- Reflexo Digital

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Archie Bronson Outfit (ABO)
07.ABR.2011 | Espelho Sonoro
Se há bandas que vivem numa espécie de universo paralelo ao da indústria
musical actual, os ABO são definitivamente uma delas.
Difíceis de catalogar e com uma sonoridade que foge ao conceito
mainstream, é improvável ouvi-los em rádio, excepto de quando em vez nas
declaradamente indie como a RUM, RADAR ou em programas de autor
tardios na Antena 3 (Indiegente de Nuno Calado).
Se houvesse um baú com os segredos mais bem guardados da música vinda
de Inglaterra nos últimos anos, era lá que estariam. Parece que nunca de lá
saíram. Estes ABO são um power trio frenético e empolgante cujo som é um
cocktail bem servido de garage/ rock/ blues/ psicadélico. Três ingleses com
pinta adequadamente retro, adoptados pela Domino Records, que nestas
coisas não costuma falhar: The Kills, Franz Ferdinand, Artic Monkeys,
Animal Colletive, Pavement, Magnetic Fields, Sons & Daughters, Bonnie
“Prince” Billy, uf…! a agora sensação Anna Calvi, são alguns dos nomes
com selo Domino Records.
Se com o álbum Für, de 2004, produzido por Jamie Hince (The Kills), apesar
de óptimo, passaram um pouco despercebidos às magazines que buscam
incessantemente a next bigthing, com Derdang Derdang, de 2006 saíram
definitivamente da garagem e as muito recomendáveis Uncut e Mojo
Se com o álbum Für, de 2004, produzido por Jamie Hince (The Kills), apesar
de óptimo, passaram um pouco despercebidos às magazines que buscam
incessantemente a next bigthing, com Derdang Derdang, de 2006 saíram
definitivamente da garagem e as muito recomendáveis Uncut e Mojo
colocaram o álbum no top 10 dos melhores desse ano.
Ouvi-os pela primeira vez em 2006 com o single Dart For My Sweethart e o
impacto foi brutal! Sonoridade intensa, carregada de tom dramático e
sombrio na voz de Sam “The Cardinal” Windett. Ritmo incessante de uma
bateria com batidas de rock´n rol espesso e pantanoso onde acabamos por
cair e não nos querer libertar. Riffs, pausas e acelarações que os fazem
parecer descarrilar e por momentos ficar fora de controlo. Riot! Cherry Lips
e Dart For My Sweethart são dois singles hipnotizantes, viciantes,
indispensáveis.
No último álbum (Coconut, de 2010) embora mantenham muito dos que os
caracterizou nos anteriores trabalhos, mais viscerais, percorrem trilhos um
pouco mais experimentais, talvez influenciados pelo produtor, um ex DFA
Records (de James Murphy – LCD Soundsystem).
Nunca tocaram cá e penso que não está previsto, apesar da enorme
quantidade de festivais e de tudo quanto é banda (de jeito ou não) vir cá
parar. O mais certo será estar atento à agenda dos ilustres, gastar uns trocos
num bilhete da Ryan Air e ir Londres procurar algum club manhoso onde
eles estejam a tocar…e aproveitar para ir a Camden comprar umas raridades.
Embora me pareça banda para um Hard Club, encaixavam perfeitamente
num início de noite em Paredes de Coura a abrir para Black Keys e assim o
meu apetite festivaleiro de 2011 ficava saciado.
P.S. Sinal positivo para a Taipas Termal por trazer aos Banhos Velhos The
Legendary TigerMan e Mazgani, nomes grandes de uma nova geração de
artistas portugueses cada vez mais internacional e respeitada. A revista
gaulesa Les Unrockuptibles considerou, em 2005, Mazgani, como um dos 20
P.S. Sinal positivo para a Taipas Termal por trazer aos Banhos Velhos The
Legendary TigerMan e Mazgani, nomes grandes de uma nova geração de
artistas portugueses cada vez mais internacional e respeitada. A revista
gaulesa Les Unrockuptibles considerou, em 2005, Mazgani, como um dos 20
melhores novos artistas europeus e The Legendary Tigerman, tema de vários
artigos ao longo dos últimos anos, viu o seu último trabalho, Femina, ser
considerado um dos melhores 50 álbuns de 2010.
Well done!
Augusto Ezequiel Silva