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2013
O
Programa de Cultura do Instituto
Votorantim possui o papel de estimular projetos que promovam a
democratização cultural em suas diferentes
manifestações artísticas.
A Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental
é uma parceria de destaque do Instituto Votorantim, pois permite o acesso às questões
socioambientais por meio de filmes, exposições e debates. Criar espaços em que jovens e
adultos possam aprender mais sobre o meio
ambiente é uma forma de contribuir para
ampliar o debate e formar uma geração mais
consciente.
INSTITUTO VOTORANTIM
The Culture Program of the
Votorantim Institute has the role to
encourage projects that promote
cultural democratization in their
different artistic expressions.
The Ecofalante Environmental
Film Festival is an important
partnership of Votorantim Institute,
as it allows to have access to social
and environmental issues through
movies, exhibitions and debates.
Creating spaces where young people
and adults can learn more about the
environment is a way to broaden
the debate and develop a generation
more aware.
VOTORANTIM INSTITUTE
C
riar deliciosos momentos de alegria. Parece simples, mas trata-se de
uma grande responsabilidade, devidamente assumida por cada uma das 13 mil
pessoas da Mondelez Brasil. Sabemos que um
dia inesquecível é feito por cores, sabores, sensações e sorrisos. Por isso, além de levarmos até
você as marcas que há décadas acompanham a
sua história, investimos em projetos que garantam a continuidade das coisas boas da vida. E
quer coisa melhor que um passeio pela mata,
um banho de cachoeira, a vida selvagem ou
mesmo um copo de água gelado numa tarde
quente de verão?
A Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental
tem um papel fundamental na conscientização da população em geral para as questões que
envolvem a sustentabilidade ao trazer informações de qualidade e fomentar o debate e a busca
de soluções práticas para o desenvolvimento
sustentável. A questão é conhecida: são as atitudes de hoje que ditarão o ritmo e o cenário
de nosso futuro! Nós já estamos juntos nessa
jornada.
Faça parte deste grande time!
Mondelez Brasil
Create delicious moments of
joy. Sounds simple, but it is a big
responsibility, properly assumed
by each of the 13 000 people at
Mondelez Brazil. We know that
an unforgettable day is made by
colors, flavors, sensations and
smiles. So, besides taking to you
the brands that for decades has
been accompanying your story,
we invest in projects that will
guarantee the continuation of good
things of life. And is there anything
better than a walk in the woods, a
bath in the waterfall, the wildlife or
even a glass of cold water on a hot
summer afternoon?
The Ecofalante Environmental
Film Festival plays a key role
in raising general population
awareness on the sustainability
issues, bringing quality
information, and stimulating
the debate and search for
practical solutions to sustainable
development.
The issue is known: the
attitudes of today will set the pace
and scenery of our future! We have
been together on this journey
already.
Be part of this great team!
Mondelez Brazil
a mostra
the exhibition
Criada em 2012 com o objetivo de cha- Founded in 2012 with the goal
mar a atenção da população paulista of raising awareness of São Paulo
para questões ambientais, de sustenta- population to environmental,
bilidade, cidadania, governança, parti- sustainability, citizenship,
cipação e políticas públicas, a Mostra governance, participation and
public policy issues, the Ecofalante
Ecofalante de Cinema Ambiental Environmental Film Festival reaches
chega à sua segunda edição com diver- its second edition with many new
sas novidades.
features.
Nossos objetivos principais são apresentar ao
público uma farta gama de filmes que somem
qualidade cinematográfica com análise de questões ambientais e democratizar cada vez mais à
população o acesso às discussões propostas.
Our main objectives are to present
to the public a rich range of films
that add cinematography quality
to environmental issues analysis
and to democratize the population
access to discussions proposals
A 2a Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental more and more.
é gratuita e este ano conta com maior número
de salas, temáticas e filmes contemporâneos e The 2nd Ecofalante Environmental
históricos. Outras novidades são a abertura de Film Festival is free and this year
inscrições para filmes brasileiros – prestigiando has more theaters, thematics,
and historical and contemporary
films. Other news is the opening
of registration for Brazilian films honoring our national production
- and the transformation of the Child
Shows into the School Exhibition,
the result of our concern with the
children and teenagers public and
our commitment to education produced through a partnership
with ComKids.
nossa produção nacional – e a transformação
da Mostra Infantil na Mostra Escola, fruto de
nossa preocupação com o público infantojuvenil e nosso compromisso com a educação
– produzida através da parceria com a Comkids.
This year’s edition also includes
special sessions during the
Virada Sustentável (Sustainable
Turnaround show), a week after
the main program, and will feature
itinerancies in the cities of Bauru,
A edição deste ano conta ainda com ses- Santos and Piracicaba.
sões especiais durante a virada sustentável, na
semana seguinte à mostra principal, e con- The 2nd Ecofalante Environmental
tará com itinerâncias nas cidades de Bauru, Film Festival is only possible
Piracicaba e Santos. A realização da 2a Mostra thanks to the support of the São
Ecofalante de Cinema Ambiental só é possível Paulo State Government Culture
graças ao Programa de Apoio à Cultura – ProAC Programme - ProAC, through which
do Governo do Estado São Paulo, através do qual the project is sponsored by Instituto
patrocinam o projeto o Instituto Votorantim, Votorantim, Brazil Mondelez and
Mondelez Brasil e White Martins. O evento White Martins. The event also has
também conta com o apoio da AES Eletropaulo, the support of AES Eletropaulo,
Cinemateca Brasileira, Instituto Akatu, Rede the Brazilian Cinematheque, Akatu
Nossa São Paulo, Livraria Cultura, Instituto Institute, Rede Nossa São Paulo,
de Estudos Avançados da USP, Programa de Livraria Cultura, São Paulo City
Pós-Graduação em Ciência Ambiental da USP, Hall - Department of Culture, Ethos
Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária Institute, Cinusp and Graduate
da USP, Centro Universitário Maria Antônia, Program in Environmental Science
Cinusp, Centro Cultural São Paulo, Galeria of USP - PROCAM.
Olido, Departamento de Expansão Cultural
da Prefeitura Municipal de São Paulo e da
Prefeitura de São Paulo.
os filmes
the films
A Comissão de Seleção e a Curadoria The selection committee and
da 2a Mostra Ecofalante de Cinema the curator of the 2nd Ecofalante
Ambiental avaliaram mais de 300 Environmental Film Festival evaluated
more than 300 international films and
filmes internacionais e 100 brasilei- 100 Brazilians among documentaries
ros, entre documentários e ficções, and fictions, short, medium and
de curta, média e longa-metragem. feature film.
Foram selecionados 58 filmes contemporâneos: 42 internacionais (em sua maioria
consagrados em festivais como Cannes, Berlim,
Rotterdam, Locarno e Sundance) e 16 brasileiros, dos quais vários terão sua estreia durante
a Mostra. Os filmes estão organizados em sete
eixos temáticos: Água, Cidades, Contaminação,
Economia, Globalização, Mobilização, e Povos
e Lugares, de modo a destacar as principais
questões ambientais que vêm sendo tratadas
pelo cinema contemporâneo, permitindo assim
um diálogo enriquecedor entre esses filmes.
We selected 58 contemporary
films: 42 international (mostly
consecrated in festivals such as
Cannes, Berlin, Rotterdam, Sundance
and Locarno) and 16 Brazilian ones,
many of which will have its premiere
during the Festival. The movies are
organized into seven themes: Water,
Cities, Contamination, Economics,
Globalization, Activism, and People
and Places, in order to highlight the
key environmental issues that are
being addressed by contemporary film,
Nesta edição, o Panorama Histórico ganha thus allowing a rich dialogue among
um destaque especial com obras que tratam these films.
da relação entre o homem e a natureza, de
cineastas consagrados como Akira Kurosawa, In this edition, the historical
Ermanno Olmi, Nicolas Roeg, Paul Newman, background has special highlight with
Werner Herzog, Joris Ivens e Arne Sucksdorff. works that deal with the relationship
Complementa a programação a Mostra Escola, between man and nature, of well
voltada para alunos das redes municipais e esta- known filmmakers such as Akira
duais de ensino.
Kurosawa, Ermanno Olmi, Nicolas
Roeg, Paul Newman, Werner Herzog,
Joris Ivens and Arne Sucksdorff. The
School Exhibition complements the
programming, focusing on city and
state schools students.
O homenageado da 2a Mostra Ecofalante de
Cinema Ambiental é Aloysio Raulino (19472013), cineasta e fotógrafo consagrado do
cinema brasileiro, um dos principais colaboradores da Mostra desde sua criação, participando
da comissão de curadoria e seleção do evento.
Serão exibidos três curtas-metragens dirigidos por ele – e recentemente restaurados pela
Cinemateca Brasileira – realizados nos anos 70
e 80: Lacrimosa, O Tigre e a Gazela e O Porto
de Santos. Raulino é conhecido principalmente
por seu trabalho como diretor de fotografia de
obras fundamentais como Serras da Desordem e
O Prisioneiro da Grade de Ferro.
A programação, inteiramente gratuita, será
acompanhada ainda por um ciclo de debates com cineastas e pesquisadores nacionais e
internacionais. A Mostra Ecofalante de Cinema
Ambiental acredita assim contribuir não apenas
para a difusão de importantes obras cinematográficas, mas também para o enriquecimento
das discussões, inevitáveis e inadiáveis, sobre
sustentabilidade e meio ambiente no Brasil e
no mundo.
The honoree of this 2nd Ecofalante
Environmental Film Festival
is Aloysio Raulino (1947-2013),
filmmaker and photographer
enshrined in Brazilian cinema,
one of the main collaborators of
the Festival since its conception,
participating in the selection
committee of the event. There will
be three short films directed by
him - and recently restored by the
Brazilian Cinematheque - made
in the 70s and 80s: Lacrimosa, O
Tigre e a Gazela and Porto de Santos.
Raulino was known specially for his
work as director of photography on
such fundamental works like Serras
da Desordem and O Prisioneiro da
Grade de Ferro.
The program, entirely free, will
be followed by a further round
of discussions with national
and international filmmakers
and researchers. This way, the
Ecofalante Environmental
Film Festival believes that it
is contributing not only to the
dissemination of important films,
but also for the enrichment of
the discussions, inevitable and
unavoidable, about sustainability
and the environment in Brazil
and worldwide.
12
sessão de abertura opening
14
sessão especial special exhibition
16
água water
28
cidades cities
46
contaminação contamination
60
economia economy
74
globalização globalization
84
mobilização mobilization
96
povos e lugares people and places
116
homenagem tribute
128
panorama histórico historical panorama
142
mostra escola school show
148
programação programming
154
virada sustentável programming
156
debatedores debaters
índice
por filmes
index by films
Sand
30 Enchente Não
Arranca Raiz
Aterro
31
Areia
Aterro
A Torneira Perfeita
141
The Perfect Faucet
A Cidade É Uma Só
Hood Movie: Is The
City One Only?
A Corrida do
Carbono
The Carbon Rush
A Crise Global
da Água
Last Call at the Oasis
A Fé nos Orgânicos
In Organic We Trust
A Grande Aventura
The Great Adventure
A História de Leonid
Leonids Story
A Longa Caminhada
Walkabout
Aluga-se
For Rent
Amargas Sementes
Bitter Seeds
A Morte de Alos
The Dead of Alos
Ao Mistral
Pour le Mistral
aka Le Mistral
28 A Última Montanha
86
The Last Mountain
A Vingança do
75 Carro Elétrico
64
Fata Morgana
Fata Morgana
História do Vento
A Tale of the Wind
Inori
Inori
Jardim Suspenso
Lacrimosa
62
Tearful
Chá ou Eletricidade
101
Ceramists
Cohab
Neve Silenciosa: O
Veneno
Invisível
32
18 Brasil Orgânico
Organic Brazil
62 Tea or Electricity
130 Cohab
Dersu Uzala
48 Dersu Uzala
133
Louceiras
134
135
104
35
120
105
53
Silent Snow, the Invisible
Poisoning of the World
No Fundo Nem
Tudo é Memória
O Porto de Santos
O Povo da Pluma
People of a Feather
O Sabor do Desperdício 67
Taste the Waste
O Tempo Parou
O Tigre e a Gazela
O Último Recife 3D
The Old Heater
Patagônia se Levanta
Desterro Guarani
Pequim Sitiada
pelo Lixo
Detropia
76 Detropia
Deus Salve o Verde
100 God Save the Green
Eco-Pirata: A História
132 de Paul Watson
Eco-Pirate: The Story
of Paul Watson
More Than Honey
33 O Escuro da Cidade
The City Dark
34 O Gasoduto
The Pipe
87 O Grande Processo
do Amianto
Dust, The Great
Asbestos Trial
36
88
49
Perus - A Story
Made With Iron,
Cement And Love
50 Sobreviver ao
Progresso
14 Solo
Quem Controla a Água? 21 Sonhando
Passarinhos
51
The Radiant
Rebeldes com Causa
89
Rebels With a Cause
Remissões do
Rio Negro
38
Watershed – Exploring
a New Water Ethic
for the New West
Rios de Homens
39
Roubando dos Pobres
Submissão
55
Submission
Sushi: A Caçada
Global
Trashed – Para Onde
90 Vai o Nosso Lixo?
79
69
Trashed – No
Place for Waste
22 Uma Guerra Verde
91
A Fierce Green
Fire: The Battle for
a Living Planet
Uma Lição Para
23 Não Esquecer
40
Lost Rivers
Stealing from the Poor
Dreaming Birds
Global Catch
Rivers of Men
Rios Perdidos
142
110 Sushi: The
140 Raising Resistance
Rio Colorado – O
20 Direito à Água
54
Solo
Water Makes Money
Radioativo
68
Surviving Progress
Planet Z
Resistência ao
Crescimento
Beijing Besieged by Waste
Perus: Uma História
Feita de Ferro,
Cimento e Amor
Planeta Z
41
Serra do Mar
The Big Fix
15 Black River’s Redemptions
The Last Reef 3D – Cities
Beneath the Sea
103 Mais Que Mel
29 Guarani Exile
122
The Tiger and the Gazelle
Patagonia Rising
13
136
Il Tempo si è Fermato
102 Deep Inside Is Not
All Memory
37
The Sound of Limão
O Velho Aquecedor
107
108 Petróleo: O
Grande Vício
Pricele$$
O Som do Limão
77 Serra do Mar
Fishing Without Nets
O Preço da Democracia 66
Desterro
131 Exile
121 Pescando Sem Redes
The Port of Santos
Flood Can’t Pull Out Roots
Suspend Garden
Revenge of the
Eletric Car
19
78
137
Sometimes a
Great Notion
Um Dia de Sol
143
A Sunny Day
Viver/ Construir
Living/ Building
111
Mais Que Mel
abertura
opening
More Than Honey
Suíça/Alemanha/Áustria, 2013, 91 min
Direção director
Procurando respostas para o declínio mundial de abe-
Markus Imhoof lhas, o diretor Markus Imhoof nos leva a uma viagem ao
Produção producer
redor do mundo para conhecer as pessoas que vivem
Pierre-Alain Meier, com e das abelhas: produtores de amêndoa da CaliMarkus Imhoof, Thomas
fórnia, um apicultor das montanhas suíças, um neuroKufus e Helmut Grasser
cientista alemão investigando os cérebros das abelhas,
Markus Imhoof um negociante de pólen na China, e pesquisadores de
abelhas na Austrália. Entramos no mundo fascinante de
Fotografia cinematographer
Jörg Jeshel uma colmeia de abelhas, encontramos rainhas guerreiras e operárias dançarinas face a face e experimentamos
Edição editor
Anne Fabini sua sofisticada inteligência coletiva, onde o indivíduo
serve constantemente às necessidades da comunidade.
Roteiro writer
Searching for answers for the global bee declines director
Markus Imhoof takes us on a trip around the world to
meet people living with and off honeybees: almond growers
in California, a Swiss mountain beekeeper, a German
neuroscientist investigating bee brains, a pollen dealer
in China, and bee researchers in Australia. We enter the
fascinating world of a bee hive, encounter fighting queens
and dancing workers face to face and experience their highly
sophisticated swarm intelligence, where the individual
constantly serves the requirements of the community.
abertura
opening
13
O Último
Recife 3D
sessão especial
special exhibition
The Last Reef 3D – Cities Beneath
the Sea
EUA, 2012, 42 min
Direção DIRECTOR
O Último Recife é uma edificante e inspiradora experiên-
Luke Cresswell e cia de cinema em 3D que captura uma das mais vibranSteve McNicholas tes e diversificadas maravilhas da natureza. Recifes de
Produção PRODUCER
corais exóticos, paredes do mar subártico pulsando com
Luke Cresswell,
anêmonas e crustáceos: esses locais de biodiversidaSteve McNicholas,
D.J. Roller, Don Kempf de são tão vitais para nossas vidas como as florestas
e David Marks tropicais. Filmado em Palau, Ilhas Vancouver, Polinésia
Roteiro WRITER
Francesa, México e Bahamas usando uma tecnologia
Luke Cresswell e 3D inovadora, O Último Recife nos leva em uma viagem
Steve McNicholas mundial para explorar a conexão de nossas cidades em
Fotografia CINEMATOGRAPHER
terra com o complexo e paralelo mundo dos corais de
D.J. Roller recife no fundo do mar.
Planeta Z
Edição EDITOR
Luke Cresswell e The Last Reef is an uplifting, inspirational 3D cinema
Steve McNicholas
Planet Z
França, 2011, 9 min
Em algum lugar… o Planeta Z. As plantas Direção DIRECTOR
predominam, e tudo parece harmonioso e Momoko Seto
delicado. Mas cogumelos líquidos e pegajo- Produção PRODUCER
sos vão aparecendo aos poucos, destruindo Ron Dyens
e Aurélia Prévieu
a vida idílica.
Roteiro WRITER
Momoko Seto
Somewhere… Planet Z. The vegetation begins
Fotografia CINEMATOGRAPHER
to settle on the planet, and all seem to live Boubkar Benzabat
in harmony. But a fungus gradually invades, Edição EDITOR
sticking this idyllic world. Nicolas Sarkissian
experience capturing one of nature’s more vibrant and
diverse wonderlands. Exotic coral reefs, vibrant sea walls in
the sub-arctic pulsating with anemones and crustaceans:
these biodiversity hot spots are as vital to our lives as the
rainforests. Shot on location in Palau, Vancouver Island,
French Polynesia, Mexico, and The Bahamas using
groundbreaking 3D cinematography, The Last Reef takes us
on a global journey to explore the connection of our cities on
land with the ocean’s complex, parallel world of the coral
reefs beneath the sea.
e Momoko Seto
sessão especial
special exhibition
15
Água, problema
ambiental, econômico,
de saúde e de gestão
Dal Marcondes
água
A incompetência na gestão da água
gera desperdícios, contaminação de
rios e mananciais e uma verdadeira
epidemia de doenças causadas pela
poluição, além de dificultar o desenvolvimento econômico em diversas
regiões.
water
Rio Colorado – O Direito à Água / Watershed – Exploring a New Water Ethic for the New West
Água é o recurso natural mais abundante do
planeta. Está em todas as geografias e em todos
os seres vivos. É um dos recursos mais abundantes nas paisagens e, ao mesmo tempo, é o
recurso menos disponível para uso humano ou
para os animais. Cerca de um terço da humanidade não dispõe de água de boa qualidade em
Water, environmental,
volume
necessário para uma vida digna. Nas
economic, health and
regiões
de
maior densidade demográfica, além
management problems de a água ser um bem escasso, está poluída e
precisa de tratamento antes de ser disponibiliDal Marcondes
zada para o público. E é bom lembrar que não
há tratamento de água para oferecer aos animais, sejam terrestres ou aquáticos. Poucos se
Incompetence in the
lembram
de que na natureza não há entrega de
management of water generates
água
engarrafada.
waste, contamination of rivers
Sob o ponto de vista econômico a água é
and springs, and an epidemic of
parte
de complexas equações sociais e ambiendiseases caused by pollution, also
tais.
A
humanidade demanda cada vez mais
hindering economic development
energia
e serviços prestados pela água, seja
in various regions.
para
a
produção
de eletricidade, alimentos, proWater is the most abundant
dutos
industriais
ou qualquer outro bem que
natural resource on the planet.
demande
água
em
seu processo de elaboração.
It is in all geographies and all
O
grande
problema
não está em utilizar a água
living beings. It is one of the
e
os
serviços
que
ela
pode prestar para oferecer
most abundant resources in the
qualidade
de
vida
à
humanidade. O principal
surroundings and, at the same time,
problema
do
uso
da
água está em poluir suas
is the least available resource for
fontes,
uma
vez
que
a
água doce não é tão dispouse in human or animals. About
nível
quanto
se
imagina.
Apenas cerca de 3% de
a third of humanity does not have
toda
a
água
da
Terra
está
disponível como água
good water in the volume needed
água
water
17
for a dignified life. In regions of
higher demographic density, and
water is a scarce resource, it is
polluted and needs treatment before
being released to the public. And it
is good to remember that there is
no water treatment to provide water
for animals, whether terrestrial or
aquatic. Few remember that in nature
there is no delivery of bottled water.
From the economic point of view
the water is part of complex social
and environmental equations.
Humanity demands more and
more energy and water services
provided by water - the production
of electricity, food, industrial or any
other property that requires water
in their development
A maior parte dos poluentes process. The big
problem is not to use
encontrados nos rios é formada por the water and the
esgotos urbanos, o que prejudica services that it can
provide to offer quality
não apenas os indicadores de saúde of life to humanity. The
pública das cidades, mas também inibe main problem of water
use is polluting their
investimentos empresariais pelo alto sources, once the fresh
custo de captação e tratamento de água. water is not as available
as one might imagine.
doce superficial e as cidades são as grandes Only about 3% of all water on Earth
vilãs, ao despejar nos rios e lagos quantidades is available as surface freshwater
imensas de resíduos e detritos, principalmente and cities are the major villains,
when discharge into rivers and lakes
esgotos sanitários não tratados.
Apenas 1% dos rios que passam por cida- immense amounts of waste and
des no Brasil tem ótima qualidade da água. debris, especially untreated sewage.
Metade deles tem qualidade entre boa e regular, Only 1% of the rivers passing
enquanto a outra metade fica com a qualificação through cities in Brazil have great
de ruim ou péssima. Nas áreas rurais a situação water quality. Half of them have
é melhor, mas não muito. 75% de 1.988 pon- quality between good and regular,
tos monitorados pela Agência Nacional de Água while the other half gets the
têm boa qualidade e 6% têm excelente quali- qualification poor or very poor. In
dade, enquanto 18%, o que significa 358 pontos rural areas the situation is better,
de análise, apresentam qualificação ruim ou but not much. 75% of 1,988 points
monitored by National Water
Agency have good quality and
have excellent quality 6%, while
18%, which means
Most of the pollutants found in rivers 358 points of analysis,
have poor or very
are formed by urban sewage, which poor rating. Most of
harms not only the public health the pollutants found
in rivers are formed
indicators of the cities, but also inhibits by urban sewage,
business investment by the high cost of which harms not
only the public health
collection and treatment of water. indicators of the
cities, but also inhibits
business investment by the high
cost of collection and treatment
of water. Cities and regions with
limited availability of good quality
water are bound to economic
development of less intensity.
Issues related to public health
are also dramatic and urgent.
Data from the World Health
Organization indicates that 88%
of diarrhea deaths worldwide are
caused by inadequate sanitation,
while Unicef demonstrates that
A Crise Global da Água / Last Call at the Oasis
água
water
19
péssima. A maior parte dos poluentes encontrados nos rios é formada por esgotos urbanos,
o que prejudica não apenas os indicadores de
saúde pública das cidades, mas também inibe
investimentos empresariais pelo alto custo de
captação e tratamento de água. Cidades e regiões com pouca disponibilidade de água de boa
qualidade estão fadadas a um desenvolvimento
econômico de menor intensidade.
As questões relacionadas à saúde pública
são também dramáticas e urgentes. Dados da
Organização Mundial de Saúde apontam que
88% das mortes por diarreia no mundo são causadas pelo saneamento inadequado, enquanto
o Unicef demonstra que essa é a segunda maior
causa de mortes entre crianças de 0 a 5 anos, this is the second leading cause of
cerca de 1,5 milhão morrem a cada ano em deaths among children 0-5 years,
todo o mundo vítimas de doenças diarreicas. about 1.5 million die every year
Em 2011, 396.048 pessoas deram entrada no worldwide victims of diarrheal
sistema de saúde no Brasil com doenças diarrei- diseases. In 2011, 396,048 people
cas. Mesmo com esse cenário de carência quase were admitted to the health care
absoluta, quase 40% de toda a água tratada no system in Brazil with diarrheal
Brasil não chega às torneiras dos consumidores, diseases. Even with this scenario
se esvaem em sistemas de distribuição arcai- of almost an absolute shortage,
cos e cheios de vazamentos. Dados do Sistema near 40% of all treated water in
Nacional de Informações sobre Saneamento Brazil does not reach the taps of
mostram que uma
consumers, vanished
redução de apenas The United Nations
in archaic and full
10% nas perdas repreof leaks distribution
believes that by 2030
sentaria aumentar a
systems. Data
receita
operacional about half of the world
from the National
das empresas de água
Information System
population will face
e saneamento em R$
on Sanitation show
1,3 bilhão. Esse valor problems relating to
that a reduction of
representa mais de
only 10% in losses
lack of supply of good
40% dos investimenwould increase
tos realizados no setor quality water. This is the operating revenues
de abastecimento de
of the water and
scenario for reflection.
água em 2010.
sanitation companies
in U.S. $ 1.3 billion.
This represents more than 40% of
investments in the sector of water
supply in 2010.
Even with all these diagnoses
made and the necessary
technologies already dominated,
Enchente Não Arranca Raiz / Flood Can’t Pull Out Roots
A Organização das Nações Unidas acredita
que em 2030 cerca de metade da população
do planeta vai enfrentar problemas relativos
à falta de abastecimento de água de boa
qualidade. Este é o cenário para reflexão.
Mesmo com todos os diagnósticos já feitos
e com as tecnologias necessárias já dominadas,
a Organização das Nações Unidas acredita que
em 2030 cerca de metade da população do planeta vai enfrentar problemas relativos à falta de
abastecimento de água de boa qualidade. Este é
o cenário para reflexão. A falta de água de boa
qualidade na natureza compromete a teia da
vida e aprofunda as crises da humanidade.
the United Nations believes that
by 2030 about half of the world
population will face problems
relating to lack of supply of
good quality water. This is the
scenario for reflection. The lack
of good quality water in nature
compromises the web of life and
deepens the crisis of humanity.
Dal Marcondes é jornalista, diretor do Portal
Envolverde, colunista da revista Carta Capital e aluno
do Programa de Pós Graduação em Ciência Ambiental
da USP.
Dal Marcondes is a journalist, director of Envolverde Portal, columnist for
Carta Capital magazine and a student at
Environmental Science Post Graduation
Course from USP.
água
water
21
A Crise Global
da Água
Enchente Não
Arranca Raiz
Last Call at the Oasis
Flood Can’t Pull Out Roots
EUA, 2011, 105 min
A Crise Global da Água apresenta um argumento poderoso do porquê a crise mundial
da água será a principal questão que nosso
mundo precisará enfrentar neste século.
Esclarecendo o papel fundamental que a
água desempenha em nossas vidas, expondo
os defeitos do sistema atual e retratando as
comunidades que já lutam com seus efeitos
colaterais, o filme apresenta a ativista Erin
Brockovich e especialistas ilustres como Peter Gleick, Alex Prud’homme, Jay Famiglietti
e Robert Glennon.
Last Call at the Oasis presents a powerful
argument for why the global water crisis will be
the central issue facing our world this cenwwtury.
Illuminating the vital role water plays in our
lives, exposing the defects in the current system
and depicting communities already struggling
with its ill-effects, the film features activist Erin
Brockovich and such distinguished experts as
Peter Gleick, Alex Prud’homme, Jay Famiglietti
and Robert Glennon.
Brasil, 2012, 59 min
Direção director
Jessica Yu
Produção producer
Elise Pearlstein
Roteiro writer
Jessica Yu
Fotografia cinematographer
Jon Else
Edição editor
Kim Roberts
Direção director
Caio Cavechini
Produção producer
Caio Cavechini e Davi Paiva
Roteiro writer
Caio Cavechini
Fotografia cinematographer
Caio Cavechini e Lucas Barreto
Edição editor
Caio Cavechini
A água sobe, cada ano um pouco mais, e
os moradores de um trechinho de rio na
foz do Ribeira preferem se adaptar a sair
de suas terras. “Se todo povo procurasse
só lugar bom, como ficaria um lugar desse
aqui?” A frase é de seu Santarô, o mais velho morador da região. Esse documentário
faz o registro de duas enchentes: da vida de
homens e de bichos acostumados a andar
sem olhar para o chão.
The water rises, each year a little bit more, and
the inhabitants of a little surrounding at the
mouth of the Ribeira River prefer to adapt
themselves instead of leaving their land. “If
everybody would look only for good places, how
would be a place like here?” This saying is from
Santarô, the oldest inhabitant of the region.
This documentary register two floods: the life of
men and animals accustomed to walk without
looking at the floor.
água
water
23
Patagônia se
Levanta
Quem Controla
a Água?
Patagonia Rising
Water Makes Money
EUA, 2011, 87 min
Patagônia se Levanta investiga um plano para
a construção de hidrelétricas em dois dos rios
mais puros do Chile que fluem através do
coração da Patagônia. A nação está dividida
e debates sobre a proposta se espalham por
todo o país e pelo mundo. Rastreando o ciclo
hidrológico do rio Baker do gelo até o oceano,
este documentário traz voz à população fronteiriça apanhada no fogo cruzado das demandas de energia do Chile. Justapondo o setor
empresarial pró-barragem com especialistas
em energia renováveis, o documentário traz
conscientização e soluções para este conflito
global sobre água e energia.
Patagonia Rising investigates a plan to build
hydroelectric dams on two of Chile’s purest rivers
flowing through the heart of Patagonia. The
nation is divided and debate about the proposal
rages across the country and the world. Tracing
the hydrologic cycle of the Baker River from ice
to ocean, this documentary brings voice to the
frontier people caught in the crossfire of Chile’s
energy demands. Juxtaposing the pro-dam
business sector with renewable energy experts,
the documentary brings awareness and solutions
to this global conflict over water and power.
Direção director
Brian Lilla
Produção producer
Greg Miller, Scott Douglas
Fotografia cinematographer
Brian Lilla
França/Alemanha, 2010, 82 min
Direção director
As empresas francesas Veolia e Suez são as maiorais no
Leslie Franke e Herdolor Lorenz crescente mercado mundial de abastecimento privaProdução producer
Achille Du Genestoux
Roteiro writer
Leslie Franke, Markus Henn e
Herdolor Lorenz
Fotografia cinematographer
Stefan Corinth e Lorenzo De Bandini
Edição editor
Véronique Cabois, Hermann Dolores e
Leslie Franke
do de água. Elas estão presentes em todos os cinco
continentes, dificilmente uma semana se passa sem que
entrem em um novo mercado. Mas na França, sua base,
elas estão perdendo terreno. No início de 2010, as duas
empresas tiveram que entregar, relutantemente, a gestão
do abastecimento de água de Paris – sua sede – de volta
para a cidade; o mesmo ocorreu na cidade francesa de
Rouen. Provavelmente, Bordeaux, Toulouse, Montpellier,
Brest e muitas outras cidades seguirão esse caminho e
tomarão a gestão do abastecimento de água de volta às
mãos públicas. Mas não só na França: na América Latina,
EUA, África e Europa, em toda parte surgem movimentos para trazer o fornecimento de água de volta às mãos
dos cidadãos. O filme Quem Controla a Água? ajuda a
tomar uma decisão consciente.
The French companies Veolia and Suez are the top
dogs in the growing world-wide market of private water
supply. They are present on all five continents, hardly a
week passes without them entering a new market. But
in France, their home base, of all things, they are losing
ground. Early in 2010, both companies had to grudgingly
hand over the management of the water supply of Paris,
their headquarters, back to the city; the same occurred in
the French city of Rouen. Presumably Bordeaux, Toulouse,
Montpellier, Brest and many other cities will follow and take
the management of the water supply back in communal
hands. But not only in France: in Latin America, the US,
Africa and Europe, everywhere are trends to take the water
supply back into the hands of the citizens. The film Water
Makes Money helps to make an informed decision.
Edição editor
Brian Lilla
água
water
25
Rio Colorado –
O Direito à Água
Rios de
Homens
Watershed – Exploring a New
Water Ethic for the New West
Rivers of Men
EUA, 2012, 56 min
“Uísque é para beber. Água é para se brigar”, diz Jeff
Ehlert, um guia de pesca com mosca em Rocky Mountain National Park, lembrando um ditado popular ouvido
em toda a bacia do rio Colorado. Enquanto um dos rios
mais represados e desviado do mundo luta para sustentar 30 milhões de pessoas em todo o oeste dos Estados
Unidos, podemos encontrar harmonia entre os interesses conflitantes das cidades, agricultura, lazer, vida
selvagem e comunidades indígenas com direitos à água?
“Whiskey is for drinkin’. Water is for fightin’,” says Jeff
Ehlert, a fly fishing guide in Rocky Mountain National
Park, recalling a well worn saying heard throughout the
Colorado River Basin. As one of the most dammed, dibbed,
and diverted rivers in the world struggles to support thirty
million people across the western United States, can we
find harmony amongst the competing interests of cities,
agriculture, recreation, wildlife, and indigenous communities
with rights to the water?
México/Bolívia, 2011, 76 min
Direção director
Mark Dacena
Produção producer
James Redford, Jill Tidman
Roteiro writer
Mark Dacena
Fotografia cinematographer
John Behrens
Edição editor
Matt Notaro
Direção director
As lendas, detalhes e mentiras em torno da
Tin Dirdamal cidade boliviana que foi à guerra pela água.
Produção producer
Uma mãe que perdeu seu filho, um general
Tin Dirdamal, Christina Haglund, do exército que foi obrigado a enviar tropas
Iliana Martínez, José Torres
contra a sua própria terra-natal, um sem-teto
que se tornou um herói e um pai solteiro
Ezequiel Ferro
que colhe flores ajudam a moldar o dito
Fotografia cinematographer
triunfo da guerra da água de Cochabamba.
José Torres
Com o tempo, a complexidade da realidade
Edição editor
Martín Boulocq transformou esta história em um conto de
tragédia. Na tentativa de tornar-se parte do
movimento deste povo, um jovem cineasta
não tem escolha a não ser abandonar o que
ele acredita. O que resta é uma investigação
do relacionamento perdido entre o homem
e a água, e, finalmente, a relação perdida do
homem consigo mesmo.
Roteiro writer
The legend, the details and the lie surrounding
the Bolivian city that went to war over water.
A mother who lost her son, an Army General
who was ordered to send troops against his own
hometown, a homeless man who became a hero
and a single father who harvests flowers help
shape the so-called triumph of the Cochabamba
water war. As time passed, the complexity of
reality transformed this story into a tale of
tragedy. In an attempt to become part of this
people’s movement, a young filmmaker has no
choice but to abandon what he believes in. What
remains is an exploration of the lost relationship
between man and water, and ultimately the lost
relationship of man with himself.
água
water
27
Sustentabilidade no espaço
urbano
André Palhano
cidades
cities
Aluga-se / For rent
“Sustentabilidade é aquela coisa de
preservação das florestas, animais em
extinção, urso polar, certo? Eu nem
gosto de natureza. Nem de bicho.
Então para mim não faz diferença.”
O relato acima, extraído de uma personagem
tipicamente urbana da periferia de São Paulo
Sustainability in urban space durante uma atividade da Virada Sustentável,
em 2012, retrata bem o que ainda é hoje o pensamento médio sobre esse tema: algo distante
André Palhano
das urbes, quase etéreo, restrito às questões de
preservação da natureza como água, biodiversidade e florestas.
“Sustainability is that one thing
As campanhas de ONGs e, mais recentefor the preservation of forests,
mente,
de empresas, também não ajudaram
endangered animals, polar bear,
muito.
Bastava
falar em sustentabilidade ou
right? I do not like nature. Nor
sustentável
e
lá
estava a figura da plantinha,
animals. So for me it makes no
do
verdinho,
do
peixinho
no rio. E, com elas, a
difference”
insistente
caricatura
do
“ecochato”
com todos
The above comment, said by
seus
imperativos.
a typical urban character of the
Colaram a sustentabilidade como um fardo,
periphery of São Paulo during an
activity of the “Virada Sustentável” um checklist interminável de ações cotidianas
que, uma vez não cumprida, nos condena ao
in 2012 depicts what is still today
the average thinking on this topic: tortuoso grupo dos que não estão fazendo nada
something away from large cities, para ajudar.
O efeito não poderia ser pior: reforçou uma
almost ethereal, restricted to
nature conservation issues such as percepção de que sustentabilidade não tem
nada a ver com quem mora nas grandes cidawater, biodiversity and forests.
des, a não ser que a pessoa se torne ativista e
The NGO campaigns and, more
saia pelo mundo defendendo golfinhos em
recently, companies campaigns,
mares revoltos ou denunciando o desmatadid not help that much. It was
mento em florestas tropicais.
enough just to start talking about
É uma percepção equivocada. Aliás, comsustainability or sustainable and
pletamente equivocada. É nas grandes cidades
there was the figure of the little
plant, the little green thing, the little que está o grande impacto da atividade humana
fish in the river. And with them, the sobre as condições de vida na Terra, que é afinal do que estamos falando quando o assunto
insistent “ecochato” (ecoboring)
character with all its requirements. é sustentabilidade.
cidades
cities
29
Nas cidades consumimos a maior parte de
nossos recursos naturais, emitimos o grosso
dos gases do efeito estufa, é ali que paramos em
engarrafamentos colossais feito formigas tontas,
disputamos empregos em busca de mais e mais
dinheiro e tantas outras coisas. A falta de sustentabilidade é um problema, sobretudo, ligado ao
modo como vivemos nas grandes cidades.
Isso sem falar que sustentabilidade é um leque
tão amplo de assuntos que pouquíssima gente
consegue entender que temas não verdinhos
como cidadania, direitos humanos, inclusão,
diversidade ou cultura de paz, entre tantas outras
“urbanices”, fazem parte desse intrincado – e fascinante – novo modo de enxergar a sociedade. E,
sim, são tão importantes quanto os outros para a
sustentabilidade planetária.
Uma mostra de cinema ambiental trazer
“cidades” como um tema próprio revela, no
entanto, que nem tudo está perdido. E quando
seleciona filmes que apontam não apenas um
futuro sombrio e violento nesses locais, não
obstante seus complexos desafios, aí sim a
coisa muda de figura. No lugar do medo, entra
a inspiração.
E são justamente exemplos pra lá de inspiradores que filmes como Rios Perdidos (Canadá,
2012), Detropia (EUA, 2011) e especialmente
Deus Salve o Verde (Itália, 2012) trazem ao
público nesta 2a Mostra Ecofalante de Cinema
Ambiental. Vontade de mudar realidades difíceis torna-se realidade quando bem conectada
É nas grandes
cidades que está o
grande impacto da
atividade humana
sobre as condições
de vida na Terra
Sustainability was stuck as a
burden, an endless checklist
of everyday actions that once
unfulfilled, will condemn us to the
tortuous group who are not doing
anything to help.
The effect could not be worse:
has reinforced a perception that
sustainability has nothing to do
with those who live in big cities,
unless the person becomes an
activist and skirt around the world
defending dolphins in rough seas
or denouncing deforestation in the
rainforests.
It is a misperception. In fact,
completely wrong. It is in the cities
where we find the major impact
of the human activity on the
conditions of life on Earth, which is
ultimately what we’re talking about
when it comes to sustainability.
In the cities we consume most of
our natural resources and we issue
the bulk of greenhouse gases, it is
where we stop in colossal traffic
jams like dizzy ants and where we
fight over jobs in search of more
and more money and many other
things. The lack of sustainability is
an issue mainly related to the way
we live in the big cities.
Not to mention that
sustainability is such a wide
range of subjects that very few
people can understand. And that
a bunch of themes not so green,
such as citizenship, human
rights, inclusion, diversity and
culture of peace, among many
other “urbanices” (urbanissues),
are part of this intricate - and
fascinating - new way of seeing
society. And, yes, they are as
important as the other subjects
for the planetary sustainability.
e articulada. E isso não precisa ser An environmental film exhibition bringing
necessariamente uma tarefa chata. “cities” as a theme itself reveals, however, that it
Tudo bem que existam coisas is not all gloom and doom. And when selecting
nem tão fáceis nem tão bonitas films that show not only a bleak and violent
quanto parecem, como bem revela future on these locations, despite its complex
Pequim Sitiada pelo Lixo (China, challenges, then the picture does change. In
2011), ou problemas invisíveis que the place of fear there it come the inspiration.
sequer conhecemos (O Escuro da And there are more than inspiring examples
Cidade, EUA, 2011), mas isso defi- brought to the public in this 2nd Ecofalante
nitivamente não é motivo para nos Environmental Film Festival: Lost Rivers
(Canada, 2012),
deprimirmos, alardeando por aí que tudo It is in the cities where we Detropia (USA, 2011)
and especially God
está perdido e que as
find
the
major
impact
of
Save
The Green (Italy,
metrópoles estão con2012).
The willing
denadas à barbárie ou the human activity on the
to
change
difficult
ao caos.
conditions
of
life
on
Earth
realities
becomes
Pelo contrário. É nas
reality when it is well
grandes cidades, onde
connected
and
articulated.
And it does not
tudo é tão difícil, que florescem
necessarily
have
to
be
a
boring
task.
as grandes ideias, onde nascem
It
is
true
that
there
are
things
not
so easy nor
coletivos e grupos com maneiras
so
beautiful
as
they
look,
as
well
reveals
Beijing
diferentes de pensar e agir, onde
Besieged
by
Waste
(China,
2011),
or
invisible
conceitos até então demasiadamente heterodoxos se revelam em problems we have no idea (The City Dark, USA,
toda sua força e obviedade, com 2011), but definitely it is not a reason to get
uma espantosa capacidade de con- depressed, flaunting around that all is lost and
that metropolises are doomed to barbarism
taminação sobre as pessoas.
and
chaos.
Ainda bem.
On the contrary. It is in large cities, where
André Palhano é jornalista, professor everything is so difficult, that great ideas
universitário e organizador da Virada flourish, where collectives and groups are
Sustentável, evento que reúne centenas de born with different ways of thinking and
movimentos e grupos ligados ao tema na acting, where even too heterodox concepts are
revealed in all their strength and obviousness,
cidade de São Paulo.
with an amazing ability to contaminate people.
Fortunately.
André Palhano is a journalist, lecturer and the
organizer of “Virada Sustentável”, an event that brings
together hundreds of groups related to the sustainable
subject in the city of São Paulo.
cidades
cities
31
A Cidade
É Uma Só?
Aluga-se
Hood Movie: Is The City One Only?
For Rent
Brasil, 2011, 73 min
Reflexão sobre os 50 anos de Brasília, tendo como foco
a discussão sobre o processo permanente de exclusão
territorial e social que uma parcela considerável da
população do Distrito Federal e do entorno sofre, e
de como essas pessoas restabelecem a ordem social
através do cotidiano. O ponto de partida dessa reflexão é
a chamada Campanha de Erradicação de Invasões (CEI),
que, em 1971, removeu os barracos que ocupavam os arredores da então jovem Brasília. Tendo a Ceilândia como
referência histórica, os personagens do filme vivem e
presenciam as mudanças da cidade.
Brasil, 2012, 15 min
Quanto o espaço urbano influi
DIREÇÃO DIRECTOR
DIREÇÃO DIRECTOR
Adirley Queirós
Marcela Lordy no nosso espaço interior? Como
será amar alguém numa cidade
PRODUÇ ÃO PRODUCER
PRODUÇÃO PRODUCER
Adirley Queirós,
André Carvalheira
Deborah Osborn que vive apagando sua memória?
ROTEIRO WRITER
Adirley Queirós
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Leonardo Feliciano
EDIÇÃO EDITOR
Marcius Barbieri
Elenco cast
Dilmar Durães, Wellington Abreu,
A reflection on the 50 years of Brasilia, having as its main Nancy Araújo, Rosa Maria,
focus the discussion on the ongoing process of territorial Yuri Pierri
and social exclusion suffered by a considerable portion of
the population of the Federal District and Environs, and
of how these people reinstating the social order through
the daily routine. The departure point of this reflection is
the so called “Campaign for the eradication of Invasions
(ERC)” which, in 1971, removed the shacks which were
occupying the surroundings of the then young Brasilia. Using
the neighborhood of Ceilândia as historical reference, the
characters of the film live and witness the changes of the city.
ROTEIRO WRITER
Na história de Clarice e Antonio,
Marcela Lordy e Martha Nowill um retrato da verticalização caóFOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Gabriela Bernd e Janice D’Ávila
EDIÇÃO EDITOR
José Eduardo Belmonte
e Raimo Benedetti
Elenco cast
Martha Nowill, Silvio Restiffe,
Maria Manoella, Gustavo Machado,
Fernanda D’Umbra, Paulo Tiefenthaler,
Nilton Bicudo, João Restiffe
tica de São Paulo e a percepção
do espaço público como uma
tradução de nós mesmos.
How much does the urban
space influences in our interior
space? How would it be to love
someone in a city that lives by
erasing its memory? Through the
history of Clarice and Antonio,
there is a portrait of the chaotic
verticalization of São Paulo and
the perception of the public space
as a translation of ourselves.
cidades
cities
33
Areia
Aterro
Brasil, 2013, 16 min
Brasil, 2011, 72 min
Sand
Um olhar sobre as contradições entre o
ambiente natural e o ambiente construído.
Documentário realizado na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, onde se caracteriza
uma área de expressiva extração mineral de
areia destinada à construção civil. Ressalte-se, porém, que o filme busca revelar na sequência de imagens a dicotomia relativa aos
processos socioeconômicos e aos impactos
sobre o meio ambiente. O passivo ambiental
que o filme expõe, e que inclui a formação de
várias lagoas, indica a reflexão: quais as alternativas futuras para o processo de edificação
nas cidades?
A gaze on the contradictions between
the natural environment and the built
environment. A documentary carried out in the
Metropolitan Region of Rio de Janeiro, where it
is characterized an area of significant mineral
extraction of sand for construction. It should
be stressed, however, that the movie search
reveal in the sequence of images the dichotomy
concerning the socio-economic processes
and the impacts on the environment. The
environmental liabilities that the film exposes
and that includes the formation of several
ponds, indicates the reflection: what are the
future alternatives to the cities building process?
Aterro
DIREÇÃO DIRECTOR
Humberto Kzure-Cerquera
PRODUÇÃO PRODUCER
José Mario Coelho e
João Pedro Martins
ROTEIRO WRITER
Elcio Schroeder,
Humberto Kzure-Cerquera
e Paulette Veiga
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
André Michiles
EDIÇÃO EDITOR
André Michiles
DIREÇÃO DIRECTOR
Belo Horizonte é uma cidade planejada,
Marcelo Reis construída e inaugurada sob os preceios
PRODUÇÃO PRODUCER
progressistas do final do século XIX. Em
Marcelo Reis cerca de meio século, sua produção de lixo
ROTEIRO WRITER
ultrapassou os limites do sistema de gestão
Marcelo Reis de resíduos e todo o lixo passou a ser jogado
a céu aberto a menos de 5 km do centro da
cidade. Aterro é um filme sobre sete mulheEDIÇÃO EDITOR
res pioneiras da catação de lixo no Brasil.
Marcelo Reis
Diante do atual e controverso sistema de
aterragem, elas falam do aparente inevitável
destino do lixo.
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Guilherme Reis
Belo Horizonte is a planned city, built and
inaugurated under the progressive precepts at
the end of the nineteenth century. In nearly half
a century, its waste production has exceeded the
limits of a waste management system and all
the garbage started to be played the open sky
to less than 5 km from the city center. Aterro is
a film about seven women pioneers of garbage
scavenging in Brazil. Before the current and
controversial system of landing, they speak of
the apparent inevitable fate of garbage.
cidades
cities
35
Detropia
Cohab
Detropia
Cohab
EUA, 2011, 90 min
Brasil, 2012, 9 min
Meu prédio: o horizonte, as crianças, os DIREÇÃO DIRECTOR
amigos, os blocos. Um dia sóbrio no bairro Lincoln Péricles
do Capão Redondo, periferia de São Paulo. PRODUÇÃO PRODUCER
Lincoln Péricles e Nair de
Lourdes
My building: the horizon, children, friends, the
blocks. One sober day at Capão Redondo, a ROTEIRO WRITER
Lincoln Péricles
neighborhood on the outskirts of Sao Paulo.
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Lincoln Péricles e Thiago Briglia
EDIÇÃO EDITOR
Lincoln Péricles
DIREÇÃO DIRECTOR
A história de Detroit abrange a emblemática
Heidi Ewing narrativa dos Estados Unidos ao longo do
e Rachel Grady
PRODUÇÃO PRODUCER
Craig Atkinson
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Tony Hardmon e
Craig Atkinson
EDIÇÃO EDITOR
Enat Sidi
último século – a grande migração de afro-americanos fugindo de Jim Crow; o crescimento da indústria e da classe média; o caso
de amor com os automóveis; o nascimento
do sonho americano; e agora... o colapso da
economia americana e o esvaecimento do
mito americano. Com sua vívida paleta pictórica e sua trilha sonora assustadora, Detropia esculpe uma colagem de sonhos de uma
grande cidade à beira da dissolução. Esses
pragmáticos comoventes e filósofos sólidos
se esforçam para chegar a uma conclusão e
tirar um sentido disso tudo, recusando-se a
abandonar a esperança ou a resistência. Sua
coragem encarna o espírito da “Cidade-Motor” enquanto ela se esforça para sobreviver
à América pós-industrial e começa a enxergar
um futuro radicalmente diferente.
Detroit’s story has encapsulated the iconic
narrative of America over the last century— the
Great Migration of African Americans escaping
Jim Crow; the rise of manufacturing and the
middle class; the love affair with automobiles;
the flowering of the American dream; and
now... the collapse of the economy and the
fading American mythos. With its vivid, painterly
palette and haunting score, Detropia sculpts a
dreamlike collage of a grand city teetering on the
brink of dissolution. These soulful pragmatists
and stalwart philosophers strive to make ends
meet and make sense of it all, refusing to
abandon hope or resistance. Their grit and
pluck embody the spirit of the Motor City as it
struggles to survive postindustrial America and
begins to envision a radically different future.
cidades
cities
37
Deus Salve
o Verde
Jardim
Suspenso
God Save the Green
Suspend garden
Itália, 2012, 75 min
Desde 2007 a maioria das pessoas que vive em nosso
mundo, pela primeira vez na história, vive nos subúrbios
das cidades e não mais no campo. Uma transformação
antropológica está aumentando globalmente: pastores e agricultores torna-se cidadãos. No entanto, nos
subúrbios, entre arranha-céus brilhantes, nos subúrbios
anônimos, em favelas em ruínas, re-emerge muitas
vezes a necessidade do homem em trabalhar a terra. Ser
agricultor, essa necessidade constitutiva de nossa espécie, em todas as culturas, de trabalhar a terra, ressurge
desequilibrando ritmos e deveres da vida urbana. A narrativa flui por caminhos possíveis e inovadores: o último
jardim em uma das periferias mais movimentadas de
Casablanca (Marrocos); o cultivo hidropônico em Teresina (Brasil); as hortas comunitárias em Berlim; a produção de vegetais dentro de sacos em uma das favelas de
Nairobi (Quênia); jardins suspensos em Berlim, Turim e
Bolonha; jardinagem de guerrilha em Berlim.
Brasil, 2013, 8 min
DIREÇÃO DIRECTOR
Michele Mellara e
Alessandro Rossi
PRODUÇÃO PRODUCER
Ilaria Malagutti
ROTEIRO WRITER
Michele Mellara e
Alessandro Rossi
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Marco Mensa e Michele Mellara
EDIÇÃO EDITOR
DIREÇÃO DIRECTOR
Garoto desafia a ecologia das cidades. Novas
Isaac Donato plantas e árvores germinam dia a dia. Com
PRODUÇÃO PRODUCER
a radiação, nas metrópoles, ele terá que se
Isaac Donato adaptar à paisagem urbana.
ROTEIRO WRITER
Isaac Donato
A boy challenge the ecology of cities. New
plants and trees germinate day to day. With the
Rogério Teles
radiation, in cities, he will have to adapt to the
EDIÇÃO EDITOR
urban landscape.
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Marcos Lé,
Rogério Teles
Marco Duretti
Since 2007 the majority of people living in our world, for
the first time in history, lives in the suburbs of the cities
and no longer in the countryside. An anthropological
transformation is rising globally: shepherds and farmers
becomes citizens. However, in the suburbs, between shining
crystal skyscrapers, in the anonymous suburbs, in crumbling
slums, re-emerges so often the man’s need to work the land.
That be farmers, that constitutive need of our species, in
every culture, to work the land, resurfaces unhinged rhythms
and duties of urban life. The narration flows into possible
and innovative routes: the last garden in one of the most
crowded peripheries of Casablanca (Morocco); hydroponic
cultivation in Teresina (Brazil); community gardens in
Berlin; growing vegetables inside bags in one of Nairobi’s
slums (Kenya); hanging gardens in Berlin, Turin and
Bologna; Guerrilla gardening in Berlin.
cidades
cities
39
O Som
do Limão
O Escuro
da Cidade
The Sound of Limão
The City Dark
EUA, 2011, 84 min
O Escuro da Cidade é um documentário sobre a poluição
luminosa e o desaparecimento do céu noturno. Depois
de se mudar para a “luminosamente poluída” Nova York,
vindo da rural Maine, o cineasta Ian Cheney pergunta:
“Nós precisamos do escuro?” Explorando a ameaça de
asteroides assassinos no Havaí, monitorando a incubação de tartarugas ao longo da costa da Flórida e resgatando pássaros feridos nas ruas de Chicago, Cheney
desvenda a miríade de implicações de um globo brilhando com luzes – incluindo crescentes taxas de câncer de
mama devido à exposição à luz durante a noite, e uma
geração de crianças sem um vislumbre do universo acima. O Escuro da Cidade é a história definitiva da poluição
luminosa e das estrelas que desaparecem.
Brasil, 2012, 26 min
DIREÇÃO DIRECTOR
Ian Cheney
PRODUÇÃO PRODUCER
Ian Cheney
ROTEIRO WRITER
Ian Cheney
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Ian Cheney e Taylor Gentry
EDIÇÃO EDITOR
Ian Cheney e Frederick Shanahan
DIREÇÃO DIRECTOR
O filme conta a história do Bairro do Limão,
Vinícius Soares São Paulo, a partir dos movimentos musiPRODUÇÃO PRODUCER
cais dos diversos grupos sociais que por ali
Caio Gonçalves passaram desde sua fundação até os dias
ROTEIRO WRITER
Vinícius Soares
de hoje.
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
The movie tells the story of the neighborhood
of Limão, in São Paulo, based on the musical
EDIÇÃO EDITOR
movements of the various social groups who
Pedro Bezerra Jorge
passed over there since its foundation until today.
Gabriel Barrella
The City Dark is a feature documentary about light pollution
and the disappearing night sky. After moving to light-polluted
New York City from rural Maine, filmmaker Ian Cheney asks:
“Do we need the dark?” Exploring the threat of killer asteroids
in Hawaii, tracking hatching turtles along the Florida coast,
and rescuing injured birds on Chicago streets, Cheney unravels
the myriad implications of a globe glittering with lights –
including increased breast cancer rates from exposure to light
at night, and a generation of kids without a glimpse of the
universe above. The City Dark is the definitive story of light
pollution and the disappearing stars.
cidades
cities
41
Pequim
Sitiada
pelo Lixo
Perus: Uma História
Feita de Ferro,
Cimento e Amor
Beijing Besieged by Waste
Perus - A Story Made With
Iron, Cement And Love
China, 2011, 72 min
Na mente das pessoas, Pequim é uma
grande e moderna cidade, com um PIB de
10 mil dólares per capita. Esta antiga cidade
é rica em história e cultura, com ruas limpas
e parques cênicos... mas ela é realmente tão
bonita quanto parece? Talvez tenhamos de
fazer uma simples pergunta: para onde foi
todo o lixo gerado diariamente pela população de mais de 20 milhões? Desde outubro
de 2008, por mais de dois anos, Wang Jiuliang, um fotógrafo independente, partiu em
uma jornada para visitar cerca de 500 lixões
em torno de Pequim em sua motocicleta. As
imagens e os vídeos que ele fez põem por
terra completamente a beleza de Pequim
bem diante de nós! Wang nos fala através de
sua “lente”: Pequim tornou-se uma cidade
sitiada pelo lixo!
Brasil, 2012, 26 min
DIREÇÃO DIRECTOR
Wang Jiuliang
PRODUÇÃO PRODUCER
Wang Jiuliang
ROTEIRO WRITER
Wang Jiuliang
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Fan Xuesong
EDIÇÃO EDITOR
Wang Jiuliang
DIREÇÃO DIRECTOR
A memória do bairro a partir de três personagens que vivenciaram
Rogério Corrêa os diferentes momentos de Perus, que foi perdendo sua identidade
PRODUÇÃO PRODUCER
tradicional e envolveu-se no dinâmico processo de expansão urbana
Rogério Corrêa de São Paulo.
ROTEIRO WRITER
Rogério Corrêa The district memory from the point of view of three characters who
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Lucas Barreto
EDIÇÃO EDITOR
Mauricio Galdieri
experienced the different moments of Perus, which has been loosing its
traditional identity and became involved in the dynamic process of urban
expansion of São Paulo.
In people’s minds, Beijing is a large modern city
with GDP amounting to $10,000 per capita.
This ancient city is rich in history and culture,
with clean streets and scenic parks… but is it
really as beautiful as what it appears? Perhaps
we need to ask a simple question: Where has all
the waste generated every day by the population
of over 20,000,000 gone? Since October
2008, for over two years, Wang Jiuliang, an
independent photographer, set off on a journey
of visiting nearly 500 dumps around Beijing, on
his motorcycle. The images and videos he took
completely crashed the beauty of Beijing in front
of us! Wang tells us through his “lens”: Beijing
has become a city besieged by waste!
cidades
cities
43
Serra
do Mar
Rios Perdidos
Serra do Mar
Lost Rivers
Brasil, 2012, 15 min
Canadá, 2012, 72 min
Once upon a time, in almost every industrial city, countless
rivers flowed. We built houses along their banks. Our roads
hugged their curves. And their currents fed our mills and
factories. But as cities grew, we polluted rivers so much
that they became conduits for deadly waterborne diseases
like cholera, which was 19th century’s version of the Black
Plague. Our solution two centuries ago was to bury rivers
underground and merge them with sewer networks. Today,
under the city, they still flow, out of sight and out of mind…
until now. That’s because urban dwellers are on a quest to
reconnect with this denigrated natural world. Lost Rivers
takes us on an adventure down below and across the globe,
retracing the history of these lost urban rivers by plunging
into archival maps and going underground with clandestine
urban explorers. Could we see these rivers again? To find
the answer, we meet visionary urban thinkers, activists and
artists from around the world.
DIREÇÃO DIRECTOR
DIREÇÃO DIRECTOR
Jonas vigia as torres de energia
Iris Junges da Serra do Mar. Um incêndio
Caroline Bâcle
PRODUÇÃO PRODUCER
PRODUÇÃO PRODUCER
Katarina Soukup
Angelo Ravazi
ROTEIRO WRITER
ROTEIRO WRITER
Iris Junges
Caroline Bâcle
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Jasmin Tenucci
Alexandre Domingue
ocorre na mata.
Jonas watches the electricity towers
of Serra do Mar. A fire occurs in the
forest.
EDIÇÃO EDITOR
EDIÇÃO EDITOR
Eduardo Chatagnier
Howard Goldberg
Elenco cast
foto/photo: Andrew Emond
Rodrigo Bolzan, Roney Villela, Luciana Paes
foto/photo:Katarina Soukup
Houve um tempo, em quase todas as cidades industriais, em que inúmeros rios fluíam. Construímos casas
ao longo de suas margens. Nossas estradas abraçavam
suas curvas. E suas correntes alimentavam nossas usinas e fábricas. Mas, conforme as cidades cresceram, nós
poluímos tanto os rios que eles se tornaram veículos de
doenças mortais transmitidas pela água, como a cólera,
que era a Peste Negra do século XIX. Nossa solução há
dois séculos foi enterrar rios subterrâneos e fundi-los às
redes de esgoto. Hoje, sob a cidade, eles ainda fluem,
fora de vista e de nossas mente... até agora. Isso porque
os moradores urbanos estão em uma busca para se reconectar com o mundo natural denegrido. Rios Perdidos
nos leva em uma aventura abaixo da terra e através do
mundo, redescobrindo a história desses rios urbanos
perdidos ao mergulhar em mapas de arquivos e indo
ao subterrâneo com exploradores urbanos clandestinos.
Será possível vermos esses rios de novo? Para encontrar
a resposta, nos encontramos com visionários pensadores urbanos, ativistas e artistas de todo o mundo.
cidades
cities
45
Contaminação na
sociedade de risco:
uma jornada no escuro
Daniela Vianna
contaminação
Quando minha mãe cursava o
primário em uma escola de Leiria,
no interior de Portugal, em 1945,
presenciou a aplicação do pesticida
DDT (diclorodifeniltricloroetano) no
couro cabeludo de algumas de suas
colegas e da prima Lena. O objetivo era erradicar lêndeas e piolhos. Durante a 2ª Guerra Mundial,
o “milagroso poder” do DDT em
exterminar mosquitos transmissores da febre amarela e da malária,
Contamination in the risk
bem como piolhos e pulgas, foi exalsociety: a journey in the dark tado pelo então primeiro ministro
britânico Winston Churchill.
Daniela Vianna
contamination
Solo / Solo
Quase duas décadas depois, em 1962, a bióWhen my mother was attending
loga Rachel Carson, em seu livro Primavera
elementary school in a school
Silenciosa (Silent Spring), denunciou os efeitos
in Leiria, in the interior of
maléficos do pesticida DDT na fauna, na flora
Portugal, in 1945, witnessed the
e na saúde humana. Ela chamou o pesticida de
application of the insecticide DDT “elixir da morte”.
(dichlorodiphenyltrichloroethane)
O DDT é um organoclorado altamente perin the scalp of some of her
sistente no meio ambiente e na cadeia alimentar.
colleagues and the cousin Lena.
Ele possui características carcinogênicas e pode
The objective was to eradicate
provocar alterações endócrinas. Os estudos de
lice and nits. During the second
Rachel Carson – conhecida como referência e
war, the “miracle power” of DDT
símbolo do ambientalismo moderno – abalaof exterminating mosquitoes that
ram as estruturas de poder vigentes à época.
transmit yellow fever and malaria,
Por meio de fortes evidências, Carson mosas well as lice and fleas, was
trou os limites e as consequências de um
exalted by the then British Prime
modelo de progresso econômico calçado no
Minister Winston Churchill.
uso de produtos químicos sintéticos – como o
Almost two decades later, in 1962, DDT – desenvolvidos pela ciência, fabricados
biologist Rachel Carson in her
pelas indústrias e chancelados pelo governo dos
book “Silent Spring” denounced
Estados Unidos.
contaminação
contamination
47
A poderosa indústria química norte-ame- the harmful effects of the pesticide
ricana investiu mais de 250 mil dólares em DDT on the fauna, flora and
campanhas que objetivavam desacreditá-la. Foi human health. She called the
em vão. Após uma longa batalha judicial – e pesticide “elixir of death.”
toneladas de DDT pulverizadas em 80% das DDT is an organochlorine highly
plantações ao redor do mundo – o uso do pes- persistent in the environment and
ticida organoclorado foi proibido nos Estados food chain. He has carcinogenic
Unidos pela Agência de Proteção Ambiental properties and may cause
Americana (Environmental Protection Agency, endocrine changes. Studies
EPA). Isso ocorreu em 1973. Já no Brasil, o DDT of Rachel Carson - known as
foi totalmente banido do país 47 anos depois reference and symbol of modern
das denúncias de Carson, mais precisamente environmentalism - have shaken
em 2009, por meio da Lei no 11.936/09, san- the prevailing power structures. .
cionada pelo então
Through strong
presidente Lula.
Vivemos na chamada evidence, Carson
O caso do DDT é
the limits and
“sociedade de showed
apenas um exemplo
consequences of a
da complexidade que
risco”, que é repleta model of economic
envolve o tema da conbased on
de incertezas e progress
taminação, seja ela do
the use of synthetic
solo, da água, do ar
de contradições chemicals - such as
ou de alimentos, pro- developed by
envolvendo a DDT
vocando danos ao
science, produced
ambiente e à saúde
sociedade industrial. by industries and
humana. Na nossa
released by the U.S.A
dieta diária, nas roupas que vestimos, nos government.
medicamentos e produtos que utilizamos, nos The powerful U.S. chemical
ambientes de trabalho, nos terrenos que ocu- industry has invested more than $
pamos, em geral fazemos escolhas como se 250,000 in campaign that aimed
caminhássemos no escuro.
at discrediting it. It was in vain.
Como nos mostra o sociólogo alemão Ulrich After a long legal battle - and tons
Beck, vivemos na chamada “sociedade de risco”, of DDT sprayed in 80% of the
que é repleta de incertezas e de contradições plantations around the world - the
envolvendo a sociedade industrial. Como diz use of organochlorine pesticide
um dos entrevistados pelo cineasta Stefan Jarl, was banned in the United States
para o documentário Submissão (Suécia, 2010), by the U.S.A Environmental
vivemos em um enorme oceano de ignorância. Protection Agency (EPA). This
De acordo com a Agência Sueca de Produtos occurred in 1973. In Brazil, DDT
was completely banned from
the country after 47 years of
complaints Carson, more precisely
in 2009 by Law No. 11.936/09,
sanctioned by President Lula.
The case of DDT is just one
example of the complexity
surrounding the issue of
contamination, be it soil, water, air
or food, causing damage to the
environment and human health. In
our daily diet, the clothes we wear,
the medicines and products that we
use in the workplace, in the land we
occupy, generally we make choices
as if we are walking in the dark.
As shown by the German
sociologist Ulrich Beck, we live in
the “risk society”, which is full of
uncertainties and contradictions
involving industrial society. As
said one of the interviewed people
by the filmmaker
We live in the “risk society”, which is
Stefan Jarl for
the documentary
full of uncertainties and contradictions
Submission (Sweden,
involving industrial society.
2010), we live in
a huge ocean of
Químicos, só se conhece os efeitos à saúde de ignorance. According to the
um em cada cinco produtos químicos utiliza- Swedish Agency for Chemicals,
dos hoje, entre combustíveis, plásticos, tintas, we only know the effects on
cosméticos, medicamentos, pesticidas, retar- the health of one in each five
dantes de chama e outros.
products used today, including
O próprio conceito de risco está intimamente fuels, plastics, paints, cosmetics,
relacionado a questões culturais. A percepção medicines, pesticides, flame
dos riscos é em si um fenômeno socialmente retardants and others.
construído. E, quando nos referimos a subs- The concept of risk is closely
tâncias químicas produzidas para suportar o related to cultural issues. The
discurso do “progresso” da sociedade, é preciso perception of risk is itself a
dar luz aos complexos caminhos que envolvem socially constructed phenomenon.
as relações entre indústrias, governos e socie- And, when we refer to chemicals
dade civil em questões de mercado, de lobbies, produced to support the
de lucro a qualquer custo, de manutenção do discourse of “progress” of society,
discurso da geração de empregos como justifi- it is necessary to give light to the
cativa para a poluição ambiental. Os interesses complex pathways that involve the
econômicos e a pressão para que empresas relationships between industries,
apresentem bons resultados no curto prazo governments and civil society
norteiam a tomada de decisões.
on issues of market, lobbies,
Na sociedade de risco, o “crime” ainda com- any profit cost of maintaining
pensa. Grandes multinacionais ganham tempo the discourse of job creation as
– e dinheiro – negando os efeitos nocivos de justification for environmental
suas matérias-primas ou de seus produtos. Elas pollution. Economic interests
se aproveitam de legislações nacionais fracas; and the pressure for companies
da morosidade de processos judiciais e admi- to show good results in the short
nistrativos; das dificuldades em comprovar a term to guide decision-making.
contaminação
contamination
49
relação de causa e efeito entre o contato com In the risk society, the “crime”
a substância química e os agravos à saúde e ao still pays off. Large multinational
ambiente. Também se valem da ausência de save time - and money - negating
uma governança ambiental global.
the harmful effects of their raw
Casos como o do amianto utilizado pela materials or products. They
Eternit, apresentado pelo documentário O take advantage of weak national
Grande Processo do Amianto, e o do vazamento laws, the slowness of judicial
de óleo provocado pela BP no Golfo do México, and administrative proceedings;
em 2010, tema do documentário
Petróleo: O Grande Vício, produ- A questão multicausal de doenças
zido por Josh e Rebecca Tickell,
é um dilema a ser superado para a
são exemplos disso. A pressão e as
denúncias fundamentadas sobre identificação das relações de causa
casos de contaminação comee efeito envolvendo produtos
çam a aumentar. O Greenpeace
Internacional, por exemplo, lançou, químicos e contaminação.
em 2012, um estudo intitulado
“Dirty Laundry: Reloaded” (ainda não tradu- difficulties in proving the relation
zido para o português). A ONG aponta a relação of cause and effect between the
entre saúde humana, contaminação química e contact and the chemical hazards
vestuário envolvendo marcas famosas.
to health and the environment.
Quando são identificados, em pesqui- Also it makes use of the absence of
sas científicas, casos em que bebês, ao serem global environmental governance.
amamentados pelo seio de suas mães, estão Cases such as asbestos used
ingerindo metais pesados, pesticidas persis- by Eternit presented by the
tentes e bioacumulativos, hormônios sintéticos documentary Dust, The Great
e outros produtos químicos complexos, é pas- Asbestos Trial, and the oil spill
sada a hora de repensarmos que sociedade e caused by BP in the Gulf of
que herança queremos deixar.
Mexico in 2010, subject of
Como as mães que pulverizaram DDT na the documentary The Big Fix,
tentativa de livrar suas filhas dos piolhos em produced by Josh and Rebecca
meados do século XX, também as mães de hoje Tickell, are examples. The
desconhecem os efeitos nocivos dos produtos pressure and accusations based
que utilizam. A prima Lena faleceu de câncer on contamination cases begin to
increase. Greenpeace International,
for example, launched in 2012,
a study entitled “Dirty Laundry:
Reloaded”. The NGO points
to the relationship between
human health and chemical
contamination and clothing
involving brands.
When cases are identified
through scientific research
pointing out that when babies
are breastfed by their mothers’
bosom, in fact they are ingesting
The issue of multifactorial
diseases is a dilemma to be
overcome in order to identify
the cause and effect involving
chemicals and contamination.
no intestino há cinco anos. Nunca saberemos
se a doença foi provocada pela exposição ao
DDT. A questão multicausal de doenças é um
dilema a ser superado para a identificação das
relações de causa e efeito envolvendo produtos
químicos e contaminação.
Porém, o instrumento legal do princípio
da precaução começa a ganhar força, como
forma de impedir que substâncias sejam liberadas para consumo sem que seus efeitos sejam
conhecidos. Esse princípio ainda é usado de
forma pontual e incipiente diante da complexidade que envolve as substâncias químicas
presentes em nosso cotidiano.
Os filmes sobre contaminação, apresentados nesta 2a Mostra Ecofalante de Cinema
Ambiental, representam uma excelente oportunidade para que reflitamos sobre essas e outras
questões e para que repensemos o mundo que
queremos para nós, para as pessoas que amamos e para as futuras gerações.
heavy metals, persistent and bioaccumulative pesticides, synthetic
hormones and other chemicals
complex, so it is already past time
to rethink which society and legacy
we want to leave.
As the mothers who sprayed
DDT in an attempt to get rid their
daughters of lice in the midtwentieth century, also mothers
today are unaware of the harmful
effects of the products they use.
Cousin Lena died of intestine
cancer five year ago. We will never
know if the disease was caused
by exposure to DDT. The issue of
multifactorial diseases is a dilemma
to be overcome in order to identify
the cause and effect involving
chemicals and contamination.
However, the legal instrument
of the precautionary principle
begins to gain force as a manner to
prevent substances to be released
for consumption without its
effects being known. This principle
is still used in a timely manner
and incipient way in front of the
complexity involving the chemicals
present in our daily lives.
Movies about contamination
presented in this 2nd Ecofalante
Environmental Film Festival,
represent an excellent opportunity
for us to reflect on these and other
issues and to rethink the world we
want for ourselves, for our loved
ones and for future generations.
Daniela Vianna is a journalist, PhD
Daniela Vianna é jornalista, doutora pelo at the Graduation Program in EnvironPrograma de Pós-Graduação em Ciência Ambiental
da Universidade de São Paulo (PROCAM/USP),
especialista em Saúde Ambiental pela Faculdade de Saúde
Pública (FSP/USP), consultora em sustentabilidade e
sócia da empresa EcoSapiens Comunicação.
mental Science from University of São
Paulo (PROCAM / USP), specialist in
Environmental Health from the School of
Public Health (FSP / USP), sustainability
consultant and partner at EcoSapiens
Communication.
contaminação
contamination
51
A História
de Leonid
O Grande Processo
do Amianto
Leonids Story
Dust, The Great Asbestos Trial
Ucrânia/Alemanha, 2011, 19 min
Uma família soviética à procura de um paraíso modesto é arrastada para um desastre
imenso. Este mágico filme de animação
combina fotografia, desenho e documentário
para captar as emoções surreais da tragédia
verdadeiramente real: Chernobyl 1986. Leonid
cresceu na vila ao lado do reator. A catástrofe
destruiu sua vida, arruinou sua saúde, e ameaçou seu filho ainda não nascido. No entanto,
seu trabalho o leva direto para a zona contaminada. Esta animação conta a sua história.
A Soviet family searching for a modest paradise
is swept into an immense disaster. This magically
animated film combines drawing, photography
and documentary video to capture the surreal
emotions of the too-real tragedy: Chernobyl 1986.
Leonid grew up in the village next to the reactor.
The catastrophe broke his life, ruined his health,
and threatened his unborn child. Yet his work
takes him right into the contaminated zone. This
animated film tells his story.
Itália/Suíça/Bélgica/França, 2011, 83 min
Direção director
Rainer Ludwigs
Produção producer
Tetyana Chernyavska
Roteiro writer
Rainer Ludwigs
Fotografia cinematographer
Rainer Ludwigs
Edição editor
Rainer Ludwigs
Direção director
Acusações: desastre intencional. Pena aplicável: 12 anos
Niccolò Bruna e Andrea Prandstraller de prisão. Réus: nº 142 e nº 243 na lista dos homens mais
Produção producer
ricos do mundo. O primeiro grande julgamento criminal
Enrica Capra contra os grandes mestres do amianto começou em
Roteiro writer
Turim, no inverno de 2010. Os números do desastre são
Niccolò Bruna e Andrea Prandstraller impressionantes: a cada ano, em todo o mundo, 100 mil
Edição editor
Michèle Hubinon
pessoas morrem de doenças relacionadas ao amianto.
Charges: intentional disaster. Applicable punishment: 12
year sentence. Defendants: n.142 and n.243 in the world’s
richest men chart. The first great criminal trial against the
big masters of asbestos started in Turin in winter 2010. The
figures of the disaster are striking: every year, throughout the
world, 100,000 people die from diseases linked to asbestos.
contaminação
contamination
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Petróleo: O
Grande Vício
Radioativo
The Big Fix
The Radiant
EUA/França, 2011, 90 min
No Dia da Terra, em 2010, a Deepwater Horizon causou o pior vazamento de petróleo da
história. De acordo com a imprensa mundial,
a história terminou quando o poço foi tamponado – mas aí que a verdadeira história
começou. Ao expor as causas do vazamento
de óleo e o que realmente aconteceu depois
que as câmeras de televisão deixaram a
região, os cineastas Josh e Rebecca Tickell
revelam uma vasta rede de corrupção.
On Earthday, 2010, the Deepwater Horizon
offshore drilling rig sank creating the worst oil
spill in history. According to the global media,
the story ended when the well was capped – but
that’s when the real story began. By exposing
the root causes of the oil spill and what really
happened after the news cameras left the Gulf
states, filmmakers Josh and Rebecca Tickell
uncover a vast network of corruption.
Reino Unido / Alemanha, 2012, 64 min
Direção director
Direção director
Josh Tickell e Rebecca Harrell Tickell
Produção producer
Rebecca Harrell Tickell
Roteiro writer
Johnny O’Hara
Fotografia cinematographer
Marc Levy
Edição editor
Tina Imahara e Sean P. Keenan
Radioativo explora as consequências de 11 de
The Otolith Group março de 2011, quando o grande terremoto
de Tohoku atingiu a costa nordeste do Japão
às 14h46, provocando um tsunami que
Fotografia cinematographer
matou dezenas de milhares de pessoas e
Sebastian Mayer, Anjalika Sagar
causando o colapso parcial da usina nuclear
e Jonas Mortensen
de Fukushima Daiichi. Nas fissuras abertas
Edição editor
por
estas catástrofes, Radioativo viaja através
Simon Arazi
do tempo e espaço, invocando a promessa
histórica da energia nuclear e convocando
a futura ameaça de radiação que converge
para o presente desconhecido. Sob essas
condições, as cidades iluminadas e aldeias
evacuadas do Japão podem ser entendidas
como um laboratório para o regime nuclear
global que expõe os seus cidadãos às necropolíticas de radiação.
Produção producer
The Otolith Group
The Radiant explores the aftermath of March
11 2011, when the Great Tohoku Earthquake
struck the North East Coast of Japan at 2:46
pm, triggering a tsunami that killed tens of
thousands and causing the partial meltdown
of the Fukushima Daiichi nuclear power plant.
In the fissures opened by these catastrophes,
The Radiant travels through time and space,
invoking the historical promise of nuclear
energy and summoning the future threat of
radiation that converge upon the benighted
present. Under these conditions, the illuminated
cities and evacuated villages of Japan can
be understood as a laboratory for the global
nuclear regime that exposes its citizens to the
necropolitics of radiation.
contaminação
contamination
55
Neve Silenciosa:
O Veneno Invisível
Silent Snow, the Invisible
Poisoning of the World
Holanda, 2011, 71 min
Direção director
Um silêncio ameaçador paira sobre as planícies árticas
Jan van den Berg da Groenlândia e as comunidades esquimós que as
Produção producer
habitam: a poluição atmosférica a partir do acúmulo de
Jan van den Berg and André resíduos químicos que vieram de outros lugares. Jan van
Schreuders den Berg nos leva em uma expedição esquimó através
Roteiro writer
da paisagem glacial e em uma viagem com Pipauk
Jan van den Berg e
Knudsen-Ostermann, uma jovem mulher esquimó, para
Pipaluk Knudsen-Ostermann
as áreas onde se originam as emissões nocivas (Índia,
Uganda e Costa Rica), em busca dos sinais e causas de
Viraj Singh e Jan van den Berg
uma ameaça invisível, porém não menos insidiosa, reveEdição editor
Boris Everts lando suas implicações desastrosas para a Groenlândia,
assim como para o resto do mundo.
Fotografia cinematographer
An ominous silence hangs over Greenland’s arctic plains
and the Inuit communities that inhabit them: atmospheric
pollution from the accumulation of chemical residues that
have come from elsewhere. Jan van den Berg leads us on
an Inuit expedition across the glacial landscape and on a
journey with Pipauk Knudsen-Ostermann, a young Inuit
woman, to the areas where the harmful emissions originate
(India, Uganda and Costa Rica) in search of the signs and
causes of an invisible yet no less insidious threat, revealing
its disastrous implications for Greenland and the rest of the
world as well.
contaminação
contamination
57
Submissão
Solo
Submission
Solo
Suécia, 2010, 87 min
Japão, 2012, 11 min
Com o tsunami que atingiu o
Japão em 2011 como pano de
fundo, o filme explora a relação entre os mortos e os vivos.
Vagar em uma praia cheia de
escombros representando a
alma eterna do povo japonês é
reviver a tragédia da catástrofe,
lembrando o horror e as pessoas
que perderam suas vidas. É uma
meditação sobre a relação entre
a morte e a memória; como as
pessoas que faleceram ainda
permanecem dentro de todos
nós – eles estão vivos enquanto
são lembrados.
With the Tsunami that hit Japan
in 2011 as a backdrop, explores the
relationship between the dead and
the living. Wandering on a beach
filled with rubble representing
the eternal soul of the Japanese
people is reliving the tragedy of
the catastrophe, remembering the
horror and the people who lost
their lives. It is a meditation on the
relationship between death and
memory; how the people who have
passed away still remain inside all
of us – they are alive as long as
they are remembered.
Direção director
Mina Yonezawa
Produção producer
Yuta Yanagihori
Roteiro writer
Mina Yonezawa, Isamu Hirabayashi
Fotografia cinematographer
Sumio O’oki
Edição editor
Mina Yonezawa
Direção director
Submissão é um documentário sobre a
Stefan Jarl “sociedade química” – a sociedade que estiveProdução producer
mos construindo desde a Segunda Guerra
Stefan Jarl Mundial. Naquela época, o ser humano
Roteiro writer
usava 1 milhão de toneladas de produtos
Stefan Jarl químicos por ano, o número hoje é de 500
milhões de toneladas. A indústria química
é a indústria que mais cresce no mundo, e
Edição editor
este filme é sobre os 100 mil produtos quíJoakim Jalin, Anette Lykke-Lundberg
micos que usamos todos os dias, para o que
são usados e o que fazem para nós e nossa
saúde. Consultando um vasto leque de cientistas, o documentarista Stefan Jarl procura
respostas: Que problemas podem causar
esses produtos químicos? O que estamos
passando para nossos filhos ainda não nascidos? E por que nos submetemos a isso?
Fotografia cinematographer
Joakim Jalin, Jörgen Persson
Submission is a documentary about the
‘chemical society’ – the society we have been
building since the Second World War. Back then,
humans used 1 million tonnes of chemicals
per year; the figure today is 500 million tonnes.
The chemical industry is the fastest-growing
industry in the world and this film is about
the 100,000 chemicals we use every day, what
they’re used for and what they do to us and our
health. Consulting a wide range of scientists,
documentary film maker Stefan Jarl seeks
answers: What problems can these chemicals
cause? What are we passing on to our unborn
children? And why do we submit?
contaminação
contamination
59
Trashed – Para Onde Vai o Nosso Lixo? / Trashed – No Place for Waste
Economia
Amália Safatle
economia
Se no dicionário poucos verbetes distanciam ecologia de economia, na vida prática a humanidade
deu conta de promover um verdadeiro racha entre esses significados
que provêm de uma mesma raiz –
oikos, palavra grega que designa
casa ou lar. Embora siamesas, ecologia e economia foram separadas
ao nascer e distanciadas ao longo da
história da civilização.
A arte de bem administrar uma casa ou um
estabelecimento é a primeira definição para
economia, mas bem que poderia se encaixar
em ecologia. Economia gerencia e ordena a
casa; ecologia estuda as relações entre os seres
vivos e o ambiente onde moram. Um ambiente
desequilibrado obviamente prejudica a boa
administração de tudo o que nele vive e produz;
Economy
ao passo que a má gestão dos recursos leva ao
desequilíbrio desse ambiente.
Amália Safatle
A economia não passa de um subsistema de
uma ampla grade de relações ecossistêmicas da
qual depende para existir e funcionar no longo
If just a little few entries separate prazo. Apesar disso, o que se vê é uma inversão:
ecology from economy, in practical o ambiente de que a vida depende é que está
life mankind has promoted a real
subjugado por decisões econômicas que o afebreak in between these meanings, tam o tempo todo.
that come from the same root A humanidade, que subtrai continuamente
oikos, a Greek word for house or
recursos do ambiente e os devolve em forma de
home. Although siamese, ecology resíduos e poluição, tem se mostrado uma pésand economy were separated at
sima administradora. Ultimamente, tornou-se
birth and spaced throughout the
ainda mais consumista. Tem retirado recursos
history of civilization.
a um ritmo que a Terra, por meio dos serviços
The art of running a household
ecossistêmicos que presta, não consegue repor
or an establishment is the first
na mesma velocidade. E nem absorver a quantidefinition for the economy, but
dade de carbono lançada na atmosfera, emissão
it might as well fit in ecology.
esta intensificada pela ação antrópica. Fosse
economy
economia
economy
61
uma empresa, a Terra já teria quebrado. O consumo atual é de um planeta e meio, embora
não haja notícias, por enquanto, de outro astro
próximo apto a nos receber1.
Sustentabilidade é o que almejamos, mas
parece que nos demos conta dessa importância
tarde demais. Isso porque alguns equilíbrios
já foram rompidos e fronteiras ultrapassadas,
como na perda de biodiversidade, com extinção
galopante de espécies; na quantidade de nitrogênio despejada no ambiente por meio do uso
de fertilizantes nitrogenados, gerando zonas
mortas nos oceanos; e na mudança climática,
fenômeno de alcance global capaz de afetar
toda a delicada rede ecossistêmica2.
Por quê? É a pergunta que nos faz tão humanos. Por que, sendo a espécie humana a mais
inteligente, age de forma destrutiva e – o que é
ainda mais inquietante – autodestrutiva, vítima
do próprio sucesso evolutivo? Não faltam
informações nem alertas. Nunca se produziram tantos dados e estudos a respeito. Mesmo
assim, a política econômica dominante segue o
seu rito, business as usual. Por quê?
Economy manages and orders
the house; ecology studies the
relationships between living being
and the environment. An unbalanced
environment obviously affect the
proper administration of all that
lives and produces in it, while the
mismanagement of resources leads
to the imbalance of this environment.
The economy is only a subsystem
of a large grid of ecosystem
relationships upon which it
depends to exist and function in the
long term. Nevertheless, what we
see is a reversal: the environment
that life depends on is subdued
by economic decisions that affect
them all the time.
Mankind, which continuously
despoil the environment resources
and returns it in the form of waste
and pollution, has proved as a poor
administrator. Lately, it has become
more and more consumer. It has
taken resources at a rate
Quem sabe o that the Earth, through
ecosystem services
problema seja ittheprovides,
cannot
a sensação de replace it at the same
And cannot also
impotência, de speed.
absorb the amount of
admitir que pouco carbon released into
the atmosphere. This
se pode fazer frente emission
is intensified
ao gigantismo by human action. If it
was a company, the
do problema? Earth
would have gone
bankrupt. The current
consumption stands for a planet and
a half. Although there is no news, up
to now, on other close planet able to
receive us1.
Sustainability is what we crave
for, but it seems that we realize its
importance too late. That’s because
some balance have been broken and
boundaries have been breached;
as the loss of biodiversity, with a
rampant extinction of species; as
the amount of nitrogen released
into the environment through
the use of nitrogen fertilizers,
creating dead zones in the oceans;
and the climate change, a global
phenomenon that can affect the
delicate ecosystem network2.
Why? It is the question that
makes us so human. Why,
considering the
Maybe the problem is the human species as
the most intelligent
feeling of powerlessness one, acts destructively
and - what is even
in assuming that little
more disturbing - selfcan be done against the destructively, victim of
enormity of the problem? its own evolutionary
success? There is no
Podemos arriscar algumas hipóteses. Talvez lack of information or alerts. So
haja uma fé excessiva em tecnologias salva- much data and studies on this
doras e na ideia de que a própria economia subject have never been produced
contribuirá com soluções, ao oferecer produ- as nowadays. Even thus, the
tos e serviços para as crescentes demandas dominant economic policy follows
de ordem ambiental. Quem sabe o problema the rite, business as usual. Why?
não tenha sido devidamente precificado? E We can venture some hypotheses.
que seja apenas uma questão de saber valorar? Perhaps there is an excessive faith
Ou, quem sabe, o preço será tão alto que tor- in saving technologies and in the
nará inviável a ação, então é melhor manter as idea that the economy itself will
coisas do jeito que estão? Ou talvez haja uma contribute to solutions, offering
indiferença com as gerações que ainda nem products and services to the
nasceram, levando a geração atual a se focar growing environmental demands.
nos problemas do aqui e agora, que já são bem Maybe the problem has not been
grandes. Ou talvez haja uma rejeição a qual- properly priced? And it’s just a
quer coisa que remeta a um catastrofismo, e question of valuing? Or, perhaps,
assim é melhor eliminar o mensageiro que the price will be so high that will
traz notícias más e inconvenientes. Talvez become the action impossible,
haja uma dificuldade por parte dos ambien- then it is best to keep things the
talistas, cientistas, estudiosos, ativistas – e way they are? Or maybe there is an
comunicadores – de comunicar o problema. indifference to the generations that
Não só comunicar, mas sensibilizar. Não só have not even been born, leading
sensibilizar, mas provocar a ação transforma- to the current generation to focus
dora. Quem sabe o problema seja a sensação on the here and now issues, which
de impotência, de admitir que pouco se pode are already quite large. Or maybe
fazer frente ao gigantismo do problema?
there is a rejection of anything
economia
economy
63
Ou, quem sabe, estamos apenas no início de
uma evolução civilizatória, movidos essencialmente por impulsos da nossa natureza animal,
de briga ou fuga. Como crianças, bagunçamos o A Fé nos Orgãnicos / In Organic We Trust
quarto a um ponto que quase não tem conserto,
mas somos novinhos demais para conseguir that refers to a catastrophism,
nos organizar e agir para recuperar o estrago. and so it is better to eliminate
Egocêntricos e narcisistas, como é próprio desta the messenger who brings bad
idade, queremos mais é consumir, brincar, cur- and inconvenient news. Maybe it
tir a vida.
is difficult for environmentalists,
Mas é na construção de uma nova concep- scientists, scholars, activists
ção do que é o bem-estar que pode se abrir um - and communicators - to
caminho de efetiva mudança. O que se entendia communicate the problem.
por progresso não trouxe bem-estar, isso é cada Not only communicate, but
vez mais patente. Marginalmente, surge a ideia to raise awareness. Not only
de que se deve buscar prosperidade em vez de raise awareness but provoke
mero crescimento, ou seja, qualidade acima de transformative action. Maybe
quantidade. Buscar sentido verdadeiro no traba- the problem is the feeling of
lho, no consumo, nas relações.
powerlessness in assuming that
Para isso, a economia e seus instrumentos little can be done against the
devem ser repensados, reestruturados e resede- enormity of the problem?
nhados, de forma que funcionem em prol do Or maybe this is just the
bem-estar humano, ao mesmo tempo em que beginning of an evolution of
respeitam os limites da Terra. Esta noção é revo- civilization, driven primarily by
lucionária, capaz de abrir um capítulo novo na impulses of our animal nature,
of fight or flight. As
Marginalmente, surge a children, we mess
up the room to a
ideia de que se deve buscar point
almost beyond
prosperidade em vez de mero repair, but we are so
new to be able
crescimento, ou seja, qualidade brand
to organize and take
acima de quantidade. Buscar action to recover the
damage. Egocentric
sentido verdadeiro no trabalho, and
narcissistic, as
no consumo, nas relações. befits this age, what
Brasil Orgãnico / Organic Brazil
Marginally, here comes the idea
that we must seek prosperity
instead of mere growth, ie,
quality above quantity. To
search a true sense at work, in
consumer, in the relations.
we want is just to consume, to play,
to enjoy life.
But is the construction of a
new conception of what is wellbeing that can open up a path for
effective change. What was meant
by progress did not bring wellbeing,
it is increasingly clear. Marginally,
here comes the idea that we must
seek prosperity instead of mere
growth, ie, quality above quantity.
To search a true sense at work, in
consumer, in the relations.
For this, the economy and its
instruments must be rethought,
restructured and redesigned so
that can work for the well-being,
at the same time it respects the
limits of the Earth. This concept is
revolutionary, able to open a new
chapter in the history of civilization.
A reunion of oikos, between ecology
and economy, will be a reveal. This
time, with the economy at the
service of life, not the reverse. This
redesign will require hard work on
brand new frontiers of economic
knowledge, and it is in this
regard that economists and other
scholars can and should provide
immeasurable contribution.
história da civilização. Um reencontro de oikos,
entre ecologia a economia, será revelador. Desta
vez, com a economia a serviço da vida, e não
o inverso. Este redesenho exigirá muito trabalho em novíssimas fronteiras do conhecimento
econômico, e é em relação a isso que os economistas e demais estudiosos podem e devem
prestar uma imensurável contribuição.
1 According to the calculation of ecological footprint developed by the Global
1 Segundo cálculo de pegada ecológica desenvolvido pela Footprint Network.
Global Footprint Network.
2 According to a study from the Stock-
2 Segundo estudo do Stockholm Resilience Centre. Mais holm Resilience Centre. More in stockem stockholmresilience.org/planetary-boundaries
holmresilience.org/planetary-boundaries
Amália Safatle é jornalista fundadora e editora da Amalia Safatle is journalist and
Revista Página22
founding editor of the Revista Página 22
economia
economy
65
A Fé nos
Orgânicos
In Organic We Trust
EUA, 2012, 82 min
A Fé nos Orgânicos é um documentário revelador que mostra o verdadeiro significado de
“orgânico”. Quando as corporações entraram
no negócio e “orgânico” se tornou uma marca, a filosofia e o rótulo se separaram. Mas
há esperança para os orgânicos e para nós!
O diretor Kip Pastor olha para além do rótulo
e desenterra soluções inspiradoras para a
nossa saúde e para problemas ambientais.
Cidadãos e comunidades estão resolvendo
os problemas com suas próprias mãos, e a
mudança está vindo do solo para cima.
Direção director
Kip Pastor
Produção producer
Kip Pastor e Emma Fletcher
Roteiro writer
Kip Pastor
Fotografia cinematographer
Todd Banhazl e Jeff Bierman
Edição editor
John-Michael Powell e Yoni Reiss
In Organic We Trust is an eye-opening
documentary that reveals the true meaning
of “organic”. When corporations went into the
business and “organic” became a brand, the
philosophy and the label grew apart. But there’s
hope for organic and for us! Director Kip Pastor
looks beyond the label and unearths inspiring
solutions for our health and environmental
problems. Individual citizens and communities
are taking matters into their own hands, and
change is coming from the soil up.
economia
economy
67
A Vingança do
Carro Elétrico
Brasil
Orgânico
Revenge of the Electric Car
Organic Brazil
EUA, 2011, 90 min
Brasil, 2013, 58 min
Em A Vingança do Carro Elétrico, o diretor Chris Paine leva
sua equipe de filmagem para trás das portas fechadas da
Nissan, GM, e da start-up do Vale do Silício Tesla Motors
para narrar a história do ressurgimento global dos carros
elétricos. Não é apenas a próxima geração de carros ver- Direção director
Chris Paine
des que está em pauta. É o futuro do automóvel em si.
Produção producer
P. G. Morgan e Jessie Deeter
In Revenge of the Electric Car, director Chris Paine takes
Roteiro writer
his film crew behind the closed doors of Nissan, GM, and Chris Paine e P. G. Morgan
the Silicon Valley start-up Tesla Motors to chronicle the story Fotografia cinematographer
of the global resurgence of electric cars. It’s not just the next Thaddeus Wadleigh
generation of green cars that’s on the line. It’s the future of Edição editor
the automobile itself. Chris Peterson
Direção director
O documentário revela histórias
Lícia Brancher e Kátia Klock de pessoas que têm na produção
Produção producer
orgânica uma forte convicção
Lícia Brancher de vida. O roteiro percorre os
Roteiro writer
biomas brasileiros, apresentando
Kátia Klock a diversidade de ecossistemas,
paisagens e culturas. Da pecuária
no Pantanal à produção em larga
Edição editor
escala em São Paulo, das frutas
Alan Langdon
tropicais na Caatinga ao extrativismo na Floresta Amazônica; de
empresas a agricultores familiares e cooperativas da Região Sul.
São histórias e personagens de
um país orgânico.
Fotografia cinematographer
Marx Vamerlatti
The documentary reveals the stories
of people who have on organic
production a strong conviction of
life. The script runs the Brazilian
biomes, showing the diversity
of ecosystems, landscapes and
cultures. From the livestock in
the Pantanal to the large-scale
production in São Paulo, from the
tropical fruits in the Caatinga to
the extractivism in the Amazon
Forest; from companies to family
farmers and cooperatives of the
Southern region; these are stories
and characters of a an organic
country.
economia
economy
69
O Preço da
Democracia
O Sabor do
Desperdício
Pricele$$
Taste the Waste
EUA, 2010, 57 min
O Preço da Democracia é a jornada pessoal
de um cineasta através da América para
responder a uma pergunta incômoda: por
que algumas das políticas mais básicas do
nosso governo, como alimentos e energia,
são tão perigosas ambientalmente... e algo
pode ser feito sobre isso? Compartilhando
a suspeita de concidadãos e de uma turma
de jovens estudantes de educação cívica de
que o dinheiro de campanha política está
envolvido, os cineastas iniciam uma jornada
fascinante, e por vezes hilária, da América
rural aos corredores do Congresso para
descobrir mais, porque a democracia é um
recurso muito precioso para se perder. Na
verdade, não tem preço.
Pricele$$ is a filmmaker’s personal journey
across America to answer a burning question:
why are some of our government’s most
basic policies, like food and energy, so
environmentally dangerous... and can anything
be done about it? Sharing the suspicion of
fellow-citizens and a class of young civics
students that political campaign money
is involved, the filmmakers set out on a
spellbinding and at times hilarious ride from
rural America to the halls of Congress to find
out more, because democracy is too precious a
resource to lose. In fact, it’s Pricele$$.
Alemanha, 2011, 88 min
Direção director
Steve Cowan
Produção producer
Steve Cowan e Cameron Harrison
Roteiro writer
Steve Cowan e Cameron Harrison
Fotografia cinematographer
Barry Schienberg
Edição editor
Steve Cowan, Cameron Harrison
e Barry Schienberg
Direção director
Valentin Thurn
Produção producer
Astrid Vandekerkhove
e Valentin Thurn
Roteiro writer
Valentin Thurn
Fotografia cinematographer
Roland Breitschuh
Edição editor
Birgit Köster
Incrível, mas verdadeiro: no caminho da
fazenda para a mesa da sala de jantar, mais
da metade dos alimentos vai para o lixo. A
maioria antes mesmo de chegar aos consumidores. Por que cada vez maiores quantidades estão sendo destruídas? A agricultura é
responsável por mais de um terço dos gases
de efeito estufa em todo o mundo, pois a
agricultura requer energia, fertilizantes e
terra. Além do mais, sempre que comida
apodrece em um depósito de lixo, o metano
escapa para a atmosfera, um gás com um
efeito 25 vezes mais potente que o dióxido
de carbono. Em outras palavras, quando
perdemos metade de nossa comida, isso
tem um impacto desastroso sobre o clima
mundial. Um documentário sobre o desperdício global de alimentos e o que podemos
fazer sobre isso.
Amazing but true: on the way from the farm
to the dining-room table, more than half the
food lands on the dump. Most of it before it
ever reaches consumers. Why are ever-greater
quantities being destroyed? Agriculture is
responsible for more than a third of the
greenhouse gases worldwide because farming
requires energy, fertilizers and land. What’s more,
whenever food rots away at a garbage dump,
methane escapes into the atmosphere, a climate
gas with an effect 25 times as powerful as carbon
dioxide. In other words, when we waste half of
our food that has a disastrous impact on the
world climate. A documentary about global food
waste and what we can do about it.
economia
economy
71
Sobreviver ao
Progresso
Trashed – Para Onde
Vai o Nosso Lixo?
Surviving Progress
Trashed – No Place for Waste
Canadá, 2011, 86 min
Sobreviver ao Progresso apresenta a história
dos avanços da humanidade como inspiradores e com duas faces. Ele revela o grave risco
de rodar um software do século XXI – o nosso
know-how – no hardware antigo de nosso cérebro primata, que não foi atualizado em 50 mil
anos. Com ricas imagens e envolvente trilha
sonora, os cineastas Mathieu Roy e Harold
Crooks lançam-nos em uma jornada para
contemplar nossa evolução de moradores de
caverna a exploradores do espaço.
Surviving Progress presents the story of human
advancement as awe-inspiring and doubleedged. It reveals the grave risk of running the
21st century’s software — our know- how — on
the ancient hardware of our primate brain
which hasn’t been upgraded in 50,000 years.
With rich imagery and immersive soundtrack,
filmmakers Mathieu Roy and Harold Crooks
launch us on journey to contemplate our
evolution from cave-dwellers to space explorers.
Reino Unido, 2012, 97 min
Direção director
Trashed – Para Onde Vai o Nosso Lixo? olha para os riscos causados
Candida Brady pelo lixo para a cadeia alimentar e o meio ambiente através da poluiProdução producer
Direção director
Mathieu Roy e Harold Crooks
Produção producer
Daniel Louis e Denise Robert
Roteiro writer
Harold Crooks e Mathieu Roy
Fotografia cinematographer
Mario Janelle
Edição editor
Louis-Martin Paradis
ção do nosso ar, terra e mar. O filme revela fatos surpreendentes so-
Candida Brady bre os perigos reais e imediatos para a nossa saúde. É uma conversa
e Titus Ogilvy
global, da Islândia à Indonésia, entre o astro de cinema Jeremy Irons e
cientistas, políticos e pessoas comuns, cuja saúde e meios de subsisCandida Brady
tência foram fundamentalmente afetados pela poluição de resíduos.
Roteiro writer
Fotografia cinematographer
Sean Bobbitt BSC
Edição editor
Trashed - No Place for Waste looks at the risks to the food chain and
James Coward, the environment through pollution of our air, land and sea by waste. The
Kate Coggins film reveals surprising truths about very immediate and potent dangers
e Jamie Trevill to our health. It is a global conversation from Iceland to Indonesia,
between the film star Jeremy Irons and scientists, politicians and ordinary
individuals whose health and livelihoods have been fundamentally
affected by waste pollution
economia
economy
73
Globalização é disputa
Silvio Caccia Bava
globalização
globalization
Globalization is a dispute
Silvio Caccia Bava
Roubando dos Pobres / Stealing from the Poor
Globalization is a term widely
used nowadays. A globalized world
can be understood as a world that
has become close, became smaller,
allows exchanges on a global scale.
From my house I can see on TV
news of everything relevant that
is happening in the world. With
my cell phone I can talk to anyone
on the planet. Through Internet
there are no more distances,
communication is instantaneous.
But is it what are we talking about?
More promptness and facilities
for all of us? Cultural diversity
Globalização é um termo muito usado hoje em dia. Um mundo globalizado pode ser entendido como um
mundo que se tornou próximo, ficou menor, permite trocas em escala
global. Da minha casa eu assisto nos
telejornais tudo que está acontecendo de relevante no mundo. Com
meu telefone celular posso falar com
qualquer pessoa no planeta. Pela internet não existem mais distâncias,
a comunicação é instantânea. Mas
é disso que estamos falando? Mais
facilidades para todos? Uma diversidade cultural compartilhada como
riqueza da humanidade?
No momento atual da história da humanidade não encontramos este padrão de
solidariedade e cooperação como dominante.
Muito ao contrário, vivemos uma era de competição, de individualismo, de ganância sem
limites. E a globalização só pode ser entendida
neste contexto. O avanço das tecnologias que
permitem tudo isso não é ingênuo, tem um
sentido e tem atores que lhes imprimem o sentido; a globalização, portanto, serve a interesses.
A globalização, neste século XXI, nesta fase
atual do capitalismo, é a integração dos mercados e a exploração sem limites, em escala
global, dos recursos naturais. A globalização é
a produção da desigualdade em escala global. É
um processo que gera pobreza em larga escala
e beneficia a poucos. Os atores que impulsionam este processo são empresas que têm como
único objetivo a maximização dos lucros, não
importam os danos ambientais e sociais que
promovam. E o seu sentido trágico é que não
globalização
globalization
75
shared as a wealth of humankind?
At the present moment in human
history we do not find this
solidarity and cooperation pattern
as dominant. On the contrary,
we live in an era of competition,
individualism, and greed without
limits. And globalization can only
be understood in this context.
The advance of technologies that
allows all of this is not naive, has a
meaning and has actors that bring
sense to it, globalization, therefore,
serves the interests.
Globalization, in this century
XXI, in the current phase of
capitalism, is the integration of
markets and exploitation with no
limits, on a global scale, of the
natural resources. Globalization
is the result of inequality on a
global scale. It is a process that
generates large-scale poverty for
few ones benefiting from it. The
há quem lhes imponha
actors that drive this
limites. Estas empresas vão A globalização
process are companies
transformando tudo em
whose sole purpose
é a produção da
mercadoria, deixam um rasis to maximize profits,
tro de morte, de destruição, desigualdade em
never mind the
comprometem o futuro da
environmental and
escala global. É um social
humanidade.
damage that
Os sofisticados equi- processo que gera
it promotes. And its
pamentos de pesca, com
tragic sense is that
pobreza em larga
radares e sonares, não dão
there is no one to
qualquer chance para os escala e beneficia a
build limits to them.
cardumes cada vez mais
These companies
poucos.
escassos de peixes. A escala
will go on turning
de produção destes barcos
everything into a
pesqueiros é de grande magnitude, são verda- commodity, leave a trail of death,
deiras indústrias flutuantes que não respeitam destruction, compromising the
qualquer tipo de regulação, seja ela nacional future of human beings.
ou internacional, invadem territórios maríti- The sophisticated fishing
mos de países que não têm como proteger suas equipment, with radars and
águas de uma pirataria promovida pelo pri- sonars, do not give any chance
meiro mundo.
for the increasingly more scarce
A globalização não é orquestrada a partir fish shoals. The production scale
de um centro de decisões, que eventualmente of this fishing boats is of great
magnitude, they are true floating
industries that do not respect any
kind of regulation, be it national or
international, invading maritime
territories of countries who cannot
protect its waters from a piracy
promoted by the first world.
Globalization is not orchestrated
from a decisions center, which
eventually could change the
course of things. She is the
Sushi: A Caçada Global / Sushi: The Global Catch
anarchic expansion of voracious
animals, increasingly powerful
predators consuming
Globalization is the result all that lies ahead and
of inequality on a global affect reproduction
poderia mudar o curso
rules of nature
scale. It is a process that itself, causing the
das coisas. Ela é a
expansão anárquica de
generates large-scale extinction of species
animais vorazes, preand committing itself
poverty for few ones playability of life on
dadores cada vez mais
poderosos que conbenefiting from it. our planet.
somem tudo que tem
When carbon
pela frente e afetam as regras de reprodução emissions are denounced as
da própria natureza, provocando a extinção de promoters of global warming,
espécies e comprometendo a própria capaci- when scientists come to the
dade de reprodução da vida em nosso planeta. conclusion that we are striding to
Quando as emissões de carbono são denun- climatic catastrophes, then this
ciadas como promotoras do aquecimento Midas who turns everything into
global, quando os cientistas chegam à conclu- gold creates the carbon market
são que estamos caminhando a passos largos as a solution to the crisis. And
para catástrofes climáticas, então esse Midas companies are operating with
que transforma tudo em ouro cria o mercado de carbon credits by promoting an
carbono como solução para a crise. E as empre- alleged compensation for the
sas passam a operar com créditos de carbono, ravages they promote. But forests
promovendo uma suposta compensação pelas do not recompose...
devastações que promovem. Mas as florestas When science discovers that
não se recompõem...
produce seeds that can increase
Quando a ciência descobre que pode produ- productivity, but do not allow
zir sementes que aumentam a produtividade, the reproduction of the species,
mas não permitem a reprodução da espécie, this supposedly neutral science
esta suposta neutra ciência captura todos os captures all the small farmers who
pequenos agricultores, que têm de comprar must buy for all sowing GM seeds
para toda semeadura as sementes transgênicas offered by transnational companies.
oferecidas pelas transnacionais. E se não têm And if there is no way to buy, there
com que comprar, não têm como comer.
is no way to ea.
globalização
globalization
77
foto/photo: Anand Pande
A Corrida do
Carbono
Amargas Sementes / Bitter Seeds
The Carbon Rush
Canadá, 2012, 85 min
DIREÇÃO DIRECTOR
Centenas de represas hidrelétricas no Pana-
Amy Miller má. Incineradores de queima de lixo na Índia.
A mesma produtividade perseguida pelas empresas demanda o
uso de pesticidas, que correm para
os rios e contaminam as águas,
que envenenam a cadeia da vida na
qual estas plantações se inscrevem.
A globalização dos mercados e
dos negócios, pois é disso que se
trata, não tem ética, não tem valores,
não visa senão ao lucro. E caminha
cegamente para um ponto de não
retorno, no qual a natureza perde
sua capacidade de se recompor da
faina devastadora das empresas, no
qual a humanidade fica ameaçada
na sua própria reprodução.
E como a globalização é uma
obra dos homens, assim como ela
foi construída ela também pode ser
transformada, resta saber se a mãe
Natureza terá paciência de esperar
este despertar da humanidade. Se
ele vier...
The same productivity pursued
by companies demand the use
of pesticides, that flow into
rivers and contaminate the water,
poisoning the chain of life in
which these crops fall.
The globalization of markets
and business, which is what ii is
about, has no ethics, no values,
it refers only to profit. And it
walks blindly into a point of no
return, where nature loses its
ability to recover from devastating
companies toil, in which human
beings are threatened in its own
reproduction.
And as globalization is a work
of men, as it was built it can also
be transformed, the question is
whether Mother Nature will have
the patience to wait this human
being awakening.
If it comes...
Silvio Caccia Bava é sociólogo, Silvio Caccia Bava is a sociologist,
fundador e coordenador de projetos do
Instituto Pólis, diretor e editor-chefe do
jornal Le Monde Diplomatique Brasil.
founder and project coordinator of the
Instituto Polis, director and chief editor
of Le Monde Diplomatique Brazil
newspaper.
PRODUÇÃO PRODUCER
Biogás extraído do óleo de palma em Hondu-
Amy Miller e ras. Florestas de eucalipto ceifadas para carByron A. Martin
ROTEIRO WRITER
Amy Miller
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Paul Kell
EDIÇÃO EDITOR
Boban Chaldovich e
Étienne Gagnon
vão vegetal no Brasil. O que esses projetos
têm em comum? Eles estão todos recebendo créditos de carbono para compensar a
poluição criada em algum outro lugar. Mas
qual o impacto que essas compensações
estão tendo? Elas estão realmente reduzindo
emissões? E as pessoas e as comunidades
onde esses projetos foram criados? A Corrida
do Carbono nos leva ao redor do mundo para
conhecer as pessoas mais afetadas. Elas são
as menos ouvidas na cacofonia em torno
dessa emergente indústria multibilionária de
“ouro-verde” de carbono.
Hundreds of hydroelectric dams in Panama.
Incinerators burning garbage in India.
Biogas extracted from palm oil in Honduras.
Eucalyptus forests harvested for charcoal
in Brazil. What do these projects have in
common? They are all receiving carbon credits
for offsetting pollution created somewhere else.
But what impact are these offsets having? Are
they actually reducing emissions? And what
about the people and the communities where
these projects have been set up? The Carbon
Rush takes us around the world to meet the
people most impacted. They are the least heard
in the cacophony surrounding in this emerging
“green-gold” multi-billion dollar carbon industry.
globalização
globalization
79
Pescando
Sem Redes
Amargas
Sementes
Fishing Without Nets
Bitter Seeds
Quênia, 2011, 17 min
USA/ Índia, 2011, 88 min
DIREÇÃO DIRECTOR
A cada 30 minutos um fazendeiro se mata
por desespero na Índia por não poder mais
suprir as necessidades de sua família. Será
Ramkrishna o próximo? Um agricultor de
algodão no epicentro da região atingida pela
crise de suicídios, ele está lutando para manter sua terra. Manjusha, filha dos vizinhos,
está determinada a superar as tradições da
vila e se tornar uma jornalista. A situação de
Ramkrishna é seu primeiro trabalho. Amargas Sementes levanta questões críticas sobre
o custo humano da agricultura geneticamente modificada dentro de uma narrativa
baseada em personagens emocionantes.
Uma história de piratas na Somália contada
Cutter Hodierne da perspectiva dos piratas.
DIREÇÃO DIRECTOR
Micha X. Peled
PRODUÇÃO PRODUCER
Cutter Hodierne, John Hibey, A story of pirates in Somalia told from the
Raphael Swann, Harold Otieno perspective of the pirates.
e AbuBakr Mire
PRODUÇÃO PRODUCER
Micha X. Peled
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Devendra Golatkar
ROTEIRO WRITER
Cutter Hodierne
EDIÇÃO EDITOR
Leonard Feinstein
fotos/photos: Shaul Vitis
Every 30 minutes a farmer in India kills himself
in despair because he can no longer provide
for his family. Will Ramkrishna be next? A
cotton farmer at the epicenter of the suicide
crisis region, he is struggling to keep his
land. Manjusha, the neighbors’ daughter, is
determined to overcome village traditions and
become a journalist. Ramkrishna’s plight is
her first assignment. Bitter Seeds raises critical
questions about the human cost of genetically
modified agriculture within a gripping
character-based narrative.
globalização
globalization
81
Sushi:
A Caçada Global
Roubando
dos Pobres
Sushi: The Global Catch
Stealing from the Poor
Grécia, 2011, 55 min
Alguma vez você já se perguntou de onde
vem o peixe que você come? A demanda
sempre crescente de peixe no mercado internacional tem impulsionado frotas de pesca
europeias e asiáticas para as costas da África
Ocidental. Centenas de navios piratas industriais estão pescando ilegalmente nas águas
territoriais dos países da região, devastando
todas as formas de vida no oceano e condenando milhões de africanos à pobreza e
à fome. Roubando dos Pobres foi filmado no
Senegal, onde a pesca pirata perpetrada por
enormes navios pertencentes a países desenvolvidos está privando os habitantes daquele
país do oeste africano de sua principal fonte
de subsistência.
Have you ever asked yourself where does
the fish you eat come from? The ever-rising
demand for fish in the international market
has driven European and Asian fishing fleets
towards the coasts of West Africa. Hundreds
of industrial pirate ships are fishing illegally in
the territorial waters of the nations of the area,
devastating all forms of life in the ocean and
condemning millions of Africans to poverty and
hunger. Stealing from the Poor was filmed
in Senegal, where pirate fishing perpetrated by
huge ships belonging to developed countries is
depriving the inhabitants of this West African
country of their main source of subsistence.
EUA, 2011, 84 min
DIREÇÃO DIRECTOR
Yorgos Avgeropoulos
PRODUÇÃO PRODUCER
Georgia Anagnou
ROTEIRO WRITER
Yorgos Avgeropoulos
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Yiannis Avgeropoulos
EDIÇÃO EDITOR
Yiannis Biliris, Anna Prokou
DIREÇÃO DIRECTOR
Como o sushi se tornou item de uma culinária global? O
Mark Hall que começou como um alimento simples mas eleganPRODUÇÃO PRODUCER
te comercializado por vendedores de rua em Tóquio
Mark Hall tornou-se um fenômeno mundial nos últimos 30 anos.
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Sushi: A Caçada Global é um documentário de longa-me-
Matt Franklin, Jason
tragem filmado em cinco países que explora a tradição, o
Faust e Kazu Furuya
crescimento e o futuro dessa culinária popular. Belos pedaços de peixe cru e arroz aparecem agora de Varsóvia e
Catie Cacci e Sandra
Adair Nova York a jogos de futebol em cidades do Texas. Esse
crescimento pode continuar sem consequências?
EDIÇÃO EDITOR
How did sushi become a global cuisine? What began as a
simple but elegant food sold by Tokyo street vendors has
become a worldwide phenomenon in the past 30 years. Sushi:
The Global Catch is a feature-length documentary shot in
five nations that explores the tradition, growth and future
of this popular cuisine. Beautiful raw pieces of fish and rice
now appear from Warsaw and New York to football games in
Texas towns. Can this growth continue without consequence?
globalização
globalization
83
A luta continua
(mas... com que cara?)
Aron Belinky
mobilização
mobilization
The struggle continues
(but… with which face?)
Aron Belinky
Uma Guerra Verde / A Fierce Green Fire: The Battle for a Living Planet
Being for more than 30 years
a regular activist/promoter
of marches and other public
demonstrations on the democratic
and environmental causes,
watching A Fierce Green Fire made
inevitable to feel a mixture of joy
with nostalgia, half proud, half
painful - mix of achievement with
Sendo há mais de 30 anos um
assíduo frequentador/promotor de
passeatas e outras manifestações
públicas pelas causas ambientais
e democráticas, ao assistir a Uma
Guerra Verde foi inevitável sentir um
misto de alegria com nostalgia, meio
orgulhosa, meio dolorosa – mescla
de realização com esperança e frustração. Neste filme (e nos demais
trazidos pela Ecofalante 2013 sobre
o tema Mobilização), temos o registro de movimentos que há meio
século vêm puxando a pauta ambiental, enfrentando – com maior ou
menor sucesso – poderosíssimos
obstáculos e interesses, tanto em
nível global como local.
Ver o quanto cresceu a questão socioambiental em termos de presença na mídia, nas
conversas das pessoas comuns e nos discursos
das empresas e políticos é motivo de contentamento: não há dúvida de que assuntos que
até há não muito tempo atrás eram tachados
de ingênuos ou ecochatice são agora discutidos por cidadãos e instituições bem distantes
das convicções eminentemente filosóficas e éticas que motivaram os pioneiros do movimento.
O espaço conquistado no discurso mainstream
é um claro sinal de sucesso, mesmo que as
mudanças práticas já obtidas ainda estejam
bem aquém do necessário.
Quanto avançamos, de fato? É impossível
ignorar a semelhança dos chamados que vemos
hoje na internet e nas mídias sociais com os clamores inflamados dos ativistas nos megafones
mobilização
mobilization
85
e as palavras de ordem nas faixas e cartazes de
décadas passadas. Descontando o maior nível
de informação e a maior urgência do que já era
urgente, os alertas dos cientistas e líderes de
então não diferem muito dos de agora. Daí o
gosto de frustração, de preocupação quanto ao
que foram, de fato, tais avanços.
Como um espelho multitemporal, os documentários nos mostram lutas e conquistas do
passado – fonte de realização e esperança –,
mas também a persistência de desafios semelhantes no presente, trazendo um toque amargo
às vitórias e uma preocupação pelo futuro: dará
tempo? Teremos forças e ânimos renovados?
Andar na contramão da cultura de consumo
e concentração de renda/poder predominante
não é um desafio pequeno: enquanto crescem a
consciência e o engajamento, crescem também
a alienação, o consumismo e a ganância. Difícil
dizer com certeza qual a resultante... Entre
avanços de um lado e de outro, o que mudou
no conjunto? Estamos mais próximos ou mais
distantes da sociedade socialmente justa, economicamente próspera e ambientalmente
sustentável de que há tanto tempo falamos?
Apesar dos pesares, como testemunha ocular do passado e do presente, creio que estamos
hoje bem mais próximos desse ideal do que há
30 ou 40 anos. Há velhos e novos problemas,
A geração nascida e crescida no
mundo globalizado tipicamente
não se conforma com a rigidez
e limitações das instituições
criadas nos séculos anteriores, e
está ativamente criando novos
caminhos.
hope and frustration. In this film
(and the other ones brought by
Ecofalante 2013 regarding the
subject Activism), we have the
record of movements that for half
a century have been pulling the
environmental agenda, facing - with
varying success - very powerful
obstacles and interests, both
globally and locally.
Seeing how the environmental
issue has grown in terms of media
presence, in ordinary people
conversation and in the politicians
speeches and businesses is a
reason for joy: there is no doubt
that subjects who until not long
ago were labeled as naive or ecoboringness are now discussed
by citizens and institutions far
from the highly philosophical and
ethical convictions that motivated
the pioneers of the movement.
The space gained in mainstream
discourse is a clear sign of success,
even if the practical changes already
obtained are still much below the
needs.
How has we moved forward, in
fact? It is impossible to ignore
the similarity of calls that we see
today on the Internet and in social
media with inflamed activists
claims in megaphones and the
slogans on banners and posters of
the past decades. Discounting the
highest level of information and
greater urgency than it was already
urgent, the warnings of scientists
and leaders do not differ so much
from the today´s ones. That is the
reason for the taste of frustration,
concerning to what were, in fact,
such advances.
Like a multi-timely mirror, the
documentaries show us the
struggles and achievements
mas há também novos e poderosos recursos from the past - a source of
nas mãos da sociedade, além do fato de que – a accomplishment and hope - but also
despeito de algumas vozes dissonantes e inte- the persistence of similar challenges
resses imediatistas – é geral o consenso sobre a in the present, bringing a bitter
tasting to the winning and a concern
importância do equilíbrio socioambiental.
for
the future: there will be enough
Mas é preciso reconhecer que “nada será
time?
Will we have renewed the
como antes, amanhã”: vivemos um novo constrength
and spirits?
texto, com novas formas de articulação e
Walking
in the opposite direction
mobilização. Vejamos, por exemplo, o que
of
consumption
and income
ocorreu a propósito da reunião das partes da
concentration
/
predominant
power
Convenção do Clima, em 2009, a COP 15. As
culture
is
not
a
small
challenge:
as
100 mil pessoas que então marcharam pelas
the
awareness
and
engagement
ruas de Copenhague geraram imagens memoráveis e momentos emocionantes. Mas, o que grow, there also grows the alienation,
dizer dos 18 milhões de de assinaturas online consumerism and greed. It is difficult
coletadas em apenas 4 meses e dos mais de to say with certainty what is the result
2.300 eventos simultâneos realizados sobre o ... Among advances on one side and
mesmo tema, na mesma ocasião? Renderam the other, what has changed in the
imagens menos vistosas, mas são por isso set? Are we closer or further from
menos importantes? Como poderá o cinema the socially fair society, economically
registrar e traduzir uma energia tão grande, mas prosperous and environmentally
também tão dispersa? Os dirigentes mundiais sustainable that we have been talking
não cederam ao enorme apelo da campanha for so long?
In spite of everything,
The generation born and as an eyewitness of
past and present,
raised in the globalized Ithe
believe we are now
world typically does much closer to this ideal
than we were 30 or 40
not conform to rigidity years
ago. There are old
and limitations of the and new problems, but
there are also new and
institutions created in powerful
resources in
previous centuries, and the hands of society,
beyond the fact that is actively creating new despite
some dissenting
paths. voices and immediate
interests – there is
general consensus
on the importance of the socioenvironmental balance.
But we must recognize that
“tomorrow, nothing will be as
before”: we live a new context, with
new articulation and mobilization
forms. Take, for example, what
happened with regard to the meeting
mobilização
mobilization
87
TckTckTck (TicTacTicTac no Brasil), mas ela
foi certamente um marco histórico nesta nova
fase da mobilização socioambiental planetária.
Talvez o ativismo do século XXI coloque
gente nas ruas com menor volume e frequência, mas nem por isso deve ser visto como
menos relevante ou engajado. Assim como
mudam os tempos e os campos de ação, também mudam os atores e suas formas de agir.
A geração nascida e crescida no mundo globalizado tipicamente não se conforma com a
rigidez e limitações das instituições criadas nos
séculos anteriores, e está ativamente criando
novos caminhos. Da política representativa
estamos rumando para a política autoral, na
qual o cidadão não se limita a escolher e fiscalizar seus representantes eleitos, mas vai além,
colocando-se direta e permanentemente na
política e na esfera pública. Como isso funcionará, exatamente, não se sabe. Mas é certo que
estamos fazendo e aprendendo a cada dia.
E aqui retorno ao espelho multitemporal do
cinema, com seu poder único de não só mostrar
o passado nostálgico mas também de nos projetar o futuro. E como é ele? Pode ser sombrio
e derrotista, mas também pode ser o resultado
dos desejos e empenhos positivos que acalentarmos agora. Pode ser a vida precária num cenário
pós-apocalíptico, como pode ser o bem viver conquistado com a superação dos desafios presentes,
se desde já colocarmos nossa energia criativa para
desenhar e construir o futuro desejado.
of the parties in the 2009 Climate
Convention, the COP 15. The
100,000 people who then marched
through the streets of Copenhagen
generated memorable images and
exciting moments. But, what about
the 18 million signatures collected
online in just four months and more
than 2,300 simultaneous events
held on the same subject, at the
same time? Less showy images
yielded, but less important? How
can the film record and translate a so
great power, but also so dispersed?
World leaders did not give the huge
appeal of the TckTckTck Campaign
(TicTacTicTac in Brazil), but it was
certainly a milestone in this new
phase of global socio-environmental
mobilization.
Perhaps the XXI century activism
put people on the streets with
lower volume and frequency, but
by no means should be seen as
less relevant or engaged. As the
times and the fields of action
changes, so do the actors and their
ways of acting. The generation
born and raised in the globalized
world typically does not conform
to rigidity and limitations of the
institutions created in previous
centuries, and is actively creating
new paths. From the representative
politics we are heading for copyright
policy, in which the citizen is not
limited to choosing and overseeing
their elected representatives, but
goes beyond, putting themselves
directly and permanently in politics
and in the public sphere. How will
it work, exactly, nobody knows. But
it is certain that we are doing and
learning every day.
And here I return to the cinema
multi-timely mirror, with its unique
power in not only showing the
Uma Guerra Verde / A Fierce Green Fire: The Battle for a Living Planet
Quanto falta para chegarmos lá, não sabemos, mas o certo é que temos ainda um bom
caminho pela frente. E não adianta nostalgia, pois os tempos são outros: não é mais só
o povo na rua (que saudades!), mas também a
mudança positiva, o mudar já e fazer diferente,
o rearranjar-se dinâmico dos cardumes.
É bom aprender com o passado, mas é também essencial projetar e construir, nas telonas
e telinhas, o futuro que queremos.
Aron Belinky Coordenador de Desenvolvimento
Local e de Articulação e Parcerias do GVces – Centro de
Estudos em Sustentabilidade da Escola de Administração
de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas.
nostalgic past but also in designing
the future. And how is it? It may
be gloomy and defeatist, but it can
also be the result of positive desires
and endeavors which we cherish
now. May be the precarious life in a
post-apocalyptic scenario, or even
may be an achieved good living by
overcoming the present challenges,
if from now on we put our creative
energy to design and build the
expected future.
How long will it take to get there,
we do not know, but the truth is
that we still have a long way to go.
And nostalgia will not work here,
because times have changed: it is
no longer only the people in the
street (we miss this!), but also a
positive change, and changing
means already doing differently, the
dynamic rearranging of the shoals.
It’s good to learn from the past,
but it is also essential to design and
build, on the big and small screen,
the future we want.
Aron Belinky Local Development
and Partnerships Coordinator at GVces
- Center for Sustainability Studies at the
School of Business Administration of São
Paulo, Fundação Getúlio Vargas.
mobilização
mobilization
89
Eco-Pirata:
A História de
Paul Watson
A Última
Montanha
The Last Mountain
Eco-Pirate: The Story
of Paul Watson
EUA, 2011, 95 min
Nos vales dos Apalaches, uma batalha está sendo travada por uma montanha. É uma batalha com consequências graves, que afetam a todos os americanos, independentemente de sua condição social, econômica ou de
onde vivem. É uma batalha que tem levado muitas vidas
e continua a fazê-lo quanto mais tempo ela é travada. É
uma batalha para proteger nossa saúde e meio ambiente
do poder destrutivo do “grande carvão”. Uma história
impetuosa e pessoal que homenageia o extraordinário
poder dos americanos comuns que lutam por aquilo em
que acreditam, A Última Montanha joga uma luz nas
necessidades energéticas dos EUA e em como essas necessidades estão sendo atendidas. É uma luta por nosso
futuro, que afeta a todos nós.
In the valleys of Appalachia, a battle is being fought over a
mountain. It is a battle with severe consequences that affect
every American, regardless of their social status, economic
background or where they live. It is a battle that has taken
many lives and continues to do so the longer it is waged. It is
a battle over protecting our health and environment from the
destructive power of Big Coal. A passionate and personal tale
that honors the extraordinary power of ordinary Americans
who fight for what they believe in, The Last Mountain shines
a light on America’s energy needs and how those needs are
being supplied. It is a fight for our future that affects us all.
Canadá, 2011, 110 min
DIREÇÃO DIRECTOR
Bill Haney
PRODUÇÃO PRODUCER
Bill Haney, Clara Bingham
e Eric Grunebaum
ROTEIRO WRITER
Bill Haney e Peter Rhodes
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Jerry Risius, Stephen McCarthy
e Tim Hotchner
EDIÇÃO EDITOR
Peter Rhodes
DIREÇÃO DIRECTOR
Eco-Pirata: A História de Paul Watson é um
Trish Dolman documentário de longa-metragem sobre um
PRODUÇÃO PRODUCER
homem em uma missão para salvar o plane-
Trish Dolman, Kevin ta e seus oceanos. O filme segue Watson em
Eastwood ação conforme ele repetidamente desrespeiROTEIRO WRITER
Trish Dolman
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Todd Craddock, Ian Kerr,
Kristian Olsen
EDIÇÃO EDITOR
Brendan Woollard, Mike
Jackson
ta a lei para poder repreender os que ele vê
como os mais graves infratores – os caçadores ilegais do mundo. Desde os primórdios
da Greenpeace até o naufrágio de um navio
baleeiro pirata em Portugal, de confrontos
com pescador em Galápagos às recentes
batalhas de Watson com a frota baleeira japonesa na Antártida, o documentário narra a
extraordinária vida de uma das mais controversas figuras do movimento ambientalista.
Eco-Pirate: The Story of Paul Watson is a
feature-length documentary about a man on a
mission to save the planet and its oceans. The
film follows Watson in the act as he repeatedly
flouts the law, so that he may apprehend what
he sees as the more serious law-breakers – the
illegal poachers of the world. From the genesis
of Greenpeace to the sinking of a pirate whaling
ship off Portugal, from clashes with fisherman
in the Galapagos to Watson’s recent headlinegrabbing battles with the Japanese whaling fleet
in Antarctica, this documentary chronicles the
extraordinary life of one of the most controversial
figures in the environmental movement.
mobilização
mobilization
91
Rebeldes
com Causa
O Gasoduto
The Pipe
Rebels With a Cause
Irlanda, 2010, 83 min
O Gasoduto conta a história da pequena comunidade de Rossport, que enfrentou o poder
da Shell e do Estado irlandês. A descoberta de
gás nessa remota vila costeira levou ao confronto de culturas mais dramático da Irlanda
moderna. Os direitos dos agricultores sobre
os seus campos e de pescadores sobre suas
zonas de pesca entraram em conflito direto
com uma das empresas de petróleo mais
poderosas do mundo. Quando os cidadãos
procuraram pelo Estado para proteger seus
direitos, descobriram que o governo concedeu à Shell o direito de colocar um duto sob
suas terras. A partir da experiência pessoal
de três personagens principais no auge da
tensão local, O Gasoduto é a história de uma
comunidade tragicamente dividida, e a perspectiva de um gasoduto que pode trazer prosperidade econômica ou destruir um modo de
vida compartilhado por gerações.
EUA, 2012, 72 min
DIREÇÃO DIRECTOR
Risteard Ó Domhnaill
PRODUÇÃO PRODUCER
Rachel Lysaght e
Risteard Ó Domhnaill
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Risteard Ó Domhnaill
EDIÇÃO EDITOR
Nigel O’Regan e
Stephen O’Connell
DIREÇÃO DIRECTOR
Narrado por Frances McDormand, Rebeldes
Nancy Kelly com Causa destaca um grupo de cidadãos de
PRODUÇÃO PRODUCER
muitos quadrantes, que lutaram para preser-
Kenji Yamamoto e var espaços abertos, proteger a agricultura e a
Nancy Kelly
vida selvagem, estabelecendo parques públicos próximos a centros urbanos densamente
Nancy Kelly
povoados ávidos por acesso à natureza.
ROTEIRO WRITER
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Lou Weinert
Narrated by Frances McDormand, Rebels With
Kenji Yamam’oto a Cause spotlights a group of citizens from
many walks of life, who fought to preserve open
space, protect agriculture and wildlife, establish
public parks next to a densely populated urban
center yearning for access to nature.
EDIÇÃO EDITOR
The Pipe tells the story of the small Rossport
community which has taken on the might of
Shell Oil and the Irish State. The discovery of
gas off this remote coastal village has led to
the most dramatic clash of cultures in modern
Ireland. The rights of farmers over their fields,
and of fishermen to their fishing grounds, has
come in direct conflict with one of the world’s
most powerful oil companies. When the citizens
look to their State to protect their rights, they
find that the government has put Shell’s right to
lay a pipeline over their own land. Following the
personal experience of three main characters at
the height of local tension, The Pipe is a story of
a community tragically divided, and the prospect
of a pipeline that can bring economic prosperity
or destroy of a way of life shared for generations.
mobilização
mobilization
93
Uma Guerra
Verde
Resistência ao
Crescimento
A Fierce Green Fire: The
Battle for a Living Planet
Raising Resistance
Alemanha/Suíça, 2011, 85 min
O documentário é sobre a luta dos campesinos, pequenos agricultores do Paraguai, contra a expansão, crescente e agressiva, da soja
transgênica no país. Na base desse conflito,
descreve o impacto global que o uso da mais
moderna engenharia genética do século XXI
tem sobre as pessoas e sobre a natureza.
Uma parábola sobre a supressão da vida, a
diversidade de plantas e culturas, e de como
a resistência surge tanto nas pessoas quanto
na natureza.
EUA, 2012, 110 min
DIREÇÃO DIRECTOR
Bettina Borgfeld
e David Bernet
PRODUÇÃO PRODUCER
Oliver Stoltz
ROTEIRO WRITER
Bettina Borgfeld, David
Bernet e Christin Stoltz
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Marcus Winterbauer e
Börres Weiffenbach
EDIÇÃO EDITOR
Inge Schneider
The documentary is about the fight of the
campesinos, the small farmers of Paraguay,
against the escalating aggressively expanding
production of genetic soy in the country. On
the basis of this conflict it describes the global
impact that the use of most modern genetic
engineering in the 21st century has on people
and on nature. A parable about the suppression
of life, about the diversity of plants and cultures,
and about how resistance arises both in people
and in nature.
DIREÇÃO DIRECTOR
Uma Guerra Verde é a primeira grande
Mark Kitchell investigação sobre o movimento ambiental
PRODUÇÃO PRODUCER
–ativismo global e local abrangendo 50 anos
Mark Kitchell da conservação às mudanças climáticas. Do
ROTEIRO WRITER
bloqueio de barragens no Grand Canyon ao
Mark Kitchell combate contra 20 mil toneladas de resí-
duos tóxicos em Love Canal; do Greenpeace salvando as baleias a Chico Mendes e
EDIÇÃO EDITOR
os seringueiros salvando a Amazônia; de
Ken Schneider, Veronica
mudanças
climáticas à promessa de transSelver e Jonathan
formarmos
nossa civilização, o filme conta
Beckhardt
histórias cheias de vida sobre pessoas lutando – e sendo bem-sucedidas – contra todas
as probabilidades. Uma Guerra Verde foca no
ativismo; é mais sobre movimentos do que
sobre problemas. É uma abordagem mais
envolvente, cheia de drama e paixão.
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Vicente Franco
A Fierce Green Fire: The Battle for a Living
Planet is the first big-picture exploration of
the environmental movement – grassroots
and global activism spanning fifty years
from conservation to climate change. From
halting dams in the Grand Canyon to battling
20,000 tons of toxic waste at Love Canal;
from Greenpeace saving the whales to Chico
Mendes and the rubber tappers saving the
Amazon; from climate change to the promise of
transforming our civilization, the film tells vivid
stories about people fighting – and succeeding
– against enormous odds. A Fierce Green Fire
focuses on activism; it’s about movements more
than issues. It’s a more engaging approach, full
of drama and passion.
mobilização
mobilization
95
Espaço, memória,
subjetividade:
novos enlaces entre
povos e lugares
Cláudia Mesquita
povos e
lugares
people and
places
Space, memory, subjectivity:
new links between
peoples and places
Cláudia Mesquita
Desterro Guarani / Guarani Exile
Associations between peoples
and places date back to the
origins of photography and film
documentaries, with the expansion
– because of the image – of the
known world. The cameramen
trained by Lumière were directed,
in the late nineteenth century,
toward distant lands (for the
European audience), producing
“a filmed inventory on the planet”
Associações entre povos e lugares
remontam às origens da fotografia
e do cinema documentários, com
a ampliação – pela imagem – do
mundo conhecido. Os cinegrafistas treinados pelos Lumière se orientaram, ainda no final do século
XIX, em direção a terras longínquas
(para o espectador europeu), produzindo “um inventário filmado do
planeta” (GERVAISEAU, 2006:157).
As primeiras “vistas” e “naturais”
estão na origem dos chamados travelogues, filmes de viagem que, não
raramente, prestaram-se a inscrever
o ponto de vista dos colonizadores1.
Neles, com frequência, nativos e
indígenas aparecem como parte da
paisagem, suas formas de vida classificadas como costumes exóticos,
corpos e práticas materiais inscritos
nos novos espaços atravessados por
viajantes-cinegrafistas.
No Brasil, os filmes de Thomaz Reis, major
que registrou expedições oficiais aos confins
do território, em torno de 1914 a 1938, podem
ser aproximados deste tipo de posta em imagens, a par de suas inúmeras ambiguidades e
qualidades2. Como nos travelogues típicos, os filmes resultantes tomam o fio da viagem como
estrutura, colando tomadas com o recurso de
cartelas explicativas. O relato inscreve assim
um olhar externo, reunindo na montagem uma
povos e lugares
people and places
97
profusão de objetos heterogêneos, apanhados de (Gervaiseau, 2006:157). The first
passagem. Entre eles, destacam-se os povos indí- “views” and “natural” are the source
genas, tanto em coleções de retratos que reúnem of so-called travelogues, travel
diferentes etnias – figurando um “índio gené- films that, not rarely, were made to
rico” – como detendo-se sobre especificidades enter into the point of view of the
pitorescas de alguns grupos, cujos rituais são colonizers1. On these movies the
submetidos à mise en scène do cinema (a câmera native and indigenous are shown
fixa definindo o espaço da dança, por exemplo). as part of the landscape, their ways
Nas cartelas, os índios aparecem por vezes clas- of living are classified as exotic
sificados –“selvagem” , “pacificado”, “civilizado” customs, bodies and material
–, o ponto de vista do filme coincidindo, assim, practices enrolled in the new spaces
com aquele do Estado que promove a viagem, crossed by travelers-cameramen.
em uma legitimação da nação como território de In Brazil, the films of Thomaz
pertencimento a que os indígenas na imagem Reis, a Major who recorded official
são simbolicamente integrados3.
expeditions to the uttermost
Missionários salesianos filmados no parts of the territory, from around
Alto Rio Negro em viagem de Inspetoria de 1914 to 1938, can be considered
Fronteiras, na década de 1930, são abordados as close to this type of images,
como integradores dos indígenas à civilização, along with its many ambiguities
protagonizando registros que serão apropria- and qualities2. As in the typical in
dos e ressignificados décadas depois por um travelogues, the films take the trip
filme que integra esta mostra, Remissões do Rio as the wire structure, gluing the
Negro. Como outros documentários recentes, shots by using the resources of
Remissões se volta para a relação, em um dado explanatory cards. The report has
território, entre indígenas e ocupantes, empe- therefore an outside look, bringing
nhado em produzir um enunciado no qual os in the production a multitude of
primeiros tenham privilégio na elaboração, heterogeneous objects, caught
comentário e difusão de suas versões sobre when passing. Among them, we
a história, em particular sobre seus lugares highlight the indigenous people,
ancestrais, as ocupações e violências sofridas. both in collections of portraits that
É o caso exemplar de Desterro Guarani, pro- bring together different ethnicities
dução do Vídeo nas Aldeias em que o cineasta - figuring a “generic Indian” - like
stopping on some
specific picturesque
groups, whose rituals
A Morte de Alos / The Dead of Alos
are subject to the film
mise en scène (the
fixed camera setting
the dance space, for
example). On the
cards, the Indians
appear sometimes
classified - “wild”,
“pacified”, “civilized”
- the film point of
view coinciding with
the State´s which
promotes trip on a legitimization of
the nation as a belonging territory to
where the indigenous people, in the
image, are symbolically integrated3.
Salesian Missionaries filmed in
Alto Rio Negro in Inspectorate
Borders trips, in the 1930s, are
celebrated as integrators of
indigenous to the civilization,
Mbya-Guarani Ariel Ortega conduz uma refle- starring records that will be
xão sobre a experiência histórica de seu povo appropriated and reinterpreted
na região de São Miguel das Missões (RS), con- decades later by a film that is part
tando com as narrativas de velhos indígenas of this movie exhibition, Remissões
e de colonos. O amplo território de origem é do Rio Negro. Like other recent
reconquistado simbolicamente no presente, documentaries, Remissions turns
pela memória que ampara projetos e reivindica- to the relationship in a given
ções políticas atuais (“O que eu queria entender territory, between indigenous and
nesse filme é por que quase não temos terra, occupants, engaged in producing
se nós andávamos e habitávamos esse terri- an utterance in which the first have
tório antes dos brancos chegarem?”, indaga o privilege in the preparation, review
cineasta-narrador).
and dissemination of their versions
Importante notar como a relação povos- of the story, in particular about
-lugares, forma de pertencimento há muito their ancestral places, the suffered
trabalhada pela imagem técnica documental, é occupations and violence. It is the
atualizada nestes filmes sem inocência, reco- exemplary case of Guarani Exile,
nhecida a fratura que separa historicamente os production of Video in the Aldeias
povos tradicionais de seus territórios de origem, – villages / Indian settlement where
definidores de suas identidades. Essa associação the filmmaker Mbya-Guarani Ariel
não prescinde, assim, de construções memoria- Ortega leads a reflection on the
lísticas, pois a relação plena com os lugares só historical experience of the people
sobrevive nas narrativas que repõem a história in the region of São Miguel das
desses povos segundo novas perspectivas (em Missões (RS), with the narratives
oposição às maneiras como foi oficialmente of old indigenous and settlers. The
registrada e contada). Mesmo um filme como vast territory of origin is symbolically
Louceiras, que celebra a continuidade das tra- re-conquered in the present, by the
dições e práticas materiais dos Kariri-Xocó do memory that currently supports
baixo São Francisco – produção de panelas com projects and politic claims (“What
o barro extraído da terra onde vivem, em Porto I wanted to understand on this film
Real do Colégio (AL) –, dota o presente de uma is why we have almost no land, if
perspectiva histórica, lançando mão de narrati- we walked and dwelt this territory
vas memorialísticas desfiadas durante os gestos before the whites arrived?”, asks the
atuais das louceiras em pleno trabalho. É como filmmaker-narrator).
se a relação de povos tradicionais-lugares exi- It is important to notice how the
gisse hoje essa dimensão diacrônica, sem cuja people-places relationship, a way
elaboração a imagem careceria de um veio crí- of belonging that has been crafted
tico – tantas foram as violências, invasões e by the image on the technical
agressões que a ameaçaram e ameaçam. Mas documentary, it is refreshed in
povos e lugares
people and places
99
mudanças e a coexistência tensa e potencialmente conflituosa de perspectivas são também
flagradas em plena atualidade, em um filme
como Viver/Construir, que acompanha a construção de uma estrada no deserto da República
do Chade, habitado por povos nômades.
Outro traço merece destaque, além da associação frequente entre espaço e memória (que
um filme como No Fundo Nem Tudo É Memória
leva ao extremo, já que a antiga cidade de Nova
Ponte, alagada por uma barragem, sobrevive
apenas nas reminiscências de moradores, que
a reinventam ao relembrar). Refiro-me à relação entre personagens individuais e lugares,
em detrimento da equação povos-lugares trabalhada no coletivo. Este traço remete a Nanook,
o Esquimó (1922), clássico fundador do cinema
documentário. Como já se notou, em ruptura
com os filmes de viagem de sua época, Robert
Flaherty desenvolve um princípio de organização “interno” a seu assunto: o suceder das
estações (e de práticas correlatas) durante um
ano na vida de uma família esquimó. Ao integrar encenações e procedimentos dramáticos
No documentário
recente, é notável o
privilégio às relações
entre corpos e espaços,
por vezes buscandose a figuração de
subjetividades
irredutíveis aos lugares
e contextos englobantes.
these movies without innocence,
recognizing the fracture that
separates historically traditional
people from their territories of
origin, as an identity definition.
This association does not dispense
thus built memorials, because the
full relationship with the places
only survives in the narratives that
replace the history of these people
according to new perspectives
(as opposed to the ways it was
officially registered and counted).
Even a film like Ceramists, which
celebrates the continuity of the
traditions and material practices
of the Rio São Francisco KaririXoco people - production of pots
with clay extracted from the land
where they live, in Porto Real do
Colégio (AL) - endows the present
a historical perspective, making
use of memorial narratives shreds
during the current gestures during
the full work of the potters. It’s
like the relationship of traditional
people-places today demanded
that diachronic dimension, without
which development would lack
the image came from a critic veilonce many were violence, assaults
and invasions that threatened
and threaten. But changes and
coexistence tense and potentially
conflicting perspectives are also
caught in full today, in a movie
like Living/Building following the
construction of a road in the desert
of the Republic of Chad, inhabited
by nomadic people.
Another feature is worth
mentioning, besides the frequent
association between space and
memory (that in a movie like Deep
Inside Is Not All Memory is taken
to a extreme, as the ancient city
of Nova Ponte, flooded by a dam,
survives only in the reminiscences
of residents, which reinvent
when recalling). I refer to the
relationship between individual
characters and places, over the
equation people-places worked in
the collective. This trait refers to
Nanook
of the North (1922), the
In the recent documentary, it is remarkable
classical founder of documentary
the privilege of the relations among film. As already noted, breaking
bodies and spaces, sometimes seeking with the travel films of his era,
Robert Flaherty develops an
the figuration of irreducible subjectivity to “internal” organization principle to
places and the encompassing context. his subject: the succession of the
seasons (and related practices)
along a year in the life of an
à curiosidade pelos povos distantes típica dos Eskimo family. By integrating the
travelogues, Flaherty valoriza a experiência de dramatic scenarios and procedures
um personagem individual, ousando figurar o to the travelogues typical curiosity
nativo como sujeito de um drama pela sobrevi- on distant peoples, Flaherty values
vência em que se destacam situações adversas, the experience of an individual
gestos de trabalho e desafios enfrentados em character, daring to show the
terras geladas (mesmo que as cartelas este- native as survivor in a drama facing
jam empenhadas em generalizar, valendo-se the adversity, work gestures and
de Nanook como tipo que permite remeter aos challenges in icy lands (even if the
esquimós e suas práticas no coletivo)4.
cards are committed to generalize,
No documentário recente, é notável o privilé- using Nanook as type that allows
gio às relações entre corpos e espaços, por vezes referring to Eskimos and their
buscando-se a figuração de subjetividades irre- practices in the collective)4.
dutíveis aos lugares e contextos englobantes. In the recent documentary, it
Menos interessados no esforço contextualista is remarkable the privilege of
e representacional, filmes brasileiros atuais the relations among bodies and
lançam mão dos locais de origem não para pro- spaces, sometimes seeking the
duzir uma moldura (uma realidade prévia e figuration of irreducible subjectivity
externa a que os personagens “pertenceriam”, to places and the encompassing
sendo por ela significados), mas para sugerir context. Less interested in the
povos e lugares
people and places
101
associações entre imagens e figurar suas vivências atuais. Assim, as montanhas recônditas
da Serra do Espinhaço ou da Serra Gaúcha
podem traduzir, pelo trabalho de montagem, as
interioridades indevassáveis de moradores adolescentes (em filmes como A Falta Que Me Faz
e Morro do Céu, respectivamente5). Dentre os
filmes aqui reunidos, eu destacaria as maneiras
como alguns cineastas assumem sua própria
voz, conduzindo em primeira pessoa relatos que não descartam uma inflexão afetiva e
subjetiva pouco frequente na tradição cinematográfica que vincula povos e lugares (como
em Desterro Guarani e No Fundo Nem Tudo É
Memória, cada um a seu modo). O lugar aparece assim como “meu lugar” ou “lugar de meu
bisavô”, em buscas pessoais que não descartam
reflexões críticas sobre a história de um povo ou
de um grupo.
Chá ou Eletricidade / Tea or Electricity
contextual and representational
effort, current Brazilian films avail
themselves to use the places of
origin not to produce a frame (a
reality prior and external to which
the characters “belong” and
were signified), but to suggest
associations between images and
to figure their current experiences.
Thus, the secluded mountains
Serra do Espinhaço or Serras
Gaúchas can translate, by the
work in the film, the impenetrable
interiorities of teenagers residents
(in films such as A falta que me faz
and Morro do céu, respectively5).
Among the films gathered here, I
highlight the ways in which some
filmmakers use their own voice,
conducting first-person accounts
that do not rule out an affective
and subjective inflection not so
frequent in cinematic tradition that
links people and places (like in
Guarani Exile and Deep Inside Is Not
All Memory, each in its own way).
The place appears as “my place” or
“place of my great-grandfather,” on
a personal search that does not
dismiss critical reflections on the
history of a people or a group.
1 See “A atualidade da imagem e a imagem da atualidade”, from Henri Gervaiseau (Doc On Line n.01, december 2006.
www.doc.ubi.pt): “Burch emphatically
stresses the role of cinema in the rising
advertising campaign that aims to trivialize the scandal of colonization. In movies
recorded in the colonies, the natives are
presented as mysterious and full of charm,
loyal and grateful to the protection of
Europeans, and the Europeans, in its
turn, how friendly admirers of indigenous
traditions and customs. Most of these
1 Ver “A atualidade da imagem e a imagem da atualidade”, films have the objective of ensuring that
de Henri Gervaiseau (Doc On Line n.01, dez. 2006. Western audiences observe the benefits of
www.doc.ubi.pt): “Burch salienta com bastante ênfase o the colonial system, with the purpose of
papel do cinema nascente na campanha de propaganda recovering its popularity.” (p.158).
que visa banalizar o escândalo da colonização. Nos
filmes registrados nas colônias, apresentam os nativos 2 On this subject, see “Thomaz Reis: macomo misteriosos e plenos de charme, leais e gratos à jor ou cineasta?”, from Cléber Eduardo
proteção dos europeus; e os europeus, por sua vez, como (Revista Cinética, september 2009).
simpáticos admiradores dos usos e costumes indígenas. A
maior parte desses filmes teria o objetivo de assegurar as 3 See“Major Reis e a constituição visual
audiências ocidentais a respeito dos benefícios do sistema do Brasil enquanto nação”, from Paulo
colonial, com vistas à recuperação de sua popularidade.” Menezes (Horizontes Antropológicos,
(p.158).
v.14, n.29. Porto Alegre, January/june
2 A este respeito, ver “Thomaz Reis: major ou cineasta?”, 2008), that analyses Ao redor do Brasil
de Cléber Eduardo (Revista Cinética, set. 2009).
– aspectos do interior e das fronteiras
3 Ver “Major Reis e a constituição visual do Brasil (1932).
enquanto nação”, de Paulo Menezes (Horizontes
Antropológicos, v.14, n.29. Porto Alegre, jan/jun 2008), 4 See, de François Niney, L’Épreuve
que analisa Ao redor do Brasil – aspectos do interior e du réel à l’écran. Essaisur le principe
das fronteiras (1932).
de réalité documentaire. Bruxelas, De
4 Ver, de François Niney, L’Épreuve du réel à l’écran. Boeck Université, 2000, 346 p.
Essai sur le principe de réalité documentaire.
Bruxelas, De Boeck Université, 2000, 346 p.
5 On this subject, see “A presença de
5 A este respeito, ver “A presença de uma ausência: uma ausência: A Falta Que Me Faze
A Falta Que Me Faz e Morro do Céu” , de Cláudia Morro do Céu” , from Cláudia Mesquita
Mesquita (Revista Devires, Belo Horizonte, v.7, n.2, (Revista Devires, Belo Horizonte, v.7, n.2,
jul/dez 2010).
july/december 2010).
Cláudia Mesquita is a professor
Cláudia Mesquita é professora no Curso de in the Social Communication (Media)
Graduação e no Programa de Pós-Graduação em
Comunicação Social da UFMG, onde integra o grupo
de pesquisa Poéticas da Experiência. Pesquisadora
de cinema, com mestrado e doutorado na ECA/USP.
Coautora, com Consuelo Lins, do livro Filmar o Real
- sobre o documentário brasileiro contemporâneo
(Zahar, 2008).
with Graduation and Post Graduation
at UFMG, where integrates the research
group Poetics of Research Experience. In
Cinema, master and doctorate at ECA /
USP. Coauthor, with Consuelo Lins, of the
book Real Film Making, related to the
contemporary Brazilian documentary
scenario (Zahar, 2008).
povos e lugares
people and places
103
A Morte de
Alos
Chá ou
Eletricidade
The Dead of Alos
Tea or Electricity
Itália/Dinamarca, 2011, 31 min
Antonio Gairo é o único sobrevivente de
um desastre terrível que, em 1964, atingiu
Alos, uma vila no centro da Sardenha, agora
uma sombria cidade fantasma. Quando sua
memória volta, ele conta a história da vida
da aldeia antes do evento fatal e, de uma
forma incrivelmente clara, reconstrói as
circunstâncias que levaram à tragédia. Uma
mistura entre ficção e documentário, cinema e literatura, o filme utiliza uma grande
variedade de imagens de arquivo para narrar
o passo fatal para a “modernidade” tomado
por uma pequena comunidade de pastores
nos anos 1950, misturando a iconografia
clássica sobre a Sardenha arcaica com a
sugestiva e fascinante atmosfera relacionada
com o gênero gótico.
Antonio Gairo is the only survivor of a terrible
disaster in 1964 that hit Alos, a village in the
centre of Sardinia, now a gloomy shanty town.
Once his memories return, he tells the story of
the life of the village before the fateful event
and in an incredibly clear way, reconstructs the
circumstances that led to the tragedy. A mix
between fiction and documentary, cinema and
literature, the film uses a wide range of archive
footages to narrate the fatal step towards
“modernity” taken by a small community
of shepherds in the 1950s, mingling classic
iconography about archaic Sardinia with the
suggestive and fascinating atmospheres related
to the Gothic genre.
Bélgica, 2012, 93 min
Direção director
Direção director
Daniele Atzeni
Jérôme le Maire
Roteiro writer
Daniele Atzeni
Fotografia cinematographer
Paolo Carboni
Edição editor
Daniele Atzeni
Produção producer
Isabelle Truc, Isabelle Mathy, Khadija
Alami
Roteiro writer
Jérôme le Maire
Fotografia cinematographer
Jérôme Colin, Jérôme le Maire, Antoine
Parouty
Edição editor
Matyas Veress
Chá ou Eletricidade conta a épica história
da implementação de eletricidade em uma
pequena e isolada aldeia confinada no meio
do Alto Atlas no Marrocos. Ao longo de
mais de três anos, e estação após estação,
o diretor pacientemente revela os contornos da rede que vai inevitavelmente acabar
fechando sobre o povo de Ifri. Diante de
nossos olhos é desenhada a imagem da
modernidade impiedosa à qual a pequena
vila será agora conectada.
Tea or Electricity tells the epic story of
the implementation of electricity in a tiny
isolated village enclosed in the middle of the
Moroccan High Atlas. Over more than three
years and season after season, the director
patiently reveals the outlines of the net that
will inevitably end up closing on the people of
Ifri. Before our eyes is drafted the image of the
merciless modernity that the small village will
now be connected to.
povos e lugares
people and places
105
Desterro
Desterro
Guarani
Exile
Brasil, 2011, 14 min
O encontro e as memórias de Direção director
Dona Pequenita e Tereza Fróes Cláudio Marques e Marília Hughes
Batalha sobre uma das mais Produção producer
impactantes intervenções do Vanessa Salles
Estado brasileiro. Roteiro writer
Cláudio Marques e Marília Hughes
The encounter and the memories Fotografia cinematographer
of Dona Pequenita and Tereza Wallace Nogueira e Nicolas Hallet
Froes Batalha over one of the most Edição editor
Lincoln Péricles
impactful interventions of the
Brazilian state.
Guarani Exile
Brasil, 2011, 38 min
Aldeia Guarani - Será que quando
os brancos veem essa placa
pensam que a gente sempre
esteve aqui neste mesmo lugar?
Ou será que eles entendem que
Direção director muito antes da chegada dos avós
Ariel Ortega, Patrícia Ferreira, Ernesto deles nós já ocupávamos este
Ignacio de Carvalho, Vincent Carelli vasto território, enquanto ele
Produção producer
ainda era floresta?
Vídeo nas Aldeias
Roteiro writer
Guarani Village – When the
Tatiana Almeida, Ernesto Ignacio de
Carvalho, Vincent Carelli whites see this plate, would they
Fotografia cinematographer
Patrícia Ferreira, Ernesto Ignacio de
Carvalho, Vincent Carelli
Edição editor
Tatiana Almeida, Ernesto Ignacio de
Carvalho, Vincent Carelli
think that we were always here
in this same place? Or will they
understand that long before the
arrival of their grandparents we
had already held this vast territory,
while it was still a forest?
povos e lugares
people and places
107
Louceiras
Inori
Ceramists
Inori
Brasil, 2013, 54 min
Japão, 2012, 72 min
Na pequena comunidade montanhesa de
Kannogawa, no Japão, as leis da natureza
alteram o projeto humano daquela que
costumava ser uma cidade animada. Enquanto as gerações mais jovens têm ido para
as cidades, as poucas pessoas que permaneceram realizam as atividades cotidianas
com uma admirável perspectiva sobre sua
história e dos ciclos da vida.
In the small mountain community of
Kannogawa, Japan, the laws of nature reshape
the human blueprint of what used to be a lively
town. While the younger generations have gone
to the cities, the few people left perform the
everyday activities with a brave perspective on
their history and the cycles of life.
Na aldeia Kariri-Xocó, às margens do rio São
Direção director
Direção director
Pedro González-Rubio
Tatiana Toffoli Francisco, um grupo de mulheres empenha-
Produção producer
Naomi Kawase
Fotografia cinematographer
Pedro González-Rubio
Edição editor
Pedro González-Rubio
Produção producer
-se na produção de potes e panelas de barro
Ulysses Fernandes que, há várias gerações, vêm sendo um dos
principais meio de sustento da comunidade
indígena. Mas a tradição corre o risco de
Fotografia cinematographer
desaparecer devido à mudança de comportaHélcio Alemão Nagamine
mento nas novas gerações.
Roteiro writer
Tatiana Toffoli
Edição editor
Tatiana Toffoli
In the village Kariri-Xoco, on the banks of
the São Francisco River, a group of women is
committed to the production of pots and clay
pots that, for several generations, has been
one of the main means of livelihood of the
indigenous community. But the tradition is
in danger of disappearing, due to a change in
behavior among the new generations.
povos e lugares
people and places
109
No Fundo Nem
Tudo É Memória
Deep Inside Is Not All Memory
Brasil, 2012, 75 min
Direção director
O filme traz a história de um narrador-personagem que,
Carlos Segundo já de início, revela possuir um sonho, um sonho de
Produção producer
infância, o sonho de construir uma cidade. A sua cidade.
Carlos Segundo Em seu caminho, ele se depara com a cidade velha de
Roteiro writer
Nova Ponte, que foi consumida pelas águas para dar lu-
Carlos Segundo gar ao lago de uma usina hidrelétrica. Ainda no processo
de construção de sua cidade, sua história se choca com
a de outros personagens, moradores e não moradores
Edição editor
da velha cidade; uma mistura de várias diferentes meCarlos Segundo
mórias que se cruzam, memórias inundadas pela água
e pelo tempo, memórias registradas, memórias afetivas,
paralelas ou até mesmo inventadas. Afinal, “reconstruir
uma história nada mais é do que inventar uma outra”.
Fotografia cinematographer
Roberto Chacur
The movie brings the story of a narrator-character who, since
the beginning, shows that he has a dream, a childhood
dream, the dream of building a city. His city. In his way,
he is faced with the old town of Nova Ponte, which was
consumed by the waters to give place to the lake of a
hydroelectric plant. Still in the process of building his city,
his history mixes with the other characters, residents and
non-residents of the old city; a mixture of several different
memories that intersect, memories flooded by water and
time, registered memories, affectionate memories, parallel
or even invented. After all, “reconstruct a history is nothing
more than invent another”.
povos e lugares
people and places
111
O Povo da Pluma
People of a Feather
Canadá, 2011, 90 min
Com imagens inovadoras de sete invernos no Ártico, O
Povo da Pluma leva você através do tempo para o mundo
dos esquimós nas Ilhas Belcher da Baía de Hudson.
Conectando passado, presente e futuro está uma relação
cultural única com o pato eider-edredão. Suas penas,
consideradas as mais quente do mundo, permitem
que tanto os esquimós quanto as aves sobrevivam aos
invernos rigorosos do Ártico. Recriações de vida tradicional de 100 anos atrás são justapostas à vida moderna
em Sanikiluaq, conforme tanto as pessoas quanto os
eider-edredão enfrentam os desafios impostos pelas
mudanças do gelo do mar e das correntes oceânicas
prejudicadas pelas enormes barragens hidrelétricas que
alimentam o leste da América do Norte. Os olhos de
uma remota cultura de subsistência desafiam o mundo
a encontrar soluções de energia que trabalham com as
estações do nosso ciclo hidrológico.
Direção director
Joel Heath
Produção producer
Joel Heath
Roteiro writer
Joel Heath, Dinah Kavik, Johnny
Kudluarok e a comunidade de
Sanikiluaq
Fotografia cinematographer
Joel Heath
Edição editor
Jocelyne Chaput e Evan Warner
Featuring groundbreaking footage from seven winters in
the Arctic, People of a Feather takes you through time into
the world of Inuit on the Belcher Islands in Hudson Bay.
Connecting past, present and future is a unique cultural
relationship with the eider duck. Eider down, the warmest
feather in the world, allows both Inuit and bird to survive
harsh Arctic winters. Recreations of traditional life 100 years
ago are juxtaposed with modern life in Sanikiluaq, as both
people and eiders face the challenges posed by changing
sea ice and ocean currents disrupted by the massive
hydroelectric dams powering eastern North America. The
eyes of a remote subsistence culture challenge the world
to find energy solutions that work with the seasons of our
hydrological cycle.
povos e lugares
people and places
113
Viver /
Construir
Remissões do
Rio Negro
Living / Building
Black River’s Redemptions
França, 2012, 117 min
2010, 90 min
Documentário sobre as missões
salesianas no Alto Rio Negro, no
Amazonas, e sua relação com Direção director
o processo de colonização dos Erlan Souza e Fernanda Bizarria
povos indígenas da região. O Fotografia cinematographer
filme parte da história do Padre Erlan Souza
Casimiro Béksta, que atuou nas Edição editor
missões nas décadas de 50 e 60, Pedro Aspahan
e também busca os ex-alunos indígenas que participaram dessa
história.
Documentary about the Salesianas
Missions in Alto Rio Negro, in the
Amazon, and its relation with the
process of the indigenous people
colonization in the region. The
movie starts on the history of the
Father Casimiro Béksta, who acted
in the missions in the decades
of 50 and 60, and also searches
for ex-indigenous students who
participated in this story.
Direção director
No meio do deserto do Chade, uma empresa francesa
Clémence Ancelin constrói uma estrada de asfalto. Durante o período
Fotografia cinematographer
das obras, executivos estrangeiros, mestres de obra e
Clémence Ancelin trabalhadores africanos ficam alojados em trailers, em
Edição editor
três acampamentos adjacentes, em contato com os
Laureline Delom habitantes das vilas ao redor, que vão ao local das obras
em busca de trabalho ou para montar um comércio. O
sonho de uma vida melhor e o processo de aculturação
de muitos dos moradores se misturam, enquanto a
estrada avança, implacável, em direção à cidade, nesta
região selvagem por onde nômades ainda vagueiam
conduzindo seus rebanhos.
In the middle of the Chadian desert, a French construction
company is building an asphalt road. Expat executives,
African site managers and workers, live in three adjacent
trailer camps during the construction period, in contact with
villagers from the area who come to the worksite to seek
jobs or set up shops. The hope for a better life meets with
acculturation among the various inhabitants, as the road
relentlessly progresses towards the city in this wilderness
where nomads still wander with their herds.
povos e lugares
people and places
115
Two or three things I know
about Aloysio Raulino
Arthur Autran
The recent and unexpected death
of Aloysio Raulino interrupted
the career of one of the most
important cinematographers
of the contemporary Brazilian
Cinema. In his curriculum, there
are highlighted films of our
cinematography, such as O homem
que virou suco (João Batista de
Andrade, 1981), Romance (Sérgio
Bianchi, 1987), O Prisioneiro da
Grade de Ferro (Paulo Sacramento,
2003), Serras da Desordem (Andrea
Tonacci, 2006) and Cartola –
Música para os Olhos (Lírio Ferreira
and Hilton Lacerda, 2006).
In the late 60s, Raulino studied
Cinema at ECA-USP, later he was
Professor of Photography at the
same institution. In college, I
had the opportunity to meet him
because I was his student in the
early 90s, a devastated land period
for the Brazilian cinema, and the
mediocrity empire of Fernando
Collor de Mello as president.
Despite, or perhaps because of,
the intense crisis moment, there
was at ECA a very rich discussion
climate about cinema. Raulino
certainly felt better filming than
in the classroom, the somewhat
formal university environment
seemed to reinforce his natural
shyness. At least in my experience,
the random contacts with Raulino,
on the school hall or having
a coffee, were richer than the
classes; in informal situations he
seemed to feel more at ease. His
comments and touches are part
of my training, as certainly also
homenagem
tribute
Duas ou três coisas que eu
sei sobre Aloysio Raulino
Arthur Autran
A morte recente e inesperada de
Aloysio Raulino interrompeu a carreira de um dos mais importantes
diretores de fotografia do cinema
brasileiro contemporâneo. No seu
currículo há filmes de destaque da
nossa cinematografia, tais como O
Homem que Virou Suco (João Batista
de Andrade, 1981), Romance (Sérgio
Bianchi, 1987), O Prisioneiro da
Grade de Ferro (Paulo Sacramento,
2003), Serras da Desordem (Andrea
Tonacci, 2006) e Cartola – Música
para os Olhos (Lírio Ferreira e Hilton
Lacerda, 2006).
Em fins dos anos 1960, Raulino cursou
Cinema na ECA-USP, posteriormente ele foi
professor de Fotografia nesta mesma instituição. Na universidade, tive a oportunidade
de conhecê-lo, pois fui seu aluno no início da
década de 1990, época de terra arrasada para o
cinema brasileiro e do império da mediocridade
homenagem
tribute
117
de Fernando Collor de Mello como presidente
do país. Apesar disso, ou talvez por causa da
situação de crise intensa, havia então na ECA
um clima muito rico de discussão sobre cinema.
Raulino certamente se sentia melhor filmando
do que em sala de aula, o ambiente algo formal da universidade parecia que reforçava a sua
timidez natural. Pelo menos na minha experiência, os contatos fortuitos com Raulino, pelos
corredores da escola ou para tomar um café,
foram mais ricos do que as aulas; em situações
informais ele parecia se sentir mais à vontade e seus comentários e toques são parte da
minha formação, como, certamente, também
de muitas outras pessoas que estudaram ali
naquele período (José Roberto Torero, Paulo
Sacramento, Luiz Adelmo, Christian Saghaard,
Geórgia Costa Araújo, Nathalia Rabczuk,
Francisco Mosquera e Marcelo Toledo, só para
citar alguns). Correndo o risco de ser muito
pessoal, lembro de certa vez procurá-lo todo
preocupado: eu iria fazer um filme com um
ator negro e temia que as pessoas interpretassem erroneamente minha proposta, ele me
disse para simplesmente filmar o roteiro e
não me preocupar com isso naquele momento.
Parece simples, mas foi algo essencial para um
jovem muito inseguro que dirigia o seu primeiro curta-metragem.
Não se afigura casual que boa parte dos filmes fotografados por Raulino nos últimos anos
tenham sido dirigidos por pessoas bem mais
novas do que ele. Uma mistura de companheirismo, inventividade e conhecimento técnico
tornavam-no o diretor de fotografia adequado
para os jovens realizadores.
O falecimento de Raulino também impede
que possamos ver um novo filme de sua autoria. Dirigiu apenas um longa-metragem de
ficção, Noites paraguaias (1982), e no que pese
are for many other people who
studied there in that period (José
Roberto Torero, Paulo Sacramento,
Luiz Adelmo, Christian Saghaard,
Georgia Costa Araújo, Nathalia
Rabczuk, Francisco Mosquera and
Marcelo Toledo, just to mention
a few). At the risk of being too
personal, I remember once looking
for him very worried: I was going
to make a film with a black actor
and feared that people would
misinterpret my proposal, he told
me to just shoot the script and not
worry about it at that time. Sounds
simple, but it was something
essential for a non confident young
filmmaker on his first short film.
It seems no coincidence that
many of the films photographed by
Raulino in recent years have been
directed by people much younger
than him. A mixture of camaraderie,
ingenuity and expertise made
him the suitable director of
photography for young filmmakers.
The death of Raulino also stops
us from seeing a new film of his
own autorship. He directed only
one feature film fiction, Noites
Paraguaias (1982), and in spite
of the recent years he has not
returned for directing, Raulino
was an important inventor of
the Brazilian Documentary Film,
as indicated by the analyzes of
Jean-Claude Bernardet in the
book Cineastas e Imagens do Povo.
Particularly, the act of handing the
camera for an ordinary person to
film some takes, such as in short
Jardim Nova Bahia (1971), was the
element of a crucial break with
nos últimos anos ele não ter voltado a dirigir,
Raulino foi um importante inventor do documentarismo brasileiro, conforme indicam as
análises de Jean-Claude Bernardet no livro
Cineastas e imagens do povo. Particularmente,
o ato de entregar a câmera a um popular para
que este filmasse algumas imagens, tal como
ocorre no curta Jardim Nova Bahia (1971), foi
um elemento de ruptura fundamental com
a postura sociológica do documentarismo
brasileiro de então. Não por acaso, Paulo
Sacramento chamou Raulino para ser o diretor de fotografia de O Prisioneiro da Grade de
Ferro, filme que retoma e amplifica a opção de
entregar a câmera, pois boa parte das suas imagens foi gravada por presidiários. Trata-se de
uma importante ligação estética na história do
cinema brasileiro, a que relaciona Jardim Nova
Bahia e O Prisioneiro da Grade de Ferro.
Ao meu ver, os filmes de Raulino possuem
algumas das imagens marcantes do nosso
cinema: o longo travelling feito a partir de um
carro pela Marginal Tietê em Lacrimosa (1970),
o homem negro alto e musculoso que dança
seminu ao som de Sidney Magal em O Porto
de Santos (1978) e o lento travelling lateral que
vai e volta enquadrando a entrada de uma estação do metrô em São Paulo – Cinemacidade
(1994). Estes são apenas alguns poucos exemplos de imagens com uma pregnância intensa
que caracterizavam o olhar deste fotógrafo e
diretor, cuja obra possui um lirismo poético
cada vez mais raro no cinema e que inclui ainda
duas pérolas como O Tigre e a Gazela (1976) e
Inventário da Rapina (1986).
the sociological posture of the
Brazilian documentaries at that
time. It was not by chance that
Paulo Sacramento called Raulino
to be the director of photography
for O Prisioneiro da Grade de
Ferro, film that incorporates and
amplifies the option of handing the
camera to others, as much of its
images were recorded by prisoners.
It is an important aesthetical link
in the history of Brazilian cinema,
which relates Jardim Nova Bahia
and O Prisioneiro da Grade de Ferro.
In my view, Raulino´s movies
have some of the most relevant
images of our cinema: the long
travelling made from the view of
a car through Marginal Tietê in
the movie Tearful (1970), the tall,
muscular black man who dances
half naked under Sidney Magal´s
song in The Port of Santos (1978)
and the slow travelling that goes
back and forward framing the
entry of a subway station in São
Paulo - Cinemacidade (1994). These
are just a few examples of images
with an intense influence that
characterized this photographer
and director look, whose work
has a poetic lyricism increasingly
rare in film, and also includes two
pearls as O Tigre e a Gazela (1976)
and Inventário da Rapina (1986).
Arthur Autran é formado em Cinema pela ECA- Arthur Autran is graduated in
USP e doutor pelo Instituto de Artes da UNICAMP. É
professor do Depto. de Artes e Comunicação da UFSCar.
Dirigiu os documentários Minoria Absoluta (1994) e
A Política do Cinema (2011). Escreveu o livro “Alex
Viany: crítico e historiador”.
Cinema by ECA-USP and doctor at
the Art Institute of UNICAMP. He is a
professor at the Department of Arts and
Communication at UFSCar. He directed
the documentaries Minoria Absoluta
(1994) and A Política do Cinema (2011).
He wrote the book “Alex Viany: critic and
historian.”
homenagem
tribute
119
O som e a fúria
Lacrimosa, O Tigre e a
Gazela e O Porto de Santos
Luís Alberto Rocha Melo
Texto originalmente publicado na revista Filme Cultura
– Edição 58
Em diversas ocasiões, Aloysio
Raulino definiu a câmera como
uma extensão de seu próprio corpo.
Três curtas-metragens dirigidos e
fotografados por Raulino nos anos
1970 e restaurados em 2009 pela
Cinemateca Brasileira – Lacrimosa,
O Tigre e a Gazela e O Porto de Santos
– confirmam essa íntima relação The sound and the fury
Lacrimosa, O Tigre e a Gazela
do cineasta com a fotografia: são and The Port of Santos
ensaios audiovisuais que arrebatam
o espectador pela força das ima- Luis Alberto Rocha Melo
gens. Mas o intuito aqui não é falar This text was originally published in the
desses três curtas a partir da fotogra- magazine Filme Cultura, Issue 58
fia, e sim de um outro elemento com
On several occasions, Aloysio
o qual Raulino também soube lidar Raulino has set the camera as
de forma admirável: o som e seus an extension of his own body.
múltiplos significados políticos.
Three short films directed and
Lacrimosa (correalizado com Luna Alkalay,
1970) é certamente aquele que traduz com
maior dramaticidade o clima de asfixia imposto
pela ditadura. Compõe-se de um longo travelling de carro pela Marginal Tietê, então
recém-aberta, e de vários planos tomados em
uma favela, na periferia de São Paulo. O clima
chuvoso torna a paisagem ainda mais desoladora. Na favela, crianças circulam pelo lixo; um
morador canta algo para a câmera, em close.
Mas não ouvimos a sua voz. Assim como não
ouvimos nenhum som proveniente da favela
ou da rodovia. A pista sonora é uma longa
faixa de silêncio, quebrada aqui e ali por excertos musicais – entre eles, uma canção latina e
photographed by Raulino in
1970 and restored in 2009 by
the Brazilian Cinematheque Lacrimosa, O Tigre e a Gazela and
The Port of Santos - confirm this
close relationship of the filmmaker
with the photography: audiovisual
essays that enrapture the viewer
by the force of the images. But
the intention here is not to talk
about these three short films based
on photo, but based on another
element that Raulino also learned
how to deal with in an admirably
way: the sound and its multiple
political meanings.
o Réquiem de Mozart, especialmente o trecho Tearful (co-directed by Luna
“Lacrimosa”, usado em dois breves momentos Alkalay, 1970) is certainly the one
que não ocupam mais do que 30 segundos. O that translates most dramatically
silêncio é soberano – mas desafiado ao final the suffocation climate imposed
pela canção chilena “Paloma Pueblo”, de Ángel by the dictatorship. It consists of a
Parra: “Han muerto tantas palomas/de mil for- long car traveling on the Marginal
mas y colores/pero a la paloma pueblo/no hay Tietê, newly opened, and several
muerte que la aprisione.”
takes on a slum on the outskirts
Já nesse filme, portanto, insinua-se a impor- of São Paulo. The rainy weather
tância da canção popular – embora cantada em makes the landscape even more
outra língua – como forma de resistir e desobe- devastated. In the slum, children
decer. Seis anos depois, em O Tigre e a Gazela roam the garbage; a villager
(1976), essa estratégia será aprofundada. Na sings something to the camera
faixa sonora, ainda persistem os momentos de in close. But we do not hear his
longo silêncio. Mas eles disputam lugar com voice. Just as we do not hear any
ritmos percussivos, batucadas, fragmentos de sound coming from the slum or
música erudita e textos de Frantz Fanon narra- the highway. The soundtrack is
dos por um locutor off. Aqui, a música popular a long stretch of silence, broken
brasileira ganha maior relevância, quase sem- here and there by musical excerpts
pre ressignificando as imagens. Por exemplo, - including a Latin song and
Mozart’s Requiem, especially the
verse “Lacrimosa”, used in two
brief moments that do not take
more than 30 seconds. The silence
is sovereign - but challenged by the
late Chilean song “Paloma Pueblo”
O Porto de Santos / The Port of Santos
by Ángel Parra: “Han muerto
tantas palomas/de mil formas y
colores/pero a la paloma pueblo/
no hay muerte que la aprisione.”
Thus, already in this film, the
importance of popular song although sung in another language
– slowly instill as a way to resist
and disobey. Six years later, in
O Tigre e a Gazela (1976), this
strategy will be deepened. On
the soundtrack, there are still
moments of long silence. But they
follow vying place with percussive
rhythms, drumming, fragments
of classical music and texts by
Frantz Fanon narrated by an off
speaker. Here, Brazilian popular
music gains more relevance, often
reframing the images. An example
is when the beautiful “Salve
homenagem
tribute
121
quando a bela “Salve Linda Canção Sem Linda Canção Sem Esperanaça”,
Esperança”, de Luiz Melodia, dialoga com pla- of Luiz Melodia, dialogues with
nos documentais de operários e populares em documentary plans of workers
situações de ócio. Ou ainda quando a latina and people in leisure situations.
“Pablo nº 2 (Festa)”, de Milton Nascimento, é Or when the Latin “Pablo number
surpreendentemente combinada à coreografia (Party)” by Milton Nascimento, is
dos passistas de uma escola de samba. Não só surprisingly combined to the dance
a trilha sonora se diversifica como provém de choreography in a samba school.
várias origens: fonogramas, locução gravada em Not only does the soundtrack
estúdio para o filme e – o que é mais significativo diversifies as it also comes from
– a voz na rua em som direto. Em dois momen- several sources: phonograms,
tos, uma mulher negra, talvez moradora de rua, voiceovers recorded in studio
rosto inchado pelo álcool, aparece cantando aos for the film and - what is more
berros. No primeiro, ela canta o samba “Salve a significant - the voice on the street
Princesa Isabel”: “Todo negro pode ser doutor/ in direct sound. On two occasions,
Deputado, senador/Não há mais preconceito de a black woman, maybe homeless,
cor”. No segundo momento, ela grita o Hino face swollen from alcohol, appears
da Independência. Para além do sentido irônico singing blaring. At first, she sings
que o filme empresta a essas músicas, importa samba “Salve a Princesa Izabel”:
o gesto libertador de cantar, aqui reforçado pelo “All black can be a doctor/Deputy,
uso do som direto em sincronismo – presente Senator/ No more color prejudice”.
In the second time, she screams
apenas nessas duas passagens.
Em O Porto de Santos (1978), o som diegético the Anthem of Independence.
parece ainda mais pronunciado. Mas se trata de Beyond the ironic sense that the
uma ilusão: os sons que ouvimos destacam-se film lends to these songs, what
com frequência da imagem referencial. A trilha matters is the liberating gesture of
sonora compõe-se de trechos de música instru- singing, here enhanced by the use
mental (“Entre Dos Aguas”, com Paco de Lucía), of the direct sound in sync – that
muitos ruídos (embarcações, docas, ambiente appears just in these two passages.
praiano, gaivotas, ondas de rádio, boates na In The Port of Santos (1978), the
noite santista) e vozes gravadas em som direto. diegetic sound seems even more
Além disso, a locução off também cumpre uma pronounced. But this is an illusion:
função irônica: uma voz feminina, didática the sounds we hear often stand out
e impessoal, fornece breves dados históricos the referral image. The soundtrack
consists of excerpts of instrumental
music (“Entre Dos Aguas” with
Paco de Lucía), many noises
(boats, docks, beach atmosphere,
radio waves, night clubs
O ruído, a voz e a música seagulls,
from Santos) and recorded voices
parecem ter enfim conquistado into direct sound. Furthermore,
the off expression also fulfills an
o direito à expressão – ironic
function: a female voice,
jamais como ilustração das
imagens, e sim contraponto,
elementos de criação poética.
The noise, the voice and the
music seem to have finally won
the right to expression - never
as an illustration of the images,
and rather as a counterpoint,
elements of poetic creation.
didactic and impersonal, provides
brief historical data on the city of
Santos. The space for silence now
is minimal, almost reduces the
sound fades. The noise, the voice
and the music seem to have finally
won the right to expression - never
as an illustration of the images, and
rather as a counterpoint, elements
of poetic creation. Thereof the total
asynchrony (lines disconnected
sobre a cidade de Santos. O espaço para o silên- from images) or an only apparent
cio agora é mínimo, quase se reduz aos fades sync that also gives a new meaning
sonoros. O ruído, a voz e a música parecem to popular music. In the most
ter enfim conquistado o direito à expressão – striking scene of The Port of
jamais como ilustração das imagens, e sim Santos, which shows a worker or a
contraponto, elementos de criação poética. Daí fisherman in a swimsuit dancing
o total assincronismo (falas desconectadas das “Amante Latino” (latin lover),
imagens) ou a sincronização apenas aparente. sung by Sidney Magal, we have
Daí também um novo sentido dado à música the synthesis of this new stance
popular. Na cena mais marcante de O Porto de advocated by Raulino: the music
Santos, a que mostra um operário ou caiçara (put on the image) not only as an
dançando de sunga a canção “Amante Latino” instrument of denunciation, but
(cantada por Sidney Magal), temos a síntese also as a place of pleasure and
dessa nova postura defendida por Raulino: a sensuality.
música (posta sobre a imagem) não apenas From the gray silence to the
como instrumento de denúncia, mas também joy of singing and dancing, a
new understanding of the word
como espaço do prazer e da sensualidade.
Do silêncio cinzento à alegria do canto e da “politics.” Or, as Fanon says in
dança, um novo entendimento da palavra “polí- one of the signs of O Tigre e a
tica”. Ou, como diz Fanon em um dos letreiros Gazela: “Despite all his technique
de O Tigre e a Gazela: “Apesar de toda a sua téc- and his firepower, the enemy
nica e de sua potência de fogo, o inimigo dá a seems to be wallowing and
impressão de chafurdar e desaparecer pouco a gradually disappearing in the
mud. We sing, sing.”
pouco na lama. Nós cantamos, cantamos.”
Luís Alberto Rocha Melo é cineasta, pesquisador Luis Alberto Rocha Melo is a
e professor no Curso de Cinema e Audiovisual e no
Mestrado em Artes, Cultura e Linguagens do Instituto de
Artes e Design da UFJF. Dirigiu, entre outros trabalhos, o
longa Nenhuma fórmula para a contemporânea visão
do mundo (2012), o curta Que cavação é essa? (2008),
e o média O Galante rei da Boca (2004).
filmmaker and researcher. He is also professor in the Film and Audiovisual Course
and in the Culture,Languages and Arts
Master Course at the Institute of Art and
Design from UFJF. He directed , among
other works, the feature film Nenhuma
Fórmula Para a Contemporânea Visão
do Mundo (2012), the short feature film
Que cavação é essa? (2008), and O
Galante Rei da Boca (2004)
homenagem
tribute
123
Lacrimosa
Direção director
Aloysio Raulino
Tearful
Produção producer
Brasil,1970, 12 min
Tânia Savietto
O retrato da cidade de São Paulo
a partir de alguns itinerários.
Pela Marginal Tietê e outras vias
da metrópole, terrenos baldios,
construções de edifícios, fachadas de fábricas e favelas compõem um triste cenário. E nesta
lacrimosa paisagem urbana,
crianças em completa miséria.
Aloysio Raulino
Roteiro writer
The portrait of the city of São Paulo
through some itineraries. From the
Marginal Tietê and other avenues
of the metropolis, vacant land,
construction sites, factories facades
and slums make up a sad scenario.
And in this tearful urban landscape,
children in complete misery.
Direção director
Aloysio Raulino e Luna Alkalay
Produção producer
Aloysio Raulino e Luna Alkalay
Roteiro writer
Aloysio Raulino e Luna Alkalay
Fotografia cinematographer
Aloysio Raulino
Edição editor
Aloysio Raulino
O Porto de
Santos
The Port of Santos
Brasil, 1978, 19 min
Fotografia cinematographer
Aloysio Raulino
A histórica cidade de Santos e o seu porto.
Embarcações atracadas e o trabalho dos
José Motta
doqueiros: suas atividades e reivindicações.
Navios ancorados em alto-mar. O comércio
do café, que desde 1909 propiciou a Santos
a sua riqueza. O transporte de sacas de café
e o carregamento num caminhão. Crianças
e senhoras recolhem grãos caídos no chão.
Monumento em exaltação ao trabalho. O
transporte de caiçaras e a dificuldade de
viver da pesca local. Destaque para um mulato dançando, com sensualidade, a canção
“Amante Latino” e para outros homens jogando capoeira. O movimento noturno na zona
de meretrício com prostitutas e luminosos
de bares. Retorna o dia, e a rotina no porto
recomeça.
Edição editor
The historic city of Santos and its port. Boats
moored and dockers’ work: their activities and
demands. Ships anchored in the high seas. The
coffee trade, which since 1909 has provided
Santos its wealth. The bags of coffee transport
and loading of a truck. Children and ladies
gather grains lying on the ground. Monument
in exaltation to work. The transportation of
caiçaras, and the difficulty of living of local
fishing. Highlight for mulatto dancing with
sensuality, the song “Amante Latino” and other
men playing capoeira. The night movement in
the red-light district with prostitutes and bright
bars. Returns the day, and the routine restarts
at the port.
homenagem
tribute
125
O Tigre e a Gazela
The Tiger and the Gazelle
Brasil, 1976, 14 min
As fisionomias, os gestos e as Direção director
falas de mendigos, pedintes, Aloysio Raulino
loucos e foliões que passam Produção producer
pelas ruas de São Paulo. Os sons Aloysio Raulino, Tânia Savietto e Jorge
Bouquet
e imagens são ilustrados com
extratos de Frantz Fanon. Roteiro writer
Aloysio Raulino
Fotografia cinematographer
The faces, gestures and speeches Aloysio Raulino
of beggars, madmen and revelers Edição editor
passing through the streets of São Aloysio Raulino
Paulo. The sounds and images
are illustrated with extracts of
Frantz Fanon.
homenagem
tribute
127
panorama
histórico
historical
panorama
A contradição
homem-natureza
Liciane Mamede
The contradiction man-nature Embora
Liciane Mamede
Although distinct from each other
as aesthetic proposals, the eight
films that comprise the Historical
Panorama of the 2nd Ecofalante
Environmental Film Festival can be
understood from a perspective that
places them side by side as parts
of a single whole. The exercise
conducted by the curatorial staff
of the Festival to get to that final
movie arrangement obviously has
the search for common themes,
distintos entre si como
propostas estéticas, os oito filmes
que compõem o Panorama Histórico
da 2a Mostra Ecofalante de Cinema
Ambiental podem ser compreendidos a partir de uma perspectiva que os
coloca lado a lado como partes de um
único conjunto. O exercício de curadoria realizado pela equipe da mostra
para chegar a esse arranjo final de
filmes passou obviamente pela busca
de temas comuns, mas também por
aquilo que essas obras trazem de
sofisticação e relevância estilística.
Apoio / Support
Ao Mistral / Pour le Mistral
panorama histórico
historical panorama
129
but also for what these
works offer regarding
sophistication and
stylistic relevance.
Within this proposal,
we seek to rescue
some little seen
film, as is the case of
Walkabout, by Nicolas
Roeg, Il Tempo si è
Fermato, by Ermanno
Olmi and The Great
Dentro dessa proposta, procuramos resgatar Adventure, by Arne Sucksdorff,
alguns filmes pouco vistos, como é o caso de A while including titles that, although
Longa Caminhada, de Nicolas Roeg, O Tempo best known, have not been seen
Parou, de Ermanno Olmi e A Grande Aventura, for a generation of viewers – Dersu
de Arne Sucksdorff, sem deixar de incluir títu- Uzala, by Akira Kurosawa, and Fata
los que, embora mais conhecidos, ainda não Morgana, by Werner Herzog.
foram vistos por uma geração de espectado- Presenting them within a single
res – Dersu Uzala, de Akira Kurosawa, e Fata view, the festival not only makes
an invitation for these films to
Morgana, de Werner Herzog.
Ao apresentá-los dentro de um único pano- be seen or reviewed, but also
rama, o festival não apenas lança um convite propose to think them under a
para que estes filmes sejam vistos ou revistos, problematization that each of
mas propõe ainda pensá-los a partir da proble- them makes about the man-nature
matização que cada um deles faz da relação relationship.
Perhaps the sequence that best
homem-natureza.
Talvez a sequência que melhor represente represents what these films have
o que esses filmes têm em comum esteja em in common is in Une Histoire de
História do Vento, quando o velho Joris Ivens, Vent, when the old Joris Ivens, aged
com 90 anos na época da filmagem, cami- 90 at the time of filming, walks
nha pelo imenso deserto de Gobi, localizado by the immense Gobi Desert, on
na fronteira entre a China e a Mongólia. O the border between China and
contraste evidente de duas grandezas, entre a Mongolia. The sharp contrast of
figura frágil do velho cineasta e o deserto ime- two magnitudes, between the frail
morial, se inscreve em nossa percepção de figure of the old filmmaker and the
forma a abalar qualquer convicção numa visão timeless desert, subscribe to our
de mundo estritamente humanista. Nesse sentido, o misticismo e as narrativas míticas que se
desenvolveram desde períodos remotos, temas
com os quais o filme de Ivens também lida,
simbolizariam uma espécie de resignação do
homem a uma condição de submissão à vontade do infinito.
Essa submissão também está em Dersu
Uzala, embora menos numa dimensão mística do que sensorial. Os sentidos de Dersu são
Man, as mentor of the idea of
progress and civilization, will
always be in an opposite pole to
what is natural, in the sense of
wild and untouched, because the
meaning of those words already
are in opposition to each other.
perception in order to undermine
any belief in a strictly humanist
worldview. In this sense, mysticism
and mythical narratives which
were developed from remote
periods, subjects with which the
film of Ivens also deals, symbolize
a kind of resignation of man to
a condition of submission to the
condicionados pela floresta, estão totalmente infinity will.
voltados a captar os modos como a natureza se This submission is also in Dersu
apresenta, sem questioná-la. Vive da caça, por- Uzala, although in a less mystical
tanto seu olhar, assim como sua audição ou seu more sensorial dimension. The
paladar, não podem ser os mesmos do homem senses of Dersu are conditioned by
urbano, e por isso esses homens precisam forest, fully orientated to pick up
de Dersu para enfrentar a floresta e cumprir ways as the nature presents itself,
without questioning
sua missão. O velho
it. He lives on hunting,
homem sabe que, para O homem como
so his look as well as
que a floresta lhe conmentor da ideia de
his hearing and palate,
ceda suas graças, o
cannot be the same
sacrifício e a disciplina progresso e civilização
man, and so
são necessários.
estará sempre em polo urban
these men need Dersu
Segundo o crítico
to face the forest and
Serge Daney, em texto oposto àquilo que é
fulfill its mission. The
clássico sobre Dersu
natural, no sentido de ancient man knows
Uzala, os filmes que
that for the forest
confrontam o selva- intocado e selvagem,
grants you its grace,
gem e o civilizado têm
pois o próprio sentido sacrifice and discipline
de escolher entre duas
are needed.
soluções: sacrificar o dessas palavras existe
According to the
selvagem às exigências
em contraposição uma critic
Serge Daney in
do progresso humano
Dersu Uzala classic
ou culpar o civilizado à outra.
text, the films that
pelo revés da figura
angélica do bom selvagem. Para Daney, Dersu confront the savage and civilized
se perde porque se deixará domesticar no final. man must choose between two
A chave da culpa é trabalhada no filme de solutions: the savage sacrificing to
Werner Herzog, em que o homem é retratado the demands of human progress
como uma espécie de ser desajustado da criação. or civilized blaming for the setback
Fata Morgana é um mosaico das percepções de of the angelic figure of the noble
Herzog sobre os locais que visitou no deserto savage. For Daney, Dersu is lost
do Saara, passando por grandes construções de because he will tame in the end.
panorama histórico
historical panorama
131
Dersu Uzala / Dersu Uzala
hoje e ruínas do passado, chegando aos vilarejos ancestrais de povos que vivem desde sempre
naquela parte áspera do planeta. Assim como
no filme de Ivens, há também aqui uma aura
mística, projetada pela narração em off, o que
nos ajuda a mergulhar no enigma e na estranheza do mundo de Herzog.
Uma Lição Para Não Esquecer e O Tempo
Parou mostram embates entre natureza e
civilização, fazendo alusão à atroz trajetória
do progresso. No primeiro, os choques são
truculentos, no segundo, mais sutis. No primeiro, de Paul Newman, uma família vive
de extrair madeira das imensas florestas de
coníferas do Oregon, travando uma luta permanente com o meio e criando assim um
ponto de equilíbrio instável, que pode ser
rompido a qualquer momento.
The key fault is crafted in the
Werner Herzog film, in which
the man is portrayed as a kind
of creation misfit being. Fata
Morgana is a mosaic of Herzog´s
perceptions on the places he
visited in the Sahara Desert,
through the large buildings from
now and ruins from the past,
reaching ancestors villages where
people has been living since ever in
that rough area of the planet. As in
the Ivens´ film, there is also here a
mystical aura, designed by the off
voiceover, which helps us to delve
into the mystery and strangeness
of Herzog´s world.
Sometimes a Great Notion
and Il Tempo si è Fermato show
clashes between nature and
civilization, alluding to the
atrocious history of progress. In
the first, the shocks are unruly, in
the second, more subtle. In the
first, by Paul Newman, a family
lives on extracting timber from the
immense conifer forests of Oregon,
waging a constant struggle with the
environment and thus creating an
unstable equilibrium point, which
can be broken at any time.
In the second feature film, where
debuts Ermanno Olmi, there seems
to be a better balance of moods
but still, man occupies a space that
does not belong and can suffer
the consequences of this act. The
same goes for the Pour le Mistral,
in which the residents of a given
region of France are submitted to
the temper of the wind that blows
mercilessly. It, the wind, has always
been there, the man, no.
These films somehow give life
to Daney´s statement, in the
same text already quoted, that
the film should keep alive the
Já no segundo, longa-metragem de estreia
de Ermanno Olmi, parece haver um equilíbrio
maior de humores mas, ainda assim, o homem
ocupa um espaço que não lhe pertence e pode
sofrer as consequências desse ato. O mesmo
se passa em Ao Mistral, no qual os moradores
de determinada região da França estão submetidos ao temperamento do vento que sopra de
forma impiedosa. Ele, o vento, sempre esteve lá,
o homem, não.
Estes filmes de certa forma dão vida à afirmação feita por Daney, no mesmo texto já
citado, de que o cinema deve manter vivas as
contradições pois são um dado do mundo real.
Por isso, nenhum deles será bem-sucedido em
sanar aquilo que é bipartido, haverá sempre
uma tensão latente. O homem como mentor da
ideia de progresso e civilização estará sempre
em polo oposto àquilo que é natural, no sentido
de intocado e selvagem, pois o próprio sentido
dessas palavras existe em contraposição uma à
outra. Mas os filmes também jogam luz sobre
esse aspecto, também são parte da natureza, e
talvez este seja o caminho para encontrar um
ponto de equilíbrio possível.
contradictions due to the fact they
are a data of real world. Therefore,
none of them will succeed in
solving what is bipartite, there will
be always an underlying tension.
Man, as mentor of the idea of
progress and civilization, will
always be in an opposite pole to
what is natural, in the sense of
wild and untouched, because the
meaning of those words already
are in opposition to each other. But
the films also shed lights on this
aspect, are also part of nature, and
perhaps this is the way to find a
possible balance.
Liciane Mamede é produtora cultural e fez parte Liciane Mamede is a cultural producda equipe de curadoria dos panoramas Histórico e er and was part of the curatorial team of
Contemporâneo da 2a Mostra Ecofalante de Cinema Contemporary and Historical Panoramas
Ambiental.
of the 2nd Ecofalante Environmental
Film Festival.
panorama histórico
historical panorama
133
A Longa
Caminhada
A Grande
Aventura
Walkabout
The Great Adventure
Suécia, 1953, 94 min
Anders, um garoto de 10 anos, encontra e
resgata uma lontra que havia ficado presa
numa armadilha. Ele mantém o animal preso
numa gaiola e, aos poucos, o vai domesticando. Tudo é mantido em segredo, apenas o
irmão mais novo de Anders sabe da presença
da lontra. Em tom realista, o filme tenciona
a fronteira entre a ficção e o documentário,
valendo-se de belas imagens de paisagem
natural para compor o seu drama.
Anders, a ten-year-old boy, finds and recues
an otter that had been trapped in a burrow.
He keeps the animal in a cage and ends up
domesticating it. Only Ander’s six-year-old
brother knows about the otter’s presence.
In realistic style, this film strains the edge
between fiction and documentary by using
overwhelming shots of natural landscapes to
compose its drama.
Reino Unido, 1971, 100 min
DIREÇÃO DIRECTOR
Arne Sucksdorff
PRODUÇÃO PRODUCER
Arne Sucksdorff
ROTEIRO WRITER
Arne Sucksdorff
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Arne Sucksdorff
EDIÇÃO EDITOR
Arne Sucksdorff
Elenco cast
Gunnar Sjöberg, Luis Van
Rooten, Anders Nohrborg,
Kjell Sucksdorff, Holger
Stockman, Arne
Sucksdorff e Amanda
Haglund
DIREÇÃO DIRECTOR
Duas crianças inglesas, após a traumática morte do pai,
Nicolas Roeg se veem sós num deserto na Austrália. Sem saberem
PRODUÇÃO PRODUCER
como se orientar, começam uma longa caminhada em
Si Litvinoff busca da sobrevivência. No meio do deserto, encontram
um adolescente aborígene em fase de transição para
vida adulta. Segundo a tradição nativa, antes de se torFOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
nar um adulto, o garoto precisa sobreviver sozinho no
Nicolas Roeg
deserto por seus próprios meios.
EDIÇÃO EDITOR
Tal
encontro é seguido por um insuperável choque de
Antony Gibbs e Alan
Pattillo culturas e este fato vai deixar sua marca nas vidas deles.
ROTEIRO WRITER
Edward Bond
Elenco cast
Jenny Agutter, Luc Roeg, Two English children, after the traumatic death of their
David Gulpilil e John father, end up alone in a desert in Australia. Without
Meillon knowing how to orient themselves, they begin a long journey
in search of survival. At a certain point, they encounter an
Aboriginal teenager in transition to adulthood. According to
native tradition, before becoming an adult, the boy needs to
survive alone in the wilderness by his own means. Such an
encounter is followed by an insurmountable clash of cultures
and this fact will leave its mark on their lives.
panorama histórico
historical panorama
135
Ao Mistral
Dersu Uzala
Pour le Mistral
Dersu Uzala
França, 1965, 30 min
O Mistral é um vento lendário, violento, frio
e seco. Típico da Provença, ele inspirou
gerações de escritores, pintores e o próprio
Joris Ivens, para quem o vento é, acima de
tudo, um leitmotiv estético. O filme mostra
de forma lírica como o vento influencia a
população da região onde ele sopra, assim
como os animais e a dinâmica do local.
União Soviética/Japão, 1975, 144 min
DIREÇÃO DIRECTOR
DIREÇÃO DIRECTOR
Joris Ivens
ROTEIRO WRITER
René Guyonnet e
Joris Ivens
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Gilbert Duhalde,
André Dumaître e
Pierre Lhomme
EDIÇÃO EDITOR
Mistral is a legendary, violent, cold and dry Jean Ravel e
wind. Typical of Provence, it has inspired Emmanuele Castro
generations of writers, painters and Joris Ivens
himself, for whom the wind is above all things
an aesthetic leitmotif. The film depicts how the
wind affects the local inhabitants, animals and
the dynamics of the site.
Akira Kurosawa O capitão Vladimir Arseniev e sua tropa são
PRODUÇÃO PRODUCER
enviados pelo governo soviético para explo-
ROTEIRO WRITER
su Uzala, um caçador que vive nas florestas
Yôishi Matsue rar e reconhecer as montanhas da Mongólia.
e Nikolai Sizov Em meio à expedição, Vladimir encontra Der-
Vladimir Arsenyev, e delas conhece cada detalhe. Se aproveitanAkira Kurosawa e
do dos conhecimentos do velho caçador, o
Yuri Nagibin
capitão lhe propõe acompanhar a tropa até o
término da missão.
Fyodor Dobronravov, Yuri
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Gantman
e Asakazu Nakai Captain Vladimir Arsenyev and his troops are
EDIÇÃO EDITOR
sent by the Soviet government to explore and
Lyudmila Feiginova recognize the mountains of Mongolia. At a
Elenco cast
Maksim Munzuk,
Yuri Solomin,
Svetlana Danichenko,
Dimitri Korshikov
e Suimenkul Chokmorov
certain point, Vladimir meets again Dersu
Uzala, a hunter who lives in the woods and
knows every detail of them. Taking advantage
of the knowledge of the old hunter, the Captain
suggests him to follow the troops until the end
of the mission.
panorama histórico
historical panorama
137
História do Vento
Fata Morgana
A Tale of the Wind
Fata Morgana
França/Holanda, 1988, 80 min
Alemanha Ocidental, 1971, 79 min
Pelo seu tom grandiloquente, Fata Morgana
pode ser comparado a um poema épico.
Filmado no Deserto do Saara, suas imagens
de beleza plástica exuberante e narrativa
onírica cadenciadas em ritmo alucinatório
evocam a ideia do deserto como sendo um
local assombrado por miragens e habitado
por civilizações perdidas no tempo.
DIREÇÃO DIRECTOR
Werner Herzog
PRODUÇÃO PRODUCER
Joschi Arpa
ROTEIRO WRITER
Werner Herzog
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Jörg Schmidt-Reitwein
Elenco cast
Because of its grandiloquent tone, Fata
Morgana sounds like an epic poem. Shot in
the Sahara Desert, its lush plastic images and
dreamlike narrative cadenced in a hallucinatory
rhythm evoke the idea of the desert as a site
haunted by mirages and inhabited by lost in
time civilizations.
Lotte Eisner,
Eugen des Montagnes,
James William Gledhill
e Wolfgang von
Ungern-Sternberg
DIREÇÃO DIRECTOR
História do Vento é a viagem de Joris Ivens através de sua
Joris Ivens e própria história, desde o primeiro filme sobre o vento,
Marceline Loridan Ivens Ao Mistral (1965), até este seu último trabalho. De sua
PRODUÇÃO PRODUCER
terra natal, na Holanda, ao misticismo do oriente chinês,
Marceline Loridan,
num percurso simbólico que compreende 90 anos – a
Jacques Zajdermann,
Meyer Berreby idade do diretor. O filme flui entre a fantasia e a realidaROTEIRO WRITER
de, se movendo entre as imagens que o cineasta fez, viu
Joris Ivens e ou sonhou.
Marceline Loridan Ivens
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
A Tale of the Wind is a Joris Ivens’ journey through
Thierry Arbogast his own history, from his first film on the wind Pour Le
e Jacques Loiseleux Mistral (1965) to this last work. From his homeland in
EDIÇÃO EDITOR
the Netherlands to the mysticism of the east China, in
Genevieve Louveau a symbolic journey that takes 90 years – the age of the
Elenco cast
filmmaker. The film flows between fantasy and reality
Henxiang Han, Joris Ivens,
moving between the images the filmmaker has made, seen
Giulian Liu, Hongyu Liu, Zhuang
Liu, Marceline Loridan Ivens, or dreamt about.
Hong Wang
panorama histórico
historical panorama
139
Uma Lição Para
Não Esquecer
O Tempo Parou
Time Stood Still
Sometimes a Great Notion
Itália, 1959, 83 min
A história deste filme se passa nas montanhas nevadas
do norte da Itália, durante o inverno, onde um guarda
veterano e um jovem estudante vigiam o local em que
está sendo construída uma barragem. Forçados a viverem ambos num casebre construído para os trabalhadores do local, sem comunicação com mundo abaixo das
montanhas e com pouco para fazer, a relação dos dois a
princípio é taciturna. Quando uma tempestade de neve
repentina corta o fornecimento de energia e ameaça
demolir a frágil cabana de madeira, eles se descobrem
unidos na luta pela sobrevivência.
The story of this film takes place in the snowy mountains
of northern Italy, where an old-timer guard and a young
student keep watch over the construction site of a partially
built dam during the winter. Forced to live in a tiny
workers hovel and cut off from the world below with little
to do, the ill-matched couple are at first taciturn. When a
sudden snow storm cuts their power supply and threatens
to demolish their rickety wooden hut, they find themselves
thrown together in a fight for survival.
EUA, 1970, 114 min
A família Stamper, liderada pelo patriarca Henry Stamper,
DIREÇÃO DIRECTOR
DIREÇÃO DIRECTOR
Ermanno Olmi
Paul Newman se especializou em extrair madeira das florestas coníferas
PRODUÇÃO PRODUCER
Ugo Franchini
ROTEIRO WRITER
Ermanno Olmi
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
Carlo Bellero
EDIÇÃO EDITOR
Carla Colombo
Elenco cast
Natale Rossi, Roberto Seveso
e Paolo Guadrubbi
PRODUÇÃO PRODUCER
do Oregon. A região onde moram é dominada por uma
John Foreman imensa paisagem verde e não são apenas eles que depen-
dem dos recursos naturais do local. Os conflitos começam
justamente quando o sindicato de madeireiros da cidade
FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER
determina que todas as empresas extrativistas entrem em
Richard Moore
greve. Frustrados e tomados pelo orgulho, os Stamper reEDIÇÃO EDITOR
solvem continuar trabalhando para honrar o contrato que
Bob Wyman
haviam firmado com compradores de madeira. Tal atitude
Elenco cast
inicia
uma onda de instabilidade na região.
Paul Newman, Henry
ROTEIRO WRITER
John Gay
Fonda, Lee Remick,
Michael Sarrazin e The Stampers, led by the patriarch Henry Stamper, are
Richard Jaeckel specialized in extracting wood from coniferous forests of
Oregon. The district where they live is dominated by a vast
green landscape and they are not the only ones to depend
on the natural resources of the site. Conflicts begin precisely
when the town loggers union requires all extractive companies
to go on strike. Thwarted and taken by pride, the Stampers
decide to carry on with the job in order to honor a contract.
This attitude sets a wave of instability in the county.
panorama histórico
historical panorama
141
ComKids is a cultural initiative
aimed at the encouragement,
promotion and production of
quality interactive audiovisual and
digital material for children and
youth in Brazil, Latin America and
Portuguese-speaking countries.
ComKids is a platform that
gathers and produces content
(Online and Offline publications),
reflections (articles and resources)
and activities (seminars, festivals,
workshops and exhibitions)
around the child audience
universe and its relationship with
art, culture and media.
Through assumptions of social
responsibility, culture, quality and
innovation, ComKids believes
in childhood as a cultural and
social status to be respected and
enhanced by adequate stimulation.
Those who, in turn, through art
and culture, allow the creation of
a children´s repertoire that will
leverage its authentic development O ComKids é uma iniciativa cultural
voltada para o incentivo, promoção e
of meanings, of their identity, of
their relationships and their lives. produção de conteúdos audiovisuais
With the support of an ecological interativos e digitais de qualidade
understanding of life, ComKids
para o público infantojuvenil no
believes that in every age, there is
Brasil, na América Latina e nos países
latent potential to be developed
de língua portuguesa. O ComKids
and tested, and as we know,
é uma plataforma que reúne e prochildhood is a time especially
rich and intense that deserves
duz conteúdos (publicações online e
full attention to their emotional
offline), reflexões (artigos e pesquieducation, social and cultural
sas) e atividades (seminários, festieducation. Every subject matters
vais, workshops e mostras) em torno
are important for children and
deserves to be treated, aesthetically do universo infantil e sua relação
com arte, cultura e mídia.
and ethically, measured up to
them. From an objective and
philosophical perspective,
Por meio de pressupostos de responsabiComKids believes that the
lidade social, cultura, qualidade e inovação, o
environment is one of those topics ComKids acredita na infância como um status
that merit special attention.
cultural e social a ser respeitado e potencializado
mostra
escola
school
show
por meio de estímulos de qualidade. Estes que, por sua vez,
através da arte e da cultura, possibilitam a criação de um
repertório infantil que irá alavancar a sua elaboração autêntica de significados, da sua identidade, das suas relações e
da sua vida.
Com o apoio de uma compreensão ecológica da vida, o
ComKids acredita que, em cada idade, há potenciais latentes
a serem desenvolvidos e experimentados e, como sabemos,
a infância é um momento especialmente rico e intenso que
merece toda a atenção para sua educação emocional, social
e cultural. Todos os temas são importantes para as crianças
e merecem ser tratados à altura delas, esteticamente e eticamente. A partir de um olhar objetivo e filosófico, o ComKids
acredita que o meio ambiente é um destes temas que merecem atenção especial.
ComKidsGreen
and Ecofalante
ComKids Green e a Ecofalante
The partnership between
ComKids and Ecofalante was
born from the identification of
a common goal: education for
sustainable development by
audiovisual path. Through the
label ComKidsGreen, we began
to research quality content for
children that stimulate and delight
child look for various dimensions
of the environment. After seminars,
researches and debates on the
subject, we selected the material
and developed the ComKids Green
Show for children, which can be
enjoyed at this event. Fun and
quality in special sessions!
A parceria do Comkids com a Ecofalante nasceu a partir da identificação de um objetivo
comum: a educação para o desenvolvimento
sustentável pelo caminho do audiovisual.
Através do selo ComKids Green, começamos
a pesquisar conteúdos infantis de qualidade
que estimulem e encantem o olhar infantil
para diversas dimensões do meio ambiente.
Após seminários, pesquisas e debates sobre o
assunto, selecionamos o material e montamos
a Mostra ComKids Green para crianças, que
poderá ser apreciada neste evento. Diversão e Team ComKids
www.comkids.com.br
qualidade em sessões especiais!
Equipe ComKids
educativo
www.comkids.com.br
mostra escola
school show
143
A Torneira
Perfeita
O Velho
Aquecedor
The Perfect Faucet
The Old Heater
Uruguai, 2008, 07 min
Uruguai, 2011, 09 min
Em uma casa normal, ocorre um aconteci- Direção DIRECTOR
mento mágico: os utensílios de banho se co- Tunda Prada
municam com o menino Mateo e pedem sua Produção PRODUCER
ajuda para que o velho aquecedor de água Lamano Estudio
não morra de tristeza. Ao longo da história, Roteiro WRITER
Mateo descobre a verdadeira importância da Tunda Prada
água na vida de todos. Diretor de Animação ANIMATION DIRECTOR
Sebastián Prada
In a normal house, there is a magical event:
the bathroom utensils communicate with
Mateo, asking for his help so that the old water heater won’t die of sadness. Throughout
the history, Mateo discovers the true importance of water in everyone’s life.
Direção DIRECTOR
Humberto está obcecado por inventar apa-
Walter Tournier ratos que economizem água. Os resultados
Produção PRODUCER
que obtém são sempre pouco práticos e
Mario Jacob muitas vezes perigosos. Tomás é um menino
Roteiro WRITER
de dez anos que vive no mesmo bairro de
Walter Tournier Humberto e é atraído pelas surpreendentes
Edição EDITIOR
Leonardo Salas
atividades do inventor.
Humberto is obsessed with inventing devices
that save water. The results he gets are always
impractical and often dangerous. Thomas is
a ten-year-old boy who lives in Humberto’s
neighborhood and is attracted by the amazing
activities of the inventor.
mostra escola
school show
145
Sonhando
Passarinhos
Um Dia de Sol
A Sunny Day
Alemanha, 2008, 4 min
Dreaming Birds
Brasil, 2011, 12 min
Direção
Direção
Era uma vez uma menininha que olhava Bruna Carolli
para o céu e nele enxergava a felicidade. Produção
Uma felicidade feita de sonhos, passari- Pavirada Filmes
nhos e pregadores de roupa. Roteiro
Bruna Carolli
There was once a little girl who looked to Fotografia
the sky and saw it happiness. A happiness Jane Malaquias
made of dreams, birds and clothespins. Edição
O sol nasce toda manhã, mas desta vez ele
Gil Alkabetz descobre que não é tão bem-vindo quanto
Produção
ARD / Sudwestrundfunk
Baden Baden
pensava que fosse.
The sun rises every morning, but this time it
discovers that it is not so welcome as it thought
Gil Alkabetz
it would be.
Roteiro
Edição
Gil Alkabetz
Alex Vidigal
mostra escola
school show
147
Reserva Cultural
23.maio quinta
27.maio segunda
21h00 ABERTURA
Mais Que Mel (95 min)
15h00 Pequim Sitiada
pelo Lixo (72 min)
24.maio sexta
17h00 Patagônia se Levanta (87 min)
19h00 Petróleo:
15h00 Desterro (14 min)
No Fundo Nem
seguido de debate com o realizador
21h00 Sushi: A Caçada Global (84 min)
O Grande Vício (90 min)
Tudo é Memória (75 min)
17h00 Viver/Construir (117 min)
19h00 A Morte de Alos (31 min)
Inori (72 min)
21h00 Chá ou Eletricidade (93 min)
25.maio sábado
15h00 A Última Montanha (95 min)
17h00 A Fé nos Orgânicos (82 min)
seguido de debate com o realizador
19h00 Uma Guerra Verde (110 min)
21h00 Neve Silenciosa:
O Veneno Invisível (71 min)
26.maio domingo
15h00 Rios Perdidos (72 min)
seguido de debate com o realizador
17h00 Eco-Pirata: A História
de Paul Watson (110 min)
28.maio terça
15h00 O Preço da Democracia (57 min)
17h00 O Sabor do Desperdício (88 min)
19h00 Serra do Mar (15 min)
A Cidade é Uma Só (73 min)
21h00 Trashed – Para Onde
Vai o Nosso Lixo? (97 min)
29.maio quarta
15h00 Aterro (72 min)
17h00 O Escuro da Cidade (83 min)
19h00 Amargas Sementes (88 min)
seguido de debate com o realizador
21h00 Areia (16 min)
com presença do realizador
Detropia (90 min)
30.maio quinta
19h00 Sobreviver ao Progresso
(86 min)
programação
programming
21h00 Solo (11 min)
A História de Leonid (19 min)
Radioativo (71 min)
15h00 Cohab (9 min)
Perus: Uma História Feita de
Ferro, Cimento e Amor (26 min)
O Som do Limão (26 min)
Aluga-se (15 min)
17h00 Louceiras (54 min)
Desterro Guarani (38 min)
19h00 Enchente Não
Arranca Raiz (59 min)
20h00 Rio Colorado:
O Direito à Água (56 min)
21h00 Quem Controla a Água? (82 min)
149
Cine Livraria Cultura
Cinemateca Brasileira
Todos os filmes em 35mm, exceto quando indicado
24.maio sexta
28.maio terça
16h00 A Vingança do
17h45 Brasil Orgânico (58 min)
19h00 A Fé nos Orgânicos (82 min)
com presença do realizador
20h30 Debate Economia
16h00 Pescando Sem Redes (17 min)
Roubando dos Pobres (55 min)
17h30 A Corrida do Carbono (85 min)
19h00 Amargas Sementes (88 min)
com presença do realizador
20h30 Debate Globalização
25.maio sábado
29.maio quarta
16h30 Uma Lição Para
16h00 Pequim Sitiada
16h00 O Grande Processo
19h00 Fata Morgana (79 min) Digibeta
20h30 Dersu Uzala (144 min)
Carro Elétrico (90 min)
24.maio sexta
19h00 A Longa Caminhada (100 min) DCP
21h00 Uma Lição Para
Não Esquecer (114 min)
25.maio sábado
Não Esquecer (114 min)
pelo Lixo (72 min)
do Amianto (83 min)
17h30 Rios Perdidos (72 min)
com presença do realizador
19h00 Debate Cidades
21h00 Jardim Suspenso (8 min)
Deus Salve o Verde (75 min)
17h30 Submissão (87 min)
19h00 Petróleo:
26.maio domingo
30.maio quinta
17h00 O Tempo Parou (83 min)
19h00 A Grande Aventura (94 min)
21h00 Ao Mistral (30 min)
História do Vento (80 min)
16h00 Rios de Homens (76 min)
17h30 Patagônia se Levanta (87 min)
19h00 Debate Água
21h00 A Crise Global da Água (105 min)
16h00 Resistência ao
28.maio terça
27.maio segunda
16h00 Remissões do Rio Negro (90 min)
17h30 O Povo da Pluma (90 min)
19h00 Louceiras (54 min)
Desterro Guarani (38 min) com presença do realizador
20h30 Debate Povos e Lugares
26.maio domingo
O Grande Vício (90 min)
com presença do realizador
20h30 Debate Contaminação
Crescimento (85 min)
17h30 O Gasoduto (83 min)
19h00 Rebeldes Com Causa (72 min)
20h30 Debate Mobilização
18h00 Dersu Uzala (144 min)
21h00 Homenagem Aloysio Raulino
seguida de debate
Lacrimosa (12 min)
O Tigre e a Gazela (11 min)
O Porto de Santos (18 min)
29.maio quarta
19h00 Ao Mistral (30 min)
História do Vento (80 min)
21h00 O Tempo Parou (83 min)
30.maio quinta
17h30 Fata Morgana (79 min) Digibeta
19h00 A Grande Aventura (94 min)
21h00 A Longa Caminhada (100 min) DCP
mostra escola
29 . maio
Sessões às 9h30 e 14h30
O Velho Aquecedor (9 min)
A Torneira Perfeita (7 min)
Sonhando Passarinhos (12 min)
Um dia de sol (4 min)
151
Centro Cultural São Paulo
Cinusp Maria Antônia
24.maio sexta
28.maio terça
24.maio sexta
27.maio segunda
17h00 A Crise Global da Água (105 min)
20h00 O Gasoduto (83 min)
17h00 Neve Silenciosa:
17h00 Quem Controla a Água? (82 min)
19h00 Resistência ao
15h00 Jardim Suspenso (8 min)
Deus Salve o Verde (75 min)
17h00 Solo (11 min)
A História de Leonid (19 min)
Radioativo (71 min)
19h00 Desterro (14 min)
No Fundo Nem
25.maio sábado
O Veneno Invisível (71 min)
20h00 A Última Montanha (95 min)
29.maio quarta
25.maio sábado
17h00 Sushi: A Caçada Global (84 min)
20h00 Pescando Sem Redes (17 min)
Roubando dos Pobres (55 min)
15h30 Rio Colorado:
30.maio quinta
17h00 Cohab (9 min)
Perus: Uma História Feita de
28.maio terça
Ferro, Cimento e Amor (26 min)
O Som do Limão (26 min)
Aluga-se (15 min)
19h00 O Povo da Pluma (90 min)
14h00 Uma Guerra Verde (110 min)
16h00 A Morte de Alos (31 min)
Inori (72 min)
26.maio domingo
29.maio quarta
15h00 O Escuro da Cidade (83 min)
17h00 Chá ou Eletricidade (93 min)
18h30 Viver/Construir (117 min)
15h00 Homenagem Aloysio Raulino
Lacrimosa (12 min)
O Tigre e a Gazela (11 min)
O Porto de Santos (18 min)
16h00 Remissões do Rio Negro (90 min)
16h00 Trashed – Para Onde
Vai o Nosso Lixo? (97 min)
18h00 Serra do Mar (15 min)
A Cidade é Uma Só (73 min)
20h00 A Corrida do Carbono (85 min)
26.maio domingo
17h00 Eco-Pirata: A História
16h00 Enchente Não
Arranca Raiz (59 min)
18h00 O Grande Processo
do Amianto (83 min)
20h00 A Vingança do
Carro Elétrico (90 min)
de Paul Watson (110 min)
20h00 Areia (16 min)
com presença do realizador
Detropia (90 min)
Cine Olido
24.maio sexta
26.maio domingo
15h00 Sobreviver ao
15h00 O Sabor do Desperdício (88 min)
17h00 Brasil Orgânico (58 min)
Progresso (86 min)
17h00 Rebeldes Com Causa (72 min)
19h00 Submissão (87 min)
Crescimento (85 min)
O Direito à Água (56 min)
Tudo é Memória (75 min)
25.maio sábado
15h00 Rios de Homens (76 min)
17h00 Aterro (72 min)
19h00 O Preço da Democracia (57 min)
153
Centro Cultural
São Paulo
31.maio sexta
17h00 Remissões do Rio Negro (90 min)
20h00 Rios de Homens (76 min)
01.junho sábado
16h00 Desterro (14 min)
No Fundo Nem
07.junho sexta
CineSesc
17h00 Chá ou Eletricidade (93 min)
20h00 O Sabor do Desperdício (88 min)
08.junho sábado
08.junho sábado
21h00 Planeta Z (9 min)
O Último Recife 3D (42 min)
16h00 Amargas Sementes (88 min)
18h00 Viver/Construir (117 min)
20h00 Areia (16 min)
Detropia (90 min)
09.junho domingo
Tudo é Memória (75 min)
18h00 Resistência ao
Crescimento (85 min)
20h00 Rebeldes Com Causa (72 min)
02.junho domingo
16h00
18h00
20h00
programação
programming
virada sustentável
A Morte de Alos (31 min)
Inori (72 min)
O Povo da Pluma (90 min)
Louceiras (54 min)
Desterro Guarani (38 min)
16h00 A Fé nos Orgânicos (82 min)
18h00 Petróleo:
O Grande Vício (90 min)
20h00 O Gasoduto (83 min)
Praça
Victor Civita
06.junho quinta
Biblioteca
São Paulo
08.junho sábado
15h00 A Vingança do
Carro Elétrico (90 min)
09.junho domingo
15h00 Trashed – Para Onde
Vai o Nosso Lixo? (97 min)
Memorial da
América Latina
04.junho terça
20h00 Deus Salve o Verde (75 min)
17h00 Uma Guerra Verde (110 min)
20h00 Aterro (72 min)
07.junho sexta
08.junho sábado
20h00 Rios Perdidos (72 min)
15h00 A Cidade é Uma Só (73 min)
Cinemateca
Brasileira
09.junho domingo
05.junho quarta
17h00 Quem Controla a Água? (82 min)
20h00 Submissão (87 min)
06.junho quinta
17h00 Rio Colorado:
O Direito à Água (56 min)
20h00 O Preço da Democracia (57 min)
4, 5, 6 e 7 . junho
Sessões às 9h30 e 14h30
15h00 Cohab (9 min)
Perus: Uma História Feita de
Ferro, Cimento e Amor (26 min)
O Som do Limão (26 min)
Aluga-se (15 min)
O Velho Aquecedor (9 min)
A Torneira Perfeita (7 min)
Sonhando Passarinhos (12 min)
Um dia de sol (4 min)
155
debatedores
debaters
ÁGUA
Pedro Jacobi
Ladislau Dowbor
Formado em economia política pela
Universidade de Lausanne, Suíça. Doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística
de Varsóvia, Polônia (1976). Atualmente é professor titular no departamento
de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, nas áreas
de economia e administração. Continua
com o trabalho de consultoria para diversas agências das Nações Unidas, governos e municípios, além de várias
organizações do sistema “S” (Sebrae e
outros). Atua como Conselheiro no Instituto Polis, CENPEC, IDEC, Instituto
Paulo Freire e outras instituições.
CIDADES
Sociólogo, Mestre em Planejamento Urbano, Doutor em Sociologia e Livre Do- Ann-Marie Mitroff
cente em Educação. Professor Titular da Ativista retratada pelo documentário
Faculdade de Educação e do Programa Rios Perdidos, é diretora do Programa
de Pós-Graduação em Ciência Ambien- de Rios da ONG ambiental norte-ametal da Universidade de São Paulo (PRO- ricana Groundwork Hudson Valley. Ela
CAM-USP), do qual foi coordenador coordena a Coalização pelo Rio Saw Mill,
entre 2010 e 2012. Coordenador do La- organizando a limpeza voluntária de
boratório de Governança Ambiental da rios e o planejamento e implementação
USP- GovAmb USP. Editor da revista de esforços na restauração de rios. ConAmbiente e Sociedade.
duz ainda estudos de utilização da terra
e áreas úmidas com faculdades e escoRenato Tagnin
las de ensino médio, criando parcerias
Arquiteto, com mestrado em Engenha- e trabalhando com municípios na proria Civil e Urbana pela Escola Politécnica teção de rios. Trabalhou a maior parte de
da Universidade de São Paulo. Atual- sua carreira em projetos de conservação
mente é doutorando em Arquitetura e de água e energia para governos muniUrbanismo junto à Faculdade de Arqu- cipais, serviços públicos e privados, preitetura e Urbanismo da Universidade de stando consultoria para todas as esferas
São Paulo. É professor do Centro Uni- do poder público.
versitário Senac e coordenador de módulo do Curso de Especialização em Gestão Alexandre Delijaicov
e Controle Ambiental em Serviços de Arquiteto e urbanista formado pela FaSaúde, da Universidade Federal de São culdade de Belas Artes de São Paulo com
Paulo. É membro de comissão técni- mestrado e doutorado pela Faculdade de
co-científica do Movimento em Defesa Arquitetura e Urbanismo da USP. Foi um
da Vida do ABC.
dos responsáveis pela criação dos CEUs,
os Centros Educacionais Unificados de
São Paulo, e atualmente está empanhado
em resolver questões relacionadas com a
mobilidade urbana, em especial na construção de um anel hidroviário de 600
quilômetros de extensão, que serviria tanto para transporte de cargas, como também para o transporte de passageiros.
José Bueno
Arquiteto e Urbanista graduado pela
FAUUSP. Desde 1994 dirige o Dojo
Harmonia que oferece experiências de
desenvolvimento humano por meio da
arte Aikido. Coordena o projeto Tintim
de educação não-formal entre gerações
e é cocriador da iniciativa Rios e Ruas.
Trabalhou como facilitador por dez
anos na Amana-Key nos programas de
educação para executivos. É diretor do
Instituto Harmonia.
Stela Goldenstein
Geógrafa, atuou fundamentalmente na
área pública, em políticas setoriais e no
planejamento estratégico de governo. Desenvolveu projetos e programas para gestão de recursos hídricos, desenvolvimento
regional, planejamento urbano, saneamento, habitação e planejamento ambiental. Foi Secretária Municipal e Estadual
do Meio Ambiente. É diretora executiva da
Associação Águas Claras do Rio Pinheiros.
Luiz de Campos Jr
Associado-fundador do Instituto Futuro
Educação e netweaver da Rede Românticos Conspiradores pela Educação Democrática, além de cocriador da iniciativa
Rios e Ruas. Tem formação nas áreas
das Ciências da Terra, Educação e Comunicação. Trabalha profissionalmente
com a temática dos “rios invisíveis” de
São Paulo desde 1995, realizando pesquisas, coordenando cursos, oficinas e colaborando na produção de materiais
paradidáticos e audiovisuais.
CONTAMINAÇÃO
Josh Tickell
Diretor do filme Petróleo: O Grande Vício, nasceu na Austrália e foi criado nos
Estados Unidos. Estudou Sustentabilidade na New College of South Florida e fez
pós-graduação em Cinema pela Universidade do Estado da Flórida. É autor de
dois livros sobre energia renovável. Em
2006, deu início ao projeto Veggie Van,
para promover o uso do biodiesel. A jornada deu origem a seu filme de estreia,
Fuel, vencedor do prêmio do júri popular
no Festival de Sundance 2008.
Paulo Saldiva
É cientista e pesquisa os impactos da poluição urbana na saúde dos cidadãos. É
chefe do Departamento de Patologia da
Faculdade de Medicina da USP e coordenador do Instituto Nacional de Análise
Integrada de Risco Ambiental do CNPq.
Suas pesquisas revelam que o paulistano
respira 4 vezes o nível de poluição aceito pela OMS, causando alterações não
somente no trato respiratório e cardiovascular, mas na fertilidade, desenvolvimento fetal, e desenvolvimento de neoplasias.
Nelson Gouveia
Graduado em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, tem Mestrado
em Epidemiologia em 1993 e Doutorado
em Saúde Pública em 1998, ambos pela
London School of Hygiene and Tropical
Medicine - University of London. Atualmente é Professor Associado do Departamento de Medicina Preventiva da
Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo. É coordenador do Grupo
Temático de Saúde e Ambiente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), e tem atuado em diversos comitês
técnico-assessores do Ministério da Saúde. Tem experiência na área de Epidemiologia e Saúde Coletiva, com ênfase
157
em Saúde Ambiental, atuando principalmente nos seguintes temas: poluição do
ar, poluição eletromagnética, contaminação química, poluição das águas e sistemas de informação geográfica.
ECONOMIA
de Agricultura Biodinâmica e do Instituto Biodinâmico; co-criador do Curso
Fundamental em Agricultura Biodinâmica da Associação ELO- desde 1991;
Criador do Programa de Certificação
do Instituto Biodinâmico; representante brasileiro na “Demeter International”.
É diretor executivo do IBD Certificações.
Kip Pastor
Diretor de A Fé nos Orgânicos, graduou-se GLOBALIZAÇÃO
pela Universidade da Pensilvânia, tendo
trabalhado em um grande escritório de ad- Micha X Peled
vocacia em Washington, DC; na Wildlife diretor de Amargas Sementes, é um doConservation Society em Vientiane, Laos; cumentarista nascido em Israel e radicomo consultor de comércio internacio- cado nos Estados Unidos, vencedor de
nal na Cidade do México; e em Maryland, diversos prêmios internacionais e autor
fazendo o trabalho de desenvolvimento e da Trilogia da Globalização: Store Wars:
pós-produção de um programa do Histo- When Wal Mart Comes to Town, China
ry Channel. Kip obteve seu mestrado em Blue e Bitter Seeds.
Belas Artes pelo American Film Institute e,
em seguida, tornou-se Gerente de Progra- Washington Novaes
ma de Meaningful Media, em Los Angeles. Jornalista que trata com destaque os tePosteriormente, fundou a produtora Pas- mas de meio ambiente e povos indígeture Pictures, onde tornou-se um premia- nas. Atualmente, é colunista dos jornais
do diretor e produtor.
O Estado de São Paulo e O Popular, consultor de jornalismo da TV Cultura, doMaria Inês Dolci
cumentarista e produtor independente
É coordenadora institucional da Pro Tes- de televisão.
te (Associação Brasileira de Defesa do
Consumidor) e colunista da Folha. Es- Silvio Caccia Bava
creve sobre direitos do consumidor a É sociólogo, diretor e editor-chefe do jorcada duas semanas no caderno “Merca- nal Le Monde Diplomatique Brasil. Codo”. Atua há mais de 20 anos na área de ordena a rede global Logolink – Learning
defesa do consumidor, com passsagens Initiative on citizen participation and lopelo setor público e privado de defesa do cal governance. É também presidente do
consumidor. É autora e coautora de vá- Conselho Diretor da Action Aid Brasil.
rias publicações na área. Acompanhou Foi coordenador geral do instituto Póa implantação do Código de Defesa do lis, presidente da Associação Brasileira
Consumidor, em 1990.
de ONGs - ABONG por dois mandatos
e presidente da Associação LatinoameAlexandre Harkaly
ricana de Organizações de Promoção
É engenheiro agrônomo formado pela do Desenvolvimento - ALOP. Foi tamEscola Superior de Agricultura Luiz de bém membro do Conselho Nacional de
Queiroz (ESALQ) com especialização Segurança Alimentar e Nutricional; diem Agricultura Orgânica e Biodinâmica. retor da Associação Nacional de TransFoi co-fundador da Associação Brasileira portes Públicos – ANTP; vice-presidente
do Conselho Estadual de defesa dos dire- Marcos Ferreira Santos
itos humanos - CONDEPE, diretor para Folclorista, arte-educador e pedagogo.
América Latina do Habitat International Doutor pela Faculdade de Educação da
Universidade de São Paulo e pós-doutoCoalition - HIC.
ramento em Hermenêutica Simbólica
pela Universidad de Deusto. Atualmente é professor livre-docente de Mitologia
MOBILIZAÇÃO
na FE-USP. Membro do Conselho Consultivo da Aliança pela Infância no BraA Bicicletada
É um movimento sem líderes inspira- sil. Tem atuação em pesquisa, ensino
da na Massa Crítica, ou Critical Mass, e extensão na área de Antropologia da
uma “coincidência organizada” que co- Educação.
meçou a tomar as ruas de São Francisco
nos EUA, no início dos anos 90. A Bi- Beto Ricardo
cicletada Paulistana acontece sempre na Antropólogo, pesquisador e editor de puúltima sexta feira do mês há mais de 6 blicações, ativista com longa experiência
anos, e em mais de 400 cidades do mun- no mundo das ONGs no Brasil. Um dos
fundadores do CEDI, onde foi secretário
do, simultaneamente.
geral adjunto por onze anos. Formado
em Ciências Sociais pela USP, onde tamHortelões Urbanos
bém
cursou o mestrado. Ex-professor do
O grupo foi criado em junho de 2011 peColégio
Santa Cruz e da UNICAMP. Idelas jornalistas Cláudia Visoni e Tatiana
alizador
e coordenador do projeto PoAchcar e tem como objetivo servir de
vos
Indígenas
no Brasil/CEDI, membro
rede de apoio para quem quer cultivar
da
Coordenação
Nacional da campanha
alimentos e inspirar comunidades para
pelos
direitos
indígenas
na Constituo plantio coletivo e voluntário de plantas
inte.
Recebeu
o
Prêmio
Ambientalista
comestíveis. Hoje possui mais de 3 mil
Goldman/92 (EUA). Sócio fundador da
participantes.
CCPY, do NDI, do ISA e de Vídeo nas
Aldeias.
É coordenador do Programa Rio
POVOS E LUGARES
Negro e de maio de 2005 a abril de 2008,
também foi secretário executivo do ISA.
Patrícia Ferreira
Diretora de Desterro Guarani, é nascida
em 1985 na aldeia Tamanduá em Missiones na Argentina, morou na aldeia
Kunhã Piru com 10 anos, com 13 foi para
o Salto do Jacui, onde ficou dois anos.
Foi para o acampamento na fonte missioneira em São Miguel das Missões,
onde ficou um ano, voltou para Kunhã
Piru, onde ficou dois anos, e com 17 anos
mudou-se para a aldeia Koenju, em São
Miguel das Missões/RS, onde é professora. Começou seus estudos em Tamanduá e se formou em magistério em 2010.
Hoje é a cineasta mulher mais atuante
nos quadros do Vídeo nas Aldeias.
159
2a Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental . 2nd Ecofalante Environmental Film Festival
patrocínio . sponsorship
Instituto Votorantim
Mondelez
White Martins
apoio . support
AES Eletropaulo
Cinemateca Brasileira
Instituto Akatu
Rede Nossa São Paulo
Livraria Cultura
Instituto de Estudos Avançados
da Universidade de São Paulo
Programa de Pós-Graduação
em Ciência Ambiental da
Universidade de São Paulo
Pró-Reitoria de Cultura e
Extensão Universitária da
Universidade de São Paulo
Centro Universitário Maria Antônia
Cinusp
Centro Cultural São Paulo
Galeria Olido
Departamento de Expansão Cultural
da Prefeitura Municipal de São Paulo
Prefeitura de São Paulo
Projeto realizado com o apoio
do Governo do Estado de São
Paulo, Secretaria da Cultura,
Programa de Ação Cultural 2012
realização . realization
ecofalante
curadoria . artist director
Francisco César Filho
comissão de seleção
selection committee
Alex Andrade
Aloysio Raulino
Beth Sá Freire
Cândida Guariba
Chico Guariba
Cláudio Yosida
Liciane Mamede
Pedro Roberto Jacobi
Saulo França Rosa
seleção mostra escola
school show selection
ComKids
educativo
Cine-Educação
direção geral . director
Chico Guariba
vinheta . vignette
Estúdio Teremim
produção executiva
executive producer
Daniela Guariba
tradução e legendagem
eletrônica dos filmes
translation and electronic
subtitling of films
4estações
Video Trade
coordenação de produção
production coordinator
Leonardo Mecchi
pesquisa de filmes
film’s research
Cândida Cappello Guariba
pesquisa histórica
historical research
Liciane Mamede
produção . production
Alex Andrade (nacional/local)
Cândida Cappello Guariba
(internacional/international)
Liciane Mamede (panorama histórico/historical panorama)
assistentes de produção
production assistant
Amanda Miranda
Saulo França Rosa
receptivo . receptive
Erika Fromm
monitoria . monitoring
Fabiana Amorim
assessoria de imprensa
press office
Regina Cintra e Luciana
Rocha / Foco Jornalístico
still
Rodrigo Paiva
concepção visual,
projeto gráfico e site
graphic design and website
amatraca desenho gráfico
revisão de textos . proofreading
Rachel Ades
tradução de textos . translation
Luciana Quadros Canassa
Rosane Martinez
tradução simultânea dos debates
simultaneous translation
of debates
Tela Mágica Produções
ARK Intérpretes
agradecimentos . thanks
Ana Lígia Torres, Ana Neca, Ana
Wilheim, Andre Palhano, Andrew
Youdell, Benjamim Sergio Gonçalves,
Berenice Raulino, Beth Carmona,
Beth Raulino, Bianca Alves Costa,
Bruno Amaro, Caio Magri, Camila
Souza, Carlos Alberto Mattos, Carlos
Magalhães, Carmen Accaputo,
Carolina Freitas da Cunha, Caroline
Chichorro, Célio Francesche, Danial
Brännström, Daniel Caetano, Débora
Ribeiro, Deborah Osborn , Denise
Romeiro, Eder Mazini, Elena Orel,
Eliana Batista da Silva, Elisabeth
Barboza, Elizabeth Raulino Câmara,
Eric Liknaitzky, Fabio Carvalho
Barbosa, Fatima Stangueti, Fernando
Monteiro, Filme Cultura, Funarte,
Genesio Manoel, George Watson,
Gustavo Racca, Gustavo Raulino,
Guy Borlée, Hélio Mattar, Hermano
Penna, Jean Thomas Bernardini,
Joana Nogueira de Lima, Johan
Ericsson, John Mandelbaum, Juca
Ferreira, Juçara Carbonaro, Julio
Cesar Doria Alves, Laure Bacqué,
Leticia Santinon, Lucki Stipetic, Luís
Alberto Rocha Melo, Luiza Guariba,
Luke Brawley, Lurdinha Patrício,
Magda Santos, Maia Fortes, Maiara
Paiva, Manuela Mazzone Lopez,
Marcela Souza, Marceline Loridan
Ivens, Marcelo Bressanin, Marcos
Martins, Maria do Rosário Ramalho,
Maria Regina Lima, Marina Couto,
Marleen Labijt, Mauricio Broinizi,
Olga Futema, Olívia Patto, Otavio
Savietto Raulino, Patricia de Filippi,
Paula Piccin, Pedro Herz, Peter
Langs, Priscila Ynoue, Regina Salete
Gambini, Rodrigo Mathias, Sébastien
Tiveyrat, Sergey Simagin, Sérgio
Moriconi, Sérgio Tiezzi, Simone
Yunes, Teresa Sanches, Thiago
André, Ulysses Telles Guariba,
Vanessa Fort, Vanessa Menegaldo,
Vincent Carelli, Vivian Malusá
apresentação
patrocínio
realização
apoio
cinemateca brasileira
CULTURA
Projeto realizado com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura, Programa de Ação Cultural 2012