Sicoob-Coopere (BA)

Transcrição

Sicoob-Coopere (BA)
A força da união
Confira as entidades filiadas da Conempec – Confederação Nacional das
Entidades de Micro e Pequenas Empresas do Comércio e Serviços.
REPRESENTAÇÃO NACIONAL
Conempec – CONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS ENTIDADES DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DO COMÉRCIO E SERVIÇOS
Av. Norte n.º 1098 - Santo Amaro – RECIFE / PE - CEP: 50.100-000
Fone: (81) 3231-2560 / 3222-1985 Fax: (81) 3423-0284 Cel.: (81) 9989-4046
Site: www.Conempec.org.br E-mail: [email protected] / presidê[email protected]
Presidente: JOSÉ TARCÍSIO DA SILVA
FEDERAÇÕES
1 – FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES DE MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS DO ESTADO DE ALAGOAS – FAMPEC / AL
Rua Audeir Lima Aguiar Peixoto, 123 – Sala 204 - Farol - CEP 57.015-110 - MACEIÓ - AL
Fone.: (82) 3326-2122 / 33263340 Fax.: (82) 344-1888 Cel.: (82) 9902.5449
Com.: (82) 344-1384
Site.: www.fampec.com.br E-mail: [email protected] / [email protected]
Presidente: CÍCERO BERTO DOS SANTOS
Diretor: LÍCIA CÍCERO CORTEZ SABINO
2 – FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES DE MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS DO ESTADO DO AMAPÁ – FAMPEA/AP
Avenida Coaracy Nunes, 140 - Centro - MACAPÁ / AP – CEP: 68.900-010
Fone (96) 223-3393 / 223-0582 / Cel.: (96) 9112-6294
E-mail: [email protected] / [email protected]
Presidente: PEDRO PAULO PANTOJA CREÃO
3 – FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES DE MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS DO
AMAZONAS – FAMPEAM/AM
Av. Joaquim Nabuco, 1990 - 1.º andar - Sala 11 - Centro - MANAUS / AM - CEP:
69.020-031
Fone: (92) 633-5871 / 3611-3790 Cel.: (92) 9989.1919
E-mail: [email protected] / [email protected]
Presidente: MARIA IVANILDE RODRIGUES SAMPAIO
4 – FEDERAÇÃO DAS PEQUENAS E MICROEMPRESAS DO ESTADO
DA BAHIA – FEMICRO/BA
Avenida Tancredo Neves, 805, Loja A - Centro - Edifício Espaço Empresarial
– Caminho das Árvores
SALVADOR / BA CEP: 41.820-021
E-mail: [email protected] / [email protected]
Fone: (71 3341-6558 / 3341-0219 Res. (71) 3230-8840
Cel: (71) 9969.9853
Presidente: MOACIR VIDAL
5 – FEDERAÇÃO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DO
DISTRITO FEDERAL – FEMPE/DF
QNM 09 - Conj. B - Lote 01 – BRASÍLIA / DF- CEP: 72.000-000
Fone (61) 375-2454 Cel.: (61) 9227-6242 / 9267-0758
E-mail: [email protected] / [email protected]
Presidente: SEBASTIÃO GABRIEL DE OLIVEIRA
6 – FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES E ENTIDADES DAS MICRO
E PEQUENAS EMPRESAS DO COMÉRCIO E SERVIÇOS DO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO – FAMPES/ES
Av. Leitão da Silva, 1387 – Sala 204 – Ed. Sheila – Santa Lúcia – VITÓRIA / ES
CEP: 29.100-000
Fone: (27) 3235.3041 / 3219- 9870 Empresa / 3311.5309 Residência Cel.:
(27) 8133-8471
E-mail: [email protected] / [email protected]
e-mail Pres: presidê[email protected] Site: www.fampes.org.br
Presidente: STÉFANO FERNANDES DE LIMA
7 – FEDERAÇÃO DA MICRO E PEQUENA EMPRESA DE GOIÁS –
FEMPEG/GO
Rua 10, 445 - Setor Central - GOIÁS / GO - CEP: 74.030-110
Fone (62) 3225-1033 / 3201-5528 Fax.: (62) 3091-4181
Cel.: (62) 9243-1136
E-mail: [email protected] / [email protected]
Presidente: HÉLIO RODRIGUES DE ALMEIDA
Diretor: JOSÉ AUGUSTINHO N. FOGLIATTO
Rua 82, Setor Sul – Goiânia Goiás – Fone:(62) 3301-5230 Fax: (62) 3201-5203
Site: www.sectec.go.gov.br E-mail: [email protected]
8 – FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES DE MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS DO MARANHÃO – FEMICRO/MA
Av. Jerônimo de Albuquerque, s/n - Casa do Trabalhador - Calhau, Sala 16 – SÃO
LUIZ / MA
CEP: 65.074-220
Fone: (98) 3233-4020 3236-0230 Cel.: (98) 8116-3941
E-mail: [email protected]
Presidenta: SILVANA SOCHA
9 – FEDERAÇÃO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DO
ESTADO DA PARAÍBA – FEMIPE/PB
Avenida General Osório, 415 – 4º andar Edifício Banco Real – Centro - JOÃO
PESSOA / PB
CEP: 58.010-780
Fone: (83) 3229.1077 / 3229-2525 / 3229-1160 Res Fax.: (83) 3229-1672
Cel.: (83) 9988-7755
E-mail: [email protected] / [email protected]
Presidente: ANTÔNIO GOMES DE LIMA
Diretor: REGINALDO GALVÃO CAVALCANTI
Fones: (83) 3221+5502 Cel: (83) 9921-3888 E-mail: [email protected]
10 – FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES DE MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS DO ESTADO DO PARANÁ – FAMPEPAR/PR
Avenida Vicente Machado n.º 198 Conjunto 102, Centro - CURITIBA / PR
– CEP: 80.420-010
Endereço Correspondência: Rua Pedro Ivo, 2669 Country Cascavel / PR
CEP.: 85.813-230
Cel.: (45) 9971.4169
E-mail: [email protected]
Presidente: OTHMAR HELENO REMPEL
11 – FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES DE MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS DO ESTADO DE PERNAMBUCO – FEAMEPE/PE
Avenida Norte, 1098 - Santo Amaro - RECIFE / PE - CEP 50.100-000
Fone (81) 3231-2560 / 3222-1985 Fax (81) 3423-0284 Cel.: (81)9989-4046
E-mail: [email protected] / [email protected]
Presidente: JOSÉ TARCISIO DA SILVA
12 – FEDERAÇÃO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DO ESTADO
DO PIAUÍ – FEMPE/PI
Avenida Gil Martins, 1810 - Redenção - TERESINA / PI - CEP: 64.017-650
Fone: (86) 3081.5457 Fax: (86) 3218-5700 Cel.: (86) 9974-0487
E-mail: [email protected]
Presidente: ALEXANDER RODRIGUES LUDWIG
Diretora: NELI DA SILVA XAVIER
Fone: (86) 3224.2002 / 3224.1432 / 3224.6596
13 – FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES DE PEQUENAS E MICROEMPRESAS DO ESTADO
DO RIO GRANDE DO SUL – FEPEME/RS
Endereço Monron 93, Rio Grande - RIO GRANDE DO SUL / RS CEP.: 96.200-450
Fone: (53) 3232-4381 Cel.: (53) 9971-1346
E-mail: [email protected]
Presidente: GILBERTO DA SILVA CONSONI
14 – FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES DE MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS DO ESTADO DE RONDÔNIA – FAMPERO/RO
Trav. Guaporé n.º 556 - Sala 214 - Edif. Rio Madeira - Bairro Centro - PORTO
VELHO/RO
CEP: 78.900-145
Fone: (69) 3221-3039 - 3229-5613 - 3224-6701 e Celular: (69) 9987-1957
E-mail: [email protected]
Presidente: EURO TOURINHO FILHO
Vice-Presidente: PLINIO XAVIER BEMFICA
Fone: (69) 221.3039 /223-0589 Fax: (69) 224.5579 Cel.: (69) 9981.1998
E-mail: [email protected]
15 – FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES DE MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS DE SANTA CATARINA – FAMPESC/SC
Rua Felipe Schimidt, 390 - Sala 901 e 902 – Centro - FLORIANÓPOLIS – SC
- CEP: 88.010-001
Fone.: (48) 224-7695 / 224.5041/ 224.2723/ 224.3219 Fax: (48) 224.7695
Cel. (48) 9963-0886
E-mail: [email protected] / [email protected]
Presidente: CLÓVIS FERREIRA
Diretor: LUIZ CARLOS FLORIANI
Fone: (48) 224.7695 Cel: 8801.8367 E-mail: [email protected]
Endereço: Rua Alexandre Dohler, 221 Centro – Joinvile
Santa Catarina – CEP 89201-260
16 – FEDERAÇÃO DAS MICROS E PEQUENAS EMPRESAS DO
ESTADO DE SÃO PAULO – FAMPESP / SP
Avenida Jabaguara, 301 - Vila Mariano / SÃO PAULO – SP CEP: 04.045-000
Fone: (11) 5599-3374 / 5585-9863 / Cel.: (11) 9221-2282
E-mail.: [email protected] / [email protected]
Presidente: ROMILSON SEBASTIÃO DE SOUZA
Diretor: HERNANI DA CRUZ AMARAL
17 – FEDERAÇÃO DE APOIO ÀS ASSOCIAÇÕES DE MICRO E
PEQUENAS EMPRESAS E EMPREENDEDORES DO ESTADO DE
SÃO PAULO – FEAMPESP/SP
Endereço: Rua Salça Brava,112 Jardim Helena-São Miguel Paulista –SÃO
PAULO/SP-CEP: 08081-020
Celular: (11) 7164-7010 / 8327.6064 - 6585-5360 Amarildo Gabriel (11) 6585-5696
Fone: (11) 6585.5360 / 6297.6611 / 6956.1557 E-mail: [email protected].
br/ [email protected]
Presidente: AMARILDO GABRIEL ALVES
Vice-Presidente: JOÃO CHAGAS
Diretor-Presidente da Adempesp
Fone: (11) 6297-6611 ou 6956-1557- Celular: (11) 8327-6064
18 – FEDERAÇÃO DA PEQUENA E MICROEMPRESA DE
SERGIPE – FAMPEME/SE
Travessa I, 48 Distrito Industrial de ARACAJÚ / SE - CEP: 49.040.240
Fone: (79) 3249.1797 / 3042.2570 / 3227.2406 res. Cel.: (79) 9982.3885
E-mail: [email protected] / [email protected]
Presidente: NELSON ARAÚJO DOS SANTOS
19 – FEDERAÇÃO TOCANTINENSE DAS MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS - FETOMIPE/TO
105 Norte - QI 05 – Alamedas Caraíbas, Lote 15 - Centro - TOCANTINS /
TO– CEP: 87.015-050
Fone: (63) 3215-4963 / 3213.1936 Cel: (63) 9998.6371
E-mail: [email protected]
Presidente.: SEBASTIÃO MARTINS DOS SANTOS
20 – FEDERAÇÃO CEARENSE DAS ASSOCIAÇÕES DE MICROEMPRESAS E EMPRESA DE PEQUENO PORTE – FECEMPE/CE
Praça Waldemar Falcão, s/n Centro – 2º andar- Sala 04 – CEARÁ / CE CEP:
60.055-000
E-mail: [email protected] / [email protected]
Presidente: JESUS PEREZ - E-mail: [email protected] /
[email protected]
Presidente em Exercício: ANTÔNIA DALVANI MARQUES MOTA
Rua General Góis Monteiro, 608 – Padre Andrade CEP: 63.356-320
Fone-Fax: (85) 3226.1619 / 3478.1291 empresa / Celular: (85) 8825.6470 /
Res. (85) 3478.1291
21 – FEDERAÇÃO RORAIMENSE DAS ASSOCIAÇÕES DAS
MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DO ESTADO DE RORAIMA –
FAMPER/RR
Rua Pedro Teixeira, 497 – Aparecida – RORAIMA / RR - CEP: 69.306-060
Fone: (95) 224.0481 / 624.5233 Ce.: (95) 9961.2585
E-mail: [email protected]
Presidente: ROSINETE DAMASCENO BALDI
22 – FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES E ENTIDADES DE
EMPREEENDEDORES DO PARÁ – FAEEPA/PA
Rua Carneiro da Rocha, nº 919, Bairro do Arsenal, loja 01 – BELÈM / PA CEP
66023-110
Fone: (91) 3242-7076 Res. (91) 3272-5968 Cel: (91) 9989-1168
E- mail: [email protected]
Presidente: OLAINO COELHO DA MOTA
ASSOCIAÇÕES
1 – ASSOCIAÇÃO DAS MICROEMPRESAS DO MATO GROSSO
DO SUL – AMEMS/MS
Rua Cândido Mariano, 1052 - Centro - CAMPO GRANDE / MS CEP: 79.002-200
Fone: (67) 325-7820 / 382.2109 Fax: (67) 382-2109
E-mail: [email protected] / [email protected]
Presidente: JOÃO RAMOS MARTINS
2 – ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DA MICRO E
PEQUENA EMPRESA DO RIO GRANDE DO NORTE/RN
Rua Borborema, 1032 – Alecrim – Natal / RN - CEP: 59.040-130
Fone: (84) 3082.3096 / 3643.3672 cel.: (84) 9991.1457 / 9975.8856
E-mail: [email protected] / [email protected]
Presidente: VALÉRIO DOS SANTOS SIQUEIRA
3 – ASSOCIAÇÃO DAS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS
GONÇALENSES – AMPEG / RJ
End: Travessa Uriscina Vargas nº 66, Centro – São Gonçalo – RJ CEP: 24.452-020
Fone: (21) 3708.0482 / 3708.2295 Cel: (21) 8104.3737
E-mail: [email protected] / [email protected]
Presidente: JOSÉ CARLOS SANT”ANNA
4 – ASSOCIAÇÃO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS
DO RIO GRANDE – AMPERG
Endereço Monron 93, Rio Grande / Rio Grande do Sul / RS CEP.: 96.200-450
Fone: (53) 3232-4381 Cel.: (53) 9971-1346
E-mail: [email protected]
Presidente: GILBERTO DA SILVA CONSONI
07 Em Defesa dos
Pequenos Negócios Revist a Conempec – Edição Especial –
ASSOCIATIVISMO: CASOS DE SUCESSO é uma
publicação da Conempec – Confederação Nacional
das Entidades de Micro e Pequenas Empresas do
Comércio e Serviços
DIRETORIA
Presidente: José Tarcísio da Silva – Feamepe/
PE; 1º Vice-presidente: Victorio Socha – Femicro/MA; 1° Secretário: Valdir Ribeiro de Souza
– Femicro/BA; 2° Secretário: Sebastião Gabriel
de Oliveira – Asmec/DF; 1° Tesoureiro: Dagoberto
Lindaci – Simiempe/PE; 2° Tesoureiro: Antônio
Gomes de Lima – Femipe/PB; Vice-presidente
da Região Norte: Olaino Coelho da Mota – Fampep/PA; Vice-presidente da Região Sul: Luis
Carlos Floriani – Fampesc/SC; Vice-presidente
da Região Nordeste: Alexander Rodrigues Ludwig
– Fempepi/PI ; Vice-presidente da Região
Centro-Oeste: João Ramos Martins – Amems/MS
Vice-presidente da Região Sudoeste: Pedro
Gilson Rigo – Fampes/ES
Manifestação
em Brasília.
Sicoob-Coopere
12 Capacitação Prepara
Líderes e Empresas
CONSELHO FISCAL
Membros efetivos: Sebastião Martins dos
Santos – Fetomepe /TO; Hermelindo de Souza
Bezerra – Ampecs/AC; Cícero Berto dos Santos
– Fampec/AL; Membros suplentes: Plínio Benfica
– Fampero/RO; Suely Moraes dos Santos – Simpe/AM; Valdemar Thomsen – Arpemei/SP
COORDENADOR EDITORIAL
Abnor Gondim (Plano Mídia Marketing e
Comunicação) - [email protected]
Redação: Patrícia Acioli e Ana Maria Costa
Relatórios dos casos de sucesso: Dra. Maria Inês
Medeiros (Farmanossa/CE, Catende/PE e Peagro
/AL); Dra. Anamélia Paranhos Macedo (Coopetêxtil/PE); Dr. Gilmar Geraldo Barbosa (Associação
Comercial de São João do Paraíso/MG e Peiex);
Dra. Arlita Santana (Coopere/BA); Dr. Luiz Carlso
Floriani (Associação de Joinville Ajorpeme/SC)
Projeto gráfico e diagramação:
Eduardo Gregório ([email protected])
A Conempec está engajada na luta
pela valorização das micro e pequenas empresas, como o movimento a
favor da Lei Geral do segmento, com a
redução da carga tributária
Dez mil empresários formais e informais serão capacitados pela Conempec e entidades filiadas por meio de
cursos, palestras e oficinas
Treinamento das associações
acissp
15 Associativismo: Casos
de Sucesso Onze experiências mostram como a
união de empreendedores resultou na
melhoria de competitividade‘
Sede da Acissp (MG)
Conempec
Juntos para Seguir Adiante!
Conempec e Entidades Filiadas............................................................................................. 2
Carta aos Empreendedores
Integrar para Crescer ................................................................................................................. 06
Estatuto
Com o DNA do Associativismo ............................................................................................... 10
Programa
Capacitação Prepara Líderes e Empresas ......................................................................... 12
Sumário
Expediente
asn
ASSOCIATIVISMO: CASOS DE SUCESSO
Moda Empreendedora (MS)
Toque Feminino Coletivo ......................................................................................................... 19
Soluções (SC)
Entidade de Santa Catarina Vira Referência Nacional ................................................. 26
Concorrência (CE)
Unir para Competir ...................................................................................................................... 34
Usina Catende (PE)
Da Falência à Autogestão ........................................................................................................ 41
Sicoob-Coopere (BA)
Uma História Escrita com Luta e Resistência ................................................................... 51
São Sebastião do Paraíso (MG)
A Vitória do Desenvolvimento ................................................................................................ 62
Caxias do Sul (RS)
Isca para Peixes Graúdos ......................................................................................................... 71
Cooperativismo (PE)
Tecendo Lucros . ........................................................................................................................... 76
Supermercados (SC)
De Peixe Pequeno a Tubarão .................................................................................................. 81
Reforma agrária (AL)
A Organização dos Agricultores Familiares ..................................................................... 89
Artesãos (PA)
Miriti na Era dos Games . .......................................................................................................... 99
Revisão: Maria A. das Neves
Gráfica: Athalaia
Ano: 2006
Conempec – Associativismo
Conempec – Associativismo
JOSÉ TARCÍSIO DA SILVA
Presidente da Conempec
Conempec – Associativismo
Conempec
As micro e pequenas empresas têm se tornado cada vez mais foco das
políticas públicas de desenvolvimento no Brasil. Já são consideradas base
da iniciativa privada e fator de desconcentração empresarial geográfica.
Também são reconhecidas como importante instrumento de inclusão social e
principal gerador de oportunidades de ocupação, emprego e renda.
No entanto, observa-se que metade delas morre precocemente até o
segundo ano de funcionamento, quer seja pela falta e insuficiência de capacitação empresarial de seus empreendedores, quer seja pela precariedade
de políticas públicas e ações de apoio ao segmento. Daí torna-se essencial
recorrer a estratégias inovadoras e eficazes de atuação de forma associativa
para a criação de um ambiente favorável aos pequenos negócios.
Diante desse cenário, a Confederação Nacional das Entidades de
Micro e Pequenas Empresas do Comércio de Serviços (Conempec), em
parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae), formulou o Programa de Fortalecimento do Sistema Associativo
das Micro e Pequenas Empresas e incluiu dentre seus objetivos principais
justamente a integração dos empresários para a construção de grupos associativos. É o Projeto
Integrar para Crescer.
O programa também envolve ações de capacitação para a profissionalização da gestão empreendedora e orientação para legalização empresarial (Projeto Microempresa Legal) e o desenvolvimento de competências e habilidades de liderança (Projeto Capacitação de Lideranças).
Os 11 casos de sucesso relatados aqui inauguram esta nova publicação da entidade – a revista
Conempec –, com edição especial concebida para reforçar as formas de associativismo como novos
rumos para o sucesso dos pequenos negócios, seja em setores tradicionais, como farmácias do Ceará e supermercados de Santa Catarina; seja em grupos excluídos, como artesãos do Pará, mulheres
de pescadores de Mato Grosso do Sul ou trabalhadores rurais, que recuperaram uma usina falida em
Pernambuco e viabilizaram projetos de reforma agrária em Alagoas, ou ainda, por meio de fortes entidades empresariais da região de Joinville (SC) ou de São Sebastião do Paraíso (MG).
Esses casos precisam ser difundidos no meio empresarial. Afinal, o exemplo é a melhor forma
de sensibilizar. Vale conhecer experiências bem-sucedidas que retratam o alto nível de empreendedorismo do nosso povo – o sétimo mais empreendedor do planeta - e a importância das práticas
coletivas para blindar os empreendimentos de menor porte contra as adversidades de toda ordem.
A nova publicação também comemora a aprovação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, pela Câmara dos Deputados. Falta a aprovação pelo Senado e a sanção do presidente da
República. Estamos perto de um novo marco legal a favor do segmento. Serão beneficiados 15
milhões de micro e pequenas empresas no Brasil, sendo mais de um terço delas informais. Em 12
meses, 50% das informais devem ingressar na formalidade. Nessa condição, as empresas têm melhores condições de se integrar para crescer.
Boa leitura!
Em defesa dos
pequenos negócios
Entidade participa da Frente pela Lei Geral e do
Fórum Permanente das Pequenas Empresas
Em quase sete anos de funcionamento, a Confederação Nacional das Entidades de
Micro e Pequenas Empresas do Comércio e
Serviços (Conempec) tem desenvolvido uma
série de atividades em defesa dos interesses
do segmento.
“A Confederação tem alcançado conquistas que objetivam modificar procedimentos, visando beneficiar micro e pequenas
Enrique Matute/Agência Sebrae de Notícias
Carta aos Empreendedores
Integrar para crescer
empresas por meio de reuniões, encontros
e congressos” , afirma José Tarcísio da Silva,
presidente da Conempec e da Federação das
Associações das Micro e Pequenas Empresas
de Pernambuco (Feamepe).
Com sede no Recife, a entidade foi criada em 16 de novembro de 1999. Antes, atuou
como associação, criada em 1994. Posteriormente, participou do movimento que resultou
O presidente da Conempec
no Fórum Permanente, do
qual participam o ministro
Furlan e o presidente do
Sebrae, Paulo Okamotto
Conempec – Associativismo
Conempec
na criação do Simples, sistema unificado de
pagamento de tributos federais. Ao longo
desses anos, promoveu vários congressos e
encontros para discutir políticas públicas de
apoio à categoria.
Atualmente, a Conempec desenvolve
ativa participação na Frente Parlamentar pela
Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas,
que reúne as principais entidades empresariais do País.
Desde março de 2005, a Frente promove ações para a aprovação do projeto da Lei
Geral, que prevê a criação do chamado Super
Simples, com a unificação de todos os impostos federais, estaduais e municipais, e a desburocratização na criação das empresas.
A Conempec também participa do Fórum Permanente das Micro Empresas e Empresas de Pequeno Porte, que se tornou um
elo de comunicação entre governo e empresas. Implantado por decreto-lei presidencial,
o Fórum funciona no âmbito do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
O Fórum é integrado por representantes de 57 entidades de micro e pequenos
empreendimentos, órgãos públicos ligados
à área e entidades que apóiam o segmento.Tem como presidente o ministro do
MDIC, Luiz Fernando Furlan.
O Fórum mantém ativos seis comitês,
a seguir: Formação e Capacitação Empreendedora, coordenado por José Tarcísio da
Silva; Racionalização e Desburocratização;
Tecnologia e Inovação; Informação, Exportação e Financiamento.
Conempec – Associativismo
Já existem federações de micro e pequenas empresas ligadas à Conempec no Distrito
Federal e em 20 estados – Pernambuco,
Paraíba, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão,
Piauí, Sergipe, Espírito Santo, Goiás, Amapá,
São Paulo, Roraima, Rondônia, Acre, Pará,
Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e
Tocantins.
“A Confederação tem alcançado
conquistas que objetivam modificar
procedimentos, visando beneficiar
micro e pequenas empresas por meio de
reuniões, encontros e congressos”
USEM E ABUSEM
José Tarcísio da Silva,
presidente da Conempec.
O Programa da Conempec está relacionado com as metas do Sebrae de ampliar o
atendimento individual para 5 milhões de empresas por ano, buscar as 400 mil empresas
registradas anualmente no País e reduzir de
50% para 30% o índice de mortalidade nos
dois primeiros anos de funcionamento.
Galeria de Eventos
Essas metas foram anunciadas pelo
presidente do Sebrae, Paulo Okamotto,
durante o XIV Congresso Brasileiro e o VI
Congresso Estadual de Micro e Pequenas
Empresas, dois eventos promovidos pela
Conempec. “Temos quase 11 milhões de
empreendimentos na informalidade”, avisou
Okamotto. “Precisamos levar conhecimento
a esses empreendedores. Usem e abusem
do Sebrae.”
Para o gerente da Unidade de Políticas
Públicas do Sebrae, Bruno Quick, uma pessoa
é levada a criar um negócio informal pela falta
de emprego, pela necessidade de complementação de renda familiar ou até mesmo por
algum tipo de experiência inicial. Fica nessa
situação por causa da burocracia, falta de
informação e custo. Para se abrir uma empresa no Brasil, o custo médio gira em torno de
R$ 700,00 e é necessário obter cerca de 80
documentos nas esferas federal, estadual e
municipal. Conempec – Associativismo
Rodrigo Moreira/ASN
Estatuto
Com o DNA do
associativismo
A Conempec foi constituída com o objetivo
apoiar a criação de novas entidades
A promoção do associativismo
está no DNA da Conempec. No estatuto da
Confederação Nacional das Entidades de
Micro e Pequenas Empresas do Comércio
e Serviços consta, dentre seus objetivos,
“apoiar e incentivar a criação de Federações de Associações de Micro e Pequenas
Empresas, de Sindicatos de Micro e Pequenas Empresas do Comércio e Serviços
e de Associações de Micro e Pequenas
Empresas, em todo o território nacional”.
Seu trabalho se faz presente na desburocratização do crédito, qualificação de empresários e líderes do segmento em questão, na redução e renegociação de tributos,
10
Conempec – Associativismo
na realização de eventos para disseminar informações dentre outras realizações. Instituição civil, sem fins lucrativos, a Conempec
é formada por entidades que representam
micro e pequenas empresas do comércio
e de serviços que atuam no Brasil e para a
realização de suas atividades.
Em parceria com o Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae) e outras entidades, a Conempec
tem realizado congressos, seminários, encontros, capacitações para empresários e
líderes do setor, ao longo de sua existência.
Participa também de movimentos nacionais
que visam uma legislação mais justa como
O presidente da Conempec participou
de audiência com
o presidente da
Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo,
para a aprovação
da Lei Geral das
Micro e Pequenas
Empresas
as manifestações a favor da aprovação da
Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas.
A Conempec tem um papel fundamental em todos os momentos importantes no setor das micro e pequenas empresas no Brasil.
Integrada a uma rede de entidades, atua sempre junto às esferas legislativas, para obter
condições mais viáveis de desenvolvimento
dos pequenos negócios.
A Conempec tem ainda como principais
objetivos:
– promover a mais perfeita união entre
os órgãos representativos das micro e pequenas empresas comerciais e prestadoras
de serviços do Brasil;
– defender os interesses das entidades filiadas e em particular os direitos e
aspirações dos micro e pequenos empresários;
– propor e sugerir aos poderes públicos
medidas de interesse das classes produtoras, capazes de promover o desenvolvimento
e a prosperidade da economia nacional e
incentivar a livre iniciativa;
– organizar, promover e participar de
seminários, congressos, conferências, simpósios, mostras e eventos em geral do interesse do empresariado que representa;
– pugnar pelo desenvolvimento da classe que representa e pelo estreitamento das
relações entre entidades representativas dos
diversos segmentos da atividade econômica
do País e do exterior;
– desenvolver, em consonância com
os poderes públicos, planos de cooperação
social e/ou assistencial às micro e pequenas
empresas comerciais e de serviços;
– opinar sobre os atos e medidas dos
Poderes Legislativos e Executivo considerados prejudiciais aos interesses das micro e
pequenas empresas comerciais e prestadoras de serviços;
– participar, por meio de seus diretores,
dos conselhos nacionais de entidades estatais, para estatais, de serviço social autônomo e de entidades privadas.
Conempec – Associativismo
11
Fortalecimento das associações
Outro objetivo do programa é elevar a
competitividade das empresas participantes
e ampliar as condições para a formalização
dos negócios que estão na economia informal. Estima-se que haja no País cerca de 15,5
milhões de empreendimentos de menor porte.
Desse total, cerca de 10 milhões estão na
informalidade.
LÍDERES
Capacitação prepara
líderes e empresas
Conempec vai qualificar 10 mil
empresários de todo o Brasil
Sócios de micro e pequenas
empresas formais ou informais estão aptos a
participar da série de capacitações que está
sendo promovida este ano em 11 estados
pela Confederação Nacional das Entidades
de Micro e Pequenas Empresas do Comércio
e Serviços (Conempec), em parceria com o
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Trata-se do Programa de Fortalecimento do Sistema Associativo das Micro e
Pequenas Empresas, desenvolvido por meio
de cursos, oficinas e palestras. Neste ano, a
previsão é atender empresários dos estados
12
Conempec – Associativismo
O Programa de Fortalecimento do Sistema Associativo das Micro e Pequenas Empresas oferece como módulos de treinamento os
projetos Integrar para Crescer, Capacitação
de Liderança e Microempresa Legal. É voltado
para a formação de líderes do segmento.
No caso do Projeto Integrar para Crescer, a entidade busca a integração dos micro
e pequenos empresários para a construção de
grupos associativos.
O QUE É O PROJETO
MICROEMPRESA LEGAL
de Pernambuco, da Paraíba, de Alagoas, da
Bahia, do Pará, do Piauí, de Santa Catarina e
do Espírito Santo, Maranhão, do Amazonas
e de Sergipe. Em 2007 todos os estados
serão contemplados, o que proporcionará
capacitação para cerca de 10 mil empreendedores.
O Projeto Microempresa Legal representa um conjunto de ações integradas de
capacitação empresarial, desenvolvido em
conjunto com as Federações e Associações
de representação das Microempresas e
Empresas de Pequeno Porte nos estados
brasileiros.
De acordo com o presidente da Conempec, José Tarcísio da Silva, as ações do programa vão contribuir para a redução dos altos
índices de mortalidade das micro e pequenas
empresas – 49,4%, até o segundo ano, 56,4%
até três anos, e 59,9% até o quarto ano, segundo pesquisa do Sebrae.
As programações desenvolvidas nas
capacitações do Projeto Microempresa Legal
contribuirão para que as empresas beneficiadas tenham melhorias administrativas e financeiras significativas, uma maior produtividade
e qualidade nos seus produtos e serviços e
melhor satisfação dos clientes, parceiros
e colaboradores. Os resultados previstos
serão decorrentes da profissionalização na
gestão empresarial e um maior aproveitamento das suas potencialidades, gerando
desenvolvimento, crescimento econômico e
ampliação de oportunidades de ocupação,
emprego e renda.
A Conempec e as Federações associadas, como entidades parceiras, estão
confiantes de que as ações desenvolvidas
contribuirão para a redução do alto índice
de mortalidade do segmento das Micro e Pequenas Empresas. Possibilitarão, ainda, uma
maior elevação do nível de competitividade
das empresas participantes e a ampliação
das condições para a formalização legal das
atividades empresariais informais.
OBJETIVO
Desenvolver ações de capacitação para o fortalecimento do Sistema
Associativo das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte nos Estados
Brasileiros, estimulando o fomento e
desenvolvimento de ações coletivas
e a profissionalização na gestão empresarial, visando ao desenvolvimento e crescimento auto -sustentável.
PÚBLICO-ALVO
Microempresários e empresários de pequeno porte (formais e
informais), associados e potenciais
associados das entidades representativas do segmento nos diversos
Estados do Brasil.
Conempec – Associativismo
13
Fortalecimento das associações
Perfil do empreendedor
CONTEÚDO DO PROJETO MICROEMPRESA LEGAL
1. Palestra: COMO TORNAR SUA MICRO E PEQUENA EMPRESA UM EMPRENDIMENTO DE SUCESSO
Programação:
– Orientações e recomendações técnicas para tornar a sua microempresa um
empreendimento de sucesso;
– A formalização do empreendimento: vantagens e benefícios;
– A importância das ações coletivas como estratégia para a obtenção de conquistas econômicas e sociais.
Conheça as principais características de quem tem habilidades para empreender
De acordo com as cartilhas do Programa de Fortalecimento do Sistema Associativo das Micro e Pequenas Empresas do Brasil, o empreendedor não é fruto exclusivo do nascimento ou herança genética, mas sim
resultado de muito trabalho, talento e potencialidades latentes que poderão ser desenvolvidas nas pessoas
que desejam tornar-se empreendedoras.
Em geral, segundo a publicação, os empreendedores apresentam as seguintes características:
– Existência de atitudes psicológicas orientadas para a implementação de projetos, identificados como
necessidades e oportunidades mercadológicas, não percebidas pela maioria das pessoas;
– Procura conhecer tecnologias, mudanças, expectativas e necessidades do mercado em que atuam ou têm
interesse em atuar, seja como profissional ou como pessoa disposta a aproveitar as oportunidades de negócios;
Carga horária: 3 horas
– São receptivos às mudanças que estão ocorrendo para a abertura de negócios, sabem aproveitar as oportunidades de negócios derivadas de fatores e variáveis diversas, tais como as tecnológicas, políticas e sociais;
2. Oficina: CONHECENDO A SUA POTENCIALIDADE EMPRESARIAL
– Boa parte dos empreendedores tem algo em comum, que transcende os campos dos negócios e da
economia. Muitos procuram contribuir para o progresso da humanidade e pela melhoria da qualidade de vida
das pessoas.
Programação
– Conhecendo o seu perfil empreendedor;
– Conhecendo a sua competência gerencial;
– Conhecendo a sua empresa.
Carga horária: 6 horas
3. Curso: PRATICANDO UMA GESTÃO EMPREENDEDORA NA MICRO E
PROJETO CAPACITAÇÃO
DE LIDERANÇAS
Programa de fortalecimento do sistema
associativo das micro e pequenas empresas
PEQUENA EMPRESA
Programação:
– Idéias e conceitos de gerenciamento;
– Aspectos de qualidade e produtividade;
– Comportamento gerencial eficaz;
– Conceitos e idéias de marketing;
– Conceitos e práticas de finanças.
Carga horária: 12 horas
4. Encontros técnicos: ORIENTAÇÕES PARA LEGALIZAÇÃO EMPRESARIAL
– Principais etapas no processo de legalização e formalização das empresas;
– Vantagens, benefícios, obrigações e responsabilidades decorrentes da legalização empresarial.
Conempec – Confederação Nacional
das Entidades de Micro e Pequenas Empresas do Comércio de Serviços
O QUE É O PROJETO DE
CAPACITAÇÃO DE LIDERANÇAS
O Projeto Capacitação de Lideranças
representa um conjunto de ações integradas
de capacitação empresarial, desenvolvida
em conjunto com as federações e associações de representação das microempresas
e empresas de pequeno porte nos estados
brasileiros.
Carga horária: 4 horas
Mais Informações: Conempec: 0xx 81-3231-2560 e www.conempec.org.br
14
Conempec – Associativismo
A Confederação Nacional das Entidades de Micro e Pequenas do Comércio
de Serviços – Conempec, e as federações
associadas, como entidades parceiras, estão
confiantes de que as ações desenvolvidas
contribuirão para a redução do alto índice de
mortalidade do segmento das MPEs. Possibilitarão, ainda, uma maior elevação do nível
de competitividade das empresas participantes e do desenvolvimento e fortalecimento
das lideranças das entidades associadas nos
Estados e municípios.
OBJETIVO
Possibilitar aos participantes informações e situações de aprendizagens, visando
o desenvolvimento de competências e habilidades de liderança para uma melhor atuação
nas suas empresas e no desenvolvimento de
ações coletivas.
PÚBLICO-ALVO
Microempresários e empresários de
pequeno porte (formais e informais), associados e potenciais associados das entidades
representativas do segmento nos diversos
estados do Brasil.
Conempec – Associativismo
15
Fortalecimento das associações
1. Palestra: CONHECENDO HABILIDADES E COMPETÊNCIAS DE LIDERANÇA
Programação:
– O que é liderança?
– Conhecendo o perfil de uma liderança empreendedora.;– Conhecendo habilidades e
competências básicas de liderança.
Carga horária: 3 horas
2. Seminário: DESENVOLVENDO A SUA POTENCIALIDADE DE LIDERANÇA
Programação
– Questões básicas de liderança;
– Abordagens sobre o estudo da liderança;
– Compreendendo as condições para o desenvolvimento da liderança;
– Desenvolvendo a sua potencialidade de liderança.
Carga horária: 9 horas
O QUE É O PROJETO MICROEMPRESA LEGAL
O Projeto Microempresa Legal representa um conjunto de ações integradas de capacitação empresarial, desenvolvido em conjunto com as federações e associações de representação
das microempresas e empresas de pequeno porte nos estados brasileiros.
As programações desenvolvidas nas capacitações do Projeto Microempresa Legal contribuirão para que as empresas beneficiadas tenham melhorias administrativas e financeiras significativas, uma maior produtividade e qualidade nos seus produtos e serviços e melhor satisfação
dos clientes, parceiros e colaboradores. Os resultados previstos serão decorrentes da profissionalização na gestão empresarial e um maior aproveitamento das suas potencialidades, gerando
desenvolvimento, crescimento econômico e ampliação de oportunidades de ocupação, emprego
e renda.
A Confederação Nacional das Entidades de Micro e Pequenas do Comércio de Serviços
– Conempec, e as federações associadas, como entidades parceiras, estão confiantes de que
as ações desenvolvidas contribuirão para a redução do alto índice de mortalidade do segmento
das MPEs. Possibilitarão, ainda, uma maior elevação do nível de competitividade das empresas
participantes e a ampliação das condições para a formalização legal das atividades empresariais
informais.
OBJETIVO
Desenvolver ações de capacitação para o fortalecimento do Sistema Associativo das
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte nos Estados Brasileiros, estimulando o fomento
e desenvolvimento de ações coletivas e a profissionalização na gestão empresarial, visando o desenvolvimento e crescimento auto-sustentável.
PÚBLICO – ALVO
Microempresários e empresários de pequeno porte (formais e informais), associados e potenciais associados das entidades representativas do segmento nos diversos estados do Brasil.
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Projeto:
CONTEÚDO DO PROJETO DE CAPACITAÇÃO DE LIDERANÇAS
Conempec – Associativismo
integrar para crescer
Objetivos
· Possibilitar oportunidades para
geração de vínculos empresariais, disseminação de conhecimentos e troca
de experiências de interesses comuns e
relevantes para o segmento das MPEs;
· Gerar oportunidades para identificação e validação de experiências individuais e coletivas na busca da excelência
no desenvolvimento de suas atividades
junto aos associados;
· Desenvolver competências e habilidades para uma gestão empreendedora
nas entidades de representação das
MPEs;
· Desenvolver competências e habilidades para realização de articulações e
integrações com organizações públicas
e privadas visando intervenções externas voltadas para o desenvolvimento e
fortalecimento das entidades e de seus
núcleos setoriais.
PROGRAMA
· Conhecendo o Integrar para Crescer
· Condições para geração de ambiente para Integração e Crescimento;
· Gestão e desenvolvimento da Associação Empresarial;
· Realizando Diagnostico Setorial e
Praticando o Planejamento Estratégico;
· Integração com Agentes Externos
para consolidação da entidade
Carga horária total do Projeto: As diversas fases do Projeto serão desenvolvidas em 70 horas de atividades de instrutoria e consultorias de aconselhamentos de
forma coletiva nas áreas de planejamento
estratégico e associativismo.
Metodologia
Exposição dialogada e moderação de encontros programados com a
utilização da metodologia METAPLAN
e ZOOP (Planejamento de Projetos
Orientados por Objetivos), exercícios
estruturados, questionários e dinâmicas
de grupos.
CONHECENDO O INTEGRAR
PARA CRESCER
O Projeto Integrar para Crescer têm
como principais finalidades estimular a
formação de grupos ou de núcleos setoriais, compostos por empreendedores de
um mesmo ramo de atividade, motivados
por interesses e necessidades comuns,
utilizam-se de modelos e estratégias de
atuação coletiva, objetivando a identificação e geração de soluções conjuntas.
Os núcleos setoriais poderão fazer
parte de uma associação, ou possa ser
um grupos que na busca de fortalecimento individual, identificam na formação do
Conempec – Associativismo
17
nucleo a forma mais viável para potencializar a sua capacidade individual e, assim,
gerar um nível de poder para por meio da
integração e união de esforços, recursos
e competências, defender interesses a
alcançar objetivos comuns.
As ações do Projeto Integrar para
Crescer poderá ser desencadeadas a
partir de um grupo de empresários de
atividades comuns ou núcleo setorial,
bem como fomentar o fortalecimento de
uma associação recente, em fase de fase
de estruturação, e, ainda, contribuir para
a sua consolidação por meio de ações de
capacitação para a profissionalização da
Gestão da Associação, criando assim,
as condições básicas para geração de
alternativas para o seu desenvolvimento,
autosustentação e crescimento como
entidade de representação empresarial.
Na dinâmica de formação dos
núcleos setoriais, fortalecimento de associações e organização de processos
associativos, visando a criação e /ou
consolidação de entidades em formação e nas já existentes, serão realizados
encontros tecnicos com a moderação
de consultores para desenvolvimento de
ações de capacitações, consultorias de
aconselhamento de forma coletiva, diagnóstico e planejamento de ações que
possibilitarão oportunidades de geração
de vínculos empresariais, disseminação
de conhecimentos e troca de experiências de interesses comuns e relevantes
para o segmento das MPEs;
A execução do Integrar para Crescer terá como instrumentos morteadores
18
Conempec – Associativismo
das ações a elaboração de um diagnóstico setorial e de um planejamento estratégico a serem realizados junto aos empresários de micro e pequenas empresas,
ou núcleos setoriais, com o apoio de
consultores capacitados na metodologia
do Integrar para Crescer. Os principais
resultados serão a definição de rumos
estratégicos, administrativos e operacionais, além da formação, integração e
convergência associativa, objetivando
assim, melhoria de competitividade do
segmento envolvido, gerando condições
para sustentabilidade da entidade ou associação num menor espaço de tempo.
As ações de intervenções dos consultores credenciados nos Núcleos Setoriais, entidades e associações empresarias, serão realizadas a partir dos resultados de diagnósticos setoriais, elaboração
de planejamento estratégico e a definição
de um plano de ação, instrumentos elaborados pelo consultor em conjunto com
os empresários envolvidos no Projeto. As
ações previstas no Plano de Ação serão
realizadas pelos participantes do Integrar
para Crescer, com apoio e aconselhamento do consultor, principalmente, quando
no desenvolvimento de articulações objetivando a participação e integração nas
ações com entidades governamentais e a
inciativa privada.
Em suma, trata-se de proporcionar
por meio de encontros estruturados
com potenciais lideranças, empresários
de micro e pequenas empresas, em um
ambiente de confiança, cumplicidade e
reciprocidade, para troca de dados, informações e conhecimento
Moda empreendedora
iv
ciat
Asso
os
: Cas
ismo
Toque feminino coletivo
Couro de peixe vira fonte de renda
de mulheres de pescadores em Corumbá, no
Mato Grosso do Sul. Experiência rendeu o
Prêmio Sebrae Mulher Empreendedora à presidente da entidade, Wânia Alecrim de Lima,
que também foi incluída como finalista no prêmio da revista Cláudia, da Editora Abril.
Grupo que participa
da Amor Peixe:
união para incrementar negócios
Márcia Gouthier/Agência Sebrae de Notícias
Fortalecimento das associações
o
cess
de Su
Wânia Lima, presidente da Amor Peixe, na entrega do Prêmio Sebrae Mulher Empreendedora:
“Antes, riam do nosso cheiro de peixe; hoje, nosso artesanato faz sucesso até no Fashion Rio”
Conempec – Associativismo
19
Moda empreendedora
faz parte do Projeto Talentos do Brasil, que
é desenvolvido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) em parceria com a
Petrobras, prefeituras, WWF (Fundo Mundial
para a Natureza) no Brasil e Sebrae. A Amor
Peixe conta também com o apoio da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Pantanal, da Universidade Católica
Dom Bosco, do Instituto de Meio Ambiente
Pantanal, da Fundação de Cultura, do Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
Linha de produção
artesanal variada
sem agredir meio
ambiente
A Associação Amor Peixe, formada em
sua maioria por mulheres de pescadores de
Corumbá (MS), virou uma referência no Centro-Oeste em empreendedorismo coletivo,
moda e trabalho social. Criada em 2002, a
entidade foi fundada com a orientação do
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para beneficiar o
couro de peixe. Desde então, as integrantes
da associação fazem, periodicamente, cursos de capacitação no Sebrae/MS. Agora,
elas se preparam para aumentar e diversificar
a produção. Elas saíram de uma vida sem
perspectivas para uma experiência de negócios bem-sucedida.
Os produtos da Associação foram
apresentados este ano na 8ª edição do
Rio Fashion Business, no Rio de Janeiro,
realizado de 9 a 14 de janeiro, no Museu de
Arte Moderna. Antes do evento, as artesãs
participaram de uma Oficina de Design com
o especialista Renato Imbroisi, especialista
20
Conempec – Associativismo
em design de peles exóticas. As novas peças
confeccionadas foram organizadas em um
catálogo que também tem a participação
das artesãs. A linha de produção inclui desde bolsas, acessórios e cintos até lindas
bijuterias, tudo feito de forma artesanal, com
o reaproveitamento de pele de peixe (pacu,
piranha, dourado e tilápia), sem agredir o
meio ambiente. Negócios estão sendo feitos
com lojistas dos Estados Unidos, Venezuela,
Holanda, Canadá e França.
“Elas aprenderam novas técnicas de corte e modelagem e criaram peças agregando
maior valor ao couro do peixe”, afirma Renato
Imbroisi. “As artesãs têm sido muito abordadas por suas histórias de vida que estão emocionando os visitantes. É isso que queremos
mostrar com o nosso trabalho, a diversidade
brasileira, a espontaneidade desses grupos, e
com isso, atingir resultados.”
Para preparar o couro do peixe, são
necessários produtos químicos que são
comprados em São Paulo. De acordo com as
mulheres, um quilo geralmente dá para fazer
uma bolsa não muito grande. Os custos são
altos e o trabalho é demorado. Para preparar
a pele leva em média dois dias, pois depois
de passar horas no fulão (barril de madeira
acoplado a um motor para ficar girando) a
pele seca na sombra durante um dia e somente depois será trabalhada.
OPORTUNIDADES
PRÊMIOS
A Associação vende mensalmente 100
a 200 peças. São mais de 20 produtos diferentes confeccionados a partir do beneficiamento do couro de peixe na região turística
de Corumbá. As atividades das artesãs são
desenvolvidas em um prédio público cedido
pelo governo do Estado do Mato Grosso do
Sul. Lá funcionou uma cadeia. Hoje, o local
abriga a Casa do Artesão.
Em cerimônia alusiva ao dia 8 de março
deste ano, Dia Internacional da Mulher, a
presidente da Associação, a empreendedora
Wânia Alecrim de Lima, 37 anos, foi homenageada como a vencedora da região CentroOeste do Prêmio Sebrae Mulher Empreendedora 2005 na categoria Associações e
Cooperativas.
Variedade artesanal melhora, transforma e garante
renda
Para os integrantes da associação, o
beneficiamento da pele de peixe e a comercialização de seus produtos é uma oportunidade
de buscar uma vida melhor. “Queremos ter
nosso próprio dinheiro”, diz Márcio da Cunha,
que ingressou na entidade em razão de não ter
conseguido emprego em Corumbá.
Helena Ortega da Costa, pescadora,
Lara Silva Zentene, artesã, e Maria Auxiliadora Fernandes, dona-de-casa, acreditam
que essa é uma oportunidade para elas desenvolverem um trabalho e garantirem uma
renda. Helena Ortega da Costa parou de
pescar, pois tem problema de pressão alta e
não pode ficar muito tempo no sol. Para ela,
que sempre trabalhou com peixe, essa foi a
única alternativa de renda que encontrou.
A participação da Amor Peixe no evento
Conempec – Associativismo
21
Moda empreendedora
Mas a projeção da experiência foi mais
além. A história de vida da artesã fez com que
ela fosse uma das 15 finalistas ao Prêmio
Cláudia 2006 na categoria Trabalho Social.
O Prêmio avalia cinco categorias: ciências,
cultura, negócios, políticas públicas e trabalho social. A relação das finalistas foi divulgada pelo site www.premioclaudia.com.br.
O SONHO VIROU EMPRESA
Em 2003, o sonho da Wânia Alecrim de
Lima e suas companheiras ganhou contornos
mais reais. A Amor Peixe foi constituída oficialmente, com estatuto e Cadastro Nacional
de Pessoa Jurídica (CNPJ). Em 2004, a entidade recebeu o apoio da Fundação Estadual
de Cultura. Hoje, integram a entidade dez
mulheres de pescadores e outras 36 pessoas de suas famílias.
“Os resultados que conseguimos são
inúmeros. Das dez mulheres que fazem par-
te da associação, seis voltaram a estudar e
todos os outros integrantes fazem cursos
regularmente”, assinala a presidente da Associação. “Houve melhoria também no convívio entre as famílias, temos mais dignidade e
nossos maridos contam com a nossa renda,
que vem dos produtos feitos na Associação,
para ajudar nas despesas da casa. Temos
esperança de que os benefícios que a Amor
Peixe está trazendo para vários segmentos
da comunidade possam servir de exemplo
e que iniciativas como essa possam ser fomentadas no Brasil como um todo, porque
melhoram, transformam e trazem esperanças
de que todos podem recomeçar. Basta querer”, explica.
PRODUÇÃO DE KITS
Atualmente, a Amor Peixe, além das
vendas no varejo, tem contrato de produção
com uma empresa mineradora multinacional
para fabricar kits distribuídos nos workshops
O viés social
Outra vertente das atividades da Associação Amor Peixe é a área social.
A Associação Amor Peixe tem projetos na área de formação e capacitação dos pescadores de Corumbá e suas famílias. De acordo com a presidente da entidade, Wânia Alecrim, os projetos, no entanto,
dependem de um maior aporte de recursos para ganhar regularidade e beneficiar mais pessoas.
“Se não houver uma possibilidade de gerar renda para essas pessoas, não dará certo”, ressalta. Do
contrário, segundo ela, pode gerar frustração. “Não adianta ter cursos, se não for dada a estrutura necessária para que as pessoas tenham a possibilidade de aplicar o conhecimento”, alerta.
A avaliação é fruto de experiências recentes. Em 2004, Wânia e outra associada apresentaram ao programa BB Educar, do Banco do Brasil, um projeto de alfabetização para os pescadores da região. “O Banco nos deu o material didático e nos capacitou a dar aulas”, lembra. A idéia é fazer com que os pescadores
pudessem ao menos escrever um bilhete às suas famílias. “Por causa do ofício, eles ficam longos períodos
fora de casa e a maioria deles mal desenha o nome”, afirma.
As duas integrantes da Amor Peixe foram à beira dos rios cadastrar os pescadores e montaram salas de
aula para 50 pessoas. Somente 13 conseguiram se alfabetizar. “Tivemos muitos desafios. Homens e mulheres não podiam ter cursos juntos, por causa da cultura deles. Muitos pescadores tinham problemas de visão.
Além disso, as aulas só podem ser realizadas durante o período da piracema, entre outubro e março.”
No livro das empreendedoras
Líder das artesãs vendia jornal para pagar os estudos
Neste ano a trajetória das integrantes da Associação Amor Peixe foi incluída no livro “Histórias de Sucesso”, elaborado pelo Sebrae, em homenagem às vencedoras do Prêmio Sebrae
Mulher Empreendedora. No final do ano, ela deverá se formar no curso de Zootecnia da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Uma mudança e tanto para quem vendia jornal para
pagar os estudos. A reviravolta veio com a iniciativa de fazer o próprio negócio.
A presidente da entidade conta que acreditou que o couro de peixe beneficiado e transformado artesanalmente em produtos como bolsas, agendas e outras peças, poderia atrair
um grande número de turistas e ser uma alternativa de renda. Por isso decidiu fazer cursos,
estudar e com auxilio do Sebrae, fundou a associação. Fez vestibular para turismo e passou.
Custeou sua faculdade vendendo jornais nas ruas de Corumbá e fazendo faxinas nos fins de
semana, até que foi convidada pela ONG WWF-Brasil e recebeu uma bolsa de estudos.
Wânia enfrenta cotidianamente o desafio de administrar diferenças. “Muitas companheiras sabiam apenas desenhar o nome, eram donas-de-casa que resolveram mudar de
vida. Nem sempre elas entendem tudo o que acontece, principalmente na área financeira como as taxas
bancárias que temos de pagar”, explica. Para facilitar, a Associação tem uma gestão administrativa transparente. Tudo o que acontece, principalmente o dinheiro da associação na conta do banco, vai para o mural.
Na diretoria da Associação estão as associadas com mais escolaridade.
O desejo de Wânia é que alguma das companheiras da Associação se interesse em aproveitar a
bolsa que a Universidade Católica deu para a Amor Peixe. “Algumas que estão fazendo o ensino médio já
demonstraram interesse”, comemora.
promovidos pela empresa. Cada kit – bolsa de
juta com aplicação de couro nas laterais, porta-moedas, caderneta e estojo de colar – são
vendidos a R$ 50. A empresa costuma fazer
encomendas que variam entre 400 e 600 kits.
“Boa parte das nossas peças vai para a
Austrália”, revela Wânia. A divisão dos lucros destina 30% para a manutenção da Associação e os
demais 70% são divididos entre as associadas.
BENEFICIAMENTO DA
PELE DE PEIXE
As empreendedoras da Amor Peixe
22
Conempec – Associativismo
eram donas de casa, mulheres de pescadores. A partir de um curso de beneficiamento
da pele do peixe, em 2001, se reuniram e
decidiram montar um negócio para incrementar a renda familiar. “Nós procuramos
o Sebrae e começamos a participar dos
cursos de capacitação. Todo mundo participou. Até hoje fazemos isso. Praticamente
toda semana o Sebrae nos oferece uma
bolsa para algum curso”, conta a presidente
da Associação.
Os cursos de capacitação também despertaram a vontade de aprender mais. Wânia
acrescenta que muitas mulheres mal sabiam
Conempec – Associativismo
23
Moda empreendedora
“Muitas companheiras não sabiam nem escrever o nome, eram donas-de-casa que resolveram
mudar de vida. Nem sempre elas entendem tudo o que acontece, principalmente na área financeira,
como as taxas bancárias que temos de pagar. Para facilitar, a Associação tem uma gestão administrativa transparente e tudo o que acontece no banco vai para o mural.Na diretoria estão as associadas com mais escolaridade”.
ler e escrever. “Agora, todas já terminaram
o ensino fundamental”, conta. Ela própria
ingressou na Universidade e está terminando
o curso de Zootecnia. A mudança na vida dos
associados foi gritante. “Antes, éramos apenas donas-de-casa, algumas de nós chegava
a passar fome”, revela. Agora todas estão
investindo esforço próprio focado no empreendedorismo.
O último curso do Sebrae feito pelos
integrantes da Amor Peixe, na área de design,
abriu novos horizontes para a produção que
fabrica apliques para roupas, cadernetas,
bolsas, carteiras, estojos, porta-moedas, tudo
em couro de peixe. A idéia é incrementar ainda
mais as peças e expandir os negócios.
EXPANSÃO
A Associação está em franca expansão.
Com parcerias firmadas com a prefeitura de
Corumbá, Sebrae, WWF, Embrapa, entre outras, a Amor Peixe pretende ampliar o número
de associados e planeja se tornar uma empresa. Além disso, há outros projetos como o
beneficiamento da carne do peixe. Para isso,
no entanto, a Associação deverá ampliar sua
capacidade de produção. Às três máquinas
de costura industrial para peixe devem se
somar outras três para atender à crescente
demanda por produtos.
A Amor Peixe recebeu, em julho de
24
Conempec – Associativismo
2006, da prefeitura de Corumbá um novo
frigorífico para armazenar as peles. É que
a produção, que iniciou com as peles dos
peixes pescados pelos maridos das associadas, passou a não ser suficiente para
atender às inúmeras encomendas. A saída
foi “importar” peles de tilápia da cidade de
Dourados. “Gastamos 100 a 200 kg de
peles e os piscicultores daqui não tinham
como processar o peixe sem pele”, explica
Wânia. Outro problema era a armazenagem
do couro em frigorífico fora da Associação,
o que implicava mais custos como o de
transporte. A saída foi apresentar um projeto à prefeitura de Corumbá, que foi aprovado. Assim, além do frigorífico, a Associação
ganhou também meia tonelada de peles de
peixe. E aguarda uma balança digital.
As parcerias, de acordo com a presidente da Amor Peixe, são fundamentais para
viabilizar a expansão. É que um quilo de peixe
dá apenas para produzir uma bolsa, tamanho
médio. Os custos são elevados e falta recursos para investir no maquinário necessário à
ampliação da produção.
As dificuldades, no entanto, sinalizaram novos nichos de mercado a serem
explorados pela Amor Peixe como o beneficiamento do peixe. “Nossa intenção é
resgatar o projeto inicial de processar os
peixes daqui da região”, diz Wânia. Com o
apoio da Embrapa Pantanal, a Amor Peixe
desenvolveu pratos semi prontos, à base de
peixe e tradicionais da culinária pantaneira.
Os pratos escolhidos foram o quibe de peixe, caldo de piranha e o pacu salgado com
batata. “Houve um grande interesse dos
supermercados Comper e Carrefour mas
não temos ainda a infra-estrutura necessária para iniciar a produção”, ressalta Wânia.
Ela conta que, no supermercado Carrefour,
foi feita uma degustação do quibe de peixe
que lotou a gôndola de consumidores.
Para viabilizar o projeto, a Associação
terá de montar um mini frigorífico e uma estrutura de cozinha industrial. O projeto foi
apresentado à Petrobras. “Se tudo der certo,
vamos conseguir vencer mais esse desafio
e melhorar a vida de mais pessoas daqui da
região”, acrescenta a presidente.
Artesanato pantaneiro
Mulher de pescador, a pantaneira Wânia Alecrim,
38 anos, casou jovem e abandonou a escola para cuidar da casa. Em 2002, já com quatro filhos, participou
de um curso de curtição de pele de peixe, oferecido
pelo governo de seu estado, Mato Grosso do Sul, para
membros de famílias como a dela, que tiram o sustento
do rio. “Vi ali uma oportunidade de crescer, de mudar
de vida. A pele, que antes ia para o lixo, podia virar
artesanato e gerar renda para nós.” Assim, incentivou
algumas colegas a se juntar a ela na confecção de bolsas, roupas e carteiras e outras peças de pele curtida,
amaciada e tingida - de peixes regionais. “Percebi também que, sem educação, ninguém vence e fui fazer
supletivo.” Vendeu móveis da casa e até o motor do barco do marido para pagar os estudos e as viagens
pelo País, onde passou a apresentar, em feiras e exposições, as criações do grupo.
Logo Wânia e as amigas conseguiram parceiros, como a instituição ambientalista WWF Brasil, e, em
maio de 2003, inauguraram a Amor Peixe, ONG com sede na Casa do Artesão, no centro de Corumbá
(MS). As 14 integrantes da Amor Peixe já fizeram cursos de design, costura, empreendedorismo e faturam,
cada uma, cerca de 400 reais por mês com a venda de seus produtos para empresas e turistas. Wânia, que
é presidente da ONG, entrou na faculdade de zootecnia, dá palestras e cursos-recentemente capacitou
pescadoras da Bolívia - e planeja ir mais longe: busca patrocínio para adquirir máquinas de costura, além
de um freezer, e, com isso, aumentar a produção e mudar a história de muitas outras mulheres.
Fonte: site da Prêmio Cláudia | http://claudia.abril.com.br/premioclaudia/leiamais_waniaa.shtml
Contatos: Associação de Mulheres Organizadas Reciclando Peixe: (67) 3232-2325
Conempec – Associativismo
25
Associação de Joinville ofe-
Soluções (SC)
rece soluções em gestão, conhecimento
e oportunidades de negócios por meio do
associativismo e cooperativismo; promove
o desenvolvimento sustentável de micro e
pequenas empresas. Entidade de Santa Catarina é
referência nacional
Fotos: Ajorpeme/Divulgação
Celso Trentini,
presidente da
Ajorpeme: 22 anos
sob o lema “Juntos Somos Mais
Fortes”.
26
Conempec – Associativismo
Na segunda metade do século XIX, a
colonização germânica trouxe para Joinville
cerca de 28.000 imigrantes que fugiam da
Europa em busca de novas oportunidades.
Eles trouxeram na bagagem o espírito de luta
e de trabalho e transformaram os contratempos na maior cidade de Santa Catarina. Hoje
com cerca de 450 mil habitantes, Joinville
é responsável por quase um quinto de tudo
que o Estado exporta. É sede de pesos pesados da indústria nacional, como Tigre, Brasmotor (Embraco e Cônsul), Döhler e Busscar,
entre outros. Mas também abriga uma das
melhores organizações empresariais do Brasil – a Associação de Joinville e Região da Pequena, Micro e Média Empresa (Ajorpeme),
apontada como a maior entidade do gênero,
com 2.300 associados, todos empresários
de micro e pequenos empreendimentos.
A quantidade atual de associados da
entidade era algo inimaginável para o grupo
inicial de apenas 34 empresários. Dela participam empresas de micro, pequeno e médio
porte dos setores da indústria, comércio, serviços e base tecnológica e também do agronegócio. Sediada a 180 km da capital Florianópolis, a Associação surgiu com o objetivo
de reunir os empresários do norte e nordeste
de Santa Catarina para defender a livre iniciativa, a propriedade privada, a democracia e
o permanente aprimoramento tecnológico e
profissional de seus associados.. Por isso, virou uma referência de repre-
sentatividade do segmento das empresas de
médio e pequeno porte, não só de Joinville e
região, como também de Santa Catarina e do
Brasil. Qual o segredo para uma entidade se
transformar em um modelo de organização do
segmento? A resposta reside na qualidade
dos serviços prestados, na política de renovação de lideranças, na participação institucional em organizações que catalisam o desenvolvimento socioeconômico e o fortalecimento da própria entidade. Tudo isso transforma a
entidade em um modelo do segmento.
A atuação político-institucional é garantida e orientada pelo próprio estatuto da
Ajorpeme, que define como trabalho de ação
a representação e defesa junto aos poderes
públicos das medidas necessárias e suficientes para o bom desempenho do segmento.
Procura manter representação junto às entidades e órgãos colegiados que estabelecem
a política econômica governamental nos âmbitos municipal, estadual e federal.
Para fidelizar seus associados, a entidade mantém o Portal do associativismo
na Internet pelo endereço eletrônico www.
ajorpeme.com.br. Nele há informações sobre
cursos, eventos, palestras, treinamentos,
notícias e, principalmente, um canal de negócios em que associados e usuários poderão
localizar produtos e serviços de todas as
empresas associadas e fazer seu contato
via e-mail, site, endereço e também solicitar
orçamentos on-line.
Além do portal, os associados contam
também com a Revista Ajorpeme (mensal), o
Informativo Ajorpeme (semanal), news letter
e a Coluna da Ajorpeme, publicada todas
as quintas-feiras no jornal A Notícia. Os associados contam também com atualização
Conempec – Associativismo
27
Ética e responsabilidade social
Soluções (SC)
Ajorpeme criou instituto para conseguir o apoio dos associados
Desde a revisão do Planejamento Estratégico da Ajorpeme, elaborado em 2002, com término em
2010, uma das macro-estratégias foi a “Elaboração de um projeto social”. Nessa época, a idéia era que a
Ajorpeme implementasse um projeto social próprio para que as pequenas e microempresas associadas
pudessem apoiar.
Em 2003 foi criado o Instituto Ajorpeme – Ética e Desenvolvimento Social, com a finalidade de trabalhar junto aos associados a responsabilidade social, seus benefícios e suas obrigações, bem como junto à
comunidade de Joinville e região.
Pela busca de conhecimento, troca de informações e procurando conhecer a realidade social da cidade, os membros do Instituto descobriram que não seria necessário criar projetos sociais próprios, já que
existem inúmeras entidades do terceiro setor atuando na região com excelentes iniciativas, necessitando
de apoio e capacitação.
Dessa forma, deduziu-se que o Instituto Ajorpeme pudesse capacitá-las na gestão de suas competências, para que as empresas, em especial os associados, pudessem apoiar essas entidades. Constatou-se
também que o Instituto deve canalizar a maior parte de seus esforços para a responsabilidade social
empresarial, sendo que os benefícios revertem tanto para os associados, quanto para a comunidade de
Joinville e região.
dos serviços prestados, por meio das ferramentas de comunicação e marketing, reuniões, palestras e seminários regulares sobre
assuntos de interesse das empresas e dos
empresários. Assim, eles são informados,
por exemplo, de que toda quinta-feira na entidade acontece a Quinta de Negócios, que
promove interação e debate de novas idéias
entre associados
ESTRUTURA INCLUI
UNIVERSIDADE
A Ajorpeme oferece aos associados
um vasto calendário de atividades voltadas
à difusão do conhecimento. Ministra cursos,
palestras, reuniões e debates. Tem sede própria, que é palco de cursos, palestras, reuniões e debates. Conta com auditório, salas
de treinamento, de reunião e de atendimento
aos associados.
28
Conempec – Associativismo
No entanto cada vez mais se faz necessária a ampliação da sede atual ou até mesmo
a construção de uma nova. Para cobrir essa
defasagem, a entidade alugou em 2005, um
prédio vizinho de três pavimentos para sua
área de treinamento, que tem agenda sempre
completa.
Sua estrutura interna divide-se em administrativa e financeira, unidades avançadas,
assessoria de comunicação, área comercial
e área de negócios – e ainda a Universidade
Corporativa Ajorpeme (Uniajo). A entidade
oferece ainda três postos avançados localizados nas regiões leste e sul de Joinville e
em Pirabeiraba, onde são realizados eventos,
treinamentos e palestras de acordo com a
necessidade dos empresários locais.
A Associação possui convênios e
parcerias na área da educação que visa ao
desenvolvimento e à capacitação da classe
empresarial e de seus funcionários, nas áreas
do ensino fundamental ao universitário, pósgraduação e especialização.
A Uniajo, há três anos, oferece educação continuada e treinamento profissional,
com certificação ISO 9001, um atestado de
qualidade reconhecido internacionalmente.
É resultado de convênio entre a entidade e a
Universidade da Região de Joinville (Univille).
PROJEÇÃO NACIONAL
E INTERNACIONAL
O presidente da Ajorpeme, Celso
Trentini, destaca que a meta para 2010 é a
expansão dentro do País e no exterior. “Que
a entidade seja reconhecida nacionalmente,
como a mais atuante e empreendedora associação de micro, pequenas e médias empresas, promovendo o desenvolvimento sustentável. E que as empresas estejam atentas ao
mercado externo, não somente pela venda de
seus produtos, mas também pela busca do
conhecimento”, acrescenta.
Essa expansão pretendida tem tudo
a ver com o objetivo principal da entidade
– oferecer às empresas de pequeno porte,
soluções em gestão, conhecimento e oportunidades de negócios por meio do associativismo, cooperativismo e da representatividade,
promovendo desenvolvimento sustentável.
SOLIDARIEDADE
A entidade promove e incentiva a solidariedade entre empresários e demais instituições congêneres que venham ao encontro
dos seus objetivos, na promoção do desenvolvimento do Brasil, na defesa intransigente
da livre iniciativa, da democracia e da propriedade privada. Incentiva e promove também
continuamente o desenvolvimento de seus
associados, por meio do aperfeiçoamento
técnico, profissional e gerencial, visando à
segurança, racionalização, qualidade, produtividade e ao justo lucro.
Para desenvolver essa missão, a Ajoperme participa do Conselho Empresarial
de Joinville. Também abre regularmente a
entidade para visitação possibilitando assim,
a transferência de informação e experiências
que possam garantir práticas de sucesso,
principalmente para novas instituições.
Promove visitas de seus diretores e líderes atendendo convite de outras entidades
do gênero, para informar e orientar sobre as
práticas adotadas pela Ajorpeme. São oferecidas assessorias gratuitas, nas áreas comercial, design, engenharia civil, gestão, jurídica,
marketing e meio ambiente. Oferece, ainda,
convênios em serviços de saúde, educação,
capacitação profissional, com descontos
para o associado. Promove missões empresariais estaduais, nacionais e internacionais,
possibilitando a participação em eventos
de todos os segmentos e setores, tanto de
abrangência nacional como internacional.
A Ajorpeme participa regularmente de
eventos estaduais e nacionais, visita entidades empresariais do estado, do País e até
mesmo internacionais, para busca constante
do aperfeiçoamento. Outra atividade é a
realização de seminários semanais gratuitos
e também palestras quinzenais com autoridades em assuntos de interesse do segmento,
com especialistas em motivação, marketing,
empreendedorismo, associativismo e economia, entre outros. Conempec – Associativismo
29
Maternidade Empresarial
Soluções (SC)
Programa orienta interessados em abrir novos negócios
A origem de suas receitas é mensalidade dos associados, cursos, treinamentos, palestras, seminários, participação em eventos.
Importante destacar que todos os produtos
citados são oferecidos a preços bem abaixo
do mercado para todos os associados. Nãoassociados também podem participar, porém
terão um preço adequado à própria oferta do
mercado.
Quinta de Negócios, evento
promovido
quinzenalmente
pela Ajorpeme
objetiva promover
negócios entre os
associados
da entidade.
PARCERIAS
O programa Maternidade Empresarial Ajorpeme funciona como uma boa mãe. Tem como foco principal o atendimento as pessoas que pretendem se estabelecer como empresários de micro ou pequenas
empresas, mas estão inseguras quanto ao projeto e, antes de tomar a decisão, necessitam munir-se de um
conjunto de informações econômico-financeiras.
O programa atende também a empresários cujas empresas já estão em funcionamento. Porém, por
vários motivos, eles têm dificuldades na condução dos negócios e buscam no programa um caminho que
proporcione mais conhecimento e segurança.
O objetivo do programa é oferece um atendimento personalizado que proporcione a oportunidade de
aprender os trâmites legais, administrativos, econômicos, financeiros e mercadológicos que envolvem a
operacionalização de um empreendimento. Isso permite, de forma planejada, visualizar o resultado futuro
de seu investimento.
COLIGAÇÕES
Em outra linha de sua atuação, a Associação defende, ampara, orienta e coliga as
pequenas, médias e microempresas e autônomos que se dedicam a qualquer atividade
econômica devidamente legalizada perante
os órgãos competentes, participando junto
aos poderes públicos no estabelecimento
de critérios que definam as suas obrigações
e direitos junto às comunidades nacional e
internacional.
30
administrativa e política institucional independente. O estatuto da entidade restringe
sua utilização para fins político-partidários e
eleitorais.
Conempec – Associativismo
A entidade está também empenhada na
defesa dos interesses das micro, pequenas
e médias empresas em todas as instâncias
constitucionais na esfera judicial e extrajudicial, podendo, para tanto, ajuizar demandas
em nome de seus associados.
Por todo o leque de serviços prestados
aos associados, a entidade se sustenta com
receitas próprias, sem a dependência de recursos oficiais, o que lhe garante autonomia
A Associação é filiada à Federação
das Associações de Micro e Pequenas
Empresas de Santa Catarina (Fampesc) e
tem representantes em diversos conselhos
municipais e comunitários. Também participa
da discussão de temas regionais, estaduais e
federais com reflexos em questões das micro
e pequenas empresas, por meio de líderes
inseridos em vários conselhos de interesse
do segmento.
A Ajorpeme apóia as ações desenvolvidas pela Fampesc e pela Confederação
Nacional das Entidades de Micro e Pequenas
Empresas do Comércio e Serviços (Conempec), além de constituir representantes na
composição diretiva dessas entidades.
Tem como parcerias organizacionais, o
Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a própria Fampesc,
instituições educacionais como a Universidade da Joinville (Univille), a Faculdade
Cenecista de Joinville (FCJ), e financeiras,
como Caixa Econômica Federal (CEF), Ban-
Na lista das maiores
receitas
Joinville aparece entre os 15 maiores
arrecadadores de tributos
Joinville é o município mais populoso e
industrializado de Santa Catarina, Estado que
detém o segundo maior Produto Interno Bruto
(PIB) industrial per capita do País e ocupa o
quinto lugar no ranking das exportações nacionais, com uma fatia de 5,52% do total brasileiro,
em 1996.
O parque fabril do município, com mais de
1.500 indústrias, emprega 58 mil funcionários
e cresce em média 5,67% ao ano. Responsável
por cerca de 20% das exportações catarinenses, terceiro pólo industrial da região Sul, com
volume de receitas geradas aos cofres públicos
inferior apenas às capitais Porto Alegre (RS)
e Curitiba (PR), Joinville figura entre os quinze
maiores arrecadadores de tributos e taxas municipais, estaduais e federais.
A cidade concentra grande parte da atividade econômica na indústria – que gera um
faturamento industrial de US$ 14,8 bilhões por
ano – com destaque para os setores metalmecânico, têxtil, plástico, metalúrgico, químico
e farmacêutico. O PIB per capita de Joinville
também é um dos maiores do País, em torno de
US$ 8.456/ano.
co do Brasil (BB), a Casa do Empreendedor,
a Cooperativa de Crédito (Sicred), a Agência
de Fomento do Estado de Santa Catarina
(Badesc) e Banco Cooperativo do Brasil
(Bancoob).
Conempec – Associativismo
31
Soluções (SC)
Atenção para o Comércio Exterior
Ajorpeme conta com Núcleo de Internacionalização
As micro e pequenas empresas de Joinville contam com o Núcleo de Internacionalização da Ajorpeme
para abrir espaços no mercado internacional. Neste ano, a entidade promove, de 14 de outubro a 4 de
novembro a Missão Empresarial Internacional para proporcionar a participação nas Feiras Sial 2006, maior
do ramo alimentício, que acontecerá em Paris, França, e Feira The Big 5 Exibition, maior do Oriente Médio
no ramo de construção civil, que acontecerá em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Outros objetivos da
missão são o contato com culturas estrangeiras,
promoção de negócios, a visita a consulados, câmaras de comércio, nos países já citados e também na Suíça, Itália (ou Reino Unido) e Alemanha.
O investimento para participar deste evento
é de R$ 12.000,00. Este valor inclui passagens
aéreas, hospedagem em hotéis quatro estrelas,
cafés da manhã, direito a estandes nas duas
feiras e deslocamentos terrestres. A quantia pode
ser parcelada em 12 ou seis vezes por meio do
programa Proger para Exportação do Banco do
Brasil, com seis meses de carência.
Ajorpeme promoveu o 2° Seminário de
Comércio Exterior organizado pelo Núcleo
de Internacionalização da Associação
Ampliação e estrutura
A entidade cresceu com o lema “Juntos Somos Mais Fortes”
Já se passaram 22 anos de história repleta
de grandes momentos e realizações. No início,
não faltaram dificuldades a ponto de, em determinados momentos, quase faltarem forças para
resistir. Mas sempre foi encontrada uma saída
para todos os obstáculos, pois não faltaram líderes comprometidos que se doaram e perseguiram
com garra o objetivo maior da entidade a favor do
segmento, para consagrar o lema que ostenta
até hoje em sua bandeira – “Juntos somos mais
fortes”.
Uma fase importante na história da Ajoperme
ocorreu em 1996, quando foi feita a aquisição
do terreno que continha um grande galpão prémoldado para que se estabelecesse ali a sede
própria da entidade. Em 1998 e 1999, todos os
esforços se concentraram em transformar o galpão em um ambiente adequado para atender às
necessidades da entidade e de seus associados.
Investiu-se, de forma organizada e coordenada,
numa infra-estrutura que atendesse e orgulhasse
seus associados, pelo padrão de acabamento,
praticidade e conforto. ASSEMBLÉIA DOS ASSOCIADOS
As assembléias gerais são formadas pelos
sócios de todas as categorias, com exceção
dos sócios beneméritos e sócios convidados,
desde que estejam em pleno gozo de seus
direitos, sendo soberana em suas resoluções.
O Conselho Superior, o Conselho Deliberativo,
o Conselho Fiscal e a Diretoria Executiva, são
órgãos autônomos, sobrepondo-se a cada um a
assembléia geral, cabendo-lhes administrar os
fins e o patrimônio da Associação.
O Conselho Superior é composto pelos expresidentes da Diretoria Executiva da Associação
que são convidados a participar do Conselho,
podendo aceitar ou não o convite. Tais membros
deverão estar em pleno gozo de todos os seus
direitos e deveres estatutários.
O Conselho Deliberativo é composto de seis
membros efetivos e seis membros suplentes,
formado por associados da entidade, eleitos por
votação secreta e com mandato de três anos.
Entre suas funções, está a de planejar e dirigir as
atividades da Associação para a consecução de
seus objetivos e deliberar sobre seu posicionamento quanto às questões relacionadas, traçando normas e controlando resultados
A Diretoria Executiva é constituída de um
presidente, sete vice-presidentes e dez diretorias
(Administrativa, Comercial, Marketing, Financeira, Negócios, Núcleos, Patrimônio, Social, Treinamento e Unidades Avançadas). Entre suas atribuições, está a de cumprir e fazer cumprir as normas
prescritas no Estatuto, Regulamento Interno e o
Regimento Interno, bem como, as deliberações
do Conselho Fiscal, Conselho Deliberativo, Conselho Superior e Assembléia Geral.
PROCESSO SUCESSÓRIO
Os membros da Diretoria Executiva são todos
representantes de micro, pequenas e médias empresas ou autônomos, conforme dispõe o artigo
12, e serão eleitos por votação secreta para um
mandato de um ano, podendo ser reeleitos por
mais um período consecutivo. Até hoje não houve
reeleição atendendo à proposta de oferecer a
todos o exercício da liderança.
Os cargos eletivos para composição da Diretoria Executiva da entidade são voluntários e não
são remunerados e nem a Associação distribui
aos titulares desses cargos quaisquer benefícios
ou lucros auferidos de suas atividades. O processo sucessório tem permitido a identificação
e geração constante de novas e lideranças para a
entidade e por conseguinte, para a comunidade,
estado e País.
O quadro social da Ajorpeme é composto de
sócios fundador, ativo, benemérito e convidado.
NÚCLEOS SETORIAIS
Os núcleos setoriais são grupos de trabalho
formados por empresários de um mesmo setor
ou que desenvolvam atividades semelhantes,
que têm problemas e necessidades comuns e
que buscam soluções em conjunto. A entidade
oferece núcleos de Advogados, Ajorpeme Jovem,
Automecânicas, Cimentício, Conselho dos Núcleos, Consultores, Contábil, Educação infantil,
Engenharia Civil, Indústria de alimentos, Informática, Internacionalização, Mercados, Mulheres
Empreendedoras, Odontologia, Restaurantes,
Revendedores de Veículos, Segurança, Transformação e Reciclagem de Plástico e Vidraçarias.
Mais informações: www.ajorpeme.com.br |
32
Conempec – Associativismo
Telefone: (48) 2101-4120
Conempec – Associativismo
33
Farmácias (CE)
Unir para competir
União de micro e pequenas farmácias de Fortaleza na Rede Farmanossa é remédio para enfrentar a concorrência desleal
de grandes grupos econômicos. É o associativismo de quase 450 proprietários de farmácias de Fortaleza que se mobilizaram para ter
uma marca forte, capacitação e novas formas
de comercialização com cartões de crédito e
convênios próprios.
A Rede Farmanossa, de Fortaleza, surgiu
como uma estratégia de sobrevivência contra
a concorrência predatória dos grandes grupos
econômicos. Nasceu em 1997 por iniciativa
de um grupo de micro e pequenas empresas
farmacêuticas independentes que procuravam reagir à concorrência agressiva. Mas só
Maurício Possidônio, presidente da Farmanossa: a Rede foi um verdadeiro caso de
sucesso
34
Conempec – Associativismo
foi possível viabilizar a proposta mediante uma
mudança da cultura empresarial. A entidade
procurou transformar posições individualistas
em associativistas, com a predominância das
propostas em favor do segmento.
uma marca forte; acesso à mídia em geral; capacitação dos seus proprietários e colaboradores; possuíssem novas formas de comercialização, com cartões próprios de fidelidade e
convênios com cartões de crédito tradicional.
Tudo começou com cerca de 50 farmacistas, que fadados ao fechamento dos
seus estabelecimentos, reagiram a práticas
desleais exercidas por grandes grupos, como
preços abaixo do custo, uma forma danosa e
ilegal de provocar a falência dos concorrentes
de menor porte. Era preciso que as farmácias
independentes se unissem e passassem a ter:
“Esse é um verdadeiro caso de sobrevivência e inclusão dos pequenos comerciantes em um mercado que parecia saturado na
época”, lembra o presidente da Rede Farmanossa, Maurício Possidônio dos Santos.
A crise do segmento de pequenas farmácias era um fato. Os grandes grupos sofis-
Farmácias apostam na venda de genéricos
Farmanossa é também apresentada como Rede dos Genéricos, com entrega em domicílio
A Rede Farmanossa aparece em alguns estabelecimentos associados
como a Rede dos Genéricos, inclusive com serviço de entrega em domicílio.
Para o presidente da Rede Farmanossa, Maurício Possidônio dos Santos,
toda a cadeia é beneficiada com a venda de medicamentos genéricos e similares: indústrias, distribuidores, comerciantes e consumidores.
Os genéricos são medicamentos que não possuem uma marca comercial e são vendidos por meio do nome de sua substância ativa, ou seja, a substância do remédio que efetivamente cura. Sua eficácia é comprovada por meio
de testes que buscam demonstrar que o medicamento genérico, em análise,
pode substituir de forma segura e eficaz o medicamento de referência.
Estima-se que cerca de 600 novos medicamentos genéricos vão entrar no mercado até ao final do ano, a um ritmo de 50 por mês, e o preço destes fármacos deverá descer brevemente, segundo prevê o Instituto Nacional
da Farmácia e do Medicamento (Infarmed).
As vendas de medicamentos genéricos e similares representam
aproximadamente entre 10% e 30%, respectivamente, do mercado global
de remédios no Brasil, movimentando, em conjunto, mais de R$ 1,8 bilhão
por ano. Essas estimativas são da Associação Brasileira dos Distribuidores
de Laboratórios Nacionais (Abradilan), entidade que reúne cerca de 70 empresas, responsáveis por mais de 70% da distribuição de medicamentos do
gênero no País.
Conempec – Associativismo
35
Assistência aos carentes
Farmácias (CE)
Meta da Rede é dar assistência farmacêutica a diabéticos e hipertensos
Outra meta da Rede Farmanossa é a implantação de um serviço de coordenação na sede para
aperfeiçoamento e controle das ações de assistência farmacêutica voltadas às comunidades carentes em
relação a problemas de saúde de diabéticos e portadores de hipertensão. Esse procedimento vem sendo
realizado nas áreas de influência das farmácias associadas.
Há um planejamento para expansão desse tipo de assistência farmacêutica, firmando-se compromisso efetivo com os postos de saúde dos bairros, para a doação de medicamentos necessários ao tratamento
de diabetes e hipertensão arterial de carentes, devidamente cadastrados pelo serviço público de saúde.
Independentemente dessa participação e responsabilidade efetiva com o social, a Rede Farmanossa, em conjunto com distribuidores e laboratórios, realizam, regularmente, eventos que proporcionam
esclarecimentos sobre cuidados com a saúde e condições para se ter uma boa qualidade de vida, quando
são instrutores os próprios farmacêuticos .
ticavam seus estabelecimentos e ofereciam
condições consideradas imbatíveis aos consumidores, deixando em dificuldades todos
os que estavam no mercado, de pequeno e
médio porte.
“Os empresários perceberam que a força capaz de mudar o quadro viria da união de
todos, em função de uma proposta comum,
que seria a criação de uma marca competitiva
que apontasse os rumos para uma melhor participação do segmento”, conta o presidente.
Inicialmente, quando da constituição da
rede, foi utilizado o modelo de contribuições
financeiras mensais dos associados. Mas a experiência fracassou devido à inadimplência e
ao nível de dificuldades que vieram a comprometer o setor, levando-o a uma crise sem precedentes. Sobretudo, pelos elevados descontos
fornecidos pelos grandes grupos ao consumidor (30% a 50%), com a finalidade de desestabilizar o segmento farmacêutico, excluindo do
mercado as micro e pequenas empresas.
Foi quando, juntos, pensaram: retirar da
36
Conempec – Associativismo
própria transação comercial (compra de itens
farmacêuticos para todos), um percentual,
chamado “Bônus”, que passou a alimentar o
sistema que já apresentava sinais concretos
de benefícios para os afiliados.
rência exercida por grandes grupos corporativos jamais poderá oferecer”, observa.
Para ingressar na Rede Farmanossa,
as farmácias são avaliadas quanto às instalações e cadastro. De acordo com Maurício
Santos, o responsável legal pela empresa
deve ser acessível à idéia “unir para competir, unir para crescer”, e que tenha idoneidade ética e compromisso com as ações do
grupo. Atualmente, o faturamento médio
mensal de cada farmácia é estimado em cerca de R$ 30 mil.
Do associado da Rede Farmanossa,
algumas condutas são exigidas, como destaca o presidente da entidade: “Fidelidade
nas compras, união dos membros para
crescer em conjunto, compromisso com o
modelo associativista de gestão empresarial, ética, ser coerente entre o que se fala e
o que se pratica, dentre outras concepções
necessárias”.
O remédio é expandir
Rede está em franca expansão
No início de suas atividades, a Rede
Farmanossa possuía cinqüenta pontos
de vendas. Atualmente, são 482 postos,
dos quais 440 são de proprietários associados. O alcance geográfico da Rede
compreende 136 municípios, dos 184 que
compõem o Estado do Ceará. No Piauí,
além da capital Teresina, sete municípios
são beneficiados pela cooperativa.
A diretoria da Rede conta com a
interiorização como forma de expandir os
negócios. A perspectiva é de aumento de
100% no número de associados no Piauí
até 2010. Espera-se também a expansão
em 30% do número de estabelecimentos
farmacêuticos existentes no Nordeste até
2015.
DA CRISE AO CARTÃO
Passados sete anos, atualmente a Rede
Farmanossa enfrenta a crise e conta atualmente com 482 postos de venda, dos quais
440 são de empresários associados. Oferece
cartão de crédito, inclusive a grupos econômicos com dificuldades financeiras para adquirir
medicamentos. Esse instrumento é oferecido a
cliente com renda mínima mensal a partir de R$
200,00 e que não tenha restrições cadastrais.
O limite é feito de acordo com a renda
e não há pagamento de anuidade. O presidente da Rede garante que as farmácias conveniadas oferecem aos clientes qualidade e
atendimento personalizado, uma vez que o
proprietário da maioria das associadas atende pessoalmente. “O contato direto com o
consumidor é um diferencial que a concor-
JUSTIÇA, IMPOSTOS
E CONDUTAS
Um das vitórias da Rede Farmanossa
em defesa da categoria foi obtida por força
de uma liminar. A Justiça limitou os descontos
dos medicamentos em até 15%. As grandes
empresas beneficiavam o cliente, no primeiro
momento, para depois estabelecer aumentos
extorsivos, com o domínio do mercado.
“Essa decisão é resultado da luta da
Rede Farmanossa e do Sindicato do Comércio Farmacêutico do Ceará (Sincofarma-CE)
contra a estratégia usada por grandes grupos corporativos para dominar o mercado dizimando as farmácias independentes”, afirma
o presidente da Rede.
Outra importante conquista para o segmento foi a redução do ICMS (Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços), do
Governo do Ceará em: 20% para os medicamentos de referência; 45% para os genéricos, e 68% para os similares.
PARCEIROS
Um importante parceiro da Rede é o
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A Rede também
é apoiada pela Secretaria de Fazenda do
Ceará e pelo Banco do Brasil. Entre algumas
indústrias parceiras, estão o Laboratório Neo
Química, Teuto, EMS Genéricos, Eurofarma,
Pfizer, Altana Farma. Os principais distribuidores são destaques: Athos Farma, Pana-
Conempec – Associativismo
37
Farmácias (CE)
rello, Audifar, Riosfarma, Nordeste, Plusfarma, Nova, Sodime, Roberto Fortes, Total, Cariri Medicamentos, Ibiapina e Jotujé. O quadro de empregados diretos no escritório da Rede Farmanossa é de 15 funcionários.
São terceirizados apenas os serviços de advocacia e contabilidade. A matriz da Rede fica em Fortaleza, com sede na Rua Cruz Saldanha, nª 485,
bairro Parquelândia. Há ainda três associações
coligadas que funcionam no interior do Ceará:
Aprovac – Juazeiro do Norte(CE); Aprofanorte
– Sobral(CE), e Aprofarc – Crateús(CE). E uma
Multifarma (Parnaíba(PI)).
Para o presidente da Rede, o caminho
para a sobrevivência dos pequenos empreendimentos está no associativismo como modelo de gestão empresarial. “Já é visível a consolidação da Rede Farmanossa, que hoje é apontada como um ‘caso de sucesso’, viabilizando
o segmento das farmácias independentes”.
Uma das prioridades dos associados é
investir na fidelização dos afiliados à Rede no
que concerne à concentração de compras
da Central de Negócios e compartilhar das
ações e decisões do sistema, com sentimento de parceria e não de concorrência.
Mídia sustenta a Rede
Os recursos financeiros que proporcionam a
sustentabilidade da Rede Farmanossa não só para
a manutenção do sistema, mas para o custeio de
todas as ações de capacitação, como feiras, atividades de lazer e de cultura, entre outras, são originários
dos serviços de mídias dos laboratórios parceiros e
dos distribuidores, tanto nacionais quanto locais.
As fontes de renda são provenientes da indústria farmacêutica de similares e de genéricos, sujeitos à
variação do volume de compras realizadas pelo chamado Balcão de Negócios (bônus que variam entre 7% e
10%) e bônus dos distribuidores, que variam de acordo com o montante de compras entre 0,75% a 2%.
A Rede Farmanossa é filiada à Federação Bra-
sileira das Redes Associativistas de Farmácias (Febrafar), que tem por finalidade promover a integração
das redes associadas em todo o território nacional,
visando ao desenvolvimento socioeconômico e à representatividade política de suas afiliadas.
A Febrafar funciona como uma instância superior, como base para o desenvolvimento sustentável do sistema associativo farmacêutico. Promove
a interação entre as diversas redes associativas do
País com as indústrias farmacêuticas, propiciando
um ambiente favorável à discussão e resolução de
dificuldades comuns ao mercado. Repassa as experiências de sucesso, orienta e identifica alternativas comerciais positivas.
* Investimentos em tecnologia de informática e layout de lojas;
* Implantação do sistema de convênio;
* Limitação dos descontos ao consumidor
que tinham a função de retirar os
micro e pequenos empresários do mercado.
Beneficiavam o cliente no primeiro momento, para
depois estabelecer aumentos extorsivos. Hoje, por
meio de liminar judicial obtida, os descontos só
podem atingir o limite máximo de 15%;
* Redução do ICMS (Governo do Ceará)
para: 20% para os medicamentos de referência;
45% para os genéricos, e 68% para os similares;
• Lançamento do cartão de crédito Farma-
nossa/Febrafar/Farmaplus;
* Aumento da representatividade: inclusão
do Estado do Piauí que já conta com 62 farmácias; Ceará (de 310 pontos de vendas para 420,
durante o período de 1 ano);
* Parcerias com as indústrias farmacêuticas: Neo Química e distribuidores semi-exclusivos, Teuto/Universal, EMS, Eurofarma, Altana,
Pfizer e outros;
* Fortalecimento das parcerias com os distribuidores de produtos de referência (Panarello,
Audifar e Atosfarma);
* Modernização das farmácias (novos layouts)
por meio de parceria com a Distribuidora Jotujé.
O funcionamento da rede farmanossa
O quadro total de empregados no escritório da Rede Farmanossa atinge, hoje, o número
de 15 (quinze), todos, devidamente registrados, e
de acordo com as obrigações trabalhistas vigentes. São terceirizados os serviços de advocacia e contabilidade.
O Presidente da Associação Cearense de
Farmácias e Drogarias Independentes (Acefi) é
eleito em assembléia por seus associados. Ele é
também sócio-gerente e administrador da Rede
Farmanossa Comércio, Representações e Serviços Ltda., com direito à retirada de pro labore.
As despesas com pessoal, incluindo, o valor referente à retirada do pro labore, por parte do
presidente, somam hoje, um total de R$ 50 mil.
Como ordenadores de todas as despesas, estão o presidente e o diretor-financeiro. Em
conjunto, eles assinam e respondem por todos
os pagamentos realizados.
Há uma Central-Matriz, situada na cidade
de Fortaleza, e três associações no interior do
Estado do Ceará, que funcionam como capilaridades da Rede Farmanossa, reproduzindo todas
as ações, emanadas da Central.
O alcance geográfico da Rede Farmanossa, compreende, hoje, 136 municípios, dos 184
que compõem o Estado do Ceará.
Já no Estado do Piauí, a Rede Farmanossa encontra-se em franco desenvolvimento, já
atingindo a capital, (Teresina) e 7 municípios;
Ações implementadas
As principais ações implementadas pela
Rede Farmanossa em nove anos de atividades foram as seguintes:
* Foi realizada transição da associação
sem fins lucrativos, gerida por uma diretoria sem
remuneração, para uma administração feita por
meio de uma empresa. (Farmanossa Comércio
38
Conempec – Associativismo
Representações e Serviços Ltda.);
* Projeto de expansão - Ceará e Piauí;
* Criação de unidades regionais:
Aprovac – Juazeiro do Norte (CE);
Aprofanorte – Sobral (CE);
Aprofarc – Crateús (CE);
Multifarma – Parnaíba (PI);
Da visão de futuro
Conheça as principais propostas da Rede
Farmanossa para o desenvolvimento das micro e
pequenas empresas:
* Legislação específica para o Associativismo
Empresarial;
* Consolidação da Rede Farmanossa como
organização profissional competente para o enfrentamento dos obstáculos ao crescimento, defesa e
manutenção do segmento das micro e pequenas farmácias independentes localizadas em todo o País;
Conempec – Associativismo
39
mento de farmácias;
* Ampliação da Rede Farmanossa em 100%,
para 2010;
* Formação de equipe técnica de consultores
especializados, nas mais diversas áreas de atuação,
com o objetivo de prestar assessoramento a sua
clientela alvo – os farmacistas;
* Aperfeiçoamento do sistema de rede informatizado, com a criação de softwares específicos,
de modo a atender a todos os tipos de informações
solicitadas pelo público-alvo, entidades, parceiros,
fornecedores, etc.
* Frota própria de veículos;
* Sede própria, com auditório para 200 associados;
* Interiorização da Rede Farmanossa nos municípios restantes do Estado do Ceará; e um aumento
de 100% no número de associados no Estado do
Piauí, para 2010;
* Expansão da Rede Farmanossa em 30% dos
estabelecimentos farmacêuticos existentes no Nordeste, para 2015.
Usina Catende (PE)
Farmácias (CE)
* Aprovação da Lei Geral das Micro e Pequenas
Empresas, que vislumbra o Consórcio Simples. Isso
evitaria a bitributação nas compras da Central para
as farmácias afiliadas. Para os optantes do Simples,
é fundamental, a eliminação da bitributação do PIS
e da Cofins.
* Colocação da logomarca "Rede Farmanossa"
em todas as farmácias e em número expressivo de
produtos por ela adquiridos e comercializados;
* Estabelecimento de critérios mais seletivos,
com relação à conduta dos seus associados no
cumprimento das negociações intermediadas pela
Central de Negócios, inclusive com a determinação
de quotas mínimas de compras, o que viabilizará um
maior poder de barganha (ganho de escala), por parte da Rede Farmanossa, bem como um orçamento
maior para a realização de metas da entidade;
* Planejamento estratégico com foco no atendimento de excelência; otimização dos serviços dos
profissionais de nível superior de farmácia, assim
como capacitação de todos os que fazem o seg-
Da falência à autogestão
Em Pernambuco, cerca de 4.000
Conclusão
Lições que podem ser aprendidas com a experiência da Rede Farmanossa
A facilidade de identificação do caminho viável
para a sobrevivência dos pequenos empreendimentos – O ASSOCIATIVISMO COMO MODELO DE
GESTÃO EMPRESARIAL – não está na mesma
proporção das dificuldades encontradas quando da
implementação da rede, sobretudo, no que concerne
à fidelização dos afiliados ao sistema.
A proposta requer, acima de tudo, UNIÃO
de seus membros que, por vezes, mesmo sendo
participantes do grupo, resistem à idéia de prestigiar
ações coletivas negociadas pela central, causando
enfraquecimento, e descrédito junto ao mercado.
No entanto, já é visível a consolidação da
Rede Farmanossa, que com todas as suas limitações temporárias, hoje, é apontada como um
“CASO DE SUCESSO”, viabilizando o segmento
das farmácias independentes, antes ameaçado por grupos dominantes.
Investir na fidelização dos afiliados à Rede
Farmanossa, sobretudo no que diz respeito à concentração de compras da Central de Negócios;
compartilhar de forma concreta e responsável
das ações e decisões do sistema, com sentimento
de parceria e não de concorrência entre seus membros, sem dúvida alguma, são as palavras-chave de
uma administração de sucesso.
Mais informações: www.febrafar.com.br
40
Conempec – Associativismo
famílias de trabalhadores rurais e operários
são responsáveis por um modelo de sucesso
empresarial e de inclusão social em uma atividade econômica tradicionalmente marcada
pela exploração da mão-de-obra no campo: a
cana-de-açúcar. Os agricultores e operários
viraram patrões de uma usina condenada à
falência e reverteram o caminho da crise econômica na região.
Há 11 anos esses pernambucanos
desenvolvem um dos principais projetos de
autogestão do País na Usina Catende, no
município de mesmo nome, na Zona da Mata.
Transferida aos trabalhadores rurais e
operários, a Usina Catende é um modelo de
autogestão no Brasil
Conempec – Associativismo
41
Usina Catende (PE)
Depois de passar para as mãos dos trabalhadores, a experiência ficou conhecida como
“Projeto Catende Harmonia”. A denominação identifica que hoje o empreendimento
tem pouco a ver com a empresa existente até
1995, antes de ser decretada sua falência e
dando início ao processo de transformação
econômica e social da região.
Para contar essa história de sucesso,
é preciso dizer que, além de um projeto
autogestionário consolidado, esses empreendedores também estão contribuindo para
construir um modelo diferenciado de empresa açucareira, no qual a cana-de-açúcar convive com a diversificação agrícola. É um forte
exemplo de que é possível superar o modelo
predominante: de monocultura, de baixa
sustentabilidade ambiental e manutenção da
miséria no campo.
TRANSPARÊNCIA E EMPREGOS
O “Projeto Catende Harmonia” mostrou que, se exercida de maneira familiar e
cooperativa, a agricultura familiar permite a
fixação do homem no campo. E se a gestão
for democrática, transparente e participativa,
o espaço para a cidadania fica maior ainda.
Novos horizontes
se abriram na
região graças ao
cooperativismo
dos trabalhadores
Entretanto, as conquistas já contabilizadas por esses trabalhadores vão mais além.
A administração da massa falida nesses 11
anos manteve a empresa operando em nove
safras, preservando em torno de 1.300 empregos diretos e gerando, em média, 1.400
empregos temporários, com salários em dia
quase durante todo o período.
Embora a empresa ainda continue deficitária, a renda gerada nesse tempo manteve
a economia regional aquecida, especialmente os investimentos agrícolas e industriais.
Ao lado disso, milhares de ex-assalariados
rurais, demitidos e credores da falência, foram convertidos em agricultores familiares no
maior núcleo integrado de agricultura familiar
do Estado e o único dessa dimensão na Zona
da Mata. Esses agricultores passaram a criar
gado bovino, caprino, ovino e peixe. Plantaram lavoura de subsistência, café e cana,
entre outras culturas.
Entre os avanços também está a ampliação do plantio de cana-de-açúcar própria
para o processamento na usina, bem como a
implantação de um programa inédito de agricultura familiar na exploração dessa cultura,
o “Cana de Morador”, que mobiliza mais de
2.200 pequenos plantadores familiares. O
parque industrial vem sendo recuperado e
melhorado com uma nova e moderna caldeira
construída em 2002, com recursos próprios.
Também foi construída uma fábrica de ração
e recuperada parte da frota de veículos, dentre outras providências ligadas à melhoria da
produção e produtividade industriais.
A unidade dos trabalhadores fez a
diferença para a superação das agudas dificuldades sociais, econômicas, financeiras
e de infra-estrutura produtiva. A união de
forças evitou o fechamento de uma das mais
tradicionais usinas do Nordeste e do País e,
pouco a pouco, possibilitou a recuperação
de uma empresa operando com as limitações
de um regime judicial de falência.
42
Conempec – Associativismo
Hoje, a Usina Catende é um complexo
agroindustrial que produz açúcar cristal, melaço, torta, ração e adubo à base de bagaço
de cana e melaço e com potencial para fabricar álcool.
NOS ANOS 1950, UMA
USINA PIONEIRA
A Usina Catende, a 120 quilômetros de
Recife, foi instalada no fim do século XIX em
Catende, interior de Pernambuco. Por volta
de 1920, foi adquirida por Antônio Ferreira da
Costa Azevedo, o “Tenente da Catende”, que
introduziu novos modelos gerenciais, mas
não atentou para a importância das relações
sociais no empreendimento.
Nos anos 1940 e 1950, a usina atingiu
o auge na produção sucro-alcooleira pernambucana e nacional. Foi campeã em toneladas
de açúcar exportado, foi a primeira brasileira
a produzir álcool anidro (usado para mistura à
gasolina) e também pioneira na instalação de
um laboratório químico no País. Teve ainda a
primeira “planta integrada” vertical, que assegurava o suporte a cada etapa do processo
de fabricação de açúcar, mas também de seu
escoamento, carregamento, armazenamento e
exportação.
Isso era possível porque a empresa
tinha uma rede ferroviária com mais de 150
quilômetros de extensão. A Catende foi a
maior usina de açúcar da América do Sul,
com inovador projeto de irrigação, desenvolvido com barragens e canais, e com uma
hidroelétrica capaz de fornecer energia para
toda a Zona da Mata Sul de Pernambuco.
DESTRUIÇÃO E DECADÊNCIA
A partir da gestão de seus descenden-
tes – segunda metade dos anos 1950 e fim
dos anos 60 – já eram evidentes os sinais de
falência da usina. Em pleno regime militar, as
famílias que assumiram a empresa na década
de 70 eram vinculadas ao poder e usufruíram
das benesses do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), obtendo generosos empréstimos
com dinheiro público.
Os novos proprietários destruíram a
infra-estrutura produtiva: venderam os trilhos
da linha férrea, destruíram as barragens,
os canais de irrigação foram aterrados e
substituídos por estradas para tráfego de
caminhões adquiridos por meio do Pró-Álcool. Mas, como naquela época os juros já
estavam altos, remunerando melhor as aplicações financeiras do que os investimentos
produtivos, a indústria sucro-alcooleira se
tornou uma atividade pouco lucrativa. A insolvência estava implantada.
Uma das conseqüências desse quadro
macroeconômico foi a desativação do IAA, o
que acelerou a insolvência da atividade, agravada pela incompetência empresarial. Os
usineiros resistiam em incorporar os padrões
técnicos avançados, preferindo a solução fácil dos financiamentos abundantes do Banco
do Nordeste do Brasil (BNB) e dos incentivos
fiscais administrados pela Superintendência
de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).
Mais uma vez, o setor prevaleceu-se da força
política remanescente e ganhou sobrevida
com as políticas públicas mal formatadas.
EXPULSÃO
O colapso no setor sucro-alcooleiro
nas décadas de 1980 e 1990, dentre outros
impactos na zona açucareira de Pernambuco, resultou no fechamento de cerca de
18 usinas, na extinção de 150 mil postos de
trabalho, na expulsão dos trabalhadores do
Conempec – Associativismo
43
Usina Catende (PE)
campo após a destruição de cerca de 40 mil
pequenos sítios com lavouras de subsistência. Além disso, a crise gerou um expressivo
passivo público trabalhista e incentivou a prática de fraudes à execução dos credores.
Em 1993, a Usina Catende demitiu,
de uma só vez, mais de 2.000 trabalhadores,
utilizando-se da força política, pois o passivo
trabalhista foi simplesmente negado. Em
contrapartida, essa atitude provocou, pela
primeira vez, uma inédita reação coletiva por
parte dos trabalhadores.
O PONTO DE PARTIDA
Em agosto de 1993, após serem demitidos sem indenização, 2.300 trabalhadores
da então Usina Catende e suas entidades
decidiram lutar intransigentemente por seus
direitos. O motivo foi um só: eles perceberam
que a empresa estava envolvida em uma
falência profunda, ou seja, estava prestes a
desaparecer e era a fonte de renda de outros
1.400 que permaneciam empregados. Os
dois grupos – demitidos e empregados – se
aliaram para evitar o fechamento da usina,
que teria conseqüências drásticas para a
vida dessas famílias e de toda a região.
O primeiro passo foi recorrer ao Poder
Judiciário, requerendo a falência judicial e
a continuidade dos negócios, afastando os
proprietários pelas vias legais. Em parceria
com o Governo do Estado e o Banco do Brasil, eles iniciaram a recuperação da empresa,
em novos padrões de gestão e planejamento,
determinando um novo perfil para uma usina
açucareira, ou seja, plantar cana, mas diversificar com outras lavouras e com a criação
animal; exercer a atividade agroindustrial
combinando as produções cooperada e fa-
44
Conempec – Associativismo
miliar; e, particularmente, introduzindo meios
democráticos e participativos de gestão.
patrimônio que garantisse o pagamento dos
elevados créditos dos empregados.
Os sindicatos de trabalhadores de Catende, Xexéu, Água Preta, Jaqueira e Palmares; a Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape), representados por 2.300 trabalhadores demitidos em
1993, ingressaram, em 1995, com inovador
pedido de falência da então Companhia Industrial do Nordeste Brasileiro, razão social da
Usina Catende. Os autores do pedido sabiam
que o gesto não significava apenas a busca
de seus créditos, mas, sobretudo, a defesa de
suas oportunidades de trabalho e renda.
Outro motivo foi assegurar a continuidade dos negócios, via empresa de
trabalhadores credores, que assumisse o
patrimônio no final do processo de falência,
e que construísse um modelo alternativo de
gestão, de reorganização de meios de produção agrícola e industrial, de diversificação
produtiva que conciliasse produção empresarial com a produção familiar, em oposição
ao tradicional sistema predominante no setor
canavieiro nordestino que predominou por
vários séculos.
Uma semana depois, os usineiros
requereram a autofalência na Comarca do
Recife, com clara intenção de contornar a
iniciativa judicial dos trabalhadores e indicar
um síndico de sua confiança. Essa tentativa
foi neutralizada pela nomeação do Banco
do Brasil, designado síndico em ambas as
comarcas. Assim, foi decretada em 1995 a
primeira falência judicial de usina nordestina,
rompendo-se com o costume de serem os
usineiros os liquidantes de suas empresas
falidas, como ocorreu com outras 18 empresas pernambucanas que fecharam as portas
no mesmo período.
A falência da Usina Catende foi a maior
dentre as usinas de Pernambuco e uma das
maiores no País. Em preços atualizados, o
seu passivo totaliza R$ 914,835 milhões, enquanto seu ativo monta a R$ 62,576 milhões,
conforme valores históricos constantes do
laudo de avaliação judicial.
A iniciativa judicial dos trabalhadores
rurais da Usina Catende visava não só à
defesa de seus direitos e de sua renda, ao
evitar o fechamento de uma empresa que
era a principal fonte de renda e empregos da
região que abrange cinco municípios e uma
população superior a 140 mil habitantes. Objetivava reverter as fraudes dos falidos contra
as execuções judiciais realizadas por meio de
transferência ilegal da propriedade de engenhos, bem como a preservação judicial de um
Os créditos trabalhistas atingiram a elevada cifra de R$ 73,410 milhões, em valores
atualizados. A Lei de Falências garante aos
trabalhadores a prerrogativa de receber o
patrimônio em pagamento dos seus direitos
trabalhistas e incorporá-lo na empresa ou na
cooperativa que criaram para dar continuidade às atividades agroindustriais. Isso está
assegurado no artigo 102 da anterior Lei de
Falências (Decreto nº 7.661/1945), tendo
em vista que o artigo 192 da recente e nova
Lei de Falências determina que a lei anterior
se aplique às falências ajuizadas antes da
vigência da lei atual.
JUSTIÇA
No caso da Usina de Catende, a Justiça
reconheceu os direitos dos trabalhadores. O
empreendimento se manteve vivo graças a
uma convergência de esforços que foram coroados pela posição do Poder Judiciário, que
decidiu favoravelmente aos empregados.
LIÇÕES DA EXPERIÊNCIA
As principais lições que podem ser extraídas da experiência
do Projeto Catende Harmonia são as seguintes:
1. A força e unidade de luta de um grupo de trabalhadores
reverteu o desfecho de uma situação desfavorável;
2. A maneira como um processo produtivo é gerido pode
resultar em transformações econômicas e sociais relevantes não apenas para 4.000 famílias de agricultores e
operários, mas para a população de cinco municípios e uma região inteira;
3. Estabelecer parcerias com organizações governamentais, não-governamentais, instituições
financeiras públicas, da sociedade civil e, inclusive, com o Judiciário é fundamental para superar
dificuldades de toda ordem;
4. O cooperativismo é uma das principais ferramentas da economia solidária
Mais informações: www.catendeharmonia.com.br
Tel: (81) 3673-1056 Fax: (81) 3673-1221
Conempec – Associativismo
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Usina Catende (PE)
Dessas ações participaram os credores da
massa falida, o Banco do Brasil, o então governo de Pernambuco e, claro, tendo à frente
os trabalhadores, os maiores interessados no
sucesso da empreitada. Hoje, as principais
fases do processo falimentar já estão concluídas ou em fase final.
Essa ação articulada entre o Poder
Judiciário e os credores legais principais, de
conteúdo autogestionário, vem sendo o motor da superação das inúmeras dificuldades
derivadas da falência estrutural da usina,
agravada por vários incêndios e enchentes
ocorridos em 2000 e 2002. Embora essa
conformação judicial seja fundamental para
a autogestão, não impede os limites naturais
dessa situação. A falência é invocada como
óbice intransponível para a concessão de
crédito e o conseqüente aporte dos recursos
indispensáveis aos investimentos estruturais,
geradores da auto-sustentação do empreendimento e da superação da condição deficitária ainda predominante.
A gestão do “Projeto Catende Harmonia” é compartilhada entre os credores trabalhadores e a Justiça, sendo realizada por um
síndico designado pelo Juiz da Falência, em
conjunto com os credores trabalhadores, por
meio de suas entidades representativas: os
cinco sindicatos de trabalhadores rurais, as
48 associações de moradores nas quais se
organizam as comunidades que residem nas
48 propriedades rurais pertencentes à usina,
e uma comissão eleita pelos operários.
Durante esse processo, foi fundamental o apoio técnico e a assessoria prestados
por diversas organizações não-governamentais, entidades sindicais e órgãos governamentais. Os principais parceiros dos
46
Conempec – Associativismo
trabalhadores no projeto são a Federação
dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape), a Confederação Nacional
dos Trabalhadores na Agricultura (Contag),
a Central Única dos Trabalhadores (CUT),
a Agência de Desenvolvimento Solidário
da CUT (ADS); a Associação Nacional dos
Trabalhadores em Empresas de Autogestão
e Participação Acionária (Anteag), o Centro
Josué de Castro, a Universidade Federal
Rural de Pernambuco, o Centro de Educação
e Cultura do Trabalhador Rural (Centru), os
Centros das Mulheres do Cabo, de Catende,
Palmares e de Água Preta; Federação de
Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), Instituto Brasileiro de Análises
Sociais e Estatísticas (Ibase), Cáritas Brasileira, Fórum Brasileiro de Economia Solidária,
Ceas Rural, Centro Sabiá, Centro Cultural
Brasil Alemanha, Senar e Sebrae, Oxfan,
Save The Children, Bilance/Cordaid e Manos
Unidas.
A SITUAÇÃO ATUAL
Depois de mais uma de uma década de
luta e dos sucessos alcançados, as cerca de
quatro mil famílias envolvidas
no projeto estão olhando para
o futuro. A massa falida acumulou um saldo positivo de
R$ 2,5 milhões, utilizados nas
despesas de entressafra de
2005. A situação revela que a
empresa tem potencial para alcançar autonomia econômica
e financeira. É preciso ressaltar que essa possibilidade seria ainda maior, não fossem as
atuais condições estruturais
de produção, ainda limitadas
– pelo total de cana plantada,
muito abaixo das possibilidades; pela frota
reduzida e envelhecida; pela ausência de
agregação de valor relacionada à ausência
de uma destilaria de álcool.
No que se refere ao quadro de pessoal
e de salários, a massa falida tem a seguinte
configuração: 1.289 trabalhadores (838 no
campo e 451 na fábrica). O salário-base no
campo é de R$ 355,00 (nível único variando
de acordo com a produção individual); o salário médio na indústria é de R$ 900,00 (operários e administrativos), e de R$ 2.800,00
(chefias). Além do quadro de pessoal permanente, o projeto cria centenas de empregos
temporários nos meses de safra, no campo e
na indústria. Durante a safra de 2005-2006,
foram contratados, como safristas, 1.400
trabalhadores rurais e 250 operários.
Um dado social básico no projeto autogestionário é que essas contratações temporárias resultam de seleção, com absoluta
prioridade, dentre os trabalhadores demitidos pelos usineiros – os principais credores
– e suas famílias. Outro aspecto relevante
decorre das peculiaridades do processo
sazonal que é intrínseco à atividade sucroalcooleira, anualmente caracterizada por
períodos curtos de produção na safra (em
média quatro meses), seguido por um período de oito meses de entressafras. Nesse período, elevadas despesas são efetuadas com
ajustes na fábrica e atividades na lavoura,
problema esse que em muito contribuiu para
a falência da usina.
A usina dispõe de 27.670 hectares,
dos quais 11,1 mil constituem a área para
exploração própria com cana, 6.900 para
plantação de cana dos moradores, 3 mil hectares formam floresta, 2.200 são ocupados
por outras culturas. A exploração das terras
da usina Catende obedece a dois regimes:
exploração coletiva e agricultura familiar.
No primeiro caso, a relação se dá entre
trabalhadores rurais e a gerência da usina,
na forma de administração judicial, em moldes operacionais semelhantes à tradição
prevalente na zona canavieira, sem, contudo,
reproduzir o modelo de apropriação dos resultados do trabalho coletivo por um reduzido
grupo de proprietários. A cana colhida sob
esse regime é chamada de “cana própria”,
pois pertence à usina, sendo que os gastos
integram os custos de produção.
No segundo caso, ao contrário, a unidade familiar é que desenvolve as tarefas, a
partir da ocupação dos engenhos, com autonomia, assumindo os custos de produção,
de tal sorte que o produto principal de sua
atividade é vendido à usina, à semelhança do
que faz o fornecedor tradicional. O uso das
A cana redeu nos últimos onze
anos uma média de 800 sacos
de açúcar cristal por safra
Conempec – Associativismo
47
Usina Catende (PE)
áreas é negociado e autorizado pelo coletivo
e pela Justiça. As atividades de plantio, corte
e transporte são planejadas. Não é cobrado
qualquer arrendamento pelo uso da terra,
considerando que todos são credores e moradores. Por isso, se chama “cana-de-morador” e assim é computada nas estatísticas de
consumo de matéria-prima.
As atividades da “cana-de-morador”
constituem um exemplo de como o projeto
Catende exercita a participação coletiva na
tomada de decisões que envolvam a comunidade. É um programa em grande expansão
nos últimos cinco anos que se tornou vital à
sustentação social e econômica do projeto,
bem como à formação de renda familiar. A
sua implantação inicial envolveu financiamento interno, sem juros e com carência e prazo,
nos moldes de uma cooperativa de crédito
na qual a moeda foram sementes, insumos
e terras. No momento, 2.200 trabalhadores
credores integram o programa.
Além da cana-de-açúcar, o morador
e sua família diversificam a produção, rompendo com a tradicional monocultura da
cana-de-açúcar. Assim é que nas terras
da Catende existem, hoje, cerca de 3,6 mil
hectares cobertos com pastos, viveiros de
peixes, culturas de subsistência, criação de
gado, caprinos, ovinos e peixes, e se produz
café, frutas, milho, feijão, tubérculos, dentre
outras culturas, com intuito de garantir sustentabilidade socioeconômica e ambiental
do “Projeto Harmonia Catende”, bem como
ampliação da renda.
A diversificação constitui um dos eixos centrais e um dos objetivos do projeto
autogestionário, no qual os trabalhadores
não pretendem reproduzir o modelo de ex-
48
Conempec – Associativismo
clusividade da produção agrícola e industrial
de cana-de-açúcar. Por isso, constitui uma
opção estratégica dos trabalhadores para
reduzir a crônica dependência socioeconômica de uma só cultura, possibilitando a
geração de mais renda, a criação de outros
postos de trabalho.
PRODUÇÃO E CONSUMO
A Usina Catende possui capacidade
potencial para processar cerca de 5.200
toneladas de cana por dia. Nesses 11 anos, a
empresa teve em média 170 dias de moagem
por safra e esmagou 2.700 toneladas por dia
de trabalho efetivo. A usina esmagou 45,6%
de cana própria, 25,9% de matéria-prima de
fornecedor; 19,1% das canas vieram dos moradores de seus engenhos e 9,4% de outras
usinas e destilarias vizinhas, fruto de contratos eventuais. Verificando a evolução desses
percentuais, ano a ano, é fácil concluir que a
produção de cana própria tem permanecido
num patamar abaixo da metade, enquanto a
cana oriunda dos moradores dos engenhos
da usina vem aumentando, passando de 7%
na safra 2000-2001 para 34% em 20042005.
Em resumo, a cana própria não alcança
metade do total das canas que passam pelas
moendas da Catende, no período analisado.
Somada, contudo, ao volume de cana entregue pelos moradores dos engenhos que
compõem o projeto e desenvolvem sua agricultura às terras da massa falida, a proporção
de cana esmagada na usina atingiu 55% do
total, nas cinco últimas safras. Entretanto,
essa é uma das razões das dificuldades
econômicas da usina. Faltam condições de
investimentos para ampliar a cana própria
– coletiva e individual – que economicamente
é mais rentável e que possibilita um melhor
desempenho, tanto na auto-sustentação,
como na capacidade de assegurar suporte
ao desenvolvimento da agricultura familiar.
Cooperativismo é vital
O esforço dos trabalhadores credores
e da Justiça Falimentar sempre foi limitado
para geração interna de recursos, inclusive
por meio de onerosas operações de venda
antecipada de açúcar ao mercado, ciclo
interrompido apenas no ano de 2004, com
o decisivo apoio do governo federal atual,
em operação com a Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab). Essas dificuldades
crônicas somente serão superadas após o
encerramento da fase judicial e consolidação
institucional do projeto.
O Projeto Catende Harmonia só virou
realidade por força do cooperativismo. Os
trabalhadores construíram as organizações que
são eixo central para a almejada solução institucional e para realizar os seus objetivos produtivos criaram a Companhia Agrícola Harmonia
e a Cooperativa Harmonia de Agricultores e
Agricultores Familiares.
Foi assim que a superação de incontáveis fatores produziu uma das principais
experiências de economia solidária no Brasil,
representando um dos maiores projetos autogestionários em pleno funcionamento no País,
em função de suas dimensões de organização
social e administração de negócios.
Em condições tão adversas de produção e de sobrevivência econômica e financeira,
o fechamento da empresa, mesmo na fase
falimentar, somente pode ser contornado pela
sólida unidade dos trabalhadores para a superação dos impactos de uma falência crônica, pela
enorme força de vontade e pelo trabalho intenso
dos credores trabalhadores no campo e na
Dentre as inúmeras necessidades do
empreendimento, foi construída e colocada
em funcionamento neste ano a Biofábrica
– uma unidade de melhoramento genético
de sementes de cana-de-açúcar, hoje com
mais de 120 mil em tratamento. Com o beneficiamento das mudas, uma nova geração
de sementes de cana garantirá não só uma
maior quantidade, mas sobretudo excelência na qualidade de semente a ser plantada,
e conseqüentemente, um maior retorno
financeiro.
indústria, que em conjunto, lutam pela sobrevivência própria, de todos e do empreendimento,
que passou a ser uma razão de vida.
Na atualidade, diversos estudos de viabilidade estão sendo desenvolvidos sobre os cenários econômicos dos negócios das milhares
de famílias e de sua cooperativa. No entanto, a
viabilidade principal do empreendimento já está
demonstrada pela energia e unidade daqueles
milhares de trabalhadores na luta pela defesa
de seus direitos e para manter viva a empresa.
É um caso de indiscutível sucesso.
As vendas dos produtos são normalmente efetuadas a atacadistas do mercado
interno. Eventualmente, é exportado o açúcar
demerara, por meio de empresas especializadas do comércio internacional. O principal
produto é o açúcar cristal, tendo como subprodutos o melaço e a torta. Nos últimos 11
anos, a usina produziu, em média por safra,
793,5 sacos de 50 quilos de açúcar cristal;
26,5 mil toneladas de melaço e 21,9 mil toneladas de torta.
Conempec – Associativismo
49
OLHANDO PARA O FUTURO
Além da consolidação do projeto autogestionário, os trabalhadores do “Projeto Catende Harmonia” contribuem para a construção de um modelo diferenciado de empresa
açucareira, no qual a cana-de-açúcar convive
com a diversificação, por meio de outras culturas agrícolas e da criação de animais, superando o modelo predominante de monocultura e
de baixa sustentabilidade social e ambiental.
Mas, para completar esse sonho, os
trabalhadores têm consciência de que é
necessário solucionar algumas questões
centrais. A começar pela garantia de acesso
às linhas de crédito do Programa Nacional
de Fortalecimento da Agricultura Familiar
(Pronaf) para investimento, proporcionando
a ampliação do plantio de cana na agricultura
familiar e coletiva (cooperada), com a conseqüente sustentabilidade e rentabilidade do
empreendimento.
Esses créditos de investimentos serão
vitais para implantar uma destilaria de álcool
e para modernizar a frota de caminhões e tratores. No governo do presidente Luiz Inácio
da Silva, os trabalhadores tiveram acesso ao
Pronaf, mas individualmente e na categoria
de custeio. Atualmente, negociam com os
bancos oficiais para o crédito ser concedido
também à cooperativa e na modalidade de
investimento, com volume e prazos compatíveis com os investimentos necessários.
50
Conempec – Associativismo
Outro desafio é consolidar a diversificação agrícola e industrial, que é outra meta
dos trabalhadores, evitando a replicação da
monocultura da cana e da dependência de
seus poucos produtos derivados. A diversificação ainda é um complemento de renda e
alimento. Promover a transição progressiva
para a escala econômica, com beneficiamento industrial, da criação de animais e da
produção agrícola diversificada é uma prioridade central do projeto. Atualmente, com o
apoio da Financiadora de Estudos e Projetos
(Finep), são desenvolvidos estudos sobre
como realizar essa transição com observância dos princípios do desenvolvimento rural
sustentável.
Há ainda a necessidade de uma solução
definitiva para o processo judicial falimentar,
liberando o processo produtivo das limitações
inerentes ao processo de falência. Da mesma
forma, assegurar estabilidade na gestão do
patrimônio (imóveis rurais e instalações industriais). Atualmente, por solicitação dos trabalhadores e de suas entidades, o Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(Incra) vistoriam as terras para desapropriação global, pondo fim às disputas judiciais
com os falidos no que se refere aos imóveis
rurais transferidos, ilegalmente, meses antes
da decretação da falência.
Os trabalhadores já decidiram que não
haverá parcelamento das terras, na medida
da capacidade de cada família e da Cooperativa. Após a desapropriação das terras, os
trabalhadores do campo e da indústria irão
requerer ao Judiciário a adjudicação do ativo
industrial à sua cooperativa em pagamento
de seus elevados créditos.
Sicoob-Coopere (BA)
Usina Catende (PE)
A iniciativa foi do ex-governador já
falecido Miguel Arraes simboliza a procura
da agricultura familiar no Projeto Harmonia,
pelas condições de acesso a tecnologias
modernas.
Uma história escrita com
luta e resistência
Em uma região marcada pelos
efeitos da seca e onde a vida pulsa em torno
apenas do sisal, único produto agrícola oferecido generosamente pelo solo pobre do
semi-árido, trabalhadores rurais do município
de Valente, nordeste da Bahia, a 240 quilômetros de Salvador, descobriram que unidos
poderiam ser muito mais fortes do que as
adversidades naturais. Eles construíram uma
lição de cidadania ao se associar em cooperativa rural e de crédito, vencendo suas próprias
limitações, como o baixo grau de escolaridade, o desconhecimento quase total de leis, de
economia e estratégias de mercado.
novidade da fibra sintética. Até então, o sertanejo encarava com naturalidade o desafio
de enfrentar as dificuldades impostas pelo
escaldante clima do sertão, com suas altas
temperaturas o ano inteiro e um índice pluviométrico oscilando numa média de 500 milímetros, distribuídos em longos 12 meses.
Sicoob-Coopere: a
necessidade, aliada
ao espírito de luta e
ao cooperativismo,
foi a receita do
sucesso
A história remonta aos anos 1970 e
1980 do século passado, quando foram eles
surpreendidos pela crise sisaleira e a conseqüente queda drástica do preço do produto
no mercado internacional, desbancado pela
Conempec – Associativismo
51
Sicoob-Coopere (BA)
Da terra quase infértil brotava a semente do sustento de milhares de famílias,
que se acostumaram a gravitar em torno
da cultura do sisal, seguindo toda a linha
produtiva, desde o plantio ao corte até o
beneficiamento. A monocultura, passada de
geração em geração, não deixava margens
a outras perspectivas, mesmo porque faltavam estímulos para arriscar mais em direção
a alternativas que apontassem para novos
horizontes. Seguir o instinto e arrancar o
sisal da terra parecia ser o único caminho,
quase uma fatalidade, num cenário desprovido de esperanças.
Mas, se era difícil depender de uma
fonte de renda, com pouco ou quase nenhum
suporte do poder público destinado à melhoria das condições de trabalho, a perda repentina do ganha-pão deixou uma interrogação
envolta em medo e dúvida sobre o futuro das
próximas gerações. De natureza valente, no
entanto, o sertanejo foi capaz de perceber
que era da terra que a semente da vida iria
continuar brotando. Que era com o sisal, sim,
que ele seguiria escrevendo sua trajetória. Só
precisava saber como.
A necessidade, aliada ao espírito aguerrido dos que aprenderam a lutar e nunca se
dobrar diante das dificuldades, fez com que
eles descobrissem que seria mais fácil vencer os obstáculos se juntassem esforços em
prol do bem comum.
COM A BÍBLIA
O ano era 1980. O preço do sisal
estava tão baixo que as plantações tinham
sido abandonadas e milhares de agricultores estavam na miséria. A pergunta era:
como se reunir para discutir o que fazer se
o País vivia em plena ditadura militar e não
52
Conempec – Associativismo
eram permitidas associações de grupos?
Venceu a perspicácia. Com uma Bíblia na
mão, muita fé e várias idéias na cabeça, os
pequenos agricultores fundaram a Associação de Desenvolvimento Sustentável
e Solidário da Região Sisaleira (Apaeb),
reunindo comunidades camponesas dos
municípios de Araci, Feira de Santana, Ichu,
Valente e Serrinha. Esse último foi escolhido
para sede da entidade, com filiais nas outras
quatro cidades.
Imbuídos pelo desejo de promover a
melhoria da qualidade de vida da população
da região sisaleira, por meio do desenvolvimento social e econômico sustentável e
solidário, já era tarde pensar em voltar atrás.
Aos poucos, a Apaeb foi se tornando grande
consumidora de fibra até elevar os preços
e revigorar as lavouras, transformando em
aliado o sisal, que um dia havia sido vilão.
Aos agricultores coube a tarefa de desenvolver projetos econômicos e negociar as
mercadorias produzidas em suas áreas e
todas as decisões eram tomadas por uma
direção central.
CAPRINOCULTURA
Em cada cidade, funcionava um ponto
de venda para onde convergia a produção
dos associados. O excesso de centralização
na tomada de decisões terminou por gerar
divergências administrativas e alguns postos
foram fechados. Como conseqüência natural
dessa situação, 11 anos depois, em 1991,
cada Apaeb transformou-se em pessoa
jurídica autônoma e a unidade de Valente ganhou o nome de Associação dos Pequenos
Agricultores do Município de Valente, mas
conservou a sigla Apaeb, pois já tinha identidade própria e era bastante conhecida em
toda a região e pelos clientes.
Em Valente, as lideranças enxergaram
a importância de tornar mais ágil o processo
decisório, uma das razões do seu bom desempenho, que repousa também na visão
empresarial voltada às exportações do sisal
para o exterior, recebendo pagamento em dólar. Ponto para o pequeno produtor associado, que começou a ser melhor remunerado.
Cada vez mais profissionalizada e em plena
expansão comercial, a Apaeb entendeu que
seus negócios poderiam crescer ainda mais
caso tivesse sua própria batedeira e não
dependesse mais das batedeiras locais. São
unidades rudimentares de industrialização
usadas para esticar, amaciar e prensar o sisal
em fardos, que possibilitam a transformação
em cordas e outros produtos.
Isso foi alcançado graças à intervenção
da Cebemo (instituição de cooperação internacional holandesa, denominada atualmente
de Cordaid), que doou os recursos financeiros necessários à compra dos equipamentos.
Economia gerada, maior poder de compra do
sisal, mais ganhos ao produtor. Consolidada
e disposta a vôos mais altos, a Apaeb sentiu
que era chegado o momento de diversificar a
produção e voltou-se para a caprinocultura,
outra atividade econômica potencialmente
viável na região.
Dessa vez, com US$ 100 mil doados
pela organização alemã Misereor, a entidade
criou um fundo rotativo extremamente peculiar para empréstimo aos produtores: caso
não tivessem dinheiro para quitar a dívida,
o pagamento seria feito em quilos de carne
correspondentes ao valor devido.
SURGE A COOPERATIVA
DE CRÉDITO
Ao mesmo tempo, o sisal recupera-
va-se no exterior e a Europa vinha na linha
defrente, movida por uma consciência ecológica que dava preferência a produtos naturais. Na outra ponta, entretanto, o Brasil
mergulhava numa inflação astronômica, tornando alto o custo do dinheiro. O que fazer?
Não seria a primeira vez que os agricultores
testariam sua criatividade e lançaram a idéia
de receber, numa espécie de caderneta de
poupança, com uma única conta bancária,
todos os depósitos não só dos associados
da Apaeb, como da comunidade, pagando os mesmos juros dos bancos oficiais.
Assim, matava dois coelhos com uma só
cajadada: os agricultores poderiam proteger o dinheiro, enquanto a entidade formava
capital de giro.
Fruto da união e
da criatividade, o
trabalho dos cooperados tende
a diversificar
Mais que uma poupança, contudo,
estava sendo esboçada a cooperativa de
crédito rural que viria vingar definitivamente em 1993, como Cooperativa Valentense
de Crédito Rural Ltda. (Coopere), formando a atual dobradinha Sicoob-Coopere.
A iniciativa, porém, esbarrou nas normas
regulamentares do sistema financeiro brasileiro, contrárias ao funcionamento como
agente financeiro de associações civis
sem fins lucrativos. Somente após emba-
Conempec – Associativismo
53
Sicoob-Coopere (BA)
samento adquirido sobre os mecanismos
de funcionamento das cooperativas de
crédito, por meio de visitas de intercâmbio
dentro e fora do país, participação em seminários e estudos, as lideranças da Apaeb decidiram substituir a Poupança Apaeb
pela Coopere.
Antes disso, foi preciso aderir ao Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil,
que vem a ser o Ceco, uma instituição conveniada ao Banco Cooperativo do Brasil
(Bancoob), que presta serviços de compensação. Dessa forma, o pequeno produtor
passou a contar com serviços antes inacessíveis nos bancos oficiais e principalmente
nos bancos privados. Como agente estabelecido e legalizado, a Coopere transformou-se na maior cooperativa de crédito do
estado da Bahia, seja em número de agên-
cias como de filiados, tendo conseguido, em
1995, dois anos depois de fundada, CR$ 1
milhão do Banco do Nordeste, oriundos do
Fundo Constitucional do Desenvolvimento
do Nordeste.
A verba foi investida em ações destinadas ao desenvolvimento rural, beneficiando
160 famílias. E os incentivos não pararam por
aí, criada a cooperativa, veio também financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) destinado a empréstimo
aos produtores interessados na compra de
animais. Foi o suficiente para a ampliação do
rebanho regional com 5.000 novos caprinos
e ovinos. Juntas em sua longa caminhada, a
Sicoob-Coopere vem cumprindo seu papel
social e provando que os movimentos populares se não são uma saída, ao menos apontam a direção a seguir.
EXPERIÊNCIA GANHOU O MUNDO
Cooperativa é tema de um livro que será usado em outros países onde atua a Blue Moon,
ONG internacional patrocinadora da obra, como China e Índia
Em sua experiência bem-sucedida, além da agência que mantém na agência em Valente, a Sicoob-Coopere tem unidades nos municípios de Capim Grosso, Conceição do Coité, Gavião, Nova Fátima, Quixabeira e
Retirolândia. Essas agências são responsáveis pelo atendimento direto ao cooperado e, a depender do tamanho, contam com três e cinco funcionários, exceção apenas para a unidade de Valente, que possui 11 empregados. Cada agência funciona com pelo menos um gerente, um tesoureiro e um atendente. Em setembro do ano
passado, o quadro de funcionários era formado por um total de 48 pessoas.
Hoje, a cooperativa caminha a passos largos sempre em busca de novas conquistas que possam consolidar a confiança e a auto-estima adquirida pelo agricultor familiar durante todos esses anos. Embora distante
dos tempos da Revolução Industrial, que trouxe consigo o conceito de cooperativismo na França e na Inglaterra,
continua muito próxima do trabalhador a idéia de que os obstáculos existem para ser vencidos. Que o fundamental não é deter o capital e a renda e sim ter o poder de transformá-los em instrumentos para o bem comum. E fazer
isso não exige mentes brilhantes ou mesmo nível de escolaridade.
São aprendizados que se descobrem na prática, na necessidade e em situações em que até mesmo a
54
Conempec – Associativismo
esperança já não encontra mais lugar. Pobres, desamparados e sem saber que rumo tomar, os agricultores preferiram voltar os olhos para a frente e perguntar “o que fazer?” Ao invés de “O que fizemos?”
UMA SURPRESA
O exemplo da Sicoob-Coopere, recheado de episódios ousados e atitudes audaciosas, ultrapassou os
limites do solo árido do interior baiano e ganhou dimensão internacional reconhecida no livro Uma Surpresa no
Sertão: A experiência da Apaeb e da Coopere, escrito por Ranúsio Cunha, Glauco Monteiro Wanderley e Diomar Silveira. Trata-se de um estudo em português e inglês, rico em detalhes e quase didático na explicação de
cada avanço, de cada nova descoberta, que culminaram no sucesso da cooperativa, uma iniciativa que merece
sim ser imitada.
A publicação teve o apoio da organização norte-americana Blue Moon Fund e dirigido por uma organização não-governamental nacional, a Rede de Desenvolvimento Humano (Redeh), sediada no Rio de Janeiro.
Em visita a Valente, a presidente do Blue Moon decidiu financiar o estudo, pois acredita que a experiência pode
ser útil a outras organizações nos países em que a instituição atua, especialmente a Índia e a China. E as lições a
aprender são muitas.
Como diz o livro, em seu prefácio, “o sertanejo demonstrou, com ações concretas, sua capacidade de
resistência, sua força e ousadia. Começou a encontrar saída num salão que não tem portas, como diziam os
camponeses. A estrutura perversa estava bem montada. Mas os camponeses persistentes insistiam usando
uma expressão popular: damos um boi pra não entrar numa briga e uma boiada pra não sair dela”.
Como se tudo visto até aqui não bastasse para comprovar a importância da Sicoob-Coopere, basta dar
uma olhada na extensa lista de parceiros, adeptos da proposta comum de perseguir o desenvolvimento regional,
a partir do crescimento das pessoas e das organizações sociais.
“Para fomentar este desenvolvimento, procuramos colaborar com as instituições locais, ao mesmo tempo em que recebemos também a ajuda delas”, resume o presidente. “O mesmo relacionamento de apoio mútuo
buscamos por meio de organizações externas. Por isso, são muitos os nossos parceiros na busca por alcançar a
visão de futuro e cumprir a missão institucional da cooperativa”, acrescenta.
Os colaboradores são: Apaeb-Valente (Associação de Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira), Câmara de Dirigentes Lojistas de Valente, Associações Comunitárias Rurais da Região, Escola
Família Agrícola Avani de Lima Cunha (EFA), Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais da Região do Sisal
(Fatres), Sindicatos dos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares de Valente, Monte Santo, Itiúba, Queimadas, Santaluz, Retirolândia, Conceição do Coité, Conceição de Nova Fátima, São Domingos, Gavião, Capim
Grosso; Conselho de Desenvolvimento Municipal de Retirolândia, Prefeituras de Retirolândia, Nova Fátima,
Gavião, Quixabeira; Câmaras de Dirigentes Lojistas de Retirolândia, de Conceição do Coité e Capim Grosso;
União das Associações Comunitárias de Nova Fátima (Unanf); Associação Comercial Industrial e Agrícola de
Capim Grosso; Cooperativa Mista Agropecuária de Capim Grosso; Rádio Comunitária Contorno de Capim
Grosso; Associação dos Pequenos Produtores de Jaboticaba (APPJ); Paróquia São Cristóvão de Capim Grosso; Movimento de Organização Comunitária (MOC); Conselho Gestor do Fundo Rotativo (Cogefur), Disop
– Brasil e Bélgica; Associação das Cooperativas de Apoio à Economia Familiar (Ascoob); Bilance / Cordaid;
Banco do Nordeste do Brasil, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID); Pró-Renda Bahia; Rádios
Comunitárias de Capim Grosso, Quixabeira, São Domingos e Valente – FM.
Conempec – Associativismo
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Sicoob-Coopere (BA)
SERTANEJO, UM HOMEM QUE APRENDEU
A CONTAR SUA PRÓPRIA HISTÓRIA
A obstinação do sertanejo, que sempre enfrentou com coragem as condições desfavoráveis do clima, arrancando a vida da terra com as mãos e aprendendo a sobreviver na raça, já ganhou um capítulo honroso em nossa literatura, quer como o bravo descrito por um apaixonado Euclides da Cunha nas páginas
de Os Sertões, ou mesmo enveredando pelo misticismo religioso encarnado pela figura do Padre Cícero,
cantado em prosa e verso como salvador para uns, anti-herói para outros.
A verdade é que esse homem, mesmo quase sem apoio institucional e longe dos livros, aprendeu
sozinho a escrever a sua própria história. O agricultor de Valente, município encravado em pleno polígono
da seca no interior da Bahia, e de cidades vizinhas, prova, em mais uma conquista, a incansável capacidade
de superação que caracteriza o sertanejo. Há 26 anos, quando o sisal, a principal atividade econômica da
região, parecia ter encerrado seu ciclo, trabalhadores rurais não só reativaram as lavouras, como industrializaram o processo produtivo e reconquistaram o mercado, ultrapassando as fronteiras do Brasil.
O MILAGRE TEM NOME
Dessa vez, os santos foram muitos, mas o milagre um só e chama-se união, de onde nasceu, cresceu
e não pára de render frutos duas fortes entidades de classe que atendem pelas siglas Sicoob-Coopere,
que viram brotar de suas bases verdadeiros heróis. Daqueles que jamais descansam, mas que habitam
o imaginário popular. Homens que não entendiam de leis, estatutos e normas econômicas, hoje atuam no
mercado financeiro com desenvoltura, contam com acesso facilitado ao crédito e a juros mais baixos que
os praticados pelos bancos oficiais, sustentam seu próprio negócio e promovem o crescimento regional.
O desenvolvimento veio e está presente em 22 municípios onde as duas entidades atuam. Nos
dias atuais, as atividades econômicas se diversificaram, atestando que sempre há lugar para quem
arrisca, ousa e não tem medo de aprender com os próprios erros. Os trabalhadores rurais adquiriram com a experiência a consciência de classe, descobriram que também têm direitos e, sobretudo,
que são peças importantes na hora que vendem sua força de trabalho. E a cultura do sisal? Vai muito
bem, obrigada, e se depender do braço forte do trabalhador rural ainda terá muito chão pela frente.
ORGANIZAÇÃO E BASE
Gigante em realizações, maior ainda
em área de atuação, a Sicoob-Coopere abriu
espaço pelo sertão e hoje tem jurisdição em
22 municípios. Sete desses, incluindo a sede
em Valente, possuem Postos de Atendimento
Cooperativo (PAC), que funcionam como uma
espécie de pólo para onde convergem os demais. Seu quadro de associados só faz crescer
e é composto atualmente de 9.510 pessoas,
56
Conempec – Associativismo
um salto se comparado com os 340 cooperados que apostaram na iniciativa e ajudaram a
entidade a dar os primeiros passos. Como entidade organizada, possui seus estatutos, que
estabelecem as linhas de atuação e escolha
dos dirigentes, eleitos democraticamente com
a participação de todos os cooperados.
Para concorrer às eleições, é preciso
que o candidato tenha representatividade em
seu município, perfil de liderança, seja indica-
do por entidades parceiras da cooperativa,
tenha disponibilidade de tempo, não possua
pendências financeiras e tenha nível de escolaridade suficiente que permita a leitura e
interpretação de leis. Todos esses requisitos
são levantados durante as pré-assembléias
dos associados. No topo da pirâmide, estão
o Conselho de Administração, a Diretoria
Executiva e o Conselho Fiscal. O Conselho
de Administração é formado por sete membros, com mandato de três anos. É responsável, dentre outros, por aprovar o regimento
e normas internas, pelo exame e aprovação
dos planos anuais de trabalho, pela avaliação
do desempenho da cooperativa e cumprimento das metas estabelecidas anualmente
pela assembléia geral.
A Diretoria Executiva administra o
dia-a-dia da cooperativa. Delega poderes e
estabelece limites de atuação para os gerentes das agências, aprova pedidos de crédito
feitos pelos cooperados e é responsável
pela admissão e demissão de pessoal. Para
a sua composição são eleitos três dos sete
membros do Conselho de Administração em
assembléia geral (presidente, vice-presidente e secretário). Composto por seis membros
(três efetivos e três suplentes), o Conselho
Fiscal é encarregado da fiscalização dos atos
do Conselho de Administração e da Diretoria
Executiva. O mandato é de um ano. Após
esse período, é realizada votação em assembléia geral quando, no mínimo dois terços
dos seus quadros são renovados.
Da mesma forma que normas rígidas
norteiam o processo eleitoral, a admissão
dos associados da Sicoob-Coopere é também cercada por alguns requisitos. Para ser
incorporado, ele não pode ter mais do que
dois empregados permanentes, precisa ser
indicado por três sócios e comparecer a três
assembléias mensais. O processo termina
com a indicação aprovada pelo Conselho
Administrativo. É necessário ainda o pagamento de um quarto do salário mínimo vigente no País.
O número de filiações foi mais significativo quando a cooperativa conseguiu
recursos para a formação do Fundo Rotativo e o Departamento de Desenvolvimento
Comunitário estimulava as reuniões entre
os agricultores, divulgando as facilidades
e vantagens de solicitar empréstimos e assistência técnica. O que não falta, porém,
são estratégias dedicadas a criar ambiente
propício para cada vez mais trazer novos
associados. O esforço tem sua razão de
ser se for considerado que existem, nos 22
municípios em que atua a cooperativa, uma
população economicamente ativa de 500
mil pessoas, das quais apenas dois por cento filiados.
DINHEIRO MAIS BARATO
Numa área de 371 quilômetros quadrados e uma população de 20 mil habitantes, o Valente ostenta altos índices de
analfabetismo e poucas oportunidades de
emprego, sendo este item uma das grandes
preocupações e objetivo perseguido pela
cooperativa. Dando mostras de eficiência
também neste setor, no final de 2004, a
Apaeb já havia gerado 904 empregos, impulsionados em grande parte pela fábrica
de tapetes e carpetes, feitos com a fibra do
sisal e inaugurada oito anos antes, graças à
ajuda nacional e internacional, que financiaram 95% dos US$ 2,5 milhões necessários
ao empreendimento, já que a entidade dispunha, de apenas 5% desse valor, além de
uma grande vontade de dar mais um passo
adiante.
Conempec – Associativismo
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Sicoob-Coopere (BA)
Palestra para jovens
58
Outros 20% foram doados pela belga
Disop, uma instituição de auxílio a países
em desenvolvimento, e pela Inter-American
Foundation, dos Estados Unidos. Os 75%
restantes foram emprestados pelo Banco
do Nordeste do Brasil (BNB), com prazo de
pagamento para 10 anos. Foi a mesma Disop
que, demonstrando confiança na cooperativa, já internacionalmente conhecida como
exemplo de desenvolvimento sustentável,
conseguiu apoio para pagar um estudo de
mercado, feito por um especialista do setor
têxtil. Isso veio juntar-se à experiência adquirida por representantes da cooperativa, acos-
tumados a participar de encontros como o
que é promovido todos os anos pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura
(FAO), direcionado ao mercado de fibras.
Conempec – Associativismo
Só faltava encontrar os meios para o
melhor aproveitamento industrial do sisal. A
idéia da fábrica de tapetes e carpetes surgiu
como um novo filão ainda inexplorado no
setor de fibras. Aliado a isso, destacam-se o
desenvolvimento da cadeia produtiva da caprino-ovinocultura, a organização e aperfeiçoamento do artesanato com fibras naturais,
apoio à criação da Cooperativa de Artesãs
Fibras do Sertão (Cooperafis) e o fomento
ao desenvolvimento comunitário rural. Todo
o dinheiro fica no município onde é arrecadado, o que contribui para a geração de
renda do produtor rural, segundo ressalta o
presidente e um dos fundadores da cooperativa, Ranúsio Santos Cunha, que cumpre
o primeiro ano do segundo mandato.
timos com juros inferiores aos oferecidos
pelo mercado financeiro formal. Tudo isso
sem burocracia e ainda com a vantagem de
contar com orientação técnica para que a
transação renda bons frutos. Paralelo a isso,
os postos oferecem um vasto leque de produtos e serviços, a exemplo de conta-corrente, talão de cheques, cartões, aplicações
financeiras, recebimento de aposentadorias, pagamento de contas, carnês, cobranças, desconto de duplicatas, transferência
de recursos entre agências e instituições
financeiras e banco 24 horas.
ACESSO A SERVIÇOS
FINANCEIROS
da Agência (CCA). Valores até R$ 30 mil,
são analisados pelo Comitê de Crédito Sicoob-Coopere (CCSC).
Se o empréstimo pedido ultrapassa
os R$ 30 mil, o julgamento fica por conta
do Conselho de Administração (CA). Entre
o pedido e a liberação de empréstimos de
até R$ 30 mil, o tempo médio é de três dias.
Os empréstimos concedidos pela Coopere
não ficam restritos apenas ao financiamento
de projetos técnicos no meio rural, mas estendem-se ao crédito pessoal, obedecendo
às mesmas regras. As tarifas cobradas pela
Coopere são, em média, 40% mais baratas
que as praticadas pelos bancos.
“A cooperativa é auto-sustentável e
tem como base a economia local”, explica.
Se a geração de emprego é uma meta, é fato
também que a oferta de recursos destinados a impulsionar os negócios do pequeno
agricultor é de fundamental importância
para que o ciclo se feche. Ranúsio Cunha
enumera alguns procedimentos como a
aquisição de recursos com a captação local
junto aos associados e comunidade, para
realizar empréstimos em forma de crédito
rural; convênio com o Banco Interamericano
de Desenvolvimento (BID); convênio com a
Associação dos Pequenos Agricultores do
Município de Valente (Apeb), que dispõe de
um fundo rotativo com recursos para pequenos criatórios e projetos de energia solar;
aplicação do Conselho Gestor do Fundo
Rotativo (Cogefur); repasses advindos do
Bancoob.
Bem estruturada e com ativo circulante
de R$ 14.847.356,59, conforme balanço patrimonial datado de 31 de dezembro do ano
passado, a cooperativa vem empreendendo
esforços para a melhoria da qualidade de
vida dos pequenos produtores, tornando
mais fácil o acesso a serviços financeiros e,
em especial, a crédito, conforme ressalta o
presidente. Desse modo, o Sicoob disponibiliza para empréstimo o limite máximo de até
70% dos recursos disponíveis pela cooperativa. Os 30% restantes são destinados ao
Sicoob em forma de garantia dos depósitos
dos cooperados. O cooperado terá acesso
a empréstimos após filiação há mais de 30
dias, ter integralizado o mínimo de cotas-parte, fixadas em R$ 200,00 no ano passado,
não ter pendências junto aos órgãos de
proteção ao crédito, estar em dia com as
obrigações estatutárias e ser aprovado pelo
comitê de crédito.
“A Coopere compete com empresas
sólidas e grandes, como são os bancos públicos e particulares que atuam na região. A
meta da cooperativa é manter tarifas mais
baixas do que as do mercado, tanto por um
compromisso de inclusão da população
mais pobre nos serviços financeiros, quanto
por uma estratégia de competição”, explica
Ranúsio Cunha.
Na cooperativa, os produtores rurais
desfrutam de uma condição privilegiada,
ao conseguir aplicar suas economias com
maior rentabilidade e ter acesso a emprés-
São os Comitês de créditos que analisam as solicitações de crédito, de acordo
com o valor pleiteado. Para valores até R$
2.500,00 cabe análise ao Comitê de Crédito
Em que pese seus princípios estritamente sociais, onde as palavras lucro e prejuízo são substituídas por sobras e perdas,
conforme atestam os dirigentes, a coopera-
“Essa é uma equação que se resolve
de maneira bastante simples”, acrescenta o
educador da cooperativa, Marivaldo Sales.
Segundo ele, por se tratar de uma entidade
sem fins lucrativos, a cooperativa tem condições de oferecer maior remuneração nas
aplicações financeiras, mesmo cobrando
juros menores nos empréstimos. “O desafio
é aumentar a poupança local”, observa.
DE OLHO NO MERCADO
Conempec – Associativismo
59
Sicoob-Coopere (BA)
tiva não perde de vista o comportamento do
mercado formal e as necessidades dos seus
associados.
“Fazemos no cotidiano como qualquer
empreendimento para ficarmos atualizados.
Avaliamos preços e qualidade da concorrência , assim como fazemos pesquisas junto
aos associados para avaliação da qualidade
dos nossos serviços e atendimento e para
ofertar novos produtos”, resume o presidente. Para isso, investe também em tecnologia,
a partir da qual desenvolve ferramentas
próprias, com destaque para o Sistema de
Informática do Sicoob.
Cada funcionário trabalha com um
microcomputador e todos são interligados
por rede. De estrutura simplificada, a cooperativa prega a filosofia de que quanto mais
preparado for seu quadro de funcionários,
mais eficiente se torna na prestação de serviços. Prova disso foi a criação do Programa
de Desenvolvimento de Capacidades (Prodecap), voltado para a melhoria das relações
interpessoais de todos os funcionários, buscando com isso melhor o aperfeiçoamento
e melhor qualificação profissional. Se o investimento em pessoal é grande, o estímulo
à participação do associado no dia-a-dia da
entidade tem também lugar privilegiado e é
um exercício constante dos dirigentes.
Dentre outros instrumentos, são realizadas palestras de interesse dos produtores
rurais, reuniões com lideranças nas comunidades, assembléias municipais nas quais
os associados expõem suas dificuldades e
por meio das quais enviam propostas para a
Assembléia Geral Ordinária, realizada anualmente em Valente. Além disso, os meios de
comunicação, como rádios comunitárias e
60
Conempec – Associativismo
oficiais divulgam as atividades da cooperativa, que faz também propagandas com ofertas dos seus produtos e serviços, mostrados
por meio de boletins.
“Faz parte falar da solidez da cooperativa. Investimos também na capacitação técnica dos colaboradores e acompanhamos a
produção dos agricultores para que nosso
trabalho não se perca nas ações frias do marketing”, detalha o presidente.
Se o assunto é marketing, no institucional e comunicação interna são utilizadas
notícias de temas relacionados ao cooperativismo divulgadas pela mídia, atualização e
participação dos membros da cooperativa
dentro do cenário nacional. Tudo isso visa a
um objetivo maior, focado na responsabilidade social, que é a mola-mestra e razão da instituição. “Nossa finalidade é contribuir para a
construção do desenvolvimento sustentável,
que gere melhor qualidade de vida para as
pessoas e para as comunidades”, destaca
Ranúsio Cunha.
Mesmo desvinculada de política partidária, a cooperativa não interfere na ideologia dos seus associados, mas estimula
debates com enfoque para questões sociais
e estimula a organização entre setores como
jovens e mulheres, por exemplo. “Nós não
abrimos mão da autonomia e independência,
mas acreditamos na sociedade e na justiça
social”, enfatiza o dirigente da cooperativa.
O educador Marivaldo Sales destaca
que esse compromisso social vai além dos limites da cooperativa e tem colocado muitos
dos seus dirigentes em destaque na cena
estadual e nacional, quando o assunto é cooperativismo. “Cooperativa é uma sociedade
de pessoas e não de capital”, diz. Se para a
política partidária a entidade se diz suprapartidária, para as políticas de cunho social, ela
levanta todas as bandeiras.
ERRADICAÇÃO DO
TRABALHO INFANTIL
Uma dessas bandeiras foi erguida com
o incentivo à criação do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), quando
a cooperativa juntou-se, no final da década
de 1990, aos que apelavam ao governo
para que as crianças permanecessem mais
tempo na escola. Hoje, ajuda a gerir o programa e participa dos Conselhos Municipais
de Educação e Saúde. Sua luta em prol da
educação e da cultura inclui ainda a Escola
Família Agrícola, inspirada em proposta pedagógica desenvolvida na França.
Na escola fundada em 1996, os alunos
estudam as matérias do currículo escolar
oficial e aprendem técnicas agrícolas, administração de propriedades e conceitos
ligados à vida no campo. Mantém o Centro
de Aprendizagem e Intercâmbio de Saberes
(Cais), voltado para a formação de agricultores familiares. Prepara jovens para o mercado de trabalho na Escola de Informática
e Cidadania. Para incentivar a cultura regional, construiu a Casa da Cultura e financia
eventos artísticos em Valente e cidades da
região. Como um oásis plantado no semiárido baiano, tem espalhado serviços para
melhorar a qualidade de vida do homem do
campo.
Participa, por exemplo, do programa
1 Milhão de Cisternas, de responsabilidade
de uma rede de organizações não-governamentais que atua nas regiões secas do Brasil
e estimula a construção de reservatórios de
água de chuva em regime de mutirão; adquiriu uma perfuratriz para a escavação de poços comunitários na região, subsidiados por
recursos adquiridos pela cobrança do serviço a quem pode pagar; mantém um programa
de energia solar, que em 2004 já beneficiava
300 famílias residentes na zona rural.
Mais informações:
Cooperativa Valentense de Crédito
Rural LTDA – Sicoob- Coopere
RANÚSIO SANTOS CUNHA
Presidente
REINALDO LOPES DE OLIVEIRA
Vice-presidente
RUA J. J. SEABRA, 161 - CENTRO.
CEP: 48.890-000 - VALENTE / BA
TEL: (075) 3263- 2513
FAX: (075) 3263-2337
CNPJ: 73.398.646/0001-42
E-MAIL.: [email protected]
EXPEDIENTE INTERNO:
07:30 às 16:30
EXPEDIENTE EXTERNO:
08:00 às 13:00
N.º de Associados – 9.003 - Ativos
– 9.003 - Colaboradores - 46
Principal Atividade Econômica:
Sisal e Pecuária
Jurisdição: Valente, Retirolândia, São
Domingos, Santa Luz, Araci, Serrinha,
Queimadas, Cansanção, Nordestina,
Itiúba, Senhor do Bonfim, Ichu, Jaguarari, Gavião, Nova Fátima, Conceição
do Coité, Qiuxabeira, Capim Grosso.
Conempec – Associativismo
61
São Sebastião do Paraíso (MG)
Franca. Como se isso não bastasse, a região
conta com diversas rodovias, o que torna a
cidade de fácil acesso, convidativa para uma
economia próspera.
Se a localização do município foi fruto
do acaso, a virada não teria sido possível não
contasse a população com a perícia da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária
e de Serviços de São Sebastião do Paraíso
(Acissp) para desenvolver o seu trabalho. A
entidade entrou em campo com 11 estratégias para vencer. Entre elas, destacam-se o
baixo valor da mensalidade, o seu sistema
de cobrança e os vários tipos de assessoria
prestada.
A vitória do desenvolvimento
Os resultados conquistados em
equipe por meio de uma série de parcerias,
não apontam para uma solitária estrela, mas
para uma constelação de boas jogadas
que permitiram à Associação Comercial,
Agropecuária e de Serviços do município
(Acissp) ser hoje uma das entidades mais
ativas na representação empresarial de Minas Gerais.
Em um jogo, seja de tabuleiro ou de
campo, há aqueles que vencem por sorte
ou pela perícia. O ideal, dizem especialistas,
é quando os dois vêm juntos. A partida do
município de São Sebastião do Paraíso, em
Minas Gerais, contra o atraso e o subdesenvolvimento é um misto dos dois componentes. Localizada no sudoeste mineiro, a cidade
tirou a sorte grande: está estrategicamente
situado entre São Paulo e Belo Horizonte,
fica a 100 km de Ribeirão Preto e a 70 km de
62
Conempec – Associativismo
Embora tenha sido constituída em
1948, foi ao longo dos últimos 11 anos que
conseguiu crescer. Nesse período o quadro
social saltou de pouco mais de 150 para
1.400 associados. O nível de satisfação da
classe empresarial regional, bem como o
reconhecimento da comunidade, contribui
para a reputação conquistada pela entidade
e servem como fonte de inspiração para outras organizações.
O objetivo da Acissp, que não tem fins
lucrativos, é colaborar com o processo de
desenvolvimento estratégico e sustentado
do município. Para isso, conta com seus
associados e colaboradores na defesa e na
preservação da iniciativa privada.
OS CAMINHOS DA ECONOMIA
PARAISENSE
Foi na trilha das plantações de café
que os 65 mil habitantes de São Sebastião
do Paraíso conquistaram a segunda maior
cooperativa de café do País, a Cooperativa
Regional de Cafeicultores em São Sebastião do Paraíso (Cooparaíso). Além disso, o
município abriga
diversas empresas, não só nos
campos tradicionais da agroindústria, mas em
diferentes setores
Equipe da entidade, presidida por Ailton
Sillos, atende empresários e candidatos a
empreendedor com 200 ações de capacitação
Conempec – Associativismo
63
São Sebastião do Paraíso (MG)
produtivos: laticínios, indústria têxtil, fruticultura, plantio de cana-de-açúcar, indústria
de material cirúrgico hospitalar, movelaria,
nutrição animal, entre outras atividades.
Possui também um dos maiores pólos
curtumeiros do Brasil e o mais destacado em
Minas Gerais, englobando aproximadamente
dez empresas com tradição e experiência na
produção de peles de qualidade.
Se diversificar é um segredo para o sucesso, o município sabe bem o que isso significa. Sua fabricação de componentes para
lingerie completa os resultados positivos que
já eram encontrados apenas na montagem
de conjuntos de moda íntima. A produção de
São Sebastião do Paraíso é vendida em variadas regiões do Brasil e para outros países.
ESQUEMA TÁTICO
Para vencer o jogo do desenvolvimento, a entidade investiu em várias ações. Uma
delas está ligada à mensalidade. A dependência da Acissp em relação à arrecadação
de recursos financeiros via mensalidades é
baixo. O foco predominante de sua atuação
é a oferta de serviços, que refletem na fidelização da clientela. A médio prazo planeja-se
abdicar da cobrança de mensalidades dos
associados.
Mas, para sobreviver em um esquema
de mensalidades baratas, é importante ter
um sistema de cobrança eficiente, o que, na
verdade, é um dos diferenciais da entidade.
Para fazer esse serviço, ela recruta jovens,
que são treinados e batem de porta em porta
para entregar os boletos.
Além disso, todos os serviços usufruídos
pelos associados são consolidados no mesmo documento de cobrança, o que também
facilita. Outra maneira encontrada para economizar foi a impressão própria dos boletos, o
que evita a incidência de encargos bancários.
A combinação de um bom serviço de
cobrança e qualidade na prestação de serviços faz a inadimplência da entidade chegar a
quase zero.
PARCEIROS & AÇÕES
Saiba como a entidade empresarial do interior mineiro oferece
200 atividades de capacitação
A Acissp realiza anualmente cerca de 200 ações
de capacitação. Para executá-las, a entidade conta com
um elenco de parceiros de peso, como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae),
o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar),
o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e a Federação
das Associações Comerciais, Industriais, Agropecuárias
e de Serviços do Estado de Minas Gerais (Federaminas),
a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), a
Federação do Comércio de Minas Gerais (FCEMG) e
a Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais
(Faemg).
Tem mais. Pensando em aumentar as chances de crescimento das empresas de pequeno porte, a Acissp
firmou parcerias com o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal para ampliar o leque de fontes de financiamento para aquisição de equipamentos de informática e a preparação dos usuários.
As atividades são realizadas em sua sede e em instalações das outras entidades envolvidas. Com isso, a
entidade consegue oferecer ampla assessoria aos associados a custos reduzidos e com abrangência a variadas
áreas de interesse da clientela.
Entidade
desenvolve
atividades com
parceiros de peso
EMPRESA-ESCOLA
Eliminação das mensalidades
Numa visão de médio prazo, a Asissp planeja abdicar da cobrança de mensalidades dos associados. Em
primeiro lugar, porque o nível de dependência da Acissp em relação à arrecadação de recursos financeiros via
mensalidades é muito baixo. O foco predominante da atuação da entidade é a oferta de bons serviços que se
traduzem na fidelização da clientela. Ainda assim, os valores dos associados são baixos. Confira:
MENSALIDADES
Categorias de associados
Beneficiário de Serviços
Prestadores de Serviços
Pequenas Empresas
Empresas de 10 a 30 Funcionários
Empresas de 31 a 50 Funcionários
Empresas com mais de 51 Funcionários
64
Conempec – Associativismo
Valor
R$ 12,00
R$ 20,00
R$ 20,00
R$ 25,00
R$ 50,00
R$ 90,00
A integração empresa-escola (Ciee/Acissp), feita há nove anos, foi um gol da entidade. Foi criada a
Coordenadoria de Programa de Estágios para Estudantes de Ensino Médio e Educação Superior, do Centro de
Integração Empresa-Escola de Minas Gerais. Desde a sua implantação, já foram atendidos cerca de 14.000 estudantes na região. Desses, aproximadamente 4.500 conseguiram empregos com carteira assinada. O sucesso
dessa ação é apontado para a assertividade dos critérios de seleção, preparação e acompanhamento dos estagiários junto às empresas atendidas pelo programa.
A Acissp dispõe do escritório da Junta Comercial do Estado de Minas Gerais para atendimento a empresários e contadores regionalmente, com envio de mala direta diária para a sede da Junta Comercial de Minas
Gerais, em Belo Horizonte. O atendimento se estende aos municípios de São Tomás de Aquino, Monte Santo
de Minas, Itamogi e Jacuí prestando apoio especializado às micro e pequenas empresas em procedimentos
comerciais e contratuais, constituição, alteração, extinção de empresas e registros de livros, buscas, certidões,
entre outros serviços.
O atendimento a empresários é realizado por funcionário da Acissp e não há incidência de honorários
sobre os serviços prestados.
Conempec – Associativismo
65
São Sebastião do Paraíso (MG)
Primeiro Emprego
Dos 14 mil estudantes assistidos pelo
CIEE/ACISSP mais
de 4500 conseguiram empregos com
carteira assinada na
região. Resultado
da assertividade dos
critérios de seleção,
preparação e acompanhamento dos
estagiários junto às
empresas atendidas
pelo programa.
Para angariar sócios, a Acissp criou
uma rede de serviços para as necessidades dos setores empresariais que atende.
Exemplo disso é o Serviço de Proteção ao
Crédito (SPC). Com abrangência nacional,
a entidade opera consultas on-line 24 horas,
via Unidade de Resposta Audível (URA). A
implantação do sistema de consultas on-line
tem motivado a informatização das micro e
pequenas empresas da região.
A BOLA DO JOGO
A tática que permeia todo o sucesso da
Acissp está ligada à formalização de convênios para prestação de serviços aos associados e comunidade em geral. Essa é a espinha
dorsal da sustentabilidade financeira da
entidade juntamente com o investimento em
ações para o aumento do número de sócios.
Motivada pelas crescentes demandas
por serviços de assistência à saúde, a Acissp
oferece diversas opções de planos que se
estendem ao atendimento clínico, laboratorial, odontológico e hospitalar.
A Acissp assegura às entidades conveniadas garantia de recebimento e gerencia,
por meios próprios, eventuais inadimplências
geradas a partir da utilização dos serviços
pelos conveniados.
Também foram formalizados convênios
com os Correios para envio de correspondências e encomendas e com a Embratel para
oferta de planos telefônicos e acesso a serviços internacionais de telefonia, que deverão
subsidiar ações da Câmara de Comércio Exterior e Relações Internacionais da Acissp.
Os convênios constituem atualmente a
66
Conempec – Associativismo
principal fonte de receita da Acissp. Contudo, esse crescimento foi gradativo e pautado
pela adequada seleção de fornecedores. O
poder de barganha da entidade foi aumentado na proporção em que conseguiu assumir os riscos de inadimplência por meio da
composição de capital de giro suficiente para
garantia das operações de pagamento aos
convenentes.
Solução facilita o jogo
A Acissp conta com Câmara de Mediação e Arbitragem para ajudar a resolver conflitos empresariais e evitar longos processos
na Justiça.
Criada em julho de 2004, a Câmara de
Mediação e Arbitragem da Acissp é o quarto órgão dessa natureza instalado em Minas Gerais.
Está à disposição do empresariado local para
solução de possíveis conflitos em contratos
que tratam de bens patrimoniais disponíveis.
Trinta e cinco árbitros das mais variadas áreas
de atuação (indústria, comércio, serviços, saúde, direito etc.) foram treinados e credenciados
pela Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem para executar essa função.
No rol das vantagens efetivas da solução dos conflitos pela Camassp estão: a
velocidade, a economia, a informalidade, o
sigilo, a especialização e o prestígio da autonomia da vontade.
A Câmara oferece as seguintes alternativas extrajudiciais de solução de conflitos:
1) Conciliação – é um procedimento
extrajudicial em que as partes escolhem um
terceiro neutro que, por meio da sua intervenção direta, procura levar as partes a um
acordo, pondo fim a um conflito. O conciliador não profere sentença, mas sim um termo
de acordo que é formalizado pelas partes. A
conciliação é mais usada nas relações trabalhistas, por meio de lei específica.
2) Mediação – é um método de resolução de conflitos onde um terceiro, neutro
e imparcial, mobiliza as partes interessadas
para um acordo. O mediador ajuda as partes
a identificar e resolver as questões de conflito, buscando restabelecer o processo de
comunicação e de avaliação de opções e objetivos. Dessa forma, não é um procedimento
impositivo, mas estabelecido consensualmente para buscar mútua satisfação das partes envolvidas. Aplica-se inclusive a alguns
direitos de família e outros não solucionáveis
pela arbitragem;
3) Arbitragem – é o meio alternativo
de solução definitiva de controvérsias pela
intervenção de um ou mais árbitros escolhidos pelas partes sem intervenção estatal.
No Brasil, a Arbitragem é regulada pela Lei
nº 9.307/1996, sendo que o procedimento
se instaura por meio de cláusula compromissória inserida previamente em contrato ou,
ainda, por meio de documento separado ou
posteriormente firmado pelas partes.
Embora a demanda pelo serviço ainda
seja pouco significativa, a Acissp mantém,
com recursos próprios, um advogado que
realiza atendimentos diários na entidade. Na
verdade, não há cultura empresarial no Brasil
para a solução extrajudicial de conflitos. Mas
a sobrecarga do Poder Judiciário e a articulação da Acissp no sentido de incluir contratos
a cláusula compromissória, assegura que
esse seja um serviço de natureza estratégica
para o futuro da entidade.
NEGÓCIOS
A Acissp implementou em 1999 o Balcão
de Negócios cujo objeto principal de atuação é
a intermediação junto a agentes financeiros de
linhas de crédito de fomento a empresários e
empreendedores de São Sebastião do Paraíso
e região. O apoio às empresas inclui a elaboração de projetos de viabilidade econômica e o
suporte de documentos exigidos pelos bancos
no ato da solicitação de empréstimos.
Apenas em 2005 cerca de R$ 40 milhões foram injetados na economia local e
aproximadamente de mil empregos foram gerados na região.
Por intermédio de funcionário próprio, a
Acissp auxilia empresários no acesso a linhas
de crédito. Além da identificação do financiamento mais adequado a cada perfil empresarial, também é composto plano de negócios, a
partir do qual o tomador é assistido financeira e
gerencialmente. O serviço é gratuito e tem sido
um dos agentes de captação de associados.
A Acissp adota como estratégia para mobilização e maior coesão de seus associados, a
formação de câmaras setoriais. São elas: a Câmara de Comercialização e Armazenagem de
Café, que conta com 35 associados de vários
municípios de Minas Gerais e de outros estados, estrutura a partir da qual empresários do
ramo defendem seus interesses com suporte
técnico-administrativo e jurídico da Acissp; e a
Câmara de Couro e Calçados.
As câmaras setoriais dispõem de todo
apoio técnico, político, institucional e infraestrutural da Acissp. Identificadas afinidades
e desafios de cada segmento empresarial, os
problemas são tratados de forma personalizada e sob o lema “a união faz a força”.
Conempec – Associativismo
67
São Sebastião do Paraíso (MG)
Em fase de implantação com apoio
do Sebrae Minas, a entidade desenvolve
o projeto Geor-Couro, voltado para ações
tecnológicas, administrativas e processos de
preservação ambiental. Geor é a sigla da Gestão Estratégia Orientada para Resultados,
uma metodologia adotada pelo Sebrae para
acompanhar e mensurar os efeitos gerados na
economia por causa de suas ações, como aumento do faturamento das empresas, redução
do nível de desemprego no município etc.
A Câmara de Comércio e Relações Exteriores (Comex-Acissp) é um órgão interno
da entidade que atua na defesa e articulação
de interesses de empresas paraisenses com
vocação para o comércio exterior e/ou estreitamento de relações com parceiros comerciais e institucionais estrangeiros.
JOVENS EMPREENDEDORES
Ganhando fôlego para o futuro, a Acissp,
criou em 2006, o Conselho Empresarial de Jovens, que tem como objetivo principal integrar
jovens empresários aos desafios inerentes ao
associativismo e à gestão de uma associação
nos moldes da Acissp. O Conselho conta com
a participação de 15 empresários paraisenses
com idade máxima de 35 anos.
Com foco nos empreendedores da região, a associação oferece por meio do Ponto de Atendimento do Sebrae Minas em São
Sebastião do Paraíso serviços e produtos de
orientação empresarial para quem pretende
abrir ou expandir os negócios.
Os empreendedores têm acesso a
consultorias presenciais e a distância, publicações, informações sobre abertura de
empresas e cursos sobre temas como admi-
68
Conempec – Associativismo
nistração financeira, formação do preço de
venda, plano de negócio, gestão de recursos
humanos, marketing, entre outros.
UM MUNDO DE SERVIÇOS
Também são oferecidos capacitação
empresarial, programas para a melhoria dos
processos gerenciais, tecnológicos, desenvolvimento das habilidades de liderança e do
comportamento empreendedor.
Acissp abriga em sua sede os seguintes órgãos:
• Ponto de Atendimento do Sebrae
• Escritório do CIE-E - Centro de Integração
Escola-Empresa
• Balcão da Junta Comercial de Minas Gerais
Além disso, com o apoio da Acissp e de
outras entidades locais são elaboradas estratégias de desenvolvimento, estabelecendo
parcerias com os municípios, entidades empresariais e instituições de fomento e pesquisa, apoiando setores que precisam tornar-se
mais competitivos.
Também encontram-se instalados na sede:
• Serviço Central de Proteção ao Crédito
– SCPC;
• Balcão de Negócios;
• Câmara de Comércio Exterior;
• Câmara de Couro e Calçados;
• Câmara de Comercialização Armazenagem
de Café;
• Câmara de Mediação e Arbitragem.
Na microrregião de São Sebastião
do Paraíso, o Sebrae apóia projetos de
desenvolvimento junto aos setores, como,
couro, café, calçados e turismo. Além disso,
implementa programas para o aumento da
qualidade e competitividade de empresas
de diversos segmentos e estimular o desenvolvimento econômico de territórios por
meio da capacitação empreendedora. A
Microrregião de São Sebastião do Paraíso
atende 13 municípios: Arcerburgo, Guaranésia, Guaxupé, Itamogi, Jacuí, Juruaia,
Monte Belo, Monte Santo de Minas, Muzambinho, Nova Rezende, São Pedro da União,
São Sebastião do Paraíso e São Tomás de
Aquino.
Formando os jogadores do futuro
– Em 1997, por meio de franquia adquirida
pela Acissp ao Sebrae-MG foi implantada
a Escola Técnica de Formação Gerencial
(ETFG). Ela é responsável pela formação de
alunos de nível médio e de técnicos em Administração. A ETFG de S.S. do Paraíso é refe-
Figuram entre as entidades mantidas pela
Acissp externamente à sua sede:
• Escola Técnica de Formação Gerencial
– ETFG;
• Serviço Social da Indústria -Sesi/Acisp.
rência do Sistema Sebrae em Minas Gerais,
representou o Brasil na Alemanha em 2003
como referência brasileira em formação educacional, onde recebeu o título Best School.
Ela é mantida pela Acissp com apoio
da Fecom, Administração Municipal e várias
empresas cidadãs: Ampara, Luiz Tonin, Cooparaiso, Gonçalves Sales, Nova América,
Multimov, Matsuda.
Até o final de 2005, cerca de 180 alunos
passarão pela Escola com aproveitamento
superior a 80% em ingresso em universidades
públicas ou particulares. Outros 20% dos alu-
nos formados empreendem seu próprio negócio. Enfim, para a Acissp, o futuro é agora.
MISSÃO
A Acissp tem como missão colaborar
com o processo de desenvolvimento estratégico e sustentado do município, juntamente com
seus associados e colaboradores, tendo como
objetivos principais a defesa e a preservação da
iniciativa privada como instrumento fundamental para o desenvolvimento econômico-social
do País, por meio da livre concorrência, propriedade privada, legitimidade do lucro, remuneração justa pelo trabalho e justiça social.
A Acissp possui representatividade junto
as suas Federações afins e, em especial, à Federaminas, por meio da vice-presidência de Ailton
Rocha de Sillos, engenheiro e empresário que
preside a associação paraisense desde 1995.
Os canais de relacionamento da Acissp se ligam
aos principais segmentos da sociedade e à
maioria das instituições da cidade e região.
Os serviços prestados pela Acissp estão
em concordância com as principais demandas dos associados e vêm preencher lacunas,
antes existentes, na promoção do desenvolvimento empresarial de S.S. do Paraíso.
Outro relevante indicador da atuação
da entidade se refere aos títulos a esta outorgados ao longo dos últimos anos:
• 1999 e 2000 – Conselho de Integração e de Desenvolvimento Regional de Destaque - Federaminas
• 2001– Destaque no Associativismo
Mineiro – Federaminas
• 2003 e 2004 – Competência no Associativismo - Federaminas
Conempec – Associativismo
69
A Acissp apresenta a seguinte estrutura organizacional
Organograma – A entidade é composta por um conselho de administração,
diretoria executiva e conselho fiscal.
Conselho de Administração
Ailton Rocha de Sillos – Sillos e Reis Engenharia
Geraldo Alvarenga de Resende Filho – Gonçalves
Salles S/A
Marcelo Pimenta – Cooperativa Regional dos Cafeicultores de S.S. do Paraíso
Gender José B. P. Alcântara – Uspan Importadora e
Exportadora
Sergio Roberto Merizzi – Producol Ind. e Com Ltda
José Basílio de Queiroz – Transportadora Tebas
Reginaldo de Souza – Desfile Calçados
Gilberto Gonçalves – Ampara Assistência Médica
Marcos Antonio dos Santos – Fundação Educacional Comunitária de S.S. do Paraíso
Diretoria Executiva
Diretor-Presidente: Milton Rocha de Sillos – Sillos e
Reis Engenharia
Diretor Vice-presidente: Willian Martoni - Martoni Materiais
p/ Construção e BM
Pallace Hotel
Diretores de Administração e Finanças:
Guilherme de Pádua
Maia – Gráfica São
Luiz e Gustavo
Coelho de Pádua - Conformatec Industria e Comércio Ltda.
Diretores Jurídicos: James Warley Pereira Ribeiro
– Advogado e Douglas de Assis Dowe – Advogado
Diretores de Marketing: Mariano Aparecido Bicego
– Chefe de Gabinete da Prefeitura Municipal e
Professor Universitário e Andréia Colozio Candiani
– Revista Nova Show e Radialista
Conselho Fiscal- Efetivo
Welington Mumic – Curtume Mumic
Pedro Dilson Costa Coutinho – E.E. Mariana
Marques / Apae
Pedro Henrique Zanin Junior – Modelage
Pré-moldados de Concreto
Conselho Fiscal – Suplentes
Maria Hortência de Souza – Escritório de Contabilidade São Judas
Dorival Moreira Machado – Escritório de Contabilidade Dorival Machado & Filhos
Paulo Roberto de Oliveira – Posto de Serviços
Carro Limpo
Diretores do SCPC
Luiz Gonzaga Goulart – Farmácia São Sebastião
Leonardo Borges de Souza – Técnico Eletricista
Mais informações: www.acissp.com.br | Av. Oliveira Rezende,1350
Tel: (35) 3531-2486 - São Sebastião do Paraíso - MG
70
Caxias do Sul (RS)
São Sebastião do Paraíso (MG)
ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
Conempec – Associativismo
Isca para peixes graúdos
A pescaria representa a subsistência para alguns. Para outros, é apenas
um esporte. Mas em ambos os casos, a
paciência é a maior das virtudes, embora um
pequeno componente possa representar o
diferencial entre uma espera infrutífera e um
belo peixe para o jantar: a isca.
empresas já se destacam em segmentos de
grande destaque na indústria gaúcha, como
o metal-mecânico, o moveleiro, o têxtil e outros setores com forte presença na região.
O Peiex do Núcleo Operacional caxiense é emblemático. O programa encontra-se
em desenvolvimento em outras regiões e
pólos do País, mas poucos deles possuem a
O Projeto de Extensão Industrial Exportadora (Peiex), implantado no Núcleo Operacional de Caxias do Sul, ilustra muito bem
a importância de uma boa isca, quando se
quer pegar um peixe maior. Organizados em
diversos Arranjos Produtivos Locais (APLs),
concentrações de empresas do mesmo
ramo, 282 empreendimentos da região gaúcha vêm sendo atendidos pelo projeto. Essas
Participantes realizam ações de caráter
prático enquanto “aprendem a pescar”
Conempec – Associativismo
71
Caxias do Sul (RS)
diversificação de atividades e a versatilidade
do pólo caxiense, que atende empresários
de 47 municípios. O foco do programa é
disseminar a cultura exportadora entre um
empresariado que já possui destaque em seu
pólo de atuação.
Após a identificação do que precisa
ser mudado ou aprimorado, o extensionista
(responsável pelo atendimento técnico às
empresas do APL) auxilia o empresário na
busca do melhor caminho a ser percorrido
para superação de determinado desafio. “Por
isso, o Peiex ensina a pescar”, diz o professor
Marcelo Nichele, coordenador do projeto
pela Universidade de Caxias do Sul (UCS).
“As ações têm caráter prático e acontecem
na própria empresa”, complementa Nichele.
O conhecimento dos problemas, desafios e particularidades da região é outro dos
fatores responsáveis pelo sucesso do programa: quatro dos sete extensionistas do Peiex
caxiense são professores da UCS. “No Núcleo Operacional de Caxias do Sul, buscamos
selecionar professores extensionistas que falem a língua do empresário”, lembra o monitor
do Peiex, o professor Rodrigo Borges Bertoni.
Essa linguagem começa com a palavra flexibilidade, verdadeira música para os ouvidos da
classe empresarial. “O projeto tem carga horária flexível e o atendimento dos extencionistas
se dá em conformidade com as solicitações
dos empresários”, explica Bertoni.
A proximidade dos acadêmicos com o
empresariado local gerou uma importante interação Universidade x Empresas, antes rara
na região caxiense. O professor extensionista
Empresários do setor de confecções
participam de grupos de trabalho auxiliados
por consultoria
72
Conempec – Associativismo
Carlos Alberto Costa enfatiza que vários empresários sequer haviam entrado nas dependências da UCS, mas que a implementação
do Peiex os fez conhecer laboratórios e serviços que, atualmente, são demandados para o
aprimoramento de processos das empresas
participantes do projeto.
Do chão de fábrica
para o mundo
Não se pode rogar uma viagem de
circunavegação sem que se tenha a mínima
infra-estrutura portuária, naval e logística.
A construção de um bem-sucedido empreendimento exportador funciona de maneira
similar. De nada adianta uma boa divulgação
externa, recursos humanos bem treinados
para lidar com um cliente estrangeiro e uma
estratégia logístico-comercial bem aplicada,
quando alguém não adequou seu próprio
chão de fábrica a essa realidade. Mudanças
de linha de montagem e produção, do maquinário e de suas calibragens e até do produto
e dos fornecedores se fazem necessárias,
para atingir o mercado internacional.
O programa Peiex conta com o apoio
do Sebrae, que coordena projeto em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e com a
Agência de Promoção de Exportações e
Investimentos (Apex). Mas longe de ser um
programa apenas de promoção comercial,
as mudanças começam já no chão de fábrica,
ou nas mais simples minúcias do dia-a-dia da
empresa participante. O Ministério, por meio
da Secretaria de Desenvolvimento da Produção, é responsável pelos honorários pagos
aos extensionistas, bem como o custeio de
suas despesas com traslados. A Apex, utilizando a experiência adquirida em dezenas
de rodadas de negócios setoriais no exterior
já feitas, oferece treinamento específico sobre comércio exterior e dispõe informações
sobre diversos países e mercados-alvo aos
empresários.
Junior Dorigan, empresário da Metalúrgica Romamar destaca os resultados registrados a partir da realização do treinamento
em gestão de pessoas. “Hoje me relaciono
muito melhor com os funcionários, os ganhos
são visíveis. Além disso, pudemos identificar
por intermédio de outras iniciativas, demandas por ações de consultorias tecnológicas
em layout de produção e automatização de
equipamentos”.
Reunidos pelas atividades do Peiex,
empresários do setor de confecções da região constituíram um grupo de trabalho composto por sete empresas. Auxiliados pela
consultora em comércio internacional Ranise
Mabília, as primeiras ações dos empresários
têm se dirigido à prospecção de mercados
no exterior. “A participação em eventos
internacionais, a tradução de catálogos de
produtos para outras línguas e a formação
de preços para exportação parecem pouco
expressivas, mas já começam a abrir portas
fora do País; além disso, é possível perceber
que com a união de interesses e de esforços
tudo fica mais fácil”, afirma Ranise.
Um dos grandes desafios do Peiex
é dotar empresas de micro e de pequeno
porte de atributos necessários para a concorrência em nível global, tanto para preservação de mercados já existentes quanto para
alavancagem de novos clientes no exterior.
As ações não se restringem à promoção de
produtos e serviços, mas também influem na
própria escolha e produção dos itens.
O empresário Cláudio Pereira de Mesquita da Metalúrgica Cafla salienta que os
treinamentos foram excepcionais, mas que
o principal ganho foi acerca do planejamento
da empresa e da implantação de softwares
de produção e gerenciamento. “Minha empresa sempre foi flexível e sempre atendemos
a pedidos difíceis de serem executados, mas
agora dá para sentir mais firmeza em relação
Conempec – Associativismo
73
Caxias do Sul (RS)
a novos desafios”. Neste momento, a Metalúrgica Cafla, com o envolvimento de três outras
empresas, se prepara para o desenvolvimento de uma nova máquina retífica que permitirá
ao grupo de empresários realizar serviços
diferenciados no mercado.
O sucesso passo a passo
A estrada para o sucesso não é constituída por uma única e longa reta, mas possui
curvas, altos e baixos, obstáculos e todo tipo
de barreira. É demasiado arriscado, também,
se dispor a percorrer essa jornada de uma só
tacada. A viagem sem paradas pode gerar
desgastes e expor as fraquezas até mesmo
do mais hábil e experiente motorista.
O desdobramento do Peiex tem início
com a seleção e apresentação da entidade
conveniada, para gestão local do projeto (no
caso de Caxias do Sul, a UCS), a partir da
qual haverá a composição dos núcleos estratégico e operacional.
O Núcleo Estratégico congrega instituições vinculadas a arranjos específicos. É responsável pela
governança do APL. Interage
com o Núcleo Operacional,
disponibilizando o banco de
dados das empresas, propicia a discussão para análise
do diagnóstico e participa da
construção do Plano de Desenvolvimento do APL (PDA).
Já o Núcleo Operacional por meio de sua equipe
técnica, é o responsável pelo
Peiex: as experiências dos empresários se complementam
74
Conempec – Associativismo
atendimento empresarial. É composto por
um coordenador que executa a interlocução
entre a coordenação geral do Peiex, a instituição conveniada e o núcleo. É constituído
ainda por um monitor extensionista responsável pelo cumprimento das metas técnicas
do Peiex junto às empresas do APL, sete
técnicos extensionistas responsáveis pelo
atendimento técnico às empresas do APL, e
quatro estagiários responsáveis pelo apoio
técnico-administrativo no núcleo.
A partir da formação dos dois núcleos,
apresenta-se a metodologia do projeto. Após
isso, há a fase de capacitação dos técnicos
extensionistas que levarão a cabo o programa, além do estabelecimento do perfil das
empresas participantes e priorização do
atendimento.
O próximo passo é a distribuição das
empresas participantes do projeto entre
os técnicos nomeados para o treinamento
e capacitação. A partir daí, as diversas empresas são visitadas pelos técnicos, que
passam a trabalhar com um diagnóstico
preliminar, a partir do qual será ministrado o
treinamento.
O Peiex contribui de forma pragmática
para o sucesso das empresas, mas, também,
estabelece elos de co-responsabilidade
entre empresários e extensionistas. “A experiência com estes empreendimentos é
grandiosa, pois além conhecer o dia-a-dia
das empresas e dos empresários, é possível
contribuir para a construção de uma nova história. Eu me sinto participante e atuante nesta
trajetória e isto, não tem preço. É muito bom e
eu gosto muito do que faço.” afirma a técnica
extensionista Fernada Mari Zattera. O empresário Junior Dorigan reitera seu interesse
pelo assessoramento dos extensionistas.
“Neste momento, nos preparamos para uma
nova expansão e o trabalho realizado pela
UCS nos oferece confiança na tomada de
decisões”, enfatiza.
Além do diagnóstico da área de comércio exterior, os técnicos despendem especial
atenção aos aspectos das áreas de recursos
humanos, finanças e custos, vendas e marketing e ainda pela parte de manufatura e desenvolvimento de produtos.
Nas margens do açude
Com todos os dados em mãos e com
os planos de metas e aplicação definidos,
os técnicos, as empresas e o APL partem
para a fase de implantação do projeto. Agora, o pescador, munido de seu equipamento
de trabalho, terá a oportunidade de constatar o quão eficiente será sua isca, e que tipo
de peixe irá fisgar. O bom pescador sabe o
que irá fisgar. Não se mostra satisfeito com
um pintado, se seu objetivo original era um
tucunaré.
Munidos de seus respectivos diagnósticos, os técnicos se reúnem junto aos
coordenadores para análise dos pontos averiguados na fase de diagnóstico e definição
das melhores políticas de implantação. São
definidas todas as prioridades de execução
para as empresas, para os extensionistas e
para as instituições envolvidas, e a partir disso é elaborado um plano de desenvolvimento
do APL. Concluída a execução das atividades e estratégias destinadas ao conjunto de
empreendimentos do arranjo, é redigido um
relatório final sobre o projeto.
Treinamentos e
atendimentos são
montados a partir
dos diagnósticos
realizados nas
empresas, o que
assegura maior
assertividade em
relação às reais
necessidades do
meio empresarial
Os treinamentos bem como os atendimentos de campo, foram montados a partir dos
diagnósticos realizados nas empresas, o que
assegura maior assertividade em relação às
reais necessidades do meio empresarial, como
afirma o professor João Vicente Godolphim.
Os extensionistas são recebidos com
curiosidade e reverência pelos empresários,
a maior parte das empresas atendidas pelo
projeto jamais foi assistida por ações de capacitação. “Há um sentimento de gratidão de
parte a parte tanto pelos empresários quanto
por nós extensionistas”, diz Jaci Natal Tasca.
Outro benefício do Peiex é a troca de experiências entre professores e empresários.
“As vivências se complementam”, comenta o
extensionista Sidnei Alberto Fochesatto.
Conempec – Associativismo
75
Cooperativismo (PE)
A cooperativa, localizada em Caraibeiras, distrito de Tacaratu, no sertão
pernambucano, é uma região que vive
praticamente do trabalho artesanal, onde em
cada casa há pelo menos um tear e todas as
pessoas da família – até as crianças – são
envolvidas nas atividades.
Até surgir a cooperativa, o trabalho era
realizado isoladamente e os artesãos mantinham uma cultura individualista, tendo muita
dificuldade em realizar suas atividades, uma
vez que não havia condições de crescimento
e desenvolvimento de sua produção por falta
de recursos para aquisição de matéria-prima
e equipamentos mais eficientes.
Tecendo lucros
A abertura de mercado, a globalização e o advento da tecnologia trouxeram
grandes desafios às organizações. Para
enfrentá-los, elas formam parcerias entre si, e
transformam ameaças em oportunidades de
negócio por meio da cultura cooperativista e
associativista.
Cooperativa é referencial de sucesso para
grupos que desejam se organizar
76
Conempec – Associativismo
Um referência de sucesso de grupos
organizados em cooperativas. Assim, a
consultora Anamélia Paranhos Macedo, da
Visão Empresarial Consultores Associados,
classificou a Cooperativa dos Artesãos
Têxteis de Tacaratu (Coopertêxtil). Em seu
relatório, uma espécie de avaliação técnica
da cooperativa, ela concluiu que a entidade
é considerada “um referencial de sucesso
de grupos organizados em cooperativas”. A
visita foi realizada sob a supervisão do Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae), onde foram abordados aspectos
gerais para a coleta de dados.
Para Anamélia, a cultura associativista não existia
e “o espírito de parceria era
visto não como uma união
de forças para se fazer representar no mercado de trabalho, mas como uma perda de
espaço e de poder”, descreve, e o monopólio de alguns
dominava a região, impedindo-a de desenvolver-se.
A partir da consciência
das dificuldades existentes,
artesãos de uma mesma rua resolveram se
unir para criar forças e representatividade,
decidindo então criar uma associação que
representasse a sua atividade. Assim, em 28
de julho de 1999 surgia a Associação dos
Artesãos de Tacaratu. Por meio da Associação, os sócios
conseguiram financiamento pelo Banco do
Nordeste do Brasil (BNB), compraram o
terreno da sede onde funciona a cooperati-
Trabalho artesanal agrega
toda a família criando
espírito de parceria com a
comunidade local
va, os galpões para oficinas de tecelagens
e teares mecânicos que substituíram os
manuais. Dessa maneira, foi aumentada a
produção com qualidade maior e tempo menor, aumentando a competitividade.
Entre os parceiros, estão o Sebrae,
o Serviço Nacional da Indústria (Senai), a
ONG Visão Mundial e o BNB. “Esses parceiros vêm realizando trabalhos nas áreas
de gestão, desenvolvimento de produtos,
Conempec – Associativismo
77
Cooperativismo (PE)
Empresas divulgam trabalho
Parcerias, como a
do Sebrae, resultaram em desenvolvimento e melhor
qualidade do
artesanato
Outros mercados – A venda de produtos da Coopertêxtil abrange o mercado local por meio da loja na sede da
cooperativa. Expandem-se também nos mercados dos estados de Pernambuco, São Paulo, Tocantins e Bahia, sendo
que os dois primeiros recebem maior concentração de vendas. Por meio de uma parceria com a ONG Visão Mundial,
os trabalhos são exportados para a Holanda.
Dentre os clientes da Coopertêxtil estão consumidores comuns, revendedores de várias regiões, pequenos
comerciantes, donos de quiosques e grandes lojas, como Tok Stok e Pão de Açúcar. Isso torna evidente a expansão
do artesanato de Tacaratu no mercado interno e externo, o que possibilita grandes negócios, além de divulgar o sertão
pernambucano como potencial e detentor de talentos.
Como clientes potenciais há o Supermercado Bompreço, rede Wal Mart, Camicado, Riachuelo, Carrefour,
Pernambucanas, Lojas Americanas, Magazine Luiza, dentre outros.
Quanto a estratégias de divulgação, a Coopertêxtil possui um catálogo de produtos elaborado em parceria
com o Sebrae, além da etiqueta com a marca e o nome da cooperativa.
A cooperativa participa de feiras e eventos, e foi convidada recentemente para participar da Feira do Empreendedor em Recife e do Rio Fashion Week. Em março participou de um desfile de modas no Paço Alfândega, quando
lançou produtos no segmento de confecções femininas, com boa aceitação, e perspectivas para a cooperativa continuar investindo nesse segmento.
controle de produção e comercialização,
além do apoio na resolução das dificuldades
atualmente existentes”, destaca Anamélia.
Expansão e competitividade – Com
o aumento da produção, veio a necessidade
de tornar mais viável a comercialização dos
produtos, o que seria possível por meio do cooperativismo. Assim, em 15 de dezembro de
2003, foi criada a Coopertêxtil, auxiliada pelo
Sebrae por meio da implantação do programa
Redes Associativas, mas não extinguindo a
Associação, que ainda está em atividade.
A Coopertêxtil foi fundada com 21 cooperados que participavam da sua gestão,
sendo beneficiados com a prestação de serviços. O retorno foi o aumento da lucrativida-
78
Conempec – Associativismo
de e melhores condições de vida. “A cultura
associativista começou a ser difundida na
região com a conscientização das pessoas
e os benefícios vieram para os sócios, para a
comunidade, para o município e para os consumidores finais”, lembra Anamélia Paranhos.
Com a Coopertêxtil, a comercialização dos
produtos se expandiu e quase toda a produção dos cooperados é vendida para outras
regiões. A feira ainda existe, mas a maioria
dos artesãos que vende suas produções no
local não é cooperada.
Padrão de qualidade – Além dos cooperados, a Coopertêxtil beneficia mais 260
artesãos por meio da terceirização de alguns
serviços, o que gera emprego e renda. Esses
beneficiados não tinham nenhuma fonte de
renda, vivendo antes em condições precárias. Com isso, observa-se que, além da comercialização de produtos e beneficiamento
dos cooperados, a entidade também auxilia
artesãos locais não-cooperados que estão fora do mercado.
A produção inclui redes, colchas, jogos
americanos, mantas para sofás, cortinas,
capas de almofadas, bolsas, xales, tapetes. Atualmente, é exigido um padrão de qualidade
estabelecido pelos produtores e que é mantido
por meio de uma inspeção feita ao final da produção de cada peça, além de uma análise da
qualidade, pela Cooperativa, antes de enviar as
peças aos clientes. “Esse fato tem feito um diferencial competitivo nos produtos frente ao mercado e à concorrência”, observa a consultora.
Matéria-prima e maquinários modernos
possibilitam expansão do artesanato e
competitividade
Conempec – Associativismo
79
Segurança – As condições de trabalho são passíveis de alguns cuidados devido
à exposição a fatores como clima, poeira,
ruídos das máquinas e jornada de trabalho
excessiva. A preocupação com a prevenção
de danos físicos e acidentes de trabalho
Crescimento equilibrado
A Coopertêxtil tem uma representatividade significativa na região, embora
esteja pulverizada por artesãos que trabalham de maneira individualizada e isolada, conforme observou Anamélia.
A gestão da Coopertêxtil é feita com a participação dos sócios, da diretoria
e do conselho fiscal. Há participação dos 12 sócios-membros que estão sempre
à frente da cooperativa na gestão das atividades diárias e rotineiras. Das vendas
de produtos dos cooperados, caso sejam vendas locais, 7% do seu valor fica retido na cooperativa e das vendas realizadas fora da região, 18%. O pagamento aos
cooperados é realizado no início de cada mês, a partir da soma dos valores dos
produtos vendidos. Os controles são feitos desde a aquisição de matéria-prima,
até o controle de estoque de produtos acabados e vendas dos mesmos.
No que diz respeito aos aspectos financeiros da Coopertêxtil foi verificado que, muito embora o fluxo de caixa
seja bastante justo no sentido do equilíbrio entre receitas e despesas, existe hoje a situação de auto-sustentação, em
que a renda gerada pela comercialização de seus produtos e a mensalidade paga pelos cooperados têm conseguido
manter seu equilíbrio financeiro.
A consultora destacou que “a Coopertêxtil, apesar de seu pouco tempo de existência vem conseguindo obter
um crescimento significativo quanto ao desenvolvimento e qualidade de seus produtos, desenvolvimento e conhecimento técnico de seus cooperados, fortalecimento e divulgação de sua marca. Por ser ainda muito jovem, tem conseguido surpreender com os resultados alcançados”, conclui.
Supermercados (SC)
resultou na promoção de um treinamento em
parceria com o Senai e a Segurança, Organização e Limpeza (SOL), além de treinamentos de manutenção e operação de máquinas.
“Verificamos ainda em alguns teares, o uso
de protetor auricular e de máscara pelo trabalhador. Não há histórico de acidentes de
trabalho no tempo de existência da cooperativa”, informa a consultora. Embora não tenha
sido verificada nenhuma ação voltada para a
responsabilidade social, observa-se por parte da cooperativa uma grande preocupação
e comprometimento com o desenvolvimento
local e a sustentabilidade de moradores da
região, por meio das relações de parcerias
efetuadas com artesãos terceirizados, conforme citado anteriormente.
De peixe pequeno a tubarão
Unidos para vender mais barato e aumentar o faturamento, proprietários de mercados de bairros de Tubarão, em Santa Catari-
na, enfrentam as grandes redes do segmento
e criam marca própria com cartão de crédito
e produtos. Eles acreditam que ser pequeno
BG Press
Cooperativismo (PE)
A produção é realizada de acordo com a
matéria-prima disponível de cada cooperado
e armazenada tanto nas residências, como
na sede da cooperativa, que também é uma
loja para exposição e comercialização. Têm
sido desenvolvidos produtos, além de novas
cores da matéria-prima utilizada, a partir de
pesquisas e experimentos realizados com
parceiros, o que têm contribuído bastante
para a melhoria da qualidade do trabalho.
Mercadistas de
bairros se uniram
em Tubarão para
enfrentar grandes
grupos do setor com
a criação da Rede
SuperAzul, que tem
cartão de crédito e
produtos da própria
marca
Mais informações: Cooperativa dos Artesãos Têxteis de Tacaratu (PE)
Rua Tecelões, S/N, Tacaratu | Fone: 87- 38437537
80
Conempec – Associativismo
Conempec – Associativismo
81
Supermercados (SC)
não é problema quando não se está sozinho. A união faz a força. Uma andorinha sozinha não faz verão. Velhos clichês inspiraram
novas idéias. Com o avanço da tecnologia
e com o objetivo de facilitar a vida dos clientes, donos de pequenos supermercados de
Tubarão, cidade localizada no sul de Santa
Catarina, a 133 quilômetros de Florianópolis,
lançaram, em 2004, o cartão SuperAzul para
fidelizar e conquistar clientes. A experiência
deu certo, e eles passaram a produzir mercadorias e buscam novos associados.
A idéia da Rede SuperAzul nasceu
por meio do Proder Comcenso de Tubarão.
Trata-se de um programa de mobilização comunitária desenvolvido pelo Serviço de Apoio
às Micro e Pequenas Empresas de Santa
Catarina (Sebrae-SC) para estimular o desenvolvimento dos municípios, com o pleno aproveitamento das suas potencialidades. A meta
do Proder é a geração de emprego e renda e
o apoio ao desenvolvimento local integrado e
sustentável. Objetiva a geração de ocupações
produtivas preferencialmente em municípios
de pequeno porte, pela disseminação do empreendedorismo e pela criação e desenvolvimento de micro e pequenos negócios.
consultores para definir os setores prioritários, a quantidade de empresas e empregos
e o valor que gera para o município. Dentre os
vários setores analisados e selecionados, os
supermercados de bairro mereceram atenção especial.
Essa estratégia procura identificar as
vocações econômicas dos municípios, seus
pontos fortes e fracos e definir plano de ação
com a participação de parceiros públicos,
empresariais e de organizações não-governamentais. Além disso, o programa se baseia
na realização de pesquisas econômicas, ou
seja, censo empresarial e domiciliar.
Concorrentes viram
parceiros
Os proprietários desses supermercados foram convidados a partir do programa.
Na ocasião, eles foram apresentados aos
parceiros do Proder Comcenso e aos objetivos da realização de ações coletivas e de cooperação, para propor a análise do setor sob
a visão dos proprietários. O grupo se consolidou e hoje dele participam 17 empresários,
até de cidades próximas a Tubarão.
Em 2001, a Prefeitura Municipal de
Tubarão, a Associação Empresarial de
Tubarão (Acit) e a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) local decidiram contratar o Proder Comcenso. Durante o ano foi realizado
um censo domiciliar e empresarial no município. No começo de 2002 foram contratados
De acordo com o presidente da Rede
SuperAzul, Renato Menegaz, os comerciantes que aderiram ao grupo atualmente desfrutam de benefícios que vão além do faturamento. “O crescimento foi total, a vontade de
crescer continua e esperamos agregar mais
mercadistas. A meta é aumentar o número de
associados para 30 mercados”, planeja.
Rede SuperAzul
Menegaz: a Rede
SuperAzul transformou ex-concorrentes em parceiros
Para ele, a Rede transformou ex-concorrentes em parceiros, uma constatação
de que o associativismo pode melhorar os
negócios e a qualidade de vida dos proprietários que integram a Rede. O grupo é caracterizado por mercados de bairros, em geral,
empresas familiares.
Casos reais de sucesso
Por que ser um peixe pequeno se posso
ser um tubarão? Foi pensando assim que um
dos sócios e fundadores da Rede SuperAzul,
82
Conempec – Associativismo
Ivanei Menegaz, aumentou o faturamento do
supermercado Econolar, de sua propriedade.
Ivanei diz que o faturamento do supermercado, com sede no bairro Monte Castelo, em
Tubarão, Santa Catarina, teve acréscimo de
10% a 15% após a criação da Rede SuperAzul. “Para mim, a Rede é um caso de sucesso,
só pelo fato de não sermos mais concorrentes”, diz ele. “Quem não quis, se arriscou no
começo e deixou a Rede SuperAzul; agora,
se arrepende, porque vê o quanto a gente
deu certo”, afirma Ivanei Menegaz.
Outro empresário que incrementou
seu comércio e acredita no associativismo é
Renato Menegaz da Silva, dono do Mercado
Zezinho, também em Tubarão. “Com a Rede
SuperAzul, existe um caminho aberto para
quem está na área de supermercado”, garante o empresário. O estabelecimento teve a
área interna aumentada em 80 metros quadrados, acréscimo no faturamento de 50% e
mais três funcionários foram contratados no
primeiro ano da participação.
Crescimento
A Rede SuperAzul, oficializada em outubro de 2002, reduziu custos e aumentou
o faturamento dos mercados em média de
20%, com casos de 40%, chegando até a
mais de 100%. A maioria dos mercados embelezou suas instalações e aumentou a área
interna e o número de funcionários, contribuindo também para gerar mais empregos
indiretos.
Qualquer pessoa que comprove renda
e tenha o nome sem restrições de crédito
pode ter o cartão, que é aceito nos mercados
associados da Rede. O cartão é gratuito, sem
taxas de adesão e de anuidade.
Conempec – Associativismo
83
Supermercados (SC)
O agente de Articulação de Tubarão e
Região do Sebrae-SC, Altair Lucinio Fiamoncini, acredita que as parcerias iniciais para a
criação da Rede SuperAzul foram e continuam
sendo muito importantes para o crescimento
do setor de supermercados. “Somente com
parcerias há crescimento mais rápido. Pequenos empresários unidos e apoiados conseguem vender a preços competitivos”.
Além de 11 mercados de Tubarão, a Rede
SuperAzul está presente em mais sete municípios – Armazém, Capivari de Baixo, Imaruí, Imbiti-
ba, Laguna, Pedras Grandes e Treze de Maio, em
um raio de 100 quilômetros quadrados.
A Rede SuperAzul foi o incentivo para
mudanças na história dos pequenos mercadistas, que tinham como meta trabalhar no
setor, aposentar-se, fechar o mercado e viver
tranqüilos. A presença da Rede transformou a
vida desses comerciantes. A expectativa para
um futuro próximo é o sonho comum de todos
os integrantes da Rede, que é uma nota única
para compras, com isenção de impostos estaduais e federais a fim de evitar a bitributação.
Entre os grandes trunfos da Rede Super
Azul estão a geração de empregos, aumento
das vendas, aproximação entre empresários,
redução de custos e maior força frente aos
órgãos públicos e privados.
Carrefour e Pão de Açúcar produtos dos próprios grupos. No caso da Rede SuperAzul, já
fazem parte da marca, café, feijão, farinha de
mandioca de dois tipos, pizza, papel higiênico com 30 e 60 metros, batata palha, alho e
macarrão.
Produtos
Para o presidente da Rede SuperAzul,
há uma grande satisfação com a marca, que
divulga o nome da Rede e oferece boa qualidade. “Ao mesmo tempo que incentivamos
a produção local, ficamos conhecidos e nos
fortalecemos ainda mais”, diz. Outra maneira de competir com as
redes maiores é a oferta de produtos com
a marca SuperAzul. Aliás, essa é uma tendência verificada nos grandes grupos econômicos. É fácil encontrar em redes como
SANTO DE CASA FAZ MILAGRE
Prefeitura é premiada pelo Sebrae por programa de apoio a núcleos setoriais
No município de Tubarão (SC), “Santo de Casa Aqui Faz Milagre”. Trata-se de um programa promovido pela Prefeitura que sinaliza a importância de o associativismo empresarial estar conectado também com as
ações do Poder Público. Foi criado para ampliar a perspectiva comercial das empresas locais. Com a iniciativa,
estão sendo organizadas e aperfeiçoadas as atividades de empresários dos setores de móveis, confecções,
mercados de bairro e turismo rural.
O programa rendeu ao prefeito Carlos Stüpp o título de vencedor estadual do Prêmio Sebrae Prefeito
Empreendedor 2003. Para ele, o programa beneficia não somente a classe empresarial, mas toda a sociedade
tubaronense. “O grande milagre desse programa foi a recuperação de nossa auto-estima e do nosso espírito
empreendedor”, comenta Stüpp.
A Prefeitura desenvolveu o programa com base em pesquisa desenvolvida pelo programa Proder
Comcenso do Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina (Sebrae-SC), que apontou os
principais eixos econômicos com potencial de desenvolvimento. Desde 2001, de posse das informações fornecidas pelo Sebrae, foram criados núcleos setoriais de empresários do mesmo ramo.
CONFECÇÕES
Para a criação de cada núcleo, a Prefeitura investiu cerca de R$ 156 mil. Com o tempo e os bons resultados, alguns desses núcleos transformaram-se em associações, como é o caso, por exemplo, da Rede SuperAzul, a Associação dos Confeccionistas de Tubarão e o núcleo de móveis.
Em setembro deste ano, os franceses tiveram a oportunidade de conhecer as peças da empresa de confecções tubaronense Ilha Biquíni. Ao lado de itens fabricados nos mais variados países, as peças da empresa
estarão expostas em uma das maiores feiras voltadas à moda praia e lingerie da Europa. O evento ocorreu em
Lion, na França.
84
Conempec – Associativismo
O reconhecimento da qualidade dos produtos tubaronenses e o convite para a exposição na feira européia aconteceram graças à participação da empresa, nos últimos dois anos, na maior feira têxtil da América
Latina, a Fenit, realizada em São Paulo.
“Ano passado, durante a feira, fizemos os primeiros contatos com os franceses. Na edição deste ano,
estreitamos os laços, confirmando nossa participação no evento europeu”, conta a proprietária da Ilha Biquíni,
Hercília Schmitz, de acordo com notícia publicada no site da Prefeitura.
A participação na Fenit, segundo ela, é uma forma de prospectar novos negócios e até mesmo superar
algumas dificuldades que o setor enfrenta no mercado nacional. “Além de bastante competitivo, o ramo de confecções no País enfrenta algumas adversidades, como a excessiva carga tributária. Por isso, temos que buscar
novas possibilidades e a inserção em mercados internacionais é uma das boas alternativas para expandir os negócios”, afirma a empresária, que pretende novamente participar da Fenit no próximo ano. “Queremos aprimorar
nossa participação na feira e conquistar cada vez mais espaço no mercado das confecções”, declara.
Na edição da Fenit deste ano, realizada em agosto, houve a participação de cerca de 40 empresários e
representantes de núcleos setoriais de Tubarão. No grupo, seis empresários da cidade expuseram seus produtos pelo segundo ano consecutivo. Eles integram a Associação de Confeccionistas de Tubarão, criada a partir
do programa “Santo de Casa Aqui Faz Milagre”. Para participar da Fenit receberam apoio do Sebrae, Fiesc e da
Prefeitura de Tubarão.
Junto aos produtos na linha de moda íntima, moda praia, confecção em malha, couro e jeans, o grupo
levou farto material de divulgação do município de Tubarão. Produtos coloniais como biscoitos e a cachaça produzida em Tubarão, balcões produzidos pelo setor moveleiro, folderes e banners que divulgaram os atrativos
turísticos do município também foram expostos na Fenit.
“Com esse apoio, a Prefeitura de Tubarão buscou estimular não apenas bons negócios para os empresários da confecção, mas também divulgar o potencial turístico de Tubarão, principalmente o turismo rural e o
potencial econômico da cidade em outros setores como a indústria de móveis e o de prestação de serviços”,
ressalta o secretário de Indústria e Comércio, Afonso Furghestti.
Conempec – Associativismo
85
Supermercados (SC)
TURISMO EM TUBARÃO
Tubarão, localizada entre a serra e o mar, possui muitas belezas naturais. Com uma área de 313 km2 e
uma população de 90 mil habitantes, a cidade é dotada de infra-estrutura urbana. Seu potencial turístico concentra-se nas águas termais, canalizadas para os complexos hoteleiros da região. Na economia a cidade destaca-se na pecuária e na agricultura. É o segundo centro comercial do sul do Estado, principalmente na área de
cerâmica.
Pólo comercial de uma região formada por 18 municípios, centro universitário do sul de Santa Catarina, a
cidade de Tubarão, cortada pelo rio do mesmo nome e pela BR-101, oferece várias opções turísticas. Duas estâncias termais encravadas em verde vale e com toda a estrutura, mostram a potencialidade de turismo de lazer e
saúde, aliado às trilhas ecológicas. Há também os sítios arqueológicos, monumentos naturais, cachoeiras e rios.
O Museu Ferroviário e o Passeio Turístico Ferroviário mostram a história de Tubarão. O Marco de Anita
Garibaldi na localidade de Morrinhos, onde nasceu a heroína, é outro ponto turístico da cidade. Tubarão também
oferece fácil acesso às praias. O comércio diversificado completa o roteiro pelo município.
Santo Forte
Criado com base em pesquisa desenvolvida pelo Sebrae em Santa Catarina, que apontou os principais eixos
econômicos com potencial de desenvolvimento, no caso, em Tubarão, atua desde
2001. De posse das informações fornecidas pelo Sebrae, foram criados núcleos
setoriais de empresários do mesmo ramo.
Para a criação de cada núcleo, a Prefeitura investiu cerca de R$ 156 mil. Com resultados eficazes, alguns desses núcleos
Conempec – Associativismo
transformaram-se em associações, como
é o caso, por exemplo, do núcleo de confeccionistas.
Incentivar o empreendedorismo e
garantir a sobrevivência e manutenção
de empresas é mais do que uma iniciativa
social das prefeituras catarinenses. É uma
questão de viabilidade econômica para
os municípios e, além disso, de cidadania.
Tubarão foi privilegiada com o sucesso
nos negócios, que começou com o projeto
“Santo de casa aqui faz milagre”, que mudou
a economia local.
A parceria entre o poder público e a
iniciativa privada em projetos que visem
ao desenvolvimento econômico e social
foi o foco do Programa Santo de Casa.
Por meio do programa, foram capacitadas
cerca de 500 pessoas em projetos como o
Líder Empreendedor e o Candidato a Empresário. Um dos resultados foi a criação
Rede SuperAzul
Município conta com rede de águas termais nos hotéis
Seis mercados em Tubarão adquirem
produtos diretamente dos agricultores da
região de Alto Rio do Pouso, grupo identificado no setor de Turismo Rural, também
contemplado pelo Proder Comcenso, do
qual participam 12 famílias desse segmento. A iniciativa pretende incentivar aumento
da produção artesanal, realizar visitação às
fazendas e evitar o êxodo rural.
86
Mercados de bairros
melhoraram suas
instalações para aderir à Rede SuperAzul
de 45 negócios e mais outro tanto em processo de abertura. Empresas já estabelecidas em Tubarão ganharam incentivos.
Em Tubarão, existem 134 pequenos e
médios mercados de bairros. Nascida em
um núcleo setorial, a Rede SuperAzul reuniu
18 estabelecimentos que, juntos, geram 156
empregos diretos, cerca de 25% a mais do
que antes da formação do núcleo. A rede de
mercados SuperAzul foi beneficiada com
melhorias em infra-estrutura, saneamento e
cursos técnicos para seus profissionais.
O desenvolvimento do turismo rural é
outra meta da Prefeitura de Tubarão. Na localidade de Rio do Pouso, a 18 km da sede
do município, 30 propriedades rurais já estão integradas ao núcleo do setor. O Núcleo
de Moveleiros reúne 11 empresas do ramo,
que oferecem mais de uma centena de empregos.
Desenvolvimento Local
Proder Comcenso valoriza as potencialidades dos municípios
A criação da Rede SuperAzul e de outros núcleos setoriais de Tubarão decorrem do Proder Comcenso,
criado pelo Sebrae em Santa Catarina para estimular o desenvolvimento dos municípios, com a identificação e
valorização de suas potencialidades econômicas.
De acordo com o Sebrae-SC, o programa está fundamentado em dois princípios básicos:
• A melhor forma de gerar empregos é criar e desenvolver empresas;
• A forma mais eficaz de criar e desenvolver empresas é estimular e formar empreendedores.
A melhoria da qualidade de vida das populações das comunidades atendidas está relacionada com a
identificação e avaliação dos pontos fortes e as oportunidades do município. Feito isso, vale desenvolver as
seguintes ações:
• Fomentar o surgimento de novos empreendedores e empreendimentos;
Conempec – Associativismo
87
Resultados Esperados do Proder
• Cultura empreendedora disseminada nos municípios;
• Empreendimentos criados e expandidos;
• Novos postos de trabalho gerados com o conseqüente incremento da renda da comunidade e a
redução dos índices de pobreza;
• Criadas as condições e ambientes para fixação do homem na comunidade;
• Arrecadações do município aumentadas;
• Agência de desenvolvimento local implantada e apoiada;
• Cesta de produtos e serviços do Sebrae disponibilizada.
O trabalho do Sebrae (SC) em programas de desenvolvimento socioeconômico proporcionou a vários
municípios brasileiros a oportunidade de compreenderem suas problemáticas e estabelecer suas soluções. Em
função das diferenças e necessidades de cada região, é importante conhecer todos os seus aspectos específicos, com a maior riqueza de detalhe possível.
O novo Proder ou o Proder Comcenso atua da mesma forma do programa convencional, com a vantagem
de rastrear todas as informações disponíveis no local.
As alterações realizadas partiram da necessidade de adequar o produto ao novo “Foco de Atuação do
Sebrae (SC)”, ou seja, na busca pela qualidade dos produtos e serviços prestados, na aproximação e no fortalecimento das parcerias entre o Sebrae (SC) e os diversos agentes de desenvolvimento existente no cenário macroeconômico estadual, como, por exemplo: as associações comerciais e industriais, as câmaras de dirigentes
lojistas, outras entidades e associações de cunho empresarial, as prefeituras municipais, etc.
Além disso, busca-se corrigir possíveis distorções de rumo do projeto, fazendo com que os resultados
sejam obtidos na prática.
Selecionando o município
O processo inicia-se na seleção do município a ser trabalhado, de acordo com critérios definidos pelo
Sebrae-SC. Experiências do Sebrae apontam os seguintes critérios:
• População municipal;
• Existência de um levantamento socioeconômico municipal;
• Solicitações formais ao Sebrae pela prefeitura, associações de classe, médias e grandes empresas
públicas e privadas, câmara de vereadores, governos estadual ou federal, programas específicos de desenvolvimento estadual ou federal, feitos em conjunto ou isoladamente.
Partindo do pressuposto que o foco tem que estar voltado para as necessidades do cliente, o novo Proder traz como principal vantagem uma maior flexibilidade na sua implantação.
A flexibilidade se dá em virtude de o projeto estar dividido em fases bem definidas e interligadas, que
serão realizadas por profissionais especializados em cada área de atuação.
Independentemente da interligação entre as diversas fases do Proder, cada etapa distintamente poderá
ser considerada um produto serviço final, desde que atenda ao cliente.
A localidade poderá contratar todo o Proder, apenas as pesquisas/censo, as pesquisas/censo mais o
perfil da realidade ou apenas a fase de trabalho de campo.
Além do mais, o município poderá optar por um projeto com enfoque setorial na área de Turismo.
88
Conempec – Associativismo
Reforma agrária (AL)
Supermercados (SC)
• Fortalecer os empreendimentos existentes;
• Gerar novos postos de trabalho;
• Captar novos investimentos para a comunidade
A organização dos
agricultores familiares
De nada adianta a união sem
organização. Trabalhar juntos com o mesmo
objetivo é imprescindível. Mas é preciso,
sobretudo, organizar, orientar e capacitar os
produtores. Em Maragogi, a 128 quilômetros
de Maceió, centenas de trabalhadores rurais
foram assentados em projetos de reforma
agrária, mas não sabiam tirar da terra o próprio sustento. Egressos de canaviais, muitos
deles só usavam a foice para cortar cana-deaçúcar. Com o Projeto Pequenos Agricultores Organizados (Peagro), eles criaram uma
cooperativa e ganharam uma unidade para
beneficiar frutas e hortaliças, com rigor no
controle da qualidade dos alimentos.
O projeto Peagro surgiu em 2001, graças ao apoio e à confiança de cidadãos, governo e organizações não-governamentais
da Itália, como a Província Autônoma de Tren-
Caminhão refrigerado transporta frutas, polpas
e hortaliças para hotéis e pousadas
Conempec – Associativismo
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Reforma agrária (AL)
to e a Associação “Semear a vida”. O objetivo
tem sido transformar em produtores rurais
os trabalhadores assentados de projetos de
Reforma Agrária em Maragogi, Alagoas, com
a missão de promover e fortalecer a integração das famílias, gerando emprego, renda e
melhor qualidade de vida, além de resgatar a
sua cidadania.
Entreposto de
comercialização da
Copeagro, onde é realizada
aos sábados a feira agrícola
dos assentados.
de atuação sintonizado com a realidade do
homem e da mulher do campo, por meio de
visitas, fornecimento de assistência técnica,
formação e acompanhamento a assentados.
Assim, o projeto favoreceu melhoria da organização da produção e sua comercialização
em uma feira semanal realizada no galpão
da Coopeagro (Cooperativa dos Pequenos
Agricultores Organizados), que hoje congrega um grupo de 109 pequenos agricultores
familiares assentados pelo Incra, bem como
na feira municipal.
Fortalecer o espírito cooperativo é uma
das ações concretas realizadas por meio do
Projeto Peagro pela Associação das Irmãs
Filhas do Sagrado Coração de Jesus. Outras
ações desenvolvidas são a criação de con-
PARCEIROS DO PEAGRO
MISSÃO DO
Peagro:
“Promover e fortalecer a integração
das famílias dos
pequenos agricultores, gerando
emprego, renda e
melhor qualidade de
vida, resgatando sua
cidadania”.
90
São parceiros do Projeto Peagro as seguintes instituições:
Província Autônoma de Trento e a Associação “Semear a vida”
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae);
Universidade Federal de Alagoas;
Cáritas Diocesana;
Fundo de Microcrédito (Funcred);
Governo do Estado de Alagoas;
Ministério do Desenvolvimento Agrário;
Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e a
Alimentação (FAO);
Corais;
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra);
Programa Cédula da Terra (PCT);
Federação de Órgãos para Assistência Social e
Educacional e colocar (FASE);
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa);
Fórum Comunidade Ativa;
Banco do Nordeste;
Arcoral;
Ministério da Agricultura
Prefeitura de Maragogi
Conempec – Associativismo
dições para a organização dos agricultores
familiares, assistência técnica, projetos para
melhorar a produção no campo e a comercialização de frutas, verduras, hortaliças e até
mesmo de alguns pequenos animais.
Produção e Comercialização
A Reforma Agrária no município de
Maragogi começou em 1997 e, em pouco
tempo, foram assentadas 1.062 famílias.
Durante a segunda metade da década de
1990, a temática da reforma agrária no Litoral
Norte foi impulsionada pelo agravamento dos
conflitos sociais do campo, fomentados pelo
fechamento ou redução de postos de trabalho nas usinas de cana-de-açúcar.
Tal quadro levou centenas de famílias a
se adequarem às propostas dos movimentos
sociais dos trabalhadores rurais sem-terra.
No período de 1994 a 2001, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) respondeu a essa demanda, criando 22
projetos de assentamento na região – 35%
dos assentamentos em Alagoas, sendo 14
em Maragogi. Ainda hoje, observa-se a tendência ao aumento do número de assentados, considerando-se que 250 novas famílias
encontram-se em fase de estabelecimento
em três novos assentamentos e outras encontram-se em acampamentos a espera da
desapropriação de novas terras.
No dia 7 de setembro de 2003, o projeto Pequenos Agricultores Organizados
(Peagro) deu um passo importante para consecução de seus objetivos: o surgimento da
Cooperativa dos Pequenos Agricultores Organizados, a Coopeagro, entidade de natureza jurídica surgida da idéia de que somente por meio do associativismo é que os trabalhadores podem melhorar sua situação. A
proposta teve a adesão de agricultores de 7
dos 14 assentamentos rurais de Maragogi.
Atualmente, conta com 61 sócios.
O Projeto Peagro manteve seu foco
Também o projeto articulou o transporte
dos produtos in natura para as cidades do
Recife e de Maceió, o que se tornou possível
com a doação feita à Cooperativa de um trator e de um caminhão. Na sede da Coopeagro, foi criado um espaço para a chegada, seleção e beneficiamento de frutas e hortaliças
e uma pequena unidade de beneficiamento
em que uma parte da produção de frutas é
transformado em pasta ou em polpa.
Com a colaboração do Serviço de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas de
Alagoas (Sebrae-AL), foi instalado nesse
espaço o Programa Alimento Seguro (PAS),
que utiliza o rigor do procedimento mundial
de qualidade denominado de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APCC).
Uma vez que o processo de beneficiamento é quase artesanal, isso frequentemente atrasa a entrada dos produtos na
fábrica, sobretudo na época da safra de
Conempec – Associativismo
91
Reforma agrária (AL)
maracujá e de graviola. Como resultado,
observa-se a perda de parte de frutas, que
estão na espera de aproveitamento. Os con-
gelados beneficiados na fábrica são estocados em duas câmaras frias com capacidade
de conter cerca de 22 toneladas cada.
OBJETIVOS GERAIS DO PEAGRO
- Garantir que as famílias dos sem-terra possam assentar-se definitivamente e com sucesso nas terras desapropriadas, tornando-se protagonistas de sua própria história;
- Fornecer um modelo de acompanhamento da família do pequeno agricultor que possa ser desenvolvido também em outros lugares de reforma agrária.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
– Contrastar a monocultura propondo novos plantios e variedades de produtos agrícolas;
– Romper a desconfiança, as distâncias culturais de um povo heterogêneo, sem raízes, abrindo-o ao associativismo que se constrói no espírito de colaboração, confiança mútua e união (os dias de campo, os cursos, as visitas
para conhecer outros projetos afins ajudará a criar laços de amizade e fortalecerá a vontade de juntar suas forças para
melhorar a qualidade de vida da sua família e do grupo todo);
– Afastar o atravessador constituindo uma organização de venda que valorize o produto do campo e beneficie
diretamente o agricultor;
– Garantir a subsistência da família do pequeno agricultor para que possa satisfazer as necessidades básicas
de cada membro e incentivar a mulher e o jovem a se tornarem parte ativa da família rural;
– Evitar o abandono da terra, conquistada com tanto sofrimento e a fuga para a cidade. Isso só será possível se
a família puder ter uma renda suficiente para garantir suas necessidades;
– Abastecer os mercados locais com um fluxo de produtos agrícolas mais consistente e regular, como também
fornecer os produtos do campo, de forma sistemática, para hotéis e pousadas da região que atualmente são abastecidos pela Ceasa de Recife, Caruaru e Maceió;
– Dar sustentabilidade ao projeto para que possa continuar suas atividades quando terminar o apoio italiano;
– Por meio de parceiros locais articular momentos formativos, visitas, cursos sobre agricultura familiar e transformação das frutas em polpas, passas, conservas, etc.;
– Educar as famílias rurais ao respeito pela natureza para que seu desenvolvimento seja auto-sustentável, limitando , dentro do possível, o impacto ambiental, vivam inseridas no seu habitat natural, respeitosamente promovido,
para que a biodiversidade seja preservada em todas as suas manifestações;
– Permitir aos agricultores liquidar suas dívidas com o Governo para não perder a terra e a casa conquistadas
e ajuda-los a aumentar sua renda com o acompanhamento constante dos técnicos e com a criação de uma rede de
venda local;
– Prestar assistência técnica no campo, num contato direto com o agricultor e o plantio, sendo o técnico em
primeiro lugar um educador, capaz de diálogo e de amizade capaz de muita paciência e ao mesmo tempo, autoridade
suficiente para orientar o agricultor, ajudando-o a planejar e a organizar cotidiana e mensalmente os trabalhos na sua
propriedade.
92
Conempec – Associativismo
A Saída da Miséria
A herança dos canaviais
Houve também a melhoria das condições de produção impulsionada pelo advento
do microcrédito, investimento disponibilizado
pelo Governo brasileiro para os cooperados
por meio da Associação das Irmãs Filhas do
Sagrado Coração de Jesus. Esses recursos
têm chegado aos assentados em forma de
sementes, fertilizantes, mudas e insumos em
geral. Com isso, observou-se o conseqüente
aumento das áreas de cultivo.
A aculturação e submissão do trabalhador rural nordestino e a enorme diferença
social são as marcas deixadas pela cultura da
cana-de-açúcar.
Tal fato ressaltou a necessidade da
reorganização da fábrica de polpas, com
a melhoria das condições de recebimento
dos produtos do campo e sua estocagem. O
acréscimo de máquinas que permitam acelerar o ritmo de beneficiamento, diminuir os
custos de mão-de-obra e a obtenção de um
produto seguro (congelado e/ou engarrafado, com rotulagem e embalagem adequados)
permitirá o aumento da capacidade de absorção da produção agrícola dos cooperados.
Com esse acréscimo, haverá a transformação da realidade das comunidades assentadas, favorecendo a comercialização de
seus produtos, permitindo-lhes o acesso e a
inserção em outros mercados, aumentando
sua perspectiva de sustentabilidade econômica e de saída da miséria.
Uma esperança quanto ao equacionamento de parte dos problemas enfrentados
hoje pela Cooperativa surge com a consolidação do Programa Petrobras Fome Zero.
Seus objetivos são “colocar sua tecnologia e
força de trabalho à disposição do bem-estar
da população, com o objetivo de transformar
a realidade das comunidades mais pobres do
País, permitindo que elas possam se inserir
com dignidade na sociedade brasileira”,
Privilegiado por suas riquezas naturais,
o litoral do município de Maragogi está inserido na Área de Proteção Ambiental Costa
dos Corais, unidade de conservação da
natureza criada pelo Governo Federal em
1997, para proteger os manguezais, as praias
e os recifes de corais. A riqueza e beleza dos
recursos naturais sustentam boa parte dos
habitantes do município, cujas atividades de
pesca, turísticas e agrícolas formam a base
da economia. No município, vivem 21.825
habitantes, sendo 12.892 na zona urbana e
8.933 na zona rural.
De acordo com informações do Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(Incra), Maragogi tem a maior área de assentamentos no Estado de Alagoas, vez que 1/3
de suas terras passou a pertencer aos assentamentos rurais. Em razão disso, um total de
1.065 famílias passou a viver na zona rural de
Maragogi, cuja ligação com a cidade se dá
por estradas não pavimentadas que se tornam
intransitáveis no período das chuvas, o que
dificulta ainda mais o acesso aos serviços básicos de saúde, educação, alimentação, entre
outros necessários ao cidadão.
A maior parte dessa área destinada
à implantação dos assentamentos rurais
pertencia à falida usina de cana-de-açúcar,
a Central Barreiros, donde vieram muitos
dos trabalhadores rurais que vivem nesses
assentamentos. Outra parte dos trabalhadores, que trabalhava nos engenhos e usinas de
cana-de-açúcar e que não se integrou no pro-
Conempec – Associativismo
93
Reforma agrária
cesso de acampamento e posterior assentamento, instalou-se na periferia da cidade de
Maragogi, e busca na pesca e na atividade
turística qualquer tipo de sustento para seus
familiares. Em geral, a situação dessas famílias é de extrema pobreza.
as visitas regulares aos assentados, as irmãs
foram conquistando a confiança das mulheres
e dos homens do campo, que iam vislumbrando uma nova perspectiva para suas vidas.
A cultura da cana-de-açúcar em Alagoas, data do início da colonização do Brasil,
quando o Estado ainda pertencia à capitania
de Pernambuco. Ao longo desses 400 anos,
a crescente degradação da Mata Atlântica,
relegada atualmente aos parcos remanescentes de 5% da área original, o processo de
aculturação e submissão do trabalhador rural
nordestino, e a enorme diferença social, são
as marcas e os legados deixados pela cultura
da cana-de-açúcar.
O Projeto Pequenos Agricultores Organizados (Peagro) concentrou seus esforços
em suas linhas de atuação em quatro grupos:
1ª) A primeira linha de atuação é focada
nos 61 sócios da cooperativa Coopeagro.
Compreende: assistência técnica; cursos;
dias de campo; assembléias ordinárias e extraordinárias, a cada três meses, com êxito na
produção agrícola: e produção de graviola,
banana, laranja, limão, bergamota, abacaxi,
maracujá, goiaba, acerola, inhame, macaxeira, batata doce e hortaliças. Esses produtos
são comercializados pela Copeagro no
galpão da Coopeagro, na feira nos dias de
sábado, nos hotéis e pousadas do município
e na cidade do Recife;
A lida com a cana-de-açúcar não exige
do trabalhador rural conhecimentos e práticas ligadas à agricultura familiar, e sim a
disposição e força física para o corte da cana,
muitas vezes associado ao uso do fogo. Isso
implica sérias dificuldades para o sucesso
dos assentamentos, cujos trabalhadores têm
a árdua tarefa de cultivar a terra pouco produtiva e já exausta pela monocultura e fazê-la
produzir o sustento dos seus.
Sem a intimidade com a agricultura familiar e sem a assistência técnica prometida
pelo Governo, mas não viabilizada, a maioria
dos lotes dos assentamentos estava fadada
à improdutividade e ao abandono por parte
dos assentamentos.
Em 1998, a Associação das Irmãs Filhas
do Sagrado Coração de Jesus iniciou nos
assentamentos um trabalho cujo princípio fundamental é a conquista da dignidade e da cidadania do povo do campo. Aos poucos, com
94
Conempec – Associativismo
Atuação do peagro
2ª) A segunda linha de atuação envolve
20 famílias que são simpatizantes da cooperativa e estão melhorando sua produção e se
preparando para entrar como sócios;
3ª) Na terceira linha, a prioridade é dada
a um terceiro grupo composto de cerca de 70
famílias que foram visitadas e incentivadas a
se associar, mas que ainda estão incertas de
participarem do projeto;
madas, pesca ilegal, veneno, violência, uso
de drogas, etc.
Estabilizada a situação dos cooperados, também essas famílias serão aproximadas, num primeiro momento por intermédio
das irmãs e dos sócios da cooperativa e, posteriormente, dos profissionais numa tentativa
de convertê-las para a organização e assessoria técnica. Mas isso exige tempos longos
e muito investimento de pessoas e meios.
Entre as ações mais efetivas do Projeto
Peagro estão as seguintes:
 A construção da casa de farinha no
assentamento Água Fria ;
 A implantação de quatro pequenas
casas, nos assentamentos, para processamento e estocagem da polpa das frutas;
 A construção de seis cisternas de
placas, de um reservatório para armazenamento de 180 mil litros de água e de outros
menores para sustentar pequenos sistemas
de irrigação. Os 30 agricultores beneficiados
devolverão o valor em produtos agrícolas,
e, por meio do fundo rotativo criado com as
devoluções, outros agricultores terão acesso
à irrigação;
 A construção de um galpão com
1.020 m2 de área construída (e 700 m2 de
primeiro andar), local que servirá (e em parte
já está funcionando com as polpas de frutas)
para processamento dos produtos agrícolas
e entreposto para comercialização, além de
se constituir num espaço para a realização
de cursos de formação, assembléias e outros
eventos educativos, restaurante popular etc.
 Cursos de artesanato em palha de
bananeira e apicultura (50 colméias) por
meio de um convênio com o Incra,. no valor
de R$ 4.000,00;
Galpão da cooperativa serve também
para assembléias,
cursos de formação
e outros eventos
educativos
4ª) Por último, o projeto atua com um
quarto grupo formado de centenas de famílias que ainda não despertaram para as
questões da terra e da vida do campo e cuja
presença na zona rural é problema, uma vez
que muitos estão envolvidos com furtos de
produtos agrícolas, desmatamentos, quei-
Conempec – Associativismo
95
Reforma agrária
 Mais 60 colméias à espera de serem
implantadas provenientes de um pequeno
recurso para incentivar a criação de pequenos
animais. Este recurso, de R4 450,00 para cada
sócio da Coopeagro, dá direito a escolher dentro uma variedade de pequenos animais;
 A organização de um programa de
informática com os dados de cada agricultor,
dados de produção e comercialização dos
gêneros alimentícios, medição do lote com o
O Sistema de Posicionamento Global (GPS)
para fazer o levantamento das áreas produtivas e programar novos plantios para as áreas
que ainda estão sem produção;
 A implantação das Boas Práticas
(BPF – APPCC), com o acompanhamento
de um professor da Universidade Federal de
Alagoas;
 A implantação da Trilha Visgueiro,
roteiro ecológico, pelos remanescentes de
área de Mata Atlântica no assentamento
Água Fria, cujos serviços de guias e alimentação são providos pelos trabalhadores e
trabalhadoras da Coopeagro;
 A compra das 3 motos Honda para
os técnicos, de um trator 4 x 4, de um caminhão refrigerado para o transporte de frutas,
hortaliças e polpas de frutas produzidas pela
Coopeagro e para o abastecimento de hotéis
e pousadas da região;
 A própria criação da Coopeagro,
que superou as suspeitas, incertezas e o
pensamento incrédulo, criando o encontro, o
diálogo, a criação de laços de amizade e confiança e o senso comum entre os agricultores
de que a terra lhes pertence e nela podem
plantar e colher os frutos;
96
Conempec – Associativismo
 A feira agrícola dos cooperados
nos dias de sábado, localizada no galpão da
Coopeagro, com lanchonete, restaurante
popular e boa participação da comunidade
local e dos veranistas. Um trenzinho passa
nas ruas para oferecer transporte às donas
de casa.
Histórico e
funcionamento do peagro
Confira do projeto e as principais preocupações dos assentados:
2001 – 2002: Implantação do Projeto
– por meio de visitas aos agricultores, reuniões, divisão da região interessada à reforma
agrária em núcleos de base, organização
dos plantios e primeiros passos de comercialização;
2003 – 2005: Ampliação do Projeto
– acolhendo novos agricultores que se mostraram interessados em participar e aprender,
melhorando o planejamento dos plantios e
construindo o ponto de apoio pela transformação e comercialização dos produtos do
campo (galpão situado na AL 101 – Maragogi). Em 2005 – Intensificação do esforço sobretudo na formação e no acompanhamento
dos sócios da Coopeagro, tentando incentivar um sentido de pertença, de colaboração,
de ajuda mútua. Nesse sentido nasce a figura
do agricultor repassador de conhecimentos
para outro agricultor.
Mensalmente, a Diretoria da Coopeagro e do Projeto Peagro, junto com um
representante de cada assentamento onde
existem sócios da cooperativa (7 assentamentos dos 14 existentes em Maragogi) se
reúne para avaliar e planejar a caminhada,
procurando formas de superar os obstáculos
que atravessam a caminhada.
Entre as principais preocupações e desafios do projeto estão:
› Falta de crédito agrícola;
› Falta de pequenos animais;
› Produção ainda limitada;
› Falta de recursos para a agroindústria;
› Falta de um terreno;
› Falta de moradia dentro da propriedade agrícola;
› Pouca familiaridade com o cooperativismo.
Outros problemas enfrentados são:
– Como dar continuidade à assistência
técnica após a conclusão do projeto italiano;
como ter acesso a cursos; microcrédito;
ajuda e orientação na comercialização dos
produtos agrícolas e de seus derivados: gerenciamento da Cooperativa; precariedades
nas estradas da área rural que impossibilitam
o escoamento da produção agrícola durante
a estação das chuvas.
COOPEAGRO
Veja os objetivos geral e específico da
Cooperativa dos Pequenos Agricultores Organizados (Cooperagro).
Objetivo Geral: Fortalecimento das
ações produtivas do nível de conhecimento,
informação, organização e competitividade
dos pequenos agricultores, tornando possível sua inserção, com sustentabilidade, no
contexto social e econômico da região, tendo
sempre como princípio o respeito à biodiversidade local em todas as suas manifestações;
Objetivos específicos :
a) Fortalecer a produção agrícola de
subsistência, de hortifrutigranjeiros, a floricultura, a criação de animais de pequeno, médio
e grande portes, e a produção de compostos
orgânicos;
b) Viabilizar o processo de industrialização da produção agrícola, da pecuária e do
artesanato;
c) Proceder à comercialização dos
produtos in natura e dos produtos industrializados;
d) Promover a preservação ambiental,
por meio da educação ambiental; da reciclagem; da conservação dos recursos hídricos;
do uso racional dos recursos da fauna e da flora; do reflorestamento de áreas degradadas;
e) Promover o Ecoturismo;
f) Realizar e/ou articular a capacitação
dos sócios e seus familiares, em técnicas
agropecuárias; ecologia; agricultura orgânica; produção e industrialização; questões de
gênero; cultura popular, folclore e lazer; sistemas de pesquisa e informação de mercado;
g) Conceder o adiantamento em espécie monetária com base no valor de mercado
ou do custo de produção dos produtos recebidos dos associados ou que estejam em
fase de produção, de acordo com o equilíbrio
financeiro da Cooperativa.
De acordo com o parágrafo primeiro do
seu estatuto, para implementar tais objetivos,
a Cooperativa solicitará a colaboração de
parcerias e buscará insistentemente, junto
aos organismos institucionais responsáveis,
os serviços de infra-estrutura: eletrificação no
campo, estrada, água saudável, transporte,
educação, saúde e outros de que se poderá
precisar para as famílias cooperadas terem
uma vida digna e saudável. Promoverá, ainda,
mediante convênio com entidades especializadas, públicas e/ou privadas, o aprimoramento técnico-profissional dos seus associados e
Conempec – Associativismo
97
Conclusão – Depoimentos
Testemunhos diversos apontam que o
fruto mais importante do Projeto Peagro foi
o surgimento da Cooperativa dos Pequenos
Agricultores Organizados, a Coopeagro. A
entidade tem CNPJ n°05.954.790/0001-68 e
está sediada na AL 101 Norte, 382, Quadra L
– Loteamento B, bairro Santa Teresa Verzeri ,
na cidade de Maragogi.
Eis alguns depoimentos relevantes de
sócios e parceiros da cooperativa:
“Enquanto, eu, antes vivia de favores do
governo, hoje vivo do meu trabalho e tenho o
indispensável para viver “ (Audir);
“Se no momento ganho pouco, é por
causa da seca, mas disponho de um sistema
de irrigação e logo vou me refazer”(Beto);
“Por causa da seca, não ganho muito,
mas agora disponho de um terreno preparado e adquiri experiência” (Antônio Pedro);
“A renda da minha família melhorou
muito, porque antes eu trabalhava em terra
emprestada. Agora tenho a minha terra e já
entrego produtos na Coopeagro”. (Fernando);
“Hoje produzimos com alegria, porque
sabemos onde vender nossos produtos. A renda da minha família dobrou” (Amaro Antônio);
“Com os primeiros ganhos, já posso pagar um ajudante e comprar adubo” (Marcos);
“Eu levava muito maracujá à feira da
cidade e me pagavam pouco. Hoje, com a
cooperativa, vendo tudo a melhores preços”
(Zé Primo);
“Estou feliz, porque vi a história do nosso resgate se tornar realidade por meio da
Coopeagro” (Irmão Zé);
“Sou um privilegiado, porque sou um
sócio-fundador. A Cooperativa foi a solução
para nós, porque sozinhos é impossível progredir” (Amaro);
“Sou feliz por ser sócio também porque
tivemos que colocar em prática a nossa fé. A
Cooperativa nos deu condições de vender
nossos produtos em melhores condições”
(Elias);
“A nossa situação melhorou muito,
porque antes os atravessadores compravam
por um preço baixo e ficavam com todo o
ganho”(Tatiana);
“Tenho aprendido muito com os técnicos da cooperativa” (José Terto);
“Com a assistência técnica e os estímulo constante para a comercialização
recuperei o meu lote e hoje tenho uma renda
bastante constante” (Varderi);
“Fui resgatado pelo projeto que me
indicou um caminho, que me ajudou a ser um
agricultor” (Rivaldo);
“O Projeto Peagro me ajudou muito dando-me a oportunidade de me tornar apicultor,
por meio de cursos se acompanhamento técnico. Hoje, eu crio abelhas” (Roberto José);
“O Projeto da Associação das Irmãs
me ajudou muito, salvando meus plantios de
graviola com assistência técnica, irrigação,
incentivo. Não posso esquecer que foi o
Projeto Peagro que me emprestou o material
para construir a casinha da fruta para conservar, com higiene e cuidado, a pasta da
graviola madura que não é possível levar para
a cidade, sobretudo durante a estação das
chuvas” (José Amaro).
MAIS INFORMAÇÕES: Cooperagro:(82) 3296 2010 | Endereço: AL 101 Norte, 382,
Quadra L – Loteamento B, bairro Santa Teresa Verzeri, Maragogi, Alagoas
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Conempec – Associativismo
Artesãos
Reforma agrária
dos seus empregados, quando houver necessidade, além de participar de campanhas de
expansão da idéia do cooperativismo.
Miriti na era dos games
Em plena época de games interativos, iPODs e Playstations, a criatividade do
caboclo paraense seduz crianças com barquinhos, araras, jacarés e tatus feitos artesanalmente a partir de uma palmeira nativa, o miriti.
Com a criação de uma entidade representativa, a Asamab, os artesãos de Abaetetuba, a
135 quilômetros de Belém, no Pará, transformaram o miriti em artesanato de decoração
e já conseguiram expor na França e exportar
para Europa, Estados Unidos e Japão.
No segundo domingo de outubro,
ocorre em Belém do Pará a tradicional festa
religiosa do Círio de Nossa Senhora de Nazaré. É o Natal antecipado dos paraenses.
Nessa época, as empresas antecipam parte
Publicação do Sebrae-PA mostra a produção
artesanal que encanta crianças em Belém e
é exportada para Europa, EUA e Japão
Conempec – Associativismo
99
Artesãos
do 13º salário e distribuem cestas para a ceia
da festividade, cuja romaria reúne milhares
de fiéis. A comemoração se espalha em cada
esquina. E no Natal fora de época não podem
faltar presentes, sobretudo, os tradicionais
brinquedos esculpidos em talas tiradas das
folhas do miriti.
igarapés. O meio de transporte do ribeirinho,
a canoa, é acessório obrigatório para o bom
vendedor de brinquedos de miriti. Outros
brinquedos da procissão são os cataventos e
as sombrinhas. Tudo feito de forma artesanal:
papel laminado e linhas de cores variadas.
Até mesmo a roda gigante do arraial
que se ergue na Praça de Nazaré ganha movimento nos pedaços dessa palmeira originária das várzeas amazônicas e das beiras dos
Produção permanente
Desde 2000, os artesãos de Abaetetuba
ganharam novo impulso e transformaram a produção de brinquedos de miriti em uma atividade
constante, não apenas limitada à época do Círio,
até então a única oportunidade de negócios.
Isso ocorreu graças a uma parceria
entre o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro
e Pequenas Empresas (Sebrae), a Fundação
Cultural do Município de Belém (Fumbel), a
Prefeitura e a Associação dos Artesãos de
Brinquedos de Miriti de Abaetetuba (Asamab).
Assim, a produção passou a ser perene.
Agora é possível obter os brinquedos
durante o ano todo. Os produtos da associação são comercializados em diversos pontos
turísticos da capital, a exemplo do Mangal das
Garças, Museu Goeldi e São José Liberto. As
peças também são encontradas fora do Estado
e até no exterior. Foi o que ocorreu em 2005,
durante o Ano do Brasil na França, quando o
Governo do Pará enviou algumas peças desse
artesanato para exposição em Paris.
Esse boom dos brinquedos feitos de
miriti começou com as feiras do produto realizadas em Belém uma semana antes do Círio.
Essa divulgação ajudou na continuidade do
trabalho como forma de expressão artística
e, essencialmente, como principal fonte de
renda dos artesãos de Abaetetuba.
O vice-presidente da Asamab, Desidério
Antônio dos Santos Neto, afirma que a comercialização do artesanato é uma alternativa para
obter renda, ambientalmente sustentável para
a população regional, sem que tenham que
desprezar sua cultura, além de conservarem
os recursos naturais das florestas.
O atual presidente da entidade, Amadeu Gonçalves Sarges, foi um dos artesãos
que mudaram o processo de fabricação de
peças após a intervenção feita pelo Sebrae
no Pará. Hoje, ele só utiliza tinta atóxica e,
Brinquedos de
miriti resistem
em plena era dos
games, iPODs e
Playstation
100
Conempec – Associativismo
Conempec – Associativismo
101
para trabalhar e aprender o ofício de artesão”,
explica Desidério.
Artesãos
A variedade do artesanato fica maior a
cada ano e as peças tradicionais, como os
animais da região, – cobras, jacarés e pássaros – brinquedos e objetos que retratavam a
cultura local – foram expandindo até chegar
a eletrônicos, carros, motocicletas e até réplicas das taças da Copa do Mundo, satisfazendo o gosto de crianças e adultos.
Ainda segundo o vice-presidente da
Asamab, o ofício possibilita uma renda fixa
aos artesãos, que se preocupam mais com
a qualidade final dos produtos do que com a
quantidade da produção.
“Por isso acreditamos que, em breve,
todos os artesãos possam viver do miriti
como atividade principal”, avalia ele, comemorando o fato de o artesanato ter deixado
de ser uma atividade ligada ao Círio de Nossa
Senhora de Nazaré para ser comercializado o
ano inteiro.
A produção de artefatos a partir de talas
de palmeiras já tem o Miriti Fest, que, além
dos brinquedos, oferece também pratos feitos à base de miriti. Nesse evento são expostas cerca de 15 mil peças.
A Empresa de Assistência Técnica
e Extensão Rural (Emater) realizou cursos
de culinária para as mulheres de Abaete-
PROTETOR SOLAR
Pesquisas apontam que o óleo extraído do miriti pode ser usado para proteger a pele
além de fazer os brinquedos em tamanho
normal, começou a produzir miniaturas. Com
isso, ele atende a encomendas internacionais
da Europa e dos Estados Unidos e garante
uma renda mensal de R$ 1,5 mil.
Segundo ele, o apoio do Sebrae também teve outro efeito positivo. Atraiu a atenção do poder público local que, segundo
Amadeu, passou a se envolver mais nas
ações de apoio aos artesãos. “Antes não davam muita atenção para nós”, afirma.
De acordo com a Unidade de Negócios do Sebrae em Abaetetuba, o trabalho
só obteve sucesso porque os ribeirinhos
entenderam que atuar juntos era a saída.
Além disso, eles perceberam que qualidade
é muito mais rentável que quantidade. Para
conquistar novos clientes, os artesãos me-
102
Conempec – Associativismo
lhoraram as peças, renovaram o trabalho e
ganharam mercado.
A maior necessidade da Associação no
momento é a construção de uma sede própria para que os turistas possam encontrar
o artesanato com facilidade e também para
comodidade dos artesãos. “Nosso ateliê fica
nas nossas casas, daí necessitarmos de um
local apropriado para o trabalho e venda”,
acrescenta ele. O grupo se reúne na sede do
Sebrae, em casas de associados, em escolas
e em outros espaços públicos.
Em família
A Asamab possui 150 artesãos cadastrados, sendo 80 associados. “Ao todo são
cerca de 400 pessoas envolvidas, uma vez
que congrega pais, filhos, mães, parentes,
A matéria-prima do artesanato é extraída da palmeira maurita flexuosol, conhecida como meritizeiro ou
buritizeiro, abundante no Brasil em várzeas e beiras de igarapés. O óleo, de alto teor oléico e ácidos insaturados,
ao natural, pode ser usado como protetor solar, pois absorve as irradiações prejudiciais à pele, de acordo com
pesquisas da Universidade Federal do Pará (UFPa).
O talo das folhas, utilizado para fazer os brinquedos e miniaturas diversas, é aproveitado também no fabrico de cestos e balaios; sua palha serve para cobrir cabanas; a fibra, para tecer redes, tapetes, bolsas e objetos
de decoração; a fruta, miriti, serve como alimento, acompanhada de açúcar e farinha, tem grande valor energético, sendo rica em vitamina A.
Além de base para licor, mingau e geléia, a fruta tem sua tinta aproveitada para pintar artesanatos e quadros.
A amêndoa do miriti fornece 48% de um óleo que, por enquanto, não é aproveitado, ainda segundo a pesquisa.
Para obter a matéria-prima dos brinquedos, os “braços” do miritizeiro são descascados, chegando assim
ao miolo, que alisado com facão é transportado aos feixes para os produtores.
Os artistas esculpem – geralmente com facas e facões – as peças de acordo com suas habilidades. Uns
são especializados em barcos, bonecos, animais regionais e domésticos, como cobras, tatus, jacarés, pássaros,
vacas, tornando a escolha uma característica dos autores, seguindo sua inspiração, urbana ou tradicional. Depois de prontas, as peças recebem o desenho-base da pintura. A arte, geralmente é repassada de pai para filho.
É importante destacar que a confecção dos brinquedos não é uma atividade predatória, uma vez que o miriti escolhido é jovem e da planta são colhidos apenas os braços em que ficam as folhas, mantendo a árvore viva e
com crescimento normal. No Brasil, ela é encontrada nos estados do Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, São Paulo e Tocantins e ainda no Distrito Federal.
Conempec – Associativismo
103
Artesãos
tuba incluindo pratos feitos de miriti, como
bombons, peixe ao molho de miriti, pudins,
cremes, mingau e até vinho feitos com a fruta.
Elas aproveitam o que aprenderam no curso
para comercializar sua produção em feiras e
outros eventos.
trabalho, adaptando e desenvolvendo técnicas para seu beneficiamento.
A variedade de formas e de tamanhos
obtida em pesquisas com as maquetes feitas
de miriti ofereceu resultados considerados
extremamente positivos no estudo da arquitetura, tanto em relação a formas e estilos,
quanto ao custo bastante baixo se comparados a outros materiais. Os primeiros estudos
das maquetes ganharam reconhecimento
e importância em exposições realizadas em
Belém, no Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan) e na UFPa.
Design
Há seis anos trabalhando com o grupo
de artesãos, o Sebrae no Pará, por meio da
Unidade de Negócios de Abaetetuba, investe na qualidade e no design do artesanato,
além de ajudar na organização da associação
bem como na comercialização dos produtos.
O Sebrae atua também junto aos parceiros
na solução de problemas.
Na inauguração do Centro de Design
da Amazônia, em agosto de 2006, na sede
do Sebrae em Belém, uma das palestras
enfocou como tema o desenvolvimento de
embalagem artesanal utilizando papel reciclado e miriti.
“Conquistar novos mercados é o nosso
desafio”, assinala a superintendente do Sebrae no Pará, Maria Oslecy Garcia. “O design
tem sido a porta de entrada dos empresários
no mundo da inovação”, afirma o gerente de
Inovação Tecnológica do Sebrae, Paulo Alvim.
O principal meio de divulgação do trabalho artesanal de miriti tem sido por meio de
feiras. Em 2006 a Asamab organizou quatro
exposições para a comercialização, no Rio de
Janeiro, em São Paulo e duas em Brasília, de
acordo com informações do vice-presidente.
Isopor natural
Seria um desperdício dizer que do miriti
aproveita-se tudo. Seu uso tem avançado
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Conempec – Associativismo
A conclusão é que o uso do miriti pode
baratear em cerca de 90% a confecção de
maquetes, apresentando alta qualidade no
acabamento, propiciando melhor estudo e
análise da arquitetura com maior acessibilidade de custo.
TESE DE DOUTORADO
cada vez mais. Tanto que a Fundação Curro
Velho, do governo do Estado realiza em parceria com a Universidade Federal do Pará
(UFPa), a experiência de substituir o isopor
pelo miriti na construção de protótipos. A
idéia partiu de um funcionário da Fundação,
Ricardo Andrade, que propôs o uso do miriti
para a criação de objetos tridimensionais
para a prática do aeromodelismo.
Assim, foi dado o passo inicial para uma
série de alternativas que estão sendo desenvolvidas por essa parceria. Com isso, o custo
de confecção de maquetes arquitetônicas
tende a diminuir, sem perder a qualidade do
Doutoranda da USP defende o uso do
miriti para a inclusão de
crianças com necessidades especiais
O lúdico das peças chamou a atenção da
pesquisadora Wanderléia Medeiros, pedagoga
que faz doutorado na Universidade de São Paulo
(USP) e que defende a tese dos brinquedos de
miriti como elemento pedagógico de inclusão no
trabalho com crianças que apresentam necessidades especiais. A informação foi divulgada no
site do Sebrae no Pará. “Com minha tese quero
mostrar como o brinquedo de miriti pode contribuir
para o processo de inclusão dessas crianças na
escola e na comunidade”, destacou a pesquisadora, que é professora do Núcleo Pedagógico Integrado (NPI), da Universidade Federal do Pará.
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FORMA SEM FORMA
Artesãos
Produção de brinquedos inspira poeta paraense a enaltecer a atividade
O poeta paraense João de Jesus Paes Loureiro, nascido em Abaetetuba, assim descreveu o artesanato que tornou a
cidade conhecida: “Miriti: embora haja a fabricação de um número limitado de tipos dessa forma de artesanato, cada um dos
objetos representa uma singularidade artística individualizadora. Todos têm uma forma, mas nunca uma forma. São, portanto,
densamente simbólicos”. Por todos os lugares da cidade, onde nasceu o poeta estão presentes passarinhos, canoas, barcos e
pessoas de miriti. No Círio de Nazaré em Belém eles se multiplicam, colorindo a procissão e os parques de diversão.
Segundo o poeta, quando vão para as mãos do colecionador, do decorador ou para museus, os brinquedos de miriti
experimentam o fenômeno que o sociólogo e filósofo francês Jean Baudrillard chama de abstração da função. “Quando é
usado como brinquedo, ele não é um objeto estético. Há a transferência dominante nesse processo de conversão semiótica do
brinquedo de miriti. Ele deixa de ser um instrumento, para tornar-se um objeto auto-reflexivo. Não é mais um caminho para uma
finalidade exterior a ele, mas um caminho para si mesmo. Não é mais curiosidade e instrumento de jogo para quem o utiliza, mas
objeto de paixão de quem o possui”.
Fique antenado para participar das novas
conquistas das micro e pequenas empresas.
CAPITAL MUNDIAL DO MIRITI
Artesãos recebem cursos de renovação da fabricação de brinquedos
Fundado em 1880, com área de 1.613,9 km2 e cerca de 120 mil habitantes, o município de Abaetetuba é
também conhecido com “terra da bicicleta” ou “China brasileira”, uma vez que esse é o meio de transporte mais
utilizado pelos habitantes. Mas os artesãos e órgãos parceiros empenham-se para identificar a cidade como a
capital mundial do miriti.
No município já existem trabalhos de resgate cultural, como a tentativa de inserir em algumas escolas
cursos de fabricação dos brinquedos. É promovido o treinamento de artesãos com cursos de renovação dos
brinquedos em novos desenhos, para inclusão no mercado como peças representativas de uma região, pela
originalidade e qualidade dos produtos.
Os brinquedos feitos de miriti são expostos ou levados à venda em uma estrutura que tem a forma de uma cruz
de braço duplo. Feita com pedaços do mesmo material, mede cerca de dois metros na haste vertical e um metro nos
braços horizontais. Nessa estrutura os brinquedos são anexados formando uma espécie de painel. Postos sem uma
ordem rigorosa, os brinquedos ficam acumulados de modo que resulta em conjunto estético original e atraente, de
cores e formas que chamam a atenção. São as girândolas ou girandas, como são chamadas popularmente.
Abaetetuba teve origem na aldeia Samaúma, que entre 1617 e 1653 era chamada de São Miguel do Beja e foi
desmembrada de Belém em 1880. Chamada de Abaeté, que na língua tupi significa homem forte, é também nome do rio
cujas águas se encontram com as do Rio Tocantins na Baía de Marapatá, às margens da qual foi fundado o município.
Como trabalho alternativo, a população local pratica a atividade de ciclotaxista, que usa a bicicleta como
táxi. A tradição de usar este veículo rendeu à cidade o título de “China brasileira”. Para se ter uma idéia da importância da bicicleta , no começo deste século, havia ponto para ciclotaxistas, estacionamento rotativo no terminal
rodoviário à disposição dos 20 mil veículos do gênero que circulavam pelas ruas nessa época, de acordos com
dados do Departamento de Trânsito (Detran) do Pará.
MAIS INFORMAÇÕES: Associação dos Artesãos de Brinquedos e Artesanato de Miriti de
Abaetetuba (Asmab) | Endereço: Rua Lauro Sodré, 2031, São Lourenço.
CEP.: 68.440-000. Abaetetuba - Pará | Telefones: (91) 3751 1895 / 3751 1270
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Conempec – Associativismo
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www.conempec.org.br
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