da Prevenção de Acidentes

Transcrição

da Prevenção de Acidentes
ÁLVARO ZÓCCHIO
Prática
da Prevenção
de Acidentes
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ABC DA SEGURANÇA DO TRABALHO
::.' EDIÇÃO
Revista e Ampliada
ASSOCIAÇÃO Dl ENSINO DE MA.RHIA
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BIBLIOTECA
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EDITOR \S S. A.
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EDITORA ATLAS S. A.
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PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
ÁLVARO ZOCCH10
Capa de
PAVEL GERENCER
HusTações de
JOSÉ MARCONDES DE TOLEDO
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Dedicatória:
à memória ils meu pai
a minha esposa c a meus jHlios
2' Edição
Muio de 197!
© Copyright 1971
EDITORA ATLAS S . A .
Agradeci mentos:
aos que colaboraram, de uma ou
de outra maneira, para u
conclusão deste trabalho, os
iiitiiii sinceros agradecimentos.
Citar nomes icriti correr o
risco de alguma omissão que,
' embora involuntária, seria
injusta; [imanto, a todos
muito obrigado.
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£':§*
índice
Prefácio da Segunda Edição
Prefácio da Primeira Edição
15
17
SEGURANÇA DO TRABALHO
Segurança do trabalho ou prevenção de acidentes?
Serviços de segurança
Programa modelo
Atribuições individuais
;
Contatos pessoais e departamentais
Resumo
20
21
11
25
27
30
L~-
*4
ACIDENTES DO TRABALHO
é*
3
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Definição vocabular
Definição legal
;
Definição técnica
Efeitos negativos dos acidentes do trabalho
O lado humano
O aspecto social
Problemas económicos
Afastamento das pessoas acidentadas
Danificação de máquinas, equipamentos etc
Influências psicológicas negativas
Perda de tempo por outras pessoas
Resumo
!
34
36
38
38
40
42
44
44
44
44
45
10
ÍNDICE
PRÁTICA. DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
O HOMEM E O ACIDENTE DO TRABALHO
Causas dos acidentes do trabalho
Propensão ao acidente
Inaptidão para o trabalho
Temperamento
Preocupação
Emoção
Inteligência lenta ou retardada
Capacidade física e doenças
Surdez
Insuficiência visual
Daltonismo
Outros males
Analfabetismo
Outras falhas
.•
Treinamento
Máquinas, ferramentas etc
Materiais
Arrumação e limpeza
Disciplina e relações humanas
Resumo
4K
4y
50
51
51
52
52
53
54
54
55
55
56
57
58
59
59
59
60
60
CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — CONDIÇÕES INSEGURAS
Falta de proteção em máquinas e equipamentos
76
77
Proteções inadequadas ou defeituosas
"""
77
Deficiência em maquinaria e ferramental
78
Má arrumação
78
Escassez de espaço
79
Passagens perigosas
79
Defeitos nas edificações
80
Instalações elétricns inadequadas ou defeituosas
80
Iluminação inadequada
81
Ventilação inadequada
Outras condições inseguras de higiene industrial
82
Falta de protetores individuais (EPI)
82
Outras condições inseguras
82
Resumo
83
6
FONTES DE INFORMAÇÕES -
CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — ATOS INSEGUROS
Aios inseguros
Ficar j u n t o ou sob cargas suspensas
Colocar parte do corpo em lugar perigoso
Usar máquinas sem habilitação ou permissão
Imprimir exresso de velocidade ou sobrecarga
Lubrificar, ajustar e limpar máquinas em movimento
Improvisação e mau emprego de ferramentas manuais
Inutilização de dispositivos de segurança
Não usar as proteções individuais
Uso de roupas inadequadas e acessórios desnecessários
Manipulação insegura de produtos químicos
Transportar ou empilhar inseguramente
Fumar e usar chamas em lugares indevidos
Tentativa de ganhar tempo ft.
Brincadeiras e exibicionismo
Outros atos inseguros
Fatôres humanos
Desconhecimento dos riscos de acidentes
Treinamento inadequado
Falta de aptidão ou de interesse pelo trabalho
Excesso de confiança
Atitudes impróprias
Incapacidade física para o trabalho
64
.64
64
65
65
66
66
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67
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68
69
69
70
70
71
11
INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES
Investigação de acidenies
Relatório do acidente
Como proceder à investigação
'. . .
a. Agente d a ( s ) lesão(ões)
.b. Condições inseguras
Atos inseguros
Acidente-tipo
Fatôres pessoais
Medidas para prevenir novas ocorrências
Controle estatístico de acidentes
Coeficiente de frequência (CF)
Coeficiente de gravidade
Outros controles
Resumo
FONTES DE INFORMAÇÕES -
86
89
91
91
92
93
94
99
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100
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103
103
104
1NSPEÇÂO DE SEGURANÇA
Modalidades de inspeção de segurança
Inspeção geral
Inspeções parciais
Inspeções de rotina
Inspetores de segurança
Supervisores
Trabalhadores
106
106
106
106
106
108
110
110
12
ÍNDICE
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDIÚNTOS
Membros da CIPA
Inspeções periódicas
Inspeções periódicas obrigatórias por lei
Inspeções periódicas e de rotina
Inspeções eventuais
Inspeções oficiais
Inspeções especiais
Ciclo completo das inspeções de segurança
Observação
Informação
Registro
Encaminhamento
Acompanhamento
Análise de riscos
Resumo
110
110
111
111
112
112
112
112
113
113
113
113
113
114
119
8
RECURSOS GENÉRICOS DA SEGURANÇA DO TRABALHO
Contexto geral das medidas técnicas
Meios gerais de proteção
Características pessoais
Medidas educacionais
Cursos
Palestras
Integração de novos empregados
Diálogo de segurança
Outros meios
Medidas psicológicas
Medidas médicas
Resumo
•i'
AMBIENTES DE TRABALHO
Edificações :
Iluminação
Ventilação e controle de calor
Instalações elétricas
Máquinas e equipamentos
Finalidades e requisitos dos protetores
Protetores para transmissão de força
Tipos fundamentais de protetores para pontos de operação
Guardas estacionárias
Guardas mecânicas
Dispositivo arrastador
,
Disposiiivo aíastador
,. ,,.
Comando bimanuai
,
122
122
123
126
126
27
27
129
130
131
133
- 133
135
136
137
137
Cédula fotoelétrica
Parada de emergência
Guarda de locação
Interligação
Cabo de segurança
Resumo
13
143
144
145
'-45
146
148
10
PROTEÇÃO INDIVIDUAL
Quando usar o "EPI"
Aspectos técnicos
Aspectos educacionais
Aspectos psicológicos
Controle e conservação
Classificação dos "EPI"
Proteção para a cabeça
Protetores para o crânio
Protetores para o rosto
Protetores para os olhos
Proteção auricular
Proteção para os membros superiores
Para trabalhos de solda
Para outros trabalhos quentes
Para trabalhos com materiais cortantes
Para outros trabalhos rudes
Para trabalhos com produtos químicos líquidos
Para trabalhos em altas tensões
Proteção para os membros inferiores .,.
Calçados
!
Perneiras
Proteção do tronco
Proteção das vias respiratórias
Máscaras de filtros
Filtros para monóxido de carbono
Máscaras com suprimento de ar
Cintos de segurança
Cinto com travessão
:
Cinto com corda
Resumo
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151
152
152
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153
153
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'164
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165
165
166
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170
170
170
171
171
173
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141
142
143
5
PREFACIO DA SEGUNDA EDIÇÃO
O livro foi todo recstruturado para a segunda edição. Capítulos
foram eliminados, outros introduzidos, matérias reagrupadas, de modo
a tornar o trabalho mais objctivo e dispor os assuntos em sequência
mais adequada à finalidade do livro. Isto merece uma explicação, pois,
sob o mesmo título c com o mesmo objetivo, este é quase um outro
livro que se apresenta.
A edição original nasceu de um trabalho exaustivo, preparado
para outro tipo de aplicação no campo da prevenção de acidentes.
Vários jatôres, que não serão citados aqui, impediram o aproveitamento do trabalho para o fim que lhe fora originalmente determinado.
Porém, com o apoio e incentivo de amigos, e trabalho original foi
adaptado para a feitura de um livro e submetido ao exame da Editora
Atlas que, algum tempo depois, o lançava sob o titulo de "Prática da
Prevenção de Acidentes". Assim nasceu um livro que se propunha a
ser uni "ABC" da segurança do trabalho.
Adaptado do que deveria ter sido a apostila de um curso específico, os assuntos e sua respectiva ordem não ficaram dispostos da
maneira mais correia, mais condizente com o objetivo do livro. A
intenção do autor sempre foi a de revisar complctamcntc a obra para
uma próxima edição. Assim foi feito à medida que o tempo transcorria. Ao chegar a oportunidade da segunda edição, o livro já estava
recomposto, atualizado c com nova estruturação.
Os capítulos "Prevenção de Incêndios" e "Primeiros Socorros"
foram eliminados, pois apenas têm correlação com a segurança do
trabalho, como é aqui tratada. Dois capítulos importantes foram introduzidos "Investigação de Acidentes" c "Inspeçuo de Segurança", duas
chaves mestras da prevenção de acidentes. Os demais assuntos
agrupados em oiío capítulos, perfazendo um forni d r J»-
$*m
16
a
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
Embora distribuída em apenas dez capítulos (quatro a menos que
a edição anterior) a matéria é mais fana e mais f jctiva apresentando
mais detalhe, sobre os recursos da se^rança do trabalho, c^lan mentos sobre pontos ainda divergentes, e um modelo para « esabilecimcnto de um programa definido para a segurança do traoallio.
Simples como a anterior, esta edição tanto pode ser uni ao profissional de segurança como ao dirigente, ao superior e aos componentes das C IP As.
O Autor
PREFÁCIO DA l.a EDIÇÃO
Foi com desvanecimento que recebi do autor desta obra o convite
para dizer algumas palavras de apresentação. Conhecendo Álvaro
Zócchio há cerca de oito anos, quando ele se iniciava no campo da
prevenção de acidentes, e, tendo podido acompanhar de perto suas
atividades profissionais, não me poderia furtar ao atendimento dessa
solicitação porque, ao lado da amizade que me prende ao autor, vejo
nesta obra o fruto de seu trabalho honesto, de sua dedicação, de seus
esforços, de seu estudo, de sua maneira de encarar a segurança industrial como um ramo de atividade em que se tem sempre o que aprende.'
e onde ninguém pode dar-se ao luxo de se considerar profundo conhecedor da matéria, eximindo-se, assim, da responsabilidade de estudar,
de pesquisar, de adquirir conhecimentos.
Percebe-se, no convívio com o autor, assim como ao longo das
páginas deste livro, seu espírito inquieto, desejoso de aprender, sequioso
de melhorar e aperfeiçoar, o que o leva, além do estudo, a buscar,
muitas vezes, interpretações próprias, ideias novas, resultantes de sua
capacidade de observação e da experiência diária e não rotineira, vivida.
em suas atividades profissionais, primeiro como inspetor de segurança
e, posteriormente, como Supervisor da Seção de Segurança de uma
das grandes indústrias de nosso País.
Sentindo a necessidade de literatura, em língua portuguesa, que
pudesse ser útil àqusies que devem ser os executores do programa
de segurança numa empresa, ou seja, os agentes de mestria, assim
como a estudantes de cursos industriais e a todos quantos devem
conhecer os mais importantes problemas ligados à higiene e segurança
no trabalho, preocupou-se o autor em apresentar sua obra de maneira
a atingir, da forma mais objetiva possível, suas finalidades.
O
* A :~
18
PRÁTICA DA. PREVENÇÃO DE ACIDENTES
Despretensioso quanto à apresentação, pois nele são encontradas
com frequência frases soltas que exprimem, acima de tudo, o resultado
da experiência de seu autor, este livro possui o mérito de apresentar
os conceitos básicos de prevenção de acidentes sob a forma correia,
em linguagem acessível, ao público a que se destina. Seus catorze
capítulos cobrem aspectos importantes da higiene e segurança do trabalho, que vão desde os diferentes conceitos apresentados para os
acidentes de trabalho e a discussão sobre suas causas, custo e estatística,
.até assuntos mais especializados, como os referentes a equipamento
individual de proteção, prevenção e combate a incêndios e primeiros
socorros a acidentados.
Sem querer esgotar o cssunío focalizado em cada capítulo e
fugindo à simples transcrição de normas de segurança, principalmente
sob a forma de "Faça isso" ou "Não faça aquilo", o autor apresenta
o que, em seu entendimento, deve ser conhecido, basicamente, por
todos aqueles que se dedicarem à prevenção de acidentes do trabalho
e pelos que, em suas atividades, estiverem ligados, ainda que indiretarneníe, à segurança e à higiene ocupacional.
Congratulando-me com os que se preocupam, em nosso País,
com o desenvolvimento da higiene e segurança no trabalho, pela publicação desta obra, espero que ela venha a alcançar os resultados
almejados por seu autor, a quem apresento minhas felicitações e
manifesto a esperança de que novos trabalhos de sua lavra venham
a lume cm futuro próximo.
São Paulo, dezembro de 1964.
SILAS FONSECA REDONDO
l
SEGURANÇA DO TRABALHO
Segurança do trabalho é o conjunto de medidas técnicas, educacionais, médicas e psicológicas, empregadas para prevenir acidentes,
quer eliminando condições inseguras do ambiente, quer instruindo
ou convencendo pessoas na implantação de práticas preventivas.
Seu emprego é indispensável para o desenvolvimento satisfatório do
trabalho. É tão importante quanto muitos outros serviços que as
empresas mantêm em benefício dos empregados, quer espontaneamente ou por imposição legal Medidas medicas e psicológicas serão
apenas citadas neste livro e, eventualmente, comentadas na relação
que têm com as demais na consecução da segurança do trabalho.
A segurança do trabalho é ao mesmo tempo um imperativo
técnico e uma imposição legal. Entretanto, não tem evoluído como
outras técnicas industriais e tem recebido menos atenção que a dispensada a certos serviços considerados importantes para o bem-estar
dos empregados.
Algumas pessoas, menos esclarecidas sobre o assunto, procuram,
em certas circunstâncias, justificar de várias maneiras a ausência da
segurança cm algumas indústrias, ou o pouco interesse ide outras com
reíação à prevenção de acidentes. Entretanto, nada existe capaz de
justificar tal omissão. Demre essas pessoas algumas costumam
afirmar: "sem acidentes ou com acidentes o trabalho é realizado".
Não importa quem diz ou pensa assim. É uma afirmação ou pensamento infeliz, embora não possa ser integralmente contestado.
Realmente, o trabalho poderá ser efetuado mesmo que ocorram
acidentes, porém, jamais poderá ser considerada satisfatória a sua
realização nesses casos. À cior e à infelicidade de quem sofre ferimentos somam-se muitos fatôres danosos ao trabalho, tanto sob o
aspecto técnico como económico. Isto nem sempre é percebido por
\
:o
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
quem não entende e não interpreta os acidentes do trabalho cm
toda a sua extensão e profundidade.
Assim ficam definidas, em poucas palavras, a segurança do trabalho e a situação de sua aplicação na indústria, em face da interpretação
de muitos industriais, dirigentes de empresa e trabalhadores de todos
os níveis e categorias. Em outras palavras, a segurança do trabalho
é um conjunto de recursos de ordem material e/ou humana, ainda
ignorados por muitos, mal interpretados e nem sempre bem aceitos,
sem os quais não se pode esperar que haja prevenção de acidentes. Isto
significa que a prevenção dos acidenies do trabalho é consequência
da aplicação desses recursos ou medidas de segurança.
SEGURANÇA DO TRABALHO OU PREVENÇÃO
DE ACIDENTES?
Segurança do trabalho e prevenção de acidentes são duas expressões que se confundem na prática. Há os que as consideram a mesma
coisa, os que procuram defini-las separadamente e, outros, que as
colocam na situação inversa da que propõe este trabalho. Não se
pretende com isso criar polémicas, mas, apenas ser prático e mostrar
como conseguir a prevenção dos acidentes do trabalho através da
aplicação de medidas técnicas, educacionais, médicas e psicológicas,
ao alcance da grande maioria que não pode, por diversas razões,
depender de trabalho académico ou altamente científico para esse
fim. Essas medidas são os meios; a prevenção dos acidentes é o fim
ao qual tais medidas se destinam. A prevenção dos acidentes será
tanto maior quanto melhor for a aplicação das medidas de segurança.
A aceitação do acidente como algo inerente ao trabalho é um
erro cometido frequentemente por empresas e indivíduos, cujo conhecimento do assunto é insuficiente para que percebam no acidente do
trabalho uma irregularidade danosa, possível de ser evitada. Alguns
não atinara com a realidade porque simplesmente não se detêm a
interpretá-la. Esses, muitas vezes, duvidam que a segurança do trabalho traga bons resultados para a empresa. Não há dúvida de que
traz! É pena que não existam meios fáceis para medir, monetariamente, esses resultados, como também não existam meios para calcular
outros bons resultados que se obtêm através de planos de assistência
aos empregados, de treinamento aã indústria, de serviço médico dentro
da empresa etc.; esses planos se encontram no mesmo nível da segurança do trabalho, em relação aos empregados. É necessário que se
aplique corretamente a segurança do trabalho para se obter e reconhecer os resultados que ela proporciona.
Apesar da apatia de alguns, do desconhecimento e pouco interesse
de outros, a segurança do trabalho tem progredido. A experiência de
SEGURANÇA DO TRABALHO
21
muitas empresas comprova os bons resultados que se podem conse <T uir. Essa experiência nos autoriza a afirmar que é axiomático o
resultado da prevenção de acidentes, representado por:
a. mais produção, por moio, principalmente, da estabilidade da
mão-de-obra.
b. menor perda de tempo e de materiais, menos reparos em
máquinas, etc.
c. mais equilíbrio de ânimo no grupo de trabalho, pela ausência
do mal-estar provocado pelos acidentes.
d. melhor ambiente social na comunidade, pela inexistência ou
pela redução da invalidez.
Isto conduz à conclusão de que a prevenção dos acidentes na
indústria é um benefício social e económico, o que equivale a dizer:
a segurança do trabalho é um bom investimento. Os benefícios nem
sempre são reconhecfdos e este é o motivo que leva muitas empresas
a ignorar a prevenção de acidentes. Em muitas ocasiões em que os
benefícios são compreendidos, faltam conhecimentos acerca das técnicas, dos recursos e das verdadeiras possibilidades da segurança do
trabalho que levam a eles.
Entretanto, a prevenção de acidentes pode ser conseguida, não
de forma absoluta, é claro, mas de maneira a manter baixo ou até
mesmo insignificante o número de ocorrências de acidentes. Para
isso é necessário que as medidas de segurança sejam bem aplicadas,
de forma planejada e racional.
SERVIÇOS DE SEGURANÇA
É cada vez maior o número de empresas que criam seus próprios
serviços de segurança. Seção ou Departamento, dependendo do esquema de organização da empresa, os serviços de segurança são instalados
com a finalidade de estabelecer normas e pôr em prática os recursos
possíveis para conseguir a prevenção de acidentes. Embora os princípios básicos obedecidos sejam os mesmos, cada serviço de segurança
deve se adaptar à extensão, condições e tipo de organização da empresa.
Por exemplo: uma indústria metalúrgica de duzentos empregados, uma
fábrica de explosivos que emprega mil trabalhadores e uma empresa
de transportes de qualquer extensão requerem serviços de segurança
com características diferentes, embora fundamentalmente venham a
ser semelhantes.
Os serviços especializados de Segurança e Higiene do Trabalho
são agora previstos por lei, o que poderá incrementar a criação desse
género de atividade em muito mais indústrias. O Artigo 164, Seção II,
do Capítulo V da CLT, alterado pelo Decreto-let n<? 229, de
26/2/1967, assim se expressa sobre o assunto:
f^
22
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
SEGURANÇA DO TRABALHO
23
í.
"As empresas que, a critério da autoridade competente em
matéria de segurança e higiene do trabalho, estiverem enquadradas
em condições estabelecidas por normas expedidas pelo Departamento Nacional de Segurança e Higiene do Trabalho, deverão manter,
obrigatoriamente, serviço especializado em segurança e higiene do
trabalho e constituir Comissões Internas de Prevenção de Acidentes
(CIPAs).
§ 1.° O Departamento Nacional de Segurança e Higiene do
Trabalho definirá as características do pessoal especializado em
segurança e higiene do trabalho, quanto às atribuições, à qualificação
e à proporção relacionada ao número de empregados das empresas
compreendidas no presente artigo.
§ 2.° As Comissões Internas de Prevenção de Acidentes
(CIPAs) serão compostas de representantes de empregadores e
empregados e funcionarão segundo normas fixadas pelo Departamento Nacional de Segurança e Higiene do Trabalho".
Como se pode observar, os Serviços de Segurança que têm sido
instalados espontaneamente em muitas empresas, poderão ser estabelecidos em outras por força de lei. Mesmo regulamentados por lei,
estes serviços devem ser adaptados às características das empresas
onde funcionarão. Independentemente do que a lei prescreve ou vier
a prescrever, a empresa interessada, ou a pessoa responsável pela
implantação do serviço de segurança, deve pensar, antes de tudo, no
estabelecimento de um programa fundamental de diretrizes genéricas
e básicas para o desenvolvimento de todo o serviço, ou seja, daquilo
que se poderia chamar de "Carta Magna" da Segurança do Trabalho
na empresa.
Ê forçoso reconhecer que muitos serviços de segurança não obtêm
melhores resultados, ou até mesmo fracassam, porque não estão
apoiados em diretrizes básicas bem delineadas, e compreendidas pela
direção da empresa, nem devidamente desenvolvidas em seus vários
aspectos. O programa deve ser estabelecido partindo-se do princípio
de que a prevenção dos acidentes é alcançada através da aplicação
de medidas de segurança adequadas e que estas só podem ser bem
aplicadas através de um trabalho de equipe.
3.° Das inspeções de segurança
4.° Das instruções e promoções
Exemplo:
Programa básico dê segurança a ser desenvolvido na ...
Finalidade
A finalidade deste programa é a prevenção de acidentes do trabalho, através da aplicação, o quanto possível, de medidas de segurança
recomendáveis. A cada um caberá uma parcela de responsabilidade,
de acordo com a função que exerça ou o cargo que ocupe na organização.
Tópico l? — Das atribuições
a.
b.
c.
d.
Cabe à gerência e administração dar o apoio necessário ao
desenvolvimento do programa, assim como a responsabilidade
pela efetivação cias normas e regulamentos estabelecidos pelo
serviço de segurança (ou pela CIPA, quando não houver Serviço
de Segurança).
Cabe à supervisão fazer com que se cumpram as diretrizes,
normas e regulamentos estabelecidos de acordo corn o desenvolvimento do programa.
Cabe, aos empregados em geral, seguir devidamente tanto as
normas e regulamentos estabelecidos, como as regras específicas
para o trabalho que executam.
Cabe ao Serviço de Segurança, com a colaboração da CIPA,
desenvolver o programa em todos os seus tópicos, orientar c
assistir a todos es níveis hierárquicos, visando ao bom desempenho de-cada um, e fiscalizar a correta aplicação das diretrizes
estabelecidas.
PROGRAMA MODELO
Propomos aqui um programa básico, modelo simples que poderá
ser desenvolvido com mais ou com menos intensidade e profundidade,
dependendo das necessidades ou interesses da empresa. Dividimos
este programa em apenas quatro tópicos:
l.°
Das atribuições
f
O emproj::dor deve oícrecer os meios
para a prcvenjão de acidentes; ao
ilo cabe crnpreiiar correia e
m )
v
r&.
24
PRÁTICA DA PREVENÇÃO SE ACIDENTES
Tópico 2? — Das investigações dos acidentes
a.
b.
c.
d.
Todos os acidentes que causarem lesões às pessoas devem ser
registrados no serviço médico, investigados, e suas causas apuradas. Medidas devem ser recomendadas e postas em prática
para evitar que se repitam.
A responsabilidade pelas investigações cabe ao Serviço de Segurança, que designará qual a participação da supervisão nas
ditas investigações.
O Serviço de Segurança tem a atribuição de manter o controle
das medidas de segurança recomendadas em vista do resultado
da investigação dos acidentes; de acompanhar o processo até
a execução; e de dar a assistência que se fizer necessária, sob o
ponto de vista da segurança, aos responsáveis pela execução
das medidas,
Cabe ao Serviço de Segurança estudar os dados dos relatórios
dos acidentes, mante-los sob registro e publicá-los em forma
de estatística, ou outras que atendam aos fins de informação e
promoção.
Tópico 3? — Das inspecões de segurança
vx
Devem ser efetivadas inspecões de segurança nas áreas de
trabalho, nos páteos, nos edifícios, nos equipamentos, nos
veículos, etc., com a finalidade de descobrir riscos de acidentes
e de estudar e recomendar medidas que possam neutralizá-los.
Cabe ao Serviço de Segurança estabelecer o programa de inspecões de rotina, periódicas, em conjunto com os serviços de
engenharia, de manutenção e outros, e determinar as respectivas
responsabilidades.
O Serviço de Segurança deve manter um registro das recomendações de medidas de segurança, originadas das inspecões de
segurança, acompanhar seu processo de execução até o fim, e
suprir os responsáveis pelo encaminhamento e execução das
medidas, com informações técnicas e legais de segurança.
Tópico 4? — Das instruções e promoções
As instruções do programa de segurança serão preparadas pelo
Serviço de Segurança com base na legislação em vigor, nas
regras e padrões conhecidos e nos estudos das características
do trabalho efetuado.
As instruções, regras e regulamentos serio levados ao conhecimento de todos através de boletins e circulares.
O Serviço de Segurança deve manter os supervisores, empregados, e os membros da CIPA instruídos através de cursos,
reuniões, palestras etc.
SEGURANÇA DO TRABALHO
25
d.
Cabe ao Serviço de Segurança elaborar e pôr em prática um
plano de integração dos novos empregados no programa de
segurança existente na empresa, assim como determinar qual a
participação da supervisão no referido plano.
e. O Serviço de Segurança deve manter, em permanente atividade,
através de cartazes, folhetos, concursos etc., um plano de promoção que visará elevar o espírito de segurança de todos os
trabalhadores.
O programa modelo proposto deverá ser aceito como a base do
que vai ser desenvolvido. Nos demais capítulos deste livro, serão
encontradas muitas informações que se referem a esse desenvolvimento.
Até o final deste capítulo, trataremos apenas do Tópico 19, que
se refere às atribuições.
ATRIBUIÇÕES
INDIVIDUAIS
A prevenção de acidentes é, necessariamente, um trabalho de
equipe. Ela pode ser praticada eficientemente em qualquer empresa,
desde que seja obedecido um esquema de atribuições e responsabilidades
para cada membro da firma. Assim, os resultados desejáveis serão
mais facilmente atingidos. Empresas grandes necessitam, às vezes,
de serviços extensos, com pessoas especializadas (supervisor, assistente, inspetores de segurança, etc.). Outras, apenas necessitam de
um ou mais inspetores, e algumas só terão a Comissão Interna-para
Prevenção de Acidentes (CIPA) como único órgão a cuidar do assunto.
Sempre que possível, a CIPA deve ser orientada por um inspetor de.
segurança ou por outra pessoa que conheça o assunto. Mesmo naquelas empresas em que a instalação da CIPA não é obrigatória, deve
existir alguém que conheça pelo menos razoavelmente a segurança do
trabalho, para que algo possa efetivamente ser feito para prevenir
acidentes.
Independentemente do setor ao qual se subordina, o serviço ou
pessoas responsáveis pela segurança do trabalho têm atribuições que
as obrigam a manter contato com todos os níveis hierárquicos da
empresa. Não há limitação de área de ação para o pessoal de segurança. A ação da segurança deve ser exercida em todas as partes,
pois, para efeito da prevenção de acidentes, toda a área de atividade
da empresa é área de segurança.
O esquema da página 26 procura demonstrar, de forma geral, os
diversos níveis hierárquicos normalmente observados numa empresa,
e as atribuições de cada um no programa de segurança do trabalho.
A nomenclatura dos cargos é arbitrariamente estabelecida em cada
organização. A que empregamos aqui, para fim de exemplificação,
também é arbitrária. Cremos, porém, que seria fácil entender as atri-
4.1
I
v i) N v u íi í) a s H n o 0 j A >i a s
SEGURANÇA DO TKABALHO
j
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
26
buições dos diversos níveis hierárquicos mesmo sem levar em conta
a nomenclatura que as empresas adotam.
Administração é o nível administrativo mais alto, ou o grupo
assim considerado pela empresa, incluindo diretores.
Alta Supervisão são os componentes da direção intermediária,
entre a administração e a linha de mestria.
BSQTJBMA DE ATMBOIÇAES
KA PBETENÇAO DE ACIDENTES
ADMINISTRAÇÃO
TotaJ responsabilidadc pela segurança do trabalho,
Delejração de resjx nsabllidades aos membros da firma,
A pró vá cio das dlr etrizes gerais de aegurança,
Apoio pari o dês nvolvimcnto aatísfatúrio do serviço.
Participação a ti vá no programa por melo dos contactos necesairioí, d« rtunl&ea,
de inapsções ( e serrurança, etc.
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SUPERVISÃO
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Responsabilidade pela «egurança doa selores c pessoal subordinado!.
Exigência sobre o comprimento daa normas estnbclecldaa.
Contactos com e administrarão e os serviços «peei ai liados para a solução dos
problemas de segurança.
Participação atlva segundo o programa estabelecido.
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LINHA
MESTRIA
Respon abllídade pela execuçfto do programa.
Providé nelas para a correçfto das condiçAes insegura*,
Tretnantento dos subordinado* e correçâo das falhas,
Exige n ia de obediência à* normas e a disciplina,
Inveatlf 'a cio dos acidentes e correçAo das suas causai,
Cooper içào com a CIPA e com o serviço de segurança.
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TRABALHADORES
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Obediência As regra» de «cgurança.
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Cooperação com a CIPA e o tervko de segurança.
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Colaboração na ordem, na limpeia * na disciplina
Atitudes corrttaj e seguras.
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Cooperação e coordenação
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propagação da prevenção de acidentes também fora
fio Ira aatho.
Linha de Mestria são os agentes de mestria, frequentemente chamados contramestres ou feitores, aqueles que comandam diretamente
os trabalhadores.
Trabalhadores são os que não possuem nenhum cargo de direção
ou comando.
CIPA é a Comissão Interna para Prevenção de Acidentes, composta de representantes do empregador e dos empregados, com atribuições determinadas por lei, e que deve funcionar como colaboradora
do serviço de segurança, quando existente.
Serviço de Segurança é uma organização vertical com possibilidade de contato com todos os níveis hierárquicos, independentemente do setor ao qual se subordina.
As setas verticais, no esquema, indicam a cadeia de contatos
normalmente obedecidos numa organização, quando não existe serviço
de segurança e a CIPA é o único órgão a cuidar da prevenção de
acidentes. O serviço de segurança, através dos contatos horizontais
em todos os níveis, tem muito mais possibilidade de êxito, mesmo
com respeito à parte de colaboração que a CIPA lhe presta.
As atribuições de segurança de cada membro da empresa nada
mais são que o complemento de suas atribuições técnicas e administrativas normais. É poucc o que cada um tem a executar. Mas o
pouco necessário feito por todos, será o bastante para o bom resultado final, isto é a prevenção de acidentes.
A Comissão Interna para Prevenção de Acidentes — CIPA —
sozinha, não consegue, via de regra, resultados satisfatórios. Sendo
uma comissão organizada entre trabalhadores, só tem acesso à administração por intermédio do seu presidente, que raramente se dedica
com exclusividade à segurança, e nem sempre possui suficiente conhecimento do assunto. Os demais membros, exceto os que possuem
cargo de autoridade, têm ação limitada pelas suas funções normais
e pela hierarquia à qual estão sujeitos. Isto vem comprovar a necessidade de um serviço exclusivo de segurança e de pessoas qualificadas
para desenvolvê-lo. Justifica, também, a criação sempre crescente de
serviços especializados nas indústrias que desejam realmente alcança
bons resultados com a segurança do trabalho.
i .
1
Exercício das atribuíçte» previstas na sua regulamentação e no
progranna da empresa.
com o aervlço de tepuranç* í côa
11
'
.
CONTATOS PESSOAIS E DEPARTAMENTAIS
A segurança do trabalho requer a participação de todos. Exige
unia série de contatos entre pessoas e setores da empresa, uma verdadeira cadeia de intercomunicação, sem a qual a obtenção de bons
SEGURANÇA DO TRABALHO
29
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
28
O serviço de segurança, obrigatoriamente, mantém contato com
todos os setores. O contato cruzado entre administração, segurança,
serviço médico e alta supervisão, é necessário para:
a) Correção das condições inseguras e insalubres do ambiente por
meio de serviços de engenharia, de manutenção e de pesquisa,
e estudos nos áreas de trabalho.
b) Seleção adequada e integração dos empregados no trabalho, de
forma técnica e segura.
c) Controle das condições dos ambientes de trabalho e da saúde
dos trabalhadores.
d) Emissão de instruções e regras gerais do programa de segurança
estabelecido.
O contato cruzado entre segurança, agentes de mestria, CIPA e
trabalhadores é importante para:
a)
b)
c)
d)
e)
f)
Estabelecimento e divulgação de normas específicas para a segurança do trabalho.
Investigação completa e correia dos acidentes ocorridos.
Manutenção da disciplina e cumprimento rigoroso das regras
de segurança.
Inspeção de segurança e análise de riscos satisfatórias, quer
sejam de ordem geral ou específicas.
Incentivo à prática da prevenção de acidentes, por meio dos
recursos convencionais.
Educação e treinamento dos trabalhadores em relação à segurança do trabalho.
Entre os contatos diretos do serviço de segurança destaca-se o
que ele mantém com o serviço médico, de cujo trabalho em conjunto
depende a precisão dos registros e das estatísticas de acidentes, e o
bom controle dos ambientes de trabalho sob o ponto de vista de saúde
dos trabalhadores. Sob o aspecto técnico da segurança, destacam-se
os contatos com engenheiros, técnicos e supervisores dos setores
especializados no que se refere a novos projetos, modificações de
instalação, ferramental, processos de trabalho etc., que, via de regra,
podem demandar medidas de segurança do trabalho.
Assumem relevante importância os contatos dos agentes de mes;
tria, com os subordinados, que devem ser instruídos e corrigidos na
prática da prevenção de acidentes. Considerando que os trabalhadores
representam o maior .contingente a receber instruções de segurança e
que os agentes de mestria assumem o principal papel executivo no
programa, é de se esperar que eles tenham interesse em disseminar
os princípios da prevenção de acidentes entre os subordinados. Em
algumas empresas, esses contatos, geralmente conhecidos como conversação ou diálogo de segurança, são compulsórios. Os supervisores
são obrigados a conversar pelo menos uma vez, em cada período
determinado, com todos os subordinados, individualmente, sobre segurança do trabalho. Os assuntos discutidos são registrados em formulário especialmente impresso, onde constam, também, o nome do
subordinado e a data em que participou do dialogo. O formulário é
documento que comprova e registra as instruções recebidas pelos trabalhadores. Para se desincumbirem satisfatoriamente dessa missão, os
agentes de mestria devem ser instruídos sobre tudo o que diz respeito
à segurança do trabalho. Tem trazido muito bons resultados a ministração de cursos intensivos a todos os níveis de supervisão, as reuniões
de segurança com os mesmos grupos, a distribuição periódica de
informações por meio de boletins. Os efeitos desse plano, quando
posto em execução, são benéficos tanto sob o ponto de vista da segurança, como de relacionamento humano e princípio de equipe.
A CIPA e os trabalhadores constituem outros contatos importantes, cuja principal finalidade deve ser a de disseminar a mentalidade de segurança nos ambientes de trabalho e consolidar, nos
trabalhadores, o verdadeiro sentido e objetivos da Comissão Interna
para Prevenção de Acidentes e da prevenção de acidentes do trabalho.
Segurança do trabalho, enfim, requer atividade em equipe, contatos
Df pessoais, aproximação entre setores c pessoas, da empresa, para que
/ se possam pôr em prática as medidas técnicas, educacionais, médicas
( e psicológicas, de maneira efetiva, e nas oportunidades certas.
Se a empresa tiver realmente interesse em prevenir acidentes e
o serviço for bem orientado, por pessoa capacitada, podem-se esperar
PRATICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
30
resultados compensadores. Sem boa orientação a firma corre o risco
de gastar dinheiro sem conseguir bons resultados.
Mesmo nas pequenas empresas, de pequeno número de empregados, é possível e necessário desenvolver a prevenção de acidentes,
Basta que a administração adote e faça cumprir o esquema de atribuições proposto e que, dentre os membros da organização, um, pelo
menos, conheça bem o assunto para poder orientar os demais. Nas
empresas com menos de uma dezena de empregados, o dono é quase
sempre o gerente, o comprador, o .vendedor, o técnico e, frequentemente, também um dos operários. Ora, estando o dono da firma em
todas essas posições ao mesmo tempo, é claro que as atribuições
técnicas e obrigações legais atinentes à matéria estão sobre seus
ombros. Cabe a ele, portanto, conhecer bem o assunto e colocarj em
prática a prevenção de acidentes, coisa que conseguirá facilmente;
Portanto, sem dúvida, em qualquer tipo, género e extensão de
empresa, é perfeitamente possível praticar a prevenção de acidentes,
desde que se deseje preveni-los e se saiba organizar e conduzir esse
serviço.
RESUMO
Segurança do trabalho é um conjunto de medidas empregadas
com o fim de prevenir acidentes.
Apesar do seu reconhecido valor, a segurança do trabalho tem
recebido menos atenção que outras atividades acessórias' nas
indústrias.
Nada existe capaz de justificar a omissão das medidas de segurança nos trabalhos industriais.
£ erro grave considerar os acidentes como algo inerente ao
trabalho; na realidade, é uma irregularidade danosa possível de
ser evitada.
Ê axiomático que a redução dos acidentes melhora a produtividade, poupa despesas, incentiva os trabalhadores e melhora
o ambiente social da comunidade.
Os serviços de'segurança devem ser organizados e adaptados ao
género da empresa, à sua extensão í e diretrizes.
Deve ser estabelecido um programa básico, aprovado pela direção
da empresa e desenvolvido em seus vários aspectos.
Em qualquer empresa, independentemente da extensão do serviço
de segurança, é imprescindível a definição das responsabilidades
e atribuições que cabem a cada um, desde o principal diretor
até ao menos categorizado dos empregados.
SEGURANÇA DO TRABALHO
Os serviços de segurança devem ter autonomia dentro do
atribuições, e seus responsáveis devem ter livre acesso a
as dependências da empresa.
Uma série de contatos é necessária para o bom andamento i'"b
atividades: o serviço de segurança mantém contato com K11'"'
os níveis e deve receber toda colaboração da CIPA.
Destacam-se os contatos cruzados entre segurança, adminisiniv'1"1
serviço médico e alta supervisão, e entre segurança, agente l|i:
mestria, CIPA e trabalhadores.
Em qualquer empresa, mesmo nas pequenas, ale naquela.» f'1"1
menos de dez empregados, é possível e necessário pralii1»1 "
prevenção de acidentes do trabalho.
2
ACIDENTES DO TRABALHO
Os acidentes do trabalho têm sido e continuam sendo objeto de
muitos estudos e pesquisas, que visam ao desenvolvimento e aplicação
de medidas para sua prevenção. Apesar do muito que já se sabe a
seu respeito, ainda há divergências sobre o conceito de acidente do
trabalho. Várias tentativas têm sido feitas para definir o acidente do
trabalho de maneira satisfatória. Dentre as muitas definições, habitualmente usadas, não se pode apontar uma como mais ou menos
correta. Deve-se, isso sim, reconhecer que existem definições mais e
menos completas; isto porque a maioria abrange apenas aspectos
específicos do acidente do trabalho, permanecendo muito aquém de
toda a extensão que requer medidas. de segurança.
DEFINIÇÃO VOCABULAR
Algumas das definições de acidente encontradas nos dicionários
e enciclopédias têm sido, vez por outra, usadas para definir o acidente
do trabalho. Dentre as mais comuns: acontecimento imprevisto; infortúnio; irregularidade na superfície da terra; aquilo que sobrevêm
repentinamente etc., algumas definem determinados aspectos do
acidente do trabalho. Por exemplo: os acidentes a que vimos nos
referindo são infortúnios quando causam lesões às pessoas, determinando incapacidade para o exercício do trabalho ou mesmo de atividades sociais e recreativas que a pessoa normalmente exercia.
Os acidentes que causam um infortúnio são, muitas vezes, também
acontecimentos imprevistos, ou aquilo que sobrevêm repentinamente,
Mas, mesmo em conjunto, essas definições não completam a definição
de acidente do trabalho. Cobrem apenas uma parte muito genérica
34
PRÁTICA DA. PREVENÇÃO DE ACIDENTES
da grande extensão das causas e consequências dos acidentes do
trabalho, não satisfazendo, portanto, no tocante aos fins preventivos.
DEFINIÇÃO LEGAL
A legislação também define o acidente do trabalho de modo a
satisfazer os seus objetivos.
A Lei 5.316, de 14 de setembro de 1967, que integrou o seguro
de acidentes do trabalho na Previdência Social, e o Decreto n? 61.7S4,
de 28 de novembro de 1967, que aprovou o regulamento do seguro
de acidentes do trabalho, assim o definem:
"Acidente do trabalho será aquele que ocorrer pelo exercício do
trabalho, a serviço da empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause a morte ou a perda ou
redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho."
A lei, como tem sido interpretada nos meios da prevenção de
acidentes do trabalho, visa, acima de tudo, proteger o trabalhador
quanto ao direito que terá de receber os socorros e as indenizações
devidos nos casos em que vier a sofrer lesões ou outras perturbações
funcionais em consequência de acidente do trabalho. Embora a legislação cuide também, cm outros tópicos ou leis, da prevenção de
acidentes, a definição dada ao acidente do trabalho não pode ser.
para os prevencionistas, interpretada de outra maneira.
Deve-se notar que a lei diz: "Acidente do trabalho será aquele
que ocorrer. . ." Ora! " . . . aquele que . . . " nada define! Portanto,
o acidente do trabalho, "aquele que" deve ser prevenido não-é definido
pela legislação.
Ambas as leis citadas estendem o conceito de acidente do trabalho
da seguinte forma (parágrafo 2<? do artigo 2? da Lei 5.316 e parágrafo único do artigo 39 do Decreto 61.784):
"Será considerado como do trabalho o acidente que, embora não
tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a
morte ou a perda ou redução da capacidade para o trabalho."
Como se pode notar, ainda continua sem definição o acidente
do trabalho que devemos prevenir.
Parágrafo l? da Lei 5.316 e o artigo 4? do Decreto 61.784,
definem quando uma doença é considerada profissional. O artigo 5<?
do Decreto 61.784 equipara a doença profissional ao acidente do
trabalho para fins de seguro.
"Art. 5? — Para os efeitos deste Reculamcnto:
ACIDENTES DO TRAB/.LHO
35
I — equipara-se ao acidente do trabalho a doença do trabalho;
II — equipara-se ao acidentado o empregado acometido de doença
do trabalho;
III — considera-se como data do acidente, quando se tratar de
doença do trabalho, a da comunicação desta à empresa ou
ao INPS."
Ambos os dispositivos legais citados estendem ainda mais o conceito do acidente do trabalho:
"Art. 3? — Será também considerado acidente do trabalho:
1 — o acidente sofrido pelo empregado no local e no horário
do trabalho, em consequência de:
a.
b.
c.
d.
c.
f.
ato de sabotagem ou terrorismo, praticado por terceiro,
inclusive companheiro de trabalho;
ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo
de disputa relacionada com o trabalho;
ato de imprudência ou de negligência de terceiro, inclusive
companheiro de trabalho;
ato de pessoa privada do uso da razão;
desabamento, inundação ou incendo;
outros cusos fcrtuitos ou decorrentes de força maior."
2 — O acidente sofrido pelo empregado, ainda que fora do local
e horário de trabalho:
a. na execução de ordem ou na realização de serviço sob a
autoridade da empresa;
b. na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa,
para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito;
c. em viagem a serviço da empresa, seja qual for o meio de
locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do
empregado;
d. no percurso d?, residência para o trabalho e deste para
aquela."
Parágrafo Único: "Nos períodos destinados a refeições e descanso,
ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local de trabalho ou durante este, o empregado
será considerado a serviço da empresa."
Também estas extensões não definem o acidente do trabalho mas
sim locais e circunstâncias nas quais a ocorrência de um acidente dá
direito, às vítimas, ao recebimento das devidas indenizações. Por outro
lado, é um excelente alerta aos que são responsáveis pelo serviço de
prevenção de acidentes nas empresas. Isto é, mostra que os serviços,
36
PRÁTICA n.v PREVENÇÃO DE ACIDENTES
ACIDENTES DO TRAHALIIO
as campanhas e as medidas de segurança do trabalho não devem
permanecer confinadas nos limites tísicos da empresa, ou limitadas
às horas de expediente, por mais cuidados que requeiram suas instalações e maquinarias, pois a empresa é responsável por muitas ocorrências além de suas paredes ou cercas divisórias e de seu horário
normal de atividade.
Os comentários sobre a definição legal dos acidentes do trabalho
não visam criticar a lei, pois esta atinge seus objetivos com o conceito
adotado. O intuito é alertar os "prevencionistas" de que não devem
se ater ao conceito legal, mas sim procurar conhecer o acidente do
trabalho em toda a sua extensão, sob todos os ângulos referentes às
causas, efeitos e possibilidades de prevenção.
Segundo o conceito legal, o acidente do trabalho só é caracterizado quando dele decorre uma lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause a morte, perda total ou parcial, permanente ou temporária da capacidade para o trabalho. Ora! a prevenção
de acidentes do trabalho não pode se restringir a essa conceituação,
tanto porque é impossível prever quando o acidente vai causar um
dos citados infortúnios. As medidas de segurança que se aplicam para
prevenir acidentes, têm como fim, acima de tudo,
evitar os acontecimentos
dos quais poderão decorrer
quaisquer danos, quer sejam pessoais ou materiais.
Certos acontecimentos
repentinos e graves deixam
muitas vezes de despertar
a atenção de supervisores,
empresários, e mesmo de Todas as ocorrências estranhas ao andamento
elementos intitulados pré- normal do trabalho são acidentes qus devem
ser prevenidos.
vencionistas, simplesmente
porque não causam ferimentos pessoais, embora, na realidade, sejam
verdadeiros acidentes do trabalho. Para esclarecer bem este aspecto,
ainda um tanto dúbio para muitos, deve-se interpretar o acidente do
trabalho sob o ponto de vista técnico preventivo, visando tanto os danos
físicos e funcionais causados às pessoas como os danos materiais e
económicos causados à empresa.
DEFINIÇÃO
37
programadas, estranhas ao andamento normal do trabalho, dos quais
poderão resultar danos físicos e/ou funcionais, ou morte ao trabalhador
e danos materiais e económicos à empresa.
Para maior clareza, propõe-se estudar os acidentes do trabalho
em seus dois lados importantes: o acidente-meio e o acidente-tipo (*).
O primeiro é a "ocorrência não programada..." da qual poderão
resultar danos pessoais ou materiais; o segundo é a maneira como
a pessoa é atingida e sofre o ferimento. O acidente-meio, não precisa
causar ferimento a alguém para ser caracterizado; basta que se tenha
dado a "ocorrência não p r o g r a m a d a . . . " que sempre causa algum
prejuízo, mesmo sem envolver lesões pessoais.
O acidente-tipo só existe quando alguém é ferido, e é caracterizado
pela maneira como a vítima foi atingida peio agente da lesão. O
acidente-tipo, portanto, é apenas uma parte do todo de uma ocorrência. Assim sendo, qualquer estudo do acidente do trabalho, que
só leva em conta os acidentes que causam lesões, é incompleto.
Vejamos um exemplo: na ocorrência do desmoronamento de um
andaime, uma única pessoa foi ferida por uma tábua que lhe foi de
encontro ao corpo. No caso, o desmoronamento foi o acidente-meio
e o contato da tábua com o corpo da pessoa foi o acidente-tipo.
Há casos em que os acidentes-meio e tipo se confundem ou um
deixa de existir; por exemplo: quando a pessoa bate parte do corpo
contra obstáculos fixos; casos de distensões musculares e mesmo lesões
na coluna vertebral por levantamento incorreto de objetos; ferimentos
em pontos perigosos de máquinas 'exclusivamente devido a atitude
do acidentado etc. Nesses casos só existe o acidente-tipo ou pelo
menos ele predomina em evidência a ponto de tornar discutível a
existência de qualquer acidente-meio.
Se cair uma ferramenta do .alto de um andaime, este é um
acidente-meio; se a ferramenta- atingir alguém ocorrerá também um
acidente-tipo. Num caso como este, teríamos tido dois acidentes em
um? Não é necessário, mas podemos imaginar assim; como já foi
dito, o acidente-tipo pode ocorrer isoladamente, mas, regra geral, é
parte de um todo onde predomina em evidência técnica o acidenie-meio.
Sem levar em conta o tipo ou extensão de lesão que pode ocorrer,
os acontecimentos como o desmoronamento do andaime e a queda
TÉCNICA
Segundo o conceito técnico preventivo, que abrange toda a extensão dos acidentes do trabalho, estes são: todas as ocorrências não
(*) A expressão "acidente-tipo" é consagrada no meio jurídico como
definição do infortúnio originado de causa violenta. Neste livro, a expressão
é empregada para definir a maneira, violenta ou não, como a pessoa é atingida .
pelo agente da lesão, em caso de acidente do trabalho.
A OL.
r
38
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
da ferramenta são exemplos de acidentes
que devem ser prevenidos.
O acidente é a causa dos ferimentos;
estes são contados entre as possíveis consequências dos acidentes do trabalho. Em
outras palavras: o acidente do trabalho
pode ocorrer sem causar lesões pessoais;
estas são sempre decorrentes de acidentes.
EFEITOS NEGATIVOS DOS
ACIDENTES DO TRABALHO
Os acidentes do trabalho são nocivos sob todos os aspectos em quj possam
ser analisados. Sofrem consequências as
pessoas que se incapacitam total ou
parcialmente, temporária ou permanentemente para o trabalho; sofrem as em- Um objeto que cai é um acipresas pela perda da mão-de-obra, de tlentc-meio; se na queda atinmateriais etc., com ' a consequente gir alguém determinará um
acidente-tipo.
elevação do custo do produto; sofre a
sociedade pelo aumento do número de inválidos c de dependentes da
previdência social; sofre, enfim, a nação, com todas as consequências
danosas que os acidentes do trabalho proporcionam.
Cada acidente prevenido é um benefício amplo e profundo. Nem
todos, porém, estão ainda em condições de raciocinar desta maneira,
pois desconhecem tanto os efeitos funestos dos acidentes do trabalho,
como as possibilidades de preveni-los. Todos os homens são membros
de uma sociedade que há milénios envida todos os esforços para
sobreviver. Já é tempo, então, de incluir a prevenção dos acidentes
do trabalho, decisivamente, como um dos melhores e mais seguros
meios de garantir a sobrevivência; de compreender definitivamente,
que esses acidentes estão dentre os piores males dos quais os homens
são vítimas; de perceber que podem e devem ser prevenidos, para
evitar toda a sequência de transtornos que ocasionam.
O LADO HUMANO
Os acidentes do trabalho, nos seus aspectos negativos, constituem
um problema multiforme. O lado humano está sempre mais em eviHpncin. nor cor r\p niic f crc fis nrsso:>s o miiis ;iccito c entendido
ACIDENTES DO TRABALHO
39
como acidente do trabilho, e por ser o homem o elemento mais valioso
de todos os que o acidente pode danificar.
O homem é quem mais sofre. O sofrimento do acidentado é
inevitável. Os ferimentos, grandes ou pequenos, sempre representam
um mal; o tratamento, fácil ou difícil, curto ou prolongado é, regra
geral, doloroso; o tempo de recuperação pode tornar-se fastidioso e
até causar abatimento psicológico. O sofrimento estende-se às vezes,
aos membros da família por preocupação, compaixão, e pela incerteza
quanto à continuidade normal da vida do acidentado. Nos casos mais
graves, há famílias que sofiem por
longo tempo a angústia dramática
do futuro incerto, pois, não raro, é
o arrimo da família que corre risco
de invalidez permanente.
Vítima de uma incapacidade
parcial, o mutilado, embora voltando a trabalhar, poderá sentir-se intimamente inferiorizado em face
dos demais, piedosamente aceito
pela empresa e pouco útil para o
trabalho. Isto quando não tem o
conforto moral necessário após o
acidente c uma reintegração psicológica necessária ao trabalho, O sofrimento da vitima de acidente
podendo, até, vir a apresentar é inevitável, mesmo sob toda atenção
problemas para a segurança do trae tratamento possíveis.
balho. Nos casos de incapacidade
parcial permanente grave, o acidentado por si só nem sempre adquire
condições psicológicas para retornar ao trabalho isento da preocupação de representar um peso para o patrão e para a sociedade. Devido
a essa condição, às circunstâncias em que ocorreu o acidente, ou a
alguma falha qualquer de que tenha sido alvo durante o tratamento,
o indivíduo pode tornar-se revoltado contra o patrão, contra o Instituto
de Previdência ou contra a própria sociedade. Abalada como está
pelo acidente, a vítima nem sempre aceita uma falha como tal, mas
sim como desprezo à sua condição de acidentado.
Estes sfio apenas alguns aspectos do drama humano que costuma
envolver as vítimas de acidentes e seus familiares, especialmente os
menos favorecidos, que mais são :itin;::dos pelos infortúnios, pois são
os que mais se expõem aos trabalhos rudes e a mais riscos.
Todos esses sofrimentos, físicos e psicológicos, poderão ser evitados ou pelo menos reduzidos ao mínimo, pela aplicação correta das
medidas de segurança contra os acidentes do trabalho.
40
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
O ASPECTO SOCIAL
Os acidentes do trabalho constituem um dos problemas sociais
da era industrial. Sob esse aspecto eles têm sido estudados em toda
parte e nos variados campos da ciência. As pessoas, vítimas de
acidentes, nem sempre representam, pessoalmente, problemas sociais.
Mas os acidentes do trabalho, entendidos em toda sua extensão e
profundidade, representam grande problema para a sociedade.
Para se ter uma ideia do problema, basta imaginar a quantidade
de pessoas portadoras de incapacidade total e permanente para
trabalhar, vítimas que foram de acidentes do trabalho. Muitas se
reintegram ao trabalho depois de submeter-se à readaptação profissional em clínicas ou serviços especializados. Embora esses serviços
de readaptação sejam dignos de toda ordem de elogios, -seria ótimo
se um dia eles fossem extintos pelo progresso da segurança do trabalho, isto é, quando não houvesse mais mutilados para reabilitação.
Mesmo com as reabilitações conseguidas, é grande o número de incapacitados a onerar o Instituto de Previdência e, indiretamente, a sociedade, quando ainda poderiam estar produzindo para essa sociedade,
não tivessem sido vítimas de acidentes do trabalho.
Muitas vítimas de acidentes sofrem, temporária ou permanentemente, redução de vencimentos que obriga a família a baixar
repentinamente o padrão de vida mantido até então, e proceder cortes
no orçamento ou a privar-se de muitas coisas, o que fere profundamente a felicidade de muitos indivíduos e de muitos lares.
É inegável o valor da assistência e das indenizações recebidas
pela vítima ou por seus familiares. Tais benefícios, contudo, não
passam de paliativos, pois não reparam nenhuma invalidez e muito
menos a perda de uma vida. Atenuam apenas os problemas; não os
solucionam nem os previnem.
Nas campanhas para prevenção de acidentes deve ser dada ênfase
aos aspectos sociais negativos dos acidentes do trabalho, procurando
fazer com que as pessoas se inteirem da realidade dos efeitos nocivos
dos acidentes, antes de se tornarem suas vítimas. Acontece, porém,
que dentro das empresas onde se deve realizar as maiores campanhas
para a prevenção de acidentes, esta é, muitas vezes, socialmente
falando, um paradoxo.
Existem firmas com amplo programa de assistência social, muitas
vezes extensivo até aos familiares. São inúmeros os benefícios desses
serviços assistenciais, não faltando também, em muitos casos, assistência moral e material completa nos casos originados dos acidentes
do trabalho. Os acidentados, nessas empresas, são alvo de toda a
atenção durante o tratamento das lesões recebidas. Recebera vasta
gama de conforto psicológico e apoio material, até se reintegrarem
ACIDENTES DO TRABALHO
41
novamente ao trabalho. Entende-se, nesses casos, que a empresa reconhece o problema social dos acidentes do trabalho e procura, por
meio do seu serviço especializado, amenizar os infortúnios.
Estas são obras sociais dignas de elogio e de serem imitadas pelas
firmas que realmente se interessam pelo bem-estar social dos empregados. No entanto, muitas vezes essas empresas que dispensam ao
acidentado e familiares toda sorte de atenção depois de ocorrido o
infortúnio, fazem muito pouco, ou quase nada, para prevenir os
acidentes.
Por que não considerar, então, também a prevenção de acidentes
do trabalho como uma obra social? Por que reconhecer esses acidentes, sob o ponto de vista social, só depois de ocorridos? Não seria,
socialmente falando, mais interessante
prevenir os acidentes do trabalho do
que tentar remediar suas consequências?
Não há, nas perguntas acima,
qualquer intenção de criticar serviços
sociais, nem sugerir-lhes diretrizes.
Tanto que, ficam nessas páginas apenas as perguntas; as respostas ficarão
a cargo dos responsáveis pelos serviços
sociais das empresas, principalmente
daquelas que assistem os acidentados
mas não previnem os acidentes.
Não se deve interpretar, no entanto, que o serviço de segurança do
trabalho, que possibilita a prevenção
Por que reconhecer os acidende acidentes, seja uma atividade dos
tes sob o ponto de vista social
serviços sociais das empresas. A sesó depois de ocorridos?
gurança do trabalho é uma atividade
específica, com técnicas próprias, que deve contar com pessoal especializado, mas que deve trabalhar em cooperação com o serviço-social,
quando existente, do qual obterá grandes auxílios para .a aplicação
de determinados tópicos do programa que visa à prevenção dos acidentes do trabalho.
O que todos devem lembrar é que prevenir acidentes é obra social
muito mais importante do que assistir as vítimas de infortúnios do
trabalho.
42
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
PROBLEMAS ECONÓMICOS
Os acidentes do trabalho ferem, também economicamente, tanto
os trabalhadores, que são vítimas de lesões, como as empresas onde
os prejuízos são sempre os maiores. Os serviços da previdência social,
a sociedade, e a própria nação, sofrem com as consequências anti-econômicas dos acidentados do trabalho.
As empresas onde ocorrem os acidentes são as que sofrem mais,
embora seus dirigentes nem sempre estejam em condições de perceber
essa ferida económica.
É relativamente fácil para as empresas determinar o custo do
produto ou serviço que põem à disposição do público, ou de outras
empresas, quanto aos materiais e mão-de-obra empregados, a energia
consumida, os impostos pagos etc. Mas, saber com que parcela os
acidentes do trabalho contribuem para o custo final, não é coisa fácil.
Para muitas firmas, o custo aparente dos acidentes do trabalho 6 a
taxa de seguro que pagam ao Instituto Nacional de Previdência Social,
para ter os seus acidentados integralmente atendidos pelo Instituto,
enquanto para outras o mesmo custo aparente é a taxa reduzida que
pagam ao INPS, somada à quantia despendida no tratamento que dão
aos seus próprios empregados.
Este, também chamado "custo direito", é, na realidade, o "custo
aparente", pois, regra geral, é a única despesa que aparece na contabilização das empresas, como resultante da obrigatoriedade do seguro
de acidentes do trabalho e não como consequência direta dos mesmos
acidentes. As demais despesas, às vezes chamadas custo indireto, são
também consequência direta dos acidentes. Não são, no entanto, contabilizadas como tal. Preferiríamos intitulá-las "custo oculto" porque,
embora não apareçam como consequências dos acidentes, elas entram
no custo da empresa, ocultas em outras contas, como de manutenção,
perdas e danos etc.
Ê de se reconhecer, no entanto, que seria difícil a uma empresa,
mesmo que quisesse, calcular o quanto custam os acidentes do trabalho
em toda a sua extensão danosa. Isto demandaria um preciso controle
sobre "todas as ocorrências não programadas, estranhas ao andamento normal do trabalho, das quais poderão resultar danos físicos
e/ou funcionais, ou morte, ao trabalhador e danos materiais e económicos à empresa". Por outro lado, não é necessário saber exatamente
quanto custam os acidentes do trabalho para se estar convencido de
que sua prevenção é um bom negócio. Basta compreender e perceber
como eles afetam o custo através das suas várias interferências com
as atividadcs da empresa. Essas interferências sempre elevam o custo
ACIDENTES DO TRABALHO
43
do produto ou do serviço da
empresa através dos prejuízos que
causam à qualidade, quantidade e
prazo referentes a esses mesmos
produtos e serviços.
Qualidade, para essa interpretação, não é só o que se refere
ao produto ou serviço final da
empresa. A qualidade de todas as
atividades intermediárias e acessórias pode ser afetada pelos acidentes
do trabalho. Isso eleva O custo, Via de regra as empresas descoernbora nem sempre seja prejudicial nhecem o montante dos prejuízos
à qualidade final do produto.
causados pelos acidentes.
Quantidade, para efeitos de estudo dos acidentes, não é só a
quantidade final do produto prevista pelo programa de produção.
Os acidentes do trabalho afetam tanto essa quantidade, como aquela
que deve ser alcançada por seções da empresa, por grupos de trabalho,
por máquinas e mesmo por indivíduos. A compensação dessas deficiências de quantidades para que a quantidade final não seja prejudicada, torna-se, na maioria das vezes, altamente onerosa para a
empresa. O custo é mais uma vez elevado por causa de acidentes
do trabalho.
O mesmo acontece com referência ao prazo; quase sempre se
entende como prazo, somente aquele estabelecido para que a empresa
entregue certa quantidade de produto. Os prazos intermediários são
muitas vezes ignorados. O prazo que uma seção tem para entregar
as peças ou materiais em processo para o estágio seguinte da produção; o prazo estabelecido para que determinada modificação se processe em ferramental ou instalações; o prazo dentro do qual alguns
trabalhos de manutenção e reparos devem ser terminados; enlim, são
muitos os prazos que deveriam ser obedecidos no processamento
normal do trabalho e que nem sempre são conseguidos, devido à
ocorrência de acidentes. Qualquer tentativa de compensar tempo perdido para salvar o prazo virá onerar o custo da empresa. Deve-se
levar também em conta o prejuízo da parada, às vezes, de uma
sequência de operações, porque uma delas não correspondeu ao prazo
estabelecido para sua execução.
Quando ocorrem acidentes, o custo é sempre alterado, mas,
geralmente, essas despesas não são contabilizadas como oriundas dos
acidentes do trabalho.
Dentre as consequências dos acidentes do trabalho que trazem
como resultado várias elevações de custo podem-se destacar as
seguintes:
ACIDENTES DO TRABALHO
44
45
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
Afastamento das pessoas acidentadas
O afastamento do trabalho, das pessoas que sofrem lesões, é
uma consequência imediata. O afastamento prejudicial não é só
aquele em que as pessoas permanecem vários dias incapacitadas,
antes de reassumirem suas atividades. Também, a soma dos curtos
períodos de tempo que as pessoas gastam para ir ao ambulatório
receber o curativo e retornar ao trabalho nos casos de lesões leves,
também deve ser considerada prejudicial.
O seguro de acidentes do trabalho dá cobertura só às despesas previstas por lei. Nos casos acima citados, quem paga as
demais despesas das paralisações do trabalho, da queda de produção
por não se ter um homem tão bem treinado para substituir o ferido
etc.? É a empresa, embora ela própria possa não atentar para essa
realidade.
colegas, até os comentários, tempo de investigação, etc., é muito
tempo que se perde, tempo que será sempre melhor aproveitado
à medida que for diminuindo o número de acidentes do trabalho.
Como é fácil avaliar, os problemas económicos dos acidentes do
trabalho são sérios e, se a empresa tem realmente interesse em manter
baixo e estável o seu custo operacional, deve, sem dúvida, dispensar
toda atenção à prevenção desses acidentes. Embora a parte material
seja bastante destacada, o homem deve ser o principal objetivo da
prevenção de acidentes do trabalho; primeiro: porque é o mais valioso
elemento da organização, cuja perda, por motivo de acidente, não
pode ser compensada pelo dinheiro; segundo: porque depende dele,
do seu comportamento, das suas atitudes e de sua autoridade, conforme o caso, o sucesso ou fracasso de qualquer programa que vise à
segurança do trabalho.
RESUMO
Danificação de Máquinas, Equipamentos etc.
Os danos materiais dos acidentes do trabalho são elevados;
quebras de máquinas, danos nas edificações, perda de materiais etc.,
são alguns exemplos desses prejuízos. Todas as danificações devem
ser reparadas e esses reparos custam dinheiro. Um bom exemplo
é encontrado nos trabalhos de manutenção. Grande parte dos trabalhos de reparos é devida a acidentes, principalmente onde não há
manutenção preventiva, embora o fato nem sempre seja interpretado
como acidente. Como os reparos e substituições de peças devido a
desgastes normais são inevitáveis, o único meio de reduzir o custo
de manutenção é prevenindo acidentes.
Influências psicológicas negativas
A influência psicológica negativa, quer na pessoa do acidentado,
no grupo de trabalho, ou mesmo em outras pessoas, é fato muito
conhecido como um dos prejudiciais ao bom andamento do trabalho.
As vezes, toda uma empresa, e mesmo uma comunidade, pode
sentir-se abalada e sofrer as consequências psicológicas de acidentes
graves, com prejuízos que, embora reais, não aparecem registrados
nas folhas de contabilidade como decorrentes de acidentes do
trabalho.
Perda de tempo por outras pessoas
O tempo perdido por outros que não o acidentado também pesa
no custo das empresas, embora permaneça oculto como muitos outros
fatôres de custo. Desde o tempo gasto por socorro prestado por
• Existem definições de acidentes de trabalho que abrangem
apenas um ou outro dos aspectos específicos do acidente.
• As definições de dicionário são exemplos das que cobrem
apenas certas facetas do acidente do trabalho.
• A lei não define o acidente do trabalho como tal, mas
estabelece condições e circunstâncias nas quais um acidente é considerado do trabalho.
• Sob o aspecto técnico-preventivo, acidentes do trabalho'são
todas as ocorrências não programadas, estranhas ao andamento
normal do trabalho, das quais poderão resultar danos físicos, e/ou
funcionais, ou morte ao trabalhador, e danos materiais e económicos
à empresa.
• Para maior clareza, deve-se estudar os acidentes do trabalho
em seus dois lados importantes — o acideme-meio e o acidente-iipo.
' Acidente-meio é a "ocorrência não programada, etc., etc.,
etc."
• Acidente-tipo é a maneira como a pessoa é atingida pelo
agente da lesão.
• Os acidentes do trabalho são nocivos sob todos os aspectos
em que possam ser analisados.
• O lado humano do acidente está sempre mais em evidência,
por ser o acidente que fere as pessoas o mais aceito como acidente
do trabalho.
• Para se ter uma ideia dos problemas sociais, basta imaginar
a quantidade de pessoas inválidas em consequência de acidentes do
trabalho.
• Os problemas económicos ferem tanto o trabalhador corno
a empresa e, indiretamente, a sociedade e a própria nação.
PRÁTICA DA. PREVENÇÃO DE ACIDENTES
• Ê difícil calcular o quanto os acidentes do trabalho custam
para a empresa; é fácil, porém, entender como eles contribuem para
a elevação dos custos industriais.
• O custo é afetado pela interferência dos acidentes na qualidade, na quantidade e nos prazos estabelecidos para a produção.
• Os fatóres gerais de interferência com o custo são: afastamento de pessoas acidentadas; danificação de máquinas, equipamentos etc.; influências psicológicas negativas; perda de tempo também por outras pessoas.
3
O HOMEM E O ACIDENTE DO TRABALHO
O homem possui e usa espontaneamente reflexos de autodefesa.
Estes o protegem contra riscos e agressões perceptíveis aos seus cinco
sentidos. Embora não se dê conta, o homem está constantemente se
defendendo dos agentes externos que poderiam lhe causar algum mal.
É comum a pessoa interromper ou reverter o movimento da mão,
quando, ao aproximá-la de um objeto ou, ao tocá-lo, perceber que
está quente; é o reflexo de defesa ativado pelo tato.
É comum também a atitude de cerrar ou semicerrar as pálpebras,
como proteção dos olhos, diante de raios luminosos intensos; é o
sentido da visão que o protege, reclamando e obtendo esta atitude
espontânea de defesa, para os órgãos visuais.
Os órgãos respiratórios c olfativos também são espontaneamente
protegidos, quando a pessoa prende parcialmente a respiração ou leva
as mãos ou lenço às narinas, na presença de odores desagradáveis
ou de poeira suspensa no ar.
A repelência do paladar a alimentos deteriorados, e a outras
substâncias estranhas e perigosas, é outro exemplo de autodefesa do
homem através dos seus órgãos dos sentidos.
A atitude de guarda, tíe alerta ou de fuga, que o homem toma
ao ouvir ruídos violentos como tiro, explosão, etc., sem que tenha
visto a fonte ou a cena do ruído, é atitude de autodefesa despertada
pelo sentido auditivo.
Essas são atitudes de autodefesa que a pessoa assume ao perceber
qualquer perigo através de um dos seus sentidos. Vale dizer que as
reações espontâneas e os reflexos de proteção, como os citados, isentam as pessoas de incorrerem em riscos maiores e de virem a sofrer
as consequências ou causarem acidentes do trabalho. Entretanto, por
mais elevado que seja o grau de percepção espontânea do perigo é o
48
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
reflexo de auto-defesa, estes são insuficientes para proteger o homem
de todos os riscos que as atividades profissionais comportam.
Assim, nos estudos que se realizam visando à prevenção de acidentes do trabalho, o homem é sempre o principal fator em todos os
aspectos que o envolvem e o relacionam com os acidentes e sua
prevenção.
O HOMEM c o ACIDENTE DO TRABALHO
únicos fatôres inseparáveis e inevitáveis de toda a série de acontecimentos que dá origem ao acidente e a todas as suas indesejáveis
consequências.
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CAUSAS DOS ACIDENTES DO TRABALHO
A teoria proposta por Heinrich no livro "Industrial Acident Prevention" continua sendo a fórmula clássica de demonstrar como o
homem participa da sequência de fatôres que culmina com a ocorrência
do acidente e as suas consequências.
Segundo essa teoria, tudo começa com o homem que, por hereditariedade ou influência do meio social, poderá ser portador de
caracteres negativos de personalidade, de caráter, de educação etc.
Dessas características advêm as falhas humanas que tanto no campo
técnico ou administrativo, e mesmo braçal, dão origem aos dois principais elos da cadeia do acidente que são: atos inseguros, praticados
pelas pessoas no desempenho de suas funções, e condições inseguras,
criadas ou mantidas no ambiente pelos mais diversos motivos aparentes, mas somente por um verdadeiro, isto é, a falha humana em não
endender que os trabalhos não deveriam ser executados em quaisquer
condições que não fossem totalmente seguras para as pessoas. Dos
atos e condições inseguros, combinados ou não, resultam os acidentes,
que causam lesões ao homem e prejuízos à empresa.
£ de se notar, também, que, além das lesões sofridas pelas
pessoas, muitos prejuízos materiais incluem-se nas consequências dos
acidentes do trabalho, como foi explanado no capítulo anterior.
Do que se pode depreender da teoria de Heinrich, a prevenção
de acidentes se consegue, na prática, evitando-se os atos inseguros da
parte do trabalhador, corrigindo e não criando condições inseguras
nas áreas de trabalho.
Uma variante da teoria da cadeia do acidente está demonstrada
na figura da página seguinte.
Tudo se origina do homem e do meio, através de características
que lhe são inerentes, ou nêie criados, e que requerem atitudes
sua educação etc., prejudiciais quando falhos; o meio, com os riscos
que lhe são inerentes, ou que nele são criados, e que requerem atitudes
e medidas corretas por parte do homem para que sejam controlados,
neutralizados e não se transformem em fontes de acidentes. Assim
começa a sequências de fatôres, com o homem e o meio como os dois
49
\(TÕNDICÕES
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CflNO M A T E R I A L
AO MEIO
MEIO
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A cadeia do acidente, que culmina com prejuízos materiais
e/ou humanos, tem no homem e no meio os dois únicos
elementos inseparáveis e inevitáveis. Os demais podem ser
controlados e evitados mediante, naturalmente, o aperfeiçoamento do homem e do meio.
Os fatôres pessoais e materiais, que vêm a seguir, dizem respeito,
respectivamente, ao homem e ao meio. São aqueles que comprometem,
de uma ou de outra maneira, a segurança do trabalho, isto 'é, aqueles
dos quais podem resultar atos e condições inseguros, em decorrência
de erros administrativos, erros técnicos, erros na execução de tarefas,
falta de conhecimento de segurança, interpretação errónea, má avaliação do perigo etc. É de se lembrar, mais uma vez, que nem sempre
atos e condições inseguros estão ao mesmo tempo presentes às ocorrências de acidentes do trabalho.
Nessa altura, já se entende o que são causas de acidentes do
trabalho, que podem ser assim definidas: atitudes humanas e
condições materiais inseguras que, combinadas ou não, propiciam a
ocorrência de acidentes.
Atos e condições inseguros, que decorrem de fatôres pessoais e
materiais, são as causas que precedem ou desencadeiam os acidentes
do trabalho. Pela importância que têm na aplicação de medidas de
segurança do trabalho, esses dois tópicos serão tratados, especificamente, mais adiante.
O acidente do trabalho, que é o resultado das causas genéricas
já tratadas, traz como consequência lesões físicas ou distúrbios funcionais ao homem e/ou danos materiais ao meio; estes, em síntese,
são os prejuízos maiores sofridos pelas empresas.
PROPENSÃO AO ACIDENTE
É discutível a existência ou não de pessoas propensas a sofrer
acidentes. É preferível aceitar a ideia de que existem condições de
51
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
O HOMEM E o ACIDENTE DO TRABALHO
saúde, estados de ânimo e temperamentos que, em determinadas circunstâncias ou ocasiões, propiciam condições para a ocorrência de acidentes
do trabalho. Dentre essas podem ser citadas várias, como as que
scsrucm.
treinamento do pessoal e o mesmo critério da seleção de novos candidatos, aplicado nos casos de transferências, viriam prevenir muitos
problemas de acidentes e outros, pela adaptação do empregado à
atividade que lhe é atribuída.
Inaptidão para o trabalho
Temperamento
50
A aptidão para o trabalho é tão importante para a perfeita
execução da tarefa como para a segurança de quem n executa. A
inaptidão, ao contrário, chega a ser um desastre.
É culpa da pessoa a falta de aptidão para o trabalho que executa?
Nem sempre, mas às vezes é.
É comum uma pessoa, principalmente se não tem profissão definida, sujeitar-se a qualquer tipo de serviço, principalmente quando
necessita ganhar o sustento e não há muita escolha no mercado de
trabalho. É freqiicnte, nesses casos, as pessoas executarem o trabalho
sem a necessária aptidão e, muitas vezes, sem qualquer possibilidade
de adaptação satisfatória.
A empresa onde o trabalhador é admitido nem sempre possui
serviço especializado de seleção. No caso, o candidato a emprego,
que também às vezes desconhece sua real aptidão, é recrutado para
preencher a vaga que existe, decorrendo daí muitos casos de inaptidão
para o trabalho.
Há também os casos em que a pessoa escolhe o trabalho ou
profissão sem se preocupar com a vocação. Alguns seguem a profissão
tradicional da família; outros são coagidos pela família a seguirem a
profissão do pai, ou de algum parente ou conhecido, por ser rendosa;
outras vezes, o próprio indivíduo escolhe a profissão ou serviço por
achá-lo rendoso ou por prever bom futuro para aquela atividade, sem
dar atenção ao talento; outros, ainda, procuram trabalhar onde já
trabalham parentes ou amigos, não importando a atividade que vão
exercer. Existem, também, os deslocados profissionais, que tiveram
o emprego arranjado por amigos ou por recomendação de pessoas
influentes, além daqueles que, dentro da empresa, pleiteiam transferência só porque preferem trabalhar ao lado de certos amigos ou
sob a jurisdição de certo chefe, sem se importar com a adaptação ou
não à nova atividade.
Estes são alguns exemplos de pessoas inaptas para o trabalho e
que causam muitos transtornos, principalmente acidentes.
Nesse particular, as empresas deveriam aperfeiçoar sempre mais
seus métodos de seleção e recrutamento, no sentido de conseguir
escolher a pessoa certa para cada vaga existente; o cuidado com o
De acordo com o seu temperamento a pessoa pode estar mais
ou estar menos segura na atividade que exerce. Em outras palavras,
as pessoas podem provocar a ocorrência de acidentes do trabalho por
atitudes tomadas devido ao temperamento. As pessoas de temperamento nervoso, irritadiço, às vezes até explosivo, são perigosas tanto
para si mesmas como para os outros. São as que não aceitam ordens
com espontaneidade e não as entendem corretamente. Ê muito comum
criarem situações perigosas pela alteração dos reflexos e descoordenação dos movimentos.
Quando ocupa uma função de comando, as atitudes do "nervoso"
influem negativamente no grupo subordinado, causando desentendimentos, descontentamentos e mal-estar geral, : quc criam condições
favoráveis à ocorrência de acidentes do trabalho.
Outros temperamentos também podem propiciar campo para os
acidentes, conforme a intensidade e circunstância em que eles se
manifestam. Mesmo o muito alegre, extrovertido, irriquieto, embora
com temperamento benigno, causa complicações de segurança quando
"prega uma peça" ou faz r.lguma brincadeira com um colega de
serviço, para dar vazão ao seu temperamento.
A educação relativa à segurança, e a consciência da prevenção de
acidentes atenuam decisivamente os riscos "de acidentes do trabalho
em qualquer circunstância e qualquer que seja o temperamento das
pessoas envolvidas.
Preocupação
A preocupação é um estado de ânimo que pode levar as pessoas
à prática de atos condenáveis sob o ponto de vista da segurança do
trabalho. Problemas passionais, domésticos, financeiros, e mesmo a
expectativa de algum acontecimento não rotineiro causam preocupações. É difícil alguém deixar de se preocupar em face de um desses
problemas. Porém, muitas das preocupações existem ou persistem por
falta de orientação ou por desconhecimento da pessoa acerca do objeto
da preocupação.
As campanhas educacionais de segurança do trabalho deveriam
preocupar-se com orientações sobre a preocupação. Muitos problemas
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PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
O HOMEM E o ACIDENTE DO TRABALHO
que preocupam a pessoa são criações da própria imaginação, ou da
maneira própria e errónea de interpretar determinadas situações. Por
que ficar remoendo um pseudo-problema sem recorrer a alguém que
possa ajudar a esclarecê-lo? Por que guardar para si uma preocupação,
criando no íntimo, muitas vezes, um mundo convulsivo, mas vazio de
realidade? Por que não procurar a palavra, o auxílio moral de alguém
que pode afastar a preocupação e mesmo dar solução para o problema,
nem sempre tão aflitivo como parece?
A preocupação contribui para a ocorrência de acidentes. As
pessoas necessitam entender que as preocupações devem ser evitadas;
em primeiro lugar, porque não resolvem os problemas que as originam
e em segundo porque podem acrescentar um mal maior aos já existentes, isto é, um acidente com suas consequências.
53
acha que está certo, que pode fazer algo mais importante ou mais
difícil, sem ter certeza disto. Muitas vezes, após tentativas frustradas,
tenta convencer-se com desculpas hipotéticas e argumentos absurdos,
simplesmente por não aceitar as limitações de sua inteligência ou habilidade.
Outras vezes, despreza qualquer resultado de testes psicotécnicos
quando estes não satisfazem suas expectativas ou desejos. Isto porque
as pessoas não apreciam ver suas falhas reveladas; às vezes por achar
que são um insulto a si mesmas, outras vezes por preferir ignorá-las.
Não importa qual seja o pensamento geral das pessoas. Os
serviços de seleção e recrutamento de pessoal das empresas devem
contribuir decisivamente para a segurança do trabalho, escolhendo,
dentre os candidatos às vagas existentes, aqueles que apresentarem
melhores características para executar seguramente o trabalho.
Emoção
As alterações emocionais repentinas, quer seja por motivo de
alegria, de tristeza, de aborrecimento ou mesmo por um susto, alteram
os reflexos e as reações das pessoas, levando-as a falhas perigosas em
qualquer atividade que exerçam. O indivíduo está sempre mais sujeito
a acidentar-se quando sob a influência de qualquer impacto emocional.
O risco é sempre maior nas atividades ern que os movimentos da
pessoa devem ser sincronizados com movimentos de máquinas, de
equipamentos e de outras pessoas.
Nem todos possuem suficiente autocontrole para manter normais
as reações em casos de grande emoção. Portanto, quem assim se
reconhece, deve procurar compensar essa falha com precauções extras.
Inteligência lenta ou retardada
Existem pessoas que não aprendera ou têm muita dificuldade em
aprender coisas consideradas relativamente fáceis. São casos de inteligência abaixo do normal, muito lenta ou de pouco alcance. Em
ambos os casos a pessoa corre mais riscos de causar acidentes, tanto
quando ocorrem fatos fora da rotina em sua atividade, como quando
é obrigado a mudar de atividade, por exigir um tempo maior de
adaptação que as pessoas comuns.
O ideal seria que cada um, além de reconhecer suas verdadeiras
aptidões, soubesse avaliar sua inteligência, a fim de não se expor a
fracassos e a acidentes.
Isto, porém, não é fácil, porque, via de regra, o homem não
consegue avaliar-se a si mesmo de maneira imparcial. £le sempre
CAPACIDADE FÍSICA E DOENÇAS
As pessoas deveriam conhecer c aceitar sempre qualquer limitação
que sua capacidade física ou doenças lhes impusessem. No entanto,
isso nem sempre acontece, O empregado é admitido após rigorosos
exames médicos, mas, mesmo assim, muitas vezes, se
expõe a riscos ou cria situações perigosas por não
saber até onde poderá chegar seguramente.
O homem é um eterno e orgulhoso exibicionista de suas capacidades
físicas. O fascínio da competição leva-o a excessos
perigosos. Por exibicionismo ou competição, procura muitas vezes demonstrar sua força muscular,
tentando levantar e carregar pesos no limiar ou
além de sua capacidade.
São frequentes as lesões da
coluna vertebral, as lombalgias de esforço e outros
O exibicionismo e a euforia dos aplausos
males que contrai nessas
'levam ,o homem a muitas práticas
contendas desnecessárias.
inseguras.
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
O HOMEM E o ACIDENTE DO TRABALHO
As pessoas devem aceitar as limitações físicas, conformar-se com
elas, em vez de procurar dissimulá-las exercendo esforços excessivos
para seu estado orgânico, adicionando mais perigos aos que já correm,
além de estendê-los a outros. Neste aspecto, o homem tem de ser
realista. Se houver um mal, deve procurar um médico e submeter-se
aos tratamentos necessários. Deve reconhecer que muitas deficiências
que hoje, entre outros inconvenientes, levam as pessoas a sofrer acidentes, originaram-se de pequenos males que, na ocasião oportuna,
não mereceram a atenção necessária.
Dar a uma pessoa fisicamente fraca uma atividade condizente com
seu estado de saúde é muito importante para a prevenção de acidentes
do trabalho. Mas. sempre deve haver, nesses casos, uma tentativa de
recuperação do estado físico normal, quando essa possibilidade existir.
Dentre as incapacidades, insuficiências e defeitos físicos que podem comprometer a segurança do trabalho, segundo experiência já
consolidada, destacam-se as. seeuintes:
O portador de visão insuficiente nem sempre a percebe quando
sua atividade não requer muita acuidade visual. Muitas vezes, para
sua surpresa, é recomendado que consulte um oftalmologista, após
submeter-se a testes, rfieámd niílímentares, de suficiência visual. Isto
ocorre, com mais frequência, entre candidatos a emprego, quando o
exame de visão faz parte dos exames pré-admissionais e com candidatos
a exames para obtenção da carteira de motorista ou para revalidação
da respectiva ficha de sanidade.
Há casos em que o indivíduo não corrige a irregularidade visual
por negligência ou por motivos económicos. Em ambos os casos,
porém, as consequências são as mesmas: redução cada vez mais da
capacidade visual e exposição permanente aos riscos de acidentes
acarretados pela má visão.
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Surdez
A surdez é uma falha que pode complicar a segurança do trabalho
de seus portadores, assim como de outros. Um alarme não ouvido,
avisos e ordens mal entendidos poderão acarretar consequências
danosas.
Certas atividades, tais como manobras de veículos e outras, em
que a pessoa deve guiar-se por sons ou ruídos, ou qualquer espécie
de alarme, a bem da segurança, não devem ser exercidas por pessoas
portadoras de insuficiência auditiva.
O surdo, para trabalhar com segurança pode: primeiro, tratar
e curar a surdez, se possível; segundo, corrigi-la com aparelho auditivo;
terceiro, redobrar as precauções quanto ao entendimento de avisos,
sinais etc., para execução de suas tarefas.
55
Daltonismo
O daltonismo é uma falha visual específica que pode trazer complicações à segurança do trabalho.
Os daltônicos confundem as cores, principalmente a verde e a
vermelha. São reprovado? como motoristas, pois essas cores representam grande parte da segurança do trânsito.
Também na indústria n distinção de cores c importante para a
segurança de certas atividr.des. Eletricistas, mecânicos, operadores de
máquinas etc., poderão causar acidentes se forem daltônicos. Cabos
elétricos, comandos de máquinas, pontos perigosos etc., são por norma
ou por precaução, pintados cm determinadas cores, que as diferenciam
para evitar enganos perigosos.
É aconselhável que pessoas daltónicas só executem serviços nos
quais a distinção das cores não tenha importância sob o ponto de
vista da segurança do trabalho.
Insuficiência visual
Outros inales
Qualquer mal nos órgãos visuais deve merecer toda atenção, a
fim d? preservar esse sentido tão valioso para o exercício do trabalho.
As insuficiências visuais devem sempre ser corrigidas com tratamento
ou com óculos adequados, tão logo sejam percebidas.
O portador de visão insuficiente corre o risco de acidentar-se e
de causar acidentes a outros. É boa a política das firmas que mantêm
controle auditivo e visual dos empregados, tanto para a segurança do
Algumas doenças são problemas específicos de segurança, alem
do mal que. em si, representam para o seu portador. O epiléptico c
portador de um desses j-roblcmas. T:/-.;o cerre riscos de acidentes
como pode causá-los a outros.
Embora sujeitos aos ataques e desmaios típicos do mal são pessoas
que necessitam trabalhar, pois suas condições não são consideradas
como de incapacidade paia o exercício do trabalho. Algumas firmas
preferem n H n admitir ou mermo se desfazer de empresados portadores
PRÁTICA DA PREVENÇÃO m:. ACIDENTE;;
O HOMEM n o ACIDENTE DO TRABALHO
de epilepsia, Aquelas que os possuem devem ter o cuidado de adaptá-los a trabalhos que não envolvam n.áquinas perigosas, escadas,
andaimes etc., isto é, colocá-lo em condições tais que, se acometido
de um ataque, o ambiente ou equipamentos não proporcionem riscos
adicionais. O serviço médico da empresa deve também interessar-se
pelo controle medicamentoso de que geralmente a pessoa necessita.
Esses cuidados da empresa, além do cunho social e psicológico favorável que apresentam, vêm favorecer muito a prevenção de acidentes
do trabalho.
O alcoólatra é outro que poderá se constituir num problema para
a segurança do trabalho. Além dos efeitos maléficos do álcool sobre
o organismo, que causam diferentes distúrbios do aparelho digestivo,
nervoso etc., o alcoólatra, via de regra, sofre alterações de reflexos
e de raciocínio que prejudicam suas atividades, principalmente no que
diz respeito à segurança. Exemplos típicos são os acidentes de trânsito, onde a falha do raciocínio e dos reflexos, motivada pelo excesso
do álcool ingerido pelo motorista, são sua causa fundamental.
O que poderá fazer uma empresa para evitar essas situações?
Não se pode estar certo de que a firma consiga evitar que seus empregados bebam, mas algo pode ser feito; primeiro, tratar de conhecer
os hábitos dos empregados através da supervisão; segundo, aconselhar
individualmente os empregados viciados por intermédio do serviço
médico e promover campanhas gerais de esclarecimento; terceiro,
não ser tolerante com os estados de embriaguez que forem observados
no trabalho.
Certas fobias são outros inconvenientes para a segurança do
trabalho, caso elas não sejam conhecidas ou os portadores de casos
específicos sejam obrigados a trabalhar em condições que lhes são
contra-indicadas. É perigoso, por exemplo, que um portador de acrofqbia, medo de altura, seja designado pata executar um trabalho em
níveis elevados, sobre escadas, plataformas etc.; que o portador de
claustrofobia, medo do estado solitário ou de clausura, trabalhe em
lugar isolado, sozinho, em sala fechada etc.
É importante, portanto, que os supervisores de grupo de trabalho
conheçam seus subordinados nesse particular, para avaliar o que cada
um poderá sentir nas diversas situações que a atividade criar, e, assim,
evitar que das peculiaridades de certas pessoas, se originem acidentes.
acidentes do trabalho. O analfabeto não pode usufruir os benefícios
de instruções e normas de segurança escritas que são muito importantes em certos trabalhos. Não lê um aviso de perigo, ou os dizeres
de rótulos de materiais perigosos etc. Portanto, se for designado para
executar determinadas tarefas, onde a leitura de avisos, instruções etc.,
for necessária, correrá riscos dos quais outros estarão isentos.
ANALFABETISMO
O analfabeto é portador do que pode ser chamado um mal
social, o analfabetismo, que pode ser a causa fundamental de alguns
Não é o caso, no entanto, de deixar os analfabetos desempregados.
É, isso sim. o caso de colocá-los em atividades onde sua deiiciência
cultural não venha a comprometer sua integridade física, a de outros
ou o próprio património da empresa.
O analfabeto poderá, de acordo com as circunstâncias, sentir-se
deslocado no grupo, inibido pela sua situação, o que enfraquecerá
suas atitudes seguras no trabalho.
Dada a importância do fato, é elogioso o que muitas empresas
têm feito no sentido de alfabetizar os empregados que antes não
tiveram oportunidade de frequentar a escola.
OUTRAS FALHAS
Além das apontadas, muitas outras falhas do homem podem contribuir para que ele se acidente ou cause acidentes no trabalho. As
falhas nem sempre são totalmente sanáveis, mas, quase sempre, podem
ser atenuadas de modo a livrar seus portadores de ocorrências .lamentáveis.
No meio social, em que vive, no convívio com outras pessoas, no
lar, nos divertimentos em geral e mesmo no ambiente do trabalho, as
pessoas podem adquirir caracteres de agressividade de indolência, de
negligência etc., quase sempre comprometedores da sua segurança no
trabalho. Os desregramentos, os excessos, os vícios, também costumam
comprometer as pessoas quanto ao. comportamento no trabalho.
Se de um lado, as falhas orgânicas, psicológicas e culturais comprometem a segurança do trabalho, de outro, as falhas profissionais
ou de orientação laborativa também se unem às primeiras para tornar
os trabalhadores mais vulneráveis a acidentes do trabalho. Essas
últimas, as próprias pessoas podem corrigi-las, ou tê-las corrigidas no
próprio ambiente de trabalho, desde que alguns princípios de integração e treinamento sejam obedecidos. Esses princípios, bem aplicados, conseguem muito bons resultados, em matéria de prevenção
de acidentes, pelo ensino correto do trabalho. Isto é, bem integrado
e treinado, o homem produz mais e melhor, em menos tempo, sem
provocar acidentes e nem ser sua vítima.
58
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
A bem da segurança, da qualidade do trabalho e do custo do
produto, os trabalhadores devem ser adequadamente integrados às
atividades que exercem.
TREINAMENTO
• O valor e mesmo a necessidade do treinamento na indústria não
são ainda suficientemente reconhecidos. Mesmo que. a firma tenha
interesse e mantenha serviço especializado, nem sempre consegue a
adesão de todos os interessados ou então que as atribuições de treinamento sejam estendidas a todos que dele devem participar.
.Não vão aqui críticas ou sugestões; apenas uma afirmação. Muitos
acidentes do trabalho — muitos mesmo — ocorrem por falta
ou deficiência de treinamento, daquele treinamento específico que os
supervisores devem ministrar aos
subordinados, conforme a atividade de cada um.
Os supervisores são frequentemente deixados à margem
da faceta importante do treinamento, que é a sua participação
ativa no ensino do trabalho, na
orientação e acompanhamento
posteriores dos empregados. Às
vezes, quando teoricamente ele
possui essas atribuições, o setor
responsável pelo treinamento n Só.
dispõe de meios para acompanhar e avaliar a atividade do
supervisor.
O treinamento na indústria significa
Se a empresa possuir um
maior rentabilidade da mão-de-obra,
bom programa de segurança,
melhor aproveitamento das qualionde todos os acidentes sejam
dades individuais e mais segurança
investigados e suas causas, pelo
no trabalho.
menos as mais evidentes, sejam
analisadas, esses relatórios serão o espelho da atuação dos supervisores. Basta atentar para a ampla conceituação dos acidentes do
trabalho para se chegar à conclusão de que o mais importante a ser
ensinado aos trabalhadores é qual a maneira segura de executarem
suas atividades, e o mais importante a conseguir é que executem suas
atividades como lhes joi ensinado. E quem poderá fazer isso melhor
que os supervisores? Se houver alguém capaz, este deverá ser o
supervisor.
O HOMEM E o ACIDENTE DO TRAHALHO
59
MÁQUINAS, FERRAMENTAS ETC.
Alguns conhecimentos são de valor fundamental para a execução
segura dos trabalhos. Quando estes envolvem máquinas, ferramentas
ou outros equipamentos, o trabalhador deve conhecer os pontos perigosos ou as fases perigosas do serviço. Ao mesmo tempo, é imprescindível que saiba como se proteger e quais os dispositivos e equipamentos disponíveis para sua proteção.
Isto requer treinamento, embora, às vezes, sob a forma de simples
instruções. E o chefe deve estar em condições de ensinar os subordinados.
MATERIAIS
£ necessário conhecer muito bem os materiais com os quais se
trabalha; suas finalidades, suas características perigosas à saúde e
integridade física. Quantos acidentes graves e mesmo fatais ocorrem
porque as pessoas nem sequer suspeitam das propriedades do material
que empregam, embora sejam produtos letais.
Saber a maneira de manusear e guardar produtos perigosos é algo
imprescindível dentre os conhecimentos do pessoal que usa esses materiais. Quais os equipamentos protetores e os cuidados de higiene
pessoal a serem observados são outros pontos a serem seguidos rigorosamente pelos trabalhadores. Os serviços de segurança devem estar
em condições de .fornecer todas as recomendações necessárias para a
manipulação e guarda segura de materiais ou resíduos, tóxicos, corrosivos etc. Aos supervisores cabe ensinar os subordinados para que as
recomendações sejam postas em prática e seguidas corretamente.
ARRUMAÇÃO E LIMPEZA
A boa arrumação dos locais de trabalho e a relativa limpeza são
dois fatôres imprescindíveis para a melhor produtividade e para a
segurança do trabalho. Coisas fora dos lugares adequados, quer atravancando a passagem, retardando a circulação de pessoas e de materiais ou ainda tomando tempo d? qirem as necessita e não as encontra, são prejudiciais ao trabalho c sf:o a causa de muitos acidentes.
A limpeza é outro fator a ser observado: todos os locais de trabalho podem ser mantidos bem arrumados e relativamente limpos.
Por exemplo, uma fábrica de louça poderá ter tanta poeira suspensa
ou acumulada como uma fundição de ferro; esta porém terá aparência
60
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
menos agradável e parecerá mais suja. A diferença maior, no entanto,
estará na cor da poeira. A situação de limpeza considerada boa para
uma fundição seria condenável para um oficina mecânica e a que
seria ótima para esta não seria em hipótese alguma aceita para uma
fábrica de produtos alimentícios.
Relativamente, no entanto,
todos os locais de trabalho podem ser limpos e bem arrumados; é necessário que todos
compreendam isso; que a empresa o reconheça; que os supervisores se interessem Q formem nos seus grupos de trabalho
o hábito de trabalhar em ordem,
Ordem, limpeza, disciplina e cortesia
com ioda a limpeza possível, o
tornam mais agradáveis os momentos
que resultará em menos desperque se passam no local de qualquer
atividade.
dício e mais segurança.
DISCIPLINA E RELAÇÕES HUMANAS
O comportamento disciplinar e o relacionamento entre os membros de um grupo de trabalho são dois fatôres de valor fundamental
para o sucesso de qualquer atividade. Qualquer supervisor sabe que
a falta de disciplina é um entrave em qualquer atividade em grupo.
Nem todos, porém, sabem como estabelecer um regime de disciplina
onde esta não é muito boa e outros não conseguem mante-la quando
qualquer desvio dos bons costumes disciplinares surge repentinamente.
A disciplina é muito importante para a segurança do trabalho
como para os demais aspectos da produção como melhor qualidade,
maior aproveitamento da mão-de-obra e materiais etc. Onde o chefe
é um líder, como deveriam ser todos os supervisores, o relacionamento
no grupo é bom, a disciplina é boa e os riscos de acidentes do trabalho, com todas as suas consequências, ficam reduzidos ao mínimo.
As pessoas, mesmo as portadoras de falhas e limitações, poderão
trabalhar isentas de riscos de acidentes, desde que sejam treinadas,
tenham suficientes conhecimentos básicos de segurança e se comportem disciplinadamente em suas atividades.
RESUMO
• O homem possui reflexos de auto-defesa, ativados pelos
seus sentidos, mas que não são suficientes para protegê-lo contra
os acidentes do trabalho.
O HOMEM E o ACIDENTE no TR.UUUIO
61
• O homem é sempre o principal fator em todos os aspectos
que o envolvem e o relacionam com os acidentes do trabalho
e sua prevenção.
• As atitudes humanas e condições materiais inseguras, combinadas ou não, propiciam a ocorrência de acidentes, isto é, são
a sua causa.
• Certos estados do indivíduo, em determinadas circunstâncias
ou ocasiões, facilitam a ocorrência de acidentes.
• A inaptidão para o trabalho é ao mesmo tempo um problema profissional e de segurança.
• O temperamento do indivíduo pode exercer influências
benignas ou maléficas sobre a sua segurança no trabalho.
• A preocupação causa um estado de ânimo que pode levar
as pessoas à prática de atos contrários à segurança do trabalho.
• Os impactos emocionais alteram os reflexos e reações das
pessoas, levando-as a falhas perigosas.
• Pessoas que exercem tarefas além de sua capacidade de
inteligência correm mais riscos de acidentes.
• Quem tenta ou é obrigado a executar trabalhos além de sua
capacidade física também se expõe mais aos riscos de acidentes.
• As insuficiências visual e auditiva são perigosas para os
trabalhos e devem, sempre que possível, ser corrigidas.
• Muitos outros males, entre eles o analfabetismo, podem ser
perigosos no que tange à segurança da pessoa e devem ser levados
em conta na designação de tarefas aos trabalhadores.
• O treinamento na indústria assume grande importância,
principalmente com relação à segurança do trabalho.
• Cada trabalhador deve conhecer adequadamente as máquinas, ferramentas, materiais etc., envolvidos no seu trabalho —.isto é,
deve conhecê-los também sob o aspecto segurança.
• Arrumação e limpeza, ordem e disciplina, são coisas que
o trabalhador deve exercer fielmente.
4
CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO
— ATOS INSEGUROS
Atos inseguros e condições
inseguras são os fatôres que, combinados ou não, desencadeiam os
acidentes do trabalho. São, portanto, as causas diretas dos acidentes. Assim, pode-se entender que
prevenir acidentes do trabalho, em
síntese, é corrigir condições inseguras existentes nos locais de trabalho, não permitir que outras
sejam criadas, e evitar a prática de
atos inseguros por parte das pessoas.
Tanto as condições como os
atos inseguros têm origens mais
remotas, como citado no capítulo
anterior. Quase todos os fatôres,
porém, podem ser ou eliminados
ou atenuados, de modo a evitar
que os últimos da cadei?, atos e
condições inseguros, venham a
propiciar a ocorrência de acidentes
— pelo menos para que essas ocorrências se tornem cada vez mais
raras. Condições inseguras serão
objeto de estudo no próximo capítulo.
São muitos os acidentes que têm
como principal causa um ato inseguro praticado pela vitima.
b4
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
ATOS INSEGUROS
Ato inseguro é a maneira como as pessoas se expõem, consciente
ou inconscientemente, a riscos de acidentes. São esses os atos responsáveis por muitos dos acidentes que ocorrem no ambiente de trabalho
e que estão presentes na maioria dos casos em que há alguém ferido.
Fazendo-se uma análise razoável das causas dos acidentes do
trabalho, nota-se que alguns fatôres sobressaem-se entre os atos inseguros, responsáveis por muitas ocorrências indesejáveis.
Dentre eles destacam-se:
Ficar junto ou sob cargas suspensas
Cargas suspensas, quer sejam por pontes rolantes, guinchos,
moitões, cordas etc., podem cair por razões diversas. As pessoas
às vezes, ignoram a possibilidade da ocorrência desses acidentes,
pois desconhecem, ou não acreditam, que os equipamentos estão
sujeitos a falhas elétricas ou mecânicas imprevisíveis, mesmo em
regime de boa manutenção. Por fadiga, desgaste ou esforço a que
são submetidas, peças vitais podem se quebrar ou falhar, decorrendo
daí um acidente.
Por desconhecimento ou por abuso, as pessoas muitas vezes
permanecem junto ou mesmo embaixo de cargas suspensas de onde
não sairão ilesas caso ocorra o acidente. Nos casos em que é
necessária a entrada ou permanência de pessoas sob cargas suspensas,
essas devem ser calçadas, ou qualquer outro recurso deve ser aplicado
de maneira que não caiam, caso ocorra um desarranjo ou quebra
no equipamento de elevação.
Colocar parte do corpo em lugar perigoso
As pessoas sofrem um número muito grande de lesões por
colocarem parte do corpo, principalmente as mãos, em pontos
perigosos: em pontos de prensamcnto, em contato com facas e
outras pecas contundentes nos pontos de operação etc. A maioria
das contusões graves e amputações de dedos e mãos é devido à
colocação das mãos em lugares perigosos.
Os trabalhos devem ser planejados c os equipamentos construídos
de modo a não ser preciso que as mãos ou outras partos do corpo
-- sejam colocados em pontos onde possam sofrer ferimentos. Mas,
q u a l q u e r que seja a condição do equipamento, a colocação de parte
cio corpo em lugar perigoso é um ato inseguro que deve ser evitado.
Nos casos em que. como certas operações de prensas, por motivos
técnicos, o operador necessita colocar as mãos na zona perigosa,
c recomendável a adocão de dispositivos de afastamento automático
CAUSAS DI- ACIDENTES DO TRABALHO — Ares INSEGUROS
65
das mãos ou interligação por células fotoelétricas e. nos casos de
colocação ou reparo dos estampes, os calcos de segurança, entre
a mesa e o embolo da prensa ou e n t r e as matrizes, é imprescindível
para que a prensa não desça acidentalmente.
Usar máquinas sem habilitação ou permissão
Por mais simples que pareçam, máquinas e outros equipamentos
requerem do operador conhecimentos completos para que o trabalho
seja executado com segurança. Não basta conhecer os comandos e
os movimentos da máquina e saber como conseguir o produto que
dela se espera; é imprescindível que também os perigos e os meios
de neutralizá-los sejam conhecidos.
Como as máquinas sempre são atrativos à curiosidade, ou ao
interesse das pessoas em aprender a operá-las, tornam-se uma porta
aberta à prática de atos inseguros. Isto ocorre quando as pessoas
não conhecem a máquina suficientemente, ou mesmo a desconhecem
completamente, e tentam operá-la clandestinamente. Ajs vezes é suficiente o desconhecimento de pequenos detalhes da máquina para daí
resultarem acidentes.
Para operar segura e eficientemente qualquer máquina ou
equipamento é necessário conhecê-los bem. Eles nunca conhecerão
o operador; portanto, o problema da segurança é dele. Devem-se
estabelecer normas rígidas para que somente pessoas habilitadas e
autorizadas possam operar máquinas e equipamentos de trabalho.
Só pode ser considerada habilitada a pessoa que conhece a máquina
que opera, também sob o ponto de vista de segurança.
Imprimir excesso de velocidade ou sobrecarga
Os motivos que levam o trabalhador a i m p r i m i r velocidade
excessiva aos equipamentos e máquinas, ou sobrecarregá-los, são
também vários, porém quase sempre injustificáveis. A tentativa de
produzir mais, quando o trabalhador ganha prémio de produção
ou trabalha a contrato, é um dós motivos que leva a práticas inseguras dessa natureza.
Outros motivos são a preocupação em produzir mais agora para
trabalhar com mais folga ou mesmo vadiar mais tarde; ou, simplesmente, o fato de querer competir com os colegas sem visar a lucros;
e ainda há os casos em que se procura compensar qualquer atraso
de produção usando esse e.\peclie:uc perigoso e noni sempre compensador economicamente.
Cada atitude dessas é uma oportunidade, que se dá ao acidente,
o qual, potencialmente, cresce nessas ocasiões.
Seja qual for o motivo ou pretexto, vaie a pena coibir esses
excessos tanto paru l i v r a r as pessoas de indesejáveis lesões, como
3 i-
66
PRÁTICA DA PKEVENÇÃO u r, ACIDENTUS
para isentar os equipamentos e m á q u i n a s de quebras e gastos prematuros.
Lubrificar, ajustar c limpur máquinas cm movimento
A atitude de lubrificar, ajustar e limpar máquinas em movimento tem sido responsável por grande número de lesões graves e
mesmo fatalidades. Este é um dos poucos atos inseguros tratados,
especificamente pela legislação da segurança do trabalho; não porque tenha se constituído em causa mais frequente de acidentes,
mas, talvez, por ser dos mais evidentes, como ato inseguro, quando
está sendo praticado.
Em muitas indústrias existem m á q u i n a s que trabalham ininterruptamente e que devem ser lubrificadas, limpas e eventualmente
ajustadas como as demais. Para que. no caso, haja segurança, é
necessário que tais máquinas sejam providas de meios que possibilitem
o trabalho isento de risco. Por outro lado, há muitas máquinas que
podem ser ajustadas e lubrificadas em todos os pontos que requerem
lubrificação sem proporcionar perigo a quem executa o trabalho.
Essas poderão servir de exemplo para que outras sejam corrigidas
ou adaptadas quando o trabalho, por motivos técnicos, não permite
que a máquina ou equipamento pare.
A não ser nos casos específicos de máquinas que trabalham
continuamente e que possuem meios adequados de segurança, todas
devem ser paradas e mesmo, em muitos casos, devem ter as fontes
de energia bloqueadas com cadeado, para que o trabalho de limpeza,
lubrificação e ajustes, seja realmente executado com segurança.
Este ato inseguro também deve ser combatido, propiciando-se
meios e conhecimentos de segurança aos trabalhadores.
Improvisação e mau emprego de ferramentas manuais
A improvisação e emprego inadequado de ferramentas são
atos também responsáveis por muitas ocorrências lamentáveis. As
ferramentas manuais têm larga aplicação em todos os campos de
atividades. Embora sejam utensílios elementares, na grande maioria
dos casos, é sempre necessário algum conhecimento, habilidade e
bom senso para que possam render o máximo com menos desgaste
e mais segurança. Nem sempre, porém, isso acontece; por serem
elementares, às vezes, não se dá às ferramentas a atenção que
merecem, e essa desatenção vai desde o uso de algumas, em péssimas
condições, até as mais absurdas improvisações. Essas atitudes sempre
trazem prejuízos, principalmente acidentes lesivos aos usuários dos
instrumentos de trabalho.
O uso de ferramentas em condições precárias deve-se à negligência do usuário, à precariedade de manutenção, ou ainda ao
CAUSAS DI: ACIDENTES no TRABALHO — ATOS INSEGUROS
67
desconhecimento do perigo. Improvisações e uso inadequado decorrem, muitas vezes, da indolência da pessoa, que não quer se
locomover para conseguir a ferramenta correia ou então procura
ganhar tempo, o que quase nunca compensa.
Em qualquer hipótese, são atitudes condenáveis que devem ser
combatidas com reparos e substituição das ferramentas impróprias,
e com instrução aos usuários para o emprego corrcto e seguro.
Inutilização de dispositivos de segurança
Quantas lesões graves e lamentáveis têm tido origem no ato
inconcebível de inutilizar, neutralizar, deturpar o funcionamento ou
mesmo remover dispositivos de segurança de máquinas c: equipamentos! Guardas de proteção sobre correias e engrenagens, botões
e alavancas para acionamento. dispositivos especiais para segurança nos pontos de operação etc., jamais deveriam ser tocados
com qualquer fim que viesse a comprometer a finalidade para a qual são instalados. Uma das atitudes
mais condenáveis é a de deturpar qualquer dispositivo
de segurança, sob qualquer
pretexto. Trabalhar nessas
condições é um dos atos inseguros de mais graves consequências para quem opera
o equipamento.
Operar m á q u i n a s
e equipamentos desprovidos
dos requisitos de segurança
é também ato inseguro, embora, muitas vezes, lamenA remoção ou a danificação dos
tavelmente, seja forçado por
meios de proteção das máquinas e a
uma condição insegura que
negligência, quanto ao uso de protenão é da responsabilidade
tores pessoais, são atos inseguros
do operador que se expõe
condenáveis, entre muitos outros.
ao risco.
A disciplina, depois do conhecimento que o operador deve
adquirir sobre a função e as reais necessidades dos dispositivos de
segurança, é o fator mais importante para prevenir esses atos.
Não usar as prote;ões individuais
Muitos riicos, peculiares a diversas atividades, não são totalmente controláveis e, para isentar-se de ferimentos o homem precisa
68
PRÁTICA DA PREVENÇÃO nu ACIDENTES
CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — ATOS INSEGUROS
resguardar a si mesmo usando protetores específicos para a parte
do corpo que poderá vir a ser atingida. Esses são os chamados
Equipamentos de Proteção Individual "EPI", tais como. óculos de
segurança, luvas, máscaras etc. Quando o risco requer, o "EPI" deve
ser usado; não há outro recurso que possa substituí-lo. Deixar de
usar o "EPI" adequado e de maneira correia é um ato inseguro dos
mais perigosos, principalmente quando se expõem os olhos e as
vias respiratórias aos riscos a que estão sujeitos.
O uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual não
só é recomendável sob o ponto de vista da segurança em si, como
também é mandatório de acordo com a legislação sobre o assunto.
Geralmente o uso satisfatório dos ;ÍEP1" requer esclarecimento
dos usuários, às vezes treinamento e, sempre, bom comportamento
disciplinar.
Uso de roupas inadequadas e acessórios desnecessários
A maneira de vestir-se também faz parte da segurança de
quem trabalha. Usar roupa e calçados inadequados em relação ao
trabalho que se executa é pôr em prática um ato m u i t o condenável,
que muitas vezes expõe a pessoa a riscos adicionais àqueles típicos
de sua atividade. Roupa muito folgada, gravata, cinto solto e mangas
compridas, por exemplo, constituem perigo quando usadas em trabalhos com máquinas que tenham pecas em movimento onde possam
se enroscar.
Relógio de pulso, braceletes, correntes, anéis etc., também constituem perigo em trabalhos com certos equipamentos, no manuseio
de material e em outras atividades.
A própria manutenção da roupa t calçados cm boas condições
contribui para a segurança dos usuários. Roupas sociais, surradas,
quando passam a ser usadas em certas atividades industriais, muitas
vezes requerem adaptações para não se constituírem em risco de
acidente. Quando a roupa de trabalho é fornecida pela empresa,
• o serviço de segurança é que deve d e t e r m i n a r os módulos a serem
usados e o critério de distribuição e controle, para evitar que. sejam
usadas roupas inadequadas em relação aos trabalhos que as pessoas
executam.
Manipulação insegura de produtos químicos
Como manipulação de produtos químicos entenda-se o preparo
de misturas, o transporte do produto para o estoque ou cio estoque
e as mais diversas aplicações em operações industriais. M a n i p u l a r
esses produtos de maneira perigosa, por não conhecer, ou mesmo
conhecendo suas características agresr.ivas; misturá-los sem saber qual
será a reação; Iransportá-los, de maneira incorreta, cm recipientes
inadequados etc., são atos inseguros que dão origem a muitas lesões
graves,
69
Quem trabalha com produtos químicos deve conhecer suas
características agressivas, o perigo de misturá-los com outros, a
maneira segura de serem guardados e mantidos fora do alcance
de curiosos e os recursos que deve empregar para se isentar do
perigo de sofrer algum ferimento.
Transportar ou empilhar inseguramente
Quanto inseguro é o ato de transportar, empilhar e dispor
materiais e peças erroneamente! A segurança desse tipo de trabalho
depende exclusivamente de quem o executa, do conhecimento e noção
que tem de todos os detalhes da atividade, principalmente dos meios
de evitar acidentes.
Se o indivíduo não sabe a maneira correta de levantar volumes
poderá sofrer lesões na espinha dorsal e nos músculos lombares;
se abusar de sua capacidade física e tentar carregar peso excessivo
incorrerá no mesmo risco. Por outro lado, se não dispensar a
devida atenção ao empilhar ou dispor materiais em estrados, prateleiras etc., e não conhecer os métodos corretos de empilhar segundo
o tamanho e forma dos objetos, poderá causar desmoronamentos ou
simples quedas de volumes, correndo riscos, além de colocar outros
em situações perigosas.
O ato inseguro existirá da mesma forma, seja o trabalho executado manualmente ou por meios mecânicos.
Instruções ao operador de como fazer o trabalho, treinamento
para que consiga realizá-lo e disciplina para que seja feito de
maneira correta, são requisitos indispensáveis para a segurança dessa
atividade.
Fumar e usar chamas em lugares indevidos
Lugares indevidos para fumar ou usar qualquer tipo de chama
e mesmo produzir centelhas e calor excessivo, são os locais cujos
materiais em estoque ou em processo desprendem vapores, gases ou
poeira que se inflamam ou explodem ao contato com qualquer fonte
de ignição. No entanto, esses atos são m u i t a s vezes praticados,
embora já tenham causado um número imenso de ocorrências
lamentáveis, muiias das quais de conhecimento público.
A não avaliação do risco, a ignorância da existência de material
inflamável no local, o desconhecimento do perigo de certos inflamáveis e a displicência com que tais riscos são tratados, têm sido
fatôres evidentes corno causadores das mais diversas ocorrências
de incêndios e explosões. Às vezes nem sequer um aviso de
"É PROIBIDO FUMAR" é colocado na área perigosa.
O importante é fazer com que todos se compenetrem do perigo,
que saibam o quanto é fácil irromper um sinistro pelo simples fato
33
*< >ii^<xuaMNaU
70
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
de alguém tentar acender um cigarro ou produzir outra chama qualquer em área perigosa. Para isso é necessário:
• entender que todos os inflamáveis são perigosos e que o risco
é tanto maior quanto mais baixo for o ponto de fulgor do
material;
• não fumar perto de inflamáveis e explosivos, mesmo que o
fumante se julgue cuidadoso.
• nunca usar chamas ou outras fontes de calor nas áreas perigosas
a menos que cercado de todos os cuidados que se devem tomar
preliminarmente.
Todas as empresas que possuem áreas de manipulação e estoque
de materiais inflamáveis devem adotar um sistema rigoroso de controle, verificação e demais cuidados necessários, quando na área ou
nas proximidades devam se realizar serviços de solda ou qualquer
outro serviço que empregue calor. Um regulamento para todos os
serviços de solda, fora' das áreas específicas para esses serviços,
deve ser estabelecido e seguido corrctamente.
Tentativa de ganhar tempo
A tentativa de ganhar tempo, encurtando caminho ou improvisando equipamentos c uma atitude de consequências imprevisíveis.
Muitas vezes a pessoa tenta passar por entre transportadores em
movimento, por sobre pilhas de materiais ou procura saltar uma
valeta, para não andar um pouco mais e contornar um obstáculo
qualquer. Outras vezes improvisa um andaime ou usa meios contraindicados para subir em algum lugar, somente para não ir buscar
uma escada ou para não esperar que ela seja trazida. As improvisações de ferramentas, de instalações elctricas etc.. contam-sc entre
os recursos que a pessoa procura usar na tentativa de ganhar tempo.
Regra geral, não se ganha tempo com essas atitudes e, mesmo
que se ganhe em alguns, casos, não compensam o risco que se corre.
O entendimento dessa inconveniência é uma questão de bom senso,
e depende, também, das instruções de segurança que devem existir
visando evitar essas práticas inseguras.
Brincadeiras e exibicionismo
As brincadeiras são condenáveis no trabalho, pois tomam parte
da atenção que deveria ser dedicada ao serviço e podem fazer com
que outros se distraiam e incorram em práticas inseguras. Distrair-se
por brincar, por dar atenção a atitudes de outros ou por qualquer
motivo que seja, predispõe a pessoa a atitudes contrárias à maneira
de trabalhar seguramente. Aquele que abusa de um risco que conhece, muitas vezes o faz para exibir o que julga ser habilidade.
CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — ATOS INSEGUROS
71
Gsscs exibicionismos são também atos inseguros que devem ser
combatidos.
O fator disciplinar e moral do grupo de trabalho influi decisivamente na existência pu não dessas atitudes que levam a muit^v
acidentes.
OUTROS ATOS INSEGUROS
Os atos inseguros que podem ser e que são praticados durante
o trabalho dariam para encher dezenas de folhas de um livro caso
fossem, pelo menos na maioria, compilados e comentados ligeiramente.
Os qttatorze apresentados neste capítulo são os que mais se evidenciam
nas ocorrências de acidentes. Todos, porém, são condenáveis e devem
ser evitados.
O combate à prática de atos inseguros deve ser constante em
todos os programas que visam realmente prevenir acidentes. Serviço
de segurança, treinamento, serviço médico e principalmente supervisores devem participar, em conjunto, na correção e eliminação dos hábitos que levam a essas atitudes inseguras. Isto porque, os atos inseguros têm origem em fatôres pessoais que podem ser corrigidos ou
pelo menos bastante atenuados pelas pessoas ou órgãos acima citados.
FATÔRES HUMANOS
Os íatóres humanos predominantes são os seguintes:
Desconhecimento dos riscos de acidentes
É quando a pessoa simplesmente não sabe que o equipamento
ou material que usa possui determinado risco. Fica, então, exposta
ao perigo, embora de maneira inconsciente. Isto ocorre porque, ao
se ensinar o serviço a quem vai executá-lo, tudo, ou quase tudo,
lhe é ensinado, a não ser o aspecto segurança do trabalho, ou quando
isto lhe é ensinado, não passa de uma observação: " . . . e tome muito
cuidado." Portanto, o esclarecimento do trabalhador, principalmente
por intermédio da supervisão, é o meio mais adequado para a
correção deste fator pessoal.
Treinamento inadequado
É um fator muito frequente, que leva à prática de atos inseguros. A pessoa mal treinada na execução das tarefas que lhe
r
72
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
compete executar, tende a descontrolar-se e a afobar-se diante de
qualquer pequeno imprevisto que surja no trabalho; é quando lança
mão de recursos improvisados, atos mesmo absurdos, na tentativa
de corrigir ou contornar a situação. É muito comum, nesses casos,
complicar ainda mais a situação e tornar a condição extremamente
propícia ao acidente, que, via de regra, ocorre. Os setores de
treinamento e de segurança juntamente com a supervisão devem
agir para que seja dado um bom treinamento aos trabalhadores.
y
Falta de aptidão ou de interesse pelo trabalho
Quando o trabalhador não tem aptidão para o trabalho que
executa e não tem interesse em fazê-lo bem feito, geralmente não
se integra num esquema rígido de trabalho, porque tem sempre a
tendência em negligenciar em alguns pontos que, via de regra,
comprometem a segurança do trabalho. São muitos os atos inseguros
praticados devido à displicência que essas pessoas adquirem pela
não adaptação ao tipo de trabalho que tom de executar. Regra
geral, requerem mais supervisão para trabalharem, pelo menos,
satisfatoriamente. Seleção e recrutamento do pessoal, incluindo a
supervisão, que seleciona profissionalmente o trabalhador, podem
evitar ou corrigir essas situações.
Excesso de confiança
Têm excesso de confiança, neste caso, as pessoas que abusam
da habilidade e capacidade que possuem, de maneira a se exporem
a riscos de acidentes. Deixam muitas vezes de seguir esta ou aquela
regra de segurança por acharem que elas poderão ser substituídas
pela habilidade ou pela atitude absurda que chamam de coragem.
Só quem não entende até que ponto pode realmente confiar em si
mesmo é que imagina ser imune aos acidentes devido à habilidade
que possui. O ensino da segurança e a ação da supervisão podem
corrigir essas atitudes.
Atitudes impróprias
São atitudes de violência, de revolta, de desespero, etc., que
as pessoas tomam durante a execução de tarefas, por motivos que
podem não ter nada a ver com o trabalho em si. Essas atitudes
descontrolam os movimentos e reflexos das pessoas, tornando-as
propensas à prática de atos contrários aos que são considerados
seguros. Quando a supervisão mantém contato com os subordinados e, portanto, os conhece em todas as reações, poderá prevenir,
muitas dessas atitudes, simplesmente por meio de palavras e orientação. Outras vezes, será necessário que o serviço médico intervenha
para solucionar o caso.
CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — ATOS INSEGI.KOS
73
Incapacidade física para o trabalho
Se a pessoa não tiver capacidade física para executar a tarefa
que lhe é designada, poderá incorrer em atos inseguros embora
muitas vezes o faça com a intenção de compensar sua deficiência.
Não é necessário que seja alguma incapacidade permanente; a pessoa
poderá em um ou outro dia não estar em condições de fazer isto ou
aquilo, devido a algum estado passageiro e, se tentar efetuar o
trabalho, também poderá usar do expediente do ato inseguro para
compensar uma falha que sente na ocasião. Seleção do pessoal,
serviço médicc e supervisão podem contribuir para prevenir esses
casos.
RESUMO
• Ato inseguro é a maneira como as pessoas se expõem, consciente ou inconscientemente, a riscos de acidentes.
*
**
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**
**
**
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*:!
**
**
**
**
**
**
Os atos inseguros mais comumente praticados'são:
ficar junto ou sob cargas suspensas;
colocar parte do corpo em lugar perigoso;
usar máquinas sem habilitação ou permissão;
imprimir excesso de velocidade ou sobrecarga, em máquinas
e equipamentos;
lubrificar, ajustar e limpar máquinas em movimento;
improvisação e mau emprego de ferramentas manuais;
inutilização de dispositivos de segurança;
não usar as proteções individuais;
uso de roupas inadequadas s acessórios desnecessários;
manipulação insegura de produtos químicos;
fumar e usar chamas em lugares indevidos;
tentativa de ganhar tempo;
brincadeiras e exibicionismo.
•
**
**
**
**
**
**
São causas frequentes de atos inseguros:
desconhecimento dos riscos de acidentes;
treinamento inadequado dos trabalhadores;
falta de aptidão ou de interesse pelo trabalho;
excesso de confiança em si mesmo;
atitudes impróprias, tais como violência, revolta etc.
incapacidade física para o traralho.
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CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO
— CONDIÇÕES INSEGURAS
Condições inseguras dos locais de trabalho são aquelas que comprometem a segurança do trabalhador ou, em outras palavras, as falhas, defeitos, irregularidades técnicas, carência de dispositivos de
segurança etc., que põem em risco a integridade física e/ou a saúde
das pessoas, e a própria segurança das instalações e dos equipamentos.
Antes de continuar, isto é, antes de analisar as condições inseguras que mais frequentemente causam acidentes do trabalho, convém
ter em mente que estas não devem ser confundidas com os riscos inerentes a certas operações industriais. Por exemplo: a corrente elétrica
é um risco inerente aos trabalhos que envolvem eletricidade, aparelhos ou instalações elétiicas; a eletricidade, no entanto^ não pode ser
considerada uma condição insegura, por ser perigosa. Instalações
mal feitas ou improvisadas, fios
expostos etc., são condições inseguras; a energia elétrica, em
si, não. A corrente elétrica,
quando devidamente isolada do
contato com as pessoas, passa a
ser um risco controlado e não
constitui uma condição insegura.
A agressividade de certos
materiais, como a dos ácidos,
por exemplo, são riscos inerentes
aos trabalhos onde se manipula
o agente de mestria é quem deve
ou empresa o produto. Porém, melhor conhecer os riscos do trabalho <!ue di"P e <Juem es?á em
os ácidos,*cm si, não podem ser
*
considerados condições insegurãs. Se o meio de manipulação
CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — CONDIÇÕES INSEGURAS
77
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDGNTES
76
ou de emprego, os equipamentos e vasilhames não estiverem enquadrados nos moldes considerados adequados pelas normas de segurança,
então haverá condições inseguras.
Gases tóxicos, emanados de certos processos industriais, são
riscos inerentes a esses trabalhos, mas não constituirão condições inseguras, se houver sistemas de ventilação adequados ou outras medidas
que evitem a dispersão e a contaminação do ar, acima dos limites
de tolerância estabelecidos.
Onde o processo requer o emprego de fontes de calor, a radiação
calorífica é um risco inerente ao trabalho, mas não será condição
insegura se a radiação do calor for controlada e não se dispersar,
evitando-se assim, que atinja pessoas e outros equipamentos que poderiam ser prejudicados.
Enfim, riscos inerentes ao trabalho e condições inseguras, são
coisas distintas; as primeiras são regra geral, as características agressivas de materiais, energias e equipamentos empregados nos trabalhos;
as segundas são falhas que permitem a manifestação dessas características contra pessoas e outros materiais e equipamentos.
A falta dos dispositivos de segurança recomendados para outros
equipamentos tais como transportadores, veículos, caldeiras etc., também é uma condição insegura que deve ser evitada.
PROTEÇÕES INADEQUADAS OU DEFEITUOSAS
Existem dispositivos de proteção instalados, que, por desconhecimento de quem os projetou ou construiu, não correspondem totalmente aos requisitos da segurança do trabalho; alguns são danificados
após a instalação, não são reparados e passam também a não corresponder. Outros ainda acusam defeitos que não são percebidos, deixando, por conseguinte, de proporcionar a devida segurança. São
três exemplos de condições inseguras; mais inseguras que outras, pois
dão às pessoas uma falsa sensação de segurança.
Portanto, quem projeta ou constrói dispositivos de proteção para
máquinas, equipamentos em geral e para outros pontos das instalações e edificações industriais, deve conhecer bem os princípios de
segurança do trabalho. Quem trabalha ou dirige também' deve conhecer suficientemente esses princípios, para evitar a falta dos protetores e para que estes proporcionem realmente segurança.
FALTA DE PROTEÇÃO EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS
A falta de proteções adequadas em máquinas e em outros equipamentos, para evitar que as pessoas venham a ter contato com pontos perigosos ou que sejam atingidas em caso de qualquer ocorrência
anormal, é uma condição insegura responsável por um número elevadíssimo de acidentes de graves consequências.
Constituem condições inseguras a falta das referidas proteções,
cujas finalidades são:
•
•
•
t' • ,
•V-'" ^
isolar os componentes das transmissões de força, a fim de que
as pessoas não entrem em contato com correias, engrenagens,
eixos, polias etc., e assim se isentem deste risco;
evitar necessidade e mesmo a possibilidade de os operadores
colocarem as mãos nas áreas perigosas dos pontos de operação,
isto é, nos pontos onde se efetuam os trabalhos para os quais
as máquinas se destinam.
isolar outras partes móveis perigosas de acessórios da operação,
como alimentadoíes, transportadores etc., a fim de prevenir possíveis contatos das pessoas com esses riscos.
As proteções que podem ser aplicadas são as mais diversas, todas
visando, acima de tudo, impedir o contato das peasoas com os pontos
perigosos.
DEFICIÊNCIA EM MAQUINARIA E FERRAMENTAL
Deficiências de máquinas e ferramentas, quer sejam quantitativas
ou qualitativas ocasionam condições inseguras de trabalho. A boa
qualidade original das máquinas, ferramentas e outros equipamentos
é de fundamental importância para a segurança do trabalho. Portanto, já na aquisição desses equipamentos deve-se pensar na segurança do trabalho e, para esse fim, deve ser estabelecido um critério
pela firma compradora. Depois de'adquiridos, assume grande importância a manutenção da boa qualidade inicial, principalmente no que
tange diretamente aos dispositivos de segurança.
Quando a qualidade do equipamento não corresponde, a segurança do trabalho fica comprometida e, com ela, todos os demais
aspectos do trabalho, principalmente o custo.
A deficiência quantitativa também compromete a segurança.
Atos inseguros, tais como sobrecarregar o equipamento, improvisar
ferramentas etc., são muitas vezes originados dessa deficiência. Falhas
de planejamento em relação à quantidade de equipamentos, e deficiência de manutenção das qualidades que lhes são indispensáveis,
são duas causas freqiientes dessa condição insegura.
—iinn--rr-T^' ---
78
PRÁTICA. DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
CAUSAS DE ACIDENTES no TRABALHO — CONDIÇÕES INSEGURAS
79
MA ARRUMAÇÃO
•
A falta de ordem nos locais de trabalho, não só depõe contra a
segurança, como também dificulta o bom andamento do serviço em
todos os demais aspectos. Peças, caixas, materiais etc. fora de lugar,
atravancando áreas de circulação, obstruindo corredores ou dificultando o acesso a comandos de maquinarias, caixas de força, registros
de água, ar etc., são condições que dificultam o bom andamento do
trabalho, e também a sua segurança.
Mesmo coisas pequenas fora do lugar são perigosas, principalmente quando são escorregadias ou roliças e ficam abandonadas no
chão. .
Um dos pontos importantes,
em que cada supervisor e a gerência devem insistir, é a ordem, a
boa arrumação e a manutenção da
limpeza no local ,em que o trabalho se executa. Para conseguir
tudo isso com relativa facilidade,
deve-se estabelece', o princípio de
manter sempre as coisas em ordem,
conservar tudo ar-umado e limpo,
jogar resíduos, H>:J, restos de qualCoisas abandonadas no chão constiquer coisa e mesmo pontas de ci- tuem sempre condições inseguras.
nos .ugui^a
lugares te recipientes
_garros
-- —icwpienies
íiflf^miíi/"!'"*6'
XT~« £.
'
adequados. Não é racional ter faxineiros em grande número e pessoas
designadas para limpar e arrumar o que os demais põem em desordem;
é necessário que cada um faça a_ sua parte no que tange à ordem,
limpeza e ammvicão.
ESCASSEZ PE ESPAÇO
Sabe-se que a falta de espaço é um problema sério, enfrentado
em muitos locais de trabalho, Dentre as causas da falta de espaço
podem ser citadas as seguintes:
•
agrupamento de um número determinado de máquinas e outros
equipamentos no único local ou pavilhão disponível, nem sempre
suficiente;
•
instalação de equipamentos adicionais, para aumento de produção,
num local onde o espaço já não era suficiente;
produção acima da previsão, exigindo a permanência, no local,
de maior volume de materiais e peças em fase de fabricação.
falta de racionalização no fluxo de operações, causando acúmulo
de materiais e peças em determinadas estações de trabalho.
•
•
•
tentativa de aproveitamento de espaço, com a instalação de
máquinas muito perto umas das outras.
excesso de estoque de materiais e peças.
Convém notar que há dispositivo na Consolidação das Leis do
Trabalho que trata do espaço entre máquinas. Recomenda" esse dispositivo que o espaço mínimo seja de 0,80 m. Isto, porém, em racionalização do trabalho ê para a sua necessária segurança, deve ser
considerado o espaço mínimo para uma pessoa movimentar-se; no
entanto, entre máquinas no sentido do fluxo da operação, muitas vezes,
tanto sob o ponto de vista do aproveitamento como para a própria
segurança, é recomendável espaço menor.
O importante é prever também, além do espaço para o operador,
espaço suhciente para os materiais e peças em processo e para os
serviços de manutenção que eventualmente serão realizados.
Além disso, a falta de ordem ou a má arrumação não devem
influir na redução do espaço.
PASSAGENS PERIGOSAS
Poder-se-ia dizer que nos locais de trabalco existem passagens
perigosas e "passagens perigosas". No primeiro caso são os locais
de passagem obrigatória que são por um ou por outro motivo perigosos, quando não providos das devidas medidas de segurança. Por
exemplo, passagens que são obrigatórias na sequência de movimentação do pessoal durante o trabalho e que são exíguas ou difíceis devido a falhas na instalação dos equipamentos, passagens junto a depressões do piso sem que haja balaustrada de proteção e passagens
próximo a partes móveis de máquinas que não são totalmente isoladas,
são exemplos de passagens perigosas que podem ser consideradas condições inseguras.
As segundas "passagens perigosas" são as passagens forçadas
pelas próprias pessoas, por locais não designados para isso. Passagens
por entre transportadores, sob cargas suspensas; dentro do raio de ação
de equipamentos móveis etc., são exemplo dessas passagens que caracterizam atos inseguros já citados. Quem passa obrigatoriamente por
algum local perigoso, submete-se a condição insegura, quem força
uma passagem por onde não deve, pratica ato inseguro.
DEFEITOS NAS EDIFICAÇÕES
As várias partes dos edifícios, tais como paredes, tetos, janelas,
pisos, escadas, plataformas etc., podem constituir-se em condições
80
81
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — CONDIÇÕES INSEGURAS
inseguras. Alguns exemplos são: paredes que possam ruir totalmente
ou em parte; teto com telhas que possam cair ou que não proteja
suficientemente contra o sol ou a chuva; janelas com vidros quebrados
ou inexistentes; pisos escorregadios, com buracos, saliências, desnivelamentos; escadas escorregadias, com degraus defeituosos, sem corrimão ou patamar; plataformas sem corrimão, sem rodapé etc.
A iluminação pode ser inadequada tanto por deficiência, como
por excesso. A iluminação deficiente, além de exigir esforço visual
extra não permite que as pessoas percebam certos detalhes perigosos
do serviço, correndo assim riscos adicionais. O excesso de luz ofusca
e perturba a visão, cansando os órgãos visuais, comprometendo, enfim,
a segurança do trabalho.
Quando se emprega iluminação artificial, esta deve ser, para maior
precisão e segurança do trabalho, adequada quanto à cor e intensidade,
além de bem orientada. A iluminação geral é sempre preferida. Os
pontos de iluminação local, quando necessários, não devem contrastar
muito com a intensidade da iluminação geral, para evitar cansaço
visual. O máximo de contraste recomendado é da ordem de l (um)
para 10 (dez).
As paredes, estruturas e máquinas pintadas em cores claras e
a conservação dos vidros dos caixilhos e das luminárias limpos, favorecem muito o nível de iluminação dos locais de trabalho.
Algumas dessas condições podem ser originárias dos projetos e
da construção, mas muitas são criadas pela falta de cuidados na manutenção dos edifícios. Esta é uma das razões que recomenda que,
desde os projetos, a segurança do trabalho seja levada a sério e em
consideração.
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS INADEQUADAS OU DEFEITUOSAS
Como já foi anteriormente dito, a corrente elétrica, embora perigosa não constitui condição insegura, desde que devidamente controlada pelos meios de segurança já conhecidos. Condições inseguras,
no caso, são condutores sem a devida isolação ou com a isolação
deficiente, instalações mal feitas, defeitos em tomadas, instalações provisórias feitas sem os devidos cuidados, falta de fio terra etc. Enfim,
são todos os defeitos ou falhas das instalações elétricas que, como
se sabe, podem causar lesões às pessoas s mesmo incêndio das instalações, por curto-circuito ou superaquecimento.
Infelizmente nem todas as furnas possuem instalações embutidas
em conduítes, com caixas de distribuição e comutadores, como recomendam as normas de segurança. São muitas as instalações expostas,
com fios e chaves descobertas, às vezes ao alcance das pessoas.
Nesses locais há uma condição insegura permanente e às vezes bastante generalizada. Essas condições não deveriam existir pois, quando
existentes, o risco áe incêndio é mais acentuado e as pessoas contarão
apenas com o cuidado, o conhecimento da existência do risco e o bom
senso para se protegerem, o que não é suficiente para a segurança,
não devendo ser aceito por nenhuma administração.
ILUMINAÇÃO INADEQUADA
A boa iluminação favorece tanto a segurança do trabalho como
a higiene industrial, a precisão do serviço e a produtividade. A Norma
Brasileira, NB-57, estabelece os níveis ideais de iluminação para cada
tipo de atividade.
VENTILAÇÃO INADEQUADA
Como ventilação de um local de trabalho deve-se considerar desde
o arejamento natural processado pelas janelas, portas e lanternins,
até os mais diversos sistemas de ventilação artificial. Estes últimos
são muitas vezes de ordem geral, para renovar o ar, remover algum
contaminante não tóxico ou trazer para o ambiente ar fresco e livre
de impurezas, captado no exterior do prédio. Este tipo é conhecido
como ventilação gerai diluidora, pois sua função é a de diluir contaminantes, ou não permitir concentrações perigosas no ambiente.
A ventilação local exaustora é a que tem por finalidade captar
poeira, vapor ou gás contaminante- o mais junto possível da fonte para
impedir que se dispersem no ambiente.
A ventilação se relaciona mais com a higiene industrial, que não
está sendo tratada neste livro; no entanto, convém notar que são
muitos os serviços de segurança que cuidam também da higiene industrial, e que ambas são matérias que, em qualquer hipótese, devem
ser tratadas paralelamente. Além disso, para efeito de seguro e,
conseqtientemente, de estatísticas, as doenças ocupacionais são equiparadas aos acidentes do trabalho. Portanto, a ventilação inadequada
é uma condição insegura que deve merecer toda a atenção dos serviços de segurança.
82
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — CONDIÇÕES INSEGURAS
83
OUTRAS CONDIÇÕES INSEGURAS DE HIGIENE INDUSTRIAL
Como acontece com a ventilação e a iluminação, há outras condições, que, embora muito relacionadas com a higiene industrial, são
de grande interesse também dos serviços de segurança do trabalho.
Por exemplo: altas e baixas temperaturas, ruídos intensos, vibrações,
atmosfera comprimida ou rarefeita etc.
Qualquer serviço de segurança, mesmo que se resuma em uma
CIPA, deve conhecer todos esses riscos, procurar corrigir os que são
possíveis de serem corrigidos, e saber aplicar as medidas de proteção
individual quando outras medidas não possam ser aplicadas.
FALTA DE PROTETORES INDIVIDUAIS (EPI)
acidentes é reconhecê-los e identificá-los, na prática. Ê necessário,
conseguir percebê-los nos ambientes de trabalho, nos processos empregados e nas atitudes das pessoas: é a fase do "diagnóstico"; estabelecido este, pode-se recomendar a "terapêutica". Por ora, porém, só
interessam os meios de se chegar ao "diagnóstico" correio. Ê o que
será tratado no próximo capítulo.
RESUMO
' Condições inseguras dos locais de trabalho são aquelas que
põem em risco a integridade física e/ou a saúde dos trabalhadores
ou a própria segurança das instalações.
•
Já foi dito que a pessoa, ao não usar os equipamentos de proteção
individual recomendados, está praticando um dos mais perigosos atos
inseguros. E se não houver equipamento disponível? Estará a pessoa
praticando o mesmo ato? A falta dos equipamentos que, por lei, a
empresa deve fornecer aos empregados, constitui uma condição insegura à qual as pessoas se expõem, condição essa que, como as demais,
cabe à empresa resolver. Não deixa, no entanto, de constituir também
um ato inseguro, desses que a pessoa pratica inconscientemente ou
forçado por uma circunstância, que, no caso, é a falta do "EPI".
Numa investigação das causas de um acidente não se deve confundir um com outro caso; deve-se, isso sim, apontar os dois sempre
que existente?..
OUTRAS CONDIÇÕES INSEGURAS
As condições inseguras, atrás relacionadas, poderiam ser desdobradas em detalhes e outras poderiam ser acrescidas à lista. No entanto, isso é desnecessário. Elas são as mais frequentemente identificadas nas ocorrências de acidentes; são, portanto, as que devem merecer maior atenção e não é necessário desmembrá-las em detalhes
para avaliar quais as medidas necessárias para as devidas correções.
Mesmo assim, os serviços e os inspetores de segurança não devem
se ater só a esses ou procurar enquadrar todos os casos nesses citados.
Poderão eventualmente descobrir outros casos particulares dos serviços
da empresa a que estão vinculados, e isso é bastante comum.
Conhecidas as causas diretas dos acidentes do trabalho — condições e atos inseguros — o passo seguinte para a prevenção dos
As condições inseguras mais frequentemente encontradas
são:
** falta de proteção em máquinas e equipamentos;
** proteções de máquinas e equipamentos inadequadas ou
defeituosas; '
** deficiência quantitativa ou qualitativa de maquinaria e ferramental;
** má arrumação e falta de limpeza na área de trabalho;
** escassez de espaço na área de trabalho;
** passagens perigosas obrigatórias para o pessoal;
* * defeitos nas edificações tais como defeitos em pisos, escadas,
paredes, etc.
** instalações elétricas inadequadas ou defeituosas;
** iluminação inadequada;
** ventilação inadequada;
** falta de protetores individuais ("EPI").
6
FONTES DE INFORMAÇÕES
INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES
A prevenção dos acidentes do trabalho é conseguida pela aplicação de medidas de segurança. Essas são determinadas, ou escolhidas,
em função dos riscos existentes. Como já foi dito, esses riscos são
resultantes de fatôres humanos e materiais, isto é, de condições e
atitudes inseguras. Portanto, a aplicação correia das medidas adequadas requer, antes de tudo, a identificação dos citados fatôres, ou
o reconhecimento da sua existência ou, ainda, a avaliação da possibilidade de virem a existir. Para isso, o profissional, o serviço de
segurança, ou mesmo os componentes de Comissões Internas para
Prevenção de Acidentes, podem recorrer a diversas fontes de informações.
A experiência dos próprios profissionais da segurança e das
próprias empresas é de grande valor para a avaliação dos riscos. Cada
profissional e cada empresa podem e devem tirar proveito das experiências de outros, mesmo que exerçam atividades diferentes. Para
isso é importante que se mantenham em arquivo, para consulta, pelo
menos resumos de estudos e dados estatísticos originados das atividades do serviço de segurança do trabalho e, que se mantenham intercâmbio com outras firmas e outros profissionais. Literatura especializada é outro meio auxiliar na identificação dos riscos nos
ambientes de trabalho.
Genericamente, porém, são duas as fontes de informações que
mais subsídios trazem para a segurança do trabalho: as investigações
dos acidentes ocorridos e os inspeções de segurança. A primeira é
tratada neste capítulo, a segunda, no capítulo que vem a seguir.
A investigação de acidentes deve ter sido a fonte original das
informações e métodos dos quais se pode dispor, hoje, para prevenir
acidentes do trabalho. As ocorrências de acidentes que feriam o
86
PRÁTICA DA. PREVENÇÃO DE ACIDENTES
homem, sem dúvida, alertaram-no a procurar meios de defesa para
sua integridade física. Meios empíricos e rudimentares foram, com
certeza, inicialmente adorados; investigações primitivas e talvez instintivas levaram à adoção das primeiras medidas de segurança. A
investigação dos acidentes continua, hoje, sendo uma excelente fonte
de informações para a segurança do trabalho, desde que devida e
sensatamente processada, em toda extensão, como será mais adiante
esclarecido.
As inspeções de segurança, também processadas em toda extensão, formam com as investigações .de acidentes a base sólida dos bons
serviços de segurança do trabalho.
INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES
Investigação de acidentes, nos programas de segurança do trabalho, são os estudos, pesquisas e inquirições que se levam a efeito
para apurar as causas de acidentes ocorridos. É uma das mais comuns
atividades da CIPA, e dos inspetores de segurança. Geralmente, só
os acidentes mais graves, sob o aspecto das lesões causadas a pessoas,
são mais detida e profundamente investigados. Aos menos graves,
embora causem o afastamento das vítimas, nem sempre é dada toda
a atenção .necessária por ocasião da investigação. Os que não causam
afastamento, nem sempre são investigados e, às vezes, nem são registrados. £ste é o panorama geral da segurança do trabalho no que
se refere à investigação de acidentes. Existem muitos programas de
segurança nos quais a investigação de acidentes é praticada em toda
extensão e profundidade, e a sua importância é tida e mantida em seu
devido lugar.
Os erros nos quais incorre mais frequentemente quem, aparente
ou realmente, não dá a, devida atenção às investigações de acidentes
são os seguintes:
— desconhecer o verdadeiro valor da investigação dos acidentes,
devidamente praticada em seu ciclo completo;
— considerar a investigação para fins preventivos, em plano secundário, porque interpreta como segurança somente aquilo que se
faz antes da ocorrência de acidentes e, as medidas tomadas após
a ocorrência, considera apenas um paliativo;
— não atinar com os métodos mais práticos de investigar, colher e
registrar os dados que possam resultar em benefício para a
prevenção;
— não estudar os relatórios, deixando assim de chegar a conclusões
que possam contribuir para a prevenção de acidentes no futuro,
e em outras atividades;
FONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES
87
— não considerar outros resultados que não sejam os coeficientes
de frequência e de gravidade que, para cada emprega, individualmente, pouco representam no panorama geral da prevenção.
Se alguém tivesse que organizar um programa de segurança e
dispusesse toda a matéria sob apenas dois títulos, estes seriam: "investigações de acidentes" e "inspeções de segurança"; disto podemos
ficar certos; daria um programa de segurança plenamente satisfatório
para qualquer empresa.
Praticadas em toda extensão, as inpeções de segurança cobrem
uma grande parte da segurança do trabalho que vai desde a inspeção
elementar e rotineira, que pode ser atribuída às mais diversas pessoas
nas áreas de trabalho, até à análise de risco, que requer conhecimento
e técnica especiais, e à pesquisa de condições ambientais, que requer
também, além de conhecimento elevado, aparelhos científicos. Todas
essas atividades cabem perfeitamente sob o título "inspeções de segurança" desde que a finalidade — obedecidas as grandezas dos riscos
— é sempre a mesma: descobrir, constatar ou comprovar a existência
de riscos. É, enfim, uma fonte de informações da existência de condições que devam ser corrigidas. A partir da informação, uma série
de trabalhos terá de ser encadeada — estudos, projetos, experiências
etc. — até à solução final do caso. Se das inspeções não resultar
toda uma série de trabalhos, coordenada pelo setor de segurança, para
solucionar a curto, médio ou longo prazo o problema levantado, a
inspeção não passará de um registro de riscos e, nesse caso, nem vale
a pena chamá-la "inspeção de segurança".
Com as investigações de acidentes ocorre o mesmo. Investigá-los
apenas para manter registros de suas caus"as, ou para no fim do mês
apresentar os coeficientes de frequência e gravidade, não compensa
em nenhum programa de segurança.
Como as inspeções de segurança, também as investigações de
acidentes representam uma excelente fonte de informações em favor
da segurança do trabalho. Além de possibilitar a introdução de novas
ou adicionais medidas de segurança onde ocorreu o acidente, abre
um grande campo para as "inpeções de segurança" em outras atividades nas quais o mesmo risco possa existir. Os resultados das investigações de acidentes devem ser estudados e levados a sério, pois, via
de regra, têm aplicação em mais algum lugar além daquele onde
ocorreu o acidente. Com bom senso, podem, às vezes, ser aplicados
em atividade completamente diversa, pois trabalhos que não possuem
afinidade sob o ponto de vista profissional são às vezes afins com
respeito aos riscos de acidentes.
A coleta de dados na investigação, quando corretamente processada, possibilita a identificação da área, atividade, máquina, mate-
89
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTLS
FONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES
rial etc., que está requerendo maior atenção, medidas adicionais de
segurança, treinamento dos indivíduos, maior atenção por parte da
supervisão etc.
Os dados resultantes da investigação devem ser registrados em
formulário, prático de ser preenchido, e que facilite a compilação de
dados. Sobre o formulário — relatório do acidente —, será comentado
detalhadamente mais adiante. Agora, é necessário apenas dizer que
tudo o que se procura descobrir e registrar numa investigação deve
conduzir a um único objetivo, para o qual deve ser reservado um
lugar especial no formulário; este objetivo é a medida ou medidas
que devem ser tomadas para evitar casos semelhantes. Na mesma
oportunidade em que se determinam essas medidas, deve-se, também,
determinar a quem cabe a responsabilidade pela sua execução, e encaminhar o problema para ser resolvido. Encaminhado o problema,
o processo que então se inicia deve ser acompanhado e assistido pelo
pessoal da segurança até a completa solução. Mesmo quando a solução é parcial, temporária,
ou resulta não ser a solução
ideal, o encaminhamento e o
acompanhamento devem obedecer o mesmo critério e
cuidado. O prazo, não importando se for curto, médio ou
longo, não deve interferir no
critério: o registro, o encaminhamento e o acompanhamento devem ser mantidos.
A investigação de acidentes, para que atinja seu
objetivo, qual seja, trazer subsídios para a segurança do
trabalho, deve ser processada
em seu ciclo completo. Leva-se em consideração apenas
os acidentes que causam lesão, os mais importantes para
fins de investigações. Portanto, o ciclo da investigação
começa com o conhecimento
da lesão descrita pelo serviço
médico e, sempre que possível, acrescido de algumas
informações preliminares da
corpo onde elas se sediam são fatôres importantíssimos para as investigações dos acidentes.
A partir desse ponto continua o ciclo: investigação na área,
compilação de informações, registro de dados, conclusão sobre as
medidas preventivas a serem tomadas, encaminhamento ao responsável pela execução, pesquisa para aplicação' das mesmas medidas em
outras operações ou áreas, acompanhamento do processo até a solução
final. Sobre isso também falaremos mais adiante. Por ora é necessário
concluir sobre um dos tópicos citados: a importância das investigações
de acidentes.
Ê difícil determinar o que é mais importante para a segurança
do trabalho — as inspeções de segurança ou as investigações de acidentes; isto depende do estágio em que a segurança está dentro da
empresa. No estágio inicial de um programa de segurança as investigações são sempre mais importantes, porque:
88
parte do acidentado. A natoreza das lesões e a parte do
Divisâo simples e satisfatória do corpo
para estudo das sedes das lesões.
•
•
•
revelam a situação real das ocorrências de acidentes;
indicam quais e onde as medidas necessárias devem ser tomadas
com prioridade;
indicam a zona da empresa, o departamento, a atividade profissional, o grupo de indivíduos e mesmo os supervisores que
carecem de assistência, ou que necessitam de treinamento, e que
espécie de assistência, ou que tipo de treinamento são necessários etc.
RELATÓRIO DO ACIDENTE
O relatório dos acidentes ocorridos deve ser feito em formulário
especial, prático, onde se possa registrar o máximo de informações
com o mínimo de escrita.
Os relatórios descritivos, em forma de minuta, não são aconselháveis. Além de requererem mais tempo e mais trabalho para a
elaboração, não se prestam para a compilação prática de dados informativos sobre os vários aspectos dos acidentes que devem ser estudados.
Num formulário adequado, os dados são sempre registrados cada uru
no seu devido lugar e sempre na mesma ordem, de maneira a facilitar
tanto o registro como a compilação desses dados, quando necessário;
isto torna mais prática a própria interpretação da ocorrência em relação aos seus fatôres.
Ê costume cada empresa ter seus próprios formulários, cujos
dados são determinados pela experiência que a empresa possui, pela
extensão e profundidade que pretende dar aos estudos dos acidentes
ou, às vezes, simplesmente para coligir os dados mínimos requeridos
90
FONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES
PRÁTJ-..A DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
por lei. A legislação exige o preenchimento de um tipo de relatório
que não dispensa o uso de outro mais detalhado pelas empresas que
querem realmente tirar proveito das investigações dos acidentes em
benefício da segurança do trabalho. Os formulários para elaboração
dos relatórios não devem ser muito sucintos, mas também não devem
ser muito extensos, com registro de dados que pouco ou nenhum
benefício tragam à segurança do trabalho.
Um relatório simples, mas com as suficientes informações úteis,
deve incluir os seguintes dados:
Nome do acidentado
Idade
N.° de identificação
Função Normal
Tempo de serviço ..'.
Departamento ou Seção ao
qual pertence
.•
Data do acidente
hora do dia
hora
da jornada
(l.a, 2.a, etc.)
Local onde ocorreu o acidente
(de modo a
facilitar a localização da ocorrência).
Serviço que estava executando quando foi ferido
Há quanto tempo executava essa tarefa
Tinha
suficiente experiência?
Tinha instrução de
segurança?
Descrição da(s) lesão(ões) sofrida(s)
(deve ser
dada pelo serviço médico).
Descrição do acidente
(espaço mais ou menos
de dez linhas, suficiente para uma descrição resumida, porém clara,
do acidente).
a.
b.
c.
d.
e.
f.
(*)
(*)
(*)
(*)
(*)
(*)
Agente da(s) lesão (ões)
Condição insegura
Ato inseguro
Acideme-tipo:
'.
Fatôrr-, pessoais
Medidas para prevenir novas ocorrências
(espaço para* três ou quatro linhas)
( e ) Esses itens sTão comentados individualmente.
O preenchimento de um relatório desse tipo até a descrição da (s)
lesão(ões) é fácil e requer apenas o registro de fatos sem maiores
investigações. A descrição do acidente, por outro lado, requer mais
91
cuidado, deve ser a mais fiel possível, pois deverá ser o resultado da
investigação e não de informações de uma ou de outra pessoa.
COMO PROCEDER À INVESTIGAÇÃO
A primeira informação que se tem para iniciar a investigação é
a lesão sofrida e onde ela se localiza; se além dessas, o investigador
puder trocar algumas palavras com o acidentado, e obter mais algumas
informações, poderá dirigir-se para o local da ocorrência, com bastante chance de concluir fácil e corretamente o seu inquérito.
Pelo tipo da lesão e pelo trabalho que estava sendo executado,
vendo o local e obtendo algumas informações o investigador experiente chega à conclusão precisa, e não se deixa levar por informações
erróneas e nem se deixa ludibriar por falsas aparências. Esses comentários, naturalmente, referem-se à investigação processada por um
inspetor de segurança ou outra pessoa capacitada; mas, o próprio
supervisor ao processar a sua investigação ou cooperar na investigação
de outros, não pode prescindir desses princípios.
Durante a investigação deve-se apurar os itens a, b, c, d t e, que
deverão levar à conclusão do requisito / que é a parte mais importante do relatório. A descrição do acidente não precisa incluir
pormenores sobre a, b, c, d & e, desde que esses itens serão anotados
individualmente em seus devidos lugares.
a.
Agente da(s) lesão(ões)
Agente da lesão é aquilo que, em contato com a pessoa, determina a lesão. Pode ser um dos muitos materiais com características
agressivas, uma ferramenta, a parte de uma máquina etc. A lesão —
e a sede da lesão, isto é, a parte do corpo on'de ela se localiza — é
o ponto inicial para a investigação; em seguida, procura-se saber o
que a causou, isto é, o agente da lesão. Convém observar qual a
característica do agente que causou a lesão. Alguns agentes são essencialmente agressivos, como os ácidos e outros produtos químicos, os
materiais incandescentes ou excessivamente quentes, a corrente, elétrica etc.; basta um leve contato para ocorrer a lesão. Outros determinam ferimentos por atritos mais acentuados, por batidas contra a
pessoa ou da pessoa contra eles, por prensamento, queda etc. Por
exemplo: a dureza de um material não é essencialmente agressiva,
mas determina sempre alguma lesão quando entra em contato mais
ou menos violento com a pessoa. O mesmo se pode dizer do peso
de objetos; o peso, em si, não constitui agressividade, mas é um fator
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PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
FONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES
que aliado à dureza do objeto, determina ferimentos ao cair sobre
as pessoas.
Arestas cortantes e superfícies abrasivas, são também características agressivas que, como outras, podem ser catalogadas como riscos
inerentes ao trabalho. Todavia, esses se constituirão em condições
inseguras, quando, pela má disposição ou localização, e pela falta
de protetores reconhecidamente necessários, comprometam a segurança do pessoal.
A condição insegura que for observada deve ser registrada, pois
irá pesar bastante na conclusão do relatório, que se constitui nas
recomendações necessárias para que acidentes semelhantes sejam prevenidos.
92
b.
Condições Inseguras
É muito importante descobrir se uma ou mais condições inseguras contribuíram para a ocorrência. Não é necessário apontar a
condição insegura logo em seguida ao conhecimento do agente dá
lesão. A ordem não interessa. É necessário que durante a investigação
se apure a existência ou não de condição insegura na ocasião do acidente.
Em muitos casos não existem condições inseguras, ern outros
elas saltam aos olhos de tão evidentes e, cm outros ainda, cias são de
difícil identificação. Convém, no entanto, nunca confundir uma condição insegura com um risco inerente ao trabalho como já foi esclarecido no capítulo 5 e no tópico anterior.
Apenas para consolidar a ideia a respeito das condições inseguras
e a fim de fornecer um guia para a investigação, segue a relação das
condições inseguras mais comumente encontradas e que servem de
referência para a investigação mais profunda:
Falta de proteção em máquinas c equipamentos
Proteções inadequadas ou defeituosas
Deficiência em maquinaria e ferramental
Má arrumação
Escassez de espaço
Passagens perigosas
Defeitos nas edificações
Instalações elétricas inadequadas ou defeituosas
Iluminação inadequada
Ventilação inadequada
Condições insalubres (que não se relacionam com ventilação
ou iluminação)
Falta de protetores individuais
Outras
93
ATOS INSEGUROS
O ato inseguro praticado pela vítima é 'quase sempre mais evidente e mais facilmente identificado quando se investigam as causas
de um acidente. Ê muito importante a identificação correta do ato
inseguro, principalmente para a conclusão final do relatório cujos
objetivos foram citados acima.
Um particular, no entanto, deve-se ter em mente: às vezes, quem
investiga um acidente se dá por satisfeito ao identificar o ato inseguro
e procura determinar suas conclusões baseado somente neste fatof,
o que leva, muitas vezes, a uma conclusão apenas parcial, se não
totalmente falha. A conclusão de Heinrich e de outros autores sobre
a predominância evidente dos fatôres pessoais na ocorrência de acidentes do trabalho é um fato comprovado; mas, quem deseja investigar para chegar à melhor conclusão sôbii as causas dos acidentes,
não deve se apaixonar muito por essa afirmativa e sim analisar detidamente também as causas materiais.
Os atos inseguros mais comumente praticados e que, por conseguinte, aparecem nos relatórios de acidentes com mais frequência,
são aqueles já comentados no capítulo 4 e que vão a seguir relacionados :
Ficar junto ou sob cargas suspensas
Colocar pane do corpo em lugar perigoso
Usar máquinas sem habilitação ou permissão
Imprimir excesso de velocidade ou sobrecarga
Lubrificar, ajustar e limpar máquinas em movimento
Improvisação ou mau emprego de ferramentas manuais
Inutilização de dispositivos de segurança
Não usar as proteções individuais
Uso de roupas inadequadas e acessórios desnecessários
Manipulação incorreta de produtos químicos
Transportar ou empilhar inseguramente
Fumar e usar chamas em lugares indevidos
Tentativa de ganhar tempo
Brincadeiras e. exibicionismo
Nas investigações, convém sempre lembrar que a prática desses
atos, consciente ou inconscientemente, é sempre um ato inseguro.
94
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
FONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES
ACIDENTE-TIPO
A expressão "acidente-tipo" está consagrada no meio jurídico
como definição do infortúnio do trabalho originado por causa violenta.
Neste livro, ela é empregada para definir a maneira como as pessoas
sofrem a lesão, isto é, como se dá o contato entre a pessoa e o agente
lesivo, seja este contato violento ou não.
A classificação usual estabelece dez acidentes-tipo:
Batida contra...: a pessoa bate o
corpo ou parte do corpo contra
obstáculos. Isto ocorre com mais
frequência nos movimentos bruscos, descoordenados ou imprevistos, quando predomina o ato inseguro ou, mesmo nos movimentos
normais, quando há condições inseguras, tais como coisas fora do
lugar, má arrumação, pouco espaço etc. Como se pode ver por
esse primeiro exemplo, o conhecimento' do acidente-tipo é um
caminho que facilita a identificação dos atos ou condições inseguras.
Batida por...: nestes casos a
pessoa não bate contra, mas sofre batidas de objetos, peças de
máquinas, material quente etc.
A pessoa é ferida, às vezes, por
colocar-se em lugar perigoso ou
por não usar equipamento adequado de proteção e, outras vezes,
por não haver protetores que
isolem as partes perigosas dos
equipamentos ou que retenham
nas fontes os estilhaços e outros
elementos agressivos.
Excluem-se desse tipo de
acidentes os de quedas verticais
de objetos; nesses casos a classi-
Prensagen entre. . .: é quando a
pessoa tem uma parte do corpo
prensada entre um objeto fixo e
um móvel ou entre dois objetos
móveis. Ocorre com relativa
frequência devido a ato inseguro
praticado no manuseio de peças,
embalagens et c., e, também, devido ao fato de se colocar ou
descansar as mãos em pontos
perigosos de equipamentos. A
prevenção desse acidente-tipo,
assim como dos dois exemplificados anteriormente, 'além de
dispositivos de segurança dos
equipamentos, requer, dos trabalhadores, muitas instrução e
responsabilidade no que diz
respeito às regras de segurança.
Queda da pessoa: a pessoa sofre a lesão ao bater contra qualquer obstáculo, aparentemente
como no segundo acidente-tipo,
classificado como batida contra. .. O acidente em si, isto é,
a ocorrência que leva a pessoa,
nestes casos, a bater contra alguma coisa é específica, assim como o são também os meios preventivos. A pessoa cai por escorregar ou por tropeçar, duas
ocorrências, quase sempre de
condições inseguras evidentes,
cai por se desequilibrar, pela
quebra de escadas ou andaimes
e, muitas vezes simplesmente
abuso do risco que sabe existir.
95
96
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
Queda de objetos: esses são os
casos em que a pessoa é atingida por objetos que caem. Essas
quedas podem ocorrer das mãos,
dos braços ou do ombro da pessoa, ou de qualquer lugar em que
esteja o objeto apoiado — geralmente mal apoiado.
Embora nesses casos a pessoa
seja batida p o r . . . como no primeiro exemplo apresentado, a
classificação é à parte, pois a
ação do agente da lesão é diferente das demais — queda pela
ação da gravidade e não aremêsso — e as medidas de prevenção
também são específicas.
Duas quedas se distinguem: a pessoa cai no mesmo nível em
que se encontra ou em nível inferior. Em alguns casos, para estudos
mais acurados desdobra-se esse acidente-tipo nos dois acima citados.
Porém, onde há pouca possibilidade de ocorrer quedas de níveis diferentes, esse desdobramento é dispensável, pois trará mais trabalho
do que resultado compensador.
Esforço excessivo ou "mau jeito".
nesses casos, a pessoa não é atingida por determinado agente lesivo; lesões com distensão lombar, lesões na espinha etc., decorrem da má posição do corpo,
do movimento brusco em más
condições, ou do super esforço
empregado, principalmente na espinha e região lombar. Muito se
fala, se escreve e se orienta sobre
os métodos corretos de levantar
e transportar manualmente volumes e materiais e, por mais que
se tenha feito, sempre será necessário renovar as instruções e
insistir nas práticas seguras para
evitar esse acidente-tipo.
FONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES
Exposição a temperaturas extremas: são os casos em que a
pessoa se expõe a temperaturas
muito altas ou baixas, quer sejam
ambientais ou radiantes, sofrendo
as consequências de alguma lesão
ou mesmo de uma doença ocupacional. Prostração térmica, queimaduras por raios de solda elétrica
e outros efeitos lesivos imediatos,
sem que a pessoa tenha tido contato direto com a fonte de temperatura extrema, são exemplos
desse acidente-tipo.
Contato com produtos químicos
agressivos; a pessoa sofre lesão
pela aspiração ou ingestão dos
produtos ou pelo simples contato
da pele com os mesmos. Incluemse também os contatos com produtos que apenas causam efeitos
alérgicos. São muitos os casos
que ocorrem devido à falta ou má
condição de equipamentos destinados à manipulação segura dos
produtos agressivos, ou à falta de
suficiente conhecimento do perigo,
ou, ainda, por confusão entre
produtos. A falta de ventilação
adequada é responsável por muitas doenças ocupacionais causadas por produtos químicos.
f
97
98
PRATICA DA. PREVENÇÃO BE ACIPENTES
FONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES
Contato com eletrícidade: as lesões podem ser provocadas por
contato direto com fios ou outros
pontos carregados de energia, ou
com arco voltaico. O contato com
a corrente elétrica, no', trabalho,
sempre é perigoso. Os acidentes-tipo de contato com eletricidade são potencialmente mais
graves, pois o risco de vida quase
sempre está presente. Muitos casos ocorrem por erros ou falta de
proteção adequada, mas, uma
grande percentagem deve-se ao
abuso e à negligência.
Outros acidentes-ripo: como é fácil notar, alguns dos tipcs relacionados agrupam acidentes semelhantes mas que poderiam ser considerados, individualmente, um acidente-tipo. Ê lícito um desdobramento
desde que seja vantajoso para o estudo que se propõe efetuar, cujo
objetivo deve ser uma prevenção sempre mais positiva dos acidentes.
O tipo queda da pessoa poderá^ser subdividido, como já foi explicado. Isto naturalmente será vantajoso em empresas com trabalhos em
vários níveis, como na construção civil.
Numa indústria química, certamente será útil desdobrar o tipo
que se refere a contado com produtos químicos agressivos; por outro
lado, em outro género de indústria o resultado desse desdobramento
poderá não compensar. Num armazém de carga e descarga com muito
trabalho manual, poderá ser vantajoso subdividir o tipo esforço excessivo ou "mau jeito" e, numa empresa de instalações elétricas certamente
será vantajoso desdobrar o tipo contato com eletrícidade.
Além dos citados, existem outros tipos menos comuns, que pela
menor incidência não requerem uma classificação específica. Eles
podem ser identificados por não se enquadrarem em nenhum dos
acidentes-tipos aqui relacionados.
Mais uma vez, é bom lembrar que a classificação aqui proposta
baseia-se na maneira pela qual a pessoa sofre a lesão, ou entra em
contato com o agente lesivo, e nada tem a ver com a ocorrência física
do ambiente — acidente-meio — e nem com o género ou extensão
das lesões.
Um mesmo acidente-meio pode causar diferentes acidentes-tipã
Numa explosão, uma pessoa poderá ser batida por algum estilhaço,
99
outra poderá sofrer uma queda, outra ainda poderá ser atingida por
uma onda de calor. Portanto, o acidente-tipo referido neste livro
está bem caracterizado, desde a sua definição até à sua interpretação
na prática.
A classificação será, eventualmente, um pouco difícil nos casos
em que o acidente puder, aparentemente, pertencer a dois tipos. Porém,
conhecendo-se bem os pontos importantes para a classificação não
haverá qualquer dificuldade. Por exemplo: uma pessoa recebe contra
o corpo respingos de ácido e sofre queimaduras; o acidente-tipo é
"contato com produto químico" e não batida por..., pois o que
determinou a lesão não foi o impacto, mas sim a agressividade química
do agente. Uma pessoa recebe um choque que a faz cair e bater com
a cabeça no chão; sofre um ferimento; se o ferimento foi só devido
à queda, o tipo é queda da pessoa; se, eventualmente, sofresse também
lesão de origem elétrica teriam ocorrido dois acidentes-tipo e o caso
deveria ser assim registrado.
"Em alguns casos, apesar de todo o cuidado, poderá restar alguma
dúvida, pelo fato de a classificação proposta ser apenas genérica.
Porém, para ganhar tempo, ou melhor, para não desperdiçar tempo
em detalhes que podem não compensar o esforço e o tempo despendidos em sua análise, é preferível optar pela generalidade e dentro
dela dar a devida atenção aos fatos específicos de destaque que possam
servir para a conclusão geral do relatório — que é o objetivo visado —,
isto é, o que fazer para prevenir novas ocorrências.
FATÔRES PESSOAIS
Os fatôres pessoais, ou seja, as falhas inerentes à pessoa como tal
ou como profissional, dão origem a atos inseguros que, em muitos
casos, também criam condições inseguras ou permitem que elas continuem existindo. Embora os principais fatôres -tenham sido comentados no capítulo 4, vão novamente aqui relacionados, pois, sendo
elementos de valor para a conclusão final, devem ser apurados e
anotados no relatório de acidentes. Em muitos casos, a indicação do
fator pessoal pode ser um tanto subjetiva, mas, no cômputo geral das
investigações processadas, e para fins de estudo, essas indicações serão
sempre muito úteis. Os fatôres pessoais predominantes, já citados são:
Desconhecimento dos riscos de acidentes
Treinamento inadequado
Falta de aptidão ou interesse pelo trabalho
Excesso de confiança
Atitudes impróprias
Incapacidade física para o trabalho
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100
FONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
MEDIDAS PARA PREVENIR NOVAS OCORRÊNCIAS
Neste ponto, dá-se a conclusão do relatório. Este é o objetivo da
investigação dos acidentes; indicar as medidas que deverão ser tomadas
para prevenir outras ocorrências semelhantes. E como se chega a
essa conclusão? E como atinar com a medida correta?
Notem os leitores que no relatório do acidente são registrados
dados de ordem pessoal, material, profissional etc., que são facilmente
coligidos e que indicarão automaticamente as medidas a serem tomadas,
desde, que bem analisados e correlacionados. Outros dados são, às
vezes, incluídos nos relatórios, mas não têm valor prático para a
conclusão final do relatório, que é o objetivo da investigação.
Tendo-se chegado à conclusão das medidas que devem ser tomadas, é necessário colocá-las em prática através dos setores competentes:
engenharia, manutenção, treinamento etc. A supervisão responsável
pela área que será beneficiada é quem deve ser acioriada, quem tem
o dever de requerer os meios recomendados, seguindo os procedimentos
da empresa. Ao serviço de segurança cabe assistir, acompanhar todo
o processo até à sua execução e, finalmente, quando estiver concluído,
aprová-lo.
Neste ponto termina o ciclo da investigação de acidentes. Não
importa o quanto vai demorar a execução desta ou daquela medida;
o serviço de segurança deve manter controle e acompanhar os processos em andamento até que sejam concluídos, tomando, nesse intervalo, algumas medidas intermediárias cabíveis.
O que é muito importante e não pode ser esquecido é que quando
se recomenda certa medida, em decorrência da investigação de um
acidente, essa mesma medida deve ser estendida a todas as outras
condições semelhantes que possam existir na empresa. Assim tira-se
realmente proveito das investigações, em benefício da prevenção deacidentes. Além dessa, outra boa lembrança é que as investigações,
como já foi dito, indicam novos caminhos para as inspeções de segurança, que serão comentadas no próximo capítulo. •
CONTROLE ESTATÍSTICO DE ACIDENTES
O controle estatístico dos acidentes e de outros dados importantes,
coligidos nas investigações, é tão importante quanto os demais controles mantidos pela empresa, tais como o de qualidade, o de estoque,
o de custo etc. Esse controle complementa as investigações dos acidentes no que diz respeito aos estudos globais dos problemas de
segurança, à avaliação do progresso em cada área, além de fornecer
101
elementos que indicam caminhos a serem seguidos e medidas a serem
tomadas, em prol da melhoria dos métodos de segurança do trabalho.
Os dados da investigação de acidentes, quando corretamente
compilados, mantidos em registro e dispostos em estatísticas podem:
•
•
•
•
criar motivação favorável do pessoal se forem bem aproveitados
para divulgação.
determinar as principais fontes de acidentes e as que requerem
ação prioritária.
servir para julgamento da eficiência ou deficiência do programa.
apontar falhas que os casos isolados não revelariam.
Um bom registro de dados depende de vários setores de atívidade,
tais como Serviço Médico, Supervisão da pessoa acidentada, Serviço
de Segurança, Apontadoria ou Controle de horas e outros, dependendo
dos tipos de controle que se queira pôr em prática.
Não são necessárias estatísticas sofisticadas; dados simples e
objetivos dão melhores resultados, pois são mais fáceis de serem
interpretados por todos que deles devera tomar conhecimento.
Certo controle é imposto pela legislação, que requer' o cálculo
mensal dos coeficientes de frequência e de gravidade dos acidentes,
de acordo com norma brasileira existente, que deve ser consultada e
seguida pelos interessados.
Nos cálculos acima citados são computados somente .os acidentes
com afastamento, isto é, os casos cujas lesões • impedem a vítima de
trabalhar pelo menos por um dia. O conceito de afastamento, assim
como outros, também deve ser o que consta na norma brasileira
aprovada. Entretanto, esse controle é pouco para se ter todas as informações que são úteis à prevenção dos acidentes. Algumas considerações sobre outros controles serão feitas mais adiante.
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PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
102
COEFICIENTE PE FfiSQUENO»
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FONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES
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Esse cálculo se faz mensalmente e se mantém o acumulativo do
ano tanto para os dados gerais da empresa como para os setores da
divisão da área total da empresa para esse fim. Essas áreas podem
ser fisicamente traçadas na planta da empresa ou consideradas de
acordo com as atividades exercidas. Por exemplo, um setor de transportes, de manutenção, e outros, não possuem área de atividades
delimitadas por quatro linhas. No caso, são consideradas áreas segundo
suas atividades.
O resultado do cálculo é sempre o número de acidentes na constante um milhão de horas/homens trabalhadas, o que .possibilita a
comparação entre áreas com número de trabalhadores e de horas
trabalhadas diferentes.
COEFICIENTE MÉDIO ANTERlOB
COEFICIENTE DE FREQUÊNCIA
Coeficiente de Gravidade (CG)
39 «HO
É a seguinte a fórmula para o cálculo acima:
—— ACIDENTES POR TONELADA FUNDIDA
(N.° de dias perdidos + dias debitados) 1.000.000
—ACIDENTES POR UNIDADE PRODUZIDA
CG =
horas/homens trabalhadas
Nesse cálculo a gravidade aparece em relação aos dias perdidos
pelos acidentados, considerados dias de incapacidade para o exercício
do trabalho, e aos dias debitados, que são dias computados em casos
de lesões que causam incapacidade parcial ou total permanente, ou
a morte da vítima. Tabela e instrução para esse cômputo encontram-se
na norma brasileira já citada e na legislação específica.
0,0»
0.0.
OUTROS CONTROLES
Exemplos de controles estatísticos.
Coeficiente de Freç;ência"(CF)
A fórmula para esse cálculo é a seguinte:
N.° de acidentes x 1.000.000
CF =
horas/homens trabalhadas
Para estudos dos acidentes com o fim de criar subsídios para a
sua prevenção, estes cálculos não são suficientes. Todos os dados
coligidos nos relatórios de investigação de acidentes podem ser registrados e dispostos de maneira a facilitar a consulta em qualquer
oportunidade. Os dados poderão ser usados como motivação à prevenção de acidentes, além de fornecerem informações que conduzirão
os interessados a tomarem as medidas adequadas e, no momento
oportuno, para correção ou melhoria das condições existentes.
Esses registros, quer em forma simples ou de gráfico, não devem
ser preparados somente para engrossar arquivos ou para enfeitar quadros e paredes. Devem, isso sim, ser usados para trazerem resultados
práticos compensadores. Os dados devem ser apresentados sem emenda
i
4
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
104
ou subterfúgio, devem ser frios como os números que os representam,
claros para que sejam facilmente entendidos, e simples, para que o
maior número de informações possam ser prestadas no menor número
de páginas possível.
RESUMO
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• A investigação de acidentes, quando bem conduzida, é uma
das boas fontes de informação para a segurança do trabalho.
• Os acidentes que mais interessa investigar são os que causam
lesões às pessoas.
• Alguns erros de interpretação e de avaliação não permitem
que muitas pessoas reconheçam todas as vantagens das investigações
de acidentes.
• As investigações de acidentes devem ser processadas em
seu ciclo completo, isto é, desde as primeiras informações da ocorrência até a tomada de medidas para prevenir outras ocorrências
semelhantes.
• O relatório da investigação deve ser feito em formulário
prático de ser preenchido, com todos os dados que possam servir
de subsídio à segurança do trabalho.
• As investigações devem se iniciar com as informações sobre
as lesões, fornecidas pelo serviço médico e, também com algumas
palavras trocadas com o acidentado.
• Além de dados pessoais e profissionais relativos ao acidentado, dados relativos à lesão sofrida e outros que identifiquem local,
hora etc., do acidente, devem constar do relatório as causas apuradas
e, o que é mais importante, também, as medidas tomadas para
prevenir outros casos semelhantes.
• Controles estatísticos dos acidentes devem ser mantidos, de
preferência simples e com todos os dados capazes de proporcionar
motivação para a prática da prevenção de acidentes.
• O cálculo dos coeficientes de frequência e de gravidade dos
acidentes, segundo normas existentes, é obrigatório por lei.
• Para resultados mais positivos, é necessário ir além dos
cálculos de frequência e gravidade, pois esses fornecem poucos
elementos para se chegar a alguma conclusão sobre medidas que a
prevenção de acidentes esteja necessitando.
7
FONTES DE INFORMAÇÃO
INSPEÇÀO DE SEGURANÇA
As ínspeções de segurança compõem a outra grande fonte de
informações que auxilia na determinação de medidas de segurança que
previnem os acidentes do trabalho. Como as investigações de acidentes,
também as inspeções devem ser aplicadas em toda a extensão para
proporcionar resultados compensadores; isto envolve uma série de
providências imediatas e desencadeia outras paralelas para se ter completo o ciclo das inspeções de segurança.
Quando bem processadas e envolvendo todos os que devem
assumir sua parte de responsabilidade, as inspeções atingem os seguintes
objetivos:
•
possibilitam a determinação de meios preventivos antes da
ocorrência de acidentes.
•
ajudam a fixar nos empregados a mentalidade da segurança do
trabalho e da higiene industrial.
•
encorajam os próprios empregados a agirem como inspetor de
segurança no seu serviço.
•
melhoram o entrelaçamento entre o serviço de segurança e os
demais setores da empresa.
•
divulgam e consolidam nos empregados o interesse da empresa
pela segurança do trabalho.
• despertam nos empregados a necessária confiança na administração e angariam a colaboração de todos para a prevenção de
acidentes.
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DEPARTAMENTO INSPECIONADO
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CÓPIAS PARA:
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RELAÇÕES
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PARTICIPANTES
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CÓDIGO DE AÇAO
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de forma resumida, das inspeções gerais de segurança.
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PRÁTIC.V DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
108
rança com a supervição feita através de um programa bem delineado.
O inspetor deve compreender que, num verdadeiro programa de segurança, as inspeções que ele faz são suplementares às inspeções de
responsabilidade da supervisão e de outros.
Nas inspeções que efetua, o inspetor de segur^iça deve verificar
tudo, sem ser necessariamente especialista ou conhecedor profundo de
tudo. Isto porque, ele verifica nessas inspeções apenas os aspectos de
segurança, isto é, os riscos de acidentes e para isso deve estar habilitado.
As inspeções de rotina visam — não importa quem as faça — a
descoberta dos riscos comuns, já conhecidos e mais elementares, tanto
sob o ponto de vista material como pessoal. Exemplos desses riscos
são: falta de protetores em máquinas; protetores danificados, funcionando mal ou mal usados; desordem, desarramação, disposição de
materiais de maneira perigosa; uso de equipamentos de forma insegura;
falta ou uso inadequado de equipamentos de proteção individual;
atitudes inseguras etc.
O inspetor deve registrar as inspeções em formulários práticos de
serem preenchidos, de modo a facilitar as seguintes comunicações:
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Os supervisores fazem inspeções de segurança no desempenho de
seus serviços de rotina. Às vezes eles fazem inspeções sem se aperceberem, em essência, do que é a segurança do trabalho. Num programa
de segurança em que os supervisores têm bem definidas suas atribuições
e lhes é dado a conhecer o que realmente significa prevenir acidentes
do trabalho, o seu serviço de rotina rende muito mais e, o que fazem
em prol da segurança reverte em favor da quantidade, da qualidade, do
custo e dos prazos referentes aos trabalhos que dirigem. Toda vez
que um supervisor descobrir alguma irregularidade em suas observações de rotina, ele deve tomar a iniciativa para solucioná-la e deve
recorrer ao serviço de segurança sempre que necessitar de assessoramento.
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à supervisão da área que deve tomar a iniciativa da correção
do fato apontado;
à gerência para tomar conhecimento e autorizar a execução
quando necessário;
a alguém mais que possa interessar;
uma cópia para o inspetor que, a partir daí, deverá fazer o
acompanhamento e assessoramemo necessários até a finalização
do ciclo da sua inspeção que é a complementação da correção
recomendada.
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55
AO SUPERVISOR SR.
LOCAL, MÁQUINA,
109
FONTES DE INFORMAÇÕES — INSPEÇÃO DE SEGURANÇA.
FOI CONSTATA
iRIDADE:—
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
FONTES DE INFORMAÇÕES — INSPEÇÁO CE SEGURANÇA
Muitas inspeções de segurança, de rotina, podem e devem ser
atribuídas a trabalhadores de diversas especialidades. Ou melhor, os
trabalhadores devem ser treinados e habituados a inspecionarem rotineiramente suas ferramentas, seus equipamentos e máquinas a fim de
descobrir qualquer irregularidade que, corrigida, evite o desagrado de
um acidente. Os trabalhadores devem receber de seus supervisores
informações sobre o que e como inspecionar, principalmente visual e
auditivamente, e como agir quando notarem qualquer irregularidade.
zadas da manutenção, engenharia ou de outros setores que as efetuam.
Às vezes essas inspeções são efetuadas sem que façam parte, oficialmente, do programa de segurança. Nesses casos, nem sempre se emitem
relatórios, e o serviço de segurança fica à margem dos resultados, o
que é prejudicial e corrompe o sentido de equipe que obrigatoriamente
deve nortear toda a segurança da empresa.
As inspeções periódicas visam a apontar riscos previstos, isto é,
que podem surgir de quando em quando devido a desgastes, fadigas,
super-esfôrço e exposição a certas agressividades do ambiente a que
são submetidas máquinas, ferramentas, instalações, etc. Se a empresa,
eventualmente, não possuir pessoas especializadas para efetuá-las,
poderá recorrer a entidades e laboratórios especializados no assunto
e mesmo ao fabricante dos equipamentos a serem inspecionados,
110
Trabalhadores
Pessoal de Manutenção
O pessoal de manutenção preventiva faz, muitas vezes sem o
saber, em suas vistorias de rotina, aquilo que é realmente inspeção
de segurança. Embora muitas vezes visem somente à segurança dos
equipamentos, em muitos casos previnem também acidentes pessoais.
Este é mais um exemplo a recomendar que todos devem saber interpretar e identificar os acidentes do trabalho em toda a sua extensão.
Membros da CEPA
Muitas vezes- se dá ao membro da CIPA alguma atribuição relativa
a inspeções de segurança. Estes, muitas vezes, têm essa atribuição
limitada pelo seu tipo de atividade e não podem fazer muito mais
que um outro empregado, bem orientado. No entanto, eles, que são
representantes dos demais empregados, têm mais responsabilidade e
devem ser devidamente instruídos sobre como agir na parte que lhes
for designada nas inspsções de segurança. Nas empresas que possuem
serviço de segurança, onde a CIPA é órgão colaborador, os seus
membros devem ser colaboradores diretos da supervisão e assumir as
atribuições que esta lhes delegar.
Enfim, bem orientados, são muitos os que podem participar ativamente das inspeções rotineiras de segurança.
Inspeções Periódicas
Estas são inspeções de segurança efetuadas a intervalos regulares
de acordo com programa previamente estabelecido para cada caso.
Embora devam ser programadas e executadas em cooperação com o
serviço de segurança da empresa, via de regra são pessoas especiali-
111
Inspeções periódicas obrigatórias por lei
Algumas inspeções são obrigatórias por lei e, certamente, outras
o serão no futuro. Dentre essas podem ser citadas as dos extintores
portáteis e outros equipamentos de combate a incêndio, as caldeiras,
os elevadores etc. Além de algumas inspeções reguladas por normas
"ABNT", muitas outras são apenas citadas em artigos das leis da
prevenção de acidentes.
Mesmo sem padrão estabelecido em normas ou dispositivo legal,
muitos equipamentos requerem inspeções periódicas, cujos intervalos
devem obedecer instruções do fabricante ou mesmo a experiência das
pessoas responsáveis.
Inspeções periódicas e de rotina
Em certos casos que requerem inspeções periódicas rigorosas
convém, para maior margem de segurança, estabelecer um regime de
inspeções de rotina nos intervalos. Essas podem ser feitas pelos
supervisores ou pelos próprios trabalhadores envolvidos, desde que
suficientemente instruídos e cônscios de suas responsabilidades. Como
exemplo de equipamentos para esse regime de inspeção podem-se
citar: cordas, correntes e cabos de aço submetidos a esforço de tração;
escadas portáteis; ferramentas manuais e elétricas; peças e dispositivos
vitais de máquinas incluindo os dispositivos de segurança. Os trabalhadores devem receber instruções de como observar e identificar
qualquer irregularidade, e comunicá-las aos superiores independentemente das inspeções periódicas rigorosas que se realizam.
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112
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
Inspeções eventuais
Essas são as inspeções que se fazem esporadicamente sem dia ou
período estabelecido. Geralmente é o inspetor de segurança quem as
efetua, juntamente com outros técnicos: com um eletricista ou engenheiro eletrônico, para vistoriar equipamentos ou instalações elétricas
de determinado setor; com o responsável pela manutenção para vistoriar
equipamentos mecânicos, hidráulicos etc., que não estão sujeitos a
inspeções periódicas; com o médico para vistoriar o aspecto sanitário
e salubre de certos ambientes; com a pessoa competente quando a
ocorrência de acidentes recomenda inspeções em outras áreas. Nessas
inspeções o inspetor de segurança deve registrar tudo como nas iuspeções de rotina.
Inspeções oficiais
São essas as inspeções efetuadas pelos órgãos governamentais do
trabalho ou securitários. Para esses casos é muito importante que os
serviços de segurança mantenham controle cie tudo o que ocorre e
do andamento de tudo o que estiver pendente c que estejam realmente
em condições de atender e informar devidamente a fiscalização.
Inspeções especiais
Inspeções especiais são as que requerem conhecimentos e/ou
aparelhos especializados. As pesquisas de ambiente para determinação
da existência ou não de condições insalubres podem ser consideradas
inspeções especiais, eventuais ou periódicas, conforme o caso. As
inspeções periódicas de caldeiras, de elevadores etc., são também
especiais; outras que podem se fazer nos intervalos já não serão
especiais. A análise de risco, que é a maneira especializada de identificar os riscos de qualquer atividade, é também uma forma de
inspeção especial, pois, como as demais, visa a descobrir riscos à
integridade física e saúde dos trabalhadores e riscos aos próprios equipamentos e instalações.
CICLO COMPLETO DAS INSPEÇÕES DE SEGURANÇA
Embora as inspeções efetuadas pelos inspetores de segurança
sejam em suplementação às de responsabilidade dos supervisores, elas
FONTES DE INFORMAÇÕES — INSPEÇÃO DE SEGURANÇA
113
devem ser formalizadas e completar determinado ciclo para que sejam
correias. Este ciclo se compõe de cinco fases:
• Observação: saber observar o que se pretende ver é de fundamental importância. Tudo deve ser observado, tanto do lado
material como humano, tendo sempre em mente os dados já conhecidos e a experiência do dia a dia; não se deve ostentar atitude de
superioridade e nem dar a esse trabalho o caráter de espionagem.
A habilidade de descobrir falhas por meio da observação é a melhor
maneira de se conduzir para obter a necessária colaboração de
quem quer que seja. O sucesso depende muito do procedimento de
cada um e do empenho que fizer para se sair bem; isso não se
aprende apenas lendo, mas praticando.
• Informação: o inspetor deve comunicar qualquer irregularidade
ao responsável pela atividade onde ela foi observada. A informação
imediata, mesmo verbal, pode abreviar o processo de solução do
problema, com a aplicação de medidas que se anteciparão a ocorrências desagradáveis. O inspetor não deve, sempre que possível,
deixar para depois. Deve informar o supervisor, mostrar-lhe a
irregularidade e discutir na hora, se for o caso, qual a melhor
medida a ser tomada. Depois, registrar a observação da inspeção
a fim de documentá-la.
• Registro: os itens observados nas inspeções devem ser registrados em formulário especial — relatório de inspeção ou outro
nome que lhe quiserem dar. Desse registro devem constar: o que
foi observado; o local onde foi observado, de modo a facilitar a
localização geográfica da irregularidade dentro da empresa; a recomendação do que se espera seja feito e alguma sugestão, se for
oportuna. De uma inspeção sem registro dos fatos nem sempre se
pode esperar um bom resultado, pois se torna difícil encaminhar
as reivindicações e acompanhar o seu desenvolvimento.
• Encaminhamento: os registros das inspeções não são para fins
estatísticos e nem para censurar este ou aquele setor ou indivíduo.
São para possibilitar o encaminhamento quer seja de um pedido
de reparo, de uma solicitação de compra etc. Cada organização
possui seus procedimentos próprios para ordem de serviço, pedidos
de modificações etc. Esses mesmos procedimentos devem ser observados quando se trata de casos de segurança do trabalho. O relatório
de inspeção, quando parte do inspetor de segurança, é o documento
inicial que desencadeia todo o processo de atendimento, que é
particular em cada empresa.
• Acompanhamento: após o registro feito e encaminhado, resta
ao inspetor de segurança acompanhar o processo até à execução
final. Não importa o tempo que cada item demanda; o acompanhamento deve ser feito, pois o serviço de segurança não pode
perder de vista qualquer proposta ou sugestão para resolver problemas de segurança, mesmo que não haja tempo previsto para a
solução final. Do acompanhamento faz parte o assessoramento que
114
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
o inspeíor deve dar aos órgãos técnicos que executarão os trabalhos
corretivos, de modo que sejam tomadas as medidas certas da maneira
mais vantajosa possível.
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As cinco fases que completam o ciclo das inspeções de segurança
efetivamente processadas procuram dar perfeito controle da situação,
desde a observação inicial até o fim, quando se esperam resultados
favoráveis. Os métodos e formulários podem variar um pouco, mas,
de um modo geral, não podem fugk muito do ciclo proposto, quando
se processam realmente inspeções de segurança.
ANÁLISE DF. RISCOS
A análise de riscos é uma modalidade de inspeção de segurança.
Com características próprias e exigindo técnicas específicas, pode ser
considerada um método avançado de inspeção de segurança, isto é,
de descobrir riscos desconhecidos até então, e de levantar suspeita
sobre outros que poderão exigir alguma inspeção especial para um
laudo final.'
O desenvolvimento da análise indica as medidas corretivas dos
riscos que podem ser descobertos e, ao mesmo tempo, prepara todos
os elementos para elaboração de regras de segurança para a operação
submetida à análise.
Uma pessoa que conheça razoavelmente segurança do trabalho
pode analisar corretamente o trabalho para levantamento de riscos,
após receber noções do método e curto período de treinamento. A
análise é feita em cada operação individualmente.
É necessário um estudo preliminar do trabalho e determinar um
ponto distinto a ser considerado como o início do ciclo da operação.
E preferível que esse ponto seja um que envolva direta e distintamente
a pessoa, tal como: pegar a peça com as mãos, acionar a alavanca etc.
A partir do ponto tomado como início, a operação deve ser dividida
em seus elementos componentes. As diversas fases distintas da participação da pessoa devem, necessariamente, ser consideradas como
elementos separados. Cada elemento deve ser estudado individualmente; devem ser anotados seus 'riscos e as medidas preventivas
correspondentes. Uma análise final dos registros'do'estudo permite
determinar as medidas corretivas, se necessárias, e o método mais
seguro de efetuar a operação.
Um exemplo poderá esclarecer melhor:
Um trabalhador apanha uma peça de sobre um carrinho, coloca-a
sobre uma mesa, inspeciona visualmente todos os seus lados e em
seguida, apanha novamente a mesma peça, anda alguns passos,
FONTES DE INFORMAÇÕES — INSPEÇÃO DE SEGURANÇA
tador, voltando para iniciar novo ciclo. A descrição da operação já
determinou o ponto a ser considerado como início, ou seja, quando
o trabalhador apanha a peça no carrinho. Passa-se, em seguida, a
dividir a operação, considerando seus elementos como já definidos.
Os elementos seriam os seguintes:
No segundo elemento, ínspeção visual, continua o perigo das
rebarbas e, no manuseio da peça, os dedos poderão ficar prensados
contra a mesa (deve-se lembrar que o peso da peça é de 20 quilos).
Esses riscos serão então apontados para o segundo elemento na segunda
coluna que corresponde aos riscos. Como recomendação continuariam
o do uso das luvas e a da maneira correta de manusear a peça para
evitar prensamento dos dedos.
No terceiro elemento o trabalhador apanha a peça e anda seis
passos com ela nas mãos até junto do transportador. Os riscos deste
elemento são os mesmos do primeiro, agravados pela distância percorrida pelo trabalhador, que neste caso é de seis passos. Os riscos
registrados serão os mesmos do primeiro elemento e as recomendações
também se repetirão.
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No quarto elemento continua o risco das rebarbas; a peça poderá
cair ao ser enganchada, admitindo-se que determinada posição do
corpo do indivíduo é imprescindível para total segurança deste elemento
da operação. Continuariam, então, os riscos das rebarbas e da queda
da peça ao ser enganchada, além da possibilidade de lesão muscular
pela posição incorreta do corpo. Seriam então registrados como riscos:
"Rebarbas cortantes; queda da peça; esforço físico de maneira
insegura".
Como recomendações teríamos o uso de luvas que vem
desde o primeiro elemento; o posicionamento certo da peça no gancho,
e a posição correta do corpo do trabalhador.
No quinto elemento consideremos que não há qualquer risco
digno de nota. No entanto, deverão ser anotadas a não existência
de riscos e de recomendações, nas colunas correspondentes.
Depois de preenchidas a folha pela análise criteriosa da operação,
a que resultado se chega? Que vantagens apresenta para a prevenção
de acidentes? Verifiquem os resultados. Na primeira coluna está a
operação dividida em seus elementos distintos. Esta divisão, além de
possibilitar a análise pormenorizada da operação, vem revelar algo
surpreendente quando são conhecidos casos de acidentes ocorridos na
operação que analisamos: quando ocorrem vários acidentes na mesma
operação, é comum considerar-se a operação perigosa sem uma análise
mais profunda; esta conclusão pode ser falha, pois, não raro, apenas
um dos seus elementos, por ser irregularmente processado, compromete toda a segurança. Somente a análise de riscos poderá chegar a
minúcias e recomendar, muitas vezes, medidas corretivas mais simples
do que aquelas imaginadas antes.
Na segunda coluna estarão os perigos característicos de cada
elemento e o risco total da operação, o que, sem dúvida, possibilita
a determinação das recomendações finais na última coluna.
Apanhar a peça ( ± 2 0 quilos) no carrinho e colocá-la sobre
a mesa (nessa fase inicial já se deve conhecer o peso da peça).
2.°. Movimentar a peça em todos os sentidos para inspecioná-la.
3.°. Apanhar a peça andando 6 passos (os espaços percorridos
também são importantes).
4.°. Elevar a peça até a altura do ombro o colocá-la no gancho
do transportador.
5.°. Retornar para o carrinho.
1.°.
São cinco elementos distintos pela participação ou movimentação
do trabalhador. Em todos eles pode ser observado um ponto exato
de começo e finalização.
Feita a divisão, os elementos serão registrados na ordem cronológica na primeira coluna da folha de análise, cujo cabeçalho deve
estar devidamente preenchido. Começa, então, n análise propriamente
dita. Analisa-se elemento por elemento, estudando-se os riscos que
apresentam ou poderão apresentar em caso de qualquer anormalidade
no transcurso da operação.
No primeiro elemento poderão ser observados um ou mais dos
seguintes riscos:
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11?
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
116
o carrinho poderá ser muito alto ou muito baixo de modo a
exigir um esforço físico em posição desfavorável por parte do
trabalhador.
as peças poderão estar mal empilhadas ou dispostas de maneira
insegura, apresentando perigo de caírem.
as peças podem apresentar arestas ou rebarbas cortantes, serem
escorregadias, estarem quentes, etc.
Qualquer das condições referidas representaria perigo para o
trabalhador, e para todas elas haveria uma recomendação de segurança
a ser feita. Considerando que no primeiro elemento, os únicos riscos
observados são os das rebarbas cortantes e o da queda da peça durante
a transferência do carrinho para a mesa, na segunda coluna da folha
de análise seria, então, registrado o seguinte:
"Rebarbas cortantes; queda da peça", que foram os riscos encontrados. Na terceira coluna registram-se as recomendações e meios que
deverão ser adotados contra os referidos riscos, que seriam os seguintes: "Usar luvas (especificar o tipo adequado) e segurar firmemente
a peça".
118
FONTES DE INFORMAÇÕES — INSPEÇÃO DE SEGURANÇA
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
Na terceira coluna teremos o conjunto das medidas que deverão
ser colocadas em prática, e informações suficientes para o estabelecimento das regras de segurança para a operação.
A análise é simples até esse ponto. A , maipria das operações
tem aí o seu encerramento, mas, em alguns casos, deverá ir além.
Cabe ao analista observar os riscos que podem ser eliminados ou
neutralizados e os que requerem estudos particulares com relação às
medidas que deverão ser tomadas.
Num caso como o da operação analisada, se o trabalhador está
com as mãos desprotegidas, a recomendação do uso de luvas adequadas
corrigirá a falha, neutralizando a ação agressiva das rebarbas. No
entanto, nem todos os riscos serão assim facilmente evitados. Muitos
requerem estudos adicionais. Mesmo sendo o uso das luvas a medida
mais recomendável, de imediato, poderá não ser a única a ser tomada.
Neste caso, as peças chegavam com muitas rebarbas, à estação de
trabalho onde deveriam ser manuseadas. Casos como esse devem
despertar a atenção do analista, que deve perguntar a si mesmo:
"por que vêm com rebarbas?" "poderiam ser evitadas ou reduzidas?"
"como?" Com toda certeza, perguntas como essas levariam o analista
a concluir que a operação ou operações precedentes deveriam ter
sido estudadas antes. Aqui alguém poderá objetar e dizer: "é lógico,
as operações devem ser estudadas na ordem em que são processadas".
Nem sempre é necessário! Muitas vezes, ao analisar-se uma série de
operações em sua ordem de processamento, despende-se muito e precioso tempo em operações simples de pouco perigo até chegar àquelas
criticas, onde os próprios acidentes que ocorrem clamam por medidas
de segurança corretas e imediatas.
As operações que são consideradas perigosas, simplesmente porque nelas ocorrem mais acidentes, devem ter prioridade nas análises
de riscos, independentemente da posição que ocupam na ordem do
fluxo operacional.
" No caso citado, as luvas resolveram de imediato um problema
; de segurança que existia; nesse mesmo caso formula-se a hipótese da
^-necessidade de estudos nas operações precedentes. Após inspecionada
- a peça, o homem a leva nas mãos numa distância de seis passos.
"^É-áácil^concluk que, quanto maior a distância percorrida, maior é
j^ -ptBbabilidade da peça cair das mãos do trabalhador e maior o
"cansàço do indivíduo. Dutras perguntas poderão ser feitas. Porque
? essa distância? Poderão, mesa e carrinho, ficar mais perto do trans.-portador? Haverá qualquer inconveniente? Sob o aspecto segurança
--seriam criados outros riscos?
Essas perguntas o analista, naturalmente, as fará para os elementos
por ele sdecionados e sempre depois da conclusão da primeira análise,
que é o estudo da operação da maneira como ela está sendo usualmente executada.
Nos casos de, em face das recomendações feitas, alguns elementos
serem alterados, o analista deverá proceder a outra análise após a
alteração ter sido processada, para efeito comparativo e de avaliação
do que pode ser feito pelo serviço de segurança, quando técnica e
criteriosamente desenvolvido na indústria.
As conclusões das análises devem ser apresentadas aos supervisores, engenheiros e outras pessoas, para encaminhamento das medidas recomendadas e para assinatura da folha de análise, a fim de
que seja aprovada a condição aceita como satisfatória e as regras
estabelecidas segundo as recomendações da análise feita.
RESUMO
• As inspeções de segurança compõem outra grande fonte
de informações para determinação de medidas de segurança.
• As inpeções bem processadas determinam os meios preventivos antes da ocorrência de acidentes; ajudam a desenvolver a
mentalidade de segurança; melhoram o entrelaçamento entre o
serviço de segurança e demais setores da empresa e despertam nos
empregados a confiança na administração.
• Inspeções gerais são as que se efetuam em ampla área da
empresa, visando à segurança de um modo geral.
• Inspeções parciais são as que se limitam a certas atividades
ou equipamentos ou a parte de um setor da empresa.
• De rotina são as inspeções mais comuns as quais são efetuadas tanto pelo inspetor de segurança, como pelos supervisores,
pessoal de manutenção e mesmo por operadores de equipamentos,
devidamente instruídos para tal.
• Inspeções periódicas são as que se efetuam em período
estabelecido, para apontar riscos que surgem devido a desgaste,
fadiga etc., de maquinaria, ferramental e .instalações.
• Algumas inspeções periódicas são obrigatórias por lei e
devem ser do conhecimento dos serviços de segurança.
• Inspeções oficiais são as feitas pelos órgãos governamentais
do trabalho e securitários.
• Inspeções especiais são as que requerem conhecimentos e
aparelhos especializados para a sua execução.
• O ciclo completo das inspeções de segurança compõe-se de
cinco fases: Observação; Informação; Registro; Encaminhamento; e
Acompanhamento.
• A análise de risco é uma modalidade de inspeção de segurança; é um método avançado de descobrir riscos conhecidos,
desconhecidos e de levantar suspeita sobre a existência de outros.
8
RECURSOS GENÉRICOS DA
SEGURANÇA DO TRABALHO
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Nessa altura não é muito difícil concluir que é imprescindível
uma série de requisitos para a obtenção de sucesso na prevenção de
acidentes do trabalho. Ê necessário reconhecer que:
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tais acidentes se previnem com a aplicação de medidas específicas de segurança.
• o conceito dos principais fatôres que envolvem o assunto deve
ser correio.
• o serviço de segurança tem de ser devidamente organizado e
as responsabilidades corretamente atribuídas.
• os acidentes do trabalho devem ser considerados e interpretados
em toda extensão e profundidade.
• os aspectos humanos e materiais devem ser reconhecidos individualmente e tratados em conjunto, da forma como se correlacionam.
• as causas de acidentes já reconhecidas devem ser catalogadas
para facilitar o desenvolvimento do programa estabelecido.
• as Investigações dos acidentes devem conduzir a medidas e
conclusões que beneficiem a segurança do trabalho.
• as inspeções de segurança, assim como as investigações de acidentes, devem constituir as principais fontes de informações
sobre as medidas de segurança a serem tomadas ou aplicadas
ao trabalho.
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Assim, para fechar o círculo da prevenção dos acidentes do
trabalho resta apenas selecionar a medida adequada que cada caso
requer e estabelecer a maneira ,mais correta e proveitosa de colocá-la
em prática.
Para melhor apresentar essas medidas, é necessário voltar à primeira página onde, como conceito geral da segurança do trabalho,
122
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
está indicada a aplicação de medidas técnicas, educacionais, médicas
e psicológicas. O que será apresentado daqui em diante são os recursos
dessas medidas gerais, a serem empregados com o fim de tornar
os trabalhos seguros e, era consequência, prevenir a ocorrência de
acidentes.
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CONTEXTO GE ÍAL DAS MEDIDAS TÉCNICAS
Qualquer medida é sempre aplicada contra algum risco dos seguintes grupos:
• Físico
• Químico
• Biológico
Nos riscos físicos estão incluídos os riscos reconhecidos por fenómenos físicos tais como calor, ruído, vibrações etc., e os demais riscos
fisicamente presentes nos locais de trabalho ou, como já foi dito,
as condições inseguras.
Riscos químicos são aqueles cujos nomes já os identificam:
agressividade dos produtos químicos e os perigos de sua manipulação
irregular.
Biológicos são os riscos proporcionados por vírus, bactérias,
fungos etc., típicos de indústrias onde são parte do processo ou onde
podem se desenvolver devido às características dos produtos.
MEIOS GEPAIS DE PROTEÇÃO
Todas as medidas de segurança aplicadas ao ambiente visam
proteger as pessoas por intermédio de uma das seguintes alternativas:
• Eliminando o risco
• Isolando o riico
• Sinalizando o risco
Eliminar o risco significa torná-lo definitivamente inexistente, o que
poucas vezes se consegue. Isto é conseguido nos seguintes casos:
substituir-se um produto tóxico por um inócuo; substituir-se uma
máquina cujo perigo não existe na substituta; etc. Consegue-se também por meio de reparos, corrigindo-se defeitos nos pisos, escadas etc.,
corrigindo-se as falhas de máquinas, instalações etc.
Isolar o risco é a alternativa mais aplicada. A grande maioria
dos riscos são apenas isolados embora o método de isolamento muitas
RECURSOS GENÉRICOS DA. SEGURANÇA DO TRABALHO
123-
vezes isente as pessoas definitivamente do acidente. Por exemplo,
muitas partes perigosas de máquinas, tais como engrenagens e correias
são isoladas por anteparos protetores mas nem por isso deixam de
existir; a corrente elétrica é um risco que não deixa de existir pelo
fato de serem isolados os fios, cabos e aparelhos; as características
agressivas de um material corrosivo continuam existindo embora isoladas em recipientes adequados etc.
Sinalizar o risco é o recurso que se aplica quando não há possibilidade de se aplicar um dos dois anteriores. Não é usado em
substituição a um dos dois, a não ser em caráter precário e temporário,
enquanto se tomam as medidas definitivas. Exemplo de risco que só
pode ser sinalizado, é a extremidade de um cais, cuja depressão não
pode ser eliminada e nem isolada; neste caso, uma faixa com listas
transversais, em preto e laranja é pintada como advertência do perigo.
CARACTERÍSTICAS PESSOAIS
Em relação às pessoas, a segurança depende de:
• Educação
• Estado de ânimo
• Estado físico
Em linhas gerais isto significa que, embora o ambiente esteja
satisfatoriamente apto, sob o ponto de vista técnico, a proporcionar
segurança, os três fatôres pessoais acima citados são de fundamental
importância para que as medidas técnicas propiciem realmente a
segurança que delas se espera.
A educação, tanto profissional como social, é muito importante
para o desempenho das atribuições, principalmente do trabalho em
equipe. Nos planos de treinamento das empresas nunca deve faltai
a segurança do trabalho como uma das matérias fundamentais.
O estado de ânimo também assume parte da responsabilidade
pela segurança do trabalho. Quando este estado for negativo, quer
temporário ou permanentemente, o portador estará mais propenso a
sofrer ou causar acidentes.
O estado físico satisfatório das pessoas com respeito à segurança
do trabalho é aquele compatível com sua atividade. Portanto, a seleção
do homem, fisicamente falando, em função da atividade que vai
exercer, é de fundamental importância tanto para o bom desenvolvimento como para a segurança do trabalho.
Esses três requisitos pessoais poderão ser conseguidos com:
124
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
•
•
•
Seleção adequada do pessoal
Treinamento e integração ao trabalho
Manutenção do estado físico e psicológico
Esses três tópicos pertencem a campos especializados — recrutamento, treinamento e serviço médico — e não serão aqui tratados.
No entanto, convém lembrar que a consecução satisfatória da prevenção dos acidentes depende muito da participação desses serviços
que, obrigatoriamente, devem trabalhar em cooperação e estreitos
entendimentos com o setor de segurança das empresas. Convém
lembrar que na integração e treinamento o serviço de segurança tem
seu papel específico a desempenhar.
Voltando aos aspectos técnicos do ambiente em relação à segurança do trabalho, é necessário entender quais as melhores oportunidades para adoção das medidas, a fim de corrigir ou de não criar
condições inseguras. Essas oportunidades, na ordem de preferência,
são:
•
Nos projetos e instalações
•
•
Após iniciada a atividade
Depois da ocorrência de
acidentes
O ideal é prever os aspectos da segurança do trabalho desde
os projetos e instalações das fábricas, oficinas, armazéns etc. Grande
número de futuros problemas pode ser prevenido na prancheta do
projetista e, outros mais, durante as instalações, desde que sejam
aplicados pelo menos os princípios fundamentais da segurança do
trabalho. É também um fator económico, pois, muitos acidentes que
viriam no futuro a onerar o custo industrial, deixarão de ocorrer.
Além disso, é sempre mais barato aplicar os dispositivos e meios de
segurança no projeto original do que projetá-los e aplicá-los no futuro
o que, sem dúvida, causará maior despesa, possivelmente com menor
rendimento dos dispositivos aplicados.
Após iniciada a atividade da fábrica, da máquina etc., ainda
podem existir riscos, apesar de todos os cuidados nos projetos e
instalações. Esta é a segunda oportunidade para aplicação de meios
RECURSOS GENÉRICOS DA SEGURANÇA DO TRABALHO
125
de segurança. Os aspectos perigosos são revelados por ínspeções de
segurança ou por análises de riscos, antes da ocorrência de acidentes.
Depois da ocorrência de acidentes é outra oportunidade, embora
tudo deva ser feito para corrigir os riscos antes. A ocorrência de
acidentes, como já foi dito, é uma das grandes experiências para
aplicação de medidas de segurança, mas não se deve esperar por ela
para tomar as medidas que os riscos requerem. O mais lícito, em
matéria de se^rança, é aceitar esta última possibilidade como verdadeira somente após as condições de trabalho terem passado pelo crivo
das duas anteriores.
Os objetivos das medidas técnicas de segurança aplicadas no
ambiente de trabalho são, na ordem de preferência:
•
•
•
Eliminar definitivamente a possibilidade de ocorrência de acidentes lesivos às pessoas
Dificultar ao máximo a ocorrência desses acidentes
Evitar maior gravidade caso ocorram acidentes
Eliminar definitivamente a possibilidade de ocorrência de um tipo
de acidente não significa eliminar os riscos a ele inerentes. Protetores
corretamente construídos e instalados eliminam, em determinados
casos, a possibilidade de ocorrência de acidentes; embora os riscos
persistam, permanecem isolados das pessoas. São casos de riscos
totalmente fora do alcance das pessoas, ou inacessíveis devido a
anteparos, ou ainda de riscos realmente eliminados.
Na maioria dos casos consegue-se apenas dificultar a ocorrência
de acidentes. É possível, porém, conseguir isso a tal ponto, suficiente
para se considerar a segurança do trabalho satisfatório. Todos aqueles
riscos que, embora isolados, dependem, mesmo em circunstâncias
excepcionais, da atuação das pessoas para que não ocorram acidentes,
possuem protetores que apenas dificultam a ocorrência de acidentes.
Em alguns casos não há meio preventivo satisfatório; por conseguinte, o acidente um dia acontecerá. São aplicados, nesses casos,
meios que evitem a fatalidade e que atenuem o quanto possível as
prováveis lesões que as pessoas virão a sofrer. Exemplos desses casos
são: arredondamento de quinas onde as pessoas poderão esbarrar;
acolchoamento de saliências onde é possível bater a cabeça; rede sob
trabalhos elevados onde não é possível usar cinto de segurança; o uso
do próprio cinto de segurança etc.
O sucesso, tanto do desenvolvimento como da aplicação dos
recursos técnicos de segurança, depende muito de medidas educacionais
aplicadas para esse fim.
126
PRATICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
MEDIDAS EDUCACIONAIS
A educação, no que tange à segurança do i, trabalho, assume
importância excepcional em dois aspectos muito amplos: educação
da administração, alta supervisão e técnicos para que o programa
adequado possa ser posto em prática e para que os aspectos técnicos
da segurança sejam devidamente levados em consideração nos processos industriais, nos trabalhos em geral e, principalmente, nos projetos
e inovações; educação desempregados em geral incluindo supervisores
da linha de mestria, para que se possa contar com a execução satisfatória do programa estabelecido, por parte da supervisão, e com a
obediência às suas regras, por parte dos empregados em geral.
O serviço de segurança deve estabelecer o plano geral de educação
juntamente com o setor de treinamento, quando existente, estabelecei
a ordem de prioridade das matérias e atribuir responsabilidades na
execução do plano.
Os meios educacionais, convencionais ou não, podem ser aplicados
de forma genérica ou específica em favor da prevenção de acidentes,
127
Se houver possibilidade, serão muito úteis para engenheiros e
outros técnicos altamente especializados, cursos sobre higiene industrial, no que se refere aos meios de controle do ambiente através de
medidas especializadas.
Também os membros da CIPA devem receber instruções, em um
curso rápido, antes da posse, de modo a se desempenharem melhor
na tarefa que lhes cabe no programa geral.
Para cada especialidade existente na empresa pode-se ministrar
um treinamento de segurança através de cursos rápidos que devem
ser preparados ou adaptados pelo serviço de segurança, de acordo
com as características e necessidades da empresa.
PALESTRAS
Os assuntos específicos podem ser tratados — um por vez —,
com os grupos interessados em conferência, da maneira mais ilustrativa possível, com apresentação de dados, cartazes, "slides" e filmes e,
de preferência com debates. É importante que o conferencista consiga
levar o grupo a uma conclusão satisfatória do assunto tratado, em
favor dos objetivos da segurança do trabalho.
INTEGRAÇÃO DE NOVOS EMPREGADOS
CURSOS
Para os supervisores de todos
os níveis é recomendável um curso
genérico sobre prevenção de acidentes, o qual deve incluir o conceito correto do acidente do trabalho, as consequências danosas que
acarreta, as medidas gerais que são
empregadas para a segurança do
trabalho e, principalmente, as atribuições e responsabilidades dos
supervisores na execução do programa de segurança. . Assuntos
específicos deverão ser tratados
posteriormente em reuniões com
debates.
Para técnicos como projetistas, engenheiro etc., poderão ser
ministrados cursos de noções práticas de prevenção de acidentes,
assim como sobre normas e legislação sobre o assunto.
RECURSOS GENÉRICOS DA SEGURANÇA. DO TRABALHO
O membro da CIPA devidamente instruído é mais útil à
segurança do trabalho.
As empresas que possuem
plano de integração para os novos
empregados, com certeza têm na
segurança do trabalho um dos
seus pontos altos. Isto em vista
do valor que -a segurança representa para a empresa e para os
empregados e do cuidado especial
que se deve dispensar nesse particular aos recém-admitidos. O serviço de segurança deve dar as in- Exemplo do que se pode ensinar ao
novo empregado.
formações e os ensinamentos gerais, enquanto cabe aos supervisores que recebem os novos empregados transmitir-lhes os ensinamentos específicos de segurança, referentes ao trabalho que irão executar e à área onde irão trabalhar.
Ao supervisor direto cabe a tarefa de acompanhar o desenvolvimento do empregado e de corrigir suas atitudes de modo a integrá-lo
no trabalho de maneira segura e o mais rápido possível.
Ao ministrar as normas gerais de segurança na integração dos
novos empregados, o representante do serviço de segurança deve
avaliar o que eles sabem a respeito do assunto e, sempre que.conveniente, deve levar qualquer fato apurado ao conhecimento do supervisor interessado, com alguma recomendação, se o caso exigir.
r
RECURSOS GENÉRICOS DA. SEGURANÇA DO TRABALHO
128
129
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
Boletins, folhetos, exposição de fotografias de acidentes, exposição de equipamentos de segurança, concursos que obriguem as pessoas a pensar na segurança para concorrer etc., são outros meios que
podem trazer bom resultado no desenvolvimento e na consolidação da
mentalidade de segurança, quando bem e oportunamente aplicados.
DIÁLOGO DE SEGURANÇA
Os supervisores poderão
exercer grande influência educacional de segurança sobre os subordinados através do diálogo.
O chefe que tem por hábito dialogar com os subordinados sobre segurança do trabalho, corrigindo falhas e ensinando a
maneira segura de executar as
tarefas, além de prevenir acidentes, promove, ao mesmo
tempo, o equilíbrio da produtividade nas atividades sob sua
responsabilidade.
OUTROS MEIOS
Várias outras modalidades
promocionais podem ser aplicadas com o objetivo de educar as pessoas e desenvolverlhes a mentalidade da segurança do trabalho. Cartazes de segurança devidamente expostos é
um bom meio de divulgar a segurança. Os quadros de exposição de cartazes devem ser dispostos em locais visíveis, de
preferência em locais de concentração obrigatória, como refeitório, relógio de ponto etc. Não
devem ser colocados em corredores ou outros locais onde uma
pessoa em sua frente possa correr o risco de ser atropelada por
veículos. A substituição periódica dos cartazes, com bastante
contraste de cores entre dois
consecutivos, é um meio de
atrair a atenção do pessoal para
os quadros dos cartazes.
MEDIDAS PSICOLÓGICAS
Exemplo do que o supervisor deve
saber para ensinar.
Posição correia para levantar um
peso. Elevando-se o peso e o corpo
ao mesmo tempo, o esforço será
dividido entre os quatro pontos de
alavanca (A), (B), (C) e (D).
Dobrando-se somente a espinha, esta
e os músculos abdominais suportarão
praticamente todo o esforço.
Não se vai tratar neste trabalho, de medidas psicológicas que
poderiam ser aplicadas em prol da segurança do trabalho. Esse é um
assunto altamente especializado, de valor indiscutível, mas de penetração e aceitação ainda restritas na indústria. No entanto, é bom
frisar que em alguns casos é necessário aplicar certos princípios psicológicos embora o fundamental deixe de ser feito nesse campo. Por
exemplo, certas medidas coletivas que devem ser tomadas requerem
algum preparo psicológico do grupo antes de colocá-las em execução;
meios de motivação são muitas vezes necessários para a consecução
da segurança; os supervisores devem conhecer o temperamento dos
subordinados e saber identificar seus estados de ânimo para saber
como e quando agir em relação ao trabalho e à segurança da pessoa,
à distribuição de serviço, instruções e ordens.
Se a empresa dispuser de psicólogo, o serviço de segurança deverá manter estreita relação com ele no sentido de conduzir a segurança
do trabalho de maneira satisfatória também sob o aspecto psicológico.
MEDIDAS MÉDICAS
Os quadros de avisos e propaganda
são grandes auxiliares na educação,
porém representam apenas uma pequena parcela do que se deve farer
num programa de prevenção de
acidentes.
É outro serviço altamente especializado e imprescindível na indústria. Algumas das atribuições do serviço médico neste campo estão
previstas na legislação que trata da segurança e da higiene do trabalho.
Como a boa saúde é um fator de segurança para o indivíduo, o serviço médico, a partir daí, já presta um grande auxílio à prevenção de
acidentes.
Os serviços médico e de segurança devem estar bem sincronizados
no programa de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. A
cooperação que deve existir entre ambos deve estar prevista já no
programa geral; é na prática, porém, que esta cooperação deve ser
estreita e bem conduzida.
v^,
130
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
RESUMO
> Os acidentes do trabalho são prevenidos pela aplicação de medidas específicas de segurança.
•..'•••
Conhecido o risco, é necessário selecionar e aplicar corretamente
a medida adequada. ji
Urna medida, qualquer que seja, é sempre aplicada contra riscos
físicos, químicos ou biológicos.
As medidas de segurança visam, na ordem de preferência:
eliminar o risco, isolar o risco ou somente sinalizar o risco.
Era relação às pessoas, a segurança depende de: educação, estado
de ânimo e estado físico.
Os requisitos pessoais são conseguidos com: seleção adequada
do pessoal; treinamento e integração ao trabalho e manutenção
de estado físico e psicológico satisfatórios,
As medidas técnicas devem ser aplicadas na seguinte ordem de
prioridade: nos projetos e instalações; após iniciada a atividade;
depois da ocorrência de acidentes.
Todas as medidas de segurança visam, na ordem de preferência:
elLminar definitivamente a possibilidade de ocorrência de acidentes; dificuhar a ocorrência de acidentes ou evitar maior gravidade,
caso o acidente ocorra.
Medidas educacionais adequadas devem ser aplicadas desde a
administração até ao mais simples empregados.
Cursos, palestras, entrevistas, diálogos de segurança, cartazes e
outros materiais escritos são exemplos de recursos educionais que
podem ser aplicados.
Medidas psicológicas são importantíssimas em certas oportunidades; os aspectos psicológicos só podem ser tratados por especialistas no asunto.
O serviço médico tem um papel importante nos programas de
segurança dó trabalho e deve trabalhar em cooperação com o
serviço de segurança.
9
AMBIENTES DE TRABALHO
Os ambientes de trabalho, quer sejam fechados como salas, salões,
galpões, galerias, ou abertos como pátios, campos, ruas, estradas, deveriam sempre possuir um mínimo satisfatório de segurança, por intermédio de recursos convencionais, que abrangem desde simples dispositivos de proteção até os mais complexos meios de segurança — e
de conservação, também imprescindível, desses recursos.
EDIFICAÇÕES
Sob o aspecto segurança do trabalho as edificações podem sei
classificadas em dois grupos: as que são especialmente projetadas e
construídas para determinadas atividades e as já existentes que são
adaptadas para determinados fins. No primeiro caso pode e deve sei
previsto tudo, desde o tipo de construção até a distribuição dos equipamentos para que o ambiente ofereça condições satisfatórias de segurança e higiene. Nó segundo caso, nem sempre se consegue o melhor,
mas se deve aplicar o máximo de bom senso e conhecimento para que
as reformas e adaptações não venham a comprometer nem a segurança do edifício, nem a dos seus ocupantes, nas atividades que vão
desenvolver.
• O tipo de construção e os materiais empregados devem estar de
acordo com o tipo de trabalho e com os equipamentos e materiais envolvidos nas atividades que serão desenvolvidas no
local. Vibrações e ruídos dos equipamentos, fontes de calor,
produtos químicos etc., são fatôres que deverão ser levados em
consideração, em relação à periculosidade conhecida e aos
recursos de segurança que requerem. À própria orientação do
132
AMBIENTES ÔE TRABALIÍO
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
•
prédio deve-se dar bastante atenção, com respeito ao sol como
fonte de luz e de calor, de modo a aproveitá-lo ao máximo
sob o ponto de vista de iluminação e evitar efeito térmico desfavorável, quer por excesso de calor ou de frio.
A altura mínima recomendada para o pé direito é de 3m (três
metros) embora muitas vezes a própria autoridade competente
aprove altura menor, em função da atividade do local. Esses
requisitos aplicam-se também em relação a plataformas elevadas
que possam ser construídas para o trabalho; no caso, tanto a área
acima como abaixo está sujeita à altura mínima recomendada.
Cada caso deve ser estudado à parte, sob p ponto de vista de
higiene industrial; nos casos de adaptação de edifícios, esse particulai
requer muito mais cuidado.
Os pisos devem ter resistência adequada ao peso que deverão
suportar; serem horizontais, sem depressões ou saliências — qualquer
diferença de nível para fins de drenagem deve ser a mínima possível
— devem ser isentos de umidnde, impermeáveis, quando possível;
piso de madeira não é aconselhável em lugares onde pode impregnarse de óleo, pois pode agravar a situação em caso de incêndio; sempre
que possível, o meio de acesso entre pisos com pouca diferença de
nível deve ser por intermédio de rampa, em vez de degraus.
•
Aberturas no piso ou extremidades de depressões com diferença
de nível devem ser providas de parapeito. Este deve ter no
mínimo 0,80 m (oitenta centímetros) de altura, sendo ideal a
altura de 1,10 m (um metro e dez centímetros). Independentemente do material de que for feito deverá ter um seguimento
contínuo na parte superior e uma travessa intermediária à meia
altura, além de um rodapé de dez a quinze centímetros de
altura. Essas últimas medidas visam a evitar que as pessoas
caiam para o nível inferior caso escorreguem, ao mesmo tempo
que previnem a queda de ferramentas e materiais.
• As rampas, escadas e passadiços devem ser providos de corrimãos, com as mesmas características do parapeito acima citado.
• Tanto nas escadas e rampas como no piso em geral pode ser
empregado processo antiderrapante sempre que a condição o
exigir.
• As áreas de ventilação e iluminação natural devem ser rigorosamente levadas em consideração, não só em função de normas
ou legislação vigentes, mas também do trabalho efetuado na área.
• Sendo observados todos esses e mesmo outros requisitos, a
segurança do trabalho estará em boa parte garantida. Mas, a
manutenção desses requisitos em ordem é indispensável para que
realmente as edificações não propiciem a ocorrência de acidentes-
tíi
ILUMINAÇÃO
A iluminação adequada, tanto qualitativa quanto quantitativamente, é de muita importância para execução segura e precisa das
tarefas industriais. A iluminação natural é a preferida.
É muito
comum, porém, o emprego de luz artificial em complementação à
natural e é obrigatório o seu emprego nos trabalhos noturnos.
•
Normas brasileiras da ABNT estabelecem os níveis de iluminamento mínimo requerido para cada atividade; além desses níveis,
porém, ou de qualquer outra determinação de ordem legal, é
importante que certos fatôres sejam levados em consideração
em cada caso específico. Por exemplo: a difusão uniforme da
luz, a qualidade e a direção da luz, e a localização das luminárias em relação aos obstáculos formados por equipamentos,
devem ser considerados de modo que a luz não cause sombras
e nem ofuscamentos e que o nível de iluminação seja compatível
com a atividade e com os princípios de higiene industrial.
• A iluminação proporcionada pelas janelas, lanternins, clarabóias
etc., às vezes não atinge com a eficiência desejada certos pontos
da área de trabalho, às vezes pela má distribuição das áreas
iluminantes e outras vezes devido a barreiras formadas por maquinaria alta. Esses casos e outros, de deficiência da luz artificial,
requerem a adoção de pontos individuais de luz para algumas
operações. Nesses casos, para higiene e conforto visual, a intensidade do ponto de luz individual não deve ser superior à proporção de um por dez dm relação ao nível de iluminamento
geral.
• É necessário levar em consideração o valor da conservação tanto
das áreas de iluminação natural como das luminárias para melhor rendimento das suas capacidades de iluminação. Vidros
sujos ou embaçados, lâmpadas sujas ou enfraquecidas, são exemplos de perdas da eficiência da iluminação, cuja correção é
fácil e pouco dispendiosa.
VENTILAÇÃO E CONTROLE DE CALOR
A ventilação dos locais de trabalho pode ser subdividida em várias
categorias: ventilação natural que deve ser a melhor possível, através
das aberturas convencionais e orientação dos prédios no sentido de
aproveitar, para esse fim, o vento predominante, de modo compatível
com o trabalho realizado na área; ventilação local exaustora que, por
intermédio de coifa ou outro tipo de captador, colhe os contaminantes, gases, poeiras etc., junto à fonte produtora, para evitar que se
dispersem no ambiente, conduzindo-os para o exterior a fim de que
se diluam na atmosfera, ou levando-as para compartimentos especiais
65
PRÁTICA DA PREVENÇÃO CE. ACIDENTES
AMBIENTES DE TRABALHO
onde são depositados ou neutralizados; ventilação geral diluidora, cujo
princípio é o de renovação de ar no ambiente por meio de- ventiladores
que exaurem o ar poluído do ambiente ou nele insuflara ar limpo,
de modo a não permitir que os contaminantes; ;disper,s,os no ar alcancem limites elevados, incompatíveis com os princípios de saúde ocupacional; ar condicionado cuja aplicação é mais restrita, não indo muito
além de escritórios, laboratórios, ambulatórios e alguns compartimentos de trabalhos industriais.
Em ambos os casos — ventilação e controle de calor, que pertencem ao campo da higiene industrial — é necessário que os problemas sejam tratados por especialistas para que se possam conseguir
os melhores resultados desejáveis.
134
Ventilação
•
A legislação determina que a ventilação artificial é obrigatória
quando a natural não preenche as condições de higiene do trabalho. Como quase sempre ocorre, onde se empregam produtos
químicos e onde os processos industriais produzem poeiras,
fumaças, gases etc., ou seja, a ventilação natural não é suficiente,
o emprego de um ou outro meio de ventilação artificial é bastante
frequente. O que realmente se faz necessário é escolher o tipo
adequado de ventilação para cada caso em particular. Neste
livro, não se vai tratar de tipos de ventilação. Recomenda-se,
porém, cuidado com os projetos padrão de ventilação: eles
podem não dar o mesmo bom resultado para todas as condições
semelhantes. Cada caso requer estudos e cálculos específicos,
para corresponder verdadeiramente aos princípios de higiene
industrial. Ò industrial ou o dirigente que não contar com pessoa
altamente especializada nesse particular, deve recorrer a quem
esteja capacitado no assunto e que possa garantir que o sistema
iri correspçnder aos requisitos de higiene industrial.
Controle, de calor
•
O calor causa inúmeras condições desfavoráveis nos ambientes
de trabalho. O calor radiante é o mais agressivo, principalmente
àqueles que trabalham próximo às grandes fontes de calor como
fornos, fornalhas etc. A neutralização dos efeitos agressivos
dessas radiações só pode ser conseguida com a isolação da
fonte ou a interposição de anteparos entre a fonte e as pessoas.
Os materiais e o sistema mais adequados para essa isolação
devem ser estudados para cada caso; 'quando ainda persistir
alguma fonte livre de radiação é recomendável dar às pessoas
vestimentas especiais que as isolem dos raios caloríficos. Para
efeito de conforto pessoal e higiene industrial, a temperatura
efetiva pode ser atenuada, em muitos casosi até níveis compatíveis com a resistência humana, por intermédio de movimentação do ar.
135
INSTALAÇÕES ELÉTRICÁS
As instalações elétricas assumem papel de grande relevância na
segurança do trabalho e das edificações, principalmente no que tange
aos riscos de incêndios. Além de normas estrangeiras adotadas por
muitas empresas, existem normas brasileiras, e vários dispositivos legais que regulam a matéria; no entanto, as instalações elétricas, devido
a muitas precariedades, continuam como um dos grandes problemas
de segurança. O que existe em normas e legislações, se obêdêcIHo,
seria suficiente para satisfazer a segurança no emprego da energia
elétrica. Algumas das recomendações gerais vão aqui descritas, como
lembretes clássicos de um assunto persistentemente repisado.
•
^
As instalações elétricas, além de executadas dentro dos padrões
de segurança, devem ser mantidas em boas condições, por profissionais competentes.
• As instalações provisórias também devem ser feitas de maneira
segura. O fato de ser provisória não dá o direito de ser precária;
o provisório é aceitável, o precário não!
• Onde há substância inflamável ou explosivos, as instalações
elétricas devem, além de serem à prova de centelhas, merecer
cuidados especiais na conservação e medidas especiais de segurança quando se fizerem reparos.
•
Os transformadores ou outros aparelhos, com pontos carregados
de energia expostos, devem ser isolados por alambrados ou
outros meios que previnam o contato de pessoas com os pontos
perigosos.
•
Os fios-terra devem ser obrigatórios em todos os aparelhos,
máquinas e instalações de acordo com as normas existentes.
Os eletricistas devem ter total consciência dos perigos de suas
atividades e possuírem ferramentas e equipamentos de proteção
adequados ao exercício seguro da profissão em todos os seus
aspectos,
Um manual de instruções de segurança para eletricistas é de
grande valor, devendo incluir também instruções sobre respiração artificial, para cuja ministração o profissional deve estar
capacitado, o que é previsto também pela legislação.
•
•
136
j :
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
AMBIENTES DE TRABALHO
137
MÁQUINAS E EQUIPAMEINTOS
FINALIDADES E REQUISITOS DOS PROTETORES
Máquinas e equipamentos requerem cuidados especiais no que
tange à segurança do trabalho. Embora possuam características agressivas devido à complexidade mecânica e a outros fatôres, as máquinas
e outros equipamentos são seguros quando adequadamente instalados,
providos dos dispositivos de segurança e operados devidamente.
A instalação adequada, a adoção dos dispositivos de segurança
correios e a operação de maneira segura são três requisitos indispensáveis à segurança do trabalho além de constituírem imposições legais.
Em se tratando de máquinas, são três os pontos que, genericamente falando, requerem dispositivos de proteção para o operador,
operadores ou mesmo para outras pessoas. São estes: a transmissão
de força; o ponto de operação; e outras partes móveis.
Como transmissão de força entende-se todo o aparelhamento que
transmite movimento, a partir do motor ou outra fonte primária de
movimento, até o ponto de operação. Neste aparelhamento incluem-se
eixos, polias, correias, engrenagens, volantes, -correntes, bielas etc.,
que propiciara muitos pontos de prensamentos, de batidas e de atritos
violentos, que podem causar sérias lesões a quem com eles entrar em
contato. Esta é a razão pela qual é necessária a isolação desses pontos perigosos por meio de anteparos adequados.
Ponto de operação é o local onde se processa o trabalho para
o qual a máquina foi construída, tais como: corte, prensagem, moagem
etc. Ou melhor, onde se cortam, moldam, estampam, dobram, estiram, misturam, moem etc., os materiais submetidos ao trabalho das
máquinas. Alguns pontos de operação são perigosíssimos, principalmente para as mãos, quando desprovidos de meios de segurança ou
quando a operação é erroneamente executada. A segurança do trabalho, referente ao ponto de operação, requer que não haja necessidade de colocar ou aproximar as mãos dos pontos agressivos. Os
dispositivos de segurança empregados visam a impedir que as mãos
sejam colocadas na zona perigosa.
Outras partes móveis, que não pertencem diretamente nem à
transmissão de força nem ao ponto de operação, podem também proporcionar perigo se não forem providas de dispositivos de segurança.
Esses, regra geral, são alimentadores do rolo, de corrente etc., que
possuem pontos de prensamentos que devem ser mantidos isolados
do contato das pessoas.
Os dispositivos de segurança têm por finalidade principal proteaer a integridade física das pessoas, quer sejam operadores dos equipamentos e maquinarias, quer sejam outros.
Os dispositivos de segurança não prejudicam a eficiência do trabalho, quando adequadamente escolhidos e instalados. Habituado
aos dispositivos de segurança o trabalhador produzirá mais; na pior
das hipóteses não produzirá menos.
Para atingir os objetivos acima, os dispositivos de segurança devem: ser do tipo adequado em relação ao risco que irão neutralizar;
depender o menos possível da atuação do homem para preencherem
suas finalidades; ser suficientemente resistentes às agressividades de
impactos, corrosão, desgastes etc. a que estiverem sujeitos; permitir
serviços assessórios tais como limpeza, lubrificação etc., sem problemas de remoção; não criar outros tipos de perigo tais como obstrução de passagens, cantos cortantes etc.
Em face da situação heterogénea do desenvolvimento e equipagem da indústria, são diversas as oportunidades que existem para
projetos e instalação de dispositivos de segurança em máquinas. Em
máquinas novas — os novos projetos e construções de máquinas deveriam sempre incluir todos os meios e dispositivos de segurança reconhecidamente necessários. Seria uma oportunidade de melhoramento
da segurança, que sempre está presente nas pranchetas e nas oficinas
dos produtores de máquinas; bastaria aproveitá-la. A maquinaria
antiga — máquinas antigas, projetadas e construídas sem previsão do
aspecto segurança — poderão receber os protetores indispensáveis devidamente adaptados. Maquinaria adaptada para serviços diferentes
— máquinas que, embora tendo sido construídas com todos os meios
de proteção, são adaptadas para outros serviços, requerem dispositivos adicionais de segurança. Em qualquer das diversas situações
que se apresentar, os meios protetores fundamentais serão sempre os
mesmos, dependendo a sua boa adaptação e melhor aproveitamento
da engenhosidade do projetista e construtor que, para isso devem
conhecer bem os princípios fundamentais dos dispositivos de segurança para máquinas.
PROTETORES PARA TRANSMISSÃO DE FORÇA
Os dispositivos protetores para transmissão de força são do tipo
anteparo, que isola os pontos perigosos de maneira a impedir que as
pessoas tenham contato com eles. Usam-se geralmente tela e perfis
138
PRÁTICA. DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
AMBIENTES DE "TRABALHO'
metálicos na construção dessas guardas protetoras, que isolam o perigo e permitem ventilação, recomendável nos casos de correias de
bastante atrito. Nos casos de engrenagens e de outros riscos, a proteção totalmente fechada é mais recomendável para evitar que corpos
estranhos penetrem entre os dentes das engrenagens òú raios das rodas
de modo a causarem danos aos equipamentos.
pontos perigosos são isolados por alambrados ou parapeitos, de modo
a evitar que possa haver contato entre as pessoas e os equipamentos.
139
TIPOS FUNDAMENTAIS DE PROTETORES PARA PONTOS
DE OPERAÇÃO
Guardas estacionárias
Esse dispositivo protetor é do tipo anteparo, que isola a zona
perigosa do ponto de operação — quando pode permanecer isolado
— evitando assim que as pessoas tenham contato com os pontos perigosos. Obedecem os princípios gerais das guardas para transmissões.
São aplicáveis onde não requerem constantes remoções, embora isso
nem sempre constitua problema. Em casos especiais são dotadas de
aberturas devidamente dimensionadas para entrada ou saída de materiais ou peças. São guardas de fácil construção e instalação.
Guardas para transmissão de força devem isolar
todos os pontos perigosos até no mínimo 2,10 m de
altura.
Todos os pontos perigosos das transmissões que possam ser alcançados pelas pessoas devem ser isolados. Para isso estabeleceu-se
uma altura mínima de 2,10 m a contar do piso ou estrado onde os
operadores ficam. Abaixo desta altura, todos os pontas de possíveis
prensamentos ou atritos devem ser devidamente isolados. Convém
frisar que 2,10 m é a altura mínima recomendada por normas de
alguns países; a Organização Internacional do Trabalho recomenda
como altura mínima 2,60 m. O1'ideal é estudar os diversos casos
individualmente e, com base em normas existentes e literaturas especializadas, determinar o rigor que cada um requer. Em determinados
casos todo o aparelhamento da transmissão deve ser isolado independentemente da altura em que se encontra.
As guardas, quando construídas com telas ou em forma de gradil,
devem ser projetadas de tal forma que as malhas .ou os vãos não
permitam a introdução dos dedos e das mãos de modo a atingirem
os pontos perigosos. Existem tabelas para determinar a relação que
deve ser mantida entre a abertura dos vãos da guarda e a distância
a que esta deve ser instalada do ponto perigoso.
Nos casos em que grandes volantes, conjuntos grandes de engrenagens etc., não permitem a adoção de guardas individuais, esses
Guardas estacionárias têm aplicação na isolação de
muitos riscos em pontos de operação.
140
AMBIENTES DE TRABALHO
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
141
Dispositivo arrastador
Guardas mecânicas
É o contrário da guarda estacionária; esta última permanece estática, para cumprir o seu papel protetor, enquanto as guardas mecânicas se movimentam em determinadas oportunidades para proporcionar a devida segurança. Existe o tipo usado em prensas e que, ao
ser acionado o pedal, desce em frente ao estampo e se apoia na mesa,
impedindo que o operador coloque as mãos na zona perigosa durante
o ciclo da operação. As portas dos poços dos elevadores são exemplos
de guardas mecânicas;'fecham-se antes de o elevador se movimentar
para que ninguém seja apanhado por esse movimento e permanecem
fechadas enquanto o elevador não estiver no respectivo andar.
Este é um dispositivo usualmente empregado em prensas de pequeno porte e que consiste de um bastão mecanicamente ligado ao
movimento do êmbolo da prensa. Ao ser acionado o pedal da prensa,
o bastão entra em movimento juntamente com o êmbolo e passa em
frente ao estampo antes deste se fechar, arrastando as mãos do operador para fora da área de perigo, caso tenham sido deixadas na
zona perigosa. Com um pouco de engenhosidade esse dispositivo pode
ser adaptado a muitas prensas e tornará seguras muitas operações.
i
Exemplo clássico de dispositivo arrastador
aplicado em prensa excêntrica.
Guardas mecânicas são as que se movimentam
sincronizadas com a máquina para proporcionar a
segurança a elas designadas.
142
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
Dispositivo afastador
Este dispositivo é também empregado em prensas e tem a função
de afastar as mãos do operador, se estiverem na zona perigosa, durante
o ciclo da máquina. Dois cabos de aço de pequeno diâmetro são
ligados ao êmbolo 'da prensa e, através de roldanas, instaladas em
estrutura devidamente preparada, chegam até à mesa da prensa. Essas
extremidades são providas de pulseiras ou luvas parciais que o operador coloca nos pulsos ou nas mãos. Os cabos de aço são regulados
de modo que, quando o operador está com as mãos na área perigosa
eles estão totalmente estirados; assim sendo, quando o êmbolo começa
a descer, os cabos são puxados e, se as mãos estiverem em área perigosa serão afastadas por um puxão. Este dispositivo permite que a
prensa seja alimentada com as mãos sem o risco de ficarem prensadas
entre os estampos. Isso, porém, requer boa manutenção e constante
verificação na regulagem dos cabos.
AMBIENTES DE TRABALHO
143
Comando bimanual
Este sistema requer que o operador empregue as duas mãos simultaneamente para acionar máquinas, de modo a manter as mãos
ocupadas, fora da zona de perigo, durante a fase crítica da operação.
São empregados em prensas e em outras máquinas de ciclos intermitentes, cujos pontos de operação representem riscos para as mãos.
Dois botões elétricos, duas alavancas ou um sistema misto pode ser
empregado, dependendo do sistema que se quer ou que se pode aplicar. É importante que: o dispositivo só funcione acionando-se ambos
os comandos ao mesmo tempo; a distância ou local de instalação não
permitam o acionamento de ambos a não ser com ambas as mãos.
É um dispositivo de segurança eficiente quando bem construído e
instalado.
Comando bimanual mantém as mãos ocupadas
fora ,da zona de perigo durante o ciclo da
máquina.
Dispositivo afastador: como o arrastador, tem
aplicação em prensas cujo serviço requer
alimentação com as mãos.
Célula fotoelétrica
O sistema de célula fotoelétrica é usado principalmente em prensas
e tesouras e tem a finalidade de cortar o fornecimento de energia
elétrica aos dispositivos de acionamento da máquina quando a mão
ou outro corpo estranho estiver na zona perigosa. As mãos, quando
na área perigosa, interrompem os raios que ativam as células, de
AMBIENTES DE TRABALHO
144
145
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
modo a interromper também o fornecimento de energia para acionar
o ponto de operação da máquina. Ê um dispositivo geralmente dispendioso mas que dá bons resultados se mantido em bom funcionamento.
operação ou freiar a máquina. Na maioria dos casos essa interrupção
visa à proteção das mãos, como nos casos de trabalhos com máquinas
cilindradoras. Portanto, o dispositivo de parada de emergência deve,
sempre que possível, ser acionado por outra parte do corpo, como
pé, cabeça etc. .
Guarda de locação
Esse dispositivo, tipo alambrado ou parapeito, é usado para isolar, na área de trabalho, equipamentos ou serviços perigosos, para
evitar que pessoas desconhecedoras do risco se aproximem deles.
As isolações que se fazem, com alambrado, da área de transformadores de alta tensão é um exemplo de guarda de locação.
Exemplo da aplicação de célula fotoelétrica em
máquina cilindrada; tem aplicação em prensas
tesouras etc.
Parada de emergência
Este dispositivo consiste de cabo de aço, barra ou alavanca, que
os operadores de certas máquinas devem acionar para interromper a
Em forma de alambrado ou parapeito a guarda de
locação tem aplicação para isolar equipamentos grandes e perigosos do resto da área de trabalho.
Interligação
Esse sistema é empregado em portas ou tampas que não devem
ser abertas e em proteções que não devem ser removidas com o
equipamento em movimento. Na porta de um moinho perigoso, por
exemplo, pode-se instalar o sistema; ao ser aberta a porta, um microinterruptor é acionado e corta a energia parando o moinho, neutraParada de Emergência tem grande aplicação em
máquinas cilindradoras.
146
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
AMBIENTES DE TRABALHO
147
lizando portanto o risco de o operador ter contato com o ponto de
operação em movimento. Em alguns casos, além de cortar a energia,
pode ser acionado um freio para abreviar a parada da máquina. É
um sistema que tem muita aplicação quando seus princípios são bem
explorados.
O sistema de interligação com mícro-interruptor é o
meio de segurança aplicado em muitos equipamentos.
Equipamentos suspensos e sujeitos a esforços devem possuir cabo de segurança
que os retenha, caso venham a se desprender.
Cabo de segurança
É um cabo de.açc", ou às vezes corrente, com o qual se prende
certos equipamentos suspensos que podem vir a cair devido a desgastes
ou fadigas dos meios de sustentação. Esse dispositivo é frequentemente empregado em guinchos fixos ou de monovias, embora tenha
uma aplicação muito.mais ampla. Assim, tudo o que possa eventualmente cair e que. possa ser preso com um cabo de segurança,
deve chamar a atenção para aplicação desse djspositivo.
Esses tipos fundamentais de dispositivos de segurança abrangem
a maioria dos riscos dos trabalhos com máquinas e equipamentos. A
aplicação desses princípios, para neutralização de riscos nos diversos
tipos de máquinas existentes, depende de conhecê-los bem e de um
pouco de engenhosidade do profissional, que se encarregará de seus
projetos e execução.
Outros equipamentos usados em indústrias que trabalham com
altas pressões ou temperaturas, tais como caldeiras, autoclaves etc.,
requerem dispositivos específicos de segurança como válvulas reguladoras de pressão, termostatos etc. Nesse trabalho, porém, não se
irá além dos tipos apresentados, que são os de maior demanda para
a prevenção de acidentes com máquinas e outros equipamentos industriais.
148
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
RESUMO
As edificações devem merecer toda atenção de segurança, desde
o projeto até às adaptações e manutenção necessárias.
A iluminação dos locais de trabalho, quer natural ou artificial,
deve ser qualitativa e quantitativamente adequada.
A salubridade e o conforto dos ambientes de trabalho devem
ser regulados, sempre que necessário, por meio de ventilação
artificial e outros recursos de higiene industrial.
As instalações elétricas devem obedecer às normas e legislação
em vigor, para satisfazerem os aspectos da segurança do trabalho.
Máquinas e outros equipamentos requerem medidas especiais de
segurança nas transmissões de força, nos pontos de operação e
em outras panes móveis.
Conhecimentos especiais devem ser aplicados na instalação. de
protetores em: projetos de máquinas novas; máquinas antigas;
máquinas adaptadas para serviços diferentes dos seus específicos.
Os protetores, nas transmissões de força, devem isolar todos os
pontos perigosos até no mínimo 2,10 m de altura, a partir do
nível em que o operador permanece.
Para os pontos de operação, os tipos fundamentais de protetores
são: guardas estacionárias; guardas mecânicas; dispositivo arrastador; dispositivo afastador; comando bi-manual; célula fotoelétrica; parada de emergência e interligação.
A guarda, de locação é empregada para isolar, na área de trabalho, riscos de grandes proporções, ou conjuntos de riscos.
O cabo de segurança é empregado para prevenir quedas de
equipamentos elevados, sujeitos a esforços, desgastes etc.
Outras partes móveis, de máquinas e equipamentos, são isoladas
pelo mesmo princípio empregado nas transmissões de força.
IO
PROTEÇÃO INDIVIDUAL
Quando as medidas de segurança 4e ordem geral não são eficientes para proporcionar proteção adequada contra os riscos de acidentes,
lança-se mão do recurso da proteçSo individual: luvas, óculos, calçados, máscaras, capacetes, roupas especiais etc. Como a própria
lei o define, Equipamento de Proteção Individual "EPI", é todo meio
ou dispositivo de uso pessoal, destinado a preservar a incolumidade
do empregado no exercício de suas funções.
A lei determina que esses "EPI" sejam fornecidos gratuitamente
pelas empresas. Determina, também, que cumpre aos empregados
usar obrigatoriamente os equipamentos de proteção individual, assim
como os demais meios destinados à sua segurança. Alguns desses
equipamentos foram citados em capítulos anteriores, sem quaisquer
dos detalhes que vão ser discutidos neste.
Este é um tópico da segurança que requer ação técnica, educacional e psicológica para sua efetiva aplicação: técnica no sentido de
determinar o tipo adequado de "EPI" em face do risco que irá neutralizar; educacional, para que o empregado saiba como usá-lo, de
modo a oferecer o melhor rendimento possível; psicológica, no sentido
de o usuário convencer-se da necessidade de usar o equipamento como
parte de, sua atividade.
Convém relembrar a definição técnica do acidente do trabalho,
para entender que as proteção individuais não previnem, regra geral,
os acidentes, mas evitam lesões. A função do "EPI" é neutralizar ou
atenuar a ação do agente agressivo contra o corpo da pessoa que o
usa. Não é demais repisar o exemplo: uma ferramenta ao cair do
alto de um andaime atinge o capacete de um trabalhador. O capacete
ficou danificado mas o trabalhador saiu ileso. O que o capacete
evitou: o acidente ou a lesão? Evidentemente só a lesão foi evitada.
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE 'ACIDENTES
150
A queda da ferramenta e o impacto contra o capacete não foram
evitados. Em suma, o acidente ocorreu, a lesão foi prevenida.
Portanto, os "EPI" evitam as lesões repentinas.: ou atenuam a
sua gravidade. Em outros casos protegem o corpo e o organismo contra os efeitos nocivos e lentos de substâncias com características tóxicas, alergênicas, ou outras, das quais resultam doenças ocupacionais.
QUANDO USAR O "EPI"
Os Equipamentos de Proteção Individual são empregados nas
seguintes situações:
•
Como o único meio capaz de proporcionar proteção ao trabalhador que se expõe diretamente ao risco; são exemplos, nesse
particular, o uso de luvas para o manuseio de produtos física
ou quimicamente agressivos, o uso de botas impermeáveis contra
umidade, o uso de máscara apropriada para entrar em compartimentos nos quais o ar é contaminado por concentração de produtos tóxicos etc.
•, Como proteção complementar quando outros recursos não
preenchem totalmente a proteção do trabalhador: o exemplo
clássico dessa condição é o trabalho com esmeris; mesmo que
a máquina seja provida dos protetores convencionais, não oferece
toda a necessária proteção ao seu operador. A proteção com- plementar s indispensável são os óculos de segurança. •
•
"
•
Como único recurso em casos de emergência: isto é, quando
a quebra da rotina do trabalho, devido a acontecimentos anormais, cria riscos para os trabalhadores. Como um exemplo tem-se
o da movimentação manual de materiais agressivos, quando se
interrompe a movimentação mecânica; neste caso serão necessárias luvas, aventais e outros protetores que normalmente não
se usam na atividade.
Como recurso temporário até que se estabeleçam os meios gerais
de proteção: é tecnicamente lícito usar-se os protetores individuais
enquanto não se instalam os meios adequados de segurança que
evitarão o uso de "EPI". Não é lícito, porém, substituir a
medida geral que poderia ser tomada, por medida individual
de proteção. Por exemplo: é perfeitamente aceitável que se
usem luvas para manusear materiais agressivos enquanto se espera
por ferramentas adequadas de manuseio, usar um capuz ou
respiradouro contra poeira até que entrem em funcionamento
PROTEÇÃO INDIVIDUAL
151
ASPECTOS TÉCNICOS
Vários aspectos técnicos devem ser levados em consideração para
a aplicação correia dos "EPI". É necessário determinar o tipo de
"EPI" em face do risco que se pretende neutralizar. .Podem-se encontrar vários modelos do mesmo tipo de "EPI", com variações de certas
características tais como formato, sistema de montagem e acabamento, material empregado etc. O serviço de segurança é o órgão competente para determinar o modelo adequado, isto é, o que melhor satisfaz sob o aspecto de segurança, levando em consideração: a capacidade
de neutralização da agressividade do trabalho, o tempo de vida útil
do equipamento e o conforto que deve proporcionar ao usuário. Tudo
isso, naturalmente, por meio de ensaios práticos e fie experiências no
próprio trabalho ou, quando for o caso, recorrendo a ensaios de laboratório. Os ensaios que assumem maior importância para a aprovação
final dos "EPI" são os efetuados praticamente, pois determinam realmente a segurança proporcionada pelo equipamento, a durabilidade
e a funcionalidade do uso, relacionados principalmente com o conforto do usuário. A capacidade para essa avaliação foge às técnicas e
aparelhagem dos laboratórios, embora eles possam contribuir em
muitos casos para elucidar dúvidas, para confrontar qualidades de
materiais e efetuar análisis químicas, além de ensaios físicos de resistência de acordo com as especificações dos "EPI",
A determinação sensata do equipamento a ser adquirido para
proteção individual dos empregados favorece tanto a esses, que terão
melhor segurança, como à empresa, que atenderá melhor se as objetivos da prevenção de acidentes de maneira a não desperdiçar dinheiro.
Como se pode concluir, a aquisição -dos "EPI" não deve ficar
simplesmente a critério do setor de compras. São equipamentos especializados, que assumem grande responsabilidade em face do fim a
que se destinam e que requerem, portanto, que um setor ou pessoa
especializada determine e especifique o que realmente deve ser comprado. Para esses equipamentos deve haver, em muitos casos, maior
flexibilidade no que tange às normas de compras, pois, frequentemente,
embora a empresa adote o regime de concorrência de preços, deve-se
— em benefício da segurança — comprar o equipamento mais caro.
Os resultados anotados e conseguidos pelo setor de segurança é que
devem prevalecer. Em qualquer caso, porém, é necessário que a compra seja feita com isenção de caprichos, de protecionismo ou de outros
motivos menos confessáveis.
152
PROTEÇÃO INDIVIDUAL
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
ASPECTOS EDUCACIONAIS
Assume também proporções de relevante importância a educação
das pessoas que usam ou que irão usar os "EPI". Embora tudo seja
feito para a compra dos "EPI" mais adequados, é necessário que eles
sejam usados adequadamente para melhores resultados, tanto económicos como para a segurança.
Os usuários do equipamento de proteção individual devem ter
consciência da sua finalidade; da maneira correta de usá-los e de. como
conservá-los em condições de uso. Cabe ao setor de segurança emitir
instruções sobre o uso correio dos equipamentos, incluindo nessas as
contra-indicações, como por exemplo o uso de luvas em máquinas
operatrizes, furadeiras etc. Nos casos que requerem algum treinamento, como o uso de certos tipos de máscaras, esse treinamento deve
ser ministrado e, éonforme o caso, revisado periodicamente.
As instruções referentes ao uso correto dos "EPI" devem ser
estendidas aos supervisores das pessoas que os usam, pois cabe à
supervisão o papel mais importante para que os "EPI" sejam, como
se espera, adequadamente Usados.
ASPECTOS PSICOLÓGICOS
Outro ponto a ser levado em consideração, para o sucesso da
aplicação dos "EPI", é o aspecto psicológico do uso dos Equipamentos
de Proteção Individual. Nos treinamentos ou medidas educacionais
com o fim de orientar o uso correto dos "EPI" devem sempre ser
levados em consideração os aspectos psicológicos do assunto.
Se apenas se fornece o equipamento à pessoa, sem que esta tenha
consciência da sua real utilidade, sem que conheça pelo menos razoavelmente os motivos que justificam o seu uso, ela poderá usá-lo, porém,
contrariada, aceitando-o como imposição, originando-se daí, uma condição psicológica negativa no indivíduo. Psicologicamente preparado,
entendendo o "EPI" como algo indispensável à sua segurança em face
das condições e agressividades do trabalho, o homem usará comodamente até um escafandro; por outro lado, isto é, sem motivação, poderá sentir-se mal com um simples óculos de segurança e mesmo
relutar em usá-lo.
153
setor competente. Não se pode fornecer a esmo esses equipamentos,
para não ocorrer emprego de equipamento inadequado ou de forma
inconveniente e.para evitar excessos, que facilmente acontecem com
respeito a luvas e calçados; o primeiro com o fim de conservar as
mãos bonitas, e o segundo para fins económicos do indivíduo. Cabe
ao setor de segurança, juntamente com outros setores competentes,
estabelecer o sistema de controle adequado para a empresa.
A conservação dos equipamentos é outro ponto-chave para a
segurança do indivíduo e para a economia da empresa. Trata-se de
proteção individual e cada um deve ter os seus equipamentos. Cabe,
portanto, a cada possuidor a responsabilidade de conservá-lo. Para
isso deve receber instruções: onde guardar, como guardar, até que
ponto usar, quando e como substituir êtc. Em caso de dolo é lícito
ao empregador descontar o valor do "EPI" do salário do empregado.
Convém lembrar que é totalmente condenável o uso coletivo dos
"EPI". Estes podem ser usados por outros após recuperados e devidamente limpos.
Convém lembrar que a recuperação dos "EPI" é um fator económico bastante vantajoso, quer se processe pela empresa consumidora, quer por firmas especializadas. Deve-se ter em conta, porém,
que essa recuperação deve ir somente até ao ponto que não compromete a segurança, pois esta é o objetivo principal dos Equipamentos de Proteção Individual.
CLASSIFICAÇÃO DOS "EPI"
*
Um dos meios usados para classificar os Equipamentos de Proteção Individual é agrupá-los segundo a parte do corpo que se destinam a proteger. Assim se têm:
Proteção para a cabeça
',!
•
j
Os equipamentos para proteção da cabeça podem ser divididos
em: a) protetores da cabeça em si; b) protetores dos órgãos nela localizados. Em a) predominam os protetores para o crânio e para o
rosto; em b) predominam os protetores para os órgãos da visão e da
audição.
CONTROLE E CONSERVAÇÃO
Protetores para o crânio
Os "EPI" devem ser adquiridos, guardados e distribuídos criteriosamente sob controle, quer do serviço de segurança ou de outro
Capacetes são os protetores mais comuns do crânio contra impactos em geral, mas principalmente nos casos de quedas de objetos
154
155
PRÁTICA DA PMVENÇÃO DE ACIDENTES
PROTEÇÃO INDIVIDUAL
de lugares elevados. Portanto, a função dos capacetes é neutralizar
a ação agressiva de três tipos de acidentes: "batidas contra.,."; "batidas por..." e "quedas de objetos". Note-se que-.o. acidente não é
prevenido, mas sua consequência danosa ao homèm,'a lesão, é evitada.
Esse meio de proteção tem larga aplicação nas atividades onde
há trabalhos efetuados em níveis diferentes, onde objetos elevados
possam cair acidentalmente ou onde o próprio meio em que a pessoa
se movimenta possibilita
batidas da cabeça. Esta a
razão da obrigatoriedade
do uso de capacetes nos
trabalhos de construção civil, de mineração, de construção naval, em muitos
trabalhos de manutenção
etc.
Alumínio, plástico e
algumas resinas são materiais usualmente emprega-
Entre a carneira e o contorno do capacete deve haver uma folga para
efeito de ventilação e, entre a coroa e a copa também deve haver
um espaço vazio a fira de evitar, pela elasticidade que a coroa deve
ter, que a cabeça sofra o impacto através do capacete. Tanto o sistema de regulagem como o material devem ser suficientemente resistentes aos testes especificados.
Este é um equipamento que, aparentemente, basta mante-lo na
cabeça para se estar protegido. Porém, embora pareça elementar, é
necessário que os usuários tenham algumas noções educacionais a
respeito, tais como:
,— «v vayo- ^
cetes. Desses, OS de aluminio têm caído em desuso
Capacetes, protetores faciais, escudos e
capuzes são exemplos de protetores para
a cabeça,
por serem menos duráveis,
não corresponderem como os outros no aspecto segurança e porque
são condutores de eletricidade, o que os contra-indica para eletricistas.
Variam no formato: o tamanho da copa varia bastante, sendo preferível a que é mais folgada na cabeça, tanto para permitir maior
espaço para amortecer o impacto como para circulação de ar. Outra
característica que vá-ia é a existência ou não de nervatura, o que
não compromete a segurança se o material for bom e resistir aos
testes especificados. Outro ponto que varia é a existência de aba
completa ou apenas uma pala frontal. O primeiro proporciona maior
área de proteção nos casos de queda de objetos, pois, mesmo a aba
auxilia no amortecimento do impacto ou serve, em muitos casos,
para desviar, para longe do corpo, alguns objetos que caem, além de
ser mais recomendável também pôs trabalhos executados ao sol. O
segundo, por possuir apenas pala frontal, é mais leve, advindo daí
alguma preferência. São preferíveis nas atividades onde há mais
possibilidade de bater-se a cabeça contra obstáculos do que ter a
cabeça batida por objetos que caem.
Assume especial importância a parte do capacete que assenta
na cabeça. Esta é formada pela carneira, que se ajusta ao contorno
da cabeça por meio de um sistema de regulagem necessário, e pela
coroa de sustentação — também regulável — que assenta na cabeça.
*
manter a carneira e a coroa devidamente reguladas;
*
nunca regular a coroa muito alta sob o pretexto de afirmar
mais o capacete à cabeça, pois essa não deve ficar muito junto
à copa;
•
se for necessário manter o capacete de modo que não venha
a cair é preferível usar a cinta jugular;
•
conservar o capacete, lavando-o periodicamente com suas peças
componentes; e outras recomendações mais que as particularidades do serviço sugerirem.
Às vezes é necessário preparar psicologicamente o pessoal que
vai usar o capacete, o que pode ser conseguido com palestras, exemplos de casos ocorridos etc.
O crânio poderá ser ferido também pelo arrancamento de cabelos, ou mesmo do couro cabeludo se os cabelos forem apanhados por
máquinas, peças em rotação etc. Portanto, nos trabalhos- onde isso
pode ocorrer, os cabelos longos devem ser cobertos por touca ou rede
que mantenha os cabelos presos.
Protetores para o rosto
Os protetores para o rosto são conhecidos pelo nome genérico
de "protetor facial" e proporcionam proteção contra impactos contundentes de estilhaços e outros corpos estranhos arremessados, queimaduras químicas e ação de radiação calorífica ou luminosa.
De certa forma, protegem também os olhos, mas não são protetores específicos para esses órgãos, que requerem p.roteção mais efetiva de óculos de segurança.
São vários os tipos existentes de protetor facial.' A maioria dos
modelos consiste de um anteparo específico, articulado numa coroa
regulável que se ajusta à cabeça.
156
PROTEÇÃO INDIVIDUAL
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
Com visor plástico
O anteparo desse tipo de protetor facial é todo transparente, motivo pelo qual é chamado visor ou viseira. Este é geralmente de lâmina
de acetato de celulose ou acrílico, perfeitamente transparente e sem
ondulações. Não servem para esse fim materiais de baixo ponto de
inflamabilidade. Com dimensões diversas, prestam-se a proteger o
rosto e de modo parcial os olhos, contra impactos de corpos sólidos
e respingos de produtos químicos e metais fundentes. Quando a finalidade é proteger também contra radiação luminosa o visor poderá
ser de cor verde ou azul, na tonalidade adequada.
Deve-se ter especial cuidado ao limpar o visor, pois o material
do qual é feito tem pouca resistência à abrasão, podendo estragar-se
na própria operação de limpeza.
Com visor de tela
Este difere do anterior apenas no anteparo, que também pode
ser chamado de visor, feito de tela de malha pequena, o que o torna
também transparente. Protege contra impactos e calor radiante, proporcionando em muitos casos excelentes resultados onde outros tipos
embaçam pela ação do ca!or e transpiração do rosto do usuário. Onde
há necessidade de proteger também os olhos, contra pequenas partículas ou luminosidade, deve-se usar, sob o visor, óculos de segurança
adequados.
157
radiação calorífica e luminosa do arco voltaico produzido pela operação de soldagem, assim como contra os respingos do metal fundente e as fagulhas próprias da solda.
O anteparo desse protetor é de fibra ou resina escura que veda
totalmente a passagem da luz. A acomodação à cabeça e a articulação,
com pequenas variações, assemelham-se à dos outros protetores faciais.
No visor retangular são colocados os vidros-filtros de luz na tonalidade adequada. Estes são protegidos por vidros comuns que protegem
o filtro de luz contra os respingos de metal e as fagulhas. Esses vidros
protetores são substituídos com frequência enquanto o filtro, de maior
valor, é conservado isento da ação dos respingos e das fagulhas da
solda. Já existem filtros de luz, de resina, que não são atacados por
respingos incandescentes e não quebram facilmente como o vidro.
A tonalidade dos filtros varia do número 5 ao 14, embora na
prática possam se usar só as de número par, com resultados plenamente satisfatórios. Ê muito comum o soldador escolher na prática
a tonalidade do filtro, embora seja aconselhável obedecer as tabelas
existentes que relaciciam a tonalidade do filtro com a amperagem
do aparelho de solda.
Escudo de soldador
Este tem as mesmas características protetoras do "Elmo", só que
o soldador o usa com uma das mãos para proteger o rosto, enquanto
com a outra executa a solda.
Com anteparo aluminizado
Outros protetores faciais
Este protetor possui o anteparo opaco, aluminizado na face externa, com um visor geralmente de plástico ou de tela e, às vezes,
ambos combinados. A finalidade principal é proteger o rosto contra
o calor radiante, embora proteja também contra impactos e ação de
radiação luminosa prejudicial.
É necessária uma recomendação sobre a conservação do equipamento no que se refere à face aluminizada; esta deve estar sempre
brilhante para refletir o calor radiante, pois é por meio dessa reflexão
dos raios caloríficos que protege o rosto do usuário.
Existem outros tipos de protetores faciais embora não reconhecidos entre os convencionais. Dentre esses, vários modelos de capuzes
são empregados contra a ação agressiva de materiais abrasivos, corrosivos etc. O capuz reforçado para uso nas cabinas de jato de areia,
além de proteção respiratória proporciona também proteção facial.
Este é um equipamento que requer treinamento mais cuidadoso do
usuário.
f:\o só nos casos mais graves, como os que
Elmo de soldador
toda vez que houver riscos para o rosto, deve ser usado o tipo adequado de proteção facial.
Este protetor facial é de uso específico dos soldadores de solda
elétrica. Tem a finalidade de proteger o rosto do soldador contra a
158
PROTEÇÃO INDIVIDUAL
PRÁTICA DA PREVENÇÁO-.DE ACIDENTES
parcial, porém satisfatória, contra os riscos de muitos trabalhos corno
de máquinas operatrizes de metal e de madeira e outros serviços ' que
produzam apenas fragmentos.
Protetores para os olhos
A proteção dos olhos é
um dos pontos mais importantes da prevenção de acidentes. Esses órgãos preciosos e frágeis devem ser
protegidos contra impactos de
estilhaços, partículas volantes,
fagulhas, respingos de produtos químicos e metais fundentes, assim como contra efeitos
perniciosos de radiações luminosas e caloríficas.
159
Armação com proteção total articulada
Existem óculos de segurança espe-
cíficos para certos trabalhos; para a
proteçSo «ral dos olhos existem
óculos que proporcionam segurança
É a que possuí protetores semicirculares articulados nos aros das
lentes e que vedam o espaço entre estes e o rosto, tanto abaixo como
acima das hastes. Esses protetores são de plástico, perfurados ou sem
perfuração, ou de tela metálica. A aplicação de um ou outro depende
do tipo de partícula ou do material contra o qual deve exercer funções
protetoras.
e conforto.
Armação com articulação na ponte
óculos para proteção geral
Sob essa denominação podem ser considerados os óculos com
armações semelhantes às de óculos sociais e que, com pequenas variações em algumas características, se prestam a proteger os olhos
contra uma ampla variedade de riscos e condições agressivas aos olhos.
Esses óculos são mais confortáveis, mormente quando é fornecido
o tamanho adequado de armação ao usuário e é feita a necessária
adaptação ao seu rosto. Esse é o motivo que recomenda esse tipo de
óculos para uso permanente durante o trabalho e que, ao mesmo
tempo, possibilita a introdtíção de um programa de proteção geral e
permanente dos olhos contra os acidentes do trabalho.
As características das armações determinam o grau de proteção
que esse "EPI" pode proporcionar:
Armaçãu. sem proteção lateral
Caracteriza os óculos que só protegem contra impactos frontais.
Isto é, só as lentes protegem, permanecendo os olhos vulneráveis a
corpos estranhos que podem penetrar no espaço livre entre os aros
das lentes e o rosto, Só são aceitáveis, portanto, para pessoas que se
expõem a risco poú,co acentuado ou que não se aproximam de fontes
de centelhas, respingos, fragmentos etc.
Possui protetores laterais articulados e são auto-ajustáveis por
intermédio do elástico que substitui as hastes.
Algumas pequenas variações no estilo ou na cor da armação
podem influir no gosto das pessoas, mas pouca influência exercem
sobre a segurança que devem proporcionar ao indivíduo.
Lentes
As lentes são as peças mais importantes dos óculos de segurança, pois .são os anteparos dos impactos que poderiam atingir os
olhos. Devem necessariamente ser lentes de segurança, isto é, com
qualidade e resistência suficientes, segundo normas estabelecidas. As
mais comuns e mais recomendáveis s£o as. lentes de vidro ótico, com
curvatura adequada e sem qualquer aberração ótica. São lentes temperadas com espessura que varia entre 2,8 e 3,2 mm.
Uma das normas estrangeiras mais conhecidas recomenda como
teste de resistência dessas lentes a queda livre de uma esfera de aço
7/8", de urna altura de 1,27 m, no centro da face convexa da lente
que, por sua vez, deve estar apoiada sobre um anel de borracha.
São as que possuem proteção fixa às hastes, vedando os espaços
entre os aros das lentes e o rosto, abaixo das hastes. É uma proteção
t
t
t
l
l
l
l
l
t
\
l
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t
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Lentes de resina
Armação com proteção lateral parcial
t
Quando de boa qualidade, são tão fiéis como as de vidro ótico
e resistem a impactos mais violentos. Possuem a vantagem de não
serem atacadas por fagulhas ou respingos de metal incandescente. A
161
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
PROTEÇAO INDIVIDUAL
superfície, porém, risca-se com mais facilidade por ser menos resistente
a atritos. Requerem, portanto, mais cuidado no que tange à conservação, embora sempre tenham vida mais longa que as de vidro, nos
trabalhos onde são atingidas por centelhas e partículas de metal
fundente.
Os óculos chamados de ampla visão sSo para uso geral, embora
, pouco recomendáveis para uso permanente. São, muitas vezes, sobrepostos a óculos com lentes graduadas, quando estas não são de
segurança, ou mesmo para proteger as lentes de vidro, de segurança,
contra o ataque de fagulhas de solda, de esmeril etc.
São muitos os tipos de óculos existentes, embora os demais sejam
apenas variantes dos tipos apresentados. São equipamentos fáceis de
usar e não é difícil se acostumar com eles, desde que sejam bem adaptados ao rosto, para proporcionar conforto, e que as pessoas estejam
convictas da sua utilidade para a proteção dos olhos.
Campanhas de esclarecimento devem ser promovidas e todo rigor
deve ser mantido na observância do uso dos óculos de segurança.
Algumas empresas adotam o uso geral de óculos de segurança
para os empregados, independentemente da função que exercem ou
do cargo que ocupam. A conduta dessas empresas, no que diz respeito
à proteção dos olhos dos empregados, é altamente meritória. Mesmo
visitantes nessas empresas recebem óculos de segurança para usarem
durante a passagem pelas áreas de trabalho. Isto porque, todos os
olhos que se expõem a riscos de acidentes devem ser protegidos com
óculos de segurança. Assim devem pensar os responsáveis pela segurança do trabalho e fazer também com que os outros assim pensem.
160
óculos para soldador
Geralmente são óculos com o formato de duas conchas interligadas por uma articulação na ponte, com elástico de retenção na
cabeça. A finalidade desses óculos é proteger os olhos contra radiações luminosas, fagulhas e respingos de metal incandescente nos trabalhos de solda.
Como a intensidade da luminosidade varia, também deve variar
a capacidade de filtração de raios luminosos das "lentes" desses óculos.
Esses filtros de luz são geralmente verdes, nas tonalidades 4, 5,
6 e 8, na ordem crescente do poder filtrante. Os óculos são feitos
de modo a facilitar a troca das lentes de acordo com a necessidade.
Como essas "lentes" são sensíveis às fagulhas e respingos de
solda, usa-se protegê-las com um vidro comum, cuja troca constante
não onera tanto como a troca daí lentes.
A adaptação desse tipo de óculos à conformação facial do usuário é muito importante, tanto para a segurança como para o conforto
do indivíduo. Certos modelos amoldam-se melhor que outros e alguns
podem ser usados sobrepostos a óculos de uso corrente, o que possibilita ao soldador que usa óculos graduados, usar seus óculos sob
os óculos de soldador.
óculos contra riscos químicos
Contra a agressividade de produtos químicos, os óculos devem
ser do tipo fechado e com armação de borracha para melhor adaptação
e vedação. Os ventilantes são de forma indireta para evitar a penetração de substâncias líquidas. Alguns totalmente sem ventilação
servem apenas para uso momentâneo, porque se embaçam com facilidade. Alguns possuem no lado interdo inferior da lente pequeno
reservatório para algumas gotas de água que o usuário faz escorrer
sobre as faces das lentes, abaixando e elevando a cabeça, a fim de
desembaçá-las. Outro recurso para evitar ou retardar o embaçamento,
é aplicar na face interna das lentes um líquido ou outro material
antiembaçante.
Proteção auricular
Outros órgãos que se situam na cabeça e que requerem proteção
são os ouvidos, os quais podem ser afetados por ruídos intensos. A
legislação 'brasileira estabelece os limites de ruído em 85 decibéis para
recintos fechados, e 90 para lugares abertos. A partir desses
; limites o ruído é prejudicial e
requer proteção para os ouvidos.
Existem muitos meios de
proteção para os ouvidos. Os
mais usuais, no entanto, são os
dispositivos tipo tampão que se
introduzem na parte inicial do
canal auditivo e que reduzem
bastante a intensidade das vibrações sonoras que ating-m os tímpanos. Os protetores tipo fone são mais eficientes para ruídos mais
intensos e principalmente de alta frequência.
162
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
Além de protegerem a entrada do canal auditivo, isolam também
a parte óssea junto à orelha, evitando que transmitam vibrações à
parte interno do ouvido.
Cabe ao serviço de segurança avaliar os. riscos, para o ouvido e
prover os trabalhadores com os protetores adequados, além de providenciar as instruções e treinamento adequados.
Proteção para os membros superiores
Nos membros superiores situam-se as partes do corpo que, com
maior frequência, são vítimas de lesões por acidentes do trabalho: as
mãos. Grande parte dessas
lesões são preveníveis através do uso de luvas. As
mãos são necessárias à execução de trabalhos que envolvem uma larga série de
agressividades contundentes, abrasivas, cortantes,
perfurantes, térmicas, químicas. Luvas específicas
são empregadas para a neutralização dessas caracte- • Uma variedade de luvas, mitenes e manrísticas agressivas do tragas é empregada na proteção das mãos
balho.
e dos braços.
Para trabalhos de solda
Trabalhos de solda a arco requerem luvas para proteção do soldador contra a agressividade do calor, de respingos incandescentes e
do efeito.da radiação ultravioleta. São geralmente luvas de raspa de
couro, mas também podem ser de outro material desde que incombustível e com bom efeito de isolação térmica. A proteção dos membros superiores do soldador deve estender-se até cobrir o ante-braço
e, em certos casos, a proteção deve chegar até o ombro, por intermédio
de mangas adicionais que, regra geral, se interligam na altura do
ombro por meio de correias.
É mais económico o uso de luvas com punho curto, complementando-se a proteção com as mangas já citadas ou com punhos avulsos
até o cotovelo. Independentemente do material do qual forem feitas,
as luvas de soldador.devem ter suficiente flexibilidade para permitir o
manuseio correio dos apetrechos de solda.
163
PROTEÇÃO INDIVIDUAL
Para outros trabalhos quentes
Para manuseio de peças quentes, ou outro trabalho que exponha
as mãos a altas temperaturas, usam-se ordinariamente luvas de tecido
de asbesto (amianto, como é mais conhecido). £ um material incombustível, porém nem sempre satisfatório como isolante térmico. Em
alguns casos as luvas levam forro de flanela ou de lã, de modo a
ficarem com melhores características isolantes de altas temperaturas.
O tecido é pouco resistente a atritos, motivo pelo qual requer,
para certos trabalhos, o emprego de reforço na palma da luva para
aumentar-lhe a vida. Este forro é geralmente de raspa de couro. Por
esse motivo, e por se tratar de material bastante caro, prefere-se outros
tipos de luvas sempre que o trabalho permitir.
As luvas com o dorso confeccionado de asbesto aluminizado são
recomendáveis nos trabalhos onde as mãos se expõem â intenso calor
radiante.
Para trabalhos com materiais cortantes
Luvas, confeccionadas com materiais diversos, podem ser empregadas contra a agressividade de materiais cortantes, tais como
chapas metálicas, vidros planos cortados, peças metálicas com rebarbas
e outros. Isto depende muito do tamanho e peso da peça, do gume
das arestas cortantes e do tipo de manuseio. Para certos trabalhos
leves, luvas de lona de boa qualidade podem .ser suficientes; para
outros casos, em que é necessário também isolação contra produtos
líquidos, luvas de PVC dão bons resultados. Casos de arestas cortantes longas, como de chapa por exemplo, requerem luvas mais
resistentes a cortes, servindo muito bem as luvas confeccionadas com
o tecido conhecido por grafatex. Luvas de couro ou raspa de couro
também servem para muitos casos. Nos casos mais agressivos o couro
pode levar reforços de'grampos ou ilhoses metálicos.' '
Para outros trabalhos rudes
í
Os mesmos tipos de luvas descritos no item anterior, servem para
proteger as mãos contra a agressividade de outros trabalhos rudes, tais
como manuseio de peças rústicas, abrasivas, com pontas perfurantes
etc. A segurança nesses trabalhos depende da escolha das luvas certas:
mais leve ou mais pesada, com ou sem reforço adicional, com punho
curto ou longo clc.; a escolha pode ficar a juízo de quem tiver capacidade para escolher ou pode resultar de experiências práticas feitas.
164
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
PROTEÇÃO INDIVIDUAL
165
Para trabalhos com produtos químicos líquidos
Dentre os líquidos com os quais as mãos podem ter contato durante a execução de muitos trabalhos, encontram-se alguns corrosivos,
tais como ácidos ou solução de soda cáustica, alergênicos como muitos produtos petroquímicos, venenosos como soluções contendo cianetos, etc. Nesses casos as luvas devem ser impermeáveis. Alguns
produtos requerem apenas luvas leves como as luvas domésticas ou
cirúrgicas. Trabalhos com ácidos, porém, requerem luvas mais pesadas, de borracha ou PVC,
Produtos petroquímicos devem ser manipulados com luvas de
borracha sintética ou de PVC, pois as de borracha natural são atacadas e destruídas violentamente por esses produtos, em pouco tempo
de uso.
Onde há necessidade de impermeabilização e ao mesmo tempo
há muito atrito, pode-se usar uma combinação de duas luvas — a
impermeável por dentro — ou uma só, impermeável e reforçada.
Nos trabalhos com produtos venenosos as luvas não devem ter
qualquer perfuração, para não permitir a entrada do produto e o seu
contato com a pele. O próprio uso requer certos cuidados nesses
casos; as luvas devem ser abundantemente lavadas era água corrente
antes de serem descalçadas.
rem em serviço. Ensaios anuais também são recomendáveis. Dependendo da idade das luvas ou se houver qualquer suspeita, deve-se
efetuar ensaios mais frequentes.
Sempre que possível o trabalho em linha viva deve ser evitado.
Todavia, quando não for possível, devem-se tomar todas as medidas
de segurança e apenas luvas em boas condições devem ser usadas.
" As luvas, assim como outros "EPI", requerem algum conhecimento por parte do usuário. São elementares como equipamentos
de proteção individual, mas é necessário conhecer seu emprego correto para se obter os melhores resultados de segurança. Ê necessário
entre outras coisas, saber quando o uso de iuvas é contra-indicado,
como por exemplo, nos trabalhos com certas máquinas, onde elas
podem constituir um grande risco.
Proteção para os membros inferiores
Os membros inferiores também necessitam de proteção contra
condições ou agentes agressivos do trabalho. Os protetorês para os
pés são mais comuns por serem essas as partes dos membros inferiores
as mais atingidas pelos acidentes.
Calçados
Para trabalhos em alias tensões
As luvas de eletricistas, para trabalhos em altas voltagens, são
as que assumem maior responsabilidade na proteção do trabalhador.
Elas não são para proteger as mãos, embora sirvam para isso, mas
protegem a vida dó indivíduo contra eletrocutação. São especiais
em suas especificações. São de borracha de textura e espessura adequadas e devem proporcionar o mínimo requerido de flexibilidade para
permitir o manuseio das ferramentas próprias dos profissionais que
as usam.
Não devem ter quaisquer defeitos, arranhaduras, perfurações ou
desgastes; para evitar tudo isso elas são usadas com luvas de pelica,
ou outro couro macio, sobrepostas.
Não devem ter contato com produtos químicos de qualquer espécie. Quando não estão em uso devem ser mantidas guardadas, de
preferência em caixa de madeira, sem umidade, e protegidas com
talco.
Apesar do certificado de teste que possam apresentar, é recomendável que essas luvas sejam submetidas a ensaios antes de entra-
Calçados de vários tipos são usados para
proteger os pés contra impactos (principlamente de
quedas de objetos), contra riscos ou desconforto
térmico, contra produtos
químicos, umidade etc.
Contra queda de objetos pesados, o tipo de calçado recomendado é o conhecido como calçado de
segurança, o que possui biqueira de aço capaz de resistir a fortes impactos
isentando os artelhos de
ferimentos. Com uma pressão estática de 1.200 quilos exercida sobre
a biqueira, ela deve ceder ao máximo até deixar uma folga de 13 mm
entre a palmilha do sapato e a borda da biqueira. Esta é a resistência
adequada para as biqueiras de aço.
166
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
PROTEÇÃO INDIVIDUAL'
S6 os artelhos são protegidos pela biqueira de aço, embora ela
atenue também muitos impactos, que atingem o dorso do pé. No
entanto, como a grande maioria das quedas de objetps atinge somente
a zona dos artelhos, as biqueiras proporcionam ótirha segurança aos
trabalhadores. Já se fazem hoje calçados que, além da biqueira de
aço, possuem prote'ores, também de aço, almofadados, sobrepostos
aos calçados, dando melhor prpteção ao dorso do pé.
Existem também protetores metálicos, tipo de armadura para os
pés, que se usam sobre os calçados, presos a estes por meio de elásticos ou molas. São para proteção contra impactos mais violentos e,
devido ao peso, seu uso só é recomendável para as pessoas que se
movimentam pouco na execução de suas tarefas.
Contra efeitos térmicos nocivos, também existem vários tipos
de calçados. Devera-se usar os adequados a cada circunstância. O
couro, substituído por tecido de amianto devidamente forrado dá ao
calçado boas características de isolação térmica; essa proteção^ estende-se às vezes até a perna, com o prolongamento do calçado em forma
de bota.
Para isolação com relação ao piso, muito quente ou muito frio,
o calçado com solado de madeira é bastante recomendável. O uso
desses calçados deve se restringir a esses casos críticos, desde que não
são confortáveis para uso permanente. Servem, também, para isolação da umidade do piso.
Contra produtos químicos agressivos, tais como ácidos, solução
de soda cáustica etc., as botas impermeáveis são os protetores adequados. De borracha, natural ou sintética, e mesmo de plástico, essas
botas têm ampla aplicação na proteção dos trabalhadores. Este ou
aquele tipo, deste ou daquele material, com ou sem forro, as botas
devem ser escolhidas.de acordo com a necessidade, isto é, de acordo
com o tipo de agressividade existente no trabalho.
Algumas dessas botas são usadas, às vezes, para isolação elétrica. Quando isto acontece, é necessário muito mais cuidado na escolha
do tipo adequado, assim como na conservação.
Para a isolação simples da umidade do piso não é necessário ter
tanto cuidado, sendo adequados mesmo os tipos mais leves. Às vezes
simples galochas são suficientes, ou o tipo de calçado com solado de
madeira anteriormente citado.
São mais-frequentemente usadas contra os riscos de queimaduras,
tanto nos trabalhos de. solda como em trabalhos de fundição e demais
metalurgias pesadas.
De acordo com o risco, as perneiras cobrem só a perna ou chegam até a coxa. As longas são mais empregadas em trabalhos com
produtos químicos líquidos e corrosivos. Em todos 'os casos há sempre uma pala que cobre os pés, protegendo a entrada de corpos agressivos pelas possíveis frestas do calçado.
Para os trabalhos de soldadores, de fundidores etc., é mais aconselhável o uso de perneiras que se prendam às pernas 'por intermédio
de presilhas, o que as torna mais práticas de serem calçadas, ao mesmo tempo que possibilita a retirada rápida em caso de uma emergência, tal como penetração de metal fundente — apesar da proteção —
ou superaquecimento por contato com material de alta temperatura.
Apesar de ser um equipamento simples, também requer escolha
criteriosa e uso adequado para satisfazer plenamente ao objetivo da
segurança.
Perneiras
Com algumas variações de detalhes, dimensões, e material dos
quais são feitas, as chamadas perneiras são os protetores ordinários
para as pernas.
Proteção do tronco
A proteção externa do tronco é exercida por
equipamentos que muitas vezes estendem a ação
protetora a outras partes do corpo. Isto porque
esta proteção se resume em aventais e vestimentas
especiais, empregados contra os mais variados agentes agressivos.
'
Contra riscos leves de cortes e atritos, são
usados aventais de lona. Contra riscos mais sérios
de cortes e atritos, tais como no manuseio de chapas
grandes com arestas cortantes, usam-se aventais de
raspa de couro que são mais resistentes ao atrito.
Em alguns casos os aventais podem levar reforços
especiais em certas áreas.
Contra o risco do contato com produtos químicos líquidos, ou mesmo somente contra a umidade, usam-se aventais impermeáveis; plástico ou
lona revestidos de plástico são os materiais mais
recomendáveis para esses aventais.
Contra o risco de altas temperaturas, os aventais mais comumente usados são os de tecido de
asbesto. Este tecido é incombustível, mas se aquece
bastante quando exposto ao calor, passando, daí
em diante, a ser desconfortável para o usuário:
Quando o asbesto é aluminizado os resultados sai
167
169
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
PROTEÇÃO INDIVIDUAL
melhores, pois grande parte do calor é refletida diminuindo o aquecimento do usuário.
Em alguns casofs, um meio avental, isto é, só da cintura para
baixo, é suficiente.
Apesar de simples, o uso de aventais não deve ser indiscriminado.
O uso dos mesmos, onde possam ser presos por peças de máquinas
em movimento, é totalmente condenável. Uma característica imprescindível para todos os aventais é o tipo de cadarço para mante-lo preso
ao pescoço e à cintura. Esses cadarços dever ser suficientes somente
para manter o avental no corpo, mas devem quebrar-se facilmente se
o avental se enroscar, para não arrastar ou segurar o usuário.
Quando ocorrem os mesmos riscos, mas é todo ou quase todo o
corpo que está sujeito ao perigo, usam-se vestimentas especiais.
Roupa resistente deve ser usada contra atritos e possíveis cortes.
Roupas de amianto, inteira ou em forma de casaco são usadas contra
riscos de altas temperaturas. Quando aluminizadas essas roupas são
mais eficientes na neutralização do calor.
Casacos ou roupas inteiras, de lã, especialmente confeccionados,
são também recomendáveis para altas temperaturas, como em certas
operações de alto-forno ou de acearia, assim como em baixas temperaturas, como- em câmaras frigoríficas.
Contra os riscos de produtos químicos corrosivos, as roupas
devem ser impermeáveis. Muitas vezes, quando o uso é mais demorado, a roupa é ventilada internamente, por meio de ar circulante,
de modo a permitir maior conforto do usuário.
Essas roupas requerem, às vezes, algum treinamento e preparo
do indivíduo para que este as use de maneira adequada, sem criar
problemas para si ou para o desenvolvimento do trabalho.
havendo, nesses casos, um visor panorâmico ou um tipo de óculos
para a visão. Ê o tipo usado mais frequentemente onde o risco pode
causar danos também ao rosto e aos olhos. Em alguns casos, um
simples capuz ou um tipo de elmo, interligado à roupa ou capa
especial, protege a cabeça toda.
168
Proteção das vias respiratórias
, Os equipamentos de proteção das vias respiratórias são, entre
os "EPI", os que assumem maior responsabilidade na preservação da
integridade física dos trabalhadores. A finalidade desses "EPI" nem
sempre é evitar que o aparelho respiratório sofra qualquer lesão.
Muitas vezes, eles evitam que outros aparelhos ou órgãos sejam afetados, impedindo que, para isso, o aparelho* respiratório seja o veículo
de introdução de substâncias tóxicas no organismo.
A máscara é a peça básica do protetor respiratório. É, às vezes,
semi-facial, isto é, cobre apenas parcialmente o rosto, mais precisamente a região inicial das vias respiratórias, envolvendo totalmente a
boca e o nariz. Outras vezes 6 facial, quando cobre todo o rosto,
Qualquer tipo de máscara deve permitir vedação perfeita nas
áreas de contato com o rosto. O modelo, as características de amoldagem do material e as dimensões da máscara são fatôres que em
muito favorecem a boa adaptação ao rosto. '.
O sistema de sustentação na cabeça, com
elástico, presilhas e fivelas também é muito
importante para a boa vedação.
Máscaras e jiltros
Para completar as informações a respeito
de máscaras convém citar inicialmente as mais
elementares, as máscaras de filtros. Nessas, a
peça principal, ou seja a máscara.em si, possui
um filtro, através do qual o ar é aspirado.
A finalidade dos filtros é, conforme o caso,
reter partículas sólidas, absorver vapores, ou neutralizar gases, de
modo que o ar penetre nos pulmões livre dos poluentes da atmosfera.
Os primeiros são filtros de material fibroso que retêm partículas
de poeira, fumos, névoas etc. Os filtros estão saturados quando passam
a dificultar a respiração; é quando devem ser substituídos.
Os segundos são filtros compostos de um receptáculo cheio de
carvão ativo, retido ali por telas ou outro material fibroso que serve
de filtrante auxiliar. São absorventes dos chamados vapores orgânicos,
tais como vapores de derivados do petróleo, do álcool etc. Percebe-se
que o filtro está saturado quando deixa passar o vapor que existe
no ambiente; é o momento de trocar o filtro.
Os terceiros são semelhantes aos segundos, porém o material
interno é neutralizante específico de determinados gases, tais como
de ácido, de amónia etc. A saturação do filtro é notada pelo mesmo
método prático.
Existem filtros específicos para diferentes gases e existem também os chamados polivalentes que servem para diversos gases isolados
ou em mistura.
Os filtros pequenos, também chamados cartuchos, são de pouca
duração e esta depende da^concentração do contaminante, que nunca
deve exceder a 2%, com exceção da amónia, cujo limite é 3%.
PROTEÇÃO INDIVIDUAL
171
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
Os filtros maiores, chamados canistréis, são ligados à máscara
por intermédio de uma traquéia de borracha ou plástico e são levadas
suspensas ao peito, costas ou cintura devido ao seu peso. O processo
de filtragem do ar é semelhante ao dos filtros pequenos, apenas o
volume é maior, permitindo o uso por tempo mais prolongado. A identificação da saturação se faz também pelo método prático já citado.
Peças de valor fundamental são também as válvulas de escape
do ar exalado. Estas devem abrir suavemente para a saída do ar e
fechar perfeitamente para evitar a entrada do contaminante no ato
da aspiração.
Filtros para monóxido e carbono
Esses filtros são geralmente canistréis. O uso deve ser cercado
de todos os cuidados extras que as condições possam exigir. Geralmente há um indicador ou alarme para alertar acerca da saturação
do filtro. Deve-se seguir à risca as instruções do fabricante ou outras
eventualmente existentes.
Máscaras com suprimento de ar
Era altas concentrações de contaminantes ou onde o oxigénio
esteja abaixo de H>% não se usam máscaras com filtros, mas sim
máscaras com suprlnento de ar puro. O ar poderá ser fornecido por
cilindros que o usuário carrega nas costas, ou por ventoinha acionada
à distância, sendo o ar levado através de mangueira, ou ainda do
próprio ar comprimido existente no local, devendo, nesse caso, ser
filtrado por filtro especial e ter a pressão devidamente regulada.
Alguns trabalhos requerem o uso constante de máscaras, enquanto
em outros o "EP'" só é usado em caráter de emergência ou em
ocasiões especiais ou esporádicas. Em qualquer dos casos, porém, o
usuário deve estai consciente do "EPI" que está usando, quais os
riscos que corre s'-, deixar de usá-lo e, acima de tudo, deve ser treinado
para usar de mareira cctreta o equipamento —.além de saber como
cuidar da consei /aç£o do seu protetor.
^
Cintos de Segir inça
Os cintos os segurança não têm a finalidade de proteger esta ou
ou outra ocorrência acidental, poderão precipitar-se ao solo ou a outro
nível inferior se não estiverem usando-esse "EPI". .
Dentre os tipos existentes, destacam-se dois
cintos de segurança:
Cinto com travessão
Ê um cinto largo e
reforçado, de couro ou de Os tcffitos de s^nça, quando devidalona, como devem ser os
cintos de segurança, com mente empre8aedofS;tSa^s mmtas quedas
uma ou duas fivelas, conforme o tipo, Existem dois anéis, onde é preso o travessão, colocados
de maneira que fiquem um de cada lado do corpo do usuário. De um
lado o travessão é preso por anéis entrelaçados e do outro por meio
de moquetão metálico, o que possibilita a regulagem necessária do
comprimento, de acordo com a necessidade. ,
O travessão consiste de uma tira de couro reforçada, geralmente
dupla, regulávcl por meio de fivela, que a pessoa, após ter o cinto
apertado na cintura, passa por trás ou por cima do ponto onde ficará
apoiado, para equilibrar-se ou para apoiar o corpo e trabalhar mais
à vontade. Um exemplo do uso desse tipo de cinto é o trabalho em
postes, quando a pessoa com os pés na escada passa o travessão por
trás do poste, trabalhando com o corpo apoiado contra o travessão.
Em todos os trabalhos que requerem uma ancoragem do homem contra
quedas e que não requerem deslocamento do usuário, este é o tipo
recomendado de cinto de segurança.
'
O que não convém é improvisar esse cinto utilizando, por exemplo, uma corda, pois não é um meio adequado para o fim de proteção
a que se destina este tipo de cinto.
Cinto com corda
Este tipo de cinto possui suspensórios e, em alguns casos, até
tiras de assento, como os cintos de paraquedistas. Na parte traseira do
suspensório existe uma argola na qual é fixada a corda. Tendo o cinto
e os suspensórios bem ajustados, a corda deve ser bem amarrada no
ponto de ancoramento escolhido para servir de suporte em caso de
queda da pessoa. A corda, naturalmente, deve ser de boa qualidade
PROTEÇÃO INDIVIDUAL
172
PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
A finalidade deste cinto é oposta à do outro apresentado. Enquanto naquele o usuário se apoia para não se desequilibrar e cair,
este serve para aparar a queda caso esta ocorra. O cinto com corda
é usado nas operações em que a pessoa necessita de alguma movimentação, não podendo permanecer ancorada como acontece quando
usa corretamente o cinto com travessão.
A corda deve ser bem amarrada em ponto firme e mais elevado,
com o lance de corda mais curto possível, de modo a reduzir o impacto
tanto na corda como no corpo do indivíduo em caso de queda. O fato
da corda ser presa nas costas é para que, em caso de queda, o corpo
seja forçado a dobrar-se no sentido normal, para frente, evitando
maior esforço ou impacto na espinha dorsal da pessoa. Nunca se
deve prender a corda na frente, pois, em caso de queda, a pessoa
poderá ter a espinha dobrada para trás com possibilidade de sérios
problemas.
Os cintos de segurança requerem cuidado tanto no uso como na
conservação. Devem ser submetidos a inspeções periódicas, nas quais
devem ser levados em conta :,o estado do couro ou do tecido, da corda
e acessórios tais como fivelas, argolas, rebites etc. Qualquer suspeita
que alguma dessas partes possa causar, é motivo para retirar o cinto
de uso, repará-lo se for possível^ ou substituí-lo. O rigor da inspeção
e corvservaçâo dos cintos de segurança é devido à grande responsabilidade que este "EPI" assume na preservação da integridade física
do trabalhador.
Os usuários desses "EPÍ" têm necessidade de esclarecimentos
especiais sobre a importância desse tipo de proteção, e mesmo de
treinamento, que deve ser providenciado pelo serviço de segurança,
em conjunto com o setor especializado em treinamento — se a firma
o possuir — e ministrado de preferência pelos próprios .supervisores
dos empregados que utilizarão os cintos de segurança.
173
uso adequado dos "EPI". Deve preparar treinamento, emitir instru•ções por escrito e fiscalizar o seu uso correto. Deve também participar
direta ou indiretamente do controle, reparos e conservação dos equipamentos de proteção individual.
RESUMO
'
í
;
* Os equipamentos de proteção individual, "EPI", são empregados
quando outros meios, de ordem geral, não proporcionam pró' teção adequada contra os riscos de acidentes.
« Os "EPI" slo usados:
** como o único meio capaz de proporcionar proteção ao trabalhador que se expõe diretamente ao risco;
** como proteção complementar quando outros recursos não preenchem totalmente a proteçSo do trabalhador;
** como único recurso em casos de emergência;
** como recurso temporário até que se estabeleçam os meios gerais
de proteção.
* Todos os aspectos educacionais e p.«'cológicos também devem
ser levados em conta para melhor aproveitamento e aceitação
do "EPI" pelos trabalhadores.'
* A compra e o controle dos "EPI" devem ser criteriosos.
* O serviço de segurança é o órgão competente para especificação
e determinação do tipo e uso dos "EPI". :
'• Os "EPI" podem ser classificados segundo a parte do corpo
que protegem:
** Proiição para a cabeça: para o crânio, para o rosto, para os
olhos e para os ouvidos.
• ** Proteção para os membros superiores: para as mãos, para as
mãos e os braços, e para os'braços até os ombros.
** Proteção para os membros inferiores: para os pés, para os pés c
pernas, para as pernas, e para a perna até a coxa.
*'* Proteção para o tronco: resume-se em aventais e vestimentas
especiais.
** Proteção para as vias respiratórias: para as vias respiratórias,
• Outros equipamentos de proteção individual poderiam ser citados.
Muitos detalhes deixam de ir aqui relatados, pois esse não é um
trabalho que visa a esgotar o assunto. Contudo, os principais foram
apresentados e o conhecimento destes, aliado ao bom senso de quem
irá determinar o uso do "EPI", 6 suficiente para que se consigam
resultados satisfatórios contra a agressividade dos acidentes.
Os serviços de segurança devem ter autoridade para determinar
o uso dos equipamentos adequados que os diversos riscos requeiram.
O mesmo serviço deve instruir trabalhadores e supervisores quanto ao
•
em si e, através destas, para outros órgãos do corpo.
Os cintos de segurança não protegem esta ou aquela parte do
corpo; são usados para prevenir quedas de pessoas que trabalham
em lugares elevados.
5
BIBLIOGRAFIA
"Industrial Safety" — ROLAND P. BLAKE
"Modern Safety Practices" — RUSSEL DE REAMER
"Accident Prevention Manual for Industrial Operations" — National
Safety Council (U.S.A.)
"Supervisões Safety Manual" — H. W. HEINRICH
"Industrial Accident Prevention" — H, W.. HEINRICH
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