2 Abordagem fisioterapêutica em criança com paralisia
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2 Abordagem fisioterapêutica em criança com paralisia
relatos de pesquisa ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA EM CRIANÇA COM PARALISIA BRAQUIAL OBSTÉTRICA UTILIZANDO TERAPIA DE CONTENÇÃO E INDUÇÃO DO MOVIMENTO Bruna Bettini Cruz Pimentel Coelho* Letícia de Oliveira Rocha** Érica Mendes Ferreira Guimaraes*** RESUMO A Paralisia Braquial Obstétrica é definida como a lesão mais grave das extremidades, resultando em um comprometimento do membro superior, e a Terapia de Contenção e Indução do Movimento é um tipo de tratamento que consiste na contenção do membro superior acometido. Objetivo: Documentar se após a aplicação do protocolo de tratamento da Terapia de Contenção e Indução do Movimento proposto haveria modificações no quadro clínico relacionadas à funcionalidade, coordenação motora e força muscular apresentado por uma criança com Paralisia Braquial Obstétrica. Métodos: A paciente G.D.S, sexo feminino, as pesquisadoras coletaram dados demográficos de paciente e, posteriormente, a mesma foi submetida a avaliação da ADM, força, flexibilidade, além do teste DENVER. Após o mesmo, a criança participou do protocolo de atendimento constituído de tarefas de coordenação/preensão; manipulação/transferência; exercícios de funcionalidade e alcance nas diversas posições e exercícios cinesiológicos-funcionais. Resultados: Houve melhora na força muscular do MSD, melhora na coordenação/preensão, melhora na manipulação/transferência, além de ganhos funcionais. Conclusão: A fisioterapia resultou em melhora da qualidade dos movimentos apresentados pela criança, forneceu resultados benéficos para a melhora das habilidades funcionais e independência da criança com esta patologia. Portanto, a Terapia de Contenção Induzida se mostrou efetiva nessa criança. Palavras-chave: Paralisia Obstétrica. Reabilitação. Plexo Braquial. Neuropatias do Plexo Braquial. *Bacharel em Fisioterapia pelo Centro Universitário Newton Paiva, Graduanda em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas Dr. Jose Antônio Garcia Coutinho (FACIMPAUNIVÁS). E-mail: [email protected] **Bacharel em Fisioterapia pelo Centro Universitário Newton Paiva. E-mail: [email protected] ***Bacharel em Fisioterapia pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. Pós-graduada em Neurologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: [email protected] C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.6, n.2, p. 127-149, jul./dez. 2013 127 Bruna B. C. Pimentel Coelho, Letícia de Oliveira Rocha, Érica Mendes Ferreira Guimarães 1 INTRODUÇÃO A Obstétrica antebraço, e flexão do punho, sem (PBO) é definida como a lesão mais alterações da sensibilidade tátil e dolorosa severa das extremidades, resultando em no um membro fenômenos vasomotores na extremidade. superior. A terapêutica da PBO depende A Paralisia de Klumpke, forma clínica da condição patológica e da localização muito rara, resulta da lesão do tronco da PONDA; inferior (C8 e T1). A mão, apesar de MALASSY, 2006; YOSHIKAWA et al., plégica, mantém a semiflexão das inter- 2006). falangeanas e extensão das metacarpo- das Paralisia Braquial comprometimento lesão (HEISE, do 2007; antebraço e mão, falangeanas, deformidades supinação do antebraço e extensão do da punho. somente dos musculatura intrínseca da mão, flexora do trabalhos de Sever, durante o período punho e músculo flexor longo dos dedos. compreendido A lesão de Erb-Klumpke é resultado de elucidada entre a 1914 partir e 1920 um cotovelo, prevenção e do tratamento da patologia foi Há do como A compreensão acerca da PBO, associadas, flexão bem comprometimento da uma lesão total (C5, C6, C7, C8 e T1), (AZEVEDO, 1983). A classificação da lesão do plexo uma forma mais grave de lesão, pois além braquial é descrita de acordo com as de alterações motoras, são observadas estruturas alterações anatômicas comprometidas sensitivas. Inicialmente, (YOSHIKAWA et al., 2006). A paralisia de observa-se total plegia do membro, sem Erb-Duchenne refere-se à lesão do nível postura fixa (“braço de boneca de pano”) superior (C5 e C6), é o tipo mais comum (HEISE, 2007; AZEVEDO, 1983). de lesão do plexo braquial, Na etiologia das deformidades correspondendo a 75% dos casos. Estes apresentadas pelo indivíduo com PBO do pacientes mantêm postura em “gorjeta de tipo Erb-Duchenne, associa-se à ação das garçom”, ou seja, adução e rotação forças interna do braço; extensão e pronação do crescimento ósseo (LOPES et al., 1996). musculares assimétricas ao Diversos autores associam a etiologia da lesão do plexo braquial como sendo 128 C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.6, n.2, p. 127-149, jul./dez. 2013 Abordagem fisioterapêutica em criança com paralisia braquial obstétrica utilizando terapia de contenção e indução do movimento decorrente da tração descendente assim como mães multíparas ou excessiva da cabeça do úmero durante a primíparas; obesidade e baixa estatura tentativa de retirada do feto no parto (YOSHIKAWA et al., 2006; GIACON, normal, as quais resultam em danos 2002). transitórios ou permanentes do plexo O diagnóstico clínico inicial baseia- braquial (HEISE, 2007; AZEVEDO, 1983; se na movimentação passiva dolorosa do LOPES et al., 1996). Porém, outros membro acreditam ser resultante de má adaptação ausência intrauterina e considerada, à afetado, de paralisia movimentação flácida, ativa deveria ser correspondente ao local da lesão, perda vista, uma do padrão flexor do recém-nascido e evidência de lesão durante o processo do alterações tróficas da pele (LOPES et al., nascimento 1996). Porém, os exames de imagem, não primeira (HEISE, 2007; GILBERT; radiografia da coluna cervical e de todo NESBITT; DNIELSEN, 1998). Dentre os fatores de risco, pode-se membro afetado, a citar as crianças com peso excessivo, computadorizada apresentação pélvica, tração aplicada à magnética (RM) são úteis para determinar cabeça do não somente a localização e severidade ombro, asfixia perinatal, fratura da diáfise da lesão, mas também para afastar lesões do ósseas associadas (YOSHIKAWA et al., durante úmero, desprendimento subluxação do ombro, desproporção céfalo-pélvica, distócia e a (TC) tomografia e ressonância 2006; LOPES et al., 1996). (HEISE, 2007; No diagnóstico diferencial deve-se GIACON, 2002; considerar: fratura da diáfise do úmero, GILBERT; NESBITT; DNIELSEN, 1998). epifisiólise de epífise proximal umeral, Existem fraturas de clavícula, osteomielite umeral extração a AZEVEDO, vácuo 1983; ainda relacionados à os fatores maior maternos incidência da aguda, artrite séptica de ombro, patologia, dentre estes: mães diabéticas; artrogripose localizada ou generalizada, história prévia de distócia de ombro em deformidades outros (AZEVEDO, 1983). partos; filhos com PBO. Há controvérsias quanto ao parto com fórceps ser um fator protetor ou um fator de risco Para ósseas determinar congênitas o prognóstico, considera-se a gravidade e o tipo de C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.6, n.2, p. 127-149, jul./dez. 2013 129 Bruna B. C. Pimentel Coelho, Letícia de Oliveira Rocha, Érica Mendes Ferreira Guimarães paralisia ou nível da lesão, a intervenção proprioceptiva, hidroterapia e Terapia de fisioterapêutica precoce e os estímulos Contenção e Indução do Movimento recebidos pela criança. Em geral, os (TCIM), pacientes com lesão de todo o plexo e da condições possíveis para a recuperação parte inferior do plexo (Klumpke) e da capacidade funcional deste indivíduo aqueles tração, (YOSHIKAWA et al., 2006; LOPES et al., apresentam recuperação mais lenta e 1996; DELUCA et al., 2003; NAYLOR; incompleta, em relação aos pacientes BOWER, 2005; SMANIA, 2006). decorrentes de com lesão da parte superior do plexo (Erb-Duchenne) (AZEVEDO, 1983; LOPES et al., 1996). sempre criando melhores A TCIM teve sua origem baseada em estudos realizados com macacos e baseia na grande capacidade de O tratamento da PBO pode ser plasticidade do Sistema Nervoso Central realizado com cirurgia para reconstrução (SNC) (DELUCA et al., 2003; NAYLOR; do plexo, correção das deformidades BOWER, 2005; SMANIA, 2006; TAUB et secundárias e toxina botulínica do tipo A, al., 2004; CHARLES et al., 2006; ASSIS além fisioterapêutica et al., 2007; CHARLES; LAVINDER; et GORDON, da (HEISE, reabilitação 2007; HEISE al., 2005; 2002). Posteriormente, foi FLORES, 2006). A fisioterapia tem uma utilizada contribuição tratamento adjunto em indivíduos com muito importante na com grande Acidente deve-se de Atualmente, a TCIM tem sido aplicada desenvolvimento neuropsicomotor normal com grande sucesso na reabilitação de (DNPM) objetivos crianças com Paralisia Cerebral Espástica fisioterápicos consistem basicamente em: Hemiplégica (PCEH) (DELUCA et al., evitar contraturas e aderências; promover 2003; NAYLOR; BOWER, 2005; SMANIA, estimulação motora e sensorial; manter a 2006; TAUB et al., 2004; RIBERTO et al., amplitude 2005). desta de o criança. processo Os movimento e treino funcional. Dentre as técnicas que estes Trata-se de um (AVE). método reabilitação cinesioterapia ativa, problema da disfunção motora quanto o estimulação aprendizado do não-uso, derivado de uma eletroestimulação, 130 e considera tanto de profissionais dispõem, pode-se ressaltar a passiva que Encefálico como reabilitação da criança com PBO, porém, respeitar Vascular êxito o C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.6, n.2, p. 127-149, jul./dez. 2013 Abordagem fisioterapêutica em criança com paralisia braquial obstétrica utilizando terapia de contenção e indução do movimento limitação funcional (DELUCA et al., 2003). et al. (2002), realizaram um estudo Seu em envolvendo 3 crianças com PCEH com preparar o indivíduo a executar uma idades de 8, 11 e 13 anos. O teste de determinada função, manter ou aprimorar Jebson-Alfaiate foi utilizado para avaliar a as já existentes, a partir da restrição do força de preensão no membro superior membro superior não afetado, estimula da (MS) afetado, como método pré e pós utilização superior intervenção com a TCIM, através da contralateral, preconizando o treinamento contenção do MS não afetado por 6 horas intensivo diárias durante 14 dias consecutivos, principal objetivo do e a consiste membro repetição de práticas funcionais. Wolf seguidos et al. diversas atividades utilizaram funcionais, dentre estas, pegar e elevar experimentos em pacientes com sequelas objetos, comer, transferir objetos de um de AVE e Traumatismo Crânio Encefálico lugar a outro, escrever, etc. Ao término do (TCE), submetidos a restrição por 23 estudo, observou-se uma melhora na horas diárias por duas semanas, tendo-se função do MS afetado em 2 das 3 observado ganhos na função motora. crianças, uma reorganização da preensão Taub et al. (2004), foram os primeiros a e apresentarem um ensaio clínico de TCIM, avaliados através do Teste Jebson - no qual pacientes com lesões crônicas do Alfaiate. Portanto, a TCIM demonstrou ter Sistema eficácia neste grupo, comprovada pelo Nervoso apresentaram (2006), de Central (SNC), melhora substancial da sinergia nas atividades manuais, fato de que a criança passa a utilizar seu destreza e funcionalidade do membro MS afetado durante as afetado após duas semanas de restrição funcionais, além do membro contralateral. Os resultados plasticidade do foram significantemente melhores após 2 LAVINDER; GORDON, 2002). de atividades aumento SNC da (CHARLES; anos do experimento, indicando ganhos Para obter sucesso durante a mais consistentes (RIBERTO et al., 2005). aplicação da terapia, é necessário um Existem descritos na diversos literatura protocolos referentes à duração da aplicação da técnica. Charles processo de treinamento reabilitação intensivo, que através de utiliza de técnicas de transferências para reduzir o C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.6, n.2, p. 127-149, jul./dez. 2013 131 Bruna B. C. Pimentel Coelho, Letícia de Oliveira Rocha, Érica Mendes Ferreira Guimarães aprendizado do não-uso (DELUCA et al., Newton Paiva, onde todos os testes, 2003; NAYLOR; BOWER, 2005; SMANIA, avaliações e tratamento foram realizados. 2006; TAUB et al., 2004; CHARLES et al., A paciente G.D.S, sexo feminino, 2006). Resultados promissores têm sido nascida aos 29/06/2007 de parto normal, apresentados em grande número sobre a auxiliado com uso de fórceps, com efetividade diagnóstico da TCIM (CHARLES; LAVINDER; GORDON, 2002). Não de Paralisia Braquial Obstétrica (PBO) do tipo Erb-Duchenne, na por anóxia perinatal e uso de fórceps. nem Apresentou o membro superior direito internacional, estudos que utilizassem a seletivo, porém com pouco uso funcional. TCIM como método de reabilitação em Não apresentava déficit cognitivo. literatura, foram encontrados nem brasileira indivíduos com a PBO. Porém, na prática Os critérios de inclusão clínica, têm-se observado a TCIM como estabelecidos pelas autoras foram: com a um método reabilitador na população com clínica de PBO, faixa etária entre 01 a 06 esta patologia. anos de idade, qualquer sexo, a criança Portanto, o objetivo do presente não poderia estar realizando reabilitação estudo de caso foi documentar se, após a fisioterápica. Antes de ser incluída no aplicação do protocolo de tratamento da estudo, a responsável assinou um termo Terapia de Contenção e Indução do de consentimento para a participação de Movimento sua filha. proposto, modificações no relacionadas à haveria clínico Este estudo foi aprovado pelo funcionalidade, Comitê de Ética em pesquisa do Centro coordenação motora e força muscular, Universitário Newton Paiva (CEP parecer apresentado nº116). Todas as normas estabelecidas por quadro uma criança com Paralisia Braquial Obstétrica. pelo conselho de ética foram devidamente seguidos. 2 MÉTODOS As pesquisadoras coletaram dados demográficos de paciente com relação a: Foi selecionada uma paciente na idade, sexo, tempo de evolução pós PBO, Clínica Escola do Centro Universitário lado acometido, uso de medicação, bem como, 132 a realização de avaliação C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.6, n.2, p. 127-149, jul./dez. 2013 Abordagem fisioterapêutica em criança com paralisia braquial obstétrica utilizando terapia de contenção e indução do movimento a realizadas a 3, 6 e 9 centímetros (cm) mão do abaixo. A mesma fita foi fixada em um goniômetro da marca Carci® de formato espelho com o intuito de mensurar a circular (0º a 360º) de plástico, a fim de distância permitir a avaliação da amplitude de centímetros movimento (ADM) de ombros, cotovelos, manipulação/transferência. cinesiológico-funcional, goniometria, incluindo onde lançaram total do deslocamento em atividade de na punhos e mãos. Para que as medidas A criança foi submetida aos testes realizadas tanto na avaliação quanto na funcionais (Denver II, alcance, encaixe), reavaliação para avaliar a funcionalidade dos MMSS e fossem confiáveis, foram seguintes parâmetros: consideradas os comparada pontos intervenção estabelecidos os ao período (07/04/09 pré e e pós- 15/05/09, principais referentes à medida da ADM respectivamente), assim como todos os (haste fixa, haste móvel e fulcro) foram testes e avaliação, realizados pré e pós padronizados previamente; as medidas intervenção. seriam realizadas pelo mesmo Esse instrumento é utilizado em 2 crianças com faixa etária entre 01 (um) caso mês até 06 (seis) anos de idade, com a houvesse divergência dos valores seria finalidade de detectar os atrasos no realizada mais uma medida no mesmo desenvolvimento neuropsicomotor infantil. ponto; houve a comparação dos valores Este contempla e avalia as seguintes obtidos com o lado contralateral para que funções pudesse ser estabelecido um parâmetro Motora Ampla com 32 itens (PARTE I); de normalidade (MARQUES, 2003). Linguagem com 39 itens (PARTE II); fisioterapeuta; foram medições mesmo no realizadas ponto, ou domínios: Coordenação dos Coordenação Motora Fina com 29 itens MMSS foi utilizada uma trena fibra de (PARTE III); e Adaptação Pessoal-Social vidro com 25 (PARTE IV). A Parte I pode ser Para com avaliar trava a perimetria simples, da marca Sanny® de 150cm, onde o ponto de subdividida em 04 (quatro) referência foi determinado como sendo Habilidades de estabilidade rudimentares, uma estrutura óssea (cabeça do úmero), e Habilidades manipulativas fundamentais, a partir deste ponto, as medidas foram Habilidades locomotoras fundamentais, C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.6, n.2, p. 127-149, jul./dez. 2013 áreas: 133 Bruna B. C. Pimentel Coelho, Letícia de Oliveira Rocha, Érica Mendes Ferreira Guimarães Habilidades estabilizadoras fundamentais. de 2009. A responsável pela criança foi Em contrapartida, a Parte II fornece os orientada a conter o MSE durante 02 seguintes de (duas) horas no domicílio, utilizando uma vocalizar, gritar, imitar o som de uma fralda a qual era fixada com fita crepe, nos conversa, combinar palavras de maneira dias que não havia tratamento. Este rudimentar, seguir instruções, reconhecer protocolo foi escolhido a partir de duas cores, definir palavras. A Parte III fornece observações, a primeira delas baseada na informações tolerância da criança, observada pelos escores: acerca manipulativas capacidade das habilidades rudimentares, como: pesquisadores durante as sessões, afinal, alcançar, agarrar e soltar, empilhar cubos, o rabiscar, copiar, desenhar uma pessoa. Já poderia não ser tolerado pela mesma; a a informações segunda foi pela análise dos resultados relacionadas a alimentação, beber água favoráveis obtidos no estudo de Naylor e em copo, imitar tarefas domésticas, ajudar Bower (2005), o qual preconizou um na casa, retirar a roupa, colocar roupa, tratamento que consistia na imobilização lavar e secar as mãos, utilizar jogos do MS não afetado de crianças com PC interativos, separar-se da mãe facilmente, Espástica Hemiplégica Congênita, com vestir-se sem supervisão (GALLAHUE; idades entre 21 e 61 meses e executadas OZMUN, 2005). atividades Parte O IV fornece programa de treinamento tempo prolongado manuais contralateral. Este de com autor, tratamento o membro realizou o consistiu de tratamento fisioterapêutico 03 tratamento durante um (01) mês, duas (três) vezes por semana, totalizando 17 (02) vezes por semana, uma (01) hora/dia encontros. Destes, 01 (uma) avaliação, 15 pelo avaliador e uma (01) hora/dia em (quinze) sessões de fisioterapia com domicílio. Ao término do tratamento foram duração de 01 (uma) hora cada, além de observadas melhoras no MS contralateral 01 (uma) reavaliação. (NAYLOR; BOWER, 2005). No presente estudo, foi utilizado No início da sessão, a terapeuta um protocolo modificado de 01 (uma) hora despia a criança e realizava a contenção por dia, 03 (três) vezes semanais, durante do MS não acometido, neste caso o MSE, 05 (cinco) semanas consecutivas no por meio de uma luva de contenção a período compreendido entre Abril e Maio qual era confeccionada em napa e nylon e 134 C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.6, n.2, p. 127-149, jul./dez. 2013 Abordagem fisioterapêutica em criança com paralisia braquial obstétrica utilizando terapia de contenção e indução do movimento apresentava as pontas costuradas. Ao funcional, término de casa sessão, a contenção era manipulação/transferência os quais serão retirada. descritos a seguir. A A abordagem fisioterapêutica atuou coordenação/preensão atividade de e coordenação/ e preensão, apresentada na figura 1, era posicionamentos viciosos, melhora na executada com a criança na posição funcionalidade do sentada e esta deveria realizar atividades coordenação, alcance, na prevenção de contraturas MSD (preensão, pinça fina, de encaixe, em um brinquedo com manipulação, transferência de objetos), estruturas cilíndricas e hastes de madeira. manutenção/fortalecimento A criança recebeu, em cada sessão, dez muscular, e (10) estruturas cilíndricas para que fosse independência para a execução das realizada a tarefa. Em cada tentativa era AVD’s (higiene, alimentação e vestuário). mensurado o número total de erros estimulação de maior autonomia Para o tratamento da criança, contabilizados ao final de sessão. A tarefa foram propostas 04 (quatro) atividades somente era finalizada quando a criança bimanuais utilizando o MSD, relacionadas realizava à coordenação/preensão; manipulação/ estruturas na haste de madeira. Era transferência; funciona- considerado erro, todas às vezes que a lidade e alcance nas diversas posições (à criança não acertava o alvo. Para a frente, acima, abaixo, com rotação, para execução os lados); além de alongamento da manipulação/transferência com o MSD, musculatura encurtada (bíceps braquial à demonstrada na figura 2, a paciente era D e peitoral maior). Foram propostas orientada a pregar em um espelho, com quatro (04) séries de trinta (30) segundos altura para musculares demarcados com fita métrica, flores de segundo o protocolo proposto por Taylor material emborrachado, as quais eram do et al. (1990), citado por Junqueira, Ribeiro mesmo tamanho, peso e formato. A e Scianni (2004). paciente recebeu 10 flores para que fosse os exercícios alongamentos de o total encaixe da de das dez atividade dois (02) (10) de metros não realizada a atividade proposta. Em cada padronizados para a avaliação do alcance tentativa, a criança recebia instruções Foram utilizados testes C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.6, n.2, p. 127-149, jul./dez. 2013 135 Bruna B. C. Pimentel Coelho, Letícia de Oliveira Rocha, Érica Mendes Ferreira Guimarães verbais e demonstrações para que as os distúrbios do DNPM e possibilitar à flores fossem pregadas o mais alto criança desenvolver-se em todo o seu possível no espelho. Esses valores foram potencial (BORGES et al., 2007). anotados em uma planilha para posterior Para a realização de todas as avaliação, sendo que ao término de cada atividades propostas, eram associadas sessão durante cada sessão instruções verbais, era realizada a média de deslocamento em centímetros (cm). Foram propostos, ainda, exercícios demonstrações e estimulação lúdica e, ao término das atividades de de alcance em diversas posições, acima e manipulação/transferência, abaixo da cabeça, com rotação de tronco coordenação/encaixe para ambos os lados e à frente, utilizando contenção era retirada para que a criança o MSD. Foi preconizado um total de dez pudesse executar as AVD’s relacionadas (10) argolas (todas de mesmo peso e à vestuário, higiene e alimentação. tamanho). O término da atividade se dava A e responsável alcance pela a criança após realizado o alcance de todas as permanecia presente durante as sessões, argolas. Figura 3. porém foi orientada a não intervir no Para a melhora da funcionalidade, tratamento. Ao final de cada atendimento, foram executadas as seguintes tarefas: a criança era auxiliada a vestir-se e a pentear os cabelos, vestir-se e despir-se responsável recebia orientações sobre os (camisetas, vestidos e calças), colocar e exercícios, para que os mesmos fossem retirar calçados (geralmente sandálias), realizados em domicílio, durante o dia e beber água em copo sem tampa somente aos com o MSD, secar superfícies, lavar e intercorrências durante os atendimentos. finais de semana. Não houve secar as mãos. Em crianças com o DNPM Na avaliação fisioterápica, pôde-se normal, espera-se que nesta faixa etária observar que a criança apresentava uma (01 ano e 10 meses) realizem as AVD’s postura do MSD em rotação interna (RI); com maior destreza, como por exemplo, cotovelo semifletido; antebraço pronado; desamarrar desabotoar, punho e dedos em neutro; as reações esfincteriano protetoras para frente e para os lados e adquirido ou em fase de aquisição. Estas de paraquedas positivas; encurtamento estimulações visam a evitar ou minimizar dos músculos bíceps braquial à D e comer 136 laços, sozinha, tentar controle C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.6, n.2, p. 127-149, jul./dez. 2013 Abordagem fisioterapêutica em criança com paralisia braquial obstétrica utilizando terapia de contenção e indução do movimento peitoral maior, a criança não apresentava falhas), motor fino (06 falhas) e motor plegia grosso (03 falhas). no MS acometido. Foram realizadas a perimetria e a medida da Em relação às quatros subdivisões ADM comparativa entre os MMSS. Os do domínio motor grosso (habilidades de dados obtidos após a realização da estabilidade perimetria do MSD, foram: 6,0 cm; 5,0 cm; manipulativas fundamentais, habilidades 5,0 cm enquanto no MSE, foram 8,0 cm; locomotoras 5,5 cm e 6,0 cm. Todos estes valores são estabilizadoras fundamentais), somente descritos à 3, 6 e 9 cm a partir do ponto um não foi avaliado, habilidades de de úmero), estabilidade rudimentares, devido ao fato respectivamente. Na avaliação da ADM, a de que na idade da criança no momento diferença descrita em graus, entre um da avaliação (um ano e 10 meses), membro e outro variou entre um (01) e esperava-se que ela já tivesse adquirido quatro mesmo estas habilidades, como realmente foi movimento. Portanto, após a comparação constatado. A criança apresentou ganhos dos dados obtidos, não foi constatada funcionais nas demais áreas. referência (04) (cabeça graus para do o rudimentares, fundamentais, habilidades habilidades uma diferença significativa na perimetria e 3 RESULTADOS na ADM dos MMSS. Em relação à funcionalidade, foi observada uma dificuldade na realização A partir da análise do Denver II, de funções manuais (alcance, pinça fina, observou-se que a criança apresentou manipulação e transferência de objetos) melhora com o MSD, dependência na execução de comparado à avaliação nos seguintes atividades (AVD’s) itens do domínio linguagem: combinar principalmente nos domínios vestuário palavras de maneira rudimentar, seguir (dependente total) e higiene (dependente instruções, definir palavras. No domínio parcial), apresenta marcha independente. coordenação motora fina, somente foram Através do teste Denver II, foi verificado observados melhora nos itens empilhar dificuldades nos domínios referentes à cubos, rabiscar. Já no domínio motor linguagem (05 falhas), pessoal-social (08 grosso, de vida diárias na foram reavaliação quando observadas melhoras: C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.6, n.2, p. 127-149, jul./dez. 2013 137 Bruna B. C. Pimentel Coelho, Letícia de Oliveira Rocha, Érica Mendes Ferreira Guimarães equilíbrio em um pé só, pegar e pulo no primeira sessão e 02 na última sessão lugar. No domínio Adaptação Pessoal – (Gráfico 2). Social, os itens em que houve ganho na independência para a realização de 4 DISCUSSÃO tarefas funcionais pela criança foram os relacionados às tarefas de alimentação, A TCIM é uma técnica que vem beber água em copo utilizando o MSD, sendo bastante utilizada e tem mostrado vestir-se e despir-se, colocar e retirar seus resultados favoráveis em pacientes com calçados, lavar e secar as mãos, separar PC, AVE, TCE ) (DELUCA et al., 2003; do cuidador com facilidade. Nos domínios NAYLOR; BOWER, 2005; SMANIA, 2006; vestir-se e despir-se e higiene pessoal TAUB et al., 2004; RIBERTO et al., 2005; (banho, escovar os dentes e pentear os CHARLES et al., 2006; ASSIS et al., cabelos), 2007; CHARLES; LAVINDER; GORDON, a criança ganhou maior independência, porém ainda necessitava 2002; de assistência do cuidador. Apesar da relevância clínico-funcional da Já em relação PEREIRA; SUCUPIRA, 1981). ao escopo TCIM na PBO, não foram encontrados a paciente estudos relacionados aos efeitos desta apresentou melhora na execução de terapia (TCIM) em crianças com esta exercícios de manipulação/transferência patologia (PBO). manipulação/transferência, no MSD do objeto ao espelho, em Na literatura são descritos estudos diferentes alturas sendo que a média dos com a utilização da TCIM em indivíduos escores de deslocamento graduado em com as patologias anteriormente citadas, centímetros (cm) foi de 48,9 e 91,3 as quais apresentam protocolos com durante a primeira e a última sessão, durações variadas, entre uma e seis horas respectivamente (Gráfico 1). diárias, realizados entre sete dias a dois Em relação à coordenação meses (DELUCA et al., 2003; NAYLOR; /preensão, a criança apresentou ganho na BOWER, 2005; SMANIA, 2006; TAUB et transferência do objeto ao alvo. O escore al., de erros obtidos em dez (10) tentativas CHARLES et al., 2006; ASSIS et al., por sessão, correspondeu à 30 erros na 2007; CHARLES; LAVINDER; GORDON, 2004; RIBERTO et al., 2005; 2002). Segundo Taub (1993), citado por 138 C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.6, n.2, p. 127-149, jul./dez. 2013 Abordagem fisioterapêutica em criança com paralisia braquial obstétrica utilizando terapia de contenção e indução do movimento Borges et al. (2007) o protocolo original subir e descer escadas, chutar bola, da TCIM consiste em 06 (seis) horas de pedalar (triciclos), empilhar, desenhar, terapia durante 02 (duas) semanas. brincar de encaixe e pintar, empurrar, Os principais intervenções criança, fisioterapêuticas foram flexibilidade das apertar e pular, modelar com massas, nesta introduzir atividades musicais (sons, ritmo objetivos manter/melhorar no MSD, promover a de batida), brincadeiras imaginárias a (bonecos, personagens, fantasias), jogos manutenção da força muscular no MSD, (memória, quebra-cabeça simples, facilitar a movimentação do MSD, prevenir dominó) e casa de boneca (WAKSMAN; contraturas e deformidades secundárias à HARADA, 2005). PBO, promover a maior independência Os principais brinquedos utilizados funcional da criança nas atividades de neste estudo foram escolhidos através da vida diária (AVD’s). Para que estes análise do estágio de desenvolvimento objetivos neuropsicomotor da utilizados diversos recursos lúdicos, tendo objetivos serem em vista que o brinquedo é o principal (WAKSMAN; HARADA, 2005; FUJISAWA; meio para permitir à criança investigar e MANZINI, 2006). Dentre estes, cita-se: aprender sobre o mundo ao seu redor, encaixe adquirir habilidades físicas, sociais e hastes desenvolver a linguagem, estimula o envolviam o ato de empurrar ou puxar desenvolvimento a (cavalinho upa-upa), bola Suíça sobre as fornecem quais foram executados exercícios de fossem socialização da alcançados, cognitivo criança foram e e a de de criança estruturas madeira, e dos alcançados cilíndricas brinquedos que incentivo para a realização das atividades alongamentos propostas utilização de fantoches, todos associados no MARQUES; tratamento (HALLAL; BRACCIALLI, 2008; Segundo e Harada da A partir das análises do DENVER II na Waksman além a músicas infantis. WAKSMAN; HARADA, 2005; FUJISAWA; MANZINI, 2006). musculares, em avaliação e reavaliação, foram evidenciados ganhos nos domínios de (2005) crianças com idades entre um (01) função motora e três (03) anos devem ser estimuladas a manipulativas, grossa (habilidades locomotoras, C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.6, n.2, p. 127-149, jul./dez. 2013 139 Bruna B. C. Pimentel Coelho, Letícia de Oliveira Rocha, Érica Mendes Ferreira Guimarães estabilizadoras), função motora fina, linguagem e aspectos pessoal-social. Segundo (2005), Gallahue tipicamente os e achados do estudo de Keating (2005), a qual preconizou que a TCIM é um Ozmun movimentos locomotores, manipulativos e estabiliza- conjunto no qual sido função no MS afetado. Foram observados ganhos caracterizado por erros ou sequência preensão do MSD. Acredita-se que estes imprópria além de coordenação deficiente. resultados Neste estágio a criança executa as através da prática e repetição desta primeiras tentativas de desempenhar uma tarefa, uma vez que é descrito na habilidade fundamental direcionada ao literatura, que a prática e a repetição de objetivo. Estas aquisições são refinadas à tarefas motoras induzem a melhora da medida que a criança se torna capaz de performance resultando em diminuição do movimentar através do espaço. número de erros (FREUDENHEIM et al., de o tem funcionais na tarefa de coordenação/ atividade inicial, que é Na estágio técnicas implantada para melhorar a qualidade e a dores de uma criança de 02 (dois) anos estão de manipulação/ tenham sido influenciados 2004; PÚBLIO; TANI; MANOEL, 1995). transferência com o MSD, a criança Além apresentou uma melhora na habilidade de habilidade de fazer contato controlado e transferir o objeto até o espelho, além de preciso com os objetos de seu ambiente. melhora da qualidade dos movimentos Na avaliação, foi verificado que a criança sendo que no início do tratamento (entre a realizava compensações durante o ato de primeira e a quinta sessão), a criança agarrar realizava elevação do ombro associada à tratamento, realizava uma compensação rotação externa de ombro, flexão do das curvaturas da coluna, principalmente cotovelo com o antebraço em neutro e da lombar. Ao final do tratamento foi extensão do punho. Foi evidenciada, ao observada longo das sessões, uma melhora na compensações. disso, a um criança objeto. uma No desenvolveu início diminuição do das execução desses movimentos, uma vez Foram realizados exercícios de que esta reduziu seu padrão de elevação alongamentos musculares e exercícios do ombro e passou a realizar a flexão de para ombro. Esse resultado condiz com os melhora da ADM, tendo em vista que as 140 promover uma manutenção ou C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.6, n.2, p. 127-149, jul./dez. 2013 Abordagem fisioterapêutica em criança com paralisia braquial obstétrica utilizando terapia de contenção e indução do movimento alterações na amplitude de movimento de muscular, em virtude da idade da criança, uma ou mais articulações, nos pacientes acredita-se que melhoras relacionadas à que são submetidos à avaliação com esta (força muscular) tenham sido obtidos utilização devido a repetição das atividades diárias. do goniômetro, permitem: de Gallahue e Ozmun (2005) afirmam que disfunções, estabelecer um diagnóstico, todo movimento envolve a aplicação de quantificar ângulos força para superar a inércia, portanto, o articulares, estabelecer os objetivos do trabalho de força muscular em todos os tratamento, avaliar o procedimento de estágios melhora ou recuperação da capacidade imprescindível funcional, qualquer tarefa motora. determinar a presença a ou limitação modificar não dos o tratamento, de desenvolvimento para Acredita-se direcionar a fabricação de órteses, dentre realização que os resultados obtidos a manutenção da ADM, possivelmente influenciados pela prática e repetição, porque pela criança não apresentava estudo de outros (MARQUES, 2003). Foi observado a neste a é interação diferenças significativas da amplitude de ambiente movimento. Ecológica” e e do a tenham indivíduo tarefa “Teoria sido com o (“Abordagem dos Sistemas A fraqueza muscular em indivíduos Dinâmicos”), possivelmente por algum saudáveis pode ocorrer por diversos mecanismo de plasticidade encefálica motivos, e/ou periférica em virtude da prática. Vale, no caso da PBO, ocorre principalmente pelo desuso e/ou por ainda, alterações incentivo nervosas. Os benefícios ressaltar que constantes a presença da e principal decorrentes do fortalecimento muscular responsável pela criança, podem ter em indivíduos saudáveis são largamente influenciado positivamente os resultados conhecidos, obtidos neste estudo. (JUNQUEIRA; RIBEIRO; SCIANNI, 2004) porém, não existem relatos na literatura ao estudos que o processo de aprendizagem fortalecimento muscular em crianças com motora é marcado por mudanças no PBO. Apesar de não ter sido realizada comportamento motor em função da uma prática (FREUDENHEIM et al., 2004; avaliação em estruturada relação Alguns autores ressaltam em seus da força C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.6, n.2, p. 127-149, jul./dez. 2013 141 Bruna B. C. Pimentel Coelho, Letícia de Oliveira Rocha, Érica Mendes Ferreira Guimarães PÚBLIO; TANI; MANOEL, 1995). Além introduzida disso, durante o início da aprendizagem demonstração e instrução verbal tendo de em vista que Públio; Tani eManoel, (1995) uma tarefa apresentará motora, grande o indivíduo associação entre na e Meira Júnior et al. (2004) reportam em realização dos movimentos e um grande seus estudos que associação destes dois número de erros, e um dos aspectos que meios de informações prévias são mais auxiliam nesse sentido é a utilização das efetivas quando associadas do que a fontes de informações prévias. Os meios aplicação de um recurso de maneira única mais e/ou exclusivamente isoladas. comuns de dificuldade a transmissão de Há informações acerca dos objetivos a serem a hipótese algum alcançados, são as demonstrações e mecanismo instruções são encefálica ou periférica, tenha ocorrido complementares em estágios iniciais do nesta criança. Uma vez que a plasticidade processo motora pode ocorrer em processos lesionais e (FUJISAWA; MANZINI, 2006; SCHMIDT; não lesionais. Este último refere-se à WRISBERG, 2001). prática A verbais, de ambas aprendizagem instrução verbal fornece ao de que plasticidade, funcional mecanismo de induzindo seja a aprendizagem, um pois indivíduo informações quanto ao objetivo durante o processo de aprendizagem há da modificações tarefa motora e a forma mais nas estruturas e adequada para alcançá-la. Enquanto a funcionamento das células neurais e de demonstração um suas conexões, promovendo, portanto, mecanismo de imitação o qual fornece ao modificações plásticas como: crescimento indivíduo através de um modelo (vídeo, de professor, reabilitador, modelação) uma sinápticos, imagem que representa da maneira mais aumento das áreas sinápticas funcionais, real possível, a tarefa a ser realizada estreitamento (PÚBLIO; TANI; MANOEL, 1995). No mudança de conformação de proteínas presente estudo, foram utilizadas receptoras, consiste em as terminações nervosas, espículas da botões dendríticas fenda incremento e sináptica, de fontes de informação prévias de maneira neurotransmissores e modificações na isolada, representação ora instrução verbal, ora do mapa cortical demonstração e em alguns momentos foi 142 C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.6, n.2, p. 127-149, jul./dez. 2013 Abordagem fisioterapêutica em criança com paralisia braquial obstétrica utilizando terapia de contenção e indução do movimento (RIBERTO et al., 2005; OLIVEIRA; passou a utilizar de maneira mais SALINA; ANNUNCIATO, 2001). constante o MSD durante as atividades Em relação à “Abordagem Ecológica” e a funcionais e AVD’s mesmo quando esta “Teoria dos Sistemas Dinâmicos”, sabe-se permanecia sem a luva de contenção. que o indivíduo e sua capacidade de aprendizado motor são influenciados pelo ambiente, pela tarefa à qual 5 CONCLUSÃO estes indivíduos são submetidos, pela sua Não existem na literatura, estudos capacidade de percepção e por último sobre pela utilizando a TCIM como método de suas ações (GONÇALVES; KRÜGER; P. JÚNIOR, 1995). a intervenção fisioterapêutica reabilitação na PBO. Porém, os resultados É possível que nem todos os obtidos neste estudo de uma justificam pacientes com PBO se beneficiariam do necessidade maior tratamento com a TCIM, pois dependeria fisioterapêutica para esta população. a atenção do nível e gravidade da lesão. Por Este estudo permitiu evidenciar exemplo, pacientes com neurotmese e resultados positivos da TCIM em uma lesão de Klumpke, possivelmente não paciente conseguiriam efetividade deste método de reabilitação funcionais responder impostas à a demandas ele, o que em com crianças PBO, com sugerindo esta a patologia. comprometeria os resultados obtidos com Recomenda-se que a TCIM seja utilizada a aplicação da TCIM. Importante, ainda, em grupos maiores de indivíduos com a destacar, que a intervenção em pacientes mesma deficiência (PBO), para que se já reabilitados poderia garantir que os possa ganhos demonstrou a mesma efetividade em obtidos dever-se-iam às avaliar não TCIM de restrição, benefícios fornecidos a esta parcela da processo de reabilitação (RIBERTO et al., 2005). pois pôde ser observado que a criança demais população. Sendo O presente estudo obteve sucesso, também a outros não pelo efeito do mas se capacidades adquiridas pela intervenção e grupos, só assim, o conhecimento gerado a partir desse estudo de caso buscou agregar novas C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.6, n.2, p. 127-149, jul./dez. 2013 informações 143 Bruna B. C. Pimentel Coelho, Letícia de Oliveira Rocha, Érica Mendes Ferreira Guimarães clínicas e fisioterapêuticas, relacionados motricidade ao ganho motor e funcional indicando decorrente de PBO. para o método como uma do membro superior opção fisioterapêutica útil no atendimento de pacientes com comprometimento da PHYSIOTHERAPEUTIC APPROACH IN CHILDREN WITH OBSTETRIC BRACHIAL PLEXUS PALSY THERAPY USING CONTAINMENT AND INDUCED MOVEMENT ABSTRACT The Obstetric Brachial Palsy is defined as the most serious injury of the extremities, resulting in an impairment of the upper limb, and the containment and Induction Therapy Movement is a type of treatment that consists in containing the affected upper limb. Objective: To document after the application of the treatment protocol Therapy Induced Containment proposed changes would be related to the clinical functionality, coordination and muscle strength displayed by a child with Obstetric Brachial Palsy. Métodos: The patient GDS, female, the researchers collected demographic data of patients and subsequently underwent the same assessment of ADM, strength, flexibility, and test DENVER. Following the same, the child participated in the care protocol consisting of coordination tasks / hold; handling / transfer exercises and range of functionality in various positions and exercises kinesiology-functional. Results: Improvement in muscle strength of the MSD, improved coordination / grip, improved handling / transfer, and functional gains, according to the evaluation and reevaluation. Conclusion: The therapy resulted in improvement of the quality of the movements made by the child, and provide beneficial results for the improvement of functional abilities and independence of children with this condition. Therefore, the contention Induced Therapy was effective in this child. Keywords: Paralysis. Obstetric. Rehabilitation. Brachial Plexus. Brachial Plexus Neuropathies. 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Gráfico 2 – Número de erros ocorridos na atividade de coordenação/preensão com o MSD por sessão . C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.6, n.2, p. 127-149, jul./dez. 2013 149