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Espaço Shobu Boletim dos alunos do Shobu Dojo / Ano 1 N° 5 - Novembro de 2014 AIKIDO: CAMINHO DA HARMONIA vontade é destruir, mas como um parceiro em grau evolutivo, e compreensão diferentes, que propicia minha qualificação pessoal em lidar com adversidades. A vida é um processo fluente e em alguns lugares do caminho coisas desagradáveis ocorrerão. Podem deixar cicatrizes, mas a vida continua a fluir. É como a água fluente, que ao se estagnar, se torna podre. Não pare! Continue bravamente...porque cada experiência nos ensina uma lição. Bruce Lee. Cada arte marcial é única, com pressupostos, uma história distinta e uma filosofia própria que a caracteriza. O aikido não é diferente, sobretudo por se distanciar das outras ao assumir a paz, e não a luta, como objetivo. Buscamos vencer o inimigo interno, e ao limite pessoal. A dificuldade de hoje é o lastro sobre o qual evoluímos amanhã. Verdade que é lindo dizer isso, mas reconhecemos que é difícil praticar. Ao observar as disputas que acontecem entre os colegas no dojo ouvimos uma queixa aqui, outra acolá, que aquele colega trava, ou outro dificulta a realização de uma técnica. Percebemos, algumas vezes, a ruptura de uma relação que deveria ser cordial e que, por bobagens, alguns passam a se evitar com animosidade. Temos que entender duas coisas, o colega que trava, ou que dificulta a aplicação deliberadamente, está seguindo seu próprio caminho evolutivo tanto no aikido quanto na vida. Além disso, ao nos impor dificuldade, nos faculta evoluir ao deixamos de vê-lo como inimigo, cuja Segundo, o caminho de cada pessoa é individual. Portanto, o colega não serve de parâmetro e, quando surge como aborrecimento, deviSaber não é o bastante, do alguma dificuldade precisamos fazer. imposta, a limitação a ser superada é particular e intransferível. Ou seja, se houver algum culpado não é o oponente, cabe a cada um de nós cuidar da própria aprendizagem, e compreender que cada uma dessas circunstâncias é uma oportunidade de progresso. Como resolvemos isso? Como a água. Que de acordo com o mestre Bruce Lee, circula, dá a volta, e passa entre as fendas. É necessário superar as rusgas, pois elas somente explicitam uma coisa: há muito ainda para evoluir. SEGREDO DO AIKIDO Em uma conversa com Sensei Vagner ele contou uma daquelas histórias do fundador que teria, sob a alegação de ensinar aos alunos o segredo do aikido, acordado a turma durante a madrugada. Ansiosos, eles se levantaram ávidos para treinar, mas quando o dia já estava nascendo perguntavam, afinal, qual seria o grande segredo. Esperavam que houvesse uma explicação mágica. O’Sensei, contudo, teria rido, e dito que o segredo do aikido era treino, eles tinham acabado de viver tal experiência, mas não entenderam. Uma história do sensei Gozo Shioda, contada no livro “Aikido Shugyo: harmonia no combate, trata da importância de treinar com dedicação. Sem dinheiro, e visando abrir o próprio dojo, Shioda foi desafiado por um boxeador do exército americano que havia acabado de nocautear seu Kohai em uma exibição. Sem alternativa ele teve que enfrentar o soldado que, surpreso, foi arremessado ao chão com uma torção no punho direito quando havia socado com o esquerdo. O que faltou ao Kohai foi, de acordo com sensei Shioda, confiar no próprio aikido. Ele se deixou intimidar pelo oponente e pela técnica desconhecida. Para evitar esse erro, o segredo é muito treino e confiar nos próprios sentidos sem se comparar. VISITA DO BOXE Falando ainda do sensei Shioda, ele conta em seu livro uma visita a seu dojo nos Estados Unidos que deu muito o que falar: Mike Tyson. Em 7 de fevereiro de 1990, quando era Campeão Mundial, Tyson visitou o dojo e assistiu uma aula. Enquanto todos observavam a aplicação das técnicas o campeão observava o trabalho de pernas, nosso Suri Ashi. Surpreso, Tyson elogiou quando assistiu um arremesso feito com um kokyu nage. Genial, como era, ele entendeu que ali não foi usada força, era técnica pura, fruto de muito treino. E SP A ÇO S HOB U - NO V EMB R O 20 14 UESHIBA, EXEMPLO DE PERSEVERANÇA Na tentativa de aproximar nossos colegas aikidocas das contingências originais do aikido, usaremos, como exemplo para falar da importância da paciência, a ida de O’Sensei para Hokkaido aos 29 anos. O governo japonês iniciou o projeto de povoamento da região no ano de 1912. De acordo com as autoridades da época, a apropriação daquelas terras, até então inóspitas, era estratégico comercial e militarmente. A Rússia visava se apoderar daquela ilha, e o Japão precisava expandir a dominação de seu território para aumentar os campos de produção agrícola, a pesca e a criação de animais. Morihei Ueshiba aceitou o desafio e junto a um grupo de 80 pessoas das famílias próximas partiu para aquela aventura rumo ao desconhecido. Os dois primeiros anos foram marcados por muito sofrimento e perdas, tempo no qual fundador foi incansável em incentivar os companheiros. Depois desse período Hokkaido floresceu, e Ueshiba era tratado pelos moradores como rei de Shirataki. A perseverança de O’Sensei faria, em alguns anos, com que ele começasse a organizar o aikido que praticamos hoje. Exemplo que devemos seguir para evoluir individualmente e garantir que o aikido cumpra seu destino: ser a arte da paz. O’Sensei retornaria a Tókio ao receber a notícia de que seu pai estava sofrendo e com sérios problemas de saúde. Em gratidão ele deixou tudo que tinha em Hokkaido para seu amigo e professor Sogako Takeda, com quem praticou o Jujutso. DE AGOSTO A AGOSTO De agosto de 2003 a agosto de 2009 pudemos ler o Elo, escrito por Karen Tome (esposa do sensei). O nome foi escolhido para firmar um “Elo”, como uma corrente, e unir aikidocas, namoradas(os), parentes e amigos. Era tanta ousadia que ela queria unir, imaginem, até palmeirenses e corintianos. Karen criou na época um canal para trocarmos o que a vida generosamente nos oferece: experiências. Nesse sentido o Espaço Shobu foi criado para materializar com palavras a importância de compartilhar nossas vivências, e mantermos unido e harmônico nosso grupo. É inegável a homenagem ao “Elo”, mas pretendíamos marcar nossa nova etapa, quando fomos recebidos em um novo dojo. Desse modo, e em virtude de tantos significados e símbolos envolvidos, mas atendendo a pedidos dos colegas saudosos, parece oportuno abrirmos uma questão para o grupo e deixarmos que todos possam decidir o nome que nosso boletim deverá ter de agora em diante. Envie um e-mail com sua sugestão para [email protected] ou responda a enquete no facebook. Alguns títulos já foram sugeridos: Elo, Oss... Quem dá mais? AIKIOTECA Neologismos à parte sempre que possível faremos sugestões de leitura, pois o aikido tem, sob a lógica de suas técnicas, toda uma filosofia e história muito bonitas. Nesse número recomendamos a leitura de Aikido Shugyo: Harmonia no confronto. Escrito pelo Sensei Gozo Shioda, aluno direto de Morihei Ueshiba. Nesse livro ele narra seu estudo do aikido através de experiências, muitas delas de combates reais, desde o início de sua formação até ser um mestre consagrado. Nessa publicação ele conta a visita do campeão mundial de boxe Mike Tyson e traça paralelos entre o aikido e outras artes marciais, como o caratê e o judô. Trata-se de um livro rico em comentários sobre a técnica e a psicologia das artes marciais, corroborando suas teses nas experiências e vivências ao longo de sua vida e dos treinos como aluno e mestre de aikido. SHIODA, Gozo. Aikido Shugyo: Harmonia no confronto. São Paulo: Pensamento, 2010. AIKICIONÁRIO Kamae - Postura ou posição de guarda. Kohai - aluno mais jovem que, na tradição japonesa, recompensa com respeito e lealdade o Sempai, de quem recebe orientação e amizade. Kokyu Nage - Movimento de arremesso que usa o timing para coordenar o próprio corpo ao do oponente. Kyu - Graduação decrescente até o aluno atingir o 1º Dan. Sempai - Aluno mais antigo, na tradição japonesa ele oferece amizade e orientação ao Kohai. Shiho Nage - movimento de arremesso que usa as quatro direções, ou Suri Ashi. Suri Ashi - Movimentação de base. Yudanshakai - Aula de Faixas-Pretas.
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