PFR7 - PET Engenharia Química
Transcrição
PFR7 - PET Engenharia Química
SIMULAÇÃO NUMÉRICA DO ESCOAMENTO PARTICULADO EM UM CANAL PARCIALMENTE POROSO HOMOGÊNEO 1 Guilherme H. de Lima, 1 Fernando C. De Lai, 1 Admilson T. Franco e 1 Silvio L. M. Junqueira 1 Centro de Pesquisas em Reologia e Fluidos Não Newtonianos – CERNN, Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR. Av. Sete de Setembro, 3165 – Rebouças CEP 80230-901 – Curitiba – PR – Brasil. E-mail: [email protected], [email protected]; [email protected]; [email protected]. RESUMO - Durante o processo de perfuração de poços de petróleo em formações rochosas, a eventual presença de fraturas na região perfurada pode ocasionar a perda de fluido de perfuração para o interior da formação porosa, através de um fenômeno denominado invasão. Um dos meios de reduzir esta perda é através da adição de material particulado no fluido de perfuração, a fim de realizar o preenchimento das fraturas com partículas sólidas e reduzir a vazão do fluido para a formação. Neste trabalho é apresentada uma metodologia para simular o escoamento particulado em um domínio parcialmente poroso, com o objetivo de analisar os parâmetros mais adequados ao processo de preenchimento de fraturas com partículas durante uma eventual perda de circulação. A formulação matemática e a modelagem numérica para o escoamento líquido-sólido são apresentadas para uma abordagem Euler-Lagrange. O acoplamento entre as fases discreta (partículas) e contínua (fluido) é realizado através da combinação dos modelos Lagrangian Multiphase (LMP) e Discrete Element Method (DEM). A solução numérica das equações de conservação, tanto para a fase fluida (Navier-Stokes), quanto para a fase porosa (Darcy-Brinkman-Forchheimer), é obtida através do método dos volumes finitos. O movimento das partículas é calculado de acordo com a segunda lei de Newton acoplada às equações da quantidade de movimento para o fluido, sendo levadas em consideração as diversas forças do fluido que agem sobre as partículas e as forças de colisão entre as partículas e demais superfícies. Resultados preliminares são obtidos para o escoamento em um canal parcialmente poroso fraturado, com as condições de contorno que descrevem o problema de invasão, investigado através do monitoramento da vazão na saída da fratura e da variação de parâmetros do meio poroso e do fluido. Além disso, é realizada a verificação da velocidade de uma partícula imersa em um fluido com propriedades conhecidas, investigando o efeito da variação do diâmetro e da massa específica da partícula. Palavras-Chave: escoamento particulado, canal parcialmente poroso, simulação numérica, DEM. INTRODUÇÃO O escoamento multifásico sólido-fluido pode ser comumente observado na natureza e em diversas aplicações industriais. Para o estudo deste tipo de escoamento é necessário o entendimento de diversos fenômenos físicos envolvendo as fases fluida e sólida, o que faz com que a modelagem destes problemas seja de grande complexidade. A investigação destes fenômenos proporciona o desenvolvimento de trabalhos em áreas como a física, engenharias mecânica, civil, nuclear, química, petrolífera, ambiental e aeroespacial (FALCONE et al. 2009). Em formações rochosas é comum o escoamento de água, petróleo ou gás, em que é possível observar a presença de diferentes fases sólidas, líquidas, ou gasosas. As formações geológicas são constituídas de uma matriz sólida fixa, i.e., um substrato composto por rochas permeáveis, eventualmente apresentando descontinuidades (fraturas). A presença de fraturas em uma formação rochosa implica na presença de caminhos preferenciais ao escoamento, fazendo com que as fraturas atuem como condutores ou obstáculos hidráulicos, de acordo com as características geométricas da formação. Durante o processo de perfuração de poços de petróleo, a eventual presença de fraturas pode causar perda de fluido de perfuração para o interior da formação, num fenômeno conhecido como invasão. Fraturas também podem estar associadas à produção não controlada de petróleo, num fenômeno de influxo, verificado quando óleo e/ou gás escoam para o interior do poço como consequência de uma eventual queda de pressão no poço. Ambas as situações descritas comprometem a produtividade do poço, bem como os tempos de recuperação. Por isso, diversas técnicas são utilizadas para controlar o fluxo de fluido que escoa entre o conjunto composto pelo poço e pela formação, sendo uma delas a vedação de fraturas durante um fenômeno de invasão, através da injeção de partículas sólidas de granulometria selecionada (Souza et al., 2009). A análise deste tipo de problema é útil na redução de eventuais perdas de circulação em situações de perfuração, uma vez que o escoamento particulado pode vedar as fraturas por onde as perdas de fluido de perfuração podem ocorrer. A complexidade geométrica observada em formações porosas implica na busca de modelos que sejam capazes de representar as propriedades físicas referentes à interface entre os domínios sólido e fluido, presentes nestes domínios. Tal necessidade é acentuada no caso da modelagem do escoamento particulado em meios porosos fraturados, devido à presença da interface entre o meio poroso e o fluido. O meio poroso a ser utilizado neste trabalho é descrito como um domínio composto por uma única fase, em que descontinuidades representadas por uma região fluida estão presentes. Desta forma, tem-se um meio onde a região porosa é representada por um modelo homogêneo ou poro-contínuo, através de uma escala macroscópica que permite determinar as propriedades médias do domínio (Nield e Bejan, 2006). Nesse sentido, o domínio do fluido pode ser considerado como sendo fraturas introduzidas no meio poroso, em que a ordem de grandeza microscópica das fraturas permite observar a interface entre o meio poroso e o fluido. O escoamento através de um meio com interface fluido-porosa foi investigado por Betchen et al. (2006), em um trabalho em que foram apresentados os efeitos da direção de incidência do escoamento sobre a interface. O meio poroso foi abordado por meio de um modelo homogêneo, em que diferentes parâmetros referentes às propriedades hidráulicas do domínio poroso foram variados. Dias (2010) investigou o problema de invasão em um canal parcialmente poroso com uma fratura. Neste trabalho vários parâmetros como a porosidade e a permeabilidade do meio poroso tiveram sua influência investigada, além da intensidade do escoamento e características geométricas como a espessura da fratura e a razão de aspecto da região anular. Estes resultados foram corroborados por Andreatta (2011) através da análise de um canal parcialmente poroso fraturado, investigando o efeito da variação de características geométricas como o número de fraturas, a espessura e o espaçamento entre elas. Também foi analisado o efeito da alteração de parâmetros relativos à intensidade do escoamento, como a velocidade média do fluido e as pressões na saída da fratura. O processo da perfuração de poços na presença de uma fenda, em que as condições de contorno caracterizam o problema de invasão, foi abordado por Souza et al. (2009). Neste trabalho foi estudado como o escoamento com material particulado pode reduzir o fenômeno de invasão, através da deposição de sólidos no interior da fratura, com o objetivo de avaliar as tendências de assentamento de partículas de diferentes tamanhos e formas. Um estudo numérico em que foram obtidos resultados para o preenchimento de uma fratura com partículas em um domínio com interface impermeável foi realizado por De Lai (2013). Neste trabalho é apresentado o efeito da variação dos parâmetros de injeção para diferentes parâmetros de monitoramento, como a vazão de fluido na saída da fratura, a pressão da mistura na entrada do canal e a concentração de partículas no interior da fratura. Barbosa (2015) apresenta um trabalho em que os resultados de De Lai (2013) foram complementados, também para um canal fraturado com interface impermeável. Foram variados parâmetros como o comprimento da fratura, a velocidade média do fluido, o número de partículas injetadas, bem como seus diâmetros e massas específicas. O presente estudo tem como objetivo apresentar resultados preliminares de verificação para o problema de preenchimento de uma fratura com material particulado, em um canal parcialmente poroso na presença do fenômeno de invasão. O trabalho se concentra na variação de propriedades referentes à intensidade do escoamento (número de Reynolds), propriedades hidráulicas do meio poroso (e.g., número de Darcy, porosidade), bem como o tamanho e a massa específica das partículas. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA O problema proposto é caracterizado pela perda de fluido de perfuração do poço para o interior da formação, durante uma operação de perfuração. Eventuais fraturas presentes na formação rochosa intensificam o fenômeno de invasão. A Figura 1 mostra a representação do conjunto poço-formação, em uma operação de perfuração vertical, em que um plano de fratura horizontal está inserido. Na Figura 1(a) é possível observar um plano de corte longitudinal, pelo qual pode ser vista a espessura da fratura eFR , que representa a descontinuidade na direção axial do poço. Um plano de corte axial é representado na Figura 1(b), pelo qual é possível observar a profundidade da fratura z FR . Saída do espaço anular reestabelecendo o escoamento preferencial pelo espaço anular. Entrada da coluna eFR (a) Rocha reservatório Figura 2 – Representação do processo de preenchimento de uma fratura ao longo do tempo: (a) início do processo de preenchimento; (b) início da formação de um leito fixo; (c) preenchimento total ou parcial. Formulação para o escoamento em meio poroso homogêneo (b) z FR Parede da fratura Parede do poço Parede da coluna Espaço anular Figura 1 – Representação geométrica do conjunto poço-formação com uma fratura: (a) corte longitudinal; (b) corte transversal. Neste problema, fluido de perfuração escoa pela coluna do poço e retorna pelo espaço anular. A região fraturada possui um gradiente de pressão, em relação ao canal livre, suficiente para que haja fuga do escoamento para o interior da região porosa. Uma das técnicas utilizadas para a redução do fenômeno de invasão é a adição de material particulado de granulometria selecionada ao fluido que entra pelo interior da coluna. Devido aos gradientes de velocidade e pressão entre a fratura e o poço, as partículas são carregadas do poço para o interior da fratura, podendo preencher a descontinuidade de forma total ou parcial. Na Figura 2, o processo de preenchimento da fratura com material particulado é representado de forma esquemática, para três diferentes momentos. Na Figura 2(a) é possível observar o início do processo de preenchimento da fratura. A Figura 2(b) mostra a deposição de partículas na parede da fratura, gerando um leito de partículas. Na Figura 2(c) verifica-se o empacotamento das partículas e a formação de um leito fixo, suficiente para equilibrar a perda de carga entre saída da fratura e o canal livre, Tendo em vista que o problema do escoamento em meios porosos é complexo de ser descrito devido à aleatoriedade geométrica do domínio, modelos capazes de representar os parâmetros que influenciam sobre os fenômenos de transporte através destes meios são utilizados. As equações que modelam o problema dependem das características termo-hidráulicas do meio. Para que o estudo destes domínios seja possível, é necessário que sejam feitas aproximações geométricas, sem que o problema seja descaracterizado, visando a obtenção de propriedades que sejam semelhantes às encontradas em um problema físico real. Na abordagem homogênea, ou porocontínua, as fronteiras entre sólido e fluido são descritas através de propriedades médias, fazendo uso de um modelo que considera o meio como composto por uma única fase. O modelo fundamental proposto pela Lei de Darcy é investigado em diversos trabalhos experimentais e teóricos, em que se aborda o escoamento através de meios porosos. Uma boa revisão destes trabalhos é apresentada por Lage (1998). A Lei de Darcy expressa a relação entre a velocidade média do escoamento e o gradiente de pressão, para uma direção do meio poroso. Para este modelo o escoamento é laminar, incompressível e lento, através de um meio homogêneo, estacionário e isotrópico. As principais extensões do modelo de Darcy (1856) são a adição do efeito inercial, proposta por Forchheimer (1901), e a do efeito viscoso, proposta por Brinkman (1947). As extensões de Forchheimer (1901) e Brinkman (1947) são introduzidas em uma equação generalizada para o domínio poroso, em que se consideram os efeitos inerciais e viscosos, respectivamente, (VAFAI e TIEN, 1981): v 2 v v P 2 v v t K cF 1/ 2 v v g cF 1, 75 (150 5 )1/ 2 t u 0 u (1) K sendo t o tempo, a porosidade e cF coeficiente de Forchheimer, expresso por: o (2) Neste trabalho, a equação generalizada pra o domínio poroso é resolvida através de um programa computacional de código fechado. Dito isto, é importante ressaltar que a equação resolvida pelo programa apresenta algumas simplificações, em que são desconsiderados os coeficientes 1 2 e 1 nos termos convectivo e difusivo, respectivamente. Formulação para o escoamento particulado Na sequência, são apresentadas as equações para o movimento de uma única partícula isolada, sujeita à ação de diversas forças de interação em um escoamento simples, i.e., mesmas hipóteses e considerações da fase fluida. Estas equações servem de base para descrever o modelo numérico adotado no presente trabalho. Para o presente trabalho o escoamento particulado é tratado através de uma abordagem lagrangeana. O modelo Lagrangeano trata o sistema particulado de forma discreta, em que diversas forças de interação atuando sobre as partículas são consideradas, podendo ser de interação entre a partícula e o fluido ou entre a partícula e outro corpo sólido. Esse modelo possui algumas vantagens sobre modelos mais simples, em que as colisões não são levadas em consideração, permitindo a análise de fenômenos associados à interação entre as partículas e demais corpos sólidos. Para um escoamento bifásico, é necessário modificar as equações governantes para contabilizar a influência das partículas na forma de fração volumétrica. Além disso, existe a necessidade de acrescentar as forças de interação entre as partículas e o fluido na conservação da quantidade de movimento. Aplicando tais hipóteses, as equações de conservação modificadas para o escoamento líquido-sólido, como pode ser visto em Cliff et at. (1978), são: t u u p u g Fp (3) (4) O movimento de uma partícula é descrito através de uma combinação de translação e rotação de um corpo com centro de massa, com isso é possível determinar a posição do objeto. Partindo da aplicação da segunda lei de Newton para o movimento, é possível obter as equações para o movimento translacional e rotacional de uma única partícula, sendo elas: mp du p d 2x p mp Fp dt dt 2 Fp ,b Fp , s Fp ,c (5) Ip dω p Tp Tp , s Tp , c dt (6) dx p up dt (7) sendo m p a massa da partícula, I p o momento de inércia, x p o vetor posição do centro da partícula, u p a velocidade linear e ω p a velocidade angular da partícula. As forças Fp que agem sobre a partícula podem ser divididas em forças de corpo Fp ,b , superfície Fp , s e colisão Fp ,c . Os torques sobre a partícula Tp , por sua vez, podem ser devido às tensões de fluido sobre a superfície das partículas Tp , s e devido às colisões entre partículas Tp ,c . u p , ω p e x p são vetores. RESULTADOS E DISCUSSÕES Nesta seção serão apresentados os resultados preliminares do modelo para o problema proposto. O estudo do escoamento particulado em um canal parcialmente poroso é dividido em dois problemas. O primeiro dos problemas envolve a investigação do fenômeno de invasão em um canal parcialmente poroso fraturado, em que são analisados os efeitos da variação dos parâmetros do escoamento e do meio poroso sobre a vazão na saída da fratura. O outro problema é a verificação da velocidade terminal de uma partícula em queda livre imersa em um fluido com propriedades conhecidas. Escoamento em canal parcialmente poroso O canal parcialmente poroso fraturado representa a região entre a coluna de perfuração e a formação rochosa, em que é possível observar a presença de uma interface fluidoporosa. A metade superior do canal é composta pela região fluida, enquanto a metade inferior representa o domínio poroso, sendo possível observar as diferenças nos perfis de velocidade entre as duas regiões. A compreensão do escoamento através desse tipo de domínio é de grande importância para a investigação do problema de invasão em um canal parcialmente poroso fraturado. Por isso, a verificação dos perfis de velocidade para este problema é apresentada na Figura 3. 2 1.8 através deste tipo de domínio para a investigação do problema de invasão. Na Figura 4 é possível observar a geometria e condições de contorno utilizadas para representar o fenômeno de invasão em um canal parcialmente poroso fraturado. Para esta geometria, o fluido é injetado com velocidade inicial média em (1), saindo em (5) e em (7), considerando a pressão nula na saída da fratura Pf 0 , igual à pressão na saída do canal pelas regiões fluida e porosa Po 0 . As paredes (2), (3) e (4) representam superfícies impermeáveis, apresentando condições de não deslizamento. A superfície (6) representa a interface entre o meio poroso e o fluido, em que existe o escoamento de fluido através dessa interface. 1.6 1.4 hFR hCH 1.2 (7) h (m ) 1 0.8 0.6 0.2 0 l2 Betchen (2006); Da = 10-3 Presente; Da = 10-3 Betchen (2006); Da = 10-2 Presente; Da = 10-2 0.4 0 0.5 u p (ms-1 ) 1 1.5 (3) y x (5) eFR (4) l1 Figura 3 – Comparação dos perfis de velocidade para o canal parcialmente poroso. A Figura 3 apresenta os perfis de velocidade obtidos através da metodologia proposta em comparação com os resultados publicados por Betchen et al. (2006), para Da 102 e Da 103 . No caso em que Da 102 , é possível observar uma pequena diferença entre o perfil obtido neste trabalho e o apresentado por Betchen et al. (2006), devido a simplificação adotada pelo programa utilizado na resolução da equação para o meio poroso. Uma discordância menos pronunciável é observada para Da 103 , caso em que a permeabilidade é baixa e, logo, as velocidades do fluido são baixas. Essa redução na permeabilidade faz com que o meio poroso apresente comportamento próximo ao de um sólido, dificultando a passagem de fluido através do domínio. Escoamento em canal parcialmente poroso fraturado O canal parcialmente poroso fraturado apresenta uma geometria simplificada para o conjunto poço-formação, sendo de grande importância o entendimento do escoamento (6) (1) (2) Figura 4 – Geometria e condições de contorno utilizadas para representar o fenômeno de invasão. Na Figura 5 é possível observar a influência da variação de parâmetros do escoamento e do meio poroso sobre a vazão na saída da fratura, sendo eles o número de Reynolds Re , o número de Darcy Da e a porosidade . A vazão adimensional pela saída da fratura é adimensionalizada pela relação entre a vazão mássica na saída da fratura e a vazão mássica que entra no canal Q f q f qin . O aumento no número de Reynolds Re exerce influência sobre a velocidade de entrada do fluido no canal, o que faz com que o fluido apresente maior inércia na direção perpendicular à fratura com este acréscimo, dificultando uma mudança na direção preferencial do escoamento. Esta maior inércia ocorre em menos fluido entrando pela fratura, sendo observado um decréscimo na vazão adimensional do fluido pela saída da fratura Q f . Da = 10 -2 ; f Da = 10-2 ; f Da = 10-2 ; f Da = 10-3 ; f Da = 10-3 ; f Da = 10-3 ; f Da = 10-4 ; f Da = 10-4 ; f Da = 10-4 ; f -0.3 -0.4 = 0, 2 = 0, 4 = 0,9 = 0, 2 = 0, 4 = 0,9 = 0, 2 = 0, 4 = 0,9 Velocidade terminal de uma partícula Qf -0.5 -0.6 1 adimensional para cada Da , nos quais a variação da porosidade não influencia de maneira significativa sobre a vazão na saída do canal. Para os casos em que Da 10 4 , ou seja, a configuração menos permeável, o meio se aproxima da permeabilidade de um meio sólido, tornando os efeitos da porosidade ainda menos pronunciáveis. Re 10 50 Figura 5 – Vazão adimensional na saída da fratura para a variação de Re , Da e . Como pode ser visto na Figura 5, para os casos em que o meio poroso apresenta um mesmo Da , o aumento de implica em um aumento da vazão adimensional na saída da fratura Q f . Este acréscimo de vazão na saída da fratura com o aumento da porosidade é devido à maior facilidade de penetração do escoamento através do domínio poroso. Este efeito também pode ser observado nas equações que modelam o meio poroso, em que o aumento da porosidade implica na redução do coeficiente de Forchheimer, que representa a força de arrasto sobre o fluido e as interfaces do meio poroso. A influência de Da sobre o escoamento através do meio poroso está diretamente relacionada com a permeabilidade do meio, i.e., quanto maior o Da , maior a permeabilidade. Meios mais permeáveis tendem a permitir a passagem de fluido através do domínio com mais facilidade, logo, para o problema em questão, o aumento de Da implica no aumento da vazão de fluido proveniente do meio poroso para o interior da fratura. Este efeito pode ser observado pelo aumento da vazão adimensional de fluido Q f na saída da fratura, como mostrado na Figura 5, de forma geral ao se manter os parâmetros Re e constantes. Na Figura 5 também é possível observar que o número de Darcy é o parâmetro que mais exerce influência sobre a vazão adimensional na saída do canal para um mesmo número de Reynolds. Este efeito pode ser visto pois a permeabilidade é o parâmetro que quantifica a facilidade com que o fluido escoa pelo meio poroso, existindo basicamente um nível de vazão Os resultados para o problema de velocidade terminal são verificados, neste trabalho, através da comparação com os resultados publicados por Mordant e Pinton (2000). Este problema consiste na queda livre de uma partícula esférica, com diâmetro d p e massa específica p , no interior de um domínio fluido, com massa específica 997,561kg m -3 e 103 kg m -1s -1 . As viscosidade dinâmica dimensões do domínio são grandes o suficiente em relação a todos os diâmetros de partícula, de tal forma que o movimento das partículas não é influenciado por efeitos de parede. O erro percentual em relação aos resultados de referência E % é calculado de acordo com a expressão: E ref p 100 ref (8) sendo ref o valor de referência de uma variável qualquer na literatura e p o valor desta mesma variável, encontrado no presente estudo. Na Tabela 1 é possível observar resultados, em comparação com o trabalho de Mordant e Pinton (2000), para a variação do diâmetro de uma partícula de vidro ( p 2560 kg m -3 ). É possível notar um aumento na velocidade terminal da partícula com o aumento do diâmetro, devido a maior força relativa ao peso da partícula. Tabela 1 – Resultados para a variação do diâmetro da partícula de vidro d p mm u p ms -1 E % 0,5 1,5 Mordant e Pinton (2000) 0,074 0,218 Presente 0,076 0,215 3,378 1,287 A Tabela 2 mostra resultados para a variação do diâmetro de uma partícula de aço ( p 7710 kg m -3 ), em que também é possível perceber o aumento da velocidade terminal devido ao aumento do diâmetro da partícula. Tabela 2 – Resultados para a variação do diâmetro da partícula de aço d p mm u p ms -1 E % 1,0 3,0 6,0 Mordant e Pinton (2000) 0,383 0,813 1,158 i.e., com menor diâmetro e massa específica, a velocidade terminal é atingida em um intervalo menor de tempo. 1.2 1 0.8 u p (ms-1 ) Pode-se perceber, ainda, que ao aumentar a massa específica da fase discreta, existe um acréscimo na magnitude das velocidades terminais das partículas. Comparando a partícula de vidro de d p 1,5 mm com a partícula de aço de d p 1, 0 mm , é possível observar que mesmo com um diâmetro menor, a partícula de aço atinge uma velocidade terminal maior, devido à sua maior massa específica. rp rp rp rp rp 0.6 = 2560 kg m -3 ; d p = 7710 kg m-3 ; d p = 2560 kg m -3 ; d p = 7710 kg m -3 ; d p = 7710 kg m-3 ; d p = 0,5 mm = 1, 0 mm = 1,5 mm = 3, 0 mm = 6, 0 mm 0.4 Presente 0,375 0,792 1,128 2,212 2,608 2,622 Outra etapa dos testes de velocidade terminal constitui-se da comparação de curvas de velocidade pelo tempo entre o modelo numérico aqui apresentado e os dados fornecidos por Mordant e Pinton (2000). Os testes incluem variações de diâmetro e massa específica das partículas. Na Figura 6 é apresentado o gráfico da comparação dos resultados obtidos através do modelo proposto para o presente trabalho e os resultados apresentados por Mordant e Pinton (2000) para a velocidade de uma partícula em queda livre, a partir de um instante de tempo igual a zero. Neste caso a partícula possui d p 1, 0 mm e p 7710 kg m -3 , sendo que a partícula leva aproximadamente 0, 2s para atingir a velocidade terminal, da ordem de 0, 4 ms-1 . u p (ms -1 ) Mordant e Pinton (2000) Presente t (s ) Figura 6 – Velocidade terminal para uma partícula de d p 1, 0 mm e p 7710 kg m -3 . Um resumo dos resultados obtidos para a velocidade terminal das partículas é apresentado na Figura 7. Nesta figura pode é possível perceber que para as partículas com menor peso, 0.2 0 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 t (s ) Figura 7 – Síntese dos resultados de velocidade terminal para diferentes diâmetros e massa específica das partículas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste trabalho, o processo de preenchimento de uma fratura através do escoamento particulado foi apresentado. Sua abordagem matemática e modelagem numérica foram discutidas, além de problemas preliminares para o problema proposto. Uma revisão a respeito de conceitos teóricos e de trabalhos fundamentais foi apresentada, referentes ao escoamento particulado e em meios porosos, identificando problemas utilizados para a verificação do modelo. O modelo adotado apresenta vantagens numéricas em relação ao tempo computacional das simulações, que é significativamente maior em outros modelos mais completos, como a simulação numérica direta, utilizados no tratamento deste tipo de problema. Os resultados de verificação para a velocidade terminal de uma partícula se apresentam próximos aos observados em outros trabalhos encontrados na literatura, bem como a evolução da velocidade da partícula em queda livra ao longo do tempo, conferindo credibilidade ao modelo proposto. Para o escoamento em um canal parcialmente poroso, em que se verificam as condições de interface entre o fluido e o meio poroso, os resultados obtidos também de mostram confiáveis, pois apresentam tendências concordantes com as esperadas ao analisar a influência dos parâmetros adimensionais nas equações que modelam o escoamento. Com esta modelagem se espera a simulação do canal parcialmente poroso com a injeção de partículas no escoamento, a fim de investigar o preenchimento de uma fratura com a fase sólida. Além disso, existe o interesse em verificar resultados que serão obtidos experimentalmente através de um aparato localizado no laboratório do CERNN. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao apoio do IRF/CENPES/PETROBRAS, ao programa PRHANP/MCT (PRH10-UTFPR), ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Fundação de Apoio à Educação, Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico da UTFPR (FUNTEFPR). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDREATTA, L. Escoamento em canal parcialmente poroso e fraturado. 2011. Trabalho de Conclusão de Curso, Engenharia Industrial Mecânica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. BARBOSA, M. V. Análise paramétrica de escoamento particulado aplicado ao preenchimento de fraturas. Dissertação Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 131f., 2015. BETCHEN, L.; STRAATMAN, A. G.; THOMPSON, B. E. A nonequilibrium finitevolume model for conjugate fluid/porous/solid domains. Numerical Heat Transfer, Part A: Applications, Taylor & Francis, v. 49, n. 6, p. 543–565, 2006. BRINKMAN, H. A calculation of the viscosity and the sedimentation constant for solutions of large chain molecules taking into account the hampered flow of the solvent through these molecules. Physica, North-Holland, v. 13, n. 8, p. 447–448, 1947. CLIFF, R.; GRACE, J. R.; WEBER, M. E. Bubbles, Drops and Particles. Academic Press, 1978. DARCY, H. Les fontaines publiques de la ville de Dijon. [S.l.: s.n.], 1856. DE LAI, F. C. Simulação numérica do escoamento particulado para o preenchimento de canal fraturado. Dissertação de Mestrado, Programa de Pósgraduação em Engenharia Mecânica e de Materiais, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 201 p., 2013. DIAS, R. Análise de escoamento em canais parcialmente porosos e fraturados. Trabalho de Conclusão de Curso, Engenharia Industrial Mecânica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2010. FALCONE, G.; HEWITT, G. F.; ALIMONTI, C. Multiphase flow metering. Elsevier, 2009. FORCHHEIMER, P. Wasserbewegung durch boden. Z. Ver. Deutsch. Ing, v. 45, n. 1782, p. 1788, 1901. MORDANT, N.; PINTON, J.-F. Velocity measurement of a settling sphere. The European Physical Journal B-Condensed Matter and Complex Systems, Springer, v. 18, n. 2, p. 343–352, 2000. NIELD, D. A.; BEJAN, A. Convection in Porous Media. 3. ed. Nova York: Springer Science + Business Media, Inc., 2006. SOUZA, J. Z.; RIBEIRO, D. C.; FONTES, C. E.; MARTINS, A. L.; WALDMANN, A. T. Análise do escoamento de fluidos particulados durante a perfuração de reservatórios de petróleo. III Encontro Nacional de Hidráulica de poços, 2009. VAFAI, K.; TIEN, C. Boundary and inertia effects on flow and heat transfer in porous media. International Journal of Heat and Mass Transfer, Elsevier, v. 24, n. 2, p. 195–203, 1981.