Úlceras genitais
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Úlceras genitais
Aconselhamento e Manejo Básico das Infecções Sexualmente Transmissíveis Úlceras genitais Roberto Dias Fontes Sociedade Brasileira de DST – Regional Bahia [email protected] (71) 9974-7424 DST ulcerativas Sífilis Cancro mole Linfogranuloma venéreo Donovanose Herpes Cancro mole, Linfogranuloma venéreo e donovanose atualmente não são problemas de saúde pública no nosso meio Aumentou a incidência de Clamídia, herpes, condiloma e HIV/ aids ÚLCERAS GENITAIS PACIENTE COM QUEIXA DE ÚLCERA GENITAL ANAMNESE E EXAME FÍSICO ÚLCERAS GENITAIS PACIENTE COM QUEIXA DE ÚLCERA GENITAL ANAMNESE E EXAME FÍSICO HISTÓRIA OU EVIDÊNCIA DE LESÕES VESICULOSAS ? SIM HERPES GENITAL PACIENTE COM QUEIXA DE ÚLCERA GENITAL ANAMNESE E EXAME FÍSICO HISTÓRIA OU EVIDÊNCIA DE LESÕES VESICULOSAS ? SIM HERPES GENITAL Diagnóstico clínico Herpes simples Dermatovirose infecto-contagiosa crônica e recorrente Herpes simples genital HSV-2 Formas extra-genitais, principalmente a oro-labial HSV-1 Portador do HSV potencial propagador da moléstia inclusive no período assintomático transmissão* maioria dos HSV-2 causa mais comum de ulcerações do casos de genital de origem infecciosa – 40% das úlceras genitais no Brasil** *CDC,2002 ; Leone,2004 ** Lupi et al Epidemiologia HSV-1 soroprevalência de 90% nas populações adultas em todo o mundo a exposição ocorre precocemente não existem fatores que modifiquem a prevalência HSV–2 incidência ascendente em todo o mundo aumenta com a idade com incremento cumulativo após a puberdade soroprevalência baixa entre mulheres de hábitos monogâmicos e entre freiras (4%) alta prevalência entre pacientes com vida sexual “promíscua” recidiva no HSV-2 > HSV-1 (95% e 50%)* período de incubação média de 1 a 26 dias, às vezes, de difícil precisão** * Beneditti et al. **transmissão por assintomáticos A excreção assintomática do HSV pode ocorrer quando : Excreção assintomática verdadeira superfície epitelial intacta Uma lesão está presente, mas é invisível ao paciente pela sua localização anatômica (colo uterino) As lesões são erroneamente interpretadas pelo paciente e pelo médico fissuras pós coito ou decorrentes de candidíase Iceberg representa pessoas com VHS-2 (60 M em 2000) Fleming DT, et al. N Engl J Med 1997;337(16):1105-1111 Quadro clínico Inóculo viral Imunidade do hospedeiro Predisposição do paciente Primo – infecção geralmente assintomática* sintomatologia inespecífica (95%) quando manifesta quadros graves Primo – manifestação febre, cefaléia, mialgia e adinamia 24 horas máculas eritematosas / ardor, prurido e dor vesículas agrupadas e íntegras sobre base eritematosa por 4 a 5 dias erosão / reparação cortejo dura 2 a 3 semanas linfoadenopatia 75% dos casos *soroconversão em gestantes Herpes simples – primo-manifestação Lesões em vulva Lesões associadas a candidíase Lesões perianais Lesões em região pubiana – paciente referia usar preservativo Lesões em vulva aspecto linear Cervicite herpética SEMAE – 485 – MAS – herpes – vesículas , úlceras e infecção secundária HGC – 09/09/2010 – 47ª anos - Herpes zoster em vulva à direita - vesículas e bolhas unilaterais sob base eritematosa VDRL não reagente - teste rápido HIV positivo HGC – 09/09/2010 – detalhes da lesão HGC – 09/2010 - cicatrizes de herpes - exúlceras em bolsa escrotal. VDRL não regente CEDAP – 28/09/2010 - 56476- SAS - exúlceras em vulva – fase de resolução - VDRL não regente – parceiro “ficante “ com relato de herpes em boca Quadro clínico Infecção recorrente quase sempre a mesma topografia zonas de atrito no coito pródomos mais discretos eritema e vesículas, erosões, crostas e reparação o cortejo dura uma semana linfoadenopatia 5% dos casos Fatores que influenciam a recorrência febre exposição à radiação ultra-violeta (HSV-1) traumatismos menstruação estresse físico ou emocional e/ou uso abusivo de álcool antibioticoterapia prolongada imunodeficiência Herpes simples – recorrências Herpes – complicações Infecção secundária- bactérias e fungos Fimose, parafimose e complicações urinárias Complicações sistêmicas – não comuns, porém graves Mielite transversa e encefalite (gestantes e imunodeprimidos) Herpes neonatal Infecção extremamente grave Infecção com recorrências freqüentes Localização incomum ou infecção multifocal CONSIDERAR SEMPRE A PRESENÇA DE IMUNOSSUPRESSÃO Lesões de Herpes em portadores de HIV – aids Diagnóstico laboratorial Alterações citopatológicas Hipertrofia nuclear Desaparecimento do nucléolo Aumento progressivo de proteínas deoxirribonuclear aspecto homogêneo de “vidro moído” Células gigantes multinucleadas – fusão da membrana citoplasmática; núcleos de forma e tamanhos variados se moldem entre si Tzanck Sensibilidade 40-50 Especificidade > 99 MORSE, Stephen A; MORELAND, Adele A; HOLMES, King K. Atlas de doenças sexualmente transmissíveis e AIDS. Tradução: Ivan Carlquist. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997 HSV - Diagnóstico laboratorial – Sorologia Sorologia não se aplica na rotina não é recomendada para o diagnóstico de herpes genital soro prevalência combinada de HSV – 1 e HSV – 2 é quase 100% reação cruzada entre HSV-1 e HSV-2 bastante sensível, porém resultados bizarros, sem correspondência clínica não tem nenhuma importância para o diagnóstico da lesão e tratamento nas recidivas o aumento significante dos títulos de anti-corpos ocorrem em menos de 10% dos casos importante em avaliações epidemiológicas pode diferenciar infecção primária e não primária nos indivíduos que apresentam o primeiro episódio MORSE, Stephen A; MORELAND, Adele A; HOLMES, King K. Atlas de doenças sexualmente transmissíveis e AIDS. Tradução: Ivan Carlquist. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997 Herpes simples – lesões e anticorpos MORSE, Stephen A; MORELAND, Adele A; HOLMES, King K. Atlas de doenças sexualmente transmissíveis e AIDS. Tradução: Ivan Carlquist. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997 HSV - Tratamento Aciclovir droga de escolha, resistência restrita seletiva e mínima interação medicamentosa pró-droga inativa fosforilação boa penetração nos tecidos SNC Valaciclovir melhor biodisponibilidade posologia mais cômoda Fanciclovir derivada do ganciclovir efeito moderado sobre o HSV-2 mais efetiva sobre o HSV-1 Aciclovir – Fosforilação Tratamento – uso racional de medicamentos uso de medicação oral reduz a dor, a infectividade, a duração e o número de episódios e pode evitá-los completamente 1º episódio tratar o mais precocemente possível 1º episódio terapia iniciada após lesões presentes por mais de 7 dias tem benefícios questionáveis nas recidivas infrequentes ou leves comprovada dos episódios terapia tópica com aciclovir menor benefício clínico que o tratamento oral, traz resultados positivos nos pacientes que reconhecem os pródomos tratamento tópico com aciclovir na ulceração fator irritativo medidas de apoio emocional, analgésicos e antiinflamatórios, aumentar a ingestão de líquidos, urinar durante o banho de assento frio com “camomila” terapia supressiva – 6 ou mais recidivas/ano ou após 3 surtos consecutivos manifestações severas com lesões extensas – HIV e herpes neonatal utilizar aciclovir EV não há redução estatística Herpes – Conduta obstétrica • Valor da cesárea questionado como profilaxia da TV • Controvérsias na literatura • Mães sem lesões genitais ativas • Indicado parto vaginal • Mães com lesões ativas • Bolsa íntegra via abdominal • Bolsa rota menos de 4 horas via abdominal • Bolsa rota mais de 4 horas desnecessário a cesárea Estratégias no manuseio do Herpes genital Educação e promoção da saúde pública procura pelos serviços de saúde Melhora da precisão clínica do profissional de saúde herpes como diagnóstico diferencial das lesões Conhecimento dos médicos em centros primários ou especializados das opções terapêuticas disponíveis prescrição apropriada e fornecimento de orientações específicas Aconselhamento convocação das parcerias sexuais e solicitação de sorologias para sífilis, hepatites e HIV Herpes - aconselhamento Há quanto tempo eu peguei isso? Peguei como? Foi deste(a) parceiro(a)? Ele(a) acha que fui eu... “O surgimento súbito de herpes não implica necessariamente traição” O aspecto mais importante no tratamento do herpes genital talvez seja a orientação do paciente com relação à sua doença Sendo assim, este fato é um desafio à nossa capacidade e talento. ÚLCERAS GENITAIS PACIENTE COM QUEIXA DE ÚLCERA GENITAL ANAMNESE E EXAME FÍSICO HISTÓRIA OU EVIDÊNCIA DE LESÕES VESICULOSAS ? NÃO LESÕES COM MAIS DE 4 SEMANAS ? ÚLCERAS GENITAIS PACIENTE COM QUEIXA DE ÚLCERA GENITAL ANAMNESE E EXAME FÍSICO HISTÓRIA OU EVIDÊNCIA DE LESÕES VESICULOSAS ? NÃO SÍFILIS E CANCRO MOLE LESÕES COM MAIS DE 4 SEMANAS ? NÃO CANCRO MOLE - CANCRÓIDE Cultura: lesão, linfonodo Aspirado ganglionar: Gram bacilos Gram negativos intracelulares, geralmente aparecendo em cadeias paralelas, acompanhadas de cocos Gram positivos (fenômeno de satelitismo). CDC. LABORATORY DIAGNOSIS OF SEXUALLY TRANSMITTED DISEASES. SEMAE – JCJS – SEMAE – 446 - 24/02/2010 HGC- 16/11/2009 – 210319 - JLS CEDAP - 01/09/2010 – EFS – 56224- 36 anos - UGOD VDRL não regente -Gram sugestivo de Haaemophylus ducreye Sífilis Principais características do cancro mole (cancróide) e cancro duro (sífilis) Cancro mole Período de incubação: dois a cinco dias Lesão múltipla Úlcera Base mole Fundo sujo, purulento Dolorosa Bordas escavadas Adenopatia inflamatória, dolorosa, única, fistulizante, com único orifício. Ocorre em 30 a 60% dos casos Leões atí atípicas e cancro misto de Rollet (5 a 40% dos casos – multietiologia) Cancro duro Período de incubação: 21 a 30 dias Lesão única Exúlcera (esfoliação) Base dura Fundo limpo Indolor Lesão plana Adenopatia não inflamatória, indolor, bilateral, gânglios duros e movéis, não aderentes a planos superficiais e / ou profundos. Epiderme local íntegra, sem sinais de flogose. Ocorre em quase 100% dos casos BIER, Otto. Bacteriologia e Imunologia. 19. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1978. Faculdade de saúde pública – USP – 07/1997 LGV – reação de Frei Valor histórico Princípio semelhante a intra - dermo reação de Monteaux WISDOM, Anthony. Atlas colorido de doenças sexualmente transmissíveis. Tradução: Flávia Dietrich e Ricardo Arraes. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991. Linfogranuloma venéreo ÚLCERA GENITAL PACIENTE COM QUEIXA DE ÚLCERA GENITAL ANAMNESE E EXAME FÍSICO HISTÓRIA OU EVIDÊNCIA DE LESÕES VESICULOSAS ? NÃO LESÕES COM MAIS DE 4 SEMANAS ? SIM DONOVANOSE ? Ca pênis ? DONOVANOSE http://phil.cdc.gov/phil Úlceras crônicas, principalmente em idosos → afastar outras patologias, principalmente neoplasias Principais diferenças entre as úlceras genitais Doença Nº lesões Induração Hiperestesia Bordas Base/fundo Adenopatia Cancro mole Múltiplas Rara Dolorosa Irregular Mole; profunda, exsudação purulenta Unilateral, supurativa por orifício único Cancro duro Única Comum Indolor Lisa Dura; profundidade variável e limpo Bilateral, nãosupurativa Linfogranulo ma venéreo Única geralmente nãopercebida Rara Indolor Regular Fundo superficial e limpo Unilateral, supurativa por múltiplos orifícios Herpes simples Múltiplas vesículas agrupadas e /ou exulcerações Rara Dolorosa Regular Exulcerações Bilateral pouco acentuada Donovanose Única Comum Indolor Irregular Fundo limpo friável Ausente Sífilis – adenopatia bilateral, nãosupurativa, não inflamatória, que não compromete a pele superficial Cancro mole adenopatia unilateral, supurativa por orifício único Linfogranuloma venéreo adenopatia unilateral, supurativa por múltiplos orifícios – “bico de regador “ DDST ulcerativas - diagnóstico diferencial Cancro duro múltiplo Cancro mole - HIV Cancro mole Cancro mole - HIV Herpes simples - Diagnóstico diferencial Síndrome de Behçet Carcinoma de células escamosas Herpes zoster Reação à droga – sulfametoxazol+trimetoprim Balanite plasmocitária de Zoon DDST ulcerativas - diagnóstico diferencial ativas - Diagnóstico diferencial Carcinoma de células escamosas Escabiose Cancro mole - HIV Escabiose com infecção secundária Reação à droga – sulfametoxazol+trimetoprim Diagn óstico das ú lceras genitais Diagnóstico úlceras Trabalhar a expectativa do profissional e da clientela com relação as dificuldades do diagnóstico etiológico Não usar o fluxograma como uma “camisa de força” evitando exageros e radicalismo Lembrar que o fluxograma é adaptável à realidade local e ao cliente (idade, epidemiologia e história de vida) Ponderar → procurar desenvolver maturidade e senso crítico Incluir a visão epidemiológica → “olhar e ver”