Leia Mais - Cristal Mineração e Petróleo
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Ano XI | 2016 | Nº62 | R$ 25,00 PROCESSAMENTO MINERAL: BRITAGEM Mineradoras detalham os processos, gestão, manutenção e investimentos na otimização de plantas industriais em seis operações diversificadas no país POLÍTICA AS PROPOSTAS E METAS DE VICENTE LÔBO, NOVO TITULAR DA SGM EMPRESAS JR DE ESTUDANTES A APRENDIZES DE EMPRESÁRIOS DA MINERAÇÃO MERCADO CENÁRIOS PARA A PRODUÇÃO DE DE MINÉRIO DE FERRO EM 2030 PERSONALIDADE RUBEN FERNANDES E A NOVA ERA DA ANGLO AMERICAN NO BRASIL Foto Divulgação 12 GESTÃO NOVO TITULAR Na SGM, o geólogo Vicente Lôbo quer resgatar a credibilidade da mineração 15 TREINAMENTO SIMULADORES Mais de 10 mil operadores novatos e experientes capacitados na Vale 34 FOSFATOS PROJETO Começa a implantação da nova mina da Vale Fertilizantes em Patrocínio (MG) 28 PERSONALIDADE ENTREVISTA Com 28 anos de experiência em cargos executivos na Vale, Vale Fertilizantes e Votorantim Metais, o engenheiro metalúrgico Ruben Fernandes muda de presidência: da Unidade de Negócios Nióbio e Fosfatos para o comando de toda a Anglo American Brasil. Caberá a ele cumprir as novas estratégias definidas pela matriz da mineradora britânica de desinvestimento em ativos “não-centrais”. Entre eles, a transferência das operações de Catalão e Ouvidor (GO), já vendidas a uma empresa chinesa, e da área de níquel, assim que for negociada. Em entrevista exclusiva à In The Mine, Fernandes garante, no entanto, a permanência do Minas-Rio. 17 PROCESSAMENTO MINERAL: BRITAGEM SUMÁRIO DESTAQUES DA EDIÇÃO foto Divulgação • capa Mina de Vazante, da Votorantim Metais www.inthemine.com.br Ano XI | 2016 | Nº62 | R$ 25,00 PROCESSAMENTO MINERAL: BRITAGEM Mineradoras detalham os processos, gestão, manutenção e os investimentos na otimização de plantas industriais em seis operações diversificadas no país POLÍTICA AS PROPOSTAS E METAS DE VICENTE LÔBO, NOVO TITULAR DA SGM EMPRESAS JR DE ESTUDANTES A APRENDIZES DE EMPRESÁRIOS DA MINERAÇÃO MERCADO CENÁRIOS PARA A PRODUÇÃO DE DE MINÉRIO DE FERRO EM 2030 PERSONALIDADE RUBEN FERNANDES E A NOVA ERA DA ANGLO AMERICAN NO BRASIL A configuração dos circuitos de britagem instalados em operações da Anglo American Brasil – nióbio, fosfatos, níquel e minério de ferro; da AngloGold Ashanti – ouro –, da Vale Fertilizantes – fosfatos – e da Votorantim Metais – zinco. Diretores e gerentes das mine-radoras falam também da gestão e manutenção des-ses ativos, dos investimentos em 2016 e de estudos e análises para maximizar a eficiência dos equipamentos e reduzir os custos operacionais EDITORIAS - INTHEMINE 04 MINEMAIL Os posts mais clicados na rede 05 MINEPROSPECÇÃO Nova liga de alumínio-cério 05 MINEBOOK Guia sobre preservação de cavernas 06 MINEAGENDA Congresso mineral na Argentina 06 MINEWEB Integrador de mapas da CPRM 06 MINEMARKET Caterpillar: The Age of Smart Iron 08 LEGISLAÇÃO Hermenêutica no Direito Minerário II 36 GUIA ITM Produtos e serviços para mineração 38 MINEGALERIA Luxemburgo e o minério de asteróides julho | agosto | inthemine 3 mineeditorial A REDAÇÃO Comentários, dúvidas, sugestões, críticas e informações sobre o conteúdo editorial da In The Mine e mensagens para a seção MINE MAIL - [email protected]. Correspondência: Rua Pereira Stéfano, 114, cj 911/912 São Paulo (SP) - 04144-070 Tel.: (11) 3477-6768 ASSINATURA Serviços de Vendas por Assinaturas Tel.: (11) 3477-6768 [email protected] PUBLICIDADE Para anunciar na In The Mine [email protected]. Tels: (11) 3477-6768 Taís Malta (gerente comercial) [email protected] Carlos Correia [email protected] LICENCIAMENTO Para licenciar o conteúdo editorial da In The Mine em qualquer mídia, ou fazer reprints das páginas da revista, o e-mail é: [email protected]. Nenhum material pode ser reproduzido de qualquer forma sem autorização por escrito. 4 inthemine | julho | agosto D O E D I T O R CONFIAR DE NOVO Nas últimas semanas, sinais inequívocos advindos de relatórios elaborados por bancos, fundos de investimento, consultorias econômicas e órgãos do governo federal deram conta que grande parte dos empresários, investidores e, mesmo da população brasileira, retoma a confiança no país. É justamente nesse novo clima, que Vicente Lôbo, recém nomeado Secretário Nacional de Geologia, Mineração e Transformação Mineral, fala em resgatar a credibilidade do setor. Entre outros assuntos, o geólogo diz que o projeto do novo Código de Mineração será revisto, mas não mais engavetado. Diz, ainda, que pretende um diálogo permanente do governo com o setor privado. Fala de leiloar 354 áreas em disponibilidade na CPRM (SGB) e de eliminar um passivo de 90 mil processos no DNPM. De discutir a flexibilização do monopólio de minerais nucleares e de estimular a volta dos investimentos em pesquisa mineral. Também nesta edição, temos como Mine Personalidade o novo presidente da Anglo American Brasil, Ruben Fernandes. Com 28 anos de experiência em mineração, o executivo confirma a venda da área de nióbio e fosfatos e as negociações para a venda da área de níquel. Mas garante que o Minas-Rio ficará. A edição traz, ainda, a primeira parte do Especial Processamento Mineral, com um panorama importante das plantas de britagem de grandes mineradoras. Muito interessante também foi conversar com os estudantes de Geologia e Engenharia de Minas que dirigem as empresas juniores criadas em suas faculdades. É uma moçada que pretende se capacitar para uma futura posição de tomada de decisões em empresas alheias ou próprias. Diante do ânimo, envolvimento e determinação desses jovens, resta parafrasear Gonzaguinha e dizer: “Eu acredito nessa rapaziada”. A fase, enfim, é de deixar o passado. Um passado nefasto nos últimos 14 anos. E buscar o futuro. É para lá que vamos. Lá nos veremos. Wilson Bigarelli, [email protected] M I N E M A I L www.inthemine.com.br (www.inthemine.com.br) Posts mais clicados • Conselho de Sábios na nova gestão do DNPM • Uma perda inestimável • O Homem de Ferro da Crusader • Siderúrgica do Pecém inicia exportação de placas de aço • DCML Excellence Training Center – A hora do saber fazer • Hermenêutica aplicada ao Direito Mineral • Do Tocantins para o Atacama • Conheça as vencedoras do Prêmio Green Mine • Outotec finaliza retrofit na flotação da mina Chapada REDES SOCIAIS A revista In The Mine - Gestão de Processos e Tecnologia para Mineração, é uma publicação bimestral da Facto Editorial, dirigida aos profissionais e empresas das áreas de Mineração, Meio Ambiente e Equipamentos. Redação e Publicidade - Pereira Estéfano, 114 - cj 911/912, CEP 04144-070 - São Paulo (SP). Editor e Jornalista responsável Wilson Bigarelli (MTB 20.183) [email protected] Redação Tébis Oliveira (Editora de Sustentabilidade e Novos Projetos), Fernando Rezende e Marisa Santos tebis@inthe mine.com.br Fotógrafos Betho Rocha (MG) e Gildo Mendes (SP) Ilustradores Heder e Moacyr Vasquez Edição de arte Hiro Okita Assistência de arte Diva Maddalena Diagramação Mônica Biasi Publicidade Taís Malta (gerente comercial) Circulação 10 mil exemplares PA L AV R A facebook.com/inthemine Green Mine Parabéns pela iniciativa de premiar os melhores cases de sustentabilidade da mineração no Brasil. Entre eles, destaco a modelagem hidrogeológica do Domo I de Catalão (Vale Fertilizantes e Anglo American), o aproveitamento de escórias para a produção de cimentos (Votorantim Cimentos) e o uso de drones para cálculo volumétrico de minério de bauxita (PL4N4R). São projetos de grande responsabilidade e compromisso ambiental. Márcio Campos de Aguiar (Belém). Obrigado pelo reconhecimento, Márcio, que nos estimula a fazer da In the Mine, cada vez mais, uma referência para o setor. Wilson Bigarelli (Editor) @intheminet youtube.com/user/revistainthemine linkedin.com/company/in-the-mine?trk=biz-companies-cym Errata O nome de Roberto Meilus, gerente Técnico-Comercial da Inbras-Eriez, foi grafado incorretamente na edição 61 (“As Marcas da Classificação e Concentração”). plus.google.com/u/1/+revistainthemine/posts Leitor Envie dúvidas, críticas e sugestões para: [email protected] www.inthemine.com.br MINEPROSPECÇÃO M I N E B O O K S GEOFÍSICA APLICADA Lançado em 2016, o livro do geólogo Antonio Celso de Oliveira Braga, professor adjunto da UNESP-Rio Claro, aborda a detecção de águas subterrâneas e de contaminantes, através de técnicas de sondagem elétrica e caminhamento elétrico. O conteúdo inclui estudos de perfuração de poços em diferentes tipos de aquíferos e investigações para a detecção de plumas de contaminação provenientes de aterros sanitários, cemitérios, vazamentos de combustíveis e produtos químicos, entre outros. www.ofitexto.com.br CARTEIRA DE PROJETOS Foi lançado em 3 de agosto, pelo governo do Piauí, o PDES2050 (Plano de Desenvolvimento Econômico e Social do estado). O estudo, coordenado pela Cepro (Fundação Centro de Pesquisas Econômicas e Sociais do Piauí), consistiu do diagnóstico e elaboração de projetos para os setores do agronegócio, energias renováveis, infraestrutura, mineração e turismo. A carteira de mineração é composta por 17 projetos de exploração de minerais não metálicos (calcário e fosfato), para agricultura e construção civil, e de minerais metálicos nobres (cobre, ferro e níquel), nos vales do Guaribas e Canindé, tabuleiros do Rio Piauí, Itaueira e Alto Parnaíba e na Chapada das Mangabeiras. OURO O ouro continua um dos ativos que mais impulsiona projetos minerais de junior companies no Brasil. Em 3 de agosto foi iniciada a produção experimental da mina Cascavel, em Faina (GO), da australiana Orinoco Gold. Pouco antes, em 29 de julho, a canadense Yamana Gold anunciou a retomada do projeto C1-Santa Luz, na Bahia, que havia sido suspenso em 2014. No início do mesmo mês, a Mineração Apoena, da também canadense Aura Minerals, colocou em ramp up o projeto Ernesto/Pau a Pique, em Pontes e Lacerda (MT). Ainda em julho, duas outras mineradoras divulgaram novas interceptações de ouro de alto teor em suas sondagens: a australiana Cleveland Mining, no projeto Capitão (GO), e a canadense Equitas Resources, no projeto Cajueiro (PA). Também australianas, a Centaurus Metals iniciou as sondagens em Mombuca (MG) e a TriStar Gold adquiriu integralmente Castelo dos Sonhos (PA). A Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE), a Votorantim Cimentos e a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) lançaram o Guia de Boas Práticas Ambientais na Mineração de Calcário em Áreas Cársticas, sobre preservação de cavernas, e o Plano de Gestão Territorial Sustentável, com ações de preservação ambiental da mineradora em operações no sul de São Paulo e Sergipe. www.cavernas.org.br/guia_mineracao_carsticas.asp e http://rbma.org.br/rbma/rbma_7_outras.asp TERRAS RARAS Pesquisadores do Laboratório Nacional Oak Ridge (ORNL), ligado ao Departamento de Energia norte-americano, em parceria com o Laboratório Nacional Lawrence Livermore e a Eck Industries, desenvolveram uma liga de alumínio com cério, óxido de terras raras (OTR), com baixo custo de produção, alta maleabilidade, menor exigência de tratamento térmico e grande estabilidade sob altíssimas temperaturas. O material é indicado para a fabricação de modelos mais leves de motores de combustão interna ou como substituto de seus componentes de ferro fundido, caixas de transmissão e cabeçotes (foto). Essa aplicação, se adotada em escala pela indústria de motores, tem ainda um ganho adicional: viabilizar economicamente a produção de terras raras. O cério – juntamente com o lantânio - é o elemento de maior quantidade presente nesses minérios (três vezes mais que neodímio e 500 vezes mais que disprósio, utilizados na fabricação de imãs) e, sem ter uma destinação industrial, geraria elevados volumes de rejeito. Para atender a apenas 1% da produção atual de ligas de alumínio, são necessárias 3 mil t de cério. Foto Divulgação/ORNL Divulgação ESPELEOLOGIA julho | agosto | inthemine 5 minemarket M I N E M A R K E T MINEAGENDA ORLA LITORÂNEA 24 a 26 de agosto - Porto de Galinhas (PE) http://conjugatemargins.com.br GEOLOGIA 27 de agosto a 4 de setembro Cape Town (África do Sul) www.35igc.org/ MINERAÇÃO 7 a 9 de setembro - Salta (Argentina) www.argentinamining.com ÁGUAS SUBTERRÂNEAS 20 a 23 de setembro - Campinas (SP) www.abas.org/xixcabas MINEWEB APPs ESTUDOS MARINHOS O Instituto de Estudos Avançados do Mar (IEAMar), da Unesp, desenvolve pesquisas em geologia marinha, oceanografia, gestão de recursos naturais, meio ambiente e recursos pesqueiros. www.ieamar.unesp.br NOVA FILIAL A Sotreq, revenda Caterpillar para as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte do país, inaugurou uma filial em São Gonçalo do Rio Abaixo (MG). O projeto foi viabilizado através de uma parceria firmada em 2014 com a prefeitura da cidade, que concedeu o terreno e isenção de impostos para a implantação da unidade. Instalado no Distrito Industrial II em uma área de 44mil m², o empreendimento conta com áreas de vendas, depósito de resíduos sólidos e um almoxarifado com 2.970 m², um dos maiores da região. CONTÊINER SOBRE TRILHOS A VLI, operadora logística de ferrovias, terminais e portos que, desde 2010, substituiu vagões-gôndola por contêineres no transporte de calcário para a ArcelorMittal Tubarão, passou a adotar a mesma solução, em 2015, no transporte de cal para a siderúrgica. No período, a medida aumentou em quase 400% o volume transportado dos produtos, além de reduzir o fluxo de caminhões rodoviários antes utilizados, que somavam até 2,2 mil veículos/mês, entre as cidades de Belo Horizonte e Arcos (MG) e o porto em Vitória (ES). Foto Divulgação / ArcelorMittal Tubarão mineagenda LINHA FULL TOUR PORTUGUÊS Iniciativa estatal, o Roteiro das Minas traz informações sobre localização, funcionamento, alojamento e transporte, além de fotos, dos pontos de interesse mineiro e geológico de Portugal. www.roteirodeminas.pt A aquisição da Joy Global, no final de julho, marca a expansão da Komatsu para além do Japão e amplia a oferta de sua linha Dantotsu, de equipamentos para mineração a céu aberto e subterrânea, com escavadeiras a cabo, carregadeiras sobre rodas de grande porte, draglines, perfuratrizes, caminhões off road e mineradoras contínuas da fabricante norte-americana. A transação, com valor de US$ 3,7 bilhões, em dinheiro, depende de aprovações regulatórias e deve ser concluída somente em 2017. INTEGRADOR ERA DOS DRONES LAUDOS TÉCNICOS O Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais tem por objetivo a organização, atualização e aprimoramento técnico de peritos e avaliadores das áreas de engenharia. http://ibape-mg.com.br 6 inthemine | julho | agosto Durante a Bauma’2016, feira de construção e mineração realizada em abril na Alemanha, a Caterpillar lançou a estratégia global “The Age of Smart Iron”, que incorpora soluções digitais ao seu portfólio de produtos e serviços. A última novidade nessa campanha é a parceria fechada entre a fabricante e a Redbird, start up com escritórios em Paris (França) e em São Francisco (EUA), fundada em 2013 e uma das pioneiras na obtenção e análise de dados coletados por veículos aéreos não tripulados (VANT’s), os populares drones. A associação entre as duas empresas cobre os mercados da Europa, Ásia e Oriente Médio. Já estão sendo coletados pelas aeronaves dados relativos a áreas de operação e equipamentos Caterpillar, em tempo real, que podem resultar em ganhos de produção e produtividade, com redução de custos, para os usuários da marca. Foto Divulgação / Redbird Nova versão do Integrador de Mapas e Projetos da CPRM permite modificar o mapa base (Base Map Gallery) e adicionar filtros de pesquisa por tema parcial, código da folha e escala e tema juntos. geociencias.cprm.gov.br/novointegrador/ minelegislação Por William Freire1 HERMENÊUTICA APLICADA AO DIREITO MINERÁRIO Foto Betho Rocha Dando sequência ao estudo da Hermenêutica aplicada ao Direito Minerário, analisa-se uma dúvida recorrente: o DNPM pode revogar uma autorização de pesquisa baseado, exclusivamente, na sua discricionariedade? Há os que entendem que sim, argumentando que o ato administrativo de autorização é, por natureza, discricionário. Então, a autorização de pesquisa também seria. Defendem que não há como sustentar que o legislador não tinha consciência desta característica da autorização, quando prescreveu, na Constituição, que a atividade mineral seria exercida através de autorização ou de concessão. nal. Autorização, concessão, permissão e licença não se confundem. Alegam que todos os termos da Constituição da República foram tomados na sua acepção técnica. Este argumento, entretanto, não resiste a uma análise superficial: Está claro que a única forma de harmonizar os mencionados regimes jurídicos é valendo-se das seguintes assertivas: (i) Se a expressão autorização de pesquisa foi tomada na sua acepção técnica, também o vocábulo concessão teria sido. Mas não se pode concluir isto a respeito da concessão, porque a concessão clássica é celebrada via contrato, depende de prévia licitação, como regra geral, e tem prazo determinado. A concessão de lavra, por sua vez, não é formalizada por contrato, não depende de licitação, e vigora por prazo indeterminado até a exaustão da jazida. (ii) Se o legislador tivesse adotado as expressões autorização e concessão nas suas respectivas acepções técnicas, não poderia haver aproveitamento dos recursos minerais via licença mineral ou via permissão de lavra garimpeira. A Lei 6.567/78 não teria sido recepcionada pela Constituição e a Lei 7.805/89 seria inconstitucio- 1 8 Por essa razão, se o vocábulo pertencem (à União) tiver sido tomado em sentido técnico de propriedade, o Município não poderia outorgar a licença mineral da Lei 6.567/78, porque esta lei não poderia ter sido recepcionada. Só quem fosse proprietário (a União) poderia consentir a exploração mineral. (i) Os vocábulos autorização, concessão e pertencem não estão utilizados na sua acepção técnica; (ii) A autorização de pesquisa tem atributos diferentes e não se confunde com a autorização clássica do Direito Administrativo; (iii) O vocábulo pertencem não indica relação de propriedade da União sobre os recursos minerais, mas relação de soberania e controle sobre eles; (iv) O legislador constituinte não redigiu o art. 176 com a melhor técnica, mas tão somente copiou os vocábulos autorização e concessão que vinham tradicionalmente sendo usados na legislação mineral; (v) Na interpretação do art. 176 da Constituição a estrutura de raciocínio deve ser lógica e uniforme. Não se pode variar de acordo algum interesse específico do intérprete. WILLIAM FREIRE é advogado formado pela UFMG. Professor de Direito Minerário em diversos cursos de pós-graduação. Autor de vários livros sobre Direito Minerário e Direito Ambiental, entre eles o Código de Mineração Anotado, o Comentários ao Código de Mineração, o Direito Ambiental Brasileiro, Fundamentals of Mining Law e o Gestão de Crises e Negociações Ambientais. Publicou mais de cem artigos e proferiu dezenas de palestras sobre Direito Minerário, inclusive no exterior. É Árbitro da CAMARB, CAMINAS e Diretor do Departamento do Direito das Minas e Energia do Instituto dos Advogados de Minas Gerais. Fundador do IBDM — Instituto Brasileiro de Direito Minerário. inthemine | julho | agosto mineartigo www.inthemine.com.br PARTE I CENÁRIOS DE PRODUÇÃO PARA O MINÉRIO DE FERRO NO BRASIL EM 2030 Após anos de exuberância no setor mineral como um todo (notadamente o minério de ferro), o período 2014/2015 foi marcado pela ruptura do super ciclo das commodities, com a queda mais abrupta das cotações (Fig.01) inviabilizando a produção de uma enorme quantidade de minas, expansões e novos projetos. A combinação da desaceleração do crescimento da China e seu menor enfoque em obras de infraestrutura, diversificação de fornecedores mundiais, estoques em alta, maior oferta mundial de minério de ferro, escassez mundial de capital, ociosidade da siderurgia mundial (cerca de 31% em abr/2016) e nacional (mercado interno) foram bastante significativas na queda das cotações do minério de ferro. Adicionalmente, existe um impacto decorrente de uma crescente reciclagem do aço nos próximos anos na China e de sua substituição por outros materiais. O surgimento de novos players de maior porte na Austrália, como a FMG e Roy Hill, adicionou anualmente cerca de 200 Mt na oferta mundial de minério de ferro (Fig.02), além de uma série de novos projetos e expansões de outras empresas. Por outro lado, uma contínua elevação de produção da Vale, Rio Tinto e BHP, que têm em comum a vantagem competitiva de baixo custo advinda de suas minas de classe mundial em Carajás e Pilbara, elevadas reservas e uma ampla integração mina/logística/porto. Além disso, uma enorme quantidade de projetos concebida entre 2008 e 2013 foi considerada em um cenário onde as altas cotações de ferro inibiram a avaliação do impacto de diversos riscos (geológico, cotações, mercado, etc) e estimaram um elevado retorno de investimento com forte geração de caixa (considerando as elevadas cotações do minério de ferro vigentes nesse período), levando diversas mineradoras a realizarem pesadas baixas contábeis, cancelamentos e fechamento de minas. Diversas empresas realizaram desinvestimentos, vendendo ativos minerários e projetos ou buscando novos sócios. A estratégia das grandes mineradoras (Vale, Rio Tinto, BHP, FMG/Fortescue) diante do atual cenário de baixas cotações do minério de ferro focou pesadamente, com sucesso, a redução de custos e elevação da produção de minas com menor custo operacional. A Vale planeja atingir um custo de US$ 7/t de minério no porto (custo FOB) no projeto S11D, em 2019 (90 Mtpa), quando sua produção total anual deverá atingir 450 Mt (nos sistemas Sul, Centro Oeste e Norte). As altas cotações do minério de ferro vigentes até 2013 mascararam os elevados custos de produção, insuflados por uma maior inflação nos produtos, insumos e serviços da cadeia mineral e pela abertura de minas com menor produtivi- Foto Divulgação 1.Introdução Por Mathias Heider Mathias Heider é engenheiro de minas do DNPM Figura 01: Cotação média anual do minério de ferro 2013 a 2015 julho | agosto | inthemine 9 Fonte: http://www.hellenicshippingnews.com/has-the-iron-ore-price-hit-bottom-now/ mineartigo Figura 02: Produção das principais empresas de mineração de ferro Figura 03: Curva de custos da mineração de ferro mundial 2012 e 2016 dade e teores mais baixos. Com a queda das cotações do minério de ferro, seus produtores de alto custo se inviabilizam (principalmente na China). Dessa forma, a estrutura de custos de produção do minério de ferro mundial foi totalmente reconfigurada entre 2012 e 2016 (Fig.03). Pilbara). Em 2014/15, a Austrália exportou 719 Mt (233 Mt em 2004/05) e o Brasil, cerca de 344 Mt (224 Mt em 2005). A maior proximidade do mercado chinês, elevadas reservas e formação de joint ventures com siderúrgicas chinesas impulsionaram a produção australiana. As reservas mundiais de minério de ferro são estimadas em torno de 190 Bt (23 Bt no Brasil e 53 Bt na Austrália, com 90% na região de 2. Minério de ferro no Brasil Entre 2000 e 2014, a produção anual brasileira de minério de ferro evoluiu de 212,6 Mt para 411,2 Mt (Gráfico 01). Em 2015 a produção total da Vale atingiu o recorde de 345,9 Mt. Entre 2000 e 2015, as exportações acumuladas de minério de ferro do Brasil foram da ordem de 4,078 Bt, com um ingresso de divisas em torno de US$ 248 bilhões (US$ 41,7 bilhões somente em 2011). A produção de Carajás (PA) romperia a marca de 100 Mtpa somente em 2008, tendo atingido um total acumulado de 1 Bt em out/2007. Em 2000, a produção anual da Vale, em Carajás, era da ordem de 47,7 Mt atingindo, em 2015, cerca de 130 Mt. Fonte: http://fmgl.com.au/media/2841/updated-diggers-and-dealers-presentation-2016.pdf 10 inthemine | julho | agosto www.inthemine.com.br Fonte: DNPM Gráfico 01: Produção anual de minério de ferro 2000 a 2014 Em qualquer estudo de cenário futuro, a produção futura de Carajás, em 2018/19, deverá ser da ordem de 230 Mtpa, com o projeto S11D (90 Mtpa) exercendo papel fundamental na estratégia de redução dos custos de produção. Também deve ser considerado o impacto da elevação dos custos ambientais e a disponibilidade de locais para barragens de rejeito, com adoção de métodos construtivos de maior custo, refletindo futuramente na produção de minério de ferro em Minas Gerais. Principais Projetos de Minério de Ferro no Brasil (2002/2015) Para efeito demonstrativo, seguem os principais projetos de mineração de ferro que foram iniciados a partir de 2002. Ao todo, foram cerca de 38 novos projetos, variando de pequeno a grande porte. Além disso, houveram expressivas elevações de capacidade de produção em projetos já ativos (Vale, CSN, Samarco, Usiminas, Gerdau, ArcelorMittal, Ferrous, etc). Obs.: Leia a continuação do artigo na edição 63. Projeto/Localização Empresa 2002 Pelotização/Ponta da Madeira (MA) Vale 2004 Capão Xavier (MG) Vale 2005 Fábrica Nova (MG) Vale 2006 Brucutu (MG) Vale MMX Amapá (AP) MMX/Zamin 2007 Fazendão (MG) Vale 2008 P3P (MG) Samarco 2009 Projeto Itabiritos/ Pelotização (MG) Vale 2010 SAFM (MG) SAFM 2012 Carajás Expansão 40 Mt (PA) Vale 2013 Conceição Itabiritos (MG) Vale BAMIN (BA) ENRC Pelotização VSM (MG) Vallourec/Sumitomo Projeto Tucano/Concentração (AP) Beadell P4P (ES) Samarco Minas-Rio (MG) Anglo American VIII Pelotização (ES) Vale Serra Leste/Carajás (PA) Vale Cauê Itabiritos (MG) Vale Conceição Itabiritos II (MG) Vale 2014 Fonte: Diversos Também foram iniciados diversos projetos de médio e pequeno porte: Minerminas, Mtransminas, MIB, Cofersul, SAFM, Minerinvest, Empresa de Mineração Pau Branco e Posse (MG); Vetorial e MMP/Pirâmide (MS); Mhag (RN); Floresta do Araguaia (PA); Zamin, Unangem, Vila Nova e Zamapá (AP); Globest (CE) e Valmesa (TO). No cenário atual, diversas empresas acima citadas já paralisaram ou reduziram as operações devido aos seus elevados custos e gargalos logísticos. Ano 2015 julho | agosto | inthemine 11 minepolítica RESGATE DA MINERAÇÃO Entrevista: Warley Mattos Edição: Tébis Oliveira As ideias, propostas e metas de Vicente Lôbo, recém-empossado titular da SGM, para retomar o crescimento e a competitividade da mineração no país Vindo da iniciativa privada e após uma bem-sucedida carreira iniciada na lendária Paulo Abib Engenharia, seguindo pela Ultrafértil, Bunge Fertilizantes, Vale Fosfatos e Vale Fertilizantes - sempre em cargos de gerência, coordenação e direção - e chegando à sua própria consultoria, Vicente Humberto Lôbo Cruz foi nomeado como Secretário Nacional de Geologia, Mineração e Transformação Mineral em 29 de julho passado. Os dois meses entre sua indicação e a publicação do ato no Diário Oficial da União, enquanto formalizava o desligamento de sua empresa, foram consumidos em uma maratona de reuniões que, segundo ele, lhe deram uma visão da governança da SGM e permitiram ouvir as expectativas e conhecer as dificuldades e desafios do setor mineral, através de encontros com representantes de entidades sindicais a ele vinculadas e com executivos das principais mineradoras do país. O saldo desse processo de imersão são propostas e metas para recuperar a credibilidade, garantir a estabilidade regulatória e a segurança jurídica e atrair investimentos, sempre em linha com as diretrizes definidas pelo ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Filho: “Estabelecer políticas claras e objetivas para fazer o setor mineral voltar a crescer”. É disso e um pouco mais que o engenheiro de minas de 63 anos, mineiro de Uberaba e torcedor inconteste do Vasco da Gama, fala nesta entrevista exclusiva concedida ao jornalista Warley Mattos, colaborador da In the Mine, direto de Brasília (DF). Política Mineral Uma política de atração de investimentos e ampliação sustentável, com diversificação, da produção mineral brasileira será a 12 inthemine | julho | agosto nossa diretriz fundamental. Entre nossas metas estão a reestruturação das instituições do setor Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e Serviço Geológico do Brasil (CPRM); a atualização e integração dos sistemas de informação mineral; o aprofundamento do conhecimento geológico do território nacional e a maior agilidade na disponibilização dos dados. Além disso, estão previstas ações nas áreas de inovação e tecnologia, agregação de valor, sustentabilidade e formalização da pequena e média mineração. Acredito, ainda, ser primordial estreitar a relação entre o Governo e o setor privado. Minha gestão será de abertura do diálogo com as grandes, médias e pequenas empresas do setor, além da comunidade em geral Marco Regulatório O tema precisa ser rediscutido à luz do atual momento da mineração mundial e já é um consenso que a proposta de um novo marco regulatório deve ser avaliada em separado, já que engloba três assuntos de natureza distinta: regulamentação do setor, participação governamental (CFEM) e criação da Agência Nacional de Mineração. O Código de Mineração vigente tem o mérito de ser uma legislação estável, que tem proporcionado a segurança jurídica demandada pelos investidores e garantiu importantes avanços ao setor mineral brasileiro. Por outro lado, é preciso reconhecer que conjunturas políticas, www.inthemine.com.br DNPM É necessário, em caráter mais urgente, um choque de gestão que promova o aumento da produtividade e da qualidade técnica do órgão. Além disso, a reestruturação da informatização, a criação de um banco de dados integrado do setor mineral e a definição de uma árvore arquitetônica organizacional que possibilite maior celeridade na análise dos processos minerários, reduzindo o tempo para a emissão de títulos e o passivo processual do órgão. Esperamos liberar mais de 90 mil processos que se encontram em análise e colocar no mercado mais de 20 mil áreas em disponibilidade. CPRM (SGB) Uma de nossas prioridades na CPRM é a implementação de um modelo de gestão mais eficiente, para que a empresa cumpra a sua missão, e o direcionamento da cultura organizacional para a superação de desafios, aumento da produtividade e atingimento dos objetivos estratégicos. É necessário disseminar a disponibilidade dos dados aerogeofísicos e geoquímicos e agregarlhes conhecimento, para gerar informações que demonstrem a potencialidade e as oportunidades para investimentos em pesquisa mineral no Brasil. Em paralelo, atualizar e integrar os sistemas de informação, criando uma plataforma mais amigável para o acesso dos usuários. Prevemos também leiloar 354 áreas para carvão, ouro, zinco, chumbo, fosfato e caulim, entre outras, detidas pelo órgão. O primeiro passo será a realização de um “road show” com as áreas prioritárias. Até o primeiro trimestre de 2017, já devemos ter licitado ao menos 10 delas. Pesquisa Mineral No prazo mais curto possível, queremos tornar o ambiente brasileiro mais amigável aos investimentos de risco, principalmente externos, em exploração. Paralelamente, vamos dialogar com as grandes casas de mineração no Brasil, que vem concentrando seus investimentos apenas no entorno de suas minas, para voltarem a investir em pesquisa mineral. Recentemente, tivemos a inclusão da Comissão Brasileira de Recursos e Reservas (CBRR) como membro oficial do Comitê Internacional de Normas de Declaração de Recursos Minerais (CRIRSCO). Trazer para o Brasil um sistema moderno de definição e classificação de recursos e reservas minerais é um passo de extremo valor para a captação de investimentos para a indústria mineral. Foto Warley Mattos econômicas e sociais têm se modificado cada vez mais e em velocidade cada vez maior, demandando mudanças estruturais que adequem os setores a essa realidade. Todo o setor mineral será convidado a esse debate. "Minha gestão será de abertura do diálogo com as grandes, médias e pequenas empresas do setor, além da comunidade em geral" julho | agosto | inthemine 13 minepolítica Transformação Mineral Nossa agenda prevê a intensificação dos programas de inovação e tecnologia, por meio da atuação conjunta com outros órgãos de governo, com o setor privado e com a academia. Esperamos, ainda, uma ampliação do diálogo com o CETEM (Centro de Tecnologia Mineral), com o objetivo de promover ações de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação, com foco na verticalização do setor e na agregação de valor aos bens minerais. Outra proposta a ser estudada é a criação de uma rede de centros tecnológicos, voltados a novas tecnologias para exploração, engenharia de processos e transformação mineral, além de mecanismos de financiamento público e privado. A implementação da primeira Zona de Processamento e Transformação Mineral (ZPTM), em análise, será o passo inicial da criação de centros de desenvolvimento mineral. Pequena e Média Mineração A pequena e a média mineração respondem, atualmente, por 80% da atividade minerária no Brasil, com uma relevância econômica e social inquestionável. Paradoxalmente, é um segmento com elevado grau de informalidade, gerando prejuízos econômicos, sociais e ambientais importantes. Nossa expectativa é estabelecer um programa de formalização para a mineração em pequena escala, que considere aspectos como financiamento e acesso a créditos, legalização, ferramentas de gestão, desenvolvimento tecnológico e adoção de melhores práticas. Esperamos estreitar o relacionamento com o CETEM e atuar conjuntamente para a promoção de programas de inovação e desenvolvimento tecnológico aplicados à mineração. e os importados, excluindo esses insumos da Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum (LETEC) e implementando a isonomia de ICMS. Além disso, devemos realizar levantamentos de recursos minerais específicos para potássio e fosfato, ampliando o conhecimento de seu potencial nacional e disponibilizando novos dados. Terras Raras Prevemos a elaboração de um programa de desenvolvimento integrado da cadeia produtiva de elementos terras-raras no país, visando ao estabelecimento de processos produtivos e à definição de produtos específicos de alto valor agregado, como catalisadores e ímãs permanentes de Neodímio-Ferro-Boro (NdFeB) de alto desempenho para uso em geradores eólicos e motores elétricos. Também esperamos criar a Rede Tecnológica de Terras-Raras, formada por instituições científicas e tecnológicas, para atuar no desenvolvimento tecnológico e na definição de processos e produtos de cada etapa da cadeia produtiva, com compartilhamento de infraestrutura e otimização dos recursos investidos em PD&I. Essas ações envolvem a articulação interministerial (MME, MCTI e MDIC), além de parcerias com o setor empresarial, e serão estudadas e aprimoradas em nossa gestão. Gestão de Barragens Minerais Nucleares A revisão do monopólio dos minerais nucleares faz parte da agenda definida para o setor. Apesar de seu enorme potencial de jazidas de urânio, o Brasil possui apenas uma mina em operação no País, em Caetité (BA), cuja produção é suficiente para abastecer todo o Programa Nuclear Brasileiro. Os principais países mineradores não apresentam restrições a esse comércio e concentrados de minerais nucleares são comercializados em todo o mundo como commodities, sem colocar em risco os países que os produzem. Outro fator é que, em geral, os minerais nucleares ocorrem associados a outros minerais úteis que, com a restrição, têm seu aproveitamento prejudicado. É importante avaliar quais os impactos desse monopólio para o setor mineral brasileiro e propor a sua revisão. Agrominerais É estratégico termos uma política de insumos agrícolas que garanta segurança futura a este setor, hoje muito dependente do subsolo de outros países. Vamos estudar a possibilidade de estabelecer isonomia entre os fertilizantes produzidos no País 14 inthemine | julho | agosto Considero essencial rediscutirmos a forma de atuação do DNPM no que diz respeito à fiscalização da segurança de barragens de rejeito de mineração. É necessário revisar a metodologia adotada para que a avaliação dos dados apresentados pelas empresas ocorra com a devida perícia técnica, assim como a verificação da execução de procedimentos preventivos e corretivos em barragens que receberem notificação de mau funcionamento. Isso requer o adequado aparelhamento do órgão e o reforço do esforço fiscalizatório. Podemos pensar ainda na criação de um instrumento que estabeleça a adoção, pelas mineradoras, de um sistema uniformizado de gestão de barragens, com a alimentação de um banco de dados integrado online, que possa ser visitado e monitorado pelo DNPM. Outro ponto importante é a gestão integrada com a CPRM, quanto ao conhecimento geotécnico das áreas de barragens e às políticas de prevenção e resposta a riscos. minetreinamento www.inthemine.com.br GAME ON Em pouco mais de dez anos, a Vale já treinou cerca de 10 mil operadores em simuladores virtuais de operação de equipamentos em minas Há mais de dez anos, a Vale emprega simuladores virtuais no treinamento de seus operadores. Até 2014, eram quatro equipamentos. Em 2015, foram adquiridos outros sete. Atualmente, quatro ficam no Sistema Norte (Pará) e sete no Sistema Sul (Minas Gerais). Oito são usados para caminhões off road, dois para escavadeiras e um para tratores de esteira. Os modelos são da Immersive Technologies, CAE Terra Mining Simulator e 5DT (Fifth Dimension). A condução mais eficiente pelos operadores também traz ganhos de produtividade e disponibilidade dos equipamentos, aumenta o fator de enchimento de carga e a carga média transportada e reduz os tempos de manobra e, no caso das escavadeiras, os tempos de giro. Entre os custos operacionais, destacam-se a redução do consumo de combustível e de gastos com manutenção e o aumento da vida útil dos pneus e componentes das máquinas. O uso de simuladores também eliminou o emprego de equipamentos reais para os treinamentos, evitando danos por imperícia e mantendo sua taxa de utilização em campo. Fotos Agência Vale A decisão de adotar o treinamento virtual, explica Kesley Julianelli, gerente de Competitividade e Produtividade de Minério de Ferro da Vale, visou a maior capacitação dos operadores para a obtenção de índices melhores de segurança, produtividade e custo operacional. “Reduzimos o número de acidentes e ampliamos o controle em situações de emergência. Antes, os funcionários só conseguiam aplicar a teoria aprendida em situações reais”, justifica. Simulador de equipamento de mina, com kit de caminhão off road, usado pela Vale julho | agosto | inthemine 15 minetreinamento Aproveitamento Para os operadores novatos, diz Julianelli, a simulação é uma oportunidade de primeiro contato com os equipamentos em um ambiente seguro onde as condições de operação são reproduzidas em realidade virtual com alta fidelidade. “Além do aumento da capacitação técnica, percebemos uma maior satisfação pessoal dos treinandos, com impacto positivo no clima organizacional da empresa”, acrescenta o gerente. Para os empregados já experientes, o curso é focado na identificação dos principais vícios ou falhas operacionais, que são corrigidos pelo instrutor. Cada sessão ou cenário de treinamento possui 40 minutos de duração, totalizando 4 h de capacitação, em média. O treinamento teórico é o mesmo para todos os operadores, mas a capacidade de aplicá-lo em campo varia de um para outro. “Cada operador leva o tempo que for necessário para o seu desenvolvimento, tornando o treinamento mais individualizado em função de seu ritmo pessoal”, explica o gerente. A sistemática permite, ainda, medir o percentual de melhora em cada KPI (indicador operacional) verificado. Mais de 10 mil operadores da Vale já passaram pelos simuladores até hoje. Em termos técnicos, Julianelli lembra que os simuladores mais antigos apresentavam falhas nos compressores que acionavam os cilindros da base de movimento. Nos mais novos, há alguns problemas no sistema de refrigeração e na manutenção dos projetores. Também há situações que, apesar de reais, ainda não podem ser simuladas. Uma delas é a superfície irregular na área de movimentação do caminhão off road, que pode ocasionar seu tombamento. Aprendizado Ronaldo Cristino opera equipamentos na mina Capão Xavier, no Sistema Sul da Vale, em Nova Lima (MG), desde abril de 2013. Mas foi antes, quando começou a operar uma escavadeira na Mina de Tamanduá, na mesma cidade, que ele fez seu primeiro treinamento em um simulador. Faria um segundo, depois, para operar o caminhão 775 Caterpillar. Entre um curso e outro há diferenças, diz Cristino. “No primeiro, tudo o que aprendi sobre o equipamento foi no simulador. No segundo, eu já tinha habilitação na categoria “D” e experiência na área”, lembra. Para ele, o simulador muda toda a operação para quem já dirige equipamentos porque identifica os erros cometidos no dia a dia. O treinamento também lhe deu dicas de economia e segurança. ”Aprendi que podemos cuidar melhor do equipamento e economizar combustível com algumas atitudes. O bom disso é que não contribui somente para a vida profissional dos operadores, mas também para o meio ambiente”, explica. Ronaldo Cristino: treinamentos virtuais para operação de escavadeira e caminhão 775 Caterpillar 16 inthemine | julho | agosto mineprocessamento www.inthemine.com.br Por Wilson Bigarelli BRITAGEM: PROCESSOS E GESTÃO Mineradoras detalham suas plantas de britagem em operações de fosfato, minério de ferro, nióbio, níquel, ouro e zinco e falam de sua manutenção e otimização Segundo, o gerente de Operações de Ouvidor (GO), da Unidade de Negócios Fosfatos, da Anglo American, Hugo Cliger Santos Nadler, existe um cronograma semanal, na maioria das vezes, de manutenção preventiva das instalações de britagem, aproveitando os momentos em que o pátio está com estoque completo. Também da Anglo American, a planta industrial de Barro Alto (GO) tem dez rotas de manutenção preventiva, além de intervenções corretivas e preditivas, explica Cristiano Cobo, diretor de Operações de Níquel da Anglo American Brasil, gerando bons resultados com o aumento das manutenções programadas. Na Unidade Vazante (MG), da Votorantim Metais, a gerente de Beneficiamento da planta, Juliana de Souza Siqueira, tem uma equipe própria para manutenções preventivas quinzenais da britagem, sendo que as que não requerem a paralisação dos circuitos são feitas na rotina. Com instalações novas, operando há cerca de dois anos, as plantas de britagem do Minas-Rio e da Unidade de Negócios Nióbio, da Anglo American, não tiveram investimentos em 2016.Também não estão previstos recursos adicionais para a usina de Araxá, da Vale Fertilizantes, que processará o minério extraído da nova mina de Patrocínio, no final deste ano exceto, talvez, por uma mudança na rota operacional de concentração, diz o gerenteexecutivo de Desenvolvimento de Projetos da mineradora, Camilo Silva. Considerando os Complexos de Cuiabá, Sabará (MG) e Serra Grande (GO), o gerente de Projetos e Processos da AngloGold Ashanti, José Roberto Vago acredita que sempre é possível otimizar as instalações de britagem e beneficiamento com a aplicação de conceitos OEE (Operational Equipment Efectiveness). Há investimentos sendo realizados em Ouvidor e estudos para otimização dos circuitos de britagem de Barro Alto e do peneiramento da planta de Córrego do Sítio. Fosfato Na unidade de Ouvidor, da Anglo American Brasil, o minério passa inicialmente pelas etapas de peneiramento e britagem primária, seguindo para a pilha de homogeneização, que visa reduzir a variabilidade da alimentação, e daí para a moagem primária, fase inicial do circuito de processamento. A planta de britagem é formada por uma grelha, um silo de alimentação, um alimentador de sapatas, duas peneiras vibratórias Nordberg CBS 8’x20”DD, da Metso, dois britadores Hazemag AP-P1615, um extrator de sucatas Inbras, um amostrador (fabricação interna), correias transportadoras Mercúrio e uma empilhadeira de minério Metso. A capacidade de produção da britagem é de cerca de 6,4 Mtpa. Foto Divulgação Com o objetivo de traçar um panorama dos circuitos de britagem em operação no Brasil, parte do especial Processamento Mineral, trazemos, nesta edição, as configurações dessas plantas em unidades de produção da Anglo American Brasil, AngloGold Ashanti, Vale Fertilizantes e Votorantim Metais. Na edição 63 serão apresentadas as etapas e componentes das usinas de beneficiamento dessas empresas. Estão contempladas, também, as práticas de manutenção e os investimentos previstos ou realizados neste ano nessas instalações. julho | agosto | inthemine 17 Foto Divulgação mineprocessamento Planta de beneficiamento do Minas-Rio, em Alvorada de Minas (MG) Neste ano, diz Nadler, perto de R$ 700 mil estão sendo investidos no processo de amostragem do minério britado, mas o sistema como um todo sempre pode ser otimizado. “Podemos revisar o projeto, o dimensionamento e tipo de equipamentos, confrontando com as tecnologias atualmente disponíveis em mercado”, explica o gerente. Minério de Ferro Também produtora de fosfatos, a Vale Fertilizantes tem sua planta de beneficiamento em Araxá (MG), que recebe o minério extraído de Cajati (SP) e, a partir do final do ano, também o do novo projeto Patrocínio, na cidade mineira de mesmo nome (veja matéria nesta edição). O circuito de britagem é composto por um britador de impacto Icon, um britador sizer MDE e por peneiras vibratórias Metso. As etapas de empilhamento e retomada são realizadas por um stacker e por uma retomadora de caçambas, ambos da Isomonte. Na planta de beneficiamento do Minas-Rio, que começou a operar em outubro de 2014, da Unidade de Negócio Minério de Ferro Brasil da Anglo American, os investimentos foram divididos em três áreas, segundo o diretor de Operação, Rodrigo Vilela: pessoas, equipamentos e processos. Para a britagem e usina, mais de 100 menores aprendizes da região, entre mecânicos, soldadores e eletricistas, foram qualificados através de uma parceria com o Senai de Conceição do Mato Dentro (MG) e tiveram um treinamento de capacitações específicas de manutenção com fornecedores do projeto, por 6 meses. Hoje, 90% deles são contratados do Minas-Rio. Do minério de Patrocínio serão gerados dois tipos de produto: 65% de GCA (Grosso de Concentrado Apatítico, com 35% de teor P2O5) e 35% de FCA (Fino de Concentrado Apatítico, com 33% de teor P2O5). “Em princípio, não será necessária qualquer modificação no processo atual de beneficiamento para agregar essa produção. Porém, se houver uma demanda no processo, está prevista uma pequena mudança na rota operacional de concentração com a criação de um circuito cleaner de flotação em coluna”, diz Silva. Já os equipamentos foram adquiridos de empresas que são referência na mineração e estão no início de sua vida útil, diz Vilela. “Agora, estamos investindo em técnicas de monitoramento como análise de vibração e ultrassom e de integridade estrutural, alimentando os sistemas de automação que nos fornecem parâmetros e alarmes online, permitindo a programação preventiva das intervenções”, explica o diretor. 18 inthemine | julho | agosto www.inthemine.com.br Além de grelhas e peneiras para classificação, o circuito de britagem do Minas-Rio opera com 2 britadores de mandíbula C 140 Metso, com abertura de 150 mm e capacidade nominal de 557 tph, na britagem primária, 4 britadores cônicos HP 500 Metso (25 mm de abertura e capacidade nominal de 616,50 tph), na britagem secundária, e 3 prensas de rolo, com diâmetro de 2,4 m, comprimento de 1,65 m e capacidade nominal de 2.164 tph. Nióbio A Unidade de Negócios Nióbio, da Anglo American Brasil, tem a Mina Boa Vista, em Catalão, e a Mina 2, em Ouvidor (GO), onde também fica a planta de beneficiamento. Tanto as instalações de britagem quanto as de beneficiamento são novas, com menos de dois anos de operação. Daí que os investimentos previstos para essas áreas, diz Joselito Dásio da Silva, gerente de Produção da unidade, são para manter sua disponibilidade física e para melhorias de processo, automação e sistemas de controle avançado. A instalação de Britagem é composta do peneiramento primário, com uma grelha vibratória Haver & Boecker e da britagem primária, com um britador de mandíbulas Metso. Para o peneiramento secundário são usadas peneiras vibratórias Haver & Boecker e para a britagem secundária, um britador cônico Metso. Segue-se o peneiramento terciário, também com penei- julho | agosto | inthemine 19 Foto Divulgação Na área de processo foi desenvolvido o Plano Diretor de Lubrificação (PDL), com investimentos de mais de R$ 8 milhões, para a blindagem dos equipamentos, evitando sua contaminação, e a filtragem de lubrificantes novos e usados. As equipes de lubrificação foram treinadas e certificadas pelo International Council for Machinery Lubrication (ICML). Além do PDL, foi implantado o Plano Diretor de Automação e Informação (PDAI), com 12 sistemas distintos de suporte à produção, com destaque para o Process Information Management System. mineprocessamento ciária estão uma peneira RollerScreen RS6R180/50, da FLSmidth, com 474 tph de capacidade de projeto, e um britador de rolos RR100120 Metso, para 80,6 tph. Por fim, a britagem quaternária é composta por uma peneira vibratória MSH 10’x24’DD Metso (472 tph) e por um britador cônico CH660 Sandvik (273,1 tph). As britagens secundária e terciária são divididas em duas linhas (A e B), ou seja, os equipamentos são duplicados. ras vibratórias Haver & Boecker, separadores magnéticos de média intensidade Inbras e britadores cônicos Metso para na britagem terciária. A capacidade nominal de alimentação do circuito é de 660 tph. Segundo o gerente, a planta conta com um programa robusto de manutenção preditiva e preventiva e com uma equipe altamente especializada. Níquel Foto Divulgação A planta industrial de Barro Alto (GO) trabalha atualmente com quatro instalações de britagem, explica Cobo. Na britagem primária estão um britador Mineral Sizer 10/220 CHD, da FLSmidth, com 875 tph de capacidade de projeto. Outro britador da mesma marca, modelo 7/220 CCDT, com capacidade de projeto de 475 tph, realiza a britagem secundária. Na etapa ter- Segundo Cobo, a área de britagem conta com em dez rotas de manutenção preventiva, que segue como referência o Plano de Manutenção de 52 Semanas da mineradora. Há também manutenções corretivas e preditivas e, anualmente, são realizadas duas intervenções de manutenção de grande porte, durante as paradas programadas dos fornos da planta de beneficiamento. “Existe um trabalho robusto em andamento, para aumentar a confiabilidade desses equipamentos e o emprego cada vez maior de manutenções programadas já produz bons resultados”, diz o diretor. Sem investimentos previstos para este ano, ele conta que a empresa estuda, agora, a viabilidade de uma nova etapa de peneiramento do minério antes de sua entrada nos fornos secadores. Ouro O Complexo Córrego do Sítio, da AngloGold Ashanti, em Santa Bárbara (MG), possui uma etapa da britagem no circuito de minério sulfetado composta por um britador de mandíbulas Sandvik CJ-411 e por um britador cônico HP 300 Metso. A massa processada é de 250 tph. No circuito de minério oxidado, com capacidade para 150 tph, há um britador de mandíbulas FAÇO 80x50C e um de martelos Svedala. Nos dois circuitos são empregadas peneiras IMIC. No Complexo Cuiabá, em Sabará e Nova Lima (MG), a mineradora possui uma etapa da britagem no subsolo e outra na superfície. A britagem de subsolo é composta por um britador de mandíbulas Metso C-125 e opera em turno de 12 h/dia. A massa processada é de 3.600 t/dia. A etapa de superfície, com capacidade instalada de 345 tph, conta com um britador de mandíbulas C-110, um HP-300 e um HP-500, todos Metso. Nos dois circuitos, as peneiras são da Haver & Boecker. Instalações de britagem da planta industrial de Barro Alto (GO) 20 inthemine | julho | agosto Já no Complexo Serra Grande, em Crixás (GO), um britador primário de mandíbulas de 1 eixo, mineprocessamento modelo FAÇO 100x80, trabalha em circuito aberto e alimenta uma correia transportadora de 36”. A correia descarrega em uma peneira vibratória primária Metso, com 2 decks (1” e 5/16”) e inclinação de 20º, para uma primeira classificação. O britador secundário FAÇO 10-60, com eixo excêntrico, é do tipo hidrocônico e também trabalha em circuito aberto. Na etapa terciária, duas peneiras vibratórias Metso, com 2 decks cada e inclinação de 20º, trabalham em circuito fechado com um britador hidrocônico FAÇO 3-60, com eixo excêntrico e abertura de 14 mm, e com um cônico CH440-MF Sandvik, com abertura de 6 mm. A planta de britagem é totalmente automatizada, possui capacidade instalada de 270 tph e seu produto final é 100%< 5/16”. Fluxograma do circuito de britagem de calamita na na Mina Vazante (MG) 22 “Na Unidade Vazante da Votorantim Metais possuímos britadores de mandíbulas, cônico e Barmac. Nosso circuito de britagem é totalmente fechado com peneiras e tem capacidade atual de 220 tph para um minério com WI de 18 e produto com granulometria de 95% passante em 9,5 mm”, descreve Siqueira. No circuito de minério de calamina opera um britador primário de mandíbulas 9060 Atlas Copco (150 tph). A britagem secundária é realizada por dois britadores de mandíbulas 9025, também Atlas Copco (100 tph), e por uma peneira MN 60024/2ª FAÇO (150 tph – 3”). No circuito de minério de willemita, são da Metso os britadores que operam na britagem primária, secundária e terciária: um modelo de mandíbulas Nordberg C100 (250 tph), um cônico Nordberg OMNICONE1352 (300 tph) e um cônico Nordberg OMN400 HP (300 tph). Na britagem quaternária há um B7100 VSI Barmac, para 120 tph. As peneiras empregadas na classificação são uma LH7’x16’DD Svedala (307 tph), com dois decks (58 mm/50 mm e 25 mm) e uma banana k8’x16’ Schenck (364 tph), com dois decks (16 mm/14 mm e 12 mm/10 mm). Há, ainda uma empilhadeira (250 tph) e uma raspadora tipo ponte duplo ancinho (200 t de capacidade nominal), ambas da Krupp Fördertechnik. Os dois circuitos de britagem possuem produto final com granulometria de 95% passante em 9,5 mm. Foto Divulgação Segundo Vago, na planta de minério oxidado de Córrego do Sítio, está sendo avaliada a substituição da peneira vibratória da britagem primária, secundária e da estocagem intermediaria reguladora. No que se refere à otimização das instalações, diz o gerente, “sempre há oportunidades de implementarmos melhorias da gestão dos processos, das operações unitárias e de manutenção para a eliminação de gargalos de capacidade e tecnológicos. Por exemplo, a vida útil dos revestimentos dos britadores, a performance das peneiras de classificação, a maximização das horas operadas, produtividade, automação e controle dos processos, no caso da britagem. Tudo contribuindo para a maximização da performance operacional e redução de custos”, justifica. Zinco inthemine | julho | agosto mineempresa www.inthemine.com.br GERAÇÃO JÚNIOR A atuação, projetos e desafios dos futuros geólogos e engenheiros de minas à frente de empresas juniores, buscando a profissionalização ainda na academia No caso da mineração, são jovens estudantes de Geologia e Engenharia de Minas que trabalham nas empresas juniores criadas em seus cursos universitários para antecipar a vivência e experiência da futura profissão. O modelo, que surgiu no Brasil na década de 1980, deu ao país a liderança mundial desse ranking, passando inclusive a França, que criou a primeira EJ em 1967. Em 2015, segundo a Brasil Júnior, confederação nacional que representa o setor, havia 311 EJs no país (na França há 173), com 11,4 mil jovens empresários vinculados a 287 universidades, em 18 estados e no Distrito Federal (DF), com um faturamento de R$ 10 milhões. Organização diário com o meio acadêmico e, por extensão, com as atualizações científicas de sua área, contribui para a concepção de projetos de sucesso. Também a dedicação da equipe é exclusiva e sua interatividade permanente com o contratante é enorme. Em que pesem todos esses pontos positivos, o céu sobre as EJs ainda está sujeito a turbulências. Por conta do mercado e, também de seus próprios emissários, às vezes. “Hoje, os principais desafios das EJs são as dificuldades para sua legalização contábil, a obtenção de apoio financeiro para os projetos e, principalmente, o reconhecimento, pelo mercado, de sua condição de empresa capaz de atuar em sua área”, diz Erisvaldo Bitencourt de Jesus, coordenador do Colegiado de Engenharia de Minas da UFBA e orientador da Cristal Jr. Foto Álvaro Britto Mesmo nas férias de julho, eles estão atentos aos e-mails. Nem sempre em dias e horários comerciais, é verdade. Cabe se ligar em respostas que podem vir num sábado à noite, numa manhã de domingo ou madrugada adentro. Alguns preferem conversar por WhatsApp e todos possuem fotos em alta resolução. Sinais dos tempos modernos de conectividade full time e da cultura de selfies com celulares de câmaras poderosas. E, se a resolução não for adequada, basta explicar uma vez e esperar que a caixa de e-mail aguente o peso de milhões de bytes atravessando o túnel da banda larga. Por Tébis Oliveira Henrique Avelar e Álvaro Britto, do CEFET-MG (1º e 3º na foto), com Mayara Cunha (RH), Pâmella Ribeiro (vice-presidente), Renata Monteiro (Finanças) e Luiz Ramos (Projetos), da EngMine Jr Em relação a consultorias tradicionais de mineração, as EJs são bastante competitivas. O custo de seus trabalhos está abaixo do valor de mercado. A qualidade é de excelência: contam com a orientação de professores, que também supervisionam suas atividades. Além disso, seu contato Foto Divulgação As EJs possuem um organograma com cargos de presidência e direção, no geral, eleitos por votos diretos de seus membros. Estes, ingressam como trainees após um processo seletivo, sendo depois efetivados conforme o seu desempenho. Wallace Freire (Marketing), Arnaldo Vilela (Projetos), Heminny Galvão (Presidente), Diego Trindade (Administrativo Financeiro) e Igor Mandu (Gestão de Pessoas), da Cristal Jr, da UFBA julho | agosto | inthemine 23 mineempresa envolvidas com desmonte de rocha, principalmente pedreiras da região metropolitana e do interior da Bahia. “Somos a única empresa do estado que realiza cursos de formação e reciclagem em blaster, segmento onde já nos consolidamos. Mas ainda está difícil conseguir abertura de mercado para serviços como o de consultoria em otimização de desmonte de rocha”, diz a diretora-presidente Heminny Galvão. Rodrigo de Lemos Peroni, professor associado de Engenharia de Minas da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e orientador da EJ Minas, diz que falta conhecimento, pela sociedade e comunidade, da possibilidade de contar com os serviços especializados das EJs. Mas acrescenta: “Por outro lado, falta também aos alunos desenvolvimento técnico e maturidade para se apresentar ao mercado”. Da parte das universidades, o apoio vai desde a cessão do espaço físico e laboratório, passando pela assistência técnica dos orientadores que chegam inclusive a ajudar, na medida do possível, a captar recursos e atrair parcerias no mercado. Mas, infelizmente, há exceções. A EngMine Jr, do CEFET-MG (Centro Federal de Educação Tecnológica, de Araxá), criada em 2014, já organizou eventos técnicos como o Seminário de Águas Subterrâneas, que teve o apoio da ABAS (Associação Brasileira de Águas Subterrâneas), e o CBH (Comitê da Bacia Hidrográfica) Araguari, com a Vale Fertilizantes e a CBMM (Cia. Brasileira de Mineração e Metalurgia), diz o ex-presidente da EJ, Ramon Vinhas Oliveira Lima. Na nova gestão, conta o presidente atual, Cássio Murilo Borges Júnior, foi iniciado em abril o Sun Valley, primeiro ecossistema de empreendedorismo e inovação de Araxá, iniciativa conjunta com a EJ da Uniaraxá, a ACIA (associação comercial da cidade), o SEBRAE e outras empresas locais. E, ainda neste semestre, será executado um projeto para otimizar a secagem da planta de beneficiamento e realizar um estudo financeiro detalhado em uma mineradora da região. Engenharia de Minas Foto Divulgação Fundada em 2003, atualmente a Cristal Jr, da UFBA (Universidade Federal da Bahia), tem como foco as empresas Foto Jefferson Araujo Diretores, membros, consultores e trainees da EJ Minas, da UFRGS Geoconsultoria Jr, da UFOP: atrás, Raphael Perpetuo (diretor de Comunicação), João Henrique G.de Almeida (Qualidade), João Arthur Andreazzi (gerente de Projetos). À frente, João Vitor Abreu (Administrativo Financeiro), Christiane Soares (assessora de Comunicação), Matheus Amaral Parreiras (vice-presidente), Guilherme Frade (diretor de Projetos), Wanessa Neves (diretora de RH) e Philippe Resende (presidente) 24 inthemine | julho | agosto Com dois anos de atividades, a EJ Minas, da UFRGS, trabalha com médias e grandes empresas da Região Sul e já executou projetos de modelagem geológica, avaliação econômica de depósitos, sequenciamento de lavra e estabilidade de taludes. “Somos a única empresa júnior atuante nessa área no sul do país, mas ainda somos desconhecidos. Nosso maior desafio é vencer a resistência inicial de empresas seniores para que entendam nosso propósito, acreditem em nossa capacidade e confiem em nós para seus projetos”, diz a presidente Bruna E.Gava Milanesi. Surgida em 2005, a Minas Jr agrega estudantes de Engenharia de Minas e Geologia, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Entre suas atividades, o vice-diretor de Comunicação, Arthur Guerra Iglesias Rodrigues, destaca a realização de ensaios de caracterização de areia, o mapeamento de propriedades físico-químicas de fosfato em rochas, estudos para otimização da produção de pigmentos a partir de rochas ferru- ginosas e ensaios caracterizadores de amostras de minério de ferro. A Minera Jr sucedeu, em 2014, a antiga EJ da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto). Entre seus clientes estão mineradoras de grande, médio e pequeno porte, órgãos públicos e pessoas físicas. Segundo o diretor-presidente Pedro Henrique Neuppmann, a empresa já atuou na recuperação ambiental de áreas degradadas para a Prefeitura de Mariana (MG), na padronização de operações de beneficiamento para a Samarco e na elaboração de laudos geotécnicos para empresas e pessoas físicas no centro-sul de Minas Gerais e está realizando diferentes projetos para mineradoras e prefeituras da região de Ouro Preto. Fotos Divulgação www.inthemine.com.br Diretores e membros da Geo Jr Consultoria, do IGc-USP Geologia Também da UFOP, a Geoconsultoria Jr destaca o mapeamento, em escala 1:10000, realizado para a Helby Álvares Muzzi Construções, para caracterizar o modelo estrutural de um jazimento de minerais berilíferos, definindo as melhores áreas e parâmetros para prospecção futura. “Neste semestre, iniciaremos o Programa Educacional de Geologia em Áreas de Risco (PEGAR), integrando estudos de comunidades acadêmicas e utilizando mapeamentos geotécnicos recentes da CPRM (SGB), com fins educativos, informativos e de mobilização da população moradora de áreas de risco", explica o diretor de Projetos, Guilherme Frade. Segunda EJ mais antiga em Geociências, também criada em 1992, a Geo Jr Consultoria, da USP (Universidade de São Paulo), em uma fase de baixa demanda de mercado, está executando dois projetos de cunho social. “Um deles, com o Museu de Geociências da USP, é uma cartilha sobre mineração para auxiliar na identificação de alguns minerais e na diferenciação entre os que não possuem valor econômico e os que são economicamente rentáveis, além de orientações básicas sobre a operação de uma mineradora. Outro é o Profissão Geocientista, de divulgação dos cursos do IGc-USP em escolas públicas e particulares”, conta a presidente Fernanda Ferreti. Fundada em 2009, a Geologus Jr, da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), atua em todas as linhas da Geologia e está ampliando seus serviços com duas novas tecno- Diretoria executiva da Geologus Jr, da UFRN logias: o uso de drones para aerofotogrametria, mapeamento geológico e monitoramento de frentes de lavra e construção civil, entre outras aplicações, e geoaplicativos para tours virtuais por sítios de mineração e eventos geológicos. “Já está disponível para download no Google Play um aplicativo que permite um passeio pelos 16 geossítios do Geoparque Seridó (RN)”, conta a diretora presidente da EJ, Lidyane Araújo. Criada em 2015, a Petra Jr, da UFRGS, que aceita estudantes de Geologia, Geografia e Engenharia Cartográfica, ainda não tem um portfólio de projetos realizados. “Atualmente, estamos em uma fase de contato com outras EJs e de definição do perfil de alunos e ex-alunos para desempenhar melhor nossas funções, tanto em termos de demanda de mercado, quanto em relação às necessidades dos estudantes”, explica o presidente Orlando Quintela. Importância Peroni, da UFRGS, acredita que a participação em uma EJ cobre uma lacuna das universidades quanto à questão de empreendedorismo, gestão e percepção de uma estrutura hierárquica. “Os alunos passam a perceber que o bom técnico precisa, muitas vezes, gerenciar um setor ou a sua própria empresa, estar em contato com o seu cliente, receber o feedback de forma construtiva para aprimorar seu desempenho e buscar mercado para sua ideia, serviço ou produto”. julho | agosto | inthemine 25 mineempresa Issamu Endo, diretor da Escola de Minas, da UFOP, um dos fundadores e orientador da GeoConsultoria Jr, destaca a aprovação recente da Lei nº 13.267/2016, que regulariza as empresas juniores. “Entre outros pontos, a lei normatiza o funcionamento dessas empresas com o envolvimento institucional dos órgãos colegiados das unidades acadêmicas, aprovando os planos acadêmicos da associação, reconhecendo a carga horária do professor orientador e o suporte institucional, técnico e material necessário ao desenvolvimento das atividades da EJ”, explica. Diretoria e membros da Minas Jr, da UFMG Embora esse vínculo com a academia possa parecer natural, o geólogo Ideval Souza Costa, responsável pelo Museu de Geociências, diz que, até o momento, a USP não visualiza a importância da Geo Jr Consultoria como uma oportunidade para formar melhores profissionais e nem como provedora de bons serviços à sociedade. “O que ajuda é o fato da empresa estar ligada à uma instituição do porte da Universidade de São Paulo, o que já se torna um apoio importante. Falta, então, credibilidade da universidade e da sociedade, além de uma melhor divulgação dos serviços prestados por essas empresas”, conclui. Já Marcos Antonio Leite do Nascimento, professor de Geologia e da Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica da UFRN e tutor da Geologus Jr, lembra que o apoio à criação de EJs pela universidade data dos últimos anos. “Hoje, contamos com a Central de Empresas Juniores, vinculada à Coordenação de Apoio às Iniciativas Empreendedoras da Pró-Reitoria de Pesquisa (PROPESQ). A central tem funções de apoio, divulgação, representação, integração e credenciamento ou descredenciamento, se for o caso, da EJ, o que é de suma importância”, explica. Fotos Divulgação Diretoria, membros e trainees da Minera Jr, da UFOP Membros da Petra Jr, com alunos da UFRGS 26 inthemine | julho | agosto Na UFRGS, o apoio, diz Clovis Gonzatti, tutor da Petra Jr e chefe do Departamento de Mineralogia e Petrologia do Instituto de Geociências, se dá através da dedicação de horas técnicas do tutor e de outros docentes, para orientação a EJ, e do suporte operacional. “Mas, internamente, é preciso que esses futuros profissionais mudem seus hábitos e comportamento como alunos, saindo do estado de conforto do ambiente universitário para a realidade do mercado de trabalho. Talvez esse ainda seja o maior desafio para uma geração de alunos, pelo menos para boa parte dela, acostumada a ser o centro das atenções”, considera. www.inthemine.com.br Por Marcus Vinícios Andrade Silva (*) 12 GRANDES MOTIVOS PARA PARTICIPAR DE UMA EMPRESA JÚNIOR 5) O ambiente entre as EJs proporciona um benchmarking constante; 1) A vivência que eu tive ao longo de 4 anos na EJ de Geologia (Geoconsultoria Jr.) da UFOP ajudou a moldar um perfil profissional que as grandes empresas procuram. Essa experiência foi diferencial para a minha entrada em grandes empresas como a Votorantim e a Vale; 10) Assim como nas demais entidades estudantis, uma EJ proporciona condições favoráveis para a organização de eventos, sejam eles técnicos ou para fins de confraternização, desenvolvendo a relação interpessoal; 2) Todo conteúdo teórico é automaticamente aplicado nos projetos e na administração da empresa; 3) Para participar de uma EJ, basta o aluno buscar informações. Os processos seletivos são frequentes. Serão muitos desafios que irão proporcionar maturidade ao longo do processo; 4) Os alunos de uma EJ têm a oportunidade de participar da federação estadual e da confederação nacional, que congregam essas empresas, crescendo politicamente e ampliando sua rede de contatos; 6) Os alunos de uma EJ vivem intensamente a rotina de uma carreira profissional (podendo ir de trainee a presidente, passando pelos diversos cargos intermediários); Foto Divulgação Como ex-aluno da Escola de Minas da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto), aproveito para homenageá-la listando 12 grandes motivos para os alunos participarem das empresas juniores (EJs). Cada vez mais reconhecidas pelos trabalhos de alto nível, essas EJs vêm ganhando destaque na preparação dos estudantes para o mercado de trabalho. Ao longo da minha trajetória acadêmica e profissional tive a oportunidade de conhecer e conversar com muitos profissionais das áreas de recursos humanos de grandes empresas e é comum escutar deles que existe uma lacuna entre a formação superior e o mercado de trabalho. As universidades nem sempre entregam recém-formados devidamente preparados para os empregos. A seguir serão listados 12 motivos que tornam a experiência em uma EJ o grande diferencial no currículo de um recém-formado: 7) Características como liderança e trabalho em equipe são desenvolvidas e aprimoradas participando de uma EJ; 8) Os alunos mais tímidos terão oportunidade de desenvolver características importantes, como falar em público; 9) Uma EJ intensifica os contatos entre alunos e ex-alunos, facilitando inclusive o intercâmbio entre diferentes universidades; 11) Na minha época, tivemos muito apoio dos professores que haviam participado da criação da Geoconsultoria Jr décadas antes. Enquanto fui professor do curso de Engenharia de Minas do CEFET-MG, incentivei os alunos a criarem a EJ deles. Não só criaram, como trabalharam intensamente em parceria com a Geoconsultoria Jr em um projeto que desenvolvemos juntamente com o CBH Araguari, onde organizamos seminários técnicos de Águas Subterrâneas nas cidades mineiras de Uberlândia (2014) e Araxá (2015); 12) Os cargos ocupados numa EJ farão parte do currículo com o mesmo peso dos estágios e empregos. Sabendo dessas vantagens, procure se informar sobre a EJ do seu curso. Havendo uma, não pense duas vezes em participar e descobrir as incríveis experiências que uma EJ pode proporcionar! (*) Marcus Vinícios Andrade Silva é engenheiro geólogo graduado pela Escola de Minas – UFOP e ex-presidente da Geoconsultoria Jr. Atualmente é hidrogeólogo sênior da Vale Fertilizantes julho | agosto | inthemine 27 O CONDUTOR DA NOVA ANGLO AMERICAN BRASIL minepersonalidade 28 Por Tébis Oliveira Engenheiro metalúrgico pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ruben Fernandes atua há 28 anos no setor mineral, tempo que lhe rendeu um currículo invejável e bastante eclético. Só na Vale passou 12 anos, chegando a presidente das duas produtoras de caulim que a mineradora possuía. Entrou, então, para o comando da Fosfértil que, no último de seus cerca de três anos de permanência, já era a atual Vale Fertilizantes. Foi para a Votorantim Metais, dirigindo o negócio Zinco e, posteriormente, toda a área de mineração, incluindo as operações no Peru e Colômbia. Em 2012, tornou-se presidente das unidades de Nióbio e Fosfatos da Anglo American Brasil. Hoje, é na subsidiária da mineradora britânica que o executivo se vê diante de uma situação inédita: realizar a transferência de ativos que, de “alternativas de desinvestimento”, como chamados pelo presidente do grupo, Mark Cutifani, se converteram em ex-ativos de fato, a novos controladores. A começar das operações de nióbio e fosfato, adquiridas em abril pela China Molybdenum. Dois meses depois, em 20 de junho, Fernandes assumiu a presidência de toda a Anglo American Brasil, que pode, assim que encontrado um comprador, desfazer-se também de suas unidades de níquel. A concentração da matriz em um core business limitado às operações de diamantes, platina e cobre colocou sob especulação o Negócio Minério de Ferro Brasil, mais conhecido como Minas-Rio, enquanto próximo ativo a ser “desinvestido”, encerrando a trajetória de 43 anos da companhia no país. Nesta entrevista exclusiva à In the Mine, Fernandes garante que não. E explica: o ramp up prossegue rumo à capacidade nominal prevista no projeto – 26,5 Mtpa, não mais em 2017, mas em 2019. O custo FOB do minério está em cerca de US$ 32/t e deve chegar à faixa de US$ 26 a 28/t. Um programa de melhoria contínua já reduziu os custos operacionais em R$ 200 milhões no ano passado e deve economizar outros R$ 150 milhões neste ano. Os programas ambientais e socioeconômicos estão mantidos e já ocorrem negociações com novos superficiários para garantir o avanço futuro da lavra e a instalação de suas estruturas associadas. Otimista, o presidente acredita que o cenário mineral se desanuvie a partir de 2018, com uma relação mais balanceada entre a oferta e demanda mundial por minério de ferro. O Minas-Rio é o foco. Já não há outros. inthemine | julho | agosto www.inthemine.com.br Foto Divulgação "O Minas-Rio tem uma importância significativa na estratégia do grupo Anglo American, sendo o maior investimento já realizado pela companhia no Brasil, de US$ 8,4 bilhões". ITM: Está mantida a meta de produção de 26,5 Mtpa para o Minas-Rio em 2017? zir o custo de caixa FOB do minério do Minas-Rio, de US$ 60/t para US$ 33 a 35/t, foi concretizada? Fernandes: O Minas-Rio está em uma curva ascendente de produção. Em 2015, produzimos 9,2 Mt de minério de ferro e apenas no primeiro semestre de 2016 já alcançamos 6,8 Mt. Nossa previsão de produção para este ano é de 15 a 17 Mt. Em relação ao ramp-up, temos um cronograma contínuo do processo de licenciamento, que está ligado a um aumento progressivo da área de lavra disponível para operação. Por essa razão, em fevereiro passado revisamos o prazo para o alcance da nossa capacidade máxima de produção para 2019. Fernandes: O intervalo de US$ 33 a 35/t compreendia uma expectativa de média de custo unitário de longo prazo, calculada em termos reais de 2015. Atualizando esse custo para as condições de mercado atuais, estamos trabalhando com uma faixa de US$ 26 a 28/t, também no longo prazo. Atualmente, ele está em torno de US$ 32/t, mas nossa expectativa é que ele se aproxime gradativamente da meta, conforme o Minas-Rio continue seu ramp-up e atinja sua capacidade nominal, bem como todas as iniciativas de redução de custos sejam implementadas. ITM: A previsão, no final de 2015, de redu- Fernandes: O Programa de Excelência em Melhoria Contí- ITM: O Programa de Excelência em Melhoria Contínua integra essas iniciativas de redução de custos? julho | agosto | inthemine 29 minepersonalidade nua foi criado para estimular a criação de soluções para otimizar a produção, reduzir custos e perdas e aumentar a segurança do sistema. Das cerca de 200 ideias recebidas, foram implantados 79 projetos em 2015, gerando uma economia de R$ 200 milhões. Outras 21 iniciativas foram concluídas neste ano. O resultado foi tão positivo que o programa selecionou mais 26 projetos, focados principalmente na estabilidade operacional, que é nossa diretriz estratégica para 2016. A estimativa de ganhos, nesse novo ciclo, é de R$ 150 milhões. ITM: Quais dessas iniciativas o senhor destacaria? Fernandes: Temos, por exemplo, a que restabeleceu a permeabilidade das placas cerâmicas da filtragem com a aplicação de uma nova substância, recuperando sua capacidade de filtrar a polpa de minério e garantindo a produtividade do processo, um saving de R$ 36 milhões apenas em 2015. Outro projeto reduziu a carga morta nos caminhões fora-de-estrada, que movimentam estéril e minério na área da mina, com aumento da produtividade do transporte e ganhos de cerca de R$ 27 milhões. ITM: Como está o licenciamento para as próximas fases do Minas-Rio? ITM: Há investimentos adicionais previstos para o Minas-Rio neste ano? Fernandes: Não. Nosso foco é otimizar a operação no atual cenário de preços do minério de ferro, contribuindo para a geração de fluxo de caixa positivo em 2016 e nos anos seguintes. Continuamos, porém, com os programas ambientais e com aqueles voltados ao desenvolvimento inthemine | julho | agosto ITM: Restam pendências nas negociações com superficiários nas áreas de operação do projeto? Fernandes: A Anglo American já adquiriu ou instituiu servidões em todas as áreas de instalação das estruturas operacionais do MinasRio, como as da mina, mineroduto, adutora e linhas de transmissão. Estamos trabalhando na aquisição de outras, necessárias para o futuro avanço da lavra e suas estruturas associadas, o que é natural para uma empresa de mineração. Além disso, a empresa mantém um programa ativo de resolução de possíveis passivos sociais e ambientais, desenvolvido com intuito de estabelecer uma relação de confiança com a comunidade. American "o Grupo Anglo está progredindo em uma série de processos para avaliar o potencial valor de desinvestimento de alguns dos seus ativos não-centrais, incluindo o negócio Níquel". Fernandes: Possuímos todas as Licenças de Operação (LO) referentes à Fase 1, o que nos permitiu o início da operação. Com a Autorização Provisória para Operação (APO), obtida em julho último, demos início à Fase 2, de otimização da mina e acesso a novas reservas, até que a LO seja concedida, o que deve ocorrer no segundo semestre deste ano. Já as Licenças Prévia (LP) e de Instalação (LI) referentes à Fase 3, para extensão da mina, estão previstas para o segundo semestre de 2017. A obtenção dessas licenças e o alcance da capacidade máxima de produção do Minas-Rio, ao longo do tempo, são extremamente importantes para garantir que todos os nossos stakeholders recebam os benefícios máximos da operação. 30 socioeconômico das comunidades vizinhas à nossa operação. Apenas na fase de implantação do Minas-Rio, entre 2008 e 2014, foram investidos R$ 100 milhões em programas socioeconômicos nas regiões de influência direta e indireta do projeto. ITM: Quais são os planos da Anglo American para o Minas-Rio? Fernandes: O Minas-Rio tem uma importância significativa na estratégia do grupo Anglo American, sendo o maior investimento já realizado pela companhia no Brasil, de US$ 8,4 bilhões. No curto e médio prazo, nossa prioridade é reduzir custos e aumentar a produtividade, visando à continuidade do negócio de forma sustentável. Já no médio e longo prazo, vamos trabalhar para obter as licenças necessárias e atingir a capacidade máxima de produção em 2019, além de fortalecer nosso relacionamento com os stakeholders e continuar contribuindo de maneira positiva e sustentável para a população vizinha ao empreendimento. ITM: Como está a aprovação da venda dos negócios de nióbio e fosfatos? Fernandes: Conforme anunciado em 28 de abril, o Grupo Anglo American chegou a um www.inthemine.com.br de alguns dos seus ativos não-centrais, incluindo o negócio acordo com a China Molybdenum Co. Ltd Níquel. Qualquer decisão final sobre venda dependerá do (CMOC) para vender seus negócios de nióbio valor. De toda forma, permanecemos focados em atingir o e fosfatos. A transação está seguindo o cropleno potencial dos nossos ativos de níquel e em fortalecer nograma acordado e é condicional às habisua estabilidade operacional. tuais aprovações regulatórias da República Popular da China. A previsão é que seja concluída ITM: Como é ser o presidente neste segundo semestre. da Anglo American Brasil neste "Estamos vivendo um momento Até lá, os negócios contimomento? desafiador da indústria de nuam sendo gerenciados mineração, em especial de da mesma forma de hoje. Fernandes: Estou muito satisfeiminério de ferro, cujos preços to com a oportunidade de liderar continuam muito baixos. os negócios da Anglo American ITM: Qual é a produção Mas a expectativa é de mudanças no Brasil e, em particular, por atual dessas operações? positivas a partir de 2018". poder contribuir com o excelente trabalho realizado pela equipe no Fernandes: Em Catalão e desenvolvimento do Minas-Rio. Ouvidor (GO), houve uma Em abril deste ano, conquistamos a marca de 100 embarparalisação planejada em maio para impleques de minério de ferro, e isso, com certeza, é um reflexo mentar o projeto Debottlenecking (desgargadesse trabalho. Nosso foco será aumentar a competitividalamento), de melhoria e adequação da planta de global do Minas-Rio, oferecendo aos nossos clientes prode metalurgia para suportar o aumento de duto diferenciado e de alta qualidade. produção dos projetos BVFR e Escalpe. Como resultado dessas melhorias, em junho, a Anglo American registrou o recorde de proITM: A variação dos preços das commodities é um dução de 1,2 mil t. Em todo o semestre foram fator de desestabilização? produzidas 2,6 mil t de nióbio. No mesmo período, a produção de fosfatos foi de 691,1 Fernandes: Estamos vivendo um momento desafiador da mil t de concentrado, 152,7 mil t de ácido fosindústria de mineração, em especial de minério de ferro, fórico, 560,8 mil t de fertilizantes e 73 mil t de cujos preços continuam muito baixos e, de acordo com os fosffato bicálcico - DCP. analistas de mercado, não vão melhorar no curto prazo. Apenas neste ano, já tivemos uma variação de 60% nos preços. Mas acredito que esse período crítico vai passar. Em ITM: E quanto à área de níquel? 2016 e 2017, acredito que ainda teremos um cenário mais difícil, mas a expectativa é de mudanças positivas a partir Fernandes: No primeiro semestre deste ano, de 2018, quando poderemos ter uma relação entre oferta e houve um aumento de 72% na produção de demanda por minério de ferro mais balanceada. Na minha níquel, em relação ao mesmo período de opinião, a China vai retomar o crescimento, mesmo que 2015, atingindo 22,3 mil t. A reforma dos dois não seja nos mesmos patamares de anos anteriores, impulfornos da operação Barro Alto (GO), que sionando a economia global e do Brasil. agora operam próximos à capacidade nominal, permitiu a produção de 17,7 mil t. Já a produção na Codemin, em Niquelândia (GO), ITM: Quais foram as principais ações de sustentabilificou em 4,6 mil t. Nossa estimativa de prodade do Minas-Rio? dução para o ano como um todo está entre 45 mil e 47 mil t. Fernandes: Por meio de convênios, cerca de R$ 400 milhões foram investidos em infraestrutura e mobilidade urbana, habitação, água e saneamento, saúde e bem-estar, ITM: Está mantida a intenção de venda segurança pública e educação na região de atuação do dessas operações? Minas-Rio. Um exemplo é a instalação do Senai em Conceição do Mato Dentro (MG), que já formou quase 600 Fernandes: Como indicado em 16 de feveprofissionais através do Promova (Programa de Desenvolvireiro passado, o Grupo Anglo American está mento de Fornecedores Locais) e o Crescer, que oferece progredindo em uma série de processos para oficinas de capacitação e assessoria presencial para produavaliar o potencial valor de desinvestimento julho | agosto | inthemine 31 minepersonalidade PERFIL Nasceu em Belo Horizonte (MG), em 22 de junho de 1965 Mora em Belo Horizonte (MG) Formação Acadêmica: Engenharia Metalúrgica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e MBA pela Universidade de São Paulo (USP) Trajetória Profissional: Possuo 28 anos de experiência na indústria de mineração. Antes de começar a trabalhar na Anglo American em 2012, fui diretor de Mineração da Votorantim Metais, responsável por projetos e atividades de exploração em todo o mundo, bem como operações no Peru e na Colômbia. Entre 2009 e 2011, fui diretor de Operações da Vale Fertilizantes, responsável pelas operações de fertilizantes, vendas e marketing. Também presidi as empresas Kaolin Pará Pigmentos e Cadam - duas subsidiárias da Vale, entre 2007 e 2009, e ocupei diferentes cargos de análise, marketing e projetos nos negócios de Metais Básicos da Vale, onde ingressei em 1999. Entre 1988 e 1998, ocupei diversas posições de liderança na indústria de ligas especiais. Família: Casado, um filho e uma filha Hobby: Cozinhar e correr Um mestre: Winston Churchill Uma definição para a mineração: Arte de extrair metais e minerais, de forma sustentável, transformando-os em riqueza para o bem estar de todos Um “conselho” a jovens engenheiros metalúrgicos: Parafraseando o meu mestre, “para vencer batalhas, procure sempre fazer mais que o seu dever” 32 inthemine | julho | agosto tores rurais e urbanos aprimorarem seus processos de negócios. Além disso, está em curso, desde 2013, o Programa de Reestruturação Produtiva, de readequação da capacidade produtiva das famílias reassentadas. Uma rápida análise dos indicadores sociais da região do empreendimento mostra que todas as dimensões sociais avançaram em níveis superiores aos do estado de Minas Gerais e à média nacional. ITM: E nos outros estados onde a companhia atua? Fernandes: Em Catalão e Ouvidor, em Goiás, e na Baixada Santista, em São Paulo, temos projetos socioambientais que, por meio de leis de incentivo fiscal e investimento privado, beneficiam de forma direta mais de 20 mil crianças, adolescentes, adultos e idosos. Destacam-se projetos de educação ambiental e geração de renda como o Conexão Sustentável - Cultura e Sustentabilidade, em Catalão e Ouvidor; Fábrica de Sabão, em Catalão, e Água e Gestão, conduzido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Ouvidor. Outro exemplo é o “Programa Avançar”, com oficinas de capacitação e consultoria para a comunidade local, visando estimular negócios para atender às demandas na região. O programa foi concluído em Barro Alto e já passou por Catalão e Ouvidor. Temos também o Reciclando para Mudar, da Associação dos Catadores de Material Reciclável da Baixada Santista ITM: Qual é sua avaliação da mineração no Brasil em termos de legislação regulatória e ambiental? Fernandes: É muito difícil opinar sobre o novo Código de Mineração porque existem várias versões de texto em processo, ou seja, a discussão ainda está em curso. No entanto, acredito que, independentemente das mudanças que venham a ocorrer na legislação, o setor precisa de uma entidade regulatória forte e bem estruturada, bem como de maior segurança jurídica e estabilidade para fazer os investimentos necessários no longo prazo. No âmbito ambiental, existe uma questão muito desafiadora para as empresas que são as definições de competências. Os licenciamentos ambientais do Minas-Rio, por exemplo, envolvem entidades públicas nas três esferas de poder. Isso deixa o processo muito complexo e bastante complicado em relação aos prazos. mineprojeto Por Redação ITM PATROCÍNIO: SURGE UMA NOVA MINA Com LI desde 2010 e após reavaliações e ajustes de projeto, Vale Fertilizantes começa a implantação de mina de fosfato em Patrocínio Foi iniciada em julho a implantação do Projeto Patrocínio, da Vale Fertilizantes, na cidade homônima, em Minas Gerais. O início da operação está previsto para dezembro deste ano. O investimento de R$ 1 bilhão será dividido entre a Vale Fertilizantes e a VLI, operadora logística formada pela Vale, Mitsui, FI-FGTS, e Brookfield, que fará o transporte do minério até o Complexo Mineroquímico de Araxá (MG), onde ele será beneficiado. A Vale Fertilizantes possui a LI (Licença de Instalação) da mina desde 2010 e a renovou em 2014. Mas o projeto passou por reavaliações e ajustes e a proposta com um novo escopo otimizado só foi concluída em 2015, quando também foi protocolado o EIA-RIMA junto ao órgão ambiental. Em setembro do mesmo ano, foi realizada uma audiência pública em Patrocínio e, em abril passado, foi concedida a LIC (Licença de Instalação Corretiva). Originalmente, Patrocínio teria também uma planta de beneficiamento, com a usina e a barragem de rejeitos. “O atual escopo tem menor necessidade de supressão vegetal, já que a área diminui em cerca de 450 ha, e menor consumo de água, porque o processamento mineral será feito em Araxá”, explica Camilo Silva, gerente executivo de Projetos da Vale Fertilizantes. Segundo ele, o ajuste foi determinado, principalmente, por fatores macroeconômicos, uma vez que a nova planta industrial geraria uma oferta excedente de produtos fosfatados que o mercado de fertilizantes, na conjuntura atual, não absorveria. Projeto Além da mina, com capacidade produtiva de 6,5 Mt, podendo chegar a 7 Mt futuramente, estão previstas instalações de apoio e utilidades. As primeiras incluem oficinas mecânicas e para lavagem dos equipamentos móveis, borracharia, posto de combustível para veículos leves e pesados, depósito intermediário de resíduos (DIR), laboratório, galpão de geologia e o setor de Meio Ambiente, Saúde, Segurança e Qualidade (SEMASQ), entre outras. A área de utilidades terá uma Central de Materiais Descartáveis (CMD), subestações (principal e secundárias) de energia, Estações de Tratamento de Água (ETA), Efluentes (ETE) 34 inthemine | julho | agosto e Efluentes Oleosos (ETEO). Serão construídos, ainda, um ramal e a pera ferroviária, o terminal de embarque de minério e paióis de explosivos. Durante a implantação, serão mobilizadas cerca de 450 pessoas, selecionadas prioritariamente na cidade e região, através de uma parceria com o Sistema Nacional de Emprego (SINE) de Patrocínio. Parte delas poderá ser contratada para a fase de operação, que dever chegar a cerca de 570 postos de trabalho. O treinamento desse quadro será realizado através de parcerias com o SENAI e o SEST/SENAT. Para a concessão do licenciamento, foram estabelecidos 25 condicionantes e 29 programas socioambientais a serem cumpridos pela Vale Fertilizantes. Entre eles estão programas de controle e monitoramento de processos erosivos e de assoreamento e hidrogeológico, de gestão da qualidade das águas e do ar e de controle de ruídos, gerenciamento de resíduos sólidos, monitoramento do Pato Mergulhão, resgate arqueológico, educação ambiental e aquisição assistida da Comunidade Mata da Bananeira. Lavra e Transporte A reserva mineral de Patrocínio é considerada de grande porte e com alto teor de fósforo (P2O5), totalizando 250 mil Kt, com teor de corte de 5% de P2O5. Desse volume, serão produzidos 131.270 Kt para atender a 20 anos de operação da mina. A lavra será executada a céu aberto, em bancadas de 10 m, utilizando escavadeiras para abertura e carga do minério e do estéril (veja tabela). O transporte para o terminal ferroviário será feito por caminhões basculantes convencionais tipo 8x4, com capacidade de 35 t. No terminal ferro- www.inthemine.com.br Estimativa de Equipamentos para o Projeto Patrocínio Equipamentos Especificações Material Transporte Caminhão MB 8X4 34 35 t Minério 20 85 t Estéril 14 NI Minério 3 NI Estéril 3 Equipamentos de carga Escavadeira 6 Perfuração/Desmonte Perfuratriz Rompedor Hidráulico 3 6 polegadas - NI - Apoio à Mina 2 1 16 Caminhão Comboio 25.000 l - 1 Caminhão Pipa Rodoviário 25.000 l - 2 10 t - 1 Escavadeira Hidráulica NI - 1 Motoniveladora NI - 3 Pá Carregadeira NI - 2 75 t - 1 NI - 5 Caminhão Munck Fonte: Vale Fertilizantes Quantidade Prancha Trator de Esteira Embarque de Minério Pá Carregadeira 4 4,5m 3 - 4 Total 63 viário, a cerca de 8 km das frentes de lavra, o minério será embarcado em composições ferroviárias, seguindo por 180 km para Araxá. O estéril será transportado em caminhões off road de 85 t para uma pilha de estéril localizada a 5,5 km da cava. Os equipamentos da mina deverão operar 24 horas/dia, em 4 turnos de 6 horas, operando 7.400 horas/ano. Para transportar o minério de Patrocínio até Araxá, a VLI construirá um novo pátio ferroviário e ampliará outros seis já existentes. Também serão implantadas duas alças ferroviárias, remodelados de mais de 100 km de linha ferroviária, com a adequação de três pontes e a substituição dos trilhos, e instalados novos postos de abastecimento de locomotivas em Patrocínio. Será criada, ainda, a infraestrutura “fast track”, para manutenção de material rodante (locomotiva e vagões) no pátio de Araxá e adquiridas 28 locomotivas DASH9 e 433 vagões HAE. julho | agosto | inthemine 35 mineGuiaITM Por Redação ITM LIEBHERR BRASIL Destaque: Pá-carregadeira L 580 Especificações: Carga de tombamento - 18.000 kg; Capacidade da Caçamba - de 3,2 m³ a 14,0 m³; Peso Operacional 24.720 kg (padrão); Potência do Motor - 209 kW / 284 CV Aplicação: Carregamento e movimentação de agregados (ex.: areia e brita), minério de ferro, cerâmica, madeira e chip de madeira, entre outros Diferenciais: Todas as pás-carregadeiras Liebherr contam com sistema de translação hidrostático, que reduz seu peso operacional ao permitir o posicionamento ideal do motor e demais componentes, sem necessidade de contrapeso adicional. O peso reduzido aumenta a produtividade do equipamento, com ciclos de trabalhos mais rápidos e reduz em até 25% o consumo de combustível. O sistema de translação hidrostático também reduz o desgaste dos freios e dos pneus. O freio mecânico de serviço é usado somente em frenagens secundárias e a força de tração pode ser gradualmente regulada. O desgaste dos pneus é reduzido em até 25%, já que as rodas não patinam. O travamento automático também proporciona mais segurança ao operador, especialmente em operações em rampas. Principais Clientes: Pedreiras de grande porte e minerações Endereço: Rua Dr. Hans Liebherr, 1 – Vila Bela – Guaratinguetá - SP Contato: Ricardo Zurita, gerente comercial de Movimentação de Terra Fone: (12) 2131 4200 E-mail: [email protected] HAVER & BOECKER LATINOAMERICANA Fotos Divulgação Produtos: Peneiras Vibratórias (desde a pré-classificação antes da britagem primária - corte até 300 mm, passando pela classificação intermediária e chegando à separação até 0,5 mm; Peneiras para Agregados e Aplicações Convencionais; Excitadores HAVER; Discos Pelotizadores (para gerar pellets de minérios nos mais diversos processos); Hydro-Clean™ (sistema de lavagem/limpeza de materiais contaminados, minimizando o consumo de água e energia); Telas ( poliuretanos, híbridas, borracha, autolimpantes e metálicas); Revestimentos em PU; Chanel Universal Serviços: Manutenção, Reforma de Equipamentos, Peças de Reposição e Treinamentos Diferenciais: Tecnologia própria desenvolvida no Brasil, principalmente para equipamentos vibratórios de grande porte; alta capacidade e eficiência de classificação; elevada disponibilidade de operação e equipamento robusto Principais Clientes: Grupo Vale, Imperial Oil, CBMM, CSN, Grupo Votorantim, Grupo Anglo American, Arcelor Mittal, Ferrous, Usiminas, Timac Agro, Grupo Anglo Gold, Bunge, Ciplan e outros Matriz: Rodovia Campinas Monte-Mor, km 20 - Aterrado - Monte-Mor - SP www.haverbrasil.com.br • Contato: Denilson Moreno F.: (19) 3879-9187 • E-mail: mineraçã[email protected] 36 inthemine | julho | agosto www.inthemine.com.br CUMMINS POWER GENERATION Produtos: Grupos Geradores e Quadros de Transferência Aplicação: Geração de energia stand by (emergência) ou prime power (contínuo) Diferenciais: Única empresa que projeta e fabrica todos os principais componentes de seus Grupos Geradores, criando um ambiente de confiabilidade e respostas rápidas. Rede de distribuição que cobre todo o território nacional, com técnicos treinados e habilitados para prover suporte elétrico e mecânico para todos os grupos geradores Endereço: R. Jati, 310 Cumbica, Guarulhos - SP Contato: Tatiane Cardin Fone: 0800 CUMMINS (0800 286 6467) E-mail: [email protected] METSO BRASIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA PW HIDROPNEUMÁTICA Destaque: Carreta de Perfuração Hidráulica LOBO XVI Aplicação: Perfuração de rocha com Ø de 2.1/2” a 4” Diferenciais: Equipamento nacional (venda através de Finame); cabine acústica e com ar condicionado; trocador de hastes com sistema de rodízio automático; coletor de pó; compressor acoplado de 280 pcm a 8 bar Principais Clientes: Odebrecht, Votorantim, Master Perfurações, Grupo Estrutural, Andrade Gutierrez, Toniolo Busnello, Blaster Explosivos Endereço: Rua Antonio Barnabé, 652 Distrito Industrial – Indaiatuba - SP Contato: Gilberto Wolf • Fone: (19) 3801-9500 E-mail: [email protected] Website: www.pwhidro.com.br Fotos Divulgação Destaque: Britador Cônico Noberg Série HP Aplicação: Combinação única da rotação do britador, excentricidade e perfil da câmara. Essa combinação é reconhecida por proporcionar maior capacidade e qualidade superior do produto, além de torná-lo versátil para diferentes aplicações (secundária, terciária ou quaternária) Diferenciais: Menor tempo de parada, baixo custo de manutenção, alto desempenho e alto índice de confiabilidade proporcionado pelo sistema de automação padrão do britador, chamado IC70C, com possibilidade de comunicação com outros sistemas. Endereço: Avenida independência, 2500 – Sorocaba - SP Fone: 15 21021700 E-mail: [email protected] julho | agosto | inthemine 37 Foto: Bryan Versteeg / DSI minegaleria mineequipamentos Concepção artística do que seriam as fases de prospecção, coleta de amostras, separação e processamento mineral ASTERÓIDES GO Por: Wilson Bigarelli A mineração em asteróides com órbitas próximas à Terra é objeto de especulações desde a década de 1980. Passados quase 40 anos, a ideia continua no plano astral e, se lhe faltam recursos minerais, não lhe tem faltado os financeiros, de magnatas bastante visionários, para dizer o mínimo. Neste ano, ganhou um reforço de peso, ainda que venha do pequeno Grão-Ducado de Luxemburgo, primeiro país da União Europeia a lançar um programa espacial voltado à prospecção, lavra e beneficiamento de minérios nos chamados Objetos Próximos à Terra (NEO ou Near Earth Objects, em inglês). Além de lançar o programa, o governo luxemburguês, com a retaguarda de seu banco estatal, a Société Nationale de Crédit et d'Investissement (SNCI), assinou memorandos de entendimento com as americanas Deep Space Industries (DSI) e a Planetary Resources, americanas, para cofinanciar projetos de P&D de tecnologias para mineração em asteróides e estruturação de uma cadeia de fornecimento de recursos minerais no espaço. A DSI planeja realizar sua primeira missão experimental ainda em 2016. Além da extração de água e minérios de ferro, níquel, titânio, platina e ouro, entre outros, as empresas se conferem a nobre tarefa de livrar a Terra de futuras colisões com NEOs desorientados. minegaleria 38 inthemine | julho março| agosto | abril DO MAIS MA AIS IMPORTANTE IMPOR RTANTE A EVENTO MUNDIAL M D MINERAÇ DE MINERAÇÃO! ÇÃO! PARTICIPE P A AR RTICIPE T Join n the world's most im important mportant event off mining! 24th W World orld M Mining ining Congress Congress MINING MININ G IN A WORLD OF INNOVATION IN NNOVATTION essta tannddeess já começo u! Gar a anta t seu Espaço! ea Get to know about sponsorship fees, merchandising and booths available for your company! Contact us: [email protected] +55 (31) 2108.2121 n! Guarantee yo ur space! a lr Faça contato: [email protected] +55 (31) 2108.2121 ths s ooA venda dod sal es Conheça as cotas de patrocínio, merchandising e estandes disponíveis para sua empresa! B MINERAÇÃO MIN ERAÇ ÃO NO NO MUNDO MUNDO EM EM INOVAÇÃO INO VAÇ A ÃO dy begu 18 a 21 de outubro de 2016 | October 18 - 21, 2016 Rio de Janeiro/RJ | Rio de Janeiro (RJ) Aumente a visibilidade v de sua s empr empresa esa ass associando sociando sua mar ca a o World World o Mining g Congr ess 2016 6. marca ao Congress 2016. Increase Incr ease the visibilityy of your company by assoc associating ciating yyour our b brand rand tto o tthe he W World orld M Mining ining C Congress ongress 2 2016. 016. Inscrições Inscr rições e infor informações/For maçõess/For further information, informa ation, please visit: www.wmc2016.org.br PROMOTION SPECIAL SUPPORT COMMUNICATION C O OMMUN ICATION AGENCY OPERATIONS OPERATIO ONS MANAGEMENT EXECUTIVE PROD PRODUCER DUCER AND MARKETING INSTITUTIONAL SUPPORT Secretariat of Geology, Mining and Mineral Transformation Apoios confirmados até maio de 2016 Ministry of Min es and Energy Mines Secretariat of Technological development and Innovation Ministry of Science, Technology and Innovation Institutional Support co confirmed onfirmed until may may, y, 2016
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