Baixe o pdf. - IdeiasBizarras

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mini-enciclopédia de variedades:
para puro entretenimento
QUEM SOMOS, _
abril
2003
onde estou?
está tudo tão
estranho.
samsara +
evolução +
circularidades
+ cadeia
alimentar
s
e
s
fo
r
o
m
ta
e
M
s
a
d
e
u
q
Almana
parte 2 de 3
a roda do destino
Fanzine editada pela ideias bizarras
EDITORA: CHRISTINA CASTILHO - Belo Horizonte - MG - Brasil
e-mail: [email protected] - distribuição gratuita
Movimento, renovação.
A Roda do Destino ou
Roda Fortuna dramatiza
os opostos. Mesmo acontecimentos aparentemente caóticos têm um fio
de sentido, e situações
inevitáveis fazem parte
do processo de mutação
provocado pelo próprio
movimento.
O simbolismo da Roda
na arte medieval pode
ser explicado através da
iluminura do Hortus Deliciarum, com seus estágios simbolizados pelos
personagens em torno da
Roda: regnabo (‘eu devo
reinar’: figura em cima,
do lado esquerdo da Roda, com o braço direito
erguido), regno (‘eu reino’: figura em cima da roda, freqüentemente coroada, para significar o
reinado), reganvi (‘eu rei-
nei’: figura que está do
lado direito da roda caindo), sum sine regno ("eu
não tenho reino": figura
na base da roda que perdeu completamente os
favores da Fortuna).
Vista como deusa do
acaso, a Roda da Fortuna na Idade Média repre-
sentava tanto a Roda da
Vida, que elevava o homem até o alto antes de
deixá-lo cair de novo,
como a Roda do Acaso,
que não parava nunca
de rodar e indicava a
mudança perpétua que
caracteriza a natureza
humana.
metamorfose. [Gr., metamórphosis.] sf. 1 Mudança
de forma física ou moral. 2
Qualquer das transformações dos seres sujeitos ao
metamorfismo. 3 Mudança,
transformação. 5 Fig. Mudança notável na fortuna,
no estado, no caráter de
uma pessoa.
preliminares
se não posso vencê-las...
Só pode ser influência do Franz.
No final das contas, era sonho de
novo, mas me pareceu bem real.
O mundo inteiro era azulejado de
branco - parecia uma nevasca sólida.
Eu me senti estranha com aquela
roupa, meio engomada. E pior: minhas
canelas se multiplicaram e ficaram
tão finas - meu deus... como as
do Lacraia. Mas minha bunda estava bem gostosa.
E eu estava entre iguais: era uma formiguinha e seguia
uma fila enorme. Todo o mundo muito concentrado.
Bem, eu andava meio de lado, não sei por que... e fazia um
barulho diferente também. Às vezes as outras me olhavam
como seu eu fosse uma louca. (mas eu não era, viu?!)
E então, finalmente, chegamos! Nó... era a maior obra
de engenharia do mundo: a placa dizia Finn.
E nos fartamos, eu e as formigas, na fonte da
juventude. Como me senti bem... nada poderia
me matar.
e pensar que os homens buscaram durante tanto
tempo o tal ‘elixir’, como se ele fosse algo
sobrenatural. era só aspartame, gente...
Christina Castilho
editora e bizarra nos seus dias de formiga
Day and Night.
M. C. Escher, 1938
Sky and Water II.
M. C. Escher, 1938
Sun and Moon.
M. C. Escher, 1948
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Numa manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregório Samsa deu
por si na cama transformado num gigantesco inseto. Estava deitado
sobre o dorso, tão duro que parecia revestido de metal, e, ao levantar
um pouco a cabeça, divisou o arredondado ventre castanho dividido em
duros segmentos arqueados, sobre o qual a colcha dificilmente
mantinha a posição e estava a ponto de escorregar. Comparadas com o
resto do corpo, as inúmeras pernas, que eram miseravelmente finas,
agitavam-se desesperadamente diante de seus olhos.
Que me aconteceu? – pensou. Não era nenhum sonho.
Franz Kafka, A Metamorfose
Um espaco
, para o tempo
Desde a Antiguidade, os homens vêm (a)prendendo o
tempo como um continuum
que distingue passado/presente/futuro numa sucessão linear. Temos isto no
numerus motus secundum
prius et posterius de Aristóteles: tempo é o número (medida) do movimento segundo um antes e um depois.
No 4º século da era cristã,
Santo Agostinho também se
coloca nesse continuum,
onde o tempo é a ‘distensão
do espírito’, na qual se distinguem somente passado e
futuro, já que o presente
tende a não existir ("o presente, para ser tempo, deve
tornar-se passado").
Em 1687, Isaac Newton
publica seus Princípios Matemáticos da Filosofia Natural. Surge a lei da gravitação
universal e o princípio segundo o qual "o tempo absoluto, verdadeiro e matemático por si mesmo e por
sua própria natureza flui
uniformemente, sem relação com nada externo e é
chamado duração".
O conceito de duração é
compartilhado por Henri
Bergson, para quem o tempo é o "desenrolar ininterrupto da consciência (…)
evoluindo em direção a formas sempre novas e melhores sob um impulso vital
que é unidade, integração
energética, ritmo incessante
e virtualidade ininterruptamente criadora".
Bergson instaura o princípio
da eternidade no dinamismo da duração, onde o eu
permanece no tempo e dura
mesmo através da mudança.
Apesar das variações nes-
sas e em outras definições
– o antes e o depois do movimento (Hobbes), o número
do movimento (Descartes),
a ordem das sucessões
(Leibniz), a condição de existência da ordem causal
(Kant) –, o tempo tem sido
colocado como um princípio
linear, unidirecional.
Porém, no cotidiano da vida
psicológica jamais experimentamos este contínuo
temporal unidimensional e
homogêneo. Para colocar
em xeque o tempo newtoniano, Albert Einstein propôs
em 1905 a Teoria da Relatividade: "nada é mais igual a
si mesmo o tempo todo (e
nem num só momento) e
sob um mesmo aspecto
(…) Cada coisa tem seu
tempo" – um tempo local,
relativo a cada ponto do espaço e função da velocidade
do observador.
À contribuição de Einstein
veio somar-se, mais tarde, a
teoria quântica que aponta
para a existência de uma
anti-matéria que evolui para
o passado com energia negativa.
Mas, apesar das transformações na concepção teórica do tempo, pouco mudou no que se refere à
nossa tentativa de aprisioná-lo como continuum. Se,
subjetivamente, experimentamos o tempo relativo de
Einstein ou o tempo descontínuo e fragmentário de
Marcel Proust – "inimigo
implacável que semeia de
mil mortes parciais o caminho para a destruição
definitiva" –, em nosso cotidiano social permanece o
tempo newtoniano absoluto
a reter-nos (e consolar-nos)
numa cronologia uniforme.
Tem razão Einstein: "Agora
tudo mudou, exceto nossa
forma de pensar".
Incapaz de desvencilhar-se
da idéia de continuum, o
homem sobrevive encarcerado numa dimensão que
em nada se assemelha ao
seu estado interior.
Até nos dizemos hedonistas
– o presente é o que vale;
carpe diem – mas alimentamos o impulso de registrá-lo historicamente, vendo-o virar passado e instaurar-se também na cadeia do
tempo espacializado.
Esse impulso garante a segurança de estar localizado
no tempo, porque a continuidade entre o passado e
presente cria um sentido de
sequência para o caos aleatório e, como a mudança é
inevitável, um sistema estável de sentidos organizados nos permite lidar com a
inovação e a decadência.
Somos incapazes de relaxar
na eternidade solitária do
instante-já sem nos posicionar-mos, a cada momento, ante um ‘não-ainda’
e um ‘não-mais’.
Seqüência de seres vivos, dividida em níveis tróficos, na qual
uns comem aqueles que os precedem na cadeia, antes de
serem comidos por aqueles que os seguem.
cadeia alimentar
* PRODUTORES: os organismos
autótrofos, que sintetizam seus
alimentos através da fotossíntese
ou da quimiossíntese.
plantas, algas,
mão-de-obra
do 3º mundo
etc.
* CONSUMIDORES PRIMÁRIOS:
os herbívoros.
formigas,
maconheiros etc.
* CONSUMIDORES SECUNDÁRIOS:
os carnívoros que se alimentam dos
herbívoros.
sapos, fernandinhos
s
beira-mar, ganhadore
c.
et
a
pin
de pro
* CONSUMIDORES TERCIÁRIOS:
os carnívoros que se alimentam de
consumidores secundários.
leopardos,
terroristas,
georges bushs
etc.
* DECOMPOSITORES:
os microrganismos que decompõem
os cadáveres e os excrementos
tanto de produtores quanto de
consumidores. São também
chamados saprófitas.
bactérias,
fungos, mídia,
fumadores de cocô
etc.
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!
toca raul
prefiro ser essa
metamorfose ambulante
´
o ano c0smico
O ano cósmico condensa os presumíveis 15 bilhões de anos de existência do universo
em um único ano. Assim, cada bilhão de anos da Terra corresponde a mais ou menos
24 dias do ano cósmico e cada segundo vale aproximadamente 500 anos.
1º de janeiro: big bang
1º de maio: origem da Via Láctea
9 de setembro: origem do Sistema Solar
14 de setembro: origem da Terra
25 de setembro: origem da vida na Terra
9 de outubro: primeiros organismos (bactérias e algas)
1º de novembro: formação das rochas mais
antigas. Os microorganismos começam a se
reproduzir sexuadamente
12 de novembro: aparecimento dos fósseis
mais antigos de plantas fotossintéticas.
15 de novembro: origem das eucariotas (primeiras células providas de núcleo)
16 de dezembro: primeiros vermes
17 de dezembro: era Paleozóica e período
Cambriano. Invertebrados dominam o planeta.
18 de dezembro: origem do plâncton oceânico.
19 de dezembro: período Ordovinciano. Primeiros peixes povoam as águas e alguns se
arriscam em terra firme.
21 de dezembro: período Siluriano. Origem
das plantas vascularizadas.
22 de dezembro: surgimento dos primeiros
anfíbios. Os insetos alados povoam os céus.
23 de dezembro: período Carbonífero. Surgem as primeiras árvores. Inicia-se o império
dos répteis
24 de dezembro: período Permiano. Répteis
atingem o apogeu com os dinossauros.
26 de dezembro: período Triássico. Menores e
mais adaptados às mudanças do meio ambiente, os mamíferos iniciam sua escalada
27 de dezembro: período Jurássico. As aves
descobrem os céus
28 de dezembro: período Cretáceo. Surgimento das primeiras flores. Os dinossauros
desaparecem da Terra
29 de dezembro: era Cenozóica e período
Terciário. Através dos cetáceos, os mamíferos
povoam os mares. Nas florestas, a saga hu-
mana se inicia com os primatas
30 de dezembro: evolução inicial dos lobos
frontais nos cérebros dos primatas. Aparecimento dos primeiros seres hominídios que
convivem com mamíferos gigantes
31 de Dezembro:
13h30m: origem do Proconsul e do Ramapithecus, prováveis antepassados dos antropóides e do homem
22h30m: primeiros homo sapiens
23h: uso de instrumentos de pedra
23h46m: O homem de Pequim domina o fogo
23h56m: período glacial mais recente
23h58m: navegantes descobrem a Austrália
23h59ms: O homem começa a cultivar seu
alimento - surgimento da agricultura
23h59m35s: civilização neolítica cria as primeiras cidades
23h59m50s: na Suméria e no Egito surgem as
primeiras dinastias. A Astronomia entra em
pleno desenvolvimento
23h59m51s: invenção do alfabeto
23h59m53s: guerra de Tróia. Metalurgia em
bronze. Invenção da bússola.
23h59m54s: fundação de Catargo. Metalurgia
em ferro
23h59m55s: nascimento de Buda
23h59m56s: Império Romano. Nascimento de
Cristo.
23h59m57s: Zero e decimais na aritmética
indiana.
23h59m58s: civilização maia. Império bizantino. Invasão mongol. Cruzadas.
23h59m59s: A Europa vive o Renascimento.
Viagens de descobrimentos empreendidas
pelos europeus e pela dinastia Ming da China.
Criação do método experimental científico.
Desenvolvimento da Ciência e da alta tecnologia. Surgimento de uma cultura global.
Criação de armas de destruição do planeta e
da espécie humana. O homem explora o espaço. Você lê essa fanzine.
Ovídio, As Metamorfoses
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A Mitologia Grega conta que Sísifo, por haver traído Zeus, denunciando-o como raptor de Egina, filha do
deus-rio Asopo, foi, pelo senhor dos deuses, fulminado e precipitado nos infernos, onde se lhe impôs, a
título de expiação por sua falta, o castigo de rolar eternamente uma enorme pedra montanha acima. Ao
chegar ao topo, a rocha, impelida pelo seu próprio peso, descia novamente para o vale, constituindo-se
assim num eterno ir e vir.
“Não há coisa alguma que persista em todo
o Universo. Tudo flui, e tudo só apresenta
uma imagem passageira. O próprio tempo
passa com um movimento contínuo, como
um rio... O que foi antes já não é, o que não
tinha sido é, e todo instante é uma coisa
nova. Vês a noite, próxima do fim, caminhar
para o dia, e à claridade do dia suceder a
escuridão da noite... Nada morre no vasto
mundo, mas tudo assume aspectos novos e
variados... Todos os seres têm sua origem
noutros seres. Existe uma ave a que os fenícios dão o nome de fênix. Não se alimenta de grãos ou ervas, mas das
lágrimas do incenso e do suco da amônia. Quando completa cinco séculos de vida, constrói um ninho no alto de uma grande palmeira, feito
de folhas de canela, do aromático nardo e da mirra avermelhada. Ali se
acomoda e termina a vida entre perfumes. De suas cinzas, renasce
uma pequena fênix, que viverá outros cinco séculos... Assim também é
a Natureza e tudo o que nela existe e persiste.”
"Tudo que o poder do mundo faz é feito em círculo. O
ceú é redondo, e tenho ouvido que a terra é redonda
como uma bola, e assim também o são as estrelas. O
vento, em sua força máxima, rodopia. Os pássaros
fazem seus ninhos em círculos, pois a religião deles é
a mesma que a nossa. O sol nasce e desaparece em
círculo em sua sucessão, e sempre retornam outra
vez ao ponto de partida. A vida do homem é um
círculo, que vai da infância até a infância, e assim
acontece com tudo que é movido pela força. Nossas
tendas eram redondas como os ninhos das aves, e
sempre eram dispostas em círculo, o aro da nação, o
ninho de muitos ninhos, onde o Grande Espírito quis
que nós chocássemos nossos filhos".
Alce Negro, nativo da tribo dos Oglala Sioux
Não existem raças na espécie humana
Uma equipe de cinco cientistas estudou e comparou mais de oito mil
amostras genéticas colhidas aleatoriamente de pessoas de todo o mundo. Segundo Alan Templeton, biólogo americano que dirigiu a pesquisa,
diferentemente de todas as outras espécies de mamíferos, não há raças
entre os humanos porque "as diferenças genéticas entre grupos das
mais distintas etnias são insignificantes". Para que o conceito de raça tivesse validade científica, "essas diferenças teriam de ser muito maiores". Ou seja, não importa a cor da pele, as feições do rosto, a estatura
ou a origem geográfica de qualquer ser humano (traços que distinguem
culturalmente as etnias): geneticamente, somos todos muito semelhantes.
As diferenças genéticas das amostras dizem que, desde o princípio, as
linhagens humanas rapidamente se espalharam para toda a humanidade, indicando que as populações sempre tiveram um grande grau de
contato genético.
Os resultados dessa pesquisa repercutiram com muita força no meio
acadêmico, fortalecendo algumas teorias e derrubando outras. Eles mexem com duas teorias sobre a evolução humana – o Modelo Treliça e o
Modelo Candelabro.
As duas teorias concordam que a espécie humana surgiu na África há
dois ou três milhões de anos e há 150 mil anos os descendentes daqueles primeiros humanos iniciaram um processo migratório rumo ao
que é hoje a Europa e a Ásia.
O Modelo Candelabro afirma, porém, que esse movimento migratório
aconteceu numa leva só e se espalhou pelos continentes europeu e asiático, dando origem a três diferentes raças biológicas (a branca européia,
a amarela asiática e a negra, que permaneceu no continente africano).
Para o Modelo Treliça, reforçado pelo trabalho de Templeton, a mobilidade humana foi muito maior do que se chegou a pensar. Os descendentes dos antepassados que migraram para a Europa e a Ásia fizeram
o caminho de volta à África. E repetiram a saída e a volta algumas vezes.
Assim, os genes humanos foram intercambiados globalmente. Conclusão: "Não há ramos nem linhagens distintas; pela moderna definição de
raça, não há raças na espécie humana", afirma o biólogo americano.
Os genes que determinam as características físicas, como cor de pele,
são tão poucos que perdem significado se comparados ao número total
de genes. Eles apenas representam adaptações biológicas a uma determinada geografia. Por exemplo, o negro tem pele escura porque sua região de origem tem um sol muito forte. Como o excesso de sol é nocivo
à saúde, a pele escura protege o organismo. Ao migrar para ambientes
onde o sol é mais fraco, como a Europa, os humanos que nasceram com
pele mais clara foram beneficiados pela seleção natural. Nesse clima, a
pele clara sintetiza melhor a vitamina D, que evita o raquitismo.
Fonte: Revista Isto É, 18/11/98
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samsara
Termo sânscrito que significa "existência
cíclica", "ciclo das existências condicionadas"
ou "roda de nascimentos", assim chamada
porque os seres karmicamente condicionados
transmigram infinitamente nesse ciclo.
O que realmente transmigra de uma vida para
outra é a mente condicionada pelo karma, que
determina sua felicidade, seu sofrimento e suas
habilidades. O karma condiciona as projeções
da mente e assim forma as suas ilusões.
A samsara termina apenas com o atingimento
da liberação ou emergir da existência
condicionada – despertar de um buddha.
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Friedrich Nietzsche,
Assim falava Zaratustra.
«Se, alguma vez, desdobrei por cima de mim
céus tranquilos e, com as minhas próprias asas,
voei para os meus próprios céus; se, a brincar,
nadei para profundas lonjuras de luz e se a
minha liberdade adquiriu sabedoria de pássaro –
mas a sabedoria da ave reza assim: "Olha! Não
há em cima, nem em baixo! Atira-te para um lado
e para outro, para a frente, para trás, ó ente
ligeiro! Canta! Não fales mais! Não são todas as
palavras feitas para criaturas pesadas? Não
mentem todas as palavras a quem seja leve?
Canta! Não fales mais!"
Oh!, como não haveria
eu de aspirar com ardor
à eternidade e ao anel
nupcial dos anéis… ao
anel do Retorno?
Ainda nunca encontrei a
mulher de quem gostasse de ter filhos, a
não ser essa mulher
que eu amo: pois eu
amo-te, ó Eternidade!
Pois eu amo-te, ó
Eternidade!»
solveetcoagula
A opus magnum (grande obra) da Alquimia é
a conversão de um ser em outro ser, de uma
coisa em outra coisa, da fraqueza em força,
da corporeidade em espiritualidade.
São três os estágios da opus: nigredo, albedo e rubedo. Cada um representa um estado da matéria no processo da transmutação.
Os estágios estão divididos em sete operações fundamentais:
(1) CALCINATIO: processo que consiste em retirar água de um sólido, através de intenso
aquecimento.
(2) SOLUTIO: processo de transformar um sólido em líquido. O sólido pode desaparecer
no solvente, como se tivesse sido engolido.
Significa o retorno da matéria diferenciada
ao seu estado indiferenciado original.
(3) COAGULATIO: processo de resfriamento
que leva um líquido a se solidificar. Um sólido dissolvido num solvente reaparece
quando o solvente é evaporado.
(4) SUBLIMATIO: processo de transformação
da matéria em ar por meio de sua volatilização. O termo vem do latim sublimis, que
significa "elevado" e indica que a substância
se sutiliza em movimento ascendente.
(5) MORTIFICATIO/PUTREFACTIO: marca o escurecimento da matéria. Literalmente, é a "morte" da matéria. A putrefactio é a decomposição que destrói corpos orgânicos mortos.
(6) SEPARATIO: é a separação dos elementos,
a destilação ou extração da substância.
(7) CONIUNCTIO: ponto culminante da opus, é
o encontro de substâncias opostas para se
atingir a fusão ideal.
Desenvolvimento do alfabeto hebraico a partir do fenício
Desenvolvimento do alfabeto grego a partir do fenício
Desenvolvimento do alfabeto árabe a partir do fenício
Formação do alfabeto fenício
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Em 1929, o arqueólogo francês Claude Schaeffer, escavava as colinas de Ras Shamra, na antiga cidade de Ugarit, quando
achou várias tábuas escritas em língua cuneiforme desconhecida. As Tábuas de Ugarit foram intensamente estudadas e,
em 1948, os vinte e oito caracteres do alfabeto cuneiforme fenício foram identificados. Das 28 letras, 26 eram consoantes.
Essas tábuas continham o primeiro alfabeto da história humana. Até então, a escrita se restringia a sistemas criados pelos
sumérios, mesopotâmios e egípcios, que se baseavam em centenas de símbolos gráficos separados, ideogramas e
pictogramas, cada um representando uma palavra completa ou sílabas.
Alfabeto cuneiforme fenicio Ugarit: raiz dos alfabetos
A toda hora somos acionados por algum balconista a escolher entre
duas alternativas. Seriam comparáveis ao código de zeros e uns?
1010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010
1010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010
1010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010
1010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010
* Light ou normal?
* Com gás ou sem gás?
1010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010
* Copo longo ou baixo?
1010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010
* Carne ou frango?
* Mal-passado ou ao ponto?
1010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010
* Açúcar ou adoçante?
* Puro ou com leite?
1010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010
* Com pana ou sem pana?
* Coca ou guaraná?
1010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010
* Álcool ou gasolina?
1010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010
* À vista ou a prazo?
* Vai consumir agora ou pra viagem?
1010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010
* Nacional ou importado?
* Primeira classe ou econômica?
1010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010
* Janela ou corredor?
* Tamanho simples ou família?
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* Copinho ou casquinha?
* Noivo ou noiva?
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* Sócio ou convidado?
1010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010
* Casado ou solteiro?
* Mensalista ou avulso?
1010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010
* Com ou sem manobrista?
* Meia (entrada) ou inteira?
1010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010
* Cores ou p&b?
* Platéia ou balcão?
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* Cadeira ou arquibancada?
* Branco ou tinto?
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* Fumante ou não-fumante?
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* Varanda (fora) ou dentro?
* Quente (com pimenta) ou frio (sem)?
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* Comum ou registrada?
* Cortar muito ou pouco?
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* Vídeo ou DVD?
* Paga agora ou na devolução?
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* Adulto ou infantil?
* Oral ou venosa?
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* (Pizza) Seis ou oito pedaços?
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Além do Balcão
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* Casa ou apartamento?
* Social ou Serviço?
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* Terno ou Casual?
* Rampa ou Escada?
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* Praia ou Campo?
Colaboração:
* Namoro ou amizade?
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Sílvio Ribas
* Tá bom? Ou quer mais?
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A LEVEZA E O PESO
-----------------------------------------------------------------------A idéia do eterno retorno é uma idéia misteriosa, e uma idéia com a
qual Nietzsche muitas vezes deixou perplexos outros filósofos:
pensar que tudo se repete da mesma forma como um dia o
experimentamos, e que a própria repetição repete-se ad infinitum!
O que significa esse mito louco?
De um ponto de vista negativo, o mito do eterno retorno afirma que
uma vida que desaparece de uma vez por todas, que não retorna, é
feito uma sombra - sem peso, morta de antemão; quer tenha sido
horrível, linda ou sublime, seu horror, sublimidade ou beleza não
significam coisa alguma.
Se cada segundo de nossas vidas repete-se infinitas vezes, somos
pregados à eternidade feito Jesus Cristo na cruz. É uma perspectiva
aterrorizante. No mundo do eterno retorno, o peso da responsabilidade insuportável recai sobre cada movimento que fazemos. É
por isso que Nietzsche chamou a idéia do eterno retorno o mais
pesado dos fardos (das schwerste Gewicht).
Mas será o peso de fato deplorável, e esplêndida a leveza?
O mais pesado dos fardos nos esmaga; sob seu peso, afundamos,
somos pregados ao chão. E, no entanto, na poesia amorosa de todas
as épocas, a mulher anseia por sucumbir ao peso do corpo do
homem. O mais pesado dos fardos é, pois, simultaneamente, uma
imagem da mais intensa plenitude da vida. Quanto mais pesado o
fardo, mais nossas vidas se aproximam da terra, fazendo-se tanto
mais reais e verdadeiras.
Inversamente, a ausência absoluta de um fardo faz com que o homem se torne mais leve do que o ar, fá-lo alçar-se às alturas, abandonar a terra e sua existência terrena, tornando-o apenas parcialmente real, seus movimentos tão livres quanto insignificantes.
-----------------------------------------------------------------------Milan Kundera, A insustentável leveza do ser.