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CADERNO DE RESUMOS
As Múltiplas Faces da
Linguagem
Versão de 20 de dezembro de 2015
As Múltiplas Faces da
Linguagem
Data: 11, 12, 13 e 14 de novembro de 2015
Local: Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo – PUC/SP
Rua Monte Alegre, 984
Perdizes
São Paulo – SP
Website: www.corpuslg.org/inpla/2015/
Organização/Realização:
LAEL
As Múltiplas Faces da Linguagem
Patrocinadores e Apoiadores
Liberali, Fernanda Coelho; Magalhães, Maria Cecília Camargo; Carrijo, Viviane
Leticia Silva; Costa, Fernando Venâncio da.
Caderno de Resumos: 20º Intercâmbio de Pesquisa em Linguística Aplicada: As
Múltiplas Faces da Linguagem./ Liberali, Fernanda Coelho; Magalhães, Maria Cecília
Camargo; Carrijo, Viviane Leticia Silva; Costa, Fernando Venâncio da – São Paulo
ISBN: 978-85-920310-0-8
1. Projeto de Pesquisa e Extensão. 2. Espaço de Ação Social. I. Título
COMISSÕES
20º Intercâmbio de Pesquisas em Linguística Aplicada: As Múltiplas Faces
da Linguagem
COMISSÃO EXECUTIVA
Profa. Dra. Fernanda Coelho Liberali (PUC-SP, CNPq, GP LACE)
Profa. Dra. Maria Cecília Camargo Magalhães (PUC-SP, CNPq, GP LACE)
COMISSÃO ORGANIZADORA
Prof. Dr. Marcos Polifemi (Cultura Inglesa)
Profa. Dra. Cláudia Gil Ryckebush (Colégio Arquidiocesano, GP LACE)
Profa. Dra. Elvira Aranha (FEDUC, GP LACE)
Profa. Dra. Fernanda Coelho Liberali (PUC-SP, CNPq, GP LACE)
Profa. Dra. Juliana Ormastroni de Carvalho Santos (PUC-SP, GP LACE)
Profa. Dra. Maria Cecília Camargo Magalhães (PUC-SP, CNPq, GP LACE)
Profa. Dra. Maria Cristina Damianovic (UFPE, PUC-SP, GP LACE,)
Profa. Dra. Maria Otilia Ninin (UNIP, GP LACE)
Profa. Dra. Monica Galante Gorini Guerra (PUC-SP – COGEAE, GP LACE)
Profa. Dra. Rosemary Hohlenwerger Schettini (FEDUC, GP LACE)
Prof. Me. Fernando Venâncio da Costa (GP LACE)
Prof. Me. Francisco Afrânio Teles (PUC-SP, GP LACE)
Prof. Me. Mauricio Canuto (SME, Singularidades, PUC-SP , COGEAE, GP
LACE)
Profa. Me. Camila Santiago (UMESP, GP LACE)
Profa. Me. Daniele Gazzotti (Escola Stance Dual, USP, GP LACE)
Profa. Me. Fabrícia Teles (PUC-SP, GP LACE)
Profa. Me. Marcia Pereira de Carvalho (SEE, GP LACE)
Profa. Me. Maria Cristina Meaney (Stance Dual, PUC-SP – COGEAE, GP
LACE)
Profa. Me. Maria Regina dos Passos Pereira(PUC-SP, GP LACE)
Profa. Me. Penélope Alberto Rodrigues (Escola Stance Dual, GP LACE)
Profa. Me. Simone Alves Magalhães (Colégio Albert Sabin, GP LACE)
Profa. Me. Viviane Leticia Silva Carrijo (PUC-SP, GP LACE)
Prof. Everton Pessôa de Oliveira (PUC-SP, GP LACE)
Profa. Fabiane Reginaldo (SME, GP LACE)
Profa. Fernanda Guidi (PUC-SP, GP LACE)
Profa. Jéssica Aline Almeida Dos Santos (SEE, GP LACE)
Profa. Samanta Malta (GP LACE)
COMISSÃO CIENTÍFICA
Adriane Orenha (UNESP)
Aline Pessoa Neves Almeida (PUC-SP)
Ana Luiza RamazzinaGhirardi (UNIFESP)
Anise D’Orange Ferreira (Unesp)
Célia de Macedo (UFPA, PUC-SP)
Celia Magalhaes (UFMG)
Claudia Gil Rycbebusch (Colégio Marista Arquidiocesano, GP LACE)
Claudia Hilsdorf Rocha (Unicamp)
Clecio dos Santos Bunzen Júnior (UFPE)
Daniele Vendramini Zanella (UNISO, GP LACE)
Deise Prina Dutra (UFMG)
Diva Cardoso (UNESP)
Elaine Mateus (UEL)
Eliane Gonçalves (PUCSP)
Eliane Lousada (USP)
Flaminia Lodovici (PUC-SP)
Gisele Magnossão (Colégio Albert Sabin, GP LACE)
Jean Carlos Gonçalves (UFPR)
Juliana Marcolino Galli (UNICENTRO)
Leila Darin (PUCSP)
Lilian C. Kuhn Pereira (PUC-SP)
Lourdes Andrade (Derdic-PUCSP)
Marcello Marcelino Rosa (UNIFESP)
Márcia R. de S. Mendonça (UNICAMP)
Marcia Veirano (COGEAE, PUC-SP)
Marcos Lúcio de Sousa Góis (UFGD)
Maria Aparecida Caltabiano (PUC-SP)
Maria C. G. Alonso (Cervantes)
Maria Cecilia Lopes (FMU)
Maria Cristina Damianovic (UFPE)
Maria Helena Cruz Pistori (PUC-SP)
Maria Otília Guimarães Ninin (UNIP, GP LACE)
Melissa Catrini (UFBA)
Mona Mohamad Hawi (USP)
Monica Guerra (GP LACE, PUC-SP – COGEAE)
Orlene Saboia (UnB)
Patricia Bertoli (UERJ)
Paula Tavares Pinto (UNESP)
Renata Condi (Cogeae, PUCSP)
Roberto Baronas (UFSCAR)
Rosemary Hollenwerger Schettini (FEDUC, GP LACE)
Silvana Zajac (Secretaria do Estado da Educação de SP)
Sônia Fanchini (Secretária de Educação de Joinville)
Sueli Salles Fidalgo (UNIFESP)
Tania Shepherd (UERJ)
Terezinha Maria Sprenger (UNIFESP)
Valdite Pereira Fuga (FATEC)
COMITÊ CIENTÍFICO
LAEL
Profa. Dra. Angela B. C. T. Lessa
Profa. Dra. Elisabeth Brait
Profa. Dra. Fernanda Coelho Liberali
Profa. Dra. Leila Barbara
Profa. Dra. Lúcia Maria Guimarães Arantes
Profa. Dra. Mara Sophia Zanotto
Profa. Dra. Maria Antonieta Alba Celani
Profa. Dra. Maria Cecília Camargo Magalhães
Profa. Dra. Maria Cecília Pérez de Souza e Silva
Profa. Dra. Maria Francisca A. F. Lier-de-Vitto
Profa. Dra. Maximina Maria Freire
Profa. Dra. Sandra Madureira
Profa. Dra. Sumiko Nishitani Ikeda
Prof. Dr. Tony Berber Sardinha
Profa. Dra. Zuleica Antônia de Camargo
PUCSP e demais instituições
Prof. Dr. Clecio dos Santos Bunzen Júnior (UFPE)
Prof. Dr. Gladis A. Barcellos(UFSCAR)
Prof. Dr. Jean Carlos Gonçalves (UFPR)
Prof. Dr. Marcello Marcelino Rosa (UNIFESP)
Prof. Dr. Marcos Lúcio de Sousa Góis (UFGD)
Prof. Dr. Roberto Baronas (UFSCAR)
Profa. Dra. Adriane Orenha (UNESP)
Profa. Dra. Aline Pessoa Neves Almeida (PUC-SP)
Profa. Dra. Ana Luiza Ramazzina Ghirard (Unifesp)
Profa. Dra. Anise D’Orange Ferreira (UNESP)
Profa. Dra. Aparecida Caltabiano (PUC-SP)
Profa. Dra. Célia Macedo de Macedo
Profa. Dra. Celia Magalhaes (UFMG)
Profa. Dra. Claudia Hilsdorf Rocha (Unicamp)
Profa. Dra. Deise Prina Dutra (UFMG)
Profa. Dra. Diva Cardoso (UNESP)
Profa. Dra. Eliane Gonçalves (PUC-SP)
Profa. Dra. Eliane Lousada (USP)
Profa. Dra. Elvira Aranha (UNIP/FEDUC)
Profa. Dra. Flaminia Lodovici (PUC-SP)
Profa. Dra. Juiana Marcolino Galli (UNICENTRO)
Profa. Dra. Leila Darin (PUC-SP)
Profa. Dra. Lilian C. Kuhn Pereira (PUC-SP)
Profa. Dra. Lourdes Andrade (Derdic – PUC-SP)
Profa. Dra. Márcia R. de S. Mendonça (Unicamp)
Profa. Dra. Marcia Veirano (PUC-SP, COGEAE)
Profa. Dra. M. Aparecida Caltabiano (PUC-SP)
Profa. Dra. M. Cibele González Alonso (Cervantes)
Profa. Dra. Maria Cecilia Lopes (FMU)
Profa. Dra. Maria Cristina Damianovic (UFPE)
Profa. Dra. Maria Helena Cruz Pistori (PUC-SP)
Profa. Dra. Maria Otilia Ninin (UNIP)
Profa. Dra. Melissa Catrini (UFBA)
Profa. Dra. Mônica G. G. Guerra (PUC-SP – COGEAE)
Profa. Dra. Orlene Saboia (UnB)
Profa. Dra. Patricia Bertoli (UERJ)
Profa. Dra. Paula Tavares Paiva (UNESP)
Profa. Dra. Renata Condi (PUC-SP, COGEAE)
Profa. Dra. Renata Phillipov (UNIFESP)
Profa. Dra. Silvana Zajac (Unifesp)
Profa. Dra. Sônia Fanchini (Secretaria de Educação de Jonville)
Profa. Dra. Sueli Salles Fidalgo (Unifesp)
Profa. Dra. Tania Shepherd (UERJ)
Profa. Dra. Terezinha Maria Sprenger (Unifesp)
CADERNO DE RESUMOS
Prof. Me. Fernando Venâncio da Costa
Profa. Me Viviane Leticia Silva Carrijo
Apresentação
Histórico do InPLA
O InPLA – Intercâmbio de Pesquisas em Linguística Aplicada – é um
evento pioneiro em Linguística Aplicada no país. Realizado bienalmente, o InPLA
configura-se como espaço de debate em construção contínua por grupos de
pesquisadores e tem sido organizado, desde seu inicio, pelo Programa de PósGraduação em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem (LAEL) da Pontifícia
Universidade Católica – São Paulo (PUC-SP). Em sua 20ª vigésima edição, traz
como tema As Múltiplas Faces da Linguagem que será realizado no período de 11 a
14 de novembro de 2015, no campus Perdizes da PUC-SP, rua Monte Alegre, 984,
São Paulo. O evento reunirá pesquisadores nacionais e estrangeiros, docentes e
discentes de pós-graduação e graduação de universidades brasileiras com
apresentações e discussões de trabalhos, concluídos ou em andamento, integrados
ao tema proposto.
O
20º
Inpla
objetiva
envolver
pesquisadores
nacionais
e
estrangeiros, pós-graduandos e graduandos na divulgação das tendências mais
recentes de pesquisa em Linguística Aplicada; refletir sobre as diferentes
perspectivas teóricas e disciplinas afins que têm alimentado a área; avaliar
diferentes campos de pesquisa e intervenção junto a objetos da Linguística
Aplicada e estudos da linguagem; contribuir para a consolidação da área no Brasil;
e, por fim, oferecer um fórum para interação entre pesquisadores nacionais e
estrangeiros.
A programação prevê a realização de mesas-redondas coordenadas
por professores do Programa de Pós-Graduação em LAEL e organizadas com
professores convidados – brasileiros e estrangeiros, bem como simpósios e
comunicações, nos dias 12 a 14/11 com a participação de pesquisadores nacionais
e estrangeiros; pós-graduandos, graduandos e profissionais que trabalham com
linguagem em contextos educacionais ou não. No dia que antecede o evento,
11/11, estão previstas as seguintes atividades: reuniões de grupos de trabalho
(GT) e de pesquisa (GP).
Programação Geral
Terça-feira, 10 de novembro de 2015
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09:00 – 12:00: Grupo de trabalho
12:00 – 14:00: Almoço
14:00 – 18:00: Grupo de trabalho
Quarta-feira, 11 de novembro de 2015
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9:00 – 11:00: Secretaria – LAEL
09:00 – 12:00: Grupos de trabalho / Grupos de Pesquisa
10h30: Café – sala 52
12:00 – 14:00: Almoço
14:00 – 18:00: Grupos de trabalho / Grupos de Pesquisa
15h30: Café – sala 117
Quinta-feira, 12 de novembro de 2015
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9:00 – 11:00: Acolhida e secretaria – TUCA
10:00 – 11:00: Abertura e Memórias LAEL
11:00 – 12:00: Mesa de abertura: Homenagem a Profa. Dra. Anna
Rachel Machado – TUCA
12:00 – 14:00: Almoço
13:30 – 16:00: Secretaria – sala 224A
14:00 – 15:30: Simpósios
15:30 – 16:00: Café – salas 222 e 223
16:00 – 18:00: Simpósios
Sexta-feira, 13 de novembro de 2015
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8:00 – 11:00: Secretaria – LAEL
08:30 – 10:30: Comunicações
10:30 – 11:00: Café – auditórios 117A, 100A e 134C
11:00 – 12:30: Mesas redondas
12:30 – 14:00: Almoço
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13:00 – 16:00: Secretaria – LAEL
14:00 – 15:30: Simpósios
15:30 – 16:00: Café – salas 301 e 302
16:00 – 18:00: Comunicações
18:30 – 20:00: Coquetel e lançamento de livros
Sábado, 14 de novembro de 2015
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8:00 – 11:00: Secretaria – LAEL
08:30 – 10:00: Simpósios
10:00 – 10:30: Café – auditórios 117A, 100A e 134C
10:30 – 12:00: Mesas redondas
12:00 – 13:00: Almoço
13:00 – 15:00: Comunicações
15:00 – 15:30: Café – salas 302 e 303
15:30 – 16:30: Mesa de fechamento com Antonieta Celani e entrega
de Prêmio e homenagem a Antonieta
17:00: Fechamento da PUC
RESUMOS
NOTA: Os resumos publicados neste volume são uma reprodução fiel dos textos originais
submetidos por seus autores para publicação no Caderno de Resumos do 20º InPLA. Não é de
responsabilidade da comissão organizadora deste evento fazer a revisão dos resumos/títulos
enviados.
MESAS
Mesa de Abertura
Linguagem, agir e desenvolvimento humano: a trajetória do
Interacionismo sociodiscursivo no Brasil
Profa. Dra. Eliane Gouvêa Lousada
FFLCH-USP, Líder do Grupo ALTER- CNPq
Difundido no Brasil sobretudo a partir de 1999, com a tradução da obra Atividade de
linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sociodiscursivo (Bronckart,
1999), o Interacionismo sociodiscursivo (doravante ISD) tem influenciado o contexto
brasileiro tanto no âmbito da pesquisa quanto no âmbito do ensino. No que diz respeito
à pesquisa, merece destaque o Grupo ALTER, registrado na base de dados do CNPq,
que tem procurado desde sua fundação, em 2002, contribuir para a expansão do ISD no
Brasil, fornecendo a seus membros um espaço de discussão sobre questões
metodológicas e epistemológicas ligadas à teoria. No que concerne ao ensino, podemos
mencionar, por um lado, as iniciativas relacionadas à didática das línguas, por meio dos
estudos sobre os gêneros textuais e sua influência no desenvolvimento linguageiro dos
aprendizes e, por outro lado, as intervenções formativas que procuram, ao estudar o
trabalho educacional, contribuir para a formação de professores. Baseado, em primeira
instância, nos fundamentos do interacionismo social tal como proposto por Vigotski e
outros autores, o ISD visa a ressaltar o papel preponderante da linguagem no
desenvolvimento humano (Bronckart, 1999, 2006). Ao aceitar todos os princípios
fundadores do interacionismo social, o ISD contesta a divisão das Ciências Humanas
em inúmeras disciplinas e se constitui como uma corrente da ciência do humano
(Bronckart, 2006), logo, profundamente multidisciplinar (Guimarães e Machado, 2007).
Nessa trajetória, ressaltamos o papel da professora e pesquisadora Anna Rachel
Machado, que, após seus estudos de doutoramento em co-tutela com Jean-Paul
Bronckart, foi a responsável pela chegada e difusão do ISD no Brasil, pela criação do
Grupo ALTER-CNPq e pela consolidação do LAEL-PUC-SP como local primeiro de
estudos brasileiros sobre o ISD. Nesta conferência, temos por objetivo retraçar o
percurso do ISD no Brasil, resgatando sua origem, mostrando sua influência na pesquisa
e no ensino e apontando os rumos dessa teoria no contexto brasileiro.
Language, Acting and Human Development: the Trajectory of
Socio-discursive Interactionism in Brazil
Eliane Gouvêa Lousada
FFLCH-USP, Leader of the ALTER Research Group-CNPQ
Disseminated in Brazil especially after 1999, with the translation of the book Atividade
de linguagem, textos e discursos: por um Interacionismo sociodiscursivo, Sociodiscursive Interactionism (SDI) has influenced the Brazilian context in research as well
as in teaching. Regarding research, we highlight the role of the ALTER Group,
registered in the CNPq research database, which has tried to contribute to the expansion
of SDI in Brazil, since its foundation in 2002, by providing its members with an
opportunity to discuss methodological and epistemological issues related to the theory.
On the other hand, concerning teaching, we can mention firstly the initiatives related to
the Didactic of Languages, through the studies on text genres and their influence in the
language development of learners; and secondly the formative interventions that aim to
contribute to teacher development by taking into account teacher’s work. Primarily
based on the theoretical framework of Social Interactionism as proposed by Vygotsky,
SDI aims at highlighting the fundamental role of language in human development
(Bronckart, 1999, 2006). Accepting all the founding principles of Social Interactionism,
SDI contests the division of Human Sciences into various disciplines and emerges as a
strand of the Science of the Human (Bronckart, 2006). It is therefore deeply
multidisciplinary (Guimarães e Machado, 2007). Within this trajectory, we point out the
role of Professor Anna Rachel Machado who, after her PhD studies co-advised by JeanPaul Bronckart, was responsible for the arrival and spread of SDI in Brazil, for the
foundation of the ALTER Group and for the consolidation of LAEL-PUC-SP as the
primary center of SDI Brazilian studies. In this conference, we aim at retracing the
trajectory of SDI in Brazil, recalling its origins, showing its influence in research and in
teaching and pointing towards the future of this theory within the Brazilian context.
Key-words: Socio-Discursive Interactionism, Language, Human
Mesa Redonda 1
Linguagem e Trabalho: Perspectivas e Desafios
(Language And Work: Perspectives and Challenges)
Coordenadora: Profa. Dra. Maria Cecília Pérez De Souza-E-Silva –
PUCSP-LAEL
Palestrantes convidados:
Prof. Dr. Décio Orlando Soares Da Rocha - UNIRIO
Profa. Dra. Fátima Cristina Da Costa Pessoa - UNIVERSIDADE FEDERAL DO
PARÁ
RESUMO DA MESA
Pensar o lugar das práticas de linguagem no trabalho é um exercício que explicita não
só múltiplas faces da linguagem em diálogo com outras áreas, entre elas, a psicologia
social, mas também múltiplas faces da atividade de trabalho considerada a partir da
abordagem ergológica, que a entende como sempre singular e historicamente situada.
TABLE ABSTRACT
Thinking the place of language practices in work is an exercise that highlights not only
the multiple faces of language in dialogue with other fields, amongst which social
psychology, but also the diverse faces of work activity considered from the ergological
approach, according to which work activities are always unique and historically
situated.
Keywords: language practices in work; work activity; discursive approach; ergology
RESUMOS DOS CONVIDADOS
Intercessores para uma abordagem discursiva do trabalho
docente em pós-graduação
Prof. Dr. Décio Orlando Soares da Rocha
UNIRIO
Investigar a dimensão linguageira das práticas de trabalho constitui um duplo desafio:
por um lado, o aperfeiçoamento de instrumentos linguísticos que funcionem como
quadro teórico-metodológico e a escolha de entradas na materialidade linguística que
possam dar conta da(s) pergunta(s) de pesquisa; por outro, a escolha de conceitos que
vêm sendo desenvolvidos em domínios contíguos (a exemplo de subjetividade,
implicação, social e individual), os quais se revelam indispensáveis quando se tem por
objetivo uma reflexão de base discursiva. Buscaremos propor uma articulação de tal
instrumental em pesquisas que elegem como corpus documentos reguladores do
trabalho docente em pós-graduação.
Intercessors for a discursive approach of teaching work in postgraduation
Prof. Dr. Décio Orlando Soares da Rocha
UNIRIO
Investigating language dimension of working practices is a double challenge: on the one
hand , the improvement of linguistic tools that work as a theoretical and methodological
framework and the choice of entries in the linguistic materiality that may account for the
question(s) of a research; on the other hand, the choice of concepts which have been
developed in contiguous areas (such as subjectivity , implication , social and
individual), which are indispensable when it aims at a discursive basis of reflection. We
will seek to propose an articulation of such instrumental in researches that elect as
corpora regulatory documents of teaching work in post-graduation.
Keywords: language and work; subjectivity , implication ; teaching work in postgraduation.
Os sentidos do trabalho e o trabalho com os sentidos
Profa. Dra. Fátima Cristina da Costa Pessoa
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
Na perspectiva da Análise do Discurso, refletir sobre as práticas discursivas implica
considerar o tempo e o lugar político-histórico em que a palavra emerge. Na perspectiva
da Ergologia, refletir sobre as atividades de trabalho implica considerar os sentidos que
elas assumem para os sujeitos do trabalho também imersos em um tempo e lugar
historicamente situados. Se ambas, práticas de linguagem e atividades de trabalho, são
processos constituídos nas(pelas) relações institucionais, busca-se, por meio de relações
interdisciplinares, desvelar suas implicações para a reprodução e a transformação da
ordem social.
The work’s meanings and the work with meanings
Profa. Dra. Fátima Cristina da Costa Pessoa
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
Discourse Analysis investigates the discourse practices involved in thinking about the
historical and political features of the context where the words take place. In the view of
Ergology, reflecting about working activities implies considering the meanings that
these activities take to the people who share a workspace, also involved in a historical
context. If both discourse and working practices are process produced inside
institucional relationships, this work, using an interdisciplinary approach, intends to
reveal, by, the consequences of these practices for the reproduction and for the
transformation of the social order.
Key-words: Discoure practices, working practices, meanings production.
Mesa Redonda 2
“Língua Materna”, “Língua Estrangeira”, “Primeira Língua” e
“Segunda Língua”: Distinções e Definições.
Coordenadora e Debatedora: Profa. Dra. Lúcia Arantes - PUCSP-LAEL
Palestrantes Convidadas:
Profa. Dra. Glória Maria Monteiro de Carvalho - UNICAPE
Profa. Dra. Maria Fausta Pereira de Castro - UNICAMP
Profa. Dra. Rosa Attié Figueira - UNICAMP
Profa. Dra. Lourdes Andrade - DERDIC-PUCSP
RESUMOS DOS CONVIDADOS
Língua materna e homofonia em falas de crianças
Profa. Dra. Glória Maria Monteiro de Carvalho
UNICAPE
Na investigação da aquisição de linguagem, sob o enfoque da Pragmática Linguística,
tem se destacado a proposta denominada, por alguns autores, Socialização da Linguagem.
Nessa proposta, colocando de uma forma muito geral, um dos objetivos da socialização
consiste em fazer com que a criança aprenda como utilizar a língua de modo a produzir
enunciados que sejam, ao mesmo tempo, eficazes e adaptados à comunidade. Assim,
estudiosos realçam que importantes progressos empírico-metodológicos e teórico-práticos
ocorreram com a análise sistemática de práticas socioculturais, na investigação da fala da
criança, nessa linha de pesquisa. No entanto, pode-se notar que, apesar das várias
mudanças ocorridas, a abordagem pragmática da aquisição de linguagem carrega indícios
da antiga questão da comunicação bem sucedida fundamentada na noção de adaptação, o
que coloca obstáculos à investigação do caráter heterogêneo e “errático” da fala infantil,
ou melhor, de seu caráter singular. Assumimos, então, a proposta de que uma análise
estrutural da relação linguística entre mãe e criança, no início de sua constituição como
falante, consiste numa tentativa de investigar esse caráter singular, na medida em que
revelaria a presença da língua materna na fala infantil. Nessa perspectiva, a língua
materna se faria presente na fala da criança por meio de suas produções verbais iniciais as
quais possuem a marca da homofonia, isto é, às quais não se pode atribuir, com
segurança, um sentido determinado. Por sua vez, essa marca de homofonia provoca, no
outro (o investigador), um efeito de surpresa, ao mesmo tempo em que torna visível uma
quebra na noção de interação linguística como comunicação/adaptação entre mãe (ou
cuidadora) e criança. Pretendemos ilustrar essa quebra, por meio da análise de dados de
diálogo entre um adulto (a mãe) e uma criança, num momento muito inicial de sua
trajetória linguística.
Mother tongue and the homophony in children's utterances
Profa. Dra. Glória Maria Monteiro de Carvalho
UNICAPE
In the investigation of language acquisition, with a focus on Language Pragmatics, the socalled Language Socialization proposal has been highlighted by some authors. In this
proposal, in very general terms, one of the goals of socialization is to make the child learn
how to use language so as to produce statements that are, at the same time, effective and
tailored to the community. Thus, scholars emphasize that important empirical and
methodological progress, as well as theoretical and practical developments have occurred
with the systematic analysis of socio-cultural practices in the investigation of the child
speech, in this line of research. One can, however, notice that, despite several changes
occurred, the pragmatic approach to language acquisition carries traces of the old
question of successful communication based on the notion of adaptation, which puts
obstacles to the investigation of heterogeneity and "erratic" character of children’s
speech, that is, its singular feature. Then it is assumed that the proposition of a structural
analysis of the linguistic relationship between mother and child, at the beginning of its
establishment as a speaker, is an attempt to investigate this singular character, in that it
would reveal the presence of the mother tongue in the child's speech. In this perspective,
the mother tongue would be present in the child's speech through their initial utterances
which have the mark of homophony, that is, it is not possible to attribute to them for sure
a determined meaning. In turn, this mark of homophony provokes in the other (the
investigator), a surprise effect, while it brings up a break in the notion of linguistic
interaction as a communication / adaptation between mother (or caregiver) and child. The
goal is to illustrate this break by analyzing dialogue data between an adult (the mother)
and a child, at a very early stage in their linguistic trajectory.
Keywords: Language acquisition. Mother tongue. Homophony.
Aquisição da língua materna entre línguas
Profa. Dra. Maria Fausta Pereira de Castro
UNICAMP
A transmissão da língua (la langue) que precede o falante em sua cultura, de uma
geração a outra, só pode ser analisada como um fenômeno coletivo em que forças
antagônicas de continuidade e mudança estão em ação. Como objeto da ciência
linguística, la langue é, para Saussure, “um ponto de vista”, qual seja: ocorrência
repetida e a permanência de suas condições ; nesse sentido, la langue opõe-se à fala (la
parole) (Milner, 2002). O fenômeno total da linguagem, a língua (la langue) é
linguagem menos fala (la parole), sendo a última singular, ela não se repete,
constituindo a linguagem como um ojeto não homogêneo. É no campo a Aquisição da
Linguagem – em que língua (langue) e fala (parole) estão envolvidos – que ocorre o
encontro do infans com sua língua materna, que o captura (de Lemos, 2002). De um
ponto de vista fenomenológico, é possível reconhecer as relações estruturais entre a fala
da mãe e a da criança que, como as infans, é tomado nas redes da linguagem e afetado
pelos valores performativos da invocação materna. A língua materna deve ser tomada
como experiência única, devido à incidência de uma atividade linguística na criança,
que a tornará falante. Ainda que seja uma língua entre outras, para o falante esta língua
é “materna”. E o traço de incomensurabilidade, que a define, relaciona-se a uma
trajetória que não se repete e que é desvelada na aquisição da linguagem. Podemos dizer
que, em certas circunstâncias, a língua materna é constituída por materialidades
linguísticas diversas advindas de mais de uma língua, mas aquilo que o falante sabe
sobre elas pode não coincidir com esse conhecimento. No interior deste um quadro
teórico, este trabalho visa discutir a noção de língua materna, focalizando experiências
de algumas crianças no processo de adquirir uma língua em situação de contato
temporário ou contínuo com duas línguas. Não se trata de estudo sobre bilingualismo,
mas de uma reflexão baseada em fatos observados num período de contato entre duas
crianças com três anos de idade – uma brasileira e uma francesa – tanto com o
português, quanto com o francês. Os fatos abordados permitem levantar questões sobre
os efeitos de linguagens de crianças em adultos e, eventualmente, em criações poéticas
ou literárias.
Previsibilidade e imprevisibilidade no percurso com a língua materna.
O que torna a fala da criança marcante?
Profa. Dra. Rosa Attié Figueira
UNICAMP
A gramática, como expressão de regularidades estruturais da língua, visa refletir o
conhecimento de um falante-ouvinte idealizado, membro de uma comunidade
linguística supostamente homogênea. Questiona-se o grau de idealização, a ponto de
considerar que a homogeneidade não é mais do que uma ficção (Lyons 1982). Como
afirma Lier-DeVitto, (2006) “gramáticas… podem ser vistas como instrumentos de
redução da heterogeneidade das manifestações linguísticas”. Quando se trata de
contemplar o amplo e desafiante cenário da aquisição da língua materna, é exatamente o
que se chama de error (ing.) ou faute (fr.), ou ainda "ocorrência divergente" (Figueira
1995) que a pesquisa se revela produtiva (Bowerman 1982, Karmiloff-Smith 1986, de
Lemos 1982, 1992). De fato, a fala da criança é particularmente rica em exibir aspectos
dinâmicos da relação de cada sujeito com a língua. Como nos ensina Saussure na
segunda conferência de Genebra, observar uma criança de 3 a 4 anos nos dá a ver "um
verdadeiro tecido de formações analógicas” (Ecrits de Linguistique Générale 2002:
140). O foco deste trabalho é assim a fala divergente da criança, na direção de avaliar a
extensão do fenômeno analógico, sua natureza ao mesmo tempo previsível e
imprevisível. Conforme se lê no Curso de Linguística Geral: "Não se pode dizer de
antemão até onde irá a imitação de um modelo, nem quais os tipos destinados a
provocá-la” (Saussure 1916 [1971]: 188).g Com base nos corpora de crianças
brasileiras em processo de aquisição do português ( 2 a 5 de idade, fontes: diário e de
gravações sistemáticas), abordaremos processos morfológicos, que afetam o verbo e o
nome, sujeitos a uma surpreendente variação, no percurso de cada sujeito com a língua.
No decorrer da constituição do paradigma verbal ocorrem erros multidirecionados
quanto aos sufixos desinenciais, e isto acontece não só no domínio dos verbos
irregulares, mas no domínio dos “bem comportados” verbos regulares (Figueira 2000,
2010). Este quadro deixa ao observador a impressão de uma dissolução dos limites que,
na língua adulta, separam os verbos em classes de conjugação distintas (1.a, 2.a e 3.a
conjugação). Na sua flagrante instabilidade, podem ser vistos como peças que exibem
um movimento (ao mesmo tempo previsível e imprevisível), na direção da mise ou
remise en système. Outro aspecto a ser considerado são as inovações incidindo sobre
nomes, domínio de farta ilustração desde os diaristas (por exemplo, Sully 1895).
Procuraremos mostrar que os nomes de agente, criados pela criança, podem ser
analisados pela noção de analogia de Saussure, mas se beneficiam também da
contribuição de Benveniste aos noms d´action e noms d´agent (1948, citado por Milner
2000). Focalizaremos sentenças de primeira pessoa Eu sou SN, contendo no predicado
um nome que designa o agente. Tais sentenças são duplamente interessantes: pela
inovação morfológica no N, e pelo ato de predicação original que “perfomam”. Através
delas a criança se apresenta como autor/a de uma ação atual, numa predicação
improvisada. A nomeação recobre um ato que se cumpre naquele momento, procedente
do sujeito da enunciação, criativamente nomeado. A criança não reproduz algo que
ouviu, mas vale-se de um recurso dinâmico para comunicar sua condição de
autor/agente ocasional. Poderia a noção de adaptabilidade ser introduzida para abranger
tal perspectiva? Este termo/tema poderia ser utilizado para iluminar a dimensão do uso
da linguagem na aquisição da linguagem., contribuindo para a exploração do tema das
inovações, presentes nas estruturas linguísticas em uso pela criança entre 2 a 5 anos de
idade.
Língua materna considerada desde a perspectiva de desordens na
linguagem
Profa. Dra. Lourdes Andrade
DERDIC-PUCSP
Nesta apresentação discute - se a posição particular da língua materna tanto no
campo dos estudos da linguagem quanto em relação com o sujeito falante. Duas
posições bastante fortes sobre a especificidade da língua materna no conjunto das
línguas serão tomadas como ponto de partida da discussão a ser desenvolvida: a
posição sustentada por J-C Milner no Amor da Língua (1978) e aquela sustentada
por Lier-DeVitto no campo das patologias da linguagem. Elas apontam para o fato
de que o potencial para equivocidade instaurado por toda e qualquer língua é
posto em operação de modo particularmente na relação entre o sujeito falante e
sua língua materna. A singularidade desse funcionamento será explorada com foco
em produções sintomáticas de crianças. Para tanto, material clínico de
falas/escritas de crianças recolhidos na clínica de linguagem serão apresentados e
discutidos.
Mesa Redonda 3
Clínica com Sujeitos numa Relação Conflituosa com a Língua
Materna
Coordenadora e Debatedora: Profa. Dra. Maria Francisca Lier-DeVittoPUCSP-LAEL
Palestrantes Convidadas:
Profa. Dra. Maria de Fátima Vilar de Melo - UNICAPE
Profa. Dra. Suzana Carielo da Fonseca - PUCSP - PPGG
Profa. Dra. Melissa Catrini - UFBA
Profa. Dra. Juliana Ferreira Marcolino Galli - UNICENTRO-OR
RESUMOS DOS CONVIDADOS
Língua materna e fala sintomática nas afasias : algumas questões
Profa. Dra. Maria de Fátima Vilar de Melo
UNICAPE
As pesquisas sobre a relação entre linguagem e afasia defendem posições bastante
distintas entre si, dependendo da concepção que têm das afasias, da linguagem e de falas
sintomáticas. Por serem majoritariamente ligadas ao campo bio-médico, esses estudos
tendem a assentar sua noção de afasias sobre uma relação de causalidade entre lesão e
linguagem, assumindo esta última como uma falcudade humana. Disso decorre que tais
pesquisas não levam em conta seja aspectos psíquicos, seja aspectos linguísticos;
consequentemente, a afaisa resulta definida como uma perda ou uma redução da
linguagem. Longe de ser recente, esta definição se estabelece no século XVIII, no
interior da Neurologia, notadamente localizacionista, de que Jean-Paul Brockart é
reconhecido como fundador. O primeiro teórico a interrogar esta definição foi o
neurologista inglês John Hughlings Jackson, que inaugura a perspectiva que ultrapassa
concepções redutoras das afasias a aspectos exclusivamente orgânicos, ao afirmar que o
esforço de caracterização e classificação de uma afasia implica considerar os aspectos
linguísticos alterados. Esta abordagem, desenvolvida por Jackson, foi retomada por
Freud em seu trabalho «Contribuitions à la conception des aphasies», publicado em
1891. As observações de Jackson sobre fenômenos relativos aos restos de linguagem e
ao aparelho de linguagem foram capitais para Freud. Entretanto, ele se afasta da
posição de Jackson e a ultrapassa na medida em que considerou como imperativo o
aprofundamento da reflexão sobre a natureza da linguagem. Freud oferece uma
interpretação nova da organização desse aparelho e a mostrar a meneira segundo a qual
os fatores topográficos e funcionais são afetados em caso de perturbações no referido
aparelho. Nesse sentido, sua análise das parafasias constitui, para nós, um dos pontos
maiores de seu trabalho, na medida em que há, ali, uma concepção de funcionamento da
linguagem absolutamente original, já que tal funcionamento não é visto como passível
de ser controlado pelo sujeito falante. Fonseca e Vorcaro (2006) sustentam que Freud
teve o mérito de propor um aparelho de linguagem que serviu de base para sua
concepção posterior de aparelho psíquico. As abordagens de Jackson e, acima de tudo a
de Freud, abriram para o estudo das afasias em outros campos do conhecimento – caso
da Linguísitca com Jakobson, por exemplo, que interessou, de perto, pesquisadores da
Clínica de Linguagem, proposta por Lier-DeVitto (1997-8). Certo é que as afasias
colocam em perspectiva o organismo, o corpo-falante e o psiquismo numa relação
especial, discutida neste trabalho, à luz de considerações de Frej (2003) para quem a
presença dessas três instâncias introduz a necessidade de não serem tratadas como
excludantes. Esse ponto nos remete ao Aufhebung de Freud: termo de que o psicanalista
se serve para tratar o instante mítico em que o organismo humano é alçado e elevado à
condição de sujeito. Para desenvolver esta questão, afirmamos que o estudo das afasias
implica tomar em consideração a relação do sujeito com a linguagem e seu
funcionamento – o que requer colocar em evidência a ordem própria da língua, assim
como a ligação específica entre afasia e la langue.
O afásico; um estranho na língua materna
Profa. Dra. Suzana Carielo da Fonseca
PUCSP - PPGG
Na afasia há um cérebro lesionado, uma fala (e/ou escuta) alterada e um sujeito que
sofre por efeito de sua condição sintomática na linguagem. Vale notar que há um pré-
requisito para a instanciação da afasia: a de que está sempre em causa um sujeito já
constituído falante, ou dito de outro modo, um sujeito já maternado por uma língua. Por
efeito da lesão cerebral, ele é confrontado com outra condição de falante, diferente da
que podia antes sustentar. Por isso, ele fica como outro frente à própria fala (e /ou
escrita). Essa não coincidência é atemorizante porque produz a ruptura de um ideal de
unidade que (mesmo que provisoriamente) está implicado nas falas (escritas) de falantes
normais. Tal ruptura, contudo e paradoxalmente, não é total já que para o afásico e para
os demais falantes de sua língua materna, os restos que se apresentam na sua fala
(escrita) são reconhecidos como restos dessa mesma língua. Nessa medida, pode-se
dizer que estranho e familiar se entrelaçam no acontecimento patológico que se
denomina afasia, o que nos leva a concluir que o afásico é um estranho na língua
materna. Vale destacar no encaminhamento desta discussão que tomaremos como
referência a teorização de Milner (1978, 1983) sobre a língua materna e a questão do
estranho, tal como trabalhada por Freud (1919). Material clínico referente a atendimento
fonoaudiológico de afásicos serão trazidos para movimentar o debate.
Corpo, sujeito, língua e fala no campo das patologias da linguagem
Profa. Dra. Melissa Catrini
UFBA
Na clínica de linguagem, o sintoma é definido como uma “marca na fala que fala do
sujeito”, ou seja, “fala” de sua condição problemática enquanto falante. Se entendemos
que falante é aquele que habita uma língua, como afirma De Lemos (1992, 2002, entre
outros), o sintoma é expressão de mal-estar do sujeito em “sua casa”. Sabe-se que o
efeito sintomático de uma fala é inequívoco (Lier-DeVitto, 2001) e será sentido de
forma não menos profunda nos desarranjos interacionais provocados por ela. Daí uma
dissimetria marcante se instala entre falantes de uma língua. O sintoma na linguagem
envolve, portanto, um profundo drama subjetivo que se imiscui com a dor do
isolamento social. Por outro lado, é preciso destacar que, com frequência, o exercício da
clínica nos coloca diante de manifestações sintomáticas de fala que deixam a descoberto
sujeitos paralisados em gestos articulatórios desajeitados ou num visível esforço do
corpo para falar. Digamos assim, se a marca na fala revela-se na escuta do outro a tal
ponto de produzir o rompimento do laço social, há manifestações sintomáticas de fala
que se marcam no corpo e atingem o olhar. Tratam-se de manifestações que
comparecem no corpo e “corpo” é, por tradição e direito, objeto (exclusivo) do campo
da Fisiologia e da Patologia – justifica-se, sem dúvida, a força da discursividade desses
estudos sobre o tema que também opera no domínio da divisão filosófica mente/corpo melhor entendido, da relação entre razão/cognição e corpo/organismo. É na esfera do
dualismo corpo-mente que se inscreve a discussão sobre a relação entre corpo e mente,
corpo e linguagem. Entretanto, no presente estudo, Freud comparece dissolvendo o
dualismo psicofísico. Nos escombros da histeria e nos furos da afasia, ele viu que
estrutura e funcionamento não caminham lado a lado. Daí que outra concepção de corpo
deve vir a figurar. Fala-se do corpo que é Um, aquele que nasce com o ser de
linguagem, o falasser, o corpolinguagem. Sendo assim, manifestações como essas, que
marcam o corpo falante, nos obrigam a levar adiante uma reflexão no campo das
patologias e clínica de linguagem que não exclua o corpo das considerações sobre a
articulação língua-fala-sujeito. Trata-se de não ignorar que gestos articulatórios
distorcidos colocam em evidência o corpo, sobre o qual pesa a expectativa de
“naturalmente” estar preparado para oralizar. Expectativa, no caso, frustrada. A verdade
é que não há nada de natural na utilização do trato bucofaríngeo para a fala, como já
advertia Saussure. Sendo assim, o presente trabalho busca analisar as marcas
sintomáticas que comparecem na fala quando o corpo parece não ser potente para
sustentar o peso do significante (BÈRGES, 2008). Para tanto, são analisadas sessões
clínicas em que situações dialógicas foram gravadas e transcritas. A análise tem como
foco tecer considerações a respeito da relação sujeito-língua-fala, incluindo nessa tríade
uma reflexão sobre o corpo falante. A tarefa é cumprida a partir das reflexões
encaminhadas no âmbito do Grupo de Pesquisas “Aquisição, patologias e clínica de
linguagem” (LAEL/PUCSP).
Body, subject and language in the field of Language Patho
Profa. Dra. Melissa Catrini
UFBA
It is well known that the effect of symptomatic speech on the other is unequivocal (LierDeVitto, 2001) and that a striking dissymmetry between speakers of the same language
is deeply felt in interaction situations, even if the communicative process is not
interrupted (Catrini, 2005). In the clinical realm of speech therapy, the symptom in
language could be defined as unstable and enigmatic utterances (pseudo-words,
disordered productions) which affect their intelligibility and interpretation and sheds
light on the subject’s problematic condition as a speaker of her/s mother tongue. If we
understand that the speaker of a language inhabits his mother tongue, as posed by
Lemos (1992), the symptom in speech can be taken as a glaring expression of
uneasiness felt "at home". In clinical practice, symptomatic speech may include
awkward articulatory gestures and noticeable efforts to overcome such difficulties
which involve, in an odd way, the body of the speaker. Indeed, such frequent clinical
events raise questions concerning the subject-speaker’s body within a theoretical
framework which reflects upon the language-speech-subject relationship. In fact, it is
not to ignore that distorted articulatory gestures contradicts the idea that the human
body is "naturally" prepared to vocalize speech; such an expectation is frustrated when
one is face-to-face apraxia, a clinical manifestations that shows that there is nothing
natural about the oropharyngeal tract for speech, as Saussure (1916) stressed. This study
aims at discussing symptomatic speech gestures which lightens instances where the
body does not seem to support the pressure of the significant (Bèrges, 2008). No doubt,
apraxia affects “the speaking body” not “the organic body", which, from a medical
viewpoint is the neutral object of physiology and pathology. I intend to discuss and
justify the theoretical distance I take from the traditional approach to apraxia, which
sustains itself on the philosophical dichotomy between mind and body, i.e., between
cognition and organism. Freud is called upon and taken as a landmark concerning the
concept of “body” since he dissolves the philosophical and psychophysical dualism
mind-body. Affected by the ‘wreckage’ of hysteria and the ‘holes’ of aphasia, he states
that structure of the body and the body functions do not go side by side. Freud could
develop in some studies on Apraxia the notion that there is only one “human body” –
the one which comes to life when captured by language or, according to Lacan, such a
body should be viewed as “corps pulsionel, as a “languagebody”. Some clinical
dialogue will be presented and analyzed.
Considerações sobre a relação memória e linguagem em fala de
crianças
Profa. Dra. Juliana Ferreira Marcolino Galli
UNICENTRO-OR
Este trabalho origina-se no aspecto teórico central na minha tese de doutorado, quando
discuti a relação memória e linguagem, a partir da minha prática clínica de atendimento
de sujeitos com demências. A reflexão encaminhada assumiu que linguagem não é
função cognitiva e memória não é lugar de estocagem. O movimento de Freud na
elaboração do aparelho psíquico, como um aparelho de linguagem e um aparelho de
memória foi apresentado. A partir de Freud, o trabalho sustenta um argumento que
dissolve a hierarquia entre memória e linguagem, frequente nas abordagens
cognitivistas. Ao final da etapa do doutorado, pontos enigmáticos deixam ver a
complexidade do assunto. Esses pontos permitem levantar questões sobre a Aquisição
da Linguagem, considerando a natureza do diálogo adulto-crianças, seus monólogos e
narrativas, já que a criança fala, mas sua relação com o contexto (referência externa)
pode ser interrogado, assim como seu efeito comunicativo. A proposta de aquisição da
linguagem de De Lemos (1992, 1997) é solidária ao processo de subjetivação. A
aquisição é impulsionada por mudanças estruturais: de posição da criança frente à fala
do outro e à língua (la langue). Diversas ocorrências na fala da criança, como o
erro/equívoco, escuta, reformulações, réplicas, tem sido entendidas, pelos pesquisadores
desta proposta como índices de mudanças de posição da criança na linguagem. Neste
ponto de vista, a criança entra na linguagem ao “incorporar fragmentos da fala do outro”
e que esses pedaços de fala retêm “restos” de cenas vívidas. É a partir da “memória”
que fragmentos retornam na fala da criança quando ela está só (nos monólogos e nas
narrativas). Esses “retornos” apontam para o fato de que a criança, que ao repetir
pedaços da fala do outro, mostra uma fala “diferente” em diferentes aspectos (fonéticofonológico, morfológico, por exemplo) e, acima de tudo, a diferença aparece, de forma
notável na “indeterminação” sintática e semântico-pragmática de suas manifestações.
Ou seja, a repetição é com diferença - produz heterogeneidade e não coincidência entre
falantes (LIER-DeVITTO e FONSECA, 2012). Neste ponto, podemos dizer que a
repetição entre falas no diálogo criança-adulto não é equivalente à reprodução. Desse
modo, os termos “restos”, “fragmentos” e “retorno” implicam os conceitos “memória” e
“repetição”, conforme discutidos na Psicanálise. Este trabalho propõe uma reflexão
inicial sobre linguagem e memória, considerando esse trânsito de fragmentos e seus
efeitos mnêmicos no diálogo e nos monólogos em fala de crianças.
Considerations about the relation memory and language in the speech
of children
Profa. Dra. Juliana Ferreira Marcolino Galli
UNICENTRO-OR
This paper originates in the central theoretical aspect of my doctorate thesis, when
discussing the relation memory and language, from my clinical practice attendance with
subjects with dementia. The reflection forwarded assumed that language is not cognitive
function and memory is not a place of storage. The movement of Freud's work was
shown in the elaboration of the psychic apparatus as an apparatus language and a device
memory. Freud dissolves the hierarchy between memory and language, common in
cognitive approaches. At the end of the stage doctorate, enigmatic points indicated the
complexity of the subject. These points raise questions about the Language Acquisition,
considering the nature of adult-child dialogue, his monologues and narratives. This is
because the child speaks, but its relation with the context (external reference) can be
questioned, as well as its communicative effect. The proposed acquisition of the
language of De Lemos (1992, 1997) is integral to the process of subjectivation. The
acquisition is driven by structural changes: the position of the child in relation to the
speech of others and in relation to the language (la langue). Several occurrences in child
speech, as the error/ mistake, reformulations, have been understood by researchers in
this proposal as indices of changes in position of the child in the language. In this view,
the child enters language to "incorporate fragments of the speech of the other" and that
these cuts retain speech "remains" vivid scenes. These fragments return in child speech,
from “memory”, when she is alone (in monologues and narratives). They point to the
fact that the child shows one speaking "different" in different aspects (phoneticphonological, morphological, for example) and, above all, the difference appears
remarkably in the semantic-pragmatic and syntactic "indeterminacy". Other words,
repetition is difference: it produces heterogeneity and not coincidental between speakers
(LIER-DeVitto and FONSECA, 2012). At this point, we can say that the repetition
between in adult-child dialogue is not equivalent to reproduction. Thus, the terms
"remains," "fragments" and "return" implies the concepts of "memory" and "repetition",
as discussed in Psychoanalysis. This paper proposes an initial reflection on language
and memory, considering this transit of fragments and their mnemonic effects in the
dialogue and monologues in the speech of children.
Mesa Redonda 4
A Face e a Fala na Expressão de Emoções e Atitudes
(Face and Speech in expressing emotions and attitudes)
Coordenadoras: Profa. Dra. Sandra Madureira (PUC-SP LAEL) e Profa. Dra.
Zuleica Camargo (PUC-SP- LAEL)
Debatedor: Prof. Dr. Mario Augusto de Souza Fontes (PUC-SP)
Palestrantes Convidados:
Prof. Dr. Armindo Freitas Magalhães - Feelab- Universidade Fernando Pessoa do Porto,
Portugal
Prof. Dr. Plinio Almeida Barbosa - IEL-UNICAMP
Prof. Dr. Albert Rilliard LIMSI-Paris
RESUMO DA MESA
Emoções compreendem respostas automáticas, intensas e rápidas aos estímulos do
ambiente, envolvendo reações fisiológicas, comportamentais e a experiência de
sensações e são reveladas na face e na voz. Enquanto as emoções implicam em
experiências, as atitudes implicam em julgamentos baseados em crenças, sentimentos e
intenções. Esta mesa redonda tem como objetivo abordar métodos de identificação de
emoções por meio de análise de gestos faciais e vocais e discutir os mecanismos
envolvidos na linguagem gestual. Para a análise da face, o Facial Action Code System
(FACS) é um instrumento que permite classificar as micro e macro expressões faciais
por meio de unidades de ação. Para o delineamento do perfil vocal recorre-se às análises
perceptiva e acústica da prosódia da fala. Resultados de análises da expressão facial e
vocal de emoções serão relatados, discutidos e considerados em relação ao cenário dos
estudos da linguagem gestual.
Palavras chave: expressão de emoções; expressão de atitudes; expressividade de fala;
expressão facial
TABLE ABSTRACT
Emotions are intense, automatic and quick responses to environmental stimuli,
involving physiological responses and experience and they can be expressed by facial
and vocal gestures. While emotions involve experiences, attitudes involve judgments
based on beliefs, feelings and intentions. This round table has as its objective discussing
the expression of emotions by facial and vocal gestures and considering some
mechanisms underlying these kinds of gestural language expression. In order to analyze
facial expression, the Facial Action Code System (FACS) is an instrument which
allows classifying micro and macro facial expressions by means of action units. In
order to delineate the vocal speech profile perceptual and acoustic analysis are
performed. Results of experiments concerning the facial and vocal expression of
emotions and attitudes are reported, discussed and considered in relation to the gestural
language scenario.
Key words: expression of emotions; expression of atitudes; speech expressivity; facial
expression.
RESUMOS DOS CONVIDADOS
A expressão facial das emoções
Prof. Dr. Armindo Freitas Magalhães
FEELAB - Universidade Fernando Pessoa do Porto, Portugal
A expressão facial das emoções podem ser analisadas por um instrumento chamado
Facial Action Code System (FACS) desenvolvido por Eckman e Friesen (1978) e
revisado por Eckman, Frioesen e Hagen (2002), o qual permite classificar micro
expressões, ou seja, expressões que duram frações de segundo, e macro expressões
faciais por meio de unidades de ação (AUs). Uma codificação de 44 músculos que é
usada mundialmente por profissionais tais como psicólogos, psiquiatras neurologistas e
pesquisadores que se dedicam ao estudo da expressão das emoções na interação social
mediada pela fala. O processo de identificação das expressões faciais é discutido e as
características faciais de7 emoções básicas (felicidade, tristeza, medo, nojo, surpresa e
desprezo) são apresentadas. Resultados de trabalhos que aplicam as AUs para a análise
da expressão facial das emoções são apresentados e discutidos.
Palavras chaves: expressão facial; emoções; interação social.
The facial expression of emotions
Prof. Dr. Armindo Freitas Magalhães
FEELAB - Universidade Fernando Pessoa do Porto, Portugal
The facial expression. of emotions can be analyzed by a tool called the Facial Action
Code System (FACS) revised by Eckman (2002) which allows classifying micro
expressions, that is, lasting for a fraction of a second, and macro facial expressions by
means of action units (AUs), a coding of the 44 facial muscles which is used worldwide
by professionals such as psychologists, psychiatrists, neurologists and researchers
concerned with the expression of emotions in spoken social interaction .The process of
identifying facial expression is discussed and facial characteristics of the 7 basic
emotions (happiness, sadness, fear, anger, disgust, surprise and contempt) are presented.
The results of works applying the AUs to the analysis of the facial expression of
emotions are presented and discussed.
Key Words: facial expression; emotions; social interaction
A análise acústica da expressividade da fala
Prof. Dr. Plinio Almeida Barbosa
IEL-UNICAMP
Este trabalho apresenta as contribuições de um conjunto de medidas extraídas por um
script (Barbosa, 2009) denominado Expression Evaluator, o qual roda no software
PRAAT, desenvolvido por Paul Boersma e David Weenink da Universidade de
Amsterdam para a avaliação da expressividade da fala. O script possibilita a geração de
quatorze parâmetros acústicos relacionados à duração, frequência fundamental, espectro
de longo termo e ênfase espectral que pode ser aplicado para o estudo do ritmo,
entoação, qualidade de voz na fala expressiva e patológica. Essas medidas podem ser
utilizadas para avaliar a fala em relação à expressão de primitivos emocionais, referidos
como ativação, valência e envolvimento. Resultados de trabalhos que aplicam essas
medidas na análise da expressividade da fala são apresentados e discutidos.
Palavras chaves: fala expressiva; análise acústica; emoções
Acoustic analysis of speech expressivity
Prof. Dr. Plinio Almeida Barbosa
IEL-UNICAMP
This work presents a set of acoustic measures extracted by a script (Barbosa, 2009)
called Expression Evaluator, running in PRAAT, a software developed by Paul
Boersma and David Weenink from the University of Amsterdam which can be used to
analyze speech expressivity. The script allows to generate up to fourteen prosodic
parameters related to duration, fundamental frequency, long term average spectrum and
spectral emphasis to the study of rhythm, intonation and voice quality in expressive and
pathological speech. In analyzing speech expressivity it can be used to evaluate the
degree of the emotional primitives referred as activation, valence and involvement. The
results of works applying these measures to the analysis of speech expressivity are
presented and discussed.
Key words: expressive speech; acoustic analysis; emotions
A expressão facial e vocal de atitudes na fala
Prof. Dr. Albert Rilliard
LIMSI-Paris
Este trabalho apresenta uma análise das características faciais e vocais na expressão de
atitudes na fala e discute os processos envolvidos na decodificação dessas expressões.
Atitudes envolvem julgamentos de afeto baseados em crenças, sentimentos e intenções e
são voluntariamente controlados. Diferenças são encontradas na expressão de atitudes
na interação verbal dependendo da influência da língua e cultura dos falantes.
Resultados de alguns experimentos de naturezas acústica e perceptiva são apresentados
e discutidos e a relevância do papel da prosódia no contexto de expressão de atitudes na
fala é salientada.
Palavras chaves: expressão de atitudes; expressão facial; expressão vocal
The facial and vocal speech expression of attitudes
Prof. Dr. Albert Rilliard
LIMSI-Paris
This work analyzes facial and vocal characteristics of the speech expression of attitudes
and discusses the processes involved in the decoding of attitudes in speech. Attitudes
involve affect judgments based on beliefs, feelings and intentions and they are
voluntarily controlled. Social affects can be expressed by facial and vocal
characteristics. Differences are found in the expression of attitudes in verbal interaction
depending on the speakers’ language and culture. The results of some perception and
acoustic experiments concerning the speech expression of attitudes in different
languages are presented, discussed and attention is drawn to the role of prosody in .the
vocal expression of attitudes.
Key words: expression of attitudes; facial expression; vocal expression
Mesa Redonda 5
Metáfora em uso: metáfora conceitual e frames
(Metaphor in use: conceptual metaphor and frame)
Coordenadora: Profa. Dra. Mara Sophia Zanotto (PUC-SP- LAEL)
Palestrantes Convidados:
Heronides Moura - UFSC
Lucienne Claudete Espíndola - UFPB
Mara Sophia Zanotto - PUCSP
RESUMO DA MESA
A Linguística Aplicada focaliza a metáfora em uso no mundo real em diferentes gêneros
discursivos e diferentes contextos e culturas. Esse enfoque revela a complexidade do
fenômeno metafórico no mundo real, devido à dinâmica da interação de aspectos
cognitivos, corpóreos, sociais, culturais e intersubjetivos. Assim, Zanotto et al. (2008)
apontam que, para dar conta dessa complexidade da metáfora em uso, é preciso
convocar outras teorias, além da Teoria da Metáfora Conceptual (LAKOFF &
JOHNSON, 1980; LAKOFF (1993), indo em direção a um pluralismo teórico. Desse
modo, as pesquisas que serão apresentadas nesta mesa-redonda têm por objetivo discutir
as questões decorrentes de focalizar a metáfora em uso, como, por exemplo, a
problematização de Teoria da Metáfora Conceptual para dar conta da explicação da
significação discursiva e a consequente necessidade de recorrer à semântica de frames
(FILLMORE, 2006).
TABLE ABSTRACT
Applied Linguistics focuses on the metaphor in use in the real world in various
discursive genres and different contexts and cultures. This approach reveals the
complexity of the metaphorical phenomenon in the real world, due to the interaction
dynamics of cognitive, bodily, social, cultural, and inter-subjective aspects. Thus,
Zanotto et al. (2008) point out that, to account for this complexity of metaphor in use,
there is a need to call out other theories, besides the Conceptual Metaphor Theory
(LAKOFF & JOHNSON, 1980; LAKOFF, 1993), heading towards a theoretical
pluralism. Thereby, the investigations that will be presented in this roundtable aim to
discuss the issues arising from the focus on metaphor in use, such as, for instance,
discussing the Conceptual Metaphor Theory to account for explaining discursive
meaning and the consequent need for resorting to frame semantics (FILLMORE, 2006).
RESUMOS DOS CONVIDADOS
Metáfora: ligando frames
Heronides Moura
UFSC
Nesta apresentação, pretendo mostrar que a metáfora é uma correlação entre frames. Os
frames são sistemas de conceitos relacionados que formam uma base de conhecimento.
Usar o significado de uma palavra implica ativar determinado frame. Uma metáfora
estabelece uma correlação entre frames. Essa correlação pode ser de natureza
intercultural, quando se trata de frames pertencentes a duas culturas, como na língua
guarani, em que o vocábulo bicicleta foi traduzido do português como “cavalo magro”.
Outro exemplo vem da língua baniua (Alto Rio Negro, Amazonas), em que o vocábulo
avião foi traduzido do português como “canoa que voa”. A correlação pode, também,
ser intracultural, como na metáfora francesa “lèche-vitrine”, em que um frame
associado ao corpo é correlacionado ao frame transação comercial. A correlação entre
frames não é arbitrária, mas, sim, motivada, icônica. Partes da estrutura conceptual de
um frame são identificadas com partes da estrutura conceptual de outro frame. Essa
motivação pode ser já não claramente percebida, como no caso de polissemia
metafórica, por exemplo, na palavra “ataque” (militar, futebolístico, pessoal), pois a
correlação entre frames, nesses casos, é automática. Em outros casos, a correlação
precisa ser inferida, como na gíria “presunto” (cadáver). Uma vantagem do uso dos
frames é que eles não precisam ser totalmente estruturados, permitindo a construção de
novos conhecimentos. Dessa forma, a metáfora pode levar a reformulações dos frames
que ela correlaciona. No entanto, se utilizamos a semântica de frames, não faz sentido
dizer que um domínio de conhecimento estrutura o outro. A metáfora é um produto de
estruturas já organizadas, embora possa alterá-las.
Metaphor: linking frames
Heronides Moura
UFSC
In this presentation, I intend to show that metaphor is a correlation between frames.
Frames are related concept systems that form a knowledge basis. Using the meaning of
a word implies activating a certain frame. A metaphor establishes a correlation between
frames. This correlation can have a cross-cultural nature, when it comes to frames
belonging to two cultures, such as in the Guarani language, where the word bicycle was
translated from Portuguese as “thin horse”. Another example comes from the Baniwa
language (Upper Rio Negro, Amazonas, Brazil), where the word airplane was translated
from Portuguese as “flying canoe”. The correlation can also be intra-cultural, such as in
the French metaphor “lèche-vitrine”, where a frame associated with the body is
correlated to the frame business transaction. The correlation between frames is not
arbitrary, it is motivated, iconic, indeed. Parts of the conceptual structure of a frame are
identified with parts of the conceptual structure of another frame. Such motivation can
no longer be clearly realized, as in the case of metaphorical polysemy, for instance, in
the word “attack” (military, football, personal), since the correlation between frames, in
these cases, is automatic. In other cases, the correlation has to be inferred, such as in the
slang “ham” (dead body). One advantage of using frames is that they do not need to be
fully structured, allowing the construction of new knowledge. Thereby, metaphor can
lead to reformulations of the frames it correlates. However, if we use frame semantics, it
makes no sense to say that a knowledge domain structures the other. Metaphor is a
product of already organized structures, although it can change them.
Metáforas conceptuais nas operações da polícia federal
Lucienne Claudete Espíndola
UFPB
Nesta comunicação apresentarei os resultados de pesquisa cujo objetivo é investigar as
metáforas conceptuais subjacentes aos nomes atribuídos às operações da Polícia Federal
(PF). Essa pesquisa está vinculada à segunda linha de pesquisa do Projeto Metáforas,
Gêneros Discursivos e Argumentação (MGDA) cujo objetivo é pesquisar metáforas e
metonímias conceptuais a partir de temas/assuntos, considerando diferentes pontos de
vista (econômico, jurídico, profissional, político, religioso etc.). O corpus desta pesquisa
é constituído de textos de gêneros diversos coletados no site na Polícia Federal e em
sites de meios de comunicação. Para fazer a identificação das metáforas conceptuais
subjacentes às expressões linguísticas utilizadas para nomear as operações da PF,
usamos o método de leitura que “consiste em encontrar metáforas pela leitura de
materiais escritos” (SARDINHA, 2007, p.145). A partir da identificação da metáfora e
do domínio origem de onde são mapeados aspectos para a construção do domínio alvo
(o nome da operação), buscamos verificar se a construção do conceito metafórico
origina-se, nesse corpus, de uma experiência corpórea elementar ou de conceito cultural.
Essa investigação justifica-se pela tese da variação cultural da metáfora convencional
postulada por Kövecses (2002), além dos pressupostos teóricos de Lakoff e Johnson
(1980, 2003) e Lakoff (1987), para quem a metáfora conceptual é um modelo cognitivo
que consiste em “compreender e experienciar uma coisa em termos de outra”
(2002[1980], p.18).
Conceptual metaphors in the federal police operations
Lucienne Claudete Espíndola
UFPB
In this communication, I will present the results of a research which aims to investigate
the conceptual metaphors which are underlying the assigned names to the operations of
the Federal Police (FP). This research is associated with the second line of research of
Metaphor, Discursive Genre and Argumentation Project (MDGAP), which aims to
investigate conceptual metaphors and metonymies from themes / subjects, regarding
different points of view (economic, legal, professional, political, religious etc.). The
corpus of this research consists of texts from various genres collected on the site at the
Federal Police and on media websites. To make the identification of the underlying
conceptual metaphors to linguistic expressions used to name the operations of PF, we
use the reading method which “is to find metaphors by reading written materials”
(SARDINHA, 2007, p.145). From the identification of metaphor and the source domain
from which aspects are mapped to the construction of the target domain (the name of
the operation), we seek to verify if the construction of the metaphorical concept
originates, in this corpus, from a basic body experience or from a cultural concept. This
research is justified by the thesis of cultural variation of conventional metaphor
postulated by Kövecses (2002), besides the theoretical assumptions of Lakoff and
Johnson (1980, 2003) and Lakoff (1987), for whom the conceptual metaphor is a
cognitive model consisting of "understanding and experiencing one thing in terms of
another" (2002 [1980], p.18).
Inferências metonímicas e frames na interpretação de metáforas
Mara Sophia Zanotto
PUC-SP/LAEL
Esta apresentação faz parte do projeto de pesquisa que tem como objetivo central
investigar empiricamente o que a metáfora realmente significa para leitores reais, de
modo a contribuir para elucidar a complexidade da significação da metáfora em uso.
Essa investigação empírica tem produzido evidências sobre os processos sociocognitivos e culturais envolvidos no trabalho inferencial realizado pelos leitores na
construção das múltiplas leituras (os produtos), possibilitando uma discussão da
significação da metáfora na interface entre os processos e os produtos. Para poder
capturar o processo de co-construção online das múltiplas leituras, foi necessário
construir um desenho metodológico (ZANOTTO, 2014) adequado aos objetivos da
pesquisa, tendo como método principal o Pensar Alto em Grupo (ZANOTTO, 1995),
vivenciado por vários grupos de leitores lendo o mesmo texto, constituindo, assim, um
estudo de caso coletivo instrumental (STAKE, 1998), desenvolvido com metodologia
interpretativista (ERICKSON, 1986; MOITALOPES, 1994). O Pensar Alto em Grupo
propicia condições favoráveis para os leitores resolverem o problema das
incongruências metafóricas (CAMERON, 2003), possibilitando a elicitação espontânea
dos processos envolvidos na interpretação de metáforas e metonímias. Nos dois estudos
de caso realizados (ZANOTTO & PALMA, 2008; ZANOTTO, 2010), ocorreu um
complexo processamento em cadeia de inferências metonímicas e metafóricas na
compreensão de metáforas. Dessa constatação emergiram novas questões: essa interação
de processamentos metonímicos e metafóricos ocorre sempre no processo de
interpretação de metáforas? Haverá diferentes tipos de interação desses
processamentos? Qual o papel da metonímia nesse processo? Em relação à última
pergunta, a partir da hipótese de Moura e Silva (2014) sobre o vínculo entre inferência e
frame (FILLMORE, 2006), surgiu a pergunta de pesquisa: será que nos estudos de caso
realizados, as inferências metonímicas representam um processo de busca do frame
relevante no qual será interpretada a metáfora? Essa pergunta será discutida com
recortes dos dados dos estudos de caso realizados.
Metonymic inferences and frames in the interpretation of metaphors
Mara Sophia Zanotto
PUC-SP/LAEL
This presentation is a part of a research project whose main aim is investigating
empirically what the metaphor really means to actual readers, in order to contribute to
elucidate the complexity of the significance of metaphor in use. This empirical research
has produced evidence on the socio-cognitive and cultural processes involved in the
inferential work done by readers in the construction of multiple readings (products),
enabling a discussion on the significance of metaphor in the interface between processes
and products. In order to be able to capture the online co-construction of multiple
readings, there was a need to construct a methodological design (ZANOTTO, 2014) fit
to the research objectives, whose main method is Group Think-Aloud (ZANOTTO,
1995), experienced by several groups of readers reading the same text, thus constituting
an instrumental collective case study (STAKE, 1998), developed by using an
interpretive methodology (ERICKSON, 1986; MOITA LOPES, 1994). Group ThinkAloud provides favorable conditions for readers to solve the problem of metaphorical
incongruities (CAMERON, 2003), enabling the spontaneous elicitation of processes
involved in the interpretation of metaphors and metonymies. In both case studies
conducted (ZANOTTO & PALMA, 2008; ZANOTTO, 2010), a complex chain
processing of metonymic and metaphorical inferences has taken place in the
understanding of metaphors. From this finding, new questions emerged: Does this
interaction between metonymic and metaphorical processing always occur in the
metaphor interpretation process? Will there be different types of interaction of these
processes? What is the role of metonymy in this process? Regarding the latter, through
the assumption by Moura and Silva (2014) on the link between inference and frame
(FILLMORE, 2006), there arose the research question: In the case studies conducted, do
metonymic inferences represent a process of search for the relevant frame in which the
metaphor will be interpreted? This question will be discussed by using data excerpts
from the case studies carried out.
Mesa Redonda 6
Linguagem, Tecnologia e Complexidade
Coordenadora: Profa. Dra. Maximina Freire Maximina (PUC-SP)
Palestrantes Convidados:
Prof. Dr. Vilson Leffa - UCPel
Profa. Dra. Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva - UFMG
RESUMOS DOS CONVIDADOS
Quando saber é ignorar: por uma teoria unificada no uso da tecnologia
para o ensino de línguas
Prof. Dr. Vilson Leffa
UCPel
O título da apresentação é inspirado em uma frase de Stephen Hawking, no livro, “A
Teoria de Tudo”, onde o autor diz que na Química é possível calcular as interações dos
átomos sem conhecer a estrutura interna do núcleo de um átomo. Usando essa
afirmação como metáfora, e vendo qualquer teoria como um modelo mental que
construímos para descrever nossas observações, ainda inspirado em Hawking, proponho
que no ensino de línguas mediado pelas tecnologias digitais é possível ao professor
ignorar muito do que acontece durante a aprendizagem, sem prejuízo de sua eficiência
como professor, trabalhando, por exemplo, em um nível superior de abstração, onde os
níveis mais baixos permanecem invisíveis. Para demonstrar isso, parto de uma visão de
aprendizagem como um processo que se constitui essencialmente de interações, que se
instanciam em diferentes níveis de abrangência, dos mais altos aos mais baixos,
envolvendo tanto agentes humanos como não-humanos. A introdução das tecnologias
digitais tem produzido um impacto notável nessas interações, com repercussões na
quantidade, expandindo o número de interações possíveis, ao mesmo tempo que
aumenta sua intensidade, criando a possibilidade de um envolvimento maior dos
agentes. Minha tese por uma teoria unificada do ensino de línguas é de que a interação
de todos os agentes envolvidos pode ser explicada pela análise dos espaços vazios que
se formam entre os elementos de uma determinada realidade. No mundo da matéria,
como na sala de aula tradicional, os vazios podem estar entre os móveis e objetos.
Mexendo nesses espaços (dispondo as cadeiras em círculo, por exemplo), alteramos não
só a disposição das cadeiras mas traremos também repercussões para a interação dos
alunos, o que mostra que a interação ocorre não só entre elementos de um mesmo nível,
mas também de um nível para outro, provocando alterações significativas no sistema.
Na realidade digital, por outro lado, passamos da matéria para a luz e os espaços vazios
tornam-se extremamente mais fáceis de serem manipulados. Um arquivo extenso, por
exemplo, pode ser compactado, extirpando-se os espaços redundantes, que se repetem
entre muitos elementos relevantes para o usuário. A teoria para explicar uma ou outra
realidade, no entanto, pode ser a mesma, sem que o usuário conheça as leis físicas do
movimento das cadeiras ou o algoritmo responsável pela compactação do arquivo.
Os emojis na interação digital
Profa. Dra. Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva
UFMG
A língua(gem) é um sistema dinâmico e complexo que vai se tornando cada vez mais
complexo, pois é um sistema aberto. Novos componentes vão se agregando, fazendo
com que o sistema mude e se auto-organize constantemente, pois nada é fixo. Um
exemplo de agentes de mudança são as tecnologias a serviço da língua(gem) no mundo
digital. A comunicação oral é multimodal por natureza. Quando falamos não temos
apenas a linguagem oral. Usamos gestos, expressões faciais e um contexto ao nosso
redor que também ajuda na construção do sentido. Nesta apresentação, faço uma breve
discussão histórica do papel das tecnologias que contribuíram para a evolução da
língua(gem) e, em seguida, discutirei o fenômeno dos emojis. A emergência dos emojis
trouxe tanta vitalidade às interações digitais que a imagem do coração foi a “palavra” do
ano em 2014, segundo o Global Language Monitor, por ter aparecido bilhões de vezes
em todo o mundo. Na interação eletrônica, que se assemelha muito à linguagem oral, os
emojis são auxiliares na comunicação, que minimizam a ausência da multimodalidade
típica da conversa. Para ilustrar, usarei exemplos retirados de interações mediadas pelo
What’s up e pelo Facebook.
Mesa de Encerramento
Profa. Dra. Maria Antonieta Celani
PUCSP-LAEL
Após um breve, brevíssimo, histórico do INPLA serão feitas considerações sobre a
importância desse evento no cenário nacional. Considerações sobre a caracterização da
Linguística Aplicada e sua natureza transdisciplinar farão também parte do
encerramento das atividades. Por que e como a Linguística Aplicada tem lugar na
pesquisa transdisciplinar? Essa pergunta será respondida na sessão de encerramento.
SIMPÓSIOS
As múltiplas vozes e sentidos dos discursos institucionais:
reflexões dialógicas
Coordenadores:
Cláudia Garcia Cavalcante - FATEC/SP; Universidade Nove de Julho
Irene de Lima Freitas – UNIUBE
De acordo com Brait e Magalhães (2014), a origem da palavra dialogismo remete à
justaposição de uma preposição e um substantivo gregos: por causa de e discurso,
respectivamente. Esses são dois dos termos possíveis que apontam para a constituição
de um conceito que mostra a indissolubilidade entre diálogo e linguagem em que aquele
existe por meio deste. Nesse sentido, e a partir do pensamento emergido dos estudos de
Bakhtin e do Círculo, o estudo das produções humanas só se torna possível por meio do
texto, aqui também entendido como interação oral face a face, diálogo stricto sensu.
Então, se tomarmos o caminho do raciocínio de Bakhtin (2006), podemos afirmar que
onde não há linguagem, não há palavra, não há discurso, não há texto. Os textos são
essenciais na perspectiva de linguagem da Análise Dialógica do Discurso (ADD) por
serem os lugares de constituição dos sujeitos que pensam, comunicam-se entre si numa
relação orgânica que resulta no ato ético e responsável. Por isso tudo, essa perspectiva
reflete sujeitos discursivos em uma cadeia ininterrupta de diálogo e não em objetos
neutros e abstratos que não interagem e, portanto, não produzem discursos. Assim, esse
simpósio propõe uma “sessão bakhtiniana” ao apresentar diferentes pesquisas que
variam em escopo e objetos de estudo, mas unidas pela mobilização de um mesmo
conceito acerca de língua, linguagem e práticas sociais refletidas em enunciados
concretos (textos) (discursos) em diferentes esferas da atividade humana,
principalmente aquelas voltadas à educação superior.
Comunicações internas
É para escrever com as minhas palavras?”. A autoria e as
discrepâncias no ensino de produção textual na universidade
Cláudia Garcia Cavalcante
A comunicação propõe uma reflexão acerca do conceito de autoria em Bakhtin (2010;
2006) no que se refere à a autor-pessoa e autor-criador. A distinção coaduna-se com
nosso propósito de estudo do ensino de língua portuguesa na graduação em que se
prioriza a posição de um sujeito hábil em enunciar-se a partir de um lugar social e
produzir um discurso singular, apesar de inscrito em uma tradição ou institucionalizado.
É essa posição de autor que se requer do aluno em suas produções textuais,
principalmente nas atividades escritas desenvolvidas ao longo do curso ou no trabalho
de conclusão. A “nova unidade axiológica” constrói o autor, a consciência participante
diretamente do evento, e torna-se objetivo principal das aulas de produção textual na
universidade, objeto de discussão desse estudo. A fim de corresponder aos propósitos de
uma comunicação oral, dividimos a reflexão em dois momentos. O primeiro, de caráter
teórico, fundamenta-se na concepção dialógica do discurso defendida por Bakhtin e
membros do Círculo e concentra-se na leitura e interpretação dos textos acima citados.
No segundo, o conceito de autoria orienta a leitura e a análise das Diretrizes
Curriculares Nacionais do curso de Graduação em Administração (Resolução nº4, 2005)
em estreita relação com os dados fornecidos pelo Censo da Educação Superior (2012) e
os resultados dos exames de larga escala Enem (2014) e Pisa (2014) no que se referem à
produção textual dos egressos da educação básica brasileira. Os dados cotejados
permitem a compreensão de um movimento dialógico que se estabelece entre o perfil do
egresso do ensino básico e as demandas da vida universitária no tocante ao ensino da
língua portuguesa na graduação. As relações estabelecidas nas análises apontam para
uma distância quantitativa e qualitativa entre as habilidades/competências demonstradas
pelos alunos egressos do ensino médio e o perfil do egresso instituídos pelas DCNs.
Convergências e divergências entre discursos oficiais que normatizam
a formação do licenciando em Letras
Jozanes Assunção Nunes
As Diretrizes Curriculares para os Cursos de Letras e as Diretrizes para a Formação de
Professores da Educação Básica são instrumentos orientadores e normatizadores de
políticas curriculares institucionais, servindo como balizamento oficial dos Projetos
Pedagógicos dos cursos de Letras. Assim sendo, uma investigação dos pressupostos
norteadores da organização curricular consignados em tais instrumentos merece atenção
especial de pesquisadores que discutem a reforma da formação do licenciando em
Letras. Inserido nesse contexto, este trabalho decorre de pesquisa de doutorado em
andamento, em que buscamos realizar uma análise dialógica dos discursos de
professores que compõem o Núcleo Docente Estruturante (NDE) dos Cursos de Letras
de uma universidade mato-grossense. Nesta comunicação, resultado de pesquisa
documental, pretendemos fazer uma análise dos Pareceres CNE/CP 492/2001
(Diretrizes Curriculares para os cursos de Letras) e CNE/CP 9/2001 (Diretrizes
Curriculares para a Formação de Professores da Educação Básica) sob a perspectiva das
relações dialógicas que se estabelecem entre eles e, consequentemente, de seus
determinados horizontes axiológicos/valorativos acerca da formação do licenciando em
Letras. Para tanto, fundamentamos nosso trabalho a partir das abordagens dialógicas e
sócio-históricas bakhtinianas acerca do discurso e da interação verbal, onde
correlacionamos os dois instrumentos numa perspectiva de apreender suas
convergências e divergências, assumindo-os nos processos em que se constituem em
discursos. Fundamentalmente, os resultados evidenciaram que a questão da
profissionalização e da qualidade do ensino está no centro dos discursos professados
nos documentos. Não obstante, cabe ressaltar que enquanto as diretrizes de Letras são
marcadas pelo discurso da racionalidade técnica, enfatizando um conjunto de saberes
caracteristicamente teóricos; as diretrizes para formação de professores evidenciam uma
tendência à epistemologia da prática, valorizando os saberes experienciais, relacionados
à atuação pragmática do professor. Entendemos que a nossa pesquisa é relevante por
auxiliar a compreensão de documentos oficiais a partir da perspectiva da teoria
dialógica do discurso.
Teoria dialógica da linguagem: vozes e sentidos no discurso jurídico
Irene de Lima Freitas
Esta apresentação tem por objetivo fazer uma reflexão a respeito da forma de apreensão
do discurso de outrem e como esses discursos contribuem para a construção dos
sentidos em uma Decisão Judicial inusitada, da área criminal, proferida por um
desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Trata-se de um
Acórdão a favor do réu, contrariando a condenação imposta pela juíza de primeira
instância. A fundamentação teórico-metodológica que respalda nossas reflexões são os
conceitos depreendidos da análise dialógica do discurso de Bakhtin e o Círculo, e dos
estudos empreendidos por Brait (2003, 2005, 2006) e Amorim (2003, 2004, 2009) a
respeito das abordagens desses autores. Os estudiosos do Círculo consideram que
“quanto mais intensa, diferenciada e elevada for a vida social de uma coletividade
falante, tanto mais a palavra do outro, o enunciado do outro, como objeto de uma
comunicação interessada, de uma exegese, de uma discussão, de uma apreciação, de
uma refutação, de um reforço, de um desenvolvimento posterior, etc., tem peso
específico maior em todos os objetos do discurso (BAKHTIN, 1963/2002, p. 139).
Assim, levamos em consideração as estratégias linguísticas, enunciativas e discursivas
mobilizadas pelo sujeito discursivo para a construção dos sentidos. Percebe-se que o
espaço discursivo em que se concretizam os enunciados da esfera jurídica é entretecido
por uma multiplicidade de relações dialógicas, um incessante intercâmbio de vozes,
consciências, ideologias, que deixam entrever posicionamentos assumidos pelos
sujeitos envolvidos na cena enunciativa, o que evidencia que o discurso jurídico não é
tão somente o ponto de vista do Direito, da lei, da voz dogmática, da doutrina. “Tudo
isso requer estudo” (BAKHTIN, 1963/2002, p. 139).
Linguística aplicada e transdisciplinaridade: ensino e pesquisa
Coordenadores:
Renata Philippov - USP
Vera Lúcia Harabagi Hanna - Universidade Presbiteriana Mackenzie
Muito tem sido publicado e discutido em termos de pesquisas interdisciplinares e
transdisciplinares, tanto em relação à escola básica quanto ao ensino superior. De fato,
as diretrizes curriculares do MEC preconizam o trabalho interdisciplinar em currículos
de Letras e Formação Docente. No entanto, na prática ainda há muito a ser feito, pois,
em geral, o que se vê são currículos estanques e fragmentados que nem sempre
respondem a tais diretrizes. Assim, trabalhos com língua, literatura e cultura acabam
dissociados. Ao se entender transdisciplinaridade como algo que vai além das
disciplinas, que implica a combinação de áreas e a transferência de conceitos teóricos e
de metodologias que colaboram na resolução de problemas, o presente simpósio
constitui-se com o objetivo de acolher estudos que contemplem o trabalho
transdisciplinar em cursos de Letras e Formação Docente, e que possam, de alguma
forma, propor formas de fomentar um ensino plural.
Comunicações internas
Rompendo a encapsulação do ensino superior em Letras: uma
proposta transdisciplinar
Renata Philippov
Cursos superiores em Letras no Brasil há muito contemplam aulas de língua e literatura
estrangeiras e formação docente de forma fragmentada, com disciplinas sem integração
nem interdisciplinaridade, o que, segundo Engeström (1991; 1999), pode ser descrito
como aprendizagem encapsulada. Assim, a gestão dos currículos e o planejamento dos
conteúdos das disciplinas dentro da matriz curricular acaba por fomentar um ensino
estanque e sem continuidade ou trabalho conjunto, o que contraria até mesmo a
legislação educacional vigente. O isolamento dentro da matriz curricular reflete também
ruptura com relação à realidade fora da escola, na medida em que não necessariamente
se pensa nas necessidades e no perfil do egresso de tais cursos. Tal fragmentação leva, a
nosso ver, à perda de uma rica oportunidade de se fazer uma gestão curricular integrada
em disciplinas de língua, literatura e formação docente e, assim, fomentar a
desencapsulação do currículo e da aprendizagem, tanto em termos de um ensino
transdisciplinar quanto de um ensino voltado para o que Marx & Engels denominam “a
vida que se vive” (1845-1846/2006), ou seja, a realidade fora dos muros da escola, ou,
neste caso, das instituições de ensino superior em Letras. Esta comunicação tem por
objetivo discutir criticamente uma experiência de integração entre conteúdos de língua,
literatura e formação docente dentro de disciplinas da matriz curricular de um curso de
Letras – Inglês na Universidade Federal de São Paulo, sob as perspectivas da Teoria da
atividade sócio-histórico-cultural (LIBERALI, 2009), do letramento crítico (COSSON,
2006/2014) e da Pesquisa crítica de colaboração (MAGALHÃES e FIDALGO, 2010;
2011). Exemplos de trabalho integrado e transdisciplinar, provenientes de duas
disciplinas diferentes, serão relatados.
Multireferencialidade, muldimensionalidade, não-reducionismo:
transdisciplinaridade, docentes mais realistas
Vera Harabagi Hanna
A presente pesquisa ratifica o empenho em expandir a constituição de taxonomia para o
campo de Ensino de Línguas Estrangeiras confiando que apreciações atinentes à
etnografia da comunicação e à transdisciplinaridade possam contribuir para a formação
de docentes mais realistas. Propomos, primeiramente, um breve reexame de conceitos
fundamentais no ensino comunicativo - a língua como comunicação (E. Hall, 1959;
1977) e aprendizes como mediadores culturais, como falantes transculturais (C.
Kramsch, 1994; 1998; 2004 e M. Byram, 1997; 1998; 2000; 2002) -que embasará um
debate mais amplo sobre a acepção de transdisciplinaridade (L.Latuca, 2001; J.Klein,
2001; 2004; 2010). Nossa opção pelo conceito segue a classificação de Lattuca -visto
como uma das formas de interdisciplinaridade - e se explica pelas características
definidoras de padrões de prática e mudança que se complementam e se hibridizam e,
ao mesmo tempo, coincidem com as tipologias de Klein (2010) sobre termos análogos:
distinguem-se na interdisciplinaridade, o foco, a integração, a interação, e a
combinação; na multidisciplinaridade, a sequenciação, a justaposição e a coordenação; e
na transdisciplinaridade, a transgressão, a exceção, a transformação. A definição da
autora sobre transdisciplinaridade, que envolve desconstrução, e que assevera que um
objeto pertence a diferentes níveis de realidade, com suas consequentes contradições,
paradoxos e conflitos (2004), orientará nossa exposição. O objetivo de alcançar uma
formação transdisciplinar de professores, mais humanista, prende-se a alguns elementos
(mas não restrito a eles), norteados por B.Nicolescu (1997). Fatores como o não
reducionismo (diferentes níveis de realidade regidos por lógicas diferentes); a nova
visão da natureza da realidade (novos dados emergem da confrontação das disciplinas
que os articulam entre si); a multireferencialidade e a muldimensionalidade (concepções
do tempo e da história coexistem, e incluem a experiência de um horizonte
transhistórico); e a transculturalidade (inexiste laço cultural privilegiado) auxiliarão
nesse percurso.
Mercadores, megeras, noites e sonhos: Shakespeare no Ensino
Fundamental I
Ana Elvira Luciano Gebara
Os cursos de Letras em sua maioria (e muitos dos cursos universitários) são organizados
em departamentos e disciplinas. Essa estrutura tradicional atende às necessidades de
“disciplinar” o conhecimento constituído de forma a ser reproduzido em outras
condições e lugares – um princípio científico para obtenção do conhecimento. Porém tal
estrutura não responde às condições que nossos alunos enfrentam em sala de aula há
algumas décadas e tem sido um dos principais pontos a serem revistos conforme a
indicação dos documentos oficiais, como os PCN. Se a relação entre o conhecimento
sem a fronteira disciplinar se constitui exigência em provas de concurso e de
certificação (como ENADE), isso passa a ser uma preocupação dos colegiados, que
exige uma mudança significativa de estratégias, métodos e estrutura (SIGNORINI,
CAVALCANTI, 1998; CHARAUDEAU, 2010). Embora não seja recente, a busca por
concepções de ensino transdisciplinar ainda não chegou plenamente ao curso de Letras
sendo restrita a projetos que podem envolver duas ou mais disciplinas de um semestre
chegando, mais raramente, até ao trabalho que envolve divisões maiores como anos ou
ciclos. Nesta comunicação, tem-se como objetivo analisar os resultados de um desses
projetos desenvolvidos no curso de Letras no 5º. semestre: “Os textos clássicos e a
adaptação: percursos de leitura literária”, para verificar o processo ocorrido a partir do
envolvimento das disciplinas Metodologia e Prática de Ensino de Língua Portuguesa e
de Língua Inglesa, Língua Portuguesa e Língua Inglesa e da temática central, a questão
da leitura do texto literário. A fundamentação teórica para o estabelecimento das bases
do trabalho foram: Machado (2002); Bloom (2001); Calvino (2001) no quanto à
adaptação; Schneuwly; Dolz (2004), quanto à Sequência Didática; e Rojo (2004) quanto
à leitura. Os resultados do trabalho integrado indicam obstáculos e avanços que
projetam caminhos para próximos projetos – fase final de nossa comunicação.
Transmodalização intermodal: uma perspectiva para textos literários
em ensino-aprendizagem em FLE
Ana Luiza Ramazzina Ghirardi
Com o desenvolvimento de novas tecnologias e do mundo mediático, novos formatos de
leitura emergem de um universo em que a imagem tem lugar proeminente. Nesse novo
contexto, uma vantagem potencial para o cenário literário se apresenta: textos
consagrados são retomados e reinventados a partir de um mundo de imagens fixas, em
particular, o da adaptação de obras literárias para HQ. Segundo Nicolas Prels (2009), ao
transpor uma obra literária para HQ, o adaptador dialoga com uma obra antiga citando-a
por um filtro de modernidade. A composição de mais de uma adaptação da peça de
teatro Dom Juan (1682), de Molière para HQ indica que as apropriações multimodais,
que podem favorecer novas configurações em qualquer texto escrito, se mostram
especialmente produtivas em suas abordagens com a literatura, cuja polissemia oferece
um amplo campo para as re-criações visuais. Essa comunicação propõe a apropriação
do teatro pela linguagem HQ como instrumento especialmente produtivo para o ensinoaprendizagem em aulas de FLE. Em um primeiro momento, a partir do que Genette
(1992) designa “transmodalização intermodal”, é apresentado um cotejo das adaptações
de Vents d’Ouest (2008) e de Guy DelcourtProductions (2010) do primeiro ato da peça
de Molière, Dom Juan. Em seguida, são discutidos o mesmo trecho e sua aplicação
como dispositivo para uma atividade de ensino-aprendizagem em FLE considerando
que “o texto literário é um laboratório linguajar em que a língua é tão instantaneamente
solicitada e trabalhada que é nele que se revelam e exibem mais precisamente suas
estruturas e funcionamentos. ” (PAPO & BOURGAIN, 1989).
Metáfora, cognição e cultura
Coordenadores:
Mara Sophia Zanotto - PUCSP
Heronides Maurílio de Melo Moura - Universidade Federal de Santa Catarina
O simpósio tem como objetivo reunir pesquisadores que contribuam com trabalhos
empíricos sobre a metáfora em uso, na perspectiva sociocognitiva, que procura o
diálogo entre fatores cognitivos, sociais e culturais, propiciando uma compreensão do
fenômeno multifacetado que é o uso contextualizado da metáfora.
Comunicações internas
Metáforas e neologismos: o papel dos contextos culturais
Helen Petry e Heronides Maurílio de Melo Moura
Este projeto de pesquisa analisa o papel da metáfora nos vocábulos neológicos de língua
portuguesa, com o objetivo de identificar a tipologia dessas expressões, classificando as
metáforas dentre quatro variáveis: conceituais, imagéticas, culturais e gramaticais. O
corpus foi constituído por entradas lexicais captadas a partir do banco de dados do
Projeto BaseNeo, da Universidade de São Paulo, no qual permaneceram somente as
entradas já institucionalizadas como vocabulário da língua. A etapa posterior tratou da
identificação das metáforas conforme a tipologia proposta. Tomamos como a base a
Teoria da Metáfora Conceptual – TMC, formulada por Lakoff e Johnson (1980), Lakoff
e Turner (1989) e as discussões posteriores sobre universalismo e cultura, segundo a
abordagem de Kovecses (1990, 2005) e Sweetser (1990). Partimos da hipótese de que
neologismos sejam fontes de metáforas em razão dos contextos culturais que os
neologismos devem exprimir. Supomos que 20 a 30% dos dados examinados
correspondam a neologismos de origem metafórica e sugerimos que a maior parte das
ocorrências sejam metáforas culturais. Os resultados demostram que as metáforas
culturais têm prevalência no corpus analisado, seguidas, em menor número, por
metáforas imagéticas.
Viagens de aprendizagem de língua inglesa
Vera Lúcia Menezes de Oliveira
Paiva e Ronaldo Corrêa Gomes Junior
Com o suporte teórico dos conceitos cognitivos de metáfora e de esquemas imagéticos,
apresentaremos os resultados de um estudo sobre a metáfora da viagem em histórias de
aprendizagem de língua inglesa. Os dados foram retirados do corpus de narrativas de
aprendizagem de inglês do projeto AMFALE (http://www.veramenezes.com/amfale/).
Para localizar os exemplos de metáforas que têm como base a metáfora conceitual A
APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA É UMA VIAGEM, utilizamos o
mecanismo de busca do Google, interno ao site que hospeda o corpus, e fizemos buscas
com palavras do campo semântico viagem em português e em inglês. Em seguida
selecionamos exemplos onde a metáfora era mais saliente e escolhemos alguns deles
para nossa análise. Dividimos a análise em três partes, a partir do esquema imagético da
viagem: origem-percurso-destino. Os resultados da análise evidenciam que a maioria
das metáforas está relacionada ao processo de aprendizagem metaforizado como um
percurso, apesar de encontrarmos também algumas poucas metáforas se referindo à
origem e ao destino da viagem.
Metáforas e Identidades: um estudo das identidades metaforizadas de
um grupo de aprendizes de inglês do Brasil e de Hong Kong
Ronaldo Corrêa Gomes Junior
Se as metáforas são um fenômeno cognitivo pelo qual atribuímos sentido ao mundo e a
nós mesmos (LAKOFF E JOHNSON, 1980), entender as identidades e como elas são
construídas também pode ser uma questão de metáfora. Esta pesquisa buscou investigar
as identidades metafóricas de estudantes de inglês da Universidade Federal de Minas
Gerais e da City University of Hong Kong por meio da análise das metáforas
encontradas em histórias de aprendizagem de inglês. O conjunto de textos analisado
reúne narrativas multimodais, ou seja, as narrativas das duas universidades eram
compostas por texto, imagem, som, vídeos etc. A análise de dados consistiu nos
seguintes passos: primeiro, todas as unidades metafóricas referentes à identidade dos
aprendizes foram destacadas; segundo, após repetidas leituras, as metáforas foram
agrupadas em categorias de acordo com suas regularidades; terceiro, foi verificado
como os eus são metafórica e discursivamente construídos; e por fim, foram traçados os
perfis identitários de cada conjunto de narrativas. Os dados revelam que as identidades
metaforizadas mais frequentes nos dois grupos de participantes são as que envolvem
percursos, caminhos e jornadas, como a do viajante. Nos dados de Hong Kong, outras
identidades metaforizadas frequentes envolvem ação intensa, como a do construtor e a
do militar. Já nos dados do Brasil, as outras identidades metaforizadas mais frequentes
são as relacionadas à leitura. Uma das principais contribuições desta pesquisa é a
associação de teorias cognitivas e sociais, entendendo os aprendizes como sujeitos
sóciocognitivos que são afetados por experiências sociais, corporificadas, sinestésicas e
identitárias.
Metáfora e conflito cognitivo
Aldo J.R. de Lima
A pesquisa observou situações de conflito cognitivo com relação ao sentido da palavra
galinha no conto de Clarice Lispector, “Uma galinha”. A observação se deu através de
uma entrevista, que aconteceu após a leitura do conto, com um adolescente de 13 anos e
10 meses e uma adolescente de 14 anos e 4 meses, os dois de classe média, alunos da 8ª.
série da Rede Estadual de Educação de Pernambuco. As duas leituras promoveram uma
reorganização do sentido da palavra galinha, o que vem a confirmar que, intrínseca à
Literatura e à Poesia, a metáfora faz do texto literário um instrumento que coloca o
leitor em situações de conflito cognitivo, isto é, em circunstâncias de reorganização de
conhecimento do mundo. Sobre os textos literário e poético há um consenso de que
quanto mais distantes do referencial, quanto mais metafóricos, mais literários e mais
poéticos eles são. Com isso, ratifica-se a tese de que a Literatura e a Poesia ao
interrogarem o ser humano, protagonizarem suas necessidades históricas, suas utopias e
ideologias reorganizam os sentidos da palavra porque também a metáfora em suas
incessantes (re)organizações de conceitos e conteúdos cria conflitos cognitivos, ou
desequilíbrios, os quais, como ensina Piaget, “obrigam um sujeito a ultrapassar seu
estado atual e a procurar o que quer que seja em direções novas” (A equilibração das
estruturas cognitivas, p.18). A partir da adolescência, o estádio do pensamento é formal
porque o sujeito é capaz de formular e deduzir hipóteses; de substituir a modalidade do
real pela modalidade do possível. De posse deste pensamento, o adolescente pensa e
reflete criticamente acerca das metáforas; o pensamento formal, por conduzi-lo a níveis
de raciocínio cada vez mais complexos e sofisticados, leva-o à compreensão dos
diversos sentidos que a palavra adquire nas relações históricas, socioculturais; na
Literatura e na Poesia.
A contribuição do IFRJ na formação de professores ‘linfe’
Coordenadores:
Elza Ribeiro - Instituto Federal do Rio de Janeiro
Carla Souza - PUCRJ
O objetivo desse simpósio é compartilhar a experiência em andamento do IFRJ como
espaço para estágio supervisionado de alunos de licenciatura em Letras (PortuguêsInglês) com base na abordagem Inglês para Fins Específicos (ESP) contribuindo para a
formação de professores LINFE (de Línguas para Fins Específicos). Além disso, visa
mostrar como os professores regentes e licenciandos estão pensando e investigando o
estágio à luz da Linguística Aplicada (VIEIRA-ABRAÃO, 2010; MILLER, 2013). Em
função do Instituto ser oriundo da antiga Escola Técnica de Química, que fez parte do
Projeto Nacional de ESP quando do seu início no país na década de 70, a instituição é
tida como referência na prática da abordagem. Assim, ações pedagógicas de sala de aula
têm forte comprometimento teórico e prático, isto é, tanto produzem teoria através da
prática e vice-versa. O quadro de docentes é altamente comprometido, engajado e
preocupado com atualização, formação continuada através de: (a) desenvolvimento de
pesquisas inter e intra institucionais; (b) temas de interesse sendo pesquisados nos
cursos de doutorado; (c) participações, apresentações e publicações em eventos
importantes no cenário nacional e internacional. No processo de orientação de estágio,
esses professores têm como primícias oferecer ao futuro (às vezes, já) docente um
momento significativo e relevante para sua formação. Os licenciandos, por sua vez, se
inserem no contexto acima descrito e conseguem vivenciar a prática do ESP, mesmo
que inicialmente sem o aprofundamento necessário para tal. Esse desprestígio reportado
por muitos deles é fruto de uma trajetória universitária que, indiretamente, coloca a área
em desvantagem em relação às demais na grade curricular. Assim, este simpósio reúne
trabalhos que trazem algumas das diferentes vozes envolvidas no estágio, considerando
que tanto professores regentes como estagiários precisam se envolver na investigação de
suas próprias práticas e estão em um processo de aprendizagem mútua e concomitante.
Comunicações internas
A “voz”do licenciado pré-estágio
Talita Pereira
O estágio supervisionado obrigatório é, sem dúvidas, a base da formação docente. Por
isso, é de suma importância que nesse período seja estabelecida uma relação de parceria
entre licenciandos, professores regentes e professor-orientador para que, assim, o
estágio seja totalmente proveitoso. Além dessa relação, a instituição de ensino em que
os estagiários serão inseridos também possui um papel fundamental, uma vez que ela é
o local de observação das práticas docentes, de interação com a comunidade e de
participação nas práticas pedagógicas em sala de aula. Nós, estagiários de
Português/Inglês da UFRJ, escolhemos, dentro de uma lista fornecida por nossa
professora-orientadora, a escola na qual desejamos cumprir nossa carga horária, dentre
elas o IFRJ. Sabendo que o Instituto é tido como referência no ensino de ESP e, como
em nossa grade curricular na Faculdade de Letras Português/Inglês nenhum foco é dado
a essa abordagem, nós, licenciandos, no interessamos em ter um contato maior com o
ensino de inglês em uma escola técnica, ao menos na prática. Entretanto, a falta de um
conhecimento teórico mais aprofundado sobre a abordagem ESP faz com que
cheguemos à escola com algumas crenças sobre como seria esse ensino de inglês. Desse
modo, esse trabalho tem por objetivo apresentar as crenças que nós, licenciandos,
possuíamos sobre a abordagem ESP antes de começarmos os estágios no IFRJ.
A “voz”da teoria que embasa o trabalho
Amanda Costa
Mayra Floret
Vitor Caldas
A teoria do ESP não é – ou é pouco – conhecida pelos graduandos de Letras
(Português/Inglês) da UFRJ. Durante a disciplina Prática de Ensino, alguns dos
licenciandos têm a oportunidade de vivenciar o estágio no IFRJ e, consequentemente, de
conhecer a teoria que embasa a prática da escola. A teoria é apreciada de duas formas
mais especificamente: através da leitura e discussão de textos teóricos sugerido pela
regente em reuniões do grupo e, principalmente, da observação das aulas, o que permite
que os professores em formação conheçam o embasamento teórico através do contato
com a prática. Neste período, os licenciandos, além de perceberem os mitos que
rodeiam a visão errônea da abordagem ESP, aprendem que a abordagem leva em
consideração as particularidades de cada turma e que, por isso, as aulas e materiais
precisam estar em constante produção, adaptação e atualização. Sendo assim, percebem
que o ESP não se configura num método propriamente dito, mas numa abordagem que
pode dar conta de diversos métodos para atingir seus objetivos. Não tem, portanto,
rotinas didáticas sem o contato com as turmas. Os materiais, objetivos e, por
conseguinte, o planejamento das aulas decorrem das necessidades de uso da língua de
um determinado grupo de alunos, levando-se em conta, principalmente, quais
habilidades receberão maior destaque. Esse trabalho objetiva, portanto, apresentar as
características do ESP em contraponto aos mitos do senso comum sobre a abordagem, à
luz da teoria de Ramos (2005). Em última instância, a partir dessa apresentação, buscase delinear como o ESP se concretiza num contexto escolar específico.
A “voz”da teoria que embasa o trabalho
José Martins Junior
Mariana Leivas
A apresentação tem por objetivo relatar a experiência de estágio supervisionado
obrigatório no IFRJ, a partir do ponto de vista de licenciandos em Letras (PortuguêsInglês), após a conclusão do estágio. Destarte, são consideradas as inquietações préestágio, as horas cumpridas ao longo do período estagiado em sala de aula, as reuniões
com as professoras regente e orientadora, enfatizando as desconstruções de mitos e
crenças quando do início das atividades.O estágio supervisionado no IFRJ proporciona
aos licenciandos uma experiência única e significativa de imersão na abordagem ESP, o
que gera, em princípio, estranhamento por parte daqueles que não tiveram a
oportunidade de estudar a abordagem LINFE, ou que nunca foram instruídos de maneira
minuciosa sobre as bases históricas e teóricas, além das nuances da abordagem. Durante
o estágio, dado o acompanhamento teórico e a exposição ao ESP na prática, os
licenciandos são capacitados a pensar criticamente sobre o ensino de língua inglesa, a
necessidade e a importância do ESP no contexto do ensino técnico e tecnológico. Sendo
assim, essa apresentação é o resultado das vivências de ex-estagiários (2013 e 2015) que
cumpriram suas horas no IFRJ. Contudo, não é intenção do trabalho apresentar um
relatório do que foi visto, estudado e analisado durante o estágio supervisionado
obrigatório, mas sim expor o caráter transformador dessa experiência.
A “voz” do regente
Carla Souza
Elza Ribeiro
O objetivo da comunicação é apresentar a visão da formação inicial dos licenciandos
pela equipe de língua inglesa do IFRJ, isto é, visa dar conta de como o estágio é aqui
compreendido e praticado, a fim de contribuir para que se torne uma experiência que
possibilite a aproximação entre a teoria e a prática de sala de aula de língua inglesa.
Dessa forma, leva em consideração seu impacto, ou não, nas crenças trazidas pelos
estagiários através de uma proposta mais participativa, colaborativa e significativa na
construção de identidades dos participantes enquanto futuros docentes do mercado de
trabalho. A concepção acima exposta dialoga com autores que desde há certo tempo
embasam teoricamente nossas ideias, dentre eles Habermas (1987), Carr & kemmis
(1993), M. Johnson(1998) e Gil e Gimenez (2008), os quais já discutiam a questão da
importância da relação entre teoria-prática no estágio. Alinhamos nossas concepções
com a dos pesquisadores supracitados, acreditando que simplesmente colocar os alunosprofessores para fazerem estágio sem uma prática crítico-reflexiva muito pouco ajuda
na construção de suas identidades como professores. Para tal, é necessário que o
indivíduo seja capaz de entender o porquê e o que fazer com o conhecimento teórico
adquirido na prática, a fim de se tornar autônomo. Acreditamos que a autonomia é de
extrema importância para o conhecimento ético na profissão. Finalmente, acreditamos,
assim como Gil e Gimenez (2008), que a relação entre teoria e prática é complexa, mas
a reflexão e a colaboração são as chaves para o desenvolvimento dos professores.
O Trabalho de Conclusão em um curso de aperfeiçoamento para
professores de Inglês – Teacher´s Links
Coordenadores:
Daniela Oliveira Matos - PUCSP
Palma Rigolon - Universidade Paulista
O presente simpósio tem como objetivo apresentar e discutir as modalidades de
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) no curso Teachers' Links: Reflexão e
Desenvolvimento para Professores. Esse curso é um programa de formação contínua de
professores de inglês de escolas públicas e particulares bem como de institutos de
idiomas e universidades, desenvolvido em parceria com a Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, a Cultura Inglesa e a Secretaria Estadual de Educação do Estado
de São Paulo. É composto de três módulos: 1) O Desenvolvimento Profissional e a Sala
de Aula: reflexão sobre novos caminhos; 2) O Desenvolvimento da Autonomia e a Sala
de Aula: reflexão sobre planejamento e materiais de ensino; e 3) O Desenvolvimento
Acadêmico e a Sala de Aula: elaboração de projetos e reflexão sobre o ensinoaprendizagem de línguas como um objeto de pesquisa. Tendo em vista a necessidade de
professores em desenvolverem produção científica, o curso, hoje, conta com um quarto
módulo intitulado TCC, cujas modalidades de trabalho são: Relato Reflexivo, Unidade
Didática e Pré-Projeto de Pesquisa. Na elaboração de um relato reflexivo o professor
cursista realiza uma reflexão sobre seu processo de desenvolvimento profissional e
pessoal ao longo do curso e espera-se que o aluno seja crítico diante de seu processo
ensino-aprendizagem, Habermas (1990), Kincheloe (1997), Liberali (2004). Para a
realização de uma unidade didática o aluno baseia-se em Dolz, Schenewly (1998, 2004)
acerca de diferentes visões a respeito de linguagem, ensino e aprendizagem e o aluno de
línguas. Na Elaboração de um pré-projeto de pesquisa de sala de aula, com base nos
procedimentos discutidos no módulo Desenvolvimento Acadêmico, a aluno deve fazer
um plano de trabalho a ser desenvolvido em sala de aula. Neste simpósio, são ainda
apresentados TCCs realizados por alunas cursistas, a fim de exemplificar cada uma
dessas modalidades.
Comunicações internas
O aperfeiçoamento profissional do professor como chave para a
motivação escolar
Giseli Viviane Amorim Stefani
Um dos maiores problemas enfrentados em sala de aula pelos professores é a falta de
motivação dos alunos. Preparar as aulas, separar o material que será utilizado, e
encontrar salas apáticas e indisciplinadas, têm feito com que alguns professores
declarem estar infelizes com a profissão e, muitos deles dizem continuar lecionando por
falta de opções plausíveis.
Formada em Letras no ano de 2000, ingressei na área da educação somente em 2013. Os
primeiros meses foram desoladores, não encontrava meios de transpor as barreiras que
se formavam entre a professora novata e inexperiente e classes indiferentes e rebeldes.
Atribuía a culpa do meu insucesso aos alunos, às suas famílias e ao teor ensinado, pois
ouvia eles me dizerem que tinham dificuldades em português, quem dirá em inglês, e se
fechavam ainda mais.
Buscando formas de preparar aulas mais dinâmicas e atraentes, encontrei o curso
Teacher’s Links, e um novo horizonte foi se desenhando. Foi um período de muito
aprendizado e troca de experiências. Iniciei trabalhos com músicas apreciadas pelos
alunos e alguns pequenos diálogos e, a partir daí, foram inseridos conteúdos de
gramática, listening, speaking and comprehension. Dessa forma, no decorrer do projeto,
os leitores encontrarão citações de trabalhos sobre motivação (DORNYEI, 2001),
aprendizagem da língua inglesa (MICHELON, 2003), música como recurso didáticopedagógico (KAWACHI, 2008), uso de podcasts (MANNING, 2005), de webquests
(PAULA, 2008) e tecnologias na escola (SEABRA, 2010), além de referência a um
questionário semiaberto e relatos autorreflexivos. Sustenta-se, dessa forma, que a
experiência adquirida ao longo do exercício da carreira, aliada ao aperfeiçoamento
técnico constante, levam à conquista do exercício profissional contextualizado, seguro,
direcionado à excelência da profissão.
Professores em formação e o uso de novas tecnologias
Silvia Cristina de Oliveira
Por compreender que o nosso sistema educacional ainda inspira olhares mais acurados
com relação à prática do uso das ferramentas digitais em sala de aula, e também por não
compartilhar da ideia de que esta geração não quer aprender e não se interessa por
aquilo que a escola tem a oferecer, esta pesquisa tem a finalidade de investigar a
eficiência do aprendizado de Língua Inglesa em contextos nos quais os aplicativos para
celulares ou tablets, que funcionem com o sistema androide, possam dar suporte à
motivação e ao interesse pelo aprendizado. Tendo o olhar nessa estratégia de ensino,
espera-se que o interesse pelo assunto – aprendizado de uma segunda língua - possa se
fazer mais interessante e mais prazeroso, no contexto de aulas de inglês em escola
pública. O desenvolvimento desta pesquisa foi baseado em Vygotsky (1934/1991) que
trata das funções psíquicas dos seres humanos, na dependência do legado cultural,
Dickinson (1987), que trata da limitação do repertório lexical, Dörnyei (2005) que
propõe uma conexão explícita entre o “self” do indivíduo em processo de aprendizagem
e sua motivação, dentre outros autores. Como instrumentos utilizou-se de uma pesquisaação, feita através de questionário aberto e fechado, análise reflexiva dos dados,
entrevistas com os participantes, relatório final descritivo feito pela professora
pesquisadora. Pretende-se assim, contribuir para o encorajamento do uso de ferramentas
tecnológicas em salas de aula.
Relato Reflexivo
Mariane Messina Menegassi
É esperado que todo profissional busque aperfeiçoar-se durante o desenvolvimento de
sua carreira. No contexto educacional brasileiro destaca-se uma crescente busca de
atualizações para melhoria da qualidade, principalmente no ensino público. Diante desta
necessidade do professor, a realização do curso Teacher’s Links configurou uma
oportunidade de construir novos saberes e reflexões. O curso possibilita ao interessado o
desenvolvimento de práticas de leitura, escrita e expressão oral em inglês, cujo
professor sente necessidade em seu ambiente de trabalho. É dividido em três módulos
que visam promover um estudo aprofundado dos processos de aprendizagem do Inglês
como língua estrangeira na educação brasileira, a reflexão pessoal e a oportunidade de
aprender a trabalhar colaborativamente e de expressar suas opiniões e ideias
criticamente. Dentro deste cenário que o presente estudo desenvolve um relato reflexivo
sobre o processo de desenvolvimento profissional e pessoal ao longo deste curso,
considerando as experiências que este proporcionou. Ao alternar as atividades
desenvolvidas nos componentes Autonomia e Reflexão em todos os módulos, os
professores são convidados a reconstruir um olhar para ambos os conceitos em sua
prática de ensino e para a relação entre eles, à luz de Sprenger (2004), Freire (1996),
Liberalli (2000), por exemplo. Relevante considerar a troca de conhecimento e
experiências, através dos fóruns de discussão com outros profissionais que viveram ou
vivem situações semelhantes (e mesmo diferentes) em sala de aula de LE- inglês. Desta
forma, destaca-se neste processo de formação a conquista da conscientização de
desenvolvimento pessoal e crescimento profissional, na qual é essencial buscar exercitar
sua autonomia e reflexão sob a prática de ensino, para que se alcance um caminho mais
eficaz no ensino-aprendizagem, substituindo “métodos milagreiros”, ao passo que as
exigências impostas pelo processo sócio-histórico e pela introdução de novas
tecnologias nos permitem alcançar meios para aperfeiçoar conhecimentos, como o curso
Teacher’s Links.
Diálogos entre ciências de fala e fonoaudiologia
Coordenadores:
Cristiane Magacho Coelho - PUCSP
Ana Cristina Nunes Ruas - Universidade Federal do Rio de Janeiro
Este simpósio visa debater as relações entre Ciências da Fala e Fonoaudiologia,
especialmente no campo da fala e da voz, de forma a discutir pesquisas e abordagens da
atualidade. As Ciências da Fala têm por objetivo estudar a produção, percepção e
transmissão da fala, subdividindo-se em Fonética Articulatória, Fonética Perceptiva e
Fonética Acústica. Por se tratar de um encontro multidisciplinar, acolhe trabalhos que
desenvolvam experimentos ou discutam questões de pesquisa relacionadas à clínica e
assessoria em comunicação em voz/fala.
Comunicações internas
Avaliação da qualidade vocal de pacientes tratados de tuberculose
laríngea antes e após terapia fonoaudiológica.
Ana Cristina Nunes Ruas
A Tuberculose Laríngea (TL) é uma doença granulomatosa que pode invadir vias aéreas
e digestivas superiores, causando lesões mucosas. O envolvimento da laringe pode
alterar a flexibilidade da mucosa das pregas vocais alterando a qualidade vocal dos
pacientes. A disfonia foi o principal sintoma da TL e apesar da grande incidência,
poucos estudos foram realizados, principalmente abordando tratamento das sequelas. O
objetivo deste trabalho foi avaliar a incidência da disfonia pós-tratamento de TL e o
efeito da fonoterapia na qualidade vocal destes pacientes. Um grupo de pacientes com
diagnóstico confirmado de TB tratados no INI-FIOCRUZ, foram avaliados e
reavaliados por equipe multiprofissional. A idade dos pacientes variou de 25 a 83 anos
com média de 41,3 + 13,9 anos, sendo 5 mulheres e 18 homens. A disfonia esteve
presente em 91,3% dos pacientes com TL, sendo o primeiro sintoma em 82,6% destes,
só melhorando completamente após tratamento antituberculínico em 15,8%. O
envolvimento das pregas vocais ocorreu em 78,5%. Após fonoterapia, houve melhora
estatisticamente significativa em parâmetros acústicos, variabilidade de frequência
fundamental, tempo máximo de fonação e relação fricativas (S/Z). A incidência da
disfonia após tratamento da TL é alta e a fonoterapia melhorou significativamente a
qualidade vocal destes pacientes.
Estudo acústico do contraste fônico de vozeamento em
laringectomizados totais com prótese traqueoesofágica: estudo de caso
Nathalia Reis
Estudar a produção de fala na situação de laringectomia total com uso de prótese
traqueoesofágica (PTE). Métodos: Foi estudado um sujeito submetido à laringectomia
total clássica. A audiogravação do sujeito da pesquisa foi realizada em sala
acusticamente tratada por meio de um gravador digital profissional (Marantz, modelo Pdm660) e um microfone de alta resolução e de acoplagem em cabeça (Shure, modelo WH20XLR Dynamic Headset Microphone). O corpus foi composto de leitura de
palavras em frase-veículo. Para análise fonético-acústica, foi utilizado o programa Praat,
tanto para etiquetagem e edição do corpus, quanto para análise acústica. A etiquetagem
seguiu os parâmetros de: 1- transcrição ortográfica do corpus; 2- transcrição ortográfica
em palavras, 3- segmentação dos sons vocálicos e consonantais e 4- Voice Onset Time.
A etapa de etiquetagem viabilizou a extração das medidas acústicas (duração, f0,
frequências formânticas e VOT) que caracterizou os elementos segmentares (vogais e
consoantes). Serão expostos e discutidos, numa perspectiva dinâmica, os resultados das
medidas de f0 e F1 da vogal anterior e posterior a consoante, nos respectivos contextos
tônico e pós-tônico; medidas de duração absoluta e relativa das consoantes, das vogais
anterior e seguinte à consoante e do trecho VCV da palavra-alvo; medidas de duração
absoluta do VOT e relativa; medidas de duração absoluta do detalhamento da barra de
vozeamento; período de vozeamento; período sem vozeamento; retomada do
vozeamento; período total pré-plosão e plosão. Os achados serão confrontados com os
resultados encontrados na literatura de área. O projeto encontra-se aprovado pelo
Comitê de Ética e Pesquisa da PUCSP sob o número 40940114.0.0000.5482.
Radialista: Análise acústica da variação entoacional na fala
entoacional e na fala coloquial
Luana Caroline Pereira Campos
O objetivo deste trabalho é estudar a diferença entre a fala coloquial e a fala profissional
do locutor de rádio, analisando, em um primeiro momento, sua entoação através dos
parâmetros de gama tonal, valor absoluto de frequência fundamental (f0), forma
melódica do foco e alinhamento tonal. O sujeito da pesquisa foi um locutor de rádio, do
sexo masculino, de 39 anos de idade, de uma emissora AM de Campinas, com um
programa diário local de variedades. Os dados foram analisados acusticamente,
utilizando o programa de análise acústica PRAAT (www.praat.org), focalizando a
entoação por meio do correlato acústico da entoação: o parâmetro f0. A coleta de dados
foi realizada por meio de uma entrevista semiestruturada informal (entrevista) com o
locutor, solicitando-se que produzisse uma fala coloquial de diversos assuntos
usualmente abordados na mídia na época da gravação. Após um tempo, foi solicitada ao
locutor a leitura dos trechos transcritos e reescritos de forma profissional, como se
estivesse atuando no rádio. Essa leitura foi realizada em taxa de elocução habitual
(leitura normal), em taxa de elocução rápida (leitura rápida), e imitando o estilo
profissional de narração futebolística (leitura futebol). Após análise dos dados,
concluímos que, como estratégia para diferenciar os estilos de locução, o locutor utiliza,
quando a frequência fundamental (f0) é semelhante, primeiramente da variação da taxa
de elocução, e em seguida a variação da duração das pausas silenciosas e da taxa de
produção de proeminências. Quando a taxa de elocução é semelhante – como na leitura
rápida e na leitura futebol- a estratégia utilizada pelo locutor para diferenciação do estilo
de fala é, primeiramente, a variação da média de f0, assim como da duração das pausas
silenciosas, e dos intervalos entre as proeminências.
Dados Acústicos e genotípicos de cantores líricos e de musicais
Cristiane Magacho Coelho
O canto exige uma diversidade de estratégias sonoras, possíveis graças aos ajustes
neuromusculares realizados pelo trato vocal e sistema respiratório do cantor. O presente
estudo tem por objetivo identificar habilidades musculares com potencial para
resistência e para velocidade, por meio da dermatoglifia e da presença da proteína
ACTN-3, conjugada à análise acústica da voz de cantores. Será realizado estudo piloto,
para que sejam analisados os procedimentos e instrumentos desta pesquisa. Serão
avaliados 40 cantores, na faixa etária compreendida entre 25 e 50 anos, nos estilos lírico
e de musicais, distribuídos de forma igualitária por gênero e idade. Todos responderão a
um questionário intitulado “Auto-percepção das características vocais em cantores”. Os
dados acústicos e dermatoglíficos serão relacionados entre si. A composição do corpus
envolverá a produção de vocalises, que será analisada sob a perspectiva acústica,
utilizando o software PRAAT, o perfil dermatoglífico, por meio da coleta manual da
impressão digital e a presença do polimorfismo da ACTN-3. Os dados da análise
acústica, do perfil dermatoglífico e do polimorfismo da ACTN-3 serão inicialmente
submetidos à análise aglomerativa hierárquica de cluster, com vistas à investigação das
particularidades dos grupos de cantores líricos e de musicais.
A Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural: Intervenções na
Formação de Professores e no Ensino-Aprendizagem de Línguas
Estrangeiras
Coordenadores:
Marília Mendes Ferreira - USP
Maria Cristina Damianovic - Universidade Federal de Pernambuco
A teoria da atividade sócio-histórico-cultural (TASHC) vem trazendo importantes
contribuições para a linguística aplicada em geral e em duas áreas de interesse em
especial - formação de professores (Liberalli 2011,2015) e ensino-aprendizagem de
línguas estrangeiras (Ferreira, Martinelli, Rezende,2015; Liberali, 2012; Moita Lopes,
2014). Dentro desse contexto e do renovado interesse entre a relação teoria e prática
(Farnsworth e Solomon, 2013; Engestrom, 2009; Lantolf e Pohener, 2014) por essa
perspectiva, este simpósio visa discutir a importância da TASHC como embasamento
teórico-metodológico de pesquisas de intervenção para a promoção de desenvolvimento
e de mudanças de realidades em diferentes contextos educacionais. As apresentações
desse simpósio objetivam reportar intervenções pedagógicas concluídas (Damianovic,
Lima e Dias, 2015; Damianovic e Arruda, 2015; Rezende, 2013) e em andamento
(Ferreira, em preparação) que abordam a desencapsulação curricular (Engestrom, 2009;
Liberali, 2015) e o ensino-aprendizagem com foco no desenvolvimento humano.
Comunicações internas
A lei 10.639/2003 e o Ensino de Inglês em uma Escola Pública
José Augusto Rezende Souza
A lei 10.639/2003 instituiu a obrigatoriedade da temática “História e Cultura AfroBrasileira” nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, das redes oficiais e
particulares. De acordo com a lei, esses conteúdos devem ser ministrados no âmbito de
todo o currículo escolar, abrangendo assim, as aulas de línguas estrangeiras. Esta
apresentação relata uma experiência prática de aplicação da lei 10.639/2003 nas aulas
de inglês de um grupo de alunos, matriculados nos oitavo ano do ensino fundamental da
Escola de Aplicação da F.E.U.S.P., na cidade de São Paulo. A intervenção foi realizada
como parte de uma pesquisa de mestrado do Programa de Pós-Graduação do
Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da Universidade de São Paulo, tendo sido embasada pela teoria sóciohistórico-cultural de Lev Seminovich Vigotski, seus colaboradores e seguidores,
principalmente pelo conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZPD), segundo o
qual, o desenvolvimento humano se dá por meio de ações mediadas, sejam por
instrumentos ou por outros seres humanos (VIGOTSKI, 2007). Esta iniciativa objetivou
criar oportunidades de sensibilização dos alunos para a temática étnico-racial, utilizando
a mediação de materiais didáticos e do próprio professor-pesquisador. Os resultados
apontaram para a adequação da proposta, bem como para a própria relevância da lei.
A pedagogia de V.V. Davydov para o ensino da escrita acadêmica em
inglês: ensino-aprendizagem com foco no desenvolvimento
Marília Mendes Ferreira
O ensino desenvolvimental (Davydov, 1988 a, b, c, d; Lompscher, 1999; Hedegaard,
2002) constitui-se numa pedagogia baseada em princípios da teoria da atividade sóciohistórico-cultural e, portanto, objetiva promover um ensino com foco no
desenvolvimento humano (Vygotsky, 1978). Apesar de sua forte fundamentação nos
pressupostos vygotskianos, essa pedagogia é pouco conhecida no Brasil e sendo mais
utilizada para o ensino da matemática (Damazio, Rosa, Euzébio, 2012; Moura, 2010.).
A presente comunicação objetiva discutir a implementação dessa abordagem para o
ensino da escrita acadêmica em inglês para pós-graduandos da área de energia de uma
instituição de ensino superior pública. Essa discussão será sobre dois aspectos: o do
desenvolvimento proporcionado pelas ações de aprendizagem do curso e o demonstrado
pelos alunos. Nesse estudo, desenvolvimento se refere ao pensamento dialético aplicado
para o entendimento do funcionamento da língua e do gênero textual. A análise dos
dados (tarefas realizadas pelos alunos nas fases de modelo e solução de problemas)
revela que eles ainda possuem um pensamento empírico em relação à língua e pouca
percepção da relação língua e sociedade, o que afeta sua produção textual.
A produção de conteúdos online multimodais em uma comunidade
multiletrada: abertura de novos caminhos para o ensino da língua
inglesa na graduação em Letras
Najin Lima
Maria Cristina Damianovic
A contemporaneidade nos convida e desafia diariamente a entender novas formas de
ser, de discursar, de se relacionar, de se informar e de aprender (ROJO, 2015). Estamos
todos mergulhados nesse contexto no qual novas práticas de letramentos surgem, a
medida que, sincronicamente novas linguagens tecnológicas nascem. A produção dos
mais diversos conteúdos e as iniciativas tendem a ser menos centralizadas e mais
distribuídas num processo contínuo de negociações (ENGESTRÖM, 2008). Deveria ser
tarefa das instituições de ensino superior reconhecer esses multiletramentos no sentido
de produzir significados compartilhados (VYGOTSKY, 1933), bem como contribuir
para o empoderamento dos graduandos da Letras Língua Inglesa (LLI). Nessa
perspectiva, é objetivo dessa comunicação analisar como uma proposta didática
multimodal (LIMA & DAMIANOVIC, 2015) produzida no Edmodo, um ambiente
virtual de aprendizagem, pode contribuir para uma produção de conhecimento lautoral
(ROJO, 2015). Esse trabalho surge como uma proposta de reforma curricular
(DAMIANOVIC & LIMA, 2015) para o ensino da língua inglesa, em uma disciplina na
Graduação em Licenciatura em Letras/Inglês, ministrada parte online (20h) e parte
presencial (40h). Nosso foco estará na parte online. O currículo visa desencapsular
(ENGESTROM, 2009) o ensino da escrita de ensaios (SAITO, 2008) acadêmicos pela
introdução da pedagogia dos multiletramentos (KOPE & KALANTZIS, 2012), com
especial foco no papel da multimodalidade (KALANTZIS, 2012), por meio da
argumentação (LIBERALI, 2013). Como metodologia, adotamos a pesquisa crítica de
colaboração (MAGALHÃES, 2012) e de intervenção (LIBERALI & LIBERALI, 2011).
A discussão da análise dos dados tem como norte as categorias enunciativas, discursivas
e linguísticas desenvolvidas por Liberali (2013). Os resultados iniciais revelam que o
uso da multimodalidade na escrita de ensaios acadêmicos potencializa uma maior
agência por parte dos alunos, bem como uma sensação de pertencimento na produção de
conteúdo acadêmico.
Ensaios Multimodais: Novos olhares para a escrita acadêmica no curso
de Letras/Inglês
Leandra Dias
Maria Cristina Damianovic
As transformações sociais provocadas pela incorporação da tecnologia às práticas
sociais cotidianas da Modernidade Recente (Moita Lopes,2013) apontam a necessidade
de inovações teórico-metodológicas que compreendam a sala de aula, os professores, os
alunos, os materiais e métodos de ensino em uma perspectiva pedagógica condizente
com as complexidades vertiginosas desse momento da historia da humanidade. A
contemporaneidade e, sobretudo, os textos/enunciados contemporâneos colocam novos
desafios aos letramentos e às teorias (Rojo,2013). Nessa perspectiva é objetivo dessa
comunicação analisar como os Multiletramentos (aspectos multimodais e multiculturais,
Rojo 2012) dão suporte argumentativo (Liberali,2013), promovendo expansão dialógica
e aproximando à produção acadêmica escrita à “vida que se vive” (Marx, 1983).
Considerando que os gêneros do discurso são tipos relativamente estáveis de enunciados
(Baktin,2008) e não padrões imutáveis, variando com os tempos. As culturas e os
lugares enunciativos (Rojo, 2013), o foco dessa pesquisa está em analisar a expansão
dialógico-argumentativa quando do processo de inserção de suporte multimodal na
escrita de Essays (Saito,2008) por alunos graduandos do sexto período de Letras/Inglês
da UFPE. Para a análise dos dados foi adotada a pesquisa crítica de colaboração
(MAGALHÃES, 2012) e de intervenção (LIBERALI & LIBERALI, 2011). As
categorias enunciativas, discursivas e linguísticas desenvolvidas por Liberali (2013)
serão o elemento norteador dessa investigação. Os resultados iniciais revelam que a
inserção de múltiplas semioses não apenas expande o poder argumentativo na escrita
acadêmica de Essays, como proporcionam também a amplificação da consciência critica
do ser além para ser outro (Damianovic,2010). Os dados apontam ainda que a busca por
conteúdo multimodal resulta numa reformatação do gênero Ensaio proporcionando
entrelaçamento de vozes (Bahktin,2008). Acreditamos que esse novo olhar para a
escrita acadêmica seja indispensável para a interação harmônica dos sujeitos com as
sociedades hipersemiotizadas (Moita Lopes, 2013) em que vivem.
Em ensino e aprendizagem de língua, as manifestações da linguagem:
mosaico em construção.
Coordenadores:
Sílvio Ribeiro da Silva - Universidade Federal de Goiás-Regional Jataí
Sebastião Carlúcio Alves Filho - Universidade Estadual de Goiás-Campus Jataí
Neste simpósio, consideramos a linguagem como uma atividade constitutiva do
Homem, que o torna um Ser singular e múltiplo ao mesmo tempo. Nesse sentido,
reunimos aqui pesquisas cujos enfoques tomam a linguagem como possibilidade para
ensinar e aprender língua, dando ao aprendiz a oportunidade de produzir e interpretar
sentidos. Assim, apresentamos um estudo que investigou o conteúdo apresentado por
atividades de leitura propostas por um Livro Didático de Português (LDP) e o modo
como elas funcionam como instrumento de avaliação da aprendizagem. Os dados
obtidos com esta investigação sugerem uma discussão acerca da influência que o LDP
pode exercer sobre as práticas metodológicas adotadas pelo professor de língua. Indo na
direção de estudos que entendem os materiais didáticos como forma de manifestação da
linguagem a ser aprendida, outro estudo que integra este simpósio diz respeito à análise
de questões apresentadas por um LDP, apontando as contribuições que atividades que
mobilizam determinado descritor da Prova Brasil podem trazer para que o aluno
desenvolva seus letramentos e tenha capacidade de manusear as múltiplas formas de uso
da linguagem, priorizando a discursividade. Ainda focando a avaliação em larga escala
e considerando que numa avaliação ocorrem diversas manifestações da linguagem,
apresentamos um estudo que demonstra relações entre o desempenho dos alunos nas
avaliações com o modo de construção dos itens que as compõem. Foram investigadas as
habilidades de leitura avaliadas e discutiu-se o desempenho dos alunos nas provas. Por
fim, retomamos num outro estudo o conceito de alfabetização, desenvolvendo uma
reflexão a respeito das escritas contemporâneas e suas influências na cultura e no
pensamento da sociedade atual, propondo o conceito de alfabetização semiótica. Temos
convicção de que este simpósio ampliará o horizonte a respeito das possibilidades de
análise da linguagem em suas variadas formas de manifestação no ensino e
aprendizagem de língua.
Comunicações internas
Escrita alfabética X escritas contemporâneas: uma proposta de
ampliação do conceito de alfabetização
Maria de Fátima Ramos de Andrade
Ana Sílvia Moço Aparício
No presente trabalho discutimos a ampliação do conceito de alfabetização, considerando
a expansão da escrita no contexto cultural da atualidade. Para isso, retomamos o
conceito de alfabetização, na perspectiva da escrita alfabética - ainda bastante recorrente
nas orientações e práticas de ensino e aprendizagem da língua escrita - e desenvolvemos
uma reflexão a respeito das escritas contemporâneas e suas influências na cultura e no
pensamento da sociedade atual, propondo o conceito de alfabetização semiótica.
Quando reconhecemos a expansão da escrita no confronto de múltiplas escrituras,
vemos a necessidade de se repensar o conceito de alfabetização, pois no contexto
escolar hoje ainda estamos distantes de um ensino que considere a expansão da escrita.
Apesar de a escola se propor a alfabetizar, ela o faz privilegiando apenas uma
modalidade da escrita: a alfabética. De fato, essa escrita é parte fundamental da nossa
cultura, mas o seu entendimento só acontecerá efetivamente se considerarmos os outros
sistemas semióticos e suas possíveis conexões. É pelo entendimento da dinâmica
cultural que avançaremos na revisão do conceito de alfabetização, requisito básico para
o desenvolvimento não só das escritas contemporâneo-eletrônicas, como também para a
escrita alfabética, uma escrita em expansão.
Leitura no Ensino Médio: a (não) influência exercida pelas atividades
presentes nos Livros Didáticos de Língua Portuguesa no processo de
avaliação da aprendizagem
Sebastião Carlúcio Alves Filho
Os materiais didáticos (MD), instrumentos utilizados pelos professores como auxílio
para o planejamento e execução de suas aulas, vêm se tornando cada vez mais o alvo de
investigações feitas por pesquisadores de diversas áreas do conhecimento. De um lado
estão aqueles que defendem o uso destes materiais, pois acreditam que se trata de mais
um recurso à disposição do professor para que este organize e realize suas aulas. Do
outro lado, estão os que defendem que os MD apenas funcionam como “uma
insubstituível muleta”, uma vez que sem eles não haveria substância para que o ensino e
a aprendizagem ocorressem. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi investigar o
conteúdo apresentado pelas atividades de leitura propostas por um Livro Didático de
Português (LDP) e o modo como elas funcionam como instrumento de avaliação da
aprendizagem. As atividades presentes nos materiais foram agrupadas em categorias de
acordo com o trabalho com a leitura que suscitavam e com o modo com que se
portavam como instrumento de avaliação da aprendizagem. Para a execução desta
análise, tomei como referência teorias que versam sobre avaliação escolar e sobre o
ensino de leitura. Fazem parte do referencial teórico utilizado autores como de Rojo
(2006), Solé (1998) e Silva (2009). Ao fim da análise dos dados foi possível perceber
que a influência exercida por essas atividades sobre o processo de ensino e
aprendizagem de leitura nas aulas de língua portuguesa acontece em três níveis
diferentes. Cabe ao professor, no papel de mediador deste processo, definir quais os
objetivos que tem enquanto avaliador e reorganizar sua prática para atingi-los. Deve-se
(re)pensar qual é o papel que a avaliação exerce em sala de aula para, então, mobilizar
os instrumentos avaliativos adequados.
Avaliação das Habilidades de Leitura: múltiplas faces
Robson Santos de Carvalho
Neste trabalho, terá lugar um debate sobre as habilidades mobilizadas por alunos da
educação básica em situação de provas de interpretação de textos. A partir da
experiência observada em diversas cidades do sul de Minas Gerais, no período de 2007
a 2011, com alunos das redes públicas, a pesquisa demonstra haver relações entre o
desempenho dos alunos nos testes com o modo de construção dos itens que compõem as
avaliações. Assim, trabalhos que focalizam a eficácia das avaliações externas e internas
e entendam a avaliação como elemento norteador de ações pedagógicas voltadas para o
domínio das habilidades de leitura serão compartilhados nesta comunicação. É
importante ressaltar que as habilidades de leitura a que se referem o presente estudo
encontram-se relacionadas aos aspectos textuais como as relações lógico-discursivas do
texto, marcadas por conjunções, advérbios e outros conectivos; repetições ou retomadas,
realizadas por pronomes, elipses e outros recursos de referenciação, as inferências
globais e as inferências de sentido de palavras ou expressões contextualmente. Tais
habilidades estão presentes nas Matrizes de Referência dos principais sistemas de
avaliação do país. Desse modo, busca-se evidenciar a mobilização de habilidades,
conhecimentos, estratégias pelos alunos diante de itens de leitura, independentemente
do seu modo de construção. Investigam-se as habilidades de leitura avaliadas nos testes,
além de discutir o desempenho dos alunos nas provas. Sustentam as análises, as
concepções de gênero, textualidade e textualização, advindas da Linguística Textual,
além de referenciais teóricos sobre a avaliação. Espera-se atestar que a competência
leitora dos estudantes pode ser bem definida em termos de uma Avaliação Diagnóstica
de Habilidades, um instrumento privilegiado no processo de ensino da leitura na escola,
como uma das as múltiplas faces da linguagem.
Linguagem em uso e a relação entre avaliação em larga escala e
material didático de Língua Portuguesa
Sílvio Ribeiro da Silva
A linguagem é o que torna o Homem diferente dos demais animais, sendo uma de suas
características mais subjetivas, além de ser o aspecto que facilita a comunicação entre os
humanos. Suas manifestações se dão de diferentes formas, sendo os materiais didáticos
uma das maneiras de se perceber isso. As atividades de leitura e intepretação de textos
escritos presentes nos livros didáticos de Português (LDP) apresentam ao aluno a
linguagem em uso e a reflexão sobre esse uso, consolidando suas múltiplas faces. As
avaliações em larga escala, especialmente as da área de Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias, propõem atividades que materializam tanto o uso quanto a reflexão sobre o
uso da linguagem. Na Prova Brasil, interesse desta comunicação, um dos descritores se
propõe a “Reconhecer posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao
mesmo fato ou ao mesmo tema”. Esse descritor mensura a capacidade do avaliado em
observar e analisar a linguagem em uso, especialmente a respeito da multiplicidade de
possibilidades existentes no momento de apresentar opiniões acerca de um fato. Dessa
forma, pretendo apresentar nesta comunicação dados de uma pesquisa PIBIC/CNPq,
usando o descritor há pouco mencionado como categoria de análise quantitativa e
qualitativa. Do ponto de vista quantitativo, mostrarei dados percentuais, indicando o
montante de atividades que mobilizam o descritor. Em se tratando da análise qualitativa,
apresentarei exemplos de questões que aparecem no LDP A Arte da Palavra, Editora
AJS, apontando as contribuições que atividades que mobilizam o descritor em análise
podem trazer para que o aluno desenvolva seus letramentos. Os dados mostram que os
alunos usuários do LDP podem ter um despreparo no que se refere ao entendimento das
múltiplas formas de uso da linguagem por parte das propostas de ensino de língua mais
contemporâneas, as quais priorizam a discursividade.
Questões sobre o ensino, a aquisição e a aprendizagem de sons
e do aspecto verbal em LE
Coordenadores:
Egisvanda Isys de Almeida Sandes - Universidade Estadual Paulista/Campus de
Araraquara
Caroline Alves Soler - Universidade Estadual Paulista/Campus de Araraquara
Neste simpósio serão apresentados trabalhos de pesquisa tanto sobre o ensino quanto
sobre a aquisição e a aprendizagem de sons e do aspecto verbal em LE. Sabe-se que o
trabalho com a percepção e a produção de sons na aula de língua estrangeira, muitas
vezes, não é realizado não só porque o professor não tem formação, portanto,
informações adequadas para fazê-lo, mas também porque os materiais costumam
apresentar o trabalho com os sons como uma lista de repetição de palavras ou escuta da
leitura de um trecho de texto sem um trabalho específico sobre ele. Quanto ao aspecto
verbal, o que costumamos observar é o ensino dos tempos verbais como estruturas
isoladas do funcionamento discursivo, o que dificulta o seu uso com objetivos
comunicativos específicos. Assim sendo, comentaremos sobre alguns pontos que o
professor deve conhecer para o trabalho adequado com ambos os temas na sala de aula,
inclusive compreendendo como se dá o processo de aquisição e aprendizagem do
estudante. Em alguns casos, serão apresentados exemplos para facilitar a compreensão
dos conceitos e modelos de análise mencionados.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Ensino, aquisição e aprendizagem de sons em LE – algumas questões
que o professor deve conhecer
Egisvanda Isys de Almeida Sandes
Nesta comunicação pretende-se apresentar alguns conceitos e modelos importantes para
o ensino e para a compreensão dos processos de aquisição e aprendizagem de sons em
LE. Para começar, serão apresentados três conceitos inerentes ao estudante de LE,
principalmente no início de sua aprendizagem, relacionados ao desenvolvimento de seu
período de Interlíngua. Um deles é o próprio significado de Interlíngua em si, segundo
as definições de Selinker (1972) e Corder (1973); os outros dois dizem respeito ao
processo de percepção e produção dos sons em LE: a surdez fonológica (Polivanov,
1931) e o crivo fonológico (Trubetskoy, 1939). Além disso, apresentaremos uma
discussão sobre um dos modelos de análise da produção de sons do estudante de LE,
criado por Flege nos anos 80, denominado Modelo de Aprendizagem da Fala.
Consideramos que todos esses aspectos são importantes para que o professor não só
entenda como se dá o processo de percepção e produção de sons pelo aluno, mas
também para que se desenvolva uma reflexão em como abordar o tema da fonética na
sala de aula de LE.
O ensino da pronúncia nos livros didáticos de espanhol escolhidos pelo
PNLD 2014-2015
Júlia Batista Alves
Odair Luiz Nadin da Silva
Egisvanda Isys de Almeida Sandes
O ensino da pronúncia esteve durante muito tempo marginalizado pelos métodos e
abordagens de ensino de línguas devido à grande ênfase nos estudos de gramática e
vocabulário até a chegada da Abordagem Comunicativa nos anos 80, quando começou a
ganhar maior visibilidade e importância. Entretanto, ainda nos dias de hoje, as maneiras
de se ensinar a pronúncia, na maioria das vezes, não são apresentadas pelos materiais
didáticos e são desconhecidas por boa parte dos professores, seja porque tiveram uma
formação precária e não possuem conhecimentos específicos sobre o tema ou por
diversos outros fatores. Nesse sentido, tendo em vista a chamada “lei do espanhol”
(2005) que prevê a oferta obrigatória do ensino do espanhol nas escolas de Ensino
Médio de todo o país, a presente comunicação almeja ressaltar a importância do ensino
da pronúncia no processo de ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira (LE),
especificamente da Língua Espanhola (ELE) na referida modalidade de ensino. Para
tanto, nos propomos a analisar as atividades apresentadas pelos materiais didáticos
(volume um) das coleções escolhidas pelo Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD) em 2014 para o ano de 2015 (Cercanía Joven da Edições SM e Enlaces da
Editora Macmillan do Brasil) no que diz respeito ao desenvolvimento tanto da
percepção como da produção dos sons em língua espanhola, baseando-nos em estudos
da área (CAGLIARI, 1978; GIL FERNÁNDEZ, 2007; LLISTERRI, 2001, 2003;
MASIP VICIANO, 1995; SANDES, 2010).
Questões implícitas no processo de aquisição e aprendizagem de sons
de língua inglesa por estudantes brasileiros de ILE
Tamiris Destro Costa
Egisvanda Isys de Almeida Sandes
Nota-se que, no âmbito de ensino e aprendizagem de inglês como língua estrangeira
para/por brasileiros, pouco se discute a respeito do ensino do aspecto fônico em sala de
aula de ILE. Por isso, muitas vezes, o professor, quem deveria ser o responsável por
estimular os estudantes a notarem como a percepção dos sons em LE, com todas suas
características acústicas e articulatórias, é fundamental para que a produção seja fluida e
sem ruídos, nem sempre o faz, pois não tem formação e conhecimento específicos sobre
o tema. Tal fato pode trazer problemas de inteligibilidade e, muitas vezes, acarretar na
fossilização de erros na fala do aprendiz, justamente por este não ter conhecimento
sobre os aspectos fônicos da língua inglesa e sua relação com a língua portuguesa.
Dessa forma, o presente trabalho objetiva discutir questões pertinentes à aquisição e
aprendizagem de sons por estudantes brasileiros de inglês como língua estrangeira,
partindo do princípio de que há várias diferenças nos aspectos segmental,
suprassegmental, acústico e articulatório entre ambas as línguas, tendo em vista que tais
diferenças podem causar dificuldades na percepção e consequentemente na produção
oral da LE. Para tal estudo, portanto, serão utilizados conceitos e modelos relativos à
aquisição e aprendizagem de sons em LE (Modelo de Aprendizagem da Fala de Flege
(1981, 1991, 1995), Surdez Fonológica de Polivanov (1931) e Crivo Fonológico de
Trubetzkoy (1939)).
O ensino de verbos sob a ótica aspectual nas aulas de ELE
Caroline Alves Soler
Egisvanda Isys de Almeida Sandes
Este trabalho tem por finalidade promover algumas reflexões acerca do ensino de
verbos nas aulas de Espanhol como Língua Estrangeira (ELE) sob a ótica aspectual.
Segundo Gutiérrez Araus (2004), o aspecto verbal é uma categoria gramatical que
expressa a duração de um processo por meio de um verbo que representa a ação e está
diretamente relacionada à questão do tempo. O entendimento do aspecto no momento
da abordagem dos verbos no processo de ensino e de aprendizagem de Espanhol como
Língua Estrangeira (ELE) culmina em uma compreensão mais lógica e, por
conseguinte, mais significativa acerca do assunto, pois permite o tratamento do tema
pautado em perspectivas de usos e valores reais, deixando de lado o ensino por meio de
estruturas isoladas e não atreladas ao funcionamento discursivo. Dessa forma, neste
estudo, primeiro tratamos de algumas discussões teóricas acerca do aspecto verbal com
base nos conceitos/propostas de Gutiérrez Araus (2004), Rojo e Veiga (2000) e Miguel
Aparicio (2000), entre outros e, em seguida, explicitamos nossa percepção do assunto
com o objetivo de viabilizar algumas reflexões que identifiquem novas possibilidades
ou procedimentos que norteiem o processo de ensino de verbos nas aulas de ELE.
O Pensar Alto em Grupo e o letramento literário
Coordenadores:
Marivan Tavares dos Santos - Centro Universitário do Norte
Ariane Mieco Sugayama - PUCSP
Este simpósio acolhe trabalhos que abordam a leitura de textos literários em uma prática
de letramento dialógica e colaborativa, intitulada Pensar Alto em Grupo (ZANOTTO,
1995; 2014) nos diversos contextos de sala de aula (Ensino Fundamental, Graduação e
Extensão Universitária), em vista à construção dos sentidos das leituras e à
transformação no agir dos professores e alunos. A pertinência advém da necessidade de
propormos um ensino de literatura que possa acolher as vozes e subjetividades dos
alunos, possibilitando, por um lado, leituras mais inferenciais, argumentativas,
reflexivas; e por outro, o protagonismo dos alunos ao interpretar as metáforas e as
lacunas, potencializando a fruição estética. Assim, abre-se espaço para as múltiplas
leituras as quais podem ser construídas sob diferentes recursos argumentativos
(PERELMAN, 1996/2005; PONTECORVO, 2005), revelando a intenção do leitor não
só de defender uma posição, mas também de negociá-la, propiciando uma postura
responsiva ativa e o reconhecimento dos colegas como alteridades, o que pode
potencializar o pensamento crítico. A presença das metáforas leva o leitor a um
conflito intelectual desestabilizador (SCHENEWLY; DOLZ, 2004), por causa das
incongruências semânticas e pragmáticas (CAMERON, 2003), e de lacunas que são
ausências de pistas textuais. Dessa maneira, o leitor, ao procurar resolver esses enigmas
pode realizar interpretações por meio da argumentação, o que pressupõe a existência de
um contato intelectual entre leitores, provocando processos de questionamentos dos
sentidos construídos, mesmo com argumentos pertencentes ao âmbito do verossímil. O
Pensar Alto em Grupo é uma prática de letramento enriquecedora para o professor e os
alunos, porque possibilita uma discussão espontânea e os participantes expressam suas
leituras, empoderando, portanto, a identidade leitora dos alunos. Isto posto, o simpósio
abre espaço para a reflexão sobre a prática de leitura no ambiente escolar, o tipo de
leitor e a prática do professor como agente de letramento (KLEIMAN, 2006).
COMUNICAÇÕES INTERNAS
O Pensar Alto em Grupo e os raciocínios inferenciais para a coconstrução dos sentidos do texto
Vivian Maria Marcondes
Muito mais do que decodifição de palavras ou busca pela obtenção de informações, a
leitura possibilita aos leitores — ou deveria possibilitar — processos dialógicos
(BAKHTIN, 1992) de (re)significação do lido. No entanto, práticas escolarizadas de
leitura afastam os leitores desses processos de co-construção de sentidos quando
estabelecem que I. existe apenas uma interpretação válida para cada texto; II. o sentido
do texto está nele próprio. Este trabalho, alinhado com a Linguística Aplicada
Contemporânea (ROJO, 2006), tem por objetivo investigar uma nova prática de leitura,
o Pensar Alto em Grupo, (ZANOTTO, 1995; 2014) e sua aplicabilidade com alunos de
5º ano do EFI (9 a 10 anos). O PAG é uma prática que valoriza leitor, leitura e
pensamento na busca pela compreensão dos textos, em grupos, visando à formação do
leitor responsivo-ativo, numa perspectiva de alteridade, em que o pensamento e a voz de
cada participante favorecem o pensamento dos outros participantes. Objetivamos
responder: I. de que forma acontecem o raciocínio inferencial e as negociações, em
grupos?; II. de que forma o PAG possibilita a compreensão dos textos lidos? Investigar
o raciocínio inferencial dos alunos e as negociações que ocorreram durante leituras e
discussões (PONTECORVO, 2005) do poema “Infância”, de Carlos Drummond de
Andrade, no possibilitou constatar que, quando se cria condições de diálogo,
negociações, elaboração, confrontação de argumentos, validação das interpretações
surgidas; quando se dá voz aos alunos; quando se considera a intersubjetividade entre os
leitores, as múltiplas leituras do texto não só ocorrem como possibilitam reflexões sobre
a relevância das inferências construídas. Este trabalho se insere no paradigma da
pesquisa qualitativa, de orientação interpretativista, pois buscou investigar como os
sentidos foram construídos nas práticas sociais investigadas, de forma a evidenciar a
importância do raciocínio inferencial e das negociações para a construção de sentidos do
texto nas leituras partilhadas.
Ciranda do Pensar Alto em Grupos: crianças lendo poemas da Cecília
Meireles
Telma Franco Diniz
Além da obra poética, Cecília Meireles nos legou uma alentada obra ensaística sobre
educação e literatura infantil. Defensora do protagonismo infantil, Cecília dizia que uma
das complicações para o adulto era saber "se a criança não é mais arguta e, sobretudo,
mais poética do que geralmente se imagina". Em se tratando de literatura infantil, ela
argumentava ser preciso deixar sempre "uma determinada margem para o mistério, para
o que a infância descobre pela genialidade da sua intuição" (MEIRELES, 1984). Vários
poemas de sua coletânea “Ou isto ou aquilo” possibilitam essa "margem para o
mistério" e parecem sob medida para aplicar a prática de letramento dialógica e
colaborativa Pensar Alto em Grupo (PAG), pesquisada pelo Grupo de Estudos da
Indeterminação e da Metáfora (GEIM), pois é sabido que, para que a prática
colaborativa funcione e o 'pensar alto em grupo' ocorra de fato, "o texto não deve ser
fácil a ponto de haver uma compreensão automática" (ZANOTTO, 1995). De fato,
textos com lacunas e incongruências permitem diferentes interpretações, pois incitam o
leitor a procurar entender o que foi silenciado. O objetivo deste estudo é investigar
como alunos do 4º ano do ensino fundamental preenchem as lacunas do poema "A égua
e a água", publicado na coletânea mencionada. Veremos que o comportamento da égua,
que se recusa a beber água da lagoa, pois prefere bebê-la numa poça d'água, causa
estranhamento nas crianças que passam a discutir possíveis motivos para tal opção, o
que propicia que os leitores tenham voz, sejam ouvidos e possam ouvir-se, favorecendo
a co-construção de sentido com base não só no texto, mas também no conhecimento de
mundo de cada um. De natureza qualitativa, esta pesquisa tem orientação
interpretativista, e baseia-se em teorias de letramento, metáfora e estudos da tradução
(BAJOUR, 2012; CHAMBERS, 2011; LAKOFF, 1989; AZENHA, 2012).
As múltiplas leituras da metáfora no texto literário: uma contribuição
para a formação do leitor protagonista e reflexivo
Ariane Mieco Sugayama
Este trabalho visa analisar as múltiplas leituras das metáforas do poema Rosa, de
Cecília Meireles, geradas na prática de leitura dialógica e colaborativa, intitulada Pensar
Alto em Grupo (ZANOTTO, 1995; 2014), que vem sendo investigada e construída pelo
grupo GEIM (Grupo de Estudos da Indeterminação e da Metáfora). O Pensar Alto em
Grupo procura promover um diálogo em sala de aula por meio do qual os alunos
constroem suas próprias leituras, negociando suas relevâncias de acordo com as
possibilidades interpretativas que o texto oferece. Por esse motivo, uma vez que cada
aluno se posiciona de forma responsiva ativa perante o texto, ou seja, o leitor age de
forma protagonista, é possível que múltiplas leituras ocorram, promovendo
concomitantemente, o desenvolvimento de uma compreensão reflexiva do sujeito e o
reconhecimento de seus colegas como alteridades que podem pensar diferente dele.
Portanto, deixamos de lado o paradigma do ensino-aprendizagem da leitura única,
embasado na epistemologia do monologismo, para trabalharmos de acordo com
epistemologia do dialogismo (MARKOVA, 1997; BAKHTIN, 1992). As perguntas que
nortearam o presente estudo foram: 1. como as metáforas conceptuais influenciaram
(LAKOFF & JOHNSON, 2002) na compreensão das metáforas poéticas (LAKOFF &
TURNER, 1989)?; 2. em que aspectos considerar a compreensão das metáforas
conceptuais na aula de literatura pode promover um letramento mais reflexivo e
protagonista? O presente trabalho se insere num paradigma qualitativo (CHIZOTTI,
2008), de orientação interpretrativista (MOITA LOPES, 2006) e tem como instrumento
metodológico o Pensar Alto em Grupo. Os sujeitos da pesquisa são alunas de um Curso
de Extensão Universitária em São Paulo. Os resultados demonstraram que, ao darmos
voz aos alunos para a construção de múltiplas leituras, é possível que eles reconheçam
as metáforas conceptuais trabalhadas nas metáforas poéticas, posicionando-se diante
desses modos de conceptualizar a vida humana de forma ativa e reflexiva.
O Pensar Alto em Grupo e a leitura de texto literário: contribuição
para a formação do aluno como leitor crítico e da professora como
agente de letramento
Marivan Tavares dos Santos
Este trabalho analisa como os sentidos foram construídos, por alunos do ensino
superior, do texto literário “A águia e a galinha: uma metáfora da condição humana” de
Leonardo Boff (2010), mediante a prática de leitura do Pensar Alto em Grupo
(ZANOTTO, 1995), e as ações da professora nas vivências dessa prática. O intuito foi
contribuir para a formação do aluno como leitor crítico e da professora como agente de
letramento (KLEIMAN, 2006), pois tal prática propicia a construção dos sentidos e a
horizontalidade entre os participantes. Tem como pressuposto básico dar voz aos
alunos, visando ao protagonismo deles, o que implica o professor deixar de ser a única
autoridade interpretativa do texto. Apoiamo-nos na visão freireana sobre leitura
(FREIRE, 1983/1986) e na abordagem dos Novos Estudos do Letramento (NEL/NLS)
(STREET, 1984/1995), para discutir os resultados desse evento de leitura. É uma
pesquisa-ação crítica (KINCHELOE, 1997) com metodologia qualitativa (CHIZZOTTI,
2005), de orientação interpretativista crítica (MOITA LOPES, 1994). A geração de
dados ocorreu, por meio do Pensar Alto em Grupo (PAG), com seis alunos do curso de
administração e a professora-pesquisadora da cidade de Manaus-AM. Para tanto, baseeime nas questões norteadoras: 1. Como a prática de leitura do PAG, no ensino superior,
pode contribuir para a formação do aluno como leitor crítico? e 2. Como a análise e
reflexão sobre as ações da professora nas vivências do PAG puderam (ou não)
contribuir para a formação da professora como agente de letramento? Os dados
revelaram a construção de leituras sob diferentes recursos argumentativos, como: papel
da oposição e justificação (mais ou menos explícita) (PONTECORVO, 2005),
argumentação pelo exemplo e raciocínio por analogia (PERELMAN (1996/2005),
dando indicativo de que os alunos exercitaram uma postura de leitor crítico e reflexivo,
e ficou evidente que o desencadeamento das vozes depende sobremaneira da postura do
professor.
Corpus Linguistics and Learner English
Coordenadores:
Profa. Dra. Deise Prina Dutra - Universidade Federal de Minas Gerais
Profa. Dra. Patrícia Pereira Bertoli - Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Profa. Dra. Paula Tavares Pinto - Universidade Estadual Paulista- S. J. Do Rio Preto
This symposium will present research into learner English from a corpus perspective.
Learner English is a language variety produced by millions of speakers worldwide as
they learn English as a second or foreign language. Corpus approaches to learner
English have provided valuable insights into this variety by producing evidence of
language use by learners and in so doing have presented new ways of understanding the
process of learning English.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Brazilian university student interlanguage in learner corpora
Deise Prina Dutra
Internationalization of higher education in Brazil has been growing fast and has
assumed a key position in many universities. This fact has pressured the academic
community to become proficient in English in order to, actively, participate in
conferences, publications and interactions with international partners. This paper aims at
discussing how the compilation of written and oral learner corpora can, systematically,
show interlanguage characteristics that can be a good source of information for the
preparation of tailor made courses that will better meet our university students’
linguistic needs. The analyzed corpora, Corpus de Inglêspara Fins Acadêmico (CorIFA)
and Corpus do Inglês sem Fronteiras da UFMG (CorIsF-UFMG), are composed of
various genres, such as essays, abstracts, narratives, among others. The results show the
differences between oral and written corpora, for instance, in relation to lexical density
observed in integrated and independent tasks, as well as in relation to the type and
frequency of lexical bundles. The analysis will include a comparison with results from
recent research papers (e.g. BIBER e GRAY, 2013) that used learner corpora with data
from students from a variety of countries. Yet, these studies are based on corpora that
are composed of similar text genre to the ones in CorIFA e o CorIsF-UFMG.
Small Corpus for immediate solutions
Patricia Bertoli
The analysis of linguistic patterns on the production of foreign language learners has
been one of the focuses of Corpus Linguistics studies, which have been consolidating
descriptions and linguistic analysis procedures. There is a variety of projects based on
learner corpus around the world, such as ICLE, specifically on learners of English –
whose Brazilian part is BrICLE, which aim at investigating several aspects of learner
language n a macro perspective, such as language patterns, idiomaticity, fluency, error
analysis, use of grammar, and the development of dictionaries specific for learners and
course books. However, it is possible to define and describe linguistic patterns present
in the production of English learners in a more restrict scope aiming at creating
immediate learning situations, not necessarily involved with a big project. It is
necessary to follow strict criteria for collecting a corpus that enables the investigation of
different aspects of language (GRANGER, 1998), the linguistic analysis and the
development of learning activities. I will discuss an example of a brief investigation
about learners’ use of lexical bundles contrasted to the use by native speakers (COCA
and LOCNESS Corpus) in order to observe the concomitant use of lexical bundles (
Biber et al., 2004; Dutra; Berber Sardinha, 2013, Bertoli-Dutra, 2013), using a small
corpus of 45,000 words. Having detected the (over)use of malformed formulaic
language, that is, language out of the native speaker’s patterns of use, specific activities
were developed following Data Driven Learning methodology (JOHNS, 1986; 1997),
and the results of the exposition to the activities were verified in the learners’
production afterwards.
A interdisciplinaridade na elaboração de atividades didáticopedagógicas baseadas em corpora
Paula Tavares Pinto
A publicação científica em língua inglesa tem favorecido a busca de cursos de escrita
acadêmica em língua inglesa por parte de pesquisadores de diversas áreas científicas.
Esta foi a razão que motivou o desenvolvimento de um projeto interdisciplinar
envolvendo as áreas de Química e Linguística, mais especificamente, Tradução e
Ensino e Aprendizagem de Língua Inglesa. A abordagem teórico-metodológica utilizada
tem sido a da Linguística de Corpus por favorecer a investigação de textos
especializados com o auxílio de ferramentas computacionais elaboradas para fins de
pesquisa linguística (SINCLAIR, 1995; BIBER, 1998; BERBER SARDINHA, 2009).
No estudo temos analisado a linguagem científica produzida por pesquisadores
brasileiros da área de Química Orgânica que utilizam o inglês para publicação
internacional (SWALES e FEAK, 2009). O objetivo principal é o de comparar a
linguagem produzida por esses pesquisadores com a linguagem dos pesquisadores de
instituições internacionais que tenham publicado seus artigos em língua inglesa em
revistas de impacto na área de Química. Para tanto, alunos dos cursos de Química,
Letras e Tradução têm trabalhado conjuntamente na compilação de um corpus composto
por artigos, resumos e abstracts da revista Química Nova. A segunda etapa será a
compilação de um corpus comparável composto por artigos publicados em revistas
internacionais para o levantamento de terminologia (ABAKERLI, R. B, et al 2003;
BARROS, 2007), padrões lexicais e estruturais (TAGNIN, 2005; FINATTO et al, 2010)
utilizados por esta comunidade científica. A partir desses dados, as estruturas
observadas serão utilizadas no desenvolvimento de material didático voltado para um
curso de Inglês com Fins Acadêmicos.
Dialogando com o ensino e aprendizagem de línguas:
questões, reflexões e avanços
Coordenadores:
Paulo Rogério Stella - Universidade Estadual de Alagoas
Cátia Veneziano Pitombeira - PUC de Campinas
Este simpósio apresenta pesquisas em andamento na área do ensino de línguas com
discussões acerca do ensino e aprendizagem de inglês na escola pública, da formação de
professores de línguas estrangeiras em cursos de licenciatura em universidades públicas
e do ensino e aprendizagem da Libras para professores ouvintes em situação de préserviço também em universidade pública. Os trabalhos apoiam-se teoricamente a) na
concepção de língua como possibilidade de produção de conhecimentos baseada na
interação e entendida como ponto de tensão provocada pelo contato entre interlocutores
posicionados em contextos opostos (BAKHTIN/VOLOCHINOV, [1929] 2010); b) em
estudos acerca dos letramentos que podem ser entendidos como práticas de linguagem
situadas localmente e estabelecidas dialogicamente entre locutor, interlocutor e texto
(GEE, 2008); e c) em pesquisas com viés autobiográfico, ou seja, pretendem promover a
constante construção e reconstrução de identidades dos pesquisadores e dos pesquisados
(BRUNER, 2004) envolvidos no processo. Quanto às metodologias utilizadas, podemos
dividi-las em dois grupos: o primeiro grupo traz análises documentais de projetos
pedagógicos, livros didáticos, orientações e parâmetros curriculares e guias de livros
didáticos e propõem alternativas para uma formação em língua estrangeira com vistas à
promoção de uma cidadania de deveres e direitos (SOUSA SANTOS, 2010). O segundo
grupo apresenta propostas de ações formativas em sala de aula incluindo trabalhos com
narrativas produzidos por professores e alunos e propostas de planos de aula, visando
aos fluxos (PENNYCOOK, 2010) de produção de sentidos pelo contato entre o local e o
global entendidos como a relação entre língua materna e língua estrangeira, além da
cultura local e a dimensão globalizante de troca de informações. Os resultados apontam
para a necessidade de pensarmos a formação de professores e alunos como
posicionamento ético e político (FREIRE, 2001) frente às demandas históricas que se
nos impõem.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
PPC do curso de Letras de uma universidade Estadual na Região
Nordeste: reflexões sobre linguagem, formação e letramento digital
Joyce Rodrigues da Silva Magalhães
Com o advento das tecnologias e a imersão da sociedade contemporânea no mundo
digital faz-se necessário analisarmos como o letramento digital está sendo desenvolvido
na formação de professores de Inglês através do uso das TIC na sala de aula. Nesse
sentido, esse trabalho objetiva refletir a respeito formação para o letramento digital no
curso de Letras-Inglês da Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL, através da
análise do Projeto Pedagógico de Curso (PPC). Esse trabalho é uma análise documental
de cunho investigativo e é parte de uma pesquisa de mestrado em fase inicial. A análise
do documento mostrou que apesar de o texto apresentar a importância das tecnologias
para a formação de professores, a matriz curricular obrigatória não oferta uma disciplina
direcionada a formar para o uso pedagógico e letramento digital dos graduandos.
Livro didático de língua estrangeira em perspectiva transgressora reflexões acerca de um livro didático de língua inglesa utilizado em
escola pública
Josenildo Farias Neto
A inclusão do livro didático de Língua Inglesa nas escolas públicas foi um avanço em se
falando de estudo de língua estrangeira. No entanto, o livro sendo usado como única
ferramenta de ensino pode deixar lacunas na aprendizagem de línguas. Este trabalho é
parte da dissertação de mestrado na linha de pesquisa de Linguística Aplicada (LA), e se
propõe a apresentar uma outra possível forma de utilização do livro didático levando-se
em consideração a perspectiva dos letramentos. O objetivo é propor outra maneira de se
trabalhar com a gramática no livro didático, tendo como base as considerações do
PNLD 2012 Ensino Médio. A metodologia do trabalho foi realizada através da análise
do primeiro capítulo do livro didático para entender qual a ideia que os alunos tinham
sobre gramática, e pensar em outra maneira de trabalhar com esta gramática. Tendo em
vista o andamento da pesquisa até o momento, percebe-se que ao buscar alternativas
comunicativas para abordar tópicos gramaticais, os alunos parecem mais interessados e
atribuem um sentido real para a gramática quando têm contato com seu uso e
aplicabilidade em sala.
Um estudo sobre o processo de ensino e aprendizagem dos alunos da
disciplina Libras em uma universidade pública da região nordeste
Fábio Rodrigues Santos
Esta comunicação pretende proporcionar uma reflexão sobre a perspectiva de ensino e
aprendizagem de língua brasileira de sinais – Libras - trazida pela ementa da disciplina
Libras (por vezes denominada Fundamento de Libras) presente nos Projetos
Pedagógicos dos Cursos (PPC) de Licenciatura na área de Letras da UFAL. A proposta
desse trabalho se baseia no recente cenário de complexidade social que se dá pela
difusão da Libras, uma vez que essa língua se faz presente na matriz curricular dos
cursos de licenciatura, preferencialmente, bem como de forma eletiva para os demais
cursos, segundo o decreto nº 5.626/05. A metodologia de coleta de dados consiste na
análise comparativa dos sentidos de ensino de Libras circulantes nesses PPCs, em
relação à proposta da ementa, e na aproximação feita desses sentidos com outros
presentes em documentos oficiais utilizados como referenciais e guias na formação de
professores na área. Dessa forma, o trabalho intenta contribuir com a perspectiva de
ensino e aprendizagem de Libras tendo em vista que as reflexões apresentadas podem
favorecer a compreensão do processo de produção de sentidos no que se refere a alunos
ouvintes.
Implicações do ensino e aprendizagem de língua inglesa em uma escola
pública com foco na interação
Juliana Nunes Costa
Este trabalho pretende estabelecer uma proposta de aula comunicativa para o ensino e
aprendizagem de Língua Inglesa na escola pública, básica e regular, como uma proposta
de mudança e intervenção nas aulas de Língua Inglesa. Essa pesquisa pretende, na
esteira da proposta da LA em relação à teorização sobre a prática, inserir-se no campo
da pesquisa qualitativa, por entender que ela pode contribuir significativamente para
uma mudança social no campo da linguagem e no ensino de LI na escola pública e
básica. A metodologia do trabalho foi realizada através de questionários aplicados aos
alunos e desenvolvimento de aulas e atividades voltadas à oralidade. A pesquisa está em
andamento, e os resultados obtidos até o momento demonstram uma possível
modificação na perspectiva de aprendizado dos alunos com as reflexões acerca do
ensino e aprendizagem de LI na escola pública. Dessa maneira, os alunos perceberam
que a oralidade durante as aulas de LI é possível, e que o desenvolvimento de cada
atividade pode ter um resultado favorável, e tais fatores já podem favorecer a motivação
dos alunos em relação à aprendizagem da língua, como interação social e não apenas
como a assimilação de vocabulário e gramática.
Hibridismos nas linguagens verbal, visual e verbo-visual:
relações dialógicas – um encontro entre esferas da atividade
humana
Coordenadores:
Carlos Augusto Baptista de Andrade - Universidade Cruzeiro do Sul
Marlon Luiz Clasen Muraro - Universidade Presbiteriana Mackenzie
Dando continuidade à pesquisa que envolve aspectos da verbo-visualidade em diversos
gêneros discursivos, pretendemos, neste simpósio, refletir/discutir sobre os discursos
ligados as esferas literária, artes plásticas, jornalística e televisiva. Portanto, passa-se em
primeiro lugar pela reflexão/discussão sobre o mito de Narciso presente no poema A
história de Eco e Narciso, de Ovídio (2003) e suas relações dialógicas com a pintura
Narciso (1599-1600), de Caravaggio; em seguida com a finalidade de ultrapassar a
leitura apenas do texto, tendo como corpus o livro infantil Minha Galeria de Arte com
Adesivos, observa-se a importância do contexto de recepção nessa obra que recupera o
universo conhecido da criança: os Álbuns de Figurinhas; discorre-se, em seguida, pelo
universo chargístico de Carlos Latuff, no contexto do oriente médio, centrando a
discussão no ato ético e estético dessa produção; analisa-se, posteriormente, a letra da
canção “A Rosa do Morro”, do grupo Inquérito,e perceber a ideologia inserida no
gênero discursivo Rap; finalmente, reflete-se sobre a novela brasileira enquanto gênero
televisivo independente, um produto artístico popular e de público fiel. Tais discussões
estão inseridas no Grupo de Pesquisa Teorias e Práticas Discursivas e Textuais, na linha
Discurso, Gênero e Memória e, mais especificamente, no Projeto “A verbo-visualidade:
hibridismos em gêneros discursivos” ligado ao Mestrado em Linguística da
Universidade Cruzeiro do Sul.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
O velho-novo discurso das Telenovelas: verbo-visualidade em cena
João de Oliveira
Ao tratarmos especificamente do gênero narrativo-discursivo, é difícil afirmar se a
primeira história foi contada ou encenada. Do mesmo modo, é difícil precisar se a
encenação era parte da história, automática, intuitiva ou apenas um facilitador da
comunicação. Provavelmente, no início da tradição oral, a narração e a encenação
faziam parte do todo, quando o sagrado ainda não se distinguia do profano. As histórias
eram (e são) criadas a partir de experiências sociais, sejam elas em quaisquer esferas das
atividades humanas. Nesse contexto, a presente proposta, ao discutir a concepção de
gênero para a narrativa ficcional telenovela brasileira, propõe ao leitor uma reflexão
sobre a responsabilidade enunciativa em relação aos enunciadores e aos destinatários
projetados nesse discurso. As telenovelas não se apresentam apenas como narrativas
lúdicas, porque podem formatar a cultura e a identidade do povo, ditando modas,
costumes, linguajares. Além disso, em duvidoso paralelo entre ficção e realidade, ao
mesmo tempo em que pluralizam informações, podem singularizar parte de uma
sociedade, visto que a unificam aos seus moldes e às suas maneiras, criando, a partir de
seus tipos ficcionais, os protótipos de uma realidade concebida. Constituem, portanto,
um gênero televisivo independente, um produto artístico popular e de público fiel.
Aquele que, frente aos novos tempos e às novas tecnologias, continuam a liderar a
audiência em diferentes regiões, segmentos sociais, sexos e faixas etárias. Para este
estudo, as abordagens linguísticas correspondem, fundamentalmente, em algumas
propostas conceptivas de gênero e discurso formuladas por Bakhtin e seu Círculo, e em
teorias do discurso verbo-visual, observadas, aqui as discussões realizadas por Brait.
Esta comunicação está inserida no Grupo de Pesquisa Teorias e Práticas Discursivas e
Textuais, na linha Discurso, Gênero e Memória e, mais especificamente, no Projeto “A
verbo-visualidade: hibridismos em gêneros discursivos” ligado ao Mestrado em
Linguística da Universidade Cruzeiro do Sul.
O verbal e o visual no mito de Narciso: relações dialógicas
Diogo Souza Cardoso
Este estudo analisa o mito de Narciso presente no poema A história de Eco e Narciso,
de Ovídio (2003). Desse texto, chega-se a uma reflexão sobre as relações dialógicas
possíveis com duas pinturas. Cronologicamente, são: a obra Narciso (1599-1600), de
Caravaggio; Eco e Narciso, de 1627, de Nicolas Poussin. As duas obras são comparadas
entre si e com o texto de Ovídio, buscando interconexões por meio das relações
discursivas entre o verbal e o visual. Porém, não se trata de um estudo do verbo-visual,
pois palavra e imagem não constituem um só corpo, o Narciso pictórico não está junto
ao Narciso verbal em um mesmo produto discursivo. Assim, pode-se afirmar que é um
estudo do verbal com o visual. A base epistemológica para o presente estudo é a Análise
Dialógica do Discurso, neste momento destacando a filosofia da linguagem de Bakhtin
e do Círculo (2006, 2003, 1997 e 1988), pelo fato de explorar as relações dialógicas
resultantes do Narciso verbal e do Narciso visual na esfera artística. Tanto as pinturas
quanto o poema de Narciso são vistos como enunciados concretos, assim, tal discussão
faz emergir a relação discutida por Bakhtin entre o dado e o criado. Além do filósofo
russo, outros autores figuram como base teórica, são eles: Brait (2005), Faraco (2009) e,
por haver referências à esfera da arte, vêm à tona aproximações filosóficas com o
postulado de Dewey (2010), Sartre (2008) sobre a teoria da imagem, e Dondis (2007) a
respeito da sintaxe das imagens. Esta comunicação está inserida no Grupo de Pesquisa
Teorias e Práticas Discursivas e Textuais, na linha Discurso, Gênero e Memória e, mais
especificamente, no Projeto “A verbo-visualidade: hibridismos em gêneros discursivos”
ligado ao Mestrado em Linguística da Universidade Cruzeiro do Sul.
O gênero discursivo Rap: dialogismo e ideologia
Norma de Carvalho Facchini
Constata-se, frequentemente, a presença de múltiplas vozes que confrontam questões
sociais e solicitam dos destinatários das canções rap uma interação ativa para identificar
os discursos enunciados e as construções ideológicas nas letras/canções. Diante disso,
pretendem-se apresentar o rap como gênero discursivo, com a finalidade de evidenciar
as posições sociais que estão sendo polemizadas entre os interlocutores diante do que
está sendo enunciado, inserindo o rap como gênero discursivo, pois só é possível
observar as conexões entre a letra e os discursos que estão em circulação na sociedade
mediante uma relação interdiscursiva. Relação que vai além do plano verbal e atinge
uma extraverbal. Pôde-se, então, analisar a letra da canção “A Rosa do Morro”, do
grupo Inquérito e perceber a ideologia que está inserida nela, tal como apontado por
Bahktin e o Círculo. A escolha do gênero foi motivada pela maneira como o rapper
aborda a canção, revelando a periferia, presente no dia a dia dos estudantes que
imediatamente se identificam com o cenário apresentado. Ao narrar histórias de
personagens da periferia, marginalizados socialmente, o compositor apresenta como
eles são, sem julgamento, reconhecendo sua identidade, dando um acabamento estético
à obra. Assim, pretende-se analisar alguns excertos da dessa, demonstrando como a
ideologia e o diálogo com o cotidiano se fazem presentes na materialidade linguística.
Para proceder tal análise, fundamenta-se a presente comunicação, além dos referencias
teóricos do Círculo de Bakhtin, em Woods (2009); Zeni (2013); Hollanda (2013);
Gomes (2012), autores que deram suporte teórico sobre o movimento cultural hip hop e
o estilo musical rap. A presente comunicação está inserida nos estudos do Grupo de
Pesquisa Teoria e Práticas Discursivas e Textuais e na Linha de Pesquisa Discurso
Gênero e Memória, ligados ao Mestrado de Linguística da Universidade Cruzeiro do
Sul.
Ato estético: o discurso chargístico, uma inter-relação da política com
as artes
Karen Dantas de Lima
Juliana Nunes Costa
Pretende-se pelo presente estudo a analisar um enunciado concreto que contempla a
junção dos elementos verbal e visual para instituir efeito de sentido. Para tanto,
analisaremos uma charge de Carlos Latuff com o recorte teórico de ato estético,
conceito presente nos postulados de Bakhtin e seu Círculo sob a perspectiva da Análise
Dialógica do Discurso. Objetiva-se apreender as relações de sentido que se estabelece
nos enunciados híbridos compondo um quadro que associa o cômico e o trágico na
representação de determinado acontecimento que tem o sujeito sócio-histórico como
protagonista. Considerando a arquitetônica do enunciado, partimos, então, para uma
apreensão dos atos humanos no campo das artes por meio do objeto resultante. O
conteúdo temático das charges são acontecimentos de ordem sócio-política na região do
Oriente Médio. Assim o excedente de visão do chargista enquanto sujeito situado
mostra que a contemplação de uma dada realidade permite colocar-se no lugar do outro
e, numa perspectiva exotópica da relação “eu para o outro” e o “outro para mim”,
considera elementos transgredientes que não é acessível ao sujeito contemplado na sua
expressividade e valores propiciando o acabamento ao material do ato estético. Desta
maneira, os signos ideológicos presentes na refração de um acontecimento sob um
ponto de vista extraposto no ato estético revela a postura axiológica do sujeito e uma
responsividade ativa, pois somente por meio do outro enformado existe valor estético
significativo. Esta comunicação está inserida no Grupo de Pesquisa Teorias e Práticas
Discursivas e Textuais, na linha Discurso, Gênero e Memória e, mais especificamente,
no Projeto “A verbo-visualidade: hibridismos em gêneros discursivos” ligado ao
Mestrado em Linguística da Universidade Cruzeiro do Sul.
As múltiplas faces da linguagem: práticas discursivas e
trabalho em diferentes esferas sociais
Coordenadores:
Silma Ramos Coimbra Mendes – PUCSP - COGEAE
Glenda Cristina Valim de Melo - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
Este simpósio visa apresentar, discutir, elucidar e/ou problematizar questões gerais
relacionadas às práticas discursivas e ou atividades laborais de diferentes esferas da vida
social, como a empresarial, publicitária, educacional, midiática etc. a partir das
contribuições e pressupostos da Análise do Discurso de base enunciativo-discursiva,
conforme desenvolvidos por Dominique Maingueneau e da abordagem ergológica,
como postulada por Yves Schwartz. Pretende-se reunir mestrandos e doutorandos em
torno de possíveis desdobramentos e ou impasses conceituais em pesquisas já
concluídas e ou em andamento, no âmbito do discurso e do trabalho, nas quais se
utilizam corpora provenientes de diferentes contextos enunciativos e domínios da
atividade humana. Busca-se, dessa forma, criar um espaço de reflexão sobre conceitos e
categorias de análise mobilizados por pesquisadores de várias instituições, como
interdiscurso, condições de produção, renormalização, dramáticas, práticas discursivas,
autoria, cenografia, ethos, dentre outros.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Trabalho e gestão do trabalho: possíveis desdobramentos conceituais a
partir de análises pautadas nas condições de produção do discurso
Lucia Helena Alencastro
É possível considerar que o trabalho existe desde os primórdios da humanidade, embora
ao longo da história tenham ocorrido diversas mudanças estruturais e conceituais,
reinventando-o e desenhando inúmeras possibilidades de ser e de fazer o trabalho
humano. A gestão, bastante difundida e abordada nas últimas décadas resulta em uma
destas mudanças e tem se consagrado como tema de discussão em diferentes
instituições, constituindo-se como importante foco de interesse na atualidade. Assim, a
presente reflexão busca compreender o trabalho humano a partir de uma perspectiva
histórica das práticas de gestão empresarial, especialmente desenvolvidas no Brasil,
desde suas primeiras roupagens. Para tanto, toma-se aspectos da análise do discurso,
especificamente as condições de produção do discurso (CP). Compreende-se que
reflexões pautadas nas condições de produção do discurso devem considerar as
determinações históricas desse discurso e igualmente os efeitos de sentido que
provocam mudanças na realidade na qual ele é produzido. Para tanto, pauta-se nas
proposições teóricas defendidas por Pêcheux (1969), para quem o sentido das palavras
não se encontra dado a priori a partir de seu significante, ao contrário, participa
diretamente posições ideológicas presentes na dinâmica sócio-histórica do contexto de
produção e reprodução destas palavras, expressões e proposições (AMARAL, 2005, p.
28). Desta forma, foi possível compreender as grandes mudanças nos processos de
gestão, a partir dos condicionantes históricos, sociais e econômicos e as relações de
força presentes nos discursos constituídos e constituintes nestes processos até o
presente. Além disso, surgiu a possibilidade de dimensionar com maior clareza a origem
de alguns dos construtos teóricos centrais à gestão empresarial, como também
compreender suas implicações na organização atual do trabalho e, consequentemente,
na atividade de trabalho dos atores sociais no contexto citado.
A atividade de trabalho do redator de textos técnicos: o que faz esse
profissional invisível?
Iara Mola
Presente em diversos meios de comunicação, o redator de textos técnicos – assim
designado pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) – exerce uma atividade de
trabalho que parece se caracterizar pela sua própria invisibilidade. Afinal, o que
efetivamente se sabe a respeito da sua atuação? Trata-se de alguém que desempenharia
uma função tal como a de jornalista, ou o seu exercício equivaleria ao daquele
profissional contratado pelas agências de publicidade? Dada a falta de aprofundamento
sobre o que configura a sua profissão, a imagem do redator de textos técnicos está
frequentemente associada à de alguém que simplesmente “escreve”, numa compreensão
bastante reducionista do que aventamos ser o seu trabalho real. Diante desse cenário, a
presente comunicação tem por objetivo apresentar o processo de elaboração dos textos
produzidos pelos atores sociais da nossa pesquisa, visando a depreender as dimensões
humana e discursiva que caracterizariam a sua atividade e, ainda, verificar se seria
possível alçar esses profissionais a alguma das categorias de autor segundo os estudos
da Análise do Discurso de linha francesa – uma vez que partimos da hipótese de que
eles imprimiriam à sua escrita um estilo próprio, cujas marcas textuais nos permitiriam
identificar a presença da sua voz, conquanto sejam (em sua maioria) enunciadores
anônimos de outras vozes às quais se atribui a autoria das suas redações. Para tanto,
apoiamo-nos na interface entre as noções propostas por Maingueneau e em teorizações
sobre a atividade de trabalho a partir de Schwartz, ambas também consideradas a partir
das reflexões de Sírio Possenti e Daniel Faïta, cujos estudos em Análise do Discurso e
Ergologia, respectivamente, dão prosseguimento aos dois primeiros teóricos. A
metodologia adotada consiste no método da autoconfrontação, que foi adaptado para a
captura de toda ações que cada protagonista realiza no seu computador durante o
exercício da sua atividade.
A mordida na maçã e o paraíso: Steve Jobs e o discurso religiosomidiático da Apple
Amanda Moura da Silva dos Santos
Nas apresentações que marcavam o lançamento oficial dos produtos da Apple
Computer, o pronunciamento de Steve Jobs, então CEO da empresa, era ansiosamente
aguardado por todo o mercado, de modo especial pelos consumidores aficionados, os
chamados “applemaníacos”. O fato é que para muitos consumidores da marca, os
produtos e serviços oferecidos por ela propiciam experiências profundas e emocionais
que aprimoram suas vidas e até mesmo atribuem significado a elas. São esses clientes
que fazem filas e montam até acampamentos em frente às Apple Stores às vésperas do
lançamento de algum produto e depois saem exibindo o pacote como um troféu. Mas,
que espécie de furor religioso os leva a peregrinar em busca de um produto? O que há
por trás desse sacrifício? Partimos da hipótese de que é o ethos de herói que se instaura
sob a figura de Jobs que o faz ser adorado como uma espécie de messias dos tempos
modernos, fazendo-o tornar a marca uma extensão de si. O cofundador da Apple tornouse um dos símbolos do movimento da Contracultura que deram início à era digital e,
para compreender o percurso da transformação de Jobs numa figura heroica, nossa
análise articula conceitos e noções da Análise do Discurso francesa, como interdiscurso,
cena englobante, cena genérica, cenografia e ethos discursivo (Maingueneau, 2008,
2013) com a jornada herói (Campbell 1989, 1990) e se concentra nas apresentações
midiáticas de Steve que eram amplamente divulgadas. Desse modo, o objetivo deste
trabalho é analisar discursivamente uma das apresentações de Steve Jobs, apoiando-nos
nas noções e nos conceitos citados para investigar o culto à Apple Computer e o papel
social da figura de Steve Jobs à frente da empresa, além da influência do seu legado à
humanidade.
Madonna caiu: a mulher madura na mídia e os estereótipos
relacionados às atividades de trabalho
Rodrigo Ziviani e Marília Giselda Rodrigues
Vivemos uma época marcada por contradições: quanto mais ativas e longevas as
mulheres se tornam, mais resistência e preconceitos elas enfrentam. Por que a cantora
Madonna, aos 56 anos, quando cai e se levanta, é mais ridicularizada que aplaudida?
Por que Xuxa, após os 50, é tão criticada por querer continuar uma carreira na
televisão? Parece haver prescrições a respeito de quais atividades podem exercer as
mulheres que atingem a maturidade, e essas atividades não incluem aquelas que exigem
ocupar um lugar no espaço público que, a princípio, seria restrito aos corpos jovens,
posto que ligados, de diferentes maneiras, a performances que se relacionam à
sexualidade. Durante uma apresentação no “Brit Awards”, na Inglaterra, um evento de
premiação da música, Madonna caiu logo no começo do show, do topo de uma escada
de três metros. A capa que usava, enorme, estava fechada com um nó no pescoço que
não se abriu na hora certa. As dançarinas, obedecendo à coreografia, puxaram a cantora
pela capa, escada abaixo. Madonna foi ao chão, se levantou e continuou cantando e
dançando. Ao final do show, o que se viu nas redes sociais e no noticiário jornalístico
foram comentários com críticas à mulher de 56 anos, a despeito da sua vitalidade.
“Velha”, decretaram muitos comentaristas. “Passou da hora de se aposentar”,
escreveram outros em seus perfis no Facebook. Este trabalho busca compreender, a
partir dos pressupostos teórico-metodológicos da Análise do Discurso de linha francesa,
e de contribuições das Teorias Queer, o que se discursiviza a respeito da mulher que se
recusa a envelhecer nos velhos moldes e que assume um papel ativo e público no campo
da sexualidade e da representação feminina, como é o caso de Madonna.
A “destacabilidade”: uma proposta para estudo dos nós
discursivos que tecem redes de memória constitutivas de
novas formas de institucionalidade.
Coordenadores:
Luciana Salazar Salgado - Universidade Federal de Santa Catarina
Norma Discini - USP
Este simpósio tem como eixo de suas reflexões a noção de destacabilidade recentemente
proposta pelo linguista Dominique Maingueneau (2006, 2012, 2014). Trata-se de uma
propriedade funcional de certos tipos de enunciado que são postos a circular separados
de textos ou contextos originais, conforme certas características formais, e que, assim,
produzem sentidos inscritos em novas possibilidades de dipersão, de articulação e,
portanto, de interpretação – o que renova as discussões sobre a “origem” de um dizer,
renovando, portanto, as reflexões sobre autoria e circulação material dos textos, tópicos
de larga tradição em diferentes campos de saber, convocados, segundo a noção em tela,
numa perspectiva interdiscursiva. Por tratar-se de uma noção central em uma rede
conceitual que, nos estudos do discurso, pretende abordar fundamentalmente fenômenos
comunicacionais ou, antes, entender a dimensão comunicacional de dispositivos
enunciativos cuja gênese atesta a existência de um projeto de dizer voltado
explicitamente a um outro, a destacabilidade, propriedade que se vivifica em
destacamentos fortes ou fracos, conforme se possam recuperar os processos de edição
que os produzem, está articulada a noções como a de percurso, que refere um modo de
coesão da dispersão de uma unidade não tópica, a de aforização, que designa um regime
de destacamento prototípico; a de particitação, que procura dar conta das citações sem
menção efetiva a autores; a de sobre asseveração, que refere o modo como sequências
verbais em posição de destaque estabelecem uma tomada de posição no campo
discursivo implicando a amplificação da figura do enunciador. Vale dizer, a constituição
de um hiperenunciador, uma voz sobre-humana, supra-humana ou inumana que
distribui conteúdos em formalizações de alto impacto comunicacional, sobretudo
porque institui umas dêixis discursiva peculiar, consagrando posições imaginárias que
condicionam fortemente a atividade interlocutiva, de um modo típico da divisão do
trabalho intelectual na atual conjuntura, marcadamente informacional.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Frases “sem texto” e coerção genérica
Norma Discini
Contemplando vizinhanças entre quadros do pensamento que interrogam a construção
do sentido no interior dos textos e que, para tanto, desfazem a dicotomia interior/
exterior a fim de que esses termos se confirmem como correlatos, investigaremos, a
partir da noção discursiva de “destacabilidade” (MAINGUENEAU, 2014), as frases
ditas “sem texto”, na fronteira estabelecida entre elas, as “cenas genéricas” e as
“cenografias” dos textos-fonte (MAINGUENEAU, 2006); enquanto isso, examinaremos
o texto-fonte (de tal destacabilidade) como concretização de um gênero, logo como
unidade discursiva em que reverberam a composição, a temática e o estilo, que fundam
as coerções genéricas (BAKHTIN, 1997). Trazendo então à luz tensões entre o gênero e
as condições de destacabilidade oferecidas pelo texto-fonte, a descrição a ser feita dos
movimentos de “detextualização” procurará depreender a função desempenhada: a)
pelas rubricas, numa peça teatral; b) pelas “frases matadoras” e “citações do dia”, num
jornal; c) pelos destaques de alto teor estésico, num romance; d) pelas formulações
moralizantes, nas fábulas. A partir daí a “enunciação aforizante”, como respaldo do
corpo do enunciador radicado no limiar entre o eu e o outro, apontará para distintos
contratos de confiança e de construção da verdade junto ao leitor.
O percurso de circulação da expressão “acessibilidade”: em pauta a
emergência de uma fórmula discursiva
Fernanda Mussalim
Dominique Maingueneau (2006), em seu texto “Unidades tópicas e não tópicas”,
apresenta a noção de percursos, com base na qual o analista do discurso pode
acompanhar a recorrência de certas unidades (de ordem lexical, proposicional, ou de
fragmentos de textos), isto é, acompanhar seu percurso pelo interdiscurso. O objetivo do
analista, em empreitadas como essa, é o de “explorar uma dispersão, uma circulação, e
não de relacionar uma sequência verbal a uma fonte enunciativa” (MAINGUENEAU,
2006, p. 21). Alice Krieg-Planque (2010), no livro A noção de “fórmula” em Análise do
Discurso: quadro teórico e metodológico, descreve características gerais das fórmulas
discursivas, destacando sua importância na construção dos problemas públicos e na
estruturação do espaço público. Esse tipo de abordagem permite apreender os discursos
por meio de cristalizações postas em circulação por diversos sujeitos sociais e enfatiza o
papel das mídias na emergência e na instalação das fórmulas discursivas. No Brasil, nos
últimos 10 anos, várias ações governamentais e não governamentais têm buscado
promover um crescente processo de democratização em vários setores de nossa
sociedade. Essa política de democratização tem tomado corpo em documentos oficiais,
na mídia, em manifestações de pequenas comunidades que se organizam em prol da
reivindicação de acesso a bens simbólicos, previstos pelo recorrente discurso dos
direitos humanos. Neste trabalho, a partir de postulações de Maingueneau e de KriegPlanque, pretendo analisar a circulação da expressão “acessibilidade” e de sua variante
“acesso a”, considerando seu percurso no interdiscurso por meio de ocorrências em
documentos oficiais de vários setores sociais (construção e urbanismo; educação; saúde;
turismo; em publicidades; em gêneros jornalísticos; e em gêneros acadêmicos). Minha
hipótese é que o percurso dessa expressão acaba por constituí-la como uma fórmula
discursiva, uma vez que ela se impõe como uma passagem obrigatória dos discursos que
esbarram na questão dos direitos humanos.
A noção de destacabilidade no limiar da narrativa: uma análise
discursiva da circulação de A Hora da Estrela no livro-curadoria As
palavras
Luiz André Neves de Brito
Segundo Dominique Maingueneau (2010), uma das dimensões da noção de autor é a de
auctor. Para assumir a figura de auctor, é preciso que o autor seja reconhecido e, por ter
atingindo tamanho prestígio, passa-se a publicar textos do autor que não estavam
destinados a circular. Na literatura brasileira, Clarice Lispector é, sem dúvida, uma
escritora que atingiu esse prestígio, assumindo a figura de auctor. Por ter atingindo esse
estatuto, um “novo” espaço literário vai se redesenhado em torno e no entorno de sua
obra. Basta olharmos para a produção editorial da obra de Lispector pela Editora Rocco
que passou a publicar, por exemplo, suas correspondências (Minhas queridas, 2007) e
colunas femininas (Correio feminino, 2006). Tomando esse espaço "auctoral" como
eixo da minha pesquisa sobre a mediação editorial da obra de Clarice Lispector, trago
para esta comunicação uma análise discursiva de um conjunto de 133 enunciados
destacados extraídos do livro-curadoria As Palavras (2013) que, sob a coordenação de
Roberto Corrêa dos Santos, expõe ao leitor uma compilação de frases/enunciados que se
propõe a abranger a obra literária de Lispector. Os enunciados analisados pertencem a
um mesmo livro, A Hora da Estrela – um dos romances da escritora de maior
circulação. Mobilizando a noção de destacabilidade proposta por Maingueneau para
analisar os enunciados, viso (i) discutir a distinção entre destacamento forte e fraco e,
sobretudo, (ii) refletir sobre a noção de destacabilidade no limiar da narrativa, uma vez
que apenas a voz do narrador Rodrigo S.M. é retextualizada. As conclusões a que chego
são: (i) a distinção entre destacamento forte e fraco está relacionada ao modo como se
dá o processo de leitura dos enunciados; e (ii) a voz do narrador Rodrigo S.M. é o locus
da narrativa que está diretamente associado à imagem de “auctoridade” de Clarice
Lispector.
Divulgação científica: uma voz de autoridade ou uma voz autorizada?
Luciana Salazar Salgado
Ao abordar o problema do tom na divulgação científica, mobilizamos propostas teóricas
recentes (Maingueneau, 2014; Krieg-Planque, 2010) para o estudo da circulação dos
fluxos de texto característicos do período técnico-científico-informacional, cuja
dinâmica se instaura num entrelaçamento entre uma tecnoesfera e uma psiocoesfera
(Santos, 2000). Nesta ocasião, consideramos os fluxos de texto que dizem respeito à
Ciência constituída como fonte institucionalizada do conhecimento legítimo ao longo
do século XIX, herdeira da Razão que caracteriza o processo civilizatório ao delimitar
uma noção de “cultura” como “cultivo a ser feito” (Mattelart, 2005). Disso decorre o
problema de sua divulgação: posta como necessária a difusão entre leigos do
conhecimento produzido por especialistas, com vistas ao cultivo amplo e irrestrito,
assume formalizações materiais dinâmicas (por exemplo, artigos replicados em portais
noticiosos, evocados por chamadas sintéticas como hashtags) e, nesse percurso, constroi
imaginários sobre “especialistas” e “leigos” em torno do “conhecimento legítimo”.
Nossa hipótese de trabalho vê aí um jogo entre esclarecimento e mitificação,
emblemático na difusão de conteúdos científicos em comunidades digitais. Aqui,
focalizamos especificamente o APOD – Astronomy Picture of the Day, um dos mais
antigos e populares sites de divulgação de Astronomia, vinculado à NASA, referência
mundial responsável pela difusão de imagens absolutamente consagradas, como a foto
intitulada "Blue Marble", tirada pelos astronautas da missão espacial Apollo 17 em
1972, que instaura um olhar para nós mesmos de uma perspectiva cósmica, investida de
uma dimensão simbólica, para além da sua dimensão científica, técnica ou artística.
Entendemos que esse efeito se assenta no regime aforizante que caracteriza o site, e
permite que nos interroguemos sobre a voz que, instituindo sujeitos paratópicos, dá
feições à função de hipernunciador – que, a princípio, seria uma voz descarnada. O
funcionamento dessas categorias revela uma estratégia discursiva que nos parece ser a
identidade fundamental da divulgação científica hoje.
Ensino de Pronúncia em Língua Estrangeira: da pesquisa ao
ensino
Coordenadores:
Fernanda Rangel Pestana Allegro - Universidad Nacional de La Plata - UNLP
Gabriela Luiza Daneluci - PUCSP - LIAAC
Este simpósio tem como objetivo mostrar como os estudos realizados com base na
fonética acústica e tendo como referencial teórico o Speech Learning Model (FLEGE
1995, 2005) podem contribuir para o ensino de uma língua estrangeira.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
A pronúncia em materiais didáticos de Português Língua Estrangeira
(PLE)
Fernanda Rangel Pestana Allegro
O ensino da língua portuguesa como língua estrangeira (PLE) cresceu e se especializou
nas últimas décadas; observam-se tanto a publicação de novos materiais didáticos como
o oferecimento de novos cursos. Apesar disso, o ensino da pronúncia da língua
portuguesa ainda está marginalizado, restringindo-se, basicamente, a exercícios com
listas de palavras para repetição e/ou identificação dos sons. Essa comunicação, que tem
como referencial teórico o SLM (Speech Learning Model) de FLEGE (1995, 1999,
2005), visa apresentar exemplos retirados de 8 livros didáticos para português como
língua estrangeira, disponíveis no mercado editorial brasileiro e argentino. Esses
exercícios são analisados e contrapostos com os avanços obtidos através da pesquisa
experimental sobre a produção e a percepção da fala em língua estrangeira,
comprovando a necessidade de que sejam propostos exercícios que ajudem a estabelecer
novas categorias de percepção. Como visto em ALLEGRO (2014), para ensinar
pronúncia a aprendizes de língua estrangeira (LE), não basta saber falar essa língua; é
necessário ter conhecimentos sobre as características fonéticas dos sons e dos elementos
prosódicos da LE e da língua materna dos aprendizes, além de noções sobre a produção,
a percepção e a acústica da fala.
Tecnologia Aplicada ao Ensino de Pronúncia
Gabriela Luiza Daneluci
"O presente estudo tem como objetivo verificar as contribuições que uma proposta de
ensino, orientada por achados da pesquisa desenvolvida em fonética acústica e apoiada
em recursos tecnológicos, pode oferecer para o aprimoramento de pronúncia do inglês
como L2. Analisando que efeitos, em termos de produção e percepção de fala, podem
ser obtidos pela aplicação de exercícios direcionados a promover a atenção as pistas
acústicas relevantes para a discriminação de sons em L2 e contribuir para a aquisição de
tais. Os fundamentos teóricos que embasam esta pesquisa são: a teoria acústica da
produção da fala; o Speech Learning e trabalhos em fonética aplicada ao ensino de
pronúncia. A pesquisa foi realizada com base na avaliação de dois sujeitos na tarefa de
leitura de um monólogo, um diálogo e atividade de fala semi-espontânea e em testes de
percepção de descriminação e identificação de sons. Com base nos resultados dos testes
foi elaborado um treinamento fonético com apoio instrumental da análise fonéticoacústica e recursos tecnológicos. Finalmente, as tarefas foram reaplicadas para verificar
qual o efeito do treinamento fonético, analisando o quanto os sujeitos melhoraram sua
capacidade de percepção e produção. De acordo com a análise comparativa das tarefas
pré e pós treinamento pudemos verificar que ambos sujeitos apresentaram melhoras nas
tarefas de percepção e produção."
A criação de alvos perceptivos em L2 e seus efeitos sobre a pronúncia
Hosana Alves
LIAAC-Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
O objetivo do estudo é investigar pioneiramente o efeito da introdução de um programa
de treinamento de pronúncia que se paute pela criação e/ou desenvolvimento de alvos
perceptivos, pois a dificuldade em desenvolver as produção e compreensão oral em L2
(REEDER, 1998) é causada parcialmente pela ausência de criação de alvos perceptivos
impedindo a formação de novas categorias de sons na L2 (FLEGE, 1987, 1988, 1995,
2005). Como objetos de pesquisa serão investigados contrastes fonêmicos existentes em
inglês. A metodologia compreende a realização das seguintes tarefas: 1) produção oral
anterior à introdução de um programa de treinamento em pronúncia em inglês pelos
participantes da pesquisa; 2) avaliação perceptiva da pronúncia dos sujeitos da pesquisa
por juízes falantes nativos do Inglês; 3) aplicação de teste de percepção de contrastes
sonoros em língua inglesa nos sujeitos da pesquisa; 4) aplicação de um programa de
treinamento de pronúncia com recursos de tecnologias de fala para desenvolver a escuta
dos estudantes e ajudá-los a criar alvos perceptivos; 5) produção oral pós-treinamento;
6) análise fonético-acústica das produções orais pré e pós treinamento. As tarefas de
produção serão gravadas no Laboratório de Rádio da PUC-SP. Os exercícios para o
treinamento em pronúncia e a análise fonético-acústica serão desenvolvidos com o
auxílio do programa PRAAT de análise acústica (Boersma e Weenink, 2014) e outros
recursos disponíveis na internet. Esta pesquisa pretende averiguar se houve a criação e
ou desenvolvimento de alvos perceptivos e consequente melhora na discriminação de
sons e na produção. Deste modo, pretende-se contribuir para a criação de recursos que
auxiliem o aprimoramento da pronúncia e de compreensão oral de forma a promover
eficácia na comunicação oral. A Teoria Acústica de Produção da Fala (FANT, 1970) e o
Speech Learning Model (Flege, 1987, 1988, 1995, 2005) fundamentam este estudo.
Produção e percepção de sons vocálicos em Inglês Língua Estrangeira
Alice Sacchi
Este estudo desenvolve um estudo sobre a produção e percepção de sons vocálicos em
Inglês como Língua Estrangeira (LE) por um falante nativo do Português Brasileiro.
Cada língua apresenta um inventário próprio de sons, cujas fronteiras entre categorias
variam de língua para língua. "Ao adquirirmos uma nova língua, deparamo-nos com
dissimilaridades entre sons da língua que já falamos (LM) e os da nova (LE), os quais
podem trazer desafios tanto à produção quanto à percepção, porque, entre outros fatores,
a nossa habilidade em produzir ou discriminar sons na LE não se desenvolve da mesma
maneira"(Allegro). A questão da procedência do desenvolvimento da produção ou da
percepção na aquisição de sons em LE tem sido alvo de trabalhos em Fonética Acústica
(Flege 1988, Llisterri 1995, Allegro 2004). Igualmente, têm sido explorados os desafios
impostos pelos fenômenos de interferência da LM na LE. Para explorar esses tópicos,
esta pesquisa tem como objetivo geral empreender uma investigação sobre a produção e
percepção de sons vocálicos em contexto de Inglês como língua estrangeira por meio de
testes perceptivos e procedimentos de análise acústica, tendo, como sujeito de pesquisa,
um aprendiz de Língua Inglesa de nível básico. O Inglês e o Português diferem quanto
ao inventário de sons e a realização não acurada de sons em LE pode levar a nãocomunicação. Como hipótese temos que o aprendiz não será capaz de discriminar certo
contraste se assimilar à pares de sons distintivos do inglês a um som do Português. Para
investigar nossa hipótese, houve o planejamento de tarefas de produção e de percepção.
As tarefas de produção serão investigadas por meio de procedimentos de análise
fonético-acústica e as de percepção por protocolos de avaliação perceptiva. Os
resultados das análises serão interpretados com apoio nos modelos teóricos de aquisição
de sons em LE postulados por Flege(1995, 2004, 2005).
Contribuições da linguística sistêmico-funcional para o ensino
Coordenadores:
Alda Maria Coimbra Aguilar Maciel – Instituto Federal do Rio de Janeiro
Edna Cristina Muniz da Silva – Universidade de Brasília
O quadro teórico e a metodologia da LSF têm sido aplicados em sala de aula em
múltiplos contextos de ensino-aprendizagem de língua materna e de línguas estrangeiras
nos níveis Fundamental, Médio, Técnico e Superior. O presente simpósio objetiva
congregar trabalhos que apliquem este referencial teórico em diversos contextos
educacionais e modalidades (presencial, semipresencial, a distância). Pretendemos que
este fórum estabeleça um espaço para reflexão teórica entre linguistas e docentes que
tenham interesse em compartilhar resultados de pesquisa sobre metodologias e práticas
pedagógicas inovadoras para o ensino da língua portuguesa e outras línguas. Almeja-se,
assim, que os diálogos construídos neste simpósio problematizem aspectos linguísticos
inerentes ao ensino, considerando a teoria sistêmico-funcional como arcabouço teórico
principal.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
A linguística sistêmico-funcional em aulas de inglês para fins
específicos
Orlando Vian Júnior
Beatriz Cavalcanti
Tomando o aspecto teórico-metodológico da Linguística Sistêmico-Funcional como
ponto de partida, o objetivo desta comunicação é discutir como elementos léxicogramaticais, bem como aqueles relacionados aos contextos de cultura (Gênero) e de
situação (Registro) têm sido utilizados para o ensino da leitura em língua inglesa para o
curso de Redes de Computadores de uma escola técnica no Nordeste brasileiro. Para a
seleção dos itens léxico-gramaticais a serem utilizados no ensino, usaram-se os
resultados de análise de necessidades junto aos alunos e ao coordenador do curso, de
acordo com os princípios de Inglês para Fins Específicos (Hutchinson e Waters, 1987;
Dudley-Evans e St John, 1998, dentre outros). A necessidade principal detectada pela
análise foi o aprendizado da língua para o curso foi a compreensão dos textos de
gêneros específicos. O planejamento do curso incluiu, desse modo, cinco textos de cada
um dos gêneros indicados como os mais relevantes nas análises de necessidades e as
aulas seguiram a perspectiva da pedagogia de gêneros da Escola de Sydney (Rose e
Martin, 2012), que propõe a desconstrução do texto para promover uma familiarização
com o contexto, a negociação em conjunto, com atividades de esclarecimentos e
aprofundamento na compreensão do contexto onde o texto está inserido, além do estudo
da Estrutura Potencial do Gênero (Hasan, 1989), escolhas léxico-gramaticais típicas de
cada gênero e um direcionamento para uma construção independente, com tarefas
planejadas com o objetivo de familiarizar os alunos com os gêneros selecionados,
mostrando o propósito social, a estrutura, bem como os aspectos léxico-gramaticais,
nosso foco nesta comunicação e como estas podem ser operacionalizadas para o ensino,
apontando para o caráter eminentemente educacional oferecido pela LSF.
Ensino-aprendizagem de inglês para fins específicos sob a perspectiva
sistêmico-funcional
Alda Maria Coimbra Aguilar Maciel
O planejamento de currículos na área de ensino-aprendizagem de língua estrangeira no
cenário técnico-tecnológico, em geral, não tem beneficiado a implementação de linhas
educacionais que contemplam um estudo adequado de diversidades discursivas e
culturais através de variados gêneros. Em diversos contextos, as práticas escolares ficam
restritas a uma apresentação mecânica de estruturas gramaticais e lexicais. Nessa
direção, o objetivo dessa comunicação é favorecer o debate sobre a aplicação dos
fundamentos da Gramática Sistêmico-Funcional ao ensino-aprendizagem de leitura em
língua estrangeira para fins específicos. Pretende-se também discutir a implementação
de ferramentas pedagógicas com viés crítico no contexto do ensino técnico-tecnológico.
A concepção destas práticas tem sido idealizada através do levantamento de dimensões
que possibilitam uma análise de cunho crítico de variados gêneros verbais e não verbais.
Os aportes teóricos utilizados incluem os estudos da Linguística Sistêmico-Funcional
(HALLIDAY, 1994; HALLIDAY AND MATTHIESSEN, 2004, 2014) e da Análise
Crítica do Discurso (CHOULIARAKI; FAIRCLOUGH, 1999; FAIRCLOUGH,
1992/2007; 2001; 2003). Através do aparato metodológico tridimensional proposto por
Fairclough, faremos o levantamento de alguns aspectos de dimensões analíticas
(discursiva, social e textual) para o desenvolvimento da leitura crítica. O inventário
dessas categorias pretende avaliar como as estruturas linguísticas são utilizadas para
atingir propósitos discursivos e assim, através da análise de marcas sociais da
linguagem, revelar os possíveis poderes e ideologias que subjazem ao discurso. Este
estudo em andamento tem sido desenvolvido no âmbito do Grupo de Estudos e
Pesquisas em Lingua(gem) e Projetos Inovadores na Educação e pode ser concebido
como um pontapé inicial na implementação de práticas inovadoras no contexto de
instituições públicas de ensino técnico-tecnológico comprometidas com o
empoderamento de cidadãos para torná-los agentes sociais capazes de (re)interpretar e
(re)construir o discurso e de atuar de forma mais crítica e simétrica em sociedade.
A Linguística Sistêmico-Funcional e o ensino de gêneros textuais
Edna Cristina Muniz da Silva
Fabiana Aparecida de Assis
O objetivo desta comunicação é mostrar uma aplicação da pedagogia de gêneros
desenvolvida por pesquisadores da Escola de Sydney (Martin e Rose, 2008; Rose e
Martin, 2012) para gêneros do discurso da ciência presentes em livros didáticos
utilizados nas escolas brasileiras, do 6º ao 9º ano do ensino fundamental: relatórios
(descritivos e classificatórios) e explanações (causas e efeitos). Descrevemos e
analisamos as etapas e as fases de alguns desses textos e utilizamos as estratégias do
programa de aprendizagem Reading to Learn; (Rose, 2013), organizadas em um ciclo
constituído de três níveis para o ensino da leitura e da escrita nas diferentes áreas do
conhecimento: preparação para a leitura, construção conjunta e construção individual. O
quadro teórico-metodológico utilizado para a análise dos textos baseia-se na teoria da
Linguística Sistêmico-Funcional, porque os textos são interpretados em seus contextos
de uso, que no caso é o contexto educacional, mais precisamente, a sala de aula, onde o
livro didático é o principal, senão o único instrumento de estudo de milhares de alunos;
tendo em vista o propósito social dos textos, que tanto auxilia na aprendizagem de
disciplinas, quanto na apropriação do gêneros (Martin e Rose, 2008); desenvolvido por
professores com vistas a que o aluno aprenda a organizar os conhecimentos da
disciplina.
Passando a história a limpo: contribuições da Pedagogia de Sydney
para o ensino
Kelly Cristina Nunes de Oliveira
Edna Cristina Muniz da Silva
Os Parâmetros Curriculares Nacionais de História, de 1998 preconizam a necessidade
de compreensão de mecanismos de composição de texto para acesso às informações de
natureza histórica. Dessa forma, a noção de gêneros, constitutiva de textos, deve
permear as práticas de letramentos no contexto escolar para quaisquer disciplinas, uma
vez que suas contribuições podem sedimentar processos de aprendizagem em qualquer
área do conhecimento. Tal implicação aponta para a reflexão sobre práticas envolvidas
na compreensão desta ordem do discurso. Reconhecendo que gêneros são realizações do
plano cultural no plano textual, o qual se realiza por meio da língua, a análise
evidenciará como elementos das metafunções ideacional e interpessoal viabilizam o
objetivo sócio-comunicativo e as etapas do gênero Histórias. Nesse contexto, a
Linguística Sistêmico-Funcional revela-se aplicável para os propósitos existentes. Este
trabalho, então, visa aplicar os conhecimentos oriundos da Linguística SistêmicoFuncional (Halliday & Mathiessen, 2014; Eggins, 2004; Thompson, 2013; Martin,
Mathiessen e Painter, 2010), da Pedagogia de Gêneros da Escola de Sydney (Christie e
Martin, 2008; Coffin, 2009; Martin e Rose, 2008; Rose e Martin, 2012; ) , por meio da
análise de elementos léxico-gramaticais do sistema de transitividade (participantes,
processos e circunstâncias) e do sistema de modo (sujeito, finito e predicador) e
modalidade a fim de apresentar pistas de constituição genérica dos textos “Governo
Collor”, “Governo Itamar Franco” e “Governo Fernando Henrique” constituintes da
unidade 17 – O Brasil na nova ordem mundial”, de um livro de História de 9º ano
(História: sociedade e cidadania). Observa-se, nessa concepção teórica, que a relação
entre gramática e significado pode orientar alunos/as a compreender o gênero em
análise, pois cada significado contribui para a função do texto como um todo, uma vez
que a léxico-gramática também constrói o gênero, o qual pode alcançar marcações
ideológicas conforme apontam os resultados preliminares.
Formação de professores: refletindo sobre e avaliando um
curso de formação à distância
Coordenadores:
Maria Aparecida Caltabiano – PUCSP
Solange M. Sanches Gervai – Universidade Paulista
A educação a distância é uma realidade que apresenta um conjunto de variáveis que
definem os cenários educacionais, tais como os papéis de alunos; professores; formas de
avaliar e aprender. Os cursos de extensão, graduação e pós-graduação estão se
consolidando em ambientes totalmente a distância e contribuem com dados e pesquisas
para o debate, reflexão e aprimoramento do trabalho em EAD. Este simpósio tem o
objetivo de abrir espaço para o compartilhamento de estudos sobre processos de ensinoaprendizagem em cursos a distância, com foco nas possibilidades para o
desenvolvimento de multiletramentos; mediação em fóruns e avaliação de curso. Nosso
propósito é apresentar e discutir a produção acadêmica de professores do curso
Teachers’ Links para avançar sobre o conhecimento neste importante cenário da
educação. O curso de aperfeiçoamento Teachers’ Links é para professores de inglês,
uma parceria entre a PUC-SP e a Associação Cultura Inglesa de São Paulo e possibilita
ao interessado o desenvolvimento de práticas de leitura e escrita em inglês.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
A elaboração de material para curso online: avaliação e reflexão sobre
o processo
Maria Aparecida Caltabiano
Maria Cecília Lopes
Cursos online, frequentes nos dias de hoje na área de formação de professores, são
constantemente avaliados, tendo em vista não somente a sua atualização quanto às
tendências de ensino-aprendizagem de línguas, mas também quanto ao uso das
tecnologias. Para os docentes e participantes da equipe de elaboração do curso online
Teachers' Links: Reflexão e Desenvolvimento para Professores de Inglês, oferecido pela
PUC-SP há vários anos, o processo de avaliação é contínuo, tanto em relação ao
desempenho dos alunos quanto às propostas de atividades que podem levar a
reformulações e melhorias no curso. Voltado para professores de escolas públicas e
particulares, o Teachers’Links é um curso de aperfeiçoamento que consta de três
módulos com dois componentes cada: Reflexão e Desenvolvimento. O objetivo na
nossa apresentação é discutir a participação dos alunos-professores em um Fórum do
módulo O desenvolvimento da autonomia e a sala de aula: Reflexão sobre planejamento
e materiais de ensino. Como em todos os módulos, as atividades contêm como estímulo
para discussão, a leitura de artigos, documentos oficiais, fotos e vídeos. O Fórum,
objeto de nossa análise, é decorrente de uma videoaula elaborada especialmente para o
curso. Na exposição, discutiremos em um primeiro momento aspectos referentes ao
desempenho dos participantes em uma atividade reflexiva sobre elaboração de material
e em seguida, apresentaremos a avaliação dos alunos-professores sobre o próprio curso.
A reflexão sobre as questões de elaboração do conteúdo do módulo, do planejamento
das atividades, do desenvolvimento da autonomia do professor, entre outras é
oportunidade para aprendizagem, não somente da equipe, mas também para todos os
envolvidos com educação a distância.
Analisando um fórum de discussão sob o enfoque da Teoria da
Avaliatividade
Leila Bárbara
Célia Macêdo
Tendo como aparato teórico-metodológico a Linguística Sistêmico-Funcional (LSF)
(Halliday e Matthiessen, 2004 e 2014) e contando com o software Wordsmith Tools
(Scott, 2008) para o tratamento dos dados, o objetivo desta comunicação é analisar um
fórum de discussão de três turmas do Teachers’ Links, curso online oferecido pela
PUC-SP e pela Cultura Inglesa e destinado à formação continuada de professores da
rede pública do estado de São Paulo. No fórum, os alunos-professores compartilham
suas respostas a três perguntas propostas: a) What aspects of course planning did the
teachers take into account [when planning the course]? b) What experiences do they
highlight in the process of developing and teaching the course? c) What
important/informed decisions did they have to make? Também, os participantes
acrescentam feedback e/ou sugestões sobre o curso. Pretendemos desvelar como os
alunos-professores: a) se posicionam em relação à tarefa de desenvolver um curso
online e b) avaliam o curso que estão concluindo. Dessa forma, da LSF utilizaremos a
teoria da avaliatividade (Martin & White, 2005) para agrupar os elementos avaliativos
escolhidos pelos participantes em cada uma das três categorias propostas por Martin e
White: atitude, gradação e engajamento. As ferramentas do programa Wordsmith Tools
propiciarão um levantamento das palavras mais frequentes e também uma análise dos
elementos avaliativos em seus contextos de uso.
Multiletramentos em ambientes de aprendizagem online
Solange Maria Sanches Gervai
Sabemos que as novas tecnologias de comunicação e informação afetam diretamente a
educação, mas sozinhas, não alteram metodologias e ações pedagógicas. Muitos
elementos precisam ser considerados e avaliados constantemente, tais como: aspectos
de letramentos diversos (Rojo, 2012); desenhos de curso; formas de avaliação e estilos
de ensino e aprendizagem. Esta comunicação focalizará aspectos que visam contribuir
para uma reflexão sobre a importância da preparação de cursos para a diversidade das
práticas letradas que envolvem multimeios e diferentes modalidades de textos.
O objetivo do trabalho é analisar práticas de ações pedagógicas (Gervai, 2007) do curso
Teachers’ Links – PUCSP/Cogeae, levando em consideração questões relacionadas às
mudanças possibilitadas pelos hipertextos e hipermídias. O Teachers’ Links é um curso
de aperfeiçoamento de professores de inglês, que visa desenvolvimento profissional,
acadêmico e pessoal, com foco em reflexão crítica sobre o papel do professor no ensino
e de sua capacidade de planejar e organizar ação docente. O curso é totalmente a
distância, em plataforma virtual (Moodle). A pesquisa utiliza dados de ferramentas que
possibilitam interação síncrona e assíncrona com alunos/professores em dinâmicas
interativas individuais e coletivas. A análise dessas ações pedagógicas tem como base
teórica as contribuições de autores como Garrison e Anderson (2003), Celani & Collins
(2005), Gervai (2007), Wadt (2009), Victoriano (2010) e pesquisadores da área dos
multiletramentos, como Rojo (2012), Kalantzis & Cope (2012), Lemke (2010), Kress
(2003), entre outros, para reflexões sobre uma pedagogia dos multiletramentos.
Teachers’ Links: algumas impressões dos alunos
Marcos César Polifemi
Nessa apresentação compartilharei os resultados de uma pesquisa feita com os alunos
que concluíram o curso online de aperfeiçoamento Teachers’ Links no segundo
semestre de 2014. Essa pesquisa teve como objetivo identificar a satisfação geral dos
alunos no curso, bem como identificar suas necessidades, desejos e a percepção deles
sobre o impacto deste curso online em suas práticas docentes. Os alunos do curso,
participantes da pesquisa, em sua grande maioria, são professores da Rede Pública
Estadual e Municipal de São Paulo que têm o curso patrocinado pela Cultura Inglesa
São Paulo. Para a investigação, trabalhei com três questões abertas, a seguir:1. O que
você mais gosta no curso Teachers’ Links?2. Quais outros conteúdos você gostaria de
ter no curso Teachers’ Links?3. Como o curso Teachers’ Links atende as suas
necessidades práticas?A partir do retorno a esses questionamentos, com base em uma
análise de conteúdo e de recorrência de tópicos, pude identificar alguns aspectos que
considero importantes de serem reafirmados e considerados em futuros desenhos
instrucionais de cursos a distância.
A Complexidade na formação e atuação docentes e no desenho de
cursos
Coordenadores:
Maximina M. Freire – PUCSP
Karin C. Nin Brauer – Colégio Paulista
Diante da inoperância do paradigma tradicional e da emergência de um paradigma
educacional denominado complexo (“tecido junto”), vemo-nos diante da necessidade de
compreender que novos rumos se apresentam para a educação. Fundamentado na re/ligação de saberes, imprevisibilidade, recursividade, incompletude e diálogo de opostos
complementares, o paradigma da complexidade (Morin, 2005, 2008) se apresenta como
um referencial epistemológico capaz de fornecer respostas às demandas atuais e lidar
com a ambiguidade e diversidade que caracterizam os contextos contemporâneos.
Fundamentados nesse referencial, os trabalhos que compõem este simpósio visa à (1)
discussão da formação e atuação docentes e (2) à apresentação de novas propostas de
desenho de cursos, concebidos com base na complexidade.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Auto-heteroecoformação tecnológica de professores de inglês do
Ensino Médio em ambiente on-line sob o viés da complexidade
Karin C. Nin Brauer
Este trabalho objetiva descrever e interpretar o fenômeno: desenho de curso de Autoheteroecoformação tecnológica de professores de inglês do Ensino Médio em ambiente
on-line sob o viés da complexidade, visando ao uso de interfaces digitais com
propósitos educacionais e à produção de material on-line de ensino por esses
professores. Os aportes teóricos para o estudo das questões interpretativas desta
proposta foram a teoria da Complexidade (MORIN, 2003, 2009, 2011), o design
educacional complexo de curso (FREIRE, 2013), os estudos de produção de material e
ensino a distância (VALENTE, 2000, 2007), a formação docente (Paulo Freire, 2002,
2005) e a auto-heteroecoformação tecnológica de professores (FREIRE, 2009; FREIRE
e LEFFA, 2013). A investigação foi desenvolvida por meio da elaboração do curso a
distância e também do meu diário descritivo sobre o curso nos quais ficaram registrados
os textos que foram usados para a interpretação do fenômeno em estudo, a partir da
perspectiva de Freire (1998, 2007, 2008, 2009, 2010, 2012), com base em van Manen
(1990). A pesquisa teve como participantes os professores de inglês do Ensino Médio
da rede estadual da cidade de São Paulo. Nesta pesquisa ocorreu a descrição de
diferentes fases que compreenderam e compuseram o fenômeno em foco e a
interpretação. A interpretação sob a ótica do designer pesquisador e dos participantes do
curso revelam os seis temas que compreendem o fenômeno os quais cito a seguir:
interfaces, ensino, aprendizagem, construção, interação e necessidades. A interpretação
desses textos revelou a reflexão dos participantes acerca do desenho de curso de Autoheteroecoformação tecnológica de professores de inglês do Ensino Médio em ambiente
on-line sob o viés da complexidade, bem como proporcionou para a professorapesquisadora momentos reflexivos sobre o desenvolvimento do curso e a respeito dos
traços complexos necessários para o ensino-aprendizagem.
É possível um novo desenho para o ensino de Língua Portuguesa por
meio do Pensamento Complexo?
Suzanny P. Silva Bium
Ensinar e aprender Língua Portuguesa (LP) na escola são atividades “complexas”, por
isso ser fiel a uma única teoria não garante, aos indivíduos, a compreensão e tão pouco
sua materialização em práticas sociais. Assim, pretende-se levantar uma possibilidade
de pensar o ensino de LP, por meio do Pensamento Complexo, cujo objetivo é olhar
para as novas demandas que emergem da sociedade, dos indivíduos e da escola para que
se estabeleçam movimentos de religação entre esses saberes, uma vez que a experiência
docente tem revelado que muitas práticas de ensino de LP ainda privilegiam tão
somente exercícios de repetição e memorização de regras da gramática normativa
desvinculadas do uso real da língua, nas diferentes esferas sociais. Nesse contexto, a
Complexidade pode revelar-se como uma abordagem teórico-metodológica para o
ensino de LP que possa (re)desenhar esse processo de ensino-aprendizagem, por meio
da religação de saberes que emergem dos diferentes espaços de construção do
conhecimento: científico, acadêmico e social. A fundamentação para essa apresentação
busca em Morin (2011,2014), Freire (2013) e Moraes (2008, 2014) um diálogo que
alimente-nos para uma nova educação que garanta aos indivíduos a conscientização,
conquista e capacidade de participação pela linguagem.
A atuação docente sob uma ótica complexa
Maria Cristina Ferreira Cunha
Esta pesquisa tem como objetivo descrever e interpretar a natureza do fenômeno
atuação docente a partir da observação de aulas ministradas por uma professora
universitária a um grupo de estudantes no decurso do segundo semestre de um curso de
letras inglês em aulas de língua inglesa. Essa experiência está fundamentada em noções
sobre a formação do professor reflexivo (CELANI, 2001, 2002, 2010) e na teoria da
complexidade (CAPRA, 2002, 2006; MORIN, 2009, 2013; MORAES, 2005).
Pretende-se observar atuação da docente segundo aspectos peculiares da complexidade
como: circularidade, imprevisibilidade, instabilidade e impermanência que afetam a
dinâmica da sala de aula que prevê flexibilidade. Além da discussão do fenômeno
segundo os princípios dialógico, hologramático e recursivo, princípios esses
fundamentais da teoria da complexidade. A pesquisa está sendo desenvolvida sob os
rigores da abordagem hermenêutico-fenomenológica complexa (FREIRE, 2010, 2012).
Áudios das aulas, questionário e diários reflexivos são os instrumentos utilizados para o
registro da experiência a ser interpretada. Existe ainda a possibilidade de haver a e
conversa hermenêutica que é um instrumento peculiar da referida abordagem. Pretendese com essa pesquisa contribuir para a esfera de formação de professores.
Um curso semipresencial complexo em uma matriz curricular
tradicional
Maximina M. Freire
Temos testemunhado que, apesar de vigente em muitas instituições, o paradigma
tradicional tem sido contestado. Fundamentado em uma visao newtoniana-cartesiana,
esse paradigma contempla o conhecimento como objetivo, mensurável e passível de
generalizações. Morin (2008) se refere a ele como disjuntor e reducionista, impondo a
ordem, separando o que deve ser conectado, e revelando uma visão simplista e
simplificadora da realidade que se mostra sob o angulo de uma linearidade causal.
Decorrente dele, no entanto, o paradigma emergente, complexo, evidencia a construção/
desconstrução/ reconstrução do conhecimento de forma não linear, não fragmentada,
não disciplinar, e não gradualmente sequenciado. A realidade passa a ser vista, em toda
a sua incompletude e imprevisibilidade, a partir de uma circularidade causal, na qual o
efeito retroage à causa, os opostos dialogam e o todo pode ser maior e menor que a
soma de suas partes. Considerando esse paradigma, o objetivo desta apresentação é
relatar e interpretar a experiência de ministrar uma disciplina semipresencial concebida
sob o enfoque complexo, integrado a uma matriz curricular de natureza tradicional. A
referida disciplina tinha como objetivo desenvolver a habilidade de ler e escrever, bem
como comentar criticamente textos/hypertextos em língua inglesa. A disciplina (de um
semestre, no 1o. ano do curso de Letras) foi desenvolvida de acordo com o design
educacional complexo (Freire, 2013), constando de 3 projetos interconectados que
demandaram o trabalho individual, em pares e em grupos, respectivamente,
desenvolvido pelos 18 alunos que compunham a turma investigada. A interpretação se
baseia no material registrado no curso, coletado por meio das atividades realizadas pelos
alunos e em suas manifestações, ocorridas nos encontros presenciais. Também foram
considerados para a interpretação, as notas de campo registradas pela professora ao
longo do curso. Especial atenção foi dada às implicações educacionais de se oferecer
um curso complexo em um currículo tradicional.
Contribuições da imagem para o desenrolar narrativo
Coordenadores:
Priscila Peixinho Fiorindo - Universidade do Estado da Bahia
Ana Virgínia Gomes de Souza Pinto –USP
A arte ou a imagem produzida, numa determinada época, reflete a realidade sóciohistórico e cultural de um povo, de forma artística. Nesta perspectiva, da Pré-história
aos dias atuais as representações icônicas são consideradas símbolos cheios de
significados, que acompanham o homem. E, para construir sua história, ele se apoia nas
leituras imagéticas, transformando-as em narrativas reais, imaginárias e, às vezes,
ambas ao mesmo tempo, a fim de delinear seus comportamentos, crenças, valores e
tradições. Diante do contexto, a proposta do simpósio é apresentarmos reflexões de
pesquisadores de diferentes instituições sobre a contribuição das imagens para o
desenrolar narrativo sob algumas perspectivas. Então, num primeiro momento, partindo
do pressuposto de que memória e narrativa são indissociáveis, observamos o papel da
memória de longo e de curto prazo, na produção de narrativa oral, a partir da leitura de
desenhos feitos por crianças, ressaltando os aspectos ideológicos. Posteriormente,
identificamos as interpretações da leitura de imagens da história, sem texto escrito,
privilegiando os aspectos cognitivos e discursivos infantis. Paralelamente, evidenciamos
o desempenho de escolares, no ensino fundamental, na produção narrativa escrita, por
meio da teoria da mente – habilidade de compreender estados mentais – através da
sequência de imagens de uma história, sem texto escrito. E, devido ao fascinante mundo
virtual, onde, principalmente, as crianças e os adolescentes estão imersos na sociedade e
cultura digital, mediada pela internet através dos smatphones, tablets e seus inúmeros
aplicativos, selecionamos algumas produções investigativas publicadas sobre Instagram,
por se tratar de uma ferramenta de imagem com pequenas legendas, onde é possível o
público contar sua vida através da narrativa imagética colorida, desfocada ou borrada
pelos filtros do aplicativo.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Da leitura de imagens à narrativa oral: memória e ideologia
Priscila Peixinho Fiorindo
Partindo do pressuposto de que memória e narrativa são indissociáveis, pois para se
contar uma história é necessário acessar as informações armazenadas em nossa mente,
privilegiamos neste estudo observar o papel da memória de longo e de curto prazo, na
produção de narrativa oral, a partir da leitura de desenhos feitos por crianças de cinco
anos de idade, de ambos os sexos. Conforme Adam (1985), a memória de curto prazo
tem a capacidade limitada de armazenamento das informações, que permanecem,
temporariamente, enquanto são úteis e depois são descartadas. Já a memória de longo
prazo, ao contrário, tem a capacidade ilimitada, onde encontramos, também, a memória
episódica, que se refere aos eventos vivenciados ou imaginados pelo indivíduo, e a
memória semântica, que corresponde aos conhecimentos de mundo acumulados ao
longo do tempo (TULVING, 1972). E considerando que a leitura de imagem é parte da
decodificação e construção de significados de mundo e, ao mesmo tempo, é
influenciada pelas experiências e conhecimentos prévios do sujeito leitor (BITAR,
2002), a constituição do sentido é individual, feita com base em diferentes contextos,
que abarcam conceitos ideológicos verbalizados nas narrativas. Nesta perspectiva, o
método constitui-se em solicitar que as crianças fizessem um desenho e, posteriormente,
narrassem sobre o mesmo. Os dados foram gravados em áudio e transcritos com base
nas Normas do Projeto NURC/USP, propostas por Preti e Urbano (1990). Os resultados
indicam que ao elaborar a narrativa, a partir da leitura das imagens desenhadas, as
crianças interpretam as figuras visualizadas como uma representação icônica que
simboliza algo e, neste processo de recordação, resgatam de suas memórias de longo e
de curto prazo as possíveis associações, entre as imagens dos objetos vistos e o que as
mesmas podem representar, como, por exemplo, as ideologias construídas no cotidiano
dos pré-escolares.
Da leitura de imagens às interpretações: aspectos cognitivos e
discursivos
Terezinha de Jesus Costa
O presente trabalho se propõe a abordar aspectos de produções discursivas de crianças
de cinco, oito e dez anos, em situação de interação com adulto, durante a leitura de
imagens presentes na história “A briga” (FURNARI, 2002), que foi informatizada e
apresentada às referidas crianças. Assim, os objetivos norteadores são: (a) fornecer
indícios comportamentais sobre a teoria da mente e (b) mostrar que as condutas
explicativas/justificativas são atividades do conhecimento que pressupõe a elaboração
do pensamento e da capacidade dos locutores competentes na apropriação de
conhecimentos pragmáticos implícitos, de modo pertinente e suficiente. As condutas
explicativas/justificativas (VENEZIANO & HUDELOT, 2002) são comportamentos
sociais que dependem das condições de comunicação e interlocução, revelando um
“saber-fazer”, ou melhor, uma teoria da mente. Considerando a importância das
imagens, enquanto estímulo para a produção de histórias por crianças, Aumont (2008)
esclarece-nos que a imagem é um meio de comunicação e de representação do mundo.
Sendo assim, ela pode refletir o elemento cultural de determinado contexto. Ele
enfatiza, ainda, que se a imagem contém sentido, este tem de ser “lido” por seu
espectador, pois a compreensão depende da situação histórica de cada sujeito. Na coleta
de dados, inicialmente, as referidas imagens foram apresentadas, na tela do computador,
para uma primeira construção de narrativa oral. Num segundo momento, o interlocutor
adulto recorre à tutela, de modo que as crianças consigam realizar a tarefa em questão,
uma vez que sozinhas não conseguiriam (FRANÇOIS, 1996; MELO, 1997). Os
resultados mostram-nos que a história escolhida “A briga” pode ser contada/narrada,
tanto em um nível meramente descritivo, como em um nível mais elaborado e com
maior coerência, pela construção de liames explicativos/justificativos e interpretativos,
implicando, também, na atribuição de estados mentais como intenções, desejos e
crenças.
Teoria da mente e desempenho escolar a partir da leitura de imagens
Ana Virgínia Gomes de Souza Pinto
O presente trabalho é um recorte da dissertação de mestrado, “Produção Textual Escrita,
Função Pragmática da Linguagem e Teoria da Mente em Escolares do Ensino
Fundamental II” (PINTO, 2014). O objetivo, aqui, é mostrar a caracterização do
desempenho de 60 escolares do 5ª ano do ensino fundamental, por meio da tarefa da
teoria da mente, a partir da leitura de imagens em sequência. Segundo Veneziano e
Hudelot (2002), esta tarefa corresponde à habilidade de compreender estados mentais e
designar a forma como o sujeito compreende os referidos estados, as vontades, os
conhecimentos e as crenças e como eles influenciam seus comportamentos. A análise da
linguagem, observada por meio da produção escrita de narrativas, abrangendo a
percepção de estados mentais, pode auxiliar estudos sobre relações existentes entre
compreensão e expressão da linguagem e da teoria da mente, já que a representação
icônica costuma ser uma imagem narrável, definida como conjuntos organizados de
significantes, cujos significados constituem uma história, que deve se desenrolar. Nesta
perspectiva, Aumont (2008) afirma que a imagem é um meio de comunicação e de
representação do mundo. Então, cada escolar recebeu uma folha com a sequência de
imagens da história “A pedra no caminho” (FURNARI, 1998) e foram instruídos a
produzir um texto narrativo escrito sobre a história visualizada. Os sujeitos foram
agrupados, conforme a média do rendimento escolar – GI (7,0 a 10,0), GII (5,0 a 6,5) e
GIII (0,0 a 4,5). Os resultados indicam que os alunos do GI tiveram o melhor
desempenho, devido ao relato, mais frequente, da possibilidade do personagem ‘pensar
que o empurrão foi por querer’, confirmando a presença da teoria da mente, além da
apresentação de outras etapas praticadas pelos personagens no enredo narrativo.
Imagem, narrativas e redes sociais: mapeamento do estado da arte
Juliana Santana Moura
O presente trabalho tem como proposta mapear as pesquisas e investigações produzidas,
nos programas de pós- graduação, sobre imagem e narrativa, considerando a articulação
dessas duas ferramentas com as redes sociais. Nos últimos cinco anos vivemos imersos
na sociedade e cultura digital mediada pela internet através dos smatphones, tablets e
seus inúmeros aplicativos. Novas formas de relacionar-se e interagir são construídas nas
redes, a partir das tecnologias e dispositivas móveis. As pesquisas recentes apontam que
os sujeitos da cultura digital constroem suas identidades e cotidianos influenciados pelas
imagens midiáticas, compartilhadas em redes sociais como Twitter, Facebook e
Instagram. Este último será o recorte e pano de fundo para analisarmos as produções
investigativas publicadas sobre a temática, por trabalhar apenas com imagem e
pequenas legendas. O interesse do público jovem pelo Instagram é notório,
principalmente entre os adolescentes e crianças. Muitos pais fazem perfis para seus
filhos compartilharem selfs e imagens de momentos mais diversos. Os adolescentes
também instagramam suas vidas contando-as através dessa narrativa imagética colorida,
desfocada ou borrada pelos filtros do aplicativo. Quais são os temas que mais instigam
esses sujeitos? O que eles produzem e querem alcançar com essas imagens? Que
linguagem e espécie de narrativa é essa? Por meio do mapeamento do Estado da Arte
identificamos em sites como Scielo, Banco de Teses da Capes, além do buscador
Google Acadêmico, o que dizem os pesquisadores e suas investigações sobre o referido
tema.
Fonética aplicada ao ensino de línguas estrangeiras
Coordenadores:
Amaury Silva – PUCSP
Cristiane Silva – UNICAMP
Este simpósio tem como objetivo abarcar o trabalho de pesquisadores cujas pesquisas
tratam do ensino de línguas estrangeiras (espanhol e inglês) à luz de dados provenientes
de pesquisas embasadas em fonética acústica, e discutir sobre a relevância dos dados
obtidos em tais pesquisas para o ensino de língua estrangeira. Os temas discutidos
durante o simpósio acolherão a influência de fenômenos de redução na fala na
compreensão de aprendizes de L2, a produção de variantes róticas por falantes de
diversos dialetos da língua espanhola, a percepção do acento lexical em palavras
cognatas do inglês por falantes nativos do português do Brasil que têm o inglês como
segunda língua.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Análise da percepção de fenômenos de redução em língua inglesa por
falantes brasileiros aprendizes de inglês como língua estrangeira
Amaury Silva
O objetivo da pesquisa é investigar, por intermédio da análise fonético-acústica,
processos de redução em produções de fala semiespontânea por sujeitos nativos do
inglês e verificar a influência de tais processos na compreensão de sujeitos nativos do
português brasileiro, aprendizes de inglês como língua estrangeira. A escolha de
fenômenos de redução como objeto de estudo foi dada pelo fato de que, apesar da
presença de tais fenômenos na língua materna dos aprendizes de inglês falantes de
português brasileiro, os fenômenos de redução existentes na L2 acarretam dificuldades
para os aprendizes nos níveis de produção e percepção de fala. Com o intuito de realizar
as investigações, foram selecionadas três entrevistas cujos fenômenos coarticulatórios
existentes foram analisados com a utilização do software livre PRAAT, versão 4.5.18,
desenvolvido por Paul Boersma e David Weenink, do Instituto de Ciências Fonéticas da
Universidade de Amsterdã e foram inspecionadas, com base em espectrogramas de
banda larga, as características fonético-acústicas dos segmentos fônicos em processos
de coarticulação que caracterizam os fenômenos de redução. A partir da análise dos
fenômenos de redução foi verificada a sua influência na percepção dos aprendizes de
inglês como língua estrangeira.
Um estudo fonético acústico sobre róticos em dialetos do espanhol
Piedade Cóstola
O projeto tem como objetivo analisar, do ponto de vista fonético-acústico, as produções
de variantes róticas (sons de “r”) por falantes de diversos dialetos da língua espanhola.
A escolha dos róticos como objeto de estudo é motivada por dois fatores: os róticos
representam uma classe de sons que apresentam extensa alofonia condicionada por
fatores linguísticos, paralinguísticos e extralinguísticos; o conhecimento sobre o uso de
variantes róticas é de interesse para o ensino de língua espanhola para brasileiros, pois
as línguas espanhola e portuguesa diferem quanto à correspondência entre uso, grafia e
som quando nos referimos aos róticos. Análise fonético-acústica de produções de
róticos será realizada para descrevermos e embasarmos as suas caraterísticas fônicas,
superando uma análise feita somente a partir da percepção. Mostraremos evidências
encontradas em relação as produções dos falantes e apresentaremos dados preliminares.
O corpus de pesquisa, uma canção folclórica da América Latina intitulada Pedro Navaja
de autoria do cantor e compositor Rubén Blades, será lido por quatro falantes femininos,
falantes nativos do espanhol, variedades colombiana, espanhola, cubana e argentina. A
pesquisa, além de contribuir para a construção de conhecimento sobre o uso dos róticos
em língua espanhola, poderá ter desdobramentos para o ensino de espanhol para
brasileiros.
A percepção do acento lexical em inglês por falantes de português
Marcia Polaczek
Esta comunicação apresenta uma proposta de investigação da percepção do acento
lexical de palavras cognatas do inglês por falantes nativos do Português do Brasil que
têm o inglês como segunda língua. O pressuposto é que os padrões acentuais e silábicos
do inglês possuem especificidades que influenciam no modo pelo qual são percebidos
por falantes de Português do Brasil (PB). A questão levantada é se a percepção está
pautada em pistas acústicas ou é influenciada por parâmetros do inventário sonoro da
língua materna. Os fundamentos teóricos englobam (1) a caracterização dos padrões
acentuais do inglês e do português; (2) o conhecimento fonético-fonológico do ponto de
vista perceptivo, articulatório e acústico; (3) pesquisas interdisciplinares sobre
percepção de fala em L2; (4) estudos sobre a relação entre percepção e produção de fala
em L2. Além de contribuir com os estudos sobre a fala em L2, o objetivo deste tipo de
pesquisa é auxiliar no desenvolvimento das estratégias de ensino e aprendizagem de
habilidades orais, bem como de pronúncia inteligível em L2.
O papel da prosódia na percepção do sotaque estrangeiro
Cristiane Silva
Os estudos de Anderson-Hsieh et al (1992); Munro (1995); Hahn (2004); Jilka(2000);
Munro e Derwing (2005) e Holm (2008) demonstram que os aspectos suprassegmentais
têm um papel fundamental para a determinação do sotaque estrangeiro. Motivados pelos
resultados obtidos nos estudos anteriores, realizamos um experimento de percepção para
avaliar o grau de sotaque estrangeiro em um grupo de brasileiros falantes de espanhol
como língua estrangeira e verificar se seria possível identificar o sotaque estrangeiro
apenas com informação prosódica. Participaram do experimento de percepção 24
ouvintes espanhóis que ouviram e avaliaram estímulos de 15 brasileiros e cinco
espanhóis. Os estímulos consistiram em um trecho de leitura e um trecho de narração
para avaliar o grau de sotaque em uma escala contínua e em uma versão delexicalizada
do trecho de narração para responder se se tratava de um brasileiro ou de um espanhol.
Os resultados demonstraram que as notas mais baixas atribuídas na avaliação do grau de
sotaque estrangeiro estão associadas, de forma significativa, aos estímulos
delexicalizados que foram previamente avaliados como sendo produzidos por
espanhóis. Esse resultado demonstrou que é possível identificar o sotaque estrangeiro
apenas com as informações prosódicas presentes nos estímulos delexicalizados, ou seja,
com F0, duração e intensidade global.
Linguagem e ciências forenses
Coordenadores:
Lilian Kuhn – PUCSP
Ana Carolina Constantini – Universidade Estadual de Campinas
Este simpósio tem por objetivo agregar pesquisadores cujos trabalhos relacionam a
linguagem e a esfera forense. A Linguística Forense investiga a linguagem e suas
relações com o âmbito legal, ou seja, são aplicados conhecimentos específicos das
diversas áreas da Linguística em questões jurídicas. Entre as diversas aplicações da
Linguística Forense, destacam-se a de identificação de autoria de textos e a análise de
depoimentos. Serão temas de reflexão e debate entre os pesquisadores o panorama atual
da Linguística Forense no Brasil. Estudos recentes em Análise do Discurso aplicados na
realidade do crime também serão debatidos.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Fonética, fonoaudiologia e a identificação de falantes: reflexões sobre o
panorama atual
Renata Vieira
O uso do reconhecimento de falantes para fins forenses é antigo e tem sido utilizado ao
longo da história para a identificação de suspeitos que não foram vistos, mas apenas
ouvidos por testemunhas. A identificação de falantes é a comparação de duas amostras
de fala com o objetivo de se determinar se pertencem ou não a um mesmo indivíduo.
Nos últimos anos, a atuação do Fonoaudiólogo como perito em identificação de falantes
e o uso do termo Fonoaudiologia Forense tem, por vezes, causado dúvidas sobre a
inserção desta perícia na subárea Fonética Forense. A inserção da identificação de
falantes na Fonética Forense é comprovadamente antiga, dado o histórico da área e o
extenso número de pesquisas científicas realizadas em todo o mundo sobre o assunto. O
objetivo desta apresentação é refletir acerca da atividade do Fonoaudiólogo no âmbito
jurídico e sobre o equívoco existente atualmente acerca dos termos Fonoaudiologia
Forense e Fonética Forense.
Silêncio, silenciamento e tortura: violência e sentidos
Monica Azzariti
O presente trabalho centra-se nos conceitos de silêncio e silenciamento apresentados por
Eni Orlandi (2007). Tem-se como objetivo refletir, a partir das ideias apresentadas pela
autora, as relações de força, poder e violência que podem funcionar nos processos de
silenciamento e os sentidos produzidos pelo silêncio em circunstâncias envolvendo
tortura. A análise de um caso real, onde foi possível a gravação de um diálogo
envolvendo torturador e torturado, nos permitirá visualizar e avaliar como esses
processos se dão em uma realidade pouco estudada em Análise do Discurso, a realidade
do crime.
“Fonética” e “voz” na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça
(STJ)
Jael Gonçalves
No campo da Linguística Forense, o Reino Unido (UK) é uma para pesquisadores e
peritos brasileiros. Mesmo sendo o UK importante referência em termos de regras
estabilizadas sobre como proceder como linguista em um caso legal, é relevante
considerar que toda a tradição britânica nessa interface entre linguagem e direito é
consequência do background empírico, tanto na Linguística como no Direito. Pretendo
realizar investigação sobre a situação britânica e a brasileira, comparando como esses
dois sistemas jurídicos lidam com a Fonética Forense em casos jurídicos. Como
primeira etapa, este trabalho apresenta resultados sobre a situação brasileira. Dados
foram coletados do website do Superior Tribunal de Justiça (STJ), com o objetivo de
descrever o que acontece na jurisprudência dessa Corte quando a jurisprudência
apresenta as palavras “fonética” e “voz”. Questões que nortearam o estudo: qual a
frequência de ocorrência das palavras “fonética” e “voz” na jurisprudência do STJ?; a
quais fatos jurídicos essas ocorrências estão relacionadas?; algum conhecimento
fonético foi utilizado como evidência no julgado?; em casos em que há material de
áudio nos autos, como esse foi coletado? Algum perito trabalhou sobre o material? Há
algum litígio envolvendo o uso das gravações? Foram encontradas seis ocorrências da
palavra “fonética” e 47 da palavra “voz”. Na maioria dos casos com material de áudio, a
fonte desse material é predominantemente interceptação telefônica. Verificou-se que as
principais causas de pedir da defesa, no que diz respeito à prova de áudio, são: (i)
ausência de perícia, (ii) não participação de peritos no tratamento do material e (iii)
transcrição incompleta de gravações. Esses resultados evidenciam o fato de que, no
Brasil, o uso de dados de áudio como prova é ainda realizado de modo não sistemáticos,
e esforços devem ser feitos a valorização de linguistas, especialmente de foneticistas, no
sistema jurídico brasileiro.
A construção de conhecimentos e saberes em diversos
contextos educacionais: uma perspectiva complexa da
formação discente, docente e de gestores educacionais
Coordenadores:
Keila Christina Almeida Portela - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
de Mato Grosso
Mauricio Viana Araújo – Universidade Federal de Uberlândia
Este simpósio tem por objetivo reunir diferentes trabalhos e reflexões acerca da
formação docente e discente em diversos contextos de sala de aula, EAD e presencial.
O fio condutor desses trabalhos em Linguística Aplicada é a pesquisa sobre o uso de
tecnologia na formação de professores e alunos, fundamentada na complexidade
(MORIN, 2005, 2010, 2011, 2012). Aguilar, sob a ótica do complexeducational design
(FREIRE, 2012), trata da preparação, reflexão e execução de uma disciplina para alunos
de um curso de pós-graduação em gestão escolar; Araújo discute os relatos de
graduandos referentes ao emprego das ferramentas virtuais usadas num curso de
produção textual a distância; Portela reflete sobre a formação tecnológica dos docentes
de um curso técnico em secretariado; Generoso aborda o ciclo multimodal de leitura no
ensino de francês como Língua Estrangeira. A abordagem hermenêuticofenomenológica, na perspectiva de Freire (1998, 2007, 2010, 2011, 2013), é a
metodologia de pesquisa usada na descrição e interpretação dos materiais textuais
produzidos nos contextos das investigações de cada um dos trabalhos deste simpósio.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
A preparação, reflexão e execução de uma disciplina num curso de
pós-graduação conforme o complex educational design o:
reconstruindo conhecimentos em rede
Gabriel Jiménez Aguilar
O objetivo deste estudo é refletir sob a preparação, reflexão e execução da disciplina
Educação a distância: o conhecimento em rede, num curso de pós-graduação, tendo
como base o complexeducational design (FREIRE, 2012) como norteador para as ações
de preparação, reflexão e execução da disciplina citada. O estudo encontra, também,
como fundamentação teórica a complexidade (MORIN, 1996, 2000, 2002, 2011 e
BEHRENS, 2006) para propor ações de ressignificação em uma disciplina de um curso
de pós-graduação. Para interpretar a experiência da preparação, reflexão e execução
dessa disciplina presencial, que aborda a temática de EAD, sob a ótica do
complexeducational design, uso a abordagem hermenêutico-fenomenológica (FREIRE,
2007, 2010, 2012). As anotações e registros antes, durante e depois do curso são os
textos que serão interpretados à luz dessa abordagem. O curso foi realizado no mês de
junho de 2015, numa universidade privada da zona leste de São Paulo, e contou com 17
alunos participantes. Os primeiros textos revelam que é necessária uma mudança no
pensamento dos alunos em relação ao paradigma educacional que trazem da época da
graduação e uma mudança de conceitos em relação à educação a distância.
Nem tudo que reluz é ouro, ou a ojeriza dos alunos às ferramentas
virtuais, num curso a distância
Maurício Viana de Araújo
Universidade Federal de Uberlândia
O objetivo desta comunicação é refletir sobre uma experiência complexotransdisciplinar de ensino a distância ocorrida no ambiente virtual de aprendizagem
Moodle, em que as próprias ferramentas virtuais usadas para o desenvolvimento do
curso foram apontadas pelos alunos como um grande empecilho para a constituição das
relações de ensino-aprendizagem nele. A metodologia de pesquisa adotada foi a
abordagem hermenêutico-fenomenológica (FREIRE, 2007, 2010, 2012; van MANEN
1990), uma metodologia qualitativa de pesquisa, cujo objetivo é descrever e interpretar
fenômenos da experiência humana, em busca de suas essências. Este foi um subtema do
tema hermenêutico-fenomenológico dificuldade, que veio à luz na interpretação do
material textual produzido no contexto das atividades de um curso de produção textual a
distância objeto de minha pesquisa de doutoramento defendida em abril de 2015. No
relato dos alunos, foram muito contundentes as críticas negativas ao Moodle, que é
atualmente um ambiente virtual adotado por muitas instituições de ensino no Brasil e no
mundo, considerado por eles como uma ferramenta pouco amigável e pesada,
diferentemente dos recursos interacionais à disposição dos usuários das redes sociais
mais populares.
A formação tecnológica a distância para docentes de um curso Técnico
em Secretariado, sob a perspectiva da complexidade.
Keila Christina Almeida Portela
O objetivo deste estudo é descrever e interpretar o fenômeno formação tecnológica dos
docentes do curso Técnico em Secretariado de uma instituição federal, por meio da
oferta de um curso a distância utilizando a plataforma Moodle. A pergunta de pesquisa:
Qual a natureza do fenômeno formação tecnológica dos professores do curso Técnico
em Secretariado de uma instituição federal baseado na complexidade sob a perspectiva
de todos os participantes? é ponto instigador deste trabalho. Os aportes teóricos para
este estudo foram baseados na Complexidade de acordo com Morin (1996, 2000, 2002,
2011), Behrens (2006) e Freire (2009, 2012); na educação a distância, conforme Moraes
(2004) e Moran (2007); na formação tecnológica de professores segundo Kenski (2010),
Almeida (2003, 2005), Valente (2003), Moraes (2007, 2008), Freire (2009, 2010, 2012)
e Silva (2012); e no design educacional complexo, na visão de Freire (2013).
Metodologicamente, esta tese adota a abordagem hermenêutico-fenomenológica, a
partir da perspectiva de Freire (1998, 2007, 2010), com base em van Manen (1990) e
Ricoeur (1986/2002). Os participantes da pesquisa foram 6 docentes com formação
técnica que ministram aulas no curso Técnico de Secretariado de uma instituição
pública federal. A descrição e a interpretação da manifestação do fenômeno em foco
foram feitas por meio dos processos da textualização, tematização e pelo ciclo de
validação, operacionalizados pelas rotinas de organização e interpretação, propostos por
Freire (2007, 2010). As associações desenvolvidas revelaram que o fenômeno em
estudo se estrutura em 4 grandes temas e seus desdobramentos. São eles: atualização
com o desdobramento novos recursos; conceito com seus desdobramentos ead,
oportunidade, resistência, preconceito, inovação e comprometimento; desafio e seus
desdobramentos elaboração, conhecimento, e por último, o tema determinação (sem
desdobramentos).
Ciclo multimodal de leitura: uma proposta de ensino de língua
francesa para professores da rede municipal.
Lisa Generoso
O objetivo desta pesquisa é descrever e interpretar o fenômeno ciclo multimodal de
leitura no ensino de francês como Língua Estrangeira. A fundamentação teórica que a
sustenta encontra-se nos seguintes construtos: complexidade, conforme a perspectiva de
Morin (2006/2009), leitura conforme a perspectiva multimodal (Rojo, 2012) e ensino de
Francês como Língua Estrangeira, FLE (Courtillon, 2003). Metodologicamente, este
estudo segue uma orientação da abordagem hermenêutico-fenomenológica (AHF), de
acordo com Freire (2007, 2010, 2012), com base em van Manen (1990). Esta pesquisa
conta com dez participantes que atuam na rede pública como professores de variados
ciclos pedagógicos e variadas disciplinas. São participantes que estão no nível iniciante
do curso de língua francesa e a escolha é dada pelo impacto que o ciclo multimodal de
leitura pode causar nos alunos, com base do suporte teórico da AHF para a interpretação
do material coletado no curso. A pesquisa terá início com um questionário dado para os
alunos, visando obter informações básicas sobre o perfil de cada participante. Após a
realização de várias leituras de textos clássicos durante um mês de aula, os alunos farão
um relato das aulas que tiveram e por fim, no segundo mês de coleta, os alunos
responderão a um questionário final do trabalho, este caracterizado como ciclo
multimodal de leitura. O ciclo multimodal de leitura, fenômeno estudado nesta
pesquisa, será interpretado conforme com as especificidades da orientação metodológica
adotada, visando contribuir para o ensino de Francês e outras línguas estrangeiras no
Brasil, inspirando pesquisas e aplicações futuras.
Roteiros de aprendizagem: o uso das tecnologias na
construção de conhecimentos linguísticos sob o viés da
complexidade
Coordenadores:
Cristina Freire de Sá - Centro Universitário Senac São Paulo
Lídia Souza Bravo – Instituto Federal de São Paulo
As tecnologias digitais da informação e comunicação têm impactado cada vez mais nos
processos pedagógicos desafiando, principalmente os docentes a repensarem suas
práticas. Partindo desse panorama, o presente simpósio busca apresentar e
discutir propostas sobre o uso das tecnologias na criação de roteiros de aprendizagem de
línguas e projetos interdisciplinares que envolvem o design educacional. A partir de
uma interpretação complexa sobre cases em que o uso de diversas ferramentas
potencializa a construção de conhecimento linguístico, busca-se problematizar o uso
crítico e reflexivo das tecnologias digitais como interfaces complexas que dão suporte
aos processos de ensino-aprendizagem. Dessa forma, devido às necessidades de
adaptação a ambientes criados pelas tecnologias digitais de comunicação, a introdução
de projetos interdisciplinares pode significar inovações nos sistemas educacionais com a
possibilidade de integração entre diferentes disciplinas tanto quanto diferentes áreas.
Neste sentido, procura-se responder aos desafios de integrar não só disciplinas, mas
formas de compreender e pensar a solução de problemas educacionais contemporâneos.
Os conceitos que dão fundamento à discussão sobre o paradigma da complexidade têm
inspiração nos estudos do Grupo de Pesquisa sobre a Abordagem HermenêuticoFenomenológica e o Paradigma da Complexidade organizados por Maximina FREIRE
(2007,2008), a partir da leitura de van Manen (1990) e de Morin (2002, 2005, 2013).
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Construções linguísticas em projetos interdisciplinares em um curso
superior de tecnologia.
Lidia Bravo de Souza
A visão sistêmica integra as relações e suas intro-retro-ações entre qualquer fenômeno e
o seu contexto. Partindo do posto que o pensamento ecologizante situa todo
acontecimento, informação ou conhecimento na sua relação de inseparabilidade com
seu ambiente (MORIN, 2002), observo a natureza do ensino de línguas por meio do uso
de tecnologias em cursos de graduação em uma instituição federal que passa a integrar
projetos interdisciplinares. Percebe-se um movimento natural de busca de ligação de
saberes entre as disciplinas de um curso superior da área de tecnologia e informática,
englobando-as em um sistema, ao mesmo tempo aberto e fechado
(MORAES&ALMEIDA,2012). Considerando a atuação de um professor que tem ao
seu dispor as novas tecnologias que favorecem um aprendizado independente e
colaborativo; plataformas de apoio ao ensino presencial; facilidade de acesso aos
dispositivos com gravação de áudio e vídeo e envio instantâneo de mensagens é preciso
tempo de maturação para a adoção de novos enfoques, procedimentos e práticas
(FREIRE,2010). Todavia, as visíveis alterações de hábitos na comunicação nas grandes
metrópoles que se refletem na comunidade escolar por meio das TICs, como novas
ferramentas de ensino-aprendizagem, estabelecem articulações disciplinares complexas
que podem viabilizar a transdisciplinaridade. Neste relato de experiência descrevo o
intercâmbio e cooperação que pode constituir-se como um projeto ao mesmo tempo
interdisciplinar como transdisciplinar (MORIN,2002:110).
O uso de storyboards na criação de recursos educacionais digitais
autoinstrucionais sob a perspectiva da complexidade.
Cristiane Freire de Sá
O uso de storyboards na criação de recursos educacionais digitais autoinstrucionais sob
a perspectiva da complexidade.
Com o crescimento da educação a distância (EaD), especialmente no contexto da
educação corporativa e de cursos livres, o uso de recursos educacionais
autoinstrucionais tem sido uma escolha cada vez mais comum. Nesse contexto, surgem
modelos de produção de cursos, especialmente o modelo de produção denominado
RapidInctruction Learning (RID) (LEE, 2010) que visa a atender demandas de instrução
rápida em diferentes contextos (FILATRO, 2008). Para a produção de cursos nesse
modelo, emerge a necessidade do uso de estratégias e ferramentas adequadas, sendo os
storyboards, recursos amplamente utilizados na criação de recursos autoinstrucionais
concebidos num formato multimídia como apresentam Veras (2003) e Filatro (2008).
Entretanto, ainda que as leis de mercado influenciem as demandas educacionais,
principalmente no que diz respeito ao princípio de rapidez no desenvolvimento das
aprendizagens, emerge um paradigma que rompe com o processo de fragmentação e
simplificação da construção de conhecimento, esse paradigma se apresenta como a
complexidade proposta por Morin (2009). No âmbito do design instrucional, as
contribuições do design educacional complexo (DEC) proposto por Freire (2013),
possibilitam propor o uso de storyboards na criação de recursos educacionais numa
perspectiva da complexidade, especialmente no que diz respeito a organização dos
conteúdos em estruturas hipermidiáticas não lineares. A complexidade permite o
planejamento de recursos educacionais numa proposta não linear, por meio do uso de
hipertextos e integração de recursos multimídias que abrem as possibilidades de
interatividade. Assim, apresento nesse simpósio, possibilidades de planejamento e
desenvolvimento de recursos educacionais digitais autoinstrucionais sob a luz da
complexidade de Morin (2009) e do DEC de Freire (2013), apresentando outras formas
de desenvolver aprendizagens pelos modelos de produção de design educacional no
contexto da EaD.
Apresentando um speech com uso do PowerPoint: uma reflexão sob o
viés da complexidade.
Ariane Macedo Melo
O contexto atual, permeado por espaços de aprendizagem propiciados pelas Tecnologias
digitais de informação e comunicação (TDIC), especialmente a internet, que abrem
oportunidades para a utilização de materiais autênticos e para a comunicação entre
aprendizes de diferentes localidades, exige uma formação globalizada, que permita ao
aluno vivenciar novas experiências por meio de uma língua estrangeira. Assim, torna-se
cada vez mais urgente uma formação inicial que dê conta de aspectos tanto linguísticos
quanto tecnológicos. Diante desse cenário, desenvolvi com os alunos do 4º semestre do
curso de Letras de uma universidade pública em Mato Grosso, durante as aulas da
disciplina de Língua Inglesa, uma atividade que envolveu a apresentação de um
discurso (speech) pelos acadêmicos, guiada por fotos e figuras exibidas por meio do
PowerPoint. Apresento, neste simpósio, a reflexão acerca dessa atividade, que objetivou
interpretar se a mesma revela traços de complexidade, apesar de não ter sido
deliberadamente desenhada à luz desse paradigma. Essa reflexão teve como base as
ideias de Morin (2011), acerca do paradigma complexo e da complexidade, de Freire
(2013), a respeito do design educacional complexo, do Grupo de Nova Londres (1996)
no que concerne aos multiletramentos, dentre outros autores. Descrevo, portanto, a
preparação, execução e reflexão da atividade desenvolvida com os alunos,
contemplando-a à luz da fundamentação teórica apresentada.
Produção de videoaulas com professores sob uma perspectiva
complexa.
Ricardo Medeiros Priuli
No desenvolvimento de recursos didáticos que auxiliem a construção de conhecimento,
a utilização crítica das tecnologias tornou-se um desafio no contexto da educação,
especialmente na criação de vídeos educativos (MARTINS, BARRETO e BORGES,
2009). Partindo dessa visão no âmbito dos recursos audiovisuais utilizados na escola,
Wohlgemuth (2005) propõe o desenvolvimento de videoaulas numa perspectiva crítica
em que apresenta o conceito de pedagogia audiovisual, onde o vídeo possui relevância
social por ser dirigido para um determinado grupo de estudantes, diferente do material
audiovisual de TV e cinema que é voltado para as grandes massas no qual o sujeito é
homogeneizado. Nesse contexto é preciso superar o pensamento fragmentador e
simplificador que ainda permanece na escola com relação ao uso do vídeo como recurso
para matar tempo (MARTINS, BARRETO e BORGES, 2009). Nesse sentido, é preciso
uma proposta de capacitação de professores que permita que esses agentes
compreendam a linguagem audiovisual como uma interface complexa que considera os
sujeitos e contextos, na construção de conhecimentos numa perspectiva complexa
conforme apresenta Morin (2009). Assim, nesse simpósio apresento uma proposta de
capacitação de professores na produção de videoaulas inspirado pelo pensamento
complexo de Morin (2009) e pelo Design Educacional Complexo desenvolvido por
Freire (2013), articulando saberes da área de audiovisual, complexidade e recursos
tecnológicos para a produção de videoaulas temáticas.
A metáfora sob o enfoque da LSF
Coordenadores:
Ulisses Tadeu Vaz de Oliveira - Universidade Federal da Grande Dourados
Elizabeth Del Nero - FACÁSPER/FMU
O objetivo deste simpósio é o exame da função persuasiva das metáforas ideológicas
que integram gêneros discursivos diversos (o editorial, a propaganda, o romance
literário, etc.). Uma metáfora ideológica pode ser definida como a que esconde
processos sociais subjacentes, que interferem na interpretação e, em geral, é encontrada
em tipos persuasivos de discurso. Nesse sentido, enfoca a metáfora intertextual, um
produto de situações culturais específicas, em proveito dos processos persuasivos na
interação. As análises baseiam-se em termos gerais no enquadre cognitivo-semântico e
multimodal, com apoio da Linguística Sistêmico-Funcional (LSF). Um aspecto
importante da ideologia – o sistema de valores – pode ser descrito linguisticamente em
termos da avaliação presente nos textos. Na LSF, a avaliação é estudada pela LSF sob a
denominação de Avaliatividade, um sistema que trata do posicionamento do escritor em
relação à mensagem e ao interlocutor, em termos de sentimento, julgamento ético de
pessoas e apreciação estética de objetos. As pesquisas deste simpósio devem responder
essencialmente às seguintes perguntas: (a) Quais são as escolhas léxico-gramaticais
feitas na microestrutura do texto que constituem as metáforas dos gêneros examinados?
(b) De que modo as metáforas revelam a ideologia presente na macroestrutura do
discurso? (c) Que função tem a Avaliatividade em (a) e (b)? As pesquisas têm aporte de
teorias que corroboram a visão de que todas as metáforas ideológicas precisam
necessariamente de metonimizações subjacentes, havendo, assim, um continuum
metáfora-metonímia. Enquanto a metáfora é um recurso apoiado na substituição, a
metonímia responde pela contiguidade entre a fonte e valores arraigados na cultura de
uma comunidade.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
A Metáfora Ideológica e a Persuasão: Um Enfoque Crítico da
Gramática Sistêmico-Funcional
Lidia Bolze
O objetivo deste projeto de mestrado é analisar a função persuasiva das metáforas
ideológicas e das imagens em propagandas de produtos de beleza. As teorias que
embasam esse estudo afirmam que todas as metáforas ideológicas precisam
necessariamente de metonimizações subjacentes, havendo, assim, um continuum
metáfora-metonímia além da intervenção da noção intermediária de sinédoque. A
metáfora ideológica pode ser definida como a que esconde processos sociais
subjacentes, que interferem na interpretação e, em geral, é encontrada em tipos
persuasivos de discurso como a propaganda. Os propagandistas iludem os consumidores
potenciais por meio de artifícios verbais ou não-verbais tais como, metáforas, estilo
disjuntivo, estilo coloquial, além da participação de imagens persuasivas, que
concorrem para expressar a avaliação – explícita ou implícita – dos produtos
anunciados. Por outro lado, a avaliação – em que têm participação ativa tanto as
metáforas, quanto as imagens - ajudam a criar uma apresentação sistematicamente
organizada da realidade, consistente na configuração total das práticas discursivas das
instituições de uma sociedade. Assim, a propaganda organiza o discurso, cativa a
audiência e sinaliza sua posição atitudinal. A análise crítica da metáfora deveria ser um
componente central da análise do discurso crítica. A análise será feita dentro de um
enquadre cognitivo-semântico e multimodal, com apoio da Gramática SistêmicoFuncional. O corpus da pesquisa envolve propagandas de produtos de beleza, oferecidos
tanto para o público masculino quanto para o feminino. A pesquisa deve responder às
seguintes perguntas: (a) Como se caracteriza a metáfora ideológica nas propagandas?
(b) Que relação existe entre o elemento imagético e o verbal nas propagandas?
A Metáfora Como Um Recurso Retórico Para A Realização Da
Persuasão Implícita Em Textos Argumentativos Sob o Enfoque
Sistêmico-Funcional
Caio Silva Sousa
O objetivo desta apresentação é o exame crítico dos recursos utilizados para a realização
da persuasão implícita e da metáfora, em editoriais publicados em jornais. A
argumentação recorre à persuasão que, por meio da convicção ou da sedução, no
contexto em que os interlocutores sejam convencidos de que não foram convencidos.
Assim, a persuasão tende a ser altamente implícita. Um dos principais recursos usados
para persuadir os leitores é a metáfora, foco desta análise. O estudo leva em conta a
lógica informal, preconizada pela dialética-pragmática, um dos paradigmas mais
influentes nos estudos da argumentação, que integra intravisões pragmáticas com as
dialéticas. Uma abordagem que enfoca argumentos da vida real, enfatizando a
importância dos fatores retóricos no arguir e convencer as pessoas, mostrando a
confiança na efetividade do argumento em fatores centrados também na audiência. Por
isso, dialética-pragmática é provavelmente um dos paradigmas. A pesquisa tem o apoio
básico da Linguística Sistêmico-Funcional, uma teoria multifuncional, indicada como
sendo adequada para a análise do discurso crítica. Esta análise deve responder às
seguintes perguntas: (a) Como é a estrutura de uma argumentação: como começa, como
é percebida, desenvolvida e como termina? (b) Em que fase há maior presença dos
elementos implícitos de persuasão e de metáfora? (c) De que tipo são essas metáforas e
quais predominam em uma argumentação de editorial?
A Metáfora Em “O Ateneu”, De Raul Pompéia: Um Enfoque Crítico
Da Gramática Sistêmico-Funcional
Nanci Vallezi
O objetivo desta pesquisa é o exame de cunho pragmático-cognitivo crítico das
metáforas envolvidas no processo persuasivo da construção da personagem de
Aristarco, da obra O Ateneu, de Raul Pompeia. A análise tem o apoio da proposta
teórico-metodológica da Gramática Sistêmico-Funcional, que permite relacionar as
escolhas feitas na microestrutura léxico-gramatical do texto com a macroestrutura das
relações de força no discurso. Na microestrutura, serão enfocadas as escolhas léxicogramaticais que constituem a metáfora além da avaliação que permeia esse tropo. A
força persuasiva da metáfora depende da noção de frames de referência associados a
cada escolha lexical: cada escolha desencadeia uma rede mais ampla de associações
prototipicamente presentes no uso do termo. A produção de um texto escrito é um
processo social porque representa uma interação entre escritor e leitor e, também,
porque o texto representa um papel num determinado sistema social, devendo ser
entendido no contexto de uma determinada ideologia. Um aspecto importante da
ideologia – o sistema de valores – pode ser descrito linguisticamente em termos da
avaliação presente nos textos. Na Gramática Sistêmico-Funcional, a avaliação é
estudada sob a denominação de Avaliatividade, um sistema que trata do posicionamento
do escritor em relação à mensagem e ao interlocutor, em termos de sentimento,
julgamento ético de pessoas e apreciação estética de objetos. A pesquisa deve responder
às seguintes perguntas: (a) Qual é a função das metáforas que subjazem à personagem
de Aristarco? (b) Que escolhas léxico-gramaticais referentes à Avaliatividade constroem
as metáforas nesse processo?
A Construção Da Comicidade Em "Dom Quixote" Através Da
Metáfora: Um Enfoque Sistêmico-Funcional
Vanessa Alves Maximo dos Santos
Apoiada nos três significados (ideacional, interpessoal e textual) trazidos pela teoria da
Linguística Sistêmico-Funcional, proposta iniciada por Halliday, minha apresentação
pretende analisar como ocorre a construção da comicidade nas interações linguísticas
entre Dom Quixote e Sancho Pança no clássico Dom Quixote, de Miguel de Cervantes.
As escolhas dos elementos que compõem o diálogo entre as personagens - aliado ao
entorno em que as ações ocorrem- proporcionam, sem dúvida, o riso e o divertimento. O
contato com propostas que aliam a macroestrutura do discurso com a microestutura das
escolhas lexicogramaticais do texto original - tal como é feito pela Línguística
Sistêmico-Funcional (LSF) – possibilita esse tipo de estudo, que alia discurso e
gramática, e contribui para entender o modo como, por meio do deslocamento de falas
ou de apropriações linguísticas, a comicidade é elaborada no Quixote. A pesquisa deve
responder às seguintes perguntas: (a) De que maneira a metáfora conceitual contribui
para a construção do cômico? (b) Que escolhas lexicogramaticais estão presentes no
texto? (c) Como se apresenta a metáfora gramatical? . Para tanto, além do uso da LSF, é
importante não perder de vista as bases teóricas que fundamentam os estudos sobre
metáfora conceitual e gramatical e a relação imprescindível entre língua e contexto,
tanto situacional quanto cultural em que foi concebido o romance de Cervantes. Para a
GSF, o contexto é de natureza social, envolvendo: (a) Gênero (contexto cultural) e
Registro (contexto situacional). A ideologia ocupa um nível superior de contexto, na
medida em que, em qualquer Registro e em qualquer Gênero, o uso da língua será
sempre influenciado por posições ideológicas (valores, tendências e perspectivas).
Implicitude e Persuasão sob enfoque sistêmico-funcional
Coordenadores:
Sumiko Ikeda – PUCSP
Marcelo Saparas - Universidade Federal da Grande Dourados
Pelo menos desde Frege, ficou claro para os estudiosos que tratam da língua e do texto
(embora o fato já estivesse claro para os profissionais da retórica por milênios) que a
apresentação implícita de um conteúdo pode facilitar a persuasão da audiência. A
implicitude, além de ser um traço indispensável da língua - cuja primeira função é
econômica por natureza - também desempenha um papel importante na comunicação
persuasiva. Os conteúdos são expressos de modo implícito principalmente por meio de
implicaturas, enquanto a responsabilidade do falante é conservada implícita
principalmente por meio da pressuposição e da topicalização. Esses dois fatores –
pressuposição e topicalização -, ao esconderem a responsabilidade do falante, parecem
alcançar maior impacto de implicitude do que a implicatura (que esconde conteúdo
nocional). Essas questões, se vistas da perspectiva da Gramática Sistêmico-Funcional
(GSF), seriam consideradas como produtos da característica da linguagem humana de
permitir diferentes escolhas léxico-gramaticais para falar de um mesmo assunto. A esse
respeito, a Linguística Crítica (LC), com base na GSF, enfoca a seleção que é feita na
construção de textos, em fatores que restringem e determinam essas escolhas (i.e., sua
causa e seu efeito. A LC envolve a análise ideológica do conteúdo textual implícito, e
baseia-se na visão de que textos não são neutros como parecem, pois os processos
sociais que levam a escolhas conscientes são escondidos ou feitos opacos na codificação
linguística.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Causa, Condição e Concessão em Função da Persuasão sob o Enfoque
Sistêmico-Funcional
Claudia Moreira Santos
O objetivo desta apresentação é o exame das funções interpessoais dos conectivos
causais, concessivos e condicionais - envolvendo também os casos de sua omissão com enfoque no processo persuasivo exercido por esses conectivos. Assim, esta
pesquisa centra-se na função pragmática exercida por esses conectivos, além do seu
conhecido papel de sinalizar a dependência sintático-semântica em relação à oração
principal. Em textos marcadamente argumentativos, tais como artigo de opinião,
diálogo e uma redação bem avaliada no exame do ENEM, os conectivos serão
examinados tanto como elementos interativos, orientando o leitor no percurso do texto,
quanto como elementos interacionais, contribuindo no processo persuasivo, ao
estabelecer a lógica da argumentação. A pesquisa tem o apoio da Gramática SistêmicoFuncional (GSF), “um modelo multiperspectivo, designado a dar aos analistas lentes
complementares para a interpretação da língua em uso", a qual constrói três significados
simultâneos, segundo a orientação da GSF: Ideacional (informação), Interpessoal
(interação) e Textual (a organização linguística dos dois outros significados). A referida
simultaneidade deve-se ao fato de a língua possuir um nível intermediário de
codificação, a léxico-gramática, um conjunto de opções de formas linguísticas
concretas, que se relacionam com a estrutura profunda, onde se encontram, por
exemplo, posições ideológicas subjacentes. A GSF propicia, assim, o exame da
interface gramática/discurso, a aliança entre as formas morfossintáticas da língua com
as funções semânticas e pragmáticas a que elas servem na comunicação, ou seja, no uso
da língua. A presente pesquisa, com o apoio teórico-metodológico da Gramática
Sistêmico-Funcional, responde às seguintes perguntas: (a) como são realizadas as
relações de causa, condição e concessão nos textos examinados; (b) qual é o papel
dessas relações na persuasão que percorre o texto argumentativo?
A Interferência de Discursos: O Texto Multimodal sob o Enfoque
Sistêmico-Funcional
Eliane Alves de Sousa
O objetivo desta apresentação é o exame, de cunho crítico, da persuasão que percorre a
"interferência de discursos" em texto multimodal, nas questões que cercam o fastfood e
a obesidade, para verificar como os diferentes domínios que oferecem o alimento têm-se
manifestado sobre o assunto, e ao consultar o estado da arte dos estudos linguísticos,
verifiquei que, devido ao advento da mídia digital interativa e ao uso crescente da
tecnologia na comunicação, estávamos cada vez mais cercados por textos com formas
complexas, densas, multiniveladas de significado. Há propostas que mostram a
interrelação estreita entre os domínios da ciência, da política e da mídia, que governam
o discurso da mudança climática. Os três domínios têm seus próprios critérios para
julgar uma informação como útil e efetiva, fato que foi chamado de "interferência de
discursos" com exigências diferentes vindas de cada domínio. Enquanto a ciência
valoriza definições acuradas e objetivas de conceitos, o domínio da política está mais
interessado no uso de descobertas de pesquisa para melhorar as políticas que apoiam
interesses públicos e privados; já a mídia está mais preocupada com o valor das notícias
dessas descobertas e não tanto com o valor científico ou o seu uso como instrumento
político. A pesquisa deve responder às seguintes perguntas: (a) Quais são os recursos
persuasivos empregados por esses domínios?;e (b) Que papel tem a relação línguaimagem nesse processo? A base teórica para muitas pesquisas realizadas nos estudos
multimodais apoia-se na teoria sistêmico-funcional da sócio-semiótica da Gramática
Sistêmico-Funcional.
Ensaios argumentativo-persuasivos sob a perspectiva Interpessoal: Um
enfoque sistêmico-funcional
Samuel da Silva
O ato de argumentar, de orientar o discurso no sentido de determinadas conclusões,
“constitui o ato linguístico fundamental, pois a todo e qualquer discurso subjaz uma
ideologia, na acepção mais ampla do termo”. Porém, nossos alunos, na sua grande
maioria, encontram dificuldades em argumentar, discutir ou avaliar de modo
competente e persuasivo. Assim, este projeto de doutorado analisa o gênero ensaio,
examinando o modo como a disposição de recursos interpessoais afeta o sucesso da
argumentação na defesa de uma hipótese. Para tanto, efoco a consciência da audiência
por parte do escritor do texto, abrangendo dois componentes interpessoais usados no
processo persuasivo do leitor: o interativo (referente a pistas no texto para orientar o
leitor) e interacional (referente ao posicionamento atitudinal do escritor em relação à
mensagem e ao leitor). A pesquisa deve responder às seguintes perguntas: (a) Qual é a
estrutura de gênero nos ensaios examinados? (b) Quais são as escolhas léxicogramaticais que realizam a função interacional, bem como a função interativa?
A análise tem, basicamente, o apoio teórico-metodológico da Gramática SistêmicoFuncional.
A Realização da Persuasão Implícita: Uma Abordagem SistêmicoFuncional
Leila Cristina da Silva
Aline Fernandes Melo
O resultado de uma persuasão retórica é que os participantes devem ser convencidos de
que não foram convencidos. Segue-se que a persuasão tende a ser altamente implícita e
a evitar a linguagem atitudinal normalmente associada ao significado interpessoal,
dependendo em grande parte, por exemplo, do sistema de valores partilhados. A
convicção e a sedução são processos que se incluem numa relação de espécie-paragênero, no hiperprocesso da persuasão. Não é preciso dizer que, para persuadir, as
reportagens de notícias e comentários sobre assuntos políticos precisam ser mostradas
como verdadeiras e plausíveis através da incorporação de feições persuasivas. A
convicção envolve uma lista de passos argumentativos que – espera-se - deverão ser
aceitos pelo interlocutor. Mas, frequentemente, a persuasão cerceia a participação
cognitiva do leitor no processo de aceitar a perspectiva do autor e, nesses casos,
podemos falar de “sedução” em vez de convicção. A pesquisa conta com o apoio básico
da Gramática Sistêmico-Funcional (GSF), que, por meio das escolhas léxicogramaticais feitas no texto, pode revelar a ideologia e relações de poder no discurso,
contando também com contribuições vindas da Pragma-Dialética; da Teoria da
Argumentação; da noção de falácia, e deve responder às seguintes perguntas: (a) Como
é feita a persuasão por meio da implicitude em textos de divulgação científica e na
propaganda? (b) Que diferenças há entre a persuasão presente nesses diferentes
gêneros? (c) Como pode a Gramática-Sistêmico-Funcional dar conta desse processo
persuasivo?
Medidas de qualidade vocal
Coordenadora:
Zuleica Camargo
Alguns elementos que influenciam a qualidade vocal não são enfocados em estudos
voltados às correlações entre percepção e acústica, apesar da importância das descrições
de qualidade vocal nos campos das alterações vocais, da expressividades e dos estudos
interlínguas. Além disso, há poucos estudos enfocando os correlatos acústicos dos
ajustes de qualidade vocal que podem ser identificados com o auxílio de avaliação de
qualidade vocal com motivação fonética: Vocal Profile Analysis Scheme (VPAS). A
descrição detalhada dos correlatos acústicos da qualidade vocal e sua capacidade
discriminante no sentido de predição de ajustes de qualidade vocal não é tarefa simples,
mas pode auxiliar a delimitação de eventos (laríngeos e supralaríngeos) relacionados à
produção e percepção da voz.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Medidas fonatórias
Maurílio Nunes Vieira
O objetivo central deste trabalho foi a redução da sensitividade a erros da extração das
medidas de freqüência fundamental (f0)e de aperiodicidades fonatórias. Um algoritmo
de aumento de imagens de impressões digitais foi usado para estimar medidas de sinalruído a partir de imagens de espectrografia de banda estreita. Este método de estimação
espectrográfica da relação sinal-ruído (S2NR) cria máscaras binárias, baseadas
essencialmente em orientação de campo dos parciais, para separar a energia em regiões
com harmônicos intensos da energia em áreas com ruído. Vogais sintetizadascom ruído
adicionado foram usadas para calibrar o algoritmo, validara calibração, e avaliar
sistematicamente sua dependência com f0, shimmer (perturbação de amplitude ciclo-aciclo), ejitter (perturbação ciclo-a-ciclo de f0). Em emissões /a/ de falantes
disfônicos, valores S2NR e julgamentos perceptivos de soprosidaderevelaramdeclínio
não linear de S2NR com o aumento da soprosidade. Comparaçõesentre S2NR e medidas
acústicasindicaram comportamentos similaresquanto à relação entre soprosidade e
resistência a shimmer, entretanto outros métodos tiveram influênciaem jitter. De
maneira geral,o métodoS2NR não resultou em estimação acurada def0 ,foi robusto para
perturbações vocais e altamente independentedo tipo de vogal, revelando também
potencial aplicação em amostras de fala encadeada.
Abordagens estatísticas para medidas de qualidade vocal
Luiz Carlos Rusilo
Esta apresentação tem como objetivo investigar a capacidade discriminante de algumas
medidas acústicas com relação à detecção de ajustes de qualidade vocal pelo roteiro
Vocal Profile Analysis Scheme (VPAS). A descrição detalhada dos correlatos acústicos
de longo termo e seu poder em predizer os ajustes de qualidade vocal no plano
perceptivo não é tarefa simples, mas pode colaborar com a descrição detalhada de
eventos relativos à qualidade vocal, especialmente me termos de ajustes das esferas
fonatória, articulatória e de tensão. O corpus foi composto por amostras de fala semiespontânea e repetições de 10 sentenças-chave, gravadas num estudo de rádio por 60
falantes. Tais amostras foram analisadas por meio do script SG Expression Evaluator,
aplicável ao software PRAAT, que automaticamente extrai medidas acústicas: f0
(mediana, semi-amplitude inter-quartis, assimetria equantil99,5%) e sua primeira
derivada(df0- média, desvio-padrão e assimetria), intensidade (assimetria), declínio
espectral (SpTt – média, desvio-padrão e assimetria) e espectro médio de longo
termo(LTAS frequência desvio-padrão). Análise estatística de natureza multivariada foi
aplicada. Os resultados indicam algumas correlações entre algumas medidas de longo
termo relativas af0, intensidade, declínio e LTAS e os ajustes de qualidade vocal no
plano perceptivo.
As entrevistas de confrontação na intervenção e na pesquisa
Coordenadores:
Eliane Lousada -USP
Ermelinda Barricelli - Faculdade Método de São Paulo/Universidade Estadual de
Campinas
Este simpósio objetiva propor um espaço para a discussão sobre o papel das entrevistas
de autoconfrontação nas intervenções em situação de trabalho docente e, também,
posteriormente, como geradora de dados para a pesquisa. Proposto por Faïta (Faïta e
Vieira, 2003) e desenvolvido por inúmeros pesquisadores da Clínica da Atividade (Clot,
1999, 2001, 2008) e da Ergonomia da Atividade dos Profissionais da Educação (Faïta,
2004, 2011; Amigues, 2002, 2004; Saujat, 2002, 2004), o método da autoconfrontação
tem se revelado um importante método para intervir na situação de trabalho,
contribuindo para a sua transformação e para o desenvolvimento dos participantes, o
que vem sendo retratado em inúmeras pesquisas. Neste simpósio, visamos a apresentar
pesquisas baseadas no método da autoconfrontação como método de intervenção na
situação de trabalho, dando destaque para o desenvolvimento proporcionado aos
participantes e à própria atividade de trabalho. Além disso, objetivamos mostrar
pesquisas desenvolvidas a partir das intervenções, explicitando as contribuições do
método da autoconfrontação como geradora de dados que permitem estudar o
desenvolvimento de profissionais da educação e da atividade de forma dinâmica.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Diálogo, verbalização, atividade de trabalho: o papel das entrevistas de
confrontação no desenvolvimento de professores e tutores
Eliane Lousada
Nesta comunicação, visamos a apresentar uma pesquisa sobre o trabalho de ensinar uma
LE, focalizando o papel das “entrevistas de confrontação” na formação do professor.
Procuraremos mostrar como as entrevistas de confrontação, por provocarem
verbalizações sobre a atividade de trabalho e diálogos com os pares e consigo mesmo,
podem contribuir para a formação de professores com pouca experiência de ensino. Para
tanto, apoiamo-nos no Interacionismo Sociodiscursivo, quanto ao modelo de análise de
textos e ao conceito de trabalho como uma forma do agir humano (Bronckart, 2006,
2008). Paralelamente, baseamo-nos em duas vertentes das Ciências do Trabalho, que
propõem a realização das entrevistas de instrução ao sósia e de autoconfrontação: a
Clínica da Atividade (Clot, 1999, 2008) e a Ergonomia da Atividade (Faïta, 2004, 2011;
Amigues, 2004; Saujat, 2004). Os textos coletados referem-se a uma situação de
formação de professores em fase inicial de carreira que tem as seguintes características:
eles aprendem seu trabalho ao exercê-lo; são auxiliados por professores um pouco mais
experientes; baseia-se na transmissão de artefatos e instrumentos, desenvolvidos pelo
coletivo para a aprendizagem do métier. Nesta apresentação, serão mostradas as análises
das produções verbais de professores e tutores voluntários durante uma instrução ao
sósia e durante autoconfrontações. A análise apoia-se no quadro teórico-metodológico
proposto por Bronckart (1999) e desenvolvido por inúmeros pesquisadores (Bronckart e
Machado, 2004; Lousada, 2006; Machado, Ferreira e Lousada, 2011; Lousada, 2011).
Nas análises, buscamos evidenciar indícios das escolhas enunciativas dos professores
em relação ao tema, em função da percepção que eles têm sobre seu trabalho, seu
contexto profissional e sobre si-mesmos, ao mesmo tempo em que procuramos
identificar indícios da fala egocêntrica, no sentido vigotskiano, que indica a tomada de
consciência sobre seu agir.
Os desafios na análise de diálogos em autoconfrontação produzidos a partir de
uma intervenção em clínica da atividade no Brasil.
Matilde Agero Batista
"O objetivo deste trabalho é apresentar e discutir as saídas encontradas frente aos
desafios na análise de diálogos produzidos em uma intervenção em clínica da atividade
junto à agentes comunitárias de saúde do programa Estratégia de Saúde da Família no
Brasil. Salientamos que a análise realizada tinha como objetivo construção de uma tese
em francês no seio da equipe de clínica da atividade no CNAM – FR. Focalizaremos os
desafios a partir da articulação entre os objetivos da intervenção, os dados empíricos
produzidos em tal contexto e as dificuldades no desenvolvimento de objetos científicos
próprios a uma tese de doutorado. Nossa discussão será guiada pela coerência entre a
utilização de métodos indiretos, mais especificamente a instrução ao sósia, a análise dos
diálogos produzidos em situação de intervenção e sua articulação com o objeto de
pesquisa: o processo de desenvolvimento do poder de agir dos profissionais sobre seu
ofício.
No intuito de provocar o debate, apresentaremos brevemente o método indireto de
instrução ao sósia e os objetivos da utilização deste método na intervenção; a escolha de
um extrato de diálogo produzido na intervenção, o método de análise e a discussão da
pertinência da utilização deste método para atingir os objetivos propostos no trabalho
cientifico.
Afetos e imagens na autoconfrontacao da atividade docente –
conflitos e tensões.
Ermelinda Barricelli
Lavinia Magialino
Esta apresentação objetiva colocar em perspectiva o método de autoconfrontação
problematizando a noção de afeto, sentimento e emoção (CLOT, 2008) na atividade
docente e trazendo à discussão algumas noções de Vigotski sobre essa questão no
dramático processo de constituição social do sujeito. No valemos do método
denominado Autoconfrontação, desenvolvido pelos pesquisadores da Clínica da
Atividade do CNAM (Conservatoire National des Arts et Métiers) e pelo grupo
ERGAPE (Ergonomie de l’Activité des Professionnels de l’Éducation). Tomamos como
lócus de discussão e elaboração o material empírico produzido entre dois professores
que atuam na educação infantil e uma pesquisadora no processo de intervenção e
pesquisa. A pesquisa mobilizou um grupo de professores de Educação Infantil de um
Centro de Educação Infantil (CEI) da região periférica da Cidade de São Paulo para
falarem sobre seu trabalho visando à transformação de conflitos próprios do métier. As
autoconfrontações nos mostram de que forma a professora, ao colocar em perspectiva a
sua atividade sua postura, seus gestos, sua voz, vai se dando conta dos afetos e das
imagens que incidem sobre a sua atividade e a impactam gerando conflitos e tensões.
Por meio da interação e do diálogo com seu par e com a pesquisadora, das controvérsias
geradas pela autoconfrontação vão se desvelando tensões entre o sentir e o expressar na
dinâmica afetiva que repercutem nas possibilidades que se abrem, ou não, à
transformação da afetividade e da atividade docente.
Atividade de pesquisa, atividade de ensino: o fenômeno da
hibridização em questão
Ana Luiza Smolka
Daniela Anjos
O presente trabalho objetiva realizar uma reflexão sobre a relação entre intervenção e
pesquisa a partir dos estudos em clínica da atividade. A partir de autoconfrontações
realizadas no contexto de uma pesquisa de doutorado (Anjos, 2013) problematizaremos
as noções de intervenção e pesquisa propostas pela clínica da atividade, pensando nas
especificidades dessa metodologia quando mobilizada no contexto da pesquisa em
educação. Autores da clínica da atividade argumentam sobre a importância de distinguir
e separar as ações específicas das atividades de intervenção e de produção de
conhecimento (Kostulski, 2010). Se compreendemos e apreciamos os argumentos, se
concordamos com a afirmação de que os motivos, as ações e as operações (se tomarmos
Leontiev em conta, por exemplo) se distinguem nas atividades específicas, e se
concordamos também com a possibilidade e/ou a conveniência dessas distinções e
separações, ou seja, das orientações específicas das ações com vistas a alcançar
determinados objetivos, o que queremos problematizar é justamente a possibilidade de
influência e interferência mutua das esferas de atividade. Nosso campo de atuação – o
campo educacional, a atividade de ensinar, nos move na investigação de outras
condições e possibilidades. Se apreciamos e reconhecemos o valor teórico e
metodológico da proposta em Clínica da Atividade, da posição do intervenant e dos
procedimentos no processo de intervenção, suspeitamos que a pesquisa e a intervenção
no campo da educação, traz uma complexidade e configura especificidades que
merecem consideração especial. A partir do conceito de hibridismo de Bakhtin
buscaremos analisar como a atividade de pesquisa e de ensino são afetadas uma pela
outra.
Expressividade De Fala
Coordenadores:
Sandra Madureira -PUCSP
Vera Pacheco - Universidade do Sudoeste da Bahia
Este simpósio tem como objetivo discutir questões teóricas e metodológicas
relacionadas à pesquisa sobre a expressividade de fala e explorar o uso comunicativo
da voz. Serão exploradas questões referentes à atribuição de características motivadas
pelos efeitos de sentido que as pistas acústicas podem provocar e por informações
explícitas ou implícitas fornecidas aos ouvintes, as quais podem ser estar relacionadas
a fatores tais como: nacionalidade, gênero, idade, classe social, condição física,
estado emocional e personalidade, entre outros. Devido à relevância dos elementos
prosódicos na expressão e percepção de fala, será dada ênfase ao papel que a prosódia
tem nesse contexto de investigação da fala. Treinamentos que visam melhorar a
performance comunicativa serão apresentados e discutidos.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Gestos faciais, curva de f0 e ênfase
Vera Pacheco
Durante uma conversa, os ouvintes estão a todo tempo realizando movimentos com o
corpo. Esses movimentos informam intenções, interesses, sentimentos de quem fala.
Para Kendon (2004, p1), “[...] it is through the orientation of the body, and especially,
through the orientation of the eyes, that information is provided about a direction and
nature of a person’s attention”. Partindo desta constatação, nossa hipótese é que muitos
dos gestos realizados pelo falante podem ocorrer quando o mesmo intenciona destacar
partes da situação comunicativa que ele julga pertinentes, aquelas partes para as quais
ele quer enfatizar para o seu ouvinte. Na fala essas ênfases podem ser obtidas
majoritariamente pela elevação do tom, ou, em certos contextos, pelo abaixamento.
Neste trabalho propomos avaliar se é possível estabelecer uma relação entre ênfase,
gestos e pitch contour. Nós nos propomos avaliar se numa situação comunicativa em
que auditivamente a ênfase está presente, há gestos que ocorrem simultaneamente, de
que natureza eles são e qual a configuração da curva de f0 neste exato momento. Enfim,
discutiremos se a ênfase é um recurso linguistico marcado ao mesmo tempo pelo
aumento e abaixamento de tom, identificado no sinal acústico pela curva de f0, e por
movimentos corporais específicos.
Avaliação de fala e voz antes e após treinamento da performance
comunicativa em jovens universitários
Aveliny Lima-Gregio
A realização de debates e a apresentação de trabalhos estão presentes na rotina dos
estudantes e, certamente, continuarão presentes quando eles se tornarem profissionais.
O objetivo do presente estudo realizado por LIMA-GREGIO AM, CELESTE LC,
SILVA MA, SEIXAS JMA é avaliar os aspectos de fala e voz antes e depois de
treinamento fonoaudiológico para o aprimoramento da performance comunicativa de
jovens universitários. Participaram 28 universitários, entre 20 a 24 anos de idade,
oriundos dos cursos de saúde do campus UnB Ceilândia, exceto do curso de
Fonoaudiologia. O treinamento foi realizado como parte de uma disciplina que ocorria
uma vez por semana durante 2 horas. Durante o treinamento foram ministradas noções
sobre os aspectos de fala e voz analisados, a saber: articulação, velocidade de fala,
pausas, melodia e intensidade. A avaliação desses aspectos foi realizada pelos próprios
alunos (autoavaliação) em gravações de vídeos de suas apresentações antes do
treinamento e após o treinamento. Também foi realizada avaliação por três
fonoaudiólogas experientes na área, que assistiram aos mesmos vídeos (58 no total), de
maneira aleatória e cega. A comparação dos resultados antes e após o treinamento
fonoaudiológico mostrou diferença estatisticamente significante para todos os aspectos
de fala e voz avaliados, tanto pelos próprios alunos quanto pelas fonoaudiólogas.
As palavras cantada, falada e declamada
Juliana Andreassa
Este trabalho aborda as faces e as interfaces de três formas de linguagem oral. São seus
objetivos: discutir os papéis das palavras cantada, falada e declamada; investigar como
essas formas de linguagem oral interagem e são produzidas em uma peça teatral; e
analisar o impacto impressivo de cada uma dessas formas, uma vez que as palavras
falada, cantada e declamada têm finalidades expressivas diversas.Para atingir os
objetivos propostos serão conjugadas três tipos de análises: acústica, perceptiva e da
estrutura organizacional da peça teatral “Totatiando” interpretada por Zélia Duncan. A
análise acústica será utilizada para verificar as diferenças de produção entre os três
estilos, a perceptiva, que implicará na aplicação de um questionário de diferencial
semântico a um grupo de juízes, será utilizada para investigar o impacto impressivo da
sonoridade dos estilos mencionados e a análise da estrutura organizacional investigará
como é realizada a alternância entre as palavras cantada, falada e declamada na peça.
A expressividade da fala do intérprete
Layla Penha
Esta comunicação contempla a interpretação simultânea, modalidade inserida dentro da
área de Interpretação de Conferências. O objetivo deste estudo é verificar analisar como
as características da fala interpretada podem influenciar a avaliação de qualidade e
compreensão da mensagem produzida pelo intérprete. Participam como sujeitos da
pesquisa doze intérpretes de conferência, do sexo feminino. As intérpretes foram
audiogravadas em uma fala semi-espontânea e durante a interpretação simultânea de
uma palestra. Três segmentos amostrais representativos do discurso (nas posições
inicial, medial e final da palestra) foram selecionados para a realização de um estudo
perceptivo. Por meio de um questionário com base na escala de Likert aplicado a 90
juízes, foram avaliados os efeitos impressivos da produção oral dos intérpretes. Os
resultados foram discutidos para verificação de similaridades e diferenças entre as
avaliações.
Embaraços do Falante na Relação com a Escrita de sua
Língua
Coordenadora:
Profa. Dra. Norma Desinano - Universidade De Buenos Aires
Este simpósio discute, a partir de perspectiva original, a relação do sujeito falante com a
escrita de sua língua materna. A teorização que subjaz às discussões parte do
reconhecimento de que, na relação do sujeito com a linguagem, sempre opera a ordem
equivocizante da língua (la langue), assumida como alteridade radical em relação ao
sujeito, o que responde pelo fato de que ele falha quando fala ou escreve: o
falante/escrevente tropeça na língua materna, já que ela não é interiorizável. A
linguagem não é concebida, portanto, como conhecimento internalizado, i.e., ela não é
assimilável à subjetividade. Os trabalhos abordam, desde este posto teórico, a relação
de sujeitos-falantes com a escrita em tempos e condições diversas de sua estruturação:
crianças com dificuldades no processo de alfabetização; professores frente a produções
escritas; adolescentes ou jovens adultos em situação de avaliação; surdos frente à escrita
do português; psicóticos em oficinas de escrita.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Problemas del hablante en relación con la escritura de la lengua
materna
Norma Desinano
Sobre la base de la teoría de la Dra. Cláudia Lemos sobre la adquisición del lenguaje,
este trabajo se propone ahondar en la problemática de errores que aparecen en la
escritura de hablantes adolescentes y adultos jóvenes que, a pesar de haber logrado
aparentemente un buen manejo de su lengua materna en la escritura, presentan errores
frecuentes en el desarrollo de textos escolares de evaluación. Estos errores, de índole
variada, abarcan tanto el nivel de la morfología y de la sintaxis, como el del léxico y se
extienden a la puntuación y a la ortografía. La característica fundamental de estos
errores es que su aparición es aleatoria y sus características crean fragmentariedad en
los textos y alteraciones en su discurrir. Quien escribe no suele descubrirlos y
eventualmente el profesor que los lee, los descarta como fallos no significativos o como
resultado del desconocimiento de ciertos aspectos relacionados con la gramática
(oracional o textual), con la puntuación o incluso con la ortografía. La hipótesis de este
trabajo es la de que estos errores no se deben específicamente a desconocimiento de la
lengua materna o de su escritura, sino que en la situación de hallarse frente a la
necesidad de poner por escrito sus saberes en relación con un discurso nuevo para él, se
hace más evidente la fluctuación señalada por Lemos en el plano de la adquisición que
hace que el sujeto al ser capturado por la lengua no reconozca la diferencia entre lo
convencional y lo no convencional y por tanto no haya escucha de sus errores. En el
caso del adolescente o el adulto joven, no es la lengua la que se plantea como eje de la
captura sino que es el discurso el que coloca al sujeto en una situación de inestabilidad
en relación de sus conocimientos sobre la lengua. Este trabajo, retomando el punto de
partida propuesto por Lemos, se apoya en la hipótesis de que ante las exigencias de
subjetivarse en un discurso nuevo, el sujeto pasa por posiciones similares a las de la
adquisición de la lengua, en este caso respecto de los nuevos discursos.
Letramento surdo: língua materna; escrita e subjetividade.
Marianne Carvalho Bezerra Cavalcante
Um dos impasses que a escola contemporânea enfrenta está em garantir acessibilidade a
todos os seus alunos. Assim, o lema da inclusão tem sido exaustivamente promovido
visando à promoção da educação para todos. Buscamos refletir acerca do aluno surdo
que se insere na escola brasileira que para ter garantido o acesso bilíngue como se
explicita em documentos oficiais, precisa ter acesso à sua língua de sinais - a LIBRAS e ao letramento na segunda língua - no caso, o português brasileiro. Caberá então à
instituição escolar garantir esse letramento bilíngue (QUADROS; SCHMIEDT, 2006;
QUADROS, 2010), de tal modo que o surdo tenha garantido o uso de sua língua
materna e a proficiência na escrita da segunda língua. No dia a dia da escola, a realidade
apresentada é bem diferente, há a presença de uma língua majoritária - o português oral
e escrito, e, na presença de um intérprete de Libras, uma língua que surge “nas brechas”
da sala de aula, e insiste em se materializar desde os primeiros rabiscos escritos pelos
alunos surdos, a Libras. E é sobre a emergência dessa língua nos textos em português
escrito dos alunos surdos o foco desse trabalho. Assim, visamos compreender como,
mesmo diante das restrições que o sistema da escrita da L2 - português brasileiro
escrito- impõe, a saber: submetimento a um sistema ortográfico, a uma ordem sintática
que não é de sua língua materna, a um modelo de gênero textual, a um letramento
baseado em consciência fonológica, a Libras emerge na escrita do aluno surdo,
singularizando sua relação com o texto. Para isso, trabalharemos com produções de
alunos surdos do Ensino Fundamental de uma escola pública de João Pessoa, mostrando
o enfrentamento deste “bilinguismo” nos textos singulares.
A “criança turbulenta” na escola: sobre a escuta do professor.
Sônia Fachini
Na área da Saúde, problemas relacionados à fala/escrita costumam ser tratados
clinicamente. O discurso médico faz o diagnóstico e indica os procedimentos
terapêuticos a serem realizados na terapia da fala. Testes de avaliação, subsidiados por
instrumentos gramaticais da linguística, são aplicados como medida dos “desvios”.
Erros acabam sendo classificados e quantificados. O objetivo é circunscrever “padrões”
sintomáticos. Nesse enquadre, a linguagem é reduzida a comportamento observável. Tal
tratamento empírico da fala leva à exclusão de dados relevantes – a heterogeneidade
sintomática é anulada, já que a aspectos singulares da relação sujeito-linguagem é
obscurecida. Esse tipo de raciocínio transcende o domínio da Saúde Pública e encontra
lugar no campo da Educação, em que as crianças são avaliadas de forma semelhante e,
surpreendentemente, na esteira dessa influência vem a medicalização de “crianças
turbulentas" (WALLON, 2007), aquelas que se agitam e se angustiam frente à
dificuldade de aquisição de leitura e escrita – crianças com “defasagem escolar”. Entre
elas há aquelas que mal adquirem sua língua materna. Refiro-me, aqui, a crianças
autistas e psicóticas. A legislação brasileira, desde 1999, afirma que a escolarização
dessas crianças e de outras com diferentes tipos de dificuldades deve acontecer no
sistema regular de ensino: elas devem ser incluídas. O presente estudo aborda a
experiência de sua autora, como “professora especialista”, numa sala de Educação
Infantil que tem duas crianças autistas. O foco está dirigido para a “escuta” de
professores, que aparece nos discursos sobre essas crianças. O pressuposto é que
discursos são reflexos de uma escuta que molda a prática docente, as expectativas em
relação à educação das crianças, as possibilidades de inclusão social / educacional.
Discurso nunca são neutros: afetam o falante e o outro diretamente. De fato, é notável o
“mal-estar” dos professores quando lidam com crianças refratárias ao laço social; que
não mostram curiosidade pelo conhecimento ou não entram no regime das relações e
trocas sociais (BASTOS & KUPFER, 2010). Argumenta-se aqui que a discussão da
prática pedagógica tradicional da proposta teórica alternativa apresentada neste estudo
abre possibilidades de mudanças nesse cenário.
Embaraços do falante na sua relação com a escrita de sua língua:
erros, rasuras e correções.
Irani Maldonade
O trabalho tem como objetivo refletir sobre as práticas de leitura e escrita no processo
terapêutico fonoaudiológico de duas crianças submetidas ao atendimento clínico, na
clínica-escola do curso de graduação em Fonoaudiologia da Unicamp. Elas foram
encaminhadas à terapia fonoaudiológica por seus professores, pois apresentavam
dificuldades no processo de aquisição da leitura e escrita e conseguiam ter êxito nas
atividades escolares. Uma delas chegou a ser diagnosticada como disléxica. No trabalho
desenvolvido, ao invés de enveredar pela discussão de protocolos de avaliação e terapia
fonoaudiológicas, que tomam a língua como um objeto de contornos bem nítido, que é
aprendida uniformemente pelas crianças (em etapas gradativas de complexidade
estrutural, que acabam por definir uma ordem, que serve de roteiro para o trabalho
clínico nos distúrbios de leitura e escrita), propõe-se, aqui, discutir-se a relação da
criança com a língua/linguagem (oral e escrita), a partir de uma perspectiva
interacionionista em aquisição da linguagem, em que o diálogo com o outro é fundante.
Neste sentido, privilegiou-se o papel que a fala tem nas construções escritas das
crianças. Destaca-se aqui que o papel marginal que a fala ocupa na Linguística aparece
como consequência da definição da língua como seu objeto. Na visão clínica
tradicional, de maneira geral, a oralidade é tida como pré-requisito para o processo de
aquisição da leitura e escrita pelas crianças. Diferentemente, neste trabalho, fala e
escrita são concebidas, aqui, como produções discursivas que apontam para a relação
singular do sujeito falante com sua língua materna em seu processo de aquisição da
linguagem. Deste modo, os erros, as rasuras e autocorreções, nos textos das crianças
foram analisados. Observou-se que a fala assume caráter essencial e premente no
processo de aquisição da leitura e escrita. Os dados analisados permitiram observar que
as marcas de subjetividade nas produções escritas dessas crianças, apontam para
aspectos específicos da relação de cada sujeito falante com sua língua materna, ou seja,
pontos que cifram (marcam de modo único) sua relação com a língua ao constituir-se
como sujeito falante e/ou escrevente.
Tecendo suportes de enunciação com a escrita
João Trois
Este texto propõe analisar a relação de pacientes psicóticos com a escrita, a partir do
trabalho realizado no Projeto de extensão e ação comunitária do Centro Universitário
Metodista, do IPA, realizado junto à AGAFAPE (Associação Gaúcha de Familiares de
Pacientes Esquizofrênicos), que tem como propósito exercitar o “fazer com a língua”
em oficinas criativas com pacientes esquizofrênicos, assim como favorecer o
(re)estabelecimento do enlaçamento social e simbólico dos mesmos via criação artística.
Parte-se do pressuposto de que os elementos não semantizados do delírio, que
subvertem uma língua, possam ganhar expressividade num processo criativo com a
linguagem, que pode gerar condições de possibilidade para tecer, na língua, seu suporte
de enunciação. O papel, enquanto superfície de escrita, faz mediação e metaforiza a pele
como suporte de inscrição do corpo na linguagem. Parafraseando Llansol, escrever é
visceralidade: mediação e passagem de um Ele exterior a um eu inscrito. Possibilidade
de inscrever-se como sujeito ao escrever. Arte de “fazer com a língua” se expressa nas
palavras escritas por Leonardo na oficina: “O silencio fala com beleza. Se não escuto,
um dia escutarei, se não entendo um dia entenderei. (...). Observo o mudo e o surdo e
concluo que existe magnitude de expressão enquanto les se comunicam através de
gestos. (...) Um dia escutaremos o que nos dizem, um dia desvendaremos sem que nos
falem, os mistérios que o silêncio oculta.” (O lado oculto do silêncio). Se a poesia está
no mundo antes de estar no poeta, talvez ela nos ajude no estabelecimento de algumas
proposições estéticas sobre o trabalho com a escrita enquanto uma prática possível de
inscrição do sujeito.
A gestualidade facial expressiva
Coordenadores:
Mario Fontes -PUCSP
Marcos Bragato - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Este simpósio visa debater questões relacionadas à potencialidade expressiva dos
movimentos faciais. Serão considerados os instrumentos analíticos, principalmente o
Facial Action Coding System (FACS), desenvolvido por Paul Ekman e Wallace Friesen,
os trabalhos desenvolvidos por Freitas Magalhães na análise de expressões de emoção,
sentimento, atitude e de aferimento de verdade e os contextos variados em que a análise
da expressão facial pode ser aplicada. A expressão facial é um tipo de linguagem nãoverbal que tem fundamental importância na interação humana, na veiculação de
emoções e atitudes, na expressão artística e nos contextos clínicos e forenses
(identificação de falantes) bem como em aplicações de variadas naturezas, entre elas,
comerciais para fins de otimização da prestação de serviços automatizados,
publicitárias, no estudo do reconhecimento das emoções dos consumidores ao
observarem alguma peça ou produto e até as sociais que visam oferecer melhores
condições às pessoas com deficiências.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
A expressão facial de emoções de alegria e tristeza
Mario Augusto Souza Fontes
Olavo Toma Ribeiro
Este trabalho visa dar continuidade a uma pesquisa que abordou as relações entre os
gestos vocal e visual na identificação de emoções básicas, introduzindo o protocolo
Facial Action Coding System (FACS), desenvolvido por Paul Ekman e Wallace Friesen
para o estudo da expressão facial. O objetivo é investigar qual a relevância da
introdução das variáveis do FACS para a identificação de duas emoções básicas (a
alegria e a tristeza) dentre um conjunto de outras emoções por meio da análise das
expressões faciais de sujeitos videogravados ao relatarem narrativas pessoais. Para
tanto, a metodologia utilizada foi a de verificar visualmente os movimentos faciais nas
produções de enunciados das narrativas, os estímulos da pesquisa, por meio de teste de
avaliação perceptiva aplicado a um grupo de 34 juízes, estímulos esses identificados
como relacionados com expressões de
emoções de alegria e de tristeza, e
posteriormente considerá-los por meio de um tratamento estatístico com os métodos
HCPC, FAMD e FMA para verificar as correlações entre movimentos faciais e
expressão de emoções. Os resultados demonstraram que os estímulos relacionados à
alegria e tristeza são de fato bastante opostos e destacados das demais emoções, e que o
protocolo FACS é uma ferramenta de grande relevância para a análise das expressões
faciais.
A face de quem dança: vincos e expressões faciais não são neutros
Marcos Bragato
Alexandre Araújo de Oliveira
Hoje, uma vaga parece querer repovoar os vincos das faces de artistas da dança de
vertentes contemporâneas. Urdida historicamente na proposta pantomímica de JeanGeorges Noverre, aliada com o romantismo e com a produção de Marius Petipa, a
expressão facial das emoções é deliberadamente desfeita como tentativa por Merce
Cunningham e os mentores do movimento na Judson Dance Theater, nos anos 1960, e
se difunde como norma entre linhagens da dança contemporânea. Como se vincos e
expressões faciais das emoções pudessem se constituir em espectros a serem afastados.
Propomos um modo à leitura do que parece nunca estar ausente por meio da hipótese do
psicólogo estadunidense Paul Ekman das expressões faciais das sete emoções básicas ou
universais. Aplicada à leitura de produtos artísticos em dança, não se quer saber se essas
expressões podem ser aferidas como “reais” aos que as ostentam, mas sim apontar a
existência de ferramentas que podem questionar a sua ausência em tais produtos. Pensar
como um continuum desafiador, a partir das Expressões Faciais Básicas, nos ajuda na
correção do senso comum vertido na crença do quente e frio, e robustece a análise do
que ali se apresenta como dança. Que podem abrir um território para se arguir por
regularidades da involuntária estereotipia facial ou, como agora, deliberada aliança com
as expressões faciais básicas por meio de vestígios faciais e vestígios oculares, com a
profícua ajuda da classificação proposta pelo neurocientista português António Damásio
e, em especial, a do estado de ânimo. Talvez, desse modo possamos arguir por
heurística progressiva, no sentido popperiano (Karl Popper), embora possamos nos
encontrar em terreno especulativo.
A (nova) expressão facial de ansiedade
Vinícius Ferreira Borges
Mario Francisco Juruena
Roberto Estanislau Celio
Um estudo britânico forneceu evidências preliminares acerca da existência de uma
expressão facial (EF) da emoção relacionada a ansiedade. No intuito de investigar
aspectos da exibição e do reconhecimento dessa suposta EF na cultura brasileira,
adaptamos um método para verificar se EFs posadas em resposta a cenários
ansiogênicos são distinguíveis de outras EFs da emoção por meio da análise do
consenso no julgamento de observadores. Assim, conduzimos um estudo de duas fases,
envolvendo a produção e o julgamento de EFs. Na primeira fase, 7 atores posaram EFs
em resposta a narração de cenários emocionais distintos. As poses foram gravadas em
vídeo e comparadas visualmente entre si. Imagens estáticas (frames) de EFs foram
extraídas desses vídeos para compor alternativas de respostas de tarefas de múltipla
escolha. Na segunda fase, 100 participantes responderam a 21 tarefas de múltipla
escolha, julgando qual das EFs retratadas nas alternativas melhor correspondia ao
cenário emocional descrito. Os dados foram analisados quanto ao número de acertos nas
tarefas de correspondência entre cenário e EF. Os resultados indicaram que cenários
ansiogênicos produziram EFs específicas, caraterizadas pelo comportamento de
avaliação de risco e consensualmente distinguidas de outras EFs da emoção. Nossos
resultados são consonantes com os do estudo britânico, sugerindo que marcadores
faciais específicos podem informar estados de ansiedade. Ademais, nosso estudo
adiciona evidências acerca da universalidade da EF de ansiedade.
Influências de gênero e sexualidade no reconhecimento de expressões
faciais
Tammy Andrade Motta
Rosana Suemi Tokumaru
Bruno Moreto Finn
Denielly Scherrer Borges Menezes
Pedro Henrique Coutinho Luppi
Este trabalho buscou investigar, com base na Psicologia Evolucionista, as possíveis
influências de gênero e sexualidade no reconhecimento de expressões faciais e na
empatia. Foram elaborados questionários utilizando fotografias de 07 voluntários
expressando as emoções Alegria, Tristeza, Surpresa, Medo, Nojo ou face neutral; e a
Escala de Contágio Emocional (Gouveia et al, 2007). Participaram 210 pessoas, 85
homens e 125 mulheres, entre 18 e 35 anos. Destas, 48,2% declarou-se heterossexual;
30%, homossexual e 17,3%, bissexual. No geral, a frequência de acertos foi alta
(85,92%), sendo que as expressões Tristeza e Medo apresentaram as menores
frequências (79,1% e 53,6%). Não houve diferença significativa nas médias da escala de
acordo com os acertos ou erros de reconhecimento das expressões (Teste t para
amostras independentes). Por outro lado, observou-se diferença significativa nos valores
de acerto da expressão Alegria em relação a orientação sexual do participante (teste
ANOVA, F (207, 209) = 5,85; p < 0,01). O teste post hoc SCHEFFE indicou que
homossexuais apresentaram média superior de acerto de reconhecimento da expressão
Alegria (m = 1,14; DP = 0,35) quando comparados a heterossexuais (m= 1,02; DP=
0,14) e bissexuais (M= 1,03; DP= 0,16), sendo que os dois últimos não diferiram
significativamente.
Mão na Massa: A Linguística Aplicada na Prática do PIBID
Coordenadores:
Tania Regina de Souza Romero - Universidade Federal de Lavras
Valdeni da Silva Reis - Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri
O objetivo desse simpósio é discutir, à luz de aportes teórico-metodológicos diversos da
Linguística Aplicada, a formação do professor de língua adicional, tendo como cenário
o PIBID de Inglês em diferentes instituições. As discussões apresentarão ações e
pesquisas decorrentes do Programa, focadas nas práticas de sala de aula, na
(des)construção identitária do futuro professor e/ou do professor em serviço e em
aspectos referentes à formação inicial e/ou continuada do professor de língua inglesa.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Percepções de Pibidianos na sua Formação Pré-Serviço: A
Contribuição do PIBID na Formação de Professores de Língua Inglesa
a partir de Atividades Realizadas em uma Escola Pública do Piaui
Beatriz Gama Rodrigues
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (PIBID) tem por objetivo
contribuir para a formação de futuros docentes através da sua participação ativa no
contexto escolar. Visa à valorização do profissional através de experiências vivenciadas
pelos mesmos durante sua formação, possibilitando uma reflexão de como as teorias
precisam ser associadas com a prática (Cf. UFPI, 2014). Muito se tem discutido sobre a
formação pré-serviço de professores de língua inglesa nos últimos anos; entre as
pesquisas publicadas na área, algumas abordam quais aspectos seriam fundamentais
para a formação de um profissional eficiente de língua inglesa (Leffa, 2011, Rodrigues,
2007, entre outros). Esta apresentação tem como objetivo analisar a contribuição que o
PIBID traz para a formação e prática de futuros docentes na área de Língua Inglesa,
através de reflexões e experiências colaborativas entre coordenadores do curso de
graduação, professores supervisores em formação continuada e bolsistas no seu
processo de formação pré-serviço. Os dados analisados foram coletados por meio de
questionários e entrevistas com os atores, participantes do PIBID de língua inglesa da
UFPI em 2014. As textualizações produzidas pelos participantes foram analisadas com
base na Abordagem Hermenêutico-Fenomenológica (Ricoeur, 1990, van Manen, 1990 e
Freire, 2007). Espera-se que as reflexões observadas possam despertar novas
inquietações e pesquisas sobre a formação de professores de língua inglesa em
instituições de ensino superior do Brasil.
Não só de VerboTo Be (Sobre)Vive o Ensino da Língua Inglesa:
Apresentando e Discutindo (Re)Ações do PIBID-Inglês/UFVJM
Valdeni da Silva Reis
Iniciado em março de 2014, o PIBID/Inglês da Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri, intitulado “Não só de ‘verbo to be’ sobre(vive) o ensino da
língua inglesa”, foi formulado sob o desejo de desenvolver ações focadas em um
trabalho colaborativo, envolvendo formação inicial e continuada do professor de língua
inglesa contribuindo diretamente para a melhoria e reestruturação do processo de
ensino-aprendizagem da língua inglesa em escolas regulares tido, comumente, como
infrutífero, ineficiente ou paralisado em estruturas descontextualizadas como o
famigerado “verbo to be”. Assim, a presente proposta está focada no desenvolvimento
do projeto PIBID-Inglês em duas escolas estaduais das cidades de Diamantina e
Gouveia – MG. De modo mais específico, o trabalho pretende abordar expectativas,
impactos, reflexões e angústias vivenciadas pelos participantes envolvidos no projeto, a
saber, Bolsistas ID, Supervisoras e Alunos das escolas parceiras, no segundo ano de
atuação do/no subprojeto.Para tanto, serão analisadas atividades desenvolvidas no
subprojeto a partir de diários reflexivos e/ou relatos escritos pelos participantes e
questionários respondidos pelos alunos. A investigação está apoiada em construtos da
pesquisação-colaborativa e em princípios e procedimentos da análise de discurso.
Resultados preliminares indicam mudanças significativas no ensino e na aprendizagem
da LI nas escolas envolvidas. Percebemos, portanto, que a participação dos envolvidos
no projeto tem se mostrado como uma conflituosa e instigante experiência de
precipitação ou reestruturação da prática didática impulsionando deslocamentos
identitários, mobilizando representações e revelando novas e surpreendentes formas de
se descobrir professor e/ou aluno da língua inglesa em nossas escolas públicas.
Avaliando a Experiência: reflexões de PIBIDers da UFLA
Tania Regina de Souza Romero
Aline Fernandes Melo
Tomando como foco a experiência de licenciandos e supervisores participantes do
PIBID de Inglês recentemente iniciado na Universidade Federal de Lavras, o objetivo
desta apresentação é discutir suas percepções de aprendizagem conforme narradas em
reflexão escrita em final da primeira etapa. Participam do Programa quatro escolas
públicas - uma Estadual e 3 Municipais -, envolvendo 20 licenciandos, 4 professores
supervisores e 4 educadores. O Projeto desenvolvido visa inicialmente conhecer o
contexto escolar para que, a partir do estudo que dele se faz e juntamente com o
professor de cada escola, a equipe elabore planos de ação e material didático que atenda
as necessidades e desejos do grupo foco. Durante os primeiros meses, portanto, os
licenciandos observaram as aulas de inglês, discutiram suas percepções com toda a
equipe, estudaram e debateram documentos oficiais (como o CBC - Conteúdos Básicos
Comuns de Inglês - MG), bem como outros textos teóricos sobre ensino-aprendizagem
de inglês. Ao longo desse tempo, escreviam diários em que narravam suas percepções e
entendimentos (Reichmann, 2013). Ao final do primeiro período escolar, a
coordenadora geral solicitou que fizessem uma auto-avaliação reflexiva da experiência
PIBID, com base em 3 perguntas orientadoras: Qual foi o efeito que o PIBID teve em
você?; Como você acha que contribuiu ou pode contribuir para a escola?; Dê sugestões
e/ou faça comentários sobre sua experiência. Visa-se aqui identificar, então, percepções
de aprendizagem teórico-prática durante o processo, bem como reflexões sobre a
experiência que possam impactar a formação docente. Fundamentam nosso olhar
conceitos de constituição da identidade profissional (Romero, 2011), rede de
significações (Rossetti-Ferreira, Amorim e Silva, 2004) e formação de professores de
línguas (Celani, 2011). O intuito é que as auto-avaliações alimentem novas reflexões e
criem espaços para desenvolvimentos potenciais de todo o grupo.
As Múltiplas Faces da Linguagem: desafios metodológicos da
pesquisa em uma perspectiva discursiva
Coordenadores:
Vera Lúcia de Albuquerque SANT’ANNA - Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Ana Raquel Motta - Faculdades de Campinas
Este simpósio tem como objetivo abrir discussões sobre encaminhamentos
metodológicos de pesquisas que tenham a perspectiva discursiva como orientação
principal para os seus fundamentos teóricos. Espera-se que as propostas inscritas
explicitem questões metodológicas enfrentadas por cada participante no
desenvolvimento de sua atividade de investigação. Garantidos estes princípios, o
Simpósio deverá possibilitar a reflexão sobre as dificuldades de análise de diferentes
objetos de estudo, em particular, quando esses exigem que se enfrentem desafios na
aproximação entre o campo dos estudos da linguagem a outros campos, sejam estes
relacionados ao trabalho, à música, à filosofia, à economia, à política, à história etc.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
O show da fé em análise dialógica: reflexões acerca dos
encaminhamentos metodológicos de pesquisa
Kelli da Rosa Ribeiro
Nesta comunicação, levantamos discussões a respeito dos encaminhamentos
metodológicos de uma pesquisa de doutorado em andamento, desenvolvida no
Programa de Pós-Graduação em Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul (PUCRS). Na pesquisa, elaboramos análise enunciativo-discursiva,
ancorada nos pressupostos teóricos bakhtinianos, do discurso religioso televisivo Show
da fé, veiculado na TV Bandeirantes. Norteamos nossa pesquisa sob a seguinte questão:
como acontece a relação de tensão entre vozes sociais instaurada no processo de
bivocalização da palavra do outro no discurso religioso do programa Show da fé da
Igreja Internacional da Graça de Deus, considerando os aspectos verbais e não verbais,
valorativos e sócio-históricos envolvidos no processo e tendo em vista a concepção
dialógica da linguagem? Para responder esse questionamento e aprofundar as reflexões
em torno do objeto oriundo de duas esferas articuladas, a saber, a religiosa e a midiática,
recorremos à teoria dialógica do discurso, desenvolvida pelo Círculo de Bakhtin, como
embasamento teórico central e estabelecemos um diálogo teórico-metodológico com
autores de diferentes áreas do conhecimento, tais como Patrick Charaudeau que trata de
questões que envolvem mídia e publicidade, Dany-Robert Dufour que trata do Consumo
na contemporaneidade e Ricardo Mariano e Antônio Pierucci que tratam do
neopentecostalismo no Brasil. Tendo em vista a complexidade do discurso religioso em
foco que circula amplamente na esfera midiática televisiva, interpelando uma grande
massa de sujeitos com uma publicidade mais ou menos velada, elencamos duas questões
norteadoras que encaminharão nossas discussões: a) de que maneira encaminhamos os
procedimentos metodológicos da pesquisa, situando o objeto nas áreas de interface? b)
quais os princípios metodológicos adotados para análise dos discursos selecionados?
Esperamos mostrar resultados preliminares das análises dialógicas realizadas,
aprofundando o debate em torno dos discursos neopentecostais na mídia televisiva e
seus sentidos produzidos em relação à diversidade de vozes concorrentes.
A atividade de revisão textual em contexto acadêmico: questões sobre
procedimentos metodológicos da pesquisa
Vanessa Fonseca Barbosa
Partindo da consideração de que uma das decisões mais importantes para o
desenvolvimento de uma pesquisa está na organização metodológica adotada e,
considerando também que aí consiste um dos maiores desafios do pesquisador, este
trabalho tem por objetivo estabelecer um diálogo sobre os procedimentos
metodológicos selecionados para a realização de uma pesquisa de doutorado em
andamento, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Letras da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). O objeto de estudo selecionado
consiste na atividade de trabalho do revisor de textos desenvolvida em teses
acadêmicas. Sabe-se que a procura pelo trabalho de revisão textual tem ampla demanda
no universo acadêmico, todavia costuma caracterizar-se por uma atividade bastante
silenciada. Ademais, há poucos estudos de base enunciativo-discursiva que investigam
o fazer do revisor de textos. Dessa forma, com vistas a contribuir com as pesquisas
sobre a atividade de revisão textual e com a melhor compreensão da própria atividade
de trabalho, a pesquisa apresentada busca analisar de que maneira ocorre o
imbricamento das vozes do autor e do revisor na versão final de teses que passaram pelo
processo de revisão. Teoricamente, a pesquisa ancora-se nos postulados do Círculo de
Bakhtin e estabelece um diálogo com os trabalhos da Ergologia. O material de análise
consiste basicamente em diálogos estabelecidos entre revisor e autor, bem como em
excertos das produções de textos que passaram por revisão, com vistas a observar
reflexos e refrações de vozes que compõem os discursos em circulação e as posições
axiológicas assumidas pelo revisor e pelo autor de textos. Tendo em vista a
complexidade dessa atividade, buscamos discutir no simpósio a respeito dos métodos
adotados e da necessidade de definir e organizar outros instrumentos, tais como
entrevistas e questionários, para dar conta do objetivo da pesquisa.
As dramáticas do uso de si de jovens empreendedores
Vivian Cristina Rio Stella
Cada vez mais brasileiros sonham em abrir seu próprio negócio, especialmente os
jovens na faixa etária entre 18 e 35 anos (GEM, 2012). O objetivo deste trabalho é
analisar as dramáticas do uso de si por si e pelos outros (Schwartz, 2010) de dois jovens
empreendedores, com idade entre 30 e 35 anos, a fim de responder à seguinte pergunta:
em que medida as práticas e normas instituídas por eles para gerir suas próprias
empresas se assemelham ou se distanciam das práticas e normas consolidadas na gestão
de negócios? O foco da análise deste trabalho são as verbalizações desses
empreendedores apreendidas em entrevista gravada em áudio, em que foram
tematizadas as motivações deles para empreender as experiências de trabalho em outros
ambientes profissionais e as práticas e desafios de empreender. Pautados pela
abordagem ergológica, podemos (i) observar como o debate de valores e as dramáticas
do uso de si emergem fortemente em seu discurso, (ii) afirmar que os empreendedores
procuram criar novos prescritos em seu empreendimento para evitar replicar
sofrimentos no trabalho pelos quais passou em outros ambientes profissionais, (iii)
verificar uma replicação de normas antecedentes em certos contextos profissionais,
especialmente em interações dos empreendedores com profissionais externos ao seu
negócio.
Produção de subjetividade do professor e do aluno nas aulas de
redação
Juliana Rettich
Este trabalho tem por objetivo apresentar a possibilidade de extrapolar os limites da sala
de aula e do conteúdo programático para as aulas de redação do ensino médio,
pontuando uma nova relação entre língua e contexto. Para tal fim, alguns dispositivos de
produção de subjetividade serão analisados, como textos levados pela professora e
textos produzidos por alunos do primeiro ano do ensino médio de um colégio da rede
privada da cidade do Rio de Janeiro de 15 a 17 anos, bem como as discussões que eles
levam para dentro da sala, modificando muitas vezes os rumos dos planos de aula e
demonstrando suas necessidades reais de aprendizado. Isso significa mostrar também
que, na sala de aula, o professor não é o único responsável pela produção de
subjetividade do aluno: tal formação se dá num processo de duas vias, no qual aprendiz
e professor têm suas subjetividades produzidas interacionalmente. Essas análises se
darão com base em estudos de Gilles Deleuze, Félix Guattari e Michel Focault, acerca
de produção de subjetividade, dispositivos e agenciamentos coletivos. Para analisar
como os alunos relacionam o que foi visto em sala e suas experiências aos textos que
precisam produzir a partir dos temas apresentados pela professora, será utilizado o
conceito de rede (LATOUR, 1994) e o de coletividade (ESCÓSSIA; KASTRUP, 2005).
Novos olhares e propostas de formação de professores de
línguas
Coordenadores:
Maria Antonieta Alba Celani -PUCSP
Maria Eugenia Witzler D'Esposito - Faculdade Cultura Inglesa
As instituições buscam oferecer uma experiência de formação docente que possibilite
inserção no campo profissional, uma vivência e reflexão sobre a prática docente e do
ensino-aprendizagem de línguas em vários contextos, além da própria formação. Para
tal, acreditamos ser necessário repensarmos e revisitarmos os espaços de formação,
tendo uma nova visão e concepção do que seja o processo da formação docente,
rompendo com práticas consolidadas do paradigma tradicional, buscando novas
propostas, possibilidades e parcerias que contemplem novas visões e concepções acerca
da formação de professores de línguas. Este simpósio reúne professores formadores de
instituições e de localidades diversas cujas pesquisas contemplam novas propostas,
visões e concepções de formação de professores na graduação, nas reuniões
pedagógicas, na residência docente e no mestrado profissionalizante. O objetivo, ao
compartilhar as experiências de pesquisa é oferecer subsídios para questionamentos e
reflexões que levem ao desenvolvimento de novos saberes a respeito da formação de
professores e práticas.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
A temática étnico-racial na formação continuada de professores de
línguas
Irene Izilda da Silva
Este trabalho propõe uma reflexão acerca da experiência identitária vivida por um grupo
de professores de línguas inglesa e espanhola da educação básica, em uma escola
particular da cidade de São Paulo, ao participarem de um curso livre online de formação
continuada de professores sobre questões de ensino-aprendizagem de línguas
estrangeiras e as relações étnico-raciais. O desenho do curso se deu a partir do projeto
pedagógico da escola, as expectativas de aprendizagem para a Educação Étnico-Racial
contida nas Orientações Curriculares (SME-SP, 2008), a Lei 10.639/03, bem como as
necessidades expressas pelo grupo de professores que atuam neste contexto baseados
em suas experiências identitárias e de formação. A pesquisa tem por arcabouço teórico a
perspectiva da complexidade (MORIN, 2005, 2008, 2011, 2013 e outros), a formação
de professores para o ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras (CELANI, 1997,
2001, 2003, 2004), o viés identitário (MUNANGA, 2004, 2005) que perpassa as
experiências de vida e a identidade negra (SILVA, 2006). A relevância da trajetória se
apresenta na medida em que pretende fornecer subsídios para a produção de
conhecimento e das relações étnico-raciais no campo da educação/formação e contribuir
para a desconstrução de estereótipos e valores expressos pela linguagem que por vezes
persistem no contexto escolar
A interdisciplinaridade na formação pré-serviço do professor de língua
estrangeira
Eliana Carvalho
Os cursos de formação de professores de língua estrangeira ainda desenvolvem suas
atividades seguindo uma estrutura curricular trazendo o pré-requisito como essencial
para que futuros professores prossigam seus estudos durante a graduação. É gritante a
necessidade de atualização de metodologias, conteúdos, estratégias e a maneira de
desenvolver as atividades de avaliação. Uma inovação possível é o desenvolvimento de
atividades seguindo uma abordagem interdisciplinar que trabalha buscando integrar
conteúdos, professores e alunos. A interdisciplinaridade na graduação de língua
estrangeira (pré-serviço) possibilita o diálogo entre os componentes curriculares de cada
semestre seguindo um eixo temático que orienta as ações e possibilita a compreensão da
interdisciplinaridade não como um quebra-cabeças disciplinar, mas como uma atitude
educacional onde as interligações pessoais, metodológicas e acadêmicas são possíveis.
Os estudos de Fazenda (1979, 2008, 2011 etc), Celani (2004) e Japiassu (1976) são
alguns pilares que norteiam o desenvolvimento de cada semestre. Uma mudança de
postura no ambiente educacional é possível com a utilização da abordagem
interdisciplinar em um novo fazer pedagógico.
A tutoria na formação de professores de língua inglesa
Maria Eugenia Witzler D’Esposito
Esta comunicação tem o intuito de apresentar o projeto de tutoria sendo desenvolvido na
licenciatura de letras – Inglês, de uma instituição particular e sem fins lucrativos de
ensino superior na cidade de São Paulo, objeto de estudo de uma pesquisa de pós-
doutoramento. A tutoria é um componente da matriz curricular da instituição ao longo
dos quatro anos do curso que se caracteriza como um espaço de acompanhamento e
orientação contínuos do ensino-aprendizagem e de aprimoramento da formação
específica do graduando, caracterizando-se, assim, como uma nova proposta de
formação de professores de língua inglesa. O objetivo é oferecer aos professores em
formação atividades que possibilitem a produção de conhecimento reflexivo; autonomia
intelectual, pessoal e acadêmica, bem como o desenvolvimento de habilidades que
enfatizem o aprender a aprender, aprender a fazer e aprender a ser professor. Nesta
comunicação apresentarei o projeto da tutoria sendo desenvolvido na pesquisa de pósdoutoramento salientando seu caráter complexo e interdisciplinar (MORIN, 2005, 2006,
2008, 2011, 2013; MORAES, 2006, 2008; FAZENDA, 2008, 2011) a partir da literatura
a respeito da tutoria (NIETO, MUNÕZ, SANTAOLALLA, GARCÍA & GONZÁLEZ,
2005; PÉREZ, 2006; FERNÁNDEZ, 2011, entre outros) e da formação de professores
(DEWEY, 1933; 1938; SCHÖN, 2000, 2001; CELANI, 2004).
Formação continuada: Mestrado Profissional e Programa de
Residência Docente.
Rogério da Costa Neves
Recentemente a formação continuada de professores ganhou diferentes vertentes em
âmbito nacional. Essas novas vertentes enfatizam a formação docente a partir da prática
que este profissional traz como parte da sua experiência e têm como compromisso a
formação deste docente para atuação nas escolas públicas espalhadas pelo país. Esta
comunicação pretende apresentar com base nas teorias da complexidade (MORIN,
2005, 2006; MORAES ,2008, 2010) e nas teorias de formação de professores
(DEWEY, 1933; 1938; SCHÖN, 2000, 2001; ZEICHNER, CELANI,2004; PINEAU,
2005) as interpretações dos primeiros textos gerados por meio de One minute papers e
entrevistas semiestruturadas com professores da educação básica engajados em dois
programas de formação continuada: o Programa de Residência Docente (especialização
para professores da rede pública recém formados - CAPES) e o Mestrado Profissional
em Práticas da Educação Básica, ambos sediados no Colégio Pedro II no Rio de Janeiro.
A abordagem metodológica utilizada nesta pesquisa é a abordagem hermenêuticofenomenológica (van MANEN, 1990; FREIRE, 2005, 2007). Os objetivos mais amplos
desta pesquisa de pós-doutoramento são o de verificar as motivações que levam este
profissional a escolherem este tipo de programa, os porquês de continuarem sua
formação, as transformações pelas quais percebe passar ao longo deste processo e os
efeitos que esse tipo de programa tem sobre os profissionais e sobre sua prática docente.
As Múltiplas Faces da Linguagem: desafios / possibilidades
teóricas da pesquisa em uma perspectiva discursiva
Coordenadores:
Maria Del Carmen González Daher - Universidade Federal Fluminense
Maria da Glória Corrêa di Fanti - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul/Fundação de Amapro à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul
Este simpósio tem como objetivo abrir discussões sobre desafios e possibilidades
teóricas a partir de uma perspectiva discursiva, reconhecendo a produtividade de um
investimento conceitual interdisciplinar. Espera-se que as propostas inscritas explicitem
questões teóricas enfrentadas pelo pesquisador no desenvolvimento de sua atividade de
investigação. Garantidos estes princípios, o Simpósio abordará impasses teóricos de
natureza variada que possibilitem a aproximação do campo dos estudos da linguagem a
outros campos, sejam estes relacionados ao trabalho, à música, à filosofia, à economia, à
política, à história etc.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Uma abordagem discursivo-pragmática de discussões em plenário
legislativo sobre reserva de vagas em universidade pública
Isabel Cristina Rodrigues
Nesta apresentação, pretendemos expor a base metodológica de composição de um
córpus de pesquisa a partir das discussões em plenário do projeto de lei 1653/2000,
conduzido na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), que deu
origem à lei 3524/2000, já revogada, que dispunha sobre critérios de seleção e admissão
de estudantes da rede pública estadual de ensino em universidades públicas do estado do
Rio de Janeiro. A pesquisa em questão teve como objetivo principal investigar as
continuidades e rupturas existentes entre o referido projeto e a lei aprovada. Partindo da
hipótese de que o material de análise revelava um uso da linguagem próprio do trabalho
do parlamentar, estabelecemos três questões de pesquisa: 1) a organização do material
selecionado poderia ser feita com base em um uso particular da linguagem?; 2) esse uso
particular da linguagem estaria associado a marcas linguísticas que caracterizariam
discursivamente o trabalho dos parlamentares?; 3) que efeitos de sentidos esse uso da
linguagem permitiria reconhecer no debate que estava sendo realizado?. Considerando
critérios específicos, selecionamos quatro falas de deputados para a construção do
córpus, o que se fez a partir da noção de forças ilocucionárias (AUSTIN, 1990 [1962]).
Com base em marcas linguísticas regulares contidas nos grupos desses segmentos, foi
possível realizar associações entre forças ilocucionárias e as categorias de etos
comunidades de discurso e interdiscurso (MAINGUENEAU, 1993, 2005 [1984], 2006,
2014). Com essas associações, pudemos apontar relações entre trabalho parlamentar e
linguagem, entendida como forma de ação no mundo.
A noção de memória discursiva: reflexões e impasses enfrentados em
um dispositivo comemorativo
Beatriz Adriana Fialho Cronemberger
Esta apresentação tem como objetivo apresentar algumas reflexões sobre a noção de
memória discursiva. Incorporar e articular essa noção no nosso projeto de doutorado, A
instituição da data do 12 de outubro: um dispositivo comemorativo, em fase final de
elaboração, se revela muito profícua. Ao mesmo tempo, necessariamente, essa escolha
teórica afeta a constituição do recorte/corpus bem como sua análise. A essa dificuldade
intrínseca acrescenta-se o fato de nosso recorte/corpus estar constituído por diversas
materialidades semióticas. A investigação está filiada à linha Teoria do texto, do
Discurso e da Interação da área Estudos da Linguagem, e encontra-se no cruzamento da
História e da Análise do Discurso que considera os estudos enunciativos. Para a
fundamentação teórica recorremos, entre outros autores, a Bakhtim (2000 [1979]),
Maingueneau (2008), Foucault (2007 [1969]), Courtine (1981) e Paveau (2013).
Relações dialógicas em revista infantil: processo de adultização de
meninas
Cristhiane Ferregett
No presente trabalho analisam-se reportagens impressas, veiculadas na revista especial
Recreio Girls, que tem como público-alvo meninas de seis a onze anos. Do montante de
cinco exemplares publicados da revista, selecionaram-se três reportagens, que
constituem o corpus de investigação. O objetivo do trabalho é analisar como o discurso
publicitário se engendra na tessitura discursiva de reportagens da Revista Recreio Girls
e que efeitos de sentidos produz no que se refere à adultização precoce da menina. Dada
a particularidade do objeto e os desafios teóricos instaurados, o estudo parte de
considerações a respeito da criança em uma perspectiva sócio-histórica e desenvolve
reflexões sobre a comunicação de massa, publicidade em geral e publicidade para
crianças, incluindo-se também uma abordagem sobre a legislação específica. Do ponto
de vista discursivo, enfrentando impasses concentuais entre os estudos da linguagem, da
infância e da mídia, busca-se respaldo nos pressupostos do Círculo de Bakhtin de modo
a iluminar questões interdisciplinares. As análises são desenvolvidas qualitativamente,
observando os diversos elementos verbais e verbo-visuais que constituem as
reportagens selecionadas. A partir da análise, conclui-se que as reportagens apresentam
diversas características do discurso publicitário, como apresentação de marcas e preços
de produtos. Observa-se um empenho do locutor em se aproximar da criança e
conquistar sua confiança, usando para isso uma variação de tom, ora de um locutor
infantil, ora de um adulto que quer – aparentemente – cuidar e proteger. Conclui-se que
o discurso publicitário, mais ou menos aparente, se engendra em diferentes
materialidades discursivas e estimula, por meio de enunciados verbais e não-verbais, o
processo de adultização precoce da menina, a fim de promover e incentivar o consumo
de produtos normalmente desnecessários para uma criança.
Revisitando a clínica da voz: uma perspectiva enunciativa bakhtiniana
Flavia Fialho Cronemberger
Na história acadêmico-científica da Fonoaudiologia na área da clínica da voz, destacamse três diferentes concepções teóricas: um viés mais organicista, uma perspectiva mais
psicanalítica e a clínica compreendida pela filosofia bakhtiniana. Analisando os
trabalhos publicados em periódicos nacionais, constata-se o predomínio de uma
memória sócio-histórica organicista no horizonte fonoaudiológico na área da clínica da
voz, questiona-se a partir de quais concepções teóricas, nos dias atuais, os professores
que ministram as disciplinas em voz podem estar trabalhando. Nesse sentido, o objetivo
principal dessa pesquisa é observar e analisar aspectos constituintes do processo de
formação de um grupo de alunos de graduação em Fonoaudiologia, em um estágio
supervisionado na área da voz, visando refletir sobre a importância de se estar atento,
nesse espaço de formação, à sócio-historicidade constitutiva dos sujeitos dele
participantes. Este estudo é uma pesquisa longitudinal de caráter qualitativo que segue
princípios bakhtinianos concernentes à pesquisa no campo das ciências humanas. Foram
filmadas supervisões, atendimentos clínicos e realizadas entrevistas com um grupo de
alunas, uma professora e duas pacientes que compuseram um estágio supervisionado em
uma instituição de ensino superior por um semestre letivo. Das gravações e observações
realizadas, foram analisados enunciados de uma professora, de um grupo de alunas e de
uma paciente em atendimento. Ficou constatado que o estudante, ao compreender mais
a clínica como um espaço em que se amplia a teoria organicista e ao observar o sujeito
de forma fragmentada, não em sua complexidade constitutiva, pouco valorizou a escuta
das vozes da paciente no processo terapêutico. Pondera-se que a abordagem
enunciativo-discursiva bakhtiniana, quando incorporada à formação do aluno, pode
ajudá-lo a compreender mais as singularidades e complexidades que envolvem cada
processo terapêutico, inclusive as que remetem ao lado biologizante de cada sujeito,
contribuindo para a realização de atendimentos clínicos e supervisões mais efetivas.
Tarefas, Planejamento Estratégico e sua interface com ASL
Coordenadores:
Raquel Carolina Souza Ferraz D'Ely - Universidade Federal de Santa Catarina
Maria da Glória Guará Tavares -Universidade Federal do Ceará
Esse simpósio objetiva discutir o papel de tarefas e planejamento estratégico e sua
interface com questões de ensino e aprendizagem de Inglês como língua adicional. Os
estudos desse simpósio partem do conceito de tarefa (Ellis, 2003) - abordagem de
ensino cujo foco recai em questões de significado em contexto de foco na forma e do
planejamento estratégico (Foster & Skehan, 1996) como atividade que oportuniza aos
alunos preparação para a tarefa que está por vir. Guará –Tavares no estudo intitulado
Tarefas de tradução e os processos mentais dos aprendizes durante a fase de
planejamento pré tarefa investiga os processos nos quais 16 alunos se engajam ao fazer
uma tarefa de tradução oral tendo 10 minutos para planejar. Xhafaj, com ênfase no
processo de planejamento estratégico em pares no estudo intitulado Um é bom. Dois é
melhor? O impacto do planejamento em pares revisa dois estudos ((Xhafaj, Muck, &
D’Ely, 2011 e Xhafaj, 2014) cujos resultados apontam para a não superioridade do
processo de planejar em pares, quando comparado à oportunidade de planejamento
individual ao fazerem uma tarefa oral. Com o objetivo de trazer luz à questão
instrucional do processo de planejamento estratégico, Specht investiga o impacto da
instrução desse processo no desempenho oral e na percepção de 6 acadêmicos de
Letras- Inglês no estudo intitulado O ensino de planejamento estratégico e o seu
impacto na produção oral e na percepção de futuros professores de inglês. Com um
olhar para o conceito de tarefa e sua interface com questões de avaliação, Farias e D`Ely
em Comparando a atuação dos alunos e revelando suas percepções em uma avaliação
embasada em tarefas, investigam o impacto de um teste-tarefa em uma população de 32
participantes divididos em dois grupos. Questões acerca da implementação e análise de
tarefas e planejamento estratégico também serão discutidas.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Tarefas de tradução e os processos mentais dos aprendizes durante a
fase de planejamento pré tarefa
Maria da Glória Guará Tavares
O presente estudo tem como objetivo investigar os processos mentais dos aprendizes
durantes o planejamento de uma tarefa de tradução oral. 16 estudantes de língua inglesa
fizeram uma tarefa de tradução oral em que tiveram 10 minutos para planejar as suas
tarefas em pares. Os resultados parecem mostrar que ao planejar os estudantes se
engajaram em buscas e escolhas lexicais, planejamento organizacional, acurácia
gramatical e monitoramento durante o planejamento, corroborando estudos anteriores
(Ortega, 2005; Guará-Tavares, 2011). Ademais, tempo para planejar também as levou a
notar lacunas em sua interlíngua (Swain, 1985, 1995). As implicações pedagógicas em
relação ao uso de tarefas de tradução no tratamento da habilidade da fala também são
discutidas.
Um é bom. Dois é melhor? O impacto do planejamento em pares
Donesca Puntel Xhafaj
Segundo Skehan (1996; 1998), ao manipularmos uma tarefa ou as condições da mesma,
podemos torná-la mais (+) ou menos (-) desafiadora e, dessa forma, aumentar (ou
diminuir) as chances de o foco-na-forma (Long, 1991) acontecer. Uma vez que Ortega
(2005) reportou que alguns de seus participantes reclamaram da falta de ajuda no
momento do planejamento pré-tarefa, poderia se esperar que o planejamento em pares
fosse uma condição onde o foco na forma tem maiores chances de acontecer. Para testar
essa possibilidade, dois estudos (Xhafaj, Muck, & D’Ely, 2011 e Xhafaj, 2014) foram
conduzidos para avaliar os benefícios do planejamento em pares no desempenho de
brasileiros quando estes produzem linguagem oral em inglês (LE) depois de terem tido
10 minutos para planejamento (individual ou em pares) da tarefa. O principal resultado,
em ambos os estudos, foi que o planejamento em pares não apresentou nenhuma
vantagem com relação ao individual no que tange complexidade, fluência, ou acurácia
no uso da LE. Ao analisar as respostas dos participantes a um questionário pós-tarefa
com relação aos processos nos quais eles se engajaram durante o planejamento,
independentemente da condição (i.e., individual ou em pares), o foco foi o mesmo: a
formulação e a organização da mensagem que deveriam falar. Quando perguntados
sobre a sua opinião com relação à condição na qual fizeram o planejamento, os
participantes disseram que gostaram de planejar em pares e também que conseguiram
perceber benefícios nesse tipo de planejamento. No entanto, essas possibilidades
ofertadas pelo planejamento em pares não os levaram a produzir linguagem que fosse
mais acurada, fluente, e complexa do que a produzida quando o planejamento foi
individual. A sugestão é que, para que o foco-na-forma tenha maiores chances de
acontecer, é preciso guiar os aprendizes nesta direção enquanto eles estão planejando
estrategicamente.
O ensino de planejamento estratégico e o seu impacto na produção oral
e na percepção de futuros professores de inglês
André Luis Specht
A presente comunicação tem como objetivo apresentar um estudo que investigou o
impacto da instrução em planejamento estratégico no desempenho oral e percepção de 6
aprendizes brasileiros de inglês como L2. Os participantes, acadêmicos de Letras-Inglês
da Unicentro-PR, campus Irati, produziram três tarefas de narrativas de imagens sob três
condições diferentes: (1) sem tempo para planejar; (2) com tempo para planejar; e (3)
com tempo para planejar depois de sessões instrucionais sobre como planejar. Além do
mais, os participantes responderam um questionário após a realização de cada tarefa
com o objetivo de conhecer as suas opiniões sobre as condições e as tarefas. Análises
quantitativas e qualitativas foram conduzidas para examinar o desempenho oral dos
participantes na dimensão da acurácia e percepção do processo, respectivamente. No
geral, as análises estatísticas revelaram que o planejamento estratégico não produziu
impacto significativo no desempenho oral dos participantes em nível de acurácia antes e
depois das sessões instrucionais. Contudo, resultados estatísticos beiraram significância
nas narrativas orais produzidas depois das sessões instrucionais, o que sugere um efeito
positivo do planejamento estratégico e da instrução na produção oral em nível de
acurácia. As análises qualitativas dos questionários pós-tarefa forneceram evidências
positivas do papel da instrução em planejamento estratégico no que diz respeito à
percepção dos participantes e ao uso de estratégias de aprendizagem durante o tempo
para planejar. Estas descobertas podem contribuir para o campo da aquisição em L2 e
ensino de língua estrangeira.
Comparando a atuação dos alunos e revelando suas percepções em
uma avaliação embasada em tarefas
Priscila Fabiane Farias
Raquel Carolina Souza Ferraz D'Ely
A Abordagem Baseada em Tarefas (ABT) propõe o ensino comunicativo através do uso
de tarefas (Skehan, 2003). Da mesma forma, pesquisadores na área de aquisição de
segunda língua percebem a importância da coerência entre a abordagem usada em sala
para ensino e para testagem. Considerando esse contexto, o presente estudo teve como
objetivo investigar o impacto de um “teste-tarefa” – isto é, um teste escrito que contém
elementos de tarefa – no desempenho linguístico de alunos de Inglês como segunda
língua, na tentativa de entender a relação que o teste tem com a abordagem
metodológica utilizada além de desvelar as percepções dos alunos sobre o instrumento
avaliativo. Trinta e dois participantes, divididos em grupo 1 (cujas aulas seguiram o
livro didático) e grupo 2 (cujas aulas seguiram a ABT), responderam ao “teste-tarefa” e
a um questionário pós-tarefa. O desempenho dos dois grupos foi comparado fazendo
uso de testes-T e considerando acurácia, complexidade e outcome como medidas de
análise. Uma apreciação qualitativa das respostas dos alunos no questionário também
foi conduzida. Os resultados em relação as medidas de acurácia e complexidade se
apresentaram não significativos estatisticamente enquanto que uma significância
aproximada foi encontrada para a medida de outcome. Além disso, as respostas dos
questionários demonstraram que os alunos perceberam elementos de tarefas no teste,
usando-os para classifica-lo como uma ferramenta eficaz de avaliação. Os resultados
enfatizam a importância de uma abordagem coerente entre ensino e testagem.
Atualidade dos estudos enunciativos: perspectivas
antropológicas do estudo da linguagem
Coordenadores:
Silvana Kissmann - Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Silvana Silva - Universidade Federal do Pampa
O objetivo deste simpósio é promover entre seus participantes um espaço de discussão
que, com bases em teorias enunciativas da linguagem e nos estudos ergológicos,
sinalize para a configuração de uma abordagem antropológica da enunciação. Parte-se
do princípio da indissociabilidade entre homem e linguagem, presente, particularmente,
nos estudos pioneiros de E. Benveniste, de M. Bakhtin bem como no conceito de
atividade de trabalho cunhado pela abordagem ergológica de Yves Schwartz e na
perspectiva da Teoria do Ritmo de Henri Meschonnic. Propõe-se que a experiência
humana se coloca e se situa na e pela linguagem, numa relação indissociável entre eu e
tu, dialogicamente constituídos no seio da sociedade, no seio de uma cultura. São
apresentadas pesquisas que demonstram a produtividade dessa visão de enunciação e
seu potencial heurístico não apenas para o campo dos estudos da linguagem, mas
também para iluminar questões que dizem respeito à instauração da experiência humana
em diferentes práticas sociais, especificamente, o contexto hospitar e o contexto
educacional. O encontro reúne estudiosos de quatro instituições: UNISINOS;
UNIPAMPA; IFSUL e ISEI.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
As práticas de trabalho coletivo de uma equipe multiprofissional de
uma Uti Neonatal: um estudo na interface entre enunciação e
ergologia.
Silvana Kissmann
Este estudo apresenta, com base na Teoria da Enunciação de Émile Benveniste e na
abordagem ergológica de Yves Schwartz, um dispositivo teórico-metodológico para
produzir saberes sobre a atividade de trabalho de uma equipe multiprofissional. O round
constitui-se em uma reunião de trabalho de equipes multiprofissionais da área da saúde
realizada para discutir sobre o processo saúde-doença de forma integral e humanizada.
Nosso objetivo é compreender como a noção de cuidado em saúde é co-construída pela
equipe multiprofissional de trabalhadores no round realizado em uma UTI Neonatal.
Para tanto, valemo-nos da concepção de linguagem da teoria da enunciação
benvenistiana e do conceito de atividade de trabalho desenvolvido pela ergologia. A
pesquisa é de natureza qualitativa e a coleta de dados foi realizada em uma UTI
Neonatal de um hospital da rede pública localizado na região sul do Brasil. O material
de análise é composto pelos dados gerados durante o período de observação participante
de treze rounds –– registro realizado em diário de campo – e pela transcrição do áudio
de dois rounds. Os dados revelam que, na noção de saúde co-construída pela equipe
multiprofissional no round, emergem: as dificuldades do trabalho com as quais o
trabalhador precisa lidar; o debate de normas e de valores atravessados pelo saber
técnico e pelo saber constituído na experiência; as renormalizações produzidas através
da negociação entre os pares (dramáticas do uso de si por si e pelos outros). Além disso,
o round configura-se como um espaço de escuta e de acolhimento que serve para
estabilizar a equipe.
A comunhão fática: no limite do diálogo?
Cláudia Redecker Schwabe
Rosângela Markmann Messa
Em seu célebre texto, O aparelho formal da enunciação, Émile Benveniste explicita, de
forma direta, o que entende por enunciação, bem como apresenta seus aspectos gerais, a
saber: (a) o aspecto da realização vocal da língua; (b) o aspecto da conversão da língua
em discurso; (c) o aspecto do locutor e, por ele, o da subjetividade na linguagem; (d) o
aspecto do quadro figurativo. Após essas considerações, Benveniste passa a questionar
se pode haver diálogo fora da enunciação, ou enunciação sem diálogo, ou seja, ele se
pergunta sobre os limites da noção de enunciação. Nessa discussão, refere-se ao
fenômeno da comunhão fática como estando situado nos limites do diálogo. A
comunhão fática foi definida pelo antropólogo B. Malinovski como um tipo de
interação em que nada há a comunicar, mas apenas fórmulas ritualizadas a trocar com o
propósito de manter uma atmosfera socializadora. Este trabalho propõe-se a
problematizar o papel da comunhão fática na enunciação. Nosso objetivo é encontrar
subsídios para pensar a comunhão fática como um fenômeno linguístico que não pode
ser descrito aprioristicamente como um tipo de interação que se situa nos limites do
diálogo, mas merece ser estudado na e pela enunciação. Desse modo, a comunhão fática
pode ser tomada como ponto de apoio para observar as relações intersubjetivas que se
estabelecem na atividade de trabalho do professor.
A construção de consenso em reuniões do Conselho Escolar:
contribuições da linguística da enunciação e da ergologia para
entender a atividade de trabalho do gestor
Rosângela Markmann Messa
Este trabalho investiga, com base na teoria enunciativa de Émile Benveniste e na
perspectiva ergológica de Yves Schwartz, o processo de formação de consenso em
reuniões do Conselho Escolar de uma escola evangélico-luterana, localizada na Região
Metropolitana de Porto Alegre. Da teoria enunciativa benvenistiana, utiliza-se a
concepção de linguagem, segundo a qual a língua fornece um sistema formal de base de
que o indivíduo se apropria pelo ato de linguagem, renormalizando-a em um estilo
particular e único. Da perspectiva ergológica, vale-se da concepção de atividade de
trabalho, que ensina que há sempre uma distância entre as normas antecedentes,
reguladoras do fazer, e o trabalho realizado, que é a todo momento singularizado e
renormalizado pelo indivíduo na realização de sua atividade de trabalho. Ambas as
teorias levam em consideração a subjetividade que é inerente à linguagem e à atividade
de trabalho. A pesquisa é de natureza qualitativa e toma por objeto de estudo
interlocuções entre gestor escolar, coordenadora administrativa e integrantes do
Conselho Escolar. A partir da análise das interlocuções é possível afirmar que o
consenso é co-construído pelos participantes na interação; que ele é formado a partir da
instauração de um “eu” e de um “tu”, que falam de um “ele”, em um aqui-e-agora
específicos; que ele é resultado de um processo dilatado no tempo, induzido pela própria
instituição e reprodutor dela, em que diferentes participantes desenvolvem atividades
específicas relacionadas a seu papel e, com isso, vencem etapas de desenvolvimento
lógicas e necessárias no âmbito das ações que lhe competem.
Da linguagem do professor em formação: em busca de uma Linguística
do Falante
Silvana Silva
Neste trabalho, apresentaremos uma proposta de compreensão do que poderia ser o
projeto de uma “metassemântica da enunciação”, dimensão da significação linguística
aberta por Émile Benveniste em “Semiologia da língua” e em “O aparelho formal da
enunciação” (PLG II). O objetivo desta comunicação é apresentar a construção da
análise uma forma complexa do discurso: o diário reflexivo contido no Relatório de
Estágio Supervisionado de Língua Portuguesa, do Curso de Letras da UNIPAMPA.
Para constituir os movimentos do sujeito em seu próprio discurso, tomaremos, do lado
da Linguística da Enunciação, os conceitos de sintagmatização, atualização e
pessoalização (Flores et. al, 2009); do lado da Linguística do Falante tomaremos os
conceitos de ritmo (Meschonnic, 1982), acento discursivo sobre o parceiro (Benveniste,
1989; Silva, 2013) e fraseado (Dessons, 1997). Tomaremos, para a análise, dois
momentos de construção do Diário: antes e depois da aula de avaliação presencial do
supervisor da prática docente do professor em formação inicial. Os resultados são os de
que a intervenção da professora supervisora impulsiona a prática docente e se agrega de
forma positiva ao trabalho do estagiário.
Linguagem e educação na perspectiva do letramento:
reflexões e ações em processo
Coordenadores:
Rosineide de Melo - Fundação Santo André
Paulo Rogério Stella - Universidade Federal de Alagoas
Este simpósio apresenta resultados parciais de pesquisas em andamento na área de
ensino e aprendizagem de línguas. Os trabalhos apresentados compõem um quadro
bastante amplo do trabalho em escolas do ensino básico e regular e em universidades
públicas e privadas no que diz respeito à formação com vistas à construção da cidadania
de deveres e direitos (SOUZA SANTOS, 1993), às reflexões a respeito de inclusão e
exclusão social (GROSFOGUEL, 2012) na perspectiva dos fluxos transculturais na
relação entre local e global (PENNYCOOK, 2010). A perspectiva teórica dos trabalhos
aponta para a concepção dialógica de língua/linguagem (BAKHTIN/VOLOCHINOV,
[1929] 2010), às questões discursivas relacionadas à produção, circulação e recepção
dos gêneros nos diversos campos de atuação humana (BAKHTIN, [1979] 2010), aliadas
às noções de letramento em suas diversas modalidades e tratamentos: letramento visual,
crítico e social, multiletramento etc, conceitos esses advindos de correntes teóricas
complementares em muitos aspectos. Dessa perspectiva, a metodologia de coleta de
dados predominante nas pesquisas envolve reflexões acerca dos fluxos identitários dos
participantes entendidos como seres em constante processo de alteração pelo contato
com o outro, objetivando o reposicionamento ético-político (FREIRE, 2001) dos
participantes no processo. Os resultados demonstram a importância da autorreflexão
como processo formativo não somente do pesquisador em relação a sua pesquisa, mas
também dos participantes em relação a si mesmos e aos outros que os constituem.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Cinema e Identidade: Letramento Visual nas aulas de Cultura e
Literatura
Andrea Cotrim Silva
Visamos problematizar a questão do uso do cinema na universidade e/ou na escola que,
ao longo dos anos, serviu, meramente, como entretenimento ou suporte secundário para
ilustrar as aulas de diversas disciplinas. Em nosso trabalho, o cinema assume sua
essência de “obra de arte” e nos desafia na apreensão de uma linguagem multimodal,
em que som, texto verbal e sonoro fundem sentidos múltiplos. O estudo do cinema
imbrica, também, o aprendizado de sua estética fílmica, a qual tece questões sociais e
identitárias relevantes para os debates mobilizados em sala de aula; dentre elas, o
racismo e outras estruturas desiguais de poder, na figuração de personagens cujo gênero,
a classe social, a cor da pele, o nível de escolaridade, o padrão corporal, a
espiritualidade e/ou a linha de pensamento sofrem algum tipo de exclusão. A
representação do Outro, na chave da violência estética, seja ela plástico-imagética,
física, sonora, linguística ou simbólica, e a recepção destes conceitos, pelo viés do
Letramento Crítico Visual é, portanto, o fio condutor da nossa pesquisa com alunos do
ensino superior em Letras, durante as aulas de Cultura e Literatura Norte-Americana,
ministradas em uma universidade localizada na cidade de São Paulo. A política de
narração dos filmes escolhidos tange a premissa de que a “violência” é, em última
instância, qualquer forma de silenciar o Outro (Vattimo, 2015) e que a “representação”
desta violência se dá na partilha do sensível, ou seja, no modo pelo qual se determina a
relação de saberes partilhados em um conjunto comum (Rancière, 2010). Por fim,
planejamos mostrar o que está em andamento em nosso projeto (questionários,
entrevistas, debates e filmagens), mediante a anuência dos alunos.
Letramento e tecnologia: encontros possíveis pelos caminhos do
discurso e da etnografia
Andrea da Silva Pereira
O presente trabalho discute as relações entre propostas didáticas de letramento e uso de
tecnologia no contexto de duas pesquisas que ocorrem no Mestrado Profissional em
Letras – PROFLETRAS -, da Universidade Federal de Alagoas – UFAL. A esse
propósito, lança-se mão da abordagem teórico-metodológica da Etnografia combinada
com noções da concepção dialógica da linguagem de Bakhtin e seu Círculo.
A
primeira pesquisa, propondo um trabalho de letramento a partir das narrativas digitais
com vistas à formação social crítica de alunos do 9º ano do Ensino Fundamental de uma
escola pública inserida em um contexto de acentuada vulnerabilidade social em Maceió,
em Alagoas, aponta para a importância do percurso etnográfico do professor na busca
por instaurar diferentes práticas letradas em sua sala de aula. A segunda pesquisa, que
propõe a produção escrita dos blogs digitais na esfera de atividade cultural do cinema
como estratégia para ampliar as práticas de letramento dos alunos do 8º ano de uma
outra escola pública localizada em Marechal Deodoro, município de Alagoas, mostra
como o uso do ambiente digital colabora para a instauração de deslocamentos
discursivos tanto do professor como dos alunos em relação à noção de tema, no sentido
bakhtiniano, de língua única como valoração ideológica em sala de aula.
Práticas multiletradas em oficinas de produção de texto: exercitando o
novo ethos
Rosineide Melo
As práticas multiletradas exigidas pelo mundo contemporâneo impõem desafios diários
a docentes e pesquisadores de todas as áreas, uma vez que os novos letramentos não são
privilégio das disciplinas relacionadas a língua/linguagens. O objetivo deste trabalho é
apresentar proposta, portanto, experimental, cuja finalidade é proporcionar espaço para
o diálogo e o debate das diversas culturas e linguagens, de forma inter/transdisciplinar e,
com isso, desenvolver (novas/outras) competências e habilidades em estudantes do
Ensino Fundamental II na produção de textos multissemióticos. O embasamento
teórico-metodológico que norteia o estudo retoma a concepção – revisitada por Rojo
(2013) de gêneros do discurso, de orientação bakhtiniana; as discussões sobre
multiletramentos, propostas pelo Grupo de Nova Londres (1996); e o entendimento
acerca do novo ethos, caracterizador da hipermodernidade, por Lankshear e Knobel
(2007). A proposta está organizada para ser realizada em oficina de texto direcionada à
concretização de projeto multissemiótico (blogue, revista virtual ou outro),
compreendendo desde a estrutura composicional do suporte digital, passando pela
produção dos gêneros dos discursos de forma individual e colaborativa até a postagem
dos textos e publicação deles no suporte escolhido pelos estudantes. O trabalho está em
fase de desenvolvimento, e os resultados parciais já apontam os impactos e as
possibilidades que uma pedagogia embasada nos pressupostos dos multiletramentos
pode proporcionar às práticas docentes e às novas práticas de produções dos estudantes,
tornando-os sujeitos protagonistas na construção de saberes significativos.
Construindo sentidos com professores supervisores do PIBID para
Licenciatura em Inglês da UFAL: refletindo e agindo no processo
Daniel Adelino Costa Oliveira da Cruz
Esta pesquisa, em andamento, visa à reflexão durante o processo de trabalho conduzido
com cinco professores de língua inglesa que atuam em escolas da rede básica pública da
Grande Maceió, supervisores no âmbito do PIBID-Inglês da Faculdade de Letras da
Universidade Federal de Alagoas para o período 2014-2017. Com base nas concepções
de língua, interação e dialogismo(Bakhtin/Voloshinov, 1929[2010), abordamos o
processo de reflexão, que envolve este pesquisador e os supervisores do PIBID, tendo
em mente o objetivo geral da pesquisa (a compreensão do sentido construído para a
língua inglesa, seu papel social e seu potencial para o trabalho com temas transversais,
sempre da perspectiva da justiça social e da cidadania global) e seus três objetivos
específicos (refletir com os professores sobre o trabalho que fazem, onde fazem e como
fazem; compreender como esse trabalho acontece considerando-se a relação entre o
global e o local, questões de etnia, inclusão e exclusão social e justiça social; refletir no
processo a respeito das mudanças que o professor e este pesquisador venham a perceber
que experimentam). Nossa metodologia de trabalho consiste em encontros com os
professores para interações nas bases de uma pesquisa narrativa (Bruner, 2001) em que
são coletados os dados ao mesmo tempo em que se dá o processo de (re)construção de
sentidos. Nesta apresentação, destacamos o principal resultado que esperamos alcançar,
que é a observação das mudanças nas concepções da língua inglesa e do trabalho que se
faz com ela do modo como experimentado por este pesquisador e os professores numa
pesquisa que se orienta pelo e para seu trabalho enquanto processo de reflexão e ação
que acontecem simultaneamente.
Reflexões dialógicas sobre o ensino de língua portuguesa
Coordenadores:
Cláudia Garcia Cavalcante - Faculdade de Tecnologia de São Paulo; Universidade Nove
de Julho
Anderson Cristiano da Silva -PUCSP/LAEL/CNPq)
De acordo com Brait e Magalhães (2014), a origem da palavra dialogismo remete à
justaposição de uma preposição e um substantivo gregos: por causa de e discurso,
respectivamente. Esses são dois dos termos possíveis que apontam para a constituição
de um conceito que mostra a indissolubilidade entre diálogo e linguagem em que aquele
existe por meio deste. Nesse sentido, e a partir do pensamento emergido dos estudos de
Bakhtin e do Círculo, o estudo das produções humanas só se torna possível por meio do
texto, aqui também entendido como interação oral face a face, diálogo stricto sensu.
Então, se tomarmos o caminho do raciocínio de Bakhtin (2006), podemos afirmar que
onde não há linguagem, não há palavra, não há discurso, não há texto. Os textos são
essenciais na perspectiva de linguagem da Análise Dialógica do Discurso (ADD) por
serem os lugares de constituição dos sujeitos que pensam, comunicam-se entre si numa
relação orgânica que resulta no ato ético e responsável. Por isso tudo, essa perspectiva
reflete sujeitos discursivos em uma cadeia ininterrupta de diálogo e não em objetos
neutros e abstratos que não interagem e, portanto, não produzem discursos. Assim, esse
simpósio propõe uma “sessão bakhtiniana” ao apresentar diferentes pesquisas que
variam em escopo e objetos de estudo, mas unidas pela mobilização de um mesmo
conceito acerca de língua, linguagem e práticas sociais refletidas em enunciados
concretos (textos) (discursos) em diferentes esferas da atividade humana,
principalmente aquelas voltadas à educação básica.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Atividades de pontuação: reflexões dialógicas em coleções didáticas de
português
Anderson Cristiano da Silva
Este trabalho objetiva analisar as atividades didáticas a respeito do ensino da pontuação
nos volumes do 6º ao 9º ano das coleções: Português: uma proposta para o letramento,
de Magda Soares, e Português: linguagens de William Roberto Cereja e Thereza Cochar
Magalhães. Esta investigação surgiu da preocupação sobre como os sinais de pontuação
são abordados nos livros didáticos de Português distribuídos nas escolas públicas por
meio do Programa Nacional do Livro Didático. Com efeito, os estudantes percebem
nuanças de entoações na fala, distinguindo os efeitos de sentido a partir das pausas na
oralidade; entretanto, isso deixa de ocorrer na transposição para a escrita, pois ao longo
do processo de aprendizagem sobre os sinais de pontuação, percebem-se lacunas no
ensino desse conteúdo. Como pergunta de pesquisa, gostaríamos de saber como as
prescrições e propostas para o ensino da pontuação se articulam à formação de leitores e
produtores de textos nas obras didáticas analisadas, conforme orientações dos
documentos oficiais. Para alicerçar nossas análises, o trabalho tem como arcabouço
teórico as contribuições da Análise Dialógica do Discurso, com base nos trabalhos
desenvolvidos por Bakhtin e o Círculo. Na parte metodológica, propomos dois eixos: o
teórico, visando o estudo da pontuação nas gramáticas normativas e nas gramáticas de
uso, além do estado do conhecimento sobre a temática da pontuação; ademais, o eixo
prático objetiva a análise dialógica das atividades sobre pontuação encontradas nas duas
coleções, bem como as relações dialógicas existentes com os enunciados concretos que
as constituem. Em nossas considerações finais, constatamos propostas didáticas
heterogêneas, sendo a pontuação trabalhada mais pela modalidade oral em coleção e
mais pela modalidade escrita em outra coleção.
O enunciado verbo-visual em perspectiva de leitura em livros didáticos
de língua portuguesa: uma análise dialógica
Elisângela Costa
Esta comunicação objetiva discutir as relações enunciativo-discursivas implicadas no
processo de leitura de gêneros discursivos verbo-visuais presentes em duas coleções de
livros didáticos de Língua Portuguesa (LDP) do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano). O
trabalho fundamenta-se nos pressupostos teóricos de Bakhtin e o Círculo,
especificamente, nos conceitos de enunciado concreto e dialogia. Trata-se de uma
pesquisa de análise documental de abordagem qualitativa e dialógica, que busca
respostas para as seguintes perguntas: 1. Quais gêneros discursivos constituídos no/pelo
plano verbo-visual estão presentes em duas coleções de LDP do 6º ao 9º ano do Ensino
Fundamental? 2. Como se dá o tratamento da materialidade verbo-visual nos LDP
selecionados? 3. Como o tratamento da materialidade verbo-visual nos LDP
selecionados pode alterar as relações enunciativo-discursivas constitutivas do processo
de leitura? Neste recorte, mapeamos a incidência e posição dos gêneros visuais e verbovisuais nos oito volumes das duas coleções selecionadas. Dentre as posições observadas
para os enunciados visuais e verbo-visuais nos livros analisados, aquela que apresentou
um dos menores números percentuais, foram os enunciados em “posição de leitura”,
sendo: 8,89% na COL 1, e 8,50% na COL 2. Trata-se de um percentual muito ínfimo
reservado à leitura de textos/ enunciados que requerem outra forma de letramento que
não somente o verbal. Sabemos que o livro didático de Língua Portuguesa ainda se
constitui como o principal material de acesso à leitura de muitos jovens estudantes das
escolas públicas brasileiras. Sendo assim, os números resultantes dessa fase da pesquisa
demonstram que o jovem estudante, a depender do livro didático, estará muito menos
exposto à leitura de enunciados que exigem do leitor outros letramentos, incluindo o
verbo-visual. Além disso, os oito volumes que constituem as duas coleções
selecionadas serão ofertados aos estudantes desse nível de ensino, o que torna os
números encontrados ainda mais preocupantes.
Os gêneros discursivos e o ensino de língua portuguesa no ensino
médio
Sandra Mara Moraes Lima
O trabalho se propõe a discutir o conceito de gênero discursivo veiculado pelo Círculo
bakhtiniano, considerando o ensino/aprendizagem de língua materna na educação
básica, tendo em vista o processo de multiletramento. Toma como pressuposto a teoria
de que os gêneros discursivos constituem categorias primordiais para a interação
discursiva, uma vez que os gêneros nos são dados como nos é dada a língua materna e
que são introduzidos em nossa experiência e em nossa consciência conjuntamente sem
que sua estreita correlação seja rompida. Nesse contexto, consideramos que os gêneros
do discurso organizam nossa fala da mesma maneira que a organizam as formas
gramaticais (sintáticas) e que desenvolvemos nossa linguagem verbal a partir do gênero.
Dessa maneira, os diversos gêneros são as formas tipificadas que facultam determinado
enquadramento da realidade, comportando de modo indissociável o conteúdo, o material
e a forma. Nessa direção, acreditamos,deve caminhar o ensino de língua na educação
básica, uma vez que para a construção do sentido é fundamental ter em vista o gênero
como categoria que permite as relações dialógicas, as interações discursivas. No que diz
respeito aos multiletramentos, é imprescindível ter em vista os gêneros discursivos, uma
vez que o gênero, na perspectiva bakhtiniana, é o ponto de partida no projeto discursivo,
determinando as interações discursivas, as relações dialógicas entre as diversas
linguagens, gêneros, esferas, etc. A proposta, nesse momento, atem-se à análise dos
manuais didáticos do Ensino Médio da rede estadual do estado do Espírito Santo com o
objetivo de analisar o conceito de gênero discursivo e sua aplicação no
ensino/aprendizagem de Língua Portuguesa no Ensino Médio nos referidos manuais,
investigando como é feita a abordagem do gênero discursivo e se a tal aplicação
contribui no processo de multiletramento.
Pesquisa Crítica de Colaboração (PCCol): conceitos centrais,
questões problemáticas e novas compreensões
Coordenadora:
Profa. Dra. Maria Cecília Camargo Magalhães – PUCSP/LAEL
Fernanda Liberali (PUCSP/ CNPq)
Este Simpósio está organizado para discutir a Pesquisa Crítica de Colaboração –
PCCol que, apoiada nas discussões de Vygotsky, Leontiev e extensões posteriores,
embasa pesquisas desenvolvidas com formação de educadores (pesquisadores, alunos,
professores, diretores e coordenadores). Pensada por Magalhães 1990 e expandida no
Grupo de Pesquisa Linguagem em Atividades no Contexto Escolar (LACE), liderado
pelas Profas. Dras. Magalhães e Liberali (PUC-SP), a PCCol tem como questão central
a produção e desenvolvimento de projetos de extensão e pesquisa que organizem a
escola como comunidade aprendente e, para isso criem relações colaborativo-críticas
na produção de conhecimento sobre as bases teóricas das práticas escolares e os
interesses a que servem. O objetivo foi, desse modo, criar um contexto em que
pesquisadores com bases teórico-metodológicas diversamente constituídas discutissem
questões problemáticas, questões novas e desafiantes levantadas nos contextos de suas
pesquisas e de sua inserção em contextos sócio-históricos, culturais e políticos da
atualidade.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Reflexões sobre a produção de pesquisas colaborativas na formação
docente: gênese e expansão
Ivana Maria Lopes de Melo Ibiapina
Esta comunicação objetiva demonstrar a gênese e o desenvolvimento do campo teóricometodológico da pesquisa colaborativa, enfatizando os princípios e as regras que
orientam as investigações que se organizam para compreender as relações colaborativocríticas em projetos desenvolvidos em contextos de formação docente. A discussão
central focalizará a organização das pesquisas colaborativas desenvolvidas pelo
FORMAR – Núcleo de Pesquisa Formação de Professores na Perspectiva HistóricoCultural da Universidade Federal do Piauí, destacando as opções epistemológicas,
teóricas e práticas que orientam o desenvolvimento da colaboração crítica. Para este
intento, o texto foi organizado em três partes: a primeira parte introduz as ideias
desenvolvidas ao longo do texto e apresenta a organização da exposição; a segunda
parte traz à tona as contradições inerentes à constituição do campo de desenvolvimento
de pesquisas colaborativas, identificando três correntes e suas diferentes concepções de
colaboração; a terceira apresenta a perspectiva que desenvolvido no FORMAR,
exemplificando o conteúdo e a forma de organização das pesquisas colaborativas
produzidas neste Programa de Pós-graduação em Educação. As informações produzidas
no âmbito destas pesquisas são discutidas, analisadas, confrontadas e reelaboradas
coletivamente por meio de atividade que transforma informação em conhecimento e
significados em conceitos científicos, isto é, produz dialética e criticamente saberes
fundamentados em práticas reais e em teorias formais, o que perspectiva o
desenvolvimento de maior nível de consciência das relações vividas na formação
docente.
Reflexões sobre a apropriação da Pesquisa Crítica de Colaboração
como instrumento teórico-metodológico, no campo de Educação e da
Psicologia da Educação.
Wanda Maria Junqueira de Aguiar
Elvira Maria Godinho Aranha
Esta comunicação tem como objetivo discutir a apropriação do referencial teórico
metodológico da Pesquisa Critica de Colaboração, nas pesquisas em educação
desenvolvidas no campo da Psicologia da Educação, especialmente no Grupo
“Atividade Docente e Subjetividade” que também está ancorado no Método Histórico
Dialético. Dentre as pesquisas desenvolvidas pelo grupo desde 2011, está em curso uma
pesquisa coletiva que tem como objetivo geral investigar a dimensão subjetiva dos
processos educacionais de uma escola pública de São Paulo. O objetivo especifico é
apreender as significações constituídas pelos professores, gestores, alunos, funcionários
e pais sobre esta realidade e suas relações com o processo de (trans) formação do
indivíduo como ser mediado pela história e pela cultura. Nesta apresentação
focalizaremos especialmente as reflexões teórico-metodológicas e as sínteses
produzidas pelo grupo de pesquisadores, à partir de múltiplos questionamentos
constituídos no processo de entendimento da Pesquisa Crítica de Colaboração. As
análises produzidas até o momento revelam que, embora comunguemos do mesmo,
referencial teórico, observamos diferenças no uso da PCCol, tal como definida por
Magalhães (2009,2013,2015), tanto quanto no desenho e na condução da pesquisa,
quanto na forma de análise das informações. Tais diferenças, peculiaridades e seus
desdobramentos serão discutidas nesta apresentação.
Reflexões acerca da Linguagem Crítico-Colaborativa em Contexto de
Formação de Professores
Maria Otilia Guimarães Ninin
Esta comunicação tem por objetivo discutir, na perspectiva da Pesquisa Crítica de
Colaboração (MAGALHÃES, 2009, 2013), a organização da linguagem em contexto de
formação de professores. Realizado em uma escola pública de município da Grande São
Paulo, o projeto LEDA – Leitura e Escrita nas Diferentes Áreas (MAGALHÃES, 2011)
vem sendo desenvolvido para compreender como se dá a , pelo grupo de educadores
em contexto escolar, dos conceitos teóricos e de sua articulação à prática pedagógica. A
partir de discussões a respeito do desenvolvimento de atividades de sala de aula com
foco no estudo de gêneros discursivos e sua apresentação em materiais didáticos, o
trabalho de formação, que ocorre em encontros quinzenais com professores,
coordenadores pedagógicos e pesquisadores, destaca, nesta comunicação, a organização
da linguagem e os modos de intervenção dos participantes na abordagem dos conteúdos
propostos. Tomando como base as discussões de Liberali (2013) a respeito da
argumentação, de Magalhães (2011; 2012) ao tratar da intervenção na PCCol, e de
Ninin (2013) a respeito da organização das perguntas nas situações de aprendizagem,
destaca-se, aqui, um conjunto de dados que favorecem nossa compreensão a respeito da
identificação de marcadores do discurso característicos da linguagem críticocolaborativa nas situações de intervenção ancoradas na perspectiva dialógica
(BAKHTIN, 1929) e no paradigma sócio-histórico-cultural (VYGOTSKY, 1930 e
1934).
Fonética experimental e o uso de diferentes instrumentais
para avaliação da fala
Coordenadores:
Andréa Baldi de Freitas - PUCSP
Irene Marchesan – CEFAC
A incorporação de recursos tecnológicos tem sido cada vez mais recorrente nos estudos
em Ciências Fonéticas. As técnicas não-invasivas de ultrassonografia (USG),
eletroglotografia (EGG), ressonância magnética (RM) e videofluoroscopia (VFS)
possibilitam a investigação dos processos envolvidos na produção da fala. À luz da
fonética acústica e da fonética articulatória, a análise dos dados obtidos pelos diferentes
instrumentais traz um novo viés para a compreensão e intervenção nas alterações de fala
observadas na clínica fonoaudiológica, bem como amplia as possibilidades de atuação
nos campos da Engenharia, Perícia, Ensino de Línguas, etc. Desta forma, o objetivo
desse simpósio é trazer à discussão as interfaces entre as tecnologias disponíveis e seus
usos aplicados às pesquisas em Fala.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
A ultrassonografia como instrumental para avaliação da deglutição e
qualidade vocal
Andrea Baldi de Freitas
Zuleica Camargo
Com o propósito de estudar a deglutição, vários métodos de investigação por imagem
têm sido utilizados. Dentre as técnicas de avaliação da função da deglutição, a
ultrassonografia (USG) ganha destaque, pois além de não expor o sujeito à radiação,
pode ser realizada na beira do leito, com baixo custo e o alimento pode ser oferecido na
situação habitual. Até o momento, não foram encontrados estudos que esboçassem
relação entre a deglutição e a qualidade vocal, com o apoio da técnica de
ultrassonografia. O objetivo deste estudo é investigar a deglutição do ponto de vista
fisiológico (ultrassonografia), buscando descrever o comportamento da laringe em
diferentes tarefas e relacionando aos achados de ajustes laríngeos de qualidade vocal.
Serão coletadas amostras ultrassonográficas de fala e deglutição de 30 sujeitos adultos
saudáveis. Para a análise dos dados de ultrassom relacionados à deglutição, utilizaremos
a análise proposta por Yabunaka et al (2013) para medida do deslocamento do hioide.
Para a análise dos dados de fala, as sentenças referentes ao corpus serão analisadas por
três juízes com formação no uso do roteiro VPAS-PB da qualidade vocal e elementos de
dinâmica vocal.
Tecnologia aplicada à investigação de produção de fala de sujeitos com
e sem deficiência auditiva: um estudo com dados de ultrassonografia e
de análise acústica
Lilian Cristina Kuhn Pereira
Sandra Madureira
Este m recorte do projeto de pesquisa que vem sendo desenvolvido na linha de
investigação do Grupo de Pesquisa de Estudos sobre a Fala (LIAAC/CNPq), cujos
trabalhos examinam a fala, a partir de estudos fonético-articulatórios, o que permite uma
inferência das posições dos articuladores e das características fonéticoacústicas dos sons
consonantais e vocálicos da fala. Dentro desta proposta, a fala de sujeitos com
deficiência auditiva vem sendo investigada com o auxílio do instrumental da análise
acústica. O objetivo deste estudo é investigar o dito “sotaque de surdo”, ou seja, o
conjunto dos aspectos alterados ou ausentes e que são recorrentes em todos os sujeitos
adultos com deficiência auditiva de origem congênita. Para tanto, a análise dos dados de
fala se dará em três instâncias: fisiológica (técnica de ultrassonografia - postura de
língua), acústica (análise fonético-acústica dos segmentos vocálicos e consonantais) e
perceptiva (ajustes de qualidade vocal na proposta do Vocal Profile Analysis Scheme VPAS-PB). A mesma análise será realizada sujeitos sem alterações de fala, falantes do
Português Brasileiro (PB), que servirão de referência para o estudo. Para tanto, sessões
de coletas simultâneas de dados articulatórios (instrumental de ultrassonografia) e
acústicos serão realizadas, utilizando-se o corpus do Protocolo VPAS-PB (CAMARGO
e MADUREIRA, 2008; CAMARGO et al, 2011) . A análise dos dados acústicos e
articulatórios e o julgamento perceptivo-auditivo serão realizados à luz da Teoria
acústica de produção de fala (FANT, 1960), na Fonologia Articulatória (BROWMAN e
GOLDSTEIN, 1986; 1990; 1992) e no modelo fonético de descrição da qualidade vocal
(LAVER, 1980). Pretende-se, com o desenvolvimento deste trabalho, contribuir para
aprofundar a compreensão da produção e percepção da fala com e sem alteração e trazer
novos conhecimentos tanto para a linguística quanto para a clínica fonoaudiológica.
Avanços tecnológicos na área de fonoaudiologia: uma revisão
John Paul Hempel Lima
Daniel Couto Gatti
Julio Arakaki
Esse trabalho apresenta uma revisão sobre as principais tecnologias utilizadas na área de
fonoaudiologia, tanto do ponto de vista de equipamentos (hardware) quanto de sistemas
(software). São descritos os princípios fundamentais dessas tecnologias, aplicadas em
terapias, em diagnóstico e em investigações científicas. Na tecnologia de ultrassom são
discutidas as características técnicas que influenciam na qualidade das imagens e dados
de interesse. Descreve-se também o uso da telemedicina no diagnóstico e tratamento de
distúrbios da fala bem como as limitações de uso. São apresentados sistemas eletrônicos
para melhoria da compreensão oral e fala como o eletroglotógrafo, eletromiógrafo e
dispositivos de amplificação para auxílio auditivo. Discute-se as tendências
tecnológicas relacionadas a construção de algoritmos aplicados, visualização e
manipulação da informação, processamento de sinais, filtragem e sistemas de tradução
automática, onde nesse caso, torna-se necessário o processamento em tempo real.
Pedagogia do Léxico e da Tradução a partir de corpora
Coordenadores:
Adriane Orenha-Ottaiano - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"
Emiliana Fernades Bonalumi – Universidade Federal do Mato Grosso
De acordo com Baker (1992, p. 4), se a tradução pretende se tornar “uma profissão no
sentido pleno da palavra, os tradutores irão precisar de outros recursos, além da atual
combinação intuição e prática, a fim de possibilitá-los refletir o que fazem e como
fazem. Necessitarão, acima de tudo, adquirir um conhecimento profundo da matériaprima com a qual trabalham: entender o que a língua é e como ela funciona para seus
usuários”. Esta reflexão de Baker parece-nos apropriada às novas pesquisas que estão
sendo realizadas na UNESP, Câmpus de Rio Preto e na Universidade Federal de Mato
Grosso, uma vez que já acenava para aspectos ainda não amplamente divulgados em
pesquisas sobre tradução no Brasil. Estudos recentes de renomados pesquisadores e
membros do Grupo de Pesquisa “Pedagogia do Léxico, da Tradução e Linguística de
Corpus”, cadastrado no Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil do CNPQ (Baer;
Koby; Geoffrey, 2003; Nighat, 2009; Laviosa, 2011; Amadeu-Sabino, 2011a, Orenha,
2012a, Pinto-Paiva, 2012 etc.) apontam para a relevância e a necessidade de
investigações voltadas para uma Pedagogia da Tradução. Desse modo, uma das
vertentes das referidas investigações foca nos aspectos pedagógicos referentes ao ensino
da tradução e suas implicações para a prática tradutória. A segunda vertente em que se
inserem os referidos pesquisadores objetiva analisar, discutir e sistematizar aspectos
pedagógicos relativos ao ensino do léxico geral e especial(izado), com vistas a
compilação de obras fraseográficas (Amadeu-Sabino, 2011b; Orenha, 2012b, 2015;
Teixeira 2009; Tagnin, 2010), terminográficas (Pinto-Paiva et al, 2007; Bonalumi,
2010) e materiais de apoio para sala de aula de língua estrangeira (Orenha, 2013, 2014).
Nesse sentido, este simpósio propõe tratar de pesquisas que mostram a
interdisciplinaridade entre os Estudos da Tradução, a Lexicologia, a Terminologia, a
Fraseologia e o Ensino de Línguas Estrangeiras, evidenciando que dialogam uma com a
outra.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Colocações especializadas na área jurídica extraídas do corpus uncitral
Adriane Orenha-Ottaiano
Este trabalho, em consonância com o aparato teórico da Linguística de Corpus e da
Fraseologia, discutiremos os aspectos teórico-metodológicos necessários para o
levantamento, a análise léxico-semântica e sintático-morfológica das colocações
especializadas e das colocações especializadas estendidas mais frequentes extraídas do
corpus em inglês, constituído pelos anuários da “Comissão das Nações Unidas para o
Direito Comercial Internacional” (UNCITRAL). A partir dessa análise, visamos buscar
as colocações correspondentes em português, extraídas do corpus em português,
composto por atos internacionais do governo brasileiro (tratados, decretos, convenções,
acordos, declarações conjuntas, protocolos e emendas), além de outros documentos
jurídicos coletados via web. Com base nesta investigação, objetivamos a compilação de
um glossário bilíngue de colocações especializadas na área de Direito Comercial
Internacional, nas direções tradutórias inglêsportuguês/portuguêsinglês. Para extração
das colocações, utilizaremos as ferramentas básicas (Concord, Keyword e Wordlist) do
programa WordSmith Tools. Embora esta pesquisa esteja em fase inicial, levantamentos
parciais permitem-nos afirmar que se trata de um corpus bastante representativo, o que
possibilitará a extração de um grande número de colocações especializadas. A fim de
exemplificar nosso estudo, apresentamos e analisamos algumas colocações
especializadas formadas pela base contract (35.612 ocorrências). Acreditamos que esta
pesquisa, além de subsídios teóricos para as áreas em que se insere, trará também
contribuições práticas, visto que, ao identificarmos e reunirmos em um glossário as
estruturas fraseológicas convencionais comumente utilizadas na área, ofereceremos
escolhas lexicais que poderão auxiliar na redação, assim como na tradução de
documentos em língua portuguesa (Apoio: CAPES).
Elaboração de material de gramática da língua inglesa por meio de
corpora on-line
Emiliana Fernandes Bonalumi
Devido a tantas dificuldades enfrentadas por aprendizes de língua inglesa, em relação ao
aprendizado da gramática da língua inglesa, instigamo-nos a investigar um método que
ajudasse na sua aquisição e compreensão. Pensando nisso e na proposta da Linguística
de Corpus de explorar os corpora para auxiliar no ensino de línguas, decidimos realizar
a presente pesquisa em forma de Programa de Tutoria de Língua Inglesa. Este estudo
está inserido em um Projeto maior intitulado “Linguística de Corpus Aplicada ao
Ensino de Língua Inglesa e aos Estudos da Tradução”, sendo desenvolvido na
Universidade Federal de Mato Grosso, campus de Rondonópolis desde maio de 2011.
Esta investigação baseia-se na proposta de Linguística de Corpus de Berber Sardinha
(2004) e na abordagem Aprendizado Movido por Dados de Johns e King (1991). A
pesquisa tem como objetivos elaborar exercícios da gramática da língua inglesa que
utilizem a língua em uso, por meio dos corpora on-line BNC (British National Corpus),
constituído de 100 milhões de palavras de inglês britânico, tanto falado quanto escrito, e
COCA (Corpus of Contemporary American English), compreendido de
aproximadamente 400 milhões de palavras, em relação aos apresentados nos livros
didáticos New English File Elementary, New English File Pre-Intermediate, New
English File Intermediate e New English File Upper-Intermediate, de forma
estruturalista, utilizados em sala de aula; bem como tornar nossos alunos mais
capacitados na gramática da língua inglesa, por meio de explicações realizadas pelos
tutores e aplicação de exercícios de fixação elaborados por meio dos corpora on-line.
A questão de vocábulos de “urgência” e “importância” em resumos de
aprendizes brasileiros de um curso de Inglês com Fins Acadêmicos
(EAP)
Paula Tavares Pinto
A abordagem teórico-metodológica da Linguística de Corpus tem favorecido a
investigação de coletâneas de textos com o auxílio de ferramentas computacionais
elaboradas para fins de pesquisa linguística (SINCLAIR, 1995; BIBER, 1998; BERBER
SARDINHA, 2004, 2009). Utilizando esta abordagem, temos pesquisado a linguagem
científica produzida por pesquisadores brasileiros (PBs) que têm o inglês como “língua
adicional” (SWALES e FEAK, 2009), ou melhor, língua utilizada para publicação
internacional. O objetivo principal é o de comparar a linguagem produzida por esses
pesquisadores com a linguagem dos pesquisadores de instituições internacionais (PIs),
que tenham publicado seus artigos em língua inglesa em revistas de impacto dentro de
suas áreas. Para tanto, compilamos um corpus composto por resumos científicos em
língua inglesa escritos por PBs juniores que fazem parte de em um curso de Inglês para
Fins Acadêmicos em nossa universidade, pelo terceiro ano consecutivo, a fim de ter os
resumos nas três grandes áreas, Humanas, Exatas e Biológicas. Como são todos
aprendizes de língua inglesa, este configura-se como um corpus de aprendizes
(GRANGER, 1998). Além da compilação deste “corpus de aprendiz”, os alunos
construíram seus próprios corpora descartáveis (Do-it-yourself corpora) para que,
durante as aulas, pudessem discutir as especificidades e os padrões lexicais de cada área
antes de produzir seus próprios resumos. Apresentaremos algumas considerações
referentes às funções retóricas, bem como dos padrões lexicais e a falta de vocábulos de
“urgência” e “importância” utilizados nas três áreas.
Colocações especializadas na área jurídica extraídas do Corpus
uncitral
Jean Michel Pimentel ROCHA
Adriane ORENHA-OTTAIANO
Neste trabalho, em consonância com o aparato teórico da Linguística de Corpus e da
Fraseologia, discutiremos os aspectos teórico-metodológicos necessários para o
levantamento, a análise léxico-semântica e sintático-morfológica das colocações
especializadas e das colocações especializadas estendidas mais frequentes extraídas do
corpus em inglês, constituído pelos anuários da “Comissão das Nações Unidas para o
Direito Comercial Internacional” (UNCITRAL). A partir dessa análise, visamos buscar
as colocações equivalentes em português, extraídas do corpus em português, composto
por atos internacionais do governo brasileiro (tratados, decretos, convenções, acordos,
declarações conjuntas, protocolos e emendas), além de outros documentos jurídicos
coletados via web. Com base nesta investigação, objetivamos a compilação de um
glossário bilíngue de colocações especializadas na área de Direito Comercial
Internacional, nas direções tradutórias inglês
das colocações, utilizaremos as ferramentas básicas (Concord, Keyword e Wordlist) do
programa WordSmith Tools. Embora esta pesquisa esteja em fase inicial, levantamentos
parciais permitem-nos afirmar que se trata de um corpus bastante representativo, o que
possibilitará a extração de um grande número de colocações especializadas. A fim de
exemplificar nosso estudo, apresentamos e analisamos algumas colocações
especializadas formadas pela base breach (3860 ocorrências). Acreditamos que esta
pesquisa, além de subsídios teóricos para as áreas em que se insere, trará também
contribuições práticas, visto que, ao identificarmos e reunirmos em um glossário as
estruturas fraseológicas convencionais comumente utilizadas na área, ofereceremos
escolhas lexicais que poderão auxiliar na redação assim como na tradução de
documentos em língua portuguesa (Apoio: CAPES).
Formação docente: por uma produção crítica, criativa e
colaborativa
Coordenadores:
Valdite Fuga - Faculdade de Tecnologia de Mogi das Cruzes
Daniela Vendramini Zanella - Universidade de Sorocaba
Nos cursos de licenciatura o estágio curricular supervisionado pode se configurar como
espaço privilegiado para a produção do conhecimento e reflexão crítica sobre a futura
prática pedagógica. Seus componentes específicos – prática de ensino e estágio – são os
responsáveis pela formação pré-serviço. A futura ação profissional manifesta-se nesse
período, em que o futuro educador se conscientiza das responsabilidades ao se
posicionar frente a uma sala de aula, as quais implicam questões disciplinares e
conhecimento didático-teórico. Entretanto, constata-se a busca de modelos a serem
imitados, descontextualizada, distanciando-se das necessidades reais dos alunos que não
trazem o diálogo entre teoria e prática no constante questionamento entre o que se
pensa, de modo embasado e o que se faz, propiciando ao futuro educador uma prática
reflexiva e crítico-criativa (Vendramini Zanella, 2013). Considerando o âmbito escolar
um espaço onde reina uma pluralidade de vozes, lutas conflitantes e formas diferentes
de cultura, a argumentação, como artefato para análise e discussão dos problemas e
conceitos, pode criar oportunidades de observação de si e dos demais como base para
imersão na consciência (Freire, 1970). Igualmente, a argumentação possibilita a
discussão teórica para a compreensão generalizante da prática e, ainda, torna possível a
emersão da consciência (Freire, 1970) em que a reconstrução de saberes ocorre nas
relações sociais, nas quais a linguagem do parceiro colaborador tem papel fundamental
(Liberali e Magalhães, 2009). O objetivo deste simpósio é reunir estudos que discutam
alternativas de formação docente que, pelo trabalho com a linguagem (Liberali, 2013;
Liberali e Fuga, 2013) e ancorados pela Teoria da Atividade Sócio Histórico Cultural–
TASHC (Vygotsky e colaboradores 1930), sublinhem que conhecimento não é
construído pela extração de dados de informantes previamente selecionados, mas é
produzido junto-e-com (Fuga e Vendramini Zanella, 2015) – pesquisadores,
formadores, futuros educadores, comunidade no entorno – de forma participativa e
colaborativa.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
A argumentação para o desenvolvimento de visão crítico-criativa de
educadores
Daniela Vendramini Zanella
Esta comunicação contextualiza-se na atividade de formação docente a partir do projeto
de Extensão Universitária “Tempo de Aprender”, na Universidade de Sorocaba e
objetiva analisar a produção de significados na atividade de formação docente e
compreender o uso da argumentação para o desenvolvimento de uma visão críticocriativa (Vendramini Zanella, 2013). Essa visão crítico-criativa pressupõe recombinar
aquilo que já existe para criar algo novo (Vygotsky 1930/2009) estabelecendo conexões
com outros conhecimentos e assumindo determinadas perspectivas e atuando a partir
delas (Freire, 1996/ 2009; Sánchez-Vázquez, 2011). O estudo está fundamentado na
Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural – TASHC - (Vygotsky, 1934) e apresenta
análise a partir de dois excertos advindos de uma discussão em um encontro de
formação docente, embasada pelo aporte teórico-metodológico da Pesquisa CríticoColaborativa (Magalhães, 2009). Os excertos são discutidos por meio de categorias
argumentativas que centralizam os aspectos enunciativo-discursivo-linguísticos
(Liberali, 2013) e interpretados mediante o aporte teórico da TASHC. A análise aponta
que, entre outras questões, a condução de forma impositiva não contribui para o
desenvolvimento de visão crítico-criativa dos educadores.
A argumentação na produção de conhecimento na formação docente e
na atuação na escola pública
Ana Laura Hoffart
Daniela Vendramini Zanella
Esta comunicação tem como objetivo discutir a formação docente pela atuação da
educadora em formação inicial docente que participa de encontros na universidade.
Nesses encontros de formação docente a argumentação tem papel fundamental na
produção de conhecimento de todos os participantes (Liberali 2013; Vendramini
Zanella, 2013) em construção colaborativa e crítica de novos saberes na reconstrução de
identidades. Para tal, uma análise de produção de conhecimentos na elaboração escrita
em língua inglesa dos alunos de uma escola pública a partir do desenvolvimento de
atividades criadas pela educadora no Pibid-LI será apresentada. O estudo fundamenta-se
em conceitos sobre o ensino-aprendizagem de inglês por meio de Atividade Social
(Liberali, 2009), o brincar na concepção vygotskyana (Holzman, 2009) e atividade
criadora (Vygotsky, 1930/2009). A análise é desenvolvida a partir de excertos advindos
da elaboração escrita em inglês dos alunos do 8º ano de uma escola pública, embasada
na Pesquisa Crítico-Colaborativa (Magalhães, 2009). Os excertos são discutidos a partir
de categorias argumentativas que centralizam os aspectos enunciativo-discursivolinguísticos (Liberali, 2013) e interpretados mediante o aporte teórico da pesquisa. A
partir da elaboração escrita do 8º ano, constata-se a produção de conhecimentos dos
alunos que, por sua vez, revela apropriações da educadora com marcas da construção
colaborativa e crítica produzida nos encontros de formação docente.
O papel da Argumentação na formação crítico docente no Grupo de
apoio
Valdite Fuga
"Esta comunicação centraliza a formação de Grupos de Apoio (Parrila & Daniels,
2004), como lócus para a formação crítico docente. No Grupo de Pesquisa Linguagem
em Atividades no Contexto Escolar (GP LACE), o Grupo e Apoio (GA) é visto como
uma organização de professores de uma mesma instituição, desenvolvendo um trabalho
conjunto, sem hierarquia de funções, assumindo responsabilidades por uma determinada
demanda existente no espaço escolar e tem na colaboração um meio para atingir o
objetivo que a todos contemple (FUGA, 2009). Esta apresentação objetiva mostrar um
momento na formação desses grupos, cuja discussão está teoricamente alicerçada na
Teoria da Atividade Sócio Histórico Cultural (Vygotsky e colaboradores, 1934) que
abarca, também as questões linguístico-filosóficas do Círculo de Bakhtin (1934) ao se
discutir a linguagem. As questões metodológicas são embasadas na Pesquisa Crítica de
Colaboração (Magalhães, 2006, 2009), ao enfatizar o papel da colaboração na produção
de conhecimento. Para ilustrar este momento na formação crítico docente dos GA,
analiso uma sequência do discurso de uma das formadoras, centrando o viés
argumentativo que permeia todo o processo de desenvolvimento já que é um
instrumento intencional para a análise e discussão dos problemas e superação de grupos
de trabalhos segmentados (LIBERALI & FUGA, 2012). A análise sinaliza que
organização argumentativa pode ser vista como a responsável pela expansão e/ou
restrição dos objetos que serão intencionalmente buscados para alcançar
necessidades de uma totalidade interdependente no GA. A formadora promove base
para uma intervenção formativa, de natureza social, por meio das quais os interactantes
compartilham e produzem conhecimento, desenvolvido num clima de colaboração,
abertura e interdisciplinaridade(LIBERALI & FUGA, 2012).
A proficiência em língua inglesa na formação de professores
José Carlos Lopes
A formação de professores envolve um processo contínuo e vinculado às demandas
sociais vigentes. Atrelada à competência didática, a competência linguística do
professor de Inglês, por exemplo, é atributo fundamental para o desenvolvimento de
práticas de ensino mais contextualizadas às necessidades de seu público alvo. É
necessário que o docente também vivencie o uso da língua inglesa em esferas exteriores
ao espaço da sala de aula para que possa atuar com maior propriedade no contexto
profissional, seja ele a educação básica ou cursos de idiomas. Nesse sentido, esta
comunicação visa discutir um projeto de aprofundamento de estudos em língua inglesa
realizado com alunos de graduação em Letras da Faculdade Nossa Cidade em
Carapicuíba, SP. Os procedimentos adotados têm por objetivo ampliar as possibilidades
de aperfeiçoamento linguístico de alunos em serviço e futuros professores de inglês de
modo que, em consonância com as disciplinas direcionadas aos aspectos metodológicos
do ensino, os alunos tenham ferramentas para sua ação docente. Esse espaço de prática
das competências linguísticas em Inglês explora situações de uso oral e escrito da
língua, considerando a linguagem como reguladora do pensamento (Vygotsky e
colaboradores, 1934) e vital para a interação e (trans)formação do sujeito em sociedade
(Bakhtin, 1934). Tendo em vista a base teórico - metodológica do GP LACE, as aulas
de aprofundamento buscam fortalecer a produção de conhecimento linguísticodiscursivo do professor de Inglês (Liberali, 2012) por meio do trabalho colaborativo
(Liberali e Magalhães, 2009) entre os participantes que se inscrevem semestralmente no
projeto. Espera-se que essa iniciativa aponte alternativas para o trabalho teórico-prático
de formação de novos professores de inglês e, consequentemente, aprimoramento de
suas ações como profissionais no contexto presente e/ou futuro.
Arabistas: o Universo da Língua Árabe em uso.
Coordenadores:
Mona Mohamad Hawi -USP
Paula da Costa Caffaro - Universidade Federal do Rio de Janeiro
A língua árabe é a 8ª língua oficial da ONU, é também uma língua política e
fundamental nas relações internacionais, “o que pressupõe a construção da alteridade na
oposição Ocidente versus Oriente “ (Krauss: 2011). É uma língua que possui, no
mínimo, duas características próprias: escrevem-se apenas as consoantes e as vogais
longas; as vogais curtas são indicadas por meio de sinais de vocalização, acima ou
abaixo das letras. A outra característica é que as letras vêm quase sempre unidas,
possuindo, por vezes formas decorativas. Esses aspectos conferem à língua um caráter
próprio e, por vezes, autônomo. Muitos, no entanto, enxergam-na como uma língua de
difícil aprendizado, ou por não estarem acostumados à sua fonética ou ainda à sua
escrita. No entanto, diversas pesquisas sobre/na língua árabe tem surgido com
resultados que extrapolam os muros da sala de aula. Assim, o objetivo deste simpósio é
apresentar as pesquisas já concluídas e outras em andamento sobre o uso e prática da
língua árabe no contexto de sala de aula, seja no ensino como língua estrangeira, tanto
na escola pública como na privada, na universidade, na elaboração de material didático
para fins específicos e nas traduções de obras diversificadas.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
O Ensino de Língua Árabe na perspectiva das Atividades Sociais.
Mona Mohamad Hawi
Como falante e professora de língua árabe como língua estrangeira, tenho buscado
compreender o ensino- aprendizagem dessa língua em sua totalidade, ou seja, procuro
situá-la segundo a funcionalidade contextual da situação de produção da ação social,
visto que a maioria de materiais disponíveis para o ensino dessa língua negligenciam o
foco no produtor da ação e no seu interlocutor, priorizando situações de aprendizagem
descontextualizadas de uma realidade situada. Nesse sentido, a pesquisa que venho
desenvolvendo em meu contexto profissional tem dado prioridade a um novo modo de
compreender e trabalhar com conceitos advindos de base sócio-histórico-cultural em
que, o conhecimento é criado por homens e mulheres em contextos de aprendizagem e
desenvolvimento reais, em condições determinadas e em situações específicas. Nesse
sentido, na pesquisa que venho desenvolvendo e nas situações de aprendizagem em sala
de aula minha prioridade tem sido ensinar por meio de Atividades Sociais, pois enxergo
aí uma melhor forma de participação e envolvimento dos alunos, já que é preciso levar
em consideração o momento de produção da ação e, em um momento posterior, a
organização textual dessa ação, bem como aspectos linguísticos que compõem essa
produção. Essas questões não são percebidas nos livros didáticos para o ensino de
língua árabe e nem em materiais avulsos que se apresentam. Assim, o objetivo desta
apresentação é mostrar como tem sido a opção de ensinar, considerando o contexto da
vida atual, ou conforme Marx e Engels, 2006, pensar e trazer à tona “ a vida que se
vive”, assim, o foco recai sobre formas de ensinar, pautadas por uma reflexão sobre a
vida ( Liberali, 2009).O trabalho está,, portanto, fundamentado, na Teoria da Atividade
Sócio-Histórico-Cultural(TASHC), (Vygotsky, 2001; Leontiev,1977;Engestrom,1999),
para compreender o processo de ensino-aprendizagem e a concepção do objeto de
ensino a ser trabalhado.
Abordagem comunicativa e o ensino de língua árabe na escola pública
como L2: promovendo a prática oral
Paula da Costa Caffaro
O objetivo do presente trabalho é investigar como é possível motivar e desenvolver a
prática oral em árabe dentro da sala de aula, sendo o público alvo alunos brasileiros
iniciantes de escolas cariocas da rede pública. Analisaram-se aulas e atividades orais
desenvolvidas durante três semestres letivos, a saber, 2014.1, 2014.2 e 2015.1, em três
escolas públicas do Rio de Janeiro: Ginásio Experimental Carioca Nilo Peçanha,
Ginásio Experimental Carioca Mário Paulo de Brito e Escola Estadual Souza Aguiar. O
ensino de língua árabe nas escolas municipais e estaduais é uma iniciativa da Fundação
Internacional do Qatar (QFI), um ramo da Fundação Qatar, cuja sede fica em Doha.
Essa iniciativa foi acolhida a priori pelo Governo Municipal, e, mais recentemente, pelo
Governo do Estado do Rio de Janeiro, sendo seu objetivo a divulgação da língua árabe e
a aproximação entre a(s) cultura(s) árabe(s) e a brasileira, assim como a quebra de
preconceitos disseminados constantemente pela mídia mundial. As referências teóricas
desta investigação pautam-se nas Diretrizes de Proficiência 2012 da ACTFL (American
Council on the teaching of foreign languages) e na abordagem comunicativa para o
ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras. Esta pesquisa não se encerra em si
mesma, ao contrário, espera-se que sirva de motivação a outros colegas, porque, embora
seja um grande desafio, acredita-se que seja possível formar, no Brasil, alunos falantes
do árabe.
Título: Qual “árabe” ensinar? : escolhas e estratégias no ensino de
árabe como língua estrangeira a profissionais dos Direitos Humanos
Felipe Benjamin Francisco
Este trabalho objetiva discutir as aborgadens do ensino de árabe enquanto língua
diglóssica (Ferguson, 1959), cujas situações reais de uso podem se realizar, ora em
“Árabe literário ou standard” (fuSHà), ora em “ árabe vernacular ou dialetal”
(CĀmmiyya). Partindo-se do pressuposto que a proficiência e a competência
comunicativa (Canale & Swain, 1980) só podem ser alcançadas por meio de estratégias
orientadas pelas necessidades reais dos aprendizes, isto é, pelo contato com contextos
reais de uso da língua (Omaggio Hadley, 2000), questionamos a abordagem
predominante que prefere o ensino do Árabe Padrão e literário ao árabe dialetal oral.
Em contrapartida, apresentamos a abordagem de Al-Batal (1992), que consiste em
adotar na sala de aula o uso real das duas variantes da língua concomitantemente,
atentando aos seus contextos reais de uso. Desta forma, apresentamos aqui alguns
exemplos de Atividades, dentro do quadro da Teoria da Atividade Sócio-HistóricoCultural (TASHC) (Vygostsky, 2001; Leontiev, 1977; Engeström, 1999); com base na
nossa experiência de ensino de árabe para profissionais dos Direitos Humanos:
assistentes de proteção de refugiados (Caritas, São Paulo) e monitores de direitos
humanos na Palestina (FFIPP- Brasil).
Retratos da sociedade egípcia: tradução de contos do livro Táxi de
Khalid Al-Khamissi e os efeitos do contraste entre a língua árabe
padrão e o dialeto egípcio.
Júlia Cardoso Rodrigues
O presente trabalho pretende propor uma tradução do árabe para o português de contos
do livro Táxi, do autor egípcio Khalid Al-Khamissi. A pesquisa focará o estudo dos
efeitos de sentido criados pela linguagem utilizada no livro e a posterior tradução da
obra, tendo como objetivo que se mantenham os efeitos de sentido observados.
Publicado pela primeira vez em 2006, o livro Taxi do escritor egípcio Khaled Elkhamissi tornou-se um grande sucesso dentro e fora do mundo árabe. Traduzida para
mais de 10 línguas, parte da relevância da obra se deve ao fato de funcionar como uma
espécie de estudo da sociedade egípcia através dos taxistas. Resultado de conversas do
autor com taxistas que trabalham diariamente nas ruas do Cairo, a obra divide-se em 58
pequenos contos nos quais entramos em contatos com os mais diversos personagens e
mais diferentes opiniões que convergem, no entanto, no que diz respeito ao governo,
mostrando uma sociedade desconfiada de seus governantes e já cansada de se sentir
enganada e desamparada. Inovadora em razão do objeto do qual trata, a obra também
surpreende pela linguagem utilizada. Em busca de retratar seus personagens de maneira
fiel e realista, o autor emprega a variante egípcia do árabe em todos os seus diálogos,
mantendo a variante padrão nas partes narrativas da obra. Por esse motivo, Taxi não se
constitui como um livro de fácil tradução. Não sendo comum a produção literária em
dialetos árabes, é incomum encontrar trabalhos de tradução de tais dialetos ou trabalhos
que levantem e discutam essa questão, suas dificuldades e implicações. Um exemplo é
que se torna importante, do ponto de vista tradutológico, que as marcas de oralidade
sejam bem evidentes de modo a não prejudicar a expressividade dos personagens, o que
o autor se esforçou tanto por manter.
Árabe Clássico e Hebraico Bíblico: análise comparativa dos
paradigmas dos verbos trilíteros
Jemima de Souza Alves
As línguas árabe e hebraica são comumente conhecidas por sua ligação direta com as
mais importantes religiões monoteístas da história: judaísmo, cristianismo e islamismo.
No entanto, para além de uma relação puramente cultural, o árabe e o hebraico estão
geneticamente ligados na medida em que pertencem ao mesmo ramo linguístico, o
Semítico. O processo de investigação a respeito do parentesco das línguas nele incluídas
tem sido realizado há alguns séculos através do método comparativo aplicado às línguas
da região, cuja extensão abrange desde a Mesopotâmia ao Norte da África, que
apresentam características comuns entre si. Baseado nas descrições propostas por
Semiticistas como LIPINSKI (1997) e HETZRON (2007), que apresentam uma breve
caracterização de ambas as línguas apontando para semelhanças que confirmam as
relações genéticas entre as línguas semíticas, mas que não se detêm na morfologia
verbal, no processo de formação dos paradigmas verbais e na análise comparativa das
línguas árabe e hebraica, especificamente, este trabalho tem por objetivo apresentar os
resultados da análise comparativa da semântica dos afixos justapostos à raiz trilítera que
originam os paradigmas verbais no Árabe Clássico e no Hebraico Bíblico, pois embora
sejam falares diferentes, há muitas semelhanças de sentido entre as línguas, o que
facilita o aprendizado de uma e/ou de outra pelos que optam estudá-las.
Múltiplas faces da linguagem em situação de
Autoconfrontação Simples e Cruzada
Coordenadores:
Anselmo Lima - Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Luci Banks-Leite -Universidade Estadual de Campinas
A Autoconfrontação Simples e a Autoconfrontação Cruzada são procedimentos
metodológicos de pesquisa e intervenção sobre o trabalho humano empregados no
âmbito de uma Clínica da Atividade que tem sido praticada no campo da Linguística
Aplicada, da Psicologia e da Educação, dentre outros. Trata-se de estabelecer parcerias
entre pesquisadores e sujeitos trabalhadores com o objetivo de 1) compreender o
trabalho para transformá-lo; 2) transformar o trabalho para compreendê-lo; 3)
desencadear e estudar processos de desenvolvimento individual e coletivo; e 4)
promover a saúde do trabalhador. De modo geral, na Autoconfrontação Simples, o
trabalhador se observa em um vídeo no qual aparece em situação de trabalho com o
objetivo de descrever e explicar sua atividade profissional ao pesquisador. Na
Autoconfrontação Cruzada, o sujeito trabalhador observa um vídeo no qual um colega
aparece em situação de trabalho com o objetivo de descrever e explicar a atividade
profissional desse colega em sua presença e na presença do pesquisador. Numa
perspectiva Vigotskiana e Bakhtiniana, entende-se - com base em Clot (2010) - que, em
situação de autoconfrontação, o sujeito trabalhador não exprime atividades de trabalho
já prontas por meio da linguagem, mas transforma essas mesmas atividades no processo
mesmo de tomá-las como objeto do discurso no contato dialógico com outros sujeitos e
discursos. Por meio da análise de diálogos produzidos em situação de uso desses
procedimentos metodológicos de pesquisa e intervenção, este simpósio se propõe a
apresentar e discutir múltiplas faces da linguagem nesse processo transformador de
atividades de trabalho.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Identificar e analisar relações entre fenômenos do diálogo e fenômenos
da transformação da atividade profissional em situação de
Autoconfrontação Simples e Cruzada
Anselmo Lima
Manoel Flores Lesama
Quando participam de procedimentos de Autoconfrontação Simples e Cruzada, os
trabalhadores têm a oportunidade de: 1) tematizar e problematizar suas atividades de
trabalho em parceria com o pesquisador; 2) ter suas atividades de trabalho filmadas; 3)
indicar ou permitir que o pesquisador indique trechos de suas atividades filmadas para
que sejam objeto de diálogos em sessões de Autoconfrontação; e 4) dialogar face a face
com seus pares e com o pesquisador a fim de compreender suas atividades de trabalho
para transformá-las e de transformá-las para compreendê-las. Partindo desses
pressupostos, esta comunicação tem um duplo objetivo. O primeiro, por um lado, é
ressaltar que textos orais produzidos em situação de Autoconfrontação devem ser
transcritos e analisados rigorosamente como textos orais, com base - por exemplo - em
normas de transcrição adequadas e em conceitos teóricos provenientes da Análise da
Conversação, tais como tópico discursivo, turno conversacional, marcadores
conversacionais, procedimentos de reformulação (paráfrase e correção), dentre outros.
O segundo objetivo, por outro lado, é enfatizar que uma análise conversacional clássica
se torna insuficiente para dar conta das múltiplas faces desses textos orais, uma vez que
- no âmbito de uma Clínica da Atividade - entende-se que os sujeitos trabalhadores não
exprimem atividades de trabalho já prontas por meio da linguagem oral, mas
transformam suas atividades no próprio processo de tomá-las como objeto do discurso
no contato dialógico com outros sujeitos e discursos. Assim, numa perspectiva do
desenvolvimento dialógico do ser humano baseada nos escritos de Bakhtin, Vigotski e
Clot, por meio de alguns exemplos, esta comunicação se propõe a demonstrar a
necessidade de que o pesquisador identifique e analise relações entre fenômenos do
diálogo face a face e fenômenos de transformação das atividades dos sujeitos
trabalhadores manifestados em situação de autoconfrontação simples e cruzada.
Análise de ocorrências do item lexical "ainda" em situação de
Autoconfrontação
Letícia Lemos Gritti
Este trabalho visa analisar algumas ocorrências do item lexical "ainda" em diálogos
produzidos em situação de autocronfrontação com a participação de dois professores e
um pesquisador. Partindo do pressuposto de que a linguagem e as ações dos sujeitos
estão intimamente ligadas e influenciam diretamente tanto as escolhas de determinadas
palavras pelo falante quanto a reação que essas palavras podem causar nos
interlocutores, propomos uma discussão sobre os significados desse item lexical a partir
da semântica e da pragmática. Argumentamos que a presença de "ainda" nos diálogos
introduz a pressuposição de um evento que está relacionado ao evento veiculado pela
sentença, disparando também uma implicatura (GRICE, 1975) de contraexpectativa. Ou
seja, esse item lexical é utilizado pelo falante para quebrar uma expectativa criada pelo
fundo conversacional compartilhado (GRITTI, 2013). Com base nessas ideias, o
objetivo deste trabalho será apresentar uma análise que relaciona o significado da
palavra "ainda" com a intenção do falante ao usá-la ou não. Que diferença faz a
ocorrência de "ainda" nos diálogos analisados? Quais as ações que essa ocorrência ativa
e gera posteriormente ao que é dito? Argumentamos que, com uma quebra de
expectativa gerada por seu contexto de trabalho, um professor - sujeito do diálogo em
autoconfrontação que estamos analisando - busca ter uma postura contrária àquela
esperada pelos alunos para melhorar a interação em sala de aula. Isso demonstrará que o
diálogo em situação de autoconfrontação incide diretamente sobre a ação de trabalho do
sujeito, o que permite que ele a repense por meio da linguagem.
Autoconfrontação em debate na Educação Infantil
Ermelinda M. Barricelli
O objetivo desta apresentação é discutir de que forma os textos produzidos em
encontros de formação foram analisados ao longo do processo de formação e utilizados
como recurso para novos diálogos. A análise partiu dos procedimentos teóricometodológicos propostos pelo Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART,
1997/2003, 2006, 2008 ; MACHADO e BRONCKART, 2009) no tocante à análise de
alguns elementos do folhado textual: 1) a infraestrutura geral do texto (plano global,
conteúdos temáticos, sequências e tipos de discurso); 2) os mecanismos de textualização
(conexão nominal) e 3) os mecanismos enunciativos (vozes) e ampliados com outros
pressupostos compatíveis, como os de Authier-Revuz (2001), para a análise das vozes, e
de Kerbrat-Orecchioni (2006), para os turnos de fala dos textos orais. Esta pesquisa
mobilizou um grupo de professores de Educação Infantil de um Centro de Educação
Infantil (CEI) da região periférica da Cidade de São Paulo para falarem sobre seu
próprio trabalho visando à superação de conflitos próprios do métier. Para tanto,
utilizamos um dos métodos desenvolvidos pelos pesquisadores da Clínica da Atividade
do CNAM (Conservatoire National des Arts et Métiers) e pelo grupo ERGAPE
(Ergonomie de l’Activité des Professionnels de l’Éducation), denominado
Autoconfrontação. Trata-se de um método que pode ser considerado como um
instrumento para transformação e análise do trabalho. A relevância desta pesquisa devese à possibilidade de desenvolvimento de um grupo de professores de Educação Infantil
por meio da ampliação do seu poder de agir (Clot, 2008) e a superação de conflitos
relacionados ao fazer pedagógico e, metodologicamente, pela associação de dois aportes
teóricos, a saber, os métodos das ciências do trabalho e o interacionismo
sóciodiscursivo, como parte de um processo de intervenção-formativa.
Diálogos produzidos por uma mediadora em formação no decorrer de
sessões de Autoconfrontação
Dalvane Althaus
Luci Banks-Leite
Este estudo, em andamento, está sendo realizado no quadro da formação continuada de
professores de nível superior na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR),
Campus Pato Branco. Tendo como objetivo geral a formação de mediadores que atuam
no campo da Clínica da Atividade, procura-se investigar um caso específico, qual seja, o
desenvolvimento de uma mediadora de Autoconfrontação junto a professores e alunos
de diferentes áreas. Via de regra, a participação dessa mediadora em formação se dá
pelo acompanhamento de um mediador formador, através da observação de ações deste
nas sessões de Autoconfrontação Simples e Cruzada. Pouco a pouco, a mediadora em
formação passa a participar de modo mais ativo, intervindo com questões ao sujeito
autoconfrontado. No estudo a ser apresentado, um dos pontos de interesse refere-se a
análises de formas/modos de se inserir nas ações desse processo, como, por exemplo, a
que se constitui pelo “assalto ao turno”, ou seja, uma interrupção do fluxo de diálogo
conduzido pela mediadora formadora. Outro exemplo seriam as questões por ela
formuladas no decorrer dessas sessões, que se tornam gradativamente mais adequadas
às finalidades da Autoconfrontação em jogo. Tais análises se realizam com base em
elementos do princípio dialógico bakhtiniano, acrescido da contribuição de teorias da
análise conversacional.
Estudos em fonética clínica e a clínica fonoaudiológica
Coordenadores:
Luisa Barzaghi-Ficker -PUCSP
Aline Pessoa-Almeida - Universidade Federal do Espírito Santo
O campo da linguagem é estudado por profissionais de diversas áreas do saber:
linguistas, engenheiros, filósofos, peritos e fonoaudiólogos. Estes últimos a tem, não só
como objeto de estudo, mas também como instrumento de trabalho. É na linguagem e
pela linguagem que os fonoaudiólogos atuam com uma de suas múltiplas faces: a fala
com alterações. O amadurecimento e a consolidação crescentes da Fonoaudiologia estão
atrelados à interlocução contínua com outras áreas de estudo da Linguagem, dentre elas,
a Fonética Clínica – subárea da Linguística que aborda ao estudo de distúrbios de
aquisição e desenvolvimento da fala– o que permite ao fonoaudiólogo construir
conhecimentos e aplicá-los ao contexto clínico. É sob essa perspectiva que este
simpósio pretende reunir pesquisas sobre a fala com alterações, de variadas naturezas e
etiologias, cujas abordagens teóricas e/ou metodológicas aconteçam à luz da Fonética
Clínica.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
A fala da criança com deficiência auditiva unilateral: indicadores
fonéticos para elaboração de estratégias terapêuticas
Aline Pessoa-Almeida
Jessica Henrique Pessanha
Isadora Marins Gomes
Crianças com deficiência auditiva unilateral (DAU) demandam estratégias de
reabilitação fonoaudiológica que considerem a relação indissociável entre percepção e
produção da fala a partir das especiais condições de feedback acústico articulatório. O
comprometimento de habilidades específicas do processamento auditivo central nessa
população fundamenta desafios em busca de indicadores do desenvolvimento de
habilidades auditivas e de produção de fala. Diante da interface entre elementos
segmentais e suprassegmentais, a análise fonética como ferramenta clínica tem
possibilitado a descrição detalhada de dados perceptivo auditivos e medidas acústicas
para investigação da combinação de parâmetros de frequência, intensidade e duração na
produção de fala de crianças com DAU. Este estudo objetivou descrever as estratégias
terapêuticas fonoaudiológicas com uma criança (gênero masculino, 8 anos de idade e
com DAU), determinadas por meio de dados fonéticos. Especificamente, visou
apresentar estratégias terapêuticas elaboradas a partir de dados perceptivo-auditivos e
medidas acústicas da fala discutindo a aplicabilidade das ferramentas de modelos
fonéticos como instrumento de definição de conduta clínica. No caso relatado,
apresentou-se a combinação de ajustes de diminuição de extensão de articuladores
(lábio, mandíbula e língua), língua elevada, tensão muscular geral diminuída,
associados aos elementos de dinâmica vocal de diminuição de taxa de elocução, pouca
variabilidade de pitch e loudness e apoio respiratório inadequado. O detalhamento da
descrição dos elementos fonatórios, supra glóticos e de tensão muscular (qualidade
vocal) e de elementos de dinâmica vocal permitem estabelecer parâmetros intrasujeito e
intersujeito no processo de desenvolvimento de habilidades auditivas e de fala. Tal
metodologia adotada permite, em perspectiva prosódica, detalhar a combinação de
ajustes e manobras que envolvem habilidades de percepção e produção dos sons de fala,
resultando em indicadores clínicos.
Desenvolvimento de Ferramentas Computacionais para um sistema de
avaliação da percepção de fala dos sons consonantais do Português
Brasileiro
Luisa Barzaghi-Ficker
Lilian C. Kuhn Pereira
Mario Madureira Fontes
A deficiência auditiva é uma patologia que causa distúrbios nas formas de comunicação
de seu portador. Nesta, comumente são vistas alterações na linguagem oral e escrita,
decorrentes da alteração na percepção do sinal acústico de fala. O aperfeiçoamento de
ações terapêuticas e a prática de avaliações sistemáticas que possibilitem delimitar
como a criança deficiente auditiva percebe e produz sons da fala tornam-se cada vez
mais necessários. Este estudo tem por objetivos contribuir para a construção de
conhecimento sobre percepção de fala por sujeitos com perda auditiva, considerando os
sons do Português Brasileiro (PB). O que se pretende é aprimorar o procedimento
proposto por Barzaghi & Madureira (2005). O procedimento a ser realizado consiste na
re-estruturação do software acima citado, de forma que este possa ser um aplicativo
compatível com tablets, que se caracterize por uma interface intuitiva e flexível, fácil
de usar e com capacidade para aceitar vários formatos de arquivos de som, que permita
aleatorizar os estímulos visuais e disponibilizar a gravação de um relatório descrevendo
os resultados, incorporando os cálculos estatísticos que, na pesquisa anterior, foram
realizados posteriormente. A nova versão do sistema de avaliação será testada em
crianças com diferentes graus de deficiência auditiva.
Aplicação da técnica de ultrassonografia de língua para investigação
da produção de fala de crianças com deficiência auditiva em contexto
terapêutico
Lilian C. Kuhn Pereira
Luisa Barzaghi-Ficker
Sandra Madureira
Inúmeras são as contribuições dos instrumentais e dos fundamentos teóricos da Fonética
Clínica para a clínica fonoaudiológica. A linha de investigação do Grupo de Pesquisa
de Estudos sobre a Fala (LIAAC/CNPq) abarca trabalhos examinam a fala, a partir de
estudos fonético-articulatórios, o que permite uma inferência das posições dos
articuladores e das características fonético-acústicas dos sons consonantais e vocálicos
da fala. No contexto terapêutico, o instrumental de ultrassonografia vem sendo
amplamente utilizado para fornecer biofeedback visual aos pacientes com alterações de
produção de fala, especialmente nos casos de pessoas com alterações intelectuais,
auditivas e/ou proprioceptivas, trazendo resultados mais efetivos em menor tempo de
terapia. Portanto, como componente da pesquisa acima descrita, propõe-se o projeto em
questão que visa a aplicação da técnica de ultrassonografia em contexto terapêutico,
com o objetivo de avaliar e aprimorar as produções de fala de crianças com deficiência
auditiva. Para tanto, serão realizadas sessões de terapia fonoaudiológica com o apoio do
instrumental de ultrassonografia. Pretende-se, com o desenvolvimento deste trabalho,
contribuir para o aprimoramento da clínica fonoaudiológica de reabilitação auditiva.
Caminhos e possibilidades complexas em diálogo com a
abordagem hermenêutico-fenomenológica.
Coordenadores:
Eliana Aparecida Oliveira Burian -PUCSP
Gisele de Oliveira - Faculdade de Educação Física da ACM de Sorocaba
Este simpósio tem por objetivo apresentar pesquisas finalizadas e em andamento sob a
perspectiva da complexidade com discussões voltadas para a formação docente, a
formação tecnológica, desenho de curso nas modalidades presencial e a distância e a
metáfora. Teoricamente os trabalhos estão embasados na concepção de que o paradigma
tradicional não mais responde às demandas da sociedade contemporânea e o paradigma
emergente ou paradigma da complexidade de Morin (2002, 2007, 2008, 2011)
possibilita uma abertura para um novo olhar satisfazendo as indagações desse momento.
Aliada à abordagem metodológica hermenêutico-fenomenológica (FREIRE, 1998,
2007, 2008, 2012 e van MANEN, 1990) esses dois pilares dialogam e norteiam as
pesquisas proporcionando uma descrição e interpretação dos fenômenos vividos pelos
atores do loco de pesquisa, levando a uma reflexão e novas possibilidades de desenhos
de curso (FREIRE, 2012, 2013). É válido ressaltar que as interpretações apresentadas
representam uma das diversas possibilidades, não sendo única e exclusiva para
compreender o fenômeno uma vez que consideram a bagagem experiencial e teórica no
momento da tematização.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
A formação tecnológica no curso de licenciatura a distância: a
complexidade emergente no desenho de curso.
Catia Veneziano Pitombeira
Esta pesquisa visa identificar a formação tecnológica percebida pelo aluno de um curso
de graduação em Letras Português/Espanhol a distância de uma universidade
confessional do estado de São Paulo e os traços de complexidade emergente da
transição do paradigma vivenciado pela pesquisadora ao desenhar a aula do curso em
questão. Amparada e fundamentada pelo pensamento complexo (MORIN, 2002, 2007,
2008, 2011; MORAES, 2002, 2004), aliada a questões de educação e formação de
professores (FREIRE, 2002, 2008), e questões de formação tecnológica de professores
sob a ótica de Lopes (2005) e Moraes (2007), articuladas com as diferentes visões de
desenho instrucional, de acordo com Moraes (2008) Graves (2000) e Freire (2013) e
pela abordagem metodológica Hermenêutico-Fenomenológica (van MANEN, 1990;
FREIRE, 1998, 2007, 2008, 2012) buscou-se descrever e interpretar o fenômeno a
formação tecnológica oportunizada pela Aula Tecnologias para o Ensino de Línguas
contando com os alunos do do 5º. período. Como instrumentos de investigação, partes
integrantes das atividades do curso em questão, foram utilizados registros escritos
manifestados pelas experiências vividas pelos alunos, tal como sugere a metodologia
embasadora desta pesquisa: (a) a participação dos alunos no Fórum Aula-Atividade que
antecede uma teleaula; (b) as respostas do Questionário Prática Docente para
levantamento do perfil e das impressões acerca de sua atuação e das atividades
propostas; e (c) a produção de um relato dissertativo-reflexivo. A interpretação desses
registros textuais possibilitou a reflexão dos alunos participantes da pesquisa no que diz
respeito à formação tecnológica bem como sobre o desenho da Aula, conduzindo a
professora-pesquisadora a momentos reflexivos acerca do desenvolvimento e
elaboração de novos cursos de formação tecnológica a distância, bem como subsídios
para a criação e elaboração de cursos sob a perspectiva da complexidade.
Preparação inicial de um Curso de Formação de professores de Inglês
sob um enfoque complexo.
Eliana Aparecida Oliveira Burian
O presente estudo tem por objetivo descrever e interpretar o fenômeno da preparação
inicial de um curso semipresencial de formação de professores de Inglês dos anos
Iniciais do Ensino Fundamental da Rede Pública do Estado de São Paulo, sob um
enfoque Complexo (MORIN, 2000, 2003, 2011). Os aportes teóricos selecionados para
conduzir o estudo serão a teoria da Complexidade (MORIN, 2003, 2009, 2011), o
Desenho de Curso (FREIRE, 2012a; 2013), a Formação Docente (PAULO FREIRE,
2002, 2005), Freire (2009) a respeito da auto-hetero e coformação de professor. Os
instrumentos selecionados para conduzir o estudo são notas de campo, o diário reflexivo
da pesquisadora, as impressões dos professores alunos durante a realização das
propostas iniciais, questionários e relatos de experiências dos professores para
levantamento do perfil. O material de investigação receberá tratamento hermenêuticofenomenológico, a partir da perspectiva de van Manen (1990) e Freire (1998, 2007,
2008, 2009, 2010, 2012b) para contemplar o objetivo de pesquisa. Pretende-se com a
presente proposta, possibilitar a compreensão do fenômeno da experiência humana
“Preparação inicial de um curso de formação de professor de Inglês dos anos iniciais do
Ensino Fundamental, sob um enfoque complexo”, visando oferecer contribuições
relevantes para os interessados em formação de professores de línguas, formação de
professores de línguas em ambientes digitais e em design de curso.
O desenho de uma tarefa interdisciplinar na disciplina Produção
Textual no curso de Educação Física.
Gisele de Oliveira
Esta comunicação tem por objetivo compartilhar o desenho e a avaliação de uma tarefa
interdisciplinar, elaborada na disciplina Produção Textual em um curso de Educação
Física. Observando o paradigma tradicional, constatamos cursos organizados em
disciplinas isoladas, que não se comunicam e não contribuem umas com as outras. Por
outro lado, o paradigma emergente propõe o rompimento dessa fragmentação, a
religação das partes que compõem um todo. Fundamentando-se na complexidade
(MORIN, 2011a, b, 2013; BEHRENS, 2013, entre outros) e na interdisciplinaridade
(SOMMERMAN, 2006; FAZENDA, 2008, 2012; MORAES, 2007, entre outros), uma
disciplina direcionada à produção de textos pode se constituir como uma possibilidade
para religar outras disciplinas e romper a fragmentação do conhecimento. Ao elaborar
seus textos sobre um assunto específico da área de Educação Física, os alunos precisam
recorrer aos conhecimentos construídos em outras disciplinas, além daqueles
construídos na própria disciplina Produção Textual. Essas ações podem promover a
religação entre as disciplinas do curso, possibilitar a construção/reconstrução de
conhecimentos e representar diferentes partes do curso nos textos redigidos pelos
alunos. Considerando esse contexto, ao propor as tarefas aos alunos, é necessário
também conhecer as outras disciplinas do curso, o que implica o trabalho
interdisciplinar não só na tarefa proposta, mas também entre os docentes do curso, que
podem contribuir com ideias e levar esses textos para discussão em suas disciplinas.
Portanto, ao propor uma tarefa de redação aos alunos, um desenho que considere a
interdisciplinaridade poderia trazer pontos de ligação com o curso todo, rompendo com
o isolamento que uma disciplina direcionada à produção de textos poderia ter em cursos
não relacionados diretamente à formação de professores de língua materna.
A palavra viva: por uma semântica hermenêutico-fenomenológica.
Marcelo Furlin
Nas vias da Retórica, a palavra sempre surgiu como unidade de referência. Nessa
moldura instigante, a metáfora sugere o deslocamento e a extensão do sentido da
palavra, em um movimento que, em essência, busca a inovação semântica (RICOEUR,
2005). A comunicação é inspirada nas atividades do Grupo de Pesquisa sobre a
Abordagem Hermenêutico-Fenomenológica e Complexidade (GPeAHFC), que faz parte
do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP) e que apresenta tal abordagem e o Paradigma da
Complexidade como fundamento para os estudos de linguagem, à luz dos pressupostos
de organização e de interpretação apresentados por Maximina Maria Freire (2007;
2008), a partir da leitura de Max van Manen (1990) e de Edgar Morin (2005). O
repertório teórico-crítico constituído para a comunicação promoverá um novo diálogo,
em fase inicial, entre os conceitos tecidos pelo referido Grupo de Pesquisa e a
concepção da palavra como produção de presença (GUMBRECHT, 2004), nutrida pelos
efeitos de sentido e de presença nas rotinas de organização, interpretação e validação,
traços distintivos da abordagem hermenêutico-fenomenológica-complexa (FREIRE,
2015). Sob tal perspectiva, entende-se que a comunicação contribuirá para revisitar
questões fundantes acerca da interpretação do significado essencial do fenômeno
observado, que parte do texto e chega à palavra, destinando à metáfora o papel de
redescrever a realidade e suas semânticas inscritas no nível da palavra per se.
A Teoria Sócio-Histórico-Cultural e da Atividade e o
Desenvolvimento do Professor
Coordenadores:
Marília Ferreira - USP
Maria Helena Vieira-Abrahão - Universidade Estadual Paulista
A teoria–sócio-histórico-cultural e da atividade vem sendo utilizada para fundamentar
tanto a promoção do desenvolvimento docente, como pesquisas que investigam esse
desenvolvimento, as quais buscam entender como ocorre a (co) construção de
conhecimentos pelo professor nas práticas de formação. Este simpósio reúne trabalhos
de pesquisa, embasados pela teoria sócio-histórico-cultural e da Atividade,
desenvolvidos em dois grupos de estudos e de pesquisa: o GESFoPLE (Grupo de
Estudos Socioculturais na Formação de Professores de Línguas Estrangeiras), na
UNESP, campus de São José do Rio Preto, e LEVYG (TEORIA SÓCIO-HISTÓRICO
CULTURAL E DA ATIVIDADE E O ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA
ESTRANGEIRA), na USP. Do GESFoPLE, apresentamos resultados de duas teses
recentemente defendidas. O primeiro trabalho, com referencial teórico da formação de
professores de uma perspectiva sociocultural, do uso de tecnologias e da Teoria da
Atividade, buscou investigar como ocorreu a formação de professores para o uso de
tecnologias, enquanto que o segundo teve por propósito pesquisar, com enfoque sóciohistórico-cultural na formação de professores de língua estrangeira, o exercício de
agência humana mediada de uma professora e sua construção de saber. As duas outras
apresentações, do grupo de pesquisa LEVYG, discutem o desenvolvimento do professor
em contextos de implementação da abordagem pedagógica de V.V.Davydov, mais
conhecida como ensino desenvolvimental, embasada em pressupostos vygotkianos, da
teoria da atividade (Leontiev, 1981) e de Hegel e Marx. Os desafios e formas de lidar
com eles serão discutidos.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Contradições no uso de tecnologias em contexto de estágio de um curso
de Letras: o professor de inglês em formação inicial no ensino superior
privado
Janara Baptista
Com o advento da era digital, há a necessidade de um olhar crítico em direção aos
cursos de Licenciatura em Letras a fim de assegurar que futuros professores de línguas
estrangeiras estejam sendo preparados para o desafio de refletir criticamente e ajudar
alunos a se comunicar fazendo uso de tecnologias atuais dentro e fora da sala de aula.
Por essa razão, esta apresentação visa abordar os dados de uma pesquisa de Doutorado,
que objetivou justamente verificar como ocorre a formação de professores em relação
ao uso de tecnologias de informação e comunicação durante um estágio de língua
inglesa, de um curso de Licenciatura em Letras de uma faculdade privada, focalizando
como um grupo de futuros professores lida com essas tecnologias e quais contradições
são enfrentadas. Seu referencial teórico baseia-se nos conceitos relacionados a formação
de professores de línguas (GIMENEZ, 2004, 2005; GIL, 2005; JOHNSON, 2009;
SILVA; ARAGÃO, 2013; PAIVA, 2012) e ao uso de tecnologias (BAX, 2003, 2011;
PAIVA, 2008, 2012, 2013; BRAGA, 2013; MAYRINK, GARGIULO, 2013), e nos
fundamentos da Teoria da Atividade (VYGOTSKY, 1978; LEONTIEV, 1981;
ENGESTRÖM, 1987, 1999, 2001, 2008, 2009). Já em relação à metodologia, este
estudo é de natureza qualitativa e cunho etnográfico, e foram utilizados como
instrumentos de pesquisa questionários abertos e fechados, observações dos estágios de
língua inglesa, sessões de reflexão, entrevistas semiestruturadas, relatório final da
disciplina e diários reflexivos da professora-pesquisadora. Os resultados indicam que a
experiência na disciplina a distância possibilitou que os participantes discutissem e
refletissem sobre tecnologias no processo de ensino e aprendizagem de línguas embora
tenham feito um uso tradicional das tecnologias nas aulas do estágio. Ademais,
contradições históricas parecem influenciar o sistema de Atividade investigado no que
concerne à infraestrutura para o desenvolvimento do estágio.
Exercício De Agência Humana Mediada De Uma Professora De Inglês
E O Desenvolvimento De Saber Local Na Escola Pública
Fátima Aparecida Cezarim dos Santos
Esta comunicação apresenta uma tese acerca do exercício de agência humana mediada
de uma professora de inglês e o desenvolvimento de saber, realizada em duas escolas de
educação integral, de Ensino Fundamental, de uma rede pública em comunidades de
baixa renda, situadas em uma cidade do interior paulista. Para tanto, desenvolveu-se um
estudo de caráter qualitativo, interpretativo (DENZIN; LINCOLN, 2007), com enfoque
sócio-histórico-cultural na formação de professores de inglês como língua estrangeira
(FREITAS, 2002; JOHNSON, 2009, JOHNSON; GOLOMBEK, 2011), o que requereu
identificar a construção da prática da docente em sua materialidade e seus elementos
constitutivos (KENNEDY, 1999; VIGOTSKI, 1930/2003; KUMARAVADIVELU,
2006; JOHNSON, 2009). Como também, discutir as proposições acerca de saber local
(CANAGARAJAH, 2005, RAJAGOPALAN, 2005) frente à postura da professora
quanto às necessidades locais de inglês e seus desdobramentos e identificar a atitude
agentiva da professora (GIDDENS, 1989/2009; BANDURA, 2006; WERSTCH,
TULVISTE, HANGSTROM, 1993) na construção de saber local em sua prática. O
método materialista histórico-dialético orientou a pesquisa (TRIVIÑOS, 2008; MARX,
1845/2007; 1867/1983; 1859/1952; MARX E ENGELS, 1845/2007), e a análise de
conteúdo (MYNAIO, 2008; BARDIN, 1979; TRIVIÑOS, 1987/2008) deu tratamento
aos dados. Ao final da interpretação, entendeu-se que a professora privilegiou o uso de
saber global, em vez de um desenvolvimento de saber local nos moldes defendidos pela
literatura especializada. Entretanto, a docência da participante foi permeada por um
exercício de agência humana mediada ocorrido nas inter-relações dos elementos
humanos, materiais e institucionais constitutivos de seu contexto de ação docente,
compreensíveis somente se inscritos nas dinâmicas históricas, sociais, políticas,
econômicas em que sua ação de ensino de língua inglesa teve lugar: a concretude de sua
formação e de atuação profissional marcadas por suas relações contraditórias na
contemporaneidade da educação do Brasil.
Mediação e desenvolvimento na formação de professores: os desafios
da abordagem pedagógica de V.V.Davydov
Marília Ferreira
A pedagogia de V.V. Davydov, também conhecida como ensino desenvolvimental,
baseada na teoria da atividade sócio-histórico-cultural e da atividade, pode ser utilizada
para o ensino de diferentes conteúdos disciplinares como matemática (Damazio, Rosa,
Euzébio, 2012; Davydov, 1990; Moura, 2010), ciências (Lompscher, 1999) e línguas
(Markova, 1979, Aidarova, 1981). Apesar de sua reconhecida potencialidade (Davydov,
1988; Hedegaard, 2002; Hedegaard e Chaiklin,2005; Stetsenko, 2010) há poucos
estudos tanto no exterior quanto no Brasil. No nosso país, a abordagem é mais
conhecida na área de matemática (Damazio, Rosa, Euzébio, 2012; Moura, 2010). Esta
apresentação objetiva discutir os desafios que a proposta pedagógica de V.V.Davydov
impõe ao professor de línguas. O contexto de discussão será a implementação do curso
de redação acadêmica em inglês com foco na publicação. Esse curso visou ensinar a
escrita acadêmica nessa língua e desenvolver uma visão dialética do funcionamento da
língua. Os desafios a serem discutidos referem-se à relação do professor com a
abordagem, com o pensar dialético e com a implementação do curso em si. A mediação
utilizada nesse processo e o próprio desenvolvimento do professor serão enfatizados.
Uma intervenção pedagógica a partir da abordagem pedagógica de
V.V.Davydov: reflexões para a formação de professores
Lilian Martinelli
O objetivo dessa apresentação é demonstrar como foi operacionalizada uma intervenção
pedagógica calcada na Teoria da Atividade Sócio-Histórico e Cultural (LOMPSCHER,
1999 e LEONTIEV, 1983, VYGOTSKY, 1984) nas aulas de inglês de alunos do 5º ano
do Ensino Fundamental em uma escola regular paulista. O intuito é demonstrar que não
ensinamos apenas gêneros textuais como se fossem fórmulas, mas, ao mesmo tempo em
que os alunos aprendem sobre o gênero textual (BUTT et al, 2000; MARTIN ,1989 e
2008) eles também se desenvolvem para a vida. Essa pedagogia com vistas ao
desenvolvimento foi operacionalizada conforme as Ações de Aprendizagem propostas
por Davydov (1988ª, b, c), Conforme as ações de aprendizagem de sua pedagogia, os
alunos responderam a perguntas-problema, formularam representações visuais sobre as
características da persuasão e analisaram textos biográficos, textos de opinião e textos
multimodais (KRESS, 2003), como, por exemplo, propagandas, a fim de estudar a sua
estrutura interna de campo, relação e modo (HALLIDAY, 1994; MARTIN, 1989 e
2008). A pedagogia davydoviana foi utilizada para montar a sequência do ensino e será
apontada na área de formação de professores como uma ferramenta importante para os
professores. Essa apresentação apresentará as etapas básicas dessa pedagogia, ilustrará
um estudo de caso e também apontará para eventuais desafios que caem sobre os
professores que desejam utilizá-la Em suma, o objetivo dessa apresentação será dar
visibilidade aos professores à possibilidade de se ensinar o texto de opinião em inglês
me modo que os alunos tanto melhorem sua argumentação quanto tomem consciência
de serem persuasivos em sua escrita. O intuito, por fim, será exemplificar como a
pedagogia davydoviana é adequada para promover tal ensino, bem como discutir os
desafios que ela impõe ao professor.
Formação de tradutores e intérpretes de Libras e língua
portuguesa: refletindo sobre a prática, construindo caminhos
Coordenadores:
Neiva de Aquino Albres - Universidade Federal de Santa Catarina
Vinícius Nascimento - Universidade Federal de São Carlos/PUCSP
Este simpósio tem por objetivo refletir e discutir sobre a formação de tradutores e
intérpretes de Libras e Língua Portuguesa (TILSP), focando os aspectos curriculares e
seus reflexos didático-pedagógicos na atuação docente em sala de aula e o perfil do
alunado no contexto sócio-histórico atual. Nos cursos de Bacharelado em Tradução e
Interpretação em Libras e Língua Portuguesa e de Bacharelado e Licenciatura em Letras
Libras ou, ainda, nos cursos de pós-graduação lato sensu para formação de TILSP,
aspectos sobre o ensino-aprendizagem, a especificidade da modalidade da língua de
sinais, a proficiência dos alunos, os métodos e estratégias de ensino ainda são pouco
discutidas. Contudo, sabe-se que a discussão sobre o ensino no processo de formação
pode contribuir efetivamente na competência linguística, tradutória e referencial dos
futuros profissionais. Nesse contexto, este simpósio se arvora promover o encontro
entre pesquisadores/professores formadores de TILSP do Brasil; dialogar sobre o
processo de ensino-aprendizagem e fomentar mais pesquisas sobre didática e ensino no
campo da tradução e interpretação da língua de sinais. Desse modo, as pesquisas
apresentadas neste simpósio se delineiam a partir de diferentes vertentes teóricometodológicas aplicadas em diferentes universidades, mas que dialogam quando tomam
por objeto comum o processo formativo de TILSP. Concebemos que o debate do
conjunto dessas pesquisas poderá contribuir para compreender melhor os diferentes
aspectos do trabalho educacional no campo da tradução e interpretação das línguas de
sinais.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Prática pedagógica e questões curriculares na formação de TILSP no
ensino superior
Neiva de Aquino Abres
José Ednilson Gomes Souza-Junior
O presente trabalho tem por objetivo descrever e analisar a distribuição e configuração
das atividades de ‘Prática como Componente Curricular – PCC’, em um curso de
Bacharelado em Letras Libras (para formação de tradutores e intérpretes de Libras /
português). É uma pesquisa de cunho qualitativo e teve como instrumento de coleta de
dados a análise documental (projeto político pedagógico e planos de ensino), visando
analisar como as práticas entendidas como componentes curriculares estão distribuídas
no programa do curso a partir das Resoluções CNE/CP 1/2002 e CNE/CP 2/2002,
determinando que o Projeto Político Pedagógico (PPP) deve garantir 400 horas de
Prática como Componente Curricular (PCC), vivenciadas ao longo do curso. Indagamos
quais atividades são propostas pelos professores para este fim. Os alunos vivenciam o
currículo e os professores reconfiguram o currículo com suas práticas. Assim, os
professores interpretam o currículo, algo abstrato e idealizado, e o colocam em ação em
sala de aula. O currículo é a seleção da cultura para formação em uma determinada área.
Os resultados apontam que os professores propõem diferentes atividades articulando as
dimensões teórico e prática da profissão o que favorece ao aluno a reflexão concernente
à realidade da carreira. A PCC é desenvolvida por meio de atividades anexas às
atividades de sala de aula, geralmente como um trabalho final da disciplina que requer
empenho e horas extraclasse para serem desenvolvidas. As atividades incluem a prática
de traduzir, interpretar textos e análise da interpretação. Há atividades que não são de
tradução propriamente dita, por exemplo: leitura e escrita – síntese de teorias, pesquisas,
consulta a dicionários, preparação de fichas terminológicas e criação de glossários.
Esses diferentes tipos de atividades contribuem para a formação teórico-prática do
futuro profissional. Apesar do PCC ter sido idealizado inicialmente para cursos de
licenciatura, apreciamos sua aplicação neste curso de bacharelado.
Da formação comunitária à formação universitária: novo perfil dos
tradutores e intérpretes de língua de sinais
Vanessa Regina de Oliveira Martins
Vinícius Nascimento
Até meados nos anos 2000, a formação de tradutores e intérpretes da língua de sinais no
contexto brasileiro se deu de maneira comunitária, pelas relações de convivência e
confiança das comunidades surdas, com voluntários interessados em aprender sua
língua, bem como pelo seu ensino em associações de surdos e instituições religiosas. No
entanto, desde o estabelecimento de políticas públicas para a promoção dos direitos
linguísticos e educacionais das comunidades surdas, a formação deste profissional tem
sido realizada em universidades em nível de graduação. Nesse sentido, objetiva-se,
neste trabalho, realizar uma discussão sobre o novo perfil de tradutores e intérpretes de
língua de sinais que está se constituindo no Brasil a partir das políticas de incentivo à
formação deste profissional neste novo contexto. Analisa-se, qualitativamente, um
questionário semiaberto respondido por alunos de um curso de Bacharelado em
Tradução e Interpretação em Libras e Língua Portuguesa de uma universidade federal
localizada no Estado de São Paulo. Os resultados apontam para uma busca pela área não
mais marcada pelo afeto com a surdez, pelo contato prévio com surdos ou para a
diplomação de uma atividade já praticada, mas pela opção de pontuação atribuída na
lista de escolha profissional do Sistema de Seleção Unificado (SISU) que seleciona
estudantes que realizaram o Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM). Isso remonta a
hipótese de um novo perfil profissional distinto do das décadas de 1980, 90 e 2000.
Com a visibilidade e disseminação da língua de sinais os ingressos têm enxergado nesta
língua mais uma opção de formação para o mercado profissional. Problematiza-se,
então, a necessidade de se promover uma formação que congrega, desde o primeiro ano,
sujeitos não-falantes da Libras, bem como seus desafios didáticos e pedagógicos na
formação e, com isso, na promoção da acessibilidade comunicacional das comunidades
surdas brasileiras.
Semelhança interpretativa e estratégias de interpretação simultânea na
formação de intérpretes intermodais português-Libras
Carlos Henrique Rodrigues
A atuação de tradutores e de intérpretes de Português-Libras é uma crescente demanda
na atualidade. Frente a isso, algumas universidades brasileiras têm oferecido cursos de
graduação visando à formação acadêmica desses profissionais. Entretanto, não há uma
discussão integrada dessas instituições em relação às matrizes curriculares orientadoras
dessa formação, principalmente no que tange às disciplinas práticas. Nesse sentido,
propostas e reflexões que problematizem a formação acadêmica de tradutores e de
intérpretes intermodais são centrais ao possível aperfeiçoamento dessa formação.
Portanto, assumindo a perspectiva da Teoria da Relevância (SPERBER; WILSON,
1986/1995) aplicada à tradução, mais especificamente o conceito de semelhança
interpretativa (GUTT, 1991/2000), e estratégias de monitoramento da interpretação
simultânea (RODRIGUES, 2013), propomos uma reflexão sobre a prática na formação
dos intérpretes de Português-Libras. Assim, apresentamos, tendo como foco as
disciplinas práticas, uma proposta de abordagem da interpretação com base no uso
interpretativo da linguagem e, por sua vez, na compreensão do processo de interpretação
a partir da noção de semelhança interpretativa entre duas unidades de tradução
decorrentes de sistemas linguísticos distintos. Em síntese, assumir esse tipo de
abordagem na formação de intérpretes implica em: (i) deslocar o olhar do produto da
interpretação para o processo; (ii) reconhecer a centralidade do intérprete em suas
escolhas e tomadas de decisão; e (iii) buscar uma melhor compreensão e
contextualização do uso de estratégias na interpretação. Acreditamos que tal abordagem
contribuirá significativamente com uma ressignificação da compreensão do processo de
interpretação para além da mera ação impositiva de se elencar o que se deve ou não
fazer na interpretação intermodal ou de se apontar erros e acertos no texto alvo, quando
comparado ao texto fonte, como forma de ensino. Em suma, vemos que essa alteração
de enfoque favorece a conscientização e a metarreflexão por parte dos intérpretes em
formação.
A formação e os percursos que levaram os tradutores intérpretes de
língua de sinais (tils) a atuarem no processo de escolarização de alunos
surdos
Adriane Melo de Castro Menezes
Dentro das discussões sobre formação de Tradutores-Intérpretes de Língua de Sinais,
venho com a proposta de refletir sobre os aspectos relacionados a formação e os
percursos que levaram os Tradutores Intérpretes de Língua de Sinais (TILS) a atuarem
no processo de escolarização de alunos surdos – aspectos estes observados em pesquisa
de doutorado, intitulada "Diálogos com Tradutores-Intérpretes de Língua De Sinais que
atuam no Ensino Fundamental". Em diálogo com os TILS, empreendemos discussões
sobre suas trajetórias profissionais e formação, tentando perceber como estes sujeitos se
sentem em seus lugares, e como são afetados por isso no seu cotidiano. Fundamentamos
teoricamente nosso estudo, a partir da teoria enunciativo-discursiva da linguagem de
Mikhail Bakhtin e, desse referencial, definimos os procedimentos metodológicos, que
tiveram como base principal as entrevistas e, complementarmente, o preenchimento de
um perfil com dados sobre formação, vinculação e experiência, e anotações de
elementos contextuais, relevantes para a compreensão dos sujeitos e seus discursos. A
ideia neste recorte, é discutir as condições funcionais e suas repercussões no pensar
sobre a profissão e no cotidiano profissional dos sujeitos participantes da pesquisa.
Vimos que a maioria dos TILS não planejou, se projetou profissionalmente, para ser
TILS, ou melhor, esta carreira aconteceu por demanda social. Que a formação inicial,
sendo em cursos de licenciaturas, e a escassez de oferta de formação específica, termina,
dentre outros fatores, por influenciá-los a, na prática, se apropriarem da
responsabilidade do ensino para os alunos surdos. E, ainda, que a falta de oferta
suficiente – frente às demandas deste novo nicho de trabalho – de cursos de formação
específica para TILS é, também, um fator preponderante para este cenário, que
inclusive, a depender de cada situação específica, pode comprometer, sobremaneira, a
forma como estes TILS definem seus papeis no âmbito escolar.
Fonética Forense
Coordenadores:
Renata Vieira – PUCSP
Plínio Barbosa – Universidade Estadual de Campinas
Este simpósio tem por objetivo agregar pesquisadores cujos trabalhos relacionam a
Fonética e a esfera forense. A Fonética Forense é uma subárea da Linguística Forense
relacionada à perícia de Identificação de Falantes. A identificação de falantes é a
comparação de duas amostras de fala com o objetivo de se determinar se pertencem ou
não a um mesmo indivíduo. Serão temas de reflexão e debate entre os pesquisadores o
panorama atual da Fonética Forense no Brasil. Pesquisas recentes sobre medidas
acústicas e características prosódicas no contexto forense, além de estudos sobre os
efeitos do telefone celular no sinal de fala serão debatidos.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Uso de técnicas acústicas para verificação de locutor em simulação
experimental
Aline de Paula Machado
Este trabalho tem como objetivo investigar a eficácia de um conjunto de medidas
acústicas no que concerne ao reconhecimento da fala de um indivíduo em um grupo de
dez falantes do português brasileiro. Um sujeito desse grupo foi sorteado e nomeado o
“criminoso”. Entre as medidas usadas na pesquisa estão as frequências dos dois
primeiros formantes, a frequência fundamental média, a duração de unidades do
tamanho da sílaba e da vogal, a dinamicidade dos formantes e o desvio padrão de
durações de intervalos consonânticos (ΔC). Analisamos todas as vogais do português
brasileiro. Todos os entrevistados eram falantes do português brasileiro das regiões do
estado de São Paulo, Rio Grande do Sul, Pará e Bahia. Os trechos escolhidos para essa
análise foram divididos em dois grupos, (i) entrevistas ao ar livre e (ii) gravações
telefônicas (de celular para celular). Em nossos resultados, os parâmetros que menos
sofreram variação devido à mudança de canal de transmissão foram os parâmetros de
ritmo e tempo, tais como duração, taxa de elocução, ΔC, e taxa de movimento do
segundo formante, a qual mede a dinamicidade do formante. Já as medidas temporais da
pesquisa, por serem as mais variáveis intersujeito, tiveram grande poder discriminador.
Os testes estatísticos apontaram que três dos indivíduos estudados, apresentavam
semelhanças com o “criminoso”.
O efeito do telefone celular no sinal de fala: uma análise fonéticoacústica com implicações para a verificação de locutor em português
brasileiro
Renata Regina Passetti
Investigamos os efeitos causados ao sinal da fala pela transmissão telefônica de linhas
móveis com o intuito de analisar os parâmetros acústicos afetados por essa transmissão.
O corpus consistiu em gravações simultâneas nas condições face a face e via celular,
nas quais analisou-se as seguintes classes de parâmetros: frequência dos três primeiros
formantes, frequência fundamental, frequência de base da fundamental (baseline) e
duração interpicos de F0. As alterações em F1 e F3 foram de, aproximadamente, 14%
na condição telefônica. A análise de dispersão do segundo formante mostrou que a
transmissão telefônica aumentou artificialmente as frequências de vogais com baixos
valores de F2 e diminuiu as frequências de vogais com altos valores de F2. Os
parâmetros baseline e duração interpicos de F0 não atestaram diferenças significativas
entre as duas condições de gravação. O aumento nas frequências de F1 resultou no
abaixamento global do espaço vocálico na gravação telefônica. A diminuição dos
valores de F2 para as vogais anteriores e o aumento nos valores deste formante para
vogais posteriores comprimiu o espaço vocálico da maioria dos sujeitos. Estes
resultados podem ter implicações perceptuais, uma vez que tais modificações podem
resultar em ouvir, no celular, essas vogais modificadas com qualidades vocálicas
distintas.
Caracterização prosódica de sujeitos de diferentes variedades do
português brasileiro em diferentes relações sinal-ruído
Ana Carolina Constantini
O objetivo deste trabalho foi estudar parâmetros prosódicos de amostras de fala que
pudessem caracterizar e, posteriormente, diferenciar sujeitos de diferentes variedades
faladas no português brasileiro (PB). Em um segundo momento, ruído aditivo foi
incluído nas mesmas amostras de fala para entender melhor como os parâmetros
prosódicos se comportam quando há inclusão de ruído. Entende-se que os dois objetivos
do trabalho podem contribuir para as pesquisas da Fonética Forense visto que amostras
de fala com ruído são corriqueiras neste campo de pesquisa e, além disso, conhecer as
características prosódicas de diferentes variedades pode auxiliar na delimitação de
suspeitos de um crime, por exemplo. De amostras de fala de 35 sujeitos foram extraídos
oito parâmetros acústicos. Cinco parâmetros conseguiram identificar ao menos uma
variedade do PB, revelando características próprias de algumas variedades: mediana de
F0, ênfase espectral, desvio-padrão e assimetria de z-score suavizado e taxa de unidades
VV não-proeminentes/s. A análise dos mesmos parâmetros nas amostras com ruído
evidenciou que mediana de F0 e ênfase espectral sofreram maior perturbação de seus
valores originais. Conclui-se que a análise da estrutura rítmica é mais robusta em
situações de ruído.
Produtividade das noções de prática (inter) discursiva e
comunidade discursiva para a compreensão de discursos
advindos de diferentes esferas de atividades
Coordenadores:
Fátima Pessoa - Universidade Federal do Pará
Marília Giselda Rodrigues - Universidade de Franca
Este simpósio tem por objetivo discutir a produtividade de noções propostas pelo
linguista Dominique Maingueneau no âmbito da Análise do Discurso de linha francesa
para a compreensão de discursos relacionados a atividades de trabalho que, por sua
natureza, colocam em relação campos distintos, tais como o campo do Direito e o da
Psicologia; a arquitetura e a religião; o campo literário e o midiático; o campo religioso
e o midiático. Espera-se que os trabalhos que serão apresentados e discutidos possam
fazer avançar impasses de natureza teórica e metodológica para pesquisas que
aproximam o campo dos estudos da linguagem a outros campos variados.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Elaborações de uma prática discursiva intersemiótica: as cenas do
dissenso LGBT e a iconografia cristã
Diogo Michel Nascimento Bezerra
As elaborações intersemióticas das imagens de protesto da 19ª parada LGBT de São
Paulo despertaram a atenção de diversos setores da sociedade brasileira, entre eles,
organizações evangélicas e CNBB. Tais imagens reverberaram discursivamente e
acirraram posicionamentos na disputa por sentidos legítimos. Para os cristãos, no
cenário LGBT, elas subvertem a ordem dos sentidos que lhe são atribuídos
tradicionalmente. A presença do “outro” no discurso LGBT, efetivada pelo acionamento
do ideário imagético cristão, constitui-se como evidência que caracteriza o dissenso por
meio de uma partilha política do sensível. A imagem da crucificação, em particular
nesta parada, instaura uma cena dissensual de polêmica explícita ainda não
problematizada do ponto de vista das análises das práticas discursivas intersemióticas.
Este trabalho tem como propósito analisar a constituição político-polêmica da imagem
da crucificação, caracterizando-a como uma prática discursiva intersemiótica que
esboça novas configurações do visível, do dizível e do pensável. Para a consecução
deste propósito, utiliza-se como corpus de referência duas matérias divulgadas em sites
de notícias especializados, um de vertente cristã (GospelPrime) e outro aparentemente
sem filiação de cunho religioso (G1). Considerando os elementos que conferem
dimensão política à imagem (MARQUES, 2014), assim como o funcionamento das
práticas intersemióticas (MAINGUENEAU, 2008a) observa-se a vinculação da imagem
“transexual crucificada” ao posicionamento destes sites por meio dos registros verbais
da heterogeneidade mostrada que marcam a controvérsia e indicam tal imagem como
cena de enunciação dissensual. A subversão da iconografia cristã pela apresentação da
imagem em questão aponta para uma ruptura da concordância geral, formatando novas
formas de sentido comum.
A constituição do discurso jurídico a partir das relações
interdiscursivas
Suelem Cristina Silva Bezerra
Fátima Pessoa
O texto que ora se apresenta consiste em um ponto do percurso de uma pesquisa
desenvolvida no mestrado em Letras do Programa de Pós-Graduação da Universidade
Federal do Pará. Analisa-se sentenças penais, consideradas práticas discursivas
fundamentais no trabalho desenvolvido pelo juiz em todo o curso de um processo penal,
uma vez que se constitui como o instrumento essencial à validade ou invalidade não só
da sentença prolatada pelo juiz, mas também do próprio processo. A sentença penal
condenatória se configura como um espaço de constituição da interdiscursividade, pois
relações entre campos diversos são estabelecidas à medida em que o juiz valora a pena
do acusado. Das relações postas com outros campos, a saber, psicologia e sociologia,
reside um espaço de concorrência entre discursos a partir dos quais investiga-se, no
exercício enunciativo realizado pelo juiz, a pretensão de se construir como um discurso
constituinte, isto é, autorizado a dizer-se por si só. Nesse sentido, o estudo da sentença
penal possibilita a edificação de um modelo explicativo das relações entre a linguagem
e o trabalho no campo da justiça criminal e que será construído tomando como base os
conceitos de Interdiscurso e Discurso Constituinte na perspectiva da Análise do
Discurso, desenvolvida por Dominique Maigueneau (2008). Sob esta perspectiva, ainda,
adota-se as reflexões propostas por Nouroudine (2002) e Souza-e-Silva (2002) para
pensar no funcionamento da linguagem, em sua dimensão linguagem como trabalho,
cuja complexidade deve ser observada.
Fanfictions, intertextualidade e uma comunidade discursiva de
comentadores
Pollyanna Zati Ferreira
No contexto do ciberespaço, encontramos um grande número de jovens, leitores
principalmente de obras literárias populares, produzindo histórias de ficção baseadas em
suas obras preferidas. Trata-se das fanfictions. Por verificarmos que há em torno dessas
fanfictions a organização de uma comunidade discursiva – constituída por meio da
prática discursiva compartilhada por ficwriters, leitores, betareaders e webmistress –
nosso objetivo é descrever o funcionamento dessa comunidade discursiva. Nossa
hipótese é que a intertextualidade é um fenômeno discursivo organizador da prática
discursiva da comunidade constituída em torno das fanfictions, uma vez que a fanfiction
é sempre um intertexto, uma espécie de comentário, no sentido foucaultiano do termo.
Esse modo de funcionamento nos leva a supor, também, que é possível definir a
comunidade discursiva que se constitui em torno das fanfictions como uma comunidade
de comentadores. Para isso, assumiremos, como ponto de partida, as postulações de
Dominique Maingueneau em torno da noção de comunidade discursiva, apresentada nos
livros Gênese dos Discursos (2008) e Cenas da Enunciação (2009). Nosso corpus se
constitui basicamente de sites e blogs que foram criados unicamente para a produção de
fanfictions, tais como Niah Fanfiction, Floreios e Borrões, Fanfiction e Sugar Quill.
(Apoio: CAPES).
Polêmica entre discursos de diferentes campos acerca das catedrais de
Oscar Niemeyer
Aline Monteiro Campos Garcia
Marília Giselda Rodrigues
Oscar Niemeyer, arquiteto, declaradamente comunista e ateu, projetou várias igrejas,
espaços destinados à vivência da fé, sendo as mais conhecidas a Igreja da Pampulha e a
Catedral de Brasília. Recentemente, tiveram início as obras de construção da Catedral
Cristo Rei, em Belo Horizonte, cujo projeto é também de Niemeyer. Em torno desses
espaços, representativos da arquitetura modernista, instaurou-se uma polêmica
(inter)discursiva: de um lado, aqueles que defendem as obras inspiradas do gênio
criador Niemeyer; de outro, aqueles que afirmam ser impossível entendê-las e viver,
naqueles espaços, as experiências de oração, de inspiração de fé e de contato com o
divino. A partir dos pressupostos teórico-analíticos da Análise do Discurso de linha
francesa, que embasam a pesquisa, compreendemos a polêmica como
interincompreensão regrada, onde cada discurso se baseia sobre um conjunto de semas
repartidos em "positivos" ou reivindicados, e "negativos" ou rejeitados, tal como propõe
Maingueneau em seu livro Gênese dos Discursos (2008). O objetivo da pesquisa é
investigar as relações interdiscursivas (e intersemióticas) no espaço discursivo
compreendido entre o discurso religioso católico e o discurso modernista. A
metodologia da pesquisa inclui a seleção de um corpus que inclui sequências verbais
constituintes dessa polêmica, isto é, comentários de arquitetos, de representantes do
clero e de leigos católicos, bem como entrevistas em que Niemeyer fala sobre suas
obras e sobre sua vida. Espera-se que esta pesquisa, além da compreensão do próprio
objeto tomado para estudo, possa se constituir em uma contribuição para o campo da
AD, na medida em que estudaremos e aplicaremos pressupostos teóricos que foram
ainda pouco testados em objetos discursivos de domínios outros que não o linguístico,
sobretudo o domínio da arquitetura.
Estudo do gênero e a linguística sistêmico-funcional: diálogos
e perspectivas
Coordenadores:
Fabíola Sartin - Universidade Federal de Goiás - Regional Catalão – UFG/RC
Maria do Rosário Albuquerque-Barbosa - Universidade de Pernambuco
A proposta deste simpósio é reunir trabalhos ancorados nos pressupostos teóricos da
Linguística Sistêmico-Funcional (Halliday, 1984/1994; Halliday & Matthiessen, 2004,
2014) e propostas educacionais para o ensino com base em gêneros discursivos (Martin
e Rose (2008), Rose e Martin (2012) e Bakhtin (2003)) e demais teorias de gênero que
dialogam com a LSF. Almeja, também, agregar estudos que abarquem questões
relacionadas à formação do professor de línguas materna e estrangeira, no contexto
presencial e digital. Os trabalhos podem focalizar qualquer das três metafunções –
interpessoal, ideacional ou textual – descrevendo características léxicogramaticais dos
gêneros em questão, levando-se em consideração seus contextos de situação e de
cultura. A Linguística Sistêmico-Funcional (LSF) é uma teoria linguística cuja
abordagem para a análise de textos é sempre orientada para o seu caráter social
(HALLIDAY, 1985, 1994, 2004). O principal foco dessa teoria é estudar como a
linguagem atua no contexto social e como a influencia. Ela está, portanto, preocupada
em mostrar como a organização da linguagem é relacionada ao seu uso.
COMUNICAÇÕES INTERNAS
Formação de professores de línguas: estudos desenvolvidos pelo
projeto sal (systemics across languages)
Fabíola Sartin
Esta comunicação tem como objetivo apresentar os estudos desenvolvidos pelos
membros do projeto SAL (Systemics Across Languages) cuja finalidade é a discussão
dos resultados das pesquisas desenvolvidas no país sobre a descrição de sistemas
gramaticais das metafunções da linguagem nos diferentes registros de língua e a
realização de oficinas sobre a estrutura dos gêneros e a ontogênese da escrita. Muitos
dos estudos desenvolvidos pelos participantes do projeto abarcam a formação do
professor com o foco na análise linguística dos textos produzidos dentro e fora da sala
de aula. O SAL tem como base teórica os estudos da Linguística Sistêmico-Funcional a
partir de Halliday (1994; 2004) e seus seguidores. Outro aspecto relevante no projeto
são os estudos que remetem a uma reflexão sobre a formação de professores de línguas
que valem-se da tecnologia como recurso pedagógico na preparação das suas aulas. Há
também a possibilidade de intercâmbio de pesquisas brasileiras e internacionais em
reuniões, pelo menos duas vezes ao ano, com vistas a discussão de novas pesquisas,
publicações e engajamento de novos pesquisadores regionais. Será destacada uma
pesquisa sobre blogs de professores de línguas, cujo objetivo é analisar os elementos
avaliativos (Martin e White, 2005) presentes nos comentários dos participantes e
blogueiros a fim de compreender como são tratadas questões de ensino nesse ambiente
digital e quais as características desse gênero.
Gênero, texto e ensino: um estudo sob a perspectiva da linguística
sistêmico-funcional
Maria do Rosário Albuquerque-Barbosa
O objetivo deste trabalho é refletir sobre a relação da Linguística Sistêmico-Funcional
com leitura de textos de diferentes gêneros na escola e com as escolhas léxicogramaticais de avaliatividade. Os pressupostos teóricos e metodológicos são sustentados
pela Linguística de Corpus (BEBER SARDINHA (2004, 2005), pela Linguística
Sistêmico-Funcional (HALLIDAY (1994), HALLIDAY; MATTHIESSEN (2004),
CHRISTIE (2002, 2005), MARTIN & ROSE (2008), destacando os estudos sobre
avaliatividade e discurso de MARTIN & WHITE (2005). A Linguística SistêmicoFuncional, proposta por HALLIDAY (1985, 1994), preocupa-se com o estudo da
linguagem, considerando-a uma prática social para criar significados. HALLIDAY
(1985, 1994) compreendem a língua como um sistema semiótico social e um dos
sistemas de significado que compõem a cultura humana. Dessa forma, a língua é
descrita muito mais como um recurso para a significação do que como um sistema de
regras, e a gramática é um construto operacional que organiza as funções da linguagem
realizadas pelo falante, em que os diferentes significados possuem diversas formas de
expressão. A avaliatividade, por sua vez, tem suas ramificações da Linguística
Sistêmico Funcional notadamente na metafunção interpessoal, cuja preocupação está
focada no lado interpessoal da linguagem, à presença subjetiva dos escritores/falantes
nos textos, na medida em que adotam posições com relação ao material que eles
apresentam e àqueles com quem eles se comunicam. Como procedimento
metodológico, adotar-se-á uma descrição de texto e contexto, levando em consideração
as noções de registro e gênero, seguida da sistematização das escolhas léxicogramaticais responsáveis pela construção do significado experiencial do escritor. Tratase, portanto, de uma pesquisa de caráter quantitativo e qualitativo, pois se busca
caracterizar diferentes modalidades de coleta de informações por meio do programa
computacional WordSmith Tools (SCOTT, 2010) assinalando as implicações
pedagógicas no Ensino Fundamental. Enfim, serão brevemente apresentadas pesquisas
desenvolvidas no CELLUPE – Centro de Estudos Linguísticos e Literários da
Universidade de Pernambuco.
Gêneros da ordem do “falar de si”: multissemioses e linguagens
Anair Valência Martins
No escopo da Linguística Aplicada, traçar um quadro teórico-metodológico para a
investigação de enunciados/textos que se constituem de multissemioses (ROJO, 2013) e
as mais diversas linguagens (SANTAELLA, 2013) fluídas e ubíquas, especialmente
considerando a necessidade do sujeito em descolecionar velhas práticas e elaborar novas
coleções (CANCLINI, 1997) em contextos de hipermodernidade (LIPOVETSKY,
2004), parece ter se transformado em uma necessidade contínua dos linguistas
aplicados. Nesse sentido, o propósito deste trabalho é apresentar uma reflexão acerca de
gêneros da ordem do “falar de si”, investigando as semioses e linguagens utilizadas nas
suas escritas. Nos gêneros dessa ordem, é comum os sujeitos, ao falarem sobre si e
sobre sua história de vida, (re)significarem a sua própria existência (LEJEUNE, 2008) e
(re)elaborarem as suas identidades. Pretende-se, então, apresentar análises comparativas
de narrativas autobiográficas, escritas em dois momentos distintos, um em que o sujeito
escreve a sua própria autobiografia e outro em que ele escreve uma autobiografia para o
seu avatar (criado em uma situação formal de sala de aula), focando nas modalidades de
linguagens e nos recursos multissemióticos empregados nas produções escritas
realizadas. Em se tratando de escritas autobiográficas para avatares, é possível observar
que o sujeito, nessa empreitada, desloca a sua relação consigo mesmo e, nesse
movimento, o ciberespaço passa a fazer parte das rotinas do seu cotidiano (TURKLE,
1995, p. 09). Essas mudanças e relações com o ciberespaço podem ser potencializadas
quando o sujeito tem a oportunidade de assumir a vida de personagens que ele mesmo
cria, partilhando conhecimentos e eliminando barreiras por meio de semioses e
linguagens diversas. Pretende-se, então, com as reflexões apresentadas neste Simpósio,
contribuir com os estudos e pesquisas no escopo da Linguística Aplicada sobre o ensino
de língua e gêneros da ordem do “falar de si”.
COMUNICAÇÕES
Área: Linguagem e Educação
Um estudo sobre o processo de ensino-aprendizagem dos
alunos da disciplina Libras da Universidade Federal de Alagoas
FÁBIO RODRIGUES DOS SANTOS
[email protected]
[email protected]
JOYCE RODRIGUES MAGALHÃES
Esta comunicação apresenta uma parte de meu projeto de pesquisa em nível de
mestrado, intitulado -Um estudo sobre o processo de ensino-aprendizagem dos alunos
da disciplina Libras da Universidade Federal de Alagoas- no Programa da PósGraduação em Letras e Linguística na linha de pesquisa em Linguística Aplicada na
Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e objetiva proporcionar uma reflexão sobre a
perspectiva de ensino e aprendizagem de língua brasileira de sinais - Libras - trazida
pela ementa da disciplina Libras (por vezes denominada Fundamento de Libras)
presente nos Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPC) de Licenciatura na área de Letras
da UFAL. A proposta desse trabalho se baseia no recente cenário de complexidade
social que se dá pela difusão da Libras, uma vez que essa língua se faz presente na
matriz curricular dos cursos de licenciatura, preferencialmente, bem como de forma
eletiva para os demais cursos, segundo o decreto nº 5.626/05. A metodologia de coleta
de dados consiste na análise comparativa dos sentidos de ensino de Libras circulantes
nesses PPCs, em relação à proposta da ementa, e na aproximação feita desses sentidos
com outros presentes em documentos oficiais utilizados como referenciais e guias na
formação de professores na área. Dessa forma, o trabalho intenta contribuir com a
perspectiva de ensino e aprendizagem de Libras tendo em vista que as reflexões
apresentadas podem favorecer a compreensão do processo de produção de sentidos no
que se refere a alunos ouvintes.
Comunicações orais em português em congressos de Linguística
Aplicada e suas variáveis de registro: estudo sob a perspectiva da
Linguística Sistêmico-Funcional
JOÃO PAULO SOARES
[email protected]
[email protected]
Como parte do contexto mais amplo do projeto de pesquisa 'Design e Desenvolvimento
de Material Instrucional para Contexto Presencial e Digital' (PUC-SP/LAEL), este
trabalho é um recorte da minha tese de doutoramento e tem como objetivo descrever a
estrutura genérica de comunicações orais em língua portuguesa em congressos da área
de Linguística Aplicada e suas variáveis de registro. Para tanto, utiliza-se da Linguística
Sistêmico-Funcional (HALLIDAY, 1985, 1994) como arcabouço teórico e seus
seguidores (EGGINS; SLADE, 1997; MARTIN; ROSE, 2008), que tem como foco a
língua em uso, que permite analisar as escolhas léxico-gramaticais feitas pelos usuários
em textos escritos e falados com base nos contextos de situação e cultura em que se
realizam. No que diz respeito às variáveis de registro, Martin & Rose (2003, p. 243)
ressaltam que -podemos pensar em campo, relações e modo como recursos
generalizadores dos gêneros a partir de uma perspectiva diferenciada de significados
ideacionais, interpessoais e textuais-. Eggins (1994, p. 65) compara a variável de
registro relações aos modos de linguagem formal e informal, ressaltando que uma
situação informal envolveria, de modo geral, interagentes com o mesmo status de poder,
que se veem com frequência e que estão envolvidos afetivamente, ao passo que em uma
situação formal o poder entre os interagentes é desigual, o contato não é frequente e o
envolvimento afetivo é baixo. Espera-se que este trabalho contribua para elaboração de
material didático para o ensino-aprendizagem de gênero oral em ensino superior.
A construção do saber e do espaço escolar: a perspectiva multicultural
e discursiva d/na construção de sentidos
ANA CLAUDIA CUNHA SALUM
[email protected]
SELMA SUELI SANTOS GUIMARÃES
[email protected]
Nessa apresentação, compartilhamos nosso projeto de pesquisa, em fase inicial, em que
tratamos da relação do aluno com o saber e o espaço escolar, partindo de uma
perspectiva não linear e complexa das relações que circunscrevem o fenômeno do
aprender. Entendemos que a forma como o sujeito se relaciona com o saber e o espaço
escolar é mediada por um processo cultural de construção de sentidos, produzido por
meio de sistemas de representação. Na teoria sócio-histórico-cultural, a representação
não é um meio transparente de expressão de um suposto referente, mas uma forma de
atribuição de sentidos, um sistema arbitrário que nos posiciona como sujeitos, tornando
possível aquilo que somos e aquilo no qual podemos nos tornar (WOODWARD, 2003).
Dez estudantes de uma escola pública federal, entre 13 e 16 anos de idade,
documentarão o espaço escolar por meio de fotografias, objetivando refletir sobre as
suas relações no espaço escolar. Ao discursivizar sobre seus registros fotográficos, os
estudantes poderão tecer e organizar suas representações, proporcionadas pela
experiência estética gerada pelas fotografias (TELLES, 2007; ALLEN, 2015). A análise
dos dados enfatizará a apreensão dos fenômenos complexos em suas múltiplas
dimensões, de maneira integrada, com uma visão dialética e discursiva, por meio de
uma perspectiva cultural e historicamente definida (ROSSETI-FERREIRA; AMORIM
& SILVA, 2004). A noção de discurso empreendida é a de que não há uma relação
direta entre a língua e o objeto por ela designado, mas uma relação atravessada por
outros dizeres (FOUCAULT, 1969). Estudar e compreender os processos de objetivação
e de subjetivação (FOUCAULT, 1984) desses estudantes, nos permite entender a forma
como significam sua experiência pessoal e acadêmica a partir de formas culturais de
organização do contexto social e, portanto, estudar essa relação é saber do próprio
sujeito que se constrói por apropriação do mundo.
.
FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE INGLÊS COMO LÍNGUA
ESTRANGEIRA: Crenças e expectativas de agentes envolvidos no
processo em Marabá-PA
LUCIANA KINOSHITA BARROS
[email protected]
[email protected]
A pesquisa consiste na investigação em andamento que atualmente desenvolvemos
como nossa tese de doutorado pelo Programa de Pós-graduação em Educação da
Universidade de São Paulo, onde estudamos as crenças e as expectativas de diferentes
agentes envolvidos na formação de professores de inglês como língua estrangeira para
rede pública do município de Marabá, no sudoeste do Pará, sobre como se dá esse
processo em diversos níveis da educação formal escolar. A relevância de estudar esse
tema está atrelada ao comprovado fracasso da aprendizagem do inglês como língua
estrangeira na Educação Básica pública brasileira (BRASIL, 2012b, 2013c, 2013d,
2013e, 2013f; LIMA, 2011; LEFFA, 2011; RUIZ; 2009; MASCARENHAS, 2007;
PAIVA, 2003), muitas vezes atribuída à falta de competência linguística dos professores
de inglês (SILVA, 2013; PAVAN, 2012; LIMA, 2011, BARCELOS, 1995; ALMEIDA
FILHO, 1992). Nosso objetivo é compreender crenças e expectativas de diferentes
agentes escolares sobre a formação de professores para tal tarefa e, a partir das
representações construídas, pensar em possíveis propostas e caminhos para a formação
docente inicial e eficiência na aprendizagem. Para alcançar o objetivo traçado estamos
desenvolvendo uma investigação de cunho qualitativo que envolverá aplicação de
questionários e análise documental, além de pesquisa bibliográfica com base em
referencial teórico relativo a estudos sobre essas questões na área de Linguística
Aplicada que tiverem como foco investigações a respeito de crenças e expectativas em
relação ao ensino/aprendizagem de línguas e formação docente (ALMEIDA FILHO,
1993 e 2009; BARCELOS, 1995 e 2001; BORTONI-RICARDO, 2005; EAGLY e
CHAIKEN, 1993; HYMES, 1979; LEFFA, 2001; LIMA, 2011; PAJARES, 1992;
PAVAN, 2012; SILVA, 2011 e 2013; VIEIRA-ABRAHÃO, 2006).
Influência da L1/L2 na produção lexical de L3: efeito de priming do
português brasileiro e alemão na produção de inglês como L3
PÂMELA FREITAS PEREIRA TOASSIES
[email protected]
MAILCE BORGES MOTA
ELISÂNGELA NOGUEIRA TEIXEIRA
Um importante fator que pode influenciar o processo de ensino-aprendizagem de língua
estrangeira, é o conhecimento linguístico do aprendiz (DE ANGELIS, 2007),
especialmente no Brasil que apresenta uma grande diversidade linguística. O presente
estudo foi realizado a região sul do Brasil, a qual é caracterizada pela presença de
comunidades imigrantes falantes da língua alemã. Neste estudo, analisamos os efeitos
do contato linguístico do português brasileiro e do alemão na aprendizagem do inglês
como língua estrangeira. Através deste estudo, busca-se compreender a influência destas
línguas na produção do inglês como língua estrangeira. Falantes de português brasileiro
(L1), alemão e inglês, como L2 e L3, realizaram uma tarefa de produção da língua
inglesa que consistiu na nomeação de figuras que representavam objetos concretos (ex.:
monkey, shirt, sink). Esta tarefa de nomeação de figuras foi aplicada no paradigma de
priming mascarado, sendo que os primes consistiam no nome da figura, em inglês, ou
no seu equivalente de tradução, em português ou alemão (ex.: egg, ovo, Ei). A análise
desta tarefa foi feita através dos dados de tempo de resposta e acurácia dos
participantes. Dessa forma, a apresentação dos primes nas três línguas dos participantes
permitiu analisar a influência de cada língua (português brasileiro, inglês e alemão) na
nomeação das figuras. Os resultados mostraram que primes na língua alvo, inglês,
eliciaram uma resposta mais rápida do que os equivalentes de tradução. Dentre as
línguas não alvo, observou-se uma maior facilitação quando o prime era apresentado em
português do que em alemão. Os resultados deste estudo mostram que todo o
conhecimento prévio de outras línguas pode influenciar o processo de ensinoaprendizagem de língua estrangeira.
FORMAÇÃO DE PROFESSORES, LÍNGUA E CULTURA: Um
olhar sobre a Competência Intercultural no ensino de Língua Inglesa
em um curso de Letras
DILUBIA SANTCLAIR
[email protected]
RICARDO REGIS ALMEIDA
BARBRA SABOTA
[email protected]
O objeto central desta comunicação é promover a discussão sobre a relevância de
favorecer o desenvolvimento da Competência Comunicativa Intercultural (BYRAN,
1997; COLBERT, 2003; FIGUEREDO, 2007) nas licenciaturas em Letras, para
contemplar uma formação de professores de línguas que sejam críticos e reflexivos,
também sob o ponto de vista da relação entre língua e cultura. Partimos do pressuposto
que uma abordagem intercultural para o ensino de inglês deve priorizar um currículo
multicultural e crítico que ensina ativamente e facilita a construção das identidades
pessoal e social dos aprendizes no processo de desenvolvimento integrados de
habilidades linguísticas, quais sejam: produção e compreensão oral e escrita. Buscamos
refletir teoricamente sobre o conceito de aprendiz intercultural (DEARDOFF, 2004) em
correlação com a definição de língua como prática social (MOITA LOPES, 1996), coconstruída e ressignificada historicamente por meio da interação social (VYGOTSKY,
1996), o que desenha um cenário favorável ao ensino crítico de línguas estrangeiras
(PESSOA e FREITAS, 2012). Tais reflexões fundamentam nossa análise de um recorte
de empirias vivenciadas em uma universidade pública no Estado de Goiás. Nossos
dados, portanto, advém de filmagens de aulas de línguas, entrevistas e narrativas
coletadas com alunos do 4º ano de Letras - Português-Inglês da UEG campus CCSEH
no ano de 2014. Durante as aulas de língua inglesa temas como família, hábitos
alimentares, festividades foram abordados de modo a propiciar a pesquisa, o debate e a
reflexão sobre como a cultura integra a formação linguística do aprendiz e a percepção
da formação de sua identidade de falante bilíngue, de professor de inglês. Nossos dados
apontam para a possibilidade de afirmar que a competência intercultural pode contribuir
para a compreensão da cultura estrangeira, partindo da nossa própria cultura e também
de uma perspectiva externa, ou seja, é possível compreender-se a partir da visão do
outro.
Inglês para candidatos a programas de mobilidade acadêmica: desafios
e considerações sobre materiais didáticos
TALITA APARECIDA DE OLIVEIRA
[email protected]
[email protected]
Objetivamos, por meio desta comunicação, apresentar uma análise de materiais
didáticos (MDs) para o ensino-aprendizagem de língua inglesa direcionados a alunos
candidatos à participação em programas de intercâmbio acadêmico em países falantes
dessa língua. Nesta investigação, temos buscado compreender possíveis impactos do
uso de MDs desenvolvidos localmente em experiências de intercâmbio e verificar quais
características desse uso podem efetivamente contribuir para preparar universitários
brasileiros considerando aspectos linguísticos e culturais (HINKEL, 2012). Para realizar
tais análises, temos nos baseado em autores que se dedicam a compreensão de
princípios que possam auxiliar o desenvolvimento de MDs (TOMLINSON, 2011, 2012;
GARTON E GRAVES, 2014). O trabalho realizado justifica-se pelo fato de podermos
observar que no contexto brasileiro atual oportunidades de intercâmbio acadêmico
intensificaram-se, sobretudo por meio de iniciativas governamentais como o programa
Ciência sem Fronteiras (AVEIRO, 2014). Por meio de análises sobre materiais didáticos
de língua inglesa desenvolvidos para esse público, acompanhamos alunos que iniciaram
o programa de mobilidade acadêmica para avaliar de que maneira MDs e cursos podem
contribuir com a experiência dos aprendizes, segundo seus próprios depoimentos.
Preparação para a mobilidade internacional: gêneros textuais e escrita
acadêmica em Inglês
LUCIANA LORANDI HONORATO DE ORNELLAS
[email protected]
A mobilidade internacional é uma demanda crescente nas universidades e instituições
brasileiras públicas e privadas. Para concorrer às bolsas, os alunos precisam passar nos
exames internacionais que aferem o conhecimento de língua, mas isto não garante que o
aluno domine os gêneros acadêmicos. Há ações do governo federal, como o programa MyEnglish online-, cujo objetivo é trabalhar as habilidades de leitura, compreensão oral
e gramática em Língua Inglesa, no entanto, o programa não contempla a escrita
acadêmica.
Os Institutos Federais de ensino participam de programas de mobilidade e não possuem
um
trabalho
com
o
letramento
acadêmico
em
Inglês.
Esta pesquisa, em andamento, inserida na área de Letramento Acadêmico, tem como
objetivo preencher a lacuna supracitada, ao mapear os gêneros do discurso, as tarefas e
atividades utilizadas por alunos, de uma instituição pública Federal, em programa de
mobilidade internacional em universidades de Língua Inglesa, além de mapear os
gêneros do discurso, as tarefas e atividades utilizadas por estes mesmos alunos, na
instituição pública Federal em que estudam, a fim de comparar os gêneros, as tarefas e
atividades utilizadas nas universidades de países de Língua Inglesa conveniadas, com os
gêneros, tarefas e atividades utilizadas na instituição Federal, com o objetivo de
verificar as diferenças e semelhanças. Estas informações contribuirão para identificar a
origem das dificuldades e falhas dos alunos em programas de mobilidade, além disso,
estas informações poderão auxiliar na elaboração ou melhoria de cursos no âmbito do
letramento acadêmico, com foco na habilidade escrita. Os participantes são dois alunos
do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas - Campus Boituva,
em programas de mobilidade internacional, os quais fornecerão relatórios quinzenais
acerca das aulas, das dificuldades e, sobretudo, da descrição das atividades solicitadas
pelos professores na universidade estrangeira.
O tratamento do estilo dos gêneros discursivos no livro didático
TEREZINHA NASCIMENTO
[email protected]
O presente trabalho é parte de nossa pesquisa de mestrado que encontra-se em
andamento e que tem como objetivo analisar o tratamento do estilo dos gêneros
discursivos no livro didático de Língua Portuguesa do 3º ano do Ensino Médio
(CEREJA e MAGALHÃES, 2013), à luz dos estudos realizados por Mikhail M.
Bakhtin e o Círculo (cf. BAKHTIN, 2013a; 2013b; 2011; 2010;
BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2002; MEDVIÉDEV, 2012 ) entre outros. Nossa principal
hipótese é a de que o tratamento do estilo dos gêneros discursivos no livro didático em
análise se reduz a questionar sobre a variedade linguística utilizada no texto. Os dados
coletados constam das questões que abordam o texto na seção Trabalhando o gênero
presente nos seis capítulos de Produção de Texto distribuídas nas quatro unidades do
material didático. Nossa pesquisa é de natureza qualitativo-interpretativa, ancorada na
Teoria Dialógica da Linguagem. Cada gênero de discurso apresenta um estilo de
linguagem próprio, ainda que apresente traços do estilo individual. O caráter dialógico
do estilo evidencia a dialogicidade do gênero discursivo. Os resultados preliminares
mostram a importância do estudo do estilo para a compreensão dos textos e comprovam
a hipótese levantada do tratamento estritamente linguístico (formal) dado ao estilo dos
gêneros discursivos. Esperamos que este trabalho possa contribuir para uma maior
compreensão dos gêneros através do estudo do estilo numa perspectiva dialógica.
A Expansão da Compreensão de Argumentação a partir da Análise
multimodal de uma apresentação oral discente na Letras Língua
Inglesa
JULIANA GAMA DE OLIVEIRA
[email protected]
MARIA CRISTINA DAMIANOVIC
A coexistência de múltiplas formas de comunicação (modalidades verbal, escrita,
imagética, dentre outras) é cada vez mais frequente nas mais diversas manifestações
sócio-culturais. E constituem o conceito de Multimodalidade (Mc NEILL,1985; ROJO,
2013,2015). No âmbito educacional, a utilização de recursos multimodais é essencial
para a construção do pensamento crítico docente e discente do mundo das diferentes
linguagens que nos constituem e que constituímos o mundo em que vivemos. É nesse
panorama que se desenvolve o presente trabalho, cujo objetivo é investigar a expansão e
desenvolvimento da Argumentação (LIBERALI, 2013; LEITÃO, DAMIANOVIC,
2011) e pensamento crítico dos discentese da docente do curso de Inglês VI, na Letras-
Inglês da UFPE em 2015.1. A partir dos dados construídos, analisaremos o papel da
multimodalidade na expansão da argumentação na apresentação de umgrupo focal. Nos
baseamos na perspectiva da Pedagogia da Argumentação (MATEUS, 2013), que prima
pela articulação de ideias de forma democrática e crítica, visando a transformação dos
participantes envolvidos; e nos estudos de Liberali (2013), Leitão &Damianovic (2011)
sobre a Argumentação como um processo de compartilhamento de pontos de vista para
construir conceitos e transformar os participantes envolvidos . A análise inicial dos
dados indicaque os elementos multimodais utilizados durante as apresentações
contribuem para a expansão do conhecimento de todos os envolvidos e também para o
fortalecimento da Argumentação nas práticas discursivas dos discentes focais.
A abordagem enunciativo-discursiva associada á microgenética na
pesquisa com alunos surdos
SEBASTIANA SOUZA
[email protected]
SERGIO ALMEIDA
[email protected]
Esta investigação utiliza-se da análise microgenética, numa perspectiva qualitativa, para
pesquisar alunos surdos e seus processos de interação com alunos ouvintes em salas de
aula de Língua Portuguesa, em classes regulares do ensino fundamental, na cidade de
Cuiabá, Mato Grosso. A Língua Portuguesa, constitui, para o surdo, língua oralizada,
cujo ensino-aprendizado nas escolas não têm sido satisfatório, tendo em vista diversos
fatores constitutivos do processo de inclusão no contexto brasileiro. Abordaremos as
interações entre alunos ouvintes e surdos, analisando aspectos comunicativos e
metacomunicativos observados nas práticas sociais desenvolvidas na escola. A
abordagem utilizada enunciativo-discursiva de viés bakhtiniana, que propõe uma
pesquisa que seja essencialmente de caráter dialógico e alteritária e, portanto,
interacional, associada à microgenética, consiste, assim, no modelo teóricometodológico que fundamenta e orienta a definição dos recortes feitos nessa pesquisa,
bem como a geração de dados. Ao identificar condições e estratégias que facilitam e/ou
dificultam a integração entre os alunos e as possibilidades de sucesso das experiências
de ensino-aprendizagem, o estudo busca oferecer contribuições no sentido da promoção
da inclusão, apesar das dificuldades inerentes ao processo de trazer à luz os elementos
importantes que facilitam uma verdadeira inclusão dos alunos surdos nas classes
regulares. Este estudo pretende, ainda, efetuar o recorte de episódios interativos, sendo o
exame orientado para o funcionamento dos sujeitos focais, as relações intersubjetivas e
as condições sociais da situação, num relato minucioso dos acontecimentos. Esta
pesquisa integra o conjunto de pesquisas do Grupo de Pesquisa Relendo Bakhtin
(REBAK), da Universidade Federal de Mato Grosso.
O ensino de inglês na formação de secretários executivos: quais as
dificuldades de aprendizagem e quais as estratégias possíveis?
GLORIA CORTÉS ABDALLA
[email protected]
[email protected]
Esta comunicação tem por objetivo apresentar e discutir os resultados iniciais de uma
pesquisa em andamento sobre as dificuldades que alunos do curso de secretariado
executivo de um centro universitário da cidade de São Paulo demonstram no processo
de aprendizagem do inglês e, ao mesmo tempo, suas percepções sobre as atividades
elaboradas pela professora-pesquisadora, que buscam suprir tais lacunas. A partir da
aplicação de um questionário aos alunos, são reveladas suas dificuldades/lacunas, bem
como quais expectativas ou desejos os discentes trazem para referido processo de
aprendizagem. Após a aplicação de uma sequência didática com foco nos aspectos
culturais, são apresentadas, igualmente, as percepções dos alunos sobre as atividades
baseadas na perspectiva sócio-histórico-cultural de ensino (VYGOSTKY, 1932/1999,
1934, 1999). Voltadas para os aspectos temáticos-culturais, o objetivo da sequência
didática é o de atender às necessidades especificas do profissional da área mas, ao
mesmo tempo, trabalhar com elementos culturais do cotidiano do alunado de forma a
engaja-lo no processo, bem como proporcionar maior desenvolvimento crítico.
A fala privada no processo de ensino-aprendizagem da língua inglesa
para crianças entre quatro e cinco anos em uma escola internacional
bilíngue
ANA PAULA LOURES DOS SANTOS
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Esse estudo aborda a função da fala privada que, segundo Wertsch (1980a apud Frawley
e Lantolf, 1985), constitui-se em um diálogo privado que o indivíduo promove consigo
mesmo e sua importância surge da necessidade de autorregulação, auto direcionamento
e auto reflexão, ou seja, o controle que o indivíduo tem sobre as suas ações. Pesquisas
internacionais sobre fala privada em crianças incluem: McCafferty (1994), Berk&Spuhl
(1995), Fernyhough& Russell (1997), Krafft&Berk (1998), Winsler, Carlton, Barry
(2000), Manfra&Winsler (2006), Smith (2007), Day & Smith (2013) entre outros.
Entretanto, não foram encontrados estudos nacionais sobre o tema em crianças e, dessa
forma, esse estudo insere-se na lacuna existente ao que concernem estudos sobre a fala
privada no processo de ensino-aprendizagem da língua inglesa para crianças no Brasil.
O objetivo desse estudo consiste em investigar de que forma a fala privada, seja na
língua materna ou na língua inglesa, pode contribuir para o processo de aprendizagem
da língua inglesa em um contexto educacional brasileiro. Será verificado se a fala
privada ocorre no -Kindergarten I- durante as atividades -circle time- e -phonics- de
acordo com as seguintes perguntas de pesquisas: 1) Se sim, com que frequência, de que
forma e para que função? 2) Se não, por que a fala privada não ocorre e o que os alunos
usam para autorregulação? Dessa forma, quatorze crianças entre quatro e cinco anos
foram gravadas durante as atividades -circle time- e -phonics-. As gravações ocorreram
às segundas-feiras das 08h às 09h30 por seis semanas, período de uma unidade. As
transcrições foram feitas considerando as duas línguas faladas na escola: inglês e
português. Análises preliminares mostram que houve maior produção de fala privada
em atividades que as crianças tiveram mais dificuldades, ou seja, em atividades que elas
aprenderam novos sons do alfabeto.
Percepções acerca do papel do professor tutor em uma -disciplinadiferenciada num curso de Licenciatura
FRANCISCO ESTEFOGO
[email protected]
MARILISA SHIMAZUMI
[email protected]
O presente trabalho tem como objetivo descrever as diferentes percepções e
experiências vivenciadas por dois professores tutores em uma -disciplina- diferenciada a tutoria - de um curso de Licenciatura de uma faculdade particular na cidade de São
Paulo. Primeiramente apresentaremos o conceito de tutoria e trabalhos desenvolvidos
nessa área (Arendondo, González e González 2012) e, em seguida, partiremos para uma
discussão dos desafios encontrados sob a ótica dos docentes tutores acerca do trabalho
de acompanhamento com os discentes ao longo de um semestre.
Na perspectiva dos professores tutores, um dos fatores complexos relacionados ao
trabalho de tutoria reside no fato de ser uma -disciplina- de caráter original, inovadora e
formadora, gerando oportunidades e desafios constantes de aprendizagem. Há também o
fato de que a natureza do trabalho dos docentes tutores se distinguiu no formato e na
condução de tutoria. Um dos tutores acompanhou um grupo discente do 2º semestre, já
familiarizado com o conceito de tutoria advindos do semestre anterior, ao passo que o
outro tutor conduziu a tutoria com alunos recentemente matriculados em seu primeiro
semestreno curso de graduação. Com relação ao trabalho dos alunos, os professores
tutores reconhecem que os principais desafios dizem respeito ao desenvolvimento
pessoal, profissional e acadêmico do aluno, em particular no que se refere ao processo
de autonomia, bem como à administração das tarefas acadêmicas.
Gênero textual na abordagem de inglês para fins específicos
MARCUS ARAÚJO
[email protected]
Gêneros textuais são enunciados tipificados, modos reconhecíveis de utilização da
língua em constante mudança que organizam toda a atividade humana, constituindo
ampla diversidade de contextos e práticas sociais (BAZERMAN, 2004; BHATIA, 2004;
SWALES, 1990). Situando a noção de gêneros a partir dessa perspectiva, este trabalho
tem como objetivo apresentar uma proposta de unidade didática a partir do gênero
acadêmico abstract, que foi aplicada com alunos da graduação na disciplina -Língua
Estrangeira Instrumental- de uma Universidade Federal do norte do país com foco no
desenvolvimento da competência leitora. A base teórico-metodológica se fundamenta na
proposta pedagógica de gênero textual em cursos de Inglês para Fins Específicos de
Ramos (2004) que se divide em três fases: apresentação, detalhamento e aplicação. Essa
proposta integra a gradação e a progressão de conteúdo, mostrando preocupações em
apresentar o gênero, ensinar os alunos a reconhecer seus componentes e fazer com que
se apropriem desse conhecimento para seu uso prático. Nesse contexto, discutiremos
questões centradas na abordagem de Inglês para Fins Específicos (CELANI et al., 2005;
DUDLEY-EVANS; ST. JOHN, 1998; HUTCHINSON; WATERS, 1996; RAMOS,
2005; entre outros), além de ilustrarmos com as tarefas propostas que serviram de base
para o desenvolvimento da unidade didática. Os resultados apontam para uma leitura
mais eficiente e crítica do gênero abstract, sendo que os alunos se tornaram mais
conscientes da organização textual e do contexto de produção, além dos aspectos
linguístico-discursivos do gênero em foco. O trabalho com a proposta pedagógica de
gênero textual de Ramos (2004)tornou os alunos desta turma mais conscientes que o
gênero abstract é produzido por membros de um determinado contexto social, histórico
e cultural, assim como todo e qualquer gênero. Dentro dessa perspectiva, ensinar
gêneros de textos para nossos alunos significa instrumentalizá-los com as ferramentas
de que precisam para agir no mundo em que vivem.
A amplitude dos termos competência e habilidade para professores de
Ensino Fundamental
ANGELITA DUTRA
[email protected]
Desde a implantação sistemática de provas externas, como Prova Brasil e Saresp, são
frequentes as recomendações para que os professores trabalhem com competências e
habilidades de seus alunos, sem que esses termos fiquem muito claros. Este artigo tem o
objetivo de verificar como os conceitos -competência- e -habilidades- são definidos em
documentos oficiais e em diversos autores. Partimos do pressuposto de que os
professores têm interesse no esclarecimento de tais termos, a fim de produzirem um
melhor trabalho. Assim, esta pesquisa se baseia na análise dos documentos oficiais
PCN, PDE, Proposta Curricular do Estado de São Paulo e documento do Saeb, em
particular no que se refere à Prova Brasil, e na análise de diversos autores que abordam
esses conceitos. Compara as definições e busca identificar possíveis problemas de
interpretação pelo docentes. Metodologicamente, esta é uma pesquisa bibliográfica, de
cunho qualitativo. Como resultado, observou-se que os autores reconhecem a ampla
conceituação do termo -competência- e a dificuldade em uniformizá-lo. Quanto ao
termo -habilidades-, ora é definido por saber-fazer, ora por mobilização de recursos, ora
como microcompetências, o que pode causar certa confusão ao professor. Os
documentos oficiais PDE e Proposta Curricular de São Paulo não explicitam
claramente os termos, embora afirmem que cabe ao professor a tarefa de promover o
conhecimento articulado às competências e habilidades dos alunos. Para o Saeb, os
termos se complementam, e há uma conceituação mais clara de -sujeito competente-.
Conclui-se que, diante da não uniformidade das definições de -competência- e habilidades- nos diversos autores e documentos, o professor pode optar com mais
segurança pelas definições apresentadas no documento do Saeb, que inclui a Prova
Brasil, por este conceituar mais claramenteos termos e por ser a Prova Brasil o aferidor
da competência e das habilidades de alunos do Ensino Fundamental, na educação
pública brasileira.
Aprendizagem de estruturas narrativas em FLE - a produção textual
na aula de língua estrangeira
JOSÉ HAMILTON MARUXO JUNIOR
[email protected]
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A comunicação proposta pretende discutir as relações entre a aprendizagem de aspectos
linguístico-discursivos em língua estrangeira e a produção de textos, por alunos
aprendizes da língua estrangeira. Tal discussão tem como base a análise dos resultados
obtidos a partir de uma experiência didática, conduzida com grupos de estudantes
universitários aprendizes de Francês como Língua Estrangeira (FLE). Os aspectos
linguístico-discursivos que constituem o objeto da análise correspondem às diferentes
formas de expressão do passado na narrativa em língua francesa, em especial a
aprendizagem dos valores sintáticos e semânticos das oposições entre passé composé
versus passé simple, passé composé e/ou passé simples versus imparfait em gêneros
narrativos. Para a análise das oposições entre esses tempos verbais, tomamos como base
os estudos de Benveniste (1959) e Charaudeau (1992). Já a análise das estruturas
narrativas se deu com o apoio teórico de Adam (1992). A experiência consistiu na
aplicação de uma sequência didática para o trabalho com o gênero narrativo conto,
estruturada de acordo com a proposta didática de Dolz, Schneuwly et al. (2001): partiu
da aproximação dos alunos ao gênero conto, por meio de atividades de leitura e análise
de textos, coordenadas pelo professor, seguida pelo levantamento e análise das
estruturas sintáticas e semânticas responsáveis pela construção das sequências narrativas
presentes nos textos analisados. Continuou pela proposta de emprego, em atividades de
reconstrução textual; em seguida, propôs a escrita de novos textos pelos alunos, e
análise das intervenções e revisões propostas pelo professor, para culminar no
levantamento de características da sequência narrativa em Francês. A análise dos contos
produzidos pelos alunos a partir das conclusões construídas com base nos teóricos
citados permitiu observar o processo de aprendizagem das estruturas linguísticodiscursivas da narrativa, ao mesmo tempo que o incremento das capacidades de
linguagem em FLE associadas a essas estruturas.
Desenvolvendo a bilingualidade de aprendizes através da ampliação de
seus repertórios comunicativos
RAQUEL SANTOS LOMBARDI
[email protected]
MÁRJORI CORREA MENDES
ANA CLAUDIA PETERS SALGADO
[email protected]
Estamos inseridos na era da superdiversidade (VERTOVEC, 2006), caracterizada pela
mobilidade não apenas espacial, mas também cultural e linguística. Nesse contexto,
percebemos que os falantes utilizam fragmentos de línguas que coexistem em harmonia,
sem supressão de uma ou outra língua no processo de comunicação. Cada falante
constitui, então, seu repertório comunicativo que pode ser ampliado durante a aquisição
ou aprendizado de uma língua estrangeira, levando-o ao letramento social. Uma forma
de ampliar esses repertórios comunicativos e desenvolver o letramento social do falante
e, assim, garantir sua agência no mundo superdiversificado e globalizado de hoje,
marcado por novas necessidades comunicacionais, é a educação bilíngue. Este trabalho
objetiva discutir a proposta de ampliação dos repertórios comunicativos (RYMES,
2010, 2014), bem como de desenvolvimento da bilingualidade (SAVEDRA, 2009;
SALGADO & DIAS, 2010) e do letramento (FREIRE, 1991; STREET, 1984; 2003) dos
alunos através da educação bilíngue (GARCÍA, 2009). Analisamos aqui aulas de Inglês
em uma escola pública em Juiz de Fora, Minas Gerais, onde foi desenvolvido o projeto
de pesquisa intitulado Ensino de línguas para crianças na escola pública: abordagem
CLIL (ContentandLanguageIntegrated Learning), segundo o qual o ensino dessa língua
estrangeira acontece integrado aos conteúdos escolares de cada ano, permitindo ao
aluno transitar por diferentes áreas de conhecimento, tais como Ciências, Geografia e
História. Analisaremos, aqui, uma intervenção que abrangeu três anos do ensino
fundamental e que envolveu conceitos matemáticos monetários, operações matemáticas
básicas e noções de ciências e nutrição, partindo da montagem de uma maquete de um
supermercado dentro da escola. Concluímos que os alunos, além de aprenderem a língua
inglesa também estavam sendo letrados em diversas práticas cotidianas, como o
manuseio de dinheiro e a compreensão das informações nutricionais de produtos
industrializados, o que contribuiu diretamente para a ampliação dos repertórios
comunicativos.
A experiência literária na formação do sujeito
EVERSON NICOLAU DE ALMEIDA
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MÁRCIO CANO
MARIA EUGÊNIA FERREIRA DE SÁ
As diversas discussões acerca do papel da aula de Literatura no ensino médio revelam a
necessidade um redimensionamento das metodologias e dos conteúdos trabalhados
nesses anos finais da educação básica. O presente artigo constitui um relato dos
resultados de um projeto desenvolvido na Escola Estadual Dora Matarazzo, no
município de Lavras, localizado no sul de Minas Gerais. O referido projeto desenvolveu
uma proposta que ensejava a remontagem do espaço das aulas, com o intuito de
proporcionar ao sujeito que aprende uma experiência literária que os levassem a
momentos de ludicidade e que ao mesmo tempo contribuísse para sua formação críticosocial, por meio da inserção de elementos da Análise do Discurso de Linha Francesa,
mais especificamente a noção de paratopia, ancorada no estudos de Maingueneau (1997,
2005, 2006, 2008). A partir do estudo do poema Navio Negreiro (Castro Alves), foi
possível incentivar e promover momentos de exploração de diferentes práticas
linguísticas (oralidade, leitura e produção textual). Além disso, foi possível trabalhar
vários textos em suas modalidades (sons, gestos, imagens, palavras), o que contribuiu
efetivamente para a melhoria da expressão dos alunos durante as discussões realizadas
em sala de aula. A culminância das atividades foi a participação no I Festival da Poesia
Encenada - I FEPEN - promovido pela Academia Lavrense de Letras. Essa participação
resultou na classificação em primeiro lugar e em uma possibilidade singular de
discussões acerca do preconceito racial, do papel dos sujeitos na sociedade e da
igualdade de oportunidades.
A Leitura de Gêneros Multimodais em atividades de livro didático de
História: um estudo crítico-dialógico
LOUREDIR RODRIGUES BENEVIDES
[email protected]
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A presente comunicação procura analisar o tratamento didático realizado nas atividades
que trazem gêneros multimodais em uma coletânea de Livros Didáticos de História do
Ensino Médio. Para atingir tal propósito, aborda-se a teoria enunciativo-discursiva de
Bakhtin e o Círculo (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1929; BAKHTIN, 1952-1953/1979);
releituras freirianas (NEW LONDON GROUP, 1996) e as Capacidades de Leituras de
Gêneros Multimodais (PAES DE BARROS, 2009). Os achados dos dados revelam duas
perspectivas de trabalho com a leitura conforme a seção em que os exercícios se
apresentam: a passiva e a ativa-responsiva no viés enunciativo-discursivo do uso da
linguagem (BAKHTIN/VOLOCHINOV,1929). Nesta comunicação, apresentamos um
recorte desses dados e análises.
O ensino de Língua Inglesa: o que dizem professores em serviço e em
formação da educação básica?
DANIELLE DE ALMEIDA MENEZES
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BERNARDO PUGANÚÑEZ LOPES
ISABELA VITÓRIA DE OLIVEIRA DOS SANTOS
Considerando a tessitura discursiva como oportunidade de acesso e reflexão de
posicionamentos ideológicos (Fairclough, 2001), essa pesquisa busca analisar o que
professores atuantes e estagiários dizem acerca de práticas docentes que empregam e
observam em relação ao ensino de Língua Inglesa e como a materialização discursiva
dessas práticas dá acesso aos saberes docentes por esses sujeitos construídos. Segundo
Tardif (2000), os saberes docentes são subjetivos, de natureza diversa e legitimam a
atividade profissional, uma vez que são os instrumentos que mais ancoram e justificam
as ações pedagógicas realizadas. Esses saberes definem-se por relações múltiplas
estabelecidas ao longo da formação profissional. Para sustentar este ponto de vista,
partimos do pressuposto que esse amálgama de saberes, tecidos pelos professores antes
e durante sua prática profissional, é passível de observação por meio da análise de seu
discurso. Nesse sentido, nossa compreensão de discurso alinha-se à da Análise Crítica
do Discurso, a saber, como uma forma de ação no mundo social (Fairclough, 2001).
Entendemos o professor enquanto um sujeito com capacidade de criar e remodelar seu
modo de estar no mundo e nele intervir, sendo um sujeito de práxis (Farias et al., 2009).
Assim, ao serem estimulados a falar sobre sua prática docente, professores atuantes e
em formação conscientizam-se de seus próprios saberes e, simultaneamente,
materializam essa prática. Os dados foram coletados por meio de entrevistas e grupos
focais. Foram realizadas seis entrevistas semiestruturadas (van Peeret al., 2007)com
professores de diferentes escolas públicas localizadas na cidade do Rio de Janeiro e dois
grupos focais com licenciandos de duas IES (Instituições de Ensino Superior), uma
pública e outra privada, na capital fluminense. Os resultados iniciais apontam, de
maneira ampla, para uma semelhança com relação aos procedimentos metodológicos
adotados e observados pelos participantes.
Língua inglesa, cultura e transdisciplinaridade: pensando o ensino de
inglês no fundamental I.
JOANA DE SÃO PEDRO
[email protected]
O presente trabalho é um recorte de um estudo de caso (YIN,2010; COHEN, MANION,
MORRISON, 2011) das representações de uma professora de inglês do fundamental I
de uma escola do interior de São Paulo. Tem como objetivo investigar o que essa
professora pensa a respeito de língua inglesa, cultura e transdisciplinaridade por meio de
observações de aulas e entrevistas semi-estrituradas (LUDKE; ANDRÉ, 1986). Os
dados já foram, seguindo tal propósito, coletados e encontram-se em fase de análise, de
tal modo que os resultados possam ser recontextualizados e contribuir para a formação
de professores de inglês para essa faixa etária. A formação docente para ensino de
língua inglesa no fundamental I encontra-se em um vácuo, pois a mesma não é atendida
nem pelos cursos de Pedagogia nem pelos de Letras (GIMENEZ, 2011). Ao pensar
nessa tarefa, partilho da ideia de Jordão (2006) de que, para além de formações que
ensinem técnicas de sala de aula para professores de língua estrangeira de modo
coerente e atual, é preciso formar educadores que possam “exercitar sua reflexão,
explorar possibilidades de atuação, construir soluções provisórias coletivamente,
perceber-se em seu assujeitamento e ao mesmo tempo capazes de exercitar sua agência
informadamente” (JORDÃO, 2006, p. 9, ênfase no original). Este trabalho não tem
pretensões de preencher uma lacuna tão abrangente, no entanto, procura trazer reflexões
relevantes para a formação desses professores. Coloco, pois, como pano de fundo para
este estudo, minha primeira premissa de que o ensino de inglês para crianças que deseja
formar um cidadão crítico na atualidade possa acatar a diversidade cultural (ROCHA,
2012; HALL, 1997; BHABA, 1994). E, em segundo lugar, possa ultrapassar as
fronteiras limítrofes das disciplinas fragmentadas e voltadas para si mesmas, de tal
forma que tenha bases no pensamento transdisciplinar (NICOLESCU, 1999;
LIBÂNEO, 2009; MORIN, 2005). Por isso, a necessidade e o propósito de identificar
qual é a visão da professora a respeito de língua inglesa, cultura e transdisciplinaridade,
tanto em sua prática quanto em seu discurso.
Construção de valores no ensino médio: uma proposta transdisciplinar
de ensino de literatura a partir da temática amorosa
RODOLFO MEISSNER ROLANDO
[email protected]
Partindo do pressuposto que a educação emocional e a construção de valores são temas
essenciais para a educação contemporânea, este trabalho tem como objetivo oferecer
uma proposta transdisciplinar de ensino de Literatura visando ao desenvolvimento de
valores de alunos do Ensino Médio. Acredita-se que a Literatura, dado o seu potencial
humanizador, permite profícuas reflexões em sala de aula a respeito de valores,
favorecendo a educação emocional dos alunos. Nesse sentido, essa iniciativa se justifica
uma vez que se observa uma ampla crise moral nos tempos atuais. Aescola não deve se
furtar de discutir essa questão, mas sim viabilizar alternativas pedagógicas para a
construção de uma realidade social mais justa, humana e solidária. Fez-se necessário
especificar um tema para a seleção dos textos literários escolhidos para esta proposta,
viabilizando, com maior eficácia, a discussão pretendida sobre valores. Desse modo,
escolheu-se a temática amorosa, por ser um dos temas mais significativos ao universo
adolescente. De fato, a necessidade de verbalizar as experiências amorosas é um ponto
crucial para o estudante de Ensino Médio, pois é nessa fase que o jovem descobre
gradativamente a sua sexualidade e passa a viver os seus primeiros (des)encontros
sentimentais, sentindo a necessidade de explicitar aquilo que é experimentado
afetivamente. Assim, partir do interesse do jovem e oferecer voz a ele em sala de aula
constituem pontos centrais deste trabalho. Do ponto de vista teórico, os estudos
Vygotskyanos sobre cognição e afetividade, bem como as contribuições de Piaget sobre
moralidade fundamentam esta proposta. O romance -Senhora- de José de Alencar foi
escolhido como eixo para a organização das atividades sugeridas e a sequência de
leitura expandida proposta por Cosson (2014) foi utilizada como modelo didático.
Formação de professores de línguas estrangeiras (inglês e italiano): a
reflexão sobre a própria prática nos estágios de docência
DANIELA NORCI SCHROEDER
[email protected]
LUCIANE STURM
[email protected]
Na formação de professores de línguas estrangeiras, identificamos diferentes processos
envolvidos: a aprendizagem da língua propriamente dita, a formação didáticopedagógica para trabalhar com a língua e a reflexão crítica sobre esses dois processos.
Em relação ao primeiro processo, não há dúvida de que alcançar uma proficiência
linguística suficiente é a base do trabalho. Já a formação didático-pedagógica envolve
desde o conhecimento dos documentos oficiais que balizam o ensino de línguas em
diferentes contextos até a proposta de projetos, elaboração de tarefas e seleção de
materiais, ou seja, diz respeito ao como e o que fazer em sala de aula. O presente
trabalho se insere no terceiro ponto: a questão da reflexão crítica dos professores
estagiários sobre o próprio percurso formativo. Os dados apresentados são resultado da
análise dos textos de relatórios de estágio e diários elaborados para as disciplinas de
estágio de docência em língua inglesa e língua italiana dos cursos de licenciatura em
letras de duas universidades do sul do país. Neste estudo, analisamos os textos
produzidos pelos alunos com o objetivo de avaliar o processo de formação de
professores em si, bem como a necessidade de incentivar a reflexão crítica dos
estagiários, segundo a pedagogia crítica abordada nos estudos de Paulo Freire. Os textos
analisados confirmam que a elaboração escrita feita a partir da reflexão sobre o trabalho
realizado é uma etapa fundamental do processo de formação de professores.
Reflexões sobre o estágio: a voz do outro e o trabalho do professor
iniciante em língua inglesa
CARLA LYNN REICHMANN
[email protected]
[email protected]
Situada na Linguística Aplicada e procurando problematizar o estágio como prática de
letramento, esta comunicação tem como objetivo geral discutir a voz do Outro que
incide sobre a voz emergente de professor iniciante de Letras-Língua Inglesa em textos
empíricos. Levando em conta a relevância da escrita situada como elemento identitário
de formação (KLEIMAN, 2007) e o ensino como trabalho (MACHADO, 2004),
investigarei relatos fotobiográficos, relatos pós-observação e relatórios de estágio
produzidos por cinco participantes nesta esfera acadêmico-profissional, a saber,
graduandos em uma universidade pública no nordeste. Discutirei a voz de personagem
professor que incide sobre a voz emergente de professor iniciante, considerando que a
identidade social do professor estagiário se constitui por meio de um coro de vozes de
outros (interiorizadas) e de si (internas) que ecoam em seus textos empíricos
(REICHMANN, 2012). Em suma, sublinho a importância vital da voz do professor
colaborador na escola campo no processo formativo do professor estagiário.
Transitividade do verbo ir - divergências entre gramáticos e
nomenclatura gramatical brasileira (NGB) e apresentação desse
conteúdo em livros didáticos e gramáticas pedagógicas
ELAINE FALSETTI DA SILVA
[email protected]
Mesmo 56 anos após a publicação da NGB, ainda nos deparamos com múltiplas
divergências de nomenclatura gramatical entre vários autores/gramáticos. Uma delas,
acreditamos, está relacionada com a transitividade do verbo ir. Este artigo objetiva
comprovar a existência dessas divergências de nomenclatura gramatical nas obras de
alguns autores/gramáticos. Para tanto, conceituamos certos fenômenos e termos
gramaticais, segundo alguns gramáticos, como predicação verbal, regência do verbo ir e
natureza dos complementos verbais (objetos direto e indireto) e do adjunto adverbial
para orientar melhor os leitores. Como metodologia, foram analisados livros didáticos e
gramáticas pedagógicas com a finalidade de observarmos como seus autores assumiram
essas divergências ligadas à transitividade do verbo ir ao apresentarem esse conteúdo
em suas obras. Mediante análise e discussão dos dados, obtivemos como resultado a
constatação da falta de consenso entre os estudiosos quanto à transitividade do verbo ir,
principalmente no que tange à natureza e à nomenclatura de seu complemento.
Concluiu-se que a mesma discrepância de opiniões existente entre gramáticos
tradicionais acerca da transitividade do verbo se faz presente também entre os livros
didáticos analisados neste estudo. Quanto às gramáticas pedagógicas analisadas neste
artigo, percebeu-se que seus autores são unânimes quanto à transitividade do verbo ir,
no que diz respeito à classificação e natureza do termo que o acompanha no predicado.
O papel do professor no desenvolvimento da oralidade por meio de
atividades lúdicas na disciplina inglês no Ensino Fundamental I da
Escola Pública por meio de atividades lúdicas
Mirtes Abe
[email protected]
O objetivo deste estudo será de compreender o papel do professor no desenvolvimento
da oralidade por meio de atividades lúdicas na disciplina inglês no Ensino Fundamental
I da escola pública. Uma vez que não há formação específica e contínua na prefeitura de
São Paulo até o momento para se trabalhar com LEC (língua estrangeira para crianças),
e nem no curso de Letras ( ROCHA, TONELLI, SILVA, 2010, P. 20). Cabe ao
professor buscar caminhos alternativos para sua autoformação no que se relaciona ao
ensino-aprendizagem de LEC. O embasamento teórico está fundamentado no
desenvolvimento da linguagem da criança e na ZDP (VYGOTSKY, 1934); no conceito
de oralidade (CAMERON, 2001), nos jogos e brincadeiras (MOYLES, J. 2002); no uso
do ensino da língua estrangeira para criança (PINTER,2013; SCOTT & YTREBERG,
2011, LIGHTBROWN & SPADA, 2013, ROCHA ; TONELLI; SILVA, 2010). A
metodologia escolhida para o desenvolvimento deste estudo é uma pesquisa qualitativa
interpretativista, uma pesquisa-ação (DENZIN & LINCOLN, 2008; BOGDAN &
BIKLEN, 1994; BORTONI-RICARDO, 2013; GREENWOOD & LEVIN, 2010;
PERROTTA, 2004). Uma das vantagens de se trabalhar com a pesquisa-ação é que ela
busca soluções para problemas que estejam no âmbito da vida real. E é responsável
pela geração de conhecimento e melhorias sociais prometidas pelas ciências sociais
convencionais (GREENWOOD & LEVIN, 2010). Os participantes serão os alunos de
uma turma do 1º ano de uma escola municipal de São Paulo, localizada na zona sul. O
foco de minha investigação será a transcrição e análise de recortes de atividades
lúdicas. Os dados serão coletados em gravações de áudio e vídeo, durante as aulas de
inglês ao longo do ano de 2015. O estudo será analisado, por meio da análise de
conteúdos, BARDIN ( 2011), que consiste em descobrir os “núcleos de sentidos” que
compõem a comunicação. A pesquisa nasceu das questões inerentes ao cotidiano da
sala de aula real, questões advindas do próprio professor-pesquisador e dos próprios
alunos, uma pesquisa que signifique uma alternativa para o ensino-aprendizagem local,
mas que as descobertas sejam coletivizadas. Para tal a pergunta de pesquisa será: Qual
o papel do professor no desenvolvimento da oralidade por meio de atividades lúdicas
na disciplina inglês no Ensino Fundamental I da escola pública? E em que medida essa
mediação contribui para a construção de conhecimentos? Espera-se que essa proposta
possa contribuir com outros modos de pensar, gerando uma ação para a mudança, pois
a ordem social não é somente linguagem e textualidade, mas é também corpórea,
espacial, conflitante, marcada pelas diferenças raciais, sexuais e outras. (PENNYCO ,
2006)
Imigrantes bolivianos em São Paulo: aquisição do português,
(des)construção identitária, interação e inclusão social
RUBENS LACERDA DE SÁ
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O fenômeno da globalização, o aumento da mobilidade internacional, o advento da
internet e um maior intercâmbio entre os povos tornaram o aprendizado de uma segunda
língua vital para os imigrantes. Nas últimas décadas presenciou-se a proposta de umas
quarenta teorias, hipóteses e modelos de aquisição de segunda língua embora ainda não
haja um consenso neste respeito. A título de exemplo pode-se citar as teorias de
Chomsky (1975), Schumman (1978), Hatch (1978), Krashen (1982), Rumelhart (1986),
Larsen-Freeman (1991), Swain (1995), Johnson (2004) e Lantolf e Thorne (2007).
Adquirir uma segunda língua é um processo complexo e relacionado a fatores
sociohistóricos e culturais. Nesta pesquisa investigo como tal processo, neste caso a
língua Portuguesa, relaciona-se com a questão do insumo e dos eventos de interação na
sociedade em que se inserem os imigrantes bolivianos num bairro na cidade de São
Paulo (MEY, 2001), e como a identidade de tais imigrantes é (des)construída visando à
sua aceitação e inclusão social (RAJAGOPALAN, 1998; SILVA, 2008). Os dados desta
pesquisa de cunho etnográfico são coletados num grupo focal (GASKELL, 2013) e
analisados à luz de teorias linguísticas críticas e de cunho sociológico
(RAJAGOPALAN, 2003; LEAL, 2011). Os resultados obtidos até o momento indicam
a necessidade de políticas afirmativas visando ao respeito a constituição identitária dos
imigrantes bolivianos e à sua inclusão factual na sociedade por meio da linguagem (SÁ,
2014).
As estratégias de aprendizagem que você precisa conhecer antes de
morrer
AUGUSTO CÉSAR LUITGARDS MOURA FILHO
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Na pesquisa que relato,explicito aspectos de investigação em andamento que busca
realçar a importância do papel dos aprendizes (BENSON, 1996) no processo de ensino e
aprendizagem de línguas estrangeiras (inglês). As pesquisas para averiguar porque
alguns aprendizes alcançam altos níveis de proficiência em inglês, enquanto outros não
o conseguem, salientam a carência de estudos relativos às estratégias de aprendizagem.
O objetivo da pesquisa que realizo é identificar as estratégias (OXFORD; NAM, 1998)
empregadas pelos aprendizes bem sucedidos e torná-las acessíveis aos de menor
sucesso, aumentando, assim, as chances de proficiência entre eles. Para tanto, são
situados, historicamente, os estudos sobre as estratégias de aprendizagem, enfatizando o
papel delas na aprendizagem de línguas, apresentadas as definições de estratégias de
aprendizagem, explicitadas as mais significativas taxonomias delas e evidenciadas as
alternativas de ensino de estratégias aos aprendizes. Do ponto de vista metodológico, a
pesquisa é iluminada por princípios interpretativos, é, portanto, uma pesquisa
qualitativa. Mais especificamente, é um estudo de caso na modalidade história de vida
(FALTIS, 1997). Os dados coletados são categorizados e analisados segundo os
pressupostos da triangulação (FREEBODY, 2003). Os resultados preliminares sugerem
que os professores podem otimizar o desempenho de seus alunos ao apresentar-lhes as
estratégias de aprendizagem.
Ensino-aprendizagem no contexto do PIBID: discursos e
desdobramentos
CRISTIANE CARVALHO DE PAULA BRITO
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O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) configura-se
comouma iniciativa do governo com vistas a promover o aperfeiçoamento e a
valorização da formação de professores no âmbito da educação básica, por meio da
parceria escola-universidade e do desenvolvimento de projetos didático-pedagógicos
que insiram estudantes universitários nas escolas públicas brasileiras. Inúmeros estudos
têm apontado as contribuições e desafios, bem como explicitado os projetos
desenvolvidos em diferentes áreas do conhecimento no contexto desse programa. Neste
trabalho propomos-nos a investigar algumas discursividades sobre o ensinoaprendizagem a partir da análise de regularidades enunciativas presentes em textos
acadêmicos que tematizem o PIBID em diferentes licenciaturas. Para isso, inscrevemonos em uma perspectiva discursiva de linguagem que, em interface com os estudos
inter/transdisciplinares da Linguística Aplicada, permita-nos mobilizar noções como as
de sujeito, sentido, memória discursiva, interdiscurso, alteridade, dialogia, dentre outras,
para constituir e interpretar nosso corpus. Mais especificamente, interessa-nos: (i)
problematizar representações acerca do ensino-aprendizagem, do sujeito professor e
aluno e do programa em si; (ii) investigar os mecanismos discursivos que permitem a
emergência e o silenciamento/apagamento de sentidos; (iii) delinear as vozes que
sustentam as tomadas de posição assumidas pelos sujeitos enunciadores; e (iv) discutir
as implicações dessa discursividade para a formação de professores. Nossas análises
apontam a emergência do discurso da realidade, transformação e celebração, os quais
funcionam de forma a apagar o aspecto conflitivo e tenso inerente à prática docente e a
escamotear a natureza política do próprio programa.
Ensino-aprendizagem de inglês em institutos privados de idiomas
DIEGO MORENO REDONDO
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O presente trabalho objetiva abordar a temática em torno do ensino de inglês em cinco
institutos privados de idiomas analisados durante minha pesquisa de Mestrado. Parte-se
da ideia veiculada pelos institutos participantes desta pesquisa, cujo foco está na
utilização de -métodos eficazes-. Sendo assim, será possível relatar como ocorre a
definição da abordagem ou do método de ensino utilizado em cada instituto selecionado
para este estudo e até que ponto há influência do professor ou do contexto para definir a
estratégia mais adequada para o ensino da língua alvo. Essa questão permite-me
discutir, também, aspectos de âmbito pedagógico e de ensino-aprendizagem
relacionados à escolha do método utilizado e a visão dos professores envolvidos no
ensino de inglês. Além disso, o trabalho revela que, neste contexto de ensino, há uma
grande deficiência de profissionais com formação específica para atuar como professor
de línguas. Esse fato, provavelmente, contribui para alguns problemas voltados à
compreensão de teorias acerca do ensino-aprendizagem e, também, de aspectos
relacionados à área pedagógica. Para esse fim, o estudo baseia-se em autores que tratam
das questões em pauta, tais como: Celani (2009, 2010), Larsen-Freeman (2003),
Kumaravadivelu (2006), Almeida Filho (2012), dentre outros.
As representações coletivas e individuais e o agir linguageiro: o
exemplo da responsabilização enunciativa
FABIO DELANO VIDAL CARNEIRO
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O trabalho realiza uma reflexão acerca das representações coletivas e individuais como
elementos constituintes das práticas sociais e da sua manutenção e evolução. A partir do
paradigma Interacionista Sociodiscursivo (BRONCKART, 1999, 2007, 2008, 2011),
coloca-se a o agir linguageiro como elemento no qual as representações colocam-se em
interação e promovem a complexificação das práticas sociais humanas. A análise utiliza
exemplos de produções textuais de alunos do quinto e sexto anos do ensino
fundamental, especificamente, textos de opinião, tomando o mecanismo de
responsabilização enunciativa como categoria primária de análise. A reflexão ressalta a
essencialidade dos textos/discursos e dos mecanismos linguístico-discursivos neles
presentes para o estudo das representações e da sua constituição sociossemiótica.
O sujeito surdo bilíngue: a construção do indivíduo surdo em meio a
dois mundos e duas línguas.
VALÉRIA DA SILVA BEZERRA
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Vygotsky (1934) afirma que o ser humano modifica o meio e é por ele modificado,
tendo, dessa forma, a sua identidade construída de forma mediada pelos instrumentos e
artefatos culturais que foram sendo produzidos por ele mesmo e por outros seres
humanos que compõem a sua comunidade ou a sua história. Por essa vertente, Strobel
(2008) define a cultura surda como a maneira que o surdo compreende e lida com o
mundo através de suas percepções visuais. Dentro de uma comunidade surda o sujeito
construirá a sua subjetividade para assim se reconhecer como alguém que se encaixa em
um meio social e que interage por meio de uma língua que pode ser adquirida de modo
natural. Por se constituir em uma comunidade linguística minoritária, o surdo que faz
uso da língua de sinais convive com duas culturas, (Cultura Surda/ Ouvinte); tentam
adaptar-se a elas fazendo dialogar aspectos de ambas (FERNANDES &amp; RIOS,
1998). É entre duas culturas e línguas que o surdo se constrói como indivíduo. Este
trabalho teve como finalidade perceber como se constrói a identidade de um sujeito
surdo bilíngue a fim de verificar se podemos falar de uma dimensão bi(multi)cultural.
Assim, foram coletadas 4 entrevistas de surdos adultos e bilíngues. Após as primeiras
análises percebi, entre outros aspectos, que a compreensão, apreensão e vínculos com o
português (L2 dos participantes) e a comunidade ouvinte são fundamentalmente
dependentes de sua L1 (1)e do modo como a mesma foi adquirida.
(1) L2 e L1 são, respectivamente, as siglas de segunda e primeira língua. (cf. GESSER,
2009).
Como os bolsistas PIBID conduzem o ensino aprendizagem do gênero
de texto dissertativo argumentativo com alunos do 2º ano do ensino
médio
MILENA CLAUDINO
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Esta comunicação apresenta um breve relato de uma intervenção em uma escola pública
na cidade de Três Lagoas (MS), na qual bolsistas do PIBID (Programa Institucional de
Bolsa de Iniciação à Docência) atuaram junto à professora de Língua Portuguesa no
ensino-aprendizagem da escrita do gênero textual artigo de opinião no 2º ano do Ensino
Médio. A base teórica é a perspectiva enunciativa-discursiva do Círculo de Bakhtin
(1929/1997; 1953/2009). Mediante a produção do artigo de opinião, esperava-se
possibilitar aos alunos o uso de capacidadeslinguísticas e discursivas para se posicionar
criticamente diante às questões sociais. Para isso, primeiramente, foi pedido aos alunos
que dissertassem, em forma de artigo de opinião, sobre o tema “Preconceito racial e a
construção da identidade”. Observou-se, então, que eles tinham pouca ou nenhuma
experiência nessa escrita. Diante disso, não só foi proposta reflexão do tema, como,
principalmente, mostrou-se à turma como identificar as características e os elementos
linguísticos e discursivos que compõem um artigo de opinião. A metodologia desta
pesquisa é sociocultural (Vygotsky, 1934/1996), visando as necessidades e
possibilidades de aprendizagem dos alunos. O modelo de Sequência Didática de Dolz,
Noverraz eSchneuwly (2004) e a matriz de competências de redação proposta pelo
ENEM foram instrumentos norteadores para a escrita do artigo. A sequência totalizou
16 aulas, em que exposição de multimídia, exercícios de fixação dos aspectos
linguístico-discursivos do artigo de opinião e discussões sobre o tema eram recorrentes
nas tarefas. Ao fim, os “pibidianos” conseguiram produzir um texto com a turma,
explorando o tema: “Na sociedade atual ainda há preconceito racial?”. Percebeu-se que
os alunos tiveram evolução significativa em comparação à primeira produção, pois
foram colocados em prática os assuntos e elementos linguístico-discursivos abordados
nas aulas referentes ao gênero proposto.
Análise da linguagem de uma professora-pesquisadora em busca do
"tornar-se" crítico-colaborativa
VIVIANE LETÍCIA SILVA CARRIJO (CAPES)
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Esta comunicação apresenta dados de uma pesquisa de doutorado em andamento e
discute se e como os modos de agir da professora-pesquisadora possibilitam a expansão
do conhecimento pelos seus alunos de graduação, à medida que essa tenta utilizar a
linguagem da argumentação colaborativa. Nos dados, outrora gravados em vídeo e
transcritos, será analisado como a professora-pesquisadora oferece suporte aos alunos
para que esses atribuam sentidos e compartilhem significados durante a leitura dos
gêneros propostos nas aulas. O recorte teórico está fundamentado na Teoria da
Atividade Sócio-Histórico-Cultural - TASCH (Vygostky, 1934; Leontiev, 1977;
Engeström, 1999), bem como inserido no quadro da pesquisa crítica de colaboração PCCol (Magalhães, 2003). Para análise da linguagem da professora-pesquisadora, é
utilizada as categorias da Argumentação (Liberali, 2013) no aspecto enunciativo,
discursivo e linguístico. Quanto a esse último, especificamente, os mecanismos
conversacionais, de valoração, de modalização, de interrogação e de trocas de turnos.
Esta pesquisa é crítica, porque visa um trabalho de formação de universitários,
graduandos do curso de Pedagogia, buscando a transformação do agir e das práticas de
leitura em um processo de ensino-aprendizagem dentro de uma perspectiva sóciohistórico-cultural. É colaborativa porque, durante esse processo, o envolvimento dos
participantes, professora-pesquisadora e alunos, em ambiente de colaboração, funciona
como pressuposto para seu desenvolvimento. O contexto escolar analisado é uma
Instituição de Ensino Superior (IES) particular na região leste da cidade de São Paulo.
Leitura e produção de texto: construindo a noção de gênero do
discurso
ROSEMEIRE RODRIGUES SANTOS
[email protected]
MAURÍCIO CANUTO
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Esta comunicação visa a apresentar a metodologia de trabalho na formação continuada
de docentes de diferentes áreas e demais educadores no curso de extensão -Leitura e
Produção de Textos: Trabalhando com a Noção de Gênero- da Coordenadoria Geral de
Ensino, Aperfeiçoamento e Extensão da PUC-SP (COGEAE). O objetivo do curso é o
de construir a noção de gênero de discurso (Bakhtin, 1953), por meio da seleção de
textos a serem trabalhados em sala de aula, tomando como referência os contextos de
trabalho dos participantes, de modo a contribuir com a prática pedagógica efetiva na
produção de projetos/propostas ou na elaboração/escolha de materiais didáticos. O curso
tem como bases teórico-metodológicas os estudos sócio-histórico-culturais deVygotsky
(1930, 1935); as discussões sobre leitura, escrita e letramento crítico de
Schneuwly&Dolz (2004), Pasquier&Dolz, (1996), Rojo (2004, 2009) e Maciel e Lúcio
(2008). A metodologia se baseia no conceito de colaboração-crítica (Magalhães, 2011)
pela qual todos os participantes (docentes e alunos) têm oportunidade de construir
compromisso coletivo, disposição para tratar de aspectos sensíveis e difíceis do seu
trabalho, confronto aberto de ideias, abertura para ouvir a si mesmo e aos outros,
mutualidade e interdependência na produção coletiva do conhecimento. As aulas são
organizadas como oficinas de leitura e/ou escrita, dinâmicas de grupo, discussões
coletivas de textos e vídeos, aulas expositivas de sistematização, produção de projeto
pedagógico e relatos sobre a sua prática didática. Os resultados alcançados, por meio de
avaliação final do curso,foram: a) transformação dos modos de entender os processos de
apropriação de leitura e escrita próprios e dos alunos; b) transformação nos modos de
organizar o trabalho didático com leitura e produção escrita na sala de aula e na
avaliação e produção de material didático.
Os Círculos de Cultura e o gênero comentário em sala de aula:
Contribuições para o ensino de Língua Portuguesa
FRANCIELI APARECIDA DIAS
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MATHEUS HENRIQUE DUARTE
LUCAS MARIANO DE JESUS
Os novos moldes da sociedade pressupõem um novo posicionamento da escola na
formação dos educandos, tendo em vista a sua função e responsabilidade de garantir a
todos eles o acesso aos saberes linguísticos necessários para o exercício da cidadania
(PCN, 1997, p. 21). Dessa maneira, para atender ao momento que vive a sociedade e a
diversidade dos educandos no âmbito escolar, cada vez mais são discutidas
metodologias de ensino capazes de trazer inovações e favorecer o processo de
aprendizagem dos educandos. Sendo assim, o presente trabalho tem por objetivo refletir
sobre as contribuições do gênero comentário e de discussões decorrentes de Círculos de
Cultura, na formação de educandos do 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola da
rede pública de ensino. Para a consecução do objetivo proposto, empreendeu-se uma
pesquisa de cunho teórico, pautada nos autores Freire (1987) que apresenta os conceitos
referentes aos Círculos de Cultura, Melo (1985) que faz considerações sobre o gênero
comentário, entre outros autores, além dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua
Portuguesa (1997). Pensando na importância do exercício da cidadania, um Círculo de
Cultura se sucedeu e, após as discussões, os educandos redigiram pequenos comentários
a fim de exporem suas opiniões. A partir das discussões, da escrita dos comentários e da
leitura dos mesmos, foi possível constatar que o trabalho com o gênero comentário
propiciou uma observação no que concerne a escrita dos educandos (adequação ao
gênero, marcas da oralidade, grafia das palavras, etc.) para posteriores intervenções.
Além da observação de aspectos linguísticos, percebeu-se o envolvimento dos
educandos com a atividade proposta e o interesse que eles demonstraram frente a
questões de ordem social de suma importância, o que apontou para resultados muito
positivos tendo em vista o papel da escola de formar cidadãos capazes de se
manifestarem conscientemente por meio da língua.
CANCELADA EM 09/07/2015
Os gêneros textuais nos itens da provinha brasil
ALESSANDRO TATAGIBA
[email protected]
EDNA SILVA
[email protected]
Este artigo tem por objetivo analisar os gêneros textuais da Provinha Brasil com vistas a
contribuir para as pesquisas e o trabalho docente com leitura no Brasil. Desde 2008, o
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) aplica
duas vezes ao ano a Provinha Brasil com o objetivo oferecer informações que possam
orientar tanto os professores quanto os gestores escolares e educacionais na
implementação, operacionalização e interpretação dos resultados dessa avaliação. Este
estudo parte da seguinte questão problema: quais os gêneros textuais presentes na
Provinha Brasil? Com base nessa questão investigativa, o corpus linguístico analisado
se constitui 280 itens de leitura aplicados nos anos de 2008 a 2014. A metodologia, de
natureza qualitativa e interpretativista, procedeu à coleta de dados documentais
disponíveis na internet para analisa-los à luz da teoria de gênero e registro. O aporte
teórico considera os estudos sistêmico-funcionais da linguagem (Halliday e
Matthiessen, 1999; 2014); Martin e Rose (2008); Silva (2013, 2014, 2015); Tatagiba
(2013). Entre os resultados preliminares da pesquisa, as análises dos dados coletados
revelam a ocorrência de gêneros tipicamente escolares voltados para a aquisição do
sistema alfabético em meio à gêneros da família das histórias.
A agência na formação de uma professora de língua estrangeira
espanhola em contexto pré-serviço
LUCILENE SANTOS SILVA FONSECA
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O objetivo desta comunicação é apresentar o estudo da agência de uma graduanda de
Letras, ao longo do trabalho realizado na disciplina Prática de Ensino de Língua
Estrangeira (LE), permeada pelas ações da professora-pesquisadora, em uma Faculdade
da Grande São Paulo. Observamos que muitos desses alunos, após a conclusão da
graduação, passam a ministrar aulas em escolas de Ensino Fundamental e Médio sem a
experiência prática do ensino da Língua Estrangeira (LE). Essa problemática motivou o
foco para os objetivos específicos desta pesquisa: (1) verificar os tipos de agência que
emergem dos dados; (2) verificar se e como as propostas trabalhadas na disciplina
possibilitam a agência da participante. A escolha teórico-metodológica na construção de
contextos de compreensão, de reflexão e de transformação, no que diz respeito ao
ensino-aprendizagem de línguas e ao papel da linguagem nesses contextos está apoiada
na Pesquisa Critica de Colaboração (Magalhães, 2010). Esse recorte teórico baseia-se na
Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural (VYGOTSKI, 1934/1998, 1930/2004;
LEONTIEV, 1978; ENGESTRÖM, 2001), com foco nos conceitos de ensinoaprendizagem e desenvolvimento, mediação e Zona Proximal de Desenvolvimento
(ZPD) como espaço sócio-histórico-cultural de vir-a-ser, em que a linguagem organiza a
relação colaborativo-crítica entre os participantes, a Agência e a Formação de
professores. Os dados, coletados visam recuperar e compreender a agência da
graduanda no trabalho desenvolvido na disciplina Prática de Ensino de Língua
Estrangeira. Foi selecionado para esta apresentação um texto gerado por meio das
atividades de formação de uma professora pré-serviço, realizadas na Faculdade. Este
trabalho justifica-se por colaborar com as discussões sobre o curso de graduação,
licenciatura em línguas estrangeiras, o papel da agência no desenvolvimento da Prática
de Ensino da LE. Dessa forma, a pesquisa pode contribuir para beneficiar entidades
educacionais que buscam aprimorar a formação pré-serviço de professores e alunos do
curso de Letras.
Formação de professores: a gamificação de uma disciplina sobre
métodos e abordagens de ensino de línguas estrangeiras.
KARIN QUAST
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Tendo em vista o crescente aumento do uso de jogos e da gamificação (ou seja, a
aplicação do design e mecânica de videogames a contextos não lúdicos), bem como seu
impacto na educação, buscamos aqui relatar nosso projeto de gamificação da disciplina
que envolve o estudo e discussão de métodos e abordagens voltados ao ensino de
línguas estrangeiras (LEs). Esta proposta visa oferecer um objetivo mais concreto e palpável- para a disciplina, cujo intuito é promover a reflexão crítica sobre a prática
docente. Almeja, também, suscitar experiências de práticas criativas no ensino de LEs,
bem como promover maior engajamento dos professores por meio do processo de
imersão inerente aos jogos. Embora muitos professores que utilizam a gamificação se
atenham aos elementos mais rasos, ou seja, simplesmente implementando sistemas de
pontuação e recompensas ou mesmo níveis, visando mudanças comportamentais, nossa
atenção se voltou ao processo de imersão por meio da narrativa (enredo) e das missões
propostas aos professores. Ao mesmo tempo, em relação às atividades desenvolvidas
em sala de aula, gamificar uma disciplina não significa meramente dar novos rótulos a
práticas tradicionais. O desafio que se coloca ao professor, portanto, é o de planejar
atividades diferenciadas e pensar em novas formas de participação ativa dos alunos que
contribuam para a elaboração conjunta de conhecimento. Partindo de pressupostos da
perspectiva histórico-cultural e tendo em mente os princípios de aprendizagem
subjacentes aos videogames discutidos por Gee, embarcamos nesta jornada na qual os
professores realmente imergiram e da qual participaram ativamente, tendo inclusive,
espontaneamente, elaborado desafios ao final das etapas para avaliar o conhecimento
elaborado e também contribuído para o desenvolvimento da própria narrativa.
Deslocou-se, portanto, o lugar do professor-aluno e eles puderam vivenciar diferentes
vozes e posições.
Ensino de espanhol para crianças por meio de gêneros de discurso:
uma proposta orientada à formação de leitores críticos
RODRIGO DA SILVA CAMPOS
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Pretendemos, com esta comunicação, propor uma reflexão sobre o ensino de espanhol
como língua estrangeira nos anos iniciais do Ensino Fundamental sob uma perspectiva
discursiva como um possível caminho para a formação de leitores críticos. Propomos
um ensino pautado nos gêneros de discurso (BAKHTIN, 2011, MAINGUENEAU,
2004), por dialogar com Maingueneau (2004), ao afirmar que os gêneros de discurso são dispositivos de comunicação que só podem a quando certas condições sóciohistóricas estão presentes-. Nossa proposta de ensino de espanhol nesse segmento da
Educação Básica apoiado em gêneros de discurso e suas construções sócio-históricas e
culturais surge da necessidade de se praticar um ensino de língua que vá além do ensino
de léxico e de estruturas gramaticais desvinculadas de um contexto. Defendemos tal
visão baseados na proposta de ensino de E/LE apresentada pelas Orientações
Curriculares Nacionais, nas quais consta que o ensino de língua estrangeira no âmbito
escolar não pode ser um fim em si mesmo e deve estimular permanentemente a reflexão
-sobre o -estrangeiro- e suas (inter)relações com o -nacional-, de forma a tornar mais
conscientes as noções de cidadania, de identidade, de plurilinguismo e de
multiculturalismo, conceitos esses relacionados tanto à língua materna quanto à língua
estrangeira (BRASIL, 2006, p. 149)-. Portanto, em nossa comunicação, primeiramente,
explicitaremos o aporte teórico que norteia nossa proposta de trabalho: os conceitos de
gênero de discurso (BAKHTIN, 2011), de competências genérica, enciclopédica e
linguística (MAINGUENEAU, 2004) e de multiculturalismo, cidadania e identidade
(BRASIL, 2006). Posteriormente, apresentaremos atividades realizadas com os alunos
de 4° e 5° ano do Ensino Fundamental de uma escola pública ao longo de 2014 a fim de
se discutir a relevância dessa abordagem e fomentar, desse modo, a leitura sob um viés
discursivo.
PIBID-Inglês: Uma Experiência com Diários Reflexivos
JULIANO BRANDÃO
[email protected]
MARILENE SANTOS
Esta comunicação faz parte de uma pesquisa de mestrado intitulada, -A construção das
identidades no processo de formação dos graduandos com atuação no PIBID-Inglês-,
ainda em desenvolvimento. O objetivo deste trabalho é refletir acerca do processo de
construção das identidades de bolsistas do programa PIBID-Inglês da FALE-UFAL. A
metodologia com a qual trabalhamos é de cunho qualitativo, seguindo as indicações de
Minayo (1999). A pesquisa trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das
aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes das pessoas. Optamos por realizar
essa pesquisa baseada em uma versão piloto de diários online produzidos pelo grupo de
bolsistas do PIBID-Inglês durante um período de pilotagem que durou
aproximadamente três meses, fundamentando esta metodologia no conceito trazido por
Bárbara e Ramos (2003). Foram levantadas algumas questões como ponto de partida
para a produção dos diários reflexivos em que foram ressaltados aspectos voltados aos
pontos positivos encontrados nas escolase os tipos de metodologias e dinâmicas usadas
para o ensino da língua inglesa. Essas questões foram respondidas nas páginas
eletrônicas criadas para esse fim e comentadas pelos orientadores e pelos demais
colegas bolsistas. Os resultados, ainda que parciais, mostram que parece haver uma
conscientização dos pibidianos em relação à construção de suas identidades como
professores dentro do cenário árduo de ensino na escola pública. Nossa perspectiva,
com base nesse primeiro movimento de coleta de dados écontinuar acompanhando e
analisando a produção desses diários com vistas à intervenção na percepção negativa
dos bolsistas em relação ao ensino de língua inglesa na escola pública, objetivando a
instrumentalização para busca de soluções que possam, de alguma maneira, promover
alterações nesse percurso.
Multimodalidade nos cadernos de Língua Portuguesa da rede pública
do Estado de São Paulo: uma proposta dos multiletramentos.
DANIELA TEIXEIRA LEITE SILVA
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Este trabalho tem como objetivo pesquisar os gêneros discursivos multimodais, os
multiletramentos e osletramentos multissemióticos no ensino aprendizagem de Língua
Portuguesa, especialmente com relação à formação para o letramento visual nos
cadernos de Língua Portuguesa, do 9º ano, do ensino fundamental II, da Secretaria
Estadual de Educação. O objetivo da pesquisa é compreender em que medida as
atividades propostas nos cadernos colaboram para o desenvolvimento das práticas
leitoras por meio dos textos multimodais e das mudanças tecnológicos trazidas pelas
novas tecnologias da comunicação. O problema que motivou essa pesquisa foi verificar
que embora haja a necessidade de a escola contemporânea desenvolver práticas de
letramento que abordem os novos gêneros discursivos como blogs, posts, outdoor,
propagandas entre outros, na realidade esses gêneros ainda são pouco explorados pelos
materiais didáticos e/ou abordados superficialmente. Essa pesquisa tem caráter analítico
e bibliográfico, utilizamos, principalmente, a perspectiva bakhtiniana no que se refere
aos gêneros discursivos. O eixo teórico também está pautado em Rojo (2004-2009),
Marcuschi (2004-2009), Schneuwly e Dolz (2004) e Lemke (2010). A análise dos dados
revelou que a maior parte das atividades dos cadernos não mobiliza as capacidades
leitoras em sua amplitude, visto que não valoriza nos exercícios o contexto de produção,
de recepção, composição e os aspectos discursivos dos gêneros multimodais.
Principalmente não ensina o aluno a atribuir significado aos elementos não-verbais
presentes no material. Concluímos que o material didático não favorece o trabalho
adequado
com
os
gêneros
multimodais
na
escola.
O discurso de um material digital de ensino de Business English
e as representações do sujeito de sucesso
MARIA INÊS DE OLIVEIRA HERNANDEZ
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O objetivo deste trabalho é investigar formas de subjetividade engendradas no discurso
de um material digital de ensino de Business English, tomando como ponto de partida
nosso momento contemporâneo, profundamente afetado pelo neoliberalismo, pela
globalização e seus efeitos. Pretendemos, sobretudo, desmistificar a representação do
material pedagógico como um repositório de verdades científicas, livre de
posicionamentos ideológicos, incentivando uma atitude mais indagadora de professores
e alunos frente aos materiais didáticos, em qualquer modalidade, impressa ou digital. A
análise empreendida constatou que o discurso pedagógico desse material indica ao
aluno/futuro ou atual trabalhador do meio corporativo como deve ser ou agir no meio
laboral a fim de ser bem-sucedido. Por outro lado, esse mesmo discurso mostrou-se
constituído de vozes conflitantes, originárias de práticas corporativas concorrentes,
promovendo subjetividades contraditórias, mas não necessariamente em dissonância
com os discursos hegemônicos do neoliberalismo e da globalização. Fundamentamos
nossa análise nos conceitos da visão discursiva do sujeito (clivado e descentrado),
formado no e pelo discurso (heterogêneo, polifônico, ideológico), perpassado por
relações de poder (em que a resistência é constitutiva), aliando, portanto, nossa
perspectiva discursiva às reflexões de Michel Foucault acerca das relações de poder e
saber, além da contribuição de Gilles Deleuze sobre a sociedade de controle, na qual o
poder é exercido de modo mais sutil e penetrante, gerando uma modulação permanente
do sujeito.
Murilo Mendes/Picasso: análise dialógica do discurso estético
MARIA BERNARDETE DA NÓBREGA
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Este trabalho expõe a análise dialógica do discurso estético vía poema -Guernica- de
Murilo Mendes (1959) e o quadro Guernica de Picasso (1937) na composição visual da
Série Pictórica na obra Tempo Espanhol, Murilo Mendes (1959) pela preponderância do
plástico sobre o discursivo exprime uma complexa indexação do código pictórico: arte
espanhola catalogada em verso. Este gesto de leitura se propõe a
perceber/ver/ler/compreender a interação entre a palavra/ a imagem, o poema/ o quadro/
o poeta/ o pintor no limite da construção do discurso literário no percurso dos sentidos
(Eco, 1976) pelo exercício intensivo de múltiplas leituras. O percurso teórico delimitado
se orienta na perspectiva formulada por Bakhtin/Volochinov (1981), Bakhtin (1981,
1997, 1998), Barros (1999), Brait (1994, 2001), Cumming (1998), Greimas (1976,
1979, 1981), Roudaut (1988), Székely (1972). A leitura se constrói pela ordenação
plástica do discurso poético modulado pelo estilo de contrastes: crítica da vida, crítica
da arte - a vida à unha. Espanha em sua diversidade e essência, recortes, montagens.
Murilo faz dizer no poema aquilo que o quadro representa: a barbárie plástica. Aberto a
todos os estilos, Murilo Mendes tenta captar a sensibilidade expressa na diversidade de
formas plásticas. O poeta segrega a forma para dissecar a imagem até o extremo de seus
limites na perspectiva do "superolhar". O discuro estético re-compõe a trajetória das
múltiplas linguagens em interação: itinerários poepicturais. O existencial eminente
plástico do universo sugerido nas cenas do quadro conjuntamente com as cenas do
poema passa a construir uma homologia temática e uma homologia estrutural
(Gonçalves, 1989). Dessa forma, Guernica / quadro e -Guernica- / poema enquadram-se
perfeitamente sob o olhar do leitor Poeta. Diálogos poepicturais escritos/ inscritos no
discurso literário.
Leitura: estratégias de ensino
ILDO EMMANUEL RIBEIRO DA SILVA SANTOS
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LAURA CAMILA BRAZ ALMEIDA
Este trabalho pretende mostrar os diferentes tipos de atuação no ensino da leitura, da
interpretação de texto e da produção escrita de língua portuguesa, esperando poder
oferecer aos alunos o desenvolvimento da habilidade da compreensão e produção escrita
de modo que eles possam aprimorar seus conhecimentos acerca do estudo dos gêneros
textuais como forma de desenvolvimento da interpretação de textos e de produção
escrita. Este projeto consiste na aplicação da Perspectiva Interacionista da Leitura no
processo de ensino/aprendizagem de língua portuguesa no 6º ano do Ensino
Fundamental da Escola Estadual Armindo Guaraná. Baseando-se na análise de gêneros
textuais (KOCH; ELIAS, 2007) e no estudo sobre leitura (KLEIMAN, 2007), pretendese elaborar e aplicar tarefas de leitura e produção escrita para contribuir para a formação
de professores e para o aprendizado estudantil do ensino fundamental. Essa pesquisa se
inscreve, assim, no âmbito da Linguística Aplicada.
Concurso público para professor de espanhol de duas instituições
tecnológicas federais de ensino do rio de janeiro: saberes em jogo
ANTÔNIO FERREIRA DA SILVA JÚNIOR
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[email protected]
Acredita-se que estudar o gênero prova escrita de concurso público (CP) permite
compreender um importante passo no entendimento da formação de professores, porque
essas provas demonstram o percurso seguido pelo ensino de línguas em nosso Estado,
país e/ou região (DAHER, 2006). Porém, nem sempre os pontos de estudo constantes
no edital e a prova de seleção (objetiva ou discursiva) ao cargo de professor de línguas
correspondem às discussões mais recentes da área do ponto de vista linguístico e/ou
pedagógico. A contratação de professores para a Educação Básica precisa acompanhar
as políticas educacionais e públicas vigentes que visam à qualidade social, à produção
de novos conhecimentos e o desenvolvimento de saberes locais e/ou regionais. Muitos
CP ainda se limitam a restringir a avaliação docente a uma mera prova escrita em que os
conhecimentos gramaticais e estruturais da língua ocupam o maior peso de avaliação. A
partir disso, pretende-se, neste estudo, apresentar uma reflexão a partir da análise de
questões dissertativas das provas dos anos de 2011 e 2014 para o cargo efetivo de
professor de Espanhol de duas instituições federais do Rio de Janeiro: IFRJ e CEFETRJ, respectivamente. Espera-se com este artigo levantar nos exames as imagens e os
saberes docentes valorizados para a atuação do professor de língua espanhola em
instituições tecnológicas federais do Estado do Rio de Janeiro. Como forma de alcançar
o objetivo desta comunicação, recorreu-se aos estudos teóricos de Silva Júnior (2014),
Pacheco (2010), Daher, Almeida e Giorgi (2009) e Daher (2006) sobre formação de
professores de línguas e seleção docente. Concluiu-se que o CP para professores de
Espanhol de instituições tão plurais precisa exigir não só o recorte disciplinar
legitimado da área, mas também um conhecimento que possa se articular às complexas
relações sociais da contemporaneidade e da própria instituição de ensino.
Estudos de leitura e letramento: reflexões e práticas escolares
RENATA SIQUEIRA
[email protected]
CLÁUDIA PAES DE BARROS
Esta pesquisa tem por objetivo investigar e discutir as práticas e as concepções dos
docentes de uma escola pública municipal de Cuiabá-MT. Para tanto, recorremos aos
pressupostos teóricos de Bakhtin e o Círculo (1929; 1952-53; 1970-1971/1979;
1974/1979) que abordam a linguagem como um processo sócio-histórico-cultural,
aliado à teoria de aprendizagem e desenvolvimento humano de Vygotsky (1930; 1934).
Além desses autores, também compõem o referencial teórico deste trabalho as
discussões sobre Letramento Crítico que tem como base teórica Freire (1987), The New
London Group (1996, 2012), Cassany (2005), Pereira (2010 e 2012) e Paes de Barros
(2012, 2014) entre outros. Os objetivos da nossa pesquisa são: 1. Conhecer as
concepções dos docentes acerca da leitura e do letramento. 2. Proporcionar, através das
interações entre os sujeitos professores/ pesquisadores do grupo de estudo, subsídios
para reflexões sobre a sua prática. Para tanto, realizamos encontros reflexivos-críticos
com os docentes, sujeitos da pesquisa. Nesse contexto, coletamos os dados desta por
meio de gravação de áudio e vídeo. A interação proporcionou momentos de
aprendizagem entre os pares participantes. As reflexões sobre as práticas pedagógicas,
leitura e letramento e as considerações sobre ensino-aprendizagem no contexto da
Escola, proporcionaram momentos de profundas percepções sobre a responsabilidade
social dos docentes. Nesse sentido, nossa pesquisa participa de um processo importante,
a reflexão crítica. Os dados também revelam a importância de se repensar os cursos de
formação docente, visto que a mudança perpassa por um processo significativo de
reflexão, intervenção crítica e transformação/emancipação do sujeito. A presente
pesquisa está vinculada ao GELL – Grupo de Estudos Linguísticos e de Letramento –
CNPq/MeEL/UFMT.
Aspectos discursivos, identitários e agentivos de professores de inglês
do parfor: uma pesquisa-ação
MARTA DE FARIA E CUNHA MONTEIRO
[email protected]
[email protected]
Este trabalho apresenta uma pesquisa de doutorado cujo contexto foi o Plano Nacional
de Formação dos Professores da Educação Básica (PARFOR), programa emergencial
instituído pelo Decreto nº. 6.755/2009 e implantado em regime de colaboração
envolvendo a CAPES, governos estadual e municipal, o Distrito Federal e as
Instituições de Educação Superior - IES. A pesquisa, realizada no interior do Estado do
Amazonas em um dos cursos oferecidos pelo PARFOR da Universidade Federal do
Amazonas (UFAM), teve como objetivo geral investigar a formação de professoresalunos do Curso de Língua/Literatura Estrangeira – Inglês do PARFOR e como
específicos, analisar seu discurso em relação ao ensino-aprendizagem de inglês, os
traços de sua identidade, de sua formação e atuação profissional. A pesquisa contou
com 20 participantes e como instrumentos, foram utilizados questionários, entrevista
com roteiro semiestruturado, roda de conversa, relatório de estágio/memorial reflexivo e
diário de campo. O referencial teórico foi ancorado nos pressupostos do letramento
crítico (McLAREN, 1988; MENEZES DE SOUZA, 2011; ROCHA, 2012; 2013;
ROJO, 2000; 2009; 2012), discurso(s) (FAIRCLOUGH, 1992/2001; 2003; 2008; GEE,
1990/1996; 1990/2008; 1998; 2005), identidade (GIMENEZ, 2005; HALL, 1996/2000;
1997/2003) e agência (BALTAR, 2009; 2010; MONTE MÓR, 2012; 2013). A
metodologia foi baseada no paradigma qualitativo (CELANI, 2005; DENZIN;
LINCOLN, 2006), à luz da pesquisa-ação (EL ANDALOUSSI, 2004; THIOLLENT,
2011). Como resultados pode-se afirmar que a formação vivenciada no curso de
formação de professores do PARFOR foi um espaço que privilegiou mudanças no
discurso dos participantes em relação à sua prática docente para o ensino-aprendizagem
de inglês e o fortalecimento de sua identidade como profissionais da área. Concluindo o
trabalho, são trazidas reflexões acerca da formação de professores da educação básica e
algumas implicações para o ensino-aprendizagem de inglês no interior do Amazonas,
um contexto particularmente repleto de privações (ROJO, 2006).
Mapeando o ensino de Português como Língua Estrangeira através da
Perspectiva Intercultural
VANESSA MARIA DA SILVA
[email protected]
A intercultura pode ser determinante para o êxito da interação comunicativa,
proporcionando capacidades de negociação cultural que combinem comportamento
curioso e consciente da necessidade de ultrapassar os estereótipos, com os
conhecimentos linguísticos e culturais presentes na língua. A perspectiva intercultural
contempla uma abordagem diferenciada do ensino de línguas estrangeiras (LE)
favorecendo a consciência social, criatividade, mente aberta para novos conhecimentos
e reforma na maneira de pensar e ver o outro. Nossa pesquisa com foco no ensino de
Português como LE, na graduação, tem como objetivo investigar, sob os aspectos da
perspectiva intercultural, como o ensino da cultura pode integrar o ensino da LE e sua
contribuição para o aprendizado e desenvolvimento do estudante. A fim de
desenvolvermos esta investigação, optamos por pesquisa qualitativa de natureza
etnográfica, durante dois semestres, de 2013 a 2014, com acompanhamento direto e
intensivo das aulas de língua Portuguesa no Department of Portuguese and Brazilian
Studies (POBS), Brown University, EUA. A metodologia do POBS proporciona aos
estudantes elementos que incidem com o nosso estudo a respeito do ensino de língua e
da cultura e coadunam com o nosso referencial teórico no cerne da perspectiva
intercultural. As aulas de língua Portuguesa como LE naquele departamento promovem
o intercâmbio das informações sobre a vida cotidiana no Brasil e demais países
lusófonos, desenvolvem conhecimentos de grupos sociais, seus produtos e práticas,
incluindo marcas da identidade nacional, normas de conversação e gestos, favorecendo
interpretação, descoberta e interação com a cultura do outro em situações reais de
comunicação. Em nossa pesquisa observamos reflexões sobre similaridades e diferenças
compreendidas no desenvolvimento linguístico e cultural e que consideramos
fundamental no aprendizado do estudante. Nosso referencial teórico apoia-se em Byran
(1998), Hall (2004), Johnson (2009), Kramsch (2009), Risager (2007), dentre outros
autores que defendem o ensino de LE a partir da perspectiva intercultural.
Escrita Colaborativa: O uso do Iramutec na análise de um corpus de
aprendizes da língua inglesa
SHIRLENE BEMFICA DE OLIVEIRA
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MAÍSA MARTINS SÁ FONSECA
DAVID SIMON MARQUES
A criação e o estudo da Arte são atividades complementares que auxiliam os alunos a
aprofundarem sua compreensão sobre a humanidade. No âmbito do ensino da língua
inglesa, propõe-se o desenvolvimento das habilidades de compreensão e produção oral e
escrita de forma integrada e com temas que sejam interessantes e próximos à realidade
dos alunos; no caso da Arte para desenvolver habilidades linguísticas, de crítica e de
apreciação a Arte. Este trabalho, uma interface entre a Linguística Aplicada e a
Linguística de Corpus, foi motivado pela necessidade de compreender melhor a
interlíngua de aprendizes de inglês como língua estrangeira utilizando os recursos da
LC, possibilitando a análise dos padrões probabilísticos que se constroem nos contextos
de uso (BERBER SARDINHA, 2000). O estudo se baseia na análise de um corpus
escrito de aprendizes sobre papel da Arte na sociedade moderna e descreve a
observação dos padrões léxico-gramaticais nos textos argumentativos construídos de
forma colaborativa com base em mapas conceituais (NOVAK, 1997; STORCH, 2005).
Os dados foram coletados pela pesquisadora, por bolsistas do Ensino Médio e
aproximadamente 100 alunos de um Instituto Federal. A investigação foi feita com o
auxílio do Iramutec e orientada pelas análises: dos benefícios da produção colaborativa,
da temática construída a partir das linhas de concordância do nódulo Arte, das
pressuposições, modalizadores e operadores argumentativos usados nos textos. Os
resultados apontam que o uso de mapas conceituais para o desenvolvimento da
produção escrita possibilita a aprendizagem por meio do discurso e por meio do
raciocínio. As escolhas lexicais demonstram valores linguísticos, estéticos e simbólicos
que enfatizam o lado emocional, afetivo e social das artes como uma área essencial para
a humanidade. A interação em pares favorece ao desenvolvimento das habilidades
linguísticas, a diminuição da ansiedade relacionada ao processo de produção textual e
ao aumento da autoconfiança dos alunos.
Rendimentos do diploma de licenciatura em língua inglesa: estudo
sobre egressos do curso de Letras da UFMG
DÉBORA FERNANDES DE MIRANDA
[email protected]
O objetivo desta comunicação é apresentar os resultados principais de uma pesquisa de
doutorado sobre os rendimentos materiais e simbólicos do diploma de licenciatura em
língua inglesa da UFMG. A licenciatura em inglês está inserida em um contexto de
desvalorização relativa dos títulos escolares (BOURDIEU, 2008; DURU-BELLAT,
2006) e desprestígio da carreira docente (GATTI et al, 2009; FANFANI, 2007).
Entretanto, o diploma de licenciatura em inglês possui a especificidade de atestar o
domínio de um idioma, algo que representa alto valor distintivo no mercado de bens
simbólicos (BOURDIEU, 2003). Assim, o que esperar desse título se, por um lado, ele
atesta um conhecimento valorizado e, por outro, forma o profissional para atuar em um
campo no qual o ensino de idiomas é desvalorizado, que é o campo escolar? Para
investigar os impactos culturais, sociais e econômicos do diploma de licenciatura em
inglês, foram entrevistados doze egressos do curso de Letras da UFMG.A pesquisa é de
caráter qualitativo e seu principal instrumento metodológico foi a entrevista
semiestruturada, que permitiu a reconstrução das trajetórias profissionais e pessoais dos
sujeitos pesquisadose favoreceu a exploração de seus saberes, representações, crenças e
valores (LAVILLE e DIONNE, 1999). A análise dastrajetórias familiares, escolares e
profissionais dos egressos permitiu identificar três grupos com rendimentos distintos do
diploma: para um grupo, o diploma expressa a realização de um gosto pessoal; para
outro, significa uma ascensão social; para um terceiro grupo, representa uma frustração.
Os resultados sugerem que os rendimentos do diploma estão relacionados ao perfil
social e escolar dos egressos, à trajetória dos alunos dentro do curso de Letras, às suas
ambições pessoais e profissionais e ao valor distintivo representado pelo domínio de
uma língua estrangeira e pela aquisição de um capital cultural de caráter internacional.
A prática da hora-atividade concentrada na escola pública: um espaçotempo de ação e (trans)formação de professores de línguas
NILCEIA BUENO DE OLIVEIRA
[email protected]
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A hora-atividade concentrada de professores de Língua Inglesa consiste no espaçotempo dentro da escola pública utilizado para atividades pedagógicas sem interação com
alunos. A partir de 2015 os professores de escolas públicas do Paraná passaram a ter
35% de sua carga-horária destinada para a hora-atividade. Esse espaço-tempo hoje faz
parte do processo de ensino-aprendizagem, pois nestes momentos os professores se
reúnem para rever suas práticas pedagógicas e direcionar o seu trabalho em sala de aula,
portanto, um momento de extrema importância para a qualidade na educação. Esta
investigação tem como objetivo principal (re)significar a hora-atividade concentrada de
professores de Língua Inglesa sob ótica do Letramento e da Análise Crítica do
Discurso, a fim de apostar as práticas de letramento, as relações de poder que perpetuam
este espaço-tempo e os conflitos identitários. È importante pensar na hora-atividade
como um espaço de formação continuada e de letramentos, pois a busca de teorias
possibilita ao professor o embasamento teórico que pode ser um norteador para suas
práticas, possibilitando um avanço pedagógico num sentido transformador do processo
de ensino-aprendizagem. A pesquisa, de cunho qualitativo, está sendo realizada em um
colégio do norte do Paraná durante e sobre o espaço-tempo da hora-atividade de
professores de Língua Inglesa. O discurso das professoras, coletado através de
questionário e entrevista, está sendo analisado à luz da Análise Crítica do Discurso
(FAIRCLOUGH, 2001) e dos Letramentos (STREET, 20014). Espera-se que a horaatividade dos professores de escolas públicas possa ser concebida como um novo
espaço de interação num encontro de diferentes vozes a fim de criar uma nova
comunidade, marcada pela reciprocidade entre os sujeitos participantes, a qual
potencializa a ocorrência das contradições e que, manifestadas no discurso, pode
culminar na (trans)formação continuada dos professores.
Os quadrinhos no livro didático de língua portuguesa
FÁBIO CARDOSO DOS SANTOS
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Esta pesquisa tem por objetivo investigar como as tirinhas são trabalhadas na Coleção
Português: Linguagens para o Ensino Fundamental, composta por quatro volumes,
recomendada e aprovada pelo MEC, selecionada e indicada no Guia do PNLD/2011.
Pautamos-nos, para isso, no aporte teórico-metodológico dos estudos sobre os gêneros
na perspectiva de R. Ramos (2004) e sobre os quadrinhos nas concepções de Cagnin
(1975), Acevedo (1990), Andraus (1999), McCloud ( 2005), Ramos (2007, 2009),
Vergueiro (2010). Os resultados mostram que as práticas de leitura de tirinhas,
propostas nas coleções, não favorecem o aprofundamento da competência leitora dos
alunos em questões enunciativas e discursivas do gênero tirinha, não promovendo uma
aprendizagem mais ampla da leitura.
Produção de subjetividade nas aulas de Redação
JULIANA SILVA RETTICH
[email protected]
DÉCIO ROCHA
Este trabalho tem por objetivo demonstrar como é possível trabalhar questões do
cotidiano dos alunos, sugeridas até mesmo pelos próprios adolescentes, a partir de suas
demandas, saindo, assim, dos limites da sala de aula e do conteúdo programático nas
aulas de redação do ensino médio, pontuando uma nova relação entre língua e contexto.
Para tal fim, alguns dispositivos de produção de subjetividade serão analisados, como
textos levados pela professora e textos produzidos por alunos do primeiro ano do ensino
médio de um colégio da rede privada da cidade do Rio de Janeiro de 15 a 17 anos, bem
como as discussões que eles levam para dentro da sala, modificando muitas vezes os
rumos dos planos de aula e demonstrando suas necessidades reais de aprendizado. Isso
significa mostrar também que, na sala de aula, o professor não é o único responsável
pela produção de subjetividade do aluno: tal formação se dá num processo de duas vias,
no qual aprendiz e professor têm suas subjetividades produzidas interacionalmente.
Essas análises se darão com base em estudos de Gilles Deleuze e Félix Guattari , no que
tange às questões de agenciamento coletivo, apresentado na obra Mil Platôs, v. 2,
(2011), e Michel Focault, acerca de produção de subjetividade e dispositivos ,
conceitos presentes em Arqueologia do Saber (2014) e Hermenêutica do Sujeito ( 2014)
Para analisar como os alunos relacionam o que foi visto em sala e suas experiências aos
textos que precisam produzir a partir dos temas apresentados pela professora, serão
utilizados os conceito de rede (LATOUR, 1994) e o de coletivo (ESCÓSSIA;
KASTRUP, 2005).
A atividade social “participar de uma reunião de trabalho” no curso
de ciências contábeis
ANGÉLICA MIYUKI FARIAS
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Esta comunicação é parte de um projeto de doutorado cujo objetivo é investigara
construção de uma proposta de currículo de Língua Portuguesa baseado em Atividade
Social em um curso de Ciências Contábeis a partir da análise das demandas e
necessidades do contexto em foco e das características da proposta construída,
considerando tais demandas e necessidades. Para esta comunicação, faremos um recorte
da pesquisa supracitada, apresentando os principais aspectos que compõem aAtividade
Social “Participar de uma reunião de trabalho” no curso de Ciências Contábeis. A
pesquisa está fundamentada teoricamente pelos seguintes estudos: Teoria da Atividade
Sócio-Histórico-Cultural – TASCH (Vygostky, 1934; Leontiev, 1977; Engeström, 1999;
Liberali, 2009),nos trabalhos sobre Currículo na perspectiva Sócio-Histórico-Cultural
(Engeström, 1999; Bodrova & Leong, 2007; Van Oers & Duijkers, 2012; McLachlan,
Fleer, Edwards, 2013), Multiletramentos (The New London Group, 1996; Cope &
Kalantzis, 2000; Lessa & Liberali, 2012; Rojo, 2012, 2013; Kalantzis & Cope, 2013;
Rojo & Barbosa, 2015) e estudos de ensino de Língua Portuguesa (Machado, Lousada
e Abreu-Tardelli, 2004ª , 2004b; Casagrande & Bastos, 2008; Palma & Turazza, 2008;
Geraldi, 2008; Cintra & Passarelli, 2008; Motta-Roth e Hendges, 2010). O estudo está
inserida no quadro da pesquisa crítica de colaboração – PCCol (Magalhães, 2003). É
crítica porque se pretende avaliar o contexto educacional em que está inserida, a
realidade do profissional de Contabilidade assim como a própria proposta curricular. É
colaborativa porque a construção da proposta dá-se a partir de seus vários participantes,
professora-pesquisadora, professores e alunos do curso de Ciências Contábeis da IES
pesquisada, além dos profissionais da área contábil.
As questões discursivas da prova do ENADE
CINTYA CARDOSO DE OLIVEIRA BRITO GOMES
[email protected]
[email protected]
O tema desta pesquisa são as características e as exigências avaliativas das questões
dissertativas do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) para a área
de Administração.A pesquisa tem como objetivo investigar as características e as
exigências avaliativas do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE)
acerca da compreensão dos enunciados e da elaboração das respostas às questões
dissertativas das provas de Administração (2012). Para a consecução desse objetivo, os
pressupostos teóricos nos quais esta pesquisa se fundamenta são a Taxonomia de Bloom
(1956)e na revisão dessa taxonomia (KRATHWOHL, 2002) acerca dos estudos de
verbos para a classificação de objetivos de aprendizagem de forma hierárquica que pode
ser utilizado para estruturar, organizar e planejar as questões discursivas; as portarias
das diretrizes do Enade (2012) que regem os princípios e as características específicas
para a elaboração da questão dissertativo-argumentativa da prova de Administração. O
corpus desta pesquisa se constitui de uma questão discursiva dentre cinco questões
dissertativas retiradas da prova de Administração do Enade de2012. Os enunciados
foram analisados qualitativamente a partir da fundamentação teórica. Como resultado,
elaborou-se a lista de características e exigências observadas para cumprir as etapas de
produção das respostas aos itens avaliativos. Conclui-se que os resultados da pesquisa
podem contribuir para as universidades entenderem os processos de composição dos
enunciados das questões dissertativas desse instrumento avaliativo, a fim de
direcionarem os graduados do curso de Administração para as habilidades e as
competências exigidas pelo Enade.
A didatização de materiais com base nos estilos e estratégias de
aprendizagem de estudantes do italiano língua estrangeira
DANIELA APARECIDA VIEIRA
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[email protected]
Este trabalho, cujo tema é a didatização de materiais com base nos estilos e estratégias
de aprendizagem de estudantes do italiano língua estrangeira, consiste na apresentação
de parte de nossa pesquisa de Doutorado em Letras (área de concentração: Língua,
Literatura e Cultura Italianas), a qual foi iniciada em fevereiro de 2014 na Universidade
de São Paulo. O objetivo dessa pesquisa é investigar de que maneira(s) as
especificidades dos alunos (os estilos e as estratégias de aprendizagem deles, bem como
seus interesses e necessidades) podem ser contempladas quando nós, professores de
língua estrangeira (LE), didatizamos materiais para as nossas aulas. Na área da
pedagogia de línguas, há alguns trabalhos sobre a didatização de materiais para o ensino
do italiano LE (cf. Begotti, s.d.; Bonvino, 2008; Comodi, 1995, entre outros); há,
também, vários trabalhos sobre os estilos e as estratégias de aprendizagem de estudantes
de LE (sobretudo de aprendizes de língua inglesa); dentre esses trabalhos, podemos
mencionar os de Felder (1988), Felder e Henriques (1995), Oxford (1989), Oxford e
Ehrman (1993) etc. Todavia, não encontramos nenhum trabalho que buscasse relacionar
a didatização de materiais aos estilos e estratégias de aprendizagem dos discentes
brasileiros que estudam o italiano como LE. Por isso, esperamos que a nossa pesquisa,
que é embasada pelos postulados desses teóricos, possa contribuir, ainda que
modestamente, com a área de ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras. Os dados de
tal pesquisa foram coletados em um curso de língua italiana, em nível de extensão
universitária, ministrado por nós a alunos com idades entre 22 e 61 anos no primeiro
semestre de 2015 na Universidade de São Paulo. A análise preliminar dos dados aponta
para a grande importância de didatizarmos, sempre que possível, materiais com base nos
interesses, necessidades, estilos e estratégias de aprendizagem dos alunos, o que pode
favorecer a aprendizagem significativa deles.
Análise da estrutura de cursos de formação de professores de Língua
Inglesa para verificação de competências e habilidades sugeridas pelos
Parâmetros Curriculares de Língua Estrangeira Moderna
LAILA SANTOS
[email protected]
O presente trabalho trata da formação de futuros professores de Língua Inglesa e como
os mesmos são orientados pelas instituições superiores para atender às exigências
prescritas pelos PCN, além da preparação para as demandas reais e situações adversas
de salas de aula de LI. A pesquisa foi motivada pelas experiências da pesquisadora e
lacunas encontradas na formação da mesma quando posta em situação real de ensino da
LI em escolas públicas da rede de ensino, e em posição de discente em nível strictusenso. O objetivo específico da pesquisa foi verificar se e de que forma duas
universidades públicas referência do Estado do Rio de Janeiro visam desenvolver as
competências e habilidades no aluno de licenciatura em Letras/Inglês em frente ao que
os PCN traçam como perfil idealizado do professor de Língua Inglesa e abordagem
apropriada dos conteúdos a serem desenvolvidas. O método utilizado na pesquisa foi a
análise do documento governamental para identificar e descrever as competências e
habilidades expressas nos mesmos; e a análise de documentos divulgados pelas
instituições em questão, com o propósito de identificar a relação entre a formação do
professor e o referencial proposto pelos PCN. Os resultados encontrados revelaram a
indispensável importância de tratamento diferenciado, através de disciplinas e
conteúdos específicos, para a orientação de futuros professores de Língua Inglesa, uma
vez que o ensino de língua estrangeira requer competências e habilidades peculiares.
Espera-se que esta pesquisa possa contribuir para reflexão acerca dos temas e
disciplinas abordadas nos cursos de Licenciatura Letras/Inglês especificamente para
metodologias de ensino de Língua Inglesa.
O processo avaliativo na disciplina de Língua Inglesa no ensino médio
ROSEMARY HOHLENWERGER SCHETTINI
[email protected]
MARCIA PEREIRA DE CARVALHO
MONICA GALANTE GORINI GUERRA
Nas práticas escolares, a avaliação pode ser frequentemente vista de duas formas: por
um lado a avaliação é entendida como momento de atividade centralizada, de controle,
de processo somatório de notas, focada na hierarquização dos sujeitos pelos resultados
obtidos e por outro é compreendida como um processo contínuo que se expande para
além do exame e se torna uma prática que possibilita a compreensão, reflexão, análise,
planejamento, estudo, formação, implementação, e a produção de resultados
(LUCKESI, 2002). Esta comunicação tem como primeiro objetivodiscutir os diferentes
modos de avaliar, confrontando conhecimentos práticos e teóricos que compõe a
história da avaliação por meio de uma pesquisa bibliográfica e como segundo, propor e
cunhar uma proposta de avaliação embasada no paradigma crítico colaborativo
(MAGALHÃES, 2012). Que traz uma discussão sobre uma forma de avaliar em que os
sujeitos envolvidos criem oportunidades de escolhas em termos enunciativos,
discursivos e linguísticos, ampliem suas possibilidades de ação no mundo e visualizem
essa discussão como possibilidade para planejar o futuro. Esta forma de compreender a
linguagem remete-se a Teoria da Argumentação que embasa o estudo dos modos de
apresentar argumentos como formas de pensar e compreender a constituição das
atividades humanas para participar delas de forma mais ativa e compartilhada
(LIBERALI, 2013). Esta proposta avaliativa, cuja metodologia integra teoria e prática,
pode ser adaptada de acordo com o cenário sócio-histórico-cultural e o projeto
pedagógico das diferentes instituições. Desse modo, este trabalho é uma discussão
teórico-prática que tem como premissa a expansão da discussão sobre avaliação no
Ensino Médio e suas implicações no desenvolvimento dos sujeitos envolvidos.
A (co) construção de conceitos científicos na formação inicial de
professores de Língua Estrangeira
KÁTIA MARQUES DA SILVA
[email protected]
O número de estudos e pesquisas na literatura da Linguística Aplicada é considerado
escasso pelos estudiosos no que se refere à (co) construção do conhecimento teóricoprático de “como ensinar uma língua estrangeira”. Teóricos como Freeman e Johnson
(1998) confirmam essa realidade ao dizerem que muito já se fez pela formação de
professores de línguas, mas relativamente pouco nesta área em questão. Perante tal fato,
este estudo propõe investigar, segundo os princípios da Perspectiva Sociocultural de
formação de professores de línguas, que está apoiada na psicologia sócio-histórica de
Vygotsky (VYGOTSKY,1978) as possíveis ocorrências de (co) construção de conceitos
nas interações de sala de aula da disciplina de Metodologia de Ensino de Língua Inglesa
e no estágio supervisionado de um curso de Letras. Para tanto, o estudo segue um
paradigma qualitativo, de cunho etnográfico (ERICKSON, 1986/BOGDAN; BILKEN,
1992, 1998/SILVERMAN, 2000) e de enfoque sócio-histórico (JOHNSON,
2009/VYGOTSKY, 1978). O trabalho é constituído por instrumentos qualitativos, como
observações de aulas teóricas e práticas, questionários,entrevistas e documentos
produzidos pelos alunos-professores em processo de formação. Os participantes são
dois graduandos em Letras de uma universidade pública localizada no interior de Minas
Gerais. O estudo segue o percurso de formação dos participantes na disciplina de
Metodologia e no estágio supervisionado, acompanhando o seu desenvolvimento nos
níveis teórico e prático. Os resultados apontam que os professores em formação
demonstram ter (co) construído alguns conceitos sobre ensino e aprendizagem de
línguas, todavia, percebe-se, ainda, certas dificuldades ao tentarem verbalizar e
contextualizar os mesmos. Esses conceitos, denominados por Vygotsky, científicos e
cotidianos, são necessários para o desenvolvimento do processo dialógico, uma vez que
eles são parte de um único processo, ou seja, da construção do conhecimento
(VYGOTSKY, 1986).
Futuros professores de língua inglesa e seus conceitos de linguagem,
ensino e aprendizagem
MARIANA CASSEMIRO
[email protected]
Nesta comunicação, apresentam-se alguns resultados parciais obtidos na pesquisa de
doutorado em andamento “A formação do professor de língua inglesa em um curso de
Letras no norte do Brasil: a coconstrução de conhecimentos teórico-práticos”, cujo
objetivo geral é investigar a coconstrução dos conhecimentos teórico-práticos de futuros
professores de língua inglesa em um curso de Letras de uma universidade pública do
Amazonas. De natureza qualitativa e base etnográfica, esta pesquisa está fundamentada
na teoria sociocultural (VIGOTSKI, 2001, 2007, 2010). Além disso, a perspectiva
sociocultural na formação de professores de línguas defendida por Johnson (2009),
Johnson & Golombek (2011) e Lantolf & Poehner (2014), por exemplo, bem como a
formação de professores de línguas na contemporaneidade, como retratada por VieiraAbrahão (2010, 2014), Kumaravadivelu (2012) e Pimenta & Lima (2012), para citar
alguns, são temas essenciais no referencial teórico adotado. Esta investigação pretende
responder a três perguntas de pesquisa: (1) Quais conceitos cotidianos de língua(gem),
ensino e aprendizagem são apresentados pelos alunos antes de cursarem a disciplina
“Metodologia do Ensino de Língua Inglesa I”?; (2) Quais conceitos científicos são
apresentados aos alunos e de que maneira eles são trabalhados nas disciplinas de
Metodologia de Ensino de Língua Inglesa e de Estágio Supervisionado?; (3) Como os
conceitos cotidianos e científicos se relacionam na prática do futuro professor de língua
inglesa durante a realização dos estágios? Os instrumentos utilizados para a geração de
dados são gravações de aulas em áudio, questionários, entrevistas, autobiografias dos
alunos e relatórios de estágio. Esta comunicação irá apresentar os resultados referentes
somente à primeira pergunta de pesquisa que indicam que a maioria dos conceitos de
linguagem, ensino e aprendizagem dos futuros professores está embasada em
concepções tradicionais.
A Tragédia Grega em outro tempo e espaço: uma contribuição para o
modelo didático do gênero.
LUIS CÉSAR SPARSBROOD
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A presente apresentação tem por objetivo demonstrar as contribuições para a
construção do modelo didático do gênero tragédia, elaborado por meio da análise da
tragédia adaptada de Prometeu Acorrentado sob a base teórico-metodológica do
Interacionismo Sociodiscursivo. Este trabalho é o resultado de uma pesquisa de
mestrado intitulada “A Tragédia Grega em outro tempo e espaço: uma contribuição para
o modelo didático do gênero” que visou à identificação das características do gênero em
questão com fins didáticos, numa perspectiva de propiciar o desenvolvimento das
capacidades de linguagem voltadas para leitura, em alunos do ensino fundamental. Sob
essa perspectiva, levo em consideração os processos de elaboração de um modelo
didático de um gênero de texto clássico, literário e dramático, como as tragédias gregas,
a importância das condições de produção e a demanda de capacidades de linguagem
diferenciadas, como as capacidades de linguagem linguístico-estilísticas propostas neste
trabalho.
Aprendizagem como participação e ensino de línguas: contribuições,
limitações e desafios no ensino de línguas estrangeiras
MARIANA KUNTZ DE ANDRADE E SILVA
[email protected]
[email protected]
Nesta comunicação, buscarei apresentar o conceito de aprendizagem como participação,
refletindo sobre suas possíveis contribuições para o ensino de línguas, suas semelhanças
e diferenças com o ensino comunicativo, e os desafios para a sua realização no ensino
de línguas estrangeiras. Nas últimas décadas, algumas pesquisas sobre aprendizagem
têm enfocado aspectos como o contexto e a subjetividade dos aprendizes (LANTOLF,
2000, LAVE & WENGER, 1990, entre outros). Nestas pesquisas, emerge um novo
conceito de aprendizagem, ou “metáfora” segundo Sfard (1998), o da participação, que
toma como aspecto central a interação. Ela surgiu fora do âmbito do ensino de línguas
como oposição à metáfora da aprendizagem como aquisição de conteúdo, vista como
essencialmente cerebral, na qual o conhecimento é visto como um produto a ser
acumulado. No ensino de línguas estrangeiras, a metáfora da aquisição de conteúdo
concebe a língua como produto final da aprendizagem. Com isso, ela implica na
concepção de comunicação como transferência de informação, e na visão do aprendiz
como indivíduo destituído de um bem (a língua estrangeira), em oposição ao falante
nativo, que ocupa uma posição privilegiada (FIRTH & WAGNER, ([2007(1997)], p.
760). Em contraposição a essa visão, emergem pesquisas baseadas na teoria
sociocultural e na aprendizagem situada em comunidades de prática, nas quais a
aprendizagem é vista como a crescente participação do sujeito em uma determinada
comunidade. O conteúdo (no caso, a língua estrangeira), não é visto como fim, mas
como meio para a participação, e a aprendizagem é vista como processo de interação,
necessariamente contextualizada e capaz de transformar os aprendizes e a sociedade
com a qual se relacionam. A interação e a contextualização também são aspectos
fundamentais do ensino comunicativo. Por isso, buscarei analisar as semelhanças dessa
abordagem com a metáfora da participação, e suas limitações e desafios de
concretização no ensino de línguas estrangeiras.
Discursos legais sobre inclusão de surdos no sistema educacional:
comparativo entre Alemanha e Brasil
ROMANA CASTRO ZAMBRANO
CLEIDE EMILIA FAYE PEDROSA
[email protected]
Na atualidade, a busca pela inclusão das minorias em todos os setores da sociedade se
tornou assunto relevante pelo compromisso que assume com os direitos civis. Contudo,
como os discursos legais de nações diferentes, como Brasil e Alemanha, tratam dessas
questões? Para responder a esta pergunta, principalmente, direcionada às comunidades
surdas desses dois países, esta comunicação tem o objetivo de comparar, quanto a seus
pontos de convergências, os discursos das leis e dos decretos promulgados e
direcionados à educação dos surdos. A Análise Crítica do Discurso sustentará a análise
da tessitura textual, da prática discursiva e da prática social. Esta visão tríplice do
discurso nos oferece condições de ampliar nossa visão do fenômeno social da inclusão
nessas duas sociedades em estudo. O corpus será formado por fragmentos das leis e
decretos dos dois países, cujos parágrafos versam sobre a inclusão de surdos nos
diversos níveis de sua escolarização. Sob a perspectiva proposta, esperamos verificar os
pontos de contatos nos discursos de leis de dessas duas distintas culturas e sociedades.
A formação do professor de um curso de inglês para professores da
rede pública: Reflexão Crítica sobre o contexto criado para ensinoaprendizagem
LEANDRO CAPELLA
[email protected]
O objetivo da apresentação é demonstrar o processo e os resultados de minha pesquisa
de Mestrado, que teve como contexto uma aula de um curso de formação de professores
de inglês da rede pública com foco no desenvolvimento/aprendizagem da língua inglesa.
As análises se pautaram no planejamento da aula e na organização da linguagem
durante as práticas e ações em sala de aula por parte do pesquisador-professor.Em um
processo de reflexão crítica, o pesquisador-professor analisa os dados produzidos no
planejamento e na áudio gravação da aula em questão para a) investigar quais bases
teóricas de linguagem e de ensino-aprendizagem de língua estrangeira permearam o
planejamento e a organização da aula; b) examinar como se deu a organização da
linguagem e a organização de contextos que apoiaram as relações voltadas ao
desenvolvimento linguístico dos educandos durante a aula; c) analisar criticamente e
propor sugestões de transformação em ambos, planejamento e organização da aula. Para
tal, apoiou-se em três pilares teóricos – a Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural
(TASHC), desenvolvida a partir dos estudos sobre ensino-aprendizagem como
discutidos por Vygotsky [1930-1934]; compreensões de linguagem e dos mais
recorrentes métodos, metodologias e abordagens de ensino-aprendizagem de língua
estrangeira; bem como discussões sobre o conceito de reflexão crítica (FREIRE, 1970;
SMYTH, 1992). Os resultados da análise e interpretação dos dados apontam para uma
base estruturalista de linguagem e comportamentalista de ensino-aprendizagem
encrustada no modo de agir e pensar do pesquisador-professor, contrariando “quem ele
acreditava ser”. Com base nessas compreensões, o pesquisador-professor refletiu
criticamente sobre seu agir, propondo sugestões para reorganizar ações e relações que
poderiam ter permeado o planejamento e a organização da aula, visando ao ensinoaprendizagem de língua inglesa por meio de colaboração coletiva entre todos os
participantes.
Análise do emprego de emoticons em propaganda do banco Itaú
JOACIANA PESSANHA
[email protected]
[email protected]
Os meios de comunicação de massa, especialmente a propaganda, utilizam-se de
diversos recursos a fim de atingir seu objetivo principal, que é persuadir. Sant’Anna
(2005) define propaganda como uma técnica de comunicação de massa paga com a
finalidade de fornecer informações, desenvolver atitudes e provocar ações benéficas ao
anunciante, geralmente para vender produtos ou serviços. Tem-se como objetivo nesta
pesquisa analisar as principais características discursivas, composicionais, linguísticas e
as condições de produção e circulação, bem como a intencionalidade discursiva de uma
propaganda do banco Itaú que se valeu de um código característico da internet, os
emoticons, transmutando-os para o veículo revista impressa. Apoiamo-nos em
pressupostos bakthinianos acerca de gêneros discursivos e nos conceitos de Santaella
(2003) sobre cultura das mídias como produto. Como método de análise da propaganda,
nos respaldamos em Lopes-Rossi (2006). Nessa perspectiva, analisamos como corpus
uma propaganda do banco Itaú criada pela agência África que está veiculada na revista
Veja, edição 2424, de maio de 2015. O que nos chamou a atenção para esta propaganda
é o fato de ela utilizar os chamados emoticons, que são símbolos utilizados como se
fossem um novo alfabeto, capazes de expressar as emoções e afetividade dos
internautas. Foi possível perceber que o recurso utilizado pela agência que produziu as
propagandas repercutiu em um interessante hibridismo dos símbolos tipicamente
utilizados pela mídia digital, os emoticons, para a mídia impressa revista. Este
deslocamento está associado à infinita e criativa capacidade de se expressar do ser
humano, tendo em vista a necessidade de explorar as diferentes formas de expressão
para concretizar diferentes intencionalidades discursivas. Conclui-se que é uma
tendência o emprego de signos tipicamente utilizados nos meios de comunicação digital
no papel impresso.
Produção textual e interdisciplinaridade: desafios atuais
LUCIANA SOARES DA SILVA
[email protected]
[email protected]
Na sociedade atual, a globalização transformou o mundo em uma grande rede, na qual
todas as relações são entrelaçadas, e para adentrá-la, é imprescindível a reformulação da
ação dos sujeitos. Nesse contexto, torna-se necessário repensar as práticas educativas,
para promover a inserção dos estudantes nesse cenário. Por essa razão, objetivamos,
neste artigo, discutir a prática pedagógica no ensino de Língua Portuguesa, em especial
a produção textual, frente à sociedade contemporânea. Para isso, fundamentamos nosso
estudo em princípios da Análise do Discurso, no tocante aos conceitos de sujeito e de
condições de produção discursiva, e nas discussões sobre interdisciplinaridade, a partir
de Morin (2000) e de Fazenda (2009). Conforme nossa reflexão, é preciso realizar um
trabalho interdisciplinar, a fim de que sejam promovidas condições interdisciplinares
para a produção textual, de modo a possibilitar aos alunos o desenvolvimento da
habilidade em estabelecer relações intertextuais e interdiscursivas.
Práticas de leitura em inglês para o sujeito visual e formação de
professores
MÁRCIA DE MOURA GONÇALVES
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Esta pesquisa se insere no campo de estudos de LA ao ensino de línguas estrangeiras
para o sujeito visual (Duarte, 2015) em contexto institucionalizado. Sua realização tem
origem no contexto da minha atuação como professora do Curso de Letras Inglês da
UFMT e como coordenadora do Projeto Piloto Curso de Inglês para o Acadêmico
Surdo, oferecido via Programa de Tutoria da Pró-Reitoria de Ensino e Graduação da
UFMT. A partir das práticas de leitura e escrita dos acadêmicos visuais e suas
interações entre si e com a professora, pretendo investigar as possibilidades de
construção de proposta metodológica, em nível teórico e aplicado, para o ensino de
língua inglesa para o sujeito visual. Para tanto, procurarei responder às seguintes
perguntas de pesquisa: 1) Que necessidades e possibilidades de aprendizagem do sujeito
visual nos informam sobre seu processo de aprendizagem de inglês como língua
estrangeira? 2) Como os processos de interação podem subsidiar uma proposta
metodológica de ensino de inglês para o sujeito visual em sala de aula inclusiva? 3)
Como a teoria dos Gêneros do Discurso, de viés bakhtiniano, pode contribuir para uma
proposta teórico-metodológica para o ensino de inglês para o sujeito visual? Meu estudo
seguirá os princípios da abordagem qualitativa-interpretativista e do referencial teóricometodológico a partir das contribuições de Bakhtin e o Círculo e de Vygotsky.
Colaborarão com a pesquisa os participantes do Projeto Piloto:a professora ouvinte, 5
acadêmicos visuais e 2 ouvintes e a ETA norte-americana vinculada ao Programa
Idiomas sem Fronteiras. As filmagens das aulas, as atividades realizadas pelos
acadêmicos e as entrevistas feitas com eles constituirão corpus fundamental de pesquisa.
A justificativa para esta pesquisa situa-se na possibilidade de construção de uma
proposta metodológica em nível teórico e aplicado, visando processos de inclusão do
sujeito visual sendo, portanto, de grande alcance social.
Estudos da linguagem da Epístola sobre os servidores do califa
BEATRIZ NEGREIROS GEMIGNANI
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Esta pesquisa tem como objetivo a tradução do árabe ao português e o estudo linguístico
do tratado ético-político Risāla fī Aṣṣaḥāba(Epístola sobre os servidores [do califa]), de
Ibn al-Muqaffa’, escriba da corte de Basra do califado abássida. Com a tradução desse
tratado da segunda metade do século VIII d. C. são estudados o vocabulário e o estilo da
língua árabe usada por um secretário de origem persa, conhecido como um dos
criadores da prosa literária abássida. Ibn al-Muqaffa’ endereça a epístola ao califa para
expor as suas ideias sobre os principais problemas do governo, discorrendo a respeito de
uma série de questões políticas, econômicas e sociais do califado e aconselhando o
soberano. Dessa forma, pretende-se abordar o valor documentário desse texto para a
civilização árabe-islâmica e a cautelosa linguagem do escriba ao se colocar na delicada
situação de aconselhar o califa, máxima autoridade de uma doutrina política que
prioriza a retidão do poder. A metodologia adotada é a tradução do árabe ao português,
tratando do vocabulário específico do texto e de seu estilo, tendo como base uma
bibliografia específica a respeito da epístola e do autor (Arjomand, 1994; Gabrieli,
1932; Goitein, 1966; Kristó-Nagy, 2013; Latham, 1990; Lowry, 2008; Pellat, 1976;
Sourdel, 1954). O enfoque da tradução é a transmissão de conteúdo preservando o
potencial comunicativo do texto, conforme a teoria da tradução de Komissarov (1987),
sendo que optou-se por uma tradução mais fiel ao original árabe, ocorrendo o
afastamento somente quando se considerou imprescindível para a compreensão do texto
o acréscimo de palavras ou a alteração da ordem sintática. O resultado da pesquisa é a
tradução comentada da Epístola sobre os servidores do califa, documento pioneiro da
prosa árabe clássica e singular em seu gênero. Traduzida pela primeira vez ao
português, pretende-se com esse texto contribuir ao estudo do período clássico da
civilização árabe-islâmica, no qual se desenvolveu uma prosa artística de grande
criatividade literária.
Identidade coletiva das comunidades surdas do Brasil e da Alemanha:
comparativo dos discursos midiáticos sobre inclusão de surdos no
sistema educacional
CLEIDE EMÍLIA FAYE PEDROSA
[email protected]
ROMANA CASTRO ZAMBRANO
O mundo pós-moderno vive o fenômeno da globalização sem comparativo precedente.
Neste encurtamento tempo-espaço, as sociedades se aproximam e se influenciam,
deixando marcas mútuas no contato de suas culturas. Inserimos, neste contexto, esta
investigação, cuja temática central será estudar como Brasil e Alemanha se posicionam
em relação à inclusão dos surdos no sistema educacional. É sabido que este debate
circula em várias esferas discursivas, contudo, elegemos o discurso midiático e, como
suporte de materialização linguística, os textos que serão analisados para atender ao
objetivo de identificar as identidades coletivas que são (re)constituídas a partir da
comparação dos discursos veiculados na mídia dos dois países, sobre inclusão de seus
cidadãos surdos e seus direitos de pertencimentos à sua comunidade com os mesmos
direitos da sociedade majoritária. A pesquisa, com base na Linguística Aplicada em seu
víeis dos estudos sobreas práticas sociais, filia-se à Análise Crítica do Discurso (ACD)
em seu diálogo com a Sociologia para a Mudança Social (SMS) e com os Estudos
Culturais (EC). Enquadra-se no posicionamento teórico-metodológico da ACD para
desenvolver análises das práticas discursivas e sociais, respaldadas pelas demandas
linguísticas. Nessa linha, as práticas sociais em mudança (SMS) estão em relação
dialética com as práticas discursivas. Estas tanto podem moldar quanto serem moldadas
por aquelas. E ambas constituem e (re)constituem identidades coletivas (EC) que se
fragmentam e se solidificam como processos sempre em construção. As categorias de
análises contemplarão categorias linguísticas, herdeiras da Linguistica SistêmicoFuncional (LSF), categorias discursivas e sociais (ACD). Após análise, espera-se que os
resultados revelem as diferenças e as semelhanças nas construções identitárias coletivas
dos dois países em relação ao pertencimento dos surdos
A Reflexão Crítica na Utilização do Manual do Professor de Língua
Inglesa
ÉLITA GOUVEA
[email protected]
O presente trabalho insere-se na área de ensino reflexivo de língua estrangeira e
formação continua de professores. A pesquisadora é responsável pela escolha de
material didático na instituição em que trabalha e a necessidade de encontrar materiais
que proporcionam reflexão crítica na prática educacional levou a realização desta
pesquisa. O objetivo deste artigo é analisar se há indícios que possam levar a reflexão
crítica em um manual do professor utilizado em um curso de inglês. Para isso as
perguntas apresentadas por Liberali (2004b) foram aplicadas nesse manual na tentativa
de encontrar indícios que pudessem levar a reflexão crítica. O embasamento teórico da
pesquisa abordou princípios sobre reflexão crítica de acordo com os autores Liberali e
Zyngier (2000); Magalhães (1997); Romero (1998). Por tratar-se de uma pesquisa
relacionada ao ensino e a aprendizagem, os Parâmetros Curriculares Nacionais de
Língua Estrangeira (1998) e a perspectiva sociointeracionista de Vigotsky (1994) foram
citados. Os resultados confirmaram as hipóteses que originaram a pesquisa, uma vez
que foi possível encontrar indícios que podem levar a reflexão na utilização do manual
do professor. Contudo, o estudo evidenciou, ainda, a importância do coordenador
pedagógico na orientação de uma prática docente reflexiva.
O ensino de libras e sinalizadores ouvintes: uma análise dos
parâmetros fonológicos
LUIZ ANTONIO ZANCANARO JUNIOR
[email protected]
MARIANNE ROSSI STUMPF
[email protected]
Este trabalho apresenta uma análise de alterações nos parâmetros fonológicos que
adultos ouvintes, fluentes e iniciantes, usuários da língua de sinais brasileira (Libras)
como segunda língua, apresentaram durante a produção de sinais. O trabalho situa-se
no campo da linguística aplicada ao ensino de línguas, com foco no ensino da Libras. A
pesquisa apresenta uma análise das produções de dois grupos de sinalizadores ouvintes
da Libras como segunda língua (L2), um grupo de sinalizadores iniciantes e outro de
sinalizadores em nível avançado. Os parâmetros fonológicos recortados para a análise
da pesquisa foram: configuração de mão, locação e movimento. Analisou-se como a
percepção das alterações dos sinais identificadas durante o processo de aquisição
contribuem para o desenvolvimento da aprendizagem. Os participantes envolvidos
foram 12 adultos ouvintes, 6 classificados como sinalizadores iniciantes e 6 como
sinalizadores em nível avançado, na faixa etária de 21 a 30 anos que conseguiam
estabelecer comunicação satisfatória com indivíduos surdos. Para a realização da
pesquisa pediu-se que os participantes observassem uma gravura em um vídeo, sem
apresentação de sinais. Em seguida os participantes deveriam sinalizar a gravura e suas
produções foram filmadas. Para a análise foram recortados 12 sinais da produção de
cada um. A análise demonstrou que o maior número de alterações fonológicas
identificadas ocorreram no parâmetro configurações de mão. Raras foram as trocas no
parâmetro locação e algumas trocas foram observadas no parâmetro movimento. As
trocas apresentadas nos parâmetros da Libras foram menores no grupo de sinalizadores
classificados como avançados do que no grupo de sinalizadores iniciantes. A presente
pesquisa expõe uma comparação entre dois grupos, evidenciando um padrão de
desenvolvimento da aquisição. Assim, esse estudo do processo de aquisição de
parâmetros fonológicos identifica padrões semelhantes aqueles apresentados por
crianças surdas em processo de aquisição da Libras tal qual descrito por Karnopp
(1999).
Formação de professores e Gestão de sala de aula: a riqueza do
trabalho do coordenador pedagógico.
MÔNICA GUERRA
[email protected]
A formação dos professores (Liberali, 2012, 2011; Magalhães, 2010, 2011) está no
centro das discussões sobre a qualidade de educação em diferentes países. Vários
estudos nacionais e internacionais apontam que o impacto mais relevante na
aprendizagem dos alunos é o papel desempenhado pelo professor. Sendo assim, a gestão
de sala de aula é fundamental para o processo de ensino-aprendizagem. Essa
comunicação tem por objetivo apresentar a relevância do trabalho crítico reflexivo na
formação de professores com base nos pilares em gestão de sala de aula(Guerra, 2011).
Este estudo está fundamentado na Teoria Sócio-Histórico-Cultural, que compreende
que os sujeitos, historicamente, constituem-se e aos demais por meio de relações
mediadas com mundo. Foi analisado o papel da argumentação durante as reuniões de
formação de professores. Os resultados apontam que a argumentação possibilitou uma
configuração mútua de sentidos (Aguiar, 2010) nas atividades analisadas e, em alguns
momentos, oportunizou traços criativos produzindo significados compartilhados pelos
grupos.
FORMAÇÃO DO LEITOR PROFICIENTE: leitura interdisciplinar
para alunos do Ensino Médio
MARIA APARECIDA PEREIRA DE OLIVEIRA
[email protected]
[email protected]
Este trabalho é um recorte de minha dissertação de Mestrado e o objetivo é demonstrar
que é possível haver um diálogo entre as áreas do conhecimentopor meio do
desenvolvimento de habilidades leitoras, ligando os conteúdos das disciplinas do Ensino
Médio, utilizando estratégias de leitura adequadas. Essas habilidades leitoras serão
desenvolvidas a partir da propositura de leitura dos gêneros discursivos que são comuns
às disciplinas, mediante a aplicação de sequências didáticas desses gêneros. Terá como
alicerce uma abordagem sociocognitiva de leitura tendo seus principais representantes
Marcuschi (2008) e Koch (1997), na concepção de bakhitiniana sobre gêneros
discursivos, por meio da proposta de sequências didáticas de Dolz e Schneuwly
(2004), além de pesquisas realizadas por Lopes-Rossi (2002) acerca do assunto. Estudos
atualizados de documentos da SEE (Secretaria do Estado da Educação) sobre a
proposta interdisciplinar e os primeiros estudos sobre a interdisciplinaridade no Brasil
representados por Japiassu (1976) e Fazenda (2002) formarão também o referenciais
teóricos deste projeto. A metodologia basear-se-á na elaboração e aplicação de um
conjunto atividades obedecendo às sequências didáticas dos gêneros discursivos
selecionados. Como uma pesquisa-ação de cunho qualitativo, pautar-se-á pela
flexibilidade, na observação em campo, ou seja, asala de aula,em que o observador é
também participante. O instrumento central para o levantamento de elementos teóricos
são fichas de anotações e entrevista com os professores envolvidos. O trabalho será
realizado com um professor de cada disciplina do Ensino Médio, num total de 12, nas
turmas de 3º Ano do Ensino Médio de uma escola da Rede Estadual de São Paulo.
Espera-se que,com os resultados, seja verificada a eficácia do trabalho interdisciplinar
na formação de leitores com gêneros discursivos e que os professores, ao mudarem a
sua prática e adotarem novas estratégias no ensino da leitura,possam ouvir suas vozes
nos discursos dos alunos.
Leitura e produção escrita da narrativa de aventura no ensino
fundamental: uma contribuição à prática pedagógica
ELIANE CRISTINA OLIVEIRA
[email protected]
O tema desta pesquisa é o trabalho com gêneros discursivos como instrumento de
desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita, especificamente a leitura e a
produção de narrativa de aventura por alunos do Ensino Fundamental. Tem-se
observado o baixo desempenho dos alunos em leitura e produção escrita, no geral, e a
carência de materiais de apoio para que o professor desenvolva um bom trabalho com a
narrativa de aventura. A partir do problema exposto, estabeleceu-se como objetivo geral
desta pesquisa contribuir para o trabalho didático com leitura e produção escrita da
narrativa de aventura no Ensino Fundamental. Especificamente, visa-se a: caracterizar o
gênero discursivo narrativa de aventura e elaborar sequências didáticas de leitura e de
produção escrita de narrativa de aventura que contemplem as expectativas de leitura e
de produção escrita da Matriz de Referência de São José dos Campos, além de outras
habilidades possíveis. Esta pesquisa se fundamenta nos pressupostos teóricos sobre
gêneros discursivos, sequências didáticas, habilidades de leitura e de produção escrita e,
ainda, sobre o gênero discursivo narrativa de aventura. Metodologicamente, procedeu-se
à pesquisa bibliográfica e análise qualitativa das informações teóricas e, ainda, à análise
de oito narrativas de aventura para caracterização do gênero e elaboração das sequências
didáticas. Como resultados, apresentam-se: uma seleção de oito narrativas de aventura
indicadas para a sala de aula por representarem bem o gênero e tratarem de histórias
interessantes; uma caracterização da narrativa de aventura nas suas dimensões
sociocomunicativas, linguísticas e de organização textual (em seus movimentos
retóricos), de forma que ficam bem estabelecidos os elementos do gênero que merecem
a atenção do professor nas atividades em sala de aula; e por fim sequências didáticas de
leitura e de produção escrita que possibilitam a organização do trabalho didático na
transposição de uma série de conceitos teóricos de forma viável.
Vygotsky Explica! – Uma análise da sequência didática proposta por
Scrivener à luz de pressupostos vygotskyanos
DENISE MAIA PEREIRA
[email protected]
LEONARDO SARMENTO TRAVINCAS DE CASTRO
[email protected]
Há uma tendência, na área de ensino de inglês como segunda língua, sobretudo por
parte de escolas que oferecem cursos livres de idiomas, em concentrar os esforços da
qualificação discente no seu fazer em sala de aula. Em consonância com essa realidade,
há livros que instruem sobre práticas didáticas, mas que pouco informam sobre suas
bases epistemológicas. Um exemplo desse tipo de material é o livro Teaching English
(SCRIVENER 2011), no qual o autor apresenta uma sequência didática para o ensino de
inglês como segunda língua, mas não menciona que teoria(s) a sustentam. O objetivo
deste estudo é, portanto, refletir sobre uma possível fundamentação teórica que embase
a sequência didática proposta por Scrivener, à luz de pressupostos vygotskyanos. Ao
fazer isso, destacam-se os pontos de contato e distanciamento entre os dois autores, e
algumas sugestões de adaptações para a sequência didática surgem dessa análise.
Espera-se que a reflexão aqui realizada revele ao professor como o conhecimento
teórico pode contribuir para um fazer pedagógico mais criticamente embasado em prol
de um fazer mais eficiente. Para realizar esta pesquisa, realizou-se em estudo
bibliográfico sobre o professor reflexivo e, principalmente, sobre a teoria de Vygotsky.
Dividiu-se a pesquisa em duas partes. Inicialmente, analisou-se detalhadamente a
sequência proposta por Scrivener a fim de destacar suas principais características
didáticas. Em seguida, pesquisou-se elementos na obra de Vygotsky que poderiam
fornecer fundamentação teórica para tais características. Constatou-se que há vários
pontos de contato entre a prática proposta por Scrivener e elementos da teoria
vygotskyana, possibilitando o fornecimento de fundamentação teórica para boa parte da
sequência didática. Onde há divergências, adaptações foram propostas, sempre se
considerando as ideias do mestre russo.
O Pensar Alto em Grupo: as múltiplas leituras de metáforas para
promoção de um letramento crítico no ensino língua inglesa e materna
ARIANE MIECO SUGAYAMA
[email protected]
PAULA FIGUEIREDO CAMPOS
[email protected]
Este trabalho visa analisar a prática de leitura dialógica e colaborativa Pensar Alto em
Grupo (ZANOTTO, 1995; 2014), que vem sendo investigada e construída pelos
participantes do grupo GEIM (Grupo de Estudos da Indeterminação e da Metáfora), do
qual fazemos parte. Essa prática tem como objetivo dar voz aos alunos, de modo que
possam interpretar, a partir de seus contextos pessoais, e de negociar em grupo a
relevância das leituras de acordo com as possibilidades interpretativas que o texto
oferece. Assim, uma vez que cada aluno se posiciona de forma responsiva ativa perante
o texto, é possível que múltiplas leituras ocorram, sendo necessário que cada um
desenvolva suas reflexões e reconheça a de seus colegas como alteridades que pensam
diferente. Por isso, a ênfase desta investigação será nas múltiplas leituras de uma
metáfora no ensino de língua inglesa e materna. Assim, deixamos de lado o paradigma
do ensino-aprendizagem da leitura única, calcado numa epistemologia do monologismo,
para trabalharmos a leitura de acordo com epistemologia do dialogismo (MARKOVA,
1997; BAKHTIN, 1992). A pergunta que procuramos responder foi: Em que aspectos o
Pensar Alto em Grupo, que permite a construção de múltiplas leituras, pode contribuir
para a construção de letramentos críticos? O presente trabalho se insere num paradigma
qualitativo de pesquisa (CHIZOTTI, 2008), de orientação interpretrativista (MOITA
LOPES, 2006) e tem como instrumento metodológico o próprio Pensar Alto em Grupo.
Os sujeitos da pesquisa são: em língua inglesa, alunos do Ensino Fundamental de uma
escola estadual de Minas Gerais; enquanto, em língua materna, alunos de um curso de
extensão universitária em São Paulo. Os resultados demonstraram que as múltiplas
leituras têm um grande potencial para que os alunos exerçam o pensamento crítico,
proveniente não de uma tentativa de homogeneização de opiniões, mas da procura de
convivência de diversas posições ideológicas.
A representação da mulher durante o período eleitoral: análise de duas
capas da revista Veja
JÉSSICA CRISTIANE PEREIRA DA SILVA
[email protected]
Vivemos em uma sociedade baseada na informação, na qual a mídia se constitui de um
importante espaço para a produção e circulação de informações. Nesse sentido,
considerando-se que a mídia transmite um recorte particular da realidade, na qual
ideologias, valores e interesses são veiculados, o que consequentemente influencia os
processos constitutivos das identidades pessoais, assim como, suas representações
sociais, esta pesquisa tem como objetivo central analisar, de uma perspectiva
bakhtiniana, o olhar que a mídia direciona à mulher durante períodos eleitorais, a partir
da verificação das construções discursivas presentes em duas capas da revista Veja. Para
tal, serão considerados a linguagem verbo-visual, o implícito e explícito, a cultura da
mídia, assim como os conceitos de enunciado concreto, signo ideológico e dialogismo,
presentes nas obras do Círculo de Bakhtin (1992; 2004). O corpus da análise se constitui
de duas capas da revista Veja: a de 16 de agosto de 2006, edição 1969; e a de 1 de
outubro de 2014, edição 2393. A análise realizada indica que as construções discursivas
presentes nas capas desvelam a ideologia da revista Veja em relação à mulher, assim
como o posicionamento político da revista. Nesse sentido, a Veja utiliza-se de uma
linguagem verbo-visual carregada de implícitos, na qual cria-se uma vinculação entre a
imagem da mulher e a ideia de que esta possui o poder de decidir o resultado das
eleições. Através dessa vinculação e das escolhas feitas pela revista em relação ao
enunciado e a linguagem verbo-visual utilizados, implicitamente a revista deixa
transparecer um discurso que questiona a capacidade das mulheres em tomar decisões
políticas. Apesar desse discurso aparecer de forma velada, ainda assim corrobora com o
fortalecimento de discursos marcados pela estereotipação e preconceito de gênero.
Livros do FNDE/PNBE (MEC): Análise dos acervos e possibilidades de
uso para atividades de leitura significativas
JULIANA ALMEIDA DA SILVA
[email protected]
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Este artigo apresenta dados de uma pesquisa sobre possibilidades de uso dos acervos
oferecidos às escolas pelo FNDE/PNBE (MEC). Os professores de Língua Portuguesa
entendem que a leitura é necessária, mas muitos manifestam dúvidas sobre como
desenvolver habilidades de leitura dos alunos e despertar o gosto pela leitura,
principalmente nos alunos do Ensino Fundamental II.O objetivo deste estudo foi fazer
um levantamento e uma análise dos acervos de livros oferecidos pelo FNDE/PNBE
(MEC) a uma escola do interior do estado de São Paulo a fim de agrupá-los por gêneros
discursivos e propor atividades de leitura significativas para que os professores usem-
nos com mais frequência, explorando melhor suas potencialidades e fomentado a leitura
na escola.Parte-se do pressuposto de que a literatura é um direito dos alunos
(CÂNDIDO, 1995); de que a escola tem que instigar o aprendiz a ler e a fruir a
literatura, desenvolvendo um olhar mais sensível e amplo da realidade, como afirma
Pinto (2014); de que a experiência e a reflexão da leitura literária “podem ser mediadas
e socializadas no espaço da sala de aula”. (DALVI; REZENDE; JOVIER-FALEIROS,
2013, p. 13); e de que os professores podem propor procedimentos que ampliem as
habilidades de leitura dos alunos, como afirmam diversos autores. Após o agrupamento
dos livros dos acervospor temáticas e gêneros, realizou-se uma análise quantitativa dos
livros e foram propostas atividades para o desenvolvimento de leitura com cada um dos
agrupamentos, fundamentadas numa perspectiva de educação literária complexa, “no
sentido de propiciar condições, oportunidades, espaços e metodologias, de forma
rigorosa, que assegurem ao estudante explorar ao máximo as potencialidades do texto
artístico e expandir seu ângulo de percepção.” (PINTO, 2014). Assim, buscou-se
contribuir com uma prática pedagógica coerente, apoiada em fundamentação teórica
indicada para o trabalho com leitura de diversos gêneros discursivos.
Análise de cursos de formação continuada a distância de professores
de Língua Portuguesa para os novos letramentos e multiletramentos
LILIANE COSTA
[email protected]
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Este trabalho é parte de uma pesquisa de doutorado em andamento e tem por objetivo a
comparar propostas de formação continuada em âmbito estadual e federal, separadas
pelo espaço de dez anos em sua produção, comparando as características dos cursos que
buscam fomentar o desenvolvimento dos novos letramentos e multiletramentos dos
professores envolvidos nessas formações, uma vez que, no atual contexto educacional, é
urgente que os professores se apropriem de novas linguagens, novas mídias e novos
letramentos para que possam mudar forma de ensinar, para isso, é necessário levar para
sala de aula o contexto digital e tomá-lo como objeto de estudo, não apenas de forma
instrumental, mas analisando e ensinando os novos letramentos e linguagens que
circulam na internet. A sociedade mudou e os aparatos tecnológicos estão cada vez mais
presentes na vida de todos, principalmente na vida dos alunos, portanto, é necessário
que a escola incorpore as tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) em
seu cotidiano e, para isso, os professores têm de refletir sobre o que incorporar aos
currículos e como fazê-lo. Assim, torna-se pertinente analisar propostas de cursos de
formação continuada que tenham estes objetivos, verificando os tipos de propostas de
aprendizagem são feitas para que novas práticas de linguagem e letramentos sejam
desenvolvidas na sala de aula. A contribuição desta pesquisa é esboçar uma reflexão
sobre as características de cursos de formação continuada a distância oferecidos a
professores por órgãos púbicos de Educação, visando a produzir conhecimento sobre
como promover o desenvolvimento de uma pedagogia voltada para os (novos)
multiletramentos que se reflita em alteração na prática dos professores e,
consequentemente, na aprendizagem dos alunos, levando a escola ao século XXI. O
pressuposto teórico que embasa a pesquisa é a pedagogia dos muliteltramentos,
proposta pelo Grupo de Nova Londres (GNL), em 1996.
Efeitos da intervenção do adulto na construção de narrativa oral
infantil
LÉLIA ERBOLATO MELO
[email protected]
O objetivo principal é observar a leitura de imagens em situação interativa na
construção de narrativa oral, antes e depois da tutela do adulto/criança. Neste sentido,
interessa-nos verificar também a disponibilidade da criança para assumir a perspectiva
do outro, e identificar as habilidades específicas, como atenção, percepção e memória
que favorecem seu desempenho. O quadro teórico converge para subtemas e autores,
como ‘imagem’ (Aumont, 2008); ‘narrativa/narração’ (Bruner, 1991, 1997 e 2014);
‘imaginação’ (Bouriau, 2006); ‘crenças’ (Perner & Wimmer, 1985); ‘condutas
explicativas na narração e efeito da tutela’ (Veneziano & Hudelot, 2005), entre outros.
A pesquisa foi realizada com 18 crianças, nas faixas etárias de 5, 8 e 10 anos de idade,
de ambos os sexos, que frequentam escola pública. A história selecionada ‘A trombada’,
extraída do livro Cabra-Cega (Eva Furnari, 2003: 10-11), constituída de quatro imagens,
sem texto, conta um episódio com começo, meio e fim entre duas personagens (um
menino e uma menina). Os dados foram transcritos segundo as normas utilizadas por
Preti e Urbano (1990). A coleta de dados se desenvolveu em três tempos: (a) narrativa
autônoma com imagens; (b) narrativa com tutela e imagens; (c) narrativa sem tutela e
imagens. Como critérios de análise utilizados, destacamos a retificação das falsas
crenças da personagem, a utilização dos liames causais dos acontecimentos, o uso dos
signos não verbais, e o encadeamento discursivo dos acontecimentos. Os resultados
obtidos evidenciam a participação efetiva do adulto na interação com a criança no
processo de reconhecimento, rememoração e interpretação das imagens. Além disso,
confirmam a sugestão de que sejam realizadas outras pesquisas com o olhar voltado
para a sala de aula.
A leitura do gênero discursivo propaganda impressa em livros
didáticos: uma abordagem ainda insuficiente
SAMANTHA CESTARI TURCI
[email protected]
Esta pesquisa foi motivada pelo fato de muitos livros didáticos atuais trazerem vários
gêneros discursivos, como a propaganda impressa, como preconizam os PCN. No
entanto,quase sempre não os abordam em todas as suas propriedades constitutivas.
Assim, o tema desta pesquisa é a abordagem do gênero discursivo propaganda impressa
em atividades para leitura e interpretação em livros didáticos. O objetivo é analisar três
atividades de leitura de propaganda retiradas de dois livros didáticos para o 7° ano do
ensino fundamental e outra de um livro para o 1° ano do ensino médio, distribuídos pelo
Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), e em uso nas escolas. Especificamente,
verifica-se se e como as atividades abordam a compreensão dos aspectos
sociocomunicativos, verbais, não verbais e dialógicos das propagandas.
Teoricamemente, a pesquisa se baseia na concepção sociocognitiva de leitura abordada
por Koch; na posição dos PCN em relação à leitura e ao trabalho com gêneros
discursivos; e nas principais características do gênero discursivo propaganda impressa
abordados os dois últimos por Bakhtin. Metodologicamente, analisa o corpus de modo
qualitativo, de acordo com a fundamentação teórica citada. Os resultados mostram que
apenas um dos livros didáticos aborda os recursos argumentativos e o propósito
comunicativo da propaganda nas atividades de leitura propostas. Os outros livros
didáticos abordam aspectos linguísticos de forma descontextualizada, ou abordam um
ou outro aspecto sociocomunicativo das propagandas, não colocando em prática a
proposta de leitura sugerida pelo PCN. Conclui-se que os professores precisam fazer
uma leitura crítica do livro didático e, no caso dos que usam os livros didáticos
utilizados para esta pesquisa, precisam elaborar suas aulas sobre leitura do gênero
discursivo propaganda impressa com base em outros materiais, já que esses livros não
contemplam as características constitutivas da propaganda.
PRÁTICA DE LEITURA DO PENSAR ALTO EM GRUPO NA
UNIVERSIDADE: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A FORMAÇÃO
DO LEITOR CRÍTICO E DO PROFESSOR LETRADOR
DALVE OLIVEIRA BATISTA SANTOS
[email protected]
RUY MARTINS DOS SANTOS BATISTA
[email protected]
A presente pesquisa tem por objetivo investigar a prática do Pensar Alto em Grupo
(ZANOTTO, 1995; 2014), num espaço de leitura e produção textual, como
possibilitadora do desenvolvimento do leitor critico e proficiente e do professor letrador
(BORTONI, 2010). O Pensar Alto em Grupo (PAG) é uma vivência pedagógica de
leitura, que permite ao educando um posicionamento legitimo na construção de suas
múltiplas leituras, além disso, possibilita a formação de um leitor crítico e proficiente
capaz de interpretar a partir do contexto social no qual está inserido. Desta forma, esta
pesquisa vincula-se aos estudos que investigam a prática de letramento em contexto de
uso social da linguagem, buscando responder as seguintes perguntas: 1. Como a prática
de leitura do pensar alto, com um grupo focal na universidade, pode contribuir para a
formação de um leitor crítico e proficiente? 2. Qual o papel do professor enquanto
agente de letramento? Para respondermos a esses questionamentos, discutiremos os
conceitos de Vygotsky sobre ensino aprendizagem e o sujeito situado sóciohistoricamente (1991, 2006), as concepções sobre leitura (FREIRE, 1983/1986; SOLÉ,
1998) nos Novos estudos do Letramento (STREET, 1984/1995; KLEIMAN 1995/2008;
SOARES, 1998/2010), e, também, numa visão de linguagem dialogicamente constituída
(Bakhtin 2003). A pesquisa é de cunho qualitativo e de natureza interpretativista
(CHIZOTTI, 2008; MOITA LOPES, 2006) que busca por meio do aporte metodológico
Pensar Alto em Grupo (ZANOTTO, 1995), propiciar a sociabilização das leituras
construídas pelos participantes por meio da interação face-a-face. Dessa forma,
compreendemos que a prática do pensar alto possibilita o desenvolvimento da
capacidade de leitura crítica dos sujeitos envolvidos, bem como, elucida a importância
do professor letrador neste processo, pois, enquanto condutor das diversas vozes, este
agente pode possibilitar relações menos conflituosas e alunos mais autoconfia
Aspectos culturais no ensino de PLA: uma proposta de mediação
intercultural
PEDRO IVO SILVA
[email protected]
[email protected]
A variedade brasileira do português vem atraindo um número crescente de aprendizes
desse idioma como língua adicional (PLA), os quais desejam integrar-se ao panorama
internacional de crescente desenvolvimento do Brasil. Para aqueles estrangeiros que
estão por aqui há mais tempo, diversas situações interculturais na aprendizagem de PLA
podem gerar dificuldades de compreensão, como palavras ou expressões ligadas a
contextos regionais, a gestos, a costumes, a vestuário, etc. Percebe-se com isso uma
intrínseca ligação entre língua e cultura, conforme os aportes teóricos de Bennett (1993;
1998); Hall (1998); Kramsch e Widdowson (1998); Paraquett (1998); Godoi (2005);
Laraia (2006). É sob a perspectiva dessa ligação que se pode questionar: como mediar a
aprendizagem intrinsecamente cultural de PLA sem que questões relacionadas à cultura
brasileira acabem por se tornar elementos secundários no ensino ou desconsiderados das
necessidades dos aprendizes? Diante disso, a presente pesquisa propõe-se a refletir
sobre processos de mediação didática associados a conceitos de multiculturalismo e
interculturalidade, dentro dos pressupostos dos estudos de natureza qualitativa
(ANDRÉ, 1995; MOREIRA, 2004; FLICK, 2009). Na sequência, pretendo discorrer
sobre tópicos interculturais surgidos na aplicação da técnica de ‘estudo de caso’
(FLICK, 2009), em que um estudante nigeriano de PLA foi sujeito de pesquisa em
entrevista semi-estruturada para a coleta de dados. A análise da entrevista identificou os
temas ‘gesto’ e ‘vestuário’ como pontos de contato cultural conflitantes em sua
aprendizagem, concluindo-se, portanto, que estes elementos podem ser motivacionais
no ensino de PLA em relação ao assunto ‘cultura’, pois emergiram do interesse do
próprio entrevistado, assim como outros temas podem emergir do interesse de demais
aprendizes por determinadas áreas ou das dificuldades / necessidades observadas pelo
professor acerca de tópicos culturais que contemplem aspectos diversos da cultura
brasileira (MENDES, 2002), a fim de otimizar a aprendizagem de PLA por meio de
uma mediação didática intercultural.
Um estudo sobre a linguagem de grupo sociais da cidade de São
Vicente: falantes e falares
MARIA DE LOURDES GASPAR TAVARES
[email protected]
APARECIDA DE JESUS A. MALLAGOLI
HENRI DA SILVA SANTOS
DANIELLA TEIXEIRA LIMA
SILVIA BÁRBARA SILVEIRA DE PAULA
CIOMARA A. DOS SANTOS
ROBERTA FÉLIX DA SILVA
SANDRA REGINA DE A. DE LIMA
THIEGO ZOCCANTE DE SOUZA
Esta comunicação está situada na área de Sociolinguística com vertente variacionista, na
linha de pesquisa de Linguagem e Educação. Tem por tema um estudo da modalidade
de língua oral, abrangendo a variedade diastrática, por meio de ligações com vários
tipos de falantes e situações de interação, especificamente expressões da linguagem de
grupos sociais da cidade de São Vicente, tais como: adolescentes, auxiliares de
enfermagem, auxiliares de transporte urbano (Vans), ativistas políticos femininos de
grupos de Esquerda, evangélicos, candoblecistas, feirantes e surfistas. Busca-se um
panorama das variações do uso linguístico na linguagem dos vicentinos (Baixada
Santista), estudando-se os vários fatores socioculturais responsáveis por elas, associados
ao prestígio social da linguagem e discutindo-se os conceitos de norma culta e suas
ligações com o sistema de ensino. Está fundamentada nos pressupostos teóricos de
Labov (1972), Tarallo (1986) e Mollica (2003). A amostra é composta por um recorte
de uma pesquisa realizada por alunos do curso de Letras da Faculdade de São Vicente
(UNIBR), cujo objetivo é identificar expressões orais e cotidianas dos grupos citados.
Os resultados obtidos indicam que os falantes participantes do grupo em estudo mantêm
um vocabulário distinto, cuja linguagem figurada, rica e criativa, estabelece
satisfatoriamente a comunicação entre os falantes. Destaca-se, durante a interlocução, o
socioleto, ou seja, o uso significativo de gírias, por exemplo: cartão de crédito/0800
denomina os beneficiários do transporte gratuito, deficientes e idosos; boneco, segundo
as adolescentes, é o rapaz namorador; bagrinho, para as auxiliares de enfermagem,
nomeia o médico estagiário; olho de borracha, entre os feirantes da região, diz respeito
ao colega invejoso. Finalmente, por meio desta comunicação, espera-se contribuir para
os estudos acerca do papel da língua em seu contexto sociocultural, no domínio
pragmático-discursivo.
Análise sociorretórica de introduções de artigos científicos da área de
Moda
GABRIELA ANDRADE DE OLIVEIRA
[email protected]
MARIANA CASSEMIRO
[email protected]
SILVIA ANDRADE
Nesta apresentação objetivamos relatar os resultados de um estudo, cujo propósito foi
analisar introduções de artigos científicos produzidos na área de Moda, retirados dos
Anais do 9º Colóquio de Moda, a fim de verificar se os movimentos retóricos previstos
no modelo CARS (Create a Research Space) reformulado por Swales & Feak (1994)
poderiam ser encontrados nos referidos textos. Esse modelo, que foi proposto pela
primeira vez por Swales (1990) e reelaborado por Swales & Feak (1994) com o intuito
de torná-lo mais pedagógico, simplificado e utilizável para instrumentalizar alunos de
cursos de escrita acadêmica, contempla três movimentos retóricos, a saber: estabelecer o
território de pesquisa, estabelecer um nicho e ocupar o nicho, que estão frequentemente
presentes nas introduções de artigos científicos de diversas áreas do conhecimento,
conforme defendem Swales & Feak (1994). Tendo isso em vista, nosso propósito foi
observar se tais movimentos, encontrados com sucesso em áreas academicamente
estabelecidas há bastante tempo, poderiam ser verificados também nas introduções de
artigos oriundos da área de Moda, que é muito recente no cenário acadêmico. Desse
modo, a análise dos textos foi realizada à luz da teoria de análise de gêneros textuais de
abordagem sociorretórica. Embora tenha sido possível identificar os movimentos
retóricos propostos no modelo CARS nas introduções analisadas, os resultados obtidos
evidenciaram algumas peculiaridades interessantes bem próprias da área de Moda. Uma
das contribuições relevantes deste trabalho é destacar a heterogeneidade da comunidade
discursiva da área de Moda, o que pode explicar o modo no qual os textos analisados
foram produzidos.
A argumentação (re)organizando as relações na escola: uma questão
de formação
FRANCISCO AFRANIO RODRIGUES TELES
[email protected]
FABRICIA PEREIRA TELES
[email protected]
Este trabalho objetiva apresentar reflexões sobre a argumentação (re)organizando as
relações escolares em contexto de formação. Faz parte de um recorte teórico e
bibliográfico de uma pesquisa na área dos estudos da linguagem, empreendida em uma
escola pública das séries finais do Ensino Fundamental no município de Parnaíba-PI.
Inicialmente, problematiza-se a argumentação como compreensão clássica de persuasão,
conforme estudos de Aristóteles, apontando as fragilidades desse entendimento em uma
sociedade em constantes mudanças. Em seguida, trata-se a argumentação como
possibilidade crítica ou colaborativa para o âmbito da escola, a fim de contribuir com a
(re)organização das relações afetivo-cognitivas. Finaliza-se defendo a importância da
argumentação crítica para a formação nos contextos escolares. Essas discussões se
fundamentam em Liberali (2013), Leitão; Damianovic (2011), Ribeiro (2009), dentre
outros pesquisadores(as) da temática. Acredita-se que a formação na escola pode ser
transformadora a partir da produção de uma argumentação que contribua para
(re)organizar as relações na escola.
Tintas Renner, Uma Análise Semiológica Sob a Proposta de Umberto
Eco
RODRIGO NUNES FEIJÓ
[email protected]
[email protected]
MARION RODRIGUES DARIZ
ADRIANE PIRES RODRIGUES RAMIRES
A presente pesquisa tem como objetivo analisar como ocorre a percepção dos alunos de
quarto ano do Curso de Letras Português, da Universidade Federal do Rio Grande –
FURG, ao analisarem dois textos publicitários de marcas temporais distintas. Nosso
grupo analisou a produção dos textos confeccionados pelos alunos, em que os mesmo
cotejaram as duas imagens publicitárias de uma marca de tinta. Dentro de várias
campanhas publicitárias da marca de tinas Renner, nossa escolha se deu em uma
imagem que foi veiculada na década de 60 e outra na década de 10. Os cotejos feitos
pelos alunos, sobre os textos sincréticos, serão analisados sob a perspectiva do
semioticista Umberto Eco. Dentre vários semioticistas, Eco é o que trabalha com a
semiótica das culturas, semiótica essa que contempla e analisa a representação de fatos
culturais dentro das sociedades, na mídia impressa, televisivas, artística etc. Por
trabalhar com fatos culturais, Eco afirma que a imagem, ou signo icônico, para fins de
análise, é passível de ser decomposta em unidades menores.Eco pondera o duplo
registro, o verbal e o icônico (visual) e considera os conceitos de denotação e conotação.
Portanto, a partir desse contexto, nosso principal objetivo é analisar se alunos do quarto
ano são proficientes na leitura de textos sincréticos.
Análise das partículas GA e WO: Um enfoque na interlíngua escrita
dos aprendizes do curso de japonês da Universidade Estadual do
Ceará (UECE)
LAZARO TAVARES
[email protected]
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A presente pesquisa baseia-se em alguns dos resultados obtidos a partir de um recente
estudo realizado sobre o uso das partículas gramaticais da língua japonesa (LJ). No
idioma japonês, as partículas funcionam como elementos fundamentais na estruturação
de frases e orações, uma vez que designam funções sintáticas determinadas no interior
das mesmas, configurando, assim, o sentido da comunicação em contextos particulares.
O estudo buscou compreender, especificamente, o uso errôneo das partículas wa e ga
nas redações dos alunos do curso de extensão em LJ, como Língua Estrangeira (LE), da
Universidade Estadual do Ceará (UECE), partindo da hipótese de que certas partículas,
ao acumular variadas funções, poderiam oferecer maiores dificuldades de
aprendizagem. Para tal, conduzimos a nossa pesquisa através de estudos que envolvem a
hipótese da Análise de Erros e a teoria da Interlíngua, à luz de teóricos como Corder
(1964), Selinker (1972), Praxedes (2007), Mukai (2009), entre outros. O corpus foi
formado por trinta e quatro textos escritos produzidos por vinte e seis alunos em seus
diferentes estágios de instrução. Os dados foram analisados quantitativamente e
qualitativamente através da coleta das redações (sakubun, em japonês) e de entrevistas
feitas com avaliadores nativos japoneses, responsáveis pela indicação dos erros nessas
redações. As produções escritas foram realizadas em um contexto de sala de aula, que
envolvia temas diversos, propostos pelos professores nas avaliações escritas (tesuto,
“prova”) ou em forma de dever de casa (shukudai). Ao analisar nosso corpus, notamos
que, de maneira geral, os aprendizes utilizavam adequadamente as partículas
supracitadas, no entanto, o seu uso era limitado a certas funções gramaticais. Quando as
utilizaram de forma errônea, trocaram-nas por outras partículas da sintaxe da LJ. Além
disso, conforme os resultados, percebemos que, de acordo com o estado da arte, há a
necessidade de um estudo que investigue o uso das partículas ga e wo, isso porque,
tanto uma quanto a outra podem ser marcadoras do objeto direto da oração (caso
acusativo), no entanto, como alguns alunos fazem usos indiferenciados entre os verbos
transitivos e intransitivos – que no idioma japonês ocasiona uma mudança no uso entre
as mesmas – evidenciou-se que o estudo de ga e wo configura-se como mais uma
evidência da dificuldade em relação ao uso desses elementos e da importância destes
itens como foco de nosso estudo.
Percepções de professores em formação sobre o ensino de língua
inglesa pelo viés do Letramento Crítico
ANA CLAUDIA TURCATO DE OLIVEIRA
[email protected]
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As Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (OCEM) destacam a
importância de se trabalhar o ensino da Língua Inglesa (LI) numa perspectiva crítica,
objetivando a transformação do educando através de sua participação ativa na
comunidade (Mattos, 2014). Ferraz (2014) argumenta que os alunos, nas aulas de
Inglês, não são incentivados a produzirem conhecimento, mas a reproduzirem as ideias
expostas pelos professores. Neste sentido, almejamos discutir algumas percepções de
professores integrantes do Grupo de Estudos do Letramento Crítico e Ensino de Língua
Inglesa (Gelcli), sobre o ensino de Língua Inglesa como língua adicional e a sua
contribuição para a formação de cidadã críticos. Esse grupo conta com a participação de
professores de Inglês da Rede Pública de ensino do estado do Tocantins e alunos da
disciplina de Prática de Ensino e Estágio Supervisionado IV. Para a realização deste
estudo de caso, de natureza qualitativa, de base exploratória, utilizamos como
fundamentação teórica as concepções do Letramento Crítico e Multiletramento
cotejadas por (COPE & KALANTZIS, 2000; LUKE & FREEBODY,1997; MONTE
MÓR, 2009, 2012; DUBOC E FERRAZ, 2011; MATTOS, 2011, 2014) entre outros.
Esses autores enfatizam a importância da contribuição da escola para a transformação
do indivíduo através de uma educação para a cidadania. Os primeiros resultados
apontam que a maioria dos professores em serviço dedicam-se mais à formação
linguística de seus alunos, por acreditarem que é o papel mais importante da disciplina,
outros devido às criticas advindas no próprio contexto de trabalho. Porém, há alguns
professores e estagiários que reconhecem a relevância de fomentar discussões que
promovam a construção de cidadania em sala de aula e aproveitam as “brechas” para
promover momentos de discussões que envolvam questões locais e globais.
Um componente curricular visando à formação crítico-reflexiva de
professores: Aprendizagem crítico-reflexiva
MARIA INÊS FELICE
[email protected]
[email protected]
Segundo a lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (1996), a Educação Superior
tem, como objetivos principais, formar indivíduos capazes de se inserir nos setores
profissionais, participar do desenvolvimento da sociedade brasileira e estimular o
desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo. Para a elaboração do
Projeto Político Pedagógico do Curso de Letras da Universidade Federal de Uberlândia,
o Colegiado do Curso de Letras tomou, como princípio da formação de professores de
línguas, a aprendizagem crítico-reflexiva. Para tal, criaram um componente curricular
que levasse os professores de línguas em formação a refletir sobre a necessidade de uma
formação contínua, pois serão indivíduos capazes de “aprender a aprender”, de assumir
os direitos e deveres da liberdade. A pesquisa aqui apresentada é resultado de várias
pesquisas de Iniciação Científica e Mestrado de meus orientandos que tiveram por
objetivo observar, analisar e discutir vários aspectos desse componente curricular, tais
como a autonomia dos professores em formação, demonstrada por intermédio
apresentação de portfólios, a prática da reflexão crítica por meio de diários reflexivos e
a avaliação formativa, trabalhada em sala com instrumentos variados, como a auto e a
co-avaliação. Os trabalhos foram analisados à luz do interacionismo sociodiscursivo de
Bronckart. Os resultados obtidos têm demonstrado que a maioria dos estudantes
assimilam muito bem essa abordagem metodológica, apresentando alto nível de
progresso, engajamento e desenvolvimento durante o semestre da disciplina Língua
Francesa: Aprendizagem crítico-reflexiva, assim como ao longo do curso.
Perspectivas de uso de gêneros textuais em aulas de leitura
instrumental em Língua Inglesa
SARA LORRANE COSTA DE OLIVEIRA
[email protected]
LARISSA CAROLINE RIBEIRO
MARCO AURÉLIO COSTA PONTES
[email protected]
No presente trabalho objetiva-se compartilhar experiências em aulas de Leitura
Instrumental em Língua Inglesa, ministradas por alunos-professores, dentro da
disciplina “Estágio Supervisionado de Inglês para Fins Específicos”, do curso de Letras
da Universidade Federal de Uberlândia. O minicurso, que durou 20h, foi oferecido à
comunidade acadêmica e geral, como projeto de extensão, objetivando desenvolver a
habilidade de leitura em Língua Inglesa para uma compreensão geral, e a identificação
de informações específicas em textos de gêneros variados, baseando em estratégias de
leitura, vocabulário e gramática contextualizada, ou seja, partindo de textos. A presente
pesquisa se classifica como qualitativa (DEMO, 2009), pois visa entender os fenômenos
de acordo com as perspectivas dos alunos participantes. Consideramos a pesquisa,
ainda, dentro da modalidade participante (SEVERINO, 2007), pois as observações não
foram passivas e envolveram interação entre os integrantes, ou seja, foram realizadas
observação das aulas ministradas, aplicação de questionário semiestruturado e diários
reflexivos. O Inglês para Fins Específicos foi a abordagem que norteou o
desenvolvimento do minicurso, enfatizando as necessidades do aluno, partindo do
pressuposto de que “o ensino vai estar focado naquilo que ao aluno precisa saber para
poder atuar na situação-alvo [...], ele vai aprender a língua para desempenhar tarefas
específicas em situações pré-determinadas” (DINIZ; MARCHESAN, 2010). Os
professores, que são aqueles quem desempenham múltiplos papéis, tais como
colaborador, orientador e facilitador da aprendizagem dos alunos (DUDLEY EVANS;
ST JOHN, 1998), resolveram que durante o curso seriam trabalhadas estratégias de
leitura relacionadas a vários gêneros, por exemplo, as estratégias skimming e scanning
que foram trabalhadas com o gênero Abstract. O feedback recebido ao final do curso foi
positivo, pois alunos e professores atingiram seus objetivos de identificar elementos
específicos em textos variados e obter resultados satisfatórios no ensino.
Uma análise preliminar do desenvolvimento da capacidade de ação na
produção do gênero “artigo científico” da área de estudos literários em
língua francesa
JACI BRASIL TONELLI
[email protected]
A questão da escrita acadêmica tem ganhado destaque no contexto universitário, os
pesquisadores têm refletido sobre os textos que os estudantes devem produzir para
prosseguir seus estudos e de que maneira eles podem ser ensinados e aprendidos. Nesta
comunicação, temos por objetivo apresentar uma análise preliminar do desenvolvimento
das capacidades de ação dos alunos ao produzir artigos científicos da área de estudos
literários. O corpus analisado foi recolhido no decorrer de um semestre em que foi
aplicada uma sequência didáticadestinada aos estudantes do último ano da graduação
em Letras (habilitação em francês), que visava ensinar a produzir um artigo científico
em francês. Para desenvolver esta pesquisa, apoiamo-nos nos conceitos do
interacionismo sociodiscursivo (Bronckart, 1999/2012), que tem como uma de suas
bases os estudos de Vigostki (1998). Para elaborar a sequência didática, realizamos as
seguintes etapas: primeiramente, recolhemos artigos científicos em francês de revistas
acadêmicas pertencentes ao campo dos estudos literários, de modo a constituir o corpus.
Em seguida, a análise desse corpus foi realizada a partir do modelo da arquitetura
textual (Bronckart, 1999/2012). A partir dessas análises e também de estudos
desenvolvidos sobre a escrita acadêmica (Motta-Roth e Hendges, 2010; Machado,
Lousada e Abreu-Tardelli, 2005), construímos o modelo didático do gênero (Schneuwly
e Dolz, 2004), que determina suas características ensináveis. No decorrer do semestre,
os alunos produziram uma primeira versão de seus artigos que nos informou o que eles
já sabiam sobre esse gênero textual para que pudéssemos, a partir dessa análise e do
modelo didático do gênero, propor uma sequência didática visando ao desenvolvimento
das capacidades de linguagem (Dolz, Pasquier e Bronckart, 2004) dos alunos, sendo a
capacidade de ação uma delas. Em nossa comunicação, mostraremos a análise
preliminar de algumas produções dos alunos para discutir em que medida há
desenvolvimento da capacidade de ação dos alunos.
Avaliatividade como recurso semântico em crônicas: uma análise das
escolhas léxico-gramaticais de atitude
MARIA APARECIDA FERREIRA DA SILVA
[email protected]
MARIA DO ROSÁRIO DA SILVA ALBUQUERQUE BARBOSA
Este estudo objetiva investigar o uso de elementos linguístico-avaliativos em crônicas
produzidas por alunos do Ensino Fundamental e Médio de escolas públicas brasileiras
das cinco Regiões Brasileiras. Todas as crônicas que foram finalistas das Olimpíadas de
Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro. Para fundamentar esta pesquisa, utilizamos a
Linguística Sistêmico-Funcional, proposta por HALLIDAY (1985, 1994), uma vez que
esta teoria preocupa-se com o estudo da linguagem, considerando-a uma prática social
para criar significados HALLIDAY (1985, 1994); mais especificamente, a teoria da
avaliatividade (MARTIM & WHITE, 2005), com foco no subsistema da Atitude, que
remete à expressividade linguística das avaliações positivas e negativas, relacionadas a
aspectos subjetivos, como a emoção, a ética e a estética. A avaliatividade tem suas
ramificações da Linguística Sistêmico Funcional (HALLIDAY & MATHIESSEN,
2004) notadamente na metafunção interpessoal, cuja preocupação está focada no lado
interpessoal da linguagem, à presença subjetiva dos escritores/falantes nos textos, na
medida em que adotam posições com relação ao material que eles apresentam e àqueles
com quem eles se comunicam. Para tal propósito, será feita a análise da estrutura
genérica das crônicas produzidas pelos escolares e sua relação com a estrutura da
narrativa. Uma análise inicial sinaliza a forte presença das categorias semânticas de
afeto e de apreciação, a partir das quais os estudantes podem demonstrar, através dos
recursos léxico-gramaticais, disponibilizados pela língua, suas avaliações peculiares a
respeito dos contextos nos quais estão inseridos. Trata-se, portanto, de uma pesquisa de
caráter quantitativo e qualitativo, pois se busca caracterizar diferentes modalidades de
coleta de informações por meio do programa computacional WordSmith Tools
(SCOTT, 2010). Estudos esses que consideramos relevantes, visto que quanto maior o
conhecimento do potencial linguístico desses recursos, nas atividades de leitura e
escrita, desenvolvidas na escola, maior a possibilidade de êxito dos estudantes, durante
os processos de interação nos diversos contextos sociais.
Coaching instrucional: uma “nova” abordagem para a formação
continuada de professores de línguas estrangeiras no Brasil
ALEX GARCIA DA CUNHA
[email protected]
[email protected]
Nesta comunicação, apresento uma pesquisa qualitativa que investigou a experiência de
o coaching instrucional (Barkley, 2005; Knight, 2004, 2005, 2006, 2007, 2009) na
formação continuada em serviço de uma professora de inglês da rede pública que
buscou implantar o Ensino Comunicativo de Línguas Estrangeiras (Richards, 2006) em
uma de suas turmas de ensino fundamental. Essa professora possuía, então, baixo
desempenho linguístico-comunicativo em inglês e abordagem de ensinar pautada em
gramática-tradução. A oferta do coaching instrucional e a coleta de dados aconteceram
de março de 2012 a fevereiro de 2013, por meio de gravações em áudio, entrevistas
semiestruturadas, questionários e documentos. Os dados foram categorizados e
analisados à luz do construto teórico de experiência (Gelter, 2010; Miccoli, 1997, 2010)
e indicaram resultados promissores, quais sejam: o coaching instrucional contribuiu
para que a professora desenvolvesse tanto sua abordagem de ensino quanto seu
desempenho linguístico-comunicativo em inglês. Ademais, contribuiu para a melhoria
da sua relação com os alunos. Em face disso, proponho que novos estudos sejam feitos
acerca do coaching instrucional enquanto abordagem de formação continuada em
serviço em nosso país.
A compreensão dos sentidos na charge: questões metodológicas
TAMIRIS MACHADO GONÇALVES
[email protected]
O interesse pela compreensão da charge teve sua origem em uma dissertação de
mestrado intitulada “Vozes sociais em confronto: sentidos polêmicos construídos
discursivamente na produção e recepção de charges”, defendida em janeiro de 2015.
Nessa investigação, foram analisadas charges polêmicas. Explorou-se como se edifica o
sentido especificamente em charges que apresentam divergência entre o possível efeito
de sentido pretendido pela articulação dos elementos verbo-visuais da charge e as
leituras realizadas por seus interlocutores. O caminho de investigação percorrido na
dissertação aumentou o interesse por esse objeto. Assim, o presente trabalho tem como
tema compreender a charge sob a perspectiva dos postulados de Bakhtin e seu Círculo,
sobretudo das noções de signo ideológico, gêneros discursivos e vozes sociais. A partir
do estudo de duas charges de Carlos Latuff, publicadas uma em 2014 e outra em 2015
no endereço eletrônico Sul 21, busca-se entender a atividade enunciativa que as
constitui: quais recursos são mobilizados para a edificação de seus sentidos. Para tanto,
verificar-se-á como se dão as relações dialógicas entre as charges e os enunciados
anteriores que com elas se relacionam para se constituir como gênero na cadeia da
comunicação discursiva. Com as discussões em torno dos sentidos construídos, será
possível perceber que, conforme a teoria bakhtiniana, que subsidia esta reflexão, todo
discurso é dialógico, isto é, todo discurso estabelece uma necessária relação com outros
discursos, desencadeando diferentes sentidos. Talvez o que particularize a charge é que,
muitas vezes de modo velado, ela recupera valorativamente temas da atualidade que, se
não identificados pelo leitor, prejudicarão o entendimento dos sentidos veiculados,
especialmente quanto ao seu projeto enunciativo de estabelecer uma crítica sobre um
dado tema.
Ethos e cenas de enunciação no conto Insônia, de Lúcia Bettencourt
DÉBORA MATOS ALAUK
[email protected]
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A presente pesquisa tem por objetivo analisar as cenas da enunciação e a constituição do
ethos no conto, Insônia, da escritora carioca premiada Lúcia Bettencourt, seguindo o
eixo teórico da Análise do Discurso, conforme Mainguenau (2014), Discini (2003) e
Amossy (2014). O conto narra a história de uma mulher que sofre de insônia e que, em
uma das noites de tormenta, começa a refletir sobre as situações da vida. Ao caminhar
na sua casa encontra um jovem e inicia uma conversa peculiar e intelectual. O diálogo é
interrompido pelo chamado de outros amigos para irem à Missa Galo. Após esse evento,
ocorre uma alteração no estado psicológico da protagonista que adormece sonhando
sobre aquela noite. O conto apresenta marcas de intertextualidade com o texto de
Machado de Assis denominado Missa do Galo, traço importante para a construção das
cenas de enunciação a serem analisadas. Em relação à formação do ethos da mulher, em
contexto com as diversas cenas de enunciação como é expresso no trecho: "Insone, me
revirava na cama grande demais para o quarto. Era uma cama antiga, de dossel,
esculpida numa madeira escura, quase negra.", percebe-se um ethos de uma personagem
incomodada e reflexiva.
Por uma formação continuada significativa
ISABEL TEIXEIRA
[email protected]
[email protected]
Enormes são as exigências que recaem sobre o professor em dias atuais. Almeja-se que
um educador bem qualificado seja nada menos do que um excelente mediador,
pesquisador, problematizador e esteja em constante desenvolvimento profissional.
Entretanto, faz-se necessário avaliar até que ponto os modelos de formação continuada
atuais (alicerçados, em sua grande maioria, em moldes tecnicistas) promovem uma
preparação de docentes com tal perfil (Imbernón, 2010). De fato, auxiliar o professor, e,
mais especificamente, o docente de Língua Estrangeira a tornar o ensino de um idioma
estrangeiro mais contextualizado bem como oferecer ferramentas para reflexão
consistente de sua prática constitui-se em um grande desafio. Essa pesquisa tem como
objetivo discutir uma proposta de conscientização do professor a fim de entender sua
prática de ensino , isto é, sua abordagem (Almeida Filho, 2010) e buscar por novas
propostas metodológicas por meio de implementação de projetos (Hernandez, 1996) por
meio de sessões de planejamento e reflexão que além de privilegiar uma formação feita
em loco (Nóvoa, 2009) preparam os professores a se tornar investigadores de sua
própria prática.
Textos multimodais no ensino de língua portuguesa: uma análise
crítico-reflexiva do livro didático e PNLD
LUCIMAR PINHEIRO SAMPAIO (NECAL/UNB)
[email protected]
Como as formas de comunicação evoluem, ganham novos aspectos, finalidades,
instrumentos, a forma de estudar a linguagem também deve sofrer alterações. Analisar
imagens, músicas, infográficos, charges, entre outros gêneros textuais e produzi-los
retira o processo ensino/aprendizagem do tratamento formal - texto escrito verbal e
interpretação - ampliando o conceito e aplicabilidade da linguagem. Os livros didáticos,
por sua vez, a partir do que pressupõe o Programa Nacional do Livro Didático, têm
papel fundamental na prática de ensino em Língua Portuguesa, pois é um instrumento
que deve subsidiar o trabalho do educador e contribuir para que ele desenvolva suas
propostas. Nesta perspectiva, este trabalho é o resultado de uma pesquisa qualitativa que
teve como objetivo analisar como textos multimodais se apresentam em livros didáticos
de Língua Portuguesa. Para isso, foi realizada uma análise documental crítico-reflexiva
do referido Programa, de um livro didático de Língua Portuguesa e do Guia de Livros
Didáticos – documento norteador do PNLD - em consonância com uma abordagem
etnográfica realizada por meio de questionário e entrevistas semiestruturadas com
professores da rede de ensino onde foi adotado o livro que é objeto desta pesquisa. A
partir destas coletas e análises surgiram algumas conclusões e proposições que poderão
contribuir nas próximas edições do PNLD, do GLD de língua portuguesa – Ensino
Fundamental anos finais – e, consequentemente, das obras didáticas que dele fazem
parte.
Leitura, texto literário e transitividade: uma análise dos processos
mentais no conto "O ladrão" de Mário de Andrade
ANDERSON DE SANTANA LINS
[email protected]
MARIA DO ROSÁRIO BARBOSA DA SILVA ALBUQUERQUE
A presente pesquisa objetiva investigar o uso dos elementos de transitividade –
participantes, processos mentais e circunstâncias – no conto “O ladrão” de Mário de
Andrade e sua relação com a formação do leitor crítico. A escolha do gênero conto se
deu, sobretudo, pelo fato desse tipo de gênero textual – além de ser literário – possuir
um caráter ideológico e cultural que reflete a sociedade. Além disso, pretende-se
discutir a estrutura do conto literário sob a ótica laboviana a qual propõe um modelo de
análise das narrativas, permitindo que este gênero discursivo seja abordado, em sala de
aula, de forma didática e seguindo uma estrutura genérica. A partir disso, a pesquisa é
embasada à luz da Linguística Sistêmico-Funcional, especificamente o sistema de
transitividade – proposta por Halliday (1994) e Halliday & Mathiessen (2004) –. A
Linguística Sistêmico-Funcional, proposta por Halliday (1985, 1994), preocupa-se com
o estudo da linguagem, considerando-a uma prática social para criar significados.
Halliday (1985, 1994) compreende a língua como um sistema semiótico social. Dessa
forma, a língua é descrita muito mais como um recurso para a significação do que como
um sistema de regras, e a gramática organiza as funções da linguagem realizadas pelo
falante. Além disso, utilizamos os estudos e Labov e Walestky(1972) e Martin e Rose
(2008) sobre a organização da narrativa. Espera-se, por meio deste estudo, trazer
contribuições para os estudos não só linguísticos, mas também literários, promovendo a
valorização da Linguística Aplicada ao ensino de Língua Portuguesa articulada com
ensino da Literatura. Diante dos resultados encontrados, foi possível observar que o
narrador onisciente utiliza os processos mentais com o intuito de pormenorizar as
nuances psicológicas que acometem as personagens diante dos fatos que sucedem na
narrativa. Afinal, tais processos são de natureza cognitiva e, portanto, exprimem as
emoções, pensamentos e desejo das personagens envolvidas na oração.
A análise linguística como um caminho para o ensino e aprendizagem
de produção textual
MÁRCIO REIS SALES
[email protected]
[email protected]
O alcance da proficiência na escrita passa pelo conhecimento e domínio dos
mecanismos de coesão e coerência textuais, que são essenciais no processo de interação
enunciador – co-enunciador. Para que essa interação seja bem sucedida, o enunciador
deve cuidar da coesão textual, ou seja, da organização linear do texto, através de
elementos linguísticos responsáveis por processos de sequenciação capazes de constituir
relações de sentido entre os enunciados. Além disso, deve estabelecer a coerência, ao
criar a organização dos níveis de sentido no nível cognitivo. É comum depararmos com
redações de alunos com problemas no uso desses elementos linguísticos. O objetivo
deste trabalho é apresentar a análise linguística de textos de alunos do Ensino
Fundamental sob a perspectiva da Coesão e Coerência, observando seus problemas no
que se refere aos elementos linguísticos responsáveis pela tessitura do texto e sua
unidade significativa. Buscamos então, calcados nos estudos de Linguística Textual, em
especial os realizados por Ingedore G. Koch (2004) e Leonor Fávero (2007) e nas
Gramáticas de Celso Cunha e Luís F. Lindley Cintra (2001) e Evanildo Bechara (2001),
levantar os principais problemas relacionados aos aspectos da coesão e coerência
textuais e, a partir deles, aplicar proposta de intervenção com atividades de escrita
textual. Por fim, analisamos sua eficácia e da intervenção, baseada na análise
linguística, e sua colaboração no processo de produção de textos coesos e coerente por
alunos do Ensino Fundamental.
Retextualização: uma reflexão sobre a adequação linguística e
semântica na produção do texto escolar
LENI NOBRE DE OLIVEIRA
[email protected]
ÉRICA DANIELA DE ARAÚJO
[email protected]
RAQUEL AFONSO
Uma das preocupações dos professores em geral é a inadequação sintática, morfológica
e semântica de textos de estudantes, principalmente na escola básica. Nos últimos anos,
esse fator tornou-se um desafio para os profissionais da área de Linguagens, códigos e
suas tecnologias, a partir do momento em que o ENEM passou a ser o instrumento de
seleção para o acesso a cursos superiores no país. Isso porque a redação do ENEM exige
um redator fluente no idioma, com habilidades para articular informações escritas em
norma culta de forma a defender uma hipótese por meio de argumentos e ainda propor
uma interferência para o problema. E os resultados da última edição do ENEM mostram
a distância entre esse redator ideal e o redator que encontramos, em sua maioria, na
escola básica. No presente trabalho, propomos apresentar e discutir os resultados de
uma pesquisa-piloto sobre a aplicação de um modelo de retextualização de redações
produzidas por uma população de alunos do 3º ano do Ensino Técnico-Integrado de
uma escola técnica federal, com o objetivo de melhorar o índice de adequação sintática,
semântica e morfológica da produção dos estudantes. Pretendemos demonstrar que, por
meio da coletivização das redações dos estudantes e da reflexão sobre as
impropriedades na escrita em norma culta, é possível melhorar a qualidade da produção
de texto escolar e a performance do professor, ao mesmo tempo em que se comprova
que desvios sintáticos, ortográficos e semânticos denunciam deficiências de formação
de leitores e suas conseqüências na escrita e no letramento escolar.
O gênero comentário em sala de aula: contribuições para o ensino de
Língua Portuguesa
FRANCIELI APARECIDA DIAS
[email protected]
MATHEUS HENRIQUE DUARTE
LUCAS MARIANO DE JESUS
As novas formas de organização da sociedade pressupõem um novo posicionamento da
escola no processo de formação dos educandos, tendo em vista a função e a
responsabilidade de se garantir o acesso aos saberes linguísticos/discursivos necessários
para o exercício da cidadania (PCN, 1997). Dessa maneira, para atender às demandas
atuais e à diversidade social, cada vez mais são discutidas metodologias de ensino
capazes de trazer inovações e de favorecer o processo de aprendizagem dos educandos.
Sendo assim, o presente trabalho tem por objetivo refletir sobre as contribuições do
gênero comentário na formação de educandos do 9º ano do Ensino Fundamental de uma
escola da rede pública de ensino. Para a consecução do objetivo proposto, empreendeuse uma pesquisa de cunho teórico, pautada nos autores Melo (1985), Costa (2008),
Santos e Alves Filho (2012), que fazem considerações sobre o gênero comentário, entre
outros. Para complementar o trabalho, foi aplicado um projeto de intervenção
envolvendo atividades didáticas acerca da temática violência, que contemplaram a
produção de comentários com a exposição do ponto de vista dos alunos sobre a questão
discutida. A partir disso, foi possível constatar que o trabalho com o gênero comentário
propiciou contribuições diversas para o aperfeiçoamento de habilidades
linguísticas/discursivas, tais como: liberdade de expressão, emissão de ponto de vista
contraditório (o que permite uma análise ideológica de ideias preconceituosas),
mudança de posicionamento, (não)atendimento às características constitutivas do
gênero (adequação ao gênero, marcas da oralidade, grafia das palavras, etc. para
posteriores intervenções). Observou-se, também, o envolvimento com a atividade
proposta, o que apontou para resultados muito positivos tendo em vista o papel da
escola de formar cidadãos capazes de se manifestarem conscientemente por meio da
língua.
Prova Brasil: até onde se pode ir
ELEXANDRA MARTINS DE SOUZA AMARAL
[email protected]
A fim de analisar a Prova Brasil, exame aplicado aos alunos do 5º e do 9º anos do
Ensino Fundamental e aos estudantes do 3º ano do Ensino Médio da rede pública,
enquanto ferramenta de avaliação e as responsabilidades que a cercam, propus o
subprojeto Prova Brasil e ensino básico – limites e responsabilidades. Para desenvolver
o projeto foram cumpridas as seguintes metas: análise da edição de 2013 da Prova
Brasil e comparação com o conteúdo programático exigido pelo MEC;
acompanhamento de uma classe para verificar a preparação dos alunos do 9º ano para o
exame aplicado em 2013 e entrevista a alunos e docentes acerca da prova. O referido
trabalho está ancorado em HADJI (2001), KOCH e ELIAS (2006), JUCHUN (2009) e
KEMIAC (2011). Foi constatado que: 1) para a maioria dos professores e dos alunos
entrevistados, a Prova Brasil é apenas uma preparação para o Enem; 2) não há uma
preparação específica para a prova; 3) o conteúdo aplicado destoa do que é cobrado nas
orientações oficiais; 4) nas escolas em que a gramática é aliada à interpretação textual e
a projeto (s) cultural (is), o aproveitamento dos alunos é maior.
A linguística aplicada nas pesquisas sobre formação de professor e
interculturalidade: impactos e enfoques
PATRÍCIA ARGÔLO ROSA
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A partir dos anos noventa os estudos sobre formação de professor e interculturalidade
ganham ênfase na Linguística Aplicada. São temas que abrem espaços para a reflexão
do uso da linguagem em contextos que buscam intervenções que vão além das questões
de ensino e aprendizagem. Neste sentido, o presente trabalho objetiva responder a
seguinte pergunta: Queimpactos e enfoques possuem os temas ‘Formação de Professor’
e ‘Interculturalidade’ quando pesquisados na área da Linguística Aplicada? A
metodologia segue os princípios de análise de conteúdo (BARDIN, 1977). Foram
identificados, através do banco de teses da Capes e dos periódicos brasileiros, que estão
disponíveis online (Revista de Documentação de Estudos em Linguística Teórica e
Aplicada, Caminhos em Linguística Aplicada, Horizontes de Linguística Aplicada,
Linguagem & Ensino, Revista Brasileira de Linguística Aplicada, e The ESPecialist),
um número considerável de inquietações que vão abarcar enfoques diversos, como por
exemplo: questões de gênero e identidade, políticas públicas e gestão, trabalho docente,
entre outras. O impacto da Linguística Aplicada, não somente nas pesquisas sobre
‘Formação de Professor’ e ‘Interculturalidade’, mas sobre todas as demais, recai em
cada intervenção que responde aos problemas da linguagem; em cada ação que exerce
uma influência positiva; em cada problematização e em cada reflexão que se faz
repensar e desconstruir a vida no contexto social.
O videogame Trace Effectts: uma nova perspectiva para o ensino de
língua inglesa
JULIANA LUCIA DO AMARAL MOLNR GARRIDO DO NASCIMENTO
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Atualmente é cada vez mais crescente o interesse por recursos online dedicados à
aprendizagem de língua inglesa, sendo estes, muitas vezes, utilizados em sala de aula
por professores, visando motivar e promover maior engajamento pelos alunos. O
governo norte-americano apoiou o desenvolvimento do videogame Trace Effects, que
objetiva complementar o processo de ensino-aprendizagem da língua inglesa, bem como
disseminar seu aprendizado em diversos países, dado que o jogo está disponível online e
é também distribuído em DVD pela embaixada americana para escolas conveniadas.
Considerando que algumas escolas estão usando este jogo como recurso didático em
sala de aula, somado ao desconhecimento sobre ele por parte dos docentes, buscamos
investigar como ele pode contribuir para a aprendizagem, pois a maioria dos jogos
online se restringe a aspectos lexicais e gramaticais embasando-se, muitas vezes, em
uma perspectiva estruturalista de linguagem. Os dados que compõem o corpus desta
pesquisa foram analisados utilizando-se um formulário de critérios para avaliação de
cursos online envolvendo aspectos didático-pedagógicos e ergonômicos. Esta análise
está embasada na perspectiva histórico-cultural e nos princípios educacionais presentes
em bons videogames discutidos por James Paul Gee. Os resultados mostraram que o
aluno, ao assumir a identidade do personagem principal deste videogame, passa a
interagir no ambiente virtual de forma comunicativa. Ademais, o enredo, bem como o
design gráfico do jogo são motivadores, levando o aluno a se engajar mais facilmente
nesta atividade. Além disso, o jogo também permite jogar com outros alunos
(multiplayer game), e praticar a língua por meio de exercícios de vocabulário, gramática
e compreensão do enredo. Ao mesmo tempo, as escolhas linguísticas necessárias para o
cumprimento de tarefas promove a habilidade comunicativa num contexto de situações
reais. O jogo apenas não permite a prática da habilidade oral. Conclui-se, assim, que
este jogo revela-se promissor para o ensino de língua inglesa.
O impacto dos estudos sobre identidade na prática pedagógica de
professores de línguas na escola
WALESCA AFONSO AVES PÔRTO
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MARIANA R. MASTRELLA-DE-ANDRADE
Esta pesquisa tem por objetivo investigar o impacto dos estudos sobre identidades na
prática pedagógica de professores de línguas no Distrito Federal. Como suporte teórico,
nos baseamos nas premissas de que a linguagem é uma prática social e as identidades
são construídas nos discursos, dentro de um contexto social regido por relações
assimétricas de poder. Elas são, portanto, múltiplas, cambiantes, fluidas e heterogêneas
(HALL, 2014; MASTRELLA-DE-ANDRADE, 2013; NORTON e TOOHEY, 2001;
SILVA, 2011; WOODWARD, 2011). Nesse sentido, a sala de aula é um espaço social
de construção de identidades e também local importante para problematização e
desnaturalização das identidades sociais, das práticas discursivas e das ‘verdades’ que as
constroem. Acreditamos, assim, que nós professores temos influência na construção de
identidades dos alunos, bem como estes, por sua vez, influenciam nossas identidades,
sendo, portanto, necessário trabalhar e refletir, coletivamente, sobre as diversidades e as
múltiplas identidades encontradas na sala de aula, enfocando preconceitos e injustiças
sociais. Contudo, para isso, é necessário qualificação de professores baseada na
pluralidade, no hibridismo e no multiculturalismo (BRENNEISEN; TARINI, 2008;
KUBOTA, 2013). Assim, este estudo qualitativo (DENZIN & LINCOLN, 2006;
FLICK, 2009), de caráter interpretativista (MOITA LOPES, 1994), analisa o potencial
impacto que os estudos sobre identidades, por meio de um curso de formação
continuada intitulado “Identidade e ensino-aprendizagem de línguas”, podem ter sobre a
prática pedagógica de professores de línguas. Pretende-se, dessa forma, analisar as
mudanças, os desafios e as dificuldades que os próprios professores relatam identificar
em sua prática pedagógica, bem como seus pontos de vista sobre identidades e
diferenças e suas maneiras de lidar com elas em sala de aula. Este estudo busca ainda
contribuir para o desenvolvimento de pesquisas com foco em identidade na Linguística
Aplicada contemporânea, além de buscar novas reflexões sobre a questão identitária no
ensino-aprendizagem de língua estrangeira.
Avaliação externa e linguagem: uma leitura discursiva do SAERJ
GABRIEL CARDOSO COELHO SANT’ANA
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Como toda avaliação de larga escala (ENEM, Prova Brasil ou PISA), o Sistema de
Avaliação da Educação do Estado do Rio de Janeiro (SAERJ) determina habilidades e
competências de língua portuguesa e matemática a serem avaliadas em cada item da
prova, o que se chama de Matriz de Referência. Tomando por corpus de análise uma
questão que avalia a habilidade de realizar inferência voltada para alunos do 5º ano do
ensino fundamental do SAERJ 2013, pretendemos, a partir de uma perspectiva
discursiva, discutir em que concepção de língua e de leitura se baseia o SAERJ e
investigar que tipo de política cognitiva é investido por essa avaliação. Para isso, iremos
fundamentar o trabalho em dois eixos principais: o conceito de prática discursiva como
produção simultânea de enunciados e instituições sociais, de Maingueneau (2008) e as
considerações de Tedesco e Kastrup (2008) sobre cognição e linguagem. Podemos
observar que a questão analisada e os comentários dos especialistas da instituição
responsável pelo SAERJ sobre a habilidade avaliada e os percentuais de acerto dos
alunos da rede estadual reforçam e legitimam: uma concepção de linguagem como
interação entre sujeitos individuais; a visão representacionalista da linguagem (cf.
Tedesco, 2008), em que os sentidos das palavras são anteriores à relação empírica entre
os sujeitos em um dado momento histórico; a dicotomia entre alunos habilitados, que
desenvolveram suas capacidades (inatas), e alunos não habilitados, que não
conseguiram desenvolver aquelas mesmas capacidades. Este trabalho mostra-se
relevante por propor uma leitura crítica desse dispositivo de avaliação.
Competência Leitora e escritora: análise das situações do material do
Programa Ler e Escrever do 3º do Ensino Fundamental I e a postura
do professor na formação do repertório Linguístico Textual dos
estudantes.
JULIANE ROCHA DE MORAES
[email protected]
Na década de 60, acreditou-se que ler e escrever seria o processo de decifração, ou seja,
ler e escrever cada parte pensando nas unidades da língua que formam determinada
palavra ou fonema. Na sociedade contemporânea, muito se tem discutido sobre o
desenvolvimento das capacidades linguísticas na escola de Ensino Fundamental,
sobretudo, no que diz respeito à questão dos gêneros textuais e às características
linguístico-discursivas dos textos. A leitura tomou forma e muito mais que decifração,
atualmente, considera-se que o ato de ler é o processo de compreensão e aquisição de
competências que ultrapassam os muros da escola. A leitura e a produção de texto na
escola deveriam constituir-se da ideia de construção das competências leitora e
escritora, tema deste estudo. Tendo o Estado de São Paulo desde 2007 criado o
Programa Ler e Escrever, que é pautado na formação das competências leitora e
escritora e, sendo este um material muito bem organizado e fruto do Programa Letra
Vida com a colaboração dos integrantes da Diretoria de Orientação Técnica da
Secretaria Municipal de Educação, decidimos elencar o material do 3º ano do Ensino
Fundamental para ser o corpus desse estudo. Muitos são os questionamentos
envolvidos, todavia, para esse estudo indagaremos:1-As situações didáticas de leitura e
escrita propostas no material do 3º ano do Programa Ler e Escrever formam a
competência leitora e escritora? 2-Os professores compreendem e organizam as
atividades propostas no material do Ler e Escrever do 3º ano seguindo as orientações?
Por quê? A partir dessas indagações, elencamos os objetivos: 1-Analisar as situações
didáticas que visam formar as competências de leitura e escrita, 2-Investigar como
alguns sujeitos de pesquisa compreendem, utilizam e organizam as situações didáticas
do material. Empreenderemos nosso trabalho baseando-nos, principalmente, nas
contribuiçõesdos autores e seus respectivos estudos na área de leitura, produção escrita,
os gêneros discursivos na escola, formação do professor e as ferramentas que norteiam
a prática pedagógica: BAKHTIN(1992), ZABALA(1998), SOLÉ(1998), KOCH(2005),
SCNEUWLY(1994) , MARCUSCHI(2008), COSCARELL(2002) entre outros. Ao
observar a dinâmica nas instituições escolares, levantou-se algumas proposições que
serão confirmadas ou não, mediante a realização deste estudo. São elas: 1-As atividades
didáticas do Ler e Escrever podem vir a formar a competência leitora e escritora, ou
seja, contribuem para que os estudantes participem de boas situações de aprendizagem,
2-Muitos professores não compreendem a organização das situações propostas por
desconhecerem as implicações práticas e teóricas que envolvem a formação das
competências leitora e escritora, 3-O material é importante porque as situações e
orientações fornecem ao professor grandes possibilidades de organizar o cotidiano
escolar em torno da aquisição das competências leitora e escritora. Para esse estudo será
utilizado a abordagem de pesquisa etnográfica, visto que essa linha permite olhar,
enxergar de perto a realidade escolar permitindo que o pesquisador possa efetivamente
compreender o universo estudado e enxergar a realidade com olhar antropológico, que é
uma forma apurada no ato de olhar o ambiente estudado compreendendo o contexto. Os
procedimentos metodológicos seguiram a seguinte dinâmica: inicialmente a coleta darse-á mediante estudo aprofundado da bibliografia selecionada, no que serefere aos
assuntos abordados, os conceitos fundamentais e os procedimentos adequados à
aquisição das competências leitora e escritora. Posteriormente, realizaremos uma análise
das situações didáticas do Programa Ler e Escrever do 3° ano do Ensino Fundamental I.
É necessário ressaltar que o enfoque será as situações didáticas que envolvem a leitura e
a escrita e as orientações de cada situação para o professor. Para registro desta análise
disponibilizaremos os dados comparando-os com as teorias e autores utilizados como
aporte teórico nesse trabalho. Após, reuniremos as professoras e realizaremos uma
entrevista a partir da situação didática apresentada ao entrevistado, pautaremos a
entrevista nas seguintes proposições:1-A atividade trabalha quais competências? 2Quais orientações didáticas você considera necessária para que o professor compreenda
a proposta? É possível fazer adaptações? 3-Quais conteúdos estão envolvidos nessa
atividade?
O próximo procedimento será a filmagem das aulas durante as situações
didáticas e analisar juntamente com os professores como foi o desenvolvimento da
proposta e listar as principais dificuldade e controvérsias. Acreditamos que esse estudo
será de grande relevância, visto que é um sinalizador sobre a aquisição das
competências leitora e escritora, como também uma reflexão e possibilidade de
mudança para os responsáveis pela formação de professores nas escolas estaduais e
municípios que utilizam o Programa Ler e Escrever.
Emoções, crenças e identidades na disciplina Estágio Supervisionado
de Língua Inglesa sob a ótica da perspectiva sociocultural (À vencer)
FABIANO SILVESTRE RAMOS
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Esta pesquisa de doutoramento objetiva o estudo da inter-relação entre a emoções,
crenças e identidades profissionais construídas e/ou negociadas na disciplina de Estágio
Supervisionado de Língua Estrangeira. Para tanto serão utilizados como instrumentos de
geração de dados narrativas de experiência, representação pictográfica, grupo focal,
diários reflexivos e relatórios de estágio. Os dados estão sendo analisados de acordo
com parâmetros da pesquisa qualitativa propostos por Patton (1990) e Richards (2003).
Compreendo emoções a partir de uma ótica sociocultural, que definem as mesmas como
sendo funções psicológicas superiores, portanto, culturalizadas e passíveis de
desenvolvimento, transformação ou novas aparições. Dessa forma, as emoções devem
ser compreendidas em relação ao modo como influenciam e modificam o
comportamento humano em um determinado contexto. Seriam, assim, formadas a partir
de condições histórico-sociais (VIGOSTKI, 2004; MACHADO, FACCI e BARROCO,
2011). Outro conceito utilizado é o de identidades, entendidas como uma gama de
características construídas socioculturalmente através do discurso, que, segundo
Fabrício e Moita Lopes (2008), classificariam o sujeito a partir de diferentes
indicadores, tais como sexualidade, gênero, raça, idade, etc. Por fim, o terceiro conceito
utilizado neste trabalho é o de crenças sobre ensino e aprendizagem de línguas, assim
como definido por Barcelos (2006) como uma maneira de ver e perceber o mundo, coconstruídas a partir de nossas experiências e resultam de um processo de interpretação e
ressignificação. O. trabalho está em fase de geração de dados.
Perspectivas de ensino de inglês em tempos de internacionalização do
ensino
ELIANA EDMUNDO
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Os tensionamentos e as disputas entre diferentes interesses para com o ensino de língua
inglesa no contexto educacional brasileiro, evidenciados na história recente, parecem
estar relacionados com o desenvolvimento de políticas linguísticas, a carência de
políticas públicas e com os novos modos de ensinar e aprender, marcados especialmente
pela valorização da vivência internacional. Os trabalhos de Spolsky (2004) e Shoamy
(2006) contribuem para a compreensão da aproximação entre políticas e práticas locais.
Os estudos de Altbach (2002, 2004) e Knight (2004) apresentam a internacionalização
do ensino como um fenômeno que se expande sobre e com as instituições de ensino
superior, como resposta à atual ordem global. Em face desse processo de
internacionalização, algumas institituições de ensino brasileiras e estrangeiras tem
apresentado novas políticas educacionais com propostas de uma educação bilingue.
English Medium Instruction (EMI) e Content and Language Integrated Learning (CLIL)
são algumas destas políticas presentes na educação básica e no ensino superior, as quais
propõem o ensino das disciplinas curriculares em língua inglesa. O objetivo desta
comunicação é apresentar esses pressupostos teóricos que embasam a trabalho de
pesquisa de doutorado no qual estou desenvolvendo, a partir de um estudo que envolveu
o levantamento de artigos publicados sobre o tema. Foram utilizadas as seguintes bases
de dados: Google Acadêmico, Academia.edu. e Educational Resources Informational
Center (ERIC) e com a pesquisa inicial pelas palavras “English Medium Instruction”,
“Inglês como meio de instrução” e “Content and Language Integrated Learning” no
campo tópico. O estudo demonstrou o reduzido número de produções acadêmicas sobre
o tema e concluiu que a maior parte dos artigos são produzidos internacionalmente e
escritos em inglês. A análise dos artigos sugere a necessidade de pesquisa na área, tendo
em vista os desafios da globalização que têm mobilizado estudos pós-coloniais e pósestruturalistas para tratar do ensino de língua inglesa.
O discurso social do amor em Raquel de Queiroz
TIAGO ELIAS BATISTA
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A temática do amor certamente muito discutida nos mais diversos gêneros por vários
autores durante a História, quer seja em textos literários ou filosóficos, já sofreu
diferentes e múltiplas abordagens, porém sempre resta uma indagação: o que é o amor?
A Linguística Textual, considerando os conceitos da referenciação, propõe uma
discussão sobre a relação entre o referente no texto e o seu sentido. Com esses
pressupostos, entendemos que um referente não é estático, mas é construído ao longo do
discurso. E para verificarmos essa construção linguística, escolhemos a crônica Amor
de Raquel de Queiroz. Nela, o narrador apresenta um cenário em que propõe um
“inquérito” a diversas pessoas, procurando saber como elas definem o amor. O que
chama a atenção nesta crônica é que cada personagem apresentada está configurada em
uma determinada posição social, seja ela institucional ou não. Cada uma delas
representa um estereótipo social, tecendo uma relação de coerência entre a personagem
e sua resposta. Diante do exposto, esta análise, tem por objetivo apresentar uma análise
linguística, com vistas ao ensino da escrita, seguindo o eixo teórico da Linguística
Textual e ensino, conforme Mondada&Dubois (1995), Adam (2011), Koch (2015) e
Schneuwly & Dolz (2004). A partir disto, compreendemos que este trabalho poderá
servir de apoio a possíveis interações pedagógicas que abordem a produção de textos na
escola.
Memória e expressividade: um estudo estilístico para ensino de leitura
e escrita
MAGALÍ ELISABETE SPARANO
[email protected]
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Esta comunicação objetiva analisar os contos Visita e Passagem de Ano entre Dois
Jardins de Modesto Carone, observando a construção discursiva do enunciador ao
contar suas lembranças em diferentes momentos de sua vida e o ensino de leitura e da
escrita. Valendo-se de uma fina descrição, o enunciador busca a cumplicidade do seu
leitor ao apresentar-lhe de modo quase sinestésico o lugarejo que ambienta as
reminiscências da infância dos textos selecionados. A trama que enreda os dois contos
enlaça o leitor por meio de um cuidadoso detalhamento de sensações espaciais, visuais,
sonoras e táteis presentes nas cenas reconstruídas pela memória dos dois narradores. O
processo de enunciação sugere que ambos narradores possam ser o mesmo enunciador
adulto que acessa essas memórias em diferentes etapas de sua vida, estabelecendo-se
assim a interdiscursividade entre as narrativas, por meio da qual pode-se descrever a
constituição do Ethos do enunciador. Baseando-se em autores Schneuwly & Dolz
(2004), Benveniste (1988), Maingueneau (1996, 1997), Fiorin (2006) e Martins (2008),
o estudo apresentado ampara-se no eixo teórico da Estilística da Enunciação em diálogo
com a Análise do Discurso, buscando demonstra o estabelecimento da expressividade e
construção de sentido a partir das relações existentes na tessitura textual resultante das
escolhas lexicais, estruturas sintáticas e arranjos sonoros presentes nos referidos textos e
como a observação das construções linguísticas e da expressividade inerente a essas
construções podem instrumentalizar o ensino da leitura e da escrita.
A experiência emocional entre as múltiplas linguagens
HARRISON PARIZOTTO DA PAIXÃO
[email protected]
MARA CRISTINA FERREIRA CUNHA
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Esta pesquisa tem como objetivo pensar o conceito experiência emocional
[perezhivanie], cunhado e desenvolvido por Vygotsky (1934) e discutido por alguns
autores (DANIELS, 2010; VERESOV, 2012) como um dos conceitos chave na teoria
vygotskyana. O empenho da comunidade acadêmica em proporcionar uma formação
reflexiva (CELANI, 2004; CHARLOT, 2002; SCHöN, 2000) aos docentes além de
vasta contribuição para que este professor atue como pesquisador de sua prática vem,
efetivamente, contribuindo para a percepção e busca de outras lentes para observarmos
o contexto no qual atuamos enquanto professores. Desse modo, consideramos a
pertinência de tal estudo que pode incidir em reflexões sobre a influência do ambiente,
sobre a experiência emocional refletida na ação humana e sobre aspectos ligados à
esfera educacional que perpassam as nossas próprias pesquisas, ambas em andamento.
Este trabalho pretende contribuir para a área de formação de professores.
Análise de atividades de leitura em um livro didático de língua inglesa
à luz dos pressupostos teóricos dos Parâmetros Curriculares Nacionais
de Língua Estrangeira Moderna
FERNANDA DA SILVA ALVISSU PRIZOTO
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O presente trabalho trata da análise das atividades de leitura presentes em um livro
didático de língua inglesa – LD de LI, Alive, do 9º ano do ensino fundamental II (EF
II), distribuído através do Programa Nacional de Livro Didático (PNLD) para os anos
de 2014, 2015 e 2016, cujos objetivos são a aquisição e a distribuição gratuita de livros
didáticos para os alunos de escolas públicas. Os objetivos desta pesquisa são de
apresentar uma análise de um LD de LI, Alive, do 9º ano do EF II, enfocando
especificamente as atividades de compreensão de leituratomando como referencial as
habilidades de compreensão leitora preconizadas pelos Parâmetros Curriculares de
Língua Estrangeira Moderna – PCN-LE – (BRASIL, 1998) a fim de verificar se essas
atividades de compreensão leitora contemplam as habilidades de leitura indicadas pelos
PCN (BRASIL, 1998) criando oportunidades para que o aluno leia com competência
textos autênticos de vários gêneros discursivos em LE. Além de discutir sobre o ensino
de LI (DONNINI; PLATERO; WEIGEL, 2009) e a aquisição de leitura em LI
(SANTOS & TOMITCH, 2009). Para realizar este trabalho, utilizamos um corpus
composto por um LD de LI, Alive, do 9º ano do EF II, de autoria de Vera Menezes,
Junia Braga e Claudio Franco, publicado pela editora Anzol no ano de 2012. Para
conduzir este estudo, os dados foram coletados qualitativamente e pretendem
estabelecer relações entre os resultados da presença de atividades de leitura que
priorizem as habilidades leitoras sugeridas pelos PCN-LE (BRASIL, 1998) para serem
desenvolvidas com os alunos do 9º ano do EF II e os pressupostos atuais que
direcionam o ensino-aprendizagem de leitura em LE. Com isso, busca-se oferecer
subsídios para professores de língua inglesa na escolha de atividades de leitura em
livros didáticos conforme os PCN-LE (BRASIL, 1998).
Ensino de Língua Portuguesa para alunos surdos em contexto de
vestibular
VERÔNICA DE OLIVEIRA LOURO RODRIGUES
[email protected]
[email protected]
Este trabalho tem como objetivos apresentar a motivação pela qual surgiu a oficina de
língua portuguesa como segunda língua (L2) para o Ensino Médio, no Instituto
Nacional de Educação de Surdos (INES/RJ), mostrar a sua primeira organização e
relatar algumas atividades e estratégias utilizadas para trabalhar as provas de língua
portuguesa e redação do ENEM com alunos surdos. Além disso, serão colocados em
debate desafios, acertos e dificuldades, advindos dessa troca de experiências entre
aluno-surdo e professor-ouvinte, usuário da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), no
contexto de sala de aula. Com base nessa experiência, será proposta uma reformulação
da oficina, com enfoque na produção de textos dissertativos-argumentativos e no ensino
de mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação. Por fim,
serão apresentados os relatosdos alunos-surdos que participaram da oficina, porque
entende-se que “o discurso é assim palavra em movimento, prática de linguagem: com o
estudo do discurso observa-se o homem falando (...) faz do homem um ser especial com
sua capacidade de significar e significar-se” (ORLANDI, 2009). A participação deles na
pesquisa pode re-significar o processo de ensino-aprendizagem de leitura e escrita, de
forma que eles mesmos se re-signifiquem enquanto membros dessa determinada forma
de sociedade.
Informalidade e perspicácia na escolha linguística de Monteiro Lobato
FABIA AUGUSTO
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Este trabalho apresentará um estudo de duas cartas de Monteiro Lobato ao seu amigo
Godofredo Rangel, datadas de 08/08/1916 e 04/08/1920, encontradas no livro “A Barca
de Gleyre” de 1946. Para a análise, partiremosda influência das unidades da língua para
o processo discursivo, dentro da argumentação. Nas cartas selecionadas, o enunciador
impõe sua marca discursiva na própria escolha dos conectores suscitando no leitor
pressupostos da informação real, já que as respostas das cartas enviadas não são de
conhecimento do leitor. Sabemos que o corpo fala, faz parte de um conjunto de todos
os elementos expressivos e falantes do corpo humano como bem provaram os
hominídeos, que antes de se utilizarem de grafias, símbolos, usavam a linguagem não
verbal dos gestos e sons para se comunicarem, e diferentemente dessa interação
instantânea, nenhuma informação imediata é passada ao se escolher como veículo de
comunicação uma carta. Porém, através de palavras bem escolhidas e posicionadas
conseguimos perceber a intençãodo falante nelas inseridas. Dessa forma, tomam-se
como aporte teórico os estudos linguísticos de Ingedore Villaça Koch. Utilizando ainda
fundamentos da língua com a obra “A força das palavras” de Cabral que defini que na
argumentação usamos uma técnica consciente na escolha de articuladores linguísticos
para a organização e eficácia, mesmo sendo opção do enunciador.
Análise do Discurso no poema “Minha Cidade”, de Cora Coralina
(Boleto Vencido)
SILVANA APARECIDA ALVES FERREIRA
[email protected]
A análise proposta neste trabalho refere-se à reflexão baseada nos pressupostos da
Análise do Discurso em diálogo com a Estilística, segundo Maingueneau, (1993,
2008b), Amossy (2005), Bally (1977) e Martins (2008). O presente artigo,
considerando o fenômeno da linguagem que revela por meio das escolhas linguísticas as
marcas de estilo e a construção do ethos, tece ponderações sobre a expressividade
inerente às escolhas lexicais responsáveis pela constituição do ethos do enunciador, que
enfatiza os aspectos da memória e da construção da identidade no poema “Minha
cidade”, de Cora Coralina. O eu descrito nopoema em análise é constituído por meio de
ideologias, memórias e características marcadas histórica e socialmente. Trata-se de
uma mulher forte, que não se deixa abater diante das aflições da vida, que conta sua
história com determinação e lirismo de quem percorreu árduas trilhas em direção às
próprias conquistas. A subjetividade presente na poesia de Cora decorre de uma voz que
é indissociável do corpo que a pronuncia. O sujeito autobiográfico não é uma pessoa
real, mas alguém que assume no texto certa identidade, assim busca-se por meio da
noção de ethos, compreender e explicar o processo dos sujeitos presos a certo discurso e
a relação à ideologia e com a cultura.
Estratégias de língua inglesa utilizadas em sala de aula
FLÁVIA LUCIANA CAMPOS DUTRA ANDRADE
[email protected]
Esta pesquisa está sendo desenvolvida no Programa de Mestrado Profissional em
Educação da Universidade Federal de Lavras (UFLA), na área de Linguística Aplicada.
Trata-se de um estudo de caso sobre a atuação de uma docente de língua inglesa no
contexto de um curso técnico integrado ao Ensino Médio. Propõe-se, então, nesta fase
do trabalho, analisar alguns excertos narrados em diários reflexivos já construídos para
verificar evidências de usos de estratégias pelos discentes nas aulas de língua inglesa,
além de interpretar como a professora procurou conscientizar sobre o uso dessas
estratégias, a fim de fomentar a autonomia de seus alunos. Esta pesquisa qualitativa
teórico-empírica apoia-se em conceitos vygotskyanos e é referendada linguisticamente
na gramática sistêmico-funcional hallidayana. Pretende-se com esta investigação
refletir na e sobre a prática docente a fim de contribuir para melhorias e possíveis
transformações no processo de ensino e aprendizagem, apontando alternativas de ação
pedagógica para professores comprometidos com a educação e a linguística aplicada.
O ensino de língua materna em textos de professores em formação
inicial e em formação continuada.
ANDRÉA RODRIGUES
[email protected]
[email protected]
Esta pesquisa tem como objeto de estudo os processos de produção de sentidos sobre o
ensino de língua materna no discurso de professores em formação inicial e em formação
continuada, materializado na escrita de textos sobre o desenvolvimento de projetos em
aulas de língua portuguesa na educação básica. A partir da perspectiva teórica da
Análise do Discurso (AD) da vertente francesa, com a mobilização principalmente das
noções de memória discursiva (Courtine, 1981), interdiscurso e formação discursiva
(Pêcheux, 1988), o principal objetivo deste estudo é analisar como esses processos de
produção de sentidos se relacionam com o que está na base do dizível sobre a língua e
seu ensino, de acordo com um discurso instituído que determina uma matriz de sentidos
– com a possibilidade de rupturas, deslocamentos, deslizamentos de sentidos. Para a
AD, o sujeito, ao produzir sentidos, assume uma dada posição-sujeito numa matriz de
sentidos regulada pela memória discursiva, que estaria relacionada à “existência
histórica do enunciado no seio de práticas discursivas”. (COURTINE, 1981, p.53).
Maldidier observa que o interdiscurso seria “o espaço discursivo e ideológico no qual se
desdobram as formações discursivas em função de relações de dominação,
subordinação, contradição” (2003, p.51). É no interdiscurso que estarão inscritas
possibilidades de dizer para uma dada formação discursiva. Mittmann (2007) observa
que esses limites envolvem fatores históricos e conflitos com outras formações
discursivas, na relação que estabelecem com a formação ideológica. A análise tomou
como ponto de partida as seguintes questões: a) que sentidos sobre o ensino de língua
são produzidos pelo discurso dos professores em formação? B) de que modo esse
discurso se relaciona com o interdiscurso já estabelecido sobre o que significa ensinar
língua? C) c) os sentidos inscritos nos textos dos professores em formação inicial eem
formação continuada apontam para que diferenças?
A importância dada à leitura na educação infantil
LEANDRA GAVINA MARGARITA CARRENÕ-MARDONES
[email protected]
[email protected]
A leitura escolar ocorre na introdução ao ambiente letrado, permitindo que o indivíduo
entre em contato com diferentes portadores textuais nos distintos contextos. A partir de
2006, a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos reduziu a faixa etária
atendida pela Educação Infantil tornando-a de zero a cinco anos, levando, desta
maneira, o profissional de educação a refletir sobre os conteúdos apresentados no
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, considerando as
características e as prioridades desta idade, assim como a valorização da oralidade e
leitura. Nesse sentido, o objetivo da pesquisa é verificar se o professor da Educação
Infantil ao planejar as atividades para crianças de quatro e cinco anos, o chamado
Infantil II e Infantil III, no eixo de Linguagem Oral e Escrita, contempla a leitura na
forma e intensidade que os pesquisadores da área e os documentos norteadores
preconizam. A metodologia utilizada foi pesquisa bibliográfica referente ao tema e
análise de planejamentos de vinte e três professores de três escolas da Rede Municipal
de Ensino do primeiro semestre de 2014. A pesquisa ampara-se fundamentalmente na
abordagem sociocognitiva de leitura, que considera os conhecimentos prévios e o
contexto social do leitor, bem como os documentos norteadores da Educação Infantil.
Os resultados da análise mostraram que a leitura é contemplada na maioria das
atividades. Conclui-se que os planejamentos propostos para trabalho didáticopedagógico com os alunos de quatro e cinco anos priorizaram a leitura, mas, apesar
disso, as atividades oferecidas desconsideram os conhecimentos prévios e o contexto
social, tendo foco no aprendizado da escrita.
A diversidade como essência da prática de professores de línguas para
fins específicos
ANDRÉA BRAGA CAZERTA DE SOUZA
[email protected]
A prática docente em contextos específicos de ensino/aprendizagem de línguas tem
como característica essencial a diversidade, que não apenas se limita ao conteúdo
ministrado em aula, mas engloba outros fatores extremamente relevantes. Esse traço
implica ao professor de línguas a necessidade de se preparar cada vez mais para lidar
com os desafios inerentes à sua profissão. Com esta comunicação proponho
compartilhar brevemente alguns tópicos de minha dissertação de mestrado relacionados
à minha experiência profissional em diferentes contextos específicos (Souza, A. B. C.,
2012), cuja interpretação será fundamentada na metodologia de pesquisa da abordagem
hermenêutico-fenomenológica (AHF), segundo van Manen (1990) e Freire (2006, 2007,
2008, 2009, 2010). Como foco principal abordarei os passos necessários para o design
de cursos específicos de idiomas (Hutchinson & Waters, 1987), ministrados
particularmente em empresas, considerando o perfil dos alunos, seu conhecimento
prévio do idioma, suas necessidades, lacunas e desejos (Dudley-Evans & St John,
1998), dentre outros aspectos. A fim de englobar as relações intra/intersistêmicas
presentes nesses contextos será abordada a visão sistêmica ao design de cursos (Graves,
2000), articulando-a posteriormente aos conceitos da complexidade, dentre eles os
princípios dialógico, do circuito recursivo e hologramático, segundo Morin (2005, 2008,
2009, 2010); Mariotti (2002, 2007) e Moraes (2008, 2010). O suporte teóricometodológico citado nos auxilia refletir sobre essa prática docente, oferecendo subsídios
para melhor compreendê-la e buscar aprimorar nosso trabalho. Nesse cenário, podemos
contribuir para que mais alunos consigam se preparar para enfrentar o competitivo
mercado de trabalho atual, onde o conhecimento da língua inglesa se faz essencial para
esses profissionais.
A Abordagem para Fins Específicos e a formação do professor de
Língua Francesa: discutindo a prática da reflexão e o desenvolvimento
da autonomia como processos inerentes à constituição do sujeito
professor.
MARIA STELA OCHIUCCI
[email protected]
Pretendo, neste trabalho, compartilhar um pouco das questões que me interpelaram a
investigar a formação do professor de Língua Francesa no contexto do Ensino de
Línguas para Fins Específicos, em minha pesquisa de Doutorado. Considerando a
autonomia como um saber necessário à prática do professor, amparo-me nos escritos de
Freire (2011) e Galisson &Puren (2001) para problematizar a importância de uma
formação que leve em conta a prática da reflexão e o desenvolvimento da autonomia
como aspectos inerentes à constituição do sujeito professor. Na visão desses autores, a
formação é percebida como um processo autônomo de adaptação e ajuste em que o
sujeito observa o “agir do outro” para elaborar o seu próprio “agir” e, refletindo sobre o
que faz, porque o faz e o que aprende ao fazê-lo, ele é capaz de constituir seu “savoirfaire” reflexivo. Nesse sentido, acredito que a prática da reflexão poderia ser a chave
para o desenvolvimento da autonomia que, tal como preconizada por Paulo Freire
(Freire, 2011), permitiria ao professor em formação se assumir enquanto sujeito social e
histórico. Nesse movimento, segundo este autor, a formação docente se contrapõe
radicalmente ao treinamento puro e simples de práticas educativas retrógradas adotadas
e reconhecidas como sinônimo do que seja ensinar. Sob essa ótica, minha pesquisa tem
como objetivo investigar como se processa o desenvolvimento didático-pedagógico do
professor de Língua Francesaem sua formação para o ensino em contextos diversos aos
da escola formale, para tanto, desenvolvo uma pesquisa qualitativa cuja natureza é,
intrinsecamente, interpretativista e naturalista, tendo como suporte metodológico o
estudo de caso para dar conta de suas especificidades.
O FEEDBACK A PARTIR DA PRODUÇÃO DE TEXTO: avaliação
formativa em ensino contextualizado
LÍVIA LETÍCIA ZANIER GOMES
[email protected]
[email protected]
Esta pesquisa, em fase inicial, foca o processo de ensino-aprendizagem de língua
portuguesa no Ensino Médio e traz como tema a produção de texto seguida por
feedback como prática da avaliação formativa em ensino contextualizado. Tem como
perguntas de pesquisa: (i) o ensino de língua portuguesa (LP) a partir de feedbacks de
produção de textos discentes dá conta da complexidade do que é foco no ensino de
língua?; (ii) a produção de texto seguida por feedback cumpre com as finalidades que a
avaliação deve cumprir segundo as bases da educação nacional?; (iii) essa proposta do
ensino de língua atende às solicitações de ensino significativo e contextualizado? (iv)
feedbacks são ferramentas centrais de orientação discente (sobre o que já e o que ainda
não aprendeu) e docente (sobre o que já não e o que se precisa ensinar)? (v) quão
efetivo é o feedback? Assim, atingirá o objetivo geral de investigar quanto o ensino
regular de LP logra êxito tendo como proposta central a produção textual seguida por
feedback. Enquanto pesquisa de campo, acontecerá a partir de curso de extensão
ministrado pela pesquisadora no período de um ano letivo, analisando produções
discentes; feedbacks docente e relatos narrativos produzidos pelos alunos a respeito do
“efeito” do feedback em seus trajetos. Metodologicamente, abarcará o estudo dos tipos
de feedback realizados e das representações discentes presentes nos relatos; observará a
recorrência longitudinal de tipos de incorreções linguísticas nos textos e as
possibilidades de ensino significativo da língua escrita. Como suporte teóricometodológico, traz, para análise dos relatos discentes, o interacionismo sócio-discursivo
de Bronckart (1999); para conceituação do termo feedback e seus tipos, Kluger &
Denisi (1996) e Hattie & Timperley (2007); para esclarecimento sobre ato avaliativo,
Luckesi (2000) e para entendimento de ações corretivas, Hadji (2001) e Méndez (2002).
O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NAS SÉRIES INICIAIS EM ESCOLAS
MUNICIPAIS DE SÃO PAULO: UMA ANÁLISE DA PROPOSTA
HARRISON PARIZOTTO DA PAIXÃO
[email protected]
No dia 4 de novembro de 2011 a “portaria n° 5.361 instituiu o programa “Língua
Inglesa no Ciclo I” nas escolas da rede municipal de ensino que mantêm o Ensino
Fundamental e dá outras providências”. (No documento de implementação do programa
o Secretário Municipal da Educação considera como ciclo I as séries do Ensino
Fundamental I, sendo elas 1° ao 5° ano.) Tendo como base esta publicação, muitos
foram os questionamentos suscitados no que tange à efetivação, relevância e prática do
ensino de Língua Inglesa nas séries iniciais. Alguns dos problemas apresentados
envolvem a proposta deste ensino e as consequências práticas desta atividade, tais
como: quem irá lecionar estas aulas? Apoiando-se em quais bases metodológicas? O
que vai ser ensinado às crianças? Sem respostas prévias e determinadas, tornou-se
necessário analisar e avaliar a fundamentação e objetivos que englobam esta proposta,
refletindo as possibilidades que ela apresenta a este ensino. Este trabalho está
fundamentalmente pautado na análise da portaria de implantação do programa, bem
como na observação de aulas em uma escola municipal de São Paulo.
A construção de uma prática dialógica da leitura – O Pensar Alto em
Grupo
ELIZABETH KASUE OSHIRO KOBASHIGAWA
[email protected]
[email protected]
Esta pesquisa se insere na Linguística Aplicada (Celani, 1998/2004; Moita Lopes, 2006)
e faz parte de um projeto maior, desenvolvido pelo grupo de pesquisa GEIM/ cujos
pesquisadores investigam uma prática dialógica de letramento, em um contexto real de
uso da linguagem com leitores reais. A metodologia utilizada é a qualitativa, de
natureza Interpretativista (Bortoni-Ricardo, 2008), por meio da qual se desenvolve uma
pesquisa-ação, cujo objetivo é investigar a minha prática pedagógica em eventos de
leitura, vivenciados pelo grupo focal. A prática dialógica investigada é o Pensar Alto
em Grupo (Zanotto, 1998), que é ao mesmo tempo vivência pedagógica e técnica de
pesquisa, cujo objetivo é mudar a prática de leitura que silencia a voz do aluno,
consequentemente propiciando a formação do leitor ativo-responsivo, Bakhtin (1992).
No quadro teórico abordo a concepção de leitura como evento e prática social (Bloome,
1983; Moita Lopes, 1996), os estudos do letramento (Soares, 1998), e a Pedagogia
Freireana (1970). A análise dos dados aponta que: 1. A minha postura em sala de aula
teve mudanças significativas, pois assumi o papel de mediadora e agente de letramento,
passei a ouvir mais meus alunos, criando condições para que eles interagissem em
grupo; 2. O Pensar Alto em Grupo possibilitou a construção e negociação das leituras na
interação social entre os alunos e eles tiveram uma atitude responsiva durante o evento
de leitura. 3. Os alunos participaram de forma prazerosa e houve momentos de intensa
emoção e aproximação entre todos: alunos e professora em sala de aula.
Pesquisa Metateórica: uma alternativa para condensar a produção
científica em LA
MIRELLE DA SILVA FREITAS
[email protected]
A literatura existente no campo da Linguística Aplicada (LA) é vasta e em expansão,
abrange estudos de cunho quantitativo, preferencialmente nos Estados Unidos e Europa,
e, no Brasil, emergem os estudos qualitativos (NORRIS & ORTEGA, 2006; PAIVA d
al., 2009). Diante de tamanha variedade e quantidade duas perguntas emergem de forma
incisiva: (i) como fazer sentido da pesquisa em LA?;e (ii) quais são de fato as respostas
para as perguntas da área? (NORRIS & ORTEGA, 2006). Nesse sentido, não é
suficiente apenas contribuir para para o crescimento e diversificação da LA; o produto
da pesquisa científica necessita ser acessível para que possa impactar o cenário nacional
(ALMEIDA FILHO, 2007; GOMES DE MATOS, s.d.). Testemunhamos a emergência
em proceder a uma documentação e divulgação dos estudos desenvolvidos na área,
incluindo sucessos, desafios e insucessos vivenciados. Assim, o diálogo entre linguistas
aplicados é essencial para viabilizar um mapeamento no campo da LA no país e
elaborar uma epistemologia aplicada própria adequada ao contexto nacional. Para
atender às necessidades da sociedade brasileira é essencial que se proceda a uma
elaboração teórica local (ROTH & MARCUZZO, 2008), que entendemos ser do tipo
condensadora. Diante deste quadro, apresentamos a metapesquisa como metodologia
que possibilita a integração dos dados de diversos estudos na busca por uma
compreensão que transcende as conclusões dos estudos individualmente, ao passo que
preserva as especificidades de cada um deles. O valor da metodologia de pesquisa
proposta se mostra tanto no tratamento sistemático para conduzir pesquisas secundárias,
como na discussão ética acerca da compreensão, informação e uso da pesquisa em
línguas. Cooper, Dionne, Dixon-Woods , Laville, Norris, Ortega, Telléz, Waxman são
alguns dos autores que dão suporte à pesquisa metateórica.
Ensino Aprendizagem de Língua Portuguesa a partir de atividades
sociais no Ensino Fundamental
ROMUALDO MATOS DA SILVA
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O ensino aprendizagem de Língua Portuguesa exige múltiplas habilidades, as quais nem
sempre são contempladas pelos livros didáticos disponíveis. Mediante o levantamento
das necessidades de ensino e das possibilidades de aprendizagem de duas turmas do
Ensino Fundamental (8ª série/9º ano) iniciou-se um trabalho interdisciplinar em busca
de novas ferramentas de ensino aprendizagem. Assim, recorreu-se às Atividades Sociais
como proposta para uma aprendizagem mais significativa, em que cada sujeito
participante pudesse se engajar ao desenvolver suas atividades em contextos reais. Neste
contexto, os participantes envolvidos, professores, alunos, equipe gestora e pais, tinham
como foco o desenvolvimento de uma horta na escola. Essa tarefa abriu possibilidades
para o trabalho interdisciplinar da Língua Portuguesa com outras disciplinas da
currículo, criando condições de aprendizagem inclusive para os alunos considerados
“inclusão”.
Uma leitura da crônica: “Chega de cinto!” de Clarice Lispector sob a
perspectiva da Estilística da Enunciação
IELSON JOSE DOS SANTOS
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Este artigo apresenta um estudo de como a subjetividade é constituída no discurso a
partir dos efeitos enunciativos e estilísticos presentes na crônica “Chega de cinto! “, de
Clarice Lispector (1920-1977). A análise evidencia a subjetividade, que se apresenta de
maneira implícita, muitas vezes, e nas avaliações qualitativa e modalizadora que produz
a enunciadora. A análise mostra, ainda, como a enunciadora regula a aproximação e o
distanciamento em relação às leitoras fazendo uso, entre outros recursos, dos pronomes.
A fundamentação teórica está embasada nos estudos de Benveniste (2005,2006) sobre
enunciação; de estilística de Michel Riffaterre (1971), cuja visão que tem da disciplina
confere especial relevo à figura do decodificador do texto; e de Nilce Sant’ Anna
Martins (2012), que desenvolveu conceitos da estilística da enunciação. Esses autores
fornecem relevante contribuição para a articulação dos estudos linguísticos e
discursivos.
Leitura e redação na escola: os efeitos de sentido produzidos pelas
categorias de pessoa em Benveniste
JANINE MARIA ROCHA DA SILVA
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IVANA QUINTÃO DE ANDRADE
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Este trabalho, resultado de um estudo gerado a partir de uma demanda pessoal e
também acadêmica, pretende intervir na elaboração de atividades escolares de leitura e
redação que trabalhem com efeitos de sentido gerados pelas escolhas feitas pelo sujeitoleitor e pelo sujeito-escritor. Para tal, elegemos a Teoria da Enunciação de Benveniste,
tirando dela o que poderia ser instalado no nosso escopo de preocupações: as noções de
pessoa (Eu e Tu) e não pessoa (o Ele). Ao instaurar a categoria de pessoa, Benveniste
define as pessoas do discurso, EU\TU, as quais só ganham plenitude quando assumidas
por um falante, aquele que se coloca no discurso, com base numa realidade que lhe é
particular – declarando, assim, a subjetividade. Já a terceira pessoa (a não pessoa, Ele),
ao contrário, é um signo pleno, uma categoria da língua, que tem referência objetiva e
cujo valor independe da enunciação – marcando, nesse caso, a objetividade. A partir
desses pressupostos, iremos propor algumas tarefas que possam levar o aluno-leitor e o
aluno-redator a compreenderem que: a) a linguagem em si não é objetiva nem subjetiva;
b) os efeitos provocados pelas pessoas, combinados com as escolhas lexicais feitas por
quem escreve, podem revelar aspectos da entrelinha textual capazes de ajudar o leitor a
se despir de uma espécie de “capa de ingenuidade”. Para isso, foram tomadas, como
objeto de análise, duas bulas referentes ao uso de uma mesma substância
medicamentosa: uma do remédio original, e outra, do remédio genérico. Nelas, foi
possível observar para que direção aquele que escreve leva aquele que lê. Acreditamos
que atividades como essa possam colaborar para a formação de alunos-sujeitos mais
preparados para enfrentar a desafiadora tarefa de ler/escrever textos, dentro e fora da
escola.
Aspas verbo-visuais: delimitação do conceito e construção de
categorias de análise
RODOLFO VIANNA
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Esta comunicação busca apresentar os resultados da pesquisa de doutorado
desenvolvida sob a orientação da profa. Dra. Beth Brait. O objetivo geral é compreender
a produção de sentidos a partir da dimensão verbo-visual da linguagem, centrando-se
em diferentes formas assumidas por fenômenos enunciativos/discursivos. De maneira
pontual, estará centrada na inter-relação discursiva entre elementos verbais e visuais e
seu consequente processo de significação. A hipótese desenvolvida é a de que
determinadas relações entre elementos verbais e visuais podem se configurar como
desdobramentos metaenunciativos opacificantes desses elementos, em dinâmica análoga
ao emprego das aspas no plano verbal. A hipótese sugere a possibilidade de ampliação
do sentido de determinado elemento visual quando inserido em contexto verbo-visual
específico, tal como ocorre quando as aspas são empregadas no plano verbal, ou seja,
configurando-se como um tipo de presença/ausência a ser preenchida
interpretativamente. A fundamentação teórica procura articular teorias de cunho
enunciativo-discursivo advindas das formulações de Authier-Revuz, autora do conceito
de modalização autonímica e estudiosa das não-coincidências do dizer, e do Círculo de
Bakhtin, cuja compreensão analítica de enunciado concreto e a caracterização de signo
ideológico são pertinentes ao estudo da questão aqui proposta. O corpus de análise é
constituído por enunciados concretos retirados dos jornais impressos Folha de S.Paulo e
O Estado de S.Paulo, cujos exemplares foram coletados entre os dias 23/09 a 20/10 de
2012, assim como de quatro edições das revistas semanais Veja e Época, coletadas no
mesmo mês. A justificativa para esta pesquisa situa-se na possibilidade de descrição e
análise de fenômenos enunciativos/discursivos verbo-visualmente constituídos, de
grande alcance social, oferecendo categorias de análise para pesquisas tanto na área da
Linguística Aplicada quanto na da Análise do Discurso.
Ensinar-aprender em performances em língua estrangeira
SAMANTA MALTA
[email protected]
Esta comunicação tem como objetivo apresentar a análise de resultados dos aspectos
multimodais, multiculturais e o uso de multimídias envolvidos no processo de
construção de sentidos e significados em língua inglesa por crianças de um Centro de
Educação Infantil de São Paulo. Este estudo trata-se de uma Pesquisa Crítica
Colaborativa (MAGALHÃES, 2002, 2004, 2007) em Linguística Aplicada e esta
comunicação apresentará o resultado deste estudo. Os dados aqui apresentados são parte
do projeto Educação Multicultural que foi criado e desenvolvido pelo grupo de pesquisa
Linguagem em Atividades no Contexto Escolar como parte do Programa Ação Cidadã.
O recorte teórico pauta-se na Pedagogia dos Multiletramentos que tem como base a
variabilidade de convenções de significados presentes em diversos contextos de
representação cultural e social, a multimodalidade e a multimídia. (NEW LONDON
GROUP,1996). Esta proposta também se apoia em perspectiva de organização
curricular baseada em Atividades Sociais (LIBERALI, 2009). O trabalho com
Atividades Sociais é pensado a partir da necessidade das crianças de participarem de
diferentes esferas sociais que, muitas vezes, estão fora de seu alcance imediato. Essas
necessidades podem ser satisfeitas por meio da vivência de diferentes papéis sociais ao
longo do trabalho escolar. Dessa forma, todo estudo desenvolvido neste projeto orientase pela Teoria da Atividade (VYGOTSKY, 1930/1934; LEONTIEV, 1977;
ENGESTRÖM, 1987), uma abordagem sócio-histórico-cultural, relacionada à vida que
se vive (MARX, 1846/2002). Além disso, este estudo é orientado pela concepção da
linguagem como constitutiva na construção de conhecimentos diversos, permitindo aos
sujeitos vivenciarem diferentes formas de saber e viver em uma língua diferente da sua.
O foco da interpretação recaiu sobre o papel da Pedagogia dos Multiletramentos na
produção de significados nas Atividades Sociais e sua relevância para a construção
pelas crianças de novos modos de participação no mundo.
A educação nas grandes metrópoles: ensino de Língua Portuguesa em
São Miguel Paulista (SP)
FERNANDA MARCUCCI
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Este trabalho insere-se na pesquisa em andamento “Relações de Interdependência entre
escolas e Qualidade das Oportunidades Educacionais”, coordenado pela Profa. Dra.
Claudia Lemos Vóvio, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) em parceria
com o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação (CENPEC). Tem
como foco verificar de que forma são oferecidas as oportunidades educacionais em
Língua Portuguesa, no final do ciclo de alfabetização (3º ano do Ensino Fundamental),
de modo a analisar a qualidade das oportunidades educacionais destes alunos em escolas
de entorno vulnerável. Nosso objeto de estudo prevê então, a compreensão do que é
ensinado em Língua Portuguesa (BATISTA, 1997) no fim do ciclo de alfabetização em
uma escola situada em território vulnerável. A metodologia de cunho qualitativo
implica em um estudo de caso, realizado em uma unidade escolar pública, localizada na
subprefeitura de São Miguel Paulista, por ser um local de alto Índice Paulista de
Vulnerabilidade Social (IPVS). Os instrumentos metodológicos utilizados foram
entrevista, observação direta com registro de notas de campo, coleta de cadernos
escolares e de registros de aula de professores das turmas de 3º ano do Ensino
Fundamental, estas duas últimas fontes de caráter documental consideradas artefatos
culturais (equipamentos, suportes e materiais escritos) imbricados nas interações e
certos usos da escrita nas salas de aula (BARTON; HAMILTON; IVANIC, 2000). Seus
resultados podem colaborar para indicar temas e conteúdos voltados à formação inicial e
continuada de docentes, bem como indicações de propostas e subsídios pedagógicos
voltados ao final do ciclo de alfabetização.
A constituição dos professores em formação inicial como agentes de
letramento nas experiências do PIBID
LÚCIA DE FÁTIMA SANTOS
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Nesta comunicação temos como finalidade apresentar resultados obtidos nas
experiências do PIBID sobre a constituição dos professores em formação inicial como
agentes de letramento. Trata-se de reflexões construídas no âmbito do projeto de
pesquisa em andamento, intitulado “As contribuições do PIBID no processo de
letramento de professores de Letras: os reflexos da formação nas práticas de escrita”,
cujo objetivo principal é desenvolver uma análise longitudinal sobre as contribuições
desse Programa para o letramento do professor, observando e problematizando os
reflexos do trabalho de formação docente desenvolvido pelo grupo do curso de
Letras/Português da Ufal, com base nas práticas de escrita e leitura efetivadas nos
encontros de formação do grupo e no trabalho realizado com alunos de diferentes
turmas do ensino fundamental, em escolas públicas localizadas na cidade de Maceió.
Nesta comunicação, interessam-nos especificamente analisar registros em anotações de
campo e diários escritos por bolsistas do PIBID sobre as atuações nas práticas de ensino
de que participam nas escolas. A pesquisa fundamenta-se principalmente nos Novos
Estudos do Letramento correlacionados com as reflexões de Bakhtin (1992, 1997). Os
dados foram coletados no período de maio/2010 a janeiro/2014, a partir das orientações
metodológicas adotadas na área de Linguística Aplicada. Nos resultados até então
obtidos, observamos que os professores em formação inicial caracterizam-se,
predominantemente, como agentes de letramento nas práticas de linguagem que
realizam nas escolas.
O Trabalho de Conclusão de Curso na universidade: uma alternativa
didática para o desenvolvimento de capacidades de linguagem
MILENA MORETTO
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Como professora universitária, tenho notado que grande parte dos estudantes, ainda que
em final de curso, tem apresentado dificuldades de se apropriar da linguagem acadêmica
para produzir textos nos meios universitários. Diante disso, o presente artigo, resultado
de uma pesquisa de doutorado na área de Educação, pretendeu desenvolverum modelo
didático do gênero Trabalho de Conclusão de Curso a partir de textos concretos de
referência com o intuito de auxiliar no desenvolvimento das capacidades de linguagem
dos estudantes. Utilizamos os construtos teórico-metodológicos do interacionismo
sociodiscursivo representado por Bronckart (2006, 2007) e as considerações de
Schneuwly, Dolz e Noverraz (2010), Dolz, Gagnon e Decândio (2011), Machado
(2009), Lousada (2009) entre outros. Foram selecionados, para análise, dois trabalhos
de conclusão de curso de referência desenvolvidos por estudantes de graduação a fim de
verificar como esses trabalhos foram produzidos. Através deles, buscamos observar as
dimensões ensináveis do respectivo gênero no que se refere ao contexto de produção,
aos aspectos discursivos e linguístico-discursivos. A partir do modelo didático
construído,pudemos elaborar uma sequência didática que pode auxiliar professores que
trabalham no ensino superior, bem como estudantes que ainda não se apropriaram da
linguagem acadêmica.
Educação Bilingue: para onde estamos indo? – Um estudo sobre a
organização curricular de duas escolas denominadas bilíngues.
FERNANDA CRISTINA LOMBARDI GUIDI
[email protected]
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Nos últimos anos, tem-se visto um crescimento excessivo de instituições de ensino de
inglês para crianças e, muitas são as justificativas para esse fenômeno. Entre as
principais, apresentadas por Tonelli (2005), podemos destacar o processo de
globalização e sua influência na vida das pessoas, e a crescente preocupação dos pais
em proporcionar aos seus filhos conhecimento e competência na língua inglesa o que
possivelmente os conduzirá as melhores universidades e a empregos com melhores
salários. Além disso, não podemos deixar de mencionar a função da língua inglesa ao
proporcionar acesso a outras fontes de informação e a outras organizações culturais.
Segundo Marcelino (2009), na escola bilíngue, a língua inglesa é um veículo, o meio
através do qual a criança também se desenvolve, adquire e constrói conhecimento e
interage e age sobre ele. A escola bilíngue deveria ser vista essencialmente como uma
escola, com objetivos de uma escola, focada na educação, que acontece em uma
segunda língua, em grande parte, embora haja diferentes formatos e possibilidades de
combinação. No entanto, não há até os dias atuais uma legislação referente a
implementação, avaliação e desenvolvimentos de programas bilíngues nas escolas
(STORTO, 2015). Aliado a isso, tem-se visto programas trazidos de outros países sendo
trabalhados em escolas bilíngues que tem também como preocupação a obtenção de
certificação internacional. Assim, esta pesquisa tem por objetivo principal procurar
desvendar como é a organização da escola, levando em conta as concepções que dão
base às propostas pedagógicas e a forma como a educação é compreendida, através dos
estudos de Garcia (2009), Megale (2009), Moura (2009), Horneberger (1991). Além
disso, pretende-se discutir os possíveis desafios que podem ser encontrados, tanto por
professores como por alunos, numa proposta de educação. A metodologia adotada neste
estudo é a pesquisa crítica de colaboração (MAGALHÃES, 2012).
PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA: UMA ABORDAGEM
COMUNICATIVA INTERCULTURAL POR MEIO DE MÚSICA
ADRIANA CÉLIA ALVES
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Esta pesquisa visa contribuir com o ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa para
estudantes estrangeiros, por meio da abordagem intercultural (VIANA, 2004;
KRAMSCH & URYO, 2014) levando em consideração tarefas (SCARAMUCCI, 1996)
baseadas em música popular brasileira. Ressalta-se que a procura pelo ensinoaprendizagem de língua portuguesa como língua estrangeira tem aumentado a cada ano,
devido, principalmente, ao sucesso econômico do Brasil no cenário mundial
(ALMEIDA FILHO, 2011). Dessa forma, necessita-se promover e discutir abordagens,
métodos e metodologias para se ensinar a língua portuguesa como estrangeira (PLE).
Esta pesquisa segue a metodologia qualitativa interpretativista com aspectos da
pesquisa-ação, isto é, a partir de um problema usam-se instrumentos e técnicas de
pesquisa para conhecer esse problema e delinear um plano de ação que traga benefícios
para o grupo (ANDRÉ, 2001). Assim, pretende-se verificar as principais dificuldades de
francófonos aprendizes de língua portuguesa, por intermédio da teoria de análise de
erros (FARIAS, 2007). Essas dificuldades serão levantadas por: análises de
conversações em pares entre a pesquisadora e os aprendizes de PLE, na modalidade
tandem (TELLES, 2008), e por meio de observações, anotações e diários de campo de
aulas de PLE a francófonos. Em seguida, após o levantamento e com bases nas análises
das dificuldades encontradas no processo de aprendizagem de PLE observado serão
elaboradas tarefas de intervenção didática baseadas na abordagem comunicativa
intercultural, utilizando música popular brasileira como proposta de ensino de PLE a
francófonos, as quais serão verificadas sua relevância. Esta abordagem entende o
ensino-aprendizagem de línguas pela interseção entre as culturas, compreende-se a
língua e o social como indissociáveis (PAIVA E VIANA, 2004). Além disso, infere-se
que a música motiva a aprendizagem, tornando o processo de ensino-aprendizagem
menos mecanicista e mais prazeroso (ROCHA, 2012). Desta forma, almeja-se que as
dificuldades encontradas na aprendizagem de língua portuguesa como estrangeira a
francófonos sejam amenizadas e propicie uma estratégia de aprendizagem usando
música, promovendo assim o ensino e aprendizagem de PLE no atual contexto social e
educativo.
Um autor à deriva: reflexões sobre a construção da autoria na
Universidade
VITÓRIA EUGÊNIA PEREIRA
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A Universidade ocupa um papel central em nossa sociedade. Sob a função de “prover ao
país quadros de alto nível técnico e científico” (BRASIL, 1991), ela é responsabilizada
pelo “desenvolvimento sustentável e de longo prazo da nação” (id.). Por isso, nos
últimos anos, ganhou lugar um discurso de importância da Universidade, promotor da
passagem do ensino básico para o ensino superior. Entretanto, não há, no
funcionamento desse discurso, espaço para discutir as tensões institucionais dessa
relação Escola/Universidade: como a Universidade recebe o aluno que chega de uma
Escola reconhecida oficialmente (LDB, PCNs) como ineficaz na sua missão de
promover o desenvolvimento da leitura e da escrita (BRASIL, 2000)? A angústia de
escrever, o medo da folha em branco e o constante adiamento da escrita que povoam um
imaginário de sacrifício da autoria acadêmica são indícios de que falta intimidade entre
o aluno e essa escrita. Indícios de que falta espaço, nessa passagem
Escola/Universidade, para o aluno (se) encontrar (em) seu escrever: sem lugar para
compreender o que é um autor na Universidade, o aluno parece tatear na busca de
descobrir o que se espera da sua escrita e como produzir isso. Assim, com o objetivo de
investigar, descrever e analisar os modos de funcionamento da autoria na Universidade,
propomos o desenvolvimento do presente trabalho. Através de uma filiação à Análise
de Discurso francesa (Orlandi, 2004,2005, 2006; Pêcheux, 1995, 1997; Foucault,
1972), desejamos oferecer um olhar que seja capaz de ver a violência simbólica que
opera nos sentidos de escrita – através da escrita. Mobilizando, sobretudo, os conceitos
Função-autor e Formações Imaginárias, encontramo-nos, agora, na fase final de análise
dos dados– corpus composto por textos de alunos do último ano da graduação do curso
de Letras da Universidade Estadual de Campinas e por entrevistas semiestruturadas com
esses alunos.
(Trans)Formação de professores de LI: relações entre teoria, prática e
contexto de ensino
CLAUDIA JOTTO KAWACHI-FURLAN
[email protected]
[email protected]
CRISTIANE OLIVEIRA CAMPOS-GONELLA
ELIANE HÉRCULES AUGUSTO-NAVARRO
A relação que o professor estabelece entre teoria e prática depende tanto de seu
conhecimento e de sua experiência quanto das possibilidades disponíveis em seu(s)
contexto(s) de atuação profissional. Mais importante do que adotar essa ou aquela
perspectiva teórica é saber informar o porquê de suas escolhas em uso situado. Há mais
de três décadas, Larsen-Freeman (1983) já apontava a importância das escolhas
informadas (teachers’ informed choices). Oliveira (2013) destaca que uma das
dificuldades enfrentadas nos programas de formação docente refere-se à falta de
articulação entre teoria e prática. Similarmente, Gil (2013) afirma que para o professor
em formação inicial ter independência informada, ou seja, saber aplicar as teorias
estudadas para solucionar problemas ou promover mudanças, ele precisa construir
saberes em seu contexto de ensino-aprendizagem, ponderando sobre seu propósito de
ensinar, seu público-alvo e seu modo de ensinar. É nesse sentido que defendemos a
relevância de oportunidades de prática assistida e prática situada (JOHNSON, 2009) em
programas de formação docente. O objetivo deste trabalho é refletir acerca desses
conceitos por meio da apresentação e discussão dos resultados de duas pesquisas de
doutorado. Em ambos os estudos, a metodologia adotada foi de base qualitativa e
interpretativista. Os dados foram coletados por meio de questionários, entrevistas,
observações de aula e sessões de visionamento. Nesta comunicação, abordaremos a
prática assistida de um grupo de alunos-professores em relação à teoria de gêneros
discursivos por eles estudada em uma disciplina da graduação em Letras e a prática
situada de um grupo de professores recém-formados sobre como abordar gramática nas
aulas de língua inglesa em diferentes contextos de atuação (escolas regulares pública e
privada, escolas de idiomas e projetos de extensão universitária).
Gêneros textuais: uma análise de propostas de atividades de leitura de
livro didático de espanhol como língua estrangeira
ADEJAIR DO ESPÍRITO SANTO SIQUEIRA JÚNIOR
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Este trabalho objetiva analisar o trabalho com gêneros textuais nas atividades de leitura
do livro didático Nuevo Listo de Espanhol como língua estrangeira (E/LE). As
reformulações das coleções didáticas acontecem vorazmente, querendo atender ao
mercado, e em grande parte dos livros didáticos de E/LE é possível constatar uma
preocupação com a questão dos gêneros e a sua diversidade. Cabe ressaltar que essa
“preocupação” está atravessada por uma série de implicações mercadológicas e que esta
pesquisa vislumbra questionar que concepções sobre “gêneros textuais” estão sendo
veiculadas. O corpus de análise considera o manual do professor e as atividades de
leitura e compreensão leitora envolvendo os gêneros textuais. Esse recorte levou em
conta o entendimento do manual do professor como produção discursiva pautada numa
determinada concepção de língua e que traz no seu bojo algumas incoerências teóricas
bastante evidentes. A investigação em andamento tenta mostrar se de fato o
encaminhamento das atividades que envolvem leitura e gêneros textuais estão
efetivamente elaboradas de modo a desenvolver nos alunos a competência leitora,
considerando as visões de língua e linguagem e leitura que são expostas no manual do
professor. A teoria se baseia na Análise do Discurso de linha francesa, particularmente
no conceito de enunciado (MAINGUENEAU, 2009). As perguntas norteadoras das
análises são: Que noção de “gênero” se apresenta no manual do professor? Como é
tratada a composição dos gêneros através das atividades? Que concepção(ões) de
Língua está(ão) sendo usada(s)? De que maneira a proposta teórica verificada no
manual do professor entra em consonância/dissonância com as atividades de leitura
propostas? Que abordagem(ns) de leitura está( d) sendo utilizada(s) nas atividades
propostas? O encaminhamento das análises procura comprovar a hipótese de que as
incoerências entre o que se propõe e o que se apresenta como atividade geram
implicações negativas a respeito do trabalho com os gêneros.
Uma sala para muitas línguas: transpondo as letras, as barreiras e o
inconcebível
SABRINA SANT´ANNA RIZENTAL
[email protected]
Considerado como uma grande nação, o Brasil vem se tornando cada vez mais o país de
destino de refugiados de diversas partes do mundo. Na cidade do Rio de Janeiro,
africanos, árabes, colombianos, russos, não se distinguem facilmente entre os rostos
miscigenados dos brasileiros. Entretanto, basta um pedido de ajuda, num português
extraído dos dicionários, para que sejam imediatamente identificados. A língua, neste
caso o português brasileiro, complexo até para os nativos, é a primeira grande barreira
enfrentada por esse imigrante. As instituições envolvidas com os projetos de
alfabetização, direcionados aos refugiados, enfrentam um grande desafio quanto às
escolhas mais adequadas ao perfil de grupos tão heterogêneos. Este trabalho tem como
objetivo (a) apresentar uma reflexão sobre as práticas educativas que vêm sendo
desenvolvidas no contexto da sala de aula e (b) investigar as iniciativas mais
apropriadas às necessidades desses alunos de procedências tão distintas, no que se refere
aos materiais didáticos, aos procedimentos teóricos e metodológicos, às abordagens
mais favoráveis à ambientação e à interação do grupo, considerando a vasta diversidade
que o compõe. A análise se baseia na resposta dos imigrantes aos estímulos propostos
em sala, em sua produtividade e no monitoramento realizado pelos docentes, através de
relatórios elaborados após cada aula. Valendo-se do apoio de teóricos sob a perspectiva
da Análise de Discurso, fundada nos trabalhos de Michel Pêcheux, observamos o
processo de constituição dos sentidos e a construção desse novo sujeito. Concluímos
que a urgência que permeia o processo de aprendizagem dos refugiados, uma vez que
falar a língua do país destinatário é uma questão de sobrevivência, demanda uma
didática específica que considere as diferentes representações discursivas e justifique as
escolhas mais convenientes à interação dos professores e educadores voluntários com o
grupo, na construção desse aprendizado mútuo.
O Papel do coordenador pedagógico no desenvolvimento da pedagogia
daargumentação crítico-colaborativo-reflexiva na reunião pedagógica
IAGO BROXADO
[email protected]
SIMONE UEHARA
[email protected]
Esta pesquisa tem o objetivo de compreender o papel de um coordenador pedagógico
(GUERRA, 2012; BROXADO, 2015) em formação no desenvolvimento críticocolaborativo-reflexivo (DAMIANOVIC, 2011) dos professores, também em formação,
de um curso de língua inglesa para mobilidade estudantil. Este estudo de mestrado em
andamento tem a teoria da atividade sócio-histórico-cultural (ENGESTROM, 2001;
LIBERALI, 2011; DAMIANOVIC, 2011; DAMIANOVIC & LEITÃO, 2012) como
referencial teórico que considera como fulcrais as práticas humanas em seus modos de
agir, contextos histórico-sociais, ideologias e necessidades locais. Alicerçada na
Pesquisa Crítico-Colaborativa (MAGALHÃES, 2012), esta investigação discute a
análise de três reuniões pedagógicas (LIBERALI, 2009; LIBERALI & SHIMOURA,
2009, GUERRA 2012; BROXADO, 2015), como foco no papel da pedagogia
argumentação (DAMIANOVIC, 2011; DAMIANOVIC & LEITÃO, 2012) na
construção de decisões a serem tomadas de ordem técnica, prática e crítica (SMITH,
1998). Os resultados iniciais revelam que as ações desse coordenador incentivam
transformações nos papeis de construção de tomadas de decisões interdependentes e
possibilitam o empoderamento (MAGALHÃES, 2012) dos sujeitos participantes.
O humor como elemento educacional para produções situadas de
sentindo em LI: uma proposta de estudo em uma escola pública no
litoral de Alagoas.
POLIANA PIMENTEL SILVA
[email protected]
[email protected]
Calcado nos preceitos teóricos da Linguística Aplicada Crítica (PENNYCO , 2006), a
presente pesquisa teve como objetivo analisar o humor (BAKHTIN, 2010; BERGSON,
2004; MINOIS 2008) durante as atividades desenvolvidas nas aulas de inglês aliado aos
estudos sobreLetramento Crítico (MENEZES DE SOUZA & MONTE MÓR, 2006).
Tendo em mente a importância dos aspectos sociais abordados pelo viés do humor,
analisamos o desenvolvimento crítico dos participantes como uma prática pós-moderna
de sempre pensar e de problematizar questões sobre cultura, cidadania e relações de
poder. Sendo assim, o presente estudo nos ajudou a entender o engajamento dos sujeitos
em práticas sociais, uma vez que tal abordagem nos desafia tanto a descobrir novas
alternativas para o nosso desenvolvimento enquanto cidadãos. No âmbito das pesquisas
qualitativas e com base nas referências metodológicas da pesquisa-ação (BARBIER,
2007; THIOLLENT, 2008) a atual pesquisa foi realizada em uma turma de inglês do 9º
ano em uma escola pública do povoado de Santa Luzia, município da Barra de Santo
Antônio (AL). Isso posto, a temática desse trabalho transitou em torno do estudo da
linguagem e dos seus variados conceitos e do reflexo desses conceitos no processo de
ensino e aprendizagem da língua inglesa. No final desse estudo, percebemos que o uso
do humor está intrinsecamente associado aos estudos sobre Letramento Crítico,
possibilitou aos alunos um ambiente aprazível nos momentos das discussões que
abordavam os aspectos sociais, portanto, configurando o humor como um elemento
pedagógico significativo no contexto educacional. Por fim, no final desse estudo, mais
do que expor teorias e métodos, suscitamos possibilidades pedagógicas que podem
nortear o ensino de língua estrangeira dentro de práticas educacionais, a qual os
aprendizes possam estar envolvidos em contextos que reclamam trocas de
conhecimentos e valores sociais.
Uma política linguística no âmbito da educação
EGON DE OLIVEIRARANGEL
ANA LUIZA MARCONDES GARCIA
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Em um clássico da área, Calvet (1993 e 1995) define política linguística por meio de
dois movimentos distintos, mas articulados: o do planejamento linguístico e o da sua
execução propriamente dita. Assim, o autor apresenta a política linguística como uma
ação organizada, com objetivos claramente estabelecidos e dotada de racionalidade.
Mais recentemente, tomando como referência esta clássica definição, Rajagopalan
(2013) e também Rangel (2013) a questionam, seja ao apontar para a dificuldade de
conduzir ações concretas de interesse público em torno de línguas específicas, seja ao
assinalar como a esfera das políticas públicas acaba por impor aos programas oficiais
condições de produção tão particulares que, para manter seu poder explicativo, a
fórmula de Calvet teria de ser invertida: seria a intervenção linguística que, uma vez
efetivada, se tornaria inseparável de uma formulação propositiva, muitas vezes
concebida a posteriori ou mesmo apenas pressuposta. Tomando tais reflexões como
pressupostos teóricos, a presente comunicação tem como objetivo discutir em que
medida e de que forma tal inversão se manifesta em uma política linguística da
Secretaria Estadual de Educação de São Paulo: a inclusão, por um período de 3 anos, da
disciplina Leitura e Produção de Textos na grade curricular dos anos finais do EF na
rede paulista, com o objetivo de formar o leitor literário. Tomando como referência a
dissertação de mestrado de uma professora-pesquisadora que atuou na execução dessa
política (Asbahr, 2013), analisaremos, recorrendo aos princípios, técnicas e
procedimentos da Análise do Discurso (Maingueneau, 2014; Orlandi, 1999; Spink,
1998), as marcas dessas condições de produção presentes no discurso acadêmico da
professora referida.
Nos meandros do ensino da escrita em Língua Portuguesa:
(re)pensando o conceito de intervenção-interferência
ÉRICA DANIELA DE ARAUJO
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CÁRMEN LÚCIA HERNANDES AUGUSTINI
Intentamos, à luz da teorização de Émile Benveniste, problematizar a relação professorsaber-aluno e suas implicações no ensino da escrita em Língua Portuguesa escrita. De
nossa perspectiva, o ensino da escrita passa, necessariamente, por um processo
subjetivo de “escuta” dos comandos do professor, assim como pela necessária
planificação do fluxo de associações da linguagem-interior da qual o escrito torna-se
produto. Nessa medida, os processos de intervenção-interferência efetuados pelo
professor, no jogo (inter)subjetivo instaurado no espaço de sala de aula, visam fazer
com que os alunos apre(e)ndam determinado conhecimento, ou seja, que a
transmissibilidade se dê. Ao fazê-lo, o professor intervém no processo de aprendizagem,
dado que orienta de determinada forma sua explanação, bem como seleciona o material,
os aspectos que são abordados e o modo como os aborda. Sendo assim, por intervenção
compreendemos as ações pedagógicas adotadas pelo professor a fim de ensinar certo
conhecimento em sua prática docente. Logo, tomamos interferência como toda e
qualquer manifestação pontual do professor sobre o texto do aluno. Ressaltamos que,
nesse processo, não há garantias de que a intervenção-interferência efetuada pelo
professor possa reverter-se em algo favorável ao aluno, já que o aluno não recebe algo
do professor de modo passivo; há interpretação, há mo(vi)mento na experiência de
linguagem. Nessa medida, objetivamos analisar, a partir de uma situação particular de
observação em sala de aula, o modo como se dá a intervenção-interferência do professor
no processo de (re)escrita do aluno e como o aluno se relaciona com essa intervençãointerferência do professor sobre o seu texto em seu processo de aprendizagem da escrita.
No que concerne à relação professor-saber, embasamo-nos metodologicamente nos
estudos de Émile Benveniste sobre o aparelho de funções; já a relação professor-saberaluno será analisada, tendo em vista dos manuscritos escolares dos alunos, a partir da
tipologia das rasuras proposta pela Crítica Genética.
Uma política linguística no âmbito da educação
ANA LUIZA MARCONDES GARCIA
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EGON OLIVEIRA RANGEL
Em um clássico da área, Calvet (1995) define política linguística por meio de dois
movimentos distintos, mas articulados: o da concepção e formulação (ou seja, do
planejamento linguístico) e o da execução propriamente dita. Assim, oautor apresenta a
política linguística como uma ação organizada, com objetivos claramente estabelecidos
e dotada de racionalidade. Mais recentemente, Rangel (2013), ao analisar dois exemplos
de políticas linguísticas desenvolvidas no Brasil pelo MEC, em uma mesa-redonda do X
Congresso da ALAB, assinalou como, nos casos em questão, a esfera das políticas
públicas acabou por impor a dois programas oficiais condições de produção tão
particulares que a fórmula de Calvet, para manter seu poder descritivo/explicativo, teria
de ser invertida: seria a intervenção linguística que, uma vez efetivada, se tornaria
inseparável de uma formulação propositiva, muitas vezes concebida a posteriori ou
mesmo apenas pressuposta. À luz dessa reflexão, a presente comunicação pretende
examinar como uma outra política linguística, — levada a cabo pela Secretaria Estadual
de Educação de São Paulo, por meio do programa São Paulo Faz Escola — é
representada na dissertação de mestrado de uma professora-pesquisadora que participou
da execução dessa política linguística, analisando-a, posteriormente, do ponto de vista
acadêmico, em pesquisa da Faculdade de Educação da USP. Trata-se da disciplina
Leitura e Produção de Textos que, durante 3 anos, compôs a grade curricular dos anos
finais do EF na rede paulista, com o objetivo de formar o leitor literário. Os autores
desta comunicação participaram do planejamento e da elaboração do material didático
proposto para a execução de tal política, enquanto que a professora pesquisadora a
implementou em sala de aula. As perspectivas em confronto— planejamento; execução;
pesquisa acadêmica — podem evidenciar até que ponto há mais política, no campo das
políticas linguísticas, do que o esquema proposto por Calvet permite perceber.
Aprendendo a aprender na formação inicial de professores de línguas
VERA LÚCIA BATALHA DE SIQUEIRA RENDA
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EVELINE MATTOS TÁPIAS OLIVEIRA
[email protected]
A presente comunicação ancora-se na linguagem em situação de uso e de ensino. A
estudantes de licenciatura Letras são necessárias habilidades e competências de leitura e
de escrita, as quais nem sempre foram trabalhadas na educação básica, como a prática
de registro e a sistematização de formas de estudo. Assim, com o foco de desenvolver
esses saberes nos ingressantes, foi realizada uma pesquisa-ação com alunos de um curso
de Letras de uma universidade pública; buscou-se aliar a construção de práticas de
estudo à construção do perfil profissional. As lentes teóricas bakhtinianas propiciaram
olhares para os posicionamentos na comunicação dialógica; de Vygotsky (2003),
apreenderam-se questões ligadas à interação e à mediação; de Kleiman (2003, 2006),
absorveu-se a relevância do letramento acadêmico. A base para essas escolhas foi
entender que a linguagem e a constituição de identidade estão intimamente ligadas,
além do objetivo de que os licenciandos se constituam profissional e integralmente
como sujeitos autônomos em suas formas de estudo e de atuação profissional. Dessa
maneira, optou-se por empreender um direcionamento de estudos que pudesse
contribuir para construir os saberes almejados, ao longo do curso, de forma
sistematizada, sequencial e responsiva, em função da organização curricular e do estilo
de interação e mediação vivenciados pelo docente. O esforço foi de trabalhar os
estudantes para entenderem os seus sentimentos ao aprenderem, a ficarem atentos aos
seus processos de aprendizagem e a desenvolverem os usos da linguagem nos contextos
acadêmicos. Os resultados apontam que se pode detectar nos acadêmicos a ampliação
dos horizontes pessoais e profissionais em relação à especificidade das áreas estudadas,
à capacidade de diálogo acadêmico, bem como a novos olhares sobre a aprendizagem –
com isso, perceberam-se avanços na formação da identidade profissional. Professor e
alunos, juntos, aprendendo a aprender.
LÍNGUA INGLESA PARA CRIANÇAS NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO
PÚBLICO – UM DIÁLOGO COM BAKHTIN
CHRISTIANE BATINGA AGRA
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A presente comunicação é um recorte de minha pesquisa de mestrado ainda em
andamento. Nesse recorte, me proponho a refletir sobre a introdução da disciplina
Língua Inglesa nas séries iniciais do Ensino Público. Na reflexão, serão primeiramente
abordadas algumas questões referentes à Globalização e seu impacto na sociedade
contemporânea. Em seguida, discorrei sobre o ensino de Língua Estrangeira para
Crianças (LEC) e a importância de se pensar sobre qual concepção de Língua será
utilizada no processo ensino-aprendizagem com esse público específico. Ao se optar por
uma concepção dialógica e social de Língua, acaba-se por imprimir a esse processo um
caráter formador e transformador. Apoio-me teoricamente na visão de língua de
Bakhtin/Volochinov ([1929]/2010) que a considera um fenômeno social que só se
materializa na presença do outro, na perspectiva sócio cultural de ensino-aprendizagem
de Vygotsky (1978), na Linguística Aplicada Crítica (PENNYCO , 2006;
RAJAGOPALAN, 2006), nos multiletramentos (KALANTZIS e COPE, 2011; ROJO,
2012), e nos estudiosos do ensino de inglês para crianças (CAMERON, 2001;
BREWSTER, ELLIS & GIRARD, 2002; ROCHA, 2006; TONELLI e RAMOS, 2007;
entre outros). Adotei para esse estudo a abordagem qualitativa de pesquisa e os
instrumentos de coleta de dados foram planos de aulas, relatos de aula, atividades
produzidas pelos alunos, além de entrevistas e rodas de conversa. Os resultados parciais
apontam para o fato de que a partir do momento em que a Língua foi aproximada da
realidade dos alunos, surgiram maiores oportunidades de uma aprendizagem
significativa, em que o novo idioma foi utilizado não de forma mecânica e
descontextualizada, mas sim como um instrumento para compreender melhor o mundo
onde vivem, tornando-os capazes de transitar de uma maneira mais crítica e consciente
pelos fenômenos globais e locais de nossa sociedade contemporânea.
Relações de poder na formação do professor de alemão como língua
estrangeira
DÖRTHE UPHOFF
[email protected]
O trabalho tem por objetivo esboçar as relações de poder concernentes à formação do
professor não nativo na área de alemão como língua estrangeira (ALE), tais como foram
construídas ao longo dos últimos trinta anos através de programas e materiais de
formação desenvolvidos na Alemanha e amplamente difundidos no mundo inteiro.
Partindo de uma perspectiva foucaultiana, que concebe o poder como uma tentativa de
conduzir a ação do outro, nossa proposta é fazer uma análise discursiva de alguns
excertos da série “Fernstudienangebot Deutsch als Fremdsprache” (Oferta de Estudos a
Distância Alemão como Língua Estrangeira) e de sua sucessora “Deutsch lehren lernen”
(Aprender a ensinar alemão), ambas produzidas pelo Instituto Goethe, com numerosos
volumes temáticos que visam dar apoio à formação do professor de alemão em outros
países. O foco da análise será a imagem que é construída desse professor e de sua
cultura de ensino e aprendizagem, além das mudanças nela ocorridas ao longo do
tempo. Assim, pode-se verificar uma crescente preocupação em valorizar o fazer
pedagógico local, com incentivos ao empoderamento do professor, mas também um
persistente ceticismo no que diz respeito às habilidades didático-metodológicas do
mesmo.
Relações dialógicas em revista infantil: o processo de adultização de
meninas
CRISTHIANE FERREGUETT
[email protected]
[email protected]
As crianças vivem em uma sociedade consumista e, bombardeadas pela publicidade,
passam a ter desejos de aquisição de bens supérfluos que em sua imaginação irão
transformar a sua vida para melhor. Nesse contexto, o estilo sensual e erótico, modelo
que não tem nada a ver com a idade emocional e cognitivo das meninas, é distorcido em
relação à idade e entra como mais uma forma de atração, fascínio e sedução. O presente
trabalho apresenta as análises preliminares da nossa pesquisa que está sendo realizada
através do Programa de Doutorado Interistitucional – DINTER, realizado num convênio
entre a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul –PUC–RS e a
Universidade do Estado da Bahia –UNEB. O objetivo geral da pesquisa é analisar
como é construído discursivamente o processo de adultização e/ou erotização precoce
das meninas de 06 a 11 anos de idade em diferentes gêneros discursivos contidos na
Revista Recreio Girls, da Editora Abril. O embasamento teórico utilizado são os
pressupostos apresentados pelo Círculo de Bakhtin, em especial os conceitos de
discurso, relações dialógicas, gênero discursivo, signo ideológico, relações dialógicas e
compreensão responsiva. As análises serão desenvolvidas qualitativamente observando
os diversos elementos verbais e não verbais que constituem a revista em apreço.
A figura do mediador linguístico-cultural no espaço da nação italiana
FRANCESCA DELL’OLIO
[email protected]
Este trabalho caracteriza-se como pesquisa qualitativa e análise documental de políticas
linguísticas de imigração na Itália e objetiva problematizarconceitos relacionados a
essaspolíticas, bem como abordar como criam uma partilha de espaços linguísticos.
Entende-se por “partilha” (Ranciere,2009) a relação entre o comum partilhado e a
divisão de partes exclusivas: as políticas linguísticas fazem uma distribuição de
maneiras de falar e de ser em um espaço de possíveis, colocando-se como parâmetros de
normalidade. De acordo com Orlandi (2002), a história linguística de um país e a
constituição de seu saber metalinguístico revelam a história política e social daquela
época e como o sujeito-falante nela se insere. Essa distribuição é marcada
ideologicamente e está imbricada, por um lado, com a ideia de nação que se apoia sobre
três pilares – língua, território, identidade, com suas bases na ideologia moderna; por
outro, na economia neoliberal. No fervor nacionalista europeu do século XIX, o
conceito de homogeneidade linguística e social era a base do conhecimento; atualmente,
porém, entendendo linguagem como elemento identitário e que constrói conhecimento,
pode-se pensar em possíveis ligações entre os fundamentos ideológicos que são a base
das políticas linguísticas analisadas nesta pesquisa e a construção de conhecimento
sobre nos e os outros. Uma educação linguística transcultural pode participar da
formação do cidadão: a ideia de “uma nação, uma língua, uma cultura”, herdada do
pensamento iluminista e positivista, hegemônica e universalista, atribui homogeneidade
e estaticidade às línguas, culturas e identidades, levando a uma visão homogênea e
dicotômica, enquanto conceitos como o de identidade como emergência dialógica
(Souza, 2010) e de nação como contínua negociação, visa uma educação para o diálogo,
a diferença e o conflito, evitando buscar nos encontros interulturais tolerância. Por
fim,propõe-se também focalizar a figura do mediador linguístico-cultural neste processo
de imigração na Itália.
Atividades de microensino como espaço de mediação com vistas à
formação docente: uma perspectiva sociocultural.
ADRIANA KUERTEN DELLAGNELO
[email protected]
MARIA ESTER MORTIZ
[email protected]
Sob a égide do ideário histórico-cultural vygotskiano, concebemos a aprendizagem
humana – e, por implicação, a aprendizagem docente – como um fenômeno que emerge
em situações sociais, históricas e culturais dinâmicas e situadas. Disso decorre a
compreensão de que aprender a ensinar origina-se e se desenvolve no engajamento do
professor na atividade de ensino e aprendizagem. Nessa perspectiva, contestamos a
visão tecnicista de atividades de microensino e propomos a reconceitualização dessas
atividades como práticas legítimas e autênticas de ensino e aprendizagem, em que
professores em pré-serviço constantemente planejam e ministram aulas a seus colegas e
professores e recebem destes sugestões e críticas com vistas ao replanejamento e
recondução dessas mesmas aulas. Nessa linha de raciocínio, afirmamos o papel
imprescindível das trocas entre sujeito aprendiz e o outro, na acepção vygotskiana do
termo. Neste estudo, de base qualitativa e microgenética, acompanhamos 12 professores
em processo de formação docente, participantes de atividades de microensino em uma
disciplina de ensino do Curso de Licenciatura em Letras Inglês/UFSC. Verificamos que
essas atividades, circunstanciadas conforme exposição acima, promoveram
desenvolvimento cognitivo dos professores participantes na medida em que
encontramos instanciações que evidenciam um processo gradual de transformação de
práticas intuitivas e baseadas em conhecimentos espontâneos por práticas marcadas por
escolhas teoricamente informadas. Reconhecemos, assim, o potencial do microensino
como espaço de mediação capaz de suscitar oportunidades de reflexão e de mediação
estratégica que elevam o professor em formação de um patamar imaturo e muitas vezes
intuitivo para níveis de maturação marcados por reflexão crítica e teórica. Em
consonância com a perspectiva sociocultural, percebemos que a apropriação do
conhecimento e das habilidades necessárias para a atividade docente é caracterizada por
um processo progressivo de atividades socialmente mediadas – e portanto externas ao
sujeito aprendiz – para atividades internamente controladas – e portanto internas ao
sujeito aprendiz.
Habilidades metacognitivas e compreensão leitora: análise quantiqualitativa de estudantes calouros
JAKELINE MENDES
[email protected]
CLAUDIA FINGER-KRATOCHVIL
[email protected]
A literatura tem apontado que leitores mais proficientes têm um melhor monitoramento
de sua compreensão leitora se comparados aos leitores menos proficientes.
Considerando essa questão, busca-se revisitar os resultados da compreensão leitora em
tese de Finger-Kratochvil (2010), em seu estudo com alunos ingressantes no ensino
superior, e analisar outros dados gerados na ocasião com foco na metacognição. Propõese uma análise estatística, com base em regressão e correlação linear, e a análise
qualitativa dos dados. Resultados preliminares apontam que os participantes que
zeraram questões cuja tarefa requeria o uso do conhecimento prévio para a resolução de
questões do teste de compreensão em leitura afirmaram no questionário de avaliação
subjetiva não ter dificuldade em usar o conhecimento anterior e suas experiências para a
compreensão textual. Esses resultados apontam para ofenômeno da ilusão do saber,
abordado por autores como Glenberg, Wilkinson e Epstein (1982) e por Tomitch
(2003). Esse fenômeno interfere no aprendizado, levando a avaliação incorreta da
compreensão e à alocação inadequada dos recursos de processamento, podendo
ocasionar o fracasso na compreensão do texto. Busca-se o desenvolvimento de
estratégias com o estudante universitário a fim de ampliar sua monitoria bem-sucedida,
auxiliando nos momentos de aprendizagem por meio da leitura.
Estratégias de Leitura e Produção de Releitura de Texto Literário
MARLI APARECIDA BRUNO
[email protected]
VERA LÚCIA BATALHA DE SIQUEIRA RENDA
Este presente artigo apresenta como tema Estratégias de Leitura e Produção de Releitura
de Texto Literário. Percebe-se que umdos grandes desafios no ensino de Língua
Portuguesa está pautado na necessidade de despertar, de forma criativa, o interesse
dos alunos pela leitura dos gêneros discursivos diversos que circulam nos contextos
sociais. Dentre eles, destaca-se o gênero literário com o qual a maioria dos alunos
passam a ter mais contato especificamenteno ambiente escolar, no entanto ao sair da
escola, o indivíduo geralmente abandona o hábito da leitura, pois encara tal atividade
como algo atrelado aos exercícios escolares. Diante desse problema, o objetivo deste
artigo é apresentar uma sugestão de estratégia de leitura e produção de releitura artística
e escrita de texto literário, a partir de um trabalho realizado com alunos da 3ª série do
Ensino Médio e dessa forma contribuir para aprimorar práticaseficazes e prazerosas
para as aulas de Língua portuguesa, em particular as aulas de leitura de gênero literário
e seu diálogo com outras linguagens artísticas e midiáticas. Como fundamentação
teórica serão elencados os estudossobre estratégias de leitura, letramento literário e
multiletramento, ou seja, o texto literário e seu diálogo com outras linguagens.
Padrões de colaboração e ensino-aprendizagem de capacidades de
linguagem
JULIANA ORMASTRONI DE CARVALHO SANTOS
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Esta comunicação está voltada à análise dos padrões de colaboração propostos por
Ninin (2013), a saber, responsividade, deliberação, alteridade, mutualidade, humildade e
cuidado e interdependência nas interações entre professores e alunos de uma pública do
interior do Estado de São Paulo. A presente proposta faz parte de uma pesquisa de
Doutorado cujo objetivo geral foi analisar o processo de produção escrita do gênero
artigo de opinião. Os objetivos específicos focalizaram, principalmente, a transformação
dos modos de trabalhar com os processos de escrita voltados a identificar: (a) as
características da interação entre os participantes na produção do artigo de opinião e (b)
os modos de apropriação das capacidades de linguagem, pelos alunos, ao longo da
produção do artigo de opinião. O embasamento teórico foi construído a partir da Teoria
da Atividade Sócio-Histórico-Cultural (TASHC), considerando as concepções de
Vygotsky (1934/1991, 1934/2001), Vygotsky, Leontiev e Luria (1934/2001) e
Engeström (1999, 2002, 2011), e da Atividade Social (LIBERALI, 2009) como
desdobramento da TASHC. Os pressupostos teóricos sobre a linguagem alicerçaram-se
na teoria dos gêneros de Bakhtin/Volochinov (1929/1992) e Bakhtin (1979/2011), bem
como nos estudos sobre as capacidades de linguagem, desenvolvidos por Dolz e
Schneuwly (2010), que focalizam o gênero de discurso como um artefato cultural para o
desenvolvimento da escrita. Metodologicamente, este estudo está apoiado na Pesquisa
Crítica de Colaboração (PCCol) (MAGALHÃES, 2009, 2010, 2011), metodologia que
embasa a escolha e a organização de ações em pesquisas conduzidas em contextos
escolares. Os padrões de colaboração observados nas interações entre os participantes
da pesquisa revelaram revelaram transformações quanto aos modos de agir dos
participantes e apropriações referentes ao gênero artigo de opinião.
Empréstimos linguísticos da língua francesa na língua brasileira de
sinais: um olhar bakhtiniano
MARTA MARIA COVEZZI
[email protected]
[email protected]
Este estudo pretende aprofundar a investigação a respeito dos empréstimos linguísticos
oriundos da língua francesa na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) visando ao
levantamento dos sinais em que ocorre essa interferência e à elucidação do trajeto
sociohistórico desses aportes. A partir das informações que temos do envolvimento da
Língua Francesa de Sinais e da Língua Francesa oral na constituição e na história do
ensino da LIBRAS, observa-se que muitos sinais da Língua Brasileira de Sinais têm a
configuração organizada em função da herança da língua francesa oralizada, ou ainda,
da LSF – Língua Francesa de Sinais. Tendo em vista tal ocorrência, achamos relevante
empreender uma pesquisa que investigue a história das línguas em contato, da língua
francesa oralizada, da LSF e da LIBRAS. Tencionamos investigar os empréstimos
linguísticos nas relações entre línguas orais e línguas de sinais, esclarecendo: quais
línguas em diálogo produzem empréstimos linguísticos para as línguas de sinais; as
influências da Língua Francesa e da LSFna LIBRAS;em que aspectos da LIBRAS esses
empréstimos se fazem presentes e são mobilizados;o papel dos empréstimos linguísticos
como possíveis facilitadores no ensino da LIBRAS.Trata-se de uma pesquisa
qualitativa, de cunho interpretativo e de análise documental; coletaremos, para nossas
análises, material de ensino da LIBRAS e realizaremos entrevistas com professores da
área, dados que serão analisados pelos princípios do método indiciário.Assumimos,para
a análise do corpus, os conceitos que procedem da concepção enunciativo-discursiva de
linguagem do pensador Mikhail Bakhtin e o Círculo, utilizando os conceitos basilares:
dialogismo (línguas em diálogo), enunciado, linguagem como interação, a palavra
estrangeira, signo e sinal, gênero discursivo, forças centrífugas e centrípetas e
plurilinguismo. Acreditamos que as respostas às perguntas propostas poderão trazer
contribuições e esclarecimentos importantes quanto ao processo de formação da
LIBRAS e sua possível interferência no ensino-aprendizagem.
Tensões em um curso de formação contínua para professores de inglês
da rede pública de São Paulo
GIOVANNA ROGGI
[email protected]
A formação contínua de professores é um gerador de tensões, uma vez que requer
desenvolvimento e reflexão. Além disso, pode-se colocar a má qualidade dos cursos de
formação de professores como um agravante para a resistência, e a maturidade
(FURLANETTO, 2003). Assim, para melhor compreender as dificuldades vivenciadas
nos cursos de formação contínua para professores – neste caso professores de inglês –
faz-se necessário lançar um olhar sobre as tensões e suas naturezas; e um olhar sobre
qual situação gera uma tensão mais gritante. Com isso, amparado nos estudos de Berry
(2007), investiguei quais das seis tensões classificadas pela autora estão presentes em
um curso de formação contínua para professores de inglês da rede pública de São Paulo.
Para tanto, esta pesquisa lançou a seguinte questão central: Quais são as tensões em um
curso de formação contínua para professores de Inglês da rede pública do estado de São
Paulo? A pesquisa fundamentou-se em: Berry (2007) e Loughran (2004/2007). Além
disso, este trabalho desenvolveu-se segundo orientações de pesquisa qualitativa: os
dados gerados e coletados – questionários e observações de aulas e reuniões – foram
analisados sob o cunho interpretativista do pesquisador (Moita Lopes, 1994). Por fim,
os resultados mostram que há cinco tipos de tensões no curso, geradas, por exemplo,
pela falta de relevância do curso face à realidade do professor-aluno; falta de
conhecimento por parte dos formadores; das condições de trabalho dos professoresalunos; divergência de ideias em relação a ensino-aprendizagem; e discrepância das
ações e intenções dos formadores.
Análise de atividades de pronúncia de língua inglesa em materiais
didáticos de um curso de formação de controladores de tráfego aéreo
brasileiros.
CARLOS ALBERTO BABBONI
[email protected]
Tendo em vista a relevância que a pronúncia da língua inglesa tem para os controladores
de tráfego aéreo (ATCOs) brasileiros, levando em conta que o inglês é a língua oficial
utilizada na comunicação internacional entre pilotos e ATCOs, este trabalho apresenta
dados de uma pesquisa sobre exercícios de pronúncia presentes em três livros didáticos,
publicados por editoras internacionais, utilizados em cursos voltados à formação de
ATCOs militares, no qual atuamos. O problema que motivou a pesquisa foi o desejo dos
alunos do Curso em aprimorar a pronúncia das palavras em inglês, uma vez que esses
aprendizes sentiam dificuldade com determinados sons característicos da língua inglesa,
considerando, também, que tais alunos são provenientes de diferentes regiões do Brasil,
com diferentes sotaques, que interferem na inteligibilidade da pronúncia da língua
estrangeira. Sendo assim, o objetivo desta pesquisa foi investigar se os exercícios de
pronúncia propostos nos livros utilizados ao longo do Curso atendem aos requisitos
internacionais de proficiência linguística da Organização de Aviação Civil Internacional
(OACI), previstos no DOC 9835. Os objetivos específicos foram avaliar se os
exercícios de pronúncia propostos no material didático são suficientes e se atendem às
dificuldades inerentes aos luso-falantes brasileiros. Esperamos que esta pesquisa possa
contribuir para uma melhoria na performance dos alunos, falantes não-nativos do inglês,
no que tange à execução dos exercícios durante o Curso e também para uma melhor
compreensão nas transmissões radiotelefônicas nos órgãos operacionais de controle de
tráfego aéreo onde atuam esses futuros ATCOs. Para tanto, utilizamos como
fundamento as concepções de ensino de pronúncia conforme Morley (1994),
Pennington (1996), Celce-Murcia, Brinton e Goodwin (1996) e Kelly (2000). Para
alcançar os objetivos, foi conduzida uma análise qualitativa (CHIZZOTTI, 1998). A
análise dos dados revelou que os livros não contêm exercícios suficientes/relevantes
para um curso de formação de ATCOs brasileiros.
Formação na e para ação: Uma atividade colaborativa de construção
de conhecimento.
ROSEMARY HOHLENWERGER SCHETTINI
[email protected]
A apresentação traz uma discussão sobre uma experiência de implementação de uma
Instituição de Ensino Superior, e como as ações em momento de formação profissional
pode possibilitar ou não a expansão o conhecimento e a formação ou não de sujeitos
críticos atuantes no mundo. O foco recairá na reflexão como uma atitude de
investigação e problematização dequestões que descortine realidades, veja os
problemas em conexão com outro, e mostre os sujeitos como capazes de estabelecer
mudanças no contexto como um todo, rejeitando o definitivo, um sujeito interativo
(Lev Vygotsky 1896 – 1934), gestor de possibilidades da diferença. Durante a
implementação a argumentaçãoteve o papel mediador na produção compartilhada de
conhecimentos, construindo criativamente novos pensamentos e novas ações. Esta
formação baseada na argumentação (Mosca, 2004, Liberali 2012) possibilitoua
produção criativa de significados compartilhados na durante a implementação e serviu
de instrumento na organização do discurso, na transformação da atividade mental de
pensar sobre o fazer. Cada participante desta forma se torna responsável e responsivo
em relação aos aspectos em discussão. Para focalizar o trabalho dentro da perspectiva
sócio-histórico-cultural, (LevVygotsky 1896 – 1934), algumas perguntas perseguirão
esta discussão: o que favorece a interação em uma situação de formação e trabalho?
Como nos desenvolvemose nos transformamos ao aprender? Objetivo central desta
discussãoé mostrar como a transformação a partir da análise, compreensão e
redimensionamento dos aspectos linguísticos organizam as ações humanas durante a
ação.
Uma sala para muitas línguas: transpondo as letras, as barreiras e o
inconcebível
SABRINA SANT´ANNA RIZENTAL
[email protected]
[email protected]
Considerado atualmente como uma grande nação, o Brasil vem se tornando cada vez
mais o país de destino de refugiados de diversas partes do mundo. Na cidade do Rio de
Janeiro, africanos, árabes, colombianos, russos, recém-chegados, não se distinguem
facilmente entre os rostos miscigenados dos brasileiros. Entretanto, basta um pedido de
ajuda, num português extraído dos dicionários, para que sejam imediatamente
identificados. A língua, neste caso o português brasileiro, é a primeira grande barreira
enfrentada por esse imigrante. As instituições envolvidas com os projetos de ensino de
português brasileiro para estrangeiros postos como projetos de alfabetização,
direcionados aos refugiados, enfrentam um grande desafio quanto às escolhas mais
adequadas ao perfil de grupos tão heterogêneos. Este trabalho tem como objetivo
apresentar uma reflexão sobre as práticas educativas que vêm sendo desenvolvidas no
contexto da sala de aula. A análise tem como material a proposta da Cáritas RJ e o
proferimento de Charly Kongo, refugiado da República Democrática do Congo, em
evento ocorrido no Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ), na
semana de comemoração do Dia Mundial dos Refugiados, celebrado em 20 de junho.
Valendo-se do apoio de teóricos sob a perspectiva da Análise de Discurso, fundada nos
trabalhos de Michel Pêcheux, observamos o processo de constituição dos sentidos e a
construção desse novo sujeito. Concluímos que a urgência que permeia o processo de
aprendizagem dos refugiados, uma vez que falar a língua do país destinatário é posta
como uma questão de sobrevivência, demanda uma didática específica que considere as
diferentes representações discursivas e justifique as escolhas mais convenientes à
interação dos professores e educadores voluntários com o grupo, na construção desse
aprendizado mútuo.
Reflexões sobre a utilização da imagem no livro Aviation English
RENATA TITO DOS SANTOS DIAS
[email protected]
Este estudo propõe uma reflexão sobre a utilização da imagem no livro Aviation
English que é um material didático voltado ao ensino de língua inglesa no contexto de
ESP (English For Specifc Purpose) para controladores de tráfego aéreo e pilotos. A
importância desse trabalho reside em oferecer subsídios teórico e prático para
autilização das imagens no contexto de aprendizagem de inglês aeronáutico. Acredita-se
que este trabalho oferecerá embasamento para que se possa fazer o uso consciente das
imagens do livro mencionado adaptando-as, quando necessário, ao contexto de
aprendizagem do controlador de tráfego aéreo pré-serviço brasileiro. Diante do
exposto, o objetivo geral desta pesquisa é analisarem que medida as imagens do livro
contribuem para a aprendizagem de língua inglesa desses alunos. Os objetivos
específicos são: 1) analisar como as imagens são utilizadas; e 2) propor critérios para a
utilização da imagem no contexto de aprendizagem de língua inglesa voltado à
formação do controlador de tráfego aéreo do Brasil. Para abordar o conceito de imagem
será adotada a perspectiva de Santaella e Nörth (2001) que classificam a imagem como
representação visual ou mental. A perspectiva adotada será a primeira. Também serão
abordadas as considerações de Costa (2005) sobre a utilização de imagem como recurso
pedagógico e sobre a classificação das imagens quanto ao uso. Esta pequisa será
qualitativa, com a revisão bibliográfica concernente a este estudo: definição de ESP,
definição de imagem, a importância do uso da imagem como recurso pedagógico. Este
embasamento teórico servirá para discutir a utilização da imagemno livro Aviation
English com o objetivo de orientar as intervenções pedagógicas para o uso eficaz de
imagens no ensino de ESP para alunos controladores de tráfeo aéreo em formação.
Avaliação da compreensão leitora: análise de resumos produzidos por
graduandos no projeto “Ler & Educar”
CLAUDIMIR RIBEIRO
[email protected]
[email protected]
CLÁUDIA FINGER-KRATOCHVIL
No Brasil, o tema sobre leitura e compreensão tem ganhado relevância nos últimos
anos, sobretudo porque as avaliações nacionais, como o SAEB/Prova Brasil e o INAF, e
internacionais como o PISA, têm revelado o baixo rendimento por parte dos estudantes
brasileiros. Esses dados levam a questionar muitas das práticas pedagógicas
desenvolvidas pela escola e denominadas de “atividades de leitura”, que podem não
proporcionar aos educadores uma noção confiável do desenvolvimento e da
compreensão do leitor relativa ao material lido. A partir dessa preocupação, a presente
pesquisa pretende inferir o grau de compreensão leitora em resumos produzidos por
graduandos da Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS, durante a participação no
projeto ligado ao programa Observatório da Educação – OBEDUC, intitulado “Ler &
Educar”, e sugerir o nível de proficiência expressado nessas produções. Com esse
diagnóstico objetiva-se perceber que estratégias e habilidades os graduandos
demonstram possuir e quais precisam ser desenvolvidas. O suporte teórico da análise é
o modelo de compreensão denominado, construction-integration (CI) model
(KINTSCH,1998; KINTSCH; VAN DIJK,1978) que fornece uma explicação ampla de
como o conhecimento é usado na compreensão e dos processos mentais implicados no
processamento da leitura, além de contemplar em suas formulações as atividades de
sumarização como forma de verificar a capacidade de compreensão leitora. A partir da
aplicação das macrorregas (BROWN, DAY, 1983; CASAZZA, 1993; KINTSCH, VAN
DIJK, 1977; SOLÉ, 1998; VAN DIJK, 1980) determinamos as principais ideias dos
textos-fonte, alvo de resumos, e as comparamos com os produzidos pelos graduandos.
As análises mostram que os graduandos tendem a utilizar mais a macrorregra de
apagamento/seleção e com menor frequência, ou com dificuldade, as de generalização e
construção. Os usos revelaram que ideias centrais também foram apagadas e outras, que
implicavam em junção de informações de diferentes partes do texto, não conseguiram
ser recuperadas nos resumos.
Questões de gênero e diversidade sexual em contexto escolar:
perspectivas discursivas e (des)construção de identidades
ARIOVALDO LOPES PEREIRA
[email protected]
CLODOALDO FERREIRA FERNANDES
[email protected]
Discutir sobre relações de gênero e a diversidade sexual em contextos escolares é a
proposta desta exposição, por pensarmos que a linguagem institui realidades e
(des)constroem identidades dispondo um lugar aceito e valorizado e outro silenciado e
negado. A escola como um espaço de sociabilidade humana e a linguagem,
materializada em discursos, podem ser mecanismos de exclusão pelos quais uns são
privilegiados em detrimento de outros, na medida em que espaços são acessados por
quem pertence à norma, ao esquadro e a posicionamentos discursivos de valor de
verdade, em que se interditam as maneiras de ser e estar socialmente. Ao pensarmos
sobre os nossos corpos e práticas afetivo-sexuais como construções discursivas, pelas
quais moldamos nossas práticas sociais, é imperioso que problematizemos quais
discursos são gendrados (generíficos) em ambientes educacionais, no que tange às
identidades normatizadas/normalizantes que segregam e amputam o direito ao exercício
da cidadania. Esta exposição converge resultados de pesquisa de doutorado (PEREIRA,
2007) e mestrado (FERNANDES, 2014), respectivamente, cujas propostas se inserem
nos estudos da Linguística Aplicada e se baseiam em concepções teóricas de autores
que discutem gênero, discurso e diversidade sexual. Desta maneira, para que
alcancemos um debate profícuo, objetiva-se refletir sobre os mecanismos discursivos
que (des)constroem identidades que agenciam e/ou negam as relações de gênero e a
diversidade sexual na escola. As pesquisas evidenciaram que, ao mesmo tempo em que
a escola é o espaço da abertura de debates referentes à diversidade sexual, é o lugar
ainda de tradição que reverbera discursos binaristas que legitimam maneiras de ser e
comportar como homem e mulher, (re)produzindo, nesse sentido, práticas sociais que
subalternizam as identidades e as relações de gêneros e negando um espaço de
democracia sexual no contexto educacional.
Estratégias de entrevistadores nas interações face a face do exame
Celpe-Bras: reflexões sobre validade e confiabilidade
ELEONORA BAMBOZZI BOTTURA
[email protected]
SANDRA REGINA GATTOLIN
Este trabalho visa relatar resultados de uma pesquisa sobre a atuação de entrevistadores
em interações face a face de uma edição do exame Celpe-Bras. Por ser um Teste de
Desempenho, entende-se que nas interações face a face há impacto de variáveis na
validade e na confiabilidade do exame, sobremaneira no que se refere à variabilidade
relacionada às diferentes atuações de entrevistadores. Ora, sabe-se que um teste de
proficiência oral bem sucedido não depende exclusivamente da figura do entrevistador,
contudo é válido salientar que a atuação dele influencia diretamente o desempenho dos
examinandos, quer seja pelos efeitos que entrevistadores podem ter nos resultados do
exame ou pela relação social que estabelecem nas interações com seus interlocutores
pelo modo como encaminham a interação, promovendo diferentes condições de
avaliação. Assim, este trabalho se dedica a investigar a atuação de entrevistadores e seus
possíveis efeitos com enfoque em estratégias e apoios utilizados pelos entrevistadores
para encaminhar as interações face a face por meio dos Elementos Provocadores e dos
Roteiros de Perguntas do exame. A partir disso, os dados da pesquisa referentes ao
exame do Posto Aplicador do estudo foram analisados com base na literatura correlata,
mobilizando concepções e aspectos elementares para área de avaliação. Em geral,
verificou-se um conjunto de estratégias recorrentes, reveladas como boas estratégias
para a interação, outras estratégias e alguns tipos de apoio desempenhados pelos
entrevistadores contribuíram pouco para a interação. Os resultados do estudo indicam a
relevância de investimento na formação de entrevistadores como caminho promissor
para minimizar riscos de ameaça à validade, de modo que o Celpe-Bras continue a
mobilizar o envolvimento de diversos atores para que cada vez mais permaneça como
exame sólido e frutífero não só para área de avaliação, mas sobretudo para o ensino e
aprendizagem de português como língua estrangeira no contexto atual.
Gêneros textuais: uma análise de propostas de atividades de leitura de
livro didático de espanhol como língua estrangeira.
ADEJAIR DO ESPÍRITO SANTO SIQUEIRA JÚNIOR
[email protected]
A comunicação relata resultados parciais de pesquisa em andamento sobre os gêneros
textuais selecionados para trabalho com leitura no livro didático Nuevo Listo de
Espanhol como língua estrangeira (E/LE). As reformulações das coleções didáticas
acontecem vorazmente, querendo atender ao mercado, e em grande parte dos livros
didáticos de E/LE é possível constatar uma preocupação com a questão dos gêneros e a
sua diversidade. Cabe ressaltar que essa “preocupação” está atravessada por uma série
de implicações mercadológicas e que esta pesquisa vislumbra questionar que
concepções sobre “gêneros textuais” estão sendo veiculadas na coleção. Tendo como
base preceitos teóricos advindos da Análise do Discurso de linha francesa
(MAINGUENEAU, 2009), a de análise do córpus tem como foco o manual do professor
e as atividades de leitura e compreensão leitora envolvendo os gêneros textuais. Esse
recorte levou em conta o entendimento do manual do professor como produção
discursiva pautada numa determinada concepção de língua e que traz no seu bojo
algumas incoerências teóricas bastante evidentes. As perguntas norteadoras de nossa
análises são: Que noção de “gênero” se apresenta no manual do professor? Que
concepção(ões) de Língua está(ão) sendo usada(s)? De que maneira a proposta teórica
verificada no manual do professor entra em consonância/dissonância com as atividades
de leitura propostas? Que abordagem(ns) de leitura está(ão) sendo utilizada(s) nas
atividades propostas? O encaminhamento das análises procura comprovar a hipótese de
que as incoerências entre o que se propõe e o que se apresenta como atividade geram
implicações negativas a respeito do trabalho com os gêneros. A investigação tem como
objetivo analisar se de fato o encaminhamento das atividades que envolvem leitura e
gêneros textuais estão efetivamente elaboradas de modo a oferecer condições para que
os alunos desenvolvam a competência leitora, considerando as visões de língua e
linguagem e leitura expostas no manual do professor.
A análise linguística como um caminho para o ensino e aprendizagem
de produção textual
MÁRCIO DOS REIS SALES
[email protected]
[email protected]
O alcance da proficiência na escrita passa pelo conhecimento e domínio dos
mecanismos de coesão e coerência textuais, que são essenciais no processo de interação
enunciador – co-enunciador. Para que essa interação seja bem sucedida, o enunciador
deve cuidar da coesão textual, ou seja, da organização linear do texto, através de
elementos linguísticos responsáveis por processos de sequenciação capazes de constituir
relações de sentido entre os enunciados. Além disso, deve estabelecer a coerência, ao
criar a organização dos níveis de sentido no nível cognitivo. É comum depararmos com
redações de alunos com problemas no uso desses elementos linguísticos. O objetivo
deste trabalho é apresentar a análise linguística de textos de alunos do Ensino
Fundamental sob a perspectiva da Coesão e Coerência, observando seus problemas no
que se refere aos elementos linguísticos responsáveis pela tessitura do texto e sua
unidade significativa. Buscamos então, calcados nos estudos de Linguística Textual, em
especial os realizados por Ingedore G. Koch (2004) e Leonor Fávero (2007) e nas
Gramáticas de Celso Cunha e Luís F. Lindley Cintra (2001) e Evanildo Bechara (2001),
levantar os principais problemas relacionados aos aspectos da coesão e coerência
textuais e, a partir deles, aplicar proposta de intervenção com atividades de escrita
textual. Por fim,analisamos sua eficácia e da intervenção, baseada na análise linguística,
e sua colaboração no processo de produção de textos coesos e coerente por alunos do
Ensino Fundamental.
Processo de conscientização tecnológica dos (futuros) professores de
idiomas: do acesso à criatividade
JANAINA CARDOSO
[email protected]
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BIANCA WALSH
CLAUDIA SANTOS
Há um novo cenário comunicacional, ou seja, passou-se da lógica da distribuição de
informação (transmissão), para a lógica da comunicação (interatividade)(Silva 2011). O
ideal é que a escola também altereseu cenário educacional, passando da educação de
recepção passiva da informação (conteúdo), ou seja de pura transmissão de informação,
para uma situação de interatividade (Freire 1998, Morin 2002). No ambiente escolar, é
preciso que haja interação entre diferentes atores (em especial, os professores e alunos).
No entanto, para o professor criar condições de adotar uma prática mais colaborativa,
ele tem que vivenciar esta mesma prática, saber compartilhar com colegas (Santos
2011). Por outro lado, há um crescente acesso a tecnologias modernas, e
consequentemente um crescente acesso a informações. No entanto, informação não
garante conhecimento. Cabe a educação auxiliar no processo de seleção das
informações realmente significativas e transformá-las em conhecimento produtivo
(Cimino,2007). Para cumprir este papel é necessário a preparação de educadores
capazes de se utilizar de todos os recursos disponíveis, sejam eles tecnológicos ou
não.Não basta o acesso, é necessário usar as tecnologias disponíveis, na busca pelo
conhecimento e de forma criativa (Cardoso 2013). Nesta comunicação, apresentamos
os resultados do primeiro ano de um estudo de caráter qualitativo que busca refletir
sobre o processo de aquisição de uma língua estrangeira. Considera-se a influência
exercida pela utilização de tecnologias de informação e comunicação no processo de
aprendizagem de línguas adicionais. Os participantes do projeto de pesquisa são futuros
professores de idiomas, que ao auxiliarem seus colegas com dificuldades linguísticas, ao
mesmo tempo, refletem sobre suas próprias práticas pedagógicas. Acredita-se que,
através da intervenção no processo cognitivo, pela utilização de atividades que busquem
o desenvolvimento de estratégias de aprendizagem (Oxford 1990) e pela utilização de
tecnologias mais modernas, será possível desenvolver, ao mesmo tempo, competências
linguísticas dos alunos, de forma mais
Coordenador ou professor? As identidades sociais construídas por
coordenadores pedagógicos em cursos de idiomas
SABRYNA SCHNEIDER DA SILVA
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O presente trabalho tem como objetivo identificar as possíveis identidades assumidas
por coordenadores pedagógicos inseridos em um determinado curso de idiomas do
estado Rio de Janeiro e, observar através de suas interações quais os diferentes discursos
que estes constroem em seu dia-a-dia. Considerando um contexto onde as relações entre
professores e coordenadores pedagógicos podem ser conflitante devido à hierarquia e os
discursos de poder envolvidos, é possível observar um coordenador ambíguo/
contraditório no que diz respeito a tomadas de decisão que este papel social requer. Ou
seja, temos um coordenador assumindo, dependendo da interação que se tem, diferentes
identidades. O levantamento e a coleta de dados da presente pesquisa foram feitos com
gravações de sessões de feedback pós aula entre professores e coordenadores, onde
essas identidades móveis/ fragmentadas (HALL, 2011), as estratégias utilizadas pelos
sujeitos e as relações de poder existentes em seus discursos puderam ser identificadas.
Para análise inicial, discutirei os conceitos de sujeito pós-moderno e identidade social
de Stuart Hall (2011) e Luis Paulo da Moita Lopes (2003). Para complementar a análise
das interações em questão, utilizarei como base a teoria da Análise do Discurso e da
Conversação. Por fim, podemos concluir até o presente momento que o coordenador
assume duas possíveis identidades através de seus discursos, e carrega no seu dizer
marcas constitutivas de sua multiplicidade. A atual pesquisaencontra-se em andamento
sendo os resultados apresentados provisórios e contingenciais, e serão desenvolvidos ao
longo dessa pesquisa de mestrado.
O ensino de português como segunda língua a partir de uma
perspectiva sócio-histórico-cultural no Brasil
DANYELLE MARINA SILVA
[email protected]
SIMONE UEHARA DA SILVA
[email protected]
MARIA CRISTINA DAMIANOVIC
Esta pesquisa objetiva ampliar a produção e compreensão oral e escrita da língua
portuguesa (ALMEIDA FILHO, 1992; WINDDOWSON, 1991; MOITA LOPES, 2013)
para alunos estrangeiros não falantes da língua portuguesa, portanto, em seus estudos
iniciais. Busca também possibilitar a ressignificação (Vygotsky, 1933) do Brasil e do
ser brasileiro por meio atividades das múltiplas faces da linguagem multimodal (COPE
& KALANTIZ, 2009; ROJO (2013, 2015) sócio-histórico- culturais (LIBERALI &
FUGA, 2012). O estudo discutirá uma proposta didática de imersão de 60h, com base na
atividade social (LIBERALI, 2013) “ser um estudante aprendiz em visita ao Brasil”. As
atividades acadêmico-sócio-culturais serão realizadas em sala de aula e em visitas a
locais históricos e culturais na cidade do Recife e cidades vizinhas, sendo sempre
complementares umas às outras. A metodologia da pesquisa está embasada na Pesquisa
Crítica de Colaboração (MAGALHÃES, 2009). A discussão da análise da proposta
didática focal terá como base as categorias enunciativas, discursivas e linguísticas
(LIBERALI, 2013). Os resultados esperados da pesquisa em relação ao
desenvolvimento discente, apontam mudança, dentro do Quadro Comum Europeu, de
A1 para A2. Em termos de ressignificação, espera-se que os discentes construam uma
visão de que o Brasil não é um apenas mais um país na América do Sul e o ser brasileiro
vai muito além de ser um povo feliz e comemorativo. Através desta abordagem baseada
na TASCH, buscamos desenvolver os alunos em seus aspectos comunicativos e
especialmente, inter e multiculturais, almejando resultados mais amplos nas relações de
amizade e colaboração com o Brasil.
Discurso e poder na mídia publicitária de um instituto de idiomas:
enfoque dialógico
FÁBIO WOLF
[email protected]
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Esta comunicação tem por objetivo discutir os resultados obtidos em uma pesquisa de
doutorado, desenvolvida no LAEL/ PUC-SP, no ano de 2014. Essa pesquisa teve como
foco investigar as inter-relações dialógicas da Língua Inglesa na mídia publicitária de
um instituto de idiomas em relação ao discurso, à identidade e à ideologia na
contemporaneidade. As bases teóricase metodológicas estão alicerçadas nos estudos de
Bakhtin e o Círculo (2003, 2009, 2010), Pennyco (1998, 2001), Rajagopalan (1998) e
Milton Santos (2000). O corpus analisado compreende duas séries de peças publicitárias
de um instituto de idiomas do Estado de São Paulo, coletados em sites da web. Os
resultados obtidos sugerem que as peças publicitárias estão imbricadas em relações
dialógicas conflituosas, sempre interligadas a fluxos discursivos, identitários e
ideológicos da globalização contemporânea e à posições valorativas a respeito do status
(poder) que a Língua Inglesa ocupa na atualidade e dos sujeitos nela implicados.
Na trilha do Círculo de Bakhtin – "Das margens dos rios à sala de
aula: os saberes tradicionais no ensino do português"
CRISTIANE DOMINIQUI VIEIRA BURLAMAQUI
[email protected]
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As reflexões aqui apresentadas integram a fase inicial do projeto de pesquisa intitulado
Das margens dos rios à sala de aula: os saberes tradicionais no ensino do português,
desenvolvido junto a Universidade do Estado do Pará. Este trabalho pretende explorar o
estilo – a seleção de recursos gramaticais que caracterizam, juntamente com o tema e os
elementos composicionais, os gêneros do discurso (BAKHTIN, 2007) – dos gêneros
discursivos produzidos pelos povos autóctones da Amazônia paraense na transmissão de
seus “saberes tradicionais”, para empregá-los na produção de material didático para o
ensino de língua materna na educação básica. Utilizamos como pedra angular de nossas
reflexões os estudos do Círculo de Bakhtin, contexto teórico-metodológico que permite
examinar a relação existente entre linguagem e sujeito histórico-cultural como um
processo dialético na produção dos gêneros do discurso. A reflexão em torno do
material linguístico, advindo de registro, análise e descrição do estilo, utilizado em
atividades enunciativas durante a transmissão das técnicas empregadas nos meios de
produção, possibilita alimentar o debate sobre a relação entre infraestrutura e
superestrutura e, assim, resgatar o dialogismo e a polivalência do signo linguístico
presentes nas atividades escolares, neutralizados pela imposição de uma norma padrão
monológica e monovalente. Nesta perspectiva, a análise metalinguística e o material
didático produzido, a partir daqueles gêneros, constituirão a arena em que serão
devidamente tratadas as ideologias e as relações de poder, refletidas e refratadas nos
sistemas semióticos que integram a dinâmica social das comunidades, que mantêm
fortes vínculos com as formas de produção de seus antepassados – os “saberes
tradicionais” –, mas que também têm incorporado semioses próprias do mundo
contemporâneo. Entender como esta relação entre o passado e o presente compõe a
arquitetônica dos gêneros do discurso produzidos por esses sujeitos, será a primeira
tarefa a que nos propomos.
Os gêneros textuais presentes em um livro didático de EAD do curso
de Pegadogia do CEDERJ: multiletramentos, autonomia e
hipertextualidade em questão
JEFFERSON EVARISTO DO NASCIMENTO SILVA
[email protected]
O EAD, a cada dia mais difundido, traz em si uma série de mudanças pedagógicoteórico-práticas que modificam o processo de ensino-aprendizagem (BARRETO, 2003).
Por ser diferente do ensino presencial e possuir características próprias, impacta
diretamente nas ações pedagógicas e na organização/efetivação dos materiais didáticos,
dentre outros - modalidades de ensino diferentes requerem formas de ensino diferentes
(LIMA JUNIOR, 2005). Essas “formas de ensino diferentes” vão incidir diretamente
sobre os gêneros textuais de forma mais ampla, uma vez que estes “permeiam nossa
vida diária e organizam nossa comunicação” (ROJO e BARBOSA, 2015), estando
presentes em todas as nossas atividades discursivas e dialógicas – atividades realizadas
pela/com/na linguagem (SCHNEUWLY e DOLZ, 1999). Definitivamente, não basta
“transpor” os mesmos gêneros para o computador e acreditar que o problema foi
resolvido – ele vai muito além disso. Nesse contexto, os (multi)letramentos (ROJO,
2009; BRYDON, 2011; ROJO e BARBOSA, 2015), a autonomia (NICOLAIDES e
TILIO, 2011) e a hipertextualidade (MARCUSCHI, 2001; 2004; LIMA JUNIOR, 2005)
podem oferecer subsídios interessantes para o trabalho com gêneros textuais, apontando
caminhos necessários para uma redefinição da prática docente no contexto EAD. Sendo
assim, nossa intenção neste trabalho é iniciar uma problematização do uso dos gêneros
textuais em um material didático de “Língua Portuguesa Instrumental” do curso de
Pedagogia a distância doCEDERJ/CECIERJ. Nossos objetos de análise são os
diferentes gêneros textuais abordados nas primeiras três unidades do livro em questão e
as suas interfaces hipertextuais. Como critérios de análise, nos valeremos dos
pressupostos dos estudos sobre gêneros textuais e das discussões acerca dos
multiletramentos, autonomia e hipertexto, buscando identificar se o que ocorre neste
livro didático é uma reprodução do modo como esses gêneros textuais são utilizados no
ensino presencial ou uma real mudança de perspectivas e paradigmas epistemológicos
que são inerentes ao contexto EAD (PRETTO, 2003).
How can I say it? – explorando a metadiscursivização do dizer em LE:
perspectivas da indeterminação
Vivian Mendes Lopes
[email protected]
O trabalho investiga a produção discursiva em inglês de aprendizes brasileiros de perfil
avançado, do ponto de vista da construção de metadiscurso referente à formulação da
expressão – como dizer (LOPES, 2014). O estudo procura descrever esse tipo de
metadiscurso situando-o na prática de construir significação em língua estrangeira (LE),
isto é, entendendo-a como uma espécie de contexto que promoveria, com relativa
frequência, o questionamento da adequação da própria fala (REVUZ, 2006). Em sentido
mais amplo, a pesquisa também busca contribuir empiricamente com o estudo da
chamada indeterminação no discurso em LE (VEREZA, 2002), a percepção da
diferença entre o que se diz e o que se gostaria de dizer. O trabalho se situa no enquadre
teórico do Funcionalismo Sistêmico (HALLIDAY e MATTHIESSEN, 2004; MARTIN
e ROSE, 2007), aplicado à descrição dos padrões linguísticos estruturadores do tipo de
metadiscurso investigado. O corpus é constituído por amostras da produção discursiva
oral em inglês/LE de licenciandos em Letras Português-Inglês de uma universidade
pública fluminense, geradas em situação de pesquisa. Os resultados apontam que o
metadiscurso examinado se estrutura como uma fratura do conteúdo proposicional de
partida, à qual se acrescem representações do processo de dizer em curso e respostas à
própria fala. A leitura das ocorrências metadiscursivas investigadas na base dessa
semântica tríplice (textual , experiencial e interpessoal) parece oferecer suporte
empírico à identificação de prováveis marcas de indeterminação no discurso e à reflexão
sobre seus possíveis efeitos identitários.
Eye Movements and Peer Editing in the L2: Applying It to the
Classroom
DARIAN PINKSTON
[email protected]
[email protected]
JEFFERY KUHN
MICHELLE O'MALLEY, PHD
What do our eye movements reveal about L2 reading processes? Few studies to date
have examined this phenomenon (Smith, 2010; Kuhn, 2012). The current study
examines ESL students’ peer review processes as well as the transfer effects of the
reviewer’s L1. This session presents the following questions: Does a student’s L1
affect what is noticed in the work of another? Is peer editing more effective when
writers and reviewers share an L1? Is peer editing more effective when writers and
reviewers do not share an L1? Results of early piloting revealed a preference for the
reading of a text (written in L2 English) when writer and reviewer shared an L1. In
other words, peer reviewers found the task of reading the L2 English text easier when
the writer’s L1 was the same as the reviewer’s, however, this did not necessarily
translate to an accuracy in identifying errors in the text. This session will elaborate ona
more thorough follow-up eye-tracking study that investigated accuracy rates on same
and mixed L1 peer review tasks. Reference will be made to eye movements, fixation
times, language-specific errors relevant to L1 speakers of Chinese and Arabic. For
example, it was hypothesized that when L1 Arabic speakers peer-reviewed English texts
written by L1 Chinese speakers, they would notice, more quickly and perhaps, more
easily, the errors related to specific negative transfer from the writer’s L1 – in this case
Chinese. The same was hypothesized for L1 Chinese speakers peer reviewing texts
written by L1 Arabic speakers. Results from this study will contribute to determining
the effectiveness of peer-review tasks for individuals whose language backgrounds
converge or diverge. Classroom implications will be discussed.
Retextualização: uma reflexão sobre a adequação linguística e
semântica da produção de texto escolar
LENI NOBRE DE OLIVEIRA
[email protected]
ÉRICA DANIELA DE ARAÚJO
RAQUEL AFONSO
[email protected]
Uma das preocupações dos professores em geral é a inadequação sintática, morfológica
e semântica de textos de estudantes, principalmente na escola básica. Nos últimos anos,
esse fator tornou-se um desafio para os profissionais da área de Linguagens, códigos e
suas tecnologias, a partir do momento em que o ENEM passou a ser o instrumento de
seleção para o acesso a cursos superiores no país. Isso porque a redação do ENEM exige
um redator fluente no idioma, com habilidades para articular informações escritas em
norma culta de forma a defender uma hipótese por meio de argumentos e ainda propor
uma interferência para o problema. No presente trabalho, propomos apresentar o
resultado de uma pesquisa-piloto sobre a aplicação de um modelo de retextualização de
redações produzidas por uma população de alunos do 3º ano do Ensino TécnicoIntegrado de uma escola técnica federal, com o objetivo de melhorar o índice de
adequação sintática, semântica e morfológica da produção dos estudantes. Pretendemos
demonstrar que, por meio da coletivização dos textos e da reflexão sobre as
impropriedades na escrita em norma culta, é possível melhorar a qualidade da produção
de texto escolar e a performance do professor, ao mesmo tempo em que se comprova
que desvios sintáticos, ortográficos e semânticos denunciam deficiências de formação
de leitores e suas conseqüências na escrita e no letramento escolar.
Autonomia e Competências de Ensino e Aprendizagem de Línguas:
desafios e caminhos na formação de professores de alemão na UERJ
GABRIELA MARQUES-SCHÄFER
[email protected]
ROBERTA SOL STANKE
A articulação entre teoria e prática permeiam, atualmente, a formação de professores, e
isso se estabelece em diversos documentos do Ministério da Educação, como o Parecer
CNE/CP 9/2001, que dispõe que “aaquisição de competências requeridas do professor
deverá ocorrer mediante uma ação teórico-prática, ou seja, toda sistematização teórica
articulada com o fazer e todo fazer articulado com a reflexão” (BRASIL, 2001, p. 29) .
Na qualidade de formadores de professores de alemão como língua estrangeira, nosso
desafio é, por um lado, ministrar cursos da língua alvo ao longo de quatro anos de
graduação, que possibilitem ao estudante desenvolver competência linguística
equivalente ao nível B2 do Quadro Europeu Comum Europeu de Referências para
Línguas (CONSELHO DA EUROPA, 2001) e, por outro lado, oferecer disciplinas e
desenvolver projetos que contribuam para aquisição de conhecimento teórico e para a
reflexão sobre a prática. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho é apresentar dois
projetos de extensão da UERJ que contribuem para que graduandos sejam iniciados na
prática docente e desenvolvam e aprimoremsuas competências de ensino e
aprendizagem de línguas. A maioria de nossos estudantesingressa no curso sem
conhecimentos prévios de alemão, apresenta poucas experiências com aprendizagem de
línguas, e, consequentemente, também, pouco conhecimento de estratégias de
aprendizagem. Através dos Projetos do ProgramaLICOM (Línguas para Comunidade) e
CALIC (Consultoria e Aprendizagem de Línguas e Culturas) os estudantes podem
desenvolver suas competências de ensino, de aprendizagem e de reflexão crítica. Ambos
os projetos baseiam-se em pressupostos teóricos construtivistas e interacionais de
ensino de línguas estrangeiras (cf. Heinrici 1995, Long 1981, Pica 1994, Vygotsky 1978
e Wolff 1994) e desenvolvem atividades e métodos que fomentam a reflexão crítica do
professor de língua em formação (Freire 1996 e Liberali 1996, 2003).
A produção de material didático pelo professor de LE: um desafio,
uma militância
CAROLINA CRISTOVÃO DE MACEDO
[email protected]
[email protected]
Atualmente a rotina do professor de língua estrangeira (LE) é bastante frenética.
Normalmente conta-se com uma carga de trabalho excessiva, além de preocupações que
o seguem fora da escola. Esse cotidiano acaba fazendo com que preocupações
burocráticas e administrativas, de cunho neoliberal, se sobressaiam em relação às
pedagógicas, políticas e sociais. Entendemos que o empoderamento do professor ao
produzir seu próprio material, ainda que como recurso complementar ao livro já
adotado, seja capaz de reintegrar a prática à teoria na ação do educador, favorecendo sua
reflexão acerca do próprio contexto de ensino e dos princípios teóricos que envolvem o
processo de ensino-aprendizagem, além de promover seu engajamento político, crítico e
teórico na prática em sala de aula. Objetivamos então caracterizar os desafios
envolvidos da elaboração de materiais didáticos pelo professor, bem como analisar as
consequências sociais advindas de tal atitude, por nós vista como um ato de militância.
Tais reflexões se sustentam sobre a Pedagogia do Pós-Método, caracterizada por
Kumaravadivelu (2003, 2008, 2012), e a Pedagogia Crítica, tal como especificada por
Paulo Freire (1996, 2013) e Pennyco (1994). Encontramo-nos em um momento global
resumido pelo prefixo “pós”, em que a compreensão da realidade se apresenta sob os
prismas da diversidade, da complexidade e da liquidez. O ensino de LE não poderia
passar ileso a tal compreensão. Assim, a reorganização do campo de ensinoaprendizagem de línguas, segundo Kumaravadivelu, vem elucidada por três parâmetros:
a particularidade (considerar cada contexto de ensino como único), a praticabilidade
(união entre teoria e prática) e a possibilidade (comprometimento sócio-político). Tal
análise se insere em uma pesquisa de mestrado, cujo tema é a didatização de filmes.
Serão então analisados o processo de produção do material didático para acompanhar a
visão do filme, desde a análise de necessidade do perfil dos alunos até o uso piloto do
material, e o diário de campo elaborado a partir das aulas, pela perspectiva de uma
pesquisa qualitativa e etnográfica. Compreendemos, portanto, que a elaboração de
materiais didáticos pelos professores para suas respectivas turmas é um ato de militância
em favor de uma pedagogia crítica e coerente com o contexto global e local, contra uma
homogeneização das ações didáticas, um ato que reside na superação dos desafios da
rotina de um sistema generalizante e movido por interesses alheios à formação cidadã.
CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: uma proposta com base
em Atividade Social
FABRICIA PEREIRA TELES
[email protected]
FRANCISCO AFRANIO RODRIGUES TELES
[email protected]
O objetivo deste trabalho é apresentar algumas propostas curriculares para a Educação
Infantil com destaque para uma organização curricular com base em Atividade Social
que tem como ênfase de ação aprender brincando. Para compreensão de um currículo
com base em Atividade Social para Educação Infantil, o trabalho fala das primeiras
iniciativas curriculares no campo da educação (LIBERALI, 2009), situando os
fundamentos nas ideias de Marx, no Materialismo Histórico Dialético e na Teoria da
Atividade Sócio-Histórico-Cultural criada por Vigotski (1930/2004; 2007), ampliada
por Leontiev (1978) e outros autores, bem como sobre a concepção de linguagem
enfocada por Vigotski (1934/2000), Bakhtin/Volochinov (2009), sem deixar de discutir
também a Pedagogia dos Multiletramentos, teorizada e desenvolvida por Kalantzis e
Cope (2013), Rojo (2015), e outros. Dessa forma, a discussão tem como parâmetro um
estudo bibliográfico e descritivo. Para concluir, o trabalho deixa o convite àqueles que
têm interesse em realizar uma educação situada e que considerem as mudanças
contínuas de nosso tempo.
A formação crítica de professores alfabetizadores: Um relato parcial
de pesquisa em uma escola municipal de São Paulo
IRIS VANESSA ALVES MARQUES ANNUNCIATO
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Esta comunicação apresentará resultados parciais da pesquisa de mestrado em
Linguística Aplicada da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo –PUCSP- grupo:
Linguagem em Atividades no contexto escolar- LACE. O objetivo desta comunicação é
apresentar resultados parciais da pesquisa sobre
formação de professores
alfabetizadores em uma escola da rede municipal de São Paulo. O trabalho foi
realizado com três professoras do 1º ano da Educação Básica de uma escola Municipal
de São Paulo. Está apoiada nas contribuições de Vygotsky (1930,1934), Leontiev
(1978) e Engeström (2001) no que se refere à Teoria da Atividade Sócio-HistóricoCultural. A formação de professores é entendida como uma atividade sócio-históricocultural, em que professores e pesquisadora são participantes de todo o processo críticoreflexivo, sendo as aulas e os encontros momentos de possibilidade de transformação .
A metodologia adotada é a Pesquisa Crítica de colaboração (PCCol) discutida por
Magalhães (2010) e participantes do Grupo de Pesquisa Linguagem em Atividades no
Contexto Escolar (LACE), cujo objetivo é criar contexto de negociação, tendo como
central relações crítico-colaborativas entre os participantes. Os dados foram analisados
priorizando os aspectos enunciativos, discursivos e linguísticos, com base nos sentidos
da argumentação.
A “desencapsulação” do currículo por meio do multiletramento: um
relato parcial de pesquisa em uma escola de ensino médio do estado do
Ceará.
MARIA REGINA DOS PASSOS PEREIRA
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Esta comunicação apresentará resultados parciais da pesquisa de doutorado em
Linguística Aplicada da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo –PUC-SPgrupo: Linguagem em Atividades no contexto escolar- LACE. A referida pesquisa
versa sobre a implementação do Digital Media and Education - Digi- t -med, projeto
que prevê a Aprendizagem e Desenvolvimento por meio de mídia digital em uma
perspectiva qualitativa sobre o dia a dia de jovens em diferentes situações. O trabalho
está sendo desenvolvido em uma escola estadual de ensino médio do município de
Beberibe no estado do Ceará. Nesta pesquisa investigo o multiletramento nas
diferentes áreas do conhecimento, como uma maneira de transformar um currículo
“imposto” e “prescritivo” num currículo vivo, e “desencapsulado” (Engeström,1991).
A necessidade de uma pedagogia dos multiletramentos foi afirmada em um manifesto
feito pelo Grupo de Nova Londres (GNL) em 1996. Nesse manifesto, o grupo afirmava
a necessidade de a escola trazer para o seu fazer pedagógico, os novos letramentos
emergentes na sociedade atual, de modo a levar em conta e incluir no currículo a
grande variedade de culturas existentes. Nesta comunicação será abordado o
desenvolvimento do projeto, desde a sua concepção na referida escola até a presente
data. Todo o trabalho durante os encontros com professores, alunos e pesquisadora
estão pautados na Pesquisa Crítica de Colaboração - PCCol (Magalhães,2011) e na
perspectiva do multiletramento (New London Group, 1994).
A língua de sinais como foco de construções de sentidos: reflexões
sobre a atuação e prática pedagógica.
CARLA REGINA SPARANO TESSER
[email protected]
O objetivo deste trabalho é analisar e compreender de que forma o aluno surdo
argumenta e constrói conhecimento durante as aulas de Língua Brasileira de Sinais
(LIBRAS), tendo em vista a interação entre professor-pesquisador e alunos. O foco de
investigação está na linguagem enquanto instrumento que organiza o pensamento e a
reflexão para promover a construção de sentidos e significados. Considerando que a
LIBRAS é uma língua visual e o acesso à informação, para o aluno surdo, é complexo,
o professor deve promover uma aprendizagem significativa, na qual os conteúdos
abordados em sala de aula não devem ser produtos acabados ou fechados, já que é por
meio das perguntas, consideradas atos de expansão dialógica, que o professor pode
desenvolver o processo de ensino-aprendizagem. Na intenção de refletir sobre a questão
da mediação enquanto instrumento para o aluno surdo perguntamos: "Que tipos de
perguntas o professor de Libras pode realizar para promover a argumentação e a
interação entre os sujeitos em sala de aula?". Este trabalho baseia-se na perspectiva
sociocultural de Vygotsky (1978/2008, 1978/2007) – mais especificamente os conceitos
de mediação e zona de desenvolvimento proximal –, Bakhtin (1975/2009) segundo a
perspectiva dialógica da linguagem. Em termos metodológicos, este trabalho está
inserido no paradigma crítico de caráter interpretativista. Para este estudo os dados
foram levantados por meio de videogravações de aulas em que a professora ouvinte
fluente em Libras trabalha com seus alunos surdos, tais dados foram transcritos de
LIBRAS para Língua Portuguesa com o intuito de analisar os tipos de perguntas e os
argumentos desenvolvidos durante as aulas.
A transversalidade nas aulas de língua portuguesa: possibilidades para
a ampliação dos multiletramentos
HELENA MARIA FERREIRA
[email protected]
A escola, como um espaço de formação, torna-se um dos locais de discussão, de
reflexão e do desenvolvimento de comportamentos e de atitudes que promovam uma
consciência crítica sobre essas questões ambientais. Nesse contexto, um questionamento
recorrente é: Quais são as contribuições do gênero campanha educativa para a
ampliação dos multiletramentos? É essa a questão que norteia este trabalho, que é
constituído por uma pesquisa teórica e por uma análise de campanhas educativas, com
vistas a analisar as potencialidades desse gênero para o aperfeiçoamento das habilidades
linguístico-discursivas de estudantes. Constatou-se que esse gênero pode contribuir para
a formação humana dos alunos, viabilizando o domínio dos conteúdos/conhecimentos
relacionados, a reflexão efetiva da língua nas práticas sociais, o desenvolvimento de
atitudes de responsabilidade ética/social e de preservação ambiental, bem como a
ampliação dos letramentos. A partir da análise de campanhas educativas, foi possível
constatar que a formação do leitor proficiente se efetiva na ativação dos conhecimentos
prévios (condições de produção, de circulação e do assunto); no estabelecimento do
objetivo da leitura; na leitura do texto verbal e do não verbal e na reflexão crítica sobre
o texto e, principalmente, pela possibilidade de formação para a cidadania.
Trabalho do professor de línguas estrangeiras na educação básica
brasileira: visão discursiva sobre sentidos de teoria e prática
Alice Moraes Rego de Souza
[email protected]
O presente trabalho faz parte de um conjunto de estudos já desenvolvidos e por se
desenvolver dedicados à reflexão sobre a atividade profissional do docente de língua
espanhola (E/LE) / língua estrangeira (LE) na educação básica. Em primeiro momento,
por meio de pesquisa realizada durante período de mestrado, desenvolveram-se estudos
sobre a formação docente de um licenciado em E/LE no contexto pós-reforma das
licenciaturas (2001), levando-nos a observar discursividades que participam da
formação deste profissional que atuará/ atua na educação básica brasileira (SOUZA,
2013). Atualmente, o interesse versa sobre discursos que participam da constituição
profissional de um professor de E/LE e LE na escola brasileira, na medida em que
compõem um conjunto de prescrições ao trabalho deste profissional da educação, dentre
os quais se podem recortar para fins deste estudo: os parâmetros curriculares nacionais
de língua estrangeira moderna (LEM) de 1998, as orientações curriculares nacionais
para o ensino médio de 2006, a formação acadêmica materializada por meio de
estruturas curriculares de licenciatura em Letras Português-Espanhol (cuja análise se
realizou na referida pesquisa de mestrado) e duas orientações curriculares de municípios
do Rio de Janeiro para o ensino de E/LE e LEM (Rio de Janeiro e Niterói). Por meio
destas produções linguageiras, pretende-se realizar breve análise dos sentidos de
“teoria” e “prática” na constituição de um ideal de trabalho docente em língua
estrangeira, especialmente, de língua espanhola. Para isso, recorre-se aos estudos da
análise do discurso de base enunciativa (MAINGUENEAU, 1997, 2005, 2008),
buscando fomentar certa discussão sobre categorias de análise e conceitos produtivos,
visando ao desenvolvimento de um estudo crítico sobre os discursos que atravessam o
trabalho de docentes de E/LE e que, por conseguinte, constituem os rumos da educação
linguística na escola básica brasileira.
Posições Discursivas, Resistências e Deslocamentos Subjetivos de Duas
Professoras de Inglês Atuantes em Contextos de Privação de Liberdade
VALDENI DA SILVA REIS
[email protected]
[email protected]
O presente trabalho investiga posições discursivas assumidas ou negadas por duas
professoras de inglês, atuantes em Unidades Socioeducativas para menores em conflito
com a lei na região de Belo Horizonte, MG. A presente investigação lançará um olhar
para duas professoras atuantes neste espaço de reclusão/exclusão, a fim de se aproximar
da forma como elas aí se constituem como professoras de inglês, aí também têm seu
fazer e dizer delimitados. De modo mais específico, estaremos focados na compreensão
acerca do modo como as professoras deste contexto constituem seu posicionamento e
possível redimensionamento discursivo e subjetivo, frente à atuação de uma
pesquisa(dora) em sua sala de aula. Para tanto, o estudo explora teorias em torno da
formação do professor de LI e da instrução formal nos limites da sala de aula; da noção
de tempo e memória relacionados à noção de espaço, além de questões em torno dos
deslocamentos identitários e subjetivos, como pontos centrais da proposta. Serão
analisadas entrevistas feitas com as referidas professoras que recebiam em suas salas de
aula, pesquisas distintas. Análises indicam deslocamentos subjetivos vivenciados pelas
professoras ao serem convocadas a repensar seu fazer pedagógico e seu posicionamento
discursivo, assumindo ou negando – de forma não harmoniosa ou constante – a posiçãoprofessora de inglês, como possibilidade ou não de empoderamento.
O uso de múltiplas mídias na escola: sentidos de alunos da rede pública
de SP
CAMILA SANTIAGO
[email protected]
MARIA CRISTINA MEANEY
[email protected]
FERNANDA LIBERALI
Este trabalho tem como objetivo apresentar e discutir os diferentes sentidos de alguns
alunos da rede pública de São Paulo sobre o uso de múltiplas mídias na escola. A
discussão baseia-se na análise verbo-visual da argumentação presente em dados
produzidos no primeiro encontro do projeto Digit-M-ed Brasil. Os resultados dessa
análise guiaram o desenvolvimento desse projeto, que visa engajar pesquisadores,
educadores e alunos na transformação da escola por meio da discussão crítica de
assuntos atuais e da criação de unidades didáticas/tarefas com base nos conceitos de
Multiletramento (THE NEW LONDON GROUP, 1996) e de Atividade Social
(LIBERALI, 2009), buscando a desencapsulação do currículo (ENGESTROM, 2002).
O corpus de análise constitui-se de duas performances (HOLZMAN, 2009) gravadas,
nas quais alunos de Ensino Fundamental e Médio apresentam suas visões e sentidos
(VYGOTSKY, 1930/1999) sobre como o uso de múltiplas mídias poderia melhorar a
qualidade do processo de ensino-aprendizagem na escola. Na perspectiva da Linguística
Aplicada, os dados foram analisados por meio da materialidade nas falas e ações dos
participantes, à luz de categorias que consideram a produção de conhecimento na
Argumentação (LIBERALI, 2013), e discutidos a partir dos conceitos de
Multiculturalidade, Multimodalidade e Multimídia (THE NEW LONDO GROUP,
1996). Os resultados apontam para o caráter reprodutivo das práticas escolares na visão
dos alunos, uma vez que o uso de mídias reforça experiências usuais em aulas
tradicionais. Por outro lado, eles também expressam a possibilidade de se considerar o
uso de novas e antigas mídias em ciclos de remediação, como sugerido por Bolter e
Gusin
A tessitura de um projeto integrador: compreendendo o nível de
barreiras enfrentadas por docentes das diferentes matérias envolvidas
CLAUDIA MARIA LOPES
[email protected]
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A formação continuada que almeja capacitar os docentes a navegar por práticas de
letramento cada vez mais inter e indisciplinares e a ótica de educação como ato
responsável preconizada por Bahktin (SZUNDY, 2014) têm sido objeto de pesquisa
amplamente problematizado e abordado em diversas esferas acadêmicas que se ocupam
da melhoria na educação pública; porém, não é objetivo dessa comunicação apresentar e
discutir profundamente essa temática específica, por mais interessante e instigante que
seja, e por mais provocadores que sejam os vários debates que tem motivado; por si só,
ela exigiria outro fórum. O objetivo principal, cuja natureza está fundada na concepção
sócio-histórico-cultural de Vygotsky (1998 [1930]), busca compreender em que medida
três docentes responsáveis por diferentes disciplinas em uma escola pública técnica do
subúrbio do Rio de Janeiro encontraram obstáculos na tessitura de um projeto
interdisciplinar intitulado Manual de sobrevivência, fruto do último módulo de um
projeto de formação continuada intitulado PLIEP. Para tanto, além dos pressupostos de
multiletramentos (GEE, 2000), este estudo convoca a pesquisa colaborativa na
perspectiva de Coulter (1999), a metafunção ideacional (HALLIDAY, 2014) servindose do sistema léxico-gramatical da transitividade para olhar mais de perto os processos
mentais que vão buscar mapear as marcas que podem fornecer pistas para se
compreender que obstáculos dificultaram a tessitura da prática social dialógica de
letramento em pauta.
Emoção, experiência e ensino-aprendizagem: um olhar para o
sujeito na educação infantil
DANIELE GAZZOTTI
[email protected]
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Esta comunicação se baseia em uma pesquisa de doutorado em fase inicial cujo objetivo
é compreender criticamente o papel do vínculo afetivo estabelecido entre educador e
aluno para o processo de ensino-aprendizagem nos âmbitos (i) social e (ii) escolar.
Partindo de uma perspectiva calcada na Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural
(LEONTIEV, 1977; VYGOTSKY, 1930 e 1934) e no materialismo histórico dialético
de Marx (1973), esta pesquisa tem como uma de suas preocupações centrais o
desenvolvimento e transformação dos indivíduos, acreditando que é na atividade
humana (revolucionária) que o homem transforma a si e ao seu contexto. Os conceitos
principais que embasam esta investigação são a internalização das funções psicológicas
superiores (VYGOTSKY, 1930/1984), a experiência emocional (perezhivanija) e o
ensino-aprendizagem. Nesta perespectiva, considera-se que a interação entre os sujeitos
promove o surgimento de zonas de desenvolvimento proximal (VYGOTSKY, 193335/1984 e NEWMAN & HOLZMAN, 2002) compreendidas como zonas dialéticas
criativas de produção de sentidos e significados. A linguagem, compreendida tanto
como um elemento constitutivo dos sujeitos (BRAIT, 2001) quanto como mediador de
suas relações, ao ser internalizada, possibilita novas formas de interação entre os
sujeitos bem como seu desenvolvimento social e psicológico. A produção de dados se
dará em um contexto de educação infantil bilíngüe em que as relações entre alunos e
professora-pesquisadora será investigada à luz da teoria aqui brevemente apresentada.
Pretende-se evidenciar que o processo de ensino-aprendizagem (da socialização e dos
conteúdos) se amplia conforme o laço afetivo com o educador se intensifica.
O Pensar Alto em Grupo: um apoio à formação do professor de
língua materna
GISLAINE VILLAS BOAS
[email protected]
[email protected]
O Grupo de Pesquisa GEIM (Grupo de Estudos da Indeterminação e da Metáfora), sob
coordenação da Profa. Dra. Mara Sophia Zanotto, tem investigado o Pensar Alto em
Grupo, uma metodologia de geração de dados, que vem se tornando uma prática
pedagógica importante no processo de leitura em sala de aula. Como integrante do
grupo, minha pesquisa aponta como esta prática preza pela interação entre os
participantes de um evento de leitura (alunos do curso de Letras e professorapesquisadora) no momento de ler, redefinindo os papeis no âmbito escolar: do texto, do
professor-leitor e do aluno-leitor. Por isso, considero esta pesquisa com o Pensar Alto
em Grupo um apoio à formação do professor de língua materna que vem ao encontro
das propostas dos PCN’s de Ensino de Língua Portuguesa (KLEIMAN, 2001). Este
trabalho se insere na Linguística Aplicada na medida em que investigo um ambiente de
uso real da linguagem, com usuários reais: a leitura em sala de aula. Assim, a proposta é
abandonar a hegemonia da leitura única, imposta pelo professor ou pelo livro didático, e
privilegiar a interação no processo da construção de leituras (ZANOTTO, 2014). Desse
modo, apoio-me no paradigma qualitativo de pesquisa, que me permite a inserção nas
práticas socioculturais envolvidas neste evento, bem como a análise dessas práticas.
Analiso, então, o discurso produzido na interação face a face em um evento de leitura,
destacando o papel crucial dos conceitos metafóricos e metonímicos mobilizados pelos
participantes ao explanarem seus conceitos acerca de texto, de aluno-leitor e professorleitor. Portanto, entender o que pensa o futuro professor sobre qual a posição do texto,
qual a posição do professor e do aluno no processo da leitura em sala de aula e propor
uma reflexão sobre a própria prática se consolida num trabalho de conscientização e
transformação do futuro professor.
Projeto digit-m-ed/Brasil e a intermediação entre os vários modos,
mídias e culturas na ressignificação da leitura
JÉSSICA ALINE ALMEIDA DOS SANTOS
[email protected]
VIVIANE LETÍCIA SILVA CARRIJO
[email protected]
EDNA OLIVEIRA DO CARMO
[email protected]
Esta comunicação apresenta a análise multimodal de uma questão presente na unidade
didática, produzida pelo grupo Digit-M-ED/Brasil, em 2013. Tal grupo tem a finalidade
de repensar nos modos de atuação das escolas, que dele participam, para discutir como o
conteúdo escolar poderia ser abordado na perspectiva dos Multiletramentos, em uma
proposta de desencapsulação da aprendizagem (Engeström, 2001). A unidade didática
consiste em um currículo transdisciplinar em que as disciplinas de História, Língua
Portuguesa, Matemática, Ciências e Inglês dialogam e integram a mesma temática,
nesse caso, “Manifestações”. Neste trabalho, o foco é a leitura e consequente construção
de efeitos de sentidos pelos participantes na análise da primeira tarefa da disciplina de
História. Na questão analisada, percebe-se, em sua constituição de instrução e
direcionamento, a presença de aspectos da linguagem multimodais, multiculturais e
multimídiaticos que exigem dos leitores a busca pela compreensão do enunciado por
mecanismo para além do código linguístico. Tal análise é feita a partir das categorias da
multimodalidade (Kress,2010); da Sistêmica Lógico-Semântica (Martinec e
Salway,2005) e da linguagem argumentativa (Liberali,2013).
As Interações imagem-texto e os objetivos didáticos das composições
multimodais: uma análise de material didático virtual.
SÂMIA ALVES CARVALHO
[email protected]
ANTÔNIA DILAMAR ARAÚJO
Na atualidade temos percebido que não apenas o verbal, mas também o modo visual de
representação de sentidos tem a capacidade de construir formas complexas de signos
que tem coerência interna e que se relacionam com o contexto e com os objetivos
daqueles que os criam. Ao serem utilizados em conjunto, os modos verbal e visual
criam áreas de complementariedade semiótica (ROYCE, 2007) de forma que parte do
sentido reside em um modo e parte em outro e somente através da leitura do conjunto
dos modos é que se podem acessar os sentidos do texto. A compreensão desses textos
requer a leitura da linguagem verbal, das imagens e das relações entre seus elementos.
Esta pesquisa visa identificar quais as interações imagem-texto presentes em atividades
online compostas por textos multimodais cujos objetivos de ensino sejam trabalhados
através da complementariedade intersemiótica. É ainda objetivo da pesquisa, verificar
quais concepções os alunos tem dos textos e se percebem as relações entre os elementos
e a função didática da interface verbal-visual no ensino. A pesquisa fundamenta-se
teoricamente na Semiótica Social e na visão metafuncional da comunicação,
desenvolvidas pela Linguística Sistêmico Funcional de Halliday e Matthiessen, (2004) e
pela Gramática do Design Visual de Kress e van Leuween (2006). Esse arcabouço
teórico será utilizado para explicar os elementos presentes na interface imagem-texto.
Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, descritiva e interpretativa. Os
participantes foram solicitados a lerem primeiramente somente o texto verbal e a
responder um questionário. Em seguida, leem o texto adicionado do conteúdo não
verbal e respondem um segundo questionário. Embora a pesquisa encontra-se em
andamento, resultados preliminares apontam para a percepção da consciência das
relações entre os elementos do texto e para a ausência de habilidades na leitura,
especialmente dos sentidos expressos pelas imagens ou destas em conjunto com o
verbal.
Área: Linguagem, Tecnologia e Educação
As Dimensões de Variação do Português Brasileiro em Redações de
Vestibular
JULIANA PEREIRA SOUTO BARRETO
[email protected]
A pesquisa relatada aqui tem por objetivo identificar padrões lexicogramaticais
encontrados em textos dissertativo-argumentativos produzidos por candidatos a
graduação. Mais especificamente, esse estudo verifica o modo como esses textos se
encaixam nas dimensões de variação do português brasileiro (Berber Sardinha;
Kauffmann; Acunzo, 2014), para, a partir desse conhecimento, sugerir formas de
desenvolvimento de atividades de ensino voltadas à produção de redações de textos
dissertativo-argumentativos em material didático de língua portuguesa. A pesquisa
recorre ao arcabouço teórico da Linguística de Corpus e Análise Multidimensional. O
corpus de estudo, composto por cem redações escritas por candidatos a ingresso em
cursos de graduação do Ensino Superior, foi etiquetado com o Palavrasparser e pósprocessado com um script que calcula o escore de cada texto em cada uma das seis
dimensões de variação. Em um primeiro momento é verificado o modo como as
redações dos candidatos se distribuem nas seis dimensões de variação do português
brasileiro. Em seguida, essa variação é observada em relação às notas dadas às redações
por avaliadores, a fim de determinar se é possível discriminar as redações em relação à
“qualidade” com base nos escores da análise multidimensional. Por fim, acredita-se que
os resultados aqui encontrados possam vir a proporcionar contribuições relevantes ao
campo da produção textual em língua portuguesa no Brasil uma vez que se faz
necessário uma orientação sintático-semântica mais apurada aplicada ao ensino e ao
aprendizado da produção redações de textos dissertativo-argumentativos por candidatos
a ingresso em cursos de graduação do Ensino Superior.
Tendências no percurso histórico dos dicionários de língua de sinais
brasileira
PALOMA BUENO FERNANDES DOS SANTOS
[email protected]
[email protected]
O presente trabalho trata de mostrar a evolução dos tipos de dicionários de Língua de
Sinais Brasileira – LSB com o surgimento das novas tecnologias digitais. A pesquisa foi
motivada pela ausência de dicionários de LSB completos, atualizados com
terminologias específicas em diversas áreas do conhecimento. Visto que os dicionários
tradicionais em versão impressa não acompanham as mudanças e o surgimento de
novos sinais da língua, os recursos tecnológicos favoreceram a publicação de novas
modalidades de dicionários; glossário e sinalário de LSB. O objetivo da pesquisa foi
fazer um levantamento de tipos de dicionários de LSB impressos, digitais e apresentar
algumas características desses tipos de dicionários. A pergunta que norteou a pesquisa
foi: quais as diferenças entre as modalidades de dicionários tradicionais impressos em
LSB; glossário e sinalário? As hipóteses da pesquisa são que as tecnologias
influenciaram as características adotadas nos novos dicionários, diferentes da tecnologia
tradicional impressa, não se utilizam mais do termo “dicionário”. Espera-se que esta
pesquisa possa contribuir para a apresentação do panorama histórico de dicionários de
LSB e diferenciação dos tipos de dicionários de LSB. Para tanto, utilizaremos como
fundamento as concepções de Barbosa (2001), Stumpf (2005) e Sperb e Laguna (2010).
Para realizar este trabalho, utilizamos um corpus composto por três dicionários de LSB,
sendo um impresso, dois digitais, sendo, um em versão desktop online e outro em
versão de aplicativo móvel. A coleta de dados foi feita por meio de pesquisa e análise
do corpus qualitativamente. Os resultados mostraram algumas características que os
dicionários de LSB apresentam e diferenças entre os outros tipos de dicionários que
atualmente estão em versão digital.
Letramento crítico e ética no ensino de língua inglesa a distância
WILLIAM MINEO TAGATA
[email protected]
[email protected]
Este trabalho constitui uma reflexão sobre uma experiência de ensino a distância no
contexto de um curso de Letras em uma universidade pública brasileira. Trata-se do
PARFOR – Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica, em
andamento nessa universidade desde 2011. A partir de minha experiência como
professor responsável pela disciplina “Estágio supervisionado em língua inglesa III”,
começo com um detalhamento dos processos de elaboração e implementação das
atividades da disciplina, realizados em uma perspectiva de letramento crítico (FREIRE,
1996; CERVETTI, G; PARDALES, M.J.; DAMICO, J.S., 2001; BRYDON, 2010;
ANDREOTTI, 2014; STREET, 1995). Em seguida, relaciono os conceitos de
letramento crítico e de ética, baseando-me no argumento de que uma proposta de ensino
de língua inglesa em uma perspectiva de letramento crítico deve necessariamente tocar
na questão da ética (DELEUZE, G.; GUATTARI, F., 1987; 1996; FOUCAULT, 2004;
2006) enquanto subsídio para uma reflexão profunda sobre os papeis de professores e de
alunos no processo de ensino e aprendizagem de línguas, e suas implicações sociais,
políticas e históricas. Entre as questões que pontuam essa reflexão, incluo: de que
formas a ética pode informar e enriquecer práticas de letramento crítico no ensino de
línguas, tanto em ambientes presenciais quanto no ensino a distância? Como o sujeito
ético concebido por Foucault e Deleuze se mostra particularmente apto a desenvolver
seu letramento crítico? Por fim, termino com uma análise dos resultados preliminares
obtidos logo após o término da disciplina, considerando tanto os aspectos que
corresponderam às expectativas do professor e dos alunos no início da disciplina,
quanto os problemas decorrentes da falta de adesão dos participantes à proposta teóricoepistemológica da disciplina. Essa análise pode contribuir significativamente para o
aperfeiçoamento e a consolidação de cursos a distância, especialmente no que tange à
formação de sujeitos éticos e criticamente letrados.
Aprendizagem Colaborativa de Língua Inglesa Explorando a Leitura e
a Produção De Hipertextos
MARIANA BACKES NUNES
[email protected]
PATRÍCIA DA SILVA CAMPELO COSTA BARCELLOS
[email protected]
O trabalho investiga de que modo podem ocorrer os processos de leitura e produção
escrita colaborativa de hipertextos em língua inglesa a partir de tecnologias digitais.
Seguindo os estudos de Lévy (2007), Gomes (2010) e Marcurshi (2001), definimos
hipertexto como um texto escrito e lido de forma multilinear no qual podem ser
adicionados links, permitindo ao leitor escolher uma sequência de leitura a seu critério.
É um texto digital formado por vários segmentos textuais ligados em rede, o qual
permite que o leitor participe do seu processo de construção, tendo o seu sentido
definido no momento da interação entre o leitor e o hipertexto. A metodologia utilizada
neste trabalho é qualitativa, de cunho interpretativista e de caráter exploratório
descritivo. A geração de dados para a pesquisa foi divida em três etapas com atividades
realizadas por alunos de Graduação em Letras de uma universidade pública do sul do
país com nível intermediário de inglês. A primeira etapa consistiu em leitura e análise
de apresentações acadêmicas postadas na web com o tema geral ensino e aprendizagem
de língua inglesa. A criação de uma apresentação gráfica hipertextual sobre um subtema
escolhido pela dupla integrou a segunda etapa. Por último, os alunos analisaram os
hipertextos produzidos por seus colegas, refletindo sobre a utilização das novas
tecnologias em contexto escolar. Analisando os processos das atividades desenvolvidas,
constatamos que houve colaboração (Swain, 2006) entre os alunos, pois eles trocaram
conhecimento entre as duplas ao tentar desenvolver as tarefas da maneira mais eficaz.
Os graduandos conseguiram também explorar o ambiente digital e o leque de
possibilidades que o hipertexto proporciona, enquanto utilizavam a língua estrangeira
para mediar suas interações. Espera-se que com a realização da presente pesquisa em
um curso de licenciatura os professores em formação possam explorar ainda mais as
novas tecnologias em suas práticas futuras.
Gêneros multimodais na formação do professor: articulação do verbal
e do não verbal na construção de sentidos
MARIA DO CARMO SOUZA DE ALMEIDA
EVELINE MATTOS TÁPIAS-OLIVEIRA
[email protected]
Na sociedade contemporânea, profundas são as modificações nos modos como o saber
circula na vida social em decorrência dos diferentes aparatos tecnológicos disponíveis.
Em decorrência disso, o letramento do futuro professor precisa ser considerado de uma
perspectiva mais ampla: a dos letramentos multissemióticos. Como formadores de
professores, consideramos que refletir sobre as produções de sentidos a partir da
recepção e do uso das linguagens midiáticas nas Licenciaturas é tão importante quanto
inserir os discentes nas práticas discursivas universitárias. Desse modo, objetivo desta
comunicação é apresentar uma sequência didática com estratégias de leitura do gênero
trailer cinematográfico para alunos de Licenciatura – Pedagogia e Letras. Percebemos
que o gênero trailer pode se útil na Pedagogia dos Multiletramentos (LEMKE, 2010;
ROJO, 2012, 2013) que prioriza ações as quais abrangem multiplicidades de cultura, de
linguagens e de multimodalidades no ensino de línguas. Além disso, pode contribuir
para o ensino/aprendizagem de diferentes habilidades relativas ao letramento de língua
portuguesa: fazer inferências, localizar informações, compreender e interpretar textos,
avaliar a finalidade de um texto, reconhecer características linguísticas e discursivas de
textos multimodais cujo objetivo é persuadir a audiência, entender como a combinação
de diferentes linguagens juntas constroem significados, dentre outras, tais como
trabalhar em grupo, interagir e desenvolver a linguagem oral. Acreditamos ser essencial
que os futuros professores saibam considerar o uso dos meios de comunicação em sala
de aula não de uma perspectiva meramente instrumental, pois há uma mudança em
curso que é cultural, ou seja, há implicações epistemológicas envolvidas. Outrossim,
urge pensar uma educação que estimule o aluno a aprender por meio da exploração, do
ensaio e do erro em busca de novas possibilidades.
Curso de inglês para propósitos acadêmicos: opinião de pesquisadores
sobre o interesse pelo ensino na modalidade a distância.
STEFANIE DELLAROSA
[email protected]
ELIANE AUGUSTO-NAVARRO
[email protected]
A língua inglesa é reconhecida como Língua Franca e, portanto, seu domínio é
fundamental entre aqueles que buscam melhor desempenho profissional, principalmente
no que se refere ao âmbito acadêmico, uma vez que é a língua internacional da ciência.
Cursos de Inglês para Propósitos Específicos (IPE) podem ir ao encontro daqueles que
se interessam pelo aprimoramento dessa língua, principalmente por serem cursos que
tem como foco os objetivos dos participantes e são oferecidos em menor tempo, se
comparados a cursos tradicionais de língua (ROBINSON, 1991). Atrelada à noção de
tempo e espaço, podemos pensar em cursos a distância que podem atender a demanda
daqueles que consideram essas duas questões impedimentos para prosseguir ou dar
início aos seus estudos, visto que em cursos nessa modalidade, ambos possuem seus
papeis redimensionados (ROZENFELD, 2013). Nesta comunicação apresentamos as
opiniões de pesquisadores de uma universidade pública do estado de São Paulo acerca
do interesse por cursos de Inglês para Propósitos Acadêmicos (IPA) a distância.
Verificamos grande interesse por parte desses participantes, tendo como maior
justificativa a flexibilidade de tempo e espaço que cursos nessa modalidade
proporcionam. Entretanto, observamos que ainda muitos não reconhecem a eficácia
desses cursos em virtude da falta de informação sobre eles, principalmente com relação
à interação e oportunidades de comunicação oral. Apresentamos, portanto, as asserções
dos participantes discutindo essas questões, entre outras, e enfatizando as principais
características desses cursos e destacando os redimensionamentos dos papeis dos
participantes e do conceito de ensinar e aprender.
O princípio idiomático e o princípio de escolha aberta na produção
escrita de alunos brasileiros em inglês como língua estrangeira
CRISTINA GIL
[email protected]
Esta pesquisa tem como principal objetivo detectar indícios do princípio idiomático e do
princípio da escolha aberta na produção escrita de alunos brasileiros em inglês como
língua estrangeira e desenvolver atividades a fim de instrumentalizar os alunos a usar o
princípio idiomático na sua produção escrita. A base teórica desta investigação é a
Linguística de Corpus (SINCLAIR, 1991; BERBER SARDINHA, 2004), a partir da
noção de linguagem como sistema probabilístico (HALLIDAY, 1991; BERBER
SARDINHA, 2004), de modo geral, e os princípios idiomático e da escolha aberta, em
particular (SINCLAIR, 1991). A metodologia consistiu da coleta de um corpus de
escrita de aprendizes brasileiros de inglês e do subsequente exame de todas as
sequências de palavras dos textos do corpus. Esse procedimento, conhecido por
‘collocation tracking’, foi introduzido por Berber Sardinha (2014) e consiste no uso da
ferramenta de mesmo nome. A ferramenta faz a varredura de todos os candidatos à
colocação nos textos e os compara a um corpus de referência representativo da língua
em questão, no caso o inglês. Quando a ferramenta atesta a ocorrência de um candidato
de colocação no corpus de referência, computa tal ocorrência como incidência de
princípio idiomático, mas quando não atesta tal ocorrência, considera o candidato uma
incidência do princípio de escolha aberta. O ‘collocation tracking’ foi usado apenas em
textos em português e, com esta pesquisa, foi empregado pela primeira vez em textos
em inglês. O corpus de referência é o enTenTen, o maior corpus da língua inglesa com
atualmente 10 bilhões de palavras, disponível no sítio SketchEngine. Após a varredura
do corpus, os resultados indicaram que os aprendizes usaram 62% de colocações em
seus textos quando comparados com o corpus de referência. Foram desenvolvidas
atividades com o objetivo de instrumentalizar os alunos a usar o princípio idiomático
em sua produção.
Vozes Enunciativas Compartilhadas na Formação Inicial em Letras: O
Papel da Argumentação na Elaboração Colaborativa de Aulas de
Espanhol no Estágio Supervisionado.
TÂNIA MARIA DIÔGO DO NASCIMENTO
[email protected]
SIMONE REIS
[email protected]
Esta comunicação visa discutir o papel da argumentação (LEITÃO, 2000), na inserção
das vozes enunciativas (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1997) na prática da elaboração
colaborativa (DIÔGO, 2015) de aulas de língua espanhola, no processo de regência da
disciplina de estágio supervisionado, na licenciatura em Letras/Espanhol. A visão
reflexiva-crítica (LIBERALI, 2008) é um dos pilares teóricos dessa pesquisa que
entende a disciplina de Estágio Supervisionado em Língua Espanhola como um espaço
de interlocução mútua (GIMENEZ e PEREIRA, in REICHMANN, 2012) entre os
formadores, estagiários e professores colaboradores. Outro aspecto balizar é a visão de
sala de aula como uma práxis (LIBERALI, 2010) para o processo de ensinoaprendizagem de uma língua estrangeira, como um instrumento-e-resultado
(LIBERALI, 2010), para um reposicionamento social (DAMIANOVIC, 2011) e a
construção de novas relações de interdependência (LIBERALI, 2011). Alicerçada na
metodologia da Pesquisa Crítica de Colaboração (MAGALHÃES, 2009), esta
pesquisadora, em uma postura de formação interventiva (OLIVEIRA &MAGALHÃES,
2011), discute os dados com base nos aspectos enunciativos, discursivos e linguísticos
(LIBERALI, 2013). A análise inicial dos dados dessa pesquisa de doutorado revela que
os discentes do Estágio Supervisionado expandem seus conhecimentos de forma
internamente persuasiva (BAKHTIN/VOLOCHINOV,1997) e constroem o
conhecimento em sala de aula, atribuindo-lhe novos valores, sentidos e significados, na
mediação (VYGOTSKY,1934) do professor, de outros colegas e da sua performance
(HOLZMAN,2008), como professor que lhes permite ir mais além de si mesmos.
Transletramentos Da Cultura Digital Através De Wikis Em Um Curso
De Língua Adicional Inglês.
RICARDO TOSHIHITO SAITO
[email protected]
[email protected]
O aprendizado de Novos Letramentos, por professores e alunos, e seus desdobramentos
transmidiáticos, fruto das affordances presentes na Web 2.0, transforma a realidade na
qual vivemos e cria a necessidade de aprendermos a ressignificar a(s) identidade(s) dos
sujeitos e grupos sociais aos quais pertencemos e o mundo no qual vivemos. Nesse novo
Ethos (LANKSHEAR & KNOBEL, 2011), onde sujeitos e grupos sociais “exploram
novos modos de fazer coisas e novas maneiras de ser [...] incorporando também novos
significados sobre quem somos ou podemos ser” (MOITA LOPES, 2012), ser/tornar-se
multi/transletrado implica em ser capaz de transitar por espaços virtuais onde a
construção do conhecimento e o seu compartilhamento envolve um discurso menos
autoritário, mais participativo e dinâmico. A reflexão sobre essas novas práticas
pedagógicas que contemplem a inter/trans/ multidisciplinaridade (ARAÚJO, 2012)
através do Ensino de Novos Letramentos/Transletramentos inseridos na Cultura Digital
podem contribuir para que os alunos e professores reflitam sobre a Cultura
Grafocêntrica e as diversas linguagens presentes na Cultura Digital, seus modos de
organização e funcionamento dentro das práticas sociais e culturais, durante as aulas de
Língua Materna e/ou Língua Adicional, Inglês. Assim, uma wiki foi escolhida por ser
um meio que oferece suporte a diversas modalidades (modes) e funcionalidades
(facilities). Os objetivos da presente pesquisa são (1) descrever como as affordances
midiáticas podem transformar as relações tradicionais de uma Cultura Escolar baseada
no professor, quadro negro e livro didático; e (2) as apropriações dessas novas práticas
escolares oriundas da Cultura Digital, no cotidiano desses alunos, dentro das telas.
Serão apresentados ainda alguns resultados parciais de um projeto-piloto, com alunos de
Língua Adicional (inglês), em um Centro de Idiomas situado em uma cidade no interior
do Estado de São Paulo.
A collocation dictionary for Brazilian Portuguese
TONY BERBER SARDINHA
[email protected]
[email protected]
TELMA SÃO BENTO FERREIRA
CRISTINA MEYER ACUNZO
The goal of the current study is to create a corpus-based collocations dictionary of
Brazilian Portuguese. The dictionary will list the collocations for the most frequently
used words in Brazilian Portuguese, according to the Brazilian Corpus (CEPRIL,
Fapesp, CNPq, PUCSP), a one-billion-word collection of written and sp en language. In
this paper, a preliminary analysis of the top 10,000 most frequent words in the corpus
will be presented. A number of word forms were removed from this initial list,
including malformed strings and foreign words. For each of the remaining words, the
2,000 most typical collocates were extracted from the corpus based on the statistical
strength between the node word and the collocates as indicated by the LogDice statistic.
The collocate tables were obtained through the SketchEngine API, which enabled direct
queries to the online corpus hosted on SketchEngine.co.uk from a python script. These
collocates were drawn from a random selection of up to 20,000 concordance lines for
each word. The most frequent collocates across all the words were identified and listed,
providing the collocational profile of each word. These collocates were then entered in a
factor analysis, which grouped the words into word sets that shared similar collocates.
These sets in turn indicate the most usual meaning sets in Brazilian Portuguese. The
dictionary will list the collocational sets as well as the meaning sets. The research
reported here is supported by CNPq (Brasília, Brazil).
Dicionários bilíngues para aprendizes e a sala de aula de língua
estrangeira
CAMILA HÖFLING
[email protected]
[email protected]
Essa comunicação tem por objetivo apresentar considerações a respeito do uso de
dicionários bilíngues para aprendizes em sala de aula de língua estrangeira. Baseados
nos estudos de HOFLING (2006), consideramos que tais dicionários são diferentes dos
bilíngues tradicionais, uma vez que se concentram nas necessidades de produção de
aprendizes que são falantes de uma L1 específica. Embora no mercado há algum tempo,
muitos professores de inglês (de diferentes contextos de sala de aula) ainda não estão
convencidos de seus benefícios (ou mesmo de sua existência), valendo-se da estrutura
do dicionário monolíngue padrão para aprendizes como a melhor opção para seus
alunos. Sem subestimar a excelência dos monolíngues para falantes não nativos, é
importante mostrar que há características sobre as quais até mesmo o melhor
monolíngue não consegue dar o suporte necessário para o aprendiz de língua
estrangeira. Valendo-se de estudos recentes sobre dicionários bilíngues (LEW e
ADAMSKA-SATACIAK, 2014), apresentamos argumentos dessa hipótese ilustrados
por entradas de dicionários para falantes de português e resultados de levantamento
realizado em sala de aula de língua estrangeira.
A Linguística e Corpus e a formação continuada de professores de
inglês: aplicação de uma nova metodologia para o ensino
ELIENE DE SOUZA PAULINO
[email protected]
[email protected]
O objetivo deste trabalho é apresentar a introdução da Linguística de Corpus (LC) a um
grupo de professores de língua inglesa da rede pública de ensino de Contagem, Minas
Gerais, por meio da formação continuada. Esse tipo de formação fornece ao professor a
possibilidade de aperfeiçoamento e expansão do conhecimento por meio da reflexão e
da prática e, neste caso, por meio da sua instrumentalização em uma nova metodologia
de ensino. Para Celani (2009, p.10), “a formação continuada do professor de língua
estrangeira é uma necessidade premente”. A importância da aplicação da LC no ensino
e da consequente utilização de materiais baseados em corpora é enfatizada por Bennett
(2010), a qual fornece exemplos de atividades e instrução para que professores utilizem
a LC na sala de aula. Sinclair (2004, apud BENNETT, 2010), por sua vez, enfatiza que
o professor precisa de orientação a respeito de como extrair informação do corpus e de
treinamento de como avaliar as descobertas de sua pesquisa para o uso em sala de aula.
Em consonância com tal proposição foram oferecidas aos professores participantes
cinco oficinas de trabalho com a Linguística de Corpus com o foco na produção de
atividades didáticas. Os instrumentos de coleta utilizados constituem-se em
questionários, avaliação on line dos participantes, atividades produzidas pelos
professores e apresentação de trabalho na oficina final. A análise dos instrumentos
coletados, conferida por meio da pesquisa qualitativa, seguirá os procedimentos
indicados por Bennett (2010) e Reppen (2010). Os resultados demonstram, entre outros
aspectos, que os professores buscam por novas estratégias de trabalho e reconhecem, na
formação continuada em LC, a valorização profissional e uma importante contribuição
para a atuação pedagógica.
Freedom of Speech: Um diálogo dialógico à luz da pedagogia da
argumentação
SIMONE REIS
JULIANA OLIVEIRA
[email protected]
Esta comunicação tem o objetivo de apresentar os resultados obtidos, neste primeiro
semestre de 2015, com uma turma de graduandos em Licenciatura Letras – Inglês –
UFPE, envolvidos em um trabalho contemplando multiletramento, isto é, entendendo
que a linguagem acontece de forma multimodal, multicultural e multimidiática. À luz da
Teoria da Argumentação (LIBERALI, 2013; DAMIANOVIC, 2012; LEITÃO, 2012),
inserida na Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural – TASHC –(VIGOTSKY
[1934]2000; ENGESTRÖM, 2009), temos como propósito construir um cidadão
envolvido no tempo, espaço e cultura do qual faz parte, através de uma relação dialógica
(BAKHTIN/VOLOCHINOV, [1929] 1992), onde a Linguagem vá além de uma
ferramenta linguística e seja o meio pelo qual os seres humanos se posicionam e
reposicionam seus papéis para e na sociedade em que vivem. Através de atividades
didáticas – elaboradas pela mestranda-pesquisadora, Juliana Gama, colaboradora deste
projeto – enfatizamos o uso das categorias enunciativas, discursivas e linguísticas,
propostas por Liberali (2013), realizadas através de enunciados investigativos –
perguntas – na tentativa de criar um espaço de construção crítico-colaborativo,
entendendo a pergunta, na perspectiva da argumentação, como um ato de expansão
dialógica (NININ, 2013). Concordando com Mateus (2006) que saber argumentar
dialogicamente significa aumentar o potencial que cada um tem de trabalhar,
democrática e colaborativamente diversos pontos de vistaa favor de uma compreensão
compartilhada, para encontrar pontos em comum, rever e transformar pontos de vista,
respeitando todos os participantes, pressupondo que várias pessoas têm partes de
respostas e que juntas podem alcançar soluções, propomos uma atividade, Diálogos
Dialógicos, cujos resultados práticos esperamos que corroborem a teoria estudada.
Explorando possibilidades da tecnologia no ensino de língua inglesa
com alunos de escola pública: produção de vídeos a partir de séries e
sitcoms
TARSILA RUBIN BATTISTELLA
[email protected]
[email protected]
Este trabalho, vinculado à área temática “Linguagem, Tecnologia e Educação ”, tem
como objetivo realizar uma exposição sobre a interação entre a teoria sociocultural e
estudos na área da informática na educação, com base em elementos teóricos e em
pesquisa realizada com o uso da tecnologia em sala de aula. Nesse sentido, esta
comunicação apresenta dados de um projeto de ensino de inglês a partir de séries de
televisão e sitcoms, em contexto de ensino público, mediado pela tecnologia, por alunos
do ensino médio integrado – informática – de um instituto federal. Observa-se ainda em
que medida as tecnologias digitais podem contribuir para a construção e o
compartilhamento de conhecimento em LE (língua estrangeira) nesse contexto de
aprendizagem. Acredita-se que o ensino-aprendizagem de línguas de qualidade passa
pela exploração de recursos digitais na promoção de uma interação social e mobilização
de recursos tecnológicos na construção conjunta de sentido na LE. Dessa forma, a
geração dos dados ocorreu em três encontros no laboratório de informática, em que uma
sequência de tarefas colaborativas envolveu a prática auditiva e discussões acerca das
séries de televisão e sitcoms. O projeto culminou com a produção de um episódio curto
em inglês, gravado e editado por meio do uso de ferramentas digitais, tomando por base
uma das cenas assistidas pelos alunos. Finalmente, almeja-se demonstrar que o ensinoaprendizagem de línguas em contexto público de ensino deve ser problematizado de
forma a mediar a tecnologia e a interação na construção conjunta de conhecimento na
LE.
Falar É Fácil! – Uma Análise Das Atividades Propostas Para O
Desenvolvimento Oral Da Lingua Inglesa Pelo Aplicativo Mais
Popular Da Play Store
LEONARDO SARMENTO TRAVINCAS DE CASTRO
[email protected]
O aplicativo Android Duolingo desponta, entre seus pares da loja virtual Play store,
como o de maior número de downloads (acima de dez milhões) e melhor avaliação do
usuário (4,6). Além disso, anúncios promocionais afirmam que seu aluno aprenderá a
ler, escrever, compreender auditivamente e a falar o idioma estudado. Esta pesquisa
objetiva investigar se o Duolingo apresenta atividades que exercitem, de fato,
competências necessárias para o desenvolvimento da oralidade na língua inglesa. Dessa
forma, espera-se oferecer uma análise teoricamente embasada que possibilite aos
usuários e àqueles que pretendem utilizar ou recomendar (no caso de professores) o
aplicativo a tomarem decisões conscientes para a iniciação, continuação ou mudança de
estratégia dos estudos com o uso desse software. Do ponto de vista teórico, buscaramse autores como Thornbury (2006), Lightbown e Spada (2011), Larser-Freeman (1991),
entre outros, a fim de elucidar: 1) quais os principais conhecimentos necessários para a
obtenção da fluência oral em um segundo idioma; e 2) os conceitos de tais
conhecimentos e de outros a eles subjacentes. A pesquisa foi realizada em três etapas.
Inicialmente, estudaram-se os quarenta e quatro primeiros níveis do Duolingo. Em
seguida, classificaram-se os tipos de exercícios propostos pelo aplicativo em onze
categorias, identificando quais habilidades linguísticas cada uma delas visava
desenvolver no aluno. Por fim, compararam-se essas habilidades àquelas apontadas
pelos autores acima mencionados. Desse cotejo, pôde-se demonstrar que, de acordo com
os critérios aqui estabelecidos, o Duolingo não oferece prática plena das competências
necessárias para o desenvolvimento da produção oral de seus usuários.
Os esquemas de interação/mediação e a participação dos alunos do
Curso de Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa – da
UFPA/UAB
ANA LYGIA CUNHA
[email protected]
[email protected]
O estudo das regras de funcionamento das discussões que se dão em fóruns de cursos a
distância ou semipresenciais pode auxiliar na busca de soluções para algumas das
limitações tradicionalmente imputadas a esta modalidade de ensino, além de dar aos
profissionais interessados em nela atuar informações úteis para a seleção de estratégias
em sua prática docente, na busca da mediação do desenvolvimento de seus alunos, o
que, certamente, inclui a interação com estes. Para Garrison e Anderson (2003), a
realização de um ensino-aprendizagem exitoso, na modalidade, na medida em que
proponha atividades que promovam o aprendizado colaborativo e individual de forma
equilibrada, depende do professor, a quem denominam “educador”. Este trabalho tem
como objetivos investigar a interação que se dá no fórum de discussão com vistas à
identificação e à caracterização dos diferentes esquemas de mediação adotados por
professores do Curso de Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa – na modalidade a
distância, ofertado pela Universidade Federal do Pará por meio do programa
Universidade Aberta do Brasil, e a relação de tais esquemas com os tipos de
participação dos alunos na interação com professores, tutores e colegas.
O uso de tecnologias na reorganização das práticas didáticas com base
nos Multiletramentos
MARLENE RIBEIRO DA SILVA GRACIANO
[email protected]
Este estudo aborda parte de uma pesquisa sobre formação continuada de professores
para repensar o trabalho desenvolvido com a leitura e escrita no processo ensinoaprendizagem das diferentes disciplinas em cursos do ensino médio. Especificamente a
experiência realizada com dois professores e seus alunos sobre a utilização das
Tecnologias da Informação e Comunicação nas práticas de ensino será analisada. O
objetivo foi analisar os significados atribuídos por professores e alunos ao uso de
tecnologias no trabalho com a leitura e escrita no processo ensino-aprendizagem das
diferentes disciplinas em cursos do Ensino Médio. Tratou-se de uma pesquisa crítica de
colaboração, fundamentada na Teoria Sócio-Histórico-Cultural, na perspectiva
enunciativo-discursiva e na Pedagogia dos Multiletramentos. Os dados foram
produzidos por meio de entrevistas, videogravações de aulas e sessões reflexivas com
alunos e professores. A aprendizagem e desenvolvimento dos alunos revelam a
importância do uso das linguagens multissemióticas nas atividades de leitura e escrita.
Os professores tiveram menos alcance na ressiginificação do uso multimídia na
reorganização das aulas. Este estudo aponta a necessidade de formação continuada dos
professores para o uso das linguagens multissemióticas no processo ensinoaprendizagem como forma de vencer a cristalização dos sentidos.
Produção oral em contexto online: potencialidades das TICs no
processo de ensino e aprendizagem de português como língua
estrangeira
ANA LUÍZA GABATTELI
[email protected]
O desenvolvimento das tecnologias da informação e comunicação modificaram a
concepção de sala de aula ao diversificar os espaços de construção do conhecimento e
despertaram o interesse pela aprendizagem de línguas estrangeiras. Após a análise da
proposta pedagógica de dez cursos online de Português como língua estrangeira (PLE),
foi constatado que a maioria deles não ofereciam momentos de prática oral, apenas
focavam no desenvolvimento da compreensão oral, leitura e produção escrita. A partir
deste cenário e à luz de Warschauer e Meskill (2000), Ramos (2002), Paiva (2003),
Stanford (2009), Stickler e Hampel (2010) e Furtoso (2011), apresento algumas
possibilidades de utilização do ambiente virtual de aprendizagem Moodle e de
ferramentas integradas a ele a fim de incentivar a produção oral de aprendizes de PLE
em um curso piloto online baseado em tarefas comunicativas (SCARAMUCCI, 1999)
elaborado por mim para minha pesquisa de Mestrado.
Linguagens, tecnologias e educação: Smartphones e recursos humanos
NARA HIR OTAKAKI
[email protected]
Mesmo com a Internet, a cidadania pode continuar mantendo o professor como detentor
e transmissor de conhecimento e os alunos como recipientes passivos que reproduzem
as ideias do professor, do autor e de si mesmos. Na cultura de cidadania significativa,
entretanto, ambos e a instituição na qual atuam podem criar espaços de aprendizagem
ubíqua, criativa e relevante. São os recursos humanos que dão o tom e, dentro das
possibilidades, vários caminhos podem ser construídos com seus elementos acionados
pela potencialidade dos aprendizes. Um desses elementos é o aplicativo WhatsApp de
telefonia móvel como os smartphones. Os smartphones, compreendidos como mescla de
computador e celular, podem encurtar a distância entre as desigualdades sociais
(Walton, 2013). Para muito além do compartilhamento de fotos e meras mensagens, o
ambiente WhatsApp vem fazendo sua parte para transformar as pedagogias de
transmissão. Nesse sentido, essa apresentação se encaixa na temática de linguagens
situadas e educação. Nesse cenário, os momentos de engajamento, agentividade e
transformação de identidades, práticas sociais, relações de poder e transculturalidades
estão em estado de sofisticação/complexidade e velocidade ímpares. Essa paisagem
digital, epistemológica, ontológica, educacional etc. existe dentro de uma pesquisa, cuja
metodologia adotada é qualitativa intersubjetiva, pois as construções de sentido dos
alunos de Letras e de Pós-graduação em Estudos de Linguagens são levadas em
consideração bem como as da pesquisadora à luz dos aportes teóricos que embasam tal
pesquisa. O objetivo desta comunicação oral é apresentar e discutir algumas das
produções dos referidos alunos também à luz do referencial teórico escolhido. Este traz
conceitos de espaços de aprendizagem situada/contextualizada (Gee, 2004;),
multimodalidades, ou seja, o encontro de imagens, sons, animações, gestos e
espacialidades (Kress, 2010), relocação de sentidos (Pennyco , 2010) e multiletramentos
- visual, digital, espacial, midiático, escolarizado, não-escolarizado, crítico redesenhados e dinâmicos (Kalantzis; Cope, 2012). A conclusão parcial reitera o poder
da interface altamente interativa que estimula os aprendizes a estender discussões
iniciadas na sala de aula e disponibilizar materiais multimodais e inovadores com
reinício de debates e alternativas para solucionar questões imediatas do dia a dia e coaprendizagem dialogada, criticidade, autocrítica, sentimento de pertença e reinvenção da
escola.
Análise da linguagem verbo-áudio-visual de duas propagandas infantis
como proposta de leitura.
IVANICE NOGUEIRA DE CARVALHO GONÇALVES
[email protected]
[email protected]
As lacunas no ensino da leitura do gênero discursivo propaganda e a carência de
habilidades das crianças na leitura motivaram o desenvolvimento desta pesquisa que
objetiva analisar e explorar a linguagem verbo-áudio-visual como recurso didático para
tornar a leitura de alunos do ensino fundamental mais profícua. Para cumprir essa
proposta, a teoria dialógica da linguagem de Bakhtin e do Círculo fundamenta a análise
a partir da concepção de gênero discursivo, relações dialógicas e ideologia, entendendo
a linguagem como prática social. Conta-se também com o apoio teórico de autores que
tratam da linguagem visual como Dondis e Guimarães, de Barthes na linguagem sonora
e de Dolz, Noverraz e Schneuwly com modelo de sequência didática. Para cumprir essa
proposta de análise, foram selecionadas duas propagandas de brinquedos, uma da
boneca Barbie e seu salão de beleza, e a outra do boneco Max Steel e seus acessórios,
ambos da empresa Mattel, com o objetivo também de propor uma sequência didática
para o ensino e desenvolvimento da leitura das linguagens verbal e não verbal, tornando
os alunos leitores mais perspicazes desse gênero discursivo e menos influenciáveis por
seus apelos consumistas. A análise mostrou que o texto verbal da Barbie traz um apelo
marcado pela beleza, vaidade, imediatismo e futilidades. Já no texto verbal do Max
Steel, há predominância de verbos de ação e aventura chamando os meninos para
brincar com o boneco. Os tons fortes da cor rosa e do lilás utilizados em Barbie
mostram a intenção de manter as meninas no mundo rosa de fantasias da boneca, onde
elas podem viver seus sonhos de ser o que quiser. Na propaganda do Max Steel, as
cores levam os meninos para o universo masculino com os tons de cinza, verde, azul e
amarelo que reforçam a ideia de forte, poderoso, sério, que encara o perigo e aventuras.
A paródia da música Barbie Girl, envolve as meninas no discurso da propaganda que
além de consumidoras, passam a divulgar o produto ao cantarolar a melodia. Em Max
Steel, os sons de tempestade imprimem o tom de aventura e perigo com o qual os
meninos se identificam. Espera-se com essa análise contribuir para que as crianças
sejam leitoras proficientes do gênero propaganda, pois a leitura proficiente pode ser
uma estratégia poderosa para minimizar os efeitos dos apelos consumistas das
propagandas.
A formação tecnológica a distância para docentes de um curso Técnico
em Secretariado, sob a perspectiva da complexidade.
KEYLA CHRISTINA ALMEIDA PORTELA
[email protected]
[email protected]
O objetivo deste estudo é descrever e interpretar o fenômeno formação tecnológica dos
docentes do curso técnico em Secretariado de uma instituiçãofederal, por meio da oferta
de um curso a distância utilizando a plataforma Moodle. A pergunta de pesquisa: Qual a
natureza do fenômeno formação tecnológica dos professores do curso Técnico em
Secretariado de uma instituição federal baseado na complexidade sob a perspectiva de
todos os participantes? é ponto instigador deste trabalho. Os aportes teóricos para este
estudo forambaseados na Complexidadede acordo com Morin (1996, 2000, 2002,
2011), Behrens (2006) e Freire (2009, 2012); na educação a distância, conforme Moraes
(2004) e Moran (2007); a formação tecnológica de professores segundo Kenski (2010),
Almeida (2003, 2005), Valente (2003), Moraes (2007, 2008), Freire (2009, 2010, 2012)
e Silva (2012); e o design educacional complexo, na visão de Freire (2013). Esta
pesquisa investigou a natureza de uma experiência vivida, a abordagem metodológica
adotada é a abordagem hermenêutico-fenomenológica, a partir da perspectiva de van
Manen (1990),Ricoeur (1986/2002) e Freire (1998, 2007, 2010). Os participantes da
pesquisa foram 6 docentes com formação técnica que ministram aulas no curso Técnico
de Secretariado de uma instituição pública federal. A descrição e a interpretação da
manifestação do fenômeno em foco foram feitas por meio dos processos da
textualização, tematização e pelo ciclo de validação e operacionalizados pelas rotinas de
organização e interpretação, propostos por Freire (2007, 2010). As associações
desenvolvidas revelaram que o fenômeno em estudo se estrutura em 4 grandes temas e
seus desdobramentos. São eles: atualização com o desdobramento novos recursos;
conceito com seus desdobramentos ead, oportunidade, resistência, preconceito,
inovação, comprometimento; desafio e seus desdobramentos elaboração, conhecimento,
e por último, o tema determinação (sem desdobramentos).
Inquietações acerca do uso das múltiplas linguagens na escola:
abordagens na Licenciatura em Letras
GLEICE DE DIVITIIS
[email protected]
[email protected]
Neste século XXI, com o avanço das Tecnologias de Informação e Comunicação e a
exigência por uma reforma pedagógica que atenda às necessidades da sociedade, o
professor busca uma espécie de “reinvenção” da sua prática no cotidiano escolar. Nesse
sentido, as licenciaturas podem contribuir substancialmente nesse processo, desde que
as disciplinas lecionadas e demais atividades possíveis estejam de acordo com as
perspectivas atuais. Dentro desse panorama, o presente artigo terá como intuito
investigar a matriz curricular dos cursos de licenciatura em Letras (Português/Inglês e
Inglês), de instituições privadas, localizadas na cidade de São Paulo e região
metropolitana e, a inserção de disciplinas relacionadas com a utilização de múltiplas
linguagens (jornal, revista, redes sociais, TV e, outras tecnologias) na sala de aula. Para
tanto, foram selecionadas, por meio do site “e-mec” do Ministério da Educação, as
instituições de ensino superior (IES) que possuem cursos em vigência, sem quaisquer
restrições. Posteriormente, observou-se na página mantida na internet pelas instituições,
as matrizes curriculares e demais documentos disponibilizados que revelassem as
disciplinas, as ementas, além da carga horária. A análise está embasada nos
pensamentos de Bauman (2007), Thompson (1998), Moita Lopes (2013) e Citelli
(2001), além de outros pesquisadores que retratem a sociedade e a escola
contemporâneas. Constatou-se que a questão relacionada às tecnologias ainda é bastante
incipiente, visto que a carga horária é variável (no comparativo entre as IES) e, até
pouco tempo, as discussões acerca das tecnologias e/ou múltiplas linguagens no
contexto escolar eram inexistentes.
Business English Materials Based on a Corpus Linguistics Approach
MARIANNE RAMPASO
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Multinational companies and the process of globalization led to an expansion in the
Business English area, requiring the development of teaching materials focused on
specific needs of professionals using the language in use. In this paper we present a
linguistic analysis of a Business English Corpus and the subsequent development of
corpus-based teaching materials. Such resulting materials were based on the corpusbased analysis of these registers. Firstly, the corpus was analyzed in two ways and a
keyword list was extracted for each register using COCA. Afterwards, the top 100
keywords of each register were pulled out and a concordance was run in AntConc. In
addition, we identified the following major lexico-grammatical patterns: collocations,
colligations, and n-grams. Then the corpus was tagged using the Biber Tagger and the
features were counted. A taxonomy of exercises was also developed, providing a
framework for the design of the materials, and this comprised: (1) frequency tables
analysis, (2) concordance analysis, (3) patterns analysis, (4) collocates, etc. Our findings
resulted on the creation of teaching materials. Doing so, the material incorporated
additional material found in Sketchengine and SkELL. The activities were then applied
to an advanced Business English student and we collected his reflections on learning
with the materials; we also recorded the teacher’s reflections in a reflective journal to
gain insights into the process of teaching with corpus-based materials.The results of this
study showed us the need for corpus-based teaching materials in general and Business
English materials in particular. It also stresses the need for materials based on design
criteria and a taxonomy of corpus-based exercises. Finally, the study shows the gap in
our current knowledge about the process of teaching and learning with corpus-based
materials and also provides data on how both students and their teacher reflect on this
process.
Um Olhar indisciplinar às práticas de Letramentos digitais dos
escritores/fãs de ficção
BIANCA JUSSARA BORGES CLEMENTE
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Neste trabalho, pretende-se apresentar os resultados parciais de uma pesquisa de
natureza exploratória, na qual foram analisadas as interações entre escritores/fãs de
ficçãode comunidades virtuais. Esta investigação tem inspiração na etnografia virtual
com observação participante. O objetivo é entender a definição de fanfic como gênero
discursivo digital ,como também, as práticas de letramentos digitais/multiletramentos
dos escritores/fã de ficção em ambiente virtual. Para embasar este estudo, aponta-se as
seguintes perguntas de pesquisa: 1) Será que fanfics com sequência de vários capítulos
com tramas ficcionais bem fundamentadas podem ser consideradas escrita amadora? 2)
Como práticas de escrita além das fronteiras da autoria e originalidade são aceitas nas
comunidades virtuais? Para responder essas perguntas, foram coletados dados, por meio
da observação participante entre a pesquisadora e os escritores/fãs de ficção em
comunidades virtuais. O arcabouço teórico visa dialogar sobre às relações originalderivado de uma obra ficcional para além das fronteiras disciplinares, para isso, o
diálogo com a Linguística Aplicada (IN)disciplinar de Moita Lopes (1998/2008) e
Transgressiva de Pennyco (2001/2008) possibilitam uma análise às práticas sociais em
plataformas online de escritores/fãs de ficção. Isso porque, afanfic pode ser interpretada
como prática social e de interação dialógica Bakhtin (2003) já que escritores/ fãs de
ficção retomam, refutam, complementam ou sugerem outras possibilidades de tessitura
às obras ficcionais mediadas pelas práticas de letramentos digitais Rojo (2015) em
comunidades virtuais de fã de ficção.
A percepção de estudantes de ensino médio sobre o idioma espanhol
em contexto de ensino e aprendizagem
REGIANE PINHEIRO DIONISIO PORRUA
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DEISE CRISTINA DE LIMA PICANÇO
Esta comunicação tem como objetivo mostrar a diversidade de qualificativos e suas
regularidades de sentido que descrevem a percepção de estudantes de ensino médio
sobre o idioma espanhol em contexto de ensino e aprendizagem. Esta apresentação é
parte de uma pesquisa de mestrado em andamento, pelo programa de pós-graduação em
Educação - Universidade Federal do Paraná, desenvolvida na linha Cultura, Escola e
Ensino, que objetiva verificar a percepção de estudantes de ensino médio sobre o
discurso sobre a língua espanhola em anúncios publicitários televisivos no Brasil. O
interesse sobre o assunto surgiu em um contexto de prática de ensino e aprendizagem de
língua espanhola, para estudantes de ensino médio, que em conformidade com a Lei
Federal 11.161/2005 podem optar por estudar ou não o idioma em questão, e diante da
reunião de um número expressivo de anúncios publicitários com o uso ou citação do
idioma espanhol com abordagem engraçada, irônica ou pejorativa. Os pressupostos
teóricos defendidos no estudo são os conceitos da Análise do Discurso Francesa
relacionados à concepção dialógica de linguagem do Círculo de Bakhtin, além de
contribuições dos Estudos Culturais. O objetivo final da investigação científica em
curso será analisar se o discurso presente na dispersão de enunciados selecionados é
percebido pelos estudantes que escolhem estudar a língua e se de alguma forma
influenciam em sua opinião/aceitação do idioma e da/s cultura/s que o simbolizam,
consequentemente, interferindo em seu ensino e aprendizagem. A análise da diversidade
de qualificativos e suas regularidades de sentido utilizados pelos estudantes para definir
o idioma espanhol contribui para reinterpretação do objeto de estudo de pesquisa e
discussão sobre como os discentes lêem/percebem os discursos televisivos sobre a
língua espanhola.
Letramento Científico Na Universidade: Uma Proposta Interativa
Para O Desenho De Cursos Online À Luz Da Teoria Da Complexidade
NÍNIVE DANIELA GUIMARÃES PIGNATARI
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A pesquisa, fundamentada na teoria da complexidade apresentará as etapas de
preparação de um curso online voltado para o letramento científico de alunos
graduandos em direito. O desenho proporá um diálogo entre teoria e prática, conectando
disciplinas do eixo de formação básica, as ditas propedêuticas, com as do eixo
profissionalizante, realizando a interdisciplinaridade. Partirá da exposição dos
aprendizes a textos contrastantes que iluminem diferentes faces de questões jurídicas
atuais (princípio dialógico), relacionando indivíduo e sociedade, a parte e o todo
(princípio hologramático), as influências recíprocas e retroativas entre os eventos
(princípio recursivo), conectando razão e emoção, o sentir e o agir, a fim de ampliar o
conhecimento da realidade. O material, elaborado a partir de competências visadas e
não de conteúdos, tratará das questões de modo interdisciplinar, tecendo a rede
cognitiva a partir do eixo da ética social em seis encontros virtuais. A questão da
pesquisa pode ser assim sintetizada: Como se desenha um curso voltado para o
letramento jurídico científico com base na teoria da complexidade?
A percepção do acento lexical em inglês por falantes de português
MÁRCIA POLACZEK
[email protected]
[email protected]
Esta comunicação apresenta uma proposta de investigação da percepção do acento
lexical de palavras cognatas do inglês por falantes nativos do Português do Brasil que
têm o inglês como segunda língua. O pressuposto é que os padrões acentuais e silábicos
do inglês possuem especificidades que influenciam no modo pelo qual são percebidos
por falantes de Português do Brasil (PB). A questão levantada é se a percepção está
pautada em pistas acústicas ou é influenciada por parâmetros do inventário sonoro da
língua materna. Os fundamentos teóricos englobam (1) a caracterização dos padrões
acentuais do inglês e do português; (2) o conhecimento fonético-fonológico do ponto de
vista perceptivo, articulatório e acústico; (3) pesquisas interdisciplinares sobre
percepção de fala em L2; (4) estudos sobre a relação entre percepção e produção de fala
em L2. Além de contribuir com os estudos sobre a fala em L2, o objetivo deste tipo de
pesquisa é auxiliar no desenvolvimento das estratégias de ensino e aprendizagem de
habilidades orais, bem como de pronúncia inteligível em L2.
Ensino de línguas e a mediação para o uso das tecnologias digitais de
informação e comunicação (TDIC): uma pesquisa colaborativa na
formação universitária de professores de inglês
MARY SOARES DE ALMEIDA REIS
[email protected]
BARBRA SABOTA
[email protected]
O mundo pós moderno exige que mudanças rápidas ocorram no modo como mediamos
e produzimos conhecimentos. As Tecnologias Digitais integram o modo de vida da
maioria da população urbana e não podem ficar excluídas de contextos escolares. Nesse
sentido, acreditamos ser fundamental que o professor esteja preparado para lidar com
mais este desafio. Nosso objetivo é, pois buscar entender e discutir de que modo o uso
das TDIC pode contribuir para a formação universitária do professor de língua inglesa
favorecendo uma ação crítica, reflexiva e situada em seu contexto histórico, o que
requer que ele possua, entre suas habilidades e competências, o letramento digital.
Constata-se que muitos professores possuem acesso às tecnologias em suas atividades
pessoais, porém, ainda encontram dificuldades de transpor esse uso para sua atuação
docente (DIAS, 2010; KENSKI, 2013). Como aliadas do professor, as TDIC
constituem-se como ferramentas importantes para mediar a relação aluno-professorconteúdointegrandoo processo de formação e constituição social, principalmente no que
tange ao ensino de línguas estrangeiras (PAIVA, 2010; OLIVEIRA, 2013). O estudo
que ora apresentamos é parte de uma pesquisa de mestrado em andamento na
Universidade Estadual de Goiás. Nele acompanhamos e gerenciamos um grupo de seis
professores de inglês em formação universitária (Licenciatura em Letras) que se
encontra semanalmente para discutir textos teóricos e planejar atividades práticas
envolvendo o uso de TDIC para mediar o ensino de inglês em sala de aula. As leituras
efetuadas, bem como os dados coletados, até o momento, nos permitem afirmar que há
benefícios concernentes à autonomia, ao empoderamento e à recursividade no
planejamento de atividades e escolhas de objetivos nas aulas desses professores.
Linguística de Corpus na Licenciatura em língua inglesa: Investigando
a práxis de graduandos em pré-serviço
CRISTINA ELUF
[email protected]
VANDER VIANA
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As novas tecnologias têm impactado sobremaneira a educação, impulsionando a
transformação de modelos convencionais de ensino em novas práticas pedagógicas.
Para atuar efetivamente nesse mundo conectado, docentes em formação precisam
desenvolver sua autonomia e criticalidade e aprender a aplicar as mesmas à sua futura
prática pedagógica. Dessa forma, esses eles estarão mais aptos a ensinar as novas
gerações de aprendizes da pós-contemporaneidade. Na área dos estudos da linguagem,
as novas tecnologias têm contribuído para a popularização da Linguística de Corpus
(LC) ao permitir que pesquisadores investiguem o uso de determinada língua (ou um de
seus usos) em grandes quantidades de dados (e.g. Sinclair, 1991, 2004). Apesar da
inserção da LC na pesquisa científica, o seu emprego em contextos educacionais ainda é
limitado (Leech, 1998), especialmente no Brasil (cf. Viana &Tagnin, 2011). O presente
estudo visa preencher essa lacuna através da investigação do uso da LC por licenciandos
de inglês em escolas públicas brasileiras.A comunicação relatará resultados parciais de
uma pesquisa financiada pela British Academy e pelo Newton Fund (AF 140172) na
qual licenciandos de Letras (habilitação em língua inglesa) da Universidade do Estado
da Bahia - Campus XIV foram introduzidos à LC e solicitados a utilizá-la como base
para o desenvolvimento de atividades pedagógicas. Articuladas à agenda do professor
regente, essas atividades foram implementadas pelos licenciandos como parte do estágio
docente em escolas da zona rural do município de Conceição do Coité. Os diferentes
atores sociais (i.e. professor regente, licenciados e alunos da escola) foram entrevistados
de modo a verificar suas percepções acerca do (in)sucesso do uso da LC no ensino de
inglês. O projeto propõe uma alternativa à formação docente em língua inglesa a partir
da inserção dos fundamentos da LC, e, mais especificamente, da criação e aplicação,
por parte de licenciandos, de atividades direcionadas por corpora.
IMPLICAÇÕES SOBRE O USO DE APLICATIVOS TRADUTORES
EM AULAS DE INGLÊS: Um estudo de caso comparativo sobre o
processo de revisão dialogada de textos em inglês traduzidos
automaticamente envolvendo os softwares google tradutor e
bingtranslator
SANDERSON MENDANHA PEIXOTO
[email protected]
BARBRA SABOTA
[email protected]
Esta comunicação tem por objeto, a partir de uma análise de traduções automáticas
feitas por alunos do Ensino Médio de uma escola pública da Cidade de Goiás, por
intermédio dos softwares Google tradutor e Bing translator, verificar alternativas de
utilização destes aplicativos no processo ensino-aprendizagem de Língua Inglesa como
Língua Estrangeira, dentro de uma visão sociocultural. Para autores como LarsenFreeman (2001), Oliveira (2014) e Figueiredo (2001), a abordagem colaborativa, ou
sociocultural, considera a língua como um instrumento de comunicar informações,
enfatizando as funções sociais da linguagem. A coleta dos dados aconteceu no 1º
bimestre de 2015 quando as aulas de inglês foram observadas (e filmadas) em uma
turma de 3º ano do ensino médio em uma escola pública o estado de Goiás. Como
instrumentos auxiliares de coleta contamos com questionários, notas de campo de rodas
de conversa. Em análise ao corpus, percebemos que os alunos revisaram
colaborativamente os produtos das traduções produzidas pelos aplicativos, comparando
resultados e observando as limitações dos mesmos. A partir destas atividades, tivemos a
oportunidade de observar como os referidos tradutores automáticos e as ferramentas da
internet permitem-nos reconhecer os modos como as línguas são usadas, em contextos
diferenciados, sobretudo, com o uso de tecnologias digitais. A execução de traduções
com o auxílio dos aplicativos demonstrou que a utilização destes, em sala de aula,
detém, de fato, uma implicação pedagógica de pensar o ensino de línguas estrangeiras
com propósitos colaborativos, compreendendo, pois, que a língua é interação social. As
limitações apresentadas pelas máquinas tradutórias foram compensadas, a partir de
trabalhos em grupo, em que foi possível fazer com que os sujeitos envolvidos pudessem
produzir melhores resultados do que se atuassem individualmente, comprovando, deste
modo, que a complementaridade de esforços e capacidades individuais fazem a
diferença no processo ensino-aprendizagem de línguas.
O sujeito e o conhecimento nas redes sociais: qual o conhecimento
desejado para a educação?
ANA CRISTINA FRICKE MATTE
[email protected]
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Aquilo que se chamou web2.0 é dado hoje como um espaço de enorme potencial para o
uso educacional. Este trabalho vai comparar a web que se vende e a web que se compra
a fim de discutir os limites do que é aproveitável na internet para a educação e como
esse aproveitamento pode ser, ou não, inovador em relação àquilo que comumente
chamamos de educação tradicional. Tendo em vista este objetivo, discute-se
semioticamente a noção de sujeito em redes sociais, a noção de conhecimento na rede e
na academia e os próprios conceitos de web 2.0, ambientes virtuais de aprendizagem e
educação tradicional. A base teórica é a da semiótica greimasiana, com autores como
Greimas, Fontanille, Zilberberg, Tatit, Barros e Fiorin. O corpus das análises, com foco
na temporalidade, na definição de objeto e na tensividade, é constituído por experiências
no ensino superior em disciplinas a distância em nível de graduação, especialização e
pósgraduação estrito senso na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas
Gerais, no segundo semestre de 2012 e no primeiro semestre de 2015.
-Pois mostra que está presente no mundo-: os grafites e as pichações na
paisagem linguística da cidade de Juiz de Fora/MG
MARIANA SCHUCHTER SOARES
ANA CLAUDIA PETERS SALGADO
[email protected]
[email protected]
O objetivo deste trabalho é discutir a presença de recursos/fragmentos de línguas
estrangeiras em pichações e grafites na cidade de Juiz de Fora/MG, considerando os
tempos de superdiversidade (VERTOVEC, 2007; BLOMMAERT, 2010) em que
estamos inseridos. A superdiversidade está ligada a fatores como imigração, surgimento
e expansão da Internet, questões de mobilidade social e desenvolvimento da tecnologia
em geral, que têm promovido contatos linguístico-culturais muito mais frequentes e,
consequentemente, a ampliação dos repertórios comunicativos (RYMES, 2010). Assim,
essa pesquisa de abordagem qualitativa e de cunho etnográfico considera esse
movimento de superdiversidade existente no mundo inteiro, em diferentes graus, através
de dados coletados em entrevistas com pichadores e grafiteiros, bem como em
fotografias da paisagem linguística da cidade. Nesse sentido, o grafite pode ser
considerado tanto como parte de fluxos transculturais globais quanto como práticas
subculturais locais. Isso quer dizer que, apesar de essas manifestações artísticas e
linguísticas existirem por todo o mundo, elas ganham contornos locais, de acordo com
as características de determinada região e de seus idealizadores (PENNYCO , 2009). A
diversidade de línguas presente nessas manifestações, consideradas como transgressoras
por serem feitas de forma ilícita em sua maioria, evidencia a realidade urbana atual e as
diferentes identidades que são construídas e que coexistem em um mesmo espaço. Não
estamos falando apenas de línguas estrangeiras dispostas em não-lugares, mas também
de pessoas, que escolhem os recursos a serem utilizados motivadas por suas
experiências de vida, bem como participam de interações a todo tempo com outros
indivíduos em espaços físicos e virtuais. Também não falamos de línguas enquanto
estruturas monolíticas, mas de línguas móveis, que são modificadas – e, às vezes,
ganham até mesmo status de lo alikelanguage (BLOMMAERT, 2012), e desempenham
papéis simbólicos e econômicos neste espaço em constante processo de construção.
Da apropriação tecnológica à teoria ator-rede: questões acerca do uso
do celular em sala de aula
LUANA PERONDI KHATCHADOURIAN
[email protected]
[email protected]
O objetivo dessa comunicação é levantar algumas questões acerca do uso do aparelhos
móveis – com foco nos smartphones - equipados com internet em sala de aula. Como
professora, presencio o uso da internet em sala de aula - em especial entre alunos do
ensino médioda rede pública estadual na zona leste da cidade de São Paulo - de forma
espontânea e como meio de comunicação e de consulta à internet. A partir deste cenário
de uso constante de aparelhos celulares em sala de aula por esses alunos, proponho
como pesquisa de doutorado realizar um estudo partindo de uma ação dentro da
chamada educação 2.0 , baseada na participação, na convergência e no remix dos
conteúdos envolvidos nas atividades. Falo, particularmente, da preocupação que o
profissional docente deve ter em garantir que a interação entre máquina, ser humano e
informação seja não só percebida como fenômeno social, mas abordada, tomada e
preparada pelos participantes conscientemente, de forma a propiciar uma comunicação
em que o caráter social e ideológico sejam construídos por meio de uma linguagem que
traduza e transpareça o aspecto inovador dessa comunicação, ele próprio constituinte
essencial nesta interação. Tal ação, ainda em curso,propõe o uso das aplicações de
tecnologia dos smartphones em sala de aula que conduzam o aluno a uma determinada
apropriação (DELANEY et al., 2008), a fim de que ele seja capaz de inovar, tendo
consciência de que, em princípio, tudo não passa de relações de poder. Para tanto,
abordarei a questão teórico-metodológica de ator-rede proposta por Latour (LATOUR,
2000, 2005, BUZATO, 2010, 2012), que abarca qualquer tipo de fenômeno associativo
que reúna entidades humanas e não-humanas em cadeias de tradução e deslocamento de
forças e significados.
As estratégias de construção do ethos no discurso do grupo
Anonymous Brasil: a charge como formação ideológica.
LARISSA GUIDA (FAPERJ)
[email protected]
larissa.p.s.guida@outlo .com
Com a crescente popularização das redes sociais, temos observado o alargamento de seu
alcance. O presente trabalho toma por foco a atuação do grupo Anonymous Brasil, que
participando deste ambiente virtual, levanta discussões referentes ao campo político e
das práticas sociais. Todo ato de tomar a palavra relaciona-se diretamente com a
construção de uma imagem (ethos) para o público [1]. Essa construção, durante o
discurso, possui forte ligação com a enunciação. Logo, o ato de enunciação está
relacionado com o modo com que o locutor utiliza a língua, trazendo significado à
mesma [2]. Dessa forma, pretendemos estudar as práticas discursivas do grupo
Anonymous Brasil a partir das charges postadas nos meses de junho de 2013 e junho de
2014 em sua página no Facebo para refletir como seu ethos é construído e que
implicações ele gera na imagem do Brasil, no período especificado. Nos marcos do
objeto a ser analisado por este estudo, a ida às ruas pressupõe uma produção/circulação
intensa de textos (conversas, convites, reclamações, convocações, cartazes, charges,
entre tantos outros), antecipando uma atribuição de sentido ao que se fará. Longe de
assimilar a visão segundo a qual a linguagem apenas relata o que se realiza -fora- dela,
discutiremos que é a própria linguagem uma ação social. Por fim, diríamos ainda que
pretendemos discutir como as ações convite/crítica/convocação são realizadas pelo
Anonymous Brasil discursivamente.
O Professor E Suas Representações Sobre Cursos De Formação Em
Contexto Digital: Um Estudo De Caso Em Belém Do Pará
AYVANIA ALVES-PINTO
[email protected]
[email protected]
Este trabalho tem como objetivo investigar que representações um grupo de professores
participantes de um curso de formação em língua materna, na modalidade a distância e
em contexto digital, têm sobre essa modalidade. Tendo em vista conhecer que
representações revelam sobre cursos de formação de professores; sobre a participação
em um curso, antes, durante e após a realização do curso e sobre o aprendizado nessa
modalidade. Como fundamentação teórica que o embasa estão presentes a teoria das
representações, a partir de Moscovici (2010), Farr (2010), Jovchelovitch (2011),
Minayo (2011), entre outros. Os conceitos das questões históricas da educação a
distância e das políticas governamentais voltadas para esta modalidade educacional,
além da formação de professores, partindo da formação em geral e direcionando para a
formação no/para o contexto digital, destacando alguns fatores sociais que justificam
essa prática, com fundamentação em Pimenta (2010), Coll e Monereo (2010), Libâneo
(2010), Perrenoud (2007), e outros. A pesquisa insere-se no quadro metodológico do
estudo de caso, com base em Yin (2006), Stake (1995, 2000). A pesquisa foi
desenvolvida a partir da montagem e aplicação de um curso, na modalidade a distância,
que visava a formação de professores. Os participantes foram cinco professores de
Língua Portuguesa da rede estadual de educação do estado do Pará. Os dados formam
coletados por meio de três questionários de pesquisa, que ocorreram no início, no meio
e no final do curso. Os resultados obtidos a partir da observação das representações dos
professores apontam para a aprovação, para a aceitabilidade, e para o reconhecimento
da modalidade como uma possibilidade concreta de formação. O conhecimento
proporcionado por esta investigação pode servir como subsídio na busca de alternativas
para a formação de professores.
Signo e mediação: a inovação tecnológica no ensino da linguagem
VÂNIA MARIA DE VASCONCELOS
[email protected]
A pesquisa acerca da linguagem e sua recepção em espaços virtuais é muito recente e
dispõe de poucas abordagens, no entanto nos utilizamos da teoria semiótica peirceana
para a análise e compreensão do fenômeno. Por estudar todo e qualquer sistema de
signos, a semiótica dá conta da observação, análise e interpretação do nosso objeto de
estudo em questão: o ensino e aprendizagem da linguagem em ciberespaço. Em
contexto cibernético, a comunicação é definida como a troca de informação entre
sistemas dinâmicos capazes de receber, armazenar e processar informação (KLAUS,
1969 apud SANTAELLA e NOTH, 2002: 45). A questão que se coloca é: será mesmo
possível (re)conhecer em um sistema sígnico de rede as competências dos seus usuários
a partir de seu desempenho em comunicações neste tipo de ambiente? A rapidez é o que
caracteriza o hipertexto em informática, será que essa dinamicidade pode ser aliada ao
processo de aprendizagem? Consideramos o fato de ajudar o aluno, por tornar-lhe
sujeito nesse processo; ou concordamos que não contribui para a retenção de
aprendizado, pois pela mesma velocidade com que vêm as informações, elas também se
vão. De fato, este é um dos desafios a serem transportados para o ensino presencial ou
virtual. Com o intuito de apresentar observações e interpretações quanto a interação do
usuário em ciberespaço formal como sala de aula, utilizaremos o ambiente de ensino
virtual e presencial, moodle, em curso regular de graduação da UFPB, e de outra parte,
observaremos as contribuições de alguns blogs e páginas do facebo . Esta foi escolhida
por criar ultimamente muita controvérsia no sentido de ser combatida pelo senso
comum, por considerá-la meio de espalhar fofocas, falácias e perfis falsos (fakes), mas
que não se pode negar um gosto popular e erudito ao mesmo tempo.
NTDICs & LEs: uma revisão sistemática da literatura
GISELE LUZ CARDOSO
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[email protected]
Em virtude da mudança do paradigma analógico para o digital, que surge da revolução
tecnológica pela qual passamos, agregado ao grande interesse pelo uso das novas
Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (NTDICs) nos processos de ensino
e aprendizagem de Línguas Estrangeiras (LEs), esta apresentação visa mostrar os
resultados de uma revisão sistemática da literatura produzida no Brasil nos anos de 2010
a 2014, para se identificar o estado da arte dos estudos sobre NTDICs aplicadas ao
ensino de LEs no país. Para tanto, foram acessados dois portais, a princípio: (1) o portal
Capes de periódicos (http://www.periodicos.capes.gov.br) e (2) o banco de teses e
dissertações da Capes (http://bancodeteses.capes.gov.br). Numa segunda fase, outras
bases de dados foram consultadas: sites de bibliotecas de universidades públicas e sites
de periódicos eletrônicos brasileiros Qualis A. Determinadas palavras-chave foram
empregadas nos campos de buscas das fontes supracitadas e resumos de trabalhos foram
selecionados nas áreas de Letras, Linguística (Aplicada), Educação (relacionadas com
línguas) e Estudos Linguísticos. Critérios de inclusão e exclusão foram estabelecidos
para se estreitar o escopo da revisão bibliográfica e chegou-se ao seguinte resultado: 13
artigos, sete teses e treze dissertações selecionados. Os resumos dos 33 trabalhos foram
lidos, compilados e analisados a fim de se saber o contexto das pesquisas, seus
objetivos, metodologias empregadas e principais resultados. Através da análise
documental aplicada, verificou-se que as 33 pesquisas empregaram análises qualitativas
de dados, com foco na formação de (futuros) docentes de línguas, que são, portanto, os
principais sujeitos das pesquisas encontradas. Enfim, foi observado que faltam mais
pesquisas longitudinais e que empreguem análises quantitativa e estatística de dados,
com foco no estudante e na aprendizagem/aquisição da LEs com o auxílio das NTDICs,
como as móveis por exemplo.
O gênero pulha digital: características textuais modeladas por
software
DÁFNIE PAULINO DA SILVA
[email protected]
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O presente trabalho deriva de nossos estudos sobre a função do software na constituição
do gênero digital, investigando a impregnação mútua entre linguagem e tecnologia.
Nosso trabalho observa a construção e evolução de um gênero que identificamos como
pulha digital. Aplica-se a teoria de Mikhail M. Bakhtin para distinguir a pulha enquanto
um gênero específico, identificando elementos de temática, estrutura composicional e
características de estilo. Nosso trabalho investiga como tal gênero é composto, circula e
modifica aspectos textuais devido à vinculação a softwares e interfaces de serviço que o
suportam, como e-mail e rede social. Com base na teoria de Machado e no conceito de
transcodificação cultural de Manovich, encaramos os gêneros digitais como formas
arquitetônicas cujas estruturas são modeladas por linguagens artificiais. Assim, gêneros
digitais são enunciados com base em duas camadas porosas que produzem significado
conjuntamente: interface textual e camada computacional. As transformações
composicionais e estilísticas da pulha digital iluminam como essa relação ocorre e como
as duas camadas dialogam. Em análise, observamos como mediações computacionais
impregnam a construção do gênero, verificamos que características como título,
linguagem apelativa, brevidade, seleção de imagens, vídeos, hiperlinks, vocabulário e
referências cientificas são elementos determinados pela circulação em e-mails e outras
propiciações desse canal. A pulha digital é um gênero anterior ao advento dos motores
de busca e redes sociais, assim, investigamos como ela adaptou-se a novos aplicativos e
plataformas de disseminação, agregando recursos multimodais, em um conjunto de
transformações que exige leitores preparados com letramentos cada vez mais complexos
para gerar pulhas ou reconhecê-las enquanto textos falsos. Concluindo, acreditamos que
a pulha digital proporciona um objeto excelente para compreender o funcionamento e
construção de gêneros digitais, pois reforça a necessidade de uma abordagem
investigativa que abarque a camada computacional, evitando uma perspectiva
superficial voltada somente aos aspectos da camada textual.
Interação e aprendizagem na Educação a Distância: o papel do fórum
na construção de letramentos num curso de formação de professores
ANTONIO CARLOS SANTOS DE LIMA
[email protected]
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Na sala de aula, a construção do conhecimento abrange sujeitos singulares, porém
sociais, ocupantes de diferentes papeis, compartilhando experiências entre si. Mas é a
figura do professor que, em geral, se sobressai em relação aos demais sujeitos. Por essa
razão, e também em razão da escolha teórico-metodológica, a interação na sala tende a
ser mais assimétrica; os interlocutores, devido à diferença de papéis, não têm a mesma
oportunidade de fala. Entretanto, na Educação a Distância, pela própria natureza dessa
modalidade de ensino, tende a oferecer oportunidades de interação simétrica, e o fórum,
por sua vez, assume importante papel nesse tipo de interação. O presente trabalho, uma
tese de doutorado em andamento, tem como objetivo analisar a importância do fórum
como instrumento para a promoção da aprendizagem a partir de uma relação simétrica,
pois nessa vivência, o sujeito em formação pode exercer sua autonomia, ainda que
relativa, a partir dos conteúdos que lhe são apresentados. Portanto, numa perspectiva de
interação simétrica e de construção colaborativa de conhecimento favorece-se o
desenvolvimento de letramentos necessárias para a atuação desses sujeitos nos mais
variados contextos.
Tecnologias Digitais Móveis, Ensino de Línguas Estrangeiras e a
Pesquisa Narrativa
KARINA APARECIDAVICENTIN
[email protected]
No mundo contemporâneo, marcado pelos impactos das tecnologias de informação e
comunicação, como também pelo processo da globalização, nota-se uma crescente e
necessária demanda por um ensino de línguas estrangeiras que se utilize das tecnologias
digitais móveis nas salas de aula. Essa pesquisa reflete sobre a apropriação e reflexão
acerca dos usos das tecnologias digitais móveis por professores de línguas estrangeiras
através de um Curso de Extensão oferecido pelo Instituto de Estudos da Linguagem
(IEL) da Unicamp para professores de línguas, tratando dos conceitos de m-learning
(PEGRUM, 2014), apropriação (RODRIGUEZ, 2006), narrativas digitais e pesquisa
narrativa (MENEZES, 2013). Compreendemos a pesquisa narrativa como metodologia
de pesquisa qualitativa que parte da experiência do sujeito num processo reflexivo de
contar e viver histórias, por meio de narrativas digitais em blogs e outras plataformas,
estabelecendo relação com os textos teóricos que as fundamentam considerando suas
múltiplas possibilidades de interpretação. Esperamos, com essa pesquisa, promover o
debate sobre as práticas de ensino e o ensino/aprendizagem de línguas com o uso de
tecnologias móveis.
Letramento crítico visual: explorando a língua em muitas formas
GISELA SANTOS DA COSTAS
[email protected]
SELMA DE BRITO CARDOSO OLIVEIRA
[email protected]
Letramento crítico visual é uma noção relativamente recente no campo da linguagem e
do ensino de língua estrangeira. Ele está incluído nas definições mais atuais de
letramento e é promovido como um elemento essencial da educação do Século 21. No
entanto, existem algumas dificuldades na tentativa de desenvolver o letramento crítico
em sala de aula (SANTOS COSTA, 2014). Sendo assim, esta comunicação tem como
objetivos (1) enfatizar que a integração do letramento visual no currículo escolar pode
incentivar o pensamento crítico (LAI-FEN YANG,2014; TILLMANN, 2012). O crítico,
neste trabalho, passa a ser visto não apenas como análise fundamentada, mas como uma
análise procurando descobrir os interesses sociais e políticos na produção das imagens e
recepção em relação aos efeitos sociais, culturais, de poder e dominação no contexto de
vida dos alunos (FREIRE,1996), e (2) apresentar uma atividade crítica visual agentiva
explorando o fotografia da invasão do morro do Alemão na cidade do Rio de Janeiro
com o objetivo de mostrar não só os benefícios de incluir comunicações visuais nas
abordagens multimodais (WALSH,2012) para a aprendizagem de línguas, mas também
para mostrar algumas estratégias que podem ser aplicadas nas salas de aula para ensinar
os alunos uma forma de codificar e decodificar os artefatos de sua cultura e trabalhar
com o fenômeno da agência na escola (RODRIGUEZ, 2014; VAN LIER, 2008;
MILLER ,2009). Nesta pesquisa, agência é um processo de desenvolvimento pessoal
interativo entre agente e ambiente que envolve: autoestima, autoconfiança, exigência
pessoal entre outros. Neste estudo, serão utilizados tables e os celulares dos alunos com
os quais desenvolverão atividades utilizando as fotografias como textos multimodais.
As imagens serão transferidas por Bluetooth e a atividade crítica será distribuída de
modo impresso ou digital. Aplicar-se-á ainda a técnica das discussões de pirâmides
(Pyramid discussions), onde os alunos formarão grupos cada vez maiores, à medida que
realizarem uma discussão a partir das leituras das imagens propostas. Essa técnica é útil
para a prática de uma série de funções, incluindo concordar, discordar, negociar,
resumir, e argumentar. O público-alvo desta comunicação são alunos, professores e
pesquisadores que têm interesse de conhecer estratégias de aplicação do letramento
visual em sala de línguas dentro da linha de pesquisa da Linguagem, Tecnologia e
Educação .
A autonomia do aprendiz no ensino e aprendizagem de Língua Inglesa:
Uma percepção de affordances
MARCO AURÉLIO COSTA PONTES
[email protected]
Com a rápida disseminação das tecnologias digitais, torna-se impossível não relacionar
esse movimento com o ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras, mais
especificamente, o Inglês, que de acordo com Crystal (2003), é uma língua global. Essas
tecnologias digitais proporcionam ao aluno a possibilidade de uma aprendizagem mais
rápida, devido ao grande número de acesso a informações (PRENSKY, 2001). Isso faz
com que o processo de ensino e aprendizagem se torne mais autônomo, centrado no
aprendiz. Portanto, o aprendiz precisa perceber o mundo em sua volta e essa
complementariedade entre o aprendiz e o meio em que ele está inserido (PAIVA, 2010)
é de extrema importância para o ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira, já
que pode propiciar a autonomia. Pesquisas precisam então ser feitas para pontuarem
quais são as maneiras pelas quais os aprendizes aprendem uma LE, seja dentro ou fora
da sala de aula, levando em consideração principalmente o ambiente informal de ensino.
Partimos então de uma percepção ecológica do ambiente com o termo affordances,
cunhado por Gibson (1986) nos seguintes termos: “as affordances do ambiente são o
que ele oferece ao animal, o que ele provê ou proporciona, tanto positivamente quanto
negativamente” (GIBSON, 1986, p. 127). Affordances são efetivadas por meio da
complementariedade do animal com o ambiente, por isso acreditamos que o ambiente
informal da aprendizagem está cheio de affordances esperando para serem efetivadas. A
presente pesquisa, ainda em andamento, se classifica como qualitativa, de cunho
etnográfico e participante (SEVERINO, 2009), pois as observações não serão passivas e
envolverão interação com os participantes. Esperamos identificar quais são as
ferramentas digitais que os alunos utilizam para estudo fora da escola e analisar a
percepção dos aprendizes em relação às diferentes possibilidades de utilização do meio
digital para seu processo de aprendizagem em espaços formais e informais.
O processo de criação de tutoriais e vídeos como mediadores de
letramentos digitais para professores em pré-serviço
PATRÍCIA DA SILVA CAMPELO COSTA BARCELLOS
[email protected]
[email protected]
Este trabalho discute o processo de criação de tutoriais e vídeos para o uso de
ferramentas digitais em uma disciplina a distância focada nos processos de ensino e
aprendizagem de língua estrangeira (LE). A disciplina Ensino de Língua Estrangeira e
Tecnologia (EAD) se propõe a fomentar o trabalho em rede entre os licenciandos de LE
do curso de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Especificamente, essa é uma disciplina voltada a alternativas de currículo, organização
de conteúdos e avaliação em ambiente digital. Em suma, a disciplina (que conta com
alunos de licenciatura em inglês, espanhol, italiano, alemão e francês) tem como
objetivo a discussão e familiarização com tecnologias digitais passíveis de serem
aplicadas em aulas de LE. Para tanto, os professores em formação lidam com
dispositivos digitais que podem utilizados em suas práticas futuras na mediação da
aprendizagem. Visto ser essa uma disciplina a distância, notou-se a necessidade de
elaboração de tutoriais relacionados ao uso das ferramentas digitais abordadas na
disciplina, de modo que os letramentos digitais (LANKSHEAR; KNOBEL, 2011) dos
alunos fossem fomentados. Os tutoriais foram criados em formato de vídeo e através do
uso do software Wink, o qual se destina justamente à elaboração de tutoriais e
apresentações. Além dessas criações, também foram produzidos vídeos direcionados a
professores em formação e professores em serviço, nos quais são sugeridas práticas
pedagógicas mediadas pelas ferramentas digitais específicas mostradas nos tutoriais.
Tais materiais formaram um repositório transformado em canal do YouTube, a partir do
qual tanto a comunidade acadêmica quanto a comunidade externa têm acesso ao
conjunto de mídias elaborado e constantemente atualizado. Neste trabalho, é tecida uma
análise de como ocorreu o processo de construção dos materiais, a fim de que
futuramente se avalie também como ocorre a recepção desse repositório por parte dos
professores.
Disneylandia: Um estudo sobre a produção de materiais didáticos para
o ensino de espanhol e o estabelecimento de redes de conhecimento.
JÚLIO CEZAR MARQUES DA SILVA
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O uso de materiais autênticos no ensino de Línguas Estrangeiras Modernas (LEM) tem
sido cada vez mais objeto de estudo e crítica. Há, entre as muitas linhas teórico-práticas,
o embate entre a permanência de materiais integralmente forjados para fins didáticos e o
uso cada vez mais latente de materiais retirados de contextos reais de uso de língua,
transpostos ao contexto de sala de aula. Que critérios devem ser utilizados na escolha
deste ou daquele tipo de material para trabalharmos com nossos alunos? Uma
ferramenta fundamental para difusão da produção cultural mundial é o site youtube, o
que o torna uma das mais destacadas fontes de materiais para uso em sala de aula. O
presente trabalho se propõe problematizar o uso dessa ferramenta como elemento
didático e mapear a sua influência no estabelecimento de redes de conhecimento.
Roteiro para análise de Ambientes Virtuais de Aprendizagem
VÂNIA MORAES
Maria Aparecida GarciaLopes Rossi
[email protected]
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A Educação a Distância é uma realidade e tende a crescer, como indica o Censo do
Ensino Superior no Brasil. Também no ensino fundamental e médio, diversas
escolasestão fazendo uso de ambientes virtuais no processo de ensino e aprendizagem.
No entanto, não há ainda um modelo ideal de Ambientes Virtuais de Aprendizagem
(AVA) – e possivelmente nunca haverá – em razão de esses se construírem por meio de
um processo contínuo, marcado pelos avanços tecnológicos, os quais são cotidianos, e
pelo complexo processo de utilização das TICs no ensino e aprendizagem. Análise de
AVA de três instituições de Ensino Superior realizada por Moraes (2014) evidencia que
esses ambientes reproduzem didaticamente os procedimentos tradicionais de ensino, não
utilizando toda a capacidade inovadora das tecnologias para promover a interação entre
todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Isso mostra que é sempre
possível e desejável que os AVA passem por análises, avaliações e adequações. A
complexidade dos elementos constitutivos dos AVA, entretanto, dificulta uma análise
mais completa e acurada desses ambientes. Assim, o objetivo desta pesquisa é propor
um roteiro para análise de AVA que contemple o contexto sócio-histórico em que esses
ambientes estão inseridos, bem como os seus elementos estruturais, com foco nas suas
possibilidades interativas. A pesquisa fundamenta-se em teorias da Midia-Educação
como parte de um campo de conhecimento interdisciplinar, englobando Ciência da
Educação e Ciência da Comunicação. Os resultados de uma análise de AVA baseada
nesse roteiro contribuem para diferenciar qualitativamente seus elementos estruturais,
uma vez que quanto maiores forem as possibilidades de avaliação dos AVA, maiores
serão as possibilidades de adequá-los para atender as necessidades interativas da
educação atual.
Multiplicando modalidades, ampliando sentidos: construção
hipermodal na Wikipédia
RAFAELA SALEMME BOLSARIN
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A proposta da presente comunicação é discutir a construção de sentidos hipermodal sob
a perspectiva da gramática do design visual da Semiótica Social (KRESS; VAN
LEEUWEN, 2006), tendo como objetivo compreender como são construídos
significados em verbetes da Wikipédia por meio dos diversos modos e modalidades
presentes na página. Para isso, utilizaremos como dispositivo teórico-analítico as
metafunções representacionais, orientacionais e organizacionais (LEMKE, 2002),
realizando uma análise multimodal de uma página da Wikipédia, a fim de que possamos
ampliar a leitura de seus significados por meio de uma abordagem que considere as
especializações funcionais dos diferentes modos e suas modalidades em cada
metafunção, localizando-os ainda dentro de uma rede múltipla de possibilidades a partir
dos hipertextos da World Wide Web. Nesta perspectiva, procuramos mostrar como é
construído o sentido no verbete enciclopédico sobre a própria Wikipédia, explorando as
relações entre textos escritos, imagens, vídeos, tabelas e hipertextos, e identificando
possibilidades de diálogos entre cada modalidade. Dessa forma, entendemos a escrita
não mais como o único modo possível de se extrair sentidos, ou mesmo o principal
deles, mas sim como uma possibilidade entre as diversas disponíveis, colaborando para
a leitura conforme suas potencialidades e suas limitações. Portanto, utilizamos como
base o conceito da multimodalidade de que toda significação ocorre a partir da relação
entre diversos meios semióticos, porém sem perder de vista que se trata de um objeto
hipermodal na medida em que as multi modalidades são interconectadas em rede via
hipertextos. Assim, defendemos a importância dos multiletramentos e suas implicações
para a aprendizagem, destacando desafios e potenciais no trabalho com a
multimodalidade e a hipermodalidade.
Avaliação discente sobre curso online de Inglês Instrumental
ANA EMILIA FAJARDO TURBIN
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A obrigatoriedade da disciplina Língua Inglesa Instrumental em diversos cursos de
graduação gera grande demanda para complementação de créditos, sendo sua oferta
insuficiente. Avaliou-se a implementação do Moodle como componente obrigatório
para realização desses cursos, visando atender mais alunos. Os resultados revelam os
benefícios da plataforma, mas mostram a necessidade em sepensar temas como
avaliação e administração das aulas híbridas. O objetivo desta comunicação éapresentar
resultados da análise dos escritos dos alunos sobre a eficiência do curso de Inglês
Instrumental online . Para tanto pediu-se aos alunos (no escopo de um estudo de caso)
respostas à perguntas enviadas via the Moodle Forum. A fundamentação teórica destas
análises apoia-se em Van Lier (1998), Hutchinson (1987) Mc Donough (2000) d al. A
análise das respostas tem como fundamentação teórica Schutze(2010).
As Relações Dialógicas e o Projeto de Lei nº 6583/2013 (Estatuto da
Família)
CARLOS LUIZ ALVES
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O presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise dialógica doProjeto de Lei nº
6583/2013, que tramita na Câmara Federal, de autoria do Dep. Anderson Ferreira (PRPE), que tem por objetivo a elaboração de um “Estatuto da Família”. Trata-se de um
projeto polêmico, elaborado pela bancada evangélica, que defende uma concepção de
família tradicional, ou seja, de um casamento ou união estável entre um homem e uma
mulher, como previsto no Art. 226 da Constituição Federal. Defensores de um modelo
tradicional cristão de família, a bancada evangélica também luta para fazer valer
algumas alterações na Lei 8069/90, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), em
que somente pessoas casadas civilmente ou que mantenham união estável poderão ter
condições para adoção. Ao tomar tal postura, a bancada evangélica, por meio de
dispositivos legais, procura coibir a adoção por casais homoafetivos, contrariando as
decisões já deliberadas pelo Supremo Tribunal Federal. Situação crítica que já suscita
debates nas diversas mídias. Procuraremos neste trabalho, analisar algumas “vozes” que
se apresentam a favor e também outras que são contrárias ao projeto. Analisaremos os
discursos, que exigem revisão do documento, principalmente, em seu Artigo 2º. A partir
dos pressupostos teóricos do Circulo de Bakhtin e da ADD (Análise Dialógica do
Discurso), procuraremos por meio deste trabalho identificar as relações dialógicas
presentes no momento da elaboração do Projeto de Lei “ Estatuto da Família”. Além das
relações dialógicas, estudaremos as questões ideológicas que perpassam os discursos e
que contribuem para uma versão definitiva do Projeto de Lei, cujo processo de
elaboração e de tramitação propõe desafios e uma maior atenção por parte dos analistas
do discurso. Ao estudarmos esse gênero, que pertence a esfera jurídica, pretendemos
contribuir um pouco para o desenvolvimento dos estudos linguísticos.
Comunidades de aprendizagem em EaD: o conceito de alteridade como
prática de inclusão social
SIMONE CAMACHO GONZALEZ
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Este trabalho faz parte de um projeto de pesquisa maior intitulado “Encontros
Interculturais na EaD: Narrativas de Vida dos Diferentes Brasis”, na linha de pesquisa
Tecnologias da Inteligência: Mídias para Narrar Histórias. Tori (2010) alerta para uma
necessária ressignificação da palavra distância quando aplicada ao EaD. De fato, a
palavra distância surgiu para diferenciar essa modalidade de educação daquela que
promove o encontro presencial entre os seus sujeitos. As diversas ferramentas síncronas
e assíncronas presentes em uma plataforma de EaD requerem constantes interações,
diálogos e negociações entre os membros participantes tornando o ambiente virtual um
lócus de prática social (Knobel e Lankshear, 2008). Knobel e Lankshear também
apontam que é significativo o aumento de pesquisas relacionadas com temas como raça,
etnicidade, gênero, sexualidade e religião, desenvolvidas por meio dos letramentos
digitais. Tendo essas considerações como ponto de partida, este trabalho visa discutir e
compreender o conceito de alteridade (Gusmão, 1999) sob a perspectiva do
multiculturalismo encontrado nas mais diversas regiões do Brasil, afinal, segundo
afirma Gusmão: “O outro, hoje, é próximo e familiar, mas não necessariamente é nosso
conhecido”. O objetivo do trabalho é possibilitar que os participantes do projeto, alunos
de um curso de Letras EaD, (re)conheçam a diversidade sociocultural de suas
comunidades e construam uma visão crítica sobre essa multiculturalidade para agir
como cidadãos conscientes da importância da inclusão social. O trabalho encontra-se
em fase de coleta de dados nos fóruns de discussões onde os alunos postam suas
narrativas de vida que para Smith e Watson (2010) são ferramentas para a identificação
de valores compartilhados e para as negociações das diferenças.
A Educação a Distância e a Inclusão Social
CIELO GRIZELDA FESTINO
[email protected]
No momento presente quando as novas tecnologias estão mediando o processo de
letramento se faz importante discutir a efetividade e complexidade da interação
implícita na Educação a Distância (Doravante EaD) para a inclusão social em um país
geograficamente vasto e culturalmente heterogêneo como o Brasil. Nesse contexto,
visamos desenvolver o projeto “Encontros Interculturais na EaD: Narrativas de Vida
dos Diferentes Brasiles” desenhado no Curso de Letras, (Licenciatura em Português,
Português e Inglês e Português e Espanhol) de uma universidade privada de São Paulo,
a Universidade Paulista/Interativa, com polos em grande parte do território nacional. O
projeto tem como principal objetivo relacionar as comunidades dos estudantes dos
diferentes polos, conectados pela EaD, através de uma forma particular de
autobiografias, as narrativas de vida, definidas Smith e Watson (2010) como “ um ato
de auto-representação através de todos os tipos de media que consideram a vida do
enunciante como seu principal sujeito tanto em forma escrita, performativa, visual,
fílmica ou digital”. Por sua vez, a temática dessas narrativas de vida estão de acordo
com o projeto do Ministério de Educação e Cultura “Gênero e Diversidade na Escola”
(2008), desenvolvido para a formação de professores da EaD que argumenta que, como
é bem conhecido, as leis contra a discriminação não são suficientes se não houver uma
transformação na mentalidade e práticas da população.
Inclusão Social em um curso EaD sobre narrativas de Vida
PALMA SIMONE TONEL RIGOLON
[email protected]
[email protected]
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2011, divulgados pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostram que a proporção de pessoas que
utilizam a internet passou de 20,9% para 46,5%. Isso mostra que o número de pessoas
conectadas tem aumentado consideravelmente. O Censo do Ensino Superior 2010 do
Ministério da Educação, divulgou em 2011 que o aumento pela procura de cursos de
graduação na modalidade EaD foi maior em relação aos cursos presenciais. As
narrativas escritas pelos alunos participantes do projeto serão organizadas por meio de
experiências comuns com foco nos problemas das diferenças relatados pelos
participantes e que revelem a diversidade cultural nacional a partir de uma visão
pessoal. Com isso as diferenças serão ressaltadas com o intuito de que o interlocutor
consiga entender e compreender que ser diferente faz parte de nossa aldeia global.
Sendo assim, os “encontros” culturais, proporcionados a distância pelo projeto,
possibilitarão que a diversidade seja entendida como parte das diversas culturas
existentes em nosso país. Cultura é entendida segundo Tylor (apud Laraia (2001, p.25),
como “todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou
qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma
sociedade”. Diante disso, percebemos que a internet dá origem ao multiculturalismo, ou
seja, culturas heterogêneas que fazem surgir o sujeito constituído por uma cultura
híbrida, que tem sua identidade composta por fragmentos de outras culturas. A
globalização então, é o “espaço” que possibilita a convivência com a diversidade, com o
diferente e pode proporcionar um entendimento mais igualitário.
Área: Linguagem e Tecnologia
Produção de poemas através do uso do computador no ensinoaprendizagem de língua inglesa e de língua materna com alunos de
uma escola pública
MARILÉA ROSA ILÁRIO LOPES
FERNANDA DA SILVA ALVISSU PRIZOTO
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Focaliza-se, neste trabalho a produção de poemas através do uso do computador no
ensino-aprendizagem de língua inglesa e materna com alunos do 9º ano do ensino
fundamental II (EF II) de uma escola pública. Os objetivos deste estudo foram de
verificar como o uso do computador pode auxiliar na produção de poemas em língua
inglesa e portuguesa tendo como referencial as habilidades de produção escrita
indicadas pelos Parâmetros Curriculares de Língua Estrangeira Moderna – PCN – LE –
(BRASIL, 1998) e dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (BRASIL, 1998) a
serem desenvolvidas com alunos do 9º ano e de caracterizar o quanto o computador é
ferramenta essencial ao professor ao ser usado como componente decisivo no processo
de aprendizado de línguas (WARSCHAUER, 1996); CHAPELLE, 2003); LEFFA,
2006). A pesquisa teve como fundamentação teórica as habilidades de produção escrita
a serem desenvolvidas, especificamente, com alunos do 9º ano (PCN-LE, PCN,
BRASIL, 1998), caracterização do quanto o computador é ferramenta essencial para o
professor ao ser usado como componente decisivo no processo de aprendizado de
línguas (WARSCHAUER, 1996); CHAPELLE, 2003); LEFFA, 2006), o fato de o
computador permitir pesquisar, produzir novos textos, (MORAN, 2000) e a inserção
dos computadores na escola tem o desafio social de preparar futuros cidadãos e o
pedagógico de melhor atendimento as necessidades de aprendizagem dos sujeitos
(TAJRA, 1998). Para realizar este trabalho, utilizamos um corpus composto por dois
poemas The Raven (POE, 2012) e O Morcego (ANJOS,1998). Para conduzir este
estudo, os alunos reescreveram, escreveram e revisaram as próprias produções poéticas
em inglês e em português de acordo com as habilidades de produção escrita propostas
pelos PCN – LE; PCN (BRASIL, 1998) no programa de computador Word sobre a
temática macabra e os autores estudados. Esta pesquisa apresenta os resultados da
produção dos poemas produzidos e digitados nos computadores pelos alunos.
Qual é a natureza da escrita colaborativa no meio virtual na aula de
inglês?
SÉRGIO GARTNER
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pedagógica desenvolvida na aula de Inglês em um contexto virtual de aprendizagem
como L2, que teve o objetivo de desenvolver a escrita por meio da colaboração entre
pequenos grupos e pares. Especificamente, apresento um recorte da minha pesquisa de
doutorado referente à interpretação e à discussão. Apresento os temas e sub-temas que
emergiram das leituras e interpretações dos textos coletados à luz da abordagem
hermenêutico-fenomenológica (AHF), com base em Freire (1998, 2007, 2008), que tem
o intuito metodológico de investigar um dado fenômeno humano através da descrição e
interpretação de uma ou várias manifestações, buscando compreender sua essência.
Portanto, essa metodologia foi o caminho usado para se fazer uma interpretação e
compreender o fenômeno da escrita colaborativa no meio digital. Em um nível mais
específico e teórico, buscou-se fazer uma leitura desse fenômeno, dialogando com os
princípios do paradigma da complexidade estabelecidos por Morin (1999, 2003, 2004, e
2007) e Moraes (2008). Acredito que o pensamento complexo e a abordagem AHF
estão em dialogia para compreendermos melhor a dinâmica desse processo de escrita,
utilizando um recurso pedagógico tecnológico para o desenvolvimento da escrita da
língua inglesa enquanto língua estrangeira. Entendo que a escrita é um processo
embricado composto por fases que se interligam, às vezes dependentes umas das outras.
Os temas e sub-temas surgem dos questionários reflexivos, dos comentários registrados
dos aprendizes e dos textos produzidos por eles. Percebeu-se que tal projeto
pedagógico em contextos de ensino-aprendizagem podem ser benéficos para muitos
aprendizes pelo fato de promover a escrita colaborativa em L2, estimular a autonomia
dos aprendizes,a consciência sobre as limitações lingüísticas e o desenvolvimento de
um senso critico em relação à escrita pessoal e à do outro.
A poesia e sua interface com gêneros multimodais: uma ferramenta
semiótica no ensino de língua materna
EDSÔNIA DE SOUZA OLIVEIRA MELO
[email protected]
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Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa realizada com os alunos do 1º ano
Ensino Médio, contemplando um gênero de texto da esfera literária, o poema, e sua
interface temática e funcional com outros gêneros organizados por diferentes
linguagens, como os videoclipes. Levando em consideração a perspectiva enunciativodiscursiva, Bakhtin (2000; 2002) assumida neste trabalho, tivemos a preocupação de
propor um projeto de atividades práticas com enfoque na leitura e na produção textual
com os gêneros poéticos, visando atender às condições de produção e à circulação desse
gênero discursivo. Dessa forma, organizamos o projeto em sequências didáticas,
conforme proposto por Dolz, Schneuwly e Noverraz (2004), e nos embasamos, também,
em outros autores que propõem trabalho em forma de projetos, como Rojo (2010,
2011), Lopes-Rossi (2002ª, 2002b, 2003) e Barbosa (2001). Além dos pressupostos
teóricos para a produção da SD estudamos também sobre o ensino de línguas, com
destaque para as atividades relacionadas à literatura, ao trabalho com gêneros e à análise
linguística, conforme pressupõem as Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino
Médio (OCEM). O corpus desse estudo compreende a produção de videoclipes. Os
resultados demonstraram que os videoclipes constituem-se em um rico instrumento de
ensino-aprendizagem nas aulas de Língua Portuguesa, especialmente para estimular a
prática de leitura.
Éthos e intencionalidade: Discurso persuasivo na propaganda
institucional
MARIA FÁTIMA DE SOUZA
[email protected]
[email protected]
Essa proposta tem a intenção de salientar a importância que os cartazes publicitários
impressos ainda exercem na multiplicação das informações. Para tanto, é objetivo do
presente trabalho, mostrar a intencionalidade do enunciador através do éthos projetado
na linguagem verbo visual e evidenciar aspectos linguísticos e não verbais que apontem
a persuasão do anúncio publicitário com foco nem prevenção de epidemias. Delimita-se
a análise comparativa de dois cartazes publicitários, um da campanha do Ministério da
Saúde e outro, da Prefeitura Municipal de São José dos Campos, relacionados ao
combate à epidemia de Dengue e Chukungunya. Para tanto, recorreremos às
contribuições de Vygotsky (1991), Brandão (2009), Charaudeau (2008), Brait (2010) e
Bakhtin (2011). Esclarecemos que as condições de produção do discurso relacionam-se
aos sujeitos, como protagonistas envolvidos na enunciação e a situação que se
enquadram na estrutura social estabelecendo uma relação de interação entre o
enunciador, o enunciatário e o contexto. Consideramos as contribuições de Brandão
(2009, p. 7) que diz que o discurso é o espaço em que saber e poder se unem, se
articulam, pois quem fala, fala de algum lugar, a partir de um direito que lhe é
reconhecido socialmente. Consideramos também as contribuições de Charaudeau (2008,
p. 24): A finalidade do ato de linguagem (tanto para o sujeito enunciador quanto para o
sujeito interpretante) não deve ser buscada apenas em sua configuração verbal, mas, no
jogo que um dado sujeito vai estabelecer entre esta e seu sentido implícito. Tal jogo
depende da relação dos protagonistas entre si e da relação dos mesmos com as
circunstâncias de discurso que os reúnem. E para concluir, ainda reforçando o viés
social da linguagem, Brait (2010) esclarece que, para Bakhtin, o discurso é um evento
social, fruto da interação entre os participantes do enunciado e os elementos históricos,
sociais e linguísticos.
O ensino-aprendizagem de Francês Língua Estrangeira através do
gênero multimodal tutorial: a Sequência Didática
ALINE HITOMI SUMIYA
[email protected]
Esta comunicação tem o intuito de apresentar um conjunto de atividades pedagógicas
construídas sistematicamente para se trabalhar o gênero multimodal tutorial em sala de
aula: a Sequência Didática (SCHNEUWLY; DOLZ, 2004). Ela foi construída para uma
pesquisa de mestrado que tem por objetivo estudar o desenvolvimento de alunos
adolescentes que aprendem o Francês como Língua Estrangeira (FLE) por meio desse
gênero. Com essa sequência, temos o objetivo de verificar se ela contribui para o
desenvolvimento das capacidades de linguagem dos alunos, bem como investigar os
aspectos motivacionais no ensino-aprendizagem de Francês Língua Estrangeira para
esse público. Assim, desenvolvemos uma sequência que permitiu explorar o gênero
tutorial com os alunos, tanto do ponto de vista da compreensão, quanto da produção
textual. Para criar a SD, tem-se a necessidade de criar o Modelo Didático (MD), pois é
através dele que observamos as dimensões ensináveis de um determinado gênero. O
MD do gênero tutorial foi construído com base no modelo de análise textual do
Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) proposto por Bronckart (1999, 2006, 2008) e sua
equipe. No entanto, esse gênero não é construído somente de elementos verbais, mas na
confluência de elementos verbais e visuais. A fim de observar os elementos
multimodais na construção do texto, nos baseamos no quadro da Semiótica Interacional
(LEAL, 2011). Esse quadro propõe a junção do modelo de análise textual do ISD – para
observar os elementos verbais – com os elementos analíticos propostos por Kress e Van
Leeuwen (2006) na Gramática do Design Visual – para os elementos multimodais.
Performatividade de Identidades Nacionais em Sessões de Teletandem
PAOLA DE CARVALHO BUVOLINI FREITAS
[email protected]
[email protected]
A presente pesquisa ambiciona estudar os sujeitos que participam do
projeto,Teletandem Brasil – Línguas estrangeiras para todos, na função de interagentes
deste espaço virtual de aprendizagem e ensino de língua e cultura online. Neste
movimento de intercâmbio de línguas, a identidade nacional foi tomada como objeto de
pesquisa para evidenciar como o interagente do Teletandem se (re)constrói,neste
espaço, através da performatividade e como as identidades nacionais desses sujeitos
estão sedimentadas ao social e quanto são híbridas. Assim, a pesquisa pode esclarecer
que sedimentações assolam os interagentes que as manifestam, via iterabilidade, a fim
de evidenciar o quanto a globalização e a tecnologia fomentam nossa proximidade
cultural e linguística, ressignificando tal sujeito. A metodologia está baseada em estudo
de caso de três pares de interagentes e é exploratória. Através das transcrições das
falas,destaco termos como meu, minha, eu, aqui, aí para salientar as marcas de
identidade nacional. Por isso, o quadro teórico passa pelos estudos de identidade e
sujeitos trazidos por Hall, Silva, Bauman, Rolnik e se encontra com os estudos da
performatividade da filósofa Judith Butler ancorados nas ideias de sedimentação e
iterabilidade trazidos por Derrida. O que salta da prática inovadora do teletandem é a
ideia de que não podemos estudar identidades nacionais somente via os estereótipos
disseminados pelo mundo.Eles são constitutivos dessa nacionalidade, efeito de práticas
sociais consolidadas/sedimentadas, mas não são o todo neste processo, principalmente,
porque com a contemporaneidade novas práticas se instalaram e o contato com sujeitos
de nacionalidades diferentes é tão constante que parece que não há tantas diferenças
subjetivas e sociais entre os paresanalisados e seus espaços, o que pode evidenciá-los
como híbridos.
Lugar da cultura em interações de parcerias de teletandem
institucional.
MAISA ZAKIR
[email protected]
[email protected]
Este trabalho apresenta um estudo exploratório de natureza etnográfica, que investiga
parcerias telecolaborativas entre alunos de uma universidade pública no Brasil e de uma
universidade privada nos Estados Unidos. A pesquisa integra o projeto Teletandem e
transculturalidade na interação on-line em línguas estrangeiras por webcam,
relacionando-se ao eixo temático “modos de compreender a cultura do parceiro e seus
impactos sobre a aprendizagem e sobre a relação”. O objetivo central é investigar o
lugar da cultura no contexto de uma parceria de teletandem institucional. Os alunos
participantes da pesquisa estiveram em contato durante parte do primeiro semestre de
2012 em dez interações realizadas via Skype e contaram com recursos de áudio, vídeo e
mensagens escritas. Foram gravadas as cinco últimas sessões de teletandem, cujas
transcrições constituem os dados focais deste estudo. Considerando o princípio do
dialogismo a partir da premissa da constituição do eu pelo outro, e a produção de
sentidos como parte integrante das atividades sociais dos participantes da pesquisa, os
dados são interpretados à luz dos princípios teórico-metodológicos da Análise Dialógica
do Discurso. Assim, os textos de diferentes materializações produzidos pelos
participantes são considerados para fundamentar a interpretação dos dados e, portanto,
investigar questões linguísticas, sociais e ideológicas, constitutivas da multiplicidade de
discursos analisados no material documentário. Os resultados contribuem para
pensarmos a formação de professores e outros profissionais que vivenciam um contexto
cada vez menos marcado por barreiras geográficas, desenvolvendo-se, assim, uma
possível cidadania transcultural por meio do contato com variadas línguas e culturas.
Nesse sentido, são apontadas perspectivas para a práxis do mediador em teletandem,
considerando o entendimento da noção de cultura em sua dimensão discursiva.
Letramentos digitais e aprendizagem situada: a participação em
congressos on-line no Estágio Supervisionado de Espanhol
ELIZABETH GUZZO DE ALMEIDA
[email protected]
Neste trabalho, analisaremos os modos de participação de professoras em pré-serviço
em dois eventos de letramento digital em duas disciplinas do Estágio Supervisionado de
Espanhol. A razão da inserção dos congressos on-line no programa das disciplinas
baseou-se na visão situada da aprendizagem (LAVE, 1991; LAVE; WENGER, 1991) e
nos letramentos (HEATH, 1982, STREET, 1984) e letramentos digitais
(LANKSHEAR; KNOBEL, 2006; BUZATO, 2007). A perspectiva situada considera a
aprendizagem distribuída em uma estrutura complexa e se dá in situ, onde as pessoas se
apropriam do conhecimento em ação, ou seja, as pessoas agem em cenários, e não
apenas na mente dos indivíduos. Pensamos que os contextos físico e social em que uma
atividade ocorre são parte integrante dessa atividade. Nosso objetivo é mostrar a
mudança de participação e as consequências dessa mudança nas aprendizagens das
alunas. A trajetória de participação e o construto Participação Periférica Legítima de
Lave e Wenger (1991) se adéquam para a análise da mudança de participação das alunas
nos dois eventos de letramento digital. No primeiro evento, as alunas são todas
“ouvintes” de um congresso on-line, já no segundo, uma das alunas atua apresentando
um trabalho com base em um trabalho de campo do Estágio Supervisionado de
Espanhol desenvolvido no semestre anterior. Como abordagem metodológica, adotamos
uma perspectiva etnográfica (HEATH, 1983; GREEN; DIXON; ZAHARLIC, 2005),
acompanhamos durante um ano o grupo de alunas do Estágio Supervisionado de
Espanhol e utilizamos como instrumentos de coleta de dados logs de chats de palestras
dos congressos on-line, diários reflexivos, entrevistas e fóruns on-line. Para as
participantes da pesquisa ao participarem de congressos dessa natureza e não ter as
aulas apenas na sala de aula convencional abrem-se outros modos e loci de
aprendizagem. Como resultados observamos que a mudança de participação em eventos
de letramento digital como esses propiciam novos focos de aprendizagem.
Área: Linguagem e Trabalho
TED Talks: será o (re)nascimento das palestras?
ALESSANDRA ALVES PEREIRA BRAGA DE MIRANDA
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Fazer apresentações já era valorizado na Antiga Grécia, onde falar em público era
essencial ao cidadão para defender direitos e participar da política. O gênero palestra
voltou a ganhar espaço. Sinais disto, são o surgimento nos últimos 10 anos de empresas
especializadas no desenvolvimento de apresentações corporativas, o aumento da busca
por palestrantes no mercado e o grande número de profissionais que adotaram a
atividade de palestrante como profissão. Chama atenção também o alcance das palestras
como as do TED, a conferência global reúne palestrantes de diferentes países voltados
para diversos temas. Um bilhão de visualizações foi o número alcançado pelos vídeos
de 18 minutos em 2012. Hoje, já são 1900 palestras disponíveis e traduzidas para 97
línguas. De fato, expor ideias de modo envolvente e claro por meio de apresentações é
valorizado na atualidade. Mas que fatores no contexto sócio-histórico atual, marcado
pelo aparato midiático, têm motivado a disseminação das palestras? As apresentações
do TED são indícios de uma ressignificação no gênero como o conhecemos? Se sim,
que traços as caracterizam? Por meio desta pesquisa, busca-se analisar com base na
análise do discurso francesa proposta por Maingueneau, vídeos das palestras divulgados
no site ted.com. Uma sociedade não se distingue das formas de comunicação que ela
torna possíveis e que as tornam possível (MAINGUENEAU, 2013, p.82). Este
postulado reforça a relevância do estudo que mobiliza as noções de cenas de
enunciação, gênero discursivo, mídium e comunidades discursivas. Do ponto de vista
metodológico foram selecionados vídeos com maior audiência, palestras caracterizadas
como inspiradoras pelo público e por fim, temas mais frequentes dentre os vídeos com
maior audiência. O trabalho contribuirá para a linha de pesquisa, pois permitirá a
investigação das transformações e influências do contexto sócio-histórico sobre a
valorização e -mutações- possíveis ao gênero discursivo palestra.
A construção de uma estética do trauma no telejornalismo brasileiro
contemporâneo: notas interpretativas sobre a linguagem como
trabalho
ANDERSON SALVATERRAMAGALHÃES
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JOÃO MARCOS MATEUS KOGAWA
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O objetivo desta comunicação é demonstrar como a midiatização de casos de tosquias
de mulheres constroem, na e pela linguagem, uma estética do estranhamento que
referenda discursos flagrantes de fronteiras sócio-histórico-culturais. Para isso,
articulam-se, teoricamente, o pensamento bakhtiniano, sobretudo sua insistência na
dimensão semiótico-ideológica da linguagem, e postulados barthesianos, em especial o
entendimento da constituição semiológica de trauma. Metodologicamente, cotejam-se
registros e divulgação de tosquia feminina em duas inscrições históricas: na França, por
ocasião da chamada Liberação na década de 1940, e no Brasil da atualidade, em
comunidades cariocas que convivem com a cultura do tráfico. A comparação proposta
visa, por um lado, a identificação de ressonâncias entre vozes de diferentes contextos
epaço-temporais que discursivizam e reiteram certa significação sócio-cultural do ato de
cortar os cabelos, sobretudo de mulheres, comoum gesto de violência, e, por outro, o
delineamento das especificidades culturais que, no trabalho com a linguagem na
documentação histórica francesa e na produção telejornalística brasileira, desenham
relações ético-estéticas divergentes. Assim, no estudo apresentado, procura-se responder
à seguinte questão: como, depois de tantas décadas, essa voz do pós-guerra francês que
tem sido trabalhada na historicização daquele país emerge no contexto brasileiro e nele
é midiatizado (res)significando as mesmas práticas? A análise empreendida aqui mostra
que a -prosa das tosquiadas" mobiliza vozes diferentes que, ao imprimirem suas marcas
nos enunciados, estratificam a linguagem e desenham fronteiras sócio-culturais.
Interação E Persuasão Em Artigo De Opinião De Carlos Heitor Cony:
Um Enfoque Sistêmico-Funcional
MARIA PIEDADE TEODORO DA SILVA
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O objetivo desta pesquisa é o exame do artigo de opinião, “Esfola! Mata!”, Carlos
Heitor Cony publicado no site da Academia Brasileira de Letras e verificar sua estrutura
em termos dos estágios de gênero bem como as escolhas léxico-gramaticais que
realizam a interação do artigo com o seu leitor. Uma das principais funções de artigos
de pesquisa é persuadir o leitor sobre a validade das afirmações do escritor. Nesse
sentido, a leitura dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) – Língua Portuguesa –
mostra a preocupação do Ensino Médio em relação a pelo menos três aspectos
principais em relação à compreensão e à produção da escrita: (a) o reconhecimento da
relação entre informação e retórica, por meio do reconhecimento da persuasão feita
através de avaliação explícita ou implícita, envolvendo a convicção e a sedução; (b) a
consideração das características léxico-gramaticais de diferentes gêneros com especial
atenção aos recursos de coesão e coerência; (c) a intersubjetividade, ou seja, a
consciência de que a atitude no discurso não é a apresentação linguística transparente de
estados internos de conhecimento, mas emerge da interação dialógica entre
interlocutores. Um aspecto importante do sistema de valores subjacente ao texto – a
ideologia – pode ser descrito linguisticamente em termos de avaliação presente nos
textos. A pesquisa tem apoio na Gramática Sistêmico-Funcional (GSF), teoria cuja
multifuncionalidade – expressa pelas três metafunções da linguagem: Ideacional,
Interpessoal e Textual – é essencial à análise do discurso, apontado como o melhor
modo para se examinar a conexão entre a estrutura linguística e os valores sociais.
Embora as três metafunções façam parte da minha análise, o foco recai na metafunção
Interpessoal, que inclui a Avaliatividade, Na essência, a Avaliatividade é um enquadre
que mapeia os recursos que usamos para avaliar a experiência social. Esses recursos
podem se realizar através de várias estruturas gramaticais e léxico. A pesquisa responde
às seguintes perguntas: (a) como é feita a estruturação do artigo de opinião, levando em
conta a questão de gênero? (b) que escolhas léxico-gramaticais são feitas em “Esfola!
Mata!”em termos da Avaliatividade? A análise mostra que a Avaliatividade capta de
maneira compreensiva e sistemática os padrões avaliativos globais que ocorrem no
artigo examinado.
A paratopia e a pessoa com deficiência no mundo do trabalho
LETÍCIA AMOROSO
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O presente trabalho faz parte de uma das etapas teóricas da dissertação de mestrado A
pessoa com deficiência no mundo do trabalho: discurso e atividade. O objetivo desta
exposição é entender e investigar a concepção de paratopia proposta pelo analista do
discurso francês Dominique Maingueneau através da inserção da pessoa com
deficiência no mercado de trabalho. Vale pontuar que este tema de mestrado está
inserido na linha de pesquisa
e, mais amplamente, do ponto de vista teórico,
apoia-se em conceitos propostos por Schwartz (2010), a partir da perspectiva
ergológica, tais como atividade de trabalho, norma, renormalização e debate de valores,
articulando-os àqueles pertinentes à perspectiva enunciativo-discursiva. Entendemos
como paratopia uma “negociação difícil, entre o lugar e o não-lugar”
(MAINGUENEAU,1995, p.28) do indivíduo que não encontra um grupo e busca um
posicionamento. Considerando que a paratopia se inscreve no indivíduo por meio de
uma atividade de criação enunciativa,temos por objetivo ampliar a questão proposta
pelo autor. Segundo Maingueneau, a paratopia anuncia ao mesmo tempo o
pertencimento e o não pertencimento e, sendo assim, consideraremos que seu
significado avança em outros sentidos (não fica estagnada na paratopia criativa, que foi
a primeira discussão) como o que se pretende explorar aqui: a paratopia identitária
(Maingueneau, 2010).
O ensino da escrita representado em textos produzidos por professores
após um processo de formação continuada.
GISELE MARIA SOUZA BARACHATI
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Esta pesquisa de mestrado tem como tema as representações de professores sobre a
tarefa de ensinar a escrever. Inserido em um processo de formação continuada, esse
profissional constrói representações sobre seu trabalho, que podem interferir em seu agir
em sala de aula. Esse trabalho visa a identificar e analisar as representações do ensino
da escrita, configuradas em um texto produzido por uma professora, após um percurso
de formação continuada. Essa pesquisa desenvolveu-se com base nos aportes teóricos
do ISD e contribuições da Clínica da Atividade. Foi analisado o texto oral de uma
professora de, que participou de oficinas dedicadas ao estudo de práticas metodológicas
de ensino da produção textual.
Uma Trilha Investigativa de base Enunciativa e Ergológica na
interface Linguagem-Trabalho Docente
CARLOS FABIANO DE SOUZA
[email protected]
Este trabalho pretende apresentar uma trilha de investigação delineada por um recorte
teórico-metodológico de um projeto de mestrado em fase de desenvolvimento no
Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem da UFF, cujo enfoque se dá na
intersecção
docente. Trata-se de um estudo à luz de uma lente discursivoenunciativa e suas interconexões com fundamentações de caráter ergológico. Nessa
perspectiva, objetiva-se analisar as falas de professores de inglês sobre o seu trabalho
em Cursos Livres - espaços de ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras, não
regulamentados por órgãos do governo de cunho educacional. Para tanto, ancoramos
nossa pesquisa na abordagem ergológica da atividade (SCHWARTZ, 1997), a qual nos
permite abordar a realidade da atividade humana e, particularmente, a atividade de
trabalho, sendo este complexo por ser composto por várias dimensões. Pode-se afirmar
que a ergologia é uma perspectiva pluridisciplinar em razão de a atividade humana ser
muito complexa para se compreender e analisar a partir de uma única disciplina
(TRINQUET, 2010). Salienta-se que tomamos por base ainda o enfoque que leva em
conta a linguagem sobre o trabalho, proveniente do recorte metodológico desenvolvido
por Lacoste (1998). No que concerne às práticas linguageiras, nossa rota também abarca
a concepção dialógica de linguagem (BAKHTIN, 2011) - ligada à própria ideia de
língua enquanto espaço de interação verbal. Espera-se, assim, não apenas investigar as
falas desses professores, mas, sobretudo, auxiliar na compreensão da complexidade do
trabalho desse profissional, dando visibilidade para que esse sujeito e o seu trabalho
sejam reconhecidos profissionalmente como legítimos dentro da comunidade discursiva
da qual fazem parte.
A mediação do trabalho do professor por duas propostas do PNLD na
área de ensino de Língua Portuguesa
ANA LÚCIA HORTA NOGUEIRA
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MAÍSA ALVES SILVA
SILMARA REGINA COLOMBO
Atualmente todas as escolas públicas brasileiras recebem livros do Programa Nacional
do Livro Didático, que se desdobra em diferentes programas. A partir das contribuições
da ergonomia francesa para análise do trabalho (Bronckart, 2006; Machado e
colaboradores, 2007, 2009, 2011) e da perspectiva discursiva de linguagem (Bakhtin,
2004; Geraldi, 1997), propõe-se a retomada de quatro coleções de livros didáticos
selecionadas pelo PNLD para o 1º ano do Ensino Fundamental, voltadas ao processo de
alfabetização, e das atividades propostas para o 5º ano do Ensino Fundamental pelo
PNLD-Dicionários, com o objetivo de discutir as implicações das orientações presentes
nestas propostas para a constituição da atividade do professor. Por meio da análise do
contexto de produção de livros didáticos são problematizadas as concepções que
veiculam, bem como as vozes presentes nas orientações ao professor e os diferentes
destinatários. Tendo em vista o processo de análise das coleções, realizada através de
procedimentos da análise documental, percebe-se a presença de diversos destinatários.
Mesmo quando as orientações do livro didático se dirigem ao professor, estão voltadas
aos avaliadores do PNLD, como resposta aos requisitos do edital de inscrição. Com
relação ao PNLD-Dicionários, discute-se a falta de articulação entre materiais que
compõem o mesmo programa, sendo eles o livro didático, os dicionários que compõem
o acervo do 5º ano e o Guia Dicionários em Sala de Aula, que traz orientações aos
professores e sugestões de atividades em sala de aula. As análises das situações de
interação em sala, permeadas por este material, sugerem que a proposta para que esses
materiais sejam complementares não se efetiva. Tais análises explicitam como as duas
propostas produzem significativo impacto sobre o trabalho do professor, levantando
argumentos para refletir acerca da constituição do trabalho docente, da autonomia e do
professor e da forma como pode se tornar autor de seu próprio trabalho.
*As autoras agradecem o apoio da FAPESP, nas modalidades Auxílio à Pesquisa (Ana
Lúcia Horta Nogueira) e Bolsa de Mestrado (Maísa Alves Silva).
A modalidade falada do inglês e a tradução em português: um enfoque
da Gramática Sistêmico-Funcional
BRUNA MARZULLO
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As escolhas lexicogramaticais que caracterizam uma interação oral autêntica em inglês
ainda não mereceram a atenção devida. Esta pesquisa compara a modalidade falada do
inglês, no caso, as interlocuções ocorridas em duas entrevistas do programa Late Night
Show with David Letterman, no canal CBS, com as traduções em português, feitas nas
respectivas legendas. Levo em conta que as legendas devem seguir normas que incluem
sua extensão e que, dessa forma, seu conteúdo linguístico nem sempre pode ser idêntico
ao do original, sendo em geral menos extenso. Assim, o que interessa à minha pesquisa
é determinar as características do material omitido. Dos três significados construídos
pela língua -ideacional, interpessoal e textual -, analiso o segundo, considerando que
uma oração organiza a informação como um evento interativo (função interpessoal).
Nesse contexto, enfoco a expectativa linguística em relação em especial à polidez. A
expectativa linguística envolve, entre outros fatores, o nível de formalidade linguística
adequado ao contexto de situação e de cultura, que deve ser respeitado com risco de
insucesso na comunicação. O exame das interações enfocará basicamente: a Modalidade
(envolvendo a Modalização e a Modulação) e a Avaliatividade (envolvendo a avaliação
- explícita ou implícita - da mensagem ou dos interlocutores). A pesquisa deve
responder às seguintes perguntas: (a) Que diferença existe entre as interlocuções de uma
entrevista em inglês ocorridas em um programa de TV e as respectivas legendas em
português em relação em especial à polidez? (b) Que papel exercem a Modalidade e a
Avaliatividade nesse processo? A análise conta com o apoio da proposta teóricometodológica da Gramática Sistêmico-Funcional (GSF). A pesquisa mostra que há
diferenças tanto nas escolhas lexicogramaticais que realizam a polidez quanto na
frequência de seu uso.
A representação da escola construída na mídia
MONICA REBECA BRANDÃO ALVES
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O presente trabalho, inserido na linha de pesquisa, tem por objetivo analisar e comparar
75 textos retirados do Jornal Folha de São Paulo e Estadão, que tratem de questões
relativas à educação, a fim de compreender como ela é representada na mídia nacional.
Os textos foram coletados durante o período de Fevereiro de 2013 a Fevereiro de 2014.
Para entender a importância que a educação tem na formação, transformação e
desenvolvimento de uma sociedade assumimos como base teórica a Linguística
Sistêmico Funcional (HALLIDAY 1985/1994/2004) para a apreensão das avaliações,
das representações que os textos apresentam sobre educação. As perguntas que norteiam
a pesquisa são: Como a educação é representada pelos textos midiáticos investigados?
Que características de contexto emergem através das escolhas feitas? O que essas
escolhas representam em relação à perspectiva Profissional do Professor? . O programa
computacional WordSmith Tools (Scott, 1999) está sendo utilizado como instrumento
metodológico. A lista de palavras, ferramenta presente no WordSmith Tools, já mostra
que os processos verbais são mais presentes no textos retirados da Folha de São Paulo.
Perguntas retóricas e didáticas em dois sermões de Vieira: 'O Sermão
da Sexagésima' e o 'Sermão do Mandato'
PAULO DE TARSO GALEMBECK
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[email protected]
Este trabalho visa a estudar as ocorrências d epergun- tas retóricas e didáticas nos
dois sermões indicados, com o objetivo de verificar o papel desses procedimen- tos na
estruturação do texto e no estabelecimento e manutenção da interação entre o
pregador e os ouvintes. Entende-se por perguntas retóricas e didáticas a classe
específica de interrogações recorrentes em determina- das formas de interação
assimétrica (aquela em que há um responsável pelo desenvolvimento do tópico discur e
pela condução do processo interacional). Ao contrário das demais formas de perguntas
(presentes na interação diálogica), as perguntas didáticas e retóricas não buscam a
obtenção de uma resposta, pois seu objetivo é chamar a atenção dos ouvintes para um
dado assunto (principalmente assuntos polêmicos), a fim de encaminhá-los a uma
conclusão. Além disso, estabelece-se a diferença entre perguntas didáticas e retóricas:
as pri- meiras são seguidas por uma resposta formulada pelo próprio expositor, ao
passo que nas perguntas retóricas não existe a resposta ou ele fica subentendida. As
ocorrências serão classificadas de acordo com as variáveis a seguir: a) tipo da pergunta
(retórica o didática); b) modo de introdução da pergunta (perguntas introduzidas de
modo direto
ou perguntas antecedidas por um enunciado justificador ou
contextualizador; c) modo de apresentação das perguntas (perguntas isoladas ou
perguntas em série; d) relação com o desenvolvimento tópico (introdução, expansão ou
conclusão). Os resultados obtidos apontam para o amplo predomí nio de perguntas
retóricas, introduzidas de modo direto e apresentadas de forma isolada e ligadas à
expansão do tópico em andamento.
Made in BRICS: Design de hipermídia de homepages de revistas de
arte produzidas em cinco países sob o enfoque sistêmico-funcional
MARISA NASCIMENTO
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Neste trabalho é analisada a organização da informação de homepages de revistas de
artepor meio do design que as configuram. Dentro do layout, que abarca o conteúdo de
uma página online,significados são construídos por meio da interação das diversas
semioses. Tais significados podem ser resgatados na análise multimodal, tendo em vista
que a navegação em hipermídias se pauta na forma, na estrutura e na estética do
ambiente virtual. Ao enfocar as funções da linguagem e seu uso na esfera das relações
humanas, os conceitos da Teoria Sistêmico-Funcional embasam análises úteis acerca do
significado que emerge do texto. Esta abordagem não fica restrita à linguagem verbal,
podendo ser aplicada a outros sistemas semióticos. Nesse sentido, a AMD contribui
para entender os efeitos de sentido decorrentes do hipertexto a partir do design de
hipermídia em que se organiza a informação. O corpus deste trabalho é constituído por
amostras de homepages de cinco revistas de arte e cultura provenientes dos países do
bloco BRICS: a revista Bravo!,do Brasil; a revista Iskusstvo (Искусство), da Rússia; a
revista ART India, da Índia; a revista LEAP (艺术界), da China; e a revista Art Times,
da África do Sul. Como metodologia de pesquisa, é utilizada a análise de conteúdo,
identificando variações e padrões que ocorrem no corpus, e elaborando categorias de
análise para os componentes das homepages estudadas. Os resultados mostram que as
cinco homepages apresentam sistemas semelhantes em termos de gramática visual e
web design, apesar de suas realizações serem distintas. A pesquisa também aponta que é
preciso atentar-se para o fato de países emergentes estarem se destacando não só pela
economia, mas também por tendências diversas, tais como produção de conteúdo
midiático voltado para as artes e atuação nas esferas do design de hipermídia.
Do planejamento ao replanejamento do trabalho docente no ensino
superior: uma atividade evidenciada em situação de autoconfrontação
SOLANGE ARIATI
[email protected]
ANSELMO LIMA
DALVANE ALTHAUS
Esta comunicação apresenta uma análise de aspectos do planejamento e do
replanejamento do trabalho docente em resposta a dificuldades que ocorrem no processo
de ensino-aprendizagem em sala de aula. Os dados foram produzidos em sessões de
autoconfrontação (cf. FAÏTA, 1996; CLOT, 2010), realizadas com professores do
ensino superior no âmbito de uma ação de formação continuada. O material audiovisual
resultante foi transcrito de acordo com as normas do projeto NURC/SP (Preti, 1999).
Sua análise é feita com base em um referencial teórico proveniente da ergonomia da
atividade docente e da clínica da atividade. Os resultados das análises dos diálogos
revelam que o professor se depara com a não realização da atividade solicitada aos
alunos, que era a leitura de textos disponibilizados previamente. O que o professor
esperava de seus alunos era que eles realizassem o que lhes havia prescrito com a
finalidade de que se preparassem para participar da aula. No entanto, o que é prescrito
aos alunos não se transforma em tarefa realizada, e sim em uma tarefa esperada.
(SOUZA-e-SILVA, 2003). As imagens do docente em atividade e seu discurso para
explicar o trabalho revelam que ele encontrou duas estratégias de superação dessa
dificuldade: o uso de uma pergunta e o uso de um exemplo do cotidiano. A pergunta
inquieta os alunos, leva-os a pensar sobre o conteúdo e a tentar esboçar alguma resposta
ou ao menos a esperar por ela. O exemplo relaciona o conteúdo com algo que é próximo
dos alunos e os leva mais facilmente a aprender após terem sua curiosidade aguçada.
Com essas estratégias o professor contorna a não realização da atividade prescrita de
modo a garantir, apesar de tudo, alguma qualidade do processo de ensino-aprendizagem.
Além do planejamento prévio da aula, se revelou necessário o replanejamento devido às
dificuldades do acontecimento real do processo de ensino-aprendizagem.
O discurso das personagens literárias no original e na tradução
SOLANGE PEIXE PINHEIRO DE CARVALHO
[email protected]
[email protected]
O escritor italiano Andrea Camilleri ficou conhecido principalmente por causa do uso
pouco convencional da linguagem, ao introduzir diferentes línguas minoritárias e
românicas em suas narrativas; uso que remete a uma situação linguística, sociocultural e
histórica da Sicília. Essa forma de falar está profundamente ligada a uma ideia de
pertencimento, (não) ser siciliano, e coloca para os leitores o confronto entre as
personagens que (des)conhecem a cultura siciliana e a interação entre elas, envolvendo
aspectos como hierarquia, amizade e afeto. Tais questões representam um desafio para
os tradutores: como apresentar os diversos discursos das personagens em português, se
nossa realidade sociocultural é bastante diferente da italiana? Nos textos originais é
apresentado o confronto entre diferentes realidades culturais, portanto, quais seriam as
possíveis soluções para mostrar para nossos leitores o princípio da alteridade tão
presente na linguagem das personagens, se nós temos no Brasil o que Tarallo e Alckmin
chamam de “multidialetismo ameno”?
Este trabalho se baseia em dois romances históricos de Andrea Camilleri, “Il Re di
Girgenti” e “Il Birraio di Preston” e suas respectivas traduções brasileiras, “O Rei de
Girgenti” e “A Ópera Maldita”, e seu objetivo é fazer uma reflexão a respeito das
estratégias usadas pelos tradutores das obras camillerianas já publicadas no Brasil,
verificando como (e se) a diversidade cultural e linguística encontrada nos textos
italianos é apresentada para os leitores brasileiros. Essa reflexão, baseada em um
confronto texto italiano / texto brasileiro, será feita tendo por embasamento teórico
alguns pressupostos da área da tradução de variantes linguísticas (Lane-Mercier,
Chapdelaine, Pym) que discutem o papel desempenhado pelas variantes em um texto
literário e a proposta da tradução como uma negociação (Eco). Serão abordados
igualmente um pressuposto dos estudos discursivos (o princípio da alteridade, conforme
apresentado por Charaudeau) e considerações sobre a linguagem informal na literatura
brasileira (Preti).
Representações da consciência e do dizer na visão da narradora em
Inés del alma mía e na tradução para o português brasileiro: uma
abordagem sistêmico funcional
GIOVANNA MARCELLAVERDESSI HOY
[email protected]
LEILA BARBARA
Este trabalho faz parte da pesquisa de doutorado em andamento e pretende identificar e
analisar representações Ideacionais das personagens femininas no papel semântico de
Experienciador e Dizente em Inésdel alma mía (ALLENDE, 2006) e em sua tradução
para o português do Brasil (SSÓ, 2007). Adota-se o referencial teórico da Linguística
Sistêmico Funcional (HALLIDAY e MATTHIESSEN, 2004, 2014) na interface dos
Estudos da Tradução (CATFORD, 1965; HALLIDAY, 2001; MATTHIESSEN, 2001;
RODRIGUES-JÚNIOR e OLIVEIRA, no prelo) e do texto literário (MONTGOMERY,
1993; SIMPSON, 1993; PAGANO, 2007; RODRIGUES-JÚNIOR e BARBARA,
2013). Na metodologia, utilizam-se recursos computacionais do WordSmiths Tools
(6.0), quais sejam: i) Word list (lista de palavras; ii) Concordance (concordanciador), e:
iii) Alligner (alinhador) do view&aligner. Os dados mostram que os processos mentais
são mais utilizados para representar personagens femininas do que os verbais. A maior
ocorrência de processos mentais põe em relevo as experiências internas de cognição, de
percepção, de afeição e de desejos das personagens femininas, comparativamente em
maior número do que as experiências da fala dessas personagens. Em relação aos
corpora, o padrão de uso para representar Experiênciadoras e Dizentes foi a
equivalência Ideacional, embora também tenham sido identificadas mudanças (shift)
Ideacionais que constroem no texto traduzido representações diferentes das que se
encontram no texto original.
Recursos tipográficos constitutivos da verbo-visualidade na revista A
Violeta
ELIETE HUGUENEY DE FIGUEIREDO COSTA
[email protected]
Esta comunicação constitui parte da pesquisa de doutoramento -Revista A Violeta: a
verbo-visualidade e o entrecruzamento de vozes-, em desenvolvimento no Programa de
Pós-graduação em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem (PUC-SP). Na análise
de enunciados pertencentes à revista cuiabana A Violeta, que circulou entre 1916 e
1950, pudemos observar uma variedade de recursos tipográficos utilizados, como
fontes, espaçamentos, itálicos, negritos, pequenos desenhos que dividem seções,
molduras, uso de letra capitular, entre outros. Tais recorrências remetem diretamente ao
plano de expressão verbo-visual, compondo um todo enunciativo que promove uma
abertura para a construção dos sentidos, a partir do olhar analítico da pesquisadora, que
se direciona não só para a distinção entre ilustração e fotos presentes nos enunciados da
revista, mas também para o tratamento dado pelas editoras aos aspectos que envolvem a
diagramação em todo espaço ocupado pelos enunciados selecionados para análise.
Enseja-se, para tanto, uma descrição histórico-social do contexto tecnológico da época,
levando-se em conta as várias fases da tipografia. A base teórica fundamenta-se em
Bakhtin e o Círculo (2010, 2011, 2012), no que se refere à constituição dos discursos, e
Brait (2010, 2012, 2013, 2014), a respeito da verbo-visualidade. Já a perspectiva
metodológica guia-se pela Análise Dialógica do Discurso - ADD (Brait, 2008). Uma
conclusão preliminar, a partir da análise dos recursos tipográficos encontrados em A
Violeta, encaminha para o fato de que estes elementos são constitutivos de sua forma
composicional, integrando, assim, a arquitetônica da revista. Além disso, pode-se
afirmar que as redatoras da revista se utilizam de diferentes estratégias de mobilização
do plano de expressão verbo-visual para inserir, nos diferentes textos presentes em suas
edições, vozes que encarnam um discurso feminino emancipatório.
Comunidade discursiva e renormalização na atividade de trabalho de
operadoras de telemarketing
SILMA RAMOS COIMBRA MENDES
[email protected]
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Considerado um dos setores mais dinâmicos da economia no país, o telemarketing
abriga atualmente um contingente de mais de um milhão de trabalhadores, em sua
grande maioria, jovens mulheres. A despeito do avanço do setor, trata-se de uma
atividade precarizada, marcada por rígidos prescritos (cumprimento e escorização de
metas, separação em -baias- para evitar contato, conversas, algum tipo de
sociabilidade), controle da linguagem (scripts a serem obedecidos, fala -taylorizada-,
controlada e vigiada) e do corpo (perda da voz, problemas de audição, estresse em
função de maus tratos de clientes, depressão, esforço repetitivo), além de assédio moral
de supervisores e gerentes. A despeito desse quadro de intensificação do trabalho
presente na atividade em questão, o trabalhador busca recriar o meio, através da gestão
singular das microvariabilidades (Schwartz e Durrive, 2010). A presente comunicação
tem por objetivo apresentar o processo de renormalização da atividade de trabalho de
operadoras de telemarketing de instituto de pesquisa de mercado, por meio da
experiência de leitura e compartilhamento de livros de ficção em situação de trabalho.
Acreditamos que há nesse vivido a constituição de uma comunidade discursiva
(Maingueneau, 1997; 2006) -cimentada- por tais práticas, a fim de tornar mais vivível o
trabalho e enfrentar as infidelidades do meio (Schwartz, 2010). O referencial teórico da
pesquisa centra-se na articulação entre a Ergologia, conforme postulada por Schwartz, e
a Análise do Discurso, com base nos estudos de Maingueneau. A metodologia adotada
até o presente momento consistiu em recuperar, por meio de entrevista realizada pela
pesquisadora, a fala de uma operadora, com nível de escolaridade médio e experiência
profissional anterior na área. Os resultados parciais da pesquisa sinalizam que a
atividade de trabalho assim renormalizada e ressingularizada vem fortalecendo a
comunidade discursiva que a sustenta.
Diálogos com professores: das situações desafiantes ao papel do
coletivo
KÁTIA DIOLINDA
[email protected]
A proposta da comunicação é de apresentar alguns resultados de uma pesquisa de
doutorado em andamento, que investiga o papel do coletivo do trabalho do professor
nos desafios diários da profissão. A tese em questão compreende o coletivo como
recurso para o desenvolvimento do métier; sendo-o decisivo para a legitimação dos
estilos individuais e das transformações das regras, bem como na ajuda mútua dentre as
diferentes situações que desafiam o professor (CLOT, 2006;2010). Trata-se, então, de
analisar as representações da atividade de trabalho, conforme configuradas em textos
produzidos pela pesquisadora e por oito professores do Ensino Fundamental II e Médio
da rede pública do Estado de São Paulo, durante cinco encontros de discussão (oral) em
grupo. Nos encontros, os participantes discutiram sobre os desafios e as possíveis
soluções da atividade, produzindo textos orais (transcritos) que possibilitaram uma
melhor compreensão das representações sobre o papel do coletivo. Consiste, portanto,
de uma abordagem teórico-filosófica em que as relações e as implicações da atividade
de linguagem e da prática exercem um papel central no processo de desenvolvimento do
humano, como, no do trabalho. Assim, com um quadro teórico-metodológico
transdisciplinar, a pesquisa contribui e se filia à Linguística Sistêmico-Funcional
(HALLIDAY 1994; HALLIDAY e MATTHIESSEN 1999, 2004, 2014), ao
Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 2006, 2008; LAF, 2004; DOLZ &
SCHNEUWLY, 2004); bem como aos referenciais das ciências do trabalho: o grupo
ERGAPE (AMIGUES, 2004; FAÏTA, 2004, 2005; SAUJAT, 2004) e a Clínica da
Atividade (CLOT, 2000, 2002, 2006; KOLTUSKI, 2009; ROGER, 2008). Os resultados
apontam para um papel restrito do coletivo, em que os desafios são na maioria
contornados individualmente, entretanto sinalizam para as possibilidades do seu
fortalecimento, o que é importante para a qualidade, seja das condições de trabalho, seja
do próprio trabalho.
Elementos sobre o destinatário de emergência em situação de
autoconfrontação: um olhar ampliado
ALANA DESTRI
[email protected]
[email protected]
ANSELMO LIMA (Orientador)
De forma ampliada em relação a um trabalho anterior, esta comunicação apresenta uma
análise linguística, discursiva e psicológica de modos de manifestação do fenômeno do
destinatário de emergência em situação de autoconfrontação simples (Faïta, 1997; Clot,
2010) no contexto de uma ação de formação docente continuada na educação superior.
Para tanto, uma das aulas de um professor do Curso de Ciências Contábeis de uma
universidade federal foi gravada em áudio e vídeo. Posteriormente, o docente teve a
oportunidade de se observar em atividade em um trecho de sua aula, descrevendo-o e
explicando-o a um pesquisador, que atuou como mediador de seu desenvolvimento
profissional. O material audiovisual foi transcrito segundo as normas do projeto NURCSP (Preti, 1999), tornando graficamente visível a ocorrência do fenômeno. Além da
subversão do discurso do -eu- pelo do -a gente- prevista por Clot (2010), pode-se
observar o fenômeno do destinatário de emergência também na subversão do discurso
do -eu- pelo discurso do -você- genérico ou do -professor-. Isso se dá diante do
desconforto do sujeito ao observar e falar de sua própria atividade, buscando proteger-se
atrás de um coletivo que o respalde (Clot, 2010). A análise das ocorrências no discurso
permite perceber que o fenômeno do destinatário de emergência permeia o emprego do
método da autoconfrontação simples com notável frequência. Com isso, tal fenômeno
demonstra não só o posicionamento do profissional diante de seu coletivo, mas também
sua insegurança quanto a seu posicionamento. Demonstra, além disso, a manifestação
da afetividade profissional, o que revela o bom funcionamento da autoconfrontação. Por
fim, tal afetividade promove o início do processo de reflexão do trabalhador acerca de
sua atividade, na relação com seu coletivo, o que pode levá-lo a buscar cotidianamente o
aperfeiçoamento profissional.
De frente com o “espelho”: a autoconfrontação como dispositivo
metodológico para a formação profissional de tradutores e intérpretes
de libras e língua portuguesa
VINICIUS NASCIMENTO
[email protected]
Este trabalho apresenta o recorte de uma pesquisa de doutorado cujo objetivo é observar
como o Tradutor e Intérprete de Libras e Língua Portuguesa (TILSP) mobiliza os
conhecimentos prévios construídos em sua prática profissional a partir de
conhecimentos novos adquiridos em um contexto de formação. A pesquisa justifica-se
pela atual demanda de formação de TILSP determinada por legislação vigente (Lei
10.098/00; Decreto 5.626/05; Lei 12.319/10) para atuação em vários contextos afim de
garantir a acessibilidade comunicacional de surdos usuários da Libras. Por meio de um
deslocamento da metodologia da Autoconfrontação, originalmente elaborada pelo
linguista Daniel Faïta, no contexto da Clínica da Atividade Francesa, em que o objetivo
era colocar o trabalhador de frente com seu próprio fazer para mobilizar, na linguagem,
aquilo que acontece no plano da ação, busca-se observar e analisar, por meio de uma
atividade de interpretação da Libras para a Língua Portuguesa na modalidade oral em
sala de aula, a mobilização de saberes investidos, aqueles que o trabalhador constrói na
sua prática fora de um contexto de formação, em diálogo com saberes instituídos, que
são adquirido em um contexto formal e institucional. O corpus foi coletado em um
curso de especialização em Tradução e Interpretação de Libras/Português de uma
instituição de ensino superior privada na cidade de São Paulo. A fundamentação
teórico-metodológica estabelece uma articulação entre duas contribuições aos estudos
da linguagem e do trabalho: 1) as formulações sobre enunciado concreto, interação
verbal, significação, tema e compreensão ativa elaboradas no conjunto da obra de
Bakhtin e o Círculo; e 2) os aportes teóricos da Ergologia, abordagem filosófica
elaborada na França na década de 1970 por Yves Schwartz em diálogo com outros
intervencionistas do trabalho humano, sobre saberes investidos, saberes constituídos,
normas antecedentes e renormalização.
The verbal language of American movies: A diachronic
multidimensional study
MARCIA VEIRANO PINTO
[email protected]
[email protected]
TONY BERBER SARDINHA
In this study we present an analysis of American movies based on a large representative
corpus of the major cinema genres produced in the United States since 1930. The goal
was to linguistically identify the major eras of American movies, through a
Discriminant Function Analysis (DFA) based on the dimensions of variation in
American movies described by Author 2 (2014). The dimensions of variation
underlying the movies were identified through the extraction of statistical factors
reflecting the linguistic features that regularly correlate across the genres. Previous
research suggested that the verbal language of American movies held stable since its
inception in the late 1920s (Author 2, 2014). However, the current study shows that this
apparent stability hid two major complimentary styles in US movies: an early style,
occurring in the 1930s and 1940s, marked by less spontaneous discourse with an
interpersonal focus, with a higher incidence of argumentation, persuasion, opinions,
intentions, feelings and assessment, and a more recent style, occurring in the 1990s and
2000s, marked for spontaneous and less persuasive discourse.
Evangelização indígena: uma análise interdiscursiva
ALESSANDRA DIAS CARVALHO
[email protected]
Este trabalho integra a tese de doutorado que é desenvolvida na PUC/SP, cujo objetivo
principal é analisar a relação interdiscursiva que constitui o discurso católico e o
discurso protestante batista, no que tange a evangelização indígena, a fim de apresentar
um estudo da semântica global desses dois posicionamentos. Para tanto, esta pesquisa
ancora-se nos princípios teóricos da Análise do Discurso (AD), de linha francesa, mais
especificamente, na noção de semântica global proposta por Maingueneau (2008). A
relevância deste estudo não é somente o fato de colocar em prática uma teoria
linguística, mas, também, em abordar, por meio da escrita acadêmica, um problema que
atinge os seguimentos sociais: o conflituoso convívio entre os povos indígenas e os não
índios.Diante da necessidade de inclusão dos povos indígenas, sujeitos católicos e
batistas, a partir do discurso, de valores e práticas pertencentes à cultura não indigenista,
os evangelizam e tentam, dessa maneira, neutralizar e homogeneizar o diferente e
heterogêneo com vistas à criação de uma possibilidade de luta e conquista de um lugar
na sociedade brasileira. Este estudo compreende a análise do discurso de evangelização
indígena, no viés do catolicismo a partir de enunciados da Revista Porantim e do Jornal
Porantim e, quanto ao discurso do protestantismo batista, a fonte de pesquisa é
composta por materiais de divulgação, tais como: revistas e folhetins produzidos pela
Junta de Missões Nacionais (JMN) e a Junta de Missões Mundiais (JMM). Acreditaseque o interdiscurso precede o discurso, destarte, a construção dos submodelos
semânticos dos discursos supracitados não se constitui isoladamente um do outro, mas
sim, no interior do espaço discursivo ligado ao campo religioso. Os resultados parciais
encontram-se em fase de elaboração.
Proposições bakhtinianas e ergológicas em interface: gestão e uso de si
no trabalho
ERNANI FREITAS
[email protected]
GISLENE HAUBRICH
[email protected]
Se por um lado as práticas cotidianas do ambiente laboral confluem para uma
coisificação do sujeito trabalhador (ANTUNES, 2011), por outro as práticas
linguageiras evidenciam a subjetividade implicada na realização da atividade laboral.
Schwartz (2014) descreve o trabalhador como corpo-si, um ser que promove a ação
conjunta entre material e imaterial, uma união entre alma e corpo na qual a gestão do
uso de si decorre de uma tríplice ancoragem: biológica, histórica e singular. Tais
considerações convergem com a proposição de Bakhtin (1993, p. 19) acerca do ato
responsável do sujeito, ou seja, o ato-atividade enquanto -participante real vivo no
evento em processo do ser-. Percebe-se que as perspectivas de Schwartz e Bakhtin
opõem-se à proposição marxista que apaga o sujeito de sua ação no processo
estruturante da realidade diante do processo de produção. Esta oposição permite
vislumbrar uma emancipação do trabalhador frente sua atividade. Ante essas
proposições, o estudo visa articular as noções corpo-si, atividade, ato responsável e
interação verbal, a fim de identificar a gestão e uso de si no trabalho perante a prática
discursiva da empresa Hera em editoriais do seu jornal. A opção por este corpus reside
na premissa de que a interação sujeito-prescrição determina a transgressão das normas
postas e limita a inovação na produção, além de suprimir o aprimoramento pessoal e
criativo dos trabalhadores. A análise enunciativo-discursiva dos editoriais do jornal da
empresa Hera evidencia normas que visam encarcerar a atividade tanto pela
determinação do que deve ser feito, quanto em relação aos comportamentos individuais
no sentido de -estar de bem com a vida-, por exemplo. Desse modo, além de instigar a
renormalização sem valorá-la, mas cerceá-la de alguma forma, a Hera constrói, em seu
discurso, sentidos muitas vezes contraproducentes à atividade, estimulando, assim,
competitividade nociva e vínculos efêmeros ligados a interesses momentâneos.
A Música no Ensino da Língua Inglesa: uma Abordagem sob o Olhar
da Linguística de Corpus
MARIA CLAUDIA NUNES DELFINO
[email protected]
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O presente trabalho apresenta a elaboração de atividades (unidades didáticas) para o
ensino da língua inglesa através de músicas a partir de uma abordagem baseada na
Linguística de Corpus. Para tanto, são observados trabalhos como os de Berber
Sardinha (2011) e Bertóli-Dutra (2002; 2010), os quais dizem respeito à exploração de
corpora no ensino de língua estrangeira, bem como o de Biber (1988), que enfoca os
preceitos da Análise Multidimensional. Dois corpora, sendo um denominado corpus de
estudo (Corpusof English Lyrics - CoEL), formado por palavras provenientes de 585
letras de música das bandas Beatles, Bon Jovi, Maroon 5 e do cantor Bruno Marse um
corpus de referênciaCorpus of Contemporary American English – COCA), foram
utilizados a fim de que as características léxicas gramaticais mais salientes das letras de
música fossem levantadas e pudessem ser usadas para a preparação dos materiais de
ensino. A análise indicou que get e make são palavras muito frequentes em ambos os
corpora. Linhas de concordância foram rodadas para esses verbos e seus padrões
utilizados em exercícios que seguiram critérios de design, tais como: (1) exercícios
devem estar baseados em corpora, (2) devem ser replicáveis, (3) não devem requerer
muito tempo de preparação para o professor. Eles também seguiram uma taxonomia
aqui proposta, com a seguinte tipologia: (1) análise de concordância, (2) relacionar
padrões, entre outros. A professora, por meio de um diário reflexivo que, de acordo com
Machado (1998) vem a ser não apenas um instrumento de pesquisa, mas sim de ensino e
aprendizagem, contribuiu com informações importantes para o ensino de inglês com
materiais baseados em corpus, ajudando também a montar o design das atividades
desenvolvidas que foram testadas em sala de aula com alunos com nível iniciante de
inglês e serão mostradas na apresentação. Essa pesquisa pode ser considerada pesquisa-
ação porque cada parte envolvida foi levada em consideração na montagem das
atividades. A partir dos resultados desse trabalho pode-se concluir que: os alunos ficam
mais motivados para aprender inglês com música e exercícios baseados em Linguística
de Corpus; letras de música contem padrões encontrados no inglês falado, que podem
ser utilizados para o ensino da língua; ao seguir um design de critérios de exercícios as
atividades ganham maior variedade e consistência; ensinar com corpus e manter um
diário de todas as aulas pode ser mais trabalhoso, porém ajuda muito tanto o professor
como os alunos a aprender a língua.
Autoconfrontação e formação docente: uma perspectiva dialógica para
o desenvolvimento de futuros professores de FLE
ELISANDRA MARIA MAGALHÃES
[email protected]
ROZANIA MARIA ALVES DE MORAES
[email protected]
Este trabalho deriva de uma pesquisa de mestrado centrada em investigar o papel da
autoconfrontação para a formação profissional de futuros professores de francês como
língua estrangeira (FLE). Naquela ocasião, tomamos o quadro metodológico da
autoconfrontação (mais precisamente a autoconfrontação simples – ACS) (CLOT;
FAÏTA, 2000; FAÏTA; VIEIRA, 2003; FAÏTA, 2007), recorremos à filosofia
bakhtiniana da linguagem (BAKHTIN, 2003; BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2010), aos
pressupostos da Clínica da Atividade (CLOT, 2007) e da Ergonomia da Atividade
(DARSES; MONTMOLLIN, 2006). As análises realizadas apoiaram-se na abordagem
bakhtiniana social e discursiva da linguagem. Na presente proposta de comunicação,
temos o objetivo de discutir a questão de como as relações dialógicas estabelecidas nos
diálogos de alunos-estagiários sobre a atividade docente de uma professora experiente
de FLE funcionam como provocadores de desenvolvimento. Assim, tomando como
corpus da pesquisa o texto resultante da confrontação dos alunos-estagiários com
verbalizações da professora em ACS, observamos o direcionamento das falas dos
alunos a três diferentes tipos de destinatários: imediato, subdestinatário e
sobredestinatário. Nesse sentido, o autor de um enunciado se dirige a um destinatário
que produz uma resposta imediata (professor-formador, pesquisador, outro estagiário), a
ele próprio (aluno-estagiário) e a um participante invisível com quem ele também
dialoga (as prescrições, o métier, etc.). A análise detida desses diálogos indicam que os
estranhamentos e as controvérsias geradas no momento dessas trocas dialógicas fazem
com que o aluno reaja à sua atividade e busque respostas para suas dúvidas, seus
dilemas, suas dificuldades, etc. Tudo isso o leva a produzir um discurso que alimenta
inúmeras reflexões e que poderá ser visto como recurso para o seu desenvolvimento e
para o desenvolvimento de seu trabalho vindouro, criando, assim, possibilidades de
remodelá-lo. Em outras palavras, essas relações dialógicas viabilizam um discurso
reflexivo que pode ser a base para a transformação da prática docente desses futuros
professores.
Sequência didática para o ensino do gênero resenha de filmes em
língua inglesa com foco na estratégia de referenciação
EWERTON BATISTA DUARTE
[email protected]
O presente artigo tem como objetivo apresentar uma sequência didática para o ensino do
gênero resenha de filmes nas aulas de língua inglesa do Ensino Médio. Por meio de
discussões na disciplina de mestrado do Programa de Pós-graduação em Linguística
Aplicada da Universidade de Taubaté, constatou-se a falta de atividades em uma
sequência didática que contemple a capacidade linguístico-discursiva. É crucial
conscientizar o aluno sobre a importância da coesão textual na resenha em língua
inglesa a fim de entender a estratégia de referenciação. Esta pesquisa vincula-se ao
projeto “Ensino de produção textual: o gênero de texto como instrumento de trabalho”,
disciplina coordenada pelos professores Dra. Adriana Cintra de Carvalho Pinto e Dr.
Orlando de Paula, da Universidade de Taubaté. Como aporte teórico, apoiamo-nos em
Dolz e Scheneuwly (2004), Bronckart (2012) e Koch (2007). Para o desenvolvimento
deste trabalho utilizamos a pesquisa bibliográfica como metodologia, estabelecendo,
portanto, diálogos entre o modelo didático defendido pelos sociointeracionistas e a
noção de coesão textual.
Ação de formação docente continuada em instituição privada de ensino
superior: a linguagem como mediadora.
TERESA RAQUEL CONTE
[email protected]
[email protected]
ANSELMO LIMA
Esta comunicação tem o objetivo de apresentar uma ação de formação docente
continuada que será desenvolvida em uma instituição privada de ensino superior por
meio do método de autoconfrontação simples e cruzada. Esta ação é diferenciada, pois
atua diretamente com o professor. Ao invés de tirá-lo do trabalho, o ajuda no trabalho e,
como resultado, pode transformar práticas profissionais. Na perspectiva da Clínica da
Atividade que adotamos, o objetivo da transformação das situações de trabalho está no
centro das questões suscitadas (Clot, 2010). O método de autoconfrontação se configura
como um procedimento de pesquisa e intervenção desenvolvido pelo linguista Daniel
Faïta (cf. 1997; 2007) com base em seus estudos teórico-metodológicos, sendo
amplamente empregado pelo psicólogo francês Yves Clot em sua Clínica da Atividade
(cf. Clot, 2010; 2005; Clot, d al., 2001). A partir do uso desse método, o trabalhador
passa a ser observador e analista de sua própria atividade. Para que isso seja possível é
necessário termos o material audiovisual, que, neste caso, serão trechos gravados de
aula de professores voluntários. Esta ação se justifica pela possibilidade de trabalhar
diretamente com professores, discutir vivências de sala de aula, observar diversas
atividades, transformar práticas de trabalho e, como resultado, o próprio processo de
produzir dados verbais para posterior análise. Acreditamos que quando atuamos junto
com o professor, dando-lhe a oportunidade de rever suas ações em sala de aula e de ter
ao mesmo tempo esse contato com sua atividade docente mediado pela linguagem, em
uma interação social especial, proporcionamos a ele tomadas de consciência sobre sua
prática, uma vez que “a consciência só se torna consciência quando se impregna do
conteúdo ideológico (semiótico) e, consequentemente, somente no processo de
interação social” (Bakhtin/Volochinov, 1929/2002).
O Dialogismo Religioso em O Anjo do Quarto Dia, de Gilvan Lemos
SAMUEL LIRA DE OLIVEIRA
[email protected]
[email protected]
A presente comunicação tem como cerne investigar a dialogicidade, polifonia e suas
relações com textos bíblicos, do Antigo e Novo Testamentos, com a obra O Anjo do
Quarto Dia, 1981, do pernambucano Gilvan Lemos a fim de analisarrelações possíveis
que se estabelecem entre algumas personagens e acontecimentos do romance com os
dos textos sagrados.Tais relações foram observadas, em especial, à luz da teoria
dialógica do filósofo russo Mikhail Bakhtin. Para ele, o romance não é apenas um
evento estrito do mundo da literatura, no campo metafórico, mas uma realização
dialógica, pois é uma manifestação em que a língua constrói um arcabouço discursivo
no qual literatura e código se convergem na construçãoromanesca. Esta investigação
terá como fonte de apoio os seguintes livros da Bíblia Sagrada: Velho Testamento:
Gênesis, Êxodo, Salmos, Eclesiastes, Cânticos dos Cânticos de Salomã,. Novo
Testamento: Mateus, Marcos, Lucas, João, Atos, Romanos, 1ª Coríntios, Gálatas,
Colossense. Uma característica marcante nas obras do referido romancista é o diálogo
que seus romances mantêm com elementos de cunho religioso com destaque os bíblicos.
Sobre a intertextualidade teremos Julia Kristeva quefomentará este estudo.
As fórmulas discursivas na situação de trabalho do acadêmicoprofessor
MARIA IEDA MUNIZ
ARLETE REBEIRO NEPOMUCENO
MÁRCIA ANDREA SANTOS
[email protected]
Considerando a prática discursiva de um acadêmico-professor, este trabalho objetiva
analisar fórmulas discursivas, ou seja, um conjunto de enunciados/fragmentos que
circulam em bloco em um momento determinado, percebidos como se constituíssem um
todo, com a origem podendo ou não ser identificada. Para realizar a investigação ora
proposta, ancora-se nos pressupostos da teoria dialógica do discurso em interlocução
com estudos sobre o trabalho, CLOT (2001) FAITA (1997), SCHWARTZ (2008),
evidenciando conceitos de atividade prescrita, real da atividade, estilo da ação, os quais
se relacionam ao posicionamento discursivo da acadêmica, constituído com o auxílio de
fórmulas cristalizadas da língua. Para a coleta de dados,por meio de uma entrevista, em
situação de trabalho, utilizou-se o método da autoconfrontação simples. Os resultados
apontam para a percepção da situação de trabalho do acadêmico-professor: o modo de
engajamento do acadêmico-professor relacionando a sua atividade docente à
funcionalidade das expressões plastificadas no interior do seu discurso.
Linguística de Corpus: desenho e coleta de um corpus de Curriculum
Vitae em inglês e português
SIMONE VIEIRA RESENDE
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[email protected]
É condição sine qua non a contribuição da Linguística de Corpus para a observação e
investigação dos fenômenos da linguagem nos últimos anos (BIBER,1995;1998; 2006;
SARDINHA, 2004). Coletâneas de estudos como as apresentadas em “Caminhos da
Linguística de Corpus” (SHEPHERD d al., 2012) comprovam que a quantidade de
enfoques que se pode abordar é incomensurável e muito relevante. Tal pujança se
mantem à medida que os corpora são vistos como fontes inestimáveis de informação,
capazes de proporcionar ao pesquisador quantidade de dados praticamente infinita.
Segundo Biber (1993), a utilização de corpora eletrônicos oferece uma base empírica
sólida para ferramentas e descrições linguísticas de uso geral, permitindo a análise de
uma dimensão que, de outra forma, não seria possível. Apesar do grande número de
pesquisas já realizadas e da compilação dos mais diferentes tipos de corpora, ainda não
há registro de uma pesquisa com base em corpus sobre Curriculum Vitae (CV). Sendo
assim, esta pesquisa visa preencher essa lacuna a partir do desenho, coleta e
investigação de um corpus formado por CVs. A justificativa relativa à escolha de CVs
como o registro — variedade textual definida por suas características situacionais
(BIBER, 1995) —, vai além de simplesmente preencher a lacuna de uma variedade não
estudada, posto que a importância desse tipo de registro é inquestionável. Uma busca
rápida na página do Worldcat, site que conecta as principais bibliotecas do mundo, é
possível encontrar mais de duas mil publicações sobre como preparar um CV. Além de
fundamental para o mundo coorporativo, o CV é também obrigatório para quem segue a
carreira acadêmica. A Plataforma Lattes, no Brasil, abriga mais de três milhões de
currículos. O CV é uma ferramenta indispensável, compulsória e muitas vezes
determinante para o preenchimento da vaga no ambiente coorporativo e para a análise
de mérito e competência dos pleitos de financiamentos na área acadêmica, o que por si
só já justificaria uma investigação desse gênero. O objetivo desta pesquisa é desenhar e
coletar um corpus comparável de CVs autênticos, escritos originalmente em português e
em língua inglesa. Ou seja, os CVs que formam os corpora são compilados em seus
idiomas originais, não há CVs traduzidos, trata-se de um corpus comparável. A pesquisa
visa posteriormente identificar os padrões léxico-gramaticais presentes nos CVs, por
meio do levantamento das dimensões de variação próprias da linguagem dos CVs. A
pesquisa é baseada nas teorias da Linguística de Corpus, que se baseia em uma visão
probabilística e explora a linguagem por meio de evidências empíricas investigadas
através do uso de ferramentas computacionais (BERBER SARDINHA, 2004),
recorrendo ao emprego de estatística multivariada. Este estudo busca identificar os
padrões salientes de coocorrências presentes nos CVs escritos em português e em
inglês. O método escolhido para identificar tais padrões léxico-gramaticais baseia-se na
Análise Multimensional (AMD) desenvolvida pelo pesquisador Douglas Biber (1985,
1986, 1988). A AMD é um método baseado em corpus, ou seja, normalmente feito
através do computador, utilizando ferramentas automáticas de rotulação e um grande
número de textos autênticos. Essa análise estuda as relações entre características
linguísticas e registros em grande quantidade de textos. Essa metodologia é propícia
para nossa investigação, pois ela não apenas permite uma descrição heterogênea,
detalhada e complexa do corpus, mas também proporciona uma extração fidedigna e
acurada dos gêneros textuais explorados. Segundo Biber (1998), uma AMD reconhece
que a variação entre texto e registro pode ser mais adequadamente descrita por meio de
múltiplos parâmetros. Apesar de seu caráter ainda incipiente, esta pesquisa apresenta o
planejamento, ou seja, o desenho e a coleta de um corpus formado por CVs em língua
inglesa e em língua portuguesa. Os CVs coletados foram organizados de acordo com os
critérios de idioma, cultura, função, sexo e faixa etária. O total até o momento é de
1.920 CVs. Estudos dessa natureza podem contribuir para a criação de material de
consulta e gestão terminológica, como dicionários técnicos e glossários. Nossa intenção
é utilizar as conclusões, ou seja, os padrões léxico-gramáticais descritos a partir da
análise multidimensional do corpus para além da criação dos possíveis glossários,
criando também exercícios e tarefas para o curso de formação de tradutores.
A Representação da Formação Inicial e Continuada no Discurso de
Professores de Inglês da Rede Pública: Um Olhar Sistêmico Funcional
MARIA EUGENIA BATISTA
[email protected]
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Este trabalho tem como objetivo apresentar uma análise da representação da formação
inicial e continuada contida no discurso de professores de inglês. O estudo da
representação encontra-se fundamentado na Linguística Sistêmico-Funcional
(HALLIDAY, 2004) e na Análise Crítica do Discurso (VAN LEUUWEN,2008) que
permitiram analisar as escolhas léxico-gramaticais que materializam tal representação.
Foram entrevistados dez professores de inglês das redes municipal e estadual de um
município da região metropolitana de São Paulo. As entrevistas foram transcritas para
que, inicialmente, um levantamento quantitativo dos processos mais frequentes fosse
realizado por meio da ferramenta WordSmith Tools (SCOTT, 2009). Observou-se que
os processos materiais foram os mais frequentes e buscou-se identificar quais aspectos
da prática pedagógica estavam relacionados a tais processos. Um dos aspectos
destacados foi a formação dos professores que se subdividiu em: formação inicial,
aprendizagem em serviço e formação continuada. Os resultados apontam uma maior
ocorrência de referências à formação inicial por parte das professoras da rede municipal.
Todos os professores mencionam o fato da aprendizagem profissional ocorrer em
serviço. No que diz respeito à formação continuada, nota-se que os professores da rede
estadual sinalizam com mais frequência a oportunidade de cursos de formação
continuada. A formação inicial mostrou-se um tópico de destaque para as professoras da
rede municipal, tendo em vista o fato de o município ter incluído a língua inglesa como
componente curricular nos anos iniciais do Ensino Fundamental, fato esse que levou as
professoras a refletirem criticamente sobre a formação inicial que não considerou esse
ciclo da educação básica. A representação da formação continuada no discurso dos
professores legitima essa prática pela referência aos resultados positivos. Em suma, os
resultados sinalizam a necessidade de a formação inicial passar a considerar a atual
tendência de inclusão da língua inglesa nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
O professor da escola básica e estágio supervisionado: interfaces entre
estudos discursivo e do trabalho
CHARLENE CIDRINI FERREIRA
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Esta comunicação tem o propósito de apresentar minha pesquisa de doutorado que tem
como objetivo identificar sentidos construídos sobre o trabalho do professor da escola
básica que recebe estagiários do curso de Licenciatura em Letras – Habilitação
Português/Espanhol. Observam-se vários estudos focados em investigar e aprofundar
questões relacionadas à formação docente, que se centram, grande parte, na articulação
entre a teoria e prática, na relação entre Universidade e escola, entre outros. No entanto,
pouco (ou nunca) se discute sobre os saberes e atribuições desse professor na realização
do estágio supervisionado, etapa constitutiva da formação profissional. O aporte teórico
articula estudos advindos do âmbito do trabalho (SCHWARTZ, 1997) e estudos de
linguagem sob uma perspectiva discursiva de orientação enunciativa
(MAINGUENEAU, 1997, 2007). Os encaminhamentos metodológicos consideram: a
análise de documentos oficiais que regem a formação docente e estágio supervisionado
no Brasil, em universidades públicas do Rio de Janeiro (UFRJ, UERJ, UFF, UFFRJ) e
em instituições de ensino básico; entrevista com professores universitários que atuam no
estágio supervisionado; e organização de fórum de discussão com professores da escola
básica que recebem estagiários. Apesar da determinação legal de que o estágio
supervisionado obrigatório deva ser realizado conjuntamente pelos cursos de
licenciatura e a escola básica, a análise evidencia uma rede de discursos que apontam
para um trabalho do professor da escola com estagiários constituído por diversas
ausências, entre as quais destacamos: ausência de normatização, de diálogo com a
universidade e de valorização na formação docente. Portanto, com esta pesquisa,
pretende-se dar visibilidade a discussões importantes no que se refere à complexidade
que envolve o trabalho docente, propondo encaminhamentos para uma transformação
social que ultrapassa conclusões de um estudo puramente linguístico
Samuel Beckett: de dramaturgo a encenador
FELIPE AUGUSTO DE SOUZA SANTOS
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Esta comunicação tem como objetivo abordar o percurso de Samuel Beckett como
encenador de suas próprias peças de teatro, a partir de uma análise de aspectos do
processo de encenação da peça A última gravação de Krapp [Krapp’s last tape], dirigida
por Beckett em 1969 no Schiller-Theater Werkstatt de Berlim. A reflexão terá como
ponto de partida a relação de Beckett com a encenação teatral, desde seu primeiro
contato acompanhando processos de criação de encenadores renomados como Roger
Blin, e a transição de observador e conselheiro de projetos de outros diretores a
encenador, tendo como premissa um cuidadoso rigor estético sobre o material
dramatúrgico e sobre a transposição desse material para o palco, a partir das
particularidades relativas ao trabalho de interpretação dos atores e à própria encenação
teatral, ou seja, a tensão entre texto e cena. Para tanto, o conceito bakhtiniano de
dialogismo permeará esta reflexão, no sentido de auxiliar o entendimento das relações
dialógicas entre o Beckett dramaturgo e o Beckett encenador.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na revista
de negócios EXAME
MARIA ELIZABETH DA SILVA QUEIJO
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Neste trabalho, o objetivo é demonstrar os mecanismos enunciativo-discursivos
definidores de traços autorais que referendam lugares sociais de significação em
reportagens da mídia impressa. Da perspectiva dos estudos de Bakhtin e do Círculo,
discutimos as noções de autoria, horizonte de sentido e avaliação social no enunciado
jornalístico impresso. O corpus de análise é constituído por uma notícia publicada na
edição 1087 da revista de negócios EXAME a respeito do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em 15 de abril de 2015, intitulada Crime sem
castigo: Com governo leniente e empresas temerosas, ano após ano, as barbaridades do
MST ficam impunes. Sabotagem, dano à propriedade, cárcere privado – afinal, é um
grupo terrorista? Na análise, rastreamos marcas que orientam ideologicamente o texto
noticioso, a despeito da objetividade/imparcialidade valorada na esfera jornalística. Os
apontamentos demonstram que o horizonte de sentido para o qual o autor se dirige
orienta os valores à serem negociados no processo de interação ao mesmo tempo que
sustenta a apreciação valorativa editorial da revista EXAME em relação ao MST
manifesta no plano discursivo. Os resultados demonstram que no texto noticioso as
noções de objetividade/imparcialidade são necessariamente relativizadas e configuram
um dos recursos discursivos de significação nessa esfera.
Projeto Ler & Educar – Obeduc: Processo Ensino-Aprendizagem Da
Leitura, Conhecimentos, Habilidades E Estratégias Para Ler E
Compreender
KARINA GERON
CLAUDIA FINGER-KRATOCHVIL
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O ensino da leitura é uma importante temática que vem sendo discutida há alguns anos
em vários países, considerando o papel que o letramento desempenha na continuidade
do processo de aprendizagem. A leitura passou a ser tratada observando questões que
vão além da decodificação, e dando destaque a processos que são fundamentais para a
compreensão do texto escrito. Ler para compreender exige do leitor certos
conhecimentos, habilidades e estratégias apropriados para alcançar seus objetivos de
leitura. Os estudantes necessitam conhecer as estratégias cognitivas e metacognitivas
relacionadas ao ato de ler. Estabelecer objetivos, usar seu conhecimento prévio, levantar
hipóteses, fazer questionamentos, realizar inferências, verificar suas hipóteses de acordo
com as informações textuais, são algumas das habilidades que os estudantes precisam
ter. Levando em consideração essa abordagem e esses processos, o professor é um dos
maiores aliados na mudança do paradigma de trabalho. Assim, o objetivo desta pesquisa
é verificar como os professores entendem seus papéis diante do ensino da leitura em
sala de aula. Este trabalho foi realizado a partir de Grupos Focais com professores de
seis escolas da rede pública da cidade de Chapecó, participantes do projeto de formação
continuada dos professores da rede pública de Santa Catarina, Ler & Educar: OBEDUC.
As perguntas-chave para a realização da análise são: Que ferramentas e habilidades são
necessárias para a efetivação da leitura? Você ensina o seu aluno a ler? De que forma
ensina? Como você acredita que poderia ensinar a ler? A análise preliminar dos dados
aponta para a necessidade de ampliar a compreensão teórico-prática dos processos
cognitivos e metacognitivos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem da leitura.
Esses dados indicam a necessidade de a formação continuada desempenhar um papel
importante no redimensionamento do trabalho dos profissionais que podem trazer
mudanças significativas para o desenvolvimento de um leitor hábil, estratégico e crítico.
Maneiras de pensar/dizer a diferença na publicidade: práticas
discursivas e processos de subjetivação contemporâneos
BRUNO DEUSDARÁ
POLIANA ARANTES
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Nesta apresentação, problematizamos os sentidos atribuídos à diferença étnica, em
publicidade que põem em cena contextos familiares e de trabalho. Partimos de uma
reflexão acerca das práticas discursivas (Maingueneau, 1997, 2005) como entrada
produtiva para problematizar os vínculos indissolúveis entre a produção de linguagem e
de mundos possíveis. Concebida como movimento de interlegitimação entre a produção
de textos e a produção de uma comunidade de sustentação desses textos, a noção de
prática discursiva ganha destaque nas pesquisas no âmbito da linguística e de ciências
afins pelo potencial de afirmação da dimensão de intervenção da linguagem e não
apenas de representação. Como etapa metodológica, selecionamos publicidades com
ampla circulação nas redes sociais, em diálogo com a temática definida para esta
discussão. A partir da análise dos pressupostos, identificamos o silenciamento do debate
em torno do racismo, explicitando os embates como remetendo às dimensões
geracional, estética e de preferências pessoais. Esse modo de conceber a pesquisa
linguística tem permitido articulação produtiva entre os estudos do discurso e as
reflexões contemporâneas acerca da subjetividade como produção.
O olhar crítico-social de Millôr Fernandes em Fábulas Fabulosas
ELAINE HERNANDEZ DE SOUZA
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Nesta investigação, temos por objetivo interpretar o olhar crítico de Millôr Fernandes
(1923-2012) projetado sobre aspectos político-sociais do Brasil da década de 1980 e
materializado em seus textos de humor, quando o jornalista, em seu trabalho, apropriase, organiza e reconstrói os contos maravilhosos Branca de Neve e Chapeuzinho
Vermelho, ambos advindos da tradição oral. O primeiro deles ganhou o registro dos
folcloristas alemães Jacob e Wilheilm Grimm (1812-1822); e o segundo, o registro do
folclorista francês Charles Perrault (1697) e dos irmãos Grimm (1812-1822). Nas mãos
do autor brasileiro, ganharam os títulos de Branca de Neve e os Sete Anão e Vovozinha
Vermelha (e o lobo não tão mau assim) e, sob a rubrica de Fábulas Fabulosas,
circularam nas revistas Veja de 10 de dezembro de 1980 e IstoÉ do dia 30 de maio de
1984, respectivamente, refratando diferentes temporalidades. Para estabelecer diálogo
entre os textos da contemporaneidade e os do folclore europeu, consideramos cada
narrativa como um enunciado concretamente realizado, uma unidade real na cadeia de
outros enunciados, em que há a alternância de sujeitos discursivos situados em um
tempo e espaço específicos (BAKHTIN, 2003 [1952-1953]). Embasamos nossa reflexão
também na proposição bakhtiniana de sujeitos ideólogos e de plurilinguismo social,
materializado em sujeitos historicamente concretos e definidos e cuja linguagem é
social (BAKHTIN, 1998[1934-1935]). Com este trabalho, esperamos mostrar como os
elementos verbais e verbo-visuais de cada texto são articulados ideologicamente por
sujeitos-estéticos que se valem de seu conhecimento técnico para expressar seu ponto de
vista, respondendo, com sua criação, à sociedade em que vivem.
LINGUAGEM COMO SISTEMA PROBABILÍSTICO: O caso das
entrevistas de emprego
ULYSSES CAMARGO CORRÊA DIEGUES
[email protected]
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O registro entrevistas de emprego tem recebido pouca atenção nos estudos linguísticos,
entretanto é de grande importância no mundo atual, em um cenário em que cada vez
mais o processo de seleção de candidatos a emprego se torna mais exigente (JOSEPH,
2013), a entrevista em Inglês acaba sendo um dos seus elementos mais críticos e
segundo Wawra (2014, p. 8) pouco se tem de estudos linguísticos sobre entrevista de
empregos. Nesta pesquisa se objetiva a análise de entrevistas de emprego em inglês
através de um corpus de estudo denominado Job Interview Corpus (JIC). O corpus de
estudo foi coletado a partir de entrevistas de emprego para a vaga de English Phonetics
Tutor na Alemanha e conta com 40 entrevistas. Para tanto, a pesquisa se fundamenta na
Linguística de Corpus (LC) adotando as principais noções apresentadas por Berber
Sardinha (2000; 2004), Biber (1988), Kauffmann (2005) e Willis (1990), na Análise
Multidimensional (AMD) utilizaremos Berber Sardinha (2010), Biber (1993; 2004) e
Zuppardo (2013), no gênero comunicativo a pesquisa dialoga com Bhatia (1993 apud
BARBOSA, 2004), no gênero entrevista de emprego Andrade (2001), Guimarães
(2009), Marcuschi (1998; 2007) e White (1994) e na descrição probabilística da língua
Halliday (1991). A metodologia utilizada inclui em etiquetar o corpus de estudo com
dois etiquetadores diferentes. O primeiro é o Biber Tagger que juntamente com a AMD
mapeará o registro entrevista de emprego nas dimensões de variação do Inglês propostas
por Biber (1988) e o segundo é o etiquetador USAS que realizará uma análise semântica
do corpus de estudo. A primeira parte da análise tem como objetivo localizar o corpus
dentro as cinco principais dimensões de variação definidas por Biber (1988), e que se
aplicam à Língua Inglesa como um todo e a segunda é a análise semântica do texto
mapeando-os como dispostos pelo USAS.
Reality TV Shows Norte-americanos: desenvolvimento de atividades
didáticas baseadas na Linguística de Corpus
RAFAEL FONSECA DE ARAÚJO
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O presente trabalho tem por objetivo a elaboração de atividades didáticas de
conversação para o ensino de inglês como língua estrangeira para alunos do ensino
médio utilizando programas de televisão norte-americanos denominados reality TV
(reality show) a partir de uma abordagem baseada na Linguística de Corpus. Para tanto,
o estudo encontra suporte teórico na Linguística de Corpus adotando os principais
conceitos apresentados por Berber Sardinha (2002; 2004; 2006 e 2011), Biber (1988;
2006), Quaglio (2009), Willis (1990), assim com a dissertação de mestrado de Barbosa
(2004) e Veirano Pinto (2008), e tese de doutorado de Veirano Pinto (2014).
Transcrições de legendas de episódios das temporadas de alguns desses programas
disponíveis na internet, organizados e distribuídos em quatro categorias (Documentário,
Competição e Eliminação, Aperfeiçoamento e Produção de Celebridades e
Especialistas) elaboradas com base na proposta de Kavka (2012) que aborda este tipo de
gênero de TV, resultando em um corpus de estudo nomeado como CARTS (Corpus of
American Reality TV Shows). Os padrões léxico-gramaticais mais frequentes no corpus
de estudo foram analisados e contrastados com o corpus de referência - COCA (Corpus
of Contemporary American English), em seguida um mapeamento do corpus de estudo
de acordo com Análise Multidimensional (AMD) desenvolvida por Biber (1988) será
realizado para saber como os reality TV shows se comparam com outros registros do
inglês. Acredita-se que a utilização destes vídeos e a análise das transcrições das
legendas possam fornecer dados relevantes para a elaboração de atividades de
conversação, uma vez que os programas possuem bons exemplos de interação entre
falantes da língua inglesa em situações espontâneas em um gênero de televisão cuja
característica principal é a pouca presença de scripts.
Autoconfrontação E Formação Docente: Uma Perspectiva Dialógica
Para O Desenvolvimento De Futuros Professores De Fle.
ELISANDRA MARIA MAGALHÃES
ROZANIA MORAES
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Este trabalho deriva de uma pesquisa de mestrado centrada em investigar o papel da
autoconfrontação para a formação profissional de futuros professores de francês como
língua estrangeira (FLE). Naquela ocasião, tomamos o quadro metodológico da
autoconfrontação (mais precisamente a autoconfrontação simples – ACS) (CLOT;
FAÏTA, 2000; FAÏTA; VIEIRA, 2003; FAÏTA, 2007), recorremos à filosofia
bakhtiniana da linguagem (BAKHTIN, 2003; BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2010), aos
pressupostos da Clínica da Atividade (CLOT, 2007, 2008),da Ergonomia da Atividade
(DARSES; MONTMOLLIN, 2006). As análises realizadas apoiaram-se na abordagem
bakhtiniana social e discursiva da linguagem. Na presente proposta de comunicação,
temos o objetivo de discutir a questão de como as relações dialógicas estabelecidas nos
diálogos de alunos-estagiários sobre a atividade docente de uma professora experiente
de FLE funcionam como provocadores de desenvolvimento. Assim, tomando como
corpus da pesquisa o texto resultante da confrontação dos alunos-estagiários com
verbalizações da professora em ACS, observamos o direcionamento das falas dos
alunos a três diferentes tipos de destinatários: imediato, subdestinatário e
sobredestinatário. Nesse sentido, o autor de um enunciado se dirige a um destinatário
que produz uma resposta imediata (professor-formador, pesquisador, outro estagiário), a
ele próprio (aluno-estagiário) e a um participante invisível com quem ele também
dialoga (as prescrições, o métier, etc.). A análise detida desses diálogos indicam que os
estranhamentos e as controvérsias geradas no momento dessas trocas dialógicas fazem
com que o aluno reaja à sua atividade e busque respostas para suas dúvidas, seus
dilemas, suas dificuldades, etc. Tudo isso o leva a produzir um discurso que alimenta
inúmeras reflexões e que poderá ser visto como recurso para o seu desenvolvimento e
para o desenvolvimento de seu trabalho vindouro, criando, assim, possibilidades de
remodelá-lo. Em outras palavras, essas relações dialógicas viabilizam um discurso
reflexivo que pode ser a base para a transformação da prática docente desses futuros
professores.
“Reconstituição” do trabalho docente na atividade linguageira em
autoconfrontação
ALINE LEONTINA GONÇALVES FARIA
ROZANIA MARIA ALVES DE MORAES
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O presente trabalho tem como objetivo apresentar e discutir alguns resultados parciais
de uma pesquisa voltada para a análise de diálogos oriundos de duas experiências de
autoconfrontação (CLOT; FAÏTA, 2000; FAÏTA; VIEIRA, 2003; FAÏTA, 2007) com
professores estagiários de francês língua estrangeira (FLE). Situada no campo
(SOUZA-E-SILVA; FAÏTA, 2002), a pesquisa conjuga aportes teórico-metodológicos
da ergonomia da atividade (DANIELLOU, 1996) e da clínica da atividade (CLOT,
1999; CLOT, 2010) para analisar o trabalho docente (AMIGUES, 2003; MACHADO,
2004); e, fundamentada na perspectiva dialógica da linguagem círculo-bakhtiniana
(BRAIT, 2005) e na concepção de atividade linguageira (FAÏTA, 2011), seu principal
interesse é compreender as relações dialógicas entre a atividade discursiva e a atividade
de trabalho tomada como objeto de reflexão (CLOT; FAÏTA, 2000) da primeira. Nossa
abordagem dialógica apoia-se na teoria da enunciação bakhtiniana, principalmente nas
noções de enunciado concreto, gêneros de discurso, tema e significação; e na
apropriação dessa teoria por François (1998 e 2005) e Faïta (2007 e 2012) para a análise
de diálogos. A análise dialógica, descritiva e interpretativa dos diálogos, comparando e
contrastando as diferentes fases da autoconfrontação (simples e cruzada) e as duas
experiências realizadas, revelou-nos alguns recursos discursivos recorrentemente
utilizados pelos sujeitos para recontextualizar e reconstituir suas atividades docentes.
Com “reconstituição” nos referimos a diferentes modos de manifestação linguageira da
experiência vivida. Tendemos a compreender que tais recursos discursivos (por
exemplo, a dramatização, a explicitação de um suposto diálogo interior no momento da
ação, e o discurso reportado de falas/ações proibidas) operam uma reconstrução ou
recontextualização discursiva da atividade, ajudando a conscientizá-la e compreendê-la
de um novo modo, no contexto de uma atividade reflexiva.
Análise Dialógica Do Discurso: Canteiros De Trabalho
MARCOS LÚCIO GOIS
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A Análise Dialógica do Discurso (ADD), centrada na perspectiva bakhtiniana de
linguagem e discurso, tem-se destacado no Brasil como um dos mais promissores
campos de pesquisa na área de estudos discursivos. Para precisar essa afirmação, este
estudo objetiva fazer uma incursão por pesquisas acadêmicas fundamentadas em ADD,
desejando compreender os temas e assuntos abordados, os teóricos utilizados, os
corpora mobilizados, as instituições nas quais os trabalhos estão inseridos. Para tanto,
incialmente elegem-se como dados de investigação dezenove teses e dissertações
produzidas, a partir do ano 2000, em universidades brasileiras e que se encontram na
Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações. A presente pesquisa, ao
documentar e analisar como a ADD está evoluindo no cenário científico, permite que
novas investigações possam preencher possíveis lacunas e canalizar esforços para o
aprimoramento teórico e metodológico da área em destaque.
Sustentabilidade e Risco: Um estudo multimodal sob o viés dos
sistemas complexos
FELIPE JOSÉ FERNANDES MACEDO
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Nunca se discutiu tanto sobre sustentabilidade e desenvolvimento sustentável como no
atual cenário contemporâneo de comunicação. Entretanto, nota-se que esse discurso
acabou se naturalizando tanto que se tornou senso comum, sendo proferido, muitas
vezes, apenas como estratégica discursiva em textos publicitários, jornalísticos e/ou
políticos. Nesse contexto, esse trabalho tem por objetivo promover uma reflexão acerca
do discurso sobre sustentabilidade a partir de um estudo multimodal de cinco
reportagens retiradas de cinco edições da revista Guia Exame de Sustentabilidade. Para
alcançar tal objetivo, a investigação dos significados potenciais produzidos pelos modos
semióticos utilizados nas reportagens foi baseada na perspectiva teórica da

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