estudo do fenômeno da erosão marinha na praia de icaraí no
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ESPECIALIZAÇÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA CIVIL RAIMUNDO GILBERTO FORTE VASCONCELOS ESTUDO DO FENÔMENO DA EROSÃO MARINHA NA PRAIA DE ICARAÍ NO MUNICÍPIO DE CAUCAIA - CEARÁ. FORTALEZA 2010 RAIMUNDO GILBERTO FORTE VASCONCELOS ESTUDO DO FENÔMENO DA EROSÃO MARINHA NA PRAIA DE ICARAÍ NO MUNICÍPIO DE CAUCAIA - CEARÁ. FORTALEZA 2010 RAIMUNDO GILBERTO FORTE VASCONCELOS ESTUDO DO FENÔMENO DA EROSÃO MARINHA NA PRAIA DE ICARAÍ NO MUNICÍPIO DE CAUCAIA - CEARÁ. Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Segurança Pública e Defesa Civil da Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Segurança Pública e Defesa Civil, sob a orientação do Prof.º Ms Luiz Cláudio Araújo Coelho. FORTALEZA 2010 V331e Vasconcelos, Raimundo Gilberto Forte. Estudo do fenômeno da erosão marinha na praia de Icaraí no município de Caucaia-Ceará / Raimundo Gilberto Forte Vasconcelos. – Fortaleza, 2010. 60 f. Monografia (Curso de Especialização em Segurança Pública e Defesa Civil) – Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza, 2010. Orientador: Profº. Ms. Luiz Cláudio Araújo Coelho. 1. Desastres – erosão marinha. 2. Caucaia – Icaraí. 3. Defesa civil. I. Titulo. CDD 551.36 ESTUDO DO FENÔMENO DA EROSÃO MARINHA NA PRAIA DE ICARAÍ NO MUNICÍPIO DE CAUCAIA - CEARÁ. TERMO DE APROVAÇÃO Por RAIMUNDO GILBERTO FORTE VASCONCELOS Este estudo monográfico foi apresentado no dia 22 do mês junho de 2010, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Segurança Pública e Defesa Civil da Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza, tendo sido aprovado pela banca Examinadora composta pelos professores. BANCA EXAMINADORA _______________________________ Profº Luiz Cláudio Araújo Coelho, Ms. Orientador ________________________________ Profº José Ananias Duarte Frota, Ms. Examinador _________________________________ Profª Lise Alcântara Castelo, Ms. Examinadora Dedico o presente trabalho a minha mãe Sofia Forte Neta, exemplo de luta e superação, sem a qual, pelo esforço desprendido, dificilmente eu teria chegado aonde cheguei, a minha esposa, filhos, parentes e amigos que sempre acreditaram em mim. AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, ser absoluto e irrefutável, pelo gozo da vida. A minha querida mãe, Sofia Forte Vasconcelos, e ao meu padrasto, Carlos Augusto Vasconcelos Monteiro pela criação escorreita que me deram. Ao meu professor e orientador Luiz Cláudio Araújo Coelho, pelo apoio e encorajamento contínuos na pesquisa. Aos amigos Washington Luiz de Oliveira Gois e Paulo de Tarso Magalhães Guerra, pela contínua compreensão. Aos meus colegas de curso pela camaradagem e incentivo. A Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza, em especial a Patrícia Martins Rodrigues Dourado. Ao PRONASCI pelo apoio institucional e pelas facilidades oferecidas. RESUMO Esta monografia tem como objetivo principal estudar o fenômeno da erosão marinha ocorrente na praia de Icaraí, no Município de Caucaia, no Estado do Ceará. Esse fenômeno natural que vem ao longo dos anos se agravando na referida praia em virtude da construção de obras de engenharia inadequadas, que só vieram a acelerar o processo erosivo local. Objetiva-se nesse trabalho, além do estudo do desastre, compreender e explicar os eventos naturais e antropogênicos que ocorrem na praia de Icaraí, buscando trabalhar na perspectiva de Defesa Civil. Pretende-se ainda caracterizar o desastre natural em evidência, diagnosticar os prejuízos sócioeconômicos e propor uma abordagem adequada para o uso de uma tecnologia capaz de barrar o avanço do mar. Procurou-se ainda, abordar o problema através de uma pesquisa qualitativa, trabalhando-se no ambiente natural como fonte de coleta de dados, bem como de uma pesquisa descritivo-exploratória, com fundamento na pesquisa bibliográfica e documental, visando dessa forma uma maior familiaridade com o problema em análise. Os resultados alcançados com o presente trabalho foram muito importantes, pois através dessa pesquisa pode-se conhecer o desastre erosão marinha, como ele se processa na natureza e a influência do ser humano na sua evolução, tanto para controlá-lo como para agravá-lo. Acredita-se que essa pesquisa terá uma forte contribuição aos interessados no assunto, principalmente para os agentes de Defesa Civil, haja vista esse desastre fazer parte dos ambientes de orla marítima ao redor do mundo. Palavras chave: Erosão Marinha. Desastres. Defesa Civil. Praia. Icaraí. ABSTRACT This monograph has as main objective to study the phenomenon of the erosion sea that happens in the beach of Icaraí, in the Municipal district of Caucaia, in the State of Ceará. That natural phenomenon that comes along the years becoming worse at the referred beach by virtue of the construction of inadequate engineering works, that only came to accelerate the process erosive place. It is aimed at in that work, besides the study of the disaster, to understand and to explain the natural events and antropogênicos that happen at the beach of Icaraí, looking for to work in the civil defense perspective. It is still intended to characterize the natural disaster in evidence, to diagnose the socioeconomic damages and to propose an appropriate approach for the use of a technology capable to obstruct the progress of the sea. It was still sought, to approach the problem through a qualitative research, being worked in the natural atmosphere as source of collection of data, as well as of a descriptive-exploratory research, getting up data, seeking in that way a larger familiarity with the problem in analysis, to end also of turning him/it explicit through bibliographical rising. The results reached with the present work they were very important, because through that research the disaster sea erosion can be known, like him it is processed in the nature and the human being influence in your evolution, so much to control him/it as to worsen him/it. It is believed that that research will have a strong contribution to the interested ones in the subject, mainly for the civil defense agents, have seen that disaster to do part of the adverse events that a lot afflict the vulnerable atmospheres all over the world. Keywords: Sea Erosion. Disasters. Civil Defense. Beach. Icaraí. LISTA DE QUADROS Quadro 01 Suporte de uma faixa praial 23 LISTA DE FIGURAS Figura 01 Praia de Icaraí-Caucaia-Ceará............................................................ 19 Figura 02 Pedras de enrocamento....................................................................... 39 Figura 03 Muro de arrimo com pedras graníticas................................................ 40 Figura 04 Gabião.................................................................................................. 40 Figura 05 Dissipador de energia do tipo Barra Mar “Bag Wall” em Maceió-AL... 41 Figura 06 Destruição provocada pela erosão marinha na praia de Icaraí .......... 48 Figura 07 Comerciantes se protegendo da erosão marinha na Praia de Icaraí.. 48 Figura 08 Quebra-mar.......................................................................................... 50 LISTA DE ABREVIATURAS BW - BagWall CEMIG – Companhia Energética de Minas Gerais CF – Constituição Federal CNUMAD – Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente CP – Calamidades Públicas DC – Defesa Civil DEBMBW - Dissipador de Energia Barra Mar BagWall DOE – Diário Oficial do Estado EM – Erosão Marinha FAMETRO – Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza FUNCEME - Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IMA – Índice Municipal de Alerta INPH – Instituto Nacional de Pesquisa Hidroviárias IPECE - Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará MMA – Ministério do Meio Ambiente PNGC - Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro PNMA - Política Nacional do Meio Ambiente PNRM - Política Nacional de Recursos do Mar RMF – Região Metropolitana de Fortaleza SOMA – Secretaria da Ouvidoria Geral e do Meio Ambiente SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 12 2 ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS DA ORLA MARINHA.......................... 16 2.1 A geomorfologia costeira.......................................................................... 16 2.1.1 A zona costeira.......................................................................................... 16 2.1.2 A linha de costa ou planície litoränea....................................................... 17 2.2 A praia......................................................................................................... 18 2.2.1 Estrutura de uma praia.............................................................................. 21 2.2.2 O balanço de areia de uma praia.............................................................. 21 2.2.3 Algumas formas comuns de praias........................................................... 22 2.2.4 Perfil de uma praia e sua variabilidade..................................................... 22 2.2.5 Capacidade de suporte de uma faixa praial.............................................. 23 2.3 A ação do mar sobre o litoral.................................................................... 24 2.3.1 A onda....................................................................................................... 24 2.3.2 O movimento das ondas: a chave para a dinâmica praial........................ 24 2.3.3 As marés................................................................................................... 26 2.3.4 Variações do nível do mar como medida do aquecimento global............. 28 3 EROSÃO........................................................................................................ 30 3.1 O que é erosão? ........................................................................................ 30 3.2 Tipos de erosão......................................................................................... 31 3.3 Erosão marinha – o desastre em estudo................................................. 36 3.4 Obras de contenção do avanço do mar................................................... 38 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...................................................... 43 4.1 Classificação da pesquisa......................................................................... 43 4.2 Resultados e discussão............................................................................ 45 4.2.1 Localização e caracterização da área em estudo..................................... 45 4.2.2 Os efeitos da erosão marinha na praia de Icaraí...................................... 47 4.2.3 Obras de engenharia que contribuíram para o desastre no Icaraí........... 49 4.2.4 Erosão marinha no Icaraí – um desafio para o poder público.................. 52 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................ 54 6 REFERËNCIAS............................................................................................... 56 1 INTRODUÇÃO Atualmente vive-se em nossa história um período marcado por uma preocupação ambiental jamais vista anteriormente. O mundo está cada vez mais atento ao equilíbrio natural da vida em nosso planeta. Esta inquietação tem como causa maior o ritmo acelerado do crescimento demográfico que proporciona mudanças rápidas e constantes no espaço geográfico. Os desastres naturais existentes no Litoral Oeste da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) levaram a realização deste trabalho, que tem como tema o estudo do fenômeno da erosão marinha (EM) na praia de Icaraí no município de Caucaia no Estado do Ceará. Um evento adverso cujas ações de prevenção, preparação, resposta e reconstrução são de competência da Defesa Civil (DC). Assim sendo, este relatório busca satisfazer às exigências de Pós-graduação no curso de Especialização em Segurança Pública e Defesa Civil da Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza (FAMETRO). O trabalho em pauta tem como escopo precípuo estudar o fenômeno natural existente na praia de Icaraí no município de Caucaia, destacando a erosão marinha, trabalho abrasivo do mar na zona costeira, e suas conseqüências na dinâmica litorânea da costa oeste da RMF. Para essa abordagem dos caracteres físicos atuais do sistema natural existentes na região, bem como das condições socioculturais e econômicas do meio existente na área em estudo, foi necessário caracterizar sua paisagem natural resultante dos diversos processos impactantes ao meio ambiente. A paisagem litorânea, além de possuir uma dinâmica natural intensa, tem sofrido modificações bastante significativas em relação à degradação ambiental, provocada principalmente pela ação antropogênica, ou seja, provocada pelo homem. Os maiores impactos ambientais na área em estudo são decorrentes do aumento do nível das marés e resultantes da destruição de dunas causadas pela existência de um crescimento urbano desordenado, descaracterizando assim os aspectos naturais da referida área em análise. A importância do estudo em questão está ligada aos eventos naturais e/ou antrópicos que ocorrem na área pesquisada, dada sua fragilidade, complexidade, e outras características particulares de ambientes costeiros da zona de praia, com o intuito de subsidiar atividades de defesa civil. As ações antrópicas em áreas litorâneas, como a do estudo, são crescentes e desenfreadas (construção de portos, espigões, aterros de praias, dentre outras), sendo, portanto, necessário o conhecimento dos vários eventos que nela ocorrem, para chegar-se ao entendimento das causas e possíveis efeitos sobre a costa de praia apresentada, em virtude do desastre natural conhecido como erosão marinha, corrosão marinha, erosão costeira, erosão marítima, etc. Com esta análise dos principais impactos registrados atualmente na praia de Icaraí, são fornecidos subsídios para uma interpretação e compreensão de situação atual e futura do ambiente; propõe-se também apresentar algumas medidas mitigadoras no controle destes impactos ambientais. De uma forma geral, as atividades econômicas impõem pressões sobre as áreas naturais. Esse é um pressuposto irrefutável no contexto atual, mas no caso das zonas costeiras, estas atividades também levantam algumas questões ambientais específicas, como a proliferação de frentes edificadas, o uso intensivo de costas naturais para atividades de recreio e turismo, e a extração de sedimentos para a construção civil. Por outro lado, as zonas costeiras cumprem importantes funções ecológicas, sociais e econômicas. As mais importantes dessas funções são a proteção de pessoas e bens contra as tempestades e a intrusão salina, a absorção de nutrientes e poluentes provenientes da drenagem terrestre e introduzidos no mar pelos rios e a alimentação de peixes, crustáceos e aves. Substituir estas funções, naturalmente satisfeitas, iria custar muito mais do que as futuras gerações podem despender. Estas atividades econômicas podem também contribuir para acelerar a erosão da linha de costa, uma das conseqüências mais visíveis da dilapidação lenta e silenciosa dos ambientes costeiros. A erosão costeira ocorre sempre que o mar avança sobre a terra, como resultado da ação do vento, da agitação das marés, em condições de fraca disponibilidade de sedimentos. A erosão é um processo natural que sempre existiu e ajudou, ao longo da história, a modelar a costa, embora a evidência demonstre, no entanto, que agora a atual escala está longe de ser natural. Em muitos locais, as tentativas levadas a cabo para remediar a situação, nomeadamente a construção de espigões, agravaram ainda mais a situação, por gerarem erosões a sotamar. Por outro lado, se nada for feito, a erosão costeira devido às ações antrópicas irá, ao longo do tempo, ameaçar a capacidade que as zonas costeiras têm de se adaptarem aos efeitos gerados pelas alterações climáticas, nomeadamente à subida das águas do mar e o aumento da freqüência e intensidade dos eventos de tempestade. Face à sua importância como fonte de recursos, de geração de empregos e de problemas ambientais, devemos nos preocupar em gerenciar bem a nossa Zona Costeira. A Zona Costeira, pela sua riqueza, diversidade e pelo que representa para as presentes e futuras gerações, foi enaltecida e elevada ao “status” de Patrimônio Nacional, pela Constituição Federal. No Estado do Ceará, a Zona Costeira, com seus 673 km de extensão, da qual fazem parte 33 municípios, tem convivido com graves questões gerando uma preocupação junto às entidades comprometidas com o assunto, no sentido de serem adotadas medidas preventivas e corretivas, objetivando o desenvolvimento sustentável das atividades sócio-econômicas e a conservação deste inestimável patrimônio natural. (Albert Brasil Gradvohl – Secretário da Secretaria da Ouvidoria Geral e do Meio Ambiente – SOMA) Diante do exposto, essa pesquisa tem como objetivo geral estudar os eventos naturais e antropogênicos que ocorrem na praia de Icaraí, através de diagnóstico, buscando trabalhar na perspectiva de defesa civil. Para tanto, foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa, de cunho descritivo-exploratório, baseada na pesquisa bibliográfica e documental, tendo como fontes de dados o AVADAN e o decreto do chefe do executivo municipal. Como resultado, ficou evidente que a erosão marinha gera impactos diretos sobre a orla marítima de Icaraí, afetando o comércio local e o fluxo turístico. O desastre denominado erosão marinha pode ser contido, apesar da complexidade do ambiente em que se desenvolve e dos processos interagentes. Algumas obras de engenharia localizadas no município de Fortaleza mantém estreita relação com o fenômeno que afeta a praia de Icaraí. As intervenções possíveis para conter o avanço do mar podem solucionar o problema, sendo o dissipador de energia tipo barra mar “Bag Wall” o que apresenta melhores índices de efetividade e mínina intervenção no ambiente praial. Concluí-se que o enfrentamento da erosão marinha é um desafio para os gestores municipais, pois requer criatividade e o dispêndio de recursos financeiros, além da parceria com os agentes de defesa civil, capazes de indicar os efeitos desse fenômeno. Este trabalho está organizado em 5 capítulos. O primeiro capítulo é a introdução, onde se contextualiza o problema e os encaminhamentos que foram realizados durante a pesquisa. No segundo capítulo faz-se uma revisão bibliográfica para se conhecer os aspectos geomorfológicos da orla marinha. A partir da discussão dos elementos que compõe a faixa costeira torna-se possível compreender os mecanismos que interagem e influenciam a conformação do espaço praial. No terceiro capítulo aborda-se a discussão sobre a erosão propriamente dita, definindo-se o fenômeno natural, os tipos de erosão catalogadas e as obras de engenharia que podem barrar o avanço do mar. A erosão marinha é estudada com maior detalhes, apresentando-se sua origem e efeitos sobre a orla. No quarto capítulo apresenta-se a metodologia utilizada e a discussão dos resultados da pesquisa. Caracteriza-se o local do estudo, os efeitos da erosão marinha sobre o terreno praial, as intervenções de engenharia que podem conter o avanço do mar e como o fenômeno se processa na praia do Icaraí. Por fim, conclui-se com as considerações finais, alertando que o enfrentamento desse desastre natural requer o somatório das forças municipais, de modo a conter os efeitos desse fenômeno. O desastre em curso no Icaraí mostra um desafio ao poder público local que não poderá se eximir de agir, pois a gravidade do evento se intensifica a cada dia. 2. ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS DA ORLA MARINHA 2.1 A geomorfologia costeira Um dos aspectos fundamentais para o gerenciamento da zona costeira e marinha, em especial a orla, é o conhecimento de sua vulnerabilidade em relação à modificação da posição da linha de costa. Trata-se de uma variável determinante a ser considerada no estabelecimento de áreas de não-edificação, para evitar os riscos de perda de propriedades por efeito da erosão costeira. Afora os aspectos da vulnerabilidade, as características morfológicas do relevo definem a paisagem costeira e sua atratividade e potencial de uso, conferindo o caráter plural dos cenários e ambientes da costa do Brasil. Uma divisão geomorfológica foi apresentada por Silveira (1964) para a região costeira do Brasil, ao identificar cinco grandes regiões geográficas – Norte, Nordeste, Leste ou Oriental, Sudeste e Sul -, que, por sua vez, foram subdivididas em macrocompartimentos. Posteriormente, foi efetuada por Muehe (1996,1998) uma revisão com identificação de maior número de macrocompartimentos e ampliação de sua abrangência, com a inclusão da plataforma continental interna. 2.1.1 A zona costeira A zona costeira ou faixa litorânea corresponde à faixa de transição entre o domínio continental e o domínio marinho. É uma faixa complexa, dinâmica, mutável e sujeita a diversos processos geológicos. A zona costeira é um sistema que se encontra num equilíbrio dinâmico, que resulta da interferência de inúmeros fatores naturais e antrópicos (sob a ação do homem). De acordo com o Macro Diagnóstico da Zona Costeira e Marinha do Brasil (2008 apud AB’SABER, 2000) as zonas costeiras na sua aparente simplicidade paisagística e na sua dinâmica habitual exigem considerações similares ou até mais complexas do que os espaços interiores, já que elas envolvem sérias questões relacionadas com as variações do nível do mar, paleo-climas e história vegetacional. Ou seja, o litoral, tal como outras áreas dotadas de paisagens ecológicas, pode ser considerado sempre como uma herança de processos anteriores remodelados pela dinâmica costeira hoje prevalecente. Dessa forma, pode-se afiançar que os litorais se constituem em zonas de contatos tríplices – terra, mar e dinâmica climática -, além dos notáveis mostruários de ecossistemas que se assentam e se diferenciam no mosaico terra/água existente no espaço total da costa. A zona costeira brasileira é composta por significativa diversidade de ambientes, muitos deles extremamente frágeis, com acentuado processo de degradação gerado pela crescente ocupação desse espaço, como recifes e corais, praias, manguezais e marismas, campos, dunas e falésias, baías, estuários, planícies intermarés, etc. Dentre os efeitos antrópicos mais significativos, estão aqueles associados aos vetores de desenvolvimento e pressão, como a atividade portuária, petrolífera, química, aqüicultura, pecuária, pesca, agricultura, turismo, desenvolvimento urbano, dentre outras, que, associadas ao crescimento populacional, ocasionaram mudanças ambientais significativas. A zona costeira brasileira é uma unidade territorial, definida em legislação, ou seja, na Lei nº 7661/88 - Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC), como parte integrante da Política Nacional de Recursos do Mar (PNRM) e Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). 2.1.2 A linha de costa ou planície litorânea A costa é uma faixa de área terrestre junto à margem de oceano, mar ou lago que caracteriza um ambiente geológico próprio afetado pelas duas condições, terrestre e aquática. Assim sendo, a linha de costa refere-se ao limite água-terra e varia segundo uma faixa mais ou menos estreita determinada pelas baixas e altas marés que aí ocorrem e pelo relevo da costa, podendo ainda, comportar praias arenosas, praias de cascalhos, costões de rochas, falésias, limites de deltas, etc. Sob o ponto de vista geomorfológico, a linha de costa se caracteriza por instabilidade decorrente de alterações por efeitos naturais e antrópicos, que se traduzem em modificações na disponibilidade de sedimentos, no clima de ondas e na altura do nível relativo do mar. O litoral e, especialmente, as praias respondem com mudanças de forma e de posição que podem ter conseqüências econômicas indesejáveis quando resultam em destruição de patrimônio ou em custos elevados, na tentativa de interromper ou retardar o processo de reajuste morfológico (Guerra e Cunha, 2007). A planície litorânea, também denominada de linha de costa se situa entre a linha de praia e as faixas de contato com outras unidades (BRASIL, 1981), sendo esta, no caso cearense, bastante variável, atingindo larguras de até cerca de 50 km. Autores como Silva (1993) apresentam nessa unidade litorânea as seguintes feições morfológicas: praia, pós-praia, dunas e planície flúvio-marinha. Segundo Souza (2007, p. 132), a planície litorânea tem as seguintes características naturais dominantes: [...] superfície composta por terrenos de neoformação, submetidos às influências marinha, eólica, fluvial, contendo largas faixas praiais, campos de dunas com diferentes gerações, mangues, linhas de falésias, planícies lacustres e áreas de acumulação inundáveis; condições climáticas variando de semi-áridas a subúmidas e com chuvas anuais que oscilam de 700 a 1200 mm; ocorrência freqüente de estuários e bom potencial de recursos hídricos subterrâneos; areias eólicas e solos de mangues revestidos pelo complexo vegetacional do litoral. Faixas de praias com larguras diferenciadas e campos de dunas móveis trabalhadas por ações eólicas e com feições transversais e longitudinais. Diante do exposto, percebe-se a complexidade dos processos associados à planície litorânea, caracterizada pelas faixas praiais, campos de dunas, mangues e falésias sob influência marinha, eólica e fluvial. Apesar da variabilidade ambiental presentes nesse espaço, as discussões serão concentradas nas faixas praias, posto ser o objeto do presente estudo. 2.2 A praia Para se compreender melhor o desastre natural ora em estudo, ou seja, a erosão marinha conceitua-se a praia, de acordo com alguns autores: Conforme Guerra (2007, p. 291) as praias são “depósitos de sedimentos [...] acumulados por ação de ondas que [...] se ajustam às condições de ondas e maré. Representam, por essa razão, um importante elemento de proteção do litoral, ao mesmo tempo em que são amplamente usadas para o lazer”. A praia pode ser também uma linha de costa formada por areia e seixos. (PRESS, 2006). Os seixos são fragmentos de rochas transportados pelas águas, cujo resultado é um arredondamento das arestas. Usa-se também o termo cascalho como sinônimo de seixo (GUERRA, 1997). Ainda para Press (2006, p. 438) “muitas praias são segmentos retilíneos de areia variando de 1 a mais de 100 km de comprimento; outras são pequenas faixas de areia em forma de meia lua entre promontórios rochosos”. Segundo Popp (2007, p. 153), “as praias consistem em depósitos de areia, clastos e conchas, geralmente bem selecionados e laminados, formados na zona litoral pela ação das ondas e correntes”. Figura 01 – Praia de Icaraí-Caucaia-Ceará. Fonte: Elaboração própria, 2009. Assim sendo, as praias são constituídas a partir do acúmulo de areias quartzosas do período holocênico de Idade Quaternária (SILVA, 1993). Para este autor, na faixa de praia ocorrem modificações sazonais durante os processos de deposição e sedimentação de sedimentos arenosos, e são causados pelas variações de marés, uma vez que ocorre uma maior intensidade de acumulação na preamar e predomínio dos processos erosivos no refluxo da baixa maré, deixando à mostra os denominados “beach rocks”. Na disposição da linha de costa da RMF, são visíveis as mudanças significativas sofridas por esta unidade nos últimos anos. A área em análise, Praia de Icaraí, é uma faixa de terra pertencente ao litoral de Caucaia e, por conseguinte à Zona Costeira e Marinha do Brasil. Nessa região, conforme Figura 01, ocorre atualmente o fenômeno da erosão marítima. A faixa de praia representa um sistema ambiental dos mais dinâmicos do planeta. Encontra-se localizada no limite entre a terra e o mar, de amplitudes variáveis, recebendo, transformando e gerando processos energéticos na linha da confluência das conexões entre o continente, o mar e a atmosfera. A morfologia das praias varia porque as areias permanecem em contínuo movimento devido às ondas que quebram na linha de costa. Durante as variações diárias das marés, e principalmente nos eventos de ressacas, as ondas transportam grandes quantidades de sedimentos. Parte desse material é deslocada para outros pontos em praias mais adiante (quando as ondas atingem a linha de costa formando ângulos oblíquos), e o restante, transportado mar afora. (CAMPOS, 2003) Segundo Campos (2003, p.79), as praias do Ceará foram formadas com o aporte de sedimentos provenientes dos rios, da plataforma continental e da erosão das ondas e marés, esculpindo falésias vivas, plataformas de abrasão e terraços marinhos. A dinâmica dos sedimentos, impulsionada pelas correntes de deriva litorânea, movimenta as areias preferencialmente de leste para oeste. Durante as marés baixas, estes sedimentos ficam expostos à ação dos ventos (erosão e transporte eólico) que, dependendo da velocidade, volume de areia e conformação da linha de costa, originam os campos e dunas móveis. Quando alcançam os rios ultrapassam por cima dos pontais, as areias chegam novamente na praia. Essa dinâmica costeira representa atualmente a principal fonte de sedimentos, reguladora dos processos morfogenéticos (dinâmica na forma e quantidade de areia) e alimentadora do perfil de praia, controlando o incremento de eventos erosivos. No entanto, estas energias que controlam a dinâmica na linha de praia estão sendo submetidas a uma série de intervenções antrópicas relacionadas, basicamente, com a implantação de equipamentos públicos e privados em locais que interferem diretamente nas ações dos processos sedimentares, morfológicos e oceanográficos. Unidades ambientais caracterizadas pela dispersão de sedimentos, alimentadoras de material arenoso para o sistema praial e reguladoras dos fluxos de energia, têm sido utilizadas de forma inadequada. Como conseqüência, induziu-se a um novo comportamento evolutivo, em grande parte orientado para o avanço da erosão (MEIRELES; MORAIS, 1990; MAIA, 1998; MEIRELES; LIMA, 2001). 2.2.1 Estrutura de uma praia As praias de uma forma geral têm suas estruturas básicas bem definidas, o que tornam as mesmas singulares em suas características ambientais. Para Press (2006, p. 438) uma praia tem a seguinte estrutura: Mais externamente, está a zona da plataforma interna, limitada pela zona de surfe, onde o fundo torna-se raso o suficiente para que as ondas arrebentem. A antepraia inclui a zona de surfe, a planície de maré; e, exatamente na praia, a zona de espraiamento, um declive praial dominado pelas ondas de avanço e de recuo. O pós-praia estende-se da zona de espraiamento para trás, até o nível mais alto da praia. Vê-se, portanto, que a estrutura de uma praia não se limita somente a areia e a linha do mar. Outros elementos integrantes desse ambiente ficam encobertos para os usuários desse espaço de lazer e turismo. A visão científica sobre esse ambiente permite a vizualização das interações entre seus elementos possibilitando a compreensão sobre a dinâmica própria da praia. 2.2.2 O balanço de areia de uma praia Uma praia é uma cena de movimento incessante. Cada onda move areia para frente e para trás com o espraiamento e a onda de recuo. A deriva litorânea e as correntes longitudinais movem a areia para a praia. Na extremidade de uma praia, e também ao longo dela, a areia é removida e depositada em águas profundas. Na parte continental da praia ou ao longo de falésias marinhas, a areia e os seixos são liberados pela erosão e repõem o material da praia. O vento que sopra na praia transporta areia, algumas vezes, para dentro da água e, outras vezes, para a costa adentro, sobre o continente. Todos esses processos juntos mantêm um balanço entre adição e remoção de areia, resultando em uma praia que pode parecer estável, mas que, na verdade, estão trocando o seu material em ambos os lados. Em qualquer ponto ao longo de uma praia, há ganho de areia das seguintes fontes: do material de erosão ao longo do pós-praia; da deriva litorânea e da corrente longitudinal; e a partir dos rios que chegam ao mar ao longo da costa, trazendo sedimentos. A praia perde areia a partir: do vento, que a carrega para as dunas de pós-praia; da deriva litorânea e das correntes longitudinais; e das correntes de águas profundas. Que transportam sedimentos durante as tempestades. 2.2.3 Algumas formas comuns de praias As praias arenosas longas e rasas crescem onde o aporte de areia é abundante, frequentemente onde os sedimentos friáveis formam a costa. Nos locais onde o pós-praia é baixo e os ventos sopram em direção ao continente, largos cinturões de dunas bordejam a praia. Se a linha de costa for tectonicamente elevada e as rochas forem resistentes, formam-se falésias alinhadas na costa, e quaisquer pequenas praias que se formarem serão compostas por material erodido das falésias. Nos locais onde a costa é baixa, a areia é abundante e as correntes de maré são fortes, sendo construídas extensas planícies de maré que serão expostas durante a maré baixa. O que acontece se um dos aportes é bloqueado – por exemplo, por uma parede de concreto construída no topo da praia para prevenir a erosão? Se a erosão, um dos processos que fornece areia para a praia, for impedida, o suprimento de areia será cortado e, desse modo, a praia encolherá. Tentativas de salvar a praia podem, na verdade, destruí-la. 2.2.4 Perfil de uma praia e sua variabilidade O perfil transversal de uma praia varia com o ganho ou perda de areia, de acordo com a energia das ondas, ou seja, de acordo com as alternâncias entre tempo bom (engordamento) e tempestade (erosão). Nos locais em que o regime de ondas se desenvolve perfis sazonais típicos de acumulação e erosão, denominados perfil de versão e perfil de inverno, respectivamente. Dessa forma, ao adaptar seu perfil às diferentes condições oceanográficas, a praia desempenha papel fundamental na proteção do litoral contra a erosão marinha (GUERRA; CUNHA, 2007). Provavelmente, o primeiro pesquisador a iniciar o estudo do perfil de uma praia no Brasil foi o geólogo Renato Kowsmann, ao monitorar durante um ano inteiro o perfil da praia de Copacabana, antes do alargamento por aterro hidráulico (KOWSMANN, 1970). O autor pôde demonstrar que períodos de maior erosão, associados à entrada de frentes frias com ventos de sudeste, ocorreram durante os meses de maio (outono) e outubro (primavera). 2.2.5 Capacidade de suporte de uma faixa praial Souza (2007) ao fazer a compartimentação geoambiental do Ceará, descreve o suporte de uma faixa praial, conforme o Quadro 01. Quadro 01 – Suporte de uma faixa praial POTENCIALIDADES - Patrimônio paisagístico; - Atrativos turísticos; - Recursos hídricos subterrâneos; - Ecoturismo; - Ocorrência de minerais pesados; - Recarga de aqüíferos. LIMITAÇÕES - Implantação viária; - Loteamento; - Baixo suporte para edificação; - Ecodinâmica desfavorável; - Restrições à mineração. RISCOS DE OCUPAÇÕES - Desmonte ou interrupção do trânsito de sedimentos por ocupação desordenada; - desequilíbrio no balanço sedimentológico do litoral; Poluição de recursos hídricos; - Trânsito de areias; - Perda de atrativos turísticos. Fonte: Souza (2007) Observa-se pelo Quadro 01 que as praias cearenses, inclusive Icaraí, apresentam características bem particulares e que ações desordenadas do homem nesses ambientes poderão provocar prejuízos ambientais e sócio-econômicos para as presentes e futuras gerações. Assim, as limitações e os riscos ocupacionais presentes no ambiente praial devem ser objeto de ampla discussão social para que as intervenções, quaisquer que sejam, possam ter o menor impacto possível. 2.3 A ação do mar sobre o litoral 2.3.1 A onda Na acepção direcionada ao presente estudo, deve-se ter a idéia de onda como sendo a dinâmica do movimento das marés. Onda é uma porção de água do mar, lago ou rio, que se eleva, vaga. Guerra (1997) também define onda como vaga. As fortes ondas que atingem o litoral da RMF são as causas da destruição verificada nas praias do litoral oeste do Estado do Ceará, principalmente as localizadas no município de Caucaia, como é o caso da praia de Icaraí. 2.3.2 O movimento das ondas: a chave para a dinâmica praial Press (2006, p. 434) descreve a dinâmica das ondas e seu comportamento, enfantizando que “ao quebrarem, as ondas golpeiam a costa, erodindo e transportando areia, meteorizando e fragmentando as rochas sólidas, e destruindo estruturas construídas próximas à linha de costa”. A transformação da ondulação para ondas de arrebentação inicia-se onde a profundidade do leito é menor que a metade do comprimento da ondulação. Nesse ponto, o pequeno movimento orbital das partículas de água próximas ao fundo tornase restrito porque, agora, a água não pode se mover verticalmente. Bem próximo ao fundo, a água pode mover-se apenas horizontalmente, para frente e para trás. Acima disso, ela pode desenvolver um pequeno movimento vertical, que, combinado com o horizontal, fornece uma órbita com forma mais próxima a uma elipse achatada do que uma órbita circular. As órbitas tornam-se mais circulares à medida que se afastam do fundo. A mudança de uma órbita circular para uma elíptica diminui a velocidade da onda inteira, porque as partículas de água demoram mais para percorrer as elipses do que os círculos. Embora a velocidade da onda diminua, o seu período permanece o mesmo porque a ondulação continua a deslocar-se do mar alto na mesma posição. A partir da equação da onda, sabemos que, se a velocidade decresce e o período permanece constante, o comprimento de onda também deve diminuir. Desse modo, as ondas tornam-se menos espaçadas, mais altas e menos inclinadas, e suas cristas tornam-se mais afiladas. À medida que uma onda rola em direção à costa, ela torna-se tão inclinada que a água não suporta mais a si mesma, e, então, a onda colapsa na zona de surfe. Os leitos com leve inclinação promovem a quebra da onda mais longe da costa, e os leitos com grande inclinação fazem a onda quebrar próximo da costa. Onde as costas rochosas são bordejadas por águas profundas, as ondas quebram diretamente nas rochas com a força de toneladas por metro quadrado, atirando água para o alto mar. Não surpreende que paredes de concreto erguidas para proteger construções ao longo da costa comecem a rachar rapidamente e necessitem de reparos freqüentes. Após quebrar na zona de surfe, as ondas, agora reduzidas em altura, continuam a mover-se, quebrando exatamente na linha da costa. Elas movem-se subindo a face na frente da praia, formando uma água de saca chamada de espraiamento. A água então retorna novamente, como uma onda de recuo. O espraiamento e a onda de recuo podem carregar areia e até grandes seixos e calhaus se as ondas forem altas o suficiente. A onda de recuo carrega as partículas de volta para o mar. O movimento de ida e volta da água próximo à costa é forte o suficiente para carregar grãos de areia e até cascalho. A ação das ondas em águas com profundidade de cerca de 20 m pode mover areia fina. Grandes ondas causadas por tempestades intensas podem escavar o fundo em profundidades maiores que 50 m. Séculos de observação ensinaram que as ondas são mutáveis. Quando está um tempo calmo, elas rolam regularmente na costa com cavas calmas entre si. Quando ocorrem os ventos intensos de uma tempestade, no entanto, as ondas estão em todos os lugares, movendo-se numa confusão de formas e tamanhos. Elas podem ser baixas e suaves longe da costa, mas tornam-se altas e profundas à medida que se aproximam da terra. As ondas altas podem quebrar na costa com grande violência, fragmentando paredes de concreto e rompendo casas construídas na praia. Para entender a dinâmica das linhas de costa e tomar decisões apropriadas a respeito da sua ocupação e desenvolvimento, necessitamos entender como as ondas trabalham. O vento que sopra sobre a superfície da água cria ondas por transferência de energia do movimento do ar para a água. Quando uma brisa suave de 5 a 20 km/hora começa a soprar sobre a superfície do mar calmo, ondas capilares – pequenas ondas de menos de 1 cm de altura – tomam forma. À medida que a velocidade do vento aumenta para cerca de 30 km/hora, as pequenas ondulações tornam-se vagas. Ventos mais fortes formam ondas maiores e sopram os seus topos para formar topos brancos. A altura da onda aumenta à medida que: • a velocidade do vento aumenta; • o vento sopra por mais tempo; • aumenta a distância na qual o vento sopra na superfície da água. A junção desses fatores e a variabilidade de combinações possíveis permite compreender a diversidade de ondas presentes nas praias. Algumas mais altas, outras mais volumosas, pequenas ondulações, fortes recuos, todos esses fatores são influenciados pela interação da velocidade do vento, duração e distância da superfície da água. 2.3.3 As marés A atração gravitacional de dois corpos decresce à medida que eles se distanciam. Assim, a força que produz as marés varia em diferentes partes da Terra, dependendo se elas estão mais próximas ou mais afastadas da Lua. No lado da Terra mais próximo da Lua, a água, por estar mais perto do satélite natural, experimenta uma atração gravitacional maior que a atração média de toda a parte sólida do planeta. Isso produz uma intumescência na água, vista como uma maré. No lado da terra mais distante da Lua, a parte sólida é puxada mais em direção ao satélite do que a água, e esta aparenta ter sido puxada para longe da Terra como uma outra protuberância. Assim, duas intumescências de água ocorrem nos oceanos da Terra: uma do lado mais próximo à Lua, onde a atração total é em direção a ela; e outra no lado mais afastado, onde a atração total é divergente dela. A atração gravitacional resultante entre os oceanos e a Lua atinge o máximo no lado da Terra que está de frente para a Lua e o mínimo no lado oposto a ela. À medida que a Terra rota, as intumescências de água mantêm-se aproximadamente alinhadas. Uma está sempre de frente para a Lua e a outra, sempre diretamente oposta. Essas intumescências passando sobre a Terra em rotação são marés altas. O sol, embora muito mais distante, tem tanta massa (e, desse modo, tanta gravidade) que é, também, causador de marés. As marés solares são um pouco menores que a metade da altura das marés lunares. As marés solares não são sincrônicas com as lunares. As marés solares ocorrem à medida que a Terra rota uma vez a cada 24 horas, a duração de um dia solar. A rotação da Terra em relação à Lua é um pouco mais longa, porque esta, ao se mover em torno daquela, resulta num dia lunar de 24 horas e 50 minutos. Nesse dia lunar, existem duas marés altas, com duas marés baixas entre elas. Quando a Lua, a Terra e o Sol estão alinhados, as forças gravitacionais do Sol e da Lua são reforçadas. Isso produz as marés de sizígia, que são as mais altas; elas têm o seu nome derivado a partir da altura, não da estação, e aparecem a cada duas semanas, durante a Lua cheia e a nova. As marés mais baixas, as marés de quadratura, aparecem entre as outras, durante a Lua nova e a crescente, quando o Sol e a Lua formam altos ângulos entre si com relação à Terra. Enfim, Press (2006, p. 436) preleciona: A subida e a descida do mar duas vezes ao dia, chamadas de marés, são conhecidas dos marinheiros e dos moradores litorâneos há milhares de anos. Muitos observadores notaram a relação entre a posição e as fases da Lua, as alturas das marés e as horas do dia em que a água alcança o nível de maré mais alto. No entanto, foi somente a partir do século XVII, quando Isaac Newton formulou a lei da gravidade, que começamos a entender que as marés resultam do empuxo gravitacional da Lua e do Sol nas águas dos oceanos. Muitas pessoas que vivem ao longo da costa precisam saber quando as marés vão ocorrer, de modo que os governos publicam tabelas mostrando a previsão de suas alturas e hora em que ocorrerão. Essas tabelas combinam a experiência local com o conhecimento de movimentos astronômicos da Terra e da Lua com relação ao Sol. As marés podem combinar-se com ondas para causar forte erosão da costa e destruição de propriedades. As tempestades intensas que passam próximo à costa durante a maré de sizígia podem produzir marés de ressaca, ou seja, ondas de maré alta que podem cobrir toda a praia e chocar-se contra as falésias marinhas. Não se deve confundir as marés de ressaca com os tsunâmis, que, de forma incorreta, são comumente chamados de “ondas de marés”. Os tsunâmis são grandes ondas oceânicas causadas por eventos no fundo do mar, como terremotos, deslizamento de terra e explosão de vulcões oceânicos. 2.3.4 Variações do nível do mar como medida do aquecimento global No livro “Para Entender a Terra”, tem-se uma ligeira noção de como o aquecimento global influi para a variação do nível do mar e consequentemente para o aceleramento do processo de erosão marinha, conforme descrito a seguir. As linhas de costa são sensíveis a variações do nível do mar, que pode alterar a altura das marés, modificar a aproximação das ondas e afetar o caminho das correntes longitudinais ao longo da costa. A subida e a descida do nível do mar podem ser locais – um resultado de subsidência ou soerguimento tectônico – ou globais – o resultado, por exemplo, do derretimento ou da formação de geleiras. Uma das preocupações básicas em relação ao aquecimento global induzido pelo homem é o seu potencial para causar elevação do nível do mar e, dessa maneira, alagar as linhas de praias. Em períodos de nível de mar baixo, as áreas que eram submersas ficam expostas aos agentes de erosão. Os rios estendem os seus cursos sobre essas regiões originalmente submersas e cortam vales na planície costeira recém-exposta. Quando o nível do mar sobe, alagando as terras do pós-praia, os vales dos rios são afogados, os sedimentos marinhos são depositados em áreas anteriormente continentais e a erosão é substituída pela sedimentação. As variações do nível do mar na escala do tempo geológico podem ser medidas pelos estudos de terraços cortados por ondas, mas detectar as mudanças globais na breve escala do tempo (humana) pode ser difícil. As mudanças podem ser medidas localmente por meio da utilização de um medidor de marés que registra as variações do nível do mar em relação a uma marca da linha de base situada em terra. O maior problema é que o terreno move-se verticalmente como resultado da deformação tectônica, da sedimentação e de outras mudanças geológicas, e esse movimento é incorporado nas observações de medidas da maré. Por meio de análises cuidadosas, no entanto, os oceanógrafos descobriram que o nível global dos mares subiu de 10 a 25 cm durante o último século. Esse incremento correlaciona-se com o aumento das temperaturas no mundo todo, que, atualmente, a maioria dos cientistas acredita ter sido causado, pelo menos em parte, pela poluição humana da atmosfera com dióxido de carbono e outros gases-estufa. O aquecimento global conduz a uma elevação do nível do mar de dois modos diferentes. Primeiramente, ele causa o derretimento das geleiras continentais e dos mantos de gelo polar, o que aumenta a quantidade de água nas bacias oceânicas. Em segundo lugar, as temperaturas mais altas fazem com que a água expanda-se numa pequena fração, incrementando o seu volume (do mesmo modo que a expansão térmica produz o aumento do líquido no termômetro). Esses efeitos parecem ser semelhantes em magnitude; ou seja, cada um pode explicar cerca de metade da elevação observada no nível do mar. Os altímetros de satélites fornecem uma nova técnica sensível para determinar a altitude da superfície do nível do mar relativa à sua órbita. Os dados indicam que o nível do mar está subindo a uma taxa de cerca de 4 mm por ano. Parte da elevação pode resultar de variações de curta duração, mas a magnitude da subida é consistente com os modelos climáticos que levam em consideração o aquecimento global. Esses modelos predizem que, sem esforços significativos de todas as nações para reduzir a emissão de gases-estufa, o nível do mar vai subir, provavelmente, de 30 a 60 cm durante este século. À medida que o aquecimento global causar a subida do nível do mar, veremos os efeitos nas nossas praias. Realmente, as linhas de costa do mundo servem como barômetros para as iminentes mudanças causadas por muitos tipos de atividades humanas. A poluição dos nossos cursos d’água nos continentes, cedo ou tarde, chega às nossas praias. Assim como o chorume dos lixões das cidades e o óleo de lavagem de tanques em alto mar são levados à costa. À medida que a ocupação imobiliária e as construções ao longo das linhas costeiras expandem-se, veremos a diminuição continuada e, mesmo, o desaparecimento de algumas de nossas mais belas praias. 4 EROSÃO 4.1 O que é erosão? Para se entender o processo que atualmente ocorre na área em estudo, primeiramente deve-se ter a noção do que seja erosão, e com essa compreensão, pretende-se aprofundar na pesquisa, e, para facilitar o estudo, foram selecionadas definições de alguns autores para o termo erosão. Para Guerra (1997, p. 87), a erosão é um processo com dupla dimensão. Em outras palavras, esse autor associa a erosão ao fenômeno da sedimentação. A erosão é a destruição das saliências ou reentrâncias do relevo, tendendo a um nivelamento ou colmatagem, no caso de litorais, enseadas, baías e depressões. A uma fase de erosão (gliptogênese) corresponde de modo simultâneo, uma fase de sedimentação (litogênese). Para Popp (2007, p. 366), a erosão “envolve todos os processos de desagregação e remoção do material rochoso”. Essa definição mostra-se ampla e pouco contribuiu para a caracterização do fênomeno em foco. Expandindo a compreensão de Popp (2007), a Companhia Energética de Minas Gerais (2001, p. 11), define: A erosão é um processo mecânico que se desenvolve na superfície causando profundidade em certos tipos de solos e sobre determinadas condições físicas de forma natural significante, transformando-se crítica pela ação modificadora do homem. O transporte e movimentação de partículas do solo, subsolos e rochas em decomposição pelas águas, ventos, assim dando surgimento ao processo erosivo. A Lei N.º 1367 de 15 de maio de 2001 (Código Ambiental de Caucaia-Ce), no glossário traz a seguinte definição: XVIII - EROSÃO – Degradação do solo, provocando destruição ou deterioração, consistindo na remoção ou transporte dos elementos constituintes do solo para as planícies, para os vales, para os leitos dos rios e até para o mar, em conseqüência da ação de agentes externos, principalmente o vento e a água. Observa-se que as definições supramencionadas fornecem a idéia de que erosão é uma força que atua sobre determinado ambiente causando-lhe a decomposição. Essas noções estão intimamente ligadas com o que ora ocorre na praia de Icaraí, onde a força das marés está erodindo a costa praial. 4.2 Tipos de erosão Guerra e Guerra (1997), apresentam uma variedade de tipos de erosão. Tendo em vista a necessidade de se aprofundar o entendimento sobre esse fenômeno, mostra-se oportuno conhecer os diferentes tipos de erosão já catalogados. • A erosão acelerada é realizada na superfície terrestre pela intervenção humana e seres vivos, em geral, ocasionando um desequilíbrio ambiental. É o aceleramento da erosão nas camadas superficiais do solo, motivado por desmatamento, cortes de barrancos em estradas etc. • A erosão antrópica ou antropogenética é marcada pelo desenvolvimento de processos que transformam a paisagem natural, após a realização de um trabalho feito pelo homem. Erosão antropogenética é também sinônimo de erosão acelerada. • A erosão atmosférica é usada no sentido amplo de erosão provocada por agentes geológicos exógenos, como: vento (eólia), água das chuvas (pluvial), águas correntes (fluvial). • A erosão das margens é aquela que ocorre nas margens dos rios. Esse tipo de erosão aumenta à medida que aumenta a quantidade de água e a velocidade da águia, no canal fluvial. A erosão em um rio ocorre com maior intensidade na margem côncava, onde a velocidade é maior. • A erosão de ravinamento é o escavamento produzido pelo lençol de escoamento superficial ao sofrer certas concentrações rillerosion. No caso de escavamento mais profundo, o rillerosion passa a gullyerosion. Quando se identifica o trabalho desigual dos agentes erosivos ao devastarem a superfície do relevo, diz da erosão diferencial. Há rochas que resistem mais a um determinado tipo de erosão, e outras menos. Da mesma maneira há certos acidentes produzidos, pela tectônica, como o fraturamento, que favorecem o trabalho de certos agentes de erosão. Esse jogo de resistência desigual, oposto pelas rochas aos agentes erosivos, constitui a erosão diferencial. A destruição nas partes altas e acúmulo nas partes deprimidas da camada superficial edificada caracteriza a erosão do solo. O conjunto de fatores que concorrem lentamente nas transformações da paisagem marcam a erosão elementar. Pode-se agrupá-los nos seguintes tipos: variação de temperatura – as amplitudes térmicas têm grande importância na fragmentação das rochas – desagregação mecânica, esfoliação das rochas dando “pães-de-açúcar” (granitos e gnaisses do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Gelo e degelo; decomposição química – reduz a fragmentos menores os produtos desagregados pelos agentes mecânicos. A erosão elementar é também sinônimo de meteorização ou intemperismo. A erosão eólia ou eólica é mais importante nas regiões desérticas, nas zonas semi-áridas (norte do Senegal), ou ainda nas zonas litorâneas (grande parte do litoral brasileiro). A paisagem morfológica das dunas resulta do transporte dos grãos de areia realizado pelo vento. A erosão eólica dá origem a formas típicas. A desagregação de origem térmica é mais importante do que a decomposição química nas zonas áridas ou semi-áridas. A falta de hidratação das rochas diminui sensivelmente a decomposição química dos minerais, e isto favorece o trabalho de deflação do vento. A ação dos ventos pode ser dividida em três fases: • destruição; • transporte; • deposição. São concomitantes, porém realizadas em áreas diferentes. A erosão espasmódica refere-se à erosão que age de modo intermitente e com grande violência. Como exemplo pode citar a erosão produzida pelas torrentes, cujo regime é espasmódico, isto é, intermitente. O trabalho contínuo das águas correntes na superfície do globo terrestre ocasiona a erosão fluvial. É também chamada de erosão normal pelos geomorfólogos nas regiões temperadas. Os geólogos chamam-na de erosão natural ou erosão geológica. Para os morfologistas europeus, ela é restrita apenas ao trabalho de modelagem do relevo, feito pelos rios. Os geólogos dão um sentido mais amplo, considerando todos os efetivos dinâmicos exógenos de gliptogênese, em que o homem não tenha interferência, como erosão geológica. A erosão fluvial é de grande importância para os morfologistas, pois do estudo da rede hidrográfica podem, muitas vezes, tirar conclusões de ordem morfológica. Um traçado em “baioneta” ou uma série de capturas, por exemplo, é um indício de uma estrutura inclinada (NE da bacia de Paris). Uma rede hidrográfica com ângulos pronunciados, e com as mesmas direções, pode indicar uma adaptação a uma série de diáclases (SW da Bahia). Estudando um mapa topográfico em curvas de nível e comparando altitudes constantes podem-se levantar problemas, no que diz respeito a diferentes ciclos erosivos, retomada de erosão etc. Ao trabalho de destruição, tanto de ordem mecânica, como química (corrosão), segue-se o transporte de materiais sólidos, em suspensão ou em dissolução, e, finalmente, a deposição. O material detrítico transportado pelos rios é chamado alúvio. A dissecação feita pela erosão fluvial está em função do nível de base, do comprimento do perfil longitudinal, da natureza das rochas, do clima etc. Uma variação no nível de base ou uma mudança climática pode originar um tipo de paisagem completamente diferente. Se passarmos de um clima úmido para um semi-árido notamos o aparecimento de formas de sedimentação, encobrindo o antigo relevo. A erosão geológica é realizada normalmente pelos diversos agentes erosivos sem que haja a intervenção do homem, acelerando o trabalho de destruição e construção feito por estes agentes. Quando se verifica a intervenção do homem, acarretando desequilíbrios que favorecem o trabalho da erosão, temos então a chamada erosão acelerada. A erosão glacial ou erosão glaciária é de grande importância nas regiões de clima frio e temperado. Nas regiões geladas (polares) a morfologia é menos conhecida que nas intertropicais. A erosão glaciária cava vales profundos em formas de U. Os terraços são constituídos pelo material das morainas, isto é, blocos erráticos, estriados, argilas, seixos etc. Esses depósitos têm ainda a característica de terem sido revolvidos in loco pela ação do gelo e degelo. As formas de relevo resultante são geralmente ásperas (ex.: Maciço Central Francês). A geologia histórica registra a existência de várias glaciações. As mais conhecidas são as que ocorreram no Quaternário. Os estudos das glaciações foram feitos com minúcia nos países europeus, chegando-se a denominar a última era da coluna geológica – era das glaciações. No Quaternário houve quatro grandes glaciações. No Brasil também têm sido feitos vários estudos sobre o Quaternário. A erosão marinha ocorre pelo trabalho de destruição e construção feito pelas vagas forçadas ou de translação, ao longo dos litorais. Antigamente se pensava que a ação erosiva das correntes marinhas fosse a mais importante. Nas baías e enseadas há uma tendência geral para a colmatagem. Quanto aos depósitos marinhos, que aparecem junto aos litorais, de modo geral, o diâmetro do material que os constitui diminui à medida que nos afastamos da faixa costeira. Todavia, esta regra, mais ou menos geral, apresenta algumas exceções que são explicadas pelas transgressões e regressões marinhas. A erosão subterrânea ou netuniana corresponde à ação destrutiva das águas subterrâneas. Ocorre principalmente em regiões calcárias, onde as águas subterrâneas provocam a dissolução das rochas originando as cavernas. O termo erosão netuniana é uma denominação imprópria que usam certos autores para explicar o trabalho erosivo das águas subterrâneas. A erosão nival é realizado pelo congelamento e pelo degelo das camadas de neve, provocando, assim, a remoção de materiais desagregados e decompostos. É a erosão nival que provoca o aparecimento de nichos de nivação. A erosão normal ocorre segundo os geomorfólogos da zona temperada, trata-se da erosão feita pelos rios, isto é, erosão fluvial. Todavia, se considerarmos a linguagem utilizada pelos pedólogos, erosão normal é sinônimo de erosão geológica ou ainda erosão natural, exercida pelos agentes exodinâmicos, em oposição à erosão acelerada onde o homem intervém como agente acelerador da erosão. A erosão pluvial ou pluvierosão é realizada pelas águas das chuvas na superfície do relevo. Todo o globo terrestre sofre a ação dessa modalidade erosiva. Cabe ressaltar que as superfícies com cobertura vegetal mantém certa resistência aos efeitos desse mecanismo de desgaste rochoso. A cobertura vegetal funciona, nesse caso, como um escudo que recobre a superfície terrestre. Compreende três fases: • pluvierosão; • deplúvio; • aplúvio. A ação das chuvas será tanto mais importante quanto maior for a quantidade caída no espaço mínimo de tempo. O lençol de escoamento superficial terá seu trabalho mais pronunciado, quanto maior for o número de detritos existentes na superfície da crosta. Na teoria, separa-se a ação mecânica destruidora das gotas da água da chuva, do trabalho de desagregação lenta feito pela erosão elementar. A erosão por salpico (splash erosion) foi a denominação dada por Ellison ao trabalho, ou melhor, ao bombardeio feito pelas gotas de água das chuvas, nos solos. A erosão regressiva ou remontante é a que se verifica no leito de um rio, sendo o trabalho de desgaste do fundo feito a partir de jusante para montante, isto é, da foz para as cabeceiras. Esse tipo de trabalho erosivo facilita, em certas áreas, o aparecimento de rios decapitados. Nos degraus das cachoeiras pode-se observar, com mais facilidade, o trabalho remontante da erosão. A erosão solar ou erosão térmica é a denominação dada por alguns autores ao trabalho de desagregação mecânica realizado pelos raios solares – insolação. O termo erosão térmica é uma denominação, até certo ponto imprópria, utilizada por alguns autores para os efeitos da insolação sobre as rochas. Deve-se preferir o termo meteorização ou mesmo erosão elementar. A erosão vertical ocorre pela atividade de escavamento das águas correntes e dos glaciais, no sentido de aprofundamento do leito do vale. Assim, ocorre uma verticalização do leito que se torna mais profundo. Por fim, tem-se a erosão zoógena que corresponde ao processo erosivo de desgaste e depósito provocado por animais. Conforme visto acima, existem vários tipos de erosão. Porém, esta pesquisa dedicar-se-á exclusivamente ao estudo da erosão marinha, por ser o objeto de estudo eleito para o presente trabalho, sendo, dessa forma, pormenorizada. 4.3 Erosão marinha – o desastre em estudo Viu-se anteriormente que existem diversos tipos de erosão, porém, atémse à erosão marinha, por ser o desastre natural que está causando sérios prejuízos à praia de Icaraí, em Caucaia, no estado do Ceará. O estudo da erosão marinha e dos movimentos de variação do nível do mar é de grande importância para as morfologias litorânea e continental. O Brasil, que possui uma grande faixa costeira, tem desenvolvido pesquisas, tanto das partes litorâneas, como da topografia da plataforma continental. A erosão marinha, de forma gradativa, vem ao longo dos anos causando a destruição das praias do litoral cearense, principalmente a praia de Icaraí no município de Caucaia na RMF. É um evento adverso que há muitos anos preocupa os gestores municipais, haja vista essa destruição acarretar prejuízos sociais e econômicos locais. Castro (2007, p. 145), define erosão marinha como sendo: O resultado do movimento das águas oceânicas que atuam sobre as bordas litorâneas, modelando o relevo de forma destrutiva. Esse movimento das águas pode, também, modelar o relevo de forma construtiva, resultando em acumulação marinha e, conseqüentemente, dando origem a praias, restingas, recifes e tômbulos. Magalhães (1973, p. 100), diz que a “erosão marinha, também chamada abrasão, é a ação destrutiva das águas do mar sobre o litoral”. A erosão marinha é a ação destrutiva das águas do mar, também conhecida pelo nome de abrasão; realiza-se por intermédio de vagas, graças aos fragmentos de rochas que consigo levam. O tipo mais completo de costa oriunda dessa atividade é a falésia ou faleja, abrupta como um paredão (MAGALHÃES, 1983). Leinz e Amaral (2003, p.183) explicam a erosão marinha a partir dos efeitos que ocasiona na costa: Os efeitos do desgaste mecânico localizam-se principalmente na região costeira, onde a costa é abrupta, chamada de costão, falésia, ou “cliff”, pelos ingleses. Nas praias, o efeito erosivo é mínimo ou quase nulo. Nos costões, contudo, verifica-se um grande e brusco impacto, sendo transformada a energia da onda em trabalho erosivo, o que não se dá nas praias, onde as ondas se quebram e se perdem mansamente nas areias. A água frequentemente carregada de areia penetra nas fendas, que aos poucos se vão tornando cada vez mais fundas, até que afrouxa e desloca enormes blocos de rocha. Estes, na época de ressacas são jogados a grande distância. Com o embate das ondas no costão, as águas levantamse até quase o dobro da altura original, graças à decomposição da força horizontal da onda. A componente vertical, embora bastante diminuída, pode tornar-se considerável. Segundo Castro (2007, p. 145), da mesma forma que os rios, na condição de agente de erosão, o mar atua de acordo com os seguintes mecanismos gerais: • Ação hídrica funcionando como grandes martelos hidráulicos sobre o relevo litorâneo, provocando a desagregação das rochas; • Ação corrasiva (corrasão), desgastando o relevo litorâneo, através do atrito de fragmentos de rochas e de areia em suspensão nas ondas; • Ação abrasiva, desgastando os fragmentos de rocha em suspensão, através do atrito dos mesmos contra as formações litorâneas; • Ação corrosiva, diluindo os sais solúveis, resultantes da desagregação das rochas e de restos de animais marinhos. A erosão costeira é um fenômeno de proporções globais que vem se agravando com o aumento do nível dos mares provocado pelo aquecimento do planeta e o conseqüente degelo das regiões polares. Localmente, porém, diversos fatores podem acelerar e multiplicar os efeitos destes impactos, especialmente quando interferem no fluxo de sedimentos e no equilíbrio dinâmico da linha de costa e seus processos. Dentre estes fatores de interferência humana podemos destacar as construções irregulares em praias, campos de dunas, margens de rio, encostas e bordas de tabuleiros (falésias); a fixação e desmonte de dunas; e a construção de portos, quebra-mares e grandes obras de engenharia sem o devido cuidado de não interromper o fluxo sedimentar costeiro (CAMPOS, 2003). 4.4 Obras de contenção do avanço do mar Mais recentemente o avanço do mar tem ocupado os telejornais, artigos da imprensa escrita, dentre outros. A falta de sedimentos na praia é devida à exaustão da fonte e à retenção de sedimentos através de barragens fluviais e obras marítimas. Os atuais processos de controle de erosão costeira através de obras de contenção têm apresentado deficiências (MMA, 1998) e, geralmente, não permitem o uso da praia recreativa. Atualmente as obras utilizadas para controle de erosão costeira podem ser resumidas a dois aspectos: • Obras de engenharia via de regra caras e, na maioria dos casos, destruindo o acesso da população à praia; • O custo de manutenção das obras que muitos municípios não podem arcar. Os tipos mais utilizados de obras para contenção do avanço do mar no Brasil e no mundo são os seguintes: • Enrocamento com pedras graníticas; • Muro de arrimo com pedras graníticas; • Gabião; • Dissipador de Energia Barra Mar BagWall. Para o enrocamento com pedras, conforme apresentado na figura 02, são colocadas pedras dentro do mar para conter seu avanço criando um talude de estabilização. Essa tecnologia apresenta como vantagens apenas a durabilidade do material e a flexibilidade para remoção e colocação dos materiais. Porém, em contrapartida, as desvantagens são inúmeras e graves, tais como, a forte agressão ao meio ambiente, o efeito visual desarmônico com o ambiente urbano, a extinção do acesso à praia e o alto custo de manutenção (Souza, 2009). Já o muro de arrimo com pedras graníticas, disposto na figura 03, é feito de alvenaria de pedra granítica com argamassa de cimento e areia, utilizado como paramento para contenção de avanço de mar protegendo a área erodida. Apresenta como vantagem só o baixo custo construtivo, mas tem várias desvantagens, ou seja: dificulta o acesso da população à praia, aumenta a erosão da praia devido ao choque do trem de ondas no paramento do muro, ocorre a erosão do aterro do muro devido à subpressão da maré e provoca a destruição do muro de arrimo. Figura 02 – Pedras de enrocamento Fonte: Revista de Gestão Costeira Integrada (2008) O gabião, ilustrado na figura 04, é a utilização de pedra arrumada revestida com tela, para conter o efeito da maré nas áreas afetadas. Apresenta como vantagem a durabilidade de 5 anos, porém são inúmeras as desvantagens dessa tecnologia, tais como: dificulta o acesso da população à praia; destruição das telas do gabião devido ao choque do trem de ondas, da salinidade do mar, e da ação de vândalos; risco de acidentes nos fios oxidados das telas para os banhistas; desarrumação das pedras após a destruição das telas; erosão do aterro da contenção; perigo de saúde, proliferação de ratos e insetos. Figura 03 – Muro de arrimo com pedras graníticas. Fonte: Revista de Gestão Costeira Integrada (2008) O Dissipador de Energia Barra Mar BagWall, segundo apresentado na figura 05, é uma obra de engenharia rígida que contém o avanço do mar na linha de costa, dissipa a energia das ondas no local da intervenção sem transferir o processo erosivo para áreas adjacentes, promove a engorda natural da praia e garante o acesso da população a praia recreativa. Figura 04 – Gabião. Fonte: Revista de Gestão Costeira Integrada (2008) A tecnologia supra mencionada tem se mostrado eficaz no controle da erosão marinha no litoral de Alagoas, onde já foram construídos três dissipadores de energia, sendo um em uma região de falésias na praia de Japaratinga, e os outros dois em uma região de dunas na praia de Ponta Verde, em Maceió, e na praia de Barra Nova em Marechal Deodoro, todos em perfeito funcionamento. O uso de enchimento de geoformas têxteis com concreto para proteção de avanço do mar é uma tecnologia utilizada há mais de 50 anos nos EUA, onde são denominados “SEAWALL’S”, e tem uma vida útil média de 30 anos sem necessidade de manutenção. O “BagWall” (BW) facilita o acesso dos banhistas à praia tornando-a aprazível. O material construtivo utilizado é de fácil obtenção, pois o enchimento das geoformas é feito com micro-concreto. A metodologia de execução utiliza 90% da mão de obra local. Esteticamente o dissipador se harmoniza com o ambiente urbanizado com bom efeito visual. Figura 05 – Dissipador de Energia do Tipo Barra Mar “Bag Wall” em Maceió-AL. Fonte: IMAC. O Dissipador de Energia Barra Mar BagWall (DEBMBW) pode ser removido e/ou ampliado. No primeiro caso os blocos de concreto são superpostos e pesam 2 (duas) toneladas fora d’água, o que facilita a remoção. No segundo caso, se houver necessidade futura de aumento da altura do dissipador. O Dissipador de Energia é garantido contra os efeitos da sub-pressão da maré, pois sua base é construída abaixo do nível da maré. O DEBMBW utiliza a terceira Lei de Newton (Ação e Reação): "Se um corpo A aplica uma força sobre um corpo B, este corpo B aplicará simultaneamente uma força de igual intensidade e direção, mas em sentido contrário, sobre o corpo A". Na prática ocorre da seguinte forma: uma onda aproxima-se da muralha de contenção, acompanhada por um trem de outras ondas; quando a primeira onda choca-se contra a muralha, ela é dissipada em sentido oposto quebrando a força da onda quem vem logo em seguida. Esse movimento de vai-e-vem das ondas, faz com que as mesmas desloquem areia do mar para as proximidades do BagWall, provocando assim a engorda natural da praia. 5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 5.1 Classificação da pesquisa A pesquisa é uma das formas que se tem para reconhecer a realidade das relações do mundo, pois, é através da pesquisa que se descobrem fatos e dados em qualquer campo do conhecimento. A pesquisa é um procedimento formal, com métodos de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para reconhecer a realidade ou para descobrir verdades, ainda que parciais (LAKATOS e MARCONI, 2005). O presente estudo se assentou na modalidade de pesquisa qualitativa. Essa forma de pesquisa, segundo Creswell (2007, p. 35), deve ser entendida com o seguinte contorno: Ë aquela em que o investigador sempre faz alegações de conhecimento com base principalmente ou em perspectivas construtivas (ou seja, significados múltiplos das experiências individuais, significados sociais e historicamente construídos, com o objetivo de desenvolver uma teoria ou um padrão) ou em perspectivas reivindicatórias/participatórias (ou seja, políticas, orientadas para a questão; ou colaborativas, orientadas para mudança) ou em ambas. Ela também usa estratégias de investigação como narrativas, fenomenologias, etnografias, estudos baseados em teorias ou estudos de teoria embasada na realidade. O pesquisador coleta dados emergentes abertos com o objetivo principal de desenvolver temas a partir de dados. É nesse sentido que se posiciona o presente estudo nos contornos da pesquisa qualitativa, tentando estabelecer uma relação entre a realidade e a subjetividade na busca de um caminho para solução do problema delimitado para esta pesquisa. Ainda, conforme o mesmo autor: A pesquisa qualitativa ocorre em um cenário natural. O pesquisador qualitativo sempre vai ao local (casa, escritório) onde está o participante para conduzir a pesquisa. Isso permite ao pesquisador desenvolver um nível de detalhes sobre a pessoa ou sobre o local e estar altamente envolvido nas experiências reais dos participantes. (CRESWELL, 2000, p. 186) Esse cenário facilita a pesquisa e contribui para que o pesquisador tenha subsídios necessários para avaliar o ambiente interno e externo no qual estão inseridos os participantes. A avaliação ambiental muito contribui com objeto da pesquisa a medida que se verifica o grau de organização e comprometimento do entrevistado. Por outro lado, as abordagens qualitativas de pesquisas se fundamentam numa perspectiva que valoriza o papel ativo do sujeito no processo de produção de conhecimento e que concebe a realidade com uma construção social (ANDRÉ, 2005). O referido autor revela-nos que há uma valorização do sujeito no desenvolvimento da pesquisa facilitando com isso a produção do conhecimento depreendida através da realidade do cotidiano. Ainda no campo da tipologia da pesquisa será realizada uma pesquisa documental que reunirá os documentos relacionados ao desastre em estudo. Dentre os documentos utilizados figuram o documento de avaliação de danos (AVADAN) e os decretos do chefe do executivo municipal. Estes documentos expressam as dimensões do dano em estudo e a caracterizacao da área. A característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias. Estas podem ser feitas no momento em que o fato ou fenômeno ocorre, ou depois. (LAKATOS e MARCONI, 2005, p.176) Utilizou-se neste trabalho, a pesquisa descritivo-exploratória, através de materiais bibliográficos, livros e artigos científicos. Gil (2002, p. 41) assim se manifesta sobre as pesquisas exploratórias: (...) têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, como vistas a torná-los mais explicativo ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto bastante flexível, de modo que possibilita a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. Na maioria dos casos, essas pesquisas envolvem: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiência práticas com o problema pesquisado; e (c) de exemplos que “estimulem a compreensão” (Selltiz at al., 1967, p. 63). Assim, desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa, de cunho descritivoexploratório, baseada na pesquisa bibliográfica e documental, tendo como fontes de dados o AVADAN e o decreto do chefe do executivo municipal. 5.2 Resultados e discussão 5.2.1 Localização e caracterização da área em estudo A Praia de Icaraí situa-se no Estado do Ceará, tendo este um território de 148.016 km² e encontra-se entre as coordenadas 2° 4 6’ 30” e 7° 52’ 15” de latitude Sul e 37° 14’ 54” e 41° 24’ 45” de longitude Oeste de Greenwich. Icaraí está agrupada dentro da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e pertence ao Município de Caucaia. O Município de Caucaia, cujo nome significa “mato queimado”, foi criado por Provisão Régia em 1759 e está localizado no norte do Ceará, a 20 km em linha reta da capital do Estado, a 25 km do Aeroporto Pinto Martins e a 30 km do Porto de Fortaleza, além de compartilhar as instalações do Complexo Industrial e Portuário do Pecém com o município de São Gonçalo do Amarante. Mais especificamente, Caucaia situa-se a 3° 44’ 10’’ de latitude Sul e 38 ° 39’ 11’’ de longitude Oeste, fazendo fronteira ao Norte com o Oceano Atlântico e com o município de São Gonçalo do Amarante; ao Sul com o município de Maranguape; a Leste com os municípios de Maranguape, Maracanaú e Fortaleza; e a Oeste com os municípios de São Gonçalo do Amarante, Pentecoste e Maranguape. Possui aproximadamente 316.906 habitantes, de acordo com a contagem da população promovida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2007. Caucaia está dividida em 08 (oito) distritos: Caucaia (sede), Bom Princípio, Catuana, Guararu, Jurema, Mirambé, Sítios Novos e Tucumduba e possui uma área territorial de 1.227,90 km², correspondendo a 0,83% da área total do Ceará, com uma altitude média de 29,9 metros em relação ao nível do mar. Conforme dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), Caucaia apresenta um relevo diversificado, abrangendo a planície litorânea, os tabuleiros pré-litorâneos e as depressões sertanejas. De acordo com o Índice Municipal de Alerta (IMA), calculado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE), Caucaia é um dos municípios menos vulneráveis aos fatores climáticos no Ceará. Na faixa litorânea há a presença de numerosos recursos hídricos e um cordão de dunas paralelo à beira mar. As praias, ao longo desta faixa, compõem uma paisagem de destaque, sendo as principais: Cumbuco, Iparana, Pacheco, Icaraí, Dois Coqueiros, Tabuba e o Lagamar do Cauípe. O acesso é realizado a partir da Zona Oeste de Fortaleza pela rodovia BR-222. Quanto à pavimentação é revestida com manta asfáltica e apresenta bom estado de conservação. Outra opção é seguir pela rodovia CE-085 que se inicia no entroncamento das BR-020/222, terminando na praia do Icaraí, palavra de origem indígena que significa água ou rio salgado. Hoje, com os desmembramentos ocorridos face à emancipação de vários distritos (Eusébio, Guaiúba, Itaitinga e Maracanaú) e a agregação de outros municípios como os de Horizonte, Pacajus, Chorozinho e São Gonçalo do Amarante, conforme a Lei 12.989 de 29 de dezembro de 1999, a RMF inclui 13 municípios. A configuração sócio-espacial resultante da junção desses 13 municípios produziu um vasto território no entorno da capital incluindo áreas dinâmicas nos moldes de distrito industrial, como o de Maracanaú, de corredor de atividade industrial como o de formação recente, localizado ao longo da BR-116 entre os municípios de Horizonte e Pacajus e, no litoral, vários equipamentos turísticos e especialmente, o Complexo Portuário do Pecém, na porção oeste, nos municípios de São Gonçalo do Amarante e Caucaia. As ligações rodoviárias e a integração do espaço às redes informacionais, intensificaram os fluxos de pessoas, mercadorias e capital no interior da região metropolitana (BORZACCHIELLO, 2007). A Região Metropolitana de Fortaleza compreende os seguintes municípios: Fortaleza, Caucaia, Aquiraz, Eusébio, Itaitinga, Guaiúba, Pacatuba, Chorozinho, Horizonte, Pacajus, Maranguape, Maracanaú e São Gonçalo do Amarante, e foi estabelecida em seu número atual de municípios no ano de 1999, pelo então Governador do Estado Tasso Ribeiro Jereissati. A região da praia de Icaraí, objeto deste estudo, encontra-se entre as coordenadas 3º 1’ 28” de Latitude Sul e 39º 38' 48 de Longitude Oeste. E como já foi mencionado, está inserida na RMF encontrando-se a oeste da Capital do Estado. Distando 31 km de Fortaleza, possui como principal via de acesso a rodovia CE-090. Esta praia compreende uma faixa litorânea de aproximadamente 3,5 km ao longo da costa, que vai do limite com a praia do Pacheco, a partir do Icaraí Clube de Veraneio até a ponte que liga a Tabuba, sobre o riacho Barra Nova. É considerada uma das praias mais freqüentadas pelo público jovem, palco dos melhores campeonatos de surf do Brasil, onde eventos locais, nacionais e internacionais são realizados, sendo o “point” dos surfistas. O local atrai pessoas do mundo inteiro, ligadas à prática de esportes náuticos, devido à temperatura ideal da água e por ser uma das mais belas praias do Ceará. O bairro-praia de Icaraí apresenta uma ocupação consistente, resultante do acelerado processo de urbanização da cidade de Caucaia a partir dos anos de 1980. Com isso, a região litorânea do Icaraí assume o papel de bairro-dormitório, com um processo de valorização do turismo e do lazer. Atividades que são as principais características do lugar, mediante a implantação de “segunda-residência” para veraneio. A praia ainda dispõe de bares, pousadas, hotéis, posto do Banco do Brasil, supermercados, lanchonetes, farmácias, padarias e outros. 5.2.2 Os efeitos da erosão marinha na Praia de Icaraí Percebe-se que a erosão marinha é um fenômeno natural que, sem a intervenção do homem, atua no litoral modelando sua forma sem grandes problemas. Porém, o que se vê na praia de Icaraí, é um alto poder destrutivo do mar, acelerado pela construção de obras de engenharia nas adjacências do município de Caucaia. A Figura 06 apresenta o poder destrutivo da erosão marinha sobre os estabelecimentos comerciais situados na praia de Icaraí Há aproximadamente 20 anos a maré alta vem causando transtornos na orla marítima de Caucaia, principalmente nas praias de Iparana, Pacheco e Icaraí. A erosão marinha já destruiu algumas das praias mais conhecidas do município. Essas praias são um forte atrativo econômico para o desenvolvimento do turismo na região e situam-se entre os portos do Mucuripe e do Pecém. As intervenções paliativas realizadas até agora no intuito de proteger o patrimônio têm deixado a desejar, pois existem trechos do litoral com a balneabilidade comprometida e perda de qualidade visual com o processo erosivo se agravando a cada ressaca, principalmente as de sizígia. Figura 06 – Destruição provocada pela erosão marinha na praia de Icaraí. Fonte: Elaboração própria, 2009. As intervenções humanas ao longo do litoral da RMF, notadamente intensificadas com obras de engenharia, impedem o livre trânsito de sedimentos, proporcionado pela deriva litorânea de sedimentos, verificando-se principalmente no porto de Mucuripe uma retenção considerável, trazendo consigo uma agradação da linha de costa em detrimento da degradação em Icaraí. Figura 07 – Comerciantes se protegendo da erosão marinha na praia de Icaraí. Fonte: Elaboração própria, 2009. A faixa de praia da região metropolitana de Fortaleza sofreu processos de progradação e retrogradação durante as últimas décadas (MORAIS, 1972; MORAIS; PITOMBEIRAS, 1974; MORAIS, 1981) com implicação direta na instalação do Porto do Mucuripe, e todos os quebra-mares colocados ao longo do litoral norte de Fortaleza, muro de proteção no município de Caucaia formando arcos praiais oriundos dos enrocamentos perpendiculares a linha de praia. Considerando este contexto erosivo foi aproveitada a área do antigo Porto de Fortaleza para construção de marinas no sentido de dar abrigo a um empreendimento hoteleiro. Tal impacto ambiental reflete diretamente no uso e ocupação da praia de Icaraí, causando destruição de edificações próximas à orla e obrigando a elaboração de medidas mitigadoras, como é o caso da instalação de uma barreira rochosa disposta ao longo da praia, conforme ilustra a figura 07. Os barraqueiros, assim como são conhecidos os comerciantes quem têm seus estabelecimentos comerciais na orla da praia de Icaraí, temerosos de perderem totalmente seus patrimônios, devido à erosão marinha, por conta própria, constroem suas próprias barreiras de contenção do avanço do mar. Isso de forma artesanal e sem nenhum estudo científico de eficiência. 5.2.3 Obras de engenharia que contribuíram para o desastre no Icaraí A construção de grandes obras como estradas, portos, quebra-mares (espigões), aterros, etc., contribuíram enormemente para a alteração na dinâmica costeira e a ocorrência de processos erosivos, modificando os padrões de transporte de sedimentos e de material biológico carregados pelas correntes costeira e de deriva, e causando desequilíbrios sedimentares. Os desequilíbrios causados pelas obras no domínio marinho têm como conseqüência o desencadeamento de processos erosivos que podem provocar profundas alterações no perfil da linha de costa e causar, além de perdas ambientais, sérios prejuízos à sociedade. Estas alterações na dinâmica de transporte e deposição de materiais podem promover o acúmulo excessivo de sedimentos em algumas localidades, como a Praia Mansa, no Porto do Mucuripe (Fortaleza), formada após a construção do espigão do porto, demonstrado na figura 08, ou a retração significativa da linha de costa pela ausência de reposição destes sedimentos, como a erosão ocorrida na Praia de Iparana, vizinha a de Icaraí, em Caucaia, onde as estimativas de recuo ultrapassam os 400 metros. Normalmente os quebra-mares são construídos na tentativa de minimizar os impactos decorrentes da construção de obras como portos ao longo da costa, para conter os processos erosivos já ocorrentes ou para abrigar locais como marinas e atracadouros da força das ondas e correntes. No litoral do Ceará, os impactos erosivos decorrentes da instalação do Porto do Mucuripe levaram à construção de uma série de 11 quebra-mares a oeste de sua área de influência (VALENTINI, 1994). Com a construção do Porto do Pecém o processo erosivo da costa cearense intensificou-se, haja vista a referida obra ter provocado um déficit de sedimentos muito elevado. Figura 08 – Quebra-Mar (espigão) Fonte: http://f.i.uol.com.br/folha/ilustrada/images/0702476.jpg A praia do Pecém fica a 55 km de Fortaleza e apresenta uma dinâmica litorânea complexa, definida por agentes passivos e ativos (LAVOR; CLAUDINO; SALES, 2001). Os agentes ativos são controlados pelas variáveis da dinâmica litorânea. Os agentes passivos considerados são a ponta rochosa do Pecém, a pequena declividade da área infra-litorânea (INPH, 1997) e a disposição da linha de costa, SE-NW a barla mar da ponta e ENE-WSW na enseada a sotamar. Esse conjunto de fatores passivos implica em direção oblíqua de arrebentação das ondas (CLAUDINO SALES e MAIA, 2002). O promontório Ponta do Pecém atua como agente facilitador da transferência, através do transpasse (bypass) eólico para a jusante da ponta e sobre a área costeira, de sedimentos oriundos da praia a montante. Por outro lado, ela intercepta no ambiente marinho os sedimentos que vêm do quadrante leste através da ação da corrente litorânea: tal interrupção implica em instalação de condições erosivas a jusante da ponta (enseada do Pecém), a qual é relativamente compensada pela ação do bypass costeiro, que se realiza através de migração de dunas. Com efeito, a deriva litorânea realiza um transporte anual de sedimentos da ordem de 350.000 m³, dos quais cerca de 250.000 m³ são interceptados ao nível da ponta (INPH, 1997). O volume de sedimentos transportados pelos ventos no segmento costeiro que atinge a enseada é de ordem de 58.000 m³ anuais (MAIA, 1988; LAVOR; CLAUDINO; SALES, 2001). Em tal contexto, do ponto de vista natural, ocorre anualmente um déficit de cerca de 190.000 m³ anuais a sotamar da ponta do Pecém, fato responsável por um permanente processo erosivo nesse setor. Esse processo natural foi bastante ampliado a partir da urbanização do litoral de Fortaleza, de onde provêm as areias quer alimentam as praias situadas a leste dessa cidade. Tal quadro propiciava uma erosão costeira da ordem de até 2 m por ano antes da instalação do complexo industrial-portuário do Pecém pelo Governo do Estado do Ceará em 1996 (SILVA et al, 1997). A ocupação da faixa litorânea por obras de infra-estrutura portuária e industriais diminuiu o bypass (transpasse eólico de sedimentos) litorâneo de sedimentos e eliminou completamente o bypass pela ação das dunas, ampliando o processo erosivo para níveis de perda de faixa de praia de até 13m no ano de 2000 (CLAUDINO; SALES; MAIA, 2002). No tocante ao bypass litorâneo, havia previsão de realização de bypass artificial como atividade mitigadora dos impactos ambientais do porto, o que nunca ocorreu (LAVOR; CLAUDINO; SALES, 2001). A grande quantidade de sedimentos retidos pelo porto vem produzindo engorda a Sotamar. Outro grande problema para Caucaia foi o que ocorreu na Praia de Iracema, em Fortaleza, pois a urbanização da linha de costa dessa praia vem há décadas interceptando o acesso das areias oriundas do setor leste em direção às praias adjacentes, situação da qual resulta déficit de areias e erosão de praias a oeste. O marco desse processo erosivo é a instalação, na década de 1940, da estrutura portuária “Porto do Mucuripe”: na década de 70, a erosão atingiu níveis catastróficos, resultando em uma retração de mais de 100 m da linha de costa na Praia de Iracema, no litoral central de Fortaleza (FÉ, 2004). Ainda na década de 70, o Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias – INPH elaborou, por solicitação do governo do estado, projeto visando à contenção da erosão e a regeneração desse segmento litorâneo. O projeto previa a construção de quebra-mares e a adição de novas areias na área. O projeto, no entanto não foi executado, dele tendo resultado apenas a instalação de molhe costeiro e muros de contenção hoje presentes na faixa litorânea. (SALES, 2007). As conseqüências dessa intervenção já são amplamente conhecidas (MORAIS, 1981; MAIA, 1998): a Praia de Iracema foi parcialmente protegida, mas o espigão reproduziu o mesmo efeito gerado pelo Porto do Mucuripe, ampliando a erosão na faixa litorânea situada entre a Praia de Iracema e a Barra do Ceará, exigindo assim que uma bateria de 11 espigões fosse instalada nesse trecho. Dessa intervenção resultou ampla recessão nas praias de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, situadas a oeste de Fortaleza. 5.2.4 Erosão marinha no Icaraí: um desafio para o poder público O acelerado processo de ocupação urbana da zona costeira mundial é um dos principais fatores do impacto ambiental na orla marítima. Esse crescimento populacional, conforme o Capitulo 17 da Agenda 21 (CNUMAD, 1992) indica uma tendência para o ano de 2020 de uma população superior a 8 bilhões, onde cerca de 65% das cidades com mais de 2,5 milhões de habitantes estarão situadas na zona costeira. Alguns cientistas estimam que 70% das linhas de costa no mundo experimentam erosão (LIRA,1997). No Brasil os principais casos de erosão marinha são devido a dois fatores (MMA, 2000): • padrões de dispersão e transporte de sedimentos da zona costeira; • intervenções humanas na zona costeira, seja através de obras de engenharia, seja através do uso do solo inadequados. No início do ano de 2009 a Defesa Civil de Caucaia elaborou o Relatório de Avaliação de Danos (AVADAN), documento que atesta a ocorrência do desastre, e o encaminhou ao prefeito municipal a fim de decretada a situação de emergência. O processo foi encaminhado ao Governo do Estado, sendo homologado através do Decreto nº 29.683, de 18/03/2009, publicado no Diário Oficial do Estado Série 3, Ano I, nº 053, datado de 23 de março de 2009. Atualmente todo o Processo relativo à erosão marinha na orla de Caucaia encontra-se no Ministério da Integração Nacional, na sede da Secretaria Nacional de Defesa Civil, a fim de reconhecimento e devidas providências. O Governo Municipal de Caucaia, com o intuito de salvaguardar as praias de seu litoral, pretende adotar uma solução tecnológica para conter a erosão marinha, garantindo a preservação do patrimônio público, privado e ambiental. Essa obra pretende ser adotada inicialmente na praia de Icaraí, local mais afetado pelo desastre. Após análise das diversas tecnologias de contenção do avanço do mar, o Governo Municipal de Caucaia optou por adotar o uso de um dissipador de energia do tipo barra mar, denominado “Bag Wall”, acreditando ser essa a melhor solução, haja vista resolver o problema local, não repassando o mesmo para as áreas adjacentes, o que contrariamente ocorre com a implantação de “espigões” e outros. O “Bag Wall” é uma obra de engenharia rígida que utiliza geoformas preenchidas com concreto (SAATHOFF, 1994, 1995), que contém o avanço do mar na medida em que estabiliza a linha de costa, dissipa a energia das ondas no local da intervenção sem transferir o processo erosivo para áreas adjacentes, promove a engorda natural da praia e garante o acesso da população a praia recreativa. Os gestores municipais têm envidado esforços junto ao Governo Federal no intento de que sejam tomadas, o mais breve possível, as medidas cabíveis, com relação à construção imediata do “Bag Wall” a fim de recuperar o que ora foi destruído pela erosão marítima. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta pesquisa monográfica analisou-se o fenômeno da erosão marinha ocorrente na praia de Icaraí localizada no município de Caucaia no que se refere à intensificação do fenômeno natural/antropogênico agravado pela construção de obras inadequadas de engenharia. Todo o enfoque dado hoje às questões ambientais assume um caráter eminentemente importante no contexto da cidadania. Desde os aspectos de como ocorre a ocupação dos espaços, até discussões de cunho econômico acerca da utilização destes mesmos espaços, demanda um mínimo de análise e compreensão dos ambientes aos quais estão inseridos. Dentre os instrumentos de coleta de dados foram utilizados os relatórios de avaliação de danos do município de Caucaia, bem como o decreto do chefe do executivo municipal reconhecendo o impacto socioambiental provocado pelo processo erosivo. Todo o material disponível foi estudado e analisado com o intuito de se desvelar a realidade e reconhecer a situação da erosão marinha. Indiretamente, pode-se elaborar subsídio para o chefe do executivo municipal, questionar as obras de engenharia que estão sendo realizadas no município de Fortaleza, bem como suas conseqüências no município de Caucaia. Dentre os muitos achados na pesquisa, os seguintes aspectos foram evidenciados com maior ênfase: • A praia do Icaraí atrai pessoas do mundo inteiro, ligadas à prática de esportes náuticos e por ser uma das mais belas praias do Ceará; • A erosão marinha é um fenômeno natural que, sem a intervenção do homem, atua no litoral modelando sua forma sem grandes problemas; • A erosão marinha já destruiu algumas das praias mais conhecidas do município. Essas praias são um forte atrativo econômico para o desenvolvimento do turismo no município; • As intervenções paliativas realizadas até agora no intuito de proteger o patrimônio têm deixado a desejar; • As intervenções humanas ao longo do litoral da RMF, notadamente intensificadas pela construção de obras de engenharia, acentuam o processo erosivo da faixa praial do Icaraí; • Tal impacto ambiental reflete diretamente no uso e ocupação da praia de Icaraí, causando destruição de edificações próximas à orla e obrigando a elaboração de medidas mitigadoras de desastres; • Os barraqueiros temerosos de perderem totalmente seus patrimônios, devido à erosão marinha, constroem suas próprias barreiras de contenção do avanço do mar, gerando outros impactos sobre o ambiente complexo da praia; • A construção de grandes obras como estradas, portos, quebra-mares (espigões), aterros, etc., contribuíram enormemente para a alteração na dinâmica costeira e a ocorrência de processos erosivos; • Os desequilíbrios causados pelas obras no domínio marinho têm como conseqüência o desencadeamento de processos erosivos; • Com a construção do Porto do Pecém o processo erosivo da costa cearense intensificou-se, haja vista a referida obra ter provocado um déficit de sedimentos muito elevado. Em vistas dos resultados apresentados, surgem algumas sugestões para mitigar o processo de erosão marinha nas praias do Icaraí: • Construir obras de engenharia na orla marítima mediante o relatório de impacto ambiental (RIMA); • Construir, preferencialmente, o dissipador de energia barra mar “Bag Wall”, que gera mínimos impactos ambientais e maior efetividade na contenção do avanço do mar, reduzindo os efeitos da erosão marinha. Estudos adicionais são necessários para estender esse estudo a outros município cearenses e, talvez, outros estados da federação, para se conhecer os impactos desse fenômeno em ambientes praial diferentes e as soluções encontradas pela defesa civil para enfrentar a erosão marinha. 7 REFERÊNCIAS ANDRE, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Estudo de caso em pesquisa e avaliação educacional. Brasília: Líber Livro Editora, 2005. AB’SABER, Aziz Nacib. Fundamentos da Geomorfologia Costeira do Brasil Atlântico Inter e Subtropical. Revista Brasileira de Geomorfologia. 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