Patologias da Cabeça e do Pescoço: Aspectos de Imagem

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Patologias da Cabeça e do Pescoço: Aspectos de Imagem
Patologias da Cabeça e do Pescoço: Aspectos de Imagem
Neysa Aparecida Tinoco Regattieri1
Rainer Guilherme Haetinger2
1
Introdução
As estruturas estudadas pelos métodos de diagnóstico por imagem que
compreendem a região da cabeça e do pescoço são:
•
Os seios paranasais e as cavidades nasais
•
A mandíbula e a maxila
•
As articulações temporomandibulares
•
As órbitas
•
As orelhas
•
As glândulas salivares maiores
•
A cavidade oral
•
A faringe
•
A laringe
•
Os linfonodos
•
As estruturas vasculares
•
Os segmentos cervicais da traqueia e esôfago
1
Médica Radiologista. Membro Titular do Colégio Brasileiro de Radiologia. Doutora em Ciências, área de
concentração Anatomia Morfofuncional pela Universidade de São Paulo. Mestre em Medicina, área de
concentração Radiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná do curso Superior de Tecnologia em Radiologia.
2
Médico Radiologista na área de Cabeça & Pescoço e coordenador da Tomografia Computadorizada da Med
Imagem, Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo. Membro Titular do Colégio Brasileiro de Radiologia.
Doutor em Ciências na área de Anatomia Morfofuncional pela Universidade de São Paulo. Professor da Pósgraduação no Departamento de Anatomia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo.
1.1 Modalidades Diagnósticas
As modalidades diagnósticas utilizadas para o estudo das alterações que acometem
a região da cabeça e do pescoço são: a radiologia convencional (RC), a tomografia
computadorizada(TC), a ressonância magnética (RM) e a ultrassonografia. Outras
modalidades diagnósticas incluem a tomografia por emissão de pósitrons associada
à tomografia computadorizada (PET-CT) e exames por medicina nuclear. Os
métodos aqui abordados serão a RC, a TC e a RM. O médico assistente escolherá a
modalidade de diagnóstico por imagem a ser utilizada, na dependência da suspeita
clínica, após realização de um exame físico criterioso.
1.1.1 Radiologia Convencional
A radiologia convencional possui atualmente um papel limitado na avaliação dos
seios paranasais e das cavidades nasais, pois fornece detalhes anatômicos
imprecisos quando comparada à tomografia computadorizada1. Deve ser utilizada
apenas quando não se dispõe de um equipamento de TC. Nesse caso, geralmente
são realizadas três incidências básicas2:
•
Frontonaso (Caldwell): onde os seios frontais e as células etmoidais são bem
identificados.
•
Mentonaso (Waters): aqui, os seios maxilares são mais bem individualizados.
•
Perfil: nesta incidência são bem demonstradas a rinofaringe e os seios
paranasais sobrepostos.
1.1.2 Tomografia Computadorizada (TC)
A tomografia computadorizada é uma ferramenta importante na avaliação da das
patologias que acometem os seios paranasais e cavidades nasais3. Sua principal
vantagem é a ausência de sobreposição de imagens, melhor resolução espacial e
de contraste, em relação à radiologia convencional. A avaliação dos processos
inflamatórios agudos dos seios paranasais pela tomografia computadorizada deve
ser utilizada apenas quando há suspeita clínica de complicações, tais como celulite
periorbitária ou abscesso (orbital, cerebral ou epidural, por exemplo)1. Todos os
métodos de imagem, inclusive a TC, são inespecíficos quanto à etiologia dos
processos inflamatórios agudos dos seios paranasais2,3.
O pescoço é dividido didaticamente em dois compartimentos principais: suprahioideo e infra-hioideo.
O compartimento supra-hioideo, quando avaliado por meio de cortes axiais, é
dividido em espaços por múltiplos planos da fáscia cervical profunda. São eles:
• Faringomucoso (Mucoso superficial)
•
Parafaríngeo
•
Carotídeo
•
Parotídeo
•
Mastigador
•
Retrofaríngeo
•
Perivertebral (pré-vertebral e paravertebral)
O compartimento infra-hióideo é dividido nos espaços:
•
Visceral
•
Carotídeo
•
Retrofaríngeo (incluindo o "danger space")
•
Espaço cervical posterior
•
Perivertebral (pré-vertebral e paravertebral)
As patologias que acometem estes espaços estão relacionadas às estruturas ali
contidas4. Essas alterações podem ser estudadas tanto pela TC quanto pela RM.
Porém, a RM fornece melhores informações anatômicas decorrentes de sua melhor
resolução de contraste e capacidade multiplanar, quando comparada à TC.
1.1.3 Ressonância Magnética
O exame de ressonância magnética (RM) é de grande valia no estudo das partes
moles da região da cabeça e do pescoço.
Esse exame é indicado, principalmente, para a avaliação das articulações
temporomandibulares,
das
glândulas
salivares
maiores
(parótidas
e
submandibulares), de lesões que invadem a base do crânio e as órbitas, na
investigação de sinusite fúngica e nas lesões relacionadas com as mastóides.
2 ATLAS DE PATOLOGIAS QUE ACOMETEM A REGIÃO DA CABEÇA E DO
PESCOÇO
2.1 Seios paranasais e cavidade nasal
2.1.1 Processo inflamatório
Os processos inflamatórios podem ser classificados como agudos ou crônicos,
sendo, algumas vezes, difícil diferenciá-los entre si. Como o espessamento da
mucosa e o velamento dos seios podem ser observados em ambas as condições,
apenas quando há nível hidroaéreo no interior da cavidade sinusal pode-se
confirmar a natureza aguda do processo2 (Figura 1). Nos casos de processos
inflamatórios crônicos, podem ser observadas complicações tais como: pólipos
inflamatórios, cistos mucosos de retenção e mucoceles.
Figura 1 - Sinusite aguda, acompanhada de celulite facial. Seio maxilar esquerdo preenchido por
material com baixos coeficientes de atenuação formando nível hidroaéreo, com aumento de volume e
infiltração do tecido subcutâneo adjacente (celulite).
Fonte: MED-IMAGEM (HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA – SP)
Cistos de retenção podem aparecer como massas de contornos regulares, mais
comumente observadas nos seios maxilares de pacientes assintomáticos (Figura
2)2,4.
Figura 2 - Cisto mucoso no assoalho do seio maxilar esquerdo na imagem de tomografia
computadorizada no plano coronal.
Fonte: MED-IMAGEM (HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA – SP)
Pólipos inflamatórios são considerados degeneração da mucosa que recobre os
seios paranasais e as cavidades nasais. A TC pode ajudar na diferenciação entre
espessamento
mucoso
e
degeneração
polipóide
da
mucosa
(Figura
Radiologicamente os pólipos são indistinguíveis dos cistos de retenção3.
3)2.
Figura 2 – Pólipo nasal (coanal). Exame de tomografia computadorizada sem contraste. Janela óssea
demonstrando pólipo inflamatório em cavidade nasal esquerda, junto à coana.
Fonte: MED-IMAGEM (HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA – SP)
Mucoceles (Figuras 4 e 5) são lesões císticas com conteúdo mucoide e revestimento
epitelial que promovem remodelamento ósseo. Seu crescimento é lento. Acometem
principalmente os seios frontais e as células etmoidais. Na TC apresentam baixos
coeficientes de atenuação e não impregnam pelo meio de contraste injetado por via
endovenosa2,3.
Figura 3 - Na tomografia computadorizada a mucocele apresenta baixos coeficientes de atenuação e
não impregna pelo meio de contraste injetado por via endovenosa.
Fonte: MED-IMAGEM (HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA – SP)
Figura 4 - Mucocele frontal esquerda. Na ressonância magnética, corte coronal ponderado em T1 (A)
e sagital ponderado em T2 (B), com hipersinal central em T1 e hipersinal difuso em T2.
Fonte: MED-IMAGEM (HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA – SP)
2.1.2 Neoplasia Benigna
O papiloma invertido (Figuras 6 e 7) é uma lesão que apresenta realce pelo meio de
contraste. Ocupa e expande a cavidade nasal. Essa patologia tem sua origem na
parede lateral da fossa nasal. Pode promover erosões nas paredes ósseas
secundariamente a um mecanismo compressivo2,3,4. Devido ao seu potencial de
transformação maligna, é importante uma investigação completa, que inclua injeção
de meio de contraste endovenoso.
Figura 5 - Papiloma invertido. Lesão expansiva em cavidade nasal direita, que apresenta realce pelo
meio de contraste.
Fonte: MED-IMAGEM (HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA – SP)
Figura 6 - Papiloma invertido. Tomografia computadorizada: janela óssea.
Papiloma invertido: corte coronal (A) e corte axial (B) demonstrando erosões e reação periosteal nas
paredes ósseas.
Fonte: MED-IMAGEM (HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA – SP)
2.1.3 Neoplasia maligna
O carcinoma de células escamosas (CEC) (Figura 8) é a principal neoplasia maligna
da região da cabeça e do pescoço. Caracteristicamente apresenta realce
heterogêneo pelo meio de contraste e aumento das partes moles com invasão das
estruturas circundantes4.
Figura 7 - Carcinoma do seio maxilar. Caracteristicamente apresenta realce heterogêneo pelo meio
de contraste, aumento das partes moles com invasão das estruturas circundantes.
Fonte: MED-IMAGEM (HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA – SP)
2.2 Mandíbula
Os cistos e tumores da mandíbula freqüentemente apresentam aspecto radio
transparente com margens escleróticas. Os achados de imagem não ajudam na
distinção entre os processos de origem benigna e de origem maligna2. Outras lesões
comumente observadas nessa região são a displasia fibrosa (Figura 9) e o
querubismo. Na primeira, observa-se substituição do tecido ósseo por tecido fibroso.
Seu aspecto de imagem mais frequente é a perda do trabeculado ósseo normal com
aspecto expansivo e em “vidro fosco”. Na segunda, há lesões osteolíticas,
expansivas,
com
afilamento
da
cortical
envolvimento da mandíbula, além da maxila3.
óssea,
observando-se
frequente
Figura 8 - Displasia fibrosa do esfenóide. Substituição do tecido ósseo por tecido fibroso. Seu aspecto
de imagem mais frequente é a perda do trabeculado ósseo normal e sua substituição por osso com
aspecto de “vidro fosco”.
Fonte: MED-IMAGEM (HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA – SP)
2.3. Osso temporal
2.3.1 Processo inflamatório
As doenças que mais acometem o osso temporal possuem origem inflamatória.
Dentre elas, a mais comum é o colesteatoma (Figura 10) secundário - a complicação
da mastoidite crônica2,4. O melhor método de diagnóstico por imagem para sua
detecção é a TC. Aparece como massa com densidade de partes moles na região
timpânica e mastoídea2.
Figura 9 – Colesteatoma.
TC nos planos axial (A) e coronal (B). Hipopneumatização da mastóide direita, que apresenta aspecto
ebúrneo, identificando-se extensa cavidade única abrangendo a cavidade timpânica e a topografia de
várias células da mastóide, com destruição de praticamente toda a cadeia ossicular direita, A parede
lateral do ático também foi destruída.
Fonte: MED-IMAGEM (HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA – SP)
A TC é a modalidade de diagnóstico por imagem que melhor avalia as perdas
auditivas decorrentes das estruturas de condução mecânica. Assim, é o método de
escolha para o estudo da orelha média, onde está localizada a cadeia ossicular.
Esta é constituída pelo martelo, pela bigorna e pelo estribo. As células da mastoide
também são bem avaliadas pela TC. É o método de escolha para avaliação da
otospongiose (Figura 11), caracterizada por desmineralização óssea na fissula
antefenestra e comprometimento da janela oval/platina do estribo (às vezes também
janela redonda) na forma fenestral e desmineralização pericoclear na forma
retrofenestral2.
Figura 10 – Otospongiose.
Espessamento da platina do estribo na janela oval (A) e desmineralização óssea na fissula
antefenestra (B).
Fonte: MED-IMAGEM (HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA – SP)
2.3.2 Processo Neoplásico
As alterações que acometem a orelha interna são mais bem avaliadas pela RM. A
orelha interna contém o labirinto membranoso e o conduto auditivo interno. É o
exame de escolha para lesões que acarretam perda auditiva neurossensorial,
principalmente o schwannoma (Figura 12) do oitavo par craniano (nervo
vestibulococlear).3 Seu aspecto de imagem é o de uma massa na topografia do
conduto auditivo interno e/ou da cisterna do ângulo cerebelopontino, que, após
injeção do meio de contraste paramagnético, realça intensamente2.
Figura 11 – schwannoma do acústico (VIII nervo craniano). Estes tumores apresentam impregnação
intensa pelo meio de contraste.
A - corte axial sem contraste.
B - corte coronal após injeção de contraste paramagnético.
Fonte: MED-IMAGEM (HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA – SP)
Os tumores que se originam das células paraganglionares são conhecidos como
tumores glômicos ou paragangliomas. São as neoplasias primárias mais comuns
dessa região. Na TC seu aspecto é o de uma massa de partes moles altamente
vascularizadas e com destruição óssea adjacente, quando acomete o forame
jugula2. Na RM o aspecto do tumor típico é o padrão "sal e pimenta", na fase pósgadolínio. Isso ocorre devido à sua impregnação intensa e pelas imagens de "flowvoid", de permeio, causadas pelos vasos anômalos.
3.0 Articulação Temporomandibular (ATM)
Existem várias causas para as alterações da ATM, sendo que a principal está
relacionada às luxações do disco articular. O método de diagnóstico de imagem
mais adequado para seu estudo é a ressonância magnética. As imagens para sua
avaliação são obtidas nos planos sagital e coronal, durante repouso e abertura
máxima da boca, permitindo análise de seu deslocamento (Figura 13).
Imagens ponderadas em T2 permitem a detecção de edema ósseo e a presença de
derrame articular. A densidade de prótons é excelente para a demonstração do
disco articular.
Figura 13 - Estudo por ressonância magnética das articulações temporomandibulares.
Estudo por ressonância magnética das ATMs, com posicionamento anterior do disco articular durante
repouso (A), sem ocorrer redução após abertura total da boca (B).
Fonte: MED-IMAGEM (HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA – SP)
4.0 Órbitas
A órbita é dividida em quatro regiões do ponto de vista radiológico:
•
Espaço intraconal: localizado entre a musculatura extrínseca da órbita
•
Espaço extraconal: que contém as glândulas lacrimais além de tecido
adiposo;
•
Bulbo ocular
•
Nervo óptico.
O tumor mais freqüente dessa região, em adultos, é o hemangioma cavernoso
(Figura 14). Seu aspecto de imagem é o de uma massa arredondada, de contornos
bem definidos e que realça intensamente pelo meio de contraste2,3.
Figura14 - Hemangioma cavernoso. Tomografia computadorizada.
Tomografia computadorizada das órbitas demonstrando lesão expansiva intraconal na órbita direita,
com flebólitos (calcificações) no seu interior e impregnação intensa pelo meio de contraste.
Fonte: MED-IMAGEM (HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA – SP)
5.0 Região Supra-hioide da Cabeça e Pescoço
5.1 Espaço Faringomucoso: o principal componente deste espaço é a mucosa do
trato respiratório e do trato digestivo.
As alterações que mais acometem esta região são lesões císticas de origem
benigna.
O cisto de Thornwaldt (Figura 15) está localizado na linha média e possui
intensidade de sinal aumentada nas imagens ponderadas em T2. Supõe-se que seja
um
remanescente
de
tecido
embrionário
de
origem
nervosa
localizado
anormalmente na nasofaringe.
Outra lesão comumente encontrada nesta região é o adenoma pleomórfico, tumor
benigno que acomete as glândulas salivares. Seu aspecto de imagem é de lesão
arredondada, de margens bem definidas e intensidade de sinal aumentada nas
imagens ponderadas em T24.
Figura 15 – Cisto de Thornwaldt. Lesão cística localizada na linha média apresentando aumento da
intensidade de sinal nas imagens ponderadas em T2.
Fonte: MED-IMAGEM (HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA – SP)
Entre os tumores malignos, o carcinoma espinocelular (CEC) (Figura 16) é o mais
encontrado nesta topografia. Existe uma grande relação deste tumor com consumo
de tabaco e álcool. O tumor geralmente inicia-se na fosseta de Rosenmüller, próximo
ao toro tubário, e, consequentemente, determina obstrução da tuba auditiva com
frequência, levando a otite média. A proximidade com a base do crânio faz com que
este tumor facilmente infiltre o osso. Outra forma de invasão do crânio é a
disseminação perineural5.
Figura 16 - Carcinoma de rinofaringe. Estudo por ressonância magnética.
Estudo por ressonância magnética com imagens no plano axial, antes (A) e após injeção de gadolínio
(B). Infiltração da fosseta de Rosenmüller e da parede lateral da rinofaringe, com otite média por
obstrução tubária, determinando velamento das células da mastoide à esquerda.
Fonte: MED-IMAGEM (HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA – SP)
5.2 Espaço Parafaríngeo: esta região estende-se da base do crânio até a glândula
submandibular (Figura 17) e contém gordura em seu interior. Sua importância é
servir como parâmetro na determinação de qual dos espaços que o circunda está
alterado. Dessa maneira, quando está deslocado posterior e medialmente, há
comprometimento de estruturas do espaço mastigador; quando deslocado
medialmente, há comprometimento parotídeo; uma massa da bainha carotídea o
desloca anteriormente e aquelas originadas da superfície mucosa comprimem sua
superfície medial4.
Figura 17 - Sialoadenite submandibular
Sequências de imagens de TC em cortes axiais demonstarndo aumento unilateral de volume da
glândula submandibular associado à dilatação ductal e formação de abscesso, além de
linfonodomegalias regionais.
Fonte: MED-IMAGEM (HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA – SP)
5.3 Espaço carotídeo: as lesões contidas nesse espaço deslocam anteriormente a
veia jugular e a artéria carótida interna, além de deslocar anteriormente o espaço
parafaríngeo. A lesão mais comum desse espaço tem origem em massas benignas
da bainha carotídea. As mais comuns são os paragangliomas, os schwannomas e
os neurofibromas (Figura 18). O primeiro tumor tem origem vascular e os dois
últimos são tumores da bainha neural. O aspecto de imagem desses tumores, tanto
na tomografia computadorizada quanto na ressonância magnética, é caracterizado
por impregnação intensa pelo meio de contraste4.
Figura 18 - Schwanoma.
Imagens de RM nos cortes a) sagital T1 pós-gadolínio b) coronal T1 pós-gadolínio e c) axial T1 prégadolínio demonstrando um processo expansivo ovalado e sólido presente no espaço carotídeo
esquerdo, localizado abaixo do forame jugular. Deslocamento da artéria carótida e da veia jugular
internas. A lesão possui sinal hipointenso em T1 e realce pós-gadolínio.
Fonte: MED-IMAGEM (HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA – SP)
5.4 Espaço parotídeo: neste espaço estão contidos linfonodos, a glândula parótida
e parte do nervo facial. O adenoma pleomórfico (Figura 19) é a lesão mais comum
da glândula parótida e possui natureza benigna. Tanto a TC quanto a RM não
possuem acuidade para diferenciar as lesões de natureza benigna daquelas de
natureza maligna (Figura 20). Ambas são bem circunscritas, apresentam intensidade
de sinal aumentada nas imagens ponderadas em T2 e realçam de maneira
heterogênea após injeção do contraste paramagnético por via endovenosa4.
Figura 19 - Estudo por tomografia computadorizada demonstrando lesão nodular no lobo superficial
da glândula parótida direita, compatível com adenoma pleomórfico.
Fonte: MED-IMAGEM (HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA – SP)
.
Figura 20- Carcinoma da parótida. Exame por TC.
Exame por tomografia computadorizada das glândulas parótidas nos planos coronal (A) e axial (B)
mostrando uma lesão expansiva impregnando-se irregularmente pelo meio de contraste e com
margens parcialmente definidas, situada no lobo profundo da parótida esquerda.
Fonte: MED-IMAGEM (HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA – SP)
5.5 Espaço Mastigador: este espaço estende-se desde o ângulo da mandíbula até
a base do crânio. Nele estão contidos os músculos da mastigação. As lesões que aí
se originam são, na grande maioria, de origem infecciosa e deslocam o espaço
parafaríngeo medial e posteriormente4. O linfangioma (Figura 21) é uma lesão
congênita, benigna, do espaço mastigador. É formado por canais linfáticos anômalos
que geralmente se estendem pelas fascias da região da cabeça e do pescoço6.
Figura 21 – Linfangioma. Sequência de imagens de RM
(A) e (B) axial T1 pré-gadolínio; c) coronal T1 pós-gadolínio com supressão de gordura. Grande
massa localizada no espaço mastigador direito, de formato multilobulado e grande volume causado
por hemorragia ou infecção. O sinal heterogêneo dessa lesão, bem como sua tendência para se
estender através dos espaços fasciais, é característico do linfangioma.
Fonte: MED-IMAGEM (HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA – SP)
5.6 Espaço Retrofaríngeo: a maioria das lesões desse espaço é de origem
infecciosa ou oriunda de neoplasias malignas linfonodais. Processos infecciosos da
faringe podem disseminar para o mediastino através desse espaço. Os processos
infecciosos apresentam intensidade de sinal semelhante ao das estruturas
musculares nas imagens ponderadas em T1, e aumento na intensidade de sinal
naquelas ponderadas em T2. Após a injeção do meio de contraste paramagnético,
os abscessos (Figura 22) apresentam uma margem com aumento do sinal ao redor
do centro liquefeito4.
Figura 22 - Tomografia computadorizada da região cervical após injeção intravenosa de contraste
iodado.
Tomografia computadorizada após injeção intravenosa de contraste iodado nos planos axial (A) e
sagital (B), demonstrando coleção retrofaríngea compatível com abscesso (setas) e flegmão nos
espaços parafaríngeo e submandibular à esquerda, miosite no músculo esternocleidomastóideo e
infirltração do tecido subcutâneo.
Fonte: MED-IMAGEM (HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA – SP)
5.7 Espaço Pré-vertebral: as patologias que se originam neste espaço têm sua
origem nos corpos vertebrais cervicais e deslocam os músculos pré-vertebrais
anteriormente. Já alterações que acometem o espaço retrofaríngeo deslocam esta
musculatura posteriormente4.
6.0 PESCOÇO INFRA-HIÓDEO
A região infra-hióde do pescoço se estende do osso hioide até à raiz do pescoço.
Contém a glândula tireoide, as glândulas paratireoides, o esôfago, a traqueia, a
hipofaringe,
nervos,
linfonodos,
vasos
sanguíneos,
músculos
e
corpos
vertebrais.Assim, as lesões que acometem esse espaço, estão relacionadas às
estruturas aí contidas6.
Figura 23 - Lesão primária na hipofaringe.
Lesão expansiva sólida na parede lateral direita da hipofaringe com intensa captação pelo contraste
endovenoso. Há obliteração do seio piriforme, com infiltração das seguintes estruturas: prega
ariepiglótica direita, gordura pré-epiglótica, cartilagem tireoide, espaço paraglótico, cartilagens
aritenoide direita e cricoide (A, B, C). Na reformação coronal observa-se a lesão de outro ângulo (D).
Fonte: MED-IMAGEM (HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA – SP)
Figura 24 - Laringocele, demonstrada em exame por ressonância magnética.
Laringocele. Sequência de imagens de RM nos planos: (A) axial T2, (B) axial T1, (C) coronal T2 e (D)
sagital T1, demonstrando lesão cística em situação supraglótica à esquerda (setas).
Fonte: MED-IMAGEM (HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA – SP)
Figura 25 - Linfoma de Hodgkin. Imagem de Tomografia computadorizada.
Linfoma de Hodgkin. Imagens de TC demonstrando linfonodos aumentados de volume no à direita.
Fonte: MED-IMAGEM (HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA – SP)
Glossário
Lesões osteolíticas: lesões nas quais há predomínio de destruição óssea pela
atividade osteoclástica.
Hemangioma cavernoso: um tipo de malformação angiomatosa na qual ocorrem
shunts das arteríolas com as vênulas sem interposição do leito capilar .
REFERÊNCIAS:
1
KATZ, D; MATH, K. R.; GROSKIN, S. Segredos em Radiologia. 1ª ed. Porto
Alegre: Artmed, 2000.
2
JUHL JH, CRUMMY AB, KUHLMAN JE. PAUL & JUHL Interpretação
Radiológica. 7ª ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2000.
3
JÚNIOR, C. F. M. Radiologia Básica, Rio de Janeiro, RJ: Revinter © 2010.
4
BRANT, W. E.; HELMS, C. A. Fundamentos de Radiologia: Diagnóstico por
Imagem. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2008.
5
HARNSBERGER R., Diagnostic Imaging of Head and Neck, Amyrsis
Publishing Inc., 2nd ed, 2011, II-1-2.
6
VALVASSORI, G. E.; MAFFE, F. M.; CARTER, B. L. Imaging of the Head and
Neck. New York: Thieme Medical Publishers, 1995

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