Luiz Felipe Brandini Ribeiro ([email protected])
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Luiz Felipe Brandini Ribeiro ([email protected])
Elaboração do mapa de tensões atuais através da análise morfotectônica (análise de nascentes) Luiz Felipe Brandini Ribeiro ([email protected]) IGCEIUNESP Introdução juntas, interações de juntas e diáclases), podemos então definir o campo de tensões neotectônico. Scheidegger (1979) propôs uma idéia que explicasse a evolução da paisagem. Esta foi denominada de princípio do Antagonismo, onde "a evolução das paisagens resultam do efeito de duas forças que agem simultaneamente; o processo endogênico e o processo exogênico". De acordo com esta concepção, as feições causadas pela ação das forças endogênicas e exogênicas são estatisticamente diferentes: as endogênicas são sistemáticas, enquanto as exogênicas são randômicas. As nascentes são controladas pela estrutura quando possuem boçorocas orientadas (Faccincani, 1995), concavidades (hollows) profundas com estreitamento da parte inferior, em geral soerguidas da nascente à foz, vales profundos orientados Scheidegger (1998), deslizamentos orientados (Ai & Miao, 1987; Hantke & Scheidegger, 1998), entre outros. Mais tarde, Scheidegger & Ai (1986) propuseram outro princípio geomorfológico que completa o anterior denominado de princípio do "précondicionamento tectônico" (Tectonic predesign), que diz: "várias feições da paisagem, durante a sua gênese, são condicionadas e as vezes apenas précontroladas por processos tectônicos (estruturais)". Erosão e outros processos exogênicos atuam em concordância com o campo de tensões vigente. A orientação das feições erosionais se alinham com as direções preferenciais do tensor de compressão máxima horizontal (tensão cisalhante) 0"1 (hor.) ou o SHMAX do campo de tensões neotectônico (estatisticamente). Estes princípios foram utilizados posteriormente por vários autores (Scheidegger, 1987; Ai & Miao, lJ8-7-;--sêheidegger, 1998; Hantke & Scheidegger," 1999) e modificados por outros (Christofolleti & Oka Piori, 1980). As nascentes são apenas pré-condicionadas pela estrutura quando possuem: concavidades abertas com presença de escorregamento do tipo slump, apresentando vales abertos e espaçados, e a orientação dos vales é apenas estatisticamente orientada (Kohlbeck & Scheidegger, 1977). Esta metodologia foi realizada em cartas topográficas 1:250.000, onde foram delimitados as .direções de rios de primeira ordem na classificação de Strabler (1957) (direções de nascentes). Para cada rio foi medida sua orientação em relação ao norte geográfico. Cada nascente foi classificado de acordo com sua orientação e controle em : a) Nascentes simples: obedecem zonas de falhas ou vales dissecados por antigas zonas de cisalhamento. Estes são rios bem alongados (com extensão de mais de 3 km) e sua bacia é classificada como Paralela (Figura 2). Estudando as fraturas e falhas, Irwin (1957), Pollard & Aydin (1988) e, mais recentemente, Nobrega (1991) e Hancock (1994), entre outros, definiram que o processo de fraturamento se dá pela combinação de três modos de fraturamento rúptil, um modo de extensão e dois de cisalhamento (Figura 1). Em vista disto Bergerat et al. (1992) propuseram uma metodologia de análise de tensões através de fraturas e juntas e que a maioria destas obedecem a um regime decisalhamento puro. b) Nascentes conjugadas: obedecem apenas ao campo de tensões presentes na rocha e sua bacia é dendrítica a subdendritica (Figura 2). As nascentes simples estão contoladas por falhas direcionais, portanto o tensor de maior compressão está entre 30 - 45° do canal principal. Nascentes conjugadas são aquelas unidas pela foz, obedecendo a um sistema coaxial, portanto o tensor de máxima compressão está no ângulo agudo entre os dois rios. Na análise dos rios simples, foram medidos apenas a sua orientação, pois são controlados por fraturas do modo I (descontinuidades de partição), sendo portanto de regime coaxial niptil, Princípio teórico do método Partindo do pressuposto de que os rios de primeira ordem estão condicionados pelo campo de tensões neotectônico e em parte controlados pelo sistema de fraturamento existente nas rochas (falhas, perpendiculares a 343 0"3 (tensor de máxima extensão) e drenagem, permitindo deduzir áreas de falhas e diferenças litológicas. Os dados são então sobrepostos acima do mapa geológico e a paleotensão obtida através de dados de falhas e juntas. contendo os eixos (JI(tensor de máxima compressão) e (J2(tensor intermediário). Em algumas áreas, geralmente acima de grandes zonas de cisalhamento (possivelmente reativadas), as nascentes pareciam estar controladas pelo modo de fraturamento do tipo rr. (cisalhante) ou por deformação não coaxial rúptil, formando padrões de cisalhamento de Riedel. Estas normalmente ocorrem acima de falhas transcorrentes visíveis (onde foi possível coletar dados de paleotensão). Nestas, o tensor de máxima compressão (JI faz um ângulo de 45° da direção preferencial do rio. Resultados Em cartas 1:50.000, os resultados foram mais conclusivos, como na folha Caconde, onde eles indicaram que o tensor de máxima compressão predominante para a região é NW e NS, sendo que nas zonas de falha (sinistrais) verificadas predomina o tensor NE. Nas cartas de lales e Fernandopólis, ambas dentro da Bacia do Paraná os resultados indicaram que o crI predominante para a região é EW e subordinadamente NW, o que coincide com a tectônica deformadora da Bacia Bauru e a direção da neotectônica, respectivamente. Nas cartas 1:250.000, os resultados foram bastante complexos, sendo que próximo à Serra da Mantiqueira predominam compressões NW e NE e em áreas próximas à Bacia do Paraná, na região de ltu e em Rio Claro (Depressão Periférica) predominam direções EW, NW e NS, respectivamente. Na região de Jundiaí (Planalto Atlântico) predominam direções NEeEW. Os resultados até aqui obtidos indicam uma boa aceitação da metodologia, sendo muito útil em estudos regionais. No caso dos rios complexos, ou seja aqueles conjugados, obedecendo o modo de fraturamento do tipo II (fraturas conjugadas), sua análise cinemática é parecida com o modelo de cisalhamento coaxial, que aparecem em pares conjugados simétricos. Estes pares contêm (J2 e formam ângulo em geral agudo com dI (em torno de 30°) e obtuso com cr3(Figura 2). o tensor de máxima compressão crI está presente no ângulo agudo das direções dos rios e o tensor médio cr2está presente no ângulo obtuso das direções dos rios (Figura - 2). Os dados coletados foram tratados no programa STEREONET, na forma de rosetas, sendo que a, distribuição da direção estatisticamente preferencial é a que foi considerada. Os dados foram coletados obedecendo a definição de domínios morfoestruturais. Estes dados são comparados com a análise Morfométrica da rede de drenagem, proposta por Christofolleti & Oka Fiori (1980). A densidade de rios (Dr), que consisje.-rra razão do numero de nascentes por uma-aie'a amostral, permite quantificar o grau de percolação e infiltração da rede de I A comparação dos resultados com o World Stress Map (Zoback, et al., 1992) e outras bibliografias de análise de tensão mostrou boa correlação. 344 '. t f Figura - 1: Tipos de Fraturamentos (Nóbrega, Irwin, 1957) Angelier ~I ~ \jt f} --------- $1 I~ ," Nascente Conjugado Nascente Simples Figura - 2: Forma de Interpretação das direções de nascentes conjugadas e simples dos rios (coaxial), ligados pela foz, 0'[= ângulo agudo C = estereograma da interpretação das tensões. de primeira ordem - A = Rios simples - linear, 0'[=45° do plano principal. - B Rios conjugados = 345