(In)seguranças nas Américas : esquemas ideológicos
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(In)seguranças nas Américas : esquemas ideológicos
(In)seguranças nas Américas : esquemas ideológicos, políticas publicas e realidades cidadãs Vários acontecimentos recentes, amplamente mediatizados, nos levaram a questionar a insegurança e as politicas de seguranças nas sociedades americanas. Os casos dos denunciantes, em particular o “caso Snowden” que revelou algumas das praticas da NSA, tiveram um impacto mediático midiático de nível mundial. Eles revelaram as estratégias securitárias das grandes potencias potências mundiais e atualizaram uma visão da politica mundial marcada pela obra de Orwell. Outros eventos chamaram também particularmente a atenção mediática nos últimos anos : a violência policial contra os negros nos Estados Unidos, o atentado ocorrido em Boston em 2014 ou mesmo o ataque contra o parlamento de Ottawa em outubro de 2014 ; sem esquecer eventos mais antigos, como o atentado da AMIA em Buenos Aires em 1994, ou a desaparição, mais recente, de 43 estudantes em Ayotzinapa, no estado mexicano de Guerrero. O utros acontecimentos são ainda tão frequentes que tornam-se manchete de jornais na mesma rapidez com a qual deixam de existir, ao ponto de nos levarem a crer que são uma forma de “normalidade” : violência nos presídios, repressão contra manifestações da sociedade civil, violências sociais. O que nos revelam os crimes cometidos por ou contra os cidadãos sobre a maneira com a qual a política trata a marginalidade e a (a)-normalidade? Como os estados justificam atos violentes e / ou ilegais contra as sociedades civis ? Quem são os marginais? E quais seriam as politicas publicas a serem tomadas? Se o Estado democrático se define notadamente pelo monopólio do uso da violência legitima, será que o uso dessa violência não tem limites? Para tratar de assuntos dessa natureza, os pontos de vista da micro-análise – que tratam sobre o cotidiano de uma delegacia, de um tribunal de instancia ou de uma cela de prisão, por exemplo – serão bem vindos. Serão igualmente apreciadas as perspectivas macro, pensando os movimentos mais amplos na sociedade – como as grandes mobilizações contra os projetos de mineração no Peru e sua repressão brutal, ou os fenômenos de privatização da segurança por empresas transnacionais como Monsanto, no Paraguai. Esses eixos diferentes podem tambem ser abordados a partir de um ponto de vista diacrónico. Poderão ser tratadas as diferentes maneiras de se conceber a segurança a longo prazo, com uma perspectiva histórica, por exemplo, do momento de colonização do continente até os regimes de segurança nacional dos anos 19601970. Pobreza e violência podem ser apresentados como interligados. É importante ressaltar que vários países sul-americanos mantiveram altas taxas de crescimento nos últimos anos. Qual a repercussão desse crescimento nas politicas sociais e / ou nas politicas repressivas? Seria possível medir o “conservadorismo” ou o “progressismo” dos Estados americanos segundo um desses fatores? A insegurança provoca reações sociais. Seja por causa de catástrofes naturais ou em situação de conflito, vemos emergir comitês de autodefesa, uma vez que o aparelho do Estado é mal representado ou quando ele não é credível. Do mesmo jeito, na esfera urbana, sob argumento de segurança, presenciamos com frequência o surgimento de milícias onde os poderes públicos locais banalizaram a privatização dos espaços públicos. Queremos, nesse numero, suscitar reflexões profundas sobre insegurança e politicas de segurança nas Américas, que poderão ser alimentadas a partir da observação das realidades locais, ou ligadas a tradições politicas, culturais ou intelectuais mais amplas, inscritas na historia das regiões implicadas. Assim, a evolução das decisões políticas, das linhas jurídicas ou as mudanças significativas da população presidiaria podem servir de indicação para apreciar as dinâmicas profundas numa sociedade. A população carcerária (ladrões, traficantes de droga, assassinos, receptadores, mas também opositores políticos, líderes sindicais, ativistas indígenas as vezes qualificados como “terroristas”, etc.), mostra, de um certo modo, quais são os elementos incômodos da sociedade, para a sociedade como para os principais grupos no poder. Quando se estuda esses assuntos, o papel das mídias costuma ser interessante a explorar. A questão da criminalidade alimenta a argumentação politica e serve de argumento de autoridade no espaço midiático. Qual é o papel das mídias nas percepções sociais da insegurança? Como as mídias são empregadas pelos governos e como se criam sentimentos de segurança e de insegurança ? Com qual objetivos? No seu Numero 9, RITA pretende explorar as noções de segurança e de insegurança num sentido largo, através de estatísticas ilustrativas de tendências macrossociais, ou mediante a analise de discursos vindos da sociedade civil, a partir de pesquisas empíricas e teóricas, trabalhando com suportes literários, jornalísticos, ou examinando o conteúdo das politicas judiciarias ou presidiarias americanas. Os eixos de trabalho históricos, etnográficos, políticos, sociológicos ou urbanísticos, entre outros, serão os bem vindos. De que modo esses fenômenos são peças-chave para a compreensão das realidades sociais, politicas e econômicas passadas ou presentes dos países americanos ? Temas Livres Relembramos que RITA recebe artigos fora da temática em três rubricas: Olhares, Notas de pesquisas e Resumos de dissertações e / ou de tese . As notas de pesquisa são artigos que divulgam uma pesquisa em andamento ou terminada, da qual o assunto não corresponde necessariamente às temáticas desse numero. Elas devem ter uma problemática, apresentar um protocolo de pesquisa e ter a forma de uma reflexão científica (cf. “Como apresentar um artigo”). Diferentemente, Regards é uma rubrica onde a expressão e a forma são mais livres : relatos de experiências, jornalísticos, literários... Receberemos suas propostas de contribuição (uma pagina) até o dia 10 de setembro ao endereço [email protected] . Os autores escolhidos serão informados dia 20 de setembro e deverão fornecer os seus artigos para o dia 15 de novembro 2015. O Comitê de leitura avaliará em seguida os textos, que poderão ser recusados ou aceitos, com ou sem modificações. O numero 9 será publicado na primavera de 2016. As propostas devem ser escritas em uma pagina Word. Os autores apresentarão nelas a problemática dos seus artigos, a metodologia e os argumentos da sua análise. Os autores adicionarão cinco a seis palavras chave e uma curta bibliografia (menos para a seção Regard) que pode ser enviada num documento anexo. Enfim, os autores indicarão claramente os nomes, afiliação, estatuto e a rubrica escolhida para o artigo. Relembramos que os artigos devem ser inéditos e não ser submetidos simultaneamente em outras revistas