Desenvolvimento De Um Sistema Instrumental Para Biomicroscopia

Transcrição

Desenvolvimento De Um Sistema Instrumental Para Biomicroscopia
COPPE/UFRJ
DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA INSTRUMENTAL PARA
BIOMICROSCOPIA ULTRA-SÔNICA ENDOSCÓPICA
João Rodrigo Marasquin
Dissertação
de
Mestrado
apresentada
ao
Programa de Pós-graduação em Engenharia
Biomédica, COPPE, da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre em
Engenharia Biomédica.
Orientador: João Carlos Machado
Rio de Janeiro
Abril de 2009
DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA INSTRUMENTAL PARA
BIOMICROSCOPIA ULTRA-SÔNICA ENDOSCÓPICA
João Rodrigo Marasquin
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO
LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA
(COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE
DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE
EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA BIOMÉDICA.
Aprovada por:
_____________________________________________________
Prof. João Carlos Machado, Ph. D.
_____________________________________________________
Prof. Alexandre Visintainer Pino, D. Sc.
_____________________________________________________
Prof. Fábio Kurt Schneider, Ph. D.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
ABRIL DE 2009
iii
Marasquin, João Rodrigo
Desenvolvimento de um Sistema Instrumental para
Biomicroscopia Ultra-sônica Endoscópica / João Rodrigo
Marasquin. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, [2009]
XVII, 123 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: João Carlos Machado
Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de
Engenharia Biomédica, 2009.
Referências Bibliográficas: p. 92-96.
1. Biomicroscopia ultra-sônica endoscópica. 2.
Instrumentação para ultra-som. 3 Varredura circular I.
Machado, João Carlos. II. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Biomédica. III.
Título.
iv
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a minha família, amigos e ao meu futuro.
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço inicialmente e principalmente à minha família: pai, mãe, irmãos e
sobrinha.
Agradeço ao meu orientador Prof. João Carlos Machado, pela permanente
disposição em ajudar nas dificuldades encontradas e enfrentadas durante o desenvolvimento
da dissertação, pela compreensão e paciência demonstrada em determinadas situações e por
todo conhecimento transmitido.
Agradeço a todos professores do PEB por todo conhecimento compartilhado. Aos
funcionários do PEB pela infra-estrutura.
Agradeço aos amigos e colegas de todo o PEB.
Agradeço à CAPES por conceder a bolsa de estudos.
Agradeço aos amigos por fazerem companhia, por horas de conversa, pelo
carinho e apoio constantes, pelas comemorações... por sempre estarem com as mãos
estendidas e finalmente pelas festas. Em especial aos amigos do PEB Francisco, Jesus,
Thiago e Will.
Agradeço ao Professor Fábio Schneider pelo apoio no desenvolvimento do sistema.
Agradeço também ao Professor Adalberto Schuck Junior por ter mostrado o
caminho.
Agradeço ao Danilo Groch pela longa e acolhedora estada em sua casa.
Agradeço ainda a Deus.
vi
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA INSTRUMENTAL PARA
BIOMICROSCOPIA ULTRA-SÔNICA ENDOSCÓPICA
João Rodrigo Marasquin
Abril/ 2009
Orientador: João Carlos Machado
Programa: Engenharia Biomédica
Com o contínuo crescimento de casos de adenocarcinoma no esôfago e também
no cólon e reto, é necessária uma metodologia capaz de detectar precocemente
alterações morfológicas e ou histológicas das paredes de parte do aparelho digestivo.
Devido a esse fato, surge a idéia da biomicroscopia ultra-sônica endoscópica (BMUE)
para a obtenção de imagens endoluminais e em tempo real. Para isto foi desenvolvido
um sistema de BMUE que utiliza um transdutor de ultrasom (40 MHz) na forma de um
cateter flexível (diâmetro de 1,18 mm) que acionado, mecanicamente, gira 360º no seu
próprio eixo. O sistema de BMUE baseia-se na arquitetura de um microcomputador
pessoal dotado de uma placa de aquisição e mais uma instrumentação de front-end
compreendendo um gerador de pulsos, um pré-amplificador de RF e um amplificador
logarítmico. Todo o controle da aquisição e processamento de dados, assim como de
geração e armazenamento da imagem se realiza sob a supervisão de um programa
computacional executado em linguagem LabVIEW numa plataforma Windows.
Foram obtidas imagens, em tempo real (capacidade de 40 quadros/segundo), de
phantoms de ultra-som que mimetizam tecidos biológicos e de cólon de rato in vitro, na
freqüência de 40 MHz e os resultados são muito satisfatórios quando comparados com
outros obtidos com equipamentos comerciais para ultra-sonografia intra-vascular
(IVUS).
vii
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
DEVELOPMENT OF AN INSTRUMENTAL SYSTEM FOR ENDOSCOPIC
ULTRASOUND BIOMICROSCOPY
João Rodrigo Marasquin
April/2009
Advisor: João Carlos Machado
Department: Biomedical Engineering
The continuous increase of esophagus and colon/rectum adenocarcinoma
motivates
the
development
of
a
method
for
early
detection
of
morphological/histological changes on the walls of the digestive system. Based on this
necessity, comes the idea to use endoscopic ultrasound biomicroscopy (EUBM) to
generate endoluminal and real time ultrasound images. With this purpose, a EUBM
system was implemented using a flexible catheter (1.18 mm in diameter) with an
ultrasound transducer at the distal tip of the catheter, which is mechanically and
continuously rotated around the catheter axis. The EUBM system is based on a personal
microcomputer, with an acquisition board installed, plus a front-end instrumentation
consisting of a pulse generator, an RF pre-amplifier and a logarithm amplifier. The
whole control of data acquisition and processing, as well as of image generation and
storage is done under the execution of a computational program running in the
LabVIEW language under the Windows platform. Real time images (up to
40 frames/second) were obtained from ultrasound (40 MHz) tissue mimicking phantoms
and rat colon in vitro. The results are satisfactory when compared with those obtained
with commercially available for IVUS (Intravascular ultrasound).
viii
SUMÁRIO
Capítulo 1 ..................................................................................................................... 1
Introdução................................................................................................................. 1
Capítulo 2 ..................................................................................................................... 8
Revisão de literatura.................................................................................................. 8
2.1. Instrumentação de ultra-som endoscópico .......................................................... 8
2.2. Software para ultra-som endoscópico ............................................................... 10
2.3. Aplicações do ultra-som endoluminal............................................................... 11
2.3.1. Intravascular.................................................................................................. 11
2.3.2. Urologia ....................................................................................................... 13
2.3.3. Ginecologia................................................................................................... 14
2.3.4. Sistema gástrico ............................................................................................ 14
2.3.5. Sistema respiratório....................................................................................... 16
Capítulo 3 ................................................................................................................... 17
Métodos e materiais ................................................................................................ 17
3.1. Instrumentação................................................................................................. 19
3.1.1. Transdutor..................................................................................................... 19
3.1.2. Motor cc e encoder........................................................................................ 20
3.1.3. Circuitos de excitação do transdutor (TX) e de recepção do sinal de eco (RX)23
3.1.4. Fontes de alimentação ................................................................................... 26
3.1.5. Pulsador ........................................................................................................ 29
3.1.6. Amplificador logarítmico .............................................................................. 33
3.1.7. Placa de aquisição ......................................................................................... 34
3.2. Instrumentação – parte de software.................................................................. 35
ix
3.2.1. Programação no LabVIEW ......................................................................... 36
3.2.1.1. Método de programação ............................................................................. 36
3.2.1.2. Desvantagens ............................................................................................. 37
3.2.2. Formatos de imagens..................................................................................... 38
3.2.2.1 Formato RAW............................................................................................. 38
3.2.2.2. Formato JPEG ............................................................................................ 38
3.2.3. Operações com imagens ................................................................................ 40
3.2.3.1. Translação .................................................................................................. 40
3.2.3.2. Escalonamento ........................................................................................... 41
3.2.3.3. Mudança de coordenadas retangulares para polares .................................... 42
3.2.3.4. Interpolação................................................................................................ 43
3.2.3.5. Lookup table............................................................................................... 48
3.2.4. Desenvolvimento do programa computacional usado na geração das imagens50
3.2.4.1. Definição de parâmetros da imagem final ................................................... 51
3.2.4.2. Conversão de varredura .............................................................................. 53
3.2.4.3. Expressão analítica do zrelativo.................................................................. 59
3.2.4.4. Apresentação da imagem de ultra-som........................................................ 61
3.2.4.5. Armazenamento da imagem em JPEG ........................................................ 61
3.2.4.6. Medida da distância entre dois pontos da imagem....................................... 62
3.2.4.7. Aquisição de dados referentes aos sinais de eco.......................................... 64
3.2.4.8. Relação entre pontosporlinha e xlinha ........................................................ 65
3.2.4.9. Diagrama de blocos final do programa em LabVIEW .............................. 67
3.2.4.10. Painel frontal ............................................................................................ 71
3.3. Phantom........................................................................................................... 73
3.4. Montagem do gabinete ..................................................................................... 75
x
Capítulo 4 ................................................................................................................... 79
Resultados............................................................................................................... 79
Capítulo 5 ................................................................................................................... 87
Discussão................................................................................................................ 87
Capítulo 6 ................................................................................................................... 91
Conclusão ............................................................................................................... 91
Capítulo 7 ................................................................................................................... 92
Referências bibliográficas ....................................................................................... 92
ANEXOS.................................................................................................................. 987
xi
LISTA DE SIGLAS
A/D – Analógico-digital
AL – Amplificador logarítmico
BMU – Biomicroscopia ultra-sônica
BMUE – Biomicroscopia ultra-sônica endoscópica
CC – Corrente contínua
EB – Esôfago de Barrett
INCa – Instituto Nacional do Câncer
IVUS – Intravascular Ultrasound
RF – Rádio frequência
RX – Recepção
TX – Transmissão
US – Ultra-som
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 - Sistema para aquisição e exibição de imagens Galaxy²™ IVUS Imaging
System, desenvolvido pela Boston Scientific. ......................................................... 6
Figura 1.2 - Sistema In-Vision Gold® fabricado pela Volcano...................................... 6
Figura 1.3 - Imagem de artéria gerada a partir do cateter Revolution® 45 MHz Ivus
Imaging Catheter. ................................................................................................. 7
Figura 2.1 - Transdutor de ultra-som com varredura radial pelo movimento do elemento
piezoelétrico (PZT). .............................................................................................. 9
Figura 2.2 - Transdutor de ultra-som com varredura radial pelo movimento transdutor,
formando a imagem de uma superfície cônica situada à frente do transdutor. ........ 9
Figura 2.3 – Transdutor de ultra-som com varredura radial baseado na técnica de
phased-array....................................................................................................... 10
Figura 2.4 - A formação do feixe ultra-sônico é dada pelo controle da excitação dos
transdutores. Adaptado de GULDIKEN et al. (2006)........................................... 10
Figura 2.5 - Movimento do transdutor dentro do cateter. ............................................. 12
Figura 2.6 - Ultra-sonografia intravascular mostrando a luz do cateter ou sonda (P), e as
camadas da parede do vaso. Intima (1), média (2) e adventícia (3). Extraído de LIU
et al.. (1995)........................................................................................................ 12
Figura 2.7 - Ultra-sonografia intravascular mostrando a sonda (P) e a placa de cálcio,
indicada pelas setas. Extraído de LIU et al. (1995). ............................................. 13
Figura 2.8 - Imagem do canal endometrial, usando ultra-som em 20 MHz. As setas
mostram uma massa sólida que se estende do endométrio (E) até o miométrio (M).
Posteriormente foi confirmada como estágio inicial de um carcinoma. A sonda é
indicada como P. Extraído de LIU et al. (1995). .................................................. 14
Figura 2.9 – Ultra-sonografia de alta resolução demonstrando 6 camadas da parede do
esôfago. Mucosa (1), submucosa (2), músculo liso circular (3), tecido conectivo
intermuscular (4), músculo liso longitudinal (5) e adventícia (6). A sonda (T) na
posição central. Extraído de LIU et al. (1993). .................................................... 15
Figura 2.10 - Ultra-sonografia de alta resolução endoluminal obitida do pulmão
mostrando uma massa estranha (M) e também uma veia (V). A sonda em (P).
Extraído de LIU et al. (1993). ............................................................................. 16
Figura 3.1 - Diagrama de blocos da instrumentação para microscopia ultra-sônica. ..... 18
xiii
Figura 3.2 - Detalhe da sonda. A ponteira (D) é metálica para ser detectada por
videoangiografia. ................................................................................................ 20
Figura 3.3 - Detalhe do motor cc preso ao suporte mecânico. ...................................... 21
Figura 3.4 - Detalhe das partes componentes de um encoder. Extraído de:
<http://claymore.engineer.gvsu.edu/~jackh/books/plcs/html/plcs-643.gif>. ......... 22
Figura 3.5 - Encoder e motor acoplados. ..................................................................... 22
Figura 3.6 - Fotografia da placa de amplificação do sinal de eco montada sobre o
soquete de conexão com a sonda. ........................................................................ 23
Figura 3.7 - Placa TX conectada à placa RX e ao suporte mecânico. ........................... 24
Figura 3.8 - Esquema da placa de TX.......................................................................... 24
Figura 3.9 - Sinal na porta do MOSFET, obtido com a simulação. ............................. 25
Figura 3.10 - Pulso de chaveamento, resultado da simulação, no dreno de Q4,
corresponde à excitação do transdutor. ................................................................ 25
Figura 3.11 - Esquemático da placa de RX. ................................................................. 26
Figura 3.12 - Fonte ajustável de até 200V. .................................................................. 27
Figura 3.13 - Fonte de 200 V montada. ....................................................................... 27
Figura 3.14 - Topologia para fonte de 5 V do motor. Para o encoder, o pino 2 do
LM7805 está aterrado.......................................................................................... 28
Figura 3.15 - Fonte de 5V mostrando os componentes principais. ............................... 28
Figura 3.16 - Topologia para fonte de 12V e 15V........................................................ 29
Figura 3.17 - Placa de circuito impresso da fonte de 12V e 15V. ................................. 29
Figura 3.18 – Diagrama elétrico simplificado do circuito pulsador. ............................. 30
Figura 3.19 - Tela do osciloscópio que exibe o PE. ..................................................... 30
Figura 3.20 - Tela do osciloscópio que exibe o PE/. .................................................... 31
Figura 3.21 - Sincronismo entre o sinal do encoder e o disparo do pulsador. ............... 31
Figura 3.22 - Pulso de alta tensão aplicado no transdutor............................................. 32
Figura 3.23 - Placa de circuito impresso que gera o pulso estreito. .............................. 32
Figura 3.24 - Amplificador HLVA-100 ....................................................................... 33
Figura 3.25 - Placa de aquisição de dados NI PCI-5114. ............................................. 34
Figura 3.26 - Comparação entre os formatos JPEG (A) e RAW (B). Extraído de:
<http://photo-forum.net/index.php?APP_ACTION=REVIEW&ARTICLE_ID=4>
............................................................................................................................ 39
Figura 3.27 - Matriz de valores e suas cores correspondentes. ..................................... 39
Figura 3.28 - Ponto P no plano cartesiano.................................................................. 40
xiv
Figura 3.29 - Translação do ponto P para o ponto P′ . ................................................ 41
Figura 3.30 - Escalonamento do ponto P para o ponto P′ . ......................................... 41
Figura 3.31 - Sistema de coordenadas polares. ............................................................ 43
Figura 3.32 - Escalonamento de ordem 2 na matriz de pixels da Figura 3.27A. ........... 44
Figura 3.33 - Mapeamento dos pixels.......................................................................... 46
Figura 3.34 - Ponto entre os pixels e intensidade dos pixels......................................... 47
Figura 3.35 - Resultado passo a passo da interpolação pela técnica bilinear................. 48
Figura 3.36 - Matriz de pixels da imagem original apresentada na Figura 3.27 A. ....... 49
Figura 3.37 - (A) Matriz de linhas, (B) matriz de colunas. ........................................... 49
Figura 3.38 - Matriz final formada pela técnica lookup table. ...................................... 49
Figura 3.39 - Envoltória do sinal de eco de ultra-som apresentada no formato de uma
linha no modo-A. ................................................................................................ 50
Figura 3.40 - Imagem em escala de cinza formada por 100 linhas do modo-A,
referenciada a um sistema de coordenadas polares, gerada a partir do sinal de eco
representado na Figura 3.39. O eixo horizontal corresponde à distância radial, ou
em profundidade, e o eixo vertical ao ângulo da coordenada polar....................... 51
Figura 3.41 - Imagem final simulada, relacionada a um sistema de ultra-som de imagem
dotado de varredura circular, correspondente à aquisição de 100 linhas do modo-A
e radiais ilustradas na Figura 3.40........................................................................ 51
Figura 3.42 - Apresentação equemática da matriz M I
após a representação de seus
elementos em coordenadas polares, com mag representando o eixo radial e o eixo
dos ângulos por radianos. .................................................................................... 56
Figura 3.43 - Apresentação equemática da matriz M I após a representação de seus
elementos em coordenadas polares, com mag representando o eixo radial e o eixo
dos ângulos em radianos. Está indicada a região, de raio ec , correspondente ao
cateter. ................................................................................................................ 56
Figura 3.44 - Nova representação esquemática de M I , considerando-se 10 vetores
(linhas radiais do modo-A) por radiano. .............................................................. 57
Figura 3.45 - Representação esquemática de M I , considerando-se 10 vetores (linhas
radiais do modo-A) por radiano, com o eixo angular substituído pela contangem de
linhas radiais. ...................................................................................................... 58
Figura 3.46 - DLL para ajustar o formato do dado para o armazenamento em formato
JPEG................................................................................................................... 62
xv
Figura 3.47 - Imagem simulada com mesma escala radial para a regiões do cateter e de
interesse (A) e com escalas diferentes (B), incluindo os cursores em ambas. ....... 63
Figura 3.48 - Diagrama de blocos da programação em LabVIEW para a configuração
da placa de aquisição........................................................................................... 64
Figura 3.49 - Um pixel para cada ponto amostrado ao longo da linha do modo-A. ...... 66
Figura 3.50 - Um pixel para cada dois pontos amostrados ao longo da linha do modo-A.
............................................................................................................................ 66
Figura 3.51 - Um pixel para cada três pontos amostrados ao longo da linha do modo-A.
............................................................................................................................ 66
Figura 3.52 - Profundidade máxima na imagem lida do painel frontal. ........................ 67
Figura 3.53 - Determinação do valor de pontosporlinha . ........................................... 68
Figura 3.54 - Definição de xlinha e ylinha ................................................................ 68
Figura 3.55 - Configuração da placa de aquisição........................................................ 68
Figura 3.56 - Interpolação bilinear, medida da distância entre cursores e conversão para
o formato JPEG................................................................................................... 70
Figura 3.57 - Encerra a utilização da placa. ................................................................. 70
Figura 3.58 - Painel frontal do programa exibindo a aba “Iniciar e salvar”. ................. 71
Figura 3.59 - Aba “Configurações”, onde se fornece dados da amostra e se configura a
placa digitalizadora. ............................................................................................ 72
Figura 3.60 - Aba "Imagem" exibindo suas funcionalidades e a imagem do vaso. ....... 73
Figura 3.61 - Montagem do Phantom. ......................................................................... 74
Figura 3.62 - Phantom com região central vasada simulando a luz do cavidade........... 75
Figura 3.63- Leiaute do gabinete e disposição das fontes de alimentação..................... 76
Figura 3.64 – Sistema de BMU Endoscópica............................................................... 77
Figura 3.65 - Gabinete original do Motordrive, fabricado pela Boston Scientific. ........ 78
Figura 4.1 - Imagem correspondente a um sinal na forma de pulso (duração de 55 ns,
frequencia de 1,5 MHz) inserido na entrada da placa de aquisição....................... 79
Figura 4.2 - Imagem correspondente a um sinal na forma de pulso (duração de 55 ns,
freqüência de 750 kHz) inserido na entrada da placa de aquisição. ...................... 80
Figura 4.3 - Imagem sem transdutor. Os anéis brancos concêntricos representam
reflexões de pulsos elétricos no soquete onde se encaixa o cateter, causadas pela
ausência do cateter. A seta evidencia uma das manchas radiais............................ 81
xvi
Figura 4.4 - Imagem do phantom preenchido apenas com água. As setas indicam a
parede de vidro, o espaço do cateter, a reverberação e ainda um sinal de ruído. O
diâmetro do tubo é de 8 mm. ............................................................................... 82
Figura 4.5 - Imagem do phantom preenchido com gelatina para simular um vaso
sanguíneo. A imagem apresenta o alvo formado por um fio de cobre (diâmetro de
0,25 mm), indicado pela seta amarela, inserido longitudinalmente no phantom e a
parede de vidro. A seta verde mostra a luz do phantom, e a vermelha o cateter.... 83
Figura 4.6 - Imagem de um phantom formado com um bloco de gelatina misturada com
pó de sílica e contendo uma cavidade preenchida com água. O tracejado circular da
imagem indicado pela seta verde mostra a profundidade máxima configurada na
instrumentação para a obtenção da imagem. A seta amarela mostra a cavidade e a
vermelha o espaço do cateter. .............................................................................. 84
Figura 4.7 – Cólon de um rato mostrando a região do reto e do esôfago. ..................... 85
Figura 4.8 – Imagem obtida com o sistema de BMUE mostrando algumas das camadas
do tudo gástrico do cólon do rato. A mucosa é a camada mais interna, há a
muscular (hipoecóica) e a serosa (hiperecóica). A membrana meso também é
visualizada. ......................................................................................................... 86
Figura 5.1 - Imagem dos dados adquiridos pela placa de aquisição sem a presença do
cateter e com a fonte de alta tensão acionada. Observa-se a presença de ruído na
forma de manhcas escuras radiais indicadas pelas setas. ...................................... 88
Figura 5.2 – Ripple de 120Hz gerado pela fonte de alta tensão que ocasiona o ruído na
imagem. .............................................................................................................. 89
xvii
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 – Tipos de imagem de acordo com o fator de escalonamento. .................... 42
Tabela 3.2 - Declaração de parâmetros essenciais na construção da imagem final. ...... 52
Tabela 3.3 - Parâmetros auxiliares determinados a partir dos dados da Tabela 3.32. .... 52
Tabela 3.4 – Conteúdo do frame 3............................................................................... 69
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
O som é utilizado pela natureza, que dotou certos animais com a capacidade de
emitir ondas acústicas e também ouvi-los. Os morcegos, golfinhos e mariposas se
locomovem, encontram alimentos e fogem do perigo através de ondas acústicas
emitidas por eles próprios. Com a observação do procedimento desses animais
desenvolveu-se a idéia do sonar, durante a Segunda Guerra Mundial. O sonar detecta
objetos sob a água, como submarinos, e também avalia a profundidade dos mares. Após
a Segunda Guerra houve um aumento muito grande de aplicações do ultra-som nos mais
diversos campos, especialmente na medicina.
As aplicações do ultra-som de baixa intensidade na medicina têm como
propósito transmitir a energia através de um meio e com isso obter informações do
mesmo se baseando na reflexão das ondas ultra-sônicas. Como por exemplo, a medição
das propriedades acústicas dos tecidos e diagnose médica por ultra-som, que é mais
segura que a radiação ionizante, sendo por isso preferido em exames pré-natais. Sua
conveniência por ser não-invasivo e atraumático, além de sua capacidade em detectar
fenômenos não perceptíveis pelos raios-x, faz dele uma boa ferramenta clínica.
Mais recentemente e como técnica de diagnóstico vem se destacando a
biomicroscopia ultra-sônica. Esta técnica consiste na utilização da ultra-sonografia de
alta resolução em medicina. Empregam-se freqüências inferiores, da ordem de 20 MHz,
como é o caso da caracterização da pele e da parede arterial, até 60 MHz para as
aplicações em oftalmologia. Para freqüências mais elevadas a resolução do ultra-som se
aproxima daquela oferecida por microscopia óptica, devido à diminuição do
comprimento de onda, quanto maior a frequência utilizada, maior a resolução do
sistema, por isso denominar ultra-sonografia de alta freqüência, aplicada na visualização
de tecidos vivos por: biomicroscopia ultra-sônica (BMU), microscopia ultra-sônica por
retroespalhamento, ultra-som de alta freqüência ou então ultra-som de freqüência muito
elevada.
2
O ultra-som de alta freqüência para a imagem de microestruturas já existe desde
os anos 30, quando Sokolov foi o primeiro a propor o microscópio acústico
(SOKOLOV, 1935). Nos anos 70 houve uma grande esperança com a aplicabilidade da
microscopia ultra-sônica, através do desenvolvimento do microscópio acústico de
varredura laser (KESSLER et al., 1972) e do microscópio acústico de varredura
(LEMONS e QUATE, 1974). Esperava-se que o contraste, inerente à microscopia
acústica, complementasse os resultados obtidos com a microcopia óptica. Entretanto,
isto não se verificou. Pelo fato da microscopia óptica já estar estabelecida como uma
ferramenta de rotina, a microscopia acústica não teve seus períodos de glória. Somente a
partir do final da década de 80 a utilização do ultra-som em alta freqüência voltou a ser
considerada. Tal situação ocorreu na medicina, pela possibilidade de se utilizar a
microscopia acústica na obtenção de imagens de tecidos vivos. As aplicações clínicas
logo se sucederam em oftalmologia (PAVLIN et al., 1997), em dermatologia
(HOFFMANN et al., 1992), e em ultra-sonografia intravascular (BOM et al., 1989) e do
trato gastrointestinal (PATHIRANA e POSTON, 2001).
No que se refere ao tubo digestivo, particularmente esôfago e intestino grosso,
há poucos relatos, como os de LIU et al. (1995) e MURATA et al. (2003), do uso do
ultra-som de alta freqüência para o diagnóstico clínico. Dada a resolução proporcionada
pela BMU, há um interesse na sua utilização como método de diagnóstico de lesões
precoces das paredes do tubo digestivo.
No que se refere ao esôfago, a incidência de adenocarcinoma teve um aumento
nos países ocidentais há cerca de 20 anos atrás (REID et al., 1992). Nos Estados
Unidos, o aumento foi de 5 a 6 vezes nas últimas 3 décadas sendo a principal neoplasia
do esôfago neste país com 12.000 novos casos por ano. O número de casos novos de
câncer de esôfago estimados para o Brasil em 2008 foi de 10.550 casos, 7.900 em
homens e de 2.650 em mulheres (MS - INCA, 2008).
Os fatores de risco para o desenvolvimento de adenocarcinoma do esôfago
incluem: sexo masculino, cor branca, fumo, consumo de álcool, obesidade, idade
avançada e pacientes afetados pelo esôfago de Barrett (EB), o qual é uma condição que
atinge a porção inferior do esôfago, alterando seu revestimento interno, cujas células
3
originais são substituídas por células semelhantes às do intestino (metaplasia intestinal
especializada ou Esôfago de Barrett). Os pacientes com esôfago de Barrett têm risco
quarenta vezes maior de desenvolver o adenocarcinoma do esôfago. Apesar do risco
relativo elevado, o adenocarcinoma ainda é considerado uma neoplasia incomum e a
maioria dos pacientes com EB não morre de câncer do esôfago.
A principal razão da atenção recebida pelo EB é sua clara associação com o
adenocarcinoma do esôfago. Infelizmente, a maioria dos cânceres associados ao EB é
detectada em estágio avançado e incurável, com sobrevida média de 5 anos (REID et
al., 1992).
O EB é então uma condição premaligna do trato gastrointestinal que requer
acompanhamento para detecção de alterações displásicas e câncer ainda em formas não
invasivas ou metastáticas. O diagnóstico do epitélio colunar é feito facilmente por
visualização endoscópica e confirmado por resultados de biópsias (KAMAL e BAYAN,
2008). Estas alterações podem ocorrer em um ou mais locais, o que restringe a eficácia
das biópsias realizadas aleatoriamente por estas estarem associadas a erro de
amostragem. A supervisão endoscópica no EB é realizada com o intuito de procurar
displasia de alto grau, partindo-se do princípio de que a ressecção do esôfago com
epitélio displásico previne contra a progressão para neoplasia invasiva. Infelizmente, a
gradação de displasia é altamente subjetiva, com considerável discordância entre os
patologistas (SPECHLER, 2001). Em pacientes com displasia de alto grau e EB, mesmo
sem aspecto de massa à endoscopia, a neoplasia invasiva já está presente em um terço
dos casos (SPECHLER, 2001).
O ultra-som (US) endoscópico disponível nas freqüências de 7,5 e 12 MHz não
possui sensibilidade para detectar displasia ou câncer (GRESS et al., 1992), devido à
baixa capacidade de resolução relacionada com as freqüências tipicamente utilizadas.
No entanto, o ultra-som endoscópico na faixa de 20 MHz foi utilizado por ADRAIN et
al. (1997) com o objetivo de caracterizar o EB. Eles identificaram como critério
diagnóstico para o EB o fato de existir uma segunda camada hipoecogênica mais
espessa do que a primeira camada hiperecogênica. Neste mesmo trabalho tentaram
identificar displasia ou carcinoma in situ, definindo-os como áreas focais hipoecóicas
4
restritas à mucosa (primeira e segunda camadas). No entanto, displasia ou câncer não
pôde ser identificado sob estes critérios. Recentemente, outros autores (MURATA et
al., 2003) aplicaram US em cânceres superficiais do esôfago com o objetivo de avaliar o
grau de invasão e a possibilidade de ressecção local endoscópica, chegando à conclusão
de que é essencial a avaliação precisa da profundidade da invasão, o que só é
possibilitado com ultra-som de alta freqüência.
Com uma freqüência ultra-sônica um pouco acima (30 MHz), MURATA et al.
(2003) conseguiram excelentes resultados com a ultra-sonografia endoscópica de câncer
superficial de esôfago. No entanto, nenhum resultado foi apresentado para um estágio
mais preliminar, com a ocorrência de displasia ou de EB.
Para o cólon e o reto sabe-se que, no mundo, os tumores malignos que os
acometem a cada ano somam cerca de 945 mil casos novos. O câncer de cólon e reto
(CCR) é o terceiro mais prevalente no mundo, com uma estimativa de 2,4 milhões de
pessoas vivas com diagnóstico nos últimos cinco anos (INCA, 2005) . Nos países
desenvolvidos a incidência de câncer de cólon e reto é maior do que nos países em
desenvolvimento (MS - INCA, 2008).
O número de casos novos de câncer de cólon e reto estimados para o Brasil em
2008 era de 12.490 casos em homens e de 14.500 em mulheres. Estes valores
correspondem a um risco estimado de 14 casos novos a cada 100 mil homens e 15 para
cada 100 mil mulheres (MS - INCA, 2008).
Uma das formas de prevenção secundária do câncer colorretal presume a
detecção precoce e a ressecção de lesões precursoras na sequência de evolução
adenoma-carcinoma, evitando a progressão para doença invasiva. As lesões planas e
deprimidas, em contraposição às lesões de crescimento exofítico, carreiam risco elevado
de displasia de alto grau, correspondendo a aproximadamente 40% de todas as lesões
(HURLSTONE et al., 2004).
Desde 1956, quando WILD e REID (1956) desenvolveram o primeiro protótipo
miniaturizado de transdutor ultra-sônico para ser utilizado na avaliação da parede do
5
reto, pesquisadores têm investido seu tempo em desenvolver novos transdutores
pequenos o suficiente para serem utilizados em cavidades do corpo humano (LIU e
GOLDBERG, 1995). A partir daí, novas idéias e aplicações para os transdutores
miniaturizados em forma de sonda não pararam de surgir, sendo as principais explicadas
no capítulo seguinte.
O trabalho de dissertação de mestrado proposto insere-se no projeto de pesquisa
“Biomicroscopia Ultra-sônica Endoscópica Aplicada na Detecção Precoce do Câncer de
Esôfago e Cólon, usando modelos animais de esôfago de Barrett e de colite ulcerativa”,
apoiado no âmbito do Edital MCT-CNPq/MS-SCTIE-DECIT/CT-Saúde – Nº 06/2005 Estudo de Neoplasias, dentro da linha TESTES DIAGNÓSTICOS e com o objetivo de
realizar a detecção precoce através de métodos de imagem. Este trabalho de dissertação
teve como objetivo o desenvolvimento e a implementação de um sistema instrumental
de ultra-som de imagem de alta resolução (operando em 40 MHz) para uso na forma
endoscópica e para ser utilizado, futuramente, na detecção precoce de lesões do tubo
digestivo.
Tendo em vista que esses sistemas de aquisição de sinais são os mais aplicados
na ultra-sonografia endoluminal, serão apresentados alguns modelos de equipamentos
comerciais que operam dessa forma. Juntamente serão apresentadas algumas imagens
geradas pelos equipamentos comercias.
Uma das empresas que desenvolve sistemas para IVUS (Intravascular
Ultrasound) é a Boston Scientific Corporation (One Boston Scientific Place, Natick,
Massachusetts, EUA). Ela é pioneira na tecnologia não-invasiva para equipamentos
médicos e possui mais de 25 anos no mercado. Seus produtos compreendem muitas
áreas da saúde como a urologia, oncologia, cardiologia, broncoscopia, ginecologia e
gastroenterologia. Um dos sistemas que fabrica, o qual utiliza um cateter acoplado a um
motor de corrente contínua (cc), é o Galaxy²™ IVUS Imaging System (Boston Scientific,
EUA), exibido na Figura 1.1. Esse sistema é indicado para pacientes que são candidatos
a intervenções cardíacas. Faz parte do sistema o cateter Atlantis® SR Pro Imaging
Catheter (Boston Scientific, EUA), onde está contido o transdutor de ultra-som.
6
Figura 1.1 - Sistema para aquisição e exibição de imagens Galaxy²™ IVUS Imaging
System, desenvolvido pela Boston Scientific.
Como alternativa à Boston Scientific, há a Volcano (Rancho Cordova,
California, EUA). Essa empresa fabrica e comercializa apenas produtos relacionados a
procedimentos intravasculares. Integram a linha de produtos para IVUS os sistemas de
imagem, como o In-Vision Gold® (Figura 1.2), que permite ao usuário a escolha por
optar entre a varredura radial por meio do motor que rotaciona o transdutor ou por
phased arrays, e cateteres de alta frequência. Ainda como pacote extra, oferece algumas
funcionalidades tais como o VH® IVUS para caracterização tecidual. Na Figura 1.3 têmse imagens adquiridas através do cateter Revolution® 45 MHz Ivus Imaging Catheter,
também desenvolvida pela Volcano.
Figura 1.2 - Sistema In-Vision Gold® fabricado pela Volcano.
7
Figura 1.3 - Imagem de artéria gerada a partir do cateter Revolution® 45 MHz
Ivus Imaging Catheter.
8
CAPÍTULO 2
REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Instrumentação de ultra-som endoscópico
Comforme dito anteriormente, a partir do primeiro protótipo de transdutor ultrasônico miniaturizado, surgiram novas idéias e técnicas para aplicação da
biomicroscopia. Insere-se, então, no contexto o termo ultra-som intravascular ou IVUS
(do inglês Intravascular UltraSound), que representa uma técnica que permite a
visualização das paredes dos vasos e do tecido imediatamente posterior que o envolve.
O termo endoluminal é mais geral, sendo geralmente usado para descrever qualquer
aplicação que não seja vascular.
Com o passar dos anos surgiram novas técnicas e idéias para aplicação do ultrasom endoluminal. A primeira delas, e a qual trata a dissertação, é a obtenção de imagens
por varredura do feixe de ultra-som na forma radial. Nesse caso, existem três técnicas
principais; sendo uma delas a que utiliza um motor elétrico que e faz o transdutor girar
no seu próprio eixo (Figura 2.1). Uma variação é a utilização de um espelho cônico
colocado ao redor do cateter (Figura 2.2). Por último, o ultra-som é emitido e coletado
por uma matriz de elementos piezoelétricos que estão alocados ao redor de uma peça
cilíndrica (Figura 2.3).
O
primeiro
método
foi
utilizado
por
WILD
e
REID
(1955),
CIESZINSKY (1960), OMOTO (1965) e mais rescentemenmte por XIE et al. (2006).
Nestes casos tem-se um motor elétrico cc, acoplado ao cateter que faz o transdutor girar
continuamente. Simultaneamente a isso, o transdutor é excitado e então coletam-se os
dados para formação da imagem no plano da direção de propogação do pulso de ultrasom emitido pelo transdutor. Assim, a imagem é formada em um plano perpendicular ao
eixo do cateter. Outra opção consiste em girar o transdutor enquanto um conjunto de
espelhos cônicos que o circunda está fixo. Dessa forma o feixe ultra-sônico se propaga
em direção aos espelhos que então direcionam o feixe formando uma superfície de
imagem. No entato, a técnica de varredura radial mais moderna não utiliza um, mas sim
uma matriz de elementos piezoelétricos. A utilização do phased-array evita a
9
movimentação mecânica do transdutor ao redor do seu eixo e permite também a
utilização de focalização do feixe. Por outro lado, o processo de construção do
transdutor exige a presença de circuitos eletrônicos próximos dos elementos
piezoelétricos, para controlarem o processo de varredura do feixe, e o trabalho com
mecânica de precisão para cortar e montar os elementos piezoelétricos no eixo do
cateter. Estes dois últimos fatos colocam um alto grau de dificuldade na construção de
transdutores ultra-sônicos para instrumentação de IVUS usando tecnologia de phased-
array, dada as dimensões muito pequenas do diâmetro do cateter. Esse método também
adquire um plano de imagem, como mostrado na Figura 2.3.
Figura 2.1 - Transdutor de ultra-som com varredura radial pelo movimento do
elemento piezoelétrico (PZT).
Figura 2.2 - Transdutor de ultra-som com varredura radial pelo movimento
transdutor, formando a imagem de uma superfície cônica situada à frente do
transdutor.
10
Figura 2.3 – Transdutor de ultra-som com varredura radial baseado na técnica de
phased-array.
Ainda, GULDIKEN et al. (2006) aperfeiçoaram uma técnica para obter imagens
endoluminais em modo-C. Utilizaram dois anéis concêntricos de elementos cerâmicos:
um para emitir o pulso ultra-sônico e outra para receber os sinais de eco. Assim,
controlando a formação do feixe por meio dos dois anéis, um para excitação e outro
para adquirir os sinais de eco, obtém-se as imagens dos tecidos situados mais a frente do
cateter (Figura 2.4). Essa é justamente a vantagem deste sistema, pois não é necessária a
colocação do cateter no mesmo plano da lesão.
Figura 2.4 - A formação do feixe ultra-sônico é dada pelo controle da excitação dos
transdutores. Adaptado de GULDIKEN et al. (2006).
2.2. Software para ultra-som endoscópico
Como mostrado nos ítens anteriores, a aquisição de dados é realizada em
coordenadas polares, porém deve ser exibida em um sistema referenciado a coordenadas
retangulares. Esse fato faz com que seja necessário realizar uma conversão de varredura.
No entanto, quando executada a conversão de varredura necessita-se de mais dados e
11
estes são obtidos por interpolação, como no caso de BERKHOFF et al. (1994),
FRITSCH et al. (2001) e GATZOULIS et al. (2001). O método proposto por eles é a
interpolação bilinear, que oferece como vantagem baixo custo computacional e imagens
resultantes com boa qualidade.
BERKHOFF et al. (1994) e FRITSCH et al. (2001) apresentaram ainda mais
duas maneiras de realizar a interpolação: o método do vizinho mais próximo que
oferece baixa qualidade da imagem final mas muitas vezes é o selecionado por ter um
baixo custo computacional; e o método 4x2, que com alto custo computacional oferece
qualidade na imagem final. A interpolação bilinear é um ponto intermediário entre esses
dois métodos de interpolação.
2.3. Aplicações do ultra-som endoluminal
2.3.1. Intravascular
No fim dos anos 80, transdutores de ultra-som dentro de um cateter já estavam
disponíveis no mercado, sendo utilizados para gerar imagens intravasculares tanto em
animais quanto em humanos (LIU e GOLDBERG, 1995). A obtenção de uma imagem
com alta resolução, possibilitando a visualização e diferenciação das camadas das
paredes vasculares, foi possível graças à utilização de alta freqüência. Os aparelhos
comerciais de ultra-som intravascular têm sua freqüência de operação em 40 MHz.
O IVUS é uma modalidade de geração de imagem ultra-sônica amplamente
utilizada para detecção de placas, processo de calcificação, mudanças nas paredes dos
vasos, trauma de tecidos, anomalias causadas por implantes ou por condições préoperatórias (LIU e GOLDBERG, 1995). Ainda, na aterectomia ela fornece informações
únicas sobre a localização da placa, espessura, comprimento e percentual de estenose.
O procedimento para a geração das imagens de IVUS consiste na inserção de um
cateter, com o transdutor de ultra-som localizado em uma das extremidades e irradiando
radialmente. Para a obtenção de uma imagem com varredura circular, é necessário que o
12
feixe de ultra-som gire 360º, o que pode ser obtido mecanicamente com a rotação do
transdutor ao redor do eixo do cateter como ilustrado na Figura 2.5.
Figura 2.5 - Movimento do transdutor dentro do cateter.
A Figura 2.6 mostra as camadas da parede de um vaso, e isso só é possível
devido à alta resolução do sistema, enquanto que na Figura 2.7 nota-se o processo de
calcificação e conseqüentemente a sombra na região posterior, formada devido ao alto
coeficiente de reflexão da placa de cálcio presente na parede do vaso.
Figura 2.6 - Ultra-sonografia intravascular mostrando a luz do cateter ou sonda
(P), e as camadas da parede do vaso. Intima (1), média (2) e adventícia (3).
Extraído de LIU et al.. (1995).
13
Figura 2.7 - Ultra-sonografia intravascular mostrando a sonda (P) e a placa de
cálcio, indicada pelas setas. Extraído de LIU et al. (1995).
Ainda, imagens tridimensionais dos vasos sanguíneos também podem ser
obtidas. ROSENFIELD et al. (1991) utilizaram um processamento computacional que
une a seqüência de imagens ultra-sônicas bi-dimensionais de inúmeras seções da mesma
artéria coronária, espaçadas regularmente para a reconstrução do vaso ao longo de todo
o seu comprimento. A imagem tridimensional do lúmen da artéria e da morfologia do
ateroma oferece um volume de informação que não se obtém com a angiografia, por
exemplo.
2.3.2. Urologia
Devido ao pequeno tamanho do cateter (1,2 mm), ele facilmente atravessa a
uretra (de 5 mm até 1 cm), sem necessidade de dilatação da cavidade. A ultra-sonografia
endoluminal da uretra é muito usada para guiar a aplicação de colágeno em pacientes
com incontinência urinária. Essa técnica permite ao urologista injetar o colágeno
precisamente na área do esfíncter e também medir o volume do material injetado. Esse
tipo de ultra-sonografia também auxilia na implantação de stents na próstata e esfíncter.
A técnica endoluminal aplica-se também em exames de rotina para visualizar alterações
dos stents, como diâmetro, abcessos e crescimento de pele através de suas aberturas e
quebras da malha (KONDABOLU et al., 2003).
Acrescenta-se a aplicação da técnica na bexiga e na pélvis renal, de forma que
uma série de alterações patológicas como pólipos, tumores, placas, fibrose, pedras e
14
corpos estranhos pode ser diagnosticada. Isso foi reportado por LIU et al. (1995) e por
KONDABOLU et al. (2004) tanto em estudo em animais quanto em seres humanos.
2.3.3. Ginecologia
A técnica é usada para visualizar alterações do canal endometrial e da Trompa
de Falópio, tais como pólipos e carcinomas. Um estudo analisando algumas dessas
características patológicas foi conduzido por LIU et al. (1995). A laparoscopia foi
combinada com o ultra-som intracavitário com freqüência de 20 MHz, para visualizar o
tubo de Falópio. A Figura 2.8 mostra a ultra-sonografia endoluminal do canal
endometrial e a presença de um carcinoma no estágio inicial.
Figura 2.8 - Imagem do canal endometrial, usando ultra-som em 20 MHz. As setas
mostram uma massa sólida que se estende do endométrio (E) até o miométrio (M).
Posteriormente foi confirmada como estágio inicial de um carcinoma. A sonda é
indicada como P. Extraído de LIU et al. (1995).
2.3.4. Sistema gástrico
O sistema gástrico é constituído de uma série de condutos, além de outras
estruturas, que são motivos de numerosos estudos usando a biomicroscopia ultra-sônica
(BMU). Entre eles destacam-se: esôfago, estômago, vias biliares e pancreáticas,
duodeno e porções inferiores do intestino, de acordo com WIERSEMA et al. (1989) e
SANGHVI et al. (1990).
15
Há muitas diferenças entre a endoscopia tradicional e o sistema do transdutor
acoplado ao cateter. Em primeiro lugar, o diâmetro do cateter (2 mm) é menor que o do
tubo do endoscópio (cerca de 2 cm). Esses cateteres são tão pequenos que entram com
facilidade no tubo nasogástrico ou no canal de biópsia do endoscópio convencional.
Segundo, o ultra-som intracavitário não precisa ser envolto por um balão cheio de água,
e isso facilita o diagnóstico, pois não comprime a parede do tubo e assim não esconde
pequenas lesões ou até mesmo tumores e varizes. Terceiro, embora se perca
profundidade de penetração devido ao uso de freqüência elevada, a resolução da
imagem é muito melhor devido a alta freqüência (LIU et al., 1992).
Clinicamente, um cateter de 6,2-French (2 mm) pode passar pelo estômago e
esôfago por meio de um tubo nasogástrico de 16-French. Pela manipulação desse tubo e
do cateter, obtêm-se imagens do esôfago inteiro e ainda de boa parte do estômago e
duodeno. Embora normalmente sejam descritas 5 camadas na parede do tubo do sistema
gástrico, utilizando-se um endoscópio tradicional acoplado a um sistema de ultra-som
também convencional (7,5 – 12 MHz) visualizam-se apenas 3 camadas no esôfago,
enquanto que com o transdutor de alta freqüência (20 MHz) do cateter é possível a
delineação de 6 camadas na parede do esôfago (GIOVANNINI e ARDIZZONE, 2006),
(Figura 2.9).
Figura 2.9 – Ultra-sonografia de alta resolução demonstrando 6 camadas da
parede do esôfago. Mucosa (1), submucosa (2), músculo liso circular (3), tecido
conectivo intermuscular (4), músculo liso longitudinal (5) e adventícia (6). A sonda
(T) na posição central. Extraído de LIU et al. (1993).
16
2.3.5. Sistema respiratório
Estudos para o sistema respiratório estão orientados à visualização de nódulos
linfáticos, tumores e pequenas artérias, tanto na árvore brônquica periférica quanto na
traquéia. O objetivo é auxiliar na escolha do local para se fazer a biópsia (GOLDBERG
et al., 1994). Devido às limitações da broncoscopia, estudiosos utilizam o transdutor e o
cateter dentro de um broncoscópio para obter a imagem e visualizar anormalidades na
árvore brônquica e traquéia (KURIMOTO et al., 1999).
Os tumores apresentam, geralmente, um menor grau de reflexão da onda ultrasônica incidente, mostrando uma região da imagem mais escura do que aquela
relacionada com os tecidos a sua volta. Nódulos linfáticos são normalmente delineados
com cor escura. As veias são estruturas circulares, tubulares ou ovais cujas imagens são
escuras, e sua posição relativa ao tumor, nódulos linfáticos e ao brônquio pode ser
determinada, como ilustrado na Figura 2.10. Com essa informação é possível evitar o
perfuramento de veias escolhendo um sítio distante dessas estruturas para realizar a
biopsia. A técnica é, ainda, utilizada para medir o calibre e comprimento de estruturas
brônquicas periféricas (LIU e GOLDBERG, 1995).
Figura 2.10 - Ultra-sonografia de alta resolução endoluminal obitida do pulmão
mostrando uma massa estranha (M) e também uma veia (V). A sonda em (P).
Extraído de LIU et al. (1993).
17
CAPÍTULO 3
MÉTODOS E MATERIAIS
Um equipamento de biomicroscopia ultra-sônica assemelha-se a um instrumento
de ultra-som convencional que opera no modo B. A sua diferença fundamental reside na
alta freqüência usada para a biomicroscopia, com valores na faixa de 20 MHz a
60 MHz, mas podendo chegar a 600 MHz (WICKRAMASINGHE et al., 2002).
Hoje em dia, é possível implementar o controle, a aquisição de sinal e a exibição
da imagem com um microcomputador pessoal graças à capacidade dos micros atuais em
termos de rapidez de operação e tamanho de memória para armazenar os dados. O
diagrama de blocos para um sistema de BMU está exemplificado na Figura 3.1.
Basicamente, a obtenção de imagens de ultra-som com varredura circular do
feixe começa com o transdutor de ultra-som girando em torno do eixo do cateter, assim
originando o plano da imagem transversal ao eixo do cateter. No presente caso, o
transdutor de ultra-som, formado por um disco (diâmetro de 0,4 mm) de material
piezoelétrico, é montado na extremidade de um cabo de aço de forma a irradiar um feixe
perpendicular à superfície do cabo. Por sua vez, o cabo é inserido na luz do cateter e sua
outra extremidade é conectada a um sistema eletromecânico de acionamento da
varredura circular, constituído por um motor cc (corrente contínua) com eixo acoplado
ao cateter e a um codificador óptico. Os sinais de pulso emitidos pelo codificador
durante a rotação do seu eixo, são usados como sinal de disparo do pulsador - o gerador
de pulsos que excita o transdutor. Uma vez excitado, o transdutor emite um pulso de US
no meio e o sinal retroespalhado é coletado no mesmo transdutor, cujo sinal de saída
passa por um pré-amplificador de RF.
A seguir, o sinal de RF passa por um amplificador logarítmico, cujo sinal de
saída corresponde à envoltória do sinal RF de eco em escala logarítmica. A forma de
onda do sinal de saída do amplificador logarítmico é convertida da forma analógica para
digital por meio de uma placa de conversão A/D que também funciona em sincronismo
com os pulsos emitidos pelo codificador. O sinal digitalizado é transferido para um
18
processador digital de sinal – microcomputador – para a conversão de varredura e
posterior exibição da imagem no monitor.
Figura 3.1 - Diagrama de blocos da instrumentação para microscopia ultra-sônica.
Os demais itens do diagrama da Figura 3.1 consistem em uma configuração de
um microcomputador, incluindo: processador de núcleo duplo de 2,2 GHz, monitor de
vídeo de 17 polegadas, teclado, mouse e drive de DVD-ROM. O sistema funciona em
ambiente Windows XP (Microsoft Corporation, Redmond, Washington, EUA) e a
programação usada para controle da aquisição de dados e formação da imagem foi
desenvolvida em LabVIEW (versão 7.2; National Instruments, Austin, Texas, EUA)
O transdutor de ultra-som utilizado no sistema de BMU descrito nesta
dissertação é desenvolvido e comercializado pela Boston Scientific Corporation (One
Boston Scientific Place, Natick, Massachusetts, EUA). Da mesma forma, o gerador de
pulso de alta tensão, que excita o transdutor, o pré-amplificador de sinal de eco e o
sistema de acionamento eletromecânico da varredura do feixe consistem de circuitos e
sistemas dedicados também projetados e construídos pela Boston Scientific
19
Corporation. O conjunto formado pelo gerador de pulso, pré-amplificador de RF e
sistema de acionamento de varredura faz parte de um dispositivo denominado
motordrive (MD5 - Boston Scientific Corporation, Natick, Massachusetts, EUA) que
opera em conjunto com o equipamento de IVUS (Galaxy2 IVUS Imaging System;
Boston Scientific Corporation, Natick, Massachustts, EUA). Todo o dispositivo de
motordrive foi inspecionado e modificado para ser acoplado ao restante do instrumental
de BMU endoscópica (amplificador logarítmico e microcomputador) desenvolvido
nesta dissertação.
A montagem do sistema ultra-sônico proposto nesta dissertação pode ser
dividida em uma parte de instrumentação e outra de programação. A parte de
instrumentação consistiu em entender o funcionamento e determinar as características
do motor cc e encoder, das placas contendo os circuitos de excitação do transdutor e de
pré-amplificação do sinal de eco, e em montar as fontes de alimentação, incluindo a de
alta tensão para alimentar o gerador de pulsos que excita o transdutor.
A parte de programação, implementada em LabVIEW, consistiu no
desenvolvimento da interface com o usuário, do programa de controle da aquisição de
dados e da conversão de varredura (dados adquiridos segundo um sistema de
coordenadas polares e exibidos como imagem em coordenadas retangulares).
3.1. Instrumentação
Segue um detalhamento de operação e de características técnicas de cada um dos
componentes da instrumentação que compõe a parte de hardware do BMU endoscópico:
transdutor, itens do motordrive, fontes de alimentação, amplificador logarítmico e placa
de aquisição.
3.1.1. Transdutor
O transdutor de ultra-som, montado dentro do cateter Atlantis SR Pro Coronary
Imaging Catheter (Boston Scientific, Natick, Massachusetts, EUA), é mostrado na
Figura 3.2. O transdutor opera na freqüência de 40 MHz e o cateter possui o
comprimento de 1,35 m e diâmetro de apenas 1,18 mm na região do transdutor.
20
Utilizando esse transdutor, pode-se estimar a resolução axial para o sistema de ultrasom, dada por:
R = 0,5 ⋅ c ⋅ Td ,
(3.1)
onde R é a resolução axial do sistema, c (≈ 1500 m/s) é a velocidade média do ultrasom no meio, e Td é a duração do pulso de ultra-som. Com o transdutor excitado pelo
circuito do motordrive fabricado pelo Boston Scientific, o fabricante informa que o
pulso de ultra-som emitido tem uma duração de 55,6 ns. Logo, substituindo os valores
de c e Td em (3.1) obtém-se R = 41,5 µm.
Figura 3.2 - Detalhe da sonda. A ponteira (D) é metálica para ser detectada por
videoangiografia.
3.1.2. Motor cc e encoder
O motor cc é alimentado com uma tensão regulada de 5 V e consome cerca de
38 mA. Dentro dessas características ele gira com a frequência de aproximadamente
22 Hz. Como dito anteriormente, o motor faz o transdutor girar dentro do cateter. Na
foto a seguir (Figura 3.3) o motor está situado à esquerda.
21
MOTOR CC
E NC ODE R
Figura 3.3 - Detalhe do motor cc preso ao suporte mecânico.
O suporte mecânico, que serve de sustentação para o motor, é também usado
para dar suporte ao encoder: sensor de movimento capaz de converter movimentos
lineares ou angulares em pulsos elétricos que são transformadas em informações
binárias e trabalhadas por um programa computacional.
Os encoders ópticos possuem, internamente, um ou mais discos (máscaras)
perfurados, que permitem, ou não, a passagem de um feixe de luz infravermelha, gerado
por um emissor que se encontra de um dos lados do disco e captado por um receptor que
se encontra do outro lado do disco (Figura 3.4). Este - com o apoio de um circuito
eletrônico - gera um pulso a cada passagem da radiação infravermelha emitida pelo
LED através de uma das janelas da máscara. Há ainda um pulso com função especial, o
indexador; gerado a cada volta completa do encoder.
22
Figura 3.4 - Detalhe das partes componentes de um encoder. Extraído de:
<http://claymore.engineer.gvsu.edu/~jackh/books/plcs/html/plcs-643.gif>.
O encoder utilizado no presente sistema de BMU (HEDS 5310; Hewlett
Packard, Palo Alto, Califórnia, EUA), mostrado na Figura 3.5, gera 256 pulsos a cada
volta completa, ou seja: cada quadro da imagem ultra-sônica será formado por 256
linhas radiais. Cada linha radial corresponde a uma linha do modo-A obtida durante a
varredura com o feixe de ultra-som.
MOTOR CC
EIXO DO MOTOR
ENCODER
Figura 3.5 - Encoder e motor acoplados.
23
3.1.3. Circuitos de excitação do transdutor (TX) e de recepção do sinal
de eco (RX)
As placas de circuito impresso do circuito de recepção do sinal de eco (RX) e do
circuito de excitação do transdutor (TX) são mostradas, na Figura 3.6 e Figura 3.7,
respectivamente. Na foto da placa RX (Figura 3.6), vê-se o pré-amplificador, o conector
P9 e os soquetes J14 e J15. O pré-amplificador recebe os sinais de eco vindos do
transdutor, com ganho médio de 23 dB e largura de banda de 150 MHz. No conector P9
encontra-se a saída do pré-amplificador; e através dos soquetes J14 e J15 são feitas as
conexões entre as placas RX e TX.
P9
J14
J15
PRE-AMP. RF
Figura 3.6 - Fotografia da placa de amplificação do sinal de eco montada sobre o
soquete de conexão com a sonda.
Na Figura 3.7 tem-se o conjunto TX/RX acoplado ao suporte mecânico e
também ao soquete que faz a conexão entre os circuitos eletrônicos e a sonda.
Observam-se, nesta figura, o transistor que chaveia o pulso estreito para a excitação do
transdutor, indicado por IRFD210, e ainda o conector P10 por onde chegam todos os
cabos de alimentação para os circuitos de TX e RX.
24
PLACA TX
SOQUETE
P10
IRFD210
Figura 3.7 - Placa TX conectada à placa RX e ao suporte mecânico.
O diagrama elétrico de TX, referente apenas ao MOSFET, é mostrado na Figura
3.8, onde no momento que o nível da porta de Q4 se eleva, o MOSFET chaveia a tensão
de até 200 V para um transformador que se conecta ao transdutor. Disto resulta um
pulso com queda de tensão de até 200 V sobre o transdutor. Esse pulso de excitação,
extremamente rápido, provoca o disparo do transdutor.
Figura 3.8 - Esquema da placa de TX.
Antes de energizar o circuito TX, foram realizadas simulações de seu
funcionamento através do software AIM-SPICE (AIM-SPICE, AIM-Software,
Trondheim, Noruega). Como resultados da simulação, os transientes de tensão na porta
de Q4 e a tensão de excitação do transdutor são mostrados nas Figuras 3.9 e 3.10,
respectivamente.
25
Figura 3.9 - Sinal na porta do MOSFET, obtido com a simulação.
Figura 3.10 - Pulso de chaveamento, resultado da simulação, no dreno de Q4,
corresponde à excitação do transdutor.
26
O diagrama elétrico de RX, referente apenas ao amplificador, é mostrado na
Figura 3.11, onde têm-se o pré-amplificador de RF TM5149 (Amplifonix, Spectrum
Control Inc., Pal Bay, Florida, EUA) indicado por U1 e o circuito de proteção para o
pré-amplificador. Nos terminais TH1/TH2 chegam os sinais de eco captados pelo
transdutor que seguem para o pré-amplificador U1 da Figura 3.11.
Figura 3.11 - Esquemático da placa de RX.
3.1.4. Fontes de alimentação
O funcionamento do conjunto TX/RX necessita de alimentação cc com valores
de 5 V (motor, placa TX e encoder), 12V (pré-amplificador e transistores Q2 e Q3 da
Figura 3.8) e uma tensão de até 200 V (Q4 na Figura 3.8).
A fonte de alta tensão (até 200 V) foi especialmente projetada para este fim.
Partiu-se de um oscilador Ponte de Wien, projetado com um amplificador operacional
TL081CP (Texas Instruments, Dallas, Texas, EUA) seguido de um amplificador
sintonizado, e após, um retificador de onda completa com um dobrador de tensão. O
oscilador senoidal gera um sinal com até 24 V de amplitude, ajustável por meio de um
trimpot (Figura 3.12), na freqüência de 50 kHz. O amplificador sintonizado faz com que
o circuito seja capaz de forncer a corrente necessária para excitação do trandutor (o pico
de corrente varia de 400 µA até 2 mA), e ainda amplifica o sinal alternado na relação
1:10, de acordo com o transformador. O esquemático do circuito está na Figura 3.12 e a
fonte montada na Figura 3.13.
27
Figura 3.12 - Fonte ajustável de até 200V.
TRIMPOT
TL081
TRANSFORMADOR
Figura 3.13 - Fonte de 200 V montada.
Há duas fontes independentesde 5 Vcc, construídas usando-se o mesmo esquema
elétrico. A fonte de alimentação do motor que aciona a varredura do feixe de ultra-som
possui sua saída flutuando, para evitar que o ruído causado pelo motor se espalhe para o
ponto de terra. O esquema elétrico de ambas as fontes encontra-se na Figura 3.14 e a
28
placa de circuito impresso na Figura 3.15. A fonte que alimenta o motor fornece 70 mA
e 5 Vcc, com um ripple de aproximadamente 0,5 Vpp.
Figura 3.14 - Topologia para fonte de 5 V do motor. Para o encoder, o pino 2 do
LM7805 está aterrado.
TRANSFORMADOR
LM7805
Figura 3.15 - Fonte de 5V mostrando os componentes principais.
Já as fontes de 12 Vcc e 15 Vcc foram construídas com o mesmo transformador.
Inicialmente, as fontes de + 15 Vcc e –15 Vcc são implementadas e a seguir obtém-se a
tensão de 12 Vcc com mais um regulador de tensão. As fontes obedecem à topologia
clássica, mostrada na Figura 3.16, com a respectiva montagem apresentada na Figura
3.17. As fontes de + 15 Vcc e – 15 Vcc são capazes de alimentar o circuito que dá
origem à fonte de até 200 Vcc. Já a fonte de 12 Vcc fornece energia para a polarização
dos transistores Q2 e Q3 (Figura 3.8) operarem em corte e saturação.
29
Figura 3.16 - Topologia para fonte de 12V e 15V.
TRANSFORMADOR
LM7815
LM7915
LM7812
Figura 3.17 - Placa de circuito impresso da fonte de 12V e 15V.
3.1.5. Pulsador
O pulso de saída do encoder, que é a base de sincronismo de todo o sistema de
ultra-som, tem uma duração de 85 µs. Por outro lado, para o acionamento do transdutor
de ultra-som é necessário que a transição do sinal entre seus terminais seja muito rápida
e o pulso tenha duração da ordem de 20 ns. Para isto, o pulsador tem como função
condicionar o pulso de sincronismo gerado pelo encoder, de forma a prover um pulso
correspondente com as necessidades do circuito de excitação do transdutor. Além disso,
o pulsador tem uma outra função que consiste em adequar o nível de tensão TTL do
30
pulso de sincronismo gerado pelo encoder com o nível de tensão PECL na entrada do
circuito SY10H350 usado em TX.
O pulsador foi implementado conforme o diagrama elétrico da Figura 3.18,
utilizando-se dois circuitos integrados: um monoestável SN74121 (Texas Instruments,
Dallas, Texas, EUA) e o conversor TTL para PECL MC10ELT22D (ON
Semiconductors, Phoenix, Arizona, EUA). O diagrama elétrico e uma foto do pulsador
são apresentados nas Figuras 3.18 e 3.19, respectivamente. Com a montagem utilizada
foi possível gerar dois pulsos complementares, cada um com apenas 20 ns de duração e
com nível PECL, em sincronismo com o pulso de saída do encoder. Esses pulsos foram
capturados em um osciloscópio (Tektronix DPO 3032, Tektronix Inc., Beaverton,
Oregon, EUA) e são mostrados nas Figuras 3.19 e 3.20 correspondentes ao pulso
estreito PE e ao pulso complementar PE/.
Figura 3.18 – Diagrama elétrico simplificado do circuito pulsador.
Figura 3.19 - Tela do osciloscópio que exibe o PE.
31
Figura 3.20 - Tela do osciloscópio que exibe o PE/.
A seguir são mostrados os pulsos do encoder sincronizados com o disparo do
pulsador (Figura 3.21), estando o sinal do encoder representado pela linha azul e do
pulsador pela linha amarela. A tensão de offset do sinal de saída do pulsador é uma
caracteristica do nível de tensão PECL. O pulso de tensão na saída do MOSFET (Q4),
gerado a partir dos pulsos de saída do pulsador, foi também coletado pelo osciloscópio e
está apresentado na Figura 3.22, usando-se uma tensão de alimentação de 50 Vcc.
Figura 3.21 - Sincronismo entre o sinal do encoder e o disparo do pulsador.
32
Figura 3.22 - Pulso de alta tensão aplicado no transdutor.
Na imagem a seguir (Figura 3.23), tem-se a placa de circcuito impresso do
pulsador.
MC10ELT22D
SN74121
Figura 3.23 - Placa de circuito impresso que gera o pulso estreito.
33
3.1.6. Amplificador logarítmico
O amplificador logarítmico é conectado com a saída do pré-amplificador de RF.
Sua função consiste em comprimir a faixa dinâmica do sinal de eco, o que é feito dando
um ganho maior aos sinais de menor amplitude e vice-versa, seguindo uma relação
logarítmica entre tensão de entrada e saída. O amplificador logarítmico utilizado
(HLVA-100, Femto, Berlim, Alemanha), é mostrado na Figura 3.24. Como
características principais, ele possui faixa dinâmica de 80 dB, resposta em freqüência
entre DC e 100 MHz, entradas que variam de 20 µV a 2 V, rise e fall times de 5 ns e
nível de ruído no circuito de 2nv / Hz . Na entrada do amplificador logarítmico é
usado um filtro passa alta com corte (–3 dB) em 25 MHz (BLP 25, Mini-circuits, New
York, EUA) em série com um passa baixas com corte (–3 dB) em 70 MHz (BHP 70,
Mini-circuits, New York, EUA). Um filtro passa baixa com corte (–3 dB) em 15 MHz
(BLP 15, Mini-circuits, New York, EUA) é conectado na saída do amplificador
logarítmico e sua saída corresponde à envoltória do sinal RF de eco com amplificação
logarítmica.
O amplificador logarítmico é do tipo LVA (Log Video Amplifier), ou seja: ele
recebe um sinal de RF e a saída é o sinal do tipo vídeo, caracterizado por um sinal de
RF retificado com nível DC correspondente a tensão média do sinal retificado. O filtro
passa-baixa conectado à sua saída reduz o ripple de tensão gerado nessa retificação. Já o
filtro passa-faixa evita que qualquer ruído inserido fora da faixa de interesse seja
amplificado, o que prejudicaria na formação da imagem final.
Figura 3.24 - Amplificador HLVA-100
34
3.1.7. Placa de aquisição
Após a detecção da envoltória dos sinais de eco com amplificação logarítmica,
os sinais correspondentes são digitalizados para serem transferidos para o
microcomputador, onde são realizados os processamentos necessários para a construção
das imagens. É utilizada uma placa de aquisição de dados (NI PCI-5114, National
Instruments, Austin, Texas, EUA), exibida na Figura 3.25, e instalada no barramento
PCI (Peripheral Component Interconnect) do computador.
Figura 3.25 - Placa de aquisição de dados NI PCI-5114.
Como principais características da placa do conversor A/D são citadas: dois
canais de entrada para sinal analógico simultaneamente amostrados, uma entrada
adicional para o sinal de trigger externo, cuja função é dar início às aquisições. Por sua
vez, os canais de entrada do sinal analógico estão associados a dois tipos de
impedâncias diferentes de 50 Ω e de 1 MΩ, selecionadas via software.
A placa converte a entrada analógica em um sinal de 8 bits, adquiridos a cada
intervalo de tempo definidos pela freqüência de amostragem, até 250 MHz, o qual deve
ser escolhido no momento da configuração da placa. A faixa dinâmica do sinal de
entrada é escolhida no mesmo instante, entre valores pré-estabelecidos que vão de ± 40
mV a ± 40V. A placa tem uma memória RAM com 8 Mbytes/canal para armazenamento
dos sinais digitalizados, a qual trabalha como um buffer circular. Antes de receber o
sinal de disparo, a placa começa a armazenar dados pré-disparo, e o contador da
35
memória se ativa. No momento que é detectado um sinal de disparo, a memória começa
a armazenar uma quantidade pré-definida de amostras pós-disparo (também
especificada no momento de configuração da placa), sendo o armazenamento
interrompido uma vez completada esta quantidade. A partir deste momento o
barramento da CPU é autorizado a ter acesso à memória da placa, recebendo os dados
adquiridos.
Os sinais de disparo que dão início às aquisições podem ser: o próprio sinal da
entrada analógica (input channel), o sinal da entrada de disparo externo (external
trigger) ou um sinal programado pelo software (software trigger).
3.2. Instrumentação – parte de software
O software integrante da instrumentação de ultra-som implementada nesta
dissertação é usado no controle da aquisição dos sinais de eco, na conversão de
varredura e na exibição da imagem.
Cada quadro de imagem a ser gerado consiste, na aquisição de 256 linhas de RF
no modo-A, sendo cada linha correspondente a uma profundidade de uns 3 mm
(compatível com o raio da luz do esôfago ou cólon de rato ou camundongo). O número
de dados amostrados, N , para cada linha do modo-A é dado por:
N = 2 ⋅ L ⋅ fa c ,
(3.1)
onde L é a profundidade a ser considerada na imagem, f a é a freqüência de
amostragem usada na placa de aquisição e c é a velocidade de propagação do ultra-som
no meio biológico. Considerando-se L = 3 mm , f a = 250 MHz e c = 1500 m/s e
substituindo-se esses valores em (3.1), segue N = 1000 . Portanto, cada quadro de
imagem será composto de 256000 dados amostrados, os quais necessitam ser
processados durante um período, de no máximo, 50 ms para a exibição de 20 quadros de
imagem por segundo, definidos pela rotação do motor de corrente contínua. Esta
condição de tempo de processamento, juntamente com a arquitetura de um
36
microcomputador pessoal e uma programação computacional numa linguagem em
LabVIEW constituem as condições de contorno impostas à realização da dissertação.
3.2.1. Programação no LabVIEW

LabVIEW (acrônimo para Laboratory Virtual Instrument Engineering
Workbench) é o ambiente de programação de uma linguagem gráfica conhecida como
linguagem G. A programação é feita através do modelo de fluxo de dados, o que oferece
a esta linguagem vantagens para a aquisição e manipulação de dados.
Os programas em LabVIEW são chamados de instrumentos virtuais ou
simplesmente IVs. São compostos pelo painel frontal, que contém a interface; e o
diagrama de blocos, que contém o código gráfico do programa.
3.2.1.1. Método de programação
Blocos de funções são designados por instrumentos virtuais, o que é explicado
porque a princípio cada programa pode ser usado como um sub-programa por qualquer
outro, ou pode simplesmente ser executado automaticamente. Devido ao princípio de
fluxo de dados, as chamadas recursivas não são possíveis.
O programador conecta IVs com linhas (fios) de ligação e define deste modo o
fluxo de dados. Cada IV pode possuir entradas, saídas e parâmetros de configuração. A
execução de uma IV começa quando todas as entradas são existentes e os resultados são
então colocados nas saídas uma vez que os sub-programas tenham sido executados.
Desta forma, a ordem que as tarefas são executadas é definida em função dos dados.
Uma ordem pré-definida (por exemplo da esquerda para a direita) a princípio não existe.
Uma importante consequência destas regras é a facilidade com que processos
paralelos podem ser programados. Basta haver dois blocos funcionais sem
interdependência dos dados para que eles sejam processados em paralelo.
Caso um bloco não possua entradas, ele será executado no início do programa.
Caso ele não possua saídas, os dados resultantes são ignorados ou então usados de
37
outras maneiras: escrever para o disco rígido, para a rede ou enviar para impressão. Da
mesma forma, um bloco sem entradas pode receber dados de aparelhos periféricos ou
gerar os seus próprios dados (gerador de números aleatórios, por exemplo).
Porém, eles também podem estar amplamente interconectados. Muitas das funções
próprias do LabVIEW são por sua vez IVs, que também podem ser processadas pelo
programador (o que não é recomendável). Todos as IVs baseiam-se numa série de
funções básicas, chamadas primitivas, que não podem ser abertas como IVs.
Muitos IVs e funções primitivas em LabVIEW são polimorfas, ou seja, a sua
funcionalidade adapta-se aos tipos de dado que recebem. Por exemplo, a função Build-
Array pode ser usada para a criação de quaisquer variáveis, ou seja, strings, inteiros ou
também arrays e clusters. Ao usuário é também possível construir suas próprias IVs
polimorfas.
O painel frontal do LabVIEW é um meio confortável para construir uma boa
interface gráfica. O programador não necessita escrever qualquer linha de código. A
apresentação gráfica dos processos aumenta a facilidade de leitura. Uma grande
vantagem em relação às linguagens baseadas em texto é a facilidade com que se criam
componentes que são processados paralelamente.
3.2.1.2. Desvantagens
Quanto às desvantagens face à programação por texto:
•
Pequenas mudanças podem obrigar a novas reestruturações do programa, uma
vez que sempre que se cria ou edita uma IV é necessário voltar a conectar os fios
e símbolos para restabelecer o funcionamento do programa;
•
A fim de se evitarem confusões de fios, é usual introduzir mais variáveis do que
o estritamente necessário, diminuindo a velocidade de execução e indo contra ao
modelo de fluxo de dados;
38
•
Não é tão rápido na execução quanto os códigos pré-compilados.
3.2.2. Formatos de imagens
Quando se tira uma foto com a câmera digital, cada pixel armazena uma certa
quantidade de informação, de acordo com a quantidade de bits disponível. Câmeras
profissionais chegam até 12 ou 14 bits por pixel. Se a câmera tiver, por exemplo, 7
milhões de pixels, tem-se uma quantidade enorme de informação para cada fotografia.
Havendo muitas fotos, certamente não haverá espaço suficiente para armazenar todas
elas, e é aí que entra a decisão de qual formato utilizar.
3.2.2.1 Formato RAW
Este formato é oferecido por câmeras profissionais ou amadoras avançadas, o qual
possibilita uma maior aproximação da imagem capturada com a imagem real, já que
permite armazenar na memória uma imagem o mais próxima da real, visto que ela
representa o dado bruto que sensibilizou o sensor da câmera.
3.2.2.2. Formato JPEG
O JPEG (Joint Photographic Experts Group) é um formato que usa compressão
com perdas. Estas se aproveitam das limitações da visão humana para suprimir
informação que provavelmente não seria percebida de qualquer forma. A perda de
dados é proporcional ao fator de compressão desejado. Esse formato só admite 8 bits
por cor.
Na Figura 3.26 percebe-se a diferença na qualidade entre ambos os formatos de
imagem. A mesma captura de imagem gerou dois arquivos: o primeiro em JPEG (Figura
3.26 A) e o segundo em RAW (Figura 3.26 B). A perda de qualidade no JPEG é
evidente.
39
Figura 3.26 - Comparação entre os formatos JPEG (A) e RAW (B). Extraído de:
<http://photo-forum.net/index.php?APP_ACTION=REVIEW&ARTICLE_ID=4>
No software desenvolvido em LabVIEW, as imagens são trabalhadas no formato
RAW, já que a aplicação exige a melhor resolução possível. Uma imagem salva em
RAW pode ser aberta, por exemplo, utilizando o programa chamado Irfanview (Irfan
Skiljan, Wiener Neustadt, Áustria).
No ambiente do computador, a placa de aquisição envia ao programa uma
seqüência de valores que variam de 0 a 255. Nesta escala, 0 está associado à cor preta e
255 à cor branca.
Considerando o exemplo a seguir na Figura 3.27A, onde cada célula representa
um pixel. O pixel (0;0) armazena o valor 0 , o (1;0) armazena o valor 50 , e assim por
diante, até o pixel (2;3) , cujo valor é 255 . A Figura 3.27 B representa a imagem
correspondente em tons de cinza.
Figura 3.27 - Matriz de valores e suas cores correspondentes.
40
A representação matricial das coordenadas da matriz que compõe a imagem da
Figura 3.27 é dada por:
0 0 0 1 1 1 
M = 0 1 2 0 1 2 ,
(3.2)
1 1 1 1 1 1 
onde o valor do elemento (0;0) , linha 0 e coluna 0 , é 0 , o do elemento (0;1) , linha 0 e
coluna 1 , é 100, e assim por diante, até o elemento (1;2 ) , linha 1 e coluna 2 , que vale
255.
3.2.3. Operações com imagens
As operações mais comuns, e utilizadas neste trabalho, são: translação,
escalonamento e mudança do sistema de coordenadas retangulares para polares. De uma
maneira geral, essas operações modificam as relações espaciais entre pixels de uma
imagem. Para tanto, dado um ponto P do plano, descreve-se sua localização como
P = (a; b ) , onde a é a projeção de P no eixo x e b é a projeção no eixo y , como
ilustra a Figura 3.28.
Figura 3.28 - Ponto P no plano cartesiano.
3.2.3.1. Translação
Essa transformação corresponde em mover uma imagem em alguma direção. Na
Figura 3.29, move-se o ponto P = (a ,b ) para P ′ = (a ′, b′) . Nesta representação a
transformação opera em apenas um ponto. Em uma imagem real, todos os pixels passam
pela mesma ação.
41
Figura 3.29 - Translação do ponto P para o ponto P′ .
Essa transformação pode ser facilmente efetuada de forma matricial. Sejam os
vetores
 x
P =  y
1
 
e
 x′
P′ =  y′
1
 
relativos às imagens original e transladada,
respectivamente. A relação entre entes vetores é:
 x′  1 0 a′  x 
 y′ = 0 1 b′ ⋅  y  .
 1  0 0 1   1 
 
 
(3.3)
1 0 a′
A matriz T = 0 1 b′ é chamada de matriz de translação.
0 0 1 
3.2.3.2. Escalonamento
Esta transformação corresponde em aumentar ou diminuir o tamanho de uma
imagem, mantendo-se sempre a mesma proporção. Na Figura 3.30, move-se o ponto
P = (a; b ) para P′ = (ka; kb ) .
Figura 3.30 - Escalonamento do ponto P para o ponto P′ .
42
As seguintes relações entre o valor de k e a imagem resultante são apresentadas
na Tabela 3.1:
Tabela 3.1 – Tipos de imagem de acordo com o fator de escalonamento.
k >1
Imagem maior, direita
k =1
Imagem igual
0 < k <1
k =0
Imagem menor, direita
Sem imagem
− 1 < k < 0 Imagem menor, invertida
k = −1
Imagem invertida, com o mesmo tamanho
k < −1
Imagem menor, invertida
Essa transformação também pode ser facilmente efetuada de forma matricial.
 x
 x′
Sejam os vetores P =  y  e P′ =  y′ relativos às imagens original e escalonada. A
1
1
 
 
relação entre esses vetores é:
 x′  k 0 0  x 
 y′  =  0 k 0  ⋅  y  .
 1   0 0 1  1 
 
 
(3.4)
 k 0 0
A matriz E =  0 k 0 é chamada de matriz de escalonamento.
 0 0 1 
3.2.3.3. Mudança de coordenadas retangulares para polares
Em vez de descrever a localização do ponto P em função de suas projeções a e
b , pode-se também descrevê-la a partir da distância de P à origem O do sistema de
coordenadas e do ângulo formado pelo eixo x e o segmento OP , no caso de se ter
P ≠ 0 . Denota-se P(r; θ ) onde r é a distância de P a O e θ o ângulo tomado no
sentido anti-horário, com relação a parte positiva do eixo x ao segmento OP , caso
43
P ≠ 0 . Se P = 0 , denota-se P (0; θ ) , para qualquer θ . Esta maneira de representar um
ponto do plano, num sistema de coordenadas polares, é ilustrada na Figura 3.31.
Figura 3.31 - Sistema de coordenadas polares.
A mudança de coordenadas retangulares para polares é feita através das seguintes
equações:
r = a 2 + b2
(3.5)
θ = arctan(b a ) ,
(3.6)
levando em consideração os sinais de a e b para se saber em que quadrante o ponto se
situa, e conseqüentemente o ângulo θ correspondente.
3.2.3.4. Interpolação
As operações com imagens resultam, muitas vezes, em imagens onde algumas das
coordenadas não possuem valores agregados. Por exemplo, aplicando-se um
escalonamento de ordem 2 (k = 2 ) na matriz M correspondente à imagem da Figura
3.27A, a matriz escalonada deverá ter a dimensão 6x4. De acordo com a equação (3.4) a
matriz resultante, M ′ , é dada por:
0 0 0 2 2 2   2 0 0   0 0 0 1 1 1 
M ′ = E ⋅ M = 0 2 4 0 2 4  =  0 2 0  ⋅  0 1 2 0 1 2 .
1 1 1 1 1 1  0 0 1  1 1 1 1 1 1 
( 3.7)
A primeira coluna da matriz M refere-se ao elemento (0;0 ) da imagem original,
ao qual atribui-se o valor 0 . Dessa forma, o valor 0 será também atribuído ao elemento
44
da primeira coluna da matriz M ′ , (0;0) na imagem escalonada. A segunda coluna da
matriz M se refere ao elemento (0;1) da imagem original (vale 100). Dessa forma, este
valor será atribuído ao elemento da segunda coluna da matriz M ′
( 0; 2 )
na imagem
escalonada. Assim sucessivamente até o final, onde a última coluna da matriz M , que
se refere ao elemento M ′ da imagem original (vale 255). Dessa forma, este valor (255)
será atribuído ao elemento da última coluna da matriz M ′ (2;4 ) na imagem escalonada.
A imagem final terá, então, o seguinte aspecto (Figura 3.32):
Figura 3.32 - Escalonamento de ordem 2 na matriz de pixels da Figura 3.27A.
Nota-se que, dessa forma, só foram preenchidos alguns elementos da matriz
escalonadas. A maioria ficou sem valor nenhum de referência.
A representação da matriz escalonada completa final, M F , levando-se em conta
todos os seus elementos é:
0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3
M F = 0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5 .
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
(3.8)
O preenchimento de todos os elementos da matriz final pode ser resolvido
partindo-se da imagem de destino e procurando-se o pixel correspondente numa matriz,
M I , correspondente a uma imagem inicial, ou original, que contenha uma relação bi-
unívoca com a matriz correspondente à imagem final. Uma vez definida a matriz
correspondente à imagem final, M F , então procura-se encontrar M I resolvendo-se a
equação:
M I = E −1 ⋅ M F .
(3.9)
45
Para o exemplo em questão, tem-se:
0,5 0 0
E −1 =  0 0,5 0
 0 0 1
(3.10)
e
0 0 0 0 0 0 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 1 1 1 1 1 1 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 
M I = 0 0,5 1 1,5 2 2,5 0 0,5 1 1,5 2 2,5 0 0,5 1 1,5 2 2,5 0 0,5 1 1,5 2 2,5 (3.11)
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 


O cálculo como definido pela equação (3.9) garante que o processo está sendo
feito “de trás para frente”, ou seja, da imagem final para a inicial. A matriz M F
representa todos os elementos da imagem final, com dimensão 6x4. Por outro lado, a
matriz M I representa os elementos da matriz correspondente à imagem inicial que
mantêm uma relação bi-unívoca com o elemento da matriz correspondente com a
imagem final. Isso significa que o valor para o elemento (0;0 ) da imagem final será
igual ao do elemento (0;0 ) da imagem inicial, que o valor do elemento (0;1) da imagem
final será igual ao do elemento (0;0,5) da imagem inicial, que o valor do elemento (0;2 )
da imagem final será igual ao do elemento (0;1) da imagem inicial, e assim por diante,
até o valor do elemento (3;5) da imagem final, que será igual ao do elemento (1,5; 2,5 )
da imagem inicial.
O problema, é que não existem índices fracionários na matriz M correspondente à
imagem original. Em outras palavras, quando foi feita a conversão, o pixel
correspondente na imagem original não existia, já que ele ficaria entre alguns pixels da
imagem original, como mostrado na Figura 3.33 abaixo.
46
Figura 3.33 - Mapeamento dos pixels.
A solução para o problema é a interpolação: um método que permite construir um
novo conjunto de dados a partir de um conjunto de dados pontuais conhecidos. Existem
várias técnicas para isso, como por exemplo, a interpolação pelo vizinho mais próximo
e a interpolação bilinear (LEAVITT e HUNT, 1983), a qual foi adotada nesta
dissertação por ser um método de interpolação que oferece uma distribuição mais suave
dos dados que compõem a imagem. Quando comparada com a interpolação pelo vizinho
mais próximo, a interpolação bilinear apresenta melhores resultados ao custo de mais
tempo de processamento em razão de um maior número de operações.
A interpolação bilinear opera como uma média ponderada dos quatro pixels
vizinhos daquele para o qual se pretende determinar seu valor. Para tanto, o valor, f ,
associado ao pixel é calculado por:
f ( x; y ) = f (0;0 ) ⋅ (1 − x ) ⋅ (1 − y ) + f (1;0 ) ⋅ x ⋅ (1 − y ) + f (0;1) ⋅ (1 − x ) ⋅ y + f (1;1) ⋅ x ⋅ y , (3.12)
onde f (0;0 ) , f (1;0 ) , f (0;1) e f (1;1) são os valores associados aos pixels vizinhos, e x
e y são as distâncias horizontal e vertical, respectivamente, entre as coordenadas (0;0 )
do pixel com valor f (0;0 ) e as coordenadas ( x; y ) do pixel para o qual se deseja
determinar o valor associado. As distâncias entre as coordenadas de pixels vizinhos e na
mesma linha ou coluna são normalizadas em 1. Observe que para cada vizinho, é
considerado o complemento da distância, uma vez que quanto menor a distância, mais
aquele pixel contribui para a formação do tom de cinza final do ponto.
47
Para melhor exemplificar esta interpolação, supõe-se que um pixel caia na posição
(150,4;200,3) . Os quatro vizinhos são os seguintes: P(150;200) , P(151;200) ,
P(150;201) e P(151;201) . Normalizando-se, têm-se os valores P(0;0 ) , P(1;0 ) , P(0;1) ,
P(1;1) e P(0,4;0,3) . A Figura 3.34 A apresenta o ponto entre os pixels e a Figura 3.34
B as respectivas intensidades dos pixels vizinhos a P.
Figura 3.34 - Ponto entre os pixels e intensidade dos pixels.
Aplicando a equação (3.12), tem-se:
f ( x; y ) = 192 ⋅ (1 − 0, 4 ) ⋅ (1 − 0, 3) + 46 ⋅ 0.4 ⋅ (1 − 0, 3) + 95 ⋅ (1 − 0, 4 ) ⋅ 0, 3 + 255 ⋅ 0, 4 ⋅ 0, 3
f ( x; y ) = 141.2200
Como o pixel tem intensidade com o valor inteiro, arredonda-se o valor
encontrado:
f ( x; y ) = arredonda (141.2200)
f ( x; y ) = 141
Agora, o mesmo fator de escalonamento foi aplicado à matriz de dados da Figura
3.27 A. Os resultados estão nas imagens da Figura 3.35.
48
Figura
3.35 - Resultado passo a passo da interpolação pela técnica bilinear.
Percebe-se uma variação suave na tonalidade das cores com o método da
interpolação bilinear. Por esse motivo, essa técnica será usada no projeto. Uma
desvantagem dela em relação à “vizinho mais próximo” é um custo computacional
maior.
3.2.3.5. Lookup table
Esta técnica consiste no mapeamento de uma imagem em outra utilizando uma
matriz que faz a correspondência entre as coordenadas das matrizes inical e final. A
imagem final, obtida pelo mapeamento da imagem original, é formada da seguinte
maneira: o valor do elemento (x f ; y f ) da matriz associada à imagem final corresponde
ao valor associado ao elemento (xi ; yi ) da matriz original, onde xi e yi são os valores
associados aos elementos (x f ' ; y f ') da matriz de linhas e de coluna, respectivamente, da
matriz de mapeamento.
Para exemplificar, considere novamente a matriz de imagem da Figura 3.25 A,
reapresentada na Figura 3.36.
49
Figura 3.36 - Matriz de pixels da imagem original apresentada na Figura 3.27 A.
Para fazer o mapeamento, consideram-se agora as matrizes de linhas (Figura 3.37
A) e de colunas (Figura 3.37 B), ilustradas abaixo:
Figura 3.37 - (A) Matriz de linhas, (B) matriz de colunas.
O valor associado ao elemento (0;0 ) da matriz correspondente à imagem final é
obtido consultando-se os valores dos elementos (0;0 ) das matrizes de linha e de coluna,
os quais correspondem a 1 e 2, respectivamente. Forma-se, então, o endereçamento
(1;2)
que na matriz associada com a imagem original corresponde ao valor 255. Com
isto, o elemento (0;0 ) da matriz final fica com o valor 255. Analogamente, para definir
o valor do elemento (0;1) da matriz final consultam-se os elementos associados aos
elementos (0;1) das matrizes de linha e de coluna. Forma-se, então, o endereçamento
(0;2)
da matriz original cujo valor associado é 200. Desta forma, o elemento (0;1) da
matriz final passa a ter o valor 200. Segue-se esse procedimento até determinar os
valores associados a todos os elementos da matriz final, que fica como mostrado Figura
3.38:
Figura 3.38 - Matriz final formada pela técnica lookup table.
Esse método é conhecido como lookup table e é utilizado para preencher a
matriz final de dados, M F , de maneira rápida. Nota-se que os elementos das matrizes
de linhas e de colunas devem ser obrigatoriamente inteiros.
50
3.2.4. Desenvolvimento do programa computacional usado na geração
das imagens
O programa computacional, em LabVIEW, que atua juntamente com a
instrumentação de ultra-som deve ser capaz de cumprir as seguintes tarefas: controlar a
obtenção de dados pela placa de aquisição, em forma de uma seqüência de valores
referentes ao sinal de eco do ultra-som associado a cada uma das 256 linhas do modo-A,
realizar a conversão de varredura (mapeamento de dados referenciados a um sistema de
coordenadas polares para outro referenciado em um sistema de coordenadas
retangulares), exibir a imagem em tempo real e fornecer ao usuário a possibilidade de
pausar a imagem e armazená-la na memória do computador.
Para facilitar o acompanhamento do desenvolvimento do programa computacional
criou-se uma imagem de teste (“testData”), utilizando-se um sinal de eco do modo-A
obtido por um sistema pulso-eco de ultra-som do Laboratório de Ultra-som do Programa
de Engenharia Biomédica da COPPE/UFRJ, operando em 50 MHz e com 1024 pontos
amostrados (Figura 3.39). O sinal do modo-A foi repetido 100 vezes para formar uma
imagem simulada e correspondendo a uma varredura circular com 100 linhas radiais. A
imagem correspondente, em escala de cinza, na forma de uma imagem retangular
baseada em um sistema de coordenadas polares está apresentada na Figura 3.40.
[mV]
t(µs)
Figura 3.39 - Envoltória do sinal de eco de ultra-som apresentada no formato de
uma linha no modo-A.
51
Figura 3.40 - Imagem em escala de cinza formada por 100 linhas do modo-A,
referenciada a um sistema de coordenadas polares, gerada a partir do sinal de eco
representado na Figura 3.39. O eixo horizontal corresponde à distância radial, ou
em profundidade, e o eixo vertical ao ângulo da coordenada polar.
O programa é capaz de realizar a conversão de varredura, criando uma imagem
final no formato circular, mas referenciada a um sistema de coordenadas retangulares,
como na Figura 3.41.
Figura 3.41 - Imagem final simulada, relacionada a um sistema de ultra-som de
imagem dotado de varredura circular, correspondente à aquisição de 100 linhas do
modo-A e radiais ilustradas na Figura 3.40.
O espaço vazio no centro da imagem simula a região ocupada pelo cateter
contendo o transdutor de ultra-som.
3.2.4.1. Definição de parâmetros da imagem final
Alguns parâmetros da imagem final necessitam ser declarados no início do
desenvolvimento do programa computacional. Os mesmos são listados na Tabela 3.2:
52
Tabela 3.2 - Declaração de parâmetros essenciais na construção da imagem final.
Parâmetro
Significado
Valores
atribuídos
inicialmente
numerodelinhas
Número de linhas, modo-A, da imagem original.
São referenciados com a coordenada angular.
256
pontosporlinha
Número de colunas da imagem original. São
referenciadas com a coordenada radial.
Calculado
xlinha
Número de linhas da imagem final
Calculado
ylinha
Número de colunas da imagem final
Calculado
ec
Tamanho do espaço vazio no centro da imagem
final, ocupado pelo cateter
50
cordefundo
Cor de fundo
255
scale
Precisão a ser usada na interpolação
65535
Em seguida, são determinados outros parâmetros, obtidos das informações
contidas na Tabela 3.2, apresentados na Tabela 3.3 a seguir:
Tabela 3.3 - Parâmetros auxiliares determinados a partir dos dados da
Tabela 3.32.
Parâmetros
Significado
metxlinha
Metade do número de linhas da imagem final
metylinha
Metade do número de colunas da imagem final
metnumlinha
Metade do número de linhas da imagem original
linhapangulo
Número de linhas da imagem original por radiano
zrelativo
Zoom a ser aplicado na formação da imagem final
Os três primeiros parâmetros são auto-explicativos. Já linhapangulo representa o
número de linhas da imagem original dividido pelo número de radianos em uma
circunferência (2π 256) . O último, zrelativo, é o fator de Zoom aplicado à imagem e
53
sua expressão analítica, em função de pontosporlinha, calculado utilizando a equação
3.1, xlinha, ylinha e ec serão apresentados posteriormente.
3.2.4.2. Conversão de varredura
A conversão de varredura consiste em mapear os dados originais obtidos segundo
um sistema de coordenadas polares, cujo centro corresponde ao centro da imagem de
ultra-som, em um sistema de coordenadas retangulares para que a imagem possa ser
exibida em um monitor. A apresentação no monitor consiste, portanto, de uma imagem
com formato circular e referenciada ao sistema de coordenadas retangulares. De acordo
com a notação apresentada para a representação da imagem em termos de uma matriz de
dados, tem-se que esta matriz possui os índices de cada elemento contados a partir de 0
e com origem no canto superior esquerdo da imagem. Isto corresponde ao elemento com
coordenadas (0;0 ) da matriz.
Para mapear a matriz original de dados, M O , na matriz final, M F , é gerada uma
matriz intermediária de dados, M I , cujos valores associados aos seus elementos são
obtidos a partir da matriz original por interpolação bilinear. A matriz M I tem a origem
no centro, mesma escala e mesmo número de pontos da matriz final. A transformação
de M I em M F se faz pela expressão:
MF = L⋅ MI ,
(3.13)
onde L é uma matriz que representa as operações de translação e escalonamento.
Por outro lado, o mapeamento dos valores associados aos elementos de M I nos
valores associados aos elementos de M F se faz por uma lookup table.
A matriz M F , ponto de partida para a construção da imagem, é obtida, a priori, a
partir dos valores de xsize e ysize como se segue:
54
0
1 1 1 ⋅⋅⋅
1
⋅⋅⋅
0 0 0 ⋅ ⋅ ⋅

M F = 0 1 2 ⋅ ⋅ ⋅ xlinha − 1 0 1 2 ⋅ ⋅ ⋅ xlinha − 1 ⋅ ⋅ ⋅
1 1 1 ⋅ ⋅ ⋅
1
1 1 1 ⋅⋅⋅
1
⋅⋅⋅
ylinha − 1

⋅ ⋅ ⋅ xlinha − 1

⋅⋅⋅
1
ylinha − 1 ylinha − 1 ylinha − 1 ⋅ ⋅ ⋅
0
1
2
1
1
1
(3.14)
Para implementação de M F no LabVIEW foi utilizado um For Loop com
xlinha ⋅ ylinha loops e uma divisão entre o índice do loop e xlinha. O quociente compõe
a primeira linha da matriz, o resto a segunda linha e uma constante unitária compõe a
terceira linha. Detalhes da implementação no LabVIEW estão no Anexo I.
A matriz L em (3.13) é composta por uma operação de escalonamento seguida de
outra de translação entre as imagens associadas às matrizes M I e M F . O
escalonamento é usado para ajustar o tamanho da imagem final na tela do monitor e a
translação é usada para deslocar a origem dos índices da matriz M I , situada no
elemento central da matriz, para o canto superior esquerdo. O deslocamento, em cada
eixo, corresponde à metade da dimensão de M F no respectivo eixo.
A matriz L é obtida por:
L =T ⋅E ,
(3.15)
sendo que de acordo com (3.3) e (3.4), T e E são dadas, respectivamente, por:
1 0 metylinha 
T = 0 1 metxlinha  ,
0 0

1
e
0
0
 zrelativo

E=
0
zrelativo 0 .

0
0
1 
Substituindo-se (3.16) e (3.17) em (3.15) tem-se:
(3.16)
(3.17)
55
0
metylinha 
 zrelativo

L=
0
zrelativo metxlinha  .

0
0
1

(3.18)
As implementações, em LabVIEW, dos cálculos das matrizes T , E e por
conseguinte L são apresentadas no Anexo I.
Uma vez conhecida a matriz L , então a matriz M I é determinada, levando-se
em conta (3.13) como segue:
M I = L−1 ⋅ M F ,
(3.19)
sendo L−1 denominada de preconversao na programação em LabVIEW, cuja
implementação de cálculo é apresentada no Anexo I.
Uma vez obtida a matriz M I , seus elementos são determinados em coordenadas
polares para se proceder ao preenchimento dos valores associados aos seus elementos
usando uma interpolação bilinear com os valores associados à matriz original M O . A
transformação de coordenadas retangulares em polares segue as equações (3.5) e (3.6),
sendo que a unidade de comprimento, adimensional, é 1. Após a transformação de
coordenadas, a matriz M I passa a ser representada por:
 r0; 0 r0;1 ⋅ ⋅ ⋅ r0; xlinha−1 r1; 0 r1;1 ⋅ ⋅ ⋅ r1; xlinha−1 ⋅ ⋅ ⋅ rylinha−1; 0 rylinha−1;1 ⋅ ⋅ ⋅ rysize−1;xlinha−1 
M I = θ 0; 0 θ 0;1 ⋅ ⋅ ⋅ θ 0;xlinha−1 θ1; 0 θ1;1 ⋅ ⋅ ⋅ θ1; xlinha−1 ⋅ ⋅ ⋅ θ ylinha−1; 0 θ ylinha−1;1 ⋅ ⋅ ⋅ θ ylinha−1;xlinha−1 
1 ⋅⋅⋅
1
1
1 ⋅⋅⋅
1
⋅⋅⋅
1
1
⋅⋅⋅
1
 1

(3.20)
onde
rm;n e θ m;n representam as coordenadas polares de distância radial e ângulo,
respectivamente, para o elemento da matriz M I de coordenadas retangulares (m; n )
com 0 ≤ m ≤ ylinha − 1 e 0 ≤ n ≤ xlinha − 1 .
56
Uma forma de apresentar o esquema gráfico da matriz M I após a conversão de
seus elementos para coordenadas polares é mostrada na Figura 3.42
Figura 3.42 - Apresentação equemática da matriz M I após a representação de
seus elementos em coordenadas polares, com mag representando o eixo radial e o
eixo dos ângulos por radianos.
Para considerar um espaço vazio no centro da imagem final, representando o
cateter, subtrai-se uma constante (ec) no eixo da magnitude. Isto equivale em subtrair
essa constante de todos os rm;n ( 0 ≤ m ≤ ylinha − 1 e 0 ≤ n ≤ xlinha − 1 ) dos elementos
de M I . Assim, o eixo de magnitude se inicia com um valor negativo ( − ec ) e varia até
o seu valor máximo, passando pelo zero. O círculo de raio roc corresponde ao espaço
vazio no centro da Figura 3.43.
Figura 3.43 - Apresentação equemática da matriz M I após a representação de seus
elementos em coordenadas polares, com mag representando o eixo radial e o eixo
dos ângulos em radianos. Está indicada a região, de raio ec , correspondente ao
cateter.
57
Na prática, em vez de se representar o eixo dos ângulos em uma unidade angular,
o que se faz é representá-la em função da contagem de linhas do modo-A à medida que
o ângulo varia. Para isto utiliza-se uma variável definida anteriormente, chamada de
linhapangulo , que informa quantos vetores (linhas radiais da imagem original) existem
por radiano. Ao se multiplicar todos os valores de ângulo por linhapangulo , a dimensão
do eixo angular muda, deixa de ser radiano e se torna número de vetores.
Para exemplificar, considera-se uma situação onde existam 10 vetores por radiano.
A representação esquemática de M I fica, então, como a seguir na Figura 3.44:
Figura 3.44 - Nova representação esquemática de M I , considerando-se 10 vetores
(linhas radiais do modo-A) por radiano.
Essa escala, porém, ainda não está coerente. Caso seja necessário saber, no caso
do exemplo em questão, a linha da imagem correspondente com a matriz M I referente
ao vetor que está a 90º do eixo positivo da magnitude, basta ler diretamente do desenho
acima: 15,7. O problema aparece quando se quer saber a linha referente a ângulos
negativos Para resolver isso, adiciona-se uma constante em todo eixo circular, a fim de
torná-lo sempre positivo. No caso particular, adicionando-se 31,41 tem-se a
representação esquemática resultante na Figura 3.45:
58
Figura 3.45 - Representação esquemática de M I , considerando-se 10 vetores
(linhas radiais do modo-A) por radiano, com o eixo angular substituído pela
contangem de linhas radiais.
Neste exemplo, como há 10 vetores por radiano, tem-se então:
linhapangulo =10
numerodelinhas = linhapangulo ⋅ 2π = 62,83 ≈ 63
metnumlinha = 0,5 ⋅ numerodelinhas ≈ 31,41
Em função do que foi comentado sobre a definição da região ocupada pelo cateter
e a transformação do eixo de ângulos em um eixo de contagem de linhas, então a matriz
M I passa por uma nova transformação, sendo multiplicada por uma outra denominada
posconversao e dada por:
0
− ec
1


posconversao = 0 linhapangulo metnumlinha  ,
0

0
1
(3.21)
de forma que agora tem-se:
M I = posconversao ⋅ M I .
(3.22)
59
A geração da matriz posconversao usando-se o LabVIEW é apresentada no
Anexo I.
3.2.4.3. Expressão analítica do zrelativo
Ainda como parte do processo da conversão de varredura, é necessário definir a
forma de se calcular o parâmetro zrelativo definido na Tabela 3.3. Com este parâmetro
pode-se transformar o parâmetro pontosporlinha de cada linha da imagem original em
0,5 ⋅ xlinha pontos da imagem final. Vale ainda lembrar que é preciso subtrair ec
pontos no eixo da magnitude, e que 0,5 ⋅ xlinha = metxlinha = metylinha . Com isto temse:
pontosporlinha ⋅ zrelativo = metylinha − ec ⋅ zrelativo ,
(3.23)
e assim,
zrelativo =
metylinha
.
pontosporlinha + ec
(3.24)
Após a mudança para coordenadas polares dos elementos da matriz M I , os
mesmos deixam de ser números inteiros na sua grande maioria. Durante a conversão de
varredura, o programa computacional separa as partes inteira e fracionária de cada
elemento. A parte inteira serve para localizar os quatro vizinhos mais próximos da
matriz M O , sendo para isso usada a técnica de lookup table. A parte fracionária é usada
no processo de interpolação bilinear.
Para isso, foram criados vetores para armazenar os valores inteiros e fracionários
elementos de M I . A dimensão desses vetores é a mesma do número de elementos da
imagem final.
No programa em LabVIEW, os vetores que terminam com “int” são análogos ao
“Matriz de Linhas” e “Matriz de Colunas” da seção explicativa de lookup table,
60
enquanto os que terminam com “frac” contêm os valores de x e y usados na seção
sobre interpolação bilinear.
Para fazer a separação entre parte inteira e fracionária dos elementos foi usado o
“Fomula Node”. Não foi feito em diagrama de blocos devido à lentidão de cálculo
causada no sistema de imagem. O principal motivo foi o alto número de vezes que para
escrever e ler elementos de vetores. Foi verificada, experimentalmente, uma melhora
considerável no tempo de execução do programa com o uso do “Fomula Node”,
conforme mostrano no Anexo I.
As partes inteiras de módulo e número de vetores ficam nos vetores “mag_int” e
“angle_int”, enquanto as fracionárias, multiplicadas por uma constante (“scale”), em
“mag_frac” e “angle_frac”, respectivamente.
Finalmente, vem a etapa da interpolação bilinear, a qual é uma das mais
importantes do projeto de desenvolvimento da instrumentação de ultra-som. A
interpolação necessita ser executada de forma extremamente rápida, já que as sucessivas
imagens têm que ser interpoladas e apresentadas ao usuário em tempo real.
A implementação da interpolação bilinear foi testada de três formas: diagrama de
blocos, “Formula Node” e por DLL (Dynamic Link Library). Nas duas primeiras formas
o processamento tornou-se muito lento, com um resultado insatisfatório, o que levou ao
descarte das duas formas de implementação. Somente a última alternativa teve sucesso:
a utilização de uma DLL, criada com o software Microsoft Visual C++ 6.0 (Microsoft
Corporation, Redmond, Washington, EUA).
Durante a interpolação são usados quatro vetores (“mag_int”, “mag_frac”, “angle_int” e
“angle_frac”) que indicam as coordenadas polares de cada elemento da matriz associada
com a imagem final. A parte fracionária é multiplicada por um fator de escala para dar
mais precisão no resultado da interpolação. Para cada pixel da imagem final, é
necessário analisar, inicialmente, se o mesmo está ou não no interior da região onde
deve ficar a imagem, ou seja, se está aquém ou além da profundidade máxima a ser
admitida na imagem. Em caso positivo procuram-se os quatro pixels mais próximos na
61
imagem original e realiza-se a interpolação bilinear. Em caso contrário atribui-se a cor
de fundo, “backgroundColor”, ao pixel.
Com a DLL pronta, adiciona-la ao diagrama de blocos do programa em
LabVIEW. Maiores detalhes de como criar e configurar uma DLL no LabVIEW,
consulte o Anexo II.
3.2.4.4. Apresentação da imagem de ultra-som
Para apresentar a imagem armazenada em “output_bilinear” utilizou-se o
“Intensity Graph”, conectando-se sua entrada à matriz de imagem. Antes, porém, é
necessário transformar a imagem em escala de cinza, e para isto realiza-se uma
conversão de valores, transformando seu valor máximo em 255.
3.2.4.5. Armazenamento da imagem em JPEG
Antes de salvar a imagem em formato JPEG, é preciso outra manipulação na
matriz de dados da imagem. Inicialmente a imagem “output_bilinear” está na forma de
matriz, entretanto, a entrada do IV que salva em JPEG exige que a os dados da imagem
sejam configurados numa única dimensão, ou seja, um vetor. Para isto é criada uma
nova variável, chamada de “output_bilinear_vetor”, obtida ordenando sequencialmente
as linhas da matriz de imagem. O bloco “Write JPEG File” interpreta cada três
elementos do vetor como um único pixel. O primeiro representa a intensidade do
vermelho (Red), o segundo do verde (Green) e o terceiro do azul (Blue). Uma vez que a
imagem a ser armazenada é em tons de cinza, então cada valor relacionado a um pixel é
triplicado, já que em tons de cinza as intensidades de RGB são iguais. O vetor
“output_bilinear_vetor” possui uma única dimensão e o triplo de elementos de
“output_bilinear”.
A exemplo da experiência anterior de alto tempo de execução para um número
muito elevado de elementos, criou-se mais uma DLL para ajustar o formato do dado de matriz para vetor. O procedimento foi idêntico ao anterior e está mostrado na Figura
3.46.
62
Figura 3.46 - DLL para ajustar o formato do dado para o armazenamento em
formato JPEG.
A entrada inferior do bloco “Write JPEG File” inclui o vetor de imagem e suas
dimensões. A entrada superior é o nome do arquivo, incluindo o diretório onde deverá
ser salvo. Inicialmente verifica-se se o usuário já escolheu o diretório que usará para
salvar a imagem. Caso não o tenha escolhido, uma janela irá se abrir para isso. Caso
contrário o que está armazenado em “path” vai direto para o “Build Path”.
A definição do nome do arquivo para salvar a imagem é um pouco mais
complexa: o usuário escolhe um nome (“Nome da imagem”) que pode ser alterado a
qualquer momento. Enquanto ele não for alterado, o programa vai salvando com o nome
escolhido seguido de números seqüenciais (ex.: fig1.jpeg, fig2.jpeg, fig3.jpeg, fig4.jpeg,
...). Ao mudar o nome do arquivo, a contagem retorna para o início (ex.: ... , fig4.jpeg,
imagem1.jpeg, imagem2.jpeg, ...). Vale lembrar que toda a parte de armazenar a
imagem está dentro de um “Case Structure” e de um “Sequence Structure” (mostrado
no Anexo I).
O “Sequence Structure” serve para separar as etapas do processo de salvar a
imagem. O ”frame 0” tem a criação do “output_bilinear_vector”. O “frame 1” tem o uso
da “Call Library Function Node”. Toda essa parte está dentro de um “Case Structure”,
acionado por um botão do painel frontal.
3.2.4.6. Medida da distância entre dois pontos da imagem
A instrumentação oferece a possibilidade de medição da distância entre dois
pontos assinalados, por cursores, na imagem. A parte computacional que oferece esta
opção tem como primeira etapa a criação dos cursores que serão usados para esse fim.
63
Nas propriedades do “Intensity Graph”, adiciona-se um novo cursor. Realizando esse
procedimento por duas vezes pode-se calcular a distância entre os dois cursores.
Os dados de entrada no processo de cálculo da distância entre os dois cursores são
a profundidade máxima a ser admitida na imagem e ainda a dimensão do cateter (dados
fornecidos pelo usuário). O cálculo da distância entre os cursores leva em consideração
o fato de que as imagens são apresentadas com escalas radiais diferentes para a região
ocupada pelo cateter e pela luz conjuntamente com a parede da cavidade (esôfago ou
intestino). Esta diferença de escalas é usada para ampliar a região de interesse da
imagem. A Figura 3.47 mostra, comparativamente, a imagem com escala radial única e
a outra com duas escalas diferentes.
Figura 3.47 - Imagem simulada com mesma escala radial para a regiões do cateter
e de interesse (A) e com escalas diferentes (B), incluindo os cursores em ambas.
A técnica utilizada para o cálculo da distância entre os cursores é a seguinte: as
posições de ambos os cursores (na imagem com escalas diferentes) são encontradas. A
distância radial para uma das posições de cursor é determinada, em pixels, e a seguir, a
distância radial correspondente, em milímetros, é encontrada corrigindo-se o número de
pixels correspondentes às regiões do cateter e de interesse para as distâncias
correspondentes em função das escalas de cada região. O procedimento se repete para a
posição do outro cursor. Conhecendo-se as distâncias radiais para cada posição dos
cursores e o ângulo formado entre os segmentos de reta que unem o centro da imagem a
cada uma das posições, então pela Lei dos Cossenos calcula-se a distância entre os dois
cursores.
64
A parte do programa em LabVIEW que determina a distância entre os cursores é
mostrada no Anexo I.
3.2.4.7. Aquisição de dados referentes aos sinais de eco
Para o funcionamento da placa de aquisição, a mesma é, primeiramente,
inicializada. Em seguida, faz-se a configuração vertical, informando o intervalo de
valores que a placa deve receber, assim como seu offset (variável de controle). Também
são fornecidos o nome do canal e o tipo de acoplamento (AC ou DC). No bloco
seguinte, a impedância de entrada é configurada.
O próximo bloco realiza a configuração horizontal. A ele é entregue o número de
vetores (linhas do modo-A) e a quantidade de pontos por vetor. O mesmo bloco recebe
também a freqüência de amostragem.
Em seguida é informado, apenas, o número de pontos adquiridos pela placa. Por
último, tem-se a configuração do trigger. Suas entradas são o nível do trigger e a opção
de trigger pelo próprio canal de entrada de sinal ou um trigger externo, além do seu
acoplamento (DC).
O digrama dessa configuração está mostrado na Figura 3.48:
Figura 3.48 - Diagrama de blocos da programação em LabVIEW para a
configuração da placa de aquisição.
65
Depois de configurada a placa, a aquisição é iniciada e em seguida os dados
adquiridos são enviados para a entrada “testData” do bloco da DLL. Uma vez que os
dados na entrada da DLL representam uma matriz de valores, a saída do bloco de leitura
também é configurada para uma matriz.
Os dados fornecidos pela placa são configurados para variarem de –128 a 127. É
necessário que os mesmos variem entre 0 e 255 antes de passarem para a DLL. Por isso,
adiciona-se 128 a cada um dos dados da matriz na saída do bloco de leitura da placa.
A saída do bloco somador se torna a entrada do bloco da DLL que faz a
interpolação, substituindo o “testData”. A configuração de entrada da DLL é preparada
para receber dados de uma matriz com duas dimensões na variável “testData”.
Após o término da leitura dos dados, a execução da placa de aquisição é finalizada.
3.2.4.8. Relação entre pontosporlinha e xlinha
A escolha de valores para pontosporlinha e xlinha é independente. Seja qual for o
número de pontos amostrados, o software os apresenta em uma imagem de xsize
colunas e ylinha linhas (com xlinha = ylinha). Entretanto, a relação entre estas variáveis
não é tão independente assim. Para explicar serão considerados três exemplos. Em todos
eles será desprezado o espaço vazio no centro da imagem final.
Sejam pontosporlinha e xlinha tais que:
pontosporlinha = 0,5 ⋅ xlinha .
(3.25)
Este é o caso ideal. Para cada ponto amostrado existe um apresentado na imagem
final (Figura 3.49). Entretanto, forma uma imagem com tamanho muito grande. Se
forem obtidos 1000 pontos pela placa para uma linha em modo-A, por exemplo, a
imagem será (2000 + ec) x (2000 + ec), por representar o diâmetro do vaso. Além disso,
deixa o programa bastante lento.
66
Figura 3.49 - Um pixel para cada ponto amostrado ao longo da linha do modo-A.
Seja agora a seguinte situação:
pontosporlinha = xlinha .
(3.26)
É um caso aceitável, ainda sem perda de informação devido à interpolação, já que
esta considera os pontos mais próximos no cálculo do valor do pixel (Figura 3.50). A
imagem não fica tão grande e o programa fica mais rápido.
Figura 3.50 - Um pixel para cada dois pontos amostrados ao longo da linha do
modo-A.
Diminuindo ainda mais o tamanho da imagem final: seja então:
pontosporlinha =
3
⋅ xlinha .
2
(3.27)
É um caso inaceitável, com perda de informação. Existem pontos amostrados ao
longo da linha do modo-A que não são associados a nenhum pixel da imagem final
(Figura 3.51).
Figura 3.51 - Um pixel para cada três pontos amostrados ao longo da linha do
modo-A.
67
Por meio desta análise, a fim de não desperdiçar nenhum ponto amostrado nem
deixar o programa com o tempo de execução muito alto, foi escolhido igualar os valores
de pontosporlinha e xlinha .
3.2.4.9. Diagrama de blocos final do programa em LabVIEW

Ao longo da redação da dissertação foram explicadas as partes do programa de
maneira didática. Não foi respeitada a ordem cronológica de execução do software.
Algumas lógicas foram apresentadas sem se esclarecer que as mesmas ficam dentro de
frames ou loops ou ainda ativadas por botões do painel frontal. Será mostrado, a seguir,
um resumo esquemático de todo o programa, em ordem cronológica de execução.
O programa é formado por um grande “Sequence Structure” composto por cinco
frames. No primeiro é encontrado outro “Sequence Structure”, formado por dois frames,
mostrados na Figura 3.52:
Figura 3.52 - Profundidade máxima na imagem lida do painel frontal.
O botão da imagem confirma as características da amostra, e possui como ação
mecânica tornar a variável verdadeira por pouco tempo após o mesmo ser pressionado e
solto. No próximo frame é calculado o valor pontosporlinha e definida a profundidade
de penetração do feixe de ultra-som, Figura 3.53.
68
Figura 3.53 - Determinação do valor de pontosporlinha .
Em seguida, no frame 1 (Figura 3.54), xsize e ysize assumem o valor de
pontosporlinha . No frame 2 (Figura 3.55) se configura a placa de aquisição e com um
botão confirmam-se essas configurações.
Figura 3.54 - Definição de xlinha e ylinha .
Figura 3.55 - Configuração da placa de aquisição.
A ação mecânica do botão é de tornar a variável verdadeira enquanto o mesmo
está pressionado.
69
O “frame 3” do “Sequence Structure” mais externo contém outro “Sequence
Structure”; este com 9 frames, de acordo com a Tabela 3.4:
Tabela 3.4 – Conteúdo do frame 3.
Frame
Característica
0
Criação das outras variáveis: metnumlinh a , metylinha , metxlinha ,
linhapangulo , ec , zrelativo , scale e cordefundo
1
Criação dos vetores “mag_int”, “angle_int”, “mag_frac” e “angle_frac”.
2
Criação da “matrizescalonamento”
3
Criação da “matriztranslacao”
4
Criação da posconversao
5
Criação da preconversao
Geração dos elementos da imagem final.
Mudança para coordenadas polares.
6
Ajuste das coordenadas polares.
Lookup Table.
7
Criação da matriz de saída
O frame 8 na Figura 3.56 abaixo merece maior atenção.
70
Figura 3.56 - Interpolação bilinear, medida da distância entre cursores e
conversão para o formato JPEG.
No interior do mesmo existe um “While Loop” que só termina quando o usuário
pressiona o botão para finalizar o programa. Neste bloco o software recebe os dados da
placa, os envia para a DLL realizar a interpolação bilinear e apresenta a imagem em um
gráfico. O usuário pode, ainda, pausar as atualizações da imagem (“While Loop” mais
interno, com loop condition “Continue if True”). As funções de calcular distância entre
cursores e salvar a imagem em JPEG estão dentro de um “Case Structure” cada,
acionados também por botões no painel frontal. Essas funcionalidades só são possíveis
quando o programa está em pausa.
O último frame apenas encerra a utilização da placa (Figura 3.57).
Figura 3.57 - Encerra a utilização da placa.
71
3.2.4.10. Painel frontal
A configuração do painel frontal ficou dividida em três partes: “Iniciar e salvar”,
“Configurações” e “Imagem”, cada uma em uma aba de um “Tab Control”.
Na aba “Iniciar e Salvar” o usuário pode configurar as propriedades iniciais do
programa, como escolher o diretório onde quer salvar as imagens, bem como seus
nomes. Existe, ainda, o botão que encerra a utilização do programa, cujo terminal
encontra-se na Figura 3.58.
Figura 3.58 - Painel frontal do programa exibindo a aba “Iniciar e salvar”.
Na aba “Configurações” (Figura 3.59) o usuário informa a característica da
amostra (profundidade da imagem) e também da placa de aquisição (faixa dinâmica e
trigger).
72
Figura 3.59 - Aba “Configurações”, onde se fornece dados da amostra e se
configura a placa digitalizadora.
A aba “Imagem” mostra o “Intensity Graph” com os cursores, além dos botões
“Pausar”, “Salvar imagem” e “Medir distância”. Mostra, ainda, o valor em milímetros
da distância entre os cursores. Os terminais desses botões estão todos na Figura 3.60.
73
Figura 3.60 - Aba "Imagem" exibindo suas funcionalidades e a imagem do vaso.
3.3. Phantom
Com o sistema de ultra-som desenvolvido, foi necessário realizar alguns testes
de funcionamento, e para isso utilizou-se um phantom, o qual é um composto sintético
que para ser útil nos testes deve mimetizar as principais características acústicas dos
tecidos, tais como a velocidade do som, atenuação e retroespalhamento.
Para o teste do sistema de BMU endoscópico foram desenvolvidos três modelos
de phantoms: sendo um deles constituído apenas por um tubo de vidro cilíndrico com
diâmetro interno de 8 mm, o outro pelo mesmo tubo cilíndrico preenchido com um
material sintético que possui as propriedades acústicas semelhantes às dos vasos, além
de ser vasado na região cerntral, assim como uma cavidade; e o último deles formado
apenas por um bloco desse mesmo material sintético.
Um pequeno molde foi confeccionado utilizando um tubo de vidro com 8 mm de
diâmetro interno e ainda 3 fios, um com 3 mm de diâmetro e 2 com 0,25 mm, para
simularem a região da cavidade e lesões ou bolhas de ar, na parede lateral do phantom,
74
respectivamente. A base da montagem foi uma lâmina de vidro e para auxiliar na
fixação do tubo de vidro sobre a lâmina utilizou-se graxa de silicone. O tubo foi
preenchido com gelatina e coberto com plástico filme para então o fio com 3 mm de
diâmetro ser inserido no conjunto, assim criando um vazio na região central do
phantom. A seguir foram inseridos os outros dois fios na sua parede, como mostra a
Figura 3.61.
LUZ
CONDUTOR
FILME PLÁSTICO
Figura 3.61 - Montagem do Phantom.
O condutor identificado por “Luz” na imagem acima (3 mm de diâmetro) foi
retirado da montagem, assim que a gelatina endureceu, e seu lugar ficou representando
luz da cavidade. Os outros dois condutores, cada um com 0,25 mm, foram usados para
simular uma lesão ou um pequeno vazio nas paredes do phantom. O processo de
construção foi repetido mais 3 vêzes.
Logo após a construção dos phantoms, os mesmos foram colocados na geladeira
por cerca de 12 horas para acelerar o processo de endurecimento da gelatina. Passado o
tempo de cura, o filme de PVC foi removido e os condutores retirados ou aparados,
resultando na imagem apresentada na Figura 3.62.
75
LUZ
CONDUTOR
Figura 3.62 - Phantom com região central vasada simulando a luz do cavidade.
Para preparar o material que preencheu o tubo de vidro, seguiu-se a seguinte
metodologia: o pó de gelatina (Type A: from porcine skin, G-2500, Sigma Chemical
Co., Saint Louis, Missouri, EUA) foi dissolvido em água destilada, temperatura
controlada de 50ºC, na concentração de 15% em peso até que não houvessem grumos.
Como espalhador foi utilizada a sílica (S-5631, Sigma Chemical Co., Saint Louis,
Missouri, EUA), numa concentração de 2% em peso. Assim, utilizaram-se 15 ml de
água destilada para dissolver 2,25 g de gelatina e ainda 0,9 ml de água destilada para
dissolver 0,3 g de sílica. A mistura foi preparada e então colocada em suas formas (tubo
de vidro), como explicado anteriormente. Esperou-se cerca de 12 h na geladeira para
após submergí-los em uma solução de formol a 9% (Rioquímica, Rio de Janeiro, Rio de
Jneiro, Brasil), por 5 minutos, a fim de prolongar a vida útil dos phantoms (RYAN e
FOSTER, 1997).
3.4. Montagem do gabinete
Foram montados dois gabinetes; um para abrigar as fontes de alimentação e
outro para abrigar a parte de front end da instrumentação. O gabinete das fontes,
construído em aço, é mostrado em forma de leiaute na Figura 3.63 e por meio de uma
76
foto de sua parte frontal (alumínio) na Figura 3.64. As placas de circuito impresso das
fontes foram parafusadas sob uma placa de PVC e então colocadas dentro do gabinete.
Um ponto importante é a segurança. O gabinete teve sua carcaça aterrada para
evitar a possibilidade de choque-elétrico de qualquer natureza, seja de alta tensão vinda
da rede ou de corrente de fuga.
Figura 3.63- Leiaute do gabinete e disposição das fontes de alimentação.
77
Figura 3.64 – Sistema de BMU Endoscópica.
O gabinete contendo a parte de front end é parte da unidade motordrive (MD5 -
Boston Scientific Corporation, Natick, Massachusetts, EUA) que é utilizada em
conjunto com a instrumentação de IVUS (Galaxy2, Boston Scientific Corporation,
Natick, Massachusetts, EUA). Uma foto lateral do gabinete é mostrada na Figura 3.65.
Também uma imagem do gabinete aberto mostrando o motor, o encoder, as placas de
cicuito e o soquete estão na Figura 3.66.
78
Figura 3.65 - Gabinete original do Motordrive, fabricado pela Boston Scientific.
SUPORTE MECÂNICO
MOTOR CC
PULSADOR
PLACA TX/RX
SOQUETE
ENCODER
Figura 3.66 - Gabinete do motordrive aberto mostrando o motor, o encoder, as
placas de circuito impresso e o soquete para conexão do cateter.
79
CAPÍTULO 4
RESULTADOS
Foram realizados inúmeros testes com o sistema. Inicialmente verificou-se o
funcionamento adequado do software utilizando um sinal, na forma de pulsos, obtido de
um gerador de sinais (HP 8116A Pulse/Function generator 50 MHz; Hewlett-Packard,
Palo Alto, Califórnia, EUA), que foi inserido na entrada da placa de aquisição. Com isso
foram obtidos os resultados ilustrados pelas Figuras 4.1 e 4.2.
Figura 4.1 - Imagem correspondente a um sinal na forma de pulso (duração de 55
ns, frequencia de 1,5 MHz) inserido na entrada da placa de aquisição.
80
Figura 4.2 - Imagem correspondente a um sinal na forma de pulso (duração de 55
ns, freqüência de 750 kHz) inserido na entrada da placa de aquisição.
Esses sinais foram adquiridos com uma frequência de amostragem de 200 MHz,
com trigger externo e impedância de entrada da placa de aquisição de 50 Ω.
Uma vez testada a programação, foi realizado um teste com o sistema real,
porém sem o cateter conectado ao sistema de ultra-som. O circuito foi energizado e o
motor cc acionado, além da alta tensão de excitação para o transdutor. A imagem gerada
pela instrumentação é mostrada na Figura 4.3. Observa-se que surgiram manchas radiais
escuras na imagem. A razão da presença destas manchas será explicada na próxima
seção.
81
Figura 4.3 - Imagem sem transdutor. Os anéis brancos concêntricos representam
reflexões de pulsos elétricos no soquete onde se encaixa o cateter, causadas pela
ausência do cateter. A seta evidencia uma das manchas radiais.
A seguir, o cateter foi conectado ao sistema e os phantoms utilizados para os
testes. Primeiramente obteve-se a imagem do phantom preenchido apenas com água,
estando a imagem na Figura 4.4. Observa-se na imagem o traçado circular
correspondente à parede do tubo de vidro. Na região entre 12 e 18 horas aparecem sinais
de reverberação na parede de vidro.
82
Figura 4.4 - Imagem do phantom preenchido apenas com água. As setas indicam a
parede de vidro, o espaço do cateter, a reverberação e ainda um sinal de ruído. O
diâmetro do tubo é de 8 mm.
Ainda, o sistema foi testado com o phantom que mimetiza a luz central do vaso e
que possui o fio de cobre para simular uma lesão. Esse porém, também possuia um furo,
mas que acabou sendo fechado pelo fato do material do phantom ter cedido. Na Figura
4.5 pode ser notado, mais uma vez, a parede do vidro (borda branca mais externa) e
também o condutor inserido. Além disso, é observado que o transdutor não foi colocado
concentricamente com o phantom, dessa forma sua luz e a parte central, dado pela
sonda, também não estão alinhados. Observe ainda a irregularidade da luz.
83
Figura 4.5 - Imagem do phantom preenchido com gelatina para simular um vaso
sanguíneo. A imagem apresenta o alvo formado por um fio de cobre (diâmetro de
0,25 mm), indicado pela seta amarela, inserido longitudinalmente no phantom e a
parede de vidro. A seta verde mostra a luz do phantom, e a vermelha o cateter.
A imagem apresentada na Figura 4.6 foi obtida de um phantom formado apenas
por um bloco contendo a mistura de gelatina e pó de sílica. Neste phantom foi realizado
um furo com diâmetro igual ao do cateter e paralelamente a este um outro furo de
diâmetro menor (0,8 mm). O cateter foi introduzido no furo com diâmetro maior para a
obtenção da imagem deste phantom. Observa-se na imagem a presença da cavidade
contendo apenas líquido.
84
Figura 4.6 - Imagem de um phantom formado com um bloco de gelatina misturada
com pó de sílica e contendo uma cavidade preenchida com água. O tracejado
circular da imagem indicado pela seta verde mostra a profundidade máxima
configurada na instrumentação para a obtenção da imagem. A seta amarela
mostra a cavidade e a vermelha o espaço do cateter.
Como resultado adicional foram obtidas imagens do cólon de rato (Rattus
norvegicus; Berkenhout, 1769) que pesava 423 g. O cólon foi retirado e utilizou-se a
parte distal do mesmo, ilustrada na Figura 4.7. O cateter de ultra-som foi inserido na
extremidade corespondente ao reto, estando toda a peça preenchida com água mineral
de pH 7,7 e imerso no banho de água mineral. Uma das imagens adquiridas está exibida
na Figura 4.8, na qual percebem-se algumas das camadas do tubo gástrico (mucosa,
muscular e serosa) e ainda a membrana meso. Todavia não foi possível a visualização
de mais camadas, pois o cólon colabou devido à falta de pressão interna para mantê-lo
constantemente aberto.
85
RETO
ESÔFAGO
Figura 4.7 – Cólon de um rato mostrando a região do reto e do esôfago.
86
MUSCULAR
SEROSA
MUCOSA
SONDA
MESO
Figura 4.8 – Imagem obtida com o sistema de BMUE mostrando algumas das
camadas do tudo gástrico do cólon do rato. A mucosa é a camada mais interna, há
a muscular (hipoecóica) e a serosa (hiperecóica). A membrana meso também é
visualizada.
87
CAPÍTULO 5
DISCUSSÃO
O sistema de BMU endoscópico foi desenvolvido em duas partes: hardware e
software. Dentro dessas categorias ainda ocorreram divisões, sendo todo o hardware e
software desenvolvidos por blocos e sistematicamente testados. Quando um
determinado bloco apresentava funcionamento satisfatório, passava-se para o seguinte
até se chegar na obtenção das imagens de phantom que foram apresentadas como
resultados do trabalho. As imagens geradas pelo sistema de BMU endoscópico podem
ser ainda melhoradas através de modificações a serem introduzidas no sistema.
No capítulo de resultados foram exibidas imagens finais obtidas com um gerador
de sinais, onde os anéis circulares brancos mostram o nível alto da forma de onda,
enquanto a parte preta define o nível baixo. Para conferir o resultado fez-se o cálculo de
quantos períodos da forma de onda do gerador são possíveis inserir no intervalo da
“Profundidade da amostra” e também verificou-se a largura do nível alto, com base na
frequência de amostragem utilizada no sistema e com a ferramenta “Medida de
distância” do software. Também, o furo indicado na Figura 4.6 feito no bloco de
phantom, criado com uma agulha de 0,8 mm de diâmetro, teve sua medida conferida e
confrontada com o resultado da ferramenta “Medida de distância”, garantindo exatidão
nas medidas de distância.
Ainda no software: seria interessante a possibilidade do usuário adquirir também
um vídeo, além de imagens congeladas, para análise posterior. Para isso é necessário um
pacote adicional do LabVIEW: IMAQ Vision 7.X, o qual possui IVs para trabalhar com
criação e leitura de arquivos do tipo AVI (Audio Video Interleave).
Na parte de hardware enfrentou-se um problema de ruído, que se reflete nas
imagens na forma de traços radiais, como apontado na Figura 4.3. Procurou-se saber se
esse ruído era causado por algum erro na conversão de varredura ou por algum
problema de hardware. Chegou-se à conclusão que o ruído advém da parte de
hardware, e mais precisamente, pela fonte de alta tensão. Para se chegar a esta
88
conclusão, foi gerada uma imagem sem a presença do cateter. A imagem é apresentada
na Figura 5.1, não na forma circular, mas sim na forma linear. Para isto as 256 linhas do
modo-A foram alinhadas. O ruído aparece como manchas escuras na vertical, estando
igualmente espaçadas. Com a fonte de alta tensão desligada, o ruído desaparece. Um
quadro da imagem na Figura 5.1 possui 256 linhas (verticais) e as manchas estão
espaçadas de 45 linhas. As 256 linhas são adquiridas durante 45 ms e portanto, o
período entre as manchas é da ordem de 8 ms ( 45 ⋅ 45 × 10 −3 256 ) o que representa uma
freqüência de 125 Hz.
Figura 5.1 - Imagem dos dados adquiridos pela placa de aquisição sem a presença
do cateter e com a fonte de alta tensão acionada. Observa-se a presença de ruído
na forma de manhcas escuras radiais indicadas pelas setas.
Logo, sabendo que o ruído surge apenas quando a fonte de excitação do
transdutor é acionada, e que o intervalo entre as manchas tem uma freqüência em torno
de 120 Hz, chegou-se à conclusão que o ruído advém da fonte de alta tensão. O registro,
AC, do sinal da fonte de alta tensão registrado no osciloscópio (apresentado na Figura
5.2) mostra, de fato, um ripple com período da ordem de 8, 27 ms (120 Hz) e amplitude
da ordem de 19,2 mV. A freqüência do ripple corresponde com a retificação de onda
completa da tensão da rede elétrica, usada no circuito da fonte de alta tensão.
89
Figura 5.2 – Ripple de 120Hz gerado pela fonte de alta tensão que ocasiona o ruído
na imagem.
Para amenizar esse efeito é sugerido que seja melhorada a fonte de alta tensão,
retirando o ripple.
Outro fato importante é a frequência de amostragem da placa de aquisição.
Sabendo que o sinal de envoltória é detectado por meio do filtro passa-baixa de
15 MHz, seguindo o Critério de Nyquist a frequência de amostragem utilizada poderia
ser reduziada para 30 MHz. Porém, isso afetaria a qualidade da imagem final. Supondo
que o software não estivesse sendo executado com a velocidade mínima de 20
quadros/s, a frequência poderia ser reduzida, reduzindo também o número de dados
adquiridos e consequentemente o tempo de execução do programa.
Da mesma forma, verificou-se que não é necessário utilizar as 256 linhas de
imagem oferecida pelo encoder. A constatação do fato vem do seguinte cálculo:
sabendo que as 256 linhas preenchem os 360º da imagem, o comprimento do arco de
circunferência correspondente para um raio de 3 mm e subtendido por um ângulo, em
graus, de 360/256 é de aproximadamente 76 µm. Em contrapartida, o transdutor
trabalha na região de campo próximo, e como nessa região o feixe de ultra-som é
colimado, então tem-se que o menor arco que pode ser obtido com o transdutor é da
ordem do diâmetro do mesmo, 400 µm. Ou seja, tanto para o caso da frequência de
amostragem da placa digitalizadora, quanto para o número de linhas de dados
90
adquiridas, verifica-se que há excesso na quantidade de dados adquiridos, mas que não
atrapalham o sistema, muito pelo contrário, aumentam a qualidade da imagem final.
91
CAPÍTULO 6
CONCLUSÃO
Com este trabalho de dissertação conclui-se que foi possível desenvolver um
sistema de biomicroscopia ultra-sônica operando em 40 MHz, na forma endoscópica,
em tempo real e baseado numa arquitetura de um microcomputador pessoal. Também
foi comfirmado que o sistema é capaz de detectar alvos menores que 250 µm de
diâmetro e mostrar as camadas do tubo digestivo, com espessura da ordem dos
micrômetros.
Ainda, as imagens obtidas dos phantoms apresentam uma visualização de
speckle semelhante ao que se observa nas imagens obtidas com equipamentos
comerciais que representam o estado da arte em termos de instrumentação para IVUS.
Observando a Figura 1.3 de um sistema comercial, nota-se a imagem um pouco borrada,
diferente do que acontece com o sistema desenvolvido nessa dissertação. Também, o
sistema pode ser apresentado como um produto final, capacitado para ser utilizado em
pesquisas clínicas - fato comprovado pelas imagens obtidas do cólon do rato.
O presente trabalho contribuiu para a expertise do Laboratório de Ultra-som na
aplicação da técnica da biomicroscopia ultra-sônica para a detecção precoce de câncer
de cólon, reto e esôfago.
92
CAPÍTULO 7
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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97
ANEXOS
ANEXO I.................................................................................................................... 98
Programação em LabVIEW .................................................................................. 98
ANEXO II ................................................................................................................ 105
Como criar DLL em LabVIEW .......................................................................... 105
ANEXO III ............................................................................................................... 108
Programa em LabVIEW ..................................................................................... 108
98
ANEXO I
Programação em LabVIEW
Toda parte de software foi desenvolvida em LabVIEW, porém durante o texto
não foi dito como declarar variáveis, criar matrizes ou mesmo realizar operações mais
complexas como utilizar um programa em outra linguagem dentro do LabVIEW. Esse
é o objetivo do Anexo I.
Inicialmente definem-se as variáveis declaradas na Tabela 3.2 e Tabela 3.3, que
serão utilizadas no programa, como mostrado nas Figuras I.1A, I.1B e I.1C a seguir.
Figura I.1 - Declaração de variáveis (A), variáveis auxliares (B) e variáveis
axiliares calculadas a partir das variáveis declaradas.
99
Em seguida parte-se para o processo de interpolação, iniciando pela matriz de
translação matriztranslacao, Para criar essa matriz no LabVIEW foram usados dois
For Loops, cada um com três loops, um Case Structure e uma lógica de controle para o
mesmo. Cada case adiciona um elemento na matriz. O “zero” adiciona o 1, o “um”
adiciona o 0, o “dois” adiciona o metylinha, e assim sucessivamente, como mostra a
Figura I.2.
Figura I.2 - Criação da matriztranslacao.
Agora, a matriz de escalonamento, matrizescalonamento, que corrige o tamanho
da imagem a ser exibida é criada de forma análoga a anterior (Figura I.3):
Figura I. 3 - Criação da matrizescalonamento.
100
A realização de ambas as transformações anteriores simultaneamente é bastante
simples. Basta multiplicar as duas matrizes. Em seguida, calcula-se a inversa, cuja razão
foi explicada no texto: dado um ponto da imagem final, deve-se encontar o
correspondente na imagem inicial. O resultado foi alocado em uma matriz denominada
preconversao, ilustrado na Figura I.4.
Figura I.4 - Matriz única preconversao que realiza as operações de centralizar e
ajustar a escala de uma só vez.
A escolha deste nome é para lembrar que esta matriz deverá ser usada antes da
conversão para coordenada polar.
Como foi especificado na Tabela 3.2, a imagem final terá xlinha linhas e ylinha
colunas. Logo, ela terá xlinha ⋅ ylinha elementos. Por isso, deve-se criar uma matriz
análoga à matriz do item 3.2.4.2, ou seja, com 3 linhas e xlinha ⋅ ylinha colunas para
representar todos os pixels da imagem final. Para criá-la no LabVIEW foi utilizado um
For Loop com xlinha ⋅ ylinha loops, e uma divisão entre o índice do loop e xlinha, como
mostrado na Figura I.5. O quociente forma a primeira linha da matriz, o resto a segunda
e uma constante unitária, a terceira.
Figura I.5 - Criação da matriz que representa a imagem final.
A matriz criada anteriormente representa uma imagem com origem no canto
superior esquerdo. Deve-se, então, movê-la para o centro e escaloná-la adequadamente.
Para isso, basta multiplicar a matriz preconversao pela matriz que representa a imagem
final. Em seguida pode-se mudar seus eixos de coordenadas para polares. A primeira
101
linha deixa de representar o eixo x e passa a ser o módulo, enquanto a segunda deixa de
ser o eixo y e passa a representar a fase. Esta operação é mostrada na Figura I.6.
Figura I.6 - Mudança dos eixos para coordenadas polares.
Após a conversão de varredura é preciso ajustar o formato circular da imagem
final. Subtrai-se a região da ec e faz-se a distribuição de todos os vetores de forma
homogênea ao longo da circunferência. Para este fim utiliza-se a variável chamada de
linhapangulo, que informa quantos vetores (linhas da imagem inicial) existem por
radiano. Note que ao multiplicar todos os valores de fase por linhapangulo, a dimensão
do eixo circular muda, deixa de ser radiano e se torna número de vetores. A operação de
ajustes nas coordenadas polares é constituída por: subtração da ec no eixo da magnitude,
multiplicação do eixo da fase por linhapangulo e adição de metnumlinha ao resultado.
Esse conjunto de operações foi realizado de uma só vez com a criação da matriz
posconversao, que como próprio nome sugere, é aplicada após a conversão de
varredura. Veja na Figura I.7.
Figura I.7 - Ajuste do formato circular com distribuição de vetores e região da roc.
102
Como foi visto anteriormente, após a mudança para coordenadas polares os
índices dos elementos deixam de ser números inteiros. Por isso, é preciso separar suas
partes inteira e fracionária. A parte inteira seria responsável pelo lookup table, enquanto
a fracionária pela interpolação.
Por isso, é necessário criar vetores, mostrados na Figura I.8 para armazerar esses
valores. O tamanho corresponde ao número de elementos da imagem final.
Figura I.8 - Vetores que armazenam os valores dos índices da matriz final.
Os vetores que terminam com “int” são análogos ao “Matriz de Linhas” e
“Matriz de Colunas” da seção explicativa de lookup table, enquanto os que terminam
com “frac” são análogos aos números “x” e “y” da seção sobre interpolação.
Para fazer a separação entre as partes inteira e fracionária dos índices da matriz
foi usado o “Fórmula Node”, cujas entradas estão mostradas na Figura I.9.
103
Figura I.9 - Entradas para o Formula Node.
Após a criação das DLLs para realizar a interpolação bilinear e para modificar a
matriz de dados para que seja possível utilizar o IV que realiza a conversão da imagem
para o formato JPEG, foi criado um algoritmo para renomear as imagens que possuem o
mesmo nome sem que seja custoso para o usuário e que realiza o processo de
transformação da imagem. Ele está mostrado na Figura I.10 a seguir.
Figura I.10 - Bloco que salva imagem da tela e renomeia os arquivos
automaticamente.
104
Outra ferramenta importante no software é a medida da distância. Com ela podese medir lesões, espessuras de placas ou qualquer anormalidade que se queira. Para isso
foi implementado em LabVIEW o seguinte bloco (Figura I.11):
Figura I.11 - Software para medida da distância entre os cursores.
Inicialmente obtêm-se as coordenadas dos cursores, transformam-se as
coordenadas para o formato polar e verifica-se se os cursores estão dentro da região da
ec. Se não, utiliza-se a Lei dos Cossenos para calcular a distância; se sim, resolve-se o
problema com uma simples regra de três entre a luz do vaso e a medida em pixels dada
pela ec.
Essa etapa finaliza o anexo do software. Os detalhes da configuração da placa
estão descritos da dissertação.
105
ANEXO II
Como criar DLL em LabVIEW
Como foi dito na dissertação, é necessário que o software tenha o tempo de
processamento minimizado para possibilitar a exibição da imagem em tempo-real e para
isso utilizou-se uma DLL. Para utilizar uma DLL no LabVIEW, há um bloco na aba
Advanced chamado Call Library Function Node. Arraste-o para o diagrama de blocos.
Configurando essa função uma janela abrirá para ajustar seus parâmetros. O nome dado
foi “bilinear”. Na aba Parameter foram adicionados os parâmetros de entrada, em Add
Parameter After são adicionados mais entradas. Em cada um, deve ser dado o nome e o
tipo do parâmetro. O primeiro parâmetro foi o “mag_int”. Em Type, selecionado array,
em Data Type, Signed 32-bit Integer; Dimensions, 1; e assim em todos com todos os
parâmetros. Conforme os dados vão sendo acrescentados, a “Function Prototype” vai
sendo criada.
As entradas deste bloco foram: “mag_int”, “mag_frac”, “angle_int”, “angle_frac”,
xlinha, ylinha, numerodelinhas, pontosporlinha, “testData”, scale, outputBilinear e
cordefundo.
Em seguida, também na janela de propriedades, vai-se em create .c file. O nome
do arquivo deve ser trocado para “interpolacaoBilinear.c” e em seguida salvo. Agora, a
DLL será criada.
Com o Microsoft Visual C++ 6.0 (Microsoft, EUA) a DLL foi criada. Na aba File,
New, Projects, Win32 Dynamic-Link Library (Figura II.1) escolhe-se um nome para o
projeto (no caso: interpolacaoBilinear), especifica-se o seu diretório (de preferência, o
mesmo onde foi salvo o arquivo .c) e em seguida, OK. Selecione An empty DLL project,
depois, Finish e OK.
106
Figura II.1 - Criação da DLL com o “Microsoft Visual C++ 6.0”.
Em Project, Add to Project, File se encontra o arquivo .c criado pelo LabVIEW
e clique em OK. Agora ele já está adicionado (Figura II.2):
Figura II.2 - Arquivo adicionado ao projeto.
No código fonte, comenta-se o “ #include “extcode.h””. Acrescenta-se antes da
definição e da declaração da função “bilinear” o texto “_declspec (dllexport)”.
Relembrando: têm-se quatro vetores (“mag_int”, “mag_frac”, “angle_int” e
“angle_frac”) que indicam as coordenadas polares de cada ponto da imagem final. A
parte fracionária está multiplicada por um fator de escala scale. Então, para cada ponto
da imagem final, é necessário analisar se está ou não no interior da região onde deve
ficar a imagem. Caso positivo, procuram-se os quatro pontos mais próximos e realiza-se
a interpolação bilinear, caso contrário, atribui-se a cor de fundo ao pixel.
Os últimos ajustes para DLL: na guia Project, Settings. Na aba C/C++
(Figura II.3), categoria Code Generation, mude o Use run-time library para Debug
Multithreaded DLL e Struct member alignment para 1 Byte. Em seguida, OK.
107
Depois, Build, “Build interpolacaoBilinear.dll”. Se tudo estiver conforme
explicado acima, não será acusado nenhum erro e nenhum warning. A janela dos
últimos ajustes está apresentada abaixo.
Figura II.3 - Últimos ajustes na DLL para poder adicioná-la ao LabVIEW.
108
ANEXO III
Programa em LabVIEW
109
110
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112
113
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