5380

Transcrição

5380
Gestão de Risco em Obras Geotécnicas em Mineração: Aplicação
em Barragens de Mineração
Terezinha Espósito
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Belo Horizonte, Brasil, [email protected]
RESUMO: Os conceitos da Geotecnia vem sendo cada vez mais incorporados às atividades de
Mineração. A aplicação de conhecimentos geotécnicos em projetos e obras que envolvam, por
exemplo, estruturas para disposição/contenção de estéril e rejeito, tais como cavas, pilhas e
barragens, dentre outras, possibilita ganhos reais, tanto em desempenho como em segurança, dessas
estrutras. Considerando especificamente as disposições/contenções de rejeitos, observa-se que a
preferência das mineradoras brasileiras tem sido pela disposição desses rejeitos em superfície,
através de barragens de contenção de rejeitos ou de pilhas drenadas. Essas barragens ou pilhas,
nesse artigo denominadas “barragens de mineração” necessitam de uma gestão de segurança
adequada às suas especificidades. Inserido nesse contexto, esse artigo tem como objetivo apresentar
algumas considerações relativas à importância da Geotecnia em obras de Mineração, tendo como
objeto as barragens de mineração. Foi destacada a importância da Gestão de Segurança dessas
estruturas, tendo em vista o marco regulatório brasileiro, em vigor a partir de 2010, Lei Nº 12.334,
de 20 de setembro de 2010 (Brasil, 2010). Por outro lado, foi ressaltado também que um Sistema de
Gestão de Segurança de Barragens de Mineração deve passar necessariamente por uma Análise de
Riscos, etapa a ser destacada na Gestão do Risco.
PALAVRAS-CHAVE: Barragens de Mineração, Gestão de Risco, Análises de Risco.
1
INTRODUÇÃO
A Mineração é um dos segmentos da economia
que muito contribui para o desenvolvimento de
um país, pois além de gerar riquezas, muitas
vezes viabiliza tecnologias que promovem uma
melhor qualidade de vida. As atividades
decorrentes desse segmento podem ser
consideradas fatores determinantes na formação
e progresso de diversas regiões brasileiras
(Esposito, 2000). Entretanto, alguns impactos
tais como dispersão de rejeitos e estéreis em
extensas áreas (ocupação física desordenada,
sem controle tecnológico), aumento da acidez
do solo, inibição do crescimento de diversas
espécies vegetais, favorecimento da aridez do
solo, poluição das águas superficiais e/ou
subterrâneas, erosões e carreamentos de finos
podem ser decorrentes dessa atividade. Atuar de
forma a reduzir e/ou minizar o máximo possível
esses impactos tem sido o grande desafio desse
segmento.
A Mineração pode ser entendida como um
complexo de atividades necessárias à extração
econômica de bens minerais da crosta terrestre,
provocando transformações no meio ambiente,
quer seja nas atividades da lavra quer nas do
processo. Segundo Esposito (2000), de forma
simplificada pode-se dizer que a lavra constituise no conjunto de atividades coordenadas que
extraem um bem mineral, objetivando o seu
aproveitamento industrial ou uso direto. Nela
são também produzidos os estéreis do decape da
mina. Já os processos de mineração
(tratamentos) são aqueles que envolvem
separações físicas e químicas, visando a
obtenção da substância mineral de interesse. No
processo são também produzidos os rejeitos.
Em linhas gerais pode-se dizer que numa
mineração são obtidos o minério lavrado a
partir do qual se obtém o produto final e o
rejeito, e os estéreis.
Segundo a ABNT (2006a) rejeito é todo e
qualquer
material
não
aproveitável
economicamente, gerado durante o processo de
beneficiamento de minérios. Durante o processo
de beneficiamento, no instante em que é gerado,
o rejeito não possui valor comercial, devendo
ser descartado de forma econômica e
ambientalmente correta. Uma forma de descarte
muito utilizada pelas mineradoras brasileiras
são as barragens de contenção de rejeitos.
Ressalta-se
que
cada
estrutura
de
disposição/contenção de rejeitos requer
conhecimento geotécnico específico, tanto do
barramento (seja solo ou rejeito) como da
fundação.
O estéril é todo e qualquer material não
aproveitável economicamente, cuja remoção se
torna necessária para a lavra do minério.
(ABNT, 2006b). O conhecimento do
comportamento geotécnico do estéril é uma
premissa fundamental, pois além desse
conhecimento permitir uma correta avaliação do
seu comportamento in situ, que faculta o
trabalho da própria atividade de mineração,
possibilita também a elaboração de projetos
consistentes e fornece subsídios para o controle
de qualidade de construção de pilhas em que
será depositado.
2
GEOTECNIA E MINERAÇÃO
2.1
Geotecnia e Mineração
O campo de atuações da Geotecnia nas
atividades de Mineração é muito ampla. A cada
dia se constata mais que o uso de
conhecimentos especializados de Geotecnia é
fundamental
em
atividades
minerárias
realizadas em cavas de minas (mineração a céu
aberto), minerações subterrâneas, estruturas
para disposição/contenção de estéril e rejeito,
tais como cavas, pilhas e barragens, dentre
outras. Com aplicação dos conhecimentos
geotécnicos o que se verifica, nesses casos, são
ganhos reais tanto em desempenho como em
segurança.
No âmbito das disposições/contenções de
rejeitos, observa-se que a preferência das
mineradoras brasileiras tem sido pela disposição
desses rejeitos em superfície, através de
barragens de contenção de rejeitos, no caso de
materiais finos, ou de pilhas drenadas, no caso
de rejeitos granulares.
Essas barragens ou pilhas, nesse artigo serão
denominadas barragens de mineração. As
barragens de mineração são construídas em
fases, com previsão de alteamentos sucessivos e
ao longo do tempo, sendo que, em muitos
casos, o próprio rejeito é utilizado como
material de construção destes alteamentos.
Deve ser ressaltado, entretanto, que segundo
DNPM (2012) “barragens de mineração” são
barragens, barramentos, diques, reservatórios,
cavas exauridas com barramentos construídos,
associados às atividades desenvolvidas com
base em direito minerário, utilizados para fins
de contenção, acumulação ou decantação de
rejeito de mineração ou descarga de sedimentos
provenientes de atividades em mineração, com
ou sem captação de água associada,
compreendendo a estrutura do barramento e
suas estruturas associadas.
2.2
Acidentes com Barragens de Mineração
A concepção de projetos de barragens de
mineração à luz de conceitos geotécnicos tem
sido uma tendência crescente nessa atividade.
Modernas tecnologias são disponibilizadas para
o projeto, a construção, a operação e o
fechamento dessas estruturas. Entretanto,
rupturas ainda continuam a ocorrer. As
consequências têm sido pesadas perdas
econômicas, degradação ambiental, e, em
muitos casos, perda de vidas humanas. Segundo
ICOLD (2001) as principais causas destas
rupturas
incluem,
em
alguns
casos,
características geotécnicas complexas que
requerem cuidados especiais para superar as
condições adversas. Porém, as causas incluem
também situações já resolvidas pela tecnologia
disponível, significando que é necessária uma
aplicação mais sistemática do conhecimento
geotécnico especializado.
Na Tabela 1 são apresentados alguns
acidentes com mortes, envolvendo barragens de
mineração, no período de 1970-2014.
Segundo Esposito & Caldeira (2010) a
segurança dessas barragens de mineração está
diretamente relacionada com a estabilidade, que
é função das características geotécnicas da
fundação e do corpo da barragem, como
também das condições locais, tais como
topografia,
geologia,
hidrologia,
água
subterrânea e superficial, clima, sismicidade,
etc. Observa-se que são considerações
semelhantes às barragens convencionais,
nomeadas nesse artigo como aquelas destinadas
à retenção de água, cuja finalidade é a geração
de energia, o abastecimento de água, a
regularização de cheias, a irrigação, o lazer etc.
Tabela 1. Alguns acidentes com mortes, envolvendo
barragens de mineração (1970-2014)
No contexto da Gestão de Segurança de
estruturas de mineração, tais como barragens de
mineração e pilhas de estéril, se encontram
normas técnicas, resoluções, portarias e o
próprio marco regulatório da Segurança de
Barragens no Brasil, a Lei Nº 12.334, de 20 de
setembro de 2010 (Brasil, 2010), conforme
apresentado na Tabela 2. Ressalta-se que as
Resoluções CNRH - Conselho Nacional de
Recursos Hídricos, e as Portarias DNPM –
Departamento Nacional de Recursos Hídricos,
foram geradas em atendimento ao marco
regulatório de 2010.
Tabela 2. Gestão de segurança de barragens de
mineração: normas e regulamentações brasileiras
No caso das barragens de mineração é
necessário também que sejam consideradas as
alterações nas características e propriedades dos
rejeitos, assim como as consequências de uma
possível ruptura, tendo em vista os riscos
ambientais acrescidos (poluição/contaminação
atmosférica, terrestre ou na água superficial
e/ou subterrânea) a todos os riscos já associados
a ruptura de uma estrutura de tal magnitude.
Por outro lado, não se pode omitir também
que as necessidades de operação dessas
barragens de mineração são diferentes das
barragens convencionais. As barragens/pilhas
de contenção de rejeitos são projetadas para
serem construídas ao longo da vida útil da mina,
sendo sua construção usualmente simultânea
com sua própria operação.
Dessa forma, essas estruturas, que possuem
características diferenciadas, necessitam de uma
gestão de segurança, no que se refere ao
projeto, à construção, à operaçao e à
desativação que contemple recomendações
adequadas às suas especificidades, de forma a
garantir a sua segurança estrutural e ambiental
(estabilidade e controle da percolação) e a sua
funcionalidade (retenção dos rejeitos) durante a
sua vida útil (Esposito & , 2010).
3
GESTÃO
ESTRUTURAS
MINERAÇÃO
3.1
DE SEGURANÇA
GEOTÉCNICAS
Segurança de Barragens Mineração
EM
EM
Normas e
Regulamentações
NBR 13028/06
(ABNT, 2006)
NBR 13029/06
(ABNT, 2006)
Lei Nº 12.334,
de
20
de
setembro
de
2010
(Brasil, 2010)
Resolução
No
143, de 10 de
julho de 2012
(CNRH, 2012a)
Resolução
No
144, de 10 de
julho de 2012
(CNRH, 2012b)
Portaria No 416,
de
03
de
setembro
de
2012
(DNPM, 2012)
Portaria No 526,
de
09
de
dezembro
de
2013
(DNPM, 2013)
Objeto
Mineração - Elaboração e apresentação de
projeto de barragens para disposição de rejeitos,
contenção de sedimentos e reservação de água.
Mineração - Elaboração e apresentação de
projeto de disposição de estéril em pilhas.
Estabelece a Política Nacional de Segurança de
Barragens destinadas à acumulação de água
para quaisquer usos, à disposição final ou
temporária de rejeitos e à acumulação de
resíduos industriais, cria o Sistema Nacional de
Informações sobre Segurança de Barragens e
altera a redação do art. 35 da Lei no 9.433, de 8
de janeiro de 1997, e do art. 4o da Lei no 9.984,
de 17 de julho de 2000.
Estabelece critérios gerais de classificação de
barragens por categoria de risco, dano potencial
associado e pelo volume do reservatório, em
atendimento ao art. 7° da Lei n° 12.334, de 20
de setembro de 2010.
Estabelece diretrizes para implementação da
Política Nacional de Segurança de Barragens,
aplicação de seus instrumentos e atuação do
Sistema Nacional de Informações sobre
Segurança de Barragens, em atendimento ao
art. 20 da Lei no 12.334, de 20 de setembro de
2010, que alterou o art. 35 da Lei no 9.433, de 8
de janeiro de 1997.
Cria o Cadastro Nacional de Barragens de
Mineração e dispõe sobre o Plano de
Segurança, Revisão Periódica de Segurança e
Inspeções Regulares e Especiais de Segurança
das Barragens de Mineração conforme a Lei nº
12.334, de 20 de setembro de 2010, que dispõe
sobre a Política Nacional de Segurança de
Barragens.
Estabelece a periodicidade de atualização e
revisão, a qualificação do responsável técnico,
o conteúdo mínimo e o nível de detalhamento
do Plano de Ação de Emergência das Barragens
de Mineração (PAEBM), conforme art. 8°, 11 e
12 da Lei n° 12.334, de 20 de setembro de
2010, que estabelece a Política Nacional de
Segurança de Barragens (PNSB), e art. 8º da
Portaria nº 416, de 3 de setembro de 2012.
3.2 Sistema de Gestão de Segurança de
Barragens de Mineração
3.3 Metodologias de Análies de
aplicadas a Barragens de Mineração
O projeto e a construção adequados de uma
barragem de mineração são de extrema
importância, porém não suficientes para a
operação segura das mesmas. Nesse sentido,
deve ser estabelecido um processo de
acompanhamento e de avaliação permanente
das estruturas, mediante o recurso de
ferramentas, tais como as inspeções visuais e a
instrumentação, que têm por função fornecer
aos responsáveis pela auscultação da barragem
os parâmetros para comparação com as
hipóteses consideradas no projeto. No entanto o
risco estará sempre presente, constituindo-se as
Análises de Riscos, parte integrante da Gestão
de Riscos, como um complemento das
abordagens tradicionais de avaliação da
segurança dessas estruturas (Caldeira, 2005).
Numa Sistema de Gestão de Segurança de
Barragens de Mineração a Análise de Riscos,
etapa a ser destacada na Gestão do Risco, é
fundamental (Figura 1). Nessa etapa após a
estimativa da grandeza das consequencias e das
probabilidades chega-se à estimativa do risco,
Após a Análise de Riscos procede-se à
Apreciação do Risco, etapa de ponderação e de
julgamento do significado do risco obtido na
Análise de Riscos. A Análise e a Apreciação do
Risco constituem a etapa da Avaliação do
Risco. A Avaliação do Risco, em conjunto com
os procedimentos de Tomada de Decisão e
Controle do Risco, visam assegurar a
verificação de todos os critérios de aceitação do
risco relacionados com a segurança da
barrragem de mineração.
As metodologias de análises de riscos, no
âmbito da aplicação nas barragens de mineração
permitem uma identificação sistemática dos
subsistemas dessas estruturas e dos perigos a
eles associados, além da identificação dos seus
possíveis modos de ruptura e das
consequências. Através dessas ferramentas é
possível a identificação de medidas alternativas
para a redução ou a mitigação dos riscos, assim
como a hierarquização da implementação de
recomendações de segurança e de trabalhos de
reabilitação e o estabelecimento de prioridades
de intervenção (Esposito & Caldeira, 2010).
Dessa forma, no contexto da gestão da
segurança de barragens de mineração, de forma
ilustrativa, alguns métodos de análises de
riscos, entre outros, podem ser destacados
(Tabela 3).
Análise
de riscos
Risco
Tabela 3. Alguns Métodos de Análise de Riscos
aplicáveis a Barragens/Pilhas de Rejeitos
Métodos de Análise de Riscos
- Índice Global de Risco
- Matrizes da Lei Nº 12.334, de 20 de setembro de 2010
- Diagramas de Localização, Causa e Indicadores de Falhas
(LCI – Location, Cause and Indicator)
- Análise dos modos de ruptura e seus efeitos
(FMEA – Failure Modes and Effects Analysis
- Análise dos modos de ruptura, seus efeitos e sua
criticalidade
(FMECA – Failure Modes, Effects and Criticality Analysis)
- Análise por Árvore de Eventos
(ETA – Event Tree Analysis)
- Análise por Árvore de Falhas
(FTA – Fault Tree Analysis)
Alguns dos métodos citados na Tabela 3, tendo
em vista apenas uma exemplificação de sua
aplicabilidade, se encontram itemizados a sguir.
Descrição do âmbito
Descrição do âmbito
Identificação do perigo
Identificação das consequências
Avaliação
do risco
Estimativa da
grandeza das
consequências
3.3.1 Matrizes da Nº 12.334, de 20 de setembro
de 2010
Estimativa da
probabilidade das
consequências
Estimativa do risco
Estimativa do risco
Gestão
Apreciação
do risco
do risco
Tomada de decisão
Controle dos riscos
Admissibilidade do risco
Admissibilidade do risco
Tomada de decisão
Tomada de decisão
Controle do risco
Controle do risco
Observação do risco
Observação do risco
Figura 1. Gestão de risco (Fonte: Caldeira, 2005)
Percepção
do risco
A Resolução No 143, de 10 de julho de 2012
(CNRH, 2012a) que “estabelece critérios gerais
de classificação de barragens por categoria de
risco, dano potencial associado e pelo volume
do reservatório, em atendimento ao art. 7° da
Lei n° 12.334, de 20 de setembro de 2010”
apresenta como Categoria de Risco (CRI) a
soma das parcelas relativas às Características
Técnicas (CT), Estado de Conservação (EC) e
Plano de Segurança de Barragens (PS), ou seja,
CRI = CT+EC+PS. Vale ressaltar que as
Características Técnicas (CT) contempladas são
Altura, Comprimento e Vazão da barragem. O
Estado de Conservação (EC) se reporta às
Estruturas
Extravasoras
Percolação,
Deformações e Recalques e Taludes. O Plano
de Segurança de Barragens (PS) enfatiza a
Documentação, os Profissionais, os Manuais, o
PAE – Plano de Ações Emergenciais, e os
Relatórios gerados. Todos esses itens são
avaliados e pontuados segundo critérios
estabelecidos pela Resolução. Além da
classificação mediante a Categoria de Risco
(CRI), a saber, ALTO, MÉDIO e BAIXO, as
barragens são também classificadas segundo o
Dano Potencial Associado (DPA). O valor
calculado para o DPA está relacionado à soma
dos valores atribuídos a itens avaliados e
pontuados segundo critérios estabelecidos pela
Resolução, tais como Volume do Reservatório,
Existência de População a Jusante, Impacto
Ambiental e Impacto Sócio-Econômico.
3.3.2 Diagramas de Localização, Causa e
Indicadores de Falhas (LCI – Location, Cause
and Indicator)
A análise por Diagramas de Localização, Causa
e Indicadores de Falhas- LCI baseia-se em um
método especificamente proposto para análises
de riscos em barragens. Esse método tem como
objetivo prioritário identificar e avaliar as
consequências de uma onda de inundação
resultante da libertação do volume armazenado
na barragem. Os resultados das análises através
destes diagramas permitem também identificar
os elementos estruturais que mais contribuem
para a ruptura total, sendo identificados os
modos de ruptura e definidas as intervenções
e/ou
a
implementação
de
estudos
complementares. Pode ser aplicado tanto dentro
de um portfólio de barragens, pois indica,
dentro de uma escala de valores de risco qual
barragem deveria ser priorizada em termos de
providências imediatas para minimizar os riscos
associados, como a uma única barragem, pois
possibilita a ordenação e a hierarquização de
procedimentos em prol da sua segurança
(Hughes et al., 2000). Devido à concepção do
método, entende-se que deva ser aplicado às
barragens de mineração que contenham liquido
em seus resevtórios (Esposito et al,. 2011).
3.3.3 Análise dos modos de ruptura e seus
efeitos (FMEA – Failure Modes and Effects
Analysis) e Análise dos modos de ruptura, seus
efeitos e sua criticalidade (FMECA – Failure
Modes, Effects and Criticality Analysis)
A Análise dos modos de ruptura e seus efeitos e
a análise dos modos de ruptura, seus efeitos e
sua criticalidade: são técnicas indicadas para
definir, identificar e analisar potenciais
rupturas, a partir de um determinado modo de
ruptura, com suas respectivas causas e efeitos,
assim como os meios de detecção e prevenção
dos modos de ruptura e de mitigação dos seus
efeitos. O segundo tipo de análise acrescenta ao
primeiro os procedimentos relativos à
hierarquização dos modos de ruptura, conforme
a influência combinada da respectiva
probabilidade de ocorrência e da severidade das
suas
consequências,
denominada
por
criticalidade (Caldeira, 2005). No caso da sua
aplicação específica em barragens de mineração
entende-se que esses métodos possam ser
utilizados em diferentes fases da obra e com
diferentes objetivos, auxiliando na tomada de
decisões relativas ao projeto, funcionando como
controle da execução da obra, atuando como um
instrumento de segurança, de funcionalidade e
de decisão quanto ao encerramento da
barragem.
4
COMENTÁRIOS FINAIS
Num Sistema de Gestão de Segurança de
Barragens de Mineração busca-se sempre a
elaboração
e
a
implementação
de
procedimentos que tendam a reduzir o risco a
limites aceitáveis. Essas medidas de redução
e/ou de controle do risco devem sempre se
basear em análises de custo-benefício.
Nesse
contexto
entende-se
que
procedimentos a serem adotados num Sistema
de Gestão de Segurança de Barragens de
Mineração devem passar, necessariamente, pela
Análise de Riscos, uma etapa muito importante
da Gestão do Risco. Qualquer técnica de
Análise de Riscos a ser aplicada deve sempre
considerar os principais componentes da
barragem de mineração, que incluem, por
exemplo, aspectos relativos ao corpo barragem
e à fundação, ao sistema de gestão da água e aos
rejeitos.
Destaca-se que a utilização das Análises de
Riscos, que objetivam estimar as probabilidades
de eventos de falha da componente ou da
barragem e a magnitude das consequências
resultantes, são muito importantes e eficazes na
Gestão da Segurança de Barragens de
Mineração, pois além da estimativa do risco
proporcionam uma melhor compreensão do
comportamento dessas estruturas.
Além disso, pode-se, ainda, afirmar que essa
prática está totalmente inserida no contexto
atual da legislação brasileira, pois atende a
diretriz da Lei Nº 12.334, de 20 de setembro de
2010 (Brasil, 2010), que no seu artigo Art. 3o
apresenta como um dos objetivos da Política
Nacional de Segurança de Barragens (PNSB) o
incisivo VII, “fomentar a cultura de segurança
de barragens e gestão de riscos.”
“Viver é muito perigoso”, célebre frase do
escritor, médico e diplomata brasileiro
Guimarães Rosa. Mas vida sem perigo existiria?
Portanto há que se correr risco... O que não se
pode é simplesmente viver como se o risco não
existisse. Como citado por Latham (1994) “o
risco pode ser gerido, minimizado, partilhado,
transferido ou aceito. Não pode ser ignorado”.
REFERÊNCIAS
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas.
(2006a). NBR 13028: Mineração - Elaboração e
apresentação de projeto de barragens para
disposição de rejeitos, contenção de sedimentos e
reservação de água. Rio de Janeiro, RJ, 6 p.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas.
(2006b). NBR 13029: Mineração - Elaboração e
apresentação de projeto de disposição de estéril em
pilha. Rio de Janeiro, RJ, 5 p.
Brasill. (2010) . Lei Nº 12.334, de 20 de setembro de
2010.
CNRH. Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
(2012a). Resolução No 143, de 10 de julho de 2012.
CNRH. Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
(2012b). Resolução No 144, de 10 de julho de 2012.
DNPM. Departamento Nacional de Produção Mineral.
(2012). Portaria No 416, de 03 de setembro de 2012.
DNPM. Departamento Nacional de Produção Mineral.
(2013). Portaria No 526, de 09 de dezembro de 2013.
Caldeira, L. (2005). Análise de Risco em Geotecnia.
Aplicação a Barragens de Aterro. Programa de
Investigação para obtenção de Habilitação para
funções de Coordenação Científica. LNEC, Lisboa,
238 p.
Espósito, T.J. (2000). Metodologia Probabilística e
Observacional Aplicada a Barragens de Rejeito
Construídas por Aterro Hidráulico. Tese de
Doutorado, Publicação G.TD-004A/00, Departamento
de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de
Brasília, Brasília, DF, 359 p.
Espósito, T, e Caldeira, L. (2010). Contribuições para a
gestão de segurança de barragens de rejeitados. 12º
Congresso Nacional de Geotecnia. Guimarães,
Portugal, 10 p.
Esposito, T., Caldeira, L. e Naghettini, M. (2011).
Aplicação da Metodologia Análise por Diagramas de
Localização, Causa e Indicadores de Falhas (LCI) em
Barragens de Contenção de Rejeitos. VII Congresso
Brasileiro de Geotecnia Ambiental (REGEO’ 2011) e
VI
Simpósio
Brasileiro
de
Geossintéticos
(Geossintéticos’ 2011). Belo Horizonte, Brasil.
Hughes, A., Hewlett, H., Samuels, P., Morris, M., Sayers,
P., Moffat, I., Harding, A. and Tedd, P. (2000). Risk
Management for UK Reservoir. Construction Industry
Research and Information Association (CIRIA) C542,
London, UK, 213 p.
ICOLD. International Commission on Large Dams
(2001). Bulletin 121. Tailings dams risk of dangerous
occcurences – Lessons learnt from ratical
experiences. Paris, 145 p.
Latham, M. (1994). Construction the Tea. Final report of
the government/industryreview of procurement and
contractual arragements in the construction industry,
HSMO, London.

Documentos relacionados

AVAliAÇÃO dE RiScO gEOlÓgicO Em bARRAgENS

AVAliAÇÃO dE RiScO gEOlÓgicO Em bARRAgENS Projeto Básico Ambiental que é responsável pelo detalhamento das recomendações presentes no EIA e necessário para a obtenção da Licença de Instalação (LI). No Projeto Executivo ocorre a construção ...

Leia mais