Textos sobre a interdisciplinaridade da ciência da

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Textos sobre a interdisciplinaridade da ciência da
Universidade de Brasília
Pós Graduação Lato-Sensu
Disciplina: Linhas Editoriais e produção para novos formatos
Carga horária:
Professor: José Antonio Machado
PROGRAMA DA DISCIPLINA
1 – EMENTA
Conceitos para a produção editorial em novos formatos: ergonomia, interação humano-computador,
modelo mental e métodos e técnicas de avaliação de usabilidade. Estabelecendo linhas editoriais para ebooks. E-books e bibliotecas digitais. Mercado de e-books. Plano de marketing para e-books. Plataformas de
distribuição e sistemas de gestão de conteúdo para e-books.
2 – OBJETIVO GERAL
Propiciar aos participantes habilidades para o desenvolvimento de linhas editoriais e e-books em sistemas
de gestão de conteúdo com usabilidade e design de interação de serviços virtuais de informação.
3 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Propiciar aos alunos integrantes do curso:

Subsídios teóricos que permitam a percepção e a conscientização da importância das linhas
editoriais para livros digitais no mercado da informação.

Elementos teóricos que permitam aos participantes a assimilação do conhecimento em ergonomia,
usabilidade e interação humano-computador.

Aplicação prática do conhecimento adquirido sobre sistemas de gestão de conteúdo e plataformas
de distribuição para livros digitais.

Proporcionar aos alunos noções sobre formatos, aplicativos e o marketing de livros digitais,
otimizando recursos tecnológicos, humanos e financeiros.
4 – PROGRAMA
Unidade 1: Ergonomia, interação humano-computador, modelos mentais e métodos e técnicas de
avaliação de usabilidade.
Conceitos e história da ergonomia, evolução das interfaces gráficas e do webdesign, panorama da interação
humano-computador, modelo mental e sistema humano de processamento de informações (percepção,
atenção, memória, raciocínio e aprendizado), avaliação de usabilidade (contexto de uso, critérios
ergonômicos e análise da organização da informação de livros digitais).
Unidade 2 : E-books: mercado, linhas editoriais e bibliotecas digitais.
Formatos e aplicativos de livros digitais, plano de marketing para linhas editoriais on-line, livros digitais e o
mercado editorial brasileiro, bibliotecas e serviços virtuais de informação.
Unidade 3: Sistemas de gestão de conteúdo para livros digitais.
Plataformas de gerenciamento de conteúdo, tipos de sistemas de gestão de conteúdo, sistemas de gestão
de conteúdo x software de webdesign para a produção de editoras virtuais.
5 - Metodologia
Exposição dialogada com utilização de Datashow, quadro branco e demonstração através da internet de
sistemas de gestão de conteúdo, editoras e livros digitais.
Leitura dirigida: estudo e análise dos textos disponíveis no material de apoio do curso.
Discussão em grupo: Equipes discutem os temas e apresentam suas percepções do tema para professor e
participantes.
6 - Avaliação
Projeto de uma editora virtual em um sistema de gestão de conteúdo com concepção de linha editorial e
livros digitais.
7 - Bibliografia
AMARAL, Sueli Angélica do. Marketing: abordagem em unidades de informação. Brasília: Thesauros, 1998.
245p.
AMSTEL, Frederick Van. A contribuição do flash para a hipermídia. Webinsider, Rio de Janeiro, 18 out. 2003.
Disponível em: <http://webinsider.uol.com.br/vernoticia.php/id/1938>. Acesso em: 1 fev. 2005.
AMSTEL, Frederick Van. Card sorting é melhor que buraco. 20 nov. 2004. Disponível em:
<http://www.usabilidoido.com.br/cardsorting_e_melhor_que_buraco.html>. Acesso em: 2 dez. 2004.
ANGULO, Marcelo Junqueira. Porque gerenciar conteúdos. 2002.
AQUINO, Renata. Pesquisa em HCI. Entrevista publicada no site Universia Brasil em 25 nov. 2004. Disponível
em: <www.universia.com.br/html/materia/materia_fhdf.html>. Acesso em: 3 dez. 2004.
ARAÚJO, E. A construção do livro: princípios da técnica de editoração. 1. ed. Rio de Janeiro:
ASSOCIA TION OF AMERICAN PUBLISHERS Metadata Standards for Ebooks. Version 1.0. New York, 2000.
BARTON, Jane. Digital librarians: boundary riders on the storm. Library Review, Glasgow, v.55, n.2, p. 85-90,
2006.
BASTIEN, Christian; SCAPIN, Dominique. Critérios ergonômicos para avaliação de interfaces homem-
computador.
Artigo
originalmente
produzido
em
<http://www.labiutil.inf.ufsc.br/indice-1.html>. Acesso em: 2 fev. 2005.
1993.
Disponível
em:
BELLAMY, C.; BURROWS, P.; COBURN, P.; LOI, D.; WILKINS, L. Creating a viable e-text market. In: COPE, B.;
MASON, D. (ed.) Creator to Consumer in a Digital Age: Book production in transition. Alto na: Common
Ground Publishing, 2001.
BIDE, M; KAHN, D.; MAX-UNO, R.; POTTER, L. The Scale of Future Publishing in Digital and Conventional
Formats. A report to British Library Policy Unit by Mark Bide & Associates, February 2000.
BURROWS, P.; LOI, D.; WILKINS, L.; COBURN, P. Electronically mediated learning materiais. In: COPE, B.;
KALANTZIS, D (ed.) Print and Electronic Text Covergence: Technology drivers across the book production
supply chain, from creator to consumer. Altona: Common Ground Publishing, 200 I, p.183-221.
BUSH, Vannevar. As we may think. The Atlantic Monthly, Boston, p. 101-108. jul. 1945. Disponível em:
<http://www.theatlantic.com/doc/194507/bush>. Acesso em: 22 jun. 2005.
CALDAS, Luiz Carlos Agner. Otimização do diálogo usuários-organizações na world wide web: estudo de
caso e avaliação ergonômica de usabilidade de interfaces humano-computador. 2002. 513 f. Dissertação
(Mestrado) - Curso de Artes e Design, Departamento de Artes e Design, Puc - Rio, Rio de Janeiro, 2002.
Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1999.
CERVONE, H. Frank. Usability training: an overlooked component in an on-going program of web assessment
and development. OCLC Systems And Services, California, v. 3, n. 21, p.244-251, 2005.
CHARTIER, R. A aventura do livro do leitor ao navegador. 1. ed. São Paulo: Unesp, 1998.
Computing Strategies Report, YANKEE GROUP REPORT, Vol. 6, No. 2, May 2001.
CONTENT MANAGEMENT. 2001. Disponível em <http://www.contentmanager.eu.com> Acesso em 27 mar.
2007.
COPE, B. New Ways with Words: Print and Etext Convergence. In: COPE, B.; KALANTZIS, D (ed.) Print and
Electronic Text Covergence: Technology drivers across the book production supply chain, from creator to
consumer. Altona: Common Ground Publishing, 2001, p.l-15.
CRUZ, Tadeu. Gerência do Conhecimento. Ed. Cobra, São Paulo, 2002.
CUNHA, Murilo Bastos da. Produtos e serviços da biblioteca universitária na Internet. Palestra apresentada
no
XII
Seminário
de
Bibliotecas
Universitárias,
Recife,
2002.
Disponível
em:
<http://www.ufpe.br/snbu/murilo1.ppt.>. Acesso em: 14 dez. 2005.
CYBIS, Walter de Abreu et al. Uma abordagem ergonômica para o desenvolvimento de sistemas
interativos.
Artigo
originalmente
produzido
em
1999.
Disponível
em:
<http://www.unicamp.br/~ihc99/Ihc99/AtasIHC99/AtasIHC98/Cybis.pdf.>. Acesso em: 10 maio 2004.
CYBIS, Walter de Abreu. Engenharia de usabilidade: uma abordagem ergonômica. Disponível em:
<http:www.labutil.inf.ufsc.br/apostila_nvVersao.pdf>. Acesso em: 10 maio 2004.
DAVIS, R. The Digital Dilemma. Communications of the ACM, February 2001, Vol.44, n°2, p.80.23.
DIAS, Claudia Augusto. Métodos de avaliação de usabilidade no contexto de portais corporativos: um
estudo de caso no Senado Federal. 2001. 229 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Ciência da Informação e
Documentação, Departamento de Ciência da Informação e Documentação, UnB, Brasília, 2001.
DUNN, R.; HESTER, R.; READMAN, A. Printing goes Digital. In: COPE, B.; KALANTZIS, D (ed.) Print and
Electronic Text Covergence: Technology drivers across the book production supply chain, from creator to
consumer. Altona: Common Ground Publishing, 2001, p.109-123.
GALLIGAN, A. It's a Dead Cert. Fact and Fiction in Electronic Publishing. International Journal of the Book
(edited by Howard Dare and Mary Kalantzis), Volume 1, 2002, p.103-112.
HILLESUND, T. Will E-books Change the World?. First Monday, volume 6, number 1 O, October 2001.
Disponível em: <http://firstmonday.org/issues/issue6 1 0/hillesund/index.html>. Acesso em: 1 set. 2004.
INFOIMAGEM. Gestão de quê, Documentos? Conteúdos? Conhecimento? Jornal da Gestão
Janeiro: Record, 2002.
JANSEN, B. The Future ofthe Book. Format & Technology. International Journal of the Book (edited by
Howard Dare and Mary Kalantzis), Volume 1, 2002, p.411-421.
JUHOLA, H. Print-on-demand: technologies at work (Background Paper). First European Workshop on Printon-demand: a Technological Revolution at the Service of Cultural Diversity. Strasbourg, Council ofEurope,
20-21 January 2000.
LITMAN, J. Digital Copyright. Amherst: Prometheus Books, 2001.
LYNCH, C. The Battle to Define the Future of the Book in the Digital World. First Monday, volume 6, number
6, 2001. Disponível em: <http://firstmonday.org/issues/issue6 6/lynch/index.html>. Acesso em: 1 set. 2004.
MARK BIDE & ASSOCIATES Standards for Electronic Publishing: an overview. NEDLIB Report Series 3. The
Hague, 2000.
NASCIMENTO, J.A.M. AMARAL, S.A. Avaliação de usabilidade na internet. Brasília: 2009. 164p.
José Antonio Machado do Nascimento
Sueli Angélica do Amaral
Avaliação de
usabilidade
de websites
Universidade de Brasília
Pós Graduação Lato-Sensu
Disciplina: Linhas Editoriais e produção para novos formatos
Carga horária:
Professor: José Antonio Machado
PROGRAMA DA DISCIPLINA
1 – EMENTA
Conceitos para a produção editorial em novos formatos: ergonomia, interação humano-computador,
modelo mental e métodos e técnicas de avaliação de usabilidade. Estabelecendo linhas editoriais para ebooks. E-books e bibliotecas digitais. Mercado de e-books. Plano de marketing para e-books. Plataformas de
distribuição e sistemas de gestão de conteúdo para e-books.
2 – OBJETIVO GERAL
Propiciar aos participantes habilidades para o desenvolvimento de linhas editoriais e e-books em sistemas
de gestão de conteúdo com usabilidade e design de interação de serviços virtuais de informação.
3 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Propiciar aos alunos integrantes do curso:

Subsídios teóricos que permitam a percepção e a conscientização da importância das linhas
editoriais para livros digitais no mercado da informação.

Elementos teóricos que permitam aos participantes a assimilação do conhecimento em ergonomia,
usabilidade e interação humano-computador.

Aplicação prática do conhecimento adquirido sobre sistemas de gestão de conteúdo e plataformas
de distribuição para livros digitais.

Proporcionar aos alunos noções sobre formatos, aplicativos e o marketing de livros digitais,
otimizando recursos tecnológicos, humanos e financeiros.
4 – PROGRAMA
Unidade 1: Ergonomia, interação humano-computador, modelos mentais e métodos e técnicas de
avaliação de usabilidade.
Conceitos e história da ergonomia, evolução das interfaces gráficas e do webdesign, panorama da interação
humano-computador, modelo mental e sistema humano de processamento de informações (percepção,
atenção, memória, raciocínio e aprendizado), avaliação de usabilidade (contexto de uso, critérios
ergonômicos e análise da organização da informação de livros digitais).
Unidade 2 : E-books: mercado, linhas editoriais e bibliotecas digitais.
Formatos e aplicativos de livros digitais, plano de marketing para linhas editoriais on-line, livros digitais e o
mercado editorial brasileiro, bibliotecas e serviços virtuais de informação.
Unidade 3: Sistemas de gestão de conteúdo para livros digitais.
Plataformas de gerenciamento de conteúdo, tipos de sistemas de gestão de conteúdo, sistemas de gestão
de conteúdo x software de webdesign para a produção de editoras virtuais.
5 - Metodologia
Exposição dialogada com utilização de Datashow, quadro branco e demonstração através da internet de
sistemas de gestão de conteúdo, editoras e livros digitais.
Leitura dirigida: estudo e análise dos textos disponíveis no material de apoio do curso.
Discussão em grupo: Equipes discutem os temas e apresentam suas percepções do tema para professor e
participantes.
6 - Avaliação
Projeto de uma editora virtual em um sistema de gestão de conteúdo com concepção de linha editorial e
livros digitais.
7 - Bibliografia
AMARAL, Sueli Angélica do. Marketing: abordagem em unidades de informação. Brasília: Thesauros, 1998.
245p.
AMSTEL, Frederick Van. A contribuição do flash para a hipermídia. Webinsider, Rio de Janeiro, 18 out. 2003.
Disponível em: <http://webinsider.uol.com.br/vernoticia.php/id/1938>. Acesso em: 1 fev. 2005.
AMSTEL, Frederick Van. Card sorting é melhor que buraco. 20 nov. 2004. Disponível em:
<http://www.usabilidoido.com.br/cardsorting_e_melhor_que_buraco.html>. Acesso em: 2 dez. 2004.
ANGULO, Marcelo Junqueira. Porque gerenciar conteúdos. 2002.
AQUINO, Renata. Pesquisa em HCI. Entrevista publicada no site Universia Brasil em 25 nov. 2004. Disponível
em: <www.universia.com.br/html/materia/materia_fhdf.html>. Acesso em: 3 dez. 2004.
ARAÚJO, E. A construção do livro: princípios da técnica de editoração. 1. ed. Rio de Janeiro:
ASSOCIA TION OF AMERICAN PUBLISHERS Metadata Standards for Ebooks. Version 1.0. New York, 2000.
BARTON, Jane. Digital librarians: boundary riders on the storm. Library Review, Glasgow, v.55, n.2, p. 85-90,
2006.
BASTIEN, Christian; SCAPIN, Dominique. Critérios ergonômicos para avaliação de interfaces homem-
computador.
Artigo
originalmente
produzido
em
<http://www.labiutil.inf.ufsc.br/indice-1.html>. Acesso em: 2 fev. 2005.
1993.
Disponível
em:
BELLAMY, C.; BURROWS, P.; COBURN, P.; LOI, D.; WILKINS, L. Creating a viable e-text market. In: COPE, B.;
MASON, D. (ed.) Creator to Consumer in a Digital Age: Book production in transition. Alto na: Common
Ground Publishing, 2001.
BIDE, M; KAHN, D.; MAX-UNO, R.; POTTER, L. The Scale of Future Publishing in Digital and Conventional
Formats. A report to British Library Policy Unit by Mark Bide & Associates, February 2000.
BURROWS, P.; LOI, D.; WILKINS, L.; COBURN, P. Electronically mediated learning materiais. In: COPE, B.;
KALANTZIS, D (ed.) Print and Electronic Text Covergence: Technology drivers across the book production
supply chain, from creator to consumer. Altona: Common Ground Publishing, 200 I, p.183-221.
BUSH, Vannevar. As we may think. The Atlantic Monthly, Boston, p. 101-108. jul. 1945. Disponível em:
<http://www.theatlantic.com/doc/194507/bush>. Acesso em: 22 jun. 2005.
CALDAS, Luiz Carlos Agner. Otimização do diálogo usuários-organizações na world wide web: estudo de
caso e avaliação ergonômica de usabilidade de interfaces humano-computador. 2002. 513 f. Dissertação
(Mestrado) - Curso de Artes e Design, Departamento de Artes e Design, Puc - Rio, Rio de Janeiro, 2002.
Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1999.
CERVONE, H. Frank. Usability training: an overlooked component in an on-going program of web assessment
and development. OCLC Systems And Services, California, v. 3, n. 21, p.244-251, 2005.
CHARTIER, R. A aventura do livro do leitor ao navegador. 1. ed. São Paulo: Unesp, 1998.
Computing Strategies Report, YANKEE GROUP REPORT, Vol. 6, No. 2, May 2001.
CONTENT MANAGEMENT. 2001. Disponível em <http://www.contentmanager.eu.com> Acesso em 27 mar.
2007.
COPE, B. New Ways with Words: Print and Etext Convergence. In: COPE, B.; KALANTZIS, D (ed.) Print and
Electronic Text Covergence: Technology drivers across the book production supply chain, from creator to
consumer. Altona: Common Ground Publishing, 2001, p.l-15.
CRUZ, Tadeu. Gerência do Conhecimento. Ed. Cobra, São Paulo, 2002.
CUNHA, Murilo Bastos da. Produtos e serviços da biblioteca universitária na Internet. Palestra apresentada
no
XII
Seminário
de
Bibliotecas
Universitárias,
Recife,
2002.
Disponível
em:
<http://www.ufpe.br/snbu/murilo1.ppt.>. Acesso em: 14 dez. 2005.
CYBIS, Walter de Abreu et al. Uma abordagem ergonômica para o desenvolvimento de sistemas
interativos.
Artigo
originalmente
produzido
em
1999.
Disponível
em:
<http://www.unicamp.br/~ihc99/Ihc99/AtasIHC99/AtasIHC98/Cybis.pdf.>. Acesso em: 10 maio 2004.
CYBIS, Walter de Abreu. Engenharia de usabilidade: uma abordagem ergonômica. Disponível em:
<http:www.labutil.inf.ufsc.br/apostila_nvVersao.pdf>. Acesso em: 10 maio 2004.
DAVIS, R. The Digital Dilemma. Communications of the ACM, February 2001, Vol.44, n°2, p.80.23.
DIAS, Claudia Augusto. Métodos de avaliação de usabilidade no contexto de portais corporativos: um
estudo de caso no Senado Federal. 2001. 229 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Ciência da Informação e
Documentação, Departamento de Ciência da Informação e Documentação, UnB, Brasília, 2001.
DUNN, R.; HESTER, R.; READMAN, A. Printing goes Digital. In: COPE, B.; KALANTZIS, D (ed.) Print and
Electronic Text Covergence: Technology drivers across the book production supply chain, from creator to
consumer. Altona: Common Ground Publishing, 2001, p.109-123.
GALLIGAN, A. It's a Dead Cert. Fact and Fiction in Electronic Publishing. International Journal of the Book
(edited by Howard Dare and Mary Kalantzis), Volume 1, 2002, p.103-112.
HILLESUND, T. Will E-books Change the World?. First Monday, volume 6, number 1 O, October 2001.
Disponível em: <http://firstmonday.org/issues/issue6 1 0/hillesund/index.html>. Acesso em: 1 set. 2004.
INFOIMAGEM. Gestão de quê, Documentos? Conteúdos? Conhecimento? Jornal da Gestão
Janeiro: Record, 2002.
JANSEN, B. The Future ofthe Book. Format & Technology. International Journal of the Book (edited by
Howard Dare and Mary Kalantzis), Volume 1, 2002, p.411-421.
JUHOLA, H. Print-on-demand: technologies at work (Background Paper). First European Workshop on Printon-demand: a Technological Revolution at the Service of Cultural Diversity. Strasbourg, Council ofEurope,
20-21 January 2000.
LITMAN, J. Digital Copyright. Amherst: Prometheus Books, 2001.
LYNCH, C. The Battle to Define the Future of the Book in the Digital World. First Monday, volume 6, number
6, 2001. Disponível em: <http://firstmonday.org/issues/issue6 6/lynch/index.html>. Acesso em: 1 set. 2004.
MARK BIDE & ASSOCIATES Standards for Electronic Publishing: an overview. NEDLIB Report Series 3. The
Hague, 2000.
NASCIMENTO, J.A.M. AMARAL, S.A. Avaliação de usabilidade na internet. Brasília: 2009. 164p.
Copyrigth
Brasília, 2009
Ficha técnica
Arte da capa
Revisão
Editoração eletrônica
Marconi Martins
S586a
Nascimento, José Machado do Amaral.
Avaliação de usabilidade de websites / José Antonio
Machado do Nascimento, Sueli Angélica do Amaral
Brasília : Thesaurus, 2010.
124p. : il.
ISBN:
CDD 0
CDU 0
Todos os direitos em língua portuguesa, no Brasil, reservados de acordo com a lei. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou
por qualquer meio, incluindo fotocópia, gravação ou informação computadorizada,
sem permissão por escrito das Autoras. THESAURUS EDITORA DE BRASÍLIA LTDA.
SIG Quadra 8, lote 2356 - CEP 70610-400 - Brasília, DF. Fone: (61) 344-3738 - Fax: (61) 3442353  End. Eletrônico: [email protected] – Página na Internet: www.thesaurus.com.br
Composto e impresso no Brasil
Printed in Brazil
Sumário
Introdução___________________________________________ 11
Parte 1
Sobre usabilidade, ergonomia e
interação humano-computador________________13
Usabilidade e ergonomia:___________________________ 13
Conceitos e um pouco da história____________________ 13
Evolução das interfaces gráficas e do webdesign________ 15
Interação humano-computador (IHC)________________ 20
Panorama da IHC no Brasil_______________________ 22
Sistema humano de processamento de informações___ 24
Percepção___________________________________ 25
Atenção_____________________________________ 28
Memória____________________________________ 31
Raciocínio___________________________________ 34
Aprendizado_________________________________ 36
Parte 2
Avaliação de usabilidade de websites____________39
Conhecendo e aplicando os métodos e técnicas de avaliação
de usabilidade______________________________________ 39
Verificando a usabilidade de websites com gestores_______ 43
Análise do contexto de uso _______________________ 43
Verificando a usabilidade de websites com desenvolvedores_46
Inspeção ergonômica______________________________ 46
Lista de verificação, guia de recomendações e critérios
heurísticos_____________________________________ 46
Elaboração e aplicação da lista de verificação, guia de
ecomendações e critérios heurísticos_______________ 49
Análise dos dados coletados durante a inspeção
ergonômica_ ___________________________________ 52
Verificando a usabilidade de websites com usuários_______ 54
Ensaios de interação_______________________________ 54
Card Sorting______________________________________ 55
Planejamento e realização da sessão de card sorting___ 57
Análise dos dados coletados durante a sessão de card
sorting_________________________________________ 60
Análise da tarefa_ _________________________________ 62
Planejamento e realização da análise da tarefa_ ______ 64
Análise dos dados coletados durante a análise da tarefa__ 66
Parte 3
O relatório da avaliação de usabilidade____________69
Estudo de caso: website de uma biblioteca universitária___ 69
Análise do contexto de uso _________________________ 69
Concepção, desenvolvimento e
atualização do website_ __________________________ 69
O reconhecimento das especificações do website_____ 72
Concepção, desenvolvimento e atualização do website, na
perspectiva dos seus gestores _ ___________________ 73
Eixo temático 1: desenvolvimento do website_ __________74
Eixo temático 2: usuários, produtos e serviços__________74
Eixo temático 3: dificuldades gerenciais________________75
Eixo temático 4: conteúdo__________________________ 75
Eixo temático 5: usabilidade_ _______________________ 76
Considerações_________________________________ 76
Inspeção ergonômica das interfaces do website ________ 78
Aspectos positivos das interfaces do website ___________ 79
Problemas de usabilidade das interfaces _______________81
do website, de acordo com critérios heurísticos__________81
Considerações_____________________________________83
Modelo mental dos usuários relativo
à árvore semântica do website _ _____________________ 84
Erros cometidos pelos usuários
durante o uso do website ___________________________ 87
Considerações____________________________________ 90
Conclusão do estudo de caso________________________ 91
Parte 4
Modelos de instrumentos de coleta de dados_ ___93
1 - Ficha de observação para análise do
contexto de uso de websites _____________________ 93
2 - Guia de entrevista com gestores para análise do
contexto de uso de websites _____________________ 95
3 - Lista de verificação e guia de recomendações
para a inspeção ergonômica de websites___________ 97
Referências_______________________________________ 113
Introdução
Esse livro é didático e mostra, detalhadamente, métodos
e técnicas de avaliação de usabilidade de websites. É conceitual,
pois demonstra à luz da literatura os fundamentos da usabilidade.
E abrangente, pois discorre sobre as questões que envolvem
websites e usabilidade. Por esses motivos, é indicado para
profissionais da informação, em especial bibliotecários, gestores
de projetos e desenvolvedores web, envolvidos diretamente com
tecnologias da informação.
A estrutura adotada no livro privilegia a assimilação
do conhecimento de forma progressiva. Na primeira parte,
apresentamos os conceitos e a história da ergonomia e
usabilidade, a evolução das interfaces gráficas e do webdesign,
a Interação Humano-computador, seu panorama no Brasil e
suas relações com o sistema humano de processamento de
informações. Na segunda parte, explicamos os métodos e
técnicas de avaliação de usabilidade, que podem ser empregados
com gestores, desenvolvedores e usuários. Na terceira parte,
apresentamos o estudo de caso, realizado em uma biblioteca
universitária, que serve de modelo para a elaboração do relatório
da avaliação de usabilidade. E na quarta parte, demonstramos
os modelos dos instrumentos de coleta de dados dos métodos
e técnicas apresentados.
A usabilidade é um assunto fascinante e desafiador.
Se você seguir o caminho lógico de raciocínio proposto nesse
livro, com certeza, obterá sucesso, seja qual for o objetivo da
sua avaliação.
Boa Sorte!
11
12
Parte 1
Sobre usabilidade,
ergonomia e interação
humano-computador
Usabilidade e ergonomia:
Conceitos e um pouco da história
As preocupações com a interação entre seres humanos e
máquinas datam da Segunda Guerra Mundial. Nessa época,
cientistas da Força Aérea Inglesa descobriram que as falhas
ocorridas durante a operação de equipamentos militares não
eram ocasionadas exclusivamente por falha humana, mas pela
não adequação dos equipamentos às características físicas,
psíquicas e cognitivas humanas. Nascia então, a Ergonomia,
disciplina que estuda a correta adequação de produtos para o
trabalho humano.
Após a Segunda Guerra Mundial, os esforços dos
estudiosos interessados em Ergonomia concentraram-se no
aperfeiçoamento de eletrodomésticos e automóveis. Entretanto, a
indústria de computadores, que mais tarde viria a revolucionar o
seu campo de atuação, não sentia ainda seus benefícios, o que só
ocorreu em meados da década de 1960, quando computadores
deixaram de ser máquinas complexas. Nesse período, sedimenta13
se a International Ergonomics Association (IEA) e a definição que
Ergonomia seria “o estudo científico da relação entre o homem
e seus meios, métodos e espaços de trabalho, tendo por objetivo
elaborar conhecimentos que devem resultar numa melhor
adaptação ao homem dos meios tecnológicos e dos ambientes de
trabalho e de vida” (STORCHI, 2004).
Consolidada como área de estudo interdisciplinar na
comunidade científica mundial, a partir da década de 1970,
a Ergonomia também contribuiu para o desenvolvimento
de sistemas interativos. Para reduzir custos de produção e
manutenção, ergonomistas passaram a criar novas metodologias,
que identificassem problemas relativos ao contexto de uso dos
sistemas. Esse conjunto de métodos e técnicas estruturadas
passou a ser conhecido como Engenharia de Usabilidade ou
simplesmente Usabilidade, definida como “a extensão em que um
produto pode ser usado por usuários específicos para alcançar
objetivos específicos como efetividade, eficácia e satisfação num
contexto específico de uso” (ISO 9241, 1996).
Jokela et al. (2003, p. 56), em trabalho sobre a ISO
9241, descrevem os termos contidos na definição de usabilidade
proposta na norma:
A efetividade seria a exatidão com que os usuários
alcançam seus objetivos no uso de sistemas
interativos;
A eficiência refere-se aos recursos gastos na exatidão
com que os usuários alcançam os seus objetivos;
A satisfação seria a atitude positiva do usuário em
relação ao sistema ou produto em uso.
Com o avanço das tecnologias de informação, os estudos
de usabilidade passaram por profundas transformações na década
de 1990. Antes restritos ao desenvolvimento de aplicativos de
software, passaram a ser utilizados por indústrias de diversos
14
segmentos, com inúmeras finalidades. Em poucos anos,
estudos de uso em projetos web como portais cooperativos e
corporativos, comércio eletrônico, Internet banking, bibliotecas
virtuais, entre outros, passaram a ser exigidos, revelando que a
Usabilidade é “parte da metodologia ergonômica de adequação
das interfaces tecnológicas às características e capacidades
humanas” (MORAES, 2003) e reconhecidamente benéfica
quando se trata de aliar a conquista de novos mercados e clientes
à economia de recursos.
Nesse sentido, o estudo das interfaces gráficas assume
seu destaque no âmbito da usabilidade.
Evolução das interfaces gráficas
e do webdesign
As interfaces atuam no registro e disseminação do
conhecimento desde a Antigüidade. Da invenção da escrita à
revolução dos computadores, têm permitido a manipulação da
informação em vários ambientes. “Qualquer que seja o meio
de comunicação: textual, visual, audiovisual ou eletrônico, há
sempre uma interface que media a interação” (SILVA, 1998).
Além disso, possibilitam a conexão das necessidades dos homens
às funcionalidades das máquinas.
Uma interface interativa ou interface gráfica com o
usuário (em inglês, graphical user interface), ou apenas interface
gráfica é a zona em que se realiza a interação entre usuário e
programa. Nelas, estão contidas as mensagens compreensíveis
pelos usuários (verbais, icônicas, pictóricas ou sonoras), as
mensagens compreendidas pelos programas (verbais, gráficas,
sinais elétricas, entre outras), os dispositivos de entrada e saída
de dados (teclado, mouse, tela do monitor, etc.) e as zonas de
comunicação habilitadas em cada dispositivo (teclas no teclado,
15
menus no monitor, barras de tarefas e área de trabalho).
As interfaces interativas foram inventadas por
pesquisadores do Instituto de Pesquisa Stansford, que chefiados
por Douglas Engelbart e Ted Nelson, no final da década de
1950, trabalhavam no desenvolvimento de um sistema de
informação baseado em hiperlinks denominado NLS (on-Line
System). Nitidamente influenciados pela obra de Vannevar Bush,
especialmente o famoso artigo As we may think, de 1945, no qual
o autor sugeria a criação de um aparelho denominado Memex,
capaz de armazenar, indexar e recuperar informações, Engelbart,
Nelson e sua equipe dedicaram-se ao futuro da tecnologia da
informação, concebendo não somente o hipertexto, mas também o
monitor, o mouse, o teclado, o e-mail e o processador de texto.
Na década de 1970, pesquisadores da Stansford que
migraram para a Xerox PARC aperfeiçoaram os sistemas
baseados em hiperlinks, desenvolvendo uma nova forma
de interface, icônicas, que possibilitavam a visualização de
documentos eletrônicos antes de serem impressos. Para
Levacov (1999), esse foi o primeiro modelo de interface a
utilizar janelas, ícones e menus, se tornando exemplo para
muitos projetos posteriores. Embora desenvolvidas com os
computadores Xerox Alto, só vieram a ser comercializadas com
o sistema Xerox 8010, em 1981.
Continuando o processo evolutivo das interfaces icônicas,
os pesquisadores da Apple Computers, liderados por Jeff Raskin,
conceberam o Macintosh, primeiro computador a utilizar
comercialmente produtos baseados em interfaces gráficas. A
possibilidade de apagar arquivos através da lixeira, diretórios em
forma de pasta, calculadora, bloco de notas e despertador eram
apenas algumas das funcionalidades do sistema que o usuário
encontrava no desktop do Macintosh.
Segundo Horn (1996), existem controvérsias a respeito
das contribuições tecnológicas dos pesquisadores da Xerox
Parc e da Apple Macintosh, pois o trabalho da Apple estendeu
16
o da Xerox Parc consideravelmente, adicionando janelas que
poderiam ser sobrepostas, ícones perfeitamente manipuláveis
e barras de menus fixas. “As modernas interfaces gráficas
como conhecemos devem muito tanto a Parc quanto a Apple,
parecendo improvável que a Apple tenha “copiado” o trabalho
da Parc, afirma Horn (1996).
O próximo passo na evolução das interfaces interativas
foi dado pelo computador “Amiga”, desenvolvido pela empresa
canadense Commodore e lançado comercialmente em 1985. O
“Amiga” foi o “microcomputador que utilizou mais apropriadamente a técnica de interface iconográfica com o usuário, lançada
pela Macintosh. Praticamente todos os programas que rodam
no AMIGA utilizam o mouse, incluindo o workbench seu sistema
operacional (VAZ, 1988).
Também nos idos da década de 1980, a Digital Research
produziu um gerenciador de ambiente gráfico, que funcionava
nos computadores da IBM. Os gerenciadores de ambientes
gráficos não alcançaram sucesso e, mesmo sendo aproveitados
nos computadores da Atari St., sucumbiram perante o sucesso
dos sistemas de interfaces Windows.
A Microsoft lançou a primeira versão do Windows,
em 1995. O Windows 1.0 atuava com sistema MS-DOS e foi
a plataforma operacional dos PC’s da IBM, sendo também
compatível com outros computadores.
A explosão de popularidade do Windows só ocorreu com o
lançamento do Windows 3.0. Desde então, as interfaces gráficas
foram pouco redesenhadas, ressaltando a notável inclusão do
“gerenciador de arquivos”, no Windows 95. O sistema de interfaces
do Windows difere de outros ambientes gráficos por encorajar
aplicações maximizadas, incomuns em outras interfaces.
O design do Windows, nitidamente baseado nos projetos
da Apple Computers, provocou inquietações na mídia e na
comunidade tecnológica, quando a Apple decidiu processar a
Microsoft por infringir os direitos autorais das suas interfaces.
17
O processo durou quase uma década, período em que
o Windows alcançou notável uso. Após apelos subseqüentes
da Apple, que foram negados pela justiça norte-americana, as
duas empresas anunciaram, em 1997, um acordo mútuo de
investimento e cooperação.
Apesar da inigualável contribuição dos sistemas
comentados, deve-se mencionar o desenvolvimento do ambiente
operacional X Window System. Criado em meados da década de
1980, no Instituto de Tecnologia de Massachussets (M.I.T), sob
o nome Projeto Athena, diferenciou-se dos outros sistemas por
ser independente dos padrões vigentes à época.
Suas aplicações foram definidas por um conjunto de
entidades, o X Consortium, fundado em 1993, e não apenas
por uma só. Ao ser extinto, o X Consortium transferiu todos os
direitos do X Window System à Fundação de Software Livre (Open
Software Foundation), que garantiu a sustentação do mesmo
como um padrão aberto.
O protocolo X do Window System tem por objetivo
disponibilizar uma interface gráfica transparente, que exiba e
gerencie as informações (Godoy, 2004). Enquanto o Windows
preocupa-se em disponibilizar uma interface gráfica para a
máquina local, o protocolo X do Window System preocupa-se em
especificar uma relação cliente-servidor em nível de aplicação.
Todavia, o protocolo X do sistema Window System
somente se tornou conhecido na década de 1990, ao provocar uma
grande revolução no mercado de interfaces, graças às campanhas
em favor do uso de softwares livres e ambiente operacional
Linux. Com enorme potencial para diminuir o abismo entre
incluídos e excluídos na Sociedade da Informação, os ambientes
operacionais e interfaces gráficas com padrões abertos permitem
não somente maior acesso às funcionalidades dos sistemas, mas
também a libertação dos usuários de computadores das amarras
das gigantescas corporações como a Apple e a Microsoft num
contexto futuro.
18
A evolução das interfaces gráficas contribuiu também
no sentido de evidenciar a necessidade de atenção ao
webdesign, cujo desenvolvimento ocorreu paralelamente à
evolução do Hyper Text Marked Language (HTML), como
linguagem de marcação.
A princípio, considerado como uma linguagem que
possuía apenas algumas opções de formato para conectar
institutos de pesquisa através de redes eletrônicas, o HTML
passou a atender as necessidades de diagramação de hipertexto
e hipermídia de websites na Internet. O HTML foi o elo que
possibilitou a conexão de usuários à mídias comunicacionais
tecnológicas, provocando também uma revolução na forma de
recuperar e disseminar informações.
O HTML teve uma propagação bastante peculiar.
Segundo Siegel (1993), restrições nas linguagens de marcação,
como disposições de textos somente da esquerda para a direita,
limitavam em muito a comunicação visual dos primeiros
browsers, como o Mosaic. Com a evolução dos browsers, o
HTML, se tornou mais complexo e flexível, passando a exercer
dupla função: exibir o conteúdo adequadamente e incrementar
a aparência visual das interfaces.
Obviamente, a estilização das interfaces na web não se deu
de forma simples. “Cada vez mais ficava evidente que a mistura
de marcação com estilização, que maravilhou os projetistas web
no início, tornara-se uma grande dor de cabeça” (SILVA, 2003).
Dessa necessidade, surgiu o Cascading Style Sheet (CSS), em
português “Folha de Estilo em Cascata”, criado por Hakon Wium
Lie e Bert Bros, em meados da década de 1990.
A partir desse momento, tem-se uma dissociação dos
elementos do webdesign. Enquanto o HTML passou a ser utilizado
para marcar e estruturar o conteúdo de um documento, o CSS
passou a ser o responsável por definir cores, fontes e leiautes
das interfaces, sendo oficialmente recomendado pelo World Wide
Web Consortium.
19
O desenvolvimento de programas de webdesign, como o
Dreamweaver, o Flash e o Fireworks da Macromedia trouxeram
mais vitalidade à cena web da época. Ao valorizarem o uso
de objetos de interação com coerência, esses programas de
design gráfico se tornaram uma febre entre desenvolvedores
e designers.
Independentemente da utilização ou não de programas, a
operacionalidade de uma interface também depende da experiência
do designer, que deve contemplar o contexto, comercial ou não
dos websites, nos quais elas estão inseridas, o conteúdo das
informações nelas ofertadas e a comunidade a qual pretendem
atingir. E para garantir dinamismo e visibilidade a um website,
deverá levar em conta a Interação Humano-Computador (IHC).
Interação humano-computador (IHC)
A Interação humano-computador é uma disciplina
que desperta cada vez mais o interesse de profissionais, como
bibliotecários, programadores, designers, ergonomistas, jornalistas,
psicólogos, entre outros que trabalham no desenvolvimento
de interfaces e sistemas. Surgida no final da década de 1970 e
início dos anos de 1980, representou uma aliança entre a Ciência
da Computação e a Psicologia, agregando posteriormente a
Ergonomia, tendo progredido concomitantemente ao aumento
progressivo do número de usuários de computadores na web. Pela
interdisciplinaridade de sua atuação, inúmeras são as definições
encontradas na literatura que tentam abarcar todo o escopo de
suas aplicações.
Para Padovani (2002), “a Interação humano-computador
é um campo de estudo interdisciplinar que tem como objetivo
geral entender como as pessoas utilizam, ou não utilizam,
a tecnologia da informação”. É um conjunto de métodos e
20
ações que observam como o homem interage com um sistema
computadorizado, dedicando-se a implementar e avaliar o design
de sistemas interativos e os fenômenos que dele fazem parte,
como os atributos de usabilidade.
Helander et al. (1997) salientam que o grande desafio da
IHC é garantir a facilidade e a qualidade de uso em websites com
diversas finalidades, uma vez que o desenvolvimento de aplicações
em computador não pode ocorrer simplesmente por intuição ou
tentativa e erro. Essa sistematização da IHC, segundo Winograd
(2003), é o que garantirá a evolução da interação do ser-humano
com o computador.
De ferramentas de busca na web a processamento de palavras até a computação ubíqua, as possibilidades e mudanças
tecnológicas derivam de caminhos onde
o computador possa exercer uma função
de enriquecer as formas de comunicação
humana(WINOGRAD, 2003).
Um modelo de sistema de interação humano-computador
é composto pelo homem, pelo computador e pelos limites dos
sistemas. A interseção visível entre homem e computador é
representada pela interface, meio pelo qual um se comunica
com o outro, sem, contudo, suprir o ambiente organizacional, o
ambiente físico e o social, que também interferem nessa relação.
Segundo Padovani (2002), um sistema de IHC se torna
eficaz quando ocorre um revezamento no controle das tarefas
realizadas, ora pelo usuário, ora pelo computador. Entretanto,
para um sistema alcançar esse estado de excelência projetistas
web e designers deverão ter a noção que o sistema não é uma
unidade singular e sim uma unidade de um ambiente maior que
engloba vários sistemas, subsistemas e usuários. Nesse contexto,
Mayhew (1992) afirma que a criação de sistemas que envolvam
21
IHC deve privilegiar o conhecimento do macro sistema ao qual ele
pertencerá, os objetivos da organização, do usuário e do trabalho
que nele serão realizados.
Panorama da IHC no Brasil
Conforme demonstra Aquino (2004), as pesquisa em
IHC no Brasil começaram na década de 1990. Inicialmente,
congregando especialistas das áreas de Inteligência Artificial e
Engenharia de Software das universidades e institutos de pesquisa
brasileiros, foi, aos poucos, atraindo a atenção de profissionais de
outras áreas como a Ciência da Informação e a Antropologia.
Os primeiros a se estabelecerem como grupos de estudos
em IHC foram o Laboratório de Pesquisa em Engenharia Semiótica
da Pontifícia Universidade Católica, do Rio de Janeiro (PUC-RIO),
também conhecido como SERG (Semiotic Engineering Research
Group); a Comunidade de Interação Humano-Computador
(COMUNIHC), da Universidade de Campinas (UNICAMP),
em São Paulo e o LabIUtil, na Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC).
Em um curto espaço de tempo, a IHC no Brasil provou
ser bastante expressiva.
Em sete anos percorremos um caminho
que iniciou com o I Workshop em Fatores
Humanos em Sistemas Computacionais,
em 1998 (IHC 98), como parte do
Simpósio Brasileiro de Engenharia de
Software, até a I Conferência LatinoAmericana de Interação HumanoComputador, em 2003 (CLIHC 2003).
Ou seja, passamos de uma reunião de
um subgrupo de uma comunidade para
um evento em escala continental, onde
22
o Brasil tem a liderança. É um período
bem curto de tempo para este tipo de
evolução (SOUZA, 2004).
A IHC também possui um vasto campo para a aplicação
de pesquisas no Brasil, tal como tem sido demonstrado por
iniciativas como o Programa Sociedade da Informação, que
enfatiza aplicações de tecnologias de informação para solucionar
problemas de inclusão digital. Tal desafio demanda profissionais
capazes de compreender o perfil do usuário brasileiro na web,
assim como diagnosticar problemas de interface mal adaptadas à
nossa cultura. Para Souza (2004),
é um equívoco pensar que podemos
importar soluções de países mais
adiantados. A Engenharia Eletrônica e a
Ergonomia, por vocação, são as primeiras
a entender este desafio e a promover
geração de produtos e formação de
profissionais em IHC. Mas, também
precisamos de psicólogos, sociólogos,
antropólogos, lingüistas, pesquisadores
e educadores que se debrucem sobre
o fenômeno de uso e apropriação de
tecnologias de informação e comunicação
pela sociedade e cultura brasileira.
As pesquisas brasileiras em IHC têm alcançado boa
visibilidade. O acesso instantâneo que a web fornece a projetos e
pesquisas permite que a produção da literatura científica brasileira
na área alcance bons resultados.
A pesquisa em IHC no Brasil tende a focar cada vez mais na abordagem de pro23
jeto centrado no usuário, considerando
a Usabilidade e a Engenharia Semiótica
como fatores fundamentais para o desenvolvimento de sistemas e de interfaces. Isto implica conhecer não somente
a tecnologia, mas, fundamentalmente, o
uso contextualizado que o ser humano
faz da tecnologia (SOUZA, 2004).
A IHC ainda não tem um papel definido no mercado de
trabalho, mas as organizações têm reconhecido sua importância
quando o retorno financeiro dos projetos web encontra-se
ameaçado. Por outro lado, a oferta de informação na web tornou-se
abundante, sendo corriqueira a enorme sobrecarga de informação
que o ser-humano lida no seu dia-a-dia. Essa sobrecarga de
informação se traduz em grande desafio aos profissionais da IHC,
que devem desenvolver sistemas de informação cada vez mais
similares ao sistema humano de processamento de informações.
Sistema humano
de processamento de informações
O sistema humano de processamento de informações é
composto por modelos mentais da realidade em que o homem se
insere e de modelos mentais da forma como ele age e pensa. Em
IHC, são os modelos mentais que definem como um sistema de
informação deverá funcionar.
Para tal propósito, desenvolvem-se modelos conceituais de
sistemas de informação que deverão simular os modelos mentais
do ser-humano, já que não são observáveis. Nessas simulações,
chamadas de modelos conceituais, revela-se o modo como o usuário
interage com o sistema e percebe-se como a interface funciona.
Podemos representar um modelo mental através de três
tipos de modelos conceituais:
24
Modelo conceitual do sistema: baseado nas experiências
anteriores dos usuários do sistema;
Modelo conceitual do projeto: concebido pelo designer
ou projetista que tem em mente o que o usuário pensa
quando realiza tarefas no sistema;
Modelo conceitual da imagem do sistema: descreve como
o sistema espera que o usuário aja na realização de tarefas
Pelo fato dos modelos mentais variarem consideravelmente
de um ser humano para outro, os modelos conceituais são
constantemente considerados incompletos e ineficazes. Em função
disso, para se obter bons resultados com modelos conceituais,
torna-se necessário um estudo aprofundado dos elementos de um
sistema humano de processamento de informações: percepção,
atenção, memória, raciocínio e aprendizado.
Percepção
A percepção pode ser definida como o processo decodificador de estímulos, no qual o homem processa as informações
adquiridas em seu meio ambiente. Está relacionada ao significado que os órgãos perceptivos atribuem às sensações vividas.
Em termos gerais, pode ser descrita “como o modo segundo o
indivíduo constrói em si a representação e o conhecimento que
possui das coisas, pessoas e situações, ainda que, por vezes, seja
induzido em erro” (SERRANO, 2002).
A percepção tem início com a captação de um estímulo,
que é enviado ao cérebro, através dos órgãos perceptivos. Esse
processo se decompõe em duas fases distintas: a sensação,
mecanismo fisiológico, no qual os órgãos sensoriais registram e
transmitem os estímulos externos e a interpretação, que permite
organizar e dar um significado aos estímulos recebidos.
Com base na experiência de Gagnè (1962), Cybis (2003),
distingue três funções perceptivas na operação de uma máquina
25
ou dispositivo técnico: função de detecção, por meio da qual, após
a constatação de um sinal, o homem confronta as informações
contidas neste sinal com as informações armazenadas em sua
memória, objetivando encontrar uma resposta ou solução;
função de identificação, quando as informações obtidas no sinal
são dispostas em categorias; e a função de interpretação, que diz
respeito ao tratamento das informações adquiridas.
As funções perceptivas descritas por Gagné (1962)
possuem uma relação de dependência: a função de identificação
de um sinal depende de sua detecção e a função de interpretação
depende da detecção e identificação, respectivamente. Essas
funções são observadas nos seres-humanos, com intensidades
diferentes, de acordo com os seguintes sistemas perceptivos:
percepção visual, percepção auditiva e percepção da fala.
A percepção visual compreende a forma como
estruturamos os elementos de uma imagem em nosso cérebro,
a partir do ponto de vista do olho humano. Partindo dessa
premissa, a Psicologia da Forma ou Gestalt demonstrou como o
cérebro humano desmembra e organiza imagens para entender
os significados nelas contidos. Esse processo se realiza através
dos seguintes componentes:
Similaridade: elemento que nos propicia entender como
objetos semelhantes tendem a se agrupar em nossa
mente;
Proximidade: o cérebro agrupa os elementos de uma
imagem de acordo com a distância em que se encontram
uns dos outros, sendo que elementos diferentes,
agrupados proximamente, tendem a ser percebidos
como um grupo, mais do que os elementos similares que
estão distantes na imagem;
Continuidade: relacionada ao alinhamento dos elementos
de uma imagem. Quanto mais harmônico o alinhamento
dos elementos da imagem, maior será a compreensão dos
26
objetivos da imagem;
Pregnância: quanto mais simples os elementos que
compõem as imagens, menor será a necessidade de
explicação destas;
Clausura: relacionada à continuidade da imagem. Ocorre
geralmente quando o desenho do elemento sugere alguma
extensão lógica;
Experiência passada: critério vital para a compreensão da
forma, pois se conhecemos a imagem, não será problema
reproduzi-la em sua completude.
Esses componentes são válidos para qualquer tipo de imagem, pois imagens transmitem um número infinito de informações, dependendo exclusivamente da ordem e da intensidade que
os componentes são configurados. Por conseguinte, a percepção
visual é o que propicia ao cérebro decodificar uma imagem inserida em uma interface com o usuário.
A percepção auditiva se refere à forma como recebemos
e interpretamos o som. Envolve a recepção e a interpretação de
estímulos sonoros, processo pelo qual o homem decodifica os
sinais envolvidos nesse processo, transformando-o em informação.
Dizemos que a informação sonora é útil quando não há um déficit
na compreensão da informação através da audição.
O nosso sistema auditivo recebe as informações de fontes
sonoras de forma seletiva e representa as imagens auditivas em
processos paralelos e seqüenciais. Nos processos paralelos, os
eventos sonoros são organizados de acordo com sua amplitude,
freqüência, forma espectral e posição. Nos processos seqüenciais,
os eventos acústicos ocorrem na forma de fluxos, que apresentam
uma continuidade determinada pela freqüência, cadência e
intensidade das informações.
A percepção da fala é determinada por meio de neurosensores, que extraem e armazenam informações em uma memória
de curta duração, onde se realiza a análise da acústica relativa
27
à fonética de uma linguagem. Esse processo se realiza em dois
estágios: em nível lexical ocorre a identificação de palavras e em nível
sintático ocorre “a integração das informações lexicais e sintáticas
com a interpretação em nível semântico” (CYBIS, 2003).
Durante a percepção da fala, os ouvintes extraem as
freqüências dos sinais falados, utilizando um processo de
normalização do trato vocal, no qual, inconscientemente, estimam
o padrão da voz do falante e, logo após, atribuem um padrão
particular que emana um som na mesma freqüência do falante.
Para Lieberman (1995, p. 134), a alta taxa de transmissão
da fala é obtida pela geração de padrões heterogêneos de freqüência
formante e de rápidas disposições temporais e espectrais através
da singular passagem de ar supralaringeal (PAS) humana e seus
mecanismos de controle. Dessa maneira, os ouvidos humanos
identificam os sons, porque inconscientemente normalizam o
que escutam, levando em consideração o comprimento provável
do trato vocal supralaringeal do falante. Por conseguinte, a
percepção da fala fornece uma vantagem seletiva para as pessoas
que são capazes de produzi-la.
Atenção
Denomina-se atenção, “um fenômeno consciente de tensão,
de esforço, de concentração, de interesse sobre alguns aspectos
da realidade” (BALLONE, 1999). É através dela que ocorre a
exibição ou inibição de determinados conteúdos considerados
pertinentes e a organização de determinadas informações no
sistema humano de processamento de informações. Para Stern
(1935), “a atenção é a condição imediata para a produção de
uma realização pessoal e suas características consistem num
esclarecimento consciente, na concentração de uma força psíquica
disponível para o esclarecimento da realidade”.
Tanto a percepção visual quanto a percepção auditiva e a
percepção da fala podem ser ativadas para produzir atenção sobre
28
determinada situação. Esse condicionamento da percepção humana
gera uma espera proposital do cérebro humano, de maneira a
analisar a importância de determinada informação que está sendo
absorvida. Ao procurar determinada informação na Internet em
um mecanismo de busca, por exemplo, analisamos, de modo geral,
cada documento recuperado antes de decidirmos quais servem
ao nosso propósito. Trata-se da espera pré-perceptiva, que em
determinados casos dá origem a um estado de surpresa.
A atenção pode ser classificada em três categorias:
Atenção motora: caracterizada pela tensão estática
dos músculos e pela hipervigilância da consciência, por
exemplo, quando nos inclinamos para pegar determinado
objeto;
Atenção intelectual: ato de reflexão e racionalização de
qualquer problema, conscientemente definido. Exemplo:
a realização de uma prova, o estudo de uma disciplina
etc.;
Atenção afetiva ou sensorial: relativa ao estado de
ânimo e interesse sobre determinado objetivo. Exemplo: a
predileção que temos por determinadas atividades etc.
Ao estudar a atenção no campo da IHC, considera-se
relevante a compreensão dos objetos contidos na interface que
auxiliam os usuários, pois durante a realização de uma tarefa,
a atenção pode estar distribuída de várias maneiras: o usuário
pode estar concentrado num único ícone, ao julgar que o
hiperlink contido nele o levará à solução da tarefa, dando pouca
atenção aos outros recursos disponíveis na interface; pode estar
prolixamente dispersa em outros assuntos que não tenham a ver
com a realização da tarefa, e muito menos com os mecanismos
da interface; ou pode estar completamente integrada como todos
os objetos contidos na interface, de forma a permitir a realização
da tarefa rapidamente.
29
Quanto maior a divisão da atenção, menor será a sua
amplitude. Por conseguinte, quando algumas partes da interface
são organizadas em todos maiores (exemplo: poucos hiperlinks
que conduzem a uma gama considerável de assuntos), a atenção
necessária para o seu uso será menor do que uma interface muito
detalhada (exemplo: excesso de hiperlinks que conduzem a um
número pequeno de informações).
Durante a realização de qualquer tarefa, a atenção pode
ser voluntária ou involuntária. A voluntária diz respeito à liberdade
de escolha sobre em que e como prestar atenção. A involuntária
refere-se aos casos em que o usuário é obrigado a atentar para
determinada situação, como a solução de um problema que faz
parte do seu cotidiano de trabalho ou estudo.
Alguns determinantes da atenção involuntária estão
relacionados aos sentimentos despendidos para o objeto, como é
o caso da supressão de uma necessidade de informação. Outros
determinantes da atenção involuntária, de acordo com Ballone
(1999), foram muito estudados por técnicas de propaganda.
Esses fatores determinantes do estimulo à atenção (a intensidade,
a repetição, o isolamento, movimento e mudança, novidade e
incongruência), aliados à totalidade da apreensão da percepção,
representam a soma de todos os elementos isolados captados pelos
órgãos sensoriais e podem ser aplicados no estudo de avaliação
de usabilidade de interfaces.
Bleuler (1950), em trabalho sobre esquizofrenia e
demência precoce, destacou duas qualidades na atenção: a
tenacidade e a vigilância. A tenacidade é a propriedade que
possibilita manter a orientação da atenção em um único sentido.
A vigilância é a propriedade que permite o desvio de atenção para
um novo foco, um estímulo do meio exterior que subitamente
aparece no caminho do usuário. Para Ballone (1999), essas duas
qualidades da atenção se comportam de maneira antagônica.
“Quanto mais tenacidade sobre um determinado objeto está
se dedicando, menos vigilante estamos em relação à eventuais
30
estímulos a serem apreendidos” (BALLONE, 1999). Quando
esse antagonismo prevalece, é impossível o estabelecimento de
uma unidade em termos de atenção.
Na IHC, essa situação pode ser exemplificada da seguinte
forma: uma interface que apresenta objetos contraditórios, como,
por exemplo, hiperlinks mal elaborados, que não atendem às
necessidades dos usuários, acabam por transmitir informações
irrelevantes, impedindo que o usuário acesse os conteúdos que
são do seu interesse. Nesse caso, o usuário se encontra em uma
situação insustentável, não podendo tomar nenhuma atitude
independente, pois ele é apenas um elemento que, de modo geral,
não participa das decisões sobre a interface, mas é a vítima dos
erros encontrados na sua interação com o computador. O fato de
não saber, temporariamente, o que fazer, gera cisão da atenção
e expectativas contraditórias quanto à solução de problemas, que
podem impedir a realização da tarefa.
Memória
Define-se memória como um conjunto de fenômenos
que determinam o armazenamento seletivo da informação, após
certo período de absorção da informação pelo cérebro. Mesmo
desconhecendo a forma como esse processo é desencadeado, a
memória está relacionada ao desenvolvimento de nossas habilidades
intelectuais, mantendo conexões com a sensibilidade do ser humano
e o estoque de informações por ele armazenado. A memória humana
se desenvolve por intermédio dos seguintes processos:
Reconhecimento: aptidão que o homem possui para
acionar através da sua percepção informações memorizadas
anteriormente, como por exemplo, reconhecer na
interface, um determinado elemento gráfico responsável
pela realização de uma ação;
Reconstrução: capacidade que o ser humano tem
31
de reorganizar as informações memorizadas, como
reconstruir um texto sem clareza e coerência;
Lembrança: modo como o homem recupera,
integralmente, uma situação vivida sem a presença de
nenhum dos elementos necessários, como por exemplo,
relembrar uma pessoa já falecida.
Embora o atual estágio de evolução da ciência não permita
compreender os gastos fisiológicos relativos aos processos de
memorização, é sabido que fatores como o número de informações
armazenadas e tratadas, a semelhança entre as informações, a
velocidade de aprendizado das informações e os prazos para
elaboração de respostas motoras em relação à percepção das
informações influenciam a lógica dessas operações, pois o
armazenamento e a recuperação das informações se realizam a
partir de atividades neuro-fisiológicas e cognitivas.
Na literatura sobre memória, encontram-se diversas
tipologias que abrangem da neuro-fisiologia do cérebro à
questões semânticas do armazenamento da informação. No
modelo cognitivo de memória, diferem-se três tipos de sistemas
de armazenamento de informações: o registro sensorial de
informações (RS), a memória de curta duração (MCD) e a
memória de longa duração (MLD).
Segundo Cybis (2003), “a informação que é liberada pelo
sistema perceptivo, é armazenada em um registro sensorial de
capacidade limitada e altamente volátil”. Esse registro se conserva
por apenas alguns décimos de segundo, sem possibilidade de
armazenamento. O material relevante desse registro é enviado à
memória de curta duração.
Para Zilse (2004, p. 43), a memória de curta duração “é
aquela que se refere às lembranças imediatas de acontecimentos
instantâneos que ocorreram há alguns minutos ou há uma ou
duas horas”. No processamento da memória de curta duração, a
informação recebida deixa uma pista que continua a circular com
32
um estímulo dentro de uma rede de neurônios e “através de um
feedback, pode ser recuperada na esfera da consciência a qualquer
momento, num prazo de algumas horas” (GRANDJEAN, 1998
citado por ZILSE, 2004, p. 44).
Sob uma nova perspectiva, pode-se comparar a memória
com o processador central de um computador - a memória RAM,
pois armazena informações advindas de fontes diversas e sua
capacidade torna-se reduzida rapidamente. Por esse motivo, a
memória de curta duração é considerada degradável.
A memória de longa duração pode ser definida como
a biblioteca interior do ser humano. Como a ciência ainda
não conseguiu definir o limite de armazenamento da memória
humana, supõe-se que esta capacidade seja infinita, pois não
está sujeita a limitações de ordem temporal. Deve-se ressaltar
que falhas na memória (esquecimento) “parecem ser mais um
problema de resgate do que já está armazenado, do que registro
de memória” (ZILSE, 2004, p. 44). Por isso, “os projetistas de
sistemas de IHC devem investir na organização, categorização,
diferenciação e discriminação das informações apresentadas
sobre estas interfaces” (CYBIS, 2003).
Analogamente, podemos considerar a memória de
longa duração como uma imensa rede de bases de dados com
links de acesso à informação. Conforme nos tornamos mais
conhecedores de determinado conteúdo, maior a facilidade de
conexão a conteúdos similares. Isso demonstra que a memória
de longa duração atua nos dois subsistemas de memórias que se
interrelacionam: a memória episódica e a memória semântica.
“A memória episódica é o conjunto de informações que
representa um sentimento ligado a uma imagem no espaço e
no tempo, como por exemplo, a lembrança do primeiro beijo,
vitórias esportivas pessoais e outros” (LARA, 2004). Quando se
diz que estamos desmemoriados, significa que estamos perdendo
algumas memórias episódicas, pela razão de não considerarmos
memórias fatos corriqueiros do dia-a-dia, como se conectar a
33
Internet. Entretanto, a formação e o detalhamento da memória
episódica “requer muita interatividade entre todas as memórias
anteriores e recebe influência do estado emocional, sendo tão
mais perfeita e detalhada quanto mais emocionante o evento
tenha sido” (LARA, 2004).
“A memória semântica armazena conhecimentos
declarativos organizados, segundo redes de proposições
conceituais” (CYBIS, 2003). O acesso a uma enorme variedade
de informações que a memória semântica permite independe do
contexto em que o homem se encontra em determinado momento
e ocorre pela ativação de um dos pontos dessa rede a pontos
vizinhos que armazenam informações semelhantes.
De maneira antagônica, Cybis (2003) observa que entre
a memória de curta duração e a memória de longa duração
existe a memória de trabalho, que funciona como um centro de
tratamento de informação, baseado na audição e na visão “com
capacidade, volatilidade, e acessibilidade diferentes, variando
para tipos de indivíduos”. Para muitos indivíduos, “a memória de
trabalho visual é maior e menos volátil, ao contrário da memória
de trabalho sonora, mais volátil e com menor capacidade”.
A partir da memória de trabalho a informação é armazenada
perpetuamente na memória de longa duração.
Raciocínio
O raciocínio é definido como uma atividade mental
que desencadeia a concepção de novas informações, a partir
de argumentos pré-existentes. Essa atividade busca atingir
coerência entre diversas informações armazenadas, que
culminam no aparecimento de novas deduções e inferências,
estimulando a inteligência humana a produzir resultados
eficazes ou ineficazes. Pode ser compreendido também como
uma aplicação das informações contidas na memória, que
pode ser determinada a partir da lógica formal (quando o ser34
humano possui um extenso conhecimento sobre a informação)
ou a partir de regras heurísticas (quando o conhecimento sobre
a informação é pequeno).
O raciocínio é dedutivo, quando a partir de uma
ou mais preposições verdadeiras se chega a uma conclusão
seguramente verdadeira. “Raciocínios dedutivos começam com
afirmações e descobrem novos fatos pela examinação lógica
do relacionamento entre as propriedades que as afirmativas
descrevem” (ZILSE, 2004, p. 71). Em IHC, o raciocínio
dedutivo é realizado por programas que correspondem a
procedimentos pré-determinados.
O raciocínio indutivo ocorre, quando a partir de
informações verossímeis, chega-se a resultados generalizados,
nem sempre verdadeiros, baseando-se em informações
armazenadas na memória para compreender uma situação
singular, desconhecida, que estabelece uma relação de
parentesco entre duas informações distintas. Em IHC, os
desenvolvedores partem do princípio que os seres humanos
têm dificuldades no raciocínio indutivo, atingindo melhores
resultados em analogias e deduções (CYBIS, 2003).
Independentemente de o raciocínio ser dedutivo ou
indutivo, o ser humano comete erros, porque sempre procura
encontrar uma informação verdadeira. A busca pela certeza
absoluta nos faz ignorar evidências contraditórias, fazendo
com que ao observarmos com menos precisão as associações
negativas advindas com o pensamento, surjam problemas.
Suttcliffe (1995) determinou um modelo de raciocínio para a
solução de problemas composto de quatro etapas, a saber:
Formulação: definição das informações necessárias à
solução de problemas;
Desenvolvimento: soluções prévias são testadas e rejeitadas, de modo a determinar as hipóteses que mais se
adequam à solução de problemas;
35
Implementação: a solução correta para os problemas
são aplicadas;
Verificação: avaliação da solução correta de modo a
conferir se esta alcançou os resultados esperados foram alcançados.
Ao observar as etapas de raciocínio para a solução
de problemas de Suttcliffe (1995), conclui-se que o uso
de estratégias originais de raciocínio, como a visualização
espacial e matemática de informações, propicia um ambiente
para a solução de problemas, no qual a correta manipulação
de resultados, positivos ou negativos, corroborará para
a maximização das tarefas realizadas pelo homem. Isso
porque quanto menos necessitar raciocinar sobre atividades
corriqueiras, mais facilmente o homem utilizará todas as
funcionalidades disponíveis em um tipo de sistema, como os
sistemas de informação, por exemplo.
Aprendizado
O aprendizado define o nível de competência do ser
humano sobre determinado conteúdo e ocorre pelo acúmulo de
conhecimento e supressão de suposições falsas e inoportunas.
Constitui um processo freqüente que, “engloba uma grande
variedade de fenômenos, desde a simples memorização até o
complexo aprendizado de regras para aquisição de habilidades
mentais e motoras” (MAYHEW, 1999).
O aprendizado é o meio pelo qual uma informação se
relaciona à estrutura cognitiva do ser humano. Nesse contexto,
serve como suporte para que o indivíduo atribua significado a
idéias e conceitos relevantes já aprendidos, que passam a estar
disponíveis para auxiliar na absorção de novas informações.
A experiência cognitiva no aprendizado não está
restrita à influência das idéias e conceitos relevantes,
36
abrangendo também mudanças significativas na interação
entre informações já assimiladas e informações novas. Essa
assimilação possibilita mudança na estrutura cognitiva do
ser humano, servindo de base para a incorporação de novas
informações, que servirão de base para a aquisição de mais
informações e assim sucessivamente.
Para aprender algo, o ser humano constrói modelos
de similaridade com base nas suas experiências armazenadas
na memória. Durante o aprendizado, buscam-se na memória
situações ou fatos semelhantes ao que se quer aprender,
que possam oferecer alguma sustentação intelectual. Caso
seja impossível resgatá-los, cabe ao indivíduo construir uma
representação do fato através do raciocínio e assim alcançar o
resultado que deseja.
37
38
Parte 2
Avaliação de usabilidade
de websites
Conhecendo e aplicando os métodos e
técnicas de avaliação de usabilidade
Os métodos e técnicas de avaliação de usabilidade permitem determinar o ponto de equilíbrio entre os objetivos de
um website e as necessidades dos usuários, através da identificação de problemas de usabilidade. Podem ser aplicados num
período de tempo relativamente pequeno, a um custo baixo,
possibilitando resultados satisfatórios, desde que adequados
ao contexto de uso.
Por ser grande a variedade de métodos e técnicas
existentes, que podem ser aplicados nas pesquisas de usabilidade,
a terminologia nesse assunto não é padronizada, podendo ocorrer
problemas de interpretação relativos à aplicação desses métodos.
Isso exige um estudo acurado das vantagens e desvantagens
de cada método ou técnica para avaliar a possibilidade da
sua aplicação em cada tipo de pesquisa de usabilidade que se
pretenda desenvolver.
O quadro 1 demonstra a diversidade terminológica dos
métodos e técnicas utilizados em pesquisas de usabilidade.
39
Quadro 1 - terminologia adotada na área de usabilidade relativa aos
métodos e técnicas de avaliação
Dias (2001)
Cybis(2003)
Nascimento (2006)
Avaliação heurística
Avaliação heurística
Critérios heurísticos
Métodos de testes
com usuários
Técnicas prospectivas
de avaliação de
Usabilidade
Métodos prospectivos de
avaliação de usabilidade
Inspeção baseada
em guia de
recomendações e
guias de estilo
Inspeção ergonômica
via checklist
Inspeção ergonômica
com lista de verificação,
guia de recomendações e
critérios heurísticos
Método de medida de
desempenho
Sistemas de
monitoramento
Análise da tarefa
Testes empíricos de
usabilidade
Ensaios de interação
Ensaios de interação
Fonte: Nascimento (2006)
Pelo caráter exploratório das pesquisas sobre usabilidade,
a verificação desses problemas assume um caráter exploratório.
Portanto, a adoção da abordagem de estudo de caso permite que
sejam estudadas questões referentes à usabilidade, considerando
os contextos organizacionais específicos onde ocorrem os
fenômenos em estudo.
40
Embora seja considerado por Bressan (2002) como
abordagem insuficiente em relação à precisão e objetividade e
na opinião de Goode & Hatt (1969) apenas um tipo de análise
quantitativa, o estudo de caso mostra-se vantajoso em avaliações
de usabilidade, por permitir a aplicação de métodos e técnicas
heterogêneas, ter capacidade para “lidar com uma complexa
variedade de evidências” (YIN, 1989, p. 19) e por possibilitar
que comportamentos relevantes não sejam manipulados durante
a pesquisa.
Definido o website a ser avaliado, será necessário estudálo, sob a ótica de gestores, desenvolvedores e usuários. Por
isso, combine métodos objetivos e subjetivos, que possibilitem a
obtenção de dados quantitativos e qualitativos (heterogêneos).
O meio mais fácil para alcançar esse resultado é realizar
um levantamento bibliográfico que identifique quais métodos
e técnicas de avaliações de usabilidade estão sendo utilizados
em contextos similares ao do seu website, pois de posse dos
resultados de pesquisas anteriores, ficará mais fácil identificar
quais métodos e técnicas servem ao seu propósito. Por exemplo,
se o website trata de temas relacionados à saúde, será necessário
verificar quais métodos e técnicas de avaliação de usabilidade
estão sendo empregados nessa área.
Outra vantagem do levantamento bibliográfico está em
possibilitar o conhecimento de novas metodologias, agregando
valores e criatividade ao seu relatório de usabilidade. O levantamento bibliográfico também pode identificar através do período
de cobertura, quais tipos de websites estão sendo mais avaliados.
De posse dos resultados do levantamento bibliográfico,
caberá ao avaliador, verificar se há necessidade de testar a
confiabilidade dos métodos e técnicas em universo semelhante
ao do seu website. Se for uma avaliação mais prolongada, o teste
de confiabilidade garantirá uma boa possibilidade de acerto
na escolha dos métodos e técnicas. Por outro lado, se houver
necessidade de realizar uma avaliação em um curto período de
41
tempo, existem excelentes medidas de confiabilidade já testadas
por outros engenheiros de usabilidade, como Dias (2001).
Após verificação minuciosa dos métodos e técnicas que
estão sendo aplicados em contextos similares, desenvolva um
primeiro modelo adequado ao seu universo, lembrando sempre
que os melhores resultados são provenientes da união de métodos
quantitativos e qualitativos. Caso não haja um equilíbrio entre os
métodos e técnicas, teste o seu modelo novamente, até adequá-lo
aos seus propósitos.
Os métodos e técnicas podem ser trabalhados sob
três óticas distintas: a visão dos gestores, a dos desenvolvedores e a dos usuários. Todas convergem para um único
objetivo: identificar problemas de usabilidade. Se a intenção for trabalhar a usabilidade apenas sob a visão dos gestores, concentre-se na metodologia análise do contexto de uso
e nas técnicas observação, análise documental e entrevista
semi-estruturada. Caso seja desenvolvedor e o seu objetivo
for verificar quesitos de interface e leiaute, concentre-se na
inspeção ergonômica por meio de lista de verificação, guia
de recomendações e critérios heurísticos. Ou se for medir o
grau de usabilidade do website em relação aos usuários, nas
técnicas análise da tarefa e card sorting.
Todavia, ressaltamos que a proposta metodológica
de integrar os pontos de vista de gestores, desenvolvedores e
usuários, não impede a inserção de outras técnicas à avaliação
de usabilidade a ser realizada. Entretanto, se você possui pouca
ou nenhuma experiência com avaliações de usabilidade, o melhor
a fazer é seguir o passo-a-passo de elaboração da avaliação que
são propostos, já que os métodos e técnicas são descritos de
forma prática, permitindo sua aplicação, desde que adaptados, ao
contexto do website. Para o melhor aproveitamento da avaliação a
ser realizada, recomenda-se recorrer, sempre que necessário, aos
modelos dos instrumentos de coleta de dados, que deverão ser
estudados intensivamente.
42
Verificando a usabilidade de websites
com gestores
Análise do contexto de uso
Mesmo sendo considerada por alguns autores (CYBIS,
2003; DIAS, 2001) como apenas uma etapa que precede a
avaliação de usabilidade, a análise do contexto de uso não
proporciona somente às gerências recursos oportunos e eficazes
para a tomada de decisões, mas também o aprimoramento das
interfaces, incrementando a qualidade e a produtividade de
serviços virtuais e a aquisição de conhecimento sobre o usuário e
sua relação com as tecnologias da informação.
Realizar análises de contexto de uso requer perseverança
do avaliador, já que trabalhará com três técnicas de coleta de
dados: análise documental, observação do website e entrevista
semi-estruturada.
A análise documental identificará dados sobre a história
da instituição, sua missão e, principalmente, as diretrizes e
o planejamento do website. Como também se constitui em
indispensável referência para a atualização de websites, alguns
passos devem ser seguidos para garantir farta coleta de dados na
sua aplicação:
Obtenha a autorização da direção do website ou da
instituição a qual pertence, para a análise de documentos,
inclusive os oficiais;
Selecione a amostra de documentos a ser analisada, que
deve ser aumentada ou diminuída em função do tempo
da avaliação;
43
Classifique os documentos em: primários – documentos
oficiais (ex.: memorandos, ofícios etc.) ou secundários,
que expressam opiniões, estando sujeito a vieses
interpretativos (ex.: e-mails, notícias e artigos).
A segunda técnica a ser aplicada é a observação do
website, através de um checklist a ser preenchido pelo avaliador,
que registrará, entre outros quesitos, suas especificações técnicas,
seus produtos e serviços e requisitos de segurança. A observação,
apesar de simples, requer atenção do avaliador, que também
navegará nas páginas do website para verificar sua estrutura de
navegação e a organização da informação.
Para analisar a concepção, desenvolvimento ou atualização
do website, sob a perspectiva dos seus gestores, a entrevista semiestruturada é uma técnica indicada para avaliações de usabilidade
por partir de “certos questionamentos básicos, apoiada em
teorias e hipóteses que interessam à pesquisa, e que, em seguida,
oferecem amplo campo de prerrogativas, fruto de novas hipóteses
que vão surgindo a medida que se revelem as respostas dos
informantes”(TRIVINOS, 1990, p. 146).
Para obter sucesso na realização de uma entrevista semiestruturada, durante uma avaliação de usabilidade:
Conceba o roteiro da entrevista à luz dos resultados
obtidos na observação e na análise documental;
Agrupe as perguntas do roteiro da entrevista em eixos
temáticos, para evitar que determinados questionamentos
não sejam abordados;
Tente garantir que, durante a entrevista, nenhuma
pergunta fique sem respostas;
Crie um esquema de interpretação das respostas, sistematizando as informações fornecidas pelos entrevistados;
Evite perguntas cujas respostas resvalem apenas no sim
e no não;
44
Valide sempre o roteiro da entrevista com gestores de um
website similar ao que você avaliará;
Entreviste sempre os colaboradores ativos do website;
Contate os entrevistados com antecedência, explicandolhes o(s) motivo(s) da avaliação, estimulando-lhes sobre
os possíveis resultados que possam ser obtidos;
Durante as entrevistas, verbalize estimuladamente para
obter várias opiniões; e
Verifique sempre se os dispositivos de gravação estão
devidamente conectados de modo a dirimir possíveis
perda de dados.
De posse dos resultados das entrevistas, o próximo desafio
será interpretá-los. Nas Ciências Sociais existem vários métodos
para a análise de entrevistas, mas no universo da usabilidade,
a técnica que tem se mostrado mais profícua é a condensação,
que permite a transcrição das entrevistas em sua forma literal e,
logo após, a edição para eliminação de respostas sem relevância
para o contexto da avaliação. Assim, garante-se que o corpus das
opiniões seja resguardado, tornando fácil verificá-los, de acordo
com os eixos temáticos previamente estabelecidos.
Ao unir os dados obtidos durante a análise do contexto
de uso através das técnicas análise documental, entrevista semiestruturada e observação, você terá uma visão macro do website,
ao conhecer melhor e mais detalhadamente o contexto em que
o website se insere. Isto o capacitará a identificar possíveis
problemas de usabilidade que possam ter ocorrido na versão
inicial do sistema.
Se a sua avaliação for realizada somente com gestores,
você terá um relatório consistente embasado na evolução do
website. Mas lembre-se que verificar questões de usabilidade,
limitando-se apenas a perspectiva dos gestores é apenas um passo
de uma avaliação mais intensiva. Ao final dessa etapa, você notará
que o trabalho está apenas no começo!
45
Verificando a usabilidade de websites
com desenvolvedores
Inspeção ergonômica
Para trabalhar a usabilidade sob o ponto de vista de
desenvolvedores normalmente trabalha-se com a inspeção
ergonômica por meio de listas de verificação, guia de
recomendações e critérios heurísticos. Procedemos à explicação
detalhada de cada uma dessas técnicas.
Lista de verificação, guia de recomendações
e critérios heurísticos
A lista de verificação e o guia de recomendações são
técnicas que permitem diagnosticar problemas gerais da
interface por especialistas em usabilidade, através da análise da
conformidade dos objetos de interação. Por meio de uma grade
de análise ou lista de questões, os inspetores respondem sobre
a ergonomia do projeto, gerando resultados que proporcionam
vantagens em termos de rapidez de aprendizagem e facilidade de
uso aos usuários.
Alguns autores fazem distinção entre guias de
recomendação e listas de verificação (CYBIS, 2003; DIAS,
2001; HOM, 1996; MELCHIOR et al., 1996). Entretanto, a
inspeção ergonômica por meio de listas de verificação, guia
de recomendações e critérios heurísticos é um método que se
constitui da aplicação conjunta dessas técnicas. A inspeção é o
método e a lista de verificação, o guia de recomendações e os
46
critérios heurísticos são os instrumentos utilizados para viabilizar
a coleta de dados.
Algumas vantagens deste método são:
Sistematização da avaliação, garantindo resultados mais
estáveis, mesmo quando aplicado separadamente por
diferentes avaliadores;
Facilidade na identificação de problemas de usabilidade,
devido à especificidade das questões e heurísticas;
Aumento da eficácia da avaliação, devido à redução da
subjetividade normalmente associada a outros processos
de avaliação;
Uma desvantagem segundo Bevan & Macleod (1994)
citado por Dias (2001, p. 53) diz respeito às modificações
que uma interface pode sofrer após a aplicação desse método,
pois do ponto de vista de outras listas de verificação e guias de
recomendações, as alterações realizadas podem gerar novos
problemas para a interface.
Um exemplo do método de inspeção baseado em lista de
verificação, guia de recomendações e critérios heurísticos ão é
o Ergo List, desenvolvido pelo Laboratório de Utilizabilidade da
Universidade Federal de Santa Catarina. O Ergo List tem sua lista
de verificação desenvolvida a partir das recomendações expressas
nos “critérios ergonômicos para a avaliação de interfaces homem
computador”, elaborados em 1993, pelos pesquisadores Bastien
& Scapin do Instituto Nacional de Pesquisa em Informática
e Automação da França. O estudo foi precursor na área,
contribuindo para aperfeiçoar o diagnóstico da interface e sua
padronização. Para Cybis et al. (1999), a adoção ou adaptação dos
critérios ergonômicos de Bastien & Scapin ajuda a conceber não
só sistemas adequados às reais necessidades dos usuários, como
também testar a usabilidade do sistema que foi desenvolvido.
47
Os oito critérios ergonômicos de Bastien & Scapin
(1993) podem aprimorar o conhecimento sobre o método de
inspeção baseado em listas de verificação, guia de recomendações
e critérios heurísticos. Os critérios ergonômicos são:
1º) Condução: critério que possibilita ao usuário se localizar
durante a execução de uma tarefa, podendo ser avaliado pela
presteza e feedback imediato.
2º) Carga de trabalho: critério que impacta diretamente na
dinâmica do trabalho, pois quanto menor for a carga de trabalho
cognitiva do usuário menor será a probabilidade de cometer erros
durante a realização de uma tarefa.
3º) Controle explícito: critério que avalia qual o nível de controle
que o usuário tem sobre o sistema, como se processa a relação
existente entre o processamento de dados pela máquina e as ações
dos usuários necessárias a esse processamento.
4º) Adaptabilidade: critério que analisa a adaptação de um
sistema ao ambiente no qual se realizam tarefas. Um sistema é
flexível quando proporciona ao usuário diferentes procedimentos
e opções de executar uma tarefa.
5º) Gestão de erros: tem por objetivo a análise de todos os
mecanismos do sistema que evitam, previnem e corrigem erros
como entrada de dados incompletos e entrada de comandos
inadequados.
6º) Coerência: é a relação harmônica entre os elementos de uma
interface. Esse nexo entre os elementos deve ser conservado em
todas as telas do sistema, proporcionando excelente identificação
visual para o usuário.
7º) Significado dos códigos e das denominações: é a relação
entre a informação solicitada ou apresentada e a sua menção.
8º) Compatibilidade: refere-se ao acordo que possa existir entre
as características do usuário (memória, percepção, hábitos etc.) e
das tarefas, de uma parte, e a organização das saídas, das entradas
e do diálogo de uma dada aplicação, de outra.
48
Os critérios heurísticos, associados à lista de verificação
e o guia de recomendações, possibilitam a análise dos objetos
de interação de um sistema em qualquer fase do seu estágio de
desenvolvimento.
Para a aplicação dos critérios, Nielsen (2003) sugere
a participação de três a cinco especialistas em usabilidade.
Entretanto, Dias (2001, p. 54) observa que para a definição do
número de avaliadores é necessário “realizar tanto a análise de
contexto de uso do sistema quanto à análise do custo benefício”.
Embora Nielsen (1993) ressalte que a adoção de critérios
heurísticos é mais eficaz quando realizada por especialistas em
usabilidade, o autor afirma que pessoas com ou sem nenhuma
experiência podem tirar proveito de suas funcionalidades.
Elaboração e aplicação da lista de verificação,
guia de recomendações e critérios heurísticos
Após conhecer um pouco mais das três técnicas, é preciso
saber como elaborar os instrumentos de coleta de dados da
lista de verificação, do guia de recomendações e dos critérios
heurísticos.
O guia de recomendações é uma lista explicativa dos
itens a serem observados pelo avaliador, que constam da lista de
verificação. Ela serve para orientar sobre o que significa cada item
no contexto do website em avaliação. O processo de elaboração da
lista de verificação e guia de recomendações é concomitante, pois
ambos englobam requisitos que devem ser divididos em grupos.
A divisão clássica da engenharia de usabilidade contempla
quatro grandes áreas do webdesign: design da página, design do
conteúdo, design do website e acessibilidade e flexibilidade de uso
para usuários de websites.
A partir do momento em que o engenheiro de usabilidade
concebe as divisões principais de uma avaliação ergonômica,
começa o trabalho de planejamento dos quesitos da lista
49
de verificação e do guia de recomendações. Para isso, tente
desenvolver listas de verificação e guias de recomendações
de acordo com as especificidades do contexto do website a ser
analisado. São úteis como referência os trabalhos de Nielsen
(2000), os critérios ergonômicos de Bastien & Scapin (1993),
a Ergo List do Laboratório de Utilizabilidade da Universidade
Federal de Santa Catarina, o guia de estilos para serviços de
informação via web de Parizotto (1997) e o índice de usabilidade
de sites web, desenvolvido por Dias (2001).
Ao final da composição da lista de verificação, verifique
se todos os quesitos possuem equivalência com o guia de
recomendações. Por exemplo: se a pergunta na lista de verificação
é sobre cores, o especialista que participar da metodologia terá
condições de verificar sua conformidade com a descrição para a
mesma pergunta no guia de recomendações. Ao final, você poderá
proceder a ajustes no seu instrumento mais facilmente.
Para a definição dos critérios heurísticos caberá ao
engenheiro de usabilidade predeterminar quais parâmetros deverão
ser verificados na avaliação, como por exemplo, a organização
visual e estética da página e a orientação ao usuário. Durante o
planejamento dos critérios heurísticos, o engenheiro de usabilidade
poderá criar novos parâmetros. Entretanto, se o prazo da avaliação
for pequeno, o melhor é adaptar as heurísticas de usabilidade para
a web de Nielsen (1994) ou as heurísticas para avaliação de portais
corporativos desenvolvidas por Dias (2001).
Após a elaboração dos instrumentos, desenvolva
questionários demográficos sobre os participantes e manuais de
preenchimento sobre as avaliações. Dessa maneira, o especialista
ficará a vontade para analisar melhor o website e você terá mais
dados para garantir a confiabilidade da avaliação. Identifique
também especialistas em usabilidade para participar da
avaliação ergonômica e da avaliação heurística, de acordo com
os seguintes critérios: familiaridade com os métodos e técnicas
utilizados e experiência com interação homem-computador e
50
design de interfaces. Dias (2001, p. 224) sugere a participação
de, no mínimo, dois especialistas em usabilidade, em cada etapa
da avaliação.
Primeiramente, dois especialistas aplicarão a lista
de verificação com o auxílio do guia de recomendações. Os
especialistas identificarão os aspectos positivos (itens que
estão de acordo com o guia de recomendações) e os aspectos
negativos (itens que não estão de acordo com o guia de
recomendações) da interface. Observe que alguns itens da
lista de verificação não poderão ser aplicados no website a
ser analisado. Entretanto, se observados sob outro ponto de
vista, os itens não aplicáveis também determinam a eficácia
dos instrumentos, já que se o número de itens não aplicáveis,
ou seja, não respondidos, for maior que o respondido, é sinal
que os instrumentos não estão adequados ao contexto do
website avaliado, problema que ocorre normalmente com listas
de verificação e guias de recomendação que não sofreram
nenhuma adaptação.
Ainda nessa fase, logo após o preenchimento da lista
de verificação, com o auxílio do guia de recomendações, os
especialistas relacionarão os aspectos negativos (problemas de
usabilidade) com as heurísticas estabelecidas. Por exemplo: se
a interface do website não possui um manual de instrução para
auxiliar usuários, isso significa que ocorre um erro de orientação
ao usuário. Então, o especialista deverá relacioná-lo a essa
heurística. Entretanto, um problema de usabilidade pode estar
relacionado a mais de uma heurística, o que enriquece a avaliação
com pontos de vistas diferenciados sobre o mesmo problema.
Após o recebimento da lista de verificação, do guia de
recomendações e dos critérios heurísticos com os problemas de
usabilidade relacionados, o engenheiro de usabilidade repassará
os problemas identificados, de acordo com os critérios heurísticos
para outros dois especialistas, que os avaliarão de acordo com
graus de severidade. Para facilitar o trabalho, estabeleça graus
51
de severidade de acordo com uma escala, como por exemplo, os
graus de severidade propostos por Nielsen (2000) (Tabela 1):
Tabela 1 – Graus de severidade propostos por Nielsen (2003)
Grau de
Severidade
Descrição
0
Não concordo que seja um problema
de usabilidade
1
Problema de usabilidade com
baixa prioridade de correção
2
Problema de usabilidade com
media prioridade de correção
3
Problema de usabilidade com
alta prioridade de correção
Análise dos dados coletados
durante a inspeção ergonômica
A análise dos graus de severidade garantirá a análise
imparcial dos resultados, já que o engenheiro de usabilidade
verificará qual o critério heurístico com o maior número de
problemas. Salienta-se que não é uma regra a correção prioritária
dos problemas classificados no critério heurístico com mais
incidência, já que problemas com alta prioridade de correção,
quando sanados, garantem melhorias à usabilidade das interfaces
do website.
Procedimento relevante também é a verificação da coerência nas respostas de ambos os avaliadores, pois certa homo52
geneidade de respostas confirma suas experiências em avaliações
de usabilidade e utilização de listas de verificação e guia de recomendações, elaborados de acordo com normas e instrumentos
vigentes da área.
A verificação de problemas de usabilidade por meio de
critérios heurísticos também deve ser analisada sob o viés da estatística descritiva. Através da percentagem acumulada dos graus
de severidade é possível identificar qual problema, dentre os de
maior prioridade, resultará em maior impacto no uso do website. Por meio da verificação das medidas de variabilidade (moda,
mediana, média aritmética, variância e desvio-padrão) é possível
certificar-se da ocorrência mais comum entre os problemas.
Ao final dessa etapa, você perceberá que a combinação
de métodos e técnicas de avaliação ergonômica detecta um maior
número de problemas do que os detectados quando se utiliza
apenas uma técnica. Ao relacionar os resultados obtidos na lista
de verificação e guia de recomendações aos critérios heurísticos,
será possível detalhar as particularidades dos problemas e suas
possíveis correções de forma mais abrangente.
Então, como saber se uma avaliação ergonômica gerará resultados satisfatórios? Por ser um trabalho que exige atenção redobrada
concentre-se nos passos a seguir para não deixar passar detalhes que
podem fazer toda a diferença na identificação de problemas:
1. Trabalhe sempre com três técnicas de avaliação durante a
inspeção das interfaces do website. A lista de verificação
acompanhada do guia de recomendações identifica
os problemas e os critérios heurísticos permitem a
classificação dos problemas detectados conforme seus
graus de severidade.
2. Durante a inspeção ergonômica, trabalhe sempre com
especialistas capazes de aplicar as técnicas de maneira correta,
poupando tempo e garantindo resultados mais confiáveis.
“É indispensável que os avaliadores sejam especialistas em
53
ergonomia, para que não haja perda de tempo na busca por
conhecimento ergonômico e técnico dos componentes de
interação de uma interface” (REITZ, 20040.
3. Sempre adapte os instrumentos ao contexto de uso do
website. Listas de verificação, guia de recomendações e
heurísticas pré-determinadas, que avaliam qualquer tipo
de página independente do seu contexto, acabam gerando
um grande número de itens não aplicáveis.
4. Não determine em seu relatório da avaliação ergonômica
como deve ser processada a correção dos erros. O
especialista em usabilidade apenas sugere a correção
do problema, que deve ser repassado à equipe de
desenvolvimento para análise, garantindo à imparcialidade
das correções, que não serão realizadas sob a ótica de
quem as identificou.
5. Não desenvolva, não utilize ou adapte listas de verificação
que não estejam acompanhadas de guias de recomendações.
Existe uma relação simbiótica entre as duas técnicas, pois
uma sem a outra não gera resultados plausíveis.
Verificando a usabilidade de websites
com usuários
Ensaios de interação
Os ensaios de interação são testes que permitem a coleta
de dados quantitativos e/ou qualitativos, a partir da observação de
como o usuário realiza uma tarefa em seu ambiente operacional.
Podem ser utilizados em qualquer fase do desenvolvimento do
sistema e sua preparação “requer um trabalho detalhado de
54
reconhecimento do usuário alvo e de sua tarefa típica para a
composição dos cenários que serão aplicados durante a realização
dos testes” (CYBIS, 2003). Em avaliações de usabilidade, as
técnicas mais utilizadas nos ensaios de interação são: o card
sorting e a análise da tarefa.
Card Sorting
O card sorting é uma técnica de usabilidade que verifica
como usuários agrupam informações de forma que sejam úteis
para eles, possibilitando a criação de estruturas de informação
otimizadas e adequadas aos seus modelos mentais. Para Van
Amstel (2004), o card sorting “é uma técnica usada por arquitetos
da informação para descobrir como o usuário classifica uma
determinada informação em sua mente”, uma vez que a taxonomia
é o cerne da organização da informação, guiando o usuário
durante o uso de um menu de navegação.
A técnica card sorting possui inúmeras vantagens como:
Permitir avaliar a qualidade da organização da informação
vigente e suas respectivas categorias;
Permitir verificar como usuários com ou sem experiência
acessam um determinado conteúdo;
Permitir verificar como usuários agrupam conteúdos,
o que possibilita a reformulação da organização da
informação de forma mais adequada ao que o modelo
mental dos usuários sugere;
Perceber como os usuários nomeiam as informações do
website;
Identificar os itens que são difíceis de serem organizados
e que possam pertencer a mais de uma categoria de
conteúdo;
Identificar a terminologia que é mais adequada aos
usuários;
55
O método é simples e fácil de ser aplicado;
O custo é mínimo;
Sua aplicação é rápida;
Segundo Rosenfeld & Morville (2000), a técnica pode
ser utilizada tanto na definição da arquitetura da informação
de um website, como para validar esta arquitetura depois de
terminada. Em ambos os casos, a técnica pode ser utilizada
de forma aberta ou fechada, permitindo ou não que o usuário apresente novas sugestões. Na técnica aberta, os usuários sugerem seu modelo mental em cartões e o organizam
posteriormente. Na técnica fechada, os usuários sugerem seu
modelo mental em cartões e categorias previamente rotulados,
cabendo-lhe apenas organizá-los.
O card sorting obedece a seguinte seqüência de ações:
Mapeamento do conteúdo;
Criação dos cartões para a aplicação da técnica;
Teste de validação dos cartões e respectivas
nomenclaturas;
Recrutamento e seleção dos usuários;
Treinamento dos usuários;
Aplicação da técnica
Análise quantitativa e qualitativa: uso de um algoritmo
de clustering para determinar as semelhanças e diferenças
existentes entre os agrupamentos de nomes criados pelos
usuários e uso de técnicas de verbalização para a coleta
de opiniões acerca dos ensaios.
Para a análise dos dados qualitativos durante uma sessão
de card sorting utilize técnicas de verbalização para a coleta de
opiniões e impressões dos usuários acerca dos ensaios e para os
dados quantitativos utilize um conjunto de software que faça uso
de um algoritmo de clustering para determinar as semelhanças e
diferenças existentes entre os agrupamentos de nomes criados e
56
verificar todas as possíveis relações entre o modelo mental dos
usuários e a organização da informação do website.
No mercado, são encontrados diversos programas para a
análise do card sorting. Todos funcionam basicamente da seguinte
maneira: os itens descritos pelos usuários nos cartões são armazenados para que uma matriz distância/agrupamento faça o cálculo
levando em conta a porcentagem de vezes que um item descrito pelo
usuário não foi utilizado. Essa porcentagem é expressa entre 0 (itens
agrupados 100%) e 1 (itens não agrupados em 100%). Os programas também apresentam os resultados através de diagramas em forma de árvore, que representam a ramificação e a conexão dos itens.
No diagrama em árvore, são traçadas linhas de um item para outro e
uma barra vertical identifica grupos de itens relacionados.
Planejamento e realização da sessão de card sorting
Enquanto na análise do contexto de uso a observação
permite ao engenheiro de usabilidade conhecer o website a ser
avaliado, no ensaio de interação quando se aplica a técnica
card sorting o monitoramento do website gera um inventário
de conteúdo. O monitoramento do website antes do card
sorting serve para revelar a independência ou dependência de
alguns links, os grupos prioritários de conteúdo e a ausência
ou permanência de conteúdos para visualizar as estruturas de
navegação. Não despreze o inventário de conteúdo! Ele será a
base para a aplicação do card sorting.
Após a verificação de conformidade do inventário de
conteúdo com o website, inicie o processo de criação dos cartões,
que representarão links, grupos de conteúdos majoritários e
minoritários. Utilize programas de apresentação, como o Power
Point e imprima os cartões em papel espesso, que possua uma
estrutura adequada para o manejo de cartões.
Após o término da elaboração dos cartões, comece
a preparar o kit para a aplicação do card sorting, que deverá
57
ser composto de: instruções preliminares acerca da técnica;
questionário para avaliação do ensaio de interação; artigos
científicos e notícias sobre o card sorting; um lápis com borracha;
uma caneta; três ligas de borracha; um envelope contendo os
cartões com a nomenclatura dos links a serem organizados; dez
cartões em branco para a sugestão de novos links e agrupamentos
e um envelope com as categorias previamente determinadas.
Concluída essa etapa, comece a delinear o processo
de seleção dos usuários. Escolha-os, preferencialmente, no
ambiente da instituição que o website pertence, através de
questionário demográfico, que deverá destacar a faixa etária
do participante, sua freqüência de utilização do website, quais
os seus objetivos durante a utilização do website e seu grau de
conhecimento sobre o tipo de avaliação a ser realizada.
Nos dias que precederem à aplicação entre em contato
com os possíveis participantes para que confirmem sua presença
no ensaio de interação. Caso não ocorra nenhum impedimento,
processe a impressão de todo o material de apoio e verifique o
equipamento operacional a ser utilizado para prevenir possíveis
problemas que possam influenciar a coleta de dados.
Realize o ensaio de interação com a técnica card
sorting em uma sala que possua as especificações necessárias
(iluminação adequada, mesa (s) larga (s), cadeiras, tela de
projeção e aparelhos de gravação etc.).
Antes do início da aplicação do card sorting, os
participantes devem estar acomodados em seus lugares para
que a pessoa que conduzirá os trabalhos como mediador ou
facilitador explique os objetivos da técnica, sua história, os
tipos de card sorting existentes e como se propõe uma nova
árvore semântica do website a ser avaliado, de acordo com
modelos mentais.
Nessa fase, os usuários são avisados que todas as
suas impressões serão gravadas e que podem sugerir novas
nomenclaturas de links e descartar aqueles cartões que não
58
fazem sentido em sua opinião. Por fim, elimine dúvidas
acerca do preenchimento do questionário de avaliação sobre a
metodologia proposta.
Normalmente, os ensaios de interação, duram em
média uma hora e trinta minutos e durante esse período de
tempo, os usuários são instigados, através de verbalização
estimulada, a expressarem suas opiniões e colaborarem uns
com os outros.
Nos primeiros quinze minutos, é comum o participante
concentrar-se na verificação do material para a aplicação do
card sorting e logo após, começar a organizar os cartões. Caso
haja necessidade de verificação do material em tempo maior
que quinze minutos, o mediador deverá se concentrar um
pouco mais nesse participante, para que os dados fornecidos
possam ser aproveitados.
Decorridos trinta minutos, os participantes começam
a interagir com os cartões, tranqüilamente. Caso isso não
ocorra, relate os possíveis problemas ocorridos no relatório de
usabilidade.
Se você notar que todos os participantes estão
completamente integrados e trocando experiências entre si,
lembre-os que deverão analisar atentamente a ordem dos
cartões que representam o seu modelo mental. Mediante
intervenção do mediador, devem ser avisados para manter o
foco naquilo que consideram relevantes.
Ao final da aplicação da técnica card sorting é vital, além
da entrega dos cartões, a devolução do questionário para a
avaliação, sugestões e críticas do ensaio de interação. Também
é relevante conhecer o grau de satisfação dos participantes
quanto aos materiais de apoio e do ambiente em que foi
realizado o ensaio, pois as opiniões deles permitirão verificar
se o card sorting enfatizou, de fato, a estrutura de organização
da informação, e se gerou resultados significativos para o
website avaliado.
59
Análise dos dados coletados durante
a sessão de card sorting
Transporte os resultados dos agrupamentos de informações para um programa de análise de card sorting, de acordo com
a disposição determinada pelos participantes. Nesse momento,
identifique os cartões que foram descartados, os que foram sugeridos e a ordem definida pelos participantes.
No programa, cada participante deverá ser identificado
pelo seu nome e com o auxílio do inventário de conteúdo verifique
se todos utilizaram os cartões distribuídos, de acordo com as
categorias pré-definidas. Caso a sua avaliação seja realizada na
etapa de definição da arquitetura da informação, não haverá
necessidade dessa verificação.
Logo após, verifique a associação dos agrupamentos.
Os grupos são sempre identificados a partir de percentuais prédefinidos e os programas normalmente estabelecem uma margem
de até 0,3 pontos (70%) para considerar associações diretas como
relevantes. Os resultados obtidos fora desta margem revelam que
as associações são baixas, não demonstrando uma relação direta
entre os itens estipulados para o card sorting.
Nos diagramas em árvore que os programas de card
sorting geram, as linhas horizontais interligam elementos até as
linhas verticais e as linhas verticais unem os elementos no ponto
do índice de relação correspondente. Faixas de cores diferentes
demonstram as associações de alto nível e as associações de baixo
nível, que podem ser descartadas.
Convém salientar que os programas de card sorting
disponíveis no mercado apresentam apenas as associações de alta
e baixo nível, de acordo com as matrizes distância-agrupamento,
cabendo ao pesquisador verificar as verossimilhanças existentes,
comprovando-as em consonância com as opiniões e impressões
dos usuários coletadas a partir das observações feitas durante o
ensaio de interação.
60
Após a identificação das associações reveladas pelo modelo
mental dos usuários no ensaio de interação com a técnica card
sorting, será possível gerar duas propostas de árvores semânticas
para o website avaliado. A primeira, não contemplará as sugestões
de novos links e correlações, sendo fidedigna a atual estrutura da
informação disponibilizada. E a segunda, englobará as sugestões
de novos links e as correlações sugeridas pelos usuários. Note que
as árvores semânticas são meramente ilustrativas, não devendo
ser seguidas à risca pelos gestores e desenvolvedores do website,
mesmo por que a sua concepção é relativa apenas ao modelo
mental dos usuários, sem a representação dos fluxos de tarefas.
Recapitulando, o card sorting mostra-se efetivo para
verificar os modelos mentais dos usuários em relação à
organização, nomenclatura dos links e estrutura das informações
de um website. No entanto, para a implantação das modificações
sugeridas pelos participantes, as árvores semânticas precisam
ser submetidas a outros tipos de análises e testes, conforme
recomendam Zilse (2004, p. 132), ao sugerir a avaliação
cooperativa, e Myer (2003), quando sugere estudos etnográficos
e pesquisas de satisfação como técnica posterior de verificação.
Mas, de nada adianta a realização de um ensaio de interação com
a técnica card sorting se não houver um conhecimento preciso
das funções que o website desempenha e do cenário em que atua
e se insere.
No caso de websites que se encontram em fase de
planejamento, o card sorting minimiza a ocorrência de erros
relativos à organização da informação, cabendo a equipe de
prototipação a determinação das nomenclaturas para que não
haja desperdícios de resultados.
Outro ponto a ser mencionado é a utilização, no ensaio
de interação, de cartões de papel pelos participantes em vez
do preenchimento dos cartões virtuais, que pode ser feito
nos programas para análise do card sorting. Assim, evita-se
perda de resultados, já que é comum o desconhecimento das
61
funcionalidades dos programas para a análise de clustering,
o que demanda tempo para o treinamento adequado dos
participantes. Além disso, a organização por meio de cartões
em papel possibilita uma interação que resulta em um extenso
volume de impressões registradas através de sugestões, críticas
e observações dos participantes. Portanto, apesar de rápida, a
aplicação do card sorting requer cuidado na análise dos dados,
não funcionando em avaliações em que o ensaio de interação
não seja planejado em minúcias e com participantes que
desconhecem o website avaliado.
Para evitar digressões, a escolha dos usuários deve privilegiar
indivíduos com diferentes formações profissionais que pertençam ao
universo do website avaliado, conforme recomendado por Nielsen
(1993), pois um número maior de usuários só se faz necessário
quanto mais numerosos forem os links e as categorias do website.
Salienta-se também o cuidado durante a elaboração do ensaio de
interação, pois mais participantes requerem laboratórios de usabilidade e instalações adequadas que eliminem possíveis interveniências
na coleta de dados.
Análise da tarefa
Também conhecida como método de medida de
desempenho, a análise da tarefa permite a coleta de dados através
da observação da interação entre usuários e sistemas em avaliação,
podendo ser utilizada durante a fase inicial do desenvolvimento do
sistema (análise da tarefa formativa), ou durante a reformulação
de um sistema em uso (análise da tarefa somativa). O foco deste
método está em descrever como os usuários realizam suas tarefas,
quais seus objetivos e o que de fato fazem para alcançá-los.
Na literatura científica encontramos diversas metodologias
ou formalismos que foram propostos com esses intuitos. As
mais recorrentes são o Méthode Analytique de Description
(MAD), proposto por Scapin e Pierre Golkbreich, em 1989, e
62
o Task Knowledge Structure (TKS), proposto por Johnson et
al., em 1989. Essas metodologias, segundo Heeman (1997) e
Markopoulos & Gikas (1997, p. 4) constituem um notável apoio
às ações do projetista na especificação das funcionalidades do
sistema, na concepção de interfaces ergonômicas e na elaboração
de manuais de treinamento.
Para que os resultados da análise da tarefa sejam
satisfatórios, parâmetros devem ser estabelecidos como:
a análise das operações efetuadas, a ordem de execução,
as dificuldades do operador em realizá-las, assim como
os tipos, freqüências e causas de incidentes;
uma visão geral da utilização da informação, isto é, conhecer
as informações realmente utilizadas, as informações que
faltam, as inúteis e as que induzem a erros;
o relacionamento dos usuários com as informações e as
operações por ele realizadas, as denominações e a forma
como o operador as transmite.
Como a observação em IHC envolve, no mínimo, um
usuário e um computador, faz-se necessário para a análise
da tarefa, o uso de dispositivos para registrar toda a ação realizada no cenário. Dentre os dispositivos mais conhecidos,
destacam-se as gravações de vídeo e os sistemas de monitoramento, também conhecidos como espiões. Quando instalados
no computador do usuário ou no servidor de aplicativos, os
sistemas de monitoramento capturam toda a interação, com
a vantagem de não possibilitar o constrangimento do usuário,
que apesar de não se sentir observado, deve ser informado que
está sendo monitorado.
Entretanto, os sistemas de monitoramento “apresentam limitações de ordem técnica relacionadas principalmente
à portabilidade das ferramentas de espionagem face à diversidade de ambientes de programação existentes” (Cybis, 2003).
63
Nesse contexto, Dias (2001, p. 70) observa que “a dificuldade desta técnica de monitoramento é determinar que tipos de
informações são úteis e como devem ser analisadas, dada a
enorme quantidade de dados coletados”. No mercado, existem
diversos sistemas de monitoramento com aplicações específicas, que podem ser utilizados em estudos de usabilidade como
o MS Camcorder, o Lotus Screen, o Screen Movie Studio e o
ACA Recorder.
Durante um ensaio de interação, também são utilizadas
técnicas de verbalização para intensificar a obtenção de dados
qualitativos. Nessa técnica, usuários são estimulados a verbalizar
suas opiniões, enquanto realizam tarefas no sistema em avaliação.
Conforme descreve Lima (2003. p. 79), a verbalização pode
ocorrer concomitantemente durante a realização da tarefa
(verbalização simultânea), ou logo após a realização da tarefa, em
forma de entrevista (verbalização consecutiva). Dias (2001, p. 67),
observa que a variação dessa técnica, conhecida como verbalização
estimulada, na qual em vez de aguardar o pronunciamento do
usuário, o avaliador o estimula com perguntas diretas “pode
indicar partes do sistema que estão bem claras, óbvias para o
usuário e outras confusas ou inexistentes”.
Outra técnica utilizada em ensaios de interação é a codescoberta, na qual apenas dois usuários realizam conjuntamente
as tarefas, verbalizando suas opiniões. A diferença entre a codescoberta e a verbalização reside na atuação em conjunto dos
usuários que convergem os seus esforços para a resolução das
tarefas propostas.
Planejamento e realização da análise da tarefa
A análise da tarefa deve ser concebida à luz dos resultados
obtidos nas etapas anteriores da avaliação de usabilidade, para
contemplar atividades que perpassam pelos principais objetos de
interação das interfaces do website a ser analisado. Por isso, tente
64
elaborar tarefas que contemplem todas as categorias de informação,
assim como uma boa parte dos links que se encontram dispostos
isoladamente. Como? Por meio do inventário de conteúdo e das
árvores semânticas resultantes da aplicação do card sorting.
Num primeiro momento, desenvolva um plano de
avaliação que indique quais passos devem ser seguidos durante
a análise. Nesse estágio, teste as tarefas elaboradas e, logo após,
agrupe-as em uma lista, com no mínimo, dez questões.
Depois, com o auxílio de um questionário demográfico
selecione os possíveis participantes da pesquisa que se adequam
ao contexto da avaliação. O melhor é escolher usuários que
realizam tarefas constantes nas interfaces, como por exemplo:
no caso de uma biblioteca universitária, estudantes, professores
e funcionários que costumam utilizar laboratórios digitais são
potencialmente excelentes fontes de dados.
Após, a seleção de, no mínimo, 21 participantes, agrupeos homogeneamente. Vamos utilizar como exemplo uma amostra
composta de estudantes e ex-estudantes de uma universidade,
que assim comporiam grupos para uma análise da tarefa
Grupo 1: sete alunos de pós-graduação;
Grupo 2: sete estudantes de graduação;
Grupo 3 : sete egressos da universidade.
Os cuidados relativos à pré-aplicação da análise da tarefa
apresentam certa coerência com os passos para a elaboração do
card sorting:
Programe a data certa para a aplicação da técnica e contate
os usuários selecionados com antecedência.
Prepare o local onde será realizado o ensaio. Como a
observação em IHC envolve no mínimo um computador
e um usuário, opte por realizar os ensaios com cada
participante separadamente, em uma estação de trabalho,
65
preparada para a captação de vídeos.
Faça sempre o pré-teste das tarefas, de forma a evitar
possíveis interferências durante a aplicação da análise
da tarefa.
Antes da realização dos ensaios, instrua cada participante
sobre como proceder e notifique-o que todas as suas
ações serão monitoradas e gravadas.
Não se esqueça de elaborar questionários para a avaliação
da metodologia. A partir das respostas das questões pelos
participantes, você poderá saber se eles ficaram satisfeitos com o
trabalho realizado e se houve alguma falha que poderá ser evitada
em realizações futuras.
Como os ensaios de interação em IHC visam analisar
como o usuário interage com a máquina, o mediador deverá
utilizar recursos de verbalização simultânea para coletar as
opiniões e impressões dos participantes sobre o método, as tarefas
e possíveis dúvidas sobre as questões.
Análise dos dados coletados
durante a análise da tarefa
De posse dos resultados, analise primeiramente os dados
quantitativos. Verifique a variação do tempo de realização do teste
de todos os participantes e logo após, calcule a média e o desviopadrão em relação ao grupo de participantes. Dessa maneira você
estabelecerá um padrão de controle que identificará qual o tempo
hábil para a realização das tarefas propostas.
Na análise da tarefa, a verificação da diferença entre os
tempos de realização da tarefa é essencial, uma vez que auxilia
a identificação de problemas passíveis de correção daqueles
que não se consistem em um problema ou apenas um erro de
interpretação da tarefa. Após o término do preenchimento dessa
planilha, construa gráficos de controle.
66
Segundo Levine et al. (2005, p. 698) gráficos de controle
ajudam a evitar dois tipos de erros. “O primeiro tipo de erro
envolve acreditar que um valor observado resulta de uma variação
de causa especial quando, na verdade, se dá em função de uma
variável decorrente de causa comum do sistema” e o segundo
tipo de erro envolve “tratar a causa especial de variação como se
fosse uma causa comum de variação e, dessa maneira, não adotar
medidas corretivas imediatas, quando essas se fazem necessárias”.
Cabe ressaltar, que embora a utilização de gráficos de controle não
elimine por completo vieses interpretativos equivocados, propicia
uma análise mais detalhada, tornando-os menos prováveis.
Concluída essa etapa, verifique o passo-a-passo dos
usuários, identificando quantos links foram necessários para
finalizar ou não a tarefa. Compare os resultados com os obtidos
no pré-teste realizado, para verificar se a média de acesso dos
links é, no mínimo, aproximada ao gabarito de resposta do teste.
Anote os percalços de realização da tarefa, por exemplo:
se uma resposta está na página inicial e o usuário a procurou
em outra página. Nessa etapa, os erros cometidos pelos usuários
começam a ser identificados e você terá uma lista de problemas,
que preferencialmente, deverão ser analisados por, no mínimo,
dois especialistas em usabilidade.
Forneça aos especialistas que analisarão os resultados
obtidos:
Gráficos que representam o tempo de realização das
tarefas pelos usuários para que os especialistas possam
verificar se as médias dos tempos de realização das tarefas
estão fora dos limites de controle estabelecidos ou se as
médias dos tempos de realização das tarefas estão acima
ou abaixo da média;
Vídeos que mostram a realização da tarefa pelos usuários,
contendo a identificação do problema e a hora em que
ocorre;
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Impressões coletadas durante os ensaios com os participantes, para que os especialistas possam identificar problemas,
opiniões e sugestões que impactem na verificação dos problemas de usabilidade.
Caberá aos especialistas, dentre os problemas ocorridos,
identificarem aqueles que são derivados de causas especiais,
sendo passíveis de correção, daqueles que são derivados de
causas comuns, como a forma que o usuário realiza a tarefa, que
não se constitui em um problema de usabilidade propriamente
dito. Assim, garante-se a imparcialidade da análise dos erros.
Quando tiver em mãos os resultados da avaliação realizada
por especialistas, caberá ao responsável pela avaliação relacionar
os problemas de usabilidade às categorias de informações, links
e estruturas de navegação do website, já que a meta da análise
da tarefa é reestruturar o website para tornar mais fácil o seu
uso. Lembre-se sempre que a análise da tarefa oferece melhores
resultados quando não é realizada isoladamente, sendo precedida
por outros métodos e técnicas, como a avaliação ergonômica e o
card sorting.
68
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Published by MIT
July 2000
The Real E-Books
Forget those single-purpose e-book readers. The future of electronic publishing lies in files
you can download to, view on and print out from the computer you already own.
By Steve Ditlea
It took a contemporary master of macabre thrillers to awaken the media and public to the
existence of e-books. This spring, with great fanfare, Simon & Schuster brought out a novella
by Stephen King called Riding the Bullet-the first work by a best-selling author released
exclusively for electronic publication, to be read only on computerized screens, not paper.
King's stunt made headlines and magazine covers, and the tsunami of demand for
downloads of this e-book crashed Web sites and traditional publishing assumptions.
But the future of e-books may have less to do with Stephen King than with Eric Rowe and
other less well-known authors. Rowe is a British potter who lives in the South of France,
drawn there by the region's clays and minerals, which have been mined for stoneware since
Roman times. To help ceramists in other areas unearth their own raw materials, he wrote A
Potter's Geology. But he couldn't find a book publisher in England for his manuscript. This
was just too specialized a topic for a publisher in any one country. Still, Rowe was certain
that there would be interest in his book from potters everywhere.
Half a world away, in Medicine Hat, Alberta, Tony Hansen read about A Potter's Geology
from a posting by Rowe in a ceramists' online discussion group. Hansen owns Digitalfire, a
company specializing in software for calculations in ceramic chemistry. Hansen offered to
publish Rowe's book electronically, selling the text on the Web as digital files in the Portable
Document Format (PDF). PDF files are displayable on any Windows, DOS, Mac or Unix
computer screen (and easily printed out) using the Acrobat reader software, downloadable
free from Adobe Systems.
"I said I'd rather have my manuscript printed first," Rowe recalls. But Hansen won him over
by pointing out that e-publication would produce immediate worldwide distribution. Now the
book can be downloaded from the Web and viewed on any personal computer. Readers of
the e-book can search the entire book and zoom in on high-resolution photos-even contact
the author via an online hyperlink. The economics look good too: E-books require no printing,
binding, inventory or shipping costs, allowing these savings to be passed on to the author in
the form of higher royalties. A Potter's Geology has sold only a few dozen copies, but Rowe
is optimistic: "It won't be something that sells fast, but over a long time. It's not a subject that
will go out of date. Even so, in digital format it's easy to update or improve."
Rubber and Glue
The most general-purpose hardware boxes of all are personal computers. Yet despite
hundreds of millions of PCs in use around the world, only a few hundred thousand of their
users have downloaded e-books. The slow start is partly due to the perception that an ebook doesn't fully replicate the book-reading experience. More importantly, the download
culture-first evident with browser plug-ins, then with software upgrades and MP3 music fileshas only taken hold recently with the non-geek public.
Ads by Microsoft would have us believe that what the e-book world has been waiting for is
the company's Reader program, which will be given away with every new copy of Windows.
Microsoft Reader features ClearType software that evens out type edges on the screen. The
reality is, however, that ClearType is warmed-over technology that failed to save handheld
Windows CE devices from oblivion. To people accustomed to reading text on a computer for
hours at a time, e-book screen clarity is a nonissue. Microsoft Reader also provides copy
protection for authors and booksellers. But while e-books rights management may be
important to intellectual property holders, it could be a futile quest. Any PC-based copy
protection scheme can be cracked, as happened within two days of Stephen King's first epublication.
With more than 100 million Acrobat readers already downloaded onto computers, PDF is the
de facto standard for e-book publication. PDF was specifically designed for preserving
professional-quality documents across computer platforms and printers. And PDF technology
offers a ready solution for those reluctant to read off a screen; simply print out the files. To
counter Microsoft Reader, Adobe has recently beefed up its offerings with e-commerce
encryption software called PDF Merchant, allowing rights to an electronic copy of a book to
be assigned to a single computer. In addition, Adobe has challenged Microsoft's ClearType
with screen-enhancement routines of its own, which it calls CoolType; the competing
technologies are similar enough in performance to make screen clarity even less of a
concern. This year PDF will face a worthy challenger in the e-book format battle, as a
consortium of e-book hardware makers, traditional publishers, and Microsoft push the new
Open eBook (OEB) standard.
The difference between OEB and PDF is like the child's rhyme that begins: "I'm rubber, you're
glue." PDF is glue, locking in a book's formatting so it can be preserved intact across output
devices; once created, it is not meant to be modified in any way. This can be a drawback if
an author or publisher wants to access parts of the text for excerpting or reconfiguring for a
customized e-book, or for sampling or sale in smaller increments than book length. OEB is
rubber: It allows an e-book's content to be reformatted on the fly, using a markup language
that is essentially an extension of HTML. OEB also makes it easy for dedicated reading
devices to reformat text to fit their proprietary display configurations.
The first published spec for OEB addresses neither security nor e-commerce protocols,
leaving it to individual vendors to come up with their own approaches. This omission raises
the possibility that the proposed standard could splinter into a variety of incompatible
implementations. Ultimately, both OEB and PDF could survive, with the rival formats used for
different output stages of the same e-book-OEB in the intermediate stages of massaging
editorial content, and PDF for final versions. (For all the flexibility of digital books, scholarship
will probably demand that different editions of a work remain available in permanent form.)
Rewriting Business Models
E-books are shaking up publishing business models that have remained unchanged since
the days of Dickens, much as MP3 compression technology has rocked the music industry.
For the moment, even the most forward-looking print publishers are pricing their initial e-book
offerings almost identically with paper editions, as if there were no difference in their
underlying atoms versus bits economics. At St. Martin's Press, the first major publisher to
simultaneously issue a hardcover and e-book edition of the same title (Monica's Story in
March 1999), senior vice president for finance administration Steve Cohen explains: "Our
prices on new titles are at the hardcover level because there's a high start-up cost for e-book
editions." Kate Tentler, publisher of Simon & Schuster Online, was responsible for Web
distribution of Stephen King's Riding the Bullet (priced at $2.50, the 66 pages of the e-novella
averaged out to the retail per-page cost of a King hardcover novel). Says Tentler, "We think
of an e-book as just another book."
As a few traditional publishers defensively convert to digital files for downloads, the
independent e-publishing industry has seen countless business models bloom. On the same
March day that the Stephen King brand name sold 400,000 paperless copies of Riding the
Bullet, Frank Weyer received a grand total of two requests for his serialized e-mystery, MIT
Can Be Murder, on his own site (e-bookpress.com). Despite such paltry numbers, efforts by
Weyer and other e-book authors are already undermining the influence of blockbusterminded agents and trend-driven book editors. Weyer, for example, had sent the manuscript
for his first murder mystery to 10 literary agents, all of whom declined to submit it to book
publishers. "They said the mystery field is difficult for a newcomer," Weyer recalls. "But how
do you become a published mystery author if you can't get published?"
Self-publishing on paper, a solution for some, seemed prohibitive for this patent and
trademark attorney and small-scale Internet entrepreneur (he holds exclusive right to sell
Web domain names registered in the nation of Moldova-ending in .md-to doctors in California
and New York). Rather than letting his manuscript molder in a drawer, Weyer decided to
publish it via e-mail. The first four chapters of the whodunnit, inspired by the year he spent at
MIT studying for a PhD in ocean engineering, were offered first to 3,000 MIT alumni, and
then to 15,000 names on other university alumni lists. He released the rest of the 210-page
book in 12 monthly installments. Some 1,400 readers have downloaded the entire e-novel.
Weyer's novel-by-subscription might seem like an innovation made possible by the digital
era. In fact, it is a throwback to the early days of 19th-century book publishing, when books
were sold by subscription before publication, to raise revenue to pay the printing costs up
front. With no printing to worry about, the frictionless economy lets Weyer distribute his work
for free. Now that he has successfully bypassed print publishers to get his words read, he
has begun subscription-publishing the work of other writers. The first addition is The
Butcher's Cleaver, a spy thriller by W. Patrick Lang. Soon Weyer plans to generate income by
selling print-on-demand versions of both his and Lang's books. Nonetheless, he would like
MIT Can Be Murder to be picked up by a mainstream publisher. "I just wanted to build word
of mouth," he says of his e-book. "I would like to see it in as many forms as possible."
Giving away complete works to help an author build a following is still anathema to most
traditional publishers, who must absorb the cost to produce, store and ship the physical
books. But giving away paperless e-books is a no-brainer, following the time-tested freeware
and shareware models in computer software. Independently published e-books may not be
as polished or as slick as store-bought commercial offerings, but they can hold their own in
user appreciation. And Frank Weyer's writing is certainly on par with that in much of today's
mass-produced paperback fiction.
Traditional publishers' understandable fear that e-books may cannibalize sales of print
editions seems to be overblown, at least judging from the experience of one of their more
adventurous colleagues. Last September, veteran science-fiction publisher Jim Baen initiated
what he calls eWebScriptions; for $10 a month, visitors to Baen.com may download quarterof-a-book-sized installments of four titles about to appear in print. Even after receiving the
full text in HTML, "more of our subscribers buy the finished book than don't buy it," says
Baen. By March, the added promotion had already helped propel one of the earliest
eWebScriptions titles, Ashes of Victory by David Weber, onto hardcover best-seller lists.
In addition to alternative marketing strategies, e-publishers can tap into income streams
legally denied to traditional publishers. For instance, the U.S. Postal Service disallows low
book-mailing rates for printed material that contains advertising. No such restriction inhibits
the sales of ads for e-books. Bartleby.com, for example, offers free, ad-supported classics
and reference works online. At BiblioBytes.com, books can be read on ad banner-sponsored
Web pages, with some popular titles downloadable for a fee; authors get a cut of the ad
revenue. Abroad, the alternatives are just as dramatic; in France, pioneer e-publisher Zero
Hour is able to offer less-expensive editions of current books because digital files cannot be
taxed as print books are.
Embracing the E
The power of e-books as a promotional medium has probably best been demonstrated by
Melisse Shapiro, who writes under the nom de plume M.J. Rose. Her first novel, Lip Service,
an erotically charged thriller, was rejected by a dozen book publishers for being too steamy
for the chain bookstores. She opted to publish from her own Web site, offering digital
downloads for $10 or photocopies of the manuscript for $20.
Even when the password for her e-book was stolen and posted online, resulting in 1,000
pirated downloads, she managed to receive 150 paid orders for e-books and 500 orders for
photocopies. She invested in printing 3,000 copies to help create buzz; at one point, it was
the 123rd best-selling title on Amazon.com. Following her online blitz, Doubleday Direct
picked up Lip Service for its mail-order book clubs and soon after, Pocket Books signed up
print rights in hardcover and paperback. Building on her success, Shapiro has become a
leading advocate of e-books, with her frequent reports to Wired News online providing the
most comprehensive ongoing coverage of e-publishing. "Everything in my life would be
different if not for e-books," she says.
On the same day in March that Stephen King generated 400,000 orders, Leta Childers'
comic romance e-novel, The Best Laid Plans, was downloaded 200 times from her
publisher's Web site, DiskUspublishing.com. Childers is King's peer in one respect: Hers is
the best-selling work released to date among digital-format-only publishers, according to the
best-seller list compiled by eBook Connections. With some 20,000 copies of her e-book
issued (at $3.50 for a downloaded copy, $6.50 on diskette), the rural South Dakota-based
Childers has helped establish DiskUs Publishing of Albany, Ind., as one of the most
successful digital-only publishers. In the still largely New York-based traditional publishing
world, Childers says, "submission envelopes with Midwest return addresses are easy to
ignore." Then in a familiar refrain for e-book authors, she adds: "I would love to be
traditionally published."
DiskUs is a publisher in the traditional sense of having editors who help prepare manuscripts
for publication. Other e-publishers disseminate authors' works for a fee, without exercising
editorial control. Such "vanity presses" have long been the Rodney Dangerfields of
publishing, but vanity e-publishers are proving attractive to mainstream book firms exploring
new publishing paradigms. Following a recent investment by Random House, Xlibris.com
now provides a no-fee, no-frills e-publishing package. Barnes & Noble is backing
iUniverse.com, which offers new authors a basic $99 e-publishing service; it reserves free
publication for authors submitting out-of-print works, a program originally developed with The
Authors Guild.
For authors who've already been in print, one of the greatest benefits that e-books can offer
is the resurrection of their old hard-to-find titles. As publishing companies have consolidated,
worthy works have been relegated to the limbo of out-of-print. E-publishing provides an
inexpensive way to restore the availability of these lapsed works. Among the most innovative
of e-publishers, Alexandria Digital Literature has revived hundreds of out-of-print stories and
poems, typically priced from 30 cents to $1.25. Buyers are asked to send in their ratings;
when enough ratings accumulate, they can be compared to others' ratings and other reading
recommendations are offered.
Also being revived are questions about traditional publishers' exclusivity over their authors'
works. When Simon & Schuster made Stephen King's Riding the Bullet available through
online booksellers and e-book hardware and software firms, one site was pointedly excluded:
Fatbrain.com. Since last fall, Fatbrain has been posting works it brands as "eMatter": original
fiction and nonfiction ranging from 10 to 100 pages (lengths that many people will be willing
to print out). Subsequently designating the site for such pieces MightyWords.com, Fatbrain
has targeted a segment of publishing that falls between magazines and books, where the
modern economics of print have all but shut out a once-thriving sector of short stories and
novellas. Simon & Schuster saw Fatbrain as a rival.
Fatbrain's brief history shows how quickly e-book business plans and branding can change.
A mere six months after launching the eMatter trademark and drawing attention to the
similarly named Web site, Fatbrain decided to let its trademark lapse. "MightyWords was a
name that could ring through to our professional audience, while eMatter is a generic term for
the range of electronic documents we are publishing," explains Judy Kirkpatrick, executive
vice president and general manager of MightyWords. Already the eMatter 10-to-100-page
category encompasses many of e-book publishing's early milestones, including King's Riding
the Bullet. Simon & Schuster may not like it, but Fatbrain's publication of an eMatter essay by
science fiction author Arthur C. Clarke was the inspiration for King to test the digital
publishing waters. Also fitting the eMatter designation: Eric Rowe's 91-page A Potter's
Geology.
King and Rowe have something else in common: an abiding belief in the importance of
traditional books. King has been widely quoted as stating: "I don't think anything will replace
the printed word and the bound book. Not in my lifetime, at least." For Rowe, too, it's not a
question of digital books supplanting analog ones. "For some kinds of book," he says, "the
aesthetic pleasure of having the object in the hand will be difficult to replace."
It should come as no surprise that proponents of e-books are not out to eliminate paper
publishing. After all, most e-books attempt to replicate traditional books' content and
appearance. For the most part, e-books can be printed out with only minimal loss of
information (primarily broken hypertext links). And for all their seeming differences, print and
electronic publishers are putting out similar content. Eventually, digital downloads seem
destined to become just one more format for readers, one more step on the
convenience/cost continuum from hardcover to paperback to e-book.
At some point in the future, however, e-books and print are bound to diverge. Lurking amidst
e-publishing today is the notion of multimedia books that seamlessly incorporate hypertext,
sound and animation. A hypertext branching narrative in a novel or a history book, for
instance, would be impossible to reproduce in a book.
A glimmer of tomorrow's multimedia books, or m-books, may be discerned in a dark-horse
contender among e-publishing file formats called TK3. Introduced by Night Kitchen-a New
York startup headed by Voyager Co. co-founder Bob Stein-TK3 is the basis for a
sophisticated literary software environment. The Night Kitchen TK3 Reader offers the most
booklike reading experience on a desktop or laptop computer screen-complete with
highlighting, corner-folding bookmarks, even Post-it-like "stickie notes." And TK3's easy-touse multimedia authoring tools are meant, according to Stein, "to empower a new generation
of authors who want to express themselves in the new media." Using this hyperlink-soundand-motion superset of traditional books to express themselves, such a new generation of
authors would hasten Stein's prediction that "the locus of intellectual discourse will shift from
the print medium to the electronic medium."
For now, the advent of e-books means not replacing print, but supplementing it-redefining
publishing economics and opening the way for authors whose work has been kept from
appearing between book covers. If e-books do nothing more, regardless of the success or
lack thereof of new gadgetry to display them, this technology will have a profound effect on
what we read and what we think.
Copyright Technology Review 2012.
NOVOS MEIOS DE MEMÓRIA: LIVROS E LEITURA NA ÉPOCA DOS WEBLOGS
NEW MEMORY MEDIA: BOOKS AND READING IN THE AGE OF WEBLOGS
Vera Dodebei
Doutora em Comunicação e Cultura (ECO/UFRJ)
Professora Associada I no PPGMS/UNIRIO
Líder do Grupo de Pesquisa CNPq “Memória Social, Tecnologia e Informação”
Pesquisadora em Produtividade e Pesquisa do CNPq
[email protected]
Resumo
A memória é construída a partir do presente por uma tensão entre duas ações: lembrar e
esquecer, e está sempre dialogando com os objetos que recortamos para analisar a condição
do conhecimento na contemporaneidade. O texto deste artigo está organizado em três partes.
Na primeira parte, enfrentamos o objeto “livro”, seu surgimento na sociedade, sua
importância para a transmissão dos saberes, o poder de controle de atitudes, como os homens–
memórias criados por Bradbury em Fahrenheit 451 e seu possível ocaso face às tecnologias de
suporte da informação. A segunda parte desatrela a ação de ler de seu suporte mais tradicional
e trata a “leitura” como objeto independente, sugerindo-se, a partir das reflexões de Regina
Zilberman, Alberto Manguel e Paulo Freire que somos constituídos para ler o mundo, não
importam os mecanismos que nos valemos para alcançar esse objetivo. Na terceira e última
parte, apresentamos alguns indicadores de modos possíveis de existência de meios de
memória no ambiente virtual, com comentários sobre o papel dos blogs e websites em relação
à escrita firmada em papel.
Palavras-chave: Memória virtual. Livro. Leitura. Blogs. Patrimônio digital.
O bicho alfabeto
O bicho alfabeto
tem vinte e três patas
ou quase
por onde ele passa
nascem palavras
e frases
como frases
se fazem asas
palavras
o vento leve
o bicho alfabeto
passa
fica o que não se escreve
Paulo Leminski
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129
1 A CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA: O LIVRO, A LEITURA, A ESCRITA DIGITAL
O poema de Leminski nos convida a pensar a relação entre meios de memória,
particularmente o que diz respeito à informação escrita, e a condição de permanência daquilo
que se acumula ao longo do tempo, como a História nos sinaliza. Ao contrário do ditado
popular “vale o escrito”, o bicho alfabeto passa, fica o que não se escreve. O medo da perda
de informações visuais com as quais nos habituamos a conviver, sejam livros, fotografias,
manuscritos, nos colocou a partir da década de 90 do século XX no mundo “memorioso”, em
que a obsessão pela memória, como afirma Andréas Huyssen (2000), poderá levar a uma
possível paralisação do processo de criação. O convite a voltar ao passado poderia ir mais
longe à linha do tempo e nos conduzir à época anterior ao surgimento da era da tecnologia da
escrita, quando a transmissão dos saberes era feita de forma oral, sem a preocupação com
registros em suportes materiais, a não ser nossa memória individual. Esses dois meios de
memória (a oralidade e a escrita) coexistem nos dias atuais e entram em disputa com uma
nova mídia virtual do mundo digitalizado. À memória individual que ao invés de acumular
processa para produzir novas informações, e à memória auxiliar criada pela sociedade da
escrita representada por arquivos, bibliotecas e museus, juntam-se a memória informática que
transforma o visual e o oral em números.
O livro nos parece, neste cenário de conflitos que envolvem a produção de subjetividades e a
constituição de memórias, o objeto adequado para investigar como a sociedade pensa o
processo de transmissão de conhecimentos para o futuro. Os meios de memória do futuro
serão cumulativos ou seletivos? Ao reunir autores que pudessem contribuir para um artigo
sobre a aventura do livro como pensou Chartier (1998), desde sua criação até sua
transformação como parece ocorrer nestes dias de virtualidade e digitalização, organizamos
uma pequena biblioteca circunstancial para esse fim, e nela incluímos além dos autores já
citados, Regina Zilberman com a obra Fim do livro, fim dos leitores? (ZILBERMAN, 2001);
o número 142 da revista Tempo Brasileiro, intitulada O lugar do livro hoje (O lugar, 2000)
que representa a coletânea de textos apresentados no colóquio internacional O lugar do livro:
entre a nação e o mundo, realizado na Academia Brasileira de Letras entre 28 e 31 de agosto
de 2000; a obra ficcional de Ray Bradbury (2003) – Fahrenheit 451, filmada em 1966 por
François Truffaut; a obra clássica de Wilson Martins, A palavra escrita (MARTINS, 1957) e
a obra de Alberto Manguel neste momento representada por três ensaios: A biblioteca à noite
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(MANGUEL, 2006), No bosque do espelho: ensaios sobre as palavras e o mundo
(MANGUEL, 2000), e Uma história da leitura (MANGUEL, 1997).
A conversa que se seguirá possivelmente não esgotará esse tema complexo sobre a memória
do mundo e muitos autores certamente poderão ser adicionados pelos próprios leitores, que
assim, darão continuidade à discussão. A memória se constitui, quer seja ela individual ou
coletiva, a partir do presente, por uma tensão entre duas ações: lembrar e esquecer, e estará
sempre dialogando com os objetos que recortamos para analisar a condição do conhecimento
na contemporaneidade. O texto deste artigo está organizado em três partes. Na primeira parte,
enfrentaremos o objeto “livro”, seu surgimento na sociedade, sua importância para a
transmissão dos saberes, o poder de controle de atitudes, como os homens–memórias criados
por Bradbury em Fahrenheit 451 e seu possível ocaso face às tecnologias de suporte da
informação. A segunda parte desatrelará a ação de ler de seu suporte mais tradicional e tratará
a “leitura” como objeto independente, sugerindo-se, a partir das reflexões de Regina
Zilberman, Alberto Manguel, Paulo Freire que somos constituídos para ler o mundo, não
importa os mecanismos que nos valemos para alcançar esse objetivo. Na terceira e última
parte, nos esforçamos para apresentar alguns indicadores de modos possíveis de existência de
meios de memória no ambiente virtual, com comentários sobre o papel dos blogs e websites
em relação à escrita firmada em papel.
2 O LIVRO
“A valorização do leitor e da leitura parece chegar tarde demais: anuncia-se o final da era do
livro, sua substituição por multimídias interativas, a metamorfose do consumidor de obras
escritas no nerd internauta, aventureiro que percorre até agora desconhecidos universos
virtuais” (ZILBERMAN, 2001, p. 105). Estas palavras de Zilberman serviriam também para
questionar a existência das bibliotecas sem livros, a leitura dissociada do livro e a influência
da tecnologia nos processos de ler, de transmitir e de acumular saberes.
Ao enfrentarmos a difícil história do livro, compreendemos que conceituar esse objeto apenas
por sua forma ou por seu conteúdo não nos ajudaria a estabelecer as importantes relações que
ele trava com a sociedade, a influência que exerce para o regime de liberdade de idéias e para
a formação política e econômica do ocidente. Mas, certamente, não podemos nos furtar ao
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diálogo necessário entre a linguagem, a escrita e os meios de comunicação do pensamento.
Segundo Spirkin (1972), a escrita constituiu a forma visual de fixar a linguagem, surgindo
quando a sociedade já havia alcançado um nível elevado de desenvolvimento. Portanto, um
produto normal da ampliação dos meios de intercomunicação das pessoas, que são
estimuladas pelas necessidades práticas da vida social. A escrita é o resultado da atividade
criadora e consciente dos seres humanos. Como linguagem articulada, adquire um caráter até
certo ponto independente e constitui uma forma de atividade extremamente abstrata.
A escritura pictográfica evoluiu gradativamente no sentido da significação. Da representação
completa do objeto, o homem passou à representação esquemática. Por sua vez, a escrita
ideográfica ou hieroglífica constituiu um sistema de signos e regras acerca de seu emprego
que serviu para comunicar um pensamento qualquer. Do ponto de vista do desenvolvimento
do pensamento, o aparecimento do alfabeto significou que o homem chegou a ter a idéia de
que a palavra consta de elementos particulares. O sistema alfabético, portanto, surgiu no
estágio em que a linguagem fonética e o pensamento abstrato haviam alcançado seu pleno
desenvolvimento. A escrita fonética, através da linguagem, se converteu em realidade
material do pensamento. Então, ao proporcionar ao pensamento um caráter de certo modo
independente (da realidade física dos objetos), a linguagem foi uma das forças que
contribuíram para criar não somente uma cultura espiritual, como para desenvolver a cultura
material.
O pensamento humano, que opera com conteúdos dependentes da palavra, implica sempre
uma influência recíproca entre o sujeito pensante e o conteúdo que a palavra encerra e a
linguagem é vista como o instrumento do pensar, sua realidade imediata, tanto para o ouvinte
quanto para o falante. Merleau Ponty (1992, p. 22) amplia esse conceito e afirma que “a
palavra não é a tradução de um sentido mudo, mas criação de sentido. A linguagem não
‘veste’ idéias: ela encarna significações, estabelece a mediação entre o eu e o outro e
sedimenta os significados” que constituem a cultura.
O pensamento, ainda em Spirkin, nasce junto com a linguagem e constitui a atividade
cognoscitiva do sujeito feita imediatamente por meio da palavra. A linguagem cumpre, então,
dois papéis: um como fator de comunicação (objeto - relação do sujeito com o objeto - relação
existente entre sujeitos), outro como organizador do pensamento. Gorsky (1966, p. 68-105)
confirma o discurso de Spirkin, dizendo que a linguagem está vinculada ao pensamento direta
e indissoluvelmente e é essa conexão essencial que determina o papel que a linguagem
desempenha na esfera do conhecimento. Richaudeau (1972) adiciona ênfase à tese,
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considerando que a riqueza do aparelho lingüístico permitiu a transcendência da sua função
inicial e a linguagem se transformou em suporte do conhecimento, da imaginação, do sonho,
dos prazeres. A linguagem não exprime somente o pensamento humano pré-existente, mas se
constitui no próprio pensamento. 1
Ainda em Gorsky, a linguagem não só constitui uma condição necessária para a formação de
nossos pensamentos, como também permite consolidar os êxitos da atividade cognoscitiva do
indivíduo, fixar a experiência adquirida por uma geração e transmitida às gerações futuras.
Portanto, o papel da linguagem para o conhecimento se revela a partir da transmissão dos
conhecimentos adquiridos, na passagem do nível sensorial para o racional e no processo de
formação de conceitos, tanto do discurso da ontogênese, como da filogênese.
Martins (1957, p. 25) afirma que são problemas até agora não resolvidos o momento e o
processo em que a linguagem se diversificou em idiomas, e a linguagem auditiva se
diversificou em linguagem visual, com a invenção dos primeiros sistemas de escrita. A escrita
seria apenas um sistema de linguagem visual mais perfeito ou menos obscuro dentre inúmeros
outros como: os desenhos, a mímica, os códigos de sinais marinhos e terrestres, luminosos ou
não, os gestos.
Usando a cronologia organizada por Zilberman (2001p. 121-123), temos que:
2300 a.C.
750 a.C.
Séc.V. a.C.
Séc. IV a.C.
310 a.C.
Séc. II a.C.
105 a.C.
Séc. I a.C.
Sécs. II e III d.C.
793
Séc. XII
1270
Sécs. XIII e XIV
1450
Os egípcios usam o papiro para fixar matéria escrita.
Invenção do alfabeto grego, adaptado da escrita fenícia e acrescido de signos que
representam vogais.
Apogeu da cultura ateniense, com o desenvolvimento da tragédia, da comédia e da filosofia.
Comercialização de obras escritas por meio de livreiros.
Escolarização da juventude e expansão da aprendizagem da leitura escrita.
Fundação em Alexandria, por Ptolomeu I, de uma biblioteca para acolher e estudar a
produção escrita da Antiguidade
Ascensão de Pérgamo como centro cultural; desenvolvimento do pergaminho para a fixação
material do escrito.
Invenção do papel na China, creditada a Tse’ai Lun.
Expansão da leitura silenciosa em Roma, onde se encontravam livrarias administradas por
libertos
Expansão do uso do códice, em lugar do rolo; o pergaminho torna-se o material preferido
para fixação de textos escritos, substituindo o papiro.
Introdução do uso do papel no mundo árabe.
Consolidação da escrita em palavras separadas. Predomínio da leitura silenciosa sobre a
leitura oral.
Construção, na Itália, do primeiro moinho de fabricação de Papel.
Aparecimento das primeiras universidades européias. Desenvolvimento do comércio de
obras escritas, produzidas manualmente por copistas.
Produção de papel na Europa. Apresentação, por Gutenberg, do primeiro exemplar impresso
da Bíblia, inaugurando a era do livro manufaturado industrialmente.
1
Alguns linguistas e psicólogos contestam essa tese, principalmente os discípulos de Piaget, que deduziram de seus trabalhos
experimentais a pré-existência do pensamento sobre a linguagem. Cf. Richaudeau, 1972, p. 208. No entanto, vale a pena
investigar se os experimentos piagetianos são da ordem da ontogênese apenas, ou se estendem também à filogênese.
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133
1476
Séc. XVI
1564
1605
Séc. XVIII
Início séc. XIX
1857
Sécs XIX e XX
Final séc. XX e início
do XXI
Fundação por William Caxton, da primeira tipografia na Inglaterra.
Expansão da indústria tipográfica por toda a Europa. Até 1550, fixação da forma do livro,
incluindo capa, título, nome do autor e demais características gráficas.
Publicação em Roma, do Index Librorium Prohibitorum, pelo Papa Pio IV, estabelecendo a
censura religiosa.
Publicação de O Engenhoso fidalgo Dom Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes,
tematizando a febre da leitura na Europa moderna, onde então funcionam mais de 250
tipografias.
Expansão da alfabetização e da imprensa entre a população. Crescimento do público leitor,
sobretudo entre a classe burguesa ascendente. Expansão do romance.
Barateamento do custo da produção do livro e dos jornais, graças à industrialização do papel.
Expansão da imprensa e do romance folhetim. Consolidação do público feminino.
Publicação de Madame Bovary, de Gustave Flaubert, cuja protagonista é iludida pelos
enredos folhetinescos das novelas lidas na adolescência.
Escolarização obrigatória da população infantil. Expansão da literatura de massa. Pesquisas
no âmbito da Sociologia da Leitura. Propostas teóricas e aplicadas de alfabetização popular.
Difusão das teorias sobre o efeito da leitura e a emancipação do leitor.
Expansão da tecnologia digital e das redes de comunicação virtual via computador.
Aparecimento de multimídias, CD-ROM, E-Books. Discussões sobre o futuro do livro, da
leitura e da literatura.
Um rápido olhar nessa linha do tempo da evolução dos modos e meios de transmissão do
saber pode nos dar uma explicação sobre a angústia em que vivemos na era atual que ameaça
extinguir um objeto, com o qual travamos relação afetiva por quinhentos anos. O que significa
também afirmar que acumulamos esses objetos quer fossem eles produzidos com a estética
com a qual costumamos nomear “livro”, quer com as estéticas anteriores e posteriores que
mudavam em função das tecnologias de produção do objeto.
Quer nos parecer que o foco da questão é a possibilidade de perda de memória auxiliar
acumulada, proporcionada por fatores de preservação do objeto. Os livros são objetos que se
conservaram muito bem ao longo do tempo e as bibliotecas demonstram isto em suas seções
de obras raras. Eles foram guardados, mantendo a integridade do saber ali registrado,
estabelecendo a maior rede de pensamento que a sociedade jamais experimentou.
Na obra de Ray Bradbury, Fahrenheit 451, o tema do fim do livro é sugerido na trama
futurista em que um grupo de pessoas resistentes ao sistema de controle social imposto pelo
regime das mídias televisivas que queimava livros, resolve criar uma sociedade secreta em
defesa da literatura, onde cada pessoa se compromete a decorar uma ou mais obras da
literatura e se responsabilizar por sua transmissão oral. Os livros eram lidos, decorados e
imediatamente queimados à temperatura de 451 graus fahrenheit.
Quero que conheça Jonathan Swift, autor daquele pernicioso livro político, As viagens
de Gulliver! E esse sujeito aqui é Charles Darvin, e esse aqui é Schopenhauer, esse
outro é Einstein, e este aqui ao meu lado é o Senhor Albert Schweitzer, um filósofo
realmente muito gentil.[...] E também somos queimadores de livros. Lemos e os
queimamos, por medo que sejam encontrados.[...] Tudo o que queremos fazer é
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manter o conhecimento que, pensamos, precisamos manter intacto e seguro. [...]
Passaremos os livros adiante a nossos filhos, de boca em boca, e deixaremos que
nossos filhos, por sua vez, sirvam a outras pessoas. É claro que muito se perderá dessa
maneira.(BRADBURY, 2003, p.186-188)
Fahrenheit 451 estabelece uma nova relação da memória com a oralidade, quando verifica
que a sociedade da escrita está ameaçada de desaparecer. A rede de pensamento organizada
pelos livros seria humanizada, protegida pela disseminação oral do conhecimento. Embora os
“homens-livros” se preocupassem com a integridade da obra e do autor, sabiam também que o
processo de transmissão oral não garantiria essa integridade. Somente a acumulação de itens
individuais preservados em sua originalidade pode nos dar essa garantia. A memória
individual e, ao mesmo tempo, coletiva é representada na obra de Bradbury pelos heterônimos
que habitam cada um dos personagens. Por essa obra de ficção podemos entender que a
leitura sobrevive ao livro e, como assinala Zilberman, na época atual “a leitura e a escrita
antecedem e sucedem os meios utilizados para sua gravação num dado tipo de material, de
modo que a troca desse por outro – disco rígido, CD ou site na internet – representam tão
somente um outro passo (ou vários) na direção do progresso e do aperfeiçoamento
tecnológico.” (ZILBERMAN, 2001, p. 106).
O e-book, ou livro eletrônico, já disputa o mercado editorial mundial. Na feira de Frankfurt
deste ano mais de 30% dos itens expostos eram digitais 2. As editoras investem somas
incalculáveis para ampliar o universo de livros digitais e aperfeiçoar os aparelhos de leitura
(leitores). Copiando o aspecto do livro tradicional em formato e tecnologia de leitura – até as
páginas podem ser “folheadas”, o e-book carrega em seu conceito dois atributos: é um
dispositivo para leitura e uma biblioteca digital, pois a capacidade de armazenamento de
textos digitalizados pode chegar, até este momento, a cerca de duzentos livros digitais.
Parece-nos então que o livro em sua forma tradicional possa deixar de ser produzido, tendo
em vista os benefícios que a tecnologia digital nos apresenta em relação à velocidade de
acesso aos textos, à compressão de armazenamento de dados e, com os novos leitores digitais
em formato de bolso, à portabilidade. Não há ainda indícios, a partir dessas novas tecnologias,
de que se extinguirão a leitura e as bibliotecas.
3 A LEITURA
2
Páginas virtuais: editores se acotovelam em Frankfurt para entender como as novas tecnologias podem revolucionar a leitu­
ra. O Globo, sábado, 18 de out. 2008. (Prosa & Verso)
Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., ISSN 1518-2924, Florianópolis n. esp., 1. sem. 2009.
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Meu primeiro livro era de pano, e foi-me presenteado por meu pai quando eu fiz dois anos.
Portanto, comecei a ler um livro com essa idade, embora aos dois anos fosse incapaz de
compreender a escrita e de reproduzi-la com minha mão. “Tic-tac vai à escola com seus livros
na sacola” foi inteiramente decorado por repetição oral e fixação das imagens. Ler, portanto,
independe do livro e da escrita. O ato de ler é visual e nisto permanecemos atuais face à
cultura contemporânea. Lemos um texto, um quadro, uma fotografia, um filme. Lemos o
mundo.
Na antiguidade, a passagem da leitura oral, compartilhada, para a leitura individual,
silenciosa, inaugura uma nova experiência humana de criação de mundos íntimos. Da leitura
pública, a partir do método escolástico (lectio – sensus – exegese) à leitura de mundo,
confere-se ao ato de ler a liberdade de criação. Como comenta Manguel, “[...] os produtos
dessas escolas, os novos humanistas, abandonaram a sala de aula e o fórum público e, como
Rhenanus, retiram-se para o espaço fechado do gabinete ou da biblioteca, para ler e pensar
isolados.”(MANGUEL, 1997, p. 42).
A leitura começa com os olhos. Manguel se pergunta por meio de qual alquimia as letras se
tornam palavras inteligíveis; o que acontece dentro de nós quando nos defrontamos com um
texto; de que forma as coisas, substâncias - sejam elas cores, formas dos objetos -, tornam-se
legíveis; finalmente, o que significa ler. Essa é a questão que percorre toda a sua obra Uma
história da leitura da qual nos valemos neste momento para dialogar, sabendo que não
estamos dialogando com apenas um autor, mas com uma rede de fontes intelectuais que
expressam a memória – mundo de Alberto Manguel.
Paulo Freire (2005) discute a leitura do mundo em palestra sobre a importância do ato de ler e
as relações da biblioteca popular com a alfabetização de adultos, e no artigo em que expõe a
experiência de alfabetização de adultos desenvolvida por ele e sua equipe nas ilhas da costa
africana São Tomé e Príncipe. Diz Freire que a leitura de mundo precede a leitura da palavra,
que linguagem e realidade se prendem mutuamente. O autor apresenta a tese de que o ato de
ler se funde, em certo sentido, com a memória.
Ao ir escrevendo este texto, ia “tomando distância” dos diferentes momentos
em que o ato de ler se veio dando na minha experiência existencial. Primeiro,
a leitura do mundo, do pequeno mundo em que me movia; depois, a leitura da
palavra que nem sempre, ao longo de minha escolarização, foi a leitura da
“palavramundo”. A retomada da infância distante, buscando a compreensão
do meu ato de ler o mundo particular em que me movia – e até onde não sou
traído pela memória-, me é absolutamente significativa. Nesse esforço a que
me vou entregando, re-crio, e re-vivo, no texto que escrevo, a experiência
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vivida no momento em que ainda não lia a palavra. Me vejo então na casa
mediana em que nasci, no Recife [...] (FREIRE, 2005, p. 12).
A importância do contexto como antecedente ao texto da leitura é fundamental para a teoria
de alfabetização de Paulo Freire. O contexto, ou mundo imediato, é representado pela
experiência vivida do leitor, como aquela indicada pelo autor na citação acima. Mais adiante
em sua fala, Freire explicita sua tese ao afirmar que “a leitura da palavra não é apenas
precedida da leitura de mundo, mas por uma certa forma de “escrevê-lo” ou de “reescrevê-lo”,
quer dizer, de transformá-lo através de nossa prática consciente” (FREIRE, 2005, p. 20). A
leitura de mundo do alfabetizando deveria sempre prevalecer à leitura de mundo do
alfabetizador, pois só assim o processo de conhecimento poderia ocorrer, no sentido
transformador.
A leitura é, assim, o processo que nos permite interagir com o mundo, armazenar lembranças,
produzir novos conhecimentos. Nesse sentido, o ato de ler é vital e não se prende apenas a um
dispositivo de leitura, como, por exemplo, o livro. A leitura alimenta a imaginação e o
começo desse processo se inicia com a vida e se encerra com a morte. Do mesmo modo que a
linguagem, leitura e memória fixam a experiência adquirida por uma geração para ser
transmitida às gerações futuras.
Não foi apenas Paulo Freire que pensou a leitura como leitura-mundo ou memória-mundo.
Kafka, citado por Manguel (1997, p. 111) ao comparar o livro com o mundo, ou a obsessão
das pessoas pela posse do livro diz que: “Um livro não pode tomar o lugar do mundo. [...] Um
homem não pode dominar sua própria experiência por meio de outra personalidade.[...]
Tentamos aprisionar a vida num livro, como um pássaro canoro na gaiola, mas não funciona.”
Sócrates também afirmava que somente o que o leitor já conhece pode ganhar vida com uma
leitura, indicando, desta forma, que a experiência pessoal seria a base para a produção do
conhecimento. A idéia de rede de informações ou de conhecimento está já delineada nessas
discussões sobre o processo de criação, assim como a possibilidade de haver tantas leituras
possíveis quanto fossem os leitores. É, portanto, no indivíduo que se dá o ato complexo de ler,
muitas vezes igualado à dinâmica da memória.
Ainda na História da leitura, Manguel comenta que o poeta americano Walt Whitman dizia
que nossa tarefa é ler o mundo, pois esse livro colossal é a única fonte de conhecimento para
os mortais.
Dizer que lemos – o mundo, um livro, o corpo – não basta. A metáfora da leitura
solicita por sua vez outra metáfora, exige ser explicada em imagens que estão fora da
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137
biblioteca do leitor e, contudo, dentro do corpo dele, de tal forma que a função de ler é
associada a outras funções corporais essenciais. Ler – como vimos – serve como um
veículo metafórico, mas para ser compreendido precisa ele mesmo ser reconhecido
por meio de metáforas. (1997, p. 198).
Manguel, comentando o que Santo Agostinho argumenta sobre os modos de ler, sugere que
não devemos usar o livro apenas como apoio para o pensamento, nem confiando nele como se
confiaria na autoridade de um sábio; mas tomando dele uma idéia, uma frase, uma imagem,
ligando-a a outra selecionada de um texto distante preservado na memória, amarrando o
conjunto com reflexões próprias e produzindo, na verdade, um texto novo de autoria do leitor.
Mangel, no ensaio O computador de Santo Agostinho (MANGUEL, 2000, p. 273-291) nos
conta que Santo Agostinho sabia que todo leitor cria, ao ler, um espaço imaginário, feito da
pessoa que lê e do reino das palavras lidas. Diz ainda o autor que “cada leitura prolonga outra,
iniciada em alguma tarde de milhares de anos atrás e da qual não sabemos nada; cada leitura
projeta sua sombra na página seguinte, emprestando-lhe conteúdo e contexto.” Não há
conclusão para a leitura. A leitura é um processo sempre incompleto, não linear, mesmo que
circunstancialmente a leitura da escrita nos force a uma determinada direção, da esquerda para
a direita, como na cultura ocidental.
4 COMO LER O MUNDO ATUAL?
Se a leitura é parte integrante do processo de conhecimento, independe do objeto a ser lido, e
se é também inconclusa, como pensar a leitura, o leitor e o mundo a ser lido nessa era ubíqua,
em que os objetos se fundem em escrituras digitais, em que o pensamento se constrói por
redes de narrativas que nascem concomitantemente à produção dos objetos virtuais?
Vimos anteriormente que os livros não desapareceram, apenas mudam seu formato, assim
como no passado transformaram-se de rolos a códices. Muito menos as bibliotecas deixaram
de existir. Cada vez mais se digitalizam obras para comporem as bibliotecas digitais e as
bibliotecas dessas bibliotecas, às vezes com outras nomeações como, por exemplo, os
repositórios digitais.
O exemplo do uso de uma nova tecnologia para a transformação da sociedade é dado por
Martinho Lutero, monge responsável pelo movimento da Reforma, que em 1521 utiliza as
facilidades tecnológicas da impressão e publica a Bíblia em língua vernácula, o alemão,
Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., ISSN 1518-2924, Florianópolis n. esp., 1. sem. 2009.
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possibilitando assim que se desse início, no ocidente, ao movimento de alfabetização. A
revolução causada na Igreja romana, com o aparecimento do protestantismo, permitiu que a
leitura da escrita, antes apenas em latim, absorvesse outras camadas da população, como
crianças e mulheres. Segundo Manguel (1997, p. 89), “a criança, aprendendo a ler, é admitida
na memória comunal por meio de livros, familiarizando-se assim com um passado comum
que ela renova, em maior ou menor grau, a cada leitura.”
Passados cinco séculos, a escrita digital que ocorre no mundo virtualizado da rede mundial de
computadores pode ser compreendida por dois objetos: os blogs e os websites. De acordo com
Lopes (2003), Blog é uma abreviatura de web log e significa uma página na web que se
propõe a ser um diário pessoal com acesso público. Os blogs são, assim, publicações
freqüentes, organizadas cronologicamente, de considerações pessoais e links para a web.
Diferem dos websites por sua estrutura conversacional. Enquanto nos blogs as matérias são
“postadas” (posts) por data e esses posts constituem toda a sua essência, os websites
harmonizam uma rede de informações fixas, sobre um tema específico, que pode ter como
autoria uma pessoa física ou uma pessoa jurídica.
Tanto blogs, quanto websites são os depositários das narrativas da atualidade. Artigos
acadêmicos, crônicas, fotografias, filmes, críticas literárias, artísticas, científicas, todas essas
formas de divulgação da informação são publicadas nessas mídias. A interatividade dos blogs
se faz pelas postagens tanto do autor quanto do leitor, aliada às salas de “bate-papo” que,
normalmente, ficam em linha durante todo o tempo em que o internauta está “plugado”. A
informação circula em rede ou vias de comunicação, sempre transformando outras e a si
mesma, num processo de criação contínua, como ocorre com nossa memória individual.
A descontinuidade da leitura nessas mídias informáticas não difere - a não ser pela velocidade
- das formas de leitura do livro, quer seja em seu formato tradicional, quer seja no formato
hipertextual. O hipertexto é um modo de pensar essencialmente em rede e por associação o
que as notas de texto e as referências incluídas no livro em papel já proporcionavam ao leitor.
A falta de linearidade característica da construção da escrita hipertextual impede a sua
completude e a sua conclusão; mas sobre isto vimos, anteriormente, que essa é uma operação
inerente à leitura e não à hiprtextualidade.
O que a tecnologia da informação e da comunicação nos apresenta hoje são problemas de
outra natureza; são questões mais ligadas à memória de mundo do que à leitura de mundo.
Esses problemas dizem respeito à preservação da informação que, naturalmente, muda com
uma nova tecnologia. Não é a leitura que nos preocupa. Enquanto seres humanos
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continuaremos a ler o mundo do nosso presente, mesmo que para tal seja necessário estar
“plugado” à máquina. O que aterroriza a sociedade contemporânea é abdicar de suas
memórias auxiliares, de seus tesouros materiais.
A “sociedade do menos” começa a se impor: menos poluição, menos desperdício de
alimentação, menos consumo de água. E por que não, menos memórias auxiliares, arquivos,
bibliotecas, menos museus? A memória pode ser construída e reconstruída, reciclando-se
continuamente. Ainda há espaço para muitas tecnologias da informação. O mundo ainda é
muito desigual em “letramento”, ou níveis de leitura. Muitas crianças nunca tiveram o prazer
de ler um livro, nem em papel nem em formato digital. Mas é possível que venham a conhecêlo apenas na tela de seus celulares, ou na oralidade das histórias contadas.
A leitura, assim como a memória, é inerente à humanidade. Não se pode dizer o mesmo da
acumulação patrimonial que inicia sua corrida nos finais do século XIX, mas parece já
desacelerar neste início do XXI. Imposta por uma tecnologia digital, a preservação dos
saberes se dá mais por disseminação do que por proteção. Assim como o poema de Leminski,
o bicho alfabeto passa, fica o que não se escreve.
REFERÊNCIAS
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Les théories de l’action. Paris: Hachette, 1972.
ZILBERMAN, R. Fim do livro, fim dos leitores? São Paulo: SENAC, 2001.
Abstract
Memory is built with the present time as a starting point, through the tension between two
actions: remembering and forgetting, and engages in a permanent dialogue with the objects
we choose in order to analyze the condition of knowledge at a given point in time. This paper
is divided into three parts. In the first part, we deal with the object "book", its appearance in
society, its importance for the transmission of knowledge, its power to control people's
attitudes, such as the memory-men created by Bradbury in Fahrenheit 451, and its possible
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141
decline in view of information medium technologies. The second part dissociates the act of
reading from its most traditional support and deals with "reading" as an independent object,
with the suggestion, based on Regina Zilberman's, Alberto Manguel's and Paulo Freire's
proposals, that we are meant to read the world, irrespective of the mechanisms used in order
to achieve this ultimate aim. In the third and last part, we present some signs of possible ways
in which memory may exist in the cyber world, with comments on the role of blogs and
websites in relation to the written word on paper.
Keywords: Virtual memory. Book. Reading. Blogs. Digital heritage.
Originais recebidos em: 05 de março de 2009
Aceitos para publicação em: 14 de maio de 2009
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O Digital e o Currículo
LIVROS DIGITAIS: NOVAS OPORTUNIDADES PARA OS EDUCADORES NA
ERA WEB 2.0
João Batista Bottentuit Junior
Universidade do Minho
[email protected]
Eliana Santana Lisbôa
Universidade do Minho
[email protected]
Clara Pereira Coutinho
Universidade do Minho
[email protected]
Resumo
Nesta comunicação vamos apresentar ferramentas da nova geração de Internet designada por Web 2.0,
que possibilitam a criação e partilha de livros em formato digital e que, em contexto educativo, podem
funcionar como estratégia inovadora na motivação para a produção de texto escrito e como
instrumento de inclusão digital. Apresentam-se dois projectos concretos de utilização do livro digital nas
duas modalidades escrito e falado. Esperamos desta forma contribuir para a promoção de estratégias
pedagógicas mais centradas no aluno e vocacionadas para o desenvolvimento de competências de
leitura e de escrita bem como da criatividade e espírito crítico essenciais a todo o cidadão do século XXI.
Palavras Chaves: Livros Digitais, Web 2.0, Aprendizagem, Escrita
Abstract
In this communication we present tools of the new generation of Internet known as Web 2.0, enabling
the creation and sharing of books in digital format and, in educational, innovative strategy can serve as
the motivation for the development of written text and as an instrument of digital inclusion. There are
two projects to use the digital book in both written and spoken modalities. We thus contribute to
promete pedagogical strategies more focused on student and dedicated to the development of skills of
reading and writing as well as creativity and criticai thinking essential to every citizen of the XXI century.
Keywords: Digital Books, Web 2.0, Learning, Writing
433
VI Conferência Internacional de TIC na Educação
INTRODUÇÃO
Os livros electrónicos ou e-books são uma realidade no mundo actual, ou seja, é possível
encontrar na Web uma gama muito variada de exemplares disponíveis para consulta e/ou
aquisição. Estes recursos potencializam uma maior difusão do saber e possibilitam a
acessibilidade ao conhecimento nas partes mais remotas do planeta. De facto, os livros digitais
podem ser acedidos através de qualquer dispositivo electrónico como seja o computador, o
PDA, o telemóvel, os smartphones, os lphones, etc. e possuem alta portabilidade já que podem
ser armazenados num único dispositivo. Segundo Mesquita & Conde (2008: p.3)
A facilidade de publicação e obtenção dos títulos digitais tem atraído vários
autores e leitores ocasionando a formação de uma nova classe editorial. O novo
editor surge com alguns papéis que permanecem em relação a edição do livro
impresso e outros inteiramente novos.
Com o advento da Internet, criou-se um repositório muito amplo de informações disponíveis a
todos os indivíduos que têm acesso à rede. Neste sentido, o processo de busca de informações
quebrou barreiras temporais e espaciais, permitindo que possamos aceder a dados que antes
eram muito restritos. No entanto, a facilidade de acesso também fomenta a reprodução
mecânica de conteúdos digitais (o tão conhecido copy & paste), o que, na opinião de muitos
educadores, pode constituir um factor inibidor da produção escrita dos alunos. Trata-se de
uma prática corrente que pode ser muito prejudicial ao não estimular o pensamento crítico e
criativo bem como a produção de novos saberes. Para Medina & Freitas Filho (2004), a
aprendizagem é significativa quando o estudante é capaz de relacionar os conhecimentos já
adquiridos (ideias, conceitos e princípios) com a nova informação produzida, o que não
acontece numa actividade de reprodução mecânica de conteúdos digitais disponíveis na Web.
No entanto, existem hoje, nesse imenso espaço aberto para a partilha de informação que é a
Internet, aplicativos que podem ajudar a colmatar a lacuna acima referida, ou seja,
ferramentas que, para além da consulta, estimulam a produção da escrita e a construção do
conhecimento. Com o aparecimento da geração de aplicativos Web 2.0, o utilizador deixou de
assumir um mero papel passivo em relação às informações (apenas pesquisando e tirando
proveito delas), para ter um papel mais activo e participativo, ou seja, no caso de que vimos
falando, a possibilidade que hoje temos de assumir o status de "autor". Tal como referem
Coutinho & Bottentuit Junior (2008: 1862),
Hoje a filosofia é outra, pois com a introdução da Web 2.0 as pessoas passaram
a produzir os seus próprios documentos e a publicá-los automaticamente na
rede, sem a necessidade de grandes conhecimentos de programação e de
ambientes sofisticados de informática.
434
O Digital e o Currículo
Nesta comunicação vamos apresentar duas ferramentas da geração Web 2.0 que facilitam a
construção de livros digitais como forma de estimulação à produção escrita: o issuu e o scribd.
Apresentamos depois um exemplo de utilização pedagógica dessas ferramentas em
actividades curriculares que visam o desenvolvimento de competências de leitura e de escrita,
e ainda um exemplo de utilização de uma outra modalidade de livro digital - o audiobook como forma de promover a inclusão digital de pessoas invisuais.
OS LIVROS DIGITAIS EM CONTEXTO EDUCATIVO
Os livros electrónicos (Portugal), eletrônicos (Brasil), livros virtuais ou e-books (abreviação em
língua inglesa) têm como principal objectivo a disponibilização de um livro no formato digital,
de forma que este pode ser visualizado através de um computador ou um dispositivo móvel.
Por estarem em formato digital, estes conteúdos podem ser facilmente disponibilizados
através da Internet ou outros meios de armazenamentos como CD-ROM, disquetes ou pendrives (Bottentuit Junior & Coutinho, 2007). Segundo Paraguay, Spelta & Simofusa (2005)
existem ainda outras terminologias encontradas que fazem referência aos livros digitais, tais
como: o livro falado, o livro digitalizado, o livro fonado, o livro virtual, o livro electrónico, o
open book, o digital Braille ou o digital áudio entre outros.
Segundo Sáez (2000), Sotorres (2000) e ainda Fernández & Temifío e lllera (2003) as principais
vantagens identificadas nos livros digitais são:
•
A facilidade para fazer o download dos livros através da Internet;
•
Poder transportar uma série de livros num único dispositivo;
•
A edição, divulgação e acesso aos livros digitais atinge esferas muito mais amplas;
•
Podem estar múltiplos utilizadores em simultâneo a consultar e manipular a mesma obra;
•
A busca de termos ou palavras-chave é mais rápida e eficaz através dos métodos de busca dos
dispositivos;
•
Alguns exemplares permitem a interactividade e a utilização de recursos multimédia;
•
Permitem a utilização de hiperligações para sites externos e consultas a materiais;
•
Ajudam a fomentar o conhecimento livre na rede;
De entre as principais desvantagens destacam-se:
•
Leitura mais lenta e cansativa;
•
Não permitem que sejam feitas anotações manuais;
•
Existência de grande quantidade de livros sem recursos multimédia;
•
Pouca divulgação dos exemplares disponíveis;
435
VI Conferência Internacional de TIC na Educação
•
Preço dos dispositivos ainda bastante elevado;
•
Informação muitas vezes mal estruturada;
•
Fontes e contrastes inadequados;
•
Pouca quantidade de exemplares em determinadas áreas do saber;
•
Crescente prática de crime contra os direitos de autor.
2.1 Ferramentas para a criação de livros digitais
Na Web social encontramos diversas ferramentas que possibilitam a criação e partilha de livros
electrónicos, mas vamos concentrar a nossa análise em duas delas: o ISSUU e o SCRIBD.
1
Através de uma interface simples e atractiva o aplicativo ISSUU permite que os utilizadores,
após registo, façam o upload (envio) de ficheiros em formato PDF, DOC, RTF e PPT
transformando-os em livros digitais. Pode-se ainda enviar um conjunto de documentos de uma
única vez, mesmo que os ficheiros tenham sido criados diferentes formatos.
Este recurso torna a leitura de textos no ecrã mais agradável e acessível, pois ao fazer o envio,
é gerada automaticamente uma URL que pode ser disponibilizada para consultas
online.
A
ferramenta é completamente gratuita, simples e intuitiva, além de possibilitar:
•
Facilidades de leitura tais como: a visão de todas as páginas em miniatura e uma lupa para
aproximação das palavras e imagens;
•
Admite diferentes modos de visualização, ou seja, em uma ou duas páginas;
•
Permite coleccionar e compartilhar os documentos favoritos;
•
É capaz de criar bonitas publicações online;
•
Admite o download dos livros e documentos disponibilizados no site para os utilizadores
registados;
•
Faculta a disponibilização dos livros em websites pessoais, blogs e nas redes sociais (através do
código html gerado pela própria ferramenta);
•
Permite escolher o layout do livro a ser publicado;
•
Permite fazer a leitura dos documentos a partir da ferramenta sem haver necessidade de ter
instalados os aplicativos (Word, Power Point e Acrobat Reader)
Caracteriza-se também por ser uma ferramenta social, pois permite ao utilizador criar amigos
e compartilhar os documentos com eles, podendo ainda escolher se a visualização dos
documentos será pública ou privada. Para além disto, pode-se editar o documento online,
definindo as palavras-chave para que possa ser facilmente identificado por outros utilizadores.
1
www.issuu.com
436
O Digital e o Currículo
O site também possibilita o armazenamento dos documentos (cópia de segurança) de forma
online.
Admite também a organização de documentos electrónicos dentro da biblioteca da
ferramenta das seguintes formas: por título, descrição, autor e data e ainda criar pastas para
sua organização.
Para além disto, o ISSUU também funciona como repositório de livros, revistas e documentos,
já que os ficheiros enviados ficam à disposição para consulta, servindo também para
seleccionar os livros e revistas predilectas. Na figura 1, pode observar-se um exemplo de
revista digital.
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Figura 1: Exemplo de livro disponível na ferramenta ISSUU.
Outra ferramenta que faz praticamente as mesmas funções do ISSUU é o SCRIBD 2, também
gratuita e com possibilidades de compartilhamento tanto de livros como de revistas. Contudo
este aplicativo apresenta algumas peculiaridades, ou seja, permite fazer o download livre sem
haver necessidade de registo, bem como o envio de links dos livros a partir da ferramenta
desde que o utilizador tenha conta de correio electrónico no Yahoo no Gmail ou no Hotmail.
Desta forma, à semelhança do ISSUU, a ferramenta permite criar lista de favoritos e
disponibilizar os documentos criados em blogs, sites pessoais e redes sociais.
2
http://www.scribd.com
437
VI Conferência Internacional de TIC na Educação
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Figura 2: Layout da Ferramenta Scrib
2.2 Audiobooks
Outro tipo bastante interessante de livro digital é Audiobook (audiolivro) ou "Livro Falado",
muito utilizado em diversas bibliotecas pela possibilidade de inclusão dos invisuais para o
mundo da leitura. Para Paletta, Watanabe & Penilha (2008: p.2)
Os arquivos de áudio geralmente são salvos em MP3, WMA, entre outros,
podendo ser gratuitos ou pagos. As versões pagas contam com a vantagem de
possuírem narradores profissionais contando a história, podendo haver ainda
efeitos sonoros, que ajudam na interpretação do texto e evitam a monotonia
na escuta. Já os gratuitos trazem uma grande variedade de obras para
download, a maioria actualmente em domínio público, copyleft ou outra licença
pública livre disponível, narradas por voluntários gratuitamente.
Este recurso não constitui em si uma grande inovação, pois em certos países como, por
exemplo, nos Estados Unidos já vem sendo empregado há bastante tempo. Segundo Aquino
(2008: online), o audiobook é "uma opção eficiente e menos dispendiosa de promover o
estudo
académico
e
a
inclusão
dos
deficientes
visuais
nos
diferentes
contextos
informacionais". A utilização destes recursos não se limita apenas aos invisuais, pois constitui
numa forma diferenciada e dinâmica de acesso a informação, podendo inclusivamente atrair
aqueles leitores que, por motivos vários, não disponibilizam de tempo nem local apropriado
para realizar a leitura de um livro físico, podendo desta forma ouvi-lo a partir de um
dispositivo móvel. Aquino (2008:on/ine) ainda reforça que "aos poucos o audiolivro vem
abrindo espaços e conquistando o público dos grandes centros urbanos que fica horas preso
no trânsito".
Graças às tecnologias de informação e comunicação, é hoje possível disponibilizar audiolivros
de forma fácil e simples garantindo que um número cada vez maior de pessoas possa aceder
438
O Digital e o Currículo
ao mundo letrado, propiciando uma democratização do saber junto de públicos, que, pelos
mais variados motivos, não tem acesso ao livro impresso.
Uma outra variante dos audiolivros na internet é a associação aos vídeos, criando uma nova
terminologia denominada videoaudiolivro. Esse recurso ainda está pouco explorado, porém
algumas experiências já realizadas merecem destaque, como é o caso do Projecto Mil
Casmurros que será apresentado no tópico seguinte.
EXPERIÊNCIAS EM CURSO
Vamos agora apresentar dois projectos distintos em que o livro digital, nas modalidades falado
e escrito, foram utilizados e que consideramos poderem ser transpostas com sucesso para
contextos educativos.
Projecto Mil Casmurros
Em Dezembro de 2008, foi adaptado para o modelo de mini-série o romance do escritor
brasileiro Machado de Assis, intitulado "Dom Casmurro". No final da mini-série foi criado um
site denominado "Projeto Mil Casmurros" 3 que oferecia aos utilizadores o convite para a
gravação de pequenos trechos da obra em vídeo, disponibilizando-os online para livre acesso
(ver figura 3 e 4).
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Figura 3: Layouts do Projecto Mil Casmurros
3
http://www.milcasmurros.eom.br/
439
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VI Conferência Internacional de TIC na Educação
Figura 4: Layouts do Projecto Mil Casmurros
A nível educacional, esta ferramenta pode proporcionar diferentes situações de aprendizagem
envolvendo o desenvolvimento cognitivo, bem como as competências e habilidades ao nível
da oralidade, do trabalhado colaborativo e, acima de tudo, a capacidade de concentração e o
interesse pela história de Dom Casmurro. Na perspectiva do utilizador, constitui-se como outro
meio de acesso à informação atraindo até mesmo aqueles mais resistentes às leituras,
tornando-a mais interessante, pois transforma o livro num filme de mil protagonistas, cada um
narrando à sua maneira, num projecto online de leitura colectiva. No entanto, para concebê-lo
como um recurso que possa garantir um maior poder de participação dos utilizadores, é
necessário um conjunto de artefactos que garantam maior dinamismo à actividade
possibilitada por uma especial atenção à entoação da voz, aos efeitos sonoros, entre outros. É
importante salientar que estes factores são de suma importância para que o utilizador consiga
desenvolver a imaginação e a emoção que uma leitura proporciona.
O projecto Dom Casmurros, poderá ser utilizado através de diferentes estratégias, a primeira
seria como uma nova forma para atrair leitores para o livro de Machado de Assis, pois
possibilitaria um novo meio, através do vídeo e do som. Como o livro digital não foi construído
numa ferramenta livre, os professores que por ventura desejem utilizar esta mesma
metodologia, porém com outros livros didácticos, poderão utilizar a estratégia do podcast 4, no
qual pode-se inserir pequenos posts com recurso ao áudio e desta forma transformar o livro
num conjunto de histórias gravadas por cada componente da turma. Uma das ferramentas
gratuitas que permitem esta actividade é o podomatic (http://www.podomatic.com). Contudo
o Projecto do Casmuros serve como exemplo para criação de novas estratégias. O uso das
ferramentas da Web 2.0 potencializa um estímulo adicional aos professores, no sentido de que
os mesmos podem criar e desenvolver metodologias cada vez mais criativas para atrair seus
4
Para Bottentuit Junior e Coutinho (2007: 840) o termo podcast resulta da soma das palavras lpod (dispositivo de
reprodução de áudio/ vídeo) e broadcast (método de transmissão ou distribuição de dados)
440
O Digital e o Currículo
alunos para uma aprendizagem mais lúdica e em sintonia com as exigências da actual
sociedade.
Projecto Luso-Brasileiro
O Projecto Luso-Brasileiro Um voa entre Brasil e França, com escala em Portugal, foi uma
iniciativa da prof. Emilia Miranda, à qual se associaram outras professoras de Portugal, do
Brasil e de França que utilizaram um blog5, entre outras ferramentas da Web 2.0, para
estimular a escrita colaborativa e individual dos alunos em torno da obra de Cláudio Fragata. O
título do projecto foi dado em homenagem ao aviador. Alberto Santos Dumont que era
brasileiro e vivia na França, tendo passado por diversas vezes em Portugal.
Os alunos realizaram vários trabalhos de produções (escrita e gráfica) que partilharam entre si
(e todos os visitantes), através das publicações no blog. A ferramenta utilizada para a
publicação da produção dos alunos foi a ISSUU, cujas potencialidades foram já referidas no
tópico anterior. Na figura 5, podemos observar o livro criado com o intuito de reconstruir a
visita de estudo realizada à cidade de Rio das Flores (cidade situada no interior do Estado do
Rio de Janeiro). Nesta actividade, os alunos, através de fotografias, registaram todas as
aventuras que vivenciaram in loco.
Todo mundo IUI&rou. AIUDOJ. profes,_o;nre.o;,
pait c fon~m lílmando seu5 luprn.
1..11 no tundo do On~. unw menina,; da
Cscola Áh·nm Rocha fOft\V'UI\'IJTL O que
estarinm diô'.tndo?
At~ fim de af&um tempo as "'lwrlgas
começamn • dar homs" c um.n. pamd.11 foi
·feila. pnm que o l\nibu'õ abow:tts~ assim
oomo o lanche do Soln OWihml'le. da
Mariana. da Drm:la. da Fabi.lna, dn MtriAnA
v~prrguntn11
'Frelw e da Llrina
fl.'õlmnos COt:IVersando sobrr o que lmttrK
enrontl'lli m~ Rio dH Flol't':§7 Como IU6 a
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Como smii'KK retmidos pclu ptlt&O~ com
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Figura 5: Livro sobre a visita de estudos a cidade de Rio das Flores6
5
http://voobpf.blogspot.com
6
http ://issu u.com/emiliami randa/docs/microsoft_ word_-_rio-das-florespartela12?mode=embed&documentld=080728233228-2ada6231f44341babcc7bc3b4b7b715e&layout=grey
441
VI Conferência Internacional de TIC na Educação
Na Figura 6, pode observar-se o livro escrito pelos alunos através da reconstrução da obra
"Seis Tombos e um Pulinho" de autoria de Cláudio Fragata, que conta as aventuras de Santos
Dumont até a invenção do avião 14-BIS. Nesta actividade, os alunos tiveram que, a partir da
leitura da obra, recontar a história através de desenhos e produções textuais.
Figura 6: Livro sobre a reconstrução do livro de Cláudio Fragata 7
Os sonhos, constituem o combustível para a realização concreta daquilo que almejamos.
Partindo deste princípio, as professoras suscitaram nos alunos o gosto pela escrita, baseandose para isso no sonho de Santos Dumont.
Dando asas à imaginação dos seus alunos, as docentes estimularam, desta forma, a produção
textual relacionada com a temática dos sonhos e com as possibilidades de concretização dos
mesmos. De uma certa forma esta actividade constituiu-se como uma estratégia de ensino
que, para além de motivar ao desenvolvimento da competência de produção escrita, chamou
a atenção dos alunos para a possibilidade de concretização de coisas que às vezes achamos
serem impossíveis, como a ide ia de voar de Santos Dumont (ver figura 7).
http ://issu u .com/ma rlidf/docs/voobpf/15 ?mode=embed&documentld=080703132134bdf97ea34a6e4695a2b68c2138be3b87&1ayout=grey
442
O Digital e o Currículo
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Figura 7: Livro nossos sonhos 8
CONCLUSÕES
As ferramentas apresentadas nesta comunicação constituem uma mais-valia sempre que o
objectivo pedagógico numa dada unidade curricular seja o estímulo à produção escrita e ao
trabalho colaborativo. Podendo propiciar diferentes situações de aprendizagem, o limite
estará apenas na criatividade do professor na forma de utilizar recursos tecnológicos que estão
acessíveis, que são gratuitos e fáceis de usar. Uma das funções principais da escola é estimular
o pensamento crítico e criativo dos alunos, favorecer a aprendizagem individual e também
social e, a este nível, os diversos recursos oferecidos pela geração Web 2.0 podem oferecer
uma fonte inesgotável de oportunidades de renovação das práticas educativas.
Um exemplo concreto do que acabamos de referir é a experiência do Projecto Luso-Brasileiro
acima referido em que os alunos mostraram enorme motivação para a aprendizagem aliada a
um aumento significativo no índice de aproveitamento em muitas disciplinas. Trata-se de
estratégias de ensino aprendizagem que nem sempre produzem resultados imediatos, porém,
a longo prazo podem proporcionar mudanças significativas no desenvolvimento cognitivo e
afectivo dos alunos.
O importante é que o professor, em plena sociedade do conhecimento e da aprendizagem,
não poupe esforços para que, a partir das tecnologias disponíveis de forma gratuita e online
possa criar ambientes de aprendizagem construtivistas (UNESCO, 2008), pois, como tão bem
defende Jonassen (2007), as tecnologias podem constituir-se como poderosas ferramentas
8
http ://issuu .com/marlidf/docs/sonhos/23 ?mode=em bed &documentld=080528034 7034d 3a4c8d Sbd7 4c9aad9f9084 72f18e07 &layout=grey
443
VI Conferência Internacional de TIC na Educação
representação daquilo que sabem, ao invés de uma mera reprodução daquilo que alguém lhes
diz.
REFERÊNCIAS
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Comunicação. lntercom. Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação.
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o Estado da Arte. In BARCA, A., PERALBO, M., PORTO, A., DUARTE da Silva, B. e ALMEIDA, L.
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Sistemas, Cibernética e Informática (CISCI). pg.lOG-111, Vol. 2. Orlando, EUA. Julho.
COUTINHO, C. P.; BOTTENTUIT JUNIOR, J. B. {2008). Comunicação Educacional: do modelo
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FERNÁNDEZ F. S.; TEMINO, M. B. E. {2003). Del libra, allibro electrónico-digital. Ediciones Del
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Desenvolvimento do pensamento crítico na
MEDINA, N. O.; FREITAS FILHO, P.J. {2004).
escrita colaborativa. Revista Novas Tecnologias na Educação CINTED UFRGS. Vol.2 nº2 Nov.
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www. intercom. org. brlpaperslregionais/nordeste2008/resumos!R12-0645-1.pdf Acedido
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07.02.2009.
PALETTA, F. A. C.; WATANABE, E. T. V.; PENILHA, D. F. {2008).AUDIOLIVRO : inovações
tecnológicas, tendências e divulgação. In XV Seminário Nacional de bibliotecas Universitário.
São Paulo. Disponível: http://www.sbu.unicamp.br/snbu2008/anais/site/pdfs/2625.pdf.
Acedido a: 07.02.2009
PARAGUAY, A. I. B.B. ; SPELTA, L.L. ; SIMOFUSA, M.H. (2005) DTB (Digital Talking Book), LDF
(Livros Digitais Falados), DAISY (Digital Accessible lnformation SYstem) ou Livros Digitais DAISY
- Uma (outra) Maneira de se Ler. In 111 Seminário e 11 Oficina ATIID - "Acessibilidade, TI e
Inclusão
Digital".
São
Paulo.
Disponível
em:
http://hygeia. fsp. usp. br/acessibilidade/ cd2005/ conteudo/ATil D2005/M R3/03/DTB-LDFDaiSY3.pdf. Acedido a: 07.02.2009
SÁEZ,
C.
{2000).
El
libra electrónico.
Ediciones
Del Sur.
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444
Disponível
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O Digital e o Currículo
SOTORRES, A. (2000}. E-books, el formato digital del libro, un fenómeno imparable. Ediciones
De I Sur. Disponível em: http://www.edicionesdelsur.com/articulo_OG.htm. Acedido a:
07.02.2009
UNESCO (2008}. /CT competency standards for teachers. Paris: United Nations Educational,
Scientific and Cultural Organization. Retrieved May 28, 2008, from http://cst.unescoci.org/sites/projects/cst/The%20Standards/ICT-CST Policy%20Framework.pdf.
445
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Os formatos de e-books, as bibliotecas digitais e a usabilidade
Publicado por Alex da Silveira em julho 16, 2010
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8 Comentários
Jose Antonio Machado Nascimento curtiu
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PDF, DJVU, TXT, EPUB, MOBI, LIT, CHM, PRC, , RB, KML, ISILO, VBO, enfim, uma salada de letras que pode confundir
muita gente e que alguns que chegam ao Bibliotecno neste momento podem não entender muito bem o que são. É claro
que a primeira e a terceira sigla deixam a dica e sugerem que este tópico tem alguma coisa a ver com texto/leitura o que é
verdade, aliás, estas são algumas das siglas que invadem a vida de alguns bibliotecários e podem se tornar preocupação
para todos no futuro.
No campo da produção de livros, editoras e ebookstores observam de perto a problemática dos formatos e por mais que o
PDF seja o mais conhecido e que o EPUB tenha se tornado um tipo de padrão, o surgimento de novos leitores, e aqui
estão os tablets, novos recursos e interesses de mercado só tem feito esta sopa de letrinhas crescerem, o que pode
dificultar a vida de um usuário novato em livros eletrônicos.
Mas se editoras, livrarias e até mesmo os leitores devem se preocupar com esta diversificação de formatos, por que
bibliotecários deveriam estar de fora? Aliás, para onde seguiram, na teoria, todos estes livros no futuro? Para as
bibliotecas. Com certeza este deveria ser um tema a ser analisado por bibliotecários e estudantes de biblioteconomia nas
escolas que ministram os cursos da área. E os enfoques podem ser os mais variados: Qual o formato que apresenta o
melhor desempenho para recuperação no texto completo?, qual permite melhores recursos de inclusão de metadados que
poderão ser legíveis por sistemas de bibliotecas?, qual é compatível com a maioria dos leitores eletrônicos (e tipos de
equipamentos que conseguem podem ser utilizados para a leitura de livros?, qual tem a melhor visualização?, qual
apresenta a maior variedade de recursos?, como preserva-los? uma rica e enorme relação de questões a serem pensadas
de forma a apoiar/escolher os melhores formatos para as bibliotecas e, principalmente, para os leitores.
3. O básico da tecnologia para
bibliotecários. CDU online, Cutter,
WordPress, Scriblio, Biblivre…
4. Acervo histórico digitalizado do Jornal do
Brasil no Google Notícias. Analise dos
recursos de pesquisa.
5. Biblioteca via rede social! O filtro para a
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Mas o tema deste artigo é específico para as bibliotecas digitais, pois com tantos formatos não adianta só pensar em quais
escolher, mas em como apresentá-los, em outras palavras, quanto mais formatos forem adotados a biblioteca digital deverá
pensar mais em usabilidade.
A escolha do(s) formato(s) a serem escolhidos já não é uma tarefa fácil já que os dois mais conhecidos tem vantagens e
desvantagens de acordo com o dispositivo utilizado. Enquanto o PDF pode apresentar cores, uma renderização melhor na
leitura em uma tela de computador este poderá ser problemático em um e-reader com a tela eInk, sendo o EPUB ideal
para este tipo de dispositivo, porém, o EPUB não chega a uma qualidade visual do PDF. Mas o que dizer então do formato
proprietário da Amazon/Kindle e os livros somente publicados lá? E os livros ricos em recursos multimídias para Ipad? Ou
seja, nunca será possível escolher apenas um ou dois formatos, mas e para os usuários em geral a escolha, pela biblioteca
digital, por vários formatos é vantajosa? Isto não poderia confundir? Tudo dependerá da forma como for apresentado na
tela, ou seja, da usabilidade.
ÚLTIMAS DO BT
Email
A extensa imagem ao lado, que apresenta-se em tamanho reduzido, é um exemplo claro que como o uso de vários
formatos, ou melhor, a forma com estes são apresentados, pode transformar a interface em um problema. Veja melhor esta
barra lateral na página http://www.archive.org/details/gralha que trata-se da interface de acesso a um jornal digitalizado
pelo Internet Archive. Em termos de avaliação heurística, um dos métodos de estudos de usabilidade, pode-se dizer que
pelo menos 3 heurísticas são violadas: Consistência e padrões, Ajuda e documentação e Estética e design minimalista.
A última heurística violada – estética e design minimalista - é decorrente do volume de formatos fornecidos e da forma com que eles
são fornecidos. Além do uso de 8 formatos, também é exibido um link para cada data digitalizada o que logo remete a um problema
relacionado a primeira heurística – consistência e padrões – pois vários links são apresentado indicando apenas o formato de leitura,
mas sem a data da publicação que aquele link corresponde, sendo que neste ultimo caso também poderíamos falar de uma quarta
heurística violada, a equivalência entre o sistema e o mundo real.
Mas a violação da heurística estética e design minimalista acaba interferindo na heurística ajuda e documentação. Ocorre que a
extensa lista torna a página demasiadamente longa e a ajuda sobre os formatos, necessária já que alguns serão desconhecidos dos
leitores em geral, vem logo ao final da página, onde muitos usuários nem cherarão a perceber. Fora que a própria ajuda é confura, já
que remete a todo o Internet Archive, que armazena websites, documentos textuais, áudio, vídeo, etc. O ideal seria a indicação clara
de uma documentação de ajuda para cada formato.
Outros exemplos podem ser verificados nas principais bibliotecas, porém, de forma um pouco decepcionante já que os problemas de
usabilidade relativo ao acesso aos formatos são minimizados pelo fato de não se utilizar a maioria dos formatos. Porém, não
deveremos negar que limitar o uso de formatos é uma saida interessante, desde que ofereça os formatos mais utilizados e
compatíveis com a maioria dos dispositivos. Devemos lembrar que hoje um leitor poderá querer apreciar um documento em um ereader, no computador, num netbook, num smartfone e num tablet. Os formatos escolhidos devem ser escolhidos de forma a serem
suportados pelos dispositivos – e neste caso é bom frisar que alguns como o DJVU necessitam de instalação de plugins que nem
sempre são compatíveis com todos os dispositivos e mesmo navegadores da web – e não limitar o fornecimento de obras com
recursos diferenciados, como os livros para o tablet Ipad que podem apresentar recursos multimídia.
Mas no Historic American Newspapers da Library of Congress e no Arquivo Público Mineiro podemos verificar uma solução viável,
apresentada na imagem abaixo. Trata-se da visualização prévia, onde o usuário poderá ver o documento, pelo menos uma versão
deste, sem a necessidade de realizar download do mesmo, diretamente no website e após isto escolher o formato desejado.
ALA lança “Modelos de Negócios Ebook para
Bibliotecas Públicas”
Wikipedia, colaboração e pouca
confiabilidade? Quais são as fontes de
informação da Wikipedia?
Levy, Pierre. Cibercultura. São Paulo : Ed.34,
1999
Biblioteca Nacional lança sua hemeroteca
digital – Tutorial parte 2
Biblioteca Nacional lança sua hemeroteca
digital – Tutorial parte 1
BIBLIOTECONOMIA FEEDS – GOOGLE
READER – ASSINE!
A Informação
BIBLIOTECNO
Bibliotecários Sem Fronteiras Biblioteconomia Pop
Blog do Gato
Blog do Kuramoto
Ciência da Informação
eBook Reader
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L. Inafuko ;}
LEITURAS RELEITURAS E IDÉIAS
Na Era da Informação
Nepôsts - Rascunhos Compartilhados
Poeira de Biblioteca
Simplissimo Blog
Web Librarian
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Visualizar »
Repare na barra acima da visualização a possibilidade de fazer download em PDF, TXT ou em formato de
imagem
Isto iria acabar com o problema da extensa lista apresentada pelo Internet Archive já que os links para os formatos seriam exibidos
em uma página correspondente a edição que se estaria visualizando. Todavia, a visualização prévia poderia ser desagradável para
alguns dispositivos, como os smarfones, obrigando o usuário a baixar o documento por um computador, sendo repassado depois para
o dispositivo móvel. Fora os e-readers que tem navegadores web precários, devido a tela de eInk, e que teriam sérios problemas de
acesso. Ou seja, não adiantaria apenas organizar o conteúdo, mas criar websites específicos para serem lidos em dispositivos de tela
grande, de tela pequena e nos e-readers.
A existência de variados formatos de e-books não é a unica que pode desencadear problemas de usabilidade, mas apenas uma e
que deve ser considerada. E considerando problemáticas apontadas no inicio deste texto em relação aos formatos de e-books vemos
que este é um assunto que deve ser debatido, não apenas com foco em usabilidade como foi apresentado neste texto, mas em
relação a catalogação, recuperação, recursos de visualização e preservação. Enfim, o bibliotecário não pode ficar de fora deste tema.
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Tags:avaliação heurística, Biblioteca digital, djvu, epub, formatos de e-books, Interface, kindle, pdf, Usabilidade
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8 Respostas para “Os formatos de e-books, as bibliotecas digitais e a usabilidade”
Marco
julho 18, 2010
http://en.wikipedia.org/wiki/Comparison_of_e-book_formats
alexdasilveira
julho 19, 2010
obrigado pela contribuição com o link que poderá ajudar ao leitores abrirem mais ainda seus horizontes
William Okubo (@WillOk) (@WillOk) (@WillOk)
Os formatos de e-books, as bibliotecas digitais e a usabilidade http://t.co/v3nZcCmP via @bibliotecno
novembro 14, 2011
LIVRO TRADICIONAL X LIVRO ELETRÔNICO: a revolução do livro ou uma ruptura definitiva? Suzana Ferreira Paulino Universidade Federal de Pernambuco [email protected] RESUMO: O livro envolve um suporte de importância cultural única e está associado ao poder, devido ao saber que a ele é atribuído e ao valor simbólico que ele representa na sociedade do conhecimento. Ele ainda constitui­se em um elemento referencial no processo de ensino­aprendizagem. O seu uso, em sua forma tradicional, é recorrente, contudo, alguns acreditam que seu fim está próximo devido às transformações causadas pelo surgimento do livro eletrônico e à incorporação das novas tecnologias na nossa sociedade. Este trabalho visa a refletir sobre o processo evolutivo dos livros, desde quando esses eram tidos como objetos de arte, seu estágio atual e sobre as previsões a respeito do seu futuro. Traçaremos um panorama histórico da evolução do livro e observaremos se o livro eletrônico é a ruptura com os antigos padrões do livro impresso ou se é uma continuação do processo evolutivo deste. O tema será abordado teoricamente. Acreditamos que o livro impresso permanecerá e que o texto eletrônico não eliminará o livro impresso, nem a existência da leitura, mas haverá uma transformação nas formas de construir significados. Palavras­chave: Livro Impresso, Livro Eletrônico, Hiperleitura ABSTRACT: The book has an enormous cultural importance and it’s related to power because of the knowledge it represents to the information society. The textbook is a reference element to the teaching­learning process. Its traditional form use is common in the classrooms; however, some say that it’s next to its end due to the electronic book, softwares and the incorporation of new technologies in education. This work aims at reflecting about the evolutionary process of the books, since they were considered objects of art, their present moment and about the positive and negative predictions about their future. It will be observed if the electronic book is a break in the old patterns of the press book or if it is a continuation of the process. We will theorize about this theme. We believe the press book will remain and the electronic text won’t stinguish it or the reading but the meaning construction process will be transformed. Keywords: Textbook, Electronic Book, Hypertextual reading Introdução Segundo o Dicionário Aurélio (1999), livro é uma "reunião de folhas ou cadernos, cosidos ou por qualquer outra forma presos por um dos lados, e enfeixados ou montados em capa flexível ou rígida". Para a Enciclopédia e Dicionário Ilustrado Koogan/Houaiss (1995) livro é "um conjunto de folhas impressas e reunidas em volume encadernado ou brochado". Percebe­se que o livro é definido apenas com uma noção de objeto material, com peso e volume determinados, que ocupa um lugar no espaço. Aldemario Castro (2004) afirma que “definir o livro pelo seu formato, pelo padrão tecnológico de sua confecção é um equívoco considerável”. Geralmente desconsidera­se a essência da idéia de livro, o fato do livro ser um
Hipertextus (www.hipertextus.net), n.3, Jun.2009 veículo para o armazenamento e a divulgação de um conjunto específico de dados, informações e conhecimentos, sua mais importante função. O livro indica sabedoria, status social e autoridade, decorrentes do saber que ele culturalmente possui. Sua história data de aproximadamente seis mil anos. Os vários povos utilizaram os mais diferentes tipos de materiais para registrar a sua passagem pelo mundo, aprimorar e difundir seus conhecimentos e experiências. Os sumérios guardavam suas informações em tijolos de barro. Os romanos escreviam em tábuas de madeira cobertas com cera. Os indianos faziam seus livros em folhas de palmeiras. Os maias e os astecas escreviam os livros em um material macio existente entre a casca das árvores e a madeira. No oriente, o livro era formado de tabulas de madeira ou de bambu atravessadas, reunidas por uma fivela. Os egípcios desenvolveram a tecnologia do papiro, uma planta encontrada às margens do rio Nilo, suas fibras unidas em tiras serviam como superfície para a escrita hieróglifa. A palavra papiryrus, em latim, deu origem à palavra papel. Nesse processo de evolução surgiu o pergaminho feito geralmente da pele de carneiro, que tornava os manuscritos enormes. Neste momento histórico o livro era considerado uma obra de arte, devido ao seu caráter artesanal, uma vez que era manuscrito página por página, produzido com material orgânico sem tratamento químico, trabalhado com figuras e ornamentações que valorizavam a obra. Não havia um processo de reprodução rápido e mecânico. A partir da segunda metade do século XV surge o livro impresso. Os livros que foram lançados até 1500 e no período anterior a este ano são chamados de incunábulos, do latim incunabulum, berço. O mais conhecido, e um dos primeiros é a Bíblia de Gutenberg, a B­42, livro que inaugura, oficialmente, a fundação da imprensa no Ocidente. Uma página da Bíblia de Gutenberg
Hipertextus (www.hipertextus.net), n.3, Jun.2009 A concepção de livro limitada à referência à sua tipografia, se cristalizou a partir do século XV com o surgimento da imprensa de Gutenberg. Esse equívoco gera conflitos e insatisfação conceitual com os avanços tecnológicos e a evolução do livro. Segundo Machado (1994), o livro como o conhecemos vem do modelo do códice cristão. “O códice foi um formato característico de manuscrito em que o pergaminho era retalhado em folhas soltas, reunidas por sua vez em cadernos costurados ou colados em um dos lados e muito comumente encapados com algum material mais duro”. Esse formato foi eleito no século IV, pelos cristãos, como padronização das escrituras sagradas. Inicialmente, livro (liber) referia­se a qualquer elemento para registro do pensamento, como a inscrição em pedra ou madeira, a tabuleta de cera, o rolo de pergaminho etc. (ARNS, 1993, apud MACHADO). Posteriormente, o livro refere­se ao códice e não há mais um termo para designar outros elementos de registro de pensamento. Machado (1994) define o livro como “todo e qualquer dispositivo através do qual uma civilização grava, fixa, memoriza para si e para a posteridade o conjunto de seus conhecimentos, de suas descobertas, de seus sistemas de crenças e os vôos de sua imaginação”. O autor cita Lucien Febvre (apud Martin, 1992, 15), para quem o livro é um instrumento que uma civilização dispõe para reunir o pensamento dos seus componentes e para divulgá­lo na sociedade. As culturas literárias eram, geralmente, orais. Machado (1994) afirma que Platão define o livro, em sua obra Fedro, como logos gegrammenos (palavras escritas), entretanto o mesmo inseria­se numa sociedade oral. Nessas sociedade, a história da comunidade é guardada e repassada pelos mais velhos. O autor cita a fábula de Ray Bradbury em Fahrenheit 451, que trata da guarda e da transmissão da memória literária de uma comunidade pelos mais velhos do grupo, que mais tarde foi transformada em filme por François Truffaut. O surgimento da imprensa transformou a realidade das sociedades, antes totalmente orais, nos âmbitos sociais, culturais, políticos e religiosos. Após a criação da imprensa, os eclesiásticos temiam que ela estimulasse a população comum a estudar textos religiosos por conta própria em vez de acatar o que era dito pelas autoridades. O Índice Católico dos Livros Proibidos, criado depois do Concílio de Trento, foi uma tentativa de lidar com esse problema. Outra possibilidade era, naturalmente, a igreja adotar o novo meio na tentativa de usá­lo para seus próprios objetivos. Todas essas soluções de problemas criaram outros problemas e provocaram grandes mudanças nos estilos de leitura, escrita e organização de informações. Os livros foram, então, perdendo seu status de obra de arte. A existência de livros impressos facilitou a tarefa de encontrar informações quando de posse do livro certo, apesar do acesso restrito a esses objetos pelas classes dominantes.
Hipertextus (www.hipertextus.net), n.3, Jun.2009 Os livros impressos ficaram mais baratos, o que de certa forma tornou­os mais acessíveis. Acreditava­se que o impresso romperia a familiaridade entre o autor e os leitores. Entretanto, percebeu­se com o tempo que este rompimento não se confirmara. A relação autor­ leitor permaneceu com características semelhantes às do tempo do manuscrito. Houve, então, uma continuação da cultura do manuscrito paro o impresso. O que posteriormente ocorreu com o livro impresso e o livro eletrônico. No contexto atual do livro impresso e com o surgimento do livro eletrônico, os mais pessimistas acreditam no fim do livro tradicional. A priori, essa questão é muito recente e necessita de mais reflexão e estudos, não existindo uma resposta final a respeito do fim do livro impresso. Contudo, o que se percebe é que as duas formas coexistem em harmonia com um público específico e fiel para cada formato. O escritor Roger Chartier, em seu livro A aventura do livro: do leitor ao navegador (1999), sobre o lamento de alguns pelo surgimento do livro eletrônico e o provável fim do livro tradicional, diz que o historiador não deve promover um discurso utópico ou nostálgico, e sim científico, integrando todos os atores e todos os processos que fazem com que um texto se torne um livro de qualquer formato. O surgimento e o aperfeiçoamento das tecnologias eletrônicas impuseram uma profunda modificação na apresentação ou forma de uma série de coisas tradicionalmente palpáveis ou materiais. Sobre isso percebemos que dentre os vários conceitos de livro existem aqueles em que a forma não é elemento essencial. Na Enciclopédia e Dicionário Ilustrado Koogan/Houaiss, citada anteriormente, aparece a seguinte definição para livro: "obra em prosa e verso, de qualquer extensão". No Dicionário Aurélio encontramos "obra literária, científica ou artística que compõe, em regra, um volume”. Neste sentido, concluímos que uma forma específica ou um padrão tecnológico não integra os elementos fundamentais e constituintes da idéia de livro. Assim, a definição de livro deve ser buscada ou formulada sem ligação direta com os formatos. O livro, então, pode ser entendido como o veículo ou suporte, tangível ou não, de um conjunto específico de dados, informações ou conhecimentos. O livro eletrônico seria justamente o veículo eletrônico de um conjunto específico de dados, informações ou conhecimentos. Atente­se para o fato de que o Dicionário Aurélio já consigna a expressão "livro eletrônico" como sendo "versão de um livro publicada em mídia digital, como, p. ex., CD­ROM". Provavelmente, no que tange à temática do fim do livro, o que findará será a noção de livro como objeto impresso. Neste artigo discorreremos sobre o surgimento do livro, seu caráter de obra de arte, sua transformação em livro eletrônico e as implicações dessas mudanças para a leitura nos dois formatos.
Hipertextus (www.hipertextus.net), n.3, Jun.2009 O Livro como Objeto de Arte Parte das artes gráficas que, compreendendo a judiciosa escolha de papéis e tintas, a tipografia, a ilustração e a encadernação, tem por fim a harmoniosa integração, no livro de sua dupla função, de objeto de estudo e de objeto de arte. Dicionário Aurélio O livro é visto, tradicionalmente, como um objeto de estudo. Contudo, além de objeto catalisador, fornecedor de informações, conhecimentos, criador de aprendizagem e cultura, ele pode ser considerado um objeto de arte. Desde seu surgimento, quando ainda era caligrafado por frades e freiras no enclausuramento, página por página, o livro possuía artifícios e características que lhe concediam o título de objeto de arte, a arte do livro impresso. Foi com William Morris que o renascimento da bela impressão se originou e o mesmo fez com que um livro impresso se tornasse uma obra de arte. Ele teve ajuda de Emery Walker. A partir do trabalho de ambos, o livro foi salvo da industrialização na Inglaterra, renovado nas suas qualidades artísticas e reavivado na beleza do livro medieval. Morris quis dar ao livro sua dignidade antiga de trabalho de arte. Segundo Walker (2000), as características inerentes a um belo livro no seu “aspecto material, conteúdo literário à parte, dependem de três coisas: primeiro, o papel; segundo, o tipo e sua disposição; e terceiro, suas ilustrações, se requeridas como suplemento do texto”. Sobre o papel, até a introdução das máquinas, este era de fibra vegetal. O uso do papel manufaturado, embranquecido por desgaste e lavagem aumentava o valor artístico da obra. Manuscrito medieval
Hipertextus (www.hipertextus.net), n.3, Jun.2009 De acordo com o referido autor, um belo livro tem o tamanho do tipo adequado ao tamanho da página. A disposição das páginas deve obedecer a uma coerência em relação umas às outras e com a forma do livro. Ele também possui ilustrações que “devem ser reproduzidas e impressas pelo método mais apropriado à dignidade do livro, como cobres, esboços, fotogravuras, fototipos em preto e branco ou coloridos, todos devendo ser impressos em separado do texto ou, em alguns casos, dos desenhos a traço, que podem ser impressos junto aos tipos ou no próprio papel do livro”. No século dezoito, a impressão por cobres gravados era praticamente a única maneira de reproduzir ilustrações. A xilogravura, cujo uso foi popularizado no final do século, introduziu um método mais simples e barato e, em paralelo com a litografia, suplantou o processo mais antigo. Para Walker, os únicos métodos apropriados a um belo livro, além de cobres gravados ou litografia, são a fototipia e fotogravura, ou desenhos a traço impressos tipograficamente. Fazendo isso, as páginas tornam­se agradáveis de olhar e o livro passará a ser admirado constituindo­se numa obra de arte. Além de considerar o valor do livro como obra de arte, é importante citar sua função educativa e mediadora da produção de conhecimento. Sobre o Livro Didático Ao longo da história, desde seu surgimento na Alemanha, em 1583, o livro didático sofreu várias transformações. A sua trajetória possibilitou a formação de seres pensantes, sobre isso Bittencourt (1993, p.346) afirma: “Os livros podem ser classificados em duas grandes categorias: livros de leitura seqüencial e obras de referência, de acordo com seu conteúdo. O livro didático é componente das obras de referência”. Na Idade Média, devido à excessiva efervescência religiosa na Europa, o livro passou a ser considerado como um objeto de salvação. Foi nesse contexto que pareceram, nessa época, os textos didáticos destinados à formação dos religiosos. Wander Soares (2002) informa que o livro didático surgiu como um complemento aos grandes livros clássicos. Era direcionado ao uso escolar e reforçava a aprendizagem baseada na memorização reproduzindo valores da sociedade, divulgando as ciências e a filosofia. O livro didático (LD), especificamente, constitui­se num elemento de referência para o processo de ensino­aprendizagem. Ele é um instrumento pedagógico que favorece o desenvolvimento intelectual e a formação sócio­política do aluno, além de transferir os conhecimentos orais à linguagem escrita. Em algumas situações, o livro didático acaba se tornando única fonte e meio de informação para alunos e professores. No estudo do texto escolar, apresentado como ocorre atualmente nos livros didáticos não existe ou há pouco espaço para negociações do significado, pois os limites de atuação do
Hipertextus (www.hipertextus.net), n.3, Jun.2009 leitor na construção dos sentidos são previamente planejados pelos professores e/ou pelos autores das coleções didáticas. Não há uma relação dialógica entre autor, texto e leitor. Esse fato constitui­se numa desvantagem em relação ao texto virtual, sobre o qual discorreremos mais adiante. Do Livro ao Não­Livro O surgimento da Internet trouxe consigo um novo paradigma de livro (ou será de não­ livro?) e criou tensões a respeito do fim da cultura de livro impresso e digital. A mudança nos padrões tradicionais do livro impresso para o hiperlivro foi um processo que gerou temores aos que preferem e defendem a continuação do livro “tradicional”. Entende­ se por “hiperlivro” o livro eletrônico. Giselle Beiguelman (1999), em seu ensaio “O livro depois do livro” aborda as transformações ocorridas nos livros e no processo de leitura, abrangendo a não­linearidade textual, além de englobar a dimensão estética das obras. Esse material ilustra bem as inquietações referentes ao tema e trás elementos científicos para reflexão e discussão acerca da temática abordada. Como objeto, o livro impresso não mudou muito com o tempo. A estabilidade dele é tanta que apesar das mudanças em sua disposição na internet, as telas mostram “páginas”, apresentando claramente elementos que abrangem relações entre as duas linguagens, a impressa e a tecnológica. No final do século XX surgiu o livro eletrônico que se apresenta num suporte eletrônico que o virtualiza, o computador. Não se pode definir, ainda, se o livro eletrônico é um continuador do livro tradicional ou uma ruptura total com os antigos padrões de leitura, mas é concesnso que é uma quebra com os antigos padrões materiais. Para Chartier (1999) referindo­se ao livro eletrônico, “a revolução do livro eletrônico é uma revolução nas estruturas do suporte material do escrito assim como nas maneiras de ler”. Este se caracteriza basicamente por ser um arquivo eletrônico estático onde os dados, informações e conhecimentos são armazenados para serem consultados pelo usuário (CASTRO, 2004). O referido autor afirma ainda que o livro eletrônico é essencialmente livro e o que modifica é somente a forma, o padrão tecnológico utilizado para a sua confecção. Este novo modelo de livro promovido por um suporte virtualizador transformou as relações sensoriais, elementos importantes no processo de leitura. O que antes era entendido como livro cede espaço para uma nova formatação que constitui o não­livro. A tela não possibilita a sensação do toque, do manuseio, como o livro tradicional. Não há mais uma relação afetiva; os sentidos não são mais os mesmos aguçados como no livro tradicional, no qual se fazem presentes e bem marcantes o tato, o contato direto com o objeto, a visão, que é
Hipertextus (www.hipertextus.net), n.3, Jun.2009 atraída pela cor, pelo formato e até o olfato que identifica se o livro tem cheirinho de novo, de velho, etc. No livro eletrônico apenas a visão atua extensivamente. Trata­se de um processo que transcende o livro impresso, seu conteúdo, os conceitos de autoria, a noção de diálogo, alargando o conceito de leitura, uma vez que a interatividade é um elemento constante nesse novo formato, que permite o alargamento da noção de leitura e que vai além do livro como conhecemos. Leitura no Livro Impresso e no Livro Eletrônico Iniciaremos este tópico com um questionamento de Emilia Ferreiro (1994:41) “Diante da ação das novas tecnologias que estão chegando, qual vai ser o leitor do século XXI?” Este questionamento permeia as dimensões pedagógicas desde o surgimento das novas tecnologias e sua utilização para fins didáticos. As práticas da leitura sofreram influência da inclusão das novas tecnologias e seus suportes na sociedade. Em virtude disso, alguns pessimistas insistem em prever o fim do livro impresso. Apesar do pessimismo e da ameaça que as novas tecnologias possivelmente representam para este suporte visualizamos uma nova forma de apresentação do livro e interação deste com o leitor. A interação dos indivíduos com a tecnologia é o que tem transformado os próprios indivíduos, induzindo­os a comportamentos e reações novas diante de situações já conhecidas. Esse processo vem ocorrendo na leitura do livro eletrônico. Vejamos a seguir como se processa a leitura. Inicialmente a leitura era entendida como um ato individual que focalizava o produto final. Segundo Pinto (2004) ela passou a ser visualizada como processo cognitivo quando Huey (1968, apud Pinto, 2004) integrou o significado nas sentenças com a memória, enfatizando a integração de fatores internos e externos, mas os estudos permaneceram como estavam, contemplando só o produto e não o processo. Na segunda metade do século XX a leitura recebeu contribuições da psicolingüística que aliada à teoria socioconstrutivista alegam que estão presentes nos três eixos que compõem a leitura: leitor, texto, contexto da aula. No contexto atual, com a incorporação de novas tecnologias na educação, podemos dizer que os eixos que compõem a “hiperleitura” são: hiperleitor, hipertexto e contexto hipertextual. Para Xavier (2002), hipertexto é uma forma de linguagem hibrida e dinâmica que interage com outras interfaces semióticas e acomoda em sua superfície várias formas de textualidade. A relação de interatividade entre leitura e hipertexto, aqui representado pelo livro eletrônico, favorece a aprendizagem baseada em pressupostos cognitivos, sociodiscursivos, uma vez que permite a ação do aluno sobre o conteúdo e possibilita um diálogo, mesmo que
Hipertextus (www.hipertextus.net), n.3, Jun.2009 virtual, com o texto. Para nossa investigação, leitura é entendida como atividade de linguagem numa prática social, um processo sociointeracional. Xavier aborda a leitura enquanto processo de co­produção de sentido de textos e hipertextos. O autor considera as possibilidades de mudança nos processos de leitura com as novas tecnologias da educação, enfatizando o uso do hipertexto na Internet. Leitura pode ser então, compreendida como um processo complexo, que envolve aspectos cognitivos e de interatividade, no qual os conhecimentos prévios do leitor, suas experiências culturais, sociais e interativas, junto com as informações textuais são acionados para formarem o sentido e a compreensão da mensagem do texto. Portanto, o sentido do texto não está em suas palavras, nem na mente do leitor, mas está na interação texto­leitor­contexto, unindo as informações que este já possui com as que o texto fornece para que ele infira significados e represente mentalmente o que o texto provoca ou descreve. Segundo Santaella (2004) o leitor virtual desenvolveu um outro (sexto) sentido nas pontas dos dedos, acionado ao clique de um mouse. A distribuição e organização do texto em uma tela não são a mesma dos livros do leitor medieval, moderno e contemporâneo do livro manuscrito ou impresso. Essa nova apresentação implica em mudanças no processo de leitura do texto em um novo suporte. A leitura de um texto seja ele impresso ou num suporte que o virtualiza, pode exigir do leitor diferentes estratégias de leitura e cada formato pode mudar a maneira de se ler o texto. As novas modalidades de leitura, escrita e organização da informação provocaram por sua vez suas próprias conseqüências imprevistas, tanto no campo social quanto no intelectual. Chartier (2002), citando Martin 2000, aponta a necessidade de compreensão de dois aspectos: dos textos que têm as significações modificadas ao mudarem suas formas de “feitura” ou de sua paginação e do público leitor, que tem a composição social e expectativas culturais mudadas ao se modificarem as possibilidades de acesso à cultura impressa. Todo leitor diante de uma obra a recebe em um momento, uma circunstancia, uma forma específica e, mesmo quando não tem consciência disso, o investimento afetivo ou intelectual que ele nela deposita está ligado a este objeto e a esta circunstância. A obra não é jamais a mesma quando inscrita em formas distintas, ela carrega, a cada vez, um outro significado, uma outra leitura. A leitura é sempre apropriação, invenção produção de significados [...] apreendido pela leitura, o texto não tem de modo algum – ou ao menos totalmente – o sentido que lhe atribui se autor, seu editor ou seus comentadores. Toda história da leitura supõe, em seu princípio, esta liberdade do leitor que desloca e subverte aquilo que o livro lhe pretende impor. Mas esta liberdade leitor não é jamais absoluta. Ela é cercada por limitações derivadas das capacidades, convenções e hábitos que caracterizam, em suas diferenças, as práticas de leitura. Os gestos mudam segundo os tempos e lugares, os objetos lidos e as rações de ler. Novas atitudes são
Hipertextus (www.hipertextus.net), n.3, Jun.2009 inventadas, outras se extinguem. Do rolo antigo ao códex medieval, do livro impresso ao texto eletrônico, várias rupturas maiores dividem a longa história das maneiras de ler. Elas colocam em jogo a relação entre o corpo e o livro, os possíveis usos da escrita e as categorias intelectuais que asseguram sua compreensão. (Chartier, 1999:77) De acordo com Marcuschi (2001) sobre a atividade de produção de sentidos, para se compreender um texto é necessário ‘sair’ dele e de algum modo, o texto sempre monitora o seu leitor para além de si próprio. Ler compreensivamente é partir dos conhecimentos fornecidos pelo texto, dos conhecimentos de mundo e socioculturais para inferir um sentido para o texto que será produzido fora dele. Considerando que o hipertexto oferece uma multiplicidade de caminhos a seguir, podendo ainda o leitor incorporar seus caminhos e suas decisões como novos caminhos, inserindo informações novas, o leitor­navegador passa a ter um papel mais ativo e uma oportunidade diferente da de um leitor de texto impresso (Marcuschi, 2007). Como já afirmamos, o processo de leitura no texto impresso não é o mesmo aplicado no texto eletrônico. Pesquisas indicam que a leitura num suporte de papel é cerca de 1,2 vez mais rápida do que em um suporte eletrônico, o que se constitui em uma desvantagem para o texto eletrônico, mas estudos visam a melhorar a percepção dos livros eletrônicos. O Fim do Livro ou Uma Continuação no Processo Evolutivo Sobre o fim do livro, Lucien Febvre (in MARTIN, 1992:14, apud MACHADO) afirma: "Na metade do século XX, não temos certeza de que [o livro] possa ainda por muito tempo continuar a desempenhar seu papel, ameaçado como está por tantas invenções baseadas em princípios totalmente diferentes''. Ainda sobre o referido tema, Benjamin, em 1929, com uma visão futurista (1978,77­79), dizia que "o livro, na sua forma tradicional, encaminha­se para o seu fim”. Marshall McLuhan afirmou que o fim do livro ocorreria na década de 80, do século passado. Entretanto, o livro impresso, apoiado na grande indústria do papel, continua a existir e movimentar grandes montantes em vendas anuais no mundo inteiro. Ele tem um público fiel que possivelmente vai resistir e existir concomitantemente ao acesso eletrônico. Quando McLuhan, na década de 60, previu o fim do pensamento linear introduzido pela escrita e aperfeiçoado na invenção da imprensa, profetizava o fim do livro. Entretanto, o fenômeno não se confirmaria, ao contrário, o livro está se apropriando dos avanços da tecnologia. Esse temor remete ao medo que surgiu com a chegada do cinema e da televisão nas artes. E apesar de tudo, todos resistiram e co­existem na sociedade. No processo de reflexão sobre o “fim” do livro é importante observarmos que sempre utilizamos o verbo “continuar”. Esta prática é um indício que revela a existência do
Hipertextus (www.hipertextus.net), n.3, Jun.2009 reconhecimento por parte da sociedade da permanência do livro nos processos sócio­ educativos ao longo do tempo. Na tentativa de promover e proteger o livro didático, por exemplo, foi criado o Dia Nacional do Livro Didático, comemorado a 27 de fevereiro, como forma de reconhecer e valorizar esse livro que é um instrumento de trabalho para o ensino e a aprendizagem escolar, essencial na formação das novas gerações, e constitui­se num elemento que contribui para o trabalho do professor. Este que muitas vezes se sente a hegemonia do livro impresso ameaçada pelo livro eletrônico, Percebemos que apesar do surgimento do e­book, o fim do livro impresso está distante de ocorrer, pelo contrário, está acontecendo uma volta às origens, a busca pelo belo que dominava os exemplares antigos. Esta retomada foi iniciada por Morris. O retorno do livro como objeto de arte visa a atribuir valor e beleza a um objeto que agora retoma seu status de objeto de arte. Dessa forma ele está garantido como algo digno de apreciação e reconhecimento. Considerações Finais Adotamos uma abordagem teórica para investigar o fim, ou a continuação, do livro, desde sua concepção como objeto de arte até os dias atuais. Acreditamos que não é possível traçar uma conclusão definitiva que encerre esta questão. É preciso que haja mais pesquisas científicas analisando os aspectos constituintes do processo e as suas implicações, vantagens e desvantagens, para a leitura. Não podemos desconsiderar a relevância das novas tecnologias no atual contexto social e educativo da nossa sociedade globalizada. Nem podemos fechar os olhos ou ignorar as transformações e os avanços tecnológicos, ou mesmo, desprezar todo um construto histórico do livro tradicional. Percebemos que o livro eletrônico já é uma realidade, que devemos aproveitar seus benefícios sem ignorar a continuação do livro impresso. Este possivelmente permanecerá contribuindo conteudisticamente, metodologicamente e socialmente para a (r)evolução da sociedade humana como um todo. Assim como afirma Chartier “o mais provável para as próximas décadas é a coexistência, que não será forçosamente pacífica, entre as duas formas do livro e os três modos de inscrição e de comunicação dos textos: a escrita manuscrita, a publicação impressa, a textualidade eletrônica”. É importante revermos o conceito de livro para entendermos o processo evolutivo deste. O texto eletrônico não encerra a vida do livro impresso, nem a existência da leitura, mas abrange uma transformação nas formas de construir significados. À medida que o homem tiver necessidade de registrar sua história e seu pensamento, ele criará novos elementos que
Hipertextus (www.hipertextus.net), n.3, Jun.2009 atendam às necessidades do seu tempo, permitindo uma leitura adequada aos objetivos de cada leitor. Referências BENJAMIN, Walter. Reflections: essays, aphorisms, autobiographical writings. New York, Helen & Kurt Wolff, 1978. CAMPOS, Haroldo de. Isto não é um livro de viagem (CD). Rio de Janeiro, Ed. 34,1992. CASTRO, Aldemario Araújo. A Imunidade Tributária do Livro Eletrônico, 2004. CHARTIER, Roger. A Aventura do Livro: do Leitor ao Navegador. Tradução Reginaldo de Moraes. São Paulo: Editora UNESP/ Imprensa Oficial do Estado, 1999. ______. Os Desafios da Escrita. Tradução: Fulvia M. L. Moretto. Editora UNESP. São Paulo, 2002. Dicionário Aurélio Eletrônico ­ Século XXI. Versão 3.0. Novembro de 1999. Enciclopédia e Dicionário Ilustrado Koogan/Houaiss. Rio de Janeiro: Delta, 1995. HUEY, E. B. The psychology and pedagogy of reading. Cambridge, MA: MIT Press, 1968. KOCH, Ingedore V. O Texto e a Construção dos Sentidos. São Paulo: Contexto, 1997. MACHADO, Arlindo. O fim do Livro? Estudos Avançados. Vol.8 no. 21 São Paulo, Mai/Ago, 1994. MARCUSCHI, Beth & CAVALCANTE, Marianne. Atividades de escrita em livros didáticos de Língua Portuguesa: perspectivas convergentes e divergentes. In: M.G. Costa Val & B. Marcuschi (orgs.) Livros didáticos de Língua Portuguesa: letramento e cidadania. Belo Horizonte, CEALE/AUTÊNTICA, 2005, p. 237­260. MARCUSCHI, Luiz Antonio.. Linearização, cognição e referência: o desafio do hipertexto. In: ____. Cognição, linguagem e práticas interacionais. Coleção Dispersos. São Paulo, Lucerna, 2007. ______ . Compreensão de texto: algumas reflexões. In: DIONÍSIO, Ângela Paiva; BEZERRA, Maria Auxiliadora (Orgs.). O livro didático de português. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001, p. 46­59. ______ e XAVIER, Antônio Carlos (Org.). Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de construção de sentido. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004. MARTIN, Henry­Jean & FEBVRE, Lucien. O aparecimento do livro. São Paulo, Hucitec/Ed.Unesp, 1992. MATLIN, Margaret W. Psicologia Cognitiva. LTC, Rio de Janeiro, 2004. McLUHAN, Marshall. A galáxia de Gutenberg. São Paulo, Cia. Ed. Nacional, 1972. ORTEGA Y GASSET, José. Misión del bibliotecario y otros ensayos afines. Madrid, Revista de Occidente, 1967. PINTO, Abuêndia Padilha. Processos cognitivos e estilos individuais: uma proposta para o desenvolvimento da autonomia do leitor. 1996. Tese de Doutorado. PUC, São Paulo, 1996. PINTO, A. P.; BARBOSA, A. G.; SANTOS, L. (2004). Inglês Instrumental. Recife, PE, UFPE. SANTAELLA, Lúcia. 2004. Navegar no Ciberespaço: O Perfil Cognitivo do Leitor Imersivo. SOARES, Magda. Livro Didático: Contra ou A Favor? Disponível em: www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/artigo . SOARES, Wander. O Livro Didático e a Educação, 2002. Disponível em: www.abrelivros.org.br SOARES, Wander. A tecnologia, o livro e a leitura, 2003. Disponível em: www.abrelivros.org.br. Pesquisado em 15/03/08. www.escritoriodolivro.org.br. Pesquisado em 15/03/08.
Hipertextus (www.hipertextus.net), n.3, Jun.2009 WALKER, Emery. Imprimindo Belos Livros: Alguns Princípios. Tradução de Bárbara Leal, 2000. Disponível em www.escritoriodolivro.org.br. Acesso em 13/05/08. www.pnld.org.br. Pesquisado em 27/03/08. www.wikipedia.org. Pesquisado em 27/03/08. i www.uol.com.br/augustodecampos Refiro­me às já conhecidas categorias de Charles Sanders Peirce.
ii Hipertextus (www.hipertextus.net), n.3, Jun.2009 INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
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LIVRO ELETRÔNICO: A EVOLUÇÃO DE UMA IDÉIA.
Giana Mara Seniski Silva, Leilah Santiago Bufrem
Universidade Metodista de São Paulo
Resumo: Analisa o livro eletrônico, descrevendo suas características e especificidades e
conceituando-o em sua acepção de suporte da informação. Cita alguns sites que disponibilizam
textos em formato eletrônico e descreve modelos de hardware atualmente disponíveis. Compara
características do livro eletrônico com as do impresso, verificando que as possíveis vantagens e
desvantagens do primeiro estão relacionadas a aspectos como custos, distribuição, armazenagem,
portabilidade, facilidades de manuseio e padronização dos formatos de textos eletrônicos.
Considera o livro eletrônico em relação ao processo de comunicação e conclui que sem disputar
com o impresso, permite que se vislumbre o acesso praticamente infinito e irrestrito a toda e
qualquer forma de conhecimento registrado.
Palavras-chave: Livro eletrônico; E-book; Editoração eletrônica.
1
INTRODUÇÃO
Se a revolução industrial, com a produção em grande escala, afetou os modos de agir e
de pensar da sociedade, neste século assiste-se a uma nova revolução, cujos efeitos repercutem
especialmente na comunicação e uso da informação. Aparatos eletrônicos vieram transformar as
rotinas de trabalho nas diferentes áreas do conhecimento, e até mesmo as atividades de lazer.
O livro, acompanhando as profundas transformações nos procedimentos de produção,
sofreu mudanças, tanto na sua forma física, quanto na sua concepção e nos modos de uso.
Entre os diferentes produtos criados com recursos da informática, o livro eletrônico, em
língua inglesa e-book, vem afetando uma história de cinco séculos da hegemonia do impresso.
Ainda pouco conhecido pois sua tecnologia não está disponível em larga escala, tem sido
discutido e contraposto ao tradicional produto impresso. É certo que este não desaparecerá tão
cedo, pois está profundamente arraigado à cultura da transmissão impressa e ao uso generalizado
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de um amplo contingente de leitores.
Sem nos aventurarmos em exercícios de futurologia, julgamos oportuno analisar o livro
eletrônico, reunindo informações sobre suas peculiaridade, para interpretá-lo tanto sob seu
aspecto cultural, ou valor simbólico, quanto sob suas características físicas, como suporte de
textos no processo de comunicação. Preocupamo-nos inicialmente com a segunda acepção, sem
prejuízo, entretanto, de considerações sobre os modos de leitura dela resultantes. Definido como
um pequeno aparelho portátil, com capacidade para armazenar na memória uma expressiva
quantidade de textos, o livro eletrônico pode também ser considerado como conteúdo
disponibilizado na Internet para download em um computador.
As possibilidades oferecidas pelos meios eletrônicos desdobram-se em aspectos como sua
atualização em forma de hardware ou de software sugerindo novas maneiras de ler, ainda não
suficientemente caracterizadas na literatura.
Para melhor conhecer esse novo suporte da informação e suas especificidades, destacamos
inicialmente os aspectos históricos da trajetória do livro eletrônico; para em seguida caracterizar
o aparelho portátil que possibilita a leitura de textos escritos em formato digital, descrever
modelos de hardware utilizados como livros eletrônicos, em seus principais aspectos como
configuração e custos e identificar suas vantagens e desvantagens.
Analisadas as várias definições, encontradas nas fontes consultadas, procuramos
esclarecer o objeto de estudo, descrever as características do suporte ou aparelho de leitura, assim
como, a título de ilustração, alguns programas para concretização de leitura, não só nos aparelhos
denominados livros eletrônicos, mas em outros tipos de terminais. A descrição do conjunto de
hardware fundamentou-se em exposições e catálogos dos produtores consultados, em artigos de
periódicos e em sites da Internet, cujos resultados fornecem informações relativas a formatos,
características gerais, condições de compra e especificações.
As vantagens e desvantagens são identificadas com base nas informações coletadas, bem
como nas opiniões dos autores dos textos consultados, estabelecendo-se uma comparação entre as
características do livro impresso e do eletrônico.
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2
EVOLUÇÃO DE UMA IDÉIA
Como objeto cultural, o livro proporciona a difusão dos saberes construídos, inova
padrões culturais e transmite normas do convívio social. Como suporte dos registros do
conhecimento, é um meio de armazenar e conservar a memória e a história das civilizações.
Embora considerado suporte, o texto lhe atribui significado a ser enriquecido a partir da
interpretação ou das interpretações possíveis.
O surgimento da Internet concretiza a possibilidade de distribuição quase instantânea e
sem papel de qualquer tipo de informação. Entretanto, os meios que a transmitem ou sustentam
são cada vez mais complexos, demonstrando que a virtualidade do texto não prescinde do suporte
que o acolhe e que este deve adequar-se ao homem.
Como ocorreu no passado, quando a imprensa de Gutenberg não erradicou o gosto
pelo texto escrito à mão e a maioria dos incunabula tinha aparência de manuscrito1 , produtores
do livro eletrônico tentam reproduzir as características físicas e os aspectos práticos do impresso,
como a sua portabilidade. Procura-se imitar as velhas formas físicas. A mudança ocorre
lentamente. “O livro eletrônico tenta impor os critérios e estruturas pertencentes ao livro
impresso como a idéia de paginação, as notas ao pé da página e elementos que são imposições da
antiga forma do texto em uma estrutura que permitiria mudá-la totalmente, sem pensar na relação
entre texto e notas, sem utilizar a terminologia do livro impresso.”2
A forma, praticamente inalterada desde o surgimento do códice, comprova ser o livro
um dos objetos mais aperfeiçoados e apreciados que a cultura ocidental criou.
A
possibilidade
de
concretizar
um
livro
eletrônico
como
evolução
desse
aperfeiçoamento foi idealizada por Vannevar Bush, diretor do Escritório de Pesquisas e
Desenvolvimento dos Estados Unidos, em 1945. Em seu ensaio, “As we may think”, descreveu o
Memex, “artefato no qual um indivíduo armazenaria todos os seus livros, registros e
comunicações”. A maior parte do conteúdo do Memex seria adquirida em microfilme, pronta
para ser inserida no aparelho, precursor de formas inteiramente novas de enciclopédias, prontas
para serem usadas ou percorridas por uma teia de trilhas associativas3 .
Em 1968, Allan Kay, um cientista norte-americano da Xerox Corporation, previu o
aparecimento, por volta de 1990, do que ele chamou de Dynabook, ou livro dinâmico, espécie de
computador portátil, de baixo consumo de energia, com o tamanho e aspecto de um livro, com
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duas telas em forma de páginas, com textos e ilustrações, em cores, e legibilidade perfeita, iguais
às de um livro impresso. Pressionando-se uma tecla ou encostando o dedo nas páginas, o leitor
provocaria um “virar de páginas” eletrônico, permitindo avançar ou recuar no texto. Uma
gigantesca capacidade interna de memória, e pequenos cartuchos removíveis garantiriam, uma
biblioteca eletrônica inesgotável, com milhares de livros à disposição do feliz possuidor de tal
maravilha4 .
Em 1986, a empresa japonesa Sony lançou mundialmente o Data Disc, um aparelho
pouco maior do que um walkman, dotado de uma tela de cristal líquido e um pequeno teclado.
Inserindo-se um disquete laser no aparelho, tem-se acesso ao texto completo e às ilustrações de
um número muito grande de livros. Dentre as obras já disponíveis para o DataDisc, encontram-se
uma edição da Bíblia, as obras completas de Shakespeare, entre outras. A forma de uso do
DataDisc é exatamente igual à prevista para o Dynabook, com uma vantagem: existe um
programa de busca, que permite especificar a palavra ou palavras que se deseja achar no texto,
em qualquer combinação. Após um tempo muito curto, o Data Disc localiza os trechos exatos do
livro ou enciclopédia onde essas palavras podem ser encontradas, e os mostra na tela 5 .
O modelo desenvolvido pela empresa norte-americana Franklin tem formato de uma
agenda eletrônica (12 x 7 cm), pesa alguns gramas e seus dois cartuchos de memória podem
conter os livros (Book System Cards).
Modelos mais sofisticados e de maior capacidade do que o Franklin surgiram a partir
de 1998, como o Softbook, o Rocket e-Book e o Everybook 6 .
3
LIVRO ELETRÔNICO: ANÁLISE DE UMA IDÉIA EM EVOLUÇÃO
Suporte da escrita, o livro eletrônico é um aparelho de leitura de textos em formato
digital, que oferece as funcionalidades de um livro de papel, inclusive, a mais importante delas, a
portabilidade.
Esta característica leva-o a ser considerado um híbrido de Palm Pilot (organizador
pessoal), livro de papel e Internet. O aparelho é uma espécie de computador reduzido, livre de
todo o supérfluo, com ausência de teclado, de periféricos, mantendo apenas as funções úteis para
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a leitura como virar páginas, sublinhar ou procurar palavras e equipado com tela retroiluminada
que funciona em conjunto com um software de leitura de textos.7
As leitoras portáteis são utensílios inteiramente dedicados à leitura, cujas funções
otimizam o conforto de uma tela, geralmente de cristal líquido, inserida num estojo de plástico,
cujo formato varia de acordo com o modelo, permitindo o aparecimento do texto. O leitor dispõe,
assim, de uma biblioteca que não ocupa muito espaço e pode ser consultada a todo instante. Além
disso, pode utilizar botões para avançar ou retroceder o texto e a progressão da leitura é indicada
através de porcentagens. Mesmo que não vire mais as páginas, ele pode conservar seus hábitos,
ou seja, o jeito de ler é menos perturbado que com o princípio da barra (que mostra os dossiês),
existente nas páginas da Web. Além destes botões, o leitor aciona as diversas funções do
aparelho, a maioria das vezes diretamente na tela táctil, com a ajuda do dedo ou de uma caneta
especial. Procura-se desse modo manter algumas características físicas que o aproximam do
formato de livro impresso.
Alguns
modelos
de
leitoras
portáteis
utilizam-se
dos
computadores
como
intermediários no download do texto, outras podem ser conectadas diretamente à rede através de
um modem interno para que o arquivo seja descarregado.
O livro eletrônico pode também ser definido como um texto em formato digital, obtido
online via Internet, através de download, ou até mesmo em CD-Rom. Nesta outra acepção,
também é chamado de texto eletrônico pois pode ser lido na tela do computador, ou em leitoras
portáteis. Sob essa ótica, tem como características o uso de computadores e leitoras portáteis para
sua leitura ou compra; a produção e disseminação rápida; a fácil atualização e correção; seu
potencial colaborativo e interativo, que possibilita ao leitor a interação com o escritor; a ausência
de intermediários na produção e comercialização; a maior interação do autor com o consumidor
final e o alcance ilimitado, através da Internet, eliminando-se existem barreiras de envio do
material pois basta acessar o site pela rede e copiar o arquivo com o texto8 .
Existem sites de editoras virtuais brasileiras e editoras de outros países que
comercializam textos eletrônicos em português, enquanto outros distribuem gratuitamente obras
de domínio público.
Um exemplo no Brasil é a Biblioteca Virtual (www.bibvirt.futuro.usp.br), idealizada
pelo professor Frederic Litto da USP. Para sua construção, colaborou a equipe da Escola do
Futuro, formada por estudantes que atuam nas tarefas de programação, editoração e organização
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do site. A digitação dos textos é feita por voluntários, normalmente estudantes, professores ou
aposentados que gostam de literatura e aproveitam para ler as obras enquanto digitam. Por serem
de domínio público, as obras são distribuídas gratuitamente. Atualmente 60 livros, entre
romances, contos e poesias, além de material didático, paradidático e artigos sobre assuntos
variados, estão disponíveis para pesquisas e download. O site recebe cerca de 2000 visitas por
dia, a maioria de estudantes entre 14 e 17 anos. O conteúdo do site está armazenado em dois
servidores Pentium Pro, ligados à rede da Universidade de São Paulo, que provê o conteúdo para
o público. As máquinas com a base de dados rodam em Linux com SQL Server. Um dos títulos
mais procurados é “O alienista” de Machado de Assis 9 .
A Virtual Books (www.terra.com.br/virtualbooks/) disponibiliza, gratuitamente, livros
em alemão, espanhol, francês, italiano e português, via e-mail, download ou on-line. Dentre os
títulos em português, encontram-se obras de José de Alencar, Machado de Assis e Lima Barreto,
além de uma coleção de livros infantis. Oferece também, gratuitamente, títulos para a leitora
Rocket e-Book. Para quem não possui a leitora portátil, há a opção de download de um programa
de leitura que simula o Rocket e-Book no computador.
A editora Escreva.com (www.escreva.com.br) é especializada em temas esotéricos e
místicos, embora publique em outras áreas. Oferece títulos para download gratuito nos formatos
PDF, Microsoft Reader, Palm Pilot e Rocket e-Book. O site tem cerca de 50 obras em vários
assuntos.
A iEditora (www.ieditora.com.br/) fundada em abril de 2000, ano em que registrou 19
mil downloads de livros em seu site, publica autores desconhecidos e iniciantes em vários
assuntos. Tem links para o site do Acrobat Reader e do Microsoft Reader. Disponibiliza obras de
domínio público gratuitamente, entre elas “A legislação brasileira” e “A carta de Pero Vaz de
Caminha”10 .
A editora 00h00 (www.00h00.com/po/) oferece material mais erudito, editado em
Paris, mas voltado para o público de Portugal. Comercializa, em formato PDF ou Rocket e-Book
e impresso, cerca de 50 títulos disponíveis e as obras estão divididas em categorias. O site
disponibiliza um dossiê sobre livro eletrônico com informações sobre hardware e software e
explicações sobre o funcionamento do Acrobat Reader. Oferece ainda, gratuitamente, obras
consideradas de domínio público.
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4
UMA MÁQUINA DE LER
Como evolução dos suportes da escrita, o e-book possibilita ler arquivos em formatos
digitais funcionando como hardware, combinado ao conjunto de procedimentos, métodos de
programação e programas compatíveis com suas especificações técnicas. São aqui discriminados
aqueles que por suas características mais se assemelham a um livro impresso..
Primeiro livro eletrônico a ser comercializado nos Estados Unidos, desde outubro de
1998, o Rocket e-Book, medindo 19 por 12 cm, com peso de 627 gramas, somente um pouco mais
volumoso que um livro de bolso, permite a seus usuários transportar facilmente uma pequena
biblioteca, suportando entre 4.000 e 36.000 páginas de textos e de imagens. Apresenta também
várias fontes e tamanho de caracteres, sublinhado, anotação, pesquisa, dicionário e caneta
eletrônica. Sua apresentação foi concebida com o intuito de maximizar a simplicidade (dois
botões para “virar” as páginas) e as condições de luminosidade (retro-iluminado). A capacidade
de autonomia de sua bateria é de aproximadamente 40 horas, o que permite a leitura de maneira
contínua. Enquanto um ícone dá acesso à biblioteca de livros estocados, outro mostra o menu
dedicado ao livro que está sendo lido. Permite consulta ao dicionário integrado; colocação de
notas pessoais na margem do texto; busca no texto integral, para saber, por exemplo, em que
momento aparece pela primeira vez a menção a alguém ou alguma coisa; a inserção de um
marcador e a consulta a notas explicativas.
A leitora Rocket e-Book funciona em conjunto com o programa eRocket. Existe um
outro modelo do eRocket desenvolvido para simular a leitora no computador, distribuído
gratuitamente no endereço http://www.rocket-ebook.com/eRocket
O Softbook, outra versão de e-book, quando fechado parece um livro encadernado em
capa de couro. Mede 20 por 15 cm, pesa em torno de 1.400 gramas e é dotado de uma tela táctil
em preto-e-branco. Sua memória permite estocar 5.000 páginas e o dobro com placa de memória
opcional e sua bateria assegura 5 horas de autonomia. Possui ferramentas de leitura como
símbolos, hiperlinks e sistemas de anotação com caneta. O Softbook apresenta a vantagem de
possuir um modem interno que permite a teletransmissão do arquivo diretamente do site da
livraria para a leitora sem a necessidade de um computador, descarregando cerca de 100 páginas
por minuto (http://Softbook.com/).
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O que diferencia o Everybook dos livros eletrônicos já comercializados são as suas
duas telas tácteis e em cores, que lembram as duas páginas de um livro aberto, de 30 por 20 cm.
Sua capacidade de memória é de até 500.000 páginas estocadas em cartões tipo smart cards, um
tipo de placa de circuitos, propiciando a expansão de sua memória. Diferente de seus
predecessores, o Everybook foi concebido para ler fichários PDF (portable document format), o
padrão mais utilizado hoje para a transmissão de documentos. Um modem pode ser integrado
para telecarregar diretamente as obras deste formato, conectando-se a Everybook Store, uma
livraria on-line em três dimensões11 .
O primeiro livro eletrônico europeu é francês, projeto da empresa Cytale (antes
Cybook) apresentado no Salão do Livro de Paris, em março de 200012 . O Cytale tem tela colorida
e táctil de 21 por 16 cm, pesa 800 gramas e tem autonomia de 5 horas. Sua visibilidade é apurada
por possuir tela retroiluminada, com a possibilidade de escolha entre pelo menos cinco tipos e
sete tamanhos de caracteres, conservando uma apresentação semelhante à impressa. Sua
capacidade de memória comporta 15.000 páginas e a adição de cartões permite o estoque de
centenas de obras. Os diferentes conteúdos propostos serão acessíveis para telecarregamento pela
Internet, via tomada telefônica ou via sistema mundial de celular.
Análogos aos livros eletrônicos, o Webpad e o Qubit são dois outros produtos,
compostos basicamente de duas partes: uma base fixa munida de um teclado e de um modem
interno e uma parte móvel, que se comunica por rádio com a base. Na tela táctil, em cor e grande
formato, pode-se visualizar o que é possível em um computador. Da mesma maneira que um
telefone sem fio, oferecem uma grande liberdade de movimentos ao seu usuário e são
considerados, por seus fabricantes, protótipos do computador do futuro: uma base fixa muito
possante e uma tela táctil móvel e comunicante13 .
O @folio permite ler em qualquer lugar os textos obtidos na Internet. Seu suporte
(pedestal) é ligado a um computador como uma impressora. A encadernação de @folio conserva
as ligações hipertextuais, ou seja, possui tela táctil, otimizada para a leitura (contraste, energia,
peso) e seus cristais líquidos particulares só consomem energia quando as páginas são viradas.
Translúcida, a tela aproveita a luminosidade ambiente e pode ser lida em frente e verso. A
interface não possui botão e contempla os gestos tradicionais de leitura: virar ou tocar a página 14 .
O livro eletrônico Korea, desenvolvido pela companhia Korea eBook Inc., baseada em
Seoul, tem tela de cristal líquido, retroiluminada, monocromática, e táctil e resolução de 480 por
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320 pixel. Pesa 280 gramas e pode ter 16 ou 32 megas de memória, que pode ser expandida com
cartões tipo Smart Cards. O Korea conecta-se a um computador para descarregar os arquivos e
pode, inclusive, ser utilizado para verificar e-mails. Está incluída uma entrada periférica tanto
para os formatos relacionados aos dados quanto para recarregar a bateria NiMH, de hidreto de
níquel metálico, que tem melhor desempenho e maior vida útil que baterias similares de cádmio e
níquel. O software que faz parte do aparelho inclui um sistema operacional e os textos eletrônicos
serão lidos no formato hieBook Reader.
A leitora tem uma aparência atraente, é de fácil manejo e capaz de muito mais do que
um livro eletrônico. O aparelho pode reproduzir arquivos MP3, gravar áudio, armazenar jogos
eletrônicos e permite aplicações de organizador pessoal, como agendas, distribuição de cartões
entre outras possibilidades como calculadora e dicionário 15 .
Já disponível na Amazon.com, o eBookman apresenta três modelos: dois com 8 megas
de memória, sendo um com tela retroiluminada e um software extra e um terceiro com todos os
acessórios e 16 megas de memória. Todos os modelos do eBookman têm tela de cristal líquido
com resolução de 200 por 240 pixel. O aparelho também reproduz arquivos MP3 usando alto
falantes ou fones de ouvido. Usando o microfone é possível gravar mensagens de voz. Pode ser
conectado a um computador, através de um cabo, e inclui a função de agenda. O eBookman
admite reconhecimento de manuscrito.
Os e-books podem ser lidos usando o software Microsoft Reader, assim como outros
software, conforme informações obtidas no site da empresa Franklin16 .
A goReader introduziu novo nível de tecnologia de leitura eletrônica para estudantes e
está trabalhando com editores para oferecer textos eletrônicos num hardware portátil de fácil
utilização. Sua tela de cristal líquido é colorida e táctil, tem resolução de 800x600 pixel. Mede 32
por 26 cm, pesa menos de 2 kilos e tem memória de 32 megas. Por ser táctil, a tela permite
tomada de anotações. O editor possui guias de estudo e informações suplementares como
calculadoras, calendários e dicionários. Funciona com o software Sun Microsystems Java e lê
arquivos no formato OEB 1.0 e XML. Com o goReader os estudantes poderão obter as
informações e os conteúdos diretamente do Web site17 .
Inicialmente concebidos para substituir as sobrecarregadas agendas de endereços e de
compromissos dos homens de negócios, os organizadores pessoais representam um mercado em
plena expansão e podem ser classificados em várias grandes famílias, segundo o sistema de
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exploração que utilizam o sistema Windows CE (Hewlett Packard, Compaq), o sistema Palm OS
(Palm Pilot da 3COM, Visor da Handsprings...) e o sistema Psion.
Permitem ter em mãos o acesso a um grande número de serviços, como os jornais que
se propõem a fornecer notícias e se multiplicam na Internet. Os PDA (portable digital assistant)
servem de livro eletrônico e tendo em conta a leveza e seu pequeno tamanho, lembram o livro de
bolso.
5
O LIVRO E AS PRÁTICAS DE LEITURA
A transmissão eletrônica marca uma espécie de revolução da leitura, com vantagens
específicas para o leitor. Ampliam-se as possibilidades ao seu alcance diante do texto eletrônico:
pode indexá-lo, anotá-lo, copiá-lo, deslocá-lo, recompô-lo, ou ainda, tornar-se co-autor. Pode
construir, conjuntos textuais originais, cuja existência, organização e aparência somente
dependem de quem lê. Essa percepção conduz à hipótese formulada por CAVALLO e
CHARTIER: “do codex à tela, o passo é tão importante quanto o que foi dado ao passar do rolo
ao codex”.18
Uma nova geração de leitores aprendeu a ler na tela, a uma velocidade maior que a dos
mais versados mestres educados no papel19 . Na verdade, o hipertexto, ao inaugurar a leitura nãolinear, aproxima o ler do pensar. O texto não precisa mais ser lido na seqüência em que foi
desenvolvido, as ligações cruzadas permitem, por exemplo, verificar o significado de uma
palavra apenas clicando sobre ela. O leitor passará a outro texto como se simplesmente trouxesse
à memória o significado de tal palavra.
A revolução do texto pode envolver a criação, o acesso e a intervenção sobre
informações estratégicas, sejam de natureza econômica, política, científica ou ética, de qualquer
forma, informações sobre a informação.
O surgimento e a difusão do texto eletrônico contém, potencialmente, uma ruptura com
os modos de leitura precedentes, razão pela qual a análise das formas de apresentação e uso do
livro permite que se transcendam as interpretações possíveis numa dimensão tecnológica, para
que possam ser avaliadas situações que caracterizam a nossa vida cotidiana.
O livro concretizado eletronicamente pode influenciar a maneira pela qual leitores
fazem dele uso, profissionais de informação cumprem suas práticas e editores realizam sua
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missão. Repercute também nas tecnologias para sua perfeita utilização, de modo especial nos
chamados software, ou programa do computador que dá as instruções de funcionamento que são
executadas pela máquina.
Alguns são desenvolvidos especialmente para as leitoras portáteis e outros, além de
compatíveis com as leitoras, podem ser utilizados num computador. Os documentos
desenvolvidos nestes software, geralmente são produzidos para serem comercializados, por isso
são criptografados para permitir um controle maior por parte do autor e da editora, pois é pela
liberação desses arquivos que os textos comercializados por editoras virtuais são cobrados.
Os quatro software a seguir descritos são os mais citados na literatura e três deles são
distribuídos gratuitamente pela Internet, razão pelas quais foram selecionados como exemplo
para ilustração.
Atualmente o Acrobat Reader ou formato PDF (portable document format) é
considerado incontestável, básico e obrigatório para a transferência de arquivos. Este programa
permite a leitura de todos os documentos no formato PDF, o mais utilizado para a transmissão de
documentos formatados20 . Apresenta vantagens destacáveis como o volume dos fichários, e sua
visualização com o programa gratuito Acrobat Reader; o formato numérico que garante uma
apresentação fiel dos documentos originais; a diagramação profissional perfeita, tanto na tela
como no papel; as funções de navegação e de zoom que permitem um aproveitamento melhor do
texto e das imagens dos PDF entre outras.
O
programa
Microsoft
Reader
(www.microsoft.com/reader/),
distribuído
gratuitamente, foi concebido para oferecer leitura análoga à do papel. Dispõe da tecnologia
ClearType; inovação para a resolução dos caracteres nas telas em cores, e incorpora também as
vantagens da tipografia e do desenho tradicionais, o que permite uma apresentação clara, com
grandes margens, textos alinhados, com espaços equilibrados entre as palavras, assim como
utensílios para anotar, sublinhar, selecionar passagens e marcar páginas. Apresenta ainda um
dicionário integrado e uma biblioteca que pode conter e classificar um grande número de livros e
outros documentos. Permite que se passe as páginas mais ou menos rapidamente; da mesma
forma que se folheia um livro manualmente, para encontrar uma determinada ilustração ou um
quadro.
O Glassbook é o mais sofisticado software para livro eletrônico e computador, que
reproduz as características do impresso. Para baixar gratuitamente a versão 2.0 é só acessar o
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endereço www.Glassbook.com. No site existem títulos gratuitos e bem baratos que vão de
Sherlock Holmes a quadrinhos japoneses.
O Rockets (www.rocketbook.com/enter.html) é um software para ser usado numa
leitora portátil, a Rocket e-Book.. Os arquivos são baixados e descarregados no aparelho por meio
de um cabo. Para quem não possui o aparelho existe um programa gratuito, que simula o aparelho
na tela do computador21 .
7
SUBSÍDIOS PARA UMA COMPARAÇÃO
As especificações e informações a respeito dos hardware oferecem subsídios para uma
comparação das qualidades e recursos dos aparelhos, embora alguns apresentem poucos detalhes
enquanto outros informam mais amplamente.
Com base nas informações levantadas, vantagens do livro eletrônico sobre o livro
convencional podem ser identificadas pois tanto escritores, e editores, quanto leitores podem ser
privilegiados com a tecnologia.
Analisando aspectos de custo de edição de livros, o eletrônico elimina gastos com
gráfica, distribuição e transporte. O editor não corre risco de encalhes de obras nas prateleiras e
não necessita pagar distribuidores. O recebimento do livro, pelo comprador, é imediato. Porém, o
preço da leitora portátil ainda é elevado.
O editor tem a opção de lançar um livro em meio eletrônico, para testar a sua aceitação
que, se favorável evitará o encalhe de obras no estoque.
Em relação à armazenagem, o livro eletrônico soluciona o problema gerado pela
grande quantidade de material informacional produzido, em relação ao pouco espaço disponível
para guardá-lo. A famosa pergunta: “Que livro você levaria a uma ilha deserta?” atualmente
permite uma resposta mais rica. Pode-se afirmar a intenção de levar uma pequena biblioteca
armazenada num único exemplar de livro eletrônico, desde que se somem, para concretizar a
idéia, baterias altamente duráveis ou com energia solar.
Outra vantagem do livro em seu novo suporte é a possibilidade de armazenar inúmeros
textos no computador e transferi-los de um aparelho para outro sem a necessidade de descartar
nenhum. Além de uma pequena biblioteca portátil, outra maior fica armazenada em casa ou no
trabalho.
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Comparando as facilidades oferecidas pelo livro eletrônico e pelo impresso percebe-se
que a tecnologia da informática garante alguns recursos impossíveis no exemplar de papel. O
livro eletrônico dispõe de mecanismos de busca de palavras, hipertexto e anotações que permitem
ver o texto na horizontal ou vertical e acomodá-lo numa posição confortável para canhotos,
permitindo, ainda, ampliação do corpo das letras conforme desejado. Os aparelhos que possuem
tela retroiluminada permitem, até mesmo, a leitura no escuro. Os leitores têm acesso a obras
gratuitas visualizadas de imediato.
A distribuição automática de direitos autorais através de software de criptografia
garante o pagamento aos autores. Quando o arquivo é copiado do site, a porcentagem dos lucros
de editores e escritores é calculada imediatamente. A possibilidade de cópia, como o xerox,
diminui, pois os textos criptografados não permitem a reprodução do texto.
As desvantagens do livro eletrônico, de um modo geral, estão relacionadas com a
tecnologia. Para produzir e ler um livro eletrônico é preciso que tanto consumidores quanto
produtores a dominem. O livro eletrônico consome mais energia que um livro convencional, pois
precisa de eletricidade, de uma linha telefônica e bateria para as leitoras portáteis.
Por enquanto, a desvantagem dos livros eletrônicos, especificamente para o público
brasileiro, é a inexistência dos aparelhos no mercado interno. Para obter uma leitora portátil é
preciso importá-la.
8
CONSIDERAÇOES FINAIS
O livro impresso, herdeiro do manuscrito, quanto à organização e aos subsídios de
leitura (índices, sumários e forma linear do texto), sofreu uma revolução com o advento do livro
eletrônico, fundamentada na tentativa de, em espaços mínimos, armazenar grande quantidade de
conhecimentos. Análogo ao livro impresso, desde a capa até o índice, o ebook desenvolveu-se
graças ao aperfeiçoamento de programas que imitam a diagramação de um impresso. Como
hardware, oferece a qualidade da portabilidade, armazenagem de vários textos ou livros em um
único exemplar, facilitando o transporte e permitindo a leitura no escuro.
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As editoras, por sua vez, adaptam e criam serviços e produtos compatíveis à evolução
desse campo tecnológico, para atender à nova demanda que se coloca com o livro eletrônico,
disponibilizando textos compatíveis com hardware e software.
Os textos podem ser transferidos instantaneamente de uma livraria na Web para uma
leitora portátil e as edições não se esgotarão. Enquanto os livros de papel são objetos isolados, os
eletrônicos podem incluir links em hipertexto para outros conteúdos, que podem estar em outros
textos. O leitor não se restringe à leitura linear pois é livre para usar os links e as imagens de
maneiras diferentes.
Mas se o livro eletrônico apresenta relativas vantagens sobre o impresso, no contexto
brasileiro, como no de outros países periféricos, seu uso atinge uma camada restrita da sociedade.
Além do preço, existe outro fator restritivo ao acesso representado pela necessidade de
importação do hardware.
Consideradas outras questões relativas à comodidade e aos estilos pessoais de leitura,
pode-se afirmar que o livro impresso permanecerá por muito tempo incorporado ao acervo de
bibliotecas e centros de documentação, convivendo com os novos. Deverá continuar, portanto,
fazendo parte do nosso cotidiano como o fazem os instrumentos musicais e tantos outros aparatos
que o homem criou para registrar e transmitir seu conhecimento e expressar sua sensibilidade.
Para concluir, vale ressaltar, com CHARTIER22 , que o livro, enquanto objeto de
leitura, vive uma pluralidade de existências, sendo a eletrônica apenas uma delas. É portanto,
uma forma de convivência entre o tradicional e o revolucionário que percebemos neste cenário de
profundas mudanças pelas quais têm passado nossos objetos de leitura.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Rubens Queiroz de. A Internet e a informação. Disponível em: <http://www.dicas1unicamp.br/hotlinks/worldbeb/index.html> Acesso em: 20 maio 2000.
CAVALLO, G.; CHARTIER, R. (Org.). História da leitura no mundo ocidental. São Paulo:
Ática, 1998. v.1, 232 p.
INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação – Campo Grande /MS – setembro 2001
CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: Fundação Editora
da UNESP, 1998. 159 p.
CHARTIER, Roger. Cultura escrita, literatura e história: conversas de Roger Chartier com
Carlos Aguirre Anaya, Jesús Anaya Rosique, Daniel Goldin e Antonio Saborit. Porto Alegre:
ARTMED Editora, 2000. 189 p.
eBOOKAD. Disponível em: <http://www.ebookad.com> Acesso em: 5 fev. 2001.
EDITORA 00H00. Disponível em: <http://www.00h00.com> Acesso em: 17 out. 2000.
GATES, Bill. Depois de Gutenberg. Exame, São Paulo, n. 26, p. 46-47, dez. 1999.
GONÇALVES, Luiz Roberto Mendes. A biblioteca portátil. Folha de São Paulo, 9 abril, 2000.
Mais, n. 426. p. 8-9.
LOJKINE, Jean. A revolução informacional. 2.ed. São Paulo: Cortez, 1999. 316 p.
MANGUEL, Alberto. A forma do livro. In:
. Uma história da leitura. São Paulo: Cia.
das Letras, 1997. p. 149-173.
MARQUEZI, D. A revoluçaõ dos livros virtuais. Super Interessante. São Paulo, v. 14, n.10, p.
78-79, out. 2000.
MARTINS FILHO, Plínio. Direitos autorais na Internet. Ciência da Informação, Brasília, v.27,
n. 2, p. 183-188, maio/ago. 1998.
MARTINS, Wilson. A palavra escrita: história do livro, da imprensa e da biblioteca. São Paulo:
Ática, 1998. 519 p.
PERSONA, Mario. O fim do livro. O Estado do Paraná, Curitiba, 15 out. 2000. Informática, p.
2.
PLASSE, Marcel. Indústria editorial aposta tudo nos e-books. O Estado de São Paulo, São
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SABBATINI,
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inteligentes.
Disponível
em:
<http://www.epub.org.br/correio/corr48.htm> Acesso em: 06 jun. 2000 a.
, Livros médicos virtuais. Disponível em: <http://nib.unicamp.br/papers/checkup-05htm> Acesso em: 06 jun. 2000 b.
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Essa geração não é dependente de internet. Não vive com ela. É diferente de toda a
geração que nasceu com internet. Hoje, já temos uma geração de jovens que nunca pagou
por música, diretamente. E escuta música o tempo todo com celulares, mp3 players e
afins.
Alexandre Linares*
Sebastião Siqueira on Livros
digitais e o mercado editorial
brasileiro, por Alexandre
Linares*
NoBru on iFlow permite ler ebooks da Cultura no iPad (sem
quebrar o DRM)
Renata on Publicando um ebook na Amazon, por José Luiz
dos Santos*
Loro Martins on Publicando um
e-book na Amazon, por José
Luiz dos Santos*
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um e-book na Amazon, por
José Luiz dos Santos*
ROdrigo on Livros digitais e o
mercado editorial brasileiro, por
Alexandre Linares*
Antonieta Bastos on Livros
digitais e o mercado editorial
brasileiro, por Alexandre
Linares*
Esse é o ponto de partida para entendermos o problema.
Baixo livros desde que entrei na internet em 1996/1997 (eu tinha um HD de 1,7GB, tenho
hoje mais do que isso no meu celular). Adorei ler o clássico Anarchy Cookbook e as linhas
do fanzine brasileiro mais bacana do início da web, o Barata Elétrica. Mas isso é
antiguidade da internet, afinal sou de uma geração pré banda larga, wi-fi, celular etc.
Hoje as pessoas vivem com a internet 100% do tempo. Alguns minutos na TV mostram a
publicidade sistemática das operadoras de telecomunicação incentivando você a viver
100% conectado. As crianças vão para escola com celulares permanentemente on-line.
Por isso, acredito que o trem da história vai atropelar quem não for rápido. Essa
esmagadora roda do progresso da tecnologia digital para os livros vai esmagar quem
acreditar que dá para fazê-la rodar para trás. Não dá.
Quando trabalhava na Conrad Editora no ano 2000, instalamos o falecido software
Napster. Foi inacreditável: em 48 horas havíamos baixado algo como 600 músicas, na
sua maioria temas de séries, trilhas de filmes e músicas obscuras. Ficamos nos divertindo
por horas. Se naquele momento tivéssemos um iPod ou se um celular com MP3 player,
nos fosse oferecido, pagaríamos o preço que fosse para ter os meios de escutar essas
CONTATO
ARCHIVES
músicas com facilidade. Meu primeiro MP3 player (de 128MB) eu recebi como brinde de
E-mail: tiposdigitais @
gmail.com
julho 2012
uma assinatura de banda larga que fiz. Usei aquilo até queimar.
Twitter: @ tiposdigitais
abril 2012
maio 2011
Hoje, qualquer pessoa que anda de trem/metrô está com seu celular abarrotado de
fevereiro 2011
música. Nunca se escutou tanta música na história da humanidade. E isso é bom. Muito
janeiro 2011
bom. Discos obscuros de bandas punk rock da Iugoslávia, cantos tribais africanos,
novembro 2010
música clássica soviética, samba paulista com Plínio Marcos como mestre de cerimônias,
outubro 2010
discos da banda Fellini... tudo disponível a dois ou três cliques! Coisas que a indústria
musical nem sabia que existia... Passam a ser escutadas.
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Convidados
Entender e começar a estudar destemidamente o que será do futuro do livro. Encarar e
Cursos
desbravar os caminhos deste futuro. Como uma “Corrida ao Oeste” ou uma “Bandeira de
DRM
Mineração”, por territórios desconhecidos, em busca do novo veio de riquezas do
e-bookstores
mercado editorial.
COPIRRAITE
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© Tipos Digitais, por Carlo
Carrenho. Usado com permissão.
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e-readers
Espanha
O negócio vai mudar. Como mudou na música. Como mudou no cinema. A indústria do
Estratégia digital
cinema hoje, se perdeu dinheiro para a pirataria de DVDs, ganha dinheiro como nunca,
Humor
nas salas de cinemas boas. Ninguém mais consegue assistir filme nos finais de semana
Mercado digital
Pirataria
Self-publishing
Seminários
sem fila.
VRUMMMM
Blog turbinado pelo
PublishNews
Site com tecnologia TypePad
busk.com.br
Como tornar viável uma editora com livros digitais? Esse é um problema que os editores
precisam se desdobrar para resolver. Não existe resposta pronta. O que tenho a dizer são
ideias e especulações. Pistas sobre o caminho e sobre os obstáculos.
Algumas pistas sobre os obstáculos
Faz um ano, fui chamado por um selo editorial de uma grande editora para uma
consultoria para rascunhar um projeto de edições digitais. Comecei, desenvolvi uma parte
do estudo levantando oportunidades, viabilidades e afins. Mas não havia segurança em
investir no prosseguimento da pesquisa na editora. Entre o certo e o duvidoso, tive de
optar por me dedicar a minha outra área profissional (como professor).
Com raras exceções, é uma tendência do mercado em geral: esperar alguém ir na frente,
bater a cabeça, errar, se machucar... para depois o restante seguir a trilha já traçada sem
dificuldades.
As exceções devem ser registradas como a Ediouro, com seu projeto Singular Digital e o
Grupo Positivo que aposta em um e-reader próprio e possivelmente unificará suas
estratégias de negócios editoriais e educacionais.
O problema é que, no geral, isso está muito devagar. E ninguém está disposto a errar.
Isso, numa empreitada nova, é um equívoco.
Fica óbvio que o que leva as editoras a não investir nos livros digitais é insegurança,
medo. Tratar livro como papel. E livro é conteúdo, não é forma.
Mas qual a razão dessa decisão? Simples, optaram por seguir o mercado: fechar-se,
colocar a cabeça na areia e rezar para o céu não cair em cima deles. Esperar que outros se
arrisquem, que outros façam o novo para só seguirem a onda.
O problema é que aqui não adianta rezar. Toda a fé do mundo não muda a realidade, se
as pessoas ficarem de joelhos. É preciso agir. Recordando as palavras de Goethe: “No
princípio era a ação”.
O mundo editorial precisa renascer
Vivemos uma nova transformação gutenberguiana. Aquilo que Gutenberg fez com seus
tipo móveis, mudou o mundo. Mas mudou o mundo não pela técnica em si, mas porque
essa técnica foi capaz de reduzir drasticamente os custos do acesso ao conhecimento e a
novas ideias que antes estavam isoladas e fragmentadas. Socializou, assim, o
conhecimento clássico e abriu as portas para novas ideias. Tornando possível mudanças
na escala da Reforma Protestante, do Renascimento e do Iluminismo.
Não há dúvidas, o mercado editorial precisa se reinventar. Renascer. “Necessário vos é
nascer de novo” diria João (3:7).
Claro, ainda tudo parece um balcão de apostas. E ninguém quer colocar as fichas sem
saber onde é que elas vão ser jogadas. Nada de fazer como fez a AOL, quando distribuía
CD-ROM ou outras loucuras torrando o dinheiro da falecida “nova economia”. Não é isso.
Mas não dá para achar que as faixas de lucro vão ser as mesmas. A rentabilidade no novo
negócio do livro ainda está para ser descoberta. E creio que ninguém duvida que o
desenvolvimento do mercado vai depende de vários elementos, variáveis e fatores.
Alguns elementos e fatores para o futuro do livro
a) Hoje o público de vanguarda está comprando leitores (e-readers/tablets) e já
consumindo no Brasil. O público é pequeno ainda. Mas é o público que consome mais e
logo exigirá o que consumir. Seja ele professor universitário, leitor modista radical,
pessoas da área de tecnologia ou advogado consumidor de livros jurídicos pesados que
não quer carregar na mala entre um processo e outro (entre outros consumidores de mais
de 80 livros por ano).
b) Da capacidade de multiplicação de e-readers e de tablets eficientes e baratos (e barato,
sem dúvida é na faixa de 150/200 reais no mercado brasileiro). No Compre direto da
China já vendem um iTablet ching-ling por 249 reais usando o Google Android, que pode
ser o primeiro tablet de muita gente. Outros vão vir. E logo mais cada universidade
privada “presenteará” seus alunos (com o custo diluído nas mensalidades, claro) com um
e-reader (como já faz a Faculdade COC, para o ensino a distância).
c) Da ousadia das editoras de recalcular integralmente os custos dos livros a partir da
nova realidade. De reduzir os esbanjamento e estudar drasticamente como produzir
conteúdo para os novos formatos. De recuperar todos os livros dos seus catálogos. E de
entender a cauda longa (o livro do Chris Anderson passa a ser leitura obrigatória).
d) De novos modelos de contrato. Novas formas de repartir resultados. Com esse
formato, fica sendo possível combinar direitos autorais para autores, tradutores, capistas
e mesmo editores de edições críticas. Isso fará os custos de investimento caírem e
possibilitará mais ousadia e apostas. E mesmo resgates de obras esquecidas e
abandonadas. A possibilidade de ótimos resultados com livros de domínio públicos em
edições críticas de alto nível. De definição de tempo menores para extensão dos contratos.
De cálculos escalonados onde os resultados de vendas ampliam os resultados de royalties,
tornando os autores vetores principais da divulgação e do marketing das obras. Tenho
certeza que livros que façam sucesso originalmente em e-books vão se tornar versões
impressas, muito mais legais para presentear (pois permitem dedicatórias, por exemplo) e
para adornar as estantes de bibliófilos. Além disso, seguem essenciais para as noites de
autógrafos.
e) Esse processo ampliará drasticamente a base de leitores. O modelo digital vai ajudar,
como a música digital fez. Mais consumidores consumindo e descobrindo. E o consumo
de energia de um e-reader é tão baixo que um sistema de energia solar fará qualquer
cidadão no meio do deserto capaz de ler um livro usando o sol como fonte de sustento de
baterias... nem eletricidade vai necessitar. Programas públicos de acesso a internet como
o Programa Nacional de Banda Larga que o governo federal desenvolve com a nova
Telebras serão ferramentas importantes para ampliar o mercado leitor.
f) Ao mesmo tempo, livros de luxo, de arte, de colecionadores, continuarão a ser do jeito
que são. Uma obra em quadrinhos do Sandman (Neil Gaiman) segue sendo melhor lida
no papel. Um livro de fotos do Sebastião Salgado a mesma coisa.
Um outro elemento importante: a pirataria
g) Como competir com a pirataria? Antes de tudo é preciso entender que ela existe e vai
seguir existindo. Para concorrer com ela, é preciso em primeiro lugar, preços justos e
competitivos. Como professor, incentivei meus alunos a comprar essa coleção de livros da
Folha “Livros que mudaram o mundo”. Até a edição 14, pelo menos 30 dos meus 250
alunos compraram. Por um sistemático incentivo meu que a cada semana apresentava a
importância de cada obra e comparava seu preço (15,90 reais) dela com as edições de
livraria. Um resultado impressionante, pois sem dúvida, muitos jamais chegariam a obras
como aquelas, se não fosse o preço.
h) Vejo editoras vendendo livros digitais por preços praticamente iguais aos livros em
papel. É uma afronta à inteligência do consumidor. É um empurrão para o consumo de
livros por fora das editoras. Com a inesgotabilidade das obras, em alguns casos, as obras
vão ser gratuitas e as pessoas vão contribuir livremente para ajudar projetos editoriais
ousados. Um pouco como fez o Radiohead quando disponibilizou um disco no seu site
para as pessoas pagarem o quanto quiserem. Recentemente, um blog especializado em
digitalização de livros para uso de estudantes de uma grande universidade fez uma
campanha para comprar um HD extra e arrecadaram 400 reais em poucos dias com
doações voluntárias.
i) É provável que uma das formas para o acesso a conteúdos esteja ligado a sistemas de
assinatura. Isso possivelmente implicará que as editoras tenham de fazer
acordos/negócios com operadoras de telecomunicação (Teles em geral) e portais de
internet. Algo como um grande Círculo do Livro, mas agora digital. O sucesso das obras
estará ligado à capacidade de dar visibilidade (sites, TV e afins). Mas também ao boca a
boca, em torno das redes sociais. Nos EUA já há uma rede social dedicada só à leitura de
livros: The Copia com grande convergência para e-books.
j) Nas edições técnico-científicas – em todas as áreas – produzidas ou traduzidas nas
universidades públicas com pesquisas de bolsistas de órgãos de fomento públicos, vão
também mudar a forma de acesso ao conteúdo.
Não se justifica – do ponto de vista do interesse da sociedade – que pesquisas e obras
sustentadas com dinheiro público, com livros produzidos por professores e pesquisadores
com estatuto de dedicação exclusiva, tenham livros restritos a versões impressas para
serem vendidos a preços de mercado. Sendo obras de interesse social, possivelmente terão
outra dinâmica.
Parece que o modelo desenvolvido pelo portal Scielo para os periódicos científicos, tende
a se generalizar no futuro numa espécie de Scielo Livros disponibilizando os acervos das
editoras universitárias ao público leitor sem custo ou a custos próximos do simbólico (ou
mesmo sistemas de assinaturas acessíveis).
Essa questão da disponibilidade das publicações técnico-científicas é um problema
central hoje para o mundo acadêmico, para a elaboração de políticas públicas e mesmo
para a reforma da legislação de direitos autorais. Não é por acaso que um excelente grupo
de professores e pesquisadores da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP
liderado pelos professores Pablo Ortellado, Jorge Machado e Gisele Craveiro no Grupo de
Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação (Gpopai/USP) tem
demonstrado a crise que existe na disponibilidade de livros nessa área no estudo
“Relatório: O mercado de livros técnicos e científicos no Brasil”.
Para dar um exemplo real deste problema, hoje, dos 11 livros exigidos no edital para a
prova de mestrado em História Econômica na USP de 2010, cinco títulos estão fora de
catálogo nas livrarias eletrônicas de edições novas (veja tabela de disponibilidade). Uma
parte destes livros só está disponível em sebos e sites de downloads ou na biblioteca da
própria USP.
Outro elemento: Recuperar, resgatar e reeditar os antigos títulos e gerar
novos negócios
l) Uma vasta quantidade de obras traduzidas que já foram editadas e publicadas, mas que
estão fora de disponibilidade do mercado, vão poder ser recolocadas no mercado graças
ao formato digital.
Os leitores digitais com toda a certeza vão fragmentar a edição. Não será necessário
capacidade de investimento para publicar. Será necessário capital para contratar autores
consagrados, isso é claro. Mas abrirá o caminho para uma ampliação da experimentação
de novos autores, novas formas narrativas, novas ideias...
m) Como lembrou um amigo, outro elemento que deve ser abraçado é a possibilidade de
casar os novos formatos digitais com mecanismos de publicidade de marcas. Porque
empresas que investem em prêmios literários e edições de livros via isenção fiscal
(Rouanet) não vão investir em projetos editoriais digitais disponibilizando livros
gratuitamente? É também um terreno aberto.
Reformar os direitos autorais
Hoje a resistência ao processo de modernização dos direitos autorais tende a se inverter.
As editoras vão se tornar as maiores interessadas com uma ampla reforma ampliando as
limitações (situações nas quais as obras podem ser copiadas). Isso porque com os tablets,
os livros vão passar a ser obras de convergência de mídias.
As editoras de livros didáticos terão de se transformar em canais de mídia, com
publicitários, com departamentos de criação dinâmicos, com acordos de licenciamento em
infintas formas de conteúdo. Os desafios e obstáculos que hoje documentaristas e
cineastas vivem vão se tornar desafios para os editores que terão de utilizar todos os
meios e mídias para projetos inovadores.
Imagine um capítulo de um e-book produzido para tablets, num livro de história, para
ensino médio sobre a Revolta da Chibata. Ele terá imagens, passeio pela planta dos
navios, a reprodução da música do João Bosco cantada pela Elis Regina, terá imagens do
ex-presidente Lula lançando ao mar o primeiro navio da Petrobras produzido nos
estaleiros navais de Pernambuco, batizado de João Cândido. Também terá depoimento
em vídeo do senador Paulo Paim, autor do projeto que propõe inscrever no Panteão dos
Heróis da Pátria e da Liberdade o nome de João Cândido entre tantos outros recursos de
multimídia. Para ficar apenas num exemplo. A produção de obras deste tipo vai exigir
sem dúvida, uma reforma da legislação de direitos autorais.
Sobre esse tema recomendo a leitura do e-book em quadrinhos Prisioneiros da Lei
produzido e traduzido para o português pelo Center for Study of the Public Domain da
Duke University School of Law.
Uma transformação profunda e sem volta. O futuro está à nossa porta!
O mercado editorial prepara-se para uma transformação profunda e sem passagem de
volta. Temores sempre existem. Mas às vezes é preciso coragem para encarar o futuro.
Mas diferente de décadas passadas, hoje o futuro dá medo. A ficção projeta atualmente a
um futuro, em geral trágico. Como explicou o crítico Fredric Jameson no seu
Archaeologies of the Future a tendência da projeção do futuro no terreno da ficção hoje,
no capitalismo, é a hecatombe apocalíptica ou mais do mesmo que já vivemos. E essas
duas opções, convenhamos, não são muito boas.
O futuro pode ser melhor. Mas desde já trabalhemos para isso. Frente às opções de
hecatombes ou mais do mesmo, prefiro um futuro melhor. Os livros digitais podem não
resolver os problemas do mundo, mas vão ajudar. Devemos ir para o futuro
“audaciosamente indo onde ninguém jamais esteve”.
* Alexandre
Linares ([email protected]) é editor,
cientista social e professor. Foi coordenador
editorial na Conrad Editora. Foi sócio-fundador da
Amauta Editorial. Trabalhou na Boitempo
Editorial e na Editora Nova Palavra e colaborou
com várias outras editoras. Mantem o blog
DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - v.9 n.5 out/08 ARTIGO 05
Conteúdos Digitais de Livros na Sociedade do Conhecimento
Digital contents of the books in the Knowledge Society
por Thiago Souza Araújo e Alessandra Galdo e Julíbio David Ardigo
Resumo: Este artigo tem como objetivo analisar a contradição aparente entre os interesses da sociedade em relação à democratização da informação diante
dos interesses do setor editorial de livros e sua (in) adequação à realidade tecnológica dos conteúdos digitais. Aborda quais as implicações das tecnologias de
informação e comunicação para este setor e para o usuário de informações de livros técnicos e científicos. Faz-se um levantamento do contexto da economia
digital e uma abordagem reflexiva a respeito das necessidades de acesso flexível e democrático à informação. Aborda-se a questão dos livros e dos conteúdos
digitais assim como outras questões envolvidas na situação de impasse na qual se encontra o setor editorial no contexto apresentado. Conclui-se que há
necessidade e possibilidade de adequação dos produtos informacionais editoriais aos interesses da sociedade no acesso à informação.
Palavras-chave: Sociedade da informação; Sociedade do conhecimento; Livro; Economia digital; Conteúdo digital; Disseminação da informação.
Abstract: This study analyzes the apparent contradiction between the society interests in the democratization of the information faced with the interests of the
books publishers and their adjustment or not to the technological reality of the digital contents. It shows the problems of the information technologies and
communication in this area and to the users of scientific and technical books. It does itself a hoist of the digital economy and a reflexive approach to the needs
of democratic and flexible access to the information. The question of the books and the digital contents are presented as well as other questions involving the
predicament in which the editorial sector in the context presented is found. This study concludes that there is a need in the access to the information and the
possibility of the editorial products to adapt to that is real.
Keywords: Information society; Knowledge society; Book; Digital economy; Digital content; Dissemination of the information.
Introdução
Em decorrência do salto tecnológico das tecnologias de informação e comunicação por que passa a sociedade contemporânea
algumas transformações econômicas e sociais mostram-se disruptivas e por vezes conflituosas. Tapscott (1997) traz a
abordagem da economia digital e suas implicações nas relações produtivas. A sociedade em rede apresentada por Castells
(1999) aponta o impacto que as novas possibilidades fornecidas pela tecnologia trouxe às relações sociais numa perspectiva mais
agregada.
Numa relação de causalidade bidirecional ao mesmo tempo em que a sociedade direciona a tecnologia esta também é
direcionada por ela. Dutton (2004) afirma que é necessário diminuir as disparidades na exclusão digital. A exclusão digital não é
apenas a exclusão ao contato com o meio digital ou o acesso à informação, mas principalmente a exclusão do acesso ao
conhecimento. Nessa abordagem não estamos numa sociedade informacional globalizada, mas sim num conjunto de sociedades
do conhecimento.
No caso específico do produto gerado pelo conhecimento, os livros e trabalhos técnicos, sofrem diretamente o impacto dos
avanços das tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Pois com a tecnologia digital cada vez mais convergente e com a
sociedade cada vez mais adepta a dispositivos digitais em substituição do conhecimento no formato impresso resulta em uma
pressão para a indústria tradicional da informação e de sua cadeia de distribuição.
A revolução tecnológica e a disseminação da informação e suas formas se dá num cenário de rápidas transformações em ciclos
de tempo cada vez menores. Nos mais diversos campos da atividade humana, uma inovação é suplantada por outra, antes
mesmo que se tenha acomodado à anterior e, muitas vezes, sem que haja tempo para a reflexão a respeito do movimento de
construção do novo modelo de sociedade, segundo Lévy (2007a), um movimento social espontâneo e imprevisível, um
movimento sem nenhuma instância a dirigir o processo.
Rover (2003) observa que a complexidade, instabilidades e riscos decorrentes dessa construção espontânea incitam à autoobservação: “a sociedade toma a si própria como tema de análise” (p.173).Tais reflexões têm como origem o próprio conceito
de sociedade da informação e sociedade do conhecimento para aprofundar-se na questão do acesso à informação de livros na
Internet e o conflito entre os interesses da indústria editorial e os da sociedade no acesso à informação. O objetivo do trabalho é,
nesse sentido, analisar o setor editorial e sua (in)adequação à realidade tecnológica atual dos conteúdos digitais abordando quais
as implicações das tecnologias de informação e comunicação para este setor e para a sociedade.
A metodologia utilizada predominantemente é a da análise documental (com documentos digitais de fontes oficiais), cujos
dados são trabalhados com o instrumental analítico proveniente das ciências econômicas. O artigo apresenta referencial teórico
baseado em pesquisa bibliográfica a respeito dos movimentos pelo livre acesso à informação no contexto da sociedade da
informação e análise do processo produtivo do livro e discussão da flexibilização dos suportes informacionais do meio físico
para o digital, o que tende a ocorrer em relação ao livro.
Referencial Teórico
Ao discorrer a história da Sociedade da Informação, Mattelart (2002) analisa que a partir do século XVIII surge a tendência em
batizar os períodos da História Universal em termos de “eras”, diferenciando a sociedade presente da do futuro. Assim fala-se
em era Agrícola, era Industrial e era da Informação. O autor aponta que o conceito de Sociedade da Informação aparece pela
primeira vez em 1973 na obra “The Coming of Post Industrial Society” do sociólogo de Harvard, Daniel Bell.
Posteriormente Peter Drucker (2002) amplia o conceito para Sociedade do Conhecimento no livro “Post-capitalist Society” de
1993 e analisa que o recurso econômico básico não é mais o capital, a terra, ou a mão de obra, mas, o conhecimento. Barreto
(2008) esclarece que enquanto a sociedade da informação é uma “utopia de realização tecnológica”, a sociedade do
conhecimento é “uma esperança de realização do saber”.
O papel central da informação e do conhecimento na sociedade contemporânea é amplamente reconhecido, porém Castells
(1999) contribui para a compreensão da dimensão da informação ao afirmar que a não é a centralidade da informação e do
conhecimento que caracterizam a era, mas aplicação de conhecimentos e informação para a geração de novos conhecimentos em
ciclos de realimentação cumulativos que geram inovação.
Barreto (2008) lembra que um processo de inovação não traz simplesmente uma nova tecnologia, mas um acréscimo de bem
estar à sociedade.
Assim, os ciclos contínuos de inovação parecem levar a sociedade a ciclos também crescentes de anseio pelo acesso livre à
informação. O conhecimento e o saber sempre fizeram parte dos grandes anseios humanos, como ilustrado em dois clássicos da
literatura universal. Fausto, mito e personagem na obra de Goethe, escrita entre 1773 e 1775, atormenta-se em sua ambição pelo
conhecimento que julgava não conseguir alcançar em sua plenitude. Ansiava por desvendar a quintessência da indústria e da
ciência.
O conhecimento “encerrado” na biblioteca, “reserva do saber”, em um convento beneditino, é o centro do romance de
Umberto Eco, O Nome da Rosa (1983). Um dos personagens reflete a respeito “do silêncio e da escuridão que circundam a
biblioteca” como representação natural do conhecimento nela “escondido”, pois este saber “só pode permanecer intacto ao
impedir que o conhecimento ali resguardado chegue a qualquer um”. (p. 217).
Ao silêncio e escuridão da biblioteca na era medieval, contrapõe-se a imagem da rede onipresente de informações dinâmicas,
brilhantes e acessíveis, descrita em Neuromancer (1984) romance de William Gibson que, segundo Saad (2003, p. 236), dá
origem ao termo “cyberespaço”:
“uma representação gráfica de dados abstraídos dos bancos de todos os computadores do sistema
humano. Uma complexidade impensável. Linhas de luz abrangendo o não-espaço da mente; nebulosas
e constelações infindáveis de dados. Como marés de luzes de cidade” (Gibson, 1984, p.67 )
A Internet pode ser imageticamente representada pelas “constelações infindáveis de dados” imaginadas por Gibson. Dados que
levam à informação, que constrói o conhecimento, por sua vez o recurso fundamental da sociedade contemporânea (Drucker,
2002).
Na busca por esse bem intangível, reconstroem-se ideais de acesso livre e irrestrito à informação. Barreto (2008) lembra que o
ideal de acesso livre ao conhecimento não surge com a Internet, mas pode-se dizer que alavancado pela comunicação e
revolução tecnológica, reestrutura-se com ferramentas de criação coletiva, o código aberto e os movimentos pelo software livre
a partir da iniciativa liderada pelo ex-aluno do Massachusetts Institute of Technology (MIT) Richard Stallman.
Em 1984 o programador idealista aspirava resgatar a filosofia de colaboração aberta, típica da comunidade científica, no
desenvolvimento de um sistema operacional de livre distribuição. Vianna (2006) avalia que um novo paradigma da tutela
jurídica do trabalho intelectual começa a ser disciplinado a partir da iniciativa de Stallman:
“Esta iniciativa resultou na criação da Free Software Foundation — FSF (Fundação para o Software
Livre) e, para fundamentar juridicamente o projeto, foi redigida a GNU General Public License - GPL
(Licença Pública Geral do GNU) que rompia com a antiga tutela do direito de cópia (copyright).
Garantia-se a livre distribuição e modificação das obras e, em contrapartida, as novas distribuições
ficavam vinculadas às mesmas licenças [...] que garantiam o direito de distribuir e modificar
livremente as obras intelectuais convencionou-se chamar de Copyleft, em uma nítida alusão de repúdio
às licenças tradicionais de Copyright que garantiam o monopólio do direito de reprodução das obras
intelectuais. [...] foi criada a GNU Free Documentation License (GFDL — Licença de Documentação
Livre do GNU), aplicável a textos, imagens, músicas, filmes e outros documentos”. (Vianna, 2006, p.
938)
E conclui o tema mostrando que o conceito de livre distribuição e alteração do software passa a ser aplicado a outras formas de
criação intelectual, como música, filmes e livros, essa última, objeto de reflexão nesse artigo.
Acesso à informação de livros na era digital
A fim de avançar na discussão a respeito do conteúdo digital de livros e distribuição da informação na Internet, se faz necessária
a compreensão a respeito da questão da propriedade intelectual, conceito que vem sendo utilizado para defender posições
contrárias à livre distribuição da informação em geral e no caso específico do livro, para defender interesses comerciais das
editoras, mais do que para defender os direitos do criador intelectual de uma obra.
Comumente, o autor aliena, ou seja, transfere o domínio da obra à editora que passa a deter todo o processo desde a produção
até a distribuição do livro. O trabalho de criação é remunerado através do pagamento de um percentual que gira em torno de
10% do valor da capa. A noção de Propriedade Intelectual, é questionada como defensora do direito do autor intelectual de uma
obra, como explica Vianna (2006):
“a reprodução em série, obrigou os autores a alienarem seu ‘trabalho intelectual’ aos detentores dos
meios de produção que, em contrapartida, exigiram-lhes a concessão do monopólio da distribuição das
obras. A natureza do trabalho intelectual, que poderia ser replicado ad infinitum, acabou por ser
tomada como “propriedade intelectual”, mesmo contra toda as evidências de que, uma vez alienada, a
propriedade não pode mais ser utilizada por quem um dia a possuiu. Firmou-se então a ideologia da
“propriedade intelectual”, ocultando a venda do trabalho intelectual dos autores aos detentores dos
meios de produção”. (Vianna, 2006, p.936)
Segundo Rover (2003, p. 174), um dos principais objetivos da Propriedade Intelectual é o: “equilíbrio entre os interesses
particulares dos produtores e o interesse público, da sociedade”. No entanto as contradições entre tais interesses vêm
aparecendo mais fortemente na indústria do livro que parece resistir, ainda, à reconfiguração dos meios, se apegando ao suporte
físico, apesar da inevitabilidade das transformações sociais e econômicas que se processa na sociedade contemporânea. No
romance já citado de Umberto Eco (1983, p.217): “o livro, cujas páginas esfarelam-se, as tintas e os ouros se tornam opacos,
se muitas mãos o tocam” deve permanecer “intacto”. Assim como os livros de hoje, as idéias não podem permanecer intactas.
Rover (2003, p.173) lembra que é necessário “libertar-se das certezas” que soluções antigas impunham.
“De átomos a bits”, a metáfora cunhada por Negroponte (1995) se adéqua à idéia de “conteúdos digitais de livros” expandindo
a atual concepção do livro impresso ou do livro com páginas “escaneadas”. Escanear um livro e torná-lo disponível na internet
não é ainda, o mesmo que conceber um livro como um produto digital que dê ao usuário autonomia e liberdade de adaptar a
informação a suas necessidades, um dos fundamentos da GNU General Public License ou GPL - Licença Pública Geral do
GNU. (Vianna, 2006, p. 938).
Vale esclarecer que uma das abordagens presentes nesse trabalho é a do livro como produto informacional, uma vez que em seu
formato tradicional requer um processo de produção com etapas definidas, como criação, produção e distribuição numa cadeia
produtiva que envolve o(s) autor ou criador(es), revisores, revisores técnicos, tradutores, gráficas, editores, distribuidores e
livreiros. Reconhece-se assim a utilidade de discutir uma das várias dimensões relacionadas ao livro, porém sem reduzir a obra
intelectual a questões mercadológicas.
O produto, o bem de consumo ou a mercadoria são um fator econômico além de qualquer interpretação simbólica. Ao imaginar
uma nova dimensão antropológica, o Estado do Saber, “virtual na expectativa de nascer”, Lévy (2007b) reconhece que os
outros três, dos quatro espaços antropológicos concebidos pelo autor, quais sejam, o espaço da Terra, do Território e o Espaço
das Mercadorias, coexistem:
“o capitalismo é irreversível. É daqui por diante a economia, e a instituiu como dimensão impossível
de ser eliminada da existência humana. Sempre haverá o Espaço das Mercadorias, como sempre
haverá a Terra e o Território”. (p.120)
Justificada a escolha da abordagem, é preciso delimitar o tipo de informação tratada nesse artigo. O livro em seu formato
tradicional, impresso, como reflete Bellei (2002), é um objeto simbólico, instituição cultural formadora de uma civilização.
Sendo assim não perde sua dimensão própria, principalmente no caso da obra literária que é inspiradora de reflexão e prazer.
Não é intenção sugerir que conteúdos digitais de livros substituiriam o livro em seu formato tradicional. O que este artigo trata é
da finalidade informativa do conteúdo do livro e a democratização de acesso ao conhecimento que se dá, também, na concepção
de produtos universalmente mais acessíveis apropriando-se da tecnologia como meio para a construção de uma sociedade mais
igualitária.
Considerações feitas, se pode retornar à questão do livro diante da desmaterialização do conhecimento. É possível imaginar uma
reconfiguração desse produto informacional. De “livro” para “conteúdo digital de livro”. De “átomos a bits” (Negroponte,
1995). Na obra Sociedade pós capitalista de 2002, Peter Drucker demonstra que: “as indústrias que passaram para o centro da
economia nos últimos quarenta anos se baseiam na produção de conhecimento e informação, ao invés de produção e
distribuição de coisas.” (p.140)
O modelo de conteúdos digitais de livros apresenta a flexibilidade de permitir ao leitor construir o conteúdo a partir de trechos
de várias obras, o que acontece na prática, através da reprodução não autorizada de trechos de livros, principalmente, no
segmento classificado pelas editoras como CTP, Científicos, Técnicos e Profissionais (CBL, 2004). O modelo de conteúdos
digitais flexíveis leva a novas possibilidades de uso ao permitir que o leitor adquira trechos de seu interesse, reduzindo os custos
de aquisição e contribuindo para maior liberdade no acesso à informação.
O usuário desse tipo de informação é o estudante, o professor, o pesquisador, advogados, médicos e profissionais liberais em
geral. Buscou-se identificar entre as maiores editoras com atuação no Brasil (CBL, 2004; Earp, 2005), iniciativas de apropriação
da tecnologia digital que tragam ao consumidor individual de livros do segmento CTP, autonomia e liberdade de adaptação da
informação às suas necessidades de uso, ou seja, formatos flexíveis para o livro. O objeto da consulta foram os portais das
editoras que publicam textos em português (traduções ou autores nacionais) para o mercado brasileiro de livros técnicos e
científicos.
A metodologia adotada no levantamento das informações foi reproduzir o comportamento do usuário da internet ao buscar
informação entre os portais que o permita adquirir trechos de obras de livros técnicos:
Tabela 1: Síntese de busca de informações nos portais das editoras de obras técnicas e científicas para o mercado brasileiro.
A pesquisa mostra que entre as editoras consultadas apenas uma oferece a venda on-line de trechos de livros. No entanto, a
Revista Panorama Editorial de setembro de 2007, publicação da CBL - Câmara Brasileira do Livro informa que a principal
estratégia da editora Forense “continua focada no suporte papel” e que o “livro integral no site tem o mesmo preço do da
livraria” com a finalidade de “desestímulo à compra da versão eletrônica” (CBL, 2007, p.28).
Poder-se-ia concluir, então, que as companhias editoriais não reconhecem a economia digital? Paradoxalmente, uma indústria
cujo produto é a informação parece não estar pronta para a Sociedade da Informação. A Associação Brasileira de Direitos
Reprográficos, entidade declarada como fiscalizadora e repressora da reprodução ilegal de livros, anuncia em seu portal uma
ferramenta denominada “Pasta do Professor” que permitiria a compra do livro fracionado, porém a plataforma anunciada é
restrita às instituições de ensino que aceitem se cadastrar ao sistema e ofereçam pontos de venda com copiadoras credenciadas
pela Associação. O sistema anunciado é, portanto, restritivo.
O objetivo da plataforma é o combate à pirataria e busca replicar o modelo da cópia reprográfica de trechos de livros e dessa
forma oferecer concorrência às copiadoras de textos impressos. Em relação ao combate à cópia não autorizada de livros sob a
alegação do direito à propriedade intelectual, Vianna explica que:
“Sob o pretexto de se tutelar os “direitos de autor”, o combate à pirataria é tão somente um
instrumento de reafirmação da velha ideologia da ‘propriedade intelectual’, única capaz de legitimar o
monopólio do direito de cópia dos detentores dos meios de produção.
O monopólio do direito de cópia (copyright), longe de tutelar os direitos do autor, é contrário a seu
interesse de maior divulgação possível da obra. O que garante aos autores a remuneração por seu
trabalho não é o monopólio do direito de cópia, mas a alienação deste trabalho aos detentores dos
meios de produção que irão consubstanciá-lo em meio físico e vendê-lo no livre mercado”. (Vianna,
2006, p.940)
No embate de interesses sob uma bandeira, no caso a da propriedade intelectual haverá vias criativas de responder ao
problema? Drucker (2002, p. 21-22) analisa que “o conhecimento está hoje sendo aplicado ao conhecimento” e reflete que o
conhecimento deve ser aplicado à “inovação sistemática”.
A indústria da informação deve e pode perfeitamente integrar valores e interesses da sociedade, ao invés de, interagir com os
usuários como se esses em conjunto com as possibilidades oferecidas pela Internet constituíssem uma entidade da qual precisa
se defender. A gestão nas organizações do conhecimento tem como objetivo o cliente (usuário da informação) e não o produto
(o livro em um formato imposto).
O monopólio da informação, se é que se pode dizer que havia um, tende a perder cada vez mais espaço devido à Internet e
outras tecnologias baseadas em rede. É inevitável que a indústria editorial venha a se reestruturar se quiser manter mercado.
O setor editorial na era da informação digital
A indústria tradicional continuará a vender livros, pois é um formato de transmissão do conhecimento que permite portabilidade,
acesso rápido e imediato, não sujeito a falhas de outros sistemas digitais, e muitas pessoas por suas qualidades continuam a
preferi-lo em detrimento do formato digital. O livro possui seu espaço no mercado, no entanto, cada vez mais perdem espaço
para os formatos digitais, por uma série de benefícios que estes oferecem. É então um fenômeno mercadológico em seu sentido
econômico: a preferência do consumidor está mudando.
Para salvar o mercado dessa indústria torna-se necessário um reposicionamento dessas empresas. A análise da dinâmica desse
mercado pode ser estruturada baseando-se nos determinantes econômicos da oferta e da demanda:
Determinantes econômicos da oferta:
1. Custo de aquisição do conhecimento
2. Custo editorial a ser vendido/divulgado
3. Custo de produção da matriz da mídia
4. Custo de cada cópia da mídia.
Determinantes econômicos da demanda:
1. Valor do conhecimento
2. preço do produto substituto
O custo de aquisição do conhecimento é referente ao trabalho intelectual que foi realizada para a elaboração do livro, portanto é
constituinte do valor final. Nesse ponto há que se refletir que existem diversas fontes de financiamento do livro, de forma que
esse valor pode variar muito, podendo incluir custos de pesquisa e dificuldade de obtenção de financiamento.
Os custos de edição correspondem ao custo de alocação de mão de obra especializada, revisores, tradutores, revisores técnicos,
diagramadores, análise de conteúdo a ser publicado, esta ultima consistindo na função de maior agregação de valor das editoras,
selecionando conteúdos de interesse do público. Os demais custos dizem respeito à confecção da mídia, ou seja, custos de
produção e ainda a distribuição e comercialização do livro físico. Dentre estes custos propositadamente desmembrou-se o custo
de produção da matriz e das mídias subseqüentes. No custo dessas etapas é aonde a lógica produtiva digital irá se diferenciar em
maior grau do processo fabril tradicional.
Em relação aos determinantes econômicos da demanda figuram o valor atribuído ao conhecimento: quanto vale um livro técnico
específico de medicina? É um valor bastante subjetivo, apenas cada indivíduo está apto a sentenciar o quanto está disposto a
pagar por cada tipo de conhecimento. Mas de forma geral pode-se afirmar com boa margem de segurança que há uma
correlação positiva entre o grau de dificuldade da pesquisa com a propensão a investir mais do comprador, até mesmo porque a
própria editora avalia essa questão e não publica livros para os quais não identifiquem demanda.
O preço do produto substituto aqui neste estudo significa que o mesmo conhecimento fornecido em diferentes mídias (impressa
e digital) consiste em produtos substitutos perfeitos, de forma que a preços semelhantes o que determinará a decisão de compra
entre um ou outro será apenas a necessidade, disponibilidade e preferência individual do consumidor em relação ao formato. Por
outro lado se a diferença de preço for acentuada, certamente a diferença pela demanda será muito grande.
Supõe-se para fim de análise que o custo de aquisição de conhecimento pelos autores, como por exemplo, o custo de pesquisa é
o mesmo para o livro no formato tradicional e no formato digital. Portanto este não interfere no preço final nas diferentes mídias
e este valor aqui é abstraído, até mesmo pela possibilidade perfeitamente factível de as pesquisas serem completamente
financiadas por outras instituições, como no caso de pesquisas científicas.
Segundo Earp e Kornis (2005, p.24) em seu estudo da cadeia produtiva do livro, demonstram que do preço de capa do livro no
Brasil, em média, 25% se referem aos custos editoriais, 15 % ao lucro da editora, 10% se referem à margem do distribuidor e
40% do livreiro. O trabalho de criação é remunerado por meio de pagamento de um percentual que gira em torno de 10%. Isso
significa que, dentro da lógica tradicional um livro que custa R$100 reais, se for comercializado pelo canal on-line pela editora
pode custar apenas R$ 45, se adicionarmos os custos da infra-estrutura tecnológica para e-commerce.
Contudo, o ponto que se coloca aqui neste trabalho é que na economia digital querer vender o livro apenas no formato digital
não é o suficiente para esse setor se adequar à nova lógica produtiva. É como querer fabricar máquinas de escrever elétricas e
pensar que se está fornecendo um produto compatível com as inovações da eletrônica avançada, sem enxergar que o computador
eletrônico deixará um espaço mínimo para esse tipo de equipamento, hoje soa óbvio, mas não à época que esse tipo de decisão
precisou ser tomada.
Assim como pode ser realizada a cópia do conteúdo digital também podem ser realizadas cópias do conteúdo de um livro por
meio de máquinas fotocopiadoras presentes em qualquer gráfica ou papelaria. A questão da segurança da propriedade intelectual
primeiramente possui um nome impróprio, o autor jamais deixa de ter os créditos pela sua produção técnica ou científica.
Nem por isso deixa de ser um problema de fato. A questão é que no contexto tecnológico atual que deflagra novas
possibilidades e necessidades informacionais não resta alternativa às editoras senão realizar um reposicionamento dos negócios
ligados à formatação e publicação de informações e conhecimentos técnicos. Sob o ponto de vista da viabilidade econômica os
produtos precisam ter valor agregado e um preço acessível para que o consumidor se disponha a pagar pelo produto.
E o adequado uso das tecnologias existentes com novos serviços agregados, a estruturação de novos arranjos, patrocínios
institucionais e outras estruturações podem permitir um baixo custo de produção com benefícios para a sociedade. O ajuste pela
ação de mercado da oferta e demanda gera o efeito “long tail” (Anderson, 2006) na Internet: permite uma abordagem
econômica muito diferente da realizada atualmente pelo setor editorial.
Significa que ao reduzir-se o preço do conteúdo digital do livro, com um custo produtivo da ordem de 45% inferior ao custo
tradicional, e ainda oferecer outros benefícios ao consumidor a chance de sucesso em termos de lucro é considerável não pelo
alto preço de cada unidade, mas justamente pelo baixo preço estimular um aumento mais que proporcional da demanda
elevando o lucro.
Em relação à demanda de um livro ou material editorial com demanda média (nem muito popular, nem muito pouco procurado)
implica que o consumidor poderia ao pagar menos por uma obra, ser estimulado a adquirir outras obras. Além disso, quando o
preço se torna tão acessível quanto 5 reais acaba se tornando mais econômico pagar esse valor do que investir tempo procurando
o material na rede. Uma estimativa empírica da elasticidade preço da demanda por conteúdos digitais (ou livros em formato
digital) segue no gráfico 1:
Gráfico 1: Elasticidade preço da demanda por conteúdo editorial
Fonte: Elaborado pelos autores
A desintermediação permite uma redução nos custos e um reposicionamento no sentido de agregar valor ao produto pode
conduzir a uma posição de mercado mais confortável às organizações pertencentes ao setor editorial. Outra possibilidade, que
caminha no sentido de conteúdo livre como as organizações científicas que tem corpo editorial e publicam gratuitamente
conteúdos, mas sustentam-se financeiramente por outras vias.
A noção de corpo editorial é importante para assegurar a continuidade da liberdade de informação e principalmente para validar
o conhecimento divulgado. Realizadas estas explanações, torna-se mais fácil compreender que o uso da lei para buscar alguma
proteção desse mercado no seu formato atual configura um protecionismo descabido.
O único resultado provável de insistir em proteger a mídia, seja livro ou meio digital, é o enfraquecimento desse setor por não
buscar uma forma de se atualizar na lógica de produção informacional atual. Com isso perderia a sociedade que teria menor
grau de acesso à informação e o próprio setor que continuaria a perder espaço para outros investidores que percebendo as
oportunidades de mercado correlatas investe no setor do conhecimento.
Uma mostra disso são as bibliotecas digitais que, freqüentemente mediante o pagamento de uma pequena quantia se tem acesso
a um conjunto de material bibliográfico. A agregação de valor pode ser fornecido por meio ao acesso a atualização de versão do
livro, ou outros benefícios que associem o vinculo do consumidor pelo ato da compra ao fornecimento de outros serviços. Mas
existem outras configurações possíveis. Basta o setor investir em pesquisa e desenvolvimento.
Conclusão
Os fenômenos relacionados à Sociedade da Informação e do conhecimento ainda não atingiram estabilidade e em meio ao
turbilhão de transformações nenhuma conclusão pode ser considerada definitiva. A análise de uma era histórica exige
distanciamento que só o passar do tempo traz. Entretanto, o registro da reflexão e discussão dos problemas (e soluções) na
medida em que aparecem é relevante ao documentar um processo: o de construção de uma nova configuração de sociedade nos
seus mais diversos aspectos, sejam eles sociais, culturais, econômicos, do direito, da produção, filosóficos ou ideológicos.
Conclui-se também que a complexidade das transformações em curso exige uma discussão interdisciplinar agregando conceitos
e valores de diferentes áreas de conhecimento.
Em relação à democratização do acesso a informação, refletiu-se a respeito do conjunto de mecanismos legais para proteger os
direitos à propriedade intelectual. Estes parecem não dar mais conta dos problemas e das necessidades surgidas a partir da
revolução da informação. O conceito de propriedade intelectual vem sendo questionado.
A produção em massa característica da era industrial levou os autores de obras intelectuais a alienarem sua criação aos
detentores dos meios de produção e uma vez alienada a propriedade não pode mais ser utilizada, portanto os direitos defendidos
são os dos meios de produção, no caso dos livros, as editoras. Como ficam, então, os interesses da sociedade que busca a
democratização no acesso à informação?
As necessidades e expectativas do usuário da informação se manifestam nos movimentos livres da era tecnológica alavancados
pelo movimento do software livre. Os fundamentos desse ideal se estendem a outras obras de criação intelectual. O movimento
se estrutura com a criação da Free Software Foundation , FSF (Fundação para o Software Livre) e se fundamenta juridicamente
através da GNU General Public License ou GPL (Licença Pública Geral do GNU). As novas licenças que garantem o direito de
distribuir e modificar livremente as obras intelectuais são chamadas de “copyleft”, numa crítica às licenças tradicionais de
“copyright” que ao contemplar o “direito de cópia” garantem tão somente o monopólio do direito de reprodução das obras
intelectuais.
Tais discussões evidenciam conflito entre os interesses da sociedade e os interesses comerciais na produção do livro. Uma
análise econômica do produto editorial aponta para a necessidade de reposicionamento mercadológico do setor editorial no
sentido de uma nova postura frente à realidade tecnológica atual dos conteúdos digitais e às necessidades e expectativas do
usuário da informação no contexto da Sociedade do Conhecimento.
As conseqüências das tecnologias de informação e comunicação para este setor implicam que as tecnologias de replicação de
conteúdos digitais estão disponíveis para todos, de forma que cada vez mais há mercado para serviços complementares à
informação independentemente da mídia, seja livro ou formato digital.
Reconhece-se a importância de democratização no acesso à informação para a sociedade tanto quanto a necessidade de
incentivo econômico pelo trabalho. No entanto há várias formas de gerar o desenvolvimento de projetos de pesquisas ligados ao
desenvolvimento de inovações: os trabalhos colaborativos em rede como os “wikis” são um bom exemplo, e outras formas de
financiamentos de projetos de pesquisa.
Isso não significa que os conteúdos de livros devam ser necessariamente completamente gratuitos. Sugere-se que isso implique
em oferecer serviços que agreguem valor aos produtos que levem os usuários de informação a adquirir um produto editorial por
um valor justo ou, aqueles que podem a optar quando sentem que obterão benefícios adicionais que não obteria se copiasse esse
conteúdo de algum conhecido ou da própria Internet que inevitavelmente divulgará esse conteúdo na maioria dos casos, afinal
facilitar o acesso à comunicação e informação é característica da Internet.
As editoras parecem ainda não estarem preparadas para enfrentar a economia digital e em alguns casos parecem oferecer
resistência em conceber produtos digitais inovadores, apesar do avanço tecnológico com potencial de viabilizar soluções capazes
de conciliar interesses da indústria e necessidades da sociedade.
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Anuario de Derecho Constitucional Latinoamericano 2006 Tomo II. Montevideo: Fundación Konrad-Adenauer, 2006. p. 934948.
Sobre os autores / About the Author:
Thiago Souza Araújo
[email protected]
Doutorando em Administração Universidade Federal de Santa Catarina, Pesquisador no Laboratório de Tecnologias da
Informação e Comunicação da Universidade do Estado de Santa Catarina.
Alessandra Galdo
[email protected]
Mestranda em Ciência da Informação da Universidade Federal de Santa Catarina.
Julíbio David Ardigo
[email protected]
Professor Doutor, coordenador do Laboratório de Tecnologias da Informação e Comunicação da Universidade do Estado de
Santa Catarina.
BIBLIOTECAS DIGITAIS E INTERNET:
EM BUSCA DA PRODUÇÃO COLETIVA
DE CONHECIMENTO
Cristiana Serra*
Nelson (De Luca) Pretto**
... começa aqui meu desespero de escritor.(...); como
transmitir aos outros o infinito Aleph, que minha tímida
memória mal e mal abarca? Os místicos, em transe
semelhante, gastam os símbolos: para significar a divindade,
um persa fala de um pássaro que, de algum modo, é
todos os pássaros; Alanus de Insulis fala de uma esfera
cujo centro está em todas as partes e a circunferência em nenhuma;
Ezequiel fala de um anjo de quatro asas que, ao mesmo tempo,
se dirige ao Oriente e ao Ocidente, ao Norte e ao Sul.
(Não é em vão que rememoro essas inconcebíveis analogias;
alguma relação elas têm com o Aleph.)
Jorge Luis Borges, O Aleph
Talvez nos dias de hoje Borges não tivesse tanta dificuldade em encontrar uma metáfora para
descrever o Aleph. Todas as analogias sugeridas pelo escritor argentino nos remetem à configuração
do ciberespaço, esse grande hipermídia planetário onde não existe gestão centralizada. Um espaço
caótico, polidirecional e auto-organizante. Uma espécie de, raiz sem centro ou, quem sabe, de
muitos centros, que se expande para todos os lados de forma complexa. Cada ponto da rede nos
conecta a outros pontos que, por sua vez, também nos conectam indefinidamente a outros tantos.
Navegar não é mais escolher um plano, programá-lo e simplesmente executá-lo. O ato de navegar é,
em si mesmo, um ato impreciso. De múltiplas conexões e possibilidades.
Fala-se em milhões de páginas na Internet. Até mesmo este número é difícil de precisar, em função
da velocidade com que se pode colocar um conjunto de informações na rede, publicando-as
imediatamente em diversos sítios públicos, gratuitamente. Nem mais conhecimento da linguagem
denominada HTML (HyperText Markup Language) é necessário. Um sítio de muitas páginas pode
ser construído quase que simplesmente como se estivéssemos escrevendo um artigo num
computador, usando um processador de textos qualquer.
Os sítios que abrigam páginas gratuitas proliferaram na rede nos últimos anos. São serviços
disponibilizados para aqueles usuários que já têm acesso à rede através de algum computador
e que desejam publicar suas páginas sem sofrer nenhum tipo de controle do dono do provedor,
seja ele público ou privado. O pioneiro foi o Geocities <http:// www.geoçities.com> e hoje já
encontramos tantos outros como o:
Yahoo <http://www.yahoo.com>,
Excite <http://www.excite.com>,
TerraAvista <http://www.terravista.pt>,
Cadê <http://www.cade.com.br>,
ZipMail http://www.zipmail.com.br
Mas, enfim, qual o número de páginas na rede? Chegar a este dado pode ser uma simples curiosidade, mas também é importante para provedores, usuários e pesquisadores que tenham o objetivo de
entender um pouco mais o comportamento da Web. Mas a tarefa não é fácil. A organização W3C
<http:/ /www.w3.org> desenvolve pesquisas, analisando o comportamento da parte gráfica da
Internet, conhecida como World Wide Web ou simplesmente Web ou W3. Uma de suas pesquisas
foi justamente verificar o crescimento do número de usuários da rede. Durante a primavera de 1998,
dois grupos, Research Institute (NEC) e Systems Research Cenfer (DEC) trabalharam nessa
pesquisa e empregaram a mesma base técnica, mas chegaram a diferentes números. Segundo a
NEC, existem na rede 320 milhões de páginas, enquanto que, de acordo com a DEC, este número é
de 275 milhões.1
A diferença encontrada é significativa e demonstra claramente a complexidade de análise do
comportamento da Web. Para nós, no entanto, mais significativa é a análise da diversidade da
WEB. Este mesmo grupo, pesquisando "onde nos levam os cliques na Internet ", chegou a uma
conclusão que "pode surpreender você", como eles mesmos ressaltaram em seu relatório: "50% dos
cliques levam apenas 1 % de sítios visitados e 80% dos cliques levam a apenas 26% dos sítios".2
O gráfico acima, extraído desse documento, apresenta o comportamento dos cumulativos "cliques"
e o número de sítios encontrados nessa pesquisa, possibilitando uma melhor visualização do
fenômeno.
Mais do que surpreendente, tal resultado é preocupante. Preocupante porque a Internet tende a se
tornar o maior repositório do conhecimento humano, embora ainda mantendo o mesmo estilo de
concentração na produção do conhecimento e na divulgação de informações dos chamados
tradicionais meios de comunicação de massa. Não chegamos a afirmar que temos o mesmo sistema
de broadcasting, de distribuição de informações via meios centralizados, como vemos no caso dos
sistemas de televisão. No entanto, nos parece um importante indicador para que possamos pensar na
pouca diversidade de sítios sendo localizados por estas buscas, indicando-nos, consequentemente, a
necessidade de um repensar a sistemática de produção e divulgação de sítios que expressem as diferentes culturas e valores locais.
Mesmo assim, achamos na rede informações sobre um universo muito amplo de temas e assuntos.
Encontramos, embora talvez não sendo os mais procurados e divulgados, desde sítios sobre massas
de ar na Ásia meridional à teologia na Idade Média, de paleontologia à poesia concreta, da arte
indiana às teorias anarquistas. Fica claro que esse crescimento vertiginoso de páginas e usuários
gera ansiedade e nos leva a perguntar se não estaríamos nos afogando nesse oceano informacional.
Ao mesmo tempo que nos leva a pensar sobre a pretensão iluminista de abarcar todos os saberes da
humanidade na busca de grandes sínteses, pensamos também, como Pierry Lèvy, que "a emergência
do ciberespaço não significa em absoluto que 'tudo' esteja enfim acessível, mas que tudo está definitivamente fora de alcance." (Lèvy, 1999).
A Internet está muito longe da idéia de enciclopédia imaginada por Diderot e D'Alembert.
Poderíamos até pensá-la como uma "enciclopédia aberta", apesar do evidente paradoxo ai presente.
O caráter de abertura e não-totalização contradiz a etimologia desse termo, que surge do desejo de
exaurir todo o conhecimento do mundo, encerrando-o em um círculo, em um mesmo espaço físico.
Bilbioteca = [Do gr. bibliothéke, pelo lat. bibliotheca.] S. f. 1. Coleção pública
ou privada de livros e documentos congêneres, organizada para estudo, leitura
e consulta. 2. Edifício ou recinto onde se instala essa coleção. Novo Dicionário
da Língua Portuguesa Aurélio Buarque de Holanda Ferreira.
Exatamente por conta desse universo de informações que se amplia e se transforma a cada dia é que
Lèvy questiona: "O que salvar do dilúvio? O que colocaremos na arca?". Imaginar que pudéssemos
construir uma arca que contivesse o "essencial", segundo esse autor, seria justamente ceder à ilusão
de totalidade. Ele diz: "à imagem da grande arca, devemos substituir a flotilha de pequenas arcas,
botes ou sampanas, uma miríade de pequenas totalidades, diferentes, abertas e provisórias,
segregadas por filtragem ativa, perpetuamente retomadas pelos coletivos inteligentes que se cruzam,
se chamam, se chocam ou se misturam nas grandes águas do dilúvio informacional" (Lèvy, 1999).
Dilúvio, urge que reiteremos, ainda centrado nos grandes e poucos produtores.
Buscar informações espalhadas na rede era, até bem pouco tempo, um processo de tentativa e erro.
Este processo de busca e acesso às informações foi denominado de navegação. Navegação por
mares de poucos horizontes, onde pode não haver ponto de partida nem porto de chegada definidos
a priori. Cada usuário, cada navegante, segue seu próprio rumo e toma diversos atalhos. Mas optar
por permanecer à deriva não é uma tarefa fácil. Procura-se, então encontrar - e, na sua ausência,
criar - faróis sinalizadores, mapas e bússolas, que possam servir de guia nesse oceano
informacional. Como o: velhos marinheiros, aventureiros que saíam em busca do desconhecido,
com informações imprecisa; sobre a rota a ser percorrida e o desejo do novo presente. Ao
navegarem, ao descobrirem, criavam e alimentavam os mapas. O início das navegações do surfar na
Internet, também era caracterizado pela absoluta imprecisão. Isso sem falar na inicial falta de
informações em outra língua que não o inglês, uma vez que o que se via nos primórdios da Internet
era praticamente, sítios somente em inglês.
Desvendar, criar mapas, orientar as navegações, estas eram - e ainda são! - palavras-chave nos
primórdios da Internet. Foram assim sendo desenvolvidos inúmeros instrumentos para auxilia esse
processo. O objetivo, como sempre, era o de sistematizar dados. O primeiro passo foi a criação de
ferramentas de busca automática, como o Yahoo! Cadê, Altavista, que cada vez mais se
sofisticaram e passaram a dar origem a outros mecanismos para a localização de informações na
Web. Mecanismos que usam as próprias ferramentas de busca como sua base, numa espécie de
metabusca. Nesta categoria temos o pioneiro no Brasil, Metaminer (mineiro mesmo, mas que
segundo os seus autores deve ser lido como se fosse em inglês!), o Start Point TM, 37.com, entre
outros. Aqui, em um mesmo sítio, pode-se realizar a busca usando um conjunto de outros
instrumentos de busca, simultaneamente.
Yahoo: <http://www.yahoo.com>
Cadê: <http://www.cade.com.br>
AItaVista: <http://www.altavista.com/ >
Metminer <http://miner.uol.com.br/ >
Start Point: <http://www.stpt.com/ >
37.com: <http://37.com>
Esses instrumentos de busca ajudam na descoberta dos sítios, mas também se constituem em
elementos auxiliares para se perseguir o ideal de racionalização do conteúdo disponível na rede. As
chamadas bibliotecas virtuais são criadas, então, como mais um passo na busca de facilitar essas
navegações e podem ser identificadas como "a flotilha de pequenas arcas, botes ou sampanas" de
que nos fala Lèvy. A partir de agora, passamos a examinar e caracterizar com um pouco mais de
detalhes, essa miríade de pequenas totalidades que começam a surgir na superfície não-totalizável
do ciberespaço.
Cibercopistas e ciberbibliotecários
Duas tendências vão marcar o aparecimento das bibliotecas virtuais. De um lado, a inicial
catalogação do material existente nas bibliotecas, formando os bancos de dados que, em seguida,
passam a ser disponibilizados na rede. De outro, o início da digitalização de livros e textos
impressos já disponíveis nas bibliotecas tradicionais.
O surgimento da imprensa, inventada por Gutemberg (1397-1468) no século XV, a partir de várias
outras descobertas técnicas que estavam sendo feitas nesta área, foi "estimulando e incentivando a
produção literária e científica, uma vez que aumentava a rapidez de impressão e, consequentemente,
de circulação dessas informações" (Pretto, 1996, p. 55). Desde então, a informação passou a ser divulgada e, principalmente, produzida num ritmo exponencial que nos leva a imaginar que as
bibliotecas tradicionais estão à beira do seu limite de saturação.
"Estima-se que as maiores bibliotecas do mundo estão duplicando de
tamanho a cada 14 anos, a uma taxa de 14.000 por cento a cada século. No
início dos anos 1300, a Biblioteca da Sorbonne, em Paris, continha 1228
livros e era considerada a maior da Europa. Hoje, existem várias bibliotecas
com um acervo bem superior a 8 milhões de livros cada uma." (Wurman.
1991. p.222)
Cada dia que passa as bibliotecas deixam de ser lugares quase sacros para o depósito de materiais
preciosos e passam a incorporar novas mídias, ampliando de forma considerável se acervo e acesso.
A própria concepção espacial está sendo transformada. As bibliotecas vêm-se tornado espaços
abertos, onde o(a) leitor(a) vive intimamente com os livros, discos, CDs, fitas, mapas slides.
Umberto Eco, em O Nome da Rosa - o livro e depois o filme - descreve com detalhes a biblioteca
de uma abadia no século XIII, onde os livros eram guardados a sete chaves. Os crimes temperam a
descrição do ambiente. Malaquias, o bibliotecário, cuida do raro e valioso acervo. O velho cego,
Jorge e Burgos, completa a cena. O monge Guilherme de Baskerville - no filme interpretado por
Sean Connery - chega com o noviço Adson von Melk - no filme, interpretado por Christian Slater e encanta se com o que vê. É o acesso aos livros, o acesso ao saber, que estimula o noviço a refletir
sobre a história de sua ordem e sobre o destino dos livros:
Eis, eu me disse, as razões do silêncio e da escuridão que circundam a biblioteca, ela é reserva de
saber, mas pode manter esse saber intacto somente se impedir que chegue a qualquer um, até aos
próprios monges. O saber não é como a moeda, que permanece fisicamente íntegra mesmo através
das mais infames trocas: ele é antes como um hábito belíssimo, que se consome através do uso e da
ostentação. Não é assim de fato o próprio livro, cujas páginas esfarelam-se, as tintas e os ouros se
tornam opacos, se muitas mãos o tocam? (Eco, 1983, p.217)
Páginas que trazem emoções, informações, provocações e, até mesmo, veneno, como no caso do
romance de Umberto Eco. Preciosas páginas que estimulam o curioso pensamento de Adson. Para
ele, a preservação do saber estava condicionada à sua não-disseminação. E, hoje, com o recurso da
digitalização, não só fica aumentada a possibilidade de circulação, como tende a desaparecer esse
princípio de raridade. Cópia e original se confundem. Inverte-se portanto, o raciocínio do noviço: as
obras são digitalizadas inicialmente por razões de conservação e, logo, passam a viabilizar a sua
socialização. No entanto, isso não se dá de forma direta, linear e automática. O movimento é
complexo aqui também e, inclusive, exige a presença de novos profissionais para trabalharem com
este novo campo, encarregados agora da tarefa de transformar os "átomos em bits" e armazenar o
conhecimento produzido para as próximas gerações: os cibercopistas.
De um lado, as maiores bibliotecas do mundo estão tendo seus acervos digitalizados, como é o caso
da Biblioteca do Congresso Americano, da Biblioteca Nacional da França e da Biblioteca do
Vaticano.
Biblioteca do Congresso Americano
<http://www.lcweb.loc.gov/homepage/ Ichp.html>
Biblioteca Nacional da França
<http://www.bnf.fr>
Biblioteca do Vaticano
<http://www.vatican.va/biblioteca~vatic/ index.html>.
Outras iniciativas locais vão aumentando este espectro. No caso da Bahia, podemos constatar que
boa parte das principais universidades públicas baianas já está disponibilizando na Internet as referências de seu acervo bibliográfico tradicional.
O processo de informatização do sistema de bibliotecas da Universidade Federal da Bahia demandou
um trabalho coletivo, envolvendo a administração central, a biblioteca central e todas as demais
bibliotecas descentralizadas. O processo teve início em 1995, ocorrendo paralelamente ao processo
de informatização de toda a UFBA. Um dos primeiros e difíceis passos foi a definição da plataforma
que seria utilizada, evitando-se com isso a repetição de alguns equívocos já identificados em outras
universidades do país. Simultaneamente começaram a ocorrer a qualificação de pessoal e o repensar
de práticas acadêmicas e administrativas no campo das bibliotecas. O acervo começou a ser cadastrado na nova base de dados e já pode ser acessado interna e externamente à UFBA, através da
Biblioteca Central <http:// www.ufba.br/instituicoes/ufba/orgaos/ biblioteca central>, com links para
as demais unidades, <http://www.bib.ufba.br/scripts/ odwp090c.dll?proflist>. Antes disso, o
catálogo da Universidade Estadual de Feira de Santana <http:// www.uefs.br> já estava disponível
para consulta em <http://200.223.167.3/scripts/ odwp000b.dll?DBLIST=uefs~por>e a Universidade
do Estado da Bahia <http:// ' www.uneb.br> também providencia a disponibilização do seu banco de
dados bibliográficos.
De outro lado, merecem destaque alguns projetos internacionais que avançam na recuperação de
livros históricos, paralelamente à grande discussão sobre o direito de autor (copyright. O Projeto
Gutemberg é um destes e, talvez, o mais importante, com milhares de livros cadastrados e
digitalizados <http://www.gutenberg.net>. Também nesta linha há o Bibliofind
<www.bibliofind.com>, que, segundo a jornalista Maria Ercília, da Folha de São Paulo, "chega a
dar vertigem, com seus nove milhões de livros usados e raros".3
Outros grandes bancos de dados começam a surgir ampliando o conceito de biblioteca. Podemos
destacar o caso dos dicionários, que tem como grande exemplo o Web of Online Dictionaries, com
links para 800 dicionários, em 160 línguas. Se ampliamos para outras mídias como filmes, CDs,
vídeos, encontramos, por exemplo, o Internet Movie Database, o Humanities Media Center, Film
and Video Library, entre uma infinidade de outros exemplos.
Web of Online Dictionaries <http://www.facstaff.bucknell.edu/rbeard/
diction.html>
Internet Movie Database
<http://www.imdb.com>
Humanities Media Center <http://128.59.207.236:591/video/filsearch>
Film and Video Library <http://www.lib.umich.edu/libhome/FVL.Iib/
fvl.html>
No entanto, esse conjunto de sítios até aqui mencionados ainda se constitui numa transposição e
adaptação do que já está impresso e disponível, publicado nos chamados meios tradicionais. Outro
importante aspecto desta questão é a grande quantidade de artigos e periódicos eletrônicos já
produzidos exclusivamente para a rede. Assim, a atividade tipicamente gutemberguiana de
catalogação, indexação e compilação, estende seus domínios e ganha novas possibilidades na
Internet. Junto aos cibercopistas, teremos agora ciberbi-bliotecários.
Bibliotecas?
Assistimos, portanto, a uma sinfonia de vários movimentos, que vai ampliando de forma considerável a informação disponibilizada no mundo todo. Como já dito anteriormente, o primeiro
movimento foi - e ainda está sendo! - o de simplesmente transpor o mundo não-digital para rede.
Criaram-se cursos on-line, que reproduzem escolas reais, construindo-se sítios onde encontramos
portarias, secretarias, auditórios, salas de aula e, claro, bibliotecas. Estas últimas, espaços onde os
livros estão depositados. Só que agora os espaços são medidos em bytes e não em metros
quadrados. E os livros não são mais as matérias e os átomos, mas elementos de informação, os
números 0 e 1, on ou off, que compõem a unidade computacional binária. O segundo movimento -
adagio? - já em andamento, embora de modo um tanto incipiente, é o da produção de novos textos,
hipertextos, hipermídias, com uma lógica diferenciada, ainda em construção.
Como uma espécie de submovimento, de intermezzo, surgiram as chamadas bibliotecas virtuais.
Sem dúvida, um nome que precisa ser repensado neste novo contexto.
O que entendemos por biblioteca virtual é algo diferente do que costumamos definir como biblioteca desde a Antigüidade. Esse termo não é o mais apropriado, mas terminou sendo adotado, quase
que universalmente, como um nome fantasia para aquilo que entendemos ser mais adequadamente
um centro de referência digital.
No caso das bibliotecas tradicionais, o que prevalece é a idéia de coleção, ou seja, de acúmulo de
informação, por acréscimo de novos exemplares. O conteúdo presente na rede, no entanto, está em
constante mutação. É muito comum encontrar em vários sítios a expressão em construção, que, pela
própria natureza da Internet, é uma expressão incoerente. Não faz sentido dizer que o sitio está em
construção, uma vez que é absolutamente evidente que, por ser um sítio na rede, ele,
potencialmente, estará sempre em construção.
Um livro, depois de publicado e adquirido pelo leitor passa a ser sua propriedade. O autor nada
mais pode fazer sobre o que nele está escrito. Na rede tudo é diferente. Hoje encontra-se um texto
que amanhã pode estar modificado, no exato mesmo lugar. Algumas vezes, sem nem sequer uma
referência da modificação. A dinâmica, portanto, não se dá somente por simples acréscimo, mas
pela renovação contínua. O próprio ato de citar um documento lido na rede exige novas
normatizações que estão em discussão permanente. Um dos aspectos fundamentais nestas normas,
que estão em processo de elaboração, é o da necessidade de citar a data do download, da cópia do
documento, quando sua origem é a Internet.
A longo dos anos buscou-se estabelecer critérios acadêmicos e editoriais para o referenciamento e
citação de obras em outros trabalhos. Várias normas internacionais são adotadas e, no caso do
Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) <http://www.abnt.org.br/ > possui
um sistema de referimento e orientação para a questão, com vários comitês técnicos trabalhando
permanentemente no tema.
Com a Internet e a quantidade cada vez maior de documentos que citam documentos da rede,
alguns autores começam a buscar novos elementos e regras para estas citações. No texto A Internet
como ambiente de pesquisa: problemas de validação e normalização de documentos online,
Marcos Palácios ([email protected]) aponta alguns destes elementos.
"A citação de arquivos disponíveis na WWW deve conter: Nome do autor; Título completo do
documento, entre aspas; Título do trabalho no qual está inserido, em itálico (quando aplicável);
Data (mês e ano) da disponibilização ou da última atualização (quando disponível); O endereço
(URL) completo, entre parênteses angulares; A data de acesso, entre parênteses." (Palácios, 1996,
p. 53)
Tudo é apenas uma questão de tempo. Como em todo período de transição, tendemos a utilizar os
conceitos antigos, mesmo que não correspondam propriamente às novas situações. Também assim
aconteceu com o programa PROSSIGA do CNPq <http://www.prossiga.br/rei.html> ao criar as
"bibliotecas virtuais" que, mesmo mantendo essa denominação, foram concebidas segundo uma
perspectiva mais abrangente. Nos sítios do Prossiga encontramos informações sobre cursos,
eventos, projetos realizados e em andamento, instituições de pesquisa e uma série de referências que
não estariam normalmente disponíveis em uma biblioteca convencional. Mais do que isso, no
projeto de uma das bibliotecas, a Biblioteca Virtual de Educação a Distância (BVEAD), coordenada
pelo nosso grupo, buscou-se criar um espaço maior, que viabilizasse a produção e divulgação de
documentos e informações de forma mais coletiva. Isso, potencialmente, é o objetivo das Polêmicas
Contemporâneas.
A
Biblioteca
Virtual
de
Educação
a
Distância
(BVEAD)
<http://www2.prossiga.br/edistancia/index.html> é um projeto integrado ao Programa PROSSIGA
do CNPq em pareceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), através da Faculdade de
Educação e do Instituto de Ciências da Informação. Como parte da BVEAD, as Polêmicas
Contemporâneas se constituem em um .espaço reservado para discussão de textos e questões
relativos às diversas vertentes da temática da biblioteca. A discussão é encaminhada a partir de um
texto escolhido previamente e ocorre em uma lista específica, a [email protected].
Para se inscrever na lista basta mandar uma mensagem para [email protected], sem subject, e no
corpo da mensagem colocar apenas "SUBSCRIBE POLEMICAEAD Seu Nome" (sem as aspas).
Cada usuário deve substituir "Seu Nome" pelo seu próprio nome. Espera-se, com isso, poder ter
uma produção mais coletiva de conhecimento, uma vez que está no objetivo da BVEAD a
sistematização destas discussões e a sua incorporação à própria biblioteca.
Neste sentido é que dizemos que o conceito de biblioteca virtual é limitante, pois, de certo modo,
imagina a utilização da Internet exclusivamente como uma fonte para a consulta a bancos de dados
e listas bibliográficas. No entanto, imaginamos a Internet como sendo muito mais que apenas um
meio de informação. Ela é - ou melhor, deveria ser! - um meio para a troca de informações, ou seja,
um ambiente comunicacional. E é por isso que pensamos na possibilidade de ampliação deste
conceito e na constituição de um espaço que não só permita o acesso ao material de pesquisa de
uma determinada área, mas também que possibilite o intercâmbio de experiências, a ação conjunta e
a produção coletiva do conhecimento.
No caso específico do PROSSIGA, tenta-se avançar nesta dimensão comunicacional, através da
criação de interfaces abertas que permitam a interação com e entre os usuários. Além do espaço já
referido das Polêmicas Contemporâneas da BVEAD, todas as demais Bibliotecas trabalham com
essas ferramentas, sendo a mais básica de todas o sistema de correio eletrônico, que pode se usado
para enviar críticas, sugerir links e manter uma comunicação com a equipe responsável pela
organização e atualização do sítio. Também estão disponibilizadas salas de chats e listas de
discussão, buscando estimular as pessoas que compartilham os mesmos interesses - mesmo estando
em espaços geográficos distantes - a formarem grupos e interagirem conjuntamente no ciberespaço,
propondo novos textos e novas referências.
Separar o joio do trigo?
Na rede não há fronteiras. Nem reais, estabelecidas pelos limites físicos, nem virtuais. Um link
acessado em uma biblioteca virtual nos leva instantaneamente a outro lugar, que, por sua vez,
também é um não-lugar. O grande diferencial do hipertexto informatizado é justamente a
velocidade e a perda da noção espacial. A passagem de um ponto a outro ocorre automaticamente
ao clique do mouse. Ao contrário do que acontece quando consultamos os tradicionais índices
remissivos, a referência é imediata e, em princípio, o texto vem até nós onde quer que estejamos.
Como já dito, a Internet soluciona o problema do armazenamento de informação. No entanto, há
muito o que se resolver no que se refere aos mecanismos de processamento. A criação de
bibliotecas virtuais está sendo, em nossa perspectiva, um primeiro passo nesse sentido. Sem mapas
que apontem para determinados caminhos, achar uma informação especifica na rede é tão difícil
como encontrar uma agulha em um palheiro. Mesmo dividindo o grande palheiro informacional (a
Internet) em pequenos palheiros (as bibliotecas virtuais), ainda assim não resolvemos o problema de
como acharemos nossas agulhas.
Palheiros à parte, a primeira tarefa é separar o joio do trigo, sem, obviamente, considerar que
necessariamente todo joio é ruim e todo trigo é bom. A idéia básica de que todos possam
disponibilizar e acessar o que desejarem leva a extremos, ou seja, significa termos um conjunto de
informações que tende ao infinito. Dessa forma, essas bibliotecas virtuais podem ser utilizadas
como um artificio para facilitar a navegação daqueles que não querem, a todo momento, percorrer
tudo outra vez. Seguindo-se alguns percursos por outros já realizados, poupa-se energia e
economiza-se tempo.
Muitos autores consideram que existe na rede muito lixo informacional. O que é esse lixo informacional? Trata-se de uma discussão difícil, mas podemos fazer alguns exercícios de aproximação.
Não resta dúvida, nos parece, que sítios que contém informações imprecisas, estáticas, que não são
submetidas a uma freqüente atualização ou, ainda, aqueles que possuem informações simplesmente
copiadas de outros mídias, talvez possam ser enquadrados nesta classificação.
Poderíamos até afirmar que a função das bibliotecas virtuais seria justamente “garimpar’ este lixo
informacional. Aí nos deparamos com um grande problema. Afinal, a filtragem de informações
pode ser também um meio empregado para privilegiar determinados interesses, priorizar certos
pontos de vista, confundindo-se em alguns casos com a censura. Não devemos reproduzir na rede os
convencionais mecanismos de legitimação do conhecimento e muito menos estabelecer critérios de
seleção que definam o que é bom ou ruim para o pesquisador ou para o simples usuário. O que se
pretende é fornecer mais detalhes, de modo a possibilitar que o navegador saiba que tipo de
informação encontrará pela frente. Assim ele pode evitar determinadas rotas e não perder tempo
visitando ilhas ou continentes que não lhes pareçam interessantes”.
Os recursos de busca por palavras-chave, há muito utilizados nos fichários das bibliotecas tradicionais, são extremamente necessários, mas não suficientes quando transpostos para a rede. O resultado de uma busca, através da palavra "computador", por exemplo, levará a um conjunto muito
grande de informações que certamente não ajudará em nada o usuário. Criar categorias específicas
pode ser útil para aqueles que não sabem exatamente o que querem procurar. Neste sentido,
tomando como exemplo a Biblioteca Virtual de Educação a Distância, as informações foram
classificadas e categorizadas. As categorias estão subdivididas por separadores e a todas, inclusive
às subdivisões, são aplicáveis as chamadas palavras-chave. Na BVEAD podemos encontrar, por
exemplo, as categorias artigos, cursos, dicas de financiamento, eventos, instituições de ensino e
pesquisa, legislação, entre outras, Dentro destas categorias existem separadores, em diversos níveis,
sendo o primeiro o que distingue sítios brasileiros e estrangeiros. Vejamos alguns exemplos: na
categoria evento, o ano de realização funciona como um separador. Dentro de legislação temos as
seguintes subdivisões: municipal, estadual ou federal. Dessa forma, o usuário pode, através da
busca, chegar mais perto das referências necessárias para seguir seu próprio fluxo. Ao chegar à
referência, uma breve descrição do sítio é apresentada, de tal forma que, mais uma vez, o usuário
pode analisar se interessa ou não fazer a conexão com as páginas propostas. Pensamos que, com
isso, amplia-se o espectro de acesso às informações e, assim, podemos contribuir para a construção
de uma nova tipologia para a Internet.
Quem sabe o ciberespaço realmente possa materializar a utopia da "inteligência coletiva" proposta
por Lèvy. "Uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em
tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências." (Lèvy, 1998, p.28). As
bibliotecas virtuais podem dar sua parcela de contribuição a essa proposta, na medida em que se
consolidem como centros de referência digital sobre aquilo que vem sendo produzido em
determinada área de conhecimento. E, para isso, todo saber precisa ter o seu valor, seja ele o saber
do especialista ou o do cidadão comum. A produção do conhecimento deve ser o resultado de um
processo crítico, público e comunal, no qual todos tenham participação. A rede pode representar,
portanto, a possibilidade concreta de otimização desse processo.
Referências Bibliográficas:
BORGES, Jorge Luis. U Aleph: Trad. Flávio José Cardoso. 11 ed. São Paulo: Globo, 1997.
ECO, Umberto. O nome da rosa. Trad. Aurora Bernadini e Hoemo Freitas de Andrade. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1983.
LEVY, Pierre. A in·eligéncia coletiva. Por uma antropologia do ciberespaço. Trad. Luiz Paulo
Rouanet. São Paulo: Loyola: 1998.
Educação e Cibercultura. <http://portoweb.com.br/ PierreLevy/educaecyber.html> (01/O6/99).
PRETTO, Nelson. Uma escola com/sem futuro. Campinas: Papirus, 1996.
PALÁCIOS, Marcos. A Internet como ambiente de pesquisa: problemas de validação e
normalização de documentos on-line. Revista da FAEEBA. Salvador: UNEB/Faculdade de Educação, v. 5, n. 6, jul./dez. 1996.
SCHRAMM, Wilbur, PORTER, William apud WURMAN, Richard S. Ansiedade de informação.
São Paulo: Cultura Editores Associados, 1991.
*
Cristiana Serra é Jornalista e Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e
Cultura Contemporâneas da UFBA.
E-mail: [email protected] ;
**
Nelson (De Luca) Pretto é professor da Faculdade de Educação da UFBA. Doutor em Ciências
(Comunicação) pela USP. Pós-Doutoramento no Centre for Cultural Studies/ . Goldsmiths College
(ago.98-ju199) <http://www.goldsmiths.ac.uk/cuttural-studies>.
Bolsista do CNPq. Home-page <http://www,ufba.br/~pretto>
E-mail: [email protected]
NOTAS
1
Documento disponível em: <htto://www.w3.orglfR/1999/ NOTE-WCA-19990319>. (Download
em 11/05/99).
2
3
<http://www.w3.orglTR/NOTE-WCA/> Tradução nossa. (Download em 11/05/99).
Folha de 5. Paulo, Coluna Netvox: O fim do vendedor de enciclopédias. Maria Ercilia. 17/3/99
BAHIA Análise & Dados Salvador-BA
SEI v.9 nº1 p. 14-19
julho 1999
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Livro impresso X livro digital
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Arnaldo Niskier
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Com mais de 700 inscrições, o Congresso Rio de Educação, realizado no Hotel Sofitel, foi um sucesso completo,
para alegria do seu inspirador, o professor Victor Notrica, presidente do Sindicato das Escolas Particulares
(Sinepe). Tive o ensejo de coordenar a primeira das suas mesas, que tratou de um tema atualíssimo: “Do livro de
papel ao livro digital: uma reflexão sobre o exercício da leitura”.
Artigos - 2008
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Artigos - 2002
Artigos - 2001
Artigos - 2000
O primeiro orador foi o engenheiro Sílvio Meira, da Universidade Federal de Pernambuco. Munido de um
poderoso Fujitsu, encantou a plateia, dizendo coisas que nos fizeram pensar: “O principal inimigo do livro
impresso não é livro digital, mas os games e as redes sociais que faturam hoje bilhões de dólares.”
Mostrou que a procura por games dobrou de 2011 para cá, chegando a 142 horas por ano por pessoa. Afirmou
ser decrescente o faturamento em livros impressos e que os digitais constituem um instrumento precioso de
sustentação do fenômeno da leitura. O programa que mais cresce é o chamado “Angry birds”, com 30 milhões de
jogadores por dia e o Facebook é um ambiente com 1 bilhão de usuários. São números extraordinários, que
tendem a crescer quando for lançado, até o Natal, o Kindle da Amazon, um sistema inteiro que irá balançar o
livro tradicional. Não terá propriedade intelectual e entrará livremente nas bibliotecas das escolas. A previsão de
Sílvio Meira, que é doutor em ciência da computação, é de que muitas livrarias, a partir daí, poderão quebrar,
embora os livros de conteúdos, com funcionalidade, devam ter uma grande sobrevida.
Depois veio a fala do escritor Muniz Sodré, que foi presidente da Biblioteca Nacional. Especialista em
comunicação, com domínio de vários idiomas, demonstrou que “do impresso nasceu uma nova economia do
tempo de aprendizagem”. Quando a oralidade era predominante, não se precisava do livro para pensar e debater. Passou pelo conceito de hipertexto (é a complementaridade dos textos) e classificou a internet como a realização
tecnológica do intertexto, “onde o leitor é incitado o tempo todo à livre navegação dos bytes, ao veloz
nomadismo do hipertexto, sem contas a prestar ao autor.”
Para ele, não se está assistindo ao fim da forma-livro, mas à sua continuidade em outro suporte material, como
assinala Umberto Eco, para quem o livro é uma invenção definitiva. Com o digital abrem-se outras
possibilidades para a interatividade.
Muniz defende a existência de uma “ciberliteratura”, criticou os nossos escassos índices de leitura e revelou a
existência, no Brasil, de um descompasso pedagógico frente à ascensão dos novos modos de ler, que incidem
justamente sobre as práticas juvenis de interpretação de textos no âmbito de escrita digital. A seguir a plateia,
muito mobilizada, discutiu as questões levantadas. Ficou no ar a convicção de que o livro não morrerá, mas
ganhará novos e ampliados contornos.
Salão Nobre do Petit Trianon
Jornal do Commercio (RJ), 20/7/2012
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Blog Corporativo, uma introdução.
LÍGIA GABRIELA BUCHFINK
INTRODUÇÃO
Esse ensaio discutirá sobre o uso corporativo dos blogs, prática que tem se
propagado no meio empresarial e cuja implementação necessita de planejamento, tanto no
desenvolvimento quanto na manutenção da ferramenta de comunicação. A postura da
empresa frente ao blog será a chave para o sucesso ou fracasso do projeto.
O tema é ressente e a ferramenta está, aos poucos, sendo adota pelas empresas.
Ainda não se encontra um modelo de estratégias e regras bem definidas, mas consegue-se
extrair algumas informações que podem embasar o planejamento das empresas que
querem disponibilizar o canal do blogs corporativo.
VAZ (2008) trata do assunto blog dentro de um contexto de posicionamento digital
das empresas, trata-se de um autor com uma vasta prática de mercado, este é o principal
motivo para tê-lo como referência. TERRA (2006) foca a temática blog corporativo e trás
conceitos acadêmicos da área de Relações Públicas para embasar sua dissertação que
originou um livro sobre o assunto.
Apresenta-se uma introdução sobre marketing digital seguida do conceito de blog e
de algumas diretrizes da postura adotada pelos blogueiros.1 Eles possuem uma espécie de
código próprio de conduta e comportamento na blogosfera2 que deve ser respeitado pelas
companhias, visto que elas passam a estar presentes neste ambiente. Adiante fala-se sobre
o blog aplicado às corporações e citam-se alguns pequenos exemplos. Finaliza-se com
explanações sobre a postura que as empresas devem seguir ao adotar o blog como
ferramenta de comunicação, servindo este ensaio como uma introdução ou um primeiro
passo ao profissional que pretende implementar o blog dentro de sua estratégia digital.
COMUNICAÇÃO E MARKETING DIGITAL
Após a bolha da internet, que levou muitas empresas e investidores à falência, as
empresas virtuais ressurgem com modelos de negócio mais adequados e baseados em
lucros reais. Atualmente é mais seguro o investimento nas ditas empresas ponto com, assim
o mundo virtual ganha força e as empresas passam a sentir a necessidade de fazer parte
Autores dos blogs, também chamados de bloguistas ou blogger. Há ainda os profissionais chamados de problogger e caracterizados como
pessoas cuja principal fonte de renda são seus blogs.
1
2
Espaço virtual que representa o “mundo dos blogs”.
deste universo surgindo então o que está sendo chamado de marketing e comunicação
digital.
VAZ (2008) acredita que alguns profissionais ainda enxergam a internet de forma
ultrapassada, sem entender onde ela pode levar uma marca e sem imaginar que a mesma
pode servir para aumentar significativamente os lucros de uma empresa.
TERRA (2006) concorda posicionando a web como uma “vitrine virtual de exposição
institucional” onde todas as grandes corporações possuem um site e tendem a adotar uma
postura cada vez mais interativa devido à competitividade e necessidade de relacionamento
com o público.
Outros fatores fazem sensatos os investimentos em internet e são levantados por
diversos autores. TURBAN (2004) salienta a rapidez com que a internet se propaga, diz q a
revolução digital foi a mais rápida e com maior alcance da história. FRIEDMAN (2005)
completa reforçando com o argumento de que nunca na história tantas pessoas tiveram
tanto alcance à informações das mais diversas a um custo baixíssimo. Trata-se da era da
informação. Soma-se a isso fatores econômicos Brasileiros como o crescimento da classe
“C”, que favoreceu também a compra de bens duráveis. (RESENDE, 2007) Em 2008, 86
milhões de brasileiros passaram a fazer parte da classe média, tendo a maioria emergido
das classes “D” e “E”. (CHIARA, 2008) O crescimento foi atribuído à disponibilidade de
crédito, prazos longos, juros menores e preços em queda.
O acesso à conexão banda larga, embora ainda não atinja todos os lares, cresce
anualmente no Brasil. Segundo a Folha On Line (2007), o acesso banda larga cresceu
40,01% de 2005 para 2006 atingindo, em 2006, 3% das residências no Brasil. O número é
pequeno mas o acesso à web é crescente, seja domiciliar, no trabalho ou em lan houses.
O reflexo é a crescente expansão virtual das empresas. Isso não significa o
abandono do mundo físico, mas a extensão às mídias on line. Fala-se não apenas do
comércio eletrônico, mas também do aumento da verba para propaganda on line, da
inserção nas redes sociais interativas e de sites mais elaborados, funcionais e interativos.
Desta forma a análise das ferramentas on line são fundamentais para que uma marca tenha
resultados favoráveis ao fazer parte do mundo virtual. Trata-se de uma nova mídia, diferente
das tradicionais. Para usufruir dela com sucesso é necessário estudo e planejamento.
A internet passa por uma reestruturação, chamada, por alguns autores, de 2.0, onde
passa a ser mais funcional, interativa e colaborativa. Dentre as inúmeras novas formas de
interagir na internet estão os blogs.
2
OS BLOGS E A BLOGOSFERA
Segundo a Wikipédia3, blog é uma página da web que permite o acréscimo rápido e
facilitado de artigos (também chamados de post) que são organizados cronologicamente
como um diário. A gama de assuntos abordados varia de acordo com os autores e a
temática do Blog. Este pode assumir tanto o papel de diário pessoal quanto um espaço com
cunho jornalístico ou social/solidário. Podem ter um ou vários autores, de acordo com suas
propostas.
Com o surgimento e o crescimento dos blogs estabeleceu-se uma espécie de rede
colaborativa oriunda do hábito que os blogueiros4 criaram de colocar, em seus blogs, links
para outros blogs que eles julgam interessantes. Assim essa gama de internautas passou a
ter uma força virtual e tornaram-se referências e até mesmo formadores de opinião, tão
importantes quanto os jornalistas das mídias tradicionais. A qualidade de alguns blogs e
blogueiros é surpreendente permitindo que blogs sejam inclusive comparados às
informações divulgadas pela mídia tradicional em termos de qualidade e credibilidade.
O fundamental para ter sucesso com um blog é o conteúdo, acrescentar algo ao
leitor, ou “tornar o mundo melhor porque você blogou”, como postou a autora do Blog
www.blosque.com, um blog dedicado a ensinar novos blogueiros a blogar. . Há inclusive
blogueiros profissionais, que vivem da monetização de seus blog, tamanha é a importância
que essa ferramenta atingiu.
A credibilidade do blog se dá de forma similar à dos veículos impressos. O
consumidor confia muito mais em uma notícia de jornal que em uma propaganda, devido a
isto surgem os informes publicitários e o trabalho de press releases divulgados pelas
assessorias de imprensa. A tendência é de que o blog garanta mais confiabilidade ao leitor,
visto que o blogueiro não depende de um editor, trata-se de um meio de comunicação
independente o que garante maior imparcialidade.
A interatividade e a troca também caracterizam a blogosfera. O blog possui abaixo
de cada artigo um espaço disponível para comentários aberto aos leitores, desta forma há
uma forte interação do leitor com o escritor.
Há ainda o fator nicho oferecido pelos blogs e pela internet em si. Enquanto as
mídias tradicionais permitem uma comunicação massiva, a internet permite a comunicação
com nichos de público com foco bastante preciso. O blog permite a segmentação, anunciar
em um blog é falar diretamente com o consumidor e abrir esse canal corporativo é
aproximar-se do cliente e trocar informações com ele, sem intermediários.
3
www.wikipedia.com.br
4
3
O BLOG CORPORATIVO
O blog corporativo nada mais é que o uso da ferramenta por parte das empresas.
Porém essa inserção na blogosfera exige cuidados especiais para se atingir o sucesso e os
objetivos. Ao usar o blog a empresa assume um papel dentro do ambiente de interação
propiciado pela web. TERRA (2006) diz que tanto o blog como as demais mídias sociais
proporcionam vantagens, mas também demonstram a vulnerabilidade da empresa frente à
rede. O blog será um canal de interação para o consumidor que abrirá espaço tanto para
notícias e conformidades quanto para problemas e críticas por parte dos internautas.
Mesmo uma empresa que disponibilize um blog com mediador pode ser alvo de
crítica através de outros blogs. É importante que a ação seja condizente com o meio de
comunicação, é preciso fazer realmente parte da blogosfera. Para tanto não basta apenas
criar um blog, é necessário conhecer as “políticas” da mídia e interagir com ela, para que o
meio não se torne hipócrita e alvo de críticas que darão uma repercussão negativa.
TERRA (2006) coloca que a tecnologia que populariza também faz com que a
empresa fique vulnerável, visto que as manifestações e denúncias ganham forte
repercussão na web. Ainda mais num momento em que blogueiros tornam-se formadores de
opiniões e conquistam tanta credibilidade quanto os veículos tradicionais.
Pesquisa realizada pela Backbone Media (APUD EDEKMAN & INTELISEEK, 2005)
elegeu cinco motivos principais para se criar instrumentos como Blogs Corporativos: publicar
conteúdos e idéias, construir uma comunidade, promover liderança ou pioneirismo, obter
informações dos clientes e receber retorno rápido dos consumidores. TERRA (2006)
acrescenta que os blogs podem favorecer empresas: ao torná-las especialistas em sua área
de negócio (através de conteúdo); personalizar o relacionamento com o cliente;
disponibilizar um canal público de comunicação que pode responder rapidamente às
manifestações da própria rede, sejam boas ou ruins; oferecer informações para a mídia.;
promover a comunicação interna oferecendo aos colaboradores uma forma de interação;
promover a gestão do conhecimento; atrair talentos; e por fim, destacar-se no ranking dos
buscadores de web.
Definir o objetivo a ser alcançado, criar um planejamento e ter profissionais
qualificados para desenvolver tanto a estratégia quanto alimentar o blog é fundamental para
fazer parte deste mundo cheio de peculiaridades afirma TERRA (2006). Um exemplo é a
Hershey’s que utiliza a blogosfera para pesquisar as opiniões sobre novos sabores de
produtos à serem desenvolvidos. (VAZ, 2008)
Algumas empresas já adotam o envio de press releases ou mesmo eventos
exclusivos para blogueiros com o intuito de gerar repercussão de seus produtos na
4
blogosfera, não deixa de ser uma estratégia de assessoria de imprensa. O importante é
conhecer o meio e ter um posicionamento coerente com as políticas das mídias
colaborativas. A empresa deve adotar uma posição colaborativa e de proximidade com o
público, não se impor unilateralmente. Os blogueiros, além de muito bem informados, tem
uma postura bem radical quanto à imparcialidade, é preciso conquistá-los.
Um exemplo divulgado pela BITES (2008) é a nova novela da Globo, “Caminho das
Índias”, que terá o blog como uma de suas temáticas. Para se aproximar deste universo e
gerar buzz na rede a autora Glória Peres reunirá, em 9/12/2008, em torno de 50 blogueiros
para uma conversa sobre a novela e para se aprofundar mais da realidade dos blogs.
Outros eventos do gênero já foram usados por parte de empresas e geraram o buzz
desejado. Se já se usa essa estratégia para formadores de opinião das mídias tradicionais,
por que deixaríamos de usá-la para os formadores de opinião virtuais?
A adoção de blogs corporativos ainda é pouca no Brasil e a postura desses blogs
também não está bem definida. Há blogs assinados pelos diretores das companhias como
o do Jonathan Schartz - presidente da Microsystems - (http://blogs.sun.com/jonathan), de
personalidades
como
a
Glória
Perez
que
mantém
o
“De
tudo
um
pouco”
(http://gloriafperez.blogspot.com/), a Construtora Tecnisa (http://www.blogtecnisa.com.br/)
que
tem
o
título
do
primeiro
blog
do
setor
imobiliário,
o
Google
Brasil
(http://googlebrasilblog.blogspot.com/) que segue a estrutura da matriz. Além do diretor,
alguns blogs são assinados pelos funcionários da empresa ou por consumidores que são
convidados a ter um blog dentro do site da companhia. Conforme forem aumentando os
exemplos de ações será possível traçar um perfil de comportamento corporativo na
blogosfera Brasileira.
Segundo VAZ (2008) a Intel mantém um blog desde 2007 que é atualizado por sete
executivos da empresa com o objetivo de comunicar-se com o cliente. Já a Localweb –
hospedagem de sites – possui um blog mais técnico, voltado aos lançamentos de seus
serviços e produtos. A Natura Cosméticos possui um Blog que foi criado por uma de suas
consultoras e que devido à repercussão foi adotado oficialmente pela empresa. O objetivo
não é venda de produtos, mas gerar conteúdo, privilegiando a Natura nos mecanismos de
busca. A linguagem adotada é informal, cotidiana, direcionada ao consumidor final.
Uma das posturas do marketing digital adequadas ao blog é estar onde o cliente
está, saber o que eles pensa para agir no início das repercussões, impedindo que as
informações negativas causem problemas e aproveitando as positivas. Isso se dá através
dos comentários feitos no blog da empresa pelos consumidores e analisando o conteúdo
publicado sobre a empresa em mídias sociais.
A cultura da corporação deve condizer com o uso do blog, afirma TERRA (2006),
deve existir uma cultura participativa, que suporte um veículo questionador, livre e altamente
5
expositivo. A empresa deve ter comprometimento e nunca esquecer o dinamismo
necessário para a web. A política do blog corporativo que definirá as diretrizes que o mesmo
seguirá, seu papel para a organização, seus objetivos, assim como um protocolo e
posicionamento a ser adotado ao responder as mensagens e questões referente ao blog.
Tanto TERRA (2006) quanto VAZ (2008) concordam que as empresas mais
favoráveis para a adoção do blog corporativo são empresas ligadas à tecnologia. TERRA
(2006) ainda complementa com as que geram informações em um fluxo constante através
de eventos ou ações, as que necessitem de lembrança contínua por parte do consumidor e
da opinião do público para formatar novos produtos, que tenham produtos ou serviços que
geram discussões e debates, que tenham algo a dizer de forma informal, que possuem
credibilidade e que atuem em nichos específicos de consumidores. Um dos fundamentos do
Blog é ser um canal informal de comunicar o consumidor e servir para ouvi-lo. (TERRA,
2006)
Segundo TERRA (2006) as dificuldades para adotar o blog tem a ver com o fato de
as empresas não terem um profissional especialista para assumir a tarefa e pela dificuldade
em ver os benefícios produzidos pela mídia. Para se defender das críticas e informações
negativas oriundas das mídias sociais, a melhor defesa é valorizar e compreender essas
mídias. É importante estar preparado tanto para comentários negativos quanto positivos.
CIPRIANI, em seu blog chamado Blog Corporativo comenta que a empresa não deve
criar blogs frios, os canais devem instigar o leitor para a colaboração, é uma forma de
diálogo com o consumidor, nada além disso.
Aos poucos vão se tendo exemplos e cases de sucesso, ou de fracasso, que
poderão ser usados para traçar as estratégias mais adequadas para o uso do blog pelas
corporações.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Torna-se claro a importância da presença digital das empresas assim como suas
adequações às novas tecnologias e mídias. Essa adequação não tem nada de
extraordinário
e
segue
os
conhecimentos
básicos
de
planejamento
estratégico,
mercadológico e comunicação. As teorias já vigentes são reforçadas pelas novas mídias,
sendo necessária apenas uma adequação de formatos e linguagens.
A inserção na blogosfera para ter sucesso precisa usar a linguagem própria do meio,
assim como adotar suas políticas de funcionamento. O mesmo que é necessário ao se criar
um anúncio de massa em um jornal e um em uma revista segmentada. Cada meio ou
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veículo possui linguagens e parâmetros específicos a serem seguidos. O mesmo acontece
com o blog corporativo.
O planejamento estratégico da empresa precisa comportar a inserção digital e servir
como base para a escolha de como essa inserção será feita. Continua sendo fundamental
se ter objetivos e postura corporativa definida para se planejar e estruturar a criação do blog.
A blogosfera, assim como o marketing digital estão crescendo no Brasil, portanto
ainda não temos condições de análises profundas que gerem regras ou padrões de
comportamento dos blogs corporativos. É uma estratégia onde ainda há muitos campos de
estudos.
A adoção do blog também pode gerar uma imagem de pioneirismo às empresas que
arriscarem nesta área. Além disso, é uma ferramenta relativamente barata e acessível tanto
para as grandes corporações quanto às pequenas e médias empresas. Assim é preciso
estar atento às mudanças da era da informação e preparar-se para os novos
comportamentos que estão surgindo. Esta será a chave do sucesso corporativo nos
próximos anos.
REFERÊNCIAS
Livros:
FRIEDMAN, Thomas L. O Mundo é Plano: Uma breve história do século XXI. Rio de Janeiro :
Objetiva, 2005.
TURBAN, Efraim, MCLEAN, Ephraim, WETHERBE, James. Tecnologia da informação para
Gestão:Transformando os negócios na economia digital. 3ª Edição. Porto Alegre: Bookman,
2004.
VAZ, Conrado Adolpho. Google Marketing: O guia Definitivo de Marketing Digital. São Paulo:
Novatec Editora, 2008.
Dissertações:
TERRA, Carolina. Comunicação Corporativa Digital: o futuro das relações públicas na rede. São
Paulo – SP, 2006. (Dissertação de Mestrado – Escola de Comunicações e Artes da Universidade de
São Paulo).
Web:
BITES. São Paulo, 24 de novembro de 2008, edição 624. Acessado em 01/12/2008. Disponível em:
http://w3editora.relazione.com.br/uploads/gloriaperez.pdf
CHIARA, Márcia De. Com 86 milhões de pessoas, classe C já é maioria da população brasileira.
O Estado de São Paulo. Publicado em 27/03/2008. Acessado em 01/12/2008. Disponível em:
http://www.estado.com.br/editorias/2008/03/27/eco-1.93.4.20080327.31.1.xml
CIPRINI,
Fábio.
Blog
Corporativo.
http://www.blogcorporativo.net .
Acessado
em
02/12/2008.
Disponível
em:
7
EDEKMAN and INTELISEEK (2005). Blogging from the inside out – the rise and effective
management of employee
bloggers.
Acessado
em 01/12/2008. Disponível
em
http://www.edelman.com.br/clientes/pesquisas/blog%20na%20academia%20-%20second.pdf.
Folha On Line. Publicado em 28/02/2007. Acessado em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u21719.shtml
01/12/2008.
Disponível
em:
RESENDE, Tatiana. Classe C puxa crescimento do consumo, aponta pesquisa. Folha On Line.
Publicado
em
30/06/2007.
Acessado
em
01/12/2008.
Disponível
em:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u308493.shtml
Wikipédia. Weblog. Acessado em 01/12/2008. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Blog.
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Os atributos das livrarias e as mudanças que ameaçam sua existência
Joacy Machado Botelho (UNOPAR – Universidade Norte do Paraná)
RESUMO
A pesquisa origem deste artigo analisou as mudanças por que passam as livrarias cujo
mercado tende a desaparecer diante da competição com empresas que vendem pela internet e
que também passarão, nos próximos anos, por grandes modificações com a substituição dos
livros em papel pelos produzidos no modo digital. A metodologia de pesquisa foi, na primeira
fase, bibliográfica para levantar a situação atual assim como perspectivas do mercado. Na
sequência foi feita uma pesquisa quantitativa junto a uma amostra de estudantes de graduação
no nível superior ou já graduados uma vez que esse é o público que mais utiliza os serviços de
livrarias e será também o mais afetado com possíveis mudanças. A pesquisa bibliográfica,
enquadrada como exploratória, levantou muitos indícios de mudanças nessa área em processo
de início que apontam para o desaparecimento das livrarias pequenas, substituídas por grandes
lojas, e na sequência um aumento do mercado de livros pela internet. Posteriormente, haverá
então uma transformação no suporte de leitura, saindo do livro em papel para livros digitais
que necessitam equipamentos eletrônicos para a leitura. A pesquisa quantitativa, factual, do
tipo descritiva, mostra que o público que é supostamente o ideal para o mercado digital ainda
não aceita a leitura de livros em equipamentos eletrônicos apesar de já ler frequentemente por
necessidade trechos de livros e artigos na internet.
ABSTRACT
The research origin of this article examined the changes that involve bookstores whose market
tends to disappear in face of the competition from companies selling by internet and that will
also under attack, in short period of time, by major modifications with the replacement of
paper books by that produced in digital mode. The research methodology was a
bibliographical survey in the first round to lift the current situation as well as market
prospects. As a result, it was made a quantitative research with a sample of undergraduate
university students or already graduated since this is the mean public that uses the services of
bookstores and will also be the most affected with possible changes. The bibliographic
research, framed as exploratory, raised many indications of changes in that area in the process
of beginning that point the disappearance of small bookstores, replaced by large stores,
following an increase in the market of books over the internet. Later, there will be a
transformation in reading support, leaving the book in paper to electronic equipment. The
quantitative research, factual, descriptive type, shows the public that is supposedly the ideal
for the digital market still does not accept the reading of books in electronics although already
read often on the internet.
IX Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – adm.convibra.com.br
Introdução
De modo geral todos os produtos e todas as atividades econômicas passam por um
ciclo de vida que, de maneira simplificada, pode ser uma sequência composta de início,
evolução e fim. Essa sequência pode ser mais rápida ou mais lenta dependendo de várias
circunstâncias como avanços técnicos, crises econômicas, novas descobertas e até mesmo
moda.
No presente artigo é feita uma análise das perspectivas de desaparecimento das
livrarias tradicionais diante das mudanças que se apresentam no livro, atual suporte de
comunicações de massa, e explora possíveis atitudes de um administrador ao enfrentar tal
problema.
A sequência deste artigo inicia com a evolução do livro em papel como chegou
aos dias atuais e aborda os suportes mais modernos que iniciaram suas trajetórias há pouco
mais de duas décadas. Faz a seguir uma relação de mudanças por que passam as livrarias
atualmente.
Continuando mostra os resultados de uma pesquisa junto a uma amostra de
clientes ou possíveis clientes para livrarias em uma cidade de médio porte no Estado do
Paraná.
Por último faz considerações sobre a administração de uma loja de livros de tal
modo que sejam atendidas as expectativas dos potenciais clientes.
Sobre o conceito de atributos
Atributos são “Todos os aspectos (tanto tangíveis como intangíveis) de um
produto ou serviço que podem ser avaliados pelos clientes” (LOVELOCK; WRIGHT, 2001,
p. 75). Se uma pessoa necessita pagar uma conta, não quer permanecer em uma fila de banco
por muitos minutos e ser atendida demoradamente. O atributo ou qualidade mais importante,
deste modo, em uma agência bancária, será a rapidez. Entretanto, caso esteja doente e procure
um médico, o atributo será outro. Não desejará um clínico que o atenda em poucos minutos
em uma consulta. Segundo Dutka (1995, p. 41-2) o desempenho esperado de alguns atributos
são universais, como relação preço-valor, enquanto outros são específicos como aparência,
consistência e variedade.
Assim, o objetivo deste estudo foi levantar os atributos mais importantes em uma
livraria que venham a atender ao segmento psicográfico dos clientes de um ponto de vendas
de livros. A razão de uma pesquisa nesse sentido é que, uma vez estabelecido quais são as
qualidades de um produto ou serviço, o administrador pode centralizar seus esforços de modo
que esses atributos sejam adaptados aos desejos e necessidades dos clientes, o que é
basicamente o fundamento do marketing. Sobre o assunto afirmam Gil e Campomar:
A seleção eficaz do segmento alvo se faz necessária em mercados competitivos. A
identificação de grupos mais homogêneos aumenta a probabilidade de se atender
melhor esses segmentos. O processo de segmentação de mercado evoluiu ao longo
do tempo, tornando-se cada vez mais sofisticado e também complexo. Dentre os
tipos de segmentação, a psicográfica mostra-se uma boa alternativa. (GIL;
CAMPOMAR, 2006)
Pesquisas feitas há 10 anos mostraram que os gastos com livros no Brasil são
poucos, de modo geral, mesmo entre as famílias que dispõem de recursos para isso. Portanto
já havia perspectivas para a atuação dos administradores de livrarias no sentido de aumentar a
clientela. Veja-se a seguir o que esclarecem Beltrão e Duchiade:
IX Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – adm.convibra.com.br
Se estes dados parecem desalentadores, por revelar que os gastos com Leitura não
integram o orçamento da maior parte das famílias brasileiras, mesmo daquelas com
poder aquisitivo para tal, ao mesmo tempo apontam para a existência de um
mercado potencial importante e não explorado. Afinal, temos a conquistar 75% das
famílias com renda acima de 15 salários mínimos, que poderiam comprar livros, se
assim o quisessem, pois já compram jornais e revistas. (BELTRÃO; DUCHIADE,
2002)
Pesquisas mais recentes efetuadas pela Câmara Brasileira do Livro e Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas levantou que “o número de exemplares [de livros]
vendidos em 2010 cresceu mais de 8%, e o preço do livro caiu quase 5% em relação ao ano
anterior” (apud TEIXEIRA; MARTHE; MENDES, 2012, p. 99) o que mostra um aspecto
positivo e pressupõe um progresso na educação.
Problema de pesquisa
Uma pesquisa publicada em 30/05/2008 relatava os resultados sobre leitura no
Brasil. Veja-se a seguir os dados levantados pelo IBOPE:
Brasileiros lêem, em média, 4,7 livros por ano. Este foi um dos principais resultados
da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil encomendada pelo Instituto Pró-Livro ao
Ibope Inteligência. O estudo comprovou ainda que esse índice sobe entre os
profissionais com maior escolaridade. Entre aqueles que possuem formação
superior, a média passa para 8,3 livros/ano. O número é de 4,5 livros para quem tem
Ensino Médio completo, 5 para quem cursou entre 5ª e 8ª série do Ensino
Fundamental e 3,7 para quem tem até a 4ª série.(GIE, 2008)
Essa noticia despertou um interesse no assunto para saber se o aumento no
número de leitores no Brasil influencia na procura por livrarias ou se a leitura apenas se
restringe aos livros acadêmicos que, normalmente, não são comprados mas apenas
consultados em bibliotecas. Como não havia possibilidades para uma pesquisa ampla,
restringiu-se a uma amostra de pessoas da cidade de Londrina.
Tendo em vista o aumento no número de pessoas que procuram um nível superior
e que, por hipótese, são os graduados e graduandos do nível superior de ensino os maiores
clientes de livrarias o problema de pesquisa foi levantar qual é o número percentual de leitores
de livros entre os universitários da cidade de Londrina, o que mais os atraem em uma livraria,
se costumam visitar livrarias, se adquirem outros produtos quando vão pesquisar livros, qual é
a espécie de livro que procuram e qual o valor que aceitam pagar. Também é de interesse na
conjuntura atual saber se a leitura de livros digitais está se expandindo ou se apenas atende a
necessidades eventuais, como consultar um livro na biblioteca digital disponibilizada aos
alunos quando devem realizar trabalhos acadêmicos.
Entretanto, durante a pesquisa ficou evidente que as livrarias tradicionais passam
por problemas graves que ameaçam suas sobrevivências. Assim, o problema que se
apresentou no início abriu espaço para outro. No lugar de apenas pesquisar as razões por que
um estudante universitário vai, e se vai, a uma livraria, passou-se a pesquisar também a
evolução atual no mercado de livros. Basicamente, o livro em papel e a livraria física vão
sobreviver? Se não vão, é possível um cálculo aproximado do prazo para a substituição por
outros meios de adquirir conhecimento ou se entreter com uma história?
Como se verá na sequência, há juízos conflitantes quando se aborda ou se
pesquisa as opiniões sobre o fim do livro impresso e, consequentemente, o apagar das luzes
das livrarias tradicionais.
IX Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – adm.convibra.com.br
Caracterização do produto em estudo
O livro é o produto fundamento deste estudo e o foco de interesse é a
administração de uma livraria diante das mudanças nesse comércio. As livrarias, com suas
estantes, bancadas e atendentes, foi durante muito tempo o local tradicional de venda.
Entretanto, nos últimos tempos, têm ocorrido muitas mudanças e sérias ameaças pesam sobre
a atividade. Assim, é útil começar definindo o que é livro e depois estabelecer o que se
entende por livraria.
A definição vem se alterando nas últimas décadas. Um dicionário português
publicado na década de 1950 trazia a seguinte definição:
LIVRO – Folhas impressas e reunidas em um volume encadernado ou brochado.
Obra literária, em prosa ou em verso, de uma certa extensão: um livro interessante.
[...] (JOSÉ LELLO; EDGAR LELLO, 1958).
Nos dicionários mais modernos a definição inclui outros suportes além do papel.
Em um dos dicionários encontra-se um verbete com 691 palavras dando a definição e vários
outros sentidos figurados. No trecho transcrito a seguir está escrito:
livro sm (lat libru) 1 Segundo a Unesco, publicação não periódica, impressa,
contendo pelo menos 48 páginas, excluída a capa. [...] 4 Qualquer coisa que pode
ser estudada e interpretada como um livro: O livro da natureza. [...] 9 Inform
Qualquer aplicação multimídia; livro eletrônico. (Michaelis Moderno Dicionário da
Língua Portuguesa, 1998-2007)
No dicionário Caldas Aulete, edição digital, consta a definição:
(li.vro) sm. 1 Reunião de cadernos manuscritos ou impressos, cosidos ou colados
por uma das extremidades e brochados ou encadernados; 2 Obra literária, artística
ou científica reunida em um ou mais volumes; 3 Essa obra em qualquer suporte
(disquete, CD etc.) (CALDAS AULETE)
As definições, diante das mudanças ocasionadas pela revolução digital, têm
sofrido mudanças também em outros países mais antigos como a França. Lá as definições têm
algumas características interessantes e, entre elas, classificar o livro digital como livro
numérico:
Un livre est un document écrit formant une unité et conçu comme tel, et dont
les pages sont le plus souvent faites de papier ou de carton. Une telle définition est
cependant aujourd'hui remise en cause, ne serait-ce que par l'apparition et le
développement du livre audio ou du livre numérique. Un livre électronique
(ou livre numérique), dit aussi livrel ou e-book (en anglais), est un fichier
électronique contenant un texte sous forme numérique. Il ne doit pas être confondu
avec la liseuse, l'appareil électronique spécialisé qui permet de le lire sans faire
usage d'un ordinateur. (WIKIPEDIA)
(Um livro é um documento escrito formando uma unidade e concebido como tal, e
suas páginas são geralmente feitas de papel ou cartão. Essa definição no entanto hoje
é questionada, pelo surgimento e desenvolvimento de livros áudio e digitais. Um
livro eletrônico (ou livro digital), denominado também livrel ou e-book (em inglês),
é um texto que contém arquivo eletrônico em formato digital. Não deve ser
confundido com liseuse [leitor digital] (e-Reader em inglês), o dispositivo eletrônico
especializado que permite a leitura sem uso de um computador. – tradução nossa)
Já no Grande Dicionário Terminológico publicado em Quebec a definição é
bastante simples: “LIVRE - Assemblage de feuillets qui a été relié et muni d'une couverture,
IX Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – adm.convibra.com.br
et qui constitue le support d'une oeuvre”. (Livro - montagem de folhas conectadas e providas
com uma capa, e que constitui o suporte de um trabalho – tradução nossa)
Na sequência há um parágrafo denominado NOTAS no qual faz várias
considerações e esclarecimentos sobre a extensão do significado:
Un livre peut servir de support à toute oeuvre susceptible d'être reproduite par un
procédé d'impression quelconque. C'est le cas, entre autres, des oeuvres littéraires,
picturales ou photographiques. Il peut par ailleurs être constitué de toute matière
susceptible d'être imprimée et reliée; il existe, par exemple, des livres faits de carton,
de tissu ou de plastique.
(Um livro pode oferecer suporte para qualquer trabalho susceptível de ser
reproduzido por um processo de impressão qualquer. Este é o caso, entre outros, de
obras literárias, pictóricas ou fotográficas. Ele também pode ser composto de
qualquer material susceptível de ser impresso e vinculadas; por exemplo, há livros
feitos de papelão, tecido ou plástico. – tradução nossa)
Telle que définie, la présente notion recouvre le sens le plus général du terme livre,
soit son aspect physique. Ce terme peut toutefois comporter diverses variations de
sens selon le contexte dans lequel il est employé. D'un point de vue légal, par
exemple, un document doit, entre autres, comporter un certain nombre de pages pour
être considéré comme un livre, et il doit être publié, et ce, de façon non périodique.
En effet, selon la Loi sur le développement des entreprises québécoises dans le
domaine du livre, seules les publications de quarante-huit pages ou plus sont
considérées comme des livres. Ce nombre dépend toutefois du type d'ouvrage dont il
est question. Par exemple, pour être considéré comme un livre, un recueil de poésie
doit comporter au moins trente-deux pages, alors qu'un ouvrage destiné aux enfants
doit en comporter au moins seize. Il faut cependant noter que toutes ces distinctions
ne sont pas communément admises par les gouvernements fédéral et provinciaux et
par l'ensemble des instances internationales.
(Do modo como está definido, este conceito abrange o significado mais geral da
palavra livro ou aparência física. No entanto, este termo pode incluir variações de
sentido dependendo do contexto em que ela é usado. Do ponto de vista jurídico, por
exemplo, um documento deve, entre outras coisas, conter um número de páginas a
ser considerado como um livro, e ele deve ser publicado e não periodicamente. De
acordo com a lei sobre o desenvolvimento das empresas de Quebec no domínio do
livro, apenas publicações de quarenta e oito páginas ou mais são considerados livros.
No entanto, esse número depende do tipo de trabalho em questão. Por exemplo, para
ser considerado como um livro, uma coletânea de poesias deve conter, pelo menos,
trinta e duas páginas, enquanto um livro dirigido às crianças deve conter, pelo
menos, dezesseis. – tradução nossa)
No primeiro parágrafo diz que o livro pode ser de qualquer material desde que
possa ser impresso. Na sequência nota que a definição aborda o senso mais geral e que o
conceito varia dependendo do contexto. Diz também que somente as publicações de 48
páginas são consideradas livros pela lei. Este nome depende, porém, do tipo de trabalho. Um
conjunto de poesias para ser classificado como livro deve ter mais de 32 páginas, e um livro
para crianças deve ter, pelo menos, 16 páginas.
Como se viu na pesquisa, a definição já tem mudado em alguns dicionários em
razão da evolução do suporte do conteúdo. Essa evolução tem levado a extremos que acabam
por gerar expectativas do fim da existência do livro como existiu desde Johannes Gensfleisch
zur Laden zum Gutenberg, conhecido como Johannes Gutenberg. Na verdade as notícias
levantadas sobre o assunto são bastante contraditórias. Tanto se encontram vaticínios do fim
do livro e, portanto, da livraria como é hoje, como também há notícias sobre o aumento do
IX Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – adm.convibra.com.br
número de leitores, da frequência com que a população brasileira lê e também registro de
incremento na compra de livros.
Diante dos problemas citados são relacionadas a seguir algumas notícias para
comparação.
Segundo a Pesquisa do Orçamento Familiar do IBGE (apud BELTRÃO;
DUCHIADE) “Apenas 7,47% da população brasileira compra livros não didáticos e destinam
à literatura o equivalente a 0,05% da renda familiar” (pesquisa realizada em 2002-2003). Para
se avaliar esses dados é preciso ter em conta que a renda familiar brasileira é bastante restrita.
Se fosse uma renda como a de países ricos a porcentagem de 0,05% poderia ser significativa,
mas acontece o contrário. Esse índice sobre uma renda pequena torna-se ínfimo.
Já Duarte, em artigo do jornal Globo, diz que:
Como tem sido repetido por aí em outras áreas, o Brasil também se tornou a "bola da
vez" nos livros. A última etapa desse movimento foi o anúncio, na última semana,
de que a jornalista Luciana Villas-Boas deixará o poderoso cargo de diretora
editorial do Grupo Record, um dos maiores do país, para se dedicar a uma nova
agência literária, chamada Villas-Boas & Moss. Hoje, o mercado brasileiro conta
apenas com uma agência de relevância para livros estrangeiros e nacionais, a
Agência Riff, cujos autores incluem Ariano Suassuna, Carlos Drummond de
Andrade, Rubem Fonseca, Luis Fernando Verissimo, Lya Luft e Zuenir Ventura.
— Não fazia sentido o Brasil ainda estar desprovido de mais agências —
afirma Lucia Riff, fundadora da Agência Riff. — O fato é que as editoras
brasileiras estão mais sólidas, com expectativa de crescimento.
(DUARTE, 2012)
Nesse mesmo artigo o autor afirma “Venda de e-books ainda é insignificante”. A
pesquisa não localizou um levantamento sobre o número de leitores utilizando e-books. Mas
tudo indica que esse número está aumentando por diversos motivos. Não só os equipamentos
estão diminuindo de preço, como são mais fáceis de encontrar para comprar e apresentam
cada vez maiores facilidades.
Como sempre o Brasil tende a acompanhar as modas dos Estados Unidos e
segundo notícia da Reuters “O número de norte-americanos que possuem tablet ou leitor
digital praticamente dobrou entre o fim do ano passado e o início de janeiro, de acordo com
levantamento realizado pela consultoria Pew Internet” (REUTERS, 2012, Mercado). Isso faz
com que se anteveja um aumento também no Brasil.
Outras notícias entretanto indicam ainda percalços no caminho das produções
digitais. Nelson de Sá relata que uma pesquisa da Universidade de Oregon nos EUA
“levantou que um leitor de jornal em papel retém mais que um leitor on-line” (SÁ, 2012, p.
B5). Mariana Barbosa em artigo informa que a circulação de jornais cresceu em 2011
impulsionada pela venda de jornais populares (BARBOSA, 2012, p. B4). Na mesma página
outra notícia tinha o título de “Folha lança pacote de assinatura digital” que leva a considerar
que seja com essa arma que os jornais maiores enfrentarão os jornais populares.
O livro digital na prática
Há notícias indicando que algumas universidades de ensino a distância estão
optando por entregar aos alunos um tablet no lugar de livros em papel como é praxe nos
cursos do EAD. Com isso, os estudantes podem baixar no aparelho os livros de seu curso
dispensando a universidade de fornecer livros físicos. Isso elimina vários problemas, mas cria
outros. Por exemplo, no lado positivo facilita muito a logística já que não há a impressão e
distribuição de uma grande quantidade de livros todo semestre. Por outro lado, há que se
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esperar dos alunos uma adaptação ao uso do equipamento leitor que deve ser pouco conhecido
da maior parte e também requer maiores cuidados do que um livro de papel. Os aparelhos
leitores que estão sendo distribuídos são recentes e ainda não se conhece o prazo médio da
vida útil.
No ensino público já há um movimento para aquisição e fornecimento aos alunos
de tablets como é o caso do Estado de Pernambuco que “está licitando 170 mil tablets para
serem usados por estudantes do ensino médio a partir de 2012” (MÁXIMO, 2011).
Athanásio, referindo-se a uma defesa de dissertação sobre a permanência ou não
do livro impresso nas universidades, registrou que:
Durante a defesa, Daniel Pinsky salientou que, apesar das interferências e reflexos
que a indústria de bens informáticos vem apresentando diante da digitalização e da
internet, os livros impressos ainda não foram incluídos nesse panorama. Mesmo já
havendo tecnologia desenvolvida e até comercializada do livro eletrônico, as
editoras e os professores que participaram das pesquisas de Pinsky ainda não veem
de que maneira ele possa ser adotado no país e, mais precisamente, nas
universidades. (ATHANÁSIO, 2009)
Não obstante o peso de sua pesquisa ter sido reconhecido pela banca da USP há
que se convir que muitas universidades já colocam uma biblioteca digital à disposição de seus
alunos, ou seja, enquanto Pinsky diz que as editoras e os professores não veem de que
maneira o livro digital possa ser adotado a verdade é que isso já ocorre em diversas
universidades.
Gershenfeld diz que poucas tecnologias maduras se tornam obsoletas e que uma
tecnologia nova não elimina uma madura. Neste sentido cita o caso dos jornais que poderiam
ser substituídos pelas notícias de rádio. É interessante observar que, publicando o seu livro em
1999 (primeira edição), esse autor asseverava que o CD-ROM não causara tanto dano aos
livros impressos. O que se vê hoje é que a situação de permanência dos CD, com a ameaça
representada pelos pen-drivers, está mais duvidosa do que a dos livros. Esse autor escreveu o
seguinte:
Very few mature technologies become obsolete. Contrary to predictions, radio did
not kill off newspapers, because it’s not possible to skim through a radio program
and flip back and forth to parts of interest. Television similarly has not eliminated
radio, because there are plenty of times when our ears are more available than our
eyes. CD-ROMs have made little dent in book publishing because of the many
virtues of a printed book. (GERSHENFELD, 2000, p.10).
(Muito poucas tecnologias maduras tornam-se obsoletas. Contrariamente às
previsões, o rádio não matou os jornais, porque não é possível percorrer um
programa de rádio e virar e voltar para partes de interesse. A Televisão da mesma
forma não eliminou o rádio, porque há muitas vezes em que os nossos ouvidos estão
mais disponíveis do que nossos olhos. CD-ROMs fizeram pouco estrago na
publicação de livro por causa das muitas virtudes de um livro impresso. – tradução
nossa)
Seguindo esse raciocínio o livro digital não deve destruir a produção de livros de
papel ainda que, com o tempo, o aumento na produção de livros eletrônicos e evolução dos
leitores digitais levará a uma diminuição do produto físico como se apresenta hoje.
História do livro
A designer de livros eletrônicos Stella Dauer cita um artigo do New York Times
que fala sobre a história do livro, sua evolução e os pontos principais de cada forma adotada
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para seu suporte como se vê na figura a seguir:
Figura 1 - Do rolo à Tela
FONTE: Sunday Book Review, September 4, 2011, page BR13
Segundo Dauer
No início, os rolos eram a plataforma mais utilizada para guardar informação. Era
um meio especial, usado somente para textos sagrados, documentos, história,
literatura. Para escrever textos cotidianos, as pessoas dispunham de tábuas cobertas
de cera, e usavam uma caneta para riscar o objeto. (DAUER, 2012)
Para facilitar o uso e a leitura os pergaminhos começaram a ser unidos formando
um bloco inaugurando o uso dos códices. As vantagens desse uso eram a portabilidade, serem
baratos e fáceis de montar.
Além disso, a experiência melhorou. Era possível alcançar qualquer parte do texto
mais facilmente, não era preciso desenrolar tudo. Podia marcar uma passagem,
comparar com outra. Os tipos móveis trouxeram a rapidez da produção, a rapidez da
distribuição. Livros começaram a se tornar populares. Contra o gosto da igreja, que
detinha o poder da produção. (DAUER, 2012)
O autor citado por Dauer (Lev Grossman) escreveu também que a magnitude do
que ocorre hoje se compara à invenção dos tipos móveis por Gutenberg. Diz ainda que no
primeiro século da era cristã houve uma mudança da maior importância quando se passou a
produzir códices no lugar de rolos ou pergaminhos enrolados. O texto desse autor diz que:
The last time a change of this magnitude occurred was circa 1450, when Johannes
Gutenberg invented movable type. But if you go back further there’s a more helpful
precedent for what’s going on. Starting in the first century A.D., Western readers
discarded the scroll in favor of the codex — the bound book as we know it today.
(GROSSMAN, 2011)
(A última vez que ocorreu uma alteração desta magnitude foi por volta de 1450,
quando Johannes Gutenberg inventou os tipos móveis. Mas se você for mais atrás
existe um precedente mais útil para o que está acontecendo. A partir do primeiro
século A.D., leitores ocidentais descartaram o rolo em favor do códice — o livro
brochado como nós conhecemos hoje. – tradução nossa)
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Sobre a produção de livros digitais
Na pesquisa foi explorado o endereço da empresa Simplíssimo que produz e
comercializa livros digitais. Esse sítio alerta que os livros podem ser produzidos ou
convertidos. Estes, apenas copiados, não causam trabalho mas o resultado não é bom.
Veja-se o que contém nesse endereço sobre a conversão pura e simples de livros:
Conversão
é um processo automatizado, sem preocupação com o resultado final e pouca (ou
nenhuma) qualidade. Qualquer pessoa pode converter livros, com os softwares
gratuitos disponíveis na Internet. Os resultados mais comuns? E-books que não
abrem e travam os aparelhos, visual descuidado, parágrafos perdidos, falhas
sistemáticas no texto… um pesadelo para as equipes das editoras (SIMPLÍSSIMO)
Já o processo de produção, atividade da empresa, tem outras características:
Produção
é um conceito diferenciado. Valoriza o trabalho cuidadoso, que busca a melhor
diagramação, o visual mais agradável, a funcionalidade completa. A produção de ebooks da Simplíssimo é realizada por uma equipe experiente no formato ePub,
comprometida com um resultado final de máxima qualidade e a satisfação do
cliente. Podemos oferecer um serviço deste nível, por contarmos com 3 anos de
experiência produzindo e-books em ePub, no Brasil. (SIMPLÍSSIMO)
A campanha pela popularização dos Livros digitais
Enquanto os editores e donos de livrarias lutam para conservar o público de livros
de papel os criadores de livros digitais travam sua luta para se instalar no mercado. Já há um
sítio denominado REB (Revolução E-Book) que se propõe discutir o livro digital. Entre suas
atividades há uma campanha para a popularização do livro digital que tem 3 objetivos:
1 – Esclarecer a população em geral sobre as possibilidades da leitura digital. Muitas pessoas
ainda ignoram os benefícios dos eBooks e eReaders. Queremos mudar isso. Quanto mais
pessoas conhecerem as vantagens e lerem eBooks, mais eBooks serão oferecidos no mercado,
com preços melhores.
2 – Conseguir mais opções de livros digitais com qualidade, incentivando editoras e autores a
disponibilizar seus livros em formato digital – mostrar a eles que os leitores querem, sim, ler
no formato digital!
3 – Melhorar a qualidade dos serviços existentes hoje. Garantir que editoras e livrarias
recebam o feedback valioso de quem lê livros digitais. (DAUER, 2011)
Livrarias digitais já em atividade
Já há diversas livrarias digitais e outros pontos onde se pode ler com acesso livre
ou pago. Entre os sítios pesquisados estão:
Gato Sabido – esta firma cobra por livro que o cliente queira ler e pelo qual
compra o direito. A pessoa entra no seu sítio, escolhe o livro, faz o pagamento e recebe uma
confirmação dizendo que pode acessar o sítio: http://www.gatosabido.com/.
Vivo – esta empresa de telefonia disponibiliza aos seus clientes um endereço onde
podem ler uma grande quantidade de livros de várias áreas.
Google – possui um endereço que indica livros de várias áreas os quais podem ter
algumas páginas disponíveis para leitura e na margem esquerda da tela há um relação de
livrarias que dispõem desses livros para venda pela internet. O endereço é:
http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&source=gbs_hp_logo.
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Positivo Informática – essa empresa (Grupo Positivo) possui uma divisão
especializada em vendas de livros digitais e na divisão de informática vende um aparelho
leitor digital dotado de tela e-paper. Esse aparelho pode conter até cerca de 1500 livros
(http://www.positivoalfa.com.br/).
Livrus Negócios Editoriais Ltda. – empresa localizada em São Paulo, é bastante
recente e já possui 26 livros editados.
Folha de S.Paulo – esse jornal também criou um endereço para venda de livros:
http://livraria.folha.com.br/lista/89e0780e (oferece no momento cerca de 335 títulos).
Iba – sítio da Editora Abril que começou no mês de março e se destina a
comercializar livros, revistas e jornais. Para acessar a loja virtual e adquirir produtos é
necessário fazer o download de um aplicativo denominado IBA-Reader. Nele o cliente
seleciona o tipo de equipamento e sistema que pretende utilizar: notebook, I-Pad ou Android.
No momento ainda não está disponibilizado o acesso com Android.
Na pesquisa ficou evidente que os dados estatísticos sobre livros digitais mudam a
todo momento e, em qualquer caso, são sempre incompletos. A figura a seguir indica os
números de livros digitais por editoras, no Brasil, em janeiro 2012:
Figura 2 - eBooks em Português de livrarias no Brasil
A Livraria Cultura não aparece neste gráfico (MELO, 2012), mas segundo
Campassi (2012) essa livraria tem 5 mil e-books nacionais.
Comparando-se com países desenvolvidos os números de livros digitais são muito
poucos, mas países como Portugal também estão na mesma situação inicial. Entretanto, há um
caso interessante da livraria LabCom, em Portugal, que atua na área de comunicação.
Segundo o seu sítio o “Livros Labcom é um projecto editorial que disponibiliza em PDF
todos os livros publicados pelo LabCom”.
Esses livros foram produzidos no Adobe Acrobat® e o Adobe® Reader® é a
ferramenta para abrir e usar Adobe PDFs. O Reader pode ser usado para visualizar, imprimir e
gerenciar PDFs. Depois de abrir um PDF no Reader, ficam disponíveis várias ferramentas que
ajudam a encontrar rapidamente informações ou ir diretamente para o início de capítulos.
Discussões sobre o que é um livro
Com o incremento da digitalização de textos já se questiona o que é um livro. A
tendência é desvincular o conceito de livro da apresentação em papel. Segundo Procópio “O
livro não vai perder suas características e deixar de ser livro só porque está mudando ou
surgindo um novo suporte” (PROCÓPIO, 2010, p. 152-3). Na sequência esse autor diz que
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“para ser considerado como tal, o livro deve ter determinado número de páginas ou capítulos
e constituir uma unidade independente, o que é diferente e distinto das publicações periódicas
da Internet e outras fontes como revistas e jornais impressos” (PROCÓPIO, 2010, p. 153).
Um trabalho acadêmico, por exemplo, mesmo que tenha mais de 48 páginas, não
é enquadrado como livro porque tem outros requisitos. Muitos trabalhos de origem em
dissertações de mestrado e teses de doutorado terminam por servir de base a livros mas para
isso altera-se o modo de apresentação.
O direito à leitura
Tendo em vista que o percentual de leitores no Brasil é muito pequeno já há várias
ações, tanto do governo como de entidades privadas e até mesmo de particulares, no sentido
de incentivar a leitura entre a população.
Com a Lei No 10.753, de 30 de Outubro de 2003, o governo pretende “assegurar
ao cidadão o pleno exercício do direito de acesso e uso do livro” (Art. 1o). No Art. 2o faz a
descrição do que considera livro. No parágrafo único informa que são equiparados ao livro
uma série de tipos de publicações e os textos “derivados de livro ou originais, produzidos por
editores, mediante contrato de edição celebrado com o autor, com a utilização de qualquer
suporte” (Art. 2º, § único, VI).
Na prática essa lei classifica os suportes de informações e conhecimentos para uso
da população e dá isenção de impostos. Esses suportes foram durante séculos o livro
representado por um conjunto de folhas costuradas em blocos e protegidas por uma capa.
Eram então agrupados em bibliotecas ou vendidos a poucas pessoas que se interessavam pelo
conhecimento. Com o tempo e a evolução da indústria livreira os locais de venda de livros se
expandiram extraordinariamente e também houve necessidade de se adaptar a legislação que
regula a produção e venda dos livros.
A pirataria no tempo digital
A pirataria ou ato de produzir cópias de produtos sem autorização do proprietário
dos direitos é muito antiga e apenas vem mudando seu foco. Fora o problema de cópias
integrais ou piratas, que mantém o nome do autor, pode-se considerar também o plágio que é
uma cópia em que alguém assume como sendo criação própria.
Segundo Vieira:
A noção de plágio já era praticada e conhecida na Grécia Antiga, porém somente
com sanção moral de condenação pública, não havendo qualquer consequência penal
ou civil para a violação dos direitos do autor (direitos esses ainda inexistentes)
(VIEIRA, 2011)
Sobre a pirataria veja-se o seguinte trecho:
As cópias ilegais ou espúrias, feitas à revelia de autores ou dos donos dos direitos de
publicação, ou mesmo para não pagar taxas ao governo, são muito antigas. Até
mesmo a obra literária mais famosa e reconhecida da língua portuguesa, Os
Lusíadas, teve sua primeira edição copiada ilegalmente.
A primeira edição chamada "princeps", que possui na portada a imagem de um
pelicano com o bico voltado para a esquerda do leitor, é de 1572. Há outra edição,
dita apócrifa, que copiou a primeira, inclusive com a estampa do mesmo ano de
publicação, mas com diversas pequenas diferenças. Destas variações ou erros, a
mais facilmente reconhecida é a figura do pelicano com o bico voltado para a direita
do leitor. A data provável desta edição seria 1585, [...] (BOTELHO; BELEZE;
ALMEIDA, 2003)
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Segundo Segantini, a pirataria de livros eletrônicos na Itália atinge 3 de cada 4
livros editados.
Il libro elettronico, appena nato, si è già ammalato, colpito dal virus della
pirateria informatica. Le cifre, fornite per la prima volta dall'Associazione Italiana
Editori (Aie), sono impressionanti. Dai dati emerge che in Italia, su 19 mila ebook,
ben 15 mila sono disponibili nella versione pirata. Non solo. In base all'ultima
classifica Ibs.it, dei 25 titoli più venduti della scorsa settimana, 17 sono disponibili
in formato elettronico e 19 sono, come si dice, taroccati. (SEGANTINI, 2012)
(O livro eletrônico, apenas nascido, já está doente, atingido pelo vírus da
pirataria. Os números, apresentados pela primeira vez pela associação de editores
italianos (IEA), são impressionantes. Os dados mostram que, na Itália, de cerca de
19 mil eBooks, 15 mil estão disponíveis na versão pirata. Não só. De acordo com a
classificação mais recente (Ibs.it,) dos 25 títulos mais vendidos na semana passada,
17 estão disponíveis em formato eletrônico e 19 são, como eles dizem, falsos. –
tradução nossa)
Nos últimos tempos a discussão sobre o ato de proteger o comércio legal dos atos
de cópias ilegais tem-se acirrado. No caso dos livros digitais, que à primeira vista poderiam
ser duplicados como é o caso dos CD, o que tem ocorrido é que as editoras têm vinculado o
livro a um determinado aparelho leitor. Para isso usam o DRM (Digital Rights Management)
que restringe os aparelhos, os programas e a quantidade de acessos que os leitores podem ter
aos e-books (MELO, 3 maio 2010). Para esse efeito a Amazon criou e vende o Kindle, a
Barnes & Noble vende o NOOK, que são aparelhos próprios para as produções dessas
editoras.
A Livraria Saraiva vende livros digitais e tablet além dos livros tradicionais. Os
livros digitais vendidos por essa companhia estão no formato PDF ou no formato e-PUB.
Para leitura o cliente necessita primeiramente fazer o download do programa Saraiva Digital
Reader.
Ainda que aparentemente o custo de um livro digital seja muito menor do que o
do livro de papel, já que dispensa a impressão e distribuição, a diferença de preço ainda não é
grande. O livro “O cemitério de Praga”, de Umberto Eco, na forma digital custa R$35,00. Em
papel o preço era R$ 49,90, mas está sendo vendido por R$ 35,90. Na Livraria Porto, em
Londrina, o volume está por R$44,90 (jan 2012).
Pode acontecer de alguém necessitar um livro, por exemplo, sobre análise
qualitativa. Caso pesquise na internet, encontrará um em português disponível em uma
livraria de Portugal. Teria entre as desvantagens ser pago em outra moeda (Euro), demorar
para ser transportado se for em papel, etc. Pode entretanto optar por comprar uma edição
digital que será disponibilizado imediatamente após confirmação do pagamento.
A WOOK pertence ao Grupo Porto Editora e, segundo seu sitio, é “a maior livraria
portuguesa online. Vende para todo o mundo livros e eBooks portugueses, ingleses, espanhóis
e franceses, livros escolares, [...]” (WOOK, 2012).
Comparando-se o preço do livro “Pesquisa Qualitativa e Análise de Conteúdo”, de
autoria de Isabel Carvalho Guerra, nota-se que a edição digital é 26,9% mais barata (e-book =
5,76€, em papel = 7,88€).
Um livro muito em evidência atualmente, e objeto de um filme que estreou no
Brasil em 27 de janeiro de 2012, “Os Homens que Não Amavam as Mulheres - Millennium
1”, de autoria de Larsson Stieg, custa na edição Digital, R$22,50, enquanto em papel R$26,80
(com desconto uma vez que o preço original era R$31,50). O mesmo livro é vendido pela
Positivo Informática por R$18,00. Neste caso o livro está no formato EPUB (Livro Digital).
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A análise SWOT do livro digital e seus revendedores
Antes de fazer a análise, e a fim de possibilitar maior clareza, estão relacionados a
seguir os dados sobre a venda pela internet de dois livros na Livraria Saraiva. Os dois livros
estão em evidência neste período e tanto podem ser comprados impressos em papel e como no
formato digital. Veja-se a seguir:
Autor, livro
Impresso
Prazo para
despachar
Digital
Disponibilização
imediata
Walter Isaacson, Steve Jobs – A Biografia
R$ 49,90
Preço original
Preço com desconto
Porte
Total com desconto
R$ 34,80
R$ 8,64
R$ 43,40
R$ 32,50
4 dias (fora o tempo de
transporte até a residência
do comprador)
R$ 28,90
0
Diferença de preço:
33,4%
R$ 28,90
Larsson Stieg - Os Homens que Não Amavam as Mulheres - Millennium 1
R$ 42,00
R$ 37,80
Preço original
4
dias
(fora
o
tempo
de
R$ 37,80
R$ 22,50
Preço com desconto
Diferença de preço:
transporte até a residência
R$
8,64
48,5%
Porte
0
do comprador)
R$ 46,4
Total com desconto
R$ 22,50
Na sequência, e tendo em vista o que foi levantado, é feito um levantamento das
Forças, Deficiências, Oportunidades e Ameaças do livro digital em uma adaptação da análise
SWOT (ou PFOA).
Quadro 1 – Análise SWOT ou PFOA das perspectivas do livro digital
Forças
Deficiências
O custo para a editora é menor e poderá dar
condições de baratear o preço
Necessidade de leitor digital
Fica disponível para o leitor assim que é
confirmado o pagamento
Normalmente um livro não é lido em
aparelho de outra editora
Não necessita reedições - não se esgota
Ações de promoção ainda inexpressivas
Fácil transporte e guarda de centenas de
livros
A retenção dos dados nas leituras não é
tanta quanto em papel (SÁ, 2012)
Oportunidades
Ameaças
Aumento do número de leitores e de
estudantes do terceiro grau no Brasil
Pirataria (cópias desautorizadas)
Melhora no poder aquisitivo da população
Atuação do governo no mercado tentando
impor o uso de tablets a professores e
alunos sem haver treinamento
Barateamento dos equipamentos leitores
Falta de disciplina na concorrência
FONTE: Adaptado de Churchill e Peter (2000, p.91)
Sobre o mercado na atualidade
A seguir faz-se um levantamento de informações bibliográficas sobre o tema de
modo a se estabelecer a situação atual do mercado livreiro no Brasil e na cidade de Londrina.
Em 2009 a Associação Nacional de Livrarias (ANL), uma associação de classe
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sem fins lucrativos que congrega livrarias de todo o país, promoveu um diagnóstico do setor
livreiro. O objetivo desse diagnóstico era:
[...] incentivar o Mercado Livreiro, subsidiando-o com dados que poderão ser de
muita utilidade nas tomadas de decisões.
Nesse sentido, cabe citar alguns exemplos:
a) O livreiro poderá, por intermédio dos dados das regiões, saber onde existe maior
carência de livrarias, abrindo novas lojas nestes locais.
b) O livreiro poderá também saber os temas mais vendidos, e os menos vendidos
viabilizando arriscar-se em projetos de livros pouco publicados ou manter-se com
sua temática principal.
c) Será possível perceber a tendência das livrarias na venda de outros produtos (que
não os livros) e a oferta de serviços diferenciados.
Além de ser útil no âmbito empresarial, os representantes da entidade poderão
utilizar os resultados da pesquisa como instrumento para negociar junto às entidades
governamentais e de classe a busca de benefícios ao comércio livreiro, bem como o
incentivo à leitura e à cultura. (ANL, 2010)
Segundo pesquisa da ANL, em 2009 havia no Brasil “um universo de 2980
livrarias” (ANL, 2010). Como a população era de 190.732.694 habitantes (dados do IBGE –
Censo 2010) resulta em 1 livraria para cada grupo de 64.004 pessoas.
Godoy escreveu em mensagem da CBN “O número de livrarias no país também
decepciona. Se a Espanha possui uma para cada grupo de 10 mil habitantes e a Argentina uma
para cada 20 mil, no Brasil a relação é de uma para cada 50 mil” (GODOY, 23 dez 2011).
Tendo em vista as modificações que ocorreram ou que estão ocorrendo no
mercado livreiro não há mais sentido de se fazer questionamentos sobre o número pequeno de
livrarias para a população já que hoje as livrarias estão se concentrando e tem capacidade para
atender um número muito maior de clientes.
A história da concentração e de como as grandes livrarias levam as pequenas à
falência foi magnificamente mostrada no filme Mensagem para Você (You've Got Mail,
1998). Nessa história a livraria “Fox & filhos”, do pai do personagem principal (Tom Hanks),
abre uma grande livraria como são comuns hoje e que fica perto da pequena e tradicional
Livraria da Esquina, que a personagem vivida pela atriz Meg Ryan havia herdado de sua mãe.
Não havia como enfrentar a concorrência e a livraria pequena vai à falência.
Pesquisa de campo
A pesquisa foi realizada com uma amostra de 223 graduandos ou graduados no
ensino superior.
Dentre as questões uma inquiria sobre frequência de leitura. Do total 106 (47,5%
de pesquisados) responderam que leem frequentemente livros, jornais e revistas e isso,
considerando o nível de cultura dessas pessoas é muito pouco. É ainda pior o caso de 13
estudantes (5,8%) que informam ler raramente. Neste item importa referir o caso de 30
pesquisados (13,5%) que restringem a leitura apenas ao que está na internet. Entretanto, é
bastante curiosa a resposta que indica alto índice dos que afirmam ir a livrarias (34% vão com
frequência e 35% uma ou duas vezes no semestre). Portanto, apesar do baixo índice de leitura
não há um distanciamento dos livros ou do que há nas livrarias. A pergunta sobre a razão da
ida à livraria, que era de múltipla escolha, teve um total de 377 indicações das quais 130
(34,5%) como ida para pesquisar novos livros.
Outro ponto importante na observação de tendências é o fato de 85% dos
pesquisados já terem feito compras pela internet. Isso mostra que a compra de livros pela
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internet pode ser um substituto da compra em livrarias.
Outra pergunta seguinte se referia à confiança de compras pela internet. Uma
porcentagem alta indicou confiar razoavelmente de onde se pode concluir que não há
impedimento de substituir a compra na livraria por compras de livros pela internet.
Questionados quanto ao valor dado ao atendimento, as respostas demonstram que
é um campo a ser mais cuidadosamente explorado. Mais da metade indicou dar valor alto ou
razoável ao modo como é feito o atendimento.
Sobre o livro digital apenas 1% respondeu “essa moda não vai pegar” e somente
7% diz que nunca leu um livro assim e que não tem ideia de como será o futuro. O importante
é que 27% assinalaram que as novas tecnologias tornam a leitura fácil como de um livro de
papel.
Na pergunta seguinte há um empate entre os que dizem ser necessário haver mais
livrarias com aqueles que dispensam novas aberturas.
Não obstante ter havido assinalamentos indicando confiança nas compras pela
internet, na questão que pergunta sobre a possibilidade de substituição das livrarias atuais
pelas livrarias virtuais, as respostas de 70% foram de que não haverá essa substituição porque
as pessoas precisam ver para escolher.
Na última pergunta foi questionado sobre o valor que aceitam pagar por um livro
que seja bastante citado no momento. Os valores ficaram acima do valor normal de um livro
como se viu na pesquisa e alguns casos que foram citados neste trabalho. Disso pode se
concluir que não há tantas restrições quanto a preço de livro e que a falta de leitura não é
justificada por isso.
Conclusão
A pesquisa mostrou sempre um confronto de dois lados, um que já tem como
certo que o livro digital é o substituto do livro antigo e outro lado recusando aceitar uma tão
drástica mudança.
Na pesquisa bibliográfica deste trabalho assim como na pesquisa de campo pôdese constatar que livrarias antigas estão se transformando apenas em papelarias vendendo
produtos para escritórios e para estudantes ou então fechando as portas.
Normalmente o que acontece é que em um primeiro passo há uma absorção de
livrarias pequenas por outras grandes. Ocorre que mesmo estas estão sendo ameaçadas pelas
livrarias virtuais que não obedecem a limites físicos no atendimento. Assim a sequência é:
livrarias pequenas são fechadas substituídas por grandes lojas de livros e outros produtos, e
estas por sua vez são substituídas pelas revendas virtuais, que atendem pela internet. Estas,
por sua vez, serão substituídas por sites de vendas de livros digitais.
Deste modo os administradores devem agir no sentido de apropriar os locais de
venda de livros para os usos modernos ou recentes. Entre eles está a inclusão de outros
produtos nos locais de vendas de livros que ainda permanecerão por mais alguns anos. Uma
das atividades que despertam a atenção do público é o lançamento de livros com noite de
autógrafos.
De outro lado as ameaças são várias e na pesquisa colheu-se a informação de que
uma livraria tradicional, que atendia principalmente alunos de uma instituição de ensino
superior, teve de fechar as portas por ficar com volumes encalhados uma vez que os alunos
copiam livros no lugar de comprar. Esse costume de fotocópia também já está sendo superado
pois as IES estão dando acesso a bibliotecas digitais que são muito mais fáceis de utilizar do
que a física que nem sempre dispõe de volumes suficientes para atender, por exemplo, em
período de provas. Já na biblioteca digital, ainda que ela não tenha capacidade infinita, tem,
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contudo, uma capacidade muito maior para acesso de número expressivo de alunos.
Tudo indica que o livro como conjunto de folhas de papel, que é o produto sob
foco neste trabalho, tende a ser substituído em larga margem pelo produto digital, mas não em
curto prazo. É preciso deixar claro que a pesquisa levou a essa conclusão desde que não haja
novas descobertas científicas e técnicas o que pode disparar o processo de substituição.
Dentro dessa perspectiva é de se supor que o livro didático irá diminuindo em demanda e
ficando restrito a pequenos núcleos de interesse como livros sobre arte.
Entretanto, a pesquisa factual (empírica) junto a uma amostra de pessoas com
nível superior completo ou em curso indica que a leitura em suporte digital ainda é bastante
restrita e pouco aceita, exceto como foi dito, para pesquisas destinadas a trabalhos
acadêmicos.
Entre as facilidades levantadas quanto a livrarias digitais as principais são: não há
mais edições esgotadas nem reimpressão, há a facilidade de transporte e os preços dos livros
para compra pela internet são, nos casos pesquisados, menores mesmo para o livro em papel e
o preço dos livros digitais são menores em porcentagens acima de 30%.
Portanto, a tendência é de que a história, mutatis mutandis, venha a se repetir. No
final da Idade Média os copistas viram seu trabalho de produção de livros, assim como o
produto dos artistas que produziam as iluminuras, serem substituídos pela imprensa. Do
mesmo modo como o códice foi substituído pelo livro brochado em papel, agora este está em
vias de ser substituído pela informação transmitida de modo digital.
Afinal, Camões já escrevia há cerca de 500 anos “Mudam-se os tempos, mudamse as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o mundo é composto de mudança,
[...]
Por último, o mais importante é aceitar a mudança, buscar entendê-la e adaptar o
estilo de administração aos novos tempos, de modo consciente e sem atropelos.
REFERÊNCIAS
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Acesso em: 9 março 2012.
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Os Diversos Formatos dos Arquivos de
Livros Eletrônicos
Posted sábado | 1 | março | 2008 by eBook Reader in Software. Comentários desativados
1 avaliações
Existem dezenas de formatos de arquivos eletrônicos que podem conter textos.
Podem ser separados tecnicamente por títulos ou capítulos e, com isto, compor um
livro. Mas um simples arquivo eletrônico com texto pode ser considerado um eBook?
É o que o eBookBusiness tentará responder e explicar neste artigo.
Entre os diversos formatos de arquivos digitais que podem conter um texto e
compor um eBook, estão:Arquivos em formato ASCII, TXT, HTM, HTML, CHTML,
XHTML, XML, OPF, LIT, PRC, PDB, PDF, WAP, x-doc, WML, DOC, DocPalm, RTF,
RB, EXE, SWF, KML, HLP, TK3 etc.
Para o leitor que quer apenas ler um livro, é realmente uma bagunça e uma
confusão só isto tudo. Mas é como se um mesmo livro, se fosse em papel, estivesse
disponível em vários tamanhos e qualidades diferentes [ em formato pocket, com
capa dura, brochura, costurado, papel especial, ilustrado, com cores etc ]. Embora
seja certo que, com o livro papel, o leitor repare menos nisto pois já está
culturalmente acostumado, no caso dos eBooks isto é um indício de um problema.
Alguns arquivos citados, no entanto, podem não ser necessariamente um eBook.
Podem ser formatos de arquivos que foram criados a partir processadores de texto
ou de programas diagramadores de páginas como o Publisher e o MS Word, o
PageMaker, o InDesign, o QuarkXpress, o CorelVentura etc. Alguns desses
programas são usados para diagramação de livros que serão impressos.
Aumentando inda mais a bagunça de formatos.
Entre alguns arquivos produzidos a partir de programas usados para fazer livros
em papel, estão:RTF, DOC, PM5, P65, CDR, INN, TIF etc.
Para quem apenas quer ler um livro, basta entender o seguinte: já existe uma
tendência natural na padronização dos livros eletrônicos [ leia mais sobre a
padronização dos eBooks ]. No geral, quando um website disponibiliza um título
num determinado formato de arquivo, o próprio website já indica em qual software
este arquivo deverá ser aberto [ na maioria das vezes arquivos em formatos
compactos ]. O mais popular dos formatos de eBooks é, sem dúvida, o PDF.
Acrônimo de Portable Document Format, criado pela empresa americana Adobe
Systems.
É necessário que se diga que arquivos de livros eletrônicos genuinos só começaram
a aparecer a partir de 1998, quando foi lançado o Rocket eBook. Junto, a
Nuvomedia colocou na Internet um simulador do aparelho que permitia a leitura de
arquivos de livros eletrônicos especiais na tela do computador. O simulador do
Rocket eBook chamava-se eRocket TM . Um pouco antes, a Adobe também já havia
lançado uma versão compacta do seu leitor de arquivos de impressão, o Acrobat
Reader . Quando alguém na Adobe percebeu que arquivos PDF cabiam num
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de eBooks mais vendidos
Amazon descobre o caminho
das Índias
Paulo Coelho pede mais
flexibilidade para conteúdos
grátis na internet
Para popularizar armazenamento
em nuvem, Amazon lança serviço
de US$ 0,01 por Gbyte
Mercado editorial ganhará
rede social
Mundo Cristão lançará 60
eBooks em 2013
Barnes & Noble lança Nook no
Reino Unido
Fotos dos eReaders
disquete, estava lançado a semente dos eBooks.
De qualquer modo, consideramos arquivos de livros eletrônicos [ eBooks ] apenas
aqueles passíveis de serem lidos em softwares especiais de leitura [ os eBook
Reader's ], com ferramentas como bookmarks, procura, dicionários relacionados,
hiperlinks etc, cujo título possa ser levado em aparelhos portáteis [ dedicados ou
não ].
Os formatos considerados eBooks genuínos:
More Photos
eBook Pro [ Executável ]
kml [ hiebook ]
Libros em Red [ Executável ]
Tags
lit [ MS Reader ]
Amazon Android
NetLibrary Reader
pdb [ MobiPocket Reader ]
Aplicativos
prc [ PalmReader ]
Barnes & Noble
PDF [ Acrobat eBook Reader ]
Bibliotecas Digitais
Congresso Internacional
CBL do Livro Digital
rb [ Rocket Edition ]
[ SoftBook Edition ]
ReB 1100 [ baseado em rb ]
Conteúdo COOL-ER Direitos
tk3 [ TK3 Reader ]
Autorais Distribuidora de Livros Digitais
DRM E-Ink ePub Eventos
WineBook [ Executável ]
GlassBook Reader [ baseado em PDF ]
Não existe um formato de arquivo de livro eletrônico que seja melhor que o outro. É
possível apenas indicar algumas qualidades em alguns softwares readers específicos
para livros eletrônicos como é o caso do MobiPocket Reader que, de longe, é o
melhor reader [ que lê arquivos no formato PRC, PDB, HTML e TXT ]. Mas o Acrobat
eBook Reader [ que lê arquivos no formato PDF ] também tem suas peculiaridades
diferentes do MS Reader, por exemplo. O leitor vai perceber que são tecnologias
diferentes e com propósitos distintos. O leitor pode até se confundir no começo, mas
no final das contas, é ele quem vai decidir qual deverá ser o formato de livro
eletrônicos que deverá predominar.
Para o autor que pretende editar um livro no formato eletrônico é necessário apenas
que se saiba que com o Bloco de Notas é povíssel fazer um eBook da melhor
qualidade, independe do software onde ele será lido.
E, para terminar: na prática não existe um arquivo ou um formato na qual o leitor
pode se apegar e esquecer do resto porque alguns livros estão disponíveis em um
único formato.
Alguns websites disponibilizam seus eBooks em diversos formatos diferente [ um
mesmo título ]. Se o leitor abrir sua pesquisa para dois ou mais websites, a
possibilidade do número de formatos aumentarem é ainda maior. E é até possível
que ainda surjam outros formatos por aí [ esperamos que não, só os 33
contabilizados pelo eBookZine já bastam ].
Mas se quer uma dica, não comece pelo formato, comece com o software que vai
le-lo: MS Reader, MobiPocket Reader ou Acrobat eBook Reader.
Veja, abaixo, alguns dos formatos que não são considerados necessariamente de
eBooks, embora alguns possam ser base para virar um livro eletrônico [ como é o
caso dos arquivos com base em hipertexto ]:
Apple App Store
arquivos em formato ASCII
Facebook Gato
Sabido
Google Google Books Google
eBooks HarperCollins iBooks
iPad iPhone
iPod Kindle Kindle Fire
iBookstore
Kobo Livraria Cultura Livraria
Saraiva Nook Números
PDF Pirataria Positivo Alfa
Redes Sociais Sony Sony
Reader Tablets Twitter
Wikipédia Xeriph Áudio Books
Aplicativos & Softwares
ABBYY FineReader
Adobe Digital Editions
Adobe Digital Publishing
Adobe Digital Publishing Suite
Adobe® Reader Mobile SDK
Aldiko
Alfa eBooks Manager
All My Books
arquivos EXE [ executáveis em geral ]
Apps para Android
doc [ MS Word ]
Atheneum
hlp [ arquivos Help do Windows ]
INTRODUÇÃO À GESTÃO DE CONTEÚDOS
Júlio C. I. Pereira
Curso de Ciência da Computação, Faculdade de Pedro Leopoldo
Marcello P. Bax
Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG)
Através de uma compilação de vários trabalhos relacionados, o artigo descreve a Gestão de
Conteúdos em ambiente web, caracteriza os sistemas de Gestão de Conteúdos e apresenta as
principais ferramentas disponíveis, assim como os benefícios e os riscos associados à sua
implantação. Para fixar as idéias, levanta-se elementos para justificar o investimento financeiro em
uma solução de Gestão de Conteúdos. Após introduzir o tema, propõe uma diferenciação clara entre
informação, conhecimento e conteúdo, e sugere que a Gestão de Conteúdos permite a Gestão de
Conhecimento na prática. Caracteriza as ferramentas de Gestão de Conteúdos denominadas CMS e
apresenta vantagens e benefícios advindos de sua implementação nas organizações. Apresenta uma
avaliação que permite determinar os retornos sobre investimentos nesse tipo de tecnologia. O artigo
parte do pressuposto de que para acompanhar a evolução da Internet como um canal de
comunicação interno e externo - de relacionamento com clientes, fornecedores e parceiros - as
empresas precisam investir em tecnologias que permitem a distribuição e a publicação de
informações de forma ágil, segura e confiável. Inerente à essa evolução, vem a sofisticação das
informações que devem estar online, em páginas web com imagens, filmes, figuras etc. Alterando a
forma de se criar e manter páginas web, estão sendo criadas ferramentas conhecidas como CMS Content Management System's - que conferem a agilidade, segurança e a confiabilidade requeridas
para o tratamento da informação em um novo estágio da Internet. As ferramentas CMS incluem
recursos que permitem o gerenciamento de conteúdos, vindos de todas as fontes e formas possíveis,
com múltiplos esquemas de tratamento e fluxos de trabalho, podendo ser customizados e
integrados, facilitando o uso de novos mecanismos de consultas e permitindo publicações nos mais
diferenciados dispositivos. Os benefícios ligados a adoção de um CMS incluem desde a redução do
custo de atualização dos conteúdos nos websites até o aumento da eficiência das equipes de TI.
Como contribuição o artigo descreve benefícios ligados a adoção de um CMS pelas empresas que
incluem desde a redução de custo de manutenção de websites até um aumento dos canais de
publicação dos conteúdos, trazendo aumento de clientes e de negócios. Apresenta também os
desafios associados que são a definição e padronização de regras para organizar informações em
“repositórios” e a necessidade de se disponibilizar esse conteúdo informacional de forma
padronizada, mas customizada para cada cliente e tipo de canal de comunicação. Considerando os
benefícios advindos da possibilidade de criação, distribuição e a publicação de conteúdos de forma
mais ágil, mais barata e confiável, espera-se que a Gestão de Conteúdos seja implementada nas
corporações nos próximos anos através da adoção de alguma ferramenta CMS e de uma mudança
comportamental que torne possível o uso desses novos recursos.
Palavras-chave: Portais Corporativos, Gestão de Conteúdos, Content Management, Gestão de
Informações, Zope
Revista Gestão & Tecnologia, Pedro Leopoldo, v. 1, n. 1, p.
, jan./jul. 2002.
INTRODUCTION TO CONTENT MANAGEMENT.
The article describes the Content Management in Web environment using a compilation of several
related texts. It characterizes the CM systems, showing the main tools available and discussing the
benefits and risks associated to its implementation. In order to fix the ideas, it joins elements do
justify the investment in a CM solution. After the introduction, it proposes a distinction between
information, knowledge and content, and suggests that the CM may permit the “Knowlegde
Management” in practice. It characterizes the CM tools called CMS and shows the advantages and
benefits brought by its implementation into the companies. It also shows an evaluation that permits
to calculate the return of the investment (ROI) in a solution of the sort. To follow the Internet
evolution as an internal or external communication channel – of relationship of clients, suppliers
and partners – the companies need to invest in technologies that permit the distribution and
publishing of information in a quick, safe and reliable way. Associated to this evolution, comes the
sophistication of the information that must be online, in web pages with images, figures, films and
so forth. Changing the way to create and keep web pages, tools called CMS – Content Management
Systems – are being created to provide the aspects related above, required by the information
treatment in a new stage of the Internet. The CMS tools have resources that permit the content
management and these contents may come from different sources and may have different shapes,
workflows and treatment schemes. They may be customized and integrated, making easy the use of
new mechanisms of querying and permitting the publishing into different equipments like celulars
and palms. The benefits brought by the adoption of CMS systems include the reduction of content
update costs, the increase of the effectiveness of IT team and the growing of the channels of content
publishing. Therefore, it brings new clients and business. Finally, the article shows the challenges
such as the stablishment and the standardization of rules to organize contents into repository. Also,
the necessity to offer these contents into a standard way, but customized to each client and
communication channel. Considering the benefits brought to the possibility of creation, distribution
and publishing of contents in a quick, cheap and reliable way, it is expected that the CM may be
implemented into the companies in the next years, through the adoption of some CMS tool and
behavior change that allow the use of these new resources.
Keywords: : Corporated Portals; Content Management; Knowledge Management; Zope
.
INTRODUÇÃO
O único tipo de conteúdo que existia até pouco tempo nas intranets das empresas em geral eram
páginas HTML estáticas, gerenciadas por um webmaster que realizava alterações manuais sempre
que necessário. Porém, hoje, os usuários é que ditam quais serão os conteúdos que serão
disponibilizados e os tipos destes conteúdos variam muito. Os conteúdos passaram a se originar de
fontes diversas, de tipos diversos, e a serem destinados a múltiplos dispositivos.
As páginas HTML estáticas necessitavam de um webmaster e mais ninguém para mantê-las
atualizadas no site, uma de cada vez, gerando um gasto de tempo considerável. Hoje, com a
maioria dos sites dinâmicos, personalizados, com o conteúdo sendo atualizado diariamente e o
grande número de autores produzindo informações dos mais variados tipos, a gerência do conteúdo
alterou-se para uma esfera completamente diferente.
As empresas passaram a contar com mais um canal de distribuição de informações para
funcionários, clientes, fornecedores e todos os que se relacionam com as mesmas. Passou a ser
possível disponibilizar, para toda essa gama de interessados, conteúdos que se sofisticam e crescem
em complexidade a cada dia, integrando formatos mais convencionais (textos e figuras) e sons,
vídeos, filmes, etc. Neste novo cenário, as empresas passaram a necessitar de ferramentas que
permitam cuidar de seu conteúdo informacional de forma ágil.
Segundo CONTENT MANAGEMENT [2001], “Conteúdo é, em essência, qualquer tipo ou
unidade de informação digital que é utilizada nas páginas dos websites. Ele pode ser texto,
imagem, gráficos, vídeo, som ou, em outras palavras, qualquer coisa que é possível de ser
publicada em uma intra, inter ou extranet”. A Gestão de Conteúdos, ou “Content Management”
apoia organizações na captação, organização e distribuição de conteúdos originários de várias
fontes e destinados a diversos tipos de dispositivos de saída.
Este artigo descreve a gestão de conteúdos em ambiente web, a partir do estudo de textos básicos e
de informações obtidas em trabalhos relacionados. O artigo se estrutura como segue: a próxima
Seção estabelece uma diferenciação entre informação, conhecimento e conteúdo, sugerindo que a
Gestão de Conteúdos permite a Gestão do Conhecimento na prática organizacional. A Seção 3
caracteriza as ferramentas de Gestão de Conteúdos e apresenta vantagens e benefícios advindos de
sua implementação nas organizações. Na Seção 4 apresenta-se uma avaliação que permite
determinar os retornos sobre investimentos nesse tipo de tecnologia. A Seção 5 conclui fazendo
algumas considerações finais.
CONHECIMENTO, CONTEÚDO E INFORMAÇÃO
Antes de abordar diretamente a Gestão de Conteúdos, é conveniente situá-la de um ponto de vista
mais amplo, que permita enxergá-la como nova tecnologia dentro de um conjunto de estudos
conhecido como Gestão do Conhecimento. Inicialmente, vejamos uma diferenciação entre os
conceitos de informação, conhecimento e conteúdo.
Segundo LEMOS [2001], “Conhecimento sempre significa algum tipo de agregação, algum tipo de
adição de valor à informação existente. Um livro numa estante não tem valor até o momento em
que alguém se dispõe a lê-lo, a transformar o amontoado de informação que o livro possui”. Ainda
segundo LEMOS [2001], “talvez o termo conteúdo esteja mais próximo da idéia de conhecimento
que a palavra informação”. Vale notar que, citando o mesmo autor, “o conteúdo de um website é
um conjunto de informações, mas não de qualquer informação. Conteúdo tem um juízo de valor
embutido, significa que a informação que o website oferece deve ter coerência, fundamentação,
esforço intelectual e operacional dos profissionais que nele trabalham e que agregaram algum tipo
de valor à informação”.
O conhecimento, conforme CRUZ [2002], pode ser conceituado como “o entendimento obtido por
meio da inferência realizada no contato com dados e informações que traduzam a essência de
qualquer elemento. Em outras palavras, conhecimento é saber o quê é e porque é”.
Segundo este mesmo autor, “a Gerência do Conhecimento, ou Knowledge Management (KM), é
um conjunto formado por metodologias e tecnologias que têm por finalidade criar condições para
identificar, integrar, capturar, recuperar e compartilhar conhecimento existente em qualquer tipo de
organização”. Pode-se verificar que conhecimento, desse ponto de vista, pressupõe agregar valor
através de um processo de transformação realizado sobre dados e informações.
Nessa mesma linha, pode-se afirmar que “conteúdo não é conhecimento, mas pode vir a ser!
Conteúdo é tudo que podemos gerenciar em termos de dados e informações e não necessariamente
conhecimento” (CRUZ, [2002]).
Na opinião de CRUZ [2002], as organizações precisam definir de forma clara e consistente o
conhecimento que precisa ser considerado nos âmbitos operacional, estratégico, e emocional. Esses
âmbitos se refletem nos componentes da Gerência do Conhecimento, que são comportamentais,
informacionais e tecnológicos. Quando o conteúdo não tem ligação direta com a estratégia de
negócios da corporação, ele pode ser classificado apenas como informação. Ao contrário, ao
agregarmos valor à informação ou ao conteúdo, ele pode se tornar conhecimento.
Nesse sentido, as ferramentas de CMS ou Gestão de Conteúdos, permitem operacionalizar a Gestão
do Conhecimento, fornecendo os mecanismos efetivos de gerenciamento dos conteúdos dos
websites para organizações de todo tipo.
Finalmente, segundo CRUZ [2002], “no futuro, essas ferramentas terão capacidade de aprender
também e espera-se que até lá já tenhamos aprendido como gerenciar conhecimento”. De forma
sucinta, pode-se afirmar que as ferramentas de Gestão de Conteúdos são hoje as tecnologias que
permitem a implementação da Gestão do Conhecimento na prática das organizações.
A GESTÃO DE CONTEÚDOS
Portais corporativos
O Portal Corporativo é o elemento central para a Gestão de Conteúdos. Existe uma distinção entre
os conceitos de site, home-page, portal, etc, principalmente em relação ao tamanho dos mesmos.
O termo home-page foi o primeiro a ser utilizado na Web, no início dos anos 90. Através de homepages as pessoas (pesquisadores em universidades) disponibilizavam suas informações em
documentos HTML, em geral, com fins pessoais. Um site, ou website, é um conjunto de
documentos em linguagem HTML e outras linguagens de scripts, e um portal seria um conjunto
maior de sites.
O site, que anteriormente era encarado como apenas mais um canal de divulgação das
organizações, com conteúdos meramente institucionais, sem atualizações sistemáticas e periódicas,
tornou-se, no formato de portal corporativo, chave para a implementação da Gestão do
Conhecimento nas organizações. Todo o conteúdo que será gerenciado pelas ferramentas CMS
estará disponibilizado, através do portal, para empregados, clientes, parceiros e comunidade em
geral. A relação entre a Gestão de Conteúdos e os portais corporativos permite estabelecer
requisitos fundamentais que garantem a eficiência na sua implementação em uma organização.
Alguns autores se esforçam em classificar os portais por tipos, de acordo com seu conteúdo e
funcionalidades. Em geral tais classificações parecem quase sempre arbitrárias. Segundo CRUZ
[2002], há cinco tipos de portais, vejamos os dois principais:
– Portal Generalista ou Portal Horizontal. Caracteriza-se por possuir um grande volume de
informações coletadas nas mais variadas fontes visando ao atendimento do maior número possível
de interesses e necessidades.
– Portal Vertical ou Vortal. Criar cadeias produtivas verticalizadas por tipos de indústria,
podendo conter informações sobre os sistemas de produção, com seus diversos processos, desde a
obtenção da matéria prima até o produto final.
Hoje as empresas têm que lidar com uma grande quantidade de conteúdos. São informações
geradas pelos diferentes departamentos, informações de pesquisa e desenvolvimento,
procedimentos técnicos e gerenciais, políticas corporativas, catálogos de produtos e apresentações,
press releases, etc.
No apoio à implantação da Gestão do Conhecimento, os Sistemas de Gestão de Conteúdos
permitem a criação de portais consistentes em apresentação e conteúdo, com navegação bem
planejada, que permite aos autores a possibilidade de compartilhar conhecimento de forma segura e
que garante ao usuário atualidade dos conteúdos.
UM MERCADO EM EXPANSÃO
Segundo pesquisa da ATKERNEY, citada por ANGULO [2001], a quantidade de páginas web
publicadas passará de 5 bilhões em 2000 para 40 bilhões em 2003. A Forrester, em pesquisa feita
junto a executivos de sites nos Estados Unidos, aponta que 80% deles irá crescer nos próximos
anos, confirmando a previsão de expansão da ATKERNEY. Esta última consultoria estima que
750 milhões de dólares teriam sido desperdiçados em 2001 com ineficiências relacionadas ao
atual processo de publicação web.
Esse crescimento veloz e a constatação dos custos de manutenção de um website estático, têm
levado organizações a investirem nos chamados CMS ou WCM – Content Management Systems ou
Web Content Management. As estimativas de investimentos são da ordem de 1,75 bilhões de
dólares em 2002, até 3 bilhões de dólares em 2003 (PERRY, [2001]).
SISTEMAS DE GESTÃO DE CONTEÚDOS (CMS)
A idéia básica por trás de um CMS é a de separar o gerenciamento do conteúdo do design gráfico
das páginas que apresentam o conteúdo. O design das páginas que apresentam os conteúdos são
colocados em arquivos chamados moldes (templates), enquanto o conteúdo é armazenado em
banco de dados ou arquivos separados. Quando um usuário solicita uma página, as partes são
combinadas para produzirem a página HTML padrão. A página resultante pode incluir conteúdos
de diferentes fontes.
De acordo com PERRY e INFOIMAGEM [2001], o processo de gestão de conteúdos, se divide em
três etapas básicas: a criação, a gestão e a publicação.
O CMS deve permitir que os próprios colaboradores, no papel de autores, criem seus conteúdos
sem necessidade de intermediários, utilizando os diversos programas disponíveis. Em seguida,
estes conteúdos são armazenados em repositórios centralizados para serem tratados (gerenciados,
padronizados, formatados e publicados no website) através do CMS. O CMS deve gerir também as
revisões, atualizações e o controle de acesso, garantindo confiabilidade ao que será publicado e
segurança quanto à propriedade e a autoria dos conteúdos.
Um aspecto importante do CMS é a possibilidade de serem configurados processos simples de
controle de fluxos de trabalho, para distribuição dos conteúdos nos canais de comunicação. Ao
gerenciar a forma como os conteúdos são publicados, o CMS estabelece fluxos padronizados de
trabalho, que definem os ciclos de vida desses conteúdos. Por exemplo, a empresa que anuncia seus
produtos na web deverá retirar do site as promoções quando os estoques terminarem, sob pena de
se obrigar a continuar vendendo aqueles produtos por preços indevidos.
A inclusão dos conteúdos é controlada pelo uso de marcas (tags) especiais. Estas marcas são em
geral proprietárias e exclusivas do CMS usado. Em geral há suporte por linguagens tipo Python,
Perl, ou Java para operações mais complexas.
Um bom CMS deve tornar possível time ou colaborarem adicionar, editar e deletar conteúdos.
Algumas das funcionalidades básicas cobertas são: esquemas de segurança baseados em papeis,
sindicalização de conteúdo, suporte à criação de catálogos, indexação, busca e workflow.
ALGUMAS FERRAMENTAS DISPONÍVEIS
O termo CMS é usado por uma larga variedade de produtos, produtos comerciais como Vignette e
Websphere ou produtos gratuitos como Zope e AOLServer. Tais produtos apresentam uma grande
variedade de capacidades, más tendem a incluir os seguintes três componentes básicos:

Templates de Documentos

Uma linguagem de marcação e/ou de scripting

Integração com uma base de dados
Um incontável número de sistemas e plataformas se anunciam como CMS. CRUZ [2002] os
classifica em “ferramentas generalistas” e “ferramentas especialistas”. As primeiras servem para
coletar, organizar, publicar vários tipos de conteúdos e conhecimentos, permitindo a implantação
da Gestão de Conteúdos e de Conhecimento da forma mais abrangente possível. Já as ferramentas
especialistas dedicam-se a certos tipos de conteúdos e conhecimentos, como, por exemplo, o
gerenciamento de mídias, de redes de computadores e de processos de negócio. A título meramente
informativo e ilustrativo, aponta-se, a seguir, alguns desses sistemas.
Zope, uma plataforma de código aberto
O Zope é um servidor de aplicações1 construído por um conjunto de componentes que se integram
em torno de um servidor web, um banco de dados e um interpretador que suporta a linguagem
Python e scripts que podem ser embebidos em páginas HTML. Zope é escrito em sua maior parte
em Python, mas suporta também Perl e uma linguagem de script específica denominada Document
Template Markup Language (DTML).
As funcionalidades do Zope podem ser oferecidas, tanto através do seu próprio serviço web, quanto
como um processo CGI no Apache, IIS, ou outro servidor web. Isso é um aspecto positivo porque
permite que websites pré-existentes possam continuar rodando em outros servidores já instalados
que não o servidor web do Zope.
Zope parece ser o servidor de aplicações de código aberto mais referenciado hoje.. Em Zope a
atualização, manutenção e administração dos conteúdos nos websites podem ser feitas pela própria
web com o navegador, através de uma interface similar a de um gerenciador de arquivos. A maior
parte da interação feita com o Zope é realizada através dessa interface completamente baseada na
Web. É possível configurar permissões de usuários dando a pessoas níveis de controle diferentes de
administração de diferentes seções do site. Nesta interface estão também presentes os controles
para se adicionar, deletar, editar páginas, imagens e outros objetos de forma bastante simples. Há
também a possibilidade de desfazer (undo) qualquer ação que tenha sido realizada.
Talvez a maior força do Zope seja o fato de tratar páginas web, banco de dados, imagens e
quaisquer outros componentes como objetos que podem ser referenciados e reutilizados em todo o
site. Zope adota de ponta-a-ponta o conceito de orientação a objetos, utilizando-o de forma a
simplificar a gerência de conteúdos. Em Zope as informações são transformadas em objetos,
podendo ser dotadas de propriedades e métodos (funções). As noções de modularização, herança e
polimorfismo estão presentes. Exatamente como nas linguagens de programação de computadores,
a orientação a objetos traz, também para a gestão de conteúdos, maior facilidade ao processo de
modelagem de dados e informações, além de maior facilidade de evolução e manutenção dos itens
informacionais no portal.
Existe uma variedade enorme de componentes disponíveis desenvolvidos e oferecidos por terceiros
no site da comunidade Zope em www.zope.org. Uma vez que os componentes tenham sido
baixados e instalados localmente, estes ficam à disposição dos usuários que para utiliza-los
simplesmente os adicionam em suas páginas.
Outras plataformas proprietárias
Vários outras plataformas proprietárias existem hoje no mercado, para citar apenas algumas:
- Documentum, Filenet, Guass, Identitech, Intertech, Lotus Notes – Sistemas de gestão de
documentos que começam a oferecer gestão de conteúdos e cujo ponto forte é a existência do
“repositório” e na facilidade de acesso.
- Broadvision, Intranet Solutions, Eprise, Vignette, Microsoft Content Management Server
– criação, administração, manutenção e publicação de websites – foco especializado na publicação.
- Bentley E-Image – focado nas necessidades especiais da gestão de conteúdos ligados à
Engenharia, incluindo suporte a documentos complexos e grandes formatos.
1
Plataforma de software para construção e gerenciamento de aplicações web dinâmicas.
- J.D. Edwards Content Manager – Utiliza o Microsoft Office para gerir e reutilizar
documentos nas empresas, permitindo o compartilhamento de componentes de conteúdo em
múltiplos formatos, facilitando o desenvolvimento e a publicação de novos conteúdos.
BENEFÍCIOS DE UM CMS
Um CMS oferece benefícios para ambos administradores e autores. Talvez o maior deles é a
possibilidade de usar templates e elementos comuns de design que asseguram a consistência de
apresentação do site como um todo. A responsabilidade pela aparência das páginas web é retirada
dos autores e centralizada. Isso simplifica a manutenção do site.
Autores incorporam os templates em seus documentos adicionando uma pequena quantidade de
código extra. Assim eles podem se concentrar no conteúdo ao invés de terem que se preocupar
também com a apresentação. Para alterar a aparência do site, os administradores precisam apenas
modificar os templates e não cada uma das páginas individualmente.
Um CMS simplifica também a delegação de responsabilidades pela provisão e manutenção do
conteúdo do portal. Um CMS possibilita, em geral, níveis diferentes de acesso serem configurados
para separar áreas do portal sem que o responsável pela configuração tenha que descer ao nível de
controle de permissão do sistema operacional. Em geral essa operação pode ser feita através da
interface do navegador.
Funcionalidades extras, tais como mecanismos de busca, calendários, webmail, e outros
componentes podem ser construídos no próprio ambiente, ou disponibilizados por terceiros como
plug-ins. A provisão de funcionalidades economiza tempo que seria normalmente gasto no
desenvolvimento ou tentativa de integrar tais componentes. CMS’s mais avançados oferecem
benefícios adicionais de segurança, ferramentas de gerenciamento, facilitam a interação com a base
de dados, além de ferramentas de indexação e catálogo. Estes benefícios reduzem o tempo de
desenvolvimento de outros componentes do portal e garantem a sua evolução.
PORQUE USAR UM CMS
A implantação de um CMS ajuda as empresas a:

padronizar as estruturas de conteúdo e manutenção do controle de apresentação e uso
da marca em toda a organização;

aumentar a eficiência das equipes: usuários (autores) publicam suas informações e
técnicos (administradores) cuidam da infra-estrutura;

agregar valor aos conteúdos web à partir do estabelecimento de fluxos de trabalho
com processo de aprovação padronizado;

reduzir custos de atualização de seus conteúdos e aumentar a velocidade e freqüência
da publicação de novas informações;

reduzir custos de criação/manutenção/evolução disponibilizando componentes préfabricados e processos pré-automatizados.
Além disso, ao permitir que os próprios autores façam, de forma adequada e segura, a
atualização de seus conteúdos, diminui-se a carga de trabalho da equipe de TI.
Segundo MICROSOFT [2001], inúmeros custos relacionados à manutenção dos portais
podem ser reduzidos com o uso de CMS, para citar alguns:

Criação de conteúdos originais e conversão desses originais em conteúdo apropriado
para publicação web;

Revisão prévia do conteúdo antes da publicação;

Correções relacionadas à publicações incorretas ou inadequadas, como preços
errados ou falta de apoio para navegação ou para obtenção de novas informações;

Desatualização dos conteúdos, prejudicando a tomada de decisões;

Tempo gasto para filtragem de conteúdos irrelevantes, fazendo com que os clientes
abandonem o portal;

Falta de uma padronização no uso da marca e do estilo da organização;

Manutenção geral do sistema, incluindo o gerenciamento da segurança, da
escalabilidade e da política de direitos de usuários e regras de uso;

Atualização das aplicações Web em todas as partes das organizações;
Pode-se dizer que a chave para obtenção de retorno sobre o investimento em ferramentas para
gestão de conteúdos inclui escolher a ferramenta adequada para as necessidades do negócio e
assegurar-se da rápida implementação e desenvolvimento da ferramenta selecionada e adquirida.
Para isso, o CMS deve ser de fácil assimilação e deve permitir às equipes de colaboração o seu
rápido aprendizado.
VALE A PENA INVESTIR EM GESTÃO DE CONTEÚDOS?
Para se avaliar o retorno sobre o investimento em um CMS, as organizações devem avaliar as
melhorias que podem ser fornecidas pelo sistema, discriminando todos os fatores possíveis, como
tempo de resposta, atualização das informações e todos os demais parâmetros cuja melhoria
representa ganho para a organização como um todo. Em seguida, a organização deve avaliar a
chance de o sistema ser realmente adotado e utilizado.
A idéia é apurar todos os ganhos trazidos pelo CMS, do ponto de vista operacional e estratégico,
nos processos das organizações e compará-los com o custo do investimento, o qual leva em
consideração, não apenas a compra da ferramenta, mas também os custos de treinamento de
pessoal, o planejamento para implantação e a implementação em si.
Assim, segundo MICROSOFT [2001], o retorno sobre o investimento em um CMS poderia ser
definido como a soma das economias de custos (EC), do aumento do valor dos conteúdos (AVC) e
da inovação (I), multiplicada pela probabilidade de adoção do CMS (PA):
Retorno = ( EC + AVC + I ) * PA
Onde,
Economia de custos (EC) = padronização + utilização de recursos
+ custo de atualização
+ tempo de recuperação
Aumento valor dos conteúdos (AVC) = valor da mensagem * relevância
* oportunidade
* precisão
* flexibilidade
+
exposição da marca
Inovação (I) = flexibilidade da ferramenta de desenvolvimento +
compatibilidade para integração *
redução do tempo para distribuição
Probabilidade de adoção (PA) = compatibilidade da TI *
flexibilidade para vários tipos de negócios /
usuários * escalabilidade
Investimento = número de usuários *
(mudanças de processos + custos de treinamento ) +
custo do sistema CMS + custo do projeto de implementação
CONCLUSÕES
A Gestão de Conteúdos é uma abordagem tecnológica que surge em função da explosão de
conteúdos multimídia na web e em intranets e visa permitir a gerência de todas as etapas, desde a
criação até a publicação de conteúdos, de forma padronizada, trazendo redução de custos e
facilitando o intercâmbio de conteúdos entre portais.
Há uma série de benefícios e desafios ligados a adoção de um CMS pelas empresas. Os benefícios
incluem a redução de custos de manutenção de portais e o aumento dos canais de publicação dos
conteúdos, trazendo clientes e negócios. Os desafios vão desde a definição e padronização de
regras para colocação de informações em “repositórios” bem como no estabelecimento de
possibilidades de consultas até a necessidade de se disponibilizar o conteúdo informacional de
forma customizada para cada cliente e tipo de canal de publicação.
Os aspectos mais importantes da Gestão de Conteúdos podem ser agrupados nas categorias técnica
e comportamental. Do ponto de vista técnico, pode-se dizer que a Gestão de Conteúdos é uma
tecnologia emergente que será utilizada pela maioria das corporações para dar conta do volume de
informações e dados que precisarão ser contextualizados e compartilhados através dos mais
diferentes dispositivos.
Do ponto de vista comportamental ou cultural, ao abraçar todos os processos das organizações,
disponibilizar seu “conhecimento” para os parceiros, incluir aspectos de gestão de documentos e de
processos de trabalho, a Gestão de Conteúdos sugere uma mudança cultural profunda. Sem ela,
toda a tecnologia não convergirá num conjunto que possa funcionar de forma integrada.
Assim a implementação e os benefícios da Gestão de Conteúdos estão intimamente ligados ao
aspecto humano, o que faz com que todo o planejamento estratégico da Gestão de Conteúdos não
possa prescindir da mudança de comportamento das pessoas, criando um ambiente propício para o
desenvolvimento, compartilhamento e uso de conhecimento dentro da organização.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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<http://www.hiperlogica.com.br> Acesso em: 18 mar. 2002.
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