AIR RAGE - Login - Gerenciamento SSV
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AIR RAGE: Uma Ameaça da Era Moderna À Segurança Aérea MSc. Ana Maria Vieira Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) Palavras Chave: Air Rage, Companhias Aéreas, Habilidades de Comunicação, Segurança Aérea. BIOGRAFIA Profª. Ana Maria Vieira: Mestre em Segurança de Aviação e Aeronavegabilidade continuada do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA, 2011). Pós-graduada em Comunicação (Universidade Cásper Líbero, 2002), com especialização em Comunicação Audiovisual (CINEUSP, 2003). Atuou como Capacitadora no projeto de Educomunicação do Núcleo de Educação e Comunicação (ECA/USP, 2003). Sua área de concentração é Gestão de Habilidades de Comunicação para a Segurança da Aviação. Atua como pesquisadora, consultora e instrutora de Segurança de Aviação. Vinte e cinco (25) anos do voo como tripulante internacional. Membro do Air Transport Research Society e World Conference on Transport Research. RESUMO A Air Rage constitui hoje uma das mais graves ameaças à segurança de 1,5 bilhões de passageiros que viajam por ar anualmente. Isto porque qualquer incidente que desativa os sistemas de segurança aérea, por menor que seja, pode distrair o piloto em um momento crucial e vir a derrubar um avião inteiro. Segundo o chefe de segurança da British Airways, o Air Rage tornou-se a ameaça diária mais significativa para as empresas aéreas, ultrapassando as suspeitas de bomba e os ataques terroristas. Estima-se ter havido um aumento de 400% nos casos de Air Rage, internacionalmente. A Air Rage pode ter origem nos vários problemas logísticos, que acompanham frequentemente as viagens aéreas, e na falta de habilidades, por parte das empresas aéreas, funcionários e passageiros , para lidar com situações “gatilhos”, tais como estresse, frustração, pressão, falta de espaço e conforto. Em consequência do escopo e da magnitude do problema, as companhias aéreas têm sido levadas a enfrentar a Air Rage. Um dos resultados da pesquisa em questão evidencia que um método proativo relacionado à prevenção da Air Rage é a comunicação eficaz, a qual atuaria como uma ponte construída entre o conteúdo e o impacto emocional, conectando os dois componentes e garantindo que ambos sejam objetos de igual consideração. Qualquer comunicação unidimensional, com foco em apenas um componente, é incompleta e ineficaz, sendo normalmente rejeitada, uma vez que estimula o aumento das emoções negativas. Neste contexto, os efeitos da escassez de habilidades de comunicação contribuem para a criação dos “gatilhos” que levam à Air Rage. A conclusão aponta para a urgência de se promover um melhor treinamento das habilidades de comunicação, o que contribuiria efetivamente para desenvolver sistemas e implantar uma gestão de risco para a redução da Air Rage. Os objetivos do presente artigo são: 1) descrever os principais fatores contribuintes para a ocorrência da Air Rage; 2) analisar relatos de casos de raiva no ambiente aéreo; e 3) oferecer diretrizes proativas para ajudar a prevenir a Air Rage. Quanto aos procedimentos metodológicos utilizados neste artigo, foram adotados os seguintes parâmetros: método indutivo com abordagem qualitativa; técnicas de pesquisa bibliográfica e documental; entrevistas com pessoas que tiveram experiências associadas ao problema pesquisado; análise de exemplos que reforçam a compreensão do objeto estudado; padrões e experiências dos profissionais de Aviação relacionados com o tema. INTRODUÇÃO - - - - - - - - - - Anais do 5º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2012) – Direitos Reservados - Página 1013 de 1112 - - - - - - - - - - Air Rage, Sky Rage ou, na tradução literal, “raiva do ar”, são termos utilizados para designar comportamentos violentos perpetrados por passageiros ou tripulação, que ameaçam a segurança de um cliente ou a tripulação durante o voo. Embora o crescimento da população e os avanços tecnológicos venham impulsionando o crescimento das viagens aéreas, a ameaça do Air Rage surge paralelamente como uma fonte de preocupação. De acordo com a British Airline Pilots Association (BALPA) 3485 ocorrências de Air Rage foram registradas entre março de 2008 e abril 2009. Nestas ocorrências incluem-se 29 casos onde os passageiros foram imobilizados, 13 casos onde os voos foram desviados e 44 incidentes registrados como "graves"(PAM, 2009) Existem varias definições para a Air Rage, mas os pesquisadores concordam que a “raiva do ar” inclui qualquer comportamento que ameaça a segurança de um cliente ou membros da tripulação. O termo abrange atitudes como as de passageiro que se recusa a desligar seu telefone celular, agressão a membros da tripulação, tentativa de invasão da cabine de pilotos, de abrir a porta de saída, ou surtos psicóticos (DAHLBERG, 2001). A International Civil Aviation Organization (ICAO) define Air Rage como: todo ato verbal ou ameaça de ação cometida por qualquer pessoa a bordo de uma aeronave, seja na terra ou no ar, que possa prejudicar a tripulação, passageiros, pessoal de terra, ou capaz de desviar o tripulante de suas funções, comprometer a segurança do voo e causar incômodo para os demais passageiros aéreos, incluindo delitos cometidos sob a ordem de navegação aérea. A Air Rage é definida como um comportamento perturbador ou indisciplinado exibido por passageiros ou mesmo tripulantes de uma aeronave durante um voo. A “raiva do ar” pode criar um ambiente de tensão aérea e colocar membros da tripulação e passageiros em risco (PAM, 2009). A International Air Transport Association (IATA) relatou que a Air Rage tem sido um problema crescente em todo o mundo, representando uma ameaça potencial à segurança dos transportes aéreos e à segurança de quase 2,5 bilhões de passageiros anualmente. Relatos de casos de passageiros desordeiros, a nível internacional, aumentaram cerca de 30 vezes mais entre 2009 e 2010, segundo a IATA, que representa 240 companhias aéreas em todo o mundo. De acordo com estatísticas da IATA, houve um aumento 6 vezes maior em casos de Air Rage no ano de 2009, quando comparado a 2007, incluindo-se aí os dados de 102 airlines (THE DAILY BEAST, 2010). Nos Estados Unidos, entre 1995 e 2010, foram constatados 3.262 casos de passageiros insubordinados, com média de 204 por ano (FAA ,2011). No Reino Unido, foi relatado à autoridade de Aviação Civil (CAA UK) um total de 3.529 incidentes significativos durante o exercício encerrado em 31 de março de 2009 (YOUNG, 2010). Na Austrália, a frequência dos comportamentos agressivos por passageiros do transporte aéreo aumentou de 64, em 2007, para 461, em 2009 (CREEDY, 2010). Em 2004, foram relatados 330 incidentes, média de quase um por dia, e, até outubro de 2011, as companhias aéreas registraram 127 incidentes, sendo 149 em 2010 e 176 em 2009 ( FAA, 2011). Os números são uma pequena parte do quadro, uma vez que só abrangem os casos relatados. Não são computadas todas as vezes que um membro da tripulação de voo precisa gerenciar brigas por espaço no bagageiro (bin), disputas de assentos, escândalos causados por passageiros que partem para a agressão física quando aquele que está sentado à sua frente reclina a poltrona (um dos maiores casos de brigas no avião). O voo UA-990 da United Airlines foi obrigado, certa vez, a fazer um pouso de emergência por causa de uma briga entre dois passageiros, devida a um assento reclinado. Por conta deste incidente, Boeing 767-322/ER, no caso, que fazia o trajeto entre Washington (EUA) e Acra, em Gana, ainda precisou ser escoltado por dois caças F-16. Segundo o jornal The Washington Post, o incidente começou logo no início do voo, que partiu às 22h44min (horário local) do aeroporto Dulles, em Washington. Um passageiro reclinou seu assento e o outro, que estava atrás, reclamou que o passageiro da frente teria "reclinado demais" o seu assento. Como a viagem deveria durar cerca de 11 horas, o sujeito sentado no banco de trás, sentindo-se incomodado pela possibilidade de ter a cabeça do passageiro reclinada praticamente em seu colo durante toda a viagem, ter-lhe-ia desferido um soco, - - - - - - - - - - Anais do 5º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2012) – Direitos Reservados - Página 1014 de 1112 - - - - - - - - - - após a discussão. E deu-se início a uma troca de agressões físicas entre ambos. O avião transportava 114 pessoas. Um comissário de bordo e um outro passageiro tentaram conter a briga. Não obtendo êxito, o piloto do avião decidiu retornar ao aeroporto. Comunicada da decisão do retorno da aeronave, a torre de comando ordenou ao piloto que sobrevoasse por 25 minutos, escoltado por dois caças F-16, para queimar combustível. Isto porque, desde os atentados de 11 de setembro de 2001, caças das Forças Aéreas dos EUA ficam de prontidão para escoltar aviões de passageiros em casos de potenciais ameaças terroristas (ROGERS, 2011). A Air Rage pode resultar em violentos protestos verbais sobre a companhia aérea ou mesmo violência física ou verbal dirigida aos despachantes de voo (Dov’s), agentes de segurança, tripulantes e outros passageiros. A “raiva do ar” pode ser comparada à raiva da estrada, onde qualquer um pode tornar-se irritado e estressado quando o tráfego é lento e a pessoa sente sono, fome ou cansaço. Até recentemente, a ênfase foi colocada em ações reativas para conter o comportamento inquietante dos passageiros. Estas medidas abrangem, por exemplo: ações jurídicas, multas, dispositivos de retenção do passageiro e esforços para proteger o cockpit. Claramente, o foco está no ar. Precisamos pensar em ações proativas, efetuadas no solo, antes do embarque do passageiro, impedindo que ele se torne um agressor. Evitar a Air Rage é um grande passo para tornar o voo seguro O Brasil não possui qualquer legislação ou regulamentação específica para lidar com a Air Rage, e, por esta razão, não há dados oficiais sobre a quantidade de episódios em aeronaves brasileiras. Entretanto, a FNAA (Federação Nacional de Aeronautas e Aeroviários) informa que as aeronaves do país acusam centenas de ocorrências de "Air Rage" por mês. O dia 6 de julho foi escolhido como o Dia Internacional Contra o Air rage, uma campanha mundial criada para chamar a atenção sobre este tipo de comportamento e seu potencial perigo para a segurança aérea. No Brasil a Federação Nacional de Aeronautas e Aeroviários (FNAA) e o Sindicato Nacional dos Aeronautas, coordenam a campanha "Zero Air Rage" no Brasil, que promoveram brasileiros. manifestações em aeroportos Segundo Thomasesson (2011) o Air Rage é o resultado direto da má qualidade dos serviços e do aumento dos preços em uma indústria que prefere culpar passageiros inconvenientes e defender a repressão, em vez de enfrentar seriamente o problema. FORMAS DE AIR RAGE A Air Rage frequentemente resulta em trocas desagradáveis de abusos verbais entre passageiros e o pessoal da companhia aérea. Mesmo quando as manifestações de Air Rage são meramente verbais, esses passageiros criam problemas para os funcionários da companhia aérea, perturbando o ambiente de trabalho, deixando-os nervosos e comprometendo o tempo de atendimento aos demais. Intercâmbios verbais ocasionalmente podem transformar-se em agressões físicas. Mas, quando a Air Rage ocorre no espaço restrito de uma aeronave em voo, pode representar um potencial de perigo. A Air Rage é, geralmente, mais verbal do que física. Este tipo de raiva pode atrair uma atenção considerável por envolver frequentemente vozes elevadas e linguagem vulgar. Funcionários de check in, agentes de segurança do aeroporto e tripulações de voo precisam reconhecer rapidamente quando um comportamento é simplesmente fruto de simples irritação ou se é uma reação prestes a se transformar em ameaças e agressões físicas. Para ajudá-los, a Federal Aviation Administration (FAA) estabeleceu níveis de ameaça para cada um desses comportamentos. Desta forma, os funcionários podem melhor decidir como deverá agir. Esses comportamentos perturbadores também incluem avanços sexuais, abuso verbal, ameaças e violências. Os 3 níveis de Air Rage definidos pela FAA: Nível 1: possível de ser controlado. Os tripulantes utilizam solicitações para acalmar o passageiro e este age em conformidade com o pedido. Nenhuma ação adicional é necessária e o incidente não justifica a geração de um relatório. Nível 2: impossível de ser controlado verbalmente. O comportamento do passageiro interfere na segurança da cabine. Ele ignora a solicitação do - - - - - - - - - - Anais do 5º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2012) – Direitos Reservados - Página 1015 de 1112 - - - - - - - - - - tripulante para que aja em conformidade com as leis federais (sentar-se durante o taxi da aeronave, atar o cinto de segurança, desligar equipamentos eletrônicos, etc.) e apela para o abuso verbal ou outro comportamento perturbador que interfira na segurança da cabine, recusando-se a cumprir os regulamentos. Neste caso, atendente de voo tem de adotar novas ações, como avisar ao passageiro que ele responderá legalmente por suas ações. O passageiro demora um pouco a ceder, mas geralmente o faz. O tripulante deverá notificar o caso por escrito. Nível 3: ato criminal. É o que a FAA refere como “fúria de ar”. A categoria 3 é aquela que coloca em perigo alguém no avião. Um evento de categoria 3 pressupõe a ocorrência de um ou mais dos seguintes problemas: (a) um passageiro interrompe o trabalho da tripulação; (b) o comportamento do passageiro fere ou corre o risco de ferir algum passageiro ou um membro da tripulação; (c) o piloto considera necessário fazer uma aterragem não prevista; (d) o passageiro teve que ser contido com as algemas de plástico (este evento deve ser reportado). (FAA, 1996) O objetivo da FAA na criação dessas categorias é minimizar a possibilidade de o comportamento dos passageiros atingir a categoria 3, que é considerada zona de perigo, e trazer algum tipo de parâmetro para os tripulantes. AIR RAGE: FATORES CONTRIBUINTES Steve Lott, chefe de comunicação Air Transport Association na América do Norte declarou em entrevita para Orient Aviation magazine, em 2010, que solicitou a International Civil Aviation Organization (ICAO) órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU) uma reunião com Estados Contratantes com a finalidade de fazê-los reconhecer que o Air Rage é um problema sério e está em ascensão. Fazia-se, assim, necessário um melhor gerenciamento da situação, onde os países membros adotassem medidas eficazes para lidar com tal panorama (GRINBERG, 2012). Na década passada, a formação da tripulação centrou-se no serviço de bordo e na excelência do atendimento. A cultura da indústria aeronáutica foi fundamentada na polidez e no atendimento impecável. Os viajantes escolhiam suas transportadoras aéreas em função do nível de serviço oferecido por elas. A segurança e o serviço foi o objetivo maior das empresas aéreas; em contrapartida, esperava-se que o passageiro se comportasse adequadamente. Discutir com os clientes era inconcebível, o civismo estava na ordem do dia. Além disso, havia mais espaço nos aviões e nos aeroportos. A cultura das companhias aéreas foi construída com base na crença de um tratamento de respeito, solidariedade, dignidade humana e compreensão. Voar era glamouroso e as filas de embarque e desembarque não se estendiam por quilômetros. Ninguém tinha de se submeter a uma inspeção invasiva. Naquela época, as maiores preocupações dos passageiros eram chegar a tempo no aeroporto, reivindicar os lugares reservados, selecionar as refeições favoritas e, na chegada ao destino, recolher a bagagem. As ocorrências de Air Rage eram geralmente causadas por excesso de bebidas alcoólicas, medo de voar e desentendimentos entre fumantes e não fumantes (ROLFE, 2000). Atualmente, esses fatores continuam apontados como contribuintes, porém, os tempos modernos deram origem a outros fatores, que aumentaram as ocorrências de Air Rage. Poole (2012) autor do livro Cruising Attitude: Tales of Crashpads, Crew Drama, and Crazy Passengers at 35,000 Fee, afirma a insistência em não deligar os dispositivos eletrônicos foram apontados como segunda mais provável causa de Air Rage, superada apenas pelo uso de bebidas alcoólicas, mas se colocando à frente da insistência dos passageiros em fumarem escondidos nos lavabos. Algumas companhias aéreas passaram a permitir o uso de celular durante quase todo o voo, esta notícia empolga alguns e irrita outros, que se preocupam com a tranquilidade. Sem dúvida, é mais uma concessão que pode ser bastante útil. Entretanto, como tudo o que envolve tecnologia, é preciso estabelecer limites. Imaginemos, por exemplo, um passageiro que tenta dormir ou descansar no avião, seja antes de uma reunião ou após um dia estressante, ter de aturar, ao seu lado, uma pessoa que não para de falar em seu celular ou vários passageiros falando alto e discutindo ao aparelho. Isto poderá se configurar em mais um gatilho para o Air Rage. Hoje, viajantes do mundo inteiro costumam, muitas vezes, enfrentar um tráfego lento e penoso, durante o seu trajeto até o aeroporto, além de passarem por humilhantes verificações de segurança antes de embarcarem no avião. Não é de se admirar que a - - - - - - - - - - Anais do 5º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2012) – Direitos Reservados - Página 1016 de 1112 - - - - - - - - - - raiva tenha crescido entre os passageiros modernos. Longas filas de espera, voos cancelados, menos espaço para as pernas entre as poltronas. Estes são apenas alguns fatores que podem levar a incidentes de Air Rage. Tais acontecimentos podem gerar apenas passageiros com um comportamento desagradável, ou, resultar em passageiros que praticam atividades perigosas, (HUNTER, 2009) Hoje os passageiros são muito menos pacientes. Isso os torna mais propensos a ataques de raiva. Antes do 11 de setembro, se pedíssemos aos passageiros para permanecerem sentados e deixarem os menores desacompanhados ou os passageiros com maiores necessidades desembarcar primeiro, eles atendiam ao nosso pedido. Agora ninguém se importa. As pessoas praticamente empurram-se umas às outras. É triste de ver. (POOLE, 2012) Qualquer pessoa pode sofrer um Air Rage, até mesmo os tripulantes. E, segundo Hunter (2009), os gatilhos deste quadro podem ser: • Necessidade de extravasar e superar a sensação de ser desrespeitado pelas companhias aéreas. • Tendência inata à agressão, por parte de algumas pessoas. • A necessidade humana primordial de "espaço", o que faz com que alguns passageiros protejam seu território e lutem contra a violação do seu espaço por outro passageiro. • Ignorância das regras estabelecidas na indústria aeronáutica. • Propensão cultural a ser competitivo, tenaz e agressivo. • Tentativa de demonstrar poder. • Necessidade de manter o controle da situação, onde se teme perdê-lo. • Foco primordial no individualismo, que produz a mentalidade do "eu primeiro". • Opressão social e condições que produzem sentimentos de alienação nos indivíduos David Fuscus, vice-presidente de Comunicações do Air Transport Association, uma organização comercial que representa as companhias aéreas norte-americanas, acredita que há pelo menos 5.000 casos de má conduta de passageiros por ano. As razões, afirma ele, podem estar enraizadas no ambiente estressante das viagens aéreas (HESTER, 2000). Poucos discordam que a experiência de voar atualmente, muitas vezes, desagradável. Os passageiros sofrem uma sucessão de dificuldades: estacionamento inadequado; procedimentos de check-in confusos; longas filas no balcão de checkin e nos pontos de verificação de segurança; assentos de avião pequenos; espaço insuficiente nos portabagagens; pequena ou nenhuma refeição durante a viagem; atrasos e cancelamentos de voos; informações incorretas ou falsas; extravio de bagagens; mudanças de última hora; mau comportamento do pessoal em terra, etc. Escassez de tempo, problemas com instalações no aeroporto, falta de orientação, atrasos e desconhecimento do aeroporto e dos procedimentos de embarque e desembarque são situações que podem ser contabilizadas como deflagradoras de Air Rage. “Acredito que grande parte disso se deve ao fato de que as companhias aéreas não atendem às expectativas das pessoas”, diz Patricia Friend, presidente da Associação Internacional de Comissários de Bordo. "As peças de publicidade das companhias levam as pessoas a acreditar que terão uma experiência luxuosa. E essa não é a realidade das viagens aéreas hoje". “Você é especial para nós”, “Prazer em servir” ou "Você vai adorar nossa maneira de voar” - slogans como estes, há muitos anos, representaram a cultura e o espírito das companhias aéreas. Porém, nos dias atuais, as companhias aéreas efetivamente não entregam os serviços que prometem aos clientes, causando-lhes raiva e frustração. Hoje, viajar de avião não é como antes. Os slogans de uma companhia aérea não significam nada e tais promessas perdem a magia quando contrastada com a realidade (HUNTER, 2012). No dia 15 de janeiro de 2012, o comandante de um voo da Delta Air Lines, que ia dos EUA à Costa Rica, teve de fazer um pouso forçado em Tampa (EUA). A culpa, segundo o porta-voz da companhia, - - - - - - - - - - Anais do 5º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2012) – Direitos Reservados - Página 1017 de 1112 - - - - - - - - - - foi do casal alemão Peter e Gabriele Strohmaier. Segundo o representante da empresa, a dupla armou um escândalo logo após a decolagem do voo Atlanta (Geórgia). Os dois exigiam comida e champanhe na primeira classe, e se recusaram a permanecer sentados. A Delta não deu queixa à polícia, mas o FBI e a Transportation Security Administration ficaram de averiguar o caso (CALADO, 2012) A maioria das companhias aéreas hoje não serve nem água, quando muito, entrega apenas um saquinho de amendoim. A retirada do serviço de bordo colaborou com o aumento das reclamações e irritações do passageiro. O serviço de bordo ajuda a acalmar aqueles que têm medo de voar, diminuindo-lhes a ansiedade, na medida em que desvia sua atenção do fato de estarem dentro de um tubo pressurizado. A comida sempre teve o dom de agregar e de gerar conforto para as pessoas. O serviço de bordo permite a interação entre comissários e os passageiros, provocando bom efeito psicológico ao mostrar que ali dentro existem pessoas que se preocupam com o bemestar do viajante. Além disso, a fome e o cansaço colaboram para a irritação dos passageiros. A Associated Press (2011) divulgou a notícia de que o passageiro Paul Sefilian foi acusado de atirar amendoim e pretzels na tripulação durante um voo e agora está proibido de voar nas companhias aéreas comerciais, segundo os relatórios do Connect2Utah. Ele foi preso, teve sua carteira de motorista e passaporte apreendidos e será obrigado a usar um dispositivo de rastreamento GPS. De acordo com a defesa de Sefilian, a culpa é das companhias aéreas, que estão “com defeito”. Afinal, há anos assistentes de voo atiram amendoins e pretzels nos passageiros, insistindo em chamar a isto de “comida de avião”, e não querem que eles fiquem irritados. Em reportagem escrita por Galvão (2009) os passageiros do voo 1667, com trajeto Recife-São Paulo, se revoltaram com a cobrança por lanches e decidiram coletar assinaturas contra a medida adotada pela companhia. De acordo com o texto, durante o protesto, o comandante mandou avisar, por meio de uma comissária, que pousaria o avião no primeiro aeroporto para expulsar a médica ginecologista Renê Patriota, que liderava o protesto. Posteriormente, a tripulação informou que a Polícia Federal a esperava em Cumbica. O representante da Air Line Pilots Association (ALPA) afirma que estatísticas oficiais nem sempre contam a história toda. Na verdade, os tripulantes são muitas vezes orientados, pelas companhias de aviação, a não registrarem os casos de Air Rage. Em artigo publicado em agosto de 2007, o Dr. Andrew Thomas, fundador e editor-chefe do Jornal de Segurança do Transporte (JOTS), sugere que o mecanismo de relatório é deploravelmente inadequado para o problema. Ninguém sabe ao certo as estatísticas de ocorrências de Air Rage. As companhias aéreas não incentivam este tipo de relato, pois acreditam que, agindo desta maneira, evitam a má publicidade. Afinal, incidentes violentos ocorridos em suas aeronaves podem passar ao público uma imagem negativa da empresa (HUNTER, 2009).. Incidentes de Air Rage resultam em: • • • • Pousos de emergência Danos físicos aos passageiros e tripulação Trauma emocional para todos os envolvidos Gastos para a companhia aérea (alijar combustível, atrasos de voo) O problema com passageiros desordeiros assume hoje tal magnitude que as seguradoras de companhias aéreas estão oferecendo seguros para cobrir custos de desembarques, de voo interrompido e de pousos não programados, causados por incidentes de Air Rage. O desvio de um voo pode custar em média $ 90.000. De acordo com especialistas em aviação, há muitos relatos de Air Rage que resultaram em desembarques não programados, pena de prisão ou sanções para os passageiros, e até mesmo na morte de um deles, como foi o caso de Jonathan Burton, de 19 anos. O rapaz, ao tentar fazer uma reclamação ao piloto, foi brutalmente contido por um grupo de passageiros. A autópsia revelou que Burton foi espancado e asfixiado até a morte. Os passageiros do voo da Southwest Airlines, com percurso de Las Vegas a Salt Lake City, disseram que agiram para evitar um acidente aéreo (ROCHE, 200). Na realidade este voo pode ser classificado como um caso de Air Rage coletivo. Multas crescentes e uma infinidade de passageiros recusados ou forçados a se retirar da aeronave, após discutir com os membros da tripulação ou com outros passageiros, têm sido as estratégias que as empresas aéreas mais utilizam para aplacar o Air - - - - - - - - - - Anais do 5º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2012) – Direitos Reservados - Página 1018 de 1112 - - - - - - - - - - Rage. A JetBlue, por exemplo, informou que, em 2011, 594 de seus clientes tiveram seu embarque negado ou foram removidos da aeronave. Além disso, houve 14 incidentes de aviões que voltaram para o portão. CASOS DE AIR RAGE Homem sofre ataque de pânico e tenta entrar à força na cabine de um avião da Thomson Airways, voo BY-6102, de Cardiff, País de Gales, para as Ilhas Canárias. Um cidadão espanhol levantou-se de seu assento e, ignorando as ordens dos tripulantes para sentar-se novamente, tornou-se agressivo com a tripulação e com os passageiros. O homem foi contido e dominado pelos passageiros e comissários de voo do Boeing 737-800 (8K5), prefixo G-FDZB, que levava a bordo 186 passageiros e sete tripulantes. A Thomson Airways informou que o sujeito havia "demonstrado comportamento agressivo". Um porta-voz da Guarda Civil espanhola, em Madrid, disse que o caso não estava sendo tratado como um incidente terrorista. O representante da empresa relatou: "O passageiro tentou, sem êxito, ter acesso à cabine do piloto e demonstrou comportamento agressivo para com os clientes e tripulantes. O passageiro foi contido durante o voo e, de acordo com nossos procedimentos, foi entregue à polícia local após a chegada em Gran Canaria” (AIR RAGE NEWS, 2010). Homem agride tripulação e obriga avião a pousar no Rio Grande do Sul. Um homem, portando um crachá da própria empresa aérea, agrediu tripulantes e passageiros durante um voo na tarde deste sábado (11/02/2012). O voo 8047 partiu de Montevidéu, no Uruguai, com destino ao aeroporto internacional de Guarulhos (Grande SP), e teve de fazer um pouso emergencial em Porto Alegre (RS) para a retirada do agressor. A Folha de São Paulo conversou com um dos passageiros que ajudou a conter o agressor. Segundo o relato, o agressor estava com um crachá da empresa aérea, com foto, no qual era identificado como Araújo e como operário de bagagens em Ribeirão Preto. O agressor estava na cabine de comando da aeronave quando o comandante chamou as comissárias pelo sistema interno de comunicação pedindo que elas o tirassem de lá. Momentos antes, o avião, que estava em voo de cruzeiro havia cerca de 50 minutos, havia dado uma guinada repentina para a direita. Ao retirarem o agressor da cabine, as comissárias também foram agredidas e saíram correndo em direção ao fundo do avião, gritando por socorro. O passageiro alterado foi contido com uma braçadeira plástica, que faz parte do kit de contenção do avião, mas, segundo relatos dos passageiros, houve muito soco, mordidas e puxão de cabelo. Na chegada à Porto Alegre, o agressor conseguiu fugir da polícia, mas em seguida foi capturado. A polícia chegou a contatar a gerente de Araújo [o passageiro] em Ribeirão Preto e a mesma teria dito se tratar de um "funcionário exemplar" (FOLHA DE SÃO PAULO, 2012). Ministério Público denuncia dois brasileiros e três franceses por crime de atentado contra segurança aérea. O Ministério Público Federal (MPF) em Guarulhos (SP) denunciou três franceses e dois brasileiros por crime de atentado contra a segurança aérea. Segundo o MPF, eles teriam causado tumulto e tentado invadir a cabine de comando de um avião da TAM durante o procedimento de decolagem. O voo JJ8096 partia do aeroporto internacional de Cumbica com destino à França. O episódio ocorreu às 2h30min do último dia 7 de dezembro. Um dos franceses também foi denunciado por desacato à autoridade e resistência à prisão, por ter agredido com um soco um dos policiais federais que tentavam retirá-lo do avião. Para o MPF, os acusados expuseram o voo a risco, uma vez que o tumulto ocorreu quando a aeronave estava prestes a decolar. Segundo o Ministério Público, depois de problemas técnicos que atrasaram a decolagem da aeronave, o comandante do voo ofereceu aos passageiros a alternativa de desembarque, mas ninguém aceitou. Conforme a denúncia, após o anúncio do fechamento das portas do avião, o grupo passou a insuflar os demais passageiros, que deixaram seus assentos e tentaram invadir a segunda seção da classe executiva. O comandante, com receio de que a cabine fosse invadida, resolveu, então, abortar a decolagem. A Polícia Federal foi chamada, e os passageiros retornaram a seus lugares. Dois passageiros, com problemas de saúde, foram atendidos. Os comissários identificaram os líderes do tumulto e apontaram os três franceses e os dois brasileiros. Os três franceses denunciados estão obrigados a permanecer no Brasil até o julgamento do caso (AGÊNCIA BRASIL, 2010). - - - - - - - - - - Anais do 5º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2012) – Direitos Reservados - Página 1019 de 1112 - - - - - - - - - - Passageiro da United Airlines tentou ingressar à força na cabine dos pilotos e foi detido pela Força Aérea Argentina quando o avião aterrissou no aeroporto de Ezeiza, Buenos Aires. O comandante Jorge Reta, chefe da assessoria de imprensa da Aeronáutica, afirmou que "houve uma troca de golpes em pleno voo”. O passageiro foi identificado como Pablo Morcira, um bancário uruguaio de 28 anos. Morcira começou a bater na porta da cabine, quando o avião sobrevoava o território brasileiro. Orihuela, a porta-voz do FBI, afirmou que Morcira conseguiu entrar na cabine depois que o capitão abriu a porta, um copiloto, entretanto, bateu na cabeça do passageiro com um pequeno machado. A porta-voz disse que o uruguaio não aparentava estar embriagado ou armado. Ela afirmou não ter conhecimento de ameaça feita por Morcira ou do motivo que o levou a tentar invadir a cabine. Depois de detido, Morcira foi levado a um hospital para tratar do ferimento. Um comissário de bordo ficou levemente ferido ao tentar controlar o passageiro. Morcira será acusado de interferir no trabalho da tripulação e será levado de volta a Miami (AGÊNCIA ESTADO, 2002). TRABALHADORES INFELIZES, PASSAGEIROS NERVOSOS. Se, por um lado, as queixas dos clientes aumentam, por outro, os funcionários das empresas aéreas também sofrem com o estresse. Trabalhar para uma companhia aérea tem perdido seu glamour nos últimos 15 anos. Antes da era da guerra de redução de custos, trabalhar em uma companhia aérea significava brilho e estilo. E hoje? Corey Caldwell, da Associação Nacional De Assistentes de Voo nos Estados Unidos, diz que é "um momento muito problemático" para assistentes de voo. Planos de refeições cortados, atrasos de voo, falta de segurança, cortes de salário em proporções épicas, pouca civilidade nas atitudes dos passageiros e outros fatores causam frustrações, ressentimentos e depressão em muitos funcionários. “Com efeito, estamos agora com uma indústria cheia de funcionários passando pelo transtorno de estresse póstraumático e existe um consenso de que as companhias aéreas não estão fazendo nada para melhorar a situação, muito pelo contrário.” mais horas do que há alguns anos atrás e com menor remuneração. A fadiga, que resulta em estresse e frustração, pode gerar nos trabalhadores uma atitude mais agressiva com os clientes. Em audiência pública o Presidente nacional dos Aeronautas, criticou a autorização dada para utilizar apenas três comissários, no lugar dos quatro habituais. “São necessários quatro comissários para conter um passageiro inconveniente, e agora ficaremos à mercê da sorte, que não haja nenhum passageiro assim, que atrapalhe e ponha em risco a segurança dos vôos”, afirmou Fochesato. A redução do número de comissários de bordo nas aeronaves é uma medida lesiva aos tripulantes e passageiros e que expõe os voos a maiores riscos. (BRANDÃO, 2012) Quando a tripulação perde a calma Há um outro tipo de Air Rage a bordo, não dos passageiros, mas da tripulação, que parece estar perdendo a calma. Estressados, pilotos e assistentes de voo encontram-se em ponto de ebulição. “Muitos de nós estamos com um terrível mau humor antes mesmo de pisar no avião”, diz a aeromoça de uma grande empresa aérea. Os últimos meses trouxeram uma variedade de novas pressões, cortes salariais e reduções do número de tripulantes a bordo. Ao mesmo tempo, a lista de funções e responsabilidades continua crescendo. Apesar de não existir ainda um banco de dados com o número de explosões de raiva no ar causadas por tripulantes, percebe-se um aumento notável destes casos. As próprias companhias aéreas reconhecem que possuem uma força de trabalho fragilizada. “Como seres humanos, possuímos limites para aguentar situações e os trabalhadores de aviação, estão neste limite”, diz um porta-voz da Associação dos Comissários de Bordo. Entre os casos relatados, destaca-se o de um piloto americano, que necessitou fazer uma parada de emergência para desembarcar um comissário alterado, exibindo comportamento agressivo, e o da comissária que, segundo conta o passageiro Josh Holdeman, recusou-se a lhe dar mais um saquinho de pretezels, respondendo que ele já estava gordo o suficiente (BARNES, 2003). Os aeronautas e aeroviários estão trabalhando - - - - - - - - - - Anais do 5º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2012) – Direitos Reservados - Página 1020 de 1112 - - - - - - - - - - “A maioria de nós está trabalhando mais dias, com mais voos e menos descanso, e, algumas vezes, o cansaço nos faz utilizar uma abordagem um pouco mais rude”, disse a Sra. Skyles, Sra. Skyles, coordenadora de segurança da Association of Professional Flight Attendants (MCCARTNEY, 2012). Os pilotos não podem mais sair da cabine e ajudar os comissários desde o fatídico 11 de Setembro. Trata-se de um procedimento necessário para evitar a invasão de terroristas na cabine de comando. Com isso, os comissários ficam sobrecarregados e necessitam gerenciar sozinhos muitas situações de estresse a bordo, o que leva alguns membros da tripulação a sofrerem colapsos nervosos. Em 9 de março de 2012, uma aeromoça de American Airlines provocou pânico na aeronave que se preparava para decolar do aeroporto de Dallas, nos Estados Unidos, ao anunciar, no sistema de comunicação interno, que o avião cairia. Segundo relato dos passageiros, a aeromoça, aparentemente fora de si, teria começado a pedir que o avião, que então taxiava na pista, voltasse ao terminal, alegando que ele estaria com problemas mecânicos. Ao ouvir de outra comissária que a aeronave não tinha qualquer problema, ela teria então tomado o sistema de comunicação e anunciado aos passageiros: "Eu não me responsabilizo pela segurança de ninguém, o avião vai cair". Em pânico, vários passageiros ligaram para a polícia pedindo ajuda. A aeromoça foi contida por passageiros e retirada da aeronave. O incidente provocou um atraso de várias horas no voo da American Airlines para Chicago (BBC BRASIL, 2012). Clayton Osbon, que há 12 anos pilota aeronaves da JetBlue, sofreu uma crise nervosa em pleno voo. Primeiro, tentou mudar comandos que não deveria no painel de controle. Depois, muito agitado, saiu da cabine e começou a andar pelo corredor de modo atabalhoado e a falar rapidamente palavras sem nexo. Por fim, quando retornou à cabine, o copiloto o convenceu a sair. Osbon foi isolado no lado de fora da cabine de comando e começou a esmurrar a porta. Precisou ser contido por passageiros, que chegaram a sentar em cima dele para detê-lo. Segundo relatos, o comandante chegou a gritar ''bomba''. A polícia e o FBI foram convocados para comparecerem ao local e o comandante foi retirado do avião, amarrado em um assento. Segundo os colegas de voo, o surto aconteceu por causa do excesso de trabalho (EXAME, 2012). O que está por trás desses colapsos ? Viajantes, bem como funcionários da companhia aérea, particularmente comissárias e pilotos, encontram-se sob uma tremenda carga de estresse emocional, que aumenta a cada dia. Trabalhar na aviação nos dias de hoje, especialmente nas linhas de frente, é muito desgastante. "Posso dizer que parte do problema é que os passageiros têm dificuldade de aceitar nossas funções; quando solicitamos que desliguem seus telefones, pensam que é uma afronta pessoal ou que queremos aborrecê-los. Eles não entendem que este é o nosso trabalho e existe um regulamento a cumprir”, informou uma aeromoça de uma companhia aérea brasileira. As companhias aéreas deveriam fornecer mais ajuda a esses funcionários. Por exemplo, uma formação melhor para lidar com passageiros inconvenientes, melhores condições e relações de trabalho. Tais procedimentos podem reduzir os incidentes de "fúria do ar", bem como os colapsos da tripulação. Stennes, vice-presidente da Inflight Experience da JetBlue, diz que a cabine de um avião mudou consideravelmente depois dos atentados de 2001, impondo mais pressão sobre os atendentes de bordo. O nível de estresse na profissão ficou evidente quando um comissário de bordo da mesma JetBlue, Steven Slater, surtou depois de um voo difícil. Envolvido involuntariamente numa briga entre dois passageiros (ele foi atingido na cabeça quando uma mulher enfurecida tentava abrir o bagageiro), Slater perdeu o controle. Com a testa sangrando, foi até o sistema de voz da aeronave e passou a berrar palavrões dirigidos aos protagonistas da briga, e finalizou: “A todos os que mostraram dignidade e respeito nos últimos 20 anos, obrigado”. Abriu a saída de emergência, pegou duas latas de cerveja e desceu pelo escorregador inflável no aeroporto JFK, em Nova York. Slater tornou-se um herói e garotopropaganda de tudo o que há de errado na profissão. Muitos membros de companhias aéreas reclamam que não são respeitados nem pelas empresas que trabalham e nem pelos passageiros. E o caso Slater é, sem dúvida, um resultado direto desta situação (THE WALL STREET JOURNAL, 2010) Passageiros reclamam que os assistentes de voo, às vezes, aumentam a tensão a bordo provocando - - - - - - - - - - Anais do 5º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2012) – Direitos Reservados - Página 1021 de 1112 - - - - - - - - - - passageiros com comentários inoportunos ou irônicos, ou removendo esses passageiros antes de tentar conciliar a situação. Os assistentes de voo dizem que, muitas vezes, consideram melhor remover um passageiro, enquanto ainda em solo, em vez de correr o risco de a pessoa ter um ataque de raiva no ar. Líderes sindicais também reconhecem que o grau de tolerância dos funcionários de empresas aéreas para com passageiros inconvenientes tem diminuído, devido ao aumento do nível de estresse dos funcionários. A maneira com que as companhias aéreas lidam com o problema, incluindo os meios para pacificar passageiros desordeiros, é também foco de reclamação dos trabalhadores aéreos. Alguns passageiros, depois de um escândalo, são recompensados pelo pessoal da companhia aérea, por exemplo, com upgrades, uma atitude que incentiva esse tipo de comportamento coercitivo. A prevenção deve começar no próprio aeroporto, de preferência, no próprio check-in, pois, em alguns casos, é possível perceber aí se passageiro já se encontra alterado. Muitas vezes, o representante da empresa aérea, que deveria exercer uma fiscalização maior, não o faz. PREVENÇÃO A British Airways (BA) está introduzindo um sistema de cartões (yellow cards), a fim de oferecer a seus funcionários melhor proteção contra passageiros inconvenientes. Esses cartões ajudam o pessoal da linha de frente, no caso, os atendentes do check-in, a lidar com “raiva de solo”. Semelhante ao sinal de advertência dos árbitros de futebol, o yellow card tem por finalidade comunicar aos passageiros alterados, bêbados ou violentos que devem moderar seu comportamento, sob pena de terem seu embarque recusado na aeronave. O cartão também irá alertá-los que a polícia poderá ser acionada. A BA é a primeira companhia aérea a fazer uso desse sistema para lidar com a “raiva de solo”. Neste contexto, Carolyne Gregory, gerente geral de passageiros, enfatiza: Acreditamos que nossos funcionários têm o direito de trabalhar em um ambiente civilizado e racional, e vamos tentar fazer o que for possível para garantir que não sejam ameaçados ou agredidos. Os cartões amarelos são uma medida preventiva, que ajuda a proteger o nosso pessoal em terra de passageiros agressivos. Resolver a situação no solo, impedindo o embarque, sempre que necessário, também ajuda a reduzir incidentes de passageiros acometidos pela “raiva do ar”. São comuns casos como o ocorrido em um portão da US Airways, onde um passageiro começou a proferir palavras de baixo calão, brandindo sua mão na cara do agente de check-in. No auge de sua ira, ele quebrou uma lixeira, espalhando todo o conteúdo no chão, e, aos berros, dizia: "Pessoas como vocês são iguais a este lixo!!” Quando o atendente de checkin saiu para chamar a segurança, o homem avançou nas suas costas e começou a socá-lo, quebrando-lhe duas costelas. O passageiro William Edwins foi detido e forçado a prestar serviços comunitários, além de passar por um treinamento de gerenciamento da raiva. Passageiros como estes trazem para o aeroporto uma fúria que nem o melhor dos atendimentos atenuaria. Edwins apresentava sinais de um outro problema que está aumentando na sociedade ocidental — o vício da raiva. No século XXI, a raiva aparece com regularidade e sob diversas formas, como uma névoa de poluição emocional, que pode surgir a qualquer momento. Alguns observadores dizem que a Air Rage está crescendo simplesmente porque vivemos nos tempos da raiva. De acordo com Leon (2000) PhD e autor de Road Rage and Aggressive Driving, vivemos na "Era da Raiva". Em um de seus artigos, Leon salienta que o problema crescente de raiva no ar é produto de uma equação simples: “Milhões de viajantes da geração ‘eu’ é igual a situações explosivas." O que acontece no solo pode afetar o que acontece no ar e vice-versa. Segundo Headley (2010), representante da Airline Quality Rating Report, as companhias aéreas não têm administrado o problema de Air Rage com eficácia e alguns funcionários, às vezes, não são as pessoas certas para o trabalho. As empresas aéreas necessitam de profissionais com habilidades específicas para lidar com pessoas tomadas pela raiva. Headley afirma, ainda, que essas empresas não treinam suficientemente seus funcionários para operarem nos respectivos postos de trabalho. É necessário que os funcionários saibam diferenciar quando a comunicação pode melhorar ou agravar as relações. O maior gatilho disparador da raiva é a comunicação inadequada. Logo, é preciso fornecer - - - - - - - - - - Anais do 5º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2012) – Direitos Reservados - Página 1022 de 1112 - - - - - - - - - - aos aeronautas e aeroviários treinamentos que envolvam habilidades de comunicação, para que o controle da situação seja mantido (VIEIRA, 2010). Em um estudo realizado por Rhoden et al (2007), a comunicação foi apontada como a melhor forma de prevenir situações de Air Rage. Antes que o passageiro tenha uma reação violenta, existem oportunidades de restabelecer a comunicação, de forma significativa. Os comentários dos entrevistados sugeriram que o treinamento para conter passageiros agressivos limita-se ao treinamento de defesa pessoal e ao uso do sistema de retenção. Os programas informam à tripulação de cabine o local do kit de contenção, instruem sobre o uso de seu conteúdo (geralmente algemas de plástico e correias de retenção), inclusive sobre a quantidade de força a ser aplicada e os perigos de asfixiar o passageiro. Porém, uma aeromoça brandindo algemas, por exemplo, pode incitar mais violência em uma situação já precária (RHODEN et al, 2007). O resultado atual dos programas para evitar a Air Rage são aeronautas e tripulantes inadequadamente treinados em resolução de conflitos, que desconhecem a linguagem mais eficaz para convencer um passageiro não cooperativo a obedecer às instruções de segurança ou as instruções recomendadas para lidar com um passageiro embriagado. A qualidade da comunicação controla ou piora situações de conflito. Reduzir os erros de comunicação dos trabalhadores ao interagir com os passageiros é uma prioridade para a redução do Air Rage. A análise das transcrições de relatórios de tripulantes aponta para a necessidade de um melhor treinamento em comunicação, de modo a neutralizar situações de confrontos. Nas entrevistas realizadas com funcionários de empresas aéreas, todos concordaram que a inclusão de habilidades de comunicação, em programas de treinamento, é vital para o melhor gerenciamento de passageiros agressivos. Habilidades de resolução de problemas e conflitos garantem economia e voos mais seguros (RHODEN et al, 2007). O desempenho profissional na área de aviação, cuja atuação se dá por meio de relações interpessoais, depende, criticamente, de um conjunto de competências e habilidades de relacionamento. Quando socialmente habilidosos, os profissionais da área contribuem significativamente para a qualidade das relações, permitindo que situações de conflito sejam resolvidas de forma adequada e eficaz e, consequentemente, contribuindo para aumentar a segurança e eficiência de qualquer voo. Para reduzir os problemas de Air Rage, o ensino e o treinamento das habilidades de comunicação devem refletir a realidade atual. O comportamento assertivo não é uma habilidade natural. No entanto, é uma habilidade fundamental para alcançar a eficácia na resolução de conflitos. O comportamento assertivo exige treinamento e prática, sendo umas das metas do Treinamento de Habilidades de Comunicação (VIEIRA, 2010). Este treinamento deve analisar a dinâmica interpessoal da comunicação verbal e não-verbal no que diz respeito à gestão de conflitos e deve ter como meta o desenvolvimento da comunicação interpessoal e suas técnicas essenciais, visando estabelecer e manter relacionamentos produtivos necessários para evitar o Air Rage. CONCLUSÕES Filas longas, tarifas elevadas, longos atrasos e até mesmo a má alimentação contribuem para um aumento da incidência de passageiros verbal e fisicamente agressivos. As companhias aéreas falham em atender às expectativas de passageiros, gerando um ponto de ruptura entre estes e os funcionários que trabalham na linha de frente representando as empresas. Os dados de incidentes de Air Rage variam amplamente entre órgãos reguladores, companhias aéreas e sindicatos. Além disso, muitos dos incidentes não são relatados. Não é prudente que as empresas aéreas mantenham aeronautas e tripulantes – funcionários que lidam diretamente com os passageiros e cuidam da segurança – sob estresse. Há necessidade de se criar um banco de dados para pesquisas das causas de Air Rage no Brasil, que sirva como fonte informativa. Esses relatórios devem conter informações detalhadas para determinar causas e comportamentos específicos geradores do Air Rage. Uma base consistente ajudará a adequar a formação e o treinamento dos aeronautas e aeroviários ao problema. Um bom - - - - - - - - - - Anais do 5º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2012) – Direitos Reservados - Página 1023 de 1112 - - - - - - - - - - treinamento é a solução para impedir situações provocadas pela “raiva do ar”. Para combater este problema, as empresas aéreas devem oferecer a seus tripulantes uma formação específica, que os oriente sobre como responder à “raiva do ar”. E mais: o governo deveria tornar essa formação obrigatória. Concluiu-se nesta pesquisa que os cursos de formação mais extensos, envolvendo treinamentos de habilidades de comunicação, representam uma ferramenta proativa para lidar com situações de conflito. A aprendizagem experimental aumenta a aplicação de conhecimentos na prática e, por conseguinte, a confiança para lidar com tais situações. Sem a formação necessária, a transferência da aprendizagem para o local de trabalho não poderá ocorrer. RECOMENDAÇÕES É evidente que não há uma fórmula mágica para resolver o problema do Air Rage, mas, para evitar situações de conflitos, recomendamos as seguintes práticas: − A comunicação clara, aberta e honesta é fundamental para todos os envolvidos. Ao construirmos melhores relações pessoais e profissionais, podemos aperfeiçoar os serviços que oferecemos aos nossos parceiros de aviação. − O treinamento das habilidades de comunicação pode contribuir efetivamente para a redução de Air Rage na aviação. Ensinar e treinar como as pessoas empregam suas personalidades ao se comunicarem, analisar as diferentes personalidades manipulador, perfeccionista, passivo, agressivo, comunicador, executor, socializador -, seus pontos fracos e fortes, como elas interagem e os resultados dessas interações. − Treinar as técnicas comunicacionais necessárias para interagir com as características de cada personalidade e transformar uma comunicação difícil em assertiva. − Aplicar técnicas de gerenciamento de comportamentos inconvenientes, utilizando a linguagem não verbal. − Ensinar e praticar a análise perceptivo-visual da comunicação não-verbal. para detectar sinais de alerta do estresse psicológico para desarmar a situações de perigo. − Os órgãos reguladores devem fornecer panfletos e cartazes que alertem os passageiros sobre as sanções, em caso de interferências abusivas contra funcionários, esclarecendo que a agressão a atendentes e membros da tripulação é crime previsto em lei. − As empresas aéreas devem fornecer aos passageiros um fluxo contínuo de informações precisas e atualizadas, valendose de todos os meios disponíveis, tais como: quadros eletrônicos, anúncios e comunicação face a face. − É preciso investir no conforto dos viajantes. Fornecer, por exemplo, assentos decentes e compensar danos, como atrasos e esperas longas, para que os passageiros não se sintam negligenciados. − Sendo o cansaço físico um fator contribuinte para o estresse dos passageiros, deve-se trabalhar para evitar as longas filas de embarque. − Melhorar as salas de espera e aumentar a segurança dos aeroportos permitirá aos viajantes descansar, livres da preocupação com as malas, que podem ser roubadas. − As empresas aéreas devem fornecer workshops gratuitos para os passageiros, mantendo-os informados sobre despacho de malas, bagagens de mão, temperatura dos aviões, serviço de bordo, o que pode ou não ser levado consigo, etiqueta a bordo, etc. − As companhias também devem fornecer pela internet, telefone, notas na passagem impressa ou por meio dos próprios agentes de viagem - informações relatando o tipo de serviço de bordo oferecido, se pago ou gratuito, bem como orientações úteis, como, por exemplo, levar travesseiro, manta ou agasalho, utensílios para a distração de - - - - - - - - - - Anais do 5º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2012) – Direitos Reservados - Página 1024 de 1112 - - - - - - - - - - crianças, etc., de modo a evitar surpresas desagradáveis. − Deve-se fazer uso de abordagens preventivas ou seja, aperfeiçoar a formação qualificada e o desenvolvimento de ideias inovadoras, para minimizar a “raiva de ar”, em termos de design de aeronaves e aeroportos. − Desenvolver um relacionamento mais harmônico entre empresas e funcionários e melhorias nas condições de trabalho. O ponto mais importante a considerar, diante do atual aumento dos comportamentos denotativos de Air Rage, é que precisamos realizar um trabalho de conscientização em todas as frentes companhias aéreas, órgãos reguladores, autoridades aeroportuárias e passageiros. As companhias aéreas devem modificar sua postura e reconhecer que não serão capazes de sobreviver como um negócio se não oferecerem uma atmosfera psicologicamente adequada como parte do serviço. Quanto aos passageiros, estes precisam ser conscientizados sobre as consequências de suas atitudes. E aos órgãos reguladores caberá estabelecer algumas normas para o atendimento ao cliente, bem como disponibilizar aos viajantes acesso a informações importantes, que os auxiliem nas decisões sobre seus voos. REFERÊNCIAS AGÊNCIA BRASIL. Ministério Público denunciou o brasileiro e mais três franceses pelo crime de atentado contra segurança aérea. Brasil 21/01/2010 -05:49. Disponível em: http://www2.oimparcial.com.br/noticias.php?id=32466. 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