estudo da presença de mercúrio em leite materno em - Pgdra

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estudo da presença de mercúrio em leite materno em - Pgdra
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
Núcleo de Ciências Exatas e da Terra
Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente
ESTUDO DA PRESENÇA DE MERCÚRIO EM LEITE MATERNO EM
PUÉPERAS RIBEIRINHAS E DA CIDADE DE PORTO VELHO-RO
SOLANGE MENDES VIEIRA
Porto Velho (RO)
2011
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
Núcleo de Ciências Exatas e da Terra
ESTUDO DA PRESENÇA DE MERCÚRIO EM LEITE MATERNO EM
PUÉPERAS RIBEIRINHAS E DA CIDADE DE PORTO VELHO-RO
SOLANGE MENDES VIEIRA
Dissertação de Mestrado apresentada junto
ao Programa de Desenvolvimento Regional
e Meio Ambiente, Área de Concentração
em Monitoramento Ambiental como um
dos requisitos para obtenção do Título de
Mestre em Desenvolvimento Regional e
Meio Ambiente.
Porto Velho (RO)
2011
Vieira, Solange Mendes.
V658e
Estudo da presença de mercúrio em leite materno em
puérperas Ribeirinhas e da cidade de Porto Velho-RO. / Solange
Mendes Vieira. Porto Velho, Rondônia, 2011.
100f.: il.
Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio
Ambiente) – Núcleo de Ciências e Tecnologia (NCET), Programa de
Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente
(PGDRA), Fundação Universidade Federal de Rondônia, Porto
Velho, Rondônia, 2011.
Orientador: Prof. Dr. José Garrofe Doréa.
1. Mercúrio. 2. Leite Materno. 3. Puérperas. 4. Rio Madeira.
5. Amazônia. I. Título.
CDU: 543.272.81(811.1)
DEDICATÓRIA
A todas as mulheres da
bacia do rio Madeira e Porto velho
por terem doado seu alimento,
materiais indispensáveis a esta
pesquisa
AGRADECIMENTOS
Agradeço a DEUS por me conceder a vida e me fornecer toda a força de que
necessitei ao longo desta trajetória. OBRIGADA MEU DEUS POR TUA INFINITA
BONDADE
Ao meu pai OTAVIO (im memoriam), SAUDADES SEMPRE!
À minha MÃE MARIA pela ajuda incondicional, paciência, carinho e a mais FORTE
TORCIDA SEMPRE! TE AMO!
Ao meu orientador, PROF. JOSÉ GARROFE DÓREA por esta oportunidade,
OBRIGADA POR TUDO QUE ME ENSINOU E PELO QUE AINDA VAI ME
ENSINAR!
Ao PROF. WANDERLEY pela oportunidade, por ter acreditado no meu potencial,
pela paciência que teve comigo e pelas tantas considerações creditadas. OBRIGADA É
POUCO! MINHA ADMIRAÇÃO POR VOCÊ É CADA DIA MAIOR!
À toda a EQUIPE BIOGEOQUÍMICA DA UNIR pela importantíssima participação
nesse trabalho e pela amizade.Sem a ajuda de todos não teria chegado aqui.
As eternas amigas com os quais tenho aprendido muito nesses quase vinte anos de
convivência: LURDES, JEANNE, WILMA, pois no caminho que cada um deve percorrer
são somente os grandes amigos que suavizam e nos ajudam a superar as crises.
VIRGINIA MIRTES (im memoriam), ETERNA PROFESSORA, sei que estás feliz
por mim...Fecho os olhos e te vejo sorrindo e me dizendo...”não falei que irias conseguir”...
ALEX Obrigada pela dedicação que você tem por mim, pelo seu companheirismo, sua
amizade e amor.
RENATO, IRENE, JUSCELINO, que foram mais do que colegas de MESTRADO
pelo convívio, aprendizado, momentos de distração, alegria e desespero, sentirei saudade
sempre.
ADILSON meu irmão por opção e muito amor
Agradeço também ao professor TARIC pelo auxílio nas Análises Estatísticas.
Aos colegas do Departamento de Saúde Coletiva e Enfermagem /UNIR
Ao TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL por ter apoiado na nossa ida em sua
expedição que gerou este trabalho.
O DRAMA DO MERCÚRIO EM MINAMATA
“Tomoko Uemura, de 17 anos, repousa no colo da mãe. Ela é cega, surda e muda. Tem
os
braços e as pernas deformados. Nasceu em 1955, anos depois que uma companhia química, a
Chisso, derramou mercúrio na Baía de Minamata, no Japão. Uma geração inteira cresceu
marcada pelo desastre ecológico. Em abril de 1997, depois de quatro décadas de investigação,
10.353 pessoas foram declaradas aptas a receber indenização da Chisso. Foram anos de luta,
que começara em 1972, quando o fotógrafo americano W. Eugene Smith fez a foto da
menina. A imagem transformou-se no resumo brutal da tragédia. Hoje, as águas de Minamata
estão limpas. Tomoko morreu em 1977.”
ÉPOCA ONLINE – ESPECIAIS MILÊNIO
VERGONHAS - DESASTRE ECOLÓGICO
30 de abril de 1997
Foto de William Eugene Smith, Tomoko Uemura em seu banho,
Minamata, 1972. Minolta SRT101 + Rokkor 16mm f/2.8.
VIEIRA, S. M. ESTUDO DA PRESENÇA DE MERCÚRIO EM LEITE MATERNO
EM PUÉPERAS RIBEIRINHAS E DA CIDADE DE PORTO VELHO-RO. Porto Velho,
2011. 91p. Dissertação. Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e Meio
Ambiente, Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR.
RESUMO
O leite materno é a primeira alimentação humana e fonte de nutrientes para as funções
biológicas, sendo considerado o melhor alimento para crianças. A neurotoxicidade constitui o
mais importante efeito adverso das exposições humanas a agentes químicos e, por essa razão,
uma grande preocupação é a exposição das mulheres em idade fértil da região Amazônica, na
determinação dos riscos de contaminação mercurial, uma vez que representa risco potencial
para os fetos. As amostras de leite materno representam um meio conveniente e não invasivo
de monitoramento humano para a presença de mercúrio (Hg). O objetivo deste trabalho está
sendo avaliar a presença de Hg no leite materno de puérperas ribeirinhas ao rio Madeira e
urbanas da cidade de Porto Velho. Os locais de coleta foram a cidade de Porto Velho, capital
de Rondônia, e comunidades do baixo rio Madeira (Distritos de Calama, Nazaré, Santa
Catarina, Terra Caída, São Carlos, Dermarcação, Papagaios e Puruzinho). A amostragem
constituiu de 157 puérperas que foi precedida da assinatura do termo de consentimento livre e
esclarecido e de entrevista, com as seguintes informações: dados gerais de identificação;
consumo de peixe; presença e quantidade de amálgamas dentários, dentre outros. Este estudo
foi realizado atendendo aos preceitos éticos da Resolução 196/96 do Ministério da Saúde
Brasileiro e foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Rondônia
(processo n° 002/2010). Para a coleta do material biológico (leite humano) foi solicitado a
puérpera a doação de 10 mL de seu leite materno. Inicialmente as amostras foram liofilizadas,
em seguida foram destruídas quimicamente utilizando-se mistura ácida/oxidante (HNO3H2SO4-KMnO4) e as concentrações de Hg total foram realizadas por espectrofotometria de
absorção atômica de geração de vapor frio (FIMS-400, Perkin-Elmer). A média da
concentração de Hg total para as amostras das puérperas da zona urbana (n=82) foi de 0,68
µg.kg-1 (variando de 0,09 - 3,74 µg.kg-1) e para as puérperas do baixo rio Madeira foi de 2,44
µg.kg-1 (variando de 0,12 - 6,47 µg.kg-1). As análises mostraram que há diferenças entre as
concentrações de Hg no leite materno das puérperas estudadas por localidades. As mulheres
ribeirinhas apresentaram médias mais elevadas do que as puérperas da zona urbana, podendo
esta distribuição ser discrepante por conta das peculiaridades culturais no que diz respeito a
freqüência de ingestão de pescado em maior quantidade pelas ribeirinhas. Pode-se considerar
que a exposição desta população é elevada, tendo em vista que a OMS preconiza entre 1,40 e
1,70 µg.kg-1como indicador limite de concentração de Hg para leite materno. Esses resultados
indicam a necessidade de desenvolvimento de programas de vigilância e estudos
complementares envolvendo as mulheres em períodos férteis que vivem em regiões isoladas
da Amazônia.
Palavras-chave: Mercúrio, Leite materno, puérperas, rio Madeira, Amazônia.
ABSTRACT
Breast milk is the first source of food and nutrients to the biological functions and is
considered the best food for children. Neurotoxicity is the most important adverse effect of
human exposures to chemical agents and, therefore, a major concern is the exposure of
women of childbearing age in the Amazon region, in determining the risks of mercury
exposure, since it represents a potential risk to fetuses. The breast milk samples represent a
convenient and noninvasive human monitoring for the presence of mercury (Hg). The
objective of this study is to evaluate the occurrence of Hg in breast milk among women in the
Madeira river and urban areas of Porto Velho. The collection sites were the city of Porto
Velho, Rondônia, and communities of the lower Rio Madeira (Calama districts, Nazareth,
Santa Catarina, Fallen Earth, San Carlos, Demarcação, Parrots) and Puruzinho in Amazonas
State. The sample consisted of 157 postpartum women was preceded by the signing of the
informed consent and interviews with the following information: general data identification,
fish consumption, presence and amount of dental amalgams, among others. This study was
conducted in view of the ethical rules of Resolution 196/96 of the Brazilian Ministry of
Health and was approved by the Ethics Committee of Universidade Federal de Rondônia
(Case nº 002/2010). For the collection of biological material (human milk) was asked to
postpartum women to donate 10 mL of breast milk. The samples were lyophilized, then were
destroyed chemically using concentrated acid/oxidant (HNO3-H2SO4-KMnO4) and the
concentrations of total Hg were carried out by atomic absorption spectrophotometry of cold
vapor generation (FIMS-400, Perkin-Elmer). The river dwellers had a median concentration
of Hg µg.kg-11.9776 (0.1250 = Minimum, Maximum = 6.4795; Average = 2.4431; standard
deviation = 1.7394) and the urban population had a median concentration µg.kg-1of 0.3567
(0.0922 = Minimum, Maximum = 3.7389; Average = 0.6894; standard deviation = 0.8043).
The analysis showed that there are differences between the concentrations of Hg in breast
milk of postpartum women studied by localities. There is a positive correlation between the
concentration levels of Hg in breast milk and fish consumption in riverine populations. It can
be assumed that exposure of this population is high, given that the WHO recommends
between 1.40 µg.kg-1and 1.70 µg.kg-1as an indicator of Hg concentration limit for milk. These
results indicate the need to develop monitoring programs and complementary studies
involving women at fertile times living isolated regions of the Amazon.
Keywords: mercury, breast milk, mothers, Madeira River, Amazon.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01. Localização da área de estudo ............................................................................... 44
Figura 02. Aplicação do questionário após o esclarecimento da pesquisa e consentimento de
uma das puérperas da pesquisa..... ......................................................................................... 45
Figura 03. Amostra de leite materno pronta para ser pesada ................................................. 48
Figura 04. Amostra de leite materno sendo pesada ................................................................ 48
Figura 05. Amostras de leite materno no liofilizador ............................................................. 48
Figura 06. Distribuição do número de puérperas das Zonas urbanas e ribeirinhas segundo o
grau de escolaridade.... ............................................................................................................ 55
Figura 07. Renda familiar mensal entre as puérperas urbanas e ribeirinhas.... ...................... 55
Figura 08. Resultados da concentração mediana de Hg-T em amostras de leite materno das
puérperas urbanas e ribeirinhas,2010... ................................................................................... 57
Figura 09. Concentração de Hg-T nas amostras de leite materno por localidades................. 58
Figura 10.Distribuição do número de puérperas urbanas e ribeirinhas segundo a freqüência
do consumo de peixes .............................................................................................................. 61
Figura 11.Espécies de peixes mais consumidas pelas puérperas urbanas e ribeirinhas ......... 62
Figura 12: Distribuição da freqüência do uso de fumo e álcool, segundo as puérperas urbanas
e ribeirinhas ............................................................................................................................. 63
Figura 13. Distribuição do número de puérperas urbanas e ribeirinhas, segundo a presença de
restaurações dentárias com amálgama de prata ....................................................................... 64
Figura 14. Distribuição da freqüência do tempo de lactação, segundo as puérperas urbanas e
ribeirinhas ............................................................................................................................... 66
LISTA DE TABELAS
Tabela 01. Resultado da determinação de Hg na amostra de referência certificada. ............. 51
Tabela 02. Limite de detecção da técnica utilizada. ............................................................... 51
Tabela 03. Avaliação qualitativa do grau de correlação entre duas variáveis ........................ 52
Tabela 04. Idade, cor, naturalidade das puérperas Ribeirinhas e da Zona urbana de Porto
Velho, 2010 ............................................................................................................................. 54
Tabela 05. Condições de moradia e qualidade da água consumida, das puérperas ribeirinhas
e urbanas,2010 ......................................................................................................................... 56
Tabela 06. Regressão logística linear das variáveis, consumo de peixe, número de filhos,
número de obturações e tempo de lactação das puérperas urbanas,2010................................60
Tabela 07. Regressão logística linear das variáveis, consumo de peixe, número de filhos,
número de obturações e tempo de lactação das puérperas ribeirinhas,2010............................60
Tabela 08. Dados sobre a gravidez e tipos de partos das puérperas ribeirinhas e urbanas,
2010.. ....................................................................................................................................... 65
LISTA DE QUADROS
Quadro 01. Programação do forno de microondas para extração química das amostras de leite
materno .................................................................................................................................... 49
Quadro 02. Matriz de correlação entre as variáveis consumo de peixe e número de obturações
com amálgama das puérperas ribeirinhas, 2010 ...................................................................... 59
Quadro 03. Matriz de correlação entre as variáveis consumo de peixe e número de obturações
com amálgama das puérperas urbanas, 2010........................................................................... 59
LISTA DE ABREVIATURAS
AM : Amazonas
% : Porcentagem
ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CA:Calama
CAERD: Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia
CEP : Comitê de Ética em Pesquisa
cm: centímetros
DP: desvio padrão
g.L-1: grama por litro
H2O: água
H2O2: peróxido de hidrogênio
HgS: sulfeto de mercúrio
Hg: mercúrio
Hg0: mercúrio metálico
[Hg] concentração de mercúrio
Hg2+2 : mercúrio mercuroso
Hg++: mercúrio mercúrico
Hg-T: mercúrio total
HNO3: ácido nítrico
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
KMnO4: permanganato de potássio
K-W: Kruskal Wallis
LE: leite
LDT: Limite de Detecção da Técnica
I-Hg: mercúrio inorganico
Max = Máximo
Min = Mínimo
m: metros
MeHg: metil-mercúrio
mg.L-1: miligrama por litro
mg.kg-1: miligrama por quilograma
n = Amostra
NH2OH.HCL: cloridrato de hidroxilamina
WHO: Organização Mundial da Saúde
µg.kg-1: micrograma por quilograma
NH2OH.HCL: cloridrato de hidroxilamina
p: nível de significância
PI: peso inicial
PF: peso final
PU: peso úmido
PS: peso seco
PSF: Programa Saúde da Família
pH: potencial hidrogeniônico
ppb: partes por bilhão
RO: Rondônia
SM: salário mínimo
SNC = sistema nervosa central
SUS: Sistema únicob de saúde
TCL: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UNIR: Universidade Federal de Rondônia
UNICEF: Fundo das Nações Unidas para aInfância
U: Mann Whitney
α: nível de significância
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO................................................................................................................... 17
2. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 18
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................. 20
3.1. HISTÓRICO DO MERCÚRIO .................................................................................... 20
3.2. OCORRÊNCIA, CICLO BIOGEOQUÍMICO, PROPRIEDADES E USO DO
MERCÚRIO ......................................................................................................................... 22
3.3. MERCÚRIO NA REGIÃO AMAZÔNICA ................................................................. 24
3.4. CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL ............................................................................. 27
3.5 ABSORÇÃO .................................................................................................................. 29
3.6 DISTRIBUIÇÕES, ARMAZENAMENTO E ELIMINAÇÃO DO MERCÚRIO ........ 30
3.7 EXPOSIÇÃO HUMANA AO MERCÚRIO ................................................................. 32
3.8. MERCÚRIO NO LEITE MATERNO .......................................................................... 34
3.9.
CONSIDERAÇÕES
SOBRE
A
INTERCESSÃO
ENTRE
SAÚDE
E
DESENVOLVIMENTO ....................................................................................................... 39
4. OBJETIVOS ......................................................................................................................... 41
4.1. OBJETIVO GERAL ..................................................................................................... 41
4.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 41
4.3. HIPÓTESES ................................................................................................................. 41
5. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................. 42
5.1. TIPO DE ESTUDO ...................................................................................................... 42
5.2. DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ...................................................................... 42
5.3. ASPECTOS ÉTICOS ................................................................................................... 45
5.4. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ....................................................................... 45
5.5. ANÁLISE DO MATERIAL BIOLÓGICO .................................................................. 47
5.5.1 Liofilização .................................................................................................. 47
5.5.2. Extração Química das Amostras em Sistema Fechado .............................. 49
5.5.3. Determinação de Hg total ........................................................................... 50
5.5.4. Controle de Qualidade Analítico ................................................................ 50
5.5.5. Análises estatísticas .................................................................................... 51
6. RESULTADOS .................................................................................................................... 53
6.1. SÓCIO-ECONÔMICO ................................................................................................. 53
6.2. MERCÚRIO NO LEITE MATERNO .......................................................................... 57
7. DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 67
8 . CONCLUSÕES ................................................................................................................... 73
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 74
ANEXOS .................................................................................................................................. 94
17
APRESENTAÇÃO
No transcorrer das aulas de mestrado,e durante as longas horas de permanência para
a realização das análises de amostras biológicas de leite humano no Laboratório de
Biogeoquímica Ambiental Wolfgang C. Pfeiffer da UNIR, tive a oportunidade e o prazer de
conviver com o Prof. Dr. Wanderley Rodrigues Bastos absorvendo seu vasto conhecimentos
referente ao mistério, fascinante e apaixonante metal mercúrio (Hg) e seus compostos.
Ficando cada vez mais fascinada pelo assunto, desde então. Com isso, passei a ter o universo
amazônico (em especial a saúde materno infantil) como foco de meus estudos instigada por
grande curiosidade.
18
2. INTRODUÇÃO
O presente trabalho aborda um tema de fundamental importância para região
Amazônica, no que diz respeito à exposição humana por Hg. A problemática do Hg vem
sendo muito estudado na Amazônia, em especial na Amazônia Ocidental. Vários estudos
tiveram sua gênese a partir dos registros da contaminação por populações humanas e visam
conhecer melhor o ciclo biogeoquímico do Hg e suas implicações sobre o meio ambiente e a
saúde humana. Neste contexto, muitos estudos têm sido realizados por pesquisadores e
colaboradores da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), com o objetivo de contribuir no
entendimento do ciclo do Hg no ambiente tropical, em particular na bacia do Rio Madeira e
nas populações ribeirinhas tradicionais (MALM et al.,1990, 1995; PFEIFFER et al.,1989,
1991; BASTOS, 2004,2008; BASTOS et al., 2004, 2005, 2007; BOISCHIO & BARBOSA ,
1991;
BOISCHIO
&HENSHEL,2000;
DÓREA,2003,2007;
DÓREA
et
al.,2003,20052006,2007; ALMEIDA, 2006; MARQUES,2002; MARQUES et al., 2007).
O uso de Hg no garimpo de ouro do rio Madeira, associado a
prática de
desmatamento e queimadas na região, pode resultar no aumento das concentrações desse
elemento no ecossistema aquático. O Hg é liberado no meio ambiente principalmente na
forma inorgânica, contudo, as bactérias metanogênicas reduzem o Hg+
2
metálico a
metilmercúrio (MeHg), que é a forma mais tóxica dos alquilmercuriais, e isto facilita sua
disseminação na cadeia alimentar. Outras possíveis rotas não-ocupacionais de exposição ao
Hg inorgânico são comumente associadas com o abuso desinformado ou acidental de Hg
contido em produtos agrícolas, bem como o uso de amálgamas dentais (BEZERRA, 1990;
DONANGELO & DÓREA, 1998).
Sabe-se que uma das formas de exposição humana ao MeHg é via consumo de peixes
contaminados, sendo este o alimento com o mais alto potencial para bioacumulação
mercurial. A principal fonte de exposição do lactente ao Hg durante a primeira parte da
infância se dá através do leite materno. Os recém-nascidos e as puérperas, assim como as
mulheres grávidas, são reconhecidos como grupos de interesse na determinação dos riscos de
exposição mercurial, pois, conforme já evidenciado, a contaminação do meio ambiente com
metais tóxicos representa risco potencial para os fetos, para quem substâncias químicas
podem ser transmitidas via circulação materna. Diante disso, estudos têm sido conduzidos
buscando compreender a dinâmica e o trânsito de elementos tóxicos para o leite humano.Por
19
estas razões, uma grande preocupação é a exposição das mulheres em idade fértil e das
crianças na fase de amamentação da região amazônica.
Por outro lado, é bem estabelecida a importância da nutrição humana no período pósnatal como fator otimizador do crescimento e desenvolvimento cerebral. São consensuais as
vantagens advindas do leite materno na maturidade cerebral, prevenção de infecções e
desenvolvimento de alergias, comparativamente às fórmulas industrializadas. Além disso, é
reconhecido que crianças amamentadas no peito mostram melhores desempenho em testes de
inteligência do que aquelas alimentadas por fórmulas lácteas.
O conjunto destes fatos apresentados justificou a realização desta pesquisa que teve
como objetivo avaliar a presença de Hg em puérperas ribeirinhas e urbanas por meio do leite
materno, observando o problema de exposição ambiental ao Hg na região Amazônica. O
estudo investigou as concentrações de Hg total, no leite materno dessas puérperas. Embora
numerosos estudos já realizados na região Amazônica sobre a exposição ao Hg, poucos
enfatizaram o aleitamento materno para estimar a exposição na infância.
Assim, o estudo em tela teve como objetivos gerar informações sobre a situação
regional, visando disponibilizar conhecimento para servir de subsídio para as autoridades
sanitárias, ambientais, educacionais e de saúde pública acerca dos níveis de concentração de
Hg em populações tradicionais e urbanas da Amazônia.
20
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. HISTÓRICO DO MERCÚRIO
Cumpre observar, preliminarmente, que, desde tempos imemoriais, o Hg, com sua cor
mágica, fascina o ser humano (AZEVEDO, 2003). Tenha-se presente que essa antiga relação
entre o homem e o Hg já foi objeto de vários estudos e tem atraído à atenção de filósofos e
cientistas por mais de três milênios (SCHULLER & EGAN, 1976; CLARKSON, 1997).
Mister se faz ressaltar que o Hg é bem conhecido do homem desde os tempos pré-históricos,
principalmente por se encontrar puro naturalmente ou por ser facilmente isolado em sua forma
metálica (MALM, 1991; CLARKSON, 1997). Convém notar, que o Hg, ao longo da história
das civilizações, foi objeto de muitas "obsessões", ao ponto de poder ser considerado a
primeira grande loucura da humanidade (MALM, 1991).
Registre-se, ainda, que o nome mercúrio do metal é uma homenagem ao planeta
Mercúrio. Na Mitologia Romana, mercúrio é o mensageiro dos deuses, filho do deus Júpiter e
de Maia, a filha do titã Atlante (AZEVEDO, 2003). Como se pode verificar nos escritos
mitológicos romanos, Hg foi um dos mais populares deuses romanos e aparece nas histórias
mais que qualquer outro, provavelmente por ser o mais esperto, sensível, mas também mais
sinistro. A princípio identificado como deus do comércio e protetor dos caixeiros viajantes,
transformou-se, também, em deus da ciência e patrono dos vagabundos e dos ladrões (D‟ITRI
& D‟ITRI, 1977).
Oportuno se torna dizer que, no intuito de evitar qualquer confusão entre o planeta, o
deus e o metal, os gregos passaram a chamar este de “Hidrargyros”, palavra introduzida por
Aristóteles ou por Teofastro. A origem desta palavra provém do grego hydro, elemento de
composição com o sentido de água, mais àrgirus que equivale à prata (do latim argentum =
prata). Já os romanos transcreveram essa expressão para o latim como Hidrargyrum.
Posteriormente, os arábes utilizaram a denominação azougue, enquanto que nas línguas anglo
saxônicas utilizava-se a tradução grega quicksilver (AZEVEDO, 2003).
Historicamente, os relatos sobre o Hg estão relacionados ao uso do cinábrio ou sulfeto
de Hg que é um metal vermelho brilhante (HgS), muito usado na antiguidade por civilizações
gregas, hindus, chinesas e de índios americanos como pigmento para pintura e na composição
de cremes para pele. Deve-se observar que o Hg foi encontrado em tumbas do Egito e da
21
Grécia datadas de antes de 1500 A.C, época em que seu principal emprego era decorativo.
Ademais, o uso de Hg para recuperar outros metais (processo conhecido como amalgamação)
foi descrito, cerca de 500 a.C. (GRAME POLLOCK, 1998 apud AZEVEDO, 2003). Não se
pode perder de vista também que os primeiros a dominarem a técnica de separação do Hg
metálico a partir do cinábrio, por condensação após aquecimento, foram os gregos. Apesar
disto, cumpre assinalar que os Fenícios e Cartagineses (2700 a.C.) já conheciam o processo de
amalgamação quando comercializavam o mercúrio nas minas de Almaden na Espanha
(MALM, 1988).
Em pós as considerações acima, que expõem o fato de o homem utilizar o Hg desde os
tempos pré-históricos, deve-se relevar de que isto ocorria sem que houvesse o conhecimento
dos seus possíveis efeitos tóxicos. Assim foi que na Assíria os médicos faziam uso de
compostos mercuriais para tratar a visão, ouvidos e pulmões; os hindus acreditavam em
propriedades afrodisíacas e os antigos chineses apostavam em propriedades medicamentosas
que prolongariam a vida. Desta última crença, decorreu a morte de vários imperadores por
mercurialismo, na tentativa de assegurar a imortalidade pela ingestão constante do metal
(AZEVEDO, 2003).
Além disso, durante a idade média, a crença nos poderes mágicos do elemento, usado
como antisséptico eficiente para problemas de pele e cicatrização, se expandiu para a
medicina como uma nova tentativa de cura para a sífilis. Provavelmente muitos notáveis
foram tratados dessa forma e a literatura poética romântica já associava o Hg ao fim do amor,
como fez Shakespeare: “The words of Mercury are harsh after the songs of Apollo” (D‟ITRI
& D‟ITRI, 1977), ou ainda: “uma noite com Vênus, uma vida com mercúrio”. E até as
primeiras décadas do século XX o Hg ainda era usado no tratamento da sífilis (MALM,
1991). Contudo, os romanos logo perceberam que o Hg apresentava perigos à saúde e à vida,
e por isso os trabalhadores das minas de extração do metal eram escravos e condenados
(Knight, 1975 apud AZEVEDO, 2003).
Médicos e o alquimista Jabir Ibn (Séc. VIII d.C.) apontaram a utilidade terapêutica de
pomadas mercuriais para problemas cutâneos e relataram em minúcias os efeitos tóxicos dos
compostos mercuriais (GOLDWATER, 1972). Em 1557, o francês Jean Fernel já descrevia os
sinais e sintomas da intoxicação por Hg. Dos princípios medicamentosos de Hg, os
antissépticos têm causado muitas intoxicações, Rohyans et al., (1984) descreveram o caso de
uma menina de 18 meses que, após utilização por cerca de um mês de mertiolate aquoso para
tratamento de otite, apresentou evidências de intoxicação e foi a óbito. De Bont et al., (1986)
22
reportaram a ocorrência de intoxicação por Hg em um menino de quatro meses submetido à
aplicação cutânea repetida de pomada de óxido de Hg amarelo para tratamento de eczema.
Em virtude disso, e por outras complicações, a criança faleceu. Mesmo o Mercurocromo®
(Merbromin) tem sido associado a casos de intoxicação (CLARK et al.,1982).
O Hg também foi usado na fabricação de chapéus. Vale lembrar que o “Chapeleiro
Maluco”, um personagem do livro „Alice no País das Maravilhas‟, foi baseado na doença
mental que comumente afetava os produtores de chapéus, que usavam Hg líquido
(METÁLICO) na fabricação dos mesmos. Assinale-se que os sintomas clínicos de intoxicação
por Hg metálico incluem manifestações psicogênicas tais como timidez excessiva,
irritabilidade e acessos de raiva. Destes sintomas surgiu a expressão “tão maluco quanto um
chapeleiro”, usada para descrever o personagem (GOLDMAN et al., 2001).
Convém esclarecer que o uso do Hg como veneno não são usuais, porque eles
possuem sabor metálico e desagradável. Mesmo assim, sais como o cloreto mercúrico, o
cianeto e o oxicianeto de Hg têm sido empregados por suicidas (SALGADO et al.,1987). Pelo
início do século XX, o uso do cloreto mercúrico era um dos métodos mais comuns de suicídio
(WHO, 1991), descrevem dezoito casos, sendo nove fatais, de ingestão de cloreto mercúrico
em doses únicas que variaram de 29 a 50 mg/kg. Nesses indivíduos, a necropsia revelou
lesões gastrintestinais, observando-se desde gastrite à ulceração necrótica da mucosa, além de
lesões renais responsáveis pela falência do órgão. Do início do século XX até os anos 80,
cerca de quarenta casos de intoxicação por Hg metálico foram relatados, envolvendo ingestão,
aspiração e injeção (OLIVER et al.,1987).
3.2. OCORRÊNCIA, CICLO BIOGEOQUÍMICO, PROPRIEDADES E USO DO
MERCÚRIO
O Hg raramente é encontrado como elemento livre na natureza, embora encontra-se
amplamente distribuído, em baixas concentrações, por toda a crosta terrestre. Na forma de Hg
elementar (Hg0), encontra-se na 16ª posição em relação à sua abundância na natureza e suas
reservas são avaliadas em cerca de 30 bilhões de toneladas (NASCIMENTO & CHASSIN
2001). É encontrado na natureza na forma do minério cinábrio (HgS), estando presente
próximo a rochas em atividades vulcânicas recentes, extraído principalmente em minas da
23
Espanha, Rússia, Itália, Japão, Canadá, Estados Unidos, México, Peru e China
(NRIAGU,1979).
O Hg é um elemento químico enquadrado na classe dos elementos de transição da
tabela periódica. Além de inodoro, o Hg é o único metal conhecido que se apresenta no estado
líquido em temperatura ambiente, é também o único elemento, além dos gases nobres, cujo
vapor é monoatômico à temperatura ambiente. Pertence ao grupo IIB do sistema de
classificação periódico juntamente com o zinco e o cádmio. É bom condutor de eletricidade e
absorve a luz ultravioleta a 2537Å (GALVÃO, 1987). Possui número atômico igual a 80,
peso atômico 200,59, ponto de fusão 38,87°C e entra em ebulição a 356,9°C, densidade a
20°C de 13,546 g.cm³, pressão de vapor a 20°C de 14 m.gm-3, calor específico a 25°C de
0,0331 cal/g, tensão superficial a 20°C de 465,0 dyn/cm, viscosidade a 20°C de 1,55cp, e
concentração de vapor a 20°C de 13,200 mg.m³ (BEZERRA, 1990; MALM, 1991;
WHO,1990, 1991).
Além de ser um metal líquido a temperaturas ordinárias, tem a capacidade de dissolver
outros metais, formando ligas. Esta solução é chamada amálgama e é bem conhecida para
vários metais, dentre eles a Prata (Ag), o Ouro (Au), o Zinco (Zn), o Estanho (Sn), Cádmio
(Cd), o Cobre (Cu), o Sódio (Na) e a Platina (Pt) - sendo esta uma das causas de
contaminação ambiental (MALM, 1991; NASCIMENTO, 2001).
O Hg pode ser encontrado em uma variedade de estados físicos e químicos no meio
ambiente, porém as três formas químicas de maior interesse são mercúrio metálico (Hgº),
mercúrio (I) e mercúrio (II), nas quais os átomos perdem um ou dois elétrons,
respectivamente, formando o mercúrio mercuroso (Hg2+2) e o mercúrio mercúrico (Hg++). A
forma metálica (Hgº) é a dominante na atmosfera, pode ter um tempo de residência de meses
ou até de um ou dois anos, tendendo a estar uniformemente distribuído na troposfera. É
lipossolúvel e atravessa membranas biológicas. É esta forma de Hg a responsável por grande
número de intoxicações agudas e crônicas, com graves sequelas e evoluções, às vezes, fatais.
A forma mercurosa e mercúrica forma diversos compostos químicos orgânicos e inorgânicos.
Os compostos formados a partir do mercúrio (II) são mais abundantes que aqueles formados a
partir do (I) e são encontrados na forma de cloretos, nitratos e sulfatos (NRIAGU, 1979;
MALM, 1991).
O ciclo biogeoquímico natural do Hg é caracterizado pela sua evaporação a partir do
solo e águas superficiais, seguido pelo transporte atmosférico, deposição do mercúrio de volta
ao solo e águas superficiais, e a absorção do composto no solo ou sedimentos. O Hg
24
depositado no solo e na água é em parte revolatilizado de volta para a atmosfera. Devido a
esse ciclo, torna-se difícil determinar o movimento do Hg a partir da fonte de emissão (WHO,
1990).
Segundo Malm (1991) este ciclo é o resultado de vários processos físicos, químicos e
bioquímicos, produzindo padrões extremamente complexos de distribuição no ambiente,
alguns ainda não conhecidos, principalmente em ambientes tropicais. O tempo de residência
do Hg em diversos compartimentos ambientais é dependente de sua mobilidade que, por sua
vez, vai depender da forma química que se encontra. O ciclo pode ser bem longo, pois várias
de suas formas orgânicas ou inorgânicas, com grande estabilidade ou não, são voláteis,
possibilitando ciclos repetidos de longa duração.
O Hg que ao entrar no ecossistema aquático na forma inorgânica, pode transformar-se
numa forma orgânica, cem vezes mais tóxica chamada metil-mercúrio (MeHg). Nessa forma
química, o Hg é rapidamente assimilado pelos organismos vivos, devido a sua alta
lipossolubilidade, e bioacumula-se ao longo das cadeias alimentares aquáticas. Dos
organismos atingidos pela contaminação mercurial, os peixes destacam-se pela sua
importância na alimentação humana, representando a principal fonte de proteínas para as
populações ribeirinhas.
As propriedades físico-químicas do Hg e de seus compostos são utilizadas pelo
homem desde longa data, em uma infinidade de aplicações. O Hg tornou-se de grande
importância na nossa vida diária, quase insubstituível em suas importantes aplicações. Hoje,
compostos orgânicos e inorgânicos deste metal são utilizados como catalisadores na indústria
petroquímica e antissépticos na medicina (WHO, 1990). Alguns de seus compostos foram, até
a década de 70, amplamente utilizados como fungicidas na agricultura, porém devido aos seus
efeitos nocivos em trabalhadores expostos e à população passível de exposição, como ocorreu
no episódio acidental do Iraque, teve seu uso posteriormente proibido. Sua forma metálica
tem utilização universal na fabricação de termômetros, barômetros, manômetros, baterias,
lâmpadas elétricas, interruptores, retificadores e outros componentes elétricos e eletrônicos
(NASCIMENTO, 2001).
3.3. MERCÚRIO NA REGIÃO AMAZÔNICA
A partir de 1980, a nova corrida do ouro (Au) na América Latina levou milhões de
pessoas a ingressarem na atividade artesanal de Au, o garimpo, como uma forma de fugir da
25
completa marginalização social e em busca do “eldorado”. Desde então, a crescente utilização
do mercúrio na formação do amálgama - liga de Au-Hg -, e sua emissão para os diferentes
compartimentos ambientais tem sido fonte de preocupação da comunidade científica em todo
o mundo, devido aos efeitos danosos que esse metal provoca no meio ambiente e ao seu
potencial tóxico à saúde humana.
A América Latina, particularmente na região Amazônica, é considerada como
seriamente impactada por Hg devido à extração de Au, com cerca de meio milhão de pessoas
diretamente envolvidas na atividade. A atividade de mineração de ouro na Amazônia causou
danos ao ambiente e tem exposto os habitantes locais à contaminação mercurial (MALM,
1990; BASTOS, 1997; BASTOS et al., 2004; GONCALVES & NEUSA, 2004).
O Hg metálico tem sido utilizado nas atividades garimpeiras na Amazônia devido a sua
propriedade de formar amálgama, tornando possível a extração do Au granulométrico
disperso no sedimento de fundo, como ocorre no leito do Rio Madeira, sendo, depois de
utilizado, lançado no ambiente em em sua forma química inorgânica nas fases de vapor e
líquida. Na atmosfera o vapor de Hg é oxidado e retorna ao ambiente aquático, onde fica
sujeito aos processos de organificação, cujo produto é, então, mobilizado nas cadeias
alimentares aquáticas (PFEIFFER & LACERDA ,1988; PFEIFFER et al.,1989).
Ressalte-se que, a partir do final da década de 70 e nos anos 80, registrou-se um
aumento vertiginoso na atividade garimpeira em nosso país, em busca de Au, na Amazônia
Legal. Por anos, o Hg usado na mineração de Au foi considerado como o único responsável
pela contaminação por Hg no ecossistema Amazônico, porém, atualmente, é consenso entre
pesquisadores por terem evidencias que ambos os processos, naturais e antrópicos, embora
operem em diferentes escalas de tempo, sejam responsáveis (FADINI & JARDIM, 2001;
BASTOS, 2004; BASTOS et al., 2004; LACERDA & MALM,2008).
Na atualidade, o andamento dessa investigação continua a trazer nova luz na relação
entre o ecossistema e a saúde humana. De acordo com pesquisadores a contaminação de Hg
na Amazônia representa grave problema ambiental, pois 70 a 170 toneladas do metal foram
lançadas anualmente no meio ambiente pelas atividades informais de mineração de Au, além
de queimadas, em que a vegetação queimada constitui uma fonte primária de emissão de Hg.
Essa grande quantidade do metal sofre processos de metilação, que culminam na
bioacumulação e biomagnificação (PFEIFFER & LACERDA, 1988; MALM, 1991; WHO,
1990).
26
Na Amazônia, diversas pesquisas foram conduzidas no sentido de investigar a
contaminação ambiental por Hg e os riscos causados a saúde dos seres humanos (LACERDA
et al., 1989; LACERDA & SALOMONS, 1992; LACERDA, 2003, 2007; BOSCHIO &
BARBOSA, 1991; BOSCHIO & HENSHEL, 2000; PFEIFFER et al., 1989; MALM et al.,
1995; HACON et al.,1997; HACON, 2008; BARBOSA & DÓREA,1998; BARBOSA et al.,
1998,2001,2003;
FADINI
2002,2005;DÓREA
et
&
JARDIM,2001;
al.,
1998,
SANTOS
et
al.,
2003,2005,2006;
2000a,
DOREA
2000b,
&
BARBOSA,2004,2007;MARQUES, 2002,2008; MARQUES et al., 2007; BASTOS et al.,
2005;BASTOS,2008; NASCIMENTO , 2007).A região Amazônica, cenário de intensa
exploração mineral nas últimas três décadas, recebe atenção especial nesse contexto devido a
grande quantidade deste metal, lançado no meio ambiente e, consequente, em função da
contaminação da ictiofauna.
Convém notar que os estudos das concentrações de Hg em peixes dos rios da Amazônia
mostram, em várias situações, níveis que ultrapassam o valor de 0,50 mg.kg-1, estabelecido
pela Organização Mundial de Saúde (WHO) valor limite para o consumo humano. Segundo
Dórea et al., (1998), as concentrações de Hg total em peixes piscívoros, onívoros e herbívoros
de doze diferentes locais do Rio Madeira (Amazônia), variaram de 0,09 a 1,45 mg.kg-1
dependendo da espécie. Em outro trabalho, também realizado com peixes coletados no Rio
Madeira, porém em área de mineração (região do Rio Beni), a concentração de Hg total
variou de 0,33 a 2,30 mg.kg-1 (algumas espécies excedendo o limite permitido para consumo
humano), enquanto nos onívoros e naqueles que se alimentam de detritos os teores variaram
de 0,02 a 0,19 mg.kg-1 (MAURICE-BOURGOIN et al., 2000).
Boischio et al., (2003), em estudo realizado também na região do Baixo Rio Madeira
relacionaram 22 espécies de peixes carnívoros que apresentaram teores maiores que os preço
izados pela WHO, considerando-os como não seguros para consumo humano, indicando ainda
outras seis espécies como de consumo restrito. No estudo de Bastos (2004), no qual foram
analisados 816 exemplares de peixes coletados da região do Baixo Rio Madeira, 24%
apresentaram valores superiores aos limites de segurança estabelecido pela WHO, sendo os
maiores valores médios também encontrados entre as espécies carnívoras.
Há, atualmente no mundo, uma tendência à busca de uma diminuição da exposição à
MeHg via consumo de peixe, principalmente em gestantes (OKEN et al., 2003; TRASANDE
et al., 2005). Visto que o acúmulo de MeHg em humanos resulta em efeitos sobre o sistema
nervoso, tais como comprometimento de nervos periféricos (parestesia de extremidades,
27
lábios e língua, exacerbação dos reflexos tendíneos profundos e neurite periférica), cerebral
(constrição do campo visual, alteração auditiva, distúrbios da fala e confusão mental),
cerebelar (ataxia, disartria, incoordenação, distúrbio da marcha), além de insuficiência renal
(WHO, 1976, 1990; LEBEl & MERGLER, 1998).
Na região Amazônica, estudos mostram que concentrações de Hg no cabelo de
pessoas que tem um grande consumo de peixes, estão próximas ou acima dos limites seguros,
preconizado pela WHO, que é de 6,00 mg.kg-1 podendo causar efeitos neurotóxicos leves
(LEBEl & MERGLER,1998). Segundo Bastos (2004), as comunidades ribeirinhas da Bacia
do Rio Madeira apresentam entre os anos 2000 e 2002 valores médios superiores à
concentração máxima sugerida pela WHO (15,00 mg.kg-1). Promovendo com isso uma grande
discussão sobre a importância e os riscos de um grande consumo de peixes entre as
comunidades tradicionais ribeirinhas na Amazônia.
Entretanto, o ecossistema amazônico é muito complexo - a cadeia alimentar, por
exemplo, é maior e mais complexa do que em qualquer outra região brasileira - sendo
necessários mais estudos para desenvolver um quadro como o Hg comporta-se nesse
ambiente.
3.4. CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL
A poluição ambiental ao nível mundial é um subproduto indesejável do aumento da
demanda por recursos naturais da civilização moderna. Desde o surgimento das sociedades
humanas, focos localizados de contaminação ambiental têm ocorrido, porém, não na escala
global testemunhada hoje. Praticamente, todos os ambientes do planeta encontram-se sob
graus variados de contaminação e mesmo as áreas remotas, como o continente antártico,
apresentam concentrações de contaminantes como o Hg, cuja distribuição é feita em escala
global pelo transporte atmosférico ( AZEVEDO, 2001; LACERDA, 2003).
Sabe-se que o Hg é um elemento presente naturalmente na crosta terrestre, na água,
na biota e na atmosfera. Dentre as diferentes formas químicas do Hg, a espécie de distribuição
mais ampla é o Hg0 (vapor), predominante na atmosfera, o Hg2+, forma dominante em águas
naturais e o metilHg, que é a forma de maior importância ambiental devido a sua elevada
toxidez a organismos superiores, particularmente mamíferos (LACERDA , 2007).
28
Podem-se classificar as fontes de emissões de Hg para a biosfera como naturais e
antrópicas, dentre as primeiras destacam-se a emissão por vulcões, a degaseificação da crosta
terrestre e o spray marinho; por sua vez as emissões antrópicas são subdivididas em
intencionais e não intencionais. A emissão de Hg contido em combustíveis fósseis pode ser
entendida como processo não intencional, enquanto que, emissões de mercúrio usado em
produtos e processo como extração de Au pode ser entendida como emissão intencional
(UNEP, 2001).
Embora muito variáveis, as diferentes estimativas de emissões de Hg para a atmosfera
global sugerem um total de cerca de 6.000 t ano-1, sendo cerca de 2.000 t ano-1
correspondentes à volatilização natural do Hg presente nos oceanos. Cerca de 1.000 t ano-1
correspondem à reemissão de superfícies terrestres e 3.000 t ano-1 às emissões antrópicas
(LACERDA, 2007).
As fontes antropogênicas que mais contribuem para emissão de
mercúrio no ambiente são a queima de combustíveis fósseis, as indústrias de cloro-soda,
celulose e termômetros, além do uso na medicina e na extração de Au dos
garimpos,
indústrias siderúrgicas e lixiviação dos solos (NRIAGU, 1979,1988, 1992).
Há que se considerar também os muitos casos de acidentes em que ocorre derrame de
Hg no ambiente. Centre Canadien d'Hygiene et de Securité au Travail (CHEMINFO, 2000)
descreve vários acidentes tóxicos associados ao Hg que vão desde a quebra de termômetros
em hospitais e lares até a contaminação de lagos e rios por atividades industriais,
principalmente de indústrias de cloro álcalis.
A literatura descreve vários trabalhos sobre os riscos toxicológicos decorrentes da
produção e utilização do Hg, que podem implicar tanto a exposição das diferentes formas de
vida do meio ambiente quanto do próprio ser humano (LACERDA & SALOMONS,1992;
LACERDA, 2007; AKAGI, 1995; FADINI & JARDIM, 2001; SANTOS et al., 2000a, 2002,
2005; BARBOSA et al.,2003; PINHEIRO ,2000; DÓREA et al.,2003;DOREA &
BARBOSA,2004;SÁ & HERCULANO 2006).
O MeHg, o mais tóxico dos alquilmercuriais, constitui o mais importante composto a
base de Hg que contamina o ambiente. O Hg entra na cadeia alimentar principalmente pela
transformação do íon Hg2+ em metilmercúrio (MeHg ou CH3Hg+) por um processo de
metilação, em que o Hg2+ recebe um grupamento metila, a forma mais comum do Hg
encontrada na biota, principalmente em organismos topo de cadeia alimentar. Cada forma
química do Hg apresenta uma toxicidade, sendo o MeHg o composto de Hg mais tóxico, por
29
ser
substância
neurotóxica
e
teratogênica,
capaz
de
causar
danos
irreversíveis
(NASCIMENTO, 2007).
Nos últimos anos, algumas descobertas importantes ocorreram, das quais merece
destaque a descrição da formação do MeHg encontrado a partir da metilação do Hg por
bactérias aeróbias e anaeróbias. O MeHg formado no ambiente aquático é rapidamente
absorvido pelos peixes, estando as maiores concentrações entre os carnívoros, topo da cadeia
trófica. Seus fatores de concentração chegam a atingir números da ordem de 104 a 105 vezes
o nível de “background”. O processo de acumulação do MeHg em peixes apresenta interesse
particular, posto que, nesta forma química orgânica, é cerca de 100 vezes mais tóxico do que
na forma química inorgânica (ATSDR, 1999). A metilação em sedimentos de rios, lagos e
outros cursos d‟água constitui-se num meio significativo para a entrada do Hg na cadeia
alimentar, podendo representar um perigo potencial com sua chegada até o homem. (MALM
et al.,1990; BISINOTI & JARDIM, 2005; BASTOS et al., 2005).
Outro fator de risco que tem sido destacado por especialistas é o representado pela
restauração dentária com amálgama de Hg (DONANGELO & DÓREA,1998), já que esta via
pode significar um importante aporte de Hg inorgânico ou orgânico, comparável às
quantidades que ingressam por intermédio dos alimentos e da água.
Duas ocorrências com caráter epidêmico são relatadas no século XIX com Hg
inorgânico (WHO, 1978). Em 1803, em Idrija, Iugoslávia, um incêndio numa mina de Hg
produziu inúmeros casos de intoxicação entre os habitantes e animais das vizinhanças, com o
surgimento de tremores nas pessoas atingidas. Em 1810, a quebra de recipientes contendo Hg,
ocorrida num navio britânico, resultou na morte de todos os pássaros e gado a bordo, e 200
pessoas apresentaram manifestações da intoxicação, com o desfecho de três mortes
(AZEVEDO, 2001).
Hoje são conhecidos importantes acidentes ambientais no mundo decorrentes da
descarga de resíduos industriais contendo Hg, em baías, rios e lagos, contaminando animais
de vida marinha e, secundariamente, as populações humanas.
3.5 ABSORÇÃO
O Hg pode ser incorporado no organismo humano por inalação, ingestão e absorção
cutânea. Além disso, vale lembrar que o Hg, em sua forma elementar, é lipossolúvel, o que
30
lhe confere a capacidade de atravessar as membranas celulares. Ademais, sua principal via de
penetração se dá através da inalação dos vapores metálicos pelos pulmões - cerca de 80% dos
vapores de Hg inalados são absorvidos nos alvéolos pulmonares, em função da alta
difusibilidade dessa substância. Ressalte-se ainda que o Hg é também absorvido através da
pele, pelo contato com a forma líquida ou vapores. Além disso, através do aparelho digestivo
ele é absorvido na proporção de 2-10% da quantidade ingerida (WHO, 1991).
Por outro lado, a absorção do Hg0 por via oral inferior a 0,01% da dose ingerida é
assim desprezível. Dependendo da sua solubilidade, acredita-se que cerca de 2 a 10% dos sais
de Hg, ingeridos acidentalmente ou em tentativas de suicídio, sejam absorvidos por aquela via
no estômago. Para o MeHg observa-se, em animais como em humanos, uma alta porcentagem
de absorção pelo trato gastrointestinal, entre 90 e 100%, relacionada à sua ingestão tanto na
forma de sais como ligado a proteínas, por exemplo, em peixes comestíveis (WHO, 1990;
HSDB, 2000).
Ao penetrar no organismo na sua forma metálica atravessa facilmente a barreira
hematoencefálica, atingindo o cérebro. Além disso, no sangue e nos tecidos ele é rapidamente
oxidado ao íon Hg (Hg2+), que se fixa às proteínas (albuminas) e aos glóbulos vermelhos,
sendo distribuído para todo o organismo. A intoxicação por MeHg, é extremamente lesiva e
ocorre de forma assintomática durante anos, caracterizando-se por ser de excreção lenta. Sua
toxicidade deve-se, principalmente, a seu efeito sobre o SNC e periférico. Atente-se ao fato de
que os principais órgãos em que o MeHg acumula-se são os rins, cérebro, pulmão, tubo
digestivo, fígado, e por continuidade, medula óssea e sistema cardiovascular (WHO, 1990,
1991).
3.6 DISTRIBUIÇÕES, ARMAZENAMENTO E ELIMINAÇÃO DO MERCÚRIO
No que diz respeito à distribuição do Hg, o transporte de Hg iônico é realizado pelo
plasma e o Hg elementar é transportado pelas hemácias .No que tange ao armazenamento,
tem-se que, nos eritrócitos e tecidos, o Hg0 é rapidamente oxidado ao íon Hg2+ que se fixa às
proteínas. Dessa forma, o Hg inorgânico, menos lipossolúvel, concentra-se mais no plasma do
que nos eritrócitos. O MeHg também é transportado pelas células vermelhas (95%) e, o
restante, ligado a proteínas plasmáticas. A distribuição do Hg entre os eritrócitos e o plasma
31
depende da forma do metal. A razão Hg eritrócitos/ Hg-plasma é de 1 para o Hg inorgânico,
de 2 para o Hgo e de 10 a 20 para o Hg orgânico, como o MeHg (USEPA, 1997).
Os principais locais de deposição são os rins e o cérebro, após exposição de vapores de
mercúrio metálico; os rins, com deposição de cerca de 50 a 90% da carga corpórea, na
exposição a sais mercuriais inorgânicos, e o cérebro a organomercuriais. Chama-se a atenção
para o fato de que a passagem de compostos mercuriais lipossolúveis do sangue para o
cérebro é suficientemente rápida para causar uma distribuição diferencial significativa
naquele órgão. A subseqüente oxidação de Hgo para Hg2+ no cérebro permite que o Hg ali se
armazene. No feto, acontece um processo semelhante de distribuição seletiva, sendo o
processo oxidativo mediado enzimaticamente, no qual a catálise talvez seja o sítio provável de
oxidação (WHO, 1990).
A distribuição do MeHg no organismo é lenta, levando cerca de cinco dias para atingir
um equilíbrio. Atravessa rapidamente a barreira hematoencefálica concentrando-se no
cérebro, particularmente. O transporte pelos tecidos parece ser mediado pela formação de um
complexo cisteína-metilmercúrio, o qual é estruturalmente semelhante à metalotioneína e é
transportado pelas células por meio de uma proteína amplamente distribuída no organismo
(USEPA, 1997).
Estudo de Friberg et al., (1988), em
experimentação animal, apontou que os
compostos mercuriais podem acumular-se em outros órgãos além dos rins, tais como fígado,
membrana mucosa do trato intestinal, pele, baço, células intersticiais dos testículos, cabelo,
glândulas sudoríparas, glândulas salivares, tireoide e substância cinzenta das áreas occipital,
parietal e cortical do cérebro, placenta e membrana fetal .
Outra evidência é de que os compostos mercúricos são eliminados pelas fezes, urina,
glândulas
salivares,
lacrimais, sudoríparas
e leite materno (CLARKSON, 1997;
DONÂNGELO & DÓREA, 1998). A velocidade de excreção está associada à espécie e é
dose dependente, entretanto, a partir dos poucos dados existentes associados aos humanos,
pode-se determinar que o Hg é excretado com uma meia-vida biológica de sessenta dias
aproximadamente. Parte do Hg armazenado no cérebro é excretada lentamente com uma
meia-vida superior a um ano (HSDB, 2000).
32
3.7 EXPOSIÇÃO HUMANA AO MERCÚRIO
A ingestão alimentar é uma importante via de exposição humana a vários tipos de
contaminantes, dentre eles o Hg. Estima-se que 90% da exposição a poluentes ocorram
através de ingestão de alimentos e bebidas contaminadas por grupos expostos nãoocupacionalmente ((WHO, 1996; CAMPOS, 2001). A ingestão de Hg total pela dieta foi
medida, a partir de 1973 até 1982, em diversos grupos populacionais de diferentes faixas
etárias e a média encontrada foi de 2.000 a 7.000 ng de Hg em adultos e até 1.000 ng de Hg
para recém-nascidos e crianças. Em 1981-82, os valores encontrados foram de 3.000 ng de Hg
em adultos, 1.000 ng de Hg em recém-nascido e inferiores a 1.000 ng de Hg em crianças
(NASCIMENTO & CHASSIN 2001). Nriagu, em 1988, chamou a atenção do mundo para os
milhões de seres humanos expostos a poluentes metálicos, em especial, grupos de baixa
condição sócio-econômica. Segundo ele, o número de indivíduos sofrendo de acometimentos
subclínicos poderia, já naquela época, chegar a vários milhões.
Grandjean et al. (1993), já descrevia a necessidade do monitoramento das populações
expostas a metais pesados, como o Hg, como essencial para o entendimento e avaliação do
papel da dieta e nutrição na carga corporal e risco de toxicidade. O nível de exposição e
contaminação por Hg pode ser determinado pela mensuração da concentração do metal no
sangue e/ou no cabelo e/ou urina, dependendo da forma química. Enquanto os níveis
sanguíneos fornecem um quadro da exposição aguda, os níveis de Hg no cabelo avaliam a
carga corporal em um dado tempo compatível com o crescimento do cabelo, em se tratando
de MeHg.
O clássico acidente ocorrido no século passado na Baía de Minamata no Japão (19531960), na qual a maior indústria de plásticos do Japão a Chisso Química, daquela cidade,
lançou o referente a 600 toneladas de Hg orgânico no mar (OTTAWAY, 1982). Esta poluição
das águas da baía de Minamata resultou em pesada contaminação dos moluscos e peixes
locais por MeHg, os quais tinham como destinatário final os moradores da região que os
ingeria - este evento ocasionou o envenenamento de milhares de pessoas e o surgimento da
chamada “doença de Minamata”. Nesta baía, o Hg contido no pescado alcançou 39 µg. kg1
,com uma concentração média de Hg de 11 μg/g (WHO, 1976; HARADA, 1975,1978,1995).
No episódio de contaminação morreram 1200 pessoas, 3 mil receberam indenização e
estima-se cerca de 10 mil contaminados pelo consumo de peixes e mariscos contaminados por
MeHg, oriundo de efluentes industriais. Fato semelhante ao de Minamata aconteceu em 1965,
33
ainda no Japão, desta vez envolvendo águas doces, do rio Agano, em Niigata, no norte do
país. Estes dois casos deixaram um saldo negativo de muitas intoxicações (KINJO et al.
1991).
Outro caso ilustrativo da problemática ocorreu no Iraque, em início da década de 70.
Famílias de agricultores foram envenenadas ao consumirem pão feito com sementes de trigo
tratado com fungicida organomercurial (MeHg). Tais sementes se destinavam ao plantio e não
para o consumo humano, sendo que a concentração de Hg no trigo estava em cerca de 8
µg.kg-1. Neste evento foram 6.530 casos de admissão hospitalar e mais de 450 óbitos. As
estimativas foram de uma média de 80 µg.kg-1 de peso corporal, presumindo um peso
corporal de 50 kg para a população inteira. O período de latência de até dois meses entre o
início da exposição e o surgimento dos sintomas foi, provavelmente, o principal fator
contribuinte para a dimensão da epidemia. Não se verificaram diferenças quanto à idade ou ao
sexo na população atingida (BAKIR et al. 1973).
Paquistão, Gana e Guatemala apresentaram situação similar a ocorrida no Iraque,
através da ingestão de grãos tratados com compostos mercuriais, como fungicidas (DERBAN,
1974; WHO, 1978). Queiroz (1995) relata que, em 1969, no Novo México ocorreu um caso
de intoxicação de uma família que havia se alimentado de ração composta por grãos tratados
com fungicida mercurial.
Outros casos, desta vez relativos à ingestão de peixes contaminados, aconteceram em
diversos países, como Canadá e EUA. No primeiro foram apontados níveis elevados de MeHg
em grupos indígenas (CHARLEBOIS, 1978), com significativa associação entre
anormalidades neurológicas em adultos e nível de exposição através da ingestão de peixes
contaminados.
Neste caso, foram observados casos de comprometimento neurológico,
inclusive de crianças que sofreram exposição pré-natal. Pesquisa na região dos Grandes Lagos
(EUA) mostrou que pessoas de regime ictiófago, em relação às demais, tinham níveis
anormalmente elevados de Hg (RAMADE, 1977).
Estudos nas ilhas Seychelles, sobre a contaminação por Hg, mostraram que apesar da
ausência de qualquer contaminação ambiental, a população apresentava elevadas
concentrações de Hg na urina, sangue e cabelo devido ao elevado consumo de peixe
carnívoros. (GRANDJEAN et al. 1994a, 1994b, 1994c).
No Brasil, chama a atenção o fato de que mulheres amazônicas na idade reprodutiva,
principalmente as ribeirinhas, têm valores médios de Hg entre os mais altos do mundo
(BARBOSA et al. 1998; DÓREA, 2003). Isto ocorre por esta população apresentar uma dieta
34
alimentar pouco variada e muito pobre em verduras e legumes, e com um consumo elevado de
peixe como principal fonte protéica. Talvez essa população registre o mais alto consumo de
pescado do mundo, em média 500g/dia, sendo o peixe o alimento com o mais alto potencial
para bioacumulação mercurial. Ressalte-se o fato de que foram detectadas alterações
neurológicas para concentrações de Hg no cabelo de 5,6 a 38,4 μg Hg/g na população
amazônica (LEBEL & MERGLER, 1998). Disto depreende-se risco potencial para os fetos,
pois as substâncias químicas podem ser transmitidas via circulação materna (SIRKORSKI et
al. 1986).
Objetivando minimizar situações como as descritas, vários estudos têm sido realizados
com vistas a avaliar os riscos graves para a população exposta à contaminação por Hg. Na
Amazônia, uma das possibilidades discutidas está relacionada com o consumo de frutas e o
selênio na qualidade de agente neutralizador dos efeitos tóxicos do Hg, para a aparente
tolerância destas populações expostas à intoxicação crônica, com sérias consequências a
saúde principalmente para as populações vulneráveis. No entanto, até agora não se tem dados
oficiais do mercurialismo nestas populações. (CAMPOS et al. 2002; PASSOS et al. 2003;
DÓREA et al. 2004; LIMA , 2005).
3.8. MERCÚRIO NO LEITE MATERNO
O leite materno é a primeira alimentação humana e fonte de nutrientes para as funções
biológicas, sendo considerado o melhor alimento para crianças, por ter papel importante na
proteção imunológica contra doenças infecciosas, na adequação nutricional e no
desenvolvimento afetivo e psicológico. É comprovado que crianças amamentadas no peito
mostram melhor desempenho em testes de inteligência, menor probabilidade para doenças
cardíacas e metabólicas como o diabetes mellitus em relação aqueles alimentados por
fórmulas lácteas (SALVIANO, 2004).
Vale ressaltar que uma das metas mais importantes no novo milênio é reduzir pela
metade a taxa de mortalidade e morbidade infantil. Segundo a UNICEF (2005), o aleitamento
materno pode salvar a vida de 1,3 milhões de crianças no mundo a cada ano, e também
proteger sua saúde e crescimento. O incentivo à amamentação é uma das estratégias que
integram o Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal, o qual toma por
base os benefícios comprovados, para mães e bebês, do aleitamento.
35
Em termos biológicos, o leite materno é um fluído complexo, que contém proteínas,
carboidratos, vitaminas, minerais, substâncias imunocompetentes (IgA, enzima interferón),
além de fatores tróficos ou moduladores de crescimento (EUCLYDES, 2000). Não obstante, a
superioridade biológica deste alimento está relacionada ao seu conteúdo lipídico, o qual é a
principal fonte de energia para o recém-nascido, contribuindo com 40 a 55% do total de
energia quando consumido por esses indivíduos em aleitamento materno exclusivo
(KOLETZKO, 2001).
A composição do leite humano, especialmente quanto à presença de micronutrientes,
é muito variada e pode ser influenciada por diversos fatores como a individualidade genética,
a nutrição materna, período de lactação, além das variações entre grupos étnicos e entre
mulheres (FIDLER & KOLOTZKO, 2000; DÓREA, 2000; PRADO et al. 2001; CUNHA et
al. 2005; ANDERSON et al. 2005). Ademais, para uma mesma mulher são registradas
variações no decorrer da lactação, ao longo do dia e durante uma mesma mamada, havendo
diferenças entre o leite da frente e o último a sair (anterior e posterior) com alterações na
concentração dos macro e dos micronutrientes (VALDÉS et al. 1996; PICCIANO, 2001;
MANDEL et al. 2005).
Os minerais são importantes para o crescimento, o desenvolvimento e a manutenção
da saúde dos tecidos corporais. Além disso, a necessidade de micronutrientes para o recémnascido é maior do que em crianças e adultos devido ao rápido crescimento corporal e
também ao alto nível de atividade dos caminhos metabólicos envolvidos no crescimento,
atividade física e combate a infecções, dentre outros (MORGANO et al. 2005).
O monitoramento dos metais pesados no leite materno, e neste estudo em especial ao
metal Hg em sua forma Hg-I (mercúrio inorgânico) e MeHg (metil-mercúrio), é importante
como parâmetro da influência de contaminação ambiental antrópica na saúde materno infantil
(DÓREA, 2004), uma vez que ainda pouco se sabe sobre a exposição do recém-nascido ao Hg
através do leite materno. Embora os estudos já feitos em populações humanas e animais
indique que a criança pode ser exposta a MeHg através do leite materno, ainda não é possível
determinar com precisão até que ponto são absorvidos pela criança o Hg-I e MeHg presentes
no leite materno (SUNDBERG et al. 1991; GRANDJEAN et al. 1994a ; NORDENHALL et
al. 1995).
A principal fonte de exposição do lactente ao Hg durante a primeira parte da infância
se dá por meio da ingestão de leite materno ou leite artificial, uma vez que este é uma via de
36
excreção metil mercurial da nutriz, como ficou demonstrado nos episódios de intoxicação
por MeHg no Iraque e Japão (AMIN-ZAQUI et al. 1976; HARADA, 1978).
O leite materno é a primeira via de trasnferência desse metal para o recém-nascido.
Vale ressaltar que o metabolismo do crescimento cerebral encontra-se neste período em
intensa atividade, sendo a provisão de nutrientes (ou sua deficiência) de relevância
fundamental no futuro desempenho neuromotor. Como ressultado deste processo, certos
nutrientes e substâncias são incorporados pelo sistema nervoso em desenvolvimento - o qual é
mais vulnerável aos danos do Hg orgânico que o cérebro adulto, o que torna o feto mais
suscetível a riscos. Os danos à saúde são em dose dependente e podem variar de paralisia
cerebral a retardo sutil do desenvolvimento físico e mental, que é manifestado durante a fase
de crescimento (WHO, 1976, 1990).
Mulheres contaminadas por Hg (em especial por MeHg) podem produzir leite com
concentrações significativas de Hg (BUSSER & SCHULTZ, 2001; DÓREA, 2004). Desta
sorte, a exposição e acumulação de Hg durante o desenvolvimento fetal e amamentação
infantil está fortemente relacionada com a carga materna e a transferência deste metal para a
placenta e o leite materno (BARBOSA & DÓREA 1998; DÓREA & BARBOSA 2007).
No que diz respeito à exposição ao Hg, crianças no primeiro ano de vida estão em
situação de mais alto risco que crianças mais velhas e do que adultos. Esse risco maior devese a sua absorção intestinal altamente eficiente e reduzida capacidade fisiológica para prevenir
a acumulação de metais tóxicos pelo cérebro, além da imaturidade fisiológica dos
mecanismos de homeostase e destoxificação. Ademais, a eficiência da absorção do Hg
aumenta para acima de 50% em crianças, particularmente quando em dieta líquida total
(WHO, 1996).
É preciso também insistir no fato de que o leite humano transfere tanto a forma Hg-I,
como a forma orgânica. Oskarsson et al. (1995), demonstrou que 51% do Hg total no leite
estava na forma Hg-I. Já Skerfveiing (1988), através de seus estudos apontou que 50-80% do
Hg no leite humano está na forma Hg-I.
Dórea (2004) comparou o resultado da concentração média de Hg no leite materno de
20 países, associando-os com efeitos ambientais. A concentração média de Hg mostrou-se
bem variada de um país em relação a outro. Na Arábia Saudita os níveis variaram de 4 a 15
µg.kg-1 (AL-SALEH et al., 2003), Espanha 9,5 µg.kg-1 (BALUJA et al. 1982), Guatemala 1,6
µg.kg-1, Hungria 1,4 µg.kg-1, Nigéria 2,5 µg.kg-1, Filipinas 1,7 µg.kg-1, Suécia 3,3 µg.kg-1,
Zaire 2,7 µg.kg-1, China 8,5 µg.kg-1 (WHO, 1989; YANG et al., 1997; RAMIREZ, et al.,
37
2000). Ressalte-se que, em alguns países, a concentração de Hg estava com valores maiores
do que os preconizados pela WHO (1989).
No Brasil não existe uma legislação que preconiza o valor aceitável de Hg no leite
materno, motivo pelo qual foi utilizada a dose de referência preconizada pela WHO (1989),
que estabece o limite aceitável de 1,3 a 1,7 µg.kg-1. Sendo a ingestão diária tolerável para
crianças 5 µg.kg-1 de peso/dia (GALAL, 2003), o consumo regular de pescado pelos
habitantes do ecossistema amazônico contribui para os altos níveis de contaminação
encontrados entre os grupos vulneráveis (BARBOSA et al. 1998).
Após a intoxicação acidental no Iraque, estudos conduzidos por Bakir et al., (1973) em
mães lactantes encontraram concentrações elevadas de Hg no sangue, variando de 10 a 200
µg.kg-1. Foi observado que a meia-vida biológica do Hg no corpo de lactantes é menor que em
outras mulheres em torno de 60 e 70 dias, sendo esta diferença um indicador de que o Hg é
excretado via leite materno. Greenwood et al. (1978) também constatou que mulheres que
estavam em período de lactação exibiam o tempo menor de permanência de Hg total no
sangue (42 dias) do que as não lactantes, indicando que a reprodução acelera o metabolismo
materno.
Amin-Zaki et al., (1976), acompanhou dois pares de mães e filhos, após o acidente
ocorrido no Iraque, entre 1971 e 1972. O autor mensurou os níveis de Hg no sangue, cabelo e
leite materno. Uma criança de um dos pares faleceu 30 dias após o nascimento, cuja mãe
havia sido exposta durante a gravidez, não havendo dados disponíveis da concentração de Hg
no leite materno a seu respeito. A outra criança foi contaminada no pós-parto através do
MeHg presente no leite da mãe. Os níveis de Hg no leite foram estabelecidos entre 50 e 60
ng.ml-1. Estas concentrações detectadas no leite correspondiam a 8,6% dos valores
encontrados no sangue da mãe. Ambas apresentavam níveis máximos de Hg no sangue
estimados entre 500 e 1000 ng.ml-1, valores bem acima do nível tóxico para adultos. Harada
(1976), quando avaliou o episódio de Minamata, mencionou que a exposição via aleitamento
materno pode representar um papel relevante na exposição mercurial e resultar em efeitos
clínicos. Isto foi comprovado no episódio do Iraque, quando algumas crianças que nasceram
antes que suas mães consumissem pão contaminado com MeHg apresentaram níveis de Hg no
sangue acima de 200 ng.ml-1, alimentando-se exclusivamente do leite materno (AMIN-ZAKI
et al. 1976).
Dando continuidade aos seus estudos Amin-Zaki et al. (1981)
publicaram os
resultados de um estudo longitudinal de 5 anos com 22 binômios, envolvidos no acidente
38
ocorrido no Iraque, em 1971. Os pesquisadores avaliaram os efeitos no desenvolvimento
motor de crianças expostas ao MeHg através do leite materno. Do Hg total encontrado, 60%
correspondiam a MeHg. As crianças foram examinadas três vezes ao longo do período
estudado. Durante o primeiro exame foi constatado que oito crianças apresentavam hiperreflexia No segundo, dezessete apresentavam o mesmo distúrbio, sintoma este observado
também ao terceiro exame. Outra avaliação realizada pelos autores neste estudo foi a
determinação de concentrações de Hg no sangue materno e nas crianças. Os níveis de Hg no
leite decaíram com o passar do tempo, o que levou à conclusão de que a exposição ao MeHg
via leite materno era menos grave do que as conseqüências para o SNC naqueles que foram
contaminados no período pré-natal.
Estudos observaram que a exposição via amamentação
em puérperas que
apresentavam maior freqüência de ingestão de espécies do ecossistema aquático,mostrou
maior concentração de Hg no leite materno em relação as que consumiam pescados em menor
quantidade (GASTER, 1976; FUJITA & TAKABATAKE, 1977; DREXLER & SCHALLER,
1998; BARBOSA & DÓREA, 1998; SKERFVING, 1988; PACCAGNELLA & RIOLFATTI.
1989; KLEMANN et al. 1990;GRANDJEAN et al. 1994a, 1994b, 1994c, 1995a, 1995b;
CHIEN, 2006; GUNDACKER et al. 2002, 2010; YALÇIN et al. 2010; VALENT et al. 2011).
A relação entre o número de restaurações de amálgama e os níveis de Hg no leite
materno, têm sido reportada em estudos de vários pesquisadores (OSKARSSON et al. 1996;
VIMY et al. 1997; DRASCH, 1998; DREXLER & SCHALLER, 1998; COSTA et al. 2005;
URSINYOVA & MASANOVA, 2005; NOROUZI et al. 2011).
Na Espanha, os valores médios de concentração de Hg encontrados foram, na faixa de
0,09 a 1,9 μg.kg-1 (BALUJA et al. 1982).Em estudos de Iyengar (1982), buscou-se determinar
a concentração de Hg com a finalidade de usar como valor de referência para o
desenvolvimento de metodologia de análise de leite, Os resultados encontrados para o Hg
apontaram valores médios de 9,2 μg.kg-1
Na Alemanha estudos conduzidos por Schramell (1988), analisaram as concentrações
de microelementos e Hg no sangue materno, sangue do cordão umbilical, placenta e leite
materno. Os valores encontrados variaram de acordo com a região sendo entre: 3,0 ± 2,1; 2,3
±1,0; 5,5 ± 4,9; 2,3 ±1,6; e 2,0 ± 0,7 μg.kg-1.
YANG et al. (1997),em pesquisa realizada na China ,verificou a exposição
ocupacional via aleitamento materno entre um grupo de lactantes que estavam expostas ao
vapor de Hg, em função do trabalho e o grupo controle. O valor de Hg orgânico encontrado
39
no grupo exposto foi de 1,93 ± 1,52 μg.kg-1, e no grupo não exposto foi de 0,84 ± 0,67 μg.kg1
.
Na Arábia Saudita foram feitos estudos por Al-Saleh et al. (2003) para avaliar a
concentração de Cd, Pb e Hg no leite materno . Neste estudo a média geral ficou entre 3,10 ±
4,05 μg.kg-1, o que demonstrou uma média superior em relação a outros países, já citados
nesta revisão.
3.9.
CONSIDERAÇÕES
SOBRE
A
INTERCESSÃO
ENTRE
SAÚDE
E
DESENVOLVIMENTO
Os profissionais de saúde, dentre as mais diversas formações ligadas às ações da
Saúde Coletiva, tem se inserido nas discussões sobre o desenvolvimento econômico e seus
impactos sobre o estado de saúde das populações. A distribuição das doenças se dá de acordo
com a organização política, econômica, cultural e espacial da sociedade (PEREIRA, 2004).
Por este prisma, pode parecer obvia a ligação entre o que se entende por desenvolvimento e a
saúde, sobretudo porque nos encontramos no século 21, em meio a discussões acirradas que
eclodem a todo momento sobre a questão ambiental e as agressões sofridas em nome do
desenvolvimento.
A saúde como objeto de interesse público e a responsabilidade da sociedade sobre a
saúde dos cidadãos constituiu um dos princípios da reforma sanitária. Ao ser criada uma
relação, eminentemente concreta, entre a saúde e o meio ambiente, observa-se que a
influência deste último pode ser positiva ou negativa, na medida em que promove condições
que propiciam o bem-estar e a plena realização das capacidades humanas para todas as
populações ou, por outro lado, contribuem para o aparecimento e manutenção de doenças,
agravos e lesões traumáticas, assim como para o aniquilamento e morte da população como
um todo, ou para grupos populacionais específicos. E a contaminação ambiental por poluentes
químicos, por sua vez, é um importante fator na geração de agravos à saúde.
A questão ambiental e sua correspondência biunívoca com o processo saúde doença da
população tem sido cada vez mais investigada, sob as mais diversas formas e abordagens. É
bem verdade que a contaminação do meio ambiente com metais tóxicos utilizado em larga
escala, a exemplo do garimpo de ouro na Amazônia, representa risco para a saúde nos grupos
vulneráveis, como o de mulheres em idade reprodutiva, em especial das populações
40
ribeirinhas.
Escolheu-se para objeto de investigação que resultou
neste estudo
de o
estabelecimento das relações entre a exposição por Hg e o aleitamento materno, sublinhando
as concentrações de Hg no leite humano, por se ter clareza da relevância de se produzir
conhecimentos que interferirão nas formas como se assiste o binômio mãe/filho, sobretudo na
Amazônia.
41
4. OBJETIVOS
4.1. OBJETIVO GERAL
 Avaliar a ocorrência de mercúrio no leite materno em puérperas ribeirinhas ao rio
Madeira e urbanas da cidade de Porto Velho.
4.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
 Conhecer as concetrações de mercúrio de mães urbanas e ribeirinhas na bacia do Rio
Madeira;
 Verificar se há diferenças entre as concentrações de Hg entre as puérperas urbanas e
ribeirinhas;
 Avaliar hábitos alimentares das puérperas relacionados ao consumo de peixe.
4.3. HIPÓTESES

Puérperas estão transferindo Hg, no período da amamentação, em que forma
química?

Existe diferença na concentração de mercúrio entre as puérperas urbanas e
ribeirinhas?
42
5. MATERIAL E MÉTODOS
5.1. TIPO DE ESTUDO
Trata-se de um estudo quantitativo de caráter exploratório, com uma população
constituída de mulheres puérperas residentes na área urbana do município de Porto Velho há
mais de 5 anos e nas comunidades ribeirinhas do baixo Rio Madeira do estado de Rondônia
(São Carlos, Nazaré, Calama, Demarcação, Nova Esperança, Papagaios, Terra Caída, Santa
Catarina) e comunidade do lago do Puruzinho do estado do Amazonas
5.2. DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Porto Velho é a capital e o maior município do Estado de Rondônia, tendo em
extensão territorial uma área de 34.082 km², e uma população de 387.964 habitantes (IBGE,
2009). Faz limite ao norte com o Estado do AM; ao Sul, Nova Mamoré -RO e Buritis - RO; a
Leste, Candeias do Jamari-RO e Alto Paraíso - RO; a Oeste, Nova Mamoré-RO, República da
Bolívia e Estado do Acre. Localiza-se à margem direita do Rio Madeira (afluente do Rio
Amazonas), possui as seguintes coordenadas geográficas - 08º 45‟ 48” S e - 63º 54‟ 48” O
(IBGE, 2009) (Figura 1). A economia do município é sustentada por trabalhadores do serviço
público e comércio. Destacam-se ainda a comercialização de produtos típicos da região
amazônica - tais como pescado, couro e pele de animais silvestres - curtumes, serrarias e
usinas de beneficiamento de borracha e óleo de copaíba, utilizado como secante de vernizes e
remédio (SEPLAD, 2010)
A região é caracterizada por um clima de tipo equatorial superúmido, com elevada
pluviosidade (valores anuais superiores a 2000 mm), podendo atingir até 100 mm em um só
dia. A temperatura média anual é de 25,8°C, sendo que as médias mensais ficam em torno de
25°C, podendo ocorrer máximas diárias de até 40°C, enquanto os ventos predominantes vêm
do norte. A vazão média sazonal do Rio Madeira oscila entre águas baixas e águas altas de
20.000 e 40.000 m³.s−¹, respectivamente. Entre estas situações extremas sua altura de nível
varia em até 15 metros (DNAEE, 1988).
43
A zona rural deste município é composta por Distritos e comunidades ribeirinhas na
margem direita no Rio Madeira, os quais possuem uma escassa infraestrutura. O acesso a
estas comunidades só é possível por via fluvial. O distrito de Calama fica a 200 km da capital,
o que equivale a aproximadamente nove horas de barco da sede do município, quando se está
descendo o Rio Madeira, e dezoito horas subindo o rio. A população do entorno desta
localidade é composta pelas comunidades de Demarcação, Papagaios, Nova Esperança e
Gleba Rio Preto. Nazaré, outro Distrito, serve como ponto de apoio as comunidades do lago
Cuniã, Santa Catarina e São Carlos - o Distrito mais próximo de Porto Velho que tem como
entorno ás comunidades de Terra Caída, Bom Serazinho e Vale do Jamary. As populações
destas comunidades vivem da agricultura de subsistência e da pesca.
Outra área de estudo foi à comunidade do Lago Puruzinho também no baixo Rio
Madeira, porém já no estado do Amazonas (Fig. 01). O acesso a esta comunidade se dá,
inicialmente por rodovia até Humaitá (220 km) e via fluvial até o Lago Puruzinho. Saindo de
Humaitá pelo Rio Madeira, sentido Manicoré - Amazonas é possível avistar a entrada do rio
Puruzinho imediatamente à montante da ilha das Pupunhas. O rio Puruzinho é um dos poucos
afluentes da margem esquerda do rio Madeira, dista apenas 30 minutos de voadeira
(aproximadamente 13 km) da cidade de Humaitá no estado do Amazonas. Navegando pelo
estreito canal formado pelo rio Puruzinho chega-se ao Lago Puruzinho, onde se situa a
população tradicional a qual o rio empresta o nome (ALMEIDA, 2006).
A comunidade do Puruzinho é formado entre 17 a 20 famílias. Nesta comunidade
existe uma escola com duas professoras e duas igrejas (uma católica e outra evangélica).
Quando algum morador precisa de assistência médica, este vai de rabeta (canoa de madeira
com motor estacionário adaptado com eixo e hélice) para a cidade de Humaitá. Basicamente
estas famílias vivem da pesca, extrativismo e da agricultura de subsistência (OLIVEIRA,
2006).
Estas comunidades possuem uma relação direta com o rio ou lago, de onde vem o
peixe e por onde sai a produção de farinha de mandioca e açaí, uma das poucas fontes de
complementação de renda. As comunidades ribeirinhas do baixo Madeira e do lago Puruzinho
foram selecionadas devido ao hábito da ingestão diária de pescado em grandes quantidades
pela população local, média de 406g/dia (OLIVEIRA et al. 2006), o qual constitui-se na
principal via de exposição ao Hg.
44
Figura 1. Localização da área de estudo. Fonte: Laboratório de Biogeoquímica Ambiental.
45
5.3. ASPECTOS ÉTICOS
O presente estudo foi submetido Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal de Rondônia e devidamente aprovado (processo n° 002/2010) conforme resolução n°
196, de 10 de outubro de 1996 - Conselho Nacional de Saúde. Todos os sujeitos da pesquisa
consentiram suas participações, assinando termos de consentimento livre e esclarecido
(Anexo D) (Figura 02).
Figura 02. Aplicação do questionário após o esclarecimento da pesquisa e
consentimento de um dos sujeitos da pesquisa. Fonte: Laboratório de Biogeoquímica
Ambiental (2010).
5.4. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
A amostra constitui-se de puérperas residente na cidade de Porto Velho que
procuraram o serviço do banco de leite do Hospital de base Dr. Ary Pinheiro, o qual tem
como rotina o atendimento ao recém-nascido até os seis meses de vida e a lactante com
dificuldades para amamentar ou que deseja ser doadora de leite materno.
A pesquisa desenvolvida no município de Porto Velho ocorreu nas dependências do
banco de leite Humano Santa Ágata, do Hospital de base Dr. Ary Pinheiro, localizado na
46
Avenida Governador Jorge Teixeira, Bairro Industrial. O referido serviço foi escolhido por ser
referência no atendimento ao recém-nascido e a puérpera.
Para a seleção das puérperas de Porto Velho foi empregada a técnica de amostra de
conveniência, realizada todos os dias nos meses de abril e maio de 2010, no período da manhã
(segunda a sexta feira), horário em que são disponibilizadas as consultas de neonatologia - o
que assegurava diariamente uma média de 30 usuárias que buscavam o serviço pela primeira
vez, evitando com isto amostras repetidas.
Na ocasião, foi explanado às puérperas o objetivo do estudo, sendo-lhes apresentado o
modelo de Consentimento Livre esclarecido para maiores de 18 anos (Anexo A) e para
menores de 18 anos (Anexo B), e perguntado quanto ao desejo de participarem do estudo,
sendo deixada claro a liberdade de se abster da pesquisa, em qualquer momento, sem que isso
acarretasse qualquer prejuízo em seu tratamento naquela instituição. Nos casos afirmativos,
foi preenchido e assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Nas localidades do Baixo Madeira e Puruzinhos, a coleta de campo ocorreu nos meses
de julho e outubro de 2010. Em cada localidade foram contactados o diretor do posto de
saúde, o líder da comunidade ou o agente comunitário de saúde local, para os quais eram
informados e apresentados os objetivos do estudo. Assim que eram obtidos os endereços das
puérperas, um morador local acompanhava a pesquisadora para que assim ela pudesse
convidar as mulheres que estavam amamentando a participarem do estudo. Após a assinatura
do TCLE, era aplicado o questionário e fazia-se a coleta de amostras de material biológico.
O questionário utilizado para a coleta de dados foi adaptado da pesquisadora Marques
(2004) (Anexo C) no qual contém informações sobre hábitos alimentares, antecedentes
pessoais (partos, tempo de amamentação), passado em garimpo, ingestão de alimentos
potencialmente contaminados, e outros tratamento odontológico, sendo realizado exame bucal
sumário, não invasivo, de quantificação de superfícies restauradas, na busca de fatores de
risco para intoxicação mercurial.
Para a coleta do material biológico (leite humano) foi solicitado a puérpera a doação
de 10 ml de seu leite materno, este foi retirado pela ordenha da própria lactante, com a
instrução da pesquisadora. Esta amostra foi armazenada em um recipiente estéril de vidro ou
polietileno, pré-lavados com ácido nítrico e enxaguados com água ultrapura (Milli-Q) e
mantida a baixa temperatura em uma caixa térmica com gelo. Posteriormente foram mantidas
em freezer a temperatura de -20C, para posterior análise no laboratório de Biogeoquímica
Ambiental da
Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Todas as amostras foram
47
identificadas através de um código, procedimento padrão do referido laboratório onde cada
amostra recebe quatro letras em que as duas primeiras informa o tipo de amostra (LE= Leite)
e as outras duas a localidade em que a amostra foi coletada (CA= Calama) e, em seguida
recebe sequência numérica do protocolo de registro.
Neste estudo utilizou-se o valor de referência de Hg no leite humano preconizado
pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 1989) que sugere o valor de 1,4 a 1,7 µg.kg-1.
5.5. ANÁLISE DO MATERIAL BIOLÓGICO
5.5.1 Liofilização
Com a finalidade de se concentrar as amostras sem perder sua propiedade, bem como
de diminuir a quantidade de reagentes a serem utilizados, optou-se por liofilizar as amostras.
Este procedimento foi realizado no laboratório de Biogeoquímica Ambiental da Universidade
Federal de Rondônia, de acordo com o descrito a seguir.
As amostras coletadas em campo foram pesadas em balança analítica - marca Marte,
modelo AM 220 - individualmente (Figuras 03-04), obtendo-se o peso úmido (PU) de cada
amostra. Após a pesagem das amostras (PI = peso inicial), estas tiveram suas tampas
removidas e as bocas dos frascos foram fechadas com filme PVC, sendo em seguida
perfurado com a ponta de uma tesoura. As amostras foram então levadas ao freezer para
congelarem a -20º C. Após um período de 48 horas as amostras já congeladas foram levadas
ao aparelho liofilizador - marca Terroni Série 500 - por 96 horas, para ocorrer o processo de
liofilização (Figura 05). Depois de liofilizadas, as amostras foram pesadas individualmente
(PF = peso final), obtendo-se o peso seco (PS) das mesmas A diferença de PF-PI, corresponde
ao teor de H2O de cada amostra.
48
Figura 03. Amostra de leite pronta para ser pesada.
Fonte: Laboratório de Biogeoquímica Ambiental Wolfgang C. Pfeiffer .
Figura 04. Amostra de leite sendo pesada.
Fonte: Laboratório de Biogeoquímica Ambiental Wolfgang C. Pfeiffer.
Figura 05. Amostras de leite no liofilizador.
Fonte: Laboratório de Biogeoquímica AmbientalWolfgang C. Pfeiffer.
49
5.5.2. Extração Química das Amostras em Sistema Fechado
Tendo em vista a necessidade de quantificar o teor de Hg das amostras, foi relizado
um pré-tratamento da matriz, com o objetivo de promover a decomposição da matéria
orgânica e a consequente solubilização da amostra e oxidação do mercúrio ( Hg++),
potencialmente presente na amostra. Nesta fase optou-se por utilizar a metodologia proposta
por Bastos (1997), com algumas adaptações.
Pesou-se numa balança digital - marca Marte, modelo AM 220 - cerca de 0,5 g da
amostra de leite liofilizada em duplicata (PS), vertendo-a para um tubo de teflon. Nos tubos
contendo as amostras,foram introduzidos 2 ml de peróxido de hidrogênio (H2O2), 3 ml de
ácido nítrico (HNO3) a 65% e 3 ml de permanganato de potássio (KMnO4 5%) em forno de
microondas específico - CEM modelo MDS, 2000 ,com a programação descrita no quadro 01,
garantindo a solubilização e extração química das amostras com baixo riscos de perdas e
contaminações.
Quadro 01. Programação do forno de microondas para extração química das amostras
de leite materno.
Estágio
1
2
3 4
5
Potência (%)
30
40
50
60
80
Tempo (min.)
5
5
5
5
10
Pressão (psi)
20
40
60
80
100
Após a solubilização química, as amostras foram transferidas para frascos de
polietileno de 14 ml (SARSTEDT) onde foram adicionadas setes gotas de KMnO4 a 5% para
proçeder a oxidação da amostra,permanecendo “overnigth”. No dia seguinte, adicionou-se
gotas de cloridrato de hidroxilamina (NH2OH.HCL) 12% aos tubos de 14 ml, até viragem da
coloração (titulação). Amostras de branco controle e a matriz biológica de concentração
conhecida,teve o mesmo tratamento.
50
5.5.3. Determinação de Hg total
A determinação de Hg total foi realizada no aparelho FIMS-400 - marca Perkin-Elmer
- específico para a leitura da absorção no comprimento de onda do mercúrio (253,7nm),
equipado com um sistema de injeção de fluxo (FIAS), com amostrador automático (AS90) e
utilizando “Software” Winlab-Perkin Elmer. Como descrito por Bastos et al. (1997),
atualmente a espectrofotometria de absorção atômica com geração de vapor frio (CV-AAS) é
o método mais utilizado para grandes rotinas analíticas, na determinação de Hg em amostras
ambientais e humanas, devido à evolução do processo de automação, bastante adaptável a esta
técnica. A técnica consiste na geração de Hg atômico por ação de um redutor químico
(NaBH4) e o carreamento do vapor atômico por aeração da solução reduzida para uma célula
de absorção pelo gás de arraste de argônio (grau de pureza 99,999%).
Após a análise por espectrofotometria de absorção atômica por geração de vapor frio e
uma vez obtidas as concentrações de Hg nas amostras liofilizadas, foram calculadas as
concentrações em peso úmido, utilizando-se o cálculo descrito por D‟amato et al. (2007). Este
foi calculado considerando o teor de água de cada amostra, mediante a pesagem de cada
amostra individualmente, antes e após a liofilização.
5.5.4. Controle de Qualidade Analítico
A fim de diminuir o risco de contaminação das amostras, as vidrarias foram
descontaminadas,e por 24 horas ficou imerso em solução de ácido nítrico (HNO3, 5%), sendo
depois enxaguado com água ultra-pura (BASTOS, 1997). Como controle de qualidade das
análises químicas, as amostras foram acompanhadas de dois brancos controles, por cada
rodada analítica, cujo valor médio foi subtraído das contaminações do ambiente de trabalho e
das impurezas dos reagentes utilizados nas extrações químicas.
Outra etapa na confiabilidade analítica dos resultados obtidos, foi na utilização de
amostras de referência certificadas - IAEA 086, (Tabela 01) - em duplicata, por rodada de
análise. Tais práticas garantiram a precisão e exatidão analítica nos resultados produzidos,
uma vez que essas amostras são as mais próximas da matriz biológica usada neste estudo – já
que há uma grande dificuldade em se obter amostra de referência certificada para o leite
51
humano. Vale ressaltar, entretanto, que nem todas amostras de leite foram analisadas em
duplicatas, devido às massas terem sido insuficientes para réplicas.
Tabela 01. Resultado da determinação da concetraçãode Hg na amostra de referência
certificada.
Amostra Certificada
Valor Certificada
Valor Obtido
(mg/kg)
(mg/kg)
IAEA 086 (Hg-T)
Recuperação
(%)
0,573
0,680
119
Cumpre explicitar neste passo que o limite de detecção da técnica (L.D.T.) foi
calculado através da média do desvio padrão dos brancos controle, multiplicado por três
(Tabela 02), usado por Ask et al., (2002). De acordo com Costa (2003) o LDT pode ser
definido como um parâmetro no qual se demonstra a eficiência de um método analítico. Este
demarca o limiar de aplicabilidade do método analítico nas baixas concentrações e representa
a concentração mais baixa que pode ser estimada dentro de uma faixa de confiança, diferente
de zero.
Tabela 02. Limite de detecção da técnica utilizada
Média dos Brancos
(n=157) (μg.L-1)
Média do DP*
0,0613
0,0295
Multiplicação do DP
(g)
3
L.D.T
(μg.L-1)
0,0884
*DP=Desvio Padrão
5.5.5. Análises estatísticas
Para a compilação dos dados e realização de gráficos utilizou-se o programa
Excel e para a realização das análises estatísticas foi utilizado o software XLSTAT, versão
2010, aplicado aos seguintes procedimentos estatísticos: estatística descritiva (mínimo,
máximo, média e desvio padrão) e teste de normalidade (Shapiro Wilks, S-W).
52
Os resultados da estatística descritiva objetivaram relacionar os dados de forma
simplificada e o teste de normalidade Shapiro-Wilks (S-W), foi escolhido, com a finalidade de
verificar se os dados apresentavam distribuição normal. O resultado do teste indicou que as
concentrações de Hg das populações, urbana e ribeirinha, não apresentam normalidade (W <
0,91677; valor-p < 0,00011).
Em seguida, foi aplicado o teste não paramétrico U de Mann Whitney através do teste
U de Mann-Whitney, em que verificou-se uma diferença estatisticamente significativa entre
as concentrações medianas de Hg-T da população ribeirinha e da urbana. O teste demonstrou
maior tendência concentração de Hg-T observada entre as puérperas ribeirinhas
No estudo da correlação entre as variáveis da concentração de Hg e consumo de peixe
e número de obturaçãoes empregou-se o coeficiente de correlação de Spearman, verificou-se
que existe correlação significativa somente na população ribeirinha entre a variável
concentração de mercúrio e consumo de peixe ( = 0,382161; valor-p < 0,05).
O teste de correlação visou avaliar a existência de relação entre o
comportamento das variáveis e em que medida se deu tal interação. Segundo JacquesCallegari (2003), uma vez determinada a existência de correlação na população, pode-se
avaliá-la qualitativamente quanto à intensidade, usando o critério apresentado na tabela 03. Os
critérios mencionados por esta autora foram os utilizados neste trabalho. É importante
mencionar que todos os testes estatísticos foram realizados ao nível de significância α = 0,05.
Tabela 03. Avaliação qualitativa do grau de correlação entre duas variáveis.
r
A correlação é dita
0
Nula
0-0,3
Fraca
0,3-0,6
Regular
0,6-0,9
Forte
0,9-1
Muito forte
1
Plena ou perfeita
Para avaliar as variáveis da concentração de Hg, consumo de peixe, número de filhos,
número de obturaçãoes e tempo de lactação foi usado a técnica multivariada da regressão
logística cuja finalidade principal é obter uma relação matemática entre uma das variáveis (a
53
variável dependente) e o restante das variáveis que descrevem o sistema (variáveis e o
restante das variáveis que descrevem o sistema (variáveis independentes). Sua principal
aplicação, após encontrar a relação matemática é produzir valores para a variável dependente
quando se têm as variáveis independentes. Na regressão logística realizada acima ao nível de
5% de significância nenhuma variável foi estatisticamente significativa, mas a variável
“consumo de peixe” está apresentando um indício de estar associada a concentração de
mercúrio ao nível de 8%, .
6. RESULTADOS
Conforme apresentado em capítulo anterior, este estudo ocorreu por meio da coleta de
190 amostras de leite materno de puérperas, sendo que do total, 100 corresponderam a
amostras de residentes na zona urbana na cidade de Porto Velho e 90 de residentes na zona
rural, as chamadas populações ribeirinhas. Todas as amostras foram analisadas, a maioria em
réplicas, porém vinte e cinco amostras foram desconsideradas por erros de procedimentos
laboratoriais e ausência da matriz para repetir a análise e outras oito amostras devido a
apresentarem valores abaixo do LDT, ou seja, inferior a 0,0885g/l.
6.1. SÓCIO-ECONÔMICO
A tabela 04 apresenta algumas características do grupo das puérperas. Em ambos os
grupos a idade variou entre 15 a 42 anos, sendo a média de idade das ribeirinhas 24 anos e das
urbanas 25 anos. Quanto a característica cor, 58 ribeirinhas (77%) denominaram-se como
pardas, 15 (20%) como brancas e 2 (3%) como negras. Na zona urbana 47 mulheres (57%)
denominaram-se como sendo pardas, outras 17 (21%) como brancas e 18 (22%) como negras.
Todas as puérperas ribeirinhas, em número de 75 (100%), nasceram na região norte, das quais
15 nasceram no estado do Amazonas. No grupo da zona urbana a maioria nasceu na região
norte 71 (86%), sendo as demais nascidas nas regiões nordeste, 8 (10%); sudeste, 2 ( 3% ) e;
sul, 1 (1%).
54
Tabela 04. Idade, cor, naturalidade das puérperas Ribeirinhas e da Zona urbana de
Porto Velho, 2010.
Característica Comunidades Ribeirinhas Zona Urbana
(n 75)
(n 82)
Idade
15 a 20
27
24
21 a 30
34
42
31 a 42
14
16
Cor
Branca
15 (20%)
17 21%)
Negra
2 (3%)
18 (22%)
Parda
58 (77%)
47 (57%)
Norte
75 (100%)
71 (86%)
Nordeste
0
8 (10%)
Sul
0
1 (1%)
Sudeste
0
2 (3%)
Naturalidade
O resultado predominante na avaliação do nível de escolaridade das ribeirinhas foi de
69 (92%) com ensino fundamental, cinco (7%) com ensino médio e somente uma (1%) com
ensino superior, sendo esta a professora da localidade de Nazaré. No grupo de puérperas da
zona urbana 55 (67%) possuem o ensino médio, 17 (20%) tem ensino fundamental e apenas
10 (13%) cursaram o nível superior (Figura 06).
55
Figura 06. Distribuição do número de puérperas urbanas e ribeirinhas segundo o grau
de escolaridade.
No grupo das puérperas urbanas a renda familiar mensal variou de menos de um
salário mínimo (SM) a mais de 5 SM, por outro lado, a renda familiar predominante nas
comunidades ribeirinhas é menor que um salário mínimo, sendo esta a situação de 48 das
participantes do estudo (64%). Vale esclarecer que entre as lactantes da área urbana 42 (51%)
apresentam renda familiar variável entre um a dois SM, sendo que uma afirmou renda
superior a cinco SM e nenhuma apresentou renda inferior a um SM (Figura 07).
Figura 07. Renda familiar mensal entre as puérperas urbanas e ribeirinhas
56
A tabela 05 mostra às condições de moradia dessas puérperas e a qualidade da água
consumida. As puérperas ribeirinhas moram em residência própria e em casas alugadas ou
junto aos pais. Das casas das puérperas de comunidades ribeirinhas 63 (84%) são construídas
de madeira, 4 (5%) de alvenaria e 8 (11%) são mistas (madeira e alvenaria). Na zona urbana
notou-se uma relação inversa, sendo 74 moradias (90 %) construídas de alvenaria, 7 (8%) de
madeira e apenas 1 (2%) apresenta construção mista. A água usada para o consumo nas
comunidades ribeirinhas provém, de poços, rios, lagos, minas ou diretamente da companhia
de abastecimento de água local (CAERD) situação relatada por 75 (100%) das puérperas
entrevistadas, dos quais apenas 8 (10%) referiram ter o hábito de filtrar a água. Na zona
urbana o consumo predominante de água se dá através da água mineral, da CAERD e de poço
82 (100%), destas pesquisadas, 13 (16%) puérperas relataram fazer uso de água sem nenhum
tipo de tratamento.
Tabela 05. Condições de moradia e qualidade da água consumida, das puérperas
ribeirinhas e urbanas, 2010.
Característica
Comunidades Ribeirinhas Zona Urbana
(n 75)
(n 82)
Própria
66 (88%)
63 (77%)
Alugada
09 (12%)
19 (13%)
Alvenaria
08 (11%)
74 (90%)
Madeira
63 (84%)
07 (8%)
Mista
04 (5%)
01 (2%)
Filtrada
60 (44%)
69 (84%)
Sem filtrar
10 (13%)
13 (16%)
Casa
Tipos de casa
Água usada para o consumo
De acordo com os dados obtidos, 83% das lactantes ribeirinhas são casadas ou têm
57
relação estável, no grupo urbano 78% se encontram na mesma situação. Das 75 lactantes
ribeirinhas, 20 (17%) trabalham na plantação de mandioca, ou garantem seu sustento por meio
da atividade de pesca e 55 (73%) intitulam-se somente “do lar”. Nas lactantes do grupo
urbano, 24 (29%) trabalham em emprego formal ou informal e 58 (71%) se dedicam apenas
ao lar.
6.2. MERCÚRIO NO LEITE MATERNO
A figura 08 mostra os resultados das concentrações medianas de Hg-T em amostras de
leite materno coletadas entre os meses de abril a maio/2010 nas puérperas urbana e julho e
outubro de 2010 em puérperas do Baixo Madeira.
7.00
Concentração de mercúrio (µg.kg)
6.00
5.00
4.00
3.00
2.00
1.00
0.00
Urbana
Ribeirinha
Mediana
25%-75%
Comprimento padrão
Pontos soltos
Pontos extremos
Localização
Figura 08. Resultados da concentração mediana de Hg-T em amostras de leite materno das
puérperas urbanas e ribeirinhas,2010.
58
Na figura 09, são apresentados os valores das concentrações medianas de Hg-T obtidas
nas análises de leite materno por localidades nas puérperas da região do Baixo Madeira e da
zona urbana.
7
6
ug.kg Hg PU
5
4
3
2
1
Localidades
Figura 09.
Puruzinho
Calama
Demarcação
Nova Esperança
Papagaios
Santa Catarina
Nazaré
São Carlos
Porto Velho
-1
Terra Caída
0
Mediana
25%-75%
Min-Max
Concentração de Hg-T nas amostras de leite materno por
localidades,2010.
O quadro 02 e 03 apresenta as análises das correlações das populações urbana e
ribeirinha pela correlação para postos de Spearman. Verifica-se que existe correlação
significativa, embora seja regular, somente na população ribeirinha entre a variável
concentração de Hg e consumo de peixe, ( = 0,382161; valor-p < 0,05). A concentração de
mercúrio com o número de obturações, tanto da população ribeirinha como da urbana, não
apresentaram correlações.
59
Quadro 02. Matriz de correlação entre as variáveis consumo de peixe e número de
obturações com amálgama da população ribeirinha em 2010.
Concentração de
Variáveis
Consumo de peixe
Número de obturações
mercúrio
0,382161 *
- 0,111961
* : valor-p < 0,05
Quadro 03. Matriz de correlação entre as variáveis consumo de peixe e número de
obturações com amálgama da população urbana em 2010.
Concentração de
Variáveis
mercúrio
Consumo de peixe
0,172192
Número de obturações
0,074144
valor-p < 0,05
As tabelas 06 e 07 mostra a a regressão logistica linear para ambas as puérperas de
forma
individualizada. As variáveis da população urbana não apresentaram diferenças
estatisticamente significativas ao nível de significância de 5%. Na população ribeirinha na
regressão logística realizada acima ao nível de 5% de significância nenhuma variável foi
estatisticamente significativa, mas a variável “consumo de peixe” está apresentando um
indício de estar associada a concentração de Hg ao nível de 8%.
60
Tabela 06. Regressão logística linear das variáveis, consumo de peixe, número de
filhos, número de obturações e tempo de lactação das puérperas urbanas,2010.
β
Erro
Padrão
Valor-P
(0,5755 – 6,1421)
0,6313
0,6040
0,2960
(0,0279 – 2,1335)
-1,4114
1,1068
0,2022
(0,6948 – 9,9399)
0,9662
0,6788
0,1546
(0,4370 – 7,0498)
0,5626
0,7094
0,4277
Variáveis
Odds Ratio
Consumo de peixe
1,8800
N. de filhos
0,2438
N. de obturações
2,6279
Tempo de lactação
1,7553
(IC 95%)
Tabela 7. Regressão logística linear das variáveis, consumo de peixe, número de
filhos, número de obturações e tempo de lactação das puérperas ribeirinhas, 2010.
Variáveis
Odds Ratio
(IC 95%)
β
Erro
Padrão
Valor-P
Consumo de peixe 2,4067
(0,9123 – 6,3492)
0,8783
0,4949
N. de filhos
1,3919
(0,3177 – 6,0980)
0,3306
0,7537
0,6609
N. de obturações
0,7123
(0,2717 – 1,8674)
-0,3392
0,4917
0,4903
Tempo de lactação 1,3007
(0,4804 – 3,5219)
0,2629
0,5082
0,6049
0,0760*
I
*: Significante ao nível de 0,08.
Os hábitos alimentares revelaram que o número de refeições/dia das puérperas variou
de uma a seis vezes ao dia. De acordo com os questionários aplicados (Anexo 3), a dieta das
mulheres ribeirinhas doadoras de leite baseava-se em peixes e farinha de mandioca. A
principal fonte de proteína animal da dieta destas mães era originária de peixes, consumidos
quase todos os dias. Segundo as informantes, o consumo de fruta depende da estação, sendo
mais comum o consumo de caju (Anacardium occidentale), manga (Mangifera indica) e
goiaba (Psidium guajava). Entre as frutas nativas, as que representam consumo significativo
são o tucumã (Astrocaryum aculeatum), a castanha (Bertholletia excelsa) e o açaí (Euterpe
oleracea) e, em menor escala, outras oleaginosas como o patoá (Oenocarpus bataua) e a
abacaba (Oenocarpus bacaba). Legumes e hortaliças raramente estão presentes na dieta
destas populações, resumindo-se praticamente à ingestão de ervas, utilizadas como tempero.
Também estão presentes na dieta dos moradores os produtos industrializados limitados, como
61
o arroz, feijão, óleo, macarrão, café, açúcar e leite em pó. Já a população urbana possui uma
alimentação centrada em produtos industrializados, com maior consumo de verduras, frutas,
carne vermelha e branca e baixa ingestão de peixe, quando comparada com a população
ribeirinha.
A figura 10 ilustra a freqüência da ingestão de peixe referida pelas entrevistadas.
Dentre as ribeirinhas entrevistadas, 43 (58%) relataram comer peixe regularmente, 19 (25%)
das puérperas ribeirinhas relataram a ingestão de peixes entre 4 a 6 vezes por semana, 16
(21%) informaram consumo na ordem de 1 a 3 vezes por semana. 44 (54%) das participantes
da pesquisa no perímetro urbano responderam nunca consumir peixe, 35 (43%) consomem de
1 a 3 vezes por semana e somente duas (3%) afirmaram consumir peixe de quatro a seis vezes
por semana.
Figura 10. Distribuição do número de puérperas urbanas e ribeirinhas segundo a
freqüência semanal do consumo de peixes.
Na maioria dos estudos sobre exposição humana ao Hg na região Amazônica, um dos
aspectos mais importantes evidenciados é o consumo de peixe pela população, visto que este
representa a principal fonte de entrada do elemento no organismo. A figura 11 mostra as
62
espécies de peixes mais consumidas pelas puérperas urbanas e ribeirinhas, conforme dados
coletados para este estudo. Foi registrado, conforme questionários em anexo, o consumo de
trinta e cinco espécies de peixes, sendo as de maior ocorrência o curimatã, pacú, tucunaré,
cará, chora, jaraqui. Na população ribeirinha as espécies de peixe mais consumidas estão
relacionadas à oferta de espécies no momento, pois a cultura dessas populações é a de pescar
diariamente, algumas horas antes de consumi-los.
Figura 11. Espécies de peixes mais consumidas pelas puérperas urbanas e ribeirinhas.
Das lactantes entrevistadas sete ribeirinhas (9%) relataram ser tabagistas e terem
fumado no período gestacional, 68 (91%) negaram o uso de fumo. Duas (2%) das lactantes da
área urbana são tabagistas e 80 (98%) não são. Quanto ao consumo de álcool, 21 (28%) das
ribeirinhas afirmaram consumir bebidas alcoólicas (cerveja, conhaque e água ardente)
ocasionalmente e 54 (72%) afirmaram não consumir bebidas alcoólicas. Das lactantes da zona
urbana 08 (10%) relataram o consumo de bebidas alcoólicas de forma esporádica e 74 (90%)
negaram o consumo de bebidas com teor alcoólico demonstrado na figura 12.
63
Figura 12. Distribuição da frequência do uso de fumo e álcool, segundo as puérperas urbanas
e ribeirinhas.
Com relação à quantidade de restaurações dentárias com amálgamas, verificou-se que
40 (53%) das lactantes ribeirinhas não possuíam e 35 (47%) apresentavam restaurações com
amálgama. No grupo urbano 52 (64%) das participantes possuem restaurações com amálgama
e 30 (36%) não tinham restaurações dentárias, no momento da pesquisa, conforme mostra a
figura 13.
64
Figura 13. Distribuição do número de puérperas urbanas e ribeirinhas, segundo a presença de
restaurações dentárias com amálgama de prata.
A tabela 08 mostra os dados sobre a gravidez e tipos de parto. 73 (97%) puérperas
ribeirinhas informaram que realizaram pré- natal e somente duas (3%) não o fizeram por falta
de acesso a consultas com a equipe do Programa Saúde da Família (PSF), que presta
atendimento a comunidades ribeirinhas durante três finais de semana por mês. A média do
número de consultas pré-natal realizadas por estas mulheres foi de seis consultas,
corroborando com a orientação do Ministerio da Saúde que sugere que para uma gravidez sem
risco a mulher deve realizar, no mínimo, seis consultas pré-natal. Das mulheres da área urbana
82 entrevistadas (100%) afirmaram ter feito pré-natal, sendo 08 o número médio de consultas
realizadas durante o período gestacional.
65
Tabela 08. Dados sobre a gravidez e tipos de partos das puérperas ribeirinhas e
urbanas, 2010.
Comunidades
Zona
Ribeirinhas
Urbana
(n 75)
(n 82)
Pré-natal
Realizaram
73 (97%)
82 (100%)
Não realizaram
2 (3%)
0
Hospitalar
44 (58%)
37 (45%)
Cesária
18 (24%)
45 (55%)
Domiciliar
13 (18%)
0
Tipo de Parto
Normal
A média de parto entre as ribeirinhas foi de 2,5. Do total de partos das ribeirinhas, 18
(24%) ocorreram com internação cirúrgica (cesariana) em hospitais conveniados ao Sistema
Único de Saúde (SUS) e clínicas privadas, outros 44 (58%) ocorreram de forma natural no
ambiente hospitalar, sendo três destes partos realizados no Hospital Municipal de HumaitáAM e 41 na “Maternidade Municipal Mãe Esperança”, localizada na cidade de Porto VelhoRO, ambos conveniados ao SUS. Outros 13 partos (18%) ocorreram em domicílio, com
assistência de mulheres parteiras das comunidades ribeirinhas.
A média de parto das mulheres urbanas foi de 2. Sendo 45 (55%) com internação
cirúrgica (cesariana) e 37 (45 %) dos partos de forma natural em unidades prestadoras do SUS
e clínicas do setor privado.
Os dados apresentados na figura 14 revelam o tempo de lactação dos lactentes. As
puérperas das comunidades ribeirinhas amamentam seus filhos por mais tempo do que as
urbanas. Observa-se que dentre as participantes ribeirinhas, 30 (40%) amamentaram seus
filhos entre um a seis meses, 23(31%) mantiveram amamentação entre sete a doze meses, 14
(19%) amamentaram dos treze aos dezoito meses e 8 (10%) estenderam a amamentação por
mais de 19 meses, tendo uma chegado a amamentar até trinta e seis meses. O tempo de
lactação das crianças destas puérperas é maior devido às baixas condições sócio econômicas,
66
que limita o acesso a outro tipo de alimentação a ser oferecida às crianças, a não ser o mingau
de farinha e o caldo de peixe. Ademais, o aleitamento entre a população ribeirinha é
prolongada para além do primeiro ano, normalmente, apenas interrompida por outra gravidez.
Nas lactantes da zona urbana 90 (100%) manteve o aleitamento materno de um a seis
meses, não se obtendo neste estudo um número de puérperas com mais tempo de
amamentação neste grupo, uma vez que as participantes foram todas selecionadas no banco de
leite, o qual só presta assistência ao binômio até os seis meses de vida.
Figura 14: Distribuição da frequência do tempo de lactação, segundo as puérperas urbanas e
ribeirinhas.
No que diz a respeito se estas mulheres durante o período gestacional receberam
orientações sobre a necessidade de oferecer e incentivar amamentação entre as crianças, pelo
menos até os seis primeiros meses de vida, 67 (90%) das mulheres ribeirinhas relataram que
sim e na área urbana 45 (55%) afirmaram ter tido informações sobre o assunto.
67
7. DISCUSSÃO
Para as avaliações da exposição humana ao Hg-T, utilizou-se de amostras de leite
materno que representam um meio conveniente e não invasivo de seu monitoramento. O
estudo em questão foi realizado entre duas populações ecologicamente diferentes,sendo uma
constituída por puérperas residentes no perímetro urbano na cidade de Porto Velho e outra
formadas por puérperas ribeirinhas residentes em comunidades ao longo da bacia do Rio
Madeira.
Os resultados encontrados neste estudo, mostram claramente a diferença na
concentração de Hg presente no leite materno entre as duas populações, através do teste U de
Mann-Whitney
verificou-se
uma
diferença
estatisticamente
significativa
entre
as
concentrações medianas das duas populações, ou seja, a concentração mediana de Hg-T da
população ribeirinha, 1,97 µg.kg-1, é maior que da população urbana, 0,3567 µg.kg-1, (U =
860,00; valor-p = 0,000000). Nota-se que as comunidades ribeirinhas da bacia do Rio
Madeira (inclusive do Lago do Puruzinho) apresentam valores superiores à concentração
máxima sugerida pela OMS que é de 1,4 a 1,7 µg.kg-1 (WHO, 1989).
Neste estudo a concentração de Hg-T de leite materno seguradamente foi devido ao
resultado da exposição ambiental ao Hg pelo consumo de peixe, dado assegurado, através da
aplicação do teste de correlação de Spearman. Onde não se encontrou associação
significativa, entre as variáveis da concentração de Hg e número de restaurações de
amálgamas entre as duas populações estudadas.
Ao proceder a análise das concentrações de Hg-T no leite materno, detecta-se uma
considerável transferência deste elemento químico, através do aleitamento materno,
verificados também em trabalhos realizados por outros pesquisadores em outras regiões do
mundo (AMIN-ZAQUI et al. 1976; GRANDJEAN et al. 1994a, 1994b, 1994c; OSKARSSON
et al. 1996; SKERFVING, 1998; SAKAMOTO et al. 2002). Porém, com contexto sócioeconômico, cultural e ambiental diferente da realidade Amazônica.
A literatura Amazônica já se reportou de forma exploratória em estudo realizado por
Barbosa et al., (1998a) sobre os níveis de Hg no leite materno, também realizado na bacia do
rio Madeira com populações tradicionais. Sendo este o único estudo realizado com possíveis
semelhanças ou diferenças
próximo do aqui apresentado. Neste estudo a concentração
mediana de Hg-T encontrada no leite foi de 5,2 µg.kg-1, no total 53% das amostras de leite
68
apresentaran exposições calculadas superior a dose de referência. Comparando esse estudo
com os dados desse trabalho, realizado a treze anos atrás, observou-se uma diminuição na
mediana da concentração de Hg nos níveis de leite materno. A razão pode talvez ser explicada
devido as comunidades ribeirinhas terem diminuído o consumo de peixe na atualidade. Essa
redução pode estar relacionada ao desenvolvimento da região, ou seja, passou-se a ter outras
fontes de proteicas,como o frango na mesa dessas populações.
Existe uma grande variação nos dados relatados de diferentes países sobre as
concentrações de Hg no leite materno. Confrontando com os dados na literatura verificou-se
que os valores médios de contaminação com Hg nas amostras de leite materno da população
ribeirinha estudada são utrapassados somente por mães iraquianas acidentalmente intoxicadas
consumo de pães contaminados com Hg, no qual as crianças que se alimentavam
exclusivamente de leite materno apresentaram um elevado nível de Hg no sangue (BAKIR et
al. 1973). Em razão da singularidade da região Amazônica e o modo de vida das populações
nativas, fica difícil fazermos uma comparação entre os níveis de Hg encontrados com os de
mulheres de outros países com uma realidade sócio, econômica, cultural e ambiental muito
diferente da nossa.
Com relação ao teor de Hg-T nas amostras de leite observa-se variabilidade grande
entre os resultados. As médias das concentrações de Hg-T nas comunidades do Baixo
Madeira apresentaram-se similares, exceto para as localidades de Papagaios, Demarcação,
Nova esperança e Puruzinho que apresentaram valores médio mais altos (4,186 µg.kg-1, 2,870
µg.kg-1, 2,899 µg.kg-1e 2,699 µg.kg-1). Ressalta-se que as localidades que apresentaram
maiores concentrações de Hg-T no leite materno são as que se encontram mais isoladas e
cujas moradoras têm menor poder aquisitivo,o que dificulta o acesso a produtos
industrializados, sendo o peixe a principal fonte de proteínas.
O isolamento ou o semi- isolamento no qual a maioria das populações ribeirinhas
vivem, propiciam um mínimo contanto social com as cidades mais próximas, esta relação com
as cidades ocorrem só quando alguns desses moradores vão procurar assistência médica,
receber a bolsa família ou vender alguns produtos como farinha e/ou peixe. O meio de
sobrevivência destas comunidades está relacionado diretamente ao uso das florestas (consumo
de frutas da época e coleta de sementes) e os rios que fornece o peixe como fonte de proteína
animal.
Vários estudos têm mostrado a importância do peixe, principalmente, para as
populações tradicionais ribeirinhas e o seu consumo médio tem sido estimado por vários
69
autores (BASTOS, 2004; BARBOSA & DÓREA, 1998; BOISCHIO & HENSHEL, 2000;
OLIVEIRA, 2006).
No presente estudo, o consumo médio estimado de peixe por dia
segundo, conforme respostas das participantes puérperas urbanas, é de 100g per capta/dia,
enquanto que para as ribeirinhas é de 368g per capta/dia
Existe correlação significante, como era esperado entre presença de Hg-T no leite
materno nas amostras coletadas de doadoras residentes na bacia do Rio Madeira a partir da
ingestão de peixe, item que faz parte da dieta de 100% das mães sendo consumido em até três
refeições diárias. Ou seja, à medida que a população aumenta o consumo de peixe aumenta de
maneira regular a concentração de Hg
Esta associação já foi observada em estudos anteriores de mulheres com elevado
consumo de peixe (GASTER, 1976; FUJITA & TAKABATAKE,1977; GRANDJEAN et al.
1994a; DREXLER & SCHALLER, 1988; PACCAGNELLA & RIOLFATTI, 1989;
KLEMANN et al. 1990; URSINYOVA & MASANOVA, 2005; YALCIN et al. 2010). Estes
autores atribuem a alta exposição das mães ao Hg devido aos hábitos alimentares que
incluem espécies do ecossistema aquático.Para Campos (2001) a dieta responde por mais de
90% da contaminação.
Com base nos dados obtidos neste trabalho 44 (59%) das amostras de leite materno
das comunidades ribeirinhas, apresentaram concentração de Hg-T superior a 1,4 a 1,7 µg.kg-1
preconizado pela WHO (1989) como limite seguro. Esta incidência é portanto inferior aos
resultados encontrados por Barbosa & Dórea (1998), nas comunidades.
O consumo regular de pescado na dieta da mulher ribeirinha contribui para os altos
níveis de contaminação mercurial, encontrados entre os grupos vulneráveis (BARBOSA et al.
1998; 2001). Como resultado, as crianças acabam sendo expostas ao Hg na vida intra uterina e
após o nascimento via leite materno, uma vez que após o nascimento a transferência de Hg via
leite materno é a forma de passagem deste metal para o recém-nascido (BALUJA et al. 1982;
GRANDJEAN et al. 1994a, 1994b,1994c; CHIEN,2006; DÓREA, 2004). Devido a longa
duração do aleitamento materno praticado pela população ribeirinha a quantidade de Hg
transferida para a criança nesse período pode ser substancial.
Essa exposição pré-natal pode causar diversos efeitos neurológicos em crianças, sendo
o feto humano de 5 a 10 vezes mais sensível que os adultos aos efeitos neurotóxicos do
mercúrio (GRANDJEAN et al., 1992; 1995a,1995b, 1997,1999a). O sistema nervoso em
desenvolvimento é mais vulnerável aos danos do Hg orgânico que o cérebro adulto, o que
torna o feto um alvo de alto risco. Os danos à saúde são dose dependente e podem variar de
70
paralisia cerebral a retardo sutil do desenvolvimento físico e mental, que é manifestado
durante a fase de crescimento (WHO, 1976; 1990).
O estudo mostra que o consumo de peixe e a concentração de Hg-T na população
urbana não foi significativo. Como neste grupo de estudo as puérperas têm, em geral,
melhores condições econômicas, possuem mais opções com isso a alimentação não fica
centrada somente na proteína animal advinda do peixe. Entendemos que seja esta a
explicação. No trabalho de Gaster (1976), com grupos de mães esquimós, indicaram que as
residentes na área urbana, apresentavam menor valor médio de contaminação de Hg no leite
materno em virtude do consumo de peixe em menor quantidade em relação as que moravam
na região costeira. De acordo com Dórea (2004), geralmente há uma baixa transferência de
metais quando os níveis de exposição são mais baixos.
Foram calculadas correlações de regresão logística linear entre os níveis de Hg e o
consumo de peixe, número de filhos, número de obturações assim como tempo de lactação da
mãe doadora entre os dois grupos estudados. As variáveis das mulheres urbanas não
apresentaram diferenças estatisticamente significativas ao nível de significância de 5%.
Nas puérperas ribeirinhas a variável consumo de peixe aproxima-se de significação
estatística a nível de 0,08, dado este relevante, ,uma vez que este resultado nos mostra que
uma puérpera
ribeirinha que come peixe mais do que seis vezes por semana tem
probabilidade 2,4 vezes maior de apresentar uma concentração de Hg-T acima de 2,5 µg.kg-1
em relação as ribeirinhas que consomem peixe menos do que seis vezes por semana. Não
podendo com isso ser desconsiderado que o problema clínico causado pelo Hg possa existir,
porém ainda não comprovados por estudados realizados nas populações tradicionais da
Amazônia. As outras variáveis não apresentaram diferenças estatisticamente significativas ao
nível de significância de 8% nesta população.
Os fatores maternos influenciam na concentração de Hg-T no leite materno das
puérperas. Os níveis diferem, conforme o local de amostragem, tempo e níveis de exposição
das mães. Da mesma forma que as concentrações de Hg-T no leite variam de acordo com o
tipo da amostra retirada, pois a composição do leite varia, sendo diferente no estágio inicial,
na fase mediana ou na fase terminal.
É importante considerar também que o metabolismo difere de pessoa a pessoa. Existe
uma série de fatores que podem dificultar a obtenção precisa de uma relação de causa e efeito,
como alcoolismo, desnutrição, anemia e parasitoses intestinais, em especial, as ribeirinhas da
Amazônia (grupos sabidamente expostos). Por isso, estas fontes de variação tornam-se fatores
71
de confusão em estudos que comparam populações, as quais se diferenciam não somente
pelos níveis de exposição ao poluente estudado.
Outra hipótese que deve ser levada em consideração na região Amazônica é que o
consumo de frutas e o selênio natural vêm sendo considerados possíveis colaboradores para a
aparente tolerância destas populações à intoxicação crônica (CAMPOS et al. 2002; PASSOS
et al. 2003). Chien (2006), em trabalho na China, relataram que o consumo de selênio afeta a
concentração de Hg no leite materno.
Ursinyova & Masanova (2005) em estudo na Slovakia observaram que prímiparas
apresentavam concentrações de Hg ligeiramente maiores em relação as multigestas. Este
mesmos pesquisadores observaram também níveis maiores de Hg em mulheres com idade
maior ou igual a 25 anos, porém estas diferenças não foram estatisticamente significantes.
Gundacker et al. (2002) encontraram aumento nos níveis de Hg no leite materno de mães
com menos 60 kg e naquelas que tiveram bebês prematuros.
Yalcin et al. (2010), também demonstraram que a anemia ferropriva, que é o tipo mais
comum de anemia ocasionada pela deficiência de ferro, pode aumentar a concentração de HgT no leite materno. Se levado em consideração que a região Amazônica é endêmica para a
malária, e esta patologia faz parte do cotidiano das pessoas, uma vez que pouca coisa mudou
desde as expedições lideradas por Oswaldo Cruz realizadas no princípio do século passado.
Tal fato contribuiu ainda mais para o agravamento da anemia entre essas mulheres, devio a
hemólise, o que pode ser um fator contribuinte para as taxas de Hg-T nestas mulheres, porém
esta variável não foi estudada. Esta mesma autora verificou que o tabagismo passivo e ativo
durante a gravidez aumenta de forma significativa a concentração de Hg.
O maior valor de Hg-T deste estudo (6,47 mg.kg-1) foi obtido de uma puérpera
primípara de 22 anos de idade, natural de Papagaios, a qual, durante aplicação do
questionário, relatou ter o hábito de comer peixe seis vezes por semana, numa média de 300g
por dia. Ela não apresentava restauração dentária e ainda amamentava seu filho que tinha três
anos de idade. Este fato talvez possa ser explicado pela bioacumulação de Hg, associado ao
consumo de peixe, que tende a aumentar por ser a primeira gravidez, uma vez que pesquisas
relatam a uma tendência de redução da concentração de Hg com o aumento da idade e número
de gestações caracterizadas pela transferência placentária, via aleitamento materno
(BARBOSA et al. 1998). Ursinyova & Masanova (2005), em seu trabalho na Slovakia
verificaram que mulheres prímiparas apresentavam maior concentração de
materno.
Hg no leite
72
A relação entre o número de restaurações de amálga e os níveis e Hg no leite
humano tem sido reportada por vários pesquisadores (DREXLER & SCHALLER, 1998;
GRANDJEAN et al. 1995a, 1995b; OSKARSON et al. 1996; VIMY et al. 1997; DRASH,
1998; COSTA et al. 2005, NOROUZI et al. 2011). Com exceção ao estudo de Costa et al.
(2005) os outros autores explicam esta relação com o consumo de frutos do mar.
O presente estudo, não observou uma correlação significante entre a concentração de
Hg no leite materno e número de obturações entre os grupos estudados. Isto pode ser
explicado por algumas variáveis que devem ser levadas em conta por atuarem como
interferentes na liberação de Hg pelas restaurações, tais como: pH salivar, tipo de alimento
mais consumido, tipo de liga empregada, tamanho e forma da liga, tratamento com ultrassom,
uso de fumo, número da amostra pequeno, entre outros ( KLEMANN et al. 1990).
Busser & Schultz (2001), afirmam que mulheres expostas ao Hg, podem produzir leite
com concentrações significativas de Hg. Em populações em desenvolvimento, como as
comunidades ribeirinhas da Amazônia, os possíveis riscos do aporte de Hg-T ao lactente vêm
sendo discutido frente aos indiscutíveis benefícios da amamentação (DÓREA & BARBOSA,
2003).
Embora reconhecido, o problema de exposição ao Hg na Amazônia tem que estar
baseado em trabalhos que examinem com detalhes estudos realizados com humanos.
Considerando que a Amazônia Legal representa cerca de 58% do território nacional (4,9
milhões de km2) com população de habitantes de diversas etnias as generalizações acerca de
qualquer fenômeno devem ser evitadas em virtude de suas características peculiares.
73
8 . CONCLUSÕES

Uma das constatações do estudo é de que há diferenças entre as concentrações de HgT no leite materno das puérperas estudadas por localidades. Do total estudado, 44
puérperas ribeirinhas (59%) e 6 puérperas urbanas (7%) apresentaram níveis de Hg no
leite acima dos limites de segurança estabelecido pela WHO.

Existe uma correlação significante entre os níveis de concentração de Hg no leite
materno e o consumo de peixe na população ribeirinha. Os níveis de mercúrio no
leite materno desta população refletem claramente sua exposição, similarmente a
outras populações tradicionais da bacia Amazônica

A presença de obturações dentárias com amálgama, que poderia, em princípio, alterar
os resultados das concetrações de Hg no leite, nos dados analisados não mostrou
qualquer associação entre as variáveis, em ambos os grupos estudados;

Do ponto de vista nutricional o aleitamento materno é fundamental e deve ser prática
estimulada em quaisquer grupos ou regiões de proveniência. Reitere-se que, apesar
dos valores estimados de Hg obtidos neste estudo, não se deve desencorajar a
amamentação nesta região, principalmente pelos benefícios associados a esta prática
superarem os riscos, ainda em questionamento, da exposição crônica;

Do ponto de vista de saúde pública os dados coletados são claros a respeito da
transferência de Hg e deve ser considerado de forma cuidadosa mas o consumo de
peixe não deve ser restringido de forma alguma até que apareça evidências de que
históricamentre isto está prejudicando a população;

Deste modo, faz-se necessário a realização de estudos voltados a investigações
clínicas e neuro-clínicas objetivando mensurar-se os riscos ao desenvolvimento de
sintomas de intoxicação a médio e longo prazo.
74
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WORLD HEALTH ORGANIZATION. Mercury. Environmental Health Criteria 1. 148p
Geneva, 1978.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Minor and Trace Elements in Human
Milk. Report of a Joint WHO/IEAE Collaborative Study. Geneva: WHO, 1989.
WHO. Environmental health criteria 91. Methylmercury. World Health Organization,
International Program on Chemical Safety (IPCS), Geneva. 1980.
WORLD
HEALTH
ORGANIZATION
(WHO).
Environmental
Health
Criteria.
Methylmercury. Geneva, WHO, 1990, 99p.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Inorganic mercury: Environmental Health
Criteria 118, Geneva, Switzerland, WHO,1991, 168p
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Inorganic mercury. Geneva, 1991. Environmental
Health Criteria 118. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Lead, cadmium and
mercury. In: traceelements in human nutrition and health, pp.195-216, Geneva, WHO, 1996.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Elemental mercury and inorganic mercury
compounds: HUMAN HEALTH ASPECTS. Geneva, 2003b Concise international chemical
assessment document. 50p.
YANG J, J.Z.; WANG, Y.; QURESHI, I.A.; WU, X.D. Maternalfetal transfer of metallic
mercury via the placenta and milk. Ann Clin Lab Sci, v.27, p.135-141, 1997.
93
YALÇIN, S.S.; YURDAKOK, K.; YALÇIN, S.; ENGUR-KARASIMAV, D.; COSKUN, T.
Maternal Band environmental determinants of breast-milk mercury concentrations. Turk J
Pediatr, v. 52, n.1, p.1-9, 2010.
94
ANEXOS
ANEXO A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
PARA MAIOR DE 18 ANOS
Estou sendo convidada para participar de uma pesquisa sobre “Estudo da presença
de mercúrio em leite materno em puéperas ribeirinhas e da cidade de Porto Velho”,
desenvolvida pela aluna Solange Mendes Vieira do programa de
Mestrado em
Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente da Universidade Federal de Rondônia, sob a
orientação do Prof. José
Garrofe da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de
Brasília.
Para que eu possa decidir em participar ou não dessa pesquisa foram-me dadas as seguintes
informações:
1. O objetivo desta pesquisa é avaliar a concentração de mercúrio (Hg) total presente no
leite materno das lactantes do município de Porto Velho, no ano de 2010.
2. Para a realização da pesquisa a usuária que participar deverá responder a um
formulário onde serão abordados vários aspectos relacionados a hábitos alimentares,
antecedentes pessoais e familiares,bem como a doação de 6 ml de seu leite
materno,que será retirado por sua própria ordenha manual.
3. A pesquisa será realizada sem danos físicos e estéticos para as lactantes ,uma vez
que a coleta da amostra do leite humano retirado ( 6 ml ) será mínima.
4. Ninguém é obrigado a participar da pesquisa.
5. Não haverá nenhum tipo de despesa para a participação na pesquisa, assim como
nenhuma forma de pagamento para a participação.
6. O benefício para todas as participantes é que estarão contribuindo para o
conhecimento da concentração de mercúrio presente no leite materno ,para
elaboração de políticas públicas locais sobre orientações quanto ao consumo de
peixes.
7. Os dados obtidos serão mantidos em completo sigilo e em nenhum momento será
divulgado o nome dos participantes. Somente os pesquisadores ficarão sabendo da sua
participação.
Para maiores esclarecimentos você pode procurar ou ligar (inclusive a cobrar) para:
------------------------------------------------------
------------------------
95
Solange Mendes Vieira
Orientador: José Dórea Garrofe
(69) 8422-0096 ( a cobrar)
CP: 0432
UNIR\ CEPESCO 69 2182-2115
Universidade de Brasília
Campus José Ribeiro Filho
CEP : 78912-190.Porto velho-RO
70919-970 Brasília,DF
Fone\Fax: (69)21822115/ 21822116
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Declaro que li e ou recebi as informações acima sobre a pesquisa, que me sinto
esclarecida sobre o conteúdo da mesma, assim como seus riscos e benefícios. Declaro ainda
que, por minha livre vontade, aceito participar da pesquisa cooperando com as perguntas que
serão feitas, permitindo que as mesmas sejam armazenadas para pesquisas futuras.
Porto Velho, ____ / _____ / _____
___________________________
Assinatura da participante
96
ANEXO B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
PARA O(S) RESPONSÁVEL (IS) PELA(S) PUÉRPERAS MENORES DE 18 ANOS
Eu, ___________________________________________responsável pela menor de 18 anos
__________________________________________, autorizo a participação nesta pesquisa
sobre “Estudo da presença de mercúr em leite materno em puéperas ribeirinhas e da cidade
de Porto Velho”,,desenvolvida pela aluna Solange Mendes Vieira do programa de Mestrado
em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente da Universidade Federal de Rondônia, sob a
orientação do Prof. José Dórea Garrofe da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade
de Brasília.
Para que eu possa autorizar a participação ou não dessa pesquisa foram-me dadas as
seguintes informações:
1. O objetivo desta pesquisa é avaliar a concentração de mercúrio (Hg) total presente no
leite materno das lactantes do município de Porto Velho, no ano de 2010.
2. Para a realização da pesquisa a usuária que participar deverá responder a um
formulário onde serão abordados vários aspectos relacionados a hábitos alimentares,
antecedentes pessoais (partos, tempo de amamentação, doenças, tratamento
odontológico) e familiares,bem como a doação de 6 ml de seu leite materno,que será
retirado por sua própria ordenha manual.
3. A pesquisa será realizada sem danos físicos e estéticos para às lactantes ,uma vez
que a coleta da amostra do leite humano retirado ( 6 ml ) será mínima.
4. Ninguém é obrigado a participar da pesquisa.
5. Não haverá nenhum tipo de despesa para a participação na pesquisa, assim como
nenhuma forma de pagamento para a participação.
6. O benefício para todas os participantes é que estarão contribuindo para o
conhecimento da concentração de mercúrio presente no leite materno ,para
elaboração de políticas públicas locais sobre orientações quanto ao consumo de
peixes.
7. Os dados obtidos serão mantidos em completo sigilo e em nenhum momento será
divulgado o nome dos participantes. Somente os pesquisadores ficarão sabendo da sua
participação.
-----------------------------------------------------------Solange Mendes Vieira
Orientador: José Dórea Garrofe
(69) 8422-0096 ( a cobrar)
CP: 0432
UNIR\ CEPESCO 69 2182-2115
Universidade de Brasília
Campus José Ribeiro Filho
CEP : 78912-190.Porto velho-RO
70919-970 Brasília,DF
Fone\Fax: (69)21822115/ 21822116
Porto Velho,
de
de 2010
____________________________________________
Assinatura do Participante
RG ou CPF:
97
ANEXO C - FORMULÁRIO DE ENTREVISTA
Nº
Horário de Início:................
Horário de Término:
Data: \ \ 2010
Entrevistador:----------------------------------------------------------------------------------------
Identificação:
1-Nome:--------------------------------------------------------------------------------------------2-Data de nascimento:----------------------------------3-Idade---------------------------------4-Naturalidade-------------------------------------------5- Nacionalidade:- -------------------5- Há quanto tempo mora em Porto Velho-----------------------------------------------------7- Endereço-----------------------------------------------------------------------------------------8- Telefone------------------------------------9- Cor: Branca ( ) Parda( ) Negra ( ) outra ( )
10- Estado civil: 1( ) Casada 2 ( ) Solteira 3 ( ) União Estável 4 ( ) Viúva 5 ( )
Separada
11- A Sr(a) já frquentou escola Sim ( ) Não ( )
12- A Sr(a) estudou qual série : 1 grau ( ) 2ª grau ( ) 3ª grau( )
13 - A Sr(a) trabalha ? 1- Sim ( ) ocupação---------------------------------2- Não( ) se a
resposta for não não trabalha há quanto tempo ----------------------------------------14- Trabalhou em garimpo ( )Não ( )Sim .Quanto tempo -----------------------------------
DADOS SÓCIOECONÔMICOS
15-Casa: ( )própria ( )alugada ( )de parentes
16- Tipo de casa: ( )madeira ( )alvenaria ( ) mista ( ) barro
17- Quantas pessoas moram em casa ----------------------------------------------------------18- Renda familiar ( ) menos de 1 salário mínimo ( ) 1 a 2 salários mínimos( ) 3 a 4
salários mínimos ( ) 4 a 5 salários mínimos ( ) mais de 5 salários mínimos
19- De onde vem a água que a Sr.(a) usa em casa? (
) Rede de abastecimento pública (
)
Poço sem ser artesiano ( ) Cacimba ( ) igarapé\rio ( ) outro Qual?-----------------------------------20- Como é a água que a Sr.(a) usa em casa para beber? . () Filtrada (
torneira
) Fervida ( ) Direto da
98
() Direto do poço ( ) Outra forma . Qual?
21- Qual é o destino principal do lixo da sua casa? ( ) Coletado por caminhão. ( ) Queimado
( ) Enterrado .( ) Jogado em um terreno baldio ( ) Céu aberto no quintal
( ) Jogado no rio
( ) Outro Qual---------------------------------------------------------------------------------------------------------22- Qual o destino das fezes e urina de sua casa . (
) Fossa (
) Céu aberto (
) Rio /
Córrego ( ) Outro destino Qual?____________________
23- Quantas refeições faz ao dia______________________________________________24- Em geral, quantas vezes por semana a Sr(a) consome os seguintes alimentos?
Nunca
Arroz
Feijão
Peixe
Frango
Ovos
Carne de boi ou de
porco
Cereais (milho, soja,
trigo)
Verduras
ou
legumes
(batata,
espinafre,
alface,
cenoura)
Frutas
Leite,
manteiga,
iogurte ou queijo
Enlatados De que
tipo? ____________
Menos de 1 vez De 1 a 3 vezes
por semana
por semana
Mais do que 3
vezes
semana
por
Diariam
ente
99
25-
Qual(is)
peixe(s)
a
Sr(a)
mais
consome?___________________________________________________________________
__________________________________________________________________
26- Qual a procedência do peixe _____________________________________
27- Comeu pescado durante a gravidez sim ( _) Não ( _)
QUESTIONÁRIO ESPECÍFICO
28-Gestação________________________Nº
de
partos_______________Abortos_______
29- Quantos filhos a Sr(a) tem?_________________________________
30-Data do parto_____________________________________________
31-
A
Sra
fez
pré-natal
desta
criança
(
)
Sim
.
Quantas
consultas___________________9 Não ( )
32- Tipo de parto : ( ) Normal domiciliar ( ) Normal hospitalar ( ) Cesárea ( ) Fórceps
33-
A
Sra
teve
problemas
de
saúde
na
gestação?
(
)
Sim.
Qual?___________________( ) Não
34 –Durante a gravidez desta criança A Sra teve orietnação sobre aleitamento materno
( ) Sim ( ) Não.Quem a orientou_____________________________
35-A Sra fuma cigarros? ( ) Sim Quantos por dia ______________________( ) Não
36- A Sra ingere alcool ? ( ) Sim . Se sim que tipo de bebida_____________( ) Não
37- Quando foi a última vez que a Sr(a) foi ao dentista? . ( ) Nos últimos 30 dias ( ) Mais de 1
mês e até 1 ano ( ) Mais de 1ano e até 2 anos ( ) Mais de 2 anos ( ) Nunca foi
38- A Sra já fez alguma obturação ( ) Sim ( ) Não
100
ANEXO
D–
RESULTADO
DOS
NÍVEIS
DE
MERCÚRIO
TOTAL
ENCONTRADO NO LEITE HUMANO
Número do código identificador:
Resultado
dos
níveis
de
mercúrio
encontrado:________________________________________
Porto Velho,
de
, 2010
Avaliador:_____________________________________________________________
________

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