ARTCURIAL NOS CAMPOS ELÍSIOS

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ARTCURIAL NOS CAMPOS ELÍSIOS
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ARTCURIAL NOS CAMPOS ELÍSIOS
O leilão anual nos Champs-Elysées apresentou mais um extenso lote de
clássicos e um atrativo conjunto de objetos de automobilia.
Texto: Thierry Lesparre / Fotos: Thierry Lesparre e Artcurial
O Aston Martin DB5 de 1964 foi vendido por 955.400€
Para a já tradicional venda de fim de ano intitulada “Automobiles sur les
Champs” a Artcurial ofereceu uma seleção de 80 carros clássicos e reuniu 200
lotes para o leilão de Automobilia. Tudo foi colocado à venda sob o martelo
do famoso leiloeiro Hervé Poulain. Os carros estiveram em exibição durante
dois dias na garagem privada da Artcurial, que está localizado na esquina
da Champs-Elysées e da Avenida Montaigne, espaço transformado para a
ocasião de modo a servir como cenário a estas peças coleção.
A venda de Automobilia, que teve lugar no início da tarde de domingo, tem
tido um grande sucesso entre os licitantes. 80% dos lotes foi vendida, tendo
como uma das estrelas a réplica à escala ¼ do Porsche 936/78 com que Jacky
Ickx venceu 24 Horas de Le Mans em 1976 e 1977 e que foi vendida por €
26.000€. Outra peça interessante a encontrar comprador por €2000, foi um
conjunto de sete fitas originais da rodagem do filme Le Mans, com Steve
McQueen.
A venda de automóveis começou com dois lotes que têm despertado
o interesse de licitantes franceses e internacionais. A estrela da venda foi a
O Delta de Biasion não foi vendido
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capa do catálogo, um raro Aston Martin DB5 de volante à esquerda, vendido
por € 955.400. Em seguida, foi a vez do Morgan guiado por Gerard Depardieu
no filme “Les Valseuses”, que fez bater o martelo aos 38.100€, 8.000€ acima da
estimativa mais alta.
A venda incluiu igualmente dois extraordinários supercarros : um Ferrari
F40 de 1989 e o seu concorrente na época, um Jaguar XJ220. Neste duelo
particular, o modelo inglês saiu vencedor ao ser vendido por 211.120€,
enquanto o italiano não encontrou comprador. Foram ainda a leilão mais três
modelos de Maranello: dois Dino 246 GTS e um GT. Este último foi vendido
274.160 € e apenas um dos dois GTS mudou de propriedade por 357.600€.
Aos fãs de carros de rali, a Artcurial ofereceu a oportunidade de adquirir
um extraordinário Lancia Delta S4. O exemplar ex-fábrica venceu o venceu o
Rally Argentina de 1986 com a dupla Biason / Siviero. Apesar do seu estado e
do currículo especial, este lote não encontrou um comprador.
O próximo leilão da Artcurial Motorcars será realizado no dia 6 de fevereiro,
na Rétromobile em Paris.
O Dino GTS atingiu um valor elevado
O raro XJ220 foi vendido por 211.120€
ENTREVISTA
ENTREVISTA
UM ÉPICO DE
LE MANS EM BD
Já muito se escreveu sobre o duelo entre Ford e Ferrari, mas um trio de autores imortalizou
o episódio num livro de B.D. que é obrigatório na estante de qualquer entusiasta.
Texto e Fotos: Thierry Lesparre
Denis Bernard, Robert Paquet e Christian Papazoglakis são nomes conhecidos
pelo trabalho em vários álbuns BD do lendário Michel Vaillant. Novamente
reunidos, os três autores de “24 Heures du Mans, 1964-1967: Le Duel FerrariFord”, um livro que conta a história do confronto entre as duas marcas através
de extraordinárias ilustrações.
A ação é narrada pela perspetiva de um diretor de comunicação da Ford, com o
leitor a tornar-se uma testemunha privilegiada da aventura do gigante americano
em Le Mans. A narrativa está repleta de factos históricos e a qualidade, cor e
realismo dos desenhos tornam a leitura verdadeiramente emocionante.
No lançamento deste álbum em 29 de Outubro, aproveitámos a reunião dos três
autores para conversarmos um pouco sobre o seu trabalho e ouvirmos a sua
impressão sobre esta história.
O que nos pode dizer sobre a génese de mais este álbum?
DB: “O ACO pretendia reviver os grandes momentos da história das 24
Horas de Le Mans através de uma banda desenhada e contactou a editora
nesta direção. A Glénat confiou este projeto a Frederick Mangé, o diretor da
nova coleção Plein Gaz. Por agora, o projeto irá incluir três volumes, cada um
representando um importante episódio da história das 24 Horas de Le Mans.
Cada um dos três álbuns será realizado por diferentes autores.
Porque escolheram o duelo Ford-Ferrari?
DB: Não imaginávamos contar a história das 24 Horas de Le Mans ano por ano,
já que isso não é compatível com uma abordagem cômica. Por isso, tivemos em
consideração que os duelos entre os fabricantes têm contribuído em grande
medida para forjar a lenda das 24 Horas de Le Mans. Especialmente
o duelo entre Ford e Ferrari na década de 60. Pessoalmente, foi
em 1966 que assisti pela primeira vez às 24Horas de Le Mans,
de modo que este é um tema que eu conhecia.
De que forma se divide o trabalho pelos três?
DB: Eu escrevo o storyboard, que é bastante específico: número de inscrição de
caixas por página e a descrição do conteúdo de cada uma. Em seguida envio-as
ao Christian, ao que costuma seguir-se uma troca de e-mails e telefonemas.
CP: Quando o Denis me envia as pranchas, eu desenho as cenas com os
carros e personagens em primeiro plano. Então passo o trabalho ao Robert,
pessoalmente ou pelo correio.
Ele refina os detalhes, o cenário, atmosfera e, por vezes dá retoques.
Trabalhamos assim desde o tempo do estúdio Graton e funciona muito bem.
Uma vez finalizada a prancha, ela é digitalizada e colorida.
Como se documentaram para realizar este álbum?
CP: Nós usamos um monte de materiais fotográficos que solicitamos a
colecionadores ou fotos tiradas por nós em viagens pelos circuitos. A Internet
também é uma ótima ferramenta para nós. Há mihares de fotos, mas também
vídeos. A qualidade não é boa o suficiente para ser um modelo para os desenhos,
mas permite-nos absorver a atmosfera do tempo.
Quanto tempo foi necessário para realizar este álbum?
DB: Eu diria que do início do projeto até o lançamento do álbum, passaram
cerca de oito meses.
Após uma longa travessia do deserto, a banda desenhada dedicada aos
desportos motorizados está de novo em ascensão. Como explicam este
fenómeno?
CP: Nos anos 60 e 70, o piloto de corridas, ao volante de grandes carros,
representava um estereótipo de herói. Naquela época, as aventuras de Michel
Vaillant inspiraram a infância de muitos aspirantes a piloto. A seguir veio a
crise do petróleo e também uma evolução de mentalidades que tornou a band
desenhada mais intelectual. Com o tempo, o Michel Vaillant começou a parecer
cada vez mais cliché.
A pergunta que todos vos fizeram hoje é sobre a personagem Jerry, diretor de
comunicação da Ford. Ele existe mesmo?
DB: “Não, nós criamo-lo para a história. É muito confortável para ter um
personagem como Jerry, que serve como um guia para a ação. Além disso, este
período corresponde à chegada dos serviços de notícias por grandes fabricantes.
DB: Nestas sessões de autógrafos, vamos percebendo que o nosso público é
vasto e não necessariamente composto de amantes de banda desenhada. São,
antes de mais, adeptos das corridas. Hoje há um efeito de nostalgia entre os
nossos leitores, que inclui não só aqueles que eram jovens no tempo de Michel
Vaillan, mas também os jovens querem descobrir a história e atmosfera das
corridas outro momento.
Ed Hugus sempre alegou ter participado na edição de 65 durante o turno
da noite, ao volante do Ferrari da equipa vencedora Rindt/Gregory. O livro
menciona este este episódio. Como é que o ACO reagiu?
DB: Bem, nós tratamos esta passagem com humor, sendo essa história
representativa de uma época passada. Na verdade, uma tal situação é difícil de
imaginar a acontecer novamente hoje.
Em que novos projetos estão a trabalhar atualmente?
DB: Depois da série de álbuns dedicada à Alpine, estou a trabalhar num álbum
que traça a história da Porsche através de seis modelos icônicos da marca, como
por exemplo, o Porsche 356 de Liège-Roma-Liège de 1952.
CP: Pela minha parte, estou a trabalhar numa ficção em torno das 12 Horas de
Sebring em 1971, em que Steve McQueen quase ganha.
A propósito, que tipo de acompanhamento e supervisão é que o ACO fez ao
longo da criação do álbum?
DB: A principal preocupação do ACO era que a fidelidade à realidade: o lugar,
as curvas e as decorações da época.
Dividir o trabalho por três é uma vantagem ou uma desvantagem?
DB: No nosso caso, é uma vantagem porque, mesmo se raramente nos
juntamos os três - exceto em situações como hoje – temos a vantagem de nos
conhecermos muito bem, uma vez que já realizámos seis álbuns juntos. têm
a enorme vantagem de conhecer-nos, uma vez que já alcançámos juntos seis
álbuns.
Os três autores reunidos na apresentação do livro.
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