R e v i s t a d a S O G I A B R
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ISSN 1981-7274 ano 10 • no 2 ABR/MAI/JUN 2009 Revista da Sociedade Brasileira de S O G I A BR Obstetrícia e Ginecologia da Infância e Adolescência • análise do método “ver e tratar” razões para não utilizar na adolescência • Menina adolescente com acne: aspectos relevantes • Uso de podofilina e podofilotoxina com sucesso em menina de 7 anos de idade com papulose bowenoide de vulva 8663 Sogia_CAPAS 10 N2-2009.indd 2 Brasília, junho de 2009. Caros colegas, Sócios da SOGIA, ginecologistas e obstetras, pediatras e outros profissionais que se dedicam à assistência de crianças e adolescentes com problemas ginecológicos e suas comorbidades. Por meio deste primeiro comunicado, convidamos todos a participar do XI Congresso Brasileiro de Obstetrícia e Ginecologia da Infância e da Adolescência, que será realizado em Brasília, no período de 11 a 14 de agosto de 2010. Nossos desafios com mulheres dessa faixa etária são muitos: o exercício da sexualidade demanda cuidados e proteções específicas, como prevenção às DSTs, contracepção de emergência e outros aspectos da saúde sexual e reprodutiva, prevenção da gravidez e também de sua reincidência, identificação da violência sexual, que vem sendo cada vez mais revelada, e avanços na área de diagnósticos e abordagem cirúrgica por via endoscópica precisam ser discutidos, conhecidos e incorporados em nossa rotina de trabalho. A atenção à saúde da criança e da adolescente tem crescido nos últimos anos, e sua implementação no Sistema Único de Saúde (SUS) ainda é um desafio tanto na ampliação da rede quanto na qualificação de nossos profissionais. Brasília, com sua ampla rede hoteleira, a proximidade do aeroporto, a beleza natural do cerrado, sua gastronomia diversificada e de ótima qualidade, o lindo azul do céu que se assemelha ao do mar, o clima ameno e a receptividade dos brasileiros de todos os estados que aqui residem, permitirá aos colegas, que aqui vierem desfrutar de momentos de aprendizagem, crescimento pessoal, profissional e de muita alegria. Aguardaremos vocês e prometemos nos dedicar com muito carinho à organização de nosso congresso. José Domingues dos Santos Júnior Presidente do Congresso OS 8663 Sogia ano 10 n2_(2 capa).indd 1 05/11/2009 02:52:19 www. S O G I A .com.br Sumário Editorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 Diretoria Executiva da SOGIA-BR Presidente José Alcione Macedo Almeida Artigo Original Análise do método “ver e tratar” – razões para não utilizar na adolescência . . . . . . . . 3 Artigo de Atualização Vice-Presidente Vicente Renato Bagnoli Menina adolescente com acne: aspectos relevantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1o Secretário Marco Aurélio K . Galletta Relato de Caso 2o Secretário João Bosco Ramos Borges Uso de podofilina e podofilotoxina com sucesso em menina de 7 anos de idade com papulose bowenoide de vulva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 Notícias e Agenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 1a Tesoureira Ana Célia de Mesquita Almeida 2o Tesoureiro Jorge Andalaft Neto Diretora de Relações Públicas Albertina Duarte Takiuti Presidente Emérito Álvaro da Cunha Bastos COMISSÃO EDITORIAL EDITOR: José Alcione Macedo Almeida EDITOR ASSOCIADO Álvaro da Cunha Bastos (SP) CORPO EDITORIAL Adriana Lipp Waissman (SP) Albertina Duarte Takiuti (SP) Ana Célia de Mesquita Almeida (SP) Claudia Lúcia Barbosa Salomão (MG) Cremilda Costa de Figueiredo (BA) Cristina Falbo Guazzelli (SP) Denise Maia Monteiro (RJ) Elaine da Silva Pires (RJ) Fernando César de Oliveira Jr . (PR) Glênio Spinato (RS) João Bosco Ramos Borges (SP) João Tadeu Leite dos Reis (MG) Jorge Andalaft Neto (SP) José Domingues dos Santos Jr . (DF) José Luiz Camargo (PR) Laudelino de Oliveira Ramos (SP) Liliane D . Herter (RS) Marcelino H . Poli (RS) Márcia Sacramento Cunha (BA) Marco Aurélio K . Galletta (SP) Maria de Lourdes C . Magalhães (CE) Maria Virginia F F . Werneck (MG) Marta Francis B . Rehme (PR) Ricardo Leal Rocha (ES) Romualda Castro do Rego Barros (PE) Vicente Renato Bagnoli (SP) Zuleide F F . Cabral (MT) Rua Anseriz, 27, Campo Belo – 04618-050 – São Paulo, SP. Fone: 11 3093-3300 www.segmentofarma.com.br • [email protected] Diretor geral: Idelcio D. Patricio Diretor executivo: Jorge Rangel Gerente financeira: Andréa Rangel Gerente comercial: Rodrigo Mourão Diretor de criação: Eduardo Magno Gerentes de negócios: Claudia Serrano, Eli Proença, Marcela Crespi Projeto gráfico: Renata Variso Coordenador editorial: Alexandre Costa Designer: Eduardo Vargas Sales Revisora: Renata Del Nero Produtor gráfico: Fabio Rangel Foto: Getty Images Cód. da publicação: 8663.11.09 OS 8663 Sogia ano 10 n2.indd 1 Vice-presidentes regionais Vice-Presidente Região Sul Marta Francis Benevides Rehme Vice-Presidente Região Sudeste Laudelino de Oliveira Ramos Vice-Presidente Região Centro-Oeste Zuleide F F . Cabral Vice-Presidente Região Norte-Nordeste Romualda Castro do Rego Barros Endereço para correspondência Rua João Moura, 860/53 Jardim América CEP 05412-002 – São Paulo, SP Fax: (11) 3088-2971 [email protected] [email protected] www.sogia.com.br 05/11/2009 02:50:40 EDITORIAL Prática da ginecologia preventiva A medicina preventiva há muito deixou de ser simplesmente “saúde pública ou programa de vacinação” . É, antes de tudo, uma atitude médica, uma atitude de governo, de universidade, de sociedades médicas e sociedade civil como um todo . Como cada vez mais o ginecologista é o “médico geral da mulher”, sendo a ele que a paciente primeiro recorre quando tem alguma preocupação com sua saúde, tem esse profissional a oportunidade para tomar a atitude preventiva, com muita frequência . Lembremos aqui a incidência das doenças cardiovasculares nas mulheres, estas antes prevalentes nos homens, e que, nos últimos anos, estão tão presentes no sexo feminino; hoje as estatísticas constatam que o infarto agudo do miocárdio mata mais mulheres do que homens . E D I T O R I A L Sabe-se que a obesidade e o diabetes são fatores importantes nas doenças cardiovasculares e, nesse particular, devemos nos lembrar da síndrome metabólica e da síndrome dos ovários policísticos, ambas estão no rol de diagnósticos da ginecologia e, frequentemente, são diagnosticadas na adolescência . O ginecologista deve estar, portanto, sempre atento para esses eventos, até mesmo interagindo com outras especialidades médicas afins . Quando se valoriza uma simples queixa de disfunção menstrual na adolescência pode-se chegar a um diagnóstico de anovulação crônica que, se não corrigida, fará a paciente permanecer por longo tempo sob ação estrogênica persistente, fato, sabidamente por nós, maléfico para a saúde da mulher . Quando fazemos precocemente o diagnóstico de uma malformação genital temos maior probabilidade de sucesso cirúrgico e também a chance de evitar sequelas que possam comprometer o futuro reprodutor . A osteoporose, tratada também por médicos de outras especialidades, é do cotidiano do ginecologista . Muitas mulheres nos perguntam quando se deve começar a tratar a “menopausa” . Minha resposta tem sido: desde a infância . Não há remédio milagroso, aquele que resolva todos os problemas de uma mulher com osteoporose já instalada . As diversas drogas disponíveis no mercado, com amplo bombardeio publicitário para os médicos, constituem apenas uma parte do tratamento dessas pacientes . Sempre fará parte do “tratamento da menopausa” as recomendações gerais de estilo de vida, quando o médico exige da mulher que esta faça atividade física, tome um pouco de sol e mude seus hábitos alimentares . A adolescência e o início da primeira década de vida são os períodos de maior ganho de massa óssea . A mulher deve aproveitar essas fases da vida para maximizar esse ganho para compensar as perdas na fase da menacma e na pós-menopausa . Assim, seguir a recomendação para tomar sol, praticar atividade física regular e ter uma alimentação correta, na qual se inclui a ingestão diária de alimentos que são fontes de cálcio, é fundamental; só necessitamos adquirir a cultura necessária para termos a vida saudável, indiscutivelmente responsável pela longevidade com boa qualidade de vida, importante para todos nós . A despeito ainda da atividade física, dados do Nurses Health Study dão a mensagem de que o câncer de mama é menos provável antes da menopausa em mulheres que tiveram atividade física intensa e regular quando adolescentes e adultas jovens . Não poderia deixar de ser comentada a gravidez de adolescente, que entendo ser sempre inoportuna, mesmo quando desejada . Continua sendo um problema de saúde pública, merecendo maior atenção por parte dos governos, que são os responsáveis pelas políticas e pelos programas de atenção integral da saúde do adolescente . A atitude de cada um de nós quando atuamos em congressos ou na universidade e quando temos a oportunidade de comentar o tema na imprensa é de alertarmos para a real e grave situação e apontarmos sempre as ações necessárias para o enfrentamento do problema . Não adianta só informação sobre anticoncepção . Várias pesquisas já demonstraram que os adolescentes são relativamente informados sobre os diversos métodos contraceptivos, embora não os pratiquem, assim como com relação às doenças sexualmente transmissíveis . Para essas situações, além das informações, é muito mais importante e necessária a educação . É certo que é mais difícil educar por ser um processo mais complexo e demorado e que demanda conhecimentos específicos, por exemplo, conhecer o perfil do adolescente . Sem esse conhecimento é quase impossível executarmos uma ação efetiva na orientação preventiva da gravidez ou de doenças sexualmente transmissíveis . O conceito e o aconselhamento da dupla proteção devem ser explicitados em toda consulta ginecológica de adolescente . Fazendo essa reflexão, entendo que a ginecologia da infância e da adolescência é, essencialmente, uma medicina preventiva, uma vez que temos o momento importante para abordagem da saúde de nossa paciente quando criança, quando adolescente e em demais fases da vida . Não podemos desperdiçar essa oportunidade para iniciar o processo educativo quanto aos cuidados para uma boa saúde na plenitude da vida . Espero que aqueles que ainda não tenham essa postura, mas concordem com essa reflexão, abracem-na e a repitam sempre que tiverem a oportunidade . José Alcione Macedo Almeida Presidente da SOGiA-BR Revista da SOGiA-BR 10(2): 2, 2009 . OS 8663 Sogia ano 10 n2.indd 2 05/11/2009 02:50:41 ARTIGO ORIGINAL Análise do método “ver e tratar” – razões para não utilizar na adolescência Alessandra Batista de Aguiar1 • Denise Leite Maia Monteiro2 RESUMO Objetivos: Avaliar o método “ver e tratar” e analisar a concordância cito-histopatológica em pacientes submetidas à exérese da zona de transformação (EZT) assim como a adesão após o tratamento . tratamento . Métodos: Estudo retrospectivo de 184 mulheres encaminhadas ao serviço de patologia cervical do hospital pertencente ao quadro do Ministério da Saúde (MS), Hospital Geral de Jacarepaguá (RJ), por apresentarem lesão intraepitelial cervical de alto grau ou de baixo grau persistente entre 2000 e 2005 . 2005 . Foi utilizado o método “ver e tratar”, exceto em 50% das adolescentes que foram submetidas à biópsia orientada pela colposcopia para nortear a decisão de realizar a EZT EZT . . As pacientes foram divididas por idades: G1, 14-19 (n = 10); G2, 20-24 (n = 18); G3, 25-73 (n = 156) . 156) . Avaliaram-se idade média do encaminhamento, concordância cito-histopatológica, adesão após a EZT e concordância histopahistopatológica entre a biópsia cervical e o material obtido por meio da EZT EZT . . Resultados: A idade média do G1 foi de 18,4 ± 1,0 ano, no G2 foi de 22 anos e no G3, de 39,2 anos . anos . A concordância cito-histopatológica foi respectivamente de 67%, 65% e 68% . 68% . No grupo de adolescentes, todas as biópsias cervicais prévias evidenciaram histopatológico de neoplasia intraepitelial 2 e 3 ( Ni NiC 2 e 3), sendo indicada a EZT, havendo concordância histopatológica em todos os casos . casos . Entre as adolescentes que não foram subsubmetidas à biópsia antes da EZT, o diagnóstico histopatológico revelou Ni NiC 2 (2), Ni NiC 1 (1), cervicite (1) e carcinoma in situ do colo uterino (1) . (1) . Permaneceram em seguimento 40% das adolescentes, 33% do G2 e 59% do G3 . G3 . Conclusões: A concordância cito-histopatológica foi semelhante nos três grupos . grupos . Apesar do pequeno número de casos da amostra, conclui-se que a biópsia do colo uterino foi de grande valor para a indicação da EZT, evitando-se procedimentos desnecessários, além de custos adicionais ao serviço público de saúde . saúde . Palavras-chave: “Ver e tratar”, adolescentes, EZT EZT . . ABSTRACT Objectives:: Evaluate the “See and Treat” Method in adolescents and study the concordance between the cytopathology and histopathology Objectives on patients who had LLETZ (large loop excision of transformation zone), as well as the follow-up after treatment. Methods : Cross-sectional study of 184 women who were referenced to Cervical Pathology at Hospital of Jacarepaguá for having high or persistent low squamous intraepithelial lesion, between 2000 and 2005. The See and Treat method was used, except on 50% of the adolescents that were submitted to colonoscopy-oriented biopsy to guide the decision of executing the LLETZ. Patients were divided into 3 groups by age: G1: 14-19 (n=10), G2: 20-24 (n=18) and G3: 25-73 (n=156). We evaluated: mean age at the reference, concordance cyto-histopathology, follow-up after LLETZ, histological concordance between cervical biopsy and material obtained by LLETZ was analyzed. Results: The average age of the adolescents was 18, 4 ± 1, 0 years, was 22 years in G2 and was 39,2 years in G3. The agreement between cyto and histopathology was respectively 67%, 65% and 68%. On the adolescent group, all the previous cervical biopsy showed cervical intra-epithelial neoplasia (CIN) 2 and 3 histopathology, indicating the LLETZ, since histological agreement was found for all cases. Among the adolescents that were not submitted to biopsy before LLETZ, the histopathology showed CIN 2 (2), CIN 1 (1), cervicitis (1) and cancer (1). After LLETZ, 40% of adolescents, 33% of G2 and 59% of G3 did the follow-up. Conclusions: The agreement between the cytopathology and histopathology was similar for the 3 groups. In spite of the small sample, it can be concluded that the biopsy had a huge importance on the indication of LLETZ during adolescence, avoiding unnecessary procedures and also additional expenses to the public service. Keywords:: “See and Treat”, adolescents, LLETZ. Keywords Revista da SOGiA-BR 10(2): 3-7, 2009 . OS 8663 Sogia ano 10 n2.indd 3 3 05/11/2009 02:50:41 ARTIGO ORIGINAL Atualmente, a infecção pelo papilomavírus humano (HPV) é considerada o fator de risco mais importante na origem do câncer de colo de útero, tendo sido diagnosticado em mais de 99,7% dos casos1 . O HPV é um DNA-vírus com mais de cem tipos reconhecidos, dos quais aproximadamente mais de 40 tipos podem infectar o trato genital . Os tipos de alto risco, como HPV 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 68, 73 e 82, estão associados às lesões intraepiteliais de alto grau (HSiL, sigla em inglês) e ao carcinoma cervical in situ e invasor, assim como os de baixo risco, como o HPV 6, 11, 34, 40, 42, 43 e 44, estão associados às lesões intraepiteliais de baixo grau (LSiL, sigla em inglês) ou a alterações benignas2,3 . O câncer de colo de útero é problema de saúde pública no Brasil e no mundo, principalmente, nos países em desenvolvimento . É a segunda causa de morte por câncer em mulheres, superado apenas pelo câncer de mama4 . O exame citopatológico (ou exame Papanicolaou) foi introduzido na década de 1950 no Brasil e representa grande valor na prevenção e na detecção precoce do câncer de colo de útero, quando instituído precocemente . É exame que apresenta alta especificidade, permitindo excluir as pacientes que não apresentam lesões pré-neoplásicas e neoplásicas . Entretanto, quando aplicado em regiões onde há alta prevalência de neoplasia cervical, em razão da baixa sensibilidade do método, pode produzir resultados falso-negativos, impedindo o diagnóstico precoce e, assim, permitir a evolução da doença5 . Visando à diminuição de casos avançados de câncer cervical, assim como nas taxas de mortalidade, foi implantado no Brasil, no primeiro semestre de 1997, um projeto-piloto denominado “Programa Viva Mulher”, com base na maior capacitação das pacientes entre 35 e 49 anos de idade para o teste Papanicolaou, abrangendo as cidades de Curitiba, Recife, Brasília, do Rio de Janeiro, de Belém e o estado de Sergipe . Em 1998, o projeto foi expandido para todo o território nacional, tendo sua fase de intensificação . Em 1999, como Programa Nacional de Combate ao Câncer Cervical (PNCC), ocorreu uma reestruturação das estratégias, como a idade do público-alvo agora é dos 25 aos 59 anos e deve promover ações de controle também do câncer de mama6 . O Programa Viva Mulher instituiu o método “ver e tratar”, que consiste em tratamento ambulatorial imediato das lesões precursoras do câncer do colo uterino diagnosticadas pela citopatologia, por exérese da zona de transformação (EZT), guiada pela colposcopia . Para que o método “ver e tratar” possa ser aplicado adequadamente, a colposcopia deve ser satisfatória, com abrangência de toda a lesão, sem que esta 4 OS 8663 Sogia ano 10 n2.indd 4 ultrapasse o colo uterino e que hajam achados colposcópicos que sugiram HSiL7 . De acordo com a Nomenclatura Brasileira para Laudos Cervicais e Condutas Preconizadas [Ministério da Saúde (MS)/instituto Nacional de Câncer (inca), 2006], com base no Consenso de 2006 da Sociedade Americana de Colposcopia e Patologia Cervical, em caso de resultado citopatológico compatível com LSiL, a paciente deverá repetir a citologia em seis meses . Caso essa citologia não mostre lesão, deverá ser novamente repetida em mais seis meses . Após duas citologias consecutivas negativas, a paciente deverá ser encaminhada à rotina . Em caso de persistência do resultado citológico, deverá ser encaminhada à colposcopia, que na presença de lesão deverá ser biopsiada e a conduta deverá ser baseada no resultado . Se não forem encontradas lesões, a paciente deverá repetir a citologia em seis meses8 . Nos casos de citologia com HSiL, a mulher deverá ser encaminhada à colposcopia . Na presença de lesão visualizada e colposcopia satisfatória, deve-se empregar a EZT, procedimento do método “ver e tratar” que permite diagnóstico e tratamento . Em caso de colposcopia satisfatória, porém sem condições para o emprego do método “ver e tratar”, deverá ser realizada biópsia, e a conduta deverá ser seguida de acordo com o resultado . Nos casos em que não houver visualização de lesão colposcópica, deverá ser realizada revisão de lâmina, se for possível, sendo a conduta baseada no resultado fornecido pela revisão . Sendo impossível a revisão, deverá ser coletada nova citologia em três meses e, nos casos de persistência do laudo, deverá ser realizado método excisional, seja por EZT ou por conização a frio . Os casos com lesão neoplásica deverão ser encaminhados a centro de alta complexidade para conduta e seguimento específicos9 . O Consenso de 2006 da Sociedade Americana de Colposcopia e Patologia Cervical preconiza que o método “ver e tratar’’ não deve ser empregado na adolescência, evitando-se tratamentos excisionais desnecessários . Segundo esse Consenso, as adolescentes que apresentarem resultado citológico compatível com LSiL devem fazer acompanhamento anual citológico por até dois anos . Na presença de HSiL, poderá ser realizada colposcopia e na presença de lesão, esta deverá ser biopsiada . Caso não haja confirmação de diagnóstico histológico de neoplasia intraepitelial (NiC) 2 ou 3, a adolescente deverá ser acompanhada por colposcopia e citologia semestralmente por dois anos . Entretanto, em caso de confirmação histológica, estará indicada a EZT10,11 . Em 2008 o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG) reforçou que o rastreio citológico de adolescentes com citologia compatível com células escamosas Revista da SOGiA-BR 10(2): 3-7, 2009 . 05/11/2009 02:50:41 ARTIGO ORIGINAL atípicas (ASC) e LSiL possa ser feito anualmente, tendo em vista que essas anormalidades associadas ao HPV são de pouca significância clínica a longo prazo12 . Dentre os fatores de risco que podem estar associados ao aumento do número de casos de HPV na adolescência, podem-se citar a multiplicidade de parceiros, sexarca precoce, tabagismo, uso prolongado de contraceptivos orais, paridade, imaturidade do colo uterino ocasionando maior exposição da junção escamocolunar (JEC)13 . Com a iniciação sexual cada vez mais precoce, as adolescentes estão expostas a maior risco de exposição às doenças sexualmente transmissíveis, incluindo o HPV14 . Apesar da infecção por HPV ser transitória na maioria dos casos, por causa da resposta imunológica do hospedeiro, em caso de replicação viral persistente pode haver o aparecimento de HSiL, podendo progredir para câncer cervical15 . Sendo a maioria das infecções em adolescentes assintomática e de caráter transitório, seria possível fazer o acompanhamento citológico destas, nos casos de lesões intraepiteliais cervicais de baixo grau, em vez de encaminhá-las imediatamente à colposcopia15 . Em adolescentes, quando o diagnóstico histológico for de NiC2, a observação é preferível12, em vez da prática de métodos mais invasivos como EZT ou conização, tendo em vista que na minoria dos casos a lesão evolui em adolescentes16 . Diante desse contexto, o objetivo deste estudo foi mostrar as limitações do método “ver e tratar” na adolescência . Para isso, foi avaliada a idade média do encaminhamento das pacientes, a concordância cito-histopatológica e a adesão ambulatorial após a realização da EZT EZT . Métodos O estudo foi retrospectivo, com desenho de corte transversal, com análise dos prontuários de pacientes encaminhadas entre 2000 a 2005 ao Serviço de Patologia Cervical do hospital pertencente ao quadro do MS, Hospital Geral de Jacarepaguá (RJ), instituição pública de assistência secundária e terciária . Foram encaminhadas 184 pacientes por apresentarem HSiL ou LSiL persistente na citologia . Obedecendo ao Programa Nacional de Combate ao Câncer de Colo Uterino (Programa Viva Mulher), foi utilizado no Serviço de Patologia Cervical do Hospital Geral de Jacarepaguá, o método “ver e tratar”, que consiste em tratamento imediato das lesões precursoras do câncer do colo uterino diagnosticadas pela citopatologia, por meio da EZT guiada pela colposcopia, exceto em 50% das adolescentes . As pacientes foram divididas em três grupos distintos: grupo 1 – adolescentes (n = 10) com idade entre 12 e 19 Revista da SOGiA-BR 10(2): 3-7, 2009 . OS 8663 Sogia ano 10 n2.indd 5 anos; grupo 2 – adultas jovens (n = 18) com idade entre 20 e 24 anos; grupo 3 – adultas (n = 156), com idade superior a 24 anos . Neste estudo foram avaliados idade média do encaminhamento das pacientes ao ambulatório, concordância cito-histopatológica e acompanhamento ambulatorial após a EZT EZT . Nas adolescentes ainda comparou-se a concordância histopatológica entre a biópsia cervical e o material obtido por meio da EZT EZT . Os dados foram digitados em banco de dados construído por intermédio de Programa Computacional EPi-iNFO para análise estatística das variáveis, empregando-se testes não paramétricos: X2 e exato de Fisher, com nível de significância de 5% (p < 0,05) . O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do MS do Hospital Geral de Jacarepaguá (RJ), instituição onde foi realizado o estudo . Resultados Os principais resultados obtidos na avaliação estatística dos dados estão resumidos na tabela 1 . Tabela 1. Distribuição da idade média, da concordância cito-histopatológica e da adesão ao seguimento entre as pacientes que foram submetidas à EZT Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Idade média (anos) 18,4 22,0 39,2 Concordância cito-histopatológica 67% 65% 68% Citopatologia falso-positiva (histopatologia negativa ou NIC1) 33% 35% 29% Adesão ao seguimento após EZT 40% 33% 59% A idade média do encaminhamento das pacientes adolescentes ao ambulatório de patologia cervical foi de 18,4 ± 1,0 anos . A concordância entre a citopatologia e a histopatologia da ZT nesse grupo de pacientes foi de 67%, tendo sido evidenciados 33% de resultados falso-positivos na citologia, valor semelhante ao observado nos outros grupos, o que levou a sobretratamento nesses casos . No grupo de adolescentes, todas as biópsias cervicais prévias (50% dos casos) evidenciaram histopatológico de NiC 2 ou NiC 3, tendo sido indicada a EZT, havendo concordância histopatológica em todos os casos . Entre as adolescentes que não foram submetidas à biópsia antes da EZT, o diagnóstico 5 05/11/2009 02:50:41 ARTIGO ORIGINAL histopatológico revelou NiC 2 (2), NiC 1 (1), cervicite (1) e carcinoma do colo uterino (1) . Em relação ao acompanhamento ambulatorial das pacientes após a EZT, observa-se que somente 40% das adolescentes o realizaram . No grupo 2, a adesão ao seguimento foi de 33% das pacientes, e a maior taxa de adesão (59%) ocorreu no grupo com mais de 24 anos de idade . Discussão A prevalência de lesões intraepiteliais cervicais tem aumentado ao longo dos anos, principalmente entre adolescentes e mulheres abaixo de 30 anos . Notadamente, pelo maior risco de aquisição de HPV e consequentemente ao aparecimento de lesões citológicas associadas ao vírus17 . O “Programa Viva Mulher”, implementado no Brasil, abrange prioritariamente as mulheres entre 25 e 59 anos de idade, sendo assim, deixam-se teoricamente descobertas as adolescentes do grupo . De acordo com o Consenso da Sociedade Americana de Câncer, toda mulher deveria realizar a coleta de citologia oncótica cervical até três anos após o início de sua atividade sexual, não devendo ultrapassar os vinte e um anos18 . A política de prevenção de lesões intraepiteliais cervicais em adolescentes é muito polêmica porque a presença de carcinoma invasor nessa faixa etária não é comum . Entretanto, existe o risco de não ser feito o tratamento adequado de lesões pré-neoplásicas e ocorrer evolução para câncer19 . O câncer cervical geralmente se inicia como LSiL, com subsequente progressão para HSiL (NiC 2 e NiC 3) e eventualmente para carcinoma in situ . A taxa de progressão de NiC 1 para NiC 3 é de 1% ao ano aproximadamente e de NiC 2 para NiC 3 é de 16% em dois anos, aumentando para 25% dentro de cinco anos20 . De acordo com Perlman et al al ., a vantagem da EZT seria o tratamento efetivo da lesão cervical, até mesmo, podendo oferecer um diagnóstico inesperado, como de carcinoma cervical, que poderia não ter sido diagnosticado previamente pela biópsia, porém poderia haver complicações associadas a esse procedimento como hemorragia, dor, infecção, principalmente, no grupo das adolescentes, com maior associação de partos prematuros devidos à incompetência istmo-cervical21 . Segundo Sadler et al al ., as mulheres em idade fértil que apresentassem necessidade de tratamento de HSiL deveriam ser avaliadas cuidadosamente, sendo efetuado o tratamento invasivo somente nos casos de alto risco22 . Segundo Moore et al al ., observa-se a prevalência de 52% de neoplasia intraepitelial cervical grau 2 (NiC 2) se comparada com neoplasia intraepitelial cervical grau 3 (NiC 3) nas 6 OS 8663 Sogia ano 10 n2.indd 6 lesões de alto grau em adolescentes . Nesse grupo, as NiC 2 apresentam taxa de regressão em torno de 65%23 . O estudo realizado teve como limitação um pequeno número de casos da amostra em decorrência da falta de acompanhamento e seguimento ambulatorial das pacientes em razão da evasão destas . De acordo com os resultados obtidos, observa-se que no grupo 1 poderia ter sido evitada a EZT na maioria dos casos . Observa-se que nesse grupo houve duas pacientes cujo laudo histopatológico não evidenciava NiC 2 ou 3 . Além disso, a realização imediata da EZT poderia ter sido evitada nas pacientes que apresentavam NiC 2 no exame histopatológico, em decorrência do caráter transitório dessas lesões e da alta probabilidade de regressão dessas lesões em adolescentes . Sendo assim, as adolescentes com diagnóstico citológico de NiC 2 poderiam ser acompanhadas com nova citologia em um intervalo de quatro a seis meses em vez de serem encaminhadas diretamente para colposcopia e submetidas a métodos invasivos . Em caso de persistência citológica de NiC 2, as adolescentes devem ser submetidas à colposcopia e, em caso de lesão colposcópica, esta deverá ser biopsiada . Na presença de NiC 3 citológico, elas devem ser encaminhadas diretamente à colposcopia por causa da menor taxa de regressão dessa lesão23-25 . Nesse estudo, observou-se que quanto maior a concordância entre a citologia e o histopatológico nos grupos avaliados, menores eram os casos de citopatologia falso-positiva . O seguimento ambulatorial após a EZT foi maior no grupo das pacientes com mais de 24 anos, sugerindo a necessidade de reforçar durante as consultas a importância do retorno e adesão ao tratamento, notadamente no grupo das adolescentes . De acordo com Greenspan et al al ., a EZT, por ser procedimento pouco invasivo, faria com que as pacientes achassem que sua condição é menos grave, tornando a adesão menor ao seguimento ambulatorial25 . Nesse estudo, apesar do pequeno número de casos da amostra, a biópsia do colo uterino foi de grande valor para nortear a indicação da EZT, evitando procedimentos desnecessários além de custos adicionais ao serviço público de saúde . Para que haja maior comparecimento às consultas médicas e maior adesão ao tratamento, cabe ao profissional enfatizar a importância da manutenção do controle ambulatorial, principalmente entre a população mais jovem . Dessa maneira, conclui-se que esse trabalho corrobora com as diretrizes estabelecidas pela Nomenclatura Brasileira para Laudos Cervicais e Condutas Preconizadas (MS/inca, 2006) em uso em nosso país, assim como concorda com o protocolo estabelecido pelo Colégio Americano de Obstetras Revista da SOGiA-BR 10(2): 3-7, 2009 . 05/11/2009 02:50:41 ARTIGO ORIGINAL e Ginecologistas (ACOG, 2008), servindo para reforçar a importância da biópsia cervical nas adolescentes, em detrimento da utilização do método “ver e tratar” nessa faixa etária . Referências bibliográficas 1. Walboomers JM, Jacobs MV, Manos MM, Bosch FX, Kummer JA, Shah KV, et al. Human papillomavirus is a necessary cause of invasive cervical cancer worldwide. J.Pathol. 1999;189:12-9. 12. The American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG). ACOG Bulletin. Management of Abnormal Cervical Cytology and Histology. Obstetrics & Gynecology. 2008;112(6):1419-44. 13. Taquette RS, Vilhena MM, Paula MC. 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Rainha Elizabeth, 235/802 • Copacabana • 22081-030 • Rio de Janeiro – RJ E-mail: alebaguiar@yahoo .com .br T i t u l a ç õ e s 1 Médica obstetra do Núcleo Perinatal da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), médica obstetra da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Maternidade Leila Diniz . 2 Doutora e mestre em Ciências, área da saúde da criança e da mulher pelo instituto Fernandes Figueira (FiOCRUZ), professora titular do Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso), coordenadora do Setor de Ginecologia de Adolescentes do Hospital de Jacarepaguá . Revista da SOGiA-BR 10(2): 3-7, 2009 . OS 8663 Sogia ano 10 n2.indd 7 7 05/11/2009 02:50:42 A R T I G O DE A T u A L I z A ç ã O Menina adolescente com acne: aspectos relevantes Angela Maggio Da Fonseca1 • Crilse Marcela Gomes Bagnoli2 • Fabio Bagnoli2 • Pérsio Ivon Adri Cesarino3 • Vicente Renato Bagnoli1 • Wilson Maça Yuki Arie4 RESUMO A acne na adolescente é manifestação clínica frequente e desconfortável para suas portadoras . portadoras . A literatura pertinente foi revista, com o objetivo de analisar os aspectos relevantes e as condutas atuais de diagnóstico e tratamento para auxiliar os profissionais da saúde de diferentes especialidades na assistência dessas meninas . meninas . Palavras-chave: menina adolescente, acne, hiperandrogenismo, tratamento . tratamento . ABSTRACT The acne in adolescent girls is a frequent clinical problem and with discomfort for these girls. The pertinent literature was reviewed with the purpose to analyze relevant aspects and the actual management of diagnosis and treatment to assist health professionals from different areas in the assistance of these girls. Keywords: adoscent girl, acne, hyperandrogenism, treatment. Introdução A abordagem da acne na menina adolescente merece ser diferenciada, pois sem dúvida constitui manifestação clínica bastante indesejável; além de frequente e ocorrer em graus variados, causa impacto desfavorável na autoestima pelo aspecto de suas lesões . Embora também seja frequente no menino adolescente, neste artigo nos ateremos apenas à população feminina . Nas mulheres, a acne em geral inicia-se entre 14 e 17 anos de idade e é um dos principais motivos de consultas nessa faixa etária . É importante considerar que a atenção e o preparo dos profissionais no atendimento e na orientação das portadoras de acne na adolescência são fundamentais para possibilitar diagnóstico correto, tratamento adequado, conduzindo-se, assim, a um prognóstico mais favorável . A literatura relativa à acne na adolescente ainda é limitada, existindo muitas dúvidas quanto à incidência, à classificação clínica, ao diagnóstico e ao tratamento, e nem sempre todos esses itens são abordados em conjunto1,2 . Os comentários feitos anteriormente alertam para o fato de ser a acne patologia comum e, por vezes, fisiológica na puberdade, e, mesmo assim, frequentemente é negligenciada pelos familiares e pelo próprio profissional . Contudo deve-se 8 OS 8663 Sogia ano 10 n2.indd 8 ressaltar que, desde essa fase e em qualquer outra fase da vida, essa manifestação clínica deve ser pesquisada, pois além de piorar a autoestima das pessoas, agravando distúrbios emocionais e comportamentais, parcela significativa dos casos tem origem em patologias endócrinas que não são metas desta revisão3,4 . O objetivo deste artigo é rever os aspectos relevantes da acne na adolescência com base nas informações da literatura atual pertinente para auxiliar no atendimento dessas meninas com maior abrangência . Metodologia Para realizar este trabalho, foram consultados os sistemas Pubmed e Medline com ênfase em publicações dos últimos dois anos e em obras como livros ou casos clínicos, com conteúdo de interesse, para contemplar os protocolos mais atuais sobre acne na adolescência . Como descritores, foram selecionados os seguintes termos: acne, adolescent girls, ovarian polycystic syndrome, hyperandrogenism . isso permitiu a obtenção e a seleção de artigos que abordavam a acne em adolescentes em seus diferentes aspectos . Os tópicos avaliados nesses artigos foram: aspectos gerais, classificação clínica, noções básicas da fisiopatologia, diagnóstico e tratamento, conforme relatam-se Revista da SOGiA-BR 10(2): 8-11, 2009 . 05/11/2009 02:50:42 A R T I G O DE A T u A L I z A ç ã O a seguir, procurando abordar e condensar de forma objetiva essas informações para utilização de forma prática pelos profissionais que atuam com essas pacientes . Aspectos gerais relevantes A acne, como relata-se frequentemente, chega a acometer mais de 50% das meninas na puberdade e, na maioria das vezes, é fisiológica e temporária . Nem sempre suas portadoras recebem a devida atenção, e doenças endócrinas como síndrome dos ovários policísticos (SOP), anovulação crônica, hiperprolactinemia e hipotireoidismo, raramente neoplasias do ovário ou da adrenal, podem passar despercebidas ou diagnosticadas tardiamente . Assim, todo profissional da saúde, independentemente de sua especialidade, deve ter pleno domínio sobre essa doença, ou, se não se sentir capacitado, encaminhar o caso para profissionais mais especializados, pois a correta avaliação, o diagnóstico precoce e o modo correto de tratar a acne vulgar, ou de origem endócrina, serão fundamentais para o bem-estar da adolescente e o melhor prognóstico1,3-5 . Classificação As classificações da acne obedecem a várias padronizações . Contudo, a baseada em características clínicas e uma das mais objetivas é a proposta por Sampaio e Riviti5,na qual a acne é separada em acne não inflamatória, quando apresenta apenas comedões, sem sinais inflamatórios, e acne inflamatória, quando são observados sinais inflamatórios . Nessa classificação, são considerados também a gravidade e o tipo das lesões em cinco graus5: Acne não inflamatória • Grau i — Acne comedônica Acne inflamatória • Grau ii — Acne papulopustulosa • Grau iii — Acne nódulo-abscedante • Grau iV — Acne conglobata • Grau V — Acne fulminante Essas variações clínicas são observadas em mulheres nas diferentes faixas etárias, mas nas adolescentes os graus mais severos em geral são pouco frequentes . Essas características são importantes para orientação clínica e terapêutica, sendo que a acne fulminante é extremamente rara . Fisiopatologia Os aspectos básicos da fisiopatologia merecem ser comentados para melhor compreensão do diagnóstico e do tratamento da acne2,6 . Revista da SOGiA-BR 10(2): 8-11, 2009 . OS 8663 Sogia ano 10 n2.indd 9 A acne vulgar, ou fisiológica, é distúrbio dos folículos; com as mudanças hormonais na puberdade somadas à tendência familiar, apresenta-se resposta exacerbada, que causa o aparecimento das lesões que caracterizam a acne . A fisiopatologia pode ser explicada pelo fator constitucional e por modificações hormonais que atuam nos folículos pilossebáceos, com hiperqueratose e descamação epitelial, obstrução dos orifícios dos folículos, originando os comedões . Outro processo é o aumento da secreção sebácea devido aos esteroides sexuais, principalmente androgênios, que passam a ser secretados mais intensamente na menina no início da puberdade (adrenarca) . Lesões do tipo pápulas, pústulas e abscessos em geral decorrem do agravamento das lesões anteriores decorrentes de infecções por bactérias presentes na pele como Propionibacterium acnes, Propionibacterium granulosum e Propionibacterium parvum; têm a capacidade de produzir fatores quimiotáticos e mediadores pró-inflamatórios, que, ao infectarem esses folículos, são responsáveis pelos graus mais severos da acne, que podem deixar cicatrizes — motivo de problemas emocionais e de relacionamento para suas portadoras . A acne vulgar geralmente desaparece ao final dessa fase da vida, mas eventualmente persiste em algumas mulheres2-4,6 . As características da acne nos orienta para a confirmação da acne vulgar e, consequentemente, para a exclusão da acne causada por estados hiperandrogênicos (hiperplasia adrenal congênita ou neoplasia dessa glândula, síndrome dos ovários policísticos, anovulação, neoplasias do ovário, distúrbios hipotálamo-hipofisários com hiperprolactinemia e anovulação e distúrbios metabólicos causados pelas doenças de tireoide) . Outra possibilidade é a acne iatrogênica, quando a mulher ingere substâncias que interferem nos folículos pilossebáceos (anabolizantes, androgênios, progestógenos), causando o surgimento das lesões em intensidade variável2,6 . Diagnóstico O diagnóstico da acne vulgar, em geral, não oferece dificuldades, pois a própria mulher refere o quadro, e, ao exame físico, as lesões são sugestivas e isoladas; não são observadas outras alterações típicas do hiperandrogenismo, como hirsutismo, queda de cabelos e obesidade androide . Deve destacar-se que a observação desses sinais de hiperandrogenismo sugere a possibilidade dessa doença estar ligada às diversas causas de hiperandrogenismo, que, nessa condição, deverá ser pesquisada clínica e laboratorialmente, em especial, a síndrome dos ovários policísticos presentes em até 45% dessas mulheres3 . 9 05/11/2009 02:50:42 A R T I G O DE A T u A L I z A ç ã O Diagnóstico clínico A anamnese em geral mostra queixa sugestiva, com início do quadro dermatológico quase em concomitância com o início da puberdade, em geral, sem outras manifestações, a não ser irregularidade menstrual, bastante comum nessa fase . Entretanto, a referência de outras queixas, como aumento de pelos e obesidade, deve merecer atenção, pois não é o habitual em portadoras de acne vulgar . O exame físico geral e ginecológico cuidadoso permite diagnosticar a acne vulgar isolada ou associada às manifestações como obesidade, hirsutismo, fácies sindrômicas, como no hipotireoidismo . O exame dos órgãos genitais, usualmente, mostra características normais . Em relação ao diagnóstico do tipo e da gravidade, recomenda-se utilizar a classificação proposta por Sampaio e Riviti2,5-7 . Diagnóstico laboratorial A realização de exames laboratoriais somente está indicada para casos em que houver evidências clínicas de hiperandrogenismo, quando se torna necessário o diagnóstico etiológico da acne . A pesquisa de hiperandrogenia consta da dosagem plasmática de testosterona total e livre, androstenediona, sulfato de deidroepiandrosterona (SDHEA) e 17 OH-progesterona . Quando houver elevação da testosterona ou da androstenediona, a provável etiologia é ovariana, ou elevando-se o SDHEA ou a 17 OH-progesterona, a origem adrenal deve ser cogitada . Havendo dúvidas, deve-se solicitar o teste de estímulo com cortrosina . Como já se comentou, a presença de acne em portadoras da síndrome dos ovários polícísticos é muito frequente e, por essa razão, se houver evidências clínicas, além do perfil androgênico, é recomendável a avaliação morfológica dos ovários pela ultrassonografia6,8 . Outros exames úteis para essas pacientes são: prolactina, T 4 livre e TSH, que deverão ser indicados de acordo com as evidências apontadas pelo quadro clínico6 . Tratamento O tratamento de mulheres com acne, em geral, conduzido por diferentes especialistas, deve ser feito por profissional com pleno domínio da doença . Para o atendimento de meninas adolescentes, deve-se considerar a fragilidade emocional própria da idade bem como o impacto negativo exercido pelas lesões da acne . Assim, é fundamental mostrar interesse pelo problema e oferecer apoio emocional, expondo a evolução em geral passageira dessa manifestação . Os medicamentos utilizados no tratamento da acne podem ser teratogênicos, 10 OS 8663 Sogia ano 10 n2.indd 10 sendo, pois, obrigatório utilizar método contraceptivo seguro quando a menina mantiver vida sexual . A recomendação de cuidados gerais com a pele, tanto em caso de acne vulgar quanto da associada à hiperandrogenemia, é fundamental, pois costumam melhorar o aspecto das lesões e oferecem sensação de atenção à menina que já se sente cuidada . Entre esses procedimentos estão: cuidados com a pele com uso de sabonetes ou soluções que diminuem a oleosidade, dieta com restrição de gorduras e grande ingestão de água e prática de atividades físicas2,6 . Tratamento tópico e sistêmico específico da acne vulgar Essa etapa do tratamento tem sido praticada por ginecologistas, endocrinologistas, especialistas em dermatologia e cosmiatria . É importante salientar que as meninas com acne grau i e ii, em geral, procuram o ginecologista ou dermatologista, que comumente assumem o caso isolada ou conjuntamente, iniciando o tratamento tópico com diferentes medicamentos como: isotretinoína (0,05%) à noite, aplicada nas áreas de lesões (primeira escolha ); ácido azelaico (20%), usado nas lesões pela manhã e à noite; peróxido de benzoíla (2,5% a 10%), uso tópico também pela manhã e à noite, sendo esta a primeira opção para acne grau ii . Eritromicina e clindamicina, para aplicações nas zonas de acne a cada oito horas, estão indicadas para portadoras de acne com presença de processo inflamatório discreto, que tenha ocorrido após o início do tratamento com isotretinoína; salienta-se que os antibióticos tópicos nem sempre apresentam resposta satisfatória, diferentemente do tratamento por via oral que tem boa atuação5,9 .O uso de contraceptivos hormonais geralmente é recomendado, pois acelera a resposta ao tratamento tópico e evita a gravidez com maior segurança no controle de teratogênese10,11 . O tratamento terá duração e opções individualizadas para cada caso . Deve-se salientar que estará indicada complementação cirúrgica e cosmética para drenar abscessos e correção de cicatrizes que persistiram como sequelas; como essas técnicas são mais ou menos específicas, devem ser indicadas e realizadas por profissionais altamente qualificados para obterem-se resultados mais satisfatórios . Tratamento oral com isotretinoína O tratamento oral com isotretinoína revolucionou o tratamento da acne, constituindo nos dias atuais o padrão-ouro para os casos de acne iii, iV ou nos de grau ii que não responderam satisfatoriamente ao tratamento tópico . Esse medicamento deve ser prescrito e controlado pelo dermatologista — mais habituado com esta droga —, assim como o uso associado de eritromicina ou tetraciclina, nas doses Revista da SOGiA-BR 10(2): 8-11, 2009 . 05/11/2009 02:50:42 A R T I G O DE A T u A L I z A ç ã O e nos esquemas mais adequados a cada paciente, pois os efeitos colaterais e a ação teratogênica da isotretinoína são relevantes5,12 . Com isotretinoína, é obrigatória a exclusão de gravidez, e deve ser prescrito contraceptivo hormonal efetivo, sendo mais recomendados aqueles com progestógenos com atividade antiandrogênica como ciproterona, drospirenona ou desogestrel; deve certificar-se de que a menina irá usá-lo corretamente . Em tratamento com essas medicações, a menina deve ser monitorada clínica e laboratorialmente (colesterol e triglicérides, hemograma, transaminases) em curtos períodos para melhores controle e segurança5 . • Flutamida (125 mg a 250 mg/dia) é considerada um antiandrogênico puro, agindo unicamente no bloqueio do receptor androgênico, mas deve ser usada com muito cuidado por causa dos efeitos colaterais, principalmente em doses maiores (lesões hepáticas severas) . • Acetato de medroxiprogesterona e noretindrona (5 mg a 10 mg/dia/10 dias/mês), indicados nos casos leves de acne e irregularidade menstrual de adolescentes sem vida sexual . Referências bibliográficas 1. Magalhães MLC, Reis JTL. Ginecologia Infanto-Juvenil. Rio de Janeiro: Medbook, 2007. 2. Tom WL, Fallon FS. Acne through the ages: case-based observations through childhood and adolescence. Clin Pediatr. 2008;47 (7):639- 51. 3. Chang RJ, Coffler MS. Polycistic ovary syndrome: early detection in the adolescent. 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Tratamento hormonal e etiológico O tratamento etiológico quando a acne estiver associada ou for causada por distúrbios endócrinos é direcionado para a causa da hiperandrogenemia, realizado antiandrogênios6,11: • Acetato de ciproterona (50 mg/dia/cíclicos ou contínuos) e espironolactona (100 mg a 200 mg/dia/ contínuos), que podem ser utilizados isoladamente ou, como é mais comum, associados ao etinilestradiol na forma de contraceptivos hormonais orais, apresentando excelentes resultados para a acne vulgar e a acne associada à hiperandrogenemia . Os contraceptivos hormonais associados ao tratamento tópico específico para a acne atuam muito bem na acne vulgar grau i e ii, nos produtos cujo progestógeno apresente características antiandrogênicas como o acetato de ciproterona, drospirenona e o levonorgestrel . • Finasterida (1 mg/dia), que atua inibindo a 5 alfaredutase nos receptores androgênicos, impedindo a conversão da testosterona em di-idrotestosterona, com boa eficácia e tolerabilidade . E n d e r e ç o p a r a 10. Camargo AF, Melo VH, Carneiro MM, Reis FM. Ginecologia Ambulatorial Baseada em Evidências Científicas. 2.ed. Belo Horizonte: Coopmed, 2008. 11. Maloney JM, Dietze PJ, Watson D. Treatment of acne using a 3-miligram drospirenone/20 microgram ethinyl estradiol oral contraceptive administered in a 24/4 regimen: a randomized controlled trial. Obstet Gynecol. 2008;112(4):773-81. 12. Kaymak Y, Taner E, Taner Y. 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OS 8663 Sogia ano 10 n2.indd 11 11 05/11/2009 02:50:42 R e L A t o De C A s o uso de podofilina e podofilotoxina com sucesso em menina de 7 anos de idade com papulose bowenoide de vulva Andréia Colombo1 • Liliane Diefenthaeler Herter2 • Danitza thomazi Gassen2 • Antonio Carlos Kruel Pütten3 RESUMO A papulose bowenoide representa uma apresentação clínica incomum da infecção pelo HPV, caracterizando-se pela presença de múltiplas e escurecidas pápulas cutâneas . cutâneas . Segundo alguns autores, está associada ao HPV de baixo risco oncogênico (HPV 6/11) com lesões de baixo risco oncológico (Ni (NiV 1) . 1) . Os autores descrevem um raro caso de paciente pré-púbere (7 anos de idade) que apresentou lesões clínicas de papulose bowenoide, achados histológicos de Ni NiV 1 e associação viral (HPV 16) . 16) . Não foram encontradas evidências de abuso sexual ou de comorbidades imunossupressoras . imunossupressoras . Por se tratarem de lesões histológicas de baixo grau, indicou-se tratamento clínico semanal com podofilina a 25% em tintura de benjoim, aplicado pelo médico-assistente . médico-assistente . Após quatro semanas de tratamento, houve redução das lesões em torno de 50% . 50% . Como era necessário tratar as lesões residuais, indicou-se podofilotoxina, 0,15%, pelo menor risco de efeitos sistêmicos e locais . locais . O tratamento foi feito em domicílio com três aplicações semanais . semanais . Após quatro semanas de tratamento, as lesões sofreram remissão . remissão . O seguimento está sendo realizado há três anos sem apresentar recidivas . recidivas . Como a aplicação do ácido tricloroacético é dolorosa e o imiquimode tem custo alto, a podofilina e a podofilotoxina podem ser armas terapêuticas eficazes e seguras no tratamento da papulose bowenoide em crianças, desde que respeitadas suas regras de aplicação . aplicação . Palavras-chave:: HPV, menina, pré-púbere, podofilina, podofilotoxina, papulose bowenoide, Ni Palavras-chave NiV 1, displasia vulvar vulvar . . ABSTRACT Bowenoid papulosis is an uncommon clinical presentation of HPV infection characterized by multiple dark cutaneous papules. According to some authors it is associated to non-oncogenic HPV types (HPV 6/11) and to low oncogenic risk lesions (VIN I). The authors describe a rare case in a prepubertal patient (7 years of age) who presented clinical lesions of bowenoid papulosis, histologic finding of VIN I and an associated viral infection (HPV 16). No evidence of sexual abuse and no immunosuppressive comorbidity were found. In view of the histological diagnosis of low grade lesion 25% podophyllin in a benzoin tincture was recommended and applied weekly by her physician. After 4 weeks there was a 50% reduction of the lesions. As treatment of the residual lesions was necessary, 0.15% podophyllotoxin was indicated to lower the risk of local and systemic side-effects. This treatment was applied three times a week at her home. There was complete remission of the skin lesions after 4 weeks of treatment, and there was no relapse after 3 years of follow-up. As trichloroacetic acid application is painful and Imiquimod is expensive, podophyllin and podophyllotoxin may be safe and effective in the treatment of bowenoid papulosis in children, provided their safety rules are respected. Keywords:: HPV, girl, prepuberty, podophyllin, podophyllotoxin, bowenoid papulosis, VIN 1, vulvar dysplasia. Keywords 12 OS 8663 Sogia ano 10 n2.indd 12 Revista da SOGiA-BR 10(2): 12-17, 2009 . 05/11/2009 02:50:43 ReLAto De CAso Introdução O termo NiV (neoplasia intraepitelial vulvar) reúne vários termos como a doença de Bowen, a eritroplasia de Queyrat, carcinoma in situ simples e carcinoma escamoso in situ . Em 1958, Woodruff e Hildebrand afirmaram que o aspecto histológico dessas lesões era semelhante, mas que poderia haver diferentes graus histológicos em uma única lesão . Mais recentemente, lesões pigmentadas passaram a ser denominadas, preferencialmente, como papulose bowenoide ou displasia bowenoide1 . Sugeriu-se que as lesões de papulose bowenoide ou displasia bowenoide fossem induzidas por vírus, que não apresentariam potencial maligno e que frequentemente regrediriam espontaneamente1 . No entanto, pode ser difícil distingui-las clinicamente das alterações epiteliais in situ da NiV 31 . A expressão papulose bowenoide, apesar de ser desencorajada, caracteriza uma das formas clínicas mais comuns da NiV . V Apresentam-se como lesões pigmentadas, verruciformes, V . papulares, múltiplas e estão associadas à presença de HPV HPV . A faixa etária mais frequentemente afetada é entre os 30 e os 50 anos; cerca de 60% a 80% das pacientes são tabagistas2 . Park et al al . (1991) estudaram 30 casos de NiV 3, encontrando dois tipos diferentes de NiV, a bowenoide e a basaloide, estando a primeira fortemente associada ao HPV HPV . O DNA do HPV 16 foi o único tipo de HPV detectado em 16 de 30 (53%) casos de NiV 3 e em 15 dos 36 (40%) cânceres invasivos, sugerindo que certos casos de NiV 3 e câncer invasivo possam ter uma etiologia não viral1 . A NiV quando acomete pacientes entre 35 e 55 anos de idade está mais frequentemente relacionada ao papilomavírus humano (HPV), mas em pacientes com idade superior a 55 anos, geralmente está associada a processo inflamatório crônico (líquen simples crônico, ou líquen escleroso, ou hiperplasia de células escamosas), podendo coexistir com o HPV3 . Sabe-se que a NiV está estreitamente ligada à NiC (neoplasia intraepitelial cervical) e que frequentemente ocorre doença multicêntrica na cérvix, na vulva e, ocasionalmente, na vagina1 . A incidência de crianças infectadas pelo HPV está aumentando e coincide com o maior número de condilomas em adultos . A avaliação médica e o manejo da infecção pelo HPV em crianças são prejudicados por longo período de latência do vírus, diferentes modos de transmissão e ausência de um regime terapêutico único e eficaz4 . Diante das controvérsias em relação à evolução e ao acometimento de mulheres mais jovens, o tratamento das NiVs passou a ser mais bem avaliado, com o objetivo de preservar a anatomia e a atividade sexual . Atualmente, a escolha teraRevista da SOGiA-BR 10(2): 12-17, 2009 . OS 8663 Sogia ano 10 n2.indd 13 pêutica divide-se em dois grupos: retirada cirúrgica da lesão ou sua destruição por métodos físicos ou químicos5 . O objetivo deste trabalho é relatar um raro caso de papulose bowenoide (NiV 1) em criança pré-púbere tratada de modo conservador e exitoso, inicialmente com podofilina e, após, com podofilotoxina . Relato de caso JNS, 7 anos de idade, branca, sexo feminino, foi levada à consulta ginecológica por sua mãe pela observação de lesões escurecidas na vulva há cerca de um mês . A criança negava prurido, leucorreia, ardência ou qualquer outro sintoma local . Relatava infecções urinárias de repetição e enurese, as quais eram acompanhadas pelo urologista . Apresentava bom desempenho escolar, dormia bem, negava abuso sexual . Não eram conhecidos outros casos de HPV na família . No momento não estava usando nenhuma medicação e negava cirurgias prévias ou alergias . Ao exame físico, a menina apresentava estadiamento de Tanner M1P1 (pré-púbere), 127 cm, 33 kg, bom estado geral, várias pápulas escurecidas nos grandes lábios e no períneo, hímen íntegro e ausência de sinais inflamatórios (Figura 1) . Figura 1. Paciente pré-púbere (7 anos) com papulose bowenoide pré-tratamento. A lesão foi biopsiada e o exame anatomopatológico revelou tratar-se de lesão escamosa intraepitelial de baixo grau (NiV 1) com provável associação viral . Foi realizado exame de proteína C reativa (PCR) para HPV, o qual identificou a presença do HPV 16 . Com tais achados, foi possível confirmar a hipótese diagnóstica de papulose bowenoide de etiologia viral (HPV 16) e de baixo grau (NiV 1) . A menina realizou outros exames sorológicos para afastar doenças sexualmente transmissíveis, 13 05/11/2009 02:50:43 ReLAto De CAso como VDRL, anti-HiV, herpes i/ii igG e igM, Chlamydia trachomatis igG e igM, pesquisa de gonococo, os quais foram todos negativos . A menina foi encaminhada também para um serviço especializado em investigação de abuso sexual, o qual não identificou essa associação . Diante do diagnóstico de lesão de baixo grau em uma criança com várias lesões de papulose bowenoide, optou-se por iniciar tratamento medicamentoso . Como a família era de poucas posses, indicou-se a podofilina por ser econômica e ter sua aplicação indolor, já que se tratavam de várias lesões . iniciamos com tratamento semanal de podofilina, 25%, em base de benjoim, aplicada no ambulatório por um ginecologista, após proteção da pele normal com emoliente e com a recomendação de lavar a pele da vulva com água e sabão neutro após seis horas da aplicação . Após cinco aplicações, as lesões já haviam reduzido mais de 50% (Figura 2) . No entanto, como era necessário manter o tratamento pela presença de lesões residuais, com a concordância da família, a podofilina foi substituída por podofilotoxina, 0,15%, por apresentar menor chance de efeitos adversos . Esta segunda medicação foi prescrita para uso domiciliar, duas vezes ao dia por três dias consecutivos e pausa de quatro dias . Após quatro semanas de tratamento, as lesões haviam regredido (Figura 3) . A paciente mantém-se assintomática e sem lesões até o momento, passados três anos de seguimento (Figura 4) . Figura 3. Paciente após dois meses do tratamento de quatro semanas com podofilotoxina, 0,15%. Figura 4. Três anos após o final do tratamento. Discussão A Sociedade internacional para Estudo de Doenças Vulvares (iSSVD), em 2004, recomendou que o termo NiV fosse limitado a lesões escamosas de alto grau, visto que não existem evidências de que a NiV 1 possa ser uma lesão pré-maligna ou que requeira tratamento5 . Figura 2. 14 OS 8663 Sogia ano 10 n2.indd 14 Paciente após cinco sessões semanais de podofilina, 25%. A NiV1 pode constituir processo viral ou reativo sem autêntico potencial neoplásico . Algumas condições vistas atualmente nos consultórios ginecológicos podem ser interpretadas histologicamente como NiV 1, incluindo casos de candidíase, psoríase, micropapilomatose papilar, dermatite seborreica, infecção pelo HPV e outros3 . Por outro lado, as lesões multifocais e multicêntricas estão mais frequentemente associadas ao HPV de alto risco oncogênico (16, 18 e 31) e devem ser consideradas como pré-malignas6 . Sabe-se que a maioria das NiVs são HPV positivas, sendo a NiV 1 e o condiloma acuminado geralmente associados ao HPV de baixo risco oncogênico do tipo 6 e 116, no entanto, o tipo viral encontrado por diferentes autores em casos de papulose bowenoide, até mesmo nesse caso relatado, foi o tipo oncogênico HPV 16 . O objetivo do tratamento das NiVs é impedir a progressão para o câncer vulvar, aliviar os sintomas e preservar a anatomia Revista da SOGiA-BR 10(2): 12-17, 2009 . 05/11/2009 02:50:44 ReLAto De CAso e as funções normais da vulva . Não existe um tratamento-padrão estabelecido, sendo muito importante conhecer a história natural da doença: a NiV não tratada pode persistir, progredir ou curar6 . A NiV 1 não necessariamente requer tratamento, porque não é considerada de risco oncogênico, podendo ser acompanhada e reavaliada, em caso de dúvida, quanto à evolução, com um novo estudo histopatológico3 . No entanto, o tratamento estético e a repercussão psicológica pela presença das lesões, especialmente as da papulose bowenoide, que são papulares e pigmentadas, devem ser considerados . O tratamento da papulose bowenoide é sempre complexo por afetar mulheres jovens, ser multifocal e comprometer as pacientes psicologicamente3 . Além disso, nos casos de crianças afetadas, ainda se acresce a investigação complementar de abuso sexual . Muitos trabalhos ainda apontam o tratamento cirúrgico com margens de segurança como o tratamento mais adequado para NiV, entretanto, desde a década de 1950, tem-se indicado cada vez mais cirurgias menos mutilantes pelo conhecimento da evolução natural da doença e das taxas de recidivas . inicialmente, o tratamento de escolha era a vulvectomia radical, após a vulvectomia simples, seguida da excisão local alargada e, posteriormente, a excisão alargada da pele seguida de enxerto cutâneo7 . No entanto, a deformação da anatomia da vulva e as altas taxas de recidiva (30% a 60%) associadas aos tratamentos excisionais levaram ao desenvolvimento de terapêuticas destrutivas das lesões de NiV . V A destruição das lesões do epitélio V . vulvar tem como principal desvantagem a inexistência de material para estudo histológico, o que obriga a um exame vulvoscópico exaustivo, com múltiplas biópsias, a fim de excluir qualquer foco de carcinoma invasivo, mas que apresenta a grande vantagem de reduzir a morbidade7 . O tratamento da NiV dependerá do grau da neoplasia intraepitelial e pode ser realizado de várias maneiras como cirurgia, laser e tratamento tópico (imiquimode, 5-fluoracil, ácido tricloroacético, podofilina, podofilotoxina etc .) . Podofilina A podofilina é um agente ceratolítico que tem em seu princípio ativo a resina em extrato alcoólico de Podophyllum peltatum8 . Essa substância não é mutagênica, mas, quando usada na forma de suspensão, contém carcinógenos como os flavonoides9 . É solúvel em álcool, éter, clorofórmio e tintura de benjoim8 . A tintura de benjoim tem a vantagem de marcar a área de aplicação e de ser insolúvel em água9 . Seu principal uso é para o tratamento de condilomas acuminados, mas já foi Revista da SOGiA-BR 10(2): 12-17, 2009 . OS 8663 Sogia ano 10 n2.indd 15 descrita para uso em papulose bowenoide na população pediátrica10 . É um agente citotóxico com afinidade para proteínas microtubulares do fuso mitótico . A organização normal do fuso é impedida, e as mitoses na epiderme são interrompidas na metáfase8 . A concentração recomendada é de 10% a 25% de resina de podófilo em tintura composta de benjoim11 . É usualmente aplicada uma vez por semana por aproximadamente quatro semanas12 . A aplicação deve ser restrita à verruga para prevenir erosão nas áreas adjacentes8 . A solução a 10% é preferida para lesões próximas da mucosa11 . Para grandes condilomas, é aconselhável limitar a aplicação a algumas partes da área afetada a fim de minimizar a absorção8 . A podofilina deve ser utilizada com cautela, especialmente na população infantil por causa de sua absorção aumentada em relação à dos adultos . Calcula-se que 1 cm² de superfície de pele em criança de aproximadamente 3 anos de idade corresponda a uma superfície corporal de 3 cm² de um adulto . Soluções diluídas de 5% a 15% poderiam ser utilizadas como alternativa4 para evitar a absorção sistêmica da droga e a toxicidade . Duas importantes recomendações devem ser seguidas: a aplicação deve ser limitada a menos do que 0,5 mL da solução ou em área inferior a 10 cm² de lesão por sessão e não devem existir lesões ou feridas abertas na área de administração do medicamento13 . Sintomas tóxicos em caso de excessivas aplicações incluem: náuseas, vômitos, alteração de consciência, fraqueza muscular, neuropatia com diminuição dos reflexos, coma e até morte8 . Os efeitos adversos locais correspondem a úlceras, eritema, irritação, queimadura e dor9 . A paciente é instruída a lavar a região de duas a três horas após a primeira aplicação . Dependendo da reação individual da paciente, o tempo pode ser estendido para de seis a oito horas nas próximas aplicações8 . É contraindicada na gestação, pois pode ser teratogênica, sendo classificada como categoria X (estudos em animais e humanos demonstraram anormalidade no feto)8,11 . Alguns estudos demonstram taxas de cura completa do HPV entre 19% e 80%, mas taxas de recorrência entre 23% e 70%9 . Seu custo é em torno de 43 reais para 20 mL . Podofilotoxina A podofilotoxina é a principal substância ativa da resina de podofilina, a qual se origina de plantas das espécies Podophyllum peltatum e Podophyllum emodi, sendo muito mais estável do que a podofilina e com menos efeitos tóxicos14 . É uma medicação antiviral, com propriedades antimitóticas . inibe a metáfase da divisão celular, evitando a divisão celular . Também induz o dano vascular no interior da lesão, 15 05/11/2009 02:50:44 ReLAto De CAso provocando necrose . Age como um imunomodulador local, pois pode induzir a produção de interleucinas9 . Existe nas formulações de solução a 0,5% e gel a 0,15%9 . O tratamento é autoaplicável, na dosagem de duas vezes por dia por três dias seguidos por intervalos de quatro dias8 . Um máximo de 0,5 mL pode ser usado por dia de tratamento9 . A baixa concentração reduz os riscos de toxicidade sistêmica8 . As reações adversas locais incluem: erosões cutâneas, úlceras, eritema, edema, irritação, dor, queimaduras e ardor9 . O uso não é recomendado na gestação e em pacientes que apresentam hipersensibilidade a seus componentes9 . O risco na gravidez é descrito como C (estudos em animais identificaram risco teratogênico ou embriogênico e não há pesquisas controladas em mulheres) . As taxas de cura variam entre 45% e 88% em vários estudos com quatro e seis semanas de tratamento . E as taxas de recorrência variam entre 0% e 91%9 . Dias et al al .14 encontraram em seu estudo taxas de cura de 72% após o quarto ciclo da podofilotoxina, 0,15%, e taxas de recorrência de 6,4%14 . Essa medicação tem resposta clínica rápida e, quando respeitadas as orientações de uso, apresenta baixo índice de toxicidade e reações adversas14 . É vendida com o nome comercial de Wartec na forma de creme com concentração de 0,15% e tem custo razoavelmente acessível (83 reais) . Imiquimode O imiquimode é um fármaco sintético modificador da resposta imune que atua na resposta celular mediada por interferon alfa (iFN-α) e fator de necrose tumoral (TNF), sem ação direta sobre o HPV HPV . O imiquimode ativa as células de Langerhans, melhora a apresentação de antígenos da célula T, induz a produção de interleucina (iL) 1, 6 e 8 e o fator estimulador de colônias de granulócitos-macrófagos (GM-CSF); estimula também as células NK (natural natural killer killer) e macrófagos a secretarem citoquinas (principalmente iFN-ϒ via iL12), provocando a inibição das células T Helper 2 e citoquinas iL4 e iL5 . Portanto, o aumento observado em relação à regulação da atividade das células CD4 e CD8 e o aumento significativo da célula T CD8, no final da aplicação de imiquimode, parecem ser os principais fatores responsáveis pela resolução do condiloma acuminado . Além disso, a atividade antiangiogênese do imiquimode produz um efeito antiproliferativo, o qual contribui para a eficácia clínica15 . O imiquimode é aplicado sobre a verruga genital três vezes por semana antes de dormir . O local de aplicação deve ser lavado ao acordar pela manhã . O tratamento é utilizado até o desaparecimento da lesão ou, no máximo, até 16 semanas . 16 OS 8663 Sogia ano 10 n2.indd 16 As reações adversas incluem: eritema, sensação de queimação, prurido e erosão12 . É muito utilizado para o tratamento de verrugas genitais com comprovada eficácia e menores taxas de recorrência do que o tratamento cirúrgico convencional . A habilidade dessa medicação em gerar e manter imunidade mediada por células específicas para o HPV pode explicar as taxas baixas de recorrência observadas após a utilização em verrugas genitais16 . O estudo de Le et al al .16 demonstrou que o uso de imiquimode, 5%, em lesões de NiV 2/3 resultou em regressão histológica em 53% das pacientes . Outras pacientes (29%) obtiveram redução importante (mais de 50%), seguida por tratamento cirúrgico menos agressivo16 . Em relação a outros tratamentos, o imiquimode apresenta vantagens, como menor dano tecidual, baixa recorrência das lesões e facilidade de utilização em domicílio . Uma das vantagens do uso do imiquimode em crianças é a maior tolerância por não causar dor . As desvantagens do uso do imiquimode incluem alto custo do tratamento e longo tempo de terapia, que pode durar até cerca de quatro meses . Não são observados efeitos sistêmicos, pois a absorção local da droga aplicada é inferior a 1%15 . Na gestação, essa droga é classificada como categoria C (estudos em animais identificaram risco teratogênico ou embriogênico e não há pesquisas controladas em mulheres) . Estudos realizados em animais não evidenciaram efeitos teratogênicos17,18 . Festa e Arias18 descreveram o uso de imiquimode em criança com menos de 12 anos de idade como seguro e eficaz . Esses mesmos autores relataram o uso de imiquimode para diversas enfermidades, incluindo a papulose bowenoide 18 . Segundo o trabalho de Wigbels et al al .19, o imiquimode provou ser uma opção segura, eficaz e prática para o tratamento da papulose bowenoide19 . O custo dessa medicação varia de 130 reais a 670 reais . Considerações finais Na literatura médica, poucos casos de papulose bowenoide em meninas pré-púberes são descritos . No caso descrito, a papulose bowenoide esteve associada à NiV 1, mas com o HPV oncogênico 16 . O imiquimode parece ser o tratamento medicamentoso mais seguro e eficaz para HPV, incluindo a papulose bowenoide . No entanto, apesar de ser provavelmente a primeira escolha para esse caso, não pôde ser prescrito naquele momento por seu alto custo (na época eram 450 reais), pois essa medicação não está acessível no Sistema Único de Saúde (SUS) . Revista da SOGiA-BR 10(2): 12-17, 2009 . 05/11/2009 02:50:44 ReLAto De CAso O uso de podofilina e podofilotoxina são alternativas mais baratas, eficazes, de uso indolor, e, se observadas suas regras de aplicação, são seguras . Estão indicadas no tratamento do condiloma verrucoso, mas também podem ser usadas na papulose bowenoide . O ácido tricloroacético, apesar de ser econômico e seguro, é em nosso serviço indicado para o tratamento de adolescentes, pois é mais doloroso e, por isso mesmo, pouco aceito em crianças pré-púberes, considerando-se a pele mais delicada e a menor tolerância à dor . Referências bibliográficas 7. Moutinho JAF. Neoplasia intraepitelial vulvar: um problema atual. RBGO. 2008;30(8):420-6. 8. Katzung BG. Farmacologia básica e clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. 9. Fuenzalida HC, Espinoza MP. Actualización en verrugas genitales externas: diagnóstico, clasificación y tratamiento. Rev Chilena Dermatol. 2007;23(2):126-33. 10. Godfrey JC, Vaughan MC, Williams JV. Successful treatment of bowenoid papulosis in a 9-year-old girl with vertically acquired human immunodeficiency vírus. Pediatrics. 2003;112(1):73-6. 11. Lacy CF, Armstrong LL, Goldman MP, Lance LL. Drug Information Handbook. Lexi Comp. 2007-2008; 1385. 12. Reichman R. 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OS 8663 Sogia ano 10 n2.indd 17 17 05/11/2009 02:50:45 NotíCIAs e AGeNDA 2009 III JORNADA MINEIRA DE ADOLESCÊNCIA E GINECOLOGIA INFANTO PUBERAL Promoção: Hospital Infantil São Camilo e Hospital Vila da Serra Organização: Cláudia Lúcia Barbosa Salomão, João Tadeu Leite dos Reis, Virgínia Werneck Marinho Data: 21 de agosto de 2009 Local: Hospital Infantil São Camilo - Auditório Programação e Ficha de Inscrição: www.hospitalinfantilsaocamilo.com.br e www.hospitalviladaserra.com.br Informações: (31) 3489 6100 – Vanessa – de 08:00 às 17:00 horas 21 de agosto – sexta-feira 08:30: CAFÉ DE BOAS VINDAS 09:00 às 10:30 Mesa Redonda: Abordagem Prática em Ginecologia na Infância Coordenação: Dra. Karine Ferreira Santos (BH) 09:00 às 09:20 Vulvovaginites: Dra. Maria Virgínia Werneck Marinho (BH) 09:20 às 09:40 Sangramento Genital: Dra. Claúdia Lúcia Barbosa Salomão (BH) 09:40 às 10:00 Coalescência de Peq. Lábios e Transtornos Dermatológicos da Vulva e do Períneo: Dr. João Tadeu Leite dos Reis (BH) 10:00 às 10:30 Discussão 10:30 às 12:00 Mesa Redonda: Abordagem Prática em Ginecologia na Adolescência Coordenação: Dra. Claúdia Lúcia Barbosa Salomão (BH) 10:30 às 10:50 Puberdade Precoce – Aspectos Clínicos e Terapêuticos: Dra. Sarah Baccarini Cunha (BH) 10:50 às 11:10 Dor Pélvica na Adolescência – Visão do Cirurgião Pediátrico: Dr. Rodrigo Romualdo Pereira (BH) 11:10 às 11:30 Dor Pélvica na Adolescência – Visão do Ginecologista: Dr. Geraldo Diniz Vieira Mendes (BH) 11:30 às 12:00 Discussão 12:00 às 13:00 Lunch Meeting – Patrocínio MSD: HPV na Adolescência – Visão Atual e o Uso da Vacina Presidente:: Dr. Olival Lacerda de Oliveira(BH) Presidente Oliveira(BH) Conferencista: Dr. José Geraldo Leite Ribeiro (BH) 13:00 às 14:30 Mesa Redonda: Violência sexual e Maus tratos na Infância e Adolescência Coordenação: Dr. Francisco Viana (BH) 13:00 às 13:30 Aspectos Clínicos e Protocolo: Dr. André Roquette (BH) 13:30 às 14:00 Aspectos Legais: Dra. Ângela Fabero (BH) – Promotora de Justiça da Infância e Juventude 14:00 às 14:30 Discussão 14:30 às 15:00 Mini Conferência: Qual a responsabilidade do Profissional de Saúde diante do paciente Respirador Bucal? Presidente: Dr. Letícia Paiva Franco (BH) Conferencista: Dra. Marisa Lages Ribeiro (BH) 15:00 às 16:30 Mesa Redonda: Particularidades no Atendimento ao Adolescente Coordenação: Dra. Isabel Cristina M. Souza (BH) 15:00 às 15:20 Exame Clínico Ginecológico na Infância e Adolescência: Dra. Claúdia Lúcia Barbosa Salomão (BH) 15:20 às 16:00 Culto ao corpo: Dr. Paulo César Pinho Ribeiro (BH) 16:00 às 16:30 Discussão 16:30 ás 16:50 Coffee Break 16:50 às 18:20 Mesa Redonda Anticoncepção na Adolescência Coordenação: Dra. Claúdia Lúcia Barbosa Salomão (BH) 16:50 às 17:10 Métodos Mecânicos: Dra. Karine Ferreira Santos (BH) 17:10 às 17:30 Métodos Hormonais Orais e Não Orais: Dr. Maria Virgínia Werneck Marinho(BH) Marinho(BH) 17:30 às 17:50 Controvérsias em Anticoncepção de Emergência: Dr. João Tadeu Leite dos Reis (BH) 17:50 às 18:20 Discussão APOIO: 18 OS 8663 Sogia ano 10 n2.indd 18 Revista da SOG OGiiA-BR 10(2): 18-19, 2009 . 2009 . 05/11/2009 02:50:50 NotíCIAs e AGeNDA 2010 16o Congresso Mundial FIGIJ Montpellier-França 22 a 25 de maio de 2010 www.figij2010.com Revista da SOG OGiiA-BR 10(2): 18-19, 2009 . 2009 . 19 05/11/2009 02:50:56 Delegados da SOGIA-BR Pará Distrito Federal José Clarindo Martins Neto Hospital Guadalupe Rua Acipreste Manoel Teodoro, 736 66015-040 – Belém, PA José Domingues dos Santos Jr. SMDB, cj. 12-B, lote 3, casa B Lago Sul – 71680-125 – Brasília, DF E-mail: [email protected] São Paulo Goiás Paraná Maranhão Érika Krogh E-mail: [email protected] Ceará Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães Silvia de Melo Cunha Rua Des. José Gil de Carvalho, 55 – Lago Jarey 60822-270 – Fortaleza, CE Tels.: (85) 257-3311/4535 E-mail:[email protected] [email protected] Bahia Marcia Sacramento Cunha Rua João das Botas, 89, ap. 601 40110-160 – Salvador, BA E-mail: [email protected] Alessandra Arantes Silva Campos Rua L, 68, ap. 801 – 74120-050 – Goiânia, GO Minas Gerais João Tadeu Leite dos Reis Rua Ceará, 1.431, sala 1301 30150-311 – Belo Horizonte, MG E-mail: [email protected] Claudia Lúcia Barbosa Salomão Av. Pasteur, 89, salas 1408/1409 30150-290 – Belo Horizonte, MG E-mail: [email protected] Espírito Santo Ricardo Cristiano Leal Rocha Rua Desembargador Sampaio, 204/401 Praia do Canto – 29055-250 – Vitória, ES E-mail: [email protected] Cremilda Costa de Figueiredo Rua Dr. Américo Silva, 96, ap. 601 40155-610 – Salvador, BA E-mail: [email protected] Rio de Janeiro Mato Grosso do Sul Elaine da Silva Pires Praça Nilo Peçanha, 16S 401 – Nilópolis 26520-340 – Rio de Janeiro, RJ E-mail: [email protected] Tatiana Serra da Cruz Vendas Rua Euclides da Cunha, 1.045 79020-230 – Campo Grande, MS Denise Leite Maia Monteiro Rua Almirante Tamandaré, 66, ap. 851 22210-060 – Rio de Janeiro, RJ E-mail: [email protected] Filomena Aste Silveira E-mail: [email protected] Rosana Maria dos Reis E-mail: [email protected] José Luiz de Oliveira Camargo Rua Assunção, 475 86050-130 – Londrina, PR Fernando César de Oliveira Jr. Av. 7 de Setembro, 5.231, ap. 602 – Batel 80240-000 – Curitiba, PR Tel.: (41) 244-9764 E-mail: [email protected] Santa Catarina Fabiana Troian Al. Rio Branco, 805, ap. 603 89010-300 – Blumenau, SC E-mail: [email protected] Ivana Fernandes E-mail: [email protected] Rio Grande do Sul Marcelino H. Poli Av. Salgado Filho, 111, ap. 23 98895-000 – Porto Alegre, RS E-mail: [email protected] Liliane D. Herter E-mail: [email protected] Glênio Spinato Rua Teixeira Soares, 879/504 99010-081 – Passo Fundo, RS E-mail: [email protected] Normas e instruções para publicação em nossa revista 1. Cada trabalho poderá ter até sete autores, e o autor principal, quando brasileiro, deve ser filiado como sócio da SOGIA-BR; para estrangeiros, é dispensada a exigência de filiação. 2. O texto de trabalho original ou de atualização deve ser digitado em arquivo Word, formato A4, fonte Times New Roman, tamanho 12, espaçamento entrelinhas de 1,5, com 12 a 16 páginas; relato de caso clínico deve conter entre seis e oito páginas. 3. Referências bibliográficas: não ultrapassar 40 referências, que devem ser relacionadas no final do trabalho, por ordem alfabética. No texto as referências devem seguir o padrão exemplificado aqui: “Puberdade precoce ocorre em 20 de cada 20 mil crianças10”. Essa referência número 10 é a décima da lista ordenada. 4. No texto, não usar letras maiúsculas para destacar palavras nem mesmo no caso de nome próprio (Pereira, e não PEREIRA). Não se devem usar pontos em siglas (OMS, e não O.M.S.) nem abreviações diferentes das clássicas e habituais. 5. Na página de rosto do trabalho, colocar o título deste, nome completo e titulação dos autores, as duas principais, além da identificação da instituição onde este se desenvolveu. O endereço do autor principal deve ser completo, incluindo e-mail e fax. 6. O corpo de trabalho de investigação deve ser desenvolvido nos moldes habituais: introdução, casuística e métodos (evitar o termo metodologia), resultados, discussão e conclusões. O resumo (português e inglês) deve conter entre 80 e 100 palavras. 7. As figuras (gráficos e tabelas) devem ser simples, somente com as informações estritamente necessárias à compreensão do texto e em preto e branco. A Revista da SOGIA-BR é um periódico dirigido aos profissionais que trabalham no atendimento de crianças e adolescentes. Destina-se à publicação de artigos de atualização e trabalhos originais de investigação que não tenham sido publicados em outro periódico. Os trabalhos devem ser encaminhados preferencialmente por e-mail [email protected]. Quando encaminhados via correios, deve ser enviado CD com os trabalhos gravados, juntamente a duas cópias em papel, para o endereço da SOGIA constante na primeira página da revista. 20 OS 8663 Sogia ano 10 n2.indd 20 Revista da Sogia-BR 10(2): 20, 2009. 05/11/2009 02:50:56 6a\jbVheZg\jciVh edYZbV_jY{"ad cVZhXda]VYd XdcigVXZei^kdbV^h VYZfjVYdeVgVhjVeVX^ZciZ# 'IkWfWY_[dj[\kcWekj[ccW_iZ[)+Wdei5 6ciZhYZbV^hcVYV!eZVVZaVfjZeVgZYZ[jbVg#HZZaViZb(*VcdhdjbV^hZcdVXZ^iVeVgVg!cd egZhXgZkVVci^XdcXZeX^dcV^hdgV^hXdbW^cVYdh6D8#7`kZ[#WW[iYeb^[hkccjeZei[c[ijhe] d_e$'"( (IkWfWY_[dj[[ij|WcWc[djWdZe5 FjVcYdVbja]ZgZhi{VbVbZciVcYd!bidYdhXdbdVeajaVVeZcVhXdbegd\ZhiV\c^dEEhdbZa]dgZh ZhXda]VhYdfjZdhVci^XdcXZeX^dcV^hdgV^hXdbW^cVYdh6D8#&!' )IkWfWY_[dj[\kcW"j[cZ_WX[j[iek^_f[hj[die5 HZ ZaV iZb [VidgZh bai^eadh fjZ VjbZciVb d g^hXd eVgV YdZcV XVgY^dkVhXjaVg cd egZhXgZkV Vci^XdcXZeX^dcV^hdgV^hXdbW^cVYdh6D8#7`kZ[#WW[iYeb^[hkccjeZei[c[ijhe] d_e$'"( ?d\ehcW[iWZ_Y_edW_iZ_ifedl[_iWei fheÄii_edW_iZ[iWZ[c[Z_Wdj[ieb_Y_jWef[be [#cW_bWj[dZ_c[djec[Z_Ye@ifYehf$Yec ekf[bej[b$0&.&&-&/+(,&$FWhW_d\ehcW[i Yecfb[jWi"YedikbjWhWXkbWZefheZkje$ OS 8663 Sogia ano 10 n2_(3 capa).indd 1 *&-&*)8:G"6CÖC8>D(86E6HD<>6 H[\[h dY_Wi 8_Xb_e]h|ÄYWi0 '$ LdgaY =ZVai] Dg\Vc^oVi^dc L=D# BZY^XVa ZaZ\^W^a^in Xg^iZg^V [dg XdcigVXZei^kZ jhZ# GZegdYji^kZ =ZVai] VcY GZhZVgX]# (i] ZY# <ZcZkZ/ LdgaY =ZVai] Dg\Vc^oVi^dc!'%%)# ($ BVcjVa YZ dg^ZciVd Vci^XdcXZed# ;ZWgVh\d '%%*# )$ @dgkZg I Zi Va# 6 YdjWaZ"Wa^cY hijYn XdbeVg^c\ i]ZXdcigVXZei^kZZ[ÃXVXn!VXXZeiVW^a^inVcYhV[Zind[ildegd\Zhid\Zc"dcane^aahXdciV^c^c\YZhd\ZhigZa,*bX\$YVndgaZkdcdg\ZhigZa(%bX\$YVn#:jg? 8dcigVXZeiGZegdY=ZVai]8VgZ&..-0(/&+.·,-#*$7_VgcVYii^gGZiVa#8dbeVgVi^kZhijYnd[i]ZZ[[ZXihd[Vegd\Zhid\Zc"dcane^aaXdciV^c^c\YZhd\ZhigZaVcY Vc^cigVjiZg^cZXdcigVXZei^kZYZk^XZ^caVXiVi^c\ldbZc#7g^i?DWhiZi<ncVZXda'%%&0&%-/&&,)·-%#+$KgdbVch:LBZiVa#B^hhZYe^aaVYk^XZ[dgldbZcjh^c\ 8ZgVoZiiZ#EgZhZciZYVii]Z&,i]LdgaY8dc\gZhhd[;Zgi^a^inVcYHiZg^a^in!BZaWdjgcZ!6jhigVa^V'%%&0,%/(,#,$E^X]aI!@VgX`J#I]ZZhigd\Zc"[gZZe^aa8ZgVoZiiZ ^cldbZcl^i]YnhbZcdgg]ZVVcYZhigd\Zc"gZaViZYh^YZZ[[ZXih#EgZhZciZYVii]Z&,i]LdgaY8dc\gZhhd[;Zgi^a^inVcYHiZg^a^in!BZaWdjgcZ!6jhigVa^V'%%&0 ,%/(,#-$=jhhV^cH;#Egd\Zhid\Zc"dcane^aahVcY]^\]WaddYegZhhjgZ/^hi]ZgZVcVhhdX^Vi^dc46a^iZgVijgZgZk^Zl#8dcigVXZei^dc'%%)0+./-.".,#.$L^c`aZg J=ZiVa#6gVcYdb^oZYXdcigdaaZYYdjWaZ"Wa^cYhijYnd[i]ZZ[[ZXihdc]ZbdhiVi^hd[ildegd\Zhid\Zc"dcane^aahXdciV^c^c\,*bX\YZhd\ZhigZadg(%bX\ aZkdcdg\ZhigZa#8dcigVXZei^dc&..-0*,/(-*·.'#/$G^XZZiVa#6XdbeVg^hdcd[i]Z^c]^W^i^dcd[dkjaVi^dcVX]^ZkZYWnYZhd\ZhigZa,*bX\VcYaZkdcdg\ZhigZa(% bX\YV^an#=jbGZegdY&...0&)/.-'"*#'&$7jaVYdegdYjid# 9;H7P;JJ;" :[ie][ijh[b -+ cY]$ 7FH;I;DJ7w´E0 XVgijX]d Xdb & XVgiZaV Xdb '- Xdbeg^b^Ydh# 8VYV Xdbeg^b^Yd Xdcib/ :[ie][ijh[b ,* bX\# ?D:?97wµ;I0 XdcigVXZed# 9EDJH7?D:?97wµ;I0 9;H7P;JJ; cd YZkZ hZg jhVYd cV egZhZcV YZ fjVafjZg YVh XdcY^Zh VWV^md dj hZ Vh bZhbVh dXdggZgZbeZaVeg^bZ^gVkZo!degdYjidYZkZhZgYZhXdci^cjVYd^bZY^ViVbZciZ/\gVk^YZodjhjheZ^iVYZ\gVk^YZo0Y^higW^digdbWdZbWa^XdkZcdhdVi^kd0 egZhZcVdj]^hig^VYZYdZcV]Ze{i^XV\gVkZZcfjVciddhkVadgZhYZ[jcd]Ze{i^XVcdiZc]VbgZidgcVYdVdcdgbVa0ijbdgZhegd\ZhiV\c^d"YZeZcYZciZh0 hVc\gVbZcid kV\^cVa cd Y^V\cdhi^XVYd0 ]^eZghZch^W^a^YVYZ V fjVafjZg XdbedcZciZ Yd 9;H7P;JJ;# FH;97Kwµ;I[7:L;HJÌD9?7I0 YjgVciZ d jhd YZ XdcigVXZei^kdhdgV^h8Dhdg^hXdYZiZgX}cXZgYZbVbVY^V\cdhi^XVYdZhi{aZkZbZciZVjbZciVYd#:cigZiVcid!eVgVZhhZhXdcigVXZei^kdhYZegd\ZhiV\c^d ^hdaVYd!VZk^YcX^VbZcdhXdcXajh^kV#6kVa^Vgg^hXd"WZcZ[X^dcdXVhdYZX}cXZg]Ze{i^Xd#>ckZhi^\VZhZe^YZb^da\^XVhVhhdX^VgVbdjhdYZ8D8VjbV bV^dg ^cX^YcX^V YZ igdbWdZbWda^hbd kZcdhd I:K! igdbWdhZ kZcdhV egd[jcYV Z ZbWda^hbd ejabdcVg# :bWdgV V gZaZk}cX^V Xac^XV YZhhZ VX]VYd eVgV :[ie][ijh[bjhVYdXdbdXdcigVXZei^kdcVVjhcX^VYZjbXdbedcZciZZhigd\c^XdhZ_VYZhXdc]ZX^YV!9;H7P;JJ;YZkZhZgYZhXdci^cjVYdZbXVhdYZ igdbWdhZ#6YZhXdci^cjVdYZ9;H7P;JJ;YZkZiVbWbhZgXdch^YZgVYVZXVhdYZ^bdW^a^oVdegdadc\VYVYZk^YV|X^gjg\^VdjYdZcV#Bja]ZgZhXdb ]^hig^VYZY^higW^dhigdbWdZbWa^XdhYZkZbhZgVaZgiVYVhhdWgZVedhh^W^a^YVYZYZgZXdggcX^V#:bWdgVdhegd\ZhiV\c^dhedhhVbVegZhZciVgZ[Z^idhdWgZ VgZh^hicX^V|^chja^cVZhdWgZVidaZg}cX^V|\a^XdhZ!cd]{Zk^YcX^VYVcZXZhh^YVYZYZVaiZgVgdgZ\^bZiZgVeji^XdZbY^VWi^XVhjhVcYdXdcigVXZei^kdh YZ egd\ZhiV\c^d ^hdaVYd# :cigZiVcid! bja]ZgZh Y^VWi^XVh YZkZb hZg Xj^YVYdhVbZciZ dWhZgkVYVh ZcfjVcid jhVgZb 9;H7P;JJ;# D igViVbZcid Xdb 9;H7P;JJ; aZkV | gZYjd Ydh ckZ^h hg^Xdh YZ ZhigVY^da eVgV jb ckZa XdggZhedcYZciZ | [VhZ [da^XjaVg ^c^X^Va# 6eZhVg Yd [Vid YZ 9;H7P;JJ; ^c^W^g V dkjaVd! 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