Cláudia efe eM entrevista gabinetes de iMPrensa e

Transcrição

Cláudia efe eM entrevista gabinetes de iMPrensa e
pure/
Pure Magazine / Edição quatro / Outono 2009
Cláudia Efe em entrevista
Gabinetes de imprensa e showrooms
Zazous, moda e jazz
Shopping
Personal Work by Tatiana Macedo
Cinema verdE
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EDITORIAL
FICHA TÉCNICA
COLABORADORES
Esta edição marca o início da nova estação Outono/
Inverno, mas na realidade os criadores acabaram de
apresentar as suas colecções de Verão.
Na Moda trabalha-se em avanço e quase nunca em tempo
real. Na realização de editoriais, nada poderia ser
mais injusto: No Verão fotografa-se Inverno e no Inverno
fotografa-se Verão. Se me perguntarem, não saberei dizer
qual das situações a pior, porque ambos os extremos são
difíceis. Já fotografei sedas e vestidos esvoaçantes na
costa da Normandia com um frio cortante e temperatura
a rondar os 2ºC assim como aconchegantes lãs e
confortáveis peles no pico do Verão onde o calor queima
e o sol é vertical. O trabalho de equipa é neste caso
primordial. A coordenação de toda a história tem de ser
trabalhada com antecipação para evitar atrasos
e impasses que originam cansaço e situações de stress
nos manequins que são os principais alvos.
Mas a fronteira entre colecções está a tornar-se mais
ténue. Tanto o Verão como o Inverno tendem a diluir-se.
As grandes marcas de distribuição já não trabalham
duas colecções mas muitas mais e os chamados “previews”
funcionam como ponte entre os dois picos de calor e
frio. Felizmente já há sedas no Inverno e lãs no Verão.
Os Showrooms de imprensa são importantíssimos, porque
acompanham e dão apoio aos Produtores de Moda em todo
este processo de escolha e divulgação das colecções.
Embora todos nós, profissionais, saibamos a importância
que um showroom tem na nossa área, a grande parte
do público desconhece o verdadeiro objectivo deste
processo. Foi por isso que decidimos nesta edição, falar
dos Showrooms e do seu funcionamento. Levantamos a ponta
do véu para darmos a conhecer uma área discreta mas de
importância primordial no funcionamento desta máquina
que é a Moda.
DIRECÇÃO / EDIÇÃO
Helga Carvalho
Sara Andrade
Pensou em ir para artes, mas acabou em humanidades. Estava
decidida em seguir Direito, mas licenciou-se em Comunicação
Social. Ironia do destino, hoje alia as duas vertentes e faz
jornalismo em moda. Integra o departamento de Moda da Vogue
Portugal há cerca de 4 anos e confessa que é o seu lugar ideal,
porque combina o melhor dos dois mundos que adora: “Continuo a
escrever sobre o que mais gosto, estilo e tendências, mas também
tenho a oportunidade de acompanhar em primeira fila a realização
de editoriais de moda, bem como interagir com os profissionais
que fazem da indústria o que ela é”. Neste número, assina
adequadamente o artigo sobre os Showrooms e a sua importância para
a moda e Imprensa.
Ivo Fernandes
Português de 32 anos. Licenciado em engenharia Electrotécnica
e computadores no IST, trabalhou durante 2 anos nesta área,
quando decidiu mudar... Deixou Portugal e foi à descoberta de
Barcelona em 2003, onde tirou um master em Interfaces Interactivas
na Elisava. Voltou a Portugal um ano e meio de depois para vir
traballhar na Action 4, como coordenador de eventos, não deixando
de trabalhar em multimedia como freelance. Trabalhou 1 ano numa
agência como web designer. Em 2006 dedica-se em exclusivo a ser
freelance. Colabora com váias agências em Portugal, não perdendo a
esperança de poder voltar a Barcelona de novo...
CG Watkins
Nasceu em Londres, cresceu nos subúrbios de Perth, e tentou
“amadurecer” em várias cidades do Reino Unido. Actualmente vive
em Paris onde fotografa para revistas e publicidade, mas o que
mais adora é a oportunidade de fotografar as suas experiências de
roadtrips, viagens ao estrangeiro e divertir-se com as pessoas que
encontra pelo caminho. Esta é provavelmente uma das razões pelas
quais gostou tanto da viagem Paris-Lisboa que fez no seu Lada para
fotografar para a Pure!
Marco Godinho
Nasceu em Espinho em 1983. Estudou design de moda no Centro
profissional da indústria têxtil (CITEX) no Porto. Ainda durante
o curso faz estágio curricular na marca de vestuário RED OAK como
designer de moda. Após concluir o curso aceita o convite de entrar
na equipa de design da RED OAK para deselvolver as colecções de
Jeanswear. Paralelamente desenvolve e apresenta colecções próprias
com o nome próprio como jovem criador e desenvolve ilustrações.
Vive entre Espinho e Porto
Miguel Ângelo Matos
Nasceu em Lisboa em 1977, mas passa mais tempo na zona de Sintra
onde gosta de praticar bodyboard. Depois de se licenciar em
Ciências da Comunicação pela Universiade Autónoma de Lisboa, segue
para Londres com o pretexto do PG Cert em Fashion and Lifestyle
do London College of Fashion, University of the Arts of London.
Colaborou com as revistas Lux e LuxDECO como editor de shopping,
redactor e produtor de ambientes. Agora surge a versão web, com
regulares presenças no site Rua de Baixo e na Pure Magazine. Gosta
de cinema realista, francês, contemporâneo. Gosta de música pop e
electrónica e de rock também. E roupas claro, muitas!
Helga Carvalho
www.helgacarvalho.com
DESIGN GRÁFICO
Paulo Condez, Marta Branquinho,
Neuza Campos e Lourenço Salgueiro
www.designbynada.com
WEB DESIGN
Ivo Fernandes
[email protected]
RELAÇÕES PÚBLICAS:
Hugo Tiburccio
COLABORADORES
Edição / Texto
Ana Rita Clara
Carlos Natálio
Chiara Vecchio
Francisco Vaz Fernandes
Michele Santos
Miguel Ângelo Matos
Milene Matos
Soraia do Carmo
Patrícia Boto Cruz
Sara Andrade
Soraia do Carmo
Susana Lage
Fotografia
CG Watkins
Pedro Pacheco
Ricardo Cruz
Tatiana Macedo
Ilustração
Marco Godinho
Teresa Abrunhosa
pure/
PURE MAGAZINE / EDIÇÃO QUATRO / OUTONO 2009
CATARINA WALLENSTEIN em entrevista
Moda em evolução
Tendências
FABIEN BARON Revolução Francesa
MIKIO NARUSE O ilustre desconhecido
Vestuário e tecnologia
capa :
Vera Fonseca (L’Agence) fotografada por Ricardo Cruz / Styling: Helga Carvalho / Maquilhagem: Chung Joo para AR Atelier / Cabelos: Wallace Marques para Samuel Rocher - Atelier
de Coiffure
www.puremagazine.pt
/
cláudia efe
Começou a cantar através da dança e hoje é um elemento chave dos
Micro Audio Waves, uma das bandas mais internacionais portuguesas.
Quando entra em palco tudo brilha. Projectos não lhe faltam, como
a da participação o nos desfiles de moda do criador Ricarto Preto.
Temos musa!
por Milene Matos
Cláudia veste vestido em veludo e organza, psc. Blazer masculino, psc, ambos, RICARDO PRETO
FOTOGRAFADO POR: CG WATKINS / ASSISTIDO POR: CRISTINA PEDRO / STYLING: HELGA CARVALHO / MAKE UP& HAIR: MIGUEL MOLENA
Cláudia veste Blazer sem mangas e leggings em chifon, psc, ambos, RICARDO PRETO
Cláudia veste vestido em lamé estampado, psc, RICARDO PRETO / Chapéu em feltro, €30, PEPE JEANS
Cláudia veste Blazer, €120, PEPE JEANS / Meias, WOOLFORD
Cláudia veste t-shirt em algodão e seda estampada, €65, TWENTY 8 TWELVE / Colete em pele, €498, BCBG MAX AZRIA
Cláudia veste Blazer, €120, PEPE JEANS / T-shirt em algodão estampado, €31, DIESEL / Meias WOOLFORD / Sandálias em pele, €55, MANGO
Cláudia veste Blazer masculino, psc, RICARDO PRETO / Chapéu em feltro, €30, PEPE JEANS
De que forma é que a música entrou
na tua vida? Começaste cedo a
cantar?
Não me lembro de cantar.
O desenho e a dança foram os
primeiros a seduzirem-me. A música
entrou porque sempre gostei de
dançar. Lembro-me de aos cinco anos
ter feito um bailado para o meu pai
e para a minha irmã mais velha,
depois de ter visto um filme
com a Vanessa Redgrave a fazer
de Isadora Duncan. O disco era
o Tubullar Bells do Mike Oldfield
e fez a fortuna do magnata
extravagante da Virgin.
Aos sete já me lembro de cantar
as Doce e os sucessos todos dos
festivais da canção. Depois, havia
ainda as viagens. No carro da minha
mãe ouvia-se a Barbara Streisand.
Já no do meu pai ouvia-se
os Supertramp. Quando viajávamos
com os dois havia sempre uma cassete
que tinha uma colectânea feita por
eles com Otis Redding, Roberta Flak,
Shirley Bassey entre outros.
A caixa de música da minha avó
Ofélia tinha uma bailarina com
espelhos. O Casio portátil,
um teclado de bolso, foi presente
do meu pai num aniversário.
Depois, a adolescência encarregou-se
de tudo.
Comecei a cantar entre amigos.
Cláudia veste vestido em malha, €104, DIESEL / Casaco em malha, €192, TWIN-SET / Sapatos em camurça, €69, PEPE JEANS
O facto de teres crescido na Zona
J, um bairro social pensado por
Tomás Taveira, influenciou de alguma
forma a tua maneira de ser? E teve
alguma influência nos teus projectos
musicais?
Sim. Foi sempre para mim a perfeição
da infância. A liberdade (no bairro)
era total. As brincadeiras,
os amigos, as horas... tudo.
Entendo que nem toda a gente tenha
ideia de que fosse perfeito,
mas era.
As casas ainda por construir.
Os novos vizinhos que agora são
velhos. Comidas exóticas.
A música alta a sair pelas janelas.
A minha avó a gritar o meu nome
à janela para ir para casa. Os cães,
os rebuçados e caramelos atirados
por uma janela para uma multidão
de crianças. Histórias de outros
mundos.
As minhas amigas de infância foram e
são cinco lindas irmãs angolanas e
que se vestiam como nos vídeos
da Mel and Kim. Era perfeito.
Acho que essa liberdade continua
a fazer parte daquilo que acho
obrigatório na vida e em qualquer
actividade que tenha.
Deu-me a habilidade de descobrir
facilmente o lado especial
de um sítio qualquer, mas também
fora e dentro das pessoas.
Vem de lá toda a minha amplitude
social.
A violência a que se assististe, de
alguma forma condicionou as tuas
escolhas profissionais?
A violência a que assisti no cinema?
Na televisão? (risos) no bairro
não era nada de anormal, ou pelo
menos nunca a entendi dessa forma.
Vizinhos aos berros. Será que isso
conta?! Nunca vi ninguém esfaquear
alguém, como já vi no Bairro Alto
(no centro histórico de Lisboa).
Nem ninguém espancar alguém,
como já vi no Príncipe Real!
Francamente, acho que é um bairro
tranquilo e surpreendente.
De vez em quando há uns filmes de
acção mais de show off policial do
que de violência, Os criminosos não
usam colarinho branco mas também
sabem ser discretos e têm família
e amigos como toda a gente e todo
o bom criminoso rico ou pobre, de
famílias nobres ou mais ou menos.
Quanto às escolhas profissionais
serem condicionadas, para além da
genética, karma, ambiente familiar,
aspecto socio-cultural-económico e
ainda morar na Zona J, acho que pode
fazer parte de uma longa equação
em conjunto com gatos e cães e uma
quantidade de estranhos que se
cruzaram comigo na vida e na rua.
Tudo é importante, mas é só um
elemento no meio de tantos. Nessa
altura só queria ser pintora, o que
me parece uma actividade bastante
libertária e rebelde, desejo este,
que nunca foi fruto de uma luta, mas
sim de uma aventura.
Quais as bandas que te
influenciaram?
Todas as que gosto. Que por razões
óbvias são demasiadas para enumerar.
Todos os reis, rainhas, príncipes,
princesas, lordes, duques e
cavaleiros do Pop, do Rock, do Punk,
Krautrock Hard-speed-heavy-Psicho-Billy, do Glam-Rock, do Trash, do
2-Step, Cabaret, Bafon, Clássico,
Minimal, Experimental, Jazz
Progressivo, Étnico, Psicadélico,
Trip, Hips e Hops, Soul, Funky,
Spacies, Gótico, Metal ou nem tanto.
Todos os géneros e subgéneros, toda
a cadeia e rede de vivos e mortos.
Todos eles são grandes. Todos eles
têm o seu croissant com creme. Para
quem aprecia croissant com creme,
obviamente. Mas concretamente tudo
começou com a Yoko Ono, a Laurie
Anderson e a Mae West.
Como surge o projecto dos Micro
Audio Waves? E como é que conseguem
a internacionalização?
Como é que surgiu a “parceria” com
Ricardo Preto?
Preocupas-te em estar na Moda?
Não é uma preocupação. É um prazer
altamente supérfluo e alegre (não
menosprezando toda a indústria e
movimentação de capitais). Estou
atenta às tendências, quanto
mais frescas melhores! Em palco
é diferente... Senão, não havia
palhaços no mundo.
Qual o teu criador/criadora
favorita?
Criador nacional é o Ricardo
Preto. Internacionais são: Stella
McCartney, M.M. Margiela, Jeremy
Scott, Gareth Pugh, Hussein
Chalayan. Como diria a minha avó:
“Muito gostas tu de traparia,
rapariga!”. Sendo que ela foi
costureira de alta-costura e chefe
de atelier, o que é que ela queria?!
Foi muito espontânea. Há uns anos
eu rebentava a cabeça cada vez que
tinha de pensar o que iria vestir
para um concerto e pedi ajuda à
minha amiga Andrea Probosch. E ela
disponibilizou-se de imediato. Tinha
lá umas roupas de um “novo criador
chamado Ricardo Preto”. Eu gostei e
levei. Convidei-o para o concerto,
mas não apareceu. E assim continuou
durante um ano. Já o imaginava:
baixo, magrinho, moreno. Um dia, a
Andrea e eu, estávamos a passear
e ela lembrou-se “vamos ver se o
Ricardo está no atelier”. (risos)
Quando o vi, foi a antítese da minha
imaginação. Saudável, simpático,
ultra-divertido e educado. Trocámos
contactos e evoluímos para uma
relação de dependência saudável.
Inspiramo-nos no trabalho um do
outro com grande prazer. Nesta
altura, fazemos parte duma fórmula
matemática cujo o resultado é cem
por cento.
Alguma vez perdeste a cabeça por
alguma peça de roupa ou acessório?
Não perco a cabeça muitas vezes,
lembro-me de uns sapatos da Stella
McCartney. Comprei-os! Mas não me
lembro assim mais nada...
Achas que a moda também é ditada
pelos músicos?
Hoje, já não muito... Há cabeças
demasiado especializadas a pensar
nisso (na Moda) o que deixa tempo
aos músicos para fazerem aquilo
que lhes interessa mais, que é
música. Agora, somos também veículos
da moda. Lembro-me dos MGMT que
fundiram uma série de géneros num
Hipie Chic Careless (lolly-)pop
caseiro.
Veio de uma sugestão do Dinis
Guarda que fazia a revista “Número”
e organizava também o “Festival
Número”. Começou com o Carlos
(C.Morg) e o Flak numa electrónica
muito minimal (só para os mais
duros!). Nesse festival tocaram uns
temas que mais tarde fizeram parte
do primeiro álbum homónimo. Nesse
disco há uma faixa que tem voz.
É a minha. Veio de uma brincadeira
que tinha feito com o Carlos no seu
estúdio improvisado. Na altura, para
experimentar o novo computador.
Depois foram tocar ao Pavilhão
do Futuro (Parque das Nações,
Lisboa) numa festa da ETIC ( Escola
Técnica de Imagem e Comunicação)
e o Carlos telefonou-me para ir.
Eu julgava que era para os ir ver,
mas depois frisou que era para ir
para cima do palco. Ingenuamente
aceitei. Passados uns dias estava
a telefonar-me para marcar mais
datas. De uma performance em palco,
passou para duas, e depois para
três, e depois mais um disco e mais
outro. Pelo meio aconteceram coisas
interessantes. Desde o Carlos estar
a falar com o John Peel sem saber
quem ele era, que nos transformou
na única banda portuguesa com uma
Peel Session gravada em Barcelona
na abertura do festival SONAR, ao
convite para participarmos nos
Qwartz Awards. De onde trouxemos
dois prémios para Portugal, no meio
de grandes nomes da electrónica
mundial. E na terceira edição do
Prémios Qwartz arrecadámos a melhor
musica! É um boca-à-boca simpático
que nos faz andar por aí a brincar
aos artistas...
Em conjunto com o Rui Horta, os
Micro Audio Waves, apresentaram
o espectáculo transdisciplinar
“Zoetrope”, que envolve a dança, a
música, o teatro, etc. Como surgiu a
ideia deste projecto?
Foi uma ideia do Pedro Santos,
o nosso manager, agente e co-produtor, que em conjunto
com o João Aidos, director do
Teatro Virgínia, pensaram neste
espectáculo. Fizeram a proposta ao
Rui Horta e ao Espaço do Tempo, que
também co-produziram, em conjunto
com o Teatro São João do Porto e
a Culturgest. A ideia soou bem e
embarcámos. Foi uma experiência
fantástica e nova para todos.
Acho que conseguimos apresentar
um objecto interessante, mágico,
invulgar e despretensioso, de grande
rigor e profissionalismo. Que foram
sempre os nossos objectivos! É bom
concretizar ideias e conceitos.
Foi bastante intenso para todos.
Para o Rui, trabalhar com músicos
indisciplinados e para nós, que de
repente tínhamos de estar ao serviço
de um grande rigor em palco! Hoje,
morremos de saudades uns dos outros
quando paramos por algum tempo. Acho
que houve paixão!
Quais os novos projectos dos Micro
Audio Waves? E os teus?
Estamos a preparar um DVD do
Zoetrope. E com o lançamento
deste DVD vamos fazer um segundo
espectáculo em Lisboa na Culturgest,
dia 11 de Novembro. Percebemos que
houve muitas pessoas que gostavam de
ter ido ver, mas não foi possível
porque esgotou. Desejamos, com
o DVD, apresentar um objecto que
esteja à altura do espectáculo a que
tantas pessoas aderiram com prazer.
Para nós é bom poder haver algo que
as pessoas possam levar consigo
para casa. Vamos incluir neste DVD
um CD áudio com versões de estúdio
do espectáculo, em que estamos a
trabalhar agora. Queremos também
lançar um novo disco no próximo ano.
Eu sozinha, ou melhor, acompanhada
por outras gentes, estarei em versão
Special Guest ao lado do Legendary
Tigerman no seu novo disco Femina.
Com os Double Blind no projecto
Woman in Panic. E outros convites
que vão surgindo sempre... E nas
bandas sonoras dos desfiles do
Ricardo Preto que é o meu “must
have” duas vezes por ano. E ser
feliz para sempre como nos contos da
Disney.
/
news
por Patrícia Boto Cruz
Marc Jacobs Advertising
Foi editado um livro
que reúne imagens de
algumas campanhas de
publicidade realizadas
por Juergen Teller desde
1998 das colecções
de Marc Jacobs. A
peculiaridade das
fotografias captadas foi
decisiva na afirmação
da marca e contou com
modelos como Sofia
Coppola, Cindy Sherman,
Winona Rider e o próprio
Juergen Teller. Do
livro de 256 páginas
(30x38x6) publicado pela
Steidl, resulta clara
a importância que a
parceria entre os dois
artistas teve, não só no
mundo da moda mas também
no da cultura visual.
www.steidlville.com
Marc Jacobs Advertising 19982009 by Juergen Teller Publicado
pela Steidl
Phunk e Thomas Lélu
Thomas Lélu, escritor
e designer gráfico
teve oportunidade de
voltar à sua primeira
paixão, as colagens. O
artista fez 6 pósters
com as imagens das
capas dos CDs, vinil,
flyers, etc, relativos
a uma compilação
discográfica. Fotos
de homens, e também
mulheres, viris mas
que aceitam a sua
feminilidade. Como
exemplo, há a imagem
de um corpo de mulher
em biquini, com a foto
da cara de um homem
de bigode sobreposta
à sua. O convite para
Thomas Lélu fazer essas
colagens veio de Phunk,
importante produtora
musical em Paris
e responsável pela
divulgação de grandes
nomes da música.
Digigraphie Epson 9880 em papel
rag
Formato: 59,4 x 84,1 cm
Edição Limitada de 30 exemplares
numerados, à venda na Colette.
Selo Bulgari
Para comemorar os seus
125 anos, a Bulgari
associou-se aos
CORREIOS ITALIANOS
e fez uma edição
limitada de selos.
Têm a imagem do colar
Bulgari criado em
1965 em ouro e pedras
ametistas, esmeraldas
e turquesas. Serão
emitidos 3,5 milhões
de selos, cada um
acompanhado da história
da casa de joalharia,
assinada por Paolo
Bulgari, chairman do
grupo. Desde Maio que
estão disponíveis, mas
apenas nos serviços
postais de algumas
cidades italianas (0,60
€ cada).
Filme de animação Louis
Vuitton
“Superflat First Love”
assinala a colaboração
de seis anos de Takashi
Murakami com a Louis
Vuitton. É o segundo
filme do criador
japonês para a marca e
através do qual somos
levados numa máquina do
tempo. Uma menina viaja
da porta de uma loja
LV nos dias de hoje até
ao atelier onde Gaston
Louis Vuitton com 14
anos fazia o baú de
porão com o monograma.
Na ida e volta dessa
viagem o universo é
colorido, romântico,
infantil e psicadélico.
Partidas em:
www.louisvuitton.com
Livro “Pictures for
Photographs” - Miles
Aldridge
Com fotos de estilo
decadente e cores
saturadas, o fotógrafo
apresenta uma
compilação dos seus
trabalhos publicados
na Vogue Itália e na
Numéro. Dividido em
duas partes, o livro
transporta-nos para a
imaginação do autor. Na
primeira parte surgem
os esboços, desenhados
por Miles a preto e
branco, do que ele
pretende que venham a
ser as fotos. Vemos a
concepção da ideia e o
cenário onde a mesma
evoluí. Na segunda
parte, o fotógrafo
explica a evolução do
processo até à imagem
final. São fotos
entre a inocência e o
erotismo que retratam a
visão do artista sobre
as mulheres. O que
começa com o desenho
de um corpo rodeado de
notas escritas à volta,
acaba numa fotografia
de uma loura voluptuosa
a comer lagosta.
Steidl, 176 págs, 39x27
cm, € 85.
Pictures for Photographs - Miles
Aldridge
Publicado pela Steidl /
www.steidlville.com
Boucheron à medida
Em www.boucheron.com
é possível costumizar
jóias. A marca
permite-nos ser
artesãos de um anel,
de um relógio ou de
botões de punho. Na
opção “personalize
a sua jóia”, estão
disponíveis os
materiais e as peças
dos joalheiros da
marca. Se pretende um
solitário de noivado,
depois de escolher o
diâmetro do anel, pode
seleccionar ouro branco
ou rosa e o tamanho
do diamante. Para
fazer um relógio, pode
optar por um de três
mostradores e a cor das
correias. Já ao icónico
anel do camaleão pode
ser aplicado rubi,
safira ou esmeralda (ou
todas), nas diferentes
partes do réptil. À
medida que se vão
combinando os elementos
vê-se o aspecto da jóia
de acordo com as opções
seleccionadas.
Fred Farrugia
O antigo director
artístico da Lancôme
lança a sua própria
colecção de cosméticos.
À venda em exclusivo na
Sephora desde Setembro,
é uma maquilhagem muito
fácil de usar. Todas
as texturas, mesmo o
fond de teint, se podem
aplicar com os dedos
ou com pincel, com a
vantagem de se venderem
em doses individuais. É
ainda possível misturar
as cores disponíveis
para criar uma paleta
personalizada. O
aspecto final das
plaquetas onde se faz
as misturas é o de um
canivete suíço com
várias lâminas abertas.
gabinetes
de
impren
/nsa e showrooms
Como surgiram na área da moda, o que são, o que fazem e como se
tornaram vitais para a imprensa... e para as marcas.
por Sara Andrade
No curso de Comunicação Social (o meu),
é instintivo pensarmos na vertente de assessoria
de imprensa associada a altos cargos do
governo e política em geral. Não é costume
pensarmos em Moda como uma área necessitada de
intermediários na sua divulgação e é muito menos
usual considerarmos a hipótese de que a roupa
precisa de Relações Públicas. Mas o facto de não
ser falado ou assumido, não invalida a extrema
necessidade e importância de esta situação
existir: numa indústria que move milhões e que
parece estar sempre em franco crescimento,
é notória a cada vez maior importância de
existirem estes “diplomatas” do vestuário,
que ajudam a mensagem de uma marca a ser melhor
e mais selectivamente divulgada junto do público.
“Um Relações Públicas (RP) é um interlocutor e
faz a ponte entre as marcas e a sociedade”. Luís
Pereira estava do outro lado da barricada quando
decidiu abrir um gabinete de imprensa e showroom,
o ShowPress. Foi durante muitos anos produtor
de moda freelancer no nosso país e sentia que
o mercado português funcionava de forma muito
dispersa e que a oferta para os editores e
produtores era reduzida, centrava-se nas lojas
e as informações sobre a marca e os seus produtos
BIRdSONG e GLOBAL PRESSE, FOTOGRAFIA: BÁRBARA CLAUSTRE
perdiam impacto ou eram inacessíveis.
A oportunidade de preencher este nicho de mercado
era apelativa e, por isso, hoje sabe do que fala
quando acrescenta que “o trabalho primário de um
relações públicas consiste em saber interpretar
eficazmente o perfil de cada marca e eleger os
melhores canais de comunicação para promover
a personalidade adjacente a cada uma delas.
No caso da Showpress”, continua, “porque é
direccionada ao âmbito de moda e lifestyle, o seu
trabalho é materializado em produtos, implicando
a existência de um espaço físico de exposição
- o showroom.” Em género de episódio do Lost,
a definição de Luís Pereira esclarece tantas
questões como as que levanta. Erro da autora:
talvez tivesse sido sábio começar por distinguir
um gabinete de imprensa do papel de um relações
públicas e estes de um showroom... e daqui
explicar porque, nesta área, os três andam de
mãos dadas. Inês Fontoura, gerente do showroom da
H&M, sabe distingui-los: “Um RP não é mais do que
um funcionário administrativo que ajuda a manter
linhas de comunicação entre a organização e os
seus públicos. Envolve a gestão de problemas ou
temas importantes e ajuda a organização a manter-se informada sobre a opinião pública e pronta a
responder perante ela”, define. “Já um assessor
de imprensa trabalha a instituição enquanto fonte
de informação organizada, permanente e credível.
No gabinete de imprensa, divulgamos informações
de interesse público aos media e analisamos
tudo o que é publicado sobre a nossa empresa”,
continua. “E num showroom, a fonte de informação
é a própria roupa, as tendências e por isso,
apresentamos a nossa colecção aos especialistas
da área da moda a fim destes comunicarem
o nosso produto nos meios onde trabalham”.
Ou seja, trocando por miúdos, e de uma forma
muito simplista, um RP mantém a boa comunicação
entre Imprensa e marca, e está sempre preparado
para resolver falhas no entendimento, recorrendo
a diplomacia e, vá, admita-se, algum charme;
o gabinete de imprensa é mais técnico e prende-se com a gestão da informação e a sua divulgação
e promoção; o showroom é um género de closet, um
guarda-roupa ou “armário” onde se pode ver em
primeira mão e requisitar os produtos que
o gabinete de imprensa divulga.
Em assessoria de Imprensa de Moda, os três
não se podem dissociar - estas agências de
comunicação incluem as três vertentes, que podem
ser acumuladas por uma pessoa ou desempenhadas
por várias: um assessor tem que ter a informação
bem organizada dentro da instituição ou casa que
H&M e OLINDO MOURA, FOTOGRAFIA: BÁRBARA CLAUSTRE
representa para ser de fácil acesso e fornecê-la rapidamente aos órgãos de comunicação social
quando lhes é exigido; tem que ter algum charme
e simpatia porque, sejamos francos, é atributo
obrigatório quando se lida com o público e, além
disso, é de interesse mútuo a publicação dos seus
produtos; e o showroom é o apêndice que
é absolutamente necessário - as revistas de
moda trabalham não só com informação, mas também
imagem. Imagens que não são meras representações
do produtos, mas veiculam mais que isso e,
muitas vezes, é necessário ter a peça em si para
fotografá-la de acordo com a linha editorial
desse meio (leia-se, em editoriais e instalações
ou still lifes). Para além disso, esta é uma
indústria que vive de acordo com a aparência
e as texturas: o ver, tocar e sentir é fulcral
para um editor de moda poder fotografar
determinado item de vestuário ou aconselhar a
leitora a investir nesta ou naquela peça. Inês
Quartín, assessora de Imprensa no gabinete de
comunicação GCI, suporta esta ideia: “sempre fez
sentido ter um showroom, um espaço de exposição
e comunicação específica, para editores de moda,
beleza e jornalistas, que testam os produtos
antes de escrever sobre eles”.
Para perceber a importância dos showrooms para
a Imprensa, é necessário primeiro estabelecer
a conjuntura que permitiu a emergência destes
embaixadores de guarda-roupa e perceber porque
uma vertente tão importante da moda é também tão
jovem neste negócio (nomeadamente, em Portugal).
“O Press Club foi o primeiro showroom de Imprensa
em Portugal”, orgulha-se Ricardo Figueiredo,
o seu fundador e actual Director de RP. “Com
o aumento de revistas de moda, senti logo
necessidade de oferecer este serviço, porque cada
vez tinha mais solicitações de produtores
da área. No fundo, segui a tendência
internacional das agências de comunicação
especializadas em Moda”, continua, explicando
a origem do negócio cá dentro. E mantém-se na
linearidade histórica: “Nos anos noventa houve
um grande crescimento dos meios de comunicação,
nomeadamente na área da imprensa feminina.
Paralelamente, uma maior consciencialização do
mundo da moda e um aumento das marcas importadas.
Foi o contexto perfeito para a criação dos elos
de ligação entre os meios de comunicação
e as marcas.”
É a lei da oferta e da procura - o aparecimento
de revistas cuja linha editorial ia além
do estatuto de revista feminina, entrando num
campo de moda com franca visibilidade, despoletou
também a necessidade de se criarem mecanismos
que pudessem responder a este tipo de demanda de
roupa, com um tempo de reacção muito mais veloz
do que aquele que se fazia até aqui,
no nosso país. O aparecimento da Marie Claire,
nos anos 90, foi quase como um rastilho para
esta tendência e as suas sucessoras vieram
confirmar o sucesso deste tipo de organizações.
Aliás, na verdade, a realidade portuguesa veio
seguir o cenário internacional, mas com algum
atraso, simplesmente porque a indústria da moda
e sua consequente divulgação periódica ainda
não estava no estado ideal de maturidade para
esta emergência. Manuela Furtado, proprietária
e RP da BirdSong tem noção da importância
de se ter vindo a preencher esta lacuna no
mercado: “[Os gabinetes de imprensa/showroom]
surgiram pela necessidade que as marcas de moda
tiveram em ter melhor visibilidade nos meios
de comunicação social. Em vez de o fazerem
internamente, preferiram procurar fornecedores
externos para este serviço”, diz a RP. “O
facto da maioria das marcas estar sedeada fora
de Portugal também faz com que essas procurem
representação externa dentro do nosso país”
continua. Descrições técnicas e gramaticalmente
correctas, mas que não passam a dimensão da
coisa. Antes de mais, é preciso perceber que a
Moda tem necessidades que as outras indústrias
não têm: e não é capricho ou elitismo, é pura
realidade. A começar pela dimensão imagética
com que tem que lidar e os parâmetros de
qualidade a que tem que obedecer: uma qualquer
fotografia de paparazzi pode satisfazer a
imprensa do social, mas jamais entraria nas
páginas de um periódico de moda - não por ser
algo de sociedade (afinal, a moda também tem
festas), mas pela resolução, enquadramento,
pixelização da imagem; e a ilustração de um
cenário tem que ter um enquadramento fantástico,
boa definição e fantástico jogo de cor,
exigências que não acontecem em semanários ou
diários noticiosos. Das imagens em still life
(naturezas mortas ou recortes de acessórios e
peças de roupas que são usadas em páginas de
compras) aos editoriais de moda, que exigem
as próprias peças de vestuário para figurar
em modelos, tudo seria impossível (bom, ou lá
muito perto do reino da impossibilidade) de
obter, sem que houvesse intermediários com
conhecimentos para fazer a coisa acontecer.
É mais ou menos como ter uma cunha junto de
designers, criadores e marcas... ajuda sempre
ter alguém que conhece alguém. E é graças a
estes contactos que se conquistam vestidos de
valor incalculável e calças que parecem banhadas
a ouro (ou que custam o equivalente a), bem
como as mais mundanas t-shirts de high street,
para fazer as imagens que os leitores exigem
quando compram uma revista. Este género de
urgências requerem infraestruturas diferentes
das agências de comunicação que apoiam outras
áreas comerciais - nomeadamente, a existência do
showroom, exactamente para se poder obter a roupa
para fotografar nos supra-citados editoriais,
componente indispensável deste género de
imprensa.
Há outro aspecto que torna imperativo a
existência de um showroom. É um lado que uma
minoria conhece, poucos se lembram e a maioria
não concebe: a fotografia de peças em modelos
está sujeita a acidentes de percurso, porque um
modelo salta, corre, mexe-se dentro dos looks,
e surge muitas vezes a necessidade de apertar
PRESS CLUB e SHOWPRESS, FOTOGRAFIA (SHOWPRESS): BÁRBARA CLAUSTRE
TRIÂNGULO DAS BERMUDAS
silhuetas com alfinetes ou molas... ossos do
ofício, a roupa é que sofre e é quase impensável
usar-se uma peça de loja para sujeitar-se a
estes ajustes. Os protótipos existentes em
showroom são, por isso, os items todo-o-terreno
da moda: não se entenda que são feitos para
serem maltratados, mas são tolerantes a abusos
menores, porque são looks que rodam de revista
para revista (no caso internacional, de país
para país) e é inevitável os materiais e o
design sofrer algum desgaste. “Com os showrooms”,
confirma Isabel Jorge de Carvalho, co-fundadora
e directora da Global Press, “a Imprensa dispõe
de parceiros fundamentais na concretização do
seu trabalho ao terem disponíveis as colecções
permanentemente, e poderem usufruir das mesmas
para fazer um trabalho cada vez melhor.” Inês
Quartín vai mais longe nesta ideia: “Ao comunicar
na Moda e na Beleza, as necessidades dos editores
e imprensa destas áreas incluem a utilização de
peças reais para produções de moda ou para testar
e fotografar; estarem reunidos num espaço várias
marcas de Moda e, para cada uma, existir uma
selecção da colecção, é um serviço que se tornou
vital para conseguir maior visibilidade das
marcas que representamos”. Xana Nunes, fundadora
e directora da agência XN, corrobora: “Deixou de
ser viável que os produtores de moda vão às lojas
buscar roupa para as produções, e as marcas,
ao se profissionalizarem, ou têm gabinetes
de comunicação internos, ou têm que encontrar
externos”. A afirmação acaba por responder também
à questão do porquê da criação de showrooms/
gabinetes de imprensa e da conjuntura em que
surgiram.
“No caso da H&M”, segue Inês Fontoura, “é
fundamental ter um showroom onde possamos mostrar
as novas tendências aos jornalistas e produtores
de moda, pois com a quantidade e variedade de
produto que temos, a atenção dispersa-se. No showroom, conseguimos centralizar essa
informação”. Fontoura toca num ponto fulcral que
Luís Pereira, inclusive, já tinha abordado, que
passa pela vasta oferta de informação versus
linha editorial de uma revista. Eu trabalho numa
revista de moda há alguns anos... acredito que
estou preparada para reconhecer determinados
nomes e palavras que instintivamente despertam o
meu interesse quase de uma maneira subliminar,
e talvez até me sinta programada para gostar de
determinado tipo de imagem especial, influenciada
pela linha editorial que me habituei a seguir.
Os gabinetes de imprensa sabem disso e têm o seu
papel de influência ao editarem e adequarem a
mensagem da marca ao meio em que se destinam: “O
principal desafio consiste em conseguir fazer
chegar a nossa mensagem, adaptando-a a cada meio
e a cada receptor”, afirma Fernanda Lamelas,
directora e RP da agência Olindo Moura. Carla
Soveral e Célia Fernandes, assessoras no gabinete
de imprensa Triângulo das Bermudas, completam:
“É de extrema importância para qualquer marca
(seja em que área for), que não tenha na sua
estrutura a componente de comunicação, recorrer
aos serviços de uma agência porque, actualmente,
com o excesso de informação que nos rodeia, há
que saber transmitir emoções e estilos de vida
ao público-alvo.” De facto, hoje em dia, cada
profissional dos media centra em si uma série
GCI
de funções e tudo o que precisa é para ontem. O
facto da mensagem chegar já editada e de acordo
com os parâmetros que persegue é meio caminho
andado para ganhar um spot em espaço editorial
- pontos extra se chegar atempadamente. E esta
noção é relevante: as revistas de moda trabalham
com uma agenda que difere do calendário solar,
o que significa que tudo o que são colecções
cápsula para datas especiais ou novidades
sazonais têm que chegar com meses de antecedência
às redacções. Para responder a esta necessidade,
é obrigatória a existência de uma máquina bem
oleada a tratar da informação que a Imprensa
pretende: “um gabinete de imprensa/showroom
facilita a obtenção de produtos e informação,
bem como as novidades são direccionadas de uma
forma sistematizada, facilitando o trabalho
do jornalista ou editor”, explica Manuela
Furtado, da Birdsong. “Reunir num mesmo espaço
várias colecções, marcas e clientes, fornecer
a informação filtrada e apresentada da forma
mais efectiva são algumas das mais valias destas
agências para a imprensa”, sumariza Inês Quartín.
Luís Pereira também passa de forma clara a
ideia: “Em termos práticos, a acessibilidade
é essencial. Somos um showroom multi-marcas,
logo, proporcionamos à imprensa um conjunto de
alternativas e informações que estão disponíveis
num mesmo espaço”, defende. E continua: “Enquanto
intermediários, interessa-nos que toda a imprensa
que nos procura encontre uma resposta rápida
e prática, e que os nossos clientes fiquem
satisfeitos com as estratégias de divulgação
que ajudamos a construir”.
de sofás, e a palavra showroom não constava do
meu vocabulário. Hoje, repito-a diariamente e
manter-me em contacto com press offices (o termo
para gabinetes de imprensa em inglês) é tarefa
regular. Porque, realmente, é deles que advém
a matéria bruta para transformar em conteúdo
editorial e, admito, por experiência própria,
que quando uma marca não tem um departamento de
comunicação por trás, é muito difícil conseguir
material de qualidade e adequado para figurar
nas páginas de uma revista - e não se trata de
uma falta de vontade de quem está a responder na
ausência de um órgão destacado para o efeito, é
por pura falta de preparação ou conhecimento dos
meandros e necessidades de uma revista de moda:
fotos em alta resolução, preços, roupa... E será
cada vez mais difícil sobreviver nesta indústria
sem o apoio de um gabinete de imprensa, tanto
da parte dos media como da parte das marcas,
porque os próprios showrooms e departamentos de
comunicação têm evoluído cada vez mais, têm vindo
a multiplicar as suas tarefas e obrigações e a
desdobrarem-se em divulgadores, intermediários,
representantes, promotores, enfim, tudo para
garantir a chegada personalizada de informação
sobre uma casa à imprensa e garantir a sua
visibilidade nos meios certos. “Todos os dias
estamos a aprender”, confessa Ricardo Figueiredo.
“Gosto muito de saber o que as outras agências
estrangeiras andam a fazer. Em qualquer PR
Confesso: quando comecei a trabalhar nesta
vertente do jornalismo, era completamente leiga
no que diz respeito à origem das roupas em
editoriais... não tinha nenhuma ideia oposta ao
que na realidade acontece, mas nunca me tinha
dedicado a pensar nisso. Não sabia o que eram
amostras têxteis, além das que há em estofadores
XN
meeting internacional, sou um aluno atento. Estou
sempre a guardar convites elegantes e originais
ou Press Releases de qualidade.
Tudo isto faz-nos crescer. Internamente, estamos
sempre a tentar encontrar as melhores formas para
sermos o mais eficiente possível para os meios de
comunicação”. O facto do mercado estar a crescer,
também anula monopólios e permite que estas
agências sintam necessidade de inovar devido
aos ambientes competitivos, consagrando-as como
camaleónicas e conferindo-lhes, assim, mais uma
mais-valia que as categoriza de indispensáveis.
Luís Pereira é mais certeiro a explicá-lo:
”Ao longo dos anos, as agências de comunicação
tornaram-se mais elásticas e adaptaram o seu
modus operandi de acordo com a emergente criação
de nichos de mercado, quer das marcas, quer da
imprensa”. E é devido a esta elasticidade e
capacidade de se adaptarem aos novos tempos que
os gabinetes de imprensa vieram para ficar e para
se multiplicar.
press
/club
/
birdsong
RICARDO FIGUEIREDO PRESS CLUB
MANUELA FURTADO –
BIRDSONG
Data em que foi criado:1997
Data em que foi criado: 1998,
com o nome Arranca Corações e
alterou, em 2006, para BirdSong
Membros da equipa: 5
Marcas que representam: Grupo
Sáfilo ( Óculos YsL, Gucci,
Valentino, Marc Jacobs, Carrera,
Giorgio Armani, Bottega Veneta,
Dior, MaxMara...), Atelier
Graça Viterbo, Massimo
Dutti, Hackett London, Gérard
Darel, Tara Jarmon, New
Balance, Weill, Hoss Intropia, Patrizia Pepe, Malene Birger,
Casa do Passadiço, TOUS.
Mas são também nossos clientes
outras marcas, sobretudo para
eventos, como Bulgari, Chopard,
Jaeger LeCoultre, Raymond Weill
entre outras.
Para breve uma grande parceria
Quais são os principais desafios
de gerir um showroom/gabinete de
imprensa?
Num showroom são sobretudo
os timings, gerir a imagem
e controlar a rotação dos
Looks. No resto da agência, os
desafios são outros. Em termos
de assessoria de imprensa, o
desafio é chegar e ultrapassar
os nossos objectivos em função
da estratégia dos clientes.
Qual é o segredo para um
showroom/gabinete de imprensa
singrar no mercado português?
Conhecer bem as revistas do
mercado, targets e também os
produtores e editores de moda. É muito importante saber quais
as futuras produções de moda e
quais os temas das revistas para
antecipar as necessidades dos
jornalistas.
RICARDO FIGUEIREDO, FOTOGRAFIA: PEDRO FERREIRA
Membros da equipa: 3 accounts, 1
responsável de clipping
Marcas que representa: Louis
Vuitton, Mango, Pepe Jeans,
Nike Sportswear, Nikewomen,
Havaianas, Twenty8Twelve by
S.miller, Andy Warhol by Pepe
Jeans, Cia Marítima, Água Doce,
Zero2, Miguel Viana.
Porquê a abertura de um
showroom/gabinete de imprensa?
Aconteceu um pouco por acaso...
foi em 1998 quando a Marie
Claire, revista onde trabalhava
encerrou. O nosso primeiro
cliente foi a Mango que na
altura sabíamos que procurava
um gabinete de imprensa. Lá
fora era comum a existência
de gabinetes de imprensa
especializadas nesta área...
Cá, nessa altura havia 1 ou 2.
Então eu a Isabel Carmona, minha
amiga e colega na Marie Claire
resolvemos abrir uma agência
de RRPP e a Mango aceitou ser o
nosso 1º cliente. Nessa altura
a agência chamava Arranca
Corações.
Qual é o segredo para um
showroom/gabinete de imprensa
singrar no mercado português?
Perspicácia, organização,
consolidação da relação agência/
cliente e agência/imprensa.
MANUELA FURTADo, FOTOGRAFIA: BÁRBARA CLAUSTRE
/
global
ISABEL JORGE DE
CARVALHO – GLOBAL
PRESS
Data em que foi criado: 2000
Membros da equipa: 11
Marcas que representam: Na
Global Fashion: Levi´s, Carolina
Herrera, Purificacion Garcia,
Zilian, Segue, Puma, Marlboro
Classics, Tommy Hilfiger,
Ermenegildo Zegna, Piaget, YSL,
YSL Parfums, Elite Model Look,
Stella MacCartney Perfumes,
Boucheron perfumes, Zegna
Perfumes, Roger et Gallet.
Porquê a abertura de um
showroom/gabinete de imprensa?
A Global Press nasceu no ano
2000, fruto da necessidade
minha e do meu sócio de criar
um projecto empresarial e
de trabalho que reflectisse
os nossos valores, enquanto
profissionais da área da
comunicação - era um segmento
que, na altura, não estava ainda
muito profissionalizado.
A Global Fashion, parte da
Global juntamente com a parte
de Press Com é especializada
nos segmentos de Moda, Alta
Relojoaria e Joalharia e beleza.
Disponibiliza também serviço de
showroom aos seus clientes na
área da Moda, uma mais-valia
de comunicação que reforça e
complementa os resultados dos
planos de Relações Públicas e
Comunicação.
Qual é o segredo para um
showroom/gabinete de imprensa
singrar no mercado português?
Profissionalismo,
profissionalismo e
profissionalismo.
ISABEL JORGE DE CARVALHO, FOTOGRAFIA: BÁRBARA CLAUSTRE
olindo
/moura
FERNANDA LAMELAS –
OLINDO MOURA
Data em que foi criado: Há cerca
de 10 anos
Membros da equipa: Fernanda
Lamelas e Catarina Marrecas
Ferreira
Marcas que representam: Chaumet,
H.Stern, Dior, Mikimoto, Mimi
Porquê a abertura de um
showroom/gabinete de imprensa?
Porque hoje em dia comunicar
para além das campanhas
publicitárias, é fundamental.
Qual é o segredo para um
showroom/gabinete de imprensa
singrar no mercado português?
Ter bons produtos e uma boa
estratégia RP, saber comunicar
com os jornalistas e saber
inovar com acções que interessem
ao público.
FERNANDA LAMELAS, FOTOGRAFIA: BÁRBARA CLAUSTRE
/
gci
INÊS QUARTÍN - GCI
Data em que foi criado: 1994
Membros da equipa: Beatriz
Almeida (supervisora), Rita
Silva, Inês Quartin (showroom
Manager), Andreia Gomes e Rita
Feio (Lifestyle)
Marcas que representa: Converse,
Luxottica (D&G, Versace,
Versus, Ray Ban, Vogue, Prada
Miu Miu, Dolce Gabbana, Tiffany
, Persol, Bvlgari, Arnette,
Burberry), Chicco, Rip Curl,
Pedro Garcia, Agatha Ruiz de la
Prada, Sportzone Deeply e Berg,
Modalfa, Zippy e Loop.
Quais são os principais desafios
de gerir um showroom/gabinete de
imprensa?
Passa por encontrar os
profissionais competentes e
indicados para a área. Depois,
com eles construir a melhor
estratégia para casa marca /
cliente e implementá-la.
Qual é o segredo para um
showroom/gabinete de imprensa
singrar no mercado português?
O mesmo que qualquer empresa:
responder a uma necessidade
de mercado, com um serviço
de qualidade e a um preço
apelativo. Nesta área, primeiro
conquistar marcas / clientes que
são apelativos para a imprensa
e tornar os que são menos, mais
interessantes. Depois, junto
da imprensa, prestar um serviço
eficiente, rápido, que responda
à necessidades que esta têm, que
seja inovador e original, e que
forneça conteúdos pertinentes,
de preferência concebidos para
cada meio em particular. Esta
é a nossa forma de trabalhar:
não massificado (e, o mesmo para
todos) mas direccionado.
INÊS QUARTÍN, FOTOGRAFIA: BÁRBARA CLAUSTRE
showpre/-ss
LUÍS PEREIRA –
SHOWPRESS
Data em que foi criado: Outubro
de 2002
Membros da equipa: 5
Marcas que representam:
Chilli Beans, Decénio, Diesel,
Dkode, Fly London, Gant, Henry
Cotton´S, Lacoste, Lee, Victoria
Couture
Criadores- Aforest-Design, Ana
Salazar, Isilda Pelicano, Luís
Buchinho, Miguel Vieira, Nuno
Baltazar, Pedro Pedro, Ricardo
Preto, Valentim Quaresma, White
Tent
Qual é o segredo para um
showroom/gabinete de imprensa
singrar no mercado português?
Elasticidade e criatividade.
Elasticidade pela adaptação às
necessidades de cada momento sem
que interfira com o desempenho
global da equipa. A criatividade
é fundamental em cada nova
exposição de conteúdos, onde a
inovação e originalidade são os
principais motores do fascínio.
Como em todos os negócios, temos
de ser competentes, versáteis e
atentos a quem nos procura.
Nós somos intermediários na
divulgação de uma mensagem,
logo temos de perceber ambas as
sensibilidades com que lidamos.
Se por um lado temos uma marca
que pretende transmitir uma
mensagem, temos no outro lado
a imprensa que tem agendas e
interesses próprios que devemos
tentar aliciar.
LUÍS PEREIRA, FOTOGRAFIA: BÁRBARA CLAUSTRE
/
h&m
/
xn
INÊS FONTOURA – H&M
Data em que foi criado:
27/03/2003
XANA NUNES – XN
Membros da equipa: Inês
Fontoura.
Data em que foi criado: 1999
Marcas que representam: H&M
Membros da equipa: 11
Quais são as mais valias de um
showroom/gabinete de imprensa
para a Imprensa?
Ter a informação centralizada
num só local e numa só fonte.
Poder prestar um serviço
personalizado a qualquer momento
e com informação credível e
completa. Podermos mostrar a
colecção de uma forma mais
cuidada e personalizada.
Marcas que representam: Cartier,
Hermès, Custo, ElCaballo, Hotel
Vila Joya, Art Allgarve, entre
muitos outros.
Quais são os principais desafios
de gerir um showroom/gabinete de
imprensa?
Um dos obstáculos, é ter algumas
vezes peças no showroom que
depois não se encontram à venda
no mercado nacional, pois nem
sempre as lojas conseguem num
mercado pequeno, encomendar
algumas das peças mais
emblemáticas.
Qual é o segredo para um
showroom/gabinete de imprensa
singrar no mercado português?
Variedade de marcas, competência
e simpatia.
Qual é o segredo para um
showroom/gabinete de imprensa
singrar no mercado português?
Eu não sei se existe alguma
poção mágica ou segredo e
conheço pouco o funcionamento
dos outros showrooms, mas
penso que um showroom/gabinete
de imprensa é um prestador de
serviços e fonte de informação
e como tal, deve procurar
responder às necessidades do
mercado de uma forma clara,
eficaz e rápida. No caso do
showroom, esse espaço deve ser
o mais atractivo e agradável
de se estar. Um jornalista/
produtor de moda deve sentir-se bem quando entra no nosso
showroom e acima de tudo,
gostar do que vê. Recebemos
mercadoria três vezes por semana
e por isso, é fundamental que
o showroom esteja arrumado e
actualizado. Há sempre algo novo
no showroom e por isso, é sempre
uma surpresa entrar no showroom
da H&M. Relativamente ao
gabinete de imprensa, penso que
o serviço prestado tem de ser
rápido, credível e transparente.
Acessibilidade, organização e
simpatia também imperam nas
características de um gabinete
de imprensa.
INÊS FONTOURA, FOTOGRAFIA: BÁRBARA CLAUSTRE
triângulo
/das bermudas
CARLA SOVERAL E CÉLIA
FERNANDES – TRIÂNGULO
DAS BERMUDAS
Data em que foi criado: Janeiro
2008
Membros da equipa: Carla Soveral
e Célia Fernandes
Marcas que representam: Vans,
Poufmamma, Griffe Hairstyle,
Companhia das Soluções;
Marcas em Showroom:
2Me; Atikin; Camel;
Citizen; Cohibas; Fred
Perry; Jee Vice; Jersey
Company; Lacoste Relógios;
Levi’s Relógios; Lightning
Bolt; Lilica Ripilica; Miss
Xip; Missanga; Nikita; Striipe;
Surkana; Sweet
Years; Tommy Hilfiger
Relógios; Vaho; Wedoble; Wesc
Quais são as mais valias de um
showroom/gabinete de imprensa
para a Imprensa?
O facto das agências abrirem
as portas às marcas, aos seus
criadores e história, o acesso
às colecções quer em showroom,
quer em assistir aos desfiles
Qual é o segredo para um
showroom/gabinete de imprensa
singrar no mercado português?
Não se fechar no seu próprio
país, ir além fronteiras, ser
criativo, atento, paciente e
acima de tudo, ser neutro e
profissional.
CARLA SOVERAL E CÉLIA FERNANDES,
TIME OUT LISBOA / FOTOGRAFIA: GONÇALO F. SANTOS
/
zazous, moda e jazz
estilos de vida
por Patrícia Boto Cruz
“Za Zou, Za Zou Ze” era o refrão da música “Je suis
swing”, a mais vendida em França durante a II Guerra
Mundial. Terá sido daí que nasceu o nome de um grupo
cujos pilares eram a forma de vestir, o Jazz
e a resistência à ocupação alemã.
Os zazous copiaram dos afro-americanos do Harlem,
a música e a sua imagem de marca: o “zoot suit”.
Um blazer muito largo, pelos joelhos e de enormes
chumaços. Este era o fato com que nos anos 40
os jovens de Paris se vestiam e que embora na época
ter sido considerado extravagante, foi um símbolo
da reacção sócio-económica e política dos Zazous.
Estava-se no seguinte: o governo francês aceitara
a submissão à autoridade germânica. Hitler queria
“educar” os povos da Europa impondo uma moral
violenta que eliminava a liberdade de cada um.
De acordo com o governo instalado, as pessoas deviam
vestir-se de modo formal, de preferência uniforme
e cores escuras em sinal de respeito pelas vidas
que a guerra levava. Foi imposto o racionamento
obrigatório dos tecidos, pela necessidade de os usar
nas fardas militares e pára-quedas.
Mas, este grupo auto-determinado não aceitava viver
em função de uma guerra com que não concordava, pelo
que recusava, desde logo, o modo engomado e sombrio
de vestir. Usavam sim, roupa “pingona”, que exigia
quantidades avantajadas de tecidos, boicotando
a proibição de comprar materiais supostamente só
à disposição de alfaiates.
O corte daqueles blazers, de fazenda, geralmente aos
quadrados, lembrava o fato da máfia.
Eram vestidos com calças de pinças abauladas
a terminar numa dobra pequena e justa pouco acima do
tornozelo. Calçavam elegantes sapatos de uma
ou duas cores, com atacadores e pespontos
na biqueira. Os acessórios obrigatórios eram
os relógio pendurados numa corrente comprida
que saía do bolso, chapéus e gravatas de lã.
Cabelo com brilhantina, popa na franja e bigode
fininho completavam o género, fortemente propagado
pelos média. Sempre sempre, um guarda-chuva fechado,
mesmo em dias de sol. Contra o cinzento da guerra
usavam meias às riscas de cores fortes e lenços
de cores garridas. Os abastados compravam tudo isto
no mercado paralelo, os outros, alteravam as roupas
que tinham para ficarem idênticas.
Quanto a elas, usavam conjuntos de saia plissada
e casaco (lisos ou de xadrez) por cima de camisolas
de riscas berrantes ou vestidos pouco abaixo
do joelho para se ver as cores alegres das
meias. Esforçavam-se também pela popa no cabelo
descolorado, por vezes parcialmente coberto por
boina ao lado. Não usavam maquilhagem ou só um forte
batom vermelho. Andavam de botins ou sapatos de
presilha com costuras na biqueira.
Homens e mulheres traziam nos casacos a insígnia
do Hot Club de França, o primeiro a oferecer um
concerto de Jazz.
Os zazous juntavam-se em cinemas, bares e nas
universidades. Havia a geração de zazous classe
média, mais clássicos e trabalhadores,
que se concentravam no café Pam Pam nos Champs
Élysées e no Boulevard Saint Michele e os zazous
mais novos e boémios no Quartier Latin.
Ao mesmo tempo, chegavam a Paris afro-americanos
para aí estudar arte, escapar ao racismo da América
e tocar Jazz. Do contacto com estes povos, os zazous
tiravam inspiração e a criatividade para afirmar
a sua independência. E faziam-no tocando músicas
que serviam de propaganda política contra
a austeridade existente. Adoravam a dança frenética
daquelas minorias e contagiavam-se pela evidente
alegria que as mesmas sentiam enquanto compunham.
Era vê-los num balançar, chamado Swing e Bebop.
Felizes momentos da liberdade possível.
As festas onde tudo isto se passava só eram
conhecidas em cima da hora, para não serem
proibidas. Não raro era, por isso, os zazous
passearem com discos debaixo do braço. Hits
americanos traduzidos para francês e com uns títulos
mais “dignos” para enganar a censura.
Isto porque Hitler odiava o Jazz! Considerava-o
ofensivo e decadente por questionar a ideologia
nazi, pregar o amor livre e ser feito por negros.
Para os apoiantes do conflito mundial,
os comportamentos dos zazous eram de gente egoísta,
libertina e anti-nacionalista que queria escapar
ao dever da guerra. Por isso os políticos quiseram
impedir que os zazous se divertissem, tomando como
medida o fecho dos clubes de dança. Já os cursos de
dança escaparam à Gestapo e mantiveram-se, ainda que
com restrições: cada escola apenas podia ter
um número limitado de alunos, a duração dos cursos
era breve, só podia entrar na escola quem
lá estivesse inscrito, não podiam aprender a dançar
ao som de trombone ou trompete, mas de piano
e gramofone. Alcóol e fumo nem pensar.
Logo, não sendo os cursos de dança proibidos,
proliferavam as falsas escolas com falsos
professores, que camuflavam salões de baile, ainda
que em caves. Acontecia que quanto mais
os governantes impunham disciplina e chamavam
os franceses ao trabalho forçado de que dependia
a guerra, mais os zazous extravasavam. Com o tempo,
a maneira excêntrica de se vestirem e o hedonismo
em clima de perseguições despoletaram as “zoot suit
riots”: rixas entre os marinheiros e militares
e os dos zoot-suits. O crachá dos clubes de jazz deu
lugar à estrela de David e alguns zazous pintavam
a cara de preto, em sinal de solidariedade com
judeus e negros.
Preocupados com o “espaço” que estes jovens
conquistaram, a “Jeunesse Populaire Française”,
simpatizante do fascismo, começou a ser mais
explícita. Iniciou espancamentos e o rapar de
cabelos dos zazous com que se cruzavam na rua
(auto chamavam-se “cabeleireiros voluntários”)
Restava-lhes tocar e dançar em caves transformadas
em salas de baile clandestinas. Continuar confinados
a uma existência ilegítima e aguardar o fim
da guerra.
ILUSTrAÇÃO: Marco Godinho - www.myspace.com/marcogodinho
/
simon foxton
3
2
“Um stylist é um artesão, um editor de moda, um político”
por Miguel Ângelo Matos
Em Londres terminou recentemente uma exposição
pioneira, histórica, na Photographers Gallery,
no Soho da capital inglesa. Já vários fotógrafos
de moda conseguiram elevar a sua obra fotográfica
ao estatuto de arte ao passarem das revistas de
moda para galerias. O americano David LaChapelle
e o peruano mais global, Mario Testino são
alguns exemplos disso. O primeiro, entre outros
momentos, teve uma grande retrospectiva em
2002 na Barbican Gallery, e o segundo a famosa
‘Portraits’ na National Portrait Gallery no
mesmo ano. Mas, por detrás de imagens marcantes,
de sonho, que fazem parte
da paisagem mais refinada
da imprensa mundial, estão
1
os agentes que as produzem.
Começando a ser cada vez
mais reconhecidos, objecto
de admiração e atenção
nestes contextos, são eles
que inventam as histórias,
preparam o casting, desenham
tudo no seu cérebro para que
os fotógrafos possam fazer
o clique e darem vida a
essas imagens, muitas vezes
inesquecíveis, super sensuais,
provocadoras, perturbadoras e
que podem, como neste caso,
ter conotações políticas
incluindo a identidade
nacional britânica, chamando
a atenção para temas como
género, raça, guerra,
causas sociais, numa mistura
explosiva que tem como motor,
o nem sempre devidamente
reconhecido e legitimado em
Portugal, poder da indústria
da moda.
Simon Foxton, de 43 anos, é
esse artista, ou antes o agente, que contribui
para que a arte das imagens de moda possa existir
e que é o objecto de “When you’re a boy: Men’s
fashion styled by Simon Foxton”.
Simon começou por estudar design de moda na
Central St Martins College of Art da University
of the Arts of London, mas depois, acaba por ser
convidado por amigos da ultra aclamada e ainda
muito pertinente revista i-D para uma colaboração
que o orientou noutro sentido e que o levou a
estar presente também na mítica e extinta The
Face e ainda na relevante Arena Homme +, passando
na década seguinte, os anos 90, para colaborações
mais esporádicas, encetando relações mais fortes
com marcas como a Levi’s e a Caterpillar, e agora
estando mais focado na sua empresa multifacetada
&Son, onde, conjuntamente com Nick Griffiths,
operam styling e consultadoria para a indústria
da moda e para o mundo da publicidade. “Foi uma
opção mais fácil do que desenhar, coisa que fiz
durante algum tempo. Nunca tinha pensado nisto
antes mas quando fui convidado para fazer styling
pelos amigos da i-D, depressa percebi que seria
um caminho mais fácil para colocar as minhas
ideias em prática. O design é
um processo muito laborioso,
enquanto que o styling é
comparativamente mais rápido”.
Durante várias insistências,
sobretudo nos anos 80, Foxton
mostrou modelos que não eram
modelos, apostou fortemente em
modelos africanos e vestiu-os
com os mais elegantes fatos
ingleses, usou temas como a
cultura de rua, a iconografia
gay, forçou a entrada do
vintage misturado com as mais
caras designer labels e usou
pessoas comuns com estilos
punk mas próprios. Revelou,
que, sobretudo no domínio da
fotografia de moda masculina,
havia muitas regras para
quebrar e que hoje continuam
a ser violadas graças à sua
imaginação, força de inovar
e vontade de criar imagens
fortes e memoráveis. Se nos
focarmos na utilização de
modelos africanos, descobrimos
que apenas “pareceu uma coisa
muito natural para fazer, não
tentei ser deliberadamente provocador. Via todos
estes tipos fantásticos, mas raramente os via
em revistas de moda, o que é uma vergonha. Mas
é só uma questão de escolher caras que eu gosto
e que quero ver nas fotografias”. Penny Martin,
curadora da exposição acrescenta que “o que é
extraordinariamente inteligente em Simon Foxton
é que, embora as suas imagens lidem com temas tão
relevantes e politizados, são extremamente belas
e iluminadas”.
Por vezes relação entre stylist - entre nós, o
produtor de moda - e fotógrafo nem sempre é a
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mais simples. Mas no caso de Foxton, “a minha
relação com aqueles que colaboro regularmente
é de uma grande amizade, claro que o tipo de
amizade também difere conforme o fotógrafo”.
Sugere-se o equilíbrio total e, segundo o
artista, as suas sessões preferidas são as
que são “um diálogo”. Quando prepara uma
sessão, o processo habitual para si é o de
trazer inspiração e o seu nível de gosto para
o projecto. Essencial - o mais importante mesmo
- é o casting, boas roupas e aquele factor que
vai atirar o editorial para fora da norma. Entre
os fotógrafos que colaboraram com Foxton e que
entram na carruagem desta homenagem estão Nick
Knight, Jason Evans e Alasdair Maclellan.
Em relação a ser alvo deste show que teve um
número alargado de visitantes, Foxton sentiu-se
“excitado, ultra-delighted e nervoso”, ele que,
ainda por cima não vai muito em adorações nem
idolatrias. Mas é isso que já aconteceu entre
os seus pares e que esta exposição reforçou.
A curadora diz que, mesmo assim “há muita
gente que ainda não tem claro qual o papel do
stylist e aquilo que diferencia um bom stylist
de um que é meramente profissional”. Martin
acrescenta que “apesar de se poder ver nas peças
da exposição o trabalho de designers, moda não
será o que vem primeiro à cabeça”. Mas no fundo
será isso que lá está. Concretamente, o que
esta exposição apresentou, foi uma mistura de
impressões fotográficas e tearsheets em conjunto
com um grupo de notas e apontamentos visuais que
Foxton tem vindo a recolar desde 1981. Não haverá
muitas roupas no sentido em que Anna Wintour
disse, quando foi nomeada para editora da Vogue
americana, que a função da fotografia de moda
era “mostrar a roupa, obviamente...” Está muito
para além disso o que “When you’re a boy: Men’s
fashion styled by Simon Foxton” mostrou.
5
When you’re a boy: Men’s fashion
styled by Simon Foxton’ na
Photographers Gallery patente
até 4 de Outubro de 2009 16 - 18
Ramillies Street London W1F 7LW
+44 (0)845 262 1618
www.photonet.org.uk Simon Foxton
www.ampersandson.co.uk
4
1 Simon Foxton / 2 Tooling Around, Fotografia: Dunbar-Brunton, Styling: Simon Foxton. Publicado na i-D, Fevereiro 2009 / 3 Galliano’s
Warriors, Fotografia: Nick Knight, Styling: Simon Foxton. Publicado na Arena Homme Plus, Verão/Outono 2007 / 4 Atlas, Fotografia: Alasdair
McLellan, Styling: Simon Foxton. Publicado na Arena Homme Plus, Outono/Inverno 2003 / 5 Armando, Fotografia: Giles Price, Styling: Simon
Foxton. Publicado na i-D, Fevereiro 2008 / 6 I Wish I Had Invented Blue Jeans, Fotografia: Simon Thiselton, Styling: Simon Foxton.
Publicado na i-D, Agosto 2008
6
/
pamela des barres
I’m with the groupie...
por Ana Rita Clara
Nas palavras de Pamela Des Barres, numa entrevista a
Karen Campbell, num programa de televisão americano,
uma groupie é uma mulher quente, dependente e
totalmente aficcionada por música. Revelou num dos
livros que denuncia o seu percurso e biografia “I’m
With the Band”, que os melhores momentos de tantos
anos de ligações e interacções com músicos, com
as apelidadas “Rock Stars” da década de 60/70, se
diluíam entre o acompanhar das digressões, o estar
perto dessas “figuras inalcansáveis”, o observar e
presenciar momentos de real inspiração e criação
musical, partilhar o palco ou ver as actuações e
performances do lado mais privilegiado. Do lado
da linha que ultrapassa o cenário de construção
para algo mais real. O lado do homem, pessoal e
particular, que vai para além do que projecta em cima
do palco.
Talvez resida nessa dicotomia agitada, o fascínio
desta groupie por homens que direccionaram as suas
vidas à música, aos palcos, a um estilo de vida que
não comporta regras definidas nem hábitos comuns.
Nascida em Kentucky, foi na California que cresceu,
a idolatrar os “The Beatles” e “Elvis Presley”. Mas
o sonho por um encontro com Paul MacCartney mudaria
para Mick Magger quando descobriu e dirigiu as suas
atenções para uma banda emergente e intensa na década
da sua adolescência, os “Rolling Stones”.
Nessa mesma altura conhece Don Van Vliet, também
conhecido por Captain Beefheart, músico e pintor dos
“The Magic Band”, próximo de Frank Zappa. Começa
a desenhar nessa altura o caminho de seguidora de
bandas, seguidora de costumes de grupos e seus
próprios rituais, de “groupie”.
Torna-se próxima de nomes como Charlie Watts and
Bill Wyman dos “Rolling Stones”, o que a conduziu à
cena musical rock que florescia na altura na “Sunset
Strip” em Los Angeles. A avenida que comportava
os night clubs do momento, numa época de transição
cultural em que se declaravam novos valores,
liberdades sexuais, visões e posicionamentos sociais
alternativos.
Pamela procurou sempre alimentar essa proximidade com
músicos e logo após terminar a escolaridade continuou
com vários empregos que lhe permitiam manter esse
estilo de vida e alicerçar relações estreitas com as
“estrelas”... de referir um desenho seu, apresentado
como trabalho ainda no liceu e com resultado elevado
na avaliação que ilustrava figurativamente o orgão
genital do carismático vocalista dos Stones, Mick
Jagger. Atitudes de devoção que haviam sido também
cristalizadas por Cyntia Plaster Caster, também
groupie, que chegou mesmo a produzir moldes em gesso
de partes do corpo de músicos que seguia.
Foram todos os desejos e vontades de Pamela que
foram consumados, para além de outros nomes da cena
musical com os quais a jovem de longos cabelos loiros
e olhar meloso se envolveu. Uma verdadeira rainha
das groupies, que adquiriu essa denominação
pela criação e demonstração da libertação
feminina, sexual, na subcultura da
geração hippie dos anos sessenta.
Dona de um espírito rebelde, tinha no
Rock and Roll o seu próprio motor
e evolução. Frequentadora assídua
de espaços como “The Whiskey”
ou “The Galaxy”, na Califórnia,
circulava pelo ambiente com
Jim Morrison, Bob Dylan, Alan
Cooper ou Keith Moon. Um dos
momentos mais tristes referido
por Pamela ao longo de todos
estes anos terá sido quando
Jimmy Paige a deixou à espera,
em frente a um dos muitos
clubs que frequentavam e saiu
acompanhado...
Uma aura musical e criativa
terá sido o que influenciou
Frank Zappa, que neste
momento considerava Pamela
como família e lhe oferecia
a função de baby-sitter dos
seus filhos, a convidar a
jovem groupie a tornar-se
um dos elementos femininos
do colectivo “The GTO’s”.
Uma banda no feminino,
sem capacidade musical
de referência, meramente
uma junção afectiva
entre várias groupies
e uma performance
arty e que originou
um álbum de
Ilustração: Teresa Abrunhosa
culto, “Permanent Damage”, em 1969. A groupie
actuava agora antes das suas bandas de referência,
como a de Frank Zappa, “The Mother of Invention”,
mas o projecto logo terminou quando elementos do
colectivo foram apreendidos por posse de drogas. Tal
como Pamela descreveu no seu diário esta passagem
pelos palcos, este grupo ficará na memória como um
enigma...
Para além de presença assumida neste contexto
musical, persistiu com os conselhos de Zappa, que a
influenciou a seguir uma carreira de actriz, percurso
concretizado na série “Search for Tomorrow”, em 1974.
Ainda hoje considera Frank Zappa como o seu grande
mentor.
O casamento em 1977 com “Lord” Michael Des Barres,
actor, músico e vocalista da primeira banda de Led
Zeppelin, “Detective” e ainda de outros projectos
como “Silverhead” ou “Power station” durou até ao ano
de 1981, por alegadas traições de Michael. Nicholas
Dean Des Barres, o filho de ambos, também se tornou
autor de uma variedade de artigos usando o pseudónimo
“Nick Rox” e ainda criando designs especias, como o
poster promocional para o filme “Resident Evil”.
Foi apenas com a sua aclamada autobiografia “I’m
With the Band” que Pamela Des Barres recebeu um
reconhecimento de grandes proporções, que se seguiram
com outros livros como “Take Another Litle Peace of
My Heart” ou “Rock Bottoms”.
O diário que havia acompanhado Pamela desde o início
do caminho revelava-se para o Mundo e denunciava as
vivências desta mulher de afectos, dependências e
amores musicados.
Um espírito livre que a acompanha até aos dias de
hoje, onde reproduz comportamentos de liberdade e
opiniões de culto nos muitos artigos que escreve,
em revistas como “Rolling Stones”, “Cosmopolitan”
ou “The New York Times”. Criou um espaço sobre
música, com múltiplas entrevistas a “Rock Stars” e
personalidades na “E! On-Line” durante cinco anos,
para além de inúmeras colaborações com artistas, como
por exemplo com “Dick & Dee Dee” (Ramones).
Aos 40 anos de idade posou em toda a sua glória
para a revista “Playboy” e continua a coleccionar
fãs e amigos por toda a parte. Jack White ou Mike
Stinson são algumas das amizades que se inventam e
reinventam.
Pamela continua a ser muito solicitada pelos
workshops que lecciona, por tudo aquilo que comunica
e representa. Uma procura por todos aqueles que
querem respirar, conhecer, “beber” dessa aventura
real de uma diva sem tempo e alimentar o universo
de “Sex, Drogs e Rock and Roll” que, felizmente,
persiste em não terminar...
/
plus
por Soraia do Carmo
Lady Dior Noire Affair
Foi lançada a nova campanha
comercial da carteira Lady
Dior de cor preta sob a forma
de curta metragem. Realizada
por Oliver Dahan, realizador
do filme óscarizado Piaf, é
também protagonizada pela mesma
actriz principal do filme,
Marion Cotillard. O título da
curta metragem é Lady Dior Noire
affair e evoca o ambiente de
suspense dos clássicos thrillers
onde Marion incorpora a persona
de femme fatale. Depois desta
curta metragem seguem-se outras
dedicadas a novas cores de uma
das carteiras de culto da casa
Dior.
Tsumori Chisato para Shu Uemura
No mundo da maquilhagem deu-se uma nova parceria entre
a designer de moda Tsumori
Chisato e a marca Shu Uemura.
Da colaboração nascerá uma linha
de maquilhagem exclusiva e que
inclui sombras, lip glosses,
bases, batons, máscara de
pestanas e pestanas falsas. Para
além de alguns acessórios como
estojos de maquilhagem.
A inspiração para esta linha
de maquilhagem é a cidade
de Tóquio, símbolo supremo
da modernidade e elegância
nipónica.
Esta linha de maquilhagem estará
disponível em lojas Shu Uemura
seleccionadas na Ásia, Europa,
Austrália e EUA a partir do mês
de Dezembro.
Site D&G
Foi lançado o primeiro site
de venda online da marca Dolce
& Gabana, www.dandgstore.com.
No site é possível comprar
lingerie, acessórios e as
colecções de roupa feminina e
masculina. A elaboração desde
site advém da associação da
marca italiana ao grupo Yoox,
especializado no comércio
online. Na apresentação do site
está já disponível a colecção
Outono-Inverno 2009-2010.
Novo Livro de Manolo Blahnik
Manolo Blahnik drawings é o
título do novo livro de um
dos criadores sapatos mais
ilustres do universo da moda.
O livro é dedicado à génese do
processo criativo do designer,
os esboços. No total são 120
ilustrações organizadas por
décadas começando pelos anos
70. O livro conta também com
textos escritos por vários nomes
de peso como Anna Wintour e
Anna Piaggi, amigas pessoais de
Manolo Blahnik.
Editora Thames & Hudson.
Jimmy Choo para H&M
A H&M soma e segue no campo
das colaborações com designers
de moda. Depois do sucesso
da última associação a Mathew
Williamson foi anunciada a
próxima parceria, desta vez
com Jimmy Choo. Para além de
acessórios e sapatos, que são
a imagem de marca da Jimmy
Choo, irá ser criada uma linha
de roupa masculina e feminina
para a gigante sueca. Segundo
Tamara Mellon, presidente da
Jimmy Choo, a colecção terá
o glamour e a sofisticação da
marca adaptadas ao estilo high
street da H&M. A tão aguardada
chegada às lojas desta colecção
está marcada para o dia 14 de
Novembro.
Curta metragem da YSL
O filme que antecedeu o
desfile da colecção de Homem
Primavera/Verão 2010 da YSL foi
protagonizado por um menino
de 11 anos. Jules é filho do
realizador da curta metragem,
Samuel Benchetrit. Durante a
história contada ao longo e oito
minutos, Jules entra à socapa
num quarto de Hotel, experimenta
roupa YSL, lê uma carta de amor
e acaba por ajudar a reunir um
casal separado.
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FOTOGRAFADO POR: PEDRO PACHECO www.pedro-pacheco.com / ASSISTIDO POR: LUÍS ALMEIDA / MAQUILHAGEM: ANTON BEILL / CABELOS: NOLGA STELLA /
MODELO: YANA / LIGHT EQUIPMENT: www.spot-lightservice.com
1 Iluminador para olhos e rosto, Mister Bright Sun. GIVENCHY, €26,12 / 2 Terracotta Poudre des Sables, Edição Limitada. GUERLIN,
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MARGIELA à venda na COLETTE, €180 / 4 T-shirt em algodão estampado, H&M, €29,95 / 5 Spray perfumado para corpo, CK Be All Over Body Spray,
250ml, CALVIN KLEIN, €31,06 / 6 Anel Diorette Papillon em ouro branco lacado com diamante, CHRISTIAN DIOR, €900 / 7 Óculos com armações
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1 Cadeira Amoebe by VERNER PANTON para VITRA / 2 Conjunto de lingerie, soutien e string, £60 e £30 respectivamente, ELLE MACPHERSON INTIMATES
BOUDOIR no NET-A-PORTER.COM / 3 Anel em ouro branco com diamantes, safiras e ametistas, €9800, MARIA JULIETA JÓIAS / 4 Pump em pele
envernizada, “Feticha”, CHRISTIAN LOUBOUTIN / 5 Pochette em pele, GUCCI / 6 Batom “Dark Side”, M.A.C. / 7 Vestido assimétrico em seda, NUNO
BALTAZAR / 8 Esmalte de unhas, CHRISTIAN DIOR / 9 Sapato em pele envernizada, JIL SANDER / 10 Frasco de perfume em vidro colorido, KATE HUME
1 Pincel duplo, tez perfeita, €17, SEPHORA / 2 Mitaine com aplicações em lurex, LOUIS VUITTON / 3 Sapato em pele com aplicações de tachas
“very prive studs”, CHRISTIAN LOUBOUTIN / 4 Colar em metal dourado, £250, BURBERRY PRORSUM / 5 Bracelete em metal lacado, ALEXANDER MCQUEEN/ 6
Botas em pele com fivela com aplicações de tachas, BARBARA BUI / 7 Clutch em pele com aolicações em metal, CARTIER / 8 Botins em pele com sola
compensada, ALBERTA FERRETI / 9 Blusão em pele com botões metálicos, SPORTMAX / 10 Anel em metal dourado, BOTTEGA VENETA
/
born in 1987
FOTOGRAFADO POR RICARDO CRUZ / STYLING HELGA CARVALHO / MAQUILHAGEM CHUNG JOO PARA AR ATELIER / CABELOS WALLACE MARQUES PARA SAMUEL
ROCHER- ATELIER DE COIFFURE / MODELO VERA FONSECA, L’AGENCE
Blusa PedroPedro / Cinto ALVES/GONÇALVES, psc / Leggings, MANGO, €30 / Fio e brincos com pendente “laço” em prata, TOUS, €410 e €119 respectivamente
Blusa em seda, TWENTY 8 TEWLVE, €190 / Saia NUNO BALTAZAR, psc / Óculos MARC JACOBS, €400. Fio e brincos com pendente “laço” em prata,
€410 e €119 respectivamente, TOUS
Vestido em seda, TARA JARMON, €240 / Cinto em piton, TOMMY HILFIGUER, psc / Fio e brincos com pendente “laço” em prata, €410 e €119
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Blusa em seda, BY MALENE BIRGER, €246 / Blazer em crepe de seda, JIL SANDER na LOJA DAS MEIAS, €999 / Saia em pele, LUÍS BUCHINHO, €295 /
Fio e anel em ouro com pedra, €200 e €232 respectivamente, TOUS / Sandálias em camurça, CHRISTIAN DIOR, na LOJA DAS MEIAS, €546
Vestido em seda, psc, NUNO BALTAZAR / Fio e anel em ouro com pedra, €200 e €232 respectivamente, TOUS
Blusa em seda, CHRISTIAN DIOR, na LOJA DAS MEIAS, €1126,50 / Blusão em ganga, DIESEL, €195 / Saia em malha, BCBG MAX AZRIA, €118 / Pulseiras, CEINTURI, €51 e €27 na LOJA DAS MEIAS / Fio em ouro com pedra, TOUS, €200
Casaco com aplicações de lantejoulas e calças bordadas a pedras, ALVES/GONÇALVES, psc / Lingerie, LA PERLA, psc / Sapatos em pele, ALVES/GONÇALVES, psc
/
true blue
Holly veste camisa, 7 FOR ALL MANKIND / Jeans, PAUL SMITH / Calções, KSUBI / Sapatos, SERGIO ROSSI para PUMA / Jeans, TOMMY HILFIGER /
FOTOGRAFADO POR: BABETTE PAUTHIER / STYLIST: LILIA TONCHEVA-O’ROURKE / CABELOS: BIANCA TUOVI USING KIELH’S / MAQUILHAGEM: ABI JOHNSON USING
MAC / MODELO: HOLLY HALLAM @ SELECT
Holly veste camisa LEVI’S / Saia, PAUL SMITH / Cinto em pele, BORBA MARGO / Corrente dourada, AMERICAN APPAREL
Holly veste camisa, DIESEL / Calções, LEVI’S / Macacão: NOBODY
Holly veste camisa, CK CALVIN KLEIN / Jeans, AMERICAN APPAREL / Vestido, NODODY / Blusão, LEE JEANS / Sapatos, MARIA FRANCESCA PEPE
Holly veste camisa MCQ BY ALEXANDER MCQUEEN / Blusão costumisado, LEVI’S
Holly veste blusão, DIESEL / Blusão branco,
KSUBI / Calções, KSUBI / Corrente dourada, AMERICAN APPAREL
Holly veste camisa, ACNE / Chapéu, H&M
/
personal work
Tatiana Macedo, artista formada pela Fine Arts na Central Saint Martins College of Art and Design, Londres, tem
desenvolvido trabalho na área da fotografia. A sua última exposição teve como título “BOYS NEED YOGA TOO” e foi
resultado de um registo fotográfico feito numa viagem a Xangai após ter ganho uma bolsa da Fundação Oriente.
Neste espaço, “Personal Work”, fazemos um rewind e apresentamos uma selecção de imagens que fizeram parte dos anos
de formação da artista.
Por Helga Carvalho
“MY (PER)FORMATIVE YEARS”
Pergunta-me o que estou aqui a fazer/ Ask me what am I doing here, Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, FCG, Lisboa, 2007
Mental disorders for the camera, Londres, 2001
Mental disorders for the camera, Londres, 2001
Jesus and the Idiots, Central St. Martins Window Gallery, Londres, 2004
Jesus and the Idiots, Central St. Martins Window Gallery, Londres, 2004
Jesus and the Idiots, Central St. Martins Window Gallery, Londres, 2004
Jesus and the Idiots, Central St. Martins Window Gallery, Londres, 2004
Jesus and the Idiots, Central St. Martins Window Gallery, Londres, 2004
Jesus and the Idiots, Central St. Martins Window Gallery, Londres, 2004
The Place, London Contemporary Dance School, Londres 2003
The Place, London Contemporary Dance School, Londres 2003
Circuit, Londres 2004 e Lisboa 2005
Circuit, Londres 2004 e Lisboa 2005
Circuit, Londres 2004 e Lisboa 2005
Circuit, Londres 2004 e Lisboa 2005
Polaroid Studies, Londres, 2004
Polaroid Studies, Londres, 2004
Polaroid Studies, Londres, 2004
Polaroid Studies, Londres, 2004
Polaroid Studies, Londres, 2004
Polaroid Studies, Londres, 2004
Circuit, Londres 2004 e Lisboa 2005
Circuit, Londres 2004 e Lisboa 2005
O que te levou a optares pela
escolha do teu curso, porquê
Londres?
Terminei o 12ªano com média de
18,75 valores e não tinha dúvidas
que queria estudar Design de Moda
sendo que as Belas Artes estavam
em segundo lugar. Conhecia o
ambiente da Faculdade de Belas
Artes em Lisboa e sempre achei que
o estudo da anatomia, geometria,
e um certo tipo de ensino daquela
escola, naquela altura, estavam
desfasados da minha ideia de Arte
Contemporânea. Por outro lado, a
Fotografia e o Design de Moda sempre
me interessaram no seu sentido mais
autoral, interessava-me o trabalho de Hussein Chalayan,
Alexander McQueen, mas também a
mestria de uma Madeleine Vionnet, e
na fotografia as imagens da Vogue
Italiana, do Helmut Newton, do
Wolfgang Tillmans para a Face ou
i-D, entre outros. Assim sendo
ingressei no curso de Arquitectura
de Design de Moda da Faculdade de
Arquitectura da Universidade Técnica
de Lisboa. Tive como professor da
cadeira de Design de Moda o José
Manuel Gonçalves da dupla Alves/
Gonçalves e a peça que apresentei no
final do ano, estávamos em 1999/2000
foi uma saia preta semi-transparente
com uma faixa preta de algodão e
que se podia transformar num vestido
ou em calças. Inspirei-me na burka
muçulmana e mal sabia eu, que um
ano mais tarde, se daria o 11 de
Setembro e não se falaria noutra
coisa senão no Islão...
Nesta altura já tinha ouvido falar
da Central St. Martins (tanto o
H. Chalayan como o A. McQueen)
estudaram lá. Sabia que ali a
Moda era encarada como uma arte,
os alunos exprimiam-se sem o
constrangimento de estarem presos à
criação de roupa “pret-a-porter”,
encarando cada peça quase como uma
obra de arte. Acabei o primeiro ano
da Licenciatura em Arquitectura de
Design de Moda e ainda nesse ano
concorri e fui aceite no Foundation
Course in Art & Design na Central
St. Martins. No ano seguinte lá
estava eu, em Londres, sozinha,
com 19 anos, numa das cidades mais
multi-culturais do mundo... escolhi
Londres exactamente por isso.
Queria ter a experiência de viver
naquela metrópole, onde pudesse
visitar alguns dos melhores Museus
e Colecções do Mundo, conviver com
pessoas das mais variadas origens,
e claro, pela sua história de
movimentos de cultura urbana que
nasceram lá como os punks e os new
romantics. A música sempre foi uma
grande influência para mim.
Porquê a escolha da fotografia como
abordagem artística no teu percurso
profissional?
Durante os meus Foundation Studies
em Arte & Design, onde pude
experimentar várias áreas da Arte
e do Design, a opinião dos meus
tutores era unânime no sentido
em que viam no meu trabalho uma
procura de expressão que não se
poderia reduzir à esfera da Moda mas
que precisava de mais espaço, uma
liberdade que só poderia usufruir no
universo das Fine Arts. E aí tomei a
decisão de concorrer à Lienciatura
em Fine Arts, onde fui aceite. É
importante referir que no meu
tempo, e durante muitos anos, os
cursos de Fashion e de Fine Arts na
Central St. Martins dividiam o mesmo
espaço, aquele mítico edifício na
Charring Corss Road, entre o Soho
e Covent Garden, e onde acabei por
passar os três anos seguintes. Não
é por acaso que a St. Martins põe
lado a lado estudantes de artes e
de moda. Influenciávamo-nos uns
aos outros e eu sempre achei isso
muito estimulante (apesar das
rivalidades), mas a competição gera
qualidade. Um dos pontos fortes
da Faculdade eram as bibliotecas,
riquíssimas em obras do Cinema à
Moda passando pela Arte, Música,
Filosofia, Antropologia e claro,
Fotografia. Acabei a trabalhar em
part-time na Biblioteca da Faculdade
em Charring Cross e sempre que podia
“arrumava” as estantes da Fotografia
que mais ninguém queria arrumar
por estarem sempre desorganizadas
e com livros pesadíssimos. Mas eu
estava sempre pronta, para mim era
um prazer percorrer uma a uma as
monografias do Hiroshi Sugimoto
ao David Bailey, do Araki ao Larry
Clark, passando pela Diane Arbus, o
Tillmans, o Helmut Newton, o pesado
“People of the 20th century” do
August Sander, a Nan Goldin cujo
sobrinho era meu colega, o Richard
Billingham, a Cindy Sherman, e os
livros icónicos como “The Americans”
do Robert Frank, tantos e tão bons,
da História da Fotografia à Moda
estava tudo lá, sem discriminação,
simplesmente Fotografia. É por
isso que ainda hoje me faz alguma
confusão quando se “discrimina”
(em ambos os sentidos da palavra)
a Fotografia tentando dividi-la ou
organizá-la em categorias que para
uns serão mais nobres que outras.
Fotografia é fotografia, ponto.
Existem sim boas e más imagens.
Sou da opinião que a História da
Fotografia e a História da Arte
devem estar unidas numa só.
Mas voltando à pergunta do porquê
da escolha da Fotografia entre
as outras artes, ela surgiu como
consequência a tudo o que eu
estava a viver naquele momento. É
engraçado que não tive o impulso
de documentar aquele mundo novo
que se apresentava à minha volta,
mas sim de me descobrir a mim
mesma. O meu corpo foi uma das
minhas primeiras ferramentas e a
fotografia surgiu como forma de
registar pequenas performances
que eu própria encenava. Depois
comecei a olhar para o retrato na
fotografia e as relações de poder
que se exercem entre fotógrafo,
modelo (ou subject) e espectador. E
foi por fim esta relação triangular
que deu origem à minha tese de
final de curso que intitulei “ The
Disquieting Encounters with the
bodies that look back”. Nesta tese
relacionei três obras problemáticas
deste tipo de relação: o trabalho
de Juergen Teller no seu livro “GoSees”, a obra de Sally Mann no livro
“Immediate Family” e o famoso “Black
Book” do Robert Maplethorpe. Jovens
manequins expectantes à porta do
estúdio do fotógrafo, a sexualidade
das crianças e a masculinidade do
homem negro/ homossexualidade: três
tabus repensados e/ou trabalhados
por estes três artistas.
Por fim, e para quem não conhece
Londres, posso dizer que a Charring
Cross Road fica a 5 minutos da
antiga Photographer’s Gallery para
onde me escapava à hora de almoço, e
acaba na Trafalgar Square, onde se
ergue imponente a National Gallery e
a National Portrait Gallery (os meus
museus preferidos, juntamente com
a Tate)...não terá sido por acaso
que o retrato na fotografia é, ainda
hoje, um dos principais temas do meu
trabalho.
A selecção de imagens que
apresentamos é uma retrospectiva dos
teus trabalhos académicos. Achámos
que esta abordagem poderia de
alguma maneira ilustrar o início do
teu processo criativo como artista.
Explica em traços gerais cada uma
das experiências , o pretendido, as
opções tomadas e porquê.
Esta não é uma retrospectiva
exaustiva do meu trabalho académico,
mas achei que seria interessante dar
a conhecer o trabalho com carácter
performativo que fiz nesses anos,
e que a maior parte das pessoas
não conhece. “MY (PER)FORMATIVE
YEARS” é justamente um jogo com a
palavra “Performativo” por um lado
e “Formação” por outro. No entanto,
a primeira imagem que aparece foi
feita em 2007, na Residência Sítio
das Artes no CAMJAP-FCG, mas que
embora esteja fora do meu contexto
académico, também considero como
fazendo parte de uma experiência de
formação. E é justamente por aqui
que vou começar. “Pergunta-me o que
estou aqui a fazer/ Ask me what am
I doing here” é uma instalação/
performance que constitui a minha
reacção à experiência de ser uma
artista residente no Centro de
Arte Moderna da Fundação Calouste
Gulbenkian durante dois meses, num
contexto interdisciplinar em que nos
foi pedido para pensarmos “O Estado
do Mundo” e trabalharmos naquele
espaço aberto aos visitantes. Resta-me acrescentar que o megafone que
se vê na imagem foi-me emprestado
pela Associação Solidariedade
Imigrante, e é um dos megafones
usados por esta associação nas suas
manifestações de rua.
O trabalho seguinte intitula-se “
Mental Disorders for the Camera”,
foi um dos primeiros que fiz em
Londres, ainda no Foundation Course,
em 2001, e aqui visto uma camisa
de hospital e como o próprio nome
diz, enceno para a câmara poses de
doentes de hospitais psiquiátricos.
“Jesus and The Idiots” foi o meu
primeiro trabalho com recurso
ao vídeo, ainda que apropriado.
Trata-se portanto de um trabalho
conceptual que usa a apropriação
de duas obras de cinema que,
juntamente com o a frase e título da
obra pretendem suscitar um diálogo
entre ambas num novo conceito, ou
interpretação. As peças apropriadas
são, respectivamente, os filmes “
The Gospel According to St. Mathew”
de Pier Paolo Pasolini e “Os
Idiotas” de Lars Von Trier. Em ambos
os filmes há uma ideia de “grupo”
que é explorada, com ideais marcados
de onde sobressai um líder. De um
lado Jesus, visto por Pasolini como
um líder político e protagonizado
por uma pessoa comum (não actor), do
outro lado os Idiotas e a provocação
da questão da diferença em termos
de comportamento em sociedade. Isto
tudo num contexto de arte pública
pois os filmes são mostrados nas
vitrinas da Window Gallery da
Central St. Martins, precisamente na
Charring Cross Road, dia e noite,
non-stop durante uma semana. O que
eu aqui fiz é altamente ilegal, pois
a lei de exibição de filmes não só
proíbe a sua exibição pública sem
autorização dos autores como tive
que literalmente cortar todas as
cenas de sexo explícito no filme “Os
Idiotas” tendo que o re-editar de
uma ponta a outra! Por fim temos o
transeunte, que ao subir ou descer
a rua é acompanhado pelo texto da
vitrina e a provocação “Jesus e os
Idiotas”. No interior do edifício
exibi os dois filmes para quem os
quisesse ver na íntegra.
Ainda em 2004 e ao encontro do
meu questionamento das relações
de poder na fotografia, fiz a peça
“The Place”. Estas são imagens
feitas num dos estúdios de dança da
London Contemporary Dance School,
que também tem o nome de “The
Place”. A situação montada por mim
é a seguinte: eu estou sentada no
background, tenho um par de sapatos
altos semelhantes aos usados pelas
modelos do Helmut Newton que depois
descalço, a câmara está montada num
tripé e o dançarino tem um longo
cabo disparador ligado à máquina e,
enquanto dança, fotografa-se a ele
próprio.
A peça seguinte é a minha resposta
à questão do “momento verdadeiro”
num registo fotográfico. Para tal
criei este circuito que dá o título
à peça: “Circuit”. O circuito começa
no walkman que toca músicas de que
gosto, estes estímulos musicais
percorrem depois o meu corpo que
em reacção pressiona o disparador
da máquina que por sua vez congela
o momento numa imagem. Depois de
impressas em tamanho real, estas
imagens deram origem às seguintes em
que o registo anterior se cruza num
novo registo. Conclusão: a verdade
de uma imagem é uma impossibilidade
que depende da crença de uns e do
ponto de vista de outros.
Seguem-se as polaroids do meu
sketcbook que realizei como estudos
de postura para as imagens a preto
e branco que aparecem no fim e que
fizeram parte do meu trabalho final
de licenciatura. As imagens falam
por si.
Após cinco anos e revendo todas
essas experiências passadas, como
caracterizas o teu percurso? Sentes
que houve uma evolução no sentido em
que já não te revês nestes registos,
ou pelo contrário, achas que eles
são o suporte de um trabalho que
continua vivo?
São sem dúvida o suporte de tudo
o que fiz a seguir. A obra de um
artista faz parte de um processo
de evolução e maturação. Na minha
opinião, os anos de formação de
um artista são essenciais para
experimentar coisas, sem medo de
errar, é essencial falhar até. As
preocupações continuam lá mas ao
mesmo tempo que nos transformamos
como pessoas assim se transforma
também o nosso trabalho. O meu
trabalho é a minha vida, e vice-versa. Sou incapaz de ceder a
modas. E afirmo veemente, como
apreciadora de arte, que gosto dos
artistas cujo trabalho reflecte
maturidade, que vai ao fundo das
questões, que não é um exercício de
vanidade, de moda, ou de rebeldia
gratuita. Desiludo-me muitas vezes
quando vejo exposições em que parece
que foi agora, no ano 2009, que se
descobriu a arte conceptual, como
se ela não existisse há mais de 50
anos, espanta-me ver artistas a
mostrarem o que outros já fizeram há
40 anos atrás e acharem que estão
a mostrar algo de novo. A questão
agora não é a da liberdade mas o
que fazer com ela. “Get over it,
react to it”, é o que me apetece
dizer-lhes. O culto da personalidade
em relação aos artistas e às artes
plásticas tem data de validade. É
uma moda que espero seja passageira
porque um bom trabalho é intemporal
e não precisa de uma assinatura.
Se tens alguma coisa a dizer diz,
senão é melhor ficares calado. E
aborrece-me a arte sobre arte,
aquilo que me motiva é a vida. Mas
isto são desabafos. Eu tenho apenas
28 anos mas acho que falta muita
maturidade a muitos jovens artistas
que acabam por usar as “bengalas”
conceptuais e formais de artistas
mais velhos para legitimarem e
“camuflarem” o facto de não terem
ainda “maturado” o seu trabalho e
não terem nada de verdadeiramente
original para mostrar. Voltando à
minha experiência académica, há uma
coisa na St. Martins da qual me
orgulho muito - a nossa avaliação
era resultado da seguinte equação:
30% para a tese final, e o resto
dividido entre a originalidade e o
domínio da técnica. Isto diz muito.
Discurso, originalidade e técnica é
o que, para mim, faz um bom artista.
E isto é resultado de anos de
trabalho.
Voltando ao meu trabalho, estes
foram os alicerces para a busca que
continuo ainda hoje. Se olharmos
para os meus últimos trabalhos,
a ideia de “grupo” subsiste,
semelhante à questão que comecei em
“Jesus and the Idiots”. Na minha
última exposição, “Boys Need Yoga
Too”, as mulheres de Xangai foram
retratadas por mim no seu dia-a-dia,
estas não são imagens encenadas por
mim, há quem lhes chame snapshots,
ou registos documentais, pois o
que é um snapshot senão o registo
da coisa mais encenada de todas
que é a nossa postura no dia-a-dia? E isto leva-me de novo ao
encontro da linguagem da moda, que
em última análise é o estudo do
comportamento e da forma como ele
é encenado por cada um de nós na
chamada “performance of everyday
life”, comunicar com o corpo. É um
lugar comum a evitar a comparação
disto com Fotojornalismo, uma
área completamente diferente que
tem todo o seu mérito mas com uma
função muito específica que é a de
“ilustrar” notícias.
anteriormente, o que me levou a
estudar Design de Moda durante
um ano foi precisamente a sua
comunicação enquanto imagem e como
trabalho de autor. Gosto muito
do trabalho do Juergen Teller e
do Hedi Slimane, por exemplo. O
trabalho da Diane Arbus, que admiro
profundamente, e que é considerada
uma das maiores fotógrafas
americanas e das mais bem cotadas
no mercado da Arte, era quase todo
feito em resposta a briefings para
revistas. Também o Wolfgang Tillmans
que acabou por ganhar o Turner Prize
, o mais conceituado prémio de Artes
Visuais, começou como fotógrafo de
moda. Existem muitos mais, Philip
Llorca-di-Corcia, etc... Não é fácil
conseguir o que eles conseguiram.
Eu acho que depende muito da
pessoa e há algo de inato também.
O que vejo como uma das maiores
diferenças entre aqueles que são
verdadeiramente autores e os que por
seu lado são apenas executantes de
tendências, é o tempo que dedicam à
pesquisa de uma linguagem própria
e a pensar a imagem dissociada de
fins comerciais. Um artista dá
prioridade ao tempo que despende
nessa pesquisa enquanto a maior
parte dos fotógrafos de moda e
publicidade opta por responder a
briefings de forma rápida, porque
nestas área tempo é dinheiro, tendo
que ir ao encontro das expectativas
dos clientes e acaba por não ter
tempo para “maturar”, um estudo,
crítica, interrogação e pesquisa da
sua expressão pessoal. Como disse
é uma questão de opção, de estudo,
de treino do olho, e algo de inato
também. Eu prefiro abdicar de certos
confortos materiais para me permitir
ter tempo para continuar a minha
exploração pessoal como autora. Mas
no meu trabalho é óbvia uma certa
influência da linguagem de moda
não só porque trabalho a “pessoa” e
o “grupo”, a performatividade das
pessoas no seu dia-a-dia (há quem
lhes chame discursos identitários),
o que não me aflige desde que seja
entendido como “identidade” um
conceito fluido e plural. Um dos
objectos de estudo da minha tese foi
precisamente o livro “Go-Sees” do
Juergen Teller, ao qual me referi
anteriormente.
A fotografia de moda tem vindo a
estabelecer barreiras cada vez mais
ténues com a fotografia de autor.
Houve uma enorme evolução no que
diz respeito a registos e novas
abordagens na maneira de interpretar
a moda. A fotografia de moda deixou
de ter exclusivamente o papel de
mostrar roupa e para ir muito mais
além. Sentes-te de alguma maneira
atraída por esta área e achas que
existe alguma influência de registos
deste género no teu trabalho?
Sim, claro. Como disse
Quais os fotógrafos que te
influenciam ou que poderão ser uma
referência para o teu trabalho?
Robert Frank, Rineke Dijkstra, Paul
Graham, Juergen Teller, Wolfgang
TIllmans, Bertien Van Manen, Daido
Moryiama, Helen Van Meene, Diane
Arbus, Boris Mikhailov, Raymond
Depardon, Larry Clark, Patrick
Faigenbaum...são tantos, alguns
já referi atrás... vejo uma certa
identificação do meu trabalho com
o trabalho de algumas fotógrafas
holandesas. Existe no Norte da
Europa uma grande tradição de
fotografia e de retrato. Será que
nasci no país errado?...
Achas possível viver da fotografia
de Arte sem ter de recorrer a
estratégias mais comerciais?
O meu objectivo último é esse, mas é
muito difícil em Portugal. Nos EUA,
por exemplo, investir em fotografia
é tão ou mais rentável que investir
na Bolsa. Mas há trabalhos que me
são encomendados que me dão imenso
gozo fazer e se tornam desafios para
mim, como por exemplo o convite
que me foi feito o ano passado
para fazer um ensaio fotográfico
sobre Lisboa para o Livro “Lisboa
Mistura”. Ou o painel que fiz para o
muro da Fundação Calouste Gulbenkian
em que fotografei um grupo de
jovens em Carcavelos, tocando na
ferida do Arrastão e que teve enorme
impacto mediático. E por que não
experimentar algo relacionado com
a fotografia de moda no sentido
autoral? Dou o melhor de mim em tudo
o que faço. Conheço muitos artistas
que paralelamente desenvolvem
trabalhos comerciais, simplesmente
uns assumem e outros não.
E como sou viciada em música tenho
como hobby o Dj’ing.
Imaginas-te a futuramente a
continuar a trabalhar no registo
fotográfico, ou gostarias de
explorar outras áreas?
Também sou uma apaixonada por cinema
que é fotografia 24 vezes por
segundo e na St. Martins frequentei
um seminário ministrado pela Clare
Lofting intitulado “Visual Pleasure
in Narrative Cinema”. O tempo e o
som aliados à imagem é algo que
futuramente gostaria de juntar à
minha prática, mas de momento, muito
se pode passar na superfície de uma
única imagem...em projectos recentes
comecei a usar novamente o vídeo,
num futuro próximo poderão ver
trabalhos meus em que a still image
vai estar lado a lado com o vídeo.
Projectos para um futuro próximo...
Lançar o meu artist book “Luso-Tropicália” algo em que estou a
trabalhar há já dois anos, e que
conta com uma introdução muito
interessante do Miguel Vale de
Almeida a respeito do meu trabalho;
apresentar três trabalhos inéditos
que estou neste momento a editar,
um deles feito no Museu de Arte
Contemporânea MOCA em Xangai, outro
relacionado precisamente com o
culto da personalidade e ainda um
outro vazio de presença humana.
E o resto é surpresa! Mas quero
sobretudo continuar a fotografar e
a mostrar tanto trabalho que já fiz
e que ainda não tive oportunidade
de mostrar devido aos elevados
custos associados à produção de uma
exposição. Outros projectos
prestam-se mais ao formato livro,
que me agrada bastante. Pena termos
um meio editoral pequeno nesta área,
acabam por ser os próprios artistas
a fazer edições de autor ou a criar
as suas próprias editoras.
Num futuro muito próximo terei os
meus websites actualizados, um com o
meu trabalho artístico:
www.tatianamacedo.com e outro
que é um projecto a nascer com
commissioned work que tenho feito
e que se vai chamar “Oh Captain My
Captain”.
Também não ponho de lado a ideia
de voltar a sair para fazer um
Mestrado. Let the future come
e veremos, quando o futuro for
presente.
/
cinema verde
CINEMA
Depois do cinema sonoro e da cor, eis senhores, o “cinema verde”
Por Carlos Natálio
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Uma
verdade incontestável. Mas quem estiver mais
ou menos atento, sabe por certo, que, por
agora, a mudança de ambos é tanto um ideal como
um negócio. E, porque não dizê-lo, uma moda?
Expressões como “less is the new more” ou “gay
is the new black” carregam na sua ideia de
transformação, a vontade de regresso ao básico:
simples, felizes e eficientes parecem definir
a saúde emocional da contemporaneidade.
Recentemente, há mais um fetiche a ter em conta:
“green is the new gold”. Impossível não reparar
nas campanhas ecológicas que se instalaram em
quase todos os sectores da actividade humana
e com elas trouxeram discursos acesos, novas
oportunidades de trabalho e novos rituais de
afirmação. No seio de um movimento ainda pouco
discernível, ainda demasiado coração e pouca
cabeça, a ideia comum é simples: salvar o planeta
é fácil e está nas mãos de cada um.
O cinema enquanto arte popular, de enorme
exposição mediática, desde cedo se afirmou como
um medium por excelência poderoso para transmitir
mensagens políticas. E claro, a cor política da
moda é o verde. Desta feita, o cinema
tem-se multiplicado em mensagens ecológicas, com
as suas estrelas a dedicarem parte da sua agenda
social à sensibilização dos seus públicos para a
poluição do planeta e para o uso de energias e
produtos renováveis. Claro que neste manifesto é
tão importante o que se diz como o que se faz ou
o que se veste. Por isso, sites como o ecorazzi
alimentam-se já duma mistura de paparazzi que
expõe a relação das estrelas da cultura pop com
o dito green mouvement. Esta generação já tem
nome, a “e-generation” - onde o “e” significa
“environment”. Em redor dela, multiplicam-se
os eventos onde as estrelas surgem trazidas por
limusinas movidas a combustíveis não poluentes,
desfilando em passereles ecológicas, com roupas
feitas de materiais recicláveis.
E esta geração expõe avidamente telemóveis,
painéis solares, computadores e outros objectos
agora transformados para acompanhar essa maré
verde. Deste caos ecológico todas as grandes
marcas querem fazer parte o mais rapidamente
possível porque percebem que por trás de um
verde, outro verde se esconde. Por exemplo,
a campanha “GUESS is green” fez disparar as
vendas da conhecida marca no passado recente.
Além do lado expositivo e da parafernália,
o cinema mainstream tem usado crescentemente
o seu screen time para veicular essas mensagens
ecológicas. São cada vez mais os filmes que lidam
com a questão da poluição do planeta. São cada
vez mais as cenas em que as personagens agem
de forma sustentável: separam o lixo, consomem
produtos recicláveis ou até no simples acto de
desligar a luz quando saiem de uma divisão na sua
casa. São chamadas as formas subtis de tornar os
argumentos de Hollywood mais “verdes”.
Com toda esta revolução em curso poderia surgir,
de alguma forma, como um paradoxo que o cinema
se prontificasse a veicular este novo estilo de
vida saudável e não se esforçasse, ele próprio,
enquanto fábrica de objectos audiovisuais, por
produzir essas imagens e esses sons de forma
ecológica. Por isso, a sétima arte está em plena
transformação, transformação essa cujo termo se
prevê num sistema audiovisual que não utilize
combustíveis fósseis. Um cinema que, no extremo,
consiga mostrar imagens de extrema destruição do
planeta, como a bomba atómica, por exemplo,
e fazê-lo de forma sustentável.
Tudo começou em 2006 quando a UCLA (Universidade
da California em Los Angeles) publicou um estudo
entitulado “Sustentabilidade na Indústria
Cinematográfica”. Entre outras coisas, o estudo
demonstrava que a indústria de Hollywood produzia
um impacto no ecossistema californiano superior à
indústria aeronáutica. Estudou-se sector a sector
da produção de um filme, desde a concepção da
ideia, à distribuição, passando pelas rodagens,
avaliando o impacto de cada etapa no ambiente.
Concluiu-se que era sobretudo no consumo de
energia, que à indústria cinematográfica estava
associado, que se podiam melhorar procedimentos e
minimizar a pegada de carbono que o cinema deixa
atrás de si.
Na sequência deste estudos outros se seguiram,
confirmando o cinema como uma indústria
poluente, incitando a uma tomada de posição.
O que se seguiu foi rápido e indistinto.
Começaram a surgir grupos de cineastas, depois
organizações, nos Estados Unidos, Canadá, Nova
Zelândia que tinham como primeiro objectivo
localizar e quantificar a pegada de carbono
das suas produções de cinema. Depois, os
primeiros esforços da sétima arte foram ainda
no domínio do “ofsetting” (quantificar o
prejuízo ambiental de determinada actividade
e compensá-la monetariamente, suportando
investigação e causas ambientais de organizações
especializadas). O blockbuster “Syriana”de
Stephen Gaghan, de 2005, já lá vão quatro anos,
foi o primeiro filme a anunciar orgulhosamente
essa preocupação de compensar o seu lastro
poluente. Mas cedo se chegou à conclusão que
essa era uma estratégia de minimização e não
resolução do problema. Movimentos como o “Green
Code Project” no Canadá, ou o “Greening the
Screen” na Nova Zelêndia, popularizaram-se,
concebendo códigos detalhadíssimos, por sector,
dos melhores procedimentos a adoptar numa
produção cinematográfica. Estes contêm medidas
tão variadas como a substituição das lâmpadas
nos sets, construção de cenários recicláveis ou
a minimização do uso de energias não renováveis.
E rapidamente passaram a ter aplicação com
invejáveis vantagens para o planeta e, surpresa
ou não, poupança de dinheiro na ordem dos
milhares. O gigante Warner Brothers, um dos
estúdios mais empenhados nesta viragem na forma
de fazer entertenimento, avança no seu site,
por exemplo, que poupa cerca de um milhão de
dólares por mês apenas com a substituição da
iluminação dos seus estúdios por lâmpadas menos
poluentes. Ou a Walt Disney, que quando anunciou
a sua campanha de impressão de argumentos em
dupla página (com as alterações a surgirem
em attachments, de preferência electrónicos),
espantou meio mundo com os ganhos orçamentais.
E eis-nos chegados ao presente. Hoje todos os
estúdios têm o seu código de procedimentos
ecológicos e não se passa uma semana sem que
não seja anunciada a não dependêndia de energias
fósseis num novo canal de televisão ou popular
série. Entre muitos, contam-se os já ecológicos,
“American Idols”, “24”, “Futurama”, “Lost”, etc.
A fechar o círculo, surge uma quantidade enorme
de pequenos negócios que populam em torno da
indústria audiovisual, cada um com diferentes
produtos e serviços que ajudam ao novo “cinema
verde”. Há para todos os gostos: desde empresas
de catering com produtos biológicos, rent a
cars com veículos movidos a gás, empresas que
se encarregam da reciclagem de lixo e outros
produtos durante as rodagens, etc.
Com a cimeira de Copenhaga, onde se irá discutir
o sucessor do polémico Protocolo de Quioto,
a poucos meses de distância, o cinema parece
avançar a passos largos para se tornar uma
indústria completamente sustentável. Por muito
que neste movimento haja espaços para aspirantes
a milionários, cínicos e outros green washers,
o certo é que o movimento de ecologização da
actividade humana é apenas uma manifestação da
necessidade do Homem se aperfeiçoar. Se sabemos
como fazer as coisas de forma mais eficiente e
mais acéptica porque não fazê-lo? Afinal,
mudam-se os tempos, mantém-se a inteligência...
nas
fronteiras
do
rea
/al Arte
Khalil Joreige e Joana Hadjithomas
Cinema libanês contemporâneo
por Francisco Vaz Fernandes
Num quadro de guerra, o registo e pesquisa
documental que garanta elementos de prova, são
algumas das formas que dirigem/traçam
a filmografia dos libaneses Khalil Joreige
e Joana Hadjithomas recentemente homenageados na
17ª edição das Curtas de Vila do Conde.
0s cineastas tornaram-se conhecidos por
recorrerem a imagens de arquivos públicos
ou pessoais para engendrarem destruições
e desaparecimentos com evocações a um real
próximo e vivido. Por isso, todo o seu cinema
é uma permanente interrogação sobre o poder da
representação das suas imagens, a sua capacidade
de repor a verdade e o real vivido. Interrogam-se
ainda sobre o que essas imagens representam em
termos individuais e colectivos, sobre a forma
como configuram a figura da vítima e do herói
nesse cenário de guerra. Conduzindo um cinema
de inspiração documental Khalil Joreige e Joana
Hadjithomas procuram enfrentar o real de uma
forma tão improvável que grande parte das suas
cenas ganha uma aparente dimensão ficcional sendo
a barreira com o real bastante diminuta.
Isso é muito evidente na sua última
longa-metragem “Je Veut Voir “ que tem Catherine
de Deneuve como protagonista. Convocada como
actriz e testemunha, empresta a sua figura
icónica para enfatizar uma errância incrédula por
um território estilhaçado pelas guerras. Deneuve
deu um empurrão definitivo na carreira do casal,
que chegou a Cannes com este filme tendo sido
unanimemente aclamado. Desta forma, o cinema de
Khalil Joreige e Joana Hadjithomas pode chegar
a um público muito mais vasto e merecer várias
retrospectivas recentes, entre as quais,
a de Vila do Conde.
A retrospectiva nas Curtas de Vila do Conde
A retrospectiva de Vila do Conde esteve
dividida em dois momentos, um expositivo e outro
projectivo. Em exposição estiveram presentes
seis instalações vídeo enquanto que na sala de
projecção (integrada no calendário de projecções
das Curtas) encontraram-se os seus dois filmes
mais recentes e as duas curtas mais antigas.
Relativamente à exposição, é de destacar Lasting
Images (2003) que, projecta três minutos de um
filme Super-8 realizado por um tio de Joreige,
que foi raptado durante a guerra civil,
não deixando traços do seu destino, tal como
aconteceria a mais de 17 mil outros libaneses.
1
O filme encontrado, estava bastante danificado,
quase em branco tendo sido submetido a vários
processos recuperação de cor. O que se pode ver
agora são trechos muito deslavados onde
se reconhece vagamente algumas formas mas que
não ajudam no sentido geral. Por isso é um filme
basicamente imperceptível, que no evidente
desaparecimento do seu registo com o tempo,
empresta um sentido de coisa ininteligível,
um gesto que para os autores substancia o
desaparecimento do tio.
Numa outra obra, “Distracted Bullets” (2006)
volta a evocar as marcas mais indizíveis
da guerra do Líbano. Mostra cinco vistas
nocturnas de Beirute captadas a partir de uma das
suas colinas, em momentos diferentes
que passam separadamente em cinco monitores
vídeo. Ou seja, cada gravação vídeo mostra um
plano aéreo marcado por uma festividade, dando
conta da tipografia da cidade, dos bairros
que celebram e dos que permanecem em silêncio.
Sobressaiem neste trabalho as suas divisões
profundas, as diferenças entre comunidades
que coabitam e que marcam o território urbano.
Na verdade, na primeira impressão não ficamos
com sensação de estar a viver um momento
de festividade, antes pelo contrário, um episódio
afastado de guerra aberta no interior da cidade,
dado o número de disparos e os gritos abafados
que ouvimos. O rebentar do fogo de artifício vem
apaziguar a dúvida, mas ao mesmo tempo, vem-nos
relembrar que no rubro da felicidade, muitas
dessas balas perdidas terminam em tragédia, com
algumas pessoas mortas. É esse o retrato final
de uma sociedade violenta, que os realizadores
procuram revelar, enfatizando a pequena fronteira
que existe entre a felicidade e o desespero
na sua sociedade.
Já mais conhecida e aplaudida, pode-se ainda ver
nesta exposição, a dupla projecção vídeo de Khiam
(2001-07). Neste trabalho temos o testemunho
de seis prisioneiros junto dos destroços daquilo
que foi um campo de concentração. Lamentam-se
sobre a transformação do local e no fundo, sobre
a falta de um suporte credível que guarde
os vestígios da insuportável realidade que
viveram e que não podem ser contidos num museu
que se constrói para esse efeito.
2
1 Curta metragem, “Lasting Images” (2003) / 2 Curta metragem, “Distracted Bullets” (2006)
3
4
Os autores voltam novamente à questão complexa
da representação das imagens, sendo o cerne do
problema, a questão da representação da política
vexatória dos prisioneiros.
Para os realizadores não importa só empolar
os episódios de sobrevivência desses seis homens
mas também a tentativa de esquecimento de toda
uma sociedade que procura apagar a sua história
recente. Para todos os efeitos, Khiam baseia-se
na oportunidade de fazer com que os destroços
possibilitem a emergência de palavras e no poder
do cinema para mudar o curso dos acontecimentos.
Ele cumpre assim o seu dever de memória.
É um filme que ganha ainda um outro valor
simbólico já que o seu o contexto de produção
medeia seis anos, simbolicamente um período em
que após o fim da retirada israelita
do território libanês em 2000, nasce
a preocupação de alguns intelectuais libaneses
desenvolverem a promoção de uma cultura árabe
contemporânea, experimental e crítica.
Khiam de Khalil Joreige e Joana Hadjithomas
destacam-se por muitas razões e pela necessidade
de discutir um projecto cultural a médio prazo,
na sua própria cidade e no seu próprio contexto.
As longas metragens
5
Relativamente aos filmes projectados, obviamente
ganham destaque as suas duas únicas longas
metragens, Perfect Day e Je Veut Voir.
No primeiro, os realizadores entram no terreno
ficcional tendo em conta as suas próprias
experiências pessoais e colectivas explorando
o tema da perda. Nesse filme, as duas personagens
principais, mãe e filho, vivem a perda do amor.
A mãe, a do marido desaparecido há mais quinze
anos na guerra, e o filho, a da namorada
que cortou com a relação. Perfect Day marca
o dia em que a mãe aceita definitivamente a morte
do marido começando todo o processo de luto
e o filho reencontra a namorada.
Perda e esperança jogam-se aqui como metáforas da
vida.
Já o último filme, Je Veut Voir, o lado
documental, que caracterizou sempre a sua obra,
volta a ser mais marcante. Este filme que passou
recentemente no circuito comercial português,
parece ser uma tentativa de percurso topográfico
onde mais do que a representação dos factos,
o que está em jogo é a sua apresentação.
Todo o percurso demonstrativo e testemunhal
faz-se pela mão de Catherine Deneuve e do seu
par, o actor libanês Rabih Mroué. O que vamos
descobrindo é um território em estado de caos,
devastado pelas bombas de Israel contra
o Hezbollah em 2006. A actriz desloca-se como
espectadora. Toda a extensão do cenário é-nos
dado pelos olhos de Deneuve, pela sua curiosidade
e testemunho de um país devastado.
A esse propósito, podíamos falar de um
ressurgimento de cinema directo e de
intervenção. No entanto, o filme não se torna
muito explicativo nem sequer especulativo. Os
realizadores optam muitas vezes pelo silêncio
e contenção, mais do que o comentário gratuito.
Deneuve quase não fala. Ela olha. Ela quer ver
tudo e a câmara como que hipnotizada pela sua
figura, apenas a segue.
Todo o trabalho sobre a credibilização de
“Je Veux Voir” passa precisamente por essa
aparente neutralidade evitando um voyeurismo
macabro e a exposição desnecessária do sofrimento
e da humilhação humana. Naturalmente neste cinema
reportagem, em cada imagem sobressai todo
o carinho de Khalil Joreige e Joana Hadjithomas
pela sua terra natal. Cada imagem surge-nos
com a ternura com que se cuida de um familiar
moribundo. O lado testemunhal e directo produz
um jogo sempre interessante sobre o ficcional
que tenta emergir. Quando Deneuve conhece pela
primeira vez o actor Rabih Mroué com quem
vai contracenar, é na verdade, a primeira vez
que o conhece. Sentimos aquele desconforto e
curiosidade entre dois profissionais que vão ter
que viver um longo período juntos. Todo o diálogo
entre eles parte de um improviso nas margens
de um script imposto.
Esta questão do real nas fronteiras
do ficcional é de facto o que este casal de
cineastas está mais interessado em interrogar.
O espectador é sumariamente encostado contra
a parede e obrigado a pensar no que podem
transmitir estas imagens contra a opacidade
do real e o que podem fazer face a um puzzle
complexo da realidade de uma guerra.
O cinema de Khalil Joreige e Joana Hadjithomas
enche-nos de esperança contra as interdições
políticas ideológicas propagandistas que
estratificam a realidade e ofuscam a visão.
3 Curta metragem, Khiam (2001-07) / 4 Longa metragem, “Perfect Day” / 5 Longa metragem, “Je Veux Voir”
/
fábrica dos sonhos
1
2
“Todos têm o direito de poder gozar o prazer de uma pequena obra de
arte dentro da própria casa”. Alberto Alessi
por Chiara Vecchio
Fundada em 1921 em Crusinallo de Omegna, nos
alpes italianos, Alessi é hoje uma das marcas
italianas de objectos de design mais conceituada
no mundo.
A Casa Alessi, apesar de recorrer às tecnologias
mais avançadas, tem uma alma artesanal.
A brand, criada pelo artesão/empreendedor
Giovanni Alessi, começou com uma produção
artesanal de objectos em metal como o cobre,
a alpaca e o latão, para passar mais tarde à
utilização de aço inoxidável na produção de
panelas e talheres.
É com a entrada de Carlo Alessi na empresa,
o filho de Giovanni, que a marca se torna nos
anos 50 o estandarte do design made in Italy.
Carlo, o criador da intemporal linha para chá
e café “Bombé”, fez com que a casa de família
passasse entre a década de 30 e a década
de 50, de uma dimensão artesanal para uma
dimensão industrial, com exportação para mais
de sessenta países e com a inovação de começar a
usar inox em vez da alpaca ou do cobre.
Alberto Alessi, actual director geral da marca,
entrou na empresa de família nos anos 70
e desenvolveu a ideia do design e da arte
aliados, se tornarem o novo objectivo da empresa.
A filosofia de Alberto sempre teve como principal
finalidade divulgar o gosto pelo design de
interiores, atingindo um público vasto: tanto
os mais exigentes como uma faixa de população
com menos poder de compra. No fundo um design
democrático. “Todos têm o direito de poder
gozar o prazer de uma pequena obra de arte
dentro da própria casa”, e este ambicioso
objectivo foi concretizado por Alberto através
da aplicação do conceito da “Arte multiplicada”.
Alberto interpreta a necessidade da sociedade
contemporânea capitalista se rodear de objectos
“de sonho”, e a fábrica nos Alpes italianos é,
neste sentido, uma Fábrica de Sonhos: dos sonhos
de grandeza de Giovanni Alessi nos anos 20, dos
sonhos de Alberto, cinquenta anos mais tarde,
e dos sonhos de todos os consumidores que se
apaixonam pelos objectos que embelezam
as suas casas.
Para realizar este ambicioso projecto, Alberto
Alessi abre as portas da empresa familiar às
várias colaborações e a nomes importantes do
design internacional, tais como Gió Pomodoro,
Philippe Starck e Ettore Sottsass.
O mundo das Artes também é convidado a contribuir
nesta nova missão da marca. Entre vários nomes
destaca-se o de Salvador Dalí, que chegou a
apresentar um protótipo para a Casa no norte
de Itália. Estes designers e artistas
que colaboram com a marca, trazem não só
prestigio mas principalmente novas ideias
e diferentes pontos de vista capazes de
satisfazer qualquer tipo de consumidor.
Desde os projectos funcionais de Ettore Sottsass
ao design divertido e provocador de Alessandro
Mendini, a Alessi tem uma variedade de produtos
que leva Alberto, nos anos 90, a querer
reformular, através uma reclassificação das
colecções, a estrutura interna da marca.
Alberto apercebe-se da grande variedade de
produtos presentes no catálogo Alessi, e da
grande diversidade que há entre alguns produtos
em termos de preço. Decide assim de dividir a
marca em três categorias, A di Alessi, Alessi, e
Officina Alessi, deixando claro que
“ As três colecções têm que ser interpretadas
como vertentes de uma identidade empresarial
única e íntegra; estes são elementos que
expressam os diferentes aspectos do nome Alessi”.
A Officina Alessi inclui os produtos mais
sofisticados, edições limitadas e até peças
únicas. É o catálogo que contém as criações mais
inovadoras e até mais experimentais, que fogem
aos limites impostos pela produção industrial.
O público é exclusivo e tem maior poder
de compra.
A linha Alessi interpreta a tradição de alto
nível de qualidade e de produção industrial,
própria da empresa, de artigos para a casa, com
qualidade a nível tecnológico e projectual, sendo
dirigido a um público de um nível sócio-económico
médio-alto.
A colecção do catálogo A di Alessi é a
interpretação da arte para todos, porque oferece
uma vasta gama de propostas de diferentes
designers a preços competitivos e acessíveis.
A di Alessi é a realização do lema de Albertooferecer imagem e design a um público mais amplo,
sem prejudicar qualidade e criatividade.
1 Saca-rolhas “Sun Dream” Especial edição de Alessandro M. corkscrew para Alessi / 2 Chaleira, Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa para OFFICINA
ALESSI / 3 Linha de chá e café, Carlo Alessi para ALESSI, 1950 / 4 Espremedor de citrinos, Philippe Starck para ALESSI
4
3
/
novas tecnologias
Vestuário e tecnologia
A individualização dos produtos está a crescer em várias etapas da produção, pode ir da co-criação à
customização de um produto final, as hipóteses são inúmeras, e as formas do potencial utilizador participar são
cada vez maiores. Esta filosofia é defendida por alguns como uma forma de consumir produtos de forma sustenta
e amiga do ambiente. Uma vez que se reduzem os desperdícios com os excessos de produção, porque só há produção
quando há cliente. Contudo, a maior vantagem de todas é que, com maior frequência, podermos comprar o produto
que melhor se adequa às nossas necessidades, sejam elas estéticas, funcionais ou religiosas.
Alguns exemplos de empresas que pensam em nós, potenciais utilizadores e clientes:
por Michele Santos
Tailor4less
Nike ID
A Tailor4less foi fundada com o intuito de levar
fatos e camisas feitas à medida para todo o
mundo. São uma espécie de intermediários entre
o cliente, as suas necessidades e os alfaiates
que executam cada um dos pedidos. Pensada para
a era low-cost, onde a qualidade e a elegância
são compatíveis com o preço, a sua mensagem
sintetiza-se em Affordable elegance.
As possibilidades de combinações são mais de
500.000. Os fatos ou as camisas criadas por
si serão únicas, ao seu gosto e à sua medida.
Algumas das vantagens são a grande variedade
de tecidos, ingleses e iatalianos; os portes
gratuitos para encomendas superiores a € 100;
e 15 dias para receber as suas escolhas em casa.
Os preços dos produtos vão dos €15 para botões
de punho, gravatas desde €12, camisas desde €36
e fatos desde €165.
Cada peça é feita uma a uma usando os tecidos
seleccionados pelo cliente. A tailor4less
acredita que cada fato ou camisa feita à medida
tem uma identidade própria e nunca poderia ser
produzida através de moldes já preparados.
A Nike tem um serviço de customização de
alguns dos seus modelos de calçado, vestuário
e equipamento. As hipóteses de customização
podem ser estéticas ou técnicas. Dentro da
customização estética podem-se escolher entre
as várias opções apresentadas, as cores, os
materiais e a colocação de uma identificação
pessoal. Para a customização técnica, destinada
ao aumento da performance desportiva, vocacionada
sobretudo para o calçado, existe a possibilidade
de escolha de tamanhos estreitos ou largos,
grandes ou pequenos, de tamanhos diferentes
para cada um dos pés ou de solas exteriores. As
pessoas são incentivadas a demonstrarem a sua
individualidade, a marcar diferença. Resumindo,
o cliente redesenha modelos existentes e a Nike
produz e fá-los chegar até à sua casa.
http://en.tailor4less.com
Zazzle
Ponoko
A zazzle é uma plataforma de venda para
consumidores e marcas, oferece milhões de
produtos de qualidade, produtos particulares,
quase todos produzíveis em 24 horas. Dadas as
suas características e multiplicidade de opções
intitula-se uma empresa infinita e instantânea.
Oferecendo uma vasta gama de produtos
customizáveis no qual a tecnologia permite que
os utilizadores criem instantaneamente objectos
de acordo com o seu gosto pessoal. A sua missão
centra-se na redefinição do comércio, fortalecido
pela imaginação mundial e pela fabricação segundo
a procura (onde os produtos só são fabricados se
houver procura e na quantidade pretendida). Um
mercado verdadeiramente democrático onde qualquer
pessoa pode criar e/ou vender a sua peça sem
nenhum custo à cabeça.
Ponoko é um espaço onde se podem comprar objectos
originais e individualizáveis, desenhados e
especialmente produzidos para os consumidores. No
website existem 3 possibilidades de utilização:
- de comprar os objectos que existem na loja;
- de requisitar a um designer que desenhe um
objecto especial, segundo uma ideia nossa;
- de criar ou de fazer algo para nós.
E ainda, se nos quisermos tornar em verdadeiros
empreendedores, podemos vender produtos
produzidos por nós, usando a página de web
commerce. Aparentemente sem taxas de comissão de
venda, de compra, de colocação de anúncios, ou
seja, de forma simples e eficaz.
http://nikeid.nike.com
http://www.zazzle.com
http://www.ponoko.com
/
expos
por Susana Lage
Arte de rua: “Born in
the Streets - Graffiti”
Das carruagens do metro
para as estações de
comboios, o graffiti
foi um movimento que
rapidamente se tornou
fenómeno mundial e
hoje está presente um
pouco por toda a parte,
sendo reconhecido
enquanto cultura
popular. No entanto, a
sua origem continua a
ser desconhecida para
muitos.
A exposição “Born in
the Streets - Graffiti”
pretende contar a
história desta arte
‘ilegal’ que começou
em Nova Iorque, nas
ruas de Manhattan,
Bronx e Brooklyn nos
anos 70 e mostrar as
diversas técnicas,
estilos e ideias que
utiliza. Ao mesmo tempo
que traça a origem do
movimento do graffiti,
a mostra oferece
um panorama sobre
a diversidade desta
escrita contemporânea.
Para ilustrar essa
variedade, a Fundação
Cartier convidou dez
artistas, de diferentes
países e épocas,
para criarem obras
especialmente para a
exposição. As peças
ocupam toda a galeria,
bem como a fachada de
vidro do edifício e o
jardim circundante. No
primeiro fim-de-semana de cada mês,
os artistas estarão a
‘graffitar’ grandes
posters ao vivo.
Até o dia 29 de
Novembro, em França,
“Born in the Streets
- Graffiti” recria um
universo artístico a
não perder. A exposição
está aberta ao público
todos os dias, excepto
à segunda-feira, das
11h00 às 20h00.
Twiggy: ícone faz 60
anos
Twiggy completou 60
anos no passado dia 18
de Setembro e recebeu
uma homenagem à altura.
No National Portrait
Gallery, em Londres,
foi inaugurada uma
exposição e lançado um
livro sobre a sua vida,
ambos com o mesmo nome:
“Twiggy: A Life in
Photographs”.
A famosa modelo
nascida em Inglaterra
em 1949 tornou-se
mundialmente conhecida
pelo seu estilo muito
próprio: cabelo curto
e olhos gigantes. Mas
o talento de Twiggy
estendia-se para além
da moda até ao mundo do
espectáculo, onde foi
actriz de televisão,
cinema e palco, mas
também cantora, tendo
editado mais de uma
dúzia de álbuns.
Com mais de quarenta
anos de profissão, que
ainda não terminou,
Twiggy trabalhou com
alguns dos melhores
fotógrafos do mundo,
como Cecil Beaton,
Richard Avedon,Ronald
Traeger, Norman
Parkinson, Annie
Leibovitz e Steven
Meisel. As mais
icónicas e importantes
fotografias estão
expostas na galeria e
contam a história da
carreira da modelo,
bem como da sua vida
pessoal.
Para os amantes da
moda, esta é uma
excelente oportunidade
para marcar uma viagem
a Londres e visitar
a exposição patente
até dia 21 de Março de
2010.
Fondation Cartier
261, boulevard Raspail
75014 Paris, France
Twiggy, 1967 by Ronald Traeger,
Cibachrome print from a transparency of a vintage print © Tessa
Traeger-National Portrait Gallery
National Portrait Gallery
Room 33 - St Martin’s Place
London WC2H 0HE
Entrada livre
Future Fashion Now
Uma exposição sem data.
Nos últimos 60 anos,
a universidade Royal
College of Art tem
preparado designers de
moda para carreiras em
conceituadas casas de
moda como Galliano,
Vivienne Westwood,
Chloé, Dior e Burberry.
A mostra “Future
Fashion Now: New
Design from the Royal
College of Art” exalta
os melhores trabalhos
dos alunos de mestrado
e revela aspectos do
processo de criação.
Mais de 50 coordenados
e acessórios de 27
designers distribuem-se por quatro secções:
Conceito, Forma,
Técnica e Detalhe.
Cada uma explora
diferentes fases, desde
a fonte de inspiração
até ao produto acabado.
O Conceito revela a
inspiração que deu
origem a um trabalho.
A Forma explora o
modo como as ideias
são transformadas em
peças de vestuário.
A Técnica mostra
como são utilizados
simultaneamente métodos
tradicionais e métodos
sofisticados para dar
corpo à criação. E o
Detalhe ilustra como
uma costura decorativa,
um enfeite ou uma
estampagem delicada
podem tornar a peça
única.
A exposição está
patente em Londres, até
31 Janeiro de 2010.
Fashion & Politics
A palavra “política”
não se refere apenas
a formas de governar,
tem também implicadas
mudanças culturais,
códigos sexuais e
progresso social.
E a moda tem sido
como que um canal
transmissor de diversas
ideologias políticas
e valores sociais que
daí surgem. Como tal,
já representou temas
tão importantes como
o nacionalismo, o
feminismo, identidades
étnicas, acontecimentos
simbólicos e movimentos
subculturais.
A exposição “Fashion
& Politics” abre
com o tema do
nacionalismo americano,
caracterizado por
um traje feminino de
1889. Inclui ainda o
“vestido bandeira” de
Catherine Malandrino,
usado por várias
celebridades para
expressar patriotismo
depois do atentado
de 11 de Setembro.
O vestido “IKE” da
campanha de Eisenhower
em 1956, o vestido
em papel “NIXON” e
outras recordações das
eleições históricas
de 2008, são também
elementos em destaque.
Até 7 de Novembro,
o Instituto de Moda
e Tecnologia convida
a uma exploração
cronológica de cerca de
200 anos de política
expressada através da
moda.
Victoria & Albert Museum
South Kensington
Cromwell Road
London SW7 2RL
Fashion, Room 40
Entrada livre
Fashion Institute of Technology
Seventh Avenue at 27 Street
New York City
10001-5992
John Galliano Prêt-a-Porter
Paris.
Vestidos de MARS STERLING.
British Style in the
1960´s
A gabardina em PVC, as
hot-pants, as mini-saias e o vestido-saco são algumas
referências da moda
britânica dos anos 60.
Este estilo, na altura
novo e revolucionário,
foi como uma vaga de
auto-confiança e de
sentido da moda à
juventude britânica do
pós-guerra e lançou
Inglaterra para a
inovação no design. Era
o fim da moda única,
que passou a ter várias
propostas e a forma de
se vestir tornava-se
cada vez mais ligada
ao comportamento.
Aliás, a moda era não
seguir a moda, o que
representava claramente
um sinal de liberdade,
o grande desejo da
juventude da época.
A partir de Outubro,
temos a oportunidade
de ver em Inglaterra,
no Museu da Moda,
40 fotografias a
preto e branco que
exaltam esses anos de
inspiração da moda
britânica. Escolhidas
do arquivo Sunday Times
Fashion, as fotografias
representam criadores,
modelos, fotógrafos
e editores de moda
da década de 60. A
exposição coincide com
a publicação de um
livro do mesmo título,
que estará disponível,
a partir de Outubro, na
loja do museu.
Acessórios e
artefactos, testemunhas
de vidas de mulheres.
Paris 1940 1944
Os “anos negros”
da Ocupação alemã,
durante a Segunda
Guerra Mundial,
impuseram em França
limitações drásticas
para o fabrico de
roupas e acessórios.
A década de 40 ficou
então marcada por uma
criativa resistência
cultural dos franceses,
para quem “improvisar”
passou a ser a palavra
de ordem.
A descoberta de
materiais alternativos
como jornal, madeira,
pneu, restos de tecido
e de couro, permitiram
à alta-costura francesa
manter-se inovadora.
Para inverter a falta
de adornos, as mulheres
usavam lenços na
cabeça ou ao pescoço e
acessórios de flores,
laços e botões vistosos
substituíam as jóias.
Pela primeira vez,
o Museu Jean Moulin
apresenta, em
colaboração com o
Museu Galliera, uma
exposição dedicada aos
acessórios de moda
desta década “negra”.
Trata-se de um conjunto
de 300 objectos, entre
sapatos, malas ou
chapéus, sobrepostos
e justapostos para
recriar o contexto
histórico vivido.
A não perder até 15 de
Novembro, em Paris.
Fashion Museum
Assembly Rooms
Bennett Street
Bath
BA1 2QH
Musée Jean Moulin
Jardin Atlantique (au-dessus de
la gare Montparnasse)
23, allée de la 2ème DB – Paris,
Arquivo Sunday Times, Fashion
Museum, Bath
au Mémorial du Mal Leclerc Musée Jean Moulin
Dunand, sa ndálias en tafetá
violetat com sola compensada em
madeira, 1941.
© E. Emo et S. Piera / Galliera /
Roger-Viollet.
France
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Punto Fa: + 34 93 860 22 22
JOHN GALLIANO na Loja das Meias
JIL SANDER na Loja das Meias
KATE HUME na Arte Assinada
VITRA
Lisboa: PARIS SETE, Largo de Santos,
14 D, tel + 351 21 393 31 70;
GALANTE, Rua Mouzinho da Silveira,
27 C, tel + 351 21 351 24 40
Porto: EMPATIAS, Fisiomática,
Rua da Piedade, 37 e 41,
tel + 351 22 600 82 71; IN A IN, Rua
João de Deus, 753, Tel. + 351 22
608 48 30
www.pacorabanne.com
PATRIZIA PEPE
André Costa - Largo Capitão Pinheiro
Torres Meireles, 56/61, Porto
tel + 351 22 619 90 50
KIEHL’S (since 1851)
Lisboa: Rua António Maria Cardoso,
39-D – Chiado
tel + 351 21 345 67 89
www.kiehls.com
PAUL SMITH
www.paulsmith.co.uk
PEDRA DURA
www.pedradura.net
PEPE JEANS
tel 21 324 01 11
www.mariajulietajoias.com
MARNI na Fashion Clinic
www.marni.com
MARTIN MARGIELA na COLETTE
[email protected]
www.pedropedro.com
RAY BAN
Ver Luxótica Portugal
RICARDO DOURADO
Muuda - Rua do Rosário, 294, Porto
tel + 351 222 011 833
tel + 351 966 435 179
www.ricardodourado.blogspot.com
LACOSTE
www.lacoste.com
LANVIN na Fátima Mendes e Loja das
Meias
MAKEUPBAR no MIGUEL VIANA
Avenida Brasil, 276
tel + 351 22 610 99 45
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Lisboa: Gant Flagship Store,
Av. da Liberdade, 38H.
Porto: Gant Flagship Store,
Av. da Boavista 00/2304.
tel + 351 25 209 30 00
LEVI’S
Lisboa: C.C. Colombo, C.C.; Vasco
da Gama
Almada: Almada Forum
Coimbra: Forum Coimbra
Algarve: Forum Algarve
Guimaraes: Guimarães Shopping Center
Matosinhos: C.C. Norte Shopping
Porto: R. de Sta. Catarina, 312/350;
Shopping Via Catarina
Setúbal: Largo da Misericórdia, 42 44/2900 – 502
Vila Nova da Gaia: Arrábida Shopping
LEE JEANS
www.lee.com
RICARDO PRETO
tel + 351 919 75 89 53
www.vitra.com
YSL na Stivali
www.ysl.com
WHITE TENT
Muuda: Rua do Rosário 294, 4050-522
Porto
Cocktail Molotof: Rua Miguel
Bombarda 457, 2º andar, 4050 Porto
Fabrica Features Lisboa: Rua Garret
83, Megastore United Colors of
Benetton. 4 andar – Lisboa
King Kong: Rua Miguel Bombarda 419,
4050 Porto
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WOOLFORD
www.woolford.com
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Rua do Salitre 169/169 A, Lisboa
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Lisboa: Av. João XXI, 11; R.
Castilho, 71 C
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Guimarães: Av. de Londres, Bl. B4,
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Lisboa: Av. da Liberdade, 190A;
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Lisboa: C.C. Amoreiras, Lj. 2142.
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