SISTEMA TEÓRICO DA AFETIVIDADE AMPLIADA E A NOÇÃO DE
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SISTEMA TEÓRICO DA AFETIVIDADE AMPLIADA E A NOÇÃO DE
SISTEMA TEÓRICO DA AFETIVIDADE AMPLIADA E A NOÇÃO DE INTERAÇÃO: BREVE SÍNTESE EPISTEMOLÓGICA – PARTE I (ACERCA DA UNIFICAÇÃO DA REALIDADE E DO MÉTODO CIENTÍFICO) Theoretical System of Extended Affectivity and the notion of interaction: A brief epistemological synthesis – Part I (About the unification of reality and scientific method) RENÉ SIMONATO SANT’ANA-LOOS1 [email protected] HELGA LOOS-SANT’ANA2 RESUMO Evidencia-se o conceito de interação e seu potencial para edificar uma teoria unificadora da realidade, uma vez que a rede interacional faz (re)montar o nexo da funcionalidade das relações existentes, de maneira recíproca, interdependente e multidirecional. O Sistema Teórico da Afetividade Ampliada (STAA) reconhece em tal processo a lógica do “afetar e ser afetado” e a busca pela homeostase. Defende, ainda, a possibilidade de se conceber e executar a ciência e seus métodos dentro dessa abordagem monista. Palavras-chave: Afetividade Ampliada; Interação; Monismo; Método Científico; Homeostase. ABSTRACT It is here examined the concept of interaction and its potential for the creation of a reality-unifying theory, as the interactional network modulates the functionality nexus of existent relationships in a reciprocal, interdependent and multidirectional manner. The Theoretical System of Extended Affectivity (TSEA) recognizes the logic of “affecting and being affected” in these processes, as well as the need for homeostasis. Likewise, it claims the possibility of conceiving and executing science and its methods in a monistic approach. Keywords: Extended Affectivity; Interaction; Monism; Scientific Methods; Homeostasis. 1 Graduado em Filosofia (UFPR); Mestre em Educação, linha de pesquisa: Educação, Cultura e Tecnologia (UFPR); Doutor em Educação, linha de pesquisa: Cognição, Aprendizagem e Desenvolvimento Humano (UFPR). E-mail: [email protected] 2 Graduada em Psicologia (UFRN); Mestre em Psicologia, área de concentração: Psicologia Cognitiva (UFPE); Doutora em Educação, área de concentração: Psicologia, Desenvolvimento Humano e Educação (UNICAMP). Professora do Departamento de Teoria e Fundamentos da Educação e da Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná. E-mail: [email protected] SISTEMA TEÓRICO DA AFETIVIDADE AMPLIADA E A NOÇÃO DE INTERAÇÃO: BREVE SÍNTESE EPISTEMOLÓGICA – PARTE I (ACERCA DA UNIFICAÇÃO DA REALIDADE E DO MÉTODO CIENTÍFICO)3 Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito. (ALBERT EINSTEIN) Introdução Há como compreender a realidade de uma forma integral, unificada em suas diversas acepções de visão de mundo, logo de disciplinas científicas e seus métodos e metodologias? Considerando-se que o princípio que constitui cada uma das diversas ciências é baseado nos tipos de interações características que as mesmas focalizam, é bastante conveniente confiar que uma concepção realmente unificada da realidade só será possível se houver, igualmente, uma maneira de se integralizar em um sentido conceitual único o fenômeno da interação. Por conseguinte, obter-se-á a possibilidade da confecção de um método científico mais maleável e salutar ao entendimento dos fenômenos que se apresentam ao questionamento científico, o que desembocará em metodologias que permitam analisar os objetos com lucidez integralizadora. Por isso, e dito de outro modo, é apropriado afirmar que o caminho para a unificação da compreensão da realidade e do método científico está intimamente correlacionado à possibilidade de amplificação do conceito de interação. Desta feita, é este o tema fundamental que este manuscrito, com o que este espaço permite, pretende abordar. Conforme o Sistema Teórico da Afetividade Ampliada (STAA), ou, simplesmente, Afetividade Ampliada, a interação é a base da realidade tal como a concebemos (SANT‟ANA-LOOS, LOOS-SANT‟ANA, no prelo). Até agora, a tradição tem buscado entender o mundo basicamente em duas frentes: materialmente, porque efetivamente existem coisas, fenômenos; e idealmente, porquanto conseguimos conceber ideias de como as coisas são e estão, e assim se definem (conceitos, suas identidades); ou seja, apreendemos padrões de como os fenômenos se constituem e se comportam. Tal dicotomia, 3 Conforme apresentado no Seminário sobre o Sistema Teórico da Afetividade Ampliada. Curitiba, maio/2013. Curso proferido na Linha de Pesquisa Cognição, Aprendizagem e Desenvolvimento Humano da Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná. no mais das vezes, desponta em uma incomunicabilidade entre estes gêneros intelectivos, o que comumente se chama dualismo: de um lado, o materialismo (ou empirismo ou ambientalismo); e, de outro, o idealismo (ou racionalismo ou inatismo). Ambicionando superar tal perspectiva sectária da compreensão da realidade, a Afetividade Ampliada defende a tese de que precisamos explorar melhor o real sentido das interações. Isso porque a ciência, de um modo geral, tem insistido em dar prioridade ao entendimento da constituição das coisas em detrimento de colocar no mesmo rol de importância os diversos meandros interacionais que fomentam a possibilidade de as coisas existirem e se estabelecerem perante outras coisas. Ou, em outras palavras, a ciência – desde a elaboração de uma “solene” lógica que não engloba toda a lógica da realidade, com a afirmação de uma lógica linear (sequência-consequência) em detrimento de uma “lógica do preferível”, uma lógica acerca do encaminhamento da “melhor” interação (PERELMAN, 1999) – privilegiou, em grande medida, a análise da ação e negligenciou o exame perspicaz das interações. Segundo a Afetividade Ampliada, o processo das interações faz (re)montar o nexo da funcionalidade das relações existentes na realidade: de cada coisa ou fenômeno em algum momento dado por um processo contingente, determinado, entre os participantes da relação interacional. O que determina, consequentemente, a verdadeira identidade (ou conceituação) das coisas. É o que esta teoria denomina como sendo a lógica do “afetar e ser afetado”. Tal lógica ocorre em diversas escalas e perspectivas, ou seja, em uma ampliada cadeia de interações ou, propriamente, em uma afetividade ampliada – no sentido lato do termo: na capacidade/habilidade de agir afetivamente; isto é, considerando as perspectivas e os motivos do que (ou de quem) interage em consonância aos de outrem. Ainda, a Afetividade Ampliada pretende afirmar que, para o resultado se configurar o mais equilibrado possível para as partes envolvidas (homeostático, harmônico, gerando um estado até de felicidade), é preciso, igualmente, haver uma contrabalanceada dialética interacional. O STAA chamou a esse procedimento, que busca equilibrar a existência das coisas em conformidade às suas relações, e que leva em conta uma lógica baseada na vontade (devir existencial), de Dialética do Afetar e Ser Afetado ou Dialética da Afetividade Ampliada (SANT‟ANALOOS, LOOS-SANT‟ANA, no prelo). Desta feita, desejamos introduzir ao caro leitor, com o que aqui se apresenta, que a Afetividade Ampliada consegue denotar a relevância dos esforços que devem ser empreendidos em se lapidar cuidadosamente o sentido mais caro do conceito de interação. E, consequentemente, esperamos abrir caminho para apresentar os meandros dos entraves que, de um lado, ofuscam a visão da realidade de um modo integral e, de outro, congestionam a produção de métodos e metodologias convenientes para a construção de conhecimentos adequados à busca do bem viver, que é, afinal, a função da ciência por excelência. De roldão, almejamos, ainda, que se possa avançar no convencimento da importância do projeto científico que se configura o STAA. A Interação como Princípio da Realidade e a “Necessidade” da Homeostase e do Monismo A interação é o que dá nexo às coisas e à realidade. Mas a realidade também é feita de coisas. E toda e qualquer a coisa é feita de partes (outras coisas) e, igualmente, esse algo constituído também faz parte de outra coisa (a constitui) ou, muito provavelmente, de várias outras coisas. Em uma realidade multifacetada, a cada instante, é-se algo de cada vez. Em outras ocasiões, uma coisa torna-se simultaneamente diversos algo – conforme as escalas, as perspectivas, os motivos e os contextos daquilo em que está envolvida ou do alcance dessa participação. Em suma: para haver coisas, para que exista conexão entre as partes, para que haja realidade, tanto interna quanto externamente, é preciso que aconteçam interações entre as referidas composições. Mas e essas composições, as coisas, de onde vêm ou como se constituem para, interagindo, configurarem os fenômenos, os objetos e a realidade? A pergunta faz sentido, se pensarmos que se uma coisa existe ao ser feita de partes que precisam interagir para que ela exista e que, por sua vez, essas partes internas também só podem existir se as partes que a compuserem interagirem para também se postarem no mundo... Afinal, onde está o princípio básico (material) que as perfaz?4 De outro modo, se para existir coisas, fenômenos, é preciso haver interações entre outras coisas (suas partes), as quais, também, precisam estar, para existirem, efetuando esse mesmo “jogo interacional”, de onde vem ou como se configura o início de tal “brincadeira”?5 E ainda, o que de fato, no limite, está interagindo e provocando existir uma dita realidade e suas partes: as coisas, os fenômenos; incluindonos? A fim de nos colocarmos a tentar responder a este questionamento, gostaríamos de iniciar denotando que, tal como bem ilustrou Pascal, em seu texto O Homem perante a Natureza (2013), que é nas cercanias desse “imbróglio” que reside o drama humano: O homem é, em si mesmo, o objeto mais prodigioso da natureza; pois não se pode conceber nem o que é corpo, nem, menos ainda, o que é espírito, e, ainda menos, de que modo um corpo pode se unir a um espírito. Essa a sua dificuldade máxima, e, não obstante, a sua própria essência: Modus quo corporibus adhaerent spiritus comprehendi ab hominibus non potest, et hoc tamem home est. (A maneira por que se acha o espírito unido ao corpo não pode ser compreendida pelo homem, e, não obstante, é o homem. Santo Agostinho, citado por Montaigne). [...] Quando penso na pequena duração da minha vida, absorvida na eternidade anterior, no pequeno espaço que ocupa, fundido na imensidade dos espaços que ignora e que me ignoram, aterro-me e me assombro de ver-me aqui e não alhures, pois não há razão alguma para que esteja aqui e não alhures, agora e não em outro qualquer momento. Quem me colocou nessas condições? Por ordem e obra e necessidade de quem me foram designados esse lugar e esse momento? Memoria hospitis unius diei praetereuntis. (A lembrança de hóspede de um dia que passa. Sabedoria, V, 15.). [...] O silêncio eterno desses espaços infinitos me apavora. Quantos reinos nos ignoram! Por que são limitados meu conhecimento, minha estatura, a duração de minha vida a cem anos e não a mil? Que motivos levaram a natureza a fazer-me assim, a escolher esse número em lugar de outro qualquer, desde que na infinidade dos números não há razões para tal preferência, nem nada que seja preferível a nada? Para pensarmos nessa “insuportável leveza do ser” – como seria mais bem traduzida para o nosso idioma a obra de Milan Kundera (1985) –, julgamos ser preciso explorar o que provoca tal estado quase autodepreciativo. Como se 4 Nesse caso, se não temos resposta para isso, somos tentados a derivar nossa concepção de mundo para o lado idealista: afinal, se não há um princípio material a se localizar, deve-se ter um em nível do “mundo das ideias”. Contudo, isso é apenas uma questão de perspectiva, pois, invertendo o polo de observação ou atenção, se já existe um mundo, e dele tudo decorre, podemos pensar que só há princípios materiais e as ideias são apenas consequências da ação desses princípios. De qualquer forma, se formos rigorosos, um lado precisa do outro e viceversa, não sendo possível estabelecer qual deles tem prioridade. É como representado na imagem de Escher, em que a mão desenha a mão que desenha (a si): sem mão não há desenho e sem desenho não há a mão que desenha. 5 Poder-se-ia questionar, ao mesmo tempo, aonde vai parar a dita interação ad infinitum, mas, como veremos ao analisar o conceito de homeostase, o fim, matematicamente, isto é, no significado do sentido das relações, é equivalente ao início. trata de um conflito acerca da condição ou até mesmo da identidade humana, é bastante razoável imaginar que o que esteja em questão seja um estado de autoconceito mal desenvolvido (LOOS, CASSEMIRO, 2010). Isto é, sugerimos que a humanidade esteja em um estágio de, talvez ainda, não (re)conhecimento integral de si: uma fase (evolutiva) de transitoriedade, logo de instabilidade6 – provavelmente paralela à mesma questão da não concretização integral do conhecimento, de modo geral. Nesse caso, conforme aquilo que acreditamos que nos faz humanos, centramo-nos quase que exclusivamente em agirmos como se fôssemos um ponto da realidade, uma referência autônoma, uma consciência per se. O próprio relato de Pascal é um ato de consciência enquanto uma referência que não se compreende em meio à infinidade de dupla direção: das partes que lhe compõem adentro; e da grandiosidade que vai além de si. Mas ele sabia da existência do paradoxo que produziu para si mesmo e que lhe atormentava: age como se fosse um ponto (no caso humano, uma consciência), mas já havia concluído em outros momentos (p. ex., 2004) que não existem, no limite, pontos; tudo é parte de algo; e, como sempre um ponto pode ser dividido, não estamos falando de um ponto concreto, mas apenas de um momento “virtual” que se afigura como um ponto. Por isso, o desespero: quem sou eu, esse ser virtual (ilusório?), perante tudo isso, o universo, a natureza? Isso parecia antecipar o que Gödel, alguns séculos depois, definiu em seu Teorema da Incompletude (GÖDEL, 2012; GOLDSTEIN, 2008; NAGEL, NEWMAN, 2007; SANT‟ANA-LOOS, 2013; SANT‟ANA-LOOS, LOOS-SANT‟ANA, no prelo): nada se explica por si mesmo; todo conjunto de proposições7 depende de outros conjuntos externos a si para se explicar; ou seja, para fazer e ter sentido. Todo esse desespero acerca do sentido do que interage – que, em muitos casos, deriva para o sentimento da inexistência de harmonia, de estabilidade, de que tudo é um conflito ad aeternum (inclusive dentro de nós mesmos, em nossas psiques) –, parece fazer esquecer algumas coisas óbvias, por exemplo: somos, também, parte do universo; somos o universo acontecendo. Neste 6 Verificar, para maior esclarecimento, nosso texto, que consta também nesse Número Temático, intitulado “A Afetividade Ampliada enquanto Meta-Teoria: breve ensaio acerca do que nos faz humanos e repercussões para a Psicologia”. 7 O que funciona como um conceito, já que um conjunto de proposições é o aglomerado de algo que busca fazer sentido, que, por sua vez, forma uma conclusão acerca do que define algo, ou seja, daquilo que normaliza a identidade de algo. sentido, não nos damos conta nem do que significa a palavra consciência; literalmente: com (a) ciência, de posse de (a) ciência. Assim, cada um de nós, com (e já sendo) nossas consciências, também somos referências de como o universo acontece ou pode ocorrer: afinal somos o universo acontecendo. E, como esse jogo é duplo, não é somente o universo que se constitui referência de como devemos existir; também somos a referência dele. Como diria Freman Dyson (2000), o que ocorre é um “infinito em todas as direções”. Daí, não é preciso se desesperar, já que somos uma possibilidade (que em si é infinita) das infinitas possibilidades que é o universo. Sem qualquer um de nós (ou de qualquer coisa), o universo não pode ser todas as infinitas possibilidades, que é a verdadeira caracterização de um Universo, de fato. De um lado, sem um de nós, ele seria as infinitas possibilidades menos uma: nunca todas; e não seria um universo – uno, por definição. Por outro lado, para ter sentido eu (ou qualquer um ou qualquer coisa) ser é preciso que todas as outras (infinitas) coisas que são, que existem (mesmo que virtualmente), contribuam para explicar/efetivar a minha existência. Desta feita, cada um de nós, cada coisa, não é um ponto, mas, sim, toda uma realidade universal; como uma película, uma membrana, a partir da qual se configura e se desenvolve uma versão, uma “releitura”, do cosmos. Assim, a única coisa que realmente deveria fazer desesperar é a possibilidade de a versão do universo que se realiza a partir de mim (ou de qualquer um ou de qualquer coisa) ser instável. Isso porque tudo que é instável, por definição, pouco participa da concretização, da normalização, da realidade que consegue permanecer, ordenar-se. Mas o que seria tal instabilidade? Primeiramente, para tentar entender a verdadeira possibilidade da instabilidade existencial, se aceitarmos que funcionamos (cada um, cada coisa) como uma película, uma membrana, e não um ponto (no sentido tradicional da palavra), e que o que nos perfaz contém a mesma essência que configura o todo e todas as suas partes em uma cadência interacional (e vice-versa), então podemos tomar emprestado um princípio básico das teorias das cordas e da supersimetria (GREENE, 2001, 2012; MORRIS, 2001) para situá-lo como um princípio geral. Trata-se do fato de que tudo é formado por cordas (e, em uma versão teórica aperfeiçoada, por membranas) e que estas têm como característica vibrar, oscilar e dançar (GREENE, 2001, p. 29). Transpondo para casos mais gerais, situar-se como instável seria apresentar a incapacidade ou inabilidade de não saber (ou não conseguir) “vibrar”, “oscilar” e “dançar” de um modo equilibrado, isto é, interagir, harmônica ou homeostaticamente. Conforme a Afetividade Ampliada (SANT‟ANA-LOOS, LOOS-SANT‟ANA, prelo), por exemplo, no caso da psique humana, a instabilidade poderia irromper a partir do desenvolvimento inadequado do Self (a parte vibrante, onde as emoções “residem”). Por conseguinte, isso provocaria a Identidade (a dimensão que oscila, toma uma posição, a cada interação) a se manifestar sem um padrão, que é o mesmo que dizer que o indivíduo reagiria à realidade de suas relações de modo caótico, com escalas desproporcionais e perspectivas enviesadas. Por sua vez, isso desembocaria em interações conflituosas, em que a Alteridade (o nível relacional em que é necessário compreender e ser compreendido, com a capacidade e a habilidade de “afetar e ser afetado” com vistas uma “dança suave” porquanto cadenciada, a uma coreografia homeostática, a uma interação harmoniosa) não se realiza de fato, o que pode concorrer ao colapso e à permanência apenas “virtual”, efêmera, da existência dos “partícipes”. E eis então um real bom motivo para o desespero. Em segundo lugar, se há de fato um princípio fundamental do cosmos, como profere a definição de uma teoria unificadora da realidade, então podemos conceber o conhecimento de uma forma monista, superando a tendência dualista do atual estágio da ciência. Mas o que há de problemático com o atual estado dualista da cientificidade, que não possui uma ambição integralizadora, e que, talvez por isso, possa derivar para o desesperador drama humano? Nietzsche, em sua Genealogia da Moral (1991), questiona, em relação à ciência moderna, onde estaria o outro “alvo único” (p. 97), além dos concernentes aos objetos, a outra “uma meta” (monista), o princípio absoluto? Dizem-me que não falta, que não apenas travou um longo e feliz combate contra esse ideal, como já o teria dominado em tudo aquilo que importa: toda a nossa moderna ciência seria testemunha disso – esta ciência moderna que, como verdadeira filosofia da realidade, evidentemente crê apenas em si mesma, evidentemente possui a coragem, a 8 vontade de ser ela mesma, e até agora se saiu bastante bem sem Deus , sem Além e sem virtudes negadoras. (idem). Destarte, na ausência de tal princípio, de tal meta integralizadora, a ciência se torna um embuste em que nossa consciência, se minimamente deseja se aperfeiçoar sincronicamente enquanto humana e parte regente do universo, mira o abismo por tempo demais – já que no dualismo há uma “fenda” que nos separa da estabilidade existencial. E, como diria Nietzsche (1991), por conta disso, o mesmo abismo nos fita; logo nos conduz aos monstros do desespero. [...] atualmente a consciência científica é um abismo –, a palavra ciência, nas bocarras desses trombeteiros, é simplesmente um abuso, um desaforo, uma impudência. A verdade é precisamente o oposto do que se afirma: a ciência hoje não tem absolutamente nenhuma fé em si, e tampouco um ideal acima de si – e onde é ainda paixão, amor, ardor, sofrer, não é o oposto desse ideal ascético, mas antes a sua forma mais recente e mais nobre. Isto lhes soa estranho?... Também entre os doutos de hoje, é certo, existe um povo modesto e trabalhador que se compraz no seu cantinho, e que, por causa disso, por vezes eleva um tanto imodestamente a voz, afirmando que devemos estar satisfeitos, sobretudo na ciência – onde haveria tanto de útil a fazer. Não me oponho; eu seria o último a estragar o prazer que tais honrados trabalhadores encontram no seu ofício: porque me alegro do seu trabalho. Mas isto, o fato de que se trabalhe com rigor na ciência e de que existam trabalhadores satisfeitos, não demonstra em absoluto que a ciência como um todo possua hoje uma meta, uma vontade, uma paixão própria da grande fé. Ocorre o contrário, como disse: onde não é a mais nova manifestação do ideal ascético - tratando-se então de casos demasiado raros, nobres e seletos para que o juízo geral possa ser mudado –, a ciência é hoje um esconderijo para toda espécie de desânimo, descrença, remorso, despectio sui [desprezo de si], má consciência – ela é a inquietude da ausência de ideal, o sofrimento pela falta do grande amor, a insatisfação por uma frugalidade involuntária. Ah, o que não esconde hoje a ciência! O quanto não deve esconder! A competência dos nossos melhores doutores, sua impensada diligência, sua cabeça a fervilhar dia e noite, mesmo sua mestria no ofício – com que freqüência o sentido de tudo isso esteve em não deixar que uma coisa se tornasse clara para si próprio! A ciência como meio de autoanestesia: vocês conhecem isto? (idem, p.97). Assim, enquanto praticantes de uma ciência autoanestesiante, exercemos demasiadamente a análise da realidade em cima de recortes e normalizações per se. De outro modo, focamo-nos na busca da compreensão das ações das coisas sem levar em conta o fato de que cada coisa, cada um, é constituída pelas demais coisas do restante do cosmos (aquém e além, em um infinito em todas as direções), e tudo isso ocorre por meio e por causa das interações. Ou seja, fazemos ciência pelo entendimento das coisas e suas ações, mas negligenciamos o fato de que toda ação já é uma interação. Empiricamente, 8 Filosoficamente, Deus é o princípio absoluto, o logos. Não necessariamente é um enviesamento à teologia, à religiosidade; apesar de, igualmente, não precisarmos negar essa possibilidade. analisamos a definição das coisas, isto é, “quebramos” abstratamente o que as coisas são para defini-las e descrever suas possibilidades de ação em conformidades às consequentes reações. Assim, tendemos a nos basear apenas em valores que podem ser mensurados, quantificados. Por conseguinte, “passamos batidos” por um importante entendimento que a análise mais ampliada pode fornecer: o porquê de as coisas terem o tipo de interações que têm; que tipo de vontade as une ou que força as repele e, daí, compreender porque estas têm o relevo que tem. E, “espelhadamente”, como estas deixam impressões nas demais coisas com que (ou com quem) interagem. Isto é, somos apartados por um abismo científico do entendimento das qualidades que permeiam o sentido do que nos faz existir e proliferar, a partir da película (membrana) que somos, de toda uma versão (original e essencial) da realidade. Portanto, deixamos de desenvolver um complemento a uma possível lógica ampliada: uma lógica do preferível (PERELMAN, idem), uma lógica que nos dê subsídios de interpretação da ação rumo às interações – do eu rumo ao nós, ou da subjetividade direcionada à objetividade, ou do singular em constituição ao todo e vice-versa. Enfim, há muita crítica à logica linear, desde Aristóteles, muita “mágoa” relativa ao racionalismo exacerbado e ao consumismo vazio incentivado pelo materialismo enquanto princípio maior da sociedade humana. Todavia, poucos esforços são de fato direcionados à integralização de uma lógica que abranja, no caso, por exemplo, das ciências humanas, os juízos de valores, ou seja, o rol dos princípios que subsidiam a interface qualitativa das interpretações. [...] o desenvolvimento da lógica moderna data do momento em que, para estudar os processos de raciocínio, os lógicos começaram a analisar a forma de raciocinar dos matemáticos; é de uma análise dos raciocínios utilizados nas ciências formais, nas ciências matemáticas, que resulta a concepção de lógica; isso implica que qualquer argumentação que não é utilizada em ciências matemáticas tampouco aparece em lógica formal. Se essa análise das ciências formais foi tão fecunda, não se poderia empreender uma análise semelhante no domínio da filosofia, do direito, da política e todas as ciências humanas? Isso não teria por resultado subtrair a argumentação utilizada nas ciências a uma assimilação a fenômenos de sugestão – o que geralmente implica certa desconfiança –, ou a uma assimilação à logica que, em sua estrutura atual, deve necessariamente repudiar esse gênero de raciocínios? (PERELMAN, 1997, p. 63). Desta feita, se pudermos superar o preconceito sobre o sentido não mensurável que percorre o nível qualitativo que perfaz todas as coisas, talvez, com o devido esforço, venhamos a perceber que tal impossibilidade de conversação (emulação ou transposição) quantidade/qualidade seja apenas aparente, oclusa pelo abismo científico dualista em que nos encontramos. Assim, devemos ter em conta que, no caso de considerarmos que cada coisa, cada um, é sim uma película (membrana) que inspira uma ampla possibilidade de leitura (versão) da realidade, então podemos incutir mais uma característica ao princípio que perfaz todas as coisas, além de vibrar, oscilar e dançar: a vontade. Afinal, como fazer a estrutura do princípio ser funcional, se não houver uma força primordial, uma vontade da qual se parta e que baseie o deseja de rumar ou retornar? É o que, na perspectiva do STAA, pode ser definido, no sentido complementar à psique humana, à Célula Psíquica9, como uma fonte para a Resiliência Ampliada10. Dessa forma, sem considerar a vontade com componente lógico da realidade, já que ela fornece a motivação para a interação e à necessidade da homeostase na mesma, os resultados que se supõem necessários à compreensão da realidade serão sempre parciais ou enviesados, nunca se constituído de um modo integral, monista. Em terceiro lugar, se assumirmos a premissa de que todas as versões do universo estão entrelaçadas, isto é, em interação, e se constituem (sintaxicamente) pelo mesmo princípio, então seu fim, isto é, seu devir, também é se estabelecer no mesmo princípio (agora semanticamente)11, convergindo para, de uma forma ou de outra, “voltar às origens”. Deste modo, todas as coisas, em algum momento ou em algum lugar em si, ou nas interações que realiza, funcionam como um catalisador do “fractal” do universo, independentemente da perspectiva do seu princípio ou forma original (sintáxica ou semanticamente; literal ou metaforicamente). Desta forma, tal qual o monismo de Spinoza (ESPINOSA, 2004; SANT‟ANA-LOOS, 2013; SANT‟ANA-LOOS, LOOS-SANT‟ANA, prelo), não precisamos dicotomizar o mundo em duas partes distintas e excludentes, logo incomunicáveis: o dualismo. Não há a necessidade de buscar compreender o cosmos por meio de ou meandros idealistas ou materialistas, ou inatos ou empíricos, ou racionalistas ou ambientalistas, ou transcendentes ou imanentes, 9 Para maior compreensão deste conceito, vide nosso artigo, também nesse Número Temático: “Célula Psíquica: a face estrutural da unidade básica da psique e da Afetividade Ampliada”. 10 Idem. 11 Posteriormente, esse mesmo princípio passa a funcionar sintaxicamente para compor outra coisa e esta, por sua vez será o que lhe compõe, só que agora semanticamente; e assim por diante. etc. É possível desenvolver uma reforma no intelecto (como defendia Spinoza) que “visualize” (cognitivamente) a realidade de modo uno, integralizado, sem abismos entre os níveis existenciais. Neste sentido, assim como Spinoza afirmava não haver transcendente, somente uma realidade imanente para coexistirmos, para interagirmos (SPINOZA, 1953; 2012), podemos pensar que não é necessário convivermos com a ideia “cristalizada” de que exista um nível metafísico além de nós. Talvez seja mais adequado, dentro de uma Lógica ou Afetividade Ampliada, ponderar que a metafísica nada mais seja do que o nível semântico em que, sintaxicamente, as partes de algo culminam. Assim, de um lado, podemos considerar que, na perspectiva dos átomos de nossos corpos, as moléculas e, posteriormente, as células, seriam níveis metafísicos para eles – se eles tivessem consciência (será que não têm, como podemos saber?!) Por outro, a minha família, a minha cultura, a humanidade e, no limite, o universo (“entidades orgânicas” das quais faço parte) são para mim níveis metafísicos, quase que literalmente. Isto é, um aglomerado quantificado, que pode ser expresso sintaxicamente, organizado em um campo unido por algum tipo de força (regida pela vontade, no sentido amplo do termo) irá sempre, a partir do ponto de vista das partes que o compõem, configurar um nível semântico – no qual faz um sentido todas as partes estarem ali reunidas. Eis, então, uma unidade metafísica: nada mística (no sentido pejorativo do termo); em nada não alcançável pela ciência. Apenas exigente de uma reforma intelectual que unifique o sentido quantitativo (iterativo) com o qualitativo (recursivo) para ser compreendida e mais bem explorada pelo conhecimento. Enfim, que compreendamos que análises no nível da interação – das qualidades envolvidas, da afetividade ampliada, da vontade – podem se somar às já exaustivas análises acerca das definições das ações e reações e configurarem um todo integralizado do entendimento da realidade. Por último, se o universo é um todo constituído de interações e que não há como não ser esse todo – porquanto todas as possibilidades têm de conformá-lo –, para existir, de uma forma ou de outra, ele tem de ser um todo equilibrado, em homeostase. Nesse sentido, se a entropia do universo tende a aumentar (RUELLE, 1993) – já que se encontra em expansão, ou seja, suas partes estão constantemente, por conta das interações, constituindo outras coisas que serão novas partes do cosmos, e “sobrecarregando” a quantidade de interações existentes –, então deve haver algum tipo de “mecanismo” compensatório que torne essa sobrecarga apenas aparente. Assim, por conta de, exatamente, a entropia ser a quantidade de “bagunça”, caos, de um sistema, uma análise apenas acerca dessa ação quantificável nos dará conclusões desesperadoras, como a de que o universo é um nicho de conflito (caos) ad infinitum. Nesta perspectiva, somente teremos sentimentos de uma realidade complexa, em que não há a possibilidade de superarmos totalmente as contradições, tal como argumenta Morin por meio do seu conceito de Pensamento Complexo (2005): “devo afirmar, porém, que minha dialética permanece mais próxima de Heráclito, ela se diferencia de Hegel e de Marx, que sempre enxergam uma possibilidade de superação das contradições” (2013, p. 22). Portanto, se desejamos acreditar na superação das contradições, o que nos conduz à ideia de que “é preciso viver, não somente existir”, como bem o disse Plutarco, devemos buscar compreender a outra faceta do cosmos: que é a convergência das quantidades (entrópicas) em um nível qualitativo (uma metafísica “revisada”) que as une e as organiza. De outro modo, podemos dizer que a lógica do aumento da entropia no universo pode ser compensada por uma lógica das interações, a qual se assenta em uma espécie de dialética (do Afetar e Ser Afetado) que evoca a necessidade de acomodação das preferências e os diversos modos de síntese que predizem a homeostase, o equilíbrio existencial, do que estiver em questão. Considerações Finais: por uma ciência unificada Basicamente, pretendemos defender neste manuscrito a existência da possibilidade de se pensar (e executar) a ciência e seus métodos de forma integralizada; isto é, como um bloco unificado que tem uma meta superior de “ver” e “traduzir” (cognitivamente) a realidade em sua última e verdadeira, logo privilegiada, significância e sentido: um monismo. A análise de alguns meandros que permeiam tal problemática foi guiada pelo Sistema Teórico da Afetividade Ampliada – argumento, que se propõe científico, de nossa própria autoria. O conceito principal apresentado, que discernimos como o guia fundamental de tal transformação no paradigma científico, foi o de interação. A interação, como aqui definida, é a base da manifestação existencial que se perfaz em realidade. Por meio desta perspectiva, assumimos a possibilidade de uma espécie de “Dialética do Afetar e Ser Afetado”, a qual, se bem desenvolvida no intelecto humano, em nossas psiques, pode contribuir para harmonizar cada um de nós e toda a realidade que „parti-cipamos‟. Tal dialética, que consiste em um método de interação, deve ser regida não apenas por uma “lógica do preferível”, com a qual poderíamos discernir “caminhos da vontade” de um conjunto interacional; mas, mais precisamente, por uma lógica ampliada, que convergiria a lógica linear (sequênciaconsequência) com a dita lógica do preferível em uma Afetividade Ampliada. E, para que essa Afetividade Ampliada funcione, tentamos mostrar que é necessário analisar as coisas e os fenômenos da realidade em uma perspectiva além da pura e simples observação quantitativa da ação. É preciso, também (!), buscar discernir qual vontade (na nomenclatura das ciências humanas) ou força (no chavão das ditas ciências naturais) está fomentando a realidade qualitativa da interação. Deste modo, talvez possamos unificar a ciência e seus métodos por meio de uma Afetividade Ampliada que consiga avistar um princípio único que corrobore as interações que perfazem a realidade. Esse princípio, como apresentado em outro artigo desse Número Temático da Revista PsicoDom12, e visto por outra perspectiva neste, funciona como um “revisor” da ideia de que todas as coisas, cada um, são como um ponto dentro da vastidão do cosmos. Consequentemente, podemos pensar que cada coisa, em alguma medida, conforme o grau de homeostase das interações (internas e externas), realizase analogamente às ínfimas e primordiais partículas que as teorias da Física promulgam como o princípio de toda a realidade: as cordas, que também podem ser vistas como películas ou membranas. Entretanto, em uma Afetividade Ampliada não se deve observar nessas unidades básicas somente suas características mensuráveis, como o vibrar, o oscilar e o dançar. Deve-se, igualmente, enfrentar o desafio de se imputar a elas a propriedade da vontade: esta vista como o combustível e, ao mesmo tempo, o devir que promove a necessidade da homeostase e da interação que 12 A saber, “Célula Psíquica: a face estrutural da unidade básica da psique e da Afetividade Ampliada”. converge em um monismo, em uma “sociedade” de versões do cosmos que, por conta de almejarem a harmonia, o equilíbrio relacional, podem se realizar, alcançando, no sentido humano, a felicidade. Infelizmente, com o perdão do trocadilho, tal termo, felicidade, traz preconceitos, pois é um conceito de característica metafisica, no sentido pejorativo. Todavia, uma análise sustentada pela Afetividade Ampliada pode nos levar à consideração de que “não existe” a tal metafísica depreciada. Em uma metafísica “revisada”, notamos que aquilo que consideramos transcendente a nós pode ser nada mais do que a manifestação de um nível qualitativo (convergido pela vontade da agregação homeostática) de partes antes vistas só e tão somente sob o prisma quantitativo e isoladas em suas ações e percalços solipsistas. Assim, por uma unificação da ciência, precisamos superar preconceitos originados por posturas extratificadoras das ações intelectivas, que provocam a desconfiança no sentido das interações, tanto para viver nossos cotidianos quanto para assumirmos enquanto mote importante de juízo do pesquisador. Tal postura, que julgamos inadequada para a vida humana que nos subjaz, causa o desespero, a depressão, o ceticismo no conhecimento que supera as contradições; para a ciência que nos instrumentaliza para a vida provoca um abismo entre o humano e o mundo. Por isso, para a unificação da realidade e do método científico, é preciso investir em uma Afetividade Ampliada. REFERÊNCIAS DYSON, F. Infinito em todas as direções. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. ESPINOSA, B. Tratado da reforma da inteligência. São Paulo: Martins Fontes, 2004. GÖDEL, K. O Teorema de Gödel e a Hipótese do Contínuo. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2012. GOLDSTEIN, R. Incompletude: a prova e o paradoxo de Kurt Gödel. São Paulo: Cia. das Letras, 2008. GREENE, B. A realidade oculta: universos paralelos e as leis profundas do cosmo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. GREENE, B. O universo elegante: supercordas, dimensões ocultas e a busca da teoria definitiva. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. 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