567 (0.0922 = Minimum, Maximum = 3.7389; Average = 0.6894; standard deviation = 0.8043). The analysis showed that there are differences between the concentrations of Hg in breast milk of postpartum women studied by localities. There is a positive correlation between the concentration levels of Hg in breast milk and fish consumption in riverine populations. It can be assumed that exposure of this population is high, given that the WHO recommends between 1.40 µg.kg-1and 1.70 µg.kg-1as an indicator of Hg concentration limit for milk. These results indicate the need to develop monitoring programs and complementary studies involving women at fertile times living isolated regions of the Amazon. Keywords: mercury, breast milk, mothers, Madeira River, Amazon. LISTA DE FIGURAS Figura 01. Localização da área de estudo ............................................................................... 44 Figura 02. Aplicação do questionário após o esclarecimento da pesquisa e consentimento de uma das puérperas da pesquisa..... ......................................................................................... 45 Figura 03. Amostra de leite materno pronta para ser pesada ................................................. 48 Figura 04. Amostra de leite materno sendo pesada ................................................................ 48 Figura 05. Amostras de leite materno no liofilizador ............................................................. 48 Figura 06. Distribuição do número de puérperas das Zonas urbanas e ribeirinhas segundo o grau de escolaridade.... ............................................................................................................ 55 Figura 07. Renda familiar mensal entre as puérperas urbanas e ribeirinhas.... ...................... 55 Figura 08. Resultados da concentração mediana de Hg-T em amostras de leite materno das puérperas urbanas e ribeirinhas,2010... ................................................................................... 57 Figura 09. Concentração de Hg-T nas amostras de leite materno por localidades................. 58 Figura 10.Distribuição do número de puérperas urbanas e ribeirinhas segundo a freqüência do consumo de peixes .............................................................................................................. 61 Figura 11.Espécies de peixes mais consumidas pelas puérperas urbanas e ribeirinhas ......... 62 Figura 12: Distribuição da freqüência do uso de fumo e álcool, segundo as puérperas urbanas e ribeirinhas ............................................................................................................................. 63 Figura 13. Distribuição do número de puérperas urbanas e ribeirinhas, segundo a presença de restaurações dentárias com amálgama de prata ....................................................................... 64 Figura 14. Distribuição da freqüência do tempo de lactação, segundo as puérperas urbanas e ribeirinhas ............................................................................................................................... 66 LISTA DE TABELAS Tabela 01. Resultado da determinação de Hg na amostra de referência certificada. ............. 51 Tabela 02. Limite de detecção da técnica utilizada. ............................................................... 51 Tabela 03. Avaliação qualitativa do grau de correlação entre duas variáveis ........................ 52 Tabela 04. Idade, cor, naturalidade das puérperas Ribeirinhas e da Zona urbana de Porto Velho, 2010 ............................................................................................................................. 54 Tabela 05. Condições de moradia e qualidade da água consumida, das puérperas ribeirinhas e urbanas,2010 ......................................................................................................................... 56 Tabela 06. Regressão logística linear das variáveis, consumo de peixe, número de filhos, número de obturações e tempo de lactação das puérperas urbanas,2010................................60 Tabela 07. Regressão logística linear das variáveis, consumo de peixe, número de filhos, número de obturações e tempo de lactação das puérperas ribeirinhas,2010............................60 Tabela 08. Dados sobre a gravidez e tipos de partos das puérperas ribeirinhas e urbanas, 2010.. ....................................................................................................................................... 65 LISTA DE QUADROS Quadro 01. Programação do forno de microondas para extração química das amostras de leite materno .................................................................................................................................... 49 Quadro 02. Matriz de correlação entre as variáveis consumo de peixe e número de obturações com amálgama das puérperas ribeirinhas, 2010 ...................................................................... 59 Quadro 03. Matriz de correlação entre as variáveis consumo de peixe e número de obturações com amálgama das puérperas urbanas, 2010........................................................................... 59 LISTA DE ABREVIATURAS AM : Amazonas % : Porcentagem ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária CA:Calama CAERD: Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia CEP : Comitê de Ética em Pesquisa cm: centímetros DP: desvio padrão g.L-1: grama por litro H2O: água H2O2: peróxido de hidrogênio HgS: sulfeto de mercúrio Hg: mercúrio Hg0: mercúrio metálico [Hg] concentração de mercúrio Hg2+2 : mercúrio mercuroso Hg++: mercúrio mercúrico Hg-T: mercúrio total HNO3: ácido nítrico IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística KMnO4: permanganato de potássio K-W: Kruskal Wallis LE: leite LDT: Limite de Detecção da Técnica I-Hg: mercúrio inorganico Max = Máximo Min = Mínimo m: metros MeHg: metil-mercúrio mg.L-1: miligrama por litro mg.kg-1: miligrama por quilograma n = Amostra NH2OH.HCL: cloridrato de hidroxilamina WHO: Organização Mundial da Saúde µg.kg-1: micrograma por quilograma NH2OH.HCL: cloridrato de hidroxilamina p: nível de significância PI: peso inicial PF: peso final PU: peso úmido PS: peso seco PSF: Programa Saúde da Família pH: potencial hidrogeniônico ppb: partes por bilhão RO: Rondônia SM: salário mínimo SNC = sistema nervosa central SUS: Sistema únicob de saúde TCL: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UNIR: Universidade Federal de Rondônia UNICEF: Fundo das Nações Unidas para aInfância U: Mann Whitney α: nível de significância SUMÁRIO APRESENTAÇÃO................................................................................................................... 17 2. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 18 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................. 20 3.1. HISTÓRICO DO MERCÚRIO .................................................................................... 20 3.2. OCORRÊNCIA, CICLO BIOGEOQUÍMICO, PROPRIEDADES E USO DO MERCÚRIO ......................................................................................................................... 22 3.3. MERCÚRIO NA REGIÃO AMAZÔNICA ................................................................. 24 3.4. CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL ............................................................................. 27 3.5 ABSORÇÃO .................................................................................................................. 29 3.6 DISTRIBUIÇÕES, ARMAZENAMENTO E ELIMINAÇÃO DO MERCÚRIO ........ 30 3.7 EXPOSIÇÃO HUMANA AO MERCÚRIO ................................................................. 32 3.8. MERCÚRIO NO LEITE MATERNO .......................................................................... 34 3.9. CONSIDERAÇÕES SOBRE A INTERCESSÃO ENTRE SAÚDE E DESENVOLVIMENTO ....................................................................................................... 39 4. OBJETIVOS ......................................................................................................................... 41 4.1. OBJETIVO GERAL ..................................................................................................... 41 4.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 41 4.3. HIPÓTESES ................................................................................................................. 41 5. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................. 42 5.1. TIPO DE ESTUDO ...................................................................................................... 42 5.2. DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ...................................................................... 42 5.3. ASPECTOS ÉTICOS ................................................................................................... 45 5.4. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ....................................................................... 45 5.5. ANÁLISE DO MATERIAL BIOLÓGICO .................................................................. 47 5.5.1 Liofilização .................................................................................................. 47 5.5.2. Extração Química das Amostras em Sistema Fechado .............................. 49 5.5.3. Determinação de Hg total ........................................................................... 50 5.5.4. Controle de Qualidade Analítico ................................................................ 50 5.5.5. Análises estatísticas .................................................................................... 51 6. RESULTADOS .................................................................................................................... 53 6.1. SÓCIO-ECONÔMICO ................................................................................................. 53 6.2. MERCÚRIO NO LEITE MATERNO .......................................................................... 57 7. DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 67 8 . CONCLUSÕES ................................................................................................................... 73 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 74 ANEXOS .................................................................................................................................. 94 17 APRESENTAÇÃO No transcorrer das aulas de mestrado,e durante as longas horas de permanência para a realização das análises de amostras biológicas de leite humano no Laboratório de Biogeoquímica Ambiental Wolfgang C. Pfeiffer da UNIR, tive a oportunidade e o prazer de conviver com o Prof. Dr. Wanderley Rodrigues Bastos absorvendo seu vasto conhecimentos referente ao mistério, fascinante e apaixonante metal mercúrio (Hg) e seus compostos. Ficando cada vez mais fascinada pelo assunto, desde então. Com isso, passei a ter o universo amazônico (em especial a saúde materno infantil) como foco de meus estudos instigada por grande curiosidade. 18 2. INTRODUÇÃO O presente trabalho aborda um tema de fundamental importância para região Amazônica, no que diz respeito à exposição humana por Hg. A problemática do Hg vem sendo muito estudado na Amazônia, em especial na Amazônia Ocidental. Vários estudos tiveram sua gênese a partir dos registros da contaminação por populações humanas e visam conhecer melhor o ciclo biogeoquímico do Hg e suas implicações sobre o meio ambiente e a saúde humana. Neste contexto, muitos estudos têm sido realizados por pesquisadores e colaboradores da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), com o objetivo de contribuir no entendimento do ciclo do Hg no ambiente tropical, em particular na bacia do Rio Madeira e nas populações ribeirinhas tradicionais (MALM et al.,1990, 1995; PFEIFFER et al.,1989, 1991; BASTOS, 2004,2008; BASTOS et al., 2004, 2005, 2007; BOISCHIO & BARBOSA , 1991; BOISCHIO &HENSHEL,2000; DÓREA,2003,2007; DÓREA et al.,2003,20052006,2007; ALMEIDA, 2006; MARQUES,2002; MARQUES et al., 2007). O uso de Hg no garimpo de ouro do rio Madeira, associado a prática de desmatamento e queimadas na região, pode resultar no aumento das concentrações desse elemento no ecossistema aquático. O Hg é liberado no meio ambiente principalmente na forma inorgânica, contudo, as bactérias metanogênicas reduzem o Hg+ 2 metálico a metilmercúrio (MeHg), que é a forma mais tóxica dos alquilmercuriais, e isto facilita sua disseminação na cadeia alimentar. Outras possíveis rotas não-ocupacionais de exposição ao Hg inorgânico são comumente associadas com o abuso desinformado ou acidental de Hg contido em produtos agrícolas, bem como o uso de amálgamas dentais (BEZERRA, 1990; DONANGELO & DÓREA, 1998). Sabe-se que uma das formas de exposição humana ao MeHg é via consumo de peixes contaminados, sendo este o alimento com o mais alto potencial para bioacumulação mercurial. A principal fonte de exposição do lactente ao Hg durante a primeira parte da infância se dá através do leite materno. Os recém-nascidos e as puérperas, assim como as mulheres grávidas, são reconhecidos como grupos de interesse na determinação dos riscos de exposição mercurial, pois, conforme já evidenciado, a contaminação do meio ambiente com metais tóxicos representa risco potencial para os fetos, para quem substâncias químicas podem ser transmitidas via circulação materna. Diante disso, estudos têm sido conduzidos buscando compreender a dinâmica e o trânsito de elementos tóxicos para o leite humano.Por 19 estas razões, uma grande preocupação é a exposição das mulheres em idade fértil e das crianças na fase de amamentação da região amazônica. Por outro lado, é bem estabelecida a importância da nutrição humana no período pósnatal como fator otimizador do crescimento e desenvolvimento cerebral. São consensuais as vantagens advindas do leite materno na maturidade cerebral, prevenção de infecções e desenvolvimento de alergias, comparativamente às fórmulas industrializadas. Além disso, é reconhecido que crianças amamentadas no peito mostram melhores desempenho em testes de inteligência do que aquelas alimentadas por fórmulas lácteas. O conjunto destes fatos apresentados justificou a realização desta pesquisa que teve como objetivo avaliar a presença de Hg em puérperas ribeirinhas e urbanas por meio do leite materno, observando o problema de exposição ambiental ao Hg na região Amazônica. O estudo investigou as concentrações de Hg total, no leite materno dessas puérperas. Embora numerosos estudos já realizados na região Amazônica sobre a exposição ao Hg, poucos enfatizaram o aleitamento materno para estimar a exposição na infância. Assim, o estudo em tela teve como objetivos gerar informações sobre a situação regional, visando disponibilizar conhecimento para servir de subsídio para as autoridades sanitárias, ambientais, educacionais e de saúde pública acerca dos níveis de concentração de Hg em populações tradicionais e urbanas da Amazônia. 20 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1. HISTÓRICO DO MERCÚRIO Cumpre observar, preliminarmente, que, desde tempos imemoriais, o Hg, com sua cor mágica, fascina o ser humano (AZEVEDO, 2003). Tenha-se presente que essa antiga relação entre o homem e o Hg já foi objeto de vários estudos e tem atraído à atenção de filósofos e cientistas por mais de três milênios (SCHULLER & EGAN, 1976; CLARKSON, 1997). Mister se faz ressaltar que o Hg é bem conhecido do homem desde os tempos pré-históricos, principalmente por se encontrar puro naturalmente ou por ser facilmente isolado em sua forma metálica (MALM, 1991; CLARKSON, 1997). Convém notar, que o Hg, ao longo da história das civilizações, foi objeto de muitas "obsessões", ao ponto de poder ser considerado a primeira grande loucura da humanidade (MALM, 1991). Registre-se, ainda, que o nome mercúrio do metal é uma homenagem ao planeta Mercúrio. Na Mitologia Romana, mercúrio é o mensageiro dos deuses, filho do deus Júpiter e de Maia, a filha do titã Atlante (AZEVEDO, 2003). Como se pode verificar nos escritos mitológicos romanos, Hg foi um dos mais populares deuses romanos e aparece nas histórias mais que qualquer outro, provavelmente por ser o mais esperto, sensível, mas também mais sinistro. A princípio identificado como deus do comércio e protetor dos caixeiros viajantes, transformou-se, também, em deus da ciência e patrono dos vagabundos e dos ladrões (D‟ITRI & D‟ITRI, 1977). Oportuno se torna dizer que, no intuito de evitar qualquer confusão entre o planeta, o deus e o metal, os gregos passaram a chamar este de “Hidrargyros”, palavra introduzida por Aristóteles ou por Teofastro. A origem desta palavra provém do grego hydro, elemento de composição com o sentido de água, mais àrgirus que equivale à prata (do latim argentum = prata). Já os romanos transcreveram essa expressão para o latim como Hidrargyrum. Posteriormente, os arábes utilizaram a denominação azougue, enquanto que nas línguas anglo saxônicas utilizava-se a tradução grega quicksilver (AZEVEDO, 2003). Historicamente, os relatos sobre o Hg estão relacionados ao uso do cinábrio ou sulfeto de Hg que é um metal vermelho brilhante (HgS), muito usado na antiguidade por civilizações gregas, hindus, chinesas e de índios americanos como pigmento para pintura e na composição de cremes para pele. Deve-se observar que o Hg foi encontrado em tumbas do Egito e da 21 Grécia datadas de antes de 1500 A.C, época em que seu principal emprego era decorativo. Ademais, o uso de Hg para recuperar outros metais (processo conhecido como amalgamação) foi descrito, cerca de 500 a.C. (GRAME POLLOCK, 1998 apud AZEVEDO, 2003). Não se pode perder de vista também que os primeiros a dominarem a técnica de separação do Hg metálico a partir do cinábrio, por condensação após aquecimento, foram os gregos. Apesar disto, cumpre assinalar que os Fenícios e Cartagineses (2700 a.C.) já conheciam o processo de amalgamação quando comercializavam o mercúrio nas minas de Almaden na Espanha (MALM, 1988). Em pós as considerações acima, que expõem o fato de o homem utilizar o Hg desde os tempos pré-históricos, deve-se relevar de que isto ocorria sem que houvesse o conhecimento dos seus possíveis efeitos tóxicos. Assim foi que na Assíria os médicos faziam uso de compostos mercuriais para tratar a visão, ouvidos e pulmões; os hindus acreditavam em propriedades afrodisíacas e os antigos chineses apostavam em propriedades medicamentosas que prolongariam a vida. Desta última crença, decorreu a morte de vários imperadores por mercurialismo, na tentativa de assegurar a imortalidade pela ingestão constante do metal (AZEVEDO, 2003). Além disso, durante a idade média, a crença nos poderes mágicos do elemento, usado como antisséptico eficiente para problemas de pele e cicatrização, se expandiu para a medicina como uma nova tentativa de cura para a sífilis. Provavelmente muitos notáveis foram tratados dessa forma e a literatura poética romântica já associava o Hg ao fim do amor, como fez Shakespeare: “The words of Mercury are harsh after the songs of Apollo” (D‟ITRI & D‟ITRI, 1977), ou ainda: “uma noite com Vênus, uma vida com mercúrio”. E até as primeiras décadas do século XX o Hg ainda era usado no tratamento da sífilis (MALM, 1991). Contudo, os romanos logo perceberam que o Hg apresentava perigos à saúde e à vida, e por isso os trabalhadores das minas de extração do metal eram escravos e condenados (Knight, 1975 apud AZEVEDO, 2003). Médicos e o alquimista Jabir Ibn (Séc. VIII d.C.) apontaram a utilidade terapêutica de pomadas mercuriais para problemas cutâneos e relataram em minúcias os efeitos tóxicos dos compostos mercuriais (GOLDWATER, 1972). Em 1557, o francês Jean Fernel já descrevia os sinais e sintomas da intoxicação por Hg. Dos princípios medicamentosos de Hg, os antissépticos têm causado muitas intoxicações, Rohyans et al., (1984) descreveram o caso de uma menina de 18 meses que, após utilização por cerca de um mês de mertiolate aquoso para tratamento de otite, apresentou evidências de intoxicação e foi a óbito. De Bont et al., (1986) 22 reportaram a ocorrência de intoxicação por Hg em um menino de quatro meses submetido à aplicação cutânea repetida de pomada de óxido de Hg amarelo para tratamento de eczema. Em virtude disso, e por outras complicações, a criança faleceu. Mesmo o Mercurocromo® (Merbromin) tem sido associado a casos de intoxicação (CLARK et al.,1982). O Hg também foi usado na fabricação de chapéus. Vale lembrar que o “Chapeleiro Maluco”, um personagem do livro „Alice no País das Maravilhas‟, foi baseado na doença mental que comumente afetava os produtores de chapéus, que usavam Hg líquido (METÁLICO) na fabricação dos mesmos. Assinale-se que os sintomas clínicos de intoxicação por Hg metálico incluem manifestações psicogênicas tais como timidez excessiva, irritabilidade e acessos de raiva. Destes sintomas surgiu a expressão “tão maluco quanto um chapeleiro”, usada para descrever o personagem (GOLDMAN et al., 2001). Convém esclarecer que o uso do Hg como veneno não são usuais, porque eles possuem sabor metálico e desagradável. Mesmo assim, sais como o cloreto mercúrico, o cianeto e o oxicianeto de Hg têm sido empregados por suicidas (SALGADO et al.,1987). Pelo início do século XX, o uso do cloreto mercúrico era um dos métodos mais comuns de suicídio (WHO, 1991), descrevem dezoito casos, sendo nove fatais, de ingestão de cloreto mercúrico em doses únicas que variaram de 29 a 50 mg/kg. Nesses indivíduos, a necropsia revelou lesões gastrintestinais, observando-se desde gastrite à ulceração necrótica da mucosa, além de lesões renais responsáveis pela falência do órgão. Do início do século XX até os anos 80, cerca de quarenta casos de intoxicação por Hg metálico foram relatados, envolvendo ingestão, aspiração e injeção (OLIVER et al.,1987). 3.2. OCORRÊNCIA, CICLO BIOGEOQUÍMICO, PROPRIEDADES E USO DO MERCÚRIO O Hg raramente é encontrado como elemento livre na natureza, embora encontra-se amplamente distribuído, em baixas concentrações, por toda a crosta terrestre. Na forma de Hg elementar (Hg0), encontra-se na 16ª posição em relação à sua abundância na natureza e suas reservas são avaliadas em cerca de 30 bilhões de toneladas (NASCIMENTO & CHASSIN 2001). É encontrado na natureza na forma do minério cinábrio (HgS), estando presente próximo a rochas em atividades vulcânicas recentes, extraído principalmente em minas da 23 Espanha, Rússia, Itália, Japão, Canadá, Estados Unidos, México, Peru e China (NRIAGU,1979). O Hg é um elemento químico enquadrado na classe dos elementos de transição da tabela periódica. Além de inodoro, o Hg é o único metal conhecido que se apresenta no estado líquido em temperatura ambiente, é também o único elemento, além dos gases nobres, cujo vapor é monoatômico à temperatura ambiente. Pertence ao grupo IIB do sistema de classificação periódico juntamente com o zinco e o cádmio. É bom condutor de eletricidade e absorve a luz ultravioleta a 2537Å (GALVÃO, 1987). Possui número atômico igual a 80, peso atômico 200,59, ponto de fusão 38,87°C e entra em ebulição a 356,9°C, densidade a 20°C de 13,546 g.cm³, pressão de vapor a 20°C de 14 m.gm-3, calor específico a 25°C de 0,0331 cal/g, tensão superficial a 20°C de 465,0 dyn/cm, viscosidade a 20°C de 1,55cp, e concentração de vapor a 20°C de 13,200 mg.m³ (BEZERRA, 1990; MALM, 1991; WHO,1990, 1991). Além de ser um metal líquido a temperaturas ordinárias, tem a capacidade de dissolver outros metais, formando ligas. Esta solução é chamada amálgama e é bem conhecida para vários metais, dentre eles a Prata (Ag), o Ouro (Au), o Zinco (Zn), o Estanho (Sn), Cádmio (Cd), o Cobre (Cu), o Sódio (Na) e a Platina (Pt) - sendo esta uma das causas de contaminação ambiental (MALM, 1991; NASCIMENTO, 2001). O Hg pode ser encontrado em uma variedade de estados físicos e químicos no meio ambiente, porém as três formas químicas de maior interesse são mercúrio metálico (Hgº), mercúrio (I) e mercúrio (II), nas quais os átomos perdem um ou dois elétrons, respectivamente, formando o mercúrio mercuroso (Hg2+2) e o mercúrio mercúrico (Hg++). A forma metálica (Hgº) é a dominante na atmosfera, pode ter um tempo de residência de meses ou até de um ou dois anos, tendendo a estar uniformemente distribuído na troposfera. É lipossolúvel e atravessa membranas biológicas. É esta forma de Hg a responsável por grande número de intoxicações agudas e crônicas, com graves sequelas e evoluções, às vezes, fatais. A forma mercurosa e mercúrica forma diversos compostos químicos orgânicos e inorgânicos. Os compostos formados a partir do mercúrio (II) são mais abundantes que aqueles formados a partir do (I) e são encontrados na forma de cloretos, nitratos e sulfatos (NRIAGU, 1979; MALM, 1991). O ciclo biogeoquímico natural do Hg é caracterizado pela sua evaporação a partir do solo e águas superficiais, seguido pelo transporte atmosférico, deposição do mercúrio de volta ao solo e águas superficiais, e a absorção do composto no solo ou sedimentos. O Hg 24 depositado no solo e na água é em parte revolatilizado de volta para a atmosfera. Devido a esse ciclo, torna-se difícil determinar o movimento do Hg a partir da fonte de emissão (WHO, 1990). Segundo Malm (1991) este ciclo é o resultado de vários processos físicos, químicos e bioquímicos, produzindo padrões extremamente complexos de distribuição no ambiente, alguns ainda não conhecidos, principalmente em ambientes tropicais. O tempo de residência do Hg em diversos compartimentos ambientais é dependente de sua mobilidade que, por sua vez, vai depender da forma química que se encontra. O ciclo pode ser bem longo, pois várias de suas formas orgânicas ou inorgânicas, com grande estabilidade ou não, são voláteis, possibilitando ciclos repetidos de longa duração. O Hg que ao entrar no ecossistema aquático na forma inorgânica, pode transformar-se numa forma orgânica, cem vezes mais tóxica chamada metil-mercúrio (MeHg). Nessa forma química, o Hg é rapidamente assimilado pelos organismos vivos, devido a sua alta lipossolubilidade, e bioacumula-se ao longo das cadeias alimentares aquáticas. Dos organismos atingidos pela contaminação mercurial, os peixes destacam-se pela sua importância na alimentação humana, representando a principal fonte de proteínas para as populações ribeirinhas. As propriedades físico-químicas do Hg e de seus compostos são utilizadas pelo homem desde longa data, em uma infinidade de aplicações. O Hg tornou-se de grande importância na nossa vida diária, quase insubstituível em suas importantes aplicações. Hoje, compostos orgânicos e inorgânicos deste metal são utilizados como catalisadores na indústria petroquímica e antissépticos na medicina (WHO, 1990). Alguns de seus compostos foram, até a década de 70, amplamente utilizados como fungicidas na agricultura, porém devido aos seus efeitos nocivos em trabalhadores expostos e à população passível de exposição, como ocorreu no episódio acidental do Iraque, teve seu uso posteriormente proibido. Sua forma metálica tem utilização universal na fabricação de termômetros, barômetros, manômetros, baterias, lâmpadas elétricas, interruptores, retificadores e outros componentes elétricos e eletrônicos (NASCIMENTO, 2001). 3.3. MERCÚRIO NA REGIÃO AMAZÔNICA A partir de 1980, a nova corrida do ouro (Au) na América Latina levou milhões de pessoas a ingressarem na atividade artesanal de Au, o garimpo, como uma forma de fugir da 25 completa marginalização social e em busca do “eldorado”. Desde então, a crescente utilização do mercúrio na formação do amálgama - liga de Au-Hg -, e sua emissão para os diferentes compartimentos ambientais tem sido fonte de preocupação da comunidade científica em todo o mundo, devido aos efeitos danosos que esse metal provoca no meio ambiente e ao seu potencial tóxico à saúde humana. A América Latina, particularmente na região Amazônica, é considerada como seriamente impactada por Hg devido à extração de Au, com cerca de meio milhão de pessoas diretamente envolvidas na atividade. A atividade de mineração de ouro na Amazônia causou danos ao ambiente e tem exposto os habitantes locais à contaminação mercurial (MALM, 1990; BASTOS, 1997; BASTOS et al., 2004; GONCALVES & NEUSA, 2004). O Hg metálico tem sido utilizado nas atividades garimpeiras na Amazônia devido a sua propriedade de formar amálgama, tornando possível a extração do Au granulométrico disperso no sedimento de fundo, como ocorre no leito do Rio Madeira, sendo, depois de utilizado, lançado no ambiente em em sua forma química inorgânica nas fases de vapor e líquida. Na atmosfera o vapor de Hg é oxidado e retorna ao ambiente aquático, onde fica sujeito aos processos de organificação, cujo produto é, então, mobilizado nas cadeias alimentares aquáticas (PFEIFFER & LACERDA ,1988; PFEIFFER et al.,1989). Ressalte-se que, a partir do final da década de 70 e nos anos 80, registrou-se um aumento vertiginoso na atividade garimpeira em nosso país, em busca de Au, na Amazônia Legal. Por anos, o Hg usado na mineração de Au foi considerado como o único responsável pela contaminação por Hg no ecossistema Amazônico, porém, atualmente, é consenso entre pesquisadores por terem evidencias que ambos os processos, naturais e antrópicos, embora operem em diferentes escalas de tempo, sejam responsáveis (FADINI & JARDIM, 2001; BASTOS, 2004; BASTOS et al., 2004; LACERDA & MALM,2008). Na atualidade, o andamento dessa investigação continua a trazer nova luz na relação entre o ecossistema e a saúde humana. De acordo com pesquisadores a contaminação de Hg na Amazônia representa grave problema ambiental, pois 70 a 170 toneladas do metal foram lançadas anualmente no meio ambiente pelas atividades informais de mineração de Au, além de queimadas, em que a vegetação queimada constitui uma fonte primária de emissão de Hg. Essa grande quantidade do metal sofre processos de metilação, que culminam na bioacumulação e biomagnificação (PFEIFFER & LACERDA, 1988; MALM, 1991; WHO, 1990). 26 Na Amazônia, diversas pesquisas foram conduzidas no sentido de investigar a contaminação ambiental por Hg e os riscos causados a saúde dos seres humanos (LACERDA et al., 1989; LACERDA & SALOMONS, 1992; LACERDA, 2003, 2007; BOSCHIO & BARBOSA, 1991; BOSCHIO & HENSHEL, 2000; PFEIFFER et al., 1989; MALM et al., 1995; HACON et al.,1997; HACON, 2008; BARBOSA & DÓREA,1998; BARBOSA et al., 1998,2001,2003; FADINI 2002,2005;DÓREA et & JARDIM,2001; al., 1998, SANTOS et al., 2003,2005,2006; 2000a, DOREA 2000b, & BARBOSA,2004,2007;MARQUES, 2002,2008; MARQUES et al., 2007; BASTOS et al., 2005;BASTOS,2008; NASCIMENTO , 2007).A região Amazônica, cenário de intensa exploração mineral nas últimas três décadas, recebe atenção especial nesse contexto devido a grande quantidade deste metal, lançado no meio ambiente e, consequente, em função da contaminação da ictiofauna. Convém notar que os estudos das concentrações de Hg em peixes dos rios da Amazônia mostram, em várias situações, níveis que ultrapassam o valor de 0,50 mg.kg-1, estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (WHO) valor limite para o consumo humano. Segundo Dórea et al., (1998), as concentrações de Hg total em peixes piscívoros, onívoros e herbívoros de doze diferentes locais do Rio Madeira (Amazônia), variaram de 0,09 a 1,45 mg.kg-1 dependendo da espécie. Em outro trabalho, também realizado com peixes coletados no Rio Madeira, porém em área de mineração (região do Rio Beni), a concentração de Hg total variou de 0,33 a 2,30 mg.kg-1 (algumas espécies excedendo o limite permitido para consumo humano), enquanto nos onívoros e naqueles que se alimentam de detritos os teores variaram de 0,02 a 0,19 mg.kg-1 (MAURICE-BOURGOIN et al., 2000). Boischio et al., (2003), em estudo realizado também na região do Baixo Rio Madeira relacionaram 22 espécies de peixes carnívoros que apresentaram teores maiores que os preço izados pela WHO, considerando-os como não seguros para consumo humano, indicando ainda outras seis espécies como de consumo restrito. No estudo de Bastos (2004), no qual foram analisados 816 exemplares de peixes coletados da região do Baixo Rio Madeira, 24% apresentaram valores superiores aos limites de segurança estabelecido pela WHO, sendo os maiores valores médios também encontrados entre as espécies carnívoras. Há, atualmente no mundo, uma tendência à busca de uma diminuição da exposição à MeHg via consumo de peixe, principalmente em gestantes (OKEN et al., 2003; TRASANDE et al., 2005). Visto que o acúmulo de MeHg em humanos resulta em efeitos sobre o sistema nervoso, tais como comprometimento de nervos periféricos (parestesia de extremidades, 27 lábios e língua, exacerbação dos reflexos tendíneos profundos e neurite periférica), cerebral (constrição do campo visual, alteração auditiva, distúrbios da fala e confusão mental), cerebelar (ataxia, disartria, incoordenação, distúrbio da marcha), além de insuficiência renal (WHO, 1976, 1990; LEBEl & MERGLER, 1998). Na região Amazônica, estudos mostram que concentrações de Hg no cabelo de pessoas que tem um grande consumo de peixes, estão próximas ou acima dos limites seguros, preconizado pela WHO, que é de 6,00 mg.kg-1 podendo causar efeitos neurotóxicos leves (LEBEl & MERGLER,1998). Segundo Bastos (2004), as comunidades ribeirinhas da Bacia do Rio Madeira apresentam entre os anos 2000 e 2002 valores médios superiores à concentração máxima sugerida pela WHO (15,00 mg.kg-1). Promovendo com isso uma grande discussão sobre a importância e os riscos de um grande consumo de peixes entre as comunidades tradicionais ribeirinhas na Amazônia. Entretanto, o ecossistema amazônico é muito complexo - a cadeia alimentar, por exemplo, é maior e mais complexa do que em qualquer outra região brasileira - sendo necessários mais estudos para desenvolver um quadro como o Hg comporta-se nesse ambiente. 3.4. CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL A poluição ambiental ao nível mundial é um subproduto indesejável do aumento da demanda por recursos naturais da civilização moderna. Desde o surgimento das sociedades humanas, focos localizados de contaminação ambiental têm ocorrido, porém, não na escala global testemunhada hoje. Praticamente, todos os ambientes do planeta encontram-se sob graus variados de contaminação e mesmo as áreas remotas, como o continente antártico, apresentam concentrações de contaminantes como o Hg, cuja distribuição é feita em escala global pelo transporte atmosférico ( AZEVEDO, 2001; LACERDA, 2003). Sabe-se que o Hg é um elemento presente naturalmente na crosta terrestre, na água, na biota e na atmosfera. Dentre as diferentes formas químicas do Hg, a espécie de distribuição mais ampla é o Hg0 (vapor), predominante na atmosfera, o Hg2+, forma dominante em águas naturais e o metilHg, que é a forma de maior importância ambiental devido a sua elevada toxidez a organismos superiores, particularmente mamíferos (LACERDA , 2007). 28 Podem-se classificar as fontes de emissões de Hg para a biosfera como naturais e antrópicas, dentre as primeiras destacam-se a emissão por vulcões, a degaseificação da crosta terrestre e o spray marinho; por sua vez as emissões antrópicas são subdivididas em intencionais e não intencionais. A emissão de Hg contido em combustíveis fósseis pode ser entendida como processo não intencional, enquanto que, emissões de mercúrio usado em produtos e processo como extração de Au pode ser entendida como emissão intencional (UNEP, 2001). Embora muito variáveis, as diferentes estimativas de emissões de Hg para a atmosfera global sugerem um total de cerca de 6.000 t ano-1, sendo cerca de 2.000 t ano-1 correspondentes à volatilização natural do Hg presente nos oceanos. Cerca de 1.000 t ano-1 correspondem à reemissão de superfícies terrestres e 3.000 t ano-1 às emissões antrópicas (LACERDA, 2007). As fontes antropogênicas que mais contribuem para emissão de mercúrio no ambiente são a queima de combustíveis fósseis, as indústrias de cloro-soda, celulose e termômetros, além do uso na medicina e na extração de Au dos garimpos, indústrias siderúrgicas e lixiviação dos solos (NRIAGU, 1979,1988, 1992). Há que se considerar também os muitos casos de acidentes em que ocorre derrame de Hg no ambiente. Centre Canadien d'Hygiene et de Securité au Travail (CHEMINFO, 2000) descreve vários acidentes tóxicos associados ao Hg que vão desde a quebra de termômetros em hospitais e lares até a contaminação de lagos e rios por atividades industriais, principalmente de indústrias de cloro álcalis. A literatura descreve vários trabalhos sobre os riscos toxicológicos decorrentes da produção e utilização do Hg, que podem implicar tanto a exposição das diferentes formas de vida do meio ambiente quanto do próprio ser humano (LACERDA & SALOMONS,1992; LACERDA, 2007; AKAGI, 1995; FADINI & JARDIM, 2001; SANTOS et al., 2000a, 2002, 2005; BARBOSA et al.,2003; PINHEIRO ,2000; DÓREA et al.,2003;DOREA & BARBOSA,2004;SÁ & HERCULANO 2006). O MeHg, o mais tóxico dos alquilmercuriais, constitui o mais importante composto a base de Hg que contamina o ambiente. O Hg entra na cadeia alimentar principalmente pela transformação do íon Hg2+ em metilmercúrio (MeHg ou CH3Hg+) por um processo de metilação, em que o Hg2+ recebe um grupamento metila, a forma mais comum do Hg encontrada na biota, principalmente em organismos topo de cadeia alimentar. Cada forma química do Hg apresenta uma toxicidade, sendo o MeHg o composto de Hg mais tóxico, por 29 ser substância neurotóxica e teratogênica, capaz de causar danos irreversíveis (NASCIMENTO, 2007). Nos últimos anos, algumas descobertas importantes ocorreram, das quais merece destaque a descrição da formação do MeHg encontrado a partir da metilação do Hg por bactérias aeróbias e anaeróbias. O MeHg formado no ambiente aquático é rapidamente absorvido pelos peixes, estando as maiores concentrações entre os carnívoros, topo da cadeia trófica. Seus fatores de concentração chegam a atingir números da ordem de 104 a 105 vezes o nível de “background”. O processo de acumulação do MeHg em peixes apresenta interesse particular, posto que, nesta forma química orgânica, é cerca de 100 vezes mais tóxico do que na forma química inorgânica (ATSDR, 1999). A metilação em sedimentos de rios, lagos e outros cursos d‟água constitui-se num meio significativo para a entrada do Hg na cadeia alimentar, podendo representar um perigo potencial com sua chegada até o homem. (MALM et al.,1990; BISINOTI & JARDIM, 2005; BASTOS et al., 2005). Outro fator de risco que tem sido destacado por especialistas é o representado pela restauração dentária com amálgama de Hg (DONANGELO & DÓREA,1998), já que esta via pode significar um importante aporte de Hg inorgânico ou orgânico, comparável às quantidades que ingressam por intermédio dos alimentos e da água. Duas ocorrências com caráter epidêmico são relatadas no século XIX com Hg inorgânico (WHO, 1978). Em 1803, em Idrija, Iugoslávia, um incêndio numa mina de Hg produziu inúmeros casos de intoxicação entre os habitantes e animais das vizinhanças, com o surgimento de tremores nas pessoas atingidas. Em 1810, a quebra de recipientes contendo Hg, ocorrida num navio britânico, resultou na morte de todos os pássaros e gado a bordo, e 200 pessoas apresentaram manifestações da intoxicação, com o desfecho de três mortes (AZEVEDO, 2001). Hoje são conhecidos importantes acidentes ambientais no mundo decorrentes da descarga de resíduos industriais contendo Hg, em baías, rios e lagos, contaminando animais de vida marinha e, secundariamente, as populações humanas. 3.5 ABSORÇÃO O Hg pode ser incorporado no organismo humano por inalação, ingestão e absorção cutânea. Além disso, vale lembrar que o Hg, em sua forma elementar, é lipossolúvel, o que 30 lhe confere a capacidade de atravessar as membranas celulares. Ademais, sua principal via de penetração se dá através da inalação dos vapores metálicos pelos pulmões - cerca de 80% dos vapores de Hg inalados são absorvidos nos alvéolos pulmonares, em função da alta difusibilidade dessa substância. Ressalte-se ainda que o Hg é também absorvido através da pele, pelo contato com a forma líquida ou vapores. Além disso, através do aparelho digestivo ele é absorvido na proporção de 2-10% da quantidade ingerida (WHO, 1991). Por outro lado, a absorção do Hg0 por via oral inferior a 0,01% da dose ingerida é assim desprezível. Dependendo da sua solubilidade, acredita-se que cerca de 2 a 10% dos sais de Hg, ingeridos acidentalmente ou em tentativas de suicídio, sejam absorvidos por aquela via no estômago. Para o MeHg observa-se, em animais como em humanos, uma alta porcentagem de absorção pelo trato gastrointestinal, entre 90 e 100%, relacionada à sua ingestão tanto na forma de sais como ligado a proteínas, por exemplo, em peixes comestíveis (WHO, 1990; HSDB, 2000). Ao penetrar no organismo na sua forma metálica atravessa facilmente a barreira hematoencefálica, atingindo o cérebro. Além disso, no sangue e nos tecidos ele é rapidamente oxidado ao íon Hg (Hg2+), que se fixa às proteínas (albuminas) e aos glóbulos vermelhos, sendo distribuído para todo o organismo. A intoxicação por MeHg, é extremamente lesiva e ocorre de forma assintomática durante anos, caracterizando-se por ser de excreção lenta. Sua toxicidade deve-se, principalmente, a seu efeito sobre o SNC e periférico. Atente-se ao fato de que os principais órgãos em que o MeHg acumula-se são os rins, cérebro, pulmão, tubo digestivo, fígado, e por continuidade, medula óssea e sistema cardiovascular (WHO, 1990, 1991). 3.6 DISTRIBUIÇÕES, ARMAZENAMENTO E ELIMINAÇÃO DO MERCÚRIO No que diz respeito à distribuição do Hg, o transporte de Hg iônico é realizado pelo plasma e o Hg elementar é transportado pelas hemácias .No que tange ao armazenamento, tem-se que, nos eritrócitos e tecidos, o Hg0 é rapidamente oxidado ao íon Hg2+ que se fixa às proteínas. Dessa forma, o Hg inorgânico, menos lipossolúvel, concentra-se mais no plasma do que nos eritrócitos. O MeHg também é transportado pelas células vermelhas (95%) e, o restante, ligado a proteínas plasmáticas. A distribuição do Hg entre os eritrócitos e o plasma 31 depende da forma do metal. A razão Hg eritrócitos/ Hg-plasma é de 1 para o Hg inorgânico, de 2 para o Hgo e de 10 a 20 para o Hg orgânico, como o MeHg (USEPA, 1997). Os principais locais de deposição são os rins e o cérebro, após exposição de vapores de mercúrio metálico; os rins, com deposição de cerca de 50 a 90% da carga corpórea, na exposição a sais mercuriais inorgânicos, e o cérebro a organomercuriais. Chama-se a atenção para o fato de que a passagem de compostos mercuriais lipossolúveis do sangue para o cérebro é suficientemente rápida para causar uma distribuição diferencial significativa naquele órgão. A subseqüente oxidação de Hgo para Hg2+ no cérebro permite que o Hg ali se armazene. No feto, acontece um processo semelhante de distribuição seletiva, sendo o processo oxidativo mediado enzimaticamente, no qual a catálise talvez seja o sítio provável de oxidação (WHO, 1990). A distribuição do MeHg no organismo é lenta, levando cerca de cinco dias para atingir um equilíbrio. Atravessa rapidamente a barreira hematoencefálica concentrando-se no cérebro, particularmente. O transporte pelos tecidos parece ser mediado pela formação de um complexo cisteína-metilmercúrio, o qual é estruturalmente semelhante à metalotioneína e é transportado pelas células por meio de uma proteína amplamente distribuída no organismo (USEPA, 1997). Estudo de Friberg et al., (1988), em experimentação animal, apontou que os compostos mercuriais podem acumular-se em outros órgãos além dos rins, tais como fígado, membrana mucosa do trato intestinal, pele, baço, células intersticiais dos testículos, cabelo, glândulas sudoríparas, glândulas salivares, tireoide e substância cinzenta das áreas occipital, parietal e cortical do cérebro, placenta e membrana fetal . Outra evidência é de que os compostos mercúricos são eliminados pelas fezes, urina, glândulas salivares, lacrimais, sudoríparas e leite materno (CLARKSON, 1997; DONÂNGELO & DÓREA, 1998). A velocidade de excreção está associada à espécie e é dose dependente, entretanto, a partir dos poucos dados existentes associados aos humanos, pode-se determinar que o Hg é excretado com uma meia-vida biológica de sessenta dias aproximadamente. Parte do Hg armazenado no cérebro é excretada lentamente com uma meia-vida superior a um ano (HSDB, 2000). 32 3.7 EXPOSIÇÃO HUMANA AO MERCÚRIO A ingestão alimentar é uma importante via de exposição humana a vários tipos de contaminantes, dentre eles o Hg. Estima-se que 90% da exposição a poluentes ocorram através de ingestão de alimentos e bebidas contaminadas por grupos expostos nãoocupacionalmente ((WHO, 1996; CAMPOS, 2001). A ingestão de Hg total pela dieta foi medida, a partir de 1973 até 1982, em diversos grupos populacionais de diferentes faixas etárias e a média encontrada foi de 2.000 a 7.000 ng de Hg em adultos e até 1.000 ng de Hg para recém-nascidos e crianças. Em 1981-82, os valores encontrados foram de 3.000 ng de Hg em adultos, 1.000 ng de Hg em recém-nascido e inferiores a 1.000 ng de Hg em crianças (NASCIMENTO & CHASSIN 2001). Nriagu, em 1988, chamou a atenção do mundo para os milhões de seres humanos expostos a poluentes metálicos, em especial, grupos de baixa condição sócio-econômica. Segundo ele, o número de indivíduos sofrendo de acometimentos subclínicos poderia, já naquela época, chegar a vários milhões. Grandjean et al. (1993), já descrevia a necessidade do monitoramento das populações expostas a metais pesados, como o Hg, como essencial para o entendimento e avaliação do papel da dieta e nutrição na carga corporal e risco de toxicidade. O nível de exposição e contaminação por Hg pode ser determinado pela mensuração da concentração do metal no sangue e/ou no cabelo e/ou urina, dependendo da forma química. Enquanto os níveis sanguíneos fornecem um quadro da exposição aguda, os níveis de Hg no cabelo avaliam a carga corporal em um dado tempo compatível com o crescimento do cabelo, em se tratando de MeHg. O clássico acidente ocorrido no século passado na Baía de Minamata no Japão (19531960), na qual a maior indústria de plásticos do Japão a Chisso Química, daquela cidade, lançou o referente a 600 toneladas de Hg orgânico no mar (OTTAWAY, 1982). Esta poluição das águas da baía de Minamata resultou em pesada contaminação dos moluscos e peixes locais por MeHg, os quais tinham como destinatário final os moradores da região que os ingeria - este evento ocasionou o envenenamento de milhares de pessoas e o surgimento da chamada “doença de Minamata”. Nesta baía, o Hg contido no pescado alcançou 39 µg. kg1 ,com uma concentração média de Hg de 11 μg/g (WHO, 1976; HARADA, 1975,1978,1995). No episódio de contaminação morreram 1200 pessoas, 3 mil receberam indenização e estima-se cerca de 10 mil contaminados pelo consumo de peixes e mariscos contaminados por MeHg, oriundo de efluentes industriais. Fato semelhante ao de Minamata aconteceu em 1965, 33 ainda no Japão, desta vez envolvendo águas doces, do rio Agano, em Niigata, no norte do país. Estes dois casos deixaram um saldo negativo de muitas intoxicações (KINJO et al. 1991). Outro caso ilustrativo da problemática ocorreu no Iraque, em início da década de 70. Famílias de agricultores foram envenenadas ao consumirem pão feito com sementes de trigo tratado com fungicida organomercurial (MeHg). Tais sementes se destinavam ao plantio e não para o consumo humano, sendo que a concentração de Hg no trigo estava em cerca de 8 µg.kg-1. Neste evento foram 6.530 casos de admissão hospitalar e mais de 450 óbitos. As estimativas foram de uma média de 80 µg.kg-1 de peso corporal, presumindo um peso corporal de 50 kg para a população inteira. O período de latência de até dois meses entre o início da exposição e o surgimento dos sintomas foi, provavelmente, o principal fator contribuinte para a dimensão da epidemia. Não se verificaram diferenças quanto à idade ou ao sexo na população atingida (BAKIR et al. 1973). Paquistão, Gana e Guatemala apresentaram situação similar a ocorrida no Iraque, através da ingestão de grãos tratados com compostos mercuriais, como fungicidas (DERBAN, 1974; WHO, 1978). Queiroz (1995) relata que, em 1969, no Novo México ocorreu um caso de intoxicação de uma família que havia se alimentado de ração composta por grãos tratados com fungicida mercurial. Outros casos, desta vez relativos à ingestão de peixes contaminados, aconteceram em diversos países, como Canadá e EUA. No primeiro foram apontados níveis elevados de MeHg em grupos indígenas (CHARLEBOIS, 1978), com significativa associação entre anormalidades neurológicas em adultos e nível de exposição através da ingestão de peixes contaminados. Neste caso, foram observados casos de comprometimento neurológico, inclusive de crianças que sofreram exposição pré-natal. Pesquisa na região dos Grandes Lagos (EUA) mostrou que pessoas de regime ictiófago, em relação às demais, tinham níveis anormalmente elevados de Hg (RAMADE, 1977). Estudos nas ilhas Seychelles, sobre a contaminação por Hg, mostraram que apesar da ausência de qualquer contaminação ambiental, a população apresentava elevadas concentrações de Hg na urina, sangue e cabelo devido ao elevado consumo de peixe carnívoros. (GRANDJEAN et al. 1994a, 1994b, 1994c). No Brasil, chama a atenção o fato de que mulheres amazônicas na idade reprodutiva, principalmente as ribeirinhas, têm valores médios de Hg entre os mais altos do mundo (BARBOSA et al. 1998; DÓREA, 2003). Isto ocorre por esta população apresentar uma dieta 34 alimentar pouco variada e muito pobre em verduras e legumes, e com um consumo elevado de peixe como principal fonte protéica. Talvez essa população registre o mais alto consumo de pescado do mundo, em média 500g/dia, sendo o peixe o alimento com o mais alto potencial para bioacumulação mercurial. Ressalte-se o fato de que foram detectadas alterações neurológicas para concentrações de Hg no cabelo de 5,6 a 38,4 μg Hg/g na população amazônica (LEBEL & MERGLER, 1998). Disto depreende-se risco potencial para os fetos, pois as substâncias químicas podem ser transmitidas via circulação materna (SIRKORSKI et al. 1986). Objetivando minimizar situações como as descritas, vários estudos têm sido realizados com vistas a avaliar os riscos graves para a população exposta à contaminação por Hg. Na Amazônia, uma das possibilidades discutidas está relacionada com o consumo de frutas e o selênio na qualidade de agente neutralizador dos efeitos tóxicos do Hg, para a aparente tolerância destas populações expostas à intoxicação crônica, com sérias consequências a saúde principalmente para as populações vulneráveis. No entanto, até agora não se tem dados oficiais do mercurialismo nestas populações. (CAMPOS et al. 2002; PASSOS et al. 2003; DÓREA et al. 2004; LIMA , 2005). 3.8. MERCÚRIO NO LEITE MATERNO O leite materno é a primeira alimentação humana e fonte de nutrientes para as funções biológicas, sendo considerado o melhor alimento para crianças, por ter papel importante na proteção imunológica contra doenças infecciosas, na adequação nutricional e no desenvolvimento afetivo e psicológico. É comprovado que crianças amamentadas no peito mostram melhor desempenho em testes de inteligência, menor probabilidade para doenças cardíacas e metabólicas como o diabetes mellitus em relação aqueles alimentados por fórmulas lácteas (SALVIANO, 2004). Vale ressaltar que uma das metas mais importantes no novo milênio é reduzir pela metade a taxa de mortalidade e morbidade infantil. Segundo a UNICEF (2005), o aleitamento materno pode salvar a vida de 1,3 milhões de crianças no mundo a cada ano, e também proteger sua saúde e crescimento. O incentivo à amamentação é uma das estratégias que integram o Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal, o qual toma por base os benefícios comprovados, para mães e bebês, do aleitamento. 35 Em termos biológicos, o leite materno é um fluído complexo, que contém proteínas, carboidratos, vitaminas, minerais, substâncias imunocompetentes (IgA, enzima interferón), além de fatores tróficos ou moduladores de crescimento (EUCLYDES, 2000). Não obstante, a superioridade biológica deste alimento está relacionada ao seu conteúdo lipídico, o qual é a principal fonte de energia para o recém-nascido, contribuindo com 40 a 55% do total de energia quando consumido por esses indivíduos em aleitamento materno exclusivo (KOLETZKO, 2001). A composição do leite humano, especialmente quanto à presença de micronutrientes, é muito variada e pode ser influenciada por diversos fatores como a individualidade genética, a nutrição materna, período de lactação, além das variações entre grupos étnicos e entre mulheres (FIDLER & KOLOTZKO, 2000; DÓREA, 2000; PRADO et al. 2001; CUNHA et al. 2005; ANDERSON et al. 2005). Ademais, para uma mesma mulher são registradas variações no decorrer da lactação, ao longo do dia e durante uma mesma mamada, havendo diferenças entre o leite da frente e o último a sair (anterior e posterior) com alterações na concentração dos macro e dos micronutrientes (VALDÉS et al. 1996; PICCIANO, 2001; MANDEL et al. 2005). Os minerais são importantes para o crescimento, o desenvolvimento e a manutenção da saúde dos tecidos corporais. Além disso, a necessidade de micronutrientes para o recémnascido é maior do que em crianças e adultos devido ao rápido crescimento corporal e também ao alto nível de atividade dos caminhos metabólicos envolvidos no crescimento, atividade física e combate a infecções, dentre outros (MORGANO et al. 2005). O monitoramento dos metais pesados no leite materno, e neste estudo em especial ao metal Hg em sua forma Hg-I (mercúrio inorgânico) e MeHg (metil-mercúrio), é importante como parâmetro da influência de contaminação ambiental antrópica na saúde materno infantil (DÓREA, 2004), uma vez que ainda pouco se sabe sobre a exposição do recém-nascido ao Hg através do leite materno. Embora os estudos já feitos em populações humanas e animais indique que a criança pode ser exposta a MeHg através do leite materno, ainda não é possível determinar com precisão até que ponto são absorvidos pela criança o Hg-I e MeHg presentes no leite materno (SUNDBERG et al. 1991; GRANDJEAN et al. 1994a ; NORDENHALL et al. 1995). A principal fonte de exposição do lactente ao Hg durante a primeira parte da infância se dá por meio da ingestão de leite materno ou leite artificial, uma vez que este é uma via de 36 excreção metil mercurial da nutriz, como ficou demonstrado nos episódios de intoxicação por MeHg no Iraque e Japão (AMIN-ZAQUI et al. 1976; HARADA, 1978). O leite materno é a primeira via de trasnferência desse metal para o recém-nascido. Vale ressaltar que o metabolismo do crescimento cerebral encontra-se neste período em intensa atividade, sendo a provisão de nutrientes (ou sua deficiência) de relevância fundamental no futuro desempenho neuromotor. Como ressultado deste processo, certos nutrientes e substâncias são incorporados pelo sistema nervoso em desenvolvimento - o qual é mais vulnerável aos danos do Hg orgânico que o cérebro adulto, o que torna o feto mais suscetível a riscos. Os danos à saúde são em dose dependente e podem variar de paralisia cerebral a retardo sutil do desenvolvimento físico e mental, que é manifestado durante a fase de crescimento (WHO, 1976, 1990). Mulheres contaminadas por Hg (em especial por MeHg) podem produzir leite com concentrações significativas de Hg (BUSSER & SCHULTZ, 2001; DÓREA, 2004). Desta sorte, a exposição e acumulação de Hg durante o desenvolvimento fetal e amamentação infantil está fortemente relacionada com a carga materna e a transferência deste metal para a placenta e o leite materno (BARBOSA & DÓREA 1998; DÓREA & BARBOSA 2007). No que diz respeito à exposição ao Hg, crianças no primeiro ano de vida estão em situação de mais alto risco que crianças mais velhas e do que adultos. Esse risco maior devese a sua absorção intestinal altamente eficiente e reduzida capacidade fisiológica para prevenir a acumulação de metais tóxicos pelo cérebro, além da imaturidade fisiológica dos mecanismos de homeostase e destoxificação. Ademais, a eficiência da absorção do Hg aumenta para acima de 50% em crianças, particularmente quando em dieta líquida total (WHO, 1996). É preciso também insistir no fato de que o leite humano transfere tanto a forma Hg-I, como a forma orgânica. Oskarsson et al. (1995), demonstrou que 51% do Hg total no leite estava na forma Hg-I. Já Skerfveiing (1988), através de seus estudos apontou que 50-80% do Hg no leite humano está na forma Hg-I. Dórea (2004) comparou o resultado da concentração média de Hg no leite materno de 20 países, associando-os com efeitos ambientais. A concentração média de Hg mostrou-se bem variada de um país em relação a outro. Na Arábia Saudita os níveis variaram de 4 a 15 µg.kg-1 (AL-SALEH et al., 2003), Espanha 9,5 µg.kg-1 (BALUJA et al. 1982), Guatemala 1,6 µg.kg-1, Hungria 1,4 µg.kg-1, Nigéria 2,5 µg.kg-1, Filipinas 1,7 µg.kg-1, Suécia 3,3 µg.kg-1, Zaire 2,7 µg.kg-1, China 8,5 µg.kg-1 (WHO, 1989; YANG et al., 1997; RAMIREZ, et al., 37 2000). Ressalte-se que, em alguns países, a concentração de Hg estava com valores maiores do que os preconizados pela WHO (1989). No Brasil não existe uma legislação que preconiza o valor aceitável de Hg no leite materno, motivo pelo qual foi utilizada a dose de referência preconizada pela WHO (1989), que estabece o limite aceitável de 1,3 a 1,7 µg.kg-1. Sendo a ingestão diária tolerável para crianças 5 µg.kg-1 de peso/dia (GALAL, 2003), o consumo regular de pescado pelos habitantes do ecossistema amazônico contribui para os altos níveis de contaminação encontrados entre os grupos vulneráveis (BARBOSA et al. 1998). Após a intoxicação acidental no Iraque, estudos conduzidos por Bakir et al., (1973) em mães lactantes encontraram concentrações elevadas de Hg no sangue, variando de 10 a 200 µg.kg-1. Foi observado que a meia-vida biológica do Hg no corpo de lactantes é menor que em outras mulheres em torno de 60 e 70 dias, sendo esta diferença um indicador de que o Hg é excretado via leite materno. Greenwood et al. (1978) também constatou que mulheres que estavam em período de lactação exibiam o tempo menor de permanência de Hg total no sangue (42 dias) do que as não lactantes, indicando que a reprodução acelera o metabolismo materno. Amin-Zaki et al., (1976), acompanhou dois pares de mães e filhos, após o acidente ocorrido no Iraque, entre 1971 e 1972. O autor mensurou os níveis de Hg no sangue, cabelo e leite materno. Uma criança de um dos pares faleceu 30 dias após o nascimento, cuja mãe havia sido exposta durante a gravidez, não havendo dados disponíveis da concentração de Hg no leite materno a seu respeito. A outra criança foi contaminada no pós-parto através do MeHg presente no leite da mãe. Os níveis de Hg no leite foram estabelecidos entre 50 e 60 ng.ml-1. Estas concentrações detectadas no leite correspondiam a 8,6% dos valores encontrados no sangue da mãe. Ambas apresentavam níveis máximos de Hg no sangue estimados entre 500 e 1000 ng.ml-1, valores bem acima do nível tóxico para adultos. Harada (1976), quando avaliou o episódio de Minamata, mencionou que a exposição via aleitamento materno pode representar um papel relevante na exposição mercurial e resultar em efeitos clínicos. Isto foi comprovado no episódio do Iraque, quando algumas crianças que nasceram antes que suas mães consumissem pão contaminado com MeHg apresentaram níveis de Hg no sangue acima de 200 ng.ml-1, alimentando-se exclusivamente do leite materno (AMIN-ZAKI et al. 1976). Dando continuidade aos seus estudos Amin-Zaki et al. (1981) publicaram os resultados de um estudo longitudinal de 5 anos com 22 binômios, envolvidos no acidente 38 ocorrido no Iraque, em 1971. Os pesquisadores avaliaram os efeitos no desenvolvimento motor de crianças expostas ao MeHg através do leite materno. Do Hg total encontrado, 60% correspondiam a MeHg. As crianças foram examinadas três vezes ao longo do período estudado. Durante o primeiro exame foi constatado que oito crianças apresentavam hiperreflexia No segundo, dezessete apresentavam o mesmo distúrbio, sintoma este observado também ao terceiro exame. Outra avaliação realizada pelos autores neste estudo foi a determinação de concentrações de Hg no sangue materno e nas crianças. Os níveis de Hg no leite decaíram com o passar do tempo, o que levou à conclusão de que a exposição ao MeHg via leite materno era menos grave do que as conseqüências para o SNC naqueles que foram contaminados no período pré-natal. Estudos observaram que a exposição via amamentação em puérperas que apresentavam maior freqüência de ingestão de espécies do ecossistema aquático,mostrou maior concentração de Hg no leite materno em relação as que consumiam pescados em menor quantidade (GASTER, 1976; FUJITA & TAKABATAKE, 1977; DREXLER & SCHALLER, 1998; BARBOSA & DÓREA, 1998; SKERFVING, 1988; PACCAGNELLA & RIOLFATTI. 1989; KLEMANN et al. 1990;GRANDJEAN et al. 1994a, 1994b, 1994c, 1995a, 1995b; CHIEN, 2006; GUNDACKER et al. 2002, 2010; YALÇIN et al. 2010; VALENT et al. 2011). A relação entre o número de restaurações de amálgama e os níveis de Hg no leite materno, têm sido reportada em estudos de vários pesquisadores (OSKARSSON et al. 1996; VIMY et al. 1997; DRASCH, 1998; DREXLER & SCHALLER, 1998; COSTA et al. 2005; URSINYOVA & MASANOVA, 2005; NOROUZI et al. 2011). Na Espanha, os valores médios de concentração de Hg encontrados foram, na faixa de 0,09 a 1,9 μg.kg-1 (BALUJA et al. 1982).Em estudos de Iyengar (1982), buscou-se determinar a concentração de Hg com a finalidade de usar como valor de referência para o desenvolvimento de metodologia de análise de leite, Os resultados encontrados para o Hg apontaram valores médios de 9,2 μg.kg-1 Na Alemanha estudos conduzidos por Schramell (1988), analisaram as concentrações de microelementos e Hg no sangue materno, sangue do cordão umbilical, placenta e leite materno. Os valores encontrados variaram de acordo com a região sendo entre: 3,0 ± 2,1; 2,3 ±1,0; 5,5 ± 4,9; 2,3 ±1,6; e 2,0 ± 0,7 μg.kg-1. YANG et al. (1997),em pesquisa realizada na China ,verificou a exposição ocupacional via aleitamento materno entre um grupo de lactantes que estavam expostas ao vapor de Hg, em função do trabalho e o grupo controle. O valor de Hg orgânico encontrado 39 no grupo exposto foi de 1,93 ± 1,52 μg.kg-1, e no grupo não exposto foi de 0,84 ± 0,67 μg.kg1 . Na Arábia Saudita foram feitos estudos por Al-Saleh et al. (2003) para avaliar a concentração de Cd, Pb e Hg no leite materno . Neste estudo a média geral ficou entre 3,10 ± 4,05 μg.kg-1, o que demonstrou uma média superior em relação a outros países, já citados nesta revisão. 3.9. CONSIDERAÇÕES SOBRE A INTERCESSÃO ENTRE SAÚDE E DESENVOLVIMENTO Os profissionais de saúde, dentre as mais diversas formações ligadas às ações da Saúde Coletiva, tem se inserido nas discussões sobre o desenvolvimento econômico e seus impactos sobre o estado de saúde das populações. A distribuição das doenças se dá de acordo com a organização política, econômica, cultural e espacial da sociedade (PEREIRA, 2004). Por este prisma, pode parecer obvia a ligação entre o que se entende por desenvolvimento e a saúde, sobretudo porque nos encontramos no século 21, em meio a discussões acirradas que eclodem a todo momento sobre a questão ambiental e as agressões sofridas em nome do desenvolvimento. A saúde como objeto de interesse público e a responsabilidade da sociedade sobre a saúde dos cidadãos constituiu um dos princípios da reforma sanitária. Ao ser criada uma relação, eminentemente concreta, entre a saúde e o meio ambiente, observa-se que a influência deste último pode ser positiva ou negativa, na medida em que promove condições que propiciam o bem-estar e a plena realização das capacidades humanas para todas as populações ou, por outro lado, contribuem para o aparecimento e manutenção de doenças, agravos e lesões traumáticas, assim como para o aniquilamento e morte da população como um todo, ou para grupos populacionais específicos. E a contaminação ambiental por poluentes químicos, por sua vez, é um importante fator na geração de agravos à saúde. A questão ambiental e sua correspondência biunívoca com o processo saúde doença da população tem sido cada vez mais investigada, sob as mais diversas formas e abordagens. É bem verdade que a contaminação do meio ambiente com metais tóxicos utilizado em larga escala, a exemplo do garimpo de ouro na Amazônia, representa risco para a saúde nos grupos vulneráveis, como o de mulheres em idade reprodutiva, em especial das populações 40 ribeirinhas. Escolheu-se para objeto de investigação que resultou neste estudo de o estabelecimento das relações entre a exposição por Hg e o aleitamento materno, sublinhando as concentrações de Hg no leite humano, por se ter clareza da relevância de se produzir conhecimentos que interferirão nas formas como se assiste o binômio mãe/filho, sobretudo na Amazônia. 41 4. OBJETIVOS 4.1. OBJETIVO GERAL Avaliar a ocorrência de mercúrio no leite materno em puérperas ribeirinhas ao rio Madeira e urbanas da cidade de Porto Velho. 4.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Conhecer as concetrações de mercúrio de mães urbanas e ribeirinhas na bacia do Rio Madeira; Verificar se há diferenças entre as concentrações de Hg entre as puérperas urbanas e ribeirinhas; Avaliar hábitos alimentares das puérperas relacionados ao consumo de peixe. 4.3. HIPÓTESES Puérperas estão transferindo Hg, no período da amamentação, em que forma química? Existe diferença na concentração de mercúrio entre as puérperas urbanas e ribeirinhas? 42 5. MATERIAL E MÉTODOS 5.1. TIPO DE ESTUDO Trata-se de um estudo quantitativo de caráter exploratório, com uma população constituída de mulheres puérperas residentes na área urbana do município de Porto Velho há mais de 5 anos e nas comunidades ribeirinhas do baixo Rio Madeira do estado de Rondônia (São Carlos, Nazaré, Calama, Demarcação, Nova Esperança, Papagaios, Terra Caída, Santa Catarina) e comunidade do lago do Puruzinho do estado do Amazonas 5.2. DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO Porto Velho é a capital e o maior município do Estado de Rondônia, tendo em extensão territorial uma área de 34.082 km², e uma população de 387.964 habitantes (IBGE, 2009). Faz limite ao norte com o Estado do AM; ao Sul, Nova Mamoré -RO e Buritis - RO; a Leste, Candeias do Jamari-RO e Alto Paraíso - RO; a Oeste, Nova Mamoré-RO, República da Bolívia e Estado do Acre. Localiza-se à margem direita do Rio Madeira (afluente do Rio Amazonas), possui as seguintes coordenadas geográficas - 08º 45‟ 48” S e - 63º 54‟ 48” O (IBGE, 2009) (Figura 1). A economia do município é sustentada por trabalhadores do serviço público e comércio. Destacam-se ainda a comercialização de produtos típicos da região amazônica - tais como pescado, couro e pele de animais silvestres - curtumes, serrarias e usinas de beneficiamento de borracha e óleo de copaíba, utilizado como secante de vernizes e remédio (SEPLAD, 2010) A região é caracterizada por um clima de tipo equatorial superúmido, com elevada pluviosidade (valores anuais superiores a 2000 mm), podendo atingir até 100 mm em um só dia. A temperatura média anual é de 25,8°C, sendo que as médias mensais ficam em torno de 25°C, podendo ocorrer máximas diárias de até 40°C, enquanto os ventos predominantes vêm do norte. A vazão média sazonal do Rio Madeira oscila entre águas baixas e águas altas de 20.000 e 40.000 m³.s−¹, respectivamente. Entre estas situações extremas sua altura de nível varia em até 15 metros (DNAEE, 1988). 43 A zona rural deste município é composta por Distritos e comunidades ribeirinhas na margem direita no Rio Madeira, os quais possuem uma escassa infraestrutura. O acesso a estas comunidades só é possível por via fluvial. O distrito de Calama fica a 200 km da capital, o que equivale a aproximadamente nove horas de barco da sede do município, quando se está descendo o Rio Madeira, e dezoito horas subindo o rio. A população do entorno desta localidade é composta pelas comunidades de Demarcação, Papagaios, Nova Esperança e Gleba Rio Preto. Nazaré, outro Distrito, serve como ponto de apoio as comunidades do lago Cuniã, Santa Catarina e São Carlos - o Distrito mais próximo de Porto Velho que tem como entorno ás comunidades de Terra Caída, Bom Serazinho e Vale do Jamary. As populações destas comunidades vivem da agricultura de subsistência e da pesca. Outra área de estudo foi à comunidade do Lago Puruzinho também no baixo Rio Madeira, porém já no estado do Amazonas (Fig. 01). O acesso a esta comunidade se dá, inicialmente por rodovia até Humaitá (220 km) e via fluvial até o Lago Puruzinho. Saindo de Humaitá pelo Rio Madeira, sentido Manicoré - Amazonas é possível avistar a entrada do rio Puruzinho imediatamente à montante da ilha das Pupunhas. O rio Puruzinho é um dos poucos afluentes da margem esquerda do rio Madeira, dista apenas 30 minutos de voadeira (aproximadamente 13 km) da cidade de Humaitá no estado do Amazonas. Navegando pelo estreito canal formado pelo rio Puruzinho chega-se ao Lago Puruzinho, onde se situa a população tradicional a qual o rio empresta o nome (ALMEIDA, 2006). A comunidade do Puruzinho é formado entre 17 a 20 famílias. Nesta comunidade existe uma escola com duas professoras e duas igrejas (uma católica e outra evangélica). Quando algum morador precisa de assistência médica, este vai de rabeta (canoa de madeira com motor estacionário adaptado com eixo e hélice) para a cidade de Humaitá. Basicamente estas famílias vivem da pesca, extrativismo e da agricultura de subsistência (OLIVEIRA, 2006). Estas comunidades possuem uma relação direta com o rio ou lago, de onde vem o peixe e por onde sai a produção de farinha de mandioca e açaí, uma das poucas fontes de complementação de renda. As comunidades ribeirinhas do baixo Madeira e do lago Puruzinho foram selecionadas devido ao hábito da ingestão diária de pescado em grandes quantidades pela população local, média de 406g/dia (OLIVEIRA et al. 2006), o qual constitui-se na principal via de exposição ao Hg. 44 Figura 1. Localização da área de estudo. Fonte: Laboratório de Biogeoquímica Ambiental. 45 5.3. ASPECTOS ÉTICOS O presente estudo foi submetido Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Rondônia e devidamente aprovado (processo n° 002/2010) conforme resolução n° 196, de 10 de outubro de 1996 - Conselho Nacional de Saúde. Todos os sujeitos da pesquisa consentiram suas participações, assinando termos de consentimento livre e esclarecido (Anexo D) (Figura 02). Figura 02. Aplicação do questionário após o esclarecimento da pesquisa e consentimento de um dos sujeitos da pesquisa. Fonte: Laboratório de Biogeoquímica Ambiental (2010). 5.4. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA A amostra constitui-se de puérperas residente na cidade de Porto Velho que procuraram o serviço do banco de leite do Hospital de base Dr. Ary Pinheiro, o qual tem como rotina o atendimento ao recém-nascido até os seis meses de vida e a lactante com dificuldades para amamentar ou que deseja ser doadora de leite materno. A pesquisa desenvolvida no município de Porto Velho ocorreu nas dependências do banco de leite Humano Santa Ágata, do Hospital de base Dr. Ary Pinheiro, localizado na 46 Avenida Governador Jorge Teixeira, Bairro Industrial. O referido serviço foi escolhido por ser referência no atendimento ao recém-nascido e a puérpera. Para a seleção das puérperas de Porto Velho foi empregada a técnica de amostra de conveniência, realizada todos os dias nos meses de abril e maio de 2010, no período da manhã (segunda a sexta feira), horário em que são disponibilizadas as consultas de neonatologia - o que assegurava diariamente uma média de 30 usuárias que buscavam o serviço pela primeira vez, evitando com isto amostras repetidas. Na ocasião, foi explanado às puérperas o objetivo do estudo, sendo-lhes apresentado o modelo de Consentimento Livre esclarecido para maiores de 18 anos (Anexo A) e para menores de 18 anos (Anexo B), e perguntado quanto ao desejo de participarem do estudo, sendo deixada claro a liberdade de se abster da pesquisa, em qualquer momento, sem que isso acarretasse qualquer prejuízo em seu tratamento naquela instituição. Nos casos afirmativos, foi preenchido e assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Nas localidades do Baixo Madeira e Puruzinhos, a coleta de campo ocorreu nos meses de julho e outubro de 2010. Em cada localidade foram contactados o diretor do posto de saúde, o líder da comunidade ou o agente comunitário de saúde local, para os quais eram informados e apresentados os objetivos do estudo. Assim que eram obtidos os endereços das puérperas, um morador local acompanhava a pesquisadora para que assim ela pudesse convidar as mulheres que estavam amamentando a participarem do estudo. Após a assinatura do TCLE, era aplicado o questionário e fazia-se a coleta de amostras de material biológico. O questionário utilizado para a coleta de dados foi adaptado da pesquisadora Marques (2004) (Anexo C) no qual contém informações sobre hábitos alimentares, antecedentes pessoais (partos, tempo de amamentação), passado em garimpo, ingestão de alimentos potencialmente contaminados, e outros tratamento odontológico, sendo realizado exame bucal sumário, não invasivo, de quantificação de superfícies restauradas, na busca de fatores de risco para intoxicação mercurial. Para a coleta do material biológico (leite humano) foi solicitado a puérpera a doação de 10 ml de seu leite materno, este foi retirado pela ordenha da própria lactante, com a instrução da pesquisadora. Esta amostra foi armazenada em um recipiente estéril de vidro ou polietileno, pré-lavados com ácido nítrico e enxaguados com água ultrapura (Milli-Q) e mantida a baixa temperatura em uma caixa térmica com gelo. Posteriormente foram mantidas em freezer a temperatura de -20C, para posterior análise no laboratório de Biogeoquímica Ambiental da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Todas as amostras foram 47 identificadas através de um código, procedimento padrão do referido laboratório onde cada amostra recebe quatro letras em que as duas primeiras informa o tipo de amostra (LE= Leite) e as outras duas a localidade em que a amostra foi coletada (CA= Calama) e, em seguida recebe sequência numérica do protocolo de registro. Neste estudo utilizou-se o valor de referência de Hg no leite humano preconizado pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 1989) que sugere o valor de 1,4 a 1,7 µg.kg-1. 5.5. ANÁLISE DO MATERIAL BIOLÓGICO 5.5.1 Liofilização Com a finalidade de se concentrar as amostras sem perder sua propiedade, bem como de diminuir a quantidade de reagentes a serem utilizados, optou-se por liofilizar as amostras. Este procedimento foi realizado no laboratório de Biogeoquímica Ambiental da Universidade Federal de Rondônia, de acordo com o descrito a seguir. As amostras coletadas em campo foram pesadas em balança analítica - marca Marte, modelo AM 220 - individualmente (Figuras 03-04), obtendo-se o peso úmido (PU) de cada amostra. Após a pesagem das amostras (PI = peso inicial), estas tiveram suas tampas removidas e as bocas dos frascos foram fechadas com filme PVC, sendo em seguida perfurado com a ponta de uma tesoura. As amostras foram então levadas ao freezer para congelarem a -20º C. Após um período de 48 horas as amostras já congeladas foram levadas ao aparelho liofilizador - marca Terroni Série 500 - por 96 horas, para ocorrer o processo de liofilização (Figura 05). Depois de liofilizadas, as amostras foram pesadas individualmente (PF = peso final), obtendo-se o peso seco (PS) das mesmas A diferença de PF-PI, corresponde ao teor de H2O de cada amostra. 48 Figura 03. Amostra de leite pronta para ser pesada. Fonte: Laboratório de Biogeoquímica Ambiental Wolfgang C. Pfeiffer . Figura 04. Amostra de leite sendo pesada. Fonte: Laboratório de Biogeoquímica Ambiental Wolfgang C. Pfeiffer. Figura 05. Amostras de leite no liofilizador. Fonte: Laboratório de Biogeoquímica AmbientalWolfgang C. Pfeiffer. 49 5.5.2. Extração Química das Amostras em Sistema Fechado Tendo em vista a necessidade de quantificar o teor de Hg das amostras, foi relizado um pré-tratamento da matriz, com o objetivo de promover a decomposição da matéria orgânica e a consequente solubilização da amostra e oxidação do mercúrio ( Hg++), potencialmente presente na amostra. Nesta fase optou-se por utilizar a metodologia proposta por Bastos (1997), com algumas adaptações. Pesou-se numa balança digital - marca Marte, modelo AM 220 - cerca de 0,5 g da amostra de leite liofilizada em duplicata (PS), vertendo-a para um tubo de teflon. Nos tubos contendo as amostras,foram introduzidos 2 ml de peróxido de hidrogênio (H2O2), 3 ml de ácido nítrico (HNO3) a 65% e 3 ml de permanganato de potássio (KMnO4 5%) em forno de microondas específico - CEM modelo MDS, 2000 ,com a programação descrita no quadro 01, garantindo a solubilização e extração química das amostras com baixo riscos de perdas e contaminações. Quadro 01. Programação do forno de microondas para extração química das amostras de leite materno. Estágio 1 2 3 4 5 Potência (%) 30 40 50 60 80 Tempo (min.) 5 5 5 5 10 Pressão (psi) 20 40 60 80 100 Após a solubilização química, as amostras foram transferidas para frascos de polietileno de 14 ml (SARSTEDT) onde foram adicionadas setes gotas de KMnO4 a 5% para proçeder a oxidação da amostra,permanecendo “overnigth”. No dia seguinte, adicionou-se gotas de cloridrato de hidroxilamina (NH2OH.HCL) 12% aos tubos de 14 ml, até viragem da coloração (titulação). Amostras de branco controle e a matriz biológica de concentração conhecida,teve o mesmo tratamento. 50 5.5.3. Determinação de Hg total A determinação de Hg total foi realizada no aparelho FIMS-400 - marca Perkin-Elmer - específico para a leitura da absorção no comprimento de onda do mercúrio (253,7nm), equipado com um sistema de injeção de fluxo (FIAS), com amostrador automático (AS90) e utilizando “Software” Winlab-Perkin Elmer. Como descrito por Bastos et al. (1997), atualmente a espectrofotometria de absorção atômica com geração de vapor frio (CV-AAS) é o método mais utilizado para grandes rotinas analíticas, na determinação de Hg em amostras ambientais e humanas, devido à evolução do processo de automação, bastante adaptável a esta técnica. A técnica consiste na geração de Hg atômico por ação de um redutor químico (NaBH4) e o carreamento do vapor atômico por aeração da solução reduzida para uma célula de absorção pelo gás de arraste de argônio (grau de pureza 99,999%). Após a análise por espectrofotometria de absorção atômica por geração de vapor frio e uma vez obtidas as concentrações de Hg nas amostras liofilizadas, foram calculadas as concentrações em peso úmido, utilizando-se o cálculo descrito por D‟amato et al. (2007). Este foi calculado considerando o teor de água de cada amostra, mediante a pesagem de cada amostra individualmente, antes e após a liofilização. 5.5.4. Controle de Qualidade Analítico A fim de diminuir o risco de contaminação das amostras, as vidrarias foram descontaminadas,e por 24 horas ficou imerso em solução de ácido nítrico (HNO3, 5%), sendo depois enxaguado com água ultra-pura (BASTOS, 1997). Como controle de qualidade das análises químicas, as amostras foram acompanhadas de dois brancos controles, por cada rodada analítica, cujo valor médio foi subtraído das contaminações do ambiente de trabalho e das impurezas dos reagentes utilizados nas extrações químicas. Outra etapa na confiabilidade analítica dos resultados obtidos, foi na utilização de amostras de referência certificadas - IAEA 086, (Tabela 01) - em duplicata, por rodada de análise. Tais práticas garantiram a precisão e exatidão analítica nos resultados produzidos, uma vez que essas amostras são as mais próximas da matriz biológica usada neste estudo – já que há uma grande dificuldade em se obter amostra de referência certificada para o leite 51 humano. Vale ressaltar, entretanto, que nem todas amostras de leite foram analisadas em duplicatas, devido às massas terem sido insuficientes para réplicas. Tabela 01. Resultado da determinação da concetraçãode Hg na amostra de referência certificada. Amostra Certificada Valor Certificada Valor Obtido (mg/kg) (mg/kg) IAEA 086 (Hg-T) Recuperação (%) 0,573 0,680 119 Cumpre explicitar neste passo que o limite de detecção da técnica (L.D.T.) foi calculado através da média do desvio padrão dos brancos controle, multiplicado por três (Tabela 02), usado por Ask et al., (2002). De acordo com Costa (2003) o LDT pode ser definido como um parâmetro no qual se demonstra a eficiência de um método analítico. Este demarca o limiar de aplicabilidade do método analítico nas baixas concentrações e representa a concentração mais baixa que pode ser estimada dentro de uma faixa de confiança, diferente de zero. Tabela 02. Limite de detecção da técnica utilizada Média dos Brancos (n=157) (μg.L-1) Média do DP* 0,0613 0,0295 Multiplicação do DP (g) 3 L.D.T (μg.L-1) 0,0884 *DP=Desvio Padrão 5.5.5. Análises estatísticas Para a compilação dos dados e realização de gráficos utilizou-se o programa Excel e para a realização das análises estatísticas foi utilizado o software XLSTAT, versão 2010, aplicado aos seguintes procedimentos estatísticos: estatística descritiva (mínimo, máximo, média e desvio padrão) e teste de normalidade (Shapiro Wilks, S-W). 52 Os resultados da estatística descritiva objetivaram relacionar os dados de forma simplificada e o teste de normalidade Shapiro-Wilks (S-W), foi escolhido, com a finalidade de verificar se os dados apresentavam distribuição normal. O resultado do teste indicou que as concentrações de Hg das populações, urbana e ribeirinha, não apresentam normalidade (W < 0,91677; valor-p < 0,00011). Em seguida, foi aplicado o teste não paramétrico U de Mann Whitney através do teste U de Mann-Whitney, em que verificou-se uma diferença estatisticamente significativa entre as concentrações medianas de Hg-T da população ribeirinha e da urbana. O teste demonstrou maior tendência concentração de Hg-T observada entre as puérperas ribeirinhas No estudo da correlação entre as variáveis da concentração de Hg e consumo de peixe e número de obturaçãoes empregou-se o coeficiente de correlação de Spearman, verificou-se que existe correlação significativa somente na população ribeirinha entre a variável concentração de mercúrio e consumo de peixe ( = 0,382161; valor-p < 0,05). O teste de correlação visou avaliar a existência de relação entre o comportamento das variáveis e em que medida se deu tal interação. Segundo JacquesCallegari (2003), uma vez determinada a existência de correlação na população, pode-se avaliá-la qualitativamente quanto à intensidade, usando o critério apresentado na tabela 03. Os critérios mencionados por esta autora foram os utilizados neste trabalho. É importante mencionar que todos os testes estatísticos foram realizados ao nível de significância α = 0,05. Tabela 03. Avaliação qualitativa do grau de correlação entre duas variáveis. r A correlação é dita 0 Nula 0-0,3 Fraca 0,3-0,6 Regular 0,6-0,9 Forte 0,9-1 Muito forte 1 Plena ou perfeita Para avaliar as variáveis da concentração de Hg, consumo de peixe, número de filhos, número de obturaçãoes e tempo de lactação foi usado a técnica multivariada da regressão logística cuja finalidade principal é obter uma relação matemática entre uma das variáveis (a 53 variável dependente) e o restante das variáveis que descrevem o sistema (variáveis e o restante das variáveis que descrevem o sistema (variáveis independentes). Sua principal aplicação, após encontrar a relação matemática é produzir valores para a variável dependente quando se têm as variáveis independentes. Na regressão logística realizada acima ao nível de 5% de significância nenhuma variável foi estatisticamente significativa, mas a variável “consumo de peixe” está apresentando um indício de estar associada a concentração de mercúrio ao nível de 8%, . 6. RESULTADOS Conforme apresentado em capítulo anterior, este estudo ocorreu por meio da coleta de 190 amostras de leite materno de puérperas, sendo que do total, 100 corresponderam a amostras de residentes na zona urbana na cidade de Porto Velho e 90 de residentes na zona rural, as chamadas populações ribeirinhas. Todas as amostras foram analisadas, a maioria em réplicas, porém vinte e cinco amostras foram desconsideradas por erros de procedimentos laboratoriais e ausência da matriz para repetir a análise e outras oito amostras devido a apresentarem valores abaixo do LDT, ou seja, inferior a 0,0885g/l. 6.1. SÓCIO-ECONÔMICO A tabela 04 apresenta algumas características do grupo das puérperas. Em ambos os grupos a idade variou entre 15 a 42 anos, sendo a média de idade das ribeirinhas 24 anos e das urbanas 25 anos. Quanto a característica cor, 58 ribeirinhas (77%) denominaram-se como pardas, 15 (20%) como brancas e 2 (3%) como negras. Na zona urbana 47 mulheres (57%) denominaram-se como sendo pardas, outras 17 (21%) como brancas e 18 (22%) como negras. Todas as puérperas ribeirinhas, em número de 75 (100%), nasceram na região norte, das quais 15 nasceram no estado do Amazonas. No grupo da zona urbana a maioria nasceu na região norte 71 (86%), sendo as demais nascidas nas regiões nordeste, 8 (10%); sudeste, 2 ( 3% ) e; sul, 1 (1%). 54 Tabela 04. Idade, cor, naturalidade das puérperas Ribeirinhas e da Zona urbana de Porto Velho, 2010. Característica Comunidades Ribeirinhas Zona Urbana (n 75) (n 82) Idade 15 a 20 27 24 21 a 30 34 42 31 a 42 14 16 Cor Branca 15 (20%) 17 21%) Negra 2 (3%) 18 (22%) Parda 58 (77%) 47 (57%) Norte 75 (100%) 71 (86%) Nordeste 0 8 (10%) Sul 0 1 (1%) Sudeste 0 2 (3%) Naturalidade O resultado predominante na avaliação do nível de escolaridade das ribeirinhas foi de 69 (92%) com ensino fundamental, cinco (7%) com ensino médio e somente uma (1%) com ensino superior, sendo esta a professora da localidade de Nazaré. No grupo de puérperas da zona urbana 55 (67%) possuem o ensino médio, 17 (20%) tem ensino fundamental e apenas 10 (13%) cursaram o nível superior (Figura 06). 55 Figura 06. Distribuição do número de puérperas urbanas e ribeirinhas segundo o grau de escolaridade. No grupo das puérperas urbanas a renda familiar mensal variou de menos de um salário mínimo (SM) a mais de 5 SM, por outro lado, a renda familiar predominante nas comunidades ribeirinhas é menor que um salário mínimo, sendo esta a situação de 48 das participantes do estudo (64%). Vale esclarecer que entre as lactantes da área urbana 42 (51%) apresentam renda familiar variável entre um a dois SM, sendo que uma afirmou renda superior a cinco SM e nenhuma apresentou renda inferior a um SM (Figura 07). Figura 07. Renda familiar mensal entre as puérperas urbanas e ribeirinhas 56 A tabela 05 mostra às condições de moradia dessas puérperas e a qualidade da água consumida. As puérperas ribeirinhas moram em residência própria e em casas alugadas ou junto aos pais. Das casas das puérperas de comunidades ribeirinhas 63 (84%) são construídas de madeira, 4 (5%) de alvenaria e 8 (11%) são mistas (madeira e alvenaria). Na zona urbana notou-se uma relação inversa, sendo 74 moradias (90 %) construídas de alvenaria, 7 (8%) de madeira e apenas 1 (2%) apresenta construção mista. A água usada para o consumo nas comunidades ribeirinhas provém, de poços, rios, lagos, minas ou diretamente da companhia de abastecimento de água local (CAERD) situação relatada por 75 (100%) das puérperas entrevistadas, dos quais apenas 8 (10%) referiram ter o hábito de filtrar a água. Na zona urbana o consumo predominante de água se dá através da água mineral, da CAERD e de poço 82 (100%), destas pesquisadas, 13 (16%) puérperas relataram fazer uso de água sem nenhum tipo de tratamento. Tabela 05. Condições de moradia e qualidade da água consumida, das puérperas ribeirinhas e urbanas, 2010. Característica Comunidades Ribeirinhas Zona Urbana (n 75) (n 82) Própria 66 (88%) 63 (77%) Alugada 09 (12%) 19 (13%) Alvenaria 08 (11%) 74 (90%) Madeira 63 (84%) 07 (8%) Mista 04 (5%) 01 (2%) Filtrada 60 (44%) 69 (84%) Sem filtrar 10 (13%) 13 (16%) Casa Tipos de casa Água usada para o consumo De acordo com os dados obtidos, 83% das lactantes ribeirinhas são casadas ou têm 57 relação estável, no grupo urbano 78% se encontram na mesma situação. Das 75 lactantes ribeirinhas, 20 (17%) trabalham na plantação de mandioca, ou garantem seu sustento por meio da atividade de pesca e 55 (73%) intitulam-se somente “do lar”. Nas lactantes do grupo urbano, 24 (29%) trabalham em emprego formal ou informal e 58 (71%) se dedicam apenas ao lar. 6.2. MERCÚRIO NO LEITE MATERNO A figura 08 mostra os resultados das concentrações medianas de Hg-T em amostras de leite materno coletadas entre os meses de abril a maio/2010 nas puérperas urbana e julho e outubro de 2010 em puérperas do Baixo Madeira. 7.00 Concentração de mercúrio (µg.kg) 6.00 5.00 4.00 3.00 2.00 1.00 0.00 Urbana Ribeirinha Mediana 25%-75% Comprimento padrão Pontos soltos Pontos extremos Localização Figura 08. Resultados da concentração mediana de Hg-T em amostras de leite materno das puérperas urbanas e ribeirinhas,2010. 58 Na figura 09, são apresentados os valores das concentrações medianas de Hg-T obtidas nas análises de leite materno por localidades nas puérperas da região do Baixo Madeira e da zona urbana. 7 6 ug.kg Hg PU 5 4 3 2 1 Localidades Figura 09. Puruzinho Calama Demarcação Nova Esperança Papagaios Santa Catarina Nazaré São Carlos Porto Velho -1 Terra Caída 0 Mediana 25%-75% Min-Max Concentração de Hg-T nas amostras de leite materno por localidades,2010. O quadro 02 e 03 apresenta as análises das correlações das populações urbana e ribeirinha pela correlação para postos de Spearman. Verifica-se que existe correlação significativa, embora seja regular, somente na população ribeirinha entre a variável concentração de Hg e consumo de peixe, ( = 0,382161; valor-p < 0,05). A concentração de mercúrio com o número de obturações, tanto da população ribeirinha como da urbana, não apresentaram correlações. 59 Quadro 02. Matriz de correlação entre as variáveis consumo de peixe e número de obturações com amálgama da população ribeirinha em 2010. Concentração de Variáveis Consumo de peixe Número de obturações mercúrio 0,382161 * - 0,111961 * : valor-p < 0,05 Quadro 03. Matriz de correlação entre as variáveis consumo de peixe e número de obturações com amálgama da população urbana em 2010. Concentração de Variáveis mercúrio Consumo de peixe 0,172192 Número de obturações 0,074144 valor-p < 0,05 As tabelas 06 e 07 mostra a a regressão logistica linear para ambas as puérperas de forma individualizada. As variáveis da população urbana não apresentaram diferenças estatisticamente significativas ao nível de significância de 5%. Na população ribeirinha na regressão logística realizada acima ao nível de 5% de significância nenhuma variável foi estatisticamente significativa, mas a variável “consumo de peixe” está apresentando um indício de estar associada a concentração de Hg ao nível de 8%. 60 Tabela 06. Regressão logística linear das variáveis, consumo de peixe, número de filhos, número de obturações e tempo de lactação das puérperas urbanas,2010. β Erro Padrão Valor-P (0,5755 – 6,1421) 0,6313 0,6040 0,2960 (0,0279 – 2,1335) -1,4114 1,1068 0,2022 (0,6948 – 9,9399) 0,9662 0,6788 0,1546 (0,4370 – 7,0498) 0,5626 0,7094 0,4277 Variáveis Odds Ratio Consumo de peixe 1,8800 N. de filhos 0,2438 N. de obturações 2,6279 Tempo de lactação 1,7553 (IC 95%) Tabela 7. Regressão logística linear das variáveis, consumo de peixe, número de filhos, número de obturações e tempo de lactação das puérperas ribeirinhas, 2010. Variáveis Odds Ratio (IC 95%) β Erro Padrão Valor-P Consumo de peixe 2,4067 (0,9123 – 6,3492) 0,8783 0,4949 N. de filhos 1,3919 (0,3177 – 6,0980) 0,3306 0,7537 0,6609 N. de obturações 0,7123 (0,2717 – 1,8674) -0,3392 0,4917 0,4903 Tempo de lactação 1,3007 (0,4804 – 3,5219) 0,2629 0,5082 0,6049 0,0760* I *: Significante ao nível de 0,08. Os hábitos alimentares revelaram que o número de refeições/dia das puérperas variou de uma a seis vezes ao dia. De acordo com os questionários aplicados (Anexo 3), a dieta das mulheres ribeirinhas doadoras de leite baseava-se em peixes e farinha de mandioca. A principal fonte de proteína animal da dieta destas mães era originária de peixes, consumidos quase todos os dias. Segundo as informantes, o consumo de fruta depende da estação, sendo mais comum o consumo de caju (Anacardium occidentale), manga (Mangifera indica) e goiaba (Psidium guajava). Entre as frutas nativas, as que representam consumo significativo são o tucumã (Astrocaryum aculeatum), a castanha (Bertholletia excelsa) e o açaí (Euterpe oleracea) e, em menor escala, outras oleaginosas como o patoá (Oenocarpus bataua) e a abacaba (Oenocarpus bacaba). Legumes e hortaliças raramente estão presentes na dieta destas populações, resumindo-se praticamente à ingestão de ervas, utilizadas como tempero. Também estão presentes na dieta dos moradores os produtos industrializados limitados, como 61 o arroz, feijão, óleo, macarrão, café, açúcar e leite em pó. Já a população urbana possui uma alimentação centrada em produtos industrializados, com maior consumo de verduras, frutas, carne vermelha e branca e baixa ingestão de peixe, quando comparada com a população ribeirinha. A figura 10 ilustra a freqüência da ingestão de peixe referida pelas entrevistadas. Dentre as ribeirinhas entrevistadas, 43 (58%) relataram comer peixe regularmente, 19 (25%) das puérperas ribeirinhas relataram a ingestão de peixes entre 4 a 6 vezes por semana, 16 (21%) informaram consumo na ordem de 1 a 3 vezes por semana. 44 (54%) das participantes da pesquisa no perímetro urbano responderam nunca consumir peixe, 35 (43%) consomem de 1 a 3 vezes por semana e somente duas (3%) afirmaram consumir peixe de quatro a seis vezes por semana. Figura 10. Distribuição do número de puérperas urbanas e ribeirinhas segundo a freqüência semanal do consumo de peixes. Na maioria dos estudos sobre exposição humana ao Hg na região Amazônica, um dos aspectos mais importantes evidenciados é o consumo de peixe pela população, visto que este representa a principal fonte de entrada do elemento no organismo. A figura 11 mostra as 62 espécies de peixes mais consumidas pelas puérperas urbanas e ribeirinhas, conforme dados coletados para este estudo. Foi registrado, conforme questionários em anexo, o consumo de trinta e cinco espécies de peixes, sendo as de maior ocorrência o curimatã, pacú, tucunaré, cará, chora, jaraqui. Na população ribeirinha as espécies de peixe mais consumidas estão relacionadas à oferta de espécies no momento, pois a cultura dessas populações é a de pescar diariamente, algumas horas antes de consumi-los. Figura 11. Espécies de peixes mais consumidas pelas puérperas urbanas e ribeirinhas. Das lactantes entrevistadas sete ribeirinhas (9%) relataram ser tabagistas e terem fumado no período gestacional, 68 (91%) negaram o uso de fumo. Duas (2%) das lactantes da área urbana são tabagistas e 80 (98%) não são. Quanto ao consumo de álcool, 21 (28%) das ribeirinhas afirmaram consumir bebidas alcoólicas (cerveja, conhaque e água ardente) ocasionalmente e 54 (72%) afirmaram não consumir bebidas alcoólicas. Das lactantes da zona urbana 08 (10%) relataram o consumo de bebidas alcoólicas de forma esporádica e 74 (90%) negaram o consumo de bebidas com teor alcoólico demonstrado na figura 12. 63 Figura 12. Distribuição da frequência do uso de fumo e álcool, segundo as puérperas urbanas e ribeirinhas. Com relação à quantidade de restaurações dentárias com amálgamas, verificou-se que 40 (53%) das lactantes ribeirinhas não possuíam e 35 (47%) apresentavam restaurações com amálgama. No grupo urbano 52 (64%) das participantes possuem restaurações com amálgama e 30 (36%) não tinham restaurações dentárias, no momento da pesquisa, conforme mostra a figura 13. 64 Figura 13. Distribuição do número de puérperas urbanas e ribeirinhas, segundo a presença de restaurações dentárias com amálgama de prata. A tabela 08 mostra os dados sobre a gravidez e tipos de parto. 73 (97%) puérperas ribeirinhas informaram que realizaram pré- natal e somente duas (3%) não o fizeram por falta de acesso a consultas com a equipe do Programa Saúde da Família (PSF), que presta atendimento a comunidades ribeirinhas durante três finais de semana por mês. A média do número de consultas pré-natal realizadas por estas mulheres foi de seis consultas, corroborando com a orientação do Ministerio da Saúde que sugere que para uma gravidez sem risco a mulher deve realizar, no mínimo, seis consultas pré-natal. Das mulheres da área urbana 82 entrevistadas (100%) afirmaram ter feito pré-natal, sendo 08 o número médio de consultas realizadas durante o período gestacional. 65 Tabela 08. Dados sobre a gravidez e tipos de partos das puérperas ribeirinhas e urbanas, 2010. Comunidades Zona Ribeirinhas Urbana (n 75) (n 82) Pré-natal Realizaram 73 (97%) 82 (100%) Não realizaram 2 (3%) 0 Hospitalar 44 (58%) 37 (45%) Cesária 18 (24%) 45 (55%) Domiciliar 13 (18%) 0 Tipo de Parto Normal A média de parto entre as ribeirinhas foi de 2,5. Do total de partos das ribeirinhas, 18 (24%) ocorreram com internação cirúrgica (cesariana) em hospitais conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS) e clínicas privadas, outros 44 (58%) ocorreram de forma natural no ambiente hospitalar, sendo três destes partos realizados no Hospital Municipal de HumaitáAM e 41 na “Maternidade Municipal Mãe Esperança”, localizada na cidade de Porto VelhoRO, ambos conveniados ao SUS. Outros 13 partos (18%) ocorreram em domicílio, com assistência de mulheres parteiras das comunidades ribeirinhas. A média de parto das mulheres urbanas foi de 2. Sendo 45 (55%) com internação cirúrgica (cesariana) e 37 (45 %) dos partos de forma natural em unidades prestadoras do SUS e clínicas do setor privado. Os dados apresentados na figura 14 revelam o tempo de lactação dos lactentes. As puérperas das comunidades ribeirinhas amamentam seus filhos por mais tempo do que as urbanas. Observa-se que dentre as participantes ribeirinhas, 30 (40%) amamentaram seus filhos entre um a seis meses, 23(31%) mantiveram amamentação entre sete a doze meses, 14 (19%) amamentaram dos treze aos dezoito meses e 8 (10%) estenderam a amamentação por mais de 19 meses, tendo uma chegado a amamentar até trinta e seis meses. O tempo de lactação das crianças destas puérperas é maior devido às baixas condições sócio econômicas, 66 que limita o acesso a outro tipo de alimentação a ser oferecida às crianças, a não ser o mingau de farinha e o caldo de peixe. Ademais, o aleitamento entre a população ribeirinha é prolongada para além do primeiro ano, normalmente, apenas interrompida por outra gravidez. Nas lactantes da zona urbana 90 (100%) manteve o aleitamento materno de um a seis meses, não se obtendo neste estudo um número de puérperas com mais tempo de amamentação neste grupo, uma vez que as participantes foram todas selecionadas no banco de leite, o qual só presta assistência ao binômio até os seis meses de vida. Figura 14: Distribuição da frequência do tempo de lactação, segundo as puérperas urbanas e ribeirinhas. No que diz a respeito se estas mulheres durante o período gestacional receberam orientações sobre a necessidade de oferecer e incentivar amamentação entre as crianças, pelo menos até os seis primeiros meses de vida, 67 (90%) das mulheres ribeirinhas relataram que sim e na área urbana 45 (55%) afirmaram ter tido informações sobre o assunto. 67 7. DISCUSSÃO Para as avaliações da exposição humana ao Hg-T, utilizou-se de amostras de leite materno que representam um meio conveniente e não invasivo de seu monitoramento. O estudo em questão foi realizado entre duas populações ecologicamente diferentes,sendo uma constituída por puérperas residentes no perímetro urbano na cidade de Porto Velho e outra formadas por puérperas ribeirinhas residentes em comunidades ao longo da bacia do Rio Madeira. Os resultados encontrados neste estudo, mostram claramente a diferença na concentração de Hg presente no leite materno entre as duas populações, através do teste U de Mann-Whitney verificou-se uma diferença estatisticamente significativa entre as concentrações medianas das duas populações, ou seja, a concentração mediana de Hg-T da população ribeirinha, 1,97 µg.kg-1, é maior que da população urbana, 0,3567 µg.kg-1, (U = 860,00; valor-p = 0,000000). Nota-se que as comunidades ribeirinhas da bacia do Rio Madeira (inclusive do Lago do Puruzinho) apresentam valores superiores à concentração máxima sugerida pela OMS que é de 1,4 a 1,7 µg.kg-1 (WHO, 1989). Neste estudo a concentração de Hg-T de leite materno seguradamente foi devido ao resultado da exposição ambiental ao Hg pelo consumo de peixe, dado assegurado, através da aplicação do teste de correlação de Spearman. Onde não se encontrou associação significativa, entre as variáveis da concentração de Hg e número de restaurações de amálgamas entre as duas populações estudadas. Ao proceder a análise das concentrações de Hg-T no leite materno, detecta-se uma considerável transferência deste elemento químico, através do aleitamento materno, verificados também em trabalhos realizados por outros pesquisadores em outras regiões do mundo (AMIN-ZAQUI et al. 1976; GRANDJEAN et al. 1994a, 1994b, 1994c; OSKARSSON et al. 1996; SKERFVING, 1998; SAKAMOTO et al. 2002). Porém, com contexto sócioeconômico, cultural e ambiental diferente da realidade Amazônica. A literatura Amazônica já se reportou de forma exploratória em estudo realizado por Barbosa et al., (1998a) sobre os níveis de Hg no leite materno, também realizado na bacia do rio Madeira com populações tradicionais. Sendo este o único estudo realizado com possíveis semelhanças ou diferenças próximo do aqui apresentado. Neste estudo a concentração mediana de Hg-T encontrada no leite foi de 5,2 µg.kg-1, no total 53% das amostras de leite 68 apresentaran exposições calculadas superior a dose de referência. Comparando esse estudo com os dados desse trabalho, realizado a treze anos atrás, observou-se uma diminuição na mediana da concentração de Hg nos níveis de leite materno. A razão pode talvez ser explicada devido as comunidades ribeirinhas terem diminuído o consumo de peixe na atualidade. Essa redução pode estar relacionada ao desenvolvimento da região, ou seja, passou-se a ter outras fontes de proteicas,como o frango na mesa dessas populações. Existe uma grande variação nos dados relatados de diferentes países sobre as concentrações de Hg no leite materno. Confrontando com os dados na literatura verificou-se que os valores médios de contaminação com Hg nas amostras de leite materno da população ribeirinha estudada são utrapassados somente por mães iraquianas acidentalmente intoxicadas consumo de pães contaminados com Hg, no qual as crianças que se alimentavam exclusivamente de leite materno apresentaram um elevado nível de Hg no sangue (BAKIR et al. 1973). Em razão da singularidade da região Amazônica e o modo de vida das populações nativas, fica difícil fazermos uma comparação entre os níveis de Hg encontrados com os de mulheres de outros países com uma realidade sócio, econômica, cultural e ambiental muito diferente da nossa. Com relação ao teor de Hg-T nas amostras de leite observa-se variabilidade grande entre os resultados. As médias das concentrações de Hg-T nas comunidades do Baixo Madeira apresentaram-se similares, exceto para as localidades de Papagaios, Demarcação, Nova esperança e Puruzinho que apresentaram valores médio mais altos (4,186 µg.kg-1, 2,870 µg.kg-1, 2,899 µg.kg-1e 2,699 µg.kg-1). Ressalta-se que as localidades que apresentaram maiores concentrações de Hg-T no leite materno são as que se encontram mais isoladas e cujas moradoras têm menor poder aquisitivo,o que dificulta o acesso a produtos industrializados, sendo o peixe a principal fonte de proteínas. O isolamento ou o semi- isolamento no qual a maioria das populações ribeirinhas vivem, propiciam um mínimo contanto social com as cidades mais próximas, esta relação com as cidades ocorrem só quando alguns desses moradores vão procurar assistência médica, receber a bolsa família ou vender alguns produtos como farinha e/ou peixe. O meio de sobrevivência destas comunidades está relacionado diretamente ao uso das florestas (consumo de frutas da época e coleta de sementes) e os rios que fornece o peixe como fonte de proteína animal. Vários estudos têm mostrado a importância do peixe, principalmente, para as populações tradicionais ribeirinhas e o seu consumo médio tem sido estimado por vários 69 autores (BASTOS, 2004; BARBOSA & DÓREA, 1998; BOISCHIO & HENSHEL, 2000; OLIVEIRA, 2006). No presente estudo, o consumo médio estimado de peixe por dia segundo, conforme respostas das participantes puérperas urbanas, é de 100g per capta/dia, enquanto que para as ribeirinhas é de 368g per capta/dia Existe correlação significante, como era esperado entre presença de Hg-T no leite materno nas amostras coletadas de doadoras residentes na bacia do Rio Madeira a partir da ingestão de peixe, item que faz parte da dieta de 100% das mães sendo consumido em até três refeições diárias. Ou seja, à medida que a população aumenta o consumo de peixe aumenta de maneira regular a concentração de Hg Esta associação já foi observada em estudos anteriores de mulheres com elevado consumo de peixe (GASTER, 1976; FUJITA & TAKABATAKE,1977; GRANDJEAN et al. 1994a; DREXLER & SCHALLER, 1988; PACCAGNELLA & RIOLFATTI, 1989; KLEMANN et al. 1990; URSINYOVA & MASANOVA, 2005; YALCIN et al. 2010). Estes autores atribuem a alta exposição das mães ao Hg devido aos hábitos alimentares que incluem espécies do ecossistema aquático.Para Campos (2001) a dieta responde por mais de 90% da contaminação. Com base nos dados obtidos neste trabalho 44 (59%) das amostras de leite materno das comunidades ribeirinhas, apresentaram concentração de Hg-T superior a 1,4 a 1,7 µg.kg-1 preconizado pela WHO (1989) como limite seguro. Esta incidência é portanto inferior aos resultados encontrados por Barbosa & Dórea (1998), nas comunidades. O consumo regular de pescado na dieta da mulher ribeirinha contribui para os altos níveis de contaminação mercurial, encontrados entre os grupos vulneráveis (BARBOSA et al. 1998; 2001). Como resultado, as crianças acabam sendo expostas ao Hg na vida intra uterina e após o nascimento via leite materno, uma vez que após o nascimento a transferência de Hg via leite materno é a forma de passagem deste metal para o recém-nascido (BALUJA et al. 1982; GRANDJEAN et al. 1994a, 1994b,1994c; CHIEN,2006; DÓREA, 2004). Devido a longa duração do aleitamento materno praticado pela população ribeirinha a quantidade de Hg transferida para a criança nesse período pode ser substancial. Essa exposição pré-natal pode causar diversos efeitos neurológicos em crianças, sendo o feto humano de 5 a 10 vezes mais sensível que os adultos aos efeitos neurotóxicos do mercúrio (GRANDJEAN et al., 1992; 1995a,1995b, 1997,1999a). O sistema nervoso em desenvolvimento é mais vulnerável aos danos do Hg orgânico que o cérebro adulto, o que torna o feto um alvo de alto risco. Os danos à saúde são dose dependente e podem variar de 70 paralisia cerebral a retardo sutil do desenvolvimento físico e mental, que é manifestado durante a fase de crescimento (WHO, 1976; 1990). O estudo mostra que o consumo de peixe e a concentração de Hg-T na população urbana não foi significativo. Como neste grupo de estudo as puérperas têm, em geral, melhores condições econômicas, possuem mais opções com isso a alimentação não fica centrada somente na proteína animal advinda do peixe. Entendemos que seja esta a explicação. No trabalho de Gaster (1976), com grupos de mães esquimós, indicaram que as residentes na área urbana, apresentavam menor valor médio de contaminação de Hg no leite materno em virtude do consumo de peixe em menor quantidade em relação as que moravam na região costeira. De acordo com Dórea (2004), geralmente há uma baixa transferência de metais quando os níveis de exposição são mais baixos. Foram calculadas correlações de regresão logística linear entre os níveis de Hg e o consumo de peixe, número de filhos, número de obturações assim como tempo de lactação da mãe doadora entre os dois grupos estudados. As variáveis das mulheres urbanas não apresentaram diferenças estatisticamente significativas ao nível de significância de 5%. Nas puérperas ribeirinhas a variável consumo de peixe aproxima-se de significação estatística a nível de 0,08, dado este relevante, ,uma vez que este resultado nos mostra que uma puérpera ribeirinha que come peixe mais do que seis vezes por semana tem probabilidade 2,4 vezes maior de apresentar uma concentração de Hg-T acima de 2,5 µg.kg-1 em relação as ribeirinhas que consomem peixe menos do que seis vezes por semana. Não podendo com isso ser desconsiderado que o problema clínico causado pelo Hg possa existir, porém ainda não comprovados por estudados realizados nas populações tradicionais da Amazônia. As outras variáveis não apresentaram diferenças estatisticamente significativas ao nível de significância de 8% nesta população. Os fatores maternos influenciam na concentração de Hg-T no leite materno das puérperas. Os níveis diferem, conforme o local de amostragem, tempo e níveis de exposição das mães. Da mesma forma que as concentrações de Hg-T no leite variam de acordo com o tipo da amostra retirada, pois a composição do leite varia, sendo diferente no estágio inicial, na fase mediana ou na fase terminal. É importante considerar também que o metabolismo difere de pessoa a pessoa. Existe uma série de fatores que podem dificultar a obtenção precisa de uma relação de causa e efeito, como alcoolismo, desnutrição, anemia e parasitoses intestinais, em especial, as ribeirinhas da Amazônia (grupos sabidamente expostos). Por isso, estas fontes de variação tornam-se fatores 71 de confusão em estudos que comparam populações, as quais se diferenciam não somente pelos níveis de exposição ao poluente estudado. Outra hipótese que deve ser levada em consideração na região Amazônica é que o consumo de frutas e o selênio natural vêm sendo considerados possíveis colaboradores para a aparente tolerância destas populações à intoxicação crônica (CAMPOS et al. 2002; PASSOS et al. 2003). Chien (2006), em trabalho na China, relataram que o consumo de selênio afeta a concentração de Hg no leite materno. Ursinyova & Masanova (2005) em estudo na Slovakia observaram que prímiparas apresentavam concentrações de Hg ligeiramente maiores em relação as multigestas. Este mesmos pesquisadores observaram também níveis maiores de Hg em mulheres com idade maior ou igual a 25 anos, porém estas diferenças não foram estatisticamente significantes. Gundacker et al. (2002) encontraram aumento nos níveis de Hg no leite materno de mães com menos 60 kg e naquelas que tiveram bebês prematuros. Yalcin et al. (2010), também demonstraram que a anemia ferropriva, que é o tipo mais comum de anemia ocasionada pela deficiência de ferro, pode aumentar a concentração de HgT no leite materno. Se levado em consideração que a região Amazônica é endêmica para a malária, e esta patologia faz parte do cotidiano das pessoas, uma vez que pouca coisa mudou desde as expedições lideradas por Oswaldo Cruz realizadas no princípio do século passado. Tal fato contribuiu ainda mais para o agravamento da anemia entre essas mulheres, devio a hemólise, o que pode ser um fator contribuinte para as taxas de Hg-T nestas mulheres, porém esta variável não foi estudada. Esta mesma autora verificou que o tabagismo passivo e ativo durante a gravidez aumenta de forma significativa a concentração de Hg. O maior valor de Hg-T deste estudo (6,47 mg.kg-1) foi obtido de uma puérpera primípara de 22 anos de idade, natural de Papagaios, a qual, durante aplicação do questionário, relatou ter o hábito de comer peixe seis vezes por semana, numa média de 300g por dia. Ela não apresentava restauração dentária e ainda amamentava seu filho que tinha três anos de idade. Este fato talvez possa ser explicado pela bioacumulação de Hg, associado ao consumo de peixe, que tende a aumentar por ser a primeira gravidez, uma vez que pesquisas relatam a uma tendência de redução da concentração de Hg com o aumento da idade e número de gestações caracterizadas pela transferência placentária, via aleitamento materno (BARBOSA et al. 1998). Ursinyova & Masanova (2005), em seu trabalho na Slovakia verificaram que mulheres prímiparas apresentavam maior concentração de materno. Hg no leite 72 A relação entre o número de restaurações de amálga e os níveis e Hg no leite humano tem sido reportada por vários pesquisadores (DREXLER & SCHALLER, 1998; GRANDJEAN et al. 1995a, 1995b; OSKARSON et al. 1996; VIMY et al. 1997; DRASH, 1998; COSTA et al. 2005, NOROUZI et al. 2011). Com exceção ao estudo de Costa et al. (2005) os outros autores explicam esta relação com o consumo de frutos do mar. O presente estudo, não observou uma correlação significante entre a concentração de Hg no leite materno e número de obturações entre os grupos estudados. Isto pode ser explicado por algumas variáveis que devem ser levadas em conta por atuarem como interferentes na liberação de Hg pelas restaurações, tais como: pH salivar, tipo de alimento mais consumido, tipo de liga empregada, tamanho e forma da liga, tratamento com ultrassom, uso de fumo, número da amostra pequeno, entre outros ( KLEMANN et al. 1990). Busser & Schultz (2001), afirmam que mulheres expostas ao Hg, podem produzir leite com concentrações significativas de Hg. Em populações em desenvolvimento, como as comunidades ribeirinhas da Amazônia, os possíveis riscos do aporte de Hg-T ao lactente vêm sendo discutido frente aos indiscutíveis benefícios da amamentação (DÓREA & BARBOSA, 2003). Embora reconhecido, o problema de exposição ao Hg na Amazônia tem que estar baseado em trabalhos que examinem com detalhes estudos realizados com humanos. Considerando que a Amazônia Legal representa cerca de 58% do território nacional (4,9 milhões de km2) com população de habitantes de diversas etnias as generalizações acerca de qualquer fenômeno devem ser evitadas em virtude de suas características peculiares. 73 8 . CONCLUSÕES Uma das constatações do estudo é de que há diferenças entre as concentrações de HgT no leite materno das puérperas estudadas por localidades. Do total estudado, 44 puérperas ribeirinhas (59%) e 6 puérperas urbanas (7%) apresentaram níveis de Hg no leite acima dos limites de segurança estabelecido pela WHO. Existe uma correlação significante entre os níveis de concentração de Hg no leite materno e o consumo de peixe na população ribeirinha. Os níveis de mercúrio no leite materno desta população refletem claramente sua exposição, similarmente a outras populações tradicionais da bacia Amazônica A presença de obturações dentárias com amálgama, que poderia, em princípio, alterar os resultados das concetrações de Hg no leite, nos dados analisados não mostrou qualquer associação entre as variáveis, em ambos os grupos estudados; Do ponto de vista nutricional o aleitamento materno é fundamental e deve ser prática estimulada em quaisquer grupos ou regiões de proveniência. Reitere-se que, apesar dos valores estimados de Hg obtidos neste estudo, não se deve desencorajar a amamentação nesta região, principalmente pelos benefícios associados a esta prática superarem os riscos, ainda em questionamento, da exposição crônica; Do ponto de vista de saúde pública os dados coletados são claros a respeito da transferência de Hg e deve ser considerado de forma cuidadosa mas o consumo de peixe não deve ser restringido de forma alguma até que apareça evidências de que históricamentre isto está prejudicando a população; Deste modo, faz-se necessário a realização de estudos voltados a investigações clínicas e neuro-clínicas objetivando mensurar-se os riscos ao desenvolvimento de sintomas de intoxicação a médio e longo prazo. 74 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABADIN, H.G.; HIBBS, B.F.; POHL, H.R. Breast-feeding exposure of infants to cadmium, lead, and mercury: a public health viewpoint. Toxicol Ind Health, v.13, p.495-517, 1997. AL-SALEH, I.; SHINWARI, N.; MASHHOUR, A. 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O objetivo desta pesquisa é avaliar a concentração de mercúrio (Hg) total presente no leite materno das lactantes do município de Porto Velho, no ano de 2010. 2. Para a realização da pesquisa a usuária que participar deverá responder a um formulário onde serão abordados vários aspectos relacionados a hábitos alimentares, antecedentes pessoais e familiares,bem como a doação de 6 ml de seu leite materno,que será retirado por sua própria ordenha manual. 3. A pesquisa será realizada sem danos físicos e estéticos para as lactantes ,uma vez que a coleta da amostra do leite humano retirado ( 6 ml ) será mínima. 4. Ninguém é obrigado a participar da pesquisa. 5. Não haverá nenhum tipo de despesa para a participação na pesquisa, assim como nenhuma forma de pagamento para a participação. 6. O benefício para todas as participantes é que estarão contribuindo para o conhecimento da concentração de mercúrio presente no leite materno ,para elaboração de políticas públicas locais sobre orientações quanto ao consumo de peixes. 7. Os dados obtidos serão mantidos em completo sigilo e em nenhum momento será divulgado o nome dos participantes. Somente os pesquisadores ficarão sabendo da sua participação. Para maiores esclarecimentos você pode procurar ou ligar (inclusive a cobrar) para: ------------------------------------------------------ ------------------------ 95 Solange Mendes Vieira Orientador: José Dórea Garrofe (69) 8422-0096 ( a cobrar) CP: 0432 UNIR\ CEPESCO 69 2182-2115 Universidade de Brasília Campus José Ribeiro Filho CEP : 78912-190.Porto velho-RO 70919-970 Brasília,DF Fone\Fax: (69)21822115/ 21822116 CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Declaro que li e ou recebi as informações acima sobre a pesquisa, que me sinto esclarecida sobre o conteúdo da mesma, assim como seus riscos e benefícios. Declaro ainda que, por minha livre vontade, aceito participar da pesquisa cooperando com as perguntas que serão feitas, permitindo que as mesmas sejam armazenadas para pesquisas futuras. Porto Velho, ____ / _____ / _____ ___________________________ Assinatura da participante 96 ANEXO B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA O(S) RESPONSÁVEL (IS) PELA(S) PUÉRPERAS MENORES DE 18 ANOS Eu, ___________________________________________responsável pela menor de 18 anos __________________________________________, autorizo a participação nesta pesquisa sobre “Estudo da presença de mercúr em leite materno em puéperas ribeirinhas e da cidade de Porto Velho”,,desenvolvida pela aluna Solange Mendes Vieira do programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente da Universidade Federal de Rondônia, sob a orientação do Prof. José Dórea Garrofe da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília. Para que eu possa autorizar a participação ou não dessa pesquisa foram-me dadas as seguintes informações: 1. O objetivo desta pesquisa é avaliar a concentração de mercúrio (Hg) total presente no leite materno das lactantes do município de Porto Velho, no ano de 2010. 2. Para a realização da pesquisa a usuária que participar deverá responder a um formulário onde serão abordados vários aspectos relacionados a hábitos alimentares, antecedentes pessoais (partos, tempo de amamentação, doenças, tratamento odontológico) e familiares,bem como a doação de 6 ml de seu leite materno,que será retirado por sua própria ordenha manual. 3. A pesquisa será realizada sem danos físicos e estéticos para às lactantes ,uma vez que a coleta da amostra do leite humano retirado ( 6 ml ) será mínima. 4. Ninguém é obrigado a participar da pesquisa. 5. Não haverá nenhum tipo de despesa para a participação na pesquisa, assim como nenhuma forma de pagamento para a participação. 6. O benefício para todas os participantes é que estarão contribuindo para o conhecimento da concentração de mercúrio presente no leite materno ,para elaboração de políticas públicas locais sobre orientações quanto ao consumo de peixes. 7. Os dados obtidos serão mantidos em completo sigilo e em nenhum momento será divulgado o nome dos participantes. Somente os pesquisadores ficarão sabendo da sua participação. -----------------------------------------------------------Solange Mendes Vieira Orientador: José Dórea Garrofe (69) 8422-0096 ( a cobrar) CP: 0432 UNIR\ CEPESCO 69 2182-2115 Universidade de Brasília Campus José Ribeiro Filho CEP : 78912-190.Porto velho-RO 70919-970 Brasília,DF Fone\Fax: (69)21822115/ 21822116 Porto Velho, de de 2010 ____________________________________________ Assinatura do Participante RG ou CPF: 97 ANEXO C - FORMULÁRIO DE ENTREVISTA Nº Horário de Início:................ Horário de Término: Data: \ \ 2010 Entrevistador:---------------------------------------------------------------------------------------- Identificação: 1-Nome:--------------------------------------------------------------------------------------------2-Data de nascimento:----------------------------------3-Idade---------------------------------4-Naturalidade-------------------------------------------5- Nacionalidade:- -------------------5- Há quanto tempo mora em Porto Velho-----------------------------------------------------7- Endereço-----------------------------------------------------------------------------------------8- Telefone------------------------------------9- Cor: Branca ( ) Parda( ) Negra ( ) outra ( ) 10- Estado civil: 1( ) Casada 2 ( ) Solteira 3 ( ) União Estável 4 ( ) Viúva 5 ( ) Separada 11- A Sr(a) já frquentou escola Sim ( ) Não ( ) 12- A Sr(a) estudou qual série : 1 grau ( ) 2ª grau ( ) 3ª grau( ) 13 - A Sr(a) trabalha ? 1- Sim ( ) ocupação---------------------------------2- Não( ) se a resposta for não não trabalha há quanto tempo ----------------------------------------14- Trabalhou em garimpo ( )Não ( )Sim .Quanto tempo ----------------------------------- DADOS SÓCIOECONÔMICOS 15-Casa: ( )própria ( )alugada ( )de parentes 16- Tipo de casa: ( )madeira ( )alvenaria ( ) mista ( ) barro 17- Quantas pessoas moram em casa ----------------------------------------------------------18- Renda familiar ( ) menos de 1 salário mínimo ( ) 1 a 2 salários mínimos( ) 3 a 4 salários mínimos ( ) 4 a 5 salários mínimos ( ) mais de 5 salários mínimos 19- De onde vem a água que a Sr.(a) usa em casa? ( ) Rede de abastecimento pública ( ) Poço sem ser artesiano ( ) Cacimba ( ) igarapé\rio ( ) outro Qual?-----------------------------------20- Como é a água que a Sr.(a) usa em casa para beber? . () Filtrada ( torneira ) Fervida ( ) Direto da 98 () Direto do poço ( ) Outra forma . Qual? 21- Qual é o destino principal do lixo da sua casa? ( ) Coletado por caminhão. ( ) Queimado ( ) Enterrado .( ) Jogado em um terreno baldio ( ) Céu aberto no quintal ( ) Jogado no rio ( ) Outro Qual---------------------------------------------------------------------------------------------------------22- Qual o destino das fezes e urina de sua casa . ( ) Fossa ( ) Céu aberto ( ) Rio / Córrego ( ) Outro destino Qual?____________________ 23- Quantas refeições faz ao dia______________________________________________24- Em geral, quantas vezes por semana a Sr(a) consome os seguintes alimentos? Nunca Arroz Feijão Peixe Frango Ovos Carne de boi ou de porco Cereais (milho, soja, trigo) Verduras ou legumes (batata, espinafre, alface, cenoura) Frutas Leite, manteiga, iogurte ou queijo Enlatados De que tipo? ____________ Menos de 1 vez De 1 a 3 vezes por semana por semana Mais do que 3 vezes semana por Diariam ente 99 25- Qual(is) peixe(s) a Sr(a) mais consome?___________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 26- Qual a procedência do peixe _____________________________________ 27- Comeu pescado durante a gravidez sim ( _) Não ( _) QUESTIONÁRIO ESPECÍFICO 28-Gestação________________________Nº de partos_______________Abortos_______ 29- Quantos filhos a Sr(a) tem?_________________________________ 30-Data do parto_____________________________________________ 31- A Sra fez pré-natal desta criança ( ) Sim . Quantas consultas___________________9 Não ( ) 32- Tipo de parto : ( ) Normal domiciliar ( ) Normal hospitalar ( ) Cesárea ( ) Fórceps 33- A Sra teve problemas de saúde na gestação? ( ) Sim. Qual?___________________( ) Não 34 –Durante a gravidez desta criança A Sra teve orietnação sobre aleitamento materno ( ) Sim ( ) Não.Quem a orientou_____________________________ 35-A Sra fuma cigarros? ( ) Sim Quantos por dia ______________________( ) Não 36- A Sra ingere alcool ? ( ) Sim . Se sim que tipo de bebida_____________( ) Não 37- Quando foi a última vez que a Sr(a) foi ao dentista? . ( ) Nos últimos 30 dias ( ) Mais de 1 mês e até 1 ano ( ) Mais de 1ano e até 2 anos ( ) Mais de 2 anos ( ) Nunca foi 38- A Sra já fez alguma obturação ( ) Sim ( ) Não 100 ANEXO D– RESULTADO DOS NÍVEIS DE MERCÚRIO TOTAL ENCONTRADO NO LEITE HUMANO Número do código identificador: Resultado dos níveis de mercúrio encontrado:________________________________________ Porto Velho, de , 2010 Avaliador:_____________________________________________________________ ________