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4º TRIMESTRE • 2014 • Nº 309
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Copyright © 2014 – Igreja Adventista da Promessa
Revista para estudos na Escola Bíblica. É proibida a reprodução parcial
ou total sem autorização da Igreja Adventista da Promessa.
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ
Diretor
Alan Pereira Rocha
Conselho Editorial
José Lima de Farias Filho
Hermes Pereira Brito
Magno Batista da Silva
Osmar Pedro da Silva
Otoniel Alves de Oliveira
Gilberto Fernandes Coelho
João Leonardo Jr.
EXPEDIENTE
Redação
Rua Boa Vista, 314 – 6º andar – Conj. A – Centro
Fone: (11) 3119-6457 – Fax: (11) 3119-2544
www.portaliap.com.br • [email protected]
Jornalista responsável
Pr. Elias Pitombeira de Toledo (MTb. 24.465)
Redação e preparação
de originais
Alan Pereira Rocha
Alexandro Jorge da Silva
Andrei Sampaio Soares
Eleilton William de Souza Freitas
Ismael Braz
Jailton Sousa Silva
Kassio Passos Lopes
Márcio Guimarães
Silvio Gonçalves
Eudoxiana Canto Melo
Revisão de textos
Seleção de hinos
e ordem de culto
Silvana A. de Matos Rocha
Leituras diárias
Andrei Sampaio Soares
Projeto Gráfico
Marcorélio Cordeiro Murta
Editoração e capa
Farol Editora
Atendimento e tráfego Geni Ferreira Lima
Fone: (11) 2955-5141
Assinaturas
Informações na página 112
Impressão
Gráfica Regente – Maringá, PR
Modismos e heresias do meio evangélico
SUMÁRIO
Apresentação .....................................................5
1
A teologia da prosperidade ...................................7
2
O evangelho da saúde perfeita ...........................14
3
A quebra de maldições .......................................21
4
Demonologia enferma ........................................28
5
Apóstolos e profetas ...........................................35
6
A salvação pelas obras ........................................42
7
As práticas judaizantes........................................49
8
O louvor profético ..............................................56
9
Os cristãos sem igreja .........................................64
10
Ateísmo cristão ...................................................71
11
O homem como centro.......................................78
12
Cultos desordeiros ..............................................86
Projeto Proclamar – Sábado especial ..............94
13
Jesus e a missão integral .....................................95
Sugestão para programa de culto ................103
Confira, nas páginas centrais, o encarte com informações sobre
a 50ª Assembleia Geral das Convenções da IAP
ABREVIATURAS DE LIVROS DA BÍBLIA
UTILIZADAS NAS LIÇÕES
4
ANTIGO TESTAMENTO
NOVO TESTAMENTO
Gênesis
Êxodo
Levítico
Números
Deuteronômio
Josué
Juízes
Rute
1 Samuel
2 Samuel
1 Reis
2 Reis
1 Crônicas
2 Crônicas
Esdras
Neemias
Ester
Jó
Salmos
Provérbios
Eclesiastes
Cantares
Isaías
Jeremias
Lamentações
Ezequiel
Daniel
Oséias
Joel
Amós
Obadias
Jonas
Miquéias
Naum
Habacuque
Sofonias
Ageu
Zacarias
Malaquias
Mateus
Marcos
Lucas
João
Atos
Romanos
1 Coríntios
2 Coríntios
Gálatas
Efésios
Filipenses
Colossenses
1 Tessalonicenses
2 Tessalonicenses
1 Timóteo
2 Timóteo
Tito
Filemon
Hebreus
Tiago
1 Pedro
2 Pedro
1 João
2 João
3 João
Judas
Apocalipse
Gn
Ex
Lv
Nm
Dt
Js
Jz
Rt
1 Sm
2 Sm
1 Rs
2 Rs
1 Cr
2 Cr
Ed
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Jó
Sl
Pv
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Ct
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Jr
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Jn
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Ml
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
Mt
Mc
Lc
Jo
At
Rm
1 Co
2 Co
Gl
Ef
Fp
Cl
1 Ts
2 Ts
1 Tm
2 Tm
Tt
Fm
Hb
Tg
1 Pe
2 Pe
1 Jo
2 Jo
3 Jo
Jd
Ap
ABREVIATURAS DE TRADUÇÕES
E VERSÕES BÍBLICAS
UTILIZADAS NAS LIÇÕES
AM
ARA
ARC
AS21
ECA
NVI
KJA
BV
NBV
BJ
TEB
NTLH
A Mensagem
Almeida Revista e Atualizada
Almeida Revista e Corrigida
Almeida Século 21
Edição Contemporânea de Almeida
Nova Versão Internacional
Tradução King James Atualizada
Bíblia Viva
Nova Bíblia Viva
Bíblia de Jerusalém
Tradução Ecumênica da Bíblia
Nova Tradução na Ling. de Hoje
Apresentação
Pela graça de Deus, chegamos à última série de Lições Bíblicas de 2014. Esta,
que é uma série doutrinária, tem como título Ventos de doutrinas: Modismos e heresias do meio evangélico. Cremos que se trata de um tema bastante
oportuno e relevante para os dias atuais da igreja evangélica, dias marcados
por “novidades espirituais” que surgem no mercado da fé, a toda hora.
O que queremos dizer com a expressão “ventos de doutrinas”? Antes de
responder a essa pergunta, precisamos explicar que a palavra doutrina é a
tradução para o termo grego didaskalia e significa ensino ou instrução. Precisamos dizer também que a doutrina cristã pode ser definida como o conjunto
das verdades fundamentais da Bíblia ou, simplesmente, o ensinamento que
Jesus Cristo deixou para que seguíssemos. Então, vamos agora à resposta. A
expressão “ventos de doutrinas” é usada, na Bíblia, para se referir às falsas
doutrinas, aquelas que são contrárias ao evangelho de Cristo.
As falsas doutrinas têm aparência de coisa boa, mas a realidade é bem
diferente. São chamadas de “ventos” porque são modismos que vão e vêm.
São heresias que se apresentam aos cristãos como se fossem remédio, quando, na verdade, são veneno. São tão impetuosas e ardilosas que, se não
estivermos firmes na fé, podem até nos levar ao chão. Observe o que Paulo
escreveu, na Carta aos Efésios, capítulo 4, versículos 13 e 14:
... até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho
de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de
Cristo. O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um
lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de
doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro.
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Segundo esse texto, os ventos de doutrinas são armadilhas para os incautos
e ingênuos. Qual é o antídoto? Como podemos nos prevenir para não cairmos nessa arapuca? Não há outra solução: precisamos de conhecimento,
mas não de qualquer conhecimento. Precisamos conhecer as Escrituras Sagradas; precisamos conhecer o Filho de Deus. É fundamental entendermos
o evangelho. Esse é o único caminho para crescermos na fé e deixarmos de
ser crianças.
É claro que devemos ser semelhantes às crianças, na humildade e na autenticidade (cf. Mt 18:3-4), mas não em sua ignorância ou falta de discernimento, nem em sua instabilidade (Ef 4:14; 1 Co 14:20). As crianças acreditam
em tudo que lhes é dito, e, neste sentido, não podemos imitá-las. Um cristão
maduro não é jogado de um lado para o outro pelas novidades espirituais
que surgem, a cada dia, no mercado da fé. Mas, infelizmente, há cristãos sinceros que embarcam em todas as novas ondas que assaltam a igreja e jamais
se firmam na verdade. Vivem atrás de experiências e não têm discernimento
para identificar os falsos ensinos.
Só há uma solução. Paulo nos diz que, se quisermos crescer para que não
mais sejamos meninos, inconstantes, levados ao redor por todo vento de
doutrina, precisamos do conhecimento. É por isso que temos a satisfação de
apresentar a você esta série de estudos, em que iremos combater, através da
palavra de Deus, alguns ventos de doutrinas que, atualmente, estão soprando com muita força no meio evangélico, e querem nos levar consigo.
Que Deus recompense todos os que colaboraram na pesquisa e na produção desta série. Que Deus use poderosamente os professores. Que Deus faça
com que os estudantes destas lições bíblicas cresçam espiritualmente. Que
Deus nos ajude a fugir de uma fé infantilizada e ser capazes de identificar os
ventos de doutrinas de nosso tempo.
A ele sejam dadas a honra, a glória e o louvor, pelos séculos dos séculos.
Amém!
Pr. Alan Pereira Rocha
Diretor do Departamento de Educação Cristã
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Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
1
A teologia da
prosperidade
4 DE OUTUBRO DE 2014
Hinos sugeridos – BJ 232 • BJ 128
OBJETIVO
TEXTO BÁSICO
Explicar ao estudante da
palavra de Deus o que é
a perniciosa teologia da
prosperidade, à luz das
Escrituras, de maneira
que consiga discernir seus
ensinos antibíblicos e
rejeitá-los com firmeza.
Por isso, tendo o que comer e com que
vestir-nos, estejamos com isso satisfeitos.
(1 Tm 6:8)
LEITURA DIÁRIA
D
S
T
Q
Q
S
S
28/09
29/09
30/09
01/10
02/10
03/10
04/10
1 Tm 6:7-10
2 Co 9:13-14
Jo 16:33
Hb 11:37
2 Co 11:16-33
At 14:22
Hb 13:5
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Comentários Adicionais
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INTRODUÇÃO
Se você ligar sua televisão, agora mesmo,
provavelmente encontrará, em determinado
canal, um telepastor pregando uma telemensagem muito parecida com esta: “Deus quer
que seus filhos tenham os melhores empregos, comam a melhor comida, vistam-se das
melhores e mais caras roupas, dirijam os melhores automóveis e tenham o melhor que
este mundo pode oferecer. Ora, você é filho
do rei, que é Deus, o dono do ouro e da prata,
então, por que passar por dificuldades? Aproprie-se agora de sua benção!”.
Essa mensagem pertence a muitos bispos,
apóstolos e pastores brasileiros, divulgadores da
famigerada teologia da prosperidade. Eles alardeiam, pelos púlpitos, que você “nasceu para
vencer”, que é “cabeça e não calda” e que precisa “tomar posse da sua benção”. Seria esse
o evangelho de Cristo? Teria Jesus anunciado
um “evangelho da prosperidade”? Visando responder a essas e outras questões, analisaremos,
nesta lição, a teologia da prosperidade sob a
ótica das Escrituras. Vamos ao estudo!
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7
I
CONHECENDO OS VENTOS DE DOUTRINA
O que é a teologia da prosperidade? Basicamente, é o ensino que
afirma ser a prosperidade financeira um direito do cristão, pois este
é filho de Deus, o dono de toda a
riqueza. Esse ensino é muito comum
no Brasil, mas teve sua origem nos
Estados Unidos, como um desdobramento da doutrina de “confissão positiva”, cujo originador foi o evangelista William Kenyon (1867-1948) e
cujo principal divulgador foi o pregador norte-americano Kenneth Hagin
(1917-2003). A teologia da prosperidade não é uma doutrina uniforme,
o que dificulta nosso trabalho de
estudá-la. Entretanto, ao analisá-la,
percebemos que há três ensinos centrais que a definem muito bem. Estes
ensinos são os seguintes.
1. Só recebe quem dá: Um dos
ensinos centrais da teologia da prosperidade é a regra: Quanto mais dinheiro damos à igreja, mais recebemos de Deus. Com base em Ml 3:10,
os líderes evangélicos dizem que, se
devolvemos nosso dízimo a Deus, ele
tem a obrigação de nos abençoar financeiramente. De igual forma, os
arautos do evangelho da prosperidade fazem uso de 2 Co 9:6 para comprovar esse ensino equivocado. Nesse texto, Paulo diz: ... o que semeia
pouco também ceifará pouco; e o
que semeia em abundância em abundância também ceifará. Isso significa
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Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
que quem dá muito dinheiro à igreja,
muito dinheiro recebe de Deus.
Fica claro, portanto, que, nas igrejas que adotam a teologia da prosperidade, o relacionamento do fiel com
Deus baseia-se na barganha. Você
recebe, se, primeiro, doar; colhe, se
plantar. No modo de entender dos
defensores da Teologia da Prosperidade, se você deu o dízimo, pode exigir
de Deus riquezas; se ofertou dinheiro,
ele terá que lhe devolver em dobro.
2. Sinal de fidelidade: Outro ensino fundamental da teologia da prosperidade é o de que dinheiro, conquistas financeiras e bens são amostras
de que o crente desfruta de um bom
relacionamento com Deus. Crente fiel
a Deus é crente saudável, com muito
dinheiro no bolso, com casas e automóveis caros. Essas bênçãos financeiras são vistas como um sinal de uma
vida cristã vitoriosa. Isso se comprovaria na vida de Abraão, Davi, Salomão
e Jó, que eram riquíssimos, dizem os
evangelistas da prosperidade.
Seguindo essa lógica, se o crente
não desfruta de todas essas benesses não está nada bem aos olhos de
Deus: provavelmente, está contribuindo muito pouco, está “em pecado”, tem pouca fé ou tem dado
lugar ao Diabo. No último caso, se
o diabo estiver emperrando a prosperidade, é preciso “amarrá-lo” ou
exigir: “Tire as mãos do meu dinhei-
ro!”. Nessa teologia, portanto, pobreza é sinônimo de maldição, fracasso e mediocridade.
3. Direito do crente: O terceiro
ensino central da teologia da prosperidade é o de que o crente tem o
direito de desfrutar de muito dinheiro, bens e conquistas financeiras em
abundância. Ora, se somos filhos do
rei, dizem os adeptos do evangelho
da prosperidade, então possuímos
não apenas o privilégio, mas, sobretudo, o dever de sermos prósperos.
Esse não é só um privilégio; é um
direito do cristão, dizem. Por isso, o
crente pode exigir isso de Deus.
Essa é a razão pela qual é tão
comum, em igrejas que assumem
a teologia da prosperidade, ver
crentes “tomando posse da benção”, “apropriando-se do que
querem” e “exigindo de Deus suas
bênçãos”. Em tais igrejas, Deus
é visto como uma marionete que
pode ser manobrada pelos crentes. Eles exigem, e ele tem que dar;
eles o colocam “contra a parede”,
e ele não tem alternativa, a não ser
abençoá-los. Tudo isso porque entendem que o crente está destinado a ser próspero, saudável e feliz
neste mundo.
01. Discuta em classe as seguintes questões: Como podemos definir
a teologia da prosperidade? Qual a sua origem? Em sua opinião, há
muitas igrejas, no Brasil, que a ensinam?
02. Há três ensinos centrais que definem a teologia da prosperidade.
Quais são? Para responder, utilize o comentário anterior.
II
COMBATENDO OS VENTOS DE DOUTRINA
Como acabamos de ver, a teologia da prosperidade poderia, grosso
modo, ser definida por estes três
ensinos centrais: 1) Quanto mais di-
nheiro damos à igreja, mais recebemos de Deus, 2) prosperidade é sinônimo de bom relacionamento com
o Senhor e 3) cristão tem o direito
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de desfrutar de bênçãos financeiras
em abundância. Será que, à luz da
Bíblia, esses ensinos estão corretos?
É o que veremos a seguir.
1. Barganha com Deus: Sobre
o primeiro ensino da teologia da
prosperidade, precisamos fazer algumas considerações. É claro que,
em Ml 3:10, 2 Co 9:6 e em outros
textos, há promessas de Deus para
os que são fiéis nos dízimos e contribuem generosamente, mas isso
não significa que podemos exigir
bênção de Deus. Ele é soberano e
nós, suas criaturas. A contribuição
financeira não é uma barganha
com Deus. O fato de darmos não
o obriga a nos devolver; é o contrário: ele já nos deu, e, por isso,
estamos devolvendo. A teologia da
prosperidade distorce o conceito
bíblico de contribuição.
O dízimo é uma atitude de gratidão, não de interesse mesquinho.
Não o devolvemos para ganhar em
dobro, nem para ficar ricos, mas para
agradecer a Deus por suas bênçãos.
É interessante que 2 Co 9 trata de
uma oferta destinada a ajudar cristãos pobres na Judeia. A motivação
era ajudar o próximo, não enriquecer. O que Paulo estava ensinando
é que “quando semeamos dinheiro,
colhemos não apenas dinheiro, mas
também, e, sobretudo, bênçãos espirituais”1 (cf. 2 Co 9:13-14). Sendo
assim, a contribuição, na Bíblia, é
1. Lopes (2008a:208).
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Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
sempre uma expressão de gratidão,
nunca um meio para extorquir riqueza de Deus.
2. Pobres, mas fiéis: Quanto
ao segundo ensino da teologia da
prosperidade (prosperidade é sinônimo de bom relacionamento com
Deus), podemos afirmar que é antibíblico. Temos o exemplo dos crentes pobres da Judeia, para os quais
foi necessário levantar uma oferta
entre as igrejas da Macedônia, a fim
de que não morressem de fome (cf.
Gl 2:10; 2 Co 8 e 9). Será que todos
esses irmãos não tinham fé o bastante ou estavam “em pecado”? E
o que dizer do nosso Senhor Jesus
Cristo, que, sendo filho de Deus, foi
pobre? A Bíblia diz que ele nasceu
em um estábulo sujo, em Belém
(Lc 2:1-7), e cresceu em Nazaré,
situada na periferia da Palestina
(Mt 2:19-20, 23).
Sendo assim, a fidelidade do
crente a Deus não pode ser medida
por sua situação financeira. Na galeria dos heróis da fé, em Hb 11, encontramos o relato de crentes que
foram fiéis a Deus e, ainda assim,
foram necessitados (Hb 11:37). O
mesmo diríamos de Paulo, que, por
amor a Cristo, passou fome, sede,
frio e necessidades inúmeras, no decorrer de toda sua vida (2 Co 11:1633; Fp 4:11-13; 2 Tm 4:6-18). Sem
dúvida, de acordo com a teologia da
prosperidade, o apóstolo seria, hoje
em dia, um tremendo exemplo de
crente fracassado.
3. Não somos imunes: A Bíblia
também contradiz o terceiro ensino
da teologia da prosperidade, a ideia
de que o cristão, por servir a Deus,
tem o direito à riqueza material e à
prosperidade financeira. Jesus disse que o Pai não promete atender
nossas ambições, mas, sim, nossas
necessidades (Mt 6:31-34); também
não nos torna imunes ao sofrimento
presente (cf. Mt 24:7-9; At 14:22).
Os cristãos não estão isentos das
condições econômicas e sociais do
lugar em que vivem. Isso fica claro
pelo exemplo dos cristãos pobres da
Judeia, que sofreram com a fome
que se abateu por todo o mundo, na
época (At 11:27-30).
O mal, o sofrimento e a escassez
farão parte deste mundo, até que Jesus volte (Ap 21:1-4). Diante disso, a
confiança do cristão deve estar em
Deus, que o ajuda a enfrentar as adversidades. Não temos direito algum
de exigir riquezas de Jesus, pois ele
nunca nos prometeu isso (Jo 16:33).
Nas igrejas que pregam a teologia
da prosperidade, Deus está a serviço
dos fiéis, como um capacho, debaixo
de seus mandos e desmandos. Isso
não é absurdo? Deus é soberano;
lembre-se disso.
03. Responda às seguintes questões: É certo, com base em Ml 3:10,
exigir bênçãos de Deus? Qual a motivação para contribuir? Qual o
contexto de 2 Co 9:6 e o que Paulo estava realmente ensinando?
Utilize 2 Co 9:13-14.
04. Leia Mt 8:20 e responda: Como conciliar a teologia da prosperidade com o fato de Jesus ter sido pobre? Leia Jo 16:33; 2 Co
11:16-33; Fp 4:11-13; Hb 11:37; At 11:27-30, e comente sobre a ideia
absurda de dizer que crente não pode passar por necessidades. Jesus
prometeu riquezas?
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11
III
CORRENDO DOS VENTOS DE DOUTRINA
Como ficou comprovado, à luz
das Escrituras, a teologia da prosperidade é completamente antibíblica.
É mais um vento de doutrina falsa,
que tem soprado pelas igrejas evangélicas no Brasil. Concentra-se em
verdades bíblicas pela metade, fora
do contexto.2 Não é, de forma alguma, o evangelho de Jesus Cristo,
e, portanto, deve ser rejeitada por
todos os cristãos. A seguir, vejamos
como podemos correr para bem longe desse falso ensino.
1. Fuja da teologia da prosperidade: não seja insatisfeito:
A teologia da prosperidade produz
crentes egoístas e insatisfeitos. Influenciados por ela, muitos cristãos,
como meninos malcriados, têm feito orações interesseiras, esperando
que Deus realize suas vontades mesquinhas de adquirir bens, posição
e riqueza. Nunca estão satisfeitos,
sempre querem mais. Só sabem pedir e pedir.
Contudo, a Bíblia nos diz: Não se
deixem dominar pelo amor ao dinheiro e fiquem satisfeitos com o que
vocês têm (Hb 13:5 – NTLH). Paulo
vai além e diz que devemos sentirnos bem satisfeitos sem dinheiro, se
tivermos alimento e roupa suficiente
(1 Tm 6:8). A palavra prosperidade,
do latim prospérus, significa “feliz,
ditoso, florescente”.3 A verdadeira
prosperidade bíblica é: estar feliz e
satisfeito com o que Deus nos dá.
2. Fuja da teologia da prosperidade: não seja interesseiro: A
teologia da prosperidade enfatiza
o “aqui e agora”, em detrimento
do “lá e então”. Prioriza o efêmero, não o eterno; o irrelevante, não
o imprescindível; o supérfluo, não o
essencial. Jesus disse: Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo
de ganância; a vida de um homem
não consiste na quantidade dos bens
que possui (Lc 12:15 – NVI).
Paulo, por sua vez, afirma que
os querem ficar ricos caem em tentação, em muitos desejos loucos e
nocivos que afundam os homens na
ruína e na desgraça (1 Tm 6:9). Os
ambiciosos são facilmente atraídos
pela teologia da prosperidade. Eles
vão a Deus, não pelo que ele é, mas
pelo que ele pode fazer. Não querem
a salvação, mas a riqueza; não querem o seu amor, mas as suas bênçãos. Fuja da teologia da prosperidade. Não seja interesseiro.
2. Zibordi (2006:69).
3.Idem, p.70.
12
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
05. Leia 1 Tm 6:8 e Hb 13:5 e fale sobre como a teologia da prosperidade produz crentes insatisfeitos e como a Bíblia a contradiz,
nesse sentido.
06. Converse com os demais alunos sobre as seguintes questões:
Qual a ênfase da teologia da prosperidade? O que a Bíblia diz a
respeito? Para responder, leia Lc 12:15; 1 Tm 6:9.
SEU DESAFIO SEMANAL
Nesta semana, seu desafio será bem prático; afinal, Tiago
nos advertiu quanto ao perigo de estudarmos a palavra de
Deus, mas nunca a colocarmos em prática (Tg 1:22). Sendo assim, tente aplicar tudo o que você aprendeu, nesta lição. Aqui
vão algumas dicas: Pegue seus CD’s ou DVD’s de música gospel
e analise as letras das canções. Você sabia que muitas músicas
e bandas evangélicas, no Brasil, são influenciadas pela teologia
da prosperidade?
Precisamos ficar atentos! Por isso, faça o mesmo com os livros
que você possui. Aliás, a partir de agora, fique mais atento às
mensagens que você vê no youtube, aos pregadores de renome
que você escuta frequentemente. Infelizmente, muitos pastores
de renome são adeptos da teologia da prosperidade e lucram
muito com esse falso ensino. Seja crítico. Não seja enganado.
Rejeite, com firmeza, a teologia da prosperidade.
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13
2
O evangelho da
saúde perfeita
11 DE OUTUBRO DE 2014
Hinos sugeridos – BJ 88 • BJ 25
OBJETIVO
TEXTO BÁSICO
Ensinar ao estudante da
Bíblia que o cristão não é
imune às enfermidades,
como ensina o evangelho
da saúde perfeita, e,
com base nessa verdade,
ajudá-lo a ser cuidadoso
e submisso.
Os seus discípulos perguntaram: — Mestre,
por que este homem nasceu cego? Foi por
causa dos pecados dele ou por causa dos
pecados dos pais dele? Jesus respondeu:
— Ele é cego, sim, mas não por causa dos
pecados dele nem por causa dos pecados dos
pais dele. É cego para que o poder de Deus
se mostre nele. (Jo 9:2-3 – NTLH)
LEITURA DIÁRIA
D
S
T
Q
Q
S
S
05/10
06/10
07/10
08/10
09/10
10/10
11/10
Jo 9:1-3
2 Co 12:7-9
2 Cr 26:17-20
2 Rs 13:14
2 Tm 4:20
Mt 6:10
Jó 2:7-10
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14
INTRODUÇÃO
É assustadora a quantidade de mortes a
cada ano. De acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde, divulgados no
site da revista Super Interessante1, mais de 50
milhões de pessoas morrem, anualmente, no
planeta. A maioria dessas mortes é provocada
por doenças. As doenças vasculares cerebrais,
por exemplo, estão entre as que mais matam
no mundo.
Não é à toa que, apesar dos avanços constatados, na medicina, nos últimos anos, a saúde
ainda continua sendo uma de nossas principais preocupações. Ninguém quer ficar refém
de uma doença, seja esta grave ou não. Dian1. Soares, Jessica. 9 doenças que mais matam no mundo.
7 de dezembro de 2012. Disponível em: <http://super.
abril.com.br/blogs/superlistas/9-doencas-que-mais-matam-no-mundo/ >. Acesso em 16 de junho de 2014.
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
te de tudo isso, cabe uma pergunta:
O crente em Jesus pode ficar doente? O evangelho da saúde perfeita
I
afirma que não. E a Bíblia, o que diz
a respeito? É o que veremos no decorrer desse estudo.
CONHECENDO OS VENTOS DE DOUTRINA
Nos últimos anos, uma das doutrinas mais defendidas nos púlpitos
de diversas igrejas cristãs é o chamado evangelho da saúde perfeita.
Trata-se de um braço da Teologia da
Prosperidade. Seus defensores não
admitem, em hipótese alguma, que
o cristão esteja enfermo e, ao mesmo tempo, em paz com Deus. Para
melhor entendê-la, analisemos dois
de seus aspectos.
1. A imunidade às doenças: A
doença não faz parte do vocabulário
do verdadeiro cristão. Pelo menos, é
isso que prega o evangelho da saúde
perfeita. Assim sendo, o cristão está
imune a qualquer enfermidade. Ele
não merece sofrer. Em que se baseia esse pensamento tão difundido
e aceito por diversas denominações
evangélicas de nossos dias?
Uma das premissas desse ensino
é que a doença é resultado de uma
ação exclusiva do diabo.2 Uma simples gripe ou dor de cabeça pode
indicar possessão maligna, e o verdadeiro cristão não pode ficar vul-
2. Andrade, Joaquim. A teologia da prosperidade. Disponível em: <http://www.solascriptura-tt.org/Seitas/Pentecostalismo/TeologiaProsperidade-JAndrade.htm>. Acesso em 11
de junho de 2014.
nerável a ela, já que tem fé. Mateus
9:32-33 é um dos textos usados para
defender essa ideia. Nele, é narrada
a história de um homem mudo que
foi curado por Jesus. Diz o texto que,
quando o demônio foi expulso, o
mudo começou a falar (v.33a).
Outro ponto defendido pelo evangelho da saúde perfeita é que o cristão não deve adoecer porque a cura
física lhe está totalmente garantida,
na expiação de Cristo, de acordo
com Isaías 53:4-5. O versículo 4a diz:
Certamente ele tomou sobre si as
nossas enfermidades e sobre si levou
as nossas doenças. Mateus 8:14-17
é também utilizado para reforçar
esse pensamento.
2. A culpabilidade frente às
doenças: Já afirmamos que os defensores do evangelho da saúde perfeita argumentam que o verdadeiro
cristão não pode ser portador de enfermidade. Contudo, “os hospitais e
clínicas especializadas estão cheias
de evangélicos de todas as denominações – tradicionais, pentecostais e
neopentecostais –, sofrendo os mais
diversos tipos de males”.3
3. Lopes (2011:32).
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Obviamente, contestar essa afirmação é ir contra a lógica. Como é
possível explicar o fato de que centenas de cristãos padecem nos leitos
hospitalares todos os dias? O evangelho da saúde perfeita responde de
duas maneiras. Em primeiro lugar, o
cristão só adoece porque tem alguma culpa diante de Deus e está em
pecado, o que o torna vulnerável
aos demônios.
Em segundo lugar, se o cristão
caiu em enfermidade e continua a
padecer por isso, é porque lhe falta fé suficiente para conseguir a
cura. Portanto, o crente não pode
aceitar a doença, mas deve determinar a cura, urgentemente, com a
palavra de fé. Os verbos exigir, decretar, determinar, reivindicar são
comumente proferidos nesse tipo
de ação.
01. Com base em Is 53:4-5; Mt 9:32-33, e no item 1 da primeira parte
deste estudo, responda: Por que o cristão não deve adoecer, segundo
o evangelho da saúde perfeita?
02. Com base no item 2 da primeira parte deste estudo, responda:
Como os defensores do evangelho da saúde perfeita explicam o fato
de que muitos cristãos padecem nos leitos hospitalares?
II
COMBATENDO OS VENTOS DE DOUTRINA
Assim como no passado, Deus
pode curar os enfermos em nossos
dias. Ele tem poder para trazer saúde
a seu povo, pois cura todas as enfermidades (Sl 103:3). A teologia da
saúde perfeita, porém, é um grave
equívoco doutrinário. Dizer que o
16
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
cristão é imune às doenças e que, via
de regra, está em pecado, quando
adoece, é denegrir o texto bíblico.
Refutemos, agora, esta heresia contemporânea.
1. A vulnerabilidade frente às
doenças: Não há cristão imune à
enfermidade. Todos nós somos vulneráveis a ela. Ao contrário do que
faz a teologia da saúde perfeita, não
podemos ignorar que as doenças,
tal como a morte, são consequências da entrada do pecado no mundo. Desde que Adão e Eva pecaram,
a humanidade inteira passou a conhecer o sofrimento (Gn 3:17-19).
Somos pecadores, e, enquanto a
natureza pecaminosa existir em nós,
podemos adoecer física, emocional
e espiritualmente.
Nem sempre a pessoa adoece por
causa de pecados pessoais (Jo 5:14)
ou por falta de fé. Jó é um exemplo
disso. Ele ficou gravemente enfermo,
à beira da morte (Jó 2:7). Contudo,
a Bíblia dá testemunho de sua integridade: Em tudo isto não pecou Jó
com os seus lábios (Jó 2:10). Paulo
também é um exemplo de que o cristão é vulnerável à doença. Apesar de
ter orado três vezes pela cura, o fervoroso apóstolo não a recebeu (2Co
12:7-9). Será que ele não tinha fé?
Quanto a Isaías 53:4-5, não se
trata de garantia total de cura física.
O que o texto quer dizer é que uma
das atribuições do Messias seria curar
os enfermos, como Jesus fez (cf. Mt
8:14-17). Ao curar muitas pessoas
fisicamente, Jesus cumpria a profecia de Isaías, provando, assim, ser
o Messias (Lc 7:19-23). Essas curas,
porém, ocorreram antes da expiação
de Cristo. Logo, usar essa passagem
para dizer que a cura divina, total e
perfeita, está garantida na expiação,
é forçar o texto.4
2. A soberania frente às doenças: O diabo pode infringir doenças
aos seres humanos? De acordo com
a Escritura, dentro de sua soberania,
Deus pode, sim, permitir que os demônios causem doenças nos seres
humanos (cf. Mt 9:32-33, 12:22; Mc
9:17; Lc 13:10-13, etc.). Mas todas
as doenças são causadas por demônios? De acordo com a Escritura,
não! São vários os textos bíblicos em
que doenças e ações demoníaca são
tratadas distintamente (cf. Lc 13:32;
Mt 17:15-18, 4:42, etc.). Nunca esqueçamos que Deus tem poder para
curar, mas também para ferir. Isso
porque a sua soberania atesta que
ele é supremo em governo e autoridade sobre todas as coisas.5
Há quem diga que toda doença procede do diabo e que, para
Deus dar uma doença, teria de pedi-la emprestada a ele, o que é uma
ideia absurda.6 A Bíblia deixa claro
que algumas doenças são uma provação divina. Além da provação, as
doenças podem ser resultado de
uma punição divina. Por isso, Uzias
foi ferido pelo Senhor com lepra
(2Cr 26:17-20), bem como Miriã
(Nm 12:10). E, assim como pode
ferir, Deus também pode curar. Po4. Romeiro (1998:27).
5. Idem, p.32.
6. Tadeu (1989:7).
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17
rém, é importante lembrar que ele
cura como e quando quer. Deus
não curou Paulo, como também
não curou Eliseu (2 Rs 13:14). Em
contrapartida, curou Ezequias (2 Rs
20:5). Paulo orou e Deus curou o pai
de Públio e alguns outros enfermos
da ilha de Malta (At 28:7-9). Contudo, esse mesmo Deus não curou
Trófimo, diante da oração do mesmo apóstolo Paulo (2 Tm 4:20).
Por que Deus curou uns e outros,
não? Porque é soberano. Ele não é
obrigado a curar ninguém. Quem
decreta a cura é Deus, não o homem; quem determina a bênção
é Deus, não o homem; quem tem
autoridade sobre as enfermidades é
Deus, não o homem. A cura deve ser
suplicada, não exigida por nós (cf. 1
Jo 5:14; Tg 1:17). Aliás, em nossas
orações, sejam por cura ou por qualquer outro benefício, é preciso considerar o conselho de Cristo, face à
soberania de Deus: ... faça-se a tua
vontade (Mt 6:10).
03. De acordo com a Bíblia, o cristão é imune às doenças? Explique,
com base em Gn 3:17-19; Jó 2:7,10; 2 Co 12:7-9.
04. Todas as doenças são procedentes do Diabo? Deus é obrigado
a curar todas as pessoas? Temos autoridade para decretar ou exigir
uma cura divina? Responda, com base Nm 12:10; 2 Rs 13:14, 20:5,
Jó 2:3-7; 1 Jo 5:14.
III
CORRENDO DOS VENTOS DE DOUTRINA
Podemos estar no leito de um
hospital, sofrendo de uma grave enfermidade e, ainda assim, estar no
centro da vontade de Deus. É isso
18
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
que a Bíblia ensina, contrariando todos os defensores da falsa doutrina
do evangelho da saúde perfeita. Somos vulneráveis às doenças. O inte-
gro Jó ficou doente; Paulo também.
Por que seríamos diferentes? Duas
lições devem ser levadas em consideração, diante do que aprendemos
até aqui.
1. Cientes de nossa vulnerabilidade, sejamos cuidadosos: A doença causa dor, impotência, solidão,
preconceito, morte; maltrata nosso
corpo e mina nossas energias. O fato
de sermos cristãos não impede que
adoeçamos. Epafrodito, colaborador de Paulo, ficou doente e quase
morreu, enquanto viajou em missão,
para prover as necessidades do apóstolo Paulo (Fp 2:25-27). Timóteo, por
sua vez, tinha problemas no estômago e sofria de várias enfermidades
(1 Tm 5:23).
Sabendo disso, cuidemos da nossa saúde. Evitemos ingerir alimentos
que nos prejudiquem. Cultivemos
hábitos saudáveis. Atividades físicas
regulares ajudam, nesse sentido.
Não menosprezemos os recursos
da medicina, pois são bênçãos de
Deus para nós. Timóteo foi aconselhado a tomar um pouco de vinho
para não sucumbir na enfermidade
(1 Tm 5:23).
2. Cientes de nossa vulnerabilidade, sejamos submissos: Deus
é soberano. Ele pode ferir uma pessoa, por meio de uma enfermidade,
como também pode curá-la de qualquer doença. O fato de ele ter poder
para curar todas as doenças não significa que curará todas as pessoas.
Nem sempre nossas orações serão
atendidas. A vontade soberana de
Deus é maior que a nossa.
Portanto, quem somos nós para
decretar, exigir ou determinar a cura
divina e para usar da petulância de
jogar Deus contra a parede? Jamais
façamos isso. A nossa oração não
tem poder em si mesma. Ela só será
atendida se Deus assim o quiser (Fp
2:13). Em nossas orações por cura,
sejamos submissos à vontade dele
(Mt 6:10). Curando-nos ou não,
Deus continua a ser soberano.
05. Por que precisamos ser cuidadosos em relação a nossa saúde?
06. Como podemos praticar a submissão em nossas orações por cura?
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19
SEU DESAFIO SEMANAL
Como vimos, na lição de hoje, não somos imunes às doenças.
Nem sempre a enfermidade de uma pessoa indica que ela tenha
culpa. Do mesmo modo, o fato de muitas pessoas não serem
curadas de uma enfermidade não significa que não tenham fé.
Se somos vulneráveis às doenças, cuidemos de nossa saúde e
submetamo-nos à soberania de Deus.
Apesar de estarmos sujeitos a sofrer de uma enfermidade, podemos contar com a graça e com a cura de Deus. Daí parte o
nosso desafio para esta semana: Você conhece alguém que está
enfermo? Seu desafio é orar por essa pessoa nesta semana, sempre enfatizando o princípio ensinado por Jesus: ... seja feita a tua
vontade (Mt 6:10).
20
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
3
A quebra
de maldições
18 DE OUTUBRO DE 2014
Hinos sugeridos – BJ 7 • BJ 130
OBJETIVO
TEXTO BÁSICO
Confrontar, à luz da Bíblia,
a doutrina segundo a qual
uma pessoa, quando crê
em Jesus, precisa passar
por uma seção de quebra
de maldições.
Que é que vocês querem dizer quando
citam este provérbio sobre Israel: “Os pais
comem uvas verdes, e os dentes dos filhos
se embotam”? Juro pela minha vida, palavra
do Soberano Senhor, que vocês não citarão
mais esse provérbio em Israel. Pois todos
me pertencem. Tanto o pai como o filho me
pertencem. Aquele que pecar é que morrerá.
(Ez 18:2-4)
LEITURA DIÁRIA
D
S
T
Q
Q
S
S
12/10
13/10
14/10
15/10
16/10
17/10
18/10
Tg 3:1-12
Pv 15:1
Tt 2:8
Jo 9:1-3
Dt 24:16
Ez 18:1-4
Dt 9:6-24
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Comentários Adicionais
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INTRODUÇÃO
Há, na sua família, casos de câncer, pobreza, alcoolismo, alergia, doenças do coração,
diabetes, perturbações mentais e emocionais,
abusos sexuais, obesidade, adultério, gravidez
na adolescência, pornografia, depressão, divorcio? Segundo os defensores da doutrina da
quebra de maldições, essas e outras situações
são resultados dos pecados herdados de pais,
avós, bisavós etc., ou de palavras malditas e
até mesmo de um nome maldito.
Nesta lição, analisaremos biblicamente essa
doutrina divulgada fortemente nos meios de
comunicação e presente em muitas igrejas,
que se aproveitam da fragilidade de muitos
crentes para impor-lhes pavor e confusão,
ensinando-lhes que podem estar debaixo de
maldições que precisam ser quebradas.
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21
I
CONHECENDO OS VENTOS DE DOUTRINA
A doutrina da quebra de maldições faz parte do “pacote” da teologia da confissão positiva, que, entre
outras coisas, além de ensinar sobre
a herança maldita, conhecida também como “maldição de família”
ou “pecado de geração”, também
ensina que a maldição pode ser resultado das palavras recebidas ou até
mesmo dos nomes adquiridos pelas
pessoas crentes ou não. Veremos,
resumidamente, esses três pontos
principais dessa doutrina.
1. A herança maldita: Os defensores da “herança maldita” ensinam
que todo tipo de sofrimento é herdado de pai para filho. Segundo eles,
“a maldição é a autorização dada
ao diabo por alguém que exerce autoridade sobre outrem, para causar
dano à vida do amaldiçoado (...),
levando-as a viver completamente
fora dos propósitos de Deus”.1 Assim, faz-se necessário uma pessoa
ou até uma equipe de especialistas
para “quebrar” a maldição.
O principal texto bíblico em que
fundamentam essa doutrina é Êxodo
20:5-6, que afirma: Eu, o SENHOR
teu Deus, sou Deus zeloso, que visito
a iniquidade dos pais nos filhos, até
a terceira e quarta geração daqueles
que me odeiam. E faço misericórdia
a milhares dos que me amam e aos
1. Linhares (1992:16).
22
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
que guardam os meus mandamentos. Outros textos também usados
para defender essa ideia são: Lv
26:39; Nm 14:18; Dt 30:19.
2. As palavras malditas: Os
mesmos que acreditam na doutrina
da herança maldita também afirmam o poder das palavras, principalmente com base em Tiago 3:810. A interpretação dada por eles
a esse texto é a de que as palavras
podem desencadear a maldição sobre a vida de indivíduos, famílias
e até nações. De acordo com essa
crença, “as palavras de maldição
são sentenças lançadas sobre uma
pessoa ou sobre algo, que de forma
intencional ou não, podem causar
prejuízos em vários aspectos: sentimentais, profissionais, financeiros,
entre tantos outros”.2
Isso acontece porque Deus deu
ao homem autoridade nas suas palavras, que lhe permite abençoar ou
amaldiçoar. Segundo os defensores dessa crença, isso funciona da
seguinte maneira:3 as palavras que
saem da nossa boca, boas ou más,
acionam o mundo espiritual para a
realização de algo físico ou natural.
Sendo assim, tudo que falamos é
2. O poder de suas palavras. Disponível em:
<http://www.boladenevechurch.com.br/mergulhando/aulaspdf/aula10.pdf >. Acesso em
05 de julho de 2014.
3. Idem.
matéria-prima para o mundo espiritual e lhe concede legalidade para
usar nossas palavras, que ficam registradas, à disposição dos demônios. Por isso, devem ser canceladas
no mundo espiritual. E como isso
pode ser feito? Por meios de orações
que possam ser ouvidas pelo mundo
espiritual, por meio de cura interior e
libertação. Dessa forma, cancelamos
toda a legalidade do diabo para agir
contra nossas vidas ou contra a vida
dos outros.
3. Os nomes malditos: Outro
ensinamento que aflige e preocupa
muitos crentes é o dos “nomes malditos”. Esse falso ensinamento diz
que, dependendo do nome que a
pessoa recebe, pode ser atingida por
maldições, sendo que seu caráter e
seu futuro não dependerão de suas
escolhas pessoais, mas unicamente
do seu nome.
Segundo essa doutrina, existem
nomes próprios carregados de maldição, que já trazem prognósticos
negativos, “por isso não convém dar
aos nossos filhos nomes que tenham
conotação negativa, que expressem
derrota, tristeza, dureza: ou de origem ou significado desconhecidos”.4
Para os que afirmam essa crença,
os fracassos espirituais, financeiros,
profissionais e tantos outros causados pelo nome maldito só podem
ser interrompidos se a maldição do
nome for quebrada.
4. Linhares (1992:34-35)
01. Foram apresentados os três principais pontos da doutrina da
quebra de maldições. Discuta com a classe o primeiro desses ensinos:
a “herança maldita”. O que é e como é transmitida?
02. O que ensinam aqueles que apresentam argumentos a favor das
palavras malditas e dos nomes malditos?
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23
II
COMBATENDO OS VENTOS DE DOUTRINA
Até aqui, verificamos um pouco
do que pensam os defensores da
quebra de maldições, seja por herança, palavras ou nomes malditos. Veremos que essa doutrina não possui
consistência bíblica, pois se baseia
em experiências humanas. Apresentaremos, a partir de agora, argumentos bíblicos que expõem a sua fragilidade. Vamos a eles:
1. O argumento bíblico contra
a herança maldita: Os defensores
da maldição hereditária erram, quando interpretam literalmente Êx 20:56, uma vez que, se o sentido desse
texto fosse literal, implicaria uma
contradição gravíssima em relação
ao restante da Bíblia, em que temos
a doutrina do livre arbítrio apresentada com clareza. Se Deus abençoa
até a milésima geração, parece que a
milésima primeira geração a existir já
estaria condenada; assim, também,
se a maldição alcança até a quarta
geração, a quinta estará livre.
O que esse texto realmente quer
dizer? Pois bem, uma vez que os filhos demonstravam grande respeito
por seus pais, seguindo seus exemplos, os pais que praticassem o pecado da idolatria, por exemplo, veriam
a desgraça alcançar seus descendentes, que, provavelmente, enveredariam pelo mesmo caminho. Então,
Deus visitaria com juízo os descendentes de homens ímpios, descen24
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
dentes esses que, à semelhança de
seus pais, aborreciam a Deus.5 Não
podemos negar essa influência dos
pais nos filhos; cada pessoa, porém,
usa o livre arbítrio que recebeu de
Deus para decidir o que fazer.
No Pentateuco, são muitas as passagens a partir das quais podemos
entender que “a retribuição divina
sobre os filhos dos que aborrecem
a Deus é descontinuada a partir do
momento em que estes filhos se arrependem de seus próprios pecados,
e os confessam a Deus”6 (Lv 26:3942). Além disso, é clara a ideia da soberania de Deus nesse texto. É Deus
quem abençoa e amaldiçoa. Na Escritura Sagrada, não existe um só versículo que apresente o diabo amaldiçoando alguém. Na Bíblia, o pecado
é sempre pessoal, resultado de uma
decisão consciente. O ser humano é
livre para escolher entre o bem e o
mal. Os pecadores são responsáveis
por suas escolhas, atitudes e ações
(cf. Dt 9:6-24; Jr 2;4-28; Ez 16:14-58;
Am 2:6-8; 5:10-12; 8:4-6; Mq 2:1 e
2; 7:2-7; Is 59:1-8, Jr 7:9-11; 29:23).
2. O argumento bíblico contra
as palavras malditas: Uma jovem
5. Lopes, Augustus Nicodemus. A quebra de
maldições é bíblica?. Disponível em: <http://
www.monergismo.com/textos/seitas_heresias/quebra_maldicoes_nicodemus.htm>
Acesso em: 11/07/2014.
6. Idem.
pode repetir o mau caráter da mãe,
só porque ouviu: “Quando você
crescer, vai ser igual a sua mãe”? Um
filho pode mesmo não dar em nada,
só porque ouviu, várias vezes, da
boca do pai: “Você não vai dar em
nada!”? Se não forem “quebradas”,
essas palavras de maldição se cumprirão plenamente? Se as palavras
negativas se cumprem, as positivas
não deveriam também se cumprir?
Afinal, as palavras humanas têm
poder em si mesmas? A resposta é
não! As únicas palavras que têm poder criativo são as pronunciadas por
Deus (Gn 1:1-20).
É claro que o crente deve zelar
pelo falar. A Bíblia não é a favor da
linguagem intemperante e precipitada (Pv 15:1, 17:27, 25:11; Tt 2:8; Tg
3:2). Porém, afirmar que as palavras
humanas podem, por si mesmas, determinar o sucesso ou o fracasso de
alguém é ignorar o ensino bíblico.
Em Tg 3:8-10, o público-alvo do escritor são os mestres (v.1), cuja principal ferramenta de trabalho é a língua. A ideia do apóstolo é alertá-los
a ensinar a palavra de Deus de forma
correta, a fim de que os ouvintes, ao
praticarem o que aprendiam, fossem
abençoados e não amaldiçoados.
3. O argumento bíblico contra
os nomes malditos: Não há referência bíblica alguma sobre o ensino
da maldição no nome. Se o nome é
garantia de sucesso, porque personagens bíblicos com “bons nomes”
fracassaram? Veja o caso de Abias
(“Jeová é pai”), Absalão (“Pai da
paz”), Judas (“Louvor”), Bar-Jesus
(“Filho de Jesus”). Todos esses, apesar de seus bons nomes, se corromperam (1 Sm 8:3; 2 Sm 3:3; 13-19;
Mt 26:48, 49; At 13).
Por outro lado, personagens com
nomes de significados ruins alcançaram aprovação de Deus: Paulo (“Pequeno”), Epafrodito (encantador),
Apolo (“Destruidor”), Filipe (“Amigo
de cavalos”), Tiago (forma moderna de Jacó – “Enganador”). Esses
exemplos comprovam que o nome
não faz o homem. Caso contrário, as
penitenciárias não estariam lotadas
de pessoas com nomes bíblicos, tais
como Mateus, Marcos, Lucas, João,
Davi, Samuel etc.
03. De que maneira a Bíblia combate o falso ensino da maldição
hereditária? Explique Êxodo 20:5-6.
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25
04. Quais os argumentos bíblicos contra o falso ensino da palavra e
do nome malditos?
III
CORRENDO DOS VENTOS DE DOUTRINA
Para que possamos caminhar ao
lado da Escritura e do verdadeiro ensino, apresentamos, a seguir, duas
aplicações para que outros não nos
estraguem a fé e a alegria com suas
filosofias, suas soluções erradas e superficiais baseadas em ideias e pensamentos humanos, em lugar daquilo que Cristo disse (Cl 2:8).
1. Não se engane! Na Bíblia, o
pecado é sempre pessoal: Na Bíblia o pecado é sempre pessoal. O
próprio Jesus descartou a ideia de
que um filho fosse punido pelo pecado de seus pais (Jo 9:1-3). Cada
um será punido pelas suas próprias
obras. Não há nem maldade hereditária, nem bondade hereditária. Um
pai bondoso não gera, necessariamente, um filho bondoso nem um
pai maldoso gera um filho maldoso.
Nos tempos do profeta Ezequiel,
um ditado popular, que o povo vivia
repetindo na terra de Israel, teve de
ser combatido: ... os pais comeram
uvas verdes, mas foram os dentes
dos filhos que ficaram ásperos (Ez
18:2). Essa ideia da hereditariedade do pecado era e é algo irritante
26
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
a Deus (Ez 18:3). Por isso, acredite
na Palavra do Senhor, que esclarece e afirma que a pessoa que pecar,
essa morrerá. O filho não responde
pelo pai. Cada um responde por si
(Ez 18:4,20; Dt 24:16). A doutrina da
maldição hereditária é uma falácia.
2. Não se engane! O arrependimento é a única forma de libertar-se: A doutrina da quebra de
maldições mais parece uma tentativa de enfrentar os problemas causados pelo pecado de uma forma
simplista, mística e ilusória. No final
das contas, dentro dessa doutrina,
o culpado sempre é o outro. Pense,
por exemplo, em uma pessoa que
adulterou e tem histórico na família:
o avô adulterou. Se ela faz parte de
uma igreja defensora da doutrina da
quebra de maldições, será informada
de que a maldição, vinda do avô, a
atingiu e precisa ser quebrada. Nunca o pecador tem a culpa. E a decisão consciente por adulterar?
A única maneira de libertar-se das
consequências danosas do pecado
é voltar-se para Deus. Não precisamos de pessoas especializadas para
quebrar nossas possíveis maldições.
Precisamos de arrependimento (Ez
18:21-23, 27-32). O arrependimento continua sendo a forma eficaz
de alcançarmos libertação. Quando
olhamos para a cruz de Cristo, nós o
reconhecemos como salvador e nos
arrependemos de nossos pecados,
rompemos com o nosso passado e
passamos a ser novas criaturas nele
(2 Co 5:17). Diz o Senhor: Arrependam-se e vivam (Ez 18:32).
05. Com base na primeira aplicação e em Ezequiel 18:2-4, comente a
afirmação: “Na Bíblia, o pecado é sempre pessoal”.
06. Com base na segunda aplicação, responda: Qual é a única
maneira de libertar-se das consequências danosas do pecado?
SEU DESAFIO SEMANAL
Não estamos debaixo de nenhum “encantamento”. Creia nisso! A doutrina da maldição hereditária, da palavra maldita e do
nome maldito é uma falácia. Ninguém peca ou se desvia da fé
por culpa de uma vida amaldiçoada, mas as pessoas são tentadas quando são atraídas e enganadas pelos seus próprios maus
desejos (Tg 1:14).
Se você já recebeu Cristo Jesus como seu salvador pessoal, a
obra feita por ele, na cruz, é suficiente para libertá-lo de toda
maldição. Seu desafio é ser honesto para reconhecer seus próprios pecados e pedir perdão a Deus por eles. Assim, em obediência, certamente as bênçãos de Deus estarão sobre você. Viva
como uma pessoa liberta por Jesus, sem culpas e pesos de supostas maldições passadas.
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4
Demonologia
enferma
25 DE OUTUBRO DE 2014
Hinos sugeridos – BJ 144 • BJ 74
OBJETIVO
TEXTO BÁSICO
Mostrar ao estudante
da palavra os erros
bíblicos contidos na
demonologia de muitas
igrejas evangélicas, a fim
de que permaneça firme
na palavra, sem se deixar
influenciar ou amedrontar
por tais ensinos.
Ninguém que passou a fazer parte da
família de Deus faz do pecado um hábito,
pois Cristo, o Filho de Deus, resguarda-o
com segurança, e o diabo não pode pôr
as mãos nele. (1 Jo 5:18 - NVI)
LEITURA DIÁRIA
D
S
T
Q
Q
S
S
19/10
20/10
21/10
22/10
23/10
24/10
25/10
1 Cor 6:19-20
Jo 14:16-17
Jo 5:18
Cl 1:13
Jo 8:44
Cl 2:13-15
Jd 6
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28
INTRODUÇÃO
Você já ouviu falar sobre demonologia? Se
não, aqui vai uma simples definição: demonologia é uma área importante da Teologia
Sistemática que se encarrega de estudar tudo
sobre o que a Bíblia diz acerca dos demônios
(sua natureza, atuação, propósitos etc.). É,
sem dúvida, importante analisá-la, pois todo
cristão que afirma ter a Bíblia como regra de fé
e prática deve conhecer muito bem o que ela
ensina, inclusive sobre os demônios.
Além disso, este estudo torna-se ainda mais
importante em nossos dias devido ao nosso
contexto religioso. Para nossa tristeza, a demonologia de muitas igrejas evangélicas, em
nosso país, é completamente antibíblica e
herética. Sendo assim, precisamos, urgentemente, de um ensino bíblico sólido sobre esse
assunto capaz de nos vacinar contra tais doutrinas e práticas errôneas. É justamente isso
que esta lição se propõe a fazer.
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
I
CONHECENDO OS VENTOS DE DOUTRINA
Como temos feito, nesta série de
lições, vamos dividir nosso estudo em
três partes. Em primeiro lugar, vamos conhecer a doutrina antibíblica
(que, neste caso, será a demonologia
de algumas igrejas evangélicas); depois, em segundo lugar, iremos refutá-la, e, em terceiro, oferecer dois
princípios para colocar em prática
tudo o que aprendemos. Nesta primeira parte, para conhecermos essa
doutrina herética, vamos tratar de
algumas de suas principais características. Vejamos quais são.
1. Enfoque demasiado: Uma
demonologia antibíblica dá demasiado enfoque ao diabo e seus
demônios. Neste tipo de teologia,
Satanás e seus liderados são considerados como os grandes agentes
do mal e de todas as dificuldades
humanas. Eles são responsáveis por
tudo – até pelas coisas mais banais,
como causar um furo no pneu do
carro, fazer alguém tropeçar na escada etc.
Nesse pensamento, os demônios
são poderosíssimos. Acredita-se que
há espíritos malignos atuando especificamente em cada área da vida,
como se houvesse demônios especializados em destruir casamentos,
embebedar o marido, produzir caroços no corpo, emperrar o sucesso
financeiro, atrapalhar assuntos familiares, instigar vícios, colocar obstá-
culos na vida profissional ou infligir
doenças nas pessoas.
Outro conhecido ensino é o de
que o crente pode ficar possuído por
demônios, caso não tenha uma vida
consagrada. Devido a essa crença,
mesmo após a conversão, os crentes
são estimulados sempre a frequentar
campanhas de libertação e reuniões
do tipo. É por isso que, nestas reuniões, assuntos relacionados aos demônios e suas atuações são o centro
das atenções, ao ponto de espíritos
malignos serem entrevistados no
“culto”. Sem dúvida alguma, podemos dizer que, em tais igrejas, a
popularidade do diabo anda em alta.
2. Técnicas mirabolantes: Além
do enfoque demasiado no Diabo,
uma demonologia antibíblica é caracterizada por técnicas mirabolantes de exorcismo. Há sempre um ritual, uma expressão mágica, como:
“Tá amarrado”, uma campanha
de sete dias a ser feita, um objeto,
uma peça de roupa ou uma foto a
ser usada como estratégia para inibir
ações malignas ou dar supostas soluções aos problemas que os demônios disseminam.
Contudo, ver-se livre de tais moléstias não é tão fácil quanto parece,
ensinam alguns líderes evangélicos.
É preciso descobrir qual o nome do
espírito maligno e em que área está
atuando, para que, então, e somenwww.portaliap
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29
te então, através de inúmeras sessões e campanhas de libertação, tais
demônio sejam “amarrados” e exorcizados da vida do fiel.
Além disso, os métodos e técnicas
usados para expulsar os demônios
são recheados de elementos das religiões afro-brasileiras e de crendices
populares, como amuletos, sal gros-
so, rosa ungida, arruda para proteger
do mau olhado, água consagrada,
sabonetes e óleos ungidos. A crença
é de que tais elementos trazem proteção ou solução de problemas causados pelos demônios – caso o crente
tenha fé o bastante para crer nisso,
é claro. Mas o que a Bíblia diz sobre
tudo isto? É o que veremos a seguir.
01. Com base no item 1 da primeira parte deste estudo, converse
com a classe sobre o enfoque demasiado que muitas igrejas
evangélicas dão ao diabo e seus demônios.
02. Uma demonologia antibíblica é caracterizada por técnicas
mirabolantes de exorcismo. Você concorda que é isso o que tem
acontecido em muitas igrejas, em nosso país? Utilize o item 2 da
primeira parte deste estudo.
II
COMBATENDO OS VENTOS DE DOUTRINA
Estudamos que uma das características de uma demonologia antibíblica é o enfoque demasiado no
diabo e seus demônios. Nela, Satanás é responsável por tudo, até pelos
pecados dos crentes. Contudo, as
Escrituras nos afirmam que nossos
pecados são obras da carne, não do
30
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
diabo (cf. Gl 5:19-21), e que os desejos maus nascem de nossos próprios
corações (cf. Mc 7:21-23; Tg 1:1415). Em suma, a Bíblia diz que somos
os culpados por nossos pecados. A
seguir, refutaremos, biblicamente,
outros erros cometidos pelas igrejas
evangélicas, quanto à demonologia.
1. Crédito demais: C. S. Lewis
nos alertou sobre o perigo de conferir ao diabo mais poder do que ele
realmente possui, e é justamente
isso que tem acontecido. Os cristãos
estão dando crédito demais a ele.
Muitos crentes, por exemplo, vivem
amedrontados, pois acreditam que
espíritos malignos podem possuí-los,
caso não vivam uma vida consagrada. Isso é um absurdo! O que a Bíblia nos mostra é que o cristão pode,
sim, ser influenciado (Mt 16:21-23)
e até mesmo atacado pelo diabo –
somente se Deus permitir, que fique
claro –, mas, de maneira alguma,
possuído (Jó 1:6-16; 2:1-6; Lc 22:3132; 2 Co 12:7; 1 Jo 5:18).
O crente é habitado pelo Espírito
Santo e este não divide espaço com
demônios (1 Co 6:19-20). Paulo diz
que o cristão é propriedade de Deus
(Ef 1:13-14) e o próprio Jesus nos
garantiu que o Espírito Santo moraria em nosso interior para sempre,
o que deixa claro que o diabo não
teria mais espaço em nossos corações (Jo 14:16-17). Assim, todo verdadeiro cristão é livre, de uma vez
por todas, das garras de Satanás
(Cl 1:13; Hb 2:14; 1 Jo 3:8, 5:18), e
não poderá ser habitado por ele, a
não ser que, por decisão própria, rejeite a Cristo (Mt 12:35; Lc 15:4-23;
Hb 6:4-6, 10:26-27).
2. Métodos antibíblicos: Vejamos, agora, o que a Bíblia tem a nos
dizer sobre os métodos usados em
muitas igrejas evangélicas para a ex-
pulsão de espíritos malignos. Iniciemos com a prática muito comum, em
nossos dias, de entrevistar demônios.
Essa é, sem dúvida, uma verdadeira
aberração; afinal, a Escritura diz que
o diabo é o pai da mentira (Jo 8:44).
Como esperar informações dignas
de crédito? Além disso, tal prática
é tão horripilante e demoníaca que
se assemelha a uma sessão ocultista,
em que espíritos malignos são consultados. Isso não é cristianismo!
Podemos dizer o mesmo daqueles que tentam descobrir a área em
que os demônios estão atuando. Tal
prática não encontra respaldo bíblico (cf. Mc 16:17; Jo 14:13, 15:16,
16:23). Os apóstolos simplesmente
os expulsavam, na autoridade do
nome de Jesus (At 8:7; 16:18;). Não
há registro de algum deles perguntando em que área da vida os demônios estavam agindo (cf. Mc 1:2326; Mt 8:28-32, 9:32-33). De igual
forma, a ideia popular de demônios territoriais, é absurda. A Bíblia
diz que do Senhor é a terra e a sua
plenitude; o mundo e aqueles que
nele habitam (Sl 24:1). Satanás não
é dono de território algum! Somente Jesus tem autoridade sobre céu e
terra (Mt 28:18).
3. Má interpretação: Mas qual a
razão para tantos equívocos doutrinários como esses? É simples: a má
interpretação da Bíblia. Um exemplo
disso é a prática de perguntar o nome
do demônio, antes de expulsá-lo. Os
que fazem isso se baseiam em Mc
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31
5:9. No entanto, essa é uma interpretação equivocada. Jesus não estava
ensinando, nem autorizando os crentes a fazerem tal coisa. Essa é uma
situação de caráter único. Cristo desejava “revelar ao endemoninhado a
seriedade de sua terrível condição”.1
Jesus queria que aquele homem
entendesse sua miséria, que soubesse que estava sobre o domínio não
apenas de um espírito maligno, mas
de inúmeros deles. Outro exemplo
1. Hendriksen (2003:249).
de má interpretação bíblica é a prática de amarrar demônios baseada
em Mc 3:27. Novamente, Jesus não
estava ensinando que, para expulsar
um demônio, é preciso amarrá-lo
primeiramente. O texto está dizendo
que Jesus é mais valente do que o
valente do mundo, Satanás. Somente Jesus tem poder para amarrar o
valente, e já o fez definitivamente,
na cruz2 (Cl 2:13-15; Jd 6).
2. Lições Bíblicas: revista para estudos nas Escolas Bíblicas. São Paulo, n.285, out/dez de
2008, p.84.
03. De acordo com a Bíblia, o crente pode ser possuído por
demônios? Leia o item 1 da segunda parte deste estudo e os
seguintes textos: 1 Co 6:19-20; Cl 1:13; 1 Jo 3:8, 5:18.
04. De acordo com as Escrituras, é correto entrevistar demônios,
perguntar seus nomes ou amarrá-los e descobrir a área em que
atuam? O que a Bíblia diz sobre demônios territoriais? Para
responder, leia os itens 2 e 3 da segunda parte deste estudo.
III
CORRENDO DOS VENTOS DE DOUTRINA
Como temos aprendido, a demonologia de muitas igrejas evangélicas do Brasil é caracterizada por um
enfoque demasiado em Satanás e
seus demônios, bem como por técnicas de exorcismo estranhas e mira32
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
bolantes. Ao analisá-las, biblicamente, ficou claro que tal ênfase e tais
técnicas não encontram respaldo
algum nas Escrituras; logo, são antibíblicas. Agora, veremos dois princípios que, se aplicados, nos ajudarão
a correr para bem longe desses ventos de doutrina.
1. Fique firme na palavra: Não
seja influenciado! Constatar tantas
heresias sendo acolhidas pelos evangélicos, em nosso país, é de deixar
qualquer um de “queixo caído”.
Qual a razão dessa proliferação de
doutrinas antibíblicas? A principal
causa é o lamentável fato de os crentes se deixarem facilmente influenciar por músicas e livros evangélicos,
programas de televisão e mensagens
de pregadores evangélicos, cujo conteúdo é absolutamente contrário ao
que as Escrituras ensinam.
Ao contrário dos Bereanos, que
conferiam, na Bíblia, o que ouviam
(At 17:11), a maioria dos evangélicos
não costuma investigar, nas Escrituras, o que escuta e vê. Em consequência, muitos procuram falsos profetas,
a fim de descobrir em qual área da
vida o diabo está atuando, e alguns
chegam ao ponto de participar de
campanhas de libertação, buscando
solução para problemas supostamente causados por demônios. Que trágico! Não caia nesse erro. Fique firme
na palavra, não seja influenciado.
2. Fique firme na palavra: Não
seja amedrontado! Infelizmente,
não são poucos os cristãos, que,
por ignorância bíblica, ainda têm
medo de mau-olhado, macumba e espíritos malignos. Contudo,
o apóstolo João nos tranquiliza a
esse respeito, garantindo-nos que:
Ninguém que passou a fazer parte
da família de Deus faz do pecado
um hábito, pois Cristo, o Filho de
Deus, resguarda-o com segurança,
e o diabo não pode pôr as mãos
nele (1 Jo 5:18 – NVI).
O que o apóstolo está nos ensinando é que, de fato, o maligno
deseja pôr as mãos nos crentes,
mas não pode tocá-los, por causa
do poder protetor de Deus.3 Lembre que, para tocar em Jó, ele teve
de pedir permissão para Deus, pois,
do contrário, não poderia fazê-lo (Jó
1:6-16, 2:1-6). Dessa forma, não se
deixe amedrontar por falsos líderes
evangélicos. Fique firme na palavra;
afinal, se Deus é por nós, quem será
contra nós? (Rm 8:31).
3. Kistemaker (2006:491).
05. Qual a principal razão da proliferação de doutrinas antibíblicas,
no Brasil? Comente em classe sobre a importância de não nos
deixarmos influenciar por esses falsos ensinos.
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33
06. Com base na segunda aplicação, responda: O crente precisa
ter medo de mau-olhado, macumba ou espíritos malignos? Para
responder, leia 1 Jo 5:18 e Rm 8:31.
SEU DESAFIO SEMANAL
Infelizmente, muitos crentes evangélicos, no Brasil, estão seguindo o mesmo caminho perigoso de alguns dos crentes da
igreja de Sardes, no primeiro século, que foram denunciados pelo
próprio Cristo. De acordo com Apocalipse, aqueles cristãos estavam se envolvendo com uma doutrina errônea que explorava e
desejava conhecer as profundezas de Satanás (Ap 2:24).
Infelizmente, muitos cristãos sabem nomes de demônios de
cor, frequentam campanhas de libertação, assistem a entrevistas
de demônios etc. Seu desafio é rejeitar, com firmeza, esse falso
ensino e, se, porventura, conhecer alguém que está sendo enganado por esse vento de doutrina, convidá-lo a estudar esta lição,
a fim de ajudá-lo a entender a palavra.
34
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
5
Apóstolos
e profetas
1 DE NOVEMBRO DE 2014
Hinos sugeridos – BJ 203 • BJ 234
OBJETIVO
TEXTO BÁSICO
Ensinar ao estudante da
palavra de Deus que os
ministérios apostólico e
profético foram extintos,
não sendo, portanto,
válidos para os dias
de hoje, e que os atos
proféticos são incoerentes
com a Escritura.
Na igreja, Deus colocou tudo no seu
devido lugar: Em primeiro lugar, os
apóstolos; em segundo lugar, os profetas.
(1 Co 12:28 - NBV)
LEITURA DIÁRIA
D
S
T
Q
Q
S
S
26/10
27/10
28/10
29/10
30/10
31/10
01/11
Ef 2:20
1 Co 15:7-9
At 9:11-12
At 3:21
1 Co 12:28
Ef 4:11
Lc 16:16
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INTRODUÇÃO
As páginas da Escritura enfatizam a importância dos ministérios profético e apostólico.
O profeta do Antigo Testamento era uma autoridade oficial, representante de Deus diante do povo. Tal autoridade lhe era concedida
mediante o chamado específico e pessoal da
parte do Senhor (Êx 3:1-4; Jr 1:4-19). Proclamação e predição eram características percebidas em todos os profetas.1
Os apóstolos, do mesmo modo, foram comissionados diretamente por Jesus. Isso ele
fez a doze de seus seguidores. Matias substituiu Judas (Lc 6:13-16; At 1:23-26). Paulo e
Barnabé também eram apóstolos (At 14:14;
Rm 1:1). Eles serviam como embaixadores de
Cristo, para proclamar, ensinar e registrar a
boa-nova.2 Mas, nos dias de hoje, será que
ainda estão vigentes os ministérios apostólico
e profético? É o que estudaremos a seguir.
1. Douglas (1986:1318).
2. Kistemaker (2004a:612).
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35
I
CONHECENDO OS VENTOS DE DOUTRINA
Os títulos de pastores, presbíteros, diáconos parecem estar ultrapassados, no contexto evangélico
de nosso tempo. Muitas igrejas, se
não os abandonaram completamente, ao menos, os menosprezam. A
moda agora é ser apóstolo, paipóstolo, profeta, querubim etc. Não
basta pregar, tem que “profetizar”,
ainda que a profecia não tenha sentido lógico. Aliás, a profecia, por si
só, também não adianta; precisa vir
acompanhada dos chamados “atos
proféticos”. Como assim? É o que
veremos agora.
1. Restauração apostólica e
profética: Os ministérios apostólico e profético estão em vigor. Assim
acreditam os adeptos da chamada
Nova Reforma Apostólica, que culminou no movimento apostólico
moderno, adotado por várias denominações. Esse movimento acredita
que Deus irá restaurar o mundo, antes da segunda vinda de Jesus, dando aos crentes prosperidade e curas,
e promover essa restauração através
das igrejas que estão sob o modelo
apostólico de governo.3
3. Martins, Dan. Rev. Augustus Nicodemus
faz crítica ao movimento apostólico brasileiro. Disponível em: <http:noticias.gospelmais.
com.br/rev-augustus-nicodemus-critica-movimento-apostolico-brasileiro-66180.html>.
Acesso em: 11 de junho de 2014.
36
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
Segundo os defensores da restauração apostólica e profética, os
ministérios de apóstolo e profeta,
citados em Ef 4:11, foram “perdidos”, durante a existência da igreja;
portanto, Deus está restaurando,
nestes últimos dias, esses ministérios, concedendo a algumas pessoas, na igreja, o ofício de apóstolo
ou profeta.4 Atos 3:21 é usado para
defender essa ideia. Eles afirmam
que a restauração de todas as coisas, mencionada no texto, significa
a restauração de apóstolos e profetas. Desse modo, essa passagem
seria profética para o ressurgimento destes.5
Isso, porém, não é tudo. O texto de 1 Co 12:28 é utilizado para
afirmar a vigência dos ministérios
apostólico e profético. Ele diz que
Deus estabeleceu, na igreja, primeiramente, apóstolos; em segundo
lugar, profetas. De acordo com os
defensores do movimento apostólico moderno, nesse texto, Paulo não
distingue os apóstolos e os profetas
dos demais ministérios, mas colo4. Marinho, Ruy. Refutação ao apostolado
contemporâneo – Parte 1. Disponível em:
<http://www.eismeaqui.com.br/cristao/
218-apostolado-contemporaneo/6399-refutacao-ao-apostolado-contemporaneo-parte-01 >.Acesso em: 11 de junho de 2014.
5. Idem, parte 7. Disponível em: <http://bereianos.blogspot.com.br/2009/03/refutacao
-ao-apostolado-contemporaneo_26.html>.
Acesso em: 11 de junho de 2014.
ca-os na mesma lista. Logo, esses
ministérios não cessaram.
2. Atos proféticos: Os defensores dos ministérios apostólico e profético simpatizam, também, com o
chamado “ato profético”. Trata-se
de uma ação envolta em simbologia, que, supostamente, traria ao
mundo físico as realidades espirituais,6 ou seja, tudo aquilo que o cristão diz ou faz, tem repercussão no
mundo espiritual. Assim, demarcar
territórios, ungir objetos com óleo,
tomar posse de algo que Deus prometeu aos crentes por herança são
atos proféticos.
Os defensores dessa prática utilizam como base textos bíblicos em
6. Fernandes, Robson T. O que são atos
proféticos. Disponível em: <http://www.pulpitocristao.com/2014/04/o-que-sao-os-atos
-profeticos.html#.U8iRK5RdX-s>. Acesso em:
11 de junho de 2014.
que Deus ordena aos profetas, no
Antigo Testamento, utilizar símbolos
para transmitir a sua mensagem. Os
mais citados são o sangue aspergido
nos umbrais das portas, na noite da
décima praga do Egito (Êx 12), a pregação sem roupas de Isaías (Is 20:34), as sete voltas em torno de Jericó
(Hb 11:30), a botija de barro quebrada diante do povo (Jr 19:1-11).
No Novo Testamento, At 19:1112 é, também, segundo os defensores do ato profético, uma prova de
que essa prática é permitida. Assim
diz o texto: E Deus, pelas mãos de
Paulo, fazia milagres extraordinários,
a ponto de levarem aos enfermos
lenços e aventais do seu uso pessoal,
diante dos quais as enfermidades fugiam das suas vítimas, e os espíritos
malignos se retiravam. Assim, a prática de utilizar lenços e aventais para
a cura seria um ato profético.
01. Com base no item 1 da primeira parte deste estudo, responda:
Como os defensores da restauração apostólica interpretam 1 Co 12:28?
02. O que é um ato profético? Que passagens bíblicas são usadas
na defesa dessa prática? Baseie-se no item 2 da primeira parte
deste estudo.
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37
II
COMBATENDO OS VENTOS DE DOUTRINA
O intento de muitos líderes em
exigirem ser chamados de apóstolos
e profetas, em nossos dias, é igualarse aos profetas e apóstolos da Bíblia.
Querem ser considerados dignos de
autoridade espiritual tanto quanto
estes. O anseio pelo poder fala mais
alto em seus corações. Porém, a Bíblia não autoriza os ministérios apostólico e profético nos dias de hoje.
Os atos proféticos, do mesmo modo,
são heresias advindas de interpretações equivocadas das Escrituras. Estudemos a respeito.
1. A extinção dos ministérios
apostólico e profético: Deus está
restaurando os ministérios apostólico e profético em nossos dias? Claro
que não! Isso porque, tal como os
profetas, os apóstolos constituíram
um grupo único e exclusivo na história da igreja, e, hoje, não existem
mais.7 Esses homens ajudaram a lançar os alicerces da igreja (Ef 2:20), e,
uma vez que estavam prontos, deixaram de ser necessários.8 Atos 3:21
não favorece a restauração apostólica, pois se refere exclusivamente à
volta de Jesus. A restauração, aqui,
diz respeito à consumação do reino,
na segunda vinda de Cristo.
Para ser apóstolo, é necessário
ter visto Jesus ressurreto e ser por
7. Lopes (2001:16).
8. Wiersbe (2006:47).
38
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
ele comissionado (At 1:21-22).9
Logo, Paulo foi o último apóstolo,
pois foi o último a ver Jesus (1 Co
15:8). João Batista, por sua vez, foi
o último a exercer o ministério profético.10 Certamente, outros profetas
são mencionados, após João Batista
(At 11:27); contudo, não possuíam o
mesmo ofício dos profetas do Antigo
Testamento. Por isso, o texto diz que
a Lei os Profetas vigoraram até João
(Lc 16:16).
Quanto aos textos de 1 Co 12:28
e Ef 4:11, os termos “apóstolos” e
“profetas”, neles mencionados, não
se referem aos ministérios apostólico
e profético, mas aos dons de apóstolos e profetas. O dom de apóstolo
(gr. apostello: enviar) é uma capacitação especial para implantar igrejas
em solos virgens; o dom de profeta,
por sua vez, é uma capacitação divina para expor a palavra de Deus
à igreja, num grau incomum, mediante a atuação do Espírito Santo.
Quem tem este dom, hoje, não deve
ser consultado, assim como eram os
profetas do Antigo Testamento.11
2. A incoerência dos atos proféticos: São os chamados “atos
proféticos” práticas saudáveis para
9. Lopes (2001:19).
10. Douglas (1986:833).
11. O doutrinal: nossa crença ponto a ponto
(2012:118-119).
a espiritualidade da igreja? Têm eles
poder para trazer ao mundo físico as
realidades espirituais? Para ambas as
perguntas a resposta é não. O ato
profético é incoerente com a verdade revelada nas Escrituras. As ações
praticadas pelos profetas bíblicos
não traziam nada à existência.
Alguns atos, como a aspersão de
sangue nos umbrais das portas (Ex
12), a pregação sem roupas de Isaías (Is 20:3-4), as sete voltas em torno de Jericó (Hb 11:30) e a botija de
barro quebrada diante do povo (Jr
19:1-11), de alguns personagens do
Antigo Testamento, tinham um caráter didático de ensino para o povo de
Deus. São textos descritivos que não
implicam normas aos cristãos de hoje.
Não devemos confundir um relato
histórico com uma ordem direta.
Esse princípio de interpretação vale
também para o texto de Atos 19:1112. Aqui, não há menção de um ato
profético. Em Éfeso, havia muitos novos convertidos ao evangelho, mas
ainda imaturos na fé, que tomavam
os pedaços das roupas de Paulo e colocavam sobre os enfermos. Mesmo
assim, Deus curou várias pessoas.12
Todavia, o próprio Paulo jamais distribuiu, ungiu ou abençoou lenços e
aventais ou outro objeto como ato
profético de cura. O objetivo desse
texto é mostrar o poder de Deus na
vida de Paulo e atestar que sua mensagem vinha de Deus.
12. Dâmaso, Leonardo. Atos 19:11-12 apoia
o ato profético. Disponível em: <http://
www.materiasteologia.com/2014/02/atos1911-12-apoia-o-ato-profético-por.html>
Acesso em: 11 de junho de 2014.
03. De acordo com Lc 16:16 e At 1:21-22, os ministérios apostólico
e profético ainda estão vigentes em nossos dias? Como podemos
explicar 1 Co 12:28 e Ef 4:11? Justifique a sua resposta.
04. Por que os atos proféticos são incoerentes com a Escritura?
Como podemos explicar At 19:11-12?
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39
III
CORRENDO DOS VENTOS DE DOUTRINA
Mediante o que estudamos até
aqui, entendemos que a afirmação
dos adeptos da Nova Reforma Apostólica de que os ministérios apostólico e profético estão sendo restaurados por Deus, através da concessão
do ofício de apóstolos e profetas,
não passa de um vento de doutrina.
O mesmo podemos dizer dos atos
proféticos. Mas não podemos ficar
quietos, diante da proliferação desses falsos ensinos. É importante observar duas atitudes.
1. Contentes, valorizemos a
atualidade dos dons: Os ministérios apostólico e profético foram extintos, de acordo com a palavra de
Deus (Lc 16:16; 1 Co 15:8). Portanto, é totalmente incoerente afirmar
que haja, hoje em dia, apóstolos e
profetas, como houve nos tempos
bíblicos. De fato, não há ministério
de apóstolo ou profeta, mas existem,
hoje em dia, os dons de apóstolo e
profeta (1Co 12:28) e devemos nos
contentar com isso.
Esses dons são atuais e devem
ser desejados pela igreja. São úteis
e importantes. Quem tem o dom
de apóstolo muito contribui para a
obra de Deus, através de implantação de igrejas, e quem tem o dom de
profeta edifica a igreja, por meio de
sua capacidade espiritual de entender o mundo contemporâneo e ler
os sinais dos tempos, denunciando
40
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
os pecados sociais atuais e trazendo
uma aplicação das Escrituras a eles.13
Esses dons, portanto, devem ser valorizados na igreja da atualidade.
2. Conscientes, desprezemos
as práticas estranhas: Os chamados atos proféticos não eram práticas da igreja primitiva do primeiro
século. Algumas ações realizadas pelos profetas do Antigo Testamento,
como pregar sem roupas, no caso
de Isaías (Is 20:3-4), tinham como
propósito ensinar algo para o povo
de Deus, não trazer ao mundo físico
realidades espirituais. Deus ordenou
tais práticas aos profetas da época.
Para nós, porém, esses textos são
apenas descritivos. Não devemos fazer as mesmas coisas.
Por falta de conhecimento, não
são poucos os cristãos que acabam
aderindo a práticas estranhas nos
cultos. O ato profético é uma delas.
Quantos se rebaixam às bizarrices
nos cultos! Quantos se ocupam em
demarcar territórios, por meio da
unção com urina de algum animal!
Quantos profetizam o que Deus não
mandou! Cuidado! De Deus, ninguém zomba. Se a Bíblia não autorizou determinadas ações, estas devem ser ignoradas.
13. O doutrinal: nossa crença ponto a ponto
(2012:118-119).
05. Comente sobre a valorização dos dons, no combate aos ventos
de doutrina. Baseie-se na primeira aplicação.
06. Comente sobre o desprezo às práticas estranhas, no combate aos
ventos de doutrina. Baseie-se na segunda aplicação.
SEU DESAFIO SEMANAL
Chegamos ao final do estudo de hoje, no qual aprendemos
que os ministérios apostólico e profético foram extintos, o que
significa que não há, hoje em dia, apóstolos e profetas, tal como
houve nos tempos bíblicos, e que a prática dos atos proféticos
não tem respaldo bíblico, o que a torna um erro grave, que prejudica a vida espiritual do cristão.
O que é válido para hoje são os dons de apóstolos e profetas,
não os ministérios de apóstolo e profeta. Os dons, portanto, devem ser por nós valorizados, enquanto que as práticas estranhas
aos mandamentos bíblicos devem ser rejeitadas. Como desafio
para esta semana, sugerimos uma profunda reflexão acerca dessas questões.
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41
6
A salvação
pelas obras
8 DE NOVEMBRO DE 2014
Hinos sugeridos – BJ 339 • BJ 254
OBJETIVO
TEXTO BÁSICO
Mostrar ao estudante da
Bíblia o erro daqueles que
creem na salvação pelas
obras, indicando-lhe os
perigos desta crença e
motivando-o a viver uma
vida equilibrada, crendo
na salvação pela fé e
numa vida de amor, em
consequência disso.
Cremos que somos salvos pela graça de
nosso Senhor Jesus. (At 15:11)
LEITURA DIÁRIA
D
S
T
Q
Q
S
S
02/11
03/11
04/11
05/11
06/11
07/11
08/11
Gl 5:6
Rm 3:24
Ef 2:8-9
At 15:6-29
1 Co 15:10
Hb 8:10
Rm 3:28
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Comentários Adicionais
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42
INTRODUÇÃO
Contam os livros de história da igreja cristã,
que, antes da Reforma Protestante de 1517,
quando para construção de uma bela catedral
do papa em Roma, certo vendedor de indulgências dizia: “Tão logo a moeda no cofre soa,
uma alma do purgatório voa!”.1 Na época,
muitos acreditavam que o “arrependimento
não era necessário para quem comprasse indulgência, por si mesma capaz de dar perdão
completo de todo o pecado”.2 Essa crença era
proferida pela igreja de Roma e contrariava totalmente a Escritura e a doutrina da salvação
pela graça.
Além de não haver purgatório, não é com
base em contribuições ou obras que alguém
é salvo ou perdoado por Deus. Este assunto foi uma das molas propulsoras da Reforma Protestante, que explodiu na Alemanha,
onde aconteceu a redescoberta da doutrina
bíblica que nos revela que somos salvos pela
fé em Cristo. Ao longo deste estudo, vere1. Olson (2001:387).
2. Cairns (2008:260).
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
mos que a incompreensão da salvação pela graça vem desde a igreja
primitiva. Buscaremos entender
I
biblicamente, também, qual o lugar
das boas obras para aquele que crê
em Jesus.
CONHECENDO OS VENTOS DE DOUTRINA
“Salvação pelas obras” é outro
nome dado para legalismo. Mas o
que é legalismo? É o ensino segundo o qual a posição “de retidão da
pessoa diante de Deus e o recebimento da vida eterna são adquiridos
totalmente ou em parte pela observância à lei por parte dessa pessoa”.3
Em outras palavras: o homem ganha
sua salvação, total ou parcialmente,
por suas obras. Esse legalismo pode
manifestar-se de várias formas. Nesta primeira parte do nosso estudo,
conheceremos algumas dessas manifestações e veremos que este pensamento não é algo novo na história.
1. Legalismo primitivo: Você
sabia que a ideia de que as obras
são necessárias, como fonte de justificação, é um erro antigo? Que é a
primeira heresia registrada no Novo
Testamento? Surgiu no meio dos
Gálatas. A igreja cristã, já na década de 40 d. C., sofreu com o ataque desse falso ensino. Depois que
Paulo terminou sua primeira viagem
missionária, ficou sabendo que os
judaizantes estavam no seu rastro e
haviam visitado as igrejas recém-fundadas na região da Galácia, transtor3. Klister (2009:84).
nando o evangelho (Gl 1:7). Paulo se
assustou e disse: Maravilho-me de
que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo
para outro evangelho (Gl 1:6). Eles
colocaram como critério de salvação
o rito da circuncisão, que, na Antiga Aliança, era símbolo de pertencimento ao povo de Deus. Isso foi algo
tão sério que Paulo chegou a dizer:
Os que acreditam na circuncisão
como pré-requisito para a salvação
caíram da graça (Gl 5:1-5).
Além de viajar pela região da Galácia, os judaizantes chegaram também
em Antioquia, cidade onde estava estabelecida a igreja que havia enviado
Paulo em missão. Ele estava por lá,
descansando da primeira viagem missionária, quando cristãos judaizantes
apareceram afirmando: Se não vos
circuncidardes segundo o costume
de Moisés, não podeis ser salvos (At
15:1b); ainda diziam ser necessário que
observassem a lei de Moisés (At 15:5b)
para poderem adquirir a salvação.
Os judaizantes estavam colocando os costumes judaicos como forma
de salvação; o cerimonialismo da lei,
como meio de justificação. É como se
dissessem aos gentios: “Vocês precisam permitir que Moisés complete o
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43
que Jesus começou, e permitir que a lei
complete o evangelho”.4 Era um ataque ferrenho contra a doutrina da salvação pela graça. Foi por causa desse
problema que a igreja precisou realizar
sua primeira assembleia, em Jerusalém.
2. Legalismo histórico: Vimos, anteriormente, a forma como alguns judeus concebiam a salvação: colocavam
a circuncisão como um sinal para conquistá-la. Contudo, como bem disse
John Stott,5 essa ignorância quanto ao
verdadeiro caminho para Deus e sua
substituição por um caminho falso não
são prerrogativas somente do povo
judeu. Todas as religiões e crenças, inclusive algumas cristãs, creem ou que
as pessoas se salvam ou que podem
cooperar para adquirir a salvação.
Durante a história do cristianismo,
sempre houve deturpações doutrinarias em relação à salvação. O catolicismo romano, por exemplo, entende a salvação como algo conquistado
pelo esforço humano somado à graça de Deus. Segundo a Igreja Católica, fé e obras juntas são “a base para
a justificação diante de Deus”.6 O
Concílio de Trento (1545-1563) con4. Stott (2008:273).
5. Idem, p. 340.
6. Klister (2009:91).
siderou, de uma vez por todas, um
anátema qualquer um que dissesse
ser a justificação pela fé somente.7
Essa heresia é uma nova roupa para
a antiga heresia judaizante primitiva
e uma negação do evangelho. Infelizmente, tornou-se “ortodoxa” ou a
crença correta, para muita gente.
Mas não é só a Igreja Católica que
tem conceitos equivocados sobre a
salvação. Algumas seitas também a
deturpam. Há aqueles que dizem:
fora da caridade, não há salvação. Os
adeptos desses grupos são chamados
à prática do amor, geralmente tratado
apenas como doações de alimentos
e recursos financeiros, para, então,
alcançarem uma vida mais evoluída
em outra encarnação, sem que haja a
necessidade de um salvador. Há, também, aqueles que associam a salvação
a estar nos seus grupos religiosos, ir a
lugares sagrados ou participar de seus
rituais, seguir certo comportamento,
usar determinados tipos de roupa,
ouvir tipos específicos de música etc.
Será que algumas dessas questões
podem, realmente, ser consideradas
como base da salvação? A seguir, veja
por que esses religiosos estão errados.
7. MacArthur (2011:115).
01. Leia At 15:1-5 e Gl 5:1-5 e comente, junto à classe, sobre quais
eram os tipos de legalismos enfrentados pela igreja primitiva?
44
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
02. Comente em classe a respeito de outros tipos de legalismos ou
ensinos sobre “salvação por meio das obras”, ao longo da história.
Para isso, utilize o item 2 da primeira parte deste estudo.
II
COMBATENDO OS VENTOS DE DOUTRINA
Na primeira parte, vimos alguns
legalismos que atingem a doutrina
da salvação pela fé em Cristo. Em seguida, veremos como a Bíblia combate essas heresias, mostrando que a
nossa salvação acontece unicamente
pela fé em nosso Senhor Jesus Cristo. Vejamos como combater as doutrinas que afirmam ser a salvação
pelas obras.
1. Circuncisão no coração:
Como resolver a controvérsia da
circuncisão, na igreja de Antioquia
e na Galácia? Atos 15 informa-nos
que foi reunido um concílio, uma
espécie de assembleia geral, em Jerusalém, para resolver a questão. Lá,
estavam reunidos os apóstolos e os
presbíteros para examinar a questão
(v.6). O apóstolo Pedro se levantou,
dizendo que Deus concedeu a salvação também aos gentios de duas
maneiras. Primeiro: Deus purificou
o coração dos gentios pela fé (v.9);
segundo: deu-lhes o Espírito (v.8).
Em seguida, o apóstolo afirmou a
crença da igreja primitiva: ... cremos
que fomos salvos pela graça do Se-
nhor Jesus, como também aqueles o
foram (v.11).
Declarando isso, Pedro estava
libertando os gentios do jugo proposto pelos judeus cristãos. Estava
dizendo que os gentios não precisavam tornar-se judeus para serem inclusos na família de Deus. O Concílio
de Jerusalém ainda mostrou como
um gentio salvo pela graça deve viver. Foi definido o seguinte: ... que
vos abstenhais das coisas sacrificadas
a ídolos, bem como do sangue, da
carne de animais sufocados e das
relações sexuais ilícitas; destas coisas
fareis bem se vos guardardes (v.29)
O mesmo aconteceu com os cristãos gálatas, que também sofriam
com os judaizantes. Paulo lhes lembrou que, agora, em Cristo, a circuncisão não tem mais valor algum: Porque em Cristo Jesus nem circuncisão
nem incircuncisão têm efeito algum,
mas sim a fé que atua pelo amor
(Gl 5:6). A salvação pela graça é algo
inegociável. Como diria Paulo: Não!
Judeu é quem o é interiormente, e
circuncisão é a operada no coração,
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45
pelo Espírito, e não pela lei escrita.
Para estes o louvor não provém dos
homens, mas de Deus (Rm 2:29).
2. Salvos para as boas obras:
Com respeito ao legalismo histórico, temos repostas bíblicas também.
Para sermos justificados, aceitos por
Deus, precisamos unicamente crer
em Jesus como Salvador e Senhor.
É isso que o evangelho nos diz, em
Rm 3:24: ... sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio
da redenção que há em Cristo Jesus
(NVI – grifo nosso). Ainda na mesma
carta aos Romanos, nós lemos: Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, sem as obras da lei
(3:28 – grifo nosso).
A palavra de Deus é enfática em
dizer que somos salvos pela fé e não
pelas obras, para que ninguém se
glorie (Ef 2.9). A fonte da salvação
é sempre a misericórdia de Deus,
e, quando nos rendemos a Cristo,
a consequência são as boas obras:
Porque somos feitura sua, criados
em Cristo Jesus para as boas obras,
as quais Deus preparou para que andássemos nelas (v.10). Somos salvos
para as boas obras e não por meio
delas. Por isso, Paulo disse aos cristãos de Roma: ... anulamos, pois, a
lei pela fé? De maneira nenhuma!
Antes, estabelecemos a lei (Rm 3:31).
A obediência a Deus faz parte da
vida cristã, não como base da salvação, mas como evidência desta. Os
que confiam na suficiência da graça
de Cristo não praticam obras de caridade para conquistar a salvação ou o
favor de Deus. Não há nada que façamos para ganhar o amor de Deus. As
obras de caridade são provas de que
fomos salvos. Seguir a lei de Deus é
uma consequência de quem teve os
mandamentos escritos em seu coração (Hb 8:10). A seguir, vejamos como
aplicar esses ensinos em nossa vida.
03. Com base em At 15:6, 9, 11, 29; Gl 5:6; Rm 2:29, responda: Como
foi quebrada a visão errada de alguns crentes primitivos, em relação
à salvação?
04. Leia Rm 3:24, 28; Ef 2:9-10, e discuta em classe sobre os erros do
“legalismo histórico”, falando sobre a base correta da justificação e
sobre a consequência da salvação pela graça.
46
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
III
CORRENDO DOS VENTOS DE DOUTRINA
Nos itens explicativos, pudemos
conferir como muitas pessoas têm
crido na salvação pelas obras. Desde
os tempos bíblicos, percebemos uma
incompreensão quanto à obtenção
da salvação. Precisamos, então, corrigir biblicamente esse equivoco, se o
percebemos em nossa vida. Por isso,
propomos dois itens aplicativos, para
corrermos desse vento de doutrina.
1. Você foi salvo: louve a graça de Deus: Há muitos cristãos que
condicionam a conquista da salvação
à prática de boas obras. Quem serve
a Deus não pode pensar que o que
faz pode justificá-lo diante de Deus.
Muitos guardam o sábado, são abstinentes, dão o dízimo, vão aos cultos,
dão esmolas, evangelizam, pensando que estão cooperando em sua
salvação; outros, equivocadamente,
acreditam que, se pertencerem a algumas seitas ou até igrejas cristãs,
podem ser salvos, simplesmente pelo
fato de estarem nessas instituições.
Não podemos crer que boas obras
ajudam na conquista da salvação.
Todo trabalho que fazemos é fruto
da graça de Deus em nós, como diz
Paulo, em 1 Co 15:10: ... pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua
graça para comigo não foi vã; antes,
trabalhei muito mais do que todos
eles; todavia, não eu, mas a graça
de Deus, que está comigo. Na verdade “quanto mais produzimos (...)
mais devedores somos da graça de
Deus”.8 Glória sempre a Deus! Fomos salvos pela graça e produzimos
no reino de Deus por causa da graça.
2. Você foi salvo: viva uma vida
de amor: Aprendemos, hoje, que
nada que façamos pode nos tornar
dignos da aceitação divina. Isso não
quer dizer que podemos viver de
qualquer forma. Pelo contrário, apesar de não sermos salvos por obras,
somos salvos para as boas obras (Ef
2:10). A prova de que fomos salvos
pela graça é o esforço para viver uma
vida que agrada a Deus. Ele mesmo
disse isso: Aquele que tem os meus
mandamentos e os guarda, este é
o que me ama (Jo 14:21); e ainda:
Amarás o Senhor, teu Deus, de todo
o teu coração, e de toda a tua alma,
e de todo o teu pensamento. Este
é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este,
é: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo (Mt 22:37-39).
Demonstramos uma vida de
amor a Deus prestando-lhe um culto exclusivo; não elegendo algo ou
alguém como digno de nossa devoção, a não ser o próprio Deus; vivendo como gente que carrega o nome
de Deus; desfrutando do descanso
do sábado, tempo que temos sepa8. IAP em Ação: revista da 46ª Assembleia
Geral. São Paulo, 2010, p.3.
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47
rado, em nossa agenda, para glorificar o criador com mais intensidade e
restaurar as nossas forças para uma
nova semana. Demonstramos uma
vida de amor ao próximo honrando
pai e mãe, não só com palavras, mas
com atitudes práticas; valorizando a
vida humana; preservando os valores
da família; respeitando aquilo que é
do outro; cuidando para não difamar
a reputação de ninguém, e não cobiçando o que é do outro (Êx 20:3-17).
E mais: fazemos tudo sabendo que
isso é fruto da graça (Êx 20:1-2) do
Deus que nos libertou da escravidão
do pecado.
05. Discuta em classe a frase: “Quanto mais produzimos, mais devedores somos da graça de Deus”. Qual a importância de louvarmos a
graça de Deus por tudo que fazemos?
06. Recapitule com a classe os Dez Mandamentos, em Êx 20, e fale
sobre a importância de praticar as boas obras como demonstração de
que fomos salvos.
SEU DESAFIO SEMANAL
Nesta semana, nosso desafio é refletir, com base na palavra, em
oração, sobre quais são as nossas reais motivações naquilo que fazemos para Deus: Será que estamos praticando boas obras para adquirirmos a salvação ou porque já fomos salvos? Estamos vivendo
relaxadamente a salvação, por sabermos que ela é dada de graça?
Sugerimos que você tire alguns minutos, ao longo dos próximos dias, e leia o texto de Ef 2:1-10. Medite nele e investigue
seu coração, a partir dele; em seguida, ore para que sua fé seja
equilibrada, para que você confie na graça de Cristo e pratique
a lei de Cristo, para a glória de Deus. Procure viver uma vida de
louvor a Deus pela salvação, demonstrando, no dia-a-dia, o que
Deus fez por você.
48
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
7
As práticas
judaizantes
15 DE NOVEMBRO DE 2014
Hinos sugeridos – BJ 27 • BJ 31
OBJETIVO
TEXTO BÁSICO
Identificar algumas
práticas e conceitos
judaizantes presentes
em algumas igrejas
evangélicas do nosso
tempo e alertar o
estudante da palavra de
Deus quanto ao perigo
deste vento de doutrina.
Mas agora, conhecendo a Deus, ou melhor,
sendo por ele conhecidos, como é que
estão voltando àqueles mesmos princípios
elementares, fracos e sem poder? Querem ser
escravizados por eles outra vez? (Gl 4:9).
LEITURA DIÁRIA
D
S
T
Q
Q
S
S
09/11
10/11
11/11
12/11
13/11
14/11
15/11
Gl 2:21
Mt 21:43
Fp 3:20
Jo 4:21
Cl 2:8
Sl 31:6
Gl 4:9-11
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INTRODUÇÃO
O ensino dos judaizantes é, talvez, o mais
antigo vento de doutrina que igreja precisou
enfrentar (At 15:1-5). Quem eram os judaizantes? Eram judeus que, mesmo “convertidos” ao evangelho, não queriam deixar os
costumes do judaísmo e da Antiga Aliança,
tais como: os sacrifícios de animais, as festas
judaicas e a tradição dos anciões, e, o que é
pior, eles ensinavam que os cristãos gentios
(os não judeus) precisavam tornar-se judeus
para serem salvos.1
Entre os gálatas, por exemplo, os crentes em
Cristo estavam sentindo-se obrigados a circuncidar-se e a adotar várias outras práticas do judaísmo. Isso foi fortemente combatido por Paulo2 (cf. Gl 1:6-10, 4:8-10, 5:1-8). Esse assunto
parece-nos coisa do passado, mas não é. Estamos vendo, em nossos dias, o ressurgimento
dessa heresia, como mostraremos nesta lição.
1. Halley (1970:537).
2. Stott (2007:23-27).
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49
I
CONHECENDO OS VENTOS DE DOUTRINA
Assim como nos tempos bíblicos,
atualmente, há vários tipos de judaizantes, com diversificados grupos:
alguns mais moderados e outros
mais radicais. Há, também, muitos
cristãos que são influenciados por
eles e nem se dão conta disso. Portanto, fique atento! O fato é que
líderes evangélicos estão resgatando práticas e objetos judaicos e implantando-os nas igrejas. Como resultado desse modismo, temos visto
crentes tocando shofar no culto ou
usando o kipar (pequeno chapéu) e
o talit (xale de orações), elementos
que os judeus usam nas sinagogas.
Esse movimento, com as suas ramificações, prega um retorno ao judaísmo. Veja suas principais alegações.
1. Um povo especial: Os novos
judaizantes argumentam que os judeus são a raça eleita, o povo da
aliança e que, portanto, devemos
aprender com eles. Afirmam: “Os
judeus, mesmo não acreditando no
Messias, são os Filhos de Israel, e
a igreja deve olhar por eles. Seguir
suas tradições é o mesmo que seguir
a Bíblia, pois elas estão na Palavra”.3
Por influência dessa falsa ideia, igrejas de diversas denominações, a cada
3. Influência judaica nos costumes evangélicos. Disponível em: <http://www.terrasantaviagens.com.br/whitepaper/costumes_judaicos/costumes_judaicos.php>. Acesso em: 23
de julho de 2014.
50
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
dia, fazem mais uso de objetos, festividades e muitos outros hábitos da
cultura judaica. Por exemplo, há igrejas cristãs realizando festas como a
Sucót (festa dos tabernáculos), a Pessach (páscoa judaica), o Yom Kipur
(dia do perdão) e assim por diante.
Há pessoas não-judias vivendo
como se fossem judias. Evangélicos,
hoje em dia, estão se circuncidando e
indo a igrejas de judeus messiânicos
ou mesmo a sinagogas para aprender a cultura judaica, a fim de praticá
-la. Estão querendo tornar-se judeus,
como se o judaísmo fosse superior
ao cristianismo. Há quem diga que
precisamos ouvir os rabinos, porque
têm muito a nos ensinar sobre a fé
e porque sua interpretação é bem
mais próxima do original, pois são os
líderes religiosos do povo da Bíblia.
2. Uma cidade santa: Além disso, assim como no judaísmo, há,
no meio evangélico, uma veneração
pela chamada Terra Santa. Também
estamos vendo ser alimentanda uma
fascinação por essa terra, principalmente pela cidade de Jerusalém e
por tudo o que vem de lá. Inclusive,
o lema de um dos grupos judaizantes
é “Sai de Roma, e volta para Jerusalém!”.4 Judaizantes atuais dizem que
4. Coelho, Valnice Milhomens. História da
INSEJEC. Disponível em: <http://insejeccampinas.com.br/site/historia/>. Acesso em: 23 de
julho de 2014.
todo cristão deve visitar Jerusalém,
pelo menos, uma vez na vida, para
experimentar a verdadeira conversão.
Argumentam que, ali, a presença de
Deus é mais forte e real e que aquele
é o lugar mais espiritual da terra.
Não há nenhum problema em visitar e admirar esses lugares em que
as histórias bíblicas aconteceram. O
problema é que está acontecendo
uma espécie de idolatria dos crentes
pelo povo de Israel e por Jerusalém.
A onda, agora, é usar a bandeira ou
outros símbolos de Israel, como a
Estrela de Davi, nos cultos. Está na
moda usar uma imitação da Arca da
Aliança, como assessório, no púlpito, e o Menorá (candelabro judaico),
como enfeite, na mesa da Ceia do
Senhor. Além disso, usa-se o óleo de
Israel, a água do rio Jordão e ensinase que a oração tem mais efeito se
for feita no monte Sinai.
3. Uma língua sagrada: Outra
questão importante é que, assim
como os rabinos, os grupos de crentes judaizantes do século XXI consideram o hebraico um idioma sagrado.
Expressões, como shamah, shekinah,
shalon, El-Shaddai, são qualificadas
como “cheias de poder” e recitadas,
com frequência, em seus cultos, como
se fossem palavras mágicas. Entre os
judaizantes mais radicais, o costume
é realizar parte da liturgia em hebraico. Assim, orações e leituras bíblicas
são feitas na língua dos judeus, entre
músicas e danças judaicas.
Como se não bastasse, a novidade, agora, é não chamar mais Jesus
de “Jesus”, pois, segundo alguns
dos grupos judaizantes, este nome
é falso. Dizem que o certo é chamá
-lo de Yeshua ou Yeshôshua (nome
em hebraico). Equivocadamente,
ensinam que o nome “Jesus” é uma
falsificação do verdadeiro nome do
Filho de Deus e que esse engano se
estabeleceu através das traduções bíblicas, feitas pelos católicos romanos
e seguidas pelos evangélicos. Isso é
uma tolice sem tamanho! Nas mais
de 900 vezes em que os apóstolos
citam o nome do Salvador, fazem
sempre o traduzindo para o idioma
grego (Iesous Cristos). Será que essas
e as demais alegações dos judaizantes têm base bíblica?
01. Quem eram e o que ensinavam os cristãos judaizantes, no tempo
em que foi escrito o Novo Testamento? Baseie-se em At 15:1-5;
Gl 1:6-7, 4:8-11, 5:1-8, e na introdução.
02. Os judaizantes de hoje formam um movimento diversificado,
que prega o retorno às raízes judaicas. Quais são as suas principais
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51
alegações? Quais são os sinais da influência desse modismo, nas
igrejas da atualidade?
II
COMBATENDO OS VENTOS DE DOUTRINA
Esse teimoso retorno ao judaísmo,
por parte de alguns cristãos, é, sem
dúvida, resultado da falta de conhecimento da graça de Deus e do evangelho de Cristo. Basta um pouco de
conhecimento do Novo Testamento
para saber que há algo de errado
nessas práticas. Por isso, vamos verificar, agora, o que a Bíblia tem a
dizer sobre essas questões.
1. Antiga ou Nova Aliança?
Esse vento de doutrina é gerado a
partir de uma confusão entre a Antiga e a Nova Aliança. De acordo com
a Bíblia, o sacrifício de Jesus, na cruz,
representou a consumação e o fim
da Antiga Aliança e a transição para
a Nova Aliança (Hb 7:22; 8:6-7,13).
A primeira consistia, basicamente,
de tipos, sombras e símbolos, que
se tornaram realidade, em Cristo
(Hb 9:7-15, 10:1-4,11-18). Por isso,
não precisam mais ser praticados por
nós, na Nova Aliança. É caso das práticas apontadas neste estudo.
Mas, quanto ao Antigo Testamento, a que devemos obedecer? A maneira mais didática para responder
a isso é lembrar os três principais
52
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
aspectos da lei: civil, cerimonial e
moral.5 Sabemos que o aspecto civil da lei cessou com o fim de Israel
como nação teocrática. Já as leis cerimoniais cumpriram-se em Cristo, na
cruz. Contudo, o aspecto moral da lei
permanece em vigor, pois é eterno.
Os dez mandamentos são a síntese
da lei moral.
O problema é que os judaizantes
tentam impor, de forma seletiva, a
observância de certas leis civis e cerimoniais do Antigo Testamento, até
mesmo de alguns costumes judaicos
que não estão na Bíblia, como parte
do processo de salvação ou santificação dos crentes em Cristo. Isso é
inaceitável! Voltar às velhas práticas
judaicas é o mesmo que anular o sacrifício de Cristo (Gl 5:2); é rejeitar a
graça (Gl 2:21); é submeter-se, novamente, à escravidão da qual Cristo já
nos libertou (Gl 2:4, 4:9-11).
2. O povo, a cidade e a língua:
Na Nova Aliança, o povo de Israel
não tem mais nenhuma vantagem
sobre os outros povos, com relação à
5. Meister (2003:41-59).
salvação (cf. Gl 3:28; Rm 3:9-11,23).
Jesus disse aos judeus: ... o Reino
de Deus será tirado de vocês e será
dado a um povo que dê os frutos do
Reino (Mt 21:43). Caro estudante,
saiba que Israel já nos deu tudo que
tinha a nos dar. Quem disse que a interpretação do Antigo Testamento,
feita pelos rabinos, é a mais correta?
Se o tivessem interpretado corretamente, teriam crido em Jesus.
Sobre a cidade, Paulo desmotiva
toda a paixão por Jerusalém, dizendo: ... a nossa cidade está nos céus,
de onde também esperamos o Salvador (Fp 3:20). E Jesus usou a expressão “nem neste monte, nem em
Jerusalém”, para falar sobre a forma
certa de adorar (Jo 4:21). Sobre a língua, é preciso dizer também que o
idioma hebraico não é um idioma sagrado ou celestial, como alguns afirmam. Os especialistas dizem que ele
é, seguramente, uma língua humana
e comum, que surgiu a partir de um
idioma da terra dos cananeus.6
Devemos rejeitar essa idolatria praticada por alguns em relação a Israel e
a sua cultura. Por que circuncidar-nos,
se não somos judeus? Como diz Paulo: Se vos deixardes circuncidar, Cristo
de nada vos aproveitará (Gl 5:2). Para
que tocar shofar, no culto? Por que
realizar festas e praticar costumes judaicos, que eram apenas “sombras”
e já se cumpriram na cruz? Para que
o uso da Arca da Aliança, se esta, já
na Antiga Aliança, caiu no esquecimento? (Cf. Ez 3:16). A Bíblia condena isso e pergunta aos judaizantes:
Como é que estão voltando àqueles
mesmos princípios elementares, fracos e sem poder? Querem ser escravizados por eles outra vez? (Gl 4:9).
Portanto, corramos dessa heresia.
6. O nome do Salvador: Yehoshua ou Jesus?
(2005:26).
03. Qual é diferença entre a antiga e nova aliança? Quanto ao Antigo
Testamento, a que devemos obedecer? Leia Hb 7:22, 9:7-15, 10:1-4,1118. Sendo assim, o que significa voltar às velhas práticas judaicas?
04. É certo defender o resgate de costumes e objetos judaicos, com
base na alegação de que o povo, a cidade e a língua de Israel são
sagrados? Baseie-se na segunda parte deste estudo e em Gl 4:9-10 e 5:2.
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53
III
CORRENDO DOS VENTOS DE DOUTRINA
O que nos preocupa é que muitos
cristãos têm olhado ingenuamente
para este movimento de retorno às
raízes judaicas, como se não oferecesse perigo. Basta lembrar que
os apóstolos e os primeiros cristãos
combateram e renegaram os judaizantes, vendo suas práticas como
uma afronta à cruz de Cristo e um
entrave à pregação do evangelho.
Por isso, seguem-se dois conselhos
a você, estudante da Escola Bíblica.
1. Não se deixe enganar com a
beleza das práticas judaizantes:
Não há como negar que o uso de
objetos judaicos, no culto, como o
menorá, a estrela de Davi, a réplica
da Arca da Aliança etc., é algo que
nos chama à atenção, por ser belo
aos olhos. De igual modo, as festas
judaicas, como a festa da Páscoa e
do Tabernáculo, são lindas. Assim
também, ver um pastor com vestes
judaicas, como o kipar (solidéu) e
o talit (xale), lá no púlpito, fazendo
orações em hebraico, é, no mínimo, curioso.
Há, nessas coisas, uma beleza paralisante. E isso faz com que cristãos
ingênuos imaginem que tais coisas,
sendo praticadas por crentes em
Jesus, são edificantes e inofensivas.
Caro estudante, abra os olhos! Não
se deixe enganar (Pv 14:12-13). É
bonito, mas nada bíblico. Segundo
54
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
Paulo, quando um cristão gentio
pratica tais atos, como parte de sua
salvação ou santificação, está rejeitando a graça de Cristo e voltando à
escravidão (Gl 2:21, 4:9-11).
2. Não se deixe levar pelo misticismo das práticas judaizantes:
Outro grande problema que esse
vento de doutrina traz é a estranha
espiritualidade ritualística, por meio
de símbolos não-cristãos. Os objetos
citados neste estudo, por serem considerados sagrados, são venerados e
usados, tanto no momento do culto quanto no dia-a-dia, como espécies de amuletos. Em alguns cultos
evangélicos, pessoas oram e cantam
segurando ou vestindo tais objetos.
Isso é, no mínimo, estranho ao ensino da palavra de Deus.
Talvez o maior exemplo desse misticismo, na atualidade, seja a réplica
do Templo de Salomão, construída
em São Paulo. Que Deus nos livre
dessa idolatria! Além disso, está na
moda ver a mezuzá (caixinha contendo partes das Escrituras), pregada
na porta das casas de cristãos, e é
comum ver outros objetos judaicos
em suas estantes. Se esses objetos
estão sendo usados para proteção
da casa, então isso é superstição e
misticismo, e você deve correr disso
(Cl 2:8; Sl 31:6). Tome cuidado! Não
se deixe influenciar.
05. As práticas judaizantes têm uma beleza paralisante. Você
concorda? Por que não devemos nos enganar com elas? Baseie-se no
primeiro item da aplicação e em Pv 14:12-13; Gl 2:21.
06. Comete em classe sobre o “misticismo” ou a “estranha
espiritualidade ritualística” que envolve as práticas judaizantes.
Que cuidado devemos tomar? Leia Sl 31:6; Cl 2:8.
SEU DESAFIO SEMANAL
Jesus, que é superior à lei e ao templo (Mt 12:6) e maior que
Moisés e os sacerdotes (Hb 3:2-5, 10:21), ofereceu-nos uma
Nova Aliança, que é infinitamente superior à estabelecida com Israel (Hb 8:8-13). Então, por que voltar à Antiga Aliança? Voltar às
práticas judaicas é “recosturar” o véu que se rasgou; é desprezar
o sacrifício de Jesus; é submeter-se à escravidão da qual Cristo já
nos libertou, por meio da cruz.
Os gálatas estavam nesse caminho e Paulo lhes escreveu: Ó
gálatas insensatos! Quem os enfeitiçou? Não foi diante dos seus
olhos que Jesus Cristo foi exposto como crucificado? (Gl 3:1).
Para o apóstolo, as práticas judaizantes eram insensatez. Portanto, não deixe que tais modismos invadam a sua igreja. Por isso,
como exercício para esta próxima semana, faça uma análise das
igrejas evangélicas que você conhece e verifique quais delas têm
práticas judaizantes. Verifique também se você foi influenciado
de algum modo.
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55
8
O louvor
profético
22 DE NOVEMBRO DE 2014
Hinos sugeridos – BJ 04 • BJ 33
OBJETIVO
TEXTO BÁSICO
Mostrar ao estudante da
palavra que a doutrina
do chamado louvor
profético não pode
sustentar-se, à luz da
Escritura, e encorajá-lo a
louvar a Deus de maneira
consciente e bíblica.
Perto da meia noite Paulo e Silas oravam
e cantavam hinos a Deus (...). De repente
sobreveio um terremoto tão grande que os
alicerces do cárcere se moveram, abriram-se
todas as portas. (At 16:25-26)
LEITURA DIÁRIA
D
S
T
Q
Q
S
16/11
17/11
18/11
19/11
20/11
21/11
S
22/11
At 16:25-26
2 Cr 20
1 Pd 2:5,9;
Ap 1:6, 5:10
Hb 10:19-21
Ef 5:19
Sl 99:3
Mt 21:16
Cl 3:16
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Comentários Adicionais
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deste capítulo em
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56
INTRODUÇÃO
A Bíblia não fornece um modelo específico
de liturgia, no qual possamos identificar exatamente os elementos que devem estar presentes, quando o povo de Deus se reúne para
celebrá-lo. Contudo, à luz de algumas passagens bíblicas, percebemos que, ao menos, três
deles sempre estiveram presentes: a instrução,
a oração e o louvor. Nesta lição, trataremos
sobre alguns ventos de doutrina envolvidos
com o último dos elementos mencionados: o
louvor. Nosso assunto principal será o “louvor
profético” e os seus desdobramos.
Antes de combatermos mais esse equívoco do mundo gospel, vamos primeiramente
conhecê-lo. Na primeira parte desta lição,
tentaremos conceituá-lo, com base em textos escritos - livros e artigos virtuais – pelos
próprios defensores de tal prática. Depois, ao
contrastar os conceitos com alguns princípios
bíblicos, buscaremos provar que não podem
sustentar-se, à luz da revelação da Escritura.
Em seguida, vamos sugerir duas atitudes referentes ao verdadeiro louvor a Deus.
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
I
CONHECENDO OS VENTOS DE DOUTRINA
A maioria das ideias que apresentaremos nesta lição, de alguma
maneira, também sofreu influência
da doutrina da “Confissão Positiva”,
que tem como pai Essek W. Kenyon
(1867-1948) e como principal divulgador Kenneth Hagin (1917-2003).
Esses dois personagens ensinavam
que as nossas palavras (faladas, escritas ou cantadas) têm poder e criam
realidades no mundo espiritual. O
ministério do louvor profético tem
suas raízes nessa doutrina. Vejamos.
1. O ministério do louvor profético: O que é o louvor profético?
Segundo os defensores de tal prática, é aquele que traz a libertação do
povo; quebra as cadeias espirituais
que cativam as pessoas; traz cura,
batismo no Espírito Santo, conversões de almas; enfim, traz o sobrenatural de Deus.1 É o louvor que atrai
a atenção de Deus e libera suas bênçãos. O mover profético pode ser liberado só pelo toque dos instrumentos na igreja; através destes, pessoas são curadas e libertas.2 Observe
que, por trás dessa definição, existe
a premissa de que o louvor tem poder. Enquanto louvamos, Deus libera
seu poder e todas as cadeias caem.
1. Adoração profética. Disponível em: <http://
www.casadosenhor.com.br/estudo/?id=59>.
Acesso em 14 de julho de 2014.
2. Marione (2012:205).
Segundo os defensores dessa crença,
é esse louvor que devemos buscar.
Quais são as bases bíblicas usadas
para defender essas premissas? Os
dois principais textos usados são At
16:19-40 e 2 Cr 20. O primeiro narra o episódio em que Paulo e Silas
cantavam na prisão, em Filipos, e as
cadeias caíram (At 16:25-26); o segundo narra a vitória do rei Josafá
contra os seus inimigos, enquanto
os cantores louvavam ao Senhor,
na frente do exército (2 Cr 20:2122). Diante desses textos, ensinam
os ministros do louvor profético: “...
se há cadeias espirituais que estão
atando tua vida, família, negócios,
ministério ou igreja, entre em batalha, louvando a Deus com intensidade e elas cairão!”.
Por que essa ideia foi tão bem
aceita por muitos evangélicos, em
nosso país? Há um livro, no Brasil,
que contribuiu muito para isso, nos
últimos anos. Não se trata de um
livro sobre louvor profético, tampouco o seu autor fez ou faz parte
desse ministério. Contudo, foi lançado na época em que a confissão
positiva começou a ganhar espaço e
contribuiu para que a ideia de que
o “louvor tem poder” ganhasse espaço em nossa pátria. O livro intitula-se: “O Louvor que Liberta”, e foi
escrito por um capelão da marinha,
que ensina, em forma de testemuwww.portaliap
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57
nho, que, se você louvar, todos os
seus problemas podem se resolver.
Principalmente na parte final, o autor mostra que o louvor libera o poder de Deus; que, através do louvor,
travamos batalhas espirituais; que,
enquanto louvamos, Deus desbarata
nossos inimigos etc. Esse ensino só é
acentuado e aumentado, no ministério do “louvor profético”.
2. Multiplicam-se os modismos: Com o ministério do louvor
profético, temos alguns outros conceitos esquisitos e estranhos à revelação bíblica, tais como “voz profética”, “unção profética”, “dança
profética”, “dança espontânea”,
“adoração profética”, “adoração
extravagante”, “cânticos espontâneos” etc. São tantos termos que não
é possível tratar de tudo numa única lição. Contudo, há uma distorção
que acompanha esse movimento:
“a adoração espontânea ou cântico
espontâneo”. E não confunda “adoração espontânea” com “adoração
profética/extravagante” (trataremos
deste assunto na lição 12).
A adoração ou cântico espontâneo é algo que acontece no momento do louvor, quando o adorador
(geralmente o líder ou um componente do grupo que conduz o momento do louvor) sai da melodia e da
letra preestabelecida de uma canção
e começa a dizer coisas que não haviam sido ensaiadas ou preparadas.3
Os defensores desse movimento dizem que o cântico espontâneo vem
na hora, pelo Espírito, “como se o
Espírito Santo trouxesse à tona tudo
aquilo que está dentro de você”.4
Usam como base a expressão “cânticos espirituais”, de Ef 5:19, para
abonar tal prática.
Os defensores do movimento da
“adoração espontânea” chegam a
dizer que é muito fácil cantar uma
música que já existe, “uma letra que
já está pronta, que veio do coração
de outra pessoa”.5 Pois bem, será
que todos esses modismos, refletem
os princípios do puro e simples evangelho de Jesus? É o que veremos na
próxima parte desta lição.
3. Idem, p.206
4. Adoração espontânea. Disponível em:
<http://iban12.blogspot.com.br/2008/09/estudo-sobre-adoraoparte-3.html>. Acesso em
08 de julho de 2014.
5. Idem.
01. O que é louvor profético? Qual a premissa por trás desse conceito?
Onde estão suas supostas bases bíblicas? Por que faz tanto sucesso?
58
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
02. Como podemos definir “cânticos espontâneos”? Qual o principal
texto bíblico usado pelos defensores de tal prática?
II
COMBATENDO OS VENTOS DE DOUTRINA
Como veremos, nesta parte de
nossa lição, o movimento do louvor
profético, com todo o pacote que
o acompanha, foi construído sob
conceitos “bíblicos” equivocados,
contribuiu para uma supervalorização de uma parte do culto a Deus
e desconsidera o significado bíblico
e teológico do louvor. Entendamos
essas distorções.
1. Textos fora do contexto: Os
textos bíblicos utilizados para provar
que o louvor tem poder foram interpretados fora do seu contexto. Em 2
Cr 20, o fato de Josafá pedir aos cantores que saíssem à frente do exército louvando ao Senhor (v.21) é um
sinal de que confiava no Senhor, que
já lhes havia garantido a vitória naquela batalha sem terem de pelejar
(vv. 15-17). Deus derrotou os exércitos inimigos enquanto os cantores
o louvavam (v. 21) porque já havia
determinado fazê-lo, e inclusive já
havia revelado isso ao rei e ao povo.
Isso se confirma pelo fato de que nenhum outro rei do povo de Deus foi
para uma guerra dessa maneira. Foi
um caso único e isolado, não uma
batalha comum.
Esse é o mesmo caso relatado em
At 16:19-40. Mesmo presos, Paulo e
Silas cantavam em demonstração de
confiança em Deus. Eles só estavam
em Filipos porque Deus os mandara
ir, através de uma visão (At 16:9-12).
Tinham a certeza de que estavam
cumprindo a vontade de Deus e que
este estava com eles. Aproveitaram
a prisão para testemunhar de Jesus.
Veja o detalhe do texto: ... e os outros presos os escutavam (v. 25b). Por
isso, não cantavam para que o terremoto acontecesse – na verdade, nem
esperavam que acontecesse –; cantavam porque confiavam em Deus,
sabiam que deveriam louvá-lo em
todo tempo e queriam que outros o
conhecessem. Deus quis agir, naquela ocasião, enquanto louvavam. O
mesmo Paulo foi preso outras vezes
(pelo menos, mais três), e não houve
terremoto. Será que esquecera que
podia louvar para que as paredes do
cárcere fossem ao chão?
2. Realce fora de medida: Um
problema grave gerado nas igrejas,
por causa dessa ideia de que o louvor tem poder, foi a supervalorização
do “momento do louvor” e do grupo
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59
de louvor. Não há nada de errado em
termos grupo de louvor e louvores em
nossos cultos, mas precisamos considerar que a exacerbada importância a
esse momento é preocupante e chega
passar a impressão de que não teríamos culto a Deus sem ele. Há igrejas
em que o grupo de louvor é tão ou
mais importante que o próprio pastor
e os dirigentes de louvor “adotam a
postura de responsáveis diretos pela
adoração que a igreja deve prestar a
Deus”;6 às vezes, intitulam-se levitas,
um grande equívoco.
Considerar os integrantes do grupo de louvor como levitas é reintroduzir a ideia de uma classe especial.
De acordo com a Nova Aliança, cada
cristão, em particular, é um sacerdote (cf. 1 Pd 2:5,9; Ap 1:6, 5:10).
O acesso a Deus não é prerrogativa
de um grupo, mas de todo o povo
de Deus (Hb 10:19-21). O grupo de
louvor não é mediador entre Deus e
a congregação. Seus componentes
são membros da igreja, conduzem a
parte da liturgia destinada aos cânticos e são tão adoradores quanto
todo o restante da congregação. O
que eles fazem no culto não é mais
espiritual do que um hino cantado em uníssono por toda a igreja,
acompanhado apenas de um piano
ou um órgão.
3. Individualismo fora do comum: Precisamos lembrar que o
objetivo primário do culto coletivo
é “oferecer louvor e render graças a
Deus por quem ele é e pelo que ele
tem feito, reafirmando nosso amor e
compromisso com Deus”.7 O centro
da reunião deve ser sempre Deus. É
por isso que julgamos perigosos os
“cânticos espontâneos”, em que há
uma demasiada ênfase na pessoa
que faz o cântico. Culto não é show
para exibições individuais. Durantes
esses cânticos, todos ficam escutando uma pessoa, passivamente, por
longos períodos. Isso é um equívoco: num culto coletivo, todos devem
louvar. Além disso, o que vemos, na
maioria das vezes, é que esses cânticos se constituem mantras (poucas
frases repetidas à exaustão). São
“cânticos” recheados de clichês,
chavões e frases batidas que não dizem nada.
O cântico espontâneo fascina tanto que virou estilo musical. Há cantores do mundo gospel especializados
nisso e CDs inteiros só com esse tipo
de louvor. Há até encontros para
apresentação de cânticos espontâneos (que, convenhamos, não são
tão espontâneos assim). Os “cânticos espirituais”, de Efésios 5:19, são
composições de cristãos sobre temas
espirituais. “Cânticos” é a tradução
para a palavra grega odais, que diz
respeito a uma composição poética
para ser cantada. Não se trata de
uma música feita no improviso, num
momento do culto. O adjetivo “es-
6. Justino apud Basden (2000:175).
7. Basden (2000:142).
60
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
pirituais” serve para distinguir esses
cânticos de cânticos comuns, que
não tratam de temas religiosos, com-
postos, em sua maioria, por nãocrentes, feitos para entretenimento,
não para o culto.
03. Leia, 2 Cr 20:15-21; At 16:9-12 e comente se esses textos ensinam
realmente que o louvor tem poder. Além disso, leia Ef 5:19 e
explique se “cânticos espirituais” são músicas feitas no improviso,
durante o culto.
04. Comente com a classe sobre os problemas gerados pela doutrina
do louvor profético, tais como a supervalorização do momento do
louvor e do grupo de louvor. O que a Bíblia ensina sobre o papel de
cada cristão no culto a Deus? Leia Ap 1:6, 5:10; 1 Pd 2:5,9.
III
CORRENDO DOS VENTOS DE DOUTRINA
Agora que já tratamos do vento
de doutrina e das distorções bíblicas
utilizadas para defendê-lo, gostaríamos de sugerir dois caminhos para
corrermos para bem longe dele. São
duas atitudes sobre o louvor a Deus.
Se as adotarmos, dificilmente seremos levados pela força dos ventos de
doutrina do mundo gospel, no que
diz respeito ao louvor.
1. Louvemos a Deus de modo
consciente: Louvar a Deus de modo
consciente é louvá-lo com um correto entendimento do que é o louvor.
Este não existe para nos inspirar ou
para nos deleitar. Não é algo para
“nos fazer bem”. O louvor é algo
que oferecemos a Deus e é centrado
nele. Devemos louvá-lo “pelo que
ele é e pelo que ele faz. O puro louvor não é bajulação nem se presta
a conseguir alguma graça da parte
de Deus”.8 O verdadeiro louvor não
precisa de instrumentos ou de gestos, “mas simplesmente de um coração sincero, afinal, Jesus disse que
Deus pode tirar um perfeito louvor
da boca de pequeninos e crianças de
peito” (Mt 21:16).9
8. César (2014:49).
9. Lima (2006:538).
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61
Na hora do louvor, Deus pode nos
abençoar? Sim! Não vamos colocar
Deus numa caixa. Mas não é por isso
que louvamos a Deus. Esse não é o
alvo. Ele pode abençoar alguém por
meio da música ou dos sons de instrumentos? Pode, se ele quiser. Ele
é Deus e faz o que lhe apraz. Mas
essa não é a regra. A força do louvor está na admiração do caráter de
Deus. Ele é “o supremo bem, o sumamente sábio, o todo suficiente, o
completamente livre e absoluto”.10
Louvemos sempre a ele! Que todos
o louvem por causa da sua grandeza
e porque ele merece profundo respeito (Sl 99:3 – NTLH).
2. Louvemos a Deus de forma
bíblica: Você sabia que a doutrina
de muitas pessoas é mais formada pela música que cantam do que
pela mensagem que ouvem? Não é
o ideal, mas é real. Por isso, precisamos nos preocupar muito com as
letras das músicas que cantamos nas
igrejas, em nossos cultos, e que cantamos no dia-a-dia. A ideia de que
o louvor tem poder contribuiu, também, para louvores com letras sofríveis biblicamente, com palavras de
ordem para Deus, inclusive.
Sejamos críticos, nesse sentido! Não podemos cantar qualquer
coisa. Lembremo-nos do conselho
paulino: Lembrem-se do que Cristo
ensinou e que as suas palavras
enriqueçam a vida de vocês e os
tornem sábios; ensinem essas palavras uns aos outros e cantem-nas
(Cl 3:16, grifo nosso – BV). Todo
cântico sem fundamento na palavra de Deus pode ter arte, simetria,
profissionalismo, mas não deve ter
lugar no culto.11
10. César (2014:49).
11. Lima (2006:533).
05. O que significa louvar a Deus de maneira consciente? O que é
necessário para o verdadeiro louvor? Leia Sl 99:3.
06. O que significa louvar a Deus de maneira bíblica? Realmente,
é importante nos preocuparmos com as letras das músicas que
cantamos? O que Cl 3:16 nos ensina nesse sentido?
62
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
SEU DESAFIO SEMANAL
Seu desafio para esta semana será o de pensar na forma como
tem louvado a Deus. Você faz isso com sinceridade? É um louvor
só de lábios ou é do coração? (Mc 7:6). Você louva a Deus apenas para se sentir bem, para receber alguma coisa em troca, para
“liberar o sobrenatural” ou porque realmente reconhece o que
ele faz e quem ele é? Entende que ele é imensurável, imutável,
infalível, imenso etc.? Quando você louva, presta atenção nas
palavras que está dizendo a Deus ou simplesmente canta porque
o instrumental é bonito?
Diga-se de passagem: não há nenhum problema em se alegrar
com o louvor, nem em se emocionar. O problema é fazer disso o
alvo do louvor. Que tal você começar a analisar as letras de alguns
louvores cantados nos cultos? Para esta semana, escolha, pelo
menos, dois dos louvores cantados no culto do final de semana
e experimente fazer esse exercício. Aceita o desafio? Se desejar,
pode chamar alguém para realizarem com você essa atividade.
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63
9
Os cristãos
sem igreja
29 DE NOVEMBRO DE 2014
Hinos sugeridos – BJ 01 • BJ 303
OBJETIVO
TEXTO BÁSICO
Mostrar ao estudante da
palavra de Deus, à luz
do Novo Testamento, a
importância de ser cristão
e estar em uma igreja
local, congregando com
frequência e servindo com
comprometimento.
Não deixemos de congregar-nos, como
é costume de alguns; antes, façamos
admoestações, quanto mais vede que o dia
se aproxima. (Hb 10:25)
LEITURA DIÁRIA
D
S
T
Q
Q
S
S
23/11
24/11
25/11
26/11
27/11
28/11
29/11
Hb 10:25
Mt 18:20
At 2:42-47
Cl 3:13
1 Jo 1:8,10
2 Pd 2:1
1 Pd 4:10
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64
INTRODUÇÃO
De acordo com os dados do último senso
do IBGE, cresceu, no Brasil, o número de pessoas que, até pouco tempo atrás, não tinham
quase nenhuma expressão em nosso cenário
social. Estamos nos referindo aos sem-igreja.
Estes são os que se consideram evangélicos ou
cristãos, mas que não possuem vínculo algum
com a igreja institucional. Os dados mostram
que, de 2003 a 2009, o número dos sem-igreja passou de 4% para 14 % no Brasil.1
Esse crescimento, que só tende a aumentar,
mostra-nos uma nova tendência, não somente
no Brasil, mas nos Estados Unidos e na Europa, de um cristianismo diferente, um cristianismo sem igreja. Há, em nossos dias, inúmeros
autores cristãos que defendem esse posicionamento em seus livros e muitos líderes que
apregoam essa nova era, em que podemos ser
cristãos sem estarmos vinculados à igreja. Mas
será possível? É biblicamente correto? É justamente sobre isso que estudaremos nesta lição.
1. Hunter (2012:9).
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
I
CONHECENDO OS VENTOS DE DOUTRINA
A igreja evangélica brasileira, por
conta de seus inúmeros escândalos,
tem produzido uma massa de desencantados com as instituições eclesiásticas em geral. Alguns simplesmente abandonaram a igreja e a fé,
mas outros querem abandonar apenas a igreja e manter a fé; querem
ser cristãos, mas sem a igreja.2 Muitos destes têm escrito livros e disseminado, através da internet, a ideia
de que podemos ser cristãos sem a
igreja. Eles, basicamente, defendem
as seguintes posições:
1. A igreja como um movimento: Os defensores de um cristianismo sem igreja ensinam que Jesus
não deixou qualquer forma de igreja
organizada e institucional.3 O que
Jesus desejava, afirmam eles, não
era uma instituição religiosa, rígida,
organizada, engessada, nem mesmo
estruturada, com prédios próprios,
placa denominacional, cultos oficiais, tesouraria, ofertas, departamentos, dízimos, escolas bíblicas, rol
de membros ou mesmo faculdade
de teologia.
A igreja de Jesus deveria ser um
movimento livre de pessoas que se
reúnem esporadicamente, em ambientes sem nenhuma conotação
religiosa, para conversar sobre Cristo
2.Lopes (2011:153)
3.Idem, p.154.
e se ajudar mutuamente, sem estar
presas a uma igreja local, sem ter
seus nomes no rol de membros, sem
ter um dia determinado para ir a um
templo, uma lição bíblica para estudar semanalmente e uma liderança
eclesiástica à qual submeter-se.
A base bíblica para essa ideia,
segundo os desigrejados, encontrase na passagem em que Jesus diz:
Porque onde estiverem dois ou três
reunidos em meu nome, aí estou eu
no meio deles (Mt 18:20). Isso significa, dizem eles, que, se dois ou
três cristãos que são amigos encontrarem-se na praça de alimentação
de um shopping, sábado à noite,
ou em uma cafeteria, domingo de
manhã, para conversar sobre os últimos livros que leram ou sobre as
lições espirituais que têm aprendido,
ali eles são igreja de Jesus, e isso os
isenta de participar de uma igreja local, frequentar com regularidade os
cultos, servir em algum departamento da igreja etc.
2. Um ambiente doentio: Além
de afirmarem que Jesus não deixou
uma igreja organizada ou institucionalizada, os desigrejados acreditam
e apregoam que a igreja, no formato
que existe, está falida e ultrapassada. Essas pessoas consideram que
ela está desvirtuada, em sua natureza, sua essência, sua proposta relacional comunitária e sua proposta
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65
de missão e serviço.4 Afirmam que a
igreja evangélica não promove um
ambiente salutar, mas doentio; por
isso, precisamos sair dela para encontrarmos com Deus.
Pelo fato de inúmeros pastores
haverem se envolvido em escândalos relacionados a dinheiro, muitos
veem a igreja como uma máquina
de extorquir fiéis. Para inúmeros
outros, a igreja causa repulsa, pois
sentem que ela está cheia de hipócritas,5 repleta de pessoas que não
vivem o que pregam e condenam,
4. Bomilcar (2012:17).
5. Groeschel (2012:176).
explicitamente, nas outras pessoas,
os pecados que elas mesmas praticam em secreto.
Muitos dos desigrejados são pessoas que foram muito feridas por
denominações evangélicas (vítimas
de calúnia, de divisões, de farisaísmo, de preconceito, de extorsão, de
charlatanismo por parte de pastores
e líderes) e, por isso, estão, hoje,
desencantadas com a igreja. Outros
tantos são pessoas extremamente
críticas e exigentes, com uma mentalidade de consumidor, para as quais
nada está bom (o sermão, o culto, a
música, a lição bíblica, o prédio da
igreja, o departamento infantil etc.).
01. Os defensores de um cristianismo sem igreja ensinam que Jesus
não deixou qualquer forma de igreja organizada ou institucional.
O que isso significa? Utilize o item 1 da primeira parte deste estudo.
02. De acordo com o item 2 da primeira parte deste estudo, o que os
desigrejados pensam sobre a igreja? Quais as razões pelas quais não
fazem parte de uma igreja local?
II
COMBATENDO OS VENTOS DE DOUTRINA
Os argumentos usados pelos cristãos sem igreja são sutis, pois utilizam meias verdades. Por exemplo, é
claro que a igreja de Jesus não preci66
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
sa de prédios para existir. De acordo
com a história, somente no quarto
século é que os cristãos construíram
templos. Antes disso, reuniam-se em
casas, cavernas, vales e em campos.
No entanto, isso não significa que
seja errado construir um templo ou
ter propriedades; afinal, a Bíblia não
condena isso. Esse mesmo princípio
equivocado de meias verdades é utilizado nos outros posicionamentos
dos desigrejados.
1. Igreja organizada: A afirmação
dos desigrejados de que a igreja deve
ser um movimento livre e desorganizado de pessoas, sem estrutura alguma, é inconsistente, à luz da Bíblia.
Encontramos, no Novo Testamento,
igrejas cristãs muito bem organizadas:
com liturgia (1 Co 14:26; Cl 3:16),
ministérios (Rm 12:6-8; Ef 4:11-12),
assistência social (At 6:1-6; 1 Tm 5:310), líderes com suas responsabilidades definidas (1 Tm 3:1-13, 5:17;) e
até com registro de processo disciplinar (Mt 18:15-20; 1 Co 5).
Isso significa que a igreja, desde
cedo, era organizada e estruturada,
mas não rígida e engessada. E assim
deve ser. Encontrar com um ou dois
amigos cristãos em ambientes sem
conotação religiosa para conversar e
ajudar-se mutuamente é uma benção, mas não desobriga nenhum
cristão de um compromisso sério
com uma igreja local organizada. O
autor da Carta aos Hebreus advertiu
seus leitores a que não deixassem
a congregação, como era costume de alguns, mas, pelo contrário,
encorajassem uns aos outros e se
submetesse aos líderes eclesiásticos
(Hb 10:24-25, 13:7).
É interessante notar que o contexto bíblico de Mt 18:20, texto favorito
dos desigrejados, não se refere a um
movimento livre de cristãos. O texto
se refere à disciplina eclesiástica. Os
dois ou três que Jesus menciona são
os dois ou três que vão tentar ganhar
o irmão faltoso e reconduzi-lo à comunhão da igreja6 (Mt 18:15-17).
Em outras palavras, biblicamente,
não há razão para toda essa aversão à igreja organizada. Nenhum
cristão, portanto, está isento de
comprometer-se com a igreja. Ela é
a reunião dos salvos em Cristo, que,
juntos, adoram a Deus, estudam sua
palavra, edificam-se, proclamam a
salvação, desenvolvem seus dons
e manifestam amor ao próximo7
(At 2:42-47).
2. Igreja imperfeita: Outra afirmação dos cristãos sem igreja com
a qual não podemos concordar é a
de que a igreja está falida e ultrapassada. É fato que ela é imperfeita e
continuará sendo, enquanto pessoas, como nós, imperfeitas, fizerem
parte dela. É também verdade – e
todos os cristãos sérios concordam
– que muitas igrejas evangélicas promovem um ambiente doentio e nãosalutar, por causa do farisaísmo, do
preconceito, das divisões, da calúnia
etc. Contudo, a Bíblia nos ensina a
perdoar e não a abandonar a igreja
(Cl 3:13).
6. Lopes (2011:160).
7. Sayão (2012:106).
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67
Igualmente, devemos concordar
que muitos líderes evangélicos são,
na verdade, charlatões. Entretanto,
as Escrituras já nos advertem, há
muito tempo, de que falsos mestres
surgiriam no meio da igreja (2 Pd
2:1). Isso não é motivo para deixar
a igreja; antes, é motivo para lutar
por ela. Quanto àqueles que acham
a igreja um local de hipócritas, entendemos que estão, de certa forma,
corretos; afinal, todos os cristãos
continuam pecadores, e a Bíblia não
esconde isso (1 Jo 1:8, 10). A igreja
de Jesus é um lugar de pecadores,
não uma galeria de santos.8
A verdade, no entanto, é que
muitos dos sem-igreja são pessoas
8. Ludovico (2007:149).
muito críticas, que só não criticam
a si mesmas.9 Acontece que seus
ideais são tão elevados que seria impossível alguma igreja atingir esses
padrões.10 Para eles, nada está bom.
Os cultos são muito frios ou animados demais; a música é muito alta ou
muito baixa; o pastor grita ou fala
baixo demais etc. Por isso, devemos
concordar que sempre, por trás de
uma crítica feroz contra a igreja, escondem-se a avareza, a arrogância,
o ódio, a insubmissão, a falta de perdão, o comodismo, a frieza espiritual
ou algum pecado oculto.11
9. Sayão (2012:105).
10. Groeschel (2012:177).
11. Sayão (2012:106).
03. Em suas desculpas, os desigrejados utilizam meias verdades.
Você concorda? O que os textos de Hb 10:24-25, 13:7 têm a dizer
sobre os sem-igreja? Qual o contexto bíblico de Mt 18:20?
04. A Bíblia esconde a imperfeição da igreja? Para responder, use 1
Jo 1:8,10. Quando a igreja nos machuca, qual a atitude que devemos
tomar? Leia Cl 3:13. Então, há desculpa plausível para sair da igreja?
68
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
III
CORRENDO DOS VENTOS DE DOUTRINA
Como comprovamos, os desigrejados acabam jogando o bebê junto
com a água suja da bacia, ao abandonar a igreja por conta das falhas que
ela apresenta. Ora, a igreja de Jesus
é composta por pecadores salvos pela
graça de Deus, não por santos infalíveis. Contudo, mesmo imperfeita,
precisamos dela. Não podemos ser
cristãos sem igreja, porque não podemos ter o noivo sem a noiva, nem o
pastor sem seu rebanho. Precisamos
uns dos outros; por isso, não podemos
abandonar a igreja. A seguir, veremos
dois princípios que, se aplicados, nos
ajudarão a fugir para longe desse vento de doutrina dos desigrejados.
1. Não seja um desigrejado:
congregue com regularidade: Depois de tudo que aprendemos, podemos afirmar, categoricamente, que
não existe desculpa plausível para um
cristão ficar sem igreja. Obviamente,
existem situações em que muitos cristãos não podem se reunir com outros
crentes para congregar – como, por
exemplo, em contextos de perseguição religiosa, em locais longínquos,
onde não existem outros cristãos por
perto, ou em casos de doença. Contudo, essas são as exceções, não a regra.
Como disse certo autor, ser membro de uma igreja local não salva,
mas é reflexo de que somos salvos.12
É por isso que o autor da Carta aos
Hebreus é tão enfático ao advertirnos: Não deixemos de congregarnos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações, quanto
mais vede que o dia se aproxima (Hb
10:25). Este dia que se aproxima é
o dia da volta de Jesus para o qual
devemos estar sempre preparados.
Sendo assim, não brinque de ser
crente. Congregue regularmente.
2. Não seja um desigrejado:
sirva com comprometimento: Infelizmente, por vivermos em uma
sociedade consumista, muitos se
enxergam como consumidores, e
a igreja, como uma prestadora de
serviços religiosos. Assim, muitos
crentes passam a ir à igreja da mesma forma como vão a um shopping.
“Assistem” a um culto da mesma
forma que assistem a um filme no cinema. Pressupõem que tudo ao seu
redor, inclusive a igreja, existe para o
seu serviço.13
Quando esses crentes se desagradam da qualidade da música ou do
sermão do pastor, deixam a igreja,
assim como deixam de ir a um restaurante que não mais lhes agrada.
Por isso, há tanta gente fora da igreja. No entanto, enquanto nos enxergarmos como consumidores, jamais
estaremos contentes na igreja. Não
12. Dever (2012:166).
13. Silva (2007:46).
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69
somos clientes; somos servos. Participamos de uma igreja, prioritariamente, para servi-la, não para sermos ser-
vidos (1 Pd 4:10). Sendo assim, sirva
com comprometimento. Não seja
um desigrejado.
05. Você acha importante congregar? Podemos brincar de sermos
crentes, sabendo que Cristo voltará logo? Leia Hb 10:24-25 e
comente em classe sobre a importância de congregarmos
com regularidade.
06. Você concorda que muitas pessoas estão fora da igreja por
enxergarem a si mesmos como clientes e a igreja, como uma
prestadora de serviços religiosos? De acordo com 1 Pd 4:10,
podemos ter uma postura de clientes na igreja?
SEU DESAFIO SEMANAL
Os sem-igreja são, basicamente, pessoas machucadas, feridas,
abusadas espiritualmente por líderes evangélicos, magoadas, ressentidas, traumatizadas por igrejas, enganadas teologicamente
ou, simplesmente, críticas demais. O que fazer com elas? Já que
não vão à igreja, precisamos envolvê-las em nossos círculos de
amizade e nos aproximar delas com muito amor e carinho.
Elas precisam saber que ainda existem cristãos acolhedores,
misericordiosos, afetuosos e generosos, que as abracem e as
aceitem como estão (machucadas e feridas) e como são (muitas
vezes melindrosas e extremamente críticas). É muito provável que
você conheça pessoas desigrejadas. Pois bem, seu desafio, nesta
semana, será aproximar-se delas para lhes mostrar o amor de
Jesus Cristo.
70
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
10
Ateísmo cristão
6 DE DEZEMBRO DE 2014
Hinos sugeridos – BJ 196 • BJ 130
OBJETIVO
TEXTO BÁSICO
Mostrar ao estudante o
que caracteriza um cristão
ateu, quais os conceitos
que influenciam alguém
a este modo de vida e
refutá-los, à luz da palavra
de Deus, desafiando-o
a viver um cristianismo
autêntico e bíblico.
Este povo me honra com os lábios,
mas o seu coração está longe de mim.
(Mt 15.8 – NVI)
LEITURA DIÁRIA
D
S
T
30/11
01/12
02/12
Q
Q
S
S
03/12
04/12
05/12
06/12
Mt 15.8
Sl 53.1
Fl 3:19
1 Tm 6:5
Lc 12:15-21
Ap 3:15-22
Rm 12:2
Mt 6:33
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Comentários Adicionais
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INTRODUÇÃO
Na edição de 19 de dezembro de 2001, a
revista Veja publicou uma matéria sobre a religiosidade brasileira. Os números mostravam
que 99% da população afirmavam crer em
Deus e 83% acreditavam na existência do paraíso e na vida eterna. Isso mostra que a maioria dos brasileiros não apenas crê em Deus,
mas conta partilhar com ele a eternidade.1
Infelizmente, os altos índices de violência,
corrupção e imoralidade da nossa sociedade
apontam uma realidade diferente da que indicam os números. Na presente lição, vamos
tratar de um tema bastante complexo. Como
podemos conceber um cristão ateu? De início,
podemos dizer que se trata de cristãos nominais, pessoas que creem em Deus, mas vivem
como se ele não existisse.
1. Klintowitz, Jaime. Um povo que acredita. Disponível
em: <Veja.abril.com.br/191201/p_124.html>. Acesso em:
17 de junho de 2014.
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71
I
CONHECENDO OS VENTOS DE DOUTRINA
Ateus existem desde os tempos
antigos. O salmista Davi já se referia
à insensatez desse comportamento:
Diz o tolo em seu coração: Deus não
existe (Sl 53.1 – NVI). Alguém, acertadamente, disse que o ateísmo não
é algo natural, mas o resultado da
sufocação intencional da imagem de
Deus, na mente e no coração humano.2 A tolice do ateísmo se manifesta
em estilo de vida: A pessoa leva a vida
sem ter de prestar contas a Deus, pois
é dona do “seu próprio nariz”. Infelizmente, existem cristãos adotando
esse estilo de vida. Vejamos algumas
marcas do nosso tempo que levado
alguns crentes em Cristo a viverem
como se fossem ateus.
1. O materialismo: Vivemos em
uma sociedade capitalista, em que as
relações pessoais frequentemente se
dão com base na troca de bens de
consumo. Os valores de uma pessoa,
muitas vezes, são medidos a partir
da quantidade ou qualidade daquilo
que possui. É mais importante ter do
ser. Muitos se vendem e se corrompem para conseguir uns trocados
a mais, enquanto outros fazem de
tudo para superar o concorrente.
Nesse ambiente, muitos cristãos
se inclinam a um relacionamento
2. Lopes, Augustus Nicodemus. Ateísmo.
Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=VQpz43GP8Os>. Acesso em: 21 de
junho de 2014.
72
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
com Deus baseado apenas na troca.
Deus é o fornecedor; eles, os clientes. As orações só funcionam a partir
de necessidades específicas. Como
telespectadores de um programa de
televisão, desejam cultos que os entretenham. Buscam a Deus porque
querem algo dele, mas nada com sua
pessoa. É uma relação interesseira.
Cristãos ateus são materialistas.
O deus deles é o ventre, pois só
pensam em coisas terrenas (Fl 3:19).
Para esses, a piedade é apenas fonte
de lucro (1 Tm 6:5). Amam mais os
prazeres do que a Deus (1 Tm 3:4). O
materialismo faz com que as pessoas tenham como prioridade de suas
vidas a aquisição de bens materiais e
riquezas e se esqueçam de Deus e de
seus valores (Lc 12:15-21). Elas passam a ajuntar tesouro na terra, não
no céu (Mt 6:19-24). Por isso, não é
difícil vermos cristãos esfriarem na fé
ou se afastem da igreja, após prosperarem financeiramente. Há gente
que, por dinheiro, abandona a família, a igreja e a fé.
2. O indiferentismo: Embora a
expressão “indiferentismo” não seja
comum, o mesmo não pode ser dito
de sua prática, pois se trata da “postura de indiferença”, bastante ligada ao egoísmo. O indiferente não
demonstra nenhum tipo de preocupação por determinado assunto ou
por alguém, a não ser por si mesmo.
Mostra-se incapaz de responder a
estímulos. Não se trata de ficar em
cima do muro, mas de não importarse com o mundo, nem com o outro,
muito menos com Deus. O lema dessa geração apática é: “‘Tô’ nem aí”
ou “Tanto faz como tanto fez”.
A atitude de indiferença é outra
característica do cristão ateu. Assim
como milhões, pelo mundo, que não
se importam com Deus e com a salvação, cristãos ateus não estão preocupados com questões espirituais.
Para eles, tanto faz ir à igreja ou não;
tanto faz orar ou não; tanto faz ler a
Bíblia ou não; tanto faz ser honesto
ou não; tanto faz ser fiel ao cônjuge
ou não; tanto faz fazer sexo com a(o)
namorada(o) ou não; tanto faz traba-
lhar ao sábado ou não; tanto faz pagar suborno ou não. Tanto faz! Mas
se perguntarem a eles se são cristãos,
a resposta será um sonoro “Sim!”.
Contudo, cristãos ateus são como
os crentes da igreja de Laodiceia:
fazem Deus sentir náuseas. Não são
quentes, nem frios; são mornos (Ap
3:15,16). Honram a Deus com sua
boca, mas o coração está distante
dele (Is 29:13). Isso acontece porque, assim como o materialismo,
essa atitude faz o cristão se tornar
mundano e carnal, ou seja, ela o
afasta de Deus e o torna conformado com o mundo e, consequentemente, praticante das obras da
carne (Rm 12:2; 2 Tm 2:10a; 1 João
2:15-17; Gl 5:16-21).
01. Com base na introdução, responda: O que é um “cristão ateu”?
Comente também a frase: “O ateísmo não é algo natural, mas o
resultado da sufocação intencional da imagem de Deus na mente e
no coração humano”.
02. Após ler os itens 1 e 2 da primeira parte deste estudo, comente
o significado de materialismo e indiferentismo. Como essas duas
características estão presentes nos “cristãos ateus”? Leia também:
Lc 12:15-21; Mt 6:19,24; Is 29:13 e 2 Tm 2:10a.
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73
II
COMBATENDO OS VENTOS DE DOUTRINA
O cristão ateu é uma pessoa
conformada com o mundo e seu
sistema de valores (Rm 12:2). Precisa
decidir renovar seu entendimento,
romper seu romance com o mundo
(1 Jo 2:15-17) e buscar alimento sólido na palavra de Deus, que semeia
a fé (Rm 10:17). Submetendo-se às
Escrituras Sagradas, alcançará uma
fé vibrante e sólida, que agrada a
Deus (Hb 11:6).
1. O reino em primeiro lugar:
Jesus foi claro ao dizer: Busquem,
pois, em primeiro lugar o Reino de
Deus e a sua justiça (Mt 6:33). Ele
ensinou aos discípulos que não deveriam viver ansiosos pelas coisas
materiais. Deus sabe de tudo que
precisamos e cuidará de nós, assim
como cuida de toda a criação. Portanto, os cristãos devem ter como
prioridade cuidar de seu relacionamento com o Criador.
O apóstolo Paulo explicou que a
essência do reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e
alegria no Espírito Santo (Rm 14:17).
Em João 6:26-27, Jesus repreende
a multidão que o buscava apenas
pelo pão e ensinou-lhe que deveria
trabalhar pela comida que permanece para a vida eterna. A vida cristã
autêntica celebra a vida com Deus e
os valores do seu reino. Além disso,
Jesus nos ensinou a não acumular na
terra, mas juntar tesouros no céu,
74
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
porque, segundo ele: ... onde está o
teu tesouro, aí estará também o teu
coração (Mt 6:21). Jesus também
disse: Portanto, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? (Mc 8:36).
2. Cooperação, sim; competição, não: O espírito materialista
de nossa época sugere rivalidade,
competição e anseio de ser o melhor. Os discípulos do Senhor viviam
às voltas com o desejo de ocupar
um lugar de prestígio ao lado do
Mestre. Jesus mostrou-lhes que a
grandeza está em servir, não em ser
servido (Mc 10:35-45).
Os crentes não devem viver a
disputar cargos ou posições. Não
somos rivais; somos irmãos. Alegremo-nos com o sucesso e soframos
com o fracasso de nosso próximo
(1 Co 12:12-27). Consideremos os
outros superiores a nós mesmos.
Cada um cuide não somente dos
seus interesses, mas também dos
interesses dos outros (cf. Fl 2:3-4).
Cooperação, altruísmo e partilha são
valores que devemos praticar.
3. Superando a indiferença
espiritual: A última carta às sete
igrejas da Ásia foi escrita aos crentes de Laodiceia (Ap 3:14-22). Foi a
mais dura carta. Diferentemente das
demais, não recebeu de Jesus um
elogio sequer. A igreja morna estava
miseravelmente pobre, mas não se
dava conta disso. Pensava estar rica e
não precisar de nada. Enquanto isso,
Jesus estava do lado de fora, clamando para entrar.
Aquela era uma igreja indiferente,
mundana e carnal. Não obstante, Jesus a amava e aconselhou-a a restaurar-se no que ele oferecia. Nada muito complicado: somente zelo e arrependimento. O indiferente deve voltar a ter zelo pelas coisas espirituais;
precisa arrepender-se de sua infeliz
miséria, e abrir a porta para receber
o Mestre e celebrar uma gloriosa ceia
com ele. É tempo de acordarmos. É
hora de dizermos “não” ao mundanismo. Não podemos nos conformar,
nem nos acomodar, a este mundo
(Rm 12:2). Não é certo vivermos
como se Deus não existisse. Sigamos
o conselho de Pedro: Como filhos
da obediência, não vos amoldeis às
paixões que tínheis anteriormente na
vossa ignorância (1 Pe 1:14).
03. Após ler Mt 6:19-24,33; Mc 8:36-37, e o item 3 da segunda parte
deste estudo, comente com a classe sobre as prioridades do cristão.
Como Jesus nos ensinou a vencer o materialismo?
04. Leia os itens 1 e 2 da segunda parte deste estudo e responda:
Para não sermos “cristãos ateus”, como podemos lidar com o
sentimento de rivalidade e indiferença espiritual ? Baseie-se em
Fl 2:3-4; Ap 3:14-22; 1 Pd 1:14-16.
III
CORRENDO DOS VENTOS DE DOUTRINA
Se, como vimos até aqui, a imagem de Deus pode ser sufocada, na
mente e no coração de uma pessoa,
ao ponto de ela viver apenas com
um rótulo de cristão, cremos, ainda
mais, que Deus pode restaurar essa
imagem e levar tal pessoa a viver um
relacionamento verdadeiro com ele.
Vamos aos princípios que nos levam
à sombra do Onipotente e nos afastam do conselho dos ímpios.
1. Para não ser um cristão ateu,
pense nas coisas de Deus: Nosso
Senhor nos ensinou que, do coração, procedem as más intenções e as
diversas práticas pecaminosas. Para
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75
sermos guardados desses males, devemos levar cativo todo pensamento
à obediência de Cristo (2 Co 10:5b).
Ocupe seus pensamentos com as
coisas lá do alto, não nas que são
aqui da terra (Cl 3:2). Siga o conselho de Paulo: caminhe com Deus
e pense em tudo que for virtuoso e
louvável (Fl 4:8). Assim, você vencerá
o mundanismo (Rm 12:1-2).
Andar com Deus quebrará o poder do materialismo em sua vida e
o levará a uma generosidade radical.
Em vez de viver para si e para o momento, você viverá por Cristo e para
a eternidade. Seu coração começará
a se quebrantar por motivos e causas
que partem o coração de Deus. Você
o servirá com fidelidade, como parte
de sua noiva, a Igreja.3
2. Para não ser um cristão ateu,
caminhe com o povo de Deus: O
Novo Testamento está cheio de expressões conhecidas como os mandamentos da mutualidade: “Amai-
vos uns aos outros”, “servi uns aos
outros”, “suportai-vos uns aos outros”, “perdoai-vos uns aos outros”.
A vida cristã genuína e consistente
não se dá no isolamento, mas na
coletividade. Quem não convive com
os outros cristãos tem grande chance
de se tornar um cristão nominal, pois
esse convívio é pedagógico e fortalecedor; sua ausência é prejudicial.
Em comunhão com o povo de
Deus, recebemos amor e expressamos amor, por meio da partilha.
Quando nós, na condição de cristãos, estamos comprometidos com
a comunhão cristã, somos conhecidos e necessários. Cada um de
nós tem determinados dons e papéis a desempenhar. Ao usarmos
nossos dons concedidos por Deus
no relacionamento com os demais,
experimentamos a satisfação profunda de sermos parte do corpo de
Cristo4 (cf. Sl 133:1-3; Rm 12:4-5;
Hb 10:23:25).
3. Groeschel (2012:37).
4. Idem, p.182
05. Leia Cl 3:2; Fl 4:8; Rm 12:1-2, e fale sobre a importância de ocupar
os pensamentos com as coisas concernentes a Deus, para vencer o
mundanismo e o materialismo.
76
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
06. Qual é a importância da comunhão do povo de Deus e o
relacionamento entre os irmãos, no fortalecido de sua fé? Baseie-se
em Sl 133:1-3; Rm 12:4-5; Hb 10:23-25.
SEU DESAFIO SEMANAL
Na lição de hoje, percebemos que, embora o conceito de ateísmo cristão seja razoavelmente novo, sua prática é bastante antiga e comum. Nenhum de nós está completamente isento de cair
nesse tipo de comportamento perigoso. Humildemente, busque
ao Senhor, em oração, pedindo-lhe que o mantenha sóbrio e
vigilante no caminho da justiça, evitando o materialismo e indiferentismo, que nos levam ao mundanismo.
Durante esta semana, ore por alguém que você percebe estar
vivendo como se Deus não existisse. Peça ao Senhor que essa
pessoa enxergue o convite amoroso dele para um relacionamento profundo e pessoal. Aguarde também uma oportunidade para
oferecer um estudo bíblico ou iniciar um discipulado com alguém.
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11
O homem
como centro
13 DE DEZEMBRO DE 2014
Hinos sugeridos – BJ 02 • BJ 28
OBJETIVO
TEXTO BÁSICO
Mostrar ao estudante
da Palavra o erro de
colocar o ser humano no
centro, na igreja local,
nos cultos, nas músicas
e nas pregações; chamálo a uma atitude de
centralidade em Deus.
Aquele, porém, que se gloria, glorie-se
no Senhor. (2 Co 10:17)
LEITURA DIÁRIA
D
S
T
Q
Q
S
S
07/12
08/12
09/12
10/12
11/12
12/12
13/12
2 Co 10:17
1 Co 1:10-13, 31
3 Jo 9-10
1 Tm 4:1-2
Sl 99
1 Tm 4.16
Mt 16:18
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78
INTRODUÇÃO
Nestes últimos dias, temos vivido tempos
difíceis. Muitas igrejas e seus pregadores têm
ensinado um “evangelho antropocêntrico”
(gr. antropos = “homem”) , isto é, um evangelho cujo centro é o homem. Esse tipo de
evangelho tem sua origem no antropocentrismo, “doutrina filosófica pela qual se afirma
que o ser humano é o centro do Universo, a
referência máxima e absoluta de valores, o
protagonista, o centro das atenções.”1
Sabemos que a palavra “evangelho” significa “boa nova”. Contudo, é uma “boa nova”
a respeito de Cristo e tem este como centro.
Já o evangelho antropocêntrico se apresenta
como o “evangelho do eu”. Neste, “Deus é
uma espécie de ‘Papai Noel’, que entra nos
templos com um grande saco de presentes
nas costas e começa a distribuí-los aos que
têm fé”.2 Será que esse evangelho está correto? É o que veremos a seguir.
1. Zibordi (2006:47).
2. Idem.
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
I
CONHECENDO OS VENTOS DE DOUTRINA
O “evangelho antropocêntrico” é
mais um vento de doutrina, ou modismo, que precisa ser combatido,
pois deturpa o verdadeiro evangelho.
Além disso, produz crentes ensimesmados, que vão às igrejas para ter
os seus problemas solucionados, ser
agradados, elogiados e ter sua autoestima melhorada. Nesta primeira
parte de nossa lição, vejamos como
se manifesta esse tipo de evangelho.
1. Igrejas antropocêntricas:
Existem, ao menos, dois sinais de
que uma igreja pode estar caminhando rumo à centralização do
homem em sua atuação. Se você
identificar qualquer um deles, em
sua igreja local, é hora de ligar a
luz de alerta. Que sinais são estes?
Primeiro sinal: apego em excesso a
personalidades. Isso aconteceu na
igreja de Corinto, em que os cristãos
estavam divididos entre os partidos
de Paulo, Apolo, Pedro e Cristo (1
Co 1:12). Coisa terrível é quando a
igreja coloca homens nos holofotes.
Nessa mesma linha, o segundo sinal
é a influência de lideranças personalistas. Infelizmente, existem igrejas
que têm os seus donos ou caciques,
sendo que suas ações giram em torno das vontades destes.
A Bíblia apresenta um irmão que
se achava o dono da igreja: Diótrefes, que, segundo João, gostava de
exercer a primazia entre eles (3 Jo 9).
Primazia é a tradução para a palavra
grega philoproteu, cuja ideia é “querer ser o primeiro, querer ser o líder,
orgulhar-se de ser o primeiro”.3 Um
terceiro e último sinal de uma igreja
que pode estar caminhando para o
antropocentrismo é a ênfase exagerada ao ser humano e aos seus problemas. A tendência natural, nessas
igrejas, é que o culto se transforme
num encontro para recebimentos de
bênçãos e Deus só “apareça” para
trazê-las ao ser humano angustiado.4
Supõe-se que, nesses cultos, as pessoas se reúnem para adorar a Deus,
mas isso acaba se tornando apenas
um pretexto, pois o real motivo é
outro.5 Essa ênfase exagerada no ser
humano, no culto, pode se manifestar, ao menos, de duas formas: nas
músicas e nas pregações.
2. Músicas de embalar: Vamos
começar tratando das músicas. Nas
igrejas em que predomina o evangelho antropocêntrico, as músicas
louvam o ego. São hinos de “autoajuda”: é o “meu milagre”, “minha
bênção”, “eu tudo posso”, “sou
um campeão”, “nasci para vencer”,
“Deus me faz voar”, “Deus tem muitos ciúmes de mim” etc. E vamos ser
sinceros? Ultimamente, os louvores
3. Rienecker; Rogers (1995:596).
4. Zibordi (2006:48).
5. Cavalcanti (2000:34).
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79
cantados em muitas igrejas cristãs
parecem ser feitos para os crentes,
não para Deus. Isso faz com que as
pessoas se dirijam à igreja para serem “embaladas” pelas músicas,
não para louvarem ao Senhor.
Segundo a educadora religiosa
Isabel da Cunha Franco, os louvores
que promovem o ser humano como
o objeto principal do culto tendem a
criar crentes com as marcas da sociedade atual: em busca de vantagens e
sucesso.6 A maioria das canções tem
mostrado apenas um Deus meigo,
suave, gentil, pronto a atender nossos dilemas. Essa ênfase produz “um
estado mental angustiado e egocêntrico. Enquanto olho pra minha fragilidade, não ajudo o próximo. Enquanto fraco, nada vejo além do meu umbigo”.7 Esse estado mental nos faz
esquecer nossa missão aqui na terra.
3. Pregações de mimar: Além
6. Educadora religiosa chama atenção para o
perigo dos cânticos de autoajuda. Disponível
em:
<http://www.ultimato.com.br/revista/
artigos/328/educadora-religiosa-chama-atencao-para-o-perigo-dos-canticos-de-autoajuda#extras>. Acesso em: 25/06/14.
7. Ribeiro, Bráulia. Metáforas de uma vida
passiva. Disponível em: <http://ultimato.com.
br/sites/brauliaribeiro/2010/09/21/metaforasde-uma-vida-passiva/>. Acesso em: 25/06/14.
das músicas, em igrejas onde predomina o evangelho antropocêntrico,
as pregações também são para agradar os ouvintes. É duro admitir, mas
a ênfase das mensagens, na mídia e
em muitos púlpitos, e dos ensinos
nas igrejas também segue essa linha
antropocêntrica. Segundo Zibordi,8
só se prega para agradar os fieis; os
pregadores são animadores de cultos, criam jargões pessoais, só falam
dos problemas humanos ou de bênçãos materiais e não falam da mensagem da cruz de Cristo.
E não para por aí: As pregações
enfatizam as ideias de que crente não enfrenta tribulação; de que
Deus não quer compromisso: só o
coração; de que o crente pode declarar, decretar ou profetizar por conta
própria. Prega-se sempre o que as
pessoas querem ouvir, não a palavra
de Deus. A respeito disso, o Espírito
Santo diz claramente que nos últimos tempos alguns abandonarão a
fé e seguirão espíritos enganadores e
doutrinas de demônios (1 Tm 4:1). A
seguir, veremos, como escapar desses falsos ensinos.
8. (2006:51-65).
01. Com base no item 1 da primeira parte deste estudo, fale sobre
alguns sinais que identificam o tipo de igreja antropocêntrica.
Leia: 1 Co 1:12 e 3 Jo 9.
80
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
02. Com base nos itens 2 e 3 da primeira parte deste estudo, fale
sobre as “músicas de embalar” e as “pregações de mimar”, presentes
em muitas igrejas.
II
COMBATENDO OS VENTOS DE DOUTRINA
Vimos, até agora, que algumas
igrejas locais têm centralizado o homem de tal forma que não há mais
espaço para Deus. Elas têm sofrido
com líderes e crentes personalistas.
Seus cultos são centrados na criatura, não o Criador; suas músicas e suas
pregações querem apenas massagear egos e abençoá-los. Estudemos,
agora, sobre o combate a esse que, a
exemplo de Paulo, podemos chamar
de “outro evangelho” (Gl 1:8).
1. Toda glória a Deus: Para que
fujamos do caminho do evangelho
antropocêntrico, ao menor sinal de
apego em excesso a personalidades,
lideranças personalistas, ênfase exagerada ao ser humano e aos seus
problemas no culto, precisamos rechaçar essas ideias e combatê-las.
Paulo combateu o culto à personalidade, na igreja de Corinto. E olha
que uma das personalidades celebradas era ele. Mas o apóstolo não
se deixou iludir por isso, pois toda
a glória, na igreja, deve ser sempre
dada a Jesus (1 Co 1:10-13, 31; 3:9).
O mais importante era Cristo, por-
que foi ele quem morreu por todos
(v. 13). João combateu aquele que se
achava dono da igreja, cuja atitude
foi condenada (2 Jo 10). A igreja tem
apenas um dono: Jesus Cristo.
Quanto aos cultos centralizados
no homem, precisamos sempre relembrar a verdadeira razão pela qual
nos reunimos como igreja. O culto é,
“primariamente, encontro de adoração a Deus, de celebração de seus
atos em nosso favor e em favor do
mundo por ele criado, encontro de
gratidão, testemunho e preparação
para viver, no tempo secular, a fé e a
missão”.9 Quando chegamos ao culto, nossa postura não deve ser a de
alguém que se assenta à mesa com
um babador no pescoço, à espera de
comida.10 Não estamos ali para ser
servidos, mas para servir. O culto não
é para nós; é para Deus.
2. Canções para Deus: A fim de
que não propaguemos um evangelho antropocêntrico, precisamos to-
9. Idem, p. 55.
10. McAlister (2009:261).
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81
mar cuidado com o que cantamos.
O louvor deve ter Deus como centro.
Mesmo quando trata dos dilemas
humanos, sempre tem de apresentar
Deus como nosso refúgio, abrigo e
um protetor, como percebemos nos
Salmos (cf. Sl 9, 46, 57, 91). Deus
precisa ser louvado por isso! Veja
que, nos Salmos citados, mesmo
diante dos problemas do salmista,
Deus é o centro, e sua presença, a
própria solução. O hinário da Bíblia
também exalta a Deus (Sl 99), mostra o pecado do homem (Sl 51), o
desejo de compartilhar a salvação
(Sl 40, 51:13) etc.
Não podemos esquecer que o
louvor não tem como alvo o nosso
deleite; não é para ser apreciado,
mas oferecido.11 A Bíblia compara o
louvor a um sacrifício (Sl 27:6, 50:14;
Am 4:5; Hb 13:15). Por isso, não
deve ser visto como um instrumento
de afirmação de quem nós somos,
mas de quem é Deus. Louvamos,
não para nos sentir bem, mas para
reconhecer e celebrar a bondade e
a soberania de Deus.12 Diante disso,
é importante que os nossos louvores
tenham letras bíblicas e saudáveis.
Existem louvores que mais parecem
“mantras”, com duas ou três frases
a se repetir por minutos a fio, como
se isso tivesse poder para fazer que,
em algum momento, algo aconteça.
Devemos seguir o conselho paulino:
11. Idem, p. 262.
12. Idem.
82
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
Habite ricamente em vocês a palavra
de Cristo; ensinem e aconselhem-se
uns aos outros com toda a sabedoria, e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus
em seus corações (Cl 3:16). Quando
a palavra de Cristo norteia nossas
canções, louvamos a Deus da maneira que lhe agrada.
3. Pregando a palavra: Outra área que devemos cuidar para
não divulgarmos o evangelho antropocêntrico é a da pregação.
Esta precisa ser sempre bíblica. Ela
é insubstituível. Devemos atentar
para o conselho bíblico: Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina
(1 Tm 4.16). Não podemos subir
num púlpito para falar somente de
nossa experiência. Os pregadores
têm uma tarefa: pregar a palavra
(2 Tm 4:2). O conteúdo a ser pregado já está definido por Deus, há muito tempo. Nossa tarefa é expô-lo.
Se a nossa preocupação maior,
ao pregar, é agradar, gerar reações
positivas, cativar as pessoas, estamos
caminhando a passos largos, rumo
ao antropocentrismo. Precisamos,
urgentemente, de uma pregação
que exponha a Bíblia (Sl 119:130).
Necessitamos ouvir Deus falar, e isso
só acontece quando pregamos a Palavra. Então, vamos estudar a Bíblia
com oração e pregar o que ela diz.
Quando lemos as Escrituras, interpretamos a Bíblia pela Bíblia e aplicamos os seus ensinos, Deus está falando. Voltemos à palavra, pois: Toda a
Escritura é inspirada por Deus e útil
para o ensino, para a repreensão,
para a correção e para a instrução na
justiça, para que o homem de Deus
seja apto e plenamente preparado
para toda boa obra (2 Tm 3:16-17).
03. Com base em 1 Co 1:10, 13, 31; 3 Jo 10 e 11, explique à classe
como Paulo e João resolveram os conflitos com os líderes e um
membro personalistas. Qual a postura correta, diante de um culto
ao Senhor?
04. Auxiliados pelos textos bíblicos dos itens 2 e 3 da segunda
parte deste estudo, fale sobre como podemos, de fato, ter músicas e
pregações cujo centro seja Deus.
III
CORRENDO DOS VENTOS DE DOUTRINA
Já estudamos sobre o vento de
doutrina e também sobre a maneira
de combatê-lo. Nesta parte de nosso
estudo, apresentaremos duas atitudes
para colocarmos os conceitos analisados em funcionamento. Se assim
fizermos, daremos passos largos para
longe do evangelho antropocêntrico.
Então, anote aí e viva essas verdades
em seu dia-a-dia.
1. Abaixo a centralidade do
homem: Deus é o dono da igreja:
Muitas igrejas locais, desde os tempos bíblicos, têm sofrido com o
evangelho antropocêntrico. Infeliz-
mente, “não é difícil encontrarmos
líderes ou membros, em comunidades locais, agindo como donos da
igreja. Estão errados! Ninguém tem
o direito de sentar-se na cadeira que
pertence a Jesus”.13
A esses falsos “donos e donas” de
igreja, vale o mesmo questionamento de Paulo perguntou aos cristãos
de Corinto (1 Co 1:13): “Por acaso
foi um de vocês crucificado? Quantas gotas de sangue derramaram
13. IAP em Ação: revista da 46ª Assembleia
Geral. São Paulo, 2011, p.6.
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83
pela igreja? As pessoas são batizados
em seu nome?”. Não esqueçamos
que Jesus disse: ... edificarei minha
igreja (Mt 16:18 - grifo nosso). A
igreja é dele, por direito, pois ele a
comprou com o seu próprio sangue
(At 20:28).
2. Abaixo a centralidade do homem: Deus é o centro da igreja:
Nos cultos, nas canções e nas pregações, precisamos colocar Deus como
o centro. Nas celebrações comunitárias, devemos louvar a Deus, pois ele
nos assiste. Deus é a plateia do culto,
e nós temos que nos apresentar como
sacrifício agradável (Rm 12:1). Preci-
samos cantar hinos menos individualistas (“meu Deus”) e mais comunitários (“Pai nosso”). Assim, olharemos
mais para o nosso próximo.
Nas pregações, que a palavra volte
a ser pregada com mais fidelidade,
tanto na vida como nos púlpitos, nos
estudos e nos encontros da igreja.
Precisamos pregar a palavra de Deus
tendo Cristo e o poder do Espírito
no centro da nossa pregação. Assim,
o homem será transformado para
o serviço aos homens e o louvor de
Deus; afinal, dele, e por ele, e para
ele são todas as coisas; glória, pois, a
ele eternamente. Amém! (Rm 11:36).
05. O que precisam saber ou relembrar aqueles que se acham donos
das igrejas e gostam de ver seus nomes em evidência?
06. A respeito dos cultos, das canções e das pregações da igreja
local da qual você participa, você percebe a centralidade no homem
ou em Deus?
84
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
SEU DESAFIO SEMANAL
Chegamos ao final de mais uma lição bíblica, pela graça de
Deus. Nela, estudamos sobre o evangelho antropocêntrico. Muitas igrejas locais têm líderes, membros (famílias), cultos, músicas
e pregações antropocêntricas. Mas refletimos que todas as coisas
devem ser feitas para a glória de Deus, porque nele vivemos, e
nos movemos, e existimos (At 17:28a).
Nosso desafio é orar a Deus, durante esta semana, e pedir-lhe
que seja o centro de todas as nossas atividades. Se você faz parte
do grupo de louvor de sua igreja, verifique se os louvores escolhidos por você ou pelo grupo de que faz parte têm como alvo a
glorificação do Senhor. Se não faz parte do grupo e não participa
da escolha, verifique se os louvores cantados por você ou as pregações e os estudos que ministra têm Cristo como centro. Que
façamos tudo para glória de Deus (1 Co 10:31).
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12
Cultos
desordeiros
20 DE DEZEMBRO DE 2014
Hinos sugeridos – BJ 315 • BJ 184
OBJETIVO
TEXTO BÁSICO
Mostrar ao estudante
da palavra de Deus os
equívocos daqueles que
defendem que, no culto
a Deus, não há regras,
limites ou condições,
ajudando-o a entender
os princípios bíblicos
para o culto.
Ora, o Senhor é o Espírito e, onde está
o Espírito do Senhor, ali há liberdade.
(2 Co 3:17 – NVI)
LEITURA DIÁRIA
D
14/12
S
T
Q
Q
15/12
16/12
17/12
18/12
S
19/12
S
20/12
2 Co 3:17
1 Ts 5:19
1 Co 14:40
Lc 7:36-50
Gl 5:22-23
Jo 16:13-15
1 Jo 2:20,27
Lc 4:18
At 10:38
1 Co 14:26
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INTRODUÇÃO
Chegamos à última lição desta série intitulada “Ventos de doutrina”, isso porque a lição
do próximo sábado já seguirá uma temática
diferente, pois faz parte do sábado especial
do “Projeto Proclamar”. Nesta lição, trataremos sobre cultos desordeiros. Como conciliá-los com o princípio “faça-se tudo com decência e ordem”, de 1 Co 14:40? Existe um
sem-número de crentes para os quais, na hora
do culto, tudo é válido; não há leis, regras,
nem limites.
O argumento é que, quando o Espírito age,
leva-nos a fazer coisas que podem parecer estranhas, mas são “coisas do Espírito”, e não
se deve questionar esse “mover espiritual”.
Se há “um mover no culto, as pessoas têm liberdade para fazer o que sentirem vontade”.1
Mas de onde vêm essas ideias? Será que são
mesmo bíblicas? É o que examinaremos, no
presente estudo.
1. Lopes (2011:186).
86
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
I
CONHECENDO OS VENTOS DE DOUTRINA
Para muitos, os cultos em que
pessoas não caem no Espírito e rolam no chão, tomadas pela unção
do riso, não imitam animais (como o
leão, o coelho ou o a águia), não dão
salto mortal e rodopios, não têm tremedeiras e coisas do tipo são frios e
entediantes. Mas de onde vêm esses
pensamentos? Ao menos três fontes
podem ser citadas; todas, de alguma
maneira, contribuíram para o surgimento desses conceitos no mundo
evangélico brasileiro.
1. Um movimento sem fundamento bíblico: A primeira fonte
que contribuiu para o conceito de
que, no culto, vale tudo foi uma
nova forma de adoração muito falada no mundo gospel, nos últimos
tempos: a “adoração profética”. Ela
faz parte do pacote da Nova Reforma Apostólica, comentada no quinto estudo desta série. Mike Shea, um
dos primeiros apóstolos brasileiros
ungidos em 2001, diz que uma das
coisas que Deus está restaurando,
neste tempo, é a adoração (At 3:21).
Desse modo, a “adoração profética
é algo que o Espírito Santo está falando para a Igreja nos nossos dias”.2
2. Shea, Mike. Adoração profética: alguém
explica isso?. Disponível em: <http://www.
mobilizacoes.com/artigos/96-adoracao-profetica-alguem-explica-isso>. Acesso em 18 de
julho de 2014.
E o que é a adoração profética? É
quando “Deus toma a direção absoluta e o homem passa a ser apenas
um instrumento”.3 É quando a adoração, na terra, acontece em concordância com a do céu; a adoração
profética “traz à terra o que está no
céu”.4 Tudo é válido, nesse momento: desde atos proféticos, rolar pelo
chão, até gritos de ordem a Deus.
Outro nome dado a isso pelos “profetas adoradores” é adoração extravagante. Para os defensores de tal
prática, sempre que ousamos fazer
algo novo e extravagante para Deus
– algo que foge dos padrões normais
–, nós lhe agradamos. O texto preferido para a defesa da adoração extravagante é Lc 7:36-50.
2. Um modismo sem fundamento bíblico: A segunda fonte
que contribui para o fortalecimento da ideia de que, no culto, vale
tudo, é mais antiga que o movimento da adoração profética: a famosa
doutrina do “cair no Espírito”. Esta
“unção” do cai-cai iniciou-se com
o americano Randy Clark, que dizia
3. Adoração profética. Disponível em: <http://
www.escoladeadoradores-pa.com.br/content/adora%C3%A7%C3%A3o-prof%C3%A9tica>. Acesso em 14 de julho 2014.
4. Shea, Mike. Adoração Profética: alguém
explica isso? Disponível em: <http://www.
mobilizacoes.com/artigos/96-adoracao-profetica-alguem-explica-isso>. Acesso em 18 de
julho de 2014.
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87
ter recebido uma profecia segundo
a qual, através de sua vida e de seu
ministério, pessoas seriam derrubadas no Espírito. Para Clark, a unção
era como dinamite e a fé, a cápsula
que explode a dinamite.5
Vargens6 diz que a unção do cai-cai
virou uma febre. Benny Hinn e Keneth
Haigin foram protagonistas na arte do
tombo, disseminando-a entre milhões
de pessoas, em toda a América. No
Brasil, o movimento ganhou popularidade na década de 80, mediante encontros e congressos em todo o país.
Na década de 90, a unção do tombo
espalhou-se de tal forma que os crentes em Jesus passaram a acreditar que,
quando caíam no Espírito, experimentavam cura para as suas almas e que
a unção do tombo representava um
olhar especial de Deus aos seus filhos.
3. Uma interpretação sem fundamento bíblico: Já apresentamos
duas possíveis fontes que contribuí5. A teologia do tombo. Disponível em: <http://
renatovargens.blogspot.com.br/2011/04/
ana-paula-valadao-e-uncao-do-cai-cai.html>.
Acesso em: 18 de julho de 2014.
6. Idem.
ram para o surgimento e o fortalecimento da ideia de que, no culto,
vale tudo. Mas, mesmo assim, pode
ser que você se depare com pessoas que tenham esse pensamento,
mas não façam parte do movimento
da adoração profética, nem sejam
adeptas da doutrina do cair no Espírito. Em muitas igrejas, o que acontece mesmo é uma errada interpretação de alguns textos bíblicos, por
parte de alguns cristãos, às vezes,
até bem intencionados.
Os dois textos mais conhecidos,
usados para esta defesa, são 2 Co
3:17 e 1 Ts 5:19. O primeiro diz que,
onde está o Espírito do Senhor, há liberdade. O argumento é que, quando o Espírito age num culto, não há
limites, nem regras; somente liberdade; somos livres para agir de acordo com o que sentimos. O segundo
texto diz que não devemos apagar o
Espírito. O argumento, neste caso, é
que não podemos impedir, nem falar contra quem faz qualquer coisa
anormal no culto, pois isso é apagar
o Espírito. E aí?
01. Comente com a classe sobre a adoração profética ou
extravagante e sobre a unção do tombo, dois modos de pensar que
contribuíram com a ideia de que, no culto, vale tudo. Quais são as
bases desses modismos?
88
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
02. Leia 2 Co 3:17; 1 Ts 5:19, e explique como os adeptos do culto
vale-tudo explicam esses textos bíblicos.
II
COMBATENDO OS VENTOS DE DOUTRINA
Acreditamos que o Espírito Santo
é livre e soberano para agir como
lhe apraz, e faz coisas que não entendemos. Contudo, não podemos
concordar que ele age independentemente da palavra que inspirou.7
Justamente por isso, não podemos
concordar com os argumentos anteriormente apresentados. As três fontes que contribuíram para que a ideia
de que vale tudo no culto foram
construídas em cima de premissas
contrárias à Escritura. Examinemos.
1. Equívocos da adoração profética: Na lição 05, já mostramos
que a Nova Reforma Apostólica é um
movimento que distorce a Escritura.
Todas as suas bases são construídas
em cima de experiências arrebatadoras, revelações “dadas por Deus” a
certos indivíduos, que contradizem a
Escritura, inclusive. Além disso, Atos
3:21 não ensina que Deus está restaurando, neste tempo, o movimento apostólico, muito menos a adoração, por meio da adoração profética.
O texto está tratando do estabeleci7. Lopes (2011:188).
mento final do reino, com a volta de
Jesus.
Precisamos tomar cuidado com a
ideia de que, quando o Espírito age,
podemos fazer o que quisermos.
Isso tem sido usado para defender
várias bizarrices. Não podemos esquecer que o fruto do Espírito é
domínio próprio (Gl 5:22-23), que
ele nos dá bom senso, equilíbrio
e sabedoria (Is 11:2), que é Espírito de moderação (2 Tm 1:7).8 Paulo pede àqueles que profetizam no
culto público que exerçam domínio
próprio (1 Co 14:32). Por fim, o outro nome da adoração profética, a
“adoração extravagante”, é uma
distorção do termo cunhado por
Darlene Zschech, líder de louvor da
Hilsong Church. Para ela, a palavra
“extravagante” nada tem a ver com
descontrole emocional.9 Ademais,
a atitude da mulher pecadora, em
8. Idem.
9.Cf. Bomilcar, Nelson. Adoração extravagante, segundo Darlene Zschech. Disponível em:
<http://www.nelsonbomilcar.com.br/artigos/
adoracao-extravagante-segundo-darlene-zschech/>. Acesso em 10 de julho de 2014.
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89
Lucas 7:36-50, é uma expressão de
amor, sendo que ela pôs em risco
sua própria sobrevivência, por amor
a Jesus, demonstrando confiar plenamente nele. Foi muito mais do que
um momento de êxtase num culto.
Foi algo muito bem pensado.
2. Equívocos da unção do tombo: Nós acreditamos que a Bíblia é
nossa única regra de fé e prática.
Ela nos oferece diretrizes para o culto público. Onde vemos Jesus ou os
apóstolos falando da unção do caicai? Onde encontramos, na Bíblia
Sagrada, a necessidade de cair no
Espírito? Quais são “os pressupostos teológicos que nos dão margem
para acreditar na zooteologia, onde
Deus se manifesta através de grunhidos animalescos?”10 A unção é mesmo uma dinamite? É óbvio que esses
conceitos são estranhos à Bíblia.
Temos servos de Deus, na época
bíblica e na história, prostrando-se,
conscientemente, para reconhecer
o Senhorio de Cristo, arrependidos
de seus pecados etc. Contudo, nada
comparado às quedas histéricas do
movimento da unção do tombo. Este
desconsidera, também, o significado
bíblico de unção. De acordo com o
Novo Testamento, todo crente em
Jesus tem unção, e esta não está
relacionada à queda, ao volume da
10. Vargens, Renato. A teologia do tombo.
Disponível em: <http://renatovargens.blogspot.com.br/2011/04/ana-paula-valadao-e-uncao-do-cai-cai.html>. Acesso em: 18 de julho
de 2014.
90
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
voz, ao choro, à glorificação em voz
alta. Unção, de acordo com o Novo
Testamento, é a própria presença do
Espírito Santo em nós (Jo 16:13-15;
1 Jo 2:20,27). O próprio Jesus recebeu essa unção (Lc 4:18; At 10:38).
3. Equívocos na interpretação
de textos bíblicos: Os dois textos
mais usados pelos que defendem o
vale-tudo no culto são 2 Co 3:17 e
1 Ts 5:19. Só para relembrar, o primeiro deles diz: ... onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade (2
Co 3:17). Leia todo o parágrafo em
que está este texto e verifique, você
mesmo, que não tem nada a ver com
o culto público. O contexto mostra
que a liberdade diz respeito à leitura do Antigo Testamento. Os judeus
presos à Antiga Aliança não podem
entender plenamente a revelação
de Deus, porque há um véu que os
impede. Mas quando se convertem
ao Senhor, o Espírito retira esse véu.
Mediante o Espírito do Senhor, os
crentes ganham a liberdade, dentro
do cenário da Nova Aliança.11 Estão
livres dos impedimentos legalistas.
No outro texto, 1 Ts 5:19, lemos:
Não apagueis o Espírito. Ele não
pode ser usado para defender que
é proibido questionar supostas manifestações do Espírito. O que fica
claro é a possibilidade de impedir
ou inibir manifestações genuínas do
Espírito, o que é proibido fazer. A
igreja não pode ser indiferente ou
11. Kistemaker (2004:179).
hostil, diante dos dons espirituais,
por exemplo, sob pena de ter seu
exercício prejudicado. Ninguém
deve ignorar ou deixar de lado os
dons do Espírito Santo. Devemos
lembrar, porém, que nem toda manifestação dita “espiritual” é genuína. É por isso que, no v.21, depois
de tratar sobre um dom do Espírito, o de profecia, Paulo ordena: ...
examinai tudo. Os crentes não deveriam aceitar de pronto as profecias, mas, sim, deveriam exercer o
discernimento espiritual e examiná
-las à luz do evangelho, primeiro,
para saber se eram genuínas. Enfim,
ambos os textos não podem ser usados para defender que a liberdade
do Espírito é licença para a falta de
limites nos cultos.
03. Com base nos itens 1 e 2 da segunda parte deste estudo, mostre
à classe os equívocos da adoração profética e da unção do tombo, à
luz da palavra de Deus.
04. Como podemos explicar 2 Co 3:17 e 1 Ts 5:19 àqueles que acham
que, no culto, tudo é válido e nenhuma experiência aparentemente
estranha deve ser questionada?
III
CORRENDO DOS VENTOS DE DOUTRINA
A ideia de que, quando o Espírito está agindo no culto, tudo é válido não é bíblica, como acabamos
de mostrar. As bases ou fontes para
essa ideia são todas equivocadas e
não contam com o respaldo da Escritura. Agora, nesta terceira parte,
queremos apresentar dois requisitos
indispensáveis para o culto público.
1. Cultuemos a Deus com ordem e decência: Precisamos levar
a sério a recomendação bíblica de
cultuarmos a Deus com ordem e
decência (1 Co 14:40). Quando deu
essa orientação à igreja de Corinto,
Paulo estava tratando da utilização
dos dons de profecias e línguas estranhas no culto público. Ele defende que o culto precisa ser inteligível,
e, depois de apresentar as regras
para a utilização dos dons citados,
termina dizendo que tudo precisa
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ser feito com decência e ordem, no
culto público. Esse é um princípio
que deve ser levado sempre em conta, quando o povo de Deus se reúne
para adorá-lo.
A palavra “ordem” tem o sentido
de “sequência”, “por vez”, “em partes”. Os cultos devem ser conduzidos com ordem, de modo que todos
saibam e entendam o que está acontecendo. Para isso, ter uma liturgia é
de suma importância. Ela dá ordem
e sentido às diversas partes do culto, sem, necessariamente, ser engessada ou ultra-restrita – os cultos na
igreja primitiva eram participativos (1
Co 14:26). Cultuemos a Deus de forma organizada e com decência.
2. Cultuemos a Deus com fervor e espontaneidade: Precisamos
levar a sério a ordem bíblica de não
apagarmos o Espírito (1 Ts 5:19).
Não queremos passar a ideia de que
o culto tem de ser algo engessado e
excessivamente formal. Não pode-
mos controlar tanto a liturgia, a ponto de não sobrar espaço para que
genuínas manifestações do Espírito
aconteçam. Precisamos saber combinar solenidade com festividade e espontaneidade. Um culto organizado
não impede a ação do Espírito. Nós
cremos que ele usa pessoas com os
dons, em nossos dias, e que estes podem ser executados no culto público.
É bom lembra que ter um culto
organizado não significa não cantar
e orar com entusiasmo; não significa
não glorificar a Deus por sua palavra; não significa não poder chorar
de alegria ou de tristeza, diante do
Senhor. Tudo isso tem lugar no culto, apesar de que nem todos adoram
a Deus dessa forma (há pessoas que,
simplesmente, se sentem melhor
adorando a Deus de modo contido e
silencioso, e nem por isso devem ser
tachadas de frias); somos diferentes,
e isso deve ser respeitado. Alegremo-nos, diante do Senhor.
05. O que significa e o que não significa cultuar a Deus com ordem e
decência, de acordo com a primeira aplicação.
06. No culto, deve haver espaço para a atuação do Espírito Santo,
através dos dons espirituais? Comente com base na segunda aplicação.
92
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
SEU DESAFIO SEMANAL
Uma pessoa que dá “piruetas” num culto público pode até
ser um crente em Jesus sincero e cheio do Espírito, mas isso não
significa que a “pirueta” tenha sido estimulada pelo Espírito. Ele
está reagindo a sua maneira à obra do Espírito. Isso tem a ver
com sua personalidade, com grau de maturidade espiritual (essa
pessoa pode achar ou ter sido ensinada que espiritualidade tem
a ver com isso), com a liberdade dentro do grupo, com a ideia
que essa pessoa tem de culto público etc. Seu desafio, para esta
semana, é refletir nos princípios que estudou nesta lição, para,
quem sabe, poder ajudar alguém ainda com ideias distorcidas
sobre o culto.
Num culto espiritual, a palavra é pregada com fidelidade, os
cânticos refletem verdades bíblicas e são entoados de coração e
as orações levam em conta a vontade de Deus.12 Ordem e decência são características desse culto. Quando o Espírito age, não
vai promover indecência e caos, pois Deus não é de confusão.
Se, “no nosso culto, ao Espírito for dada a liberdade de agir e a
Palavra for respeitada, tudo será agradável ao Senhor e profundamente edificante para as pessoas. Não ocorrerão abusos e nem
irracionalidade”,13 mas haverá o fervor e a devoção, próprias dos
salvos em Jesus.
12. Lopes (2011:189).
13. Lima (2006:542).
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93
SÁBADO
ESPECIAL
Escola Bíblica e
Programa de Culto
94
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
13
Jesus e a
missão integral
27 DE DEZEMBRO DE 2014
Hinos sugeridos – BJ 92 • BJ 189
OBJETIVO
TEXTO BÁSICO
Ajudar o estudante da
Bíblia a compreender que
as ações evangelísticas
da igreja devem estar
baseadas no exemplo de
Jesus e que, em razão
disso, ela deve levar o
evangelho todo para o
homem todo.
Percorria Jesus todas as cidades e aldeias
da província da Galileia, ensinando nas
sinagogas deles, e pregando o evangelho
do reino, e curando todas as enfermidades
e moléstias entre o povo. (Mt 9:35)
LEITURA DIÁRIA
D
S
T
21/12
22/12
23/12
Q
24/12
Q
S
25/12
26/12
S
27/12
Mt 9:35
Gn 2:7
Mc 1:40-45;
Lc 17:14-19
Mt 14:14-21
Mc 8:1-10
Tg 1:27
Mt 12:28
Lc 11:20
Mt 5:16
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Comentários Adicionais
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INTRODUÇÃO
Geralmente, quando se fala em evangelismo, logo se pensa em necessidades espirituais a serem atendidas. Não são poucas as
vezes em que as necessidades espirituais são
colocadas como se fossem as únicas dos seres
humanos. Precisamos tomar cuidado com esse
tipo de pensamento, quando formos evangelizar. O ensino bíblico apresenta o ser humano
como uma unidade composta. De acordo com
Gn 2:7, a fusão entre o pó da terra e o fôlego
de vida resultou num ser humano, uma “alma
vivente”. Diante disso, ele sempre deve ser
considerado em sua totalidade.
Em seu ministério, Jesus sempre considerou
o ser humano de forma integral, levando em
conta suas necessidades físicas e espirituais.
Ele sempre mostrou entender que a missão
de Deus “aponta para a restauração da totalidade da pessoa em comunidade, segundo o
propósito que estabeleceu originalmente na
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95
criação”.1 Deus quer que levemos o
evangelho também de maneira inte-
1. Padilla, René. A missão integral de Jesus:
<http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/335/a-missao-integral-de-jesus>. Acesso
em 16 de junho de 2014.
I
AÇÕES DE JESUS NO EVANGELISMO
A missão de Jesus consistia em
anunciar o evangelho todo (não só
as partes mais agradáveis) para o
homem todo (o evangelho tem uma
resposta para as necessidades físicas
e espirituais do ser humano). O evangelho de Mateus afirma que Jesus
percorria todas as cidades e aldeias
da província da Galileia, ensinando
nas sinagogas deles, e pregando o
evangelho do reino, e curando todas
as enfermidades e moléstias entre o
povo (9:35). O ensino e a proclamação do reino de Deus são acompanhados pela ação de Jesus: “cura de
toda enfermidade e de toda dor”.2
Torna-se óbvio que, para ele, o corpo humano não é menos digno de
atenção e cuidado que os demais
aspectos espirituais do ser humano.
Vejamos algumas premissas básicas
do ministério do Senhor.
1. Mudança completa: Muitos
evangélicos têm reduzido o evangelismo ao anúncio de uma mensagem
2. Idem.
96
gral. A igreja do nosso tempo precisa
levar isso a sério. Como continuadora da missão de Jesus, precisa sempre levar em conta, em suas atividades evangelísticas, o ser humano em
sua totalidade. É isso que chamamos
de missão integral.
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
de salvação da alma. Não são poucos os que veem a salvação somente
como a experiência de ir para o céu,
no futuro, e ganhar a vida eterna. No
entanto, quando olhamos para o ministério de Jesus, aprendemos que,
para ele, salvação não se resume a
isso; é, antes, uma restauração do
ser humano em suas dimensões física, psicoemocional, espiritual, social,
econômica etc.
O evangelho de Jesus envolve todo o propósito de Deus para
todo o ser humano, em todas as
suas necessidades. Em suas ações
evangelísticas, ele nunca deixou de
atender as necessidades humanas,
em todas as suas dimensões. Na
perspectiva de Jesus, a salvação é
a experiência da rendição da vida
toda à sua autoridade (Rm 10:910). A autoridade e o senhorio de
Jesus Cristo promovem a transformação de toda a existência humana, aqui na terra.
Ao curar e expulsar demônios,
Jesus confrontou a doença, a mor-
te e a possessão maligna, agindo
com poder sobre circunstâncias que
promovem muito sofrimento às pessoas. No caso dos leprosos, a cura
significou “purificação” e retorno à
vida social e religiosa (Mc 1:40-45;
Lc 17:14-19).
Quando curou os cegos, Jesus
trouxe à luz, literalmente, todas as
oportunidades para uma vida normal
(Mt 9:27-31; Lc 18:35-43). À mãe
viúva de Naim, ele devolveu a esperança e o amparo (Lc 7:11-17). Libertou o menino possesso e ofereceu a
seu pai a “cura” para sua falta de fé
(Mc. 9:17-27). O homem geraseno
saiu das trevas da loucura para uma
vida digna e reintegrada à sociedade (Mc 5:1-20).
2. Não só com palavras: A ação
social era também um dos aspectos
essenciais das ações evangelísticas
de Jesus, porque ele entendia sua
missão de forma integral. O Deus da
revelação bíblica, que é tanto Criador como Redentor, preocupa-se
com o total bem-estar (espiritual e
material) de todos os seres humanos
que criou.
Ao curar e libertar, Jesus mostrou
sua identificação com o sofrimento
das pessoas; quando alimentou as
multidões, ensinou aos discípulos
que as necessidades sociais também são alvo de sua preocupação
(Mt 14:14-21; Mc 8:1-10). Jesus
foi definido como um profeta, poderoso em palavras e em obras
diante de Deus e de todo o povo
(Lc 24:19 – grifo nosso). Existe uma
forte ligação entre evangelização e
atuação social.
Deus convida as suas criaturas
perdidas a ouvir a sua palavra e voltar para ele em arrependimento. Ele
também se importa com os pobres
e os famintos, os estrangeiros, as
viúvas e os órfãos: A religião que
Deus, o nosso Pai aceita como pura e
imaculada é esta: cuidar dos órfãos
e das viúvas em suas dificuldades
(Tg 1:27 – grifo nosso).
Não há como duvidar de que a
evangelização e a preocupação social andavam juntas, no ministério e
no ensinamento de Jesus. Lemos, no
Novo Testamento, que ele percorria
os povoados, ensinando (Mc 6:7) e
também que ele andou por toda
parte fazendo o bem e curando todos os oprimidos (At 10:38
– grifo nosso). Havia, no ministério
de Jesus, um elo indissolúvel entre
evangelizar e servir. Seu exemplo
nos revela que a igreja, enquanto
sua seguidora, deve partilhar o seu
interesse pela justiça, pela conciliação em toda a sociedade humana e
pela libertação dos homens de todo
tipo de opressão.3
3. Sinalizar o reino de Deus:
A proclamação do reino de Deus é
outro aspecto essencial do evangelismo, conforme Jesus. Com efeito, o
estudo desse conceito, nos Evangelhos, permite-nos afirmar, sem medo
3. Padilla (2009:37).
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97
de errar, que esse foi o tema fundamental da pregação de Jesus.4 O reino de Deus é o reinado ou governo
de Deus. Ele sempre foi Senhor, por
direito, sobre tudo, pois criou todas
as coisas. No princípio, tudo funcionava corretamente. Mas houve
tentativas de rebelião contra o seu
governo; uma delas, por parte dos
seres humanos, no princípio da história humana (cf. Gn 3). Essa rebelião trouxe inúmeras consequências:
morais, espirituais, físicas, ecológicas
etc. Mas Deus, que nunca deixou de
ser rei, agiu, durante a história, para
restaurar todas as coisas.
A mais decisiva dessas ações divinas deu-se por meio de Jesus. Ele
veio para trazer o reino de Deus, isto
é, para iniciar definitivamente o tempo de restauração de todas as coisas
ao seu estado original. A base fundamental do ministério de Jesus era
o estabelecimento desse reino. Ele
começou a restauração que terminará com sua segunda vinda. As ações
de Jesus só podem ser entendidas da
perspectiva do reino de Deus. Sua
missão foi manifestá-lo como uma
realidade presente em sua própria
pessoa e em sua ação, em sua pregação do evangelho e em suas obras
de justiça e misericórdia. O reino de
Deus está entre nós.
Por meio das boas obras de Jesus,
o reino de Deus se torna historicamente visível, como uma realidade
presente (Mt 12:28; Lc 11:20). A
grande característica do ministério
de Jesus foi a pregação do evangelho do reino de Deus (Mt 4:23).
Torna-se evidente que, na visão de
Jesus, toda ação evangelística deve
visar à sinalização do reino de Deus
(At 1:3; 8:12; 19:8; 28:31). É importante ressaltarmos que a sinalização
do reino não pode ocorrer apenas
em palavras: Pois o Reino de Deus
não é coisa de palavras, mas de poder (1 Co 4:20). A igreja mostra que
o reino chegou e sinaliza-o, vivendo
seus valores hoje e comprometendose com sua agenda (Mt 6:33).
Jesus alertou quanto ao fato de
que o reino seria dado a um povo
que desse frutos (Mt 21:43). Assim
sendo, evangelizar e, concomitantemente, sinalizar o reino implica engajar-se no serviço às pessoas para
que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está
nos céus (Mt 5:16). Nossa tarefa é
levar vida, estendendo, integralmente, a ordem e a autoridade do reino
de Deus a cada esfera da existência
humana.5 A missão da igreja é, em
essência, a missão de levar o reino
de Deus, como foi a missão de Jesus
4. Idem. A missão integral de Jesus. Disponível
em: <http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/335/a-missao-integral-de-jesus>. Acesso
em: 16 de junho de 2014.
5. Bendor-Samuel (2014:66).
98
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
Cristo.6 Fazemos isso, quando instamos as pessoas a deixarem de viver
em inimizade com Deus, quando
contribuímos para que os relacionamentos entre elas sejam restaurados,
quando lutamos contra todo tipo de
opressão ao ser humano, quando,
no que está ao nosso alcance, trabalhamos para que haja provisão para
o maior número possível de pessoas,
para que vivam de modo mais digno.
Esta é a boa nova que levamos e vi6. Padilla, René em A missão do reino de
Deus. Disponível em:<http://www.ultimato.
com.br/revista/artigos/344/a-missao-do-reinode-deus-parte-8>. Acesso em 19/06/2014.
vemos: Deus está restaurando todas
as coisas.
Nesta breve análise sobre evangelização baseada no ministério de
Jesus, podemos concluir que a missão da igreja não consiste apenas no
anúncio de uma mensagem que oferece a esperança da salvação após a
morte, por meio da ressurreição. A
missão da igreja consiste em levar o
evangelho todo para o homem todo,
promovendo restauração integral de
pessoas e convocando-as a participar
do reino de Deus desde já, rendendo
todas as áreas e dimensões da sua
existência à autoridade de Jesus.
01. Leia Gênesis 2:7 e a introdução e responda: Por que uma má
compreensão a respeito do homem pode gerar confusão no evangelismo.
02. Comente, com base em Mt 9:35, sobre como Jesus compreendia o
ser humano.
03. Após ler os itens 1 e 2, responda: A que se propôs Jesus, em suas
ações evangelísticas? Leia Lc 24:19; At 10:38; Tg 1:27.
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04. Com base no item 3, comente sobre como Jesus sinalizou o reino
e como seus discípulos deveriam sinalizá-lo. Leia Mt 6:33, 21:43,
25:31-46.
II
LIÇÕES DE JESUS NO EVANGELISMO
1. Assim como Jesus, anunciemos o evangelho todo.
A primeira lição que recebemos
de Jesus é que não existe evangelismo sem o anúncio do evangelho,
que é a base da evangelização (Mt
1:39, 3:14, 13:10, 16:15-20; Mc
16:15-20; Lc 21:13). A expressão
“evangelho todo” surge da constatação de que o evangelho tem
sido fragmentado. Muitas das ações
evangelísticas partem do princípio
de se deve oferecer o que as pessoas
querem e dizer o que lhes seja agradável. Há também quem pense que
o evangelho seja a apresentação de
doutrinas. No entanto, nossa tarefa
não é anunciar unicamente as partes “agradáveis” da boa nova ou as
doutrinas, mas, sim, todo o evangelho, como disse Paulo: Pois não deixei de lhes anunciar todo o plano
de Deus (At 20:27 – grifo nosso).
O que é o evangelho todo? É a
boa notícia “do que Deus fez através de Jesus, o Messias, para tornar
100
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
possível sermos perdoados de nossos pecados, de forma que ele possa nos dar nova vida e aceitação em
sua família”;7 é a boa notícia de que
“Deus, em seu amor, providenciou
um perfeito substituto para levar o
pecado por nós”.8 O apóstolo Paulo resume o anúncio do evangelho
todo da seguinte maneira: Cristo
morreu pelos nossos pecados, como
está escrito nas Escrituras agradas;
ele foi sepultado e, no terceiro dia,
foi ressuscitado, como está escrito
nas Escrituras (1 Co 15:3-4). O evangelho todo é o anúncio do plano de
Deus de redimir e colocar todas as
coisas sob seu domínio, através de
Cristo (1 Co 15:27-28).
2. Assim como Jesus, preocupemo-nos com o homem todo.
A segunda lição que recebemos
de Jesus é que o objetivo do evangelismo é a restauração de todas as
7. Nicholas (2011:21)
8. Idem, p. 75.
dimensões da vida humana. Muitos
cristãos têm grandes conflitos a respeito da compreensão e dos limites
da missão da igreja. Não conseguem
enxergá-la de maneira integral. Por
isso, ainda se questionam se a igreja
deve dedicar-se apenas à evangelização ou deve envolver-se também em
questões relacionais, educacionais,
profissionais e sociais. A compreensão bíblica é de que Deus está fazendo novas todas as coisas (2 Co 5:17).
Como já vimos, para Jesus, as necessidades do corpo humano não
são menos dignas de atenção do
que as necessidades espirituais. Seu
cuidado se estende a todos os aspec-
tos da vida humana, sem exceção. E,
assim como Jesus não se restringiu a
fazer um discurso para a “alma”, a
igreja também deve fazer com que
suas ações evangelísticas alcancem
o homem todo. Por isso, se você for
levar o evangelho a alguém que está
com fome, primeiro precisa servir
pão a essa pessoa (Tg 2:15-16). Se
for levar o evangelho a uma comunidade carente, por exemplo, cuja
maioria dos membros não sabe nem
ao menos ler, deve também ajudá-la
em sua alfabetização e profissionalização, para que viva de modo mais
digno. Isso é missão integral.
05. Como podemos manter o anúncio do evangelho todo?
Leia At 20:27.
06. Comente com a classe sobre como podemos, através de nossas
ações evangelísticas, contribuir para a restauração do homem todo.
Leia Tg 2:15-16.
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101
DESAFIO EVANGELÍSTICO
Nosso desafio é cumprir nossa missão de maneira integral,
sem fazer distinção entre dimensão material e espiritual, mas
considerando o ser humano como uma unidade indissolúvel que
precisa de atenção e compreendendo que somos comissionados
por Deus para anunciar o evangelho todo para o homem todo.
No que diz respeito as nossas ações evangelísticas, nosso desafio é fazer que todas as nossas ações visem restaurar o homem
todo, atuar relevantemente na sociedade e sinalizar o reino de
Deus, para que todas as coisas sejam colocadas debaixo do domínio de Cristo.
102
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
SÁBADO ESPECIAL
Sugestão para programa de culto
Avisos e agradecimentos
Abertura
Hinos: 48 BJ0 – “Servir a Jesus”
Leitura bíblica: Atos 11:15 -21
(A Mensagem – Bíblia em linguagem
contemporânea)
Então, comecei a falar. Eu tinha
apenas começado a falar, quando
o Espírito Santo desceu sobre eles,
exatamente como aconteceu conosco no princípio. Naquele momento,
lembrei-me das palavras de Jesus:
“João batizou com água, mas vocês serão batizados com o Espírito
Santo”. Então, pergunto a vocês: se
Deus concedeu a eles o mesmo dom
que deu a nós quando cremos no Senhor Jesus Cristo, como eu poderia
me opor a Deus?
Ao ouvir o relato, eles ficam quietos e, em seguida, começaram a louvar a Deus: “Então aconteceu! Deus
se manifestou a outras nações, abrindo para elas o caminho da Vida!”.
Os que haviam sido dispersos pela
perseguição, iniciada com a morte
de Estêvão, foram parar na Fenícia,
em Chipre e em Antioquia, mas ainda falavam e se relacionavam apenas
com outros judeus. Então, alguns
homens de Chipre e Cirene foram a
Antioquia e começaram a pregar a
mensagem aos gregos. Deus gostou
do que fizeram e mostrou sua plena
aprovação: muitos gregos creram e
se converteram ao Senhor.
Oração
Palavra pastoral
Louvores:
Rei das nações
Vencedores Por Cristo (Jorge Rehder)
Grandes são as tuas obras,
Senhor todo-poderoso;
Justos e verdadeiros são os
teus caminhos.
Ó Rei das nações,
Quem não temerá?
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103
Quem não glorificará teu nome?
Ó Rei das nações,
Quem não te louvará?
Pois só teu nome é santo.
Todas as nações virão
E adorarão diante de ti,
Pois os teus atos de justiça se
fizeram manifestos.
Dedicação de dízimos e ofertas
(música instrumental ou cântico)
Oferta de Amor
Ministério Koinonya de Louvor
Venho, Senhor, minha vida oferecer
Como oferta de amor e sacrifício;
Quero minha vida a ti entregar
Como oferta viva em teu altar.
Pois pra te adorar
Foi que eu nasci;
Cumpre em mim o teu querer;
Faz o que está em teu coração
E que, a cada dia, eu queira mais e
mais
Estar ao teu lado, Senhor.
Consagração
Aline Barros
Ao Rei dos reis consagro tudo o que
sou;
De gratos louvores transborda o meu
coração.
A minha vida eu entrego nas tuas
mãos, meu Senhor,
Pra te exaltar com todo o meu amor.
Eu te louvarei conforme a tua justiça
E cantarei louvores, pois tu és altíssimo.
104
Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014
Celebrarei a ti, ó Deus, com
meu viver;
Cantarei e contarei as tuas obras,
Pois por tuas mãos foram criados
Terra, céu e mar e todo ser que
neles há.
Toda a Terra celebra a ti
Com cânticos de júbilo,
Pois tu és o Deus criador.
Toda a Terra celebra a ti
Com cânticos de júbilo,
Pois tu és o Deus criador.
Celebrarei a ti, ó Deus, com
meu viver;
Cantarei e contarei as tuas obras,
Pois por tuas mãos foram criados
Terra, céu e mar e todo ser que
neles há.
Toda a Terra celebra a ti
Com cânticos de júbilo,
Pois tu és o Deus criador.
Toda a Terra celebre a ti
Com cânticos de júbilo,
Pois tu és o Deus criador.
A honra, a glória, a força
E o poder ao Rei Jesus,
E o louvor ao rei Jesus.
Mensagem bíblica: “Anônimos
que mudaram o mundo”
Apelo e oração
Hino: 189 BJ - “Um vaso de
bênção”
Bênção Apostólica
BIBLIOGRAFIA
ADORAÇÃO espontânea. Disponível em: <http://iban12.blogspot.com.
br/2008/09/estudo-sobre-adoraoparte-3.html>. Acesso em 08 de julho
de 2014.
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