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CADERNO DE RESUMOS As Múltiplas Faces da Linguagem Versão de 20 de dezembro de 2015 As Múltiplas Faces da Linguagem Data: 11, 12, 13 e 14 de novembro de 2015 Local: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP Rua Monte Alegre, 984 Perdizes São Paulo – SP Website: www.corpuslg.org/inpla/2015/ Organização/Realização: LAEL As Múltiplas Faces da Linguagem Patrocinadores e Apoiadores Liberali, Fernanda Coelho; Magalhães, Maria Cecília Camargo; Carrijo, Viviane Leticia Silva; Costa, Fernando Venâncio da. Caderno de Resumos: 20º Intercâmbio de Pesquisa em Linguística Aplicada: As Múltiplas Faces da Linguagem./ Liberali, Fernanda Coelho; Magalhães, Maria Cecília Camargo; Carrijo, Viviane Leticia Silva; Costa, Fernando Venâncio da – São Paulo ISBN: 978-85-920310-0-8 1. Projeto de Pesquisa e Extensão. 2. Espaço de Ação Social. I. Título COMISSÕES 20º Intercâmbio de Pesquisas em Linguística Aplicada: As Múltiplas Faces da Linguagem COMISSÃO EXECUTIVA Profa. Dra. Fernanda Coelho Liberali (PUC-SP, CNPq, GP LACE) Profa. Dra. Maria Cecília Camargo Magalhães (PUC-SP, CNPq, GP LACE) COMISSÃO ORGANIZADORA Prof. Dr. Marcos Polifemi (Cultura Inglesa) Profa. Dra. Cláudia Gil Ryckebush (Colégio Arquidiocesano, GP LACE) Profa. Dra. Elvira Aranha (FEDUC, GP LACE) Profa. Dra. Fernanda Coelho Liberali (PUC-SP, CNPq, GP LACE) Profa. Dra. Juliana Ormastroni de Carvalho Santos (PUC-SP, GP LACE) Profa. Dra. Maria Cecília Camargo Magalhães (PUC-SP, CNPq, GP LACE) Profa. Dra. Maria Cristina Damianovic (UFPE, PUC-SP, GP LACE,) Profa. Dra. Maria Otilia Ninin (UNIP, GP LACE) Profa. Dra. Monica Galante Gorini Guerra (PUC-SP – COGEAE, GP LACE) Profa. Dra. Rosemary Hohlenwerger Schettini (FEDUC, GP LACE) Prof. Me. Fernando Venâncio da Costa (GP LACE) Prof. Me. Francisco Afrânio Teles (PUC-SP, GP LACE) Prof. Me. Mauricio Canuto (SME, Singularidades, PUC-SP , COGEAE, GP LACE) Profa. Me. Camila Santiago (UMESP, GP LACE) Profa. Me. Daniele Gazzotti (Escola Stance Dual, USP, GP LACE) Profa. Me. Fabrícia Teles (PUC-SP, GP LACE) Profa. Me. Marcia Pereira de Carvalho (SEE, GP LACE) Profa. Me. Maria Cristina Meaney (Stance Dual, PUC-SP – COGEAE, GP LACE) Profa. Me. Maria Regina dos Passos Pereira(PUC-SP, GP LACE) Profa. Me. Penélope Alberto Rodrigues (Escola Stance Dual, GP LACE) Profa. Me. Simone Alves Magalhães (Colégio Albert Sabin, GP LACE) Profa. Me. Viviane Leticia Silva Carrijo (PUC-SP, GP LACE) Prof. Everton Pessôa de Oliveira (PUC-SP, GP LACE) Profa. Fabiane Reginaldo (SME, GP LACE) Profa. Fernanda Guidi (PUC-SP, GP LACE) Profa. Jéssica Aline Almeida Dos Santos (SEE, GP LACE) Profa. Samanta Malta (GP LACE) COMISSÃO CIENTÍFICA Adriane Orenha (UNESP) Aline Pessoa Neves Almeida (PUC-SP) Ana Luiza RamazzinaGhirardi (UNIFESP) Anise D’Orange Ferreira (Unesp) Célia de Macedo (UFPA, PUC-SP) Celia Magalhaes (UFMG) Claudia Gil Rycbebusch (Colégio Marista Arquidiocesano, GP LACE) Claudia Hilsdorf Rocha (Unicamp) Clecio dos Santos Bunzen Júnior (UFPE) Daniele Vendramini Zanella (UNISO, GP LACE) Deise Prina Dutra (UFMG) Diva Cardoso (UNESP) Elaine Mateus (UEL) Eliane Gonçalves (PUCSP) Eliane Lousada (USP) Flaminia Lodovici (PUC-SP) Gisele Magnossão (Colégio Albert Sabin, GP LACE) Jean Carlos Gonçalves (UFPR) Juliana Marcolino Galli (UNICENTRO) Leila Darin (PUCSP) Lilian C. Kuhn Pereira (PUC-SP) Lourdes Andrade (Derdic-PUCSP) Marcello Marcelino Rosa (UNIFESP) Márcia R. de S. Mendonça (UNICAMP) Marcia Veirano (COGEAE, PUC-SP) Marcos Lúcio de Sousa Góis (UFGD) Maria Aparecida Caltabiano (PUC-SP) Maria C. G. Alonso (Cervantes) Maria Cecilia Lopes (FMU) Maria Cristina Damianovic (UFPE) Maria Helena Cruz Pistori (PUC-SP) Maria Otília Guimarães Ninin (UNIP, GP LACE) Melissa Catrini (UFBA) Mona Mohamad Hawi (USP) Monica Guerra (GP LACE, PUC-SP – COGEAE) Orlene Saboia (UnB) Patricia Bertoli (UERJ) Paula Tavares Pinto (UNESP) Renata Condi (Cogeae, PUCSP) Roberto Baronas (UFSCAR) Rosemary Hollenwerger Schettini (FEDUC, GP LACE) Silvana Zajac (Secretaria do Estado da Educação de SP) Sônia Fanchini (Secretária de Educação de Joinville) Sueli Salles Fidalgo (UNIFESP) Tania Shepherd (UERJ) Terezinha Maria Sprenger (UNIFESP) Valdite Pereira Fuga (FATEC) COMITÊ CIENTÍFICO LAEL Profa. Dra. Angela B. C. T. Lessa Profa. Dra. Elisabeth Brait Profa. Dra. Fernanda Coelho Liberali Profa. Dra. Leila Barbara Profa. Dra. Lúcia Maria Guimarães Arantes Profa. Dra. Mara Sophia Zanotto Profa. Dra. Maria Antonieta Alba Celani Profa. Dra. Maria Cecília Camargo Magalhães Profa. Dra. Maria Cecília Pérez de Souza e Silva Profa. Dra. Maria Francisca A. F. Lier-de-Vitto Profa. Dra. Maximina Maria Freire Profa. Dra. Sandra Madureira Profa. Dra. Sumiko Nishitani Ikeda Prof. Dr. Tony Berber Sardinha Profa. Dra. Zuleica Antônia de Camargo PUCSP e demais instituições Prof. Dr. Clecio dos Santos Bunzen Júnior (UFPE) Prof. Dr. Gladis A. Barcellos(UFSCAR) Prof. Dr. Jean Carlos Gonçalves (UFPR) Prof. Dr. Marcello Marcelino Rosa (UNIFESP) Prof. Dr. Marcos Lúcio de Sousa Góis (UFGD) Prof. Dr. Roberto Baronas (UFSCAR) Profa. Dra. Adriane Orenha (UNESP) Profa. Dra. Aline Pessoa Neves Almeida (PUC-SP) Profa. Dra. Ana Luiza Ramazzina Ghirard (Unifesp) Profa. Dra. Anise D’Orange Ferreira (UNESP) Profa. Dra. Aparecida Caltabiano (PUC-SP) Profa. Dra. Célia Macedo de Macedo Profa. Dra. Celia Magalhaes (UFMG) Profa. Dra. Claudia Hilsdorf Rocha (Unicamp) Profa. Dra. Deise Prina Dutra (UFMG) Profa. Dra. Diva Cardoso (UNESP) Profa. Dra. Eliane Gonçalves (PUC-SP) Profa. Dra. Eliane Lousada (USP) Profa. Dra. Elvira Aranha (UNIP/FEDUC) Profa. Dra. Flaminia Lodovici (PUC-SP) Profa. Dra. Juiana Marcolino Galli (UNICENTRO) Profa. Dra. Leila Darin (PUC-SP) Profa. Dra. Lilian C. Kuhn Pereira (PUC-SP) Profa. Dra. Lourdes Andrade (Derdic – PUC-SP) Profa. Dra. Márcia R. de S. Mendonça (Unicamp) Profa. Dra. Marcia Veirano (PUC-SP, COGEAE) Profa. Dra. M. Aparecida Caltabiano (PUC-SP) Profa. Dra. M. Cibele González Alonso (Cervantes) Profa. Dra. Maria Cecilia Lopes (FMU) Profa. Dra. Maria Cristina Damianovic (UFPE) Profa. Dra. Maria Helena Cruz Pistori (PUC-SP) Profa. Dra. Maria Otilia Ninin (UNIP) Profa. Dra. Melissa Catrini (UFBA) Profa. Dra. Mônica G. G. Guerra (PUC-SP – COGEAE) Profa. Dra. Orlene Saboia (UnB) Profa. Dra. Patricia Bertoli (UERJ) Profa. Dra. Paula Tavares Paiva (UNESP) Profa. Dra. Renata Condi (PUC-SP, COGEAE) Profa. Dra. Renata Phillipov (UNIFESP) Profa. Dra. Silvana Zajac (Unifesp) Profa. Dra. Sônia Fanchini (Secretaria de Educação de Jonville) Profa. Dra. Sueli Salles Fidalgo (Unifesp) Profa. Dra. Tania Shepherd (UERJ) Profa. Dra. Terezinha Maria Sprenger (Unifesp) CADERNO DE RESUMOS Prof. Me. Fernando Venâncio da Costa Profa. Me Viviane Leticia Silva Carrijo Apresentação Histórico do InPLA O InPLA – Intercâmbio de Pesquisas em Linguística Aplicada – é um evento pioneiro em Linguística Aplicada no país. Realizado bienalmente, o InPLA configura-se como espaço de debate em construção contínua por grupos de pesquisadores e tem sido organizado, desde seu inicio, pelo Programa de PósGraduação em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem (LAEL) da Pontifícia Universidade Católica – São Paulo (PUC-SP). Em sua 20ª vigésima edição, traz como tema As Múltiplas Faces da Linguagem que será realizado no período de 11 a 14 de novembro de 2015, no campus Perdizes da PUC-SP, rua Monte Alegre, 984, São Paulo. O evento reunirá pesquisadores nacionais e estrangeiros, docentes e discentes de pós-graduação e graduação de universidades brasileiras com apresentações e discussões de trabalhos, concluídos ou em andamento, integrados ao tema proposto. O 20º Inpla objetiva envolver pesquisadores nacionais e estrangeiros, pós-graduandos e graduandos na divulgação das tendências mais recentes de pesquisa em Linguística Aplicada; refletir sobre as diferentes perspectivas teóricas e disciplinas afins que têm alimentado a área; avaliar diferentes campos de pesquisa e intervenção junto a objetos da Linguística Aplicada e estudos da linguagem; contribuir para a consolidação da área no Brasil; e, por fim, oferecer um fórum para interação entre pesquisadores nacionais e estrangeiros. A programação prevê a realização de mesas-redondas coordenadas por professores do Programa de Pós-Graduação em LAEL e organizadas com professores convidados – brasileiros e estrangeiros, bem como simpósios e comunicações, nos dias 12 a 14/11 com a participação de pesquisadores nacionais e estrangeiros; pós-graduandos, graduandos e profissionais que trabalham com linguagem em contextos educacionais ou não. No dia que antecede o evento, 11/11, estão previstas as seguintes atividades: reuniões de grupos de trabalho (GT) e de pesquisa (GP). Programação Geral Terça-feira, 10 de novembro de 2015 09:00 – 12:00: Grupo de trabalho 12:00 – 14:00: Almoço 14:00 – 18:00: Grupo de trabalho Quarta-feira, 11 de novembro de 2015 9:00 – 11:00: Secretaria – LAEL 09:00 – 12:00: Grupos de trabalho / Grupos de Pesquisa 10h30: Café – sala 52 12:00 – 14:00: Almoço 14:00 – 18:00: Grupos de trabalho / Grupos de Pesquisa 15h30: Café – sala 117 Quinta-feira, 12 de novembro de 2015 9:00 – 11:00: Acolhida e secretaria – TUCA 10:00 – 11:00: Abertura e Memórias LAEL 11:00 – 12:00: Mesa de abertura: Homenagem a Profa. Dra. Anna Rachel Machado – TUCA 12:00 – 14:00: Almoço 13:30 – 16:00: Secretaria – sala 224A 14:00 – 15:30: Simpósios 15:30 – 16:00: Café – salas 222 e 223 16:00 – 18:00: Simpósios Sexta-feira, 13 de novembro de 2015 8:00 – 11:00: Secretaria – LAEL 08:30 – 10:30: Comunicações 10:30 – 11:00: Café – auditórios 117A, 100A e 134C 11:00 – 12:30: Mesas redondas 12:30 – 14:00: Almoço 13:00 – 16:00: Secretaria – LAEL 14:00 – 15:30: Simpósios 15:30 – 16:00: Café – salas 301 e 302 16:00 – 18:00: Comunicações 18:30 – 20:00: Coquetel e lançamento de livros Sábado, 14 de novembro de 2015 8:00 – 11:00: Secretaria – LAEL 08:30 – 10:00: Simpósios 10:00 – 10:30: Café – auditórios 117A, 100A e 134C 10:30 – 12:00: Mesas redondas 12:00 – 13:00: Almoço 13:00 – 15:00: Comunicações 15:00 – 15:30: Café – salas 302 e 303 15:30 – 16:30: Mesa de fechamento com Antonieta Celani e entrega de Prêmio e homenagem a Antonieta 17:00: Fechamento da PUC RESUMOS NOTA: Os resumos publicados neste volume são uma reprodução fiel dos textos originais submetidos por seus autores para publicação no Caderno de Resumos do 20º InPLA. Não é de responsabilidade da comissão organizadora deste evento fazer a revisão dos resumos/títulos enviados. MESAS Mesa de Abertura Linguagem, agir e desenvolvimento humano: a trajetória do Interacionismo sociodiscursivo no Brasil Profa. Dra. Eliane Gouvêa Lousada FFLCH-USP, Líder do Grupo ALTER- CNPq Difundido no Brasil sobretudo a partir de 1999, com a tradução da obra Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sociodiscursivo (Bronckart, 1999), o Interacionismo sociodiscursivo (doravante ISD) tem influenciado o contexto brasileiro tanto no âmbito da pesquisa quanto no âmbito do ensino. No que diz respeito à pesquisa, merece destaque o Grupo ALTER, registrado na base de dados do CNPq, que tem procurado desde sua fundação, em 2002, contribuir para a expansão do ISD no Brasil, fornecendo a seus membros um espaço de discussão sobre questões metodológicas e epistemológicas ligadas à teoria. No que concerne ao ensino, podemos mencionar, por um lado, as iniciativas relacionadas à didática das línguas, por meio dos estudos sobre os gêneros textuais e sua influência no desenvolvimento linguageiro dos aprendizes e, por outro lado, as intervenções formativas que procuram, ao estudar o trabalho educacional, contribuir para a formação de professores. Baseado, em primeira instância, nos fundamentos do interacionismo social tal como proposto por Vigotski e outros autores, o ISD visa a ressaltar o papel preponderante da linguagem no desenvolvimento humano (Bronckart, 1999, 2006). Ao aceitar todos os princípios fundadores do interacionismo social, o ISD contesta a divisão das Ciências Humanas em inúmeras disciplinas e se constitui como uma corrente da ciência do humano (Bronckart, 2006), logo, profundamente multidisciplinar (Guimarães e Machado, 2007). Nessa trajetória, ressaltamos o papel da professora e pesquisadora Anna Rachel Machado, que, após seus estudos de doutoramento em co-tutela com Jean-Paul Bronckart, foi a responsável pela chegada e difusão do ISD no Brasil, pela criação do Grupo ALTER-CNPq e pela consolidação do LAEL-PUC-SP como local primeiro de estudos brasileiros sobre o ISD. Nesta conferência, temos por objetivo retraçar o percurso do ISD no Brasil, resgatando sua origem, mostrando sua influência na pesquisa e no ensino e apontando os rumos dessa teoria no contexto brasileiro. Language, Acting and Human Development: the Trajectory of Socio-discursive Interactionism in Brazil Eliane Gouvêa Lousada FFLCH-USP, Leader of the ALTER Research Group-CNPQ Disseminated in Brazil especially after 1999, with the translation of the book Atividade de linguagem, textos e discursos: por um Interacionismo sociodiscursivo, Sociodiscursive Interactionism (SDI) has influenced the Brazilian context in research as well as in teaching. Regarding research, we highlight the role of the ALTER Group, registered in the CNPq research database, which has tried to contribute to the expansion of SDI in Brazil, since its foundation in 2002, by providing its members with an opportunity to discuss methodological and epistemological issues related to the theory. On the other hand, concerning teaching, we can mention firstly the initiatives related to the Didactic of Languages, through the studies on text genres and their influence in the language development of learners; and secondly the formative interventions that aim to contribute to teacher development by taking into account teacher’s work. Primarily based on the theoretical framework of Social Interactionism as proposed by Vygotsky, SDI aims at highlighting the fundamental role of language in human development (Bronckart, 1999, 2006). Accepting all the founding principles of Social Interactionism, SDI contests the division of Human Sciences into various disciplines and emerges as a strand of the Science of the Human (Bronckart, 2006). It is therefore deeply multidisciplinary (Guimarães e Machado, 2007). Within this trajectory, we point out the role of Professor Anna Rachel Machado who, after her PhD studies co-advised by JeanPaul Bronckart, was responsible for the arrival and spread of SDI in Brazil, for the foundation of the ALTER Group and for the consolidation of LAEL-PUC-SP as the primary center of SDI Brazilian studies. In this conference, we aim at retracing the trajectory of SDI in Brazil, recalling its origins, showing its influence in research and in teaching and pointing towards the future of this theory within the Brazilian context. Key-words: Socio-Discursive Interactionism, Language, Human Mesa Redonda 1 Linguagem e Trabalho: Perspectivas e Desafios (Language And Work: Perspectives and Challenges) Coordenadora: Profa. Dra. Maria Cecília Pérez De Souza-E-Silva – PUCSP-LAEL Palestrantes convidados: Prof. Dr. Décio Orlando Soares Da Rocha - UNIRIO Profa. Dra. Fátima Cristina Da Costa Pessoa - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ RESUMO DA MESA Pensar o lugar das práticas de linguagem no trabalho é um exercício que explicita não só múltiplas faces da linguagem em diálogo com outras áreas, entre elas, a psicologia social, mas também múltiplas faces da atividade de trabalho considerada a partir da abordagem ergológica, que a entende como sempre singular e historicamente situada. TABLE ABSTRACT Thinking the place of language practices in work is an exercise that highlights not only the multiple faces of language in dialogue with other fields, amongst which social psychology, but also the diverse faces of work activity considered from the ergological approach, according to which work activities are always unique and historically situated. Keywords: language practices in work; work activity; discursive approach; ergology RESUMOS DOS CONVIDADOS Intercessores para uma abordagem discursiva do trabalho docente em pós-graduação Prof. Dr. Décio Orlando Soares da Rocha UNIRIO Investigar a dimensão linguageira das práticas de trabalho constitui um duplo desafio: por um lado, o aperfeiçoamento de instrumentos linguísticos que funcionem como quadro teórico-metodológico e a escolha de entradas na materialidade linguística que possam dar conta da(s) pergunta(s) de pesquisa; por outro, a escolha de conceitos que vêm sendo desenvolvidos em domínios contíguos (a exemplo de subjetividade, implicação, social e individual), os quais se revelam indispensáveis quando se tem por objetivo uma reflexão de base discursiva. Buscaremos propor uma articulação de tal instrumental em pesquisas que elegem como corpus documentos reguladores do trabalho docente em pós-graduação. Intercessors for a discursive approach of teaching work in postgraduation Prof. Dr. Décio Orlando Soares da Rocha UNIRIO Investigating language dimension of working practices is a double challenge: on the one hand , the improvement of linguistic tools that work as a theoretical and methodological framework and the choice of entries in the linguistic materiality that may account for the question(s) of a research; on the other hand, the choice of concepts which have been developed in contiguous areas (such as subjectivity , implication , social and individual), which are indispensable when it aims at a discursive basis of reflection. We will seek to propose an articulation of such instrumental in researches that elect as corpora regulatory documents of teaching work in post-graduation. Keywords: language and work; subjectivity , implication ; teaching work in postgraduation. Os sentidos do trabalho e o trabalho com os sentidos Profa. Dra. Fátima Cristina da Costa Pessoa UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ Na perspectiva da Análise do Discurso, refletir sobre as práticas discursivas implica considerar o tempo e o lugar político-histórico em que a palavra emerge. Na perspectiva da Ergologia, refletir sobre as atividades de trabalho implica considerar os sentidos que elas assumem para os sujeitos do trabalho também imersos em um tempo e lugar historicamente situados. Se ambas, práticas de linguagem e atividades de trabalho, são processos constituídos nas(pelas) relações institucionais, busca-se, por meio de relações interdisciplinares, desvelar suas implicações para a reprodução e a transformação da ordem social. The work’s meanings and the work with meanings Profa. Dra. Fátima Cristina da Costa Pessoa UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ Discourse Analysis investigates the discourse practices involved in thinking about the historical and political features of the context where the words take place. In the view of Ergology, reflecting about working activities implies considering the meanings that these activities take to the people who share a workspace, also involved in a historical context. If both discourse and working practices are process produced inside institucional relationships, this work, using an interdisciplinary approach, intends to reveal, by, the consequences of these practices for the reproduction and for the transformation of the social order. Key-words: Discoure practices, working practices, meanings production. Mesa Redonda 2 “Língua Materna”, “Língua Estrangeira”, “Primeira Língua” e “Segunda Língua”: Distinções e Definições. Coordenadora e Debatedora: Profa. Dra. Lúcia Arantes - PUCSP-LAEL Palestrantes Convidadas: Profa. Dra. Glória Maria Monteiro de Carvalho - UNICAPE Profa. Dra. Maria Fausta Pereira de Castro - UNICAMP Profa. Dra. Rosa Attié Figueira - UNICAMP Profa. Dra. Lourdes Andrade - DERDIC-PUCSP RESUMOS DOS CONVIDADOS Língua materna e homofonia em falas de crianças Profa. Dra. Glória Maria Monteiro de Carvalho UNICAPE Na investigação da aquisição de linguagem, sob o enfoque da Pragmática Linguística, tem se destacado a proposta denominada, por alguns autores, Socialização da Linguagem. Nessa proposta, colocando de uma forma muito geral, um dos objetivos da socialização consiste em fazer com que a criança aprenda como utilizar a língua de modo a produzir enunciados que sejam, ao mesmo tempo, eficazes e adaptados à comunidade. Assim, estudiosos realçam que importantes progressos empírico-metodológicos e teórico-práticos ocorreram com a análise sistemática de práticas socioculturais, na investigação da fala da criança, nessa linha de pesquisa. No entanto, pode-se notar que, apesar das várias mudanças ocorridas, a abordagem pragmática da aquisição de linguagem carrega indícios da antiga questão da comunicação bem sucedida fundamentada na noção de adaptação, o que coloca obstáculos à investigação do caráter heterogêneo e “errático” da fala infantil, ou melhor, de seu caráter singular. Assumimos, então, a proposta de que uma análise estrutural da relação linguística entre mãe e criança, no início de sua constituição como falante, consiste numa tentativa de investigar esse caráter singular, na medida em que revelaria a presença da língua materna na fala infantil. Nessa perspectiva, a língua materna se faria presente na fala da criança por meio de suas produções verbais iniciais as quais possuem a marca da homofonia, isto é, às quais não se pode atribuir, com segurança, um sentido determinado. Por sua vez, essa marca de homofonia provoca, no outro (o investigador), um efeito de surpresa, ao mesmo tempo em que torna visível uma quebra na noção de interação linguística como comunicação/adaptação entre mãe (ou cuidadora) e criança. Pretendemos ilustrar essa quebra, por meio da análise de dados de diálogo entre um adulto (a mãe) e uma criança, num momento muito inicial de sua trajetória linguística. Mother tongue and the homophony in children's utterances Profa. Dra. Glória Maria Monteiro de Carvalho UNICAPE In the investigation of language acquisition, with a focus on Language Pragmatics, the socalled Language Socialization proposal has been highlighted by some authors. In this proposal, in very general terms, one of the goals of socialization is to make the child learn how to use language so as to produce statements that are, at the same time, effective and tailored to the community. Thus, scholars emphasize that important empirical and methodological progress, as well as theoretical and practical developments have occurred with the systematic analysis of socio-cultural practices in the investigation of the child speech, in this line of research. One can, however, notice that, despite several changes occurred, the pragmatic approach to language acquisition carries traces of the old question of successful communication based on the notion of adaptation, which puts obstacles to the investigation of heterogeneity and "erratic" character of children’s speech, that is, its singular feature. Then it is assumed that the proposition of a structural analysis of the linguistic relationship between mother and child, at the beginning of its establishment as a speaker, is an attempt to investigate this singular character, in that it would reveal the presence of the mother tongue in the child's speech. In this perspective, the mother tongue would be present in the child's speech through their initial utterances which have the mark of homophony, that is, it is not possible to attribute to them for sure a determined meaning. In turn, this mark of homophony provokes in the other (the investigator), a surprise effect, while it brings up a break in the notion of linguistic interaction as a communication / adaptation between mother (or caregiver) and child. The goal is to illustrate this break by analyzing dialogue data between an adult (the mother) and a child, at a very early stage in their linguistic trajectory. Keywords: Language acquisition. Mother tongue. Homophony. Aquisição da língua materna entre línguas Profa. Dra. Maria Fausta Pereira de Castro UNICAMP A transmissão da língua (la langue) que precede o falante em sua cultura, de uma geração a outra, só pode ser analisada como um fenômeno coletivo em que forças antagônicas de continuidade e mudança estão em ação. Como objeto da ciência linguística, la langue é, para Saussure, “um ponto de vista”, qual seja: ocorrência repetida e a permanência de suas condições ; nesse sentido, la langue opõe-se à fala (la parole) (Milner, 2002). O fenômeno total da linguagem, a língua (la langue) é linguagem menos fala (la parole), sendo a última singular, ela não se repete, constituindo a linguagem como um ojeto não homogêneo. É no campo a Aquisição da Linguagem – em que língua (langue) e fala (parole) estão envolvidos – que ocorre o encontro do infans com sua língua materna, que o captura (de Lemos, 2002). De um ponto de vista fenomenológico, é possível reconhecer as relações estruturais entre a fala da mãe e a da criança que, como as infans, é tomado nas redes da linguagem e afetado pelos valores performativos da invocação materna. A língua materna deve ser tomada como experiência única, devido à incidência de uma atividade linguística na criança, que a tornará falante. Ainda que seja uma língua entre outras, para o falante esta língua é “materna”. E o traço de incomensurabilidade, que a define, relaciona-se a uma trajetória que não se repete e que é desvelada na aquisição da linguagem. Podemos dizer que, em certas circunstâncias, a língua materna é constituída por materialidades linguísticas diversas advindas de mais de uma língua, mas aquilo que o falante sabe sobre elas pode não coincidir com esse conhecimento. No interior deste um quadro teórico, este trabalho visa discutir a noção de língua materna, focalizando experiências de algumas crianças no processo de adquirir uma língua em situação de contato temporário ou contínuo com duas línguas. Não se trata de estudo sobre bilingualismo, mas de uma reflexão baseada em fatos observados num período de contato entre duas crianças com três anos de idade – uma brasileira e uma francesa – tanto com o português, quanto com o francês. Os fatos abordados permitem levantar questões sobre os efeitos de linguagens de crianças em adultos e, eventualmente, em criações poéticas ou literárias. Previsibilidade e imprevisibilidade no percurso com a língua materna. O que torna a fala da criança marcante? Profa. Dra. Rosa Attié Figueira UNICAMP A gramática, como expressão de regularidades estruturais da língua, visa refletir o conhecimento de um falante-ouvinte idealizado, membro de uma comunidade linguística supostamente homogênea. Questiona-se o grau de idealização, a ponto de considerar que a homogeneidade não é mais do que uma ficção (Lyons 1982). Como afirma Lier-DeVitto, (2006) “gramáticas… podem ser vistas como instrumentos de redução da heterogeneidade das manifestações linguísticas”. Quando se trata de contemplar o amplo e desafiante cenário da aquisição da língua materna, é exatamente o que se chama de error (ing.) ou faute (fr.), ou ainda "ocorrência divergente" (Figueira 1995) que a pesquisa se revela produtiva (Bowerman 1982, Karmiloff-Smith 1986, de Lemos 1982, 1992). De fato, a fala da criança é particularmente rica em exibir aspectos dinâmicos da relação de cada sujeito com a língua. Como nos ensina Saussure na segunda conferência de Genebra, observar uma criança de 3 a 4 anos nos dá a ver "um verdadeiro tecido de formações analógicas” (Ecrits de Linguistique Générale 2002: 140). O foco deste trabalho é assim a fala divergente da criança, na direção de avaliar a extensão do fenômeno analógico, sua natureza ao mesmo tempo previsível e imprevisível. Conforme se lê no Curso de Linguística Geral: "Não se pode dizer de antemão até onde irá a imitação de um modelo, nem quais os tipos destinados a provocá-la” (Saussure 1916 [1971]: 188).g Com base nos corpora de crianças brasileiras em processo de aquisição do português ( 2 a 5 de idade, fontes: diário e de gravações sistemáticas), abordaremos processos morfológicos, que afetam o verbo e o nome, sujeitos a uma surpreendente variação, no percurso de cada sujeito com a língua. No decorrer da constituição do paradigma verbal ocorrem erros multidirecionados quanto aos sufixos desinenciais, e isto acontece não só no domínio dos verbos irregulares, mas no domínio dos “bem comportados” verbos regulares (Figueira 2000, 2010). Este quadro deixa ao observador a impressão de uma dissolução dos limites que, na língua adulta, separam os verbos em classes de conjugação distintas (1.a, 2.a e 3.a conjugação). Na sua flagrante instabilidade, podem ser vistos como peças que exibem um movimento (ao mesmo tempo previsível e imprevisível), na direção da mise ou remise en système. Outro aspecto a ser considerado são as inovações incidindo sobre nomes, domínio de farta ilustração desde os diaristas (por exemplo, Sully 1895). Procuraremos mostrar que os nomes de agente, criados pela criança, podem ser analisados pela noção de analogia de Saussure, mas se beneficiam também da contribuição de Benveniste aos noms d´action e noms d´agent (1948, citado por Milner 2000). Focalizaremos sentenças de primeira pessoa Eu sou SN, contendo no predicado um nome que designa o agente. Tais sentenças são duplamente interessantes: pela inovação morfológica no N, e pelo ato de predicação original que “perfomam”. Através delas a criança se apresenta como autor/a de uma ação atual, numa predicação improvisada. A nomeação recobre um ato que se cumpre naquele momento, procedente do sujeito da enunciação, criativamente nomeado. A criança não reproduz algo que ouviu, mas vale-se de um recurso dinâmico para comunicar sua condição de autor/agente ocasional. Poderia a noção de adaptabilidade ser introduzida para abranger tal perspectiva? Este termo/tema poderia ser utilizado para iluminar a dimensão do uso da linguagem na aquisição da linguagem., contribuindo para a exploração do tema das inovações, presentes nas estruturas linguísticas em uso pela criança entre 2 a 5 anos de idade. Língua materna considerada desde a perspectiva de desordens na linguagem Profa. Dra. Lourdes Andrade DERDIC-PUCSP Nesta apresentação discute - se a posição particular da língua materna tanto no campo dos estudos da linguagem quanto em relação com o sujeito falante. Duas posições bastante fortes sobre a especificidade da língua materna no conjunto das línguas serão tomadas como ponto de partida da discussão a ser desenvolvida: a posição sustentada por J-C Milner no Amor da Língua (1978) e aquela sustentada por Lier-DeVitto no campo das patologias da linguagem. Elas apontam para o fato de que o potencial para equivocidade instaurado por toda e qualquer língua é posto em operação de modo particularmente na relação entre o sujeito falante e sua língua materna. A singularidade desse funcionamento será explorada com foco em produções sintomáticas de crianças. Para tanto, material clínico de falas/escritas de crianças recolhidos na clínica de linguagem serão apresentados e discutidos. Mesa Redonda 3 Clínica com Sujeitos numa Relação Conflituosa com a Língua Materna Coordenadora e Debatedora: Profa. Dra. Maria Francisca Lier-DeVittoPUCSP-LAEL Palestrantes Convidadas: Profa. Dra. Maria de Fátima Vilar de Melo - UNICAPE Profa. Dra. Suzana Carielo da Fonseca - PUCSP - PPGG Profa. Dra. Melissa Catrini - UFBA Profa. Dra. Juliana Ferreira Marcolino Galli - UNICENTRO-OR RESUMOS DOS CONVIDADOS Língua materna e fala sintomática nas afasias : algumas questões Profa. Dra. Maria de Fátima Vilar de Melo UNICAPE As pesquisas sobre a relação entre linguagem e afasia defendem posições bastante distintas entre si, dependendo da concepção que têm das afasias, da linguagem e de falas sintomáticas. Por serem majoritariamente ligadas ao campo bio-médico, esses estudos tendem a assentar sua noção de afasias sobre uma relação de causalidade entre lesão e linguagem, assumindo esta última como uma falcudade humana. Disso decorre que tais pesquisas não levam em conta seja aspectos psíquicos, seja aspectos linguísticos; consequentemente, a afaisa resulta definida como uma perda ou uma redução da linguagem. Longe de ser recente, esta definição se estabelece no século XVIII, no interior da Neurologia, notadamente localizacionista, de que Jean-Paul Brockart é reconhecido como fundador. O primeiro teórico a interrogar esta definição foi o neurologista inglês John Hughlings Jackson, que inaugura a perspectiva que ultrapassa concepções redutoras das afasias a aspectos exclusivamente orgânicos, ao afirmar que o esforço de caracterização e classificação de uma afasia implica considerar os aspectos linguísticos alterados. Esta abordagem, desenvolvida por Jackson, foi retomada por Freud em seu trabalho «Contribuitions à la conception des aphasies», publicado em 1891. As observações de Jackson sobre fenômenos relativos aos restos de linguagem e ao aparelho de linguagem foram capitais para Freud. Entretanto, ele se afasta da posição de Jackson e a ultrapassa na medida em que considerou como imperativo o aprofundamento da reflexão sobre a natureza da linguagem. Freud oferece uma interpretação nova da organização desse aparelho e a mostrar a meneira segundo a qual os fatores topográficos e funcionais são afetados em caso de perturbações no referido aparelho. Nesse sentido, sua análise das parafasias constitui, para nós, um dos pontos maiores de seu trabalho, na medida em que há, ali, uma concepção de funcionamento da linguagem absolutamente original, já que tal funcionamento não é visto como passível de ser controlado pelo sujeito falante. Fonseca e Vorcaro (2006) sustentam que Freud teve o mérito de propor um aparelho de linguagem que serviu de base para sua concepção posterior de aparelho psíquico. As abordagens de Jackson e, acima de tudo a de Freud, abriram para o estudo das afasias em outros campos do conhecimento – caso da Linguísitca com Jakobson, por exemplo, que interessou, de perto, pesquisadores da Clínica de Linguagem, proposta por Lier-DeVitto (1997-8). Certo é que as afasias colocam em perspectiva o organismo, o corpo-falante e o psiquismo numa relação especial, discutida neste trabalho, à luz de considerações de Frej (2003) para quem a presença dessas três instâncias introduz a necessidade de não serem tratadas como excludantes. Esse ponto nos remete ao Aufhebung de Freud: termo de que o psicanalista se serve para tratar o instante mítico em que o organismo humano é alçado e elevado à condição de sujeito. Para desenvolver esta questão, afirmamos que o estudo das afasias implica tomar em consideração a relação do sujeito com a linguagem e seu funcionamento – o que requer colocar em evidência a ordem própria da língua, assim como a ligação específica entre afasia e la langue. O afásico; um estranho na língua materna Profa. Dra. Suzana Carielo da Fonseca PUCSP - PPGG Na afasia há um cérebro lesionado, uma fala (e/ou escuta) alterada e um sujeito que sofre por efeito de sua condição sintomática na linguagem. Vale notar que há um pré- requisito para a instanciação da afasia: a de que está sempre em causa um sujeito já constituído falante, ou dito de outro modo, um sujeito já maternado por uma língua. Por efeito da lesão cerebral, ele é confrontado com outra condição de falante, diferente da que podia antes sustentar. Por isso, ele fica como outro frente à própria fala (e /ou escrita). Essa não coincidência é atemorizante porque produz a ruptura de um ideal de unidade que (mesmo que provisoriamente) está implicado nas falas (escritas) de falantes normais. Tal ruptura, contudo e paradoxalmente, não é total já que para o afásico e para os demais falantes de sua língua materna, os restos que se apresentam na sua fala (escrita) são reconhecidos como restos dessa mesma língua. Nessa medida, pode-se dizer que estranho e familiar se entrelaçam no acontecimento patológico que se denomina afasia, o que nos leva a concluir que o afásico é um estranho na língua materna. Vale destacar no encaminhamento desta discussão que tomaremos como referência a teorização de Milner (1978, 1983) sobre a língua materna e a questão do estranho, tal como trabalhada por Freud (1919). Material clínico referente a atendimento fonoaudiológico de afásicos serão trazidos para movimentar o debate. Corpo, sujeito, língua e fala no campo das patologias da linguagem Profa. Dra. Melissa Catrini UFBA Na clínica de linguagem, o sintoma é definido como uma “marca na fala que fala do sujeito”, ou seja, “fala” de sua condição problemática enquanto falante. Se entendemos que falante é aquele que habita uma língua, como afirma De Lemos (1992, 2002, entre outros), o sintoma é expressão de mal-estar do sujeito em “sua casa”. Sabe-se que o efeito sintomático de uma fala é inequívoco (Lier-DeVitto, 2001) e será sentido de forma não menos profunda nos desarranjos interacionais provocados por ela. Daí uma dissimetria marcante se instala entre falantes de uma língua. O sintoma na linguagem envolve, portanto, um profundo drama subjetivo que se imiscui com a dor do isolamento social. Por outro lado, é preciso destacar que, com frequência, o exercício da clínica nos coloca diante de manifestações sintomáticas de fala que deixam a descoberto sujeitos paralisados em gestos articulatórios desajeitados ou num visível esforço do corpo para falar. Digamos assim, se a marca na fala revela-se na escuta do outro a tal ponto de produzir o rompimento do laço social, há manifestações sintomáticas de fala que se marcam no corpo e atingem o olhar. Tratam-se de manifestações que comparecem no corpo e “corpo” é, por tradição e direito, objeto (exclusivo) do campo da Fisiologia e da Patologia – justifica-se, sem dúvida, a força da discursividade desses estudos sobre o tema que também opera no domínio da divisão filosófica mente/corpo melhor entendido, da relação entre razão/cognição e corpo/organismo. É na esfera do dualismo corpo-mente que se inscreve a discussão sobre a relação entre corpo e mente, corpo e linguagem. Entretanto, no presente estudo, Freud comparece dissolvendo o dualismo psicofísico. Nos escombros da histeria e nos furos da afasia, ele viu que estrutura e funcionamento não caminham lado a lado. Daí que outra concepção de corpo deve vir a figurar. Fala-se do corpo que é Um, aquele que nasce com o ser de linguagem, o falasser, o corpolinguagem. Sendo assim, manifestações como essas, que marcam o corpo falante, nos obrigam a levar adiante uma reflexão no campo das patologias e clínica de linguagem que não exclua o corpo das considerações sobre a articulação língua-fala-sujeito. Trata-se de não ignorar que gestos articulatórios distorcidos colocam em evidência o corpo, sobre o qual pesa a expectativa de “naturalmente” estar preparado para oralizar. Expectativa, no caso, frustrada. A verdade é que não há nada de natural na utilização do trato bucofaríngeo para a fala, como já advertia Saussure. Sendo assim, o presente trabalho busca analisar as marcas sintomáticas que comparecem na fala quando o corpo parece não ser potente para sustentar o peso do significante (BÈRGES, 2008). Para tanto, são analisadas sessões clínicas em que situações dialógicas foram gravadas e transcritas. A análise tem como foco tecer considerações a respeito da relação sujeito-língua-fala, incluindo nessa tríade uma reflexão sobre o corpo falante. A tarefa é cumprida a partir das reflexões encaminhadas no âmbito do Grupo de Pesquisas “Aquisição, patologias e clínica de linguagem” (LAEL/PUCSP). Body, subject and language in the field of Language Patho Profa. Dra. Melissa Catrini UFBA It is well known that the effect of symptomatic speech on the other is unequivocal (LierDeVitto, 2001) and that a striking dissymmetry between speakers of the same language is deeply felt in interaction situations, even if the communicative process is not interrupted (Catrini, 2005). In the clinical realm of speech therapy, the symptom in language could be defined as unstable and enigmatic utterances (pseudo-words, disordered productions) which affect their intelligibility and interpretation and sheds light on the subject’s problematic condition as a speaker of her/s mother tongue. If we understand that the speaker of a language inhabits his mother tongue, as posed by Lemos (1992), the symptom in speech can be taken as a glaring expression of uneasiness felt "at home". In clinical practice, symptomatic speech may include awkward articulatory gestures and noticeable efforts to overcome such difficulties which involve, in an odd way, the body of the speaker. Indeed, such frequent clinical events raise questions concerning the subject-speaker’s body within a theoretical framework which reflects upon the language-speech-subject relationship. In fact, it is not to ignore that distorted articulatory gestures contradicts the idea that the human body is "naturally" prepared to vocalize speech; such an expectation is frustrated when one is face-to-face apraxia, a clinical manifestations that shows that there is nothing natural about the oropharyngeal tract for speech, as Saussure (1916) stressed. This study aims at discussing symptomatic speech gestures which lightens instances where the body does not seem to support the pressure of the significant (Bèrges, 2008). No doubt, apraxia affects “the speaking body” not “the organic body", which, from a medical viewpoint is the neutral object of physiology and pathology. I intend to discuss and justify the theoretical distance I take from the traditional approach to apraxia, which sustains itself on the philosophical dichotomy between mind and body, i.e., between cognition and organism. Freud is called upon and taken as a landmark concerning the concept of “body” since he dissolves the philosophical and psychophysical dualism mind-body. Affected by the ‘wreckage’ of hysteria and the ‘holes’ of aphasia, he states that structure of the body and the body functions do not go side by side. Freud could develop in some studies on Apraxia the notion that there is only one “human body” – the one which comes to life when captured by language or, according to Lacan, such a body should be viewed as “corps pulsionel, as a “languagebody”. Some clinical dialogue will be presented and analyzed. Considerações sobre a relação memória e linguagem em fala de crianças Profa. Dra. Juliana Ferreira Marcolino Galli UNICENTRO-OR Este trabalho origina-se no aspecto teórico central na minha tese de doutorado, quando discuti a relação memória e linguagem, a partir da minha prática clínica de atendimento de sujeitos com demências. A reflexão encaminhada assumiu que linguagem não é função cognitiva e memória não é lugar de estocagem. O movimento de Freud na elaboração do aparelho psíquico, como um aparelho de linguagem e um aparelho de memória foi apresentado. A partir de Freud, o trabalho sustenta um argumento que dissolve a hierarquia entre memória e linguagem, frequente nas abordagens cognitivistas. Ao final da etapa do doutorado, pontos enigmáticos deixam ver a complexidade do assunto. Esses pontos permitem levantar questões sobre a Aquisição da Linguagem, considerando a natureza do diálogo adulto-crianças, seus monólogos e narrativas, já que a criança fala, mas sua relação com o contexto (referência externa) pode ser interrogado, assim como seu efeito comunicativo. A proposta de aquisição da linguagem de De Lemos (1992, 1997) é solidária ao processo de subjetivação. A aquisição é impulsionada por mudanças estruturais: de posição da criança frente à fala do outro e à língua (la langue). Diversas ocorrências na fala da criança, como o erro/equívoco, escuta, reformulações, réplicas, tem sido entendidas, pelos pesquisadores desta proposta como índices de mudanças de posição da criança na linguagem. Neste ponto de vista, a criança entra na linguagem ao “incorporar fragmentos da fala do outro” e que esses pedaços de fala retêm “restos” de cenas vívidas. É a partir da “memória” que fragmentos retornam na fala da criança quando ela está só (nos monólogos e nas narrativas). Esses “retornos” apontam para o fato de que a criança, que ao repetir pedaços da fala do outro, mostra uma fala “diferente” em diferentes aspectos (fonéticofonológico, morfológico, por exemplo) e, acima de tudo, a diferença aparece, de forma notável na “indeterminação” sintática e semântico-pragmática de suas manifestações. Ou seja, a repetição é com diferença - produz heterogeneidade e não coincidência entre falantes (LIER-DeVITTO e FONSECA, 2012). Neste ponto, podemos dizer que a repetição entre falas no diálogo criança-adulto não é equivalente à reprodução. Desse modo, os termos “restos”, “fragmentos” e “retorno” implicam os conceitos “memória” e “repetição”, conforme discutidos na Psicanálise. Este trabalho propõe uma reflexão inicial sobre linguagem e memória, considerando esse trânsito de fragmentos e seus efeitos mnêmicos no diálogo e nos monólogos em fala de crianças. Considerations about the relation memory and language in the speech of children Profa. Dra. Juliana Ferreira Marcolino Galli UNICENTRO-OR This paper originates in the central theoretical aspect of my doctorate thesis, when discussing the relation memory and language, from my clinical practice attendance with subjects with dementia. The reflection forwarded assumed that language is not cognitive function and memory is not a place of storage. The movement of Freud's work was shown in the elaboration of the psychic apparatus as an apparatus language and a device memory. Freud dissolves the hierarchy between memory and language, common in cognitive approaches. At the end of the stage doctorate, enigmatic points indicated the complexity of the subject. These points raise questions about the Language Acquisition, considering the nature of adult-child dialogue, his monologues and narratives. This is because the child speaks, but its relation with the context (external reference) can be questioned, as well as its communicative effect. The proposed acquisition of the language of De Lemos (1992, 1997) is integral to the process of subjectivation. The acquisition is driven by structural changes: the position of the child in relation to the speech of others and in relation to the language (la langue). Several occurrences in child speech, as the error/ mistake, reformulations, have been understood by researchers in this proposal as indices of changes in position of the child in the language. In this view, the child enters language to "incorporate fragments of the speech of the other" and that these cuts retain speech "remains" vivid scenes. These fragments return in child speech, from “memory”, when she is alone (in monologues and narratives). They point to the fact that the child shows one speaking "different" in different aspects (phoneticphonological, morphological, for example) and, above all, the difference appears remarkably in the semantic-pragmatic and syntactic "indeterminacy". Other words, repetition is difference: it produces heterogeneity and not coincidental between speakers (LIER-DeVitto and FONSECA, 2012). At this point, we can say that the repetition between in adult-child dialogue is not equivalent to reproduction. Thus, the terms "remains," "fragments" and "return" implies the concepts of "memory" and "repetition", as discussed in Psychoanalysis. This paper proposes an initial reflection on language and memory, considering this transit of fragments and their mnemonic effects in the dialogue and monologues in the speech of children. Mesa Redonda 4 A Face e a Fala na Expressão de Emoções e Atitudes (Face and Speech in expressing emotions and attitudes) Coordenadoras: Profa. Dra. Sandra Madureira (PUC-SP LAEL) e Profa. Dra. Zuleica Camargo (PUC-SP- LAEL) Debatedor: Prof. Dr. Mario Augusto de Souza Fontes (PUC-SP) Palestrantes Convidados: Prof. Dr. Armindo Freitas Magalhães - Feelab- Universidade Fernando Pessoa do Porto, Portugal Prof. Dr. Plinio Almeida Barbosa - IEL-UNICAMP Prof. Dr. Albert Rilliard LIMSI-Paris RESUMO DA MESA Emoções compreendem respostas automáticas, intensas e rápidas aos estímulos do ambiente, envolvendo reações fisiológicas, comportamentais e a experiência de sensações e são reveladas na face e na voz. Enquanto as emoções implicam em experiências, as atitudes implicam em julgamentos baseados em crenças, sentimentos e intenções. Esta mesa redonda tem como objetivo abordar métodos de identificação de emoções por meio de análise de gestos faciais e vocais e discutir os mecanismos envolvidos na linguagem gestual. Para a análise da face, o Facial Action Code System (FACS) é um instrumento que permite classificar as micro e macro expressões faciais por meio de unidades de ação. Para o delineamento do perfil vocal recorre-se às análises perceptiva e acústica da prosódia da fala. Resultados de análises da expressão facial e vocal de emoções serão relatados, discutidos e considerados em relação ao cenário dos estudos da linguagem gestual. Palavras chave: expressão de emoções; expressão de atitudes; expressividade de fala; expressão facial TABLE ABSTRACT Emotions are intense, automatic and quick responses to environmental stimuli, involving physiological responses and experience and they can be expressed by facial and vocal gestures. While emotions involve experiences, attitudes involve judgments based on beliefs, feelings and intentions. This round table has as its objective discussing the expression of emotions by facial and vocal gestures and considering some mechanisms underlying these kinds of gestural language expression. In order to analyze facial expression, the Facial Action Code System (FACS) is an instrument which allows classifying micro and macro facial expressions by means of action units. In order to delineate the vocal speech profile perceptual and acoustic analysis are performed. Results of experiments concerning the facial and vocal expression of emotions and attitudes are reported, discussed and considered in relation to the gestural language scenario. Key words: expression of emotions; expression of atitudes; speech expressivity; facial expression. RESUMOS DOS CONVIDADOS A expressão facial das emoções Prof. Dr. Armindo Freitas Magalhães FEELAB - Universidade Fernando Pessoa do Porto, Portugal A expressão facial das emoções podem ser analisadas por um instrumento chamado Facial Action Code System (FACS) desenvolvido por Eckman e Friesen (1978) e revisado por Eckman, Frioesen e Hagen (2002), o qual permite classificar micro expressões, ou seja, expressões que duram frações de segundo, e macro expressões faciais por meio de unidades de ação (AUs). Uma codificação de 44 músculos que é usada mundialmente por profissionais tais como psicólogos, psiquiatras neurologistas e pesquisadores que se dedicam ao estudo da expressão das emoções na interação social mediada pela fala. O processo de identificação das expressões faciais é discutido e as características faciais de7 emoções básicas (felicidade, tristeza, medo, nojo, surpresa e desprezo) são apresentadas. Resultados de trabalhos que aplicam as AUs para a análise da expressão facial das emoções são apresentados e discutidos. Palavras chaves: expressão facial; emoções; interação social. The facial expression of emotions Prof. Dr. Armindo Freitas Magalhães FEELAB - Universidade Fernando Pessoa do Porto, Portugal The facial expression. of emotions can be analyzed by a tool called the Facial Action Code System (FACS) revised by Eckman (2002) which allows classifying micro expressions, that is, lasting for a fraction of a second, and macro facial expressions by means of action units (AUs), a coding of the 44 facial muscles which is used worldwide by professionals such as psychologists, psychiatrists, neurologists and researchers concerned with the expression of emotions in spoken social interaction .The process of identifying facial expression is discussed and facial characteristics of the 7 basic emotions (happiness, sadness, fear, anger, disgust, surprise and contempt) are presented. The results of works applying the AUs to the analysis of the facial expression of emotions are presented and discussed. Key Words: facial expression; emotions; social interaction A análise acústica da expressividade da fala Prof. Dr. Plinio Almeida Barbosa IEL-UNICAMP Este trabalho apresenta as contribuições de um conjunto de medidas extraídas por um script (Barbosa, 2009) denominado Expression Evaluator, o qual roda no software PRAAT, desenvolvido por Paul Boersma e David Weenink da Universidade de Amsterdam para a avaliação da expressividade da fala. O script possibilita a geração de quatorze parâmetros acústicos relacionados à duração, frequência fundamental, espectro de longo termo e ênfase espectral que pode ser aplicado para o estudo do ritmo, entoação, qualidade de voz na fala expressiva e patológica. Essas medidas podem ser utilizadas para avaliar a fala em relação à expressão de primitivos emocionais, referidos como ativação, valência e envolvimento. Resultados de trabalhos que aplicam essas medidas na análise da expressividade da fala são apresentados e discutidos. Palavras chaves: fala expressiva; análise acústica; emoções Acoustic analysis of speech expressivity Prof. Dr. Plinio Almeida Barbosa IEL-UNICAMP This work presents a set of acoustic measures extracted by a script (Barbosa, 2009) called Expression Evaluator, running in PRAAT, a software developed by Paul Boersma and David Weenink from the University of Amsterdam which can be used to analyze speech expressivity. The script allows to generate up to fourteen prosodic parameters related to duration, fundamental frequency, long term average spectrum and spectral emphasis to the study of rhythm, intonation and voice quality in expressive and pathological speech. In analyzing speech expressivity it can be used to evaluate the degree of the emotional primitives referred as activation, valence and involvement. The results of works applying these measures to the analysis of speech expressivity are presented and discussed. Key words: expressive speech; acoustic analysis; emotions A expressão facial e vocal de atitudes na fala Prof. Dr. Albert Rilliard LIMSI-Paris Este trabalho apresenta uma análise das características faciais e vocais na expressão de atitudes na fala e discute os processos envolvidos na decodificação dessas expressões. Atitudes envolvem julgamentos de afeto baseados em crenças, sentimentos e intenções e são voluntariamente controlados. Diferenças são encontradas na expressão de atitudes na interação verbal dependendo da influência da língua e cultura dos falantes. Resultados de alguns experimentos de naturezas acústica e perceptiva são apresentados e discutidos e a relevância do papel da prosódia no contexto de expressão de atitudes na fala é salientada. Palavras chaves: expressão de atitudes; expressão facial; expressão vocal The facial and vocal speech expression of attitudes Prof. Dr. Albert Rilliard LIMSI-Paris This work analyzes facial and vocal characteristics of the speech expression of attitudes and discusses the processes involved in the decoding of attitudes in speech. Attitudes involve affect judgments based on beliefs, feelings and intentions and they are voluntarily controlled. Social affects can be expressed by facial and vocal characteristics. Differences are found in the expression of attitudes in verbal interaction depending on the speakers’ language and culture. The results of some perception and acoustic experiments concerning the speech expression of attitudes in different languages are presented, discussed and attention is drawn to the role of prosody in .the vocal expression of attitudes. Key words: expression of attitudes; facial expression; vocal expression Mesa Redonda 5 Metáfora em uso: metáfora conceitual e frames (Metaphor in use: conceptual metaphor and frame) Coordenadora: Profa. Dra. Mara Sophia Zanotto (PUC-SP- LAEL) Palestrantes Convidados: Heronides Moura - UFSC Lucienne Claudete Espíndola - UFPB Mara Sophia Zanotto - PUCSP RESUMO DA MESA A Linguística Aplicada focaliza a metáfora em uso no mundo real em diferentes gêneros discursivos e diferentes contextos e culturas. Esse enfoque revela a complexidade do fenômeno metafórico no mundo real, devido à dinâmica da interação de aspectos cognitivos, corpóreos, sociais, culturais e intersubjetivos. Assim, Zanotto et al. (2008) apontam que, para dar conta dessa complexidade da metáfora em uso, é preciso convocar outras teorias, além da Teoria da Metáfora Conceptual (LAKOFF & JOHNSON, 1980; LAKOFF (1993), indo em direção a um pluralismo teórico. Desse modo, as pesquisas que serão apresentadas nesta mesa-redonda têm por objetivo discutir as questões decorrentes de focalizar a metáfora em uso, como, por exemplo, a problematização de Teoria da Metáfora Conceptual para dar conta da explicação da significação discursiva e a consequente necessidade de recorrer à semântica de frames (FILLMORE, 2006). TABLE ABSTRACT Applied Linguistics focuses on the metaphor in use in the real world in various discursive genres and different contexts and cultures. This approach reveals the complexity of the metaphorical phenomenon in the real world, due to the interaction dynamics of cognitive, bodily, social, cultural, and inter-subjective aspects. Thus, Zanotto et al. (2008) point out that, to account for this complexity of metaphor in use, there is a need to call out other theories, besides the Conceptual Metaphor Theory (LAKOFF & JOHNSON, 1980; LAKOFF, 1993), heading towards a theoretical pluralism. Thereby, the investigations that will be presented in this roundtable aim to discuss the issues arising from the focus on metaphor in use, such as, for instance, discussing the Conceptual Metaphor Theory to account for explaining discursive meaning and the consequent need for resorting to frame semantics (FILLMORE, 2006). RESUMOS DOS CONVIDADOS Metáfora: ligando frames Heronides Moura UFSC Nesta apresentação, pretendo mostrar que a metáfora é uma correlação entre frames. Os frames são sistemas de conceitos relacionados que formam uma base de conhecimento. Usar o significado de uma palavra implica ativar determinado frame. Uma metáfora estabelece uma correlação entre frames. Essa correlação pode ser de natureza intercultural, quando se trata de frames pertencentes a duas culturas, como na língua guarani, em que o vocábulo bicicleta foi traduzido do português como “cavalo magro”. Outro exemplo vem da língua baniua (Alto Rio Negro, Amazonas), em que o vocábulo avião foi traduzido do português como “canoa que voa”. A correlação pode, também, ser intracultural, como na metáfora francesa “lèche-vitrine”, em que um frame associado ao corpo é correlacionado ao frame transação comercial. A correlação entre frames não é arbitrária, mas, sim, motivada, icônica. Partes da estrutura conceptual de um frame são identificadas com partes da estrutura conceptual de outro frame. Essa motivação pode ser já não claramente percebida, como no caso de polissemia metafórica, por exemplo, na palavra “ataque” (militar, futebolístico, pessoal), pois a correlação entre frames, nesses casos, é automática. Em outros casos, a correlação precisa ser inferida, como na gíria “presunto” (cadáver). Uma vantagem do uso dos frames é que eles não precisam ser totalmente estruturados, permitindo a construção de novos conhecimentos. Dessa forma, a metáfora pode levar a reformulações dos frames que ela correlaciona. No entanto, se utilizamos a semântica de frames, não faz sentido dizer que um domínio de conhecimento estrutura o outro. A metáfora é um produto de estruturas já organizadas, embora possa alterá-las. Metaphor: linking frames Heronides Moura UFSC In this presentation, I intend to show that metaphor is a correlation between frames. Frames are related concept systems that form a knowledge basis. Using the meaning of a word implies activating a certain frame. A metaphor establishes a correlation between frames. This correlation can have a cross-cultural nature, when it comes to frames belonging to two cultures, such as in the Guarani language, where the word bicycle was translated from Portuguese as “thin horse”. Another example comes from the Baniwa language (Upper Rio Negro, Amazonas, Brazil), where the word airplane was translated from Portuguese as “flying canoe”. The correlation can also be intra-cultural, such as in the French metaphor “lèche-vitrine”, where a frame associated with the body is correlated to the frame business transaction. The correlation between frames is not arbitrary, it is motivated, iconic, indeed. Parts of the conceptual structure of a frame are identified with parts of the conceptual structure of another frame. Such motivation can no longer be clearly realized, as in the case of metaphorical polysemy, for instance, in the word “attack” (military, football, personal), since the correlation between frames, in these cases, is automatic. In other cases, the correlation has to be inferred, such as in the slang “ham” (dead body). One advantage of using frames is that they do not need to be fully structured, allowing the construction of new knowledge. Thereby, metaphor can lead to reformulations of the frames it correlates. However, if we use frame semantics, it makes no sense to say that a knowledge domain structures the other. Metaphor is a product of already organized structures, although it can change them. Metáforas conceptuais nas operações da polícia federal Lucienne Claudete Espíndola UFPB Nesta comunicação apresentarei os resultados de pesquisa cujo objetivo é investigar as metáforas conceptuais subjacentes aos nomes atribuídos às operações da Polícia Federal (PF). Essa pesquisa está vinculada à segunda linha de pesquisa do Projeto Metáforas, Gêneros Discursivos e Argumentação (MGDA) cujo objetivo é pesquisar metáforas e metonímias conceptuais a partir de temas/assuntos, considerando diferentes pontos de vista (econômico, jurídico, profissional, político, religioso etc.). O corpus desta pesquisa é constituído de textos de gêneros diversos coletados no site na Polícia Federal e em sites de meios de comunicação. Para fazer a identificação das metáforas conceptuais subjacentes às expressões linguísticas utilizadas para nomear as operações da PF, usamos o método de leitura que “consiste em encontrar metáforas pela leitura de materiais escritos” (SARDINHA, 2007, p.145). A partir da identificação da metáfora e do domínio origem de onde são mapeados aspectos para a construção do domínio alvo (o nome da operação), buscamos verificar se a construção do conceito metafórico origina-se, nesse corpus, de uma experiência corpórea elementar ou de conceito cultural. Essa investigação justifica-se pela tese da variação cultural da metáfora convencional postulada por Kövecses (2002), além dos pressupostos teóricos de Lakoff e Johnson (1980, 2003) e Lakoff (1987), para quem a metáfora conceptual é um modelo cognitivo que consiste em “compreender e experienciar uma coisa em termos de outra” (2002[1980], p.18). Conceptual metaphors in the federal police operations Lucienne Claudete Espíndola UFPB In this communication, I will present the results of a research which aims to investigate the conceptual metaphors which are underlying the assigned names to the operations of the Federal Police (FP). This research is associated with the second line of research of Metaphor, Discursive Genre and Argumentation Project (MDGAP), which aims to investigate conceptual metaphors and metonymies from themes / subjects, regarding different points of view (economic, legal, professional, political, religious etc.). The corpus of this research consists of texts from various genres collected on the site at the Federal Police and on media websites. To make the identification of the underlying conceptual metaphors to linguistic expressions used to name the operations of PF, we use the reading method which “is to find metaphors by reading written materials” (SARDINHA, 2007, p.145). From the identification of metaphor and the source domain from which aspects are mapped to the construction of the target domain (the name of the operation), we seek to verify if the construction of the metaphorical concept originates, in this corpus, from a basic body experience or from a cultural concept. This research is justified by the thesis of cultural variation of conventional metaphor postulated by Kövecses (2002), besides the theoretical assumptions of Lakoff and Johnson (1980, 2003) and Lakoff (1987), for whom the conceptual metaphor is a cognitive model consisting of "understanding and experiencing one thing in terms of another" (2002 [1980], p.18). Inferências metonímicas e frames na interpretação de metáforas Mara Sophia Zanotto PUC-SP/LAEL Esta apresentação faz parte do projeto de pesquisa que tem como objetivo central investigar empiricamente o que a metáfora realmente significa para leitores reais, de modo a contribuir para elucidar a complexidade da significação da metáfora em uso. Essa investigação empírica tem produzido evidências sobre os processos sociocognitivos e culturais envolvidos no trabalho inferencial realizado pelos leitores na construção das múltiplas leituras (os produtos), possibilitando uma discussão da significação da metáfora na interface entre os processos e os produtos. Para poder capturar o processo de co-construção online das múltiplas leituras, foi necessário construir um desenho metodológico (ZANOTTO, 2014) adequado aos objetivos da pesquisa, tendo como método principal o Pensar Alto em Grupo (ZANOTTO, 1995), vivenciado por vários grupos de leitores lendo o mesmo texto, constituindo, assim, um estudo de caso coletivo instrumental (STAKE, 1998), desenvolvido com metodologia interpretativista (ERICKSON, 1986; MOITALOPES, 1994). O Pensar Alto em Grupo propicia condições favoráveis para os leitores resolverem o problema das incongruências metafóricas (CAMERON, 2003), possibilitando a elicitação espontânea dos processos envolvidos na interpretação de metáforas e metonímias. Nos dois estudos de caso realizados (ZANOTTO & PALMA, 2008; ZANOTTO, 2010), ocorreu um complexo processamento em cadeia de inferências metonímicas e metafóricas na compreensão de metáforas. Dessa constatação emergiram novas questões: essa interação de processamentos metonímicos e metafóricos ocorre sempre no processo de interpretação de metáforas? Haverá diferentes tipos de interação desses processamentos? Qual o papel da metonímia nesse processo? Em relação à última pergunta, a partir da hipótese de Moura e Silva (2014) sobre o vínculo entre inferência e frame (FILLMORE, 2006), surgiu a pergunta de pesquisa: será que nos estudos de caso realizados, as inferências metonímicas representam um processo de busca do frame relevante no qual será interpretada a metáfora? Essa pergunta será discutida com recortes dos dados dos estudos de caso realizados. Metonymic inferences and frames in the interpretation of metaphors Mara Sophia Zanotto PUC-SP/LAEL This presentation is a part of a research project whose main aim is investigating empirically what the metaphor really means to actual readers, in order to contribute to elucidate the complexity of the significance of metaphor in use. This empirical research has produced evidence on the socio-cognitive and cultural processes involved in the inferential work done by readers in the construction of multiple readings (products), enabling a discussion on the significance of metaphor in the interface between processes and products. In order to be able to capture the online co-construction of multiple readings, there was a need to construct a methodological design (ZANOTTO, 2014) fit to the research objectives, whose main method is Group Think-Aloud (ZANOTTO, 1995), experienced by several groups of readers reading the same text, thus constituting an instrumental collective case study (STAKE, 1998), developed by using an interpretive methodology (ERICKSON, 1986; MOITA LOPES, 1994). Group ThinkAloud provides favorable conditions for readers to solve the problem of metaphorical incongruities (CAMERON, 2003), enabling the spontaneous elicitation of processes involved in the interpretation of metaphors and metonymies. In both case studies conducted (ZANOTTO & PALMA, 2008; ZANOTTO, 2010), a complex chain processing of metonymic and metaphorical inferences has taken place in the understanding of metaphors. From this finding, new questions emerged: Does this interaction between metonymic and metaphorical processing always occur in the metaphor interpretation process? Will there be different types of interaction of these processes? What is the role of metonymy in this process? Regarding the latter, through the assumption by Moura and Silva (2014) on the link between inference and frame (FILLMORE, 2006), there arose the research question: In the case studies conducted, do metonymic inferences represent a process of search for the relevant frame in which the metaphor will be interpreted? This question will be discussed by using data excerpts from the case studies carried out. Mesa Redonda 6 Linguagem, Tecnologia e Complexidade Coordenadora: Profa. Dra. Maximina Freire Maximina (PUC-SP) Palestrantes Convidados: Prof. Dr. Vilson Leffa - UCPel Profa. Dra. Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva - UFMG RESUMOS DOS CONVIDADOS Quando saber é ignorar: por uma teoria unificada no uso da tecnologia para o ensino de línguas Prof. Dr. Vilson Leffa UCPel O título da apresentação é inspirado em uma frase de Stephen Hawking, no livro, “A Teoria de Tudo”, onde o autor diz que na Química é possível calcular as interações dos átomos sem conhecer a estrutura interna do núcleo de um átomo. Usando essa afirmação como metáfora, e vendo qualquer teoria como um modelo mental que construímos para descrever nossas observações, ainda inspirado em Hawking, proponho que no ensino de línguas mediado pelas tecnologias digitais é possível ao professor ignorar muito do que acontece durante a aprendizagem, sem prejuízo de sua eficiência como professor, trabalhando, por exemplo, em um nível superior de abstração, onde os níveis mais baixos permanecem invisíveis. Para demonstrar isso, parto de uma visão de aprendizagem como um processo que se constitui essencialmente de interações, que se instanciam em diferentes níveis de abrangência, dos mais altos aos mais baixos, envolvendo tanto agentes humanos como não-humanos. A introdução das tecnologias digitais tem produzido um impacto notável nessas interações, com repercussões na quantidade, expandindo o número de interações possíveis, ao mesmo tempo que aumenta sua intensidade, criando a possibilidade de um envolvimento maior dos agentes. Minha tese por uma teoria unificada do ensino de línguas é de que a interação de todos os agentes envolvidos pode ser explicada pela análise dos espaços vazios que se formam entre os elementos de uma determinada realidade. No mundo da matéria, como na sala de aula tradicional, os vazios podem estar entre os móveis e objetos. Mexendo nesses espaços (dispondo as cadeiras em círculo, por exemplo), alteramos não só a disposição das cadeiras mas traremos também repercussões para a interação dos alunos, o que mostra que a interação ocorre não só entre elementos de um mesmo nível, mas também de um nível para outro, provocando alterações significativas no sistema. Na realidade digital, por outro lado, passamos da matéria para a luz e os espaços vazios tornam-se extremamente mais fáceis de serem manipulados. Um arquivo extenso, por exemplo, pode ser compactado, extirpando-se os espaços redundantes, que se repetem entre muitos elementos relevantes para o usuário. A teoria para explicar uma ou outra realidade, no entanto, pode ser a mesma, sem que o usuário conheça as leis físicas do movimento das cadeiras ou o algoritmo responsável pela compactação do arquivo. Os emojis na interação digital Profa. Dra. Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva UFMG A língua(gem) é um sistema dinâmico e complexo que vai se tornando cada vez mais complexo, pois é um sistema aberto. Novos componentes vão se agregando, fazendo com que o sistema mude e se auto-organize constantemente, pois nada é fixo. Um exemplo de agentes de mudança são as tecnologias a serviço da língua(gem) no mundo digital. A comunicação oral é multimodal por natureza. Quando falamos não temos apenas a linguagem oral. Usamos gestos, expressões faciais e um contexto ao nosso redor que também ajuda na construção do sentido. Nesta apresentação, faço uma breve discussão histórica do papel das tecnologias que contribuíram para a evolução da língua(gem) e, em seguida, discutirei o fenômeno dos emojis. A emergência dos emojis trouxe tanta vitalidade às interações digitais que a imagem do coração foi a “palavra” do ano em 2014, segundo o Global Language Monitor, por ter aparecido bilhões de vezes em todo o mundo. Na interação eletrônica, que se assemelha muito à linguagem oral, os emojis são auxiliares na comunicação, que minimizam a ausência da multimodalidade típica da conversa. Para ilustrar, usarei exemplos retirados de interações mediadas pelo What’s up e pelo Facebook. Mesa de Encerramento Profa. Dra. Maria Antonieta Celani PUCSP-LAEL Após um breve, brevíssimo, histórico do INPLA serão feitas considerações sobre a importância desse evento no cenário nacional. Considerações sobre a caracterização da Linguística Aplicada e sua natureza transdisciplinar farão também parte do encerramento das atividades. Por que e como a Linguística Aplicada tem lugar na pesquisa transdisciplinar? Essa pergunta será respondida na sessão de encerramento. SIMPÓSIOS As múltiplas vozes e sentidos dos discursos institucionais: reflexões dialógicas Coordenadores: Cláudia Garcia Cavalcante - FATEC/SP; Universidade Nove de Julho Irene de Lima Freitas – UNIUBE De acordo com Brait e Magalhães (2014), a origem da palavra dialogismo remete à justaposição de uma preposição e um substantivo gregos: por causa de e discurso, respectivamente. Esses são dois dos termos possíveis que apontam para a constituição de um conceito que mostra a indissolubilidade entre diálogo e linguagem em que aquele existe por meio deste. Nesse sentido, e a partir do pensamento emergido dos estudos de Bakhtin e do Círculo, o estudo das produções humanas só se torna possível por meio do texto, aqui também entendido como interação oral face a face, diálogo stricto sensu. Então, se tomarmos o caminho do raciocínio de Bakhtin (2006), podemos afirmar que onde não há linguagem, não há palavra, não há discurso, não há texto. Os textos são essenciais na perspectiva de linguagem da Análise Dialógica do Discurso (ADD) por serem os lugares de constituição dos sujeitos que pensam, comunicam-se entre si numa relação orgânica que resulta no ato ético e responsável. Por isso tudo, essa perspectiva reflete sujeitos discursivos em uma cadeia ininterrupta de diálogo e não em objetos neutros e abstratos que não interagem e, portanto, não produzem discursos. Assim, esse simpósio propõe uma “sessão bakhtiniana” ao apresentar diferentes pesquisas que variam em escopo e objetos de estudo, mas unidas pela mobilização de um mesmo conceito acerca de língua, linguagem e práticas sociais refletidas em enunciados concretos (textos) (discursos) em diferentes esferas da atividade humana, principalmente aquelas voltadas à educação superior. Comunicações internas É para escrever com as minhas palavras?”. A autoria e as discrepâncias no ensino de produção textual na universidade Cláudia Garcia Cavalcante A comunicação propõe uma reflexão acerca do conceito de autoria em Bakhtin (2010; 2006) no que se refere à a autor-pessoa e autor-criador. A distinção coaduna-se com nosso propósito de estudo do ensino de língua portuguesa na graduação em que se prioriza a posição de um sujeito hábil em enunciar-se a partir de um lugar social e produzir um discurso singular, apesar de inscrito em uma tradição ou institucionalizado. É essa posição de autor que se requer do aluno em suas produções textuais, principalmente nas atividades escritas desenvolvidas ao longo do curso ou no trabalho de conclusão. A “nova unidade axiológica” constrói o autor, a consciência participante diretamente do evento, e torna-se objetivo principal das aulas de produção textual na universidade, objeto de discussão desse estudo. A fim de corresponder aos propósitos de uma comunicação oral, dividimos a reflexão em dois momentos. O primeiro, de caráter teórico, fundamenta-se na concepção dialógica do discurso defendida por Bakhtin e membros do Círculo e concentra-se na leitura e interpretação dos textos acima citados. No segundo, o conceito de autoria orienta a leitura e a análise das Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de Graduação em Administração (Resolução nº4, 2005) em estreita relação com os dados fornecidos pelo Censo da Educação Superior (2012) e os resultados dos exames de larga escala Enem (2014) e Pisa (2014) no que se referem à produção textual dos egressos da educação básica brasileira. Os dados cotejados permitem a compreensão de um movimento dialógico que se estabelece entre o perfil do egresso do ensino básico e as demandas da vida universitária no tocante ao ensino da língua portuguesa na graduação. As relações estabelecidas nas análises apontam para uma distância quantitativa e qualitativa entre as habilidades/competências demonstradas pelos alunos egressos do ensino médio e o perfil do egresso instituídos pelas DCNs. Convergências e divergências entre discursos oficiais que normatizam a formação do licenciando em Letras Jozanes Assunção Nunes As Diretrizes Curriculares para os Cursos de Letras e as Diretrizes para a Formação de Professores da Educação Básica são instrumentos orientadores e normatizadores de políticas curriculares institucionais, servindo como balizamento oficial dos Projetos Pedagógicos dos cursos de Letras. Assim sendo, uma investigação dos pressupostos norteadores da organização curricular consignados em tais instrumentos merece atenção especial de pesquisadores que discutem a reforma da formação do licenciando em Letras. Inserido nesse contexto, este trabalho decorre de pesquisa de doutorado em andamento, em que buscamos realizar uma análise dialógica dos discursos de professores que compõem o Núcleo Docente Estruturante (NDE) dos Cursos de Letras de uma universidade mato-grossense. Nesta comunicação, resultado de pesquisa documental, pretendemos fazer uma análise dos Pareceres CNE/CP 492/2001 (Diretrizes Curriculares para os cursos de Letras) e CNE/CP 9/2001 (Diretrizes Curriculares para a Formação de Professores da Educação Básica) sob a perspectiva das relações dialógicas que se estabelecem entre eles e, consequentemente, de seus determinados horizontes axiológicos/valorativos acerca da formação do licenciando em Letras. Para tanto, fundamentamos nosso trabalho a partir das abordagens dialógicas e sócio-históricas bakhtinianas acerca do discurso e da interação verbal, onde correlacionamos os dois instrumentos numa perspectiva de apreender suas convergências e divergências, assumindo-os nos processos em que se constituem em discursos. Fundamentalmente, os resultados evidenciaram que a questão da profissionalização e da qualidade do ensino está no centro dos discursos professados nos documentos. Não obstante, cabe ressaltar que enquanto as diretrizes de Letras são marcadas pelo discurso da racionalidade técnica, enfatizando um conjunto de saberes caracteristicamente teóricos; as diretrizes para formação de professores evidenciam uma tendência à epistemologia da prática, valorizando os saberes experienciais, relacionados à atuação pragmática do professor. Entendemos que a nossa pesquisa é relevante por auxiliar a compreensão de documentos oficiais a partir da perspectiva da teoria dialógica do discurso. Teoria dialógica da linguagem: vozes e sentidos no discurso jurídico Irene de Lima Freitas Esta apresentação tem por objetivo fazer uma reflexão a respeito da forma de apreensão do discurso de outrem e como esses discursos contribuem para a construção dos sentidos em uma Decisão Judicial inusitada, da área criminal, proferida por um desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Trata-se de um Acórdão a favor do réu, contrariando a condenação imposta pela juíza de primeira instância. A fundamentação teórico-metodológica que respalda nossas reflexões são os conceitos depreendidos da análise dialógica do discurso de Bakhtin e o Círculo, e dos estudos empreendidos por Brait (2003, 2005, 2006) e Amorim (2003, 2004, 2009) a respeito das abordagens desses autores. Os estudiosos do Círculo consideram que “quanto mais intensa, diferenciada e elevada for a vida social de uma coletividade falante, tanto mais a palavra do outro, o enunciado do outro, como objeto de uma comunicação interessada, de uma exegese, de uma discussão, de uma apreciação, de uma refutação, de um reforço, de um desenvolvimento posterior, etc., tem peso específico maior em todos os objetos do discurso (BAKHTIN, 1963/2002, p. 139). Assim, levamos em consideração as estratégias linguísticas, enunciativas e discursivas mobilizadas pelo sujeito discursivo para a construção dos sentidos. Percebe-se que o espaço discursivo em que se concretizam os enunciados da esfera jurídica é entretecido por uma multiplicidade de relações dialógicas, um incessante intercâmbio de vozes, consciências, ideologias, que deixam entrever posicionamentos assumidos pelos sujeitos envolvidos na cena enunciativa, o que evidencia que o discurso jurídico não é tão somente o ponto de vista do Direito, da lei, da voz dogmática, da doutrina. “Tudo isso requer estudo” (BAKHTIN, 1963/2002, p. 139). Linguística aplicada e transdisciplinaridade: ensino e pesquisa Coordenadores: Renata Philippov - USP Vera Lúcia Harabagi Hanna - Universidade Presbiteriana Mackenzie Muito tem sido publicado e discutido em termos de pesquisas interdisciplinares e transdisciplinares, tanto em relação à escola básica quanto ao ensino superior. De fato, as diretrizes curriculares do MEC preconizam o trabalho interdisciplinar em currículos de Letras e Formação Docente. No entanto, na prática ainda há muito a ser feito, pois, em geral, o que se vê são currículos estanques e fragmentados que nem sempre respondem a tais diretrizes. Assim, trabalhos com língua, literatura e cultura acabam dissociados. Ao se entender transdisciplinaridade como algo que vai além das disciplinas, que implica a combinação de áreas e a transferência de conceitos teóricos e de metodologias que colaboram na resolução de problemas, o presente simpósio constitui-se com o objetivo de acolher estudos que contemplem o trabalho transdisciplinar em cursos de Letras e Formação Docente, e que possam, de alguma forma, propor formas de fomentar um ensino plural. Comunicações internas Rompendo a encapsulação do ensino superior em Letras: uma proposta transdisciplinar Renata Philippov Cursos superiores em Letras no Brasil há muito contemplam aulas de língua e literatura estrangeiras e formação docente de forma fragmentada, com disciplinas sem integração nem interdisciplinaridade, o que, segundo Engeström (1991; 1999), pode ser descrito como aprendizagem encapsulada. Assim, a gestão dos currículos e o planejamento dos conteúdos das disciplinas dentro da matriz curricular acaba por fomentar um ensino estanque e sem continuidade ou trabalho conjunto, o que contraria até mesmo a legislação educacional vigente. O isolamento dentro da matriz curricular reflete também ruptura com relação à realidade fora da escola, na medida em que não necessariamente se pensa nas necessidades e no perfil do egresso de tais cursos. Tal fragmentação leva, a nosso ver, à perda de uma rica oportunidade de se fazer uma gestão curricular integrada em disciplinas de língua, literatura e formação docente e, assim, fomentar a desencapsulação do currículo e da aprendizagem, tanto em termos de um ensino transdisciplinar quanto de um ensino voltado para o que Marx & Engels denominam “a vida que se vive” (1845-1846/2006), ou seja, a realidade fora dos muros da escola, ou, neste caso, das instituições de ensino superior em Letras. Esta comunicação tem por objetivo discutir criticamente uma experiência de integração entre conteúdos de língua, literatura e formação docente dentro de disciplinas da matriz curricular de um curso de Letras – Inglês na Universidade Federal de São Paulo, sob as perspectivas da Teoria da atividade sócio-histórico-cultural (LIBERALI, 2009), do letramento crítico (COSSON, 2006/2014) e da Pesquisa crítica de colaboração (MAGALHÃES e FIDALGO, 2010; 2011). Exemplos de trabalho integrado e transdisciplinar, provenientes de duas disciplinas diferentes, serão relatados. Multireferencialidade, muldimensionalidade, não-reducionismo: transdisciplinaridade, docentes mais realistas Vera Harabagi Hanna A presente pesquisa ratifica o empenho em expandir a constituição de taxonomia para o campo de Ensino de Línguas Estrangeiras confiando que apreciações atinentes à etnografia da comunicação e à transdisciplinaridade possam contribuir para a formação de docentes mais realistas. Propomos, primeiramente, um breve reexame de conceitos fundamentais no ensino comunicativo - a língua como comunicação (E. Hall, 1959; 1977) e aprendizes como mediadores culturais, como falantes transculturais (C. Kramsch, 1994; 1998; 2004 e M. Byram, 1997; 1998; 2000; 2002) -que embasará um debate mais amplo sobre a acepção de transdisciplinaridade (L.Latuca, 2001; J.Klein, 2001; 2004; 2010). Nossa opção pelo conceito segue a classificação de Lattuca -visto como uma das formas de interdisciplinaridade - e se explica pelas características definidoras de padrões de prática e mudança que se complementam e se hibridizam e, ao mesmo tempo, coincidem com as tipologias de Klein (2010) sobre termos análogos: distinguem-se na interdisciplinaridade, o foco, a integração, a interação, e a combinação; na multidisciplinaridade, a sequenciação, a justaposição e a coordenação; e na transdisciplinaridade, a transgressão, a exceção, a transformação. A definição da autora sobre transdisciplinaridade, que envolve desconstrução, e que assevera que um objeto pertence a diferentes níveis de realidade, com suas consequentes contradições, paradoxos e conflitos (2004), orientará nossa exposição. O objetivo de alcançar uma formação transdisciplinar de professores, mais humanista, prende-se a alguns elementos (mas não restrito a eles), norteados por B.Nicolescu (1997). Fatores como o não reducionismo (diferentes níveis de realidade regidos por lógicas diferentes); a nova visão da natureza da realidade (novos dados emergem da confrontação das disciplinas que os articulam entre si); a multireferencialidade e a muldimensionalidade (concepções do tempo e da história coexistem, e incluem a experiência de um horizonte transhistórico); e a transculturalidade (inexiste laço cultural privilegiado) auxiliarão nesse percurso. Mercadores, megeras, noites e sonhos: Shakespeare no Ensino Fundamental I Ana Elvira Luciano Gebara Os cursos de Letras em sua maioria (e muitos dos cursos universitários) são organizados em departamentos e disciplinas. Essa estrutura tradicional atende às necessidades de “disciplinar” o conhecimento constituído de forma a ser reproduzido em outras condições e lugares – um princípio científico para obtenção do conhecimento. Porém tal estrutura não responde às condições que nossos alunos enfrentam em sala de aula há algumas décadas e tem sido um dos principais pontos a serem revistos conforme a indicação dos documentos oficiais, como os PCN. Se a relação entre o conhecimento sem a fronteira disciplinar se constitui exigência em provas de concurso e de certificação (como ENADE), isso passa a ser uma preocupação dos colegiados, que exige uma mudança significativa de estratégias, métodos e estrutura (SIGNORINI, CAVALCANTI, 1998; CHARAUDEAU, 2010). Embora não seja recente, a busca por concepções de ensino transdisciplinar ainda não chegou plenamente ao curso de Letras sendo restrita a projetos que podem envolver duas ou mais disciplinas de um semestre chegando, mais raramente, até ao trabalho que envolve divisões maiores como anos ou ciclos. Nesta comunicação, tem-se como objetivo analisar os resultados de um desses projetos desenvolvidos no curso de Letras no 5º. semestre: “Os textos clássicos e a adaptação: percursos de leitura literária”, para verificar o processo ocorrido a partir do envolvimento das disciplinas Metodologia e Prática de Ensino de Língua Portuguesa e de Língua Inglesa, Língua Portuguesa e Língua Inglesa e da temática central, a questão da leitura do texto literário. A fundamentação teórica para o estabelecimento das bases do trabalho foram: Machado (2002); Bloom (2001); Calvino (2001) no quanto à adaptação; Schneuwly; Dolz (2004), quanto à Sequência Didática; e Rojo (2004) quanto à leitura. Os resultados do trabalho integrado indicam obstáculos e avanços que projetam caminhos para próximos projetos – fase final de nossa comunicação. Transmodalização intermodal: uma perspectiva para textos literários em ensino-aprendizagem em FLE Ana Luiza Ramazzina Ghirardi Com o desenvolvimento de novas tecnologias e do mundo mediático, novos formatos de leitura emergem de um universo em que a imagem tem lugar proeminente. Nesse novo contexto, uma vantagem potencial para o cenário literário se apresenta: textos consagrados são retomados e reinventados a partir de um mundo de imagens fixas, em particular, o da adaptação de obras literárias para HQ. Segundo Nicolas Prels (2009), ao transpor uma obra literária para HQ, o adaptador dialoga com uma obra antiga citando-a por um filtro de modernidade. A composição de mais de uma adaptação da peça de teatro Dom Juan (1682), de Molière para HQ indica que as apropriações multimodais, que podem favorecer novas configurações em qualquer texto escrito, se mostram especialmente produtivas em suas abordagens com a literatura, cuja polissemia oferece um amplo campo para as re-criações visuais. Essa comunicação propõe a apropriação do teatro pela linguagem HQ como instrumento especialmente produtivo para o ensinoaprendizagem em aulas de FLE. Em um primeiro momento, a partir do que Genette (1992) designa “transmodalização intermodal”, é apresentado um cotejo das adaptações de Vents d’Ouest (2008) e de Guy DelcourtProductions (2010) do primeiro ato da peça de Molière, Dom Juan. Em seguida, são discutidos o mesmo trecho e sua aplicação como dispositivo para uma atividade de ensino-aprendizagem em FLE considerando que “o texto literário é um laboratório linguajar em que a língua é tão instantaneamente solicitada e trabalhada que é nele que se revelam e exibem mais precisamente suas estruturas e funcionamentos. ” (PAPO & BOURGAIN, 1989). Metáfora, cognição e cultura Coordenadores: Mara Sophia Zanotto - PUCSP Heronides Maurílio de Melo Moura - Universidade Federal de Santa Catarina O simpósio tem como objetivo reunir pesquisadores que contribuam com trabalhos empíricos sobre a metáfora em uso, na perspectiva sociocognitiva, que procura o diálogo entre fatores cognitivos, sociais e culturais, propiciando uma compreensão do fenômeno multifacetado que é o uso contextualizado da metáfora. Comunicações internas Metáforas e neologismos: o papel dos contextos culturais Helen Petry e Heronides Maurílio de Melo Moura Este projeto de pesquisa analisa o papel da metáfora nos vocábulos neológicos de língua portuguesa, com o objetivo de identificar a tipologia dessas expressões, classificando as metáforas dentre quatro variáveis: conceituais, imagéticas, culturais e gramaticais. O corpus foi constituído por entradas lexicais captadas a partir do banco de dados do Projeto BaseNeo, da Universidade de São Paulo, no qual permaneceram somente as entradas já institucionalizadas como vocabulário da língua. A etapa posterior tratou da identificação das metáforas conforme a tipologia proposta. Tomamos como a base a Teoria da Metáfora Conceptual – TMC, formulada por Lakoff e Johnson (1980), Lakoff e Turner (1989) e as discussões posteriores sobre universalismo e cultura, segundo a abordagem de Kovecses (1990, 2005) e Sweetser (1990). Partimos da hipótese de que neologismos sejam fontes de metáforas em razão dos contextos culturais que os neologismos devem exprimir. Supomos que 20 a 30% dos dados examinados correspondam a neologismos de origem metafórica e sugerimos que a maior parte das ocorrências sejam metáforas culturais. Os resultados demostram que as metáforas culturais têm prevalência no corpus analisado, seguidas, em menor número, por metáforas imagéticas. Viagens de aprendizagem de língua inglesa Vera Lúcia Menezes de Oliveira Paiva e Ronaldo Corrêa Gomes Junior Com o suporte teórico dos conceitos cognitivos de metáfora e de esquemas imagéticos, apresentaremos os resultados de um estudo sobre a metáfora da viagem em histórias de aprendizagem de língua inglesa. Os dados foram retirados do corpus de narrativas de aprendizagem de inglês do projeto AMFALE (http://www.veramenezes.com/amfale/). Para localizar os exemplos de metáforas que têm como base a metáfora conceitual A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA É UMA VIAGEM, utilizamos o mecanismo de busca do Google, interno ao site que hospeda o corpus, e fizemos buscas com palavras do campo semântico viagem em português e em inglês. Em seguida selecionamos exemplos onde a metáfora era mais saliente e escolhemos alguns deles para nossa análise. Dividimos a análise em três partes, a partir do esquema imagético da viagem: origem-percurso-destino. Os resultados da análise evidenciam que a maioria das metáforas está relacionada ao processo de aprendizagem metaforizado como um percurso, apesar de encontrarmos também algumas poucas metáforas se referindo à origem e ao destino da viagem. Metáforas e Identidades: um estudo das identidades metaforizadas de um grupo de aprendizes de inglês do Brasil e de Hong Kong Ronaldo Corrêa Gomes Junior Se as metáforas são um fenômeno cognitivo pelo qual atribuímos sentido ao mundo e a nós mesmos (LAKOFF E JOHNSON, 1980), entender as identidades e como elas são construídas também pode ser uma questão de metáfora. Esta pesquisa buscou investigar as identidades metafóricas de estudantes de inglês da Universidade Federal de Minas Gerais e da City University of Hong Kong por meio da análise das metáforas encontradas em histórias de aprendizagem de inglês. O conjunto de textos analisado reúne narrativas multimodais, ou seja, as narrativas das duas universidades eram compostas por texto, imagem, som, vídeos etc. A análise de dados consistiu nos seguintes passos: primeiro, todas as unidades metafóricas referentes à identidade dos aprendizes foram destacadas; segundo, após repetidas leituras, as metáforas foram agrupadas em categorias de acordo com suas regularidades; terceiro, foi verificado como os eus são metafórica e discursivamente construídos; e por fim, foram traçados os perfis identitários de cada conjunto de narrativas. Os dados revelam que as identidades metaforizadas mais frequentes nos dois grupos de participantes são as que envolvem percursos, caminhos e jornadas, como a do viajante. Nos dados de Hong Kong, outras identidades metaforizadas frequentes envolvem ação intensa, como a do construtor e a do militar. Já nos dados do Brasil, as outras identidades metaforizadas mais frequentes são as relacionadas à leitura. Uma das principais contribuições desta pesquisa é a associação de teorias cognitivas e sociais, entendendo os aprendizes como sujeitos sóciocognitivos que são afetados por experiências sociais, corporificadas, sinestésicas e identitárias. Metáfora e conflito cognitivo Aldo J.R. de Lima A pesquisa observou situações de conflito cognitivo com relação ao sentido da palavra galinha no conto de Clarice Lispector, “Uma galinha”. A observação se deu através de uma entrevista, que aconteceu após a leitura do conto, com um adolescente de 13 anos e 10 meses e uma adolescente de 14 anos e 4 meses, os dois de classe média, alunos da 8ª. série da Rede Estadual de Educação de Pernambuco. As duas leituras promoveram uma reorganização do sentido da palavra galinha, o que vem a confirmar que, intrínseca à Literatura e à Poesia, a metáfora faz do texto literário um instrumento que coloca o leitor em situações de conflito cognitivo, isto é, em circunstâncias de reorganização de conhecimento do mundo. Sobre os textos literário e poético há um consenso de que quanto mais distantes do referencial, quanto mais metafóricos, mais literários e mais poéticos eles são. Com isso, ratifica-se a tese de que a Literatura e a Poesia ao interrogarem o ser humano, protagonizarem suas necessidades históricas, suas utopias e ideologias reorganizam os sentidos da palavra porque também a metáfora em suas incessantes (re)organizações de conceitos e conteúdos cria conflitos cognitivos, ou desequilíbrios, os quais, como ensina Piaget, “obrigam um sujeito a ultrapassar seu estado atual e a procurar o que quer que seja em direções novas” (A equilibração das estruturas cognitivas, p.18). A partir da adolescência, o estádio do pensamento é formal porque o sujeito é capaz de formular e deduzir hipóteses; de substituir a modalidade do real pela modalidade do possível. De posse deste pensamento, o adolescente pensa e reflete criticamente acerca das metáforas; o pensamento formal, por conduzi-lo a níveis de raciocínio cada vez mais complexos e sofisticados, leva-o à compreensão dos diversos sentidos que a palavra adquire nas relações históricas, socioculturais; na Literatura e na Poesia. A contribuição do IFRJ na formação de professores ‘linfe’ Coordenadores: Elza Ribeiro - Instituto Federal do Rio de Janeiro Carla Souza - PUCRJ O objetivo desse simpósio é compartilhar a experiência em andamento do IFRJ como espaço para estágio supervisionado de alunos de licenciatura em Letras (PortuguêsInglês) com base na abordagem Inglês para Fins Específicos (ESP) contribuindo para a formação de professores LINFE (de Línguas para Fins Específicos). Além disso, visa mostrar como os professores regentes e licenciandos estão pensando e investigando o estágio à luz da Linguística Aplicada (VIEIRA-ABRAÃO, 2010; MILLER, 2013). Em função do Instituto ser oriundo da antiga Escola Técnica de Química, que fez parte do Projeto Nacional de ESP quando do seu início no país na década de 70, a instituição é tida como referência na prática da abordagem. Assim, ações pedagógicas de sala de aula têm forte comprometimento teórico e prático, isto é, tanto produzem teoria através da prática e vice-versa. O quadro de docentes é altamente comprometido, engajado e preocupado com atualização, formação continuada através de: (a) desenvolvimento de pesquisas inter e intra institucionais; (b) temas de interesse sendo pesquisados nos cursos de doutorado; (c) participações, apresentações e publicações em eventos importantes no cenário nacional e internacional. No processo de orientação de estágio, esses professores têm como primícias oferecer ao futuro (às vezes, já) docente um momento significativo e relevante para sua formação. Os licenciandos, por sua vez, se inserem no contexto acima descrito e conseguem vivenciar a prática do ESP, mesmo que inicialmente sem o aprofundamento necessário para tal. Esse desprestígio reportado por muitos deles é fruto de uma trajetória universitária que, indiretamente, coloca a área em desvantagem em relação às demais na grade curricular. Assim, este simpósio reúne trabalhos que trazem algumas das diferentes vozes envolvidas no estágio, considerando que tanto professores regentes como estagiários precisam se envolver na investigação de suas próprias práticas e estão em um processo de aprendizagem mútua e concomitante. Comunicações internas A “voz”do licenciado pré-estágio Talita Pereira O estágio supervisionado obrigatório é, sem dúvidas, a base da formação docente. Por isso, é de suma importância que nesse período seja estabelecida uma relação de parceria entre licenciandos, professores regentes e professor-orientador para que, assim, o estágio seja totalmente proveitoso. Além dessa relação, a instituição de ensino em que os estagiários serão inseridos também possui um papel fundamental, uma vez que ela é o local de observação das práticas docentes, de interação com a comunidade e de participação nas práticas pedagógicas em sala de aula. Nós, estagiários de Português/Inglês da UFRJ, escolhemos, dentro de uma lista fornecida por nossa professora-orientadora, a escola na qual desejamos cumprir nossa carga horária, dentre elas o IFRJ. Sabendo que o Instituto é tido como referência no ensino de ESP e, como em nossa grade curricular na Faculdade de Letras Português/Inglês nenhum foco é dado a essa abordagem, nós, licenciandos, no interessamos em ter um contato maior com o ensino de inglês em uma escola técnica, ao menos na prática. Entretanto, a falta de um conhecimento teórico mais aprofundado sobre a abordagem ESP faz com que cheguemos à escola com algumas crenças sobre como seria esse ensino de inglês. Desse modo, esse trabalho tem por objetivo apresentar as crenças que nós, licenciandos, possuíamos sobre a abordagem ESP antes de começarmos os estágios no IFRJ. A “voz”da teoria que embasa o trabalho Amanda Costa Mayra Floret Vitor Caldas A teoria do ESP não é – ou é pouco – conhecida pelos graduandos de Letras (Português/Inglês) da UFRJ. Durante a disciplina Prática de Ensino, alguns dos licenciandos têm a oportunidade de vivenciar o estágio no IFRJ e, consequentemente, de conhecer a teoria que embasa a prática da escola. A teoria é apreciada de duas formas mais especificamente: através da leitura e discussão de textos teóricos sugerido pela regente em reuniões do grupo e, principalmente, da observação das aulas, o que permite que os professores em formação conheçam o embasamento teórico através do contato com a prática. Neste período, os licenciandos, além de perceberem os mitos que rodeiam a visão errônea da abordagem ESP, aprendem que a abordagem leva em consideração as particularidades de cada turma e que, por isso, as aulas e materiais precisam estar em constante produção, adaptação e atualização. Sendo assim, percebem que o ESP não se configura num método propriamente dito, mas numa abordagem que pode dar conta de diversos métodos para atingir seus objetivos. Não tem, portanto, rotinas didáticas sem o contato com as turmas. Os materiais, objetivos e, por conseguinte, o planejamento das aulas decorrem das necessidades de uso da língua de um determinado grupo de alunos, levando-se em conta, principalmente, quais habilidades receberão maior destaque. Esse trabalho objetiva, portanto, apresentar as características do ESP em contraponto aos mitos do senso comum sobre a abordagem, à luz da teoria de Ramos (2005). Em última instância, a partir dessa apresentação, buscase delinear como o ESP se concretiza num contexto escolar específico. A “voz”da teoria que embasa o trabalho José Martins Junior Mariana Leivas A apresentação tem por objetivo relatar a experiência de estágio supervisionado obrigatório no IFRJ, a partir do ponto de vista de licenciandos em Letras (PortuguêsInglês), após a conclusão do estágio. Destarte, são consideradas as inquietações préestágio, as horas cumpridas ao longo do período estagiado em sala de aula, as reuniões com as professoras regente e orientadora, enfatizando as desconstruções de mitos e crenças quando do início das atividades.O estágio supervisionado no IFRJ proporciona aos licenciandos uma experiência única e significativa de imersão na abordagem ESP, o que gera, em princípio, estranhamento por parte daqueles que não tiveram a oportunidade de estudar a abordagem LINFE, ou que nunca foram instruídos de maneira minuciosa sobre as bases históricas e teóricas, além das nuances da abordagem. Durante o estágio, dado o acompanhamento teórico e a exposição ao ESP na prática, os licenciandos são capacitados a pensar criticamente sobre o ensino de língua inglesa, a necessidade e a importância do ESP no contexto do ensino técnico e tecnológico. Sendo assim, essa apresentação é o resultado das vivências de ex-estagiários (2013 e 2015) que cumpriram suas horas no IFRJ. Contudo, não é intenção do trabalho apresentar um relatório do que foi visto, estudado e analisado durante o estágio supervisionado obrigatório, mas sim expor o caráter transformador dessa experiência. A “voz” do regente Carla Souza Elza Ribeiro O objetivo da comunicação é apresentar a visão da formação inicial dos licenciandos pela equipe de língua inglesa do IFRJ, isto é, visa dar conta de como o estágio é aqui compreendido e praticado, a fim de contribuir para que se torne uma experiência que possibilite a aproximação entre a teoria e a prática de sala de aula de língua inglesa. Dessa forma, leva em consideração seu impacto, ou não, nas crenças trazidas pelos estagiários através de uma proposta mais participativa, colaborativa e significativa na construção de identidades dos participantes enquanto futuros docentes do mercado de trabalho. A concepção acima exposta dialoga com autores que desde há certo tempo embasam teoricamente nossas ideias, dentre eles Habermas (1987), Carr & kemmis (1993), M. Johnson(1998) e Gil e Gimenez (2008), os quais já discutiam a questão da importância da relação entre teoria-prática no estágio. Alinhamos nossas concepções com a dos pesquisadores supracitados, acreditando que simplesmente colocar os alunosprofessores para fazerem estágio sem uma prática crítico-reflexiva muito pouco ajuda na construção de suas identidades como professores. Para tal, é necessário que o indivíduo seja capaz de entender o porquê e o que fazer com o conhecimento teórico adquirido na prática, a fim de se tornar autônomo. Acreditamos que a autonomia é de extrema importância para o conhecimento ético na profissão. Finalmente, acreditamos, assim como Gil e Gimenez (2008), que a relação entre teoria e prática é complexa, mas a reflexão e a colaboração são as chaves para o desenvolvimento dos professores. O Trabalho de Conclusão em um curso de aperfeiçoamento para professores de Inglês – Teacher´s Links Coordenadores: Daniela Oliveira Matos - PUCSP Palma Rigolon - Universidade Paulista O presente simpósio tem como objetivo apresentar e discutir as modalidades de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) no curso Teachers' Links: Reflexão e Desenvolvimento para Professores. Esse curso é um programa de formação contínua de professores de inglês de escolas públicas e particulares bem como de institutos de idiomas e universidades, desenvolvido em parceria com a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, a Cultura Inglesa e a Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo. É composto de três módulos: 1) O Desenvolvimento Profissional e a Sala de Aula: reflexão sobre novos caminhos; 2) O Desenvolvimento da Autonomia e a Sala de Aula: reflexão sobre planejamento e materiais de ensino; e 3) O Desenvolvimento Acadêmico e a Sala de Aula: elaboração de projetos e reflexão sobre o ensinoaprendizagem de línguas como um objeto de pesquisa. Tendo em vista a necessidade de professores em desenvolverem produção científica, o curso, hoje, conta com um quarto módulo intitulado TCC, cujas modalidades de trabalho são: Relato Reflexivo, Unidade Didática e Pré-Projeto de Pesquisa. Na elaboração de um relato reflexivo o professor cursista realiza uma reflexão sobre seu processo de desenvolvimento profissional e pessoal ao longo do curso e espera-se que o aluno seja crítico diante de seu processo ensino-aprendizagem, Habermas (1990), Kincheloe (1997), Liberali (2004). Para a realização de uma unidade didática o aluno baseia-se em Dolz, Schenewly (1998, 2004) acerca de diferentes visões a respeito de linguagem, ensino e aprendizagem e o aluno de línguas. Na Elaboração de um pré-projeto de pesquisa de sala de aula, com base nos procedimentos discutidos no módulo Desenvolvimento Acadêmico, a aluno deve fazer um plano de trabalho a ser desenvolvido em sala de aula. Neste simpósio, são ainda apresentados TCCs realizados por alunas cursistas, a fim de exemplificar cada uma dessas modalidades. Comunicações internas O aperfeiçoamento profissional do professor como chave para a motivação escolar Giseli Viviane Amorim Stefani Um dos maiores problemas enfrentados em sala de aula pelos professores é a falta de motivação dos alunos. Preparar as aulas, separar o material que será utilizado, e encontrar salas apáticas e indisciplinadas, têm feito com que alguns professores declarem estar infelizes com a profissão e, muitos deles dizem continuar lecionando por falta de opções plausíveis. Formada em Letras no ano de 2000, ingressei na área da educação somente em 2013. Os primeiros meses foram desoladores, não encontrava meios de transpor as barreiras que se formavam entre a professora novata e inexperiente e classes indiferentes e rebeldes. Atribuía a culpa do meu insucesso aos alunos, às suas famílias e ao teor ensinado, pois ouvia eles me dizerem que tinham dificuldades em português, quem dirá em inglês, e se fechavam ainda mais. Buscando formas de preparar aulas mais dinâmicas e atraentes, encontrei o curso Teacher’s Links, e um novo horizonte foi se desenhando. Foi um período de muito aprendizado e troca de experiências. Iniciei trabalhos com músicas apreciadas pelos alunos e alguns pequenos diálogos e, a partir daí, foram inseridos conteúdos de gramática, listening, speaking and comprehension. Dessa forma, no decorrer do projeto, os leitores encontrarão citações de trabalhos sobre motivação (DORNYEI, 2001), aprendizagem da língua inglesa (MICHELON, 2003), música como recurso didáticopedagógico (KAWACHI, 2008), uso de podcasts (MANNING, 2005), de webquests (PAULA, 2008) e tecnologias na escola (SEABRA, 2010), além de referência a um questionário semiaberto e relatos autorreflexivos. Sustenta-se, dessa forma, que a experiência adquirida ao longo do exercício da carreira, aliada ao aperfeiçoamento técnico constante, levam à conquista do exercício profissional contextualizado, seguro, direcionado à excelência da profissão. Professores em formação e o uso de novas tecnologias Silvia Cristina de Oliveira Por compreender que o nosso sistema educacional ainda inspira olhares mais acurados com relação à prática do uso das ferramentas digitais em sala de aula, e também por não compartilhar da ideia de que esta geração não quer aprender e não se interessa por aquilo que a escola tem a oferecer, esta pesquisa tem a finalidade de investigar a eficiência do aprendizado de Língua Inglesa em contextos nos quais os aplicativos para celulares ou tablets, que funcionem com o sistema androide, possam dar suporte à motivação e ao interesse pelo aprendizado. Tendo o olhar nessa estratégia de ensino, espera-se que o interesse pelo assunto – aprendizado de uma segunda língua - possa se fazer mais interessante e mais prazeroso, no contexto de aulas de inglês em escola pública. O desenvolvimento desta pesquisa foi baseado em Vygotsky (1934/1991) que trata das funções psíquicas dos seres humanos, na dependência do legado cultural, Dickinson (1987), que trata da limitação do repertório lexical, Dörnyei (2005) que propõe uma conexão explícita entre o “self” do indivíduo em processo de aprendizagem e sua motivação, dentre outros autores. Como instrumentos utilizou-se de uma pesquisaação, feita através de questionário aberto e fechado, análise reflexiva dos dados, entrevistas com os participantes, relatório final descritivo feito pela professora pesquisadora. Pretende-se assim, contribuir para o encorajamento do uso de ferramentas tecnológicas em salas de aula. Relato Reflexivo Mariane Messina Menegassi É esperado que todo profissional busque aperfeiçoar-se durante o desenvolvimento de sua carreira. No contexto educacional brasileiro destaca-se uma crescente busca de atualizações para melhoria da qualidade, principalmente no ensino público. Diante desta necessidade do professor, a realização do curso Teacher’s Links configurou uma oportunidade de construir novos saberes e reflexões. O curso possibilita ao interessado o desenvolvimento de práticas de leitura, escrita e expressão oral em inglês, cujo professor sente necessidade em seu ambiente de trabalho. É dividido em três módulos que visam promover um estudo aprofundado dos processos de aprendizagem do Inglês como língua estrangeira na educação brasileira, a reflexão pessoal e a oportunidade de aprender a trabalhar colaborativamente e de expressar suas opiniões e ideias criticamente. Dentro deste cenário que o presente estudo desenvolve um relato reflexivo sobre o processo de desenvolvimento profissional e pessoal ao longo deste curso, considerando as experiências que este proporcionou. Ao alternar as atividades desenvolvidas nos componentes Autonomia e Reflexão em todos os módulos, os professores são convidados a reconstruir um olhar para ambos os conceitos em sua prática de ensino e para a relação entre eles, à luz de Sprenger (2004), Freire (1996), Liberalli (2000), por exemplo. Relevante considerar a troca de conhecimento e experiências, através dos fóruns de discussão com outros profissionais que viveram ou vivem situações semelhantes (e mesmo diferentes) em sala de aula de LE- inglês. Desta forma, destaca-se neste processo de formação a conquista da conscientização de desenvolvimento pessoal e crescimento profissional, na qual é essencial buscar exercitar sua autonomia e reflexão sob a prática de ensino, para que se alcance um caminho mais eficaz no ensino-aprendizagem, substituindo “métodos milagreiros”, ao passo que as exigências impostas pelo processo sócio-histórico e pela introdução de novas tecnologias nos permitem alcançar meios para aperfeiçoar conhecimentos, como o curso Teacher’s Links. Diálogos entre ciências de fala e fonoaudiologia Coordenadores: Cristiane Magacho Coelho - PUCSP Ana Cristina Nunes Ruas - Universidade Federal do Rio de Janeiro Este simpósio visa debater as relações entre Ciências da Fala e Fonoaudiologia, especialmente no campo da fala e da voz, de forma a discutir pesquisas e abordagens da atualidade. As Ciências da Fala têm por objetivo estudar a produção, percepção e transmissão da fala, subdividindo-se em Fonética Articulatória, Fonética Perceptiva e Fonética Acústica. Por se tratar de um encontro multidisciplinar, acolhe trabalhos que desenvolvam experimentos ou discutam questões de pesquisa relacionadas à clínica e assessoria em comunicação em voz/fala. Comunicações internas Avaliação da qualidade vocal de pacientes tratados de tuberculose laríngea antes e após terapia fonoaudiológica. Ana Cristina Nunes Ruas A Tuberculose Laríngea (TL) é uma doença granulomatosa que pode invadir vias aéreas e digestivas superiores, causando lesões mucosas. O envolvimento da laringe pode alterar a flexibilidade da mucosa das pregas vocais alterando a qualidade vocal dos pacientes. A disfonia foi o principal sintoma da TL e apesar da grande incidência, poucos estudos foram realizados, principalmente abordando tratamento das sequelas. O objetivo deste trabalho foi avaliar a incidência da disfonia pós-tratamento de TL e o efeito da fonoterapia na qualidade vocal destes pacientes. Um grupo de pacientes com diagnóstico confirmado de TB tratados no INI-FIOCRUZ, foram avaliados e reavaliados por equipe multiprofissional. A idade dos pacientes variou de 25 a 83 anos com média de 41,3 + 13,9 anos, sendo 5 mulheres e 18 homens. A disfonia esteve presente em 91,3% dos pacientes com TL, sendo o primeiro sintoma em 82,6% destes, só melhorando completamente após tratamento antituberculínico em 15,8%. O envolvimento das pregas vocais ocorreu em 78,5%. Após fonoterapia, houve melhora estatisticamente significativa em parâmetros acústicos, variabilidade de frequência fundamental, tempo máximo de fonação e relação fricativas (S/Z). A incidência da disfonia após tratamento da TL é alta e a fonoterapia melhorou significativamente a qualidade vocal destes pacientes. Estudo acústico do contraste fônico de vozeamento em laringectomizados totais com prótese traqueoesofágica: estudo de caso Nathalia Reis Estudar a produção de fala na situação de laringectomia total com uso de prótese traqueoesofágica (PTE). Métodos: Foi estudado um sujeito submetido à laringectomia total clássica. A audiogravação do sujeito da pesquisa foi realizada em sala acusticamente tratada por meio de um gravador digital profissional (Marantz, modelo Pdm660) e um microfone de alta resolução e de acoplagem em cabeça (Shure, modelo WH20XLR Dynamic Headset Microphone). O corpus foi composto de leitura de palavras em frase-veículo. Para análise fonético-acústica, foi utilizado o programa Praat, tanto para etiquetagem e edição do corpus, quanto para análise acústica. A etiquetagem seguiu os parâmetros de: 1- transcrição ortográfica do corpus; 2- transcrição ortográfica em palavras, 3- segmentação dos sons vocálicos e consonantais e 4- Voice Onset Time. A etapa de etiquetagem viabilizou a extração das medidas acústicas (duração, f0, frequências formânticas e VOT) que caracterizou os elementos segmentares (vogais e consoantes). Serão expostos e discutidos, numa perspectiva dinâmica, os resultados das medidas de f0 e F1 da vogal anterior e posterior a consoante, nos respectivos contextos tônico e pós-tônico; medidas de duração absoluta e relativa das consoantes, das vogais anterior e seguinte à consoante e do trecho VCV da palavra-alvo; medidas de duração absoluta do VOT e relativa; medidas de duração absoluta do detalhamento da barra de vozeamento; período de vozeamento; período sem vozeamento; retomada do vozeamento; período total pré-plosão e plosão. Os achados serão confrontados com os resultados encontrados na literatura de área. O projeto encontra-se aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da PUCSP sob o número 40940114.0.0000.5482. Radialista: Análise acústica da variação entoacional na fala entoacional e na fala coloquial Luana Caroline Pereira Campos O objetivo deste trabalho é estudar a diferença entre a fala coloquial e a fala profissional do locutor de rádio, analisando, em um primeiro momento, sua entoação através dos parâmetros de gama tonal, valor absoluto de frequência fundamental (f0), forma melódica do foco e alinhamento tonal. O sujeito da pesquisa foi um locutor de rádio, do sexo masculino, de 39 anos de idade, de uma emissora AM de Campinas, com um programa diário local de variedades. Os dados foram analisados acusticamente, utilizando o programa de análise acústica PRAAT (www.praat.org), focalizando a entoação por meio do correlato acústico da entoação: o parâmetro f0. A coleta de dados foi realizada por meio de uma entrevista semiestruturada informal (entrevista) com o locutor, solicitando-se que produzisse uma fala coloquial de diversos assuntos usualmente abordados na mídia na época da gravação. Após um tempo, foi solicitada ao locutor a leitura dos trechos transcritos e reescritos de forma profissional, como se estivesse atuando no rádio. Essa leitura foi realizada em taxa de elocução habitual (leitura normal), em taxa de elocução rápida (leitura rápida), e imitando o estilo profissional de narração futebolística (leitura futebol). Após análise dos dados, concluímos que, como estratégia para diferenciar os estilos de locução, o locutor utiliza, quando a frequência fundamental (f0) é semelhante, primeiramente da variação da taxa de elocução, e em seguida a variação da duração das pausas silenciosas e da taxa de produção de proeminências. Quando a taxa de elocução é semelhante – como na leitura rápida e na leitura futebol- a estratégia utilizada pelo locutor para diferenciação do estilo de fala é, primeiramente, a variação da média de f0, assim como da duração das pausas silenciosas, e dos intervalos entre as proeminências. Dados Acústicos e genotípicos de cantores líricos e de musicais Cristiane Magacho Coelho O canto exige uma diversidade de estratégias sonoras, possíveis graças aos ajustes neuromusculares realizados pelo trato vocal e sistema respiratório do cantor. O presente estudo tem por objetivo identificar habilidades musculares com potencial para resistência e para velocidade, por meio da dermatoglifia e da presença da proteína ACTN-3, conjugada à análise acústica da voz de cantores. Será realizado estudo piloto, para que sejam analisados os procedimentos e instrumentos desta pesquisa. Serão avaliados 40 cantores, na faixa etária compreendida entre 25 e 50 anos, nos estilos lírico e de musicais, distribuídos de forma igualitária por gênero e idade. Todos responderão a um questionário intitulado “Auto-percepção das características vocais em cantores”. Os dados acústicos e dermatoglíficos serão relacionados entre si. A composição do corpus envolverá a produção de vocalises, que será analisada sob a perspectiva acústica, utilizando o software PRAAT, o perfil dermatoglífico, por meio da coleta manual da impressão digital e a presença do polimorfismo da ACTN-3. Os dados da análise acústica, do perfil dermatoglífico e do polimorfismo da ACTN-3 serão inicialmente submetidos à análise aglomerativa hierárquica de cluster, com vistas à investigação das particularidades dos grupos de cantores líricos e de musicais. A Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural: Intervenções na Formação de Professores e no Ensino-Aprendizagem de Línguas Estrangeiras Coordenadores: Marília Mendes Ferreira - USP Maria Cristina Damianovic - Universidade Federal de Pernambuco A teoria da atividade sócio-histórico-cultural (TASHC) vem trazendo importantes contribuições para a linguística aplicada em geral e em duas áreas de interesse em especial - formação de professores (Liberalli 2011,2015) e ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras (Ferreira, Martinelli, Rezende,2015; Liberali, 2012; Moita Lopes, 2014). Dentro desse contexto e do renovado interesse entre a relação teoria e prática (Farnsworth e Solomon, 2013; Engestrom, 2009; Lantolf e Pohener, 2014) por essa perspectiva, este simpósio visa discutir a importância da TASHC como embasamento teórico-metodológico de pesquisas de intervenção para a promoção de desenvolvimento e de mudanças de realidades em diferentes contextos educacionais. As apresentações desse simpósio objetivam reportar intervenções pedagógicas concluídas (Damianovic, Lima e Dias, 2015; Damianovic e Arruda, 2015; Rezende, 2013) e em andamento (Ferreira, em preparação) que abordam a desencapsulação curricular (Engestrom, 2009; Liberali, 2015) e o ensino-aprendizagem com foco no desenvolvimento humano. Comunicações internas A lei 10.639/2003 e o Ensino de Inglês em uma Escola Pública José Augusto Rezende Souza A lei 10.639/2003 instituiu a obrigatoriedade da temática “História e Cultura AfroBrasileira” nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, das redes oficiais e particulares. De acordo com a lei, esses conteúdos devem ser ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, abrangendo assim, as aulas de línguas estrangeiras. Esta apresentação relata uma experiência prática de aplicação da lei 10.639/2003 nas aulas de inglês de um grupo de alunos, matriculados nos oitavo ano do ensino fundamental da Escola de Aplicação da F.E.U.S.P., na cidade de São Paulo. A intervenção foi realizada como parte de uma pesquisa de mestrado do Programa de Pós-Graduação do Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, tendo sido embasada pela teoria sóciohistórico-cultural de Lev Seminovich Vigotski, seus colaboradores e seguidores, principalmente pelo conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZPD), segundo o qual, o desenvolvimento humano se dá por meio de ações mediadas, sejam por instrumentos ou por outros seres humanos (VIGOTSKI, 2007). Esta iniciativa objetivou criar oportunidades de sensibilização dos alunos para a temática étnico-racial, utilizando a mediação de materiais didáticos e do próprio professor-pesquisador. Os resultados apontaram para a adequação da proposta, bem como para a própria relevância da lei. A pedagogia de V.V. Davydov para o ensino da escrita acadêmica em inglês: ensino-aprendizagem com foco no desenvolvimento Marília Mendes Ferreira O ensino desenvolvimental (Davydov, 1988 a, b, c, d; Lompscher, 1999; Hedegaard, 2002) constitui-se numa pedagogia baseada em princípios da teoria da atividade sóciohistórico-cultural e, portanto, objetiva promover um ensino com foco no desenvolvimento humano (Vygotsky, 1978). Apesar de sua forte fundamentação nos pressupostos vygotskianos, essa pedagogia é pouco conhecida no Brasil e sendo mais utilizada para o ensino da matemática (Damazio, Rosa, Euzébio, 2012; Moura, 2010.). A presente comunicação objetiva discutir a implementação dessa abordagem para o ensino da escrita acadêmica em inglês para pós-graduandos da área de energia de uma instituição de ensino superior pública. Essa discussão será sobre dois aspectos: o do desenvolvimento proporcionado pelas ações de aprendizagem do curso e o demonstrado pelos alunos. Nesse estudo, desenvolvimento se refere ao pensamento dialético aplicado para o entendimento do funcionamento da língua e do gênero textual. A análise dos dados (tarefas realizadas pelos alunos nas fases de modelo e solução de problemas) revela que eles ainda possuem um pensamento empírico em relação à língua e pouca percepção da relação língua e sociedade, o que afeta sua produção textual. A produção de conteúdos online multimodais em uma comunidade multiletrada: abertura de novos caminhos para o ensino da língua inglesa na graduação em Letras Najin Lima Maria Cristina Damianovic A contemporaneidade nos convida e desafia diariamente a entender novas formas de ser, de discursar, de se relacionar, de se informar e de aprender (ROJO, 2015). Estamos todos mergulhados nesse contexto no qual novas práticas de letramentos surgem, a medida que, sincronicamente novas linguagens tecnológicas nascem. A produção dos mais diversos conteúdos e as iniciativas tendem a ser menos centralizadas e mais distribuídas num processo contínuo de negociações (ENGESTRÖM, 2008). Deveria ser tarefa das instituições de ensino superior reconhecer esses multiletramentos no sentido de produzir significados compartilhados (VYGOTSKY, 1933), bem como contribuir para o empoderamento dos graduandos da Letras Língua Inglesa (LLI). Nessa perspectiva, é objetivo dessa comunicação analisar como uma proposta didática multimodal (LIMA & DAMIANOVIC, 2015) produzida no Edmodo, um ambiente virtual de aprendizagem, pode contribuir para uma produção de conhecimento lautoral (ROJO, 2015). Esse trabalho surge como uma proposta de reforma curricular (DAMIANOVIC & LIMA, 2015) para o ensino da língua inglesa, em uma disciplina na Graduação em Licenciatura em Letras/Inglês, ministrada parte online (20h) e parte presencial (40h). Nosso foco estará na parte online. O currículo visa desencapsular (ENGESTROM, 2009) o ensino da escrita de ensaios (SAITO, 2008) acadêmicos pela introdução da pedagogia dos multiletramentos (KOPE & KALANTZIS, 2012), com especial foco no papel da multimodalidade (KALANTZIS, 2012), por meio da argumentação (LIBERALI, 2013). Como metodologia, adotamos a pesquisa crítica de colaboração (MAGALHÃES, 2012) e de intervenção (LIBERALI & LIBERALI, 2011). A discussão da análise dos dados tem como norte as categorias enunciativas, discursivas e linguísticas desenvolvidas por Liberali (2013). Os resultados iniciais revelam que o uso da multimodalidade na escrita de ensaios acadêmicos potencializa uma maior agência por parte dos alunos, bem como uma sensação de pertencimento na produção de conteúdo acadêmico. Ensaios Multimodais: Novos olhares para a escrita acadêmica no curso de Letras/Inglês Leandra Dias Maria Cristina Damianovic As transformações sociais provocadas pela incorporação da tecnologia às práticas sociais cotidianas da Modernidade Recente (Moita Lopes,2013) apontam a necessidade de inovações teórico-metodológicas que compreendam a sala de aula, os professores, os alunos, os materiais e métodos de ensino em uma perspectiva pedagógica condizente com as complexidades vertiginosas desse momento da historia da humanidade. A contemporaneidade e, sobretudo, os textos/enunciados contemporâneos colocam novos desafios aos letramentos e às teorias (Rojo,2013). Nessa perspectiva é objetivo dessa comunicação analisar como os Multiletramentos (aspectos multimodais e multiculturais, Rojo 2012) dão suporte argumentativo (Liberali,2013), promovendo expansão dialógica e aproximando à produção acadêmica escrita à “vida que se vive” (Marx, 1983). Considerando que os gêneros do discurso são tipos relativamente estáveis de enunciados (Baktin,2008) e não padrões imutáveis, variando com os tempos. As culturas e os lugares enunciativos (Rojo, 2013), o foco dessa pesquisa está em analisar a expansão dialógico-argumentativa quando do processo de inserção de suporte multimodal na escrita de Essays (Saito,2008) por alunos graduandos do sexto período de Letras/Inglês da UFPE. Para a análise dos dados foi adotada a pesquisa crítica de colaboração (MAGALHÃES, 2012) e de intervenção (LIBERALI & LIBERALI, 2011). As categorias enunciativas, discursivas e linguísticas desenvolvidas por Liberali (2013) serão o elemento norteador dessa investigação. Os resultados iniciais revelam que a inserção de múltiplas semioses não apenas expande o poder argumentativo na escrita acadêmica de Essays, como proporcionam também a amplificação da consciência critica do ser além para ser outro (Damianovic,2010). Os dados apontam ainda que a busca por conteúdo multimodal resulta numa reformatação do gênero Ensaio proporcionando entrelaçamento de vozes (Bahktin,2008). Acreditamos que esse novo olhar para a escrita acadêmica seja indispensável para a interação harmônica dos sujeitos com as sociedades hipersemiotizadas (Moita Lopes, 2013) em que vivem. Em ensino e aprendizagem de língua, as manifestações da linguagem: mosaico em construção. Coordenadores: Sílvio Ribeiro da Silva - Universidade Federal de Goiás-Regional Jataí Sebastião Carlúcio Alves Filho - Universidade Estadual de Goiás-Campus Jataí Neste simpósio, consideramos a linguagem como uma atividade constitutiva do Homem, que o torna um Ser singular e múltiplo ao mesmo tempo. Nesse sentido, reunimos aqui pesquisas cujos enfoques tomam a linguagem como possibilidade para ensinar e aprender língua, dando ao aprendiz a oportunidade de produzir e interpretar sentidos. Assim, apresentamos um estudo que investigou o conteúdo apresentado por atividades de leitura propostas por um Livro Didático de Português (LDP) e o modo como elas funcionam como instrumento de avaliação da aprendizagem. Os dados obtidos com esta investigação sugerem uma discussão acerca da influência que o LDP pode exercer sobre as práticas metodológicas adotadas pelo professor de língua. Indo na direção de estudos que entendem os materiais didáticos como forma de manifestação da linguagem a ser aprendida, outro estudo que integra este simpósio diz respeito à análise de questões apresentadas por um LDP, apontando as contribuições que atividades que mobilizam determinado descritor da Prova Brasil podem trazer para que o aluno desenvolva seus letramentos e tenha capacidade de manusear as múltiplas formas de uso da linguagem, priorizando a discursividade. Ainda focando a avaliação em larga escala e considerando que numa avaliação ocorrem diversas manifestações da linguagem, apresentamos um estudo que demonstra relações entre o desempenho dos alunos nas avaliações com o modo de construção dos itens que as compõem. Foram investigadas as habilidades de leitura avaliadas e discutiu-se o desempenho dos alunos nas provas. Por fim, retomamos num outro estudo o conceito de alfabetização, desenvolvendo uma reflexão a respeito das escritas contemporâneas e suas influências na cultura e no pensamento da sociedade atual, propondo o conceito de alfabetização semiótica. Temos convicção de que este simpósio ampliará o horizonte a respeito das possibilidades de análise da linguagem em suas variadas formas de manifestação no ensino e aprendizagem de língua. Comunicações internas Escrita alfabética X escritas contemporâneas: uma proposta de ampliação do conceito de alfabetização Maria de Fátima Ramos de Andrade Ana Sílvia Moço Aparício No presente trabalho discutimos a ampliação do conceito de alfabetização, considerando a expansão da escrita no contexto cultural da atualidade. Para isso, retomamos o conceito de alfabetização, na perspectiva da escrita alfabética - ainda bastante recorrente nas orientações e práticas de ensino e aprendizagem da língua escrita - e desenvolvemos uma reflexão a respeito das escritas contemporâneas e suas influências na cultura e no pensamento da sociedade atual, propondo o conceito de alfabetização semiótica. Quando reconhecemos a expansão da escrita no confronto de múltiplas escrituras, vemos a necessidade de se repensar o conceito de alfabetização, pois no contexto escolar hoje ainda estamos distantes de um ensino que considere a expansão da escrita. Apesar de a escola se propor a alfabetizar, ela o faz privilegiando apenas uma modalidade da escrita: a alfabética. De fato, essa escrita é parte fundamental da nossa cultura, mas o seu entendimento só acontecerá efetivamente se considerarmos os outros sistemas semióticos e suas possíveis conexões. É pelo entendimento da dinâmica cultural que avançaremos na revisão do conceito de alfabetização, requisito básico para o desenvolvimento não só das escritas contemporâneo-eletrônicas, como também para a escrita alfabética, uma escrita em expansão. Leitura no Ensino Médio: a (não) influência exercida pelas atividades presentes nos Livros Didáticos de Língua Portuguesa no processo de avaliação da aprendizagem Sebastião Carlúcio Alves Filho Os materiais didáticos (MD), instrumentos utilizados pelos professores como auxílio para o planejamento e execução de suas aulas, vêm se tornando cada vez mais o alvo de investigações feitas por pesquisadores de diversas áreas do conhecimento. De um lado estão aqueles que defendem o uso destes materiais, pois acreditam que se trata de mais um recurso à disposição do professor para que este organize e realize suas aulas. Do outro lado, estão os que defendem que os MD apenas funcionam como “uma insubstituível muleta”, uma vez que sem eles não haveria substância para que o ensino e a aprendizagem ocorressem. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi investigar o conteúdo apresentado pelas atividades de leitura propostas por um Livro Didático de Português (LDP) e o modo como elas funcionam como instrumento de avaliação da aprendizagem. As atividades presentes nos materiais foram agrupadas em categorias de acordo com o trabalho com a leitura que suscitavam e com o modo com que se portavam como instrumento de avaliação da aprendizagem. Para a execução desta análise, tomei como referência teorias que versam sobre avaliação escolar e sobre o ensino de leitura. Fazem parte do referencial teórico utilizado autores como de Rojo (2006), Solé (1998) e Silva (2009). Ao fim da análise dos dados foi possível perceber que a influência exercida por essas atividades sobre o processo de ensino e aprendizagem de leitura nas aulas de língua portuguesa acontece em três níveis diferentes. Cabe ao professor, no papel de mediador deste processo, definir quais os objetivos que tem enquanto avaliador e reorganizar sua prática para atingi-los. Deve-se (re)pensar qual é o papel que a avaliação exerce em sala de aula para, então, mobilizar os instrumentos avaliativos adequados. Avaliação das Habilidades de Leitura: múltiplas faces Robson Santos de Carvalho Neste trabalho, terá lugar um debate sobre as habilidades mobilizadas por alunos da educação básica em situação de provas de interpretação de textos. A partir da experiência observada em diversas cidades do sul de Minas Gerais, no período de 2007 a 2011, com alunos das redes públicas, a pesquisa demonstra haver relações entre o desempenho dos alunos nos testes com o modo de construção dos itens que compõem as avaliações. Assim, trabalhos que focalizam a eficácia das avaliações externas e internas e entendam a avaliação como elemento norteador de ações pedagógicas voltadas para o domínio das habilidades de leitura serão compartilhados nesta comunicação. É importante ressaltar que as habilidades de leitura a que se referem o presente estudo encontram-se relacionadas aos aspectos textuais como as relações lógico-discursivas do texto, marcadas por conjunções, advérbios e outros conectivos; repetições ou retomadas, realizadas por pronomes, elipses e outros recursos de referenciação, as inferências globais e as inferências de sentido de palavras ou expressões contextualmente. Tais habilidades estão presentes nas Matrizes de Referência dos principais sistemas de avaliação do país. Desse modo, busca-se evidenciar a mobilização de habilidades, conhecimentos, estratégias pelos alunos diante de itens de leitura, independentemente do seu modo de construção. Investigam-se as habilidades de leitura avaliadas nos testes, além de discutir o desempenho dos alunos nas provas. Sustentam as análises, as concepções de gênero, textualidade e textualização, advindas da Linguística Textual, além de referenciais teóricos sobre a avaliação. Espera-se atestar que a competência leitora dos estudantes pode ser bem definida em termos de uma Avaliação Diagnóstica de Habilidades, um instrumento privilegiado no processo de ensino da leitura na escola, como uma das as múltiplas faces da linguagem. Linguagem em uso e a relação entre avaliação em larga escala e material didático de Língua Portuguesa Sílvio Ribeiro da Silva A linguagem é o que torna o Homem diferente dos demais animais, sendo uma de suas características mais subjetivas, além de ser o aspecto que facilita a comunicação entre os humanos. Suas manifestações se dão de diferentes formas, sendo os materiais didáticos uma das maneiras de se perceber isso. As atividades de leitura e intepretação de textos escritos presentes nos livros didáticos de Português (LDP) apresentam ao aluno a linguagem em uso e a reflexão sobre esse uso, consolidando suas múltiplas faces. As avaliações em larga escala, especialmente as da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, propõem atividades que materializam tanto o uso quanto a reflexão sobre o uso da linguagem. Na Prova Brasil, interesse desta comunicação, um dos descritores se propõe a “Reconhecer posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema”. Esse descritor mensura a capacidade do avaliado em observar e analisar a linguagem em uso, especialmente a respeito da multiplicidade de possibilidades existentes no momento de apresentar opiniões acerca de um fato. Dessa forma, pretendo apresentar nesta comunicação dados de uma pesquisa PIBIC/CNPq, usando o descritor há pouco mencionado como categoria de análise quantitativa e qualitativa. Do ponto de vista quantitativo, mostrarei dados percentuais, indicando o montante de atividades que mobilizam o descritor. Em se tratando da análise qualitativa, apresentarei exemplos de questões que aparecem no LDP A Arte da Palavra, Editora AJS, apontando as contribuições que atividades que mobilizam o descritor em análise podem trazer para que o aluno desenvolva seus letramentos. Os dados mostram que os alunos usuários do LDP podem ter um despreparo no que se refere ao entendimento das múltiplas formas de uso da linguagem por parte das propostas de ensino de língua mais contemporâneas, as quais priorizam a discursividade. Questões sobre o ensino, a aquisição e a aprendizagem de sons e do aspecto verbal em LE Coordenadores: Egisvanda Isys de Almeida Sandes - Universidade Estadual Paulista/Campus de Araraquara Caroline Alves Soler - Universidade Estadual Paulista/Campus de Araraquara Neste simpósio serão apresentados trabalhos de pesquisa tanto sobre o ensino quanto sobre a aquisição e a aprendizagem de sons e do aspecto verbal em LE. Sabe-se que o trabalho com a percepção e a produção de sons na aula de língua estrangeira, muitas vezes, não é realizado não só porque o professor não tem formação, portanto, informações adequadas para fazê-lo, mas também porque os materiais costumam apresentar o trabalho com os sons como uma lista de repetição de palavras ou escuta da leitura de um trecho de texto sem um trabalho específico sobre ele. Quanto ao aspecto verbal, o que costumamos observar é o ensino dos tempos verbais como estruturas isoladas do funcionamento discursivo, o que dificulta o seu uso com objetivos comunicativos específicos. Assim sendo, comentaremos sobre alguns pontos que o professor deve conhecer para o trabalho adequado com ambos os temas na sala de aula, inclusive compreendendo como se dá o processo de aquisição e aprendizagem do estudante. Em alguns casos, serão apresentados exemplos para facilitar a compreensão dos conceitos e modelos de análise mencionados. COMUNICAÇÕES INTERNAS Ensino, aquisição e aprendizagem de sons em LE – algumas questões que o professor deve conhecer Egisvanda Isys de Almeida Sandes Nesta comunicação pretende-se apresentar alguns conceitos e modelos importantes para o ensino e para a compreensão dos processos de aquisição e aprendizagem de sons em LE. Para começar, serão apresentados três conceitos inerentes ao estudante de LE, principalmente no início de sua aprendizagem, relacionados ao desenvolvimento de seu período de Interlíngua. Um deles é o próprio significado de Interlíngua em si, segundo as definições de Selinker (1972) e Corder (1973); os outros dois dizem respeito ao processo de percepção e produção dos sons em LE: a surdez fonológica (Polivanov, 1931) e o crivo fonológico (Trubetskoy, 1939). Além disso, apresentaremos uma discussão sobre um dos modelos de análise da produção de sons do estudante de LE, criado por Flege nos anos 80, denominado Modelo de Aprendizagem da Fala. Consideramos que todos esses aspectos são importantes para que o professor não só entenda como se dá o processo de percepção e produção de sons pelo aluno, mas também para que se desenvolva uma reflexão em como abordar o tema da fonética na sala de aula de LE. O ensino da pronúncia nos livros didáticos de espanhol escolhidos pelo PNLD 2014-2015 Júlia Batista Alves Odair Luiz Nadin da Silva Egisvanda Isys de Almeida Sandes O ensino da pronúncia esteve durante muito tempo marginalizado pelos métodos e abordagens de ensino de línguas devido à grande ênfase nos estudos de gramática e vocabulário até a chegada da Abordagem Comunicativa nos anos 80, quando começou a ganhar maior visibilidade e importância. Entretanto, ainda nos dias de hoje, as maneiras de se ensinar a pronúncia, na maioria das vezes, não são apresentadas pelos materiais didáticos e são desconhecidas por boa parte dos professores, seja porque tiveram uma formação precária e não possuem conhecimentos específicos sobre o tema ou por diversos outros fatores. Nesse sentido, tendo em vista a chamada “lei do espanhol” (2005) que prevê a oferta obrigatória do ensino do espanhol nas escolas de Ensino Médio de todo o país, a presente comunicação almeja ressaltar a importância do ensino da pronúncia no processo de ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira (LE), especificamente da Língua Espanhola (ELE) na referida modalidade de ensino. Para tanto, nos propomos a analisar as atividades apresentadas pelos materiais didáticos (volume um) das coleções escolhidas pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) em 2014 para o ano de 2015 (Cercanía Joven da Edições SM e Enlaces da Editora Macmillan do Brasil) no que diz respeito ao desenvolvimento tanto da percepção como da produção dos sons em língua espanhola, baseando-nos em estudos da área (CAGLIARI, 1978; GIL FERNÁNDEZ, 2007; LLISTERRI, 2001, 2003; MASIP VICIANO, 1995; SANDES, 2010). Questões implícitas no processo de aquisição e aprendizagem de sons de língua inglesa por estudantes brasileiros de ILE Tamiris Destro Costa Egisvanda Isys de Almeida Sandes Nota-se que, no âmbito de ensino e aprendizagem de inglês como língua estrangeira para/por brasileiros, pouco se discute a respeito do ensino do aspecto fônico em sala de aula de ILE. Por isso, muitas vezes, o professor, quem deveria ser o responsável por estimular os estudantes a notarem como a percepção dos sons em LE, com todas suas características acústicas e articulatórias, é fundamental para que a produção seja fluida e sem ruídos, nem sempre o faz, pois não tem formação e conhecimento específicos sobre o tema. Tal fato pode trazer problemas de inteligibilidade e, muitas vezes, acarretar na fossilização de erros na fala do aprendiz, justamente por este não ter conhecimento sobre os aspectos fônicos da língua inglesa e sua relação com a língua portuguesa. Dessa forma, o presente trabalho objetiva discutir questões pertinentes à aquisição e aprendizagem de sons por estudantes brasileiros de inglês como língua estrangeira, partindo do princípio de que há várias diferenças nos aspectos segmental, suprassegmental, acústico e articulatório entre ambas as línguas, tendo em vista que tais diferenças podem causar dificuldades na percepção e consequentemente na produção oral da LE. Para tal estudo, portanto, serão utilizados conceitos e modelos relativos à aquisição e aprendizagem de sons em LE (Modelo de Aprendizagem da Fala de Flege (1981, 1991, 1995), Surdez Fonológica de Polivanov (1931) e Crivo Fonológico de Trubetzkoy (1939)). O ensino de verbos sob a ótica aspectual nas aulas de ELE Caroline Alves Soler Egisvanda Isys de Almeida Sandes Este trabalho tem por finalidade promover algumas reflexões acerca do ensino de verbos nas aulas de Espanhol como Língua Estrangeira (ELE) sob a ótica aspectual. Segundo Gutiérrez Araus (2004), o aspecto verbal é uma categoria gramatical que expressa a duração de um processo por meio de um verbo que representa a ação e está diretamente relacionada à questão do tempo. O entendimento do aspecto no momento da abordagem dos verbos no processo de ensino e de aprendizagem de Espanhol como Língua Estrangeira (ELE) culmina em uma compreensão mais lógica e, por conseguinte, mais significativa acerca do assunto, pois permite o tratamento do tema pautado em perspectivas de usos e valores reais, deixando de lado o ensino por meio de estruturas isoladas e não atreladas ao funcionamento discursivo. Dessa forma, neste estudo, primeiro tratamos de algumas discussões teóricas acerca do aspecto verbal com base nos conceitos/propostas de Gutiérrez Araus (2004), Rojo e Veiga (2000) e Miguel Aparicio (2000), entre outros e, em seguida, explicitamos nossa percepção do assunto com o objetivo de viabilizar algumas reflexões que identifiquem novas possibilidades ou procedimentos que norteiem o processo de ensino de verbos nas aulas de ELE. O Pensar Alto em Grupo e o letramento literário Coordenadores: Marivan Tavares dos Santos - Centro Universitário do Norte Ariane Mieco Sugayama - PUCSP Este simpósio acolhe trabalhos que abordam a leitura de textos literários em uma prática de letramento dialógica e colaborativa, intitulada Pensar Alto em Grupo (ZANOTTO, 1995; 2014) nos diversos contextos de sala de aula (Ensino Fundamental, Graduação e Extensão Universitária), em vista à construção dos sentidos das leituras e à transformação no agir dos professores e alunos. A pertinência advém da necessidade de propormos um ensino de literatura que possa acolher as vozes e subjetividades dos alunos, possibilitando, por um lado, leituras mais inferenciais, argumentativas, reflexivas; e por outro, o protagonismo dos alunos ao interpretar as metáforas e as lacunas, potencializando a fruição estética. Assim, abre-se espaço para as múltiplas leituras as quais podem ser construídas sob diferentes recursos argumentativos (PERELMAN, 1996/2005; PONTECORVO, 2005), revelando a intenção do leitor não só de defender uma posição, mas também de negociá-la, propiciando uma postura responsiva ativa e o reconhecimento dos colegas como alteridades, o que pode potencializar o pensamento crítico. A presença das metáforas leva o leitor a um conflito intelectual desestabilizador (SCHENEWLY; DOLZ, 2004), por causa das incongruências semânticas e pragmáticas (CAMERON, 2003), e de lacunas que são ausências de pistas textuais. Dessa maneira, o leitor, ao procurar resolver esses enigmas pode realizar interpretações por meio da argumentação, o que pressupõe a existência de um contato intelectual entre leitores, provocando processos de questionamentos dos sentidos construídos, mesmo com argumentos pertencentes ao âmbito do verossímil. O Pensar Alto em Grupo é uma prática de letramento enriquecedora para o professor e os alunos, porque possibilita uma discussão espontânea e os participantes expressam suas leituras, empoderando, portanto, a identidade leitora dos alunos. Isto posto, o simpósio abre espaço para a reflexão sobre a prática de leitura no ambiente escolar, o tipo de leitor e a prática do professor como agente de letramento (KLEIMAN, 2006). COMUNICAÇÕES INTERNAS O Pensar Alto em Grupo e os raciocínios inferenciais para a coconstrução dos sentidos do texto Vivian Maria Marcondes Muito mais do que decodifição de palavras ou busca pela obtenção de informações, a leitura possibilita aos leitores — ou deveria possibilitar — processos dialógicos (BAKHTIN, 1992) de (re)significação do lido. No entanto, práticas escolarizadas de leitura afastam os leitores desses processos de co-construção de sentidos quando estabelecem que I. existe apenas uma interpretação válida para cada texto; II. o sentido do texto está nele próprio. Este trabalho, alinhado com a Linguística Aplicada Contemporânea (ROJO, 2006), tem por objetivo investigar uma nova prática de leitura, o Pensar Alto em Grupo, (ZANOTTO, 1995; 2014) e sua aplicabilidade com alunos de 5º ano do EFI (9 a 10 anos). O PAG é uma prática que valoriza leitor, leitura e pensamento na busca pela compreensão dos textos, em grupos, visando à formação do leitor responsivo-ativo, numa perspectiva de alteridade, em que o pensamento e a voz de cada participante favorecem o pensamento dos outros participantes. Objetivamos responder: I. de que forma acontecem o raciocínio inferencial e as negociações, em grupos?; II. de que forma o PAG possibilita a compreensão dos textos lidos? Investigar o raciocínio inferencial dos alunos e as negociações que ocorreram durante leituras e discussões (PONTECORVO, 2005) do poema “Infância”, de Carlos Drummond de Andrade, no possibilitou constatar que, quando se cria condições de diálogo, negociações, elaboração, confrontação de argumentos, validação das interpretações surgidas; quando se dá voz aos alunos; quando se considera a intersubjetividade entre os leitores, as múltiplas leituras do texto não só ocorrem como possibilitam reflexões sobre a relevância das inferências construídas. Este trabalho se insere no paradigma da pesquisa qualitativa, de orientação interpretativista, pois buscou investigar como os sentidos foram construídos nas práticas sociais investigadas, de forma a evidenciar a importância do raciocínio inferencial e das negociações para a construção de sentidos do texto nas leituras partilhadas. Ciranda do Pensar Alto em Grupos: crianças lendo poemas da Cecília Meireles Telma Franco Diniz Além da obra poética, Cecília Meireles nos legou uma alentada obra ensaística sobre educação e literatura infantil. Defensora do protagonismo infantil, Cecília dizia que uma das complicações para o adulto era saber "se a criança não é mais arguta e, sobretudo, mais poética do que geralmente se imagina". Em se tratando de literatura infantil, ela argumentava ser preciso deixar sempre "uma determinada margem para o mistério, para o que a infância descobre pela genialidade da sua intuição" (MEIRELES, 1984). Vários poemas de sua coletânea “Ou isto ou aquilo” possibilitam essa "margem para o mistério" e parecem sob medida para aplicar a prática de letramento dialógica e colaborativa Pensar Alto em Grupo (PAG), pesquisada pelo Grupo de Estudos da Indeterminação e da Metáfora (GEIM), pois é sabido que, para que a prática colaborativa funcione e o 'pensar alto em grupo' ocorra de fato, "o texto não deve ser fácil a ponto de haver uma compreensão automática" (ZANOTTO, 1995). De fato, textos com lacunas e incongruências permitem diferentes interpretações, pois incitam o leitor a procurar entender o que foi silenciado. O objetivo deste estudo é investigar como alunos do 4º ano do ensino fundamental preenchem as lacunas do poema "A égua e a água", publicado na coletânea mencionada. Veremos que o comportamento da égua, que se recusa a beber água da lagoa, pois prefere bebê-la numa poça d'água, causa estranhamento nas crianças que passam a discutir possíveis motivos para tal opção, o que propicia que os leitores tenham voz, sejam ouvidos e possam ouvir-se, favorecendo a co-construção de sentido com base não só no texto, mas também no conhecimento de mundo de cada um. De natureza qualitativa, esta pesquisa tem orientação interpretativista, e baseia-se em teorias de letramento, metáfora e estudos da tradução (BAJOUR, 2012; CHAMBERS, 2011; LAKOFF, 1989; AZENHA, 2012). As múltiplas leituras da metáfora no texto literário: uma contribuição para a formação do leitor protagonista e reflexivo Ariane Mieco Sugayama Este trabalho visa analisar as múltiplas leituras das metáforas do poema Rosa, de Cecília Meireles, geradas na prática de leitura dialógica e colaborativa, intitulada Pensar Alto em Grupo (ZANOTTO, 1995; 2014), que vem sendo investigada e construída pelo grupo GEIM (Grupo de Estudos da Indeterminação e da Metáfora). O Pensar Alto em Grupo procura promover um diálogo em sala de aula por meio do qual os alunos constroem suas próprias leituras, negociando suas relevâncias de acordo com as possibilidades interpretativas que o texto oferece. Por esse motivo, uma vez que cada aluno se posiciona de forma responsiva ativa perante o texto, ou seja, o leitor age de forma protagonista, é possível que múltiplas leituras ocorram, promovendo concomitantemente, o desenvolvimento de uma compreensão reflexiva do sujeito e o reconhecimento de seus colegas como alteridades que podem pensar diferente dele. Portanto, deixamos de lado o paradigma do ensino-aprendizagem da leitura única, embasado na epistemologia do monologismo, para trabalharmos de acordo com epistemologia do dialogismo (MARKOVA, 1997; BAKHTIN, 1992). As perguntas que nortearam o presente estudo foram: 1. como as metáforas conceptuais influenciaram (LAKOFF & JOHNSON, 2002) na compreensão das metáforas poéticas (LAKOFF & TURNER, 1989)?; 2. em que aspectos considerar a compreensão das metáforas conceptuais na aula de literatura pode promover um letramento mais reflexivo e protagonista? O presente trabalho se insere num paradigma qualitativo (CHIZOTTI, 2008), de orientação interpretrativista (MOITA LOPES, 2006) e tem como instrumento metodológico o Pensar Alto em Grupo. Os sujeitos da pesquisa são alunas de um Curso de Extensão Universitária em São Paulo. Os resultados demonstraram que, ao darmos voz aos alunos para a construção de múltiplas leituras, é possível que eles reconheçam as metáforas conceptuais trabalhadas nas metáforas poéticas, posicionando-se diante desses modos de conceptualizar a vida humana de forma ativa e reflexiva. O Pensar Alto em Grupo e a leitura de texto literário: contribuição para a formação do aluno como leitor crítico e da professora como agente de letramento Marivan Tavares dos Santos Este trabalho analisa como os sentidos foram construídos, por alunos do ensino superior, do texto literário “A águia e a galinha: uma metáfora da condição humana” de Leonardo Boff (2010), mediante a prática de leitura do Pensar Alto em Grupo (ZANOTTO, 1995), e as ações da professora nas vivências dessa prática. O intuito foi contribuir para a formação do aluno como leitor crítico e da professora como agente de letramento (KLEIMAN, 2006), pois tal prática propicia a construção dos sentidos e a horizontalidade entre os participantes. Tem como pressuposto básico dar voz aos alunos, visando ao protagonismo deles, o que implica o professor deixar de ser a única autoridade interpretativa do texto. Apoiamo-nos na visão freireana sobre leitura (FREIRE, 1983/1986) e na abordagem dos Novos Estudos do Letramento (NEL/NLS) (STREET, 1984/1995), para discutir os resultados desse evento de leitura. É uma pesquisa-ação crítica (KINCHELOE, 1997) com metodologia qualitativa (CHIZZOTTI, 2005), de orientação interpretativista crítica (MOITA LOPES, 1994). A geração de dados ocorreu, por meio do Pensar Alto em Grupo (PAG), com seis alunos do curso de administração e a professora-pesquisadora da cidade de Manaus-AM. Para tanto, baseeime nas questões norteadoras: 1. Como a prática de leitura do PAG, no ensino superior, pode contribuir para a formação do aluno como leitor crítico? e 2. Como a análise e reflexão sobre as ações da professora nas vivências do PAG puderam (ou não) contribuir para a formação da professora como agente de letramento? Os dados revelaram a construção de leituras sob diferentes recursos argumentativos, como: papel da oposição e justificação (mais ou menos explícita) (PONTECORVO, 2005), argumentação pelo exemplo e raciocínio por analogia (PERELMAN (1996/2005), dando indicativo de que os alunos exercitaram uma postura de leitor crítico e reflexivo, e ficou evidente que o desencadeamento das vozes depende sobremaneira da postura do professor. Corpus Linguistics and Learner English Coordenadores: Profa. Dra. Deise Prina Dutra - Universidade Federal de Minas Gerais Profa. Dra. Patrícia Pereira Bertoli - Universidade do Estado do Rio de Janeiro Profa. Dra. Paula Tavares Pinto - Universidade Estadual Paulista- S. J. Do Rio Preto This symposium will present research into learner English from a corpus perspective. Learner English is a language variety produced by millions of speakers worldwide as they learn English as a second or foreign language. Corpus approaches to learner English have provided valuable insights into this variety by producing evidence of language use by learners and in so doing have presented new ways of understanding the process of learning English. COMUNICAÇÕES INTERNAS Brazilian university student interlanguage in learner corpora Deise Prina Dutra Internationalization of higher education in Brazil has been growing fast and has assumed a key position in many universities. This fact has pressured the academic community to become proficient in English in order to, actively, participate in conferences, publications and interactions with international partners. This paper aims at discussing how the compilation of written and oral learner corpora can, systematically, show interlanguage characteristics that can be a good source of information for the preparation of tailor made courses that will better meet our university students’ linguistic needs. The analyzed corpora, Corpus de Inglêspara Fins Acadêmico (CorIFA) and Corpus do Inglês sem Fronteiras da UFMG (CorIsF-UFMG), are composed of various genres, such as essays, abstracts, narratives, among others. The results show the differences between oral and written corpora, for instance, in relation to lexical density observed in integrated and independent tasks, as well as in relation to the type and frequency of lexical bundles. The analysis will include a comparison with results from recent research papers (e.g. BIBER e GRAY, 2013) that used learner corpora with data from students from a variety of countries. Yet, these studies are based on corpora that are composed of similar text genre to the ones in CorIFA e o CorIsF-UFMG. Small Corpus for immediate solutions Patricia Bertoli The analysis of linguistic patterns on the production of foreign language learners has been one of the focuses of Corpus Linguistics studies, which have been consolidating descriptions and linguistic analysis procedures. There is a variety of projects based on learner corpus around the world, such as ICLE, specifically on learners of English – whose Brazilian part is BrICLE, which aim at investigating several aspects of learner language n a macro perspective, such as language patterns, idiomaticity, fluency, error analysis, use of grammar, and the development of dictionaries specific for learners and course books. However, it is possible to define and describe linguistic patterns present in the production of English learners in a more restrict scope aiming at creating immediate learning situations, not necessarily involved with a big project. It is necessary to follow strict criteria for collecting a corpus that enables the investigation of different aspects of language (GRANGER, 1998), the linguistic analysis and the development of learning activities. I will discuss an example of a brief investigation about learners’ use of lexical bundles contrasted to the use by native speakers (COCA and LOCNESS Corpus) in order to observe the concomitant use of lexical bundles ( Biber et al., 2004; Dutra; Berber Sardinha, 2013, Bertoli-Dutra, 2013), using a small corpus of 45,000 words. Having detected the (over)use of malformed formulaic language, that is, language out of the native speaker’s patterns of use, specific activities were developed following Data Driven Learning methodology (JOHNS, 1986; 1997), and the results of the exposition to the activities were verified in the learners’ production afterwards. A interdisciplinaridade na elaboração de atividades didáticopedagógicas baseadas em corpora Paula Tavares Pinto A publicação científica em língua inglesa tem favorecido a busca de cursos de escrita acadêmica em língua inglesa por parte de pesquisadores de diversas áreas científicas. Esta foi a razão que motivou o desenvolvimento de um projeto interdisciplinar envolvendo as áreas de Química e Linguística, mais especificamente, Tradução e Ensino e Aprendizagem de Língua Inglesa. A abordagem teórico-metodológica utilizada tem sido a da Linguística de Corpus por favorecer a investigação de textos especializados com o auxílio de ferramentas computacionais elaboradas para fins de pesquisa linguística (SINCLAIR, 1995; BIBER, 1998; BERBER SARDINHA, 2009). No estudo temos analisado a linguagem científica produzida por pesquisadores brasileiros da área de Química Orgânica que utilizam o inglês para publicação internacional (SWALES e FEAK, 2009). O objetivo principal é o de comparar a linguagem produzida por esses pesquisadores com a linguagem dos pesquisadores de instituições internacionais que tenham publicado seus artigos em língua inglesa em revistas de impacto na área de Química. Para tanto, alunos dos cursos de Química, Letras e Tradução têm trabalhado conjuntamente na compilação de um corpus composto por artigos, resumos e abstracts da revista Química Nova. A segunda etapa será a compilação de um corpus comparável composto por artigos publicados em revistas internacionais para o levantamento de terminologia (ABAKERLI, R. B, et al 2003; BARROS, 2007), padrões lexicais e estruturais (TAGNIN, 2005; FINATTO et al, 2010) utilizados por esta comunidade científica. A partir desses dados, as estruturas observadas serão utilizadas no desenvolvimento de material didático voltado para um curso de Inglês com Fins Acadêmicos. Dialogando com o ensino e aprendizagem de línguas: questões, reflexões e avanços Coordenadores: Paulo Rogério Stella - Universidade Estadual de Alagoas Cátia Veneziano Pitombeira - PUC de Campinas Este simpósio apresenta pesquisas em andamento na área do ensino de línguas com discussões acerca do ensino e aprendizagem de inglês na escola pública, da formação de professores de línguas estrangeiras em cursos de licenciatura em universidades públicas e do ensino e aprendizagem da Libras para professores ouvintes em situação de préserviço também em universidade pública. Os trabalhos apoiam-se teoricamente a) na concepção de língua como possibilidade de produção de conhecimentos baseada na interação e entendida como ponto de tensão provocada pelo contato entre interlocutores posicionados em contextos opostos (BAKHTIN/VOLOCHINOV, [1929] 2010); b) em estudos acerca dos letramentos que podem ser entendidos como práticas de linguagem situadas localmente e estabelecidas dialogicamente entre locutor, interlocutor e texto (GEE, 2008); e c) em pesquisas com viés autobiográfico, ou seja, pretendem promover a constante construção e reconstrução de identidades dos pesquisadores e dos pesquisados (BRUNER, 2004) envolvidos no processo. Quanto às metodologias utilizadas, podemos dividi-las em dois grupos: o primeiro grupo traz análises documentais de projetos pedagógicos, livros didáticos, orientações e parâmetros curriculares e guias de livros didáticos e propõem alternativas para uma formação em língua estrangeira com vistas à promoção de uma cidadania de deveres e direitos (SOUSA SANTOS, 2010). O segundo grupo apresenta propostas de ações formativas em sala de aula incluindo trabalhos com narrativas produzidos por professores e alunos e propostas de planos de aula, visando aos fluxos (PENNYCOOK, 2010) de produção de sentidos pelo contato entre o local e o global entendidos como a relação entre língua materna e língua estrangeira, além da cultura local e a dimensão globalizante de troca de informações. Os resultados apontam para a necessidade de pensarmos a formação de professores e alunos como posicionamento ético e político (FREIRE, 2001) frente às demandas históricas que se nos impõem. COMUNICAÇÕES INTERNAS PPC do curso de Letras de uma universidade Estadual na Região Nordeste: reflexões sobre linguagem, formação e letramento digital Joyce Rodrigues da Silva Magalhães Com o advento das tecnologias e a imersão da sociedade contemporânea no mundo digital faz-se necessário analisarmos como o letramento digital está sendo desenvolvido na formação de professores de Inglês através do uso das TIC na sala de aula. Nesse sentido, esse trabalho objetiva refletir a respeito formação para o letramento digital no curso de Letras-Inglês da Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL, através da análise do Projeto Pedagógico de Curso (PPC). Esse trabalho é uma análise documental de cunho investigativo e é parte de uma pesquisa de mestrado em fase inicial. A análise do documento mostrou que apesar de o texto apresentar a importância das tecnologias para a formação de professores, a matriz curricular obrigatória não oferta uma disciplina direcionada a formar para o uso pedagógico e letramento digital dos graduandos. Livro didático de língua estrangeira em perspectiva transgressora reflexões acerca de um livro didático de língua inglesa utilizado em escola pública Josenildo Farias Neto A inclusão do livro didático de Língua Inglesa nas escolas públicas foi um avanço em se falando de estudo de língua estrangeira. No entanto, o livro sendo usado como única ferramenta de ensino pode deixar lacunas na aprendizagem de línguas. Este trabalho é parte da dissertação de mestrado na linha de pesquisa de Linguística Aplicada (LA), e se propõe a apresentar uma outra possível forma de utilização do livro didático levando-se em consideração a perspectiva dos letramentos. O objetivo é propor outra maneira de se trabalhar com a gramática no livro didático, tendo como base as considerações do PNLD 2012 Ensino Médio. A metodologia do trabalho foi realizada através da análise do primeiro capítulo do livro didático para entender qual a ideia que os alunos tinham sobre gramática, e pensar em outra maneira de trabalhar com esta gramática. Tendo em vista o andamento da pesquisa até o momento, percebe-se que ao buscar alternativas comunicativas para abordar tópicos gramaticais, os alunos parecem mais interessados e atribuem um sentido real para a gramática quando têm contato com seu uso e aplicabilidade em sala. Um estudo sobre o processo de ensino e aprendizagem dos alunos da disciplina Libras em uma universidade pública da região nordeste Fábio Rodrigues Santos Esta comunicação pretende proporcionar uma reflexão sobre a perspectiva de ensino e aprendizagem de língua brasileira de sinais – Libras - trazida pela ementa da disciplina Libras (por vezes denominada Fundamento de Libras) presente nos Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPC) de Licenciatura na área de Letras da UFAL. A proposta desse trabalho se baseia no recente cenário de complexidade social que se dá pela difusão da Libras, uma vez que essa língua se faz presente na matriz curricular dos cursos de licenciatura, preferencialmente, bem como de forma eletiva para os demais cursos, segundo o decreto nº 5.626/05. A metodologia de coleta de dados consiste na análise comparativa dos sentidos de ensino de Libras circulantes nesses PPCs, em relação à proposta da ementa, e na aproximação feita desses sentidos com outros presentes em documentos oficiais utilizados como referenciais e guias na formação de professores na área. Dessa forma, o trabalho intenta contribuir com a perspectiva de ensino e aprendizagem de Libras tendo em vista que as reflexões apresentadas podem favorecer a compreensão do processo de produção de sentidos no que se refere a alunos ouvintes. Implicações do ensino e aprendizagem de língua inglesa em uma escola pública com foco na interação Juliana Nunes Costa Este trabalho pretende estabelecer uma proposta de aula comunicativa para o ensino e aprendizagem de Língua Inglesa na escola pública, básica e regular, como uma proposta de mudança e intervenção nas aulas de Língua Inglesa. Essa pesquisa pretende, na esteira da proposta da LA em relação à teorização sobre a prática, inserir-se no campo da pesquisa qualitativa, por entender que ela pode contribuir significativamente para uma mudança social no campo da linguagem e no ensino de LI na escola pública e básica. A metodologia do trabalho foi realizada através de questionários aplicados aos alunos e desenvolvimento de aulas e atividades voltadas à oralidade. A pesquisa está em andamento, e os resultados obtidos até o momento demonstram uma possível modificação na perspectiva de aprendizado dos alunos com as reflexões acerca do ensino e aprendizagem de LI na escola pública. Dessa maneira, os alunos perceberam que a oralidade durante as aulas de LI é possível, e que o desenvolvimento de cada atividade pode ter um resultado favorável, e tais fatores já podem favorecer a motivação dos alunos em relação à aprendizagem da língua, como interação social e não apenas como a assimilação de vocabulário e gramática. Hibridismos nas linguagens verbal, visual e verbo-visual: relações dialógicas – um encontro entre esferas da atividade humana Coordenadores: Carlos Augusto Baptista de Andrade - Universidade Cruzeiro do Sul Marlon Luiz Clasen Muraro - Universidade Presbiteriana Mackenzie Dando continuidade à pesquisa que envolve aspectos da verbo-visualidade em diversos gêneros discursivos, pretendemos, neste simpósio, refletir/discutir sobre os discursos ligados as esferas literária, artes plásticas, jornalística e televisiva. Portanto, passa-se em primeiro lugar pela reflexão/discussão sobre o mito de Narciso presente no poema A história de Eco e Narciso, de Ovídio (2003) e suas relações dialógicas com a pintura Narciso (1599-1600), de Caravaggio; em seguida com a finalidade de ultrapassar a leitura apenas do texto, tendo como corpus o livro infantil Minha Galeria de Arte com Adesivos, observa-se a importância do contexto de recepção nessa obra que recupera o universo conhecido da criança: os Álbuns de Figurinhas; discorre-se, em seguida, pelo universo chargístico de Carlos Latuff, no contexto do oriente médio, centrando a discussão no ato ético e estético dessa produção; analisa-se, posteriormente, a letra da canção “A Rosa do Morro”, do grupo Inquérito,e perceber a ideologia inserida no gênero discursivo Rap; finalmente, reflete-se sobre a novela brasileira enquanto gênero televisivo independente, um produto artístico popular e de público fiel. Tais discussões estão inseridas no Grupo de Pesquisa Teorias e Práticas Discursivas e Textuais, na linha Discurso, Gênero e Memória e, mais especificamente, no Projeto “A verbo-visualidade: hibridismos em gêneros discursivos” ligado ao Mestrado em Linguística da Universidade Cruzeiro do Sul. COMUNICAÇÕES INTERNAS O velho-novo discurso das Telenovelas: verbo-visualidade em cena João de Oliveira Ao tratarmos especificamente do gênero narrativo-discursivo, é difícil afirmar se a primeira história foi contada ou encenada. Do mesmo modo, é difícil precisar se a encenação era parte da história, automática, intuitiva ou apenas um facilitador da comunicação. Provavelmente, no início da tradição oral, a narração e a encenação faziam parte do todo, quando o sagrado ainda não se distinguia do profano. As histórias eram (e são) criadas a partir de experiências sociais, sejam elas em quaisquer esferas das atividades humanas. Nesse contexto, a presente proposta, ao discutir a concepção de gênero para a narrativa ficcional telenovela brasileira, propõe ao leitor uma reflexão sobre a responsabilidade enunciativa em relação aos enunciadores e aos destinatários projetados nesse discurso. As telenovelas não se apresentam apenas como narrativas lúdicas, porque podem formatar a cultura e a identidade do povo, ditando modas, costumes, linguajares. Além disso, em duvidoso paralelo entre ficção e realidade, ao mesmo tempo em que pluralizam informações, podem singularizar parte de uma sociedade, visto que a unificam aos seus moldes e às suas maneiras, criando, a partir de seus tipos ficcionais, os protótipos de uma realidade concebida. Constituem, portanto, um gênero televisivo independente, um produto artístico popular e de público fiel. Aquele que, frente aos novos tempos e às novas tecnologias, continuam a liderar a audiência em diferentes regiões, segmentos sociais, sexos e faixas etárias. Para este estudo, as abordagens linguísticas correspondem, fundamentalmente, em algumas propostas conceptivas de gênero e discurso formuladas por Bakhtin e seu Círculo, e em teorias do discurso verbo-visual, observadas, aqui as discussões realizadas por Brait. Esta comunicação está inserida no Grupo de Pesquisa Teorias e Práticas Discursivas e Textuais, na linha Discurso, Gênero e Memória e, mais especificamente, no Projeto “A verbo-visualidade: hibridismos em gêneros discursivos” ligado ao Mestrado em Linguística da Universidade Cruzeiro do Sul. O verbal e o visual no mito de Narciso: relações dialógicas Diogo Souza Cardoso Este estudo analisa o mito de Narciso presente no poema A história de Eco e Narciso, de Ovídio (2003). Desse texto, chega-se a uma reflexão sobre as relações dialógicas possíveis com duas pinturas. Cronologicamente, são: a obra Narciso (1599-1600), de Caravaggio; Eco e Narciso, de 1627, de Nicolas Poussin. As duas obras são comparadas entre si e com o texto de Ovídio, buscando interconexões por meio das relações discursivas entre o verbal e o visual. Porém, não se trata de um estudo do verbo-visual, pois palavra e imagem não constituem um só corpo, o Narciso pictórico não está junto ao Narciso verbal em um mesmo produto discursivo. Assim, pode-se afirmar que é um estudo do verbal com o visual. A base epistemológica para o presente estudo é a Análise Dialógica do Discurso, neste momento destacando a filosofia da linguagem de Bakhtin e do Círculo (2006, 2003, 1997 e 1988), pelo fato de explorar as relações dialógicas resultantes do Narciso verbal e do Narciso visual na esfera artística. Tanto as pinturas quanto o poema de Narciso são vistos como enunciados concretos, assim, tal discussão faz emergir a relação discutida por Bakhtin entre o dado e o criado. Além do filósofo russo, outros autores figuram como base teórica, são eles: Brait (2005), Faraco (2009) e, por haver referências à esfera da arte, vêm à tona aproximações filosóficas com o postulado de Dewey (2010), Sartre (2008) sobre a teoria da imagem, e Dondis (2007) a respeito da sintaxe das imagens. Esta comunicação está inserida no Grupo de Pesquisa Teorias e Práticas Discursivas e Textuais, na linha Discurso, Gênero e Memória e, mais especificamente, no Projeto “A verbo-visualidade: hibridismos em gêneros discursivos” ligado ao Mestrado em Linguística da Universidade Cruzeiro do Sul. O gênero discursivo Rap: dialogismo e ideologia Norma de Carvalho Facchini Constata-se, frequentemente, a presença de múltiplas vozes que confrontam questões sociais e solicitam dos destinatários das canções rap uma interação ativa para identificar os discursos enunciados e as construções ideológicas nas letras/canções. Diante disso, pretendem-se apresentar o rap como gênero discursivo, com a finalidade de evidenciar as posições sociais que estão sendo polemizadas entre os interlocutores diante do que está sendo enunciado, inserindo o rap como gênero discursivo, pois só é possível observar as conexões entre a letra e os discursos que estão em circulação na sociedade mediante uma relação interdiscursiva. Relação que vai além do plano verbal e atinge uma extraverbal. Pôde-se, então, analisar a letra da canção “A Rosa do Morro”, do grupo Inquérito e perceber a ideologia que está inserida nela, tal como apontado por Bahktin e o Círculo. A escolha do gênero foi motivada pela maneira como o rapper aborda a canção, revelando a periferia, presente no dia a dia dos estudantes que imediatamente se identificam com o cenário apresentado. Ao narrar histórias de personagens da periferia, marginalizados socialmente, o compositor apresenta como eles são, sem julgamento, reconhecendo sua identidade, dando um acabamento estético à obra. Assim, pretende-se analisar alguns excertos da dessa, demonstrando como a ideologia e o diálogo com o cotidiano se fazem presentes na materialidade linguística. Para proceder tal análise, fundamenta-se a presente comunicação, além dos referencias teóricos do Círculo de Bakhtin, em Woods (2009); Zeni (2013); Hollanda (2013); Gomes (2012), autores que deram suporte teórico sobre o movimento cultural hip hop e o estilo musical rap. A presente comunicação está inserida nos estudos do Grupo de Pesquisa Teoria e Práticas Discursivas e Textuais e na Linha de Pesquisa Discurso Gênero e Memória, ligados ao Mestrado de Linguística da Universidade Cruzeiro do Sul. Ato estético: o discurso chargístico, uma inter-relação da política com as artes Karen Dantas de Lima Juliana Nunes Costa Pretende-se pelo presente estudo a analisar um enunciado concreto que contempla a junção dos elementos verbal e visual para instituir efeito de sentido. Para tanto, analisaremos uma charge de Carlos Latuff com o recorte teórico de ato estético, conceito presente nos postulados de Bakhtin e seu Círculo sob a perspectiva da Análise Dialógica do Discurso. Objetiva-se apreender as relações de sentido que se estabelece nos enunciados híbridos compondo um quadro que associa o cômico e o trágico na representação de determinado acontecimento que tem o sujeito sócio-histórico como protagonista. Considerando a arquitetônica do enunciado, partimos, então, para uma apreensão dos atos humanos no campo das artes por meio do objeto resultante. O conteúdo temático das charges são acontecimentos de ordem sócio-política na região do Oriente Médio. Assim o excedente de visão do chargista enquanto sujeito situado mostra que a contemplação de uma dada realidade permite colocar-se no lugar do outro e, numa perspectiva exotópica da relação “eu para o outro” e o “outro para mim”, considera elementos transgredientes que não é acessível ao sujeito contemplado na sua expressividade e valores propiciando o acabamento ao material do ato estético. Desta maneira, os signos ideológicos presentes na refração de um acontecimento sob um ponto de vista extraposto no ato estético revela a postura axiológica do sujeito e uma responsividade ativa, pois somente por meio do outro enformado existe valor estético significativo. Esta comunicação está inserida no Grupo de Pesquisa Teorias e Práticas Discursivas e Textuais, na linha Discurso, Gênero e Memória e, mais especificamente, no Projeto “A verbo-visualidade: hibridismos em gêneros discursivos” ligado ao Mestrado em Linguística da Universidade Cruzeiro do Sul. As múltiplas faces da linguagem: práticas discursivas e trabalho em diferentes esferas sociais Coordenadores: Silma Ramos Coimbra Mendes – PUCSP - COGEAE Glenda Cristina Valim de Melo - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Este simpósio visa apresentar, discutir, elucidar e/ou problematizar questões gerais relacionadas às práticas discursivas e ou atividades laborais de diferentes esferas da vida social, como a empresarial, publicitária, educacional, midiática etc. a partir das contribuições e pressupostos da Análise do Discurso de base enunciativo-discursiva, conforme desenvolvidos por Dominique Maingueneau e da abordagem ergológica, como postulada por Yves Schwartz. Pretende-se reunir mestrandos e doutorandos em torno de possíveis desdobramentos e ou impasses conceituais em pesquisas já concluídas e ou em andamento, no âmbito do discurso e do trabalho, nas quais se utilizam corpora provenientes de diferentes contextos enunciativos e domínios da atividade humana. Busca-se, dessa forma, criar um espaço de reflexão sobre conceitos e categorias de análise mobilizados por pesquisadores de várias instituições, como interdiscurso, condições de produção, renormalização, dramáticas, práticas discursivas, autoria, cenografia, ethos, dentre outros. COMUNICAÇÕES INTERNAS Trabalho e gestão do trabalho: possíveis desdobramentos conceituais a partir de análises pautadas nas condições de produção do discurso Lucia Helena Alencastro É possível considerar que o trabalho existe desde os primórdios da humanidade, embora ao longo da história tenham ocorrido diversas mudanças estruturais e conceituais, reinventando-o e desenhando inúmeras possibilidades de ser e de fazer o trabalho humano. A gestão, bastante difundida e abordada nas últimas décadas resulta em uma destas mudanças e tem se consagrado como tema de discussão em diferentes instituições, constituindo-se como importante foco de interesse na atualidade. Assim, a presente reflexão busca compreender o trabalho humano a partir de uma perspectiva histórica das práticas de gestão empresarial, especialmente desenvolvidas no Brasil, desde suas primeiras roupagens. Para tanto, toma-se aspectos da análise do discurso, especificamente as condições de produção do discurso (CP). Compreende-se que reflexões pautadas nas condições de produção do discurso devem considerar as determinações históricas desse discurso e igualmente os efeitos de sentido que provocam mudanças na realidade na qual ele é produzido. Para tanto, pauta-se nas proposições teóricas defendidas por Pêcheux (1969), para quem o sentido das palavras não se encontra dado a priori a partir de seu significante, ao contrário, participa diretamente posições ideológicas presentes na dinâmica sócio-histórica do contexto de produção e reprodução destas palavras, expressões e proposições (AMARAL, 2005, p. 28). Desta forma, foi possível compreender as grandes mudanças nos processos de gestão, a partir dos condicionantes históricos, sociais e econômicos e as relações de força presentes nos discursos constituídos e constituintes nestes processos até o presente. Além disso, surgiu a possibilidade de dimensionar com maior clareza a origem de alguns dos construtos teóricos centrais à gestão empresarial, como também compreender suas implicações na organização atual do trabalho e, consequentemente, na atividade de trabalho dos atores sociais no contexto citado. A atividade de trabalho do redator de textos técnicos: o que faz esse profissional invisível? Iara Mola Presente em diversos meios de comunicação, o redator de textos técnicos – assim designado pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) – exerce uma atividade de trabalho que parece se caracterizar pela sua própria invisibilidade. Afinal, o que efetivamente se sabe a respeito da sua atuação? Trata-se de alguém que desempenharia uma função tal como a de jornalista, ou o seu exercício equivaleria ao daquele profissional contratado pelas agências de publicidade? Dada a falta de aprofundamento sobre o que configura a sua profissão, a imagem do redator de textos técnicos está frequentemente associada à de alguém que simplesmente “escreve”, numa compreensão bastante reducionista do que aventamos ser o seu trabalho real. Diante desse cenário, a presente comunicação tem por objetivo apresentar o processo de elaboração dos textos produzidos pelos atores sociais da nossa pesquisa, visando a depreender as dimensões humana e discursiva que caracterizariam a sua atividade e, ainda, verificar se seria possível alçar esses profissionais a alguma das categorias de autor segundo os estudos da Análise do Discurso de linha francesa – uma vez que partimos da hipótese de que eles imprimiriam à sua escrita um estilo próprio, cujas marcas textuais nos permitiriam identificar a presença da sua voz, conquanto sejam (em sua maioria) enunciadores anônimos de outras vozes às quais se atribui a autoria das suas redações. Para tanto, apoiamo-nos na interface entre as noções propostas por Maingueneau e em teorizações sobre a atividade de trabalho a partir de Schwartz, ambas também consideradas a partir das reflexões de Sírio Possenti e Daniel Faïta, cujos estudos em Análise do Discurso e Ergologia, respectivamente, dão prosseguimento aos dois primeiros teóricos. A metodologia adotada consiste no método da autoconfrontação, que foi adaptado para a captura de toda ações que cada protagonista realiza no seu computador durante o exercício da sua atividade. A mordida na maçã e o paraíso: Steve Jobs e o discurso religiosomidiático da Apple Amanda Moura da Silva dos Santos Nas apresentações que marcavam o lançamento oficial dos produtos da Apple Computer, o pronunciamento de Steve Jobs, então CEO da empresa, era ansiosamente aguardado por todo o mercado, de modo especial pelos consumidores aficionados, os chamados “applemaníacos”. O fato é que para muitos consumidores da marca, os produtos e serviços oferecidos por ela propiciam experiências profundas e emocionais que aprimoram suas vidas e até mesmo atribuem significado a elas. São esses clientes que fazem filas e montam até acampamentos em frente às Apple Stores às vésperas do lançamento de algum produto e depois saem exibindo o pacote como um troféu. Mas, que espécie de furor religioso os leva a peregrinar em busca de um produto? O que há por trás desse sacrifício? Partimos da hipótese de que é o ethos de herói que se instaura sob a figura de Jobs que o faz ser adorado como uma espécie de messias dos tempos modernos, fazendo-o tornar a marca uma extensão de si. O cofundador da Apple tornouse um dos símbolos do movimento da Contracultura que deram início à era digital e, para compreender o percurso da transformação de Jobs numa figura heroica, nossa análise articula conceitos e noções da Análise do Discurso francesa, como interdiscurso, cena englobante, cena genérica, cenografia e ethos discursivo (Maingueneau, 2008, 2013) com a jornada herói (Campbell 1989, 1990) e se concentra nas apresentações midiáticas de Steve que eram amplamente divulgadas. Desse modo, o objetivo deste trabalho é analisar discursivamente uma das apresentações de Steve Jobs, apoiando-nos nas noções e nos conceitos citados para investigar o culto à Apple Computer e o papel social da figura de Steve Jobs à frente da empresa, além da influência do seu legado à humanidade. Madonna caiu: a mulher madura na mídia e os estereótipos relacionados às atividades de trabalho Rodrigo Ziviani e Marília Giselda Rodrigues Vivemos uma época marcada por contradições: quanto mais ativas e longevas as mulheres se tornam, mais resistência e preconceitos elas enfrentam. Por que a cantora Madonna, aos 56 anos, quando cai e se levanta, é mais ridicularizada que aplaudida? Por que Xuxa, após os 50, é tão criticada por querer continuar uma carreira na televisão? Parece haver prescrições a respeito de quais atividades podem exercer as mulheres que atingem a maturidade, e essas atividades não incluem aquelas que exigem ocupar um lugar no espaço público que, a princípio, seria restrito aos corpos jovens, posto que ligados, de diferentes maneiras, a performances que se relacionam à sexualidade. Durante uma apresentação no “Brit Awards”, na Inglaterra, um evento de premiação da música, Madonna caiu logo no começo do show, do topo de uma escada de três metros. A capa que usava, enorme, estava fechada com um nó no pescoço que não se abriu na hora certa. As dançarinas, obedecendo à coreografia, puxaram a cantora pela capa, escada abaixo. Madonna foi ao chão, se levantou e continuou cantando e dançando. Ao final do show, o que se viu nas redes sociais e no noticiário jornalístico foram comentários com críticas à mulher de 56 anos, a despeito da sua vitalidade. “Velha”, decretaram muitos comentaristas. “Passou da hora de se aposentar”, escreveram outros em seus perfis no Facebook. Este trabalho busca compreender, a partir dos pressupostos teórico-metodológicos da Análise do Discurso de linha francesa, e de contribuições das Teorias Queer, o que se discursiviza a respeito da mulher que se recusa a envelhecer nos velhos moldes e que assume um papel ativo e público no campo da sexualidade e da representação feminina, como é o caso de Madonna. A “destacabilidade”: uma proposta para estudo dos nós discursivos que tecem redes de memória constitutivas de novas formas de institucionalidade. Coordenadores: Luciana Salazar Salgado - Universidade Federal de Santa Catarina Norma Discini - USP Este simpósio tem como eixo de suas reflexões a noção de destacabilidade recentemente proposta pelo linguista Dominique Maingueneau (2006, 2012, 2014). Trata-se de uma propriedade funcional de certos tipos de enunciado que são postos a circular separados de textos ou contextos originais, conforme certas características formais, e que, assim, produzem sentidos inscritos em novas possibilidades de dipersão, de articulação e, portanto, de interpretação – o que renova as discussões sobre a “origem” de um dizer, renovando, portanto, as reflexões sobre autoria e circulação material dos textos, tópicos de larga tradição em diferentes campos de saber, convocados, segundo a noção em tela, numa perspectiva interdiscursiva. Por tratar-se de uma noção central em uma rede conceitual que, nos estudos do discurso, pretende abordar fundamentalmente fenômenos comunicacionais ou, antes, entender a dimensão comunicacional de dispositivos enunciativos cuja gênese atesta a existência de um projeto de dizer voltado explicitamente a um outro, a destacabilidade, propriedade que se vivifica em destacamentos fortes ou fracos, conforme se possam recuperar os processos de edição que os produzem, está articulada a noções como a de percurso, que refere um modo de coesão da dispersão de uma unidade não tópica, a de aforização, que designa um regime de destacamento prototípico; a de particitação, que procura dar conta das citações sem menção efetiva a autores; a de sobre asseveração, que refere o modo como sequências verbais em posição de destaque estabelecem uma tomada de posição no campo discursivo implicando a amplificação da figura do enunciador. Vale dizer, a constituição de um hiperenunciador, uma voz sobre-humana, supra-humana ou inumana que distribui conteúdos em formalizações de alto impacto comunicacional, sobretudo porque institui umas dêixis discursiva peculiar, consagrando posições imaginárias que condicionam fortemente a atividade interlocutiva, de um modo típico da divisão do trabalho intelectual na atual conjuntura, marcadamente informacional. COMUNICAÇÕES INTERNAS Frases “sem texto” e coerção genérica Norma Discini Contemplando vizinhanças entre quadros do pensamento que interrogam a construção do sentido no interior dos textos e que, para tanto, desfazem a dicotomia interior/ exterior a fim de que esses termos se confirmem como correlatos, investigaremos, a partir da noção discursiva de “destacabilidade” (MAINGUENEAU, 2014), as frases ditas “sem texto”, na fronteira estabelecida entre elas, as “cenas genéricas” e as “cenografias” dos textos-fonte (MAINGUENEAU, 2006); enquanto isso, examinaremos o texto-fonte (de tal destacabilidade) como concretização de um gênero, logo como unidade discursiva em que reverberam a composição, a temática e o estilo, que fundam as coerções genéricas (BAKHTIN, 1997). Trazendo então à luz tensões entre o gênero e as condições de destacabilidade oferecidas pelo texto-fonte, a descrição a ser feita dos movimentos de “detextualização” procurará depreender a função desempenhada: a) pelas rubricas, numa peça teatral; b) pelas “frases matadoras” e “citações do dia”, num jornal; c) pelos destaques de alto teor estésico, num romance; d) pelas formulações moralizantes, nas fábulas. A partir daí a “enunciação aforizante”, como respaldo do corpo do enunciador radicado no limiar entre o eu e o outro, apontará para distintos contratos de confiança e de construção da verdade junto ao leitor. O percurso de circulação da expressão “acessibilidade”: em pauta a emergência de uma fórmula discursiva Fernanda Mussalim Dominique Maingueneau (2006), em seu texto “Unidades tópicas e não tópicas”, apresenta a noção de percursos, com base na qual o analista do discurso pode acompanhar a recorrência de certas unidades (de ordem lexical, proposicional, ou de fragmentos de textos), isto é, acompanhar seu percurso pelo interdiscurso. O objetivo do analista, em empreitadas como essa, é o de “explorar uma dispersão, uma circulação, e não de relacionar uma sequência verbal a uma fonte enunciativa” (MAINGUENEAU, 2006, p. 21). Alice Krieg-Planque (2010), no livro A noção de “fórmula” em Análise do Discurso: quadro teórico e metodológico, descreve características gerais das fórmulas discursivas, destacando sua importância na construção dos problemas públicos e na estruturação do espaço público. Esse tipo de abordagem permite apreender os discursos por meio de cristalizações postas em circulação por diversos sujeitos sociais e enfatiza o papel das mídias na emergência e na instalação das fórmulas discursivas. No Brasil, nos últimos 10 anos, várias ações governamentais e não governamentais têm buscado promover um crescente processo de democratização em vários setores de nossa sociedade. Essa política de democratização tem tomado corpo em documentos oficiais, na mídia, em manifestações de pequenas comunidades que se organizam em prol da reivindicação de acesso a bens simbólicos, previstos pelo recorrente discurso dos direitos humanos. Neste trabalho, a partir de postulações de Maingueneau e de KriegPlanque, pretendo analisar a circulação da expressão “acessibilidade” e de sua variante “acesso a”, considerando seu percurso no interdiscurso por meio de ocorrências em documentos oficiais de vários setores sociais (construção e urbanismo; educação; saúde; turismo; em publicidades; em gêneros jornalísticos; e em gêneros acadêmicos). Minha hipótese é que o percurso dessa expressão acaba por constituí-la como uma fórmula discursiva, uma vez que ela se impõe como uma passagem obrigatória dos discursos que esbarram na questão dos direitos humanos. A noção de destacabilidade no limiar da narrativa: uma análise discursiva da circulação de A Hora da Estrela no livro-curadoria As palavras Luiz André Neves de Brito Segundo Dominique Maingueneau (2010), uma das dimensões da noção de autor é a de auctor. Para assumir a figura de auctor, é preciso que o autor seja reconhecido e, por ter atingindo tamanho prestígio, passa-se a publicar textos do autor que não estavam destinados a circular. Na literatura brasileira, Clarice Lispector é, sem dúvida, uma escritora que atingiu esse prestígio, assumindo a figura de auctor. Por ter atingindo esse estatuto, um “novo” espaço literário vai se redesenhado em torno e no entorno de sua obra. Basta olharmos para a produção editorial da obra de Lispector pela Editora Rocco que passou a publicar, por exemplo, suas correspondências (Minhas queridas, 2007) e colunas femininas (Correio feminino, 2006). Tomando esse espaço "auctoral" como eixo da minha pesquisa sobre a mediação editorial da obra de Clarice Lispector, trago para esta comunicação uma análise discursiva de um conjunto de 133 enunciados destacados extraídos do livro-curadoria As Palavras (2013) que, sob a coordenação de Roberto Corrêa dos Santos, expõe ao leitor uma compilação de frases/enunciados que se propõe a abranger a obra literária de Lispector. Os enunciados analisados pertencem a um mesmo livro, A Hora da Estrela – um dos romances da escritora de maior circulação. Mobilizando a noção de destacabilidade proposta por Maingueneau para analisar os enunciados, viso (i) discutir a distinção entre destacamento forte e fraco e, sobretudo, (ii) refletir sobre a noção de destacabilidade no limiar da narrativa, uma vez que apenas a voz do narrador Rodrigo S.M. é retextualizada. As conclusões a que chego são: (i) a distinção entre destacamento forte e fraco está relacionada ao modo como se dá o processo de leitura dos enunciados; e (ii) a voz do narrador Rodrigo S.M. é o locus da narrativa que está diretamente associado à imagem de “auctoridade” de Clarice Lispector. Divulgação científica: uma voz de autoridade ou uma voz autorizada? Luciana Salazar Salgado Ao abordar o problema do tom na divulgação científica, mobilizamos propostas teóricas recentes (Maingueneau, 2014; Krieg-Planque, 2010) para o estudo da circulação dos fluxos de texto característicos do período técnico-científico-informacional, cuja dinâmica se instaura num entrelaçamento entre uma tecnoesfera e uma psiocoesfera (Santos, 2000). Nesta ocasião, consideramos os fluxos de texto que dizem respeito à Ciência constituída como fonte institucionalizada do conhecimento legítimo ao longo do século XIX, herdeira da Razão que caracteriza o processo civilizatório ao delimitar uma noção de “cultura” como “cultivo a ser feito” (Mattelart, 2005). Disso decorre o problema de sua divulgação: posta como necessária a difusão entre leigos do conhecimento produzido por especialistas, com vistas ao cultivo amplo e irrestrito, assume formalizações materiais dinâmicas (por exemplo, artigos replicados em portais noticiosos, evocados por chamadas sintéticas como hashtags) e, nesse percurso, constroi imaginários sobre “especialistas” e “leigos” em torno do “conhecimento legítimo”. Nossa hipótese de trabalho vê aí um jogo entre esclarecimento e mitificação, emblemático na difusão de conteúdos científicos em comunidades digitais. Aqui, focalizamos especificamente o APOD – Astronomy Picture of the Day, um dos mais antigos e populares sites de divulgação de Astronomia, vinculado à NASA, referência mundial responsável pela difusão de imagens absolutamente consagradas, como a foto intitulada "Blue Marble", tirada pelos astronautas da missão espacial Apollo 17 em 1972, que instaura um olhar para nós mesmos de uma perspectiva cósmica, investida de uma dimensão simbólica, para além da sua dimensão científica, técnica ou artística. Entendemos que esse efeito se assenta no regime aforizante que caracteriza o site, e permite que nos interroguemos sobre a voz que, instituindo sujeitos paratópicos, dá feições à função de hipernunciador – que, a princípio, seria uma voz descarnada. O funcionamento dessas categorias revela uma estratégia discursiva que nos parece ser a identidade fundamental da divulgação científica hoje. Ensino de Pronúncia em Língua Estrangeira: da pesquisa ao ensino Coordenadores: Fernanda Rangel Pestana Allegro - Universidad Nacional de La Plata - UNLP Gabriela Luiza Daneluci - PUCSP - LIAAC Este simpósio tem como objetivo mostrar como os estudos realizados com base na fonética acústica e tendo como referencial teórico o Speech Learning Model (FLEGE 1995, 2005) podem contribuir para o ensino de uma língua estrangeira. COMUNICAÇÕES INTERNAS A pronúncia em materiais didáticos de Português Língua Estrangeira (PLE) Fernanda Rangel Pestana Allegro O ensino da língua portuguesa como língua estrangeira (PLE) cresceu e se especializou nas últimas décadas; observam-se tanto a publicação de novos materiais didáticos como o oferecimento de novos cursos. Apesar disso, o ensino da pronúncia da língua portuguesa ainda está marginalizado, restringindo-se, basicamente, a exercícios com listas de palavras para repetição e/ou identificação dos sons. Essa comunicação, que tem como referencial teórico o SLM (Speech Learning Model) de FLEGE (1995, 1999, 2005), visa apresentar exemplos retirados de 8 livros didáticos para português como língua estrangeira, disponíveis no mercado editorial brasileiro e argentino. Esses exercícios são analisados e contrapostos com os avanços obtidos através da pesquisa experimental sobre a produção e a percepção da fala em língua estrangeira, comprovando a necessidade de que sejam propostos exercícios que ajudem a estabelecer novas categorias de percepção. Como visto em ALLEGRO (2014), para ensinar pronúncia a aprendizes de língua estrangeira (LE), não basta saber falar essa língua; é necessário ter conhecimentos sobre as características fonéticas dos sons e dos elementos prosódicos da LE e da língua materna dos aprendizes, além de noções sobre a produção, a percepção e a acústica da fala. Tecnologia Aplicada ao Ensino de Pronúncia Gabriela Luiza Daneluci "O presente estudo tem como objetivo verificar as contribuições que uma proposta de ensino, orientada por achados da pesquisa desenvolvida em fonética acústica e apoiada em recursos tecnológicos, pode oferecer para o aprimoramento de pronúncia do inglês como L2. Analisando que efeitos, em termos de produção e percepção de fala, podem ser obtidos pela aplicação de exercícios direcionados a promover a atenção as pistas acústicas relevantes para a discriminação de sons em L2 e contribuir para a aquisição de tais. Os fundamentos teóricos que embasam esta pesquisa são: a teoria acústica da produção da fala; o Speech Learning e trabalhos em fonética aplicada ao ensino de pronúncia. A pesquisa foi realizada com base na avaliação de dois sujeitos na tarefa de leitura de um monólogo, um diálogo e atividade de fala semi-espontânea e em testes de percepção de descriminação e identificação de sons. Com base nos resultados dos testes foi elaborado um treinamento fonético com apoio instrumental da análise fonéticoacústica e recursos tecnológicos. Finalmente, as tarefas foram reaplicadas para verificar qual o efeito do treinamento fonético, analisando o quanto os sujeitos melhoraram sua capacidade de percepção e produção. De acordo com a análise comparativa das tarefas pré e pós treinamento pudemos verificar que ambos sujeitos apresentaram melhoras nas tarefas de percepção e produção." A criação de alvos perceptivos em L2 e seus efeitos sobre a pronúncia Hosana Alves LIAAC-Pontifícia Universidade Católica de São Paulo O objetivo do estudo é investigar pioneiramente o efeito da introdução de um programa de treinamento de pronúncia que se paute pela criação e/ou desenvolvimento de alvos perceptivos, pois a dificuldade em desenvolver as produção e compreensão oral em L2 (REEDER, 1998) é causada parcialmente pela ausência de criação de alvos perceptivos impedindo a formação de novas categorias de sons na L2 (FLEGE, 1987, 1988, 1995, 2005). Como objetos de pesquisa serão investigados contrastes fonêmicos existentes em inglês. A metodologia compreende a realização das seguintes tarefas: 1) produção oral anterior à introdução de um programa de treinamento em pronúncia em inglês pelos participantes da pesquisa; 2) avaliação perceptiva da pronúncia dos sujeitos da pesquisa por juízes falantes nativos do Inglês; 3) aplicação de teste de percepção de contrastes sonoros em língua inglesa nos sujeitos da pesquisa; 4) aplicação de um programa de treinamento de pronúncia com recursos de tecnologias de fala para desenvolver a escuta dos estudantes e ajudá-los a criar alvos perceptivos; 5) produção oral pós-treinamento; 6) análise fonético-acústica das produções orais pré e pós treinamento. As tarefas de produção serão gravadas no Laboratório de Rádio da PUC-SP. Os exercícios para o treinamento em pronúncia e a análise fonético-acústica serão desenvolvidos com o auxílio do programa PRAAT de análise acústica (Boersma e Weenink, 2014) e outros recursos disponíveis na internet. Esta pesquisa pretende averiguar se houve a criação e ou desenvolvimento de alvos perceptivos e consequente melhora na discriminação de sons e na produção. Deste modo, pretende-se contribuir para a criação de recursos que auxiliem o aprimoramento da pronúncia e de compreensão oral de forma a promover eficácia na comunicação oral. A Teoria Acústica de Produção da Fala (FANT, 1970) e o Speech Learning Model (Flege, 1987, 1988, 1995, 2005) fundamentam este estudo. Produção e percepção de sons vocálicos em Inglês Língua Estrangeira Alice Sacchi Este estudo desenvolve um estudo sobre a produção e percepção de sons vocálicos em Inglês como Língua Estrangeira (LE) por um falante nativo do Português Brasileiro. Cada língua apresenta um inventário próprio de sons, cujas fronteiras entre categorias variam de língua para língua. "Ao adquirirmos uma nova língua, deparamo-nos com dissimilaridades entre sons da língua que já falamos (LM) e os da nova (LE), os quais podem trazer desafios tanto à produção quanto à percepção, porque, entre outros fatores, a nossa habilidade em produzir ou discriminar sons na LE não se desenvolve da mesma maneira"(Allegro). A questão da procedência do desenvolvimento da produção ou da percepção na aquisição de sons em LE tem sido alvo de trabalhos em Fonética Acústica (Flege 1988, Llisterri 1995, Allegro 2004). Igualmente, têm sido explorados os desafios impostos pelos fenômenos de interferência da LM na LE. Para explorar esses tópicos, esta pesquisa tem como objetivo geral empreender uma investigação sobre a produção e percepção de sons vocálicos em contexto de Inglês como língua estrangeira por meio de testes perceptivos e procedimentos de análise acústica, tendo, como sujeito de pesquisa, um aprendiz de Língua Inglesa de nível básico. O Inglês e o Português diferem quanto ao inventário de sons e a realização não acurada de sons em LE pode levar a nãocomunicação. Como hipótese temos que o aprendiz não será capaz de discriminar certo contraste se assimilar à pares de sons distintivos do inglês a um som do Português. Para investigar nossa hipótese, houve o planejamento de tarefas de produção e de percepção. As tarefas de produção serão investigadas por meio de procedimentos de análise fonético-acústica e as de percepção por protocolos de avaliação perceptiva. Os resultados das análises serão interpretados com apoio nos modelos teóricos de aquisição de sons em LE postulados por Flege(1995, 2004, 2005). Contribuições da linguística sistêmico-funcional para o ensino Coordenadores: Alda Maria Coimbra Aguilar Maciel – Instituto Federal do Rio de Janeiro Edna Cristina Muniz da Silva – Universidade de Brasília O quadro teórico e a metodologia da LSF têm sido aplicados em sala de aula em múltiplos contextos de ensino-aprendizagem de língua materna e de línguas estrangeiras nos níveis Fundamental, Médio, Técnico e Superior. O presente simpósio objetiva congregar trabalhos que apliquem este referencial teórico em diversos contextos educacionais e modalidades (presencial, semipresencial, a distância). Pretendemos que este fórum estabeleça um espaço para reflexão teórica entre linguistas e docentes que tenham interesse em compartilhar resultados de pesquisa sobre metodologias e práticas pedagógicas inovadoras para o ensino da língua portuguesa e outras línguas. Almeja-se, assim, que os diálogos construídos neste simpósio problematizem aspectos linguísticos inerentes ao ensino, considerando a teoria sistêmico-funcional como arcabouço teórico principal. COMUNICAÇÕES INTERNAS A linguística sistêmico-funcional em aulas de inglês para fins específicos Orlando Vian Júnior Beatriz Cavalcanti Tomando o aspecto teórico-metodológico da Linguística Sistêmico-Funcional como ponto de partida, o objetivo desta comunicação é discutir como elementos léxicogramaticais, bem como aqueles relacionados aos contextos de cultura (Gênero) e de situação (Registro) têm sido utilizados para o ensino da leitura em língua inglesa para o curso de Redes de Computadores de uma escola técnica no Nordeste brasileiro. Para a seleção dos itens léxico-gramaticais a serem utilizados no ensino, usaram-se os resultados de análise de necessidades junto aos alunos e ao coordenador do curso, de acordo com os princípios de Inglês para Fins Específicos (Hutchinson e Waters, 1987; Dudley-Evans e St John, 1998, dentre outros). A necessidade principal detectada pela análise foi o aprendizado da língua para o curso foi a compreensão dos textos de gêneros específicos. O planejamento do curso incluiu, desse modo, cinco textos de cada um dos gêneros indicados como os mais relevantes nas análises de necessidades e as aulas seguiram a perspectiva da pedagogia de gêneros da Escola de Sydney (Rose e Martin, 2012), que propõe a desconstrução do texto para promover uma familiarização com o contexto, a negociação em conjunto, com atividades de esclarecimentos e aprofundamento na compreensão do contexto onde o texto está inserido, além do estudo da Estrutura Potencial do Gênero (Hasan, 1989), escolhas léxico-gramaticais típicas de cada gênero e um direcionamento para uma construção independente, com tarefas planejadas com o objetivo de familiarizar os alunos com os gêneros selecionados, mostrando o propósito social, a estrutura, bem como os aspectos léxico-gramaticais, nosso foco nesta comunicação e como estas podem ser operacionalizadas para o ensino, apontando para o caráter eminentemente educacional oferecido pela LSF. Ensino-aprendizagem de inglês para fins específicos sob a perspectiva sistêmico-funcional Alda Maria Coimbra Aguilar Maciel O planejamento de currículos na área de ensino-aprendizagem de língua estrangeira no cenário técnico-tecnológico, em geral, não tem beneficiado a implementação de linhas educacionais que contemplam um estudo adequado de diversidades discursivas e culturais através de variados gêneros. Em diversos contextos, as práticas escolares ficam restritas a uma apresentação mecânica de estruturas gramaticais e lexicais. Nessa direção, o objetivo dessa comunicação é favorecer o debate sobre a aplicação dos fundamentos da Gramática Sistêmico-Funcional ao ensino-aprendizagem de leitura em língua estrangeira para fins específicos. Pretende-se também discutir a implementação de ferramentas pedagógicas com viés crítico no contexto do ensino técnico-tecnológico. A concepção destas práticas tem sido idealizada através do levantamento de dimensões que possibilitam uma análise de cunho crítico de variados gêneros verbais e não verbais. Os aportes teóricos utilizados incluem os estudos da Linguística Sistêmico-Funcional (HALLIDAY, 1994; HALLIDAY AND MATTHIESSEN, 2004, 2014) e da Análise Crítica do Discurso (CHOULIARAKI; FAIRCLOUGH, 1999; FAIRCLOUGH, 1992/2007; 2001; 2003). Através do aparato metodológico tridimensional proposto por Fairclough, faremos o levantamento de alguns aspectos de dimensões analíticas (discursiva, social e textual) para o desenvolvimento da leitura crítica. O inventário dessas categorias pretende avaliar como as estruturas linguísticas são utilizadas para atingir propósitos discursivos e assim, através da análise de marcas sociais da linguagem, revelar os possíveis poderes e ideologias que subjazem ao discurso. Este estudo em andamento tem sido desenvolvido no âmbito do Grupo de Estudos e Pesquisas em Lingua(gem) e Projetos Inovadores na Educação e pode ser concebido como um pontapé inicial na implementação de práticas inovadoras no contexto de instituições públicas de ensino técnico-tecnológico comprometidas com o empoderamento de cidadãos para torná-los agentes sociais capazes de (re)interpretar e (re)construir o discurso e de atuar de forma mais crítica e simétrica em sociedade. A Linguística Sistêmico-Funcional e o ensino de gêneros textuais Edna Cristina Muniz da Silva Fabiana Aparecida de Assis O objetivo desta comunicação é mostrar uma aplicação da pedagogia de gêneros desenvolvida por pesquisadores da Escola de Sydney (Martin e Rose, 2008; Rose e Martin, 2012) para gêneros do discurso da ciência presentes em livros didáticos utilizados nas escolas brasileiras, do 6º ao 9º ano do ensino fundamental: relatórios (descritivos e classificatórios) e explanações (causas e efeitos). Descrevemos e analisamos as etapas e as fases de alguns desses textos e utilizamos as estratégias do programa de aprendizagem Reading to Learn; (Rose, 2013), organizadas em um ciclo constituído de três níveis para o ensino da leitura e da escrita nas diferentes áreas do conhecimento: preparação para a leitura, construção conjunta e construção individual. O quadro teórico-metodológico utilizado para a análise dos textos baseia-se na teoria da Linguística Sistêmico-Funcional, porque os textos são interpretados em seus contextos de uso, que no caso é o contexto educacional, mais precisamente, a sala de aula, onde o livro didático é o principal, senão o único instrumento de estudo de milhares de alunos; tendo em vista o propósito social dos textos, que tanto auxilia na aprendizagem de disciplinas, quanto na apropriação do gêneros (Martin e Rose, 2008); desenvolvido por professores com vistas a que o aluno aprenda a organizar os conhecimentos da disciplina. Passando a história a limpo: contribuições da Pedagogia de Sydney para o ensino Kelly Cristina Nunes de Oliveira Edna Cristina Muniz da Silva Os Parâmetros Curriculares Nacionais de História, de 1998 preconizam a necessidade de compreensão de mecanismos de composição de texto para acesso às informações de natureza histórica. Dessa forma, a noção de gêneros, constitutiva de textos, deve permear as práticas de letramentos no contexto escolar para quaisquer disciplinas, uma vez que suas contribuições podem sedimentar processos de aprendizagem em qualquer área do conhecimento. Tal implicação aponta para a reflexão sobre práticas envolvidas na compreensão desta ordem do discurso. Reconhecendo que gêneros são realizações do plano cultural no plano textual, o qual se realiza por meio da língua, a análise evidenciará como elementos das metafunções ideacional e interpessoal viabilizam o objetivo sócio-comunicativo e as etapas do gênero Histórias. Nesse contexto, a Linguística Sistêmico-Funcional revela-se aplicável para os propósitos existentes. Este trabalho, então, visa aplicar os conhecimentos oriundos da Linguística SistêmicoFuncional (Halliday & Mathiessen, 2014; Eggins, 2004; Thompson, 2013; Martin, Mathiessen e Painter, 2010), da Pedagogia de Gêneros da Escola de Sydney (Christie e Martin, 2008; Coffin, 2009; Martin e Rose, 2008; Rose e Martin, 2012; ) , por meio da análise de elementos léxico-gramaticais do sistema de transitividade (participantes, processos e circunstâncias) e do sistema de modo (sujeito, finito e predicador) e modalidade a fim de apresentar pistas de constituição genérica dos textos “Governo Collor”, “Governo Itamar Franco” e “Governo Fernando Henrique” constituintes da unidade 17 – O Brasil na nova ordem mundial”, de um livro de História de 9º ano (História: sociedade e cidadania). Observa-se, nessa concepção teórica, que a relação entre gramática e significado pode orientar alunos/as a compreender o gênero em análise, pois cada significado contribui para a função do texto como um todo, uma vez que a léxico-gramática também constrói o gênero, o qual pode alcançar marcações ideológicas conforme apontam os resultados preliminares. Formação de professores: refletindo sobre e avaliando um curso de formação à distância Coordenadores: Maria Aparecida Caltabiano – PUCSP Solange M. Sanches Gervai – Universidade Paulista A educação a distância é uma realidade que apresenta um conjunto de variáveis que definem os cenários educacionais, tais como os papéis de alunos; professores; formas de avaliar e aprender. Os cursos de extensão, graduação e pós-graduação estão se consolidando em ambientes totalmente a distância e contribuem com dados e pesquisas para o debate, reflexão e aprimoramento do trabalho em EAD. Este simpósio tem o objetivo de abrir espaço para o compartilhamento de estudos sobre processos de ensinoaprendizagem em cursos a distância, com foco nas possibilidades para o desenvolvimento de multiletramentos; mediação em fóruns e avaliação de curso. Nosso propósito é apresentar e discutir a produção acadêmica de professores do curso Teachers’ Links para avançar sobre o conhecimento neste importante cenário da educação. O curso de aperfeiçoamento Teachers’ Links é para professores de inglês, uma parceria entre a PUC-SP e a Associação Cultura Inglesa de São Paulo e possibilita ao interessado o desenvolvimento de práticas de leitura e escrita em inglês. COMUNICAÇÕES INTERNAS A elaboração de material para curso online: avaliação e reflexão sobre o processo Maria Aparecida Caltabiano Maria Cecília Lopes Cursos online, frequentes nos dias de hoje na área de formação de professores, são constantemente avaliados, tendo em vista não somente a sua atualização quanto às tendências de ensino-aprendizagem de línguas, mas também quanto ao uso das tecnologias. Para os docentes e participantes da equipe de elaboração do curso online Teachers' Links: Reflexão e Desenvolvimento para Professores de Inglês, oferecido pela PUC-SP há vários anos, o processo de avaliação é contínuo, tanto em relação ao desempenho dos alunos quanto às propostas de atividades que podem levar a reformulações e melhorias no curso. Voltado para professores de escolas públicas e particulares, o Teachers’Links é um curso de aperfeiçoamento que consta de três módulos com dois componentes cada: Reflexão e Desenvolvimento. O objetivo na nossa apresentação é discutir a participação dos alunos-professores em um Fórum do módulo O desenvolvimento da autonomia e a sala de aula: Reflexão sobre planejamento e materiais de ensino. Como em todos os módulos, as atividades contêm como estímulo para discussão, a leitura de artigos, documentos oficiais, fotos e vídeos. O Fórum, objeto de nossa análise, é decorrente de uma videoaula elaborada especialmente para o curso. Na exposição, discutiremos em um primeiro momento aspectos referentes ao desempenho dos participantes em uma atividade reflexiva sobre elaboração de material e em seguida, apresentaremos a avaliação dos alunos-professores sobre o próprio curso. A reflexão sobre as questões de elaboração do conteúdo do módulo, do planejamento das atividades, do desenvolvimento da autonomia do professor, entre outras é oportunidade para aprendizagem, não somente da equipe, mas também para todos os envolvidos com educação a distância. Analisando um fórum de discussão sob o enfoque da Teoria da Avaliatividade Leila Bárbara Célia Macêdo Tendo como aparato teórico-metodológico a Linguística Sistêmico-Funcional (LSF) (Halliday e Matthiessen, 2004 e 2014) e contando com o software Wordsmith Tools (Scott, 2008) para o tratamento dos dados, o objetivo desta comunicação é analisar um fórum de discussão de três turmas do Teachers’ Links, curso online oferecido pela PUC-SP e pela Cultura Inglesa e destinado à formação continuada de professores da rede pública do estado de São Paulo. No fórum, os alunos-professores compartilham suas respostas a três perguntas propostas: a) What aspects of course planning did the teachers take into account [when planning the course]? b) What experiences do they highlight in the process of developing and teaching the course? c) What important/informed decisions did they have to make? Também, os participantes acrescentam feedback e/ou sugestões sobre o curso. Pretendemos desvelar como os alunos-professores: a) se posicionam em relação à tarefa de desenvolver um curso online e b) avaliam o curso que estão concluindo. Dessa forma, da LSF utilizaremos a teoria da avaliatividade (Martin & White, 2005) para agrupar os elementos avaliativos escolhidos pelos participantes em cada uma das três categorias propostas por Martin e White: atitude, gradação e engajamento. As ferramentas do programa Wordsmith Tools propiciarão um levantamento das palavras mais frequentes e também uma análise dos elementos avaliativos em seus contextos de uso. Multiletramentos em ambientes de aprendizagem online Solange Maria Sanches Gervai Sabemos que as novas tecnologias de comunicação e informação afetam diretamente a educação, mas sozinhas, não alteram metodologias e ações pedagógicas. Muitos elementos precisam ser considerados e avaliados constantemente, tais como: aspectos de letramentos diversos (Rojo, 2012); desenhos de curso; formas de avaliação e estilos de ensino e aprendizagem. Esta comunicação focalizará aspectos que visam contribuir para uma reflexão sobre a importância da preparação de cursos para a diversidade das práticas letradas que envolvem multimeios e diferentes modalidades de textos. O objetivo do trabalho é analisar práticas de ações pedagógicas (Gervai, 2007) do curso Teachers’ Links – PUCSP/Cogeae, levando em consideração questões relacionadas às mudanças possibilitadas pelos hipertextos e hipermídias. O Teachers’ Links é um curso de aperfeiçoamento de professores de inglês, que visa desenvolvimento profissional, acadêmico e pessoal, com foco em reflexão crítica sobre o papel do professor no ensino e de sua capacidade de planejar e organizar ação docente. O curso é totalmente a distância, em plataforma virtual (Moodle). A pesquisa utiliza dados de ferramentas que possibilitam interação síncrona e assíncrona com alunos/professores em dinâmicas interativas individuais e coletivas. A análise dessas ações pedagógicas tem como base teórica as contribuições de autores como Garrison e Anderson (2003), Celani & Collins (2005), Gervai (2007), Wadt (2009), Victoriano (2010) e pesquisadores da área dos multiletramentos, como Rojo (2012), Kalantzis & Cope (2012), Lemke (2010), Kress (2003), entre outros, para reflexões sobre uma pedagogia dos multiletramentos. Teachers’ Links: algumas impressões dos alunos Marcos César Polifemi Nessa apresentação compartilharei os resultados de uma pesquisa feita com os alunos que concluíram o curso online de aperfeiçoamento Teachers’ Links no segundo semestre de 2014. Essa pesquisa teve como objetivo identificar a satisfação geral dos alunos no curso, bem como identificar suas necessidades, desejos e a percepção deles sobre o impacto deste curso online em suas práticas docentes. Os alunos do curso, participantes da pesquisa, em sua grande maioria, são professores da Rede Pública Estadual e Municipal de São Paulo que têm o curso patrocinado pela Cultura Inglesa São Paulo. Para a investigação, trabalhei com três questões abertas, a seguir:1. O que você mais gosta no curso Teachers’ Links?2. Quais outros conteúdos você gostaria de ter no curso Teachers’ Links?3. Como o curso Teachers’ Links atende as suas necessidades práticas?A partir do retorno a esses questionamentos, com base em uma análise de conteúdo e de recorrência de tópicos, pude identificar alguns aspectos que considero importantes de serem reafirmados e considerados em futuros desenhos instrucionais de cursos a distância. A Complexidade na formação e atuação docentes e no desenho de cursos Coordenadores: Maximina M. Freire – PUCSP Karin C. Nin Brauer – Colégio Paulista Diante da inoperância do paradigma tradicional e da emergência de um paradigma educacional denominado complexo (“tecido junto”), vemo-nos diante da necessidade de compreender que novos rumos se apresentam para a educação. Fundamentado na re/ligação de saberes, imprevisibilidade, recursividade, incompletude e diálogo de opostos complementares, o paradigma da complexidade (Morin, 2005, 2008) se apresenta como um referencial epistemológico capaz de fornecer respostas às demandas atuais e lidar com a ambiguidade e diversidade que caracterizam os contextos contemporâneos. Fundamentados nesse referencial, os trabalhos que compõem este simpósio visa à (1) discussão da formação e atuação docentes e (2) à apresentação de novas propostas de desenho de cursos, concebidos com base na complexidade. COMUNICAÇÕES INTERNAS Auto-heteroecoformação tecnológica de professores de inglês do Ensino Médio em ambiente on-line sob o viés da complexidade Karin C. Nin Brauer Este trabalho objetiva descrever e interpretar o fenômeno: desenho de curso de Autoheteroecoformação tecnológica de professores de inglês do Ensino Médio em ambiente on-line sob o viés da complexidade, visando ao uso de interfaces digitais com propósitos educacionais e à produção de material on-line de ensino por esses professores. Os aportes teóricos para o estudo das questões interpretativas desta proposta foram a teoria da Complexidade (MORIN, 2003, 2009, 2011), o design educacional complexo de curso (FREIRE, 2013), os estudos de produção de material e ensino a distância (VALENTE, 2000, 2007), a formação docente (Paulo Freire, 2002, 2005) e a auto-heteroecoformação tecnológica de professores (FREIRE, 2009; FREIRE e LEFFA, 2013). A investigação foi desenvolvida por meio da elaboração do curso a distância e também do meu diário descritivo sobre o curso nos quais ficaram registrados os textos que foram usados para a interpretação do fenômeno em estudo, a partir da perspectiva de Freire (1998, 2007, 2008, 2009, 2010, 2012), com base em van Manen (1990). A pesquisa teve como participantes os professores de inglês do Ensino Médio da rede estadual da cidade de São Paulo. Nesta pesquisa ocorreu a descrição de diferentes fases que compreenderam e compuseram o fenômeno em foco e a interpretação. A interpretação sob a ótica do designer pesquisador e dos participantes do curso revelam os seis temas que compreendem o fenômeno os quais cito a seguir: interfaces, ensino, aprendizagem, construção, interação e necessidades. A interpretação desses textos revelou a reflexão dos participantes acerca do desenho de curso de Autoheteroecoformação tecnológica de professores de inglês do Ensino Médio em ambiente on-line sob o viés da complexidade, bem como proporcionou para a professorapesquisadora momentos reflexivos sobre o desenvolvimento do curso e a respeito dos traços complexos necessários para o ensino-aprendizagem. É possível um novo desenho para o ensino de Língua Portuguesa por meio do Pensamento Complexo? Suzanny P. Silva Bium Ensinar e aprender Língua Portuguesa (LP) na escola são atividades “complexas”, por isso ser fiel a uma única teoria não garante, aos indivíduos, a compreensão e tão pouco sua materialização em práticas sociais. Assim, pretende-se levantar uma possibilidade de pensar o ensino de LP, por meio do Pensamento Complexo, cujo objetivo é olhar para as novas demandas que emergem da sociedade, dos indivíduos e da escola para que se estabeleçam movimentos de religação entre esses saberes, uma vez que a experiência docente tem revelado que muitas práticas de ensino de LP ainda privilegiam tão somente exercícios de repetição e memorização de regras da gramática normativa desvinculadas do uso real da língua, nas diferentes esferas sociais. Nesse contexto, a Complexidade pode revelar-se como uma abordagem teórico-metodológica para o ensino de LP que possa (re)desenhar esse processo de ensino-aprendizagem, por meio da religação de saberes que emergem dos diferentes espaços de construção do conhecimento: científico, acadêmico e social. A fundamentação para essa apresentação busca em Morin (2011,2014), Freire (2013) e Moraes (2008, 2014) um diálogo que alimente-nos para uma nova educação que garanta aos indivíduos a conscientização, conquista e capacidade de participação pela linguagem. A atuação docente sob uma ótica complexa Maria Cristina Ferreira Cunha Esta pesquisa tem como objetivo descrever e interpretar a natureza do fenômeno atuação docente a partir da observação de aulas ministradas por uma professora universitária a um grupo de estudantes no decurso do segundo semestre de um curso de letras inglês em aulas de língua inglesa. Essa experiência está fundamentada em noções sobre a formação do professor reflexivo (CELANI, 2001, 2002, 2010) e na teoria da complexidade (CAPRA, 2002, 2006; MORIN, 2009, 2013; MORAES, 2005). Pretende-se observar atuação da docente segundo aspectos peculiares da complexidade como: circularidade, imprevisibilidade, instabilidade e impermanência que afetam a dinâmica da sala de aula que prevê flexibilidade. Além da discussão do fenômeno segundo os princípios dialógico, hologramático e recursivo, princípios esses fundamentais da teoria da complexidade. A pesquisa está sendo desenvolvida sob os rigores da abordagem hermenêutico-fenomenológica complexa (FREIRE, 2010, 2012). Áudios das aulas, questionário e diários reflexivos são os instrumentos utilizados para o registro da experiência a ser interpretada. Existe ainda a possibilidade de haver a e conversa hermenêutica que é um instrumento peculiar da referida abordagem. Pretendese com essa pesquisa contribuir para a esfera de formação de professores. Um curso semipresencial complexo em uma matriz curricular tradicional Maximina M. Freire Temos testemunhado que, apesar de vigente em muitas instituições, o paradigma tradicional tem sido contestado. Fundamentado em uma visao newtoniana-cartesiana, esse paradigma contempla o conhecimento como objetivo, mensurável e passível de generalizações. Morin (2008) se refere a ele como disjuntor e reducionista, impondo a ordem, separando o que deve ser conectado, e revelando uma visão simplista e simplificadora da realidade que se mostra sob o angulo de uma linearidade causal. Decorrente dele, no entanto, o paradigma emergente, complexo, evidencia a construção/ desconstrução/ reconstrução do conhecimento de forma não linear, não fragmentada, não disciplinar, e não gradualmente sequenciado. A realidade passa a ser vista, em toda a sua incompletude e imprevisibilidade, a partir de uma circularidade causal, na qual o efeito retroage à causa, os opostos dialogam e o todo pode ser maior e menor que a soma de suas partes. Considerando esse paradigma, o objetivo desta apresentação é relatar e interpretar a experiência de ministrar uma disciplina semipresencial concebida sob o enfoque complexo, integrado a uma matriz curricular de natureza tradicional. A referida disciplina tinha como objetivo desenvolver a habilidade de ler e escrever, bem como comentar criticamente textos/hypertextos em língua inglesa. A disciplina (de um semestre, no 1o. ano do curso de Letras) foi desenvolvida de acordo com o design educacional complexo (Freire, 2013), constando de 3 projetos interconectados que demandaram o trabalho individual, em pares e em grupos, respectivamente, desenvolvido pelos 18 alunos que compunham a turma investigada. A interpretação se baseia no material registrado no curso, coletado por meio das atividades realizadas pelos alunos e em suas manifestações, ocorridas nos encontros presenciais. Também foram considerados para a interpretação, as notas de campo registradas pela professora ao longo do curso. Especial atenção foi dada às implicações educacionais de se oferecer um curso complexo em um currículo tradicional. Contribuições da imagem para o desenrolar narrativo Coordenadores: Priscila Peixinho Fiorindo - Universidade do Estado da Bahia Ana Virgínia Gomes de Souza Pinto –USP A arte ou a imagem produzida, numa determinada época, reflete a realidade sóciohistórico e cultural de um povo, de forma artística. Nesta perspectiva, da Pré-história aos dias atuais as representações icônicas são consideradas símbolos cheios de significados, que acompanham o homem. E, para construir sua história, ele se apoia nas leituras imagéticas, transformando-as em narrativas reais, imaginárias e, às vezes, ambas ao mesmo tempo, a fim de delinear seus comportamentos, crenças, valores e tradições. Diante do contexto, a proposta do simpósio é apresentarmos reflexões de pesquisadores de diferentes instituições sobre a contribuição das imagens para o desenrolar narrativo sob algumas perspectivas. Então, num primeiro momento, partindo do pressuposto de que memória e narrativa são indissociáveis, observamos o papel da memória de longo e de curto prazo, na produção de narrativa oral, a partir da leitura de desenhos feitos por crianças, ressaltando os aspectos ideológicos. Posteriormente, identificamos as interpretações da leitura de imagens da história, sem texto escrito, privilegiando os aspectos cognitivos e discursivos infantis. Paralelamente, evidenciamos o desempenho de escolares, no ensino fundamental, na produção narrativa escrita, por meio da teoria da mente – habilidade de compreender estados mentais – através da sequência de imagens de uma história, sem texto escrito. E, devido ao fascinante mundo virtual, onde, principalmente, as crianças e os adolescentes estão imersos na sociedade e cultura digital, mediada pela internet através dos smatphones, tablets e seus inúmeros aplicativos, selecionamos algumas produções investigativas publicadas sobre Instagram, por se tratar de uma ferramenta de imagem com pequenas legendas, onde é possível o público contar sua vida através da narrativa imagética colorida, desfocada ou borrada pelos filtros do aplicativo. COMUNICAÇÕES INTERNAS Da leitura de imagens à narrativa oral: memória e ideologia Priscila Peixinho Fiorindo Partindo do pressuposto de que memória e narrativa são indissociáveis, pois para se contar uma história é necessário acessar as informações armazenadas em nossa mente, privilegiamos neste estudo observar o papel da memória de longo e de curto prazo, na produção de narrativa oral, a partir da leitura de desenhos feitos por crianças de cinco anos de idade, de ambos os sexos. Conforme Adam (1985), a memória de curto prazo tem a capacidade limitada de armazenamento das informações, que permanecem, temporariamente, enquanto são úteis e depois são descartadas. Já a memória de longo prazo, ao contrário, tem a capacidade ilimitada, onde encontramos, também, a memória episódica, que se refere aos eventos vivenciados ou imaginados pelo indivíduo, e a memória semântica, que corresponde aos conhecimentos de mundo acumulados ao longo do tempo (TULVING, 1972). E considerando que a leitura de imagem é parte da decodificação e construção de significados de mundo e, ao mesmo tempo, é influenciada pelas experiências e conhecimentos prévios do sujeito leitor (BITAR, 2002), a constituição do sentido é individual, feita com base em diferentes contextos, que abarcam conceitos ideológicos verbalizados nas narrativas. Nesta perspectiva, o método constitui-se em solicitar que as crianças fizessem um desenho e, posteriormente, narrassem sobre o mesmo. Os dados foram gravados em áudio e transcritos com base nas Normas do Projeto NURC/USP, propostas por Preti e Urbano (1990). Os resultados indicam que ao elaborar a narrativa, a partir da leitura das imagens desenhadas, as crianças interpretam as figuras visualizadas como uma representação icônica que simboliza algo e, neste processo de recordação, resgatam de suas memórias de longo e de curto prazo as possíveis associações, entre as imagens dos objetos vistos e o que as mesmas podem representar, como, por exemplo, as ideologias construídas no cotidiano dos pré-escolares. Da leitura de imagens às interpretações: aspectos cognitivos e discursivos Terezinha de Jesus Costa O presente trabalho se propõe a abordar aspectos de produções discursivas de crianças de cinco, oito e dez anos, em situação de interação com adulto, durante a leitura de imagens presentes na história “A briga” (FURNARI, 2002), que foi informatizada e apresentada às referidas crianças. Assim, os objetivos norteadores são: (a) fornecer indícios comportamentais sobre a teoria da mente e (b) mostrar que as condutas explicativas/justificativas são atividades do conhecimento que pressupõe a elaboração do pensamento e da capacidade dos locutores competentes na apropriação de conhecimentos pragmáticos implícitos, de modo pertinente e suficiente. As condutas explicativas/justificativas (VENEZIANO & HUDELOT, 2002) são comportamentos sociais que dependem das condições de comunicação e interlocução, revelando um “saber-fazer”, ou melhor, uma teoria da mente. Considerando a importância das imagens, enquanto estímulo para a produção de histórias por crianças, Aumont (2008) esclarece-nos que a imagem é um meio de comunicação e de representação do mundo. Sendo assim, ela pode refletir o elemento cultural de determinado contexto. Ele enfatiza, ainda, que se a imagem contém sentido, este tem de ser “lido” por seu espectador, pois a compreensão depende da situação histórica de cada sujeito. Na coleta de dados, inicialmente, as referidas imagens foram apresentadas, na tela do computador, para uma primeira construção de narrativa oral. Num segundo momento, o interlocutor adulto recorre à tutela, de modo que as crianças consigam realizar a tarefa em questão, uma vez que sozinhas não conseguiriam (FRANÇOIS, 1996; MELO, 1997). Os resultados mostram-nos que a história escolhida “A briga” pode ser contada/narrada, tanto em um nível meramente descritivo, como em um nível mais elaborado e com maior coerência, pela construção de liames explicativos/justificativos e interpretativos, implicando, também, na atribuição de estados mentais como intenções, desejos e crenças. Teoria da mente e desempenho escolar a partir da leitura de imagens Ana Virgínia Gomes de Souza Pinto O presente trabalho é um recorte da dissertação de mestrado, “Produção Textual Escrita, Função Pragmática da Linguagem e Teoria da Mente em Escolares do Ensino Fundamental II” (PINTO, 2014). O objetivo, aqui, é mostrar a caracterização do desempenho de 60 escolares do 5ª ano do ensino fundamental, por meio da tarefa da teoria da mente, a partir da leitura de imagens em sequência. Segundo Veneziano e Hudelot (2002), esta tarefa corresponde à habilidade de compreender estados mentais e designar a forma como o sujeito compreende os referidos estados, as vontades, os conhecimentos e as crenças e como eles influenciam seus comportamentos. A análise da linguagem, observada por meio da produção escrita de narrativas, abrangendo a percepção de estados mentais, pode auxiliar estudos sobre relações existentes entre compreensão e expressão da linguagem e da teoria da mente, já que a representação icônica costuma ser uma imagem narrável, definida como conjuntos organizados de significantes, cujos significados constituem uma história, que deve se desenrolar. Nesta perspectiva, Aumont (2008) afirma que a imagem é um meio de comunicação e de representação do mundo. Então, cada escolar recebeu uma folha com a sequência de imagens da história “A pedra no caminho” (FURNARI, 1998) e foram instruídos a produzir um texto narrativo escrito sobre a história visualizada. Os sujeitos foram agrupados, conforme a média do rendimento escolar – GI (7,0 a 10,0), GII (5,0 a 6,5) e GIII (0,0 a 4,5). Os resultados indicam que os alunos do GI tiveram o melhor desempenho, devido ao relato, mais frequente, da possibilidade do personagem ‘pensar que o empurrão foi por querer’, confirmando a presença da teoria da mente, além da apresentação de outras etapas praticadas pelos personagens no enredo narrativo. Imagem, narrativas e redes sociais: mapeamento do estado da arte Juliana Santana Moura O presente trabalho tem como proposta mapear as pesquisas e investigações produzidas, nos programas de pós- graduação, sobre imagem e narrativa, considerando a articulação dessas duas ferramentas com as redes sociais. Nos últimos cinco anos vivemos imersos na sociedade e cultura digital mediada pela internet através dos smatphones, tablets e seus inúmeros aplicativos. Novas formas de relacionar-se e interagir são construídas nas redes, a partir das tecnologias e dispositivas móveis. As pesquisas recentes apontam que os sujeitos da cultura digital constroem suas identidades e cotidianos influenciados pelas imagens midiáticas, compartilhadas em redes sociais como Twitter, Facebook e Instagram. Este último será o recorte e pano de fundo para analisarmos as produções investigativas publicadas sobre a temática, por trabalhar apenas com imagem e pequenas legendas. O interesse do público jovem pelo Instagram é notório, principalmente entre os adolescentes e crianças. Muitos pais fazem perfis para seus filhos compartilharem selfs e imagens de momentos mais diversos. Os adolescentes também instagramam suas vidas contando-as através dessa narrativa imagética colorida, desfocada ou borrada pelos filtros do aplicativo. Quais são os temas que mais instigam esses sujeitos? O que eles produzem e querem alcançar com essas imagens? Que linguagem e espécie de narrativa é essa? Por meio do mapeamento do Estado da Arte identificamos em sites como Scielo, Banco de Teses da Capes, além do buscador Google Acadêmico, o que dizem os pesquisadores e suas investigações sobre o referido tema. Fonética aplicada ao ensino de línguas estrangeiras Coordenadores: Amaury Silva – PUCSP Cristiane Silva – UNICAMP Este simpósio tem como objetivo abarcar o trabalho de pesquisadores cujas pesquisas tratam do ensino de línguas estrangeiras (espanhol e inglês) à luz de dados provenientes de pesquisas embasadas em fonética acústica, e discutir sobre a relevância dos dados obtidos em tais pesquisas para o ensino de língua estrangeira. Os temas discutidos durante o simpósio acolherão a influência de fenômenos de redução na fala na compreensão de aprendizes de L2, a produção de variantes róticas por falantes de diversos dialetos da língua espanhola, a percepção do acento lexical em palavras cognatas do inglês por falantes nativos do português do Brasil que têm o inglês como segunda língua. COMUNICAÇÕES INTERNAS Análise da percepção de fenômenos de redução em língua inglesa por falantes brasileiros aprendizes de inglês como língua estrangeira Amaury Silva O objetivo da pesquisa é investigar, por intermédio da análise fonético-acústica, processos de redução em produções de fala semiespontânea por sujeitos nativos do inglês e verificar a influência de tais processos na compreensão de sujeitos nativos do português brasileiro, aprendizes de inglês como língua estrangeira. A escolha de fenômenos de redução como objeto de estudo foi dada pelo fato de que, apesar da presença de tais fenômenos na língua materna dos aprendizes de inglês falantes de português brasileiro, os fenômenos de redução existentes na L2 acarretam dificuldades para os aprendizes nos níveis de produção e percepção de fala. Com o intuito de realizar as investigações, foram selecionadas três entrevistas cujos fenômenos coarticulatórios existentes foram analisados com a utilização do software livre PRAAT, versão 4.5.18, desenvolvido por Paul Boersma e David Weenink, do Instituto de Ciências Fonéticas da Universidade de Amsterdã e foram inspecionadas, com base em espectrogramas de banda larga, as características fonético-acústicas dos segmentos fônicos em processos de coarticulação que caracterizam os fenômenos de redução. A partir da análise dos fenômenos de redução foi verificada a sua influência na percepção dos aprendizes de inglês como língua estrangeira. Um estudo fonético acústico sobre róticos em dialetos do espanhol Piedade Cóstola O projeto tem como objetivo analisar, do ponto de vista fonético-acústico, as produções de variantes róticas (sons de “r”) por falantes de diversos dialetos da língua espanhola. A escolha dos róticos como objeto de estudo é motivada por dois fatores: os róticos representam uma classe de sons que apresentam extensa alofonia condicionada por fatores linguísticos, paralinguísticos e extralinguísticos; o conhecimento sobre o uso de variantes róticas é de interesse para o ensino de língua espanhola para brasileiros, pois as línguas espanhola e portuguesa diferem quanto à correspondência entre uso, grafia e som quando nos referimos aos róticos. Análise fonético-acústica de produções de róticos será realizada para descrevermos e embasarmos as suas caraterísticas fônicas, superando uma análise feita somente a partir da percepção. Mostraremos evidências encontradas em relação as produções dos falantes e apresentaremos dados preliminares. O corpus de pesquisa, uma canção folclórica da América Latina intitulada Pedro Navaja de autoria do cantor e compositor Rubén Blades, será lido por quatro falantes femininos, falantes nativos do espanhol, variedades colombiana, espanhola, cubana e argentina. A pesquisa, além de contribuir para a construção de conhecimento sobre o uso dos róticos em língua espanhola, poderá ter desdobramentos para o ensino de espanhol para brasileiros. A percepção do acento lexical em inglês por falantes de português Marcia Polaczek Esta comunicação apresenta uma proposta de investigação da percepção do acento lexical de palavras cognatas do inglês por falantes nativos do Português do Brasil que têm o inglês como segunda língua. O pressuposto é que os padrões acentuais e silábicos do inglês possuem especificidades que influenciam no modo pelo qual são percebidos por falantes de Português do Brasil (PB). A questão levantada é se a percepção está pautada em pistas acústicas ou é influenciada por parâmetros do inventário sonoro da língua materna. Os fundamentos teóricos englobam (1) a caracterização dos padrões acentuais do inglês e do português; (2) o conhecimento fonético-fonológico do ponto de vista perceptivo, articulatório e acústico; (3) pesquisas interdisciplinares sobre percepção de fala em L2; (4) estudos sobre a relação entre percepção e produção de fala em L2. Além de contribuir com os estudos sobre a fala em L2, o objetivo deste tipo de pesquisa é auxiliar no desenvolvimento das estratégias de ensino e aprendizagem de habilidades orais, bem como de pronúncia inteligível em L2. O papel da prosódia na percepção do sotaque estrangeiro Cristiane Silva Os estudos de Anderson-Hsieh et al (1992); Munro (1995); Hahn (2004); Jilka(2000); Munro e Derwing (2005) e Holm (2008) demonstram que os aspectos suprassegmentais têm um papel fundamental para a determinação do sotaque estrangeiro. Motivados pelos resultados obtidos nos estudos anteriores, realizamos um experimento de percepção para avaliar o grau de sotaque estrangeiro em um grupo de brasileiros falantes de espanhol como língua estrangeira e verificar se seria possível identificar o sotaque estrangeiro apenas com informação prosódica. Participaram do experimento de percepção 24 ouvintes espanhóis que ouviram e avaliaram estímulos de 15 brasileiros e cinco espanhóis. Os estímulos consistiram em um trecho de leitura e um trecho de narração para avaliar o grau de sotaque em uma escala contínua e em uma versão delexicalizada do trecho de narração para responder se se tratava de um brasileiro ou de um espanhol. Os resultados demonstraram que as notas mais baixas atribuídas na avaliação do grau de sotaque estrangeiro estão associadas, de forma significativa, aos estímulos delexicalizados que foram previamente avaliados como sendo produzidos por espanhóis. Esse resultado demonstrou que é possível identificar o sotaque estrangeiro apenas com as informações prosódicas presentes nos estímulos delexicalizados, ou seja, com F0, duração e intensidade global. Linguagem e ciências forenses Coordenadores: Lilian Kuhn – PUCSP Ana Carolina Constantini – Universidade Estadual de Campinas Este simpósio tem por objetivo agregar pesquisadores cujos trabalhos relacionam a linguagem e a esfera forense. A Linguística Forense investiga a linguagem e suas relações com o âmbito legal, ou seja, são aplicados conhecimentos específicos das diversas áreas da Linguística em questões jurídicas. Entre as diversas aplicações da Linguística Forense, destacam-se a de identificação de autoria de textos e a análise de depoimentos. Serão temas de reflexão e debate entre os pesquisadores o panorama atual da Linguística Forense no Brasil. Estudos recentes em Análise do Discurso aplicados na realidade do crime também serão debatidos. COMUNICAÇÕES INTERNAS Fonética, fonoaudiologia e a identificação de falantes: reflexões sobre o panorama atual Renata Vieira O uso do reconhecimento de falantes para fins forenses é antigo e tem sido utilizado ao longo da história para a identificação de suspeitos que não foram vistos, mas apenas ouvidos por testemunhas. A identificação de falantes é a comparação de duas amostras de fala com o objetivo de se determinar se pertencem ou não a um mesmo indivíduo. Nos últimos anos, a atuação do Fonoaudiólogo como perito em identificação de falantes e o uso do termo Fonoaudiologia Forense tem, por vezes, causado dúvidas sobre a inserção desta perícia na subárea Fonética Forense. A inserção da identificação de falantes na Fonética Forense é comprovadamente antiga, dado o histórico da área e o extenso número de pesquisas científicas realizadas em todo o mundo sobre o assunto. O objetivo desta apresentação é refletir acerca da atividade do Fonoaudiólogo no âmbito jurídico e sobre o equívoco existente atualmente acerca dos termos Fonoaudiologia Forense e Fonética Forense. Silêncio, silenciamento e tortura: violência e sentidos Monica Azzariti O presente trabalho centra-se nos conceitos de silêncio e silenciamento apresentados por Eni Orlandi (2007). Tem-se como objetivo refletir, a partir das ideias apresentadas pela autora, as relações de força, poder e violência que podem funcionar nos processos de silenciamento e os sentidos produzidos pelo silêncio em circunstâncias envolvendo tortura. A análise de um caso real, onde foi possível a gravação de um diálogo envolvendo torturador e torturado, nos permitirá visualizar e avaliar como esses processos se dão em uma realidade pouco estudada em Análise do Discurso, a realidade do crime. “Fonética” e “voz” na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Jael Gonçalves No campo da Linguística Forense, o Reino Unido (UK) é uma para pesquisadores e peritos brasileiros. Mesmo sendo o UK importante referência em termos de regras estabilizadas sobre como proceder como linguista em um caso legal, é relevante considerar que toda a tradição britânica nessa interface entre linguagem e direito é consequência do background empírico, tanto na Linguística como no Direito. Pretendo realizar investigação sobre a situação britânica e a brasileira, comparando como esses dois sistemas jurídicos lidam com a Fonética Forense em casos jurídicos. Como primeira etapa, este trabalho apresenta resultados sobre a situação brasileira. Dados foram coletados do website do Superior Tribunal de Justiça (STJ), com o objetivo de descrever o que acontece na jurisprudência dessa Corte quando a jurisprudência apresenta as palavras “fonética” e “voz”. Questões que nortearam o estudo: qual a frequência de ocorrência das palavras “fonética” e “voz” na jurisprudência do STJ?; a quais fatos jurídicos essas ocorrências estão relacionadas?; algum conhecimento fonético foi utilizado como evidência no julgado?; em casos em que há material de áudio nos autos, como esse foi coletado? Algum perito trabalhou sobre o material? Há algum litígio envolvendo o uso das gravações? Foram encontradas seis ocorrências da palavra “fonética” e 47 da palavra “voz”. Na maioria dos casos com material de áudio, a fonte desse material é predominantemente interceptação telefônica. Verificou-se que as principais causas de pedir da defesa, no que diz respeito à prova de áudio, são: (i) ausência de perícia, (ii) não participação de peritos no tratamento do material e (iii) transcrição incompleta de gravações. Esses resultados evidenciam o fato de que, no Brasil, o uso de dados de áudio como prova é ainda realizado de modo não sistemáticos, e esforços devem ser feitos a valorização de linguistas, especialmente de foneticistas, no sistema jurídico brasileiro. A construção de conhecimentos e saberes em diversos contextos educacionais: uma perspectiva complexa da formação discente, docente e de gestores educacionais Coordenadores: Keila Christina Almeida Portela - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso Mauricio Viana Araújo – Universidade Federal de Uberlândia Este simpósio tem por objetivo reunir diferentes trabalhos e reflexões acerca da formação docente e discente em diversos contextos de sala de aula, EAD e presencial. O fio condutor desses trabalhos em Linguística Aplicada é a pesquisa sobre o uso de tecnologia na formação de professores e alunos, fundamentada na complexidade (MORIN, 2005, 2010, 2011, 2012). Aguilar, sob a ótica do complexeducational design (FREIRE, 2012), trata da preparação, reflexão e execução de uma disciplina para alunos de um curso de pós-graduação em gestão escolar; Araújo discute os relatos de graduandos referentes ao emprego das ferramentas virtuais usadas num curso de produção textual a distância; Portela reflete sobre a formação tecnológica dos docentes de um curso técnico em secretariado; Generoso aborda o ciclo multimodal de leitura no ensino de francês como Língua Estrangeira. A abordagem hermenêuticofenomenológica, na perspectiva de Freire (1998, 2007, 2010, 2011, 2013), é a metodologia de pesquisa usada na descrição e interpretação dos materiais textuais produzidos nos contextos das investigações de cada um dos trabalhos deste simpósio. COMUNICAÇÕES INTERNAS A preparação, reflexão e execução de uma disciplina num curso de pós-graduação conforme o complex educational design o: reconstruindo conhecimentos em rede Gabriel Jiménez Aguilar O objetivo deste estudo é refletir sob a preparação, reflexão e execução da disciplina Educação a distância: o conhecimento em rede, num curso de pós-graduação, tendo como base o complexeducational design (FREIRE, 2012) como norteador para as ações de preparação, reflexão e execução da disciplina citada. O estudo encontra, também, como fundamentação teórica a complexidade (MORIN, 1996, 2000, 2002, 2011 e BEHRENS, 2006) para propor ações de ressignificação em uma disciplina de um curso de pós-graduação. Para interpretar a experiência da preparação, reflexão e execução dessa disciplina presencial, que aborda a temática de EAD, sob a ótica do complexeducational design, uso a abordagem hermenêutico-fenomenológica (FREIRE, 2007, 2010, 2012). As anotações e registros antes, durante e depois do curso são os textos que serão interpretados à luz dessa abordagem. O curso foi realizado no mês de junho de 2015, numa universidade privada da zona leste de São Paulo, e contou com 17 alunos participantes. Os primeiros textos revelam que é necessária uma mudança no pensamento dos alunos em relação ao paradigma educacional que trazem da época da graduação e uma mudança de conceitos em relação à educação a distância. Nem tudo que reluz é ouro, ou a ojeriza dos alunos às ferramentas virtuais, num curso a distância Maurício Viana de Araújo Universidade Federal de Uberlândia O objetivo desta comunicação é refletir sobre uma experiência complexotransdisciplinar de ensino a distância ocorrida no ambiente virtual de aprendizagem Moodle, em que as próprias ferramentas virtuais usadas para o desenvolvimento do curso foram apontadas pelos alunos como um grande empecilho para a constituição das relações de ensino-aprendizagem nele. A metodologia de pesquisa adotada foi a abordagem hermenêutico-fenomenológica (FREIRE, 2007, 2010, 2012; van MANEN 1990), uma metodologia qualitativa de pesquisa, cujo objetivo é descrever e interpretar fenômenos da experiência humana, em busca de suas essências. Este foi um subtema do tema hermenêutico-fenomenológico dificuldade, que veio à luz na interpretação do material textual produzido no contexto das atividades de um curso de produção textual a distância objeto de minha pesquisa de doutoramento defendida em abril de 2015. No relato dos alunos, foram muito contundentes as críticas negativas ao Moodle, que é atualmente um ambiente virtual adotado por muitas instituições de ensino no Brasil e no mundo, considerado por eles como uma ferramenta pouco amigável e pesada, diferentemente dos recursos interacionais à disposição dos usuários das redes sociais mais populares. A formação tecnológica a distância para docentes de um curso Técnico em Secretariado, sob a perspectiva da complexidade. Keila Christina Almeida Portela O objetivo deste estudo é descrever e interpretar o fenômeno formação tecnológica dos docentes do curso Técnico em Secretariado de uma instituição federal, por meio da oferta de um curso a distância utilizando a plataforma Moodle. A pergunta de pesquisa: Qual a natureza do fenômeno formação tecnológica dos professores do curso Técnico em Secretariado de uma instituição federal baseado na complexidade sob a perspectiva de todos os participantes? é ponto instigador deste trabalho. Os aportes teóricos para este estudo foram baseados na Complexidade de acordo com Morin (1996, 2000, 2002, 2011), Behrens (2006) e Freire (2009, 2012); na educação a distância, conforme Moraes (2004) e Moran (2007); na formação tecnológica de professores segundo Kenski (2010), Almeida (2003, 2005), Valente (2003), Moraes (2007, 2008), Freire (2009, 2010, 2012) e Silva (2012); e no design educacional complexo, na visão de Freire (2013). Metodologicamente, esta tese adota a abordagem hermenêutico-fenomenológica, a partir da perspectiva de Freire (1998, 2007, 2010), com base em van Manen (1990) e Ricoeur (1986/2002). Os participantes da pesquisa foram 6 docentes com formação técnica que ministram aulas no curso Técnico de Secretariado de uma instituição pública federal. A descrição e a interpretação da manifestação do fenômeno em foco foram feitas por meio dos processos da textualização, tematização e pelo ciclo de validação, operacionalizados pelas rotinas de organização e interpretação, propostos por Freire (2007, 2010). As associações desenvolvidas revelaram que o fenômeno em estudo se estrutura em 4 grandes temas e seus desdobramentos. São eles: atualização com o desdobramento novos recursos; conceito com seus desdobramentos ead, oportunidade, resistência, preconceito, inovação e comprometimento; desafio e seus desdobramentos elaboração, conhecimento, e por último, o tema determinação (sem desdobramentos). Ciclo multimodal de leitura: uma proposta de ensino de língua francesa para professores da rede municipal. Lisa Generoso O objetivo desta pesquisa é descrever e interpretar o fenômeno ciclo multimodal de leitura no ensino de francês como Língua Estrangeira. A fundamentação teórica que a sustenta encontra-se nos seguintes construtos: complexidade, conforme a perspectiva de Morin (2006/2009), leitura conforme a perspectiva multimodal (Rojo, 2012) e ensino de Francês como Língua Estrangeira, FLE (Courtillon, 2003). Metodologicamente, este estudo segue uma orientação da abordagem hermenêutico-fenomenológica (AHF), de acordo com Freire (2007, 2010, 2012), com base em van Manen (1990). Esta pesquisa conta com dez participantes que atuam na rede pública como professores de variados ciclos pedagógicos e variadas disciplinas. São participantes que estão no nível iniciante do curso de língua francesa e a escolha é dada pelo impacto que o ciclo multimodal de leitura pode causar nos alunos, com base do suporte teórico da AHF para a interpretação do material coletado no curso. A pesquisa terá início com um questionário dado para os alunos, visando obter informações básicas sobre o perfil de cada participante. Após a realização de várias leituras de textos clássicos durante um mês de aula, os alunos farão um relato das aulas que tiveram e por fim, no segundo mês de coleta, os alunos responderão a um questionário final do trabalho, este caracterizado como ciclo multimodal de leitura. O ciclo multimodal de leitura, fenômeno estudado nesta pesquisa, será interpretado conforme com as especificidades da orientação metodológica adotada, visando contribuir para o ensino de Francês e outras línguas estrangeiras no Brasil, inspirando pesquisas e aplicações futuras. Roteiros de aprendizagem: o uso das tecnologias na construção de conhecimentos linguísticos sob o viés da complexidade Coordenadores: Cristina Freire de Sá - Centro Universitário Senac São Paulo Lídia Souza Bravo – Instituto Federal de São Paulo As tecnologias digitais da informação e comunicação têm impactado cada vez mais nos processos pedagógicos desafiando, principalmente os docentes a repensarem suas práticas. Partindo desse panorama, o presente simpósio busca apresentar e discutir propostas sobre o uso das tecnologias na criação de roteiros de aprendizagem de línguas e projetos interdisciplinares que envolvem o design educacional. A partir de uma interpretação complexa sobre cases em que o uso de diversas ferramentas potencializa a construção de conhecimento linguístico, busca-se problematizar o uso crítico e reflexivo das tecnologias digitais como interfaces complexas que dão suporte aos processos de ensino-aprendizagem. Dessa forma, devido às necessidades de adaptação a ambientes criados pelas tecnologias digitais de comunicação, a introdução de projetos interdisciplinares pode significar inovações nos sistemas educacionais com a possibilidade de integração entre diferentes disciplinas tanto quanto diferentes áreas. Neste sentido, procura-se responder aos desafios de integrar não só disciplinas, mas formas de compreender e pensar a solução de problemas educacionais contemporâneos. Os conceitos que dão fundamento à discussão sobre o paradigma da complexidade têm inspiração nos estudos do Grupo de Pesquisa sobre a Abordagem HermenêuticoFenomenológica e o Paradigma da Complexidade organizados por Maximina FREIRE (2007,2008), a partir da leitura de van Manen (1990) e de Morin (2002, 2005, 2013). COMUNICAÇÕES INTERNAS Construções linguísticas em projetos interdisciplinares em um curso superior de tecnologia. Lidia Bravo de Souza A visão sistêmica integra as relações e suas intro-retro-ações entre qualquer fenômeno e o seu contexto. Partindo do posto que o pensamento ecologizante situa todo acontecimento, informação ou conhecimento na sua relação de inseparabilidade com seu ambiente (MORIN, 2002), observo a natureza do ensino de línguas por meio do uso de tecnologias em cursos de graduação em uma instituição federal que passa a integrar projetos interdisciplinares. Percebe-se um movimento natural de busca de ligação de saberes entre as disciplinas de um curso superior da área de tecnologia e informática, englobando-as em um sistema, ao mesmo tempo aberto e fechado (MORAES&ALMEIDA,2012). Considerando a atuação de um professor que tem ao seu dispor as novas tecnologias que favorecem um aprendizado independente e colaborativo; plataformas de apoio ao ensino presencial; facilidade de acesso aos dispositivos com gravação de áudio e vídeo e envio instantâneo de mensagens é preciso tempo de maturação para a adoção de novos enfoques, procedimentos e práticas (FREIRE,2010). Todavia, as visíveis alterações de hábitos na comunicação nas grandes metrópoles que se refletem na comunidade escolar por meio das TICs, como novas ferramentas de ensino-aprendizagem, estabelecem articulações disciplinares complexas que podem viabilizar a transdisciplinaridade. Neste relato de experiência descrevo o intercâmbio e cooperação que pode constituir-se como um projeto ao mesmo tempo interdisciplinar como transdisciplinar (MORIN,2002:110). O uso de storyboards na criação de recursos educacionais digitais autoinstrucionais sob a perspectiva da complexidade. Cristiane Freire de Sá O uso de storyboards na criação de recursos educacionais digitais autoinstrucionais sob a perspectiva da complexidade. Com o crescimento da educação a distância (EaD), especialmente no contexto da educação corporativa e de cursos livres, o uso de recursos educacionais autoinstrucionais tem sido uma escolha cada vez mais comum. Nesse contexto, surgem modelos de produção de cursos, especialmente o modelo de produção denominado RapidInctruction Learning (RID) (LEE, 2010) que visa a atender demandas de instrução rápida em diferentes contextos (FILATRO, 2008). Para a produção de cursos nesse modelo, emerge a necessidade do uso de estratégias e ferramentas adequadas, sendo os storyboards, recursos amplamente utilizados na criação de recursos autoinstrucionais concebidos num formato multimídia como apresentam Veras (2003) e Filatro (2008). Entretanto, ainda que as leis de mercado influenciem as demandas educacionais, principalmente no que diz respeito ao princípio de rapidez no desenvolvimento das aprendizagens, emerge um paradigma que rompe com o processo de fragmentação e simplificação da construção de conhecimento, esse paradigma se apresenta como a complexidade proposta por Morin (2009). No âmbito do design instrucional, as contribuições do design educacional complexo (DEC) proposto por Freire (2013), possibilitam propor o uso de storyboards na criação de recursos educacionais numa perspectiva da complexidade, especialmente no que diz respeito a organização dos conteúdos em estruturas hipermidiáticas não lineares. A complexidade permite o planejamento de recursos educacionais numa proposta não linear, por meio do uso de hipertextos e integração de recursos multimídias que abrem as possibilidades de interatividade. Assim, apresento nesse simpósio, possibilidades de planejamento e desenvolvimento de recursos educacionais digitais autoinstrucionais sob a luz da complexidade de Morin (2009) e do DEC de Freire (2013), apresentando outras formas de desenvolver aprendizagens pelos modelos de produção de design educacional no contexto da EaD. Apresentando um speech com uso do PowerPoint: uma reflexão sob o viés da complexidade. Ariane Macedo Melo O contexto atual, permeado por espaços de aprendizagem propiciados pelas Tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC), especialmente a internet, que abrem oportunidades para a utilização de materiais autênticos e para a comunicação entre aprendizes de diferentes localidades, exige uma formação globalizada, que permita ao aluno vivenciar novas experiências por meio de uma língua estrangeira. Assim, torna-se cada vez mais urgente uma formação inicial que dê conta de aspectos tanto linguísticos quanto tecnológicos. Diante desse cenário, desenvolvi com os alunos do 4º semestre do curso de Letras de uma universidade pública em Mato Grosso, durante as aulas da disciplina de Língua Inglesa, uma atividade que envolveu a apresentação de um discurso (speech) pelos acadêmicos, guiada por fotos e figuras exibidas por meio do PowerPoint. Apresento, neste simpósio, a reflexão acerca dessa atividade, que objetivou interpretar se a mesma revela traços de complexidade, apesar de não ter sido deliberadamente desenhada à luz desse paradigma. Essa reflexão teve como base as ideias de Morin (2011), acerca do paradigma complexo e da complexidade, de Freire (2013), a respeito do design educacional complexo, do Grupo de Nova Londres (1996) no que concerne aos multiletramentos, dentre outros autores. Descrevo, portanto, a preparação, execução e reflexão da atividade desenvolvida com os alunos, contemplando-a à luz da fundamentação teórica apresentada. Produção de videoaulas com professores sob uma perspectiva complexa. Ricardo Medeiros Priuli No desenvolvimento de recursos didáticos que auxiliem a construção de conhecimento, a utilização crítica das tecnologias tornou-se um desafio no contexto da educação, especialmente na criação de vídeos educativos (MARTINS, BARRETO e BORGES, 2009). Partindo dessa visão no âmbito dos recursos audiovisuais utilizados na escola, Wohlgemuth (2005) propõe o desenvolvimento de videoaulas numa perspectiva crítica em que apresenta o conceito de pedagogia audiovisual, onde o vídeo possui relevância social por ser dirigido para um determinado grupo de estudantes, diferente do material audiovisual de TV e cinema que é voltado para as grandes massas no qual o sujeito é homogeneizado. Nesse contexto é preciso superar o pensamento fragmentador e simplificador que ainda permanece na escola com relação ao uso do vídeo como recurso para matar tempo (MARTINS, BARRETO e BORGES, 2009). Nesse sentido, é preciso uma proposta de capacitação de professores que permita que esses agentes compreendam a linguagem audiovisual como uma interface complexa que considera os sujeitos e contextos, na construção de conhecimentos numa perspectiva complexa conforme apresenta Morin (2009). Assim, nesse simpósio apresento uma proposta de capacitação de professores na produção de videoaulas inspirado pelo pensamento complexo de Morin (2009) e pelo Design Educacional Complexo desenvolvido por Freire (2013), articulando saberes da área de audiovisual, complexidade e recursos tecnológicos para a produção de videoaulas temáticas. A metáfora sob o enfoque da LSF Coordenadores: Ulisses Tadeu Vaz de Oliveira - Universidade Federal da Grande Dourados Elizabeth Del Nero - FACÁSPER/FMU O objetivo deste simpósio é o exame da função persuasiva das metáforas ideológicas que integram gêneros discursivos diversos (o editorial, a propaganda, o romance literário, etc.). Uma metáfora ideológica pode ser definida como a que esconde processos sociais subjacentes, que interferem na interpretação e, em geral, é encontrada em tipos persuasivos de discurso. Nesse sentido, enfoca a metáfora intertextual, um produto de situações culturais específicas, em proveito dos processos persuasivos na interação. As análises baseiam-se em termos gerais no enquadre cognitivo-semântico e multimodal, com apoio da Linguística Sistêmico-Funcional (LSF). Um aspecto importante da ideologia – o sistema de valores – pode ser descrito linguisticamente em termos da avaliação presente nos textos. Na LSF, a avaliação é estudada pela LSF sob a denominação de Avaliatividade, um sistema que trata do posicionamento do escritor em relação à mensagem e ao interlocutor, em termos de sentimento, julgamento ético de pessoas e apreciação estética de objetos. As pesquisas deste simpósio devem responder essencialmente às seguintes perguntas: (a) Quais são as escolhas léxico-gramaticais feitas na microestrutura do texto que constituem as metáforas dos gêneros examinados? (b) De que modo as metáforas revelam a ideologia presente na macroestrutura do discurso? (c) Que função tem a Avaliatividade em (a) e (b)? As pesquisas têm aporte de teorias que corroboram a visão de que todas as metáforas ideológicas precisam necessariamente de metonimizações subjacentes, havendo, assim, um continuum metáfora-metonímia. Enquanto a metáfora é um recurso apoiado na substituição, a metonímia responde pela contiguidade entre a fonte e valores arraigados na cultura de uma comunidade. COMUNICAÇÕES INTERNAS A Metáfora Ideológica e a Persuasão: Um Enfoque Crítico da Gramática Sistêmico-Funcional Lidia Bolze O objetivo deste projeto de mestrado é analisar a função persuasiva das metáforas ideológicas e das imagens em propagandas de produtos de beleza. As teorias que embasam esse estudo afirmam que todas as metáforas ideológicas precisam necessariamente de metonimizações subjacentes, havendo, assim, um continuum metáfora-metonímia além da intervenção da noção intermediária de sinédoque. A metáfora ideológica pode ser definida como a que esconde processos sociais subjacentes, que interferem na interpretação e, em geral, é encontrada em tipos persuasivos de discurso como a propaganda. Os propagandistas iludem os consumidores potenciais por meio de artifícios verbais ou não-verbais tais como, metáforas, estilo disjuntivo, estilo coloquial, além da participação de imagens persuasivas, que concorrem para expressar a avaliação – explícita ou implícita – dos produtos anunciados. Por outro lado, a avaliação – em que têm participação ativa tanto as metáforas, quanto as imagens - ajudam a criar uma apresentação sistematicamente organizada da realidade, consistente na configuração total das práticas discursivas das instituições de uma sociedade. Assim, a propaganda organiza o discurso, cativa a audiência e sinaliza sua posição atitudinal. A análise crítica da metáfora deveria ser um componente central da análise do discurso crítica. A análise será feita dentro de um enquadre cognitivo-semântico e multimodal, com apoio da Gramática SistêmicoFuncional. O corpus da pesquisa envolve propagandas de produtos de beleza, oferecidos tanto para o público masculino quanto para o feminino. A pesquisa deve responder às seguintes perguntas: (a) Como se caracteriza a metáfora ideológica nas propagandas? (b) Que relação existe entre o elemento imagético e o verbal nas propagandas? A Metáfora Como Um Recurso Retórico Para A Realização Da Persuasão Implícita Em Textos Argumentativos Sob o Enfoque Sistêmico-Funcional Caio Silva Sousa O objetivo desta apresentação é o exame crítico dos recursos utilizados para a realização da persuasão implícita e da metáfora, em editoriais publicados em jornais. A argumentação recorre à persuasão que, por meio da convicção ou da sedução, no contexto em que os interlocutores sejam convencidos de que não foram convencidos. Assim, a persuasão tende a ser altamente implícita. Um dos principais recursos usados para persuadir os leitores é a metáfora, foco desta análise. O estudo leva em conta a lógica informal, preconizada pela dialética-pragmática, um dos paradigmas mais influentes nos estudos da argumentação, que integra intravisões pragmáticas com as dialéticas. Uma abordagem que enfoca argumentos da vida real, enfatizando a importância dos fatores retóricos no arguir e convencer as pessoas, mostrando a confiança na efetividade do argumento em fatores centrados também na audiência. Por isso, dialética-pragmática é provavelmente um dos paradigmas. A pesquisa tem o apoio básico da Linguística Sistêmico-Funcional, uma teoria multifuncional, indicada como sendo adequada para a análise do discurso crítica. Esta análise deve responder às seguintes perguntas: (a) Como é a estrutura de uma argumentação: como começa, como é percebida, desenvolvida e como termina? (b) Em que fase há maior presença dos elementos implícitos de persuasão e de metáfora? (c) De que tipo são essas metáforas e quais predominam em uma argumentação de editorial? A Metáfora Em “O Ateneu”, De Raul Pompéia: Um Enfoque Crítico Da Gramática Sistêmico-Funcional Nanci Vallezi O objetivo desta pesquisa é o exame de cunho pragmático-cognitivo crítico das metáforas envolvidas no processo persuasivo da construção da personagem de Aristarco, da obra O Ateneu, de Raul Pompeia. A análise tem o apoio da proposta teórico-metodológica da Gramática Sistêmico-Funcional, que permite relacionar as escolhas feitas na microestrutura léxico-gramatical do texto com a macroestrutura das relações de força no discurso. Na microestrutura, serão enfocadas as escolhas léxicogramaticais que constituem a metáfora além da avaliação que permeia esse tropo. A força persuasiva da metáfora depende da noção de frames de referência associados a cada escolha lexical: cada escolha desencadeia uma rede mais ampla de associações prototipicamente presentes no uso do termo. A produção de um texto escrito é um processo social porque representa uma interação entre escritor e leitor e, também, porque o texto representa um papel num determinado sistema social, devendo ser entendido no contexto de uma determinada ideologia. Um aspecto importante da ideologia – o sistema de valores – pode ser descrito linguisticamente em termos da avaliação presente nos textos. Na Gramática Sistêmico-Funcional, a avaliação é estudada sob a denominação de Avaliatividade, um sistema que trata do posicionamento do escritor em relação à mensagem e ao interlocutor, em termos de sentimento, julgamento ético de pessoas e apreciação estética de objetos. A pesquisa deve responder às seguintes perguntas: (a) Qual é a função das metáforas que subjazem à personagem de Aristarco? (b) Que escolhas léxico-gramaticais referentes à Avaliatividade constroem as metáforas nesse processo? A Construção Da Comicidade Em "Dom Quixote" Através Da Metáfora: Um Enfoque Sistêmico-Funcional Vanessa Alves Maximo dos Santos Apoiada nos três significados (ideacional, interpessoal e textual) trazidos pela teoria da Linguística Sistêmico-Funcional, proposta iniciada por Halliday, minha apresentação pretende analisar como ocorre a construção da comicidade nas interações linguísticas entre Dom Quixote e Sancho Pança no clássico Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. As escolhas dos elementos que compõem o diálogo entre as personagens - aliado ao entorno em que as ações ocorrem- proporcionam, sem dúvida, o riso e o divertimento. O contato com propostas que aliam a macroestrutura do discurso com a microestutura das escolhas lexicogramaticais do texto original - tal como é feito pela Línguística Sistêmico-Funcional (LSF) – possibilita esse tipo de estudo, que alia discurso e gramática, e contribui para entender o modo como, por meio do deslocamento de falas ou de apropriações linguísticas, a comicidade é elaborada no Quixote. A pesquisa deve responder às seguintes perguntas: (a) De que maneira a metáfora conceitual contribui para a construção do cômico? (b) Que escolhas lexicogramaticais estão presentes no texto? (c) Como se apresenta a metáfora gramatical? . Para tanto, além do uso da LSF, é importante não perder de vista as bases teóricas que fundamentam os estudos sobre metáfora conceitual e gramatical e a relação imprescindível entre língua e contexto, tanto situacional quanto cultural em que foi concebido o romance de Cervantes. Para a GSF, o contexto é de natureza social, envolvendo: (a) Gênero (contexto cultural) e Registro (contexto situacional). A ideologia ocupa um nível superior de contexto, na medida em que, em qualquer Registro e em qualquer Gênero, o uso da língua será sempre influenciado por posições ideológicas (valores, tendências e perspectivas). Implicitude e Persuasão sob enfoque sistêmico-funcional Coordenadores: Sumiko Ikeda – PUCSP Marcelo Saparas - Universidade Federal da Grande Dourados Pelo menos desde Frege, ficou claro para os estudiosos que tratam da língua e do texto (embora o fato já estivesse claro para os profissionais da retórica por milênios) que a apresentação implícita de um conteúdo pode facilitar a persuasão da audiência. A implicitude, além de ser um traço indispensável da língua - cuja primeira função é econômica por natureza - também desempenha um papel importante na comunicação persuasiva. Os conteúdos são expressos de modo implícito principalmente por meio de implicaturas, enquanto a responsabilidade do falante é conservada implícita principalmente por meio da pressuposição e da topicalização. Esses dois fatores – pressuposição e topicalização -, ao esconderem a responsabilidade do falante, parecem alcançar maior impacto de implicitude do que a implicatura (que esconde conteúdo nocional). Essas questões, se vistas da perspectiva da Gramática Sistêmico-Funcional (GSF), seriam consideradas como produtos da característica da linguagem humana de permitir diferentes escolhas léxico-gramaticais para falar de um mesmo assunto. A esse respeito, a Linguística Crítica (LC), com base na GSF, enfoca a seleção que é feita na construção de textos, em fatores que restringem e determinam essas escolhas (i.e., sua causa e seu efeito. A LC envolve a análise ideológica do conteúdo textual implícito, e baseia-se na visão de que textos não são neutros como parecem, pois os processos sociais que levam a escolhas conscientes são escondidos ou feitos opacos na codificação linguística. COMUNICAÇÕES INTERNAS Causa, Condição e Concessão em Função da Persuasão sob o Enfoque Sistêmico-Funcional Claudia Moreira Santos O objetivo desta apresentação é o exame das funções interpessoais dos conectivos causais, concessivos e condicionais - envolvendo também os casos de sua omissão com enfoque no processo persuasivo exercido por esses conectivos. Assim, esta pesquisa centra-se na função pragmática exercida por esses conectivos, além do seu conhecido papel de sinalizar a dependência sintático-semântica em relação à oração principal. Em textos marcadamente argumentativos, tais como artigo de opinião, diálogo e uma redação bem avaliada no exame do ENEM, os conectivos serão examinados tanto como elementos interativos, orientando o leitor no percurso do texto, quanto como elementos interacionais, contribuindo no processo persuasivo, ao estabelecer a lógica da argumentação. A pesquisa tem o apoio da Gramática SistêmicoFuncional (GSF), “um modelo multiperspectivo, designado a dar aos analistas lentes complementares para a interpretação da língua em uso", a qual constrói três significados simultâneos, segundo a orientação da GSF: Ideacional (informação), Interpessoal (interação) e Textual (a organização linguística dos dois outros significados). A referida simultaneidade deve-se ao fato de a língua possuir um nível intermediário de codificação, a léxico-gramática, um conjunto de opções de formas linguísticas concretas, que se relacionam com a estrutura profunda, onde se encontram, por exemplo, posições ideológicas subjacentes. A GSF propicia, assim, o exame da interface gramática/discurso, a aliança entre as formas morfossintáticas da língua com as funções semânticas e pragmáticas a que elas servem na comunicação, ou seja, no uso da língua. A presente pesquisa, com o apoio teórico-metodológico da Gramática Sistêmico-Funcional, responde às seguintes perguntas: (a) como são realizadas as relações de causa, condição e concessão nos textos examinados; (b) qual é o papel dessas relações na persuasão que percorre o texto argumentativo? A Interferência de Discursos: O Texto Multimodal sob o Enfoque Sistêmico-Funcional Eliane Alves de Sousa O objetivo desta apresentação é o exame, de cunho crítico, da persuasão que percorre a "interferência de discursos" em texto multimodal, nas questões que cercam o fastfood e a obesidade, para verificar como os diferentes domínios que oferecem o alimento têm-se manifestado sobre o assunto, e ao consultar o estado da arte dos estudos linguísticos, verifiquei que, devido ao advento da mídia digital interativa e ao uso crescente da tecnologia na comunicação, estávamos cada vez mais cercados por textos com formas complexas, densas, multiniveladas de significado. Há propostas que mostram a interrelação estreita entre os domínios da ciência, da política e da mídia, que governam o discurso da mudança climática. Os três domínios têm seus próprios critérios para julgar uma informação como útil e efetiva, fato que foi chamado de "interferência de discursos" com exigências diferentes vindas de cada domínio. Enquanto a ciência valoriza definições acuradas e objetivas de conceitos, o domínio da política está mais interessado no uso de descobertas de pesquisa para melhorar as políticas que apoiam interesses públicos e privados; já a mídia está mais preocupada com o valor das notícias dessas descobertas e não tanto com o valor científico ou o seu uso como instrumento político. A pesquisa deve responder às seguintes perguntas: (a) Quais são os recursos persuasivos empregados por esses domínios?;e (b) Que papel tem a relação línguaimagem nesse processo? A base teórica para muitas pesquisas realizadas nos estudos multimodais apoia-se na teoria sistêmico-funcional da sócio-semiótica da Gramática Sistêmico-Funcional. Ensaios argumentativo-persuasivos sob a perspectiva Interpessoal: Um enfoque sistêmico-funcional Samuel da Silva O ato de argumentar, de orientar o discurso no sentido de determinadas conclusões, “constitui o ato linguístico fundamental, pois a todo e qualquer discurso subjaz uma ideologia, na acepção mais ampla do termo”. Porém, nossos alunos, na sua grande maioria, encontram dificuldades em argumentar, discutir ou avaliar de modo competente e persuasivo. Assim, este projeto de doutorado analisa o gênero ensaio, examinando o modo como a disposição de recursos interpessoais afeta o sucesso da argumentação na defesa de uma hipótese. Para tanto, efoco a consciência da audiência por parte do escritor do texto, abrangendo dois componentes interpessoais usados no processo persuasivo do leitor: o interativo (referente a pistas no texto para orientar o leitor) e interacional (referente ao posicionamento atitudinal do escritor em relação à mensagem e ao leitor). A pesquisa deve responder às seguintes perguntas: (a) Qual é a estrutura de gênero nos ensaios examinados? (b) Quais são as escolhas léxicogramaticais que realizam a função interacional, bem como a função interativa? A análise tem, basicamente, o apoio teórico-metodológico da Gramática SistêmicoFuncional. A Realização da Persuasão Implícita: Uma Abordagem SistêmicoFuncional Leila Cristina da Silva Aline Fernandes Melo O resultado de uma persuasão retórica é que os participantes devem ser convencidos de que não foram convencidos. Segue-se que a persuasão tende a ser altamente implícita e a evitar a linguagem atitudinal normalmente associada ao significado interpessoal, dependendo em grande parte, por exemplo, do sistema de valores partilhados. A convicção e a sedução são processos que se incluem numa relação de espécie-paragênero, no hiperprocesso da persuasão. Não é preciso dizer que, para persuadir, as reportagens de notícias e comentários sobre assuntos políticos precisam ser mostradas como verdadeiras e plausíveis através da incorporação de feições persuasivas. A convicção envolve uma lista de passos argumentativos que – espera-se - deverão ser aceitos pelo interlocutor. Mas, frequentemente, a persuasão cerceia a participação cognitiva do leitor no processo de aceitar a perspectiva do autor e, nesses casos, podemos falar de “sedução” em vez de convicção. A pesquisa conta com o apoio básico da Gramática Sistêmico-Funcional (GSF), que, por meio das escolhas léxicogramaticais feitas no texto, pode revelar a ideologia e relações de poder no discurso, contando também com contribuições vindas da Pragma-Dialética; da Teoria da Argumentação; da noção de falácia, e deve responder às seguintes perguntas: (a) Como é feita a persuasão por meio da implicitude em textos de divulgação científica e na propaganda? (b) Que diferenças há entre a persuasão presente nesses diferentes gêneros? (c) Como pode a Gramática-Sistêmico-Funcional dar conta desse processo persuasivo? Medidas de qualidade vocal Coordenadora: Zuleica Camargo Alguns elementos que influenciam a qualidade vocal não são enfocados em estudos voltados às correlações entre percepção e acústica, apesar da importância das descrições de qualidade vocal nos campos das alterações vocais, da expressividades e dos estudos interlínguas. Além disso, há poucos estudos enfocando os correlatos acústicos dos ajustes de qualidade vocal que podem ser identificados com o auxílio de avaliação de qualidade vocal com motivação fonética: Vocal Profile Analysis Scheme (VPAS). A descrição detalhada dos correlatos acústicos da qualidade vocal e sua capacidade discriminante no sentido de predição de ajustes de qualidade vocal não é tarefa simples, mas pode auxiliar a delimitação de eventos (laríngeos e supralaríngeos) relacionados à produção e percepção da voz. COMUNICAÇÕES INTERNAS Medidas fonatórias Maurílio Nunes Vieira O objetivo central deste trabalho foi a redução da sensitividade a erros da extração das medidas de freqüência fundamental (f0)e de aperiodicidades fonatórias. Um algoritmo de aumento de imagens de impressões digitais foi usado para estimar medidas de sinalruído a partir de imagens de espectrografia de banda estreita. Este método de estimação espectrográfica da relação sinal-ruído (S2NR) cria máscaras binárias, baseadas essencialmente em orientação de campo dos parciais, para separar a energia em regiões com harmônicos intensos da energia em áreas com ruído. Vogais sintetizadascom ruído adicionado foram usadas para calibrar o algoritmo, validara calibração, e avaliar sistematicamente sua dependência com f0, shimmer (perturbação de amplitude ciclo-aciclo), ejitter (perturbação ciclo-a-ciclo de f0). Em emissões /a/ de falantes disfônicos, valores S2NR e julgamentos perceptivos de soprosidaderevelaramdeclínio não linear de S2NR com o aumento da soprosidade. Comparaçõesentre S2NR e medidas acústicasindicaram comportamentos similaresquanto à relação entre soprosidade e resistência a shimmer, entretanto outros métodos tiveram influênciaem jitter. De maneira geral,o métodoS2NR não resultou em estimação acurada def0 ,foi robusto para perturbações vocais e altamente independentedo tipo de vogal, revelando também potencial aplicação em amostras de fala encadeada. Abordagens estatísticas para medidas de qualidade vocal Luiz Carlos Rusilo Esta apresentação tem como objetivo investigar a capacidade discriminante de algumas medidas acústicas com relação à detecção de ajustes de qualidade vocal pelo roteiro Vocal Profile Analysis Scheme (VPAS). A descrição detalhada dos correlatos acústicos de longo termo e seu poder em predizer os ajustes de qualidade vocal no plano perceptivo não é tarefa simples, mas pode colaborar com a descrição detalhada de eventos relativos à qualidade vocal, especialmente me termos de ajustes das esferas fonatória, articulatória e de tensão. O corpus foi composto por amostras de fala semiespontânea e repetições de 10 sentenças-chave, gravadas num estudo de rádio por 60 falantes. Tais amostras foram analisadas por meio do script SG Expression Evaluator, aplicável ao software PRAAT, que automaticamente extrai medidas acústicas: f0 (mediana, semi-amplitude inter-quartis, assimetria equantil99,5%) e sua primeira derivada(df0- média, desvio-padrão e assimetria), intensidade (assimetria), declínio espectral (SpTt – média, desvio-padrão e assimetria) e espectro médio de longo termo(LTAS frequência desvio-padrão). Análise estatística de natureza multivariada foi aplicada. Os resultados indicam algumas correlações entre algumas medidas de longo termo relativas af0, intensidade, declínio e LTAS e os ajustes de qualidade vocal no plano perceptivo. As entrevistas de confrontação na intervenção e na pesquisa Coordenadores: Eliane Lousada -USP Ermelinda Barricelli - Faculdade Método de São Paulo/Universidade Estadual de Campinas Este simpósio objetiva propor um espaço para a discussão sobre o papel das entrevistas de autoconfrontação nas intervenções em situação de trabalho docente e, também, posteriormente, como geradora de dados para a pesquisa. Proposto por Faïta (Faïta e Vieira, 2003) e desenvolvido por inúmeros pesquisadores da Clínica da Atividade (Clot, 1999, 2001, 2008) e da Ergonomia da Atividade dos Profissionais da Educação (Faïta, 2004, 2011; Amigues, 2002, 2004; Saujat, 2002, 2004), o método da autoconfrontação tem se revelado um importante método para intervir na situação de trabalho, contribuindo para a sua transformação e para o desenvolvimento dos participantes, o que vem sendo retratado em inúmeras pesquisas. Neste simpósio, visamos a apresentar pesquisas baseadas no método da autoconfrontação como método de intervenção na situação de trabalho, dando destaque para o desenvolvimento proporcionado aos participantes e à própria atividade de trabalho. Além disso, objetivamos mostrar pesquisas desenvolvidas a partir das intervenções, explicitando as contribuições do método da autoconfrontação como geradora de dados que permitem estudar o desenvolvimento de profissionais da educação e da atividade de forma dinâmica. COMUNICAÇÕES INTERNAS Diálogo, verbalização, atividade de trabalho: o papel das entrevistas de confrontação no desenvolvimento de professores e tutores Eliane Lousada Nesta comunicação, visamos a apresentar uma pesquisa sobre o trabalho de ensinar uma LE, focalizando o papel das “entrevistas de confrontação” na formação do professor. Procuraremos mostrar como as entrevistas de confrontação, por provocarem verbalizações sobre a atividade de trabalho e diálogos com os pares e consigo mesmo, podem contribuir para a formação de professores com pouca experiência de ensino. Para tanto, apoiamo-nos no Interacionismo Sociodiscursivo, quanto ao modelo de análise de textos e ao conceito de trabalho como uma forma do agir humano (Bronckart, 2006, 2008). Paralelamente, baseamo-nos em duas vertentes das Ciências do Trabalho, que propõem a realização das entrevistas de instrução ao sósia e de autoconfrontação: a Clínica da Atividade (Clot, 1999, 2008) e a Ergonomia da Atividade (Faïta, 2004, 2011; Amigues, 2004; Saujat, 2004). Os textos coletados referem-se a uma situação de formação de professores em fase inicial de carreira que tem as seguintes características: eles aprendem seu trabalho ao exercê-lo; são auxiliados por professores um pouco mais experientes; baseia-se na transmissão de artefatos e instrumentos, desenvolvidos pelo coletivo para a aprendizagem do métier. Nesta apresentação, serão mostradas as análises das produções verbais de professores e tutores voluntários durante uma instrução ao sósia e durante autoconfrontações. A análise apoia-se no quadro teórico-metodológico proposto por Bronckart (1999) e desenvolvido por inúmeros pesquisadores (Bronckart e Machado, 2004; Lousada, 2006; Machado, Ferreira e Lousada, 2011; Lousada, 2011). Nas análises, buscamos evidenciar indícios das escolhas enunciativas dos professores em relação ao tema, em função da percepção que eles têm sobre seu trabalho, seu contexto profissional e sobre si-mesmos, ao mesmo tempo em que procuramos identificar indícios da fala egocêntrica, no sentido vigotskiano, que indica a tomada de consciência sobre seu agir. Os desafios na análise de diálogos em autoconfrontação produzidos a partir de uma intervenção em clínica da atividade no Brasil. Matilde Agero Batista "O objetivo deste trabalho é apresentar e discutir as saídas encontradas frente aos desafios na análise de diálogos produzidos em uma intervenção em clínica da atividade junto à agentes comunitárias de saúde do programa Estratégia de Saúde da Família no Brasil. Salientamos que a análise realizada tinha como objetivo construção de uma tese em francês no seio da equipe de clínica da atividade no CNAM – FR. Focalizaremos os desafios a partir da articulação entre os objetivos da intervenção, os dados empíricos produzidos em tal contexto e as dificuldades no desenvolvimento de objetos científicos próprios a uma tese de doutorado. Nossa discussão será guiada pela coerência entre a utilização de métodos indiretos, mais especificamente a instrução ao sósia, a análise dos diálogos produzidos em situação de intervenção e sua articulação com o objeto de pesquisa: o processo de desenvolvimento do poder de agir dos profissionais sobre seu ofício. No intuito de provocar o debate, apresentaremos brevemente o método indireto de instrução ao sósia e os objetivos da utilização deste método na intervenção; a escolha de um extrato de diálogo produzido na intervenção, o método de análise e a discussão da pertinência da utilização deste método para atingir os objetivos propostos no trabalho cientifico. Afetos e imagens na autoconfrontacao da atividade docente – conflitos e tensões. Ermelinda Barricelli Lavinia Magialino Esta apresentação objetiva colocar em perspectiva o método de autoconfrontação problematizando a noção de afeto, sentimento e emoção (CLOT, 2008) na atividade docente e trazendo à discussão algumas noções de Vigotski sobre essa questão no dramático processo de constituição social do sujeito. No valemos do método denominado Autoconfrontação, desenvolvido pelos pesquisadores da Clínica da Atividade do CNAM (Conservatoire National des Arts et Métiers) e pelo grupo ERGAPE (Ergonomie de l’Activité des Professionnels de l’Éducation). Tomamos como lócus de discussão e elaboração o material empírico produzido entre dois professores que atuam na educação infantil e uma pesquisadora no processo de intervenção e pesquisa. A pesquisa mobilizou um grupo de professores de Educação Infantil de um Centro de Educação Infantil (CEI) da região periférica da Cidade de São Paulo para falarem sobre seu trabalho visando à transformação de conflitos próprios do métier. As autoconfrontações nos mostram de que forma a professora, ao colocar em perspectiva a sua atividade sua postura, seus gestos, sua voz, vai se dando conta dos afetos e das imagens que incidem sobre a sua atividade e a impactam gerando conflitos e tensões. Por meio da interação e do diálogo com seu par e com a pesquisadora, das controvérsias geradas pela autoconfrontação vão se desvelando tensões entre o sentir e o expressar na dinâmica afetiva que repercutem nas possibilidades que se abrem, ou não, à transformação da afetividade e da atividade docente. Atividade de pesquisa, atividade de ensino: o fenômeno da hibridização em questão Ana Luiza Smolka Daniela Anjos O presente trabalho objetiva realizar uma reflexão sobre a relação entre intervenção e pesquisa a partir dos estudos em clínica da atividade. A partir de autoconfrontações realizadas no contexto de uma pesquisa de doutorado (Anjos, 2013) problematizaremos as noções de intervenção e pesquisa propostas pela clínica da atividade, pensando nas especificidades dessa metodologia quando mobilizada no contexto da pesquisa em educação. Autores da clínica da atividade argumentam sobre a importância de distinguir e separar as ações específicas das atividades de intervenção e de produção de conhecimento (Kostulski, 2010). Se compreendemos e apreciamos os argumentos, se concordamos com a afirmação de que os motivos, as ações e as operações (se tomarmos Leontiev em conta, por exemplo) se distinguem nas atividades específicas, e se concordamos também com a possibilidade e/ou a conveniência dessas distinções e separações, ou seja, das orientações específicas das ações com vistas a alcançar determinados objetivos, o que queremos problematizar é justamente a possibilidade de influência e interferência mutua das esferas de atividade. Nosso campo de atuação – o campo educacional, a atividade de ensinar, nos move na investigação de outras condições e possibilidades. Se apreciamos e reconhecemos o valor teórico e metodológico da proposta em Clínica da Atividade, da posição do intervenant e dos procedimentos no processo de intervenção, suspeitamos que a pesquisa e a intervenção no campo da educação, traz uma complexidade e configura especificidades que merecem consideração especial. A partir do conceito de hibridismo de Bakhtin buscaremos analisar como a atividade de pesquisa e de ensino são afetadas uma pela outra. Expressividade De Fala Coordenadores: Sandra Madureira -PUCSP Vera Pacheco - Universidade do Sudoeste da Bahia Este simpósio tem como objetivo discutir questões teóricas e metodológicas relacionadas à pesquisa sobre a expressividade de fala e explorar o uso comunicativo da voz. Serão exploradas questões referentes à atribuição de características motivadas pelos efeitos de sentido que as pistas acústicas podem provocar e por informações explícitas ou implícitas fornecidas aos ouvintes, as quais podem ser estar relacionadas a fatores tais como: nacionalidade, gênero, idade, classe social, condição física, estado emocional e personalidade, entre outros. Devido à relevância dos elementos prosódicos na expressão e percepção de fala, será dada ênfase ao papel que a prosódia tem nesse contexto de investigação da fala. Treinamentos que visam melhorar a performance comunicativa serão apresentados e discutidos. COMUNICAÇÕES INTERNAS Gestos faciais, curva de f0 e ênfase Vera Pacheco Durante uma conversa, os ouvintes estão a todo tempo realizando movimentos com o corpo. Esses movimentos informam intenções, interesses, sentimentos de quem fala. Para Kendon (2004, p1), “[...] it is through the orientation of the body, and especially, through the orientation of the eyes, that information is provided about a direction and nature of a person’s attention”. Partindo desta constatação, nossa hipótese é que muitos dos gestos realizados pelo falante podem ocorrer quando o mesmo intenciona destacar partes da situação comunicativa que ele julga pertinentes, aquelas partes para as quais ele quer enfatizar para o seu ouvinte. Na fala essas ênfases podem ser obtidas majoritariamente pela elevação do tom, ou, em certos contextos, pelo abaixamento. Neste trabalho propomos avaliar se é possível estabelecer uma relação entre ênfase, gestos e pitch contour. Nós nos propomos avaliar se numa situação comunicativa em que auditivamente a ênfase está presente, há gestos que ocorrem simultaneamente, de que natureza eles são e qual a configuração da curva de f0 neste exato momento. Enfim, discutiremos se a ênfase é um recurso linguistico marcado ao mesmo tempo pelo aumento e abaixamento de tom, identificado no sinal acústico pela curva de f0, e por movimentos corporais específicos. Avaliação de fala e voz antes e após treinamento da performance comunicativa em jovens universitários Aveliny Lima-Gregio A realização de debates e a apresentação de trabalhos estão presentes na rotina dos estudantes e, certamente, continuarão presentes quando eles se tornarem profissionais. O objetivo do presente estudo realizado por LIMA-GREGIO AM, CELESTE LC, SILVA MA, SEIXAS JMA é avaliar os aspectos de fala e voz antes e depois de treinamento fonoaudiológico para o aprimoramento da performance comunicativa de jovens universitários. Participaram 28 universitários, entre 20 a 24 anos de idade, oriundos dos cursos de saúde do campus UnB Ceilândia, exceto do curso de Fonoaudiologia. O treinamento foi realizado como parte de uma disciplina que ocorria uma vez por semana durante 2 horas. Durante o treinamento foram ministradas noções sobre os aspectos de fala e voz analisados, a saber: articulação, velocidade de fala, pausas, melodia e intensidade. A avaliação desses aspectos foi realizada pelos próprios alunos (autoavaliação) em gravações de vídeos de suas apresentações antes do treinamento e após o treinamento. Também foi realizada avaliação por três fonoaudiólogas experientes na área, que assistiram aos mesmos vídeos (58 no total), de maneira aleatória e cega. A comparação dos resultados antes e após o treinamento fonoaudiológico mostrou diferença estatisticamente significante para todos os aspectos de fala e voz avaliados, tanto pelos próprios alunos quanto pelas fonoaudiólogas. As palavras cantada, falada e declamada Juliana Andreassa Este trabalho aborda as faces e as interfaces de três formas de linguagem oral. São seus objetivos: discutir os papéis das palavras cantada, falada e declamada; investigar como essas formas de linguagem oral interagem e são produzidas em uma peça teatral; e analisar o impacto impressivo de cada uma dessas formas, uma vez que as palavras falada, cantada e declamada têm finalidades expressivas diversas.Para atingir os objetivos propostos serão conjugadas três tipos de análises: acústica, perceptiva e da estrutura organizacional da peça teatral “Totatiando” interpretada por Zélia Duncan. A análise acústica será utilizada para verificar as diferenças de produção entre os três estilos, a perceptiva, que implicará na aplicação de um questionário de diferencial semântico a um grupo de juízes, será utilizada para investigar o impacto impressivo da sonoridade dos estilos mencionados e a análise da estrutura organizacional investigará como é realizada a alternância entre as palavras cantada, falada e declamada na peça. A expressividade da fala do intérprete Layla Penha Esta comunicação contempla a interpretação simultânea, modalidade inserida dentro da área de Interpretação de Conferências. O objetivo deste estudo é verificar analisar como as características da fala interpretada podem influenciar a avaliação de qualidade e compreensão da mensagem produzida pelo intérprete. Participam como sujeitos da pesquisa doze intérpretes de conferência, do sexo feminino. As intérpretes foram audiogravadas em uma fala semi-espontânea e durante a interpretação simultânea de uma palestra. Três segmentos amostrais representativos do discurso (nas posições inicial, medial e final da palestra) foram selecionados para a realização de um estudo perceptivo. Por meio de um questionário com base na escala de Likert aplicado a 90 juízes, foram avaliados os efeitos impressivos da produção oral dos intérpretes. Os resultados foram discutidos para verificação de similaridades e diferenças entre as avaliações. Embaraços do Falante na Relação com a Escrita de sua Língua Coordenadora: Profa. Dra. Norma Desinano - Universidade De Buenos Aires Este simpósio discute, a partir de perspectiva original, a relação do sujeito falante com a escrita de sua língua materna. A teorização que subjaz às discussões parte do reconhecimento de que, na relação do sujeito com a linguagem, sempre opera a ordem equivocizante da língua (la langue), assumida como alteridade radical em relação ao sujeito, o que responde pelo fato de que ele falha quando fala ou escreve: o falante/escrevente tropeça na língua materna, já que ela não é interiorizável. A linguagem não é concebida, portanto, como conhecimento internalizado, i.e., ela não é assimilável à subjetividade. Os trabalhos abordam, desde este posto teórico, a relação de sujeitos-falantes com a escrita em tempos e condições diversas de sua estruturação: crianças com dificuldades no processo de alfabetização; professores frente a produções escritas; adolescentes ou jovens adultos em situação de avaliação; surdos frente à escrita do português; psicóticos em oficinas de escrita. COMUNICAÇÕES INTERNAS Problemas del hablante en relación con la escritura de la lengua materna Norma Desinano Sobre la base de la teoría de la Dra. Cláudia Lemos sobre la adquisición del lenguaje, este trabajo se propone ahondar en la problemática de errores que aparecen en la escritura de hablantes adolescentes y adultos jóvenes que, a pesar de haber logrado aparentemente un buen manejo de su lengua materna en la escritura, presentan errores frecuentes en el desarrollo de textos escolares de evaluación. Estos errores, de índole variada, abarcan tanto el nivel de la morfología y de la sintaxis, como el del léxico y se extienden a la puntuación y a la ortografía. La característica fundamental de estos errores es que su aparición es aleatoria y sus características crean fragmentariedad en los textos y alteraciones en su discurrir. Quien escribe no suele descubrirlos y eventualmente el profesor que los lee, los descarta como fallos no significativos o como resultado del desconocimiento de ciertos aspectos relacionados con la gramática (oracional o textual), con la puntuación o incluso con la ortografía. La hipótesis de este trabajo es la de que estos errores no se deben específicamente a desconocimiento de la lengua materna o de su escritura, sino que en la situación de hallarse frente a la necesidad de poner por escrito sus saberes en relación con un discurso nuevo para él, se hace más evidente la fluctuación señalada por Lemos en el plano de la adquisición que hace que el sujeto al ser capturado por la lengua no reconozca la diferencia entre lo convencional y lo no convencional y por tanto no haya escucha de sus errores. En el caso del adolescente o el adulto joven, no es la lengua la que se plantea como eje de la captura sino que es el discurso el que coloca al sujeto en una situación de inestabilidad en relación de sus conocimientos sobre la lengua. Este trabajo, retomando el punto de partida propuesto por Lemos, se apoya en la hipótesis de que ante las exigencias de subjetivarse en un discurso nuevo, el sujeto pasa por posiciones similares a las de la adquisición de la lengua, en este caso respecto de los nuevos discursos. Letramento surdo: língua materna; escrita e subjetividade. Marianne Carvalho Bezerra Cavalcante Um dos impasses que a escola contemporânea enfrenta está em garantir acessibilidade a todos os seus alunos. Assim, o lema da inclusão tem sido exaustivamente promovido visando à promoção da educação para todos. Buscamos refletir acerca do aluno surdo que se insere na escola brasileira que para ter garantido o acesso bilíngue como se explicita em documentos oficiais, precisa ter acesso à sua língua de sinais - a LIBRAS e ao letramento na segunda língua - no caso, o português brasileiro. Caberá então à instituição escolar garantir esse letramento bilíngue (QUADROS; SCHMIEDT, 2006; QUADROS, 2010), de tal modo que o surdo tenha garantido o uso de sua língua materna e a proficiência na escrita da segunda língua. No dia a dia da escola, a realidade apresentada é bem diferente, há a presença de uma língua majoritária - o português oral e escrito, e, na presença de um intérprete de Libras, uma língua que surge “nas brechas” da sala de aula, e insiste em se materializar desde os primeiros rabiscos escritos pelos alunos surdos, a Libras. E é sobre a emergência dessa língua nos textos em português escrito dos alunos surdos o foco desse trabalho. Assim, visamos compreender como, mesmo diante das restrições que o sistema da escrita da L2 - português brasileiro escrito- impõe, a saber: submetimento a um sistema ortográfico, a uma ordem sintática que não é de sua língua materna, a um modelo de gênero textual, a um letramento baseado em consciência fonológica, a Libras emerge na escrita do aluno surdo, singularizando sua relação com o texto. Para isso, trabalharemos com produções de alunos surdos do Ensino Fundamental de uma escola pública de João Pessoa, mostrando o enfrentamento deste “bilinguismo” nos textos singulares. A “criança turbulenta” na escola: sobre a escuta do professor. Sônia Fachini Na área da Saúde, problemas relacionados à fala/escrita costumam ser tratados clinicamente. O discurso médico faz o diagnóstico e indica os procedimentos terapêuticos a serem realizados na terapia da fala. Testes de avaliação, subsidiados por instrumentos gramaticais da linguística, são aplicados como medida dos “desvios”. Erros acabam sendo classificados e quantificados. O objetivo é circunscrever “padrões” sintomáticos. Nesse enquadre, a linguagem é reduzida a comportamento observável. Tal tratamento empírico da fala leva à exclusão de dados relevantes – a heterogeneidade sintomática é anulada, já que a aspectos singulares da relação sujeito-linguagem é obscurecida. Esse tipo de raciocínio transcende o domínio da Saúde Pública e encontra lugar no campo da Educação, em que as crianças são avaliadas de forma semelhante e, surpreendentemente, na esteira dessa influência vem a medicalização de “crianças turbulentas" (WALLON, 2007), aquelas que se agitam e se angustiam frente à dificuldade de aquisição de leitura e escrita – crianças com “defasagem escolar”. Entre elas há aquelas que mal adquirem sua língua materna. Refiro-me, aqui, a crianças autistas e psicóticas. A legislação brasileira, desde 1999, afirma que a escolarização dessas crianças e de outras com diferentes tipos de dificuldades deve acontecer no sistema regular de ensino: elas devem ser incluídas. O presente estudo aborda a experiência de sua autora, como “professora especialista”, numa sala de Educação Infantil que tem duas crianças autistas. O foco está dirigido para a “escuta” de professores, que aparece nos discursos sobre essas crianças. O pressuposto é que discursos são reflexos de uma escuta que molda a prática docente, as expectativas em relação à educação das crianças, as possibilidades de inclusão social / educacional. Discurso nunca são neutros: afetam o falante e o outro diretamente. De fato, é notável o “mal-estar” dos professores quando lidam com crianças refratárias ao laço social; que não mostram curiosidade pelo conhecimento ou não entram no regime das relações e trocas sociais (BASTOS & KUPFER, 2010). Argumenta-se aqui que a discussão da prática pedagógica tradicional da proposta teórica alternativa apresentada neste estudo abre possibilidades de mudanças nesse cenário. Embaraços do falante na sua relação com a escrita de sua língua: erros, rasuras e correções. Irani Maldonade O trabalho tem como objetivo refletir sobre as práticas de leitura e escrita no processo terapêutico fonoaudiológico de duas crianças submetidas ao atendimento clínico, na clínica-escola do curso de graduação em Fonoaudiologia da Unicamp. Elas foram encaminhadas à terapia fonoaudiológica por seus professores, pois apresentavam dificuldades no processo de aquisição da leitura e escrita e conseguiam ter êxito nas atividades escolares. Uma delas chegou a ser diagnosticada como disléxica. No trabalho desenvolvido, ao invés de enveredar pela discussão de protocolos de avaliação e terapia fonoaudiológicas, que tomam a língua como um objeto de contornos bem nítido, que é aprendida uniformemente pelas crianças (em etapas gradativas de complexidade estrutural, que acabam por definir uma ordem, que serve de roteiro para o trabalho clínico nos distúrbios de leitura e escrita), propõe-se, aqui, discutir-se a relação da criança com a língua/linguagem (oral e escrita), a partir de uma perspectiva interacionionista em aquisição da linguagem, em que o diálogo com o outro é fundante. Neste sentido, privilegiou-se o papel que a fala tem nas construções escritas das crianças. Destaca-se aqui que o papel marginal que a fala ocupa na Linguística aparece como consequência da definição da língua como seu objeto. Na visão clínica tradicional, de maneira geral, a oralidade é tida como pré-requisito para o processo de aquisição da leitura e escrita pelas crianças. Diferentemente, neste trabalho, fala e escrita são concebidas, aqui, como produções discursivas que apontam para a relação singular do sujeito falante com sua língua materna em seu processo de aquisição da linguagem. Deste modo, os erros, as rasuras e autocorreções, nos textos das crianças foram analisados. Observou-se que a fala assume caráter essencial e premente no processo de aquisição da leitura e escrita. Os dados analisados permitiram observar que as marcas de subjetividade nas produções escritas dessas crianças, apontam para aspectos específicos da relação de cada sujeito falante com sua língua materna, ou seja, pontos que cifram (marcam de modo único) sua relação com a língua ao constituir-se como sujeito falante e/ou escrevente. Tecendo suportes de enunciação com a escrita João Trois Este texto propõe analisar a relação de pacientes psicóticos com a escrita, a partir do trabalho realizado no Projeto de extensão e ação comunitária do Centro Universitário Metodista, do IPA, realizado junto à AGAFAPE (Associação Gaúcha de Familiares de Pacientes Esquizofrênicos), que tem como propósito exercitar o “fazer com a língua” em oficinas criativas com pacientes esquizofrênicos, assim como favorecer o (re)estabelecimento do enlaçamento social e simbólico dos mesmos via criação artística. Parte-se do pressuposto de que os elementos não semantizados do delírio, que subvertem uma língua, possam ganhar expressividade num processo criativo com a linguagem, que pode gerar condições de possibilidade para tecer, na língua, seu suporte de enunciação. O papel, enquanto superfície de escrita, faz mediação e metaforiza a pele como suporte de inscrição do corpo na linguagem. Parafraseando Llansol, escrever é visceralidade: mediação e passagem de um Ele exterior a um eu inscrito. Possibilidade de inscrever-se como sujeito ao escrever. Arte de “fazer com a língua” se expressa nas palavras escritas por Leonardo na oficina: “O silencio fala com beleza. Se não escuto, um dia escutarei, se não entendo um dia entenderei. (...). Observo o mudo e o surdo e concluo que existe magnitude de expressão enquanto les se comunicam através de gestos. (...) Um dia escutaremos o que nos dizem, um dia desvendaremos sem que nos falem, os mistérios que o silêncio oculta.” (O lado oculto do silêncio). Se a poesia está no mundo antes de estar no poeta, talvez ela nos ajude no estabelecimento de algumas proposições estéticas sobre o trabalho com a escrita enquanto uma prática possível de inscrição do sujeito. A gestualidade facial expressiva Coordenadores: Mario Fontes -PUCSP Marcos Bragato - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Este simpósio visa debater questões relacionadas à potencialidade expressiva dos movimentos faciais. Serão considerados os instrumentos analíticos, principalmente o Facial Action Coding System (FACS), desenvolvido por Paul Ekman e Wallace Friesen, os trabalhos desenvolvidos por Freitas Magalhães na análise de expressões de emoção, sentimento, atitude e de aferimento de verdade e os contextos variados em que a análise da expressão facial pode ser aplicada. A expressão facial é um tipo de linguagem nãoverbal que tem fundamental importância na interação humana, na veiculação de emoções e atitudes, na expressão artística e nos contextos clínicos e forenses (identificação de falantes) bem como em aplicações de variadas naturezas, entre elas, comerciais para fins de otimização da prestação de serviços automatizados, publicitárias, no estudo do reconhecimento das emoções dos consumidores ao observarem alguma peça ou produto e até as sociais que visam oferecer melhores condições às pessoas com deficiências. COMUNICAÇÕES INTERNAS A expressão facial de emoções de alegria e tristeza Mario Augusto Souza Fontes Olavo Toma Ribeiro Este trabalho visa dar continuidade a uma pesquisa que abordou as relações entre os gestos vocal e visual na identificação de emoções básicas, introduzindo o protocolo Facial Action Coding System (FACS), desenvolvido por Paul Ekman e Wallace Friesen para o estudo da expressão facial. O objetivo é investigar qual a relevância da introdução das variáveis do FACS para a identificação de duas emoções básicas (a alegria e a tristeza) dentre um conjunto de outras emoções por meio da análise das expressões faciais de sujeitos videogravados ao relatarem narrativas pessoais. Para tanto, a metodologia utilizada foi a de verificar visualmente os movimentos faciais nas produções de enunciados das narrativas, os estímulos da pesquisa, por meio de teste de avaliação perceptiva aplicado a um grupo de 34 juízes, estímulos esses identificados como relacionados com expressões de emoções de alegria e de tristeza, e posteriormente considerá-los por meio de um tratamento estatístico com os métodos HCPC, FAMD e FMA para verificar as correlações entre movimentos faciais e expressão de emoções. Os resultados demonstraram que os estímulos relacionados à alegria e tristeza são de fato bastante opostos e destacados das demais emoções, e que o protocolo FACS é uma ferramenta de grande relevância para a análise das expressões faciais. A face de quem dança: vincos e expressões faciais não são neutros Marcos Bragato Alexandre Araújo de Oliveira Hoje, uma vaga parece querer repovoar os vincos das faces de artistas da dança de vertentes contemporâneas. Urdida historicamente na proposta pantomímica de JeanGeorges Noverre, aliada com o romantismo e com a produção de Marius Petipa, a expressão facial das emoções é deliberadamente desfeita como tentativa por Merce Cunningham e os mentores do movimento na Judson Dance Theater, nos anos 1960, e se difunde como norma entre linhagens da dança contemporânea. Como se vincos e expressões faciais das emoções pudessem se constituir em espectros a serem afastados. Propomos um modo à leitura do que parece nunca estar ausente por meio da hipótese do psicólogo estadunidense Paul Ekman das expressões faciais das sete emoções básicas ou universais. Aplicada à leitura de produtos artísticos em dança, não se quer saber se essas expressões podem ser aferidas como “reais” aos que as ostentam, mas sim apontar a existência de ferramentas que podem questionar a sua ausência em tais produtos. Pensar como um continuum desafiador, a partir das Expressões Faciais Básicas, nos ajuda na correção do senso comum vertido na crença do quente e frio, e robustece a análise do que ali se apresenta como dança. Que podem abrir um território para se arguir por regularidades da involuntária estereotipia facial ou, como agora, deliberada aliança com as expressões faciais básicas por meio de vestígios faciais e vestígios oculares, com a profícua ajuda da classificação proposta pelo neurocientista português António Damásio e, em especial, a do estado de ânimo. Talvez, desse modo possamos arguir por heurística progressiva, no sentido popperiano (Karl Popper), embora possamos nos encontrar em terreno especulativo. A (nova) expressão facial de ansiedade Vinícius Ferreira Borges Mario Francisco Juruena Roberto Estanislau Celio Um estudo britânico forneceu evidências preliminares acerca da existência de uma expressão facial (EF) da emoção relacionada a ansiedade. No intuito de investigar aspectos da exibição e do reconhecimento dessa suposta EF na cultura brasileira, adaptamos um método para verificar se EFs posadas em resposta a cenários ansiogênicos são distinguíveis de outras EFs da emoção por meio da análise do consenso no julgamento de observadores. Assim, conduzimos um estudo de duas fases, envolvendo a produção e o julgamento de EFs. Na primeira fase, 7 atores posaram EFs em resposta a narração de cenários emocionais distintos. As poses foram gravadas em vídeo e comparadas visualmente entre si. Imagens estáticas (frames) de EFs foram extraídas desses vídeos para compor alternativas de respostas de tarefas de múltipla escolha. Na segunda fase, 100 participantes responderam a 21 tarefas de múltipla escolha, julgando qual das EFs retratadas nas alternativas melhor correspondia ao cenário emocional descrito. Os dados foram analisados quanto ao número de acertos nas tarefas de correspondência entre cenário e EF. Os resultados indicaram que cenários ansiogênicos produziram EFs específicas, caraterizadas pelo comportamento de avaliação de risco e consensualmente distinguidas de outras EFs da emoção. Nossos resultados são consonantes com os do estudo britânico, sugerindo que marcadores faciais específicos podem informar estados de ansiedade. Ademais, nosso estudo adiciona evidências acerca da universalidade da EF de ansiedade. Influências de gênero e sexualidade no reconhecimento de expressões faciais Tammy Andrade Motta Rosana Suemi Tokumaru Bruno Moreto Finn Denielly Scherrer Borges Menezes Pedro Henrique Coutinho Luppi Este trabalho buscou investigar, com base na Psicologia Evolucionista, as possíveis influências de gênero e sexualidade no reconhecimento de expressões faciais e na empatia. Foram elaborados questionários utilizando fotografias de 07 voluntários expressando as emoções Alegria, Tristeza, Surpresa, Medo, Nojo ou face neutral; e a Escala de Contágio Emocional (Gouveia et al, 2007). Participaram 210 pessoas, 85 homens e 125 mulheres, entre 18 e 35 anos. Destas, 48,2% declarou-se heterossexual; 30%, homossexual e 17,3%, bissexual. No geral, a frequência de acertos foi alta (85,92%), sendo que as expressões Tristeza e Medo apresentaram as menores frequências (79,1% e 53,6%). Não houve diferença significativa nas médias da escala de acordo com os acertos ou erros de reconhecimento das expressões (Teste t para amostras independentes). Por outro lado, observou-se diferença significativa nos valores de acerto da expressão Alegria em relação a orientação sexual do participante (teste ANOVA, F (207, 209) = 5,85; p < 0,01). O teste post hoc SCHEFFE indicou que homossexuais apresentaram média superior de acerto de reconhecimento da expressão Alegria (m = 1,14; DP = 0,35) quando comparados a heterossexuais (m= 1,02; DP= 0,14) e bissexuais (M= 1,03; DP= 0,16), sendo que os dois últimos não diferiram significativamente. Mão na Massa: A Linguística Aplicada na Prática do PIBID Coordenadores: Tania Regina de Souza Romero - Universidade Federal de Lavras Valdeni da Silva Reis - Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri O objetivo desse simpósio é discutir, à luz de aportes teórico-metodológicos diversos da Linguística Aplicada, a formação do professor de língua adicional, tendo como cenário o PIBID de Inglês em diferentes instituições. As discussões apresentarão ações e pesquisas decorrentes do Programa, focadas nas práticas de sala de aula, na (des)construção identitária do futuro professor e/ou do professor em serviço e em aspectos referentes à formação inicial e/ou continuada do professor de língua inglesa. COMUNICAÇÕES INTERNAS Percepções de Pibidianos na sua Formação Pré-Serviço: A Contribuição do PIBID na Formação de Professores de Língua Inglesa a partir de Atividades Realizadas em uma Escola Pública do Piaui Beatriz Gama Rodrigues O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (PIBID) tem por objetivo contribuir para a formação de futuros docentes através da sua participação ativa no contexto escolar. Visa à valorização do profissional através de experiências vivenciadas pelos mesmos durante sua formação, possibilitando uma reflexão de como as teorias precisam ser associadas com a prática (Cf. UFPI, 2014). Muito se tem discutido sobre a formação pré-serviço de professores de língua inglesa nos últimos anos; entre as pesquisas publicadas na área, algumas abordam quais aspectos seriam fundamentais para a formação de um profissional eficiente de língua inglesa (Leffa, 2011, Rodrigues, 2007, entre outros). Esta apresentação tem como objetivo analisar a contribuição que o PIBID traz para a formação e prática de futuros docentes na área de Língua Inglesa, através de reflexões e experiências colaborativas entre coordenadores do curso de graduação, professores supervisores em formação continuada e bolsistas no seu processo de formação pré-serviço. Os dados analisados foram coletados por meio de questionários e entrevistas com os atores, participantes do PIBID de língua inglesa da UFPI em 2014. As textualizações produzidas pelos participantes foram analisadas com base na Abordagem Hermenêutico-Fenomenológica (Ricoeur, 1990, van Manen, 1990 e Freire, 2007). Espera-se que as reflexões observadas possam despertar novas inquietações e pesquisas sobre a formação de professores de língua inglesa em instituições de ensino superior do Brasil. Não só de VerboTo Be (Sobre)Vive o Ensino da Língua Inglesa: Apresentando e Discutindo (Re)Ações do PIBID-Inglês/UFVJM Valdeni da Silva Reis Iniciado em março de 2014, o PIBID/Inglês da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, intitulado “Não só de ‘verbo to be’ sobre(vive) o ensino da língua inglesa”, foi formulado sob o desejo de desenvolver ações focadas em um trabalho colaborativo, envolvendo formação inicial e continuada do professor de língua inglesa contribuindo diretamente para a melhoria e reestruturação do processo de ensino-aprendizagem da língua inglesa em escolas regulares tido, comumente, como infrutífero, ineficiente ou paralisado em estruturas descontextualizadas como o famigerado “verbo to be”. Assim, a presente proposta está focada no desenvolvimento do projeto PIBID-Inglês em duas escolas estaduais das cidades de Diamantina e Gouveia – MG. De modo mais específico, o trabalho pretende abordar expectativas, impactos, reflexões e angústias vivenciadas pelos participantes envolvidos no projeto, a saber, Bolsistas ID, Supervisoras e Alunos das escolas parceiras, no segundo ano de atuação do/no subprojeto.Para tanto, serão analisadas atividades desenvolvidas no subprojeto a partir de diários reflexivos e/ou relatos escritos pelos participantes e questionários respondidos pelos alunos. A investigação está apoiada em construtos da pesquisação-colaborativa e em princípios e procedimentos da análise de discurso. Resultados preliminares indicam mudanças significativas no ensino e na aprendizagem da LI nas escolas envolvidas. Percebemos, portanto, que a participação dos envolvidos no projeto tem se mostrado como uma conflituosa e instigante experiência de precipitação ou reestruturação da prática didática impulsionando deslocamentos identitários, mobilizando representações e revelando novas e surpreendentes formas de se descobrir professor e/ou aluno da língua inglesa em nossas escolas públicas. Avaliando a Experiência: reflexões de PIBIDers da UFLA Tania Regina de Souza Romero Aline Fernandes Melo Tomando como foco a experiência de licenciandos e supervisores participantes do PIBID de Inglês recentemente iniciado na Universidade Federal de Lavras, o objetivo desta apresentação é discutir suas percepções de aprendizagem conforme narradas em reflexão escrita em final da primeira etapa. Participam do Programa quatro escolas públicas - uma Estadual e 3 Municipais -, envolvendo 20 licenciandos, 4 professores supervisores e 4 educadores. O Projeto desenvolvido visa inicialmente conhecer o contexto escolar para que, a partir do estudo que dele se faz e juntamente com o professor de cada escola, a equipe elabore planos de ação e material didático que atenda as necessidades e desejos do grupo foco. Durante os primeiros meses, portanto, os licenciandos observaram as aulas de inglês, discutiram suas percepções com toda a equipe, estudaram e debateram documentos oficiais (como o CBC - Conteúdos Básicos Comuns de Inglês - MG), bem como outros textos teóricos sobre ensino-aprendizagem de inglês. Ao longo desse tempo, escreviam diários em que narravam suas percepções e entendimentos (Reichmann, 2013). Ao final do primeiro período escolar, a coordenadora geral solicitou que fizessem uma auto-avaliação reflexiva da experiência PIBID, com base em 3 perguntas orientadoras: Qual foi o efeito que o PIBID teve em você?; Como você acha que contribuiu ou pode contribuir para a escola?; Dê sugestões e/ou faça comentários sobre sua experiência. Visa-se aqui identificar, então, percepções de aprendizagem teórico-prática durante o processo, bem como reflexões sobre a experiência que possam impactar a formação docente. Fundamentam nosso olhar conceitos de constituição da identidade profissional (Romero, 2011), rede de significações (Rossetti-Ferreira, Amorim e Silva, 2004) e formação de professores de línguas (Celani, 2011). O intuito é que as auto-avaliações alimentem novas reflexões e criem espaços para desenvolvimentos potenciais de todo o grupo. As Múltiplas Faces da Linguagem: desafios metodológicos da pesquisa em uma perspectiva discursiva Coordenadores: Vera Lúcia de Albuquerque SANT’ANNA - Universidade do Estado do Rio de Janeiro Ana Raquel Motta - Faculdades de Campinas Este simpósio tem como objetivo abrir discussões sobre encaminhamentos metodológicos de pesquisas que tenham a perspectiva discursiva como orientação principal para os seus fundamentos teóricos. Espera-se que as propostas inscritas explicitem questões metodológicas enfrentadas por cada participante no desenvolvimento de sua atividade de investigação. Garantidos estes princípios, o Simpósio deverá possibilitar a reflexão sobre as dificuldades de análise de diferentes objetos de estudo, em particular, quando esses exigem que se enfrentem desafios na aproximação entre o campo dos estudos da linguagem a outros campos, sejam estes relacionados ao trabalho, à música, à filosofia, à economia, à política, à história etc. COMUNICAÇÕES INTERNAS O show da fé em análise dialógica: reflexões acerca dos encaminhamentos metodológicos de pesquisa Kelli da Rosa Ribeiro Nesta comunicação, levantamos discussões a respeito dos encaminhamentos metodológicos de uma pesquisa de doutorado em andamento, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Na pesquisa, elaboramos análise enunciativo-discursiva, ancorada nos pressupostos teóricos bakhtinianos, do discurso religioso televisivo Show da fé, veiculado na TV Bandeirantes. Norteamos nossa pesquisa sob a seguinte questão: como acontece a relação de tensão entre vozes sociais instaurada no processo de bivocalização da palavra do outro no discurso religioso do programa Show da fé da Igreja Internacional da Graça de Deus, considerando os aspectos verbais e não verbais, valorativos e sócio-históricos envolvidos no processo e tendo em vista a concepção dialógica da linguagem? Para responder esse questionamento e aprofundar as reflexões em torno do objeto oriundo de duas esferas articuladas, a saber, a religiosa e a midiática, recorremos à teoria dialógica do discurso, desenvolvida pelo Círculo de Bakhtin, como embasamento teórico central e estabelecemos um diálogo teórico-metodológico com autores de diferentes áreas do conhecimento, tais como Patrick Charaudeau que trata de questões que envolvem mídia e publicidade, Dany-Robert Dufour que trata do Consumo na contemporaneidade e Ricardo Mariano e Antônio Pierucci que tratam do neopentecostalismo no Brasil. Tendo em vista a complexidade do discurso religioso em foco que circula amplamente na esfera midiática televisiva, interpelando uma grande massa de sujeitos com uma publicidade mais ou menos velada, elencamos duas questões norteadoras que encaminharão nossas discussões: a) de que maneira encaminhamos os procedimentos metodológicos da pesquisa, situando o objeto nas áreas de interface? b) quais os princípios metodológicos adotados para análise dos discursos selecionados? Esperamos mostrar resultados preliminares das análises dialógicas realizadas, aprofundando o debate em torno dos discursos neopentecostais na mídia televisiva e seus sentidos produzidos em relação à diversidade de vozes concorrentes. A atividade de revisão textual em contexto acadêmico: questões sobre procedimentos metodológicos da pesquisa Vanessa Fonseca Barbosa Partindo da consideração de que uma das decisões mais importantes para o desenvolvimento de uma pesquisa está na organização metodológica adotada e, considerando também que aí consiste um dos maiores desafios do pesquisador, este trabalho tem por objetivo estabelecer um diálogo sobre os procedimentos metodológicos selecionados para a realização de uma pesquisa de doutorado em andamento, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). O objeto de estudo selecionado consiste na atividade de trabalho do revisor de textos desenvolvida em teses acadêmicas. Sabe-se que a procura pelo trabalho de revisão textual tem ampla demanda no universo acadêmico, todavia costuma caracterizar-se por uma atividade bastante silenciada. Ademais, há poucos estudos de base enunciativo-discursiva que investigam o fazer do revisor de textos. Dessa forma, com vistas a contribuir com as pesquisas sobre a atividade de revisão textual e com a melhor compreensão da própria atividade de trabalho, a pesquisa apresentada busca analisar de que maneira ocorre o imbricamento das vozes do autor e do revisor na versão final de teses que passaram pelo processo de revisão. Teoricamente, a pesquisa ancora-se nos postulados do Círculo de Bakhtin e estabelece um diálogo com os trabalhos da Ergologia. O material de análise consiste basicamente em diálogos estabelecidos entre revisor e autor, bem como em excertos das produções de textos que passaram por revisão, com vistas a observar reflexos e refrações de vozes que compõem os discursos em circulação e as posições axiológicas assumidas pelo revisor e pelo autor de textos. Tendo em vista a complexidade dessa atividade, buscamos discutir no simpósio a respeito dos métodos adotados e da necessidade de definir e organizar outros instrumentos, tais como entrevistas e questionários, para dar conta do objetivo da pesquisa. As dramáticas do uso de si de jovens empreendedores Vivian Cristina Rio Stella Cada vez mais brasileiros sonham em abrir seu próprio negócio, especialmente os jovens na faixa etária entre 18 e 35 anos (GEM, 2012). O objetivo deste trabalho é analisar as dramáticas do uso de si por si e pelos outros (Schwartz, 2010) de dois jovens empreendedores, com idade entre 30 e 35 anos, a fim de responder à seguinte pergunta: em que medida as práticas e normas instituídas por eles para gerir suas próprias empresas se assemelham ou se distanciam das práticas e normas consolidadas na gestão de negócios? O foco da análise deste trabalho são as verbalizações desses empreendedores apreendidas em entrevista gravada em áudio, em que foram tematizadas as motivações deles para empreender as experiências de trabalho em outros ambientes profissionais e as práticas e desafios de empreender. Pautados pela abordagem ergológica, podemos (i) observar como o debate de valores e as dramáticas do uso de si emergem fortemente em seu discurso, (ii) afirmar que os empreendedores procuram criar novos prescritos em seu empreendimento para evitar replicar sofrimentos no trabalho pelos quais passou em outros ambientes profissionais, (iii) verificar uma replicação de normas antecedentes em certos contextos profissionais, especialmente em interações dos empreendedores com profissionais externos ao seu negócio. Produção de subjetividade do professor e do aluno nas aulas de redação Juliana Rettich Este trabalho tem por objetivo apresentar a possibilidade de extrapolar os limites da sala de aula e do conteúdo programático para as aulas de redação do ensino médio, pontuando uma nova relação entre língua e contexto. Para tal fim, alguns dispositivos de produção de subjetividade serão analisados, como textos levados pela professora e textos produzidos por alunos do primeiro ano do ensino médio de um colégio da rede privada da cidade do Rio de Janeiro de 15 a 17 anos, bem como as discussões que eles levam para dentro da sala, modificando muitas vezes os rumos dos planos de aula e demonstrando suas necessidades reais de aprendizado. Isso significa mostrar também que, na sala de aula, o professor não é o único responsável pela produção de subjetividade do aluno: tal formação se dá num processo de duas vias, no qual aprendiz e professor têm suas subjetividades produzidas interacionalmente. Essas análises se darão com base em estudos de Gilles Deleuze, Félix Guattari e Michel Focault, acerca de produção de subjetividade, dispositivos e agenciamentos coletivos. Para analisar como os alunos relacionam o que foi visto em sala e suas experiências aos textos que precisam produzir a partir dos temas apresentados pela professora, será utilizado o conceito de rede (LATOUR, 1994) e o de coletividade (ESCÓSSIA; KASTRUP, 2005). Novos olhares e propostas de formação de professores de línguas Coordenadores: Maria Antonieta Alba Celani -PUCSP Maria Eugenia Witzler D'Esposito - Faculdade Cultura Inglesa As instituições buscam oferecer uma experiência de formação docente que possibilite inserção no campo profissional, uma vivência e reflexão sobre a prática docente e do ensino-aprendizagem de línguas em vários contextos, além da própria formação. Para tal, acreditamos ser necessário repensarmos e revisitarmos os espaços de formação, tendo uma nova visão e concepção do que seja o processo da formação docente, rompendo com práticas consolidadas do paradigma tradicional, buscando novas propostas, possibilidades e parcerias que contemplem novas visões e concepções acerca da formação de professores de línguas. Este simpósio reúne professores formadores de instituições e de localidades diversas cujas pesquisas contemplam novas propostas, visões e concepções de formação de professores na graduação, nas reuniões pedagógicas, na residência docente e no mestrado profissionalizante. O objetivo, ao compartilhar as experiências de pesquisa é oferecer subsídios para questionamentos e reflexões que levem ao desenvolvimento de novos saberes a respeito da formação de professores e práticas. COMUNICAÇÕES INTERNAS A temática étnico-racial na formação continuada de professores de línguas Irene Izilda da Silva Este trabalho propõe uma reflexão acerca da experiência identitária vivida por um grupo de professores de línguas inglesa e espanhola da educação básica, em uma escola particular da cidade de São Paulo, ao participarem de um curso livre online de formação continuada de professores sobre questões de ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras e as relações étnico-raciais. O desenho do curso se deu a partir do projeto pedagógico da escola, as expectativas de aprendizagem para a Educação Étnico-Racial contida nas Orientações Curriculares (SME-SP, 2008), a Lei 10.639/03, bem como as necessidades expressas pelo grupo de professores que atuam neste contexto baseados em suas experiências identitárias e de formação. A pesquisa tem por arcabouço teórico a perspectiva da complexidade (MORIN, 2005, 2008, 2011, 2013 e outros), a formação de professores para o ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras (CELANI, 1997, 2001, 2003, 2004), o viés identitário (MUNANGA, 2004, 2005) que perpassa as experiências de vida e a identidade negra (SILVA, 2006). A relevância da trajetória se apresenta na medida em que pretende fornecer subsídios para a produção de conhecimento e das relações étnico-raciais no campo da educação/formação e contribuir para a desconstrução de estereótipos e valores expressos pela linguagem que por vezes persistem no contexto escolar A interdisciplinaridade na formação pré-serviço do professor de língua estrangeira Eliana Carvalho Os cursos de formação de professores de língua estrangeira ainda desenvolvem suas atividades seguindo uma estrutura curricular trazendo o pré-requisito como essencial para que futuros professores prossigam seus estudos durante a graduação. É gritante a necessidade de atualização de metodologias, conteúdos, estratégias e a maneira de desenvolver as atividades de avaliação. Uma inovação possível é o desenvolvimento de atividades seguindo uma abordagem interdisciplinar que trabalha buscando integrar conteúdos, professores e alunos. A interdisciplinaridade na graduação de língua estrangeira (pré-serviço) possibilita o diálogo entre os componentes curriculares de cada semestre seguindo um eixo temático que orienta as ações e possibilita a compreensão da interdisciplinaridade não como um quebra-cabeças disciplinar, mas como uma atitude educacional onde as interligações pessoais, metodológicas e acadêmicas são possíveis. Os estudos de Fazenda (1979, 2008, 2011 etc), Celani (2004) e Japiassu (1976) são alguns pilares que norteiam o desenvolvimento de cada semestre. Uma mudança de postura no ambiente educacional é possível com a utilização da abordagem interdisciplinar em um novo fazer pedagógico. A tutoria na formação de professores de língua inglesa Maria Eugenia Witzler D’Esposito Esta comunicação tem o intuito de apresentar o projeto de tutoria sendo desenvolvido na licenciatura de letras – Inglês, de uma instituição particular e sem fins lucrativos de ensino superior na cidade de São Paulo, objeto de estudo de uma pesquisa de pós- doutoramento. A tutoria é um componente da matriz curricular da instituição ao longo dos quatro anos do curso que se caracteriza como um espaço de acompanhamento e orientação contínuos do ensino-aprendizagem e de aprimoramento da formação específica do graduando, caracterizando-se, assim, como uma nova proposta de formação de professores de língua inglesa. O objetivo é oferecer aos professores em formação atividades que possibilitem a produção de conhecimento reflexivo; autonomia intelectual, pessoal e acadêmica, bem como o desenvolvimento de habilidades que enfatizem o aprender a aprender, aprender a fazer e aprender a ser professor. Nesta comunicação apresentarei o projeto da tutoria sendo desenvolvido na pesquisa de pósdoutoramento salientando seu caráter complexo e interdisciplinar (MORIN, 2005, 2006, 2008, 2011, 2013; MORAES, 2006, 2008; FAZENDA, 2008, 2011) a partir da literatura a respeito da tutoria (NIETO, MUNÕZ, SANTAOLALLA, GARCÍA & GONZÁLEZ, 2005; PÉREZ, 2006; FERNÁNDEZ, 2011, entre outros) e da formação de professores (DEWEY, 1933; 1938; SCHÖN, 2000, 2001; CELANI, 2004). Formação continuada: Mestrado Profissional e Programa de Residência Docente. Rogério da Costa Neves Recentemente a formação continuada de professores ganhou diferentes vertentes em âmbito nacional. Essas novas vertentes enfatizam a formação docente a partir da prática que este profissional traz como parte da sua experiência e têm como compromisso a formação deste docente para atuação nas escolas públicas espalhadas pelo país. Esta comunicação pretende apresentar com base nas teorias da complexidade (MORIN, 2005, 2006; MORAES ,2008, 2010) e nas teorias de formação de professores (DEWEY, 1933; 1938; SCHÖN, 2000, 2001; ZEICHNER, CELANI,2004; PINEAU, 2005) as interpretações dos primeiros textos gerados por meio de One minute papers e entrevistas semiestruturadas com professores da educação básica engajados em dois programas de formação continuada: o Programa de Residência Docente (especialização para professores da rede pública recém formados - CAPES) e o Mestrado Profissional em Práticas da Educação Básica, ambos sediados no Colégio Pedro II no Rio de Janeiro. A abordagem metodológica utilizada nesta pesquisa é a abordagem hermenêuticofenomenológica (van MANEN, 1990; FREIRE, 2005, 2007). Os objetivos mais amplos desta pesquisa de pós-doutoramento são o de verificar as motivações que levam este profissional a escolherem este tipo de programa, os porquês de continuarem sua formação, as transformações pelas quais percebe passar ao longo deste processo e os efeitos que esse tipo de programa tem sobre os profissionais e sobre sua prática docente. As Múltiplas Faces da Linguagem: desafios / possibilidades teóricas da pesquisa em uma perspectiva discursiva Coordenadores: Maria Del Carmen González Daher - Universidade Federal Fluminense Maria da Glória Corrêa di Fanti - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul/Fundação de Amapro à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul Este simpósio tem como objetivo abrir discussões sobre desafios e possibilidades teóricas a partir de uma perspectiva discursiva, reconhecendo a produtividade de um investimento conceitual interdisciplinar. Espera-se que as propostas inscritas explicitem questões teóricas enfrentadas pelo pesquisador no desenvolvimento de sua atividade de investigação. Garantidos estes princípios, o Simpósio abordará impasses teóricos de natureza variada que possibilitem a aproximação do campo dos estudos da linguagem a outros campos, sejam estes relacionados ao trabalho, à música, à filosofia, à economia, à política, à história etc. COMUNICAÇÕES INTERNAS Uma abordagem discursivo-pragmática de discussões em plenário legislativo sobre reserva de vagas em universidade pública Isabel Cristina Rodrigues Nesta apresentação, pretendemos expor a base metodológica de composição de um córpus de pesquisa a partir das discussões em plenário do projeto de lei 1653/2000, conduzido na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), que deu origem à lei 3524/2000, já revogada, que dispunha sobre critérios de seleção e admissão de estudantes da rede pública estadual de ensino em universidades públicas do estado do Rio de Janeiro. A pesquisa em questão teve como objetivo principal investigar as continuidades e rupturas existentes entre o referido projeto e a lei aprovada. Partindo da hipótese de que o material de análise revelava um uso da linguagem próprio do trabalho do parlamentar, estabelecemos três questões de pesquisa: 1) a organização do material selecionado poderia ser feita com base em um uso particular da linguagem?; 2) esse uso particular da linguagem estaria associado a marcas linguísticas que caracterizariam discursivamente o trabalho dos parlamentares?; 3) que efeitos de sentidos esse uso da linguagem permitiria reconhecer no debate que estava sendo realizado?. Considerando critérios específicos, selecionamos quatro falas de deputados para a construção do córpus, o que se fez a partir da noção de forças ilocucionárias (AUSTIN, 1990 [1962]). Com base em marcas linguísticas regulares contidas nos grupos desses segmentos, foi possível realizar associações entre forças ilocucionárias e as categorias de etos comunidades de discurso e interdiscurso (MAINGUENEAU, 1993, 2005 [1984], 2006, 2014). Com essas associações, pudemos apontar relações entre trabalho parlamentar e linguagem, entendida como forma de ação no mundo. A noção de memória discursiva: reflexões e impasses enfrentados em um dispositivo comemorativo Beatriz Adriana Fialho Cronemberger Esta apresentação tem como objetivo apresentar algumas reflexões sobre a noção de memória discursiva. Incorporar e articular essa noção no nosso projeto de doutorado, A instituição da data do 12 de outubro: um dispositivo comemorativo, em fase final de elaboração, se revela muito profícua. Ao mesmo tempo, necessariamente, essa escolha teórica afeta a constituição do recorte/corpus bem como sua análise. A essa dificuldade intrínseca acrescenta-se o fato de nosso recorte/corpus estar constituído por diversas materialidades semióticas. A investigação está filiada à linha Teoria do texto, do Discurso e da Interação da área Estudos da Linguagem, e encontra-se no cruzamento da História e da Análise do Discurso que considera os estudos enunciativos. Para a fundamentação teórica recorremos, entre outros autores, a Bakhtim (2000 [1979]), Maingueneau (2008), Foucault (2007 [1969]), Courtine (1981) e Paveau (2013). Relações dialógicas em revista infantil: processo de adultização de meninas Cristhiane Ferregett No presente trabalho analisam-se reportagens impressas, veiculadas na revista especial Recreio Girls, que tem como público-alvo meninas de seis a onze anos. Do montante de cinco exemplares publicados da revista, selecionaram-se três reportagens, que constituem o corpus de investigação. O objetivo do trabalho é analisar como o discurso publicitário se engendra na tessitura discursiva de reportagens da Revista Recreio Girls e que efeitos de sentidos produz no que se refere à adultização precoce da menina. Dada a particularidade do objeto e os desafios teóricos instaurados, o estudo parte de considerações a respeito da criança em uma perspectiva sócio-histórica e desenvolve reflexões sobre a comunicação de massa, publicidade em geral e publicidade para crianças, incluindo-se também uma abordagem sobre a legislação específica. Do ponto de vista discursivo, enfrentando impasses concentuais entre os estudos da linguagem, da infância e da mídia, busca-se respaldo nos pressupostos do Círculo de Bakhtin de modo a iluminar questões interdisciplinares. As análises são desenvolvidas qualitativamente, observando os diversos elementos verbais e verbo-visuais que constituem as reportagens selecionadas. A partir da análise, conclui-se que as reportagens apresentam diversas características do discurso publicitário, como apresentação de marcas e preços de produtos. Observa-se um empenho do locutor em se aproximar da criança e conquistar sua confiança, usando para isso uma variação de tom, ora de um locutor infantil, ora de um adulto que quer – aparentemente – cuidar e proteger. Conclui-se que o discurso publicitário, mais ou menos aparente, se engendra em diferentes materialidades discursivas e estimula, por meio de enunciados verbais e não-verbais, o processo de adultização precoce da menina, a fim de promover e incentivar o consumo de produtos normalmente desnecessários para uma criança. Revisitando a clínica da voz: uma perspectiva enunciativa bakhtiniana Flavia Fialho Cronemberger Na história acadêmico-científica da Fonoaudiologia na área da clínica da voz, destacamse três diferentes concepções teóricas: um viés mais organicista, uma perspectiva mais psicanalítica e a clínica compreendida pela filosofia bakhtiniana. Analisando os trabalhos publicados em periódicos nacionais, constata-se o predomínio de uma memória sócio-histórica organicista no horizonte fonoaudiológico na área da clínica da voz, questiona-se a partir de quais concepções teóricas, nos dias atuais, os professores que ministram as disciplinas em voz podem estar trabalhando. Nesse sentido, o objetivo principal dessa pesquisa é observar e analisar aspectos constituintes do processo de formação de um grupo de alunos de graduação em Fonoaudiologia, em um estágio supervisionado na área da voz, visando refletir sobre a importância de se estar atento, nesse espaço de formação, à sócio-historicidade constitutiva dos sujeitos dele participantes. Este estudo é uma pesquisa longitudinal de caráter qualitativo que segue princípios bakhtinianos concernentes à pesquisa no campo das ciências humanas. Foram filmadas supervisões, atendimentos clínicos e realizadas entrevistas com um grupo de alunas, uma professora e duas pacientes que compuseram um estágio supervisionado em uma instituição de ensino superior por um semestre letivo. Das gravações e observações realizadas, foram analisados enunciados de uma professora, de um grupo de alunas e de uma paciente em atendimento. Ficou constatado que o estudante, ao compreender mais a clínica como um espaço em que se amplia a teoria organicista e ao observar o sujeito de forma fragmentada, não em sua complexidade constitutiva, pouco valorizou a escuta das vozes da paciente no processo terapêutico. Pondera-se que a abordagem enunciativo-discursiva bakhtiniana, quando incorporada à formação do aluno, pode ajudá-lo a compreender mais as singularidades e complexidades que envolvem cada processo terapêutico, inclusive as que remetem ao lado biologizante de cada sujeito, contribuindo para a realização de atendimentos clínicos e supervisões mais efetivas. Tarefas, Planejamento Estratégico e sua interface com ASL Coordenadores: Raquel Carolina Souza Ferraz D'Ely - Universidade Federal de Santa Catarina Maria da Glória Guará Tavares -Universidade Federal do Ceará Esse simpósio objetiva discutir o papel de tarefas e planejamento estratégico e sua interface com questões de ensino e aprendizagem de Inglês como língua adicional. Os estudos desse simpósio partem do conceito de tarefa (Ellis, 2003) - abordagem de ensino cujo foco recai em questões de significado em contexto de foco na forma e do planejamento estratégico (Foster & Skehan, 1996) como atividade que oportuniza aos alunos preparação para a tarefa que está por vir. Guará –Tavares no estudo intitulado Tarefas de tradução e os processos mentais dos aprendizes durante a fase de planejamento pré tarefa investiga os processos nos quais 16 alunos se engajam ao fazer uma tarefa de tradução oral tendo 10 minutos para planejar. Xhafaj, com ênfase no processo de planejamento estratégico em pares no estudo intitulado Um é bom. Dois é melhor? O impacto do planejamento em pares revisa dois estudos ((Xhafaj, Muck, & D’Ely, 2011 e Xhafaj, 2014) cujos resultados apontam para a não superioridade do processo de planejar em pares, quando comparado à oportunidade de planejamento individual ao fazerem uma tarefa oral. Com o objetivo de trazer luz à questão instrucional do processo de planejamento estratégico, Specht investiga o impacto da instrução desse processo no desempenho oral e na percepção de 6 acadêmicos de Letras- Inglês no estudo intitulado O ensino de planejamento estratégico e o seu impacto na produção oral e na percepção de futuros professores de inglês. Com um olhar para o conceito de tarefa e sua interface com questões de avaliação, Farias e D`Ely em Comparando a atuação dos alunos e revelando suas percepções em uma avaliação embasada em tarefas, investigam o impacto de um teste-tarefa em uma população de 32 participantes divididos em dois grupos. Questões acerca da implementação e análise de tarefas e planejamento estratégico também serão discutidas. COMUNICAÇÕES INTERNAS Tarefas de tradução e os processos mentais dos aprendizes durante a fase de planejamento pré tarefa Maria da Glória Guará Tavares O presente estudo tem como objetivo investigar os processos mentais dos aprendizes durantes o planejamento de uma tarefa de tradução oral. 16 estudantes de língua inglesa fizeram uma tarefa de tradução oral em que tiveram 10 minutos para planejar as suas tarefas em pares. Os resultados parecem mostrar que ao planejar os estudantes se engajaram em buscas e escolhas lexicais, planejamento organizacional, acurácia gramatical e monitoramento durante o planejamento, corroborando estudos anteriores (Ortega, 2005; Guará-Tavares, 2011). Ademais, tempo para planejar também as levou a notar lacunas em sua interlíngua (Swain, 1985, 1995). As implicações pedagógicas em relação ao uso de tarefas de tradução no tratamento da habilidade da fala também são discutidas. Um é bom. Dois é melhor? O impacto do planejamento em pares Donesca Puntel Xhafaj Segundo Skehan (1996; 1998), ao manipularmos uma tarefa ou as condições da mesma, podemos torná-la mais (+) ou menos (-) desafiadora e, dessa forma, aumentar (ou diminuir) as chances de o foco-na-forma (Long, 1991) acontecer. Uma vez que Ortega (2005) reportou que alguns de seus participantes reclamaram da falta de ajuda no momento do planejamento pré-tarefa, poderia se esperar que o planejamento em pares fosse uma condição onde o foco na forma tem maiores chances de acontecer. Para testar essa possibilidade, dois estudos (Xhafaj, Muck, & D’Ely, 2011 e Xhafaj, 2014) foram conduzidos para avaliar os benefícios do planejamento em pares no desempenho de brasileiros quando estes produzem linguagem oral em inglês (LE) depois de terem tido 10 minutos para planejamento (individual ou em pares) da tarefa. O principal resultado, em ambos os estudos, foi que o planejamento em pares não apresentou nenhuma vantagem com relação ao individual no que tange complexidade, fluência, ou acurácia no uso da LE. Ao analisar as respostas dos participantes a um questionário pós-tarefa com relação aos processos nos quais eles se engajaram durante o planejamento, independentemente da condição (i.e., individual ou em pares), o foco foi o mesmo: a formulação e a organização da mensagem que deveriam falar. Quando perguntados sobre a sua opinião com relação à condição na qual fizeram o planejamento, os participantes disseram que gostaram de planejar em pares e também que conseguiram perceber benefícios nesse tipo de planejamento. No entanto, essas possibilidades ofertadas pelo planejamento em pares não os levaram a produzir linguagem que fosse mais acurada, fluente, e complexa do que a produzida quando o planejamento foi individual. A sugestão é que, para que o foco-na-forma tenha maiores chances de acontecer, é preciso guiar os aprendizes nesta direção enquanto eles estão planejando estrategicamente. O ensino de planejamento estratégico e o seu impacto na produção oral e na percepção de futuros professores de inglês André Luis Specht A presente comunicação tem como objetivo apresentar um estudo que investigou o impacto da instrução em planejamento estratégico no desempenho oral e percepção de 6 aprendizes brasileiros de inglês como L2. Os participantes, acadêmicos de Letras-Inglês da Unicentro-PR, campus Irati, produziram três tarefas de narrativas de imagens sob três condições diferentes: (1) sem tempo para planejar; (2) com tempo para planejar; e (3) com tempo para planejar depois de sessões instrucionais sobre como planejar. Além do mais, os participantes responderam um questionário após a realização de cada tarefa com o objetivo de conhecer as suas opiniões sobre as condições e as tarefas. Análises quantitativas e qualitativas foram conduzidas para examinar o desempenho oral dos participantes na dimensão da acurácia e percepção do processo, respectivamente. No geral, as análises estatísticas revelaram que o planejamento estratégico não produziu impacto significativo no desempenho oral dos participantes em nível de acurácia antes e depois das sessões instrucionais. Contudo, resultados estatísticos beiraram significância nas narrativas orais produzidas depois das sessões instrucionais, o que sugere um efeito positivo do planejamento estratégico e da instrução na produção oral em nível de acurácia. As análises qualitativas dos questionários pós-tarefa forneceram evidências positivas do papel da instrução em planejamento estratégico no que diz respeito à percepção dos participantes e ao uso de estratégias de aprendizagem durante o tempo para planejar. Estas descobertas podem contribuir para o campo da aquisição em L2 e ensino de língua estrangeira. Comparando a atuação dos alunos e revelando suas percepções em uma avaliação embasada em tarefas Priscila Fabiane Farias Raquel Carolina Souza Ferraz D'Ely A Abordagem Baseada em Tarefas (ABT) propõe o ensino comunicativo através do uso de tarefas (Skehan, 2003). Da mesma forma, pesquisadores na área de aquisição de segunda língua percebem a importância da coerência entre a abordagem usada em sala para ensino e para testagem. Considerando esse contexto, o presente estudo teve como objetivo investigar o impacto de um “teste-tarefa” – isto é, um teste escrito que contém elementos de tarefa – no desempenho linguístico de alunos de Inglês como segunda língua, na tentativa de entender a relação que o teste tem com a abordagem metodológica utilizada além de desvelar as percepções dos alunos sobre o instrumento avaliativo. Trinta e dois participantes, divididos em grupo 1 (cujas aulas seguiram o livro didático) e grupo 2 (cujas aulas seguiram a ABT), responderam ao “teste-tarefa” e a um questionário pós-tarefa. O desempenho dos dois grupos foi comparado fazendo uso de testes-T e considerando acurácia, complexidade e outcome como medidas de análise. Uma apreciação qualitativa das respostas dos alunos no questionário também foi conduzida. Os resultados em relação as medidas de acurácia e complexidade se apresentaram não significativos estatisticamente enquanto que uma significância aproximada foi encontrada para a medida de outcome. Além disso, as respostas dos questionários demonstraram que os alunos perceberam elementos de tarefas no teste, usando-os para classifica-lo como uma ferramenta eficaz de avaliação. Os resultados enfatizam a importância de uma abordagem coerente entre ensino e testagem. Atualidade dos estudos enunciativos: perspectivas antropológicas do estudo da linguagem Coordenadores: Silvana Kissmann - Universidade do Vale do Rio dos Sinos Silvana Silva - Universidade Federal do Pampa O objetivo deste simpósio é promover entre seus participantes um espaço de discussão que, com bases em teorias enunciativas da linguagem e nos estudos ergológicos, sinalize para a configuração de uma abordagem antropológica da enunciação. Parte-se do princípio da indissociabilidade entre homem e linguagem, presente, particularmente, nos estudos pioneiros de E. Benveniste, de M. Bakhtin bem como no conceito de atividade de trabalho cunhado pela abordagem ergológica de Yves Schwartz e na perspectiva da Teoria do Ritmo de Henri Meschonnic. Propõe-se que a experiência humana se coloca e se situa na e pela linguagem, numa relação indissociável entre eu e tu, dialogicamente constituídos no seio da sociedade, no seio de uma cultura. São apresentadas pesquisas que demonstram a produtividade dessa visão de enunciação e seu potencial heurístico não apenas para o campo dos estudos da linguagem, mas também para iluminar questões que dizem respeito à instauração da experiência humana em diferentes práticas sociais, especificamente, o contexto hospitar e o contexto educacional. O encontro reúne estudiosos de quatro instituições: UNISINOS; UNIPAMPA; IFSUL e ISEI. COMUNICAÇÕES INTERNAS As práticas de trabalho coletivo de uma equipe multiprofissional de uma Uti Neonatal: um estudo na interface entre enunciação e ergologia. Silvana Kissmann Este estudo apresenta, com base na Teoria da Enunciação de Émile Benveniste e na abordagem ergológica de Yves Schwartz, um dispositivo teórico-metodológico para produzir saberes sobre a atividade de trabalho de uma equipe multiprofissional. O round constitui-se em uma reunião de trabalho de equipes multiprofissionais da área da saúde realizada para discutir sobre o processo saúde-doença de forma integral e humanizada. Nosso objetivo é compreender como a noção de cuidado em saúde é co-construída pela equipe multiprofissional de trabalhadores no round realizado em uma UTI Neonatal. Para tanto, valemo-nos da concepção de linguagem da teoria da enunciação benvenistiana e do conceito de atividade de trabalho desenvolvido pela ergologia. A pesquisa é de natureza qualitativa e a coleta de dados foi realizada em uma UTI Neonatal de um hospital da rede pública localizado na região sul do Brasil. O material de análise é composto pelos dados gerados durante o período de observação participante de treze rounds –– registro realizado em diário de campo – e pela transcrição do áudio de dois rounds. Os dados revelam que, na noção de saúde co-construída pela equipe multiprofissional no round, emergem: as dificuldades do trabalho com as quais o trabalhador precisa lidar; o debate de normas e de valores atravessados pelo saber técnico e pelo saber constituído na experiência; as renormalizações produzidas através da negociação entre os pares (dramáticas do uso de si por si e pelos outros). Além disso, o round configura-se como um espaço de escuta e de acolhimento que serve para estabilizar a equipe. A comunhão fática: no limite do diálogo? Cláudia Redecker Schwabe Rosângela Markmann Messa Em seu célebre texto, O aparelho formal da enunciação, Émile Benveniste explicita, de forma direta, o que entende por enunciação, bem como apresenta seus aspectos gerais, a saber: (a) o aspecto da realização vocal da língua; (b) o aspecto da conversão da língua em discurso; (c) o aspecto do locutor e, por ele, o da subjetividade na linguagem; (d) o aspecto do quadro figurativo. Após essas considerações, Benveniste passa a questionar se pode haver diálogo fora da enunciação, ou enunciação sem diálogo, ou seja, ele se pergunta sobre os limites da noção de enunciação. Nessa discussão, refere-se ao fenômeno da comunhão fática como estando situado nos limites do diálogo. A comunhão fática foi definida pelo antropólogo B. Malinovski como um tipo de interação em que nada há a comunicar, mas apenas fórmulas ritualizadas a trocar com o propósito de manter uma atmosfera socializadora. Este trabalho propõe-se a problematizar o papel da comunhão fática na enunciação. Nosso objetivo é encontrar subsídios para pensar a comunhão fática como um fenômeno linguístico que não pode ser descrito aprioristicamente como um tipo de interação que se situa nos limites do diálogo, mas merece ser estudado na e pela enunciação. Desse modo, a comunhão fática pode ser tomada como ponto de apoio para observar as relações intersubjetivas que se estabelecem na atividade de trabalho do professor. A construção de consenso em reuniões do Conselho Escolar: contribuições da linguística da enunciação e da ergologia para entender a atividade de trabalho do gestor Rosângela Markmann Messa Este trabalho investiga, com base na teoria enunciativa de Émile Benveniste e na perspectiva ergológica de Yves Schwartz, o processo de formação de consenso em reuniões do Conselho Escolar de uma escola evangélico-luterana, localizada na Região Metropolitana de Porto Alegre. Da teoria enunciativa benvenistiana, utiliza-se a concepção de linguagem, segundo a qual a língua fornece um sistema formal de base de que o indivíduo se apropria pelo ato de linguagem, renormalizando-a em um estilo particular e único. Da perspectiva ergológica, vale-se da concepção de atividade de trabalho, que ensina que há sempre uma distância entre as normas antecedentes, reguladoras do fazer, e o trabalho realizado, que é a todo momento singularizado e renormalizado pelo indivíduo na realização de sua atividade de trabalho. Ambas as teorias levam em consideração a subjetividade que é inerente à linguagem e à atividade de trabalho. A pesquisa é de natureza qualitativa e toma por objeto de estudo interlocuções entre gestor escolar, coordenadora administrativa e integrantes do Conselho Escolar. A partir da análise das interlocuções é possível afirmar que o consenso é co-construído pelos participantes na interação; que ele é formado a partir da instauração de um “eu” e de um “tu”, que falam de um “ele”, em um aqui-e-agora específicos; que ele é resultado de um processo dilatado no tempo, induzido pela própria instituição e reprodutor dela, em que diferentes participantes desenvolvem atividades específicas relacionadas a seu papel e, com isso, vencem etapas de desenvolvimento lógicas e necessárias no âmbito das ações que lhe competem. Da linguagem do professor em formação: em busca de uma Linguística do Falante Silvana Silva Neste trabalho, apresentaremos uma proposta de compreensão do que poderia ser o projeto de uma “metassemântica da enunciação”, dimensão da significação linguística aberta por Émile Benveniste em “Semiologia da língua” e em “O aparelho formal da enunciação” (PLG II). O objetivo desta comunicação é apresentar a construção da análise uma forma complexa do discurso: o diário reflexivo contido no Relatório de Estágio Supervisionado de Língua Portuguesa, do Curso de Letras da UNIPAMPA. Para constituir os movimentos do sujeito em seu próprio discurso, tomaremos, do lado da Linguística da Enunciação, os conceitos de sintagmatização, atualização e pessoalização (Flores et. al, 2009); do lado da Linguística do Falante tomaremos os conceitos de ritmo (Meschonnic, 1982), acento discursivo sobre o parceiro (Benveniste, 1989; Silva, 2013) e fraseado (Dessons, 1997). Tomaremos, para a análise, dois momentos de construção do Diário: antes e depois da aula de avaliação presencial do supervisor da prática docente do professor em formação inicial. Os resultados são os de que a intervenção da professora supervisora impulsiona a prática docente e se agrega de forma positiva ao trabalho do estagiário. Linguagem e educação na perspectiva do letramento: reflexões e ações em processo Coordenadores: Rosineide de Melo - Fundação Santo André Paulo Rogério Stella - Universidade Federal de Alagoas Este simpósio apresenta resultados parciais de pesquisas em andamento na área de ensino e aprendizagem de línguas. Os trabalhos apresentados compõem um quadro bastante amplo do trabalho em escolas do ensino básico e regular e em universidades públicas e privadas no que diz respeito à formação com vistas à construção da cidadania de deveres e direitos (SOUZA SANTOS, 1993), às reflexões a respeito de inclusão e exclusão social (GROSFOGUEL, 2012) na perspectiva dos fluxos transculturais na relação entre local e global (PENNYCOOK, 2010). A perspectiva teórica dos trabalhos aponta para a concepção dialógica de língua/linguagem (BAKHTIN/VOLOCHINOV, [1929] 2010), às questões discursivas relacionadas à produção, circulação e recepção dos gêneros nos diversos campos de atuação humana (BAKHTIN, [1979] 2010), aliadas às noções de letramento em suas diversas modalidades e tratamentos: letramento visual, crítico e social, multiletramento etc, conceitos esses advindos de correntes teóricas complementares em muitos aspectos. Dessa perspectiva, a metodologia de coleta de dados predominante nas pesquisas envolve reflexões acerca dos fluxos identitários dos participantes entendidos como seres em constante processo de alteração pelo contato com o outro, objetivando o reposicionamento ético-político (FREIRE, 2001) dos participantes no processo. Os resultados demonstram a importância da autorreflexão como processo formativo não somente do pesquisador em relação a sua pesquisa, mas também dos participantes em relação a si mesmos e aos outros que os constituem. COMUNICAÇÕES INTERNAS Cinema e Identidade: Letramento Visual nas aulas de Cultura e Literatura Andrea Cotrim Silva Visamos problematizar a questão do uso do cinema na universidade e/ou na escola que, ao longo dos anos, serviu, meramente, como entretenimento ou suporte secundário para ilustrar as aulas de diversas disciplinas. Em nosso trabalho, o cinema assume sua essência de “obra de arte” e nos desafia na apreensão de uma linguagem multimodal, em que som, texto verbal e sonoro fundem sentidos múltiplos. O estudo do cinema imbrica, também, o aprendizado de sua estética fílmica, a qual tece questões sociais e identitárias relevantes para os debates mobilizados em sala de aula; dentre elas, o racismo e outras estruturas desiguais de poder, na figuração de personagens cujo gênero, a classe social, a cor da pele, o nível de escolaridade, o padrão corporal, a espiritualidade e/ou a linha de pensamento sofrem algum tipo de exclusão. A representação do Outro, na chave da violência estética, seja ela plástico-imagética, física, sonora, linguística ou simbólica, e a recepção destes conceitos, pelo viés do Letramento Crítico Visual é, portanto, o fio condutor da nossa pesquisa com alunos do ensino superior em Letras, durante as aulas de Cultura e Literatura Norte-Americana, ministradas em uma universidade localizada na cidade de São Paulo. A política de narração dos filmes escolhidos tange a premissa de que a “violência” é, em última instância, qualquer forma de silenciar o Outro (Vattimo, 2015) e que a “representação” desta violência se dá na partilha do sensível, ou seja, no modo pelo qual se determina a relação de saberes partilhados em um conjunto comum (Rancière, 2010). Por fim, planejamos mostrar o que está em andamento em nosso projeto (questionários, entrevistas, debates e filmagens), mediante a anuência dos alunos. Letramento e tecnologia: encontros possíveis pelos caminhos do discurso e da etnografia Andrea da Silva Pereira O presente trabalho discute as relações entre propostas didáticas de letramento e uso de tecnologia no contexto de duas pesquisas que ocorrem no Mestrado Profissional em Letras – PROFLETRAS -, da Universidade Federal de Alagoas – UFAL. A esse propósito, lança-se mão da abordagem teórico-metodológica da Etnografia combinada com noções da concepção dialógica da linguagem de Bakhtin e seu Círculo. A primeira pesquisa, propondo um trabalho de letramento a partir das narrativas digitais com vistas à formação social crítica de alunos do 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública inserida em um contexto de acentuada vulnerabilidade social em Maceió, em Alagoas, aponta para a importância do percurso etnográfico do professor na busca por instaurar diferentes práticas letradas em sua sala de aula. A segunda pesquisa, que propõe a produção escrita dos blogs digitais na esfera de atividade cultural do cinema como estratégia para ampliar as práticas de letramento dos alunos do 8º ano de uma outra escola pública localizada em Marechal Deodoro, município de Alagoas, mostra como o uso do ambiente digital colabora para a instauração de deslocamentos discursivos tanto do professor como dos alunos em relação à noção de tema, no sentido bakhtiniano, de língua única como valoração ideológica em sala de aula. Práticas multiletradas em oficinas de produção de texto: exercitando o novo ethos Rosineide Melo As práticas multiletradas exigidas pelo mundo contemporâneo impõem desafios diários a docentes e pesquisadores de todas as áreas, uma vez que os novos letramentos não são privilégio das disciplinas relacionadas a língua/linguagens. O objetivo deste trabalho é apresentar proposta, portanto, experimental, cuja finalidade é proporcionar espaço para o diálogo e o debate das diversas culturas e linguagens, de forma inter/transdisciplinar e, com isso, desenvolver (novas/outras) competências e habilidades em estudantes do Ensino Fundamental II na produção de textos multissemióticos. O embasamento teórico-metodológico que norteia o estudo retoma a concepção – revisitada por Rojo (2013) de gêneros do discurso, de orientação bakhtiniana; as discussões sobre multiletramentos, propostas pelo Grupo de Nova Londres (1996); e o entendimento acerca do novo ethos, caracterizador da hipermodernidade, por Lankshear e Knobel (2007). A proposta está organizada para ser realizada em oficina de texto direcionada à concretização de projeto multissemiótico (blogue, revista virtual ou outro), compreendendo desde a estrutura composicional do suporte digital, passando pela produção dos gêneros dos discursos de forma individual e colaborativa até a postagem dos textos e publicação deles no suporte escolhido pelos estudantes. O trabalho está em fase de desenvolvimento, e os resultados parciais já apontam os impactos e as possibilidades que uma pedagogia embasada nos pressupostos dos multiletramentos pode proporcionar às práticas docentes e às novas práticas de produções dos estudantes, tornando-os sujeitos protagonistas na construção de saberes significativos. Construindo sentidos com professores supervisores do PIBID para Licenciatura em Inglês da UFAL: refletindo e agindo no processo Daniel Adelino Costa Oliveira da Cruz Esta pesquisa, em andamento, visa à reflexão durante o processo de trabalho conduzido com cinco professores de língua inglesa que atuam em escolas da rede básica pública da Grande Maceió, supervisores no âmbito do PIBID-Inglês da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Alagoas para o período 2014-2017. Com base nas concepções de língua, interação e dialogismo(Bakhtin/Voloshinov, 1929[2010), abordamos o processo de reflexão, que envolve este pesquisador e os supervisores do PIBID, tendo em mente o objetivo geral da pesquisa (a compreensão do sentido construído para a língua inglesa, seu papel social e seu potencial para o trabalho com temas transversais, sempre da perspectiva da justiça social e da cidadania global) e seus três objetivos específicos (refletir com os professores sobre o trabalho que fazem, onde fazem e como fazem; compreender como esse trabalho acontece considerando-se a relação entre o global e o local, questões de etnia, inclusão e exclusão social e justiça social; refletir no processo a respeito das mudanças que o professor e este pesquisador venham a perceber que experimentam). Nossa metodologia de trabalho consiste em encontros com os professores para interações nas bases de uma pesquisa narrativa (Bruner, 2001) em que são coletados os dados ao mesmo tempo em que se dá o processo de (re)construção de sentidos. Nesta apresentação, destacamos o principal resultado que esperamos alcançar, que é a observação das mudanças nas concepções da língua inglesa e do trabalho que se faz com ela do modo como experimentado por este pesquisador e os professores numa pesquisa que se orienta pelo e para seu trabalho enquanto processo de reflexão e ação que acontecem simultaneamente. Reflexões dialógicas sobre o ensino de língua portuguesa Coordenadores: Cláudia Garcia Cavalcante - Faculdade de Tecnologia de São Paulo; Universidade Nove de Julho Anderson Cristiano da Silva -PUCSP/LAEL/CNPq) De acordo com Brait e Magalhães (2014), a origem da palavra dialogismo remete à justaposição de uma preposição e um substantivo gregos: por causa de e discurso, respectivamente. Esses são dois dos termos possíveis que apontam para a constituição de um conceito que mostra a indissolubilidade entre diálogo e linguagem em que aquele existe por meio deste. Nesse sentido, e a partir do pensamento emergido dos estudos de Bakhtin e do Círculo, o estudo das produções humanas só se torna possível por meio do texto, aqui também entendido como interação oral face a face, diálogo stricto sensu. Então, se tomarmos o caminho do raciocínio de Bakhtin (2006), podemos afirmar que onde não há linguagem, não há palavra, não há discurso, não há texto. Os textos são essenciais na perspectiva de linguagem da Análise Dialógica do Discurso (ADD) por serem os lugares de constituição dos sujeitos que pensam, comunicam-se entre si numa relação orgânica que resulta no ato ético e responsável. Por isso tudo, essa perspectiva reflete sujeitos discursivos em uma cadeia ininterrupta de diálogo e não em objetos neutros e abstratos que não interagem e, portanto, não produzem discursos. Assim, esse simpósio propõe uma “sessão bakhtiniana” ao apresentar diferentes pesquisas que variam em escopo e objetos de estudo, mas unidas pela mobilização de um mesmo conceito acerca de língua, linguagem e práticas sociais refletidas em enunciados concretos (textos) (discursos) em diferentes esferas da atividade humana, principalmente aquelas voltadas à educação básica. COMUNICAÇÕES INTERNAS Atividades de pontuação: reflexões dialógicas em coleções didáticas de português Anderson Cristiano da Silva Este trabalho objetiva analisar as atividades didáticas a respeito do ensino da pontuação nos volumes do 6º ao 9º ano das coleções: Português: uma proposta para o letramento, de Magda Soares, e Português: linguagens de William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães. Esta investigação surgiu da preocupação sobre como os sinais de pontuação são abordados nos livros didáticos de Português distribuídos nas escolas públicas por meio do Programa Nacional do Livro Didático. Com efeito, os estudantes percebem nuanças de entoações na fala, distinguindo os efeitos de sentido a partir das pausas na oralidade; entretanto, isso deixa de ocorrer na transposição para a escrita, pois ao longo do processo de aprendizagem sobre os sinais de pontuação, percebem-se lacunas no ensino desse conteúdo. Como pergunta de pesquisa, gostaríamos de saber como as prescrições e propostas para o ensino da pontuação se articulam à formação de leitores e produtores de textos nas obras didáticas analisadas, conforme orientações dos documentos oficiais. Para alicerçar nossas análises, o trabalho tem como arcabouço teórico as contribuições da Análise Dialógica do Discurso, com base nos trabalhos desenvolvidos por Bakhtin e o Círculo. Na parte metodológica, propomos dois eixos: o teórico, visando o estudo da pontuação nas gramáticas normativas e nas gramáticas de uso, além do estado do conhecimento sobre a temática da pontuação; ademais, o eixo prático objetiva a análise dialógica das atividades sobre pontuação encontradas nas duas coleções, bem como as relações dialógicas existentes com os enunciados concretos que as constituem. Em nossas considerações finais, constatamos propostas didáticas heterogêneas, sendo a pontuação trabalhada mais pela modalidade oral em coleção e mais pela modalidade escrita em outra coleção. O enunciado verbo-visual em perspectiva de leitura em livros didáticos de língua portuguesa: uma análise dialógica Elisângela Costa Esta comunicação objetiva discutir as relações enunciativo-discursivas implicadas no processo de leitura de gêneros discursivos verbo-visuais presentes em duas coleções de livros didáticos de Língua Portuguesa (LDP) do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano). O trabalho fundamenta-se nos pressupostos teóricos de Bakhtin e o Círculo, especificamente, nos conceitos de enunciado concreto e dialogia. Trata-se de uma pesquisa de análise documental de abordagem qualitativa e dialógica, que busca respostas para as seguintes perguntas: 1. Quais gêneros discursivos constituídos no/pelo plano verbo-visual estão presentes em duas coleções de LDP do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental? 2. Como se dá o tratamento da materialidade verbo-visual nos LDP selecionados? 3. Como o tratamento da materialidade verbo-visual nos LDP selecionados pode alterar as relações enunciativo-discursivas constitutivas do processo de leitura? Neste recorte, mapeamos a incidência e posição dos gêneros visuais e verbovisuais nos oito volumes das duas coleções selecionadas. Dentre as posições observadas para os enunciados visuais e verbo-visuais nos livros analisados, aquela que apresentou um dos menores números percentuais, foram os enunciados em “posição de leitura”, sendo: 8,89% na COL 1, e 8,50% na COL 2. Trata-se de um percentual muito ínfimo reservado à leitura de textos/ enunciados que requerem outra forma de letramento que não somente o verbal. Sabemos que o livro didático de Língua Portuguesa ainda se constitui como o principal material de acesso à leitura de muitos jovens estudantes das escolas públicas brasileiras. Sendo assim, os números resultantes dessa fase da pesquisa demonstram que o jovem estudante, a depender do livro didático, estará muito menos exposto à leitura de enunciados que exigem do leitor outros letramentos, incluindo o verbo-visual. Além disso, os oito volumes que constituem as duas coleções selecionadas serão ofertados aos estudantes desse nível de ensino, o que torna os números encontrados ainda mais preocupantes. Os gêneros discursivos e o ensino de língua portuguesa no ensino médio Sandra Mara Moraes Lima O trabalho se propõe a discutir o conceito de gênero discursivo veiculado pelo Círculo bakhtiniano, considerando o ensino/aprendizagem de língua materna na educação básica, tendo em vista o processo de multiletramento. Toma como pressuposto a teoria de que os gêneros discursivos constituem categorias primordiais para a interação discursiva, uma vez que os gêneros nos são dados como nos é dada a língua materna e que são introduzidos em nossa experiência e em nossa consciência conjuntamente sem que sua estreita correlação seja rompida. Nesse contexto, consideramos que os gêneros do discurso organizam nossa fala da mesma maneira que a organizam as formas gramaticais (sintáticas) e que desenvolvemos nossa linguagem verbal a partir do gênero. Dessa maneira, os diversos gêneros são as formas tipificadas que facultam determinado enquadramento da realidade, comportando de modo indissociável o conteúdo, o material e a forma. Nessa direção, acreditamos,deve caminhar o ensino de língua na educação básica, uma vez que para a construção do sentido é fundamental ter em vista o gênero como categoria que permite as relações dialógicas, as interações discursivas. No que diz respeito aos multiletramentos, é imprescindível ter em vista os gêneros discursivos, uma vez que o gênero, na perspectiva bakhtiniana, é o ponto de partida no projeto discursivo, determinando as interações discursivas, as relações dialógicas entre as diversas linguagens, gêneros, esferas, etc. A proposta, nesse momento, atem-se à análise dos manuais didáticos do Ensino Médio da rede estadual do estado do Espírito Santo com o objetivo de analisar o conceito de gênero discursivo e sua aplicação no ensino/aprendizagem de Língua Portuguesa no Ensino Médio nos referidos manuais, investigando como é feita a abordagem do gênero discursivo e se a tal aplicação contribui no processo de multiletramento. Pesquisa Crítica de Colaboração (PCCol): conceitos centrais, questões problemáticas e novas compreensões Coordenadora: Profa. Dra. Maria Cecília Camargo Magalhães – PUCSP/LAEL Fernanda Liberali (PUCSP/ CNPq) Este Simpósio está organizado para discutir a Pesquisa Crítica de Colaboração – PCCol que, apoiada nas discussões de Vygotsky, Leontiev e extensões posteriores, embasa pesquisas desenvolvidas com formação de educadores (pesquisadores, alunos, professores, diretores e coordenadores). Pensada por Magalhães 1990 e expandida no Grupo de Pesquisa Linguagem em Atividades no Contexto Escolar (LACE), liderado pelas Profas. Dras. Magalhães e Liberali (PUC-SP), a PCCol tem como questão central a produção e desenvolvimento de projetos de extensão e pesquisa que organizem a escola como comunidade aprendente e, para isso criem relações colaborativo-críticas na produção de conhecimento sobre as bases teóricas das práticas escolares e os interesses a que servem. O objetivo foi, desse modo, criar um contexto em que pesquisadores com bases teórico-metodológicas diversamente constituídas discutissem questões problemáticas, questões novas e desafiantes levantadas nos contextos de suas pesquisas e de sua inserção em contextos sócio-históricos, culturais e políticos da atualidade. COMUNICAÇÕES INTERNAS Reflexões sobre a produção de pesquisas colaborativas na formação docente: gênese e expansão Ivana Maria Lopes de Melo Ibiapina Esta comunicação objetiva demonstrar a gênese e o desenvolvimento do campo teóricometodológico da pesquisa colaborativa, enfatizando os princípios e as regras que orientam as investigações que se organizam para compreender as relações colaborativocríticas em projetos desenvolvidos em contextos de formação docente. A discussão central focalizará a organização das pesquisas colaborativas desenvolvidas pelo FORMAR – Núcleo de Pesquisa Formação de Professores na Perspectiva HistóricoCultural da Universidade Federal do Piauí, destacando as opções epistemológicas, teóricas e práticas que orientam o desenvolvimento da colaboração crítica. Para este intento, o texto foi organizado em três partes: a primeira parte introduz as ideias desenvolvidas ao longo do texto e apresenta a organização da exposição; a segunda parte traz à tona as contradições inerentes à constituição do campo de desenvolvimento de pesquisas colaborativas, identificando três correntes e suas diferentes concepções de colaboração; a terceira apresenta a perspectiva que desenvolvido no FORMAR, exemplificando o conteúdo e a forma de organização das pesquisas colaborativas produzidas neste Programa de Pós-graduação em Educação. As informações produzidas no âmbito destas pesquisas são discutidas, analisadas, confrontadas e reelaboradas coletivamente por meio de atividade que transforma informação em conhecimento e significados em conceitos científicos, isto é, produz dialética e criticamente saberes fundamentados em práticas reais e em teorias formais, o que perspectiva o desenvolvimento de maior nível de consciência das relações vividas na formação docente. Reflexões sobre a apropriação da Pesquisa Crítica de Colaboração como instrumento teórico-metodológico, no campo de Educação e da Psicologia da Educação. Wanda Maria Junqueira de Aguiar Elvira Maria Godinho Aranha Esta comunicação tem como objetivo discutir a apropriação do referencial teórico metodológico da Pesquisa Critica de Colaboração, nas pesquisas em educação desenvolvidas no campo da Psicologia da Educação, especialmente no Grupo “Atividade Docente e Subjetividade” que também está ancorado no Método Histórico Dialético. Dentre as pesquisas desenvolvidas pelo grupo desde 2011, está em curso uma pesquisa coletiva que tem como objetivo geral investigar a dimensão subjetiva dos processos educacionais de uma escola pública de São Paulo. O objetivo especifico é apreender as significações constituídas pelos professores, gestores, alunos, funcionários e pais sobre esta realidade e suas relações com o processo de (trans) formação do indivíduo como ser mediado pela história e pela cultura. Nesta apresentação focalizaremos especialmente as reflexões teórico-metodológicas e as sínteses produzidas pelo grupo de pesquisadores, à partir de múltiplos questionamentos constituídos no processo de entendimento da Pesquisa Crítica de Colaboração. As análises produzidas até o momento revelam que, embora comunguemos do mesmo, referencial teórico, observamos diferenças no uso da PCCol, tal como definida por Magalhães (2009,2013,2015), tanto quanto no desenho e na condução da pesquisa, quanto na forma de análise das informações. Tais diferenças, peculiaridades e seus desdobramentos serão discutidas nesta apresentação. Reflexões acerca da Linguagem Crítico-Colaborativa em Contexto de Formação de Professores Maria Otilia Guimarães Ninin Esta comunicação tem por objetivo discutir, na perspectiva da Pesquisa Crítica de Colaboração (MAGALHÃES, 2009, 2013), a organização da linguagem em contexto de formação de professores. Realizado em uma escola pública de município da Grande São Paulo, o projeto LEDA – Leitura e Escrita nas Diferentes Áreas (MAGALHÃES, 2011) vem sendo desenvolvido para compreender como se dá a , pelo grupo de educadores em contexto escolar, dos conceitos teóricos e de sua articulação à prática pedagógica. A partir de discussões a respeito do desenvolvimento de atividades de sala de aula com foco no estudo de gêneros discursivos e sua apresentação em materiais didáticos, o trabalho de formação, que ocorre em encontros quinzenais com professores, coordenadores pedagógicos e pesquisadores, destaca, nesta comunicação, a organização da linguagem e os modos de intervenção dos participantes na abordagem dos conteúdos propostos. Tomando como base as discussões de Liberali (2013) a respeito da argumentação, de Magalhães (2011; 2012) ao tratar da intervenção na PCCol, e de Ninin (2013) a respeito da organização das perguntas nas situações de aprendizagem, destaca-se, aqui, um conjunto de dados que favorecem nossa compreensão a respeito da identificação de marcadores do discurso característicos da linguagem críticocolaborativa nas situações de intervenção ancoradas na perspectiva dialógica (BAKHTIN, 1929) e no paradigma sócio-histórico-cultural (VYGOTSKY, 1930 e 1934). Fonética experimental e o uso de diferentes instrumentais para avaliação da fala Coordenadores: Andréa Baldi de Freitas - PUCSP Irene Marchesan – CEFAC A incorporação de recursos tecnológicos tem sido cada vez mais recorrente nos estudos em Ciências Fonéticas. As técnicas não-invasivas de ultrassonografia (USG), eletroglotografia (EGG), ressonância magnética (RM) e videofluoroscopia (VFS) possibilitam a investigação dos processos envolvidos na produção da fala. À luz da fonética acústica e da fonética articulatória, a análise dos dados obtidos pelos diferentes instrumentais traz um novo viés para a compreensão e intervenção nas alterações de fala observadas na clínica fonoaudiológica, bem como amplia as possibilidades de atuação nos campos da Engenharia, Perícia, Ensino de Línguas, etc. Desta forma, o objetivo desse simpósio é trazer à discussão as interfaces entre as tecnologias disponíveis e seus usos aplicados às pesquisas em Fala. COMUNICAÇÕES INTERNAS A ultrassonografia como instrumental para avaliação da deglutição e qualidade vocal Andrea Baldi de Freitas Zuleica Camargo Com o propósito de estudar a deglutição, vários métodos de investigação por imagem têm sido utilizados. Dentre as técnicas de avaliação da função da deglutição, a ultrassonografia (USG) ganha destaque, pois além de não expor o sujeito à radiação, pode ser realizada na beira do leito, com baixo custo e o alimento pode ser oferecido na situação habitual. Até o momento, não foram encontrados estudos que esboçassem relação entre a deglutição e a qualidade vocal, com o apoio da técnica de ultrassonografia. O objetivo deste estudo é investigar a deglutição do ponto de vista fisiológico (ultrassonografia), buscando descrever o comportamento da laringe em diferentes tarefas e relacionando aos achados de ajustes laríngeos de qualidade vocal. Serão coletadas amostras ultrassonográficas de fala e deglutição de 30 sujeitos adultos saudáveis. Para a análise dos dados de ultrassom relacionados à deglutição, utilizaremos a análise proposta por Yabunaka et al (2013) para medida do deslocamento do hioide. Para a análise dos dados de fala, as sentenças referentes ao corpus serão analisadas por três juízes com formação no uso do roteiro VPAS-PB da qualidade vocal e elementos de dinâmica vocal. Tecnologia aplicada à investigação de produção de fala de sujeitos com e sem deficiência auditiva: um estudo com dados de ultrassonografia e de análise acústica Lilian Cristina Kuhn Pereira Sandra Madureira Este m recorte do projeto de pesquisa que vem sendo desenvolvido na linha de investigação do Grupo de Pesquisa de Estudos sobre a Fala (LIAAC/CNPq), cujos trabalhos examinam a fala, a partir de estudos fonético-articulatórios, o que permite uma inferência das posições dos articuladores e das características fonéticoacústicas dos sons consonantais e vocálicos da fala. Dentro desta proposta, a fala de sujeitos com deficiência auditiva vem sendo investigada com o auxílio do instrumental da análise acústica. O objetivo deste estudo é investigar o dito “sotaque de surdo”, ou seja, o conjunto dos aspectos alterados ou ausentes e que são recorrentes em todos os sujeitos adultos com deficiência auditiva de origem congênita. Para tanto, a análise dos dados de fala se dará em três instâncias: fisiológica (técnica de ultrassonografia - postura de língua), acústica (análise fonético-acústica dos segmentos vocálicos e consonantais) e perceptiva (ajustes de qualidade vocal na proposta do Vocal Profile Analysis Scheme VPAS-PB). A mesma análise será realizada sujeitos sem alterações de fala, falantes do Português Brasileiro (PB), que servirão de referência para o estudo. Para tanto, sessões de coletas simultâneas de dados articulatórios (instrumental de ultrassonografia) e acústicos serão realizadas, utilizando-se o corpus do Protocolo VPAS-PB (CAMARGO e MADUREIRA, 2008; CAMARGO et al, 2011) . A análise dos dados acústicos e articulatórios e o julgamento perceptivo-auditivo serão realizados à luz da Teoria acústica de produção de fala (FANT, 1960), na Fonologia Articulatória (BROWMAN e GOLDSTEIN, 1986; 1990; 1992) e no modelo fonético de descrição da qualidade vocal (LAVER, 1980). Pretende-se, com o desenvolvimento deste trabalho, contribuir para aprofundar a compreensão da produção e percepção da fala com e sem alteração e trazer novos conhecimentos tanto para a linguística quanto para a clínica fonoaudiológica. Avanços tecnológicos na área de fonoaudiologia: uma revisão John Paul Hempel Lima Daniel Couto Gatti Julio Arakaki Esse trabalho apresenta uma revisão sobre as principais tecnologias utilizadas na área de fonoaudiologia, tanto do ponto de vista de equipamentos (hardware) quanto de sistemas (software). São descritos os princípios fundamentais dessas tecnologias, aplicadas em terapias, em diagnóstico e em investigações científicas. Na tecnologia de ultrassom são discutidas as características técnicas que influenciam na qualidade das imagens e dados de interesse. Descreve-se também o uso da telemedicina no diagnóstico e tratamento de distúrbios da fala bem como as limitações de uso. São apresentados sistemas eletrônicos para melhoria da compreensão oral e fala como o eletroglotógrafo, eletromiógrafo e dispositivos de amplificação para auxílio auditivo. Discute-se as tendências tecnológicas relacionadas a construção de algoritmos aplicados, visualização e manipulação da informação, processamento de sinais, filtragem e sistemas de tradução automática, onde nesse caso, torna-se necessário o processamento em tempo real. Pedagogia do Léxico e da Tradução a partir de corpora Coordenadores: Adriane Orenha-Ottaiano - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" Emiliana Fernades Bonalumi – Universidade Federal do Mato Grosso De acordo com Baker (1992, p. 4), se a tradução pretende se tornar “uma profissão no sentido pleno da palavra, os tradutores irão precisar de outros recursos, além da atual combinação intuição e prática, a fim de possibilitá-los refletir o que fazem e como fazem. Necessitarão, acima de tudo, adquirir um conhecimento profundo da matériaprima com a qual trabalham: entender o que a língua é e como ela funciona para seus usuários”. Esta reflexão de Baker parece-nos apropriada às novas pesquisas que estão sendo realizadas na UNESP, Câmpus de Rio Preto e na Universidade Federal de Mato Grosso, uma vez que já acenava para aspectos ainda não amplamente divulgados em pesquisas sobre tradução no Brasil. Estudos recentes de renomados pesquisadores e membros do Grupo de Pesquisa “Pedagogia do Léxico, da Tradução e Linguística de Corpus”, cadastrado no Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil do CNPQ (Baer; Koby; Geoffrey, 2003; Nighat, 2009; Laviosa, 2011; Amadeu-Sabino, 2011a, Orenha, 2012a, Pinto-Paiva, 2012 etc.) apontam para a relevância e a necessidade de investigações voltadas para uma Pedagogia da Tradução. Desse modo, uma das vertentes das referidas investigações foca nos aspectos pedagógicos referentes ao ensino da tradução e suas implicações para a prática tradutória. A segunda vertente em que se inserem os referidos pesquisadores objetiva analisar, discutir e sistematizar aspectos pedagógicos relativos ao ensino do léxico geral e especial(izado), com vistas a compilação de obras fraseográficas (Amadeu-Sabino, 2011b; Orenha, 2012b, 2015; Teixeira 2009; Tagnin, 2010), terminográficas (Pinto-Paiva et al, 2007; Bonalumi, 2010) e materiais de apoio para sala de aula de língua estrangeira (Orenha, 2013, 2014). Nesse sentido, este simpósio propõe tratar de pesquisas que mostram a interdisciplinaridade entre os Estudos da Tradução, a Lexicologia, a Terminologia, a Fraseologia e o Ensino de Línguas Estrangeiras, evidenciando que dialogam uma com a outra. COMUNICAÇÕES INTERNAS Colocações especializadas na área jurídica extraídas do corpus uncitral Adriane Orenha-Ottaiano Este trabalho, em consonância com o aparato teórico da Linguística de Corpus e da Fraseologia, discutiremos os aspectos teórico-metodológicos necessários para o levantamento, a análise léxico-semântica e sintático-morfológica das colocações especializadas e das colocações especializadas estendidas mais frequentes extraídas do corpus em inglês, constituído pelos anuários da “Comissão das Nações Unidas para o Direito Comercial Internacional” (UNCITRAL). A partir dessa análise, visamos buscar as colocações correspondentes em português, extraídas do corpus em português, composto por atos internacionais do governo brasileiro (tratados, decretos, convenções, acordos, declarações conjuntas, protocolos e emendas), além de outros documentos jurídicos coletados via web. Com base nesta investigação, objetivamos a compilação de um glossário bilíngue de colocações especializadas na área de Direito Comercial Internacional, nas direções tradutórias inglêsportuguês/portuguêsinglês. Para extração das colocações, utilizaremos as ferramentas básicas (Concord, Keyword e Wordlist) do programa WordSmith Tools. Embora esta pesquisa esteja em fase inicial, levantamentos parciais permitem-nos afirmar que se trata de um corpus bastante representativo, o que possibilitará a extração de um grande número de colocações especializadas. A fim de exemplificar nosso estudo, apresentamos e analisamos algumas colocações especializadas formadas pela base contract (35.612 ocorrências). Acreditamos que esta pesquisa, além de subsídios teóricos para as áreas em que se insere, trará também contribuições práticas, visto que, ao identificarmos e reunirmos em um glossário as estruturas fraseológicas convencionais comumente utilizadas na área, ofereceremos escolhas lexicais que poderão auxiliar na redação, assim como na tradução de documentos em língua portuguesa (Apoio: CAPES). Elaboração de material de gramática da língua inglesa por meio de corpora on-line Emiliana Fernandes Bonalumi Devido a tantas dificuldades enfrentadas por aprendizes de língua inglesa, em relação ao aprendizado da gramática da língua inglesa, instigamo-nos a investigar um método que ajudasse na sua aquisição e compreensão. Pensando nisso e na proposta da Linguística de Corpus de explorar os corpora para auxiliar no ensino de línguas, decidimos realizar a presente pesquisa em forma de Programa de Tutoria de Língua Inglesa. Este estudo está inserido em um Projeto maior intitulado “Linguística de Corpus Aplicada ao Ensino de Língua Inglesa e aos Estudos da Tradução”, sendo desenvolvido na Universidade Federal de Mato Grosso, campus de Rondonópolis desde maio de 2011. Esta investigação baseia-se na proposta de Linguística de Corpus de Berber Sardinha (2004) e na abordagem Aprendizado Movido por Dados de Johns e King (1991). A pesquisa tem como objetivos elaborar exercícios da gramática da língua inglesa que utilizem a língua em uso, por meio dos corpora on-line BNC (British National Corpus), constituído de 100 milhões de palavras de inglês britânico, tanto falado quanto escrito, e COCA (Corpus of Contemporary American English), compreendido de aproximadamente 400 milhões de palavras, em relação aos apresentados nos livros didáticos New English File Elementary, New English File Pre-Intermediate, New English File Intermediate e New English File Upper-Intermediate, de forma estruturalista, utilizados em sala de aula; bem como tornar nossos alunos mais capacitados na gramática da língua inglesa, por meio de explicações realizadas pelos tutores e aplicação de exercícios de fixação elaborados por meio dos corpora on-line. A questão de vocábulos de “urgência” e “importância” em resumos de aprendizes brasileiros de um curso de Inglês com Fins Acadêmicos (EAP) Paula Tavares Pinto A abordagem teórico-metodológica da Linguística de Corpus tem favorecido a investigação de coletâneas de textos com o auxílio de ferramentas computacionais elaboradas para fins de pesquisa linguística (SINCLAIR, 1995; BIBER, 1998; BERBER SARDINHA, 2004, 2009). Utilizando esta abordagem, temos pesquisado a linguagem científica produzida por pesquisadores brasileiros (PBs) que têm o inglês como “língua adicional” (SWALES e FEAK, 2009), ou melhor, língua utilizada para publicação internacional. O objetivo principal é o de comparar a linguagem produzida por esses pesquisadores com a linguagem dos pesquisadores de instituições internacionais (PIs), que tenham publicado seus artigos em língua inglesa em revistas de impacto dentro de suas áreas. Para tanto, compilamos um corpus composto por resumos científicos em língua inglesa escritos por PBs juniores que fazem parte de em um curso de Inglês para Fins Acadêmicos em nossa universidade, pelo terceiro ano consecutivo, a fim de ter os resumos nas três grandes áreas, Humanas, Exatas e Biológicas. Como são todos aprendizes de língua inglesa, este configura-se como um corpus de aprendizes (GRANGER, 1998). Além da compilação deste “corpus de aprendiz”, os alunos construíram seus próprios corpora descartáveis (Do-it-yourself corpora) para que, durante as aulas, pudessem discutir as especificidades e os padrões lexicais de cada área antes de produzir seus próprios resumos. Apresentaremos algumas considerações referentes às funções retóricas, bem como dos padrões lexicais e a falta de vocábulos de “urgência” e “importância” utilizados nas três áreas. Colocações especializadas na área jurídica extraídas do Corpus uncitral Jean Michel Pimentel ROCHA Adriane ORENHA-OTTAIANO Neste trabalho, em consonância com o aparato teórico da Linguística de Corpus e da Fraseologia, discutiremos os aspectos teórico-metodológicos necessários para o levantamento, a análise léxico-semântica e sintático-morfológica das colocações especializadas e das colocações especializadas estendidas mais frequentes extraídas do corpus em inglês, constituído pelos anuários da “Comissão das Nações Unidas para o Direito Comercial Internacional” (UNCITRAL). A partir dessa análise, visamos buscar as colocações equivalentes em português, extraídas do corpus em português, composto por atos internacionais do governo brasileiro (tratados, decretos, convenções, acordos, declarações conjuntas, protocolos e emendas), além de outros documentos jurídicos coletados via web. Com base nesta investigação, objetivamos a compilação de um glossário bilíngue de colocações especializadas na área de Direito Comercial Internacional, nas direções tradutórias inglês das colocações, utilizaremos as ferramentas básicas (Concord, Keyword e Wordlist) do programa WordSmith Tools. Embora esta pesquisa esteja em fase inicial, levantamentos parciais permitem-nos afirmar que se trata de um corpus bastante representativo, o que possibilitará a extração de um grande número de colocações especializadas. A fim de exemplificar nosso estudo, apresentamos e analisamos algumas colocações especializadas formadas pela base breach (3860 ocorrências). Acreditamos que esta pesquisa, além de subsídios teóricos para as áreas em que se insere, trará também contribuições práticas, visto que, ao identificarmos e reunirmos em um glossário as estruturas fraseológicas convencionais comumente utilizadas na área, ofereceremos escolhas lexicais que poderão auxiliar na redação assim como na tradução de documentos em língua portuguesa (Apoio: CAPES). Formação docente: por uma produção crítica, criativa e colaborativa Coordenadores: Valdite Fuga - Faculdade de Tecnologia de Mogi das Cruzes Daniela Vendramini Zanella - Universidade de Sorocaba Nos cursos de licenciatura o estágio curricular supervisionado pode se configurar como espaço privilegiado para a produção do conhecimento e reflexão crítica sobre a futura prática pedagógica. Seus componentes específicos – prática de ensino e estágio – são os responsáveis pela formação pré-serviço. A futura ação profissional manifesta-se nesse período, em que o futuro educador se conscientiza das responsabilidades ao se posicionar frente a uma sala de aula, as quais implicam questões disciplinares e conhecimento didático-teórico. Entretanto, constata-se a busca de modelos a serem imitados, descontextualizada, distanciando-se das necessidades reais dos alunos que não trazem o diálogo entre teoria e prática no constante questionamento entre o que se pensa, de modo embasado e o que se faz, propiciando ao futuro educador uma prática reflexiva e crítico-criativa (Vendramini Zanella, 2013). Considerando o âmbito escolar um espaço onde reina uma pluralidade de vozes, lutas conflitantes e formas diferentes de cultura, a argumentação, como artefato para análise e discussão dos problemas e conceitos, pode criar oportunidades de observação de si e dos demais como base para imersão na consciência (Freire, 1970). Igualmente, a argumentação possibilita a discussão teórica para a compreensão generalizante da prática e, ainda, torna possível a emersão da consciência (Freire, 1970) em que a reconstrução de saberes ocorre nas relações sociais, nas quais a linguagem do parceiro colaborador tem papel fundamental (Liberali e Magalhães, 2009). O objetivo deste simpósio é reunir estudos que discutam alternativas de formação docente que, pelo trabalho com a linguagem (Liberali, 2013; Liberali e Fuga, 2013) e ancorados pela Teoria da Atividade Sócio Histórico Cultural– TASHC (Vygotsky e colaboradores 1930), sublinhem que conhecimento não é construído pela extração de dados de informantes previamente selecionados, mas é produzido junto-e-com (Fuga e Vendramini Zanella, 2015) – pesquisadores, formadores, futuros educadores, comunidade no entorno – de forma participativa e colaborativa. COMUNICAÇÕES INTERNAS A argumentação para o desenvolvimento de visão crítico-criativa de educadores Daniela Vendramini Zanella Esta comunicação contextualiza-se na atividade de formação docente a partir do projeto de Extensão Universitária “Tempo de Aprender”, na Universidade de Sorocaba e objetiva analisar a produção de significados na atividade de formação docente e compreender o uso da argumentação para o desenvolvimento de uma visão críticocriativa (Vendramini Zanella, 2013). Essa visão crítico-criativa pressupõe recombinar aquilo que já existe para criar algo novo (Vygotsky 1930/2009) estabelecendo conexões com outros conhecimentos e assumindo determinadas perspectivas e atuando a partir delas (Freire, 1996/ 2009; Sánchez-Vázquez, 2011). O estudo está fundamentado na Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural – TASHC - (Vygotsky, 1934) e apresenta análise a partir de dois excertos advindos de uma discussão em um encontro de formação docente, embasada pelo aporte teórico-metodológico da Pesquisa CríticoColaborativa (Magalhães, 2009). Os excertos são discutidos por meio de categorias argumentativas que centralizam os aspectos enunciativo-discursivo-linguísticos (Liberali, 2013) e interpretados mediante o aporte teórico da TASHC. A análise aponta que, entre outras questões, a condução de forma impositiva não contribui para o desenvolvimento de visão crítico-criativa dos educadores. A argumentação na produção de conhecimento na formação docente e na atuação na escola pública Ana Laura Hoffart Daniela Vendramini Zanella Esta comunicação tem como objetivo discutir a formação docente pela atuação da educadora em formação inicial docente que participa de encontros na universidade. Nesses encontros de formação docente a argumentação tem papel fundamental na produção de conhecimento de todos os participantes (Liberali 2013; Vendramini Zanella, 2013) em construção colaborativa e crítica de novos saberes na reconstrução de identidades. Para tal, uma análise de produção de conhecimentos na elaboração escrita em língua inglesa dos alunos de uma escola pública a partir do desenvolvimento de atividades criadas pela educadora no Pibid-LI será apresentada. O estudo fundamenta-se em conceitos sobre o ensino-aprendizagem de inglês por meio de Atividade Social (Liberali, 2009), o brincar na concepção vygotskyana (Holzman, 2009) e atividade criadora (Vygotsky, 1930/2009). A análise é desenvolvida a partir de excertos advindos da elaboração escrita em inglês dos alunos do 8º ano de uma escola pública, embasada na Pesquisa Crítico-Colaborativa (Magalhães, 2009). Os excertos são discutidos a partir de categorias argumentativas que centralizam os aspectos enunciativo-discursivolinguísticos (Liberali, 2013) e interpretados mediante o aporte teórico da pesquisa. A partir da elaboração escrita do 8º ano, constata-se a produção de conhecimentos dos alunos que, por sua vez, revela apropriações da educadora com marcas da construção colaborativa e crítica produzida nos encontros de formação docente. O papel da Argumentação na formação crítico docente no Grupo de apoio Valdite Fuga "Esta comunicação centraliza a formação de Grupos de Apoio (Parrila & Daniels, 2004), como lócus para a formação crítico docente. No Grupo de Pesquisa Linguagem em Atividades no Contexto Escolar (GP LACE), o Grupo e Apoio (GA) é visto como uma organização de professores de uma mesma instituição, desenvolvendo um trabalho conjunto, sem hierarquia de funções, assumindo responsabilidades por uma determinada demanda existente no espaço escolar e tem na colaboração um meio para atingir o objetivo que a todos contemple (FUGA, 2009). Esta apresentação objetiva mostrar um momento na formação desses grupos, cuja discussão está teoricamente alicerçada na Teoria da Atividade Sócio Histórico Cultural (Vygotsky e colaboradores, 1934) que abarca, também as questões linguístico-filosóficas do Círculo de Bakhtin (1934) ao se discutir a linguagem. As questões metodológicas são embasadas na Pesquisa Crítica de Colaboração (Magalhães, 2006, 2009), ao enfatizar o papel da colaboração na produção de conhecimento. Para ilustrar este momento na formação crítico docente dos GA, analiso uma sequência do discurso de uma das formadoras, centrando o viés argumentativo que permeia todo o processo de desenvolvimento já que é um instrumento intencional para a análise e discussão dos problemas e superação de grupos de trabalhos segmentados (LIBERALI & FUGA, 2012). A análise sinaliza que organização argumentativa pode ser vista como a responsável pela expansão e/ou restrição dos objetos que serão intencionalmente buscados para alcançar necessidades de uma totalidade interdependente no GA. A formadora promove base para uma intervenção formativa, de natureza social, por meio das quais os interactantes compartilham e produzem conhecimento, desenvolvido num clima de colaboração, abertura e interdisciplinaridade(LIBERALI & FUGA, 2012). A proficiência em língua inglesa na formação de professores José Carlos Lopes A formação de professores envolve um processo contínuo e vinculado às demandas sociais vigentes. Atrelada à competência didática, a competência linguística do professor de Inglês, por exemplo, é atributo fundamental para o desenvolvimento de práticas de ensino mais contextualizadas às necessidades de seu público alvo. É necessário que o docente também vivencie o uso da língua inglesa em esferas exteriores ao espaço da sala de aula para que possa atuar com maior propriedade no contexto profissional, seja ele a educação básica ou cursos de idiomas. Nesse sentido, esta comunicação visa discutir um projeto de aprofundamento de estudos em língua inglesa realizado com alunos de graduação em Letras da Faculdade Nossa Cidade em Carapicuíba, SP. Os procedimentos adotados têm por objetivo ampliar as possibilidades de aperfeiçoamento linguístico de alunos em serviço e futuros professores de inglês de modo que, em consonância com as disciplinas direcionadas aos aspectos metodológicos do ensino, os alunos tenham ferramentas para sua ação docente. Esse espaço de prática das competências linguísticas em Inglês explora situações de uso oral e escrito da língua, considerando a linguagem como reguladora do pensamento (Vygotsky e colaboradores, 1934) e vital para a interação e (trans)formação do sujeito em sociedade (Bakhtin, 1934). Tendo em vista a base teórico - metodológica do GP LACE, as aulas de aprofundamento buscam fortalecer a produção de conhecimento linguísticodiscursivo do professor de Inglês (Liberali, 2012) por meio do trabalho colaborativo (Liberali e Magalhães, 2009) entre os participantes que se inscrevem semestralmente no projeto. Espera-se que essa iniciativa aponte alternativas para o trabalho teórico-prático de formação de novos professores de inglês e, consequentemente, aprimoramento de suas ações como profissionais no contexto presente e/ou futuro. Arabistas: o Universo da Língua Árabe em uso. Coordenadores: Mona Mohamad Hawi -USP Paula da Costa Caffaro - Universidade Federal do Rio de Janeiro A língua árabe é a 8ª língua oficial da ONU, é também uma língua política e fundamental nas relações internacionais, “o que pressupõe a construção da alteridade na oposição Ocidente versus Oriente “ (Krauss: 2011). É uma língua que possui, no mínimo, duas características próprias: escrevem-se apenas as consoantes e as vogais longas; as vogais curtas são indicadas por meio de sinais de vocalização, acima ou abaixo das letras. A outra característica é que as letras vêm quase sempre unidas, possuindo, por vezes formas decorativas. Esses aspectos conferem à língua um caráter próprio e, por vezes, autônomo. Muitos, no entanto, enxergam-na como uma língua de difícil aprendizado, ou por não estarem acostumados à sua fonética ou ainda à sua escrita. No entanto, diversas pesquisas sobre/na língua árabe tem surgido com resultados que extrapolam os muros da sala de aula. Assim, o objetivo deste simpósio é apresentar as pesquisas já concluídas e outras em andamento sobre o uso e prática da língua árabe no contexto de sala de aula, seja no ensino como língua estrangeira, tanto na escola pública como na privada, na universidade, na elaboração de material didático para fins específicos e nas traduções de obras diversificadas. COMUNICAÇÕES INTERNAS O Ensino de Língua Árabe na perspectiva das Atividades Sociais. Mona Mohamad Hawi Como falante e professora de língua árabe como língua estrangeira, tenho buscado compreender o ensino- aprendizagem dessa língua em sua totalidade, ou seja, procuro situá-la segundo a funcionalidade contextual da situação de produção da ação social, visto que a maioria de materiais disponíveis para o ensino dessa língua negligenciam o foco no produtor da ação e no seu interlocutor, priorizando situações de aprendizagem descontextualizadas de uma realidade situada. Nesse sentido, a pesquisa que venho desenvolvendo em meu contexto profissional tem dado prioridade a um novo modo de compreender e trabalhar com conceitos advindos de base sócio-histórico-cultural em que, o conhecimento é criado por homens e mulheres em contextos de aprendizagem e desenvolvimento reais, em condições determinadas e em situações específicas. Nesse sentido, na pesquisa que venho desenvolvendo e nas situações de aprendizagem em sala de aula minha prioridade tem sido ensinar por meio de Atividades Sociais, pois enxergo aí uma melhor forma de participação e envolvimento dos alunos, já que é preciso levar em consideração o momento de produção da ação e, em um momento posterior, a organização textual dessa ação, bem como aspectos linguísticos que compõem essa produção. Essas questões não são percebidas nos livros didáticos para o ensino de língua árabe e nem em materiais avulsos que se apresentam. Assim, o objetivo desta apresentação é mostrar como tem sido a opção de ensinar, considerando o contexto da vida atual, ou conforme Marx e Engels, 2006, pensar e trazer à tona “ a vida que se vive”, assim, o foco recai sobre formas de ensinar, pautadas por uma reflexão sobre a vida ( Liberali, 2009).O trabalho está,, portanto, fundamentado, na Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural(TASHC), (Vygotsky, 2001; Leontiev,1977;Engestrom,1999), para compreender o processo de ensino-aprendizagem e a concepção do objeto de ensino a ser trabalhado. Abordagem comunicativa e o ensino de língua árabe na escola pública como L2: promovendo a prática oral Paula da Costa Caffaro O objetivo do presente trabalho é investigar como é possível motivar e desenvolver a prática oral em árabe dentro da sala de aula, sendo o público alvo alunos brasileiros iniciantes de escolas cariocas da rede pública. Analisaram-se aulas e atividades orais desenvolvidas durante três semestres letivos, a saber, 2014.1, 2014.2 e 2015.1, em três escolas públicas do Rio de Janeiro: Ginásio Experimental Carioca Nilo Peçanha, Ginásio Experimental Carioca Mário Paulo de Brito e Escola Estadual Souza Aguiar. O ensino de língua árabe nas escolas municipais e estaduais é uma iniciativa da Fundação Internacional do Qatar (QFI), um ramo da Fundação Qatar, cuja sede fica em Doha. Essa iniciativa foi acolhida a priori pelo Governo Municipal, e, mais recentemente, pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, sendo seu objetivo a divulgação da língua árabe e a aproximação entre a(s) cultura(s) árabe(s) e a brasileira, assim como a quebra de preconceitos disseminados constantemente pela mídia mundial. As referências teóricas desta investigação pautam-se nas Diretrizes de Proficiência 2012 da ACTFL (American Council on the teaching of foreign languages) e na abordagem comunicativa para o ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras. Esta pesquisa não se encerra em si mesma, ao contrário, espera-se que sirva de motivação a outros colegas, porque, embora seja um grande desafio, acredita-se que seja possível formar, no Brasil, alunos falantes do árabe. Título: Qual “árabe” ensinar? : escolhas e estratégias no ensino de árabe como língua estrangeira a profissionais dos Direitos Humanos Felipe Benjamin Francisco Este trabalho objetiva discutir as aborgadens do ensino de árabe enquanto língua diglóssica (Ferguson, 1959), cujas situações reais de uso podem se realizar, ora em “Árabe literário ou standard” (fuSHà), ora em “ árabe vernacular ou dialetal” (CĀmmiyya). Partindo-se do pressuposto que a proficiência e a competência comunicativa (Canale & Swain, 1980) só podem ser alcançadas por meio de estratégias orientadas pelas necessidades reais dos aprendizes, isto é, pelo contato com contextos reais de uso da língua (Omaggio Hadley, 2000), questionamos a abordagem predominante que prefere o ensino do Árabe Padrão e literário ao árabe dialetal oral. Em contrapartida, apresentamos a abordagem de Al-Batal (1992), que consiste em adotar na sala de aula o uso real das duas variantes da língua concomitantemente, atentando aos seus contextos reais de uso. Desta forma, apresentamos aqui alguns exemplos de Atividades, dentro do quadro da Teoria da Atividade Sócio-HistóricoCultural (TASHC) (Vygostsky, 2001; Leontiev, 1977; Engeström, 1999); com base na nossa experiência de ensino de árabe para profissionais dos Direitos Humanos: assistentes de proteção de refugiados (Caritas, São Paulo) e monitores de direitos humanos na Palestina (FFIPP- Brasil). Retratos da sociedade egípcia: tradução de contos do livro Táxi de Khalid Al-Khamissi e os efeitos do contraste entre a língua árabe padrão e o dialeto egípcio. Júlia Cardoso Rodrigues O presente trabalho pretende propor uma tradução do árabe para o português de contos do livro Táxi, do autor egípcio Khalid Al-Khamissi. A pesquisa focará o estudo dos efeitos de sentido criados pela linguagem utilizada no livro e a posterior tradução da obra, tendo como objetivo que se mantenham os efeitos de sentido observados. Publicado pela primeira vez em 2006, o livro Taxi do escritor egípcio Khaled Elkhamissi tornou-se um grande sucesso dentro e fora do mundo árabe. Traduzida para mais de 10 línguas, parte da relevância da obra se deve ao fato de funcionar como uma espécie de estudo da sociedade egípcia através dos taxistas. Resultado de conversas do autor com taxistas que trabalham diariamente nas ruas do Cairo, a obra divide-se em 58 pequenos contos nos quais entramos em contatos com os mais diversos personagens e mais diferentes opiniões que convergem, no entanto, no que diz respeito ao governo, mostrando uma sociedade desconfiada de seus governantes e já cansada de se sentir enganada e desamparada. Inovadora em razão do objeto do qual trata, a obra também surpreende pela linguagem utilizada. Em busca de retratar seus personagens de maneira fiel e realista, o autor emprega a variante egípcia do árabe em todos os seus diálogos, mantendo a variante padrão nas partes narrativas da obra. Por esse motivo, Taxi não se constitui como um livro de fácil tradução. Não sendo comum a produção literária em dialetos árabes, é incomum encontrar trabalhos de tradução de tais dialetos ou trabalhos que levantem e discutam essa questão, suas dificuldades e implicações. Um exemplo é que se torna importante, do ponto de vista tradutológico, que as marcas de oralidade sejam bem evidentes de modo a não prejudicar a expressividade dos personagens, o que o autor se esforçou tanto por manter. Árabe Clássico e Hebraico Bíblico: análise comparativa dos paradigmas dos verbos trilíteros Jemima de Souza Alves As línguas árabe e hebraica são comumente conhecidas por sua ligação direta com as mais importantes religiões monoteístas da história: judaísmo, cristianismo e islamismo. No entanto, para além de uma relação puramente cultural, o árabe e o hebraico estão geneticamente ligados na medida em que pertencem ao mesmo ramo linguístico, o Semítico. O processo de investigação a respeito do parentesco das línguas nele incluídas tem sido realizado há alguns séculos através do método comparativo aplicado às línguas da região, cuja extensão abrange desde a Mesopotâmia ao Norte da África, que apresentam características comuns entre si. Baseado nas descrições propostas por Semiticistas como LIPINSKI (1997) e HETZRON (2007), que apresentam uma breve caracterização de ambas as línguas apontando para semelhanças que confirmam as relações genéticas entre as línguas semíticas, mas que não se detêm na morfologia verbal, no processo de formação dos paradigmas verbais e na análise comparativa das línguas árabe e hebraica, especificamente, este trabalho tem por objetivo apresentar os resultados da análise comparativa da semântica dos afixos justapostos à raiz trilítera que originam os paradigmas verbais no Árabe Clássico e no Hebraico Bíblico, pois embora sejam falares diferentes, há muitas semelhanças de sentido entre as línguas, o que facilita o aprendizado de uma e/ou de outra pelos que optam estudá-las. Múltiplas faces da linguagem em situação de Autoconfrontação Simples e Cruzada Coordenadores: Anselmo Lima - Universidade Tecnológica Federal do Paraná Luci Banks-Leite -Universidade Estadual de Campinas A Autoconfrontação Simples e a Autoconfrontação Cruzada são procedimentos metodológicos de pesquisa e intervenção sobre o trabalho humano empregados no âmbito de uma Clínica da Atividade que tem sido praticada no campo da Linguística Aplicada, da Psicologia e da Educação, dentre outros. Trata-se de estabelecer parcerias entre pesquisadores e sujeitos trabalhadores com o objetivo de 1) compreender o trabalho para transformá-lo; 2) transformar o trabalho para compreendê-lo; 3) desencadear e estudar processos de desenvolvimento individual e coletivo; e 4) promover a saúde do trabalhador. De modo geral, na Autoconfrontação Simples, o trabalhador se observa em um vídeo no qual aparece em situação de trabalho com o objetivo de descrever e explicar sua atividade profissional ao pesquisador. Na Autoconfrontação Cruzada, o sujeito trabalhador observa um vídeo no qual um colega aparece em situação de trabalho com o objetivo de descrever e explicar a atividade profissional desse colega em sua presença e na presença do pesquisador. Numa perspectiva Vigotskiana e Bakhtiniana, entende-se - com base em Clot (2010) - que, em situação de autoconfrontação, o sujeito trabalhador não exprime atividades de trabalho já prontas por meio da linguagem, mas transforma essas mesmas atividades no processo mesmo de tomá-las como objeto do discurso no contato dialógico com outros sujeitos e discursos. Por meio da análise de diálogos produzidos em situação de uso desses procedimentos metodológicos de pesquisa e intervenção, este simpósio se propõe a apresentar e discutir múltiplas faces da linguagem nesse processo transformador de atividades de trabalho. COMUNICAÇÕES INTERNAS Identificar e analisar relações entre fenômenos do diálogo e fenômenos da transformação da atividade profissional em situação de Autoconfrontação Simples e Cruzada Anselmo Lima Manoel Flores Lesama Quando participam de procedimentos de Autoconfrontação Simples e Cruzada, os trabalhadores têm a oportunidade de: 1) tematizar e problematizar suas atividades de trabalho em parceria com o pesquisador; 2) ter suas atividades de trabalho filmadas; 3) indicar ou permitir que o pesquisador indique trechos de suas atividades filmadas para que sejam objeto de diálogos em sessões de Autoconfrontação; e 4) dialogar face a face com seus pares e com o pesquisador a fim de compreender suas atividades de trabalho para transformá-las e de transformá-las para compreendê-las. Partindo desses pressupostos, esta comunicação tem um duplo objetivo. O primeiro, por um lado, é ressaltar que textos orais produzidos em situação de Autoconfrontação devem ser transcritos e analisados rigorosamente como textos orais, com base - por exemplo - em normas de transcrição adequadas e em conceitos teóricos provenientes da Análise da Conversação, tais como tópico discursivo, turno conversacional, marcadores conversacionais, procedimentos de reformulação (paráfrase e correção), dentre outros. O segundo objetivo, por outro lado, é enfatizar que uma análise conversacional clássica se torna insuficiente para dar conta das múltiplas faces desses textos orais, uma vez que - no âmbito de uma Clínica da Atividade - entende-se que os sujeitos trabalhadores não exprimem atividades de trabalho já prontas por meio da linguagem oral, mas transformam suas atividades no próprio processo de tomá-las como objeto do discurso no contato dialógico com outros sujeitos e discursos. Assim, numa perspectiva do desenvolvimento dialógico do ser humano baseada nos escritos de Bakhtin, Vigotski e Clot, por meio de alguns exemplos, esta comunicação se propõe a demonstrar a necessidade de que o pesquisador identifique e analise relações entre fenômenos do diálogo face a face e fenômenos de transformação das atividades dos sujeitos trabalhadores manifestados em situação de autoconfrontação simples e cruzada. Análise de ocorrências do item lexical "ainda" em situação de Autoconfrontação Letícia Lemos Gritti Este trabalho visa analisar algumas ocorrências do item lexical "ainda" em diálogos produzidos em situação de autocronfrontação com a participação de dois professores e um pesquisador. Partindo do pressuposto de que a linguagem e as ações dos sujeitos estão intimamente ligadas e influenciam diretamente tanto as escolhas de determinadas palavras pelo falante quanto a reação que essas palavras podem causar nos interlocutores, propomos uma discussão sobre os significados desse item lexical a partir da semântica e da pragmática. Argumentamos que a presença de "ainda" nos diálogos introduz a pressuposição de um evento que está relacionado ao evento veiculado pela sentença, disparando também uma implicatura (GRICE, 1975) de contraexpectativa. Ou seja, esse item lexical é utilizado pelo falante para quebrar uma expectativa criada pelo fundo conversacional compartilhado (GRITTI, 2013). Com base nessas ideias, o objetivo deste trabalho será apresentar uma análise que relaciona o significado da palavra "ainda" com a intenção do falante ao usá-la ou não. Que diferença faz a ocorrência de "ainda" nos diálogos analisados? Quais as ações que essa ocorrência ativa e gera posteriormente ao que é dito? Argumentamos que, com uma quebra de expectativa gerada por seu contexto de trabalho, um professor - sujeito do diálogo em autoconfrontação que estamos analisando - busca ter uma postura contrária àquela esperada pelos alunos para melhorar a interação em sala de aula. Isso demonstrará que o diálogo em situação de autoconfrontação incide diretamente sobre a ação de trabalho do sujeito, o que permite que ele a repense por meio da linguagem. Autoconfrontação em debate na Educação Infantil Ermelinda M. Barricelli O objetivo desta apresentação é discutir de que forma os textos produzidos em encontros de formação foram analisados ao longo do processo de formação e utilizados como recurso para novos diálogos. A análise partiu dos procedimentos teóricometodológicos propostos pelo Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 1997/2003, 2006, 2008 ; MACHADO e BRONCKART, 2009) no tocante à análise de alguns elementos do folhado textual: 1) a infraestrutura geral do texto (plano global, conteúdos temáticos, sequências e tipos de discurso); 2) os mecanismos de textualização (conexão nominal) e 3) os mecanismos enunciativos (vozes) e ampliados com outros pressupostos compatíveis, como os de Authier-Revuz (2001), para a análise das vozes, e de Kerbrat-Orecchioni (2006), para os turnos de fala dos textos orais. Esta pesquisa mobilizou um grupo de professores de Educação Infantil de um Centro de Educação Infantil (CEI) da região periférica da Cidade de São Paulo para falarem sobre seu próprio trabalho visando à superação de conflitos próprios do métier. Para tanto, utilizamos um dos métodos desenvolvidos pelos pesquisadores da Clínica da Atividade do CNAM (Conservatoire National des Arts et Métiers) e pelo grupo ERGAPE (Ergonomie de l’Activité des Professionnels de l’Éducation), denominado Autoconfrontação. Trata-se de um método que pode ser considerado como um instrumento para transformação e análise do trabalho. A relevância desta pesquisa devese à possibilidade de desenvolvimento de um grupo de professores de Educação Infantil por meio da ampliação do seu poder de agir (Clot, 2008) e a superação de conflitos relacionados ao fazer pedagógico e, metodologicamente, pela associação de dois aportes teóricos, a saber, os métodos das ciências do trabalho e o interacionismo sóciodiscursivo, como parte de um processo de intervenção-formativa. Diálogos produzidos por uma mediadora em formação no decorrer de sessões de Autoconfrontação Dalvane Althaus Luci Banks-Leite Este estudo, em andamento, está sendo realizado no quadro da formação continuada de professores de nível superior na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Campus Pato Branco. Tendo como objetivo geral a formação de mediadores que atuam no campo da Clínica da Atividade, procura-se investigar um caso específico, qual seja, o desenvolvimento de uma mediadora de Autoconfrontação junto a professores e alunos de diferentes áreas. Via de regra, a participação dessa mediadora em formação se dá pelo acompanhamento de um mediador formador, através da observação de ações deste nas sessões de Autoconfrontação Simples e Cruzada. Pouco a pouco, a mediadora em formação passa a participar de modo mais ativo, intervindo com questões ao sujeito autoconfrontado. No estudo a ser apresentado, um dos pontos de interesse refere-se a análises de formas/modos de se inserir nas ações desse processo, como, por exemplo, a que se constitui pelo “assalto ao turno”, ou seja, uma interrupção do fluxo de diálogo conduzido pela mediadora formadora. Outro exemplo seriam as questões por ela formuladas no decorrer dessas sessões, que se tornam gradativamente mais adequadas às finalidades da Autoconfrontação em jogo. Tais análises se realizam com base em elementos do princípio dialógico bakhtiniano, acrescido da contribuição de teorias da análise conversacional. Estudos em fonética clínica e a clínica fonoaudiológica Coordenadores: Luisa Barzaghi-Ficker -PUCSP Aline Pessoa-Almeida - Universidade Federal do Espírito Santo O campo da linguagem é estudado por profissionais de diversas áreas do saber: linguistas, engenheiros, filósofos, peritos e fonoaudiólogos. Estes últimos a tem, não só como objeto de estudo, mas também como instrumento de trabalho. É na linguagem e pela linguagem que os fonoaudiólogos atuam com uma de suas múltiplas faces: a fala com alterações. O amadurecimento e a consolidação crescentes da Fonoaudiologia estão atrelados à interlocução contínua com outras áreas de estudo da Linguagem, dentre elas, a Fonética Clínica – subárea da Linguística que aborda ao estudo de distúrbios de aquisição e desenvolvimento da fala– o que permite ao fonoaudiólogo construir conhecimentos e aplicá-los ao contexto clínico. É sob essa perspectiva que este simpósio pretende reunir pesquisas sobre a fala com alterações, de variadas naturezas e etiologias, cujas abordagens teóricas e/ou metodológicas aconteçam à luz da Fonética Clínica. COMUNICAÇÕES INTERNAS A fala da criança com deficiência auditiva unilateral: indicadores fonéticos para elaboração de estratégias terapêuticas Aline Pessoa-Almeida Jessica Henrique Pessanha Isadora Marins Gomes Crianças com deficiência auditiva unilateral (DAU) demandam estratégias de reabilitação fonoaudiológica que considerem a relação indissociável entre percepção e produção da fala a partir das especiais condições de feedback acústico articulatório. O comprometimento de habilidades específicas do processamento auditivo central nessa população fundamenta desafios em busca de indicadores do desenvolvimento de habilidades auditivas e de produção de fala. Diante da interface entre elementos segmentais e suprassegmentais, a análise fonética como ferramenta clínica tem possibilitado a descrição detalhada de dados perceptivo auditivos e medidas acústicas para investigação da combinação de parâmetros de frequência, intensidade e duração na produção de fala de crianças com DAU. Este estudo objetivou descrever as estratégias terapêuticas fonoaudiológicas com uma criança (gênero masculino, 8 anos de idade e com DAU), determinadas por meio de dados fonéticos. Especificamente, visou apresentar estratégias terapêuticas elaboradas a partir de dados perceptivo-auditivos e medidas acústicas da fala discutindo a aplicabilidade das ferramentas de modelos fonéticos como instrumento de definição de conduta clínica. No caso relatado, apresentou-se a combinação de ajustes de diminuição de extensão de articuladores (lábio, mandíbula e língua), língua elevada, tensão muscular geral diminuída, associados aos elementos de dinâmica vocal de diminuição de taxa de elocução, pouca variabilidade de pitch e loudness e apoio respiratório inadequado. O detalhamento da descrição dos elementos fonatórios, supra glóticos e de tensão muscular (qualidade vocal) e de elementos de dinâmica vocal permitem estabelecer parâmetros intrasujeito e intersujeito no processo de desenvolvimento de habilidades auditivas e de fala. Tal metodologia adotada permite, em perspectiva prosódica, detalhar a combinação de ajustes e manobras que envolvem habilidades de percepção e produção dos sons de fala, resultando em indicadores clínicos. Desenvolvimento de Ferramentas Computacionais para um sistema de avaliação da percepção de fala dos sons consonantais do Português Brasileiro Luisa Barzaghi-Ficker Lilian C. Kuhn Pereira Mario Madureira Fontes A deficiência auditiva é uma patologia que causa distúrbios nas formas de comunicação de seu portador. Nesta, comumente são vistas alterações na linguagem oral e escrita, decorrentes da alteração na percepção do sinal acústico de fala. O aperfeiçoamento de ações terapêuticas e a prática de avaliações sistemáticas que possibilitem delimitar como a criança deficiente auditiva percebe e produz sons da fala tornam-se cada vez mais necessários. Este estudo tem por objetivos contribuir para a construção de conhecimento sobre percepção de fala por sujeitos com perda auditiva, considerando os sons do Português Brasileiro (PB). O que se pretende é aprimorar o procedimento proposto por Barzaghi & Madureira (2005). O procedimento a ser realizado consiste na re-estruturação do software acima citado, de forma que este possa ser um aplicativo compatível com tablets, que se caracterize por uma interface intuitiva e flexível, fácil de usar e com capacidade para aceitar vários formatos de arquivos de som, que permita aleatorizar os estímulos visuais e disponibilizar a gravação de um relatório descrevendo os resultados, incorporando os cálculos estatísticos que, na pesquisa anterior, foram realizados posteriormente. A nova versão do sistema de avaliação será testada em crianças com diferentes graus de deficiência auditiva. Aplicação da técnica de ultrassonografia de língua para investigação da produção de fala de crianças com deficiência auditiva em contexto terapêutico Lilian C. Kuhn Pereira Luisa Barzaghi-Ficker Sandra Madureira Inúmeras são as contribuições dos instrumentais e dos fundamentos teóricos da Fonética Clínica para a clínica fonoaudiológica. A linha de investigação do Grupo de Pesquisa de Estudos sobre a Fala (LIAAC/CNPq) abarca trabalhos examinam a fala, a partir de estudos fonético-articulatórios, o que permite uma inferência das posições dos articuladores e das características fonético-acústicas dos sons consonantais e vocálicos da fala. No contexto terapêutico, o instrumental de ultrassonografia vem sendo amplamente utilizado para fornecer biofeedback visual aos pacientes com alterações de produção de fala, especialmente nos casos de pessoas com alterações intelectuais, auditivas e/ou proprioceptivas, trazendo resultados mais efetivos em menor tempo de terapia. Portanto, como componente da pesquisa acima descrita, propõe-se o projeto em questão que visa a aplicação da técnica de ultrassonografia em contexto terapêutico, com o objetivo de avaliar e aprimorar as produções de fala de crianças com deficiência auditiva. Para tanto, serão realizadas sessões de terapia fonoaudiológica com o apoio do instrumental de ultrassonografia. Pretende-se, com o desenvolvimento deste trabalho, contribuir para o aprimoramento da clínica fonoaudiológica de reabilitação auditiva. Caminhos e possibilidades complexas em diálogo com a abordagem hermenêutico-fenomenológica. Coordenadores: Eliana Aparecida Oliveira Burian -PUCSP Gisele de Oliveira - Faculdade de Educação Física da ACM de Sorocaba Este simpósio tem por objetivo apresentar pesquisas finalizadas e em andamento sob a perspectiva da complexidade com discussões voltadas para a formação docente, a formação tecnológica, desenho de curso nas modalidades presencial e a distância e a metáfora. Teoricamente os trabalhos estão embasados na concepção de que o paradigma tradicional não mais responde às demandas da sociedade contemporânea e o paradigma emergente ou paradigma da complexidade de Morin (2002, 2007, 2008, 2011) possibilita uma abertura para um novo olhar satisfazendo as indagações desse momento. Aliada à abordagem metodológica hermenêutico-fenomenológica (FREIRE, 1998, 2007, 2008, 2012 e van MANEN, 1990) esses dois pilares dialogam e norteiam as pesquisas proporcionando uma descrição e interpretação dos fenômenos vividos pelos atores do loco de pesquisa, levando a uma reflexão e novas possibilidades de desenhos de curso (FREIRE, 2012, 2013). É válido ressaltar que as interpretações apresentadas representam uma das diversas possibilidades, não sendo única e exclusiva para compreender o fenômeno uma vez que consideram a bagagem experiencial e teórica no momento da tematização. COMUNICAÇÕES INTERNAS A formação tecnológica no curso de licenciatura a distância: a complexidade emergente no desenho de curso. Catia Veneziano Pitombeira Esta pesquisa visa identificar a formação tecnológica percebida pelo aluno de um curso de graduação em Letras Português/Espanhol a distância de uma universidade confessional do estado de São Paulo e os traços de complexidade emergente da transição do paradigma vivenciado pela pesquisadora ao desenhar a aula do curso em questão. Amparada e fundamentada pelo pensamento complexo (MORIN, 2002, 2007, 2008, 2011; MORAES, 2002, 2004), aliada a questões de educação e formação de professores (FREIRE, 2002, 2008), e questões de formação tecnológica de professores sob a ótica de Lopes (2005) e Moraes (2007), articuladas com as diferentes visões de desenho instrucional, de acordo com Moraes (2008) Graves (2000) e Freire (2013) e pela abordagem metodológica Hermenêutico-Fenomenológica (van MANEN, 1990; FREIRE, 1998, 2007, 2008, 2012) buscou-se descrever e interpretar o fenômeno a formação tecnológica oportunizada pela Aula Tecnologias para o Ensino de Línguas contando com os alunos do do 5º. período. Como instrumentos de investigação, partes integrantes das atividades do curso em questão, foram utilizados registros escritos manifestados pelas experiências vividas pelos alunos, tal como sugere a metodologia embasadora desta pesquisa: (a) a participação dos alunos no Fórum Aula-Atividade que antecede uma teleaula; (b) as respostas do Questionário Prática Docente para levantamento do perfil e das impressões acerca de sua atuação e das atividades propostas; e (c) a produção de um relato dissertativo-reflexivo. A interpretação desses registros textuais possibilitou a reflexão dos alunos participantes da pesquisa no que diz respeito à formação tecnológica bem como sobre o desenho da Aula, conduzindo a professora-pesquisadora a momentos reflexivos acerca do desenvolvimento e elaboração de novos cursos de formação tecnológica a distância, bem como subsídios para a criação e elaboração de cursos sob a perspectiva da complexidade. Preparação inicial de um Curso de Formação de professores de Inglês sob um enfoque complexo. Eliana Aparecida Oliveira Burian O presente estudo tem por objetivo descrever e interpretar o fenômeno da preparação inicial de um curso semipresencial de formação de professores de Inglês dos anos Iniciais do Ensino Fundamental da Rede Pública do Estado de São Paulo, sob um enfoque Complexo (MORIN, 2000, 2003, 2011). Os aportes teóricos selecionados para conduzir o estudo serão a teoria da Complexidade (MORIN, 2003, 2009, 2011), o Desenho de Curso (FREIRE, 2012a; 2013), a Formação Docente (PAULO FREIRE, 2002, 2005), Freire (2009) a respeito da auto-hetero e coformação de professor. Os instrumentos selecionados para conduzir o estudo são notas de campo, o diário reflexivo da pesquisadora, as impressões dos professores alunos durante a realização das propostas iniciais, questionários e relatos de experiências dos professores para levantamento do perfil. O material de investigação receberá tratamento hermenêuticofenomenológico, a partir da perspectiva de van Manen (1990) e Freire (1998, 2007, 2008, 2009, 2010, 2012b) para contemplar o objetivo de pesquisa. Pretende-se com a presente proposta, possibilitar a compreensão do fenômeno da experiência humana “Preparação inicial de um curso de formação de professor de Inglês dos anos iniciais do Ensino Fundamental, sob um enfoque complexo”, visando oferecer contribuições relevantes para os interessados em formação de professores de línguas, formação de professores de línguas em ambientes digitais e em design de curso. O desenho de uma tarefa interdisciplinar na disciplina Produção Textual no curso de Educação Física. Gisele de Oliveira Esta comunicação tem por objetivo compartilhar o desenho e a avaliação de uma tarefa interdisciplinar, elaborada na disciplina Produção Textual em um curso de Educação Física. Observando o paradigma tradicional, constatamos cursos organizados em disciplinas isoladas, que não se comunicam e não contribuem umas com as outras. Por outro lado, o paradigma emergente propõe o rompimento dessa fragmentação, a religação das partes que compõem um todo. Fundamentando-se na complexidade (MORIN, 2011a, b, 2013; BEHRENS, 2013, entre outros) e na interdisciplinaridade (SOMMERMAN, 2006; FAZENDA, 2008, 2012; MORAES, 2007, entre outros), uma disciplina direcionada à produção de textos pode se constituir como uma possibilidade para religar outras disciplinas e romper a fragmentação do conhecimento. Ao elaborar seus textos sobre um assunto específico da área de Educação Física, os alunos precisam recorrer aos conhecimentos construídos em outras disciplinas, além daqueles construídos na própria disciplina Produção Textual. Essas ações podem promover a religação entre as disciplinas do curso, possibilitar a construção/reconstrução de conhecimentos e representar diferentes partes do curso nos textos redigidos pelos alunos. Considerando esse contexto, ao propor as tarefas aos alunos, é necessário também conhecer as outras disciplinas do curso, o que implica o trabalho interdisciplinar não só na tarefa proposta, mas também entre os docentes do curso, que podem contribuir com ideias e levar esses textos para discussão em suas disciplinas. Portanto, ao propor uma tarefa de redação aos alunos, um desenho que considere a interdisciplinaridade poderia trazer pontos de ligação com o curso todo, rompendo com o isolamento que uma disciplina direcionada à produção de textos poderia ter em cursos não relacionados diretamente à formação de professores de língua materna. A palavra viva: por uma semântica hermenêutico-fenomenológica. Marcelo Furlin Nas vias da Retórica, a palavra sempre surgiu como unidade de referência. Nessa moldura instigante, a metáfora sugere o deslocamento e a extensão do sentido da palavra, em um movimento que, em essência, busca a inovação semântica (RICOEUR, 2005). A comunicação é inspirada nas atividades do Grupo de Pesquisa sobre a Abordagem Hermenêutico-Fenomenológica e Complexidade (GPeAHFC), que faz parte do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e que apresenta tal abordagem e o Paradigma da Complexidade como fundamento para os estudos de linguagem, à luz dos pressupostos de organização e de interpretação apresentados por Maximina Maria Freire (2007; 2008), a partir da leitura de Max van Manen (1990) e de Edgar Morin (2005). O repertório teórico-crítico constituído para a comunicação promoverá um novo diálogo, em fase inicial, entre os conceitos tecidos pelo referido Grupo de Pesquisa e a concepção da palavra como produção de presença (GUMBRECHT, 2004), nutrida pelos efeitos de sentido e de presença nas rotinas de organização, interpretação e validação, traços distintivos da abordagem hermenêutico-fenomenológica-complexa (FREIRE, 2015). Sob tal perspectiva, entende-se que a comunicação contribuirá para revisitar questões fundantes acerca da interpretação do significado essencial do fenômeno observado, que parte do texto e chega à palavra, destinando à metáfora o papel de redescrever a realidade e suas semânticas inscritas no nível da palavra per se. A Teoria Sócio-Histórico-Cultural e da Atividade e o Desenvolvimento do Professor Coordenadores: Marília Ferreira - USP Maria Helena Vieira-Abrahão - Universidade Estadual Paulista A teoria–sócio-histórico-cultural e da atividade vem sendo utilizada para fundamentar tanto a promoção do desenvolvimento docente, como pesquisas que investigam esse desenvolvimento, as quais buscam entender como ocorre a (co) construção de conhecimentos pelo professor nas práticas de formação. Este simpósio reúne trabalhos de pesquisa, embasados pela teoria sócio-histórico-cultural e da Atividade, desenvolvidos em dois grupos de estudos e de pesquisa: o GESFoPLE (Grupo de Estudos Socioculturais na Formação de Professores de Línguas Estrangeiras), na UNESP, campus de São José do Rio Preto, e LEVYG (TEORIA SÓCIO-HISTÓRICO CULTURAL E DA ATIVIDADE E O ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA), na USP. Do GESFoPLE, apresentamos resultados de duas teses recentemente defendidas. O primeiro trabalho, com referencial teórico da formação de professores de uma perspectiva sociocultural, do uso de tecnologias e da Teoria da Atividade, buscou investigar como ocorreu a formação de professores para o uso de tecnologias, enquanto que o segundo teve por propósito pesquisar, com enfoque sóciohistórico-cultural na formação de professores de língua estrangeira, o exercício de agência humana mediada de uma professora e sua construção de saber. As duas outras apresentações, do grupo de pesquisa LEVYG, discutem o desenvolvimento do professor em contextos de implementação da abordagem pedagógica de V.V.Davydov, mais conhecida como ensino desenvolvimental, embasada em pressupostos vygotkianos, da teoria da atividade (Leontiev, 1981) e de Hegel e Marx. Os desafios e formas de lidar com eles serão discutidos. COMUNICAÇÕES INTERNAS Contradições no uso de tecnologias em contexto de estágio de um curso de Letras: o professor de inglês em formação inicial no ensino superior privado Janara Baptista Com o advento da era digital, há a necessidade de um olhar crítico em direção aos cursos de Licenciatura em Letras a fim de assegurar que futuros professores de línguas estrangeiras estejam sendo preparados para o desafio de refletir criticamente e ajudar alunos a se comunicar fazendo uso de tecnologias atuais dentro e fora da sala de aula. Por essa razão, esta apresentação visa abordar os dados de uma pesquisa de Doutorado, que objetivou justamente verificar como ocorre a formação de professores em relação ao uso de tecnologias de informação e comunicação durante um estágio de língua inglesa, de um curso de Licenciatura em Letras de uma faculdade privada, focalizando como um grupo de futuros professores lida com essas tecnologias e quais contradições são enfrentadas. Seu referencial teórico baseia-se nos conceitos relacionados a formação de professores de línguas (GIMENEZ, 2004, 2005; GIL, 2005; JOHNSON, 2009; SILVA; ARAGÃO, 2013; PAIVA, 2012) e ao uso de tecnologias (BAX, 2003, 2011; PAIVA, 2008, 2012, 2013; BRAGA, 2013; MAYRINK, GARGIULO, 2013), e nos fundamentos da Teoria da Atividade (VYGOTSKY, 1978; LEONTIEV, 1981; ENGESTRÖM, 1987, 1999, 2001, 2008, 2009). Já em relação à metodologia, este estudo é de natureza qualitativa e cunho etnográfico, e foram utilizados como instrumentos de pesquisa questionários abertos e fechados, observações dos estágios de língua inglesa, sessões de reflexão, entrevistas semiestruturadas, relatório final da disciplina e diários reflexivos da professora-pesquisadora. Os resultados indicam que a experiência na disciplina a distância possibilitou que os participantes discutissem e refletissem sobre tecnologias no processo de ensino e aprendizagem de línguas embora tenham feito um uso tradicional das tecnologias nas aulas do estágio. Ademais, contradições históricas parecem influenciar o sistema de Atividade investigado no que concerne à infraestrutura para o desenvolvimento do estágio. Exercício De Agência Humana Mediada De Uma Professora De Inglês E O Desenvolvimento De Saber Local Na Escola Pública Fátima Aparecida Cezarim dos Santos Esta comunicação apresenta uma tese acerca do exercício de agência humana mediada de uma professora de inglês e o desenvolvimento de saber, realizada em duas escolas de educação integral, de Ensino Fundamental, de uma rede pública em comunidades de baixa renda, situadas em uma cidade do interior paulista. Para tanto, desenvolveu-se um estudo de caráter qualitativo, interpretativo (DENZIN; LINCOLN, 2007), com enfoque sócio-histórico-cultural na formação de professores de inglês como língua estrangeira (FREITAS, 2002; JOHNSON, 2009, JOHNSON; GOLOMBEK, 2011), o que requereu identificar a construção da prática da docente em sua materialidade e seus elementos constitutivos (KENNEDY, 1999; VIGOTSKI, 1930/2003; KUMARAVADIVELU, 2006; JOHNSON, 2009). Como também, discutir as proposições acerca de saber local (CANAGARAJAH, 2005, RAJAGOPALAN, 2005) frente à postura da professora quanto às necessidades locais de inglês e seus desdobramentos e identificar a atitude agentiva da professora (GIDDENS, 1989/2009; BANDURA, 2006; WERSTCH, TULVISTE, HANGSTROM, 1993) na construção de saber local em sua prática. O método materialista histórico-dialético orientou a pesquisa (TRIVIÑOS, 2008; MARX, 1845/2007; 1867/1983; 1859/1952; MARX E ENGELS, 1845/2007), e a análise de conteúdo (MYNAIO, 2008; BARDIN, 1979; TRIVIÑOS, 1987/2008) deu tratamento aos dados. Ao final da interpretação, entendeu-se que a professora privilegiou o uso de saber global, em vez de um desenvolvimento de saber local nos moldes defendidos pela literatura especializada. Entretanto, a docência da participante foi permeada por um exercício de agência humana mediada ocorrido nas inter-relações dos elementos humanos, materiais e institucionais constitutivos de seu contexto de ação docente, compreensíveis somente se inscritos nas dinâmicas históricas, sociais, políticas, econômicas em que sua ação de ensino de língua inglesa teve lugar: a concretude de sua formação e de atuação profissional marcadas por suas relações contraditórias na contemporaneidade da educação do Brasil. Mediação e desenvolvimento na formação de professores: os desafios da abordagem pedagógica de V.V.Davydov Marília Ferreira A pedagogia de V.V. Davydov, também conhecida como ensino desenvolvimental, baseada na teoria da atividade sócio-histórico-cultural e da atividade, pode ser utilizada para o ensino de diferentes conteúdos disciplinares como matemática (Damazio, Rosa, Euzébio, 2012; Davydov, 1990; Moura, 2010), ciências (Lompscher, 1999) e línguas (Markova, 1979, Aidarova, 1981). Apesar de sua reconhecida potencialidade (Davydov, 1988; Hedegaard, 2002; Hedegaard e Chaiklin,2005; Stetsenko, 2010) há poucos estudos tanto no exterior quanto no Brasil. No nosso país, a abordagem é mais conhecida na área de matemática (Damazio, Rosa, Euzébio, 2012; Moura, 2010). Esta apresentação objetiva discutir os desafios que a proposta pedagógica de V.V.Davydov impõe ao professor de línguas. O contexto de discussão será a implementação do curso de redação acadêmica em inglês com foco na publicação. Esse curso visou ensinar a escrita acadêmica nessa língua e desenvolver uma visão dialética do funcionamento da língua. Os desafios a serem discutidos referem-se à relação do professor com a abordagem, com o pensar dialético e com a implementação do curso em si. A mediação utilizada nesse processo e o próprio desenvolvimento do professor serão enfatizados. Uma intervenção pedagógica a partir da abordagem pedagógica de V.V.Davydov: reflexões para a formação de professores Lilian Martinelli O objetivo dessa apresentação é demonstrar como foi operacionalizada uma intervenção pedagógica calcada na Teoria da Atividade Sócio-Histórico e Cultural (LOMPSCHER, 1999 e LEONTIEV, 1983, VYGOTSKY, 1984) nas aulas de inglês de alunos do 5º ano do Ensino Fundamental em uma escola regular paulista. O intuito é demonstrar que não ensinamos apenas gêneros textuais como se fossem fórmulas, mas, ao mesmo tempo em que os alunos aprendem sobre o gênero textual (BUTT et al, 2000; MARTIN ,1989 e 2008) eles também se desenvolvem para a vida. Essa pedagogia com vistas ao desenvolvimento foi operacionalizada conforme as Ações de Aprendizagem propostas por Davydov (1988ª, b, c), Conforme as ações de aprendizagem de sua pedagogia, os alunos responderam a perguntas-problema, formularam representações visuais sobre as características da persuasão e analisaram textos biográficos, textos de opinião e textos multimodais (KRESS, 2003), como, por exemplo, propagandas, a fim de estudar a sua estrutura interna de campo, relação e modo (HALLIDAY, 1994; MARTIN, 1989 e 2008). A pedagogia davydoviana foi utilizada para montar a sequência do ensino e será apontada na área de formação de professores como uma ferramenta importante para os professores. Essa apresentação apresentará as etapas básicas dessa pedagogia, ilustrará um estudo de caso e também apontará para eventuais desafios que caem sobre os professores que desejam utilizá-la Em suma, o objetivo dessa apresentação será dar visibilidade aos professores à possibilidade de se ensinar o texto de opinião em inglês me modo que os alunos tanto melhorem sua argumentação quanto tomem consciência de serem persuasivos em sua escrita. O intuito, por fim, será exemplificar como a pedagogia davydoviana é adequada para promover tal ensino, bem como discutir os desafios que ela impõe ao professor. Formação de tradutores e intérpretes de Libras e língua portuguesa: refletindo sobre a prática, construindo caminhos Coordenadores: Neiva de Aquino Albres - Universidade Federal de Santa Catarina Vinícius Nascimento - Universidade Federal de São Carlos/PUCSP Este simpósio tem por objetivo refletir e discutir sobre a formação de tradutores e intérpretes de Libras e Língua Portuguesa (TILSP), focando os aspectos curriculares e seus reflexos didático-pedagógicos na atuação docente em sala de aula e o perfil do alunado no contexto sócio-histórico atual. Nos cursos de Bacharelado em Tradução e Interpretação em Libras e Língua Portuguesa e de Bacharelado e Licenciatura em Letras Libras ou, ainda, nos cursos de pós-graduação lato sensu para formação de TILSP, aspectos sobre o ensino-aprendizagem, a especificidade da modalidade da língua de sinais, a proficiência dos alunos, os métodos e estratégias de ensino ainda são pouco discutidas. Contudo, sabe-se que a discussão sobre o ensino no processo de formação pode contribuir efetivamente na competência linguística, tradutória e referencial dos futuros profissionais. Nesse contexto, este simpósio se arvora promover o encontro entre pesquisadores/professores formadores de TILSP do Brasil; dialogar sobre o processo de ensino-aprendizagem e fomentar mais pesquisas sobre didática e ensino no campo da tradução e interpretação da língua de sinais. Desse modo, as pesquisas apresentadas neste simpósio se delineiam a partir de diferentes vertentes teóricometodológicas aplicadas em diferentes universidades, mas que dialogam quando tomam por objeto comum o processo formativo de TILSP. Concebemos que o debate do conjunto dessas pesquisas poderá contribuir para compreender melhor os diferentes aspectos do trabalho educacional no campo da tradução e interpretação das línguas de sinais. COMUNICAÇÕES INTERNAS Prática pedagógica e questões curriculares na formação de TILSP no ensino superior Neiva de Aquino Abres José Ednilson Gomes Souza-Junior O presente trabalho tem por objetivo descrever e analisar a distribuição e configuração das atividades de ‘Prática como Componente Curricular – PCC’, em um curso de Bacharelado em Letras Libras (para formação de tradutores e intérpretes de Libras / português). É uma pesquisa de cunho qualitativo e teve como instrumento de coleta de dados a análise documental (projeto político pedagógico e planos de ensino), visando analisar como as práticas entendidas como componentes curriculares estão distribuídas no programa do curso a partir das Resoluções CNE/CP 1/2002 e CNE/CP 2/2002, determinando que o Projeto Político Pedagógico (PPP) deve garantir 400 horas de Prática como Componente Curricular (PCC), vivenciadas ao longo do curso. Indagamos quais atividades são propostas pelos professores para este fim. Os alunos vivenciam o currículo e os professores reconfiguram o currículo com suas práticas. Assim, os professores interpretam o currículo, algo abstrato e idealizado, e o colocam em ação em sala de aula. O currículo é a seleção da cultura para formação em uma determinada área. Os resultados apontam que os professores propõem diferentes atividades articulando as dimensões teórico e prática da profissão o que favorece ao aluno a reflexão concernente à realidade da carreira. A PCC é desenvolvida por meio de atividades anexas às atividades de sala de aula, geralmente como um trabalho final da disciplina que requer empenho e horas extraclasse para serem desenvolvidas. As atividades incluem a prática de traduzir, interpretar textos e análise da interpretação. Há atividades que não são de tradução propriamente dita, por exemplo: leitura e escrita – síntese de teorias, pesquisas, consulta a dicionários, preparação de fichas terminológicas e criação de glossários. Esses diferentes tipos de atividades contribuem para a formação teórico-prática do futuro profissional. Apesar do PCC ter sido idealizado inicialmente para cursos de licenciatura, apreciamos sua aplicação neste curso de bacharelado. Da formação comunitária à formação universitária: novo perfil dos tradutores e intérpretes de língua de sinais Vanessa Regina de Oliveira Martins Vinícius Nascimento Até meados nos anos 2000, a formação de tradutores e intérpretes da língua de sinais no contexto brasileiro se deu de maneira comunitária, pelas relações de convivência e confiança das comunidades surdas, com voluntários interessados em aprender sua língua, bem como pelo seu ensino em associações de surdos e instituições religiosas. No entanto, desde o estabelecimento de políticas públicas para a promoção dos direitos linguísticos e educacionais das comunidades surdas, a formação deste profissional tem sido realizada em universidades em nível de graduação. Nesse sentido, objetiva-se, neste trabalho, realizar uma discussão sobre o novo perfil de tradutores e intérpretes de língua de sinais que está se constituindo no Brasil a partir das políticas de incentivo à formação deste profissional neste novo contexto. Analisa-se, qualitativamente, um questionário semiaberto respondido por alunos de um curso de Bacharelado em Tradução e Interpretação em Libras e Língua Portuguesa de uma universidade federal localizada no Estado de São Paulo. Os resultados apontam para uma busca pela área não mais marcada pelo afeto com a surdez, pelo contato prévio com surdos ou para a diplomação de uma atividade já praticada, mas pela opção de pontuação atribuída na lista de escolha profissional do Sistema de Seleção Unificado (SISU) que seleciona estudantes que realizaram o Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM). Isso remonta a hipótese de um novo perfil profissional distinto do das décadas de 1980, 90 e 2000. Com a visibilidade e disseminação da língua de sinais os ingressos têm enxergado nesta língua mais uma opção de formação para o mercado profissional. Problematiza-se, então, a necessidade de se promover uma formação que congrega, desde o primeiro ano, sujeitos não-falantes da Libras, bem como seus desafios didáticos e pedagógicos na formação e, com isso, na promoção da acessibilidade comunicacional das comunidades surdas brasileiras. Semelhança interpretativa e estratégias de interpretação simultânea na formação de intérpretes intermodais português-Libras Carlos Henrique Rodrigues A atuação de tradutores e de intérpretes de Português-Libras é uma crescente demanda na atualidade. Frente a isso, algumas universidades brasileiras têm oferecido cursos de graduação visando à formação acadêmica desses profissionais. Entretanto, não há uma discussão integrada dessas instituições em relação às matrizes curriculares orientadoras dessa formação, principalmente no que tange às disciplinas práticas. Nesse sentido, propostas e reflexões que problematizem a formação acadêmica de tradutores e de intérpretes intermodais são centrais ao possível aperfeiçoamento dessa formação. Portanto, assumindo a perspectiva da Teoria da Relevância (SPERBER; WILSON, 1986/1995) aplicada à tradução, mais especificamente o conceito de semelhança interpretativa (GUTT, 1991/2000), e estratégias de monitoramento da interpretação simultânea (RODRIGUES, 2013), propomos uma reflexão sobre a prática na formação dos intérpretes de Português-Libras. Assim, apresentamos, tendo como foco as disciplinas práticas, uma proposta de abordagem da interpretação com base no uso interpretativo da linguagem e, por sua vez, na compreensão do processo de interpretação a partir da noção de semelhança interpretativa entre duas unidades de tradução decorrentes de sistemas linguísticos distintos. Em síntese, assumir esse tipo de abordagem na formação de intérpretes implica em: (i) deslocar o olhar do produto da interpretação para o processo; (ii) reconhecer a centralidade do intérprete em suas escolhas e tomadas de decisão; e (iii) buscar uma melhor compreensão e contextualização do uso de estratégias na interpretação. Acreditamos que tal abordagem contribuirá significativamente com uma ressignificação da compreensão do processo de interpretação para além da mera ação impositiva de se elencar o que se deve ou não fazer na interpretação intermodal ou de se apontar erros e acertos no texto alvo, quando comparado ao texto fonte, como forma de ensino. Em suma, vemos que essa alteração de enfoque favorece a conscientização e a metarreflexão por parte dos intérpretes em formação. A formação e os percursos que levaram os tradutores intérpretes de língua de sinais (tils) a atuarem no processo de escolarização de alunos surdos Adriane Melo de Castro Menezes Dentro das discussões sobre formação de Tradutores-Intérpretes de Língua de Sinais, venho com a proposta de refletir sobre os aspectos relacionados a formação e os percursos que levaram os Tradutores Intérpretes de Língua de Sinais (TILS) a atuarem no processo de escolarização de alunos surdos – aspectos estes observados em pesquisa de doutorado, intitulada "Diálogos com Tradutores-Intérpretes de Língua De Sinais que atuam no Ensino Fundamental". Em diálogo com os TILS, empreendemos discussões sobre suas trajetórias profissionais e formação, tentando perceber como estes sujeitos se sentem em seus lugares, e como são afetados por isso no seu cotidiano. Fundamentamos teoricamente nosso estudo, a partir da teoria enunciativo-discursiva da linguagem de Mikhail Bakhtin e, desse referencial, definimos os procedimentos metodológicos, que tiveram como base principal as entrevistas e, complementarmente, o preenchimento de um perfil com dados sobre formação, vinculação e experiência, e anotações de elementos contextuais, relevantes para a compreensão dos sujeitos e seus discursos. A ideia neste recorte, é discutir as condições funcionais e suas repercussões no pensar sobre a profissão e no cotidiano profissional dos sujeitos participantes da pesquisa. Vimos que a maioria dos TILS não planejou, se projetou profissionalmente, para ser TILS, ou melhor, esta carreira aconteceu por demanda social. Que a formação inicial, sendo em cursos de licenciaturas, e a escassez de oferta de formação específica, termina, dentre outros fatores, por influenciá-los a, na prática, se apropriarem da responsabilidade do ensino para os alunos surdos. E, ainda, que a falta de oferta suficiente – frente às demandas deste novo nicho de trabalho – de cursos de formação específica para TILS é, também, um fator preponderante para este cenário, que inclusive, a depender de cada situação específica, pode comprometer, sobremaneira, a forma como estes TILS definem seus papeis no âmbito escolar. Fonética Forense Coordenadores: Renata Vieira – PUCSP Plínio Barbosa – Universidade Estadual de Campinas Este simpósio tem por objetivo agregar pesquisadores cujos trabalhos relacionam a Fonética e a esfera forense. A Fonética Forense é uma subárea da Linguística Forense relacionada à perícia de Identificação de Falantes. A identificação de falantes é a comparação de duas amostras de fala com o objetivo de se determinar se pertencem ou não a um mesmo indivíduo. Serão temas de reflexão e debate entre os pesquisadores o panorama atual da Fonética Forense no Brasil. Pesquisas recentes sobre medidas acústicas e características prosódicas no contexto forense, além de estudos sobre os efeitos do telefone celular no sinal de fala serão debatidos. COMUNICAÇÕES INTERNAS Uso de técnicas acústicas para verificação de locutor em simulação experimental Aline de Paula Machado Este trabalho tem como objetivo investigar a eficácia de um conjunto de medidas acústicas no que concerne ao reconhecimento da fala de um indivíduo em um grupo de dez falantes do português brasileiro. Um sujeito desse grupo foi sorteado e nomeado o “criminoso”. Entre as medidas usadas na pesquisa estão as frequências dos dois primeiros formantes, a frequência fundamental média, a duração de unidades do tamanho da sílaba e da vogal, a dinamicidade dos formantes e o desvio padrão de durações de intervalos consonânticos (ΔC). Analisamos todas as vogais do português brasileiro. Todos os entrevistados eram falantes do português brasileiro das regiões do estado de São Paulo, Rio Grande do Sul, Pará e Bahia. Os trechos escolhidos para essa análise foram divididos em dois grupos, (i) entrevistas ao ar livre e (ii) gravações telefônicas (de celular para celular). Em nossos resultados, os parâmetros que menos sofreram variação devido à mudança de canal de transmissão foram os parâmetros de ritmo e tempo, tais como duração, taxa de elocução, ΔC, e taxa de movimento do segundo formante, a qual mede a dinamicidade do formante. Já as medidas temporais da pesquisa, por serem as mais variáveis intersujeito, tiveram grande poder discriminador. Os testes estatísticos apontaram que três dos indivíduos estudados, apresentavam semelhanças com o “criminoso”. O efeito do telefone celular no sinal de fala: uma análise fonéticoacústica com implicações para a verificação de locutor em português brasileiro Renata Regina Passetti Investigamos os efeitos causados ao sinal da fala pela transmissão telefônica de linhas móveis com o intuito de analisar os parâmetros acústicos afetados por essa transmissão. O corpus consistiu em gravações simultâneas nas condições face a face e via celular, nas quais analisou-se as seguintes classes de parâmetros: frequência dos três primeiros formantes, frequência fundamental, frequência de base da fundamental (baseline) e duração interpicos de F0. As alterações em F1 e F3 foram de, aproximadamente, 14% na condição telefônica. A análise de dispersão do segundo formante mostrou que a transmissão telefônica aumentou artificialmente as frequências de vogais com baixos valores de F2 e diminuiu as frequências de vogais com altos valores de F2. Os parâmetros baseline e duração interpicos de F0 não atestaram diferenças significativas entre as duas condições de gravação. O aumento nas frequências de F1 resultou no abaixamento global do espaço vocálico na gravação telefônica. A diminuição dos valores de F2 para as vogais anteriores e o aumento nos valores deste formante para vogais posteriores comprimiu o espaço vocálico da maioria dos sujeitos. Estes resultados podem ter implicações perceptuais, uma vez que tais modificações podem resultar em ouvir, no celular, essas vogais modificadas com qualidades vocálicas distintas. Caracterização prosódica de sujeitos de diferentes variedades do português brasileiro em diferentes relações sinal-ruído Ana Carolina Constantini O objetivo deste trabalho foi estudar parâmetros prosódicos de amostras de fala que pudessem caracterizar e, posteriormente, diferenciar sujeitos de diferentes variedades faladas no português brasileiro (PB). Em um segundo momento, ruído aditivo foi incluído nas mesmas amostras de fala para entender melhor como os parâmetros prosódicos se comportam quando há inclusão de ruído. Entende-se que os dois objetivos do trabalho podem contribuir para as pesquisas da Fonética Forense visto que amostras de fala com ruído são corriqueiras neste campo de pesquisa e, além disso, conhecer as características prosódicas de diferentes variedades pode auxiliar na delimitação de suspeitos de um crime, por exemplo. De amostras de fala de 35 sujeitos foram extraídos oito parâmetros acústicos. Cinco parâmetros conseguiram identificar ao menos uma variedade do PB, revelando características próprias de algumas variedades: mediana de F0, ênfase espectral, desvio-padrão e assimetria de z-score suavizado e taxa de unidades VV não-proeminentes/s. A análise dos mesmos parâmetros nas amostras com ruído evidenciou que mediana de F0 e ênfase espectral sofreram maior perturbação de seus valores originais. Conclui-se que a análise da estrutura rítmica é mais robusta em situações de ruído. Produtividade das noções de prática (inter) discursiva e comunidade discursiva para a compreensão de discursos advindos de diferentes esferas de atividades Coordenadores: Fátima Pessoa - Universidade Federal do Pará Marília Giselda Rodrigues - Universidade de Franca Este simpósio tem por objetivo discutir a produtividade de noções propostas pelo linguista Dominique Maingueneau no âmbito da Análise do Discurso de linha francesa para a compreensão de discursos relacionados a atividades de trabalho que, por sua natureza, colocam em relação campos distintos, tais como o campo do Direito e o da Psicologia; a arquitetura e a religião; o campo literário e o midiático; o campo religioso e o midiático. Espera-se que os trabalhos que serão apresentados e discutidos possam fazer avançar impasses de natureza teórica e metodológica para pesquisas que aproximam o campo dos estudos da linguagem a outros campos variados. COMUNICAÇÕES INTERNAS Elaborações de uma prática discursiva intersemiótica: as cenas do dissenso LGBT e a iconografia cristã Diogo Michel Nascimento Bezerra As elaborações intersemióticas das imagens de protesto da 19ª parada LGBT de São Paulo despertaram a atenção de diversos setores da sociedade brasileira, entre eles, organizações evangélicas e CNBB. Tais imagens reverberaram discursivamente e acirraram posicionamentos na disputa por sentidos legítimos. Para os cristãos, no cenário LGBT, elas subvertem a ordem dos sentidos que lhe são atribuídos tradicionalmente. A presença do “outro” no discurso LGBT, efetivada pelo acionamento do ideário imagético cristão, constitui-se como evidência que caracteriza o dissenso por meio de uma partilha política do sensível. A imagem da crucificação, em particular nesta parada, instaura uma cena dissensual de polêmica explícita ainda não problematizada do ponto de vista das análises das práticas discursivas intersemióticas. Este trabalho tem como propósito analisar a constituição político-polêmica da imagem da crucificação, caracterizando-a como uma prática discursiva intersemiótica que esboça novas configurações do visível, do dizível e do pensável. Para a consecução deste propósito, utiliza-se como corpus de referência duas matérias divulgadas em sites de notícias especializados, um de vertente cristã (GospelPrime) e outro aparentemente sem filiação de cunho religioso (G1). Considerando os elementos que conferem dimensão política à imagem (MARQUES, 2014), assim como o funcionamento das práticas intersemióticas (MAINGUENEAU, 2008a) observa-se a vinculação da imagem “transexual crucificada” ao posicionamento destes sites por meio dos registros verbais da heterogeneidade mostrada que marcam a controvérsia e indicam tal imagem como cena de enunciação dissensual. A subversão da iconografia cristã pela apresentação da imagem em questão aponta para uma ruptura da concordância geral, formatando novas formas de sentido comum. A constituição do discurso jurídico a partir das relações interdiscursivas Suelem Cristina Silva Bezerra Fátima Pessoa O texto que ora se apresenta consiste em um ponto do percurso de uma pesquisa desenvolvida no mestrado em Letras do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Pará. Analisa-se sentenças penais, consideradas práticas discursivas fundamentais no trabalho desenvolvido pelo juiz em todo o curso de um processo penal, uma vez que se constitui como o instrumento essencial à validade ou invalidade não só da sentença prolatada pelo juiz, mas também do próprio processo. A sentença penal condenatória se configura como um espaço de constituição da interdiscursividade, pois relações entre campos diversos são estabelecidas à medida em que o juiz valora a pena do acusado. Das relações postas com outros campos, a saber, psicologia e sociologia, reside um espaço de concorrência entre discursos a partir dos quais investiga-se, no exercício enunciativo realizado pelo juiz, a pretensão de se construir como um discurso constituinte, isto é, autorizado a dizer-se por si só. Nesse sentido, o estudo da sentença penal possibilita a edificação de um modelo explicativo das relações entre a linguagem e o trabalho no campo da justiça criminal e que será construído tomando como base os conceitos de Interdiscurso e Discurso Constituinte na perspectiva da Análise do Discurso, desenvolvida por Dominique Maigueneau (2008). Sob esta perspectiva, ainda, adota-se as reflexões propostas por Nouroudine (2002) e Souza-e-Silva (2002) para pensar no funcionamento da linguagem, em sua dimensão linguagem como trabalho, cuja complexidade deve ser observada. Fanfictions, intertextualidade e uma comunidade discursiva de comentadores Pollyanna Zati Ferreira No contexto do ciberespaço, encontramos um grande número de jovens, leitores principalmente de obras literárias populares, produzindo histórias de ficção baseadas em suas obras preferidas. Trata-se das fanfictions. Por verificarmos que há em torno dessas fanfictions a organização de uma comunidade discursiva – constituída por meio da prática discursiva compartilhada por ficwriters, leitores, betareaders e webmistress – nosso objetivo é descrever o funcionamento dessa comunidade discursiva. Nossa hipótese é que a intertextualidade é um fenômeno discursivo organizador da prática discursiva da comunidade constituída em torno das fanfictions, uma vez que a fanfiction é sempre um intertexto, uma espécie de comentário, no sentido foucaultiano do termo. Esse modo de funcionamento nos leva a supor, também, que é possível definir a comunidade discursiva que se constitui em torno das fanfictions como uma comunidade de comentadores. Para isso, assumiremos, como ponto de partida, as postulações de Dominique Maingueneau em torno da noção de comunidade discursiva, apresentada nos livros Gênese dos Discursos (2008) e Cenas da Enunciação (2009). Nosso corpus se constitui basicamente de sites e blogs que foram criados unicamente para a produção de fanfictions, tais como Niah Fanfiction, Floreios e Borrões, Fanfiction e Sugar Quill. (Apoio: CAPES). Polêmica entre discursos de diferentes campos acerca das catedrais de Oscar Niemeyer Aline Monteiro Campos Garcia Marília Giselda Rodrigues Oscar Niemeyer, arquiteto, declaradamente comunista e ateu, projetou várias igrejas, espaços destinados à vivência da fé, sendo as mais conhecidas a Igreja da Pampulha e a Catedral de Brasília. Recentemente, tiveram início as obras de construção da Catedral Cristo Rei, em Belo Horizonte, cujo projeto é também de Niemeyer. Em torno desses espaços, representativos da arquitetura modernista, instaurou-se uma polêmica (inter)discursiva: de um lado, aqueles que defendem as obras inspiradas do gênio criador Niemeyer; de outro, aqueles que afirmam ser impossível entendê-las e viver, naqueles espaços, as experiências de oração, de inspiração de fé e de contato com o divino. A partir dos pressupostos teórico-analíticos da Análise do Discurso de linha francesa, que embasam a pesquisa, compreendemos a polêmica como interincompreensão regrada, onde cada discurso se baseia sobre um conjunto de semas repartidos em "positivos" ou reivindicados, e "negativos" ou rejeitados, tal como propõe Maingueneau em seu livro Gênese dos Discursos (2008). O objetivo da pesquisa é investigar as relações interdiscursivas (e intersemióticas) no espaço discursivo compreendido entre o discurso religioso católico e o discurso modernista. A metodologia da pesquisa inclui a seleção de um corpus que inclui sequências verbais constituintes dessa polêmica, isto é, comentários de arquitetos, de representantes do clero e de leigos católicos, bem como entrevistas em que Niemeyer fala sobre suas obras e sobre sua vida. Espera-se que esta pesquisa, além da compreensão do próprio objeto tomado para estudo, possa se constituir em uma contribuição para o campo da AD, na medida em que estudaremos e aplicaremos pressupostos teóricos que foram ainda pouco testados em objetos discursivos de domínios outros que não o linguístico, sobretudo o domínio da arquitetura. Estudo do gênero e a linguística sistêmico-funcional: diálogos e perspectivas Coordenadores: Fabíola Sartin - Universidade Federal de Goiás - Regional Catalão – UFG/RC Maria do Rosário Albuquerque-Barbosa - Universidade de Pernambuco A proposta deste simpósio é reunir trabalhos ancorados nos pressupostos teóricos da Linguística Sistêmico-Funcional (Halliday, 1984/1994; Halliday & Matthiessen, 2004, 2014) e propostas educacionais para o ensino com base em gêneros discursivos (Martin e Rose (2008), Rose e Martin (2012) e Bakhtin (2003)) e demais teorias de gênero que dialogam com a LSF. Almeja, também, agregar estudos que abarquem questões relacionadas à formação do professor de línguas materna e estrangeira, no contexto presencial e digital. Os trabalhos podem focalizar qualquer das três metafunções – interpessoal, ideacional ou textual – descrevendo características léxicogramaticais dos gêneros em questão, levando-se em consideração seus contextos de situação e de cultura. A Linguística Sistêmico-Funcional (LSF) é uma teoria linguística cuja abordagem para a análise de textos é sempre orientada para o seu caráter social (HALLIDAY, 1985, 1994, 2004). O principal foco dessa teoria é estudar como a linguagem atua no contexto social e como a influencia. Ela está, portanto, preocupada em mostrar como a organização da linguagem é relacionada ao seu uso. COMUNICAÇÕES INTERNAS Formação de professores de línguas: estudos desenvolvidos pelo projeto sal (systemics across languages) Fabíola Sartin Esta comunicação tem como objetivo apresentar os estudos desenvolvidos pelos membros do projeto SAL (Systemics Across Languages) cuja finalidade é a discussão dos resultados das pesquisas desenvolvidas no país sobre a descrição de sistemas gramaticais das metafunções da linguagem nos diferentes registros de língua e a realização de oficinas sobre a estrutura dos gêneros e a ontogênese da escrita. Muitos dos estudos desenvolvidos pelos participantes do projeto abarcam a formação do professor com o foco na análise linguística dos textos produzidos dentro e fora da sala de aula. O SAL tem como base teórica os estudos da Linguística Sistêmico-Funcional a partir de Halliday (1994; 2004) e seus seguidores. Outro aspecto relevante no projeto são os estudos que remetem a uma reflexão sobre a formação de professores de línguas que valem-se da tecnologia como recurso pedagógico na preparação das suas aulas. Há também a possibilidade de intercâmbio de pesquisas brasileiras e internacionais em reuniões, pelo menos duas vezes ao ano, com vistas a discussão de novas pesquisas, publicações e engajamento de novos pesquisadores regionais. Será destacada uma pesquisa sobre blogs de professores de línguas, cujo objetivo é analisar os elementos avaliativos (Martin e White, 2005) presentes nos comentários dos participantes e blogueiros a fim de compreender como são tratadas questões de ensino nesse ambiente digital e quais as características desse gênero. Gênero, texto e ensino: um estudo sob a perspectiva da linguística sistêmico-funcional Maria do Rosário Albuquerque-Barbosa O objetivo deste trabalho é refletir sobre a relação da Linguística Sistêmico-Funcional com leitura de textos de diferentes gêneros na escola e com as escolhas léxicogramaticais de avaliatividade. Os pressupostos teóricos e metodológicos são sustentados pela Linguística de Corpus (BEBER SARDINHA (2004, 2005), pela Linguística Sistêmico-Funcional (HALLIDAY (1994), HALLIDAY; MATTHIESSEN (2004), CHRISTIE (2002, 2005), MARTIN & ROSE (2008), destacando os estudos sobre avaliatividade e discurso de MARTIN & WHITE (2005). A Linguística SistêmicoFuncional, proposta por HALLIDAY (1985, 1994), preocupa-se com o estudo da linguagem, considerando-a uma prática social para criar significados. HALLIDAY (1985, 1994) compreendem a língua como um sistema semiótico social e um dos sistemas de significado que compõem a cultura humana. Dessa forma, a língua é descrita muito mais como um recurso para a significação do que como um sistema de regras, e a gramática é um construto operacional que organiza as funções da linguagem realizadas pelo falante, em que os diferentes significados possuem diversas formas de expressão. A avaliatividade, por sua vez, tem suas ramificações da Linguística Sistêmico Funcional notadamente na metafunção interpessoal, cuja preocupação está focada no lado interpessoal da linguagem, à presença subjetiva dos escritores/falantes nos textos, na medida em que adotam posições com relação ao material que eles apresentam e àqueles com quem eles se comunicam. Como procedimento metodológico, adotar-se-á uma descrição de texto e contexto, levando em consideração as noções de registro e gênero, seguida da sistematização das escolhas léxicogramaticais responsáveis pela construção do significado experiencial do escritor. Tratase, portanto, de uma pesquisa de caráter quantitativo e qualitativo, pois se busca caracterizar diferentes modalidades de coleta de informações por meio do programa computacional WordSmith Tools (SCOTT, 2010) assinalando as implicações pedagógicas no Ensino Fundamental. Enfim, serão brevemente apresentadas pesquisas desenvolvidas no CELLUPE – Centro de Estudos Linguísticos e Literários da Universidade de Pernambuco. Gêneros da ordem do “falar de si”: multissemioses e linguagens Anair Valência Martins No escopo da Linguística Aplicada, traçar um quadro teórico-metodológico para a investigação de enunciados/textos que se constituem de multissemioses (ROJO, 2013) e as mais diversas linguagens (SANTAELLA, 2013) fluídas e ubíquas, especialmente considerando a necessidade do sujeito em descolecionar velhas práticas e elaborar novas coleções (CANCLINI, 1997) em contextos de hipermodernidade (LIPOVETSKY, 2004), parece ter se transformado em uma necessidade contínua dos linguistas aplicados. Nesse sentido, o propósito deste trabalho é apresentar uma reflexão acerca de gêneros da ordem do “falar de si”, investigando as semioses e linguagens utilizadas nas suas escritas. Nos gêneros dessa ordem, é comum os sujeitos, ao falarem sobre si e sobre sua história de vida, (re)significarem a sua própria existência (LEJEUNE, 2008) e (re)elaborarem as suas identidades. Pretende-se, então, apresentar análises comparativas de narrativas autobiográficas, escritas em dois momentos distintos, um em que o sujeito escreve a sua própria autobiografia e outro em que ele escreve uma autobiografia para o seu avatar (criado em uma situação formal de sala de aula), focando nas modalidades de linguagens e nos recursos multissemióticos empregados nas produções escritas realizadas. Em se tratando de escritas autobiográficas para avatares, é possível observar que o sujeito, nessa empreitada, desloca a sua relação consigo mesmo e, nesse movimento, o ciberespaço passa a fazer parte das rotinas do seu cotidiano (TURKLE, 1995, p. 09). Essas mudanças e relações com o ciberespaço podem ser potencializadas quando o sujeito tem a oportunidade de assumir a vida de personagens que ele mesmo cria, partilhando conhecimentos e eliminando barreiras por meio de semioses e linguagens diversas. Pretende-se, então, com as reflexões apresentadas neste Simpósio, contribuir com os estudos e pesquisas no escopo da Linguística Aplicada sobre o ensino de língua e gêneros da ordem do “falar de si”. COMUNICAÇÕES Área: Linguagem e Educação Um estudo sobre o processo de ensino-aprendizagem dos alunos da disciplina Libras da Universidade Federal de Alagoas FÁBIO RODRIGUES DOS SANTOS [email protected] [email protected] JOYCE RODRIGUES MAGALHÃES Esta comunicação apresenta uma parte de meu projeto de pesquisa em nível de mestrado, intitulado -Um estudo sobre o processo de ensino-aprendizagem dos alunos da disciplina Libras da Universidade Federal de Alagoas- no Programa da PósGraduação em Letras e Linguística na linha de pesquisa em Linguística Aplicada na Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e objetiva proporcionar uma reflexão sobre a perspectiva de ensino e aprendizagem de língua brasileira de sinais - Libras - trazida pela ementa da disciplina Libras (por vezes denominada Fundamento de Libras) presente nos Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPC) de Licenciatura na área de Letras da UFAL. A proposta desse trabalho se baseia no recente cenário de complexidade social que se dá pela difusão da Libras, uma vez que essa língua se faz presente na matriz curricular dos cursos de licenciatura, preferencialmente, bem como de forma eletiva para os demais cursos, segundo o decreto nº 5.626/05. A metodologia de coleta de dados consiste na análise comparativa dos sentidos de ensino de Libras circulantes nesses PPCs, em relação à proposta da ementa, e na aproximação feita desses sentidos com outros presentes em documentos oficiais utilizados como referenciais e guias na formação de professores na área. Dessa forma, o trabalho intenta contribuir com a perspectiva de ensino e aprendizagem de Libras tendo em vista que as reflexões apresentadas podem favorecer a compreensão do processo de produção de sentidos no que se refere a alunos ouvintes. Comunicações orais em português em congressos de Linguística Aplicada e suas variáveis de registro: estudo sob a perspectiva da Linguística Sistêmico-Funcional JOÃO PAULO SOARES [email protected] [email protected] Como parte do contexto mais amplo do projeto de pesquisa 'Design e Desenvolvimento de Material Instrucional para Contexto Presencial e Digital' (PUC-SP/LAEL), este trabalho é um recorte da minha tese de doutoramento e tem como objetivo descrever a estrutura genérica de comunicações orais em língua portuguesa em congressos da área de Linguística Aplicada e suas variáveis de registro. Para tanto, utiliza-se da Linguística Sistêmico-Funcional (HALLIDAY, 1985, 1994) como arcabouço teórico e seus seguidores (EGGINS; SLADE, 1997; MARTIN; ROSE, 2008), que tem como foco a língua em uso, que permite analisar as escolhas léxico-gramaticais feitas pelos usuários em textos escritos e falados com base nos contextos de situação e cultura em que se realizam. No que diz respeito às variáveis de registro, Martin & Rose (2003, p. 243) ressaltam que -podemos pensar em campo, relações e modo como recursos generalizadores dos gêneros a partir de uma perspectiva diferenciada de significados ideacionais, interpessoais e textuais-. Eggins (1994, p. 65) compara a variável de registro relações aos modos de linguagem formal e informal, ressaltando que uma situação informal envolveria, de modo geral, interagentes com o mesmo status de poder, que se veem com frequência e que estão envolvidos afetivamente, ao passo que em uma situação formal o poder entre os interagentes é desigual, o contato não é frequente e o envolvimento afetivo é baixo. Espera-se que este trabalho contribua para elaboração de material didático para o ensino-aprendizagem de gênero oral em ensino superior. A construção do saber e do espaço escolar: a perspectiva multicultural e discursiva d/na construção de sentidos ANA CLAUDIA CUNHA SALUM [email protected] SELMA SUELI SANTOS GUIMARÃES [email protected] Nessa apresentação, compartilhamos nosso projeto de pesquisa, em fase inicial, em que tratamos da relação do aluno com o saber e o espaço escolar, partindo de uma perspectiva não linear e complexa das relações que circunscrevem o fenômeno do aprender. Entendemos que a forma como o sujeito se relaciona com o saber e o espaço escolar é mediada por um processo cultural de construção de sentidos, produzido por meio de sistemas de representação. Na teoria sócio-histórico-cultural, a representação não é um meio transparente de expressão de um suposto referente, mas uma forma de atribuição de sentidos, um sistema arbitrário que nos posiciona como sujeitos, tornando possível aquilo que somos e aquilo no qual podemos nos tornar (WOODWARD, 2003). Dez estudantes de uma escola pública federal, entre 13 e 16 anos de idade, documentarão o espaço escolar por meio de fotografias, objetivando refletir sobre as suas relações no espaço escolar. Ao discursivizar sobre seus registros fotográficos, os estudantes poderão tecer e organizar suas representações, proporcionadas pela experiência estética gerada pelas fotografias (TELLES, 2007; ALLEN, 2015). A análise dos dados enfatizará a apreensão dos fenômenos complexos em suas múltiplas dimensões, de maneira integrada, com uma visão dialética e discursiva, por meio de uma perspectiva cultural e historicamente definida (ROSSETI-FERREIRA; AMORIM & SILVA, 2004). A noção de discurso empreendida é a de que não há uma relação direta entre a língua e o objeto por ela designado, mas uma relação atravessada por outros dizeres (FOUCAULT, 1969). Estudar e compreender os processos de objetivação e de subjetivação (FOUCAULT, 1984) desses estudantes, nos permite entender a forma como significam sua experiência pessoal e acadêmica a partir de formas culturais de organização do contexto social e, portanto, estudar essa relação é saber do próprio sujeito que se constrói por apropriação do mundo. . FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE INGLÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA: Crenças e expectativas de agentes envolvidos no processo em Marabá-PA LUCIANA KINOSHITA BARROS [email protected] [email protected] A pesquisa consiste na investigação em andamento que atualmente desenvolvemos como nossa tese de doutorado pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade de São Paulo, onde estudamos as crenças e as expectativas de diferentes agentes envolvidos na formação de professores de inglês como língua estrangeira para rede pública do município de Marabá, no sudoeste do Pará, sobre como se dá esse processo em diversos níveis da educação formal escolar. A relevância de estudar esse tema está atrelada ao comprovado fracasso da aprendizagem do inglês como língua estrangeira na Educação Básica pública brasileira (BRASIL, 2012b, 2013c, 2013d, 2013e, 2013f; LIMA, 2011; LEFFA, 2011; RUIZ; 2009; MASCARENHAS, 2007; PAIVA, 2003), muitas vezes atribuída à falta de competência linguística dos professores de inglês (SILVA, 2013; PAVAN, 2012; LIMA, 2011, BARCELOS, 1995; ALMEIDA FILHO, 1992). Nosso objetivo é compreender crenças e expectativas de diferentes agentes escolares sobre a formação de professores para tal tarefa e, a partir das representações construídas, pensar em possíveis propostas e caminhos para a formação docente inicial e eficiência na aprendizagem. Para alcançar o objetivo traçado estamos desenvolvendo uma investigação de cunho qualitativo que envolverá aplicação de questionários e análise documental, além de pesquisa bibliográfica com base em referencial teórico relativo a estudos sobre essas questões na área de Linguística Aplicada que tiverem como foco investigações a respeito de crenças e expectativas em relação ao ensino/aprendizagem de línguas e formação docente (ALMEIDA FILHO, 1993 e 2009; BARCELOS, 1995 e 2001; BORTONI-RICARDO, 2005; EAGLY e CHAIKEN, 1993; HYMES, 1979; LEFFA, 2001; LIMA, 2011; PAJARES, 1992; PAVAN, 2012; SILVA, 2011 e 2013; VIEIRA-ABRAHÃO, 2006). Influência da L1/L2 na produção lexical de L3: efeito de priming do português brasileiro e alemão na produção de inglês como L3 PÂMELA FREITAS PEREIRA TOASSIES [email protected] MAILCE BORGES MOTA ELISÂNGELA NOGUEIRA TEIXEIRA Um importante fator que pode influenciar o processo de ensino-aprendizagem de língua estrangeira, é o conhecimento linguístico do aprendiz (DE ANGELIS, 2007), especialmente no Brasil que apresenta uma grande diversidade linguística. O presente estudo foi realizado a região sul do Brasil, a qual é caracterizada pela presença de comunidades imigrantes falantes da língua alemã. Neste estudo, analisamos os efeitos do contato linguístico do português brasileiro e do alemão na aprendizagem do inglês como língua estrangeira. Através deste estudo, busca-se compreender a influência destas línguas na produção do inglês como língua estrangeira. Falantes de português brasileiro (L1), alemão e inglês, como L2 e L3, realizaram uma tarefa de produção da língua inglesa que consistiu na nomeação de figuras que representavam objetos concretos (ex.: monkey, shirt, sink). Esta tarefa de nomeação de figuras foi aplicada no paradigma de priming mascarado, sendo que os primes consistiam no nome da figura, em inglês, ou no seu equivalente de tradução, em português ou alemão (ex.: egg, ovo, Ei). A análise desta tarefa foi feita através dos dados de tempo de resposta e acurácia dos participantes. Dessa forma, a apresentação dos primes nas três línguas dos participantes permitiu analisar a influência de cada língua (português brasileiro, inglês e alemão) na nomeação das figuras. Os resultados mostraram que primes na língua alvo, inglês, eliciaram uma resposta mais rápida do que os equivalentes de tradução. Dentre as línguas não alvo, observou-se uma maior facilitação quando o prime era apresentado em português do que em alemão. Os resultados deste estudo mostram que todo o conhecimento prévio de outras línguas pode influenciar o processo de ensinoaprendizagem de língua estrangeira. FORMAÇÃO DE PROFESSORES, LÍNGUA E CULTURA: Um olhar sobre a Competência Intercultural no ensino de Língua Inglesa em um curso de Letras DILUBIA SANTCLAIR [email protected] RICARDO REGIS ALMEIDA BARBRA SABOTA [email protected] O objeto central desta comunicação é promover a discussão sobre a relevância de favorecer o desenvolvimento da Competência Comunicativa Intercultural (BYRAN, 1997; COLBERT, 2003; FIGUEREDO, 2007) nas licenciaturas em Letras, para contemplar uma formação de professores de línguas que sejam críticos e reflexivos, também sob o ponto de vista da relação entre língua e cultura. Partimos do pressuposto que uma abordagem intercultural para o ensino de inglês deve priorizar um currículo multicultural e crítico que ensina ativamente e facilita a construção das identidades pessoal e social dos aprendizes no processo de desenvolvimento integrados de habilidades linguísticas, quais sejam: produção e compreensão oral e escrita. Buscamos refletir teoricamente sobre o conceito de aprendiz intercultural (DEARDOFF, 2004) em correlação com a definição de língua como prática social (MOITA LOPES, 1996), coconstruída e ressignificada historicamente por meio da interação social (VYGOTSKY, 1996), o que desenha um cenário favorável ao ensino crítico de línguas estrangeiras (PESSOA e FREITAS, 2012). Tais reflexões fundamentam nossa análise de um recorte de empirias vivenciadas em uma universidade pública no Estado de Goiás. Nossos dados, portanto, advém de filmagens de aulas de línguas, entrevistas e narrativas coletadas com alunos do 4º ano de Letras - Português-Inglês da UEG campus CCSEH no ano de 2014. Durante as aulas de língua inglesa temas como família, hábitos alimentares, festividades foram abordados de modo a propiciar a pesquisa, o debate e a reflexão sobre como a cultura integra a formação linguística do aprendiz e a percepção da formação de sua identidade de falante bilíngue, de professor de inglês. Nossos dados apontam para a possibilidade de afirmar que a competência intercultural pode contribuir para a compreensão da cultura estrangeira, partindo da nossa própria cultura e também de uma perspectiva externa, ou seja, é possível compreender-se a partir da visão do outro. Inglês para candidatos a programas de mobilidade acadêmica: desafios e considerações sobre materiais didáticos TALITA APARECIDA DE OLIVEIRA [email protected] [email protected] Objetivamos, por meio desta comunicação, apresentar uma análise de materiais didáticos (MDs) para o ensino-aprendizagem de língua inglesa direcionados a alunos candidatos à participação em programas de intercâmbio acadêmico em países falantes dessa língua. Nesta investigação, temos buscado compreender possíveis impactos do uso de MDs desenvolvidos localmente em experiências de intercâmbio e verificar quais características desse uso podem efetivamente contribuir para preparar universitários brasileiros considerando aspectos linguísticos e culturais (HINKEL, 2012). Para realizar tais análises, temos nos baseado em autores que se dedicam a compreensão de princípios que possam auxiliar o desenvolvimento de MDs (TOMLINSON, 2011, 2012; GARTON E GRAVES, 2014). O trabalho realizado justifica-se pelo fato de podermos observar que no contexto brasileiro atual oportunidades de intercâmbio acadêmico intensificaram-se, sobretudo por meio de iniciativas governamentais como o programa Ciência sem Fronteiras (AVEIRO, 2014). Por meio de análises sobre materiais didáticos de língua inglesa desenvolvidos para esse público, acompanhamos alunos que iniciaram o programa de mobilidade acadêmica para avaliar de que maneira MDs e cursos podem contribuir com a experiência dos aprendizes, segundo seus próprios depoimentos. Preparação para a mobilidade internacional: gêneros textuais e escrita acadêmica em Inglês LUCIANA LORANDI HONORATO DE ORNELLAS [email protected] A mobilidade internacional é uma demanda crescente nas universidades e instituições brasileiras públicas e privadas. Para concorrer às bolsas, os alunos precisam passar nos exames internacionais que aferem o conhecimento de língua, mas isto não garante que o aluno domine os gêneros acadêmicos. Há ações do governo federal, como o programa MyEnglish online-, cujo objetivo é trabalhar as habilidades de leitura, compreensão oral e gramática em Língua Inglesa, no entanto, o programa não contempla a escrita acadêmica. Os Institutos Federais de ensino participam de programas de mobilidade e não possuem um trabalho com o letramento acadêmico em Inglês. Esta pesquisa, em andamento, inserida na área de Letramento Acadêmico, tem como objetivo preencher a lacuna supracitada, ao mapear os gêneros do discurso, as tarefas e atividades utilizadas por alunos, de uma instituição pública Federal, em programa de mobilidade internacional em universidades de Língua Inglesa, além de mapear os gêneros do discurso, as tarefas e atividades utilizadas por estes mesmos alunos, na instituição pública Federal em que estudam, a fim de comparar os gêneros, as tarefas e atividades utilizadas nas universidades de países de Língua Inglesa conveniadas, com os gêneros, tarefas e atividades utilizadas na instituição Federal, com o objetivo de verificar as diferenças e semelhanças. Estas informações contribuirão para identificar a origem das dificuldades e falhas dos alunos em programas de mobilidade, além disso, estas informações poderão auxiliar na elaboração ou melhoria de cursos no âmbito do letramento acadêmico, com foco na habilidade escrita. Os participantes são dois alunos do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas - Campus Boituva, em programas de mobilidade internacional, os quais fornecerão relatórios quinzenais acerca das aulas, das dificuldades e, sobretudo, da descrição das atividades solicitadas pelos professores na universidade estrangeira. O tratamento do estilo dos gêneros discursivos no livro didático TEREZINHA NASCIMENTO [email protected] O presente trabalho é parte de nossa pesquisa de mestrado que encontra-se em andamento e que tem como objetivo analisar o tratamento do estilo dos gêneros discursivos no livro didático de Língua Portuguesa do 3º ano do Ensino Médio (CEREJA e MAGALHÃES, 2013), à luz dos estudos realizados por Mikhail M. Bakhtin e o Círculo (cf. BAKHTIN, 2013a; 2013b; 2011; 2010; BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2002; MEDVIÉDEV, 2012 ) entre outros. Nossa principal hipótese é a de que o tratamento do estilo dos gêneros discursivos no livro didático em análise se reduz a questionar sobre a variedade linguística utilizada no texto. Os dados coletados constam das questões que abordam o texto na seção Trabalhando o gênero presente nos seis capítulos de Produção de Texto distribuídas nas quatro unidades do material didático. Nossa pesquisa é de natureza qualitativo-interpretativa, ancorada na Teoria Dialógica da Linguagem. Cada gênero de discurso apresenta um estilo de linguagem próprio, ainda que apresente traços do estilo individual. O caráter dialógico do estilo evidencia a dialogicidade do gênero discursivo. Os resultados preliminares mostram a importância do estudo do estilo para a compreensão dos textos e comprovam a hipótese levantada do tratamento estritamente linguístico (formal) dado ao estilo dos gêneros discursivos. Esperamos que este trabalho possa contribuir para uma maior compreensão dos gêneros através do estudo do estilo numa perspectiva dialógica. A Expansão da Compreensão de Argumentação a partir da Análise multimodal de uma apresentação oral discente na Letras Língua Inglesa JULIANA GAMA DE OLIVEIRA [email protected] MARIA CRISTINA DAMIANOVIC A coexistência de múltiplas formas de comunicação (modalidades verbal, escrita, imagética, dentre outras) é cada vez mais frequente nas mais diversas manifestações sócio-culturais. E constituem o conceito de Multimodalidade (Mc NEILL,1985; ROJO, 2013,2015). No âmbito educacional, a utilização de recursos multimodais é essencial para a construção do pensamento crítico docente e discente do mundo das diferentes linguagens que nos constituem e que constituímos o mundo em que vivemos. É nesse panorama que se desenvolve o presente trabalho, cujo objetivo é investigar a expansão e desenvolvimento da Argumentação (LIBERALI, 2013; LEITÃO, DAMIANOVIC, 2011) e pensamento crítico dos discentese da docente do curso de Inglês VI, na Letras- Inglês da UFPE em 2015.1. A partir dos dados construídos, analisaremos o papel da multimodalidade na expansão da argumentação na apresentação de umgrupo focal. Nos baseamos na perspectiva da Pedagogia da Argumentação (MATEUS, 2013), que prima pela articulação de ideias de forma democrática e crítica, visando a transformação dos participantes envolvidos; e nos estudos de Liberali (2013), Leitão &Damianovic (2011) sobre a Argumentação como um processo de compartilhamento de pontos de vista para construir conceitos e transformar os participantes envolvidos . A análise inicial dos dados indicaque os elementos multimodais utilizados durante as apresentações contribuem para a expansão do conhecimento de todos os envolvidos e também para o fortalecimento da Argumentação nas práticas discursivas dos discentes focais. A abordagem enunciativo-discursiva associada á microgenética na pesquisa com alunos surdos SEBASTIANA SOUZA [email protected] SERGIO ALMEIDA [email protected] Esta investigação utiliza-se da análise microgenética, numa perspectiva qualitativa, para pesquisar alunos surdos e seus processos de interação com alunos ouvintes em salas de aula de Língua Portuguesa, em classes regulares do ensino fundamental, na cidade de Cuiabá, Mato Grosso. A Língua Portuguesa, constitui, para o surdo, língua oralizada, cujo ensino-aprendizado nas escolas não têm sido satisfatório, tendo em vista diversos fatores constitutivos do processo de inclusão no contexto brasileiro. Abordaremos as interações entre alunos ouvintes e surdos, analisando aspectos comunicativos e metacomunicativos observados nas práticas sociais desenvolvidas na escola. A abordagem utilizada enunciativo-discursiva de viés bakhtiniana, que propõe uma pesquisa que seja essencialmente de caráter dialógico e alteritária e, portanto, interacional, associada à microgenética, consiste, assim, no modelo teóricometodológico que fundamenta e orienta a definição dos recortes feitos nessa pesquisa, bem como a geração de dados. Ao identificar condições e estratégias que facilitam e/ou dificultam a integração entre os alunos e as possibilidades de sucesso das experiências de ensino-aprendizagem, o estudo busca oferecer contribuições no sentido da promoção da inclusão, apesar das dificuldades inerentes ao processo de trazer à luz os elementos importantes que facilitam uma verdadeira inclusão dos alunos surdos nas classes regulares. Este estudo pretende, ainda, efetuar o recorte de episódios interativos, sendo o exame orientado para o funcionamento dos sujeitos focais, as relações intersubjetivas e as condições sociais da situação, num relato minucioso dos acontecimentos. Esta pesquisa integra o conjunto de pesquisas do Grupo de Pesquisa Relendo Bakhtin (REBAK), da Universidade Federal de Mato Grosso. O ensino de inglês na formação de secretários executivos: quais as dificuldades de aprendizagem e quais as estratégias possíveis? GLORIA CORTÉS ABDALLA [email protected] [email protected] Esta comunicação tem por objetivo apresentar e discutir os resultados iniciais de uma pesquisa em andamento sobre as dificuldades que alunos do curso de secretariado executivo de um centro universitário da cidade de São Paulo demonstram no processo de aprendizagem do inglês e, ao mesmo tempo, suas percepções sobre as atividades elaboradas pela professora-pesquisadora, que buscam suprir tais lacunas. A partir da aplicação de um questionário aos alunos, são reveladas suas dificuldades/lacunas, bem como quais expectativas ou desejos os discentes trazem para referido processo de aprendizagem. Após a aplicação de uma sequência didática com foco nos aspectos culturais, são apresentadas, igualmente, as percepções dos alunos sobre as atividades baseadas na perspectiva sócio-histórico-cultural de ensino (VYGOSTKY, 1932/1999, 1934, 1999). Voltadas para os aspectos temáticos-culturais, o objetivo da sequência didática é o de atender às necessidades especificas do profissional da área mas, ao mesmo tempo, trabalhar com elementos culturais do cotidiano do alunado de forma a engaja-lo no processo, bem como proporcionar maior desenvolvimento crítico. A fala privada no processo de ensino-aprendizagem da língua inglesa para crianças entre quatro e cinco anos em uma escola internacional bilíngue ANA PAULA LOURES DOS SANTOS [email protected] Esse estudo aborda a função da fala privada que, segundo Wertsch (1980a apud Frawley e Lantolf, 1985), constitui-se em um diálogo privado que o indivíduo promove consigo mesmo e sua importância surge da necessidade de autorregulação, auto direcionamento e auto reflexão, ou seja, o controle que o indivíduo tem sobre as suas ações. Pesquisas internacionais sobre fala privada em crianças incluem: McCafferty (1994), Berk&Spuhl (1995), Fernyhough& Russell (1997), Krafft&Berk (1998), Winsler, Carlton, Barry (2000), Manfra&Winsler (2006), Smith (2007), Day & Smith (2013) entre outros. Entretanto, não foram encontrados estudos nacionais sobre o tema em crianças e, dessa forma, esse estudo insere-se na lacuna existente ao que concernem estudos sobre a fala privada no processo de ensino-aprendizagem da língua inglesa para crianças no Brasil. O objetivo desse estudo consiste em investigar de que forma a fala privada, seja na língua materna ou na língua inglesa, pode contribuir para o processo de aprendizagem da língua inglesa em um contexto educacional brasileiro. Será verificado se a fala privada ocorre no -Kindergarten I- durante as atividades -circle time- e -phonics- de acordo com as seguintes perguntas de pesquisas: 1) Se sim, com que frequência, de que forma e para que função? 2) Se não, por que a fala privada não ocorre e o que os alunos usam para autorregulação? Dessa forma, quatorze crianças entre quatro e cinco anos foram gravadas durante as atividades -circle time- e -phonics-. As gravações ocorreram às segundas-feiras das 08h às 09h30 por seis semanas, período de uma unidade. As transcrições foram feitas considerando as duas línguas faladas na escola: inglês e português. Análises preliminares mostram que houve maior produção de fala privada em atividades que as crianças tiveram mais dificuldades, ou seja, em atividades que elas aprenderam novos sons do alfabeto. Percepções acerca do papel do professor tutor em uma -disciplinadiferenciada num curso de Licenciatura FRANCISCO ESTEFOGO [email protected] MARILISA SHIMAZUMI [email protected] O presente trabalho tem como objetivo descrever as diferentes percepções e experiências vivenciadas por dois professores tutores em uma -disciplina- diferenciada a tutoria - de um curso de Licenciatura de uma faculdade particular na cidade de São Paulo. Primeiramente apresentaremos o conceito de tutoria e trabalhos desenvolvidos nessa área (Arendondo, González e González 2012) e, em seguida, partiremos para uma discussão dos desafios encontrados sob a ótica dos docentes tutores acerca do trabalho de acompanhamento com os discentes ao longo de um semestre. Na perspectiva dos professores tutores, um dos fatores complexos relacionados ao trabalho de tutoria reside no fato de ser uma -disciplina- de caráter original, inovadora e formadora, gerando oportunidades e desafios constantes de aprendizagem. Há também o fato de que a natureza do trabalho dos docentes tutores se distinguiu no formato e na condução de tutoria. Um dos tutores acompanhou um grupo discente do 2º semestre, já familiarizado com o conceito de tutoria advindos do semestre anterior, ao passo que o outro tutor conduziu a tutoria com alunos recentemente matriculados em seu primeiro semestreno curso de graduação. Com relação ao trabalho dos alunos, os professores tutores reconhecem que os principais desafios dizem respeito ao desenvolvimento pessoal, profissional e acadêmico do aluno, em particular no que se refere ao processo de autonomia, bem como à administração das tarefas acadêmicas. Gênero textual na abordagem de inglês para fins específicos MARCUS ARAÚJO [email protected] Gêneros textuais são enunciados tipificados, modos reconhecíveis de utilização da língua em constante mudança que organizam toda a atividade humana, constituindo ampla diversidade de contextos e práticas sociais (BAZERMAN, 2004; BHATIA, 2004; SWALES, 1990). Situando a noção de gêneros a partir dessa perspectiva, este trabalho tem como objetivo apresentar uma proposta de unidade didática a partir do gênero acadêmico abstract, que foi aplicada com alunos da graduação na disciplina -Língua Estrangeira Instrumental- de uma Universidade Federal do norte do país com foco no desenvolvimento da competência leitora. A base teórico-metodológica se fundamenta na proposta pedagógica de gênero textual em cursos de Inglês para Fins Específicos de Ramos (2004) que se divide em três fases: apresentação, detalhamento e aplicação. Essa proposta integra a gradação e a progressão de conteúdo, mostrando preocupações em apresentar o gênero, ensinar os alunos a reconhecer seus componentes e fazer com que se apropriem desse conhecimento para seu uso prático. Nesse contexto, discutiremos questões centradas na abordagem de Inglês para Fins Específicos (CELANI et al., 2005; DUDLEY-EVANS; ST. JOHN, 1998; HUTCHINSON; WATERS, 1996; RAMOS, 2005; entre outros), além de ilustrarmos com as tarefas propostas que serviram de base para o desenvolvimento da unidade didática. Os resultados apontam para uma leitura mais eficiente e crítica do gênero abstract, sendo que os alunos se tornaram mais conscientes da organização textual e do contexto de produção, além dos aspectos linguístico-discursivos do gênero em foco. O trabalho com a proposta pedagógica de gênero textual de Ramos (2004)tornou os alunos desta turma mais conscientes que o gênero abstract é produzido por membros de um determinado contexto social, histórico e cultural, assim como todo e qualquer gênero. Dentro dessa perspectiva, ensinar gêneros de textos para nossos alunos significa instrumentalizá-los com as ferramentas de que precisam para agir no mundo em que vivem. A amplitude dos termos competência e habilidade para professores de Ensino Fundamental ANGELITA DUTRA [email protected] Desde a implantação sistemática de provas externas, como Prova Brasil e Saresp, são frequentes as recomendações para que os professores trabalhem com competências e habilidades de seus alunos, sem que esses termos fiquem muito claros. Este artigo tem o objetivo de verificar como os conceitos -competência- e -habilidades- são definidos em documentos oficiais e em diversos autores. Partimos do pressuposto de que os professores têm interesse no esclarecimento de tais termos, a fim de produzirem um melhor trabalho. Assim, esta pesquisa se baseia na análise dos documentos oficiais PCN, PDE, Proposta Curricular do Estado de São Paulo e documento do Saeb, em particular no que se refere à Prova Brasil, e na análise de diversos autores que abordam esses conceitos. Compara as definições e busca identificar possíveis problemas de interpretação pelo docentes. Metodologicamente, esta é uma pesquisa bibliográfica, de cunho qualitativo. Como resultado, observou-se que os autores reconhecem a ampla conceituação do termo -competência- e a dificuldade em uniformizá-lo. Quanto ao termo -habilidades-, ora é definido por saber-fazer, ora por mobilização de recursos, ora como microcompetências, o que pode causar certa confusão ao professor. Os documentos oficiais PDE e Proposta Curricular de São Paulo não explicitam claramente os termos, embora afirmem que cabe ao professor a tarefa de promover o conhecimento articulado às competências e habilidades dos alunos. Para o Saeb, os termos se complementam, e há uma conceituação mais clara de -sujeito competente-. Conclui-se que, diante da não uniformidade das definições de -competência- e habilidades- nos diversos autores e documentos, o professor pode optar com mais segurança pelas definições apresentadas no documento do Saeb, que inclui a Prova Brasil, por este conceituar mais claramenteos termos e por ser a Prova Brasil o aferidor da competência e das habilidades de alunos do Ensino Fundamental, na educação pública brasileira. Aprendizagem de estruturas narrativas em FLE - a produção textual na aula de língua estrangeira JOSÉ HAMILTON MARUXO JUNIOR [email protected] [email protected] A comunicação proposta pretende discutir as relações entre a aprendizagem de aspectos linguístico-discursivos em língua estrangeira e a produção de textos, por alunos aprendizes da língua estrangeira. Tal discussão tem como base a análise dos resultados obtidos a partir de uma experiência didática, conduzida com grupos de estudantes universitários aprendizes de Francês como Língua Estrangeira (FLE). Os aspectos linguístico-discursivos que constituem o objeto da análise correspondem às diferentes formas de expressão do passado na narrativa em língua francesa, em especial a aprendizagem dos valores sintáticos e semânticos das oposições entre passé composé versus passé simple, passé composé e/ou passé simples versus imparfait em gêneros narrativos. Para a análise das oposições entre esses tempos verbais, tomamos como base os estudos de Benveniste (1959) e Charaudeau (1992). Já a análise das estruturas narrativas se deu com o apoio teórico de Adam (1992). A experiência consistiu na aplicação de uma sequência didática para o trabalho com o gênero narrativo conto, estruturada de acordo com a proposta didática de Dolz, Schneuwly et al. (2001): partiu da aproximação dos alunos ao gênero conto, por meio de atividades de leitura e análise de textos, coordenadas pelo professor, seguida pelo levantamento e análise das estruturas sintáticas e semânticas responsáveis pela construção das sequências narrativas presentes nos textos analisados. Continuou pela proposta de emprego, em atividades de reconstrução textual; em seguida, propôs a escrita de novos textos pelos alunos, e análise das intervenções e revisões propostas pelo professor, para culminar no levantamento de características da sequência narrativa em Francês. A análise dos contos produzidos pelos alunos a partir das conclusões construídas com base nos teóricos citados permitiu observar o processo de aprendizagem das estruturas linguísticodiscursivas da narrativa, ao mesmo tempo que o incremento das capacidades de linguagem em FLE associadas a essas estruturas. Desenvolvendo a bilingualidade de aprendizes através da ampliação de seus repertórios comunicativos RAQUEL SANTOS LOMBARDI [email protected] MÁRJORI CORREA MENDES ANA CLAUDIA PETERS SALGADO [email protected] Estamos inseridos na era da superdiversidade (VERTOVEC, 2006), caracterizada pela mobilidade não apenas espacial, mas também cultural e linguística. Nesse contexto, percebemos que os falantes utilizam fragmentos de línguas que coexistem em harmonia, sem supressão de uma ou outra língua no processo de comunicação. Cada falante constitui, então, seu repertório comunicativo que pode ser ampliado durante a aquisição ou aprendizado de uma língua estrangeira, levando-o ao letramento social. Uma forma de ampliar esses repertórios comunicativos e desenvolver o letramento social do falante e, assim, garantir sua agência no mundo superdiversificado e globalizado de hoje, marcado por novas necessidades comunicacionais, é a educação bilíngue. Este trabalho objetiva discutir a proposta de ampliação dos repertórios comunicativos (RYMES, 2010, 2014), bem como de desenvolvimento da bilingualidade (SAVEDRA, 2009; SALGADO & DIAS, 2010) e do letramento (FREIRE, 1991; STREET, 1984; 2003) dos alunos através da educação bilíngue (GARCÍA, 2009). Analisamos aqui aulas de Inglês em uma escola pública em Juiz de Fora, Minas Gerais, onde foi desenvolvido o projeto de pesquisa intitulado Ensino de línguas para crianças na escola pública: abordagem CLIL (ContentandLanguageIntegrated Learning), segundo o qual o ensino dessa língua estrangeira acontece integrado aos conteúdos escolares de cada ano, permitindo ao aluno transitar por diferentes áreas de conhecimento, tais como Ciências, Geografia e História. Analisaremos, aqui, uma intervenção que abrangeu três anos do ensino fundamental e que envolveu conceitos matemáticos monetários, operações matemáticas básicas e noções de ciências e nutrição, partindo da montagem de uma maquete de um supermercado dentro da escola. Concluímos que os alunos, além de aprenderem a língua inglesa também estavam sendo letrados em diversas práticas cotidianas, como o manuseio de dinheiro e a compreensão das informações nutricionais de produtos industrializados, o que contribuiu diretamente para a ampliação dos repertórios comunicativos. A experiência literária na formação do sujeito EVERSON NICOLAU DE ALMEIDA [email protected] MÁRCIO CANO MARIA EUGÊNIA FERREIRA DE SÁ As diversas discussões acerca do papel da aula de Literatura no ensino médio revelam a necessidade um redimensionamento das metodologias e dos conteúdos trabalhados nesses anos finais da educação básica. O presente artigo constitui um relato dos resultados de um projeto desenvolvido na Escola Estadual Dora Matarazzo, no município de Lavras, localizado no sul de Minas Gerais. O referido projeto desenvolveu uma proposta que ensejava a remontagem do espaço das aulas, com o intuito de proporcionar ao sujeito que aprende uma experiência literária que os levassem a momentos de ludicidade e que ao mesmo tempo contribuísse para sua formação críticosocial, por meio da inserção de elementos da Análise do Discurso de Linha Francesa, mais especificamente a noção de paratopia, ancorada no estudos de Maingueneau (1997, 2005, 2006, 2008). A partir do estudo do poema Navio Negreiro (Castro Alves), foi possível incentivar e promover momentos de exploração de diferentes práticas linguísticas (oralidade, leitura e produção textual). Além disso, foi possível trabalhar vários textos em suas modalidades (sons, gestos, imagens, palavras), o que contribuiu efetivamente para a melhoria da expressão dos alunos durante as discussões realizadas em sala de aula. A culminância das atividades foi a participação no I Festival da Poesia Encenada - I FEPEN - promovido pela Academia Lavrense de Letras. Essa participação resultou na classificação em primeiro lugar e em uma possibilidade singular de discussões acerca do preconceito racial, do papel dos sujeitos na sociedade e da igualdade de oportunidades. A Leitura de Gêneros Multimodais em atividades de livro didático de História: um estudo crítico-dialógico LOUREDIR RODRIGUES BENEVIDES [email protected] [email protected] A presente comunicação procura analisar o tratamento didático realizado nas atividades que trazem gêneros multimodais em uma coletânea de Livros Didáticos de História do Ensino Médio. Para atingir tal propósito, aborda-se a teoria enunciativo-discursiva de Bakhtin e o Círculo (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1929; BAKHTIN, 1952-1953/1979); releituras freirianas (NEW LONDON GROUP, 1996) e as Capacidades de Leituras de Gêneros Multimodais (PAES DE BARROS, 2009). Os achados dos dados revelam duas perspectivas de trabalho com a leitura conforme a seção em que os exercícios se apresentam: a passiva e a ativa-responsiva no viés enunciativo-discursivo do uso da linguagem (BAKHTIN/VOLOCHINOV,1929). Nesta comunicação, apresentamos um recorte desses dados e análises. O ensino de Língua Inglesa: o que dizem professores em serviço e em formação da educação básica? DANIELLE DE ALMEIDA MENEZES [email protected] [email protected] BERNARDO PUGANÚÑEZ LOPES ISABELA VITÓRIA DE OLIVEIRA DOS SANTOS Considerando a tessitura discursiva como oportunidade de acesso e reflexão de posicionamentos ideológicos (Fairclough, 2001), essa pesquisa busca analisar o que professores atuantes e estagiários dizem acerca de práticas docentes que empregam e observam em relação ao ensino de Língua Inglesa e como a materialização discursiva dessas práticas dá acesso aos saberes docentes por esses sujeitos construídos. Segundo Tardif (2000), os saberes docentes são subjetivos, de natureza diversa e legitimam a atividade profissional, uma vez que são os instrumentos que mais ancoram e justificam as ações pedagógicas realizadas. Esses saberes definem-se por relações múltiplas estabelecidas ao longo da formação profissional. Para sustentar este ponto de vista, partimos do pressuposto que esse amálgama de saberes, tecidos pelos professores antes e durante sua prática profissional, é passível de observação por meio da análise de seu discurso. Nesse sentido, nossa compreensão de discurso alinha-se à da Análise Crítica do Discurso, a saber, como uma forma de ação no mundo social (Fairclough, 2001). Entendemos o professor enquanto um sujeito com capacidade de criar e remodelar seu modo de estar no mundo e nele intervir, sendo um sujeito de práxis (Farias et al., 2009). Assim, ao serem estimulados a falar sobre sua prática docente, professores atuantes e em formação conscientizam-se de seus próprios saberes e, simultaneamente, materializam essa prática. Os dados foram coletados por meio de entrevistas e grupos focais. Foram realizadas seis entrevistas semiestruturadas (van Peeret al., 2007)com professores de diferentes escolas públicas localizadas na cidade do Rio de Janeiro e dois grupos focais com licenciandos de duas IES (Instituições de Ensino Superior), uma pública e outra privada, na capital fluminense. Os resultados iniciais apontam, de maneira ampla, para uma semelhança com relação aos procedimentos metodológicos adotados e observados pelos participantes. Língua inglesa, cultura e transdisciplinaridade: pensando o ensino de inglês no fundamental I. JOANA DE SÃO PEDRO [email protected] O presente trabalho é um recorte de um estudo de caso (YIN,2010; COHEN, MANION, MORRISON, 2011) das representações de uma professora de inglês do fundamental I de uma escola do interior de São Paulo. Tem como objetivo investigar o que essa professora pensa a respeito de língua inglesa, cultura e transdisciplinaridade por meio de observações de aulas e entrevistas semi-estrituradas (LUDKE; ANDRÉ, 1986). Os dados já foram, seguindo tal propósito, coletados e encontram-se em fase de análise, de tal modo que os resultados possam ser recontextualizados e contribuir para a formação de professores de inglês para essa faixa etária. A formação docente para ensino de língua inglesa no fundamental I encontra-se em um vácuo, pois a mesma não é atendida nem pelos cursos de Pedagogia nem pelos de Letras (GIMENEZ, 2011). Ao pensar nessa tarefa, partilho da ideia de Jordão (2006) de que, para além de formações que ensinem técnicas de sala de aula para professores de língua estrangeira de modo coerente e atual, é preciso formar educadores que possam “exercitar sua reflexão, explorar possibilidades de atuação, construir soluções provisórias coletivamente, perceber-se em seu assujeitamento e ao mesmo tempo capazes de exercitar sua agência informadamente” (JORDÃO, 2006, p. 9, ênfase no original). Este trabalho não tem pretensões de preencher uma lacuna tão abrangente, no entanto, procura trazer reflexões relevantes para a formação desses professores. Coloco, pois, como pano de fundo para este estudo, minha primeira premissa de que o ensino de inglês para crianças que deseja formar um cidadão crítico na atualidade possa acatar a diversidade cultural (ROCHA, 2012; HALL, 1997; BHABA, 1994). E, em segundo lugar, possa ultrapassar as fronteiras limítrofes das disciplinas fragmentadas e voltadas para si mesmas, de tal forma que tenha bases no pensamento transdisciplinar (NICOLESCU, 1999; LIBÂNEO, 2009; MORIN, 2005). Por isso, a necessidade e o propósito de identificar qual é a visão da professora a respeito de língua inglesa, cultura e transdisciplinaridade, tanto em sua prática quanto em seu discurso. Construção de valores no ensino médio: uma proposta transdisciplinar de ensino de literatura a partir da temática amorosa RODOLFO MEISSNER ROLANDO [email protected] Partindo do pressuposto que a educação emocional e a construção de valores são temas essenciais para a educação contemporânea, este trabalho tem como objetivo oferecer uma proposta transdisciplinar de ensino de Literatura visando ao desenvolvimento de valores de alunos do Ensino Médio. Acredita-se que a Literatura, dado o seu potencial humanizador, permite profícuas reflexões em sala de aula a respeito de valores, favorecendo a educação emocional dos alunos. Nesse sentido, essa iniciativa se justifica uma vez que se observa uma ampla crise moral nos tempos atuais. Aescola não deve se furtar de discutir essa questão, mas sim viabilizar alternativas pedagógicas para a construção de uma realidade social mais justa, humana e solidária. Fez-se necessário especificar um tema para a seleção dos textos literários escolhidos para esta proposta, viabilizando, com maior eficácia, a discussão pretendida sobre valores. Desse modo, escolheu-se a temática amorosa, por ser um dos temas mais significativos ao universo adolescente. De fato, a necessidade de verbalizar as experiências amorosas é um ponto crucial para o estudante de Ensino Médio, pois é nessa fase que o jovem descobre gradativamente a sua sexualidade e passa a viver os seus primeiros (des)encontros sentimentais, sentindo a necessidade de explicitar aquilo que é experimentado afetivamente. Assim, partir do interesse do jovem e oferecer voz a ele em sala de aula constituem pontos centrais deste trabalho. Do ponto de vista teórico, os estudos Vygotskyanos sobre cognição e afetividade, bem como as contribuições de Piaget sobre moralidade fundamentam esta proposta. O romance -Senhora- de José de Alencar foi escolhido como eixo para a organização das atividades sugeridas e a sequência de leitura expandida proposta por Cosson (2014) foi utilizada como modelo didático. Formação de professores de línguas estrangeiras (inglês e italiano): a reflexão sobre a própria prática nos estágios de docência DANIELA NORCI SCHROEDER [email protected] LUCIANE STURM [email protected] Na formação de professores de línguas estrangeiras, identificamos diferentes processos envolvidos: a aprendizagem da língua propriamente dita, a formação didáticopedagógica para trabalhar com a língua e a reflexão crítica sobre esses dois processos. Em relação ao primeiro processo, não há dúvida de que alcançar uma proficiência linguística suficiente é a base do trabalho. Já a formação didático-pedagógica envolve desde o conhecimento dos documentos oficiais que balizam o ensino de línguas em diferentes contextos até a proposta de projetos, elaboração de tarefas e seleção de materiais, ou seja, diz respeito ao como e o que fazer em sala de aula. O presente trabalho se insere no terceiro ponto: a questão da reflexão crítica dos professores estagiários sobre o próprio percurso formativo. Os dados apresentados são resultado da análise dos textos de relatórios de estágio e diários elaborados para as disciplinas de estágio de docência em língua inglesa e língua italiana dos cursos de licenciatura em letras de duas universidades do sul do país. Neste estudo, analisamos os textos produzidos pelos alunos com o objetivo de avaliar o processo de formação de professores em si, bem como a necessidade de incentivar a reflexão crítica dos estagiários, segundo a pedagogia crítica abordada nos estudos de Paulo Freire. Os textos analisados confirmam que a elaboração escrita feita a partir da reflexão sobre o trabalho realizado é uma etapa fundamental do processo de formação de professores. Reflexões sobre o estágio: a voz do outro e o trabalho do professor iniciante em língua inglesa CARLA LYNN REICHMANN [email protected] [email protected] Situada na Linguística Aplicada e procurando problematizar o estágio como prática de letramento, esta comunicação tem como objetivo geral discutir a voz do Outro que incide sobre a voz emergente de professor iniciante de Letras-Língua Inglesa em textos empíricos. Levando em conta a relevância da escrita situada como elemento identitário de formação (KLEIMAN, 2007) e o ensino como trabalho (MACHADO, 2004), investigarei relatos fotobiográficos, relatos pós-observação e relatórios de estágio produzidos por cinco participantes nesta esfera acadêmico-profissional, a saber, graduandos em uma universidade pública no nordeste. Discutirei a voz de personagem professor que incide sobre a voz emergente de professor iniciante, considerando que a identidade social do professor estagiário se constitui por meio de um coro de vozes de outros (interiorizadas) e de si (internas) que ecoam em seus textos empíricos (REICHMANN, 2012). Em suma, sublinho a importância vital da voz do professor colaborador na escola campo no processo formativo do professor estagiário. Transitividade do verbo ir - divergências entre gramáticos e nomenclatura gramatical brasileira (NGB) e apresentação desse conteúdo em livros didáticos e gramáticas pedagógicas ELAINE FALSETTI DA SILVA [email protected] Mesmo 56 anos após a publicação da NGB, ainda nos deparamos com múltiplas divergências de nomenclatura gramatical entre vários autores/gramáticos. Uma delas, acreditamos, está relacionada com a transitividade do verbo ir. Este artigo objetiva comprovar a existência dessas divergências de nomenclatura gramatical nas obras de alguns autores/gramáticos. Para tanto, conceituamos certos fenômenos e termos gramaticais, segundo alguns gramáticos, como predicação verbal, regência do verbo ir e natureza dos complementos verbais (objetos direto e indireto) e do adjunto adverbial para orientar melhor os leitores. Como metodologia, foram analisados livros didáticos e gramáticas pedagógicas com a finalidade de observarmos como seus autores assumiram essas divergências ligadas à transitividade do verbo ir ao apresentarem esse conteúdo em suas obras. Mediante análise e discussão dos dados, obtivemos como resultado a constatação da falta de consenso entre os estudiosos quanto à transitividade do verbo ir, principalmente no que tange à natureza e à nomenclatura de seu complemento. Concluiu-se que a mesma discrepância de opiniões existente entre gramáticos tradicionais acerca da transitividade do verbo se faz presente também entre os livros didáticos analisados neste estudo. Quanto às gramáticas pedagógicas analisadas neste artigo, percebeu-se que seus autores são unânimes quanto à transitividade do verbo ir, no que diz respeito à classificação e natureza do termo que o acompanha no predicado. O papel do professor no desenvolvimento da oralidade por meio de atividades lúdicas na disciplina inglês no Ensino Fundamental I da Escola Pública por meio de atividades lúdicas Mirtes Abe [email protected] O objetivo deste estudo será de compreender o papel do professor no desenvolvimento da oralidade por meio de atividades lúdicas na disciplina inglês no Ensino Fundamental I da escola pública. Uma vez que não há formação específica e contínua na prefeitura de São Paulo até o momento para se trabalhar com LEC (língua estrangeira para crianças), e nem no curso de Letras ( ROCHA, TONELLI, SILVA, 2010, P. 20). Cabe ao professor buscar caminhos alternativos para sua autoformação no que se relaciona ao ensino-aprendizagem de LEC. O embasamento teórico está fundamentado no desenvolvimento da linguagem da criança e na ZDP (VYGOTSKY, 1934); no conceito de oralidade (CAMERON, 2001), nos jogos e brincadeiras (MOYLES, J. 2002); no uso do ensino da língua estrangeira para criança (PINTER,2013; SCOTT & YTREBERG, 2011, LIGHTBROWN & SPADA, 2013, ROCHA ; TONELLI; SILVA, 2010). A metodologia escolhida para o desenvolvimento deste estudo é uma pesquisa qualitativa interpretativista, uma pesquisa-ação (DENZIN & LINCOLN, 2008; BOGDAN & BIKLEN, 1994; BORTONI-RICARDO, 2013; GREENWOOD & LEVIN, 2010; PERROTTA, 2004). Uma das vantagens de se trabalhar com a pesquisa-ação é que ela busca soluções para problemas que estejam no âmbito da vida real. E é responsável pela geração de conhecimento e melhorias sociais prometidas pelas ciências sociais convencionais (GREENWOOD & LEVIN, 2010). Os participantes serão os alunos de uma turma do 1º ano de uma escola municipal de São Paulo, localizada na zona sul. O foco de minha investigação será a transcrição e análise de recortes de atividades lúdicas. Os dados serão coletados em gravações de áudio e vídeo, durante as aulas de inglês ao longo do ano de 2015. O estudo será analisado, por meio da análise de conteúdos, BARDIN ( 2011), que consiste em descobrir os “núcleos de sentidos” que compõem a comunicação. A pesquisa nasceu das questões inerentes ao cotidiano da sala de aula real, questões advindas do próprio professor-pesquisador e dos próprios alunos, uma pesquisa que signifique uma alternativa para o ensino-aprendizagem local, mas que as descobertas sejam coletivizadas. Para tal a pergunta de pesquisa será: Qual o papel do professor no desenvolvimento da oralidade por meio de atividades lúdicas na disciplina inglês no Ensino Fundamental I da escola pública? E em que medida essa mediação contribui para a construção de conhecimentos? Espera-se que essa proposta possa contribuir com outros modos de pensar, gerando uma ação para a mudança, pois a ordem social não é somente linguagem e textualidade, mas é também corpórea, espacial, conflitante, marcada pelas diferenças raciais, sexuais e outras. (PENNYCO , 2006) Imigrantes bolivianos em São Paulo: aquisição do português, (des)construção identitária, interação e inclusão social RUBENS LACERDA DE SÁ [email protected] [email protected] O fenômeno da globalização, o aumento da mobilidade internacional, o advento da internet e um maior intercâmbio entre os povos tornaram o aprendizado de uma segunda língua vital para os imigrantes. Nas últimas décadas presenciou-se a proposta de umas quarenta teorias, hipóteses e modelos de aquisição de segunda língua embora ainda não haja um consenso neste respeito. A título de exemplo pode-se citar as teorias de Chomsky (1975), Schumman (1978), Hatch (1978), Krashen (1982), Rumelhart (1986), Larsen-Freeman (1991), Swain (1995), Johnson (2004) e Lantolf e Thorne (2007). Adquirir uma segunda língua é um processo complexo e relacionado a fatores sociohistóricos e culturais. Nesta pesquisa investigo como tal processo, neste caso a língua Portuguesa, relaciona-se com a questão do insumo e dos eventos de interação na sociedade em que se inserem os imigrantes bolivianos num bairro na cidade de São Paulo (MEY, 2001), e como a identidade de tais imigrantes é (des)construída visando à sua aceitação e inclusão social (RAJAGOPALAN, 1998; SILVA, 2008). Os dados desta pesquisa de cunho etnográfico são coletados num grupo focal (GASKELL, 2013) e analisados à luz de teorias linguísticas críticas e de cunho sociológico (RAJAGOPALAN, 2003; LEAL, 2011). Os resultados obtidos até o momento indicam a necessidade de políticas afirmativas visando ao respeito a constituição identitária dos imigrantes bolivianos e à sua inclusão factual na sociedade por meio da linguagem (SÁ, 2014). As estratégias de aprendizagem que você precisa conhecer antes de morrer AUGUSTO CÉSAR LUITGARDS MOURA FILHO [email protected] Na pesquisa que relato,explicito aspectos de investigação em andamento que busca realçar a importância do papel dos aprendizes (BENSON, 1996) no processo de ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras (inglês). As pesquisas para averiguar porque alguns aprendizes alcançam altos níveis de proficiência em inglês, enquanto outros não o conseguem, salientam a carência de estudos relativos às estratégias de aprendizagem. O objetivo da pesquisa que realizo é identificar as estratégias (OXFORD; NAM, 1998) empregadas pelos aprendizes bem sucedidos e torná-las acessíveis aos de menor sucesso, aumentando, assim, as chances de proficiência entre eles. Para tanto, são situados, historicamente, os estudos sobre as estratégias de aprendizagem, enfatizando o papel delas na aprendizagem de línguas, apresentadas as definições de estratégias de aprendizagem, explicitadas as mais significativas taxonomias delas e evidenciadas as alternativas de ensino de estratégias aos aprendizes. Do ponto de vista metodológico, a pesquisa é iluminada por princípios interpretativos, é, portanto, uma pesquisa qualitativa. Mais especificamente, é um estudo de caso na modalidade história de vida (FALTIS, 1997). Os dados coletados são categorizados e analisados segundo os pressupostos da triangulação (FREEBODY, 2003). Os resultados preliminares sugerem que os professores podem otimizar o desempenho de seus alunos ao apresentar-lhes as estratégias de aprendizagem. Ensino-aprendizagem no contexto do PIBID: discursos e desdobramentos CRISTIANE CARVALHO DE PAULA BRITO [email protected] [email protected] O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) configura-se comouma iniciativa do governo com vistas a promover o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores no âmbito da educação básica, por meio da parceria escola-universidade e do desenvolvimento de projetos didático-pedagógicos que insiram estudantes universitários nas escolas públicas brasileiras. Inúmeros estudos têm apontado as contribuições e desafios, bem como explicitado os projetos desenvolvidos em diferentes áreas do conhecimento no contexto desse programa. Neste trabalho propomos-nos a investigar algumas discursividades sobre o ensinoaprendizagem a partir da análise de regularidades enunciativas presentes em textos acadêmicos que tematizem o PIBID em diferentes licenciaturas. Para isso, inscrevemonos em uma perspectiva discursiva de linguagem que, em interface com os estudos inter/transdisciplinares da Linguística Aplicada, permita-nos mobilizar noções como as de sujeito, sentido, memória discursiva, interdiscurso, alteridade, dialogia, dentre outras, para constituir e interpretar nosso corpus. Mais especificamente, interessa-nos: (i) problematizar representações acerca do ensino-aprendizagem, do sujeito professor e aluno e do programa em si; (ii) investigar os mecanismos discursivos que permitem a emergência e o silenciamento/apagamento de sentidos; (iii) delinear as vozes que sustentam as tomadas de posição assumidas pelos sujeitos enunciadores; e (iv) discutir as implicações dessa discursividade para a formação de professores. Nossas análises apontam a emergência do discurso da realidade, transformação e celebração, os quais funcionam de forma a apagar o aspecto conflitivo e tenso inerente à prática docente e a escamotear a natureza política do próprio programa. Ensino-aprendizagem de inglês em institutos privados de idiomas DIEGO MORENO REDONDO [email protected] O presente trabalho objetiva abordar a temática em torno do ensino de inglês em cinco institutos privados de idiomas analisados durante minha pesquisa de Mestrado. Parte-se da ideia veiculada pelos institutos participantes desta pesquisa, cujo foco está na utilização de -métodos eficazes-. Sendo assim, será possível relatar como ocorre a definição da abordagem ou do método de ensino utilizado em cada instituto selecionado para este estudo e até que ponto há influência do professor ou do contexto para definir a estratégia mais adequada para o ensino da língua alvo. Essa questão permite-me discutir, também, aspectos de âmbito pedagógico e de ensino-aprendizagem relacionados à escolha do método utilizado e a visão dos professores envolvidos no ensino de inglês. Além disso, o trabalho revela que, neste contexto de ensino, há uma grande deficiência de profissionais com formação específica para atuar como professor de línguas. Esse fato, provavelmente, contribui para alguns problemas voltados à compreensão de teorias acerca do ensino-aprendizagem e, também, de aspectos relacionados à área pedagógica. Para esse fim, o estudo baseia-se em autores que tratam das questões em pauta, tais como: Celani (2009, 2010), Larsen-Freeman (2003), Kumaravadivelu (2006), Almeida Filho (2012), dentre outros. As representações coletivas e individuais e o agir linguageiro: o exemplo da responsabilização enunciativa FABIO DELANO VIDAL CARNEIRO [email protected] [email protected] O trabalho realiza uma reflexão acerca das representações coletivas e individuais como elementos constituintes das práticas sociais e da sua manutenção e evolução. A partir do paradigma Interacionista Sociodiscursivo (BRONCKART, 1999, 2007, 2008, 2011), coloca-se a o agir linguageiro como elemento no qual as representações colocam-se em interação e promovem a complexificação das práticas sociais humanas. A análise utiliza exemplos de produções textuais de alunos do quinto e sexto anos do ensino fundamental, especificamente, textos de opinião, tomando o mecanismo de responsabilização enunciativa como categoria primária de análise. A reflexão ressalta a essencialidade dos textos/discursos e dos mecanismos linguístico-discursivos neles presentes para o estudo das representações e da sua constituição sociossemiótica. O sujeito surdo bilíngue: a construção do indivíduo surdo em meio a dois mundos e duas línguas. VALÉRIA DA SILVA BEZERRA [email protected] [email protected] Vygotsky (1934) afirma que o ser humano modifica o meio e é por ele modificado, tendo, dessa forma, a sua identidade construída de forma mediada pelos instrumentos e artefatos culturais que foram sendo produzidos por ele mesmo e por outros seres humanos que compõem a sua comunidade ou a sua história. Por essa vertente, Strobel (2008) define a cultura surda como a maneira que o surdo compreende e lida com o mundo através de suas percepções visuais. Dentro de uma comunidade surda o sujeito construirá a sua subjetividade para assim se reconhecer como alguém que se encaixa em um meio social e que interage por meio de uma língua que pode ser adquirida de modo natural. Por se constituir em uma comunidade linguística minoritária, o surdo que faz uso da língua de sinais convive com duas culturas, (Cultura Surda/ Ouvinte); tentam adaptar-se a elas fazendo dialogar aspectos de ambas (FERNANDES & RIOS, 1998). É entre duas culturas e línguas que o surdo se constrói como indivíduo. Este trabalho teve como finalidade perceber como se constrói a identidade de um sujeito surdo bilíngue a fim de verificar se podemos falar de uma dimensão bi(multi)cultural. Assim, foram coletadas 4 entrevistas de surdos adultos e bilíngues. Após as primeiras análises percebi, entre outros aspectos, que a compreensão, apreensão e vínculos com o português (L2 dos participantes) e a comunidade ouvinte são fundamentalmente dependentes de sua L1 (1)e do modo como a mesma foi adquirida. (1) L2 e L1 são, respectivamente, as siglas de segunda e primeira língua. (cf. GESSER, 2009). Como os bolsistas PIBID conduzem o ensino aprendizagem do gênero de texto dissertativo argumentativo com alunos do 2º ano do ensino médio MILENA CLAUDINO [email protected] [email protected] Esta comunicação apresenta um breve relato de uma intervenção em uma escola pública na cidade de Três Lagoas (MS), na qual bolsistas do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) atuaram junto à professora de Língua Portuguesa no ensino-aprendizagem da escrita do gênero textual artigo de opinião no 2º ano do Ensino Médio. A base teórica é a perspectiva enunciativa-discursiva do Círculo de Bakhtin (1929/1997; 1953/2009). Mediante a produção do artigo de opinião, esperava-se possibilitar aos alunos o uso de capacidadeslinguísticas e discursivas para se posicionar criticamente diante às questões sociais. Para isso, primeiramente, foi pedido aos alunos que dissertassem, em forma de artigo de opinião, sobre o tema “Preconceito racial e a construção da identidade”. Observou-se, então, que eles tinham pouca ou nenhuma experiência nessa escrita. Diante disso, não só foi proposta reflexão do tema, como, principalmente, mostrou-se à turma como identificar as características e os elementos linguísticos e discursivos que compõem um artigo de opinião. A metodologia desta pesquisa é sociocultural (Vygotsky, 1934/1996), visando as necessidades e possibilidades de aprendizagem dos alunos. O modelo de Sequência Didática de Dolz, Noverraz eSchneuwly (2004) e a matriz de competências de redação proposta pelo ENEM foram instrumentos norteadores para a escrita do artigo. A sequência totalizou 16 aulas, em que exposição de multimídia, exercícios de fixação dos aspectos linguístico-discursivos do artigo de opinião e discussões sobre o tema eram recorrentes nas tarefas. Ao fim, os “pibidianos” conseguiram produzir um texto com a turma, explorando o tema: “Na sociedade atual ainda há preconceito racial?”. Percebeu-se que os alunos tiveram evolução significativa em comparação à primeira produção, pois foram colocados em prática os assuntos e elementos linguístico-discursivos abordados nas aulas referentes ao gênero proposto. Análise da linguagem de uma professora-pesquisadora em busca do "tornar-se" crítico-colaborativa VIVIANE LETÍCIA SILVA CARRIJO (CAPES) [email protected] Esta comunicação apresenta dados de uma pesquisa de doutorado em andamento e discute se e como os modos de agir da professora-pesquisadora possibilitam a expansão do conhecimento pelos seus alunos de graduação, à medida que essa tenta utilizar a linguagem da argumentação colaborativa. Nos dados, outrora gravados em vídeo e transcritos, será analisado como a professora-pesquisadora oferece suporte aos alunos para que esses atribuam sentidos e compartilhem significados durante a leitura dos gêneros propostos nas aulas. O recorte teórico está fundamentado na Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural - TASCH (Vygostky, 1934; Leontiev, 1977; Engeström, 1999), bem como inserido no quadro da pesquisa crítica de colaboração PCCol (Magalhães, 2003). Para análise da linguagem da professora-pesquisadora, é utilizada as categorias da Argumentação (Liberali, 2013) no aspecto enunciativo, discursivo e linguístico. Quanto a esse último, especificamente, os mecanismos conversacionais, de valoração, de modalização, de interrogação e de trocas de turnos. Esta pesquisa é crítica, porque visa um trabalho de formação de universitários, graduandos do curso de Pedagogia, buscando a transformação do agir e das práticas de leitura em um processo de ensino-aprendizagem dentro de uma perspectiva sóciohistórico-cultural. É colaborativa porque, durante esse processo, o envolvimento dos participantes, professora-pesquisadora e alunos, em ambiente de colaboração, funciona como pressuposto para seu desenvolvimento. O contexto escolar analisado é uma Instituição de Ensino Superior (IES) particular na região leste da cidade de São Paulo. Leitura e produção de texto: construindo a noção de gênero do discurso ROSEMEIRE RODRIGUES SANTOS [email protected] MAURÍCIO CANUTO [email protected] Esta comunicação visa a apresentar a metodologia de trabalho na formação continuada de docentes de diferentes áreas e demais educadores no curso de extensão -Leitura e Produção de Textos: Trabalhando com a Noção de Gênero- da Coordenadoria Geral de Ensino, Aperfeiçoamento e Extensão da PUC-SP (COGEAE). O objetivo do curso é o de construir a noção de gênero de discurso (Bakhtin, 1953), por meio da seleção de textos a serem trabalhados em sala de aula, tomando como referência os contextos de trabalho dos participantes, de modo a contribuir com a prática pedagógica efetiva na produção de projetos/propostas ou na elaboração/escolha de materiais didáticos. O curso tem como bases teórico-metodológicas os estudos sócio-histórico-culturais deVygotsky (1930, 1935); as discussões sobre leitura, escrita e letramento crítico de Schneuwly&Dolz (2004), Pasquier&Dolz, (1996), Rojo (2004, 2009) e Maciel e Lúcio (2008). A metodologia se baseia no conceito de colaboração-crítica (Magalhães, 2011) pela qual todos os participantes (docentes e alunos) têm oportunidade de construir compromisso coletivo, disposição para tratar de aspectos sensíveis e difíceis do seu trabalho, confronto aberto de ideias, abertura para ouvir a si mesmo e aos outros, mutualidade e interdependência na produção coletiva do conhecimento. As aulas são organizadas como oficinas de leitura e/ou escrita, dinâmicas de grupo, discussões coletivas de textos e vídeos, aulas expositivas de sistematização, produção de projeto pedagógico e relatos sobre a sua prática didática. Os resultados alcançados, por meio de avaliação final do curso,foram: a) transformação dos modos de entender os processos de apropriação de leitura e escrita próprios e dos alunos; b) transformação nos modos de organizar o trabalho didático com leitura e produção escrita na sala de aula e na avaliação e produção de material didático. Os Círculos de Cultura e o gênero comentário em sala de aula: Contribuições para o ensino de Língua Portuguesa FRANCIELI APARECIDA DIAS [email protected] [email protected] MATHEUS HENRIQUE DUARTE LUCAS MARIANO DE JESUS Os novos moldes da sociedade pressupõem um novo posicionamento da escola na formação dos educandos, tendo em vista a sua função e responsabilidade de garantir a todos eles o acesso aos saberes linguísticos necessários para o exercício da cidadania (PCN, 1997, p. 21). Dessa maneira, para atender ao momento que vive a sociedade e a diversidade dos educandos no âmbito escolar, cada vez mais são discutidas metodologias de ensino capazes de trazer inovações e favorecer o processo de aprendizagem dos educandos. Sendo assim, o presente trabalho tem por objetivo refletir sobre as contribuições do gênero comentário e de discussões decorrentes de Círculos de Cultura, na formação de educandos do 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola da rede pública de ensino. Para a consecução do objetivo proposto, empreendeu-se uma pesquisa de cunho teórico, pautada nos autores Freire (1987) que apresenta os conceitos referentes aos Círculos de Cultura, Melo (1985) que faz considerações sobre o gênero comentário, entre outros autores, além dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (1997). Pensando na importância do exercício da cidadania, um Círculo de Cultura se sucedeu e, após as discussões, os educandos redigiram pequenos comentários a fim de exporem suas opiniões. A partir das discussões, da escrita dos comentários e da leitura dos mesmos, foi possível constatar que o trabalho com o gênero comentário propiciou uma observação no que concerne a escrita dos educandos (adequação ao gênero, marcas da oralidade, grafia das palavras, etc.) para posteriores intervenções. Além da observação de aspectos linguísticos, percebeu-se o envolvimento dos educandos com a atividade proposta e o interesse que eles demonstraram frente a questões de ordem social de suma importância, o que apontou para resultados muito positivos tendo em vista o papel da escola de formar cidadãos capazes de se manifestarem conscientemente por meio da língua. CANCELADA EM 09/07/2015 Os gêneros textuais nos itens da provinha brasil ALESSANDRO TATAGIBA [email protected] EDNA SILVA [email protected] Este artigo tem por objetivo analisar os gêneros textuais da Provinha Brasil com vistas a contribuir para as pesquisas e o trabalho docente com leitura no Brasil. Desde 2008, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) aplica duas vezes ao ano a Provinha Brasil com o objetivo oferecer informações que possam orientar tanto os professores quanto os gestores escolares e educacionais na implementação, operacionalização e interpretação dos resultados dessa avaliação. Este estudo parte da seguinte questão problema: quais os gêneros textuais presentes na Provinha Brasil? Com base nessa questão investigativa, o corpus linguístico analisado se constitui 280 itens de leitura aplicados nos anos de 2008 a 2014. A metodologia, de natureza qualitativa e interpretativista, procedeu à coleta de dados documentais disponíveis na internet para analisa-los à luz da teoria de gênero e registro. O aporte teórico considera os estudos sistêmico-funcionais da linguagem (Halliday e Matthiessen, 1999; 2014); Martin e Rose (2008); Silva (2013, 2014, 2015); Tatagiba (2013). Entre os resultados preliminares da pesquisa, as análises dos dados coletados revelam a ocorrência de gêneros tipicamente escolares voltados para a aquisição do sistema alfabético em meio à gêneros da família das histórias. A agência na formação de uma professora de língua estrangeira espanhola em contexto pré-serviço LUCILENE SANTOS SILVA FONSECA [email protected] O objetivo desta comunicação é apresentar o estudo da agência de uma graduanda de Letras, ao longo do trabalho realizado na disciplina Prática de Ensino de Língua Estrangeira (LE), permeada pelas ações da professora-pesquisadora, em uma Faculdade da Grande São Paulo. Observamos que muitos desses alunos, após a conclusão da graduação, passam a ministrar aulas em escolas de Ensino Fundamental e Médio sem a experiência prática do ensino da Língua Estrangeira (LE). Essa problemática motivou o foco para os objetivos específicos desta pesquisa: (1) verificar os tipos de agência que emergem dos dados; (2) verificar se e como as propostas trabalhadas na disciplina possibilitam a agência da participante. A escolha teórico-metodológica na construção de contextos de compreensão, de reflexão e de transformação, no que diz respeito ao ensino-aprendizagem de línguas e ao papel da linguagem nesses contextos está apoiada na Pesquisa Critica de Colaboração (Magalhães, 2010). Esse recorte teórico baseia-se na Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural (VYGOTSKI, 1934/1998, 1930/2004; LEONTIEV, 1978; ENGESTRÖM, 2001), com foco nos conceitos de ensinoaprendizagem e desenvolvimento, mediação e Zona Proximal de Desenvolvimento (ZPD) como espaço sócio-histórico-cultural de vir-a-ser, em que a linguagem organiza a relação colaborativo-crítica entre os participantes, a Agência e a Formação de professores. Os dados, coletados visam recuperar e compreender a agência da graduanda no trabalho desenvolvido na disciplina Prática de Ensino de Língua Estrangeira. Foi selecionado para esta apresentação um texto gerado por meio das atividades de formação de uma professora pré-serviço, realizadas na Faculdade. Este trabalho justifica-se por colaborar com as discussões sobre o curso de graduação, licenciatura em línguas estrangeiras, o papel da agência no desenvolvimento da Prática de Ensino da LE. Dessa forma, a pesquisa pode contribuir para beneficiar entidades educacionais que buscam aprimorar a formação pré-serviço de professores e alunos do curso de Letras. Formação de professores: a gamificação de uma disciplina sobre métodos e abordagens de ensino de línguas estrangeiras. KARIN QUAST [email protected] Tendo em vista o crescente aumento do uso de jogos e da gamificação (ou seja, a aplicação do design e mecânica de videogames a contextos não lúdicos), bem como seu impacto na educação, buscamos aqui relatar nosso projeto de gamificação da disciplina que envolve o estudo e discussão de métodos e abordagens voltados ao ensino de línguas estrangeiras (LEs). Esta proposta visa oferecer um objetivo mais concreto e palpável- para a disciplina, cujo intuito é promover a reflexão crítica sobre a prática docente. Almeja, também, suscitar experiências de práticas criativas no ensino de LEs, bem como promover maior engajamento dos professores por meio do processo de imersão inerente aos jogos. Embora muitos professores que utilizam a gamificação se atenham aos elementos mais rasos, ou seja, simplesmente implementando sistemas de pontuação e recompensas ou mesmo níveis, visando mudanças comportamentais, nossa atenção se voltou ao processo de imersão por meio da narrativa (enredo) e das missões propostas aos professores. Ao mesmo tempo, em relação às atividades desenvolvidas em sala de aula, gamificar uma disciplina não significa meramente dar novos rótulos a práticas tradicionais. O desafio que se coloca ao professor, portanto, é o de planejar atividades diferenciadas e pensar em novas formas de participação ativa dos alunos que contribuam para a elaboração conjunta de conhecimento. Partindo de pressupostos da perspectiva histórico-cultural e tendo em mente os princípios de aprendizagem subjacentes aos videogames discutidos por Gee, embarcamos nesta jornada na qual os professores realmente imergiram e da qual participaram ativamente, tendo inclusive, espontaneamente, elaborado desafios ao final das etapas para avaliar o conhecimento elaborado e também contribuído para o desenvolvimento da própria narrativa. Deslocou-se, portanto, o lugar do professor-aluno e eles puderam vivenciar diferentes vozes e posições. Ensino de espanhol para crianças por meio de gêneros de discurso: uma proposta orientada à formação de leitores críticos RODRIGO DA SILVA CAMPOS [email protected] Pretendemos, com esta comunicação, propor uma reflexão sobre o ensino de espanhol como língua estrangeira nos anos iniciais do Ensino Fundamental sob uma perspectiva discursiva como um possível caminho para a formação de leitores críticos. Propomos um ensino pautado nos gêneros de discurso (BAKHTIN, 2011, MAINGUENEAU, 2004), por dialogar com Maingueneau (2004), ao afirmar que os gêneros de discurso são dispositivos de comunicação que só podem a quando certas condições sóciohistóricas estão presentes-. Nossa proposta de ensino de espanhol nesse segmento da Educação Básica apoiado em gêneros de discurso e suas construções sócio-históricas e culturais surge da necessidade de se praticar um ensino de língua que vá além do ensino de léxico e de estruturas gramaticais desvinculadas de um contexto. Defendemos tal visão baseados na proposta de ensino de E/LE apresentada pelas Orientações Curriculares Nacionais, nas quais consta que o ensino de língua estrangeira no âmbito escolar não pode ser um fim em si mesmo e deve estimular permanentemente a reflexão -sobre o -estrangeiro- e suas (inter)relações com o -nacional-, de forma a tornar mais conscientes as noções de cidadania, de identidade, de plurilinguismo e de multiculturalismo, conceitos esses relacionados tanto à língua materna quanto à língua estrangeira (BRASIL, 2006, p. 149)-. Portanto, em nossa comunicação, primeiramente, explicitaremos o aporte teórico que norteia nossa proposta de trabalho: os conceitos de gênero de discurso (BAKHTIN, 2011), de competências genérica, enciclopédica e linguística (MAINGUENEAU, 2004) e de multiculturalismo, cidadania e identidade (BRASIL, 2006). Posteriormente, apresentaremos atividades realizadas com os alunos de 4° e 5° ano do Ensino Fundamental de uma escola pública ao longo de 2014 a fim de se discutir a relevância dessa abordagem e fomentar, desse modo, a leitura sob um viés discursivo. PIBID-Inglês: Uma Experiência com Diários Reflexivos JULIANO BRANDÃO [email protected] MARILENE SANTOS Esta comunicação faz parte de uma pesquisa de mestrado intitulada, -A construção das identidades no processo de formação dos graduandos com atuação no PIBID-Inglês-, ainda em desenvolvimento. O objetivo deste trabalho é refletir acerca do processo de construção das identidades de bolsistas do programa PIBID-Inglês da FALE-UFAL. A metodologia com a qual trabalhamos é de cunho qualitativo, seguindo as indicações de Minayo (1999). A pesquisa trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes das pessoas. Optamos por realizar essa pesquisa baseada em uma versão piloto de diários online produzidos pelo grupo de bolsistas do PIBID-Inglês durante um período de pilotagem que durou aproximadamente três meses, fundamentando esta metodologia no conceito trazido por Bárbara e Ramos (2003). Foram levantadas algumas questões como ponto de partida para a produção dos diários reflexivos em que foram ressaltados aspectos voltados aos pontos positivos encontrados nas escolase os tipos de metodologias e dinâmicas usadas para o ensino da língua inglesa. Essas questões foram respondidas nas páginas eletrônicas criadas para esse fim e comentadas pelos orientadores e pelos demais colegas bolsistas. Os resultados, ainda que parciais, mostram que parece haver uma conscientização dos pibidianos em relação à construção de suas identidades como professores dentro do cenário árduo de ensino na escola pública. Nossa perspectiva, com base nesse primeiro movimento de coleta de dados écontinuar acompanhando e analisando a produção desses diários com vistas à intervenção na percepção negativa dos bolsistas em relação ao ensino de língua inglesa na escola pública, objetivando a instrumentalização para busca de soluções que possam, de alguma maneira, promover alterações nesse percurso. Multimodalidade nos cadernos de Língua Portuguesa da rede pública do Estado de São Paulo: uma proposta dos multiletramentos. DANIELA TEIXEIRA LEITE SILVA [email protected] [email protected] Este trabalho tem como objetivo pesquisar os gêneros discursivos multimodais, os multiletramentos e osletramentos multissemióticos no ensino aprendizagem de Língua Portuguesa, especialmente com relação à formação para o letramento visual nos cadernos de Língua Portuguesa, do 9º ano, do ensino fundamental II, da Secretaria Estadual de Educação. O objetivo da pesquisa é compreender em que medida as atividades propostas nos cadernos colaboram para o desenvolvimento das práticas leitoras por meio dos textos multimodais e das mudanças tecnológicos trazidas pelas novas tecnologias da comunicação. O problema que motivou essa pesquisa foi verificar que embora haja a necessidade de a escola contemporânea desenvolver práticas de letramento que abordem os novos gêneros discursivos como blogs, posts, outdoor, propagandas entre outros, na realidade esses gêneros ainda são pouco explorados pelos materiais didáticos e/ou abordados superficialmente. Essa pesquisa tem caráter analítico e bibliográfico, utilizamos, principalmente, a perspectiva bakhtiniana no que se refere aos gêneros discursivos. O eixo teórico também está pautado em Rojo (2004-2009), Marcuschi (2004-2009), Schneuwly e Dolz (2004) e Lemke (2010). A análise dos dados revelou que a maior parte das atividades dos cadernos não mobiliza as capacidades leitoras em sua amplitude, visto que não valoriza nos exercícios o contexto de produção, de recepção, composição e os aspectos discursivos dos gêneros multimodais. Principalmente não ensina o aluno a atribuir significado aos elementos não-verbais presentes no material. Concluímos que o material didático não favorece o trabalho adequado com os gêneros multimodais na escola. O discurso de um material digital de ensino de Business English e as representações do sujeito de sucesso MARIA INÊS DE OLIVEIRA HERNANDEZ [email protected] [email protected] O objetivo deste trabalho é investigar formas de subjetividade engendradas no discurso de um material digital de ensino de Business English, tomando como ponto de partida nosso momento contemporâneo, profundamente afetado pelo neoliberalismo, pela globalização e seus efeitos. Pretendemos, sobretudo, desmistificar a representação do material pedagógico como um repositório de verdades científicas, livre de posicionamentos ideológicos, incentivando uma atitude mais indagadora de professores e alunos frente aos materiais didáticos, em qualquer modalidade, impressa ou digital. A análise empreendida constatou que o discurso pedagógico desse material indica ao aluno/futuro ou atual trabalhador do meio corporativo como deve ser ou agir no meio laboral a fim de ser bem-sucedido. Por outro lado, esse mesmo discurso mostrou-se constituído de vozes conflitantes, originárias de práticas corporativas concorrentes, promovendo subjetividades contraditórias, mas não necessariamente em dissonância com os discursos hegemônicos do neoliberalismo e da globalização. Fundamentamos nossa análise nos conceitos da visão discursiva do sujeito (clivado e descentrado), formado no e pelo discurso (heterogêneo, polifônico, ideológico), perpassado por relações de poder (em que a resistência é constitutiva), aliando, portanto, nossa perspectiva discursiva às reflexões de Michel Foucault acerca das relações de poder e saber, além da contribuição de Gilles Deleuze sobre a sociedade de controle, na qual o poder é exercido de modo mais sutil e penetrante, gerando uma modulação permanente do sujeito. Murilo Mendes/Picasso: análise dialógica do discurso estético MARIA BERNARDETE DA NÓBREGA [email protected] Este trabalho expõe a análise dialógica do discurso estético vía poema -Guernica- de Murilo Mendes (1959) e o quadro Guernica de Picasso (1937) na composição visual da Série Pictórica na obra Tempo Espanhol, Murilo Mendes (1959) pela preponderância do plástico sobre o discursivo exprime uma complexa indexação do código pictórico: arte espanhola catalogada em verso. Este gesto de leitura se propõe a perceber/ver/ler/compreender a interação entre a palavra/ a imagem, o poema/ o quadro/ o poeta/ o pintor no limite da construção do discurso literário no percurso dos sentidos (Eco, 1976) pelo exercício intensivo de múltiplas leituras. O percurso teórico delimitado se orienta na perspectiva formulada por Bakhtin/Volochinov (1981), Bakhtin (1981, 1997, 1998), Barros (1999), Brait (1994, 2001), Cumming (1998), Greimas (1976, 1979, 1981), Roudaut (1988), Székely (1972). A leitura se constrói pela ordenação plástica do discurso poético modulado pelo estilo de contrastes: crítica da vida, crítica da arte - a vida à unha. Espanha em sua diversidade e essência, recortes, montagens. Murilo faz dizer no poema aquilo que o quadro representa: a barbárie plástica. Aberto a todos os estilos, Murilo Mendes tenta captar a sensibilidade expressa na diversidade de formas plásticas. O poeta segrega a forma para dissecar a imagem até o extremo de seus limites na perspectiva do "superolhar". O discuro estético re-compõe a trajetória das múltiplas linguagens em interação: itinerários poepicturais. O existencial eminente plástico do universo sugerido nas cenas do quadro conjuntamente com as cenas do poema passa a construir uma homologia temática e uma homologia estrutural (Gonçalves, 1989). Dessa forma, Guernica / quadro e -Guernica- / poema enquadram-se perfeitamente sob o olhar do leitor Poeta. Diálogos poepicturais escritos/ inscritos no discurso literário. Leitura: estratégias de ensino ILDO EMMANUEL RIBEIRO DA SILVA SANTOS [email protected] LAURA CAMILA BRAZ ALMEIDA Este trabalho pretende mostrar os diferentes tipos de atuação no ensino da leitura, da interpretação de texto e da produção escrita de língua portuguesa, esperando poder oferecer aos alunos o desenvolvimento da habilidade da compreensão e produção escrita de modo que eles possam aprimorar seus conhecimentos acerca do estudo dos gêneros textuais como forma de desenvolvimento da interpretação de textos e de produção escrita. Este projeto consiste na aplicação da Perspectiva Interacionista da Leitura no processo de ensino/aprendizagem de língua portuguesa no 6º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Armindo Guaraná. Baseando-se na análise de gêneros textuais (KOCH; ELIAS, 2007) e no estudo sobre leitura (KLEIMAN, 2007), pretendese elaborar e aplicar tarefas de leitura e produção escrita para contribuir para a formação de professores e para o aprendizado estudantil do ensino fundamental. Essa pesquisa se inscreve, assim, no âmbito da Linguística Aplicada. Concurso público para professor de espanhol de duas instituições tecnológicas federais de ensino do rio de janeiro: saberes em jogo ANTÔNIO FERREIRA DA SILVA JÚNIOR [email protected] [email protected] Acredita-se que estudar o gênero prova escrita de concurso público (CP) permite compreender um importante passo no entendimento da formação de professores, porque essas provas demonstram o percurso seguido pelo ensino de línguas em nosso Estado, país e/ou região (DAHER, 2006). Porém, nem sempre os pontos de estudo constantes no edital e a prova de seleção (objetiva ou discursiva) ao cargo de professor de línguas correspondem às discussões mais recentes da área do ponto de vista linguístico e/ou pedagógico. A contratação de professores para a Educação Básica precisa acompanhar as políticas educacionais e públicas vigentes que visam à qualidade social, à produção de novos conhecimentos e o desenvolvimento de saberes locais e/ou regionais. Muitos CP ainda se limitam a restringir a avaliação docente a uma mera prova escrita em que os conhecimentos gramaticais e estruturais da língua ocupam o maior peso de avaliação. A partir disso, pretende-se, neste estudo, apresentar uma reflexão a partir da análise de questões dissertativas das provas dos anos de 2011 e 2014 para o cargo efetivo de professor de Espanhol de duas instituições federais do Rio de Janeiro: IFRJ e CEFETRJ, respectivamente. Espera-se com este artigo levantar nos exames as imagens e os saberes docentes valorizados para a atuação do professor de língua espanhola em instituições tecnológicas federais do Estado do Rio de Janeiro. Como forma de alcançar o objetivo desta comunicação, recorreu-se aos estudos teóricos de Silva Júnior (2014), Pacheco (2010), Daher, Almeida e Giorgi (2009) e Daher (2006) sobre formação de professores de línguas e seleção docente. Concluiu-se que o CP para professores de Espanhol de instituições tão plurais precisa exigir não só o recorte disciplinar legitimado da área, mas também um conhecimento que possa se articular às complexas relações sociais da contemporaneidade e da própria instituição de ensino. Estudos de leitura e letramento: reflexões e práticas escolares RENATA SIQUEIRA [email protected] CLÁUDIA PAES DE BARROS Esta pesquisa tem por objetivo investigar e discutir as práticas e as concepções dos docentes de uma escola pública municipal de Cuiabá-MT. Para tanto, recorremos aos pressupostos teóricos de Bakhtin e o Círculo (1929; 1952-53; 1970-1971/1979; 1974/1979) que abordam a linguagem como um processo sócio-histórico-cultural, aliado à teoria de aprendizagem e desenvolvimento humano de Vygotsky (1930; 1934). Além desses autores, também compõem o referencial teórico deste trabalho as discussões sobre Letramento Crítico que tem como base teórica Freire (1987), The New London Group (1996, 2012), Cassany (2005), Pereira (2010 e 2012) e Paes de Barros (2012, 2014) entre outros. Os objetivos da nossa pesquisa são: 1. Conhecer as concepções dos docentes acerca da leitura e do letramento. 2. Proporcionar, através das interações entre os sujeitos professores/ pesquisadores do grupo de estudo, subsídios para reflexões sobre a sua prática. Para tanto, realizamos encontros reflexivos-críticos com os docentes, sujeitos da pesquisa. Nesse contexto, coletamos os dados desta por meio de gravação de áudio e vídeo. A interação proporcionou momentos de aprendizagem entre os pares participantes. As reflexões sobre as práticas pedagógicas, leitura e letramento e as considerações sobre ensino-aprendizagem no contexto da Escola, proporcionaram momentos de profundas percepções sobre a responsabilidade social dos docentes. Nesse sentido, nossa pesquisa participa de um processo importante, a reflexão crítica. Os dados também revelam a importância de se repensar os cursos de formação docente, visto que a mudança perpassa por um processo significativo de reflexão, intervenção crítica e transformação/emancipação do sujeito. A presente pesquisa está vinculada ao GELL – Grupo de Estudos Linguísticos e de Letramento – CNPq/MeEL/UFMT. Aspectos discursivos, identitários e agentivos de professores de inglês do parfor: uma pesquisa-ação MARTA DE FARIA E CUNHA MONTEIRO [email protected] [email protected] Este trabalho apresenta uma pesquisa de doutorado cujo contexto foi o Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica (PARFOR), programa emergencial instituído pelo Decreto nº. 6.755/2009 e implantado em regime de colaboração envolvendo a CAPES, governos estadual e municipal, o Distrito Federal e as Instituições de Educação Superior - IES. A pesquisa, realizada no interior do Estado do Amazonas em um dos cursos oferecidos pelo PARFOR da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), teve como objetivo geral investigar a formação de professoresalunos do Curso de Língua/Literatura Estrangeira – Inglês do PARFOR e como específicos, analisar seu discurso em relação ao ensino-aprendizagem de inglês, os traços de sua identidade, de sua formação e atuação profissional. A pesquisa contou com 20 participantes e como instrumentos, foram utilizados questionários, entrevista com roteiro semiestruturado, roda de conversa, relatório de estágio/memorial reflexivo e diário de campo. O referencial teórico foi ancorado nos pressupostos do letramento crítico (McLAREN, 1988; MENEZES DE SOUZA, 2011; ROCHA, 2012; 2013; ROJO, 2000; 2009; 2012), discurso(s) (FAIRCLOUGH, 1992/2001; 2003; 2008; GEE, 1990/1996; 1990/2008; 1998; 2005), identidade (GIMENEZ, 2005; HALL, 1996/2000; 1997/2003) e agência (BALTAR, 2009; 2010; MONTE MÓR, 2012; 2013). A metodologia foi baseada no paradigma qualitativo (CELANI, 2005; DENZIN; LINCOLN, 2006), à luz da pesquisa-ação (EL ANDALOUSSI, 2004; THIOLLENT, 2011). Como resultados pode-se afirmar que a formação vivenciada no curso de formação de professores do PARFOR foi um espaço que privilegiou mudanças no discurso dos participantes em relação à sua prática docente para o ensino-aprendizagem de inglês e o fortalecimento de sua identidade como profissionais da área. Concluindo o trabalho, são trazidas reflexões acerca da formação de professores da educação básica e algumas implicações para o ensino-aprendizagem de inglês no interior do Amazonas, um contexto particularmente repleto de privações (ROJO, 2006). Mapeando o ensino de Português como Língua Estrangeira através da Perspectiva Intercultural VANESSA MARIA DA SILVA [email protected] A intercultura pode ser determinante para o êxito da interação comunicativa, proporcionando capacidades de negociação cultural que combinem comportamento curioso e consciente da necessidade de ultrapassar os estereótipos, com os conhecimentos linguísticos e culturais presentes na língua. A perspectiva intercultural contempla uma abordagem diferenciada do ensino de línguas estrangeiras (LE) favorecendo a consciência social, criatividade, mente aberta para novos conhecimentos e reforma na maneira de pensar e ver o outro. Nossa pesquisa com foco no ensino de Português como LE, na graduação, tem como objetivo investigar, sob os aspectos da perspectiva intercultural, como o ensino da cultura pode integrar o ensino da LE e sua contribuição para o aprendizado e desenvolvimento do estudante. A fim de desenvolvermos esta investigação, optamos por pesquisa qualitativa de natureza etnográfica, durante dois semestres, de 2013 a 2014, com acompanhamento direto e intensivo das aulas de língua Portuguesa no Department of Portuguese and Brazilian Studies (POBS), Brown University, EUA. A metodologia do POBS proporciona aos estudantes elementos que incidem com o nosso estudo a respeito do ensino de língua e da cultura e coadunam com o nosso referencial teórico no cerne da perspectiva intercultural. As aulas de língua Portuguesa como LE naquele departamento promovem o intercâmbio das informações sobre a vida cotidiana no Brasil e demais países lusófonos, desenvolvem conhecimentos de grupos sociais, seus produtos e práticas, incluindo marcas da identidade nacional, normas de conversação e gestos, favorecendo interpretação, descoberta e interação com a cultura do outro em situações reais de comunicação. Em nossa pesquisa observamos reflexões sobre similaridades e diferenças compreendidas no desenvolvimento linguístico e cultural e que consideramos fundamental no aprendizado do estudante. Nosso referencial teórico apoia-se em Byran (1998), Hall (2004), Johnson (2009), Kramsch (2009), Risager (2007), dentre outros autores que defendem o ensino de LE a partir da perspectiva intercultural. Escrita Colaborativa: O uso do Iramutec na análise de um corpus de aprendizes da língua inglesa SHIRLENE BEMFICA DE OLIVEIRA [email protected] [email protected] MAÍSA MARTINS SÁ FONSECA DAVID SIMON MARQUES A criação e o estudo da Arte são atividades complementares que auxiliam os alunos a aprofundarem sua compreensão sobre a humanidade. No âmbito do ensino da língua inglesa, propõe-se o desenvolvimento das habilidades de compreensão e produção oral e escrita de forma integrada e com temas que sejam interessantes e próximos à realidade dos alunos; no caso da Arte para desenvolver habilidades linguísticas, de crítica e de apreciação a Arte. Este trabalho, uma interface entre a Linguística Aplicada e a Linguística de Corpus, foi motivado pela necessidade de compreender melhor a interlíngua de aprendizes de inglês como língua estrangeira utilizando os recursos da LC, possibilitando a análise dos padrões probabilísticos que se constroem nos contextos de uso (BERBER SARDINHA, 2000). O estudo se baseia na análise de um corpus escrito de aprendizes sobre papel da Arte na sociedade moderna e descreve a observação dos padrões léxico-gramaticais nos textos argumentativos construídos de forma colaborativa com base em mapas conceituais (NOVAK, 1997; STORCH, 2005). Os dados foram coletados pela pesquisadora, por bolsistas do Ensino Médio e aproximadamente 100 alunos de um Instituto Federal. A investigação foi feita com o auxílio do Iramutec e orientada pelas análises: dos benefícios da produção colaborativa, da temática construída a partir das linhas de concordância do nódulo Arte, das pressuposições, modalizadores e operadores argumentativos usados nos textos. Os resultados apontam que o uso de mapas conceituais para o desenvolvimento da produção escrita possibilita a aprendizagem por meio do discurso e por meio do raciocínio. As escolhas lexicais demonstram valores linguísticos, estéticos e simbólicos que enfatizam o lado emocional, afetivo e social das artes como uma área essencial para a humanidade. A interação em pares favorece ao desenvolvimento das habilidades linguísticas, a diminuição da ansiedade relacionada ao processo de produção textual e ao aumento da autoconfiança dos alunos. Rendimentos do diploma de licenciatura em língua inglesa: estudo sobre egressos do curso de Letras da UFMG DÉBORA FERNANDES DE MIRANDA [email protected] O objetivo desta comunicação é apresentar os resultados principais de uma pesquisa de doutorado sobre os rendimentos materiais e simbólicos do diploma de licenciatura em língua inglesa da UFMG. A licenciatura em inglês está inserida em um contexto de desvalorização relativa dos títulos escolares (BOURDIEU, 2008; DURU-BELLAT, 2006) e desprestígio da carreira docente (GATTI et al, 2009; FANFANI, 2007). Entretanto, o diploma de licenciatura em inglês possui a especificidade de atestar o domínio de um idioma, algo que representa alto valor distintivo no mercado de bens simbólicos (BOURDIEU, 2003). Assim, o que esperar desse título se, por um lado, ele atesta um conhecimento valorizado e, por outro, forma o profissional para atuar em um campo no qual o ensino de idiomas é desvalorizado, que é o campo escolar? Para investigar os impactos culturais, sociais e econômicos do diploma de licenciatura em inglês, foram entrevistados doze egressos do curso de Letras da UFMG.A pesquisa é de caráter qualitativo e seu principal instrumento metodológico foi a entrevista semiestruturada, que permitiu a reconstrução das trajetórias profissionais e pessoais dos sujeitos pesquisadose favoreceu a exploração de seus saberes, representações, crenças e valores (LAVILLE e DIONNE, 1999). A análise dastrajetórias familiares, escolares e profissionais dos egressos permitiu identificar três grupos com rendimentos distintos do diploma: para um grupo, o diploma expressa a realização de um gosto pessoal; para outro, significa uma ascensão social; para um terceiro grupo, representa uma frustração. Os resultados sugerem que os rendimentos do diploma estão relacionados ao perfil social e escolar dos egressos, à trajetória dos alunos dentro do curso de Letras, às suas ambições pessoais e profissionais e ao valor distintivo representado pelo domínio de uma língua estrangeira e pela aquisição de um capital cultural de caráter internacional. A prática da hora-atividade concentrada na escola pública: um espaçotempo de ação e (trans)formação de professores de línguas NILCEIA BUENO DE OLIVEIRA [email protected] [email protected] A hora-atividade concentrada de professores de Língua Inglesa consiste no espaçotempo dentro da escola pública utilizado para atividades pedagógicas sem interação com alunos. A partir de 2015 os professores de escolas públicas do Paraná passaram a ter 35% de sua carga-horária destinada para a hora-atividade. Esse espaço-tempo hoje faz parte do processo de ensino-aprendizagem, pois nestes momentos os professores se reúnem para rever suas práticas pedagógicas e direcionar o seu trabalho em sala de aula, portanto, um momento de extrema importância para a qualidade na educação. Esta investigação tem como objetivo principal (re)significar a hora-atividade concentrada de professores de Língua Inglesa sob ótica do Letramento e da Análise Crítica do Discurso, a fim de apostar as práticas de letramento, as relações de poder que perpetuam este espaço-tempo e os conflitos identitários. È importante pensar na hora-atividade como um espaço de formação continuada e de letramentos, pois a busca de teorias possibilita ao professor o embasamento teórico que pode ser um norteador para suas práticas, possibilitando um avanço pedagógico num sentido transformador do processo de ensino-aprendizagem. A pesquisa, de cunho qualitativo, está sendo realizada em um colégio do norte do Paraná durante e sobre o espaço-tempo da hora-atividade de professores de Língua Inglesa. O discurso das professoras, coletado através de questionário e entrevista, está sendo analisado à luz da Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 2001) e dos Letramentos (STREET, 20014). Espera-se que a horaatividade dos professores de escolas públicas possa ser concebida como um novo espaço de interação num encontro de diferentes vozes a fim de criar uma nova comunidade, marcada pela reciprocidade entre os sujeitos participantes, a qual potencializa a ocorrência das contradições e que, manifestadas no discurso, pode culminar na (trans)formação continuada dos professores. Os quadrinhos no livro didático de língua portuguesa FÁBIO CARDOSO DOS SANTOS [email protected] [email protected] Esta pesquisa tem por objetivo investigar como as tirinhas são trabalhadas na Coleção Português: Linguagens para o Ensino Fundamental, composta por quatro volumes, recomendada e aprovada pelo MEC, selecionada e indicada no Guia do PNLD/2011. Pautamos-nos, para isso, no aporte teórico-metodológico dos estudos sobre os gêneros na perspectiva de R. Ramos (2004) e sobre os quadrinhos nas concepções de Cagnin (1975), Acevedo (1990), Andraus (1999), McCloud ( 2005), Ramos (2007, 2009), Vergueiro (2010). Os resultados mostram que as práticas de leitura de tirinhas, propostas nas coleções, não favorecem o aprofundamento da competência leitora dos alunos em questões enunciativas e discursivas do gênero tirinha, não promovendo uma aprendizagem mais ampla da leitura. Produção de subjetividade nas aulas de Redação JULIANA SILVA RETTICH [email protected] DÉCIO ROCHA Este trabalho tem por objetivo demonstrar como é possível trabalhar questões do cotidiano dos alunos, sugeridas até mesmo pelos próprios adolescentes, a partir de suas demandas, saindo, assim, dos limites da sala de aula e do conteúdo programático nas aulas de redação do ensino médio, pontuando uma nova relação entre língua e contexto. Para tal fim, alguns dispositivos de produção de subjetividade serão analisados, como textos levados pela professora e textos produzidos por alunos do primeiro ano do ensino médio de um colégio da rede privada da cidade do Rio de Janeiro de 15 a 17 anos, bem como as discussões que eles levam para dentro da sala, modificando muitas vezes os rumos dos planos de aula e demonstrando suas necessidades reais de aprendizado. Isso significa mostrar também que, na sala de aula, o professor não é o único responsável pela produção de subjetividade do aluno: tal formação se dá num processo de duas vias, no qual aprendiz e professor têm suas subjetividades produzidas interacionalmente. Essas análises se darão com base em estudos de Gilles Deleuze e Félix Guattari , no que tange às questões de agenciamento coletivo, apresentado na obra Mil Platôs, v. 2, (2011), e Michel Focault, acerca de produção de subjetividade e dispositivos , conceitos presentes em Arqueologia do Saber (2014) e Hermenêutica do Sujeito ( 2014) Para analisar como os alunos relacionam o que foi visto em sala e suas experiências aos textos que precisam produzir a partir dos temas apresentados pela professora, serão utilizados os conceito de rede (LATOUR, 1994) e o de coletivo (ESCÓSSIA; KASTRUP, 2005). A atividade social “participar de uma reunião de trabalho” no curso de ciências contábeis ANGÉLICA MIYUKI FARIAS [email protected] [email protected] Esta comunicação é parte de um projeto de doutorado cujo objetivo é investigara construção de uma proposta de currículo de Língua Portuguesa baseado em Atividade Social em um curso de Ciências Contábeis a partir da análise das demandas e necessidades do contexto em foco e das características da proposta construída, considerando tais demandas e necessidades. Para esta comunicação, faremos um recorte da pesquisa supracitada, apresentando os principais aspectos que compõem aAtividade Social “Participar de uma reunião de trabalho” no curso de Ciências Contábeis. A pesquisa está fundamentada teoricamente pelos seguintes estudos: Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural – TASCH (Vygostky, 1934; Leontiev, 1977; Engeström, 1999; Liberali, 2009),nos trabalhos sobre Currículo na perspectiva Sócio-Histórico-Cultural (Engeström, 1999; Bodrova & Leong, 2007; Van Oers & Duijkers, 2012; McLachlan, Fleer, Edwards, 2013), Multiletramentos (The New London Group, 1996; Cope & Kalantzis, 2000; Lessa & Liberali, 2012; Rojo, 2012, 2013; Kalantzis & Cope, 2013; Rojo & Barbosa, 2015) e estudos de ensino de Língua Portuguesa (Machado, Lousada e Abreu-Tardelli, 2004ª , 2004b; Casagrande & Bastos, 2008; Palma & Turazza, 2008; Geraldi, 2008; Cintra & Passarelli, 2008; Motta-Roth e Hendges, 2010). O estudo está inserida no quadro da pesquisa crítica de colaboração – PCCol (Magalhães, 2003). É crítica porque se pretende avaliar o contexto educacional em que está inserida, a realidade do profissional de Contabilidade assim como a própria proposta curricular. É colaborativa porque a construção da proposta dá-se a partir de seus vários participantes, professora-pesquisadora, professores e alunos do curso de Ciências Contábeis da IES pesquisada, além dos profissionais da área contábil. As questões discursivas da prova do ENADE CINTYA CARDOSO DE OLIVEIRA BRITO GOMES [email protected] [email protected] O tema desta pesquisa são as características e as exigências avaliativas das questões dissertativas do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) para a área de Administração.A pesquisa tem como objetivo investigar as características e as exigências avaliativas do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) acerca da compreensão dos enunciados e da elaboração das respostas às questões dissertativas das provas de Administração (2012). Para a consecução desse objetivo, os pressupostos teóricos nos quais esta pesquisa se fundamenta são a Taxonomia de Bloom (1956)e na revisão dessa taxonomia (KRATHWOHL, 2002) acerca dos estudos de verbos para a classificação de objetivos de aprendizagem de forma hierárquica que pode ser utilizado para estruturar, organizar e planejar as questões discursivas; as portarias das diretrizes do Enade (2012) que regem os princípios e as características específicas para a elaboração da questão dissertativo-argumentativa da prova de Administração. O corpus desta pesquisa se constitui de uma questão discursiva dentre cinco questões dissertativas retiradas da prova de Administração do Enade de2012. Os enunciados foram analisados qualitativamente a partir da fundamentação teórica. Como resultado, elaborou-se a lista de características e exigências observadas para cumprir as etapas de produção das respostas aos itens avaliativos. Conclui-se que os resultados da pesquisa podem contribuir para as universidades entenderem os processos de composição dos enunciados das questões dissertativas desse instrumento avaliativo, a fim de direcionarem os graduados do curso de Administração para as habilidades e as competências exigidas pelo Enade. A didatização de materiais com base nos estilos e estratégias de aprendizagem de estudantes do italiano língua estrangeira DANIELA APARECIDA VIEIRA [email protected] [email protected] Este trabalho, cujo tema é a didatização de materiais com base nos estilos e estratégias de aprendizagem de estudantes do italiano língua estrangeira, consiste na apresentação de parte de nossa pesquisa de Doutorado em Letras (área de concentração: Língua, Literatura e Cultura Italianas), a qual foi iniciada em fevereiro de 2014 na Universidade de São Paulo. O objetivo dessa pesquisa é investigar de que maneira(s) as especificidades dos alunos (os estilos e as estratégias de aprendizagem deles, bem como seus interesses e necessidades) podem ser contempladas quando nós, professores de língua estrangeira (LE), didatizamos materiais para as nossas aulas. Na área da pedagogia de línguas, há alguns trabalhos sobre a didatização de materiais para o ensino do italiano LE (cf. Begotti, s.d.; Bonvino, 2008; Comodi, 1995, entre outros); há, também, vários trabalhos sobre os estilos e as estratégias de aprendizagem de estudantes de LE (sobretudo de aprendizes de língua inglesa); dentre esses trabalhos, podemos mencionar os de Felder (1988), Felder e Henriques (1995), Oxford (1989), Oxford e Ehrman (1993) etc. Todavia, não encontramos nenhum trabalho que buscasse relacionar a didatização de materiais aos estilos e estratégias de aprendizagem dos discentes brasileiros que estudam o italiano como LE. Por isso, esperamos que a nossa pesquisa, que é embasada pelos postulados desses teóricos, possa contribuir, ainda que modestamente, com a área de ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras. Os dados de tal pesquisa foram coletados em um curso de língua italiana, em nível de extensão universitária, ministrado por nós a alunos com idades entre 22 e 61 anos no primeiro semestre de 2015 na Universidade de São Paulo. A análise preliminar dos dados aponta para a grande importância de didatizarmos, sempre que possível, materiais com base nos interesses, necessidades, estilos e estratégias de aprendizagem dos alunos, o que pode favorecer a aprendizagem significativa deles. Análise da estrutura de cursos de formação de professores de Língua Inglesa para verificação de competências e habilidades sugeridas pelos Parâmetros Curriculares de Língua Estrangeira Moderna LAILA SANTOS [email protected] O presente trabalho trata da formação de futuros professores de Língua Inglesa e como os mesmos são orientados pelas instituições superiores para atender às exigências prescritas pelos PCN, além da preparação para as demandas reais e situações adversas de salas de aula de LI. A pesquisa foi motivada pelas experiências da pesquisadora e lacunas encontradas na formação da mesma quando posta em situação real de ensino da LI em escolas públicas da rede de ensino, e em posição de discente em nível strictusenso. O objetivo específico da pesquisa foi verificar se e de que forma duas universidades públicas referência do Estado do Rio de Janeiro visam desenvolver as competências e habilidades no aluno de licenciatura em Letras/Inglês em frente ao que os PCN traçam como perfil idealizado do professor de Língua Inglesa e abordagem apropriada dos conteúdos a serem desenvolvidas. O método utilizado na pesquisa foi a análise do documento governamental para identificar e descrever as competências e habilidades expressas nos mesmos; e a análise de documentos divulgados pelas instituições em questão, com o propósito de identificar a relação entre a formação do professor e o referencial proposto pelos PCN. Os resultados encontrados revelaram a indispensável importância de tratamento diferenciado, através de disciplinas e conteúdos específicos, para a orientação de futuros professores de Língua Inglesa, uma vez que o ensino de língua estrangeira requer competências e habilidades peculiares. Espera-se que esta pesquisa possa contribuir para reflexão acerca dos temas e disciplinas abordadas nos cursos de Licenciatura Letras/Inglês especificamente para metodologias de ensino de Língua Inglesa. O processo avaliativo na disciplina de Língua Inglesa no ensino médio ROSEMARY HOHLENWERGER SCHETTINI [email protected] MARCIA PEREIRA DE CARVALHO MONICA GALANTE GORINI GUERRA Nas práticas escolares, a avaliação pode ser frequentemente vista de duas formas: por um lado a avaliação é entendida como momento de atividade centralizada, de controle, de processo somatório de notas, focada na hierarquização dos sujeitos pelos resultados obtidos e por outro é compreendida como um processo contínuo que se expande para além do exame e se torna uma prática que possibilita a compreensão, reflexão, análise, planejamento, estudo, formação, implementação, e a produção de resultados (LUCKESI, 2002). Esta comunicação tem como primeiro objetivodiscutir os diferentes modos de avaliar, confrontando conhecimentos práticos e teóricos que compõe a história da avaliação por meio de uma pesquisa bibliográfica e como segundo, propor e cunhar uma proposta de avaliação embasada no paradigma crítico colaborativo (MAGALHÃES, 2012). Que traz uma discussão sobre uma forma de avaliar em que os sujeitos envolvidos criem oportunidades de escolhas em termos enunciativos, discursivos e linguísticos, ampliem suas possibilidades de ação no mundo e visualizem essa discussão como possibilidade para planejar o futuro. Esta forma de compreender a linguagem remete-se a Teoria da Argumentação que embasa o estudo dos modos de apresentar argumentos como formas de pensar e compreender a constituição das atividades humanas para participar delas de forma mais ativa e compartilhada (LIBERALI, 2013). Esta proposta avaliativa, cuja metodologia integra teoria e prática, pode ser adaptada de acordo com o cenário sócio-histórico-cultural e o projeto pedagógico das diferentes instituições. Desse modo, este trabalho é uma discussão teórico-prática que tem como premissa a expansão da discussão sobre avaliação no Ensino Médio e suas implicações no desenvolvimento dos sujeitos envolvidos. A (co) construção de conceitos científicos na formação inicial de professores de Língua Estrangeira KÁTIA MARQUES DA SILVA [email protected] O número de estudos e pesquisas na literatura da Linguística Aplicada é considerado escasso pelos estudiosos no que se refere à (co) construção do conhecimento teóricoprático de “como ensinar uma língua estrangeira”. Teóricos como Freeman e Johnson (1998) confirmam essa realidade ao dizerem que muito já se fez pela formação de professores de línguas, mas relativamente pouco nesta área em questão. Perante tal fato, este estudo propõe investigar, segundo os princípios da Perspectiva Sociocultural de formação de professores de línguas, que está apoiada na psicologia sócio-histórica de Vygotsky (VYGOTSKY,1978) as possíveis ocorrências de (co) construção de conceitos nas interações de sala de aula da disciplina de Metodologia de Ensino de Língua Inglesa e no estágio supervisionado de um curso de Letras. Para tanto, o estudo segue um paradigma qualitativo, de cunho etnográfico (ERICKSON, 1986/BOGDAN; BILKEN, 1992, 1998/SILVERMAN, 2000) e de enfoque sócio-histórico (JOHNSON, 2009/VYGOTSKY, 1978). O trabalho é constituído por instrumentos qualitativos, como observações de aulas teóricas e práticas, questionários,entrevistas e documentos produzidos pelos alunos-professores em processo de formação. Os participantes são dois graduandos em Letras de uma universidade pública localizada no interior de Minas Gerais. O estudo segue o percurso de formação dos participantes na disciplina de Metodologia e no estágio supervisionado, acompanhando o seu desenvolvimento nos níveis teórico e prático. Os resultados apontam que os professores em formação demonstram ter (co) construído alguns conceitos sobre ensino e aprendizagem de línguas, todavia, percebe-se, ainda, certas dificuldades ao tentarem verbalizar e contextualizar os mesmos. Esses conceitos, denominados por Vygotsky, científicos e cotidianos, são necessários para o desenvolvimento do processo dialógico, uma vez que eles são parte de um único processo, ou seja, da construção do conhecimento (VYGOTSKY, 1986). Futuros professores de língua inglesa e seus conceitos de linguagem, ensino e aprendizagem MARIANA CASSEMIRO [email protected] Nesta comunicação, apresentam-se alguns resultados parciais obtidos na pesquisa de doutorado em andamento “A formação do professor de língua inglesa em um curso de Letras no norte do Brasil: a coconstrução de conhecimentos teórico-práticos”, cujo objetivo geral é investigar a coconstrução dos conhecimentos teórico-práticos de futuros professores de língua inglesa em um curso de Letras de uma universidade pública do Amazonas. De natureza qualitativa e base etnográfica, esta pesquisa está fundamentada na teoria sociocultural (VIGOTSKI, 2001, 2007, 2010). Além disso, a perspectiva sociocultural na formação de professores de línguas defendida por Johnson (2009), Johnson & Golombek (2011) e Lantolf & Poehner (2014), por exemplo, bem como a formação de professores de línguas na contemporaneidade, como retratada por VieiraAbrahão (2010, 2014), Kumaravadivelu (2012) e Pimenta & Lima (2012), para citar alguns, são temas essenciais no referencial teórico adotado. Esta investigação pretende responder a três perguntas de pesquisa: (1) Quais conceitos cotidianos de língua(gem), ensino e aprendizagem são apresentados pelos alunos antes de cursarem a disciplina “Metodologia do Ensino de Língua Inglesa I”?; (2) Quais conceitos científicos são apresentados aos alunos e de que maneira eles são trabalhados nas disciplinas de Metodologia de Ensino de Língua Inglesa e de Estágio Supervisionado?; (3) Como os conceitos cotidianos e científicos se relacionam na prática do futuro professor de língua inglesa durante a realização dos estágios? Os instrumentos utilizados para a geração de dados são gravações de aulas em áudio, questionários, entrevistas, autobiografias dos alunos e relatórios de estágio. Esta comunicação irá apresentar os resultados referentes somente à primeira pergunta de pesquisa que indicam que a maioria dos conceitos de linguagem, ensino e aprendizagem dos futuros professores está embasada em concepções tradicionais. A Tragédia Grega em outro tempo e espaço: uma contribuição para o modelo didático do gênero. LUIS CÉSAR SPARSBROOD [email protected] A presente apresentação tem por objetivo demonstrar as contribuições para a construção do modelo didático do gênero tragédia, elaborado por meio da análise da tragédia adaptada de Prometeu Acorrentado sob a base teórico-metodológica do Interacionismo Sociodiscursivo. Este trabalho é o resultado de uma pesquisa de mestrado intitulada “A Tragédia Grega em outro tempo e espaço: uma contribuição para o modelo didático do gênero” que visou à identificação das características do gênero em questão com fins didáticos, numa perspectiva de propiciar o desenvolvimento das capacidades de linguagem voltadas para leitura, em alunos do ensino fundamental. Sob essa perspectiva, levo em consideração os processos de elaboração de um modelo didático de um gênero de texto clássico, literário e dramático, como as tragédias gregas, a importância das condições de produção e a demanda de capacidades de linguagem diferenciadas, como as capacidades de linguagem linguístico-estilísticas propostas neste trabalho. Aprendizagem como participação e ensino de línguas: contribuições, limitações e desafios no ensino de línguas estrangeiras MARIANA KUNTZ DE ANDRADE E SILVA [email protected] [email protected] Nesta comunicação, buscarei apresentar o conceito de aprendizagem como participação, refletindo sobre suas possíveis contribuições para o ensino de línguas, suas semelhanças e diferenças com o ensino comunicativo, e os desafios para a sua realização no ensino de línguas estrangeiras. Nas últimas décadas, algumas pesquisas sobre aprendizagem têm enfocado aspectos como o contexto e a subjetividade dos aprendizes (LANTOLF, 2000, LAVE & WENGER, 1990, entre outros). Nestas pesquisas, emerge um novo conceito de aprendizagem, ou “metáfora” segundo Sfard (1998), o da participação, que toma como aspecto central a interação. Ela surgiu fora do âmbito do ensino de línguas como oposição à metáfora da aprendizagem como aquisição de conteúdo, vista como essencialmente cerebral, na qual o conhecimento é visto como um produto a ser acumulado. No ensino de línguas estrangeiras, a metáfora da aquisição de conteúdo concebe a língua como produto final da aprendizagem. Com isso, ela implica na concepção de comunicação como transferência de informação, e na visão do aprendiz como indivíduo destituído de um bem (a língua estrangeira), em oposição ao falante nativo, que ocupa uma posição privilegiada (FIRTH & WAGNER, ([2007(1997)], p. 760). Em contraposição a essa visão, emergem pesquisas baseadas na teoria sociocultural e na aprendizagem situada em comunidades de prática, nas quais a aprendizagem é vista como a crescente participação do sujeito em uma determinada comunidade. O conteúdo (no caso, a língua estrangeira), não é visto como fim, mas como meio para a participação, e a aprendizagem é vista como processo de interação, necessariamente contextualizada e capaz de transformar os aprendizes e a sociedade com a qual se relacionam. A interação e a contextualização também são aspectos fundamentais do ensino comunicativo. Por isso, buscarei analisar as semelhanças dessa abordagem com a metáfora da participação, e suas limitações e desafios de concretização no ensino de línguas estrangeiras. Discursos legais sobre inclusão de surdos no sistema educacional: comparativo entre Alemanha e Brasil ROMANA CASTRO ZAMBRANO CLEIDE EMILIA FAYE PEDROSA [email protected] Na atualidade, a busca pela inclusão das minorias em todos os setores da sociedade se tornou assunto relevante pelo compromisso que assume com os direitos civis. Contudo, como os discursos legais de nações diferentes, como Brasil e Alemanha, tratam dessas questões? Para responder a esta pergunta, principalmente, direcionada às comunidades surdas desses dois países, esta comunicação tem o objetivo de comparar, quanto a seus pontos de convergências, os discursos das leis e dos decretos promulgados e direcionados à educação dos surdos. A Análise Crítica do Discurso sustentará a análise da tessitura textual, da prática discursiva e da prática social. Esta visão tríplice do discurso nos oferece condições de ampliar nossa visão do fenômeno social da inclusão nessas duas sociedades em estudo. O corpus será formado por fragmentos das leis e decretos dos dois países, cujos parágrafos versam sobre a inclusão de surdos nos diversos níveis de sua escolarização. Sob a perspectiva proposta, esperamos verificar os pontos de contatos nos discursos de leis de dessas duas distintas culturas e sociedades. A formação do professor de um curso de inglês para professores da rede pública: Reflexão Crítica sobre o contexto criado para ensinoaprendizagem LEANDRO CAPELLA [email protected] O objetivo da apresentação é demonstrar o processo e os resultados de minha pesquisa de Mestrado, que teve como contexto uma aula de um curso de formação de professores de inglês da rede pública com foco no desenvolvimento/aprendizagem da língua inglesa. As análises se pautaram no planejamento da aula e na organização da linguagem durante as práticas e ações em sala de aula por parte do pesquisador-professor.Em um processo de reflexão crítica, o pesquisador-professor analisa os dados produzidos no planejamento e na áudio gravação da aula em questão para a) investigar quais bases teóricas de linguagem e de ensino-aprendizagem de língua estrangeira permearam o planejamento e a organização da aula; b) examinar como se deu a organização da linguagem e a organização de contextos que apoiaram as relações voltadas ao desenvolvimento linguístico dos educandos durante a aula; c) analisar criticamente e propor sugestões de transformação em ambos, planejamento e organização da aula. Para tal, apoiou-se em três pilares teóricos – a Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural (TASHC), desenvolvida a partir dos estudos sobre ensino-aprendizagem como discutidos por Vygotsky [1930-1934]; compreensões de linguagem e dos mais recorrentes métodos, metodologias e abordagens de ensino-aprendizagem de língua estrangeira; bem como discussões sobre o conceito de reflexão crítica (FREIRE, 1970; SMYTH, 1992). Os resultados da análise e interpretação dos dados apontam para uma base estruturalista de linguagem e comportamentalista de ensino-aprendizagem encrustada no modo de agir e pensar do pesquisador-professor, contrariando “quem ele acreditava ser”. Com base nessas compreensões, o pesquisador-professor refletiu criticamente sobre seu agir, propondo sugestões para reorganizar ações e relações que poderiam ter permeado o planejamento e a organização da aula, visando ao ensinoaprendizagem de língua inglesa por meio de colaboração coletiva entre todos os participantes. Análise do emprego de emoticons em propaganda do banco Itaú JOACIANA PESSANHA [email protected] [email protected] Os meios de comunicação de massa, especialmente a propaganda, utilizam-se de diversos recursos a fim de atingir seu objetivo principal, que é persuadir. Sant’Anna (2005) define propaganda como uma técnica de comunicação de massa paga com a finalidade de fornecer informações, desenvolver atitudes e provocar ações benéficas ao anunciante, geralmente para vender produtos ou serviços. Tem-se como objetivo nesta pesquisa analisar as principais características discursivas, composicionais, linguísticas e as condições de produção e circulação, bem como a intencionalidade discursiva de uma propaganda do banco Itaú que se valeu de um código característico da internet, os emoticons, transmutando-os para o veículo revista impressa. Apoiamo-nos em pressupostos bakthinianos acerca de gêneros discursivos e nos conceitos de Santaella (2003) sobre cultura das mídias como produto. Como método de análise da propaganda, nos respaldamos em Lopes-Rossi (2006). Nessa perspectiva, analisamos como corpus uma propaganda do banco Itaú criada pela agência África que está veiculada na revista Veja, edição 2424, de maio de 2015. O que nos chamou a atenção para esta propaganda é o fato de ela utilizar os chamados emoticons, que são símbolos utilizados como se fossem um novo alfabeto, capazes de expressar as emoções e afetividade dos internautas. Foi possível perceber que o recurso utilizado pela agência que produziu as propagandas repercutiu em um interessante hibridismo dos símbolos tipicamente utilizados pela mídia digital, os emoticons, para a mídia impressa revista. Este deslocamento está associado à infinita e criativa capacidade de se expressar do ser humano, tendo em vista a necessidade de explorar as diferentes formas de expressão para concretizar diferentes intencionalidades discursivas. Conclui-se que é uma tendência o emprego de signos tipicamente utilizados nos meios de comunicação digital no papel impresso. Produção textual e interdisciplinaridade: desafios atuais LUCIANA SOARES DA SILVA [email protected] [email protected] Na sociedade atual, a globalização transformou o mundo em uma grande rede, na qual todas as relações são entrelaçadas, e para adentrá-la, é imprescindível a reformulação da ação dos sujeitos. Nesse contexto, torna-se necessário repensar as práticas educativas, para promover a inserção dos estudantes nesse cenário. Por essa razão, objetivamos, neste artigo, discutir a prática pedagógica no ensino de Língua Portuguesa, em especial a produção textual, frente à sociedade contemporânea. Para isso, fundamentamos nosso estudo em princípios da Análise do Discurso, no tocante aos conceitos de sujeito e de condições de produção discursiva, e nas discussões sobre interdisciplinaridade, a partir de Morin (2000) e de Fazenda (2009). Conforme nossa reflexão, é preciso realizar um trabalho interdisciplinar, a fim de que sejam promovidas condições interdisciplinares para a produção textual, de modo a possibilitar aos alunos o desenvolvimento da habilidade em estabelecer relações intertextuais e interdiscursivas. Práticas de leitura em inglês para o sujeito visual e formação de professores MÁRCIA DE MOURA GONÇALVES [email protected] Esta pesquisa se insere no campo de estudos de LA ao ensino de línguas estrangeiras para o sujeito visual (Duarte, 2015) em contexto institucionalizado. Sua realização tem origem no contexto da minha atuação como professora do Curso de Letras Inglês da UFMT e como coordenadora do Projeto Piloto Curso de Inglês para o Acadêmico Surdo, oferecido via Programa de Tutoria da Pró-Reitoria de Ensino e Graduação da UFMT. A partir das práticas de leitura e escrita dos acadêmicos visuais e suas interações entre si e com a professora, pretendo investigar as possibilidades de construção de proposta metodológica, em nível teórico e aplicado, para o ensino de língua inglesa para o sujeito visual. Para tanto, procurarei responder às seguintes perguntas de pesquisa: 1) Que necessidades e possibilidades de aprendizagem do sujeito visual nos informam sobre seu processo de aprendizagem de inglês como língua estrangeira? 2) Como os processos de interação podem subsidiar uma proposta metodológica de ensino de inglês para o sujeito visual em sala de aula inclusiva? 3) Como a teoria dos Gêneros do Discurso, de viés bakhtiniano, pode contribuir para uma proposta teórico-metodológica para o ensino de inglês para o sujeito visual? Meu estudo seguirá os princípios da abordagem qualitativa-interpretativista e do referencial teóricometodológico a partir das contribuições de Bakhtin e o Círculo e de Vygotsky. Colaborarão com a pesquisa os participantes do Projeto Piloto:a professora ouvinte, 5 acadêmicos visuais e 2 ouvintes e a ETA norte-americana vinculada ao Programa Idiomas sem Fronteiras. As filmagens das aulas, as atividades realizadas pelos acadêmicos e as entrevistas feitas com eles constituirão corpus fundamental de pesquisa. A justificativa para esta pesquisa situa-se na possibilidade de construção de uma proposta metodológica em nível teórico e aplicado, visando processos de inclusão do sujeito visual sendo, portanto, de grande alcance social. Estudos da linguagem da Epístola sobre os servidores do califa BEATRIZ NEGREIROS GEMIGNANI [email protected] Esta pesquisa tem como objetivo a tradução do árabe ao português e o estudo linguístico do tratado ético-político Risāla fī Aṣṣaḥāba(Epístola sobre os servidores [do califa]), de Ibn al-Muqaffa’, escriba da corte de Basra do califado abássida. Com a tradução desse tratado da segunda metade do século VIII d. C. são estudados o vocabulário e o estilo da língua árabe usada por um secretário de origem persa, conhecido como um dos criadores da prosa literária abássida. Ibn al-Muqaffa’ endereça a epístola ao califa para expor as suas ideias sobre os principais problemas do governo, discorrendo a respeito de uma série de questões políticas, econômicas e sociais do califado e aconselhando o soberano. Dessa forma, pretende-se abordar o valor documentário desse texto para a civilização árabe-islâmica e a cautelosa linguagem do escriba ao se colocar na delicada situação de aconselhar o califa, máxima autoridade de uma doutrina política que prioriza a retidão do poder. A metodologia adotada é a tradução do árabe ao português, tratando do vocabulário específico do texto e de seu estilo, tendo como base uma bibliografia específica a respeito da epístola e do autor (Arjomand, 1994; Gabrieli, 1932; Goitein, 1966; Kristó-Nagy, 2013; Latham, 1990; Lowry, 2008; Pellat, 1976; Sourdel, 1954). O enfoque da tradução é a transmissão de conteúdo preservando o potencial comunicativo do texto, conforme a teoria da tradução de Komissarov (1987), sendo que optou-se por uma tradução mais fiel ao original árabe, ocorrendo o afastamento somente quando se considerou imprescindível para a compreensão do texto o acréscimo de palavras ou a alteração da ordem sintática. O resultado da pesquisa é a tradução comentada da Epístola sobre os servidores do califa, documento pioneiro da prosa árabe clássica e singular em seu gênero. Traduzida pela primeira vez ao português, pretende-se com esse texto contribuir ao estudo do período clássico da civilização árabe-islâmica, no qual se desenvolveu uma prosa artística de grande criatividade literária. Identidade coletiva das comunidades surdas do Brasil e da Alemanha: comparativo dos discursos midiáticos sobre inclusão de surdos no sistema educacional CLEIDE EMÍLIA FAYE PEDROSA [email protected] ROMANA CASTRO ZAMBRANO O mundo pós-moderno vive o fenômeno da globalização sem comparativo precedente. Neste encurtamento tempo-espaço, as sociedades se aproximam e se influenciam, deixando marcas mútuas no contato de suas culturas. Inserimos, neste contexto, esta investigação, cuja temática central será estudar como Brasil e Alemanha se posicionam em relação à inclusão dos surdos no sistema educacional. É sabido que este debate circula em várias esferas discursivas, contudo, elegemos o discurso midiático e, como suporte de materialização linguística, os textos que serão analisados para atender ao objetivo de identificar as identidades coletivas que são (re)constituídas a partir da comparação dos discursos veiculados na mídia dos dois países, sobre inclusão de seus cidadãos surdos e seus direitos de pertencimentos à sua comunidade com os mesmos direitos da sociedade majoritária. A pesquisa, com base na Linguística Aplicada em seu víeis dos estudos sobreas práticas sociais, filia-se à Análise Crítica do Discurso (ACD) em seu diálogo com a Sociologia para a Mudança Social (SMS) e com os Estudos Culturais (EC). Enquadra-se no posicionamento teórico-metodológico da ACD para desenvolver análises das práticas discursivas e sociais, respaldadas pelas demandas linguísticas. Nessa linha, as práticas sociais em mudança (SMS) estão em relação dialética com as práticas discursivas. Estas tanto podem moldar quanto serem moldadas por aquelas. E ambas constituem e (re)constituem identidades coletivas (EC) que se fragmentam e se solidificam como processos sempre em construção. As categorias de análises contemplarão categorias linguísticas, herdeiras da Linguistica SistêmicoFuncional (LSF), categorias discursivas e sociais (ACD). Após análise, espera-se que os resultados revelem as diferenças e as semelhanças nas construções identitárias coletivas dos dois países em relação ao pertencimento dos surdos A Reflexão Crítica na Utilização do Manual do Professor de Língua Inglesa ÉLITA GOUVEA [email protected] O presente trabalho insere-se na área de ensino reflexivo de língua estrangeira e formação continua de professores. A pesquisadora é responsável pela escolha de material didático na instituição em que trabalha e a necessidade de encontrar materiais que proporcionam reflexão crítica na prática educacional levou a realização desta pesquisa. O objetivo deste artigo é analisar se há indícios que possam levar a reflexão crítica em um manual do professor utilizado em um curso de inglês. Para isso as perguntas apresentadas por Liberali (2004b) foram aplicadas nesse manual na tentativa de encontrar indícios que pudessem levar a reflexão crítica. O embasamento teórico da pesquisa abordou princípios sobre reflexão crítica de acordo com os autores Liberali e Zyngier (2000); Magalhães (1997); Romero (1998). Por tratar-se de uma pesquisa relacionada ao ensino e a aprendizagem, os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira (1998) e a perspectiva sociointeracionista de Vigotsky (1994) foram citados. Os resultados confirmaram as hipóteses que originaram a pesquisa, uma vez que foi possível encontrar indícios que podem levar a reflexão na utilização do manual do professor. Contudo, o estudo evidenciou, ainda, a importância do coordenador pedagógico na orientação de uma prática docente reflexiva. O ensino de libras e sinalizadores ouvintes: uma análise dos parâmetros fonológicos LUIZ ANTONIO ZANCANARO JUNIOR [email protected] MARIANNE ROSSI STUMPF [email protected] Este trabalho apresenta uma análise de alterações nos parâmetros fonológicos que adultos ouvintes, fluentes e iniciantes, usuários da língua de sinais brasileira (Libras) como segunda língua, apresentaram durante a produção de sinais. O trabalho situa-se no campo da linguística aplicada ao ensino de línguas, com foco no ensino da Libras. A pesquisa apresenta uma análise das produções de dois grupos de sinalizadores ouvintes da Libras como segunda língua (L2), um grupo de sinalizadores iniciantes e outro de sinalizadores em nível avançado. Os parâmetros fonológicos recortados para a análise da pesquisa foram: configuração de mão, locação e movimento. Analisou-se como a percepção das alterações dos sinais identificadas durante o processo de aquisição contribuem para o desenvolvimento da aprendizagem. Os participantes envolvidos foram 12 adultos ouvintes, 6 classificados como sinalizadores iniciantes e 6 como sinalizadores em nível avançado, na faixa etária de 21 a 30 anos que conseguiam estabelecer comunicação satisfatória com indivíduos surdos. Para a realização da pesquisa pediu-se que os participantes observassem uma gravura em um vídeo, sem apresentação de sinais. Em seguida os participantes deveriam sinalizar a gravura e suas produções foram filmadas. Para a análise foram recortados 12 sinais da produção de cada um. A análise demonstrou que o maior número de alterações fonológicas identificadas ocorreram no parâmetro configurações de mão. Raras foram as trocas no parâmetro locação e algumas trocas foram observadas no parâmetro movimento. As trocas apresentadas nos parâmetros da Libras foram menores no grupo de sinalizadores classificados como avançados do que no grupo de sinalizadores iniciantes. A presente pesquisa expõe uma comparação entre dois grupos, evidenciando um padrão de desenvolvimento da aquisição. Assim, esse estudo do processo de aquisição de parâmetros fonológicos identifica padrões semelhantes aqueles apresentados por crianças surdas em processo de aquisição da Libras tal qual descrito por Karnopp (1999). Formação de professores e Gestão de sala de aula: a riqueza do trabalho do coordenador pedagógico. MÔNICA GUERRA [email protected] A formação dos professores (Liberali, 2012, 2011; Magalhães, 2010, 2011) está no centro das discussões sobre a qualidade de educação em diferentes países. Vários estudos nacionais e internacionais apontam que o impacto mais relevante na aprendizagem dos alunos é o papel desempenhado pelo professor. Sendo assim, a gestão de sala de aula é fundamental para o processo de ensino-aprendizagem. Essa comunicação tem por objetivo apresentar a relevância do trabalho crítico reflexivo na formação de professores com base nos pilares em gestão de sala de aula(Guerra, 2011). Este estudo está fundamentado na Teoria Sócio-Histórico-Cultural, que compreende que os sujeitos, historicamente, constituem-se e aos demais por meio de relações mediadas com mundo. Foi analisado o papel da argumentação durante as reuniões de formação de professores. Os resultados apontam que a argumentação possibilitou uma configuração mútua de sentidos (Aguiar, 2010) nas atividades analisadas e, em alguns momentos, oportunizou traços criativos produzindo significados compartilhados pelos grupos. FORMAÇÃO DO LEITOR PROFICIENTE: leitura interdisciplinar para alunos do Ensino Médio MARIA APARECIDA PEREIRA DE OLIVEIRA [email protected] [email protected] Este trabalho é um recorte de minha dissertação de Mestrado e o objetivo é demonstrar que é possível haver um diálogo entre as áreas do conhecimentopor meio do desenvolvimento de habilidades leitoras, ligando os conteúdos das disciplinas do Ensino Médio, utilizando estratégias de leitura adequadas. Essas habilidades leitoras serão desenvolvidas a partir da propositura de leitura dos gêneros discursivos que são comuns às disciplinas, mediante a aplicação de sequências didáticas desses gêneros. Terá como alicerce uma abordagem sociocognitiva de leitura tendo seus principais representantes Marcuschi (2008) e Koch (1997), na concepção de bakhitiniana sobre gêneros discursivos, por meio da proposta de sequências didáticas de Dolz e Schneuwly (2004), além de pesquisas realizadas por Lopes-Rossi (2002) acerca do assunto. Estudos atualizados de documentos da SEE (Secretaria do Estado da Educação) sobre a proposta interdisciplinar e os primeiros estudos sobre a interdisciplinaridade no Brasil representados por Japiassu (1976) e Fazenda (2002) formarão também o referenciais teóricos deste projeto. A metodologia basear-se-á na elaboração e aplicação de um conjunto atividades obedecendo às sequências didáticas dos gêneros discursivos selecionados. Como uma pesquisa-ação de cunho qualitativo, pautar-se-á pela flexibilidade, na observação em campo, ou seja, asala de aula,em que o observador é também participante. O instrumento central para o levantamento de elementos teóricos são fichas de anotações e entrevista com os professores envolvidos. O trabalho será realizado com um professor de cada disciplina do Ensino Médio, num total de 12, nas turmas de 3º Ano do Ensino Médio de uma escola da Rede Estadual de São Paulo. Espera-se que,com os resultados, seja verificada a eficácia do trabalho interdisciplinar na formação de leitores com gêneros discursivos e que os professores, ao mudarem a sua prática e adotarem novas estratégias no ensino da leitura,possam ouvir suas vozes nos discursos dos alunos. Leitura e produção escrita da narrativa de aventura no ensino fundamental: uma contribuição à prática pedagógica ELIANE CRISTINA OLIVEIRA [email protected] O tema desta pesquisa é o trabalho com gêneros discursivos como instrumento de desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita, especificamente a leitura e a produção de narrativa de aventura por alunos do Ensino Fundamental. Tem-se observado o baixo desempenho dos alunos em leitura e produção escrita, no geral, e a carência de materiais de apoio para que o professor desenvolva um bom trabalho com a narrativa de aventura. A partir do problema exposto, estabeleceu-se como objetivo geral desta pesquisa contribuir para o trabalho didático com leitura e produção escrita da narrativa de aventura no Ensino Fundamental. Especificamente, visa-se a: caracterizar o gênero discursivo narrativa de aventura e elaborar sequências didáticas de leitura e de produção escrita de narrativa de aventura que contemplem as expectativas de leitura e de produção escrita da Matriz de Referência de São José dos Campos, além de outras habilidades possíveis. Esta pesquisa se fundamenta nos pressupostos teóricos sobre gêneros discursivos, sequências didáticas, habilidades de leitura e de produção escrita e, ainda, sobre o gênero discursivo narrativa de aventura. Metodologicamente, procedeu-se à pesquisa bibliográfica e análise qualitativa das informações teóricas e, ainda, à análise de oito narrativas de aventura para caracterização do gênero e elaboração das sequências didáticas. Como resultados, apresentam-se: uma seleção de oito narrativas de aventura indicadas para a sala de aula por representarem bem o gênero e tratarem de histórias interessantes; uma caracterização da narrativa de aventura nas suas dimensões sociocomunicativas, linguísticas e de organização textual (em seus movimentos retóricos), de forma que ficam bem estabelecidos os elementos do gênero que merecem a atenção do professor nas atividades em sala de aula; e por fim sequências didáticas de leitura e de produção escrita que possibilitam a organização do trabalho didático na transposição de uma série de conceitos teóricos de forma viável. Vygotsky Explica! – Uma análise da sequência didática proposta por Scrivener à luz de pressupostos vygotskyanos DENISE MAIA PEREIRA [email protected] LEONARDO SARMENTO TRAVINCAS DE CASTRO [email protected] Há uma tendência, na área de ensino de inglês como segunda língua, sobretudo por parte de escolas que oferecem cursos livres de idiomas, em concentrar os esforços da qualificação discente no seu fazer em sala de aula. Em consonância com essa realidade, há livros que instruem sobre práticas didáticas, mas que pouco informam sobre suas bases epistemológicas. Um exemplo desse tipo de material é o livro Teaching English (SCRIVENER 2011), no qual o autor apresenta uma sequência didática para o ensino de inglês como segunda língua, mas não menciona que teoria(s) a sustentam. O objetivo deste estudo é, portanto, refletir sobre uma possível fundamentação teórica que embase a sequência didática proposta por Scrivener, à luz de pressupostos vygotskyanos. Ao fazer isso, destacam-se os pontos de contato e distanciamento entre os dois autores, e algumas sugestões de adaptações para a sequência didática surgem dessa análise. Espera-se que a reflexão aqui realizada revele ao professor como o conhecimento teórico pode contribuir para um fazer pedagógico mais criticamente embasado em prol de um fazer mais eficiente. Para realizar esta pesquisa, realizou-se em estudo bibliográfico sobre o professor reflexivo e, principalmente, sobre a teoria de Vygotsky. Dividiu-se a pesquisa em duas partes. Inicialmente, analisou-se detalhadamente a sequência proposta por Scrivener a fim de destacar suas principais características didáticas. Em seguida, pesquisou-se elementos na obra de Vygotsky que poderiam fornecer fundamentação teórica para tais características. Constatou-se que há vários pontos de contato entre a prática proposta por Scrivener e elementos da teoria vygotskyana, possibilitando o fornecimento de fundamentação teórica para boa parte da sequência didática. Onde há divergências, adaptações foram propostas, sempre se considerando as ideias do mestre russo. O Pensar Alto em Grupo: as múltiplas leituras de metáforas para promoção de um letramento crítico no ensino língua inglesa e materna ARIANE MIECO SUGAYAMA [email protected] PAULA FIGUEIREDO CAMPOS [email protected] Este trabalho visa analisar a prática de leitura dialógica e colaborativa Pensar Alto em Grupo (ZANOTTO, 1995; 2014), que vem sendo investigada e construída pelos participantes do grupo GEIM (Grupo de Estudos da Indeterminação e da Metáfora), do qual fazemos parte. Essa prática tem como objetivo dar voz aos alunos, de modo que possam interpretar, a partir de seus contextos pessoais, e de negociar em grupo a relevância das leituras de acordo com as possibilidades interpretativas que o texto oferece. Assim, uma vez que cada aluno se posiciona de forma responsiva ativa perante o texto, é possível que múltiplas leituras ocorram, sendo necessário que cada um desenvolva suas reflexões e reconheça a de seus colegas como alteridades que pensam diferente. Por isso, a ênfase desta investigação será nas múltiplas leituras de uma metáfora no ensino de língua inglesa e materna. Assim, deixamos de lado o paradigma do ensino-aprendizagem da leitura única, calcado numa epistemologia do monologismo, para trabalharmos a leitura de acordo com epistemologia do dialogismo (MARKOVA, 1997; BAKHTIN, 1992). A pergunta que procuramos responder foi: Em que aspectos o Pensar Alto em Grupo, que permite a construção de múltiplas leituras, pode contribuir para a construção de letramentos críticos? O presente trabalho se insere num paradigma qualitativo de pesquisa (CHIZOTTI, 2008), de orientação interpretrativista (MOITA LOPES, 2006) e tem como instrumento metodológico o próprio Pensar Alto em Grupo. Os sujeitos da pesquisa são: em língua inglesa, alunos do Ensino Fundamental de uma escola estadual de Minas Gerais; enquanto, em língua materna, alunos de um curso de extensão universitária em São Paulo. Os resultados demonstraram que as múltiplas leituras têm um grande potencial para que os alunos exerçam o pensamento crítico, proveniente não de uma tentativa de homogeneização de opiniões, mas da procura de convivência de diversas posições ideológicas. A representação da mulher durante o período eleitoral: análise de duas capas da revista Veja JÉSSICA CRISTIANE PEREIRA DA SILVA [email protected] Vivemos em uma sociedade baseada na informação, na qual a mídia se constitui de um importante espaço para a produção e circulação de informações. Nesse sentido, considerando-se que a mídia transmite um recorte particular da realidade, na qual ideologias, valores e interesses são veiculados, o que consequentemente influencia os processos constitutivos das identidades pessoais, assim como, suas representações sociais, esta pesquisa tem como objetivo central analisar, de uma perspectiva bakhtiniana, o olhar que a mídia direciona à mulher durante períodos eleitorais, a partir da verificação das construções discursivas presentes em duas capas da revista Veja. Para tal, serão considerados a linguagem verbo-visual, o implícito e explícito, a cultura da mídia, assim como os conceitos de enunciado concreto, signo ideológico e dialogismo, presentes nas obras do Círculo de Bakhtin (1992; 2004). O corpus da análise se constitui de duas capas da revista Veja: a de 16 de agosto de 2006, edição 1969; e a de 1 de outubro de 2014, edição 2393. A análise realizada indica que as construções discursivas presentes nas capas desvelam a ideologia da revista Veja em relação à mulher, assim como o posicionamento político da revista. Nesse sentido, a Veja utiliza-se de uma linguagem verbo-visual carregada de implícitos, na qual cria-se uma vinculação entre a imagem da mulher e a ideia de que esta possui o poder de decidir o resultado das eleições. Através dessa vinculação e das escolhas feitas pela revista em relação ao enunciado e a linguagem verbo-visual utilizados, implicitamente a revista deixa transparecer um discurso que questiona a capacidade das mulheres em tomar decisões políticas. Apesar desse discurso aparecer de forma velada, ainda assim corrobora com o fortalecimento de discursos marcados pela estereotipação e preconceito de gênero. Livros do FNDE/PNBE (MEC): Análise dos acervos e possibilidades de uso para atividades de leitura significativas JULIANA ALMEIDA DA SILVA [email protected] [email protected] Este artigo apresenta dados de uma pesquisa sobre possibilidades de uso dos acervos oferecidos às escolas pelo FNDE/PNBE (MEC). Os professores de Língua Portuguesa entendem que a leitura é necessária, mas muitos manifestam dúvidas sobre como desenvolver habilidades de leitura dos alunos e despertar o gosto pela leitura, principalmente nos alunos do Ensino Fundamental II.O objetivo deste estudo foi fazer um levantamento e uma análise dos acervos de livros oferecidos pelo FNDE/PNBE (MEC) a uma escola do interior do estado de São Paulo a fim de agrupá-los por gêneros discursivos e propor atividades de leitura significativas para que os professores usem- nos com mais frequência, explorando melhor suas potencialidades e fomentado a leitura na escola.Parte-se do pressuposto de que a literatura é um direito dos alunos (CÂNDIDO, 1995); de que a escola tem que instigar o aprendiz a ler e a fruir a literatura, desenvolvendo um olhar mais sensível e amplo da realidade, como afirma Pinto (2014); de que a experiência e a reflexão da leitura literária “podem ser mediadas e socializadas no espaço da sala de aula”. (DALVI; REZENDE; JOVIER-FALEIROS, 2013, p. 13); e de que os professores podem propor procedimentos que ampliem as habilidades de leitura dos alunos, como afirmam diversos autores. Após o agrupamento dos livros dos acervospor temáticas e gêneros, realizou-se uma análise quantitativa dos livros e foram propostas atividades para o desenvolvimento de leitura com cada um dos agrupamentos, fundamentadas numa perspectiva de educação literária complexa, “no sentido de propiciar condições, oportunidades, espaços e metodologias, de forma rigorosa, que assegurem ao estudante explorar ao máximo as potencialidades do texto artístico e expandir seu ângulo de percepção.” (PINTO, 2014). Assim, buscou-se contribuir com uma prática pedagógica coerente, apoiada em fundamentação teórica indicada para o trabalho com leitura de diversos gêneros discursivos. Análise de cursos de formação continuada a distância de professores de Língua Portuguesa para os novos letramentos e multiletramentos LILIANE COSTA [email protected] [email protected] Este trabalho é parte de uma pesquisa de doutorado em andamento e tem por objetivo a comparar propostas de formação continuada em âmbito estadual e federal, separadas pelo espaço de dez anos em sua produção, comparando as características dos cursos que buscam fomentar o desenvolvimento dos novos letramentos e multiletramentos dos professores envolvidos nessas formações, uma vez que, no atual contexto educacional, é urgente que os professores se apropriem de novas linguagens, novas mídias e novos letramentos para que possam mudar forma de ensinar, para isso, é necessário levar para sala de aula o contexto digital e tomá-lo como objeto de estudo, não apenas de forma instrumental, mas analisando e ensinando os novos letramentos e linguagens que circulam na internet. A sociedade mudou e os aparatos tecnológicos estão cada vez mais presentes na vida de todos, principalmente na vida dos alunos, portanto, é necessário que a escola incorpore as tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) em seu cotidiano e, para isso, os professores têm de refletir sobre o que incorporar aos currículos e como fazê-lo. Assim, torna-se pertinente analisar propostas de cursos de formação continuada que tenham estes objetivos, verificando os tipos de propostas de aprendizagem são feitas para que novas práticas de linguagem e letramentos sejam desenvolvidas na sala de aula. A contribuição desta pesquisa é esboçar uma reflexão sobre as características de cursos de formação continuada a distância oferecidos a professores por órgãos púbicos de Educação, visando a produzir conhecimento sobre como promover o desenvolvimento de uma pedagogia voltada para os (novos) multiletramentos que se reflita em alteração na prática dos professores e, consequentemente, na aprendizagem dos alunos, levando a escola ao século XXI. O pressuposto teórico que embasa a pesquisa é a pedagogia dos muliteltramentos, proposta pelo Grupo de Nova Londres (GNL), em 1996. Efeitos da intervenção do adulto na construção de narrativa oral infantil LÉLIA ERBOLATO MELO [email protected] O objetivo principal é observar a leitura de imagens em situação interativa na construção de narrativa oral, antes e depois da tutela do adulto/criança. Neste sentido, interessa-nos verificar também a disponibilidade da criança para assumir a perspectiva do outro, e identificar as habilidades específicas, como atenção, percepção e memória que favorecem seu desempenho. O quadro teórico converge para subtemas e autores, como ‘imagem’ (Aumont, 2008); ‘narrativa/narração’ (Bruner, 1991, 1997 e 2014); ‘imaginação’ (Bouriau, 2006); ‘crenças’ (Perner & Wimmer, 1985); ‘condutas explicativas na narração e efeito da tutela’ (Veneziano & Hudelot, 2005), entre outros. A pesquisa foi realizada com 18 crianças, nas faixas etárias de 5, 8 e 10 anos de idade, de ambos os sexos, que frequentam escola pública. A história selecionada ‘A trombada’, extraída do livro Cabra-Cega (Eva Furnari, 2003: 10-11), constituída de quatro imagens, sem texto, conta um episódio com começo, meio e fim entre duas personagens (um menino e uma menina). Os dados foram transcritos segundo as normas utilizadas por Preti e Urbano (1990). A coleta de dados se desenvolveu em três tempos: (a) narrativa autônoma com imagens; (b) narrativa com tutela e imagens; (c) narrativa sem tutela e imagens. Como critérios de análise utilizados, destacamos a retificação das falsas crenças da personagem, a utilização dos liames causais dos acontecimentos, o uso dos signos não verbais, e o encadeamento discursivo dos acontecimentos. Os resultados obtidos evidenciam a participação efetiva do adulto na interação com a criança no processo de reconhecimento, rememoração e interpretação das imagens. Além disso, confirmam a sugestão de que sejam realizadas outras pesquisas com o olhar voltado para a sala de aula. A leitura do gênero discursivo propaganda impressa em livros didáticos: uma abordagem ainda insuficiente SAMANTHA CESTARI TURCI [email protected] Esta pesquisa foi motivada pelo fato de muitos livros didáticos atuais trazerem vários gêneros discursivos, como a propaganda impressa, como preconizam os PCN. No entanto,quase sempre não os abordam em todas as suas propriedades constitutivas. Assim, o tema desta pesquisa é a abordagem do gênero discursivo propaganda impressa em atividades para leitura e interpretação em livros didáticos. O objetivo é analisar três atividades de leitura de propaganda retiradas de dois livros didáticos para o 7° ano do ensino fundamental e outra de um livro para o 1° ano do ensino médio, distribuídos pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), e em uso nas escolas. Especificamente, verifica-se se e como as atividades abordam a compreensão dos aspectos sociocomunicativos, verbais, não verbais e dialógicos das propagandas. Teoricamemente, a pesquisa se baseia na concepção sociocognitiva de leitura abordada por Koch; na posição dos PCN em relação à leitura e ao trabalho com gêneros discursivos; e nas principais características do gênero discursivo propaganda impressa abordados os dois últimos por Bakhtin. Metodologicamente, analisa o corpus de modo qualitativo, de acordo com a fundamentação teórica citada. Os resultados mostram que apenas um dos livros didáticos aborda os recursos argumentativos e o propósito comunicativo da propaganda nas atividades de leitura propostas. Os outros livros didáticos abordam aspectos linguísticos de forma descontextualizada, ou abordam um ou outro aspecto sociocomunicativo das propagandas, não colocando em prática a proposta de leitura sugerida pelo PCN. Conclui-se que os professores precisam fazer uma leitura crítica do livro didático e, no caso dos que usam os livros didáticos utilizados para esta pesquisa, precisam elaborar suas aulas sobre leitura do gênero discursivo propaganda impressa com base em outros materiais, já que esses livros não contemplam as características constitutivas da propaganda. PRÁTICA DE LEITURA DO PENSAR ALTO EM GRUPO NA UNIVERSIDADE: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A FORMAÇÃO DO LEITOR CRÍTICO E DO PROFESSOR LETRADOR DALVE OLIVEIRA BATISTA SANTOS [email protected] RUY MARTINS DOS SANTOS BATISTA [email protected] A presente pesquisa tem por objetivo investigar a prática do Pensar Alto em Grupo (ZANOTTO, 1995; 2014), num espaço de leitura e produção textual, como possibilitadora do desenvolvimento do leitor critico e proficiente e do professor letrador (BORTONI, 2010). O Pensar Alto em Grupo (PAG) é uma vivência pedagógica de leitura, que permite ao educando um posicionamento legitimo na construção de suas múltiplas leituras, além disso, possibilita a formação de um leitor crítico e proficiente capaz de interpretar a partir do contexto social no qual está inserido. Desta forma, esta pesquisa vincula-se aos estudos que investigam a prática de letramento em contexto de uso social da linguagem, buscando responder as seguintes perguntas: 1. Como a prática de leitura do pensar alto, com um grupo focal na universidade, pode contribuir para a formação de um leitor crítico e proficiente? 2. Qual o papel do professor enquanto agente de letramento? Para respondermos a esses questionamentos, discutiremos os conceitos de Vygotsky sobre ensino aprendizagem e o sujeito situado sóciohistoricamente (1991, 2006), as concepções sobre leitura (FREIRE, 1983/1986; SOLÉ, 1998) nos Novos estudos do Letramento (STREET, 1984/1995; KLEIMAN 1995/2008; SOARES, 1998/2010), e, também, numa visão de linguagem dialogicamente constituída (Bakhtin 2003). A pesquisa é de cunho qualitativo e de natureza interpretativista (CHIZOTTI, 2008; MOITA LOPES, 2006) que busca por meio do aporte metodológico Pensar Alto em Grupo (ZANOTTO, 1995), propiciar a sociabilização das leituras construídas pelos participantes por meio da interação face-a-face. Dessa forma, compreendemos que a prática do pensar alto possibilita o desenvolvimento da capacidade de leitura crítica dos sujeitos envolvidos, bem como, elucida a importância do professor letrador neste processo, pois, enquanto condutor das diversas vozes, este agente pode possibilitar relações menos conflituosas e alunos mais autoconfia Aspectos culturais no ensino de PLA: uma proposta de mediação intercultural PEDRO IVO SILVA [email protected] [email protected] A variedade brasileira do português vem atraindo um número crescente de aprendizes desse idioma como língua adicional (PLA), os quais desejam integrar-se ao panorama internacional de crescente desenvolvimento do Brasil. Para aqueles estrangeiros que estão por aqui há mais tempo, diversas situações interculturais na aprendizagem de PLA podem gerar dificuldades de compreensão, como palavras ou expressões ligadas a contextos regionais, a gestos, a costumes, a vestuário, etc. Percebe-se com isso uma intrínseca ligação entre língua e cultura, conforme os aportes teóricos de Bennett (1993; 1998); Hall (1998); Kramsch e Widdowson (1998); Paraquett (1998); Godoi (2005); Laraia (2006). É sob a perspectiva dessa ligação que se pode questionar: como mediar a aprendizagem intrinsecamente cultural de PLA sem que questões relacionadas à cultura brasileira acabem por se tornar elementos secundários no ensino ou desconsiderados das necessidades dos aprendizes? Diante disso, a presente pesquisa propõe-se a refletir sobre processos de mediação didática associados a conceitos de multiculturalismo e interculturalidade, dentro dos pressupostos dos estudos de natureza qualitativa (ANDRÉ, 1995; MOREIRA, 2004; FLICK, 2009). Na sequência, pretendo discorrer sobre tópicos interculturais surgidos na aplicação da técnica de ‘estudo de caso’ (FLICK, 2009), em que um estudante nigeriano de PLA foi sujeito de pesquisa em entrevista semi-estruturada para a coleta de dados. A análise da entrevista identificou os temas ‘gesto’ e ‘vestuário’ como pontos de contato cultural conflitantes em sua aprendizagem, concluindo-se, portanto, que estes elementos podem ser motivacionais no ensino de PLA em relação ao assunto ‘cultura’, pois emergiram do interesse do próprio entrevistado, assim como outros temas podem emergir do interesse de demais aprendizes por determinadas áreas ou das dificuldades / necessidades observadas pelo professor acerca de tópicos culturais que contemplem aspectos diversos da cultura brasileira (MENDES, 2002), a fim de otimizar a aprendizagem de PLA por meio de uma mediação didática intercultural. Um estudo sobre a linguagem de grupo sociais da cidade de São Vicente: falantes e falares MARIA DE LOURDES GASPAR TAVARES [email protected] APARECIDA DE JESUS A. MALLAGOLI HENRI DA SILVA SANTOS DANIELLA TEIXEIRA LIMA SILVIA BÁRBARA SILVEIRA DE PAULA CIOMARA A. DOS SANTOS ROBERTA FÉLIX DA SILVA SANDRA REGINA DE A. DE LIMA THIEGO ZOCCANTE DE SOUZA Esta comunicação está situada na área de Sociolinguística com vertente variacionista, na linha de pesquisa de Linguagem e Educação. Tem por tema um estudo da modalidade de língua oral, abrangendo a variedade diastrática, por meio de ligações com vários tipos de falantes e situações de interação, especificamente expressões da linguagem de grupos sociais da cidade de São Vicente, tais como: adolescentes, auxiliares de enfermagem, auxiliares de transporte urbano (Vans), ativistas políticos femininos de grupos de Esquerda, evangélicos, candoblecistas, feirantes e surfistas. Busca-se um panorama das variações do uso linguístico na linguagem dos vicentinos (Baixada Santista), estudando-se os vários fatores socioculturais responsáveis por elas, associados ao prestígio social da linguagem e discutindo-se os conceitos de norma culta e suas ligações com o sistema de ensino. Está fundamentada nos pressupostos teóricos de Labov (1972), Tarallo (1986) e Mollica (2003). A amostra é composta por um recorte de uma pesquisa realizada por alunos do curso de Letras da Faculdade de São Vicente (UNIBR), cujo objetivo é identificar expressões orais e cotidianas dos grupos citados. Os resultados obtidos indicam que os falantes participantes do grupo em estudo mantêm um vocabulário distinto, cuja linguagem figurada, rica e criativa, estabelece satisfatoriamente a comunicação entre os falantes. Destaca-se, durante a interlocução, o socioleto, ou seja, o uso significativo de gírias, por exemplo: cartão de crédito/0800 denomina os beneficiários do transporte gratuito, deficientes e idosos; boneco, segundo as adolescentes, é o rapaz namorador; bagrinho, para as auxiliares de enfermagem, nomeia o médico estagiário; olho de borracha, entre os feirantes da região, diz respeito ao colega invejoso. Finalmente, por meio desta comunicação, espera-se contribuir para os estudos acerca do papel da língua em seu contexto sociocultural, no domínio pragmático-discursivo. Análise sociorretórica de introduções de artigos científicos da área de Moda GABRIELA ANDRADE DE OLIVEIRA [email protected] MARIANA CASSEMIRO [email protected] SILVIA ANDRADE Nesta apresentação objetivamos relatar os resultados de um estudo, cujo propósito foi analisar introduções de artigos científicos produzidos na área de Moda, retirados dos Anais do 9º Colóquio de Moda, a fim de verificar se os movimentos retóricos previstos no modelo CARS (Create a Research Space) reformulado por Swales & Feak (1994) poderiam ser encontrados nos referidos textos. Esse modelo, que foi proposto pela primeira vez por Swales (1990) e reelaborado por Swales & Feak (1994) com o intuito de torná-lo mais pedagógico, simplificado e utilizável para instrumentalizar alunos de cursos de escrita acadêmica, contempla três movimentos retóricos, a saber: estabelecer o território de pesquisa, estabelecer um nicho e ocupar o nicho, que estão frequentemente presentes nas introduções de artigos científicos de diversas áreas do conhecimento, conforme defendem Swales & Feak (1994). Tendo isso em vista, nosso propósito foi observar se tais movimentos, encontrados com sucesso em áreas academicamente estabelecidas há bastante tempo, poderiam ser verificados também nas introduções de artigos oriundos da área de Moda, que é muito recente no cenário acadêmico. Desse modo, a análise dos textos foi realizada à luz da teoria de análise de gêneros textuais de abordagem sociorretórica. Embora tenha sido possível identificar os movimentos retóricos propostos no modelo CARS nas introduções analisadas, os resultados obtidos evidenciaram algumas peculiaridades interessantes bem próprias da área de Moda. Uma das contribuições relevantes deste trabalho é destacar a heterogeneidade da comunidade discursiva da área de Moda, o que pode explicar o modo no qual os textos analisados foram produzidos. A argumentação (re)organizando as relações na escola: uma questão de formação FRANCISCO AFRANIO RODRIGUES TELES [email protected] FABRICIA PEREIRA TELES [email protected] Este trabalho objetiva apresentar reflexões sobre a argumentação (re)organizando as relações escolares em contexto de formação. Faz parte de um recorte teórico e bibliográfico de uma pesquisa na área dos estudos da linguagem, empreendida em uma escola pública das séries finais do Ensino Fundamental no município de Parnaíba-PI. Inicialmente, problematiza-se a argumentação como compreensão clássica de persuasão, conforme estudos de Aristóteles, apontando as fragilidades desse entendimento em uma sociedade em constantes mudanças. Em seguida, trata-se a argumentação como possibilidade crítica ou colaborativa para o âmbito da escola, a fim de contribuir com a (re)organização das relações afetivo-cognitivas. Finaliza-se defendo a importância da argumentação crítica para a formação nos contextos escolares. Essas discussões se fundamentam em Liberali (2013), Leitão; Damianovic (2011), Ribeiro (2009), dentre outros pesquisadores(as) da temática. Acredita-se que a formação na escola pode ser transformadora a partir da produção de uma argumentação que contribua para (re)organizar as relações na escola. Tintas Renner, Uma Análise Semiológica Sob a Proposta de Umberto Eco RODRIGO NUNES FEIJÓ [email protected] [email protected] MARION RODRIGUES DARIZ ADRIANE PIRES RODRIGUES RAMIRES A presente pesquisa tem como objetivo analisar como ocorre a percepção dos alunos de quarto ano do Curso de Letras Português, da Universidade Federal do Rio Grande – FURG, ao analisarem dois textos publicitários de marcas temporais distintas. Nosso grupo analisou a produção dos textos confeccionados pelos alunos, em que os mesmo cotejaram as duas imagens publicitárias de uma marca de tinta. Dentro de várias campanhas publicitárias da marca de tinas Renner, nossa escolha se deu em uma imagem que foi veiculada na década de 60 e outra na década de 10. Os cotejos feitos pelos alunos, sobre os textos sincréticos, serão analisados sob a perspectiva do semioticista Umberto Eco. Dentre vários semioticistas, Eco é o que trabalha com a semiótica das culturas, semiótica essa que contempla e analisa a representação de fatos culturais dentro das sociedades, na mídia impressa, televisivas, artística etc. Por trabalhar com fatos culturais, Eco afirma que a imagem, ou signo icônico, para fins de análise, é passível de ser decomposta em unidades menores.Eco pondera o duplo registro, o verbal e o icônico (visual) e considera os conceitos de denotação e conotação. Portanto, a partir desse contexto, nosso principal objetivo é analisar se alunos do quarto ano são proficientes na leitura de textos sincréticos. Análise das partículas GA e WO: Um enfoque na interlíngua escrita dos aprendizes do curso de japonês da Universidade Estadual do Ceará (UECE) LAZARO TAVARES [email protected] [email protected] A presente pesquisa baseia-se em alguns dos resultados obtidos a partir de um recente estudo realizado sobre o uso das partículas gramaticais da língua japonesa (LJ). No idioma japonês, as partículas funcionam como elementos fundamentais na estruturação de frases e orações, uma vez que designam funções sintáticas determinadas no interior das mesmas, configurando, assim, o sentido da comunicação em contextos particulares. O estudo buscou compreender, especificamente, o uso errôneo das partículas wa e ga nas redações dos alunos do curso de extensão em LJ, como Língua Estrangeira (LE), da Universidade Estadual do Ceará (UECE), partindo da hipótese de que certas partículas, ao acumular variadas funções, poderiam oferecer maiores dificuldades de aprendizagem. Para tal, conduzimos a nossa pesquisa através de estudos que envolvem a hipótese da Análise de Erros e a teoria da Interlíngua, à luz de teóricos como Corder (1964), Selinker (1972), Praxedes (2007), Mukai (2009), entre outros. O corpus foi formado por trinta e quatro textos escritos produzidos por vinte e seis alunos em seus diferentes estágios de instrução. Os dados foram analisados quantitativamente e qualitativamente através da coleta das redações (sakubun, em japonês) e de entrevistas feitas com avaliadores nativos japoneses, responsáveis pela indicação dos erros nessas redações. As produções escritas foram realizadas em um contexto de sala de aula, que envolvia temas diversos, propostos pelos professores nas avaliações escritas (tesuto, “prova”) ou em forma de dever de casa (shukudai). Ao analisar nosso corpus, notamos que, de maneira geral, os aprendizes utilizavam adequadamente as partículas supracitadas, no entanto, o seu uso era limitado a certas funções gramaticais. Quando as utilizaram de forma errônea, trocaram-nas por outras partículas da sintaxe da LJ. Além disso, conforme os resultados, percebemos que, de acordo com o estado da arte, há a necessidade de um estudo que investigue o uso das partículas ga e wo, isso porque, tanto uma quanto a outra podem ser marcadoras do objeto direto da oração (caso acusativo), no entanto, como alguns alunos fazem usos indiferenciados entre os verbos transitivos e intransitivos – que no idioma japonês ocasiona uma mudança no uso entre as mesmas – evidenciou-se que o estudo de ga e wo configura-se como mais uma evidência da dificuldade em relação ao uso desses elementos e da importância destes itens como foco de nosso estudo. Percepções de professores em formação sobre o ensino de língua inglesa pelo viés do Letramento Crítico ANA CLAUDIA TURCATO DE OLIVEIRA [email protected] [email protected] As Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (OCEM) destacam a importância de se trabalhar o ensino da Língua Inglesa (LI) numa perspectiva crítica, objetivando a transformação do educando através de sua participação ativa na comunidade (Mattos, 2014). Ferraz (2014) argumenta que os alunos, nas aulas de Inglês, não são incentivados a produzirem conhecimento, mas a reproduzirem as ideias expostas pelos professores. Neste sentido, almejamos discutir algumas percepções de professores integrantes do Grupo de Estudos do Letramento Crítico e Ensino de Língua Inglesa (Gelcli), sobre o ensino de Língua Inglesa como língua adicional e a sua contribuição para a formação de cidadã críticos. Esse grupo conta com a participação de professores de Inglês da Rede Pública de ensino do estado do Tocantins e alunos da disciplina de Prática de Ensino e Estágio Supervisionado IV. Para a realização deste estudo de caso, de natureza qualitativa, de base exploratória, utilizamos como fundamentação teórica as concepções do Letramento Crítico e Multiletramento cotejadas por (COPE & KALANTZIS, 2000; LUKE & FREEBODY,1997; MONTE MÓR, 2009, 2012; DUBOC E FERRAZ, 2011; MATTOS, 2011, 2014) entre outros. Esses autores enfatizam a importância da contribuição da escola para a transformação do indivíduo através de uma educação para a cidadania. Os primeiros resultados apontam que a maioria dos professores em serviço dedicam-se mais à formação linguística de seus alunos, por acreditarem que é o papel mais importante da disciplina, outros devido às criticas advindas no próprio contexto de trabalho. Porém, há alguns professores e estagiários que reconhecem a relevância de fomentar discussões que promovam a construção de cidadania em sala de aula e aproveitam as “brechas” para promover momentos de discussões que envolvam questões locais e globais. Um componente curricular visando à formação crítico-reflexiva de professores: Aprendizagem crítico-reflexiva MARIA INÊS FELICE [email protected] [email protected] Segundo a lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (1996), a Educação Superior tem, como objetivos principais, formar indivíduos capazes de se inserir nos setores profissionais, participar do desenvolvimento da sociedade brasileira e estimular o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo. Para a elaboração do Projeto Político Pedagógico do Curso de Letras da Universidade Federal de Uberlândia, o Colegiado do Curso de Letras tomou, como princípio da formação de professores de línguas, a aprendizagem crítico-reflexiva. Para tal, criaram um componente curricular que levasse os professores de línguas em formação a refletir sobre a necessidade de uma formação contínua, pois serão indivíduos capazes de “aprender a aprender”, de assumir os direitos e deveres da liberdade. A pesquisa aqui apresentada é resultado de várias pesquisas de Iniciação Científica e Mestrado de meus orientandos que tiveram por objetivo observar, analisar e discutir vários aspectos desse componente curricular, tais como a autonomia dos professores em formação, demonstrada por intermédio apresentação de portfólios, a prática da reflexão crítica por meio de diários reflexivos e a avaliação formativa, trabalhada em sala com instrumentos variados, como a auto e a co-avaliação. Os trabalhos foram analisados à luz do interacionismo sociodiscursivo de Bronckart. Os resultados obtidos têm demonstrado que a maioria dos estudantes assimilam muito bem essa abordagem metodológica, apresentando alto nível de progresso, engajamento e desenvolvimento durante o semestre da disciplina Língua Francesa: Aprendizagem crítico-reflexiva, assim como ao longo do curso. Perspectivas de uso de gêneros textuais em aulas de leitura instrumental em Língua Inglesa SARA LORRANE COSTA DE OLIVEIRA [email protected] LARISSA CAROLINE RIBEIRO MARCO AURÉLIO COSTA PONTES [email protected] No presente trabalho objetiva-se compartilhar experiências em aulas de Leitura Instrumental em Língua Inglesa, ministradas por alunos-professores, dentro da disciplina “Estágio Supervisionado de Inglês para Fins Específicos”, do curso de Letras da Universidade Federal de Uberlândia. O minicurso, que durou 20h, foi oferecido à comunidade acadêmica e geral, como projeto de extensão, objetivando desenvolver a habilidade de leitura em Língua Inglesa para uma compreensão geral, e a identificação de informações específicas em textos de gêneros variados, baseando em estratégias de leitura, vocabulário e gramática contextualizada, ou seja, partindo de textos. A presente pesquisa se classifica como qualitativa (DEMO, 2009), pois visa entender os fenômenos de acordo com as perspectivas dos alunos participantes. Consideramos a pesquisa, ainda, dentro da modalidade participante (SEVERINO, 2007), pois as observações não foram passivas e envolveram interação entre os integrantes, ou seja, foram realizadas observação das aulas ministradas, aplicação de questionário semiestruturado e diários reflexivos. O Inglês para Fins Específicos foi a abordagem que norteou o desenvolvimento do minicurso, enfatizando as necessidades do aluno, partindo do pressuposto de que “o ensino vai estar focado naquilo que ao aluno precisa saber para poder atuar na situação-alvo [...], ele vai aprender a língua para desempenhar tarefas específicas em situações pré-determinadas” (DINIZ; MARCHESAN, 2010). Os professores, que são aqueles quem desempenham múltiplos papéis, tais como colaborador, orientador e facilitador da aprendizagem dos alunos (DUDLEY EVANS; ST JOHN, 1998), resolveram que durante o curso seriam trabalhadas estratégias de leitura relacionadas a vários gêneros, por exemplo, as estratégias skimming e scanning que foram trabalhadas com o gênero Abstract. O feedback recebido ao final do curso foi positivo, pois alunos e professores atingiram seus objetivos de identificar elementos específicos em textos variados e obter resultados satisfatórios no ensino. Uma análise preliminar do desenvolvimento da capacidade de ação na produção do gênero “artigo científico” da área de estudos literários em língua francesa JACI BRASIL TONELLI [email protected] A questão da escrita acadêmica tem ganhado destaque no contexto universitário, os pesquisadores têm refletido sobre os textos que os estudantes devem produzir para prosseguir seus estudos e de que maneira eles podem ser ensinados e aprendidos. Nesta comunicação, temos por objetivo apresentar uma análise preliminar do desenvolvimento das capacidades de ação dos alunos ao produzir artigos científicos da área de estudos literários. O corpus analisado foi recolhido no decorrer de um semestre em que foi aplicada uma sequência didáticadestinada aos estudantes do último ano da graduação em Letras (habilitação em francês), que visava ensinar a produzir um artigo científico em francês. Para desenvolver esta pesquisa, apoiamo-nos nos conceitos do interacionismo sociodiscursivo (Bronckart, 1999/2012), que tem como uma de suas bases os estudos de Vigostki (1998). Para elaborar a sequência didática, realizamos as seguintes etapas: primeiramente, recolhemos artigos científicos em francês de revistas acadêmicas pertencentes ao campo dos estudos literários, de modo a constituir o corpus. Em seguida, a análise desse corpus foi realizada a partir do modelo da arquitetura textual (Bronckart, 1999/2012). A partir dessas análises e também de estudos desenvolvidos sobre a escrita acadêmica (Motta-Roth e Hendges, 2010; Machado, Lousada e Abreu-Tardelli, 2005), construímos o modelo didático do gênero (Schneuwly e Dolz, 2004), que determina suas características ensináveis. No decorrer do semestre, os alunos produziram uma primeira versão de seus artigos que nos informou o que eles já sabiam sobre esse gênero textual para que pudéssemos, a partir dessa análise e do modelo didático do gênero, propor uma sequência didática visando ao desenvolvimento das capacidades de linguagem (Dolz, Pasquier e Bronckart, 2004) dos alunos, sendo a capacidade de ação uma delas. Em nossa comunicação, mostraremos a análise preliminar de algumas produções dos alunos para discutir em que medida há desenvolvimento da capacidade de ação dos alunos. Avaliatividade como recurso semântico em crônicas: uma análise das escolhas léxico-gramaticais de atitude MARIA APARECIDA FERREIRA DA SILVA [email protected] MARIA DO ROSÁRIO DA SILVA ALBUQUERQUE BARBOSA Este estudo objetiva investigar o uso de elementos linguístico-avaliativos em crônicas produzidas por alunos do Ensino Fundamental e Médio de escolas públicas brasileiras das cinco Regiões Brasileiras. Todas as crônicas que foram finalistas das Olimpíadas de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro. Para fundamentar esta pesquisa, utilizamos a Linguística Sistêmico-Funcional, proposta por HALLIDAY (1985, 1994), uma vez que esta teoria preocupa-se com o estudo da linguagem, considerando-a uma prática social para criar significados HALLIDAY (1985, 1994); mais especificamente, a teoria da avaliatividade (MARTIM & WHITE, 2005), com foco no subsistema da Atitude, que remete à expressividade linguística das avaliações positivas e negativas, relacionadas a aspectos subjetivos, como a emoção, a ética e a estética. A avaliatividade tem suas ramificações da Linguística Sistêmico Funcional (HALLIDAY & MATHIESSEN, 2004) notadamente na metafunção interpessoal, cuja preocupação está focada no lado interpessoal da linguagem, à presença subjetiva dos escritores/falantes nos textos, na medida em que adotam posições com relação ao material que eles apresentam e àqueles com quem eles se comunicam. Para tal propósito, será feita a análise da estrutura genérica das crônicas produzidas pelos escolares e sua relação com a estrutura da narrativa. Uma análise inicial sinaliza a forte presença das categorias semânticas de afeto e de apreciação, a partir das quais os estudantes podem demonstrar, através dos recursos léxico-gramaticais, disponibilizados pela língua, suas avaliações peculiares a respeito dos contextos nos quais estão inseridos. Trata-se, portanto, de uma pesquisa de caráter quantitativo e qualitativo, pois se busca caracterizar diferentes modalidades de coleta de informações por meio do programa computacional WordSmith Tools (SCOTT, 2010). Estudos esses que consideramos relevantes, visto que quanto maior o conhecimento do potencial linguístico desses recursos, nas atividades de leitura e escrita, desenvolvidas na escola, maior a possibilidade de êxito dos estudantes, durante os processos de interação nos diversos contextos sociais. Coaching instrucional: uma “nova” abordagem para a formação continuada de professores de línguas estrangeiras no Brasil ALEX GARCIA DA CUNHA [email protected] [email protected] Nesta comunicação, apresento uma pesquisa qualitativa que investigou a experiência de o coaching instrucional (Barkley, 2005; Knight, 2004, 2005, 2006, 2007, 2009) na formação continuada em serviço de uma professora de inglês da rede pública que buscou implantar o Ensino Comunicativo de Línguas Estrangeiras (Richards, 2006) em uma de suas turmas de ensino fundamental. Essa professora possuía, então, baixo desempenho linguístico-comunicativo em inglês e abordagem de ensinar pautada em gramática-tradução. A oferta do coaching instrucional e a coleta de dados aconteceram de março de 2012 a fevereiro de 2013, por meio de gravações em áudio, entrevistas semiestruturadas, questionários e documentos. Os dados foram categorizados e analisados à luz do construto teórico de experiência (Gelter, 2010; Miccoli, 1997, 2010) e indicaram resultados promissores, quais sejam: o coaching instrucional contribuiu para que a professora desenvolvesse tanto sua abordagem de ensino quanto seu desempenho linguístico-comunicativo em inglês. Ademais, contribuiu para a melhoria da sua relação com os alunos. Em face disso, proponho que novos estudos sejam feitos acerca do coaching instrucional enquanto abordagem de formação continuada em serviço em nosso país. A compreensão dos sentidos na charge: questões metodológicas TAMIRIS MACHADO GONÇALVES [email protected] O interesse pela compreensão da charge teve sua origem em uma dissertação de mestrado intitulada “Vozes sociais em confronto: sentidos polêmicos construídos discursivamente na produção e recepção de charges”, defendida em janeiro de 2015. Nessa investigação, foram analisadas charges polêmicas. Explorou-se como se edifica o sentido especificamente em charges que apresentam divergência entre o possível efeito de sentido pretendido pela articulação dos elementos verbo-visuais da charge e as leituras realizadas por seus interlocutores. O caminho de investigação percorrido na dissertação aumentou o interesse por esse objeto. Assim, o presente trabalho tem como tema compreender a charge sob a perspectiva dos postulados de Bakhtin e seu Círculo, sobretudo das noções de signo ideológico, gêneros discursivos e vozes sociais. A partir do estudo de duas charges de Carlos Latuff, publicadas uma em 2014 e outra em 2015 no endereço eletrônico Sul 21, busca-se entender a atividade enunciativa que as constitui: quais recursos são mobilizados para a edificação de seus sentidos. Para tanto, verificar-se-á como se dão as relações dialógicas entre as charges e os enunciados anteriores que com elas se relacionam para se constituir como gênero na cadeia da comunicação discursiva. Com as discussões em torno dos sentidos construídos, será possível perceber que, conforme a teoria bakhtiniana, que subsidia esta reflexão, todo discurso é dialógico, isto é, todo discurso estabelece uma necessária relação com outros discursos, desencadeando diferentes sentidos. Talvez o que particularize a charge é que, muitas vezes de modo velado, ela recupera valorativamente temas da atualidade que, se não identificados pelo leitor, prejudicarão o entendimento dos sentidos veiculados, especialmente quanto ao seu projeto enunciativo de estabelecer uma crítica sobre um dado tema. Ethos e cenas de enunciação no conto Insônia, de Lúcia Bettencourt DÉBORA MATOS ALAUK [email protected] [email protected] A presente pesquisa tem por objetivo analisar as cenas da enunciação e a constituição do ethos no conto, Insônia, da escritora carioca premiada Lúcia Bettencourt, seguindo o eixo teórico da Análise do Discurso, conforme Mainguenau (2014), Discini (2003) e Amossy (2014). O conto narra a história de uma mulher que sofre de insônia e que, em uma das noites de tormenta, começa a refletir sobre as situações da vida. Ao caminhar na sua casa encontra um jovem e inicia uma conversa peculiar e intelectual. O diálogo é interrompido pelo chamado de outros amigos para irem à Missa Galo. Após esse evento, ocorre uma alteração no estado psicológico da protagonista que adormece sonhando sobre aquela noite. O conto apresenta marcas de intertextualidade com o texto de Machado de Assis denominado Missa do Galo, traço importante para a construção das cenas de enunciação a serem analisadas. Em relação à formação do ethos da mulher, em contexto com as diversas cenas de enunciação como é expresso no trecho: "Insone, me revirava na cama grande demais para o quarto. Era uma cama antiga, de dossel, esculpida numa madeira escura, quase negra.", percebe-se um ethos de uma personagem incomodada e reflexiva. Por uma formação continuada significativa ISABEL TEIXEIRA [email protected] [email protected] Enormes são as exigências que recaem sobre o professor em dias atuais. Almeja-se que um educador bem qualificado seja nada menos do que um excelente mediador, pesquisador, problematizador e esteja em constante desenvolvimento profissional. Entretanto, faz-se necessário avaliar até que ponto os modelos de formação continuada atuais (alicerçados, em sua grande maioria, em moldes tecnicistas) promovem uma preparação de docentes com tal perfil (Imbernón, 2010). De fato, auxiliar o professor, e, mais especificamente, o docente de Língua Estrangeira a tornar o ensino de um idioma estrangeiro mais contextualizado bem como oferecer ferramentas para reflexão consistente de sua prática constitui-se em um grande desafio. Essa pesquisa tem como objetivo discutir uma proposta de conscientização do professor a fim de entender sua prática de ensino , isto é, sua abordagem (Almeida Filho, 2010) e buscar por novas propostas metodológicas por meio de implementação de projetos (Hernandez, 1996) por meio de sessões de planejamento e reflexão que além de privilegiar uma formação feita em loco (Nóvoa, 2009) preparam os professores a se tornar investigadores de sua própria prática. Textos multimodais no ensino de língua portuguesa: uma análise crítico-reflexiva do livro didático e PNLD LUCIMAR PINHEIRO SAMPAIO (NECAL/UNB) [email protected] Como as formas de comunicação evoluem, ganham novos aspectos, finalidades, instrumentos, a forma de estudar a linguagem também deve sofrer alterações. Analisar imagens, músicas, infográficos, charges, entre outros gêneros textuais e produzi-los retira o processo ensino/aprendizagem do tratamento formal - texto escrito verbal e interpretação - ampliando o conceito e aplicabilidade da linguagem. Os livros didáticos, por sua vez, a partir do que pressupõe o Programa Nacional do Livro Didático, têm papel fundamental na prática de ensino em Língua Portuguesa, pois é um instrumento que deve subsidiar o trabalho do educador e contribuir para que ele desenvolva suas propostas. Nesta perspectiva, este trabalho é o resultado de uma pesquisa qualitativa que teve como objetivo analisar como textos multimodais se apresentam em livros didáticos de Língua Portuguesa. Para isso, foi realizada uma análise documental crítico-reflexiva do referido Programa, de um livro didático de Língua Portuguesa e do Guia de Livros Didáticos – documento norteador do PNLD - em consonância com uma abordagem etnográfica realizada por meio de questionário e entrevistas semiestruturadas com professores da rede de ensino onde foi adotado o livro que é objeto desta pesquisa. A partir destas coletas e análises surgiram algumas conclusões e proposições que poderão contribuir nas próximas edições do PNLD, do GLD de língua portuguesa – Ensino Fundamental anos finais – e, consequentemente, das obras didáticas que dele fazem parte. Leitura, texto literário e transitividade: uma análise dos processos mentais no conto "O ladrão" de Mário de Andrade ANDERSON DE SANTANA LINS [email protected] MARIA DO ROSÁRIO BARBOSA DA SILVA ALBUQUERQUE A presente pesquisa objetiva investigar o uso dos elementos de transitividade – participantes, processos mentais e circunstâncias – no conto “O ladrão” de Mário de Andrade e sua relação com a formação do leitor crítico. A escolha do gênero conto se deu, sobretudo, pelo fato desse tipo de gênero textual – além de ser literário – possuir um caráter ideológico e cultural que reflete a sociedade. Além disso, pretende-se discutir a estrutura do conto literário sob a ótica laboviana a qual propõe um modelo de análise das narrativas, permitindo que este gênero discursivo seja abordado, em sala de aula, de forma didática e seguindo uma estrutura genérica. A partir disso, a pesquisa é embasada à luz da Linguística Sistêmico-Funcional, especificamente o sistema de transitividade – proposta por Halliday (1994) e Halliday & Mathiessen (2004) –. A Linguística Sistêmico-Funcional, proposta por Halliday (1985, 1994), preocupa-se com o estudo da linguagem, considerando-a uma prática social para criar significados. Halliday (1985, 1994) compreende a língua como um sistema semiótico social. Dessa forma, a língua é descrita muito mais como um recurso para a significação do que como um sistema de regras, e a gramática organiza as funções da linguagem realizadas pelo falante. Além disso, utilizamos os estudos e Labov e Walestky(1972) e Martin e Rose (2008) sobre a organização da narrativa. Espera-se, por meio deste estudo, trazer contribuições para os estudos não só linguísticos, mas também literários, promovendo a valorização da Linguística Aplicada ao ensino de Língua Portuguesa articulada com ensino da Literatura. Diante dos resultados encontrados, foi possível observar que o narrador onisciente utiliza os processos mentais com o intuito de pormenorizar as nuances psicológicas que acometem as personagens diante dos fatos que sucedem na narrativa. Afinal, tais processos são de natureza cognitiva e, portanto, exprimem as emoções, pensamentos e desejo das personagens envolvidas na oração. A análise linguística como um caminho para o ensino e aprendizagem de produção textual MÁRCIO REIS SALES [email protected] [email protected] O alcance da proficiência na escrita passa pelo conhecimento e domínio dos mecanismos de coesão e coerência textuais, que são essenciais no processo de interação enunciador – co-enunciador. Para que essa interação seja bem sucedida, o enunciador deve cuidar da coesão textual, ou seja, da organização linear do texto, através de elementos linguísticos responsáveis por processos de sequenciação capazes de constituir relações de sentido entre os enunciados. Além disso, deve estabelecer a coerência, ao criar a organização dos níveis de sentido no nível cognitivo. É comum depararmos com redações de alunos com problemas no uso desses elementos linguísticos. O objetivo deste trabalho é apresentar a análise linguística de textos de alunos do Ensino Fundamental sob a perspectiva da Coesão e Coerência, observando seus problemas no que se refere aos elementos linguísticos responsáveis pela tessitura do texto e sua unidade significativa. Buscamos então, calcados nos estudos de Linguística Textual, em especial os realizados por Ingedore G. Koch (2004) e Leonor Fávero (2007) e nas Gramáticas de Celso Cunha e Luís F. Lindley Cintra (2001) e Evanildo Bechara (2001), levantar os principais problemas relacionados aos aspectos da coesão e coerência textuais e, a partir deles, aplicar proposta de intervenção com atividades de escrita textual. Por fim, analisamos sua eficácia e da intervenção, baseada na análise linguística, e sua colaboração no processo de produção de textos coesos e coerente por alunos do Ensino Fundamental. Retextualização: uma reflexão sobre a adequação linguística e semântica na produção do texto escolar LENI NOBRE DE OLIVEIRA [email protected] ÉRICA DANIELA DE ARAÚJO [email protected] RAQUEL AFONSO Uma das preocupações dos professores em geral é a inadequação sintática, morfológica e semântica de textos de estudantes, principalmente na escola básica. Nos últimos anos, esse fator tornou-se um desafio para os profissionais da área de Linguagens, códigos e suas tecnologias, a partir do momento em que o ENEM passou a ser o instrumento de seleção para o acesso a cursos superiores no país. Isso porque a redação do ENEM exige um redator fluente no idioma, com habilidades para articular informações escritas em norma culta de forma a defender uma hipótese por meio de argumentos e ainda propor uma interferência para o problema. E os resultados da última edição do ENEM mostram a distância entre esse redator ideal e o redator que encontramos, em sua maioria, na escola básica. No presente trabalho, propomos apresentar e discutir os resultados de uma pesquisa-piloto sobre a aplicação de um modelo de retextualização de redações produzidas por uma população de alunos do 3º ano do Ensino Técnico-Integrado de uma escola técnica federal, com o objetivo de melhorar o índice de adequação sintática, semântica e morfológica da produção dos estudantes. Pretendemos demonstrar que, por meio da coletivização das redações dos estudantes e da reflexão sobre as impropriedades na escrita em norma culta, é possível melhorar a qualidade da produção de texto escolar e a performance do professor, ao mesmo tempo em que se comprova que desvios sintáticos, ortográficos e semânticos denunciam deficiências de formação de leitores e suas conseqüências na escrita e no letramento escolar. O gênero comentário em sala de aula: contribuições para o ensino de Língua Portuguesa FRANCIELI APARECIDA DIAS [email protected] MATHEUS HENRIQUE DUARTE LUCAS MARIANO DE JESUS As novas formas de organização da sociedade pressupõem um novo posicionamento da escola no processo de formação dos educandos, tendo em vista a função e a responsabilidade de se garantir o acesso aos saberes linguísticos/discursivos necessários para o exercício da cidadania (PCN, 1997). Dessa maneira, para atender às demandas atuais e à diversidade social, cada vez mais são discutidas metodologias de ensino capazes de trazer inovações e de favorecer o processo de aprendizagem dos educandos. Sendo assim, o presente trabalho tem por objetivo refletir sobre as contribuições do gênero comentário na formação de educandos do 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola da rede pública de ensino. Para a consecução do objetivo proposto, empreendeuse uma pesquisa de cunho teórico, pautada nos autores Melo (1985), Costa (2008), Santos e Alves Filho (2012), que fazem considerações sobre o gênero comentário, entre outros. Para complementar o trabalho, foi aplicado um projeto de intervenção envolvendo atividades didáticas acerca da temática violência, que contemplaram a produção de comentários com a exposição do ponto de vista dos alunos sobre a questão discutida. A partir disso, foi possível constatar que o trabalho com o gênero comentário propiciou contribuições diversas para o aperfeiçoamento de habilidades linguísticas/discursivas, tais como: liberdade de expressão, emissão de ponto de vista contraditório (o que permite uma análise ideológica de ideias preconceituosas), mudança de posicionamento, (não)atendimento às características constitutivas do gênero (adequação ao gênero, marcas da oralidade, grafia das palavras, etc. para posteriores intervenções). Observou-se, também, o envolvimento com a atividade proposta, o que apontou para resultados muito positivos tendo em vista o papel da escola de formar cidadãos capazes de se manifestarem conscientemente por meio da língua. Prova Brasil: até onde se pode ir ELEXANDRA MARTINS DE SOUZA AMARAL [email protected] A fim de analisar a Prova Brasil, exame aplicado aos alunos do 5º e do 9º anos do Ensino Fundamental e aos estudantes do 3º ano do Ensino Médio da rede pública, enquanto ferramenta de avaliação e as responsabilidades que a cercam, propus o subprojeto Prova Brasil e ensino básico – limites e responsabilidades. Para desenvolver o projeto foram cumpridas as seguintes metas: análise da edição de 2013 da Prova Brasil e comparação com o conteúdo programático exigido pelo MEC; acompanhamento de uma classe para verificar a preparação dos alunos do 9º ano para o exame aplicado em 2013 e entrevista a alunos e docentes acerca da prova. O referido trabalho está ancorado em HADJI (2001), KOCH e ELIAS (2006), JUCHUN (2009) e KEMIAC (2011). Foi constatado que: 1) para a maioria dos professores e dos alunos entrevistados, a Prova Brasil é apenas uma preparação para o Enem; 2) não há uma preparação específica para a prova; 3) o conteúdo aplicado destoa do que é cobrado nas orientações oficiais; 4) nas escolas em que a gramática é aliada à interpretação textual e a projeto (s) cultural (is), o aproveitamento dos alunos é maior. A linguística aplicada nas pesquisas sobre formação de professor e interculturalidade: impactos e enfoques PATRÍCIA ARGÔLO ROSA [email protected] [email protected] A partir dos anos noventa os estudos sobre formação de professor e interculturalidade ganham ênfase na Linguística Aplicada. São temas que abrem espaços para a reflexão do uso da linguagem em contextos que buscam intervenções que vão além das questões de ensino e aprendizagem. Neste sentido, o presente trabalho objetiva responder a seguinte pergunta: Queimpactos e enfoques possuem os temas ‘Formação de Professor’ e ‘Interculturalidade’ quando pesquisados na área da Linguística Aplicada? A metodologia segue os princípios de análise de conteúdo (BARDIN, 1977). Foram identificados, através do banco de teses da Capes e dos periódicos brasileiros, que estão disponíveis online (Revista de Documentação de Estudos em Linguística Teórica e Aplicada, Caminhos em Linguística Aplicada, Horizontes de Linguística Aplicada, Linguagem & Ensino, Revista Brasileira de Linguística Aplicada, e The ESPecialist), um número considerável de inquietações que vão abarcar enfoques diversos, como por exemplo: questões de gênero e identidade, políticas públicas e gestão, trabalho docente, entre outras. O impacto da Linguística Aplicada, não somente nas pesquisas sobre ‘Formação de Professor’ e ‘Interculturalidade’, mas sobre todas as demais, recai em cada intervenção que responde aos problemas da linguagem; em cada ação que exerce uma influência positiva; em cada problematização e em cada reflexão que se faz repensar e desconstruir a vida no contexto social. O videogame Trace Effectts: uma nova perspectiva para o ensino de língua inglesa JULIANA LUCIA DO AMARAL MOLNR GARRIDO DO NASCIMENTO [email protected] [email protected] Atualmente é cada vez mais crescente o interesse por recursos online dedicados à aprendizagem de língua inglesa, sendo estes, muitas vezes, utilizados em sala de aula por professores, visando motivar e promover maior engajamento pelos alunos. O governo norte-americano apoiou o desenvolvimento do videogame Trace Effects, que objetiva complementar o processo de ensino-aprendizagem da língua inglesa, bem como disseminar seu aprendizado em diversos países, dado que o jogo está disponível online e é também distribuído em DVD pela embaixada americana para escolas conveniadas. Considerando que algumas escolas estão usando este jogo como recurso didático em sala de aula, somado ao desconhecimento sobre ele por parte dos docentes, buscamos investigar como ele pode contribuir para a aprendizagem, pois a maioria dos jogos online se restringe a aspectos lexicais e gramaticais embasando-se, muitas vezes, em uma perspectiva estruturalista de linguagem. Os dados que compõem o corpus desta pesquisa foram analisados utilizando-se um formulário de critérios para avaliação de cursos online envolvendo aspectos didático-pedagógicos e ergonômicos. Esta análise está embasada na perspectiva histórico-cultural e nos princípios educacionais presentes em bons videogames discutidos por James Paul Gee. Os resultados mostraram que o aluno, ao assumir a identidade do personagem principal deste videogame, passa a interagir no ambiente virtual de forma comunicativa. Ademais, o enredo, bem como o design gráfico do jogo são motivadores, levando o aluno a se engajar mais facilmente nesta atividade. Além disso, o jogo também permite jogar com outros alunos (multiplayer game), e praticar a língua por meio de exercícios de vocabulário, gramática e compreensão do enredo. Ao mesmo tempo, as escolhas linguísticas necessárias para o cumprimento de tarefas promove a habilidade comunicativa num contexto de situações reais. O jogo apenas não permite a prática da habilidade oral. Conclui-se, assim, que este jogo revela-se promissor para o ensino de língua inglesa. O impacto dos estudos sobre identidade na prática pedagógica de professores de línguas na escola WALESCA AFONSO AVES PÔRTO [email protected] [email protected] MARIANA R. MASTRELLA-DE-ANDRADE Esta pesquisa tem por objetivo investigar o impacto dos estudos sobre identidades na prática pedagógica de professores de línguas no Distrito Federal. Como suporte teórico, nos baseamos nas premissas de que a linguagem é uma prática social e as identidades são construídas nos discursos, dentro de um contexto social regido por relações assimétricas de poder. Elas são, portanto, múltiplas, cambiantes, fluidas e heterogêneas (HALL, 2014; MASTRELLA-DE-ANDRADE, 2013; NORTON e TOOHEY, 2001; SILVA, 2011; WOODWARD, 2011). Nesse sentido, a sala de aula é um espaço social de construção de identidades e também local importante para problematização e desnaturalização das identidades sociais, das práticas discursivas e das ‘verdades’ que as constroem. Acreditamos, assim, que nós professores temos influência na construção de identidades dos alunos, bem como estes, por sua vez, influenciam nossas identidades, sendo, portanto, necessário trabalhar e refletir, coletivamente, sobre as diversidades e as múltiplas identidades encontradas na sala de aula, enfocando preconceitos e injustiças sociais. Contudo, para isso, é necessário qualificação de professores baseada na pluralidade, no hibridismo e no multiculturalismo (BRENNEISEN; TARINI, 2008; KUBOTA, 2013). Assim, este estudo qualitativo (DENZIN & LINCOLN, 2006; FLICK, 2009), de caráter interpretativista (MOITA LOPES, 1994), analisa o potencial impacto que os estudos sobre identidades, por meio de um curso de formação continuada intitulado “Identidade e ensino-aprendizagem de línguas”, podem ter sobre a prática pedagógica de professores de línguas. Pretende-se, dessa forma, analisar as mudanças, os desafios e as dificuldades que os próprios professores relatam identificar em sua prática pedagógica, bem como seus pontos de vista sobre identidades e diferenças e suas maneiras de lidar com elas em sala de aula. Este estudo busca ainda contribuir para o desenvolvimento de pesquisas com foco em identidade na Linguística Aplicada contemporânea, além de buscar novas reflexões sobre a questão identitária no ensino-aprendizagem de língua estrangeira. Avaliação externa e linguagem: uma leitura discursiva do SAERJ GABRIEL CARDOSO COELHO SANT’ANA [email protected] [email protected] Como toda avaliação de larga escala (ENEM, Prova Brasil ou PISA), o Sistema de Avaliação da Educação do Estado do Rio de Janeiro (SAERJ) determina habilidades e competências de língua portuguesa e matemática a serem avaliadas em cada item da prova, o que se chama de Matriz de Referência. Tomando por corpus de análise uma questão que avalia a habilidade de realizar inferência voltada para alunos do 5º ano do ensino fundamental do SAERJ 2013, pretendemos, a partir de uma perspectiva discursiva, discutir em que concepção de língua e de leitura se baseia o SAERJ e investigar que tipo de política cognitiva é investido por essa avaliação. Para isso, iremos fundamentar o trabalho em dois eixos principais: o conceito de prática discursiva como produção simultânea de enunciados e instituições sociais, de Maingueneau (2008) e as considerações de Tedesco e Kastrup (2008) sobre cognição e linguagem. Podemos observar que a questão analisada e os comentários dos especialistas da instituição responsável pelo SAERJ sobre a habilidade avaliada e os percentuais de acerto dos alunos da rede estadual reforçam e legitimam: uma concepção de linguagem como interação entre sujeitos individuais; a visão representacionalista da linguagem (cf. Tedesco, 2008), em que os sentidos das palavras são anteriores à relação empírica entre os sujeitos em um dado momento histórico; a dicotomia entre alunos habilitados, que desenvolveram suas capacidades (inatas), e alunos não habilitados, que não conseguiram desenvolver aquelas mesmas capacidades. Este trabalho mostra-se relevante por propor uma leitura crítica desse dispositivo de avaliação. Competência Leitora e escritora: análise das situações do material do Programa Ler e Escrever do 3º do Ensino Fundamental I e a postura do professor na formação do repertório Linguístico Textual dos estudantes. JULIANE ROCHA DE MORAES [email protected] Na década de 60, acreditou-se que ler e escrever seria o processo de decifração, ou seja, ler e escrever cada parte pensando nas unidades da língua que formam determinada palavra ou fonema. Na sociedade contemporânea, muito se tem discutido sobre o desenvolvimento das capacidades linguísticas na escola de Ensino Fundamental, sobretudo, no que diz respeito à questão dos gêneros textuais e às características linguístico-discursivas dos textos. A leitura tomou forma e muito mais que decifração, atualmente, considera-se que o ato de ler é o processo de compreensão e aquisição de competências que ultrapassam os muros da escola. A leitura e a produção de texto na escola deveriam constituir-se da ideia de construção das competências leitora e escritora, tema deste estudo. Tendo o Estado de São Paulo desde 2007 criado o Programa Ler e Escrever, que é pautado na formação das competências leitora e escritora e, sendo este um material muito bem organizado e fruto do Programa Letra Vida com a colaboração dos integrantes da Diretoria de Orientação Técnica da Secretaria Municipal de Educação, decidimos elencar o material do 3º ano do Ensino Fundamental para ser o corpus desse estudo. Muitos são os questionamentos envolvidos, todavia, para esse estudo indagaremos:1-As situações didáticas de leitura e escrita propostas no material do 3º ano do Programa Ler e Escrever formam a competência leitora e escritora? 2-Os professores compreendem e organizam as atividades propostas no material do Ler e Escrever do 3º ano seguindo as orientações? Por quê? A partir dessas indagações, elencamos os objetivos: 1-Analisar as situações didáticas que visam formar as competências de leitura e escrita, 2-Investigar como alguns sujeitos de pesquisa compreendem, utilizam e organizam as situações didáticas do material. Empreenderemos nosso trabalho baseando-nos, principalmente, nas contribuiçõesdos autores e seus respectivos estudos na área de leitura, produção escrita, os gêneros discursivos na escola, formação do professor e as ferramentas que norteiam a prática pedagógica: BAKHTIN(1992), ZABALA(1998), SOLÉ(1998), KOCH(2005), SCNEUWLY(1994) , MARCUSCHI(2008), COSCARELL(2002) entre outros. Ao observar a dinâmica nas instituições escolares, levantou-se algumas proposições que serão confirmadas ou não, mediante a realização deste estudo. São elas: 1-As atividades didáticas do Ler e Escrever podem vir a formar a competência leitora e escritora, ou seja, contribuem para que os estudantes participem de boas situações de aprendizagem, 2-Muitos professores não compreendem a organização das situações propostas por desconhecerem as implicações práticas e teóricas que envolvem a formação das competências leitora e escritora, 3-O material é importante porque as situações e orientações fornecem ao professor grandes possibilidades de organizar o cotidiano escolar em torno da aquisição das competências leitora e escritora. Para esse estudo será utilizado a abordagem de pesquisa etnográfica, visto que essa linha permite olhar, enxergar de perto a realidade escolar permitindo que o pesquisador possa efetivamente compreender o universo estudado e enxergar a realidade com olhar antropológico, que é uma forma apurada no ato de olhar o ambiente estudado compreendendo o contexto. Os procedimentos metodológicos seguiram a seguinte dinâmica: inicialmente a coleta darse-á mediante estudo aprofundado da bibliografia selecionada, no que serefere aos assuntos abordados, os conceitos fundamentais e os procedimentos adequados à aquisição das competências leitora e escritora. Posteriormente, realizaremos uma análise das situações didáticas do Programa Ler e Escrever do 3° ano do Ensino Fundamental I. É necessário ressaltar que o enfoque será as situações didáticas que envolvem a leitura e a escrita e as orientações de cada situação para o professor. Para registro desta análise disponibilizaremos os dados comparando-os com as teorias e autores utilizados como aporte teórico nesse trabalho. Após, reuniremos as professoras e realizaremos uma entrevista a partir da situação didática apresentada ao entrevistado, pautaremos a entrevista nas seguintes proposições:1-A atividade trabalha quais competências? 2Quais orientações didáticas você considera necessária para que o professor compreenda a proposta? É possível fazer adaptações? 3-Quais conteúdos estão envolvidos nessa atividade? O próximo procedimento será a filmagem das aulas durante as situações didáticas e analisar juntamente com os professores como foi o desenvolvimento da proposta e listar as principais dificuldade e controvérsias. Acreditamos que esse estudo será de grande relevância, visto que é um sinalizador sobre a aquisição das competências leitora e escritora, como também uma reflexão e possibilidade de mudança para os responsáveis pela formação de professores nas escolas estaduais e municípios que utilizam o Programa Ler e Escrever. Emoções, crenças e identidades na disciplina Estágio Supervisionado de Língua Inglesa sob a ótica da perspectiva sociocultural (À vencer) FABIANO SILVESTRE RAMOS [email protected] Esta pesquisa de doutoramento objetiva o estudo da inter-relação entre a emoções, crenças e identidades profissionais construídas e/ou negociadas na disciplina de Estágio Supervisionado de Língua Estrangeira. Para tanto serão utilizados como instrumentos de geração de dados narrativas de experiência, representação pictográfica, grupo focal, diários reflexivos e relatórios de estágio. Os dados estão sendo analisados de acordo com parâmetros da pesquisa qualitativa propostos por Patton (1990) e Richards (2003). Compreendo emoções a partir de uma ótica sociocultural, que definem as mesmas como sendo funções psicológicas superiores, portanto, culturalizadas e passíveis de desenvolvimento, transformação ou novas aparições. Dessa forma, as emoções devem ser compreendidas em relação ao modo como influenciam e modificam o comportamento humano em um determinado contexto. Seriam, assim, formadas a partir de condições histórico-sociais (VIGOSTKI, 2004; MACHADO, FACCI e BARROCO, 2011). Outro conceito utilizado é o de identidades, entendidas como uma gama de características construídas socioculturalmente através do discurso, que, segundo Fabrício e Moita Lopes (2008), classificariam o sujeito a partir de diferentes indicadores, tais como sexualidade, gênero, raça, idade, etc. Por fim, o terceiro conceito utilizado neste trabalho é o de crenças sobre ensino e aprendizagem de línguas, assim como definido por Barcelos (2006) como uma maneira de ver e perceber o mundo, coconstruídas a partir de nossas experiências e resultam de um processo de interpretação e ressignificação. O. trabalho está em fase de geração de dados. Perspectivas de ensino de inglês em tempos de internacionalização do ensino ELIANA EDMUNDO [email protected] [email protected] Os tensionamentos e as disputas entre diferentes interesses para com o ensino de língua inglesa no contexto educacional brasileiro, evidenciados na história recente, parecem estar relacionados com o desenvolvimento de políticas linguísticas, a carência de políticas públicas e com os novos modos de ensinar e aprender, marcados especialmente pela valorização da vivência internacional. Os trabalhos de Spolsky (2004) e Shoamy (2006) contribuem para a compreensão da aproximação entre políticas e práticas locais. Os estudos de Altbach (2002, 2004) e Knight (2004) apresentam a internacionalização do ensino como um fenômeno que se expande sobre e com as instituições de ensino superior, como resposta à atual ordem global. Em face desse processo de internacionalização, algumas institituições de ensino brasileiras e estrangeiras tem apresentado novas políticas educacionais com propostas de uma educação bilingue. English Medium Instruction (EMI) e Content and Language Integrated Learning (CLIL) são algumas destas políticas presentes na educação básica e no ensino superior, as quais propõem o ensino das disciplinas curriculares em língua inglesa. O objetivo desta comunicação é apresentar esses pressupostos teóricos que embasam a trabalho de pesquisa de doutorado no qual estou desenvolvendo, a partir de um estudo que envolveu o levantamento de artigos publicados sobre o tema. Foram utilizadas as seguintes bases de dados: Google Acadêmico, Academia.edu. e Educational Resources Informational Center (ERIC) e com a pesquisa inicial pelas palavras “English Medium Instruction”, “Inglês como meio de instrução” e “Content and Language Integrated Learning” no campo tópico. O estudo demonstrou o reduzido número de produções acadêmicas sobre o tema e concluiu que a maior parte dos artigos são produzidos internacionalmente e escritos em inglês. A análise dos artigos sugere a necessidade de pesquisa na área, tendo em vista os desafios da globalização que têm mobilizado estudos pós-coloniais e pósestruturalistas para tratar do ensino de língua inglesa. O discurso social do amor em Raquel de Queiroz TIAGO ELIAS BATISTA [email protected] [email protected] A temática do amor certamente muito discutida nos mais diversos gêneros por vários autores durante a História, quer seja em textos literários ou filosóficos, já sofreu diferentes e múltiplas abordagens, porém sempre resta uma indagação: o que é o amor? A Linguística Textual, considerando os conceitos da referenciação, propõe uma discussão sobre a relação entre o referente no texto e o seu sentido. Com esses pressupostos, entendemos que um referente não é estático, mas é construído ao longo do discurso. E para verificarmos essa construção linguística, escolhemos a crônica Amor de Raquel de Queiroz. Nela, o narrador apresenta um cenário em que propõe um “inquérito” a diversas pessoas, procurando saber como elas definem o amor. O que chama a atenção nesta crônica é que cada personagem apresentada está configurada em uma determinada posição social, seja ela institucional ou não. Cada uma delas representa um estereótipo social, tecendo uma relação de coerência entre a personagem e sua resposta. Diante do exposto, esta análise, tem por objetivo apresentar uma análise linguística, com vistas ao ensino da escrita, seguindo o eixo teórico da Linguística Textual e ensino, conforme Mondada&Dubois (1995), Adam (2011), Koch (2015) e Schneuwly & Dolz (2004). A partir disto, compreendemos que este trabalho poderá servir de apoio a possíveis interações pedagógicas que abordem a produção de textos na escola. Memória e expressividade: um estudo estilístico para ensino de leitura e escrita MAGALÍ ELISABETE SPARANO [email protected] [email protected] Esta comunicação objetiva analisar os contos Visita e Passagem de Ano entre Dois Jardins de Modesto Carone, observando a construção discursiva do enunciador ao contar suas lembranças em diferentes momentos de sua vida e o ensino de leitura e da escrita. Valendo-se de uma fina descrição, o enunciador busca a cumplicidade do seu leitor ao apresentar-lhe de modo quase sinestésico o lugarejo que ambienta as reminiscências da infância dos textos selecionados. A trama que enreda os dois contos enlaça o leitor por meio de um cuidadoso detalhamento de sensações espaciais, visuais, sonoras e táteis presentes nas cenas reconstruídas pela memória dos dois narradores. O processo de enunciação sugere que ambos narradores possam ser o mesmo enunciador adulto que acessa essas memórias em diferentes etapas de sua vida, estabelecendo-se assim a interdiscursividade entre as narrativas, por meio da qual pode-se descrever a constituição do Ethos do enunciador. Baseando-se em autores Schneuwly & Dolz (2004), Benveniste (1988), Maingueneau (1996, 1997), Fiorin (2006) e Martins (2008), o estudo apresentado ampara-se no eixo teórico da Estilística da Enunciação em diálogo com a Análise do Discurso, buscando demonstra o estabelecimento da expressividade e construção de sentido a partir das relações existentes na tessitura textual resultante das escolhas lexicais, estruturas sintáticas e arranjos sonoros presentes nos referidos textos e como a observação das construções linguísticas e da expressividade inerente a essas construções podem instrumentalizar o ensino da leitura e da escrita. A experiência emocional entre as múltiplas linguagens HARRISON PARIZOTTO DA PAIXÃO [email protected] MARA CRISTINA FERREIRA CUNHA [email protected] Esta pesquisa tem como objetivo pensar o conceito experiência emocional [perezhivanie], cunhado e desenvolvido por Vygotsky (1934) e discutido por alguns autores (DANIELS, 2010; VERESOV, 2012) como um dos conceitos chave na teoria vygotskyana. O empenho da comunidade acadêmica em proporcionar uma formação reflexiva (CELANI, 2004; CHARLOT, 2002; SCHöN, 2000) aos docentes além de vasta contribuição para que este professor atue como pesquisador de sua prática vem, efetivamente, contribuindo para a percepção e busca de outras lentes para observarmos o contexto no qual atuamos enquanto professores. Desse modo, consideramos a pertinência de tal estudo que pode incidir em reflexões sobre a influência do ambiente, sobre a experiência emocional refletida na ação humana e sobre aspectos ligados à esfera educacional que perpassam as nossas próprias pesquisas, ambas em andamento. Este trabalho pretende contribuir para a área de formação de professores. Análise de atividades de leitura em um livro didático de língua inglesa à luz dos pressupostos teóricos dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira Moderna FERNANDA DA SILVA ALVISSU PRIZOTO [email protected] [email protected] O presente trabalho trata da análise das atividades de leitura presentes em um livro didático de língua inglesa – LD de LI, Alive, do 9º ano do ensino fundamental II (EF II), distribuído através do Programa Nacional de Livro Didático (PNLD) para os anos de 2014, 2015 e 2016, cujos objetivos são a aquisição e a distribuição gratuita de livros didáticos para os alunos de escolas públicas. Os objetivos desta pesquisa são de apresentar uma análise de um LD de LI, Alive, do 9º ano do EF II, enfocando especificamente as atividades de compreensão de leituratomando como referencial as habilidades de compreensão leitora preconizadas pelos Parâmetros Curriculares de Língua Estrangeira Moderna – PCN-LE – (BRASIL, 1998) a fim de verificar se essas atividades de compreensão leitora contemplam as habilidades de leitura indicadas pelos PCN (BRASIL, 1998) criando oportunidades para que o aluno leia com competência textos autênticos de vários gêneros discursivos em LE. Além de discutir sobre o ensino de LI (DONNINI; PLATERO; WEIGEL, 2009) e a aquisição de leitura em LI (SANTOS & TOMITCH, 2009). Para realizar este trabalho, utilizamos um corpus composto por um LD de LI, Alive, do 9º ano do EF II, de autoria de Vera Menezes, Junia Braga e Claudio Franco, publicado pela editora Anzol no ano de 2012. Para conduzir este estudo, os dados foram coletados qualitativamente e pretendem estabelecer relações entre os resultados da presença de atividades de leitura que priorizem as habilidades leitoras sugeridas pelos PCN-LE (BRASIL, 1998) para serem desenvolvidas com os alunos do 9º ano do EF II e os pressupostos atuais que direcionam o ensino-aprendizagem de leitura em LE. Com isso, busca-se oferecer subsídios para professores de língua inglesa na escolha de atividades de leitura em livros didáticos conforme os PCN-LE (BRASIL, 1998). Ensino de Língua Portuguesa para alunos surdos em contexto de vestibular VERÔNICA DE OLIVEIRA LOURO RODRIGUES [email protected] [email protected] Este trabalho tem como objetivos apresentar a motivação pela qual surgiu a oficina de língua portuguesa como segunda língua (L2) para o Ensino Médio, no Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES/RJ), mostrar a sua primeira organização e relatar algumas atividades e estratégias utilizadas para trabalhar as provas de língua portuguesa e redação do ENEM com alunos surdos. Além disso, serão colocados em debate desafios, acertos e dificuldades, advindos dessa troca de experiências entre aluno-surdo e professor-ouvinte, usuário da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), no contexto de sala de aula. Com base nessa experiência, será proposta uma reformulação da oficina, com enfoque na produção de textos dissertativos-argumentativos e no ensino de mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação. Por fim, serão apresentados os relatosdos alunos-surdos que participaram da oficina, porque entende-se que “o discurso é assim palavra em movimento, prática de linguagem: com o estudo do discurso observa-se o homem falando (...) faz do homem um ser especial com sua capacidade de significar e significar-se” (ORLANDI, 2009). A participação deles na pesquisa pode re-significar o processo de ensino-aprendizagem de leitura e escrita, de forma que eles mesmos se re-signifiquem enquanto membros dessa determinada forma de sociedade. Informalidade e perspicácia na escolha linguística de Monteiro Lobato FABIA AUGUSTO [email protected] Este trabalho apresentará um estudo de duas cartas de Monteiro Lobato ao seu amigo Godofredo Rangel, datadas de 08/08/1916 e 04/08/1920, encontradas no livro “A Barca de Gleyre” de 1946. Para a análise, partiremosda influência das unidades da língua para o processo discursivo, dentro da argumentação. Nas cartas selecionadas, o enunciador impõe sua marca discursiva na própria escolha dos conectores suscitando no leitor pressupostos da informação real, já que as respostas das cartas enviadas não são de conhecimento do leitor. Sabemos que o corpo fala, faz parte de um conjunto de todos os elementos expressivos e falantes do corpo humano como bem provaram os hominídeos, que antes de se utilizarem de grafias, símbolos, usavam a linguagem não verbal dos gestos e sons para se comunicarem, e diferentemente dessa interação instantânea, nenhuma informação imediata é passada ao se escolher como veículo de comunicação uma carta. Porém, através de palavras bem escolhidas e posicionadas conseguimos perceber a intençãodo falante nelas inseridas. Dessa forma, tomam-se como aporte teórico os estudos linguísticos de Ingedore Villaça Koch. Utilizando ainda fundamentos da língua com a obra “A força das palavras” de Cabral que defini que na argumentação usamos uma técnica consciente na escolha de articuladores linguísticos para a organização e eficácia, mesmo sendo opção do enunciador. Análise do Discurso no poema “Minha Cidade”, de Cora Coralina (Boleto Vencido) SILVANA APARECIDA ALVES FERREIRA [email protected] A análise proposta neste trabalho refere-se à reflexão baseada nos pressupostos da Análise do Discurso em diálogo com a Estilística, segundo Maingueneau, (1993, 2008b), Amossy (2005), Bally (1977) e Martins (2008). O presente artigo, considerando o fenômeno da linguagem que revela por meio das escolhas linguísticas as marcas de estilo e a construção do ethos, tece ponderações sobre a expressividade inerente às escolhas lexicais responsáveis pela constituição do ethos do enunciador, que enfatiza os aspectos da memória e da construção da identidade no poema “Minha cidade”, de Cora Coralina. O eu descrito nopoema em análise é constituído por meio de ideologias, memórias e características marcadas histórica e socialmente. Trata-se de uma mulher forte, que não se deixa abater diante das aflições da vida, que conta sua história com determinação e lirismo de quem percorreu árduas trilhas em direção às próprias conquistas. A subjetividade presente na poesia de Cora decorre de uma voz que é indissociável do corpo que a pronuncia. O sujeito autobiográfico não é uma pessoa real, mas alguém que assume no texto certa identidade, assim busca-se por meio da noção de ethos, compreender e explicar o processo dos sujeitos presos a certo discurso e a relação à ideologia e com a cultura. Estratégias de língua inglesa utilizadas em sala de aula FLÁVIA LUCIANA CAMPOS DUTRA ANDRADE [email protected] Esta pesquisa está sendo desenvolvida no Programa de Mestrado Profissional em Educação da Universidade Federal de Lavras (UFLA), na área de Linguística Aplicada. Trata-se de um estudo de caso sobre a atuação de uma docente de língua inglesa no contexto de um curso técnico integrado ao Ensino Médio. Propõe-se, então, nesta fase do trabalho, analisar alguns excertos narrados em diários reflexivos já construídos para verificar evidências de usos de estratégias pelos discentes nas aulas de língua inglesa, além de interpretar como a professora procurou conscientizar sobre o uso dessas estratégias, a fim de fomentar a autonomia de seus alunos. Esta pesquisa qualitativa teórico-empírica apoia-se em conceitos vygotskyanos e é referendada linguisticamente na gramática sistêmico-funcional hallidayana. Pretende-se com esta investigação refletir na e sobre a prática docente a fim de contribuir para melhorias e possíveis transformações no processo de ensino e aprendizagem, apontando alternativas de ação pedagógica para professores comprometidos com a educação e a linguística aplicada. O ensino de língua materna em textos de professores em formação inicial e em formação continuada. ANDRÉA RODRIGUES [email protected] [email protected] Esta pesquisa tem como objeto de estudo os processos de produção de sentidos sobre o ensino de língua materna no discurso de professores em formação inicial e em formação continuada, materializado na escrita de textos sobre o desenvolvimento de projetos em aulas de língua portuguesa na educação básica. A partir da perspectiva teórica da Análise do Discurso (AD) da vertente francesa, com a mobilização principalmente das noções de memória discursiva (Courtine, 1981), interdiscurso e formação discursiva (Pêcheux, 1988), o principal objetivo deste estudo é analisar como esses processos de produção de sentidos se relacionam com o que está na base do dizível sobre a língua e seu ensino, de acordo com um discurso instituído que determina uma matriz de sentidos – com a possibilidade de rupturas, deslocamentos, deslizamentos de sentidos. Para a AD, o sujeito, ao produzir sentidos, assume uma dada posição-sujeito numa matriz de sentidos regulada pela memória discursiva, que estaria relacionada à “existência histórica do enunciado no seio de práticas discursivas”. (COURTINE, 1981, p.53). Maldidier observa que o interdiscurso seria “o espaço discursivo e ideológico no qual se desdobram as formações discursivas em função de relações de dominação, subordinação, contradição” (2003, p.51). É no interdiscurso que estarão inscritas possibilidades de dizer para uma dada formação discursiva. Mittmann (2007) observa que esses limites envolvem fatores históricos e conflitos com outras formações discursivas, na relação que estabelecem com a formação ideológica. A análise tomou como ponto de partida as seguintes questões: a) que sentidos sobre o ensino de língua são produzidos pelo discurso dos professores em formação? B) de que modo esse discurso se relaciona com o interdiscurso já estabelecido sobre o que significa ensinar língua? C) c) os sentidos inscritos nos textos dos professores em formação inicial eem formação continuada apontam para que diferenças? A importância dada à leitura na educação infantil LEANDRA GAVINA MARGARITA CARRENÕ-MARDONES [email protected] [email protected] A leitura escolar ocorre na introdução ao ambiente letrado, permitindo que o indivíduo entre em contato com diferentes portadores textuais nos distintos contextos. A partir de 2006, a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos reduziu a faixa etária atendida pela Educação Infantil tornando-a de zero a cinco anos, levando, desta maneira, o profissional de educação a refletir sobre os conteúdos apresentados no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, considerando as características e as prioridades desta idade, assim como a valorização da oralidade e leitura. Nesse sentido, o objetivo da pesquisa é verificar se o professor da Educação Infantil ao planejar as atividades para crianças de quatro e cinco anos, o chamado Infantil II e Infantil III, no eixo de Linguagem Oral e Escrita, contempla a leitura na forma e intensidade que os pesquisadores da área e os documentos norteadores preconizam. A metodologia utilizada foi pesquisa bibliográfica referente ao tema e análise de planejamentos de vinte e três professores de três escolas da Rede Municipal de Ensino do primeiro semestre de 2014. A pesquisa ampara-se fundamentalmente na abordagem sociocognitiva de leitura, que considera os conhecimentos prévios e o contexto social do leitor, bem como os documentos norteadores da Educação Infantil. Os resultados da análise mostraram que a leitura é contemplada na maioria das atividades. Conclui-se que os planejamentos propostos para trabalho didáticopedagógico com os alunos de quatro e cinco anos priorizaram a leitura, mas, apesar disso, as atividades oferecidas desconsideram os conhecimentos prévios e o contexto social, tendo foco no aprendizado da escrita. A diversidade como essência da prática de professores de línguas para fins específicos ANDRÉA BRAGA CAZERTA DE SOUZA [email protected] A prática docente em contextos específicos de ensino/aprendizagem de línguas tem como característica essencial a diversidade, que não apenas se limita ao conteúdo ministrado em aula, mas engloba outros fatores extremamente relevantes. Esse traço implica ao professor de línguas a necessidade de se preparar cada vez mais para lidar com os desafios inerentes à sua profissão. Com esta comunicação proponho compartilhar brevemente alguns tópicos de minha dissertação de mestrado relacionados à minha experiência profissional em diferentes contextos específicos (Souza, A. B. C., 2012), cuja interpretação será fundamentada na metodologia de pesquisa da abordagem hermenêutico-fenomenológica (AHF), segundo van Manen (1990) e Freire (2006, 2007, 2008, 2009, 2010). Como foco principal abordarei os passos necessários para o design de cursos específicos de idiomas (Hutchinson & Waters, 1987), ministrados particularmente em empresas, considerando o perfil dos alunos, seu conhecimento prévio do idioma, suas necessidades, lacunas e desejos (Dudley-Evans & St John, 1998), dentre outros aspectos. A fim de englobar as relações intra/intersistêmicas presentes nesses contextos será abordada a visão sistêmica ao design de cursos (Graves, 2000), articulando-a posteriormente aos conceitos da complexidade, dentre eles os princípios dialógico, do circuito recursivo e hologramático, segundo Morin (2005, 2008, 2009, 2010); Mariotti (2002, 2007) e Moraes (2008, 2010). O suporte teóricometodológico citado nos auxilia refletir sobre essa prática docente, oferecendo subsídios para melhor compreendê-la e buscar aprimorar nosso trabalho. Nesse cenário, podemos contribuir para que mais alunos consigam se preparar para enfrentar o competitivo mercado de trabalho atual, onde o conhecimento da língua inglesa se faz essencial para esses profissionais. A Abordagem para Fins Específicos e a formação do professor de Língua Francesa: discutindo a prática da reflexão e o desenvolvimento da autonomia como processos inerentes à constituição do sujeito professor. MARIA STELA OCHIUCCI [email protected] Pretendo, neste trabalho, compartilhar um pouco das questões que me interpelaram a investigar a formação do professor de Língua Francesa no contexto do Ensino de Línguas para Fins Específicos, em minha pesquisa de Doutorado. Considerando a autonomia como um saber necessário à prática do professor, amparo-me nos escritos de Freire (2011) e Galisson &Puren (2001) para problematizar a importância de uma formação que leve em conta a prática da reflexão e o desenvolvimento da autonomia como aspectos inerentes à constituição do sujeito professor. Na visão desses autores, a formação é percebida como um processo autônomo de adaptação e ajuste em que o sujeito observa o “agir do outro” para elaborar o seu próprio “agir” e, refletindo sobre o que faz, porque o faz e o que aprende ao fazê-lo, ele é capaz de constituir seu “savoirfaire” reflexivo. Nesse sentido, acredito que a prática da reflexão poderia ser a chave para o desenvolvimento da autonomia que, tal como preconizada por Paulo Freire (Freire, 2011), permitiria ao professor em formação se assumir enquanto sujeito social e histórico. Nesse movimento, segundo este autor, a formação docente se contrapõe radicalmente ao treinamento puro e simples de práticas educativas retrógradas adotadas e reconhecidas como sinônimo do que seja ensinar. Sob essa ótica, minha pesquisa tem como objetivo investigar como se processa o desenvolvimento didático-pedagógico do professor de Língua Francesaem sua formação para o ensino em contextos diversos aos da escola formale, para tanto, desenvolvo uma pesquisa qualitativa cuja natureza é, intrinsecamente, interpretativista e naturalista, tendo como suporte metodológico o estudo de caso para dar conta de suas especificidades. O FEEDBACK A PARTIR DA PRODUÇÃO DE TEXTO: avaliação formativa em ensino contextualizado LÍVIA LETÍCIA ZANIER GOMES [email protected] [email protected] Esta pesquisa, em fase inicial, foca o processo de ensino-aprendizagem de língua portuguesa no Ensino Médio e traz como tema a produção de texto seguida por feedback como prática da avaliação formativa em ensino contextualizado. Tem como perguntas de pesquisa: (i) o ensino de língua portuguesa (LP) a partir de feedbacks de produção de textos discentes dá conta da complexidade do que é foco no ensino de língua?; (ii) a produção de texto seguida por feedback cumpre com as finalidades que a avaliação deve cumprir segundo as bases da educação nacional?; (iii) essa proposta do ensino de língua atende às solicitações de ensino significativo e contextualizado? (iv) feedbacks são ferramentas centrais de orientação discente (sobre o que já e o que ainda não aprendeu) e docente (sobre o que já não e o que se precisa ensinar)? (v) quão efetivo é o feedback? Assim, atingirá o objetivo geral de investigar quanto o ensino regular de LP logra êxito tendo como proposta central a produção textual seguida por feedback. Enquanto pesquisa de campo, acontecerá a partir de curso de extensão ministrado pela pesquisadora no período de um ano letivo, analisando produções discentes; feedbacks docente e relatos narrativos produzidos pelos alunos a respeito do “efeito” do feedback em seus trajetos. Metodologicamente, abarcará o estudo dos tipos de feedback realizados e das representações discentes presentes nos relatos; observará a recorrência longitudinal de tipos de incorreções linguísticas nos textos e as possibilidades de ensino significativo da língua escrita. Como suporte teóricometodológico, traz, para análise dos relatos discentes, o interacionismo sócio-discursivo de Bronckart (1999); para conceituação do termo feedback e seus tipos, Kluger & Denisi (1996) e Hattie & Timperley (2007); para esclarecimento sobre ato avaliativo, Luckesi (2000) e para entendimento de ações corretivas, Hadji (2001) e Méndez (2002). O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NAS SÉRIES INICIAIS EM ESCOLAS MUNICIPAIS DE SÃO PAULO: UMA ANÁLISE DA PROPOSTA HARRISON PARIZOTTO DA PAIXÃO [email protected] No dia 4 de novembro de 2011 a “portaria n° 5.361 instituiu o programa “Língua Inglesa no Ciclo I” nas escolas da rede municipal de ensino que mantêm o Ensino Fundamental e dá outras providências”. (No documento de implementação do programa o Secretário Municipal da Educação considera como ciclo I as séries do Ensino Fundamental I, sendo elas 1° ao 5° ano.) Tendo como base esta publicação, muitos foram os questionamentos suscitados no que tange à efetivação, relevância e prática do ensino de Língua Inglesa nas séries iniciais. Alguns dos problemas apresentados envolvem a proposta deste ensino e as consequências práticas desta atividade, tais como: quem irá lecionar estas aulas? Apoiando-se em quais bases metodológicas? O que vai ser ensinado às crianças? Sem respostas prévias e determinadas, tornou-se necessário analisar e avaliar a fundamentação e objetivos que englobam esta proposta, refletindo as possibilidades que ela apresenta a este ensino. Este trabalho está fundamentalmente pautado na análise da portaria de implantação do programa, bem como na observação de aulas em uma escola municipal de São Paulo. A construção de uma prática dialógica da leitura – O Pensar Alto em Grupo ELIZABETH KASUE OSHIRO KOBASHIGAWA [email protected] [email protected] Esta pesquisa se insere na Linguística Aplicada (Celani, 1998/2004; Moita Lopes, 2006) e faz parte de um projeto maior, desenvolvido pelo grupo de pesquisa GEIM/ cujos pesquisadores investigam uma prática dialógica de letramento, em um contexto real de uso da linguagem com leitores reais. A metodologia utilizada é a qualitativa, de natureza Interpretativista (Bortoni-Ricardo, 2008), por meio da qual se desenvolve uma pesquisa-ação, cujo objetivo é investigar a minha prática pedagógica em eventos de leitura, vivenciados pelo grupo focal. A prática dialógica investigada é o Pensar Alto em Grupo (Zanotto, 1998), que é ao mesmo tempo vivência pedagógica e técnica de pesquisa, cujo objetivo é mudar a prática de leitura que silencia a voz do aluno, consequentemente propiciando a formação do leitor ativo-responsivo, Bakhtin (1992). No quadro teórico abordo a concepção de leitura como evento e prática social (Bloome, 1983; Moita Lopes, 1996), os estudos do letramento (Soares, 1998), e a Pedagogia Freireana (1970). A análise dos dados aponta que: 1. A minha postura em sala de aula teve mudanças significativas, pois assumi o papel de mediadora e agente de letramento, passei a ouvir mais meus alunos, criando condições para que eles interagissem em grupo; 2. O Pensar Alto em Grupo possibilitou a construção e negociação das leituras na interação social entre os alunos e eles tiveram uma atitude responsiva durante o evento de leitura. 3. Os alunos participaram de forma prazerosa e houve momentos de intensa emoção e aproximação entre todos: alunos e professora em sala de aula. Pesquisa Metateórica: uma alternativa para condensar a produção científica em LA MIRELLE DA SILVA FREITAS [email protected] A literatura existente no campo da Linguística Aplicada (LA) é vasta e em expansão, abrange estudos de cunho quantitativo, preferencialmente nos Estados Unidos e Europa, e, no Brasil, emergem os estudos qualitativos (NORRIS & ORTEGA, 2006; PAIVA d al., 2009). Diante de tamanha variedade e quantidade duas perguntas emergem de forma incisiva: (i) como fazer sentido da pesquisa em LA?;e (ii) quais são de fato as respostas para as perguntas da área? (NORRIS & ORTEGA, 2006). Nesse sentido, não é suficiente apenas contribuir para para o crescimento e diversificação da LA; o produto da pesquisa científica necessita ser acessível para que possa impactar o cenário nacional (ALMEIDA FILHO, 2007; GOMES DE MATOS, s.d.). Testemunhamos a emergência em proceder a uma documentação e divulgação dos estudos desenvolvidos na área, incluindo sucessos, desafios e insucessos vivenciados. Assim, o diálogo entre linguistas aplicados é essencial para viabilizar um mapeamento no campo da LA no país e elaborar uma epistemologia aplicada própria adequada ao contexto nacional. Para atender às necessidades da sociedade brasileira é essencial que se proceda a uma elaboração teórica local (ROTH & MARCUZZO, 2008), que entendemos ser do tipo condensadora. Diante deste quadro, apresentamos a metapesquisa como metodologia que possibilita a integração dos dados de diversos estudos na busca por uma compreensão que transcende as conclusões dos estudos individualmente, ao passo que preserva as especificidades de cada um deles. O valor da metodologia de pesquisa proposta se mostra tanto no tratamento sistemático para conduzir pesquisas secundárias, como na discussão ética acerca da compreensão, informação e uso da pesquisa em línguas. Cooper, Dionne, Dixon-Woods , Laville, Norris, Ortega, Telléz, Waxman são alguns dos autores que dão suporte à pesquisa metateórica. Ensino Aprendizagem de Língua Portuguesa a partir de atividades sociais no Ensino Fundamental ROMUALDO MATOS DA SILVA [email protected] O ensino aprendizagem de Língua Portuguesa exige múltiplas habilidades, as quais nem sempre são contempladas pelos livros didáticos disponíveis. Mediante o levantamento das necessidades de ensino e das possibilidades de aprendizagem de duas turmas do Ensino Fundamental (8ª série/9º ano) iniciou-se um trabalho interdisciplinar em busca de novas ferramentas de ensino aprendizagem. Assim, recorreu-se às Atividades Sociais como proposta para uma aprendizagem mais significativa, em que cada sujeito participante pudesse se engajar ao desenvolver suas atividades em contextos reais. Neste contexto, os participantes envolvidos, professores, alunos, equipe gestora e pais, tinham como foco o desenvolvimento de uma horta na escola. Essa tarefa abriu possibilidades para o trabalho interdisciplinar da Língua Portuguesa com outras disciplinas da currículo, criando condições de aprendizagem inclusive para os alunos considerados “inclusão”. Uma leitura da crônica: “Chega de cinto!” de Clarice Lispector sob a perspectiva da Estilística da Enunciação IELSON JOSE DOS SANTOS [email protected] Este artigo apresenta um estudo de como a subjetividade é constituída no discurso a partir dos efeitos enunciativos e estilísticos presentes na crônica “Chega de cinto! “, de Clarice Lispector (1920-1977). A análise evidencia a subjetividade, que se apresenta de maneira implícita, muitas vezes, e nas avaliações qualitativa e modalizadora que produz a enunciadora. A análise mostra, ainda, como a enunciadora regula a aproximação e o distanciamento em relação às leitoras fazendo uso, entre outros recursos, dos pronomes. A fundamentação teórica está embasada nos estudos de Benveniste (2005,2006) sobre enunciação; de estilística de Michel Riffaterre (1971), cuja visão que tem da disciplina confere especial relevo à figura do decodificador do texto; e de Nilce Sant’ Anna Martins (2012), que desenvolveu conceitos da estilística da enunciação. Esses autores fornecem relevante contribuição para a articulação dos estudos linguísticos e discursivos. Leitura e redação na escola: os efeitos de sentido produzidos pelas categorias de pessoa em Benveniste JANINE MARIA ROCHA DA SILVA [email protected] IVANA QUINTÃO DE ANDRADE [email protected] Este trabalho, resultado de um estudo gerado a partir de uma demanda pessoal e também acadêmica, pretende intervir na elaboração de atividades escolares de leitura e redação que trabalhem com efeitos de sentido gerados pelas escolhas feitas pelo sujeitoleitor e pelo sujeito-escritor. Para tal, elegemos a Teoria da Enunciação de Benveniste, tirando dela o que poderia ser instalado no nosso escopo de preocupações: as noções de pessoa (Eu e Tu) e não pessoa (o Ele). Ao instaurar a categoria de pessoa, Benveniste define as pessoas do discurso, EU\TU, as quais só ganham plenitude quando assumidas por um falante, aquele que se coloca no discurso, com base numa realidade que lhe é particular – declarando, assim, a subjetividade. Já a terceira pessoa (a não pessoa, Ele), ao contrário, é um signo pleno, uma categoria da língua, que tem referência objetiva e cujo valor independe da enunciação – marcando, nesse caso, a objetividade. A partir desses pressupostos, iremos propor algumas tarefas que possam levar o aluno-leitor e o aluno-redator a compreenderem que: a) a linguagem em si não é objetiva nem subjetiva; b) os efeitos provocados pelas pessoas, combinados com as escolhas lexicais feitas por quem escreve, podem revelar aspectos da entrelinha textual capazes de ajudar o leitor a se despir de uma espécie de “capa de ingenuidade”. Para isso, foram tomadas, como objeto de análise, duas bulas referentes ao uso de uma mesma substância medicamentosa: uma do remédio original, e outra, do remédio genérico. Nelas, foi possível observar para que direção aquele que escreve leva aquele que lê. Acreditamos que atividades como essa possam colaborar para a formação de alunos-sujeitos mais preparados para enfrentar a desafiadora tarefa de ler/escrever textos, dentro e fora da escola. Aspas verbo-visuais: delimitação do conceito e construção de categorias de análise RODOLFO VIANNA [email protected] Esta comunicação busca apresentar os resultados da pesquisa de doutorado desenvolvida sob a orientação da profa. Dra. Beth Brait. O objetivo geral é compreender a produção de sentidos a partir da dimensão verbo-visual da linguagem, centrando-se em diferentes formas assumidas por fenômenos enunciativos/discursivos. De maneira pontual, estará centrada na inter-relação discursiva entre elementos verbais e visuais e seu consequente processo de significação. A hipótese desenvolvida é a de que determinadas relações entre elementos verbais e visuais podem se configurar como desdobramentos metaenunciativos opacificantes desses elementos, em dinâmica análoga ao emprego das aspas no plano verbal. A hipótese sugere a possibilidade de ampliação do sentido de determinado elemento visual quando inserido em contexto verbo-visual específico, tal como ocorre quando as aspas são empregadas no plano verbal, ou seja, configurando-se como um tipo de presença/ausência a ser preenchida interpretativamente. A fundamentação teórica procura articular teorias de cunho enunciativo-discursivo advindas das formulações de Authier-Revuz, autora do conceito de modalização autonímica e estudiosa das não-coincidências do dizer, e do Círculo de Bakhtin, cuja compreensão analítica de enunciado concreto e a caracterização de signo ideológico são pertinentes ao estudo da questão aqui proposta. O corpus de análise é constituído por enunciados concretos retirados dos jornais impressos Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo, cujos exemplares foram coletados entre os dias 23/09 a 20/10 de 2012, assim como de quatro edições das revistas semanais Veja e Época, coletadas no mesmo mês. A justificativa para esta pesquisa situa-se na possibilidade de descrição e análise de fenômenos enunciativos/discursivos verbo-visualmente constituídos, de grande alcance social, oferecendo categorias de análise para pesquisas tanto na área da Linguística Aplicada quanto na da Análise do Discurso. Ensinar-aprender em performances em língua estrangeira SAMANTA MALTA [email protected] Esta comunicação tem como objetivo apresentar a análise de resultados dos aspectos multimodais, multiculturais e o uso de multimídias envolvidos no processo de construção de sentidos e significados em língua inglesa por crianças de um Centro de Educação Infantil de São Paulo. Este estudo trata-se de uma Pesquisa Crítica Colaborativa (MAGALHÃES, 2002, 2004, 2007) em Linguística Aplicada e esta comunicação apresentará o resultado deste estudo. Os dados aqui apresentados são parte do projeto Educação Multicultural que foi criado e desenvolvido pelo grupo de pesquisa Linguagem em Atividades no Contexto Escolar como parte do Programa Ação Cidadã. O recorte teórico pauta-se na Pedagogia dos Multiletramentos que tem como base a variabilidade de convenções de significados presentes em diversos contextos de representação cultural e social, a multimodalidade e a multimídia. (NEW LONDON GROUP,1996). Esta proposta também se apoia em perspectiva de organização curricular baseada em Atividades Sociais (LIBERALI, 2009). O trabalho com Atividades Sociais é pensado a partir da necessidade das crianças de participarem de diferentes esferas sociais que, muitas vezes, estão fora de seu alcance imediato. Essas necessidades podem ser satisfeitas por meio da vivência de diferentes papéis sociais ao longo do trabalho escolar. Dessa forma, todo estudo desenvolvido neste projeto orientase pela Teoria da Atividade (VYGOTSKY, 1930/1934; LEONTIEV, 1977; ENGESTRÖM, 1987), uma abordagem sócio-histórico-cultural, relacionada à vida que se vive (MARX, 1846/2002). Além disso, este estudo é orientado pela concepção da linguagem como constitutiva na construção de conhecimentos diversos, permitindo aos sujeitos vivenciarem diferentes formas de saber e viver em uma língua diferente da sua. O foco da interpretação recaiu sobre o papel da Pedagogia dos Multiletramentos na produção de significados nas Atividades Sociais e sua relevância para a construção pelas crianças de novos modos de participação no mundo. A educação nas grandes metrópoles: ensino de Língua Portuguesa em São Miguel Paulista (SP) FERNANDA MARCUCCI [email protected] Este trabalho insere-se na pesquisa em andamento “Relações de Interdependência entre escolas e Qualidade das Oportunidades Educacionais”, coordenado pela Profa. Dra. Claudia Lemos Vóvio, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) em parceria com o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação (CENPEC). Tem como foco verificar de que forma são oferecidas as oportunidades educacionais em Língua Portuguesa, no final do ciclo de alfabetização (3º ano do Ensino Fundamental), de modo a analisar a qualidade das oportunidades educacionais destes alunos em escolas de entorno vulnerável. Nosso objeto de estudo prevê então, a compreensão do que é ensinado em Língua Portuguesa (BATISTA, 1997) no fim do ciclo de alfabetização em uma escola situada em território vulnerável. A metodologia de cunho qualitativo implica em um estudo de caso, realizado em uma unidade escolar pública, localizada na subprefeitura de São Miguel Paulista, por ser um local de alto Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS). Os instrumentos metodológicos utilizados foram entrevista, observação direta com registro de notas de campo, coleta de cadernos escolares e de registros de aula de professores das turmas de 3º ano do Ensino Fundamental, estas duas últimas fontes de caráter documental consideradas artefatos culturais (equipamentos, suportes e materiais escritos) imbricados nas interações e certos usos da escrita nas salas de aula (BARTON; HAMILTON; IVANIC, 2000). Seus resultados podem colaborar para indicar temas e conteúdos voltados à formação inicial e continuada de docentes, bem como indicações de propostas e subsídios pedagógicos voltados ao final do ciclo de alfabetização. A constituição dos professores em formação inicial como agentes de letramento nas experiências do PIBID LÚCIA DE FÁTIMA SANTOS [email protected] [email protected] Nesta comunicação temos como finalidade apresentar resultados obtidos nas experiências do PIBID sobre a constituição dos professores em formação inicial como agentes de letramento. Trata-se de reflexões construídas no âmbito do projeto de pesquisa em andamento, intitulado “As contribuições do PIBID no processo de letramento de professores de Letras: os reflexos da formação nas práticas de escrita”, cujo objetivo principal é desenvolver uma análise longitudinal sobre as contribuições desse Programa para o letramento do professor, observando e problematizando os reflexos do trabalho de formação docente desenvolvido pelo grupo do curso de Letras/Português da Ufal, com base nas práticas de escrita e leitura efetivadas nos encontros de formação do grupo e no trabalho realizado com alunos de diferentes turmas do ensino fundamental, em escolas públicas localizadas na cidade de Maceió. Nesta comunicação, interessam-nos especificamente analisar registros em anotações de campo e diários escritos por bolsistas do PIBID sobre as atuações nas práticas de ensino de que participam nas escolas. A pesquisa fundamenta-se principalmente nos Novos Estudos do Letramento correlacionados com as reflexões de Bakhtin (1992, 1997). Os dados foram coletados no período de maio/2010 a janeiro/2014, a partir das orientações metodológicas adotadas na área de Linguística Aplicada. Nos resultados até então obtidos, observamos que os professores em formação inicial caracterizam-se, predominantemente, como agentes de letramento nas práticas de linguagem que realizam nas escolas. O Trabalho de Conclusão de Curso na universidade: uma alternativa didática para o desenvolvimento de capacidades de linguagem MILENA MORETTO [email protected] [email protected] Como professora universitária, tenho notado que grande parte dos estudantes, ainda que em final de curso, tem apresentado dificuldades de se apropriar da linguagem acadêmica para produzir textos nos meios universitários. Diante disso, o presente artigo, resultado de uma pesquisa de doutorado na área de Educação, pretendeu desenvolverum modelo didático do gênero Trabalho de Conclusão de Curso a partir de textos concretos de referência com o intuito de auxiliar no desenvolvimento das capacidades de linguagem dos estudantes. Utilizamos os construtos teórico-metodológicos do interacionismo sociodiscursivo representado por Bronckart (2006, 2007) e as considerações de Schneuwly, Dolz e Noverraz (2010), Dolz, Gagnon e Decândio (2011), Machado (2009), Lousada (2009) entre outros. Foram selecionados, para análise, dois trabalhos de conclusão de curso de referência desenvolvidos por estudantes de graduação a fim de verificar como esses trabalhos foram produzidos. Através deles, buscamos observar as dimensões ensináveis do respectivo gênero no que se refere ao contexto de produção, aos aspectos discursivos e linguístico-discursivos. A partir do modelo didático construído,pudemos elaborar uma sequência didática que pode auxiliar professores que trabalham no ensino superior, bem como estudantes que ainda não se apropriaram da linguagem acadêmica. Educação Bilingue: para onde estamos indo? – Um estudo sobre a organização curricular de duas escolas denominadas bilíngues. FERNANDA CRISTINA LOMBARDI GUIDI [email protected] [email protected] Nos últimos anos, tem-se visto um crescimento excessivo de instituições de ensino de inglês para crianças e, muitas são as justificativas para esse fenômeno. Entre as principais, apresentadas por Tonelli (2005), podemos destacar o processo de globalização e sua influência na vida das pessoas, e a crescente preocupação dos pais em proporcionar aos seus filhos conhecimento e competência na língua inglesa o que possivelmente os conduzirá as melhores universidades e a empregos com melhores salários. Além disso, não podemos deixar de mencionar a função da língua inglesa ao proporcionar acesso a outras fontes de informação e a outras organizações culturais. Segundo Marcelino (2009), na escola bilíngue, a língua inglesa é um veículo, o meio através do qual a criança também se desenvolve, adquire e constrói conhecimento e interage e age sobre ele. A escola bilíngue deveria ser vista essencialmente como uma escola, com objetivos de uma escola, focada na educação, que acontece em uma segunda língua, em grande parte, embora haja diferentes formatos e possibilidades de combinação. No entanto, não há até os dias atuais uma legislação referente a implementação, avaliação e desenvolvimentos de programas bilíngues nas escolas (STORTO, 2015). Aliado a isso, tem-se visto programas trazidos de outros países sendo trabalhados em escolas bilíngues que tem também como preocupação a obtenção de certificação internacional. Assim, esta pesquisa tem por objetivo principal procurar desvendar como é a organização da escola, levando em conta as concepções que dão base às propostas pedagógicas e a forma como a educação é compreendida, através dos estudos de Garcia (2009), Megale (2009), Moura (2009), Horneberger (1991). Além disso, pretende-se discutir os possíveis desafios que podem ser encontrados, tanto por professores como por alunos, numa proposta de educação. A metodologia adotada neste estudo é a pesquisa crítica de colaboração (MAGALHÃES, 2012). PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA: UMA ABORDAGEM COMUNICATIVA INTERCULTURAL POR MEIO DE MÚSICA ADRIANA CÉLIA ALVES [email protected] Esta pesquisa visa contribuir com o ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa para estudantes estrangeiros, por meio da abordagem intercultural (VIANA, 2004; KRAMSCH & URYO, 2014) levando em consideração tarefas (SCARAMUCCI, 1996) baseadas em música popular brasileira. Ressalta-se que a procura pelo ensinoaprendizagem de língua portuguesa como língua estrangeira tem aumentado a cada ano, devido, principalmente, ao sucesso econômico do Brasil no cenário mundial (ALMEIDA FILHO, 2011). Dessa forma, necessita-se promover e discutir abordagens, métodos e metodologias para se ensinar a língua portuguesa como estrangeira (PLE). Esta pesquisa segue a metodologia qualitativa interpretativista com aspectos da pesquisa-ação, isto é, a partir de um problema usam-se instrumentos e técnicas de pesquisa para conhecer esse problema e delinear um plano de ação que traga benefícios para o grupo (ANDRÉ, 2001). Assim, pretende-se verificar as principais dificuldades de francófonos aprendizes de língua portuguesa, por intermédio da teoria de análise de erros (FARIAS, 2007). Essas dificuldades serão levantadas por: análises de conversações em pares entre a pesquisadora e os aprendizes de PLE, na modalidade tandem (TELLES, 2008), e por meio de observações, anotações e diários de campo de aulas de PLE a francófonos. Em seguida, após o levantamento e com bases nas análises das dificuldades encontradas no processo de aprendizagem de PLE observado serão elaboradas tarefas de intervenção didática baseadas na abordagem comunicativa intercultural, utilizando música popular brasileira como proposta de ensino de PLE a francófonos, as quais serão verificadas sua relevância. Esta abordagem entende o ensino-aprendizagem de línguas pela interseção entre as culturas, compreende-se a língua e o social como indissociáveis (PAIVA E VIANA, 2004). Além disso, infere-se que a música motiva a aprendizagem, tornando o processo de ensino-aprendizagem menos mecanicista e mais prazeroso (ROCHA, 2012). Desta forma, almeja-se que as dificuldades encontradas na aprendizagem de língua portuguesa como estrangeira a francófonos sejam amenizadas e propicie uma estratégia de aprendizagem usando música, promovendo assim o ensino e aprendizagem de PLE no atual contexto social e educativo. Um autor à deriva: reflexões sobre a construção da autoria na Universidade VITÓRIA EUGÊNIA PEREIRA [email protected] [email protected] A Universidade ocupa um papel central em nossa sociedade. Sob a função de “prover ao país quadros de alto nível técnico e científico” (BRASIL, 1991), ela é responsabilizada pelo “desenvolvimento sustentável e de longo prazo da nação” (id.). Por isso, nos últimos anos, ganhou lugar um discurso de importância da Universidade, promotor da passagem do ensino básico para o ensino superior. Entretanto, não há, no funcionamento desse discurso, espaço para discutir as tensões institucionais dessa relação Escola/Universidade: como a Universidade recebe o aluno que chega de uma Escola reconhecida oficialmente (LDB, PCNs) como ineficaz na sua missão de promover o desenvolvimento da leitura e da escrita (BRASIL, 2000)? A angústia de escrever, o medo da folha em branco e o constante adiamento da escrita que povoam um imaginário de sacrifício da autoria acadêmica são indícios de que falta intimidade entre o aluno e essa escrita. Indícios de que falta espaço, nessa passagem Escola/Universidade, para o aluno (se) encontrar (em) seu escrever: sem lugar para compreender o que é um autor na Universidade, o aluno parece tatear na busca de descobrir o que se espera da sua escrita e como produzir isso. Assim, com o objetivo de investigar, descrever e analisar os modos de funcionamento da autoria na Universidade, propomos o desenvolvimento do presente trabalho. Através de uma filiação à Análise de Discurso francesa (Orlandi, 2004,2005, 2006; Pêcheux, 1995, 1997; Foucault, 1972), desejamos oferecer um olhar que seja capaz de ver a violência simbólica que opera nos sentidos de escrita – através da escrita. Mobilizando, sobretudo, os conceitos Função-autor e Formações Imaginárias, encontramo-nos, agora, na fase final de análise dos dados– corpus composto por textos de alunos do último ano da graduação do curso de Letras da Universidade Estadual de Campinas e por entrevistas semiestruturadas com esses alunos. (Trans)Formação de professores de LI: relações entre teoria, prática e contexto de ensino CLAUDIA JOTTO KAWACHI-FURLAN [email protected] [email protected] CRISTIANE OLIVEIRA CAMPOS-GONELLA ELIANE HÉRCULES AUGUSTO-NAVARRO A relação que o professor estabelece entre teoria e prática depende tanto de seu conhecimento e de sua experiência quanto das possibilidades disponíveis em seu(s) contexto(s) de atuação profissional. Mais importante do que adotar essa ou aquela perspectiva teórica é saber informar o porquê de suas escolhas em uso situado. Há mais de três décadas, Larsen-Freeman (1983) já apontava a importância das escolhas informadas (teachers’ informed choices). Oliveira (2013) destaca que uma das dificuldades enfrentadas nos programas de formação docente refere-se à falta de articulação entre teoria e prática. Similarmente, Gil (2013) afirma que para o professor em formação inicial ter independência informada, ou seja, saber aplicar as teorias estudadas para solucionar problemas ou promover mudanças, ele precisa construir saberes em seu contexto de ensino-aprendizagem, ponderando sobre seu propósito de ensinar, seu público-alvo e seu modo de ensinar. É nesse sentido que defendemos a relevância de oportunidades de prática assistida e prática situada (JOHNSON, 2009) em programas de formação docente. O objetivo deste trabalho é refletir acerca desses conceitos por meio da apresentação e discussão dos resultados de duas pesquisas de doutorado. Em ambos os estudos, a metodologia adotada foi de base qualitativa e interpretativista. Os dados foram coletados por meio de questionários, entrevistas, observações de aula e sessões de visionamento. Nesta comunicação, abordaremos a prática assistida de um grupo de alunos-professores em relação à teoria de gêneros discursivos por eles estudada em uma disciplina da graduação em Letras e a prática situada de um grupo de professores recém-formados sobre como abordar gramática nas aulas de língua inglesa em diferentes contextos de atuação (escolas regulares pública e privada, escolas de idiomas e projetos de extensão universitária). Gêneros textuais: uma análise de propostas de atividades de leitura de livro didático de espanhol como língua estrangeira ADEJAIR DO ESPÍRITO SANTO SIQUEIRA JÚNIOR [email protected] Este trabalho objetiva analisar o trabalho com gêneros textuais nas atividades de leitura do livro didático Nuevo Listo de Espanhol como língua estrangeira (E/LE). As reformulações das coleções didáticas acontecem vorazmente, querendo atender ao mercado, e em grande parte dos livros didáticos de E/LE é possível constatar uma preocupação com a questão dos gêneros e a sua diversidade. Cabe ressaltar que essa “preocupação” está atravessada por uma série de implicações mercadológicas e que esta pesquisa vislumbra questionar que concepções sobre “gêneros textuais” estão sendo veiculadas. O corpus de análise considera o manual do professor e as atividades de leitura e compreensão leitora envolvendo os gêneros textuais. Esse recorte levou em conta o entendimento do manual do professor como produção discursiva pautada numa determinada concepção de língua e que traz no seu bojo algumas incoerências teóricas bastante evidentes. A investigação em andamento tenta mostrar se de fato o encaminhamento das atividades que envolvem leitura e gêneros textuais estão efetivamente elaboradas de modo a desenvolver nos alunos a competência leitora, considerando as visões de língua e linguagem e leitura que são expostas no manual do professor. A teoria se baseia na Análise do Discurso de linha francesa, particularmente no conceito de enunciado (MAINGUENEAU, 2009). As perguntas norteadoras das análises são: Que noção de “gênero” se apresenta no manual do professor? Como é tratada a composição dos gêneros através das atividades? Que concepção(ões) de Língua está(ão) sendo usada(s)? De que maneira a proposta teórica verificada no manual do professor entra em consonância/dissonância com as atividades de leitura propostas? Que abordagem(ns) de leitura está( d) sendo utilizada(s) nas atividades propostas? O encaminhamento das análises procura comprovar a hipótese de que as incoerências entre o que se propõe e o que se apresenta como atividade geram implicações negativas a respeito do trabalho com os gêneros. Uma sala para muitas línguas: transpondo as letras, as barreiras e o inconcebível SABRINA SANT´ANNA RIZENTAL [email protected] Considerado como uma grande nação, o Brasil vem se tornando cada vez mais o país de destino de refugiados de diversas partes do mundo. Na cidade do Rio de Janeiro, africanos, árabes, colombianos, russos, não se distinguem facilmente entre os rostos miscigenados dos brasileiros. Entretanto, basta um pedido de ajuda, num português extraído dos dicionários, para que sejam imediatamente identificados. A língua, neste caso o português brasileiro, complexo até para os nativos, é a primeira grande barreira enfrentada por esse imigrante. As instituições envolvidas com os projetos de alfabetização, direcionados aos refugiados, enfrentam um grande desafio quanto às escolhas mais adequadas ao perfil de grupos tão heterogêneos. Este trabalho tem como objetivo (a) apresentar uma reflexão sobre as práticas educativas que vêm sendo desenvolvidas no contexto da sala de aula e (b) investigar as iniciativas mais apropriadas às necessidades desses alunos de procedências tão distintas, no que se refere aos materiais didáticos, aos procedimentos teóricos e metodológicos, às abordagens mais favoráveis à ambientação e à interação do grupo, considerando a vasta diversidade que o compõe. A análise se baseia na resposta dos imigrantes aos estímulos propostos em sala, em sua produtividade e no monitoramento realizado pelos docentes, através de relatórios elaborados após cada aula. Valendo-se do apoio de teóricos sob a perspectiva da Análise de Discurso, fundada nos trabalhos de Michel Pêcheux, observamos o processo de constituição dos sentidos e a construção desse novo sujeito. Concluímos que a urgência que permeia o processo de aprendizagem dos refugiados, uma vez que falar a língua do país destinatário é uma questão de sobrevivência, demanda uma didática específica que considere as diferentes representações discursivas e justifique as escolhas mais convenientes à interação dos professores e educadores voluntários com o grupo, na construção desse aprendizado mútuo. O Papel do coordenador pedagógico no desenvolvimento da pedagogia daargumentação crítico-colaborativo-reflexiva na reunião pedagógica IAGO BROXADO [email protected] SIMONE UEHARA [email protected] Esta pesquisa tem o objetivo de compreender o papel de um coordenador pedagógico (GUERRA, 2012; BROXADO, 2015) em formação no desenvolvimento críticocolaborativo-reflexivo (DAMIANOVIC, 2011) dos professores, também em formação, de um curso de língua inglesa para mobilidade estudantil. Este estudo de mestrado em andamento tem a teoria da atividade sócio-histórico-cultural (ENGESTROM, 2001; LIBERALI, 2011; DAMIANOVIC, 2011; DAMIANOVIC & LEITÃO, 2012) como referencial teórico que considera como fulcrais as práticas humanas em seus modos de agir, contextos histórico-sociais, ideologias e necessidades locais. Alicerçada na Pesquisa Crítico-Colaborativa (MAGALHÃES, 2012), esta investigação discute a análise de três reuniões pedagógicas (LIBERALI, 2009; LIBERALI & SHIMOURA, 2009, GUERRA 2012; BROXADO, 2015), como foco no papel da pedagogia argumentação (DAMIANOVIC, 2011; DAMIANOVIC & LEITÃO, 2012) na construção de decisões a serem tomadas de ordem técnica, prática e crítica (SMITH, 1998). Os resultados iniciais revelam que as ações desse coordenador incentivam transformações nos papeis de construção de tomadas de decisões interdependentes e possibilitam o empoderamento (MAGALHÃES, 2012) dos sujeitos participantes. O humor como elemento educacional para produções situadas de sentindo em LI: uma proposta de estudo em uma escola pública no litoral de Alagoas. POLIANA PIMENTEL SILVA [email protected] [email protected] Calcado nos preceitos teóricos da Linguística Aplicada Crítica (PENNYCO , 2006), a presente pesquisa teve como objetivo analisar o humor (BAKHTIN, 2010; BERGSON, 2004; MINOIS 2008) durante as atividades desenvolvidas nas aulas de inglês aliado aos estudos sobreLetramento Crítico (MENEZES DE SOUZA & MONTE MÓR, 2006). Tendo em mente a importância dos aspectos sociais abordados pelo viés do humor, analisamos o desenvolvimento crítico dos participantes como uma prática pós-moderna de sempre pensar e de problematizar questões sobre cultura, cidadania e relações de poder. Sendo assim, o presente estudo nos ajudou a entender o engajamento dos sujeitos em práticas sociais, uma vez que tal abordagem nos desafia tanto a descobrir novas alternativas para o nosso desenvolvimento enquanto cidadãos. No âmbito das pesquisas qualitativas e com base nas referências metodológicas da pesquisa-ação (BARBIER, 2007; THIOLLENT, 2008) a atual pesquisa foi realizada em uma turma de inglês do 9º ano em uma escola pública do povoado de Santa Luzia, município da Barra de Santo Antônio (AL). Isso posto, a temática desse trabalho transitou em torno do estudo da linguagem e dos seus variados conceitos e do reflexo desses conceitos no processo de ensino e aprendizagem da língua inglesa. No final desse estudo, percebemos que o uso do humor está intrinsecamente associado aos estudos sobre Letramento Crítico, possibilitou aos alunos um ambiente aprazível nos momentos das discussões que abordavam os aspectos sociais, portanto, configurando o humor como um elemento pedagógico significativo no contexto educacional. Por fim, no final desse estudo, mais do que expor teorias e métodos, suscitamos possibilidades pedagógicas que podem nortear o ensino de língua estrangeira dentro de práticas educacionais, a qual os aprendizes possam estar envolvidos em contextos que reclamam trocas de conhecimentos e valores sociais. Uma política linguística no âmbito da educação EGON DE OLIVEIRARANGEL ANA LUIZA MARCONDES GARCIA [email protected] [email protected] Em um clássico da área, Calvet (1993 e 1995) define política linguística por meio de dois movimentos distintos, mas articulados: o do planejamento linguístico e o da sua execução propriamente dita. Assim, o autor apresenta a política linguística como uma ação organizada, com objetivos claramente estabelecidos e dotada de racionalidade. Mais recentemente, tomando como referência esta clássica definição, Rajagopalan (2013) e também Rangel (2013) a questionam, seja ao apontar para a dificuldade de conduzir ações concretas de interesse público em torno de línguas específicas, seja ao assinalar como a esfera das políticas públicas acaba por impor aos programas oficiais condições de produção tão particulares que, para manter seu poder explicativo, a fórmula de Calvet teria de ser invertida: seria a intervenção linguística que, uma vez efetivada, se tornaria inseparável de uma formulação propositiva, muitas vezes concebida a posteriori ou mesmo apenas pressuposta. Tomando tais reflexões como pressupostos teóricos, a presente comunicação tem como objetivo discutir em que medida e de que forma tal inversão se manifesta em uma política linguística da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo: a inclusão, por um período de 3 anos, da disciplina Leitura e Produção de Textos na grade curricular dos anos finais do EF na rede paulista, com o objetivo de formar o leitor literário. Tomando como referência a dissertação de mestrado de uma professora-pesquisadora que atuou na execução dessa política (Asbahr, 2013), analisaremos, recorrendo aos princípios, técnicas e procedimentos da Análise do Discurso (Maingueneau, 2014; Orlandi, 1999; Spink, 1998), as marcas dessas condições de produção presentes no discurso acadêmico da professora referida. Nos meandros do ensino da escrita em Língua Portuguesa: (re)pensando o conceito de intervenção-interferência ÉRICA DANIELA DE ARAUJO [email protected] [email protected] CÁRMEN LÚCIA HERNANDES AUGUSTINI Intentamos, à luz da teorização de Émile Benveniste, problematizar a relação professorsaber-aluno e suas implicações no ensino da escrita em Língua Portuguesa escrita. De nossa perspectiva, o ensino da escrita passa, necessariamente, por um processo subjetivo de “escuta” dos comandos do professor, assim como pela necessária planificação do fluxo de associações da linguagem-interior da qual o escrito torna-se produto. Nessa medida, os processos de intervenção-interferência efetuados pelo professor, no jogo (inter)subjetivo instaurado no espaço de sala de aula, visam fazer com que os alunos apre(e)ndam determinado conhecimento, ou seja, que a transmissibilidade se dê. Ao fazê-lo, o professor intervém no processo de aprendizagem, dado que orienta de determinada forma sua explanação, bem como seleciona o material, os aspectos que são abordados e o modo como os aborda. Sendo assim, por intervenção compreendemos as ações pedagógicas adotadas pelo professor a fim de ensinar certo conhecimento em sua prática docente. Logo, tomamos interferência como toda e qualquer manifestação pontual do professor sobre o texto do aluno. Ressaltamos que, nesse processo, não há garantias de que a intervenção-interferência efetuada pelo professor possa reverter-se em algo favorável ao aluno, já que o aluno não recebe algo do professor de modo passivo; há interpretação, há mo(vi)mento na experiência de linguagem. Nessa medida, objetivamos analisar, a partir de uma situação particular de observação em sala de aula, o modo como se dá a intervenção-interferência do professor no processo de (re)escrita do aluno e como o aluno se relaciona com essa intervençãointerferência do professor sobre o seu texto em seu processo de aprendizagem da escrita. No que concerne à relação professor-saber, embasamo-nos metodologicamente nos estudos de Émile Benveniste sobre o aparelho de funções; já a relação professor-saberaluno será analisada, tendo em vista dos manuscritos escolares dos alunos, a partir da tipologia das rasuras proposta pela Crítica Genética. Uma política linguística no âmbito da educação ANA LUIZA MARCONDES GARCIA [email protected] [email protected] EGON OLIVEIRA RANGEL Em um clássico da área, Calvet (1995) define política linguística por meio de dois movimentos distintos, mas articulados: o da concepção e formulação (ou seja, do planejamento linguístico) e o da execução propriamente dita. Assim, oautor apresenta a política linguística como uma ação organizada, com objetivos claramente estabelecidos e dotada de racionalidade. Mais recentemente, Rangel (2013), ao analisar dois exemplos de políticas linguísticas desenvolvidas no Brasil pelo MEC, em uma mesa-redonda do X Congresso da ALAB, assinalou como, nos casos em questão, a esfera das políticas públicas acabou por impor a dois programas oficiais condições de produção tão particulares que a fórmula de Calvet, para manter seu poder descritivo/explicativo, teria de ser invertida: seria a intervenção linguística que, uma vez efetivada, se tornaria inseparável de uma formulação propositiva, muitas vezes concebida a posteriori ou mesmo apenas pressuposta. À luz dessa reflexão, a presente comunicação pretende examinar como uma outra política linguística, — levada a cabo pela Secretaria Estadual de Educação de São Paulo, por meio do programa São Paulo Faz Escola — é representada na dissertação de mestrado de uma professora-pesquisadora que participou da execução dessa política linguística, analisando-a, posteriormente, do ponto de vista acadêmico, em pesquisa da Faculdade de Educação da USP. Trata-se da disciplina Leitura e Produção de Textos que, durante 3 anos, compôs a grade curricular dos anos finais do EF na rede paulista, com o objetivo de formar o leitor literário. Os autores desta comunicação participaram do planejamento e da elaboração do material didático proposto para a execução de tal política, enquanto que a professora pesquisadora a implementou em sala de aula. As perspectivas em confronto— planejamento; execução; pesquisa acadêmica — podem evidenciar até que ponto há mais política, no campo das políticas linguísticas, do que o esquema proposto por Calvet permite perceber. Aprendendo a aprender na formação inicial de professores de línguas VERA LÚCIA BATALHA DE SIQUEIRA RENDA [email protected] EVELINE MATTOS TÁPIAS OLIVEIRA [email protected] A presente comunicação ancora-se na linguagem em situação de uso e de ensino. A estudantes de licenciatura Letras são necessárias habilidades e competências de leitura e de escrita, as quais nem sempre foram trabalhadas na educação básica, como a prática de registro e a sistematização de formas de estudo. Assim, com o foco de desenvolver esses saberes nos ingressantes, foi realizada uma pesquisa-ação com alunos de um curso de Letras de uma universidade pública; buscou-se aliar a construção de práticas de estudo à construção do perfil profissional. As lentes teóricas bakhtinianas propiciaram olhares para os posicionamentos na comunicação dialógica; de Vygotsky (2003), apreenderam-se questões ligadas à interação e à mediação; de Kleiman (2003, 2006), absorveu-se a relevância do letramento acadêmico. A base para essas escolhas foi entender que a linguagem e a constituição de identidade estão intimamente ligadas, além do objetivo de que os licenciandos se constituam profissional e integralmente como sujeitos autônomos em suas formas de estudo e de atuação profissional. Dessa maneira, optou-se por empreender um direcionamento de estudos que pudesse contribuir para construir os saberes almejados, ao longo do curso, de forma sistematizada, sequencial e responsiva, em função da organização curricular e do estilo de interação e mediação vivenciados pelo docente. O esforço foi de trabalhar os estudantes para entenderem os seus sentimentos ao aprenderem, a ficarem atentos aos seus processos de aprendizagem e a desenvolverem os usos da linguagem nos contextos acadêmicos. Os resultados apontam que se pode detectar nos acadêmicos a ampliação dos horizontes pessoais e profissionais em relação à especificidade das áreas estudadas, à capacidade de diálogo acadêmico, bem como a novos olhares sobre a aprendizagem – com isso, perceberam-se avanços na formação da identidade profissional. Professor e alunos, juntos, aprendendo a aprender. LÍNGUA INGLESA PARA CRIANÇAS NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO PÚBLICO – UM DIÁLOGO COM BAKHTIN CHRISTIANE BATINGA AGRA [email protected] A presente comunicação é um recorte de minha pesquisa de mestrado ainda em andamento. Nesse recorte, me proponho a refletir sobre a introdução da disciplina Língua Inglesa nas séries iniciais do Ensino Público. Na reflexão, serão primeiramente abordadas algumas questões referentes à Globalização e seu impacto na sociedade contemporânea. Em seguida, discorrei sobre o ensino de Língua Estrangeira para Crianças (LEC) e a importância de se pensar sobre qual concepção de Língua será utilizada no processo ensino-aprendizagem com esse público específico. Ao se optar por uma concepção dialógica e social de Língua, acaba-se por imprimir a esse processo um caráter formador e transformador. Apoio-me teoricamente na visão de língua de Bakhtin/Volochinov ([1929]/2010) que a considera um fenômeno social que só se materializa na presença do outro, na perspectiva sócio cultural de ensino-aprendizagem de Vygotsky (1978), na Linguística Aplicada Crítica (PENNYCO , 2006; RAJAGOPALAN, 2006), nos multiletramentos (KALANTZIS e COPE, 2011; ROJO, 2012), e nos estudiosos do ensino de inglês para crianças (CAMERON, 2001; BREWSTER, ELLIS & GIRARD, 2002; ROCHA, 2006; TONELLI e RAMOS, 2007; entre outros). Adotei para esse estudo a abordagem qualitativa de pesquisa e os instrumentos de coleta de dados foram planos de aulas, relatos de aula, atividades produzidas pelos alunos, além de entrevistas e rodas de conversa. Os resultados parciais apontam para o fato de que a partir do momento em que a Língua foi aproximada da realidade dos alunos, surgiram maiores oportunidades de uma aprendizagem significativa, em que o novo idioma foi utilizado não de forma mecânica e descontextualizada, mas sim como um instrumento para compreender melhor o mundo onde vivem, tornando-os capazes de transitar de uma maneira mais crítica e consciente pelos fenômenos globais e locais de nossa sociedade contemporânea. Relações de poder na formação do professor de alemão como língua estrangeira DÖRTHE UPHOFF [email protected] O trabalho tem por objetivo esboçar as relações de poder concernentes à formação do professor não nativo na área de alemão como língua estrangeira (ALE), tais como foram construídas ao longo dos últimos trinta anos através de programas e materiais de formação desenvolvidos na Alemanha e amplamente difundidos no mundo inteiro. Partindo de uma perspectiva foucaultiana, que concebe o poder como uma tentativa de conduzir a ação do outro, nossa proposta é fazer uma análise discursiva de alguns excertos da série “Fernstudienangebot Deutsch als Fremdsprache” (Oferta de Estudos a Distância Alemão como Língua Estrangeira) e de sua sucessora “Deutsch lehren lernen” (Aprender a ensinar alemão), ambas produzidas pelo Instituto Goethe, com numerosos volumes temáticos que visam dar apoio à formação do professor de alemão em outros países. O foco da análise será a imagem que é construída desse professor e de sua cultura de ensino e aprendizagem, além das mudanças nela ocorridas ao longo do tempo. Assim, pode-se verificar uma crescente preocupação em valorizar o fazer pedagógico local, com incentivos ao empoderamento do professor, mas também um persistente ceticismo no que diz respeito às habilidades didático-metodológicas do mesmo. Relações dialógicas em revista infantil: o processo de adultização de meninas CRISTHIANE FERREGUETT [email protected] [email protected] As crianças vivem em uma sociedade consumista e, bombardeadas pela publicidade, passam a ter desejos de aquisição de bens supérfluos que em sua imaginação irão transformar a sua vida para melhor. Nesse contexto, o estilo sensual e erótico, modelo que não tem nada a ver com a idade emocional e cognitivo das meninas, é distorcido em relação à idade e entra como mais uma forma de atração, fascínio e sedução. O presente trabalho apresenta as análises preliminares da nossa pesquisa que está sendo realizada através do Programa de Doutorado Interistitucional – DINTER, realizado num convênio entre a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul –PUC–RS e a Universidade do Estado da Bahia –UNEB. O objetivo geral da pesquisa é analisar como é construído discursivamente o processo de adultização e/ou erotização precoce das meninas de 06 a 11 anos de idade em diferentes gêneros discursivos contidos na Revista Recreio Girls, da Editora Abril. O embasamento teórico utilizado são os pressupostos apresentados pelo Círculo de Bakhtin, em especial os conceitos de discurso, relações dialógicas, gênero discursivo, signo ideológico, relações dialógicas e compreensão responsiva. As análises serão desenvolvidas qualitativamente observando os diversos elementos verbais e não verbais que constituem a revista em apreço. A figura do mediador linguístico-cultural no espaço da nação italiana FRANCESCA DELL’OLIO [email protected] Este trabalho caracteriza-se como pesquisa qualitativa e análise documental de políticas linguísticas de imigração na Itália e objetiva problematizarconceitos relacionados a essaspolíticas, bem como abordar como criam uma partilha de espaços linguísticos. Entende-se por “partilha” (Ranciere,2009) a relação entre o comum partilhado e a divisão de partes exclusivas: as políticas linguísticas fazem uma distribuição de maneiras de falar e de ser em um espaço de possíveis, colocando-se como parâmetros de normalidade. De acordo com Orlandi (2002), a história linguística de um país e a constituição de seu saber metalinguístico revelam a história política e social daquela época e como o sujeito-falante nela se insere. Essa distribuição é marcada ideologicamente e está imbricada, por um lado, com a ideia de nação que se apoia sobre três pilares – língua, território, identidade, com suas bases na ideologia moderna; por outro, na economia neoliberal. No fervor nacionalista europeu do século XIX, o conceito de homogeneidade linguística e social era a base do conhecimento; atualmente, porém, entendendo linguagem como elemento identitário e que constrói conhecimento, pode-se pensar em possíveis ligações entre os fundamentos ideológicos que são a base das políticas linguísticas analisadas nesta pesquisa e a construção de conhecimento sobre nos e os outros. Uma educação linguística transcultural pode participar da formação do cidadão: a ideia de “uma nação, uma língua, uma cultura”, herdada do pensamento iluminista e positivista, hegemônica e universalista, atribui homogeneidade e estaticidade às línguas, culturas e identidades, levando a uma visão homogênea e dicotômica, enquanto conceitos como o de identidade como emergência dialógica (Souza, 2010) e de nação como contínua negociação, visa uma educação para o diálogo, a diferença e o conflito, evitando buscar nos encontros interulturais tolerância. Por fim,propõe-se também focalizar a figura do mediador linguístico-cultural neste processo de imigração na Itália. Atividades de microensino como espaço de mediação com vistas à formação docente: uma perspectiva sociocultural. ADRIANA KUERTEN DELLAGNELO [email protected] MARIA ESTER MORTIZ [email protected] Sob a égide do ideário histórico-cultural vygotskiano, concebemos a aprendizagem humana – e, por implicação, a aprendizagem docente – como um fenômeno que emerge em situações sociais, históricas e culturais dinâmicas e situadas. Disso decorre a compreensão de que aprender a ensinar origina-se e se desenvolve no engajamento do professor na atividade de ensino e aprendizagem. Nessa perspectiva, contestamos a visão tecnicista de atividades de microensino e propomos a reconceitualização dessas atividades como práticas legítimas e autênticas de ensino e aprendizagem, em que professores em pré-serviço constantemente planejam e ministram aulas a seus colegas e professores e recebem destes sugestões e críticas com vistas ao replanejamento e recondução dessas mesmas aulas. Nessa linha de raciocínio, afirmamos o papel imprescindível das trocas entre sujeito aprendiz e o outro, na acepção vygotskiana do termo. Neste estudo, de base qualitativa e microgenética, acompanhamos 12 professores em processo de formação docente, participantes de atividades de microensino em uma disciplina de ensino do Curso de Licenciatura em Letras Inglês/UFSC. Verificamos que essas atividades, circunstanciadas conforme exposição acima, promoveram desenvolvimento cognitivo dos professores participantes na medida em que encontramos instanciações que evidenciam um processo gradual de transformação de práticas intuitivas e baseadas em conhecimentos espontâneos por práticas marcadas por escolhas teoricamente informadas. Reconhecemos, assim, o potencial do microensino como espaço de mediação capaz de suscitar oportunidades de reflexão e de mediação estratégica que elevam o professor em formação de um patamar imaturo e muitas vezes intuitivo para níveis de maturação marcados por reflexão crítica e teórica. Em consonância com a perspectiva sociocultural, percebemos que a apropriação do conhecimento e das habilidades necessárias para a atividade docente é caracterizada por um processo progressivo de atividades socialmente mediadas – e portanto externas ao sujeito aprendiz – para atividades internamente controladas – e portanto internas ao sujeito aprendiz. Habilidades metacognitivas e compreensão leitora: análise quantiqualitativa de estudantes calouros JAKELINE MENDES [email protected] CLAUDIA FINGER-KRATOCHVIL [email protected] A literatura tem apontado que leitores mais proficientes têm um melhor monitoramento de sua compreensão leitora se comparados aos leitores menos proficientes. Considerando essa questão, busca-se revisitar os resultados da compreensão leitora em tese de Finger-Kratochvil (2010), em seu estudo com alunos ingressantes no ensino superior, e analisar outros dados gerados na ocasião com foco na metacognição. Propõese uma análise estatística, com base em regressão e correlação linear, e a análise qualitativa dos dados. Resultados preliminares apontam que os participantes que zeraram questões cuja tarefa requeria o uso do conhecimento prévio para a resolução de questões do teste de compreensão em leitura afirmaram no questionário de avaliação subjetiva não ter dificuldade em usar o conhecimento anterior e suas experiências para a compreensão textual. Esses resultados apontam para ofenômeno da ilusão do saber, abordado por autores como Glenberg, Wilkinson e Epstein (1982) e por Tomitch (2003). Esse fenômeno interfere no aprendizado, levando a avaliação incorreta da compreensão e à alocação inadequada dos recursos de processamento, podendo ocasionar o fracasso na compreensão do texto. Busca-se o desenvolvimento de estratégias com o estudante universitário a fim de ampliar sua monitoria bem-sucedida, auxiliando nos momentos de aprendizagem por meio da leitura. Estratégias de Leitura e Produção de Releitura de Texto Literário MARLI APARECIDA BRUNO [email protected] VERA LÚCIA BATALHA DE SIQUEIRA RENDA Este presente artigo apresenta como tema Estratégias de Leitura e Produção de Releitura de Texto Literário. Percebe-se que umdos grandes desafios no ensino de Língua Portuguesa está pautado na necessidade de despertar, de forma criativa, o interesse dos alunos pela leitura dos gêneros discursivos diversos que circulam nos contextos sociais. Dentre eles, destaca-se o gênero literário com o qual a maioria dos alunos passam a ter mais contato especificamenteno ambiente escolar, no entanto ao sair da escola, o indivíduo geralmente abandona o hábito da leitura, pois encara tal atividade como algo atrelado aos exercícios escolares. Diante desse problema, o objetivo deste artigo é apresentar uma sugestão de estratégia de leitura e produção de releitura artística e escrita de texto literário, a partir de um trabalho realizado com alunos da 3ª série do Ensino Médio e dessa forma contribuir para aprimorar práticaseficazes e prazerosas para as aulas de Língua portuguesa, em particular as aulas de leitura de gênero literário e seu diálogo com outras linguagens artísticas e midiáticas. Como fundamentação teórica serão elencados os estudossobre estratégias de leitura, letramento literário e multiletramento, ou seja, o texto literário e seu diálogo com outras linguagens. Padrões de colaboração e ensino-aprendizagem de capacidades de linguagem JULIANA ORMASTRONI DE CARVALHO SANTOS [email protected] Esta comunicação está voltada à análise dos padrões de colaboração propostos por Ninin (2013), a saber, responsividade, deliberação, alteridade, mutualidade, humildade e cuidado e interdependência nas interações entre professores e alunos de uma pública do interior do Estado de São Paulo. A presente proposta faz parte de uma pesquisa de Doutorado cujo objetivo geral foi analisar o processo de produção escrita do gênero artigo de opinião. Os objetivos específicos focalizaram, principalmente, a transformação dos modos de trabalhar com os processos de escrita voltados a identificar: (a) as características da interação entre os participantes na produção do artigo de opinião e (b) os modos de apropriação das capacidades de linguagem, pelos alunos, ao longo da produção do artigo de opinião. O embasamento teórico foi construído a partir da Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural (TASHC), considerando as concepções de Vygotsky (1934/1991, 1934/2001), Vygotsky, Leontiev e Luria (1934/2001) e Engeström (1999, 2002, 2011), e da Atividade Social (LIBERALI, 2009) como desdobramento da TASHC. Os pressupostos teóricos sobre a linguagem alicerçaram-se na teoria dos gêneros de Bakhtin/Volochinov (1929/1992) e Bakhtin (1979/2011), bem como nos estudos sobre as capacidades de linguagem, desenvolvidos por Dolz e Schneuwly (2010), que focalizam o gênero de discurso como um artefato cultural para o desenvolvimento da escrita. Metodologicamente, este estudo está apoiado na Pesquisa Crítica de Colaboração (PCCol) (MAGALHÃES, 2009, 2010, 2011), metodologia que embasa a escolha e a organização de ações em pesquisas conduzidas em contextos escolares. Os padrões de colaboração observados nas interações entre os participantes da pesquisa revelaram revelaram transformações quanto aos modos de agir dos participantes e apropriações referentes ao gênero artigo de opinião. Empréstimos linguísticos da língua francesa na língua brasileira de sinais: um olhar bakhtiniano MARTA MARIA COVEZZI [email protected] [email protected] Este estudo pretende aprofundar a investigação a respeito dos empréstimos linguísticos oriundos da língua francesa na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) visando ao levantamento dos sinais em que ocorre essa interferência e à elucidação do trajeto sociohistórico desses aportes. A partir das informações que temos do envolvimento da Língua Francesa de Sinais e da Língua Francesa oral na constituição e na história do ensino da LIBRAS, observa-se que muitos sinais da Língua Brasileira de Sinais têm a configuração organizada em função da herança da língua francesa oralizada, ou ainda, da LSF – Língua Francesa de Sinais. Tendo em vista tal ocorrência, achamos relevante empreender uma pesquisa que investigue a história das línguas em contato, da língua francesa oralizada, da LSF e da LIBRAS. Tencionamos investigar os empréstimos linguísticos nas relações entre línguas orais e línguas de sinais, esclarecendo: quais línguas em diálogo produzem empréstimos linguísticos para as línguas de sinais; as influências da Língua Francesa e da LSFna LIBRAS;em que aspectos da LIBRAS esses empréstimos se fazem presentes e são mobilizados;o papel dos empréstimos linguísticos como possíveis facilitadores no ensino da LIBRAS.Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de cunho interpretativo e de análise documental; coletaremos, para nossas análises, material de ensino da LIBRAS e realizaremos entrevistas com professores da área, dados que serão analisados pelos princípios do método indiciário.Assumimos,para a análise do corpus, os conceitos que procedem da concepção enunciativo-discursiva de linguagem do pensador Mikhail Bakhtin e o Círculo, utilizando os conceitos basilares: dialogismo (línguas em diálogo), enunciado, linguagem como interação, a palavra estrangeira, signo e sinal, gênero discursivo, forças centrífugas e centrípetas e plurilinguismo. Acreditamos que as respostas às perguntas propostas poderão trazer contribuições e esclarecimentos importantes quanto ao processo de formação da LIBRAS e sua possível interferência no ensino-aprendizagem. Tensões em um curso de formação contínua para professores de inglês da rede pública de São Paulo GIOVANNA ROGGI [email protected] A formação contínua de professores é um gerador de tensões, uma vez que requer desenvolvimento e reflexão. Além disso, pode-se colocar a má qualidade dos cursos de formação de professores como um agravante para a resistência, e a maturidade (FURLANETTO, 2003). Assim, para melhor compreender as dificuldades vivenciadas nos cursos de formação contínua para professores – neste caso professores de inglês – faz-se necessário lançar um olhar sobre as tensões e suas naturezas; e um olhar sobre qual situação gera uma tensão mais gritante. Com isso, amparado nos estudos de Berry (2007), investiguei quais das seis tensões classificadas pela autora estão presentes em um curso de formação contínua para professores de inglês da rede pública de São Paulo. Para tanto, esta pesquisa lançou a seguinte questão central: Quais são as tensões em um curso de formação contínua para professores de Inglês da rede pública do estado de São Paulo? A pesquisa fundamentou-se em: Berry (2007) e Loughran (2004/2007). Além disso, este trabalho desenvolveu-se segundo orientações de pesquisa qualitativa: os dados gerados e coletados – questionários e observações de aulas e reuniões – foram analisados sob o cunho interpretativista do pesquisador (Moita Lopes, 1994). Por fim, os resultados mostram que há cinco tipos de tensões no curso, geradas, por exemplo, pela falta de relevância do curso face à realidade do professor-aluno; falta de conhecimento por parte dos formadores; das condições de trabalho dos professoresalunos; divergência de ideias em relação a ensino-aprendizagem; e discrepância das ações e intenções dos formadores. Análise de atividades de pronúncia de língua inglesa em materiais didáticos de um curso de formação de controladores de tráfego aéreo brasileiros. CARLOS ALBERTO BABBONI [email protected] Tendo em vista a relevância que a pronúncia da língua inglesa tem para os controladores de tráfego aéreo (ATCOs) brasileiros, levando em conta que o inglês é a língua oficial utilizada na comunicação internacional entre pilotos e ATCOs, este trabalho apresenta dados de uma pesquisa sobre exercícios de pronúncia presentes em três livros didáticos, publicados por editoras internacionais, utilizados em cursos voltados à formação de ATCOs militares, no qual atuamos. O problema que motivou a pesquisa foi o desejo dos alunos do Curso em aprimorar a pronúncia das palavras em inglês, uma vez que esses aprendizes sentiam dificuldade com determinados sons característicos da língua inglesa, considerando, também, que tais alunos são provenientes de diferentes regiões do Brasil, com diferentes sotaques, que interferem na inteligibilidade da pronúncia da língua estrangeira. Sendo assim, o objetivo desta pesquisa foi investigar se os exercícios de pronúncia propostos nos livros utilizados ao longo do Curso atendem aos requisitos internacionais de proficiência linguística da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI), previstos no DOC 9835. Os objetivos específicos foram avaliar se os exercícios de pronúncia propostos no material didático são suficientes e se atendem às dificuldades inerentes aos luso-falantes brasileiros. Esperamos que esta pesquisa possa contribuir para uma melhoria na performance dos alunos, falantes não-nativos do inglês, no que tange à execução dos exercícios durante o Curso e também para uma melhor compreensão nas transmissões radiotelefônicas nos órgãos operacionais de controle de tráfego aéreo onde atuam esses futuros ATCOs. Para tanto, utilizamos como fundamento as concepções de ensino de pronúncia conforme Morley (1994), Pennington (1996), Celce-Murcia, Brinton e Goodwin (1996) e Kelly (2000). Para alcançar os objetivos, foi conduzida uma análise qualitativa (CHIZZOTTI, 1998). A análise dos dados revelou que os livros não contêm exercícios suficientes/relevantes para um curso de formação de ATCOs brasileiros. Formação na e para ação: Uma atividade colaborativa de construção de conhecimento. ROSEMARY HOHLENWERGER SCHETTINI [email protected] A apresentação traz uma discussão sobre uma experiência de implementação de uma Instituição de Ensino Superior, e como as ações em momento de formação profissional pode possibilitar ou não a expansão o conhecimento e a formação ou não de sujeitos críticos atuantes no mundo. O foco recairá na reflexão como uma atitude de investigação e problematização dequestões que descortine realidades, veja os problemas em conexão com outro, e mostre os sujeitos como capazes de estabelecer mudanças no contexto como um todo, rejeitando o definitivo, um sujeito interativo (Lev Vygotsky 1896 – 1934), gestor de possibilidades da diferença. Durante a implementação a argumentaçãoteve o papel mediador na produção compartilhada de conhecimentos, construindo criativamente novos pensamentos e novas ações. Esta formação baseada na argumentação (Mosca, 2004, Liberali 2012) possibilitoua produção criativa de significados compartilhados na durante a implementação e serviu de instrumento na organização do discurso, na transformação da atividade mental de pensar sobre o fazer. Cada participante desta forma se torna responsável e responsivo em relação aos aspectos em discussão. Para focalizar o trabalho dentro da perspectiva sócio-histórico-cultural, (LevVygotsky 1896 – 1934), algumas perguntas perseguirão esta discussão: o que favorece a interação em uma situação de formação e trabalho? Como nos desenvolvemose nos transformamos ao aprender? Objetivo central desta discussãoé mostrar como a transformação a partir da análise, compreensão e redimensionamento dos aspectos linguísticos organizam as ações humanas durante a ação. Uma sala para muitas línguas: transpondo as letras, as barreiras e o inconcebível SABRINA SANT´ANNA RIZENTAL [email protected] [email protected] Considerado atualmente como uma grande nação, o Brasil vem se tornando cada vez mais o país de destino de refugiados de diversas partes do mundo. Na cidade do Rio de Janeiro, africanos, árabes, colombianos, russos, recém-chegados, não se distinguem facilmente entre os rostos miscigenados dos brasileiros. Entretanto, basta um pedido de ajuda, num português extraído dos dicionários, para que sejam imediatamente identificados. A língua, neste caso o português brasileiro, é a primeira grande barreira enfrentada por esse imigrante. As instituições envolvidas com os projetos de ensino de português brasileiro para estrangeiros postos como projetos de alfabetização, direcionados aos refugiados, enfrentam um grande desafio quanto às escolhas mais adequadas ao perfil de grupos tão heterogêneos. Este trabalho tem como objetivo apresentar uma reflexão sobre as práticas educativas que vêm sendo desenvolvidas no contexto da sala de aula. A análise tem como material a proposta da Cáritas RJ e o proferimento de Charly Kongo, refugiado da República Democrática do Congo, em evento ocorrido no Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ), na semana de comemoração do Dia Mundial dos Refugiados, celebrado em 20 de junho. Valendo-se do apoio de teóricos sob a perspectiva da Análise de Discurso, fundada nos trabalhos de Michel Pêcheux, observamos o processo de constituição dos sentidos e a construção desse novo sujeito. Concluímos que a urgência que permeia o processo de aprendizagem dos refugiados, uma vez que falar a língua do país destinatário é posta como uma questão de sobrevivência, demanda uma didática específica que considere as diferentes representações discursivas e justifique as escolhas mais convenientes à interação dos professores e educadores voluntários com o grupo, na construção desse aprendizado mútuo. Reflexões sobre a utilização da imagem no livro Aviation English RENATA TITO DOS SANTOS DIAS [email protected] Este estudo propõe uma reflexão sobre a utilização da imagem no livro Aviation English que é um material didático voltado ao ensino de língua inglesa no contexto de ESP (English For Specifc Purpose) para controladores de tráfego aéreo e pilotos. A importância desse trabalho reside em oferecer subsídios teórico e prático para autilização das imagens no contexto de aprendizagem de inglês aeronáutico. Acredita-se que este trabalho oferecerá embasamento para que se possa fazer o uso consciente das imagens do livro mencionado adaptando-as, quando necessário, ao contexto de aprendizagem do controlador de tráfego aéreo pré-serviço brasileiro. Diante do exposto, o objetivo geral desta pesquisa é analisarem que medida as imagens do livro contribuem para a aprendizagem de língua inglesa desses alunos. Os objetivos específicos são: 1) analisar como as imagens são utilizadas; e 2) propor critérios para a utilização da imagem no contexto de aprendizagem de língua inglesa voltado à formação do controlador de tráfego aéreo do Brasil. Para abordar o conceito de imagem será adotada a perspectiva de Santaella e Nörth (2001) que classificam a imagem como representação visual ou mental. A perspectiva adotada será a primeira. Também serão abordadas as considerações de Costa (2005) sobre a utilização de imagem como recurso pedagógico e sobre a classificação das imagens quanto ao uso. Esta pequisa será qualitativa, com a revisão bibliográfica concernente a este estudo: definição de ESP, definição de imagem, a importância do uso da imagem como recurso pedagógico. Este embasamento teórico servirá para discutir a utilização da imagemno livro Aviation English com o objetivo de orientar as intervenções pedagógicas para o uso eficaz de imagens no ensino de ESP para alunos controladores de tráfeo aéreo em formação. Avaliação da compreensão leitora: análise de resumos produzidos por graduandos no projeto “Ler & Educar” CLAUDIMIR RIBEIRO [email protected] [email protected] CLÁUDIA FINGER-KRATOCHVIL No Brasil, o tema sobre leitura e compreensão tem ganhado relevância nos últimos anos, sobretudo porque as avaliações nacionais, como o SAEB/Prova Brasil e o INAF, e internacionais como o PISA, têm revelado o baixo rendimento por parte dos estudantes brasileiros. Esses dados levam a questionar muitas das práticas pedagógicas desenvolvidas pela escola e denominadas de “atividades de leitura”, que podem não proporcionar aos educadores uma noção confiável do desenvolvimento e da compreensão do leitor relativa ao material lido. A partir dessa preocupação, a presente pesquisa pretende inferir o grau de compreensão leitora em resumos produzidos por graduandos da Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS, durante a participação no projeto ligado ao programa Observatório da Educação – OBEDUC, intitulado “Ler & Educar”, e sugerir o nível de proficiência expressado nessas produções. Com esse diagnóstico objetiva-se perceber que estratégias e habilidades os graduandos demonstram possuir e quais precisam ser desenvolvidas. O suporte teórico da análise é o modelo de compreensão denominado, construction-integration (CI) model (KINTSCH,1998; KINTSCH; VAN DIJK,1978) que fornece uma explicação ampla de como o conhecimento é usado na compreensão e dos processos mentais implicados no processamento da leitura, além de contemplar em suas formulações as atividades de sumarização como forma de verificar a capacidade de compreensão leitora. A partir da aplicação das macrorregas (BROWN, DAY, 1983; CASAZZA, 1993; KINTSCH, VAN DIJK, 1977; SOLÉ, 1998; VAN DIJK, 1980) determinamos as principais ideias dos textos-fonte, alvo de resumos, e as comparamos com os produzidos pelos graduandos. As análises mostram que os graduandos tendem a utilizar mais a macrorregra de apagamento/seleção e com menor frequência, ou com dificuldade, as de generalização e construção. Os usos revelaram que ideias centrais também foram apagadas e outras, que implicavam em junção de informações de diferentes partes do texto, não conseguiram ser recuperadas nos resumos. Questões de gênero e diversidade sexual em contexto escolar: perspectivas discursivas e (des)construção de identidades ARIOVALDO LOPES PEREIRA [email protected] CLODOALDO FERREIRA FERNANDES [email protected] Discutir sobre relações de gênero e a diversidade sexual em contextos escolares é a proposta desta exposição, por pensarmos que a linguagem institui realidades e (des)constroem identidades dispondo um lugar aceito e valorizado e outro silenciado e negado. A escola como um espaço de sociabilidade humana e a linguagem, materializada em discursos, podem ser mecanismos de exclusão pelos quais uns são privilegiados em detrimento de outros, na medida em que espaços são acessados por quem pertence à norma, ao esquadro e a posicionamentos discursivos de valor de verdade, em que se interditam as maneiras de ser e estar socialmente. Ao pensarmos sobre os nossos corpos e práticas afetivo-sexuais como construções discursivas, pelas quais moldamos nossas práticas sociais, é imperioso que problematizemos quais discursos são gendrados (generíficos) em ambientes educacionais, no que tange às identidades normatizadas/normalizantes que segregam e amputam o direito ao exercício da cidadania. Esta exposição converge resultados de pesquisa de doutorado (PEREIRA, 2007) e mestrado (FERNANDES, 2014), respectivamente, cujas propostas se inserem nos estudos da Linguística Aplicada e se baseiam em concepções teóricas de autores que discutem gênero, discurso e diversidade sexual. Desta maneira, para que alcancemos um debate profícuo, objetiva-se refletir sobre os mecanismos discursivos que (des)constroem identidades que agenciam e/ou negam as relações de gênero e a diversidade sexual na escola. As pesquisas evidenciaram que, ao mesmo tempo em que a escola é o espaço da abertura de debates referentes à diversidade sexual, é o lugar ainda de tradição que reverbera discursos binaristas que legitimam maneiras de ser e comportar como homem e mulher, (re)produzindo, nesse sentido, práticas sociais que subalternizam as identidades e as relações de gêneros e negando um espaço de democracia sexual no contexto educacional. Estratégias de entrevistadores nas interações face a face do exame Celpe-Bras: reflexões sobre validade e confiabilidade ELEONORA BAMBOZZI BOTTURA [email protected] SANDRA REGINA GATTOLIN Este trabalho visa relatar resultados de uma pesquisa sobre a atuação de entrevistadores em interações face a face de uma edição do exame Celpe-Bras. Por ser um Teste de Desempenho, entende-se que nas interações face a face há impacto de variáveis na validade e na confiabilidade do exame, sobremaneira no que se refere à variabilidade relacionada às diferentes atuações de entrevistadores. Ora, sabe-se que um teste de proficiência oral bem sucedido não depende exclusivamente da figura do entrevistador, contudo é válido salientar que a atuação dele influencia diretamente o desempenho dos examinandos, quer seja pelos efeitos que entrevistadores podem ter nos resultados do exame ou pela relação social que estabelecem nas interações com seus interlocutores pelo modo como encaminham a interação, promovendo diferentes condições de avaliação. Assim, este trabalho se dedica a investigar a atuação de entrevistadores e seus possíveis efeitos com enfoque em estratégias e apoios utilizados pelos entrevistadores para encaminhar as interações face a face por meio dos Elementos Provocadores e dos Roteiros de Perguntas do exame. A partir disso, os dados da pesquisa referentes ao exame do Posto Aplicador do estudo foram analisados com base na literatura correlata, mobilizando concepções e aspectos elementares para área de avaliação. Em geral, verificou-se um conjunto de estratégias recorrentes, reveladas como boas estratégias para a interação, outras estratégias e alguns tipos de apoio desempenhados pelos entrevistadores contribuíram pouco para a interação. Os resultados do estudo indicam a relevância de investimento na formação de entrevistadores como caminho promissor para minimizar riscos de ameaça à validade, de modo que o Celpe-Bras continue a mobilizar o envolvimento de diversos atores para que cada vez mais permaneça como exame sólido e frutífero não só para área de avaliação, mas sobretudo para o ensino e aprendizagem de português como língua estrangeira no contexto atual. Gêneros textuais: uma análise de propostas de atividades de leitura de livro didático de espanhol como língua estrangeira. ADEJAIR DO ESPÍRITO SANTO SIQUEIRA JÚNIOR [email protected] A comunicação relata resultados parciais de pesquisa em andamento sobre os gêneros textuais selecionados para trabalho com leitura no livro didático Nuevo Listo de Espanhol como língua estrangeira (E/LE). As reformulações das coleções didáticas acontecem vorazmente, querendo atender ao mercado, e em grande parte dos livros didáticos de E/LE é possível constatar uma preocupação com a questão dos gêneros e a sua diversidade. Cabe ressaltar que essa “preocupação” está atravessada por uma série de implicações mercadológicas e que esta pesquisa vislumbra questionar que concepções sobre “gêneros textuais” estão sendo veiculadas na coleção. Tendo como base preceitos teóricos advindos da Análise do Discurso de linha francesa (MAINGUENEAU, 2009), a de análise do córpus tem como foco o manual do professor e as atividades de leitura e compreensão leitora envolvendo os gêneros textuais. Esse recorte levou em conta o entendimento do manual do professor como produção discursiva pautada numa determinada concepção de língua e que traz no seu bojo algumas incoerências teóricas bastante evidentes. As perguntas norteadoras de nossa análises são: Que noção de “gênero” se apresenta no manual do professor? Que concepção(ões) de Língua está(ão) sendo usada(s)? De que maneira a proposta teórica verificada no manual do professor entra em consonância/dissonância com as atividades de leitura propostas? Que abordagem(ns) de leitura está(ão) sendo utilizada(s) nas atividades propostas? O encaminhamento das análises procura comprovar a hipótese de que as incoerências entre o que se propõe e o que se apresenta como atividade geram implicações negativas a respeito do trabalho com os gêneros. A investigação tem como objetivo analisar se de fato o encaminhamento das atividades que envolvem leitura e gêneros textuais estão efetivamente elaboradas de modo a oferecer condições para que os alunos desenvolvam a competência leitora, considerando as visões de língua e linguagem e leitura expostas no manual do professor. A análise linguística como um caminho para o ensino e aprendizagem de produção textual MÁRCIO DOS REIS SALES [email protected] [email protected] O alcance da proficiência na escrita passa pelo conhecimento e domínio dos mecanismos de coesão e coerência textuais, que são essenciais no processo de interação enunciador – co-enunciador. Para que essa interação seja bem sucedida, o enunciador deve cuidar da coesão textual, ou seja, da organização linear do texto, através de elementos linguísticos responsáveis por processos de sequenciação capazes de constituir relações de sentido entre os enunciados. Além disso, deve estabelecer a coerência, ao criar a organização dos níveis de sentido no nível cognitivo. É comum depararmos com redações de alunos com problemas no uso desses elementos linguísticos. O objetivo deste trabalho é apresentar a análise linguística de textos de alunos do Ensino Fundamental sob a perspectiva da Coesão e Coerência, observando seus problemas no que se refere aos elementos linguísticos responsáveis pela tessitura do texto e sua unidade significativa. Buscamos então, calcados nos estudos de Linguística Textual, em especial os realizados por Ingedore G. Koch (2004) e Leonor Fávero (2007) e nas Gramáticas de Celso Cunha e Luís F. Lindley Cintra (2001) e Evanildo Bechara (2001), levantar os principais problemas relacionados aos aspectos da coesão e coerência textuais e, a partir deles, aplicar proposta de intervenção com atividades de escrita textual. Por fim,analisamos sua eficácia e da intervenção, baseada na análise linguística, e sua colaboração no processo de produção de textos coesos e coerente por alunos do Ensino Fundamental. Processo de conscientização tecnológica dos (futuros) professores de idiomas: do acesso à criatividade JANAINA CARDOSO [email protected] [email protected] BIANCA WALSH CLAUDIA SANTOS Há um novo cenário comunicacional, ou seja, passou-se da lógica da distribuição de informação (transmissão), para a lógica da comunicação (interatividade)(Silva 2011). O ideal é que a escola também altereseu cenário educacional, passando da educação de recepção passiva da informação (conteúdo), ou seja de pura transmissão de informação, para uma situação de interatividade (Freire 1998, Morin 2002). No ambiente escolar, é preciso que haja interação entre diferentes atores (em especial, os professores e alunos). No entanto, para o professor criar condições de adotar uma prática mais colaborativa, ele tem que vivenciar esta mesma prática, saber compartilhar com colegas (Santos 2011). Por outro lado, há um crescente acesso a tecnologias modernas, e consequentemente um crescente acesso a informações. No entanto, informação não garante conhecimento. Cabe a educação auxiliar no processo de seleção das informações realmente significativas e transformá-las em conhecimento produtivo (Cimino,2007). Para cumprir este papel é necessário a preparação de educadores capazes de se utilizar de todos os recursos disponíveis, sejam eles tecnológicos ou não.Não basta o acesso, é necessário usar as tecnologias disponíveis, na busca pelo conhecimento e de forma criativa (Cardoso 2013). Nesta comunicação, apresentamos os resultados do primeiro ano de um estudo de caráter qualitativo que busca refletir sobre o processo de aquisição de uma língua estrangeira. Considera-se a influência exercida pela utilização de tecnologias de informação e comunicação no processo de aprendizagem de línguas adicionais. Os participantes do projeto de pesquisa são futuros professores de idiomas, que ao auxiliarem seus colegas com dificuldades linguísticas, ao mesmo tempo, refletem sobre suas próprias práticas pedagógicas. Acredita-se que, através da intervenção no processo cognitivo, pela utilização de atividades que busquem o desenvolvimento de estratégias de aprendizagem (Oxford 1990) e pela utilização de tecnologias mais modernas, será possível desenvolver, ao mesmo tempo, competências linguísticas dos alunos, de forma mais Coordenador ou professor? As identidades sociais construídas por coordenadores pedagógicos em cursos de idiomas SABRYNA SCHNEIDER DA SILVA [email protected] O presente trabalho tem como objetivo identificar as possíveis identidades assumidas por coordenadores pedagógicos inseridos em um determinado curso de idiomas do estado Rio de Janeiro e, observar através de suas interações quais os diferentes discursos que estes constroem em seu dia-a-dia. Considerando um contexto onde as relações entre professores e coordenadores pedagógicos podem ser conflitante devido à hierarquia e os discursos de poder envolvidos, é possível observar um coordenador ambíguo/ contraditório no que diz respeito a tomadas de decisão que este papel social requer. Ou seja, temos um coordenador assumindo, dependendo da interação que se tem, diferentes identidades. O levantamento e a coleta de dados da presente pesquisa foram feitos com gravações de sessões de feedback pós aula entre professores e coordenadores, onde essas identidades móveis/ fragmentadas (HALL, 2011), as estratégias utilizadas pelos sujeitos e as relações de poder existentes em seus discursos puderam ser identificadas. Para análise inicial, discutirei os conceitos de sujeito pós-moderno e identidade social de Stuart Hall (2011) e Luis Paulo da Moita Lopes (2003). Para complementar a análise das interações em questão, utilizarei como base a teoria da Análise do Discurso e da Conversação. Por fim, podemos concluir até o presente momento que o coordenador assume duas possíveis identidades através de seus discursos, e carrega no seu dizer marcas constitutivas de sua multiplicidade. A atual pesquisaencontra-se em andamento sendo os resultados apresentados provisórios e contingenciais, e serão desenvolvidos ao longo dessa pesquisa de mestrado. O ensino de português como segunda língua a partir de uma perspectiva sócio-histórico-cultural no Brasil DANYELLE MARINA SILVA [email protected] SIMONE UEHARA DA SILVA [email protected] MARIA CRISTINA DAMIANOVIC Esta pesquisa objetiva ampliar a produção e compreensão oral e escrita da língua portuguesa (ALMEIDA FILHO, 1992; WINDDOWSON, 1991; MOITA LOPES, 2013) para alunos estrangeiros não falantes da língua portuguesa, portanto, em seus estudos iniciais. Busca também possibilitar a ressignificação (Vygotsky, 1933) do Brasil e do ser brasileiro por meio atividades das múltiplas faces da linguagem multimodal (COPE & KALANTIZ, 2009; ROJO (2013, 2015) sócio-histórico- culturais (LIBERALI & FUGA, 2012). O estudo discutirá uma proposta didática de imersão de 60h, com base na atividade social (LIBERALI, 2013) “ser um estudante aprendiz em visita ao Brasil”. As atividades acadêmico-sócio-culturais serão realizadas em sala de aula e em visitas a locais históricos e culturais na cidade do Recife e cidades vizinhas, sendo sempre complementares umas às outras. A metodologia da pesquisa está embasada na Pesquisa Crítica de Colaboração (MAGALHÃES, 2009). A discussão da análise da proposta didática focal terá como base as categorias enunciativas, discursivas e linguísticas (LIBERALI, 2013). Os resultados esperados da pesquisa em relação ao desenvolvimento discente, apontam mudança, dentro do Quadro Comum Europeu, de A1 para A2. Em termos de ressignificação, espera-se que os discentes construam uma visão de que o Brasil não é um apenas mais um país na América do Sul e o ser brasileiro vai muito além de ser um povo feliz e comemorativo. Através desta abordagem baseada na TASCH, buscamos desenvolver os alunos em seus aspectos comunicativos e especialmente, inter e multiculturais, almejando resultados mais amplos nas relações de amizade e colaboração com o Brasil. Discurso e poder na mídia publicitária de um instituto de idiomas: enfoque dialógico FÁBIO WOLF [email protected] [email protected] Esta comunicação tem por objetivo discutir os resultados obtidos em uma pesquisa de doutorado, desenvolvida no LAEL/ PUC-SP, no ano de 2014. Essa pesquisa teve como foco investigar as inter-relações dialógicas da Língua Inglesa na mídia publicitária de um instituto de idiomas em relação ao discurso, à identidade e à ideologia na contemporaneidade. As bases teóricase metodológicas estão alicerçadas nos estudos de Bakhtin e o Círculo (2003, 2009, 2010), Pennyco (1998, 2001), Rajagopalan (1998) e Milton Santos (2000). O corpus analisado compreende duas séries de peças publicitárias de um instituto de idiomas do Estado de São Paulo, coletados em sites da web. Os resultados obtidos sugerem que as peças publicitárias estão imbricadas em relações dialógicas conflituosas, sempre interligadas a fluxos discursivos, identitários e ideológicos da globalização contemporânea e à posições valorativas a respeito do status (poder) que a Língua Inglesa ocupa na atualidade e dos sujeitos nela implicados. Na trilha do Círculo de Bakhtin – "Das margens dos rios à sala de aula: os saberes tradicionais no ensino do português" CRISTIANE DOMINIQUI VIEIRA BURLAMAQUI [email protected] [email protected] As reflexões aqui apresentadas integram a fase inicial do projeto de pesquisa intitulado Das margens dos rios à sala de aula: os saberes tradicionais no ensino do português, desenvolvido junto a Universidade do Estado do Pará. Este trabalho pretende explorar o estilo – a seleção de recursos gramaticais que caracterizam, juntamente com o tema e os elementos composicionais, os gêneros do discurso (BAKHTIN, 2007) – dos gêneros discursivos produzidos pelos povos autóctones da Amazônia paraense na transmissão de seus “saberes tradicionais”, para empregá-los na produção de material didático para o ensino de língua materna na educação básica. Utilizamos como pedra angular de nossas reflexões os estudos do Círculo de Bakhtin, contexto teórico-metodológico que permite examinar a relação existente entre linguagem e sujeito histórico-cultural como um processo dialético na produção dos gêneros do discurso. A reflexão em torno do material linguístico, advindo de registro, análise e descrição do estilo, utilizado em atividades enunciativas durante a transmissão das técnicas empregadas nos meios de produção, possibilita alimentar o debate sobre a relação entre infraestrutura e superestrutura e, assim, resgatar o dialogismo e a polivalência do signo linguístico presentes nas atividades escolares, neutralizados pela imposição de uma norma padrão monológica e monovalente. Nesta perspectiva, a análise metalinguística e o material didático produzido, a partir daqueles gêneros, constituirão a arena em que serão devidamente tratadas as ideologias e as relações de poder, refletidas e refratadas nos sistemas semióticos que integram a dinâmica social das comunidades, que mantêm fortes vínculos com as formas de produção de seus antepassados – os “saberes tradicionais” –, mas que também têm incorporado semioses próprias do mundo contemporâneo. Entender como esta relação entre o passado e o presente compõe a arquitetônica dos gêneros do discurso produzidos por esses sujeitos, será a primeira tarefa a que nos propomos. Os gêneros textuais presentes em um livro didático de EAD do curso de Pegadogia do CEDERJ: multiletramentos, autonomia e hipertextualidade em questão JEFFERSON EVARISTO DO NASCIMENTO SILVA [email protected] O EAD, a cada dia mais difundido, traz em si uma série de mudanças pedagógicoteórico-práticas que modificam o processo de ensino-aprendizagem (BARRETO, 2003). Por ser diferente do ensino presencial e possuir características próprias, impacta diretamente nas ações pedagógicas e na organização/efetivação dos materiais didáticos, dentre outros - modalidades de ensino diferentes requerem formas de ensino diferentes (LIMA JUNIOR, 2005). Essas “formas de ensino diferentes” vão incidir diretamente sobre os gêneros textuais de forma mais ampla, uma vez que estes “permeiam nossa vida diária e organizam nossa comunicação” (ROJO e BARBOSA, 2015), estando presentes em todas as nossas atividades discursivas e dialógicas – atividades realizadas pela/com/na linguagem (SCHNEUWLY e DOLZ, 1999). Definitivamente, não basta “transpor” os mesmos gêneros para o computador e acreditar que o problema foi resolvido – ele vai muito além disso. Nesse contexto, os (multi)letramentos (ROJO, 2009; BRYDON, 2011; ROJO e BARBOSA, 2015), a autonomia (NICOLAIDES e TILIO, 2011) e a hipertextualidade (MARCUSCHI, 2001; 2004; LIMA JUNIOR, 2005) podem oferecer subsídios interessantes para o trabalho com gêneros textuais, apontando caminhos necessários para uma redefinição da prática docente no contexto EAD. Sendo assim, nossa intenção neste trabalho é iniciar uma problematização do uso dos gêneros textuais em um material didático de “Língua Portuguesa Instrumental” do curso de Pedagogia a distância doCEDERJ/CECIERJ. Nossos objetos de análise são os diferentes gêneros textuais abordados nas primeiras três unidades do livro em questão e as suas interfaces hipertextuais. Como critérios de análise, nos valeremos dos pressupostos dos estudos sobre gêneros textuais e das discussões acerca dos multiletramentos, autonomia e hipertexto, buscando identificar se o que ocorre neste livro didático é uma reprodução do modo como esses gêneros textuais são utilizados no ensino presencial ou uma real mudança de perspectivas e paradigmas epistemológicos que são inerentes ao contexto EAD (PRETTO, 2003). How can I say it? – explorando a metadiscursivização do dizer em LE: perspectivas da indeterminação Vivian Mendes Lopes [email protected] O trabalho investiga a produção discursiva em inglês de aprendizes brasileiros de perfil avançado, do ponto de vista da construção de metadiscurso referente à formulação da expressão – como dizer (LOPES, 2014). O estudo procura descrever esse tipo de metadiscurso situando-o na prática de construir significação em língua estrangeira (LE), isto é, entendendo-a como uma espécie de contexto que promoveria, com relativa frequência, o questionamento da adequação da própria fala (REVUZ, 2006). Em sentido mais amplo, a pesquisa também busca contribuir empiricamente com o estudo da chamada indeterminação no discurso em LE (VEREZA, 2002), a percepção da diferença entre o que se diz e o que se gostaria de dizer. O trabalho se situa no enquadre teórico do Funcionalismo Sistêmico (HALLIDAY e MATTHIESSEN, 2004; MARTIN e ROSE, 2007), aplicado à descrição dos padrões linguísticos estruturadores do tipo de metadiscurso investigado. O corpus é constituído por amostras da produção discursiva oral em inglês/LE de licenciandos em Letras Português-Inglês de uma universidade pública fluminense, geradas em situação de pesquisa. Os resultados apontam que o metadiscurso examinado se estrutura como uma fratura do conteúdo proposicional de partida, à qual se acrescem representações do processo de dizer em curso e respostas à própria fala. A leitura das ocorrências metadiscursivas investigadas na base dessa semântica tríplice (textual , experiencial e interpessoal) parece oferecer suporte empírico à identificação de prováveis marcas de indeterminação no discurso e à reflexão sobre seus possíveis efeitos identitários. Eye Movements and Peer Editing in the L2: Applying It to the Classroom DARIAN PINKSTON [email protected] [email protected] JEFFERY KUHN MICHELLE O'MALLEY, PHD What do our eye movements reveal about L2 reading processes? Few studies to date have examined this phenomenon (Smith, 2010; Kuhn, 2012). The current study examines ESL students’ peer review processes as well as the transfer effects of the reviewer’s L1. This session presents the following questions: Does a student’s L1 affect what is noticed in the work of another? Is peer editing more effective when writers and reviewers share an L1? Is peer editing more effective when writers and reviewers do not share an L1? Results of early piloting revealed a preference for the reading of a text (written in L2 English) when writer and reviewer shared an L1. In other words, peer reviewers found the task of reading the L2 English text easier when the writer’s L1 was the same as the reviewer’s, however, this did not necessarily translate to an accuracy in identifying errors in the text. This session will elaborate ona more thorough follow-up eye-tracking study that investigated accuracy rates on same and mixed L1 peer review tasks. Reference will be made to eye movements, fixation times, language-specific errors relevant to L1 speakers of Chinese and Arabic. For example, it was hypothesized that when L1 Arabic speakers peer-reviewed English texts written by L1 Chinese speakers, they would notice, more quickly and perhaps, more easily, the errors related to specific negative transfer from the writer’s L1 – in this case Chinese. The same was hypothesized for L1 Chinese speakers peer reviewing texts written by L1 Arabic speakers. Results from this study will contribute to determining the effectiveness of peer-review tasks for individuals whose language backgrounds converge or diverge. Classroom implications will be discussed. Retextualização: uma reflexão sobre a adequação linguística e semântica da produção de texto escolar LENI NOBRE DE OLIVEIRA [email protected] ÉRICA DANIELA DE ARAÚJO RAQUEL AFONSO [email protected] Uma das preocupações dos professores em geral é a inadequação sintática, morfológica e semântica de textos de estudantes, principalmente na escola básica. Nos últimos anos, esse fator tornou-se um desafio para os profissionais da área de Linguagens, códigos e suas tecnologias, a partir do momento em que o ENEM passou a ser o instrumento de seleção para o acesso a cursos superiores no país. Isso porque a redação do ENEM exige um redator fluente no idioma, com habilidades para articular informações escritas em norma culta de forma a defender uma hipótese por meio de argumentos e ainda propor uma interferência para o problema. No presente trabalho, propomos apresentar o resultado de uma pesquisa-piloto sobre a aplicação de um modelo de retextualização de redações produzidas por uma população de alunos do 3º ano do Ensino TécnicoIntegrado de uma escola técnica federal, com o objetivo de melhorar o índice de adequação sintática, semântica e morfológica da produção dos estudantes. Pretendemos demonstrar que, por meio da coletivização dos textos e da reflexão sobre as impropriedades na escrita em norma culta, é possível melhorar a qualidade da produção de texto escolar e a performance do professor, ao mesmo tempo em que se comprova que desvios sintáticos, ortográficos e semânticos denunciam deficiências de formação de leitores e suas conseqüências na escrita e no letramento escolar. Autonomia e Competências de Ensino e Aprendizagem de Línguas: desafios e caminhos na formação de professores de alemão na UERJ GABRIELA MARQUES-SCHÄFER [email protected] ROBERTA SOL STANKE A articulação entre teoria e prática permeiam, atualmente, a formação de professores, e isso se estabelece em diversos documentos do Ministério da Educação, como o Parecer CNE/CP 9/2001, que dispõe que “aaquisição de competências requeridas do professor deverá ocorrer mediante uma ação teórico-prática, ou seja, toda sistematização teórica articulada com o fazer e todo fazer articulado com a reflexão” (BRASIL, 2001, p. 29) . Na qualidade de formadores de professores de alemão como língua estrangeira, nosso desafio é, por um lado, ministrar cursos da língua alvo ao longo de quatro anos de graduação, que possibilitem ao estudante desenvolver competência linguística equivalente ao nível B2 do Quadro Europeu Comum Europeu de Referências para Línguas (CONSELHO DA EUROPA, 2001) e, por outro lado, oferecer disciplinas e desenvolver projetos que contribuam para aquisição de conhecimento teórico e para a reflexão sobre a prática. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho é apresentar dois projetos de extensão da UERJ que contribuem para que graduandos sejam iniciados na prática docente e desenvolvam e aprimoremsuas competências de ensino e aprendizagem de línguas. A maioria de nossos estudantesingressa no curso sem conhecimentos prévios de alemão, apresenta poucas experiências com aprendizagem de línguas, e, consequentemente, também, pouco conhecimento de estratégias de aprendizagem. Através dos Projetos do ProgramaLICOM (Línguas para Comunidade) e CALIC (Consultoria e Aprendizagem de Línguas e Culturas) os estudantes podem desenvolver suas competências de ensino, de aprendizagem e de reflexão crítica. Ambos os projetos baseiam-se em pressupostos teóricos construtivistas e interacionais de ensino de línguas estrangeiras (cf. Heinrici 1995, Long 1981, Pica 1994, Vygotsky 1978 e Wolff 1994) e desenvolvem atividades e métodos que fomentam a reflexão crítica do professor de língua em formação (Freire 1996 e Liberali 1996, 2003). A produção de material didático pelo professor de LE: um desafio, uma militância CAROLINA CRISTOVÃO DE MACEDO [email protected] [email protected] Atualmente a rotina do professor de língua estrangeira (LE) é bastante frenética. Normalmente conta-se com uma carga de trabalho excessiva, além de preocupações que o seguem fora da escola. Esse cotidiano acaba fazendo com que preocupações burocráticas e administrativas, de cunho neoliberal, se sobressaiam em relação às pedagógicas, políticas e sociais. Entendemos que o empoderamento do professor ao produzir seu próprio material, ainda que como recurso complementar ao livro já adotado, seja capaz de reintegrar a prática à teoria na ação do educador, favorecendo sua reflexão acerca do próprio contexto de ensino e dos princípios teóricos que envolvem o processo de ensino-aprendizagem, além de promover seu engajamento político, crítico e teórico na prática em sala de aula. Objetivamos então caracterizar os desafios envolvidos da elaboração de materiais didáticos pelo professor, bem como analisar as consequências sociais advindas de tal atitude, por nós vista como um ato de militância. Tais reflexões se sustentam sobre a Pedagogia do Pós-Método, caracterizada por Kumaravadivelu (2003, 2008, 2012), e a Pedagogia Crítica, tal como especificada por Paulo Freire (1996, 2013) e Pennyco (1994). Encontramo-nos em um momento global resumido pelo prefixo “pós”, em que a compreensão da realidade se apresenta sob os prismas da diversidade, da complexidade e da liquidez. O ensino de LE não poderia passar ileso a tal compreensão. Assim, a reorganização do campo de ensinoaprendizagem de línguas, segundo Kumaravadivelu, vem elucidada por três parâmetros: a particularidade (considerar cada contexto de ensino como único), a praticabilidade (união entre teoria e prática) e a possibilidade (comprometimento sócio-político). Tal análise se insere em uma pesquisa de mestrado, cujo tema é a didatização de filmes. Serão então analisados o processo de produção do material didático para acompanhar a visão do filme, desde a análise de necessidade do perfil dos alunos até o uso piloto do material, e o diário de campo elaborado a partir das aulas, pela perspectiva de uma pesquisa qualitativa e etnográfica. Compreendemos, portanto, que a elaboração de materiais didáticos pelos professores para suas respectivas turmas é um ato de militância em favor de uma pedagogia crítica e coerente com o contexto global e local, contra uma homogeneização das ações didáticas, um ato que reside na superação dos desafios da rotina de um sistema generalizante e movido por interesses alheios à formação cidadã. CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: uma proposta com base em Atividade Social FABRICIA PEREIRA TELES [email protected] FRANCISCO AFRANIO RODRIGUES TELES [email protected] O objetivo deste trabalho é apresentar algumas propostas curriculares para a Educação Infantil com destaque para uma organização curricular com base em Atividade Social que tem como ênfase de ação aprender brincando. Para compreensão de um currículo com base em Atividade Social para Educação Infantil, o trabalho fala das primeiras iniciativas curriculares no campo da educação (LIBERALI, 2009), situando os fundamentos nas ideias de Marx, no Materialismo Histórico Dialético e na Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural criada por Vigotski (1930/2004; 2007), ampliada por Leontiev (1978) e outros autores, bem como sobre a concepção de linguagem enfocada por Vigotski (1934/2000), Bakhtin/Volochinov (2009), sem deixar de discutir também a Pedagogia dos Multiletramentos, teorizada e desenvolvida por Kalantzis e Cope (2013), Rojo (2015), e outros. Dessa forma, a discussão tem como parâmetro um estudo bibliográfico e descritivo. Para concluir, o trabalho deixa o convite àqueles que têm interesse em realizar uma educação situada e que considerem as mudanças contínuas de nosso tempo. A formação crítica de professores alfabetizadores: Um relato parcial de pesquisa em uma escola municipal de São Paulo IRIS VANESSA ALVES MARQUES ANNUNCIATO [email protected] [email protected] Esta comunicação apresentará resultados parciais da pesquisa de mestrado em Linguística Aplicada da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo –PUCSP- grupo: Linguagem em Atividades no contexto escolar- LACE. O objetivo desta comunicação é apresentar resultados parciais da pesquisa sobre formação de professores alfabetizadores em uma escola da rede municipal de São Paulo. O trabalho foi realizado com três professoras do 1º ano da Educação Básica de uma escola Municipal de São Paulo. Está apoiada nas contribuições de Vygotsky (1930,1934), Leontiev (1978) e Engeström (2001) no que se refere à Teoria da Atividade Sócio-HistóricoCultural. A formação de professores é entendida como uma atividade sócio-históricocultural, em que professores e pesquisadora são participantes de todo o processo críticoreflexivo, sendo as aulas e os encontros momentos de possibilidade de transformação . A metodologia adotada é a Pesquisa Crítica de colaboração (PCCol) discutida por Magalhães (2010) e participantes do Grupo de Pesquisa Linguagem em Atividades no Contexto Escolar (LACE), cujo objetivo é criar contexto de negociação, tendo como central relações crítico-colaborativas entre os participantes. Os dados foram analisados priorizando os aspectos enunciativos, discursivos e linguísticos, com base nos sentidos da argumentação. A “desencapsulação” do currículo por meio do multiletramento: um relato parcial de pesquisa em uma escola de ensino médio do estado do Ceará. MARIA REGINA DOS PASSOS PEREIRA [email protected] [email protected] Esta comunicação apresentará resultados parciais da pesquisa de doutorado em Linguística Aplicada da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo –PUC-SPgrupo: Linguagem em Atividades no contexto escolar- LACE. A referida pesquisa versa sobre a implementação do Digital Media and Education - Digi- t -med, projeto que prevê a Aprendizagem e Desenvolvimento por meio de mídia digital em uma perspectiva qualitativa sobre o dia a dia de jovens em diferentes situações. O trabalho está sendo desenvolvido em uma escola estadual de ensino médio do município de Beberibe no estado do Ceará. Nesta pesquisa investigo o multiletramento nas diferentes áreas do conhecimento, como uma maneira de transformar um currículo “imposto” e “prescritivo” num currículo vivo, e “desencapsulado” (Engeström,1991). A necessidade de uma pedagogia dos multiletramentos foi afirmada em um manifesto feito pelo Grupo de Nova Londres (GNL) em 1996. Nesse manifesto, o grupo afirmava a necessidade de a escola trazer para o seu fazer pedagógico, os novos letramentos emergentes na sociedade atual, de modo a levar em conta e incluir no currículo a grande variedade de culturas existentes. Nesta comunicação será abordado o desenvolvimento do projeto, desde a sua concepção na referida escola até a presente data. Todo o trabalho durante os encontros com professores, alunos e pesquisadora estão pautados na Pesquisa Crítica de Colaboração - PCCol (Magalhães,2011) e na perspectiva do multiletramento (New London Group, 1994). A língua de sinais como foco de construções de sentidos: reflexões sobre a atuação e prática pedagógica. CARLA REGINA SPARANO TESSER [email protected] O objetivo deste trabalho é analisar e compreender de que forma o aluno surdo argumenta e constrói conhecimento durante as aulas de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), tendo em vista a interação entre professor-pesquisador e alunos. O foco de investigação está na linguagem enquanto instrumento que organiza o pensamento e a reflexão para promover a construção de sentidos e significados. Considerando que a LIBRAS é uma língua visual e o acesso à informação, para o aluno surdo, é complexo, o professor deve promover uma aprendizagem significativa, na qual os conteúdos abordados em sala de aula não devem ser produtos acabados ou fechados, já que é por meio das perguntas, consideradas atos de expansão dialógica, que o professor pode desenvolver o processo de ensino-aprendizagem. Na intenção de refletir sobre a questão da mediação enquanto instrumento para o aluno surdo perguntamos: "Que tipos de perguntas o professor de Libras pode realizar para promover a argumentação e a interação entre os sujeitos em sala de aula?". Este trabalho baseia-se na perspectiva sociocultural de Vygotsky (1978/2008, 1978/2007) – mais especificamente os conceitos de mediação e zona de desenvolvimento proximal –, Bakhtin (1975/2009) segundo a perspectiva dialógica da linguagem. Em termos metodológicos, este trabalho está inserido no paradigma crítico de caráter interpretativista. Para este estudo os dados foram levantados por meio de videogravações de aulas em que a professora ouvinte fluente em Libras trabalha com seus alunos surdos, tais dados foram transcritos de LIBRAS para Língua Portuguesa com o intuito de analisar os tipos de perguntas e os argumentos desenvolvidos durante as aulas. A transversalidade nas aulas de língua portuguesa: possibilidades para a ampliação dos multiletramentos HELENA MARIA FERREIRA [email protected] A escola, como um espaço de formação, torna-se um dos locais de discussão, de reflexão e do desenvolvimento de comportamentos e de atitudes que promovam uma consciência crítica sobre essas questões ambientais. Nesse contexto, um questionamento recorrente é: Quais são as contribuições do gênero campanha educativa para a ampliação dos multiletramentos? É essa a questão que norteia este trabalho, que é constituído por uma pesquisa teórica e por uma análise de campanhas educativas, com vistas a analisar as potencialidades desse gênero para o aperfeiçoamento das habilidades linguístico-discursivas de estudantes. Constatou-se que esse gênero pode contribuir para a formação humana dos alunos, viabilizando o domínio dos conteúdos/conhecimentos relacionados, a reflexão efetiva da língua nas práticas sociais, o desenvolvimento de atitudes de responsabilidade ética/social e de preservação ambiental, bem como a ampliação dos letramentos. A partir da análise de campanhas educativas, foi possível constatar que a formação do leitor proficiente se efetiva na ativação dos conhecimentos prévios (condições de produção, de circulação e do assunto); no estabelecimento do objetivo da leitura; na leitura do texto verbal e do não verbal e na reflexão crítica sobre o texto e, principalmente, pela possibilidade de formação para a cidadania. Trabalho do professor de línguas estrangeiras na educação básica brasileira: visão discursiva sobre sentidos de teoria e prática Alice Moraes Rego de Souza [email protected] O presente trabalho faz parte de um conjunto de estudos já desenvolvidos e por se desenvolver dedicados à reflexão sobre a atividade profissional do docente de língua espanhola (E/LE) / língua estrangeira (LE) na educação básica. Em primeiro momento, por meio de pesquisa realizada durante período de mestrado, desenvolveram-se estudos sobre a formação docente de um licenciado em E/LE no contexto pós-reforma das licenciaturas (2001), levando-nos a observar discursividades que participam da formação deste profissional que atuará/ atua na educação básica brasileira (SOUZA, 2013). Atualmente, o interesse versa sobre discursos que participam da constituição profissional de um professor de E/LE e LE na escola brasileira, na medida em que compõem um conjunto de prescrições ao trabalho deste profissional da educação, dentre os quais se podem recortar para fins deste estudo: os parâmetros curriculares nacionais de língua estrangeira moderna (LEM) de 1998, as orientações curriculares nacionais para o ensino médio de 2006, a formação acadêmica materializada por meio de estruturas curriculares de licenciatura em Letras Português-Espanhol (cuja análise se realizou na referida pesquisa de mestrado) e duas orientações curriculares de municípios do Rio de Janeiro para o ensino de E/LE e LEM (Rio de Janeiro e Niterói). Por meio destas produções linguageiras, pretende-se realizar breve análise dos sentidos de “teoria” e “prática” na constituição de um ideal de trabalho docente em língua estrangeira, especialmente, de língua espanhola. Para isso, recorre-se aos estudos da análise do discurso de base enunciativa (MAINGUENEAU, 1997, 2005, 2008), buscando fomentar certa discussão sobre categorias de análise e conceitos produtivos, visando ao desenvolvimento de um estudo crítico sobre os discursos que atravessam o trabalho de docentes de E/LE e que, por conseguinte, constituem os rumos da educação linguística na escola básica brasileira. Posições Discursivas, Resistências e Deslocamentos Subjetivos de Duas Professoras de Inglês Atuantes em Contextos de Privação de Liberdade VALDENI DA SILVA REIS [email protected] [email protected] O presente trabalho investiga posições discursivas assumidas ou negadas por duas professoras de inglês, atuantes em Unidades Socioeducativas para menores em conflito com a lei na região de Belo Horizonte, MG. A presente investigação lançará um olhar para duas professoras atuantes neste espaço de reclusão/exclusão, a fim de se aproximar da forma como elas aí se constituem como professoras de inglês, aí também têm seu fazer e dizer delimitados. De modo mais específico, estaremos focados na compreensão acerca do modo como as professoras deste contexto constituem seu posicionamento e possível redimensionamento discursivo e subjetivo, frente à atuação de uma pesquisa(dora) em sua sala de aula. Para tanto, o estudo explora teorias em torno da formação do professor de LI e da instrução formal nos limites da sala de aula; da noção de tempo e memória relacionados à noção de espaço, além de questões em torno dos deslocamentos identitários e subjetivos, como pontos centrais da proposta. Serão analisadas entrevistas feitas com as referidas professoras que recebiam em suas salas de aula, pesquisas distintas. Análises indicam deslocamentos subjetivos vivenciados pelas professoras ao serem convocadas a repensar seu fazer pedagógico e seu posicionamento discursivo, assumindo ou negando – de forma não harmoniosa ou constante – a posiçãoprofessora de inglês, como possibilidade ou não de empoderamento. O uso de múltiplas mídias na escola: sentidos de alunos da rede pública de SP CAMILA SANTIAGO [email protected] MARIA CRISTINA MEANEY [email protected] FERNANDA LIBERALI Este trabalho tem como objetivo apresentar e discutir os diferentes sentidos de alguns alunos da rede pública de São Paulo sobre o uso de múltiplas mídias na escola. A discussão baseia-se na análise verbo-visual da argumentação presente em dados produzidos no primeiro encontro do projeto Digit-M-ed Brasil. Os resultados dessa análise guiaram o desenvolvimento desse projeto, que visa engajar pesquisadores, educadores e alunos na transformação da escola por meio da discussão crítica de assuntos atuais e da criação de unidades didáticas/tarefas com base nos conceitos de Multiletramento (THE NEW LONDON GROUP, 1996) e de Atividade Social (LIBERALI, 2009), buscando a desencapsulação do currículo (ENGESTROM, 2002). O corpus de análise constitui-se de duas performances (HOLZMAN, 2009) gravadas, nas quais alunos de Ensino Fundamental e Médio apresentam suas visões e sentidos (VYGOTSKY, 1930/1999) sobre como o uso de múltiplas mídias poderia melhorar a qualidade do processo de ensino-aprendizagem na escola. Na perspectiva da Linguística Aplicada, os dados foram analisados por meio da materialidade nas falas e ações dos participantes, à luz de categorias que consideram a produção de conhecimento na Argumentação (LIBERALI, 2013), e discutidos a partir dos conceitos de Multiculturalidade, Multimodalidade e Multimídia (THE NEW LONDO GROUP, 1996). Os resultados apontam para o caráter reprodutivo das práticas escolares na visão dos alunos, uma vez que o uso de mídias reforça experiências usuais em aulas tradicionais. Por outro lado, eles também expressam a possibilidade de se considerar o uso de novas e antigas mídias em ciclos de remediação, como sugerido por Bolter e Gusin A tessitura de um projeto integrador: compreendendo o nível de barreiras enfrentadas por docentes das diferentes matérias envolvidas CLAUDIA MARIA LOPES [email protected] [email protected] A formação continuada que almeja capacitar os docentes a navegar por práticas de letramento cada vez mais inter e indisciplinares e a ótica de educação como ato responsável preconizada por Bahktin (SZUNDY, 2014) têm sido objeto de pesquisa amplamente problematizado e abordado em diversas esferas acadêmicas que se ocupam da melhoria na educação pública; porém, não é objetivo dessa comunicação apresentar e discutir profundamente essa temática específica, por mais interessante e instigante que seja, e por mais provocadores que sejam os vários debates que tem motivado; por si só, ela exigiria outro fórum. O objetivo principal, cuja natureza está fundada na concepção sócio-histórico-cultural de Vygotsky (1998 [1930]), busca compreender em que medida três docentes responsáveis por diferentes disciplinas em uma escola pública técnica do subúrbio do Rio de Janeiro encontraram obstáculos na tessitura de um projeto interdisciplinar intitulado Manual de sobrevivência, fruto do último módulo de um projeto de formação continuada intitulado PLIEP. Para tanto, além dos pressupostos de multiletramentos (GEE, 2000), este estudo convoca a pesquisa colaborativa na perspectiva de Coulter (1999), a metafunção ideacional (HALLIDAY, 2014) servindose do sistema léxico-gramatical da transitividade para olhar mais de perto os processos mentais que vão buscar mapear as marcas que podem fornecer pistas para se compreender que obstáculos dificultaram a tessitura da prática social dialógica de letramento em pauta. Emoção, experiência e ensino-aprendizagem: um olhar para o sujeito na educação infantil DANIELE GAZZOTTI [email protected] [email protected] Esta comunicação se baseia em uma pesquisa de doutorado em fase inicial cujo objetivo é compreender criticamente o papel do vínculo afetivo estabelecido entre educador e aluno para o processo de ensino-aprendizagem nos âmbitos (i) social e (ii) escolar. Partindo de uma perspectiva calcada na Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural (LEONTIEV, 1977; VYGOTSKY, 1930 e 1934) e no materialismo histórico dialético de Marx (1973), esta pesquisa tem como uma de suas preocupações centrais o desenvolvimento e transformação dos indivíduos, acreditando que é na atividade humana (revolucionária) que o homem transforma a si e ao seu contexto. Os conceitos principais que embasam esta investigação são a internalização das funções psicológicas superiores (VYGOTSKY, 1930/1984), a experiência emocional (perezhivanija) e o ensino-aprendizagem. Nesta perespectiva, considera-se que a interação entre os sujeitos promove o surgimento de zonas de desenvolvimento proximal (VYGOTSKY, 193335/1984 e NEWMAN & HOLZMAN, 2002) compreendidas como zonas dialéticas criativas de produção de sentidos e significados. A linguagem, compreendida tanto como um elemento constitutivo dos sujeitos (BRAIT, 2001) quanto como mediador de suas relações, ao ser internalizada, possibilita novas formas de interação entre os sujeitos bem como seu desenvolvimento social e psicológico. A produção de dados se dará em um contexto de educação infantil bilíngüe em que as relações entre alunos e professora-pesquisadora será investigada à luz da teoria aqui brevemente apresentada. Pretende-se evidenciar que o processo de ensino-aprendizagem (da socialização e dos conteúdos) se amplia conforme o laço afetivo com o educador se intensifica. O Pensar Alto em Grupo: um apoio à formação do professor de língua materna GISLAINE VILLAS BOAS [email protected] [email protected] O Grupo de Pesquisa GEIM (Grupo de Estudos da Indeterminação e da Metáfora), sob coordenação da Profa. Dra. Mara Sophia Zanotto, tem investigado o Pensar Alto em Grupo, uma metodologia de geração de dados, que vem se tornando uma prática pedagógica importante no processo de leitura em sala de aula. Como integrante do grupo, minha pesquisa aponta como esta prática preza pela interação entre os participantes de um evento de leitura (alunos do curso de Letras e professorapesquisadora) no momento de ler, redefinindo os papeis no âmbito escolar: do texto, do professor-leitor e do aluno-leitor. Por isso, considero esta pesquisa com o Pensar Alto em Grupo um apoio à formação do professor de língua materna que vem ao encontro das propostas dos PCN’s de Ensino de Língua Portuguesa (KLEIMAN, 2001). Este trabalho se insere na Linguística Aplicada na medida em que investigo um ambiente de uso real da linguagem, com usuários reais: a leitura em sala de aula. Assim, a proposta é abandonar a hegemonia da leitura única, imposta pelo professor ou pelo livro didático, e privilegiar a interação no processo da construção de leituras (ZANOTTO, 2014). Desse modo, apoio-me no paradigma qualitativo de pesquisa, que me permite a inserção nas práticas socioculturais envolvidas neste evento, bem como a análise dessas práticas. Analiso, então, o discurso produzido na interação face a face em um evento de leitura, destacando o papel crucial dos conceitos metafóricos e metonímicos mobilizados pelos participantes ao explanarem seus conceitos acerca de texto, de aluno-leitor e professorleitor. Portanto, entender o que pensa o futuro professor sobre qual a posição do texto, qual a posição do professor e do aluno no processo da leitura em sala de aula e propor uma reflexão sobre a própria prática se consolida num trabalho de conscientização e transformação do futuro professor. Projeto digit-m-ed/Brasil e a intermediação entre os vários modos, mídias e culturas na ressignificação da leitura JÉSSICA ALINE ALMEIDA DOS SANTOS [email protected] VIVIANE LETÍCIA SILVA CARRIJO [email protected] EDNA OLIVEIRA DO CARMO [email protected] Esta comunicação apresenta a análise multimodal de uma questão presente na unidade didática, produzida pelo grupo Digit-M-ED/Brasil, em 2013. Tal grupo tem a finalidade de repensar nos modos de atuação das escolas, que dele participam, para discutir como o conteúdo escolar poderia ser abordado na perspectiva dos Multiletramentos, em uma proposta de desencapsulação da aprendizagem (Engeström, 2001). A unidade didática consiste em um currículo transdisciplinar em que as disciplinas de História, Língua Portuguesa, Matemática, Ciências e Inglês dialogam e integram a mesma temática, nesse caso, “Manifestações”. Neste trabalho, o foco é a leitura e consequente construção de efeitos de sentidos pelos participantes na análise da primeira tarefa da disciplina de História. Na questão analisada, percebe-se, em sua constituição de instrução e direcionamento, a presença de aspectos da linguagem multimodais, multiculturais e multimídiaticos que exigem dos leitores a busca pela compreensão do enunciado por mecanismo para além do código linguístico. Tal análise é feita a partir das categorias da multimodalidade (Kress,2010); da Sistêmica Lógico-Semântica (Martinec e Salway,2005) e da linguagem argumentativa (Liberali,2013). As Interações imagem-texto e os objetivos didáticos das composições multimodais: uma análise de material didático virtual. SÂMIA ALVES CARVALHO [email protected] ANTÔNIA DILAMAR ARAÚJO Na atualidade temos percebido que não apenas o verbal, mas também o modo visual de representação de sentidos tem a capacidade de construir formas complexas de signos que tem coerência interna e que se relacionam com o contexto e com os objetivos daqueles que os criam. Ao serem utilizados em conjunto, os modos verbal e visual criam áreas de complementariedade semiótica (ROYCE, 2007) de forma que parte do sentido reside em um modo e parte em outro e somente através da leitura do conjunto dos modos é que se podem acessar os sentidos do texto. A compreensão desses textos requer a leitura da linguagem verbal, das imagens e das relações entre seus elementos. Esta pesquisa visa identificar quais as interações imagem-texto presentes em atividades online compostas por textos multimodais cujos objetivos de ensino sejam trabalhados através da complementariedade intersemiótica. É ainda objetivo da pesquisa, verificar quais concepções os alunos tem dos textos e se percebem as relações entre os elementos e a função didática da interface verbal-visual no ensino. A pesquisa fundamenta-se teoricamente na Semiótica Social e na visão metafuncional da comunicação, desenvolvidas pela Linguística Sistêmico Funcional de Halliday e Matthiessen, (2004) e pela Gramática do Design Visual de Kress e van Leuween (2006). Esse arcabouço teórico será utilizado para explicar os elementos presentes na interface imagem-texto. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, descritiva e interpretativa. Os participantes foram solicitados a lerem primeiramente somente o texto verbal e a responder um questionário. Em seguida, leem o texto adicionado do conteúdo não verbal e respondem um segundo questionário. Embora a pesquisa encontra-se em andamento, resultados preliminares apontam para a percepção da consciência das relações entre os elementos do texto e para a ausência de habilidades na leitura, especialmente dos sentidos expressos pelas imagens ou destas em conjunto com o verbal. Área: Linguagem, Tecnologia e Educação As Dimensões de Variação do Português Brasileiro em Redações de Vestibular JULIANA PEREIRA SOUTO BARRETO [email protected] A pesquisa relatada aqui tem por objetivo identificar padrões lexicogramaticais encontrados em textos dissertativo-argumentativos produzidos por candidatos a graduação. Mais especificamente, esse estudo verifica o modo como esses textos se encaixam nas dimensões de variação do português brasileiro (Berber Sardinha; Kauffmann; Acunzo, 2014), para, a partir desse conhecimento, sugerir formas de desenvolvimento de atividades de ensino voltadas à produção de redações de textos dissertativo-argumentativos em material didático de língua portuguesa. A pesquisa recorre ao arcabouço teórico da Linguística de Corpus e Análise Multidimensional. O corpus de estudo, composto por cem redações escritas por candidatos a ingresso em cursos de graduação do Ensino Superior, foi etiquetado com o Palavrasparser e pósprocessado com um script que calcula o escore de cada texto em cada uma das seis dimensões de variação. Em um primeiro momento é verificado o modo como as redações dos candidatos se distribuem nas seis dimensões de variação do português brasileiro. Em seguida, essa variação é observada em relação às notas dadas às redações por avaliadores, a fim de determinar se é possível discriminar as redações em relação à “qualidade” com base nos escores da análise multidimensional. Por fim, acredita-se que os resultados aqui encontrados possam vir a proporcionar contribuições relevantes ao campo da produção textual em língua portuguesa no Brasil uma vez que se faz necessário uma orientação sintático-semântica mais apurada aplicada ao ensino e ao aprendizado da produção redações de textos dissertativo-argumentativos por candidatos a ingresso em cursos de graduação do Ensino Superior. Tendências no percurso histórico dos dicionários de língua de sinais brasileira PALOMA BUENO FERNANDES DOS SANTOS [email protected] [email protected] O presente trabalho trata de mostrar a evolução dos tipos de dicionários de Língua de Sinais Brasileira – LSB com o surgimento das novas tecnologias digitais. A pesquisa foi motivada pela ausência de dicionários de LSB completos, atualizados com terminologias específicas em diversas áreas do conhecimento. Visto que os dicionários tradicionais em versão impressa não acompanham as mudanças e o surgimento de novos sinais da língua, os recursos tecnológicos favoreceram a publicação de novas modalidades de dicionários; glossário e sinalário de LSB. O objetivo da pesquisa foi fazer um levantamento de tipos de dicionários de LSB impressos, digitais e apresentar algumas características desses tipos de dicionários. A pergunta que norteou a pesquisa foi: quais as diferenças entre as modalidades de dicionários tradicionais impressos em LSB; glossário e sinalário? As hipóteses da pesquisa são que as tecnologias influenciaram as características adotadas nos novos dicionários, diferentes da tecnologia tradicional impressa, não se utilizam mais do termo “dicionário”. Espera-se que esta pesquisa possa contribuir para a apresentação do panorama histórico de dicionários de LSB e diferenciação dos tipos de dicionários de LSB. Para tanto, utilizaremos como fundamento as concepções de Barbosa (2001), Stumpf (2005) e Sperb e Laguna (2010). Para realizar este trabalho, utilizamos um corpus composto por três dicionários de LSB, sendo um impresso, dois digitais, sendo, um em versão desktop online e outro em versão de aplicativo móvel. A coleta de dados foi feita por meio de pesquisa e análise do corpus qualitativamente. Os resultados mostraram algumas características que os dicionários de LSB apresentam e diferenças entre os outros tipos de dicionários que atualmente estão em versão digital. Letramento crítico e ética no ensino de língua inglesa a distância WILLIAM MINEO TAGATA [email protected] [email protected] Este trabalho constitui uma reflexão sobre uma experiência de ensino a distância no contexto de um curso de Letras em uma universidade pública brasileira. Trata-se do PARFOR – Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica, em andamento nessa universidade desde 2011. A partir de minha experiência como professor responsável pela disciplina “Estágio supervisionado em língua inglesa III”, começo com um detalhamento dos processos de elaboração e implementação das atividades da disciplina, realizados em uma perspectiva de letramento crítico (FREIRE, 1996; CERVETTI, G; PARDALES, M.J.; DAMICO, J.S., 2001; BRYDON, 2010; ANDREOTTI, 2014; STREET, 1995). Em seguida, relaciono os conceitos de letramento crítico e de ética, baseando-me no argumento de que uma proposta de ensino de língua inglesa em uma perspectiva de letramento crítico deve necessariamente tocar na questão da ética (DELEUZE, G.; GUATTARI, F., 1987; 1996; FOUCAULT, 2004; 2006) enquanto subsídio para uma reflexão profunda sobre os papeis de professores e de alunos no processo de ensino e aprendizagem de línguas, e suas implicações sociais, políticas e históricas. Entre as questões que pontuam essa reflexão, incluo: de que formas a ética pode informar e enriquecer práticas de letramento crítico no ensino de línguas, tanto em ambientes presenciais quanto no ensino a distância? Como o sujeito ético concebido por Foucault e Deleuze se mostra particularmente apto a desenvolver seu letramento crítico? Por fim, termino com uma análise dos resultados preliminares obtidos logo após o término da disciplina, considerando tanto os aspectos que corresponderam às expectativas do professor e dos alunos no início da disciplina, quanto os problemas decorrentes da falta de adesão dos participantes à proposta teóricoepistemológica da disciplina. Essa análise pode contribuir significativamente para o aperfeiçoamento e a consolidação de cursos a distância, especialmente no que tange à formação de sujeitos éticos e criticamente letrados. Aprendizagem Colaborativa de Língua Inglesa Explorando a Leitura e a Produção De Hipertextos MARIANA BACKES NUNES [email protected] PATRÍCIA DA SILVA CAMPELO COSTA BARCELLOS [email protected] O trabalho investiga de que modo podem ocorrer os processos de leitura e produção escrita colaborativa de hipertextos em língua inglesa a partir de tecnologias digitais. Seguindo os estudos de Lévy (2007), Gomes (2010) e Marcurshi (2001), definimos hipertexto como um texto escrito e lido de forma multilinear no qual podem ser adicionados links, permitindo ao leitor escolher uma sequência de leitura a seu critério. É um texto digital formado por vários segmentos textuais ligados em rede, o qual permite que o leitor participe do seu processo de construção, tendo o seu sentido definido no momento da interação entre o leitor e o hipertexto. A metodologia utilizada neste trabalho é qualitativa, de cunho interpretativista e de caráter exploratório descritivo. A geração de dados para a pesquisa foi divida em três etapas com atividades realizadas por alunos de Graduação em Letras de uma universidade pública do sul do país com nível intermediário de inglês. A primeira etapa consistiu em leitura e análise de apresentações acadêmicas postadas na web com o tema geral ensino e aprendizagem de língua inglesa. A criação de uma apresentação gráfica hipertextual sobre um subtema escolhido pela dupla integrou a segunda etapa. Por último, os alunos analisaram os hipertextos produzidos por seus colegas, refletindo sobre a utilização das novas tecnologias em contexto escolar. Analisando os processos das atividades desenvolvidas, constatamos que houve colaboração (Swain, 2006) entre os alunos, pois eles trocaram conhecimento entre as duplas ao tentar desenvolver as tarefas da maneira mais eficaz. Os graduandos conseguiram também explorar o ambiente digital e o leque de possibilidades que o hipertexto proporciona, enquanto utilizavam a língua estrangeira para mediar suas interações. Espera-se que com a realização da presente pesquisa em um curso de licenciatura os professores em formação possam explorar ainda mais as novas tecnologias em suas práticas futuras. Gêneros multimodais na formação do professor: articulação do verbal e do não verbal na construção de sentidos MARIA DO CARMO SOUZA DE ALMEIDA EVELINE MATTOS TÁPIAS-OLIVEIRA [email protected] Na sociedade contemporânea, profundas são as modificações nos modos como o saber circula na vida social em decorrência dos diferentes aparatos tecnológicos disponíveis. Em decorrência disso, o letramento do futuro professor precisa ser considerado de uma perspectiva mais ampla: a dos letramentos multissemióticos. Como formadores de professores, consideramos que refletir sobre as produções de sentidos a partir da recepção e do uso das linguagens midiáticas nas Licenciaturas é tão importante quanto inserir os discentes nas práticas discursivas universitárias. Desse modo, objetivo desta comunicação é apresentar uma sequência didática com estratégias de leitura do gênero trailer cinematográfico para alunos de Licenciatura – Pedagogia e Letras. Percebemos que o gênero trailer pode se útil na Pedagogia dos Multiletramentos (LEMKE, 2010; ROJO, 2012, 2013) que prioriza ações as quais abrangem multiplicidades de cultura, de linguagens e de multimodalidades no ensino de línguas. Além disso, pode contribuir para o ensino/aprendizagem de diferentes habilidades relativas ao letramento de língua portuguesa: fazer inferências, localizar informações, compreender e interpretar textos, avaliar a finalidade de um texto, reconhecer características linguísticas e discursivas de textos multimodais cujo objetivo é persuadir a audiência, entender como a combinação de diferentes linguagens juntas constroem significados, dentre outras, tais como trabalhar em grupo, interagir e desenvolver a linguagem oral. Acreditamos ser essencial que os futuros professores saibam considerar o uso dos meios de comunicação em sala de aula não de uma perspectiva meramente instrumental, pois há uma mudança em curso que é cultural, ou seja, há implicações epistemológicas envolvidas. Outrossim, urge pensar uma educação que estimule o aluno a aprender por meio da exploração, do ensaio e do erro em busca de novas possibilidades. Curso de inglês para propósitos acadêmicos: opinião de pesquisadores sobre o interesse pelo ensino na modalidade a distância. STEFANIE DELLAROSA [email protected] ELIANE AUGUSTO-NAVARRO [email protected] A língua inglesa é reconhecida como Língua Franca e, portanto, seu domínio é fundamental entre aqueles que buscam melhor desempenho profissional, principalmente no que se refere ao âmbito acadêmico, uma vez que é a língua internacional da ciência. Cursos de Inglês para Propósitos Específicos (IPE) podem ir ao encontro daqueles que se interessam pelo aprimoramento dessa língua, principalmente por serem cursos que tem como foco os objetivos dos participantes e são oferecidos em menor tempo, se comparados a cursos tradicionais de língua (ROBINSON, 1991). Atrelada à noção de tempo e espaço, podemos pensar em cursos a distância que podem atender a demanda daqueles que consideram essas duas questões impedimentos para prosseguir ou dar início aos seus estudos, visto que em cursos nessa modalidade, ambos possuem seus papeis redimensionados (ROZENFELD, 2013). Nesta comunicação apresentamos as opiniões de pesquisadores de uma universidade pública do estado de São Paulo acerca do interesse por cursos de Inglês para Propósitos Acadêmicos (IPA) a distância. Verificamos grande interesse por parte desses participantes, tendo como maior justificativa a flexibilidade de tempo e espaço que cursos nessa modalidade proporcionam. Entretanto, observamos que ainda muitos não reconhecem a eficácia desses cursos em virtude da falta de informação sobre eles, principalmente com relação à interação e oportunidades de comunicação oral. Apresentamos, portanto, as asserções dos participantes discutindo essas questões, entre outras, e enfatizando as principais características desses cursos e destacando os redimensionamentos dos papeis dos participantes e do conceito de ensinar e aprender. O princípio idiomático e o princípio de escolha aberta na produção escrita de alunos brasileiros em inglês como língua estrangeira CRISTINA GIL [email protected] Esta pesquisa tem como principal objetivo detectar indícios do princípio idiomático e do princípio da escolha aberta na produção escrita de alunos brasileiros em inglês como língua estrangeira e desenvolver atividades a fim de instrumentalizar os alunos a usar o princípio idiomático na sua produção escrita. A base teórica desta investigação é a Linguística de Corpus (SINCLAIR, 1991; BERBER SARDINHA, 2004), a partir da noção de linguagem como sistema probabilístico (HALLIDAY, 1991; BERBER SARDINHA, 2004), de modo geral, e os princípios idiomático e da escolha aberta, em particular (SINCLAIR, 1991). A metodologia consistiu da coleta de um corpus de escrita de aprendizes brasileiros de inglês e do subsequente exame de todas as sequências de palavras dos textos do corpus. Esse procedimento, conhecido por ‘collocation tracking’, foi introduzido por Berber Sardinha (2014) e consiste no uso da ferramenta de mesmo nome. A ferramenta faz a varredura de todos os candidatos à colocação nos textos e os compara a um corpus de referência representativo da língua em questão, no caso o inglês. Quando a ferramenta atesta a ocorrência de um candidato de colocação no corpus de referência, computa tal ocorrência como incidência de princípio idiomático, mas quando não atesta tal ocorrência, considera o candidato uma incidência do princípio de escolha aberta. O ‘collocation tracking’ foi usado apenas em textos em português e, com esta pesquisa, foi empregado pela primeira vez em textos em inglês. O corpus de referência é o enTenTen, o maior corpus da língua inglesa com atualmente 10 bilhões de palavras, disponível no sítio SketchEngine. Após a varredura do corpus, os resultados indicaram que os aprendizes usaram 62% de colocações em seus textos quando comparados com o corpus de referência. Foram desenvolvidas atividades com o objetivo de instrumentalizar os alunos a usar o princípio idiomático em sua produção. Vozes Enunciativas Compartilhadas na Formação Inicial em Letras: O Papel da Argumentação na Elaboração Colaborativa de Aulas de Espanhol no Estágio Supervisionado. TÂNIA MARIA DIÔGO DO NASCIMENTO [email protected] SIMONE REIS [email protected] Esta comunicação visa discutir o papel da argumentação (LEITÃO, 2000), na inserção das vozes enunciativas (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1997) na prática da elaboração colaborativa (DIÔGO, 2015) de aulas de língua espanhola, no processo de regência da disciplina de estágio supervisionado, na licenciatura em Letras/Espanhol. A visão reflexiva-crítica (LIBERALI, 2008) é um dos pilares teóricos dessa pesquisa que entende a disciplina de Estágio Supervisionado em Língua Espanhola como um espaço de interlocução mútua (GIMENEZ e PEREIRA, in REICHMANN, 2012) entre os formadores, estagiários e professores colaboradores. Outro aspecto balizar é a visão de sala de aula como uma práxis (LIBERALI, 2010) para o processo de ensinoaprendizagem de uma língua estrangeira, como um instrumento-e-resultado (LIBERALI, 2010), para um reposicionamento social (DAMIANOVIC, 2011) e a construção de novas relações de interdependência (LIBERALI, 2011). Alicerçada na metodologia da Pesquisa Crítica de Colaboração (MAGALHÃES, 2009), esta pesquisadora, em uma postura de formação interventiva (OLIVEIRA &MAGALHÃES, 2011), discute os dados com base nos aspectos enunciativos, discursivos e linguísticos (LIBERALI, 2013). A análise inicial dos dados dessa pesquisa de doutorado revela que os discentes do Estágio Supervisionado expandem seus conhecimentos de forma internamente persuasiva (BAKHTIN/VOLOCHINOV,1997) e constroem o conhecimento em sala de aula, atribuindo-lhe novos valores, sentidos e significados, na mediação (VYGOTSKY,1934) do professor, de outros colegas e da sua performance (HOLZMAN,2008), como professor que lhes permite ir mais além de si mesmos. Transletramentos Da Cultura Digital Através De Wikis Em Um Curso De Língua Adicional Inglês. RICARDO TOSHIHITO SAITO [email protected] [email protected] O aprendizado de Novos Letramentos, por professores e alunos, e seus desdobramentos transmidiáticos, fruto das affordances presentes na Web 2.0, transforma a realidade na qual vivemos e cria a necessidade de aprendermos a ressignificar a(s) identidade(s) dos sujeitos e grupos sociais aos quais pertencemos e o mundo no qual vivemos. Nesse novo Ethos (LANKSHEAR & KNOBEL, 2011), onde sujeitos e grupos sociais “exploram novos modos de fazer coisas e novas maneiras de ser [...] incorporando também novos significados sobre quem somos ou podemos ser” (MOITA LOPES, 2012), ser/tornar-se multi/transletrado implica em ser capaz de transitar por espaços virtuais onde a construção do conhecimento e o seu compartilhamento envolve um discurso menos autoritário, mais participativo e dinâmico. A reflexão sobre essas novas práticas pedagógicas que contemplem a inter/trans/ multidisciplinaridade (ARAÚJO, 2012) através do Ensino de Novos Letramentos/Transletramentos inseridos na Cultura Digital podem contribuir para que os alunos e professores reflitam sobre a Cultura Grafocêntrica e as diversas linguagens presentes na Cultura Digital, seus modos de organização e funcionamento dentro das práticas sociais e culturais, durante as aulas de Língua Materna e/ou Língua Adicional, Inglês. Assim, uma wiki foi escolhida por ser um meio que oferece suporte a diversas modalidades (modes) e funcionalidades (facilities). Os objetivos da presente pesquisa são (1) descrever como as affordances midiáticas podem transformar as relações tradicionais de uma Cultura Escolar baseada no professor, quadro negro e livro didático; e (2) as apropriações dessas novas práticas escolares oriundas da Cultura Digital, no cotidiano desses alunos, dentro das telas. Serão apresentados ainda alguns resultados parciais de um projeto-piloto, com alunos de Língua Adicional (inglês), em um Centro de Idiomas situado em uma cidade no interior do Estado de São Paulo. A collocation dictionary for Brazilian Portuguese TONY BERBER SARDINHA [email protected] [email protected] TELMA SÃO BENTO FERREIRA CRISTINA MEYER ACUNZO The goal of the current study is to create a corpus-based collocations dictionary of Brazilian Portuguese. The dictionary will list the collocations for the most frequently used words in Brazilian Portuguese, according to the Brazilian Corpus (CEPRIL, Fapesp, CNPq, PUCSP), a one-billion-word collection of written and sp en language. In this paper, a preliminary analysis of the top 10,000 most frequent words in the corpus will be presented. A number of word forms were removed from this initial list, including malformed strings and foreign words. For each of the remaining words, the 2,000 most typical collocates were extracted from the corpus based on the statistical strength between the node word and the collocates as indicated by the LogDice statistic. The collocate tables were obtained through the SketchEngine API, which enabled direct queries to the online corpus hosted on SketchEngine.co.uk from a python script. These collocates were drawn from a random selection of up to 20,000 concordance lines for each word. The most frequent collocates across all the words were identified and listed, providing the collocational profile of each word. These collocates were then entered in a factor analysis, which grouped the words into word sets that shared similar collocates. These sets in turn indicate the most usual meaning sets in Brazilian Portuguese. The dictionary will list the collocational sets as well as the meaning sets. The research reported here is supported by CNPq (Brasília, Brazil). Dicionários bilíngues para aprendizes e a sala de aula de língua estrangeira CAMILA HÖFLING [email protected] [email protected] Essa comunicação tem por objetivo apresentar considerações a respeito do uso de dicionários bilíngues para aprendizes em sala de aula de língua estrangeira. Baseados nos estudos de HOFLING (2006), consideramos que tais dicionários são diferentes dos bilíngues tradicionais, uma vez que se concentram nas necessidades de produção de aprendizes que são falantes de uma L1 específica. Embora no mercado há algum tempo, muitos professores de inglês (de diferentes contextos de sala de aula) ainda não estão convencidos de seus benefícios (ou mesmo de sua existência), valendo-se da estrutura do dicionário monolíngue padrão para aprendizes como a melhor opção para seus alunos. Sem subestimar a excelência dos monolíngues para falantes não nativos, é importante mostrar que há características sobre as quais até mesmo o melhor monolíngue não consegue dar o suporte necessário para o aprendiz de língua estrangeira. Valendo-se de estudos recentes sobre dicionários bilíngues (LEW e ADAMSKA-SATACIAK, 2014), apresentamos argumentos dessa hipótese ilustrados por entradas de dicionários para falantes de português e resultados de levantamento realizado em sala de aula de língua estrangeira. A Linguística e Corpus e a formação continuada de professores de inglês: aplicação de uma nova metodologia para o ensino ELIENE DE SOUZA PAULINO [email protected] [email protected] O objetivo deste trabalho é apresentar a introdução da Linguística de Corpus (LC) a um grupo de professores de língua inglesa da rede pública de ensino de Contagem, Minas Gerais, por meio da formação continuada. Esse tipo de formação fornece ao professor a possibilidade de aperfeiçoamento e expansão do conhecimento por meio da reflexão e da prática e, neste caso, por meio da sua instrumentalização em uma nova metodologia de ensino. Para Celani (2009, p.10), “a formação continuada do professor de língua estrangeira é uma necessidade premente”. A importância da aplicação da LC no ensino e da consequente utilização de materiais baseados em corpora é enfatizada por Bennett (2010), a qual fornece exemplos de atividades e instrução para que professores utilizem a LC na sala de aula. Sinclair (2004, apud BENNETT, 2010), por sua vez, enfatiza que o professor precisa de orientação a respeito de como extrair informação do corpus e de treinamento de como avaliar as descobertas de sua pesquisa para o uso em sala de aula. Em consonância com tal proposição foram oferecidas aos professores participantes cinco oficinas de trabalho com a Linguística de Corpus com o foco na produção de atividades didáticas. Os instrumentos de coleta utilizados constituem-se em questionários, avaliação on line dos participantes, atividades produzidas pelos professores e apresentação de trabalho na oficina final. A análise dos instrumentos coletados, conferida por meio da pesquisa qualitativa, seguirá os procedimentos indicados por Bennett (2010) e Reppen (2010). Os resultados demonstram, entre outros aspectos, que os professores buscam por novas estratégias de trabalho e reconhecem, na formação continuada em LC, a valorização profissional e uma importante contribuição para a atuação pedagógica. Freedom of Speech: Um diálogo dialógico à luz da pedagogia da argumentação SIMONE REIS JULIANA OLIVEIRA [email protected] Esta comunicação tem o objetivo de apresentar os resultados obtidos, neste primeiro semestre de 2015, com uma turma de graduandos em Licenciatura Letras – Inglês – UFPE, envolvidos em um trabalho contemplando multiletramento, isto é, entendendo que a linguagem acontece de forma multimodal, multicultural e multimidiática. À luz da Teoria da Argumentação (LIBERALI, 2013; DAMIANOVIC, 2012; LEITÃO, 2012), inserida na Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural – TASHC –(VIGOTSKY [1934]2000; ENGESTRÖM, 2009), temos como propósito construir um cidadão envolvido no tempo, espaço e cultura do qual faz parte, através de uma relação dialógica (BAKHTIN/VOLOCHINOV, [1929] 1992), onde a Linguagem vá além de uma ferramenta linguística e seja o meio pelo qual os seres humanos se posicionam e reposicionam seus papéis para e na sociedade em que vivem. Através de atividades didáticas – elaboradas pela mestranda-pesquisadora, Juliana Gama, colaboradora deste projeto – enfatizamos o uso das categorias enunciativas, discursivas e linguísticas, propostas por Liberali (2013), realizadas através de enunciados investigativos – perguntas – na tentativa de criar um espaço de construção crítico-colaborativo, entendendo a pergunta, na perspectiva da argumentação, como um ato de expansão dialógica (NININ, 2013). Concordando com Mateus (2006) que saber argumentar dialogicamente significa aumentar o potencial que cada um tem de trabalhar, democrática e colaborativamente diversos pontos de vistaa favor de uma compreensão compartilhada, para encontrar pontos em comum, rever e transformar pontos de vista, respeitando todos os participantes, pressupondo que várias pessoas têm partes de respostas e que juntas podem alcançar soluções, propomos uma atividade, Diálogos Dialógicos, cujos resultados práticos esperamos que corroborem a teoria estudada. Explorando possibilidades da tecnologia no ensino de língua inglesa com alunos de escola pública: produção de vídeos a partir de séries e sitcoms TARSILA RUBIN BATTISTELLA [email protected] [email protected] Este trabalho, vinculado à área temática “Linguagem, Tecnologia e Educação ”, tem como objetivo realizar uma exposição sobre a interação entre a teoria sociocultural e estudos na área da informática na educação, com base em elementos teóricos e em pesquisa realizada com o uso da tecnologia em sala de aula. Nesse sentido, esta comunicação apresenta dados de um projeto de ensino de inglês a partir de séries de televisão e sitcoms, em contexto de ensino público, mediado pela tecnologia, por alunos do ensino médio integrado – informática – de um instituto federal. Observa-se ainda em que medida as tecnologias digitais podem contribuir para a construção e o compartilhamento de conhecimento em LE (língua estrangeira) nesse contexto de aprendizagem. Acredita-se que o ensino-aprendizagem de línguas de qualidade passa pela exploração de recursos digitais na promoção de uma interação social e mobilização de recursos tecnológicos na construção conjunta de sentido na LE. Dessa forma, a geração dos dados ocorreu em três encontros no laboratório de informática, em que uma sequência de tarefas colaborativas envolveu a prática auditiva e discussões acerca das séries de televisão e sitcoms. O projeto culminou com a produção de um episódio curto em inglês, gravado e editado por meio do uso de ferramentas digitais, tomando por base uma das cenas assistidas pelos alunos. Finalmente, almeja-se demonstrar que o ensinoaprendizagem de línguas em contexto público de ensino deve ser problematizado de forma a mediar a tecnologia e a interação na construção conjunta de conhecimento na LE. Falar É Fácil! – Uma Análise Das Atividades Propostas Para O Desenvolvimento Oral Da Lingua Inglesa Pelo Aplicativo Mais Popular Da Play Store LEONARDO SARMENTO TRAVINCAS DE CASTRO [email protected] O aplicativo Android Duolingo desponta, entre seus pares da loja virtual Play store, como o de maior número de downloads (acima de dez milhões) e melhor avaliação do usuário (4,6). Além disso, anúncios promocionais afirmam que seu aluno aprenderá a ler, escrever, compreender auditivamente e a falar o idioma estudado. Esta pesquisa objetiva investigar se o Duolingo apresenta atividades que exercitem, de fato, competências necessárias para o desenvolvimento da oralidade na língua inglesa. Dessa forma, espera-se oferecer uma análise teoricamente embasada que possibilite aos usuários e àqueles que pretendem utilizar ou recomendar (no caso de professores) o aplicativo a tomarem decisões conscientes para a iniciação, continuação ou mudança de estratégia dos estudos com o uso desse software. Do ponto de vista teórico, buscaramse autores como Thornbury (2006), Lightbown e Spada (2011), Larser-Freeman (1991), entre outros, a fim de elucidar: 1) quais os principais conhecimentos necessários para a obtenção da fluência oral em um segundo idioma; e 2) os conceitos de tais conhecimentos e de outros a eles subjacentes. A pesquisa foi realizada em três etapas. Inicialmente, estudaram-se os quarenta e quatro primeiros níveis do Duolingo. Em seguida, classificaram-se os tipos de exercícios propostos pelo aplicativo em onze categorias, identificando quais habilidades linguísticas cada uma delas visava desenvolver no aluno. Por fim, compararam-se essas habilidades àquelas apontadas pelos autores acima mencionados. Desse cotejo, pôde-se demonstrar que, de acordo com os critérios aqui estabelecidos, o Duolingo não oferece prática plena das competências necessárias para o desenvolvimento da produção oral de seus usuários. Os esquemas de interação/mediação e a participação dos alunos do Curso de Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa – da UFPA/UAB ANA LYGIA CUNHA [email protected] [email protected] O estudo das regras de funcionamento das discussões que se dão em fóruns de cursos a distância ou semipresenciais pode auxiliar na busca de soluções para algumas das limitações tradicionalmente imputadas a esta modalidade de ensino, além de dar aos profissionais interessados em nela atuar informações úteis para a seleção de estratégias em sua prática docente, na busca da mediação do desenvolvimento de seus alunos, o que, certamente, inclui a interação com estes. Para Garrison e Anderson (2003), a realização de um ensino-aprendizagem exitoso, na modalidade, na medida em que proponha atividades que promovam o aprendizado colaborativo e individual de forma equilibrada, depende do professor, a quem denominam “educador”. Este trabalho tem como objetivos investigar a interação que se dá no fórum de discussão com vistas à identificação e à caracterização dos diferentes esquemas de mediação adotados por professores do Curso de Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa – na modalidade a distância, ofertado pela Universidade Federal do Pará por meio do programa Universidade Aberta do Brasil, e a relação de tais esquemas com os tipos de participação dos alunos na interação com professores, tutores e colegas. O uso de tecnologias na reorganização das práticas didáticas com base nos Multiletramentos MARLENE RIBEIRO DA SILVA GRACIANO [email protected] Este estudo aborda parte de uma pesquisa sobre formação continuada de professores para repensar o trabalho desenvolvido com a leitura e escrita no processo ensinoaprendizagem das diferentes disciplinas em cursos do ensino médio. Especificamente a experiência realizada com dois professores e seus alunos sobre a utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação nas práticas de ensino será analisada. O objetivo foi analisar os significados atribuídos por professores e alunos ao uso de tecnologias no trabalho com a leitura e escrita no processo ensino-aprendizagem das diferentes disciplinas em cursos do Ensino Médio. Tratou-se de uma pesquisa crítica de colaboração, fundamentada na Teoria Sócio-Histórico-Cultural, na perspectiva enunciativo-discursiva e na Pedagogia dos Multiletramentos. Os dados foram produzidos por meio de entrevistas, videogravações de aulas e sessões reflexivas com alunos e professores. A aprendizagem e desenvolvimento dos alunos revelam a importância do uso das linguagens multissemióticas nas atividades de leitura e escrita. Os professores tiveram menos alcance na ressiginificação do uso multimídia na reorganização das aulas. Este estudo aponta a necessidade de formação continuada dos professores para o uso das linguagens multissemióticas no processo ensinoaprendizagem como forma de vencer a cristalização dos sentidos. Produção oral em contexto online: potencialidades das TICs no processo de ensino e aprendizagem de português como língua estrangeira ANA LUÍZA GABATTELI [email protected] O desenvolvimento das tecnologias da informação e comunicação modificaram a concepção de sala de aula ao diversificar os espaços de construção do conhecimento e despertaram o interesse pela aprendizagem de línguas estrangeiras. Após a análise da proposta pedagógica de dez cursos online de Português como língua estrangeira (PLE), foi constatado que a maioria deles não ofereciam momentos de prática oral, apenas focavam no desenvolvimento da compreensão oral, leitura e produção escrita. A partir deste cenário e à luz de Warschauer e Meskill (2000), Ramos (2002), Paiva (2003), Stanford (2009), Stickler e Hampel (2010) e Furtoso (2011), apresento algumas possibilidades de utilização do ambiente virtual de aprendizagem Moodle e de ferramentas integradas a ele a fim de incentivar a produção oral de aprendizes de PLE em um curso piloto online baseado em tarefas comunicativas (SCARAMUCCI, 1999) elaborado por mim para minha pesquisa de Mestrado. Linguagens, tecnologias e educação: Smartphones e recursos humanos NARA HIR OTAKAKI [email protected] Mesmo com a Internet, a cidadania pode continuar mantendo o professor como detentor e transmissor de conhecimento e os alunos como recipientes passivos que reproduzem as ideias do professor, do autor e de si mesmos. Na cultura de cidadania significativa, entretanto, ambos e a instituição na qual atuam podem criar espaços de aprendizagem ubíqua, criativa e relevante. São os recursos humanos que dão o tom e, dentro das possibilidades, vários caminhos podem ser construídos com seus elementos acionados pela potencialidade dos aprendizes. Um desses elementos é o aplicativo WhatsApp de telefonia móvel como os smartphones. Os smartphones, compreendidos como mescla de computador e celular, podem encurtar a distância entre as desigualdades sociais (Walton, 2013). Para muito além do compartilhamento de fotos e meras mensagens, o ambiente WhatsApp vem fazendo sua parte para transformar as pedagogias de transmissão. Nesse sentido, essa apresentação se encaixa na temática de linguagens situadas e educação. Nesse cenário, os momentos de engajamento, agentividade e transformação de identidades, práticas sociais, relações de poder e transculturalidades estão em estado de sofisticação/complexidade e velocidade ímpares. Essa paisagem digital, epistemológica, ontológica, educacional etc. existe dentro de uma pesquisa, cuja metodologia adotada é qualitativa intersubjetiva, pois as construções de sentido dos alunos de Letras e de Pós-graduação em Estudos de Linguagens são levadas em consideração bem como as da pesquisadora à luz dos aportes teóricos que embasam tal pesquisa. O objetivo desta comunicação oral é apresentar e discutir algumas das produções dos referidos alunos também à luz do referencial teórico escolhido. Este traz conceitos de espaços de aprendizagem situada/contextualizada (Gee, 2004;), multimodalidades, ou seja, o encontro de imagens, sons, animações, gestos e espacialidades (Kress, 2010), relocação de sentidos (Pennyco , 2010) e multiletramentos - visual, digital, espacial, midiático, escolarizado, não-escolarizado, crítico redesenhados e dinâmicos (Kalantzis; Cope, 2012). A conclusão parcial reitera o poder da interface altamente interativa que estimula os aprendizes a estender discussões iniciadas na sala de aula e disponibilizar materiais multimodais e inovadores com reinício de debates e alternativas para solucionar questões imediatas do dia a dia e coaprendizagem dialogada, criticidade, autocrítica, sentimento de pertença e reinvenção da escola. Análise da linguagem verbo-áudio-visual de duas propagandas infantis como proposta de leitura. IVANICE NOGUEIRA DE CARVALHO GONÇALVES [email protected] [email protected] As lacunas no ensino da leitura do gênero discursivo propaganda e a carência de habilidades das crianças na leitura motivaram o desenvolvimento desta pesquisa que objetiva analisar e explorar a linguagem verbo-áudio-visual como recurso didático para tornar a leitura de alunos do ensino fundamental mais profícua. Para cumprir essa proposta, a teoria dialógica da linguagem de Bakhtin e do Círculo fundamenta a análise a partir da concepção de gênero discursivo, relações dialógicas e ideologia, entendendo a linguagem como prática social. Conta-se também com o apoio teórico de autores que tratam da linguagem visual como Dondis e Guimarães, de Barthes na linguagem sonora e de Dolz, Noverraz e Schneuwly com modelo de sequência didática. Para cumprir essa proposta de análise, foram selecionadas duas propagandas de brinquedos, uma da boneca Barbie e seu salão de beleza, e a outra do boneco Max Steel e seus acessórios, ambos da empresa Mattel, com o objetivo também de propor uma sequência didática para o ensino e desenvolvimento da leitura das linguagens verbal e não verbal, tornando os alunos leitores mais perspicazes desse gênero discursivo e menos influenciáveis por seus apelos consumistas. A análise mostrou que o texto verbal da Barbie traz um apelo marcado pela beleza, vaidade, imediatismo e futilidades. Já no texto verbal do Max Steel, há predominância de verbos de ação e aventura chamando os meninos para brincar com o boneco. Os tons fortes da cor rosa e do lilás utilizados em Barbie mostram a intenção de manter as meninas no mundo rosa de fantasias da boneca, onde elas podem viver seus sonhos de ser o que quiser. Na propaganda do Max Steel, as cores levam os meninos para o universo masculino com os tons de cinza, verde, azul e amarelo que reforçam a ideia de forte, poderoso, sério, que encara o perigo e aventuras. A paródia da música Barbie Girl, envolve as meninas no discurso da propaganda que além de consumidoras, passam a divulgar o produto ao cantarolar a melodia. Em Max Steel, os sons de tempestade imprimem o tom de aventura e perigo com o qual os meninos se identificam. Espera-se com essa análise contribuir para que as crianças sejam leitoras proficientes do gênero propaganda, pois a leitura proficiente pode ser uma estratégia poderosa para minimizar os efeitos dos apelos consumistas das propagandas. A formação tecnológica a distância para docentes de um curso Técnico em Secretariado, sob a perspectiva da complexidade. KEYLA CHRISTINA ALMEIDA PORTELA [email protected] [email protected] O objetivo deste estudo é descrever e interpretar o fenômeno formação tecnológica dos docentes do curso técnico em Secretariado de uma instituiçãofederal, por meio da oferta de um curso a distância utilizando a plataforma Moodle. A pergunta de pesquisa: Qual a natureza do fenômeno formação tecnológica dos professores do curso Técnico em Secretariado de uma instituição federal baseado na complexidade sob a perspectiva de todos os participantes? é ponto instigador deste trabalho. Os aportes teóricos para este estudo forambaseados na Complexidadede acordo com Morin (1996, 2000, 2002, 2011), Behrens (2006) e Freire (2009, 2012); na educação a distância, conforme Moraes (2004) e Moran (2007); a formação tecnológica de professores segundo Kenski (2010), Almeida (2003, 2005), Valente (2003), Moraes (2007, 2008), Freire (2009, 2010, 2012) e Silva (2012); e o design educacional complexo, na visão de Freire (2013). Esta pesquisa investigou a natureza de uma experiência vivida, a abordagem metodológica adotada é a abordagem hermenêutico-fenomenológica, a partir da perspectiva de van Manen (1990),Ricoeur (1986/2002) e Freire (1998, 2007, 2010). Os participantes da pesquisa foram 6 docentes com formação técnica que ministram aulas no curso Técnico de Secretariado de uma instituição pública federal. A descrição e a interpretação da manifestação do fenômeno em foco foram feitas por meio dos processos da textualização, tematização e pelo ciclo de validação e operacionalizados pelas rotinas de organização e interpretação, propostos por Freire (2007, 2010). As associações desenvolvidas revelaram que o fenômeno em estudo se estrutura em 4 grandes temas e seus desdobramentos. São eles: atualização com o desdobramento novos recursos; conceito com seus desdobramentos ead, oportunidade, resistência, preconceito, inovação, comprometimento; desafio e seus desdobramentos elaboração, conhecimento, e por último, o tema determinação (sem desdobramentos). Inquietações acerca do uso das múltiplas linguagens na escola: abordagens na Licenciatura em Letras GLEICE DE DIVITIIS [email protected] [email protected] Neste século XXI, com o avanço das Tecnologias de Informação e Comunicação e a exigência por uma reforma pedagógica que atenda às necessidades da sociedade, o professor busca uma espécie de “reinvenção” da sua prática no cotidiano escolar. Nesse sentido, as licenciaturas podem contribuir substancialmente nesse processo, desde que as disciplinas lecionadas e demais atividades possíveis estejam de acordo com as perspectivas atuais. Dentro desse panorama, o presente artigo terá como intuito investigar a matriz curricular dos cursos de licenciatura em Letras (Português/Inglês e Inglês), de instituições privadas, localizadas na cidade de São Paulo e região metropolitana e, a inserção de disciplinas relacionadas com a utilização de múltiplas linguagens (jornal, revista, redes sociais, TV e, outras tecnologias) na sala de aula. Para tanto, foram selecionadas, por meio do site “e-mec” do Ministério da Educação, as instituições de ensino superior (IES) que possuem cursos em vigência, sem quaisquer restrições. Posteriormente, observou-se na página mantida na internet pelas instituições, as matrizes curriculares e demais documentos disponibilizados que revelassem as disciplinas, as ementas, além da carga horária. A análise está embasada nos pensamentos de Bauman (2007), Thompson (1998), Moita Lopes (2013) e Citelli (2001), além de outros pesquisadores que retratem a sociedade e a escola contemporâneas. Constatou-se que a questão relacionada às tecnologias ainda é bastante incipiente, visto que a carga horária é variável (no comparativo entre as IES) e, até pouco tempo, as discussões acerca das tecnologias e/ou múltiplas linguagens no contexto escolar eram inexistentes. Business English Materials Based on a Corpus Linguistics Approach MARIANNE RAMPASO [email protected] [email protected] Multinational companies and the process of globalization led to an expansion in the Business English area, requiring the development of teaching materials focused on specific needs of professionals using the language in use. In this paper we present a linguistic analysis of a Business English Corpus and the subsequent development of corpus-based teaching materials. Such resulting materials were based on the corpusbased analysis of these registers. Firstly, the corpus was analyzed in two ways and a keyword list was extracted for each register using COCA. Afterwards, the top 100 keywords of each register were pulled out and a concordance was run in AntConc. In addition, we identified the following major lexico-grammatical patterns: collocations, colligations, and n-grams. Then the corpus was tagged using the Biber Tagger and the features were counted. A taxonomy of exercises was also developed, providing a framework for the design of the materials, and this comprised: (1) frequency tables analysis, (2) concordance analysis, (3) patterns analysis, (4) collocates, etc. Our findings resulted on the creation of teaching materials. Doing so, the material incorporated additional material found in Sketchengine and SkELL. The activities were then applied to an advanced Business English student and we collected his reflections on learning with the materials; we also recorded the teacher’s reflections in a reflective journal to gain insights into the process of teaching with corpus-based materials.The results of this study showed us the need for corpus-based teaching materials in general and Business English materials in particular. It also stresses the need for materials based on design criteria and a taxonomy of corpus-based exercises. Finally, the study shows the gap in our current knowledge about the process of teaching and learning with corpus-based materials and also provides data on how both students and their teacher reflect on this process. Um Olhar indisciplinar às práticas de Letramentos digitais dos escritores/fãs de ficção BIANCA JUSSARA BORGES CLEMENTE [email protected] [email protected] Neste trabalho, pretende-se apresentar os resultados parciais de uma pesquisa de natureza exploratória, na qual foram analisadas as interações entre escritores/fãs de ficçãode comunidades virtuais. Esta investigação tem inspiração na etnografia virtual com observação participante. O objetivo é entender a definição de fanfic como gênero discursivo digital ,como também, as práticas de letramentos digitais/multiletramentos dos escritores/fã de ficção em ambiente virtual. Para embasar este estudo, aponta-se as seguintes perguntas de pesquisa: 1) Será que fanfics com sequência de vários capítulos com tramas ficcionais bem fundamentadas podem ser consideradas escrita amadora? 2) Como práticas de escrita além das fronteiras da autoria e originalidade são aceitas nas comunidades virtuais? Para responder essas perguntas, foram coletados dados, por meio da observação participante entre a pesquisadora e os escritores/fãs de ficção em comunidades virtuais. O arcabouço teórico visa dialogar sobre às relações originalderivado de uma obra ficcional para além das fronteiras disciplinares, para isso, o diálogo com a Linguística Aplicada (IN)disciplinar de Moita Lopes (1998/2008) e Transgressiva de Pennyco (2001/2008) possibilitam uma análise às práticas sociais em plataformas online de escritores/fãs de ficção. Isso porque, afanfic pode ser interpretada como prática social e de interação dialógica Bakhtin (2003) já que escritores/ fãs de ficção retomam, refutam, complementam ou sugerem outras possibilidades de tessitura às obras ficcionais mediadas pelas práticas de letramentos digitais Rojo (2015) em comunidades virtuais de fã de ficção. A percepção de estudantes de ensino médio sobre o idioma espanhol em contexto de ensino e aprendizagem REGIANE PINHEIRO DIONISIO PORRUA [email protected] [email protected] DEISE CRISTINA DE LIMA PICANÇO Esta comunicação tem como objetivo mostrar a diversidade de qualificativos e suas regularidades de sentido que descrevem a percepção de estudantes de ensino médio sobre o idioma espanhol em contexto de ensino e aprendizagem. Esta apresentação é parte de uma pesquisa de mestrado em andamento, pelo programa de pós-graduação em Educação - Universidade Federal do Paraná, desenvolvida na linha Cultura, Escola e Ensino, que objetiva verificar a percepção de estudantes de ensino médio sobre o discurso sobre a língua espanhola em anúncios publicitários televisivos no Brasil. O interesse sobre o assunto surgiu em um contexto de prática de ensino e aprendizagem de língua espanhola, para estudantes de ensino médio, que em conformidade com a Lei Federal 11.161/2005 podem optar por estudar ou não o idioma em questão, e diante da reunião de um número expressivo de anúncios publicitários com o uso ou citação do idioma espanhol com abordagem engraçada, irônica ou pejorativa. Os pressupostos teóricos defendidos no estudo são os conceitos da Análise do Discurso Francesa relacionados à concepção dialógica de linguagem do Círculo de Bakhtin, além de contribuições dos Estudos Culturais. O objetivo final da investigação científica em curso será analisar se o discurso presente na dispersão de enunciados selecionados é percebido pelos estudantes que escolhem estudar a língua e se de alguma forma influenciam em sua opinião/aceitação do idioma e da/s cultura/s que o simbolizam, consequentemente, interferindo em seu ensino e aprendizagem. A análise da diversidade de qualificativos e suas regularidades de sentido utilizados pelos estudantes para definir o idioma espanhol contribui para reinterpretação do objeto de estudo de pesquisa e discussão sobre como os discentes lêem/percebem os discursos televisivos sobre a língua espanhola. Letramento Científico Na Universidade: Uma Proposta Interativa Para O Desenho De Cursos Online À Luz Da Teoria Da Complexidade NÍNIVE DANIELA GUIMARÃES PIGNATARI [email protected] A pesquisa, fundamentada na teoria da complexidade apresentará as etapas de preparação de um curso online voltado para o letramento científico de alunos graduandos em direito. O desenho proporá um diálogo entre teoria e prática, conectando disciplinas do eixo de formação básica, as ditas propedêuticas, com as do eixo profissionalizante, realizando a interdisciplinaridade. Partirá da exposição dos aprendizes a textos contrastantes que iluminem diferentes faces de questões jurídicas atuais (princípio dialógico), relacionando indivíduo e sociedade, a parte e o todo (princípio hologramático), as influências recíprocas e retroativas entre os eventos (princípio recursivo), conectando razão e emoção, o sentir e o agir, a fim de ampliar o conhecimento da realidade. O material, elaborado a partir de competências visadas e não de conteúdos, tratará das questões de modo interdisciplinar, tecendo a rede cognitiva a partir do eixo da ética social em seis encontros virtuais. A questão da pesquisa pode ser assim sintetizada: Como se desenha um curso voltado para o letramento jurídico científico com base na teoria da complexidade? A percepção do acento lexical em inglês por falantes de português MÁRCIA POLACZEK [email protected] [email protected] Esta comunicação apresenta uma proposta de investigação da percepção do acento lexical de palavras cognatas do inglês por falantes nativos do Português do Brasil que têm o inglês como segunda língua. O pressuposto é que os padrões acentuais e silábicos do inglês possuem especificidades que influenciam no modo pelo qual são percebidos por falantes de Português do Brasil (PB). A questão levantada é se a percepção está pautada em pistas acústicas ou é influenciada por parâmetros do inventário sonoro da língua materna. Os fundamentos teóricos englobam (1) a caracterização dos padrões acentuais do inglês e do português; (2) o conhecimento fonético-fonológico do ponto de vista perceptivo, articulatório e acústico; (3) pesquisas interdisciplinares sobre percepção de fala em L2; (4) estudos sobre a relação entre percepção e produção de fala em L2. Além de contribuir com os estudos sobre a fala em L2, o objetivo deste tipo de pesquisa é auxiliar no desenvolvimento das estratégias de ensino e aprendizagem de habilidades orais, bem como de pronúncia inteligível em L2. Ensino de línguas e a mediação para o uso das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC): uma pesquisa colaborativa na formação universitária de professores de inglês MARY SOARES DE ALMEIDA REIS [email protected] BARBRA SABOTA [email protected] O mundo pós moderno exige que mudanças rápidas ocorram no modo como mediamos e produzimos conhecimentos. As Tecnologias Digitais integram o modo de vida da maioria da população urbana e não podem ficar excluídas de contextos escolares. Nesse sentido, acreditamos ser fundamental que o professor esteja preparado para lidar com mais este desafio. Nosso objetivo é, pois buscar entender e discutir de que modo o uso das TDIC pode contribuir para a formação universitária do professor de língua inglesa favorecendo uma ação crítica, reflexiva e situada em seu contexto histórico, o que requer que ele possua, entre suas habilidades e competências, o letramento digital. Constata-se que muitos professores possuem acesso às tecnologias em suas atividades pessoais, porém, ainda encontram dificuldades de transpor esse uso para sua atuação docente (DIAS, 2010; KENSKI, 2013). Como aliadas do professor, as TDIC constituem-se como ferramentas importantes para mediar a relação aluno-professorconteúdointegrandoo processo de formação e constituição social, principalmente no que tange ao ensino de línguas estrangeiras (PAIVA, 2010; OLIVEIRA, 2013). O estudo que ora apresentamos é parte de uma pesquisa de mestrado em andamento na Universidade Estadual de Goiás. Nele acompanhamos e gerenciamos um grupo de seis professores de inglês em formação universitária (Licenciatura em Letras) que se encontra semanalmente para discutir textos teóricos e planejar atividades práticas envolvendo o uso de TDIC para mediar o ensino de inglês em sala de aula. As leituras efetuadas, bem como os dados coletados, até o momento, nos permitem afirmar que há benefícios concernentes à autonomia, ao empoderamento e à recursividade no planejamento de atividades e escolhas de objetivos nas aulas desses professores. Linguística de Corpus na Licenciatura em língua inglesa: Investigando a práxis de graduandos em pré-serviço CRISTINA ELUF [email protected] VANDER VIANA [email protected] As novas tecnologias têm impactado sobremaneira a educação, impulsionando a transformação de modelos convencionais de ensino em novas práticas pedagógicas. Para atuar efetivamente nesse mundo conectado, docentes em formação precisam desenvolver sua autonomia e criticalidade e aprender a aplicar as mesmas à sua futura prática pedagógica. Dessa forma, esses eles estarão mais aptos a ensinar as novas gerações de aprendizes da pós-contemporaneidade. Na área dos estudos da linguagem, as novas tecnologias têm contribuído para a popularização da Linguística de Corpus (LC) ao permitir que pesquisadores investiguem o uso de determinada língua (ou um de seus usos) em grandes quantidades de dados (e.g. Sinclair, 1991, 2004). Apesar da inserção da LC na pesquisa científica, o seu emprego em contextos educacionais ainda é limitado (Leech, 1998), especialmente no Brasil (cf. Viana &Tagnin, 2011). O presente estudo visa preencher essa lacuna através da investigação do uso da LC por licenciandos de inglês em escolas públicas brasileiras.A comunicação relatará resultados parciais de uma pesquisa financiada pela British Academy e pelo Newton Fund (AF 140172) na qual licenciandos de Letras (habilitação em língua inglesa) da Universidade do Estado da Bahia - Campus XIV foram introduzidos à LC e solicitados a utilizá-la como base para o desenvolvimento de atividades pedagógicas. Articuladas à agenda do professor regente, essas atividades foram implementadas pelos licenciandos como parte do estágio docente em escolas da zona rural do município de Conceição do Coité. Os diferentes atores sociais (i.e. professor regente, licenciados e alunos da escola) foram entrevistados de modo a verificar suas percepções acerca do (in)sucesso do uso da LC no ensino de inglês. O projeto propõe uma alternativa à formação docente em língua inglesa a partir da inserção dos fundamentos da LC, e, mais especificamente, da criação e aplicação, por parte de licenciandos, de atividades direcionadas por corpora. IMPLICAÇÕES SOBRE O USO DE APLICATIVOS TRADUTORES EM AULAS DE INGLÊS: Um estudo de caso comparativo sobre o processo de revisão dialogada de textos em inglês traduzidos automaticamente envolvendo os softwares google tradutor e bingtranslator SANDERSON MENDANHA PEIXOTO [email protected] BARBRA SABOTA [email protected] Esta comunicação tem por objeto, a partir de uma análise de traduções automáticas feitas por alunos do Ensino Médio de uma escola pública da Cidade de Goiás, por intermédio dos softwares Google tradutor e Bing translator, verificar alternativas de utilização destes aplicativos no processo ensino-aprendizagem de Língua Inglesa como Língua Estrangeira, dentro de uma visão sociocultural. Para autores como LarsenFreeman (2001), Oliveira (2014) e Figueiredo (2001), a abordagem colaborativa, ou sociocultural, considera a língua como um instrumento de comunicar informações, enfatizando as funções sociais da linguagem. A coleta dos dados aconteceu no 1º bimestre de 2015 quando as aulas de inglês foram observadas (e filmadas) em uma turma de 3º ano do ensino médio em uma escola pública o estado de Goiás. Como instrumentos auxiliares de coleta contamos com questionários, notas de campo de rodas de conversa. Em análise ao corpus, percebemos que os alunos revisaram colaborativamente os produtos das traduções produzidas pelos aplicativos, comparando resultados e observando as limitações dos mesmos. A partir destas atividades, tivemos a oportunidade de observar como os referidos tradutores automáticos e as ferramentas da internet permitem-nos reconhecer os modos como as línguas são usadas, em contextos diferenciados, sobretudo, com o uso de tecnologias digitais. A execução de traduções com o auxílio dos aplicativos demonstrou que a utilização destes, em sala de aula, detém, de fato, uma implicação pedagógica de pensar o ensino de línguas estrangeiras com propósitos colaborativos, compreendendo, pois, que a língua é interação social. As limitações apresentadas pelas máquinas tradutórias foram compensadas, a partir de trabalhos em grupo, em que foi possível fazer com que os sujeitos envolvidos pudessem produzir melhores resultados do que se atuassem individualmente, comprovando, deste modo, que a complementaridade de esforços e capacidades individuais fazem a diferença no processo ensino-aprendizagem de línguas. O sujeito e o conhecimento nas redes sociais: qual o conhecimento desejado para a educação? ANA CRISTINA FRICKE MATTE [email protected] [email protected] Aquilo que se chamou web2.0 é dado hoje como um espaço de enorme potencial para o uso educacional. Este trabalho vai comparar a web que se vende e a web que se compra a fim de discutir os limites do que é aproveitável na internet para a educação e como esse aproveitamento pode ser, ou não, inovador em relação àquilo que comumente chamamos de educação tradicional. Tendo em vista este objetivo, discute-se semioticamente a noção de sujeito em redes sociais, a noção de conhecimento na rede e na academia e os próprios conceitos de web 2.0, ambientes virtuais de aprendizagem e educação tradicional. A base teórica é a da semiótica greimasiana, com autores como Greimas, Fontanille, Zilberberg, Tatit, Barros e Fiorin. O corpus das análises, com foco na temporalidade, na definição de objeto e na tensividade, é constituído por experiências no ensino superior em disciplinas a distância em nível de graduação, especialização e pósgraduação estrito senso na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, no segundo semestre de 2012 e no primeiro semestre de 2015. -Pois mostra que está presente no mundo-: os grafites e as pichações na paisagem linguística da cidade de Juiz de Fora/MG MARIANA SCHUCHTER SOARES ANA CLAUDIA PETERS SALGADO [email protected] [email protected] O objetivo deste trabalho é discutir a presença de recursos/fragmentos de línguas estrangeiras em pichações e grafites na cidade de Juiz de Fora/MG, considerando os tempos de superdiversidade (VERTOVEC, 2007; BLOMMAERT, 2010) em que estamos inseridos. A superdiversidade está ligada a fatores como imigração, surgimento e expansão da Internet, questões de mobilidade social e desenvolvimento da tecnologia em geral, que têm promovido contatos linguístico-culturais muito mais frequentes e, consequentemente, a ampliação dos repertórios comunicativos (RYMES, 2010). Assim, essa pesquisa de abordagem qualitativa e de cunho etnográfico considera esse movimento de superdiversidade existente no mundo inteiro, em diferentes graus, através de dados coletados em entrevistas com pichadores e grafiteiros, bem como em fotografias da paisagem linguística da cidade. Nesse sentido, o grafite pode ser considerado tanto como parte de fluxos transculturais globais quanto como práticas subculturais locais. Isso quer dizer que, apesar de essas manifestações artísticas e linguísticas existirem por todo o mundo, elas ganham contornos locais, de acordo com as características de determinada região e de seus idealizadores (PENNYCO , 2009). A diversidade de línguas presente nessas manifestações, consideradas como transgressoras por serem feitas de forma ilícita em sua maioria, evidencia a realidade urbana atual e as diferentes identidades que são construídas e que coexistem em um mesmo espaço. Não estamos falando apenas de línguas estrangeiras dispostas em não-lugares, mas também de pessoas, que escolhem os recursos a serem utilizados motivadas por suas experiências de vida, bem como participam de interações a todo tempo com outros indivíduos em espaços físicos e virtuais. Também não falamos de línguas enquanto estruturas monolíticas, mas de línguas móveis, que são modificadas – e, às vezes, ganham até mesmo status de lo alikelanguage (BLOMMAERT, 2012), e desempenham papéis simbólicos e econômicos neste espaço em constante processo de construção. Da apropriação tecnológica à teoria ator-rede: questões acerca do uso do celular em sala de aula LUANA PERONDI KHATCHADOURIAN [email protected] [email protected] O objetivo dessa comunicação é levantar algumas questões acerca do uso do aparelhos móveis – com foco nos smartphones - equipados com internet em sala de aula. Como professora, presencio o uso da internet em sala de aula - em especial entre alunos do ensino médioda rede pública estadual na zona leste da cidade de São Paulo - de forma espontânea e como meio de comunicação e de consulta à internet. A partir deste cenário de uso constante de aparelhos celulares em sala de aula por esses alunos, proponho como pesquisa de doutorado realizar um estudo partindo de uma ação dentro da chamada educação 2.0 , baseada na participação, na convergência e no remix dos conteúdos envolvidos nas atividades. Falo, particularmente, da preocupação que o profissional docente deve ter em garantir que a interação entre máquina, ser humano e informação seja não só percebida como fenômeno social, mas abordada, tomada e preparada pelos participantes conscientemente, de forma a propiciar uma comunicação em que o caráter social e ideológico sejam construídos por meio de uma linguagem que traduza e transpareça o aspecto inovador dessa comunicação, ele próprio constituinte essencial nesta interação. Tal ação, ainda em curso,propõe o uso das aplicações de tecnologia dos smartphones em sala de aula que conduzam o aluno a uma determinada apropriação (DELANEY et al., 2008), a fim de que ele seja capaz de inovar, tendo consciência de que, em princípio, tudo não passa de relações de poder. Para tanto, abordarei a questão teórico-metodológica de ator-rede proposta por Latour (LATOUR, 2000, 2005, BUZATO, 2010, 2012), que abarca qualquer tipo de fenômeno associativo que reúna entidades humanas e não-humanas em cadeias de tradução e deslocamento de forças e significados. As estratégias de construção do ethos no discurso do grupo Anonymous Brasil: a charge como formação ideológica. LARISSA GUIDA (FAPERJ) [email protected] larissa.p.s.guida@outlo .com Com a crescente popularização das redes sociais, temos observado o alargamento de seu alcance. O presente trabalho toma por foco a atuação do grupo Anonymous Brasil, que participando deste ambiente virtual, levanta discussões referentes ao campo político e das práticas sociais. Todo ato de tomar a palavra relaciona-se diretamente com a construção de uma imagem (ethos) para o público [1]. Essa construção, durante o discurso, possui forte ligação com a enunciação. Logo, o ato de enunciação está relacionado com o modo com que o locutor utiliza a língua, trazendo significado à mesma [2]. Dessa forma, pretendemos estudar as práticas discursivas do grupo Anonymous Brasil a partir das charges postadas nos meses de junho de 2013 e junho de 2014 em sua página no Facebo para refletir como seu ethos é construído e que implicações ele gera na imagem do Brasil, no período especificado. Nos marcos do objeto a ser analisado por este estudo, a ida às ruas pressupõe uma produção/circulação intensa de textos (conversas, convites, reclamações, convocações, cartazes, charges, entre tantos outros), antecipando uma atribuição de sentido ao que se fará. Longe de assimilar a visão segundo a qual a linguagem apenas relata o que se realiza -fora- dela, discutiremos que é a própria linguagem uma ação social. Por fim, diríamos ainda que pretendemos discutir como as ações convite/crítica/convocação são realizadas pelo Anonymous Brasil discursivamente. O Professor E Suas Representações Sobre Cursos De Formação Em Contexto Digital: Um Estudo De Caso Em Belém Do Pará AYVANIA ALVES-PINTO [email protected] [email protected] Este trabalho tem como objetivo investigar que representações um grupo de professores participantes de um curso de formação em língua materna, na modalidade a distância e em contexto digital, têm sobre essa modalidade. Tendo em vista conhecer que representações revelam sobre cursos de formação de professores; sobre a participação em um curso, antes, durante e após a realização do curso e sobre o aprendizado nessa modalidade. Como fundamentação teórica que o embasa estão presentes a teoria das representações, a partir de Moscovici (2010), Farr (2010), Jovchelovitch (2011), Minayo (2011), entre outros. Os conceitos das questões históricas da educação a distância e das políticas governamentais voltadas para esta modalidade educacional, além da formação de professores, partindo da formação em geral e direcionando para a formação no/para o contexto digital, destacando alguns fatores sociais que justificam essa prática, com fundamentação em Pimenta (2010), Coll e Monereo (2010), Libâneo (2010), Perrenoud (2007), e outros. A pesquisa insere-se no quadro metodológico do estudo de caso, com base em Yin (2006), Stake (1995, 2000). A pesquisa foi desenvolvida a partir da montagem e aplicação de um curso, na modalidade a distância, que visava a formação de professores. Os participantes foram cinco professores de Língua Portuguesa da rede estadual de educação do estado do Pará. Os dados formam coletados por meio de três questionários de pesquisa, que ocorreram no início, no meio e no final do curso. Os resultados obtidos a partir da observação das representações dos professores apontam para a aprovação, para a aceitabilidade, e para o reconhecimento da modalidade como uma possibilidade concreta de formação. O conhecimento proporcionado por esta investigação pode servir como subsídio na busca de alternativas para a formação de professores. Signo e mediação: a inovação tecnológica no ensino da linguagem VÂNIA MARIA DE VASCONCELOS [email protected] A pesquisa acerca da linguagem e sua recepção em espaços virtuais é muito recente e dispõe de poucas abordagens, no entanto nos utilizamos da teoria semiótica peirceana para a análise e compreensão do fenômeno. Por estudar todo e qualquer sistema de signos, a semiótica dá conta da observação, análise e interpretação do nosso objeto de estudo em questão: o ensino e aprendizagem da linguagem em ciberespaço. Em contexto cibernético, a comunicação é definida como a troca de informação entre sistemas dinâmicos capazes de receber, armazenar e processar informação (KLAUS, 1969 apud SANTAELLA e NOTH, 2002: 45). A questão que se coloca é: será mesmo possível (re)conhecer em um sistema sígnico de rede as competências dos seus usuários a partir de seu desempenho em comunicações neste tipo de ambiente? A rapidez é o que caracteriza o hipertexto em informática, será que essa dinamicidade pode ser aliada ao processo de aprendizagem? Consideramos o fato de ajudar o aluno, por tornar-lhe sujeito nesse processo; ou concordamos que não contribui para a retenção de aprendizado, pois pela mesma velocidade com que vêm as informações, elas também se vão. De fato, este é um dos desafios a serem transportados para o ensino presencial ou virtual. Com o intuito de apresentar observações e interpretações quanto a interação do usuário em ciberespaço formal como sala de aula, utilizaremos o ambiente de ensino virtual e presencial, moodle, em curso regular de graduação da UFPB, e de outra parte, observaremos as contribuições de alguns blogs e páginas do facebo . Esta foi escolhida por criar ultimamente muita controvérsia no sentido de ser combatida pelo senso comum, por considerá-la meio de espalhar fofocas, falácias e perfis falsos (fakes), mas que não se pode negar um gosto popular e erudito ao mesmo tempo. NTDICs & LEs: uma revisão sistemática da literatura GISELE LUZ CARDOSO [email protected] [email protected] Em virtude da mudança do paradigma analógico para o digital, que surge da revolução tecnológica pela qual passamos, agregado ao grande interesse pelo uso das novas Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (NTDICs) nos processos de ensino e aprendizagem de Línguas Estrangeiras (LEs), esta apresentação visa mostrar os resultados de uma revisão sistemática da literatura produzida no Brasil nos anos de 2010 a 2014, para se identificar o estado da arte dos estudos sobre NTDICs aplicadas ao ensino de LEs no país. Para tanto, foram acessados dois portais, a princípio: (1) o portal Capes de periódicos (http://www.periodicos.capes.gov.br) e (2) o banco de teses e dissertações da Capes (http://bancodeteses.capes.gov.br). Numa segunda fase, outras bases de dados foram consultadas: sites de bibliotecas de universidades públicas e sites de periódicos eletrônicos brasileiros Qualis A. Determinadas palavras-chave foram empregadas nos campos de buscas das fontes supracitadas e resumos de trabalhos foram selecionados nas áreas de Letras, Linguística (Aplicada), Educação (relacionadas com línguas) e Estudos Linguísticos. Critérios de inclusão e exclusão foram estabelecidos para se estreitar o escopo da revisão bibliográfica e chegou-se ao seguinte resultado: 13 artigos, sete teses e treze dissertações selecionados. Os resumos dos 33 trabalhos foram lidos, compilados e analisados a fim de se saber o contexto das pesquisas, seus objetivos, metodologias empregadas e principais resultados. Através da análise documental aplicada, verificou-se que as 33 pesquisas empregaram análises qualitativas de dados, com foco na formação de (futuros) docentes de línguas, que são, portanto, os principais sujeitos das pesquisas encontradas. Enfim, foi observado que faltam mais pesquisas longitudinais e que empreguem análises quantitativa e estatística de dados, com foco no estudante e na aprendizagem/aquisição da LEs com o auxílio das NTDICs, como as móveis por exemplo. O gênero pulha digital: características textuais modeladas por software DÁFNIE PAULINO DA SILVA [email protected] [email protected] O presente trabalho deriva de nossos estudos sobre a função do software na constituição do gênero digital, investigando a impregnação mútua entre linguagem e tecnologia. Nosso trabalho observa a construção e evolução de um gênero que identificamos como pulha digital. Aplica-se a teoria de Mikhail M. Bakhtin para distinguir a pulha enquanto um gênero específico, identificando elementos de temática, estrutura composicional e características de estilo. Nosso trabalho investiga como tal gênero é composto, circula e modifica aspectos textuais devido à vinculação a softwares e interfaces de serviço que o suportam, como e-mail e rede social. Com base na teoria de Machado e no conceito de transcodificação cultural de Manovich, encaramos os gêneros digitais como formas arquitetônicas cujas estruturas são modeladas por linguagens artificiais. Assim, gêneros digitais são enunciados com base em duas camadas porosas que produzem significado conjuntamente: interface textual e camada computacional. As transformações composicionais e estilísticas da pulha digital iluminam como essa relação ocorre e como as duas camadas dialogam. Em análise, observamos como mediações computacionais impregnam a construção do gênero, verificamos que características como título, linguagem apelativa, brevidade, seleção de imagens, vídeos, hiperlinks, vocabulário e referências cientificas são elementos determinados pela circulação em e-mails e outras propiciações desse canal. A pulha digital é um gênero anterior ao advento dos motores de busca e redes sociais, assim, investigamos como ela adaptou-se a novos aplicativos e plataformas de disseminação, agregando recursos multimodais, em um conjunto de transformações que exige leitores preparados com letramentos cada vez mais complexos para gerar pulhas ou reconhecê-las enquanto textos falsos. Concluindo, acreditamos que a pulha digital proporciona um objeto excelente para compreender o funcionamento e construção de gêneros digitais, pois reforça a necessidade de uma abordagem investigativa que abarque a camada computacional, evitando uma perspectiva superficial voltada somente aos aspectos da camada textual. Interação e aprendizagem na Educação a Distância: o papel do fórum na construção de letramentos num curso de formação de professores ANTONIO CARLOS SANTOS DE LIMA [email protected] [email protected] Na sala de aula, a construção do conhecimento abrange sujeitos singulares, porém sociais, ocupantes de diferentes papeis, compartilhando experiências entre si. Mas é a figura do professor que, em geral, se sobressai em relação aos demais sujeitos. Por essa razão, e também em razão da escolha teórico-metodológica, a interação na sala tende a ser mais assimétrica; os interlocutores, devido à diferença de papéis, não têm a mesma oportunidade de fala. Entretanto, na Educação a Distância, pela própria natureza dessa modalidade de ensino, tende a oferecer oportunidades de interação simétrica, e o fórum, por sua vez, assume importante papel nesse tipo de interação. O presente trabalho, uma tese de doutorado em andamento, tem como objetivo analisar a importância do fórum como instrumento para a promoção da aprendizagem a partir de uma relação simétrica, pois nessa vivência, o sujeito em formação pode exercer sua autonomia, ainda que relativa, a partir dos conteúdos que lhe são apresentados. Portanto, numa perspectiva de interação simétrica e de construção colaborativa de conhecimento favorece-se o desenvolvimento de letramentos necessárias para a atuação desses sujeitos nos mais variados contextos. Tecnologias Digitais Móveis, Ensino de Línguas Estrangeiras e a Pesquisa Narrativa KARINA APARECIDAVICENTIN [email protected] No mundo contemporâneo, marcado pelos impactos das tecnologias de informação e comunicação, como também pelo processo da globalização, nota-se uma crescente e necessária demanda por um ensino de línguas estrangeiras que se utilize das tecnologias digitais móveis nas salas de aula. Essa pesquisa reflete sobre a apropriação e reflexão acerca dos usos das tecnologias digitais móveis por professores de línguas estrangeiras através de um Curso de Extensão oferecido pelo Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp para professores de línguas, tratando dos conceitos de m-learning (PEGRUM, 2014), apropriação (RODRIGUEZ, 2006), narrativas digitais e pesquisa narrativa (MENEZES, 2013). Compreendemos a pesquisa narrativa como metodologia de pesquisa qualitativa que parte da experiência do sujeito num processo reflexivo de contar e viver histórias, por meio de narrativas digitais em blogs e outras plataformas, estabelecendo relação com os textos teóricos que as fundamentam considerando suas múltiplas possibilidades de interpretação. Esperamos, com essa pesquisa, promover o debate sobre as práticas de ensino e o ensino/aprendizagem de línguas com o uso de tecnologias móveis. Letramento crítico visual: explorando a língua em muitas formas GISELA SANTOS DA COSTAS [email protected] SELMA DE BRITO CARDOSO OLIVEIRA [email protected] Letramento crítico visual é uma noção relativamente recente no campo da linguagem e do ensino de língua estrangeira. Ele está incluído nas definições mais atuais de letramento e é promovido como um elemento essencial da educação do Século 21. No entanto, existem algumas dificuldades na tentativa de desenvolver o letramento crítico em sala de aula (SANTOS COSTA, 2014). Sendo assim, esta comunicação tem como objetivos (1) enfatizar que a integração do letramento visual no currículo escolar pode incentivar o pensamento crítico (LAI-FEN YANG,2014; TILLMANN, 2012). O crítico, neste trabalho, passa a ser visto não apenas como análise fundamentada, mas como uma análise procurando descobrir os interesses sociais e políticos na produção das imagens e recepção em relação aos efeitos sociais, culturais, de poder e dominação no contexto de vida dos alunos (FREIRE,1996), e (2) apresentar uma atividade crítica visual agentiva explorando o fotografia da invasão do morro do Alemão na cidade do Rio de Janeiro com o objetivo de mostrar não só os benefícios de incluir comunicações visuais nas abordagens multimodais (WALSH,2012) para a aprendizagem de línguas, mas também para mostrar algumas estratégias que podem ser aplicadas nas salas de aula para ensinar os alunos uma forma de codificar e decodificar os artefatos de sua cultura e trabalhar com o fenômeno da agência na escola (RODRIGUEZ, 2014; VAN LIER, 2008; MILLER ,2009). Nesta pesquisa, agência é um processo de desenvolvimento pessoal interativo entre agente e ambiente que envolve: autoestima, autoconfiança, exigência pessoal entre outros. Neste estudo, serão utilizados tables e os celulares dos alunos com os quais desenvolverão atividades utilizando as fotografias como textos multimodais. As imagens serão transferidas por Bluetooth e a atividade crítica será distribuída de modo impresso ou digital. Aplicar-se-á ainda a técnica das discussões de pirâmides (Pyramid discussions), onde os alunos formarão grupos cada vez maiores, à medida que realizarem uma discussão a partir das leituras das imagens propostas. Essa técnica é útil para a prática de uma série de funções, incluindo concordar, discordar, negociar, resumir, e argumentar. O público-alvo desta comunicação são alunos, professores e pesquisadores que têm interesse de conhecer estratégias de aplicação do letramento visual em sala de línguas dentro da linha de pesquisa da Linguagem, Tecnologia e Educação . A autonomia do aprendiz no ensino e aprendizagem de Língua Inglesa: Uma percepção de affordances MARCO AURÉLIO COSTA PONTES [email protected] Com a rápida disseminação das tecnologias digitais, torna-se impossível não relacionar esse movimento com o ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras, mais especificamente, o Inglês, que de acordo com Crystal (2003), é uma língua global. Essas tecnologias digitais proporcionam ao aluno a possibilidade de uma aprendizagem mais rápida, devido ao grande número de acesso a informações (PRENSKY, 2001). Isso faz com que o processo de ensino e aprendizagem se torne mais autônomo, centrado no aprendiz. Portanto, o aprendiz precisa perceber o mundo em sua volta e essa complementariedade entre o aprendiz e o meio em que ele está inserido (PAIVA, 2010) é de extrema importância para o ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira, já que pode propiciar a autonomia. Pesquisas precisam então ser feitas para pontuarem quais são as maneiras pelas quais os aprendizes aprendem uma LE, seja dentro ou fora da sala de aula, levando em consideração principalmente o ambiente informal de ensino. Partimos então de uma percepção ecológica do ambiente com o termo affordances, cunhado por Gibson (1986) nos seguintes termos: “as affordances do ambiente são o que ele oferece ao animal, o que ele provê ou proporciona, tanto positivamente quanto negativamente” (GIBSON, 1986, p. 127). Affordances são efetivadas por meio da complementariedade do animal com o ambiente, por isso acreditamos que o ambiente informal da aprendizagem está cheio de affordances esperando para serem efetivadas. A presente pesquisa, ainda em andamento, se classifica como qualitativa, de cunho etnográfico e participante (SEVERINO, 2009), pois as observações não serão passivas e envolverão interação com os participantes. Esperamos identificar quais são as ferramentas digitais que os alunos utilizam para estudo fora da escola e analisar a percepção dos aprendizes em relação às diferentes possibilidades de utilização do meio digital para seu processo de aprendizagem em espaços formais e informais. O processo de criação de tutoriais e vídeos como mediadores de letramentos digitais para professores em pré-serviço PATRÍCIA DA SILVA CAMPELO COSTA BARCELLOS [email protected] [email protected] Este trabalho discute o processo de criação de tutoriais e vídeos para o uso de ferramentas digitais em uma disciplina a distância focada nos processos de ensino e aprendizagem de língua estrangeira (LE). A disciplina Ensino de Língua Estrangeira e Tecnologia (EAD) se propõe a fomentar o trabalho em rede entre os licenciandos de LE do curso de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Especificamente, essa é uma disciplina voltada a alternativas de currículo, organização de conteúdos e avaliação em ambiente digital. Em suma, a disciplina (que conta com alunos de licenciatura em inglês, espanhol, italiano, alemão e francês) tem como objetivo a discussão e familiarização com tecnologias digitais passíveis de serem aplicadas em aulas de LE. Para tanto, os professores em formação lidam com dispositivos digitais que podem utilizados em suas práticas futuras na mediação da aprendizagem. Visto ser essa uma disciplina a distância, notou-se a necessidade de elaboração de tutoriais relacionados ao uso das ferramentas digitais abordadas na disciplina, de modo que os letramentos digitais (LANKSHEAR; KNOBEL, 2011) dos alunos fossem fomentados. Os tutoriais foram criados em formato de vídeo e através do uso do software Wink, o qual se destina justamente à elaboração de tutoriais e apresentações. Além dessas criações, também foram produzidos vídeos direcionados a professores em formação e professores em serviço, nos quais são sugeridas práticas pedagógicas mediadas pelas ferramentas digitais específicas mostradas nos tutoriais. Tais materiais formaram um repositório transformado em canal do YouTube, a partir do qual tanto a comunidade acadêmica quanto a comunidade externa têm acesso ao conjunto de mídias elaborado e constantemente atualizado. Neste trabalho, é tecida uma análise de como ocorreu o processo de construção dos materiais, a fim de que futuramente se avalie também como ocorre a recepção desse repositório por parte dos professores. Disneylandia: Um estudo sobre a produção de materiais didáticos para o ensino de espanhol e o estabelecimento de redes de conhecimento. JÚLIO CEZAR MARQUES DA SILVA [email protected] O uso de materiais autênticos no ensino de Línguas Estrangeiras Modernas (LEM) tem sido cada vez mais objeto de estudo e crítica. Há, entre as muitas linhas teórico-práticas, o embate entre a permanência de materiais integralmente forjados para fins didáticos e o uso cada vez mais latente de materiais retirados de contextos reais de uso de língua, transpostos ao contexto de sala de aula. Que critérios devem ser utilizados na escolha deste ou daquele tipo de material para trabalharmos com nossos alunos? Uma ferramenta fundamental para difusão da produção cultural mundial é o site youtube, o que o torna uma das mais destacadas fontes de materiais para uso em sala de aula. O presente trabalho se propõe problematizar o uso dessa ferramenta como elemento didático e mapear a sua influência no estabelecimento de redes de conhecimento. Roteiro para análise de Ambientes Virtuais de Aprendizagem VÂNIA MORAES Maria Aparecida GarciaLopes Rossi [email protected] [email protected] A Educação a Distância é uma realidade e tende a crescer, como indica o Censo do Ensino Superior no Brasil. Também no ensino fundamental e médio, diversas escolasestão fazendo uso de ambientes virtuais no processo de ensino e aprendizagem. No entanto, não há ainda um modelo ideal de Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) – e possivelmente nunca haverá – em razão de esses se construírem por meio de um processo contínuo, marcado pelos avanços tecnológicos, os quais são cotidianos, e pelo complexo processo de utilização das TICs no ensino e aprendizagem. Análise de AVA de três instituições de Ensino Superior realizada por Moraes (2014) evidencia que esses ambientes reproduzem didaticamente os procedimentos tradicionais de ensino, não utilizando toda a capacidade inovadora das tecnologias para promover a interação entre todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Isso mostra que é sempre possível e desejável que os AVA passem por análises, avaliações e adequações. A complexidade dos elementos constitutivos dos AVA, entretanto, dificulta uma análise mais completa e acurada desses ambientes. Assim, o objetivo desta pesquisa é propor um roteiro para análise de AVA que contemple o contexto sócio-histórico em que esses ambientes estão inseridos, bem como os seus elementos estruturais, com foco nas suas possibilidades interativas. A pesquisa fundamenta-se em teorias da Midia-Educação como parte de um campo de conhecimento interdisciplinar, englobando Ciência da Educação e Ciência da Comunicação. Os resultados de uma análise de AVA baseada nesse roteiro contribuem para diferenciar qualitativamente seus elementos estruturais, uma vez que quanto maiores forem as possibilidades de avaliação dos AVA, maiores serão as possibilidades de adequá-los para atender as necessidades interativas da educação atual. Multiplicando modalidades, ampliando sentidos: construção hipermodal na Wikipédia RAFAELA SALEMME BOLSARIN [email protected] A proposta da presente comunicação é discutir a construção de sentidos hipermodal sob a perspectiva da gramática do design visual da Semiótica Social (KRESS; VAN LEEUWEN, 2006), tendo como objetivo compreender como são construídos significados em verbetes da Wikipédia por meio dos diversos modos e modalidades presentes na página. Para isso, utilizaremos como dispositivo teórico-analítico as metafunções representacionais, orientacionais e organizacionais (LEMKE, 2002), realizando uma análise multimodal de uma página da Wikipédia, a fim de que possamos ampliar a leitura de seus significados por meio de uma abordagem que considere as especializações funcionais dos diferentes modos e suas modalidades em cada metafunção, localizando-os ainda dentro de uma rede múltipla de possibilidades a partir dos hipertextos da World Wide Web. Nesta perspectiva, procuramos mostrar como é construído o sentido no verbete enciclopédico sobre a própria Wikipédia, explorando as relações entre textos escritos, imagens, vídeos, tabelas e hipertextos, e identificando possibilidades de diálogos entre cada modalidade. Dessa forma, entendemos a escrita não mais como o único modo possível de se extrair sentidos, ou mesmo o principal deles, mas sim como uma possibilidade entre as diversas disponíveis, colaborando para a leitura conforme suas potencialidades e suas limitações. Portanto, utilizamos como base o conceito da multimodalidade de que toda significação ocorre a partir da relação entre diversos meios semióticos, porém sem perder de vista que se trata de um objeto hipermodal na medida em que as multi modalidades são interconectadas em rede via hipertextos. Assim, defendemos a importância dos multiletramentos e suas implicações para a aprendizagem, destacando desafios e potenciais no trabalho com a multimodalidade e a hipermodalidade. Avaliação discente sobre curso online de Inglês Instrumental ANA EMILIA FAJARDO TURBIN [email protected] [email protected] A obrigatoriedade da disciplina Língua Inglesa Instrumental em diversos cursos de graduação gera grande demanda para complementação de créditos, sendo sua oferta insuficiente. Avaliou-se a implementação do Moodle como componente obrigatório para realização desses cursos, visando atender mais alunos. Os resultados revelam os benefícios da plataforma, mas mostram a necessidade em sepensar temas como avaliação e administração das aulas híbridas. O objetivo desta comunicação éapresentar resultados da análise dos escritos dos alunos sobre a eficiência do curso de Inglês Instrumental online . Para tanto pediu-se aos alunos (no escopo de um estudo de caso) respostas à perguntas enviadas via the Moodle Forum. A fundamentação teórica destas análises apoia-se em Van Lier (1998), Hutchinson (1987) Mc Donough (2000) d al. A análise das respostas tem como fundamentação teórica Schutze(2010). As Relações Dialógicas e o Projeto de Lei nº 6583/2013 (Estatuto da Família) CARLOS LUIZ ALVES [email protected] O presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise dialógica doProjeto de Lei nº 6583/2013, que tramita na Câmara Federal, de autoria do Dep. Anderson Ferreira (PRPE), que tem por objetivo a elaboração de um “Estatuto da Família”. Trata-se de um projeto polêmico, elaborado pela bancada evangélica, que defende uma concepção de família tradicional, ou seja, de um casamento ou união estável entre um homem e uma mulher, como previsto no Art. 226 da Constituição Federal. Defensores de um modelo tradicional cristão de família, a bancada evangélica também luta para fazer valer algumas alterações na Lei 8069/90, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), em que somente pessoas casadas civilmente ou que mantenham união estável poderão ter condições para adoção. Ao tomar tal postura, a bancada evangélica, por meio de dispositivos legais, procura coibir a adoção por casais homoafetivos, contrariando as decisões já deliberadas pelo Supremo Tribunal Federal. Situação crítica que já suscita debates nas diversas mídias. Procuraremos neste trabalho, analisar algumas “vozes” que se apresentam a favor e também outras que são contrárias ao projeto. Analisaremos os discursos, que exigem revisão do documento, principalmente, em seu Artigo 2º. A partir dos pressupostos teóricos do Circulo de Bakhtin e da ADD (Análise Dialógica do Discurso), procuraremos por meio deste trabalho identificar as relações dialógicas presentes no momento da elaboração do Projeto de Lei “ Estatuto da Família”. Além das relações dialógicas, estudaremos as questões ideológicas que perpassam os discursos e que contribuem para uma versão definitiva do Projeto de Lei, cujo processo de elaboração e de tramitação propõe desafios e uma maior atenção por parte dos analistas do discurso. Ao estudarmos esse gênero, que pertence a esfera jurídica, pretendemos contribuir um pouco para o desenvolvimento dos estudos linguísticos. Comunidades de aprendizagem em EaD: o conceito de alteridade como prática de inclusão social SIMONE CAMACHO GONZALEZ [email protected] [email protected] Este trabalho faz parte de um projeto de pesquisa maior intitulado “Encontros Interculturais na EaD: Narrativas de Vida dos Diferentes Brasis”, na linha de pesquisa Tecnologias da Inteligência: Mídias para Narrar Histórias. Tori (2010) alerta para uma necessária ressignificação da palavra distância quando aplicada ao EaD. De fato, a palavra distância surgiu para diferenciar essa modalidade de educação daquela que promove o encontro presencial entre os seus sujeitos. As diversas ferramentas síncronas e assíncronas presentes em uma plataforma de EaD requerem constantes interações, diálogos e negociações entre os membros participantes tornando o ambiente virtual um lócus de prática social (Knobel e Lankshear, 2008). Knobel e Lankshear também apontam que é significativo o aumento de pesquisas relacionadas com temas como raça, etnicidade, gênero, sexualidade e religião, desenvolvidas por meio dos letramentos digitais. Tendo essas considerações como ponto de partida, este trabalho visa discutir e compreender o conceito de alteridade (Gusmão, 1999) sob a perspectiva do multiculturalismo encontrado nas mais diversas regiões do Brasil, afinal, segundo afirma Gusmão: “O outro, hoje, é próximo e familiar, mas não necessariamente é nosso conhecido”. O objetivo do trabalho é possibilitar que os participantes do projeto, alunos de um curso de Letras EaD, (re)conheçam a diversidade sociocultural de suas comunidades e construam uma visão crítica sobre essa multiculturalidade para agir como cidadãos conscientes da importância da inclusão social. O trabalho encontra-se em fase de coleta de dados nos fóruns de discussões onde os alunos postam suas narrativas de vida que para Smith e Watson (2010) são ferramentas para a identificação de valores compartilhados e para as negociações das diferenças. A Educação a Distância e a Inclusão Social CIELO GRIZELDA FESTINO [email protected] No momento presente quando as novas tecnologias estão mediando o processo de letramento se faz importante discutir a efetividade e complexidade da interação implícita na Educação a Distância (Doravante EaD) para a inclusão social em um país geograficamente vasto e culturalmente heterogêneo como o Brasil. Nesse contexto, visamos desenvolver o projeto “Encontros Interculturais na EaD: Narrativas de Vida dos Diferentes Brasiles” desenhado no Curso de Letras, (Licenciatura em Português, Português e Inglês e Português e Espanhol) de uma universidade privada de São Paulo, a Universidade Paulista/Interativa, com polos em grande parte do território nacional. O projeto tem como principal objetivo relacionar as comunidades dos estudantes dos diferentes polos, conectados pela EaD, através de uma forma particular de autobiografias, as narrativas de vida, definidas Smith e Watson (2010) como “ um ato de auto-representação através de todos os tipos de media que consideram a vida do enunciante como seu principal sujeito tanto em forma escrita, performativa, visual, fílmica ou digital”. Por sua vez, a temática dessas narrativas de vida estão de acordo com o projeto do Ministério de Educação e Cultura “Gênero e Diversidade na Escola” (2008), desenvolvido para a formação de professores da EaD que argumenta que, como é bem conhecido, as leis contra a discriminação não são suficientes se não houver uma transformação na mentalidade e práticas da população. Inclusão Social em um curso EaD sobre narrativas de Vida PALMA SIMONE TONEL RIGOLON [email protected] [email protected] Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2011, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostram que a proporção de pessoas que utilizam a internet passou de 20,9% para 46,5%. Isso mostra que o número de pessoas conectadas tem aumentado consideravelmente. O Censo do Ensino Superior 2010 do Ministério da Educação, divulgou em 2011 que o aumento pela procura de cursos de graduação na modalidade EaD foi maior em relação aos cursos presenciais. As narrativas escritas pelos alunos participantes do projeto serão organizadas por meio de experiências comuns com foco nos problemas das diferenças relatados pelos participantes e que revelem a diversidade cultural nacional a partir de uma visão pessoal. Com isso as diferenças serão ressaltadas com o intuito de que o interlocutor consiga entender e compreender que ser diferente faz parte de nossa aldeia global. Sendo assim, os “encontros” culturais, proporcionados a distância pelo projeto, possibilitarão que a diversidade seja entendida como parte das diversas culturas existentes em nosso país. Cultura é entendida segundo Tylor (apud Laraia (2001, p.25), como “todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”. Diante disso, percebemos que a internet dá origem ao multiculturalismo, ou seja, culturas heterogêneas que fazem surgir o sujeito constituído por uma cultura híbrida, que tem sua identidade composta por fragmentos de outras culturas. A globalização então, é o “espaço” que possibilita a convivência com a diversidade, com o diferente e pode proporcionar um entendimento mais igualitário. Área: Linguagem e Tecnologia Produção de poemas através do uso do computador no ensinoaprendizagem de língua inglesa e de língua materna com alunos de uma escola pública MARILÉA ROSA ILÁRIO LOPES FERNANDA DA SILVA ALVISSU PRIZOTO [email protected] Focaliza-se, neste trabalho a produção de poemas através do uso do computador no ensino-aprendizagem de língua inglesa e materna com alunos do 9º ano do ensino fundamental II (EF II) de uma escola pública. Os objetivos deste estudo foram de verificar como o uso do computador pode auxiliar na produção de poemas em língua inglesa e portuguesa tendo como referencial as habilidades de produção escrita indicadas pelos Parâmetros Curriculares de Língua Estrangeira Moderna – PCN – LE – (BRASIL, 1998) e dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (BRASIL, 1998) a serem desenvolvidas com alunos do 9º ano e de caracterizar o quanto o computador é ferramenta essencial ao professor ao ser usado como componente decisivo no processo de aprendizado de línguas (WARSCHAUER, 1996); CHAPELLE, 2003); LEFFA, 2006). A pesquisa teve como fundamentação teórica as habilidades de produção escrita a serem desenvolvidas, especificamente, com alunos do 9º ano (PCN-LE, PCN, BRASIL, 1998), caracterização do quanto o computador é ferramenta essencial para o professor ao ser usado como componente decisivo no processo de aprendizado de línguas (WARSCHAUER, 1996); CHAPELLE, 2003); LEFFA, 2006), o fato de o computador permitir pesquisar, produzir novos textos, (MORAN, 2000) e a inserção dos computadores na escola tem o desafio social de preparar futuros cidadãos e o pedagógico de melhor atendimento as necessidades de aprendizagem dos sujeitos (TAJRA, 1998). Para realizar este trabalho, utilizamos um corpus composto por dois poemas The Raven (POE, 2012) e O Morcego (ANJOS,1998). Para conduzir este estudo, os alunos reescreveram, escreveram e revisaram as próprias produções poéticas em inglês e em português de acordo com as habilidades de produção escrita propostas pelos PCN – LE; PCN (BRASIL, 1998) no programa de computador Word sobre a temática macabra e os autores estudados. Esta pesquisa apresenta os resultados da produção dos poemas produzidos e digitados nos computadores pelos alunos. Qual é a natureza da escrita colaborativa no meio virtual na aula de inglês? SÉRGIO GARTNER [email protected] [email protected] pedagógica desenvolvida na aula de Inglês em um contexto virtual de aprendizagem como L2, que teve o objetivo de desenvolver a escrita por meio da colaboração entre pequenos grupos e pares. Especificamente, apresento um recorte da minha pesquisa de doutorado referente à interpretação e à discussão. Apresento os temas e sub-temas que emergiram das leituras e interpretações dos textos coletados à luz da abordagem hermenêutico-fenomenológica (AHF), com base em Freire (1998, 2007, 2008), que tem o intuito metodológico de investigar um dado fenômeno humano através da descrição e interpretação de uma ou várias manifestações, buscando compreender sua essência. Portanto, essa metodologia foi o caminho usado para se fazer uma interpretação e compreender o fenômeno da escrita colaborativa no meio digital. Em um nível mais específico e teórico, buscou-se fazer uma leitura desse fenômeno, dialogando com os princípios do paradigma da complexidade estabelecidos por Morin (1999, 2003, 2004, e 2007) e Moraes (2008). Acredito que o pensamento complexo e a abordagem AHF estão em dialogia para compreendermos melhor a dinâmica desse processo de escrita, utilizando um recurso pedagógico tecnológico para o desenvolvimento da escrita da língua inglesa enquanto língua estrangeira. Entendo que a escrita é um processo embricado composto por fases que se interligam, às vezes dependentes umas das outras. Os temas e sub-temas surgem dos questionários reflexivos, dos comentários registrados dos aprendizes e dos textos produzidos por eles. Percebeu-se que tal projeto pedagógico em contextos de ensino-aprendizagem podem ser benéficos para muitos aprendizes pelo fato de promover a escrita colaborativa em L2, estimular a autonomia dos aprendizes,a consciência sobre as limitações lingüísticas e o desenvolvimento de um senso critico em relação à escrita pessoal e à do outro. A poesia e sua interface com gêneros multimodais: uma ferramenta semiótica no ensino de língua materna EDSÔNIA DE SOUZA OLIVEIRA MELO [email protected] [email protected] Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa realizada com os alunos do 1º ano Ensino Médio, contemplando um gênero de texto da esfera literária, o poema, e sua interface temática e funcional com outros gêneros organizados por diferentes linguagens, como os videoclipes. Levando em consideração a perspectiva enunciativodiscursiva, Bakhtin (2000; 2002) assumida neste trabalho, tivemos a preocupação de propor um projeto de atividades práticas com enfoque na leitura e na produção textual com os gêneros poéticos, visando atender às condições de produção e à circulação desse gênero discursivo. Dessa forma, organizamos o projeto em sequências didáticas, conforme proposto por Dolz, Schneuwly e Noverraz (2004), e nos embasamos, também, em outros autores que propõem trabalho em forma de projetos, como Rojo (2010, 2011), Lopes-Rossi (2002ª, 2002b, 2003) e Barbosa (2001). Além dos pressupostos teóricos para a produção da SD estudamos também sobre o ensino de línguas, com destaque para as atividades relacionadas à literatura, ao trabalho com gêneros e à análise linguística, conforme pressupõem as Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (OCEM). O corpus desse estudo compreende a produção de videoclipes. Os resultados demonstraram que os videoclipes constituem-se em um rico instrumento de ensino-aprendizagem nas aulas de Língua Portuguesa, especialmente para estimular a prática de leitura. Éthos e intencionalidade: Discurso persuasivo na propaganda institucional MARIA FÁTIMA DE SOUZA [email protected] [email protected] Essa proposta tem a intenção de salientar a importância que os cartazes publicitários impressos ainda exercem na multiplicação das informações. Para tanto, é objetivo do presente trabalho, mostrar a intencionalidade do enunciador através do éthos projetado na linguagem verbo visual e evidenciar aspectos linguísticos e não verbais que apontem a persuasão do anúncio publicitário com foco nem prevenção de epidemias. Delimita-se a análise comparativa de dois cartazes publicitários, um da campanha do Ministério da Saúde e outro, da Prefeitura Municipal de São José dos Campos, relacionados ao combate à epidemia de Dengue e Chukungunya. Para tanto, recorreremos às contribuições de Vygotsky (1991), Brandão (2009), Charaudeau (2008), Brait (2010) e Bakhtin (2011). Esclarecemos que as condições de produção do discurso relacionam-se aos sujeitos, como protagonistas envolvidos na enunciação e a situação que se enquadram na estrutura social estabelecendo uma relação de interação entre o enunciador, o enunciatário e o contexto. Consideramos as contribuições de Brandão (2009, p. 7) que diz que o discurso é o espaço em que saber e poder se unem, se articulam, pois quem fala, fala de algum lugar, a partir de um direito que lhe é reconhecido socialmente. Consideramos também as contribuições de Charaudeau (2008, p. 24): A finalidade do ato de linguagem (tanto para o sujeito enunciador quanto para o sujeito interpretante) não deve ser buscada apenas em sua configuração verbal, mas, no jogo que um dado sujeito vai estabelecer entre esta e seu sentido implícito. Tal jogo depende da relação dos protagonistas entre si e da relação dos mesmos com as circunstâncias de discurso que os reúnem. E para concluir, ainda reforçando o viés social da linguagem, Brait (2010) esclarece que, para Bakhtin, o discurso é um evento social, fruto da interação entre os participantes do enunciado e os elementos históricos, sociais e linguísticos. O ensino-aprendizagem de Francês Língua Estrangeira através do gênero multimodal tutorial: a Sequência Didática ALINE HITOMI SUMIYA [email protected] Esta comunicação tem o intuito de apresentar um conjunto de atividades pedagógicas construídas sistematicamente para se trabalhar o gênero multimodal tutorial em sala de aula: a Sequência Didática (SCHNEUWLY; DOLZ, 2004). Ela foi construída para uma pesquisa de mestrado que tem por objetivo estudar o desenvolvimento de alunos adolescentes que aprendem o Francês como Língua Estrangeira (FLE) por meio desse gênero. Com essa sequência, temos o objetivo de verificar se ela contribui para o desenvolvimento das capacidades de linguagem dos alunos, bem como investigar os aspectos motivacionais no ensino-aprendizagem de Francês Língua Estrangeira para esse público. Assim, desenvolvemos uma sequência que permitiu explorar o gênero tutorial com os alunos, tanto do ponto de vista da compreensão, quanto da produção textual. Para criar a SD, tem-se a necessidade de criar o Modelo Didático (MD), pois é através dele que observamos as dimensões ensináveis de um determinado gênero. O MD do gênero tutorial foi construído com base no modelo de análise textual do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) proposto por Bronckart (1999, 2006, 2008) e sua equipe. No entanto, esse gênero não é construído somente de elementos verbais, mas na confluência de elementos verbais e visuais. A fim de observar os elementos multimodais na construção do texto, nos baseamos no quadro da Semiótica Interacional (LEAL, 2011). Esse quadro propõe a junção do modelo de análise textual do ISD – para observar os elementos verbais – com os elementos analíticos propostos por Kress e Van Leeuwen (2006) na Gramática do Design Visual – para os elementos multimodais. Performatividade de Identidades Nacionais em Sessões de Teletandem PAOLA DE CARVALHO BUVOLINI FREITAS [email protected] [email protected] A presente pesquisa ambiciona estudar os sujeitos que participam do projeto,Teletandem Brasil – Línguas estrangeiras para todos, na função de interagentes deste espaço virtual de aprendizagem e ensino de língua e cultura online. Neste movimento de intercâmbio de línguas, a identidade nacional foi tomada como objeto de pesquisa para evidenciar como o interagente do Teletandem se (re)constrói,neste espaço, através da performatividade e como as identidades nacionais desses sujeitos estão sedimentadas ao social e quanto são híbridas. Assim, a pesquisa pode esclarecer que sedimentações assolam os interagentes que as manifestam, via iterabilidade, a fim de evidenciar o quanto a globalização e a tecnologia fomentam nossa proximidade cultural e linguística, ressignificando tal sujeito. A metodologia está baseada em estudo de caso de três pares de interagentes e é exploratória. Através das transcrições das falas,destaco termos como meu, minha, eu, aqui, aí para salientar as marcas de identidade nacional. Por isso, o quadro teórico passa pelos estudos de identidade e sujeitos trazidos por Hall, Silva, Bauman, Rolnik e se encontra com os estudos da performatividade da filósofa Judith Butler ancorados nas ideias de sedimentação e iterabilidade trazidos por Derrida. O que salta da prática inovadora do teletandem é a ideia de que não podemos estudar identidades nacionais somente via os estereótipos disseminados pelo mundo.Eles são constitutivos dessa nacionalidade, efeito de práticas sociais consolidadas/sedimentadas, mas não são o todo neste processo, principalmente, porque com a contemporaneidade novas práticas se instalaram e o contato com sujeitos de nacionalidades diferentes é tão constante que parece que não há tantas diferenças subjetivas e sociais entre os paresanalisados e seus espaços, o que pode evidenciá-los como híbridos. Lugar da cultura em interações de parcerias de teletandem institucional. MAISA ZAKIR [email protected] [email protected] Este trabalho apresenta um estudo exploratório de natureza etnográfica, que investiga parcerias telecolaborativas entre alunos de uma universidade pública no Brasil e de uma universidade privada nos Estados Unidos. A pesquisa integra o projeto Teletandem e transculturalidade na interação on-line em línguas estrangeiras por webcam, relacionando-se ao eixo temático “modos de compreender a cultura do parceiro e seus impactos sobre a aprendizagem e sobre a relação”. O objetivo central é investigar o lugar da cultura no contexto de uma parceria de teletandem institucional. Os alunos participantes da pesquisa estiveram em contato durante parte do primeiro semestre de 2012 em dez interações realizadas via Skype e contaram com recursos de áudio, vídeo e mensagens escritas. Foram gravadas as cinco últimas sessões de teletandem, cujas transcrições constituem os dados focais deste estudo. Considerando o princípio do dialogismo a partir da premissa da constituição do eu pelo outro, e a produção de sentidos como parte integrante das atividades sociais dos participantes da pesquisa, os dados são interpretados à luz dos princípios teórico-metodológicos da Análise Dialógica do Discurso. Assim, os textos de diferentes materializações produzidos pelos participantes são considerados para fundamentar a interpretação dos dados e, portanto, investigar questões linguísticas, sociais e ideológicas, constitutivas da multiplicidade de discursos analisados no material documentário. Os resultados contribuem para pensarmos a formação de professores e outros profissionais que vivenciam um contexto cada vez menos marcado por barreiras geográficas, desenvolvendo-se, assim, uma possível cidadania transcultural por meio do contato com variadas línguas e culturas. Nesse sentido, são apontadas perspectivas para a práxis do mediador em teletandem, considerando o entendimento da noção de cultura em sua dimensão discursiva. Letramentos digitais e aprendizagem situada: a participação em congressos on-line no Estágio Supervisionado de Espanhol ELIZABETH GUZZO DE ALMEIDA [email protected] Neste trabalho, analisaremos os modos de participação de professoras em pré-serviço em dois eventos de letramento digital em duas disciplinas do Estágio Supervisionado de Espanhol. A razão da inserção dos congressos on-line no programa das disciplinas baseou-se na visão situada da aprendizagem (LAVE, 1991; LAVE; WENGER, 1991) e nos letramentos (HEATH, 1982, STREET, 1984) e letramentos digitais (LANKSHEAR; KNOBEL, 2006; BUZATO, 2007). A perspectiva situada considera a aprendizagem distribuída em uma estrutura complexa e se dá in situ, onde as pessoas se apropriam do conhecimento em ação, ou seja, as pessoas agem em cenários, e não apenas na mente dos indivíduos. Pensamos que os contextos físico e social em que uma atividade ocorre são parte integrante dessa atividade. Nosso objetivo é mostrar a mudança de participação e as consequências dessa mudança nas aprendizagens das alunas. A trajetória de participação e o construto Participação Periférica Legítima de Lave e Wenger (1991) se adéquam para a análise da mudança de participação das alunas nos dois eventos de letramento digital. No primeiro evento, as alunas são todas “ouvintes” de um congresso on-line, já no segundo, uma das alunas atua apresentando um trabalho com base em um trabalho de campo do Estágio Supervisionado de Espanhol desenvolvido no semestre anterior. Como abordagem metodológica, adotamos uma perspectiva etnográfica (HEATH, 1983; GREEN; DIXON; ZAHARLIC, 2005), acompanhamos durante um ano o grupo de alunas do Estágio Supervisionado de Espanhol e utilizamos como instrumentos de coleta de dados logs de chats de palestras dos congressos on-line, diários reflexivos, entrevistas e fóruns on-line. Para as participantes da pesquisa ao participarem de congressos dessa natureza e não ter as aulas apenas na sala de aula convencional abrem-se outros modos e loci de aprendizagem. Como resultados observamos que a mudança de participação em eventos de letramento digital como esses propiciam novos focos de aprendizagem. Área: Linguagem e Trabalho TED Talks: será o (re)nascimento das palestras? ALESSANDRA ALVES PEREIRA BRAGA DE MIRANDA [email protected] [email protected] Fazer apresentações já era valorizado na Antiga Grécia, onde falar em público era essencial ao cidadão para defender direitos e participar da política. O gênero palestra voltou a ganhar espaço. Sinais disto, são o surgimento nos últimos 10 anos de empresas especializadas no desenvolvimento de apresentações corporativas, o aumento da busca por palestrantes no mercado e o grande número de profissionais que adotaram a atividade de palestrante como profissão. Chama atenção também o alcance das palestras como as do TED, a conferência global reúne palestrantes de diferentes países voltados para diversos temas. Um bilhão de visualizações foi o número alcançado pelos vídeos de 18 minutos em 2012. Hoje, já são 1900 palestras disponíveis e traduzidas para 97 línguas. De fato, expor ideias de modo envolvente e claro por meio de apresentações é valorizado na atualidade. Mas que fatores no contexto sócio-histórico atual, marcado pelo aparato midiático, têm motivado a disseminação das palestras? As apresentações do TED são indícios de uma ressignificação no gênero como o conhecemos? Se sim, que traços as caracterizam? Por meio desta pesquisa, busca-se analisar com base na análise do discurso francesa proposta por Maingueneau, vídeos das palestras divulgados no site ted.com. Uma sociedade não se distingue das formas de comunicação que ela torna possíveis e que as tornam possível (MAINGUENEAU, 2013, p.82). Este postulado reforça a relevância do estudo que mobiliza as noções de cenas de enunciação, gênero discursivo, mídium e comunidades discursivas. Do ponto de vista metodológico foram selecionados vídeos com maior audiência, palestras caracterizadas como inspiradoras pelo público e por fim, temas mais frequentes dentre os vídeos com maior audiência. O trabalho contribuirá para a linha de pesquisa, pois permitirá a investigação das transformações e influências do contexto sócio-histórico sobre a valorização e -mutações- possíveis ao gênero discursivo palestra. A construção de uma estética do trauma no telejornalismo brasileiro contemporâneo: notas interpretativas sobre a linguagem como trabalho ANDERSON SALVATERRAMAGALHÃES [email protected] JOÃO MARCOS MATEUS KOGAWA [email protected] O objetivo desta comunicação é demonstrar como a midiatização de casos de tosquias de mulheres constroem, na e pela linguagem, uma estética do estranhamento que referenda discursos flagrantes de fronteiras sócio-histórico-culturais. Para isso, articulam-se, teoricamente, o pensamento bakhtiniano, sobretudo sua insistência na dimensão semiótico-ideológica da linguagem, e postulados barthesianos, em especial o entendimento da constituição semiológica de trauma. Metodologicamente, cotejam-se registros e divulgação de tosquia feminina em duas inscrições históricas: na França, por ocasião da chamada Liberação na década de 1940, e no Brasil da atualidade, em comunidades cariocas que convivem com a cultura do tráfico. A comparação proposta visa, por um lado, a identificação de ressonâncias entre vozes de diferentes contextos epaço-temporais que discursivizam e reiteram certa significação sócio-cultural do ato de cortar os cabelos, sobretudo de mulheres, comoum gesto de violência, e, por outro, o delineamento das especificidades culturais que, no trabalho com a linguagem na documentação histórica francesa e na produção telejornalística brasileira, desenham relações ético-estéticas divergentes. Assim, no estudo apresentado, procura-se responder à seguinte questão: como, depois de tantas décadas, essa voz do pós-guerra francês que tem sido trabalhada na historicização daquele país emerge no contexto brasileiro e nele é midiatizado (res)significando as mesmas práticas? A análise empreendida aqui mostra que a -prosa das tosquiadas" mobiliza vozes diferentes que, ao imprimirem suas marcas nos enunciados, estratificam a linguagem e desenham fronteiras sócio-culturais. Interação E Persuasão Em Artigo De Opinião De Carlos Heitor Cony: Um Enfoque Sistêmico-Funcional MARIA PIEDADE TEODORO DA SILVA [email protected] [email protected] O objetivo desta pesquisa é o exame do artigo de opinião, “Esfola! Mata!”, Carlos Heitor Cony publicado no site da Academia Brasileira de Letras e verificar sua estrutura em termos dos estágios de gênero bem como as escolhas léxico-gramaticais que realizam a interação do artigo com o seu leitor. Uma das principais funções de artigos de pesquisa é persuadir o leitor sobre a validade das afirmações do escritor. Nesse sentido, a leitura dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) – Língua Portuguesa – mostra a preocupação do Ensino Médio em relação a pelo menos três aspectos principais em relação à compreensão e à produção da escrita: (a) o reconhecimento da relação entre informação e retórica, por meio do reconhecimento da persuasão feita através de avaliação explícita ou implícita, envolvendo a convicção e a sedução; (b) a consideração das características léxico-gramaticais de diferentes gêneros com especial atenção aos recursos de coesão e coerência; (c) a intersubjetividade, ou seja, a consciência de que a atitude no discurso não é a apresentação linguística transparente de estados internos de conhecimento, mas emerge da interação dialógica entre interlocutores. Um aspecto importante do sistema de valores subjacente ao texto – a ideologia – pode ser descrito linguisticamente em termos de avaliação presente nos textos. A pesquisa tem apoio na Gramática Sistêmico-Funcional (GSF), teoria cuja multifuncionalidade – expressa pelas três metafunções da linguagem: Ideacional, Interpessoal e Textual – é essencial à análise do discurso, apontado como o melhor modo para se examinar a conexão entre a estrutura linguística e os valores sociais. Embora as três metafunções façam parte da minha análise, o foco recai na metafunção Interpessoal, que inclui a Avaliatividade, Na essência, a Avaliatividade é um enquadre que mapeia os recursos que usamos para avaliar a experiência social. Esses recursos podem se realizar através de várias estruturas gramaticais e léxico. A pesquisa responde às seguintes perguntas: (a) como é feita a estruturação do artigo de opinião, levando em conta a questão de gênero? (b) que escolhas léxico-gramaticais são feitas em “Esfola! Mata!”em termos da Avaliatividade? A análise mostra que a Avaliatividade capta de maneira compreensiva e sistemática os padrões avaliativos globais que ocorrem no artigo examinado. A paratopia e a pessoa com deficiência no mundo do trabalho LETÍCIA AMOROSO [email protected] O presente trabalho faz parte de uma das etapas teóricas da dissertação de mestrado A pessoa com deficiência no mundo do trabalho: discurso e atividade. O objetivo desta exposição é entender e investigar a concepção de paratopia proposta pelo analista do discurso francês Dominique Maingueneau através da inserção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. Vale pontuar que este tema de mestrado está inserido na linha de pesquisa e, mais amplamente, do ponto de vista teórico, apoia-se em conceitos propostos por Schwartz (2010), a partir da perspectiva ergológica, tais como atividade de trabalho, norma, renormalização e debate de valores, articulando-os àqueles pertinentes à perspectiva enunciativo-discursiva. Entendemos como paratopia uma “negociação difícil, entre o lugar e o não-lugar” (MAINGUENEAU,1995, p.28) do indivíduo que não encontra um grupo e busca um posicionamento. Considerando que a paratopia se inscreve no indivíduo por meio de uma atividade de criação enunciativa,temos por objetivo ampliar a questão proposta pelo autor. Segundo Maingueneau, a paratopia anuncia ao mesmo tempo o pertencimento e o não pertencimento e, sendo assim, consideraremos que seu significado avança em outros sentidos (não fica estagnada na paratopia criativa, que foi a primeira discussão) como o que se pretende explorar aqui: a paratopia identitária (Maingueneau, 2010). O ensino da escrita representado em textos produzidos por professores após um processo de formação continuada. GISELE MARIA SOUZA BARACHATI [email protected] [email protected] Esta pesquisa de mestrado tem como tema as representações de professores sobre a tarefa de ensinar a escrever. Inserido em um processo de formação continuada, esse profissional constrói representações sobre seu trabalho, que podem interferir em seu agir em sala de aula. Esse trabalho visa a identificar e analisar as representações do ensino da escrita, configuradas em um texto produzido por uma professora, após um percurso de formação continuada. Essa pesquisa desenvolveu-se com base nos aportes teóricos do ISD e contribuições da Clínica da Atividade. Foi analisado o texto oral de uma professora de, que participou de oficinas dedicadas ao estudo de práticas metodológicas de ensino da produção textual. Uma Trilha Investigativa de base Enunciativa e Ergológica na interface Linguagem-Trabalho Docente CARLOS FABIANO DE SOUZA [email protected] Este trabalho pretende apresentar uma trilha de investigação delineada por um recorte teórico-metodológico de um projeto de mestrado em fase de desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem da UFF, cujo enfoque se dá na intersecção docente. Trata-se de um estudo à luz de uma lente discursivoenunciativa e suas interconexões com fundamentações de caráter ergológico. Nessa perspectiva, objetiva-se analisar as falas de professores de inglês sobre o seu trabalho em Cursos Livres - espaços de ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras, não regulamentados por órgãos do governo de cunho educacional. Para tanto, ancoramos nossa pesquisa na abordagem ergológica da atividade (SCHWARTZ, 1997), a qual nos permite abordar a realidade da atividade humana e, particularmente, a atividade de trabalho, sendo este complexo por ser composto por várias dimensões. Pode-se afirmar que a ergologia é uma perspectiva pluridisciplinar em razão de a atividade humana ser muito complexa para se compreender e analisar a partir de uma única disciplina (TRINQUET, 2010). Salienta-se que tomamos por base ainda o enfoque que leva em conta a linguagem sobre o trabalho, proveniente do recorte metodológico desenvolvido por Lacoste (1998). No que concerne às práticas linguageiras, nossa rota também abarca a concepção dialógica de linguagem (BAKHTIN, 2011) - ligada à própria ideia de língua enquanto espaço de interação verbal. Espera-se, assim, não apenas investigar as falas desses professores, mas, sobretudo, auxiliar na compreensão da complexidade do trabalho desse profissional, dando visibilidade para que esse sujeito e o seu trabalho sejam reconhecidos profissionalmente como legítimos dentro da comunidade discursiva da qual fazem parte. A mediação do trabalho do professor por duas propostas do PNLD na área de ensino de Língua Portuguesa ANA LÚCIA HORTA NOGUEIRA [email protected] MAÍSA ALVES SILVA SILMARA REGINA COLOMBO Atualmente todas as escolas públicas brasileiras recebem livros do Programa Nacional do Livro Didático, que se desdobra em diferentes programas. A partir das contribuições da ergonomia francesa para análise do trabalho (Bronckart, 2006; Machado e colaboradores, 2007, 2009, 2011) e da perspectiva discursiva de linguagem (Bakhtin, 2004; Geraldi, 1997), propõe-se a retomada de quatro coleções de livros didáticos selecionadas pelo PNLD para o 1º ano do Ensino Fundamental, voltadas ao processo de alfabetização, e das atividades propostas para o 5º ano do Ensino Fundamental pelo PNLD-Dicionários, com o objetivo de discutir as implicações das orientações presentes nestas propostas para a constituição da atividade do professor. Por meio da análise do contexto de produção de livros didáticos são problematizadas as concepções que veiculam, bem como as vozes presentes nas orientações ao professor e os diferentes destinatários. Tendo em vista o processo de análise das coleções, realizada através de procedimentos da análise documental, percebe-se a presença de diversos destinatários. Mesmo quando as orientações do livro didático se dirigem ao professor, estão voltadas aos avaliadores do PNLD, como resposta aos requisitos do edital de inscrição. Com relação ao PNLD-Dicionários, discute-se a falta de articulação entre materiais que compõem o mesmo programa, sendo eles o livro didático, os dicionários que compõem o acervo do 5º ano e o Guia Dicionários em Sala de Aula, que traz orientações aos professores e sugestões de atividades em sala de aula. As análises das situações de interação em sala, permeadas por este material, sugerem que a proposta para que esses materiais sejam complementares não se efetiva. Tais análises explicitam como as duas propostas produzem significativo impacto sobre o trabalho do professor, levantando argumentos para refletir acerca da constituição do trabalho docente, da autonomia e do professor e da forma como pode se tornar autor de seu próprio trabalho. *As autoras agradecem o apoio da FAPESP, nas modalidades Auxílio à Pesquisa (Ana Lúcia Horta Nogueira) e Bolsa de Mestrado (Maísa Alves Silva). A modalidade falada do inglês e a tradução em português: um enfoque da Gramática Sistêmico-Funcional BRUNA MARZULLO [email protected] [email protected] As escolhas lexicogramaticais que caracterizam uma interação oral autêntica em inglês ainda não mereceram a atenção devida. Esta pesquisa compara a modalidade falada do inglês, no caso, as interlocuções ocorridas em duas entrevistas do programa Late Night Show with David Letterman, no canal CBS, com as traduções em português, feitas nas respectivas legendas. Levo em conta que as legendas devem seguir normas que incluem sua extensão e que, dessa forma, seu conteúdo linguístico nem sempre pode ser idêntico ao do original, sendo em geral menos extenso. Assim, o que interessa à minha pesquisa é determinar as características do material omitido. Dos três significados construídos pela língua -ideacional, interpessoal e textual -, analiso o segundo, considerando que uma oração organiza a informação como um evento interativo (função interpessoal). Nesse contexto, enfoco a expectativa linguística em relação em especial à polidez. A expectativa linguística envolve, entre outros fatores, o nível de formalidade linguística adequado ao contexto de situação e de cultura, que deve ser respeitado com risco de insucesso na comunicação. O exame das interações enfocará basicamente: a Modalidade (envolvendo a Modalização e a Modulação) e a Avaliatividade (envolvendo a avaliação - explícita ou implícita - da mensagem ou dos interlocutores). A pesquisa deve responder às seguintes perguntas: (a) Que diferença existe entre as interlocuções de uma entrevista em inglês ocorridas em um programa de TV e as respectivas legendas em português em relação em especial à polidez? (b) Que papel exercem a Modalidade e a Avaliatividade nesse processo? A análise conta com o apoio da proposta teóricometodológica da Gramática Sistêmico-Funcional (GSF). A pesquisa mostra que há diferenças tanto nas escolhas lexicogramaticais que realizam a polidez quanto na frequência de seu uso. A representação da escola construída na mídia MONICA REBECA BRANDÃO ALVES [email protected] O presente trabalho, inserido na linha de pesquisa, tem por objetivo analisar e comparar 75 textos retirados do Jornal Folha de São Paulo e Estadão, que tratem de questões relativas à educação, a fim de compreender como ela é representada na mídia nacional. Os textos foram coletados durante o período de Fevereiro de 2013 a Fevereiro de 2014. Para entender a importância que a educação tem na formação, transformação e desenvolvimento de uma sociedade assumimos como base teórica a Linguística Sistêmico Funcional (HALLIDAY 1985/1994/2004) para a apreensão das avaliações, das representações que os textos apresentam sobre educação. As perguntas que norteiam a pesquisa são: Como a educação é representada pelos textos midiáticos investigados? Que características de contexto emergem através das escolhas feitas? O que essas escolhas representam em relação à perspectiva Profissional do Professor? . O programa computacional WordSmith Tools (Scott, 1999) está sendo utilizado como instrumento metodológico. A lista de palavras, ferramenta presente no WordSmith Tools, já mostra que os processos verbais são mais presentes no textos retirados da Folha de São Paulo. Perguntas retóricas e didáticas em dois sermões de Vieira: 'O Sermão da Sexagésima' e o 'Sermão do Mandato' PAULO DE TARSO GALEMBECK [email protected] [email protected] Este trabalho visa a estudar as ocorrências d epergun- tas retóricas e didáticas nos dois sermões indicados, com o objetivo de verificar o papel desses procedimen- tos na estruturação do texto e no estabelecimento e manutenção da interação entre o pregador e os ouvintes. Entende-se por perguntas retóricas e didáticas a classe específica de interrogações recorrentes em determina- das formas de interação assimétrica (aquela em que há um responsável pelo desenvolvimento do tópico discur e pela condução do processo interacional). Ao contrário das demais formas de perguntas (presentes na interação diálogica), as perguntas didáticas e retóricas não buscam a obtenção de uma resposta, pois seu objetivo é chamar a atenção dos ouvintes para um dado assunto (principalmente assuntos polêmicos), a fim de encaminhá-los a uma conclusão. Além disso, estabelece-se a diferença entre perguntas didáticas e retóricas: as pri- meiras são seguidas por uma resposta formulada pelo próprio expositor, ao passo que nas perguntas retóricas não existe a resposta ou ele fica subentendida. As ocorrências serão classificadas de acordo com as variáveis a seguir: a) tipo da pergunta (retórica o didática); b) modo de introdução da pergunta (perguntas introduzidas de modo direto ou perguntas antecedidas por um enunciado justificador ou contextualizador; c) modo de apresentação das perguntas (perguntas isoladas ou perguntas em série; d) relação com o desenvolvimento tópico (introdução, expansão ou conclusão). Os resultados obtidos apontam para o amplo predomí nio de perguntas retóricas, introduzidas de modo direto e apresentadas de forma isolada e ligadas à expansão do tópico em andamento. Made in BRICS: Design de hipermídia de homepages de revistas de arte produzidas em cinco países sob o enfoque sistêmico-funcional MARISA NASCIMENTO [email protected] Neste trabalho é analisada a organização da informação de homepages de revistas de artepor meio do design que as configuram. Dentro do layout, que abarca o conteúdo de uma página online,significados são construídos por meio da interação das diversas semioses. Tais significados podem ser resgatados na análise multimodal, tendo em vista que a navegação em hipermídias se pauta na forma, na estrutura e na estética do ambiente virtual. Ao enfocar as funções da linguagem e seu uso na esfera das relações humanas, os conceitos da Teoria Sistêmico-Funcional embasam análises úteis acerca do significado que emerge do texto. Esta abordagem não fica restrita à linguagem verbal, podendo ser aplicada a outros sistemas semióticos. Nesse sentido, a AMD contribui para entender os efeitos de sentido decorrentes do hipertexto a partir do design de hipermídia em que se organiza a informação. O corpus deste trabalho é constituído por amostras de homepages de cinco revistas de arte e cultura provenientes dos países do bloco BRICS: a revista Bravo!,do Brasil; a revista Iskusstvo (Искусство), da Rússia; a revista ART India, da Índia; a revista LEAP (艺术界), da China; e a revista Art Times, da África do Sul. Como metodologia de pesquisa, é utilizada a análise de conteúdo, identificando variações e padrões que ocorrem no corpus, e elaborando categorias de análise para os componentes das homepages estudadas. Os resultados mostram que as cinco homepages apresentam sistemas semelhantes em termos de gramática visual e web design, apesar de suas realizações serem distintas. A pesquisa também aponta que é preciso atentar-se para o fato de países emergentes estarem se destacando não só pela economia, mas também por tendências diversas, tais como produção de conteúdo midiático voltado para as artes e atuação nas esferas do design de hipermídia. Do planejamento ao replanejamento do trabalho docente no ensino superior: uma atividade evidenciada em situação de autoconfrontação SOLANGE ARIATI [email protected] ANSELMO LIMA DALVANE ALTHAUS Esta comunicação apresenta uma análise de aspectos do planejamento e do replanejamento do trabalho docente em resposta a dificuldades que ocorrem no processo de ensino-aprendizagem em sala de aula. Os dados foram produzidos em sessões de autoconfrontação (cf. FAÏTA, 1996; CLOT, 2010), realizadas com professores do ensino superior no âmbito de uma ação de formação continuada. O material audiovisual resultante foi transcrito de acordo com as normas do projeto NURC/SP (Preti, 1999). Sua análise é feita com base em um referencial teórico proveniente da ergonomia da atividade docente e da clínica da atividade. Os resultados das análises dos diálogos revelam que o professor se depara com a não realização da atividade solicitada aos alunos, que era a leitura de textos disponibilizados previamente. O que o professor esperava de seus alunos era que eles realizassem o que lhes havia prescrito com a finalidade de que se preparassem para participar da aula. No entanto, o que é prescrito aos alunos não se transforma em tarefa realizada, e sim em uma tarefa esperada. (SOUZA-e-SILVA, 2003). As imagens do docente em atividade e seu discurso para explicar o trabalho revelam que ele encontrou duas estratégias de superação dessa dificuldade: o uso de uma pergunta e o uso de um exemplo do cotidiano. A pergunta inquieta os alunos, leva-os a pensar sobre o conteúdo e a tentar esboçar alguma resposta ou ao menos a esperar por ela. O exemplo relaciona o conteúdo com algo que é próximo dos alunos e os leva mais facilmente a aprender após terem sua curiosidade aguçada. Com essas estratégias o professor contorna a não realização da atividade prescrita de modo a garantir, apesar de tudo, alguma qualidade do processo de ensino-aprendizagem. Além do planejamento prévio da aula, se revelou necessário o replanejamento devido às dificuldades do acontecimento real do processo de ensino-aprendizagem. O discurso das personagens literárias no original e na tradução SOLANGE PEIXE PINHEIRO DE CARVALHO [email protected] [email protected] O escritor italiano Andrea Camilleri ficou conhecido principalmente por causa do uso pouco convencional da linguagem, ao introduzir diferentes línguas minoritárias e românicas em suas narrativas; uso que remete a uma situação linguística, sociocultural e histórica da Sicília. Essa forma de falar está profundamente ligada a uma ideia de pertencimento, (não) ser siciliano, e coloca para os leitores o confronto entre as personagens que (des)conhecem a cultura siciliana e a interação entre elas, envolvendo aspectos como hierarquia, amizade e afeto. Tais questões representam um desafio para os tradutores: como apresentar os diversos discursos das personagens em português, se nossa realidade sociocultural é bastante diferente da italiana? Nos textos originais é apresentado o confronto entre diferentes realidades culturais, portanto, quais seriam as possíveis soluções para mostrar para nossos leitores o princípio da alteridade tão presente na linguagem das personagens, se nós temos no Brasil o que Tarallo e Alckmin chamam de “multidialetismo ameno”? Este trabalho se baseia em dois romances históricos de Andrea Camilleri, “Il Re di Girgenti” e “Il Birraio di Preston” e suas respectivas traduções brasileiras, “O Rei de Girgenti” e “A Ópera Maldita”, e seu objetivo é fazer uma reflexão a respeito das estratégias usadas pelos tradutores das obras camillerianas já publicadas no Brasil, verificando como (e se) a diversidade cultural e linguística encontrada nos textos italianos é apresentada para os leitores brasileiros. Essa reflexão, baseada em um confronto texto italiano / texto brasileiro, será feita tendo por embasamento teórico alguns pressupostos da área da tradução de variantes linguísticas (Lane-Mercier, Chapdelaine, Pym) que discutem o papel desempenhado pelas variantes em um texto literário e a proposta da tradução como uma negociação (Eco). Serão abordados igualmente um pressuposto dos estudos discursivos (o princípio da alteridade, conforme apresentado por Charaudeau) e considerações sobre a linguagem informal na literatura brasileira (Preti). Representações da consciência e do dizer na visão da narradora em Inés del alma mía e na tradução para o português brasileiro: uma abordagem sistêmico funcional GIOVANNA MARCELLAVERDESSI HOY [email protected] LEILA BARBARA Este trabalho faz parte da pesquisa de doutorado em andamento e pretende identificar e analisar representações Ideacionais das personagens femininas no papel semântico de Experienciador e Dizente em Inésdel alma mía (ALLENDE, 2006) e em sua tradução para o português do Brasil (SSÓ, 2007). Adota-se o referencial teórico da Linguística Sistêmico Funcional (HALLIDAY e MATTHIESSEN, 2004, 2014) na interface dos Estudos da Tradução (CATFORD, 1965; HALLIDAY, 2001; MATTHIESSEN, 2001; RODRIGUES-JÚNIOR e OLIVEIRA, no prelo) e do texto literário (MONTGOMERY, 1993; SIMPSON, 1993; PAGANO, 2007; RODRIGUES-JÚNIOR e BARBARA, 2013). Na metodologia, utilizam-se recursos computacionais do WordSmiths Tools (6.0), quais sejam: i) Word list (lista de palavras; ii) Concordance (concordanciador), e: iii) Alligner (alinhador) do view&aligner. Os dados mostram que os processos mentais são mais utilizados para representar personagens femininas do que os verbais. A maior ocorrência de processos mentais põe em relevo as experiências internas de cognição, de percepção, de afeição e de desejos das personagens femininas, comparativamente em maior número do que as experiências da fala dessas personagens. Em relação aos corpora, o padrão de uso para representar Experiênciadoras e Dizentes foi a equivalência Ideacional, embora também tenham sido identificadas mudanças (shift) Ideacionais que constroem no texto traduzido representações diferentes das que se encontram no texto original. Recursos tipográficos constitutivos da verbo-visualidade na revista A Violeta ELIETE HUGUENEY DE FIGUEIREDO COSTA [email protected] Esta comunicação constitui parte da pesquisa de doutoramento -Revista A Violeta: a verbo-visualidade e o entrecruzamento de vozes-, em desenvolvimento no Programa de Pós-graduação em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem (PUC-SP). Na análise de enunciados pertencentes à revista cuiabana A Violeta, que circulou entre 1916 e 1950, pudemos observar uma variedade de recursos tipográficos utilizados, como fontes, espaçamentos, itálicos, negritos, pequenos desenhos que dividem seções, molduras, uso de letra capitular, entre outros. Tais recorrências remetem diretamente ao plano de expressão verbo-visual, compondo um todo enunciativo que promove uma abertura para a construção dos sentidos, a partir do olhar analítico da pesquisadora, que se direciona não só para a distinção entre ilustração e fotos presentes nos enunciados da revista, mas também para o tratamento dado pelas editoras aos aspectos que envolvem a diagramação em todo espaço ocupado pelos enunciados selecionados para análise. Enseja-se, para tanto, uma descrição histórico-social do contexto tecnológico da época, levando-se em conta as várias fases da tipografia. A base teórica fundamenta-se em Bakhtin e o Círculo (2010, 2011, 2012), no que se refere à constituição dos discursos, e Brait (2010, 2012, 2013, 2014), a respeito da verbo-visualidade. Já a perspectiva metodológica guia-se pela Análise Dialógica do Discurso - ADD (Brait, 2008). Uma conclusão preliminar, a partir da análise dos recursos tipográficos encontrados em A Violeta, encaminha para o fato de que estes elementos são constitutivos de sua forma composicional, integrando, assim, a arquitetônica da revista. Além disso, pode-se afirmar que as redatoras da revista se utilizam de diferentes estratégias de mobilização do plano de expressão verbo-visual para inserir, nos diferentes textos presentes em suas edições, vozes que encarnam um discurso feminino emancipatório. Comunidade discursiva e renormalização na atividade de trabalho de operadoras de telemarketing SILMA RAMOS COIMBRA MENDES [email protected] [email protected] Considerado um dos setores mais dinâmicos da economia no país, o telemarketing abriga atualmente um contingente de mais de um milhão de trabalhadores, em sua grande maioria, jovens mulheres. A despeito do avanço do setor, trata-se de uma atividade precarizada, marcada por rígidos prescritos (cumprimento e escorização de metas, separação em -baias- para evitar contato, conversas, algum tipo de sociabilidade), controle da linguagem (scripts a serem obedecidos, fala -taylorizada-, controlada e vigiada) e do corpo (perda da voz, problemas de audição, estresse em função de maus tratos de clientes, depressão, esforço repetitivo), além de assédio moral de supervisores e gerentes. A despeito desse quadro de intensificação do trabalho presente na atividade em questão, o trabalhador busca recriar o meio, através da gestão singular das microvariabilidades (Schwartz e Durrive, 2010). A presente comunicação tem por objetivo apresentar o processo de renormalização da atividade de trabalho de operadoras de telemarketing de instituto de pesquisa de mercado, por meio da experiência de leitura e compartilhamento de livros de ficção em situação de trabalho. Acreditamos que há nesse vivido a constituição de uma comunidade discursiva (Maingueneau, 1997; 2006) -cimentada- por tais práticas, a fim de tornar mais vivível o trabalho e enfrentar as infidelidades do meio (Schwartz, 2010). O referencial teórico da pesquisa centra-se na articulação entre a Ergologia, conforme postulada por Schwartz, e a Análise do Discurso, com base nos estudos de Maingueneau. A metodologia adotada até o presente momento consistiu em recuperar, por meio de entrevista realizada pela pesquisadora, a fala de uma operadora, com nível de escolaridade médio e experiência profissional anterior na área. Os resultados parciais da pesquisa sinalizam que a atividade de trabalho assim renormalizada e ressingularizada vem fortalecendo a comunidade discursiva que a sustenta. Diálogos com professores: das situações desafiantes ao papel do coletivo KÁTIA DIOLINDA [email protected] A proposta da comunicação é de apresentar alguns resultados de uma pesquisa de doutorado em andamento, que investiga o papel do coletivo do trabalho do professor nos desafios diários da profissão. A tese em questão compreende o coletivo como recurso para o desenvolvimento do métier; sendo-o decisivo para a legitimação dos estilos individuais e das transformações das regras, bem como na ajuda mútua dentre as diferentes situações que desafiam o professor (CLOT, 2006;2010). Trata-se, então, de analisar as representações da atividade de trabalho, conforme configuradas em textos produzidos pela pesquisadora e por oito professores do Ensino Fundamental II e Médio da rede pública do Estado de São Paulo, durante cinco encontros de discussão (oral) em grupo. Nos encontros, os participantes discutiram sobre os desafios e as possíveis soluções da atividade, produzindo textos orais (transcritos) que possibilitaram uma melhor compreensão das representações sobre o papel do coletivo. Consiste, portanto, de uma abordagem teórico-filosófica em que as relações e as implicações da atividade de linguagem e da prática exercem um papel central no processo de desenvolvimento do humano, como, no do trabalho. Assim, com um quadro teórico-metodológico transdisciplinar, a pesquisa contribui e se filia à Linguística Sistêmico-Funcional (HALLIDAY 1994; HALLIDAY e MATTHIESSEN 1999, 2004, 2014), ao Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 2006, 2008; LAF, 2004; DOLZ & SCHNEUWLY, 2004); bem como aos referenciais das ciências do trabalho: o grupo ERGAPE (AMIGUES, 2004; FAÏTA, 2004, 2005; SAUJAT, 2004) e a Clínica da Atividade (CLOT, 2000, 2002, 2006; KOLTUSKI, 2009; ROGER, 2008). Os resultados apontam para um papel restrito do coletivo, em que os desafios são na maioria contornados individualmente, entretanto sinalizam para as possibilidades do seu fortalecimento, o que é importante para a qualidade, seja das condições de trabalho, seja do próprio trabalho. Elementos sobre o destinatário de emergência em situação de autoconfrontação: um olhar ampliado ALANA DESTRI [email protected] [email protected] ANSELMO LIMA (Orientador) De forma ampliada em relação a um trabalho anterior, esta comunicação apresenta uma análise linguística, discursiva e psicológica de modos de manifestação do fenômeno do destinatário de emergência em situação de autoconfrontação simples (Faïta, 1997; Clot, 2010) no contexto de uma ação de formação docente continuada na educação superior. Para tanto, uma das aulas de um professor do Curso de Ciências Contábeis de uma universidade federal foi gravada em áudio e vídeo. Posteriormente, o docente teve a oportunidade de se observar em atividade em um trecho de sua aula, descrevendo-o e explicando-o a um pesquisador, que atuou como mediador de seu desenvolvimento profissional. O material audiovisual foi transcrito segundo as normas do projeto NURCSP (Preti, 1999), tornando graficamente visível a ocorrência do fenômeno. Além da subversão do discurso do -eu- pelo do -a gente- prevista por Clot (2010), pode-se observar o fenômeno do destinatário de emergência também na subversão do discurso do -eu- pelo discurso do -você- genérico ou do -professor-. Isso se dá diante do desconforto do sujeito ao observar e falar de sua própria atividade, buscando proteger-se atrás de um coletivo que o respalde (Clot, 2010). A análise das ocorrências no discurso permite perceber que o fenômeno do destinatário de emergência permeia o emprego do método da autoconfrontação simples com notável frequência. Com isso, tal fenômeno demonstra não só o posicionamento do profissional diante de seu coletivo, mas também sua insegurança quanto a seu posicionamento. Demonstra, além disso, a manifestação da afetividade profissional, o que revela o bom funcionamento da autoconfrontação. Por fim, tal afetividade promove o início do processo de reflexão do trabalhador acerca de sua atividade, na relação com seu coletivo, o que pode levá-lo a buscar cotidianamente o aperfeiçoamento profissional. De frente com o “espelho”: a autoconfrontação como dispositivo metodológico para a formação profissional de tradutores e intérpretes de libras e língua portuguesa VINICIUS NASCIMENTO [email protected] Este trabalho apresenta o recorte de uma pesquisa de doutorado cujo objetivo é observar como o Tradutor e Intérprete de Libras e Língua Portuguesa (TILSP) mobiliza os conhecimentos prévios construídos em sua prática profissional a partir de conhecimentos novos adquiridos em um contexto de formação. A pesquisa justifica-se pela atual demanda de formação de TILSP determinada por legislação vigente (Lei 10.098/00; Decreto 5.626/05; Lei 12.319/10) para atuação em vários contextos afim de garantir a acessibilidade comunicacional de surdos usuários da Libras. Por meio de um deslocamento da metodologia da Autoconfrontação, originalmente elaborada pelo linguista Daniel Faïta, no contexto da Clínica da Atividade Francesa, em que o objetivo era colocar o trabalhador de frente com seu próprio fazer para mobilizar, na linguagem, aquilo que acontece no plano da ação, busca-se observar e analisar, por meio de uma atividade de interpretação da Libras para a Língua Portuguesa na modalidade oral em sala de aula, a mobilização de saberes investidos, aqueles que o trabalhador constrói na sua prática fora de um contexto de formação, em diálogo com saberes instituídos, que são adquirido em um contexto formal e institucional. O corpus foi coletado em um curso de especialização em Tradução e Interpretação de Libras/Português de uma instituição de ensino superior privada na cidade de São Paulo. A fundamentação teórico-metodológica estabelece uma articulação entre duas contribuições aos estudos da linguagem e do trabalho: 1) as formulações sobre enunciado concreto, interação verbal, significação, tema e compreensão ativa elaboradas no conjunto da obra de Bakhtin e o Círculo; e 2) os aportes teóricos da Ergologia, abordagem filosófica elaborada na França na década de 1970 por Yves Schwartz em diálogo com outros intervencionistas do trabalho humano, sobre saberes investidos, saberes constituídos, normas antecedentes e renormalização. The verbal language of American movies: A diachronic multidimensional study MARCIA VEIRANO PINTO [email protected] [email protected] TONY BERBER SARDINHA In this study we present an analysis of American movies based on a large representative corpus of the major cinema genres produced in the United States since 1930. The goal was to linguistically identify the major eras of American movies, through a Discriminant Function Analysis (DFA) based on the dimensions of variation in American movies described by Author 2 (2014). The dimensions of variation underlying the movies were identified through the extraction of statistical factors reflecting the linguistic features that regularly correlate across the genres. Previous research suggested that the verbal language of American movies held stable since its inception in the late 1920s (Author 2, 2014). However, the current study shows that this apparent stability hid two major complimentary styles in US movies: an early style, occurring in the 1930s and 1940s, marked by less spontaneous discourse with an interpersonal focus, with a higher incidence of argumentation, persuasion, opinions, intentions, feelings and assessment, and a more recent style, occurring in the 1990s and 2000s, marked for spontaneous and less persuasive discourse. Evangelização indígena: uma análise interdiscursiva ALESSANDRA DIAS CARVALHO [email protected] Este trabalho integra a tese de doutorado que é desenvolvida na PUC/SP, cujo objetivo principal é analisar a relação interdiscursiva que constitui o discurso católico e o discurso protestante batista, no que tange a evangelização indígena, a fim de apresentar um estudo da semântica global desses dois posicionamentos. Para tanto, esta pesquisa ancora-se nos princípios teóricos da Análise do Discurso (AD), de linha francesa, mais especificamente, na noção de semântica global proposta por Maingueneau (2008). A relevância deste estudo não é somente o fato de colocar em prática uma teoria linguística, mas, também, em abordar, por meio da escrita acadêmica, um problema que atinge os seguimentos sociais: o conflituoso convívio entre os povos indígenas e os não índios.Diante da necessidade de inclusão dos povos indígenas, sujeitos católicos e batistas, a partir do discurso, de valores e práticas pertencentes à cultura não indigenista, os evangelizam e tentam, dessa maneira, neutralizar e homogeneizar o diferente e heterogêneo com vistas à criação de uma possibilidade de luta e conquista de um lugar na sociedade brasileira. Este estudo compreende a análise do discurso de evangelização indígena, no viés do catolicismo a partir de enunciados da Revista Porantim e do Jornal Porantim e, quanto ao discurso do protestantismo batista, a fonte de pesquisa é composta por materiais de divulgação, tais como: revistas e folhetins produzidos pela Junta de Missões Nacionais (JMN) e a Junta de Missões Mundiais (JMM). Acreditaseque o interdiscurso precede o discurso, destarte, a construção dos submodelos semânticos dos discursos supracitados não se constitui isoladamente um do outro, mas sim, no interior do espaço discursivo ligado ao campo religioso. Os resultados parciais encontram-se em fase de elaboração. Proposições bakhtinianas e ergológicas em interface: gestão e uso de si no trabalho ERNANI FREITAS [email protected] GISLENE HAUBRICH [email protected] Se por um lado as práticas cotidianas do ambiente laboral confluem para uma coisificação do sujeito trabalhador (ANTUNES, 2011), por outro as práticas linguageiras evidenciam a subjetividade implicada na realização da atividade laboral. Schwartz (2014) descreve o trabalhador como corpo-si, um ser que promove a ação conjunta entre material e imaterial, uma união entre alma e corpo na qual a gestão do uso de si decorre de uma tríplice ancoragem: biológica, histórica e singular. Tais considerações convergem com a proposição de Bakhtin (1993, p. 19) acerca do ato responsável do sujeito, ou seja, o ato-atividade enquanto -participante real vivo no evento em processo do ser-. Percebe-se que as perspectivas de Schwartz e Bakhtin opõem-se à proposição marxista que apaga o sujeito de sua ação no processo estruturante da realidade diante do processo de produção. Esta oposição permite vislumbrar uma emancipação do trabalhador frente sua atividade. Ante essas proposições, o estudo visa articular as noções corpo-si, atividade, ato responsável e interação verbal, a fim de identificar a gestão e uso de si no trabalho perante a prática discursiva da empresa Hera em editoriais do seu jornal. A opção por este corpus reside na premissa de que a interação sujeito-prescrição determina a transgressão das normas postas e limita a inovação na produção, além de suprimir o aprimoramento pessoal e criativo dos trabalhadores. A análise enunciativo-discursiva dos editoriais do jornal da empresa Hera evidencia normas que visam encarcerar a atividade tanto pela determinação do que deve ser feito, quanto em relação aos comportamentos individuais no sentido de -estar de bem com a vida-, por exemplo. Desse modo, além de instigar a renormalização sem valorá-la, mas cerceá-la de alguma forma, a Hera constrói, em seu discurso, sentidos muitas vezes contraproducentes à atividade, estimulando, assim, competitividade nociva e vínculos efêmeros ligados a interesses momentâneos. A Música no Ensino da Língua Inglesa: uma Abordagem sob o Olhar da Linguística de Corpus MARIA CLAUDIA NUNES DELFINO [email protected] [email protected] O presente trabalho apresenta a elaboração de atividades (unidades didáticas) para o ensino da língua inglesa através de músicas a partir de uma abordagem baseada na Linguística de Corpus. Para tanto, são observados trabalhos como os de Berber Sardinha (2011) e Bertóli-Dutra (2002; 2010), os quais dizem respeito à exploração de corpora no ensino de língua estrangeira, bem como o de Biber (1988), que enfoca os preceitos da Análise Multidimensional. Dois corpora, sendo um denominado corpus de estudo (Corpusof English Lyrics - CoEL), formado por palavras provenientes de 585 letras de música das bandas Beatles, Bon Jovi, Maroon 5 e do cantor Bruno Marse um corpus de referênciaCorpus of Contemporary American English – COCA), foram utilizados a fim de que as características léxicas gramaticais mais salientes das letras de música fossem levantadas e pudessem ser usadas para a preparação dos materiais de ensino. A análise indicou que get e make são palavras muito frequentes em ambos os corpora. Linhas de concordância foram rodadas para esses verbos e seus padrões utilizados em exercícios que seguiram critérios de design, tais como: (1) exercícios devem estar baseados em corpora, (2) devem ser replicáveis, (3) não devem requerer muito tempo de preparação para o professor. Eles também seguiram uma taxonomia aqui proposta, com a seguinte tipologia: (1) análise de concordância, (2) relacionar padrões, entre outros. A professora, por meio de um diário reflexivo que, de acordo com Machado (1998) vem a ser não apenas um instrumento de pesquisa, mas sim de ensino e aprendizagem, contribuiu com informações importantes para o ensino de inglês com materiais baseados em corpus, ajudando também a montar o design das atividades desenvolvidas que foram testadas em sala de aula com alunos com nível iniciante de inglês e serão mostradas na apresentação. Essa pesquisa pode ser considerada pesquisa- ação porque cada parte envolvida foi levada em consideração na montagem das atividades. A partir dos resultados desse trabalho pode-se concluir que: os alunos ficam mais motivados para aprender inglês com música e exercícios baseados em Linguística de Corpus; letras de música contem padrões encontrados no inglês falado, que podem ser utilizados para o ensino da língua; ao seguir um design de critérios de exercícios as atividades ganham maior variedade e consistência; ensinar com corpus e manter um diário de todas as aulas pode ser mais trabalhoso, porém ajuda muito tanto o professor como os alunos a aprender a língua. Autoconfrontação e formação docente: uma perspectiva dialógica para o desenvolvimento de futuros professores de FLE ELISANDRA MARIA MAGALHÃES [email protected] ROZANIA MARIA ALVES DE MORAES [email protected] Este trabalho deriva de uma pesquisa de mestrado centrada em investigar o papel da autoconfrontação para a formação profissional de futuros professores de francês como língua estrangeira (FLE). Naquela ocasião, tomamos o quadro metodológico da autoconfrontação (mais precisamente a autoconfrontação simples – ACS) (CLOT; FAÏTA, 2000; FAÏTA; VIEIRA, 2003; FAÏTA, 2007), recorremos à filosofia bakhtiniana da linguagem (BAKHTIN, 2003; BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2010), aos pressupostos da Clínica da Atividade (CLOT, 2007) e da Ergonomia da Atividade (DARSES; MONTMOLLIN, 2006). As análises realizadas apoiaram-se na abordagem bakhtiniana social e discursiva da linguagem. Na presente proposta de comunicação, temos o objetivo de discutir a questão de como as relações dialógicas estabelecidas nos diálogos de alunos-estagiários sobre a atividade docente de uma professora experiente de FLE funcionam como provocadores de desenvolvimento. Assim, tomando como corpus da pesquisa o texto resultante da confrontação dos alunos-estagiários com verbalizações da professora em ACS, observamos o direcionamento das falas dos alunos a três diferentes tipos de destinatários: imediato, subdestinatário e sobredestinatário. Nesse sentido, o autor de um enunciado se dirige a um destinatário que produz uma resposta imediata (professor-formador, pesquisador, outro estagiário), a ele próprio (aluno-estagiário) e a um participante invisível com quem ele também dialoga (as prescrições, o métier, etc.). A análise detida desses diálogos indicam que os estranhamentos e as controvérsias geradas no momento dessas trocas dialógicas fazem com que o aluno reaja à sua atividade e busque respostas para suas dúvidas, seus dilemas, suas dificuldades, etc. Tudo isso o leva a produzir um discurso que alimenta inúmeras reflexões e que poderá ser visto como recurso para o seu desenvolvimento e para o desenvolvimento de seu trabalho vindouro, criando, assim, possibilidades de remodelá-lo. Em outras palavras, essas relações dialógicas viabilizam um discurso reflexivo que pode ser a base para a transformação da prática docente desses futuros professores. Sequência didática para o ensino do gênero resenha de filmes em língua inglesa com foco na estratégia de referenciação EWERTON BATISTA DUARTE [email protected] O presente artigo tem como objetivo apresentar uma sequência didática para o ensino do gênero resenha de filmes nas aulas de língua inglesa do Ensino Médio. Por meio de discussões na disciplina de mestrado do Programa de Pós-graduação em Linguística Aplicada da Universidade de Taubaté, constatou-se a falta de atividades em uma sequência didática que contemple a capacidade linguístico-discursiva. É crucial conscientizar o aluno sobre a importância da coesão textual na resenha em língua inglesa a fim de entender a estratégia de referenciação. Esta pesquisa vincula-se ao projeto “Ensino de produção textual: o gênero de texto como instrumento de trabalho”, disciplina coordenada pelos professores Dra. Adriana Cintra de Carvalho Pinto e Dr. Orlando de Paula, da Universidade de Taubaté. Como aporte teórico, apoiamo-nos em Dolz e Scheneuwly (2004), Bronckart (2012) e Koch (2007). Para o desenvolvimento deste trabalho utilizamos a pesquisa bibliográfica como metodologia, estabelecendo, portanto, diálogos entre o modelo didático defendido pelos sociointeracionistas e a noção de coesão textual. Ação de formação docente continuada em instituição privada de ensino superior: a linguagem como mediadora. TERESA RAQUEL CONTE [email protected] [email protected] ANSELMO LIMA Esta comunicação tem o objetivo de apresentar uma ação de formação docente continuada que será desenvolvida em uma instituição privada de ensino superior por meio do método de autoconfrontação simples e cruzada. Esta ação é diferenciada, pois atua diretamente com o professor. Ao invés de tirá-lo do trabalho, o ajuda no trabalho e, como resultado, pode transformar práticas profissionais. Na perspectiva da Clínica da Atividade que adotamos, o objetivo da transformação das situações de trabalho está no centro das questões suscitadas (Clot, 2010). O método de autoconfrontação se configura como um procedimento de pesquisa e intervenção desenvolvido pelo linguista Daniel Faïta (cf. 1997; 2007) com base em seus estudos teórico-metodológicos, sendo amplamente empregado pelo psicólogo francês Yves Clot em sua Clínica da Atividade (cf. Clot, 2010; 2005; Clot, d al., 2001). A partir do uso desse método, o trabalhador passa a ser observador e analista de sua própria atividade. Para que isso seja possível é necessário termos o material audiovisual, que, neste caso, serão trechos gravados de aula de professores voluntários. Esta ação se justifica pela possibilidade de trabalhar diretamente com professores, discutir vivências de sala de aula, observar diversas atividades, transformar práticas de trabalho e, como resultado, o próprio processo de produzir dados verbais para posterior análise. Acreditamos que quando atuamos junto com o professor, dando-lhe a oportunidade de rever suas ações em sala de aula e de ter ao mesmo tempo esse contato com sua atividade docente mediado pela linguagem, em uma interação social especial, proporcionamos a ele tomadas de consciência sobre sua prática, uma vez que “a consciência só se torna consciência quando se impregna do conteúdo ideológico (semiótico) e, consequentemente, somente no processo de interação social” (Bakhtin/Volochinov, 1929/2002). O Dialogismo Religioso em O Anjo do Quarto Dia, de Gilvan Lemos SAMUEL LIRA DE OLIVEIRA [email protected] [email protected] A presente comunicação tem como cerne investigar a dialogicidade, polifonia e suas relações com textos bíblicos, do Antigo e Novo Testamentos, com a obra O Anjo do Quarto Dia, 1981, do pernambucano Gilvan Lemos a fim de analisarrelações possíveis que se estabelecem entre algumas personagens e acontecimentos do romance com os dos textos sagrados.Tais relações foram observadas, em especial, à luz da teoria dialógica do filósofo russo Mikhail Bakhtin. Para ele, o romance não é apenas um evento estrito do mundo da literatura, no campo metafórico, mas uma realização dialógica, pois é uma manifestação em que a língua constrói um arcabouço discursivo no qual literatura e código se convergem na construçãoromanesca. Esta investigação terá como fonte de apoio os seguintes livros da Bíblia Sagrada: Velho Testamento: Gênesis, Êxodo, Salmos, Eclesiastes, Cânticos dos Cânticos de Salomã,. Novo Testamento: Mateus, Marcos, Lucas, João, Atos, Romanos, 1ª Coríntios, Gálatas, Colossense. Uma característica marcante nas obras do referido romancista é o diálogo que seus romances mantêm com elementos de cunho religioso com destaque os bíblicos. Sobre a intertextualidade teremos Julia Kristeva quefomentará este estudo. As fórmulas discursivas na situação de trabalho do acadêmicoprofessor MARIA IEDA MUNIZ ARLETE REBEIRO NEPOMUCENO MÁRCIA ANDREA SANTOS [email protected] Considerando a prática discursiva de um acadêmico-professor, este trabalho objetiva analisar fórmulas discursivas, ou seja, um conjunto de enunciados/fragmentos que circulam em bloco em um momento determinado, percebidos como se constituíssem um todo, com a origem podendo ou não ser identificada. Para realizar a investigação ora proposta, ancora-se nos pressupostos da teoria dialógica do discurso em interlocução com estudos sobre o trabalho, CLOT (2001) FAITA (1997), SCHWARTZ (2008), evidenciando conceitos de atividade prescrita, real da atividade, estilo da ação, os quais se relacionam ao posicionamento discursivo da acadêmica, constituído com o auxílio de fórmulas cristalizadas da língua. Para a coleta de dados,por meio de uma entrevista, em situação de trabalho, utilizou-se o método da autoconfrontação simples. Os resultados apontam para a percepção da situação de trabalho do acadêmico-professor: o modo de engajamento do acadêmico-professor relacionando a sua atividade docente à funcionalidade das expressões plastificadas no interior do seu discurso. Linguística de Corpus: desenho e coleta de um corpus de Curriculum Vitae em inglês e português SIMONE VIEIRA RESENDE [email protected] [email protected] É condição sine qua non a contribuição da Linguística de Corpus para a observação e investigação dos fenômenos da linguagem nos últimos anos (BIBER,1995;1998; 2006; SARDINHA, 2004). Coletâneas de estudos como as apresentadas em “Caminhos da Linguística de Corpus” (SHEPHERD d al., 2012) comprovam que a quantidade de enfoques que se pode abordar é incomensurável e muito relevante. Tal pujança se mantem à medida que os corpora são vistos como fontes inestimáveis de informação, capazes de proporcionar ao pesquisador quantidade de dados praticamente infinita. Segundo Biber (1993), a utilização de corpora eletrônicos oferece uma base empírica sólida para ferramentas e descrições linguísticas de uso geral, permitindo a análise de uma dimensão que, de outra forma, não seria possível. Apesar do grande número de pesquisas já realizadas e da compilação dos mais diferentes tipos de corpora, ainda não há registro de uma pesquisa com base em corpus sobre Curriculum Vitae (CV). Sendo assim, esta pesquisa visa preencher essa lacuna a partir do desenho, coleta e investigação de um corpus formado por CVs. A justificativa relativa à escolha de CVs como o registro — variedade textual definida por suas características situacionais (BIBER, 1995) —, vai além de simplesmente preencher a lacuna de uma variedade não estudada, posto que a importância desse tipo de registro é inquestionável. Uma busca rápida na página do Worldcat, site que conecta as principais bibliotecas do mundo, é possível encontrar mais de duas mil publicações sobre como preparar um CV. Além de fundamental para o mundo coorporativo, o CV é também obrigatório para quem segue a carreira acadêmica. A Plataforma Lattes, no Brasil, abriga mais de três milhões de currículos. O CV é uma ferramenta indispensável, compulsória e muitas vezes determinante para o preenchimento da vaga no ambiente coorporativo e para a análise de mérito e competência dos pleitos de financiamentos na área acadêmica, o que por si só já justificaria uma investigação desse gênero. O objetivo desta pesquisa é desenhar e coletar um corpus comparável de CVs autênticos, escritos originalmente em português e em língua inglesa. Ou seja, os CVs que formam os corpora são compilados em seus idiomas originais, não há CVs traduzidos, trata-se de um corpus comparável. A pesquisa visa posteriormente identificar os padrões léxico-gramaticais presentes nos CVs, por meio do levantamento das dimensões de variação próprias da linguagem dos CVs. A pesquisa é baseada nas teorias da Linguística de Corpus, que se baseia em uma visão probabilística e explora a linguagem por meio de evidências empíricas investigadas através do uso de ferramentas computacionais (BERBER SARDINHA, 2004), recorrendo ao emprego de estatística multivariada. Este estudo busca identificar os padrões salientes de coocorrências presentes nos CVs escritos em português e em inglês. O método escolhido para identificar tais padrões léxico-gramaticais baseia-se na Análise Multimensional (AMD) desenvolvida pelo pesquisador Douglas Biber (1985, 1986, 1988). A AMD é um método baseado em corpus, ou seja, normalmente feito através do computador, utilizando ferramentas automáticas de rotulação e um grande número de textos autênticos. Essa análise estuda as relações entre características linguísticas e registros em grande quantidade de textos. Essa metodologia é propícia para nossa investigação, pois ela não apenas permite uma descrição heterogênea, detalhada e complexa do corpus, mas também proporciona uma extração fidedigna e acurada dos gêneros textuais explorados. Segundo Biber (1998), uma AMD reconhece que a variação entre texto e registro pode ser mais adequadamente descrita por meio de múltiplos parâmetros. Apesar de seu caráter ainda incipiente, esta pesquisa apresenta o planejamento, ou seja, o desenho e a coleta de um corpus formado por CVs em língua inglesa e em língua portuguesa. Os CVs coletados foram organizados de acordo com os critérios de idioma, cultura, função, sexo e faixa etária. O total até o momento é de 1.920 CVs. Estudos dessa natureza podem contribuir para a criação de material de consulta e gestão terminológica, como dicionários técnicos e glossários. Nossa intenção é utilizar as conclusões, ou seja, os padrões léxico-gramáticais descritos a partir da análise multidimensional do corpus para além da criação dos possíveis glossários, criando também exercícios e tarefas para o curso de formação de tradutores. A Representação da Formação Inicial e Continuada no Discurso de Professores de Inglês da Rede Pública: Um Olhar Sistêmico Funcional MARIA EUGENIA BATISTA [email protected] [email protected] Este trabalho tem como objetivo apresentar uma análise da representação da formação inicial e continuada contida no discurso de professores de inglês. O estudo da representação encontra-se fundamentado na Linguística Sistêmico-Funcional (HALLIDAY, 2004) e na Análise Crítica do Discurso (VAN LEUUWEN,2008) que permitiram analisar as escolhas léxico-gramaticais que materializam tal representação. Foram entrevistados dez professores de inglês das redes municipal e estadual de um município da região metropolitana de São Paulo. As entrevistas foram transcritas para que, inicialmente, um levantamento quantitativo dos processos mais frequentes fosse realizado por meio da ferramenta WordSmith Tools (SCOTT, 2009). Observou-se que os processos materiais foram os mais frequentes e buscou-se identificar quais aspectos da prática pedagógica estavam relacionados a tais processos. Um dos aspectos destacados foi a formação dos professores que se subdividiu em: formação inicial, aprendizagem em serviço e formação continuada. Os resultados apontam uma maior ocorrência de referências à formação inicial por parte das professoras da rede municipal. Todos os professores mencionam o fato da aprendizagem profissional ocorrer em serviço. No que diz respeito à formação continuada, nota-se que os professores da rede estadual sinalizam com mais frequência a oportunidade de cursos de formação continuada. A formação inicial mostrou-se um tópico de destaque para as professoras da rede municipal, tendo em vista o fato de o município ter incluído a língua inglesa como componente curricular nos anos iniciais do Ensino Fundamental, fato esse que levou as professoras a refletirem criticamente sobre a formação inicial que não considerou esse ciclo da educação básica. A representação da formação continuada no discurso dos professores legitima essa prática pela referência aos resultados positivos. Em suma, os resultados sinalizam a necessidade de a formação inicial passar a considerar a atual tendência de inclusão da língua inglesa nos anos iniciais do Ensino Fundamental. O professor da escola básica e estágio supervisionado: interfaces entre estudos discursivo e do trabalho CHARLENE CIDRINI FERREIRA [email protected] [email protected] Esta comunicação tem o propósito de apresentar minha pesquisa de doutorado que tem como objetivo identificar sentidos construídos sobre o trabalho do professor da escola básica que recebe estagiários do curso de Licenciatura em Letras – Habilitação Português/Espanhol. Observam-se vários estudos focados em investigar e aprofundar questões relacionadas à formação docente, que se centram, grande parte, na articulação entre a teoria e prática, na relação entre Universidade e escola, entre outros. No entanto, pouco (ou nunca) se discute sobre os saberes e atribuições desse professor na realização do estágio supervisionado, etapa constitutiva da formação profissional. O aporte teórico articula estudos advindos do âmbito do trabalho (SCHWARTZ, 1997) e estudos de linguagem sob uma perspectiva discursiva de orientação enunciativa (MAINGUENEAU, 1997, 2007). Os encaminhamentos metodológicos consideram: a análise de documentos oficiais que regem a formação docente e estágio supervisionado no Brasil, em universidades públicas do Rio de Janeiro (UFRJ, UERJ, UFF, UFFRJ) e em instituições de ensino básico; entrevista com professores universitários que atuam no estágio supervisionado; e organização de fórum de discussão com professores da escola básica que recebem estagiários. Apesar da determinação legal de que o estágio supervisionado obrigatório deva ser realizado conjuntamente pelos cursos de licenciatura e a escola básica, a análise evidencia uma rede de discursos que apontam para um trabalho do professor da escola com estagiários constituído por diversas ausências, entre as quais destacamos: ausência de normatização, de diálogo com a universidade e de valorização na formação docente. Portanto, com esta pesquisa, pretende-se dar visibilidade a discussões importantes no que se refere à complexidade que envolve o trabalho docente, propondo encaminhamentos para uma transformação social que ultrapassa conclusões de um estudo puramente linguístico Samuel Beckett: de dramaturgo a encenador FELIPE AUGUSTO DE SOUZA SANTOS [email protected] [email protected] Esta comunicação tem como objetivo abordar o percurso de Samuel Beckett como encenador de suas próprias peças de teatro, a partir de uma análise de aspectos do processo de encenação da peça A última gravação de Krapp [Krapp’s last tape], dirigida por Beckett em 1969 no Schiller-Theater Werkstatt de Berlim. A reflexão terá como ponto de partida a relação de Beckett com a encenação teatral, desde seu primeiro contato acompanhando processos de criação de encenadores renomados como Roger Blin, e a transição de observador e conselheiro de projetos de outros diretores a encenador, tendo como premissa um cuidadoso rigor estético sobre o material dramatúrgico e sobre a transposição desse material para o palco, a partir das particularidades relativas ao trabalho de interpretação dos atores e à própria encenação teatral, ou seja, a tensão entre texto e cena. Para tanto, o conceito bakhtiniano de dialogismo permeará esta reflexão, no sentido de auxiliar o entendimento das relações dialógicas entre o Beckett dramaturgo e o Beckett encenador. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na revista de negócios EXAME MARIA ELIZABETH DA SILVA QUEIJO [email protected] Neste trabalho, o objetivo é demonstrar os mecanismos enunciativo-discursivos definidores de traços autorais que referendam lugares sociais de significação em reportagens da mídia impressa. Da perspectiva dos estudos de Bakhtin e do Círculo, discutimos as noções de autoria, horizonte de sentido e avaliação social no enunciado jornalístico impresso. O corpus de análise é constituído por uma notícia publicada na edição 1087 da revista de negócios EXAME a respeito do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em 15 de abril de 2015, intitulada Crime sem castigo: Com governo leniente e empresas temerosas, ano após ano, as barbaridades do MST ficam impunes. Sabotagem, dano à propriedade, cárcere privado – afinal, é um grupo terrorista? Na análise, rastreamos marcas que orientam ideologicamente o texto noticioso, a despeito da objetividade/imparcialidade valorada na esfera jornalística. Os apontamentos demonstram que o horizonte de sentido para o qual o autor se dirige orienta os valores à serem negociados no processo de interação ao mesmo tempo que sustenta a apreciação valorativa editorial da revista EXAME em relação ao MST manifesta no plano discursivo. Os resultados demonstram que no texto noticioso as noções de objetividade/imparcialidade são necessariamente relativizadas e configuram um dos recursos discursivos de significação nessa esfera. Projeto Ler & Educar – Obeduc: Processo Ensino-Aprendizagem Da Leitura, Conhecimentos, Habilidades E Estratégias Para Ler E Compreender KARINA GERON CLAUDIA FINGER-KRATOCHVIL [email protected] [email protected] O ensino da leitura é uma importante temática que vem sendo discutida há alguns anos em vários países, considerando o papel que o letramento desempenha na continuidade do processo de aprendizagem. A leitura passou a ser tratada observando questões que vão além da decodificação, e dando destaque a processos que são fundamentais para a compreensão do texto escrito. Ler para compreender exige do leitor certos conhecimentos, habilidades e estratégias apropriados para alcançar seus objetivos de leitura. Os estudantes necessitam conhecer as estratégias cognitivas e metacognitivas relacionadas ao ato de ler. Estabelecer objetivos, usar seu conhecimento prévio, levantar hipóteses, fazer questionamentos, realizar inferências, verificar suas hipóteses de acordo com as informações textuais, são algumas das habilidades que os estudantes precisam ter. Levando em consideração essa abordagem e esses processos, o professor é um dos maiores aliados na mudança do paradigma de trabalho. Assim, o objetivo desta pesquisa é verificar como os professores entendem seus papéis diante do ensino da leitura em sala de aula. Este trabalho foi realizado a partir de Grupos Focais com professores de seis escolas da rede pública da cidade de Chapecó, participantes do projeto de formação continuada dos professores da rede pública de Santa Catarina, Ler & Educar: OBEDUC. As perguntas-chave para a realização da análise são: Que ferramentas e habilidades são necessárias para a efetivação da leitura? Você ensina o seu aluno a ler? De que forma ensina? Como você acredita que poderia ensinar a ler? A análise preliminar dos dados aponta para a necessidade de ampliar a compreensão teórico-prática dos processos cognitivos e metacognitivos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem da leitura. Esses dados indicam a necessidade de a formação continuada desempenhar um papel importante no redimensionamento do trabalho dos profissionais que podem trazer mudanças significativas para o desenvolvimento de um leitor hábil, estratégico e crítico. Maneiras de pensar/dizer a diferença na publicidade: práticas discursivas e processos de subjetivação contemporâneos BRUNO DEUSDARÁ POLIANA ARANTES [email protected] Nesta apresentação, problematizamos os sentidos atribuídos à diferença étnica, em publicidade que põem em cena contextos familiares e de trabalho. Partimos de uma reflexão acerca das práticas discursivas (Maingueneau, 1997, 2005) como entrada produtiva para problematizar os vínculos indissolúveis entre a produção de linguagem e de mundos possíveis. Concebida como movimento de interlegitimação entre a produção de textos e a produção de uma comunidade de sustentação desses textos, a noção de prática discursiva ganha destaque nas pesquisas no âmbito da linguística e de ciências afins pelo potencial de afirmação da dimensão de intervenção da linguagem e não apenas de representação. Como etapa metodológica, selecionamos publicidades com ampla circulação nas redes sociais, em diálogo com a temática definida para esta discussão. A partir da análise dos pressupostos, identificamos o silenciamento do debate em torno do racismo, explicitando os embates como remetendo às dimensões geracional, estética e de preferências pessoais. Esse modo de conceber a pesquisa linguística tem permitido articulação produtiva entre os estudos do discurso e as reflexões contemporâneas acerca da subjetividade como produção. O olhar crítico-social de Millôr Fernandes em Fábulas Fabulosas ELAINE HERNANDEZ DE SOUZA [email protected] [email protected] Nesta investigação, temos por objetivo interpretar o olhar crítico de Millôr Fernandes (1923-2012) projetado sobre aspectos político-sociais do Brasil da década de 1980 e materializado em seus textos de humor, quando o jornalista, em seu trabalho, apropriase, organiza e reconstrói os contos maravilhosos Branca de Neve e Chapeuzinho Vermelho, ambos advindos da tradição oral. O primeiro deles ganhou o registro dos folcloristas alemães Jacob e Wilheilm Grimm (1812-1822); e o segundo, o registro do folclorista francês Charles Perrault (1697) e dos irmãos Grimm (1812-1822). Nas mãos do autor brasileiro, ganharam os títulos de Branca de Neve e os Sete Anão e Vovozinha Vermelha (e o lobo não tão mau assim) e, sob a rubrica de Fábulas Fabulosas, circularam nas revistas Veja de 10 de dezembro de 1980 e IstoÉ do dia 30 de maio de 1984, respectivamente, refratando diferentes temporalidades. Para estabelecer diálogo entre os textos da contemporaneidade e os do folclore europeu, consideramos cada narrativa como um enunciado concretamente realizado, uma unidade real na cadeia de outros enunciados, em que há a alternância de sujeitos discursivos situados em um tempo e espaço específicos (BAKHTIN, 2003 [1952-1953]). Embasamos nossa reflexão também na proposição bakhtiniana de sujeitos ideólogos e de plurilinguismo social, materializado em sujeitos historicamente concretos e definidos e cuja linguagem é social (BAKHTIN, 1998[1934-1935]). Com este trabalho, esperamos mostrar como os elementos verbais e verbo-visuais de cada texto são articulados ideologicamente por sujeitos-estéticos que se valem de seu conhecimento técnico para expressar seu ponto de vista, respondendo, com sua criação, à sociedade em que vivem. LINGUAGEM COMO SISTEMA PROBABILÍSTICO: O caso das entrevistas de emprego ULYSSES CAMARGO CORRÊA DIEGUES [email protected] [email protected] O registro entrevistas de emprego tem recebido pouca atenção nos estudos linguísticos, entretanto é de grande importância no mundo atual, em um cenário em que cada vez mais o processo de seleção de candidatos a emprego se torna mais exigente (JOSEPH, 2013), a entrevista em Inglês acaba sendo um dos seus elementos mais críticos e segundo Wawra (2014, p. 8) pouco se tem de estudos linguísticos sobre entrevista de empregos. Nesta pesquisa se objetiva a análise de entrevistas de emprego em inglês através de um corpus de estudo denominado Job Interview Corpus (JIC). O corpus de estudo foi coletado a partir de entrevistas de emprego para a vaga de English Phonetics Tutor na Alemanha e conta com 40 entrevistas. Para tanto, a pesquisa se fundamenta na Linguística de Corpus (LC) adotando as principais noções apresentadas por Berber Sardinha (2000; 2004), Biber (1988), Kauffmann (2005) e Willis (1990), na Análise Multidimensional (AMD) utilizaremos Berber Sardinha (2010), Biber (1993; 2004) e Zuppardo (2013), no gênero comunicativo a pesquisa dialoga com Bhatia (1993 apud BARBOSA, 2004), no gênero entrevista de emprego Andrade (2001), Guimarães (2009), Marcuschi (1998; 2007) e White (1994) e na descrição probabilística da língua Halliday (1991). A metodologia utilizada inclui em etiquetar o corpus de estudo com dois etiquetadores diferentes. O primeiro é o Biber Tagger que juntamente com a AMD mapeará o registro entrevista de emprego nas dimensões de variação do Inglês propostas por Biber (1988) e o segundo é o etiquetador USAS que realizará uma análise semântica do corpus de estudo. A primeira parte da análise tem como objetivo localizar o corpus dentro as cinco principais dimensões de variação definidas por Biber (1988), e que se aplicam à Língua Inglesa como um todo e a segunda é a análise semântica do texto mapeando-os como dispostos pelo USAS. Reality TV Shows Norte-americanos: desenvolvimento de atividades didáticas baseadas na Linguística de Corpus RAFAEL FONSECA DE ARAÚJO [email protected] O presente trabalho tem por objetivo a elaboração de atividades didáticas de conversação para o ensino de inglês como língua estrangeira para alunos do ensino médio utilizando programas de televisão norte-americanos denominados reality TV (reality show) a partir de uma abordagem baseada na Linguística de Corpus. Para tanto, o estudo encontra suporte teórico na Linguística de Corpus adotando os principais conceitos apresentados por Berber Sardinha (2002; 2004; 2006 e 2011), Biber (1988; 2006), Quaglio (2009), Willis (1990), assim com a dissertação de mestrado de Barbosa (2004) e Veirano Pinto (2008), e tese de doutorado de Veirano Pinto (2014). Transcrições de legendas de episódios das temporadas de alguns desses programas disponíveis na internet, organizados e distribuídos em quatro categorias (Documentário, Competição e Eliminação, Aperfeiçoamento e Produção de Celebridades e Especialistas) elaboradas com base na proposta de Kavka (2012) que aborda este tipo de gênero de TV, resultando em um corpus de estudo nomeado como CARTS (Corpus of American Reality TV Shows). Os padrões léxico-gramaticais mais frequentes no corpus de estudo foram analisados e contrastados com o corpus de referência - COCA (Corpus of Contemporary American English), em seguida um mapeamento do corpus de estudo de acordo com Análise Multidimensional (AMD) desenvolvida por Biber (1988) será realizado para saber como os reality TV shows se comparam com outros registros do inglês. Acredita-se que a utilização destes vídeos e a análise das transcrições das legendas possam fornecer dados relevantes para a elaboração de atividades de conversação, uma vez que os programas possuem bons exemplos de interação entre falantes da língua inglesa em situações espontâneas em um gênero de televisão cuja característica principal é a pouca presença de scripts. Autoconfrontação E Formação Docente: Uma Perspectiva Dialógica Para O Desenvolvimento De Futuros Professores De Fle. ELISANDRA MARIA MAGALHÃES ROZANIA MORAES [email protected] [email protected] Este trabalho deriva de uma pesquisa de mestrado centrada em investigar o papel da autoconfrontação para a formação profissional de futuros professores de francês como língua estrangeira (FLE). Naquela ocasião, tomamos o quadro metodológico da autoconfrontação (mais precisamente a autoconfrontação simples – ACS) (CLOT; FAÏTA, 2000; FAÏTA; VIEIRA, 2003; FAÏTA, 2007), recorremos à filosofia bakhtiniana da linguagem (BAKHTIN, 2003; BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2010), aos pressupostos da Clínica da Atividade (CLOT, 2007, 2008),da Ergonomia da Atividade (DARSES; MONTMOLLIN, 2006). As análises realizadas apoiaram-se na abordagem bakhtiniana social e discursiva da linguagem. Na presente proposta de comunicação, temos o objetivo de discutir a questão de como as relações dialógicas estabelecidas nos diálogos de alunos-estagiários sobre a atividade docente de uma professora experiente de FLE funcionam como provocadores de desenvolvimento. Assim, tomando como corpus da pesquisa o texto resultante da confrontação dos alunos-estagiários com verbalizações da professora em ACS, observamos o direcionamento das falas dos alunos a três diferentes tipos de destinatários: imediato, subdestinatário e sobredestinatário. Nesse sentido, o autor de um enunciado se dirige a um destinatário que produz uma resposta imediata (professor-formador, pesquisador, outro estagiário), a ele próprio (aluno-estagiário) e a um participante invisível com quem ele também dialoga (as prescrições, o métier, etc.). A análise detida desses diálogos indicam que os estranhamentos e as controvérsias geradas no momento dessas trocas dialógicas fazem com que o aluno reaja à sua atividade e busque respostas para suas dúvidas, seus dilemas, suas dificuldades, etc. Tudo isso o leva a produzir um discurso que alimenta inúmeras reflexões e que poderá ser visto como recurso para o seu desenvolvimento e para o desenvolvimento de seu trabalho vindouro, criando, assim, possibilidades de remodelá-lo. Em outras palavras, essas relações dialógicas viabilizam um discurso reflexivo que pode ser a base para a transformação da prática docente desses futuros professores. “Reconstituição” do trabalho docente na atividade linguageira em autoconfrontação ALINE LEONTINA GONÇALVES FARIA ROZANIA MARIA ALVES DE MORAES [email protected] [email protected] O presente trabalho tem como objetivo apresentar e discutir alguns resultados parciais de uma pesquisa voltada para a análise de diálogos oriundos de duas experiências de autoconfrontação (CLOT; FAÏTA, 2000; FAÏTA; VIEIRA, 2003; FAÏTA, 2007) com professores estagiários de francês língua estrangeira (FLE). Situada no campo (SOUZA-E-SILVA; FAÏTA, 2002), a pesquisa conjuga aportes teórico-metodológicos da ergonomia da atividade (DANIELLOU, 1996) e da clínica da atividade (CLOT, 1999; CLOT, 2010) para analisar o trabalho docente (AMIGUES, 2003; MACHADO, 2004); e, fundamentada na perspectiva dialógica da linguagem círculo-bakhtiniana (BRAIT, 2005) e na concepção de atividade linguageira (FAÏTA, 2011), seu principal interesse é compreender as relações dialógicas entre a atividade discursiva e a atividade de trabalho tomada como objeto de reflexão (CLOT; FAÏTA, 2000) da primeira. Nossa abordagem dialógica apoia-se na teoria da enunciação bakhtiniana, principalmente nas noções de enunciado concreto, gêneros de discurso, tema e significação; e na apropriação dessa teoria por François (1998 e 2005) e Faïta (2007 e 2012) para a análise de diálogos. A análise dialógica, descritiva e interpretativa dos diálogos, comparando e contrastando as diferentes fases da autoconfrontação (simples e cruzada) e as duas experiências realizadas, revelou-nos alguns recursos discursivos recorrentemente utilizados pelos sujeitos para recontextualizar e reconstituir suas atividades docentes. Com “reconstituição” nos referimos a diferentes modos de manifestação linguageira da experiência vivida. Tendemos a compreender que tais recursos discursivos (por exemplo, a dramatização, a explicitação de um suposto diálogo interior no momento da ação, e o discurso reportado de falas/ações proibidas) operam uma reconstrução ou recontextualização discursiva da atividade, ajudando a conscientizá-la e compreendê-la de um novo modo, no contexto de uma atividade reflexiva. Análise Dialógica Do Discurso: Canteiros De Trabalho MARCOS LÚCIO GOIS [email protected] [email protected] A Análise Dialógica do Discurso (ADD), centrada na perspectiva bakhtiniana de linguagem e discurso, tem-se destacado no Brasil como um dos mais promissores campos de pesquisa na área de estudos discursivos. Para precisar essa afirmação, este estudo objetiva fazer uma incursão por pesquisas acadêmicas fundamentadas em ADD, desejando compreender os temas e assuntos abordados, os teóricos utilizados, os corpora mobilizados, as instituições nas quais os trabalhos estão inseridos. Para tanto, incialmente elegem-se como dados de investigação dezenove teses e dissertações produzidas, a partir do ano 2000, em universidades brasileiras e que se encontram na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações. A presente pesquisa, ao documentar e analisar como a ADD está evoluindo no cenário científico, permite que novas investigações possam preencher possíveis lacunas e canalizar esforços para o aprimoramento teórico e metodológico da área em destaque. Sustentabilidade e Risco: Um estudo multimodal sob o viés dos sistemas complexos FELIPE JOSÉ FERNANDES MACEDO [email protected] Nunca se discutiu tanto sobre sustentabilidade e desenvolvimento sustentável como no atual cenário contemporâneo de comunicação. Entretanto, nota-se que esse discurso acabou se naturalizando tanto que se tornou senso comum, sendo proferido, muitas vezes, apenas como estratégica discursiva em textos publicitários, jornalísticos e/ou políticos. Nesse contexto, esse trabalho tem por objetivo promover uma reflexão acerca do discurso sobre sustentabilidade a partir de um estudo multimodal de cinco reportagens retiradas de cinco edições da revista Guia Exame de Sustentabilidade. Para alcançar tal objetivo, a investigação dos significados potenciais produzidos pelos modos semióticos utilizados nas reportagens foi baseada na perspectiva teórica da