da Prevenção de Acidentes
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da Prevenção de Acidentes
ÁLVARO ZÓCCHIO Prática da Prevenção de Acidentes é S ABC DA SEGURANÇA DO TRABALHO ::.' EDIÇÃO Revista e Ampliada ASSOCIAÇÃO Dl ENSINO DE MA.RHIA v BIBLIOTECA Adquirido da......^...'.... EDITOR \S S. A. Hua H.:i-.-ci:a, 57-Í/57S — Tcls.: ::i-2342, 221-23-1S c ::i-:->67 EDITORA ATLAS S. A. X f X w ,vMvúcu! • (u ATT -v .L f PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES ÁLVARO ZOCCH10 Capa de PAVEL GERENCER HusTações de JOSÉ MARCONDES DE TOLEDO i • i Dedicatória: à memória ils meu pai a minha esposa c a meus jHlios 2' Edição Muio de 197! © Copyright 1971 EDITORA ATLAS S . A . Agradeci mentos: aos que colaboraram, de uma ou de outra maneira, para u conclusão deste trabalho, os iiitiiii sinceros agradecimentos. Citar nomes icriti correr o risco de alguma omissão que, ' embora involuntária, seria injusta; [imanto, a todos muito obrigado. py £':§* índice Prefácio da Segunda Edição Prefácio da Primeira Edição 15 17 SEGURANÇA DO TRABALHO Segurança do trabalho ou prevenção de acidentes? Serviços de segurança Programa modelo Atribuições individuais ; Contatos pessoais e departamentais Resumo 20 21 11 25 27 30 L~- *4 ACIDENTES DO TRABALHO é* 3 l Definição vocabular Definição legal ; Definição técnica Efeitos negativos dos acidentes do trabalho O lado humano O aspecto social Problemas económicos Afastamento das pessoas acidentadas Danificação de máquinas, equipamentos etc Influências psicológicas negativas Perda de tempo por outras pessoas Resumo ! 34 36 38 38 40 42 44 44 44 44 45 10 ÍNDICE PRÁTICA. DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES O HOMEM E O ACIDENTE DO TRABALHO Causas dos acidentes do trabalho Propensão ao acidente Inaptidão para o trabalho Temperamento Preocupação Emoção Inteligência lenta ou retardada Capacidade física e doenças Surdez Insuficiência visual Daltonismo Outros males Analfabetismo Outras falhas .• Treinamento Máquinas, ferramentas etc Materiais Arrumação e limpeza Disciplina e relações humanas Resumo 4K 4y 50 51 51 52 52 53 54 54 55 55 56 57 58 59 59 59 60 60 CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — CONDIÇÕES INSEGURAS Falta de proteção em máquinas e equipamentos 76 77 Proteções inadequadas ou defeituosas """ 77 Deficiência em maquinaria e ferramental 78 Má arrumação 78 Escassez de espaço 79 Passagens perigosas 79 Defeitos nas edificações 80 Instalações elétricns inadequadas ou defeituosas 80 Iluminação inadequada 81 Ventilação inadequada Outras condições inseguras de higiene industrial 82 Falta de protetores individuais (EPI) 82 Outras condições inseguras 82 Resumo 83 6 FONTES DE INFORMAÇÕES - CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — ATOS INSEGUROS Aios inseguros Ficar j u n t o ou sob cargas suspensas Colocar parte do corpo em lugar perigoso Usar máquinas sem habilitação ou permissão Imprimir exresso de velocidade ou sobrecarga Lubrificar, ajustar e limpar máquinas em movimento Improvisação e mau emprego de ferramentas manuais Inutilização de dispositivos de segurança Não usar as proteções individuais Uso de roupas inadequadas e acessórios desnecessários Manipulação insegura de produtos químicos Transportar ou empilhar inseguramente Fumar e usar chamas em lugares indevidos Tentativa de ganhar tempo ft. Brincadeiras e exibicionismo Outros atos inseguros Fatôres humanos Desconhecimento dos riscos de acidentes Treinamento inadequado Falta de aptidão ou de interesse pelo trabalho Excesso de confiança Atitudes impróprias Incapacidade física para o trabalho 64 .64 64 65 65 66 66 67 67 68 68 69 69 70 70 71 11 INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES Investigação de acidenies Relatório do acidente Como proceder à investigação '. . . a. Agente d a ( s ) lesão(ões) .b. Condições inseguras Atos inseguros Acidente-tipo Fatôres pessoais Medidas para prevenir novas ocorrências Controle estatístico de acidentes Coeficiente de frequência (CF) Coeficiente de gravidade Outros controles Resumo FONTES DE INFORMAÇÕES - 86 89 91 91 92 93 94 99 100 100 102 103 103 104 1NSPEÇÂO DE SEGURANÇA Modalidades de inspeção de segurança Inspeção geral Inspeções parciais Inspeções de rotina Inspetores de segurança Supervisores Trabalhadores 106 106 106 106 106 108 110 110 12 ÍNDICE PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDIÚNTOS Membros da CIPA Inspeções periódicas Inspeções periódicas obrigatórias por lei Inspeções periódicas e de rotina Inspeções eventuais Inspeções oficiais Inspeções especiais Ciclo completo das inspeções de segurança Observação Informação Registro Encaminhamento Acompanhamento Análise de riscos Resumo 110 110 111 111 112 112 112 112 113 113 113 113 113 114 119 8 RECURSOS GENÉRICOS DA SEGURANÇA DO TRABALHO Contexto geral das medidas técnicas Meios gerais de proteção Características pessoais Medidas educacionais Cursos Palestras Integração de novos empregados Diálogo de segurança Outros meios Medidas psicológicas Medidas médicas Resumo •i' AMBIENTES DE TRABALHO Edificações : Iluminação Ventilação e controle de calor Instalações elétricas Máquinas e equipamentos Finalidades e requisitos dos protetores Protetores para transmissão de força Tipos fundamentais de protetores para pontos de operação Guardas estacionárias Guardas mecânicas Dispositivo arrastador , Disposiiivo aíastador ,. ,,. Comando bimanuai , 122 122 123 126 126 27 27 129 130 131 133 - 133 135 136 137 137 Cédula fotoelétrica Parada de emergência Guarda de locação Interligação Cabo de segurança Resumo 13 143 144 145 '-45 146 148 10 PROTEÇÃO INDIVIDUAL Quando usar o "EPI" Aspectos técnicos Aspectos educacionais Aspectos psicológicos Controle e conservação Classificação dos "EPI" Proteção para a cabeça Protetores para o crânio Protetores para o rosto Protetores para os olhos Proteção auricular Proteção para os membros superiores Para trabalhos de solda Para outros trabalhos quentes Para trabalhos com materiais cortantes Para outros trabalhos rudes Para trabalhos com produtos químicos líquidos Para trabalhos em altas tensões Proteção para os membros inferiores .,. Calçados ! Perneiras Proteção do tronco Proteção das vias respiratórias Máscaras de filtros Filtros para monóxido de carbono Máscaras com suprimento de ar Cintos de segurança Cinto com travessão : Cinto com corda Resumo 150 151 152 152 152 153 153 153 155 158 161 162 162 163 163 163 '164 164 165 165 166 . 167 168 169 170 170 170 171 171 173 i3y 139 140 141 142 143 5 PREFACIO DA SEGUNDA EDIÇÃO O livro foi todo recstruturado para a segunda edição. Capítulos foram eliminados, outros introduzidos, matérias reagrupadas, de modo a tornar o trabalho mais objctivo e dispor os assuntos em sequência mais adequada à finalidade do livro. Isto merece uma explicação, pois, sob o mesmo título c com o mesmo objetivo, este é quase um outro livro que se apresenta. A edição original nasceu de um trabalho exaustivo, preparado para outro tipo de aplicação no campo da prevenção de acidentes. Vários jatôres, que não serão citados aqui, impediram o aproveitamento do trabalho para o fim que lhe fora originalmente determinado. Porém, com o apoio e incentivo de amigos, e trabalho original foi adaptado para a feitura de um livro e submetido ao exame da Editora Atlas que, algum tempo depois, o lançava sob o titulo de "Prática da Prevenção de Acidentes". Assim nasceu um livro que se propunha a ser uni "ABC" da segurança do trabalho. Adaptado do que deveria ter sido a apostila de um curso específico, os assuntos e sua respectiva ordem não ficaram dispostos da maneira mais correia, mais condizente com o objetivo do livro. A intenção do autor sempre foi a de revisar complctamcntc a obra para uma próxima edição. Assim foi feito à medida que o tempo transcorria. Ao chegar a oportunidade da segunda edição, o livro já estava recomposto, atualizado c com nova estruturação. Os capítulos "Prevenção de Incêndios" e "Primeiros Socorros" foram eliminados, pois apenas têm correlação com a segurança do trabalho, como é aqui tratada. Dois capítulos importantes foram introduzidos "Investigação de Acidentes" c "Inspeçuo de Segurança", duas chaves mestras da prevenção de acidentes. Os demais assuntos agrupados em oiío capítulos, perfazendo um forni d r J»- $*m 16 a PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES Embora distribuída em apenas dez capítulos (quatro a menos que a edição anterior) a matéria é mais fana e mais f jctiva apresentando mais detalhe, sobre os recursos da se^rança do trabalho, c^lan mentos sobre pontos ainda divergentes, e um modelo para « esabilecimcnto de um programa definido para a segurança do traoallio. Simples como a anterior, esta edição tanto pode ser uni ao profissional de segurança como ao dirigente, ao superior e aos componentes das C IP As. O Autor PREFÁCIO DA l.a EDIÇÃO Foi com desvanecimento que recebi do autor desta obra o convite para dizer algumas palavras de apresentação. Conhecendo Álvaro Zócchio há cerca de oito anos, quando ele se iniciava no campo da prevenção de acidentes, e, tendo podido acompanhar de perto suas atividades profissionais, não me poderia furtar ao atendimento dessa solicitação porque, ao lado da amizade que me prende ao autor, vejo nesta obra o fruto de seu trabalho honesto, de sua dedicação, de seus esforços, de seu estudo, de sua maneira de encarar a segurança industrial como um ramo de atividade em que se tem sempre o que aprende.' e onde ninguém pode dar-se ao luxo de se considerar profundo conhecedor da matéria, eximindo-se, assim, da responsabilidade de estudar, de pesquisar, de adquirir conhecimentos. Percebe-se, no convívio com o autor, assim como ao longo das páginas deste livro, seu espírito inquieto, desejoso de aprender, sequioso de melhorar e aperfeiçoar, o que o leva, além do estudo, a buscar, muitas vezes, interpretações próprias, ideias novas, resultantes de sua capacidade de observação e da experiência diária e não rotineira, vivida. em suas atividades profissionais, primeiro como inspetor de segurança e, posteriormente, como Supervisor da Seção de Segurança de uma das grandes indústrias de nosso País. Sentindo a necessidade de literatura, em língua portuguesa, que pudesse ser útil àqusies que devem ser os executores do programa de segurança numa empresa, ou seja, os agentes de mestria, assim como a estudantes de cursos industriais e a todos quantos devem conhecer os mais importantes problemas ligados à higiene e segurança no trabalho, preocupou-se o autor em apresentar sua obra de maneira a atingir, da forma mais objetiva possível, suas finalidades. O * A :~ 18 PRÁTICA DA. PREVENÇÃO DE ACIDENTES Despretensioso quanto à apresentação, pois nele são encontradas com frequência frases soltas que exprimem, acima de tudo, o resultado da experiência de seu autor, este livro possui o mérito de apresentar os conceitos básicos de prevenção de acidentes sob a forma correia, em linguagem acessível, ao público a que se destina. Seus catorze capítulos cobrem aspectos importantes da higiene e segurança do trabalho, que vão desde os diferentes conceitos apresentados para os acidentes de trabalho e a discussão sobre suas causas, custo e estatística, .até assuntos mais especializados, como os referentes a equipamento individual de proteção, prevenção e combate a incêndios e primeiros socorros a acidentados. Sem querer esgotar o cssunío focalizado em cada capítulo e fugindo à simples transcrição de normas de segurança, principalmente sob a forma de "Faça isso" ou "Não faça aquilo", o autor apresenta o que, em seu entendimento, deve ser conhecido, basicamente, por todos aqueles que se dedicarem à prevenção de acidentes do trabalho e pelos que, em suas atividades, estiverem ligados, ainda que indiretarneníe, à segurança e à higiene ocupacional. Congratulando-me com os que se preocupam, em nosso País, com o desenvolvimento da higiene e segurança no trabalho, pela publicação desta obra, espero que ela venha a alcançar os resultados almejados por seu autor, a quem apresento minhas felicitações e manifesto a esperança de que novos trabalhos de sua lavra venham a lume cm futuro próximo. São Paulo, dezembro de 1964. SILAS FONSECA REDONDO l SEGURANÇA DO TRABALHO Segurança do trabalho é o conjunto de medidas técnicas, educacionais, médicas e psicológicas, empregadas para prevenir acidentes, quer eliminando condições inseguras do ambiente, quer instruindo ou convencendo pessoas na implantação de práticas preventivas. Seu emprego é indispensável para o desenvolvimento satisfatório do trabalho. É tão importante quanto muitos outros serviços que as empresas mantêm em benefício dos empregados, quer espontaneamente ou por imposição legal Medidas medicas e psicológicas serão apenas citadas neste livro e, eventualmente, comentadas na relação que têm com as demais na consecução da segurança do trabalho. A segurança do trabalho é ao mesmo tempo um imperativo técnico e uma imposição legal. Entretanto, não tem evoluído como outras técnicas industriais e tem recebido menos atenção que a dispensada a certos serviços considerados importantes para o bem-estar dos empregados. Algumas pessoas, menos esclarecidas sobre o assunto, procuram, em certas circunstâncias, justificar de várias maneiras a ausência da segurança cm algumas indústrias, ou o pouco interesse ide outras com reíação à prevenção de acidentes. Entretanto, nada existe capaz de justificar tal omissão. Demre essas pessoas algumas costumam afirmar: "sem acidentes ou com acidentes o trabalho é realizado". Não importa quem diz ou pensa assim. É uma afirmação ou pensamento infeliz, embora não possa ser integralmente contestado. Realmente, o trabalho poderá ser efetuado mesmo que ocorram acidentes, porém, jamais poderá ser considerada satisfatória a sua realização nesses casos. À cior e à infelicidade de quem sofre ferimentos somam-se muitos fatôres danosos ao trabalho, tanto sob o aspecto técnico como económico. Isto nem sempre é percebido por \ :o PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES quem não entende e não interpreta os acidentes do trabalho cm toda a sua extensão e profundidade. Assim ficam definidas, em poucas palavras, a segurança do trabalho e a situação de sua aplicação na indústria, em face da interpretação de muitos industriais, dirigentes de empresa e trabalhadores de todos os níveis e categorias. Em outras palavras, a segurança do trabalho é um conjunto de recursos de ordem material e/ou humana, ainda ignorados por muitos, mal interpretados e nem sempre bem aceitos, sem os quais não se pode esperar que haja prevenção de acidentes. Isto significa que a prevenção dos acidenies do trabalho é consequência da aplicação desses recursos ou medidas de segurança. SEGURANÇA DO TRABALHO OU PREVENÇÃO DE ACIDENTES? Segurança do trabalho e prevenção de acidentes são duas expressões que se confundem na prática. Há os que as consideram a mesma coisa, os que procuram defini-las separadamente e, outros, que as colocam na situação inversa da que propõe este trabalho. Não se pretende com isso criar polémicas, mas, apenas ser prático e mostrar como conseguir a prevenção dos acidentes do trabalho através da aplicação de medidas técnicas, educacionais, médicas e psicológicas, ao alcance da grande maioria que não pode, por diversas razões, depender de trabalho académico ou altamente científico para esse fim. Essas medidas são os meios; a prevenção dos acidentes é o fim ao qual tais medidas se destinam. A prevenção dos acidentes será tanto maior quanto melhor for a aplicação das medidas de segurança. A aceitação do acidente como algo inerente ao trabalho é um erro cometido frequentemente por empresas e indivíduos, cujo conhecimento do assunto é insuficiente para que percebam no acidente do trabalho uma irregularidade danosa, possível de ser evitada. Alguns não atinara com a realidade porque simplesmente não se detêm a interpretá-la. Esses, muitas vezes, duvidam que a segurança do trabalho traga bons resultados para a empresa. Não há dúvida de que traz! É pena que não existam meios fáceis para medir, monetariamente, esses resultados, como também não existam meios para calcular outros bons resultados que se obtêm através de planos de assistência aos empregados, de treinamento aã indústria, de serviço médico dentro da empresa etc.; esses planos se encontram no mesmo nível da segurança do trabalho, em relação aos empregados. É necessário que se aplique corretamente a segurança do trabalho para se obter e reconhecer os resultados que ela proporciona. Apesar da apatia de alguns, do desconhecimento e pouco interesse de outros, a segurança do trabalho tem progredido. A experiência de SEGURANÇA DO TRABALHO 21 muitas empresas comprova os bons resultados que se podem conse <T uir. Essa experiência nos autoriza a afirmar que é axiomático o resultado da prevenção de acidentes, representado por: a. mais produção, por moio, principalmente, da estabilidade da mão-de-obra. b. menor perda de tempo e de materiais, menos reparos em máquinas, etc. c. mais equilíbrio de ânimo no grupo de trabalho, pela ausência do mal-estar provocado pelos acidentes. d. melhor ambiente social na comunidade, pela inexistência ou pela redução da invalidez. Isto conduz à conclusão de que a prevenção dos acidentes na indústria é um benefício social e económico, o que equivale a dizer: a segurança do trabalho é um bom investimento. Os benefícios nem sempre são reconhecfdos e este é o motivo que leva muitas empresas a ignorar a prevenção de acidentes. Em muitas ocasiões em que os benefícios são compreendidos, faltam conhecimentos acerca das técnicas, dos recursos e das verdadeiras possibilidades da segurança do trabalho que levam a eles. Entretanto, a prevenção de acidentes pode ser conseguida, não de forma absoluta, é claro, mas de maneira a manter baixo ou até mesmo insignificante o número de ocorrências de acidentes. Para isso é necessário que as medidas de segurança sejam bem aplicadas, de forma planejada e racional. SERVIÇOS DE SEGURANÇA É cada vez maior o número de empresas que criam seus próprios serviços de segurança. Seção ou Departamento, dependendo do esquema de organização da empresa, os serviços de segurança são instalados com a finalidade de estabelecer normas e pôr em prática os recursos possíveis para conseguir a prevenção de acidentes. Embora os princípios básicos obedecidos sejam os mesmos, cada serviço de segurança deve se adaptar à extensão, condições e tipo de organização da empresa. Por exemplo: uma indústria metalúrgica de duzentos empregados, uma fábrica de explosivos que emprega mil trabalhadores e uma empresa de transportes de qualquer extensão requerem serviços de segurança com características diferentes, embora fundamentalmente venham a ser semelhantes. Os serviços especializados de Segurança e Higiene do Trabalho são agora previstos por lei, o que poderá incrementar a criação desse género de atividade em muito mais indústrias. O Artigo 164, Seção II, do Capítulo V da CLT, alterado pelo Decreto-let n<? 229, de 26/2/1967, assim se expressa sobre o assunto: f^ 22 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES SEGURANÇA DO TRABALHO 23 í. "As empresas que, a critério da autoridade competente em matéria de segurança e higiene do trabalho, estiverem enquadradas em condições estabelecidas por normas expedidas pelo Departamento Nacional de Segurança e Higiene do Trabalho, deverão manter, obrigatoriamente, serviço especializado em segurança e higiene do trabalho e constituir Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPAs). § 1.° O Departamento Nacional de Segurança e Higiene do Trabalho definirá as características do pessoal especializado em segurança e higiene do trabalho, quanto às atribuições, à qualificação e à proporção relacionada ao número de empregados das empresas compreendidas no presente artigo. § 2.° As Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPAs) serão compostas de representantes de empregadores e empregados e funcionarão segundo normas fixadas pelo Departamento Nacional de Segurança e Higiene do Trabalho". Como se pode observar, os Serviços de Segurança que têm sido instalados espontaneamente em muitas empresas, poderão ser estabelecidos em outras por força de lei. Mesmo regulamentados por lei, estes serviços devem ser adaptados às características das empresas onde funcionarão. Independentemente do que a lei prescreve ou vier a prescrever, a empresa interessada, ou a pessoa responsável pela implantação do serviço de segurança, deve pensar, antes de tudo, no estabelecimento de um programa fundamental de diretrizes genéricas e básicas para o desenvolvimento de todo o serviço, ou seja, daquilo que se poderia chamar de "Carta Magna" da Segurança do Trabalho na empresa. Ê forçoso reconhecer que muitos serviços de segurança não obtêm melhores resultados, ou até mesmo fracassam, porque não estão apoiados em diretrizes básicas bem delineadas, e compreendidas pela direção da empresa, nem devidamente desenvolvidas em seus vários aspectos. O programa deve ser estabelecido partindo-se do princípio de que a prevenção dos acidentes é alcançada através da aplicação de medidas de segurança adequadas e que estas só podem ser bem aplicadas através de um trabalho de equipe. 3.° Das inspeções de segurança 4.° Das instruções e promoções Exemplo: Programa básico dê segurança a ser desenvolvido na ... Finalidade A finalidade deste programa é a prevenção de acidentes do trabalho, através da aplicação, o quanto possível, de medidas de segurança recomendáveis. A cada um caberá uma parcela de responsabilidade, de acordo com a função que exerça ou o cargo que ocupe na organização. Tópico l? — Das atribuições a. b. c. d. Cabe à gerência e administração dar o apoio necessário ao desenvolvimento do programa, assim como a responsabilidade pela efetivação cias normas e regulamentos estabelecidos pelo serviço de segurança (ou pela CIPA, quando não houver Serviço de Segurança). Cabe à supervisão fazer com que se cumpram as diretrizes, normas e regulamentos estabelecidos de acordo corn o desenvolvimento do programa. Cabe, aos empregados em geral, seguir devidamente tanto as normas e regulamentos estabelecidos, como as regras específicas para o trabalho que executam. Cabe ao Serviço de Segurança, com a colaboração da CIPA, desenvolver o programa em todos os seus tópicos, orientar c assistir a todos es níveis hierárquicos, visando ao bom desempenho de-cada um, e fiscalizar a correta aplicação das diretrizes estabelecidas. PROGRAMA MODELO Propomos aqui um programa básico, modelo simples que poderá ser desenvolvido com mais ou com menos intensidade e profundidade, dependendo das necessidades ou interesses da empresa. Dividimos este programa em apenas quatro tópicos: l.° Das atribuições f O emproj::dor deve oícrecer os meios para a prcvenjão de acidentes; ao ilo cabe crnpreiiar correia e m ) v r&. 24 PRÁTICA DA PREVENÇÃO SE ACIDENTES Tópico 2? — Das investigações dos acidentes a. b. c. d. Todos os acidentes que causarem lesões às pessoas devem ser registrados no serviço médico, investigados, e suas causas apuradas. Medidas devem ser recomendadas e postas em prática para evitar que se repitam. A responsabilidade pelas investigações cabe ao Serviço de Segurança, que designará qual a participação da supervisão nas ditas investigações. O Serviço de Segurança tem a atribuição de manter o controle das medidas de segurança recomendadas em vista do resultado da investigação dos acidentes; de acompanhar o processo até a execução; e de dar a assistência que se fizer necessária, sob o ponto de vista da segurança, aos responsáveis pela execução das medidas, Cabe ao Serviço de Segurança estudar os dados dos relatórios dos acidentes, mante-los sob registro e publicá-los em forma de estatística, ou outras que atendam aos fins de informação e promoção. Tópico 3? — Das inspecões de segurança vx Devem ser efetivadas inspecões de segurança nas áreas de trabalho, nos páteos, nos edifícios, nos equipamentos, nos veículos, etc., com a finalidade de descobrir riscos de acidentes e de estudar e recomendar medidas que possam neutralizá-los. Cabe ao Serviço de Segurança estabelecer o programa de inspecões de rotina, periódicas, em conjunto com os serviços de engenharia, de manutenção e outros, e determinar as respectivas responsabilidades. O Serviço de Segurança deve manter um registro das recomendações de medidas de segurança, originadas das inspecões de segurança, acompanhar seu processo de execução até o fim, e suprir os responsáveis pelo encaminhamento e execução das medidas, com informações técnicas e legais de segurança. Tópico 4? — Das instruções e promoções As instruções do programa de segurança serão preparadas pelo Serviço de Segurança com base na legislação em vigor, nas regras e padrões conhecidos e nos estudos das características do trabalho efetuado. As instruções, regras e regulamentos serio levados ao conhecimento de todos através de boletins e circulares. O Serviço de Segurança deve manter os supervisores, empregados, e os membros da CIPA instruídos através de cursos, reuniões, palestras etc. SEGURANÇA DO TRABALHO 25 d. Cabe ao Serviço de Segurança elaborar e pôr em prática um plano de integração dos novos empregados no programa de segurança existente na empresa, assim como determinar qual a participação da supervisão no referido plano. e. O Serviço de Segurança deve manter, em permanente atividade, através de cartazes, folhetos, concursos etc., um plano de promoção que visará elevar o espírito de segurança de todos os trabalhadores. O programa modelo proposto deverá ser aceito como a base do que vai ser desenvolvido. Nos demais capítulos deste livro, serão encontradas muitas informações que se referem a esse desenvolvimento. Até o final deste capítulo, trataremos apenas do Tópico 19, que se refere às atribuições. ATRIBUIÇÕES INDIVIDUAIS A prevenção de acidentes é, necessariamente, um trabalho de equipe. Ela pode ser praticada eficientemente em qualquer empresa, desde que seja obedecido um esquema de atribuições e responsabilidades para cada membro da firma. Assim, os resultados desejáveis serão mais facilmente atingidos. Empresas grandes necessitam, às vezes, de serviços extensos, com pessoas especializadas (supervisor, assistente, inspetores de segurança, etc.). Outras, apenas necessitam de um ou mais inspetores, e algumas só terão a Comissão Interna-para Prevenção de Acidentes (CIPA) como único órgão a cuidar do assunto. Sempre que possível, a CIPA deve ser orientada por um inspetor de. segurança ou por outra pessoa que conheça o assunto. Mesmo naquelas empresas em que a instalação da CIPA não é obrigatória, deve existir alguém que conheça pelo menos razoavelmente a segurança do trabalho, para que algo possa efetivamente ser feito para prevenir acidentes. Independentemente do setor ao qual se subordina, o serviço ou pessoas responsáveis pela segurança do trabalho têm atribuições que as obrigam a manter contato com todos os níveis hierárquicos da empresa. Não há limitação de área de ação para o pessoal de segurança. A ação da segurança deve ser exercida em todas as partes, pois, para efeito da prevenção de acidentes, toda a área de atividade da empresa é área de segurança. O esquema da página 26 procura demonstrar, de forma geral, os diversos níveis hierárquicos normalmente observados numa empresa, e as atribuições de cada um no programa de segurança do trabalho. A nomenclatura dos cargos é arbitrariamente estabelecida em cada organização. A que empregamos aqui, para fim de exemplificação, também é arbitrária. Cremos, porém, que seria fácil entender as atri- 4.1 I v i) N v u íi í) a s H n o 0 j A >i a s SEGURANÇA DO TKABALHO j PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES 26 buições dos diversos níveis hierárquicos mesmo sem levar em conta a nomenclatura que as empresas adotam. Administração é o nível administrativo mais alto, ou o grupo assim considerado pela empresa, incluindo diretores. Alta Supervisão são os componentes da direção intermediária, entre a administração e a linha de mestria. BSQTJBMA DE ATMBOIÇAES KA PBETENÇAO DE ACIDENTES ADMINISTRAÇÃO TotaJ responsabilidadc pela segurança do trabalho, Delejração de resjx nsabllidades aos membros da firma, A pró vá cio das dlr etrizes gerais de aegurança, Apoio pari o dês nvolvimcnto aatísfatúrio do serviço. Participação a ti vá no programa por melo dos contactos necesairioí, d« rtunl&ea, de inapsções ( e serrurança, etc. t: C --i | \ \r l; t \A SUPERVISÃO C C S. e a o it. e!f St' Ç c Responsabilidade pela «egurança doa selores c pessoal subordinado!. Exigência sobre o comprimento daa normas estnbclecldaa. Contactos com e administrarão e os serviços «peei ai liados para a solução dos problemas de segurança. Participação atlva segundo o programa estabelecido. - «6Í| í '• S 8 i 4 6« . I? sy ••Us 1 Mi i H»!?. 1 i*l , 1' LINHA MESTRIA Respon abllídade pela execuçfto do programa. Providé nelas para a correçfto das condiçAes insegura*, Tretnantento dos subordinado* e correçâo das falhas, Exige n ia de obediência à* normas e a disciplina, Inveatlf 'a cio dos acidentes e correçAo das suas causai, Cooper içào com a CIPA e com o serviço de segurança. iíHl c DE «• 'O í «. s.5 Mí EM£ 2•s« ! : -E * 1í s ( > t o y - S •» t J*|S M « í ?s «I lá t «1t - TRABALHADORES fr Obediência As regra» de «cgurança. ComunicaçAo dftl condições insegura*. Cooperação com a CIPA e o tervko de segurança. Uso correio do» dispositivos de proteçAo. Colaboração na ordem, na limpeia * na disciplina Atitudes corrttaj e seguras. iiiíí u cc= 5 !5 | E £ s' f££i ín- r E S a t f Í" ç 1 í| í & t t £2 c s £ s£ Cl P A ! fiifi 1 | ^i • I L Jn 1 Cooperação e coordenação os «tp srviaorei. ^ * propagação da prevenção de acidentes também fora fio Ira aatho. Linha de Mestria são os agentes de mestria, frequentemente chamados contramestres ou feitores, aqueles que comandam diretamente os trabalhadores. Trabalhadores são os que não possuem nenhum cargo de direção ou comando. CIPA é a Comissão Interna para Prevenção de Acidentes, composta de representantes do empregador e dos empregados, com atribuições determinadas por lei, e que deve funcionar como colaboradora do serviço de segurança, quando existente. Serviço de Segurança é uma organização vertical com possibilidade de contato com todos os níveis hierárquicos, independentemente do setor ao qual se subordina. As setas verticais, no esquema, indicam a cadeia de contatos normalmente obedecidos numa organização, quando não existe serviço de segurança e a CIPA é o único órgão a cuidar da prevenção de acidentes. O serviço de segurança, através dos contatos horizontais em todos os níveis, tem muito mais possibilidade de êxito, mesmo com respeito à parte de colaboração que a CIPA lhe presta. As atribuições de segurança de cada membro da empresa nada mais são que o complemento de suas atribuições técnicas e administrativas normais. É poucc o que cada um tem a executar. Mas o pouco necessário feito por todos, será o bastante para o bom resultado final, isto é a prevenção de acidentes. A Comissão Interna para Prevenção de Acidentes — CIPA — sozinha, não consegue, via de regra, resultados satisfatórios. Sendo uma comissão organizada entre trabalhadores, só tem acesso à administração por intermédio do seu presidente, que raramente se dedica com exclusividade à segurança, e nem sempre possui suficiente conhecimento do assunto. Os demais membros, exceto os que possuem cargo de autoridade, têm ação limitada pelas suas funções normais e pela hierarquia à qual estão sujeitos. Isto vem comprovar a necessidade de um serviço exclusivo de segurança e de pessoas qualificadas para desenvolvê-lo. Justifica, também, a criação sempre crescente de serviços especializados nas indústrias que desejam realmente alcança bons resultados com a segurança do trabalho. i . 1 Exercício das atribuíçte» previstas na sua regulamentação e no progranna da empresa. com o aervlço de tepuranç* í côa 11 ' . CONTATOS PESSOAIS E DEPARTAMENTAIS A segurança do trabalho requer a participação de todos. Exige unia série de contatos entre pessoas e setores da empresa, uma verdadeira cadeia de intercomunicação, sem a qual a obtenção de bons SEGURANÇA DO TRABALHO 29 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES 28 O serviço de segurança, obrigatoriamente, mantém contato com todos os setores. O contato cruzado entre administração, segurança, serviço médico e alta supervisão, é necessário para: a) Correção das condições inseguras e insalubres do ambiente por meio de serviços de engenharia, de manutenção e de pesquisa, e estudos nos áreas de trabalho. b) Seleção adequada e integração dos empregados no trabalho, de forma técnica e segura. c) Controle das condições dos ambientes de trabalho e da saúde dos trabalhadores. d) Emissão de instruções e regras gerais do programa de segurança estabelecido. O contato cruzado entre segurança, agentes de mestria, CIPA e trabalhadores é importante para: a) b) c) d) e) f) Estabelecimento e divulgação de normas específicas para a segurança do trabalho. Investigação completa e correia dos acidentes ocorridos. Manutenção da disciplina e cumprimento rigoroso das regras de segurança. Inspeção de segurança e análise de riscos satisfatórias, quer sejam de ordem geral ou específicas. Incentivo à prática da prevenção de acidentes, por meio dos recursos convencionais. Educação e treinamento dos trabalhadores em relação à segurança do trabalho. Entre os contatos diretos do serviço de segurança destaca-se o que ele mantém com o serviço médico, de cujo trabalho em conjunto depende a precisão dos registros e das estatísticas de acidentes, e o bom controle dos ambientes de trabalho sob o ponto de vista de saúde dos trabalhadores. Sob o aspecto técnico da segurança, destacam-se os contatos com engenheiros, técnicos e supervisores dos setores especializados no que se refere a novos projetos, modificações de instalação, ferramental, processos de trabalho etc., que, via de regra, podem demandar medidas de segurança do trabalho. Assumem relevante importância os contatos dos agentes de mes; tria, com os subordinados, que devem ser instruídos e corrigidos na prática da prevenção de acidentes. Considerando que os trabalhadores representam o maior .contingente a receber instruções de segurança e que os agentes de mestria assumem o principal papel executivo no programa, é de se esperar que eles tenham interesse em disseminar os princípios da prevenção de acidentes entre os subordinados. Em algumas empresas, esses contatos, geralmente conhecidos como conversação ou diálogo de segurança, são compulsórios. Os supervisores são obrigados a conversar pelo menos uma vez, em cada período determinado, com todos os subordinados, individualmente, sobre segurança do trabalho. Os assuntos discutidos são registrados em formulário especialmente impresso, onde constam, também, o nome do subordinado e a data em que participou do dialogo. O formulário é documento que comprova e registra as instruções recebidas pelos trabalhadores. Para se desincumbirem satisfatoriamente dessa missão, os agentes de mestria devem ser instruídos sobre tudo o que diz respeito à segurança do trabalho. Tem trazido muito bons resultados a ministração de cursos intensivos a todos os níveis de supervisão, as reuniões de segurança com os mesmos grupos, a distribuição periódica de informações por meio de boletins. Os efeitos desse plano, quando posto em execução, são benéficos tanto sob o ponto de vista da segurança, como de relacionamento humano e princípio de equipe. A CIPA e os trabalhadores constituem outros contatos importantes, cuja principal finalidade deve ser a de disseminar a mentalidade de segurança nos ambientes de trabalho e consolidar, nos trabalhadores, o verdadeiro sentido e objetivos da Comissão Interna para Prevenção de Acidentes e da prevenção de acidentes do trabalho. Segurança do trabalho, enfim, requer atividade em equipe, contatos Df pessoais, aproximação entre setores c pessoas, da empresa, para que / se possam pôr em prática as medidas técnicas, educacionais, médicas ( e psicológicas, de maneira efetiva, e nas oportunidades certas. Se a empresa tiver realmente interesse em prevenir acidentes e o serviço for bem orientado, por pessoa capacitada, podem-se esperar PRATICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES 30 resultados compensadores. Sem boa orientação a firma corre o risco de gastar dinheiro sem conseguir bons resultados. Mesmo nas pequenas empresas, de pequeno número de empregados, é possível e necessário desenvolver a prevenção de acidentes, Basta que a administração adote e faça cumprir o esquema de atribuições proposto e que, dentre os membros da organização, um, pelo menos, conheça bem o assunto para poder orientar os demais. Nas empresas com menos de uma dezena de empregados, o dono é quase sempre o gerente, o comprador, o .vendedor, o técnico e, frequentemente, também um dos operários. Ora, estando o dono da firma em todas essas posições ao mesmo tempo, é claro que as atribuições técnicas e obrigações legais atinentes à matéria estão sobre seus ombros. Cabe a ele, portanto, conhecer bem o assunto e colocarj em prática a prevenção de acidentes, coisa que conseguirá facilmente; Portanto, sem dúvida, em qualquer tipo, género e extensão de empresa, é perfeitamente possível praticar a prevenção de acidentes, desde que se deseje preveni-los e se saiba organizar e conduzir esse serviço. RESUMO Segurança do trabalho é um conjunto de medidas empregadas com o fim de prevenir acidentes. Apesar do seu reconhecido valor, a segurança do trabalho tem recebido menos atenção que outras atividades acessórias' nas indústrias. Nada existe capaz de justificar a omissão das medidas de segurança nos trabalhos industriais. £ erro grave considerar os acidentes como algo inerente ao trabalho; na realidade, é uma irregularidade danosa possível de ser evitada. Ê axiomático que a redução dos acidentes melhora a produtividade, poupa despesas, incentiva os trabalhadores e melhora o ambiente social da comunidade. Os serviços de'segurança devem ser organizados e adaptados ao género da empresa, à sua extensão í e diretrizes. Deve ser estabelecido um programa básico, aprovado pela direção da empresa e desenvolvido em seus vários aspectos. Em qualquer empresa, independentemente da extensão do serviço de segurança, é imprescindível a definição das responsabilidades e atribuições que cabem a cada um, desde o principal diretor até ao menos categorizado dos empregados. SEGURANÇA DO TRABALHO Os serviços de segurança devem ter autonomia dentro do atribuições, e seus responsáveis devem ter livre acesso a as dependências da empresa. Uma série de contatos é necessária para o bom andamento i'"b atividades: o serviço de segurança mantém contato com K11'"' os níveis e deve receber toda colaboração da CIPA. Destacam-se os contatos cruzados entre segurança, adminisiniv'1"1 serviço médico e alta supervisão, e entre segurança, agente l|i: mestria, CIPA e trabalhadores. Em qualquer empresa, mesmo nas pequenas, ale naquela.» f'1"1 menos de dez empregados, é possível e necessário pralii1»1 " prevenção de acidentes do trabalho. 2 ACIDENTES DO TRABALHO Os acidentes do trabalho têm sido e continuam sendo objeto de muitos estudos e pesquisas, que visam ao desenvolvimento e aplicação de medidas para sua prevenção. Apesar do muito que já se sabe a seu respeito, ainda há divergências sobre o conceito de acidente do trabalho. Várias tentativas têm sido feitas para definir o acidente do trabalho de maneira satisfatória. Dentre as muitas definições, habitualmente usadas, não se pode apontar uma como mais ou menos correta. Deve-se, isso sim, reconhecer que existem definições mais e menos completas; isto porque a maioria abrange apenas aspectos específicos do acidente do trabalho, permanecendo muito aquém de toda a extensão que requer medidas. de segurança. DEFINIÇÃO VOCABULAR Algumas das definições de acidente encontradas nos dicionários e enciclopédias têm sido, vez por outra, usadas para definir o acidente do trabalho. Dentre as mais comuns: acontecimento imprevisto; infortúnio; irregularidade na superfície da terra; aquilo que sobrevêm repentinamente etc., algumas definem determinados aspectos do acidente do trabalho. Por exemplo: os acidentes a que vimos nos referindo são infortúnios quando causam lesões às pessoas, determinando incapacidade para o exercício do trabalho ou mesmo de atividades sociais e recreativas que a pessoa normalmente exercia. Os acidentes que causam um infortúnio são, muitas vezes, também acontecimentos imprevistos, ou aquilo que sobrevêm repentinamente, Mas, mesmo em conjunto, essas definições não completam a definição de acidente do trabalho. Cobrem apenas uma parte muito genérica 34 PRÁTICA DA. PREVENÇÃO DE ACIDENTES da grande extensão das causas e consequências dos acidentes do trabalho, não satisfazendo, portanto, no tocante aos fins preventivos. DEFINIÇÃO LEGAL A legislação também define o acidente do trabalho de modo a satisfazer os seus objetivos. A Lei 5.316, de 14 de setembro de 1967, que integrou o seguro de acidentes do trabalho na Previdência Social, e o Decreto n? 61.7S4, de 28 de novembro de 1967, que aprovou o regulamento do seguro de acidentes do trabalho, assim o definem: "Acidente do trabalho será aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho." A lei, como tem sido interpretada nos meios da prevenção de acidentes do trabalho, visa, acima de tudo, proteger o trabalhador quanto ao direito que terá de receber os socorros e as indenizações devidos nos casos em que vier a sofrer lesões ou outras perturbações funcionais em consequência de acidente do trabalho. Embora a legislação cuide também, cm outros tópicos ou leis, da prevenção de acidentes, a definição dada ao acidente do trabalho não pode ser. para os prevencionistas, interpretada de outra maneira. Deve-se notar que a lei diz: "Acidente do trabalho será aquele que ocorrer. . ." Ora! " . . . aquele que . . . " nada define! Portanto, o acidente do trabalho, "aquele que" deve ser prevenido não-é definido pela legislação. Ambas as leis citadas estendem o conceito de acidente do trabalho da seguinte forma (parágrafo 2<? do artigo 2? da Lei 5.316 e parágrafo único do artigo 39 do Decreto 61.784): "Será considerado como do trabalho o acidente que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte ou a perda ou redução da capacidade para o trabalho." Como se pode notar, ainda continua sem definição o acidente do trabalho que devemos prevenir. Parágrafo l? da Lei 5.316 e o artigo 4? do Decreto 61.784, definem quando uma doença é considerada profissional. O artigo 5<? do Decreto 61.784 equipara a doença profissional ao acidente do trabalho para fins de seguro. "Art. 5? — Para os efeitos deste Reculamcnto: ACIDENTES DO TRAB/.LHO 35 I — equipara-se ao acidente do trabalho a doença do trabalho; II — equipara-se ao acidentado o empregado acometido de doença do trabalho; III — considera-se como data do acidente, quando se tratar de doença do trabalho, a da comunicação desta à empresa ou ao INPS." Ambos os dispositivos legais citados estendem ainda mais o conceito do acidente do trabalho: "Art. 3? — Será também considerado acidente do trabalho: 1 — o acidente sofrido pelo empregado no local e no horário do trabalho, em consequência de: a. b. c. d. c. f. ato de sabotagem ou terrorismo, praticado por terceiro, inclusive companheiro de trabalho; ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada com o trabalho; ato de imprudência ou de negligência de terceiro, inclusive companheiro de trabalho; ato de pessoa privada do uso da razão; desabamento, inundação ou incendo; outros cusos fcrtuitos ou decorrentes de força maior." 2 — O acidente sofrido pelo empregado, ainda que fora do local e horário de trabalho: a. na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; b. na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa, para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c. em viagem a serviço da empresa, seja qual for o meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do empregado; d. no percurso d?, residência para o trabalho e deste para aquela." Parágrafo Único: "Nos períodos destinados a refeições e descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local de trabalho ou durante este, o empregado será considerado a serviço da empresa." Também estas extensões não definem o acidente do trabalho mas sim locais e circunstâncias nas quais a ocorrência de um acidente dá direito, às vítimas, ao recebimento das devidas indenizações. Por outro lado, é um excelente alerta aos que são responsáveis pelo serviço de prevenção de acidentes nas empresas. Isto é, mostra que os serviços, 36 PRÁTICA n.v PREVENÇÃO DE ACIDENTES ACIDENTES DO TRAHALIIO as campanhas e as medidas de segurança do trabalho não devem permanecer confinadas nos limites tísicos da empresa, ou limitadas às horas de expediente, por mais cuidados que requeiram suas instalações e maquinarias, pois a empresa é responsável por muitas ocorrências além de suas paredes ou cercas divisórias e de seu horário normal de atividade. Os comentários sobre a definição legal dos acidentes do trabalho não visam criticar a lei, pois esta atinge seus objetivos com o conceito adotado. O intuito é alertar os "prevencionistas" de que não devem se ater ao conceito legal, mas sim procurar conhecer o acidente do trabalho em toda a sua extensão, sob todos os ângulos referentes às causas, efeitos e possibilidades de prevenção. Segundo o conceito legal, o acidente do trabalho só é caracterizado quando dele decorre uma lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause a morte, perda total ou parcial, permanente ou temporária da capacidade para o trabalho. Ora! a prevenção de acidentes do trabalho não pode se restringir a essa conceituação, tanto porque é impossível prever quando o acidente vai causar um dos citados infortúnios. As medidas de segurança que se aplicam para prevenir acidentes, têm como fim, acima de tudo, evitar os acontecimentos dos quais poderão decorrer quaisquer danos, quer sejam pessoais ou materiais. Certos acontecimentos repentinos e graves deixam muitas vezes de despertar a atenção de supervisores, empresários, e mesmo de Todas as ocorrências estranhas ao andamento elementos intitulados pré- normal do trabalho são acidentes qus devem ser prevenidos. vencionistas, simplesmente porque não causam ferimentos pessoais, embora, na realidade, sejam verdadeiros acidentes do trabalho. Para esclarecer bem este aspecto, ainda um tanto dúbio para muitos, deve-se interpretar o acidente do trabalho sob o ponto de vista técnico preventivo, visando tanto os danos físicos e funcionais causados às pessoas como os danos materiais e económicos causados à empresa. DEFINIÇÃO 37 programadas, estranhas ao andamento normal do trabalho, dos quais poderão resultar danos físicos e/ou funcionais, ou morte ao trabalhador e danos materiais e económicos à empresa. Para maior clareza, propõe-se estudar os acidentes do trabalho em seus dois lados importantes: o acidente-meio e o acidente-tipo (*). O primeiro é a "ocorrência não programada..." da qual poderão resultar danos pessoais ou materiais; o segundo é a maneira como a pessoa é atingida e sofre o ferimento. O acidente-meio, não precisa causar ferimento a alguém para ser caracterizado; basta que se tenha dado a "ocorrência não p r o g r a m a d a . . . " que sempre causa algum prejuízo, mesmo sem envolver lesões pessoais. O acidente-tipo só existe quando alguém é ferido, e é caracterizado pela maneira como a vítima foi atingida peio agente da lesão. O acidente-tipo, portanto, é apenas uma parte do todo de uma ocorrência. Assim sendo, qualquer estudo do acidente do trabalho, que só leva em conta os acidentes que causam lesões, é incompleto. Vejamos um exemplo: na ocorrência do desmoronamento de um andaime, uma única pessoa foi ferida por uma tábua que lhe foi de encontro ao corpo. No caso, o desmoronamento foi o acidente-meio e o contato da tábua com o corpo da pessoa foi o acidente-tipo. Há casos em que os acidentes-meio e tipo se confundem ou um deixa de existir; por exemplo: quando a pessoa bate parte do corpo contra obstáculos fixos; casos de distensões musculares e mesmo lesões na coluna vertebral por levantamento incorreto de objetos; ferimentos em pontos perigosos de máquinas 'exclusivamente devido a atitude do acidentado etc. Nesses casos só existe o acidente-tipo ou pelo menos ele predomina em evidência a ponto de tornar discutível a existência de qualquer acidente-meio. Se cair uma ferramenta do .alto de um andaime, este é um acidente-meio; se a ferramenta- atingir alguém ocorrerá também um acidente-tipo. Num caso como este, teríamos tido dois acidentes em um? Não é necessário, mas podemos imaginar assim; como já foi dito, o acidente-tipo pode ocorrer isoladamente, mas, regra geral, é parte de um todo onde predomina em evidência técnica o acidenie-meio. Sem levar em conta o tipo ou extensão de lesão que pode ocorrer, os acontecimentos como o desmoronamento do andaime e a queda TÉCNICA Segundo o conceito técnico preventivo, que abrange toda a extensão dos acidentes do trabalho, estes são: todas as ocorrências não (*) A expressão "acidente-tipo" é consagrada no meio jurídico como definição do infortúnio originado de causa violenta. Neste livro, a expressão é empregada para definir a maneira, violenta ou não, como a pessoa é atingida . pelo agente da lesão, em caso de acidente do trabalho. A OL. r 38 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES da ferramenta são exemplos de acidentes que devem ser prevenidos. O acidente é a causa dos ferimentos; estes são contados entre as possíveis consequências dos acidentes do trabalho. Em outras palavras: o acidente do trabalho pode ocorrer sem causar lesões pessoais; estas são sempre decorrentes de acidentes. EFEITOS NEGATIVOS DOS ACIDENTES DO TRABALHO Os acidentes do trabalho são nocivos sob todos os aspectos em quj possam ser analisados. Sofrem consequências as pessoas que se incapacitam total ou parcialmente, temporária ou permanentemente para o trabalho; sofrem as em- Um objeto que cai é um acipresas pela perda da mão-de-obra, de tlentc-meio; se na queda atinmateriais etc., com ' a consequente gir alguém determinará um acidente-tipo. elevação do custo do produto; sofre a sociedade pelo aumento do número de inválidos c de dependentes da previdência social; sofre, enfim, a nação, com todas as consequências danosas que os acidentes do trabalho proporcionam. Cada acidente prevenido é um benefício amplo e profundo. Nem todos, porém, estão ainda em condições de raciocinar desta maneira, pois desconhecem tanto os efeitos funestos dos acidentes do trabalho, como as possibilidades de preveni-los. Todos os homens são membros de uma sociedade que há milénios envida todos os esforços para sobreviver. Já é tempo, então, de incluir a prevenção dos acidentes do trabalho, decisivamente, como um dos melhores e mais seguros meios de garantir a sobrevivência; de compreender definitivamente, que esses acidentes estão dentre os piores males dos quais os homens são vítimas; de perceber que podem e devem ser prevenidos, para evitar toda a sequência de transtornos que ocasionam. O LADO HUMANO Os acidentes do trabalho, nos seus aspectos negativos, constituem um problema multiforme. O lado humano está sempre mais em eviHpncin. nor cor r\p niic f crc fis nrsso:>s o miiis ;iccito c entendido ACIDENTES DO TRABALHO 39 como acidente do trabilho, e por ser o homem o elemento mais valioso de todos os que o acidente pode danificar. O homem é quem mais sofre. O sofrimento do acidentado é inevitável. Os ferimentos, grandes ou pequenos, sempre representam um mal; o tratamento, fácil ou difícil, curto ou prolongado é, regra geral, doloroso; o tempo de recuperação pode tornar-se fastidioso e até causar abatimento psicológico. O sofrimento estende-se às vezes, aos membros da família por preocupação, compaixão, e pela incerteza quanto à continuidade normal da vida do acidentado. Nos casos mais graves, há famílias que sofiem por longo tempo a angústia dramática do futuro incerto, pois, não raro, é o arrimo da família que corre risco de invalidez permanente. Vítima de uma incapacidade parcial, o mutilado, embora voltando a trabalhar, poderá sentir-se intimamente inferiorizado em face dos demais, piedosamente aceito pela empresa e pouco útil para o trabalho. Isto quando não tem o conforto moral necessário após o acidente c uma reintegração psicológica necessária ao trabalho, O sofrimento da vitima de acidente podendo, até, vir a apresentar é inevitável, mesmo sob toda atenção problemas para a segurança do trae tratamento possíveis. balho. Nos casos de incapacidade parcial permanente grave, o acidentado por si só nem sempre adquire condições psicológicas para retornar ao trabalho isento da preocupação de representar um peso para o patrão e para a sociedade. Devido a essa condição, às circunstâncias em que ocorreu o acidente, ou a alguma falha qualquer de que tenha sido alvo durante o tratamento, o indivíduo pode tornar-se revoltado contra o patrão, contra o Instituto de Previdência ou contra a própria sociedade. Abalada como está pelo acidente, a vítima nem sempre aceita uma falha como tal, mas sim como desprezo à sua condição de acidentado. Estes sfio apenas alguns aspectos do drama humano que costuma envolver as vítimas de acidentes e seus familiares, especialmente os menos favorecidos, que mais são :itin;::dos pelos infortúnios, pois são os que mais se expõem aos trabalhos rudes e a mais riscos. Todos esses sofrimentos, físicos e psicológicos, poderão ser evitados ou pelo menos reduzidos ao mínimo, pela aplicação correta das medidas de segurança contra os acidentes do trabalho. 40 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES O ASPECTO SOCIAL Os acidentes do trabalho constituem um dos problemas sociais da era industrial. Sob esse aspecto eles têm sido estudados em toda parte e nos variados campos da ciência. As pessoas, vítimas de acidentes, nem sempre representam, pessoalmente, problemas sociais. Mas os acidentes do trabalho, entendidos em toda sua extensão e profundidade, representam grande problema para a sociedade. Para se ter uma ideia do problema, basta imaginar a quantidade de pessoas portadoras de incapacidade total e permanente para trabalhar, vítimas que foram de acidentes do trabalho. Muitas se reintegram ao trabalho depois de submeter-se à readaptação profissional em clínicas ou serviços especializados. Embora esses serviços de readaptação sejam dignos de toda ordem de elogios, -seria ótimo se um dia eles fossem extintos pelo progresso da segurança do trabalho, isto é, quando não houvesse mais mutilados para reabilitação. Mesmo com as reabilitações conseguidas, é grande o número de incapacitados a onerar o Instituto de Previdência e, indiretamente, a sociedade, quando ainda poderiam estar produzindo para essa sociedade, não tivessem sido vítimas de acidentes do trabalho. Muitas vítimas de acidentes sofrem, temporária ou permanentemente, redução de vencimentos que obriga a família a baixar repentinamente o padrão de vida mantido até então, e proceder cortes no orçamento ou a privar-se de muitas coisas, o que fere profundamente a felicidade de muitos indivíduos e de muitos lares. É inegável o valor da assistência e das indenizações recebidas pela vítima ou por seus familiares. Tais benefícios, contudo, não passam de paliativos, pois não reparam nenhuma invalidez e muito menos a perda de uma vida. Atenuam apenas os problemas; não os solucionam nem os previnem. Nas campanhas para prevenção de acidentes deve ser dada ênfase aos aspectos sociais negativos dos acidentes do trabalho, procurando fazer com que as pessoas se inteirem da realidade dos efeitos nocivos dos acidentes, antes de se tornarem suas vítimas. Acontece, porém, que dentro das empresas onde se deve realizar as maiores campanhas para a prevenção de acidentes, esta é, muitas vezes, socialmente falando, um paradoxo. Existem firmas com amplo programa de assistência social, muitas vezes extensivo até aos familiares. São inúmeros os benefícios desses serviços assistenciais, não faltando também, em muitos casos, assistência moral e material completa nos casos originados dos acidentes do trabalho. Os acidentados, nessas empresas, são alvo de toda a atenção durante o tratamento das lesões recebidas. Recebera vasta gama de conforto psicológico e apoio material, até se reintegrarem ACIDENTES DO TRABALHO 41 novamente ao trabalho. Entende-se, nesses casos, que a empresa reconhece o problema social dos acidentes do trabalho e procura, por meio do seu serviço especializado, amenizar os infortúnios. Estas são obras sociais dignas de elogio e de serem imitadas pelas firmas que realmente se interessam pelo bem-estar social dos empregados. No entanto, muitas vezes essas empresas que dispensam ao acidentado e familiares toda sorte de atenção depois de ocorrido o infortúnio, fazem muito pouco, ou quase nada, para prevenir os acidentes. Por que não considerar, então, também a prevenção de acidentes do trabalho como uma obra social? Por que reconhecer esses acidentes, sob o ponto de vista social, só depois de ocorridos? Não seria, socialmente falando, mais interessante prevenir os acidentes do trabalho do que tentar remediar suas consequências? Não há, nas perguntas acima, qualquer intenção de criticar serviços sociais, nem sugerir-lhes diretrizes. Tanto que, ficam nessas páginas apenas as perguntas; as respostas ficarão a cargo dos responsáveis pelos serviços sociais das empresas, principalmente daquelas que assistem os acidentados mas não previnem os acidentes. Não se deve interpretar, no entanto, que o serviço de segurança do trabalho, que possibilita a prevenção Por que reconhecer os acidende acidentes, seja uma atividade dos tes sob o ponto de vista social serviços sociais das empresas. A sesó depois de ocorridos? gurança do trabalho é uma atividade específica, com técnicas próprias, que deve contar com pessoal especializado, mas que deve trabalhar em cooperação com o serviço-social, quando existente, do qual obterá grandes auxílios para .a aplicação de determinados tópicos do programa que visa à prevenção dos acidentes do trabalho. O que todos devem lembrar é que prevenir acidentes é obra social muito mais importante do que assistir as vítimas de infortúnios do trabalho. 42 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES PROBLEMAS ECONÓMICOS Os acidentes do trabalho ferem, também economicamente, tanto os trabalhadores, que são vítimas de lesões, como as empresas onde os prejuízos são sempre os maiores. Os serviços da previdência social, a sociedade, e a própria nação, sofrem com as consequências anti-econômicas dos acidentados do trabalho. As empresas onde ocorrem os acidentes são as que sofrem mais, embora seus dirigentes nem sempre estejam em condições de perceber essa ferida económica. É relativamente fácil para as empresas determinar o custo do produto ou serviço que põem à disposição do público, ou de outras empresas, quanto aos materiais e mão-de-obra empregados, a energia consumida, os impostos pagos etc. Mas, saber com que parcela os acidentes do trabalho contribuem para o custo final, não é coisa fácil. Para muitas firmas, o custo aparente dos acidentes do trabalho 6 a taxa de seguro que pagam ao Instituto Nacional de Previdência Social, para ter os seus acidentados integralmente atendidos pelo Instituto, enquanto para outras o mesmo custo aparente é a taxa reduzida que pagam ao INPS, somada à quantia despendida no tratamento que dão aos seus próprios empregados. Este, também chamado "custo direito", é, na realidade, o "custo aparente", pois, regra geral, é a única despesa que aparece na contabilização das empresas, como resultante da obrigatoriedade do seguro de acidentes do trabalho e não como consequência direta dos mesmos acidentes. As demais despesas, às vezes chamadas custo indireto, são também consequência direta dos acidentes. Não são, no entanto, contabilizadas como tal. Preferiríamos intitulá-las "custo oculto" porque, embora não apareçam como consequências dos acidentes, elas entram no custo da empresa, ocultas em outras contas, como de manutenção, perdas e danos etc. Ê de se reconhecer, no entanto, que seria difícil a uma empresa, mesmo que quisesse, calcular o quanto custam os acidentes do trabalho em toda a sua extensão danosa. Isto demandaria um preciso controle sobre "todas as ocorrências não programadas, estranhas ao andamento normal do trabalho, das quais poderão resultar danos físicos e/ou funcionais, ou morte, ao trabalhador e danos materiais e económicos à empresa". Por outro lado, não é necessário saber exatamente quanto custam os acidentes do trabalho para se estar convencido de que sua prevenção é um bom negócio. Basta compreender e perceber como eles afetam o custo através das suas várias interferências com as atividadcs da empresa. Essas interferências sempre elevam o custo ACIDENTES DO TRABALHO 43 do produto ou do serviço da empresa através dos prejuízos que causam à qualidade, quantidade e prazo referentes a esses mesmos produtos e serviços. Qualidade, para essa interpretação, não é só o que se refere ao produto ou serviço final da empresa. A qualidade de todas as atividades intermediárias e acessórias pode ser afetada pelos acidentes do trabalho. Isso eleva O custo, Via de regra as empresas descoernbora nem sempre seja prejudicial nhecem o montante dos prejuízos à qualidade final do produto. causados pelos acidentes. Quantidade, para efeitos de estudo dos acidentes, não é só a quantidade final do produto prevista pelo programa de produção. Os acidentes do trabalho afetam tanto essa quantidade, como aquela que deve ser alcançada por seções da empresa, por grupos de trabalho, por máquinas e mesmo por indivíduos. A compensação dessas deficiências de quantidades para que a quantidade final não seja prejudicada, torna-se, na maioria das vezes, altamente onerosa para a empresa. O custo é mais uma vez elevado por causa de acidentes do trabalho. O mesmo acontece com referência ao prazo; quase sempre se entende como prazo, somente aquele estabelecido para que a empresa entregue certa quantidade de produto. Os prazos intermediários são muitas vezes ignorados. O prazo que uma seção tem para entregar as peças ou materiais em processo para o estágio seguinte da produção; o prazo estabelecido para que determinada modificação se processe em ferramental ou instalações; o prazo dentro do qual alguns trabalhos de manutenção e reparos devem ser terminados; enlim, são muitos os prazos que deveriam ser obedecidos no processamento normal do trabalho e que nem sempre são conseguidos, devido à ocorrência de acidentes. Qualquer tentativa de compensar tempo perdido para salvar o prazo virá onerar o custo da empresa. Deve-se levar também em conta o prejuízo da parada, às vezes, de uma sequência de operações, porque uma delas não correspondeu ao prazo estabelecido para sua execução. Quando ocorrem acidentes, o custo é sempre alterado, mas, geralmente, essas despesas não são contabilizadas como oriundas dos acidentes do trabalho. Dentre as consequências dos acidentes do trabalho que trazem como resultado várias elevações de custo podem-se destacar as seguintes: ACIDENTES DO TRABALHO 44 45 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES Afastamento das pessoas acidentadas O afastamento do trabalho, das pessoas que sofrem lesões, é uma consequência imediata. O afastamento prejudicial não é só aquele em que as pessoas permanecem vários dias incapacitadas, antes de reassumirem suas atividades. Também, a soma dos curtos períodos de tempo que as pessoas gastam para ir ao ambulatório receber o curativo e retornar ao trabalho nos casos de lesões leves, também deve ser considerada prejudicial. O seguro de acidentes do trabalho dá cobertura só às despesas previstas por lei. Nos casos acima citados, quem paga as demais despesas das paralisações do trabalho, da queda de produção por não se ter um homem tão bem treinado para substituir o ferido etc.? É a empresa, embora ela própria possa não atentar para essa realidade. colegas, até os comentários, tempo de investigação, etc., é muito tempo que se perde, tempo que será sempre melhor aproveitado à medida que for diminuindo o número de acidentes do trabalho. Como é fácil avaliar, os problemas económicos dos acidentes do trabalho são sérios e, se a empresa tem realmente interesse em manter baixo e estável o seu custo operacional, deve, sem dúvida, dispensar toda atenção à prevenção desses acidentes. Embora a parte material seja bastante destacada, o homem deve ser o principal objetivo da prevenção de acidentes do trabalho; primeiro: porque é o mais valioso elemento da organização, cuja perda, por motivo de acidente, não pode ser compensada pelo dinheiro; segundo: porque depende dele, do seu comportamento, das suas atitudes e de sua autoridade, conforme o caso, o sucesso ou fracasso de qualquer programa que vise à segurança do trabalho. RESUMO Danificação de Máquinas, Equipamentos etc. Os danos materiais dos acidentes do trabalho são elevados; quebras de máquinas, danos nas edificações, perda de materiais etc., são alguns exemplos desses prejuízos. Todas as danificações devem ser reparadas e esses reparos custam dinheiro. Um bom exemplo é encontrado nos trabalhos de manutenção. Grande parte dos trabalhos de reparos é devida a acidentes, principalmente onde não há manutenção preventiva, embora o fato nem sempre seja interpretado como acidente. Como os reparos e substituições de peças devido a desgastes normais são inevitáveis, o único meio de reduzir o custo de manutenção é prevenindo acidentes. Influências psicológicas negativas A influência psicológica negativa, quer na pessoa do acidentado, no grupo de trabalho, ou mesmo em outras pessoas, é fato muito conhecido como um dos prejudiciais ao bom andamento do trabalho. As vezes, toda uma empresa, e mesmo uma comunidade, pode sentir-se abalada e sofrer as consequências psicológicas de acidentes graves, com prejuízos que, embora reais, não aparecem registrados nas folhas de contabilidade como decorrentes de acidentes do trabalho. Perda de tempo por outras pessoas O tempo perdido por outros que não o acidentado também pesa no custo das empresas, embora permaneça oculto como muitos outros fatôres de custo. Desde o tempo gasto por socorro prestado por • Existem definições de acidentes de trabalho que abrangem apenas um ou outro dos aspectos específicos do acidente. • As definições de dicionário são exemplos das que cobrem apenas certas facetas do acidente do trabalho. • A lei não define o acidente do trabalho como tal, mas estabelece condições e circunstâncias nas quais um acidente é considerado do trabalho. • Sob o aspecto técnico-preventivo, acidentes do trabalho'são todas as ocorrências não programadas, estranhas ao andamento normal do trabalho, das quais poderão resultar danos físicos, e/ou funcionais, ou morte ao trabalhador, e danos materiais e económicos à empresa. • Para maior clareza, deve-se estudar os acidentes do trabalho em seus dois lados importantes — o acideme-meio e o acidente-iipo. ' Acidente-meio é a "ocorrência não programada, etc., etc., etc." • Acidente-tipo é a maneira como a pessoa é atingida pelo agente da lesão. • Os acidentes do trabalho são nocivos sob todos os aspectos em que possam ser analisados. • O lado humano do acidente está sempre mais em evidência, por ser o acidente que fere as pessoas o mais aceito como acidente do trabalho. • Para se ter uma ideia dos problemas sociais, basta imaginar a quantidade de pessoas inválidas em consequência de acidentes do trabalho. • Os problemas económicos ferem tanto o trabalhador corno a empresa e, indiretamente, a sociedade e a própria nação. PRÁTICA DA. PREVENÇÃO DE ACIDENTES • Ê difícil calcular o quanto os acidentes do trabalho custam para a empresa; é fácil, porém, entender como eles contribuem para a elevação dos custos industriais. • O custo é afetado pela interferência dos acidentes na qualidade, na quantidade e nos prazos estabelecidos para a produção. • Os fatóres gerais de interferência com o custo são: afastamento de pessoas acidentadas; danificação de máquinas, equipamentos etc.; influências psicológicas negativas; perda de tempo também por outras pessoas. 3 O HOMEM E O ACIDENTE DO TRABALHO O homem possui e usa espontaneamente reflexos de autodefesa. Estes o protegem contra riscos e agressões perceptíveis aos seus cinco sentidos. Embora não se dê conta, o homem está constantemente se defendendo dos agentes externos que poderiam lhe causar algum mal. É comum a pessoa interromper ou reverter o movimento da mão, quando, ao aproximá-la de um objeto ou, ao tocá-lo, perceber que está quente; é o reflexo de defesa ativado pelo tato. É comum também a atitude de cerrar ou semicerrar as pálpebras, como proteção dos olhos, diante de raios luminosos intensos; é o sentido da visão que o protege, reclamando e obtendo esta atitude espontânea de defesa, para os órgãos visuais. Os órgãos respiratórios c olfativos também são espontaneamente protegidos, quando a pessoa prende parcialmente a respiração ou leva as mãos ou lenço às narinas, na presença de odores desagradáveis ou de poeira suspensa no ar. A repelência do paladar a alimentos deteriorados, e a outras substâncias estranhas e perigosas, é outro exemplo de autodefesa do homem através dos seus órgãos dos sentidos. A atitude de guarda, tíe alerta ou de fuga, que o homem toma ao ouvir ruídos violentos como tiro, explosão, etc., sem que tenha visto a fonte ou a cena do ruído, é atitude de autodefesa despertada pelo sentido auditivo. Essas são atitudes de autodefesa que a pessoa assume ao perceber qualquer perigo através de um dos seus sentidos. Vale dizer que as reações espontâneas e os reflexos de proteção, como os citados, isentam as pessoas de incorrerem em riscos maiores e de virem a sofrer as consequências ou causarem acidentes do trabalho. Entretanto, por mais elevado que seja o grau de percepção espontânea do perigo é o 48 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES reflexo de auto-defesa, estes são insuficientes para proteger o homem de todos os riscos que as atividades profissionais comportam. Assim, nos estudos que se realizam visando à prevenção de acidentes do trabalho, o homem é sempre o principal fator em todos os aspectos que o envolvem e o relacionam com os acidentes e sua prevenção. O HOMEM c o ACIDENTE DO TRABALHO únicos fatôres inseparáveis e inevitáveis de toda a série de acontecimentos que dá origem ao acidente e a todas as suas indesejáveis consequências. HOMEM > _ r *r6fi£s p ES30«K •> «'» \í J T O Ç ~~i fA I,..-,N S E G U R O S ,-N LESÃO "ÍSiCA OU D I S T Ú R B I O FUNCIO> —: CAUSAS DOS ACIDENTES DO TRABALHO A teoria proposta por Heinrich no livro "Industrial Acident Prevention" continua sendo a fórmula clássica de demonstrar como o homem participa da sequência de fatôres que culmina com a ocorrência do acidente e as suas consequências. Segundo essa teoria, tudo começa com o homem que, por hereditariedade ou influência do meio social, poderá ser portador de caracteres negativos de personalidade, de caráter, de educação etc. Dessas características advêm as falhas humanas que tanto no campo técnico ou administrativo, e mesmo braçal, dão origem aos dois principais elos da cadeia do acidente que são: atos inseguros, praticados pelas pessoas no desempenho de suas funções, e condições inseguras, criadas ou mantidas no ambiente pelos mais diversos motivos aparentes, mas somente por um verdadeiro, isto é, a falha humana em não endender que os trabalhos não deveriam ser executados em quaisquer condições que não fossem totalmente seguras para as pessoas. Dos atos e condições inseguros, combinados ou não, resultam os acidentes, que causam lesões ao homem e prejuízos à empresa. £ de se notar, também, que, além das lesões sofridas pelas pessoas, muitos prejuízos materiais incluem-se nas consequências dos acidentes do trabalho, como foi explanado no capítulo anterior. Do que se pode depreender da teoria de Heinrich, a prevenção de acidentes se consegue, na prática, evitando-se os atos inseguros da parte do trabalhador, corrigindo e não criando condições inseguras nas áreas de trabalho. Uma variante da teoria da cadeia do acidente está demonstrada na figura da página seguinte. Tudo se origina do homem e do meio, através de características que lhe são inerentes, ou nêie criados, e que requerem atitudes sua educação etc., prejudiciais quando falhos; o meio, com os riscos que lhe são inerentes, ou que nele são criados, e que requerem atitudes e medidas corretas por parte do homem para que sejam controlados, neutralizados e não se transformem em fontes de acidentes. Assim começa a sequências de fatôres, com o homem e o meio como os dois 49 \(TÕNDICÕES W UAL NO H O M E M OU CflNO M A T E R I A L AO MEIO MEIO L— A cadeia do acidente, que culmina com prejuízos materiais e/ou humanos, tem no homem e no meio os dois únicos elementos inseparáveis e inevitáveis. Os demais podem ser controlados e evitados mediante, naturalmente, o aperfeiçoamento do homem e do meio. Os fatôres pessoais e materiais, que vêm a seguir, dizem respeito, respectivamente, ao homem e ao meio. São aqueles que comprometem, de uma ou de outra maneira, a segurança do trabalho, isto 'é, aqueles dos quais podem resultar atos e condições inseguros, em decorrência de erros administrativos, erros técnicos, erros na execução de tarefas, falta de conhecimento de segurança, interpretação errónea, má avaliação do perigo etc. É de se lembrar, mais uma vez, que nem sempre atos e condições inseguros estão ao mesmo tempo presentes às ocorrências de acidentes do trabalho. Nessa altura, já se entende o que são causas de acidentes do trabalho, que podem ser assim definidas: atitudes humanas e condições materiais inseguras que, combinadas ou não, propiciam a ocorrência de acidentes. Atos e condições inseguros, que decorrem de fatôres pessoais e materiais, são as causas que precedem ou desencadeiam os acidentes do trabalho. Pela importância que têm na aplicação de medidas de segurança do trabalho, esses dois tópicos serão tratados, especificamente, mais adiante. O acidente do trabalho, que é o resultado das causas genéricas já tratadas, traz como consequência lesões físicas ou distúrbios funcionais ao homem e/ou danos materiais ao meio; estes, em síntese, são os prejuízos maiores sofridos pelas empresas. PROPENSÃO AO ACIDENTE É discutível a existência ou não de pessoas propensas a sofrer acidentes. É preferível aceitar a ideia de que existem condições de 51 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES O HOMEM E o ACIDENTE DO TRABALHO saúde, estados de ânimo e temperamentos que, em determinadas circunstâncias ou ocasiões, propiciam condições para a ocorrência de acidentes do trabalho. Dentre essas podem ser citadas várias, como as que scsrucm. treinamento do pessoal e o mesmo critério da seleção de novos candidatos, aplicado nos casos de transferências, viriam prevenir muitos problemas de acidentes e outros, pela adaptação do empregado à atividade que lhe é atribuída. Inaptidão para o trabalho Temperamento 50 A aptidão para o trabalho é tão importante para a perfeita execução da tarefa como para a segurança de quem n executa. A inaptidão, ao contrário, chega a ser um desastre. É culpa da pessoa a falta de aptidão para o trabalho que executa? Nem sempre, mas às vezes é. É comum uma pessoa, principalmente se não tem profissão definida, sujeitar-se a qualquer tipo de serviço, principalmente quando necessita ganhar o sustento e não há muita escolha no mercado de trabalho. É freqiicnte, nesses casos, as pessoas executarem o trabalho sem a necessária aptidão e, muitas vezes, sem qualquer possibilidade de adaptação satisfatória. A empresa onde o trabalhador é admitido nem sempre possui serviço especializado de seleção. No caso, o candidato a emprego, que também às vezes desconhece sua real aptidão, é recrutado para preencher a vaga que existe, decorrendo daí muitos casos de inaptidão para o trabalho. Há também os casos em que a pessoa escolhe o trabalho ou profissão sem se preocupar com a vocação. Alguns seguem a profissão tradicional da família; outros são coagidos pela família a seguirem a profissão do pai, ou de algum parente ou conhecido, por ser rendosa; outras vezes, o próprio indivíduo escolhe a profissão ou serviço por achá-lo rendoso ou por prever bom futuro para aquela atividade, sem dar atenção ao talento; outros, ainda, procuram trabalhar onde já trabalham parentes ou amigos, não importando a atividade que vão exercer. Existem, também, os deslocados profissionais, que tiveram o emprego arranjado por amigos ou por recomendação de pessoas influentes, além daqueles que, dentro da empresa, pleiteiam transferência só porque preferem trabalhar ao lado de certos amigos ou sob a jurisdição de certo chefe, sem se importar com a adaptação ou não à nova atividade. Estes são alguns exemplos de pessoas inaptas para o trabalho e que causam muitos transtornos, principalmente acidentes. Nesse particular, as empresas deveriam aperfeiçoar sempre mais seus métodos de seleção e recrutamento, no sentido de conseguir escolher a pessoa certa para cada vaga existente; o cuidado com o De acordo com o seu temperamento a pessoa pode estar mais ou estar menos segura na atividade que exerce. Em outras palavras, as pessoas podem provocar a ocorrência de acidentes do trabalho por atitudes tomadas devido ao temperamento. As pessoas de temperamento nervoso, irritadiço, às vezes até explosivo, são perigosas tanto para si mesmas como para os outros. São as que não aceitam ordens com espontaneidade e não as entendem corretamente. Ê muito comum criarem situações perigosas pela alteração dos reflexos e descoordenação dos movimentos. Quando ocupa uma função de comando, as atitudes do "nervoso" influem negativamente no grupo subordinado, causando desentendimentos, descontentamentos e mal-estar geral, : quc criam condições favoráveis à ocorrência de acidentes do trabalho. Outros temperamentos também podem propiciar campo para os acidentes, conforme a intensidade e circunstância em que eles se manifestam. Mesmo o muito alegre, extrovertido, irriquieto, embora com temperamento benigno, causa complicações de segurança quando "prega uma peça" ou faz r.lguma brincadeira com um colega de serviço, para dar vazão ao seu temperamento. A educação relativa à segurança, e a consciência da prevenção de acidentes atenuam decisivamente os riscos "de acidentes do trabalho em qualquer circunstância e qualquer que seja o temperamento das pessoas envolvidas. Preocupação A preocupação é um estado de ânimo que pode levar as pessoas à prática de atos condenáveis sob o ponto de vista da segurança do trabalho. Problemas passionais, domésticos, financeiros, e mesmo a expectativa de algum acontecimento não rotineiro causam preocupações. É difícil alguém deixar de se preocupar em face de um desses problemas. Porém, muitas das preocupações existem ou persistem por falta de orientação ou por desconhecimento da pessoa acerca do objeto da preocupação. As campanhas educacionais de segurança do trabalho deveriam preocupar-se com orientações sobre a preocupação. Muitos problemas 52 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES O HOMEM E o ACIDENTE DO TRABALHO que preocupam a pessoa são criações da própria imaginação, ou da maneira própria e errónea de interpretar determinadas situações. Por que ficar remoendo um pseudo-problema sem recorrer a alguém que possa ajudar a esclarecê-lo? Por que guardar para si uma preocupação, criando no íntimo, muitas vezes, um mundo convulsivo, mas vazio de realidade? Por que não procurar a palavra, o auxílio moral de alguém que pode afastar a preocupação e mesmo dar solução para o problema, nem sempre tão aflitivo como parece? A preocupação contribui para a ocorrência de acidentes. As pessoas necessitam entender que as preocupações devem ser evitadas; em primeiro lugar, porque não resolvem os problemas que as originam e em segundo porque podem acrescentar um mal maior aos já existentes, isto é, um acidente com suas consequências. 53 acha que está certo, que pode fazer algo mais importante ou mais difícil, sem ter certeza disto. Muitas vezes, após tentativas frustradas, tenta convencer-se com desculpas hipotéticas e argumentos absurdos, simplesmente por não aceitar as limitações de sua inteligência ou habilidade. Outras vezes, despreza qualquer resultado de testes psicotécnicos quando estes não satisfazem suas expectativas ou desejos. Isto porque as pessoas não apreciam ver suas falhas reveladas; às vezes por achar que são um insulto a si mesmas, outras vezes por preferir ignorá-las. Não importa qual seja o pensamento geral das pessoas. Os serviços de seleção e recrutamento de pessoal das empresas devem contribuir decisivamente para a segurança do trabalho, escolhendo, dentre os candidatos às vagas existentes, aqueles que apresentarem melhores características para executar seguramente o trabalho. Emoção As alterações emocionais repentinas, quer seja por motivo de alegria, de tristeza, de aborrecimento ou mesmo por um susto, alteram os reflexos e as reações das pessoas, levando-as a falhas perigosas em qualquer atividade que exerçam. O indivíduo está sempre mais sujeito a acidentar-se quando sob a influência de qualquer impacto emocional. O risco é sempre maior nas atividades ern que os movimentos da pessoa devem ser sincronizados com movimentos de máquinas, de equipamentos e de outras pessoas. Nem todos possuem suficiente autocontrole para manter normais as reações em casos de grande emoção. Portanto, quem assim se reconhece, deve procurar compensar essa falha com precauções extras. Inteligência lenta ou retardada Existem pessoas que não aprendera ou têm muita dificuldade em aprender coisas consideradas relativamente fáceis. São casos de inteligência abaixo do normal, muito lenta ou de pouco alcance. Em ambos os casos a pessoa corre mais riscos de causar acidentes, tanto quando ocorrem fatos fora da rotina em sua atividade, como quando é obrigado a mudar de atividade, por exigir um tempo maior de adaptação que as pessoas comuns. O ideal seria que cada um, além de reconhecer suas verdadeiras aptidões, soubesse avaliar sua inteligência, a fim de não se expor a fracassos e a acidentes. Isto, porém, não é fácil, porque, via de regra, o homem não consegue avaliar-se a si mesmo de maneira imparcial. £le sempre CAPACIDADE FÍSICA E DOENÇAS As pessoas deveriam conhecer c aceitar sempre qualquer limitação que sua capacidade física ou doenças lhes impusessem. No entanto, isso nem sempre acontece, O empregado é admitido após rigorosos exames médicos, mas, mesmo assim, muitas vezes, se expõe a riscos ou cria situações perigosas por não saber até onde poderá chegar seguramente. O homem é um eterno e orgulhoso exibicionista de suas capacidades físicas. O fascínio da competição leva-o a excessos perigosos. Por exibicionismo ou competição, procura muitas vezes demonstrar sua força muscular, tentando levantar e carregar pesos no limiar ou além de sua capacidade. São frequentes as lesões da coluna vertebral, as lombalgias de esforço e outros O exibicionismo e a euforia dos aplausos males que contrai nessas 'levam ,o homem a muitas práticas contendas desnecessárias. inseguras. PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES O HOMEM E o ACIDENTE DO TRABALHO As pessoas devem aceitar as limitações físicas, conformar-se com elas, em vez de procurar dissimulá-las exercendo esforços excessivos para seu estado orgânico, adicionando mais perigos aos que já correm, além de estendê-los a outros. Neste aspecto, o homem tem de ser realista. Se houver um mal, deve procurar um médico e submeter-se aos tratamentos necessários. Deve reconhecer que muitas deficiências que hoje, entre outros inconvenientes, levam as pessoas a sofrer acidentes, originaram-se de pequenos males que, na ocasião oportuna, não mereceram a atenção necessária. Dar a uma pessoa fisicamente fraca uma atividade condizente com seu estado de saúde é muito importante para a prevenção de acidentes do trabalho. Mas. sempre deve haver, nesses casos, uma tentativa de recuperação do estado físico normal, quando essa possibilidade existir. Dentre as incapacidades, insuficiências e defeitos físicos que podem comprometer a segurança do trabalho, segundo experiência já consolidada, destacam-se as. seeuintes: O portador de visão insuficiente nem sempre a percebe quando sua atividade não requer muita acuidade visual. Muitas vezes, para sua surpresa, é recomendado que consulte um oftalmologista, após submeter-se a testes, rfieámd niílímentares, de suficiência visual. Isto ocorre, com mais frequência, entre candidatos a emprego, quando o exame de visão faz parte dos exames pré-admissionais e com candidatos a exames para obtenção da carteira de motorista ou para revalidação da respectiva ficha de sanidade. Há casos em que o indivíduo não corrige a irregularidade visual por negligência ou por motivos económicos. Em ambos os casos, porém, as consequências são as mesmas: redução cada vez mais da capacidade visual e exposição permanente aos riscos de acidentes acarretados pela má visão. 54 Surdez A surdez é uma falha que pode complicar a segurança do trabalho de seus portadores, assim como de outros. Um alarme não ouvido, avisos e ordens mal entendidos poderão acarretar consequências danosas. Certas atividades, tais como manobras de veículos e outras, em que a pessoa deve guiar-se por sons ou ruídos, ou qualquer espécie de alarme, a bem da segurança, não devem ser exercidas por pessoas portadoras de insuficiência auditiva. O surdo, para trabalhar com segurança pode: primeiro, tratar e curar a surdez, se possível; segundo, corrigi-la com aparelho auditivo; terceiro, redobrar as precauções quanto ao entendimento de avisos, sinais etc., para execução de suas tarefas. 55 Daltonismo O daltonismo é uma falha visual específica que pode trazer complicações à segurança do trabalho. Os daltônicos confundem as cores, principalmente a verde e a vermelha. São reprovado? como motoristas, pois essas cores representam grande parte da segurança do trânsito. Também na indústria n distinção de cores c importante para a segurança de certas atividr.des. Eletricistas, mecânicos, operadores de máquinas etc., poderão causar acidentes se forem daltônicos. Cabos elétricos, comandos de máquinas, pontos perigosos etc., são por norma ou por precaução, pintados cm determinadas cores, que as diferenciam para evitar enganos perigosos. É aconselhável que pessoas daltónicas só executem serviços nos quais a distinção das cores não tenha importância sob o ponto de vista da segurança do trabalho. Insuficiência visual Outros inales Qualquer mal nos órgãos visuais deve merecer toda atenção, a fim d? preservar esse sentido tão valioso para o exercício do trabalho. As insuficiências visuais devem sempre ser corrigidas com tratamento ou com óculos adequados, tão logo sejam percebidas. O portador de visão insuficiente corre o risco de acidentar-se e de causar acidentes a outros. É boa a política das firmas que mantêm controle auditivo e visual dos empregados, tanto para a segurança do Algumas doenças são problemas específicos de segurança, alem do mal que. em si, representam para o seu portador. O epiléptico c portador de um desses j-roblcmas. T:/-.;o cerre riscos de acidentes como pode causá-los a outros. Embora sujeitos aos ataques e desmaios típicos do mal são pessoas que necessitam trabalhar, pois suas condições não são consideradas como de incapacidade paia o exercício do trabalho. Algumas firmas preferem n H n admitir ou mermo se desfazer de empresados portadores PRÁTICA DA PREVENÇÃO m:. ACIDENTE;; O HOMEM n o ACIDENTE DO TRABALHO de epilepsia, Aquelas que os possuem devem ter o cuidado de adaptá-los a trabalhos que não envolvam n.áquinas perigosas, escadas, andaimes etc., isto é, colocá-lo em condições tais que, se acometido de um ataque, o ambiente ou equipamentos não proporcionem riscos adicionais. O serviço médico da empresa deve também interessar-se pelo controle medicamentoso de que geralmente a pessoa necessita. Esses cuidados da empresa, além do cunho social e psicológico favorável que apresentam, vêm favorecer muito a prevenção de acidentes do trabalho. O alcoólatra é outro que poderá se constituir num problema para a segurança do trabalho. Além dos efeitos maléficos do álcool sobre o organismo, que causam diferentes distúrbios do aparelho digestivo, nervoso etc., o alcoólatra, via de regra, sofre alterações de reflexos e de raciocínio que prejudicam suas atividades, principalmente no que diz respeito à segurança. Exemplos típicos são os acidentes de trânsito, onde a falha do raciocínio e dos reflexos, motivada pelo excesso do álcool ingerido pelo motorista, são sua causa fundamental. O que poderá fazer uma empresa para evitar essas situações? Não se pode estar certo de que a firma consiga evitar que seus empregados bebam, mas algo pode ser feito; primeiro, tratar de conhecer os hábitos dos empregados através da supervisão; segundo, aconselhar individualmente os empregados viciados por intermédio do serviço médico e promover campanhas gerais de esclarecimento; terceiro, não ser tolerante com os estados de embriaguez que forem observados no trabalho. Certas fobias são outros inconvenientes para a segurança do trabalho, caso elas não sejam conhecidas ou os portadores de casos específicos sejam obrigados a trabalhar em condições que lhes são contra-indicadas. É perigoso, por exemplo, que um portador de acrofqbia, medo de altura, seja designado pata executar um trabalho em níveis elevados, sobre escadas, plataformas etc.; que o portador de claustrofobia, medo do estado solitário ou de clausura, trabalhe em lugar isolado, sozinho, em sala fechada etc. É importante, portanto, que os supervisores de grupo de trabalho conheçam seus subordinados nesse particular, para avaliar o que cada um poderá sentir nas diversas situações que a atividade criar, e, assim, evitar que das peculiaridades de certas pessoas, se originem acidentes. acidentes do trabalho. O analfabeto não pode usufruir os benefícios de instruções e normas de segurança escritas que são muito importantes em certos trabalhos. Não lê um aviso de perigo, ou os dizeres de rótulos de materiais perigosos etc. Portanto, se for designado para executar determinadas tarefas, onde a leitura de avisos, instruções etc., for necessária, correrá riscos dos quais outros estarão isentos. ANALFABETISMO O analfabeto é portador do que pode ser chamado um mal social, o analfabetismo, que pode ser a causa fundamental de alguns Não é o caso, no entanto, de deixar os analfabetos desempregados. É, isso sim. o caso de colocá-los em atividades onde sua deiiciência cultural não venha a comprometer sua integridade física, a de outros ou o próprio património da empresa. O analfabeto poderá, de acordo com as circunstâncias, sentir-se deslocado no grupo, inibido pela sua situação, o que enfraquecerá suas atitudes seguras no trabalho. Dada a importância do fato, é elogioso o que muitas empresas têm feito no sentido de alfabetizar os empregados que antes não tiveram oportunidade de frequentar a escola. OUTRAS FALHAS Além das apontadas, muitas outras falhas do homem podem contribuir para que ele se acidente ou cause acidentes no trabalho. As falhas nem sempre são totalmente sanáveis, mas, quase sempre, podem ser atenuadas de modo a livrar seus portadores de ocorrências .lamentáveis. No meio social, em que vive, no convívio com outras pessoas, no lar, nos divertimentos em geral e mesmo no ambiente do trabalho, as pessoas podem adquirir caracteres de agressividade de indolência, de negligência etc., quase sempre comprometedores da sua segurança no trabalho. Os desregramentos, os excessos, os vícios, também costumam comprometer as pessoas quanto ao. comportamento no trabalho. Se de um lado, as falhas orgânicas, psicológicas e culturais comprometem a segurança do trabalho, de outro, as falhas profissionais ou de orientação laborativa também se unem às primeiras para tornar os trabalhadores mais vulneráveis a acidentes do trabalho. Essas últimas, as próprias pessoas podem corrigi-las, ou tê-las corrigidas no próprio ambiente de trabalho, desde que alguns princípios de integração e treinamento sejam obedecidos. Esses princípios, bem aplicados, conseguem muito bons resultados, em matéria de prevenção de acidentes, pelo ensino correto do trabalho. Isto é, bem integrado e treinado, o homem produz mais e melhor, em menos tempo, sem provocar acidentes e nem ser sua vítima. 58 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES A bem da segurança, da qualidade do trabalho e do custo do produto, os trabalhadores devem ser adequadamente integrados às atividades que exercem. TREINAMENTO • O valor e mesmo a necessidade do treinamento na indústria não são ainda suficientemente reconhecidos. Mesmo que. a firma tenha interesse e mantenha serviço especializado, nem sempre consegue a adesão de todos os interessados ou então que as atribuições de treinamento sejam estendidas a todos que dele devem participar. .Não vão aqui críticas ou sugestões; apenas uma afirmação. Muitos acidentes do trabalho — muitos mesmo — ocorrem por falta ou deficiência de treinamento, daquele treinamento específico que os supervisores devem ministrar aos subordinados, conforme a atividade de cada um. Os supervisores são frequentemente deixados à margem da faceta importante do treinamento, que é a sua participação ativa no ensino do trabalho, na orientação e acompanhamento posteriores dos empregados. Às vezes, quando teoricamente ele possui essas atribuições, o setor responsável pelo treinamento n Só. dispõe de meios para acompanhar e avaliar a atividade do supervisor. O treinamento na indústria significa Se a empresa possuir um maior rentabilidade da mão-de-obra, bom programa de segurança, melhor aproveitamento das qualionde todos os acidentes sejam dades individuais e mais segurança investigados e suas causas, pelo no trabalho. menos as mais evidentes, sejam analisadas, esses relatórios serão o espelho da atuação dos supervisores. Basta atentar para a ampla conceituação dos acidentes do trabalho para se chegar à conclusão de que o mais importante a ser ensinado aos trabalhadores é qual a maneira segura de executarem suas atividades, e o mais importante a conseguir é que executem suas atividades como lhes joi ensinado. E quem poderá fazer isso melhor que os supervisores? Se houver alguém capaz, este deverá ser o supervisor. O HOMEM E o ACIDENTE DO TRAHALHO 59 MÁQUINAS, FERRAMENTAS ETC. Alguns conhecimentos são de valor fundamental para a execução segura dos trabalhos. Quando estes envolvem máquinas, ferramentas ou outros equipamentos, o trabalhador deve conhecer os pontos perigosos ou as fases perigosas do serviço. Ao mesmo tempo, é imprescindível que saiba como se proteger e quais os dispositivos e equipamentos disponíveis para sua proteção. Isto requer treinamento, embora, às vezes, sob a forma de simples instruções. E o chefe deve estar em condições de ensinar os subordinados. MATERIAIS £ necessário conhecer muito bem os materiais com os quais se trabalha; suas finalidades, suas características perigosas à saúde e integridade física. Quantos acidentes graves e mesmo fatais ocorrem porque as pessoas nem sequer suspeitam das propriedades do material que empregam, embora sejam produtos letais. Saber a maneira de manusear e guardar produtos perigosos é algo imprescindível dentre os conhecimentos do pessoal que usa esses materiais. Quais os equipamentos protetores e os cuidados de higiene pessoal a serem observados são outros pontos a serem seguidos rigorosamente pelos trabalhadores. Os serviços de segurança devem estar em condições de .fornecer todas as recomendações necessárias para a manipulação e guarda segura de materiais ou resíduos, tóxicos, corrosivos etc. Aos supervisores cabe ensinar os subordinados para que as recomendações sejam postas em prática e seguidas corretamente. ARRUMAÇÃO E LIMPEZA A boa arrumação dos locais de trabalho e a relativa limpeza são dois fatôres imprescindíveis para a melhor produtividade e para a segurança do trabalho. Coisas fora dos lugares adequados, quer atravancando a passagem, retardando a circulação de pessoas e de materiais ou ainda tomando tempo d? qirem as necessita e não as encontra, são prejudiciais ao trabalho c sf:o a causa de muitos acidentes. A limpeza é outro fator a ser observado: todos os locais de trabalho podem ser mantidos bem arrumados e relativamente limpos. Por exemplo, uma fábrica de louça poderá ter tanta poeira suspensa ou acumulada como uma fundição de ferro; esta porém terá aparência 60 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES menos agradável e parecerá mais suja. A diferença maior, no entanto, estará na cor da poeira. A situação de limpeza considerada boa para uma fundição seria condenável para um oficina mecânica e a que seria ótima para esta não seria em hipótese alguma aceita para uma fábrica de produtos alimentícios. Relativamente, no entanto, todos os locais de trabalho podem ser limpos e bem arrumados; é necessário que todos compreendam isso; que a empresa o reconheça; que os supervisores se interessem Q formem nos seus grupos de trabalho o hábito de trabalhar em ordem, Ordem, limpeza, disciplina e cortesia com ioda a limpeza possível, o tornam mais agradáveis os momentos que resultará em menos desperque se passam no local de qualquer atividade. dício e mais segurança. DISCIPLINA E RELAÇÕES HUMANAS O comportamento disciplinar e o relacionamento entre os membros de um grupo de trabalho são dois fatôres de valor fundamental para o sucesso de qualquer atividade. Qualquer supervisor sabe que a falta de disciplina é um entrave em qualquer atividade em grupo. Nem todos, porém, sabem como estabelecer um regime de disciplina onde esta não é muito boa e outros não conseguem mante-la quando qualquer desvio dos bons costumes disciplinares surge repentinamente. A disciplina é muito importante para a segurança do trabalho como para os demais aspectos da produção como melhor qualidade, maior aproveitamento da mão-de-obra e materiais etc. Onde o chefe é um líder, como deveriam ser todos os supervisores, o relacionamento no grupo é bom, a disciplina é boa e os riscos de acidentes do trabalho, com todas as suas consequências, ficam reduzidos ao mínimo. As pessoas, mesmo as portadoras de falhas e limitações, poderão trabalhar isentas de riscos de acidentes, desde que sejam treinadas, tenham suficientes conhecimentos básicos de segurança e se comportem disciplinadamente em suas atividades. RESUMO • O homem possui reflexos de auto-defesa, ativados pelos seus sentidos, mas que não são suficientes para protegê-lo contra os acidentes do trabalho. O HOMEM E o ACIDENTE no TR.UUUIO 61 • O homem é sempre o principal fator em todos os aspectos que o envolvem e o relacionam com os acidentes do trabalho e sua prevenção. • As atitudes humanas e condições materiais inseguras, combinadas ou não, propiciam a ocorrência de acidentes, isto é, são a sua causa. • Certos estados do indivíduo, em determinadas circunstâncias ou ocasiões, facilitam a ocorrência de acidentes. • A inaptidão para o trabalho é ao mesmo tempo um problema profissional e de segurança. • O temperamento do indivíduo pode exercer influências benignas ou maléficas sobre a sua segurança no trabalho. • A preocupação causa um estado de ânimo que pode levar as pessoas à prática de atos contrários à segurança do trabalho. • Os impactos emocionais alteram os reflexos e reações das pessoas, levando-as a falhas perigosas. • Pessoas que exercem tarefas além de sua capacidade de inteligência correm mais riscos de acidentes. • Quem tenta ou é obrigado a executar trabalhos além de sua capacidade física também se expõe mais aos riscos de acidentes. • As insuficiências visual e auditiva são perigosas para os trabalhos e devem, sempre que possível, ser corrigidas. • Muitos outros males, entre eles o analfabetismo, podem ser perigosos no que tange à segurança da pessoa e devem ser levados em conta na designação de tarefas aos trabalhadores. • O treinamento na indústria assume grande importância, principalmente com relação à segurança do trabalho. • Cada trabalhador deve conhecer adequadamente as máquinas, ferramentas, materiais etc., envolvidos no seu trabalho —.isto é, deve conhecê-los também sob o aspecto segurança. • Arrumação e limpeza, ordem e disciplina, são coisas que o trabalhador deve exercer fielmente. 4 CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — ATOS INSEGUROS Atos inseguros e condições inseguras são os fatôres que, combinados ou não, desencadeiam os acidentes do trabalho. São, portanto, as causas diretas dos acidentes. Assim, pode-se entender que prevenir acidentes do trabalho, em síntese, é corrigir condições inseguras existentes nos locais de trabalho, não permitir que outras sejam criadas, e evitar a prática de atos inseguros por parte das pessoas. Tanto as condições como os atos inseguros têm origens mais remotas, como citado no capítulo anterior. Quase todos os fatôres, porém, podem ser ou eliminados ou atenuados, de modo a evitar que os últimos da cadei?, atos e condições inseguros, venham a propiciar a ocorrência de acidentes — pelo menos para que essas ocorrências se tornem cada vez mais raras. Condições inseguras serão objeto de estudo no próximo capítulo. São muitos os acidentes que têm como principal causa um ato inseguro praticado pela vitima. b4 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES ATOS INSEGUROS Ato inseguro é a maneira como as pessoas se expõem, consciente ou inconscientemente, a riscos de acidentes. São esses os atos responsáveis por muitos dos acidentes que ocorrem no ambiente de trabalho e que estão presentes na maioria dos casos em que há alguém ferido. Fazendo-se uma análise razoável das causas dos acidentes do trabalho, nota-se que alguns fatôres sobressaem-se entre os atos inseguros, responsáveis por muitas ocorrências indesejáveis. Dentre eles destacam-se: Ficar junto ou sob cargas suspensas Cargas suspensas, quer sejam por pontes rolantes, guinchos, moitões, cordas etc., podem cair por razões diversas. As pessoas às vezes, ignoram a possibilidade da ocorrência desses acidentes, pois desconhecem, ou não acreditam, que os equipamentos estão sujeitos a falhas elétricas ou mecânicas imprevisíveis, mesmo em regime de boa manutenção. Por fadiga, desgaste ou esforço a que são submetidas, peças vitais podem se quebrar ou falhar, decorrendo daí um acidente. Por desconhecimento ou por abuso, as pessoas muitas vezes permanecem junto ou mesmo embaixo de cargas suspensas de onde não sairão ilesas caso ocorra o acidente. Nos casos em que é necessária a entrada ou permanência de pessoas sob cargas suspensas, essas devem ser calçadas, ou qualquer outro recurso deve ser aplicado de maneira que não caiam, caso ocorra um desarranjo ou quebra no equipamento de elevação. Colocar parte do corpo em lugar perigoso As pessoas sofrem um número muito grande de lesões por colocarem parte do corpo, principalmente as mãos, em pontos perigosos: em pontos de prensamcnto, em contato com facas e outras pecas contundentes nos pontos de operação etc. A maioria das contusões graves e amputações de dedos e mãos é devido à colocação das mãos em lugares perigosos. Os trabalhos devem ser planejados c os equipamentos construídos de modo a não ser preciso que as mãos ou outras partos do corpo -- sejam colocados em pontos onde possam sofrer ferimentos. Mas, q u a l q u e r que seja a condição do equipamento, a colocação de parte cio corpo em lugar perigoso é um ato inseguro que deve ser evitado. Nos casos em que. como certas operações de prensas, por motivos técnicos, o operador necessita colocar as mãos na zona perigosa, c recomendável a adocão de dispositivos de afastamento automático CAUSAS DI- ACIDENTES DO TRABALHO — Ares INSEGUROS 65 das mãos ou interligação por células fotoelétricas e. nos casos de colocação ou reparo dos estampes, os calcos de segurança, entre a mesa e o embolo da prensa ou e n t r e as matrizes, é imprescindível para que a prensa não desça acidentalmente. Usar máquinas sem habilitação ou permissão Por mais simples que pareçam, máquinas e outros equipamentos requerem do operador conhecimentos completos para que o trabalho seja executado com segurança. Não basta conhecer os comandos e os movimentos da máquina e saber como conseguir o produto que dela se espera; é imprescindível que também os perigos e os meios de neutralizá-los sejam conhecidos. Como as máquinas sempre são atrativos à curiosidade, ou ao interesse das pessoas em aprender a operá-las, tornam-se uma porta aberta à prática de atos inseguros. Isto ocorre quando as pessoas não conhecem a máquina suficientemente, ou mesmo a desconhecem completamente, e tentam operá-la clandestinamente. Ajs vezes é suficiente o desconhecimento de pequenos detalhes da máquina para daí resultarem acidentes. Para operar segura e eficientemente qualquer máquina ou equipamento é necessário conhecê-los bem. Eles nunca conhecerão o operador; portanto, o problema da segurança é dele. Devem-se estabelecer normas rígidas para que somente pessoas habilitadas e autorizadas possam operar máquinas e equipamentos de trabalho. Só pode ser considerada habilitada a pessoa que conhece a máquina que opera, também sob o ponto de vista de segurança. Imprimir excesso de velocidade ou sobrecarga Os motivos que levam o trabalhador a i m p r i m i r velocidade excessiva aos equipamentos e máquinas, ou sobrecarregá-los, são também vários, porém quase sempre injustificáveis. A tentativa de produzir mais, quando o trabalhador ganha prémio de produção ou trabalha a contrato, é um dós motivos que leva a práticas inseguras dessa natureza. Outros motivos são a preocupação em produzir mais agora para trabalhar com mais folga ou mesmo vadiar mais tarde; ou, simplesmente, o fato de querer competir com os colegas sem visar a lucros; e ainda há os casos em que se procura compensar qualquer atraso de produção usando esse e.\peclie:uc perigoso e noni sempre compensador economicamente. Cada atitude dessas é uma oportunidade, que se dá ao acidente, o qual, potencialmente, cresce nessas ocasiões. Seja qual for o motivo ou pretexto, vaie a pena coibir esses excessos tanto paru l i v r a r as pessoas de indesejáveis lesões, como 3 i- 66 PRÁTICA DA PKEVENÇÃO u r, ACIDENTUS para isentar os equipamentos e m á q u i n a s de quebras e gastos prematuros. Lubrificar, ajustar c limpur máquinas cm movimento A atitude de lubrificar, ajustar e limpar máquinas em movimento tem sido responsável por grande número de lesões graves e mesmo fatalidades. Este é um dos poucos atos inseguros tratados, especificamente pela legislação da segurança do trabalho; não porque tenha se constituído em causa mais frequente de acidentes, mas, talvez, por ser dos mais evidentes, como ato inseguro, quando está sendo praticado. Em muitas indústrias existem m á q u i n a s que trabalham ininterruptamente e que devem ser lubrificadas, limpas e eventualmente ajustadas como as demais. Para que. no caso, haja segurança, é necessário que tais máquinas sejam providas de meios que possibilitem o trabalho isento de risco. Por outro lado, há muitas máquinas que podem ser ajustadas e lubrificadas em todos os pontos que requerem lubrificação sem proporcionar perigo a quem executa o trabalho. Essas poderão servir de exemplo para que outras sejam corrigidas ou adaptadas quando o trabalho, por motivos técnicos, não permite que a máquina ou equipamento pare. A não ser nos casos específicos de máquinas que trabalham continuamente e que possuem meios adequados de segurança, todas devem ser paradas e mesmo, em muitos casos, devem ter as fontes de energia bloqueadas com cadeado, para que o trabalho de limpeza, lubrificação e ajustes, seja realmente executado com segurança. Este ato inseguro também deve ser combatido, propiciando-se meios e conhecimentos de segurança aos trabalhadores. Improvisação e mau emprego de ferramentas manuais A improvisação e emprego inadequado de ferramentas são atos também responsáveis por muitas ocorrências lamentáveis. As ferramentas manuais têm larga aplicação em todos os campos de atividades. Embora sejam utensílios elementares, na grande maioria dos casos, é sempre necessário algum conhecimento, habilidade e bom senso para que possam render o máximo com menos desgaste e mais segurança. Nem sempre, porém, isso acontece; por serem elementares, às vezes, não se dá às ferramentas a atenção que merecem, e essa desatenção vai desde o uso de algumas, em péssimas condições, até as mais absurdas improvisações. Essas atitudes sempre trazem prejuízos, principalmente acidentes lesivos aos usuários dos instrumentos de trabalho. O uso de ferramentas em condições precárias deve-se à negligência do usuário, à precariedade de manutenção, ou ainda ao CAUSAS DI: ACIDENTES no TRABALHO — ATOS INSEGUROS 67 desconhecimento do perigo. Improvisações e uso inadequado decorrem, muitas vezes, da indolência da pessoa, que não quer se locomover para conseguir a ferramenta correia ou então procura ganhar tempo, o que quase nunca compensa. Em qualquer hipótese, são atitudes condenáveis que devem ser combatidas com reparos e substituição das ferramentas impróprias, e com instrução aos usuários para o emprego corrcto e seguro. Inutilização de dispositivos de segurança Quantas lesões graves e lamentáveis têm tido origem no ato inconcebível de inutilizar, neutralizar, deturpar o funcionamento ou mesmo remover dispositivos de segurança de máquinas c: equipamentos! Guardas de proteção sobre correias e engrenagens, botões e alavancas para acionamento. dispositivos especiais para segurança nos pontos de operação etc., jamais deveriam ser tocados com qualquer fim que viesse a comprometer a finalidade para a qual são instalados. Uma das atitudes mais condenáveis é a de deturpar qualquer dispositivo de segurança, sob qualquer pretexto. Trabalhar nessas condições é um dos atos inseguros de mais graves consequências para quem opera o equipamento. Operar m á q u i n a s e equipamentos desprovidos dos requisitos de segurança é também ato inseguro, embora, muitas vezes, lamenA remoção ou a danificação dos tavelmente, seja forçado por meios de proteção das máquinas e a uma condição insegura que negligência, quanto ao uso de protenão é da responsabilidade tores pessoais, são atos inseguros do operador que se expõe condenáveis, entre muitos outros. ao risco. A disciplina, depois do conhecimento que o operador deve adquirir sobre a função e as reais necessidades dos dispositivos de segurança, é o fator mais importante para prevenir esses atos. Não usar as prote;ões individuais Muitos riicos, peculiares a diversas atividades, não são totalmente controláveis e, para isentar-se de ferimentos o homem precisa 68 PRÁTICA DA PREVENÇÃO nu ACIDENTES CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — ATOS INSEGUROS resguardar a si mesmo usando protetores específicos para a parte do corpo que poderá vir a ser atingida. Esses são os chamados Equipamentos de Proteção Individual "EPI", tais como. óculos de segurança, luvas, máscaras etc. Quando o risco requer, o "EPI" deve ser usado; não há outro recurso que possa substituí-lo. Deixar de usar o "EPI" adequado e de maneira correia é um ato inseguro dos mais perigosos, principalmente quando se expõem os olhos e as vias respiratórias aos riscos a que estão sujeitos. O uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual não só é recomendável sob o ponto de vista da segurança em si, como também é mandatório de acordo com a legislação sobre o assunto. Geralmente o uso satisfatório dos ;ÍEP1" requer esclarecimento dos usuários, às vezes treinamento e, sempre, bom comportamento disciplinar. Uso de roupas inadequadas e acessórios desnecessários A maneira de vestir-se também faz parte da segurança de quem trabalha. Usar roupa e calçados inadequados em relação ao trabalho que se executa é pôr em prática um ato m u i t o condenável, que muitas vezes expõe a pessoa a riscos adicionais àqueles típicos de sua atividade. Roupa muito folgada, gravata, cinto solto e mangas compridas, por exemplo, constituem perigo quando usadas em trabalhos com máquinas que tenham pecas em movimento onde possam se enroscar. Relógio de pulso, braceletes, correntes, anéis etc., também constituem perigo em trabalhos com certos equipamentos, no manuseio de material e em outras atividades. A própria manutenção da roupa t calçados cm boas condições contribui para a segurança dos usuários. Roupas sociais, surradas, quando passam a ser usadas em certas atividades industriais, muitas vezes requerem adaptações para não se constituírem em risco de acidente. Quando a roupa de trabalho é fornecida pela empresa, • o serviço de segurança é que deve d e t e r m i n a r os módulos a serem usados e o critério de distribuição e controle, para evitar que. sejam usadas roupas inadequadas em relação aos trabalhos que as pessoas executam. Manipulação insegura de produtos químicos Como manipulação de produtos químicos entenda-se o preparo de misturas, o transporte do produto para o estoque ou cio estoque e as mais diversas aplicações em operações industriais. M a n i p u l a r esses produtos de maneira perigosa, por não conhecer, ou mesmo conhecendo suas características agresr.ivas; misturá-los sem saber qual será a reação; Iransportá-los, de maneira incorreta, cm recipientes inadequados etc., são atos inseguros que dão origem a muitas lesões graves, 69 Quem trabalha com produtos químicos deve conhecer suas características agressivas, o perigo de misturá-los com outros, a maneira segura de serem guardados e mantidos fora do alcance de curiosos e os recursos que deve empregar para se isentar do perigo de sofrer algum ferimento. Transportar ou empilhar inseguramente Quanto inseguro é o ato de transportar, empilhar e dispor materiais e peças erroneamente! A segurança desse tipo de trabalho depende exclusivamente de quem o executa, do conhecimento e noção que tem de todos os detalhes da atividade, principalmente dos meios de evitar acidentes. Se o indivíduo não sabe a maneira correta de levantar volumes poderá sofrer lesões na espinha dorsal e nos músculos lombares; se abusar de sua capacidade física e tentar carregar peso excessivo incorrerá no mesmo risco. Por outro lado, se não dispensar a devida atenção ao empilhar ou dispor materiais em estrados, prateleiras etc., e não conhecer os métodos corretos de empilhar segundo o tamanho e forma dos objetos, poderá causar desmoronamentos ou simples quedas de volumes, correndo riscos, além de colocar outros em situações perigosas. O ato inseguro existirá da mesma forma, seja o trabalho executado manualmente ou por meios mecânicos. Instruções ao operador de como fazer o trabalho, treinamento para que consiga realizá-lo e disciplina para que seja feito de maneira correta, são requisitos indispensáveis para a segurança dessa atividade. Fumar e usar chamas em lugares indevidos Lugares indevidos para fumar ou usar qualquer tipo de chama e mesmo produzir centelhas e calor excessivo, são os locais cujos materiais em estoque ou em processo desprendem vapores, gases ou poeira que se inflamam ou explodem ao contato com qualquer fonte de ignição. No entanto, esses atos são m u i t a s vezes praticados, embora já tenham causado um número imenso de ocorrências lamentáveis, muiias das quais de conhecimento público. A não avaliação do risco, a ignorância da existência de material inflamável no local, o desconhecimento do perigo de certos inflamáveis e a displicência com que tais riscos são tratados, têm sido fatôres evidentes corno causadores das mais diversas ocorrências de incêndios e explosões. Às vezes nem sequer um aviso de "É PROIBIDO FUMAR" é colocado na área perigosa. O importante é fazer com que todos se compenetrem do perigo, que saibam o quanto é fácil irromper um sinistro pelo simples fato 33 *< >ii^<xuaMNaU 70 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES de alguém tentar acender um cigarro ou produzir outra chama qualquer em área perigosa. Para isso é necessário: • entender que todos os inflamáveis são perigosos e que o risco é tanto maior quanto mais baixo for o ponto de fulgor do material; • não fumar perto de inflamáveis e explosivos, mesmo que o fumante se julgue cuidadoso. • nunca usar chamas ou outras fontes de calor nas áreas perigosas a menos que cercado de todos os cuidados que se devem tomar preliminarmente. Todas as empresas que possuem áreas de manipulação e estoque de materiais inflamáveis devem adotar um sistema rigoroso de controle, verificação e demais cuidados necessários, quando na área ou nas proximidades devam se realizar serviços de solda ou qualquer outro serviço que empregue calor. Um regulamento para todos os serviços de solda, fora' das áreas específicas para esses serviços, deve ser estabelecido e seguido corrctamente. Tentativa de ganhar tempo A tentativa de ganhar tempo, encurtando caminho ou improvisando equipamentos c uma atitude de consequências imprevisíveis. Muitas vezes a pessoa tenta passar por entre transportadores em movimento, por sobre pilhas de materiais ou procura saltar uma valeta, para não andar um pouco mais e contornar um obstáculo qualquer. Outras vezes improvisa um andaime ou usa meios contraindicados para subir em algum lugar, somente para não ir buscar uma escada ou para não esperar que ela seja trazida. As improvisações de ferramentas, de instalações elctricas etc.. contam-sc entre os recursos que a pessoa procura usar na tentativa de ganhar tempo. Regra geral, não se ganha tempo com essas atitudes e, mesmo que se ganhe em alguns, casos, não compensam o risco que se corre. O entendimento dessa inconveniência é uma questão de bom senso, e depende, também, das instruções de segurança que devem existir visando evitar essas práticas inseguras. Brincadeiras e exibicionismo As brincadeiras são condenáveis no trabalho, pois tomam parte da atenção que deveria ser dedicada ao serviço e podem fazer com que outros se distraiam e incorram em práticas inseguras. Distrair-se por brincar, por dar atenção a atitudes de outros ou por qualquer motivo que seja, predispõe a pessoa a atitudes contrárias à maneira de trabalhar seguramente. Aquele que abusa de um risco que conhece, muitas vezes o faz para exibir o que julga ser habilidade. CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — ATOS INSEGUROS 71 Gsscs exibicionismos são também atos inseguros que devem ser combatidos. O fator disciplinar e moral do grupo de trabalho influi decisivamente na existência pu não dessas atitudes que levam a muit^v acidentes. OUTROS ATOS INSEGUROS Os atos inseguros que podem ser e que são praticados durante o trabalho dariam para encher dezenas de folhas de um livro caso fossem, pelo menos na maioria, compilados e comentados ligeiramente. Os qttatorze apresentados neste capítulo são os que mais se evidenciam nas ocorrências de acidentes. Todos, porém, são condenáveis e devem ser evitados. O combate à prática de atos inseguros deve ser constante em todos os programas que visam realmente prevenir acidentes. Serviço de segurança, treinamento, serviço médico e principalmente supervisores devem participar, em conjunto, na correção e eliminação dos hábitos que levam a essas atitudes inseguras. Isto porque, os atos inseguros têm origem em fatôres pessoais que podem ser corrigidos ou pelo menos bastante atenuados pelas pessoas ou órgãos acima citados. FATÔRES HUMANOS Os íatóres humanos predominantes são os seguintes: Desconhecimento dos riscos de acidentes É quando a pessoa simplesmente não sabe que o equipamento ou material que usa possui determinado risco. Fica, então, exposta ao perigo, embora de maneira inconsciente. Isto ocorre porque, ao se ensinar o serviço a quem vai executá-lo, tudo, ou quase tudo, lhe é ensinado, a não ser o aspecto segurança do trabalho, ou quando isto lhe é ensinado, não passa de uma observação: " . . . e tome muito cuidado." Portanto, o esclarecimento do trabalhador, principalmente por intermédio da supervisão, é o meio mais adequado para a correção deste fator pessoal. Treinamento inadequado É um fator muito frequente, que leva à prática de atos inseguros. A pessoa mal treinada na execução das tarefas que lhe r 72 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES compete executar, tende a descontrolar-se e a afobar-se diante de qualquer pequeno imprevisto que surja no trabalho; é quando lança mão de recursos improvisados, atos mesmo absurdos, na tentativa de corrigir ou contornar a situação. É muito comum, nesses casos, complicar ainda mais a situação e tornar a condição extremamente propícia ao acidente, que, via de regra, ocorre. Os setores de treinamento e de segurança juntamente com a supervisão devem agir para que seja dado um bom treinamento aos trabalhadores. y Falta de aptidão ou de interesse pelo trabalho Quando o trabalhador não tem aptidão para o trabalho que executa e não tem interesse em fazê-lo bem feito, geralmente não se integra num esquema rígido de trabalho, porque tem sempre a tendência em negligenciar em alguns pontos que, via de regra, comprometem a segurança do trabalho. São muitos os atos inseguros praticados devido à displicência que essas pessoas adquirem pela não adaptação ao tipo de trabalho que tom de executar. Regra geral, requerem mais supervisão para trabalharem, pelo menos, satisfatoriamente. Seleção e recrutamento do pessoal, incluindo a supervisão, que seleciona profissionalmente o trabalhador, podem evitar ou corrigir essas situações. Excesso de confiança Têm excesso de confiança, neste caso, as pessoas que abusam da habilidade e capacidade que possuem, de maneira a se exporem a riscos de acidentes. Deixam muitas vezes de seguir esta ou aquela regra de segurança por acharem que elas poderão ser substituídas pela habilidade ou pela atitude absurda que chamam de coragem. Só quem não entende até que ponto pode realmente confiar em si mesmo é que imagina ser imune aos acidentes devido à habilidade que possui. O ensino da segurança e a ação da supervisão podem corrigir essas atitudes. Atitudes impróprias São atitudes de violência, de revolta, de desespero, etc., que as pessoas tomam durante a execução de tarefas, por motivos que podem não ter nada a ver com o trabalho em si. Essas atitudes descontrolam os movimentos e reflexos das pessoas, tornando-as propensas à prática de atos contrários aos que são considerados seguros. Quando a supervisão mantém contato com os subordinados e, portanto, os conhece em todas as reações, poderá prevenir, muitas dessas atitudes, simplesmente por meio de palavras e orientação. Outras vezes, será necessário que o serviço médico intervenha para solucionar o caso. CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — ATOS INSEGI.KOS 73 Incapacidade física para o trabalho Se a pessoa não tiver capacidade física para executar a tarefa que lhe é designada, poderá incorrer em atos inseguros embora muitas vezes o faça com a intenção de compensar sua deficiência. Não é necessário que seja alguma incapacidade permanente; a pessoa poderá em um ou outro dia não estar em condições de fazer isto ou aquilo, devido a algum estado passageiro e, se tentar efetuar o trabalho, também poderá usar do expediente do ato inseguro para compensar uma falha que sente na ocasião. Seleção do pessoal, serviço médicc e supervisão podem contribuir para prevenir esses casos. RESUMO • Ato inseguro é a maneira como as pessoas se expõem, consciente ou inconscientemente, a riscos de acidentes. * ** * :í ** ** ** '"' *:! ** ** ** ** ** ** Os atos inseguros mais comumente praticados'são: ficar junto ou sob cargas suspensas; colocar parte do corpo em lugar perigoso; usar máquinas sem habilitação ou permissão; imprimir excesso de velocidade ou sobrecarga, em máquinas e equipamentos; lubrificar, ajustar e limpar máquinas em movimento; improvisação e mau emprego de ferramentas manuais; inutilização de dispositivos de segurança; não usar as proteções individuais; uso de roupas inadequadas s acessórios desnecessários; manipulação insegura de produtos químicos; fumar e usar chamas em lugares indevidos; tentativa de ganhar tempo; brincadeiras e exibicionismo. • ** ** ** ** ** ** São causas frequentes de atos inseguros: desconhecimento dos riscos de acidentes; treinamento inadequado dos trabalhadores; falta de aptidão ou de interesse pelo trabalho; excesso de confiança em si mesmo; atitudes impróprias, tais como violência, revolta etc. incapacidade física para o traralho. L! l 5 !i CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — CONDIÇÕES INSEGURAS Condições inseguras dos locais de trabalho são aquelas que comprometem a segurança do trabalhador ou, em outras palavras, as falhas, defeitos, irregularidades técnicas, carência de dispositivos de segurança etc., que põem em risco a integridade física e/ou a saúde das pessoas, e a própria segurança das instalações e dos equipamentos. Antes de continuar, isto é, antes de analisar as condições inseguras que mais frequentemente causam acidentes do trabalho, convém ter em mente que estas não devem ser confundidas com os riscos inerentes a certas operações industriais. Por exemplo: a corrente elétrica é um risco inerente aos trabalhos que envolvem eletricidade, aparelhos ou instalações elétiicas; a eletricidade, no entanto^ não pode ser considerada uma condição insegura, por ser perigosa. Instalações mal feitas ou improvisadas, fios expostos etc., são condições inseguras; a energia elétrica, em si, não. A corrente elétrica, quando devidamente isolada do contato com as pessoas, passa a ser um risco controlado e não constitui uma condição insegura. A agressividade de certos materiais, como a dos ácidos, por exemplo, são riscos inerentes aos trabalhos onde se manipula o agente de mestria é quem deve ou empresa o produto. Porém, melhor conhecer os riscos do trabalho <!ue di"P e <Juem es?á em os ácidos,*cm si, não podem ser * considerados condições insegurãs. Se o meio de manipulação CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — CONDIÇÕES INSEGURAS 77 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDGNTES 76 ou de emprego, os equipamentos e vasilhames não estiverem enquadrados nos moldes considerados adequados pelas normas de segurança, então haverá condições inseguras. Gases tóxicos, emanados de certos processos industriais, são riscos inerentes a esses trabalhos, mas não constituirão condições inseguras, se houver sistemas de ventilação adequados ou outras medidas que evitem a dispersão e a contaminação do ar, acima dos limites de tolerância estabelecidos. Onde o processo requer o emprego de fontes de calor, a radiação calorífica é um risco inerente ao trabalho, mas não será condição insegura se a radiação do calor for controlada e não se dispersar, evitando-se assim, que atinja pessoas e outros equipamentos que poderiam ser prejudicados. Enfim, riscos inerentes ao trabalho e condições inseguras, são coisas distintas; as primeiras são regra geral, as características agressivas de materiais, energias e equipamentos empregados nos trabalhos; as segundas são falhas que permitem a manifestação dessas características contra pessoas e outros materiais e equipamentos. A falta dos dispositivos de segurança recomendados para outros equipamentos tais como transportadores, veículos, caldeiras etc., também é uma condição insegura que deve ser evitada. PROTEÇÕES INADEQUADAS OU DEFEITUOSAS Existem dispositivos de proteção instalados, que, por desconhecimento de quem os projetou ou construiu, não correspondem totalmente aos requisitos da segurança do trabalho; alguns são danificados após a instalação, não são reparados e passam também a não corresponder. Outros ainda acusam defeitos que não são percebidos, deixando, por conseguinte, de proporcionar a devida segurança. São três exemplos de condições inseguras; mais inseguras que outras, pois dão às pessoas uma falsa sensação de segurança. Portanto, quem projeta ou constrói dispositivos de proteção para máquinas, equipamentos em geral e para outros pontos das instalações e edificações industriais, deve conhecer bem os princípios de segurança do trabalho. Quem trabalha ou dirige também' deve conhecer suficientemente esses princípios, para evitar a falta dos protetores e para que estes proporcionem realmente segurança. FALTA DE PROTEÇÃO EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS A falta de proteções adequadas em máquinas e em outros equipamentos, para evitar que as pessoas venham a ter contato com pontos perigosos ou que sejam atingidas em caso de qualquer ocorrência anormal, é uma condição insegura responsável por um número elevadíssimo de acidentes de graves consequências. Constituem condições inseguras a falta das referidas proteções, cujas finalidades são: • • • t' • , •V-'" ^ isolar os componentes das transmissões de força, a fim de que as pessoas não entrem em contato com correias, engrenagens, eixos, polias etc., e assim se isentem deste risco; evitar necessidade e mesmo a possibilidade de os operadores colocarem as mãos nas áreas perigosas dos pontos de operação, isto é, nos pontos onde se efetuam os trabalhos para os quais as máquinas se destinam. isolar outras partes móveis perigosas de acessórios da operação, como alimentadoíes, transportadores etc., a fim de prevenir possíveis contatos das pessoas com esses riscos. As proteções que podem ser aplicadas são as mais diversas, todas visando, acima de tudo, impedir o contato das peasoas com os pontos perigosos. DEFICIÊNCIA EM MAQUINARIA E FERRAMENTAL Deficiências de máquinas e ferramentas, quer sejam quantitativas ou qualitativas ocasionam condições inseguras de trabalho. A boa qualidade original das máquinas, ferramentas e outros equipamentos é de fundamental importância para a segurança do trabalho. Portanto, já na aquisição desses equipamentos deve-se pensar na segurança do trabalho e, para esse fim, deve ser estabelecido um critério pela firma compradora. Depois de'adquiridos, assume grande importância a manutenção da boa qualidade inicial, principalmente no que tange diretamente aos dispositivos de segurança. Quando a qualidade do equipamento não corresponde, a segurança do trabalho fica comprometida e, com ela, todos os demais aspectos do trabalho, principalmente o custo. A deficiência quantitativa também compromete a segurança. Atos inseguros, tais como sobrecarregar o equipamento, improvisar ferramentas etc., são muitas vezes originados dessa deficiência. Falhas de planejamento em relação à quantidade de equipamentos, e deficiência de manutenção das qualidades que lhes são indispensáveis, são duas causas freqiientes dessa condição insegura. —iinn--rr-T^' --- 78 PRÁTICA. DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES CAUSAS DE ACIDENTES no TRABALHO — CONDIÇÕES INSEGURAS 79 MA ARRUMAÇÃO • A falta de ordem nos locais de trabalho, não só depõe contra a segurança, como também dificulta o bom andamento do serviço em todos os demais aspectos. Peças, caixas, materiais etc. fora de lugar, atravancando áreas de circulação, obstruindo corredores ou dificultando o acesso a comandos de maquinarias, caixas de força, registros de água, ar etc., são condições que dificultam o bom andamento do trabalho, e também a sua segurança. Mesmo coisas pequenas fora do lugar são perigosas, principalmente quando são escorregadias ou roliças e ficam abandonadas no chão. . Um dos pontos importantes, em que cada supervisor e a gerência devem insistir, é a ordem, a boa arrumação e a manutenção da limpeza no local ,em que o trabalho se executa. Para conseguir tudo isso com relativa facilidade, deve-se estabelece', o princípio de manter sempre as coisas em ordem, conservar tudo ar-umado e limpo, jogar resíduos, H>:J, restos de qualCoisas abandonadas no chão constiquer coisa e mesmo pontas de ci- tuem sempre condições inseguras. nos .ugui^a lugares te recipientes _garros -- —icwpienies íiflf^miíi/"!'"*6' XT~« £. ' adequados. Não é racional ter faxineiros em grande número e pessoas designadas para limpar e arrumar o que os demais põem em desordem; é necessário que cada um faça a_ sua parte no que tange à ordem, limpeza e ammvicão. ESCASSEZ PE ESPAÇO Sabe-se que a falta de espaço é um problema sério, enfrentado em muitos locais de trabalho, Dentre as causas da falta de espaço podem ser citadas as seguintes: • agrupamento de um número determinado de máquinas e outros equipamentos no único local ou pavilhão disponível, nem sempre suficiente; • instalação de equipamentos adicionais, para aumento de produção, num local onde o espaço já não era suficiente; produção acima da previsão, exigindo a permanência, no local, de maior volume de materiais e peças em fase de fabricação. falta de racionalização no fluxo de operações, causando acúmulo de materiais e peças em determinadas estações de trabalho. • • • tentativa de aproveitamento de espaço, com a instalação de máquinas muito perto umas das outras. excesso de estoque de materiais e peças. Convém notar que há dispositivo na Consolidação das Leis do Trabalho que trata do espaço entre máquinas. Recomenda" esse dispositivo que o espaço mínimo seja de 0,80 m. Isto, porém, em racionalização do trabalho ê para a sua necessária segurança, deve ser considerado o espaço mínimo para uma pessoa movimentar-se; no entanto, entre máquinas no sentido do fluxo da operação, muitas vezes, tanto sob o ponto de vista do aproveitamento como para a própria segurança, é recomendável espaço menor. O importante é prever também, além do espaço para o operador, espaço suhciente para os materiais e peças em processo e para os serviços de manutenção que eventualmente serão realizados. Além disso, a falta de ordem ou a má arrumação não devem influir na redução do espaço. PASSAGENS PERIGOSAS Poder-se-ia dizer que nos locais de trabalco existem passagens perigosas e "passagens perigosas". No primeiro caso são os locais de passagem obrigatória que são por um ou por outro motivo perigosos, quando não providos das devidas medidas de segurança. Por exemplo, passagens que são obrigatórias na sequência de movimentação do pessoal durante o trabalho e que são exíguas ou difíceis devido a falhas na instalação dos equipamentos, passagens junto a depressões do piso sem que haja balaustrada de proteção e passagens próximo a partes móveis de máquinas que não são totalmente isoladas, são exemplos de passagens perigosas que podem ser consideradas condições inseguras. As segundas "passagens perigosas" são as passagens forçadas pelas próprias pessoas, por locais não designados para isso. Passagens por entre transportadores, sob cargas suspensas; dentro do raio de ação de equipamentos móveis etc., são exemplo dessas passagens que caracterizam atos inseguros já citados. Quem passa obrigatoriamente por algum local perigoso, submete-se a condição insegura, quem força uma passagem por onde não deve, pratica ato inseguro. DEFEITOS NAS EDIFICAÇÕES As várias partes dos edifícios, tais como paredes, tetos, janelas, pisos, escadas, plataformas etc., podem constituir-se em condições 80 81 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — CONDIÇÕES INSEGURAS inseguras. Alguns exemplos são: paredes que possam ruir totalmente ou em parte; teto com telhas que possam cair ou que não proteja suficientemente contra o sol ou a chuva; janelas com vidros quebrados ou inexistentes; pisos escorregadios, com buracos, saliências, desnivelamentos; escadas escorregadias, com degraus defeituosos, sem corrimão ou patamar; plataformas sem corrimão, sem rodapé etc. A iluminação pode ser inadequada tanto por deficiência, como por excesso. A iluminação deficiente, além de exigir esforço visual extra não permite que as pessoas percebam certos detalhes perigosos do serviço, correndo assim riscos adicionais. O excesso de luz ofusca e perturba a visão, cansando os órgãos visuais, comprometendo, enfim, a segurança do trabalho. Quando se emprega iluminação artificial, esta deve ser, para maior precisão e segurança do trabalho, adequada quanto à cor e intensidade, além de bem orientada. A iluminação geral é sempre preferida. Os pontos de iluminação local, quando necessários, não devem contrastar muito com a intensidade da iluminação geral, para evitar cansaço visual. O máximo de contraste recomendado é da ordem de l (um) para 10 (dez). As paredes, estruturas e máquinas pintadas em cores claras e a conservação dos vidros dos caixilhos e das luminárias limpos, favorecem muito o nível de iluminação dos locais de trabalho. Algumas dessas condições podem ser originárias dos projetos e da construção, mas muitas são criadas pela falta de cuidados na manutenção dos edifícios. Esta é uma das razões que recomenda que, desde os projetos, a segurança do trabalho seja levada a sério e em consideração. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS INADEQUADAS OU DEFEITUOSAS Como já foi anteriormente dito, a corrente elétrica, embora perigosa não constitui condição insegura, desde que devidamente controlada pelos meios de segurança já conhecidos. Condições inseguras, no caso, são condutores sem a devida isolação ou com a isolação deficiente, instalações mal feitas, defeitos em tomadas, instalações provisórias feitas sem os devidos cuidados, falta de fio terra etc. Enfim, são todos os defeitos ou falhas das instalações elétricas que, como se sabe, podem causar lesões às pessoas s mesmo incêndio das instalações, por curto-circuito ou superaquecimento. Infelizmente nem todas as furnas possuem instalações embutidas em conduítes, com caixas de distribuição e comutadores, como recomendam as normas de segurança. São muitas as instalações expostas, com fios e chaves descobertas, às vezes ao alcance das pessoas. Nesses locais há uma condição insegura permanente e às vezes bastante generalizada. Essas condições não deveriam existir pois, quando existentes, o risco áe incêndio é mais acentuado e as pessoas contarão apenas com o cuidado, o conhecimento da existência do risco e o bom senso para se protegerem, o que não é suficiente para a segurança, não devendo ser aceito por nenhuma administração. ILUMINAÇÃO INADEQUADA A boa iluminação favorece tanto a segurança do trabalho como a higiene industrial, a precisão do serviço e a produtividade. A Norma Brasileira, NB-57, estabelece os níveis ideais de iluminação para cada tipo de atividade. VENTILAÇÃO INADEQUADA Como ventilação de um local de trabalho deve-se considerar desde o arejamento natural processado pelas janelas, portas e lanternins, até os mais diversos sistemas de ventilação artificial. Estes últimos são muitas vezes de ordem geral, para renovar o ar, remover algum contaminante não tóxico ou trazer para o ambiente ar fresco e livre de impurezas, captado no exterior do prédio. Este tipo é conhecido como ventilação gerai diluidora, pois sua função é a de diluir contaminantes, ou não permitir concentrações perigosas no ambiente. A ventilação local exaustora é a que tem por finalidade captar poeira, vapor ou gás contaminante- o mais junto possível da fonte para impedir que se dispersem no ambiente. A ventilação se relaciona mais com a higiene industrial, que não está sendo tratada neste livro; no entanto, convém notar que são muitos os serviços de segurança que cuidam também da higiene industrial, e que ambas são matérias que, em qualquer hipótese, devem ser tratadas paralelamente. Além disso, para efeito de seguro e, conseqtientemente, de estatísticas, as doenças ocupacionais são equiparadas aos acidentes do trabalho. Portanto, a ventilação inadequada é uma condição insegura que deve merecer toda a atenção dos serviços de segurança. 82 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — CONDIÇÕES INSEGURAS 83 OUTRAS CONDIÇÕES INSEGURAS DE HIGIENE INDUSTRIAL Como acontece com a ventilação e a iluminação, há outras condições, que, embora muito relacionadas com a higiene industrial, são de grande interesse também dos serviços de segurança do trabalho. Por exemplo: altas e baixas temperaturas, ruídos intensos, vibrações, atmosfera comprimida ou rarefeita etc. Qualquer serviço de segurança, mesmo que se resuma em uma CIPA, deve conhecer todos esses riscos, procurar corrigir os que são possíveis de serem corrigidos, e saber aplicar as medidas de proteção individual quando outras medidas não possam ser aplicadas. FALTA DE PROTETORES INDIVIDUAIS (EPI) acidentes é reconhecê-los e identificá-los, na prática. Ê necessário, conseguir percebê-los nos ambientes de trabalho, nos processos empregados e nas atitudes das pessoas: é a fase do "diagnóstico"; estabelecido este, pode-se recomendar a "terapêutica". Por ora, porém, só interessam os meios de se chegar ao "diagnóstico" correio. Ê o que será tratado no próximo capítulo. RESUMO ' Condições inseguras dos locais de trabalho são aquelas que põem em risco a integridade física e/ou a saúde dos trabalhadores ou a própria segurança das instalações. • Já foi dito que a pessoa, ao não usar os equipamentos de proteção individual recomendados, está praticando um dos mais perigosos atos inseguros. E se não houver equipamento disponível? Estará a pessoa praticando o mesmo ato? A falta dos equipamentos que, por lei, a empresa deve fornecer aos empregados, constitui uma condição insegura à qual as pessoas se expõem, condição essa que, como as demais, cabe à empresa resolver. Não deixa, no entanto, de constituir também um ato inseguro, desses que a pessoa pratica inconscientemente ou forçado por uma circunstância, que, no caso, é a falta do "EPI". Numa investigação das causas de um acidente não se deve confundir um com outro caso; deve-se, isso sim, apontar os dois sempre que existente?.. OUTRAS CONDIÇÕES INSEGURAS As condições inseguras, atrás relacionadas, poderiam ser desdobradas em detalhes e outras poderiam ser acrescidas à lista. No entanto, isso é desnecessário. Elas são as mais frequentemente identificadas nas ocorrências de acidentes; são, portanto, as que devem merecer maior atenção e não é necessário desmembrá-las em detalhes para avaliar quais as medidas necessárias para as devidas correções. Mesmo assim, os serviços e os inspetores de segurança não devem se ater só a esses ou procurar enquadrar todos os casos nesses citados. Poderão eventualmente descobrir outros casos particulares dos serviços da empresa a que estão vinculados, e isso é bastante comum. Conhecidas as causas diretas dos acidentes do trabalho — condições e atos inseguros — o passo seguinte para a prevenção dos As condições inseguras mais frequentemente encontradas são: ** falta de proteção em máquinas e equipamentos; ** proteções de máquinas e equipamentos inadequadas ou defeituosas; ' ** deficiência quantitativa ou qualitativa de maquinaria e ferramental; ** má arrumação e falta de limpeza na área de trabalho; ** escassez de espaço na área de trabalho; ** passagens perigosas obrigatórias para o pessoal; * * defeitos nas edificações tais como defeitos em pisos, escadas, paredes, etc. ** instalações elétricas inadequadas ou defeituosas; ** iluminação inadequada; ** ventilação inadequada; ** falta de protetores individuais ("EPI"). 6 FONTES DE INFORMAÇÕES INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES A prevenção dos acidentes do trabalho é conseguida pela aplicação de medidas de segurança. Essas são determinadas, ou escolhidas, em função dos riscos existentes. Como já foi dito, esses riscos são resultantes de fatôres humanos e materiais, isto é, de condições e atitudes inseguras. Portanto, a aplicação correia das medidas adequadas requer, antes de tudo, a identificação dos citados fatôres, ou o reconhecimento da sua existência ou, ainda, a avaliação da possibilidade de virem a existir. Para isso, o profissional, o serviço de segurança, ou mesmo os componentes de Comissões Internas para Prevenção de Acidentes, podem recorrer a diversas fontes de informações. A experiência dos próprios profissionais da segurança e das próprias empresas é de grande valor para a avaliação dos riscos. Cada profissional e cada empresa podem e devem tirar proveito das experiências de outros, mesmo que exerçam atividades diferentes. Para isso é importante que se mantenham em arquivo, para consulta, pelo menos resumos de estudos e dados estatísticos originados das atividades do serviço de segurança do trabalho e, que se mantenham intercâmbio com outras firmas e outros profissionais. Literatura especializada é outro meio auxiliar na identificação dos riscos nos ambientes de trabalho. Genericamente, porém, são duas as fontes de informações que mais subsídios trazem para a segurança do trabalho: as investigações dos acidentes ocorridos e os inspeções de segurança. A primeira é tratada neste capítulo, a segunda, no capítulo que vem a seguir. A investigação de acidentes deve ter sido a fonte original das informações e métodos dos quais se pode dispor, hoje, para prevenir acidentes do trabalho. As ocorrências de acidentes que feriam o 86 PRÁTICA DA. PREVENÇÃO DE ACIDENTES homem, sem dúvida, alertaram-no a procurar meios de defesa para sua integridade física. Meios empíricos e rudimentares foram, com certeza, inicialmente adorados; investigações primitivas e talvez instintivas levaram à adoção das primeiras medidas de segurança. A investigação dos acidentes continua, hoje, sendo uma excelente fonte de informações para a segurança do trabalho, desde que devida e sensatamente processada, em toda extensão, como será mais adiante esclarecido. As inspeções de segurança, também processadas em toda extensão, formam com as investigações .de acidentes a base sólida dos bons serviços de segurança do trabalho. INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES Investigação de acidentes, nos programas de segurança do trabalho, são os estudos, pesquisas e inquirições que se levam a efeito para apurar as causas de acidentes ocorridos. É uma das mais comuns atividades da CIPA, e dos inspetores de segurança. Geralmente, só os acidentes mais graves, sob o aspecto das lesões causadas a pessoas, são mais detida e profundamente investigados. Aos menos graves, embora causem o afastamento das vítimas, nem sempre é dada toda a atenção .necessária por ocasião da investigação. Os que não causam afastamento, nem sempre são investigados e, às vezes, nem são registrados. £ste é o panorama geral da segurança do trabalho no que se refere à investigação de acidentes. Existem muitos programas de segurança nos quais a investigação de acidentes é praticada em toda extensão e profundidade, e a sua importância é tida e mantida em seu devido lugar. Os erros nos quais incorre mais frequentemente quem, aparente ou realmente, não dá a, devida atenção às investigações de acidentes são os seguintes: — desconhecer o verdadeiro valor da investigação dos acidentes, devidamente praticada em seu ciclo completo; — considerar a investigação para fins preventivos, em plano secundário, porque interpreta como segurança somente aquilo que se faz antes da ocorrência de acidentes e, as medidas tomadas após a ocorrência, considera apenas um paliativo; — não atinar com os métodos mais práticos de investigar, colher e registrar os dados que possam resultar em benefício para a prevenção; — não estudar os relatórios, deixando assim de chegar a conclusões que possam contribuir para a prevenção de acidentes no futuro, e em outras atividades; FONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES 87 — não considerar outros resultados que não sejam os coeficientes de frequência e de gravidade que, para cada emprega, individualmente, pouco representam no panorama geral da prevenção. Se alguém tivesse que organizar um programa de segurança e dispusesse toda a matéria sob apenas dois títulos, estes seriam: "investigações de acidentes" e "inspeções de segurança"; disto podemos ficar certos; daria um programa de segurança plenamente satisfatório para qualquer empresa. Praticadas em toda extensão, as inpeções de segurança cobrem uma grande parte da segurança do trabalho que vai desde a inspeção elementar e rotineira, que pode ser atribuída às mais diversas pessoas nas áreas de trabalho, até à análise de risco, que requer conhecimento e técnica especiais, e à pesquisa de condições ambientais, que requer também, além de conhecimento elevado, aparelhos científicos. Todas essas atividades cabem perfeitamente sob o título "inspeções de segurança" desde que a finalidade — obedecidas as grandezas dos riscos — é sempre a mesma: descobrir, constatar ou comprovar a existência de riscos. É, enfim, uma fonte de informações da existência de condições que devam ser corrigidas. A partir da informação, uma série de trabalhos terá de ser encadeada — estudos, projetos, experiências etc. — até à solução final do caso. Se das inspeções não resultar toda uma série de trabalhos, coordenada pelo setor de segurança, para solucionar a curto, médio ou longo prazo o problema levantado, a inspeção não passará de um registro de riscos e, nesse caso, nem vale a pena chamá-la "inspeção de segurança". Com as investigações de acidentes ocorre o mesmo. Investigá-los apenas para manter registros de suas caus"as, ou para no fim do mês apresentar os coeficientes de frequência e gravidade, não compensa em nenhum programa de segurança. Como as inspeções de segurança, também as investigações de acidentes representam uma excelente fonte de informações em favor da segurança do trabalho. Além de possibilitar a introdução de novas ou adicionais medidas de segurança onde ocorreu o acidente, abre um grande campo para as "inpeções de segurança" em outras atividades nas quais o mesmo risco possa existir. Os resultados das investigações de acidentes devem ser estudados e levados a sério, pois, via de regra, têm aplicação em mais algum lugar além daquele onde ocorreu o acidente. Com bom senso, podem, às vezes, ser aplicados em atividade completamente diversa, pois trabalhos que não possuem afinidade sob o ponto de vista profissional são às vezes afins com respeito aos riscos de acidentes. A coleta de dados na investigação, quando corretamente processada, possibilita a identificação da área, atividade, máquina, mate- 89 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTLS FONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES rial etc., que está requerendo maior atenção, medidas adicionais de segurança, treinamento dos indivíduos, maior atenção por parte da supervisão etc. Os dados resultantes da investigação devem ser registrados em formulário, prático de ser preenchido, e que facilite a compilação de dados. Sobre o formulário — relatório do acidente —, será comentado detalhadamente mais adiante. Agora, é necessário apenas dizer que tudo o que se procura descobrir e registrar numa investigação deve conduzir a um único objetivo, para o qual deve ser reservado um lugar especial no formulário; este objetivo é a medida ou medidas que devem ser tomadas para evitar casos semelhantes. Na mesma oportunidade em que se determinam essas medidas, deve-se, também, determinar a quem cabe a responsabilidade pela sua execução, e encaminhar o problema para ser resolvido. Encaminhado o problema, o processo que então se inicia deve ser acompanhado e assistido pelo pessoal da segurança até a completa solução. Mesmo quando a solução é parcial, temporária, ou resulta não ser a solução ideal, o encaminhamento e o acompanhamento devem obedecer o mesmo critério e cuidado. O prazo, não importando se for curto, médio ou longo, não deve interferir no critério: o registro, o encaminhamento e o acompanhamento devem ser mantidos. A investigação de acidentes, para que atinja seu objetivo, qual seja, trazer subsídios para a segurança do trabalho, deve ser processada em seu ciclo completo. Leva-se em consideração apenas os acidentes que causam lesão, os mais importantes para fins de investigações. Portanto, o ciclo da investigação começa com o conhecimento da lesão descrita pelo serviço médico e, sempre que possível, acrescido de algumas informações preliminares da corpo onde elas se sediam são fatôres importantíssimos para as investigações dos acidentes. A partir desse ponto continua o ciclo: investigação na área, compilação de informações, registro de dados, conclusão sobre as medidas preventivas a serem tomadas, encaminhamento ao responsável pela execução, pesquisa para aplicação' das mesmas medidas em outras operações ou áreas, acompanhamento do processo até a solução final. Sobre isso também falaremos mais adiante. Por ora é necessário concluir sobre um dos tópicos citados: a importância das investigações de acidentes. Ê difícil determinar o que é mais importante para a segurança do trabalho — as inspeções de segurança ou as investigações de acidentes; isto depende do estágio em que a segurança está dentro da empresa. No estágio inicial de um programa de segurança as investigações são sempre mais importantes, porque: 88 parte do acidentado. A natoreza das lesões e a parte do Divisâo simples e satisfatória do corpo para estudo das sedes das lesões. • • • revelam a situação real das ocorrências de acidentes; indicam quais e onde as medidas necessárias devem ser tomadas com prioridade; indicam a zona da empresa, o departamento, a atividade profissional, o grupo de indivíduos e mesmo os supervisores que carecem de assistência, ou que necessitam de treinamento, e que espécie de assistência, ou que tipo de treinamento são necessários etc. RELATÓRIO DO ACIDENTE O relatório dos acidentes ocorridos deve ser feito em formulário especial, prático, onde se possa registrar o máximo de informações com o mínimo de escrita. Os relatórios descritivos, em forma de minuta, não são aconselháveis. Além de requererem mais tempo e mais trabalho para a elaboração, não se prestam para a compilação prática de dados informativos sobre os vários aspectos dos acidentes que devem ser estudados. Num formulário adequado, os dados são sempre registrados cada uru no seu devido lugar e sempre na mesma ordem, de maneira a facilitar tanto o registro como a compilação desses dados, quando necessário; isto torna mais prática a própria interpretação da ocorrência em relação aos seus fatôres. Ê costume cada empresa ter seus próprios formulários, cujos dados são determinados pela experiência que a empresa possui, pela extensão e profundidade que pretende dar aos estudos dos acidentes ou, às vezes, simplesmente para coligir os dados mínimos requeridos 90 FONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES PRÁTJ-..A DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES por lei. A legislação exige o preenchimento de um tipo de relatório que não dispensa o uso de outro mais detalhado pelas empresas que querem realmente tirar proveito das investigações dos acidentes em benefício da segurança do trabalho. Os formulários para elaboração dos relatórios não devem ser muito sucintos, mas também não devem ser muito extensos, com registro de dados que pouco ou nenhum benefício tragam à segurança do trabalho. Um relatório simples, mas com as suficientes informações úteis, deve incluir os seguintes dados: Nome do acidentado Idade N.° de identificação Função Normal Tempo de serviço ..'. Departamento ou Seção ao qual pertence .• Data do acidente hora do dia hora da jornada (l.a, 2.a, etc.) Local onde ocorreu o acidente (de modo a facilitar a localização da ocorrência). Serviço que estava executando quando foi ferido Há quanto tempo executava essa tarefa Tinha suficiente experiência? Tinha instrução de segurança? Descrição da(s) lesão(ões) sofrida(s) (deve ser dada pelo serviço médico). Descrição do acidente (espaço mais ou menos de dez linhas, suficiente para uma descrição resumida, porém clara, do acidente). a. b. c. d. e. f. (*) (*) (*) (*) (*) (*) Agente da(s) lesão (ões) Condição insegura Ato inseguro Acideme-tipo: '. Fatôrr-, pessoais Medidas para prevenir novas ocorrências (espaço para* três ou quatro linhas) ( e ) Esses itens sTão comentados individualmente. O preenchimento de um relatório desse tipo até a descrição da (s) lesão(ões) é fácil e requer apenas o registro de fatos sem maiores investigações. A descrição do acidente, por outro lado, requer mais 91 cuidado, deve ser a mais fiel possível, pois deverá ser o resultado da investigação e não de informações de uma ou de outra pessoa. COMO PROCEDER À INVESTIGAÇÃO A primeira informação que se tem para iniciar a investigação é a lesão sofrida e onde ela se localiza; se além dessas, o investigador puder trocar algumas palavras com o acidentado, e obter mais algumas informações, poderá dirigir-se para o local da ocorrência, com bastante chance de concluir fácil e corretamente o seu inquérito. Pelo tipo da lesão e pelo trabalho que estava sendo executado, vendo o local e obtendo algumas informações o investigador experiente chega à conclusão precisa, e não se deixa levar por informações erróneas e nem se deixa ludibriar por falsas aparências. Esses comentários, naturalmente, referem-se à investigação processada por um inspetor de segurança ou outra pessoa capacitada; mas, o próprio supervisor ao processar a sua investigação ou cooperar na investigação de outros, não pode prescindir desses princípios. Durante a investigação deve-se apurar os itens a, b, c, d t e, que deverão levar à conclusão do requisito / que é a parte mais importante do relatório. A descrição do acidente não precisa incluir pormenores sobre a, b, c, d & e, desde que esses itens serão anotados individualmente em seus devidos lugares. a. Agente da(s) lesão(ões) Agente da lesão é aquilo que, em contato com a pessoa, determina a lesão. Pode ser um dos muitos materiais com características agressivas, uma ferramenta, a parte de uma máquina etc. A lesão — e a sede da lesão, isto é, a parte do corpo on'de ela se localiza — é o ponto inicial para a investigação; em seguida, procura-se saber o que a causou, isto é, o agente da lesão. Convém observar qual a característica do agente que causou a lesão. Alguns agentes são essencialmente agressivos, como os ácidos e outros produtos químicos, os materiais incandescentes ou excessivamente quentes, a corrente, elétrica etc.; basta um leve contato para ocorrer a lesão. Outros determinam ferimentos por atritos mais acentuados, por batidas contra a pessoa ou da pessoa contra eles, por prensamento, queda etc. Por exemplo: a dureza de um material não é essencialmente agressiva, mas determina sempre alguma lesão quando entra em contato mais ou menos violento com a pessoa. O mesmo se pode dizer do peso de objetos; o peso, em si, não constitui agressividade, mas é um fator . ii J » 1\ ' < PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES FONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES que aliado à dureza do objeto, determina ferimentos ao cair sobre as pessoas. Arestas cortantes e superfícies abrasivas, são também características agressivas que, como outras, podem ser catalogadas como riscos inerentes ao trabalho. Todavia, esses se constituirão em condições inseguras, quando, pela má disposição ou localização, e pela falta de protetores reconhecidamente necessários, comprometam a segurança do pessoal. A condição insegura que for observada deve ser registrada, pois irá pesar bastante na conclusão do relatório, que se constitui nas recomendações necessárias para que acidentes semelhantes sejam prevenidos. 92 b. Condições Inseguras É muito importante descobrir se uma ou mais condições inseguras contribuíram para a ocorrência. Não é necessário apontar a condição insegura logo em seguida ao conhecimento do agente dá lesão. A ordem não interessa. É necessário que durante a investigação se apure a existência ou não de condição insegura na ocasião do acidente. Em muitos casos não existem condições inseguras, ern outros elas saltam aos olhos de tão evidentes e, cm outros ainda, cias são de difícil identificação. Convém, no entanto, nunca confundir uma condição insegura com um risco inerente ao trabalho como já foi esclarecido no capítulo 5 e no tópico anterior. Apenas para consolidar a ideia a respeito das condições inseguras e a fim de fornecer um guia para a investigação, segue a relação das condições inseguras mais comumente encontradas e que servem de referência para a investigação mais profunda: Falta de proteção em máquinas c equipamentos Proteções inadequadas ou defeituosas Deficiência em maquinaria e ferramental Má arrumação Escassez de espaço Passagens perigosas Defeitos nas edificações Instalações elétricas inadequadas ou defeituosas Iluminação inadequada Ventilação inadequada Condições insalubres (que não se relacionam com ventilação ou iluminação) Falta de protetores individuais Outras 93 ATOS INSEGUROS O ato inseguro praticado pela vítima é 'quase sempre mais evidente e mais facilmente identificado quando se investigam as causas de um acidente. Ê muito importante a identificação correta do ato inseguro, principalmente para a conclusão final do relatório cujos objetivos foram citados acima. Um particular, no entanto, deve-se ter em mente: às vezes, quem investiga um acidente se dá por satisfeito ao identificar o ato inseguro e procura determinar suas conclusões baseado somente neste fatof, o que leva, muitas vezes, a uma conclusão apenas parcial, se não totalmente falha. A conclusão de Heinrich e de outros autores sobre a predominância evidente dos fatôres pessoais na ocorrência de acidentes do trabalho é um fato comprovado; mas, quem deseja investigar para chegar à melhor conclusão sôbii as causas dos acidentes, não deve se apaixonar muito por essa afirmativa e sim analisar detidamente também as causas materiais. Os atos inseguros mais comumente praticados e que, por conseguinte, aparecem nos relatórios de acidentes com mais frequência, são aqueles já comentados no capítulo 4 e que vão a seguir relacionados : Ficar junto ou sob cargas suspensas Colocar pane do corpo em lugar perigoso Usar máquinas sem habilitação ou permissão Imprimir excesso de velocidade ou sobrecarga Lubrificar, ajustar e limpar máquinas em movimento Improvisação ou mau emprego de ferramentas manuais Inutilização de dispositivos de segurança Não usar as proteções individuais Uso de roupas inadequadas e acessórios desnecessários Manipulação incorreta de produtos químicos Transportar ou empilhar inseguramente Fumar e usar chamas em lugares indevidos Tentativa de ganhar tempo Brincadeiras e. exibicionismo Nas investigações, convém sempre lembrar que a prática desses atos, consciente ou inconscientemente, é sempre um ato inseguro. 94 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES FONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES ACIDENTE-TIPO A expressão "acidente-tipo" está consagrada no meio jurídico como definição do infortúnio do trabalho originado por causa violenta. Neste livro, ela é empregada para definir a maneira como as pessoas sofrem a lesão, isto é, como se dá o contato entre a pessoa e o agente lesivo, seja este contato violento ou não. A classificação usual estabelece dez acidentes-tipo: Batida contra...: a pessoa bate o corpo ou parte do corpo contra obstáculos. Isto ocorre com mais frequência nos movimentos bruscos, descoordenados ou imprevistos, quando predomina o ato inseguro ou, mesmo nos movimentos normais, quando há condições inseguras, tais como coisas fora do lugar, má arrumação, pouco espaço etc. Como se pode ver por esse primeiro exemplo, o conhecimento' do acidente-tipo é um caminho que facilita a identificação dos atos ou condições inseguras. Batida por...: nestes casos a pessoa não bate contra, mas sofre batidas de objetos, peças de máquinas, material quente etc. A pessoa é ferida, às vezes, por colocar-se em lugar perigoso ou por não usar equipamento adequado de proteção e, outras vezes, por não haver protetores que isolem as partes perigosas dos equipamentos ou que retenham nas fontes os estilhaços e outros elementos agressivos. Excluem-se desse tipo de acidentes os de quedas verticais de objetos; nesses casos a classi- Prensagen entre. . .: é quando a pessoa tem uma parte do corpo prensada entre um objeto fixo e um móvel ou entre dois objetos móveis. Ocorre com relativa frequência devido a ato inseguro praticado no manuseio de peças, embalagens et c., e, também, devido ao fato de se colocar ou descansar as mãos em pontos perigosos de equipamentos. A prevenção desse acidente-tipo, assim como dos dois exemplificados anteriormente, 'além de dispositivos de segurança dos equipamentos, requer, dos trabalhadores, muitas instrução e responsabilidade no que diz respeito às regras de segurança. Queda da pessoa: a pessoa sofre a lesão ao bater contra qualquer obstáculo, aparentemente como no segundo acidente-tipo, classificado como batida contra. .. O acidente em si, isto é, a ocorrência que leva a pessoa, nestes casos, a bater contra alguma coisa é específica, assim como o são também os meios preventivos. A pessoa cai por escorregar ou por tropeçar, duas ocorrências, quase sempre de condições inseguras evidentes, cai por se desequilibrar, pela quebra de escadas ou andaimes e, muitas vezes simplesmente abuso do risco que sabe existir. 95 96 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES Queda de objetos: esses são os casos em que a pessoa é atingida por objetos que caem. Essas quedas podem ocorrer das mãos, dos braços ou do ombro da pessoa, ou de qualquer lugar em que esteja o objeto apoiado — geralmente mal apoiado. Embora nesses casos a pessoa seja batida p o r . . . como no primeiro exemplo apresentado, a classificação é à parte, pois a ação do agente da lesão é diferente das demais — queda pela ação da gravidade e não aremêsso — e as medidas de prevenção também são específicas. Duas quedas se distinguem: a pessoa cai no mesmo nível em que se encontra ou em nível inferior. Em alguns casos, para estudos mais acurados desdobra-se esse acidente-tipo nos dois acima citados. Porém, onde há pouca possibilidade de ocorrer quedas de níveis diferentes, esse desdobramento é dispensável, pois trará mais trabalho do que resultado compensador. Esforço excessivo ou "mau jeito". nesses casos, a pessoa não é atingida por determinado agente lesivo; lesões com distensão lombar, lesões na espinha etc., decorrem da má posição do corpo, do movimento brusco em más condições, ou do super esforço empregado, principalmente na espinha e região lombar. Muito se fala, se escreve e se orienta sobre os métodos corretos de levantar e transportar manualmente volumes e materiais e, por mais que se tenha feito, sempre será necessário renovar as instruções e insistir nas práticas seguras para evitar esse acidente-tipo. FONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES Exposição a temperaturas extremas: são os casos em que a pessoa se expõe a temperaturas muito altas ou baixas, quer sejam ambientais ou radiantes, sofrendo as consequências de alguma lesão ou mesmo de uma doença ocupacional. Prostração térmica, queimaduras por raios de solda elétrica e outros efeitos lesivos imediatos, sem que a pessoa tenha tido contato direto com a fonte de temperatura extrema, são exemplos desse acidente-tipo. Contato com produtos químicos agressivos; a pessoa sofre lesão pela aspiração ou ingestão dos produtos ou pelo simples contato da pele com os mesmos. Incluemse também os contatos com produtos que apenas causam efeitos alérgicos. São muitos os casos que ocorrem devido à falta ou má condição de equipamentos destinados à manipulação segura dos produtos agressivos, ou à falta de suficiente conhecimento do perigo, ou, ainda, por confusão entre produtos. A falta de ventilação adequada é responsável por muitas doenças ocupacionais causadas por produtos químicos. f 97 98 PRATICA DA. PREVENÇÃO BE ACIPENTES FONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES Contato com eletrícidade: as lesões podem ser provocadas por contato direto com fios ou outros pontos carregados de energia, ou com arco voltaico. O contato com a corrente elétrica, no', trabalho, sempre é perigoso. Os acidentes-tipo de contato com eletricidade são potencialmente mais graves, pois o risco de vida quase sempre está presente. Muitos casos ocorrem por erros ou falta de proteção adequada, mas, uma grande percentagem deve-se ao abuso e à negligência. Outros acidentes-ripo: como é fácil notar, alguns dos tipcs relacionados agrupam acidentes semelhantes mas que poderiam ser considerados, individualmente, um acidente-tipo. Ê lícito um desdobramento desde que seja vantajoso para o estudo que se propõe efetuar, cujo objetivo deve ser uma prevenção sempre mais positiva dos acidentes. O tipo queda da pessoa poderá^ser subdividido, como já foi explicado. Isto naturalmente será vantajoso em empresas com trabalhos em vários níveis, como na construção civil. Numa indústria química, certamente será útil desdobrar o tipo que se refere a contado com produtos químicos agressivos; por outro lado, em outro género de indústria o resultado desse desdobramento poderá não compensar. Num armazém de carga e descarga com muito trabalho manual, poderá ser vantajoso subdividir o tipo esforço excessivo ou "mau jeito" e, numa empresa de instalações elétricas certamente será vantajoso desdobrar o tipo contato com eletrícidade. Além dos citados, existem outros tipos menos comuns, que pela menor incidência não requerem uma classificação específica. Eles podem ser identificados por não se enquadrarem em nenhum dos acidentes-tipos aqui relacionados. Mais uma vez, é bom lembrar que a classificação aqui proposta baseia-se na maneira pela qual a pessoa sofre a lesão, ou entra em contato com o agente lesivo, e nada tem a ver com a ocorrência física do ambiente — acidente-meio — e nem com o género ou extensão das lesões. Um mesmo acidente-meio pode causar diferentes acidentes-tipã Numa explosão, uma pessoa poderá ser batida por algum estilhaço, 99 outra poderá sofrer uma queda, outra ainda poderá ser atingida por uma onda de calor. Portanto, o acidente-tipo referido neste livro está bem caracterizado, desde a sua definição até à sua interpretação na prática. A classificação será, eventualmente, um pouco difícil nos casos em que o acidente puder, aparentemente, pertencer a dois tipos. Porém, conhecendo-se bem os pontos importantes para a classificação não haverá qualquer dificuldade. Por exemplo: uma pessoa recebe contra o corpo respingos de ácido e sofre queimaduras; o acidente-tipo é "contato com produto químico" e não batida por..., pois o que determinou a lesão não foi o impacto, mas sim a agressividade química do agente. Uma pessoa recebe um choque que a faz cair e bater com a cabeça no chão; sofre um ferimento; se o ferimento foi só devido à queda, o tipo é queda da pessoa; se, eventualmente, sofresse também lesão de origem elétrica teriam ocorrido dois acidentes-tipo e o caso deveria ser assim registrado. "Em alguns casos, apesar de todo o cuidado, poderá restar alguma dúvida, pelo fato de a classificação proposta ser apenas genérica. Porém, para ganhar tempo, ou melhor, para não desperdiçar tempo em detalhes que podem não compensar o esforço e o tempo despendidos em sua análise, é preferível optar pela generalidade e dentro dela dar a devida atenção aos fatos específicos de destaque que possam servir para a conclusão geral do relatório — que é o objetivo visado —, isto é, o que fazer para prevenir novas ocorrências. FATÔRES PESSOAIS Os fatôres pessoais, ou seja, as falhas inerentes à pessoa como tal ou como profissional, dão origem a atos inseguros que, em muitos casos, também criam condições inseguras ou permitem que elas continuem existindo. Embora os principais fatôres -tenham sido comentados no capítulo 4, vão novamente aqui relacionados, pois, sendo elementos de valor para a conclusão final, devem ser apurados e anotados no relatório de acidentes. Em muitos casos, a indicação do fator pessoal pode ser um tanto subjetiva, mas, no cômputo geral das investigações processadas, e para fins de estudo, essas indicações serão sempre muito úteis. Os fatôres pessoais predominantes, já citados são: Desconhecimento dos riscos de acidentes Treinamento inadequado Falta de aptidão ou interesse pelo trabalho Excesso de confiança Atitudes impróprias Incapacidade física para o trabalho .,,..** 1 100 FONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES MEDIDAS PARA PREVENIR NOVAS OCORRÊNCIAS Neste ponto, dá-se a conclusão do relatório. Este é o objetivo da investigação dos acidentes; indicar as medidas que deverão ser tomadas para prevenir outras ocorrências semelhantes. E como se chega a essa conclusão? E como atinar com a medida correta? Notem os leitores que no relatório do acidente são registrados dados de ordem pessoal, material, profissional etc., que são facilmente coligidos e que indicarão automaticamente as medidas a serem tomadas, desde, que bem analisados e correlacionados. Outros dados são, às vezes, incluídos nos relatórios, mas não têm valor prático para a conclusão final do relatório, que é o objetivo da investigação. Tendo-se chegado à conclusão das medidas que devem ser tomadas, é necessário colocá-las em prática através dos setores competentes: engenharia, manutenção, treinamento etc. A supervisão responsável pela área que será beneficiada é quem deve ser acioriada, quem tem o dever de requerer os meios recomendados, seguindo os procedimentos da empresa. Ao serviço de segurança cabe assistir, acompanhar todo o processo até à sua execução e, finalmente, quando estiver concluído, aprová-lo. Neste ponto termina o ciclo da investigação de acidentes. Não importa o quanto vai demorar a execução desta ou daquela medida; o serviço de segurança deve manter controle e acompanhar os processos em andamento até que sejam concluídos, tomando, nesse intervalo, algumas medidas intermediárias cabíveis. O que é muito importante e não pode ser esquecido é que quando se recomenda certa medida, em decorrência da investigação de um acidente, essa mesma medida deve ser estendida a todas as outras condições semelhantes que possam existir na empresa. Assim tira-se realmente proveito das investigações, em benefício da prevenção deacidentes. Além dessa, outra boa lembrança é que as investigações, como já foi dito, indicam novos caminhos para as inspeções de segurança, que serão comentadas no próximo capítulo. • CONTROLE ESTATÍSTICO DE ACIDENTES O controle estatístico dos acidentes e de outros dados importantes, coligidos nas investigações, é tão importante quanto os demais controles mantidos pela empresa, tais como o de qualidade, o de estoque, o de custo etc. Esse controle complementa as investigações dos acidentes no que diz respeito aos estudos globais dos problemas de segurança, à avaliação do progresso em cada área, além de fornecer 101 elementos que indicam caminhos a serem seguidos e medidas a serem tomadas, em prol da melhoria dos métodos de segurança do trabalho. Os dados da investigação de acidentes, quando corretamente compilados, mantidos em registro e dispostos em estatísticas podem: • • • • criar motivação favorável do pessoal se forem bem aproveitados para divulgação. determinar as principais fontes de acidentes e as que requerem ação prioritária. servir para julgamento da eficiência ou deficiência do programa. apontar falhas que os casos isolados não revelariam. Um bom registro de dados depende de vários setores de atívidade, tais como Serviço Médico, Supervisão da pessoa acidentada, Serviço de Segurança, Apontadoria ou Controle de horas e outros, dependendo dos tipos de controle que se queira pôr em prática. Não são necessárias estatísticas sofisticadas; dados simples e objetivos dão melhores resultados, pois são mais fáceis de serem interpretados por todos que deles devera tomar conhecimento. Certo controle é imposto pela legislação, que requer' o cálculo mensal dos coeficientes de frequência e de gravidade dos acidentes, de acordo com norma brasileira existente, que deve ser consultada e seguida pelos interessados. Nos cálculos acima citados são computados somente .os acidentes com afastamento, isto é, os casos cujas lesões • impedem a vítima de trabalhar pelo menos por um dia. O conceito de afastamento, assim como outros, também deve ser o que consta na norma brasileira aprovada. Entretanto, esse controle é pouco para se ter todas as informações que são úteis à prevenção dos acidentes. Algumas considerações sobre outros controles serão feitas mais adiante. hJ-.^ajh-ttiUtf1!! PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES 102 COEFICIENTE PE FfiSQUENO» CMTODIT» et m»ijèi<o» t IAVIDADC DC ACIDCKTeS MH. JUI_ «00. ICT. OVT. UOV. DIZ. . FCV. HM. W MU. FONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES OUT. HOV. OEZ. JAN. FEV. MAR. 140 - HAVIDA» 100 - '"'' S IZO - "tw 80 - \M •1,1 60 - /f 40 - V ,„ 20 — — — l» «NO t» «NO 103 Esse cálculo se faz mensalmente e se mantém o acumulativo do ano tanto para os dados gerais da empresa como para os setores da divisão da área total da empresa para esse fim. Essas áreas podem ser fisicamente traçadas na planta da empresa ou consideradas de acordo com as atividades exercidas. Por exemplo, um setor de transportes, de manutenção, e outros, não possuem área de atividades delimitadas por quatro linhas. No caso, são consideradas áreas segundo suas atividades. O resultado do cálculo é sempre o número de acidentes na constante um milhão de horas/homens trabalhadas, o que .possibilita a comparação entre áreas com número de trabalhadores e de horas trabalhadas diferentes. COEFICIENTE MÉDIO ANTERlOB COEFICIENTE DE FREQUÊNCIA Coeficiente de Gravidade (CG) 39 «HO É a seguinte a fórmula para o cálculo acima: —— ACIDENTES POR TONELADA FUNDIDA (N.° de dias perdidos + dias debitados) 1.000.000 —ACIDENTES POR UNIDADE PRODUZIDA CG = horas/homens trabalhadas Nesse cálculo a gravidade aparece em relação aos dias perdidos pelos acidentados, considerados dias de incapacidade para o exercício do trabalho, e aos dias debitados, que são dias computados em casos de lesões que causam incapacidade parcial ou total permanente, ou a morte da vítima. Tabela e instrução para esse cômputo encontram-se na norma brasileira já citada e na legislação específica. 0,0» 0.0. OUTROS CONTROLES Exemplos de controles estatísticos. Coeficiente de Freç;ência"(CF) A fórmula para esse cálculo é a seguinte: N.° de acidentes x 1.000.000 CF = horas/homens trabalhadas Para estudos dos acidentes com o fim de criar subsídios para a sua prevenção, estes cálculos não são suficientes. Todos os dados coligidos nos relatórios de investigação de acidentes podem ser registrados e dispostos de maneira a facilitar a consulta em qualquer oportunidade. Os dados poderão ser usados como motivação à prevenção de acidentes, além de fornecerem informações que conduzirão os interessados a tomarem as medidas adequadas e, no momento oportuno, para correção ou melhoria das condições existentes. Esses registros, quer em forma simples ou de gráfico, não devem ser preparados somente para engrossar arquivos ou para enfeitar quadros e paredes. Devem, isso sim, ser usados para trazerem resultados práticos compensadores. Os dados devem ser apresentados sem emenda i 4 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES 104 ou subterfúgio, devem ser frios como os números que os representam, claros para que sejam facilmente entendidos, e simples, para que o maior número de informações possam ser prestadas no menor número de páginas possível. RESUMO ) í ••; ^ <V r y,%* ». 5 ' * • A investigação de acidentes, quando bem conduzida, é uma das boas fontes de informação para a segurança do trabalho. • Os acidentes que mais interessa investigar são os que causam lesões às pessoas. • Alguns erros de interpretação e de avaliação não permitem que muitas pessoas reconheçam todas as vantagens das investigações de acidentes. • As investigações de acidentes devem ser processadas em seu ciclo completo, isto é, desde as primeiras informações da ocorrência até a tomada de medidas para prevenir outras ocorrências semelhantes. • O relatório da investigação deve ser feito em formulário prático de ser preenchido, com todos os dados que possam servir de subsídio à segurança do trabalho. • As investigações devem se iniciar com as informações sobre as lesões, fornecidas pelo serviço médico e, também com algumas palavras trocadas com o acidentado. • Além de dados pessoais e profissionais relativos ao acidentado, dados relativos à lesão sofrida e outros que identifiquem local, hora etc., do acidente, devem constar do relatório as causas apuradas e, o que é mais importante, também, as medidas tomadas para prevenir outros casos semelhantes. • Controles estatísticos dos acidentes devem ser mantidos, de preferência simples e com todos os dados capazes de proporcionar motivação para a prática da prevenção de acidentes. • O cálculo dos coeficientes de frequência e de gravidade dos acidentes, segundo normas existentes, é obrigatório por lei. • Para resultados mais positivos, é necessário ir além dos cálculos de frequência e gravidade, pois esses fornecem poucos elementos para se chegar a alguma conclusão sobre medidas que a prevenção de acidentes esteja necessitando. 7 FONTES DE INFORMAÇÃO INSPEÇÀO DE SEGURANÇA As ínspeções de segurança compõem a outra grande fonte de informações que auxilia na determinação de medidas de segurança que previnem os acidentes do trabalho. Como as investigações de acidentes, também as inspeções devem ser aplicadas em toda a extensão para proporcionar resultados compensadores; isto envolve uma série de providências imediatas e desencadeia outras paralelas para se ter completo o ciclo das inspeções de segurança. Quando bem processadas e envolvendo todos os que devem assumir sua parte de responsabilidade, as inspeções atingem os seguintes objetivos: • possibilitam a determinação de meios preventivos antes da ocorrência de acidentes. • ajudam a fixar nos empregados a mentalidade da segurança do trabalho e da higiene industrial. • encorajam os próprios empregados a agirem como inspetor de segurança no seu serviço. • melhoram o entrelaçamento entre o serviço de segurança e os demais setores da empresa. • divulgam e consolidam nos empregados o interesse da empresa pela segurança do trabalho. • despertam nos empregados a necessária confiança na administração e angariam a colaboração de todos para a prevenção de acidentes. ll O. o I a ^s: fD to'5 W to 4? •8, Cu n •B 5. to cx </> ta 3 o. i ' l P S ~ ofl»u > 3<T> 2S 0Q Í' & C g rt- Q ' -w 3 lg -^ ;o g l' S l % D p» ÍBfo.|l^ p O c c ^ § w w "l o -lI^IS B ta > « 0 £ O. o, o 8 o tw o> S §* o 9 B ?' R 3 SSogg CD B 'FICHA DE INSPEÇÃO GERAL DE SEGURANÇA INSPEÇÃO REALIZADA EM DAS 8-00 h, ÀS /Q:OO h DEPARTAMENTO INSPECIONADO ITENS SUBMETIDOS  INSPEÇÃO PARTICIPANTES 2 CÓPIAS PARA: GURP.NCÍA RELAÇÕES INDUSTRIAIS PARTICIPANTES (OUTROS) CÓDIGO DE AÇAO REQUERIDA: "A" — DA SUPERVi DIRETA "B" — DA ENGENHARIA "C" — DA GERÊNCIA' "D" — DO SERV; DE SEG. "E" — (OUTROS) "F" _ "G". — çtt Er l / J aíf Exemplo de ficha que pode ser usada para registro, Í O 8' o s [/> s c t\ÃÃÂj:fAMÍto h ali •n O fajÉJA nfov f*L*t»^ QJJí Af^Ht de forma resumida, das inspeções gerais de segurança. l PRÁTIC.V DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES 108 rança com a supervição feita através de um programa bem delineado. O inspetor deve compreender que, num verdadeiro programa de segurança, as inspeções que ele faz são suplementares às inspeções de responsabilidade da supervisão e de outros. Nas inspeções que efetua, o inspetor de segur^iça deve verificar tudo, sem ser necessariamente especialista ou conhecedor profundo de tudo. Isto porque, ele verifica nessas inspeções apenas os aspectos de segurança, isto é, os riscos de acidentes e para isso deve estar habilitado. As inspeções de rotina visam — não importa quem as faça — a descoberta dos riscos comuns, já conhecidos e mais elementares, tanto sob o ponto de vista material como pessoal. Exemplos desses riscos são: falta de protetores em máquinas; protetores danificados, funcionando mal ou mal usados; desordem, desarramação, disposição de materiais de maneira perigosa; uso de equipamentos de forma insegura; falta ou uso inadequado de equipamentos de proteção individual; atitudes inseguras etc. O inspetor deve registrar as inspeções em formulários práticos de serem preenchidos, de modo a facilitar as seguintes comunicações: • • • • g o Z v ^c fo ,. os K ^ UJ cO Q ^fc Q v tí t s <§ ^. i dH CP) < oz< § O Q .Ç V^ wn w « 0 Q «* Q X c3 v * | 1 x w "W M «0 '< < z*-í Z C tu £ 1" ' Q < C: o E Supervisores y xv -.*• ri: ^ i •> rv,f Os supervisores fazem inspeções de segurança no desempenho de seus serviços de rotina. Às vezes eles fazem inspeções sem se aperceberem, em essência, do que é a segurança do trabalho. Num programa de segurança em que os supervisores têm bem definidas suas atribuições e lhes é dado a conhecer o que realmente significa prevenir acidentes do trabalho, o seu serviço de rotina rende muito mais e, o que fazem em prol da segurança reverte em favor da quantidade, da qualidade, do custo e dos prazos referentes aos trabalhos que dirigem. Toda vez que um supervisor descobrir alguma irregularidade em suas observações de rotina, ele deve tomar a iniciativa para solucioná-la e deve recorrer ao serviço de segurança sempre que necessitar de assessoramento. <j ^N PÍ Z n ° \ P er > < Í 1 U W Z 0 v oj e co^ ^ ^2 u ' í SN l w" 5! \ * J^£^ T D <a C/i X .. w ' co w ! v- \H ^ "* ^ í ( Cá B. O Si! c &° <il S >° u z .ir «O s- U v « 5~s as J5 a ^ a ^ S^ O V > sp<^ so ^" u 1 B . '<K Hwz r jt\ i % '• UTJ < | " . i f "1 ivi u>, ^» <j t V Ç U ^ i: Q Q ^ .N . l~l u (^ 1: 2co ^c S 1= o r,V ^D 5> x CS ti o íí. t> v. C R à supervisão da área que deve tomar a iniciativa da correção do fato apontado; à gerência para tomar conhecimento e autorizar a execução quando necessário; a alguém mais que possa interessar; uma cópia para o inspetor que, a partir daí, deverá fazer o acompanhamento e assessoramemo necessários até a finalização do ciclo da sua inspeção que é a complementação da correção recomendada. w ^"J 1 h-* Pá b <« X » 55 AO SUPERVISOR SR. LOCAL, MÁQUINA, 109 FONTES DE INFORMAÇÕES — INSPEÇÃO DE SEGURANÇA. FOI CONSTATA iRIDADE:— PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES FONTES DE INFORMAÇÕES — INSPEÇÁO CE SEGURANÇA Muitas inspeções de segurança, de rotina, podem e devem ser atribuídas a trabalhadores de diversas especialidades. Ou melhor, os trabalhadores devem ser treinados e habituados a inspecionarem rotineiramente suas ferramentas, seus equipamentos e máquinas a fim de descobrir qualquer irregularidade que, corrigida, evite o desagrado de um acidente. Os trabalhadores devem receber de seus supervisores informações sobre o que e como inspecionar, principalmente visual e auditivamente, e como agir quando notarem qualquer irregularidade. zadas da manutenção, engenharia ou de outros setores que as efetuam. Às vezes essas inspeções são efetuadas sem que façam parte, oficialmente, do programa de segurança. Nesses casos, nem sempre se emitem relatórios, e o serviço de segurança fica à margem dos resultados, o que é prejudicial e corrompe o sentido de equipe que obrigatoriamente deve nortear toda a segurança da empresa. As inspeções periódicas visam a apontar riscos previstos, isto é, que podem surgir de quando em quando devido a desgastes, fadigas, super-esfôrço e exposição a certas agressividades do ambiente a que são submetidas máquinas, ferramentas, instalações, etc. Se a empresa, eventualmente, não possuir pessoas especializadas para efetuá-las, poderá recorrer a entidades e laboratórios especializados no assunto e mesmo ao fabricante dos equipamentos a serem inspecionados, 110 Trabalhadores Pessoal de Manutenção O pessoal de manutenção preventiva faz, muitas vezes sem o saber, em suas vistorias de rotina, aquilo que é realmente inspeção de segurança. Embora muitas vezes visem somente à segurança dos equipamentos, em muitos casos previnem também acidentes pessoais. Este é mais um exemplo a recomendar que todos devem saber interpretar e identificar os acidentes do trabalho em toda a sua extensão. Membros da CEPA Muitas vezes- se dá ao membro da CIPA alguma atribuição relativa a inspeções de segurança. Estes, muitas vezes, têm essa atribuição limitada pelo seu tipo de atividade e não podem fazer muito mais que um outro empregado, bem orientado. No entanto, eles, que são representantes dos demais empregados, têm mais responsabilidade e devem ser devidamente instruídos sobre como agir na parte que lhes for designada nas inspsções de segurança. Nas empresas que possuem serviço de segurança, onde a CIPA é órgão colaborador, os seus membros devem ser colaboradores diretos da supervisão e assumir as atribuições que esta lhes delegar. Enfim, bem orientados, são muitos os que podem participar ativamente das inspeções rotineiras de segurança. Inspeções Periódicas Estas são inspeções de segurança efetuadas a intervalos regulares de acordo com programa previamente estabelecido para cada caso. Embora devam ser programadas e executadas em cooperação com o serviço de segurança da empresa, via de regra são pessoas especiali- 111 Inspeções periódicas obrigatórias por lei Algumas inspeções são obrigatórias por lei e, certamente, outras o serão no futuro. Dentre essas podem ser citadas as dos extintores portáteis e outros equipamentos de combate a incêndio, as caldeiras, os elevadores etc. Além de algumas inspeções reguladas por normas "ABNT", muitas outras são apenas citadas em artigos das leis da prevenção de acidentes. Mesmo sem padrão estabelecido em normas ou dispositivo legal, muitos equipamentos requerem inspeções periódicas, cujos intervalos devem obedecer instruções do fabricante ou mesmo a experiência das pessoas responsáveis. Inspeções periódicas e de rotina Em certos casos que requerem inspeções periódicas rigorosas convém, para maior margem de segurança, estabelecer um regime de inspeções de rotina nos intervalos. Essas podem ser feitas pelos supervisores ou pelos próprios trabalhadores envolvidos, desde que suficientemente instruídos e cônscios de suas responsabilidades. Como exemplo de equipamentos para esse regime de inspeção podem-se citar: cordas, correntes e cabos de aço submetidos a esforço de tração; escadas portáteis; ferramentas manuais e elétricas; peças e dispositivos vitais de máquinas incluindo os dispositivos de segurança. Os trabalhadores devem receber instruções de como observar e identificar qualquer irregularidade, e comunicá-las aos superiores independentemente das inspeções periódicas rigorosas que se realizam. .v v > 112 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES Inspeções eventuais Essas são as inspeções que se fazem esporadicamente sem dia ou período estabelecido. Geralmente é o inspetor de segurança quem as efetua, juntamente com outros técnicos: com um eletricista ou engenheiro eletrônico, para vistoriar equipamentos ou instalações elétricas de determinado setor; com o responsável pela manutenção para vistoriar equipamentos mecânicos, hidráulicos etc., que não estão sujeitos a inspeções periódicas; com o médico para vistoriar o aspecto sanitário e salubre de certos ambientes; com a pessoa competente quando a ocorrência de acidentes recomenda inspeções em outras áreas. Nessas inspeções o inspetor de segurança deve registrar tudo como nas iuspeções de rotina. Inspeções oficiais São essas as inspeções efetuadas pelos órgãos governamentais do trabalho ou securitários. Para esses casos é muito importante que os serviços de segurança mantenham controle cie tudo o que ocorre e do andamento de tudo o que estiver pendente c que estejam realmente em condições de atender e informar devidamente a fiscalização. Inspeções especiais Inspeções especiais são as que requerem conhecimentos e/ou aparelhos especializados. As pesquisas de ambiente para determinação da existência ou não de condições insalubres podem ser consideradas inspeções especiais, eventuais ou periódicas, conforme o caso. As inspeções periódicas de caldeiras, de elevadores etc., são também especiais; outras que podem se fazer nos intervalos já não serão especiais. A análise de risco, que é a maneira especializada de identificar os riscos de qualquer atividade, é também uma forma de inspeção especial, pois, como as demais, visa a descobrir riscos à integridade física e saúde dos trabalhadores e riscos aos próprios equipamentos e instalações. CICLO COMPLETO DAS INSPEÇÕES DE SEGURANÇA Embora as inspeções efetuadas pelos inspetores de segurança sejam em suplementação às de responsabilidade dos supervisores, elas FONTES DE INFORMAÇÕES — INSPEÇÃO DE SEGURANÇA 113 devem ser formalizadas e completar determinado ciclo para que sejam correias. Este ciclo se compõe de cinco fases: • Observação: saber observar o que se pretende ver é de fundamental importância. Tudo deve ser observado, tanto do lado material como humano, tendo sempre em mente os dados já conhecidos e a experiência do dia a dia; não se deve ostentar atitude de superioridade e nem dar a esse trabalho o caráter de espionagem. A habilidade de descobrir falhas por meio da observação é a melhor maneira de se conduzir para obter a necessária colaboração de quem quer que seja. O sucesso depende muito do procedimento de cada um e do empenho que fizer para se sair bem; isso não se aprende apenas lendo, mas praticando. • Informação: o inspetor deve comunicar qualquer irregularidade ao responsável pela atividade onde ela foi observada. A informação imediata, mesmo verbal, pode abreviar o processo de solução do problema, com a aplicação de medidas que se anteciparão a ocorrências desagradáveis. O inspetor não deve, sempre que possível, deixar para depois. Deve informar o supervisor, mostrar-lhe a irregularidade e discutir na hora, se for o caso, qual a melhor medida a ser tomada. Depois, registrar a observação da inspeção a fim de documentá-la. • Registro: os itens observados nas inspeções devem ser registrados em formulário especial — relatório de inspeção ou outro nome que lhe quiserem dar. Desse registro devem constar: o que foi observado; o local onde foi observado, de modo a facilitar a localização geográfica da irregularidade dentro da empresa; a recomendação do que se espera seja feito e alguma sugestão, se for oportuna. De uma inspeção sem registro dos fatos nem sempre se pode esperar um bom resultado, pois se torna difícil encaminhar as reivindicações e acompanhar o seu desenvolvimento. • Encaminhamento: os registros das inspeções não são para fins estatísticos e nem para censurar este ou aquele setor ou indivíduo. São para possibilitar o encaminhamento quer seja de um pedido de reparo, de uma solicitação de compra etc. Cada organização possui seus procedimentos próprios para ordem de serviço, pedidos de modificações etc. Esses mesmos procedimentos devem ser observados quando se trata de casos de segurança do trabalho. O relatório de inspeção, quando parte do inspetor de segurança, é o documento inicial que desencadeia todo o processo de atendimento, que é particular em cada empresa. • Acompanhamento: após o registro feito e encaminhado, resta ao inspetor de segurança acompanhar o processo até à execução final. Não importa o tempo que cada item demanda; o acompanhamento deve ser feito, pois o serviço de segurança não pode perder de vista qualquer proposta ou sugestão para resolver problemas de segurança, mesmo que não haja tempo previsto para a solução final. Do acompanhamento faz parte o assessoramento que 114 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES o inspeíor deve dar aos órgãos técnicos que executarão os trabalhos corretivos, de modo que sejam tomadas as medidas certas da maneira mais vantajosa possível. ,. • • As cinco fases que completam o ciclo das inspeções de segurança efetivamente processadas procuram dar perfeito controle da situação, desde a observação inicial até o fim, quando se esperam resultados favoráveis. Os métodos e formulários podem variar um pouco, mas, de um modo geral, não podem fugk muito do ciclo proposto, quando se processam realmente inspeções de segurança. ANÁLISE DF. RISCOS A análise de riscos é uma modalidade de inspeção de segurança. Com características próprias e exigindo técnicas específicas, pode ser considerada um método avançado de inspeção de segurança, isto é, de descobrir riscos desconhecidos até então, e de levantar suspeita sobre outros que poderão exigir alguma inspeção especial para um laudo final.' O desenvolvimento da análise indica as medidas corretivas dos riscos que podem ser descobertos e, ao mesmo tempo, prepara todos os elementos para elaboração de regras de segurança para a operação submetida à análise. Uma pessoa que conheça razoavelmente segurança do trabalho pode analisar corretamente o trabalho para levantamento de riscos, após receber noções do método e curto período de treinamento. A análise é feita em cada operação individualmente. É necessário um estudo preliminar do trabalho e determinar um ponto distinto a ser considerado como o início do ciclo da operação. E preferível que esse ponto seja um que envolva direta e distintamente a pessoa, tal como: pegar a peça com as mãos, acionar a alavanca etc. A partir do ponto tomado como início, a operação deve ser dividida em seus elementos componentes. As diversas fases distintas da participação da pessoa devem, necessariamente, ser consideradas como elementos separados. Cada elemento deve ser estudado individualmente; devem ser anotados seus 'riscos e as medidas preventivas correspondentes. Uma análise final dos registros'do'estudo permite determinar as medidas corretivas, se necessárias, e o método mais seguro de efetuar a operação. Um exemplo poderá esclarecer melhor: Um trabalhador apanha uma peça de sobre um carrinho, coloca-a sobre uma mesa, inspeciona visualmente todos os seus lados e em seguida, apanha novamente a mesma peça, anda alguns passos, FONTES DE INFORMAÇÕES — INSPEÇÃO DE SEGURANÇA tador, voltando para iniciar novo ciclo. A descrição da operação já determinou o ponto a ser considerado como início, ou seja, quando o trabalhador apanha a peça no carrinho. Passa-se, em seguida, a dividir a operação, considerando seus elementos como já definidos. Os elementos seriam os seguintes: No segundo elemento, ínspeção visual, continua o perigo das rebarbas e, no manuseio da peça, os dedos poderão ficar prensados contra a mesa (deve-se lembrar que o peso da peça é de 20 quilos). Esses riscos serão então apontados para o segundo elemento na segunda coluna que corresponde aos riscos. Como recomendação continuariam o do uso das luvas e a da maneira correta de manusear a peça para evitar prensamento dos dedos. No terceiro elemento o trabalhador apanha a peça e anda seis passos com ela nas mãos até junto do transportador. Os riscos deste elemento são os mesmos do primeiro, agravados pela distância percorrida pelo trabalhador, que neste caso é de seis passos. Os riscos registrados serão os mesmos do primeiro elemento e as recomendações também se repetirão. '• No quarto elemento continua o risco das rebarbas; a peça poderá cair ao ser enganchada, admitindo-se que determinada posição do corpo do indivíduo é imprescindível para total segurança deste elemento da operação. Continuariam, então, os riscos das rebarbas e da queda da peça ao ser enganchada, além da possibilidade de lesão muscular pela posição incorreta do corpo. Seriam então registrados como riscos: "Rebarbas cortantes; queda da peça; esforço físico de maneira insegura". Como recomendações teríamos o uso de luvas que vem desde o primeiro elemento; o posicionamento certo da peça no gancho, e a posição correta do corpo do trabalhador. No quinto elemento consideremos que não há qualquer risco digno de nota. No entanto, deverão ser anotadas a não existência de riscos e de recomendações, nas colunas correspondentes. Depois de preenchidas a folha pela análise criteriosa da operação, a que resultado se chega? Que vantagens apresenta para a prevenção de acidentes? Verifiquem os resultados. Na primeira coluna está a operação dividida em seus elementos distintos. Esta divisão, além de possibilitar a análise pormenorizada da operação, vem revelar algo surpreendente quando são conhecidos casos de acidentes ocorridos na operação que analisamos: quando ocorrem vários acidentes na mesma operação, é comum considerar-se a operação perigosa sem uma análise mais profunda; esta conclusão pode ser falha, pois, não raro, apenas um dos seus elementos, por ser irregularmente processado, compromete toda a segurança. Somente a análise de riscos poderá chegar a minúcias e recomendar, muitas vezes, medidas corretivas mais simples do que aquelas imaginadas antes. Na segunda coluna estarão os perigos característicos de cada elemento e o risco total da operação, o que, sem dúvida, possibilita a determinação das recomendações finais na última coluna. Apanhar a peça ( ± 2 0 quilos) no carrinho e colocá-la sobre a mesa (nessa fase inicial já se deve conhecer o peso da peça). 2.°. Movimentar a peça em todos os sentidos para inspecioná-la. 3.°. Apanhar a peça andando 6 passos (os espaços percorridos também são importantes). 4.°. Elevar a peça até a altura do ombro o colocá-la no gancho do transportador. 5.°. Retornar para o carrinho. 1.°. São cinco elementos distintos pela participação ou movimentação do trabalhador. Em todos eles pode ser observado um ponto exato de começo e finalização. Feita a divisão, os elementos serão registrados na ordem cronológica na primeira coluna da folha de análise, cujo cabeçalho deve estar devidamente preenchido. Começa, então, n análise propriamente dita. Analisa-se elemento por elemento, estudando-se os riscos que apresentam ou poderão apresentar em caso de qualquer anormalidade no transcurso da operação. No primeiro elemento poderão ser observados um ou mais dos seguintes riscos: • • • h< 11? PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES 116 o carrinho poderá ser muito alto ou muito baixo de modo a exigir um esforço físico em posição desfavorável por parte do trabalhador. as peças poderão estar mal empilhadas ou dispostas de maneira insegura, apresentando perigo de caírem. as peças podem apresentar arestas ou rebarbas cortantes, serem escorregadias, estarem quentes, etc. Qualquer das condições referidas representaria perigo para o trabalhador, e para todas elas haveria uma recomendação de segurança a ser feita. Considerando que no primeiro elemento, os únicos riscos observados são os das rebarbas cortantes e o da queda da peça durante a transferência do carrinho para a mesa, na segunda coluna da folha de análise seria, então, registrado o seguinte: "Rebarbas cortantes; queda da peça", que foram os riscos encontrados. Na terceira coluna registram-se as recomendações e meios que deverão ser adotados contra os referidos riscos, que seriam os seguintes: "Usar luvas (especificar o tipo adequado) e segurar firmemente a peça". 118 FONTES DE INFORMAÇÕES — INSPEÇÃO DE SEGURANÇA PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES Na terceira coluna teremos o conjunto das medidas que deverão ser colocadas em prática, e informações suficientes para o estabelecimento das regras de segurança para a operação. A análise é simples até esse ponto. A , maipria das operações tem aí o seu encerramento, mas, em alguns casos, deverá ir além. Cabe ao analista observar os riscos que podem ser eliminados ou neutralizados e os que requerem estudos particulares com relação às medidas que deverão ser tomadas. Num caso como o da operação analisada, se o trabalhador está com as mãos desprotegidas, a recomendação do uso de luvas adequadas corrigirá a falha, neutralizando a ação agressiva das rebarbas. No entanto, nem todos os riscos serão assim facilmente evitados. Muitos requerem estudos adicionais. Mesmo sendo o uso das luvas a medida mais recomendável, de imediato, poderá não ser a única a ser tomada. Neste caso, as peças chegavam com muitas rebarbas, à estação de trabalho onde deveriam ser manuseadas. Casos como esse devem despertar a atenção do analista, que deve perguntar a si mesmo: "por que vêm com rebarbas?" "poderiam ser evitadas ou reduzidas?" "como?" Com toda certeza, perguntas como essas levariam o analista a concluir que a operação ou operações precedentes deveriam ter sido estudadas antes. Aqui alguém poderá objetar e dizer: "é lógico, as operações devem ser estudadas na ordem em que são processadas". Nem sempre é necessário! Muitas vezes, ao analisar-se uma série de operações em sua ordem de processamento, despende-se muito e precioso tempo em operações simples de pouco perigo até chegar àquelas criticas, onde os próprios acidentes que ocorrem clamam por medidas de segurança corretas e imediatas. As operações que são consideradas perigosas, simplesmente porque nelas ocorrem mais acidentes, devem ter prioridade nas análises de riscos, independentemente da posição que ocupam na ordem do fluxo operacional. " No caso citado, as luvas resolveram de imediato um problema ; de segurança que existia; nesse mesmo caso formula-se a hipótese da ^-necessidade de estudos nas operações precedentes. Após inspecionada - a peça, o homem a leva nas mãos numa distância de seis passos. "^É-áácil^concluk que, quanto maior a distância percorrida, maior é j^ -ptBbabilidade da peça cair das mãos do trabalhador e maior o "cansàço do indivíduo. Dutras perguntas poderão ser feitas. Porque ? essa distância? Poderão, mesa e carrinho, ficar mais perto do trans.-portador? Haverá qualquer inconveniente? Sob o aspecto segurança --seriam criados outros riscos? Essas perguntas o analista, naturalmente, as fará para os elementos por ele sdecionados e sempre depois da conclusão da primeira análise, que é o estudo da operação da maneira como ela está sendo usualmente executada. Nos casos de, em face das recomendações feitas, alguns elementos serem alterados, o analista deverá proceder a outra análise após a alteração ter sido processada, para efeito comparativo e de avaliação do que pode ser feito pelo serviço de segurança, quando técnica e criteriosamente desenvolvido na indústria. As conclusões das análises devem ser apresentadas aos supervisores, engenheiros e outras pessoas, para encaminhamento das medidas recomendadas e para assinatura da folha de análise, a fim de que seja aprovada a condição aceita como satisfatória e as regras estabelecidas segundo as recomendações da análise feita. RESUMO • As inspeções de segurança compõem outra grande fonte de informações para determinação de medidas de segurança. • As inpeções bem processadas determinam os meios preventivos antes da ocorrência de acidentes; ajudam a desenvolver a mentalidade de segurança; melhoram o entrelaçamento entre o serviço de segurança e demais setores da empresa e despertam nos empregados a confiança na administração. • Inspeções gerais são as que se efetuam em ampla área da empresa, visando à segurança de um modo geral. • Inspeções parciais são as que se limitam a certas atividades ou equipamentos ou a parte de um setor da empresa. • De rotina são as inspeções mais comuns as quais são efetuadas tanto pelo inspetor de segurança, como pelos supervisores, pessoal de manutenção e mesmo por operadores de equipamentos, devidamente instruídos para tal. • Inspeções periódicas são as que se efetuam em período estabelecido, para apontar riscos que surgem devido a desgaste, fadiga etc., de maquinaria, ferramental e .instalações. • Algumas inspeções periódicas são obrigatórias por lei e devem ser do conhecimento dos serviços de segurança. • Inspeções oficiais são as feitas pelos órgãos governamentais do trabalho e securitários. • Inspeções especiais são as que requerem conhecimentos e aparelhos especializados para a sua execução. • O ciclo completo das inspeções de segurança compõe-se de cinco fases: Observação; Informação; Registro; Encaminhamento; e Acompanhamento. • A análise de risco é uma modalidade de inspeção de segurança; é um método avançado de descobrir riscos conhecidos, desconhecidos e de levantar suspeita sobre a existência de outros. 8 RECURSOS GENÉRICOS DA SEGURANÇA DO TRABALHO l\ Nessa altura não é muito difícil concluir que é imprescindível uma série de requisitos para a obtenção de sucesso na prevenção de acidentes do trabalho. Ê necessário reconhecer que: • l l l tais acidentes se previnem com a aplicação de medidas específicas de segurança. • o conceito dos principais fatôres que envolvem o assunto deve ser correio. • o serviço de segurança tem de ser devidamente organizado e as responsabilidades corretamente atribuídas. • os acidentes do trabalho devem ser considerados e interpretados em toda extensão e profundidade. • os aspectos humanos e materiais devem ser reconhecidos individualmente e tratados em conjunto, da forma como se correlacionam. • as causas de acidentes já reconhecidas devem ser catalogadas para facilitar o desenvolvimento do programa estabelecido. • as Investigações dos acidentes devem conduzir a medidas e conclusões que beneficiem a segurança do trabalho. • as inspeções de segurança, assim como as investigações de acidentes, devem constituir as principais fontes de informações sobre as medidas de segurança a serem tomadas ou aplicadas ao trabalho. '' ., Assim, para fechar o círculo da prevenção dos acidentes do trabalho resta apenas selecionar a medida adequada que cada caso requer e estabelecer a maneira ,mais correta e proveitosa de colocá-la em prática. Para melhor apresentar essas medidas, é necessário voltar à primeira página onde, como conceito geral da segurança do trabalho, 122 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES está indicada a aplicação de medidas técnicas, educacionais, médicas e psicológicas. O que será apresentado daqui em diante são os recursos dessas medidas gerais, a serem empregados com o fim de tornar os trabalhos seguros e, era consequência, prevenir a ocorrência de acidentes. V'"'-v-;'j CONTEXTO GE ÍAL DAS MEDIDAS TÉCNICAS Qualquer medida é sempre aplicada contra algum risco dos seguintes grupos: • Físico • Químico • Biológico Nos riscos físicos estão incluídos os riscos reconhecidos por fenómenos físicos tais como calor, ruído, vibrações etc., e os demais riscos fisicamente presentes nos locais de trabalho ou, como já foi dito, as condições inseguras. Riscos químicos são aqueles cujos nomes já os identificam: agressividade dos produtos químicos e os perigos de sua manipulação irregular. Biológicos são os riscos proporcionados por vírus, bactérias, fungos etc., típicos de indústrias onde são parte do processo ou onde podem se desenvolver devido às características dos produtos. MEIOS GEPAIS DE PROTEÇÃO Todas as medidas de segurança aplicadas ao ambiente visam proteger as pessoas por intermédio de uma das seguintes alternativas: • Eliminando o risco • Isolando o riico • Sinalizando o risco Eliminar o risco significa torná-lo definitivamente inexistente, o que poucas vezes se consegue. Isto é conseguido nos seguintes casos: substituir-se um produto tóxico por um inócuo; substituir-se uma máquina cujo perigo não existe na substituta; etc. Consegue-se também por meio de reparos, corrigindo-se defeitos nos pisos, escadas etc., corrigindo-se as falhas de máquinas, instalações etc. Isolar o risco é a alternativa mais aplicada. A grande maioria dos riscos são apenas isolados embora o método de isolamento muitas RECURSOS GENÉRICOS DA. SEGURANÇA DO TRABALHO 123- vezes isente as pessoas definitivamente do acidente. Por exemplo, muitas partes perigosas de máquinas, tais como engrenagens e correias são isoladas por anteparos protetores mas nem por isso deixam de existir; a corrente elétrica é um risco que não deixa de existir pelo fato de serem isolados os fios, cabos e aparelhos; as características agressivas de um material corrosivo continuam existindo embora isoladas em recipientes adequados etc. Sinalizar o risco é o recurso que se aplica quando não há possibilidade de se aplicar um dos dois anteriores. Não é usado em substituição a um dos dois, a não ser em caráter precário e temporário, enquanto se tomam as medidas definitivas. Exemplo de risco que só pode ser sinalizado, é a extremidade de um cais, cuja depressão não pode ser eliminada e nem isolada; neste caso, uma faixa com listas transversais, em preto e laranja é pintada como advertência do perigo. CARACTERÍSTICAS PESSOAIS Em relação às pessoas, a segurança depende de: • Educação • Estado de ânimo • Estado físico Em linhas gerais isto significa que, embora o ambiente esteja satisfatoriamente apto, sob o ponto de vista técnico, a proporcionar segurança, os três fatôres pessoais acima citados são de fundamental importância para que as medidas técnicas propiciem realmente a segurança que delas se espera. A educação, tanto profissional como social, é muito importante para o desempenho das atribuições, principalmente do trabalho em equipe. Nos planos de treinamento das empresas nunca deve faltai a segurança do trabalho como uma das matérias fundamentais. O estado de ânimo também assume parte da responsabilidade pela segurança do trabalho. Quando este estado for negativo, quer temporário ou permanentemente, o portador estará mais propenso a sofrer ou causar acidentes. O estado físico satisfatório das pessoas com respeito à segurança do trabalho é aquele compatível com sua atividade. Portanto, a seleção do homem, fisicamente falando, em função da atividade que vai exercer, é de fundamental importância tanto para o bom desenvolvimento como para a segurança do trabalho. Esses três requisitos pessoais poderão ser conseguidos com: 124 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES • • • Seleção adequada do pessoal Treinamento e integração ao trabalho Manutenção do estado físico e psicológico Esses três tópicos pertencem a campos especializados — recrutamento, treinamento e serviço médico — e não serão aqui tratados. No entanto, convém lembrar que a consecução satisfatória da prevenção dos acidentes depende muito da participação desses serviços que, obrigatoriamente, devem trabalhar em cooperação e estreitos entendimentos com o setor de segurança das empresas. Convém lembrar que na integração e treinamento o serviço de segurança tem seu papel específico a desempenhar. Voltando aos aspectos técnicos do ambiente em relação à segurança do trabalho, é necessário entender quais as melhores oportunidades para adoção das medidas, a fim de corrigir ou de não criar condições inseguras. Essas oportunidades, na ordem de preferência, são: • Nos projetos e instalações • • Após iniciada a atividade Depois da ocorrência de acidentes O ideal é prever os aspectos da segurança do trabalho desde os projetos e instalações das fábricas, oficinas, armazéns etc. Grande número de futuros problemas pode ser prevenido na prancheta do projetista e, outros mais, durante as instalações, desde que sejam aplicados pelo menos os princípios fundamentais da segurança do trabalho. É também um fator económico, pois, muitos acidentes que viriam no futuro a onerar o custo industrial, deixarão de ocorrer. Além disso, é sempre mais barato aplicar os dispositivos e meios de segurança no projeto original do que projetá-los e aplicá-los no futuro o que, sem dúvida, causará maior despesa, possivelmente com menor rendimento dos dispositivos aplicados. Após iniciada a atividade da fábrica, da máquina etc., ainda podem existir riscos, apesar de todos os cuidados nos projetos e instalações. Esta é a segunda oportunidade para aplicação de meios RECURSOS GENÉRICOS DA SEGURANÇA DO TRABALHO 125 de segurança. Os aspectos perigosos são revelados por ínspeções de segurança ou por análises de riscos, antes da ocorrência de acidentes. Depois da ocorrência de acidentes é outra oportunidade, embora tudo deva ser feito para corrigir os riscos antes. A ocorrência de acidentes, como já foi dito, é uma das grandes experiências para aplicação de medidas de segurança, mas não se deve esperar por ela para tomar as medidas que os riscos requerem. O mais lícito, em matéria de se^rança, é aceitar esta última possibilidade como verdadeira somente após as condições de trabalho terem passado pelo crivo das duas anteriores. Os objetivos das medidas técnicas de segurança aplicadas no ambiente de trabalho são, na ordem de preferência: • • • Eliminar definitivamente a possibilidade de ocorrência de acidentes lesivos às pessoas Dificultar ao máximo a ocorrência desses acidentes Evitar maior gravidade caso ocorram acidentes Eliminar definitivamente a possibilidade de ocorrência de um tipo de acidente não significa eliminar os riscos a ele inerentes. Protetores corretamente construídos e instalados eliminam, em determinados casos, a possibilidade de ocorrência de acidentes; embora os riscos persistam, permanecem isolados das pessoas. São casos de riscos totalmente fora do alcance das pessoas, ou inacessíveis devido a anteparos, ou ainda de riscos realmente eliminados. Na maioria dos casos consegue-se apenas dificultar a ocorrência de acidentes. É possível, porém, conseguir isso a tal ponto, suficiente para se considerar a segurança do trabalho satisfatório. Todos aqueles riscos que, embora isolados, dependem, mesmo em circunstâncias excepcionais, da atuação das pessoas para que não ocorram acidentes, possuem protetores que apenas dificultam a ocorrência de acidentes. Em alguns casos não há meio preventivo satisfatório; por conseguinte, o acidente um dia acontecerá. São aplicados, nesses casos, meios que evitem a fatalidade e que atenuem o quanto possível as prováveis lesões que as pessoas virão a sofrer. Exemplos desses casos são: arredondamento de quinas onde as pessoas poderão esbarrar; acolchoamento de saliências onde é possível bater a cabeça; rede sob trabalhos elevados onde não é possível usar cinto de segurança; o uso do próprio cinto de segurança etc. O sucesso, tanto do desenvolvimento como da aplicação dos recursos técnicos de segurança, depende muito de medidas educacionais aplicadas para esse fim. 126 PRATICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES MEDIDAS EDUCACIONAIS A educação, no que tange à segurança do i, trabalho, assume importância excepcional em dois aspectos muito amplos: educação da administração, alta supervisão e técnicos para que o programa adequado possa ser posto em prática e para que os aspectos técnicos da segurança sejam devidamente levados em consideração nos processos industriais, nos trabalhos em geral e, principalmente, nos projetos e inovações; educação desempregados em geral incluindo supervisores da linha de mestria, para que se possa contar com a execução satisfatória do programa estabelecido, por parte da supervisão, e com a obediência às suas regras, por parte dos empregados em geral. O serviço de segurança deve estabelecer o plano geral de educação juntamente com o setor de treinamento, quando existente, estabelecei a ordem de prioridade das matérias e atribuir responsabilidades na execução do plano. Os meios educacionais, convencionais ou não, podem ser aplicados de forma genérica ou específica em favor da prevenção de acidentes, 127 Se houver possibilidade, serão muito úteis para engenheiros e outros técnicos altamente especializados, cursos sobre higiene industrial, no que se refere aos meios de controle do ambiente através de medidas especializadas. Também os membros da CIPA devem receber instruções, em um curso rápido, antes da posse, de modo a se desempenharem melhor na tarefa que lhes cabe no programa geral. Para cada especialidade existente na empresa pode-se ministrar um treinamento de segurança através de cursos rápidos que devem ser preparados ou adaptados pelo serviço de segurança, de acordo com as características e necessidades da empresa. PALESTRAS Os assuntos específicos podem ser tratados — um por vez —, com os grupos interessados em conferência, da maneira mais ilustrativa possível, com apresentação de dados, cartazes, "slides" e filmes e, de preferência com debates. É importante que o conferencista consiga levar o grupo a uma conclusão satisfatória do assunto tratado, em favor dos objetivos da segurança do trabalho. INTEGRAÇÃO DE NOVOS EMPREGADOS CURSOS Para os supervisores de todos os níveis é recomendável um curso genérico sobre prevenção de acidentes, o qual deve incluir o conceito correto do acidente do trabalho, as consequências danosas que acarreta, as medidas gerais que são empregadas para a segurança do trabalho e, principalmente, as atribuições e responsabilidades dos supervisores na execução do programa de segurança. . Assuntos específicos deverão ser tratados posteriormente em reuniões com debates. Para técnicos como projetistas, engenheiro etc., poderão ser ministrados cursos de noções práticas de prevenção de acidentes, assim como sobre normas e legislação sobre o assunto. RECURSOS GENÉRICOS DA SEGURANÇA. DO TRABALHO O membro da CIPA devidamente instruído é mais útil à segurança do trabalho. As empresas que possuem plano de integração para os novos empregados, com certeza têm na segurança do trabalho um dos seus pontos altos. Isto em vista do valor que -a segurança representa para a empresa e para os empregados e do cuidado especial que se deve dispensar nesse particular aos recém-admitidos. O serviço de segurança deve dar as in- Exemplo do que se pode ensinar ao novo empregado. formações e os ensinamentos gerais, enquanto cabe aos supervisores que recebem os novos empregados transmitir-lhes os ensinamentos específicos de segurança, referentes ao trabalho que irão executar e à área onde irão trabalhar. Ao supervisor direto cabe a tarefa de acompanhar o desenvolvimento do empregado e de corrigir suas atitudes de modo a integrá-lo no trabalho de maneira segura e o mais rápido possível. Ao ministrar as normas gerais de segurança na integração dos novos empregados, o representante do serviço de segurança deve avaliar o que eles sabem a respeito do assunto e, sempre que.conveniente, deve levar qualquer fato apurado ao conhecimento do supervisor interessado, com alguma recomendação, se o caso exigir. r RECURSOS GENÉRICOS DA. SEGURANÇA DO TRABALHO 128 129 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES Boletins, folhetos, exposição de fotografias de acidentes, exposição de equipamentos de segurança, concursos que obriguem as pessoas a pensar na segurança para concorrer etc., são outros meios que podem trazer bom resultado no desenvolvimento e na consolidação da mentalidade de segurança, quando bem e oportunamente aplicados. DIÁLOGO DE SEGURANÇA Os supervisores poderão exercer grande influência educacional de segurança sobre os subordinados através do diálogo. O chefe que tem por hábito dialogar com os subordinados sobre segurança do trabalho, corrigindo falhas e ensinando a maneira segura de executar as tarefas, além de prevenir acidentes, promove, ao mesmo tempo, o equilíbrio da produtividade nas atividades sob sua responsabilidade. OUTROS MEIOS Várias outras modalidades promocionais podem ser aplicadas com o objetivo de educar as pessoas e desenvolverlhes a mentalidade da segurança do trabalho. Cartazes de segurança devidamente expostos é um bom meio de divulgar a segurança. Os quadros de exposição de cartazes devem ser dispostos em locais visíveis, de preferência em locais de concentração obrigatória, como refeitório, relógio de ponto etc. Não devem ser colocados em corredores ou outros locais onde uma pessoa em sua frente possa correr o risco de ser atropelada por veículos. A substituição periódica dos cartazes, com bastante contraste de cores entre dois consecutivos, é um meio de atrair a atenção do pessoal para os quadros dos cartazes. MEDIDAS PSICOLÓGICAS Exemplo do que o supervisor deve saber para ensinar. Posição correia para levantar um peso. Elevando-se o peso e o corpo ao mesmo tempo, o esforço será dividido entre os quatro pontos de alavanca (A), (B), (C) e (D). Dobrando-se somente a espinha, esta e os músculos abdominais suportarão praticamente todo o esforço. Não se vai tratar neste trabalho, de medidas psicológicas que poderiam ser aplicadas em prol da segurança do trabalho. Esse é um assunto altamente especializado, de valor indiscutível, mas de penetração e aceitação ainda restritas na indústria. No entanto, é bom frisar que em alguns casos é necessário aplicar certos princípios psicológicos embora o fundamental deixe de ser feito nesse campo. Por exemplo, certas medidas coletivas que devem ser tomadas requerem algum preparo psicológico do grupo antes de colocá-las em execução; meios de motivação são muitas vezes necessários para a consecução da segurança; os supervisores devem conhecer o temperamento dos subordinados e saber identificar seus estados de ânimo para saber como e quando agir em relação ao trabalho e à segurança da pessoa, à distribuição de serviço, instruções e ordens. Se a empresa dispuser de psicólogo, o serviço de segurança deverá manter estreita relação com ele no sentido de conduzir a segurança do trabalho de maneira satisfatória também sob o aspecto psicológico. MEDIDAS MÉDICAS Os quadros de avisos e propaganda são grandes auxiliares na educação, porém representam apenas uma pequena parcela do que se deve farer num programa de prevenção de acidentes. É outro serviço altamente especializado e imprescindível na indústria. Algumas das atribuições do serviço médico neste campo estão previstas na legislação que trata da segurança e da higiene do trabalho. Como a boa saúde é um fator de segurança para o indivíduo, o serviço médico, a partir daí, já presta um grande auxílio à prevenção de acidentes. Os serviços médico e de segurança devem estar bem sincronizados no programa de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. A cooperação que deve existir entre ambos deve estar prevista já no programa geral; é na prática, porém, que esta cooperação deve ser estreita e bem conduzida. v^, 130 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES RESUMO > Os acidentes do trabalho são prevenidos pela aplicação de medidas específicas de segurança. •..'••• Conhecido o risco, é necessário selecionar e aplicar corretamente a medida adequada. ji Urna medida, qualquer que seja, é sempre aplicada contra riscos físicos, químicos ou biológicos. As medidas de segurança visam, na ordem de preferência: eliminar o risco, isolar o risco ou somente sinalizar o risco. Era relação às pessoas, a segurança depende de: educação, estado de ânimo e estado físico. Os requisitos pessoais são conseguidos com: seleção adequada do pessoal; treinamento e integração ao trabalho e manutenção de estado físico e psicológico satisfatórios, As medidas técnicas devem ser aplicadas na seguinte ordem de prioridade: nos projetos e instalações; após iniciada a atividade; depois da ocorrência de acidentes. Todas as medidas de segurança visam, na ordem de preferência: elLminar definitivamente a possibilidade de ocorrência de acidentes; dificuhar a ocorrência de acidentes ou evitar maior gravidade, caso o acidente ocorra. Medidas educacionais adequadas devem ser aplicadas desde a administração até ao mais simples empregados. Cursos, palestras, entrevistas, diálogos de segurança, cartazes e outros materiais escritos são exemplos de recursos educionais que podem ser aplicados. Medidas psicológicas são importantíssimas em certas oportunidades; os aspectos psicológicos só podem ser tratados por especialistas no asunto. O serviço médico tem um papel importante nos programas de segurança dó trabalho e deve trabalhar em cooperação com o serviço de segurança. 9 AMBIENTES DE TRABALHO Os ambientes de trabalho, quer sejam fechados como salas, salões, galpões, galerias, ou abertos como pátios, campos, ruas, estradas, deveriam sempre possuir um mínimo satisfatório de segurança, por intermédio de recursos convencionais, que abrangem desde simples dispositivos de proteção até os mais complexos meios de segurança — e de conservação, também imprescindível, desses recursos. EDIFICAÇÕES Sob o aspecto segurança do trabalho as edificações podem sei classificadas em dois grupos: as que são especialmente projetadas e construídas para determinadas atividades e as já existentes que são adaptadas para determinados fins. No primeiro caso pode e deve sei previsto tudo, desde o tipo de construção até a distribuição dos equipamentos para que o ambiente ofereça condições satisfatórias de segurança e higiene. Nó segundo caso, nem sempre se consegue o melhor, mas se deve aplicar o máximo de bom senso e conhecimento para que as reformas e adaptações não venham a comprometer nem a segurança do edifício, nem a dos seus ocupantes, nas atividades que vão desenvolver. • O tipo de construção e os materiais empregados devem estar de acordo com o tipo de trabalho e com os equipamentos e materiais envolvidos nas atividades que serão desenvolvidas no local. Vibrações e ruídos dos equipamentos, fontes de calor, produtos químicos etc., são fatôres que deverão ser levados em consideração, em relação à periculosidade conhecida e aos recursos de segurança que requerem. À própria orientação do 132 AMBIENTES ÔE TRABALIÍO PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES • prédio deve-se dar bastante atenção, com respeito ao sol como fonte de luz e de calor, de modo a aproveitá-lo ao máximo sob o ponto de vista de iluminação e evitar efeito térmico desfavorável, quer por excesso de calor ou de frio. A altura mínima recomendada para o pé direito é de 3m (três metros) embora muitas vezes a própria autoridade competente aprove altura menor, em função da atividade do local. Esses requisitos aplicam-se também em relação a plataformas elevadas que possam ser construídas para o trabalho; no caso, tanto a área acima como abaixo está sujeita à altura mínima recomendada. Cada caso deve ser estudado à parte, sob p ponto de vista de higiene industrial; nos casos de adaptação de edifícios, esse particulai requer muito mais cuidado. Os pisos devem ter resistência adequada ao peso que deverão suportar; serem horizontais, sem depressões ou saliências — qualquer diferença de nível para fins de drenagem deve ser a mínima possível — devem ser isentos de umidnde, impermeáveis, quando possível; piso de madeira não é aconselhável em lugares onde pode impregnarse de óleo, pois pode agravar a situação em caso de incêndio; sempre que possível, o meio de acesso entre pisos com pouca diferença de nível deve ser por intermédio de rampa, em vez de degraus. • Aberturas no piso ou extremidades de depressões com diferença de nível devem ser providas de parapeito. Este deve ter no mínimo 0,80 m (oitenta centímetros) de altura, sendo ideal a altura de 1,10 m (um metro e dez centímetros). Independentemente do material de que for feito deverá ter um seguimento contínuo na parte superior e uma travessa intermediária à meia altura, além de um rodapé de dez a quinze centímetros de altura. Essas últimas medidas visam a evitar que as pessoas caiam para o nível inferior caso escorreguem, ao mesmo tempo que previnem a queda de ferramentas e materiais. • As rampas, escadas e passadiços devem ser providos de corrimãos, com as mesmas características do parapeito acima citado. • Tanto nas escadas e rampas como no piso em geral pode ser empregado processo antiderrapante sempre que a condição o exigir. • As áreas de ventilação e iluminação natural devem ser rigorosamente levadas em consideração, não só em função de normas ou legislação vigentes, mas também do trabalho efetuado na área. • Sendo observados todos esses e mesmo outros requisitos, a segurança do trabalho estará em boa parte garantida. Mas, a manutenção desses requisitos em ordem é indispensável para que realmente as edificações não propiciem a ocorrência de acidentes- tíi ILUMINAÇÃO A iluminação adequada, tanto qualitativa quanto quantitativamente, é de muita importância para execução segura e precisa das tarefas industriais. A iluminação natural é a preferida. É muito comum, porém, o emprego de luz artificial em complementação à natural e é obrigatório o seu emprego nos trabalhos noturnos. • Normas brasileiras da ABNT estabelecem os níveis de iluminamento mínimo requerido para cada atividade; além desses níveis, porém, ou de qualquer outra determinação de ordem legal, é importante que certos fatôres sejam levados em consideração em cada caso específico. Por exemplo: a difusão uniforme da luz, a qualidade e a direção da luz, e a localização das luminárias em relação aos obstáculos formados por equipamentos, devem ser considerados de modo que a luz não cause sombras e nem ofuscamentos e que o nível de iluminação seja compatível com a atividade e com os princípios de higiene industrial. • A iluminação proporcionada pelas janelas, lanternins, clarabóias etc., às vezes não atinge com a eficiência desejada certos pontos da área de trabalho, às vezes pela má distribuição das áreas iluminantes e outras vezes devido a barreiras formadas por maquinaria alta. Esses casos e outros, de deficiência da luz artificial, requerem a adoção de pontos individuais de luz para algumas operações. Nesses casos, para higiene e conforto visual, a intensidade do ponto de luz individual não deve ser superior à proporção de um por dez dm relação ao nível de iluminamento geral. • É necessário levar em consideração o valor da conservação tanto das áreas de iluminação natural como das luminárias para melhor rendimento das suas capacidades de iluminação. Vidros sujos ou embaçados, lâmpadas sujas ou enfraquecidas, são exemplos de perdas da eficiência da iluminação, cuja correção é fácil e pouco dispendiosa. VENTILAÇÃO E CONTROLE DE CALOR A ventilação dos locais de trabalho pode ser subdividida em várias categorias: ventilação natural que deve ser a melhor possível, através das aberturas convencionais e orientação dos prédios no sentido de aproveitar, para esse fim, o vento predominante, de modo compatível com o trabalho realizado na área; ventilação local exaustora que, por intermédio de coifa ou outro tipo de captador, colhe os contaminantes, gases, poeiras etc., junto à fonte produtora, para evitar que se dispersem no ambiente, conduzindo-os para o exterior a fim de que se diluam na atmosfera, ou levando-as para compartimentos especiais 65 PRÁTICA DA PREVENÇÃO CE. ACIDENTES AMBIENTES DE TRABALHO onde são depositados ou neutralizados; ventilação geral diluidora, cujo princípio é o de renovação de ar no ambiente por meio de- ventiladores que exaurem o ar poluído do ambiente ou nele insuflara ar limpo, de modo a não permitir que os contaminantes; ;disper,s,os no ar alcancem limites elevados, incompatíveis com os princípios de saúde ocupacional; ar condicionado cuja aplicação é mais restrita, não indo muito além de escritórios, laboratórios, ambulatórios e alguns compartimentos de trabalhos industriais. Em ambos os casos — ventilação e controle de calor, que pertencem ao campo da higiene industrial — é necessário que os problemas sejam tratados por especialistas para que se possam conseguir os melhores resultados desejáveis. 134 Ventilação • A legislação determina que a ventilação artificial é obrigatória quando a natural não preenche as condições de higiene do trabalho. Como quase sempre ocorre, onde se empregam produtos químicos e onde os processos industriais produzem poeiras, fumaças, gases etc., ou seja, a ventilação natural não é suficiente, o emprego de um ou outro meio de ventilação artificial é bastante frequente. O que realmente se faz necessário é escolher o tipo adequado de ventilação para cada caso em particular. Neste livro, não se vai tratar de tipos de ventilação. Recomenda-se, porém, cuidado com os projetos padrão de ventilação: eles podem não dar o mesmo bom resultado para todas as condições semelhantes. Cada caso requer estudos e cálculos específicos, para corresponder verdadeiramente aos princípios de higiene industrial. Ò industrial ou o dirigente que não contar com pessoa altamente especializada nesse particular, deve recorrer a quem esteja capacitado no assunto e que possa garantir que o sistema iri correspçnder aos requisitos de higiene industrial. Controle, de calor • O calor causa inúmeras condições desfavoráveis nos ambientes de trabalho. O calor radiante é o mais agressivo, principalmente àqueles que trabalham próximo às grandes fontes de calor como fornos, fornalhas etc. A neutralização dos efeitos agressivos dessas radiações só pode ser conseguida com a isolação da fonte ou a interposição de anteparos entre a fonte e as pessoas. Os materiais e o sistema mais adequados para essa isolação devem ser estudados para cada caso; 'quando ainda persistir alguma fonte livre de radiação é recomendável dar às pessoas vestimentas especiais que as isolem dos raios caloríficos. Para efeito de conforto pessoal e higiene industrial, a temperatura efetiva pode ser atenuada, em muitos casosi até níveis compatíveis com a resistência humana, por intermédio de movimentação do ar. 135 INSTALAÇÕES ELÉTRICÁS As instalações elétricas assumem papel de grande relevância na segurança do trabalho e das edificações, principalmente no que tange aos riscos de incêndios. Além de normas estrangeiras adotadas por muitas empresas, existem normas brasileiras, e vários dispositivos legais que regulam a matéria; no entanto, as instalações elétricas, devido a muitas precariedades, continuam como um dos grandes problemas de segurança. O que existe em normas e legislações, se obêdêcIHo, seria suficiente para satisfazer a segurança no emprego da energia elétrica. Algumas das recomendações gerais vão aqui descritas, como lembretes clássicos de um assunto persistentemente repisado. • ^ As instalações elétricas, além de executadas dentro dos padrões de segurança, devem ser mantidas em boas condições, por profissionais competentes. • As instalações provisórias também devem ser feitas de maneira segura. O fato de ser provisória não dá o direito de ser precária; o provisório é aceitável, o precário não! • Onde há substância inflamável ou explosivos, as instalações elétricas devem, além de serem à prova de centelhas, merecer cuidados especiais na conservação e medidas especiais de segurança quando se fizerem reparos. • Os transformadores ou outros aparelhos, com pontos carregados de energia expostos, devem ser isolados por alambrados ou outros meios que previnam o contato de pessoas com os pontos perigosos. • Os fios-terra devem ser obrigatórios em todos os aparelhos, máquinas e instalações de acordo com as normas existentes. Os eletricistas devem ter total consciência dos perigos de suas atividades e possuírem ferramentas e equipamentos de proteção adequados ao exercício seguro da profissão em todos os seus aspectos, Um manual de instruções de segurança para eletricistas é de grande valor, devendo incluir também instruções sobre respiração artificial, para cuja ministração o profissional deve estar capacitado, o que é previsto também pela legislação. • • 136 j : PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES AMBIENTES DE TRABALHO 137 MÁQUINAS E EQUIPAMEINTOS FINALIDADES E REQUISITOS DOS PROTETORES Máquinas e equipamentos requerem cuidados especiais no que tange à segurança do trabalho. Embora possuam características agressivas devido à complexidade mecânica e a outros fatôres, as máquinas e outros equipamentos são seguros quando adequadamente instalados, providos dos dispositivos de segurança e operados devidamente. A instalação adequada, a adoção dos dispositivos de segurança correios e a operação de maneira segura são três requisitos indispensáveis à segurança do trabalho além de constituírem imposições legais. Em se tratando de máquinas, são três os pontos que, genericamente falando, requerem dispositivos de proteção para o operador, operadores ou mesmo para outras pessoas. São estes: a transmissão de força; o ponto de operação; e outras partes móveis. Como transmissão de força entende-se todo o aparelhamento que transmite movimento, a partir do motor ou outra fonte primária de movimento, até o ponto de operação. Neste aparelhamento incluem-se eixos, polias, correias, engrenagens, volantes, -correntes, bielas etc., que propiciara muitos pontos de prensamentos, de batidas e de atritos violentos, que podem causar sérias lesões a quem com eles entrar em contato. Esta é a razão pela qual é necessária a isolação desses pontos perigosos por meio de anteparos adequados. Ponto de operação é o local onde se processa o trabalho para o qual a máquina foi construída, tais como: corte, prensagem, moagem etc. Ou melhor, onde se cortam, moldam, estampam, dobram, estiram, misturam, moem etc., os materiais submetidos ao trabalho das máquinas. Alguns pontos de operação são perigosíssimos, principalmente para as mãos, quando desprovidos de meios de segurança ou quando a operação é erroneamente executada. A segurança do trabalho, referente ao ponto de operação, requer que não haja necessidade de colocar ou aproximar as mãos dos pontos agressivos. Os dispositivos de segurança empregados visam a impedir que as mãos sejam colocadas na zona perigosa. Outras partes móveis, que não pertencem diretamente nem à transmissão de força nem ao ponto de operação, podem também proporcionar perigo se não forem providas de dispositivos de segurança. Esses, regra geral, são alimentadores do rolo, de corrente etc., que possuem pontos de prensamentos que devem ser mantidos isolados do contato das pessoas. Os dispositivos de segurança têm por finalidade principal proteaer a integridade física das pessoas, quer sejam operadores dos equipamentos e maquinarias, quer sejam outros. Os dispositivos de segurança não prejudicam a eficiência do trabalho, quando adequadamente escolhidos e instalados. Habituado aos dispositivos de segurança o trabalhador produzirá mais; na pior das hipóteses não produzirá menos. Para atingir os objetivos acima, os dispositivos de segurança devem: ser do tipo adequado em relação ao risco que irão neutralizar; depender o menos possível da atuação do homem para preencherem suas finalidades; ser suficientemente resistentes às agressividades de impactos, corrosão, desgastes etc. a que estiverem sujeitos; permitir serviços assessórios tais como limpeza, lubrificação etc., sem problemas de remoção; não criar outros tipos de perigo tais como obstrução de passagens, cantos cortantes etc. Em face da situação heterogénea do desenvolvimento e equipagem da indústria, são diversas as oportunidades que existem para projetos e instalação de dispositivos de segurança em máquinas. Em máquinas novas — os novos projetos e construções de máquinas deveriam sempre incluir todos os meios e dispositivos de segurança reconhecidamente necessários. Seria uma oportunidade de melhoramento da segurança, que sempre está presente nas pranchetas e nas oficinas dos produtores de máquinas; bastaria aproveitá-la. A maquinaria antiga — máquinas antigas, projetadas e construídas sem previsão do aspecto segurança — poderão receber os protetores indispensáveis devidamente adaptados. Maquinaria adaptada para serviços diferentes — máquinas que, embora tendo sido construídas com todos os meios de proteção, são adaptadas para outros serviços, requerem dispositivos adicionais de segurança. Em qualquer das diversas situações que se apresentar, os meios protetores fundamentais serão sempre os mesmos, dependendo a sua boa adaptação e melhor aproveitamento da engenhosidade do projetista e construtor que, para isso devem conhecer bem os princípios fundamentais dos dispositivos de segurança para máquinas. PROTETORES PARA TRANSMISSÃO DE FORÇA Os dispositivos protetores para transmissão de força são do tipo anteparo, que isola os pontos perigosos de maneira a impedir que as pessoas tenham contato com eles. Usam-se geralmente tela e perfis 138 PRÁTICA. DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES AMBIENTES DE "TRABALHO' metálicos na construção dessas guardas protetoras, que isolam o perigo e permitem ventilação, recomendável nos casos de correias de bastante atrito. Nos casos de engrenagens e de outros riscos, a proteção totalmente fechada é mais recomendável para evitar que corpos estranhos penetrem entre os dentes das engrenagens òú raios das rodas de modo a causarem danos aos equipamentos. pontos perigosos são isolados por alambrados ou parapeitos, de modo a evitar que possa haver contato entre as pessoas e os equipamentos. 139 TIPOS FUNDAMENTAIS DE PROTETORES PARA PONTOS DE OPERAÇÃO Guardas estacionárias Esse dispositivo protetor é do tipo anteparo, que isola a zona perigosa do ponto de operação — quando pode permanecer isolado — evitando assim que as pessoas tenham contato com os pontos perigosos. Obedecem os princípios gerais das guardas para transmissões. São aplicáveis onde não requerem constantes remoções, embora isso nem sempre constitua problema. Em casos especiais são dotadas de aberturas devidamente dimensionadas para entrada ou saída de materiais ou peças. São guardas de fácil construção e instalação. Guardas para transmissão de força devem isolar todos os pontos perigosos até no mínimo 2,10 m de altura. Todos os pontos perigosos das transmissões que possam ser alcançados pelas pessoas devem ser isolados. Para isso estabeleceu-se uma altura mínima de 2,10 m a contar do piso ou estrado onde os operadores ficam. Abaixo desta altura, todos os pontas de possíveis prensamentos ou atritos devem ser devidamente isolados. Convém frisar que 2,10 m é a altura mínima recomendada por normas de alguns países; a Organização Internacional do Trabalho recomenda como altura mínima 2,60 m. O1'ideal é estudar os diversos casos individualmente e, com base em normas existentes e literaturas especializadas, determinar o rigor que cada um requer. Em determinados casos todo o aparelhamento da transmissão deve ser isolado independentemente da altura em que se encontra. As guardas, quando construídas com telas ou em forma de gradil, devem ser projetadas de tal forma que as malhas .ou os vãos não permitam a introdução dos dedos e das mãos de modo a atingirem os pontos perigosos. Existem tabelas para determinar a relação que deve ser mantida entre a abertura dos vãos da guarda e a distância a que esta deve ser instalada do ponto perigoso. Nos casos em que grandes volantes, conjuntos grandes de engrenagens etc., não permitem a adoção de guardas individuais, esses Guardas estacionárias têm aplicação na isolação de muitos riscos em pontos de operação. 140 AMBIENTES DE TRABALHO PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES 141 Dispositivo arrastador Guardas mecânicas É o contrário da guarda estacionária; esta última permanece estática, para cumprir o seu papel protetor, enquanto as guardas mecânicas se movimentam em determinadas oportunidades para proporcionar a devida segurança. Existe o tipo usado em prensas e que, ao ser acionado o pedal, desce em frente ao estampo e se apoia na mesa, impedindo que o operador coloque as mãos na zona perigosa durante o ciclo da operação. As portas dos poços dos elevadores são exemplos de guardas mecânicas;'fecham-se antes de o elevador se movimentar para que ninguém seja apanhado por esse movimento e permanecem fechadas enquanto o elevador não estiver no respectivo andar. Este é um dispositivo usualmente empregado em prensas de pequeno porte e que consiste de um bastão mecanicamente ligado ao movimento do êmbolo da prensa. Ao ser acionado o pedal da prensa, o bastão entra em movimento juntamente com o êmbolo e passa em frente ao estampo antes deste se fechar, arrastando as mãos do operador para fora da área de perigo, caso tenham sido deixadas na zona perigosa. Com um pouco de engenhosidade esse dispositivo pode ser adaptado a muitas prensas e tornará seguras muitas operações. i Exemplo clássico de dispositivo arrastador aplicado em prensa excêntrica. Guardas mecânicas são as que se movimentam sincronizadas com a máquina para proporcionar a segurança a elas designadas. 142 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES Dispositivo afastador Este dispositivo é também empregado em prensas e tem a função de afastar as mãos do operador, se estiverem na zona perigosa, durante o ciclo da máquina. Dois cabos de aço de pequeno diâmetro são ligados ao êmbolo 'da prensa e, através de roldanas, instaladas em estrutura devidamente preparada, chegam até à mesa da prensa. Essas extremidades são providas de pulseiras ou luvas parciais que o operador coloca nos pulsos ou nas mãos. Os cabos de aço são regulados de modo que, quando o operador está com as mãos na área perigosa eles estão totalmente estirados; assim sendo, quando o êmbolo começa a descer, os cabos são puxados e, se as mãos estiverem em área perigosa serão afastadas por um puxão. Este dispositivo permite que a prensa seja alimentada com as mãos sem o risco de ficarem prensadas entre os estampos. Isso, porém, requer boa manutenção e constante verificação na regulagem dos cabos. AMBIENTES DE TRABALHO 143 Comando bimanual Este sistema requer que o operador empregue as duas mãos simultaneamente para acionar máquinas, de modo a manter as mãos ocupadas, fora da zona de perigo, durante a fase crítica da operação. São empregados em prensas e em outras máquinas de ciclos intermitentes, cujos pontos de operação representem riscos para as mãos. Dois botões elétricos, duas alavancas ou um sistema misto pode ser empregado, dependendo do sistema que se quer ou que se pode aplicar. É importante que: o dispositivo só funcione acionando-se ambos os comandos ao mesmo tempo; a distância ou local de instalação não permitam o acionamento de ambos a não ser com ambas as mãos. É um dispositivo de segurança eficiente quando bem construído e instalado. Comando bimanual mantém as mãos ocupadas fora ,da zona de perigo durante o ciclo da máquina. Dispositivo afastador: como o arrastador, tem aplicação em prensas cujo serviço requer alimentação com as mãos. Célula fotoelétrica O sistema de célula fotoelétrica é usado principalmente em prensas e tesouras e tem a finalidade de cortar o fornecimento de energia elétrica aos dispositivos de acionamento da máquina quando a mão ou outro corpo estranho estiver na zona perigosa. As mãos, quando na área perigosa, interrompem os raios que ativam as células, de AMBIENTES DE TRABALHO 144 145 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES modo a interromper também o fornecimento de energia para acionar o ponto de operação da máquina. Ê um dispositivo geralmente dispendioso mas que dá bons resultados se mantido em bom funcionamento. operação ou freiar a máquina. Na maioria dos casos essa interrupção visa à proteção das mãos, como nos casos de trabalhos com máquinas cilindradoras. Portanto, o dispositivo de parada de emergência deve, sempre que possível, ser acionado por outra parte do corpo, como pé, cabeça etc. . Guarda de locação Esse dispositivo, tipo alambrado ou parapeito, é usado para isolar, na área de trabalho, equipamentos ou serviços perigosos, para evitar que pessoas desconhecedoras do risco se aproximem deles. As isolações que se fazem, com alambrado, da área de transformadores de alta tensão é um exemplo de guarda de locação. Exemplo da aplicação de célula fotoelétrica em máquina cilindrada; tem aplicação em prensas tesouras etc. Parada de emergência Este dispositivo consiste de cabo de aço, barra ou alavanca, que os operadores de certas máquinas devem acionar para interromper a Em forma de alambrado ou parapeito a guarda de locação tem aplicação para isolar equipamentos grandes e perigosos do resto da área de trabalho. Interligação Esse sistema é empregado em portas ou tampas que não devem ser abertas e em proteções que não devem ser removidas com o equipamento em movimento. Na porta de um moinho perigoso, por exemplo, pode-se instalar o sistema; ao ser aberta a porta, um microinterruptor é acionado e corta a energia parando o moinho, neutraParada de Emergência tem grande aplicação em máquinas cilindradoras. 146 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES AMBIENTES DE TRABALHO 147 lizando portanto o risco de o operador ter contato com o ponto de operação em movimento. Em alguns casos, além de cortar a energia, pode ser acionado um freio para abreviar a parada da máquina. É um sistema que tem muita aplicação quando seus princípios são bem explorados. O sistema de interligação com mícro-interruptor é o meio de segurança aplicado em muitos equipamentos. Equipamentos suspensos e sujeitos a esforços devem possuir cabo de segurança que os retenha, caso venham a se desprender. Cabo de segurança É um cabo de.açc", ou às vezes corrente, com o qual se prende certos equipamentos suspensos que podem vir a cair devido a desgastes ou fadigas dos meios de sustentação. Esse dispositivo é frequentemente empregado em guinchos fixos ou de monovias, embora tenha uma aplicação muito.mais ampla. Assim, tudo o que possa eventualmente cair e que. possa ser preso com um cabo de segurança, deve chamar a atenção para aplicação desse djspositivo. Esses tipos fundamentais de dispositivos de segurança abrangem a maioria dos riscos dos trabalhos com máquinas e equipamentos. A aplicação desses princípios, para neutralização de riscos nos diversos tipos de máquinas existentes, depende de conhecê-los bem e de um pouco de engenhosidade do profissional, que se encarregará de seus projetos e execução. Outros equipamentos usados em indústrias que trabalham com altas pressões ou temperaturas, tais como caldeiras, autoclaves etc., requerem dispositivos específicos de segurança como válvulas reguladoras de pressão, termostatos etc. Nesse trabalho, porém, não se irá além dos tipos apresentados, que são os de maior demanda para a prevenção de acidentes com máquinas e outros equipamentos industriais. 148 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES RESUMO As edificações devem merecer toda atenção de segurança, desde o projeto até às adaptações e manutenção necessárias. A iluminação dos locais de trabalho, quer natural ou artificial, deve ser qualitativa e quantitativamente adequada. A salubridade e o conforto dos ambientes de trabalho devem ser regulados, sempre que necessário, por meio de ventilação artificial e outros recursos de higiene industrial. As instalações elétricas devem obedecer às normas e legislação em vigor, para satisfazerem os aspectos da segurança do trabalho. Máquinas e outros equipamentos requerem medidas especiais de segurança nas transmissões de força, nos pontos de operação e em outras panes móveis. Conhecimentos especiais devem ser aplicados na instalação. de protetores em: projetos de máquinas novas; máquinas antigas; máquinas adaptadas para serviços diferentes dos seus específicos. Os protetores, nas transmissões de força, devem isolar todos os pontos perigosos até no mínimo 2,10 m de altura, a partir do nível em que o operador permanece. Para os pontos de operação, os tipos fundamentais de protetores são: guardas estacionárias; guardas mecânicas; dispositivo arrastador; dispositivo afastador; comando bi-manual; célula fotoelétrica; parada de emergência e interligação. A guarda, de locação é empregada para isolar, na área de trabalho, riscos de grandes proporções, ou conjuntos de riscos. O cabo de segurança é empregado para prevenir quedas de equipamentos elevados, sujeitos a esforços, desgastes etc. Outras partes móveis, de máquinas e equipamentos, são isoladas pelo mesmo princípio empregado nas transmissões de força. IO PROTEÇÃO INDIVIDUAL Quando as medidas de segurança 4e ordem geral não são eficientes para proporcionar proteção adequada contra os riscos de acidentes, lança-se mão do recurso da proteçSo individual: luvas, óculos, calçados, máscaras, capacetes, roupas especiais etc. Como a própria lei o define, Equipamento de Proteção Individual "EPI", é todo meio ou dispositivo de uso pessoal, destinado a preservar a incolumidade do empregado no exercício de suas funções. A lei determina que esses "EPI" sejam fornecidos gratuitamente pelas empresas. Determina, também, que cumpre aos empregados usar obrigatoriamente os equipamentos de proteção individual, assim como os demais meios destinados à sua segurança. Alguns desses equipamentos foram citados em capítulos anteriores, sem quaisquer dos detalhes que vão ser discutidos neste. Este é um tópico da segurança que requer ação técnica, educacional e psicológica para sua efetiva aplicação: técnica no sentido de determinar o tipo adequado de "EPI" em face do risco que irá neutralizar; educacional, para que o empregado saiba como usá-lo, de modo a oferecer o melhor rendimento possível; psicológica, no sentido de o usuário convencer-se da necessidade de usar o equipamento como parte de, sua atividade. Convém relembrar a definição técnica do acidente do trabalho, para entender que as proteção individuais não previnem, regra geral, os acidentes, mas evitam lesões. A função do "EPI" é neutralizar ou atenuar a ação do agente agressivo contra o corpo da pessoa que o usa. Não é demais repisar o exemplo: uma ferramenta ao cair do alto de um andaime atinge o capacete de um trabalhador. O capacete ficou danificado mas o trabalhador saiu ileso. O que o capacete evitou: o acidente ou a lesão? Evidentemente só a lesão foi evitada. PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE 'ACIDENTES 150 A queda da ferramenta e o impacto contra o capacete não foram evitados. Em suma, o acidente ocorreu, a lesão foi prevenida. Portanto, os "EPI" evitam as lesões repentinas.: ou atenuam a sua gravidade. Em outros casos protegem o corpo e o organismo contra os efeitos nocivos e lentos de substâncias com características tóxicas, alergênicas, ou outras, das quais resultam doenças ocupacionais. QUANDO USAR O "EPI" Os Equipamentos de Proteção Individual são empregados nas seguintes situações: • Como o único meio capaz de proporcionar proteção ao trabalhador que se expõe diretamente ao risco; são exemplos, nesse particular, o uso de luvas para o manuseio de produtos física ou quimicamente agressivos, o uso de botas impermeáveis contra umidade, o uso de máscara apropriada para entrar em compartimentos nos quais o ar é contaminado por concentração de produtos tóxicos etc. •, Como proteção complementar quando outros recursos não preenchem totalmente a proteção do trabalhador: o exemplo clássico dessa condição é o trabalho com esmeris; mesmo que a máquina seja provida dos protetores convencionais, não oferece toda a necessária proteção ao seu operador. A proteção com- plementar s indispensável são os óculos de segurança. • • " • Como único recurso em casos de emergência: isto é, quando a quebra da rotina do trabalho, devido a acontecimentos anormais, cria riscos para os trabalhadores. Como um exemplo tem-se o da movimentação manual de materiais agressivos, quando se interrompe a movimentação mecânica; neste caso serão necessárias luvas, aventais e outros protetores que normalmente não se usam na atividade. Como recurso temporário até que se estabeleçam os meios gerais de proteção: é tecnicamente lícito usar-se os protetores individuais enquanto não se instalam os meios adequados de segurança que evitarão o uso de "EPI". Não é lícito, porém, substituir a medida geral que poderia ser tomada, por medida individual de proteção. Por exemplo: é perfeitamente aceitável que se usem luvas para manusear materiais agressivos enquanto se espera por ferramentas adequadas de manuseio, usar um capuz ou respiradouro contra poeira até que entrem em funcionamento PROTEÇÃO INDIVIDUAL 151 ASPECTOS TÉCNICOS Vários aspectos técnicos devem ser levados em consideração para a aplicação correia dos "EPI". É necessário determinar o tipo de "EPI" em face do risco que se pretende neutralizar. .Podem-se encontrar vários modelos do mesmo tipo de "EPI", com variações de certas características tais como formato, sistema de montagem e acabamento, material empregado etc. O serviço de segurança é o órgão competente para determinar o modelo adequado, isto é, o que melhor satisfaz sob o aspecto de segurança, levando em consideração: a capacidade de neutralização da agressividade do trabalho, o tempo de vida útil do equipamento e o conforto que deve proporcionar ao usuário. Tudo isso, naturalmente, por meio de ensaios práticos e fie experiências no próprio trabalho ou, quando for o caso, recorrendo a ensaios de laboratório. Os ensaios que assumem maior importância para a aprovação final dos "EPI" são os efetuados praticamente, pois determinam realmente a segurança proporcionada pelo equipamento, a durabilidade e a funcionalidade do uso, relacionados principalmente com o conforto do usuário. A capacidade para essa avaliação foge às técnicas e aparelhagem dos laboratórios, embora eles possam contribuir em muitos casos para elucidar dúvidas, para confrontar qualidades de materiais e efetuar análisis químicas, além de ensaios físicos de resistência de acordo com as especificações dos "EPI", A determinação sensata do equipamento a ser adquirido para proteção individual dos empregados favorece tanto a esses, que terão melhor segurança, como à empresa, que atenderá melhor se as objetivos da prevenção de acidentes de maneira a não desperdiçar dinheiro. Como se pode concluir, a aquisição -dos "EPI" não deve ficar simplesmente a critério do setor de compras. São equipamentos especializados, que assumem grande responsabilidade em face do fim a que se destinam e que requerem, portanto, que um setor ou pessoa especializada determine e especifique o que realmente deve ser comprado. Para esses equipamentos deve haver, em muitos casos, maior flexibilidade no que tange às normas de compras, pois, frequentemente, embora a empresa adote o regime de concorrência de preços, deve-se — em benefício da segurança — comprar o equipamento mais caro. Os resultados anotados e conseguidos pelo setor de segurança é que devem prevalecer. Em qualquer caso, porém, é necessário que a compra seja feita com isenção de caprichos, de protecionismo ou de outros motivos menos confessáveis. 152 PROTEÇÃO INDIVIDUAL PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES ASPECTOS EDUCACIONAIS Assume também proporções de relevante importância a educação das pessoas que usam ou que irão usar os "EPI". Embora tudo seja feito para a compra dos "EPI" mais adequados, é necessário que eles sejam usados adequadamente para melhores resultados, tanto económicos como para a segurança. Os usuários do equipamento de proteção individual devem ter consciência da sua finalidade; da maneira correta de usá-los e de. como conservá-los em condições de uso. Cabe ao setor de segurança emitir instruções sobre o uso correio dos equipamentos, incluindo nessas as contra-indicações, como por exemplo o uso de luvas em máquinas operatrizes, furadeiras etc. Nos casos que requerem algum treinamento, como o uso de certos tipos de máscaras, esse treinamento deve ser ministrado e, éonforme o caso, revisado periodicamente. As instruções referentes ao uso correto dos "EPI" devem ser estendidas aos supervisores das pessoas que os usam, pois cabe à supervisão o papel mais importante para que os "EPI" sejam, como se espera, adequadamente Usados. ASPECTOS PSICOLÓGICOS Outro ponto a ser levado em consideração, para o sucesso da aplicação dos "EPI", é o aspecto psicológico do uso dos Equipamentos de Proteção Individual. Nos treinamentos ou medidas educacionais com o fim de orientar o uso correto dos "EPI" devem sempre ser levados em consideração os aspectos psicológicos do assunto. Se apenas se fornece o equipamento à pessoa, sem que esta tenha consciência da sua real utilidade, sem que conheça pelo menos razoavelmente os motivos que justificam o seu uso, ela poderá usá-lo, porém, contrariada, aceitando-o como imposição, originando-se daí, uma condição psicológica negativa no indivíduo. Psicologicamente preparado, entendendo o "EPI" como algo indispensável à sua segurança em face das condições e agressividades do trabalho, o homem usará comodamente até um escafandro; por outro lado, isto é, sem motivação, poderá sentir-se mal com um simples óculos de segurança e mesmo relutar em usá-lo. 153 setor competente. Não se pode fornecer a esmo esses equipamentos, para não ocorrer emprego de equipamento inadequado ou de forma inconveniente e.para evitar excessos, que facilmente acontecem com respeito a luvas e calçados; o primeiro com o fim de conservar as mãos bonitas, e o segundo para fins económicos do indivíduo. Cabe ao setor de segurança, juntamente com outros setores competentes, estabelecer o sistema de controle adequado para a empresa. A conservação dos equipamentos é outro ponto-chave para a segurança do indivíduo e para a economia da empresa. Trata-se de proteção individual e cada um deve ter os seus equipamentos. Cabe, portanto, a cada possuidor a responsabilidade de conservá-lo. Para isso deve receber instruções: onde guardar, como guardar, até que ponto usar, quando e como substituir êtc. Em caso de dolo é lícito ao empregador descontar o valor do "EPI" do salário do empregado. Convém lembrar que é totalmente condenável o uso coletivo dos "EPI". Estes podem ser usados por outros após recuperados e devidamente limpos. Convém lembrar que a recuperação dos "EPI" é um fator económico bastante vantajoso, quer se processe pela empresa consumidora, quer por firmas especializadas. Deve-se ter em conta, porém, que essa recuperação deve ir somente até ao ponto que não compromete a segurança, pois esta é o objetivo principal dos Equipamentos de Proteção Individual. CLASSIFICAÇÃO DOS "EPI" * Um dos meios usados para classificar os Equipamentos de Proteção Individual é agrupá-los segundo a parte do corpo que se destinam a proteger. Assim se têm: Proteção para a cabeça ',! • j Os equipamentos para proteção da cabeça podem ser divididos em: a) protetores da cabeça em si; b) protetores dos órgãos nela localizados. Em a) predominam os protetores para o crânio e para o rosto; em b) predominam os protetores para os órgãos da visão e da audição. CONTROLE E CONSERVAÇÃO Protetores para o crânio Os "EPI" devem ser adquiridos, guardados e distribuídos criteriosamente sob controle, quer do serviço de segurança ou de outro Capacetes são os protetores mais comuns do crânio contra impactos em geral, mas principalmente nos casos de quedas de objetos 154 155 PRÁTICA DA PMVENÇÃO DE ACIDENTES PROTEÇÃO INDIVIDUAL de lugares elevados. Portanto, a função dos capacetes é neutralizar a ação agressiva de três tipos de acidentes: "batidas contra.,."; "batidas por..." e "quedas de objetos". Note-se que-.o. acidente não é prevenido, mas sua consequência danosa ao homèm,'a lesão, é evitada. Esse meio de proteção tem larga aplicação nas atividades onde há trabalhos efetuados em níveis diferentes, onde objetos elevados possam cair acidentalmente ou onde o próprio meio em que a pessoa se movimenta possibilita batidas da cabeça. Esta a razão da obrigatoriedade do uso de capacetes nos trabalhos de construção civil, de mineração, de construção naval, em muitos trabalhos de manutenção etc. Alumínio, plástico e algumas resinas são materiais usualmente emprega- Entre a carneira e o contorno do capacete deve haver uma folga para efeito de ventilação e, entre a coroa e a copa também deve haver um espaço vazio a fira de evitar, pela elasticidade que a coroa deve ter, que a cabeça sofra o impacto através do capacete. Tanto o sistema de regulagem como o material devem ser suficientemente resistentes aos testes especificados. Este é um equipamento que, aparentemente, basta mante-lo na cabeça para se estar protegido. Porém, embora pareça elementar, é necessário que os usuários tenham algumas noções educacionais a respeito, tais como: ,— «v vayo- ^ cetes. Desses, OS de aluminio têm caído em desuso Capacetes, protetores faciais, escudos e capuzes são exemplos de protetores para a cabeça, por serem menos duráveis, não corresponderem como os outros no aspecto segurança e porque são condutores de eletricidade, o que os contra-indica para eletricistas. Variam no formato: o tamanho da copa varia bastante, sendo preferível a que é mais folgada na cabeça, tanto para permitir maior espaço para amortecer o impacto como para circulação de ar. Outra característica que vá-ia é a existência ou não de nervatura, o que não compromete a segurança se o material for bom e resistir aos testes especificados. Outro ponto que varia é a existência de aba completa ou apenas uma pala frontal. O primeiro proporciona maior área de proteção nos casos de queda de objetos, pois, mesmo a aba auxilia no amortecimento do impacto ou serve, em muitos casos, para desviar, para longe do corpo, alguns objetos que caem, além de ser mais recomendável também pôs trabalhos executados ao sol. O segundo, por possuir apenas pala frontal, é mais leve, advindo daí alguma preferência. São preferíveis nas atividades onde há mais possibilidade de bater-se a cabeça contra obstáculos do que ter a cabeça batida por objetos que caem. Assume especial importância a parte do capacete que assenta na cabeça. Esta é formada pela carneira, que se ajusta ao contorno da cabeça por meio de um sistema de regulagem necessário, e pela coroa de sustentação — também regulável — que assenta na cabeça. * manter a carneira e a coroa devidamente reguladas; * nunca regular a coroa muito alta sob o pretexto de afirmar mais o capacete à cabeça, pois essa não deve ficar muito junto à copa; • se for necessário manter o capacete de modo que não venha a cair é preferível usar a cinta jugular; • conservar o capacete, lavando-o periodicamente com suas peças componentes; e outras recomendações mais que as particularidades do serviço sugerirem. Às vezes é necessário preparar psicologicamente o pessoal que vai usar o capacete, o que pode ser conseguido com palestras, exemplos de casos ocorridos etc. O crânio poderá ser ferido também pelo arrancamento de cabelos, ou mesmo do couro cabeludo se os cabelos forem apanhados por máquinas, peças em rotação etc. Portanto, nos trabalhos- onde isso pode ocorrer, os cabelos longos devem ser cobertos por touca ou rede que mantenha os cabelos presos. Protetores para o rosto Os protetores para o rosto são conhecidos pelo nome genérico de "protetor facial" e proporcionam proteção contra impactos contundentes de estilhaços e outros corpos estranhos arremessados, queimaduras químicas e ação de radiação calorífica ou luminosa. De certa forma, protegem também os olhos, mas não são protetores específicos para esses órgãos, que requerem p.roteção mais efetiva de óculos de segurança. São vários os tipos existentes de protetor facial.' A maioria dos modelos consiste de um anteparo específico, articulado numa coroa regulável que se ajusta à cabeça. 156 PROTEÇÃO INDIVIDUAL PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES Com visor plástico O anteparo desse tipo de protetor facial é todo transparente, motivo pelo qual é chamado visor ou viseira. Este é geralmente de lâmina de acetato de celulose ou acrílico, perfeitamente transparente e sem ondulações. Não servem para esse fim materiais de baixo ponto de inflamabilidade. Com dimensões diversas, prestam-se a proteger o rosto e de modo parcial os olhos, contra impactos de corpos sólidos e respingos de produtos químicos e metais fundentes. Quando a finalidade é proteger também contra radiação luminosa o visor poderá ser de cor verde ou azul, na tonalidade adequada. Deve-se ter especial cuidado ao limpar o visor, pois o material do qual é feito tem pouca resistência à abrasão, podendo estragar-se na própria operação de limpeza. Com visor de tela Este difere do anterior apenas no anteparo, que também pode ser chamado de visor, feito de tela de malha pequena, o que o torna também transparente. Protege contra impactos e calor radiante, proporcionando em muitos casos excelentes resultados onde outros tipos embaçam pela ação do ca!or e transpiração do rosto do usuário. Onde há necessidade de proteger também os olhos, contra pequenas partículas ou luminosidade, deve-se usar, sob o visor, óculos de segurança adequados. 157 radiação calorífica e luminosa do arco voltaico produzido pela operação de soldagem, assim como contra os respingos do metal fundente e as fagulhas próprias da solda. O anteparo desse protetor é de fibra ou resina escura que veda totalmente a passagem da luz. A acomodação à cabeça e a articulação, com pequenas variações, assemelham-se à dos outros protetores faciais. No visor retangular são colocados os vidros-filtros de luz na tonalidade adequada. Estes são protegidos por vidros comuns que protegem o filtro de luz contra os respingos de metal e as fagulhas. Esses vidros protetores são substituídos com frequência enquanto o filtro, de maior valor, é conservado isento da ação dos respingos e das fagulhas da solda. Já existem filtros de luz, de resina, que não são atacados por respingos incandescentes e não quebram facilmente como o vidro. A tonalidade dos filtros varia do número 5 ao 14, embora na prática possam se usar só as de número par, com resultados plenamente satisfatórios. Ê muito comum o soldador escolher na prática a tonalidade do filtro, embora seja aconselhável obedecer as tabelas existentes que relaciciam a tonalidade do filtro com a amperagem do aparelho de solda. Escudo de soldador Este tem as mesmas características protetoras do "Elmo", só que o soldador o usa com uma das mãos para proteger o rosto, enquanto com a outra executa a solda. Com anteparo aluminizado Outros protetores faciais Este protetor possui o anteparo opaco, aluminizado na face externa, com um visor geralmente de plástico ou de tela e, às vezes, ambos combinados. A finalidade principal é proteger o rosto contra o calor radiante, embora proteja também contra impactos e ação de radiação luminosa prejudicial. É necessária uma recomendação sobre a conservação do equipamento no que se refere à face aluminizada; esta deve estar sempre brilhante para refletir o calor radiante, pois é por meio dessa reflexão dos raios caloríficos que protege o rosto do usuário. Existem outros tipos de protetores faciais embora não reconhecidos entre os convencionais. Dentre esses, vários modelos de capuzes são empregados contra a ação agressiva de materiais abrasivos, corrosivos etc. O capuz reforçado para uso nas cabinas de jato de areia, além de proteção respiratória proporciona também proteção facial. Este é um equipamento que requer treinamento mais cuidadoso do usuário. f:\o só nos casos mais graves, como os que Elmo de soldador toda vez que houver riscos para o rosto, deve ser usado o tipo adequado de proteção facial. Este protetor facial é de uso específico dos soldadores de solda elétrica. Tem a finalidade de proteger o rosto do soldador contra a 158 PROTEÇÃO INDIVIDUAL PRÁTICA DA PREVENÇÁO-.DE ACIDENTES parcial, porém satisfatória, contra os riscos de muitos trabalhos corno de máquinas operatrizes de metal e de madeira e outros serviços ' que produzam apenas fragmentos. Protetores para os olhos A proteção dos olhos é um dos pontos mais importantes da prevenção de acidentes. Esses órgãos preciosos e frágeis devem ser protegidos contra impactos de estilhaços, partículas volantes, fagulhas, respingos de produtos químicos e metais fundentes, assim como contra efeitos perniciosos de radiações luminosas e caloríficas. 159 Armação com proteção total articulada Existem óculos de segurança espe- cíficos para certos trabalhos; para a proteçSo «ral dos olhos existem óculos que proporcionam segurança É a que possuí protetores semicirculares articulados nos aros das lentes e que vedam o espaço entre estes e o rosto, tanto abaixo como acima das hastes. Esses protetores são de plástico, perfurados ou sem perfuração, ou de tela metálica. A aplicação de um ou outro depende do tipo de partícula ou do material contra o qual deve exercer funções protetoras. e conforto. Armação com articulação na ponte óculos para proteção geral Sob essa denominação podem ser considerados os óculos com armações semelhantes às de óculos sociais e que, com pequenas variações em algumas características, se prestam a proteger os olhos contra uma ampla variedade de riscos e condições agressivas aos olhos. Esses óculos são mais confortáveis, mormente quando é fornecido o tamanho adequado de armação ao usuário e é feita a necessária adaptação ao seu rosto. Esse é o motivo que recomenda esse tipo de óculos para uso permanente durante o trabalho e que, ao mesmo tempo, possibilita a introdtíção de um programa de proteção geral e permanente dos olhos contra os acidentes do trabalho. As características das armações determinam o grau de proteção que esse "EPI" pode proporcionar: Armaçãu. sem proteção lateral Caracteriza os óculos que só protegem contra impactos frontais. Isto é, só as lentes protegem, permanecendo os olhos vulneráveis a corpos estranhos que podem penetrar no espaço livre entre os aros das lentes e o rosto, Só são aceitáveis, portanto, para pessoas que se expõem a risco poú,co acentuado ou que não se aproximam de fontes de centelhas, respingos, fragmentos etc. Possui protetores laterais articulados e são auto-ajustáveis por intermédio do elástico que substitui as hastes. Algumas pequenas variações no estilo ou na cor da armação podem influir no gosto das pessoas, mas pouca influência exercem sobre a segurança que devem proporcionar ao indivíduo. Lentes As lentes são as peças mais importantes dos óculos de segurança, pois .são os anteparos dos impactos que poderiam atingir os olhos. Devem necessariamente ser lentes de segurança, isto é, com qualidade e resistência suficientes, segundo normas estabelecidas. As mais comuns e mais recomendáveis s£o as. lentes de vidro ótico, com curvatura adequada e sem qualquer aberração ótica. São lentes temperadas com espessura que varia entre 2,8 e 3,2 mm. Uma das normas estrangeiras mais conhecidas recomenda como teste de resistência dessas lentes a queda livre de uma esfera de aço 7/8", de urna altura de 1,27 m, no centro da face convexa da lente que, por sua vez, deve estar apoiada sobre um anel de borracha. São as que possuem proteção fixa às hastes, vedando os espaços entre os aros das lentes e o rosto, abaixo das hastes. É uma proteção t t t l l l l l t \ l t t l l Lentes de resina Armação com proteção lateral parcial t Quando de boa qualidade, são tão fiéis como as de vidro ótico e resistem a impactos mais violentos. Possuem a vantagem de não serem atacadas por fagulhas ou respingos de metal incandescente. A 161 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES PROTEÇAO INDIVIDUAL superfície, porém, risca-se com mais facilidade por ser menos resistente a atritos. Requerem, portanto, mais cuidado no que tange à conservação, embora sempre tenham vida mais longa que as de vidro, nos trabalhos onde são atingidas por centelhas e partículas de metal fundente. Os óculos chamados de ampla visão sSo para uso geral, embora , pouco recomendáveis para uso permanente. São, muitas vezes, sobrepostos a óculos com lentes graduadas, quando estas não são de segurança, ou mesmo para proteger as lentes de vidro, de segurança, contra o ataque de fagulhas de solda, de esmeril etc. São muitos os tipos de óculos existentes, embora os demais sejam apenas variantes dos tipos apresentados. São equipamentos fáceis de usar e não é difícil se acostumar com eles, desde que sejam bem adaptados ao rosto, para proporcionar conforto, e que as pessoas estejam convictas da sua utilidade para a proteção dos olhos. Campanhas de esclarecimento devem ser promovidas e todo rigor deve ser mantido na observância do uso dos óculos de segurança. Algumas empresas adotam o uso geral de óculos de segurança para os empregados, independentemente da função que exercem ou do cargo que ocupam. A conduta dessas empresas, no que diz respeito à proteção dos olhos dos empregados, é altamente meritória. Mesmo visitantes nessas empresas recebem óculos de segurança para usarem durante a passagem pelas áreas de trabalho. Isto porque, todos os olhos que se expõem a riscos de acidentes devem ser protegidos com óculos de segurança. Assim devem pensar os responsáveis pela segurança do trabalho e fazer também com que os outros assim pensem. 160 óculos para soldador Geralmente são óculos com o formato de duas conchas interligadas por uma articulação na ponte, com elástico de retenção na cabeça. A finalidade desses óculos é proteger os olhos contra radiações luminosas, fagulhas e respingos de metal incandescente nos trabalhos de solda. Como a intensidade da luminosidade varia, também deve variar a capacidade de filtração de raios luminosos das "lentes" desses óculos. Esses filtros de luz são geralmente verdes, nas tonalidades 4, 5, 6 e 8, na ordem crescente do poder filtrante. Os óculos são feitos de modo a facilitar a troca das lentes de acordo com a necessidade. Como essas "lentes" são sensíveis às fagulhas e respingos de solda, usa-se protegê-las com um vidro comum, cuja troca constante não onera tanto como a troca daí lentes. A adaptação desse tipo de óculos à conformação facial do usuário é muito importante, tanto para a segurança como para o conforto do indivíduo. Certos modelos amoldam-se melhor que outros e alguns podem ser usados sobrepostos a óculos de uso corrente, o que possibilita ao soldador que usa óculos graduados, usar seus óculos sob os óculos de soldador. óculos contra riscos químicos Contra a agressividade de produtos químicos, os óculos devem ser do tipo fechado e com armação de borracha para melhor adaptação e vedação. Os ventilantes são de forma indireta para evitar a penetração de substâncias líquidas. Alguns totalmente sem ventilação servem apenas para uso momentâneo, porque se embaçam com facilidade. Alguns possuem no lado interdo inferior da lente pequeno reservatório para algumas gotas de água que o usuário faz escorrer sobre as faces das lentes, abaixando e elevando a cabeça, a fim de desembaçá-las. Outro recurso para evitar ou retardar o embaçamento, é aplicar na face interna das lentes um líquido ou outro material antiembaçante. Proteção auricular Outros órgãos que se situam na cabeça e que requerem proteção são os ouvidos, os quais podem ser afetados por ruídos intensos. A legislação 'brasileira estabelece os limites de ruído em 85 decibéis para recintos fechados, e 90 para lugares abertos. A partir desses ; limites o ruído é prejudicial e requer proteção para os ouvidos. Existem muitos meios de proteção para os ouvidos. Os mais usuais, no entanto, são os dispositivos tipo tampão que se introduzem na parte inicial do canal auditivo e que reduzem bastante a intensidade das vibrações sonoras que ating-m os tímpanos. Os protetores tipo fone são mais eficientes para ruídos mais intensos e principalmente de alta frequência. 162 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES Além de protegerem a entrada do canal auditivo, isolam também a parte óssea junto à orelha, evitando que transmitam vibrações à parte interno do ouvido. Cabe ao serviço de segurança avaliar os. riscos, para o ouvido e prover os trabalhadores com os protetores adequados, além de providenciar as instruções e treinamento adequados. Proteção para os membros superiores Nos membros superiores situam-se as partes do corpo que, com maior frequência, são vítimas de lesões por acidentes do trabalho: as mãos. Grande parte dessas lesões são preveníveis através do uso de luvas. As mãos são necessárias à execução de trabalhos que envolvem uma larga série de agressividades contundentes, abrasivas, cortantes, perfurantes, térmicas, químicas. Luvas específicas são empregadas para a neutralização dessas caracte- • Uma variedade de luvas, mitenes e manrísticas agressivas do tragas é empregada na proteção das mãos balho. e dos braços. Para trabalhos de solda Trabalhos de solda a arco requerem luvas para proteção do soldador contra a agressividade do calor, de respingos incandescentes e do efeito.da radiação ultravioleta. São geralmente luvas de raspa de couro, mas também podem ser de outro material desde que incombustível e com bom efeito de isolação térmica. A proteção dos membros superiores do soldador deve estender-se até cobrir o ante-braço e, em certos casos, a proteção deve chegar até o ombro, por intermédio de mangas adicionais que, regra geral, se interligam na altura do ombro por meio de correias. É mais económico o uso de luvas com punho curto, complementando-se a proteção com as mangas já citadas ou com punhos avulsos até o cotovelo. Independentemente do material do qual forem feitas, as luvas de soldador.devem ter suficiente flexibilidade para permitir o manuseio correio dos apetrechos de solda. 163 PROTEÇÃO INDIVIDUAL Para outros trabalhos quentes Para manuseio de peças quentes, ou outro trabalho que exponha as mãos a altas temperaturas, usam-se ordinariamente luvas de tecido de asbesto (amianto, como é mais conhecido). £ um material incombustível, porém nem sempre satisfatório como isolante térmico. Em alguns casos as luvas levam forro de flanela ou de lã, de modo a ficarem com melhores características isolantes de altas temperaturas. O tecido é pouco resistente a atritos, motivo pelo qual requer, para certos trabalhos, o emprego de reforço na palma da luva para aumentar-lhe a vida. Este forro é geralmente de raspa de couro. Por esse motivo, e por se tratar de material bastante caro, prefere-se outros tipos de luvas sempre que o trabalho permitir. As luvas com o dorso confeccionado de asbesto aluminizado são recomendáveis nos trabalhos onde as mãos se expõem â intenso calor radiante. Para trabalhos com materiais cortantes Luvas, confeccionadas com materiais diversos, podem ser empregadas contra a agressividade de materiais cortantes, tais como chapas metálicas, vidros planos cortados, peças metálicas com rebarbas e outros. Isto depende muito do tamanho e peso da peça, do gume das arestas cortantes e do tipo de manuseio. Para certos trabalhos leves, luvas de lona de boa qualidade podem .ser suficientes; para outros casos, em que é necessário também isolação contra produtos líquidos, luvas de PVC dão bons resultados. Casos de arestas cortantes longas, como de chapa por exemplo, requerem luvas mais resistentes a cortes, servindo muito bem as luvas confeccionadas com o tecido conhecido por grafatex. Luvas de couro ou raspa de couro também servem para muitos casos. Nos casos mais agressivos o couro pode levar reforços de'grampos ou ilhoses metálicos.' ' Para outros trabalhos rudes í Os mesmos tipos de luvas descritos no item anterior, servem para proteger as mãos contra a agressividade de outros trabalhos rudes, tais como manuseio de peças rústicas, abrasivas, com pontas perfurantes etc. A segurança nesses trabalhos depende da escolha das luvas certas: mais leve ou mais pesada, com ou sem reforço adicional, com punho curto ou longo clc.; a escolha pode ficar a juízo de quem tiver capacidade para escolher ou pode resultar de experiências práticas feitas. 164 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES PROTEÇÃO INDIVIDUAL 165 Para trabalhos com produtos químicos líquidos Dentre os líquidos com os quais as mãos podem ter contato durante a execução de muitos trabalhos, encontram-se alguns corrosivos, tais como ácidos ou solução de soda cáustica, alergênicos como muitos produtos petroquímicos, venenosos como soluções contendo cianetos, etc. Nesses casos as luvas devem ser impermeáveis. Alguns produtos requerem apenas luvas leves como as luvas domésticas ou cirúrgicas. Trabalhos com ácidos, porém, requerem luvas mais pesadas, de borracha ou PVC, Produtos petroquímicos devem ser manipulados com luvas de borracha sintética ou de PVC, pois as de borracha natural são atacadas e destruídas violentamente por esses produtos, em pouco tempo de uso. Onde há necessidade de impermeabilização e ao mesmo tempo há muito atrito, pode-se usar uma combinação de duas luvas — a impermeável por dentro — ou uma só, impermeável e reforçada. Nos trabalhos com produtos venenosos as luvas não devem ter qualquer perfuração, para não permitir a entrada do produto e o seu contato com a pele. O próprio uso requer certos cuidados nesses casos; as luvas devem ser abundantemente lavadas era água corrente antes de serem descalçadas. rem em serviço. Ensaios anuais também são recomendáveis. Dependendo da idade das luvas ou se houver qualquer suspeita, deve-se efetuar ensaios mais frequentes. Sempre que possível o trabalho em linha viva deve ser evitado. Todavia, quando não for possível, devem-se tomar todas as medidas de segurança e apenas luvas em boas condições devem ser usadas. " As luvas, assim como outros "EPI", requerem algum conhecimento por parte do usuário. São elementares como equipamentos de proteção individual, mas é necessário conhecer seu emprego correto para se obter os melhores resultados de segurança. Ê necessário entre outras coisas, saber quando o uso de iuvas é contra-indicado, como por exemplo, nos trabalhos com certas máquinas, onde elas podem constituir um grande risco. Proteção para os membros inferiores Os membros inferiores também necessitam de proteção contra condições ou agentes agressivos do trabalho. Os protetorês para os pés são mais comuns por serem essas as partes dos membros inferiores as mais atingidas pelos acidentes. Calçados Para trabalhos em alias tensões As luvas de eletricistas, para trabalhos em altas voltagens, são as que assumem maior responsabilidade na proteção do trabalhador. Elas não são para proteger as mãos, embora sirvam para isso, mas protegem a vida dó indivíduo contra eletrocutação. São especiais em suas especificações. São de borracha de textura e espessura adequadas e devem proporcionar o mínimo requerido de flexibilidade para permitir o manuseio das ferramentas próprias dos profissionais que as usam. Não devem ter quaisquer defeitos, arranhaduras, perfurações ou desgastes; para evitar tudo isso elas são usadas com luvas de pelica, ou outro couro macio, sobrepostas. Não devem ter contato com produtos químicos de qualquer espécie. Quando não estão em uso devem ser mantidas guardadas, de preferência em caixa de madeira, sem umidade, e protegidas com talco. Apesar do certificado de teste que possam apresentar, é recomendável que essas luvas sejam submetidas a ensaios antes de entra- Calçados de vários tipos são usados para proteger os pés contra impactos (principlamente de quedas de objetos), contra riscos ou desconforto térmico, contra produtos químicos, umidade etc. Contra queda de objetos pesados, o tipo de calçado recomendado é o conhecido como calçado de segurança, o que possui biqueira de aço capaz de resistir a fortes impactos isentando os artelhos de ferimentos. Com uma pressão estática de 1.200 quilos exercida sobre a biqueira, ela deve ceder ao máximo até deixar uma folga de 13 mm entre a palmilha do sapato e a borda da biqueira. Esta é a resistência adequada para as biqueiras de aço. 166 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES PROTEÇÃO INDIVIDUAL' S6 os artelhos são protegidos pela biqueira de aço, embora ela atenue também muitos impactos, que atingem o dorso do pé. No entanto, como a grande maioria das quedas de objetps atinge somente a zona dos artelhos, as biqueiras proporcionam ótirha segurança aos trabalhadores. Já se fazem hoje calçados que, além da biqueira de aço, possuem prote'ores, também de aço, almofadados, sobrepostos aos calçados, dando melhor prpteção ao dorso do pé. Existem também protetores metálicos, tipo de armadura para os pés, que se usam sobre os calçados, presos a estes por meio de elásticos ou molas. São para proteção contra impactos mais violentos e, devido ao peso, seu uso só é recomendável para as pessoas que se movimentam pouco na execução de suas tarefas. Contra efeitos térmicos nocivos, também existem vários tipos de calçados. Devera-se usar os adequados a cada circunstância. O couro, substituído por tecido de amianto devidamente forrado dá ao calçado boas características de isolação térmica; essa proteção^ estende-se às vezes até a perna, com o prolongamento do calçado em forma de bota. Para isolação com relação ao piso, muito quente ou muito frio, o calçado com solado de madeira é bastante recomendável. O uso desses calçados deve se restringir a esses casos críticos, desde que não são confortáveis para uso permanente. Servem, também, para isolação da umidade do piso. Contra produtos químicos agressivos, tais como ácidos, solução de soda cáustica etc., as botas impermeáveis são os protetores adequados. De borracha, natural ou sintética, e mesmo de plástico, essas botas têm ampla aplicação na proteção dos trabalhadores. Este ou aquele tipo, deste ou daquele material, com ou sem forro, as botas devem ser escolhidas.de acordo com a necessidade, isto é, de acordo com o tipo de agressividade existente no trabalho. Algumas dessas botas são usadas, às vezes, para isolação elétrica. Quando isto acontece, é necessário muito mais cuidado na escolha do tipo adequado, assim como na conservação. Para a isolação simples da umidade do piso não é necessário ter tanto cuidado, sendo adequados mesmo os tipos mais leves. Às vezes simples galochas são suficientes, ou o tipo de calçado com solado de madeira anteriormente citado. São mais-frequentemente usadas contra os riscos de queimaduras, tanto nos trabalhos de. solda como em trabalhos de fundição e demais metalurgias pesadas. De acordo com o risco, as perneiras cobrem só a perna ou chegam até a coxa. As longas são mais empregadas em trabalhos com produtos químicos líquidos e corrosivos. Em todos 'os casos há sempre uma pala que cobre os pés, protegendo a entrada de corpos agressivos pelas possíveis frestas do calçado. Para os trabalhos de soldadores, de fundidores etc., é mais aconselhável o uso de perneiras que se prendam às pernas 'por intermédio de presilhas, o que as torna mais práticas de serem calçadas, ao mesmo tempo que possibilita a retirada rápida em caso de uma emergência, tal como penetração de metal fundente — apesar da proteção — ou superaquecimento por contato com material de alta temperatura. Apesar de ser um equipamento simples, também requer escolha criteriosa e uso adequado para satisfazer plenamente ao objetivo da segurança. Perneiras Com algumas variações de detalhes, dimensões, e material dos quais são feitas, as chamadas perneiras são os protetores ordinários para as pernas. Proteção do tronco A proteção externa do tronco é exercida por equipamentos que muitas vezes estendem a ação protetora a outras partes do corpo. Isto porque esta proteção se resume em aventais e vestimentas especiais, empregados contra os mais variados agentes agressivos. ' Contra riscos leves de cortes e atritos, são usados aventais de lona. Contra riscos mais sérios de cortes e atritos, tais como no manuseio de chapas grandes com arestas cortantes, usam-se aventais de raspa de couro que são mais resistentes ao atrito. Em alguns casos os aventais podem levar reforços especiais em certas áreas. Contra o risco do contato com produtos químicos líquidos, ou mesmo somente contra a umidade, usam-se aventais impermeáveis; plástico ou lona revestidos de plástico são os materiais mais recomendáveis para esses aventais. Contra o risco de altas temperaturas, os aventais mais comumente usados são os de tecido de asbesto. Este tecido é incombustível, mas se aquece bastante quando exposto ao calor, passando, daí em diante, a ser desconfortável para o usuário: Quando o asbesto é aluminizado os resultados sai 167 169 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES PROTEÇÃO INDIVIDUAL melhores, pois grande parte do calor é refletida diminuindo o aquecimento do usuário. Em alguns casofs, um meio avental, isto é, só da cintura para baixo, é suficiente. Apesar de simples, o uso de aventais não deve ser indiscriminado. O uso dos mesmos, onde possam ser presos por peças de máquinas em movimento, é totalmente condenável. Uma característica imprescindível para todos os aventais é o tipo de cadarço para mante-lo preso ao pescoço e à cintura. Esses cadarços dever ser suficientes somente para manter o avental no corpo, mas devem quebrar-se facilmente se o avental se enroscar, para não arrastar ou segurar o usuário. Quando ocorrem os mesmos riscos, mas é todo ou quase todo o corpo que está sujeito ao perigo, usam-se vestimentas especiais. Roupa resistente deve ser usada contra atritos e possíveis cortes. Roupas de amianto, inteira ou em forma de casaco são usadas contra riscos de altas temperaturas. Quando aluminizadas essas roupas são mais eficientes na neutralização do calor. Casacos ou roupas inteiras, de lã, especialmente confeccionados, são também recomendáveis para altas temperaturas, como em certas operações de alto-forno ou de acearia, assim como em baixas temperaturas, como- em câmaras frigoríficas. Contra os riscos de produtos químicos corrosivos, as roupas devem ser impermeáveis. Muitas vezes, quando o uso é mais demorado, a roupa é ventilada internamente, por meio de ar circulante, de modo a permitir maior conforto do usuário. Essas roupas requerem, às vezes, algum treinamento e preparo do indivíduo para que este as use de maneira adequada, sem criar problemas para si ou para o desenvolvimento do trabalho. havendo, nesses casos, um visor panorâmico ou um tipo de óculos para a visão. Ê o tipo usado mais frequentemente onde o risco pode causar danos também ao rosto e aos olhos. Em alguns casos, um simples capuz ou um tipo de elmo, interligado à roupa ou capa especial, protege a cabeça toda. 168 Proteção das vias respiratórias , Os equipamentos de proteção das vias respiratórias são, entre os "EPI", os que assumem maior responsabilidade na preservação da integridade física dos trabalhadores. A finalidade desses "EPI" nem sempre é evitar que o aparelho respiratório sofra qualquer lesão. Muitas vezes, eles evitam que outros aparelhos ou órgãos sejam afetados, impedindo que, para isso, o aparelho* respiratório seja o veículo de introdução de substâncias tóxicas no organismo. A máscara é a peça básica do protetor respiratório. É, às vezes, semi-facial, isto é, cobre apenas parcialmente o rosto, mais precisamente a região inicial das vias respiratórias, envolvendo totalmente a boca e o nariz. Outras vezes 6 facial, quando cobre todo o rosto, Qualquer tipo de máscara deve permitir vedação perfeita nas áreas de contato com o rosto. O modelo, as características de amoldagem do material e as dimensões da máscara são fatôres que em muito favorecem a boa adaptação ao rosto. '. O sistema de sustentação na cabeça, com elástico, presilhas e fivelas também é muito importante para a boa vedação. Máscaras e jiltros Para completar as informações a respeito de máscaras convém citar inicialmente as mais elementares, as máscaras de filtros. Nessas, a peça principal, ou seja a máscara.em si, possui um filtro, através do qual o ar é aspirado. A finalidade dos filtros é, conforme o caso, reter partículas sólidas, absorver vapores, ou neutralizar gases, de modo que o ar penetre nos pulmões livre dos poluentes da atmosfera. Os primeiros são filtros de material fibroso que retêm partículas de poeira, fumos, névoas etc. Os filtros estão saturados quando passam a dificultar a respiração; é quando devem ser substituídos. Os segundos são filtros compostos de um receptáculo cheio de carvão ativo, retido ali por telas ou outro material fibroso que serve de filtrante auxiliar. São absorventes dos chamados vapores orgânicos, tais como vapores de derivados do petróleo, do álcool etc. Percebe-se que o filtro está saturado quando deixa passar o vapor que existe no ambiente; é o momento de trocar o filtro. Os terceiros são semelhantes aos segundos, porém o material interno é neutralizante específico de determinados gases, tais como de ácido, de amónia etc. A saturação do filtro é notada pelo mesmo método prático. Existem filtros específicos para diferentes gases e existem também os chamados polivalentes que servem para diversos gases isolados ou em mistura. Os filtros pequenos, também chamados cartuchos, são de pouca duração e esta depende da^concentração do contaminante, que nunca deve exceder a 2%, com exceção da amónia, cujo limite é 3%. PROTEÇÃO INDIVIDUAL 171 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES Os filtros maiores, chamados canistréis, são ligados à máscara por intermédio de uma traquéia de borracha ou plástico e são levadas suspensas ao peito, costas ou cintura devido ao seu peso. O processo de filtragem do ar é semelhante ao dos filtros pequenos, apenas o volume é maior, permitindo o uso por tempo mais prolongado. A identificação da saturação se faz também pelo método prático já citado. Peças de valor fundamental são também as válvulas de escape do ar exalado. Estas devem abrir suavemente para a saída do ar e fechar perfeitamente para evitar a entrada do contaminante no ato da aspiração. Filtros para monóxido e carbono Esses filtros são geralmente canistréis. O uso deve ser cercado de todos os cuidados extras que as condições possam exigir. Geralmente há um indicador ou alarme para alertar acerca da saturação do filtro. Deve-se seguir à risca as instruções do fabricante ou outras eventualmente existentes. Máscaras com suprimento de ar Era altas concentrações de contaminantes ou onde o oxigénio esteja abaixo de H>% não se usam máscaras com filtros, mas sim máscaras com suprlnento de ar puro. O ar poderá ser fornecido por cilindros que o usuário carrega nas costas, ou por ventoinha acionada à distância, sendo o ar levado através de mangueira, ou ainda do próprio ar comprimido existente no local, devendo, nesse caso, ser filtrado por filtro especial e ter a pressão devidamente regulada. Alguns trabalhos requerem o uso constante de máscaras, enquanto em outros o "EP'" só é usado em caráter de emergência ou em ocasiões especiais ou esporádicas. Em qualquer dos casos, porém, o usuário deve estai consciente do "EPI" que está usando, quais os riscos que corre s'-, deixar de usá-lo e, acima de tudo, deve ser treinado para usar de mareira cctreta o equipamento —.além de saber como cuidar da consei /aç£o do seu protetor. ^ Cintos de Segir inça Os cintos os segurança não têm a finalidade de proteger esta ou ou outra ocorrência acidental, poderão precipitar-se ao solo ou a outro nível inferior se não estiverem usando-esse "EPI". . Dentre os tipos existentes, destacam-se dois cintos de segurança: Cinto com travessão Ê um cinto largo e reforçado, de couro ou de Os tcffitos de s^nça, quando devidalona, como devem ser os cintos de segurança, com mente empre8aedofS;tSa^s mmtas quedas uma ou duas fivelas, conforme o tipo, Existem dois anéis, onde é preso o travessão, colocados de maneira que fiquem um de cada lado do corpo do usuário. De um lado o travessão é preso por anéis entrelaçados e do outro por meio de moquetão metálico, o que possibilita a regulagem necessária do comprimento, de acordo com a necessidade. , O travessão consiste de uma tira de couro reforçada, geralmente dupla, regulávcl por meio de fivela, que a pessoa, após ter o cinto apertado na cintura, passa por trás ou por cima do ponto onde ficará apoiado, para equilibrar-se ou para apoiar o corpo e trabalhar mais à vontade. Um exemplo do uso desse tipo de cinto é o trabalho em postes, quando a pessoa com os pés na escada passa o travessão por trás do poste, trabalhando com o corpo apoiado contra o travessão. Em todos os trabalhos que requerem uma ancoragem do homem contra quedas e que não requerem deslocamento do usuário, este é o tipo recomendado de cinto de segurança. ' O que não convém é improvisar esse cinto utilizando, por exemplo, uma corda, pois não é um meio adequado para o fim de proteção a que se destina este tipo de cinto. Cinto com corda Este tipo de cinto possui suspensórios e, em alguns casos, até tiras de assento, como os cintos de paraquedistas. Na parte traseira do suspensório existe uma argola na qual é fixada a corda. Tendo o cinto e os suspensórios bem ajustados, a corda deve ser bem amarrada no ponto de ancoramento escolhido para servir de suporte em caso de queda da pessoa. A corda, naturalmente, deve ser de boa qualidade PROTEÇÃO INDIVIDUAL 172 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES A finalidade deste cinto é oposta à do outro apresentado. Enquanto naquele o usuário se apoia para não se desequilibrar e cair, este serve para aparar a queda caso esta ocorra. O cinto com corda é usado nas operações em que a pessoa necessita de alguma movimentação, não podendo permanecer ancorada como acontece quando usa corretamente o cinto com travessão. A corda deve ser bem amarrada em ponto firme e mais elevado, com o lance de corda mais curto possível, de modo a reduzir o impacto tanto na corda como no corpo do indivíduo em caso de queda. O fato da corda ser presa nas costas é para que, em caso de queda, o corpo seja forçado a dobrar-se no sentido normal, para frente, evitando maior esforço ou impacto na espinha dorsal da pessoa. Nunca se deve prender a corda na frente, pois, em caso de queda, a pessoa poderá ter a espinha dobrada para trás com possibilidade de sérios problemas. Os cintos de segurança requerem cuidado tanto no uso como na conservação. Devem ser submetidos a inspeções periódicas, nas quais devem ser levados em conta :,o estado do couro ou do tecido, da corda e acessórios tais como fivelas, argolas, rebites etc. Qualquer suspeita que alguma dessas partes possa causar, é motivo para retirar o cinto de uso, repará-lo se for possível^ ou substituí-lo. O rigor da inspeção e corvservaçâo dos cintos de segurança é devido à grande responsabilidade que este "EPI" assume na preservação da integridade física do trabalhador. Os usuários desses "EPÍ" têm necessidade de esclarecimentos especiais sobre a importância desse tipo de proteção, e mesmo de treinamento, que deve ser providenciado pelo serviço de segurança, em conjunto com o setor especializado em treinamento — se a firma o possuir — e ministrado de preferência pelos próprios .supervisores dos empregados que utilizarão os cintos de segurança. 173 uso adequado dos "EPI". Deve preparar treinamento, emitir instru•ções por escrito e fiscalizar o seu uso correto. Deve também participar direta ou indiretamente do controle, reparos e conservação dos equipamentos de proteção individual. RESUMO ' í ; * Os equipamentos de proteção individual, "EPI", são empregados quando outros meios, de ordem geral, não proporcionam pró' teção adequada contra os riscos de acidentes. « Os "EPI" slo usados: ** como o único meio capaz de proporcionar proteção ao trabalhador que se expõe diretamente ao risco; ** como proteção complementar quando outros recursos não preenchem totalmente a proteçSo do trabalhador; ** como único recurso em casos de emergência; ** como recurso temporário até que se estabeleçam os meios gerais de proteção. * Todos os aspectos educacionais e p.«'cológicos também devem ser levados em conta para melhor aproveitamento e aceitação do "EPI" pelos trabalhadores.' * A compra e o controle dos "EPI" devem ser criteriosos. * O serviço de segurança é o órgão competente para especificação e determinação do tipo e uso dos "EPI". : '• Os "EPI" podem ser classificados segundo a parte do corpo que protegem: ** Proiição para a cabeça: para o crânio, para o rosto, para os olhos e para os ouvidos. • ** Proteção para os membros superiores: para as mãos, para as mãos e os braços, e para os'braços até os ombros. ** Proteção para os membros inferiores: para os pés, para os pés c pernas, para as pernas, e para a perna até a coxa. *'* Proteção para o tronco: resume-se em aventais e vestimentas especiais. ** Proteção para as vias respiratórias: para as vias respiratórias, • Outros equipamentos de proteção individual poderiam ser citados. Muitos detalhes deixam de ir aqui relatados, pois esse não é um trabalho que visa a esgotar o assunto. Contudo, os principais foram apresentados e o conhecimento destes, aliado ao bom senso de quem irá determinar o uso do "EPI", 6 suficiente para que se consigam resultados satisfatórios contra a agressividade dos acidentes. Os serviços de segurança devem ter autoridade para determinar o uso dos equipamentos adequados que os diversos riscos requeiram. O mesmo serviço deve instruir trabalhadores e supervisores quanto ao • em si e, através destas, para outros órgãos do corpo. Os cintos de segurança não protegem esta ou aquela parte do corpo; são usados para prevenir quedas de pessoas que trabalham em lugares elevados. 5 BIBLIOGRAFIA "Industrial Safety" — ROLAND P. BLAKE "Modern Safety Practices" — RUSSEL DE REAMER "Accident Prevention Manual for Industrial Operations" — National Safety Council (U.S.A.) "Supervisões Safety Manual" — H. W. HEINRICH "Industrial Accident Prevention" — H, W.. HEINRICH m m &I m i ! M$ íí •u*.Vfl p4| Iffm Ivírf 4