Mötley Crüe

Transcrição

Mötley Crüe
NEW YORK TIMES BESTSELLER
THE DIRT
MÖTLEY CRÜE (1980) com Neil Strauss
Confissões da banda de rock mais notada do mundo
Tommy Lee, Mick Mars, Vince Neil e Nick Sixx
Dedicado para nossas esposas e filhos na esperança
que eles possam nos perdoar pelo que nós fizemos.
CONTEÚDO
THE DIRT
PARTE 1
A casa Mötley 1
PARTE 2
Born too loose
(Nascido frouxo demais) 9
PARTE 3
Toast of the Town 43
PARTE 4
Shout at the devil 81
PARTE 5
Save our souls 123
PARTE 6
Girls, Girls, Girls 159
PARTE 7
Alguns dos nossos melhores amigos
eram traficantes de drogas 173
PARTE 8
Alguns dos nossos melhores amigos
eram traficantes de drogas 209
PARTE 9
Don’t go away mad 241
PARTE 10
Without you 285
PARTE 11
As armas, as mulheres, o ego 333
PARTE 12
O fim de Hollywood 399
Agradecimentos 429
A história aqui apresentada será contada por mais de uma caneta, como a história
de um crime contra as leis é contada em um tribunal por mais de uma testemunha.
- Wilkie Collins (“The woman in White”, 1860)
MÖTLEY CRÜE
PARTE UM
>> A CASA MÖTLEY <<
Capítulo 1
Vince
--
Em relação à primeira casa; onde Tommy foi pego com suas cal ças para baixo e suas
bolas em um buraco, Nikki pegou fogo para o desagrado do tapete, Vince cobiçou
narcóticos em David Lee Roth e Mick manteve uma justa e confusa dist ância.
--
Seu nome era Bullwinkle[personagem de uma série de desenho animado
estadunidense da década de 60, no Brasil chamada “Alceu e Dentinho”]. Nós a
chamávamos disso porque ela tinha um rosto como de um alce. Mas
Tommy, mesmo que ele pudesse pegar qualquer garota que ele quisesse na
Sunset Strip
, não podia romper com ela. Ele a amava e queria casar com
ela, ele sempre dizia para nós, porque ela podia espirrar sua goza por toda
asala.
Infelizmente, não era apenas goza que ela fazia voar pela casa. Eram
louças, roupas, cadeiras, socos – basicamente qualquer coisa ao alcance
do
seu temperamento. Até então, eu vivia em Compton, e nunca tinha visto
ninguém tornar isso tão violento. Uma palavra errada ou um olhar podia
fazer com que ela tivesse um ataque de ciúmes. Uma noite, Tommy tentou
mantê-la longe batendo a porta com tudo – a fechadura tinha sido quebrada
há muito tempo por ser chutada repetidamente pela polícia – e ela agarrou
um extintor e o jogou contra o vidro da janela para entrar. A polícia
retornou mais tarde dessa noite e ameaçou Tommy com a arma enquanto
Nikki e eu nos escondemos no banheiro. Eu não tenho certeza pelo que nós
estávamos mais assustados:
Bullwinkleou pelos tiras.
Nós nunca consertamos a janela. Teria dado muito trabalho. Pessoas
iam parar dentro da casa, localizada perto
Whisky
do A Go-Go , depois de
horas de festa mesmo tendo a janela quebrada ou deformada, a porta da
frente estragada, que só poderia ser fechada se nós dobrássemos um pedaço
de cartolina e enfiássemos com força debaixo. Eu dividi um quarto com
Tommy enquanto Nikki, aquele canalha, pegou o quarto grande para ele.
Quando nos mudamos para a casa, nós combinamos de revisar e todo mês
uma pessoa diferente poderia ficar com o quarto individual. Mas isso nunca
aconteceu. Era trabalho demais.
Era 1981, e nós estávamos quebrados, com mil e sete libras que
nosso gerente tinha dado para nós e poucas propriedades dizimadas em
nosso nome. Na sala da frente tinha um sofá de couro e um estéreo que os
pais de Tommy deram pra ele de natal. O teto era coberto com umas
pequenas coisas redondas para abafar o som porque toda hora os vizinhos
reclamavam por causa do barulho, nós poderíamos nos vingar com uma
pancada no teto com um cabo de vassoura ou braços de guitarra. O tapete
estava sujo de álcool, sangue e cigarros queimados, e as paredes estavam
chamuscadas de preto.
O lugar estava infestado de vermes. Se nós quiséssemos ter usado o
forno, nos teríamos que deixá-lo em alta por uns bons dez minutos para
matar o ninho de baratas se rastejando lá dentro. Não podíamos pagar
pesticidas, então para matar as baratas nas paredes nós tínhamos que
espirrar spray de cabelo, acender um isqueiro perto do bico e queimar as
desgraçadas. Claro, nos poderíamos pagar (ou dar ao luxo de roubar) coisas
importantes como spray de cabelo, porque você tem que ter seu cabelo
armado se você quiser tirar onda nos clubes.
A cozinha era menor que o banheiro, e apenas como apodrecimento.
Na geladeira tinha geralmente um atum velho, cerveja, mortadelas Oscar
Mayer, maionese vencida, e talvez uns cachorros quentes se fosse no
começo da semana e nós tivéssemos roubado na loja de licor no andar de
baixo ou os comprado com dinheiro economizado.
Normalmente, Big Bill, que ganhava 450 libras sendo ciclista e
segurança doTroubadour (que morreu um ano depois de uma overdose de
cocaína) poderia vir e comer todos os cachorros quentes. Seríamos muito
assustadores se falássemos pra ele que era tudo o que a gente tinha.
Tinha um casal que morava descendo a rua e sentiu pena de nós,
então vira e mexe eles traziam uma grande tigela de macarrão. Quando nós
estávamos realmente pobres, Nikki e eu saíamos com garotas que
trabalhavam nos supermercados apenas para comer de graça. Mas nós
sempre comprávamos nossa própria bebida. Isso era uma questão de
orgulho.
Na pia da cozinha apodrecia as únicas louças que tínhamos: dois
copos e um prato, que nós poderíamos enxaguar depois. Às vezes tinha
casca de bolo suficiente no prato para raspar e que daria uma refeição
completa, e Tommy não estava fazendo isso. Sempre que o lixo amontoava,
nós abríamos uma pequena porta corrediça na cozinha e jogávamos para o
quintal. De fato, o terraço teria sido um lugar legal, com uma churrasqueira
e cadeiras, mas ao invés disso havia sacos de latas de cervejas e garrafas
bebidas
empilhadas tão altas que nós tínhamos que esconder o lixo para
de
impedir que isso caísse toda vez que abríssemos a porta. Os vizinhos
reclamavam do cheiro e dos ratos que rodeavam o quintal todo, mas não
tinha jeito de tocá-los, até que o Departamento De Saúde E Serviços De
Los Angeles apareceu em nossa porta com papéis legais exigindo que
limpássemos o desastre ambiental que tínhamos criado.
Em comparação, nosso banheiro fez com que a cozinha se parecesse
perfeitamente limpa. Nos nove ou alguns meses que moramos lá, nós nunca
limpamos o banheiro. Tommy e eu continuávamos adolescentes: nós não
sabíamos como. Havia tampões [absorvente tipo OB] no chuveiro das garotas
da noite passada, e na pia e no espelho havia cabelos do Nikki que tinham
caído por causa da tintura. Nós não podíamos arcar com isso – ou nós
éramos muito preguiçosos para arcarmos – papel higiênico, então, tínhamos
meia com mancha de merda, flyersde banda, e páginas de revistas
espalhadas pelo chão. Atrás da porta tinha um pôster do Slim Whitman
[cantor country norte-americano]. Eu não tenho certeza do por que.
No quarto que eu e Tommy dividíamos era o da esquerda do
corredor, cheio de garrafas vazias e roupas sujas. Cada um de nós dormia
em um colchão no chão enrolado em um lençol velho branco que tinha
ficado com cor de barata espremida. Mas nós pensávamos que éramos bem
agradáveis porque nós tínhamos um espelho na porta do nosso closet. Ou
nos éramos. Uma noite, David Lee Roth veio e sentou no chão cheio de
porra, mantendo tudo do jeito dele quando a porta saiu da dobradiça e lhe
acertou na parte de trás da sua cabeça. Dave parou seu monólogo durante
meio segundo, e então continuou. Ele não parecia estar consciente que algo
fora do normal tinha acontecido – e ele não perdeu uma parte da sua droga.
Nikki tinha uma TV em seu quarto, e um conjunto de portas que
abriam para a sala de estar. Mas ele as mantinha fechadas por algum
motivo. Ele sentava lá no chão, escrevia “Shout at the Devil’’ enquanto
todo mundo estava festejando em volta dele. Todas as noites depois que nós
tivéssemos tocado Whisky
no
, metade da multidão voltaria para nossa casa e
bebia e cheirava, usava heroína, Percodan [medicamento narcótico
aliviar
dores
moderadas ou fortes], tranqüilizantes, e qualquer coisa que
utilizado
para
podíamos conseguir de graça. Eu era o único que aplicava porque uma
mimada-rica, bissexual, que dava para três de uma vez, proprietária de
280Z, loira, chamada Lovey, tinha me ensinado como injetar cocaína.
um
Lá poderia ter punks remanescentes como 45 Grave e os idiotas que
iam à nossas festas do renascido metal como Ratt e W.A.S.P. bêbados no
quintal e na rua. Garotas poderiam chegar de mala e cuia. Uma estava
escalando a janela quando outra estava vindo da porta. Eu e Tommy
tínhamos nossa janela, e Nikki tinha a dele. Tudo que precisávamos dizer
era: “Alguém está aqui. Você precisa ir embora”. E iam – embora, às
iam tão longe como o quarto do outro lado do corredor.
vezes,
Uma mina ruiva que costumava ir lá era tão obesa que não conseguia
escalar até a janela. Mas ela tinha um Jaguar XJS, que era o carro favorito
de Tommy. Ele queria dirigir aquele carro mais do que tudo. Finalmente,
ela disse pra ele que se ele a comesse, ela o deixaria dirigir o Jaguar.
noite,
Nessa Nikki e eu estávamos andando na casa procurando Tommy quando
vimos sua calça esparramada pelo chão, e uma grande massa pelada em
cima dele descendo e subindo. Nós apenas passamos por cima dele,
pegamos um rum com coca, e sentamos no nosso dizimado sofá para
assistir o espetáculo: eles pareciam um Volkswagen vermelho com quatro
pneus fincados no traseiro e ficando mais chato a cada segundo. No
segundo que Tommy acabou, ele abotoou sua calça e olhou para nós: “Eu
tenho que ir cara”, ele sorriu radiantemente, orgulhoso. “Eu estou indo
dirigir o carro dela”.
Então, ele estava fora – passando pela crosta da sala de estar,
pela porta
saindoda frente engordurada, passando pelos blocos de brasa, e dentro
do carro, contente com ele mesmo. Essa não seria a última vez que
encontraríamos esses dois abraçados na barganha.
Nós vivemos nesse chiqueiro muito tempo como crianças que ficam
no útero antes de vazar com as garotas que nós encontrávamos. O tempo
inteiro que ficamos lá, tudo o que nós queríamos era um contrato. Mas nós
sempre acabávamos com bebida alcoólica, drogas, garotas, sujeira e
mandatos judiciais. Mick, que estava morando com a sua namorada em
Manhattan Beach, continuava nos falando que não tinha como
conseguirmos um contrato. Mas eu acho que ele estava errado. Esse lugar
fez com que o Mötley Crüe nascesse, e como um pacote de cachorros
raivosos, nós abandonamos a puta, a deixamos com muito impulso, a
testosterona estava em alta para divulgar um milhão de embriões bastardos
de banda de metal.
Capítulo 2
Mick
--
A perspectiva da casa era que entre Bullwinkle e a forma de vida extraterrestre era
mesma coisa.
a
--
Eu costumava dizer para eles: “Vocês sabem qual o problema de
vocês? Quando vocês fazem alguma coisa vocês são pegos. Esse é o jeito
que vocês fazem as coisas.” Então eu peguei uma dose e atirei pelo cômodo
e ninguém sabia que merda que estava acontecendo. Eu sempre era o
primeiro a saber como fazer coisas como essas sem ser pego. Eu acho que
eu era o estranho.
Eu tive meu canto em Manhattan Beach com a minha namorada. Eu
nunca saí daquela casa. Eu tinha feito aquilo, visto aquilo. Eu tinha por
volta dos 21 por um bom tempo e eles continuavam como 18. Eu me juntei
a eles apenas no Natal, e eles tinham uma pequena árvore que eles
roubaram e decoraram com latas de cerveja, calcinhas, meleca de nariz,
agulhas, e merda. Antes de nós sairmos para um showCountry
no
Club,
eles colocaram a árvore no quintal, cobriram com gasolina e colocaram
fogo. Eles pensavam que isso era realmente engraçado, mas pra mim era
imprestável.
Esse tipo de coisa me aborrecia muito rapidamente, sabe. Era sempre
tanta podridão por lá que você poderia esfregar seu dedo por qualquer
superfície que ficaria sujo por debaixo de suas unhas. Eu preferia ficar
casa
em e beber e tocar minha guitarra. Nikki estava saindo com um tipo de
bruxa que ele tinha feito sexo no closet, ou em um caixão na casa dele.
Tommy estava saindo com – eu não posso lembrar o nome dela, mas nós a
chamávamos de Bullwinkle
. E um alce não é um animal bonito. Ela ficou
louca e arrancou os extintores da parede e explodiu todas as janelas para
entrar na casa. Pra mim, ela era uma ridícula, pirralha, possessiva que
maluca ou algo assim. Eu nunca fui violento como isso, quebrar as janelas
era
em pedaços e correr o risco de me machucar.
O que está dentro de pessoas como essa é coisa demais pra mim.
Todo mundo gosta de parecer ETs, mas eu penso que nós somos ETs. Nós
somos descendentes dos encrenqueiros de outro planeta. Apenas como
Austrália é uma prisão para a Inglaterra, onde eles buscam por todos seus
crimes e assim por diante, é a mesma coisa na Terra. Isto é onde eles nos
deixam. Nós somos as pessoas insanas de algum outro lugar, apenas um
bando de lixo.
Minhas costas doem.
Fig. 1 da esquerda: Rob Hemphill, Frank Ferrana (também conhecido como Nikki Sixx), e amigos
frente da Roosevelt High Scholl, Seattle.
na
PARTE 2
>> BORN TOO LOOSE <<
(Nascido frouxo demais)
Capítulo 1
Nikki
--
As tentativas e o trabalho do jovem Nikki, no qual nosso her ói era barbaramente
espancado por escovar os dentes em uma má-aconselhada direção, aprendendo o
melhor jeito de matar um coelho, utilizando uma lancheira em autodefesa, segurando
mãos com a doce Sarah Hopper, e vendendo crack.
--
Eu tinha catorze anos quando minha mãe foi detida.
Ela estava furiosa comigo ou algo assim – ficar fora até tarde, não
fazer tarefa, ouvir música muito alto, estar vestido como um mendigo, eu
não consigo lembrar – e eu não pude fazer mais isso. Eu esmaguei meu
baixo na parede, joguei meu estéreo pelo quarto, arranquei meus pôsteres
do MC5 e Blue Cheer da parede e chutei fazendo um buraco na TV branca
e preta do andar de baixo após surrar a porta da frente. Lá fora eu lancei
sistematicamente uma pedra contra todas as janelas na casa.
Mas esse era apenas o começo. Eu estava planejando o que viria
depois de um tempo. Eu corri para uma casa próxima cheio de drogas que
eu gostava de usar para ficar drogado e pedir por uma faca. Alguém me
arremessou um estilete. Eu arranquei a lâmina, estendi meu pulso do braço
esquerdo e enterrei a faca na direção do cotovelo, deslizando pra baixo
quatro polegadas e fundo o suficiente para que desse pra ver o osso. Eu
por
senti
não nada. Na verdade, eu pensava que aquilo tinha ficado bem legal.
Depois eu liguei para polícia e disse que minha mãe tinha me
atacado.
Eu queria que eles a prendessem assim eu poderia viver sozinho.
Mas meu plano fracassou: a polícia disse que se um menor vivesse em sua
custódia, eu passaria a ser acusado, e eles teriam que me colocar em uma
creche até eu completar meus dezoito anos. Isso significa que eu não era
capaz de tocar minha guitarra por quatro anos. E se eu não poderia tocar
minha guitarra por quatro anos, isso significava que eu nunca faria aquilo.
E eu estava prestes a fazer aquilo. Não havia dúvida diante disso – pelo
menos na minha mente.
Então eu me esclareci com a minha mãe. Eu disse pra ela que como
eu não podia processá-la, se ela ia embora, me deixaria sozinho, me deixar
ser eu mesmo. “Você não está aqui por minha causa”, eu disse pra ela,
“então me deixe ir”. E ela deixou.
Eu nunca voltei. Esse foi um fim vencido e não pago para uma busca
de fuga e independência que tinha sido há muito tempo atrás colocado em
movimento. Isso começou como Richard Hell’s, a clássica punk “Blank
Generation”:Eu“estava dizendo deixe-me sair daqui antes que mesmo que
eu tivesse nascido
”.
Eu nasci dia 11 de dezembro de 1958, às 7:11 da manhã, em San
Jose. Já estava em mim como eu poderia ser, e, até então, provavelmente
até na noite anterior. Minha mãe conversou um monte sobre nomes que dão
sorte como a que ela teve com homens. Ela nasceu em Deana Haight – uma
menina fazendeira de Idaho com estrelas em seus olhos. Ela era brilhante,
com força de vontade, motivada, e totalmente linda – como uma estrela de
filme dos anos cinquenta, com um elegante cabelo curto, um rosto
angelical, e uma figura que deixa uma reação retardada nas pessoas nas
ruas. Mas ela era a ovelha negra da família, o oposto dela perfeitamente,
sua irmã mimada, Sharon. Ela tinha um temperamento indomável:
completamente excêntrico, propensa à desgraça aleatória, e
constitucionalmente incapaz de criar qualquer padrão de estabilidade. Ela
era definitivamente minha mãe.
Ela queria colocar meu nome de Michael ou Russell, mas antes ela
pediu pra enfermeira perguntar pro meu pai, Frank Carlton Feranna – que
estava apenas um tempo longe de abandonar ela e eu pelo nosso bem – o
que eu deveria chamar. Ele traiu minha mãe naquele mesmo lugar e me
nomeou Frank Feranna, depois dele. E foi isso que eles escreveram na
certidão de nascimento. Desde o primeiro dia, minha vida era uma grande
merda. Àquele ponto, eu deveria engatinhar implorando para os meus
“fabricantes”: “Podemos recomeçar?”
.
Fig. 2 Mãe do Nikki, Deana
Meu pai ficou por aí o bastante para me dar uma irmã que, como
meu pai, eu não me lembro. Minha mãe sempre me disse que minha irmã
tinha ido morar em outro lugar quando era menor e eu não era permitido de
vê-la. Não era depois de trinta anos que eu iria descobrir a verdade. Para
minha mãe gravidez e crianças foram sinais dizendo para ela ir mais
devagar – conselhos que ela considerava por um curto tempo até ela
começar namorar Richard Pryor.
Na maior parte da minha infância, a ideia de uma irmã e um pai
estava além da minha compreensão. Eu nunca pensei em mim vindo de um
lar cheio de problemas, porque eu não tive nenhuma lembrança de lar sem
ser eu e minha mãe. Nós vivíamos no nono andar
St.doJames Club– então
conhecido como Sunset Towers– na Sunset Boulevard. E quando eu entrei
no estilo de vida dela, ela me mandou morar com meus avós, que estavam
constantemente em mudança, vivendo em um milharal em Pocatello, Idaho,
ou em um parque de pedras no sul da Califórnia, ou em uma fazenda de
porcos no Novo México. Meus avós constantemente se colocavam em risco
por pegar uma custódia legal de mim se minha mãe não parasse de festejar.
Mas ela não me abandonou completamente nem me abrandou. A situação
ficou pior quando ela entrou para a banda do Frank Sinatra como cantora
substituta e começou a namorar o baixista, Vinny. Eu os assistia ensaiando
toda hora, com estrelas da época como Mitzi Gaynor, Count Basie e Nelson
Riddle e por aí vai.
Quando eu tinha quatro anos, ela se casou com Vinny e nós nos
mudamos para Lake Tahoe, que estava se tornando uma pequena Las
Vegas. Eu me levantei às seis da manhã em uma pequena casa marrom que
nós vivíamos, pronto pra brincar, mas eu acabei sozinho, jogando pedras
lagoa lá fora até eles saírem da cama por volta das duas da tarde. Eu sabia
na
que não podia tentar acordar Vinny, porque ele me colocaria pra fora. Ele
tinha sempre um péssimo humor, e com uma pequena provocação ele
descontaria isso em mim. Uma tarde, ele estava tomando banho quando ele
notou que eu estava escovando meus dentes do lado pro lado ao invés de
para cima e para baixo como ele tinha me ensinado. Ele se levantou,
pelado, peludo, coberto de água como um macaco pego em uma chuva de
granizo, e deu um soco do lado da minha cabeça, me jogando no chão.
Então minha mãe, como sempre, ficou furiosa e o atacou enquanto eu corri
para a lagoa para me esconder.
Nesse Natal, eu recebi dois presentes: meu pai parou em casa quando
eu estava lá fora brincando e, como um gesto fraco para absolver sua culpa
ou um esforço genuíno para ser um pai com os pequenos meios disponíveis
para ele, me deixou um trenó de plástico vermelho com os puxadores de
couro. E minha meia irmã, Ceci, nasceu.
Mudamo-nos para o México quando eu tinha seis anos, porque minha mãe
e o Vinny tinham conseguido dinheiro suficiente para tirar uma licença de
um ano ou porque eles estavam fugindo de algo (mais parecido com
alguém com um uniforme azul). Eles nunca me disseram o porquê. Tudo
que eu lembro era que minha mãe e Ceci voaram para lá, e isso significa
que eu tive que atravessar a fronteira com o Vinny e a Belle. Belle era
pastora alemã que, como Vinny, constantemente me atacava sem ter
sua
motivos. Minhas pernas, braços, e meu tronco ficaram cobertos com
marcas de mordidas por anos. Desde esse dia, eu ainda não conseguia
entender a porra dos pastores alemães. (Isso faz algum sentido que o Vince
acabou de comprar um pra ele).
México era provavelmente a melhor época da minha infância: eu
corria por aí pelado com as crianças mexicanas na praia próxima a nossa
casa de campo, brincava com as cabras e galinhas perambulando pelo
bairro como se fosse deles, comia
cebiche [prato de origem peruana baseado
peixe cru marinado em suco de limão ou limaemou outro cítrico], entrávamos na
cidade procurando por espigas de milho quentinhas enrolados no papel
alumínio, e, quando fiz sete anos, fumei maconha pela primeira vez com a
minha mãe.
Quando México se tornou passado para eles, retornamos para Idaho,
onde meus avós compraram para mim minha primeira vitrola, um
brinquedo de plástico cinza que só tocava singles. Tinha uma agulha na
tampa, sempre que estava fechado, a música tocava e quando estava aberto,
a música parava. Eu costumava ouvir Alvin and the Chipmunks toda hora,
do qual minha mãe nunca me deixou esquecer.
Um ano depois, nos amontoamos em um trailer U-Haul e fomos para
El Paso, Texas. Meu avô dormia em um saco de dormir do lado de trás,
minha avó cochilava em um banco, e eu enrolado no chão como um
cachorro. Nos meus oito anos, eu já estava cansado de viajar.
Depois de muito passeio, gastando a maioria do meu tempo com eu
mesmo de companhia, amizade se tornou como televisão para mim: algo
que me distraia de vez em quando do fato que eu era sozinho. Sempre que
eu estava no meio de crianças da minha idade, eu me sentia incomodado e
fora do lugar. Na escola, tive dificuldade. Era difícil se preocupar ou
atenção
prestar enquanto eu sabia que o ano estava acabando, e eu iria embora e
nunca mais veria qualquer um desses professores ou crianças de novo.
Em El Paso, meu avô trabalhava em um posto de gasolina da Shell,
minha avó ficava no trailer, eu ia para a escola primária local, onde as
crianças eram cruéis. Elas me empurravam, e saiam correndo como uma
garota. Todo dia como eu andava sozinho para a escola, eu tinha que cruzar
o pátio da escola e me bombardeavam com bolas de futebol e comida. Para
facilitar minha humilhação, meu avô cortou meu cabelo, do qual minha
mãe sempre deixou crescer, no estilo Flattop – não era o mais popular mais
tarde nos anos sessenta. Eventualmente, eu comecei a gostar de El Paso
porque eu comecei a passar meu tempo com Victor, um mexicano
hiperativo que morava do outro lado da rua. Tornamo-nos melhores amigos
e fazíamos tudo junto, permitindo-me a ignorar as notas das outras crianças
que odiavam a minha coragem porque eu era um lixo pobre e branco da
Califórnia. Mas quando eu comecei a ficar tranquilo, o inevitável
aconteceu: nós nos mudamos de novo. Eu estava destruído, porque dessa
vez eu tinha que deixar alguém para trás, Victor.
fig. 4 Relatório de notas do Nikki da sexta série, Anthony, New Mexico, Gasden School
District
fig. 5 Pai do Nikki, Frank Ferrana
Mudamo-nos para o meio do deserto em Anthony, Novo México,
porque meus avós pensavam que poderiam ganhar mais dinheiro com uma
fazenda de porcos. Nós criávamos galinhas e coelho como porcos também.
Meu trabalho era pegar cada coelho, o segurar pelas suas pernas de trás,
pegar uma vara, e esmagar na parte de trás da cabeça dele. Seu corpo
convulsionava em minhas mãos, sangue gotejava do seu nariz, e eu ficava
lá pensando: “Ele era apenas meu amigo. Estou matando meus amigos”.
Mas na mesma hora eu soube que os matar era o meu papel na família; isso
foi o que eu tive que fazer para me tornar um homem.
A escola era noventa minutos de ônibus em uma estrada sem asfalto
e um constante balanço. Quando nós chegávamos, as outras crianças que
sentavam no fundão do ônibus me empurravam pro chão e ficavam em
cima de mim até eu dar meu dinheiro do lanche. Depois de sete vezes, eu
jurei que isso não iria mais acontecer.
Na outra manhã, eu trouxe uma lancheira de metal do Apollo 13 e a
enchi com pedras no ponto de ônibus. Logo que nós chegamos, eu saí
correndo do ônibus e, como de costume, eles me pegaram. Mas nessa hora,
eu comecei a girar, quebrando narizes, amassando cabeças, e espalhando
sangue por todo lado até que a lancheira quebrou aberta no rosto de um
idiota inato.
Eles nunca me foderam de novo – e eu me senti poderoso. Ao invés
de me encolher perto das outras crianças, eu apenas pensava: “Não fique
comigo, porque eu irei te foder”. E eu falava: “Se alguém me empurrar,
irei encher de porrada”. Eu estava louco, e todos começaram a fazer isso
eu
emanter tal distância. Ao invés de atirar pedras quando eu estava sozinho,
comecei
a andar pelas estradas de terra com a minha arma BB, roubando
eu
todas as coisas animadas e inanimadas. Minha única amiga era uma velha
dama que vivia em um trailer próximo, totalmente sozinha no meio do
deserto. Ela sentava em seu sofá desbotado estampado com flores e bebia
vodka enquanto eu alimentava o peixinho-dourado.
Depois de um ano vivendo em Anthony, meus avós decidiram que
criar porcos não era o caminho para a riqueza que eles achavam que era.
Quando eles me disseram que iríamos voltar para El Paso – um quarteirão
da outra casa – eu fiquei cheio de alegria. Eu poderia ver meu amigo Victor
de novo.
Mas eu não era mais o mesmo – eu era cruel e destrutivo - e Victor
tinha encontrado novos amigos. Eu passava por sua casa no mínimo duas
vezes por dia, sentindo cada vez mais meu isolamento me irritando, antes
da caminhada pela escola para ser atacado com equipamentos de esporte
pelo Distrito de Gasden Júnior que eu odiava. Eu comecei a roubar livros
roupas
dos armários das pessoas e entrava na loja principal,
Piggly
e
Wiggly’s
, e roubava doces e colocava
Hot Wheels nos sacos de pipoca de
dez centavos esperando que as pessoas pudessem engasgar. De Natal, meu
avô vendeu a maioria dos seus bens - incluindo seu rádio e seu único terno
– apenas para me comprar uma faca, e eu retribui seu sacrifício usando
para
isso golpear pneus. Vingança, ódio a si mesmo, e aborrecimento abriram
caminho para a delinqüência juvenil para mim. E eu escolhi seguir isto até
o fim.
Meus avós eventualmente se mudaram para Idaho, para um milharal
com 60m² em Twin Falls. Nós morávamos perto de um buraco de silagem,
que é onde o excesso de palha e resíduos que sobram após a colheita é
despejado, misturadas com produtos químicos, cobertas com plástico e
deixadas apodrecer na terra, até eles federem o bastante para dar de comida
para vacas. Eu vivia uma vida como de Huckleberry Finn nesse verão –
pescando no riacho, andando pela estrada de ferro, esmagando dinheiro
debaixo dos trens, e fazendo montes de feno.
Muitas manhãs, eu corria pela casa, fingindo que eu tinha uma moto,
então eu me trancava no quarto e ouvia a rádio. Uma noite, o DJ tocou “
Bad John”, do Jimmy Dean e eu perdi minha cabeça. Aquilo cortou o tédio
Big
como uma foice. A música tinha estilo e atitude: isso era legal. “Eu
encontrei”, eu pensei. “Isso era o que eu estava procurando”. Eu liguei
tantas vezes para a rádio pedindo “Big Bad John” que o DJ disse para eu
parar de ligar.
Quando a escola começou, era como Anthony novamente. As
crianças me atormentavam e eu tinha que recorrer aos socos para elas
pararem. Eles tiravam sarro do meu cabelo, do meu rosto, dos meus
sapatos, das minhas roupas – nada de elogios. Eu me sentia um quebra
cabeça com um pedaço faltando, e eu não podia compreender o que aquele
pedaço era ou onde eu poderia encontrá-lo. Então eu entrei para o time de
futebol porque violência era a única coisa que me dava poder diante aos
outros. Eu fiquei na primeira linha, e joguei no ataque e na defesa. Eu
cresci como um final defensivo onde eu podia bater nos zagueiros. Eu
amava machucar esses filhos da puta. Eu estava psicótico. Eu tive muito
trabalho no campo, eu gostaria de arrancar meu capacete e esmagar outras
crianças com ele, como se fosse minha lancheira do Apollo 13 em Anthony.
Meu avô sempre me diz: “Você toca rock como você jogava futebol
”.
O futebol fez com que eu ganhasse respeito, e com futebol e respeito
vieram as garotas. Elas começaram a me notar e eu comecei a notá-las. Mas
quando eu estava finalmente achando um lugar, meus avós se mudaram –
para Jerome, Idaho – e eu tive que começar tudo de novo. Mas dessa vez,
foi diferente: graças ao Jimmy Dean, eu tinha a música. Eu ouvia a rádio
dez horas por dia: Deep Purple, Bachman-Turner Overdrive, Pink Floyd.
Enfim, a primeira fita que eu comprei foi de Nilsson Schmilsson, por Harry
Nilsson. Eu não tive escolha.
Um dos meus primeiros amigos, um caipira chamado Pete, tinha uma
irmã que tinha um bronzeado, loira e gostosa. Ela andava por aí com um
short curto jeans que me dava convulsões de desejo e pânico. Suas pernas
eram arcos dourados, e toda noite na cama tudo que eu conseguia pensar
era como eu me encaixaria bem entre elas. Eu comecei segui-la como um
palhaço, tropeçando nos meus próprios sapatos. Ela passou em uma
farmácia, loja de refrigerante e numa loja de discos, quando eu finalmente
tinha economizado dinheiro para comprar a fita Fireball do Deep Purple,
ela sorriu para mim com seus dentes enormes e brancos e de repente eu me
encontrei comprando a fita do Nilsson Schmilsson porque ela tinha falado
disso.
Foi em Jerome que comecei a cair e que me levou para os Alcoólicos
Anônimos anos mais tarde, onde, coincidentemente, eu me encontrei e me
tornei amigo de Harry Nilsson. (Em fato, em um ilusório estado de
sobriedade, nós atualmente falamos de colaborar em um álbum.) Jerome
tem uma a taxa mais alta de alcoolismo per capita de qualquer cidade dos
Estados Unidos, o que é impressionante para uma cidade com três mil
habitantes.
Eu também fiz amigos como um cara imbecil chamado Allan Week,
nós matávamos tempo na casa dele, ouvindo Black Sabbath e Bread e
olhando para o anuário da nossa escola, falando com qual garota nós
queríamos sair. Claro, quando isso acontecia, éramos patéticos. Nas danças
do ensino médio nós ficávamos de fora, ouvindo a música pela porta e nos
sentindo incomodados quando as garotas passavam pela gente porque nós
estávamos super assustados para dançar com elas.
Naquela primavera, nós ficamos sabendo que uma banda local estava
vindo para tocar na nossa escola e compramos ingressos. O baixista tinha
um cabelo afro gigante, como Jimi Hendrix, e o guitarrista tinha um cabelo
longo e um bigode, como Hell’s Angel. Eles pareciam legais: eles usavam
instrumentos de verdade, eles tinham grandes amplificadores, e eles
manteram trezentas crianças encantadas em um ginásio em Jerome. Essa
foi a primeira vez que eu vi um show ao vivo, e fiquei pasmo (embora eles
provavelmente estivessem odiando quem os reservou em uma merda de
uma escola do ensino médio). Eu não me lembro como eles se chamavam,
o que eles tocavam, ou se eles tocavam músicas próprias ou covers. Tudo
que eu sabia era que eles pareciam deuses.
Eu era tão tolo que nunca tive uma chance com a irmã gostosa de
Pete, então eu me estabeleci com Sarah Huper: uma gorda, sardenta de
óculos, sem shorts curtos, e pernas que pareciam mais semicírculos pálidos
do que arcos de ouro. Sarah e eu dávamos as mãos e passeávamos pelo
centro de Jerome, que era aproximadamente um bairro de uma cidade.
Depois ficávamos olhando os mesmos discos várias vezes. Às vezes, para
impressioná-la, eu saia com um álbum dos Beatles escondido debaixo da
minha camiseta e nós ouvíamos na perfeita casa onde seus pais Quaker
moravam.
Uma noite, eu estava deitado no tapete verde abacate dos meus avós
quando seu telefone Bakelite, que era usado raramente e ficava pendurado
na parede sem cadeira ou mesa em volta dele, tocou. “Eu quero te dar um
presente”, a voz do outro lado – Sarah –
disse.“Bem, o que é?”, eu disse.
“Eu irei te dar as iniciais,” ela sussurrou no receptor.
E eu respondi: “O que é isso?”
“B.J.”
“Estou cuidando das crianças. Apenas venha aqui.
Enquanto andava pra encontrá-la, eu pensava nas possibilidades –
”
uma fita do Billy Joel, um manequim do pequeno Jesus, um baseado
enorme? Quando eu cheguei lá, ela estava vestindo uma lingerie vermelha
imprópria que era da dona da casa.
“Você quer entrar no quarto?”, Ela perguntou, apoiando o cotovelo
dela na parede e colocando sua mão em sua cabeça.
“Por quê?”, eu perguntei como um idiota.
Então, enquanto as crianças brincavam no quarto ao lado, eu fiz sexo
pela primeira vez e descobri que isso era como uma masturbação, mas dava
muito mais trabalho.
Sarah, entretanto, não me deixou sair dessa facilmente. Ela queria
toda hora: enquanto os pais dela faziam
cookies para nós na casa dela, eu
metia na filha deles no outro quarto. Enquanto seus pais estavam na igreja,
Sarah e eu saíamos com o carro. Era uma coisa que todo cara tem que
enfrentar pelo menos uma vez na vida: eu estava metendo na menina mais
feia da cidade. Por que não pulamos para a próxima parte?
Então eu larguei de Sarah Hopper e, enquanto eu estava com ela,
abandonei Allan Weeks, também. E nunca me importei em saber como eles
se sentiam porque foi a primeira vez que eu tive coragem para acreditar
eu poderia levantar do fundo do poço. Ao invés disso, eu comecei a sair
que
com o pessoal com classe, como um cara que ganhava trezentas libras,
chamado Bubba Smith. Eu tinha que transar, e usar drogas e beber álcool,
que eu pensava que me deixava com um quadril bonito – especialmente sob
a luz negra que eu logo comprei para por no meu quarto. E, como qualquer
pessoa com um adolescente em casa sabe, quando se tem luz negra no
quarto, não pertence mais a eles. Ele pertence aos amigos. Adeus chocolate,
chips, cookies e Beatles. Olá erva e Iron Maiden.
Eu ainda estava longe dos garotos mais legais em Jerome. Eles tinham
carros, e nós tínhamos bicicletas, da qual usávamos para ir andar pelo
parque e aterrorizar casais. Eu chegava em casa tarde, acendia um baseado
e assistiaDon Kirshner’s Rock Concert
. E se meus avós tentassem de
alguma maneira me constringir ou me criticar, eu enlouquecia. Eu era
demais para eles darem conta de mim noite pós noite. Então eles me
mandaram embora para morar com a minha mãe, que migrou com minha
meia irmã, Ceci, para a Queen Ann Hill de Seattle. Onde elas viviam com
seu novo marido, Ramone, um grande e bondoso mexicano com um cabelo
preto baixo e liso na parte de trás.
Aqui, finalmente, era uma cidade que lentamente se tornava estranha
e se deteriorava, uma cidade grande o suficiente para o meu consumo de
droga, bebidas alcoólicas, e o meu estado obcecado pela música. Ramone
escutava El Chicano, Chuck Mangione, Sly e Family Stone, e todos os
tipos de jazz e funk espanhol, que, ao invés de fumar um bagulho em um
boteco, ele tentaria me ensinar a tocar, uma guitarra acústica desafinada,
faltando a corda “lá”.
Nós logo nos mudamos, lógico, para uma área próxima chamada Fort
Bliss, um grande agrupamento de quatro pequenos apartamentos idênticos
para pessoas desempregadas.
No meu primeiro dia na escola, em vez de me baterem, minha classe
me perguntava se eu estava em uma banda. Então eu disse pra eles que
estava.
Eu tinha que pegar dois ônibus para a escola e, para matar o tempo
durante a meia hora esperando o segundo ônibus, eu parava em uma loja de
instrumentos chamadaWest Music. Tinha uma linda Les Paul dourada presa
na parede que tinha um tom limpo, rico. Quando eu a toquei, eu tentava
imaginar que eu estava dividindo o palco com os Stooges, fazendo solos de
guitarra escalando pelo teto como Iggy Pop agitando o microfone e o
público agitando como eles fizeram naquela escola em Jerome. Na escola,
fiz amizade com um roqueiro que se chamava Rick Van Zant, um cabeludo
drogado, que tocava em uma banda e tinha uma guitarra Stratocaster e um
amplificador Marshall no seu porão. Ele disse que precisava de um
baixista, mas eu não tinha um baixo.
Então eu fui até West
a
Music numa tarde, com um case de guitarra
que um amigo do Rick tinha me emprestado. Eu procurava por um
formulário e, quando o garoto se virou para procurar um, eu coloquei uma
guitarra dentro da case. Meu coração estava pulando pra fora da minha
camiseta e eu dificilmente conseguia falar quando ele me deu o formulário.
Enquanto eu examinava o formulário, eu notei que o preço da guitarra
estava fora da case. Eu disse pra ele que eu voltaria e deixaria o
e andei o mais normal que eu pude, acidentalmente batendo a guitarra pelas
formulário,
paredes, portas, e tambores quando eu fui embora.
Eu tinha minha primeira guitarra. Eu estava pronto para o rock, então
eu corri para o porão do Rick.
- Você precisa de um baixista - eu disse para ele. - Eu sou seu
- Você precisa de um baixo - ele sorriu desdenhosamente.
cara.
- Lindo - eu respondi lançando a case numa mesa, abri, e tirei meu
mais novo bem.
- Isso é uma guitarra, seu idiota estúpido.
- Eu sei - eu menti - Eu irei tocar baixo na guitarra.
- Você não pode fazer isso!
Então em pouco tempo dei tchau para minha primeira guitarra e a
vendi, usando o dinheiro para comprar um brilhante baixo Rickenbacker
preto com um escudo branco. Todo dia eu tentava aprender os Stooges,
Sparks (especialmente “This Town Ain’t Big Enough for Both of Us”), e
Aerosmith. Eu queria muito entrar na banda de Rick, mas eles sabiam
muito bem como eu sabia que eu não conseguia tocar uma merda. Além
disso, eles eram roqueiros mais tradicionais que faziam grandes riffs,
Rithie Blackmore, Cream, e Alice Cooper (especialmente Muscle of Love).
como
Um cara do outro lado da rua dele estava começando uma banda chamada
Mary Jane’s, então eu tentei ensaiar com ele, mas eu estava sem esperança.
Tudo que eu consegui fazer foi forçar uma nota por trinta segundos ou eu
esperava que fosse a certa.
Finalmente, do lado de um show para maiores de dezoito anos que eu
estava tentando entrar, eu conheci um cara chamado Gaylord, um punk que
tinha seu próprio apartamento e banda, a Vidiots. Todo dia depois da
escola, eu ia pra casa dele e bebia até desmaiar, ouvindo New York Dolls,
MC5, e Blue Cheer. Lá sempre tinha uma dúzia de glamorosos New York
Dolls – parecendo garotas e rapazes lá, usando unhas lixadas e sombra de
olho. Eles nos chamavam de Whiz Kids, não porque nós tomávamos muita
anfetamina – e nós tomávamos – mas porque éramos exibidos, como David
Bowie, que o seu álbum Young Americans tinha acabado de ser lançado.
Como nos anos 60 na Inglaterra, nós vendíamos drogas para comprar
roupas. Eu praticamente me mudei para casa de Gaylord e parei de ir para
casa. Eu fazia drogas toda hora – baseado, mescalina, ácido, crack –
um
punk inocente Whiz Kid vendia droga para eles.
e logo
Eu comecei namorar uma garota chamada Mary. Todo mundo
costumava chamá-la deHorsehead [cabeça de cavalo, em português], mas eu
gostava dela por uma única razão: ela gostava de mim. Eu estava muito
feliz que uma garota atualmente falava comigo. Depois de umas semanas
de drogas e rock n’ roll, eu estava legal, mas ainda patético. Eu tinha
pintado o dedo – e as unhas, rasgando roupas punks, maquiagem de olho,
eum baixo que eu carregava pra todo lugar, mesmo eu ainda não
conseguindo tocar e não estando em uma banda.
Nós saíamos e éramos ridicularizados por todos os lugares que nós
passávamos. Na escola, eu entrava em brigas porque um grupo de pretos
miúdos começou me chamar de Alice Bowie e bloqueavam o corredor para
que eu não passasse. No caminho de casa depois da escola, eu comecei a
roubar casas. Eu batia na porta quando eu passava e, se ninguém
respondesse dois dias seguidos na próxima tarde eu esmagava a porta dos
fundos e pegava tudo o que eu podia esconder debaixo da minha jaqueta.
Eu chegava em casa depois da escola com rádios, TVs, lâmpadas, álbuns de
foto, vibradores, tudo o que eu pudesse encontrar. Nas nossas idéias eu
saquearia o subsolo de cada apartamento e quebrava as lavadoras com uma
alavanca procurando por alojamentos. Eu estava furioso o tempo todo–
parcialmente porque as drogas estavam fodendo com meus modos,
parcialmente porque eu magoei minha mãe, e parcialmente porque esses
eram as coisas punks que eu tinha que fazer.
Quase todos os dias eu vendia drogas, roubava merdas, entrava em
brigas, e fritava em ácidos. Eu ia pra casa e deitava no sofá e assistia
Don
Kirshner
Rock Concertaté eu cansar. Minha mãe não sabia o que estava
o
acontecendo: Eu era gay? Heterossexual? Um serial killer? Um artista? Um
garoto? Um homem? Um extraterrestre? O que? Para dizer a verdade, eu
não sabia o que.
Toda hora que eu colocava o pé em casa, nós começávamos uma
discussão. Ela não gostava do que eu estava me tornando, e eu não gostava
do que ela sempre foi. Então, um dia, aconteceu: eu não consegui mais
agüentar aquilo. Nas ruas eu era livre e independente, mas em casa eu era
tratado como se fosse criança. Eu não queria mais ser uma criança. Eu
queria ser deixado sozinho. Então eu destruí o lugar, eu me bati e liguei
para a polícia. Isso basicamente funcionou, porque eu fiquei livre dela
depois.
Eu passei essa noite com meu amigo Rob Hemphill, um fanático por
Aerosmith que pensava que era o Steven Tyler. Para ele, Tyler era o punk
que Mick Jagger nunca iria ser. Depois que seus pais me expulsaram, eu
dormi no carro de Rick Van Zant. Eu tentei acordar antes de seus pais, mas
freqüentemente eles saiam de casa para o trabalho e me encontravam
dormindo no banco de trás. Na terceira vez que me pegaram, eles ligaram
pra minha mãe.
- O que está acontecendo com o seu filho? - a senhora Van Zant
perguntou. - Ele está dormindo no meu carro.
- Ele está agindo por si mesmo. - Minha mãe disse, e desligou.
Quando eu pude, eu fui pra escola. Era uma boa maneira de fazer
dinheiro. Entre as aulas eu enrolava baseado e cobrava cinquenta centavos
por dois. Depois de dois meses de bons negócios, o diretor estava andando
próximo a mim e me pegou com uma bolsa de erva em meu colo. Aquele
foi meu último dia na escola. Eu estive em sete escolas em onze anos e de
qualquer maneira eu estava de saco cheio. Depois que eu fui expulso, eu
passei meus dias debaixo da ponte da 22nd Street, onde todos os outros
esquecidos e abandonados matavam tempo. Eu estava indo para lugar
nenhum.
Eu arrumei um trabalho na
Victoria Station
lavando louça e aluguei
um apartamento de um quarto com sete amigos que também tinham caído
fora da escola. Eu roubei outro baixo e, por comida, eu esperava perto da
lata de lixo do lado de fora
Victoria
da
Station
até os motoristas de ônibus
jogarem fora os retos de carne. Eu estava crescendo deprimido
rapidamente: apenas um ano atrás eu estava pronto para dominar o mundo,
e agora minha vida estava indo por água abaixo. Quando eu corri para
meus velhos amigos, como Rick Van Zant ou Rob Hemphill ou Horsehead,
eu me senti alienado, como eu tivesse saído de uma sarjeta e estava
deixando-os imundos.
Eu não sentia vontade de ir trabalhar, então eu larguei. Quando eu
não pude mais pagar o aluguel, eu me mudei com duas prostitutas que
sentiam pena de mim. Eu vivia no closet delas, com posters do Aerosmith
(Get Your Wings) e Deep Purple (Come Taste the Band), presos na parede
para parecer como se fosse minha casa. Eu não tinha nada para mim. Um
dia, eu fui para casa para o meu closet e minhas mães-prostitutas tinham
ido embora. O dono tinha as mandado embora, então eu voltei para o carro
de Van Zant. O inverno estava chegando, e a noite estava congelando.
Para conseguir dinheiro, eu comecei a vender chocolate coberto de
mescalina fora de shows. Em um show do Rolling Stones no Seattle
Coliseum, um garoto sardento chegou até mim e disse: “Eu trocarei um
baseado por um pouco de mescalina.” Eu concordei porque a mescalina
estava barata, mas logo que eu concordei, dois policiais saíram de um carro
próximo e me algemaram. O garoto era um guarda pertencente à unidade
de combate de entorpecentes. Ele e os policiais me arrastam, chutaram e
xingaram, debaixo do Seattle Coliseum.
Por alguma razão, de qualquer maneira, eles não me registraram.
Eles pegaram minhas informações, me ameaçaram de me deixar preso por
um mandado mínimo de dez anos, e eles me soltaram. Eles disseram que se
me vissem de novo, mesmo que eu não tivesse fazendo nada de errado, eles
me colocariam atrás das grades. Eu senti que minha vida estava
explodindo: eu não tinha lugar pra morar, ninguém para confiar, e depois
tudo isso, eu nunca tinha tocado em uma banda. Na verdade, como um
de
músico, eu era uma droga. Apenas umas semanas antes, eu tinha vendido
meu único baixo por dinheiro para comprar drogas para vender.
Então eu fiz a única coisa que um punk que levou uma pedra do
traseiro podia fazer: eu liguei pra casa.
- Eu tenho que deixar Seattle - eu implorei para minha mãe. - E eu
preciso da sua ajuda.
- Por que eu deveria te ajudar? - ela perguntou fria.
- Eu só quero ir ver minha avó e meu avô - eu implorei.
No outro dia, minha mãe veio para me colocar em um ônibus
Greyhound. Ela realmente não queria me ver de novo, mas ela não confiou
em mim com o dinheiro. Ela também queria me lembrar de que ela era uma
santa sofrida por me ajudar e eu era um idiota egoísta. Mas a única coisa
que eu podia pensar era “Boom! Eu estou fora daqui e nunca mais vou
voltar”.
Tudo o que eu tinha de música no caminho da viagem era uma fita do
Aerosmith, uma fita do Lynyrd Skynyrd, e uma caixa barulhenta estragada.
Eu ouvi essas fitas repetidamente até eu chegar a Jerome. Eu saí do ônibus
com uma bota de plataforma de seis polegadas, um terno de lã cinza com
duas fileiras de botões, um corte de cabelo felpudo e com unhas feitas.
Orosto da minha avó ficou branco.
Longe de Seattle e da minha mãe, eu não causava nenhuma
preocupação. Eu trabalhei na fazenda, movendo tubos de irrigação, até o
final do verão. Eu guardei o dinheiro que eu consegui e comprei uma
guitarra – uma Gibson Les Paul falsa que eles estavam vendendo em uma
loja de armas por $109 [o equivalente a R$380 no
Meu tio exageradamente detalhista visitou a fazenda um par de vezes
Brasil].
com sua nova esposa, uma prestadora de contas em Los Angeles chamada
Don Zimmerman. Ele era o presidenteCapitol
da
Records
, casa dos Beatles
e da Sweet, e ele começou me enviar cassetes e revistas de rock. Um dia,
depois de receber seu último pacote, minha ficha caiu: eu estava aqui
ouvindo Peter Frampton na porra de Idaho, enquanto em Los Angeles, as
Runaways e Kim Fowley e Rodney Bingenheimer e os caras da revista
Creem estavam tocando nos mais modernos clubes de rock imagináveis.
Toda essa merda estava caindo sobre mim e eu estava perdendo isso.
Capítulo 2
Mick
--
O prazeroso e casual encontro de Mick com um vendedor de destilados.
--
Eles estavam cobrando dois caras por um vira de tequila na Stone
Pony, e eu não iria arcar com isso. Nós deveríamos beber de graça desde
anoite que uma banda de Southern-rock que eu estava tocando estava na
conta. Eles eram originalmente chamados de Tem-Wheel Drive, mas eu
disse a eles que se eles quisessem que eu entrasse, eles teriam que mudar
nome.
Agora nós éramos chamados de Spiders and Cowboys, que, em uma
o
escala de um a dez com nomes de bandas, conseguiríamos 4,9.
Em norte de Hollywood, eu estava descendo a Burbank Boulevard
para a Magnolia Liquor para pegar uma dose de tequila barata. Estava frio
como um mamilo de bruxa, e eu olhava fixamente para o chão, pensando
sobre o que eu poderia fazer para ensinar Spiders and Cowboys sobre
música boa. Eu não iria passar minha vida tocando guitarra e abandonando
meus filhos, minha família, meu trabalho escolar – tudo – então eu
acabar tocando em uma banda de southern-rock.
poderia
Quando eu entrei na loja, o cara do balcão sorriu desdenhosamente,
“Você parece um tipo de roqueiro.” Eu não posso dizer se ele estava
elogiando ou fazendo piada sobre mim. Eu olhei e vi um garoto com um
cabelo preto tingido rebelde, maquiagem bagunçada e calça de couro. Eu
acho que disse a ele que ele parecia um roqueiro, também.
Eu estava sempre atento para as pessoas com quem eu poderia tocar,
então eu decidi fazer algumas perguntas pra ele e ver se ele tinha algum
potencial.
Ele tinha acabado de se mudar pra cá e estava morando com seu tio
sua tia,
e que eram que eram pessoas importantes da Capitol Records ou algo
assim. Seu nome era Frank, ele tocava baixo, e ele parecia um garoto
correto. Mas quando ele disse que ouvia Aerosmith e Kiss, e eu não podia
entender Kiss. Eu nunca gostei deles. Eu imediatamente o coloquei fora da
minha lista de possibilidades de pessoas que eu poderia tocar. Eu curtia
música boa, como Jeff Beck e Paul Butterfield Blues Band.
“Ouça.” Eu disse pro garoto. “Se você quer ver um guitarrista de
verdade, venha pro Stone Pony depois do trabalho.
Ele era um garoto arrogante, e eu não pensei que ele iria aparecer.
”
Além do mais, ele parecia ter uns dezessete anos, então eu duvidei que eles
o deixassem entrar. Na verdade, eu esqueci tudo sobre ele até eu o ver
durante o show. Eu estava fazendo slide na guitarra com o microfone e
fazendo todos aqueles solos insanos, e ele estava de boca aberta. Se alguém
tivesse andando por perto poderia tropeçar naquilo.
Depois do show, nós tomamos uns drinks juntos e falamos sobre o
tipo de merda que as pessoas que bebem muita tequila falavam. Eu lhe dei
meu número de telefone. Eu não sei se ele tentou usar isso, porque eu fui
pro Alaska para fazer alguns shows. Eu não me importei de qualquer
maneira: ele gostava de Kiss.
Capítulo 3
Nikki
--
As aventuras adicionais do jovem Nikki.
Sua batalha com um adversário armado, uma picada dolorida, e outras coisas que
entretêm o bastante.
--
Meu tio Don me levantou.
Ele me deixou dirigir sua pickup Ford F10 azul com pneus radicais;
ele me arrumou um trabalho em uma loja de discos, Music Plus, onde o
gerente socava cocaína em nossos narizes, ele me levava para comprar
boca-de-sinos e Capezios no shopping; ele comprou pôsteres da Sweet pra
mim pra enfeitar meu quarto. E lá tinha um ataque de música por todos os
lados – X, the Dils, the Germs, the Controllers... L.A. era o que eu estava
procurando, e eu estava saindo de mim.
Seria só questão de meses até de eu explodir tudo e ser um sem-lar
desempregado
de novo.
e
No meu tio, eu me sentia como um punk que acabou de cair no meio
da reprise de
Leave it to Beave
. Sua família levava uma vida distinta em
uma perfeita casinha com uma perfeita piscininha. As crianças andavam de
bicicleta lá fora até a mãe os chamarem para o jantar ao anoitecer. Eles
tiravam seus sapatos e esfregavam seus pés em um pano e lavavam suas
mãos e diziam graça e colocavam seus guardanapos no colo. Alguns de nós
vemos a vida como uma guerra e outros como um jogo. Essa família não
era nenhum dos dois: eles preferiam sentar ao lado dela e assistir-la passar
com distância.
Para mim, era uma guerra: eu tinha angústia gotejando dos meus
poros. Eu vestia calças vermelhas grudadas que amarravam na frente,
Capezios, e maquiagem. Até mesmo quando eu tentava me encaixar, eu não
poderia. Um dia meu primo Ricky estava chutando uma bola pelo quintal
com alguns amigos, e eu tentei me enturmar. Eu não pude fazer isso: eu
me
não lembrava como chutava ou jogava ou me posicionava ou qualquer
coisa. Eu continuei tentando os convencer de fazerem algo legal, como
procurar alguma bebida alcoólica, correr por aí, roubar um banco, qualquer
coisa. Eu queria falar com alguém sobre o porquê Brian Connolly da Sweet
tinha estrondos que enrolavam, e eu não. Eles apenas olhavam para mim
como se eu fosse de outro planeta.
Então, Ricky perguntou:
- Você está usando maquiagem?
- Sim - eu disse para ele.
- Homens não usam maquiagem - ele disse firmemente, como se isso
fosse uma lei, com seus amigos atrás dele como um júri.
- De onde eu vim, eles usavam - eu disse, virando meus saltos altos
correndo.
e
No shopping, eu via garotas com seus cortes de cabelo Farrah
Fawcett comprando naContempo , e tudo que eu podia pensar era: “Cadê a
minha Nancy?”. Eu era Sid Vicious procurando por Nancy Spungen.
Eventualmente, eu apenas ignorei meus primos completamente. Eu
sentava no meu quarto e tocava baixo através de um amplificador velho
que era metade do tamanho da parede e feito para um rádio ao invés de
instrumentos. Quando eu decidi ir para a mesa para uma refeição, eu não
pude pedir desculpas ou dizer graça. Eu perguntei para Don coisas como:
“Me fale sobre Sweet, cara! Esses caras usam muita droga?”. Então eu ia
para os clubes e ia para casa me sentindo como eles. Se eles tentassem
impor uma única regra da casa em mim, eu ia mandá-los se foder. Eu era
arrogante, um merdinha ingrato. Então eles me chutaram de lá, e eu fui
embora com raiva. Eu era um louco para eles como eu era para minha mãe,
e outra vez eu me encontrei sozinho e culpando todo mundo por eu mesmo.
Eu encontrei um apartamento de um quarto perto da Avenida
Melrose e trapaceei a dona para me deixar alugar sem um depósito. Eu não
paguei pra ela um centavo por dezoito meses, embora eu tivesse
conseguido segurar meu emprego na Music Plus por um tempo. A loja era
um paraíso – cocaína, baseados, e garotas gostosas chegando a toda hora.
Eu tinha uma placa do lado da registradora: “Baixista procurando por uma
banda.” Pessoas perguntavam: “Quem é o baixista?”. Quando eu dizia que
era eu, eles aceitavam isso. Eles me diziam sobre audições e me
convidavam para shows.
Um desses caras era um cantor de rock e cabeleireiro (sempre uma
combinação ruim) chamado Ron, e precisava de um lugar para morar. Eu o
deixei morar comigo. Ele tinha um bando de namoradas, e logo tínhamos
um pequeno lar. Eu encontrei uma garota de Valley chamada Alli
Musicna
Plus, e nós cheirávamos tranquilizador de elefante chamado
Canebenol,
bebíamos cerveja, e saíamos para um clube de rock chamado
Starwood.
Então nós voltávamos para meu bloco do apartamento, transávamos e
ouvíamos Todd Rundgren’s Runt. Eu tinha todas as drogas de graça, discos,
e sexo que eu queria. E eu comprei um carro, um ’49 Plymouth que custou
cem dólares e era tão desprezível que quando eu ia buscar Alli na casa dos
seus pais, eu tinha que dirigir dar a volta por cima do morro porque o motor
não dava conta de ir por outro caminho.
Daí eu fui demitido da
Music Plus. O gerente me acusou de roubar
dinheiro do caixa, e eu o mandei ir se foder. “Foda-se você!”, ele gritou
volta.
Eu entrei em fúria, e dei um soco na sua cara e no seu estômago.
de
continuei gritando: “O que você vai fazer?” Não tinha muita coisa que
Eu
podia
ele fazer: ele tinha uma arma. A pior parte de tudo isso é que ele tava
certo: eu estava roubando dinheiro do caixa. Eu era um garoto de cabeça
quente que não gostava de ser criticado, mesmo quando eu estava errado.
Eu arrumei um trabalho vendendo aspiradores Kirby por telefone,
mas eu não parecia estar perto de um negocio único. Um dos outros
vendedores me disse sobre um trabalho limpando carpetes que estava
aberto para qualquer um que tivesse um carro. Então eu peguei o emprego
de vaporizador com a única intenção de ir para a casa das pessoas e colocar
o vaporizador na porta dos seus quartos para mantê-las longe enquanto eu
invadia seu armário de remédio e pegava todas as suas drogas. Para um
dinheiro extra, eu trazia uma garrafa de água comigo e dizia para as
[spray impermeabilizante para tecidos], e eu podia
pessoas que era Scotchgard
selar seus carpetes de forma que a sujeira não se fixava. Eu explicava que
preço
ia para $350 [equivalente a R$ 700 no Brasil] por toda a casa, mas,
o
eu era um estudante tentando trabalhar do seu jeito pela faculdade, eu faria
como
isso por cem dólares [equivalente a R$ 200 no Brasil] se eles me pagassem
cachê e mantessem isso em segredo. Então eu andava pela casa espirrando
um
água e roubando tudo que eu pensava que eles não notariam por uns dias.
Eu estava começando a produzir muito dinheiro, mas eu ainda não
conseguia pagar meu aluguel. O apartamento estava parecido com uma
versão bagunçada de Melrose Place. Meus vizinhos eram um casal jovem, e
quando eles terminaram, eu comecei a foder a esposa até o marido voltar.
Então eu me tornei amigo dele, e nós decidimos vender tranqüilizantes
porque eles estavam na moda nesse mês. Eu provavelmente acabei
engolindo o tanto que eu vendi.
Na mesma época, eu comecei minha primeira banda junto com Ron e
alguns amigos dele: uma garota chamada Rex, que cantava e bebia como
Janis Joplin, e seu namorado, Blake ou algo do tipo. Nós chamávamos Rex
Blade, e nós parecíamos bons. Tínhamos calças brancas que amarravam na
frente e atrás, uma camiseta sem manga preta e grudada, e cabelo
bagunçado que parecia como Leif Garret em um dia ruim. Nós
ensaiávamos em um edifício comercial perto de onde a Mau Maus
ensaiava.
Infelizmente, nós não tocávamos tão bem quanto parecia. Em
retrospecto, a única coisa que Rex Blade servia era para ter uma boa
desculpa para se drogar e isso me deu o direito de dizer para as garotas
eu tocava em uma banda.
que
Como sempre, minha atitude de merda fez esse período ser curto em
minha vida. Eu pensei em tudo que eu sempre experimentei foi em um
curto prazo e passageiro que se alguma coisa não permanecesse estável
bom um bom tempo, eu entraria em pânico e em autodestruição.
Então eu fui mandado embora da Rex Blade por fazer o clássico erro
de uma banda de rock que muitos outros já tinham feito antes de mim e irão
fazer até o fim dos tempos. Isso acontece quando você começa escrevendo
as letras. Suas palavras parecem super importantes e você tem sua própria
visão que não acomodava nenhum outro. Você é super narcisista para
perceber que o único caminho pra melhorar é ouvir por outras pessoas.
Esse problema era composto pela minha teimosia e volatilidade. Se eu
fosse Rex ou Blake, eu teria me expulsado da banda, também, junto com
todos os pequenos três-acordes que eu pensava que eram uma obra-prima.
Dias depois, a polícia bateu na minha porta e me jogou na rua.
Depois de um ano e meio de não pagar aluguel, eu finalmente fui
despejado. Eu mudei para uma garagem que eu encontrei nos classificados
por cem dólares por mês [equivalente a R$ 200 no Brasil]. Eu dormia no chão
sem aquecedor e nenhuma mobília. Tudo o que eu tinha era um espelho e
um rádio.
Toda manhã eu engolia um punhado de tabletes de anfetamina e
dirigia para fazer turno para uma fábrica em Woodland Hills das 6 da
manhã até as 6 da tarde, onde nós mergulhávamos circuitos de
computadores em um tipo de substância química que poderia arrancar
nossos braços fora. Depois de trabalhar lá, jogando Ping-Pong o dia todo,
ebrigando com os mexicanos (não como as distrações que eu mais tarde
poderia desfrutar com meu meio-mexicano, meio-loiro, vocalista), eu
dirigia diretamente para Magnolia Liquor na Burbank Boulevard e
trabalhava das 7 da noite até as 2 da manhã. Antes de ir embora, eu enchia
minhas botas com o tanto de garrafas com bebidas alcoólicas que eu
pudesse e dirigia para a minha garagem durante uma hora. Eu me
embriagava e parava na frente do espelho, fã do meu volumoso cabelo
preto, curvava minha boca com um sorrisinho, colocava minha guitarra em
volta do meu pescoço, e tocava, tentando parecer Johnny Thunders, do
New York Dolls, até eu ficar exausto e bêbado. Então eu acordava, tomava
mais pílulas, e começava tudo de novo.
Tudo isso era parte do meu plano: eu estava indo trabalhar até o cu
fazer bico, até eu ter dinheiro suficiente para comprar equipamentos que
precisava
pra começar uma banda ou que tenha grande êxito, ou que
eu
atraísse toneladas de garotas ricas. De qualquer forma, eu estaria tão
estabelecido que não teria que trabalhar mais. Para um cachê extra, quando
alguém vinha comprar licor, eu registrava a metade do preço cobrado deles.
Eu escrevia embaixo a quantidade que eu não registrei em um pedaço de
papel e colocava na minha calça. Então, no final da noite, eu somava o
dinheiro e fodia com a loja, embolsando o dinheiro, e fechava, oitenta
dólares mais rico. Minha contabilidade nunca seria mais o menos por mais
de um dólar: eu aprendi a minha lição
Music
na Plus.
Uma noite, enquanto eu estava louco de alucinações e bebida, um
roqueiro corcunda com cabelo preto entrou no Magnolia Liquor. Ele
parecia uma horripilante versão de Johnny Thunders, então eu perguntei
pra ele se ele tocava. Ele fez que sim com a cabeça.
“O que você curte?”, eu perguntei.
“The Paul Butterfield Blues Band e Jeff Beck,” ele respondeu. “
você?”
E
Eu estava desapontado que esse corcunda, que parecia tão demente,
era tão insatisfatório, previsível. Eu comecei a falar a lista de músicas
que eu curtia – “The Dolls, Aerosmith, MC5, Nugente, Kiss” – e ele
boas
olhou
apenaspara mim desdenhoso. “Ah”, ele disse me sacaneando, “Eu curto
caras que realmente tocam.”
“Vai se foder, cara” Eu respondi de volta. Pomposo como merda.
“Não, foda-se você”, ele disse, sem raiva, mas firme e confiante,
como se eu devesse ver os meus erros.
“Saia da minha loja, cuzão”, eu fingi que eu ia saltar do balcão
chutare sua bunda de amante de Jeff Beck.
“Se você quer ver um bom guitarrista, venha me ver hoje à noite.
estarei
Eu tocando descendo a rua.”
“Saia daqui. Eu tenho coisas melhores pra fazer.
Mas claro que eu ia vê-lo. Eu poderia ter odiado seu gosto, mas eu
”
gostei da sua atitude.
Essa noite, eu roubei um semi litro de Jack Daniel’s, enchi minha
meia com isso, e fiquei bêbado do lado de fora do bar. Lá dentro, eu vi
aquele torto e pequeno Quasimodo de couro tocando guitarra com um
microfone estendido, passando-a para cima e para baixo pelo pescoço o
mais rápido que ele podia. Ele estava ficando louco, colocando toda a
merda pra fora daquela guitarra como se ele tivesse pegado ela dormindo
com sua namorada. Eu nunca tinha visto ninguém tocar guitarra daquele
jeito na minha vida. E ele estava desperdiçando seu talento com uma banda
que parecia desprezar Allman Brothers. Depois do show, nós fomos sentar
e ficar bêbados juntos. Eu estava humilhado por ele tocando e decidi que
iria esquecê-lo por seu gosto de merda em relação à música. Nós nos
falamos no telefone algumas vezes depois disso, então eu perdi as pegadas
dele.
Eu comecei andar por aí com bandas como tabletes de anfetamina.
Eu ia para audições listadas no The Recycler, participei por um dia, e então
nunca apareci de novo. Por fim, eu aprendi a deixar meu baixo no portamalas do carro quando eu primeiramente ia encontrar uma banda. Se eles
não tivessem vibração – que era quase sempre o caso desde eles serem
todos Lynyrd Synyrd e eu era Johnny Thunders – eu falava para eles que
tinha que correr para o carro para pegar meu equipamento e então eu ia
eu
embora.
Mas a persistência custou caro, e eu repliquei uma propaganda para
uma banda chamada Garden ou Soul Garden ou Hanging Garden ou
Hanging Soul. Eles eram um bando de sombrios com cabelos pretos
longos, que era mais ou menos o que eu parecia ser. Enfim, eles tocavam
terrivelmente Doors – como psicodélico Jam-rock, e eu fui embora. Mas eu
continuei correndo atrás do guitarrista da banda, Lizzie Grey, no Starwood.
Ele tinha um cabelo longo enrolado, camiseta sem manga, e salto alto. Uma
mistura entre Alice Cooper e uma cascavel, ele era ou a mulher mais bonita
ou o homem mais feio que eu já tinha visto, com a única exceção de Tiny
Tim. Nós logo descobrimos que nós dois tínhamos uma paixão por Cheap
Trick, Slade, The Dolls, o velho KISS, e Alice Cooper, especialmente Love
it to Death.
E foi por causa Lizzie que eu entrei na minha primeira banda em
Hollywood. Lizzie foi convidado por um grande, intimidador, idiota,
chamado Blackie Lawless para tocar em um grupo chamado Sister, que
tinha um alucinado e furioso guitarrista, Chris Holmes. Eu conheci Blackie
no Rainbow Bar and Grill: ele estava parado no meio do bar, alto com
cabelo comprido preto, calça de couro preta, e maquiagem de olho preta,
emitia
um tipo de poder bad-boy magnético que logo poderia ter dúzias de
e
garotas coladas do seu lado. De algum modo Lizzie conversou com Blackie
sobre eu tocar baixo na Sister, contornando uma banda feia demais e
ameaçada. Nós ensaiávamos na Gower Street em Hollywood, onde a Dogs
ensaiava.
Blackie era um bom compositor e, apesar do fato que ele era frio e
calado, ele era inspirador para falar porque ele dava uma impressão não
com música, mas como aparência. Ele curtia comer vermes e desenhar
só
pentagramas no palco – tudo para ter reação do público. Nós gravamos
músicas como “Mr. Cool” no estúdio, então sentávamos por aí e
conversávamos sobre como nós iríamos parecer no palco ou o que ele
estava tentando expressar com suas músicas por horas. Mas Blackie entrou
na classe das pessoas, como eu, que viam a vida como uma guerra – e ele
sempre tinha que ser o general. O resto de nós era supostos a ser bons
soldados e nada mais. Então Blackie e eu logo começamos a dar cabeçadas,
de novo e de novo até nós estivermos machucados e sangrando e, como
general da banda, ele não tinha escolha a não ser me despedir pelos meus
serviços. Ele logo chutou Lizzie como bem, e dois de nós decidimos formar
nosso próprio grupo.
Naquela época, e eu estava acabado. Eu fui demitido da loja de licor
e da fábrica por matar serviço para ensaiar. Eu achei um emprego na
Wherehouse Music na Sunset and Western , onde eu saía como se eu
pudesse fazer isso. Quando eu tava sem grana, eu doava sangue em uma
clínica na Sunset para pagar as contas. Uma manhã enquanto eu estava
pegando o ônibus para
Wherehouse Music, eu conheci uma garota chamada
Angie Saxon. Em geral, eu não tinha interesse em mulheres a não ser em
um momento ou dois de prazer que elas podiam me fornecer: ela era uma
cantora, e nós podíamos falar sobre música.
A não ser por Angie e Lizzie, eu não tinha amigos que nas últimas
semanas eu pudesse confiar. Porque eu era sempre faminto e drogado, eu
geralmente me sentia como se eu não tivesse um corpo, como se eu fosse
apenas um monte de vibração de nervos. Um dia, quando eu estava me
sentindo particularmente quebrado e ansioso. Eu decidi procurar meu pai.
Eu me convenci que eu iria ligar para ele porque eu precisava de dinheiro
dinheiro que ele me devia por todos os anos que ele me abandonou – mas
–
olhando pra trás eu penso que eu queria-me sentir conectado com alguém,
conversar com ele e talvez, nesse procedimento, aprender alguma coisa
sobre o que me deixa tão louco. Eu liguei para minha avó, depois pra
minha mãe, e eles me disseram que por último ele estava trabalhando em
San Jose, Califórnia. Eu liguei para informações, e perguntei por Frank
Ferrana, e o achei. Eu anotei o número perto do telefone, e engoli um resto
de uísque para ter coragem e discar.
Ele atendeu no primeiro toque, e quando eu disse pra ele que era eu,
sua voz ficou grave. “Eu não tenho um filho”, ele me disse. “Eu não tenho
um filho. Eu não sei quem você é.”
“Vai se foder!”, eu berrei no fone.
“Nunca mais ligue aqui de novo”, ele gritou de volta e
Essa
foi a última vez que eu ouvi sua voz.
desligou.
Eu chorei por horas, arrancando discos de suas capas e as lançando
contra a parede, vendo elas se estraçalharem em pedaços. Eu agarrei os
pedaços de vinil e os raspei pra cima e pra baixo nos meus braços, fazendo
riscas de carne vermelha levantada por borbulhas de sangue. Embora eu
não pensasse que eu conseguiria dormir a noite, eu de alguma forma dormi,
acordando de manhã estranhamente calmo com a decisão de mudar meu
nome de nascimento. Eu não queria ser o xará desse cara resto da minha
vida. O que exatamente ele disse eu não era seu filho apesar dele nunca
sido um pai para mim? Primeiro, eu matei Frank Ferrana Jr. em uma
ter
música, “On with the show,” escrevendo:
Frankie
“ died Just the other
night / Some say it was suicide / But we all know / How the story”goes.
(Frankie morreu na noite passada / alguns dizem que foi suicídio / mas
todos nós sabemos / como a história ocorreu). Então eu fiz isso ser
legal.
Eu lembro que Annie sempre falava sobre seu antigo namorado de
Indiana, um cara chamado Nikki Syxx, que costumava tocar em uma banda
Top 40 cover e mais tarde com um punk-surfista equipado chamado John
and the Nightriders. Eu amei esse nome, mas eu não podia roubá-lo. Então
eu decidi me chamar de Nikki Nine. Mas todo mundo disse que era muito
punk, e punk era muito predominante. Eu precisava de algo que era mais
rock and roll, e Six era rock and roll. Então eu decidi que qualquer um
pensava
que surfista tinha tudo a ver com punk rock não merecia um nome
que
tão legal, e eu logo me dediquei a ter meu nome legalmente mudado para
Nikki Sixx. Isso era como ter roubado sua alma, porque por anos pessoas
chegavam a mim e falavam “Nikki, cara, se lembra de mim de Indiana?”
dizia para elas que nunca estive lá, e elas diziam, “Vamos lá, cara, eu
eu
você
vi com John and the Nightriders.”
Anos depois, na tour de
Girls, Girls, Girls
, eu estava mudando de
canal em um quarto de hotel e vi um estranho, pálido com cabelo longo
sendo entrevistado. Eu ouvi as palavras “Ele é o demônio” e parei de
assistir. Era ele, endoidado e fora do normal: “Ele pegou meu nome e
absorveu minha alma e vendeu isso para vocês todos – eu era o original
Nikki Syxx. E ele esta usando meu nome para acobertar a palavra do
demônio”. Nikki Syxx – ou John como ele era chamado agora,
apropriadamente o bastante desde que John era o santo no Novo
Testamento que dizia que do apocalipse se tornaria um Cristo
ressuscitado.
Fig.8
London, da esqueda pra direita, John St. John,
Dane Rage, Nigel Benjamin, Nikki Sixx, Lizzir Grey
Angie me convenceu de mudar com um grupo de músicos atrás de
uma floricultura do outro lado da Hollywood High School. Eles eram rock
stars por todo lugar na casa: dormiam na banheira, nos degraus da frente,
atrás das almofadas dos sofás. E de algum modo um deles queimou todo
lugar uma tarde. Eu retornei da loja de discos e achei a casa em chamas,
cercada por estudantes curiosos da escola. Com o meu baixo na mão – eu
sempre carregava isso comigo caso alguém na casa roubasse ele – eu corri
para dentro pra ver se eu poderia resgatar mais alguma coisa minha. Eu
notei que ainda tinha um piano que tinha sido alugado por um cara que
tinha deixado a cidade para visitar seus pais, então eu o arrastei para
casa,
pelas esquinas, e por todo o caminho até a loja de música na Highland
fora da
Avenue, onde eu o vendi por cem dólares [equivalente a R$ 200 no
Angie me deixou mudar com ela em Beachwood Canyon, onde eu
Brasil].
vadiava por aí o dia inteiro ouvindo seus discos e pintando meu cabelo de
cores diferentes enquanto ela conseguia dinheiro para nós trabalhando
como secretária. Eu nunca pensei sobre o piano de novo até seis meses
depois, quando dois policiais pararam e bateram na porta, procurando por
um cara chamado Frank Ferrana que tinha roubado um piano. Eu disse pra
eles que eu não conhecia ninguém com esse nome.
Quando Lizzie e eu não estávamos tentando montar nossa própria
banda juntos, eu ia junto com Angie para Redondo Beach, onde ela
ensaiava com sua banda. Eu os odiava porque eles curtiam Rush e tinham
um monte de pedais de guitarra e falavam sobre
hammer-ons e, o mais
escandaloso de tudo era que tinham cabelo enrolado. Se tivesse uma
característica genética que automaticamente desqualificasse um homem de
estar pronto para o rock, seria cabelo enrolado. Ninguém legal tem cabelo
enrolado; pessoas como Richard Simmons, o cara da Greatest American
Hero, e o cantor da REO Speedwagon tem cachos. As únicas exceções são
Ian Hunter da Mott the Hoople, que seu cabelo é mais emaranhado do que
ondulado, e Slash, mas seu cabelo é crespo e é legal.
Para mulheres, o equivalente de cabelo enrolado é ser estrábico. Se
tivesse uma característica genética em mulheres que influenciavam elas a
me odiarem, era ser estrábico. Eu sempre falhei com mulheres estrábicas,
uma com quem aconteceu foi a companheira de quarto de Angie. Uma
noite eu fiquei bêbado e tentei subir na sua cama, e ela disse para Angie
tudo sobre isso no outro dia. Eu tentei convencer Angie que eu pensei que
era ela na cama, mas ela me conhecia muito bem e me colocou pra fora da
casa. Eu me mudei para uma favela infestada de drogas e prostitutas, e
concentrei em ficar em minha própria cama e ter minha banda junto com
me
Lizzie.
Nós achamos um colar de cachorro de bronze gigantesco de um
baterista chamado Dane Rage, um tecladista chamado John St. John, que
carregava um órgão gigante de show pra show, e um cantor chamado
Michael White, cuja pretensão de fama era que ele tinha gravado alguma
coisa para um álbum tributo ao Led Zeppelin. Que, ali, deveria ter me
avisado que não era o cara que eu estava procurando. A propósito, ele tinha
cabelo enrolado. E era meio estrábico.
Nós vadiávamos por Hollywood de saltos alto e camiseta sem manga
e tudo mais que nós pudéssemos exibir para chocar os fãs do Rush e
dinossauros Led Zeppelin. Era 1979 e, quanto mais nos preocupávamos, o
rock n’ roll morria. Nós curtíamos Mott the Hoople, New York Dolls, Sex
Pistols, nós curtíamos tudo que ninguém mais curtia. Nas nossas mentes
alcoólicas, nós éramos a banda mais fodida eternamente, e nossa confiança
(e alcoolismo) atraia groupies fanáticas depois de uns shows na Starwood.
Nós nos chamávamos London, mas o que nós realmente éramos era Mötley
Crüe antes de Mötley Crüe.
A não ser por Michael White. Tudo que eu desprezava, ele adorava.
Se eu gostava de Stones, ele gostava de Beatles. Se eu gostava de manteiga
de amendoim cremosa, ele gostava com pedaços. Então nós o demitimos
por ter cabelo enrolado, colocamos um anuncio no The Recycler, e
encontramos Nigel Benjamin, que era um roqueiro de verdade em nossas
mentes não apenas por que ele tinha cabelo liso, mas porque ele tocava na
Mott the Hoople como substituto de Ian Hunter. Ele escrevia boas letras
músicas, e quando ele subiu no microfone ele gemeu. Ele realmente podia
de
cantar, como ninguém que esteve na banda antes. Nós tínhamos um
tecladista insano que tinha seu próprio
Hammond , um baterista com uma
grande pegada do Norte, e um vocalista britânico. Nós estávamos em
chamas.
Eu estava tão ansioso que liguei pro meu tio na Capitol e pedi: “
quero Eu
ter contato com Brian Connolly da Sweet!”
“O que?!” ele perguntou, duvidoso.
“Eu tenho essa banda incrível, sabe, e eu quero mandar para ele
algumas imagens.”
Eu mandei para Connolly as fotos e, como favor pro meu tio, ele
concordou em aceitar minha ligação na próxima semana. Eu passei o dia
todo em casa, planejando o que eu iria dizer na minha cabeça. Eu peguei
otelefone e comecei a discar, então começou a chamar.
Finalmente, eu tive coragem. Logo que ele atendeu, eu estava indo
diretamente para meu discurso sobre London e como nós estávamos no
caminho para a grande hora e como nós iríamos usar seus conselhos ou seu
apoio ou qualquer tipo de instrução que ele provavelmente teria. Talvez
pudéssemos
fazer uma turnê juntos um dia.
nós
“Você está pronto, colega?” ele perguntou.
Eu estava pronto.
“Eu peguei suas fotos e sua música,” ele continuou. “E eu vejo
você está
o quetentando fazer. Mas eu não posso te ajudar.
“Cara, eu penso que nós seremos a maior banda em Los Angeles, e
”
eu penso que isso pode ser bom para n...Ele me cortou: “Sim, bem, eu já ouvi isso antes, colega. Meu
”
conselho seria que você continuasse seu trabalho do dia. Esse tipo de
música nunca conseguiria isso.”
Eu estava destruído. Ele foi do meu ídolo para meu inimigo: um
amargo rock star sentado em um trono de merda em sua mansão em
Londres.
“Bom”, eu disse, “Me desculpe de fazer você se sentir dessa
maneira.” E eu desliguei o telefone fiquei o encarando por meia hora, sem
acerteza se eu iria rir ou chorar.
No final, isso apenas me deu mais motivação para fazer sucesso e
fazer Brian Connolly se arrepender que ele tinha me insultado. Nosso
diretor era David Forest, um demônio exibicionista que fazia a Starwood
funcionar junto com Eddie Nash, que mais tarde foi acusado do assassinato
de John Holmes (quando a estrela pornô estava envolvida na fatal batalha
de quatro pessoas na casa de um comerciante de drogas em Laurel
Canyon). Forest, caridoso, deu para mim e para Dane Rage empregos no
clube limpando e fazendo carpintaria à tarde. Nós trabalhávamos então à
noite nós poderíamos tocar com a London e derrubar confetes e fazer
bagunça, e no dia seguinte nós seriamos pagos e limparíamos.
Foi até Forest dizer eu que estava expondo a decadência do L.A. com
a mistura do rock e do disco. Eu sentei no escritório com ele e pessoas
como Bebe Buell e Todd Rundgren, que podia envenenar minha mente
impressionávelmente com histórias de overdoses de Steven Tyler e Mick
Jagger indo pros bastidores enquanto groupies ficavam por aí adormecendo
com heroína. Ou eu poderia ver heróis locais como Rodney Bingenheimer
e Kim Fowley festejando. Eu tinha todos os runs com coca de graça que eu
queria, além de eu aprender sobre todas as drogas que seus nomes foram
apenas ouvidos antes. Drogas de verdade. E eu as amava.
Eu era novo e bonito e tinha cabelo comprido. Eu me apoiava contra
a parede na Starwood de escarpim e calças super apertadas com meu cabelo
nos meus olhos e nariz empinado. Quanto mais eu me preocupava, eu tinha
feito isso. Eu podia dormir até que eu tivesse que levantar e fazer alguma
coisa pra ganhar dinheiro, como telemarketing ou vender drogas porta por
porta ou trabalhar na Starwood. De noite eu ia para a Starwood e bebia e
brigava e comia garotas no banheiro. Eu realmente achava que eu tinha me
tornado meus heróis: Johnny Thunders e Iggy Pop.
Agora que eu olho pra trás, eu me dou conta o tanto que eu era
ingênuo e inocente. Não tinha jatos ou estádios liquidados, não tinha
mansões ou Ferraris. Não tinha overdoses ou orgias com braços de
guitarras enfiados na bunda das garotas. Eu tinha me tornado apenas um
pequeno garoto convencido em um clube que, como muitos outros antes e
depois dele, pensava que uma picada dolorida e narinas ardentes
significavam que era o rei do mundo.
Capítulo 4
Mick
--
Uma valiosa lição moral é aprendida a respeito do julgamento que as pessoas fazem a
partir de fatores de aparência incluindo, mas não somente o peso e acnes na forma de
frango frito.
--
Eu tinha dúvidas sobre um monte de coisas e formava minhas
próprias opiniões. Eles são apenas como válidos cientistas de foguete ou
alguma coisa a mais. Quem diz que você tem que acreditar em alguma
coisa porque você leu isso em um livro ou viu figuras? Quem é esse que
diz, “Esse é o jeito que isso é”? Quando todo mundo acredita na mesma
coisa, eles se tornam robotizados. Pessoas têm um cérebro: eles podem
compreender coisas por eles mesmos, do mesmo jeito que os óvnis voam.
Quando eu estava no primário nos anos 50, na altura da Guerra Fria,
nós tínhamos ensinamentos sobre como se proteger [chamado duck and cover].
Eles nos falavam que se a bomba de hidrogênio explodisse, tudo que nós
tínhamos que fazer era entrar debaixo de nossas mesas e colocar nossas
mãos sobre nossas cabeças. Hoje isso parece ridículo, mas isso fazia um
perfeito sentido naquela época para as supostas pessoas inteligentes e
informadas que nós chamamos de professores. Eu lembro de escrever em
grandes letras no meu caderno as palavras duck and cover, com aspas em
volta delas e um enorme ponto de interrogação. Que piada. Essa pequena
tartaruga era uma merda.
Eu costumava guardar pilhas de cadernos e folhas de papel com
coisas que eu escrevia desde que eu era criança. Ao longo do tempo, muitas
coisas que eu escrevia se tornaram realidade. Em 1976, quando minha
banda Top 40 White Horse estava nas suas últimas etapas e pronta para ser
lançada, nós estávamos ensaiando na sala de estar da casa que nós todos
morávamos quando o baixista andou e disse “Bom, isso certamente é uma
mistura que está parecendo um grupo (motley-looking crew).” Depois do
ensaio, eu subi para o meu quarto e escrevi essas palavras no meu caderno
– Motley Crew, e sob isso, em grandes letras, Mottley Cru – e disse pra
mim mesmo que eu teria uma banda chamada Mottley Cru. Eu queria
White Horse, que era atualmente uma boa banda, para começar tocar
originais e se tornar Mottley Cru. “Por que não tentar originais? Nós
estamos famintos de qualquer jeito,” eu disse pra eles. Eles responderam
fazendo uma votação para me colocar fora da banda. Então, eu fui embora
com tudo: o assistente de publicidade, as luzes, a van.
Eu coloquei um anúncio nos classificados do The Recycler, que
estava escrito: “Guitarrista extraterrestre disponível para qualquer
alienígena que quer dominar o mundo.” Eu estava me chamando Zorky
outro
Charlemange nessa época, então eu usei esse nome no papel e recebi
algumas ligações realmente bizarras, mas de ninguém que parecia ser
sábio. Eu acabei em uma banda Top 40 chamada Vendetta, que me deu
dinheiro suficiente para comprar um Marshall e uma Les Paul. Eu comprei
outro Marshall e outra Les Paul quando eu retornei de uma turnê do Alaska,
e coloquei outro anúncio no The Recycler. Normalmente as pessoas iriam
escrever um anúncio que começava com ‘um’, como “um honrado
guitarrista procurando uma banda, ’’ assim mesmo eles podiam estar no
topo da escuta. Eu não ligava, porque eu sabia que meu anúncio dispararia
não importava onde ele estivesse. Estava escrito: “Guitarrista
rude
e agressivo disponível.”
barulhento,
Um garoto com um bigode de Hitler de Sparks respondeu. Mas eu
disse que eu não gostava de sua música e eu estaria desperdiçando seu
tempo e o meu se eu experimentasse por ele. Eu pensei que ele tinha me
respeitado por isso. Alguma banda cafona na Redondo Beach que passou a
ser Poison ou Warrant ou algum outro nome que arruinava os anos 80 me
chamou porque tinham me visto tocar no Píer 52. Eu não os retornei. Para
citar Andy Warhol, “Todo mundo tem 15 minutos de fama.” Para me citar,
“Eu gostaria que eles não tivessem.
Eu acho que o Nikki finalmente achou o anúncio e ligou. Nós
”
conversamos por um pequeno tempo e combinamos um dia para nos
encontrar. Eu amontoei minha guitarra e o Marshall em um minúsculo
Mazda que pertenceu ao meu amigo Stick e dirigi para o norte de
Hollywood. Nikki e eu dissemos oi como dois estranhos: nenhum de nós
nos lembrávamos de termos nos visto antes. Ele tinha mudado seu nome e
seu cabelo estava super armado, preto, e caindo sobre seu rosto; eu não
teria sido capaz de reconhecê-lo se ele fosse meu próprio pai. Isso levou
outra semana ou duas antes dele perguntar, “Hey, não era você aquele cara
estranho que foi na loja de licor um dia e...” eu não podia acreditar:
realmente
cresceu por dentro.
ele
Nikki disse que ele tinha deixado sua banda antiga, London, porque
tinha muitas pessoas tentando levar a banda para várias direções
Agora
ele estava tentando juntar seu próprio projeto e realizar sua própria
diferentes.
visão. Eu fingi que concordei, mas eu sabia que ele era jovem e ingênuo
musicalmente, e eu podia influenciá-lo para evoluir do meu jeito. Nesse
ensaio, nós tocamos um pouco das músicas que o Nikki tinha escrito –
“Stick to your Guns,” “Toast of the Town,” “Public Enemy #1.” Eles
tinham um mariquinha, cujo nome eu não irei mencionar, tocando guitarra.
A primeira coisa que eu fiz quando eu fiquei sabendo foi dizer, “Ele não
fazer isso.” Então eles me disseram que se eu o quisesse fora, eu teria
irá
dizer
que pra ele. Esse foi o primeiro dia e eles já me mandaram fazer o serviço
sujo.
Também tinha um pequeno garoto esquelético lá, com um enorme
crescimento em seu queixo que parecia um Chicken McNugget. Ele disse
que ele tinha sido empurrado ou caiu dos degraus na Gazzari’s na noite
anterior e rebentou seu lábio. Eu não sei o que era aquilo, mas parecia
segundo queixo permanente. O garoto disse que tocava bateria, embora ele
um
parecesse novo demais e esquelético para ser bom. Mas quando ele
começou tocar, ele não era covarde. Ele batia forte. Seu nome era Tommy.
E, pensando sobre isso, não foi Nikki que achou o anúncio no The
Recycler. Foi Tommy. Ele ligou. Ele deixou a mensagem. Ele fez isso
acontecer. E cara, ele podia tocar.
PARTE TRÊS
>>TOAST OF THE TOWN<<
Capítulo 1
Tommy
--
De uma fruta avermelhada que deixa um coração de um jovem garoto em chamas de
desejo, as oportunidades educacionais oferecidas por uma mista turma de vôlei,
outras lembranças de um passado feliz.
e
--
Caaaaaaaaaaaara... Porra, é! Finalmente! Quantos quartos será que
Nikki conseguirá, cara? Porra! O cara tentou por a própria mãe na cadeia.
Eu amo ele; nós estamos praticamente casados por vinte anos. Mas às vezes
é uma junção estranha. Eu não sou assim. Eu sou um romântico sem
esperança do caralho. Essa é uma parte de mim que muitas pessoas não
sabem. Elas sabem tudo que tem para saber sobre outra parte de mim, mas
não sabem nada a respeito do meu coração. Cara, isso é triste, mas é tudo
bom. Tudo bom pra caralho.
Meu destino foi selado com minha primeira paixão com esta
garotinha foda que morava na rua debaixo da minha em Covina. Eu
costumava a perseguir por todo lugar. Eu a seguia por aí com a minha
bicicleta e espionava em sua janela à noite como um pequeno espião. Tudo
o que eu queria era beijá-la. Eu via meu pai e minha mãe se beijando, e
parecia ser bem legal. Eu imaginei que estava pronto para experimentar
isso.
Eu aprendi em minha vida que se você perseguir algo por tempo
suficiente, logo isso começará perseguir você. Após um tempo, minha
vizinha começou me seguir por todo lugar, e nós ficamos loucos um pelo
outro. Uma hora, nós de alguma forma acabamos atrás de um monte de
arbustos, numa área gramada sombreada que ninguém poderia ver. Os
pequenos arbustos tinham pequenos e brilhantes grãos vermelhos nascendo
deles. Eles eram da cor de seus lábios. Sem nada em pensamento, eu colhi
um grão de um dos arbustos e segurei isso entre nossas bocas. Daí, nós
envolvemos nossos lábios envolta do grão e beijamos pela primeira vez. Eu
me senti super romântico e mágico: eu pensei que se nós beijássemos com
esse pequeno grão vermelho entre nós, nós de alguma forma nos
tornaríamos alguma outra coisa. Talvez ela se tornaria uma princesa e eu
um cavaleiro que a levaria embora de Covina no meu cavalo branco. Nós
galopearíamos para meu castelo com os vizinhos olhando, se perguntando
quem seriam essa bela princesa e esse belo príncipe. E nós viveríamos
felizes para sempre depois. Ao menos que alguém comesse ou destruísse o
grão mágico. Se isso acontecesse, nós retornaríamos para Covina e
seríamos apenas duas crianças ridículas novamente. Isso é como tudo
sempre foi em minha vida: sempre há uma tempestade de emboscada
distante, esperando para foder tudo de bom e perfeito.
Eu fui a um analista de sonhos recentemente e ele me disse que eu
herdei essa tempestade da minha mãe. Sua vida era assim: tudo que era
bom era cercado por uma tragédia. Seu nome era Vassilikki Papadimitriou,
e ela era Miss Grécia nos anos 50. Meu pai, David Lee Thomas, era um
sargento militar, e ele fez a proposta para minha mãe na porra da primeira
vez que a viu. Eles se casaram dentro de cinco dias de encontro, como
Pamela e eu fomos quase quarenta anos depois. Ele não falava uma palavra
grega; ela não falava uma palavra em inglês. Eles desenhavam coisas para
o outro quando eles queriam se comunicar, ou ela escrevia algo em grego
meu
e pai se esforçava para fazer sentido os estranhos caracteres usando
dicionário Grego-Inglês.
um
Ela tentou seis vezes antes de mim ter um filho: cinco vezes ela
abortou e, quando ela conseguiu na sexta vez, meu irmão morreu dentro de
dias depois de seu nascimento. Por alguma razão, eles não eram supostos
estarem aqui. Eu não sei como ela teve a coragem para tentar de novo. Mas
quando ela ficou grávida pela sétima vez, ela rejeitava se levantar da cama
por nove meses caso algo desse errado.
Logo depois de eu ter nascido, meus pais foram embora de Atenas e
se mudaram para o subúrbio de Los Angeles chamado Covina. Foi difícil
para minha mãe. Ela tentava ser uma modelo, e agora ela estava na
América limpando a casa das pessoas como uma servente do caralho. Ela
sempre esteve envergonhada com seu trabalho. Ela estava vivendo em
outro país com um estranho que havia se tornado seu marido de repente.
E
ela não tinha família, amigos, dinheiro, e dificilmente falava uma palavra
em inglês. Ela sentia muita falta de casa que ela nomeou minha irmã de
Athena.
Meu pai trabalhava para o Departamento Rodoviário De Los
Angeles, reparando caminhões e tratores. Minha mãe sempre desejou que
ele conseguisse dinheiro suficiente para que ela abandonasse seu trabalho
econtratasse uma empregada, mas ele nunca conseguiu.
O analista de sonhos disse que minha mãe passou muitos medos dia
pós dia, de morar na América comigo, especialmente quando eu era
novinho. Ela falava comigo em grego, e eu não entendia uma palavra do
que ela dizia. Eu não tinha idéia porque eu podia entender todo mundo ao
meu redor, mas eu não conseguia entender uma palavra do que minha mãe
dizia. Experiências como essa, o analista disse, foram o papel principal
para o medo e insegurança constantes que eu sentia como um adulto.
O analista de sonhos disse que minha mãe passou muitos medos dia
pós dia, de morar na América comigo, especialmente quando eu era
novinho. Ela falava comigo em grego, e eu não entendia uma palavra do
que ela dizia. Eu não tinha idéia porque eu podia entender todo mundo ao
meu redor, mas eu não conseguia entender uma palavra do que minha mãe
dizia. Experiências como essa, o analista disse, foram o papel principal
para o medo e insegurança constantes que eu sentia como um adulto.
Eu fui para uma sessão com o analista com uma camiseta curta de
mangas, e ele olhou para as minhas tatuagens e deu um salto do caralho.
disse
para ele sobre meus pais e como eles costumavam se comunicar
Eu
quando eu era criança. Na próxima sessão, ele disse que pensou sobre
minha família a semana toda e chegou a uma conclusão: “Quando jovem,
você observou as pessoas desenharem e se comunicarem entre eles. Agora,
você usa essas tatuagens como uma forma de comunicação”. Ele apontou
que várias tatuagens eram símbolos de coisas que eu queria em minha vida,
como a carpa, que eu tatuei antes de ter um tanque de carpas em minha
casa. Eu também tenho um leopardo tatuado, e um dia desses eu vou ter a
porra de um leopardo. Eu quero um em meu sofá apenas para assustar
quando eu fizer uma turnê.
Pessoas dizem que você não pode adivinhar seu futuro, que ninguém
sabe o que a vida planeja para eles. Mas eu sei que isso é mentira. Não
apenas as tatuagens que viraram realidade para mim. É mais do que isso.
são
Eu adivinhei meu futuro quando eu tinha três anos, e com um esforço
infantil para fazer os mais altos e melhores barulhos, arrumei panelas e
vasos no chão da cozinha e batia neles com colheres e facas. Meu amigo
Gerald disse para mim que eu sabia dentro da alma o que eu queria. E no
dia que eu comecei essa bagunça na cozinha da minha mãe foi o dia que eu
mostrei isso. Mas eu não sabia isso naquela época. Eu era estúpido.
Quando o leiteiro veio tocando um acordeão, eu decidi que eu queria
aprender squeezebox. Então eu abandonei a pequena bateria que meus pais
tinham comprado para mim em troca de eu tirar todas as louças limpas
deles do chão, e comecei a ter aulas de acordeão com a minha irmã.
Quando um professor de dança passava pra incrementar as aulas, minha
irmã e eu ficávamos super agitados e entramos num grupo de balé, que era
bom porque eu podia dançar com garotas. Eu não ligava pra jogar basquete
em um parque com outros garotos: eu apenas queria agarrar garotas.
Depois de dançar, eu fiquei animado com piano, mas isso acabou
rápido por ser a porra de uma repetição, tocar escalas várias e várias vezes
até eu querer matar pessoas, começando com o meu professor de piano.
Daí, eu vi uma guitarra em uma loja de penhores e eu desenvolvi uma
obsessão por guitarra. Meu acordeão era um elétrico Da Vince, e eu
aumentava o volume até a distorção ficar suja e tocava “Smoke on the
water” até minha mãe ficar louca e comprar aquela guitarra penhorada. Eu
toquei até meu amplificador do acordeão ficar o mais alto possível, com
janelas abertas para que todo mundo no bairro soubesse que eu tinha a
as
porra de uma guitarra. Eu poderia ter colocado tudo isso no quintal e tocar,
então todos poderiam me ver. Eu não sei o porquê eu queria que as pessoas
me notassem. Eu continuo deste jeito: eu faço as coisas porque eu amo,
mas eu também quero reconhecimento. Isso me trouxe muita felicidade e
me colocou em muitos problemas.
Felizmente, nenhum Testemunha de Jeová passou pela minha casa
quando eu era criança, porque eu provavelmente estaria vendendo bíblias
hoje. Ao invés disso, após observar caras no ensino médio em uma banda
marchante batendo tambores em um jogo de futebol, eu voltei para a
bateria que eu nunca deveria ter abandonado em primeiro lugar. Meu pai
comprou para mim meu primeiro tambor profissional de Natal. Esse não
era uma caixa de papelão, cara, nenhuma merda de latão ou uma panela. E
se meu pai não tivesse feito eu sentar lá e ter feito minhas escalas no
e aprendido sobre barras, batidas e medidas, eu nunca teria escolhido
piano
bateria tão rápido quanto eu escolhi.
Enquanto eu escrevo aqui, com meu pai deitado no leito de morte, eu
não sei como eu posso agradecê-lo. Eu estou observando ele morrer
lentamente – ele provavelmente deixou um ano para trás – e quando ele
olha pra mim, lágrimas borbulham de seus olhos. Eu quando eu olho pra
ele – esse homem que não fez nada, mas me apoiou – eu não posso ajudar,
mas chorar. Após me comprar esse tambor, ele confiou para mim para que
eu pudesse comprar o resto da bateria sozinho. Ele me disse, “Eu não irei
comprar isso para você porque você não irá dar valor nisso. Mas eu irei
ajudar e confiar para isso, então, se você estragar ou perder seus
te
pagamentos, eu pegarei de volta.” Então ele me ajudou a construir um
cômodo do caralho na garagem com isolamento, carpete, uma porta, com
dupla parede de madeira, e à prova de som feita por caixas de ovos. Meus
pais poderiam estacionar seus carros na entrada da garagem e eu poderia
um quarto de ensaio à prova de som. E, então, quando eu tava preparado
ter
para meu primeiro carro, meu pai confiou de novo e fez um empréstimo.
Ele nunca andou uma milha por mim, mas se eu caísse enquanto eu andava,
ele me levantaria.
Agora que eu tinha meu próprio quarto de ensaio, toda criança na
escola que já tinha tocado ou visto uma guitarra queria vir e tocar pra
caralho, que normalmente significava tocar músicas do Led Zeppelin várias
e várias vezes. Não eram muitos pais que deixavam seus filhos fazerem
isso na suas casas. Meus velhos apenas impunham que não tinha música
depois das 10 horas da noite, e eu respeitava. Por um tempo, pelo menos.
Música era a única coisa que eu considerava na escola: minha
matéria favorita era música e design gráfico, onde eu fazia camisetas de
rock n’ roll com meus amigos. Eu também gostava de vôlei. E isso não
tinha nada a ver com música, mas tudo a ver com o rock n’ roll, se você
entende o que eu digo.
Todo dia eu ia para minhas três aulas favoritas, daí faltava das outras
aulas e tocava minha bateria a tarde toda enquanto meus pais estavam
trabalhando. Antes que minha mãe chegasse em casa, eu dava uma volta,
matava o tempo, e depois disso voltava como se eu tivesse voltado da
escola. Esse era um bom plano até eu começar ir mal na oitava série.
Meu professor, Sr. Walker, escrevia nossas notas em uma caderneta,
fechava, e colocava em sua gaveta todo dia. Então, junto com outros dois
garotos que estavam indo mal, eu tive um plano para roubar sua caderneta
de notas quando ele saísse da classe para fumar cachimbo. Minha carteira
estava na frente da sala, então quando ele fizesse uma pausa para fumar
numa manhã, eu correria para sua mesa, eu me curvaria, pegaria, e puxaria
a caderneta preta de notas da gaveta.
Eu fiz isso e voltei para minha cadeira logo quando ele voltou.
Enquanto ele discutia To Kill a Mockingbird (Para matar um pásssaro-dascem-línguas), eu passei a caderneta por trás de mim para Reggie, que
levantou sua mão e pediu para ir ao banheiro. Eu o segui, assim como outro
amigo. Encontramos-nos em um dos lavabos e colocamos a caderneta de
notas no em cima da tampa de uma privada. Reggie acendeu o isqueiro e
colocou fogo na caderneta. Nós éramos idiotas, cara: nós pensávamos que
se a gente destruísse o livro, nossos F’s desapareceriam e Sr. Walker teria
que nos passar de ano. Nós também éramos estúpidos porque nós
pensávamos que três crianças no banheiro por dez minutos não deixaria
alguma desconfiança.
Enquanto nós estávamos tentando nos apressar junto com a brilhante
caderneta de diferentes beiradas, a porta do lavabo se abriu. Na entrada,
estava o Sr. Walker, e seu rosto estava vermelho como carro de bombeiro.
Tava tudo indo mal, cara. Enquanto nós assoprávamos a caderneta tentando
acabar com o fogo, ele agarrou a gente pela porra das orelhas. Eu juro por
Deus, meus pés não se encostaram ao chão o caminho todo até a diretoria.
Na diretoria, tinha uma cadeira do lado da parede, e quando foi a minha
de
vezvê-lo ele me fez encarar isto e agüentar firme.
“Olhe para esse ponto na parede!” ele
gritou.
“Que ponto?” eu perguntei, de repente, e as bofetadas vieram, uma
atrás da outra, direto pra porra do meu traseiro. Ele bateu demais em mim,
daí fui suspenso. Meus pais me deram uma bronca.
De alguma forma eu me formei na South Hills High School, onde eu
entrei pra banda marchante que eu tinha admirado tanto quando eu era
pequeno. Porque nós competíamos com outras escolas, eu tinha que
aprender todos os truques: rodar as baquetas, bater do lado do tambor, e
outra merda que veio além de tocar tambor e também o atual professor. Os
bateristas podiam balançar as baquetas presas nos seus pulsos com uma
correia enquanto todos os tambores de cordas iam pro ar e estalavam suas
baquetas em harmonia enquanto eles marchavam em tempos. Tudo o que
eu aprendi na banda marchante eu usei para tocar com o Mötley mais tarde.
Mas para todo mundo na escola que se importava, eu podia muito
bem ter aulas de balé ainda. Todo lugar que eu ia, as pessoas me chamavam
de “gay batedor de pau”. Não era como quando eu tocava flauta: eu era
porra
de um baterista. Isso me deixou de saco cheio que eu era o único que
a
eu pensava ser legal.
O ancião da turma de bateria era alto, de cabelo preto, chamado Troy
que tinha passado pela puberdade muito cedo na sua vida: seus ossos
pareciam que estavam tentando estourar seu corpo, e seu rosto ainda estava
inteiro manchado com cicatrizes de espinhas. Eu era apenas um novato,
mas eu me sobressai rapidamente na banda e logo ele sentiu que eu estava
ameaçando sua autoridade como capitão do grupo de bateria. Um dia
depois do ensaio, eu estava abaixando para pegar meu tambor quando ele
me deu um tapa nas costas. Quando eu me virei, ele socou meu nariz pro
outro lado do meu rosto. Eu fui para o hospital, onde eles anestesiaram
área,
enfiaram um par de alicates no meu nariz, e – crack – torceu isso
a
lugar certo. Mas isso nunca pareceu o mesmo depois disso: continuou torto.
pro
Eu nunca o vi de novo, porque depois disso, meus pais venderam a
casa e mudaram 15 minutos mais longe. Eu comecei o segundo ano em
uma escola chamada Royal Oak High em Covina/ San Dimas.
Foi lá que eu formei minha primeira banda, U.S. 101. Eu perguntei
para os meus pais se nós poderíamos ensaiar na garagem, e eles deixaram.
O guitarrista da banda, Tom, era um surfista bastante reconhecido e ele
amava os Beach Boys. Mesmo assim eu achava Beach Boys uns estúpidos,
viados de merda, eu toquei junto com ele porque eu estava faminto de
poder tocar em uma banda. (Dois membros formaram o Autograph).
Do balé para o grupo de bateria, eu sempre fui o estranho. Estando
em uma banda de rock de verdade, embora, de repente se tornou legal ser
estranho.
E tem uma grande diferença entre ser um estranho chato e um
o
estranho fodão. Isso não importava se minha banda era uma merda. Nós
começamos tocar em escolas de dança e festinhas caseiras: todo lugar que
eles precisassem de uma banda, ou não. Foi nesse período que eu vi o cara
mais legal do mundo. Ele era um surfista com cabelo longo loiro como um
ninho em cima da sua cabeça, como David Lee Roth. Ele era notável, todas
as roupas brancas, ele estava em uma banda. Uma banda muito melhor do
que a minha. Ele foi para Charter Oak High, mais ou menos uma milha da
minha escola. Mas ele estava sendo despejado do segundo ano e começou a
ir para a Royal Oak. Logo que ele entrou pelas portas duplas – fodão,
calças apertadas de cós baixo e boca de sino e uma regata branca – você
com
poderia ter pensado que o Arrebatamento estava acontecendo. Todas as
garotas estavam chocadas, com uma paixonite por esse cabeludo loiro,
surfista e roqueiro. Seu nome era Vince Wharton.
Eu fui até ele um dia na escola e disse, “Oi cara, e aí? Meu nome
Tommy ée eu toco bateria. Eu ouvi falar que você está em uma banda
”. Sua banda chamava Rock Candy, e eu comecei a ir à festinhas então
eu podia beber e vê-los tocando. Vince tinha uma voz legal: ele podia fazer
cover de Chip Trick e fazer parecer exatamente como Robin Zander. E ele
cantou algo meloso como Sweet e Aerosmith
Para mim, Vince era Deus. Ele estava em uma banda foda, ele era um
surfista do caralho, as garotas desmaiavam de desejo sempre que ele
passava, e tinha um rumor por aí que ele tinha sido pai de um garoto antes
mesmo de estar no ensino médio. Eu achava que eu era sortudo, pois ele
tinha conversado com um magrelo desajustado como eu. Eu nunca
imaginei que eu poderia ser legal o suficiente para tocar em uma banda
junto com ele atualmente.
Fig.2
Tommy com o pai, David Lee
Thomas, e mãe, Vassilikki
Capítulo 2
Tommy
--
Sobre a formação do Mötley Crüe: uma reunião confusa de músicos-poetas,
assalariados e idiotas.
--
Era um momento inovador para a Suite 19: nosso primeiro show na
Starwood. Eu estava louco, porque se você tocava na Starwood, podia dar
certo. Cara, a porra da primeira vez que eu vim para Hollywood, eu fui
Starwood ver Judas Priest. Eu estava impressionado: roqueiros britânicos
na
que iam e viam para Hollywood com seus equipamentos e calças de couro.
E eu estava os vendo. Eu quase perdi minha cabeça quando eles tocaram
“Hell Bent for Leather”. Eles tocaram as músicas mais pesadas que eu já
tinha ouvido, e eu imaginava que eles batiam em um milhão de minas.
Ingênuo.
Diferentemente da U.S. 101, a Suite 19 tocava músicas originais.
Minha namorada, uma animadora de torcida chamada Vicki Frontiere (sua
mãe, Georgia, tinha ganhado o Rams e sua avó, Lucia Pamela, tinha
gravado um álbum infame sobre vida em outro planeta), me disse que eles
estavam procurando um baterista. Nós éramos a combinação perfeita: três
caras cabeludos que tinham se fodido fora do ensino médio e estavam indo
continuar a escola, levando todas as turmas para o rock, ficando loucos
com Eddie Van Halen – influência de merda. Eu tinha dezessete anos, e
não
eu podia acreditar que eu estava em um trio matador.
Nessa época, eu percebi que tinha pôsteres na Starwood inteira de
uma banda chamada London. Umas semanas depois do nosso show, eu fui
assistir a London tocar, e, cara, esses garotos eram mais legais do que
aporra do Judas Priest. Eles pareciam meninas, como os New York Dolls ou
algo parecido, com umas roupas de bolinhas muito fodas. Eu era apenas um
esquelético, um clone esquisito do Alice Cooper com calça super colada
nas minhas pernas de frango com estampa de leopardo. Mas eles eram
fodas pra caralho, e atraíam toneladas de minas gostosas. Quando eu vi
Nikki girando seu baixo no palco, eu pensei “Que porra de cachorro é
esse?”. Ele tinha um cabelo muito louco que caía em sua bochecha como
um tipo de cãozinho caro de Beverly Hills que tinha se perdido e passado
por momentos difíceis.
Suite 19 desmoronou depois que desistimos de imitar o Eddie Van
Halen. Eu toquei por um tempo em outra banda, mas não deu certo depois
que eu comecei a namorar a irmã do vocalista. O nome dela era Jessica, e
eu a achava sexy porque ela era uma garota meio-mexicana com pequenas
tetas naturais, um sorriso engraçado, e bochechas fofas. A primeira vez
nós transamos, eu a levei para a parte de trás da minha van e, dentro de
que
minutos, eu comecei a foder. Ela bateu seu punho na parede e gritou “
meu
Oh Deus! Vai entrar!”. Eu comecei a ir mais rápido, e de repente ela
berrou como um leão da montanha desesperado e sua buceta explodiu.
Jatos de água por todos os lados. Ela parecia um tanque transbordando, e
foi a coisa mais foda que eu já vi em toda minha vida. Eu apenas pensei
“Oh meu Deus, eu amo essa garota. Ela é a primeira!
”. Todo dia depois do ensaio, eu a pegava com a minha van,
estacionávamos em um lugar quieto, e ela jorrava aquela merda por todo
lugar. Eu amava sentar lá e a deixava gozar em mim. Por fim, minha van
começou a feder. Eu levei minha mãe para a loja uma tarde, e ela ficava
perguntando que cheiro que era aquele. Eu fingia que não sabia.
Após um tempo, Vince a nomeou de Bullwinkle, porque ele disse
que ela tinha um rosto que parecia um alce. E talvez ela tivesse, mas eu
ligava. Ela estava abrindo portas sexuais em mim. Ela foi minha primeira
não
namorada de verdade, e eu achava que todas as garotas ficavam assim
quando ficavam excitadas. Uma vez eu descobri que eu estava errado, era
difícil terminar com ela.
(A única outra garota que eu conheci que podia fazer aquilo era a
amiga de um meio indiano alto, ator de filme pornô, chamado Debi
Diamond. Anos depois, quando Bullwinkle era apenas uma memória
‘molhada’, eu estava trabalhando com Trent Reznor do Nine Inch Nails
estúdio
A&M. Era o aniversário do baixista dele, Danny Lohner, então eu
no
levei Debi e sua amiga para sair como presente de aniversário. Após atirar
uvas na buceta dela para nos divertir, a amiga do Debi sentou no piano
enquanto Debi a chupava. De repente ela jogou sua cabeça pra trás,
gemendo, e atitou um jato gigantesco no ar, diretamente na tigela de frutas
no final do outro lado do quarto.)
Então, eu tava fodendo a Bullwinkle e procurando outra banda, o
guitarrista da Suite 19, Greg Leon, comecei tocar com o Nikki, que tinha
saído da London e tava tentando montar outra banda. Nikki tinha visto a
Suite 19 tocar naquela noite na Starwood e gostou do meu estilo. Greg deu
pra ele meu telefone e eu fui encontrá-lo no Denny’s na Burbank Boulevard
e Lankersham no norte de Hollywood. Eu estava super nervoso porque eu
era apenas um punk novo do caralho. Na minha cabeça, Nikki poderia
negociar finais de semana na Starwood e no Whisky, que faria ele um
grande deus do rock. Quando ele sentou do outro lado de mim, eu fiquei
mais tímido ainda porque eu não conseguia ver com quem eu estava
conversando atrás daquele cabelo volumoso preto. Era tipo, “Cadê o cara?
Eu queria pedir pra ele biscoitos de cachorro, mas eu não sei se ele tinha
”
senso de humor. Eu ainda não sei.
Após o almoço, nós fomos pro seu pequeno barracão de merda que
era dificilmente encontrado no norte de Hollywood. Ele estava vivendo à
custa de uma garota chamada Laura Bell, uma baterista numa banda
chamada Orchids que ele tinha encontrado através de Kim Fowley. Ele me
jogou um monte de demos que ele estava fazendo, naturalmente eu
comecei a tocar bateria na mesa, do mesmo jeito que eu fazia na cozinha
quando eu era criança. Nossa energia era a mesma, e nós instantaneamente
nos mostramos isso. Tava claro que íamos fazer algo junto muito rápido.
Nikki era um cara louco, e eu tinha a mesma obsessão. Nós queríamos ficar
famosos no meio, governar a Sunset, e brigar ou foder qualquer coisa que
se mexia.
Uns dias depois eu levei minha bateria para o Nikki, e nós
começamos a tocar, apenas baixo e bateria, no cômodo fodido da frente da
sua casa. O cômodo servia como cozinha, sala de estar, sala de jantar, lugar
pra ensaiar, e escritório, com um closet que Nikki usava como quatro. A
cada minuto durante o ensaio, Nikki pegava o telefone, discava um número
e tentava vender lâmpadas para alguém. Esse era o seu trabalho.
A madeira nas paredes da casa estavam apodrecidas e quebrando, e
insetos podiam se rastejar e atacar qualquer coisa que deixássemos de lado.
Se você fizesse um sanduíche, você tinha que deixar em mãos o tempo
todo, senão, alguma tribo de insetos poderia devorá-lo. Eu tava louco pra
ter uma banda com Greg Leon, mas o idiota do Nikki o mandou embora.
Greg era um bom guitarrista do meio – mas ele era um cara muito
regulador, e Nikki não gostava disso. Ele dizia que Greg não tinha o tipo
que o New York Dolls ou os Stooges tinham. Ele queria todo mundo
parecendo e pensando como ele.
Nós achamos um guitarrista substituto, Robin, através de um anúncio
no The Recycler. Robin era muito talentoso, mas ele era um veado e todo
mundo sabia disso. Ele prendia sua camiseta dentro da calça, lavava as
mãos depois de tocar guitarra, cansava fazendo escalas, e, em geral, agia
como se ele tivesse ido para o colégio em uma formatura. Tudo que
conseguimos com ele foi um cabelo legal.
Nós continuamos procurando no The Recycler, esperando achar um
segundo guitarrista que fosse um filho da puta louco o suficiente para
compensar Robin. Um dia eu achei o seguinte anúncio: “Guitarrista
barulhento, rude e agressivo disponível.” Eu liguei e deixei meu número
para o cara, e uma semana depois tinha um tímido bater na porta da frente
do Nikki.
Nós abrimos a porta, e tinha um pequeno ogro parado lá fora com um
cabelo preto pra baixo da bunda e uns sapatos de plataforma altíssimos
praticamente
um rolo de fita envolta deles para deixá-los juntos. Ele
com
parecia um pobre, dolorosamente tímido, um jeito estranho que parecia o
Primo Itt. Eu tava rindo demais, eu chamei o Nikki, “Venha aqui! Você
que
tem ver esse cara!” Quando Nikki e ele estavam parados cara a cara,
parecia o encontro da Família Adams com o Scooby Doo. Nikki me puxou
de lado, animado. “Não posso acreditar!” ele disse. “Ele é igual a
gente!”
Indo atrás do Primo Itt, carregando um Marshall, tinha um carinha
desagradável chamado John Crouch, ou Stick, que o maior valor na sua
vida parecia ser o fato dele ter comprado um carro, um pequeno Mazda que
naquele tempo úmido de um dia de primavera tinha um alto-falante
pregado do lado de fora de uma janela e o braço de uma guitarra na outra.
(Para ser justo, ele também tinha um talento de trazer burritos) (*torta
mexicana).
Nós montamos o equipamento do Mick, e Nikki mostrou a ele o riff
do começo de “Stick to Your Guns”. Mick prestou muita atenção, curvando
e deslizando suas ansiosas mãos como se fosse um louva deus, e pagou sua
guitarra e tocou pra caralho, fazendo o riff super destorcido e insano
não conseguíamos reconhecê-lo mais. Eu não sabia como julgar se um
que
guitarrista era bom ou não. Eu tava mais impressionado com o som dele
tocando do que qualquer coisa. E eu gostei daquele som esquisito: era
como se ele tivesse vindo de outro planeta habitado por espécies avançadas
sonicamente que eles nem precisavam tomar banho.
Nisso, Primo Itt virou pra mim, pequenos olhos brilhando através de
seu cabelo bagunçado, e disse “Vamos pegar alguma bebida.” Pegamos um
galão de bebida na loja de bebida, ficamos de porre, e tocamos por uma
hora. Daí, Primo Itt falou de novo. Ele puxou Nikki e eu de lado e
resmungou alguma coisa sobre Robin. Daí, ele se virou pra Robin e disse
pra ele, como um velho mal-humorado, “Você está fora. Existe apenas um
guitarrista na minha banda, e esse sou eu.” Nós não tivemos nem que
discutir se Mick estava certo sobre a banda ou não: o cara estava
Robin olhou para o Nikki, depois para mim, e nenhum de nós disse
dentro.
uma palavra em sua defesa. Seu rosto escureceu, ficou vermelho, como se
ele tivesse deixado cair sua guitarra e arrebentado. Ele era um viado na
real.
Depois de Robin ir embora, Nikki tingiu meu cabelo de preto para
poder combinar com o dele e com o de Mick. E eles me encorajaram para
fazer minha primeira tatuagem: Mighty Mouse, meu herói favorito desde
sempre. Ele me fazia lembrar de eu mesmo: ele era pequeno e eu era
magro, nós sempre estávamos tentando salvar o dia, e nós dois sempre
conseguíamos a garota no fim. Eu tinha o desenho do Mighty Mouse com
um tambor de bateria e baquetas em suas mãos.
Nikki, Mick, e eu começamos a ensaiar todos os dias, e era incrível
como Nikki trazia sempre músicas novas. Depois, nós íamos para a
Starwood como se já fossemos rockstars. Nós sentíamos falta de um
vocalista.
Nós fizemos uma audição, com um cara ridículo chamado O’Dean,
que cantava com uma voz mais ou menos parecida com Cult e Scorpions.
Ele era um incrível vocalista, mas Nikki não gostou dele porque ele não
parecia com o Brian Connlly da Sweet. Outro problema de O’Dean era que
ele estava super irritado com as luvas brancas de plástico que ele sempre
estava usando. Ele tava com a impressão que essas luvas tinham um estilo,
e nós não tentamos dizer o contrário porque ele tinha o que nós tínhamos.
Nós fomos em um estúdio para gravar algumas músicas do Nikki:
“Stick to Your Guns”, “Toast of the Town”, “Nobody Knows What It
to
Lonely”, e uma música do Raspberries, “Tonight”. Eles nos deram
’sBeLike
apenas duas horas, então quando acabava o tempo, Nikki me fazia ir meter
na engenheira. Seus dentes ficavam pra fora da sua cara como se o ar
saindo de uma bola de praia, mas ela era legal e tinha um corpo decente.
Ela me levou pra sua casa, e ela tinha uma cama foda pra caralho. Tinha
uma armadilha de pernilongo envolta dela, e eu nunca tinha experimentado
nada como isso. Eu era um vagabundo antes disso, tentando experimentar
de tudo, então eu disse a ela, “Wow, eu adoraria meter nesse negócio.
tivemos
” Nós bons momentos, e ela me deu certeza que conseguiríamos horas de
graça no estúdio até não sermos mais bem vindos.
Durante a última música que nós gravamos pra nossa demo, “Tost of
the Town,” O’Dean se recusou a tirar suas luvas para aplaudir nossa
experiência. Ele achava que se ele tirasse suas luvas poderia arruinar seu
misticismo, tirando o fato que o único misticismo que ele tinha era como
ele tinha uma voz tão boa. Nikki estava com raiva quando O’Dean não
bateu palmas como a Sweet fez em “Ballroom Blitz,” e Mick o odiou
porque ele achava que ele era um gordo do caralho, um vocalista de merda,
e um espiritualista secreto.
“Eu não gosto desse cara,” Mick continuou resmungando durante os
ensaios. “Ele é um hippie. E eu odeio hippies.
Eu disse pro Nikki, “Mick não acha O’Dean um Deus.
”
“Foda-se,” Mick disse. “Eu quero aquele loiro magrelo do caralho
”
que eu vi na Starwood na outra noite naquela banda Rock Candy.
“Você quer dizer o Vince?!” Eu perguntei.
”
“É caralho, o Vince.” Primo Itt franziu o rosto pra mim. “Aquele
cara. éEuo estou pouco me fodendo se ele consegue ou não cantar. Você viu
que
o ele fazia com aquela multidão? Você viu o que ele estava fazendo com
aquelas garotas e o jeito que ele agia no palco?
“Eu fui pra escola com aquele idiota,” Eu disse pra ele. “As
”
amam”.
garotas o
Eu tinha dado meu telefone pro Vince naquele show, mas ele nunca
ligou. Depois de termos despedido O’Dean, eu passei na casa do Vince,
dei-lhe uma fita demo, e implorei para ele fazer uma audição com a gente.
Nós esperamos semana a ligação dele ou ele ir, mas ele nunca fez isso.
Finalmente, eu desisti e liguei pra ele de novo.
“Eu tava procurando vocês,” Vince disse. “Sem querer eu lavei meu
jeans com o número de vocês dentro, e não consegui achar vocês.
“Escuta,” eu disse pra ele. “Essa é sua última chance, cara. Você
”
que ver
temessa banda que eu estou. As coisas que estamos trabalhando irá
explodir sua mente. Nikki Sixx está na banda, e nós temos esse guitarrista
do caralho que parece o Primo Itt da Família Addams.
“Ok,” Vince disse. “Minha banda me fodeu noite passada, e eu estou
”
quase desistindo. Vou te falar uma coisa: vou no sábado. Onde vocês vão
estar?”
Sábado era um bom dia: o sol tava fraco e tava uma brisa gostosa.
estavaEubebendo, Nikki estava dando uns goles de Jack Daniel’s, e Mick
estava dando uns goles na sua Kahlúa lá fora do estúdio IRS na Burbank
onde Vince apareceu em um 280Z com uma garota chamada Lovey Howell
da Ilha Gilligan.
Ela saiu do carro e nos olhou como se ela fosse sua gerente. “Bom,
eu tenho que checar o guitarrista porque ele tem que ser muito bom se ele
for tocar com você, baby,” ela disse suavemente, nos deixando rapidamente
aos nervos, Vince apareceu lá como uma criança , meio convencido e meio
envergonhado, com seu cabelo loiro de platina saindo de sua cabeça como
fogos de artifício. Nikki deu-lhe algumas letras e ele começou a cantar.
não estava no ritmo da música, mas ele alcançava todas as notas e manteve
Ele
o tom. E algo a mais começou a acontecer: sua voz alta e estridente
combinou com o esfarrapado baixo fora de tempo do Nikki, com a guitarra
fora de controle do Mick, e da minha bateria super ocupada e animada. E
isso ficou legal, apesar dos backing vocals da Lovey, que continuava
reclamando que as músicas não eram boas para o Vince.
No ato, Nikki começou a reescrever as músicas para a voz do Vince,
e o primeiro resultado foi “Live Wire”, nós éramos Mötley Crüe a partir
disso. Naquele momento do caralho. Nós criamos uma das nossas músicas
clássicas cinco minutos no nosso primeiro ensaio com o Vince. Eu não
podia acreditar nisso. Pessoas perdidas estavam ensaiando na porta ao lado,
e nós ficamos tão animados com aquilo, apenas por ser cuzões, nós
pegamos o cadeado pendurado do lado de fora da porta deles e os
trancamos no estúdio deles. Eu não sei como eles saíram de lá – se eles
saíram algum dia.
Fig.6 Rock Candy: James Alverson (esquerda)
e Vince Neil
Capítulo 3
Vince
--
Sobre uma grave decisão digna de eternas lembranças e uma ousada fuga de uma
prisão forçada.
--
Eu estava mesmo de branco. Eu estava usando calças quentes de
cetim, Capezios, correntes em volta da minha cintura, e uma camiseta
branca que eu tinha rasgado dos lados e amarrado uns cadarços. Eu tingi
meu cabelo o mais branco que eu consegui, e armei até ficar uns
centímetros maior do que minha altura. Eu tava cantando com a Rock
Candy na Starwood, e a vida não podia ficar melhor do que isso.
Daí, Tommy apareceu em um dos nossos shows e tentou foder tudo.
Eu não o via há um ano, desde quando eu deixei a escola, e ele estava
usando calças brilhantes de couro, salto alto, cabelo tingido, e uma fita
seu pescoço. Ele tava começando a ficar legal.
no
“Caralho!” eu disse sem pensar. “O que você fez com você?
“Eu
” estou em uma banda agora, cara,” ele disse, “com estes garotos
aqui.” Ele acenou para outros dois roqueiros com cabelo tingido de preto
no canto. Eu reconheci um deles, como o baixista louco, drogado da
London; o outro era mais velho e parecia bem sério. Não era o tipo de
pessoa que ia para a Starwood e ficava lá fazendo hora. Lá do canto, o cara
mais velho ficava me olhando de cima até embaixo como se eu fosse um
bife premiado.
“Eu disse a eles sobre você, cara,” Tommy disse. “Eles viram você
essa noite, e eles estão atiçados. Eu sei que você está em uma banda, cara,
mas venha e toque com a gente. Nós temos um monte de coisas do caralho
rolando.”
Tommy me perguntou sobre fazer uma audição com a banda dele no
próximo final de semana. Eu estava feliz na Rock Candy, mas de qualquer
forma eu aceitei para não magoá-lo. Ele realmente tinha me ajudado
quando eu sai de casa no ensino médio. Ele me deixava dormir na sua van.
E após seus pais descobriram que tinha um sem lar morando no seu veículo
com todas as suas roupas socadas em uma case Henry Weinhard, eles me
deixaram dormir no quarto de Tommy até eu achar um novo lugar pra
morar.
Naquela época eu tava trabalhando como eletricista, construindo um
McDonald’s na Baldwin Park. Pra garantir meu trabalho, eu comecei sair
com a filha do chefe, Leah, uma loira alta, um pouco atraente e bissexual,
que de qualquer forma pensava que era parecida com a Rene Russo. Ela
mostrava fotos dela para as pessoas e dizia que eram fotos dela, e eu
acreditava. Leah (que depois a banda a nomeou de Lovey) era uma rica
drogada suja, e me comprou minha primeira calça de couro para usar no
palco. Eu comecei a morar com ela e dirigir seu 280Z. Mas ela me deixava
louco. E eu estava preso nela – não só por causa do dinheiro, o carro,
casa,
e o trabalho, mas porque ela tinha me ensinado como injetar cocaína
a
eeu estava viciado. Nós sentávamos no chão do banheiro e injetávamos um
no outro até seus pais irem comer ou dormir no hall de entrada.
Uma manhã, depois de um porre de quatro dias sem dormir, meu
corpo começou querer parar. Eram 7 horas da manhã e eu tinha que ir
trabalhar. Eu vomitei tudo pelo carro enquanto descia o morro – eu não
conseguia manter nada pra baixo, no trabalho no McDonald’s, eu comecei
aouvir vozes, ver pessoas que não estavam lá, e conversava com elas. A cada
minuto, um cachorro imaginário passava por lá, e eu olhava de longe,
tentando saber onde que ele tinha ido.
Eu fui pra casa depois do trabalho naquela noite e dormi mais ou
menos durante vinte horas. Eu acordei, injetei, e Tommy apareceu. Ele
tinha uma fita de músicas pra eu aprender a cantar. Eu as escutei, e tentei
mantê-las longe do vomito ou risada. Não tinha lógica, eu tava indo tocar
com aquela banda chata, se você pudesse chamá-los de banda. Eles não
tinham nem um nome.
Então eu não fui ao ensaio e, quando Tommy me ligou para saber o
que tinha acontecido, disse que eu tinha lavado sem querer a calça jeans
que eu tinha guardado o número deles. E ele acreditou em mim. Eu nunca
tinha lavado minhas roupas, eu nunca vesti jeans, e, além disso, eu sabia
exatamente onde Tommy morava. Eu poderia ter passado lá se eu quisesse
falar com ele. Uns dias depois, eu ouvi falar que eles tinham achado um
vocalista e eu fiquei feliz por eles. Isso significava que eu não tinha
que me esconder do Tommy quando visse ele na vizinhança.
mais
Na outra semana, a Rock Candy iria fazer um show numa festa
caseira em Hollywood. Eu apareci com um uniforme branco de cetim, mas
nosso guitarrista e nosso baixista nunca apareceram. Eu fiquei lá como
idiota bem vestido pra caralho, junto com o nosso baterista, enquanto a
um
casa cheia de pessoas que gritaram por música durante duas horas diretas.
Eu tava nervoso pra caralho. Quando eu liguei para o guitarrista naquela
noite, ele disse que não queria mais tocar rock n’ roll: ele tinha cortado
cabelo loiro comprido, comprado um monte de gravatas feias, e decidiu que
seu
Rock Candy ia ser uma banda de new wave.
No outro dia, Tommy resolveu me ligar, e disse que o vocalista deles
não estava dando certo. Ele teve sorte. Ele me pegou quando eu estava
fraco.
Quando Mötley Crüe começou, era mais uma gangue do que uma
banda. Nós ficávamos bêbados, usávamos um monte de cocaína, e
andávamos por ai de salto alto, tropeçando em todos os lugares. A Sunset
Strip era super depravada. Prostitutas de roupas grudadas e saltos agulhas
andando por aí na rua, punks sentados em grupos na calçada, e grandes
filas de new-wavers usando preto, vermelho e branco em grandes grupos
fora de cada clube. Kim Fiwley andava por aí na Sunset, pegando garotas
colocando-as
em bandas euquanto Rodney Bingenheimer andava todo
e
metido nos clubes se intrometendo, sendo o prefeito de L.A., pegando ou
dando uma folga para as bandas para ir a sua rádio. Todo final de semana,
grandes gangues do norte de Hollywood, Sherman Oaks, e Sun Valley
transbordavam no meio de tudo isso, deixando uma grande nuvem de spray
de cabelo pela Sunset.
Quando não estávamos fazendo show, nós dávamos uma volta – no
Whisky, no Roxy, e no Troubadour – pregando uns quatro pôsteres em cada
parede e postes de luz. Se alguma outra banda tivesse colocado algum
pôster na parede, nós tínhamos que ter quatro: era a regra do Nikki.
Eu tinha dezoito anos e era muito novo pra entrar em vários lugares,
então eu usava a certidão de nascimento do Nikki, que tava escrito Frank
Ferrana. Todos na entrada sabiam que eu era da Rock Candy, mas eles me
deixavam entrar mesmo assim. Quando os clubes começavam a fechar, nós
íamos para o Rainbow. O lugar era tipo um círculo, com os roqueiros mais
legais e ricos pervertidos sentados nas mesas centrais. Garotos
ter
21 anos para entrar, mas as garotas apenas 18. Os garotos sentavam
precisavam
mesmo lugar de sempre e as garotas ficavam andando até serem chamadas
no
para sentar em algum lugar vazio. Elas continuavam rodeando, como
gaviões até você encher sua mesa com elas.
Mais tarde, todo mundo poderia aparecer lá: Rhandy Rhoads, o
guitarrista do Ozzy Osbourne, poderiam estar passando um tempo do lado
de uma árvore enquanto drogados tentavam fumar maconha e todo mundo
tentava tirar proveito das garotas.
Logo, junto Robbin Crosby e Stephen Pearcy do Ratt (que estava
tocando apenas covers do Judas Priest naquela época), nós começamos nos
chamar de Os Gladiadores, e começamos a dar títulos um para os outros
como Field Marshal e King.
Uma noite, eu e Nikki encontramos gêmeas loiras idênticas que
estavam no comercial do chiclete Doublemint e fomos pra casa delas.
Depois disso, nós continuamos sem saber quem era quem, então tínhamos
que esperar elas virem falar oi toda noite no Rainbow, porque nós não
queríamos ir, e pegar a garota errada.
Mesmo a gente achando que não conseguiríamos cocaína, a gente
sempre acabava cheirando um monte. Nós achamos alguém que estava
guardando isso na van do Tommy, que se tornou nosso lugar de festa. A
cada noite depois de ir ao Rainbow, nós íamos para a Santa Monica
Boulevard, onde todos os jovens roqueiros e atores que nunca tinham feito
isso estavam se prostituindo. Nós estávamos juntando dinheiro suficiente
para comprar um burrito de ovo do Noogles. Daí, arrancávamos nosso
pinto e enfiávamos naquela carne quente para cobrir o cheiro de buceta,
então nossas namoradas não saberiam que estávamos fodendo qualquer
coisa estúpida ou bebendo o suficiente para entrar na van do Tommy.
Eu não sei o que pensar de Mick. Ele era louco. Ele sentava do outro
lado de onde eu tava e ficava rabiscando um pedaço de papel. Então ele
vinha e me entregava e tava escrito algo como, “Eu vou te matar.” Seu
rosto estava todo sujo e não barbeado, e ele costumava morder o mamilo
Tommy
toda hora. Tudo o que Tommy fazia era empurrá-lo pra longe e
do
falar, “Para com isso, isso irrita.
Durante seu trabalho na Starwood, Nikki de alguma forma conseguiu
”
conversar com seu chefe a respeito de fazermos nossos primeiros shows lá:
duas vezes na sexta e no sábado abrindo para a Y&T. E mesmo no palco,
nós atuávamos mais como uma gangue do que como uma banda.
Mick estava nervoso porque ele nunca tinha corrido durante um
show inteiro ensaiado antes. Nós nem sabíamos qual seria nosso set list
Nikki
colar uma fita adesiva, e escrever à mão num pedaço de papel no
até
chão do palco no último minuto. Durante nossa primeira música “Take Me
to the Top,” as pessoas estavam berrando “vai se foder!” e
nos
coisas. Daí, um idiota com uma camiseta do AC/DC, jogou uma merda
arremessandoque atingiu minha calça de couro branca. Sem pensar, eu saltei do meio do
palco e imobilizei sua cabeça e comecei espancá-lo. Eu olhei para trás,
Nikki
estava com o seu baixo Thurderbird sobre sua cabeça. Ele balançavae
o como em um jogo de resistência, tacando-o e esmurrando-o na omoplata
de um garoto. Se tivesse um sino na cabeça do garoto, o sino teria ido parar
no teto.
Nós estávamos tão perdidos que não sabíamos quando uma música
acabava e outra começava. Mas nós parecíamos bons e lutávamos melhor
ainda. No fim do segundo set daquela noite, nós tínhamos convertido
nossos inimigos em fãs. Eles disseram para os seus amigos, e cada vez mais
pessoas vinham ver a gente na outra noite.
Quando a Y&T entrou parar fazer o segundo set deles no sábado,
metade do lugar tinha ficado vazio. Na próxima vez que fizéssemos um
show com a Y&T nós teríamos que ser os principais.
Um dos nossos grandes fãs era David Lee Roth. Um ano antes,
quando Van Halen tocou na arena de Long Beach, eu estava no
estacionamento contrabandeando camisetas do show. Agora, Roth estava
expondo minha banda. Embora a gente soubesse que não era porque ele
amava a música, mas porque ele gostava de pegar as garotas que iam nos
ver, nós éramos elogiados. Nós éramos uma banda sem registro, coisa
alguma: ele era um rockstar.
Depois do nosso primeiro show no Troubadour, David veio até mim,
“Vince,” ele disse.
“Você sabe alguma coisa sobre música?”
“Sim, você faz shows e toca músicas,” eu respondi.
“Não,” ele disse. “Não é isso que se faz. Encontre-me amanhã no
Canter’s Deli na Fairfax às 3 da tarde.
No outro dia, ele apareceu na sua Mercedes-Benz com uma caveira
”
pintada nela. Ele me fez sentar e começou um monólogo sobre rock: ele
disse alguns idiotas que devíamos evitar, coisas feitas por engano,
para
eliminar.
cláusulas
“Não vá a uma pequena empresa de divulgação,” ele disse enquanto
mordia sua carne defumada. “Você tem que ter suas músicas no Tahiti. Se
elas não estiverem no Tahiti, elas não estarão em lugar nenhum.
E ele continuou: “Não contrate qualquer empresário. Não faça um
”
acordo apenas por dinheiro. Você tem que observar para onde o dinheiro
vai, e como ele volta.”
Tudo o que ele aprendeu nos setes anos passados ele compartilhou
comigo com a bondade de seu coração alcoolizado. Eu não tinha idéia do
que ele tava falando, porque eu não sabia sobre negócios. Eu provei isso
outro
dia, quando eu virei e fiz um dos negócios mais estúpidos da minha
no
careira. Eu assinei um contrato com dez mandamentos com um construtor
que conhecia menos sobre a indústria do que eu.
Eu o encontrei depois do motorista e pegador de burritos do Mick,
Stick, começar levar sua irmã para o ensaio, onde nós estávamos gravando
nossas músicas que se tornariam nosso primeiro single “Stick to Your
Guns” e “Toast of the Town.” Ela parecia totalmente como Stick, exceto
que ela tinha apenas um dente e um estranho aparelho que parecia uma
cobra enrolada em volta do seu cabelo. Ela era tão feia que até mesmo o
Tommy não conseguiu dormir com ela. Seu marido era um misterioso,
magrelo, dono da construtora com um cérebro do tamanho do Barney Fife,
mas com um coração maior do que a teta de uma stripper. Seu nome era
Alan Coffman, ele era de Grass Valley no norte da Califórnia, e por alguma
razão ele queria entrar no rock. Ele parecia um rico louco, com os olhos
sempre se movendo pelo cômodo como se ele tivesse esperando alguma
coisa sair das sombras e atacá-lo. Quando ele ficava bêbado, ele começava
procurar arbustos obsessivamente para ter certeza que nenhum de nós
estava nos escondendo. Uns anos depois nós descobrimos que ele tinha
servido como membro do parlamento no Vietnã.
Quando Stick o trouxe no ensaio, ele provavelmente nunca tinha
visto uma banda de rock antes. E nós nunca tínhamos visto um empresário.
Ele disse que queria investir na gente, e nos dar cinqüenta dólares –
primeiro
dinheiro que teríamos como uma banda; nós assinamos um
o
contrato com ele no ato. Assim que estabelecêssemos um padrão, nós
poderíamos repetir por toda nossa carreira, dentro de minutos nós gastamos
todo o dinheiro em um monte de cocaína e a cheiramos uma carreira que se
estendia ao redor da mesa.
Coffman nos apoiou porque ele achou que seria barato. Uma banda
punk deve ser barata. Mas nós não éramos: nós o fizemos comprar uma
jaqueta de couro de cobra e calças pretas pro Tommy, uma nova jaqueta de
couro pro Mick, e, pro Nikki, um par de botas de 600 dólares. A partir daí,
se a gente quisesse alguma coisa com um preço que possuísse três dígitos,
nós teríamos que roubar.
Coffman achava que ele teria que treinar a gente em Green Valley e
nos deixar sermos nós mesmos no palco. Nós dormíamos no seu trailer de
hóspedes e andávamos pela cidade, um paraíso caipira com apenas um
destino: Main Street. Despistamos a natureza de merda do lugar, nós não
estávamos acovardados de usar salto alto, spray de cabelo, unhas
vermelhas, calças pinks, e maquiagem. Como de costume, nós íamos aos
bares, víamos qual caminhoneiro corria mais, e pegávamos a namorada de
qualquer pessoa. Na nossa primeira noite fora, um Hell Angel entrou no bar
e parou em frente de um ciclista que tinha uma tatuagem de anjo no seu
braço.
“Você não merece mais ser um Hell Angel,” ele disse calmamente.
Depois, ele pegou seu canivete e arrancou a tatuagem do cara do lugar.
Um dos shows que Coffman conseguiu pra gente foi em um lugar
chamado Tommyknocker, que tinha uma grande placa do lado de fora
dizendo: “Noite de fantasia de Hollywood.” Nós entramos e vimos uma
dúzia de cowboys com suas namoradas algemadas a eles. Todo mundo
estava confuso: eles achavam que eles pareciam Hollywood e não tinham
idéia de que planeta tínhamos vindo; nós pensávamos que parecíamos
Hollywood e não tínhamos idéia de que planeta eles tinham vindo.
Nós tocamos “Stick to Your Guns” e “Live Wire,”, mas eles apenas
nos encaravam, ainda confusos. Então nós decidimos falar a linguagem
deles e tocar “Jailhouse Rock” e “Hound Dog,” que os deixaram loucos.
Nós tocamos “Hound Dog” cinco vezes nessa noite, daí escapamos pela
porta dos fundos antes de sermos mortos.
Naquela noite, alguém nos disse sobre uma festa na cidade. Nós
fomos lá e estava cheia de garotas gostosas que nós nunca tínhamos visto
antes. Depois de quinze minutos, Tommy me deu um cutucão e disse,
“Essas não são garotas, cara.” Nós olhamos em volta e percebemos que
estávamos rodeados de estranhos caipiras Drag Queens, que provavelmente
estavam vestindo as roupas de suas esposas e namoradas. Eu perguntei para
uma loira gigante perto de mim se ela tinha um pouco de cocaína, e ela me
vendeu um saco por vinte dólares. Eu fui para o banheiro para cheirar e
quase me matei. Era talco, e eu fiquei nervoso.
Quando a Drag Queen não quis devolver meu dinheiro, eu puxei sua
peruca, o girei em círculos e bati na cara dele. Sangue vazava pelo seu
batom, gotejando pelo seu queixo. De repente, uma dúzia de caipiras
travestis começou bater em nós, se debatendo e nos chutando com seus
saltos altos antes de nos jogarem na rua, uma despedaçada e sangrenta
massa de lixo de Hollywood.
No outro dia, Coffman arranjou nossa primeira entrevista numa
rádio. Nós aparecemos no estúdio com a boca inchada, machucados, e
olhos roxos. E nós estávamos assustados pra caralho: nós nunca tínhamos
feito uma entrevista numa rádio antes. Eles nos perguntaram de onde nós
viemos, e nós olhamos um pro outro, chocados. Daí, Mick disse Marte.
Depois de vários pesadelos que Coffman chamava de treinamento,
nós voltamos para Los Angeles, fazendo shows e colocando pôsteres em
todos os postes telefônicos que nós víamos. Eles me deixaram com a
Lovey, e em minutos eu estava na banheira injetando com ela enquanto ela
tagarelava sobre como Allan Coffman ia nos vestir e como nós deveríamos
deixá-la nos ajudar com o dinheiro do seu pai. Ela estava me fazendo
perder a cabeça, especialmente a partir de quando eu comecei dormir com
uma garota muito mais legal, fofa, e surfista que morava descendo a rua.
Lovey e eu acabamos festejando até o amanhecer na casa de um cara que
era herdeiro da U.S. Steel, mas estava morando em uma casa de um quarto
nojento porque sua família tinha se desfeito dele.
Na próxima noite, eu continuei injetando com a Lovey quando cai na
real que eu tinha um show no Country Club em dez minutos e eu estava
preso. Eu não tinha carro ou qualquer outra forma de descer a colina que
ela morava. Eu corri para fora e desci até eu achar arranjar uma carona.
cheguei
ao clube quarenta e cinco minutos atrasado, ainda usando um
Eu
roupão de banho. Os caras estavam estranhando. Eles estavam bravos que
eu estava usando agulhas e aparecendo nos shows vestido como um velho.
Eles me disseram que se eu injetasse mais uma vez, eu estaria fora da
banda. Eles estavam tão nervosos e confiantes que era difícil morder minha
língua alguns anos depois, quando Nikki e Tommy estavam usando
agulhas.
A partir daquela noite, eu tava decidido fugir da Lovey. Eu estava
preso na Gilligan’s Island, dependendo do dinheiro dela ou do carro dela
eu
se quisesse ir pra algum lugar – e sua droga se eu não tivesse. Algumas
manhãs depois, enquanto Lovey estava dormindo, Tommy foi para a casa.
Eu fiz uma trouxa com as minhas roupas com um lençol e coloquei na parte
de trás do seu veículo. Eu não deixei um bilhete ou me preocupei em ligar
pra ela depois. Ela passava no Tommy todos os dias depois disso, pensando
que eu estaria lá. Mas eu consegui evitá-la por três dias. Daí, quando
estávamos nos preparando para um show no Roxy, eu a vi sendo empurrada
no meio do público e os seguranças falando pra ela ir embora.
Um pouco depois desse mês, eu me mudei para um apartamento de
dois quartos na Clark Street (apenas cinqüenta passos do Whisky A Go-go),
que Coffman tinha comprado pra manter Nikki, Tommy, e eu juntos perto
dos clubes. Eu não vi Lovey de novo até quinze anos depois, no Roxy,
quando eu estava fazendo um show solo. Depois do show, mais ou menos
meia noite, ela foi ao backstage, carregando uma garotinha atrás dela que
ela disse que era sua filha.
Apenas alguns meses depois, eu a vi nos jornais: Ela tinha sido pega
sessenta vezes mexendo com tráfico de drogas. Eu às vezes me preocupo
com a filha dela, e eu espero que ela não seja minha.
Capítulo 4
-A biografia de uma banda é distribuída pelo correio, com datas de nascimento, nomes,
e países de origem intencionalmente criada com a esperança de aperfeiçoar uma
perspectiva de sucesso, uma falta geral de familiaridade com a m úsica, e a banda com
membros muito novos para tocar em estabelecimentos que servem bebidas alco ólicas.
--
Coffman & Coffman Produções
156 Mill Street
Grass Valley, CA 95945
LIBERAÇÃO: 22 de junho, 1981
Mötley Crüe é uma banda sensacional de hard rock comercial dos
anos oitenta. Em apenas alguns meses, Mötley Crüe ganhou todos os
recordes de comparecimento no Troubadour em Hollywood e liquidou o
Country Club e o Whisky A Go-Go. Mötley Crüe é uma das muitas
atrações do Roxy Theater sem uma grande equipe de apoio. Mötley Crüe
logo lançará seu álbum de estréia na sua própria gravadora – Leathür
Records. Eles fizeram um show extraordinário que animou, estimulou e
mexeu com o público. Mötley Crüe é animador para assistir como é para
ouvir. Mötley Crüe são quatro artistas talentosos fazendo o que eles fazem
de melhor – músicas eternas.
NIKKI SIXX, no baixo e no vocal, aos 22 anos causou uma eterna
impressão em Hollywood com seu grupo antigo, London. Nikki é um
compositor impressionante, influenciado pela Sweet e Cheap Trick, e essa
ésua inspiração por trás de muitas músicas do Mötley Crüe.
MICK MARS, com 25 anos, talvez a melhor indicação de
Newfoundland para a fama. A sua guitarra excepcional combina com a
música rápida com boa presença de palco. Mick ajuda com os vocais, e sua
habilidade de compor é uma perfeita combinação com Nikki. Junto eles
criaram a maior parte do que é Mötley Crüe.
TOMMY LEE, 21 anos, na bateria, com muita energia. Quando
Tommy pega uma baqueta, ninguém consegue ficar parado. Se ele está
tocando baquetas, bateria, címbalos, gongos, sinos de vaca, ou blocos de
madeira, a habilidade de Tommy e sua presença de palco são desiguais.
VINCE NEIL, loiro, 21 anos, vocalista e compositor, terá o coração
vibrante das garotas. Vince comanda o palco e cada movimento seu é
observado intensamente. Sua única qualificação e versatilidade foram
influenciadas por John Lennon e Robin Zander. Ele é o pedaço que estava
faltando para criar o Mötley Crüe.
Quando Nikki, Mick, Tommy e Vince se juntaram, a mágica foi
instantânea e o Mötley Crüe nasceu.
O gênio criativo desses quatro artistas trouxe a nova música adiante
que não será facilmente esquecida. Suas músicas e presença de palco são
uma nova força no rock. Os temas das suas músicas envolvem o público
em uma realidade musical do dia-a-dia, expressando alegrias e tragédias
que a juventude de hoje em dia pode se identificar. Mötley Crüe é o que
juventude
de dezoito anos estava esperando – a música para balançar, as
a
palavras para falar, e o visual que esses heróis
Mötley Crüe não é uma rebelião, mas uma revolução no rock. Um
despertaram.
retorno da música louca dos Beatles feita para dos adolescentes de dezoito
anos.
Para informações do livro e entrevistas, por favor, ligar para
e Coffman
Produções: (916) 273-9554.
Coffman
Capítulo 5
Nikki
-Mais do que um cavalheiro que lutava por comunicação, persuasão, e inspiração
artística.
--
Eu estava ouvindo-o gabar-se por uma hora. Ele tinha um cabelo
vermelho sujo, cortado numa tentativa ridícula de moicano, e um brinco
falso em sua orelha – não um piercing de verdade. Como qualquer punk
poser, ele estava matando tempo no Whisk A Go-Go naquela noite,
observando a vida punk de L.A. David Lee Roth e Robbin Crosby e
Stephen Pearcy do Ratt estavam festejando com o Mötley Crüe naquela
noite. E o pequeno punk tentou provar que ele era mais rock n’ roll do
qualquer
um de nós, que ele era mais forte e independente do que eu,
que
mesmo estando na cara que ele era um riquinho, burro de Orange Country.
No fim, eu não estava mais agüentando.
“Você não é a porra de um punk, filho da puta!” eu saltei do sofá,
batendo a cabeça dele na mesa, puxando sua orelha, e pressionando a ponta
da orelha na madeira com os meus dedos. Daí, com todo mundo olhando,
eu enfiei um prego no seu lóbulo da orelha contra a mesa.
“Aaaaaaauuuuuugggghhh!” ele berrou, se contorcendo de dor,
grudado na mesa como um cachorro preso na coleira.
“Agora você é um punk!” eu disse pra ele. Nós aumentamos o som e
continuamos festejando como se ele não tivesse lá. Quando eu acordei na
outra noite, ele tinha ido embora, mas o prego continuava misteriosamente
na mesa. Eu tentei evitar imaginar o que ele deve ter feito para
Eu tinha chegado a um novo lugar na minha vida. Não fazia muito
escapar.
tempo era eu o rebaixado, a vítima, o chorão, sem talento que implorava
para os caras mais legais para entrar na banda deles. Eu estava em uma
banda. Eu estava gravando meu próprio álbum com as minhas próprias
músicas. Nós tínhamos nosso próprio apartamento no meio de tudo que era
o único lugar para ir depois de um tempo. E nós andávamos por ai em
Cadillacs que o Coffman alugava para a gente. Egoístas, nós chutamos as
portas e as destruímos sem pensar no custo.
Quando nós saíamos juntos, quatro machos depravados vestidos
como vagabundas, as pessoas se atraiam pela nossa energia. Se nós
entrássemos no Troubadour, todo mundo entrava com a gente. Se nós
íamos embora, o clube ficava vazio. Parecia que nós estávamos nos
tornando os reis de L.A. Parecia que todo garoto queria ser nós e toda
garota gostaria de transar com a gente, e tudo o que tínhamos que fazer
simplesmente
ter uma banda.
era
Essa foi a melhor época da minha vida, mas também era a mais
obscura. Eu estava com medo. Minha irritação tinha crescido como uma
pedra enorme e qualquer um que tentasse me tirar do sério, eu socava na
cara. Homem é como um rottweiler ou um tigre; ele é um lindo animal,
mas se ele ficar de saco cheio e você ficar parado na frente dele, você
atacado,
não importa quem você for.
será
Pelo menos, era esse tipo de homem que eu era. Uma noite, depois
de andar por ai e beber o dia inteiro, Vince e eu chegamos mais cedo para
um show no Whisky A Go-Go. Quando eu entrei, um escocês com um
cabelo armado deu um sorrisinho, “Quem você pensa que é? Keith
Richards ou Johnny Thunders?”
Eu não disse uma palavra. Eu agarrei seu rosto e comecei a socar do
lado do bar, despedaçando vidros e cobrindo o balcão de sangue. O
segurança do bar veio até mim e ao invés de me mandar pra fora, ele sorriu.
“Legal, cara,” ele disse. “Nós te daremos bebidas de graça por isso.
importa
Você se se eu te chamar de Muhammad Ali, Sixx?”
Ele levou Vince e eu para o andar de cima, e nós continuamos dando
uns goles no Jack Daniel’s. Mas enquanto eu estava sendo masturbado por
uma garota no bar, Vince tinha caído fora. Eu o procurei pelo clube inteiro,
e perguntei pra todo mundo se tinham o visto. Um pouco mais tarde
daquela noite, quando eu tava indo embora, que eu fui achá-lo desmaiado
dentro de um Ford Malibu azul, com seu pé preso do lado do carro como
um carro mecânico. Eu levei Vince pra casa, onde achamos uma garota
algemada na sua cama. Embora Tommy não estivesse em nenhum lugar
que pudéssemos vê-lo, ela era uma de suas vitimas, a filha de uma atleta
famosa. Eu a vi recentemente, trabalhando no navio pirata na Disney. Foi
bom ver que ela ainda estava envolvida com algemas.
Vince desmaiou com garota algemada na sua cama. Quando ele
acordou meia noite, ela tinha ido embora, Tommy estava de volta, e todos
nós saímos de novo.
Teve uma festa no Hyatt House naquela noite, com umas sessenta
pessoas enfiadas em uma sala. Uma garota magra, bronzeada, com grandes
peitos que eu vi com um vestido grudado, agarrou minha mão e,
gaguejando e tropeçando, me levou para um o closet de um quarto
minúsculo. Ela embriagada, rasgou minha calça de couro, agarrou meu
pinto, me deixou contra a parede, subiu seu vestido, e me manuseou dentro
dela. Nós fodemos por um tempo, daí eu disse a ela que eu tinha que ir para
o banheiro. Eu entrei na festa e encontrei Tommy. “Cara. Vem aqui.” Eu
opuxei. “Eu tenho uma garota no closet. Siga-me, e não diga nada. Quando
eu disser, comece foder ela.”
No closet, eu fiquei atrás do Tommy. Ele fodia ela enquanto ela
agarrava meu cabelo e gritava, “Oh, Nikki! Nikki!” Após Tommy e eu
termos feito alguns revezamentos com ela, eu sai de lá e voltei para a festa
e peguei um garoto esquelético com um suéter dos Rolling Stones,
provavelmente irmão de algum garoto.
“Parabéns,” eu disse à ele. “Você vai perder sua
“Não, cara.” Ele olhou para mim com os olhos largos e medrosos.
virgindade.”
“Eu não quero!”
Eu o puxei direto para o quarto e o tranquei lá dentro com a garota.
Eu o escutei chorar e gritar “Me deixe sair daqui, seu canallha!
Eu estava tão bêbado que quando acordei no outro dia, eu não me
”
lembrava de nada – até o telefone tocar. Era a garota da noite
“Nikki,” ela disse, sua voz trêmula. “Eu fui estuprada na noite
anterior.
anterior.”
Meu coração foi parar no meu estômago, e meu corpo ficou frio. As
memórias da noite passada foram voltando, e eu percebi que eu
provavelmente tinha ido muito longe.
Ela continuou: “Eu estava indo embora do Hyatt House de carona
para casa, e aquele cara me pegou e me estuprou no carro dele.
“Meu deus, eu disse. “Eu sinto muito.
”
Em primeiro lugar, eu estava aliviado, porque isso significava que
”
não tinha
eu estuprado ela. Mas quanto mais eu pensava nisso, mais eu
pensava que eu tinha feito. Eu estava numa zona, embora, nessa zona,
conseqüências não existiam. Além disso, eu era capaz de me afundar mais
ainda.
Tinha uma garota sem lar que estava instalada na Sunset: ela era
jovem, louca, e sempre usava uma fantasia da Cinderella. Uma noite, nós
apegamos e a trouxemos pra casa pra que Tommy pudesse tentar dormir com
ela. Enquanto ele estava na cama com ela, nós roubamos sua fantasia.
Depois de ela sair de casa em prantos com a roupa do Tommy pendurada
nela, nós nunca a vimos na rua de novo.
Uma vez que tínhamos pegados a roupa de uma sem lar, não tinham
tabus. Eu até tentei foder a mãe do Tommy, mas falhei miseravelmente;
quando o pai do Tommy ficou sabendo, ele me disse, “Se você conseguir
entrar aqui, você poderá ter isso.” Após isso, eu comecei a namorar uma
modelo alemã ou pelo menos uma alemã magrela que me disse que era
modelo. Ela tinha fotos com os caras do Queen, então eu estava
impressionado. O seu vizinho do andar de cima, Fred, me ensinou um jeito
de inalar drogas segurando uma chama embaixo de uma colher de metal
cheia de cocaína, e isso perturbava a garota alemã que nós a apelidamos
Himmler. Toda semana Himmler vinha pra casa e a gente comemorava com
quartas-feiras nazistas. A gente andava por ai com uma tarja em volta do
braço, marchando e fazíamos Sieg Heil ("Salve a Vitória"). Em vez de
matar as baratas na parede espirrando spray de cabelo, nós as juntávamos
queimávamos
junto com seus compatriotas no forno. Quando eles morriam,
e
eles se levantavam com suas pernas de trás e se inclinavam para o lado
enquanto nós gritávamos com eles em falso-alemão.
“Hey,” ela berrava, do fundo, som gutural, “Izo no é engarçado.
Milhões de pessoas morrem nesses fornos.”
Depois de a gente terminar, eu comecei a namorar uma groupie com
uma cintura estreita, com um corte de cabelo da Sheena Easton, e olhos
caralho.
Seu nome era Stephanie, seus pais tinham um luxuoso hotel, e ela
do
era esperta o suficiente para saber que o jeito mais rápido para ganhar
nossos corações era trazendo drogas e comidas. Eu a conheci na Starwood
quando ela estava perto dos caras do Ratt. Eu amava namorá-la: nós íamos
para o apartamento dela e cheirávamos e aplicávamos, e daí eu começava
foder ela, que era bom, pois eu não tinha dinheiro nenhum para comprar
cocaína e heroína e eu não conseguia transar comigo mesmo. (Embora eu
tenha conseguido me foder com essa história.) Ela não me deixava fazer
nada: em um dos nossos primeiros encontros, ela me levou pra jantar e eu
enfiei uma garrafa de vinho nela por debaixo da mesa.
Uma noite, Vince, Stephanie e eu estávamos indo pro Rainbow,
usando narcóticos e comendo escargot, e vomitando debaixo da mesa a
cada quinze minutos. Nós ficamos bêbados, a levamos de volta pra casa, e
todo mundo acabou na cama do Vince. Isso não fazia meu tipo: Tommy e
Vince sempre fodiam um monte de garotas juntos. Mas tendo um cara junto
arruinava o momento pra mim. Eu não conseguiria acabar e depois ir pro
meu quarto deixando os dois sozinhos. Essa foi a última vez eu vi
Stephanie pelada, porque uma vez que você coloca uma garota rica com
carro junto com Vince, está tudo acabado. Eles namoraram por meses
depois disso e estavam quase pra casar quando Vince achou uma garota
mais rica, Beth, com cabelo loiro e um carro melhor, um 240Z.
Eu não sei como nós conseguimos praticar esse tipo de incesto,
festejando um próximo nível como uma banda, sendo que nem
acreditávamos que um próximo nível existiria. Era apenas juntar pessoas
em nossos shows e ter certeza que elas iriam embora falando da gente. Nós
até ligamos para a Elvira uma noite, que concordou de nos apresentar se
Coffman pagasse para ela quinhentos dólares e a buscasse em um carro de
luxo. Quanto mais nós vivíamos juntos, melhores os shows se tornavam
porque nós tínhamos mais tempo de inventar palhaçadas. Vince começou
serrar as cabeças dos manequins. Blackie Lawless parou de se botar fogo
porque estava cansado de queimar sua pele, então eu comecei a fazer isso,
porque eu não estava nem ai pra porra da dor. Eu poderia engolir
percevejos ou uma garrafa fodida se isso trouxesse mais pessoas pros
nossos shows.
Fig.12
Com a Elvira no backstage em Santa Monica Civic Center, New Year's Evil Show, 1982
fig.13
Nikki com a Lita Ford
A cada show, o cenário do nosso palco ficava cada vez melhor: Mick
tinha uma dúzia de luzes que ele tinha comprado do Don Dokken e um
sistema de auto-falantes que ele tinha roubado da sua banda antiga Top 40,
White Horse. Nós tínhamos um lençol sujo e manchado de sangue que
arrancamos da cama do Tommy e pintamos nosso nome com letras grandes
e pretas. Inspirados pelo Queen, Tommy e Vince construíram um palco para
a bateria três camadas acima do palco normal: uma estrutura dois por
quatro pintada de branco com um tecido liso preto em cima, e com quinze
pisca-pisca instalados e caveiras e baquetas. Isso pesava uma tonelada e
uma merda montar cada show. Nós também fizemos pequenas caixas de
era
vidro plástico com luzes que nós poderíamos subir, fazer poses, e saltar.
Oshow inteiro era uma mistura de tudo o que parecia legal e barato para nós.
Nós pintamos as peles da bateria, colocamos candelabros por todo o palco,
colocamos lenços em todos os lugares que podíamos, decoramos nossas
guitarras com fitas coloridas, enrolávamos fios de telefone envolta de nós,
eusávamos as músicas mais pesadas que nós conhecêssemos para animar a
platéia antes dos nossos shows.
Quando nós vendíamos todos os ingressos dos shows no Whisky, eu
ficava tão feliz que eu ligava pros meus avós e falava, “Vocês não vão
acreditar nisso! Nós vendemos todos os ingressos de três noites no Whisky.
Nós estamos conseguindo.”
“Conseguindo o que?” ele falava. “Ninguém nem sabe quem você é.
E ele estava certo: nós estávamos vendendo todos os ingressos, mas
”
nenhuma gravadora podia fazer um acordo com a gente. Eles nos diziam
que nossos shows eram muito instáveis e não tinha jeito da nossa música
tocar na rádio ou ficar no topo das paradas.
Heavy metal estava morto, eles sempre nos diziam; new wave era
tudo o que importava. A não ser que nós parecêssemos com o Go-go’s ou o
Knack, eles não estavam interessados. Nós não sabíamos sobre topo das
paradas ou diretores de programas de rádio ou new wave. Tudo o que nós
sabíamos era sobre pilhas de Marshalls de rock n’ roll explodindo nos
nossos sacos e como cheirar, usar narcóticos, tranqüilizantes, e álcool
conseguíamos
de graça.
que
A única razão que eu queria ter um contrato com a gravadora era pra
eu poder impressionar as garotas e dizer para elas que eu tinha um. Então
nós resolvemos esse problema e criamos a nossa própria empresa, Leathür
Records. Nós marcamos hora no estúdio mais barato que achamos: sessenta
dólares a hora num lugar super pequeno em um trecho horrível da Olympic
Avenue. Mick gostou do lugar porque lá tinha uma placa do Trident e salas
totalmente pequenas que ele disse que era bom um efeito natural ao som.
Mick dispensou o engenheiro da casa e trouxe Michael Wagner, um alemão
jovem, angelical que estava na banda Accept. Juntos, nós criamos Too Fast
For Love em três dias embriagados. Nós não conseguíamos ninguém para
divulgar o álbum, Coffman fazia isso, dirigindo por ai no seu carro Lincoln
alugado, tentando convencer as lojas de discos pra fazer algumas cópias.
Dentro de quatro meses, de qualquer forma, tínhamos um distribuidor
(Greenworld) e tínhamos vendido vinte mil álbuns, que não estava mal para
um disco que tinha sido gasto apenas seis mil dólares para fazer.
Nós celebramos o lançamento do álbum com uma festa no
Troubadour, que era um dos meus clubes favoritos porque tinha um cara lá
que eu realmente curtia espancar. Ele tinha cabelo comprido e nos
idolatrava, mas ele era uma peste e sofria merecidamente para isso. Eu
tinha acabado de empurrá-lo para cima do Tommy, que estava parado atrás
dele, quando eu vi uma garota com o cabelo loiro claríssimo, bochechas
rosadas, sombra de olho azul escuro, calças de couro justíssimas, um cinto
punk, e botas pretas altas e justas.
Ela veio e disse, “Oi, eu sou a Lita. Lita Ford dos Runaways. Qual
o seu énome?”
“Rick,” eu disse.
“Sério?” ela disse.
“Sim, eu sou o Rick,” eu estava de saco cheio de mim mesmo, e
tinha certeza que todos já sabiam o meu nome.
“Desculpa,” ela disse, “eu achei que você fosse outra
“Bom, você achou errado,” eu sorri desdenhosamente, com o nariz
pessoa.”
empinado como sempre.
“Isso é muito ruim Rick,” ela disse, “porque eu queria quebrar
você.”
com
“Você quem?” eu comecei a prestar atenção.
“Eu pensei que você era o Nikki.”
“Eu sou o Nikki, eu sou o Nikki!” eu praticamente babei como um
cachorro em perseguição de um banquete.
Ela cortou o comprimido na metade e socou na minha boca, e foi
isso.
Nós começamos a conversar e a sair juntos. Antes de encontrá-la, eu
pensava em todas as mulheres como eu pensava da minha primeira
namorada, Sarah Hopper, como pestes que são usadas como alternativas
para masturbação. Mas Lita era música, e eu podia contar com ela. Ela era
legal, normal e inteligente. No temporal que minha vida tinha se tornado,
estava
uma pessoa que eu poderia estar sempre junto, alguém que me
lá
manteria com os pés no chão.
Uma noite, Lita, Vince, Beth, e eu estávamos saindo do Rainbow
quando um ciclista começou a puxar as garotas e perguntar a elas se elas
queriam transar. Os ciclistas declararam guerra com os roqueiros depois
disso. Nós o observamos por um minuto, daí fomos até ele. Nós estávamos
de bom humor, então nós não batemos nele. Nós pedimos para ele parar.
Ele nos olhou e nos mandou irmos nos foder.
Eu estava usando uma corrente em volta da minha cintura, amarrada
com um pedaço de couro e uma fivela. Eu arranquei a corrente da minha
cintura e comecei a balançar no ar, tentando acertar cabeças. De repente,
mais duas pessoas entraram na briga. Um deles, uma besta cabeluda, me
agrediu como um touro, me deixou sem condições e me tacou para os
arbustos. Eu tentei pegar minha corrente no chão, e ele agarrou minha mão
com sua luva de couro, socou na sua boca, e mordeu até o osso. Eu gritei
num
e, surto de adrenalina, peguei a corrente e comecei chicoteá-lo no rosto
com ela.
De repente, ele me puxou, pegou uma arma e disse, “Você está
detido, filho da puta.” Naquela confusão, eu não tinha percebido que as
duas pessoas que entraram na briga eram dois policiais secretos. Eles me
bateram sete vezes no rosto com seus cassetetes, quebrando um dos ossos
da minha bochecha e deixando meu olho roxo. Depois eles me algemaram
e me enfiaram no seu carro. Do banco de trás, eu vi Vince sair correndo
como um frango glam, provavelmente porque ele tinha acabado de ser
preso no Troubadour por bater em uma menina que não gostava da roupa
U.S. Marines que ele estava vestindo.
“Punk canalha,” o grande policial berrou pra mim. “Bater em um
policial. Que merda você pensa que está fazendo?
O carro freou em um beco. Ele pegou meus dois cotovelos com uma
”
mão e me tirou do carro, e me jogou no chão. Daí ele e o seu parceiro
começaram a chutar meu estômago e meu rosto. Quando eu me curvei sob
meu estômago para tentar me proteger dos golpes, eles me rolaram de lado
para poderem me chutar onde machucasse mais.
Eu fui para a cadeia naquela noite com a maquiagem toda borrada,
unhas lixadas, e sangue. Eles me acusaram de agressão com arma em um
policial. Eu passei duas noites lá com os policiais me ameaçando de ficar
preso cinco anos sem liberdade condicional. (O policial, de qualquer forma,
acabou fazendo uma acusação rápida por causa de um escândalo que dúzias
de pessoas acusaram os policiais de assediá-los e bater neles na Sunset
Strip).
Lita penhorou seu valioso Firebird Trns Am por milhares de dólares
para pagar minha fiança. Nós andamos três quilômetros da cadeia voltando
para a casa do Mötley para encontrar a banda em tempo para um show no
Whisky naquela noite. Depois disso, acompanhado pelo som da namorada
do Tommy, Bullwinkle esmagando todas as coisas de valor da casa, eu
peguei um papel de anotações com linhas amarelas e descontei minha
raiva:
A starspangled fight
Heard a steel-belted scream
Sinners in delight
Another sidewalk’s bloody dream
I heard the sirens whine
My blood turned to freeze
See the red in my eyes
Finished with you, you’ll make my disease.
Não, essa última linha não estava certa. Assim que eu risquei isso,
porta ase soltou da dobradiça, e Tommy caiu no chão, sua cabeça abriu e
Bullwinkle subiu em cima dele como um alce raivoso.
“Seu sangue está vindo em minha direção,” eu rabisquei debaixo da
linha.
Melhor, mas não perfeito.
Na outra manhã, um advogado veio com um aviso de expulsão. Nós
estávamos na casa por nove meses, bebendo, brigando, fodendo, ensaiando,
e festejando constantemente e nós estávamos todos doentes e cansados.
Nós precisávamos nos proteger um pouco. Então eu me mudei com Lita
para Coldwater Canyon no norte de Hollywood. Vince se mudou para o
apartamento de Beth. E Tommy se mudou com a Bullwinkle. Eu não sabia
onde Mick estava: talvez nós o deixamos pendurado em algum dos nossos
closets. Nós nunca nos preocupamos em checar.
PARTE 4
>>SHOUT AT THE DEVIL<<
Capítulo 1
Tom Zutaut
-Um salário ganho com um emprego na Elektra Records embarcou em uma aventura na
qual a descoberta que é feita é um grupo da reputação mais doentia que um empresário
pode ter ou a postura mais duvidosa.
--
Eu penso que a única razão pela qual eu tive sucesso foi por causa
meu entusiasmo.
Eu sempre fui além do que qualquer pessoa estivesse
do
fazendo para conseguir alguma coisa que eu queria. Como quando eu era
um DJ na estação de rádio da minha escola do ensino médio em Park
Forest, Illinois, eu ouvi sobre uma conferência numa rádio na Loyola
University e me inscrevi. Eu estava lá e eu descobri que eu poderia pegar
fitas de graça. Nossa estação de rádio da escola esteve funcionando por
anos, e jamais imaginaram que eles não tinham que comprar os álbuns
deles.
Meu primeiro emprego fora da escola foi em uma sala em que cartas
e outros tipos de correspondência são classificadas e preparadas para a
entrega na filial de distribuição da Chicago WEA, um emprego que eu só
consegui porque eu impressionei alguém na empresa enquanto eu estava no
telefone pedindo por fitas grátis do Cars.
Por fim, esse mesmo entusiasmo fez com que eu ganhasse uma
promoção para Los Angeles, onde eu trabalhei como assistente no
departamento de vendas na Elektra Records, que na época tinha artistas
como Jackson Browne, Queen, The Eagles, Linda Ronstadt, e Twennynine
com Lenny White.
Eu penso que se eu não tivesse sido empreendedor, eu nunca teria
passado por cima nessa quinta-feira à noite na Sunset Boulevard. Era a
tardezinha, e eu estava cruzando a Sunset esperando conseguir algo para
comer em um Café chamado Bem Frank’s, que sempre estava cheio de
jovens roqueiros sendo servidos por uma garçonete de 17 anos que esteve
trabalhando lá desde os dias de Lana Thurner de Hollywood, quando eu
notei centenas de garotos tentando entrar em um show no Whisky. Eu olhei
para o toldo para ver quem estava tocando, e estava escrito “Mötley Crüe
esgotado.” Esse mesmo entusiasmo e obsessão que me levou para a
convenção na Loyola bateram em mim, me encorajando para passar por
cima enquanto meu estômago estava roncando de fome. Na janela da frente
de uma loja de fitas na esquina, Licorice Pizza, eu vi uma tela enorme
exposição mostrando um grande quatro com quatro imitadores glam,
em
vestidos de couro, refugiados hermafroditas do New York Dolls. Eu logo
percebi que eles tinham lançado um álbum com a sua própria empresa,
Leathür. Para uma banda que ainda não tinha nem uma gravação, fazer esse
tipo de histeria no Whisky era muito raro. Eu tinha que vê-los.
Eu andei até a porta da frente, tirei meu cartão da Elektra Records,
blefei,
e dizendo para eles que eu era um A&R da empresa. Eu sempre
tentava usar a empresa para assinar as bandas que eu curtia, mas eles nunca
me ouviam. Eu preparei para eles “I Love Rock and Roll,” da Joan Jett,
eu achei no lado B de um disco europeu; “Tainted Love,” de Soft Cell;
que
aHuman League; e até os Go-Go’s. E eles permitiram todas elas. Eu estava
muito envergonhado de esfregar isso na cara deles, enfim. Eu me sentia
sortudo por estar trabalhando em uma gravadora em Los Angeles com vinte
anos.
Dentro do clube, quinhentos adolescentes – a capacidade do clube
estavam
– ficando frenéticos por causa dessa banda Mötley Crüe. E eles
pareciam legais. Nikki estava tão cheio de energia que parecia que ele
parecia que ele estava na rua matando alguém se ele não estivesse tocando
baixo. Ele bate nas cordas tão forte que continua rachando a pele de seus
dedos. Assistindo ele estrangular essa coisa, com sangue voando de seus
dedos, as cordas pareciam navalhas.
Vince era o vocalista mais bonito e mais carismático que eu já tinha
visto: as pernas das mulheres ficavam abertas enquanto ele cantava. Ele
exatamente o oposto do guitarrista: olhar para ele era como ver Satã
era
reencarnado, embora ele se mostrasse o mais agradável do grupo (quando
ele não estava bêbado). Tommy parecia um garoto super excitado, mas ao
mesmo tempo parecia o único naturalmente nascido músico na banda. Ele
era baterista de alta qualidade, um ótimo showman, e constantemente em
movimento. Ele parecia o elemento que uniu tudo.
Depois do show, eu encontrei o gerente deles e disse para ele que
queriaeulevar a banda para um encontro com a Elektra. Para minha surpresa,
ele me ignorou completamente. Ele me disse pra falar para a Greenworld,
um pequeno local que estava distribuindo o álbum deles. Por coincidência,
tinha uma exposição de música na cidade e Greenworld tinha uma barraca
lá. Eu falei com um cara chamado Allan Niven, que me colocou em contato
com o gerente esquisito da banda, um contratante de edifícios super sério
chamado Allan Coffman.
Antes de eu ficar seriamente com o Mötley Crüe, eu queria ter
certeza se eu não estava passando dos limites na Elektra. Eu perguntei no
A&R Departament se eu poderia assinar a banda, e eles riram na minha
cara. Mas eu fui persistente. Eu coloquei uma pasta com todas as cartas
A&R Departament rejeitando todas as bandas que eu tinha trazido para eles
do
que continuaram a ter hits em outras gravadoras. Ao urgir de meu chefe
departamento de vendas, eu apresentei as cartas para Joe Smith, o
no
presidente da Elektra, que, para minha surpresa, se mostrou a altura das
circunstâncias. “Ok, vá em frente cara,” ele disse para mim. “Você pensa
que pode fazer isso? Tudo bem. Então vamos assinar essa banda e ver o
quão bom você realmente é.”
Eu era o alvo de riso de Hollywood por contratar esses caras. A
música que era popular na época era New Wave Britânico – Haircut 100,
Flock
of Seagulls, Dexy’s Midnight Runners. Garotos atualizados curtiam
A
Elvis Costello, The Clash, e outras bandas indo atrás do fim do movimento
punk. Todos continuaram rindo de mim por tentar assinar uma banda de
metal. Eles vinham até mim no trabalho e diziam, “O que você está
pensando? Isso não irá tocar na rádio. Você não pode reinventar Kiss.”
eu acreditava na Mötley Crüe. Você não precisa de ouvidos para ser um
Mas
bom explorador; você precisa de olhos.
Então, na minha minúscula conta de departamento de vendas, eu
comecei a entreter e recepcionar o Crüe, que eu penso que só apareceu pela
comida grátis. Durante cada refeição, Tommy se mexia loucamente – como
no palco, ele não conseguia ficar quieto; Mick se tornava mais demoníaco
cada
drink, até ele começar alucinar e ver Purple People Eater; e Vince
a
normalmente metia na garçonete no banheiro. Nikki era o único que se
encontrava sério: ele tinha traçado cada passo do futuro da banda em sua
cabeça. Ele sabia que a galera estava cansada de new wave, que eles
estavam furiosos pelo punk ter se acabado, e que eles estavam
extremamente chateados com Fleetwood Mac e Foreigner e Light FM Pop.
Ele queria expandir esses quinhentos garotos no Whisky em uma revolução
do Rock n’ Roll que o Mötley Crüe estava iniciando. E ele fez isso. Mas
não sem dificuldades.
Quando nós estávamos finalmente prontos para fazer um acordo, a
Virgin Records apareceu com dinheiro para gastar. Eles se encontraram
com a banda e levaram uma pasta cheia com dez mil dólares em dinheiro
para enfiar na cara deles. Virgins naquela época não tinha uma gravadora
ou uma distribuidora na América. Eles operavam na Inglaterra e eles
usavam isso para tentar seduzir o Mötley Crüe, falando pra eles que eles
podiam ser como os Beatles, os Rolling Stones, e Led Zeppelin e pararem
América
por conseguir ser conhecidos na Inglaterra primeiro. Eu acho que
a
isso foi um desejo e tanto para a banda – isso e o afrodisíaco dez mil
dólares em dinheiro antecipado do acordo de mil dólares.
No fim, mesmo a Virgin oferecendo mais ou menos vinte e cindo mil
dólares a mais do que a gente, a banda decidiu que seria mais inteligente
para uma banda de rock de Los Angeles fazer um contrato com uma
gravadora de rock de Los Angeles (nenhum de nós sabia que a Elektra logo
seria transferida para Manhattan). Depois de nós termos criticado nossos
pontos finais e aceitarmos fazer o acordo, Coffman, a banda, algumas
pessoas da equipe da Elektra e eu celebramos na Casa Cugat, um
restaurante mexicano comprado pelo rei rumba Xavier Cugat. Mötley Crüe
não precisou de muito para começar uma festa depois disso, então as coisas
foram totalmente rápidas.
A coisa estranha, embora, era que eu esperava loucas palhaçadas da
banda, não do seu irritado gerente. De qualquer forma, ele ficou tão bêbado
que ele começou a falar vietnamita como se ele fosse um soldado do
Vietnã. Ele se convenceu que lá tinha vietcongues escondidos atrás das
mesas e depósitos de munições na cozinha. Ele engoliu outra dose, daí
correu para o banheiro.
Quando ele não apareceu após vários minutos, Mick me pediu para ir
ver o que tinha acontecido. Eu sempre pensei sobre o Coffman como se ele
fosse de acordo com as regras que servia como uma babá para essa banda
louca, então eu fiquei em choque quando eu o encontrei arrancando um
telefone público da parede do banheiro. Eu o peguei e mandei alguém da
imprensa da Elektra ficar de olho na banda e botar ordem enquanto eu
levava Coffman para casa no meu carro batido.
Enquanto estávamos indo para o norte na La Cienega, ele continuou
tentando arrancar a maçaneta da porta do carro. Apenas quando nós
chegamos ao centro da Santa Monica Boulevard, ele abriu a porta e rolou
do carro para o meio do cruzamento. Eu olhei para trás e o vi entre as
faixas de trânsito, arrastando sua barriga como um soldado em um rifle.
Carros passavam por ele, buzinando e berrando, e pareceu que alguns
segundos antes alguém poderia esmagá-lo. Eu parei o carro, corri, e o
peguei. Ele começou se girar para mim e me amaldiçoar como se eu fosse
um soldado vietnamita do norte tentando capturá-lo como um prisioneiro
da guerra. Eu pensei que ele poderia me matar, mas através de um surto de
adrenalina eu consegui levar ele de volta pro carro e para o seu quarto
hotel.
de
Na hora que eu voltei pro restaurante, a festa se mudou para outro
lugar. Uma semana depois os nomes no contrato foram finalmente
assinados, e a banda insistiu em fazer a gravadora pagar por outra festa.
Então eu juntei nossa companhia de carros e levei a banda para Benihana
na La Cienega. Isso começou com uma janta gentil, com o chefe de cozinha
mostrando seus truques com sua faca. A banda comeu um pouco e bebeu
muito. Vince, claro, estava bebendo o mais forte. Eu percebi que seu copo
de margarita estava quebrado, então ele pediu outro. Quando eu olhei pra
ele de novo, o novo copo estava quebrado e ele estava insistindo para
substituírem. A garçonete perplexa trouxe pra ele de novo outro drink,
examinando o copo cuidadosamente para ter certeza que não havia lascas
ou cacos. Logo depois que ela saiu de perto, Vince colocou o copo na sua
boca e o mordeu, despedaçando a beirada do copo. “Esse cara é maluco,
eu
” pensei. “Ele pode cortar sua língua ou rasgar sua boca em pedaços.
Vince levantou, fez um sinal pra garçonete, e a acusou de ter dado
”
um copo quebrado pra ele de propósito. Ela jurou que o estava tudo certo
com o copo quando ela deu isso a ele. Daí ela se virou para mim para dar
uma satisfação. Eu não queria meter ela ou o Vince em problemas: “Talvez
a máquina de lavar louça esteja quebrada,” eu me expressei
Então ela trouxe outra margarita pra ele e voltou para balcão com
fracamente.
gerente
o espionando Vince. Sem saber que ela estava observando, Vince
afundou seus dentes do copo de novo. Instantaneamente, o gerente veio e
tentou nos tirar do restaurante enquanto a garçonete ligava para a polícia.
Eu rapidamente fechei a conta e terminei com a festa.
Várias noites eram como essa com a banda: ou alguma coisa estava
pronta pra ser quebrada ou alguém iria desmaiar. Nada era fácil com eles.
diretor
da A&R na Elektra, Kenny Buttice, estava furioso que eu tinha
O
passado por cima dele e ido pedir permissão do Joe Smith para contratar
abanda. Então ele fez tudo o que ele pode para dificultar minha vida. Nós
estávamos relançando o álbum Too Fast for Love que eles tinham lançado,
mas Buttice convenceu a empresa que a qualidade não estava boa para o
modelo padrão de uma rádio e o único jeito que conseguir isso era
remixando.
Eu era contra isso e a banda estava nervosa, mas se remixássemos o
álbum faria a banda ser uma prioridade na Elektra, nós estaríamos
dispostos a tocar adiante. Quando eles escolheram Roy Thomas Baker para
revisar a gravação, eu praticamente molhei minhas calças. Aqui eu estava,
com vinte anos, encontrando o excêntrico rebelde Britânico que tinha
produzido Queen, Foreigner, os Cras, Journey, e todas essas outras
gravações do caralho. E durante seu último minuto mixando, escalando, e
produzindo uns truques longe do charme do álbum original do Mötley, eu
aprendi muito observando ele trabalhar e ouvindo suas histórias. Depois
a banda ter passado o dia no estúdio, ele normalmente os convidava para
de
airsua casa, onde eles ficavam cheirando cocaína do seu piano Plexiglas
enquanto ele contava a eles sobre a época que Freddie Mercury compôs
“Bohemian Rhapsody” naquele piano enquanto ele recebia um boquete.
RTB, como a gente o chamava, era um cara que tinha grande prazer
em fazer a festa perfeita. De quinta-feira a noite até domingo, tinha uma
parada infinita de pessoas interessantes, mulheres bonitas, álcool, e
coisas de festa na sua casa. Este era o último sistema de trancas disponível
outras
nas colinas na Sunset Drive, das configurações do controle remoto na sua
cama para o grosso carpete. O céu era o limite lá: vinte pessoas peladas
dentro da Jacuzzi, comidas sendo engolidas dos copos das mulheres, e
qualquer coisa que você, eu, ou Calígula possa imaginar. Mötley Crüe e
RTB eram uma combinação perfeita.
Eu sempre me sentia de fora, como um garoto de Chicago que tinha
de alguma forma sido transportado para esse glamuroso filme onde eu
encontrava todos os meus rock stars favoritos – Elton John, Rod Steward,
os
e caras do Queen, Journey, e Chip Trick. Algumas festas eram tão loucas
que RTB podia apertar estes botões e trancar todo mundo lá dentro. Desse
jeito, se alguém quisesse ir embora, eles tinham que pedir permissão para
um guarda que teria que ter certeza que eles não estariam bêbados para
dirigir. RTB era um cara esperto. Ele sabia que se ele iria facilitar essa
bagunça, ele precisava diminuir os acidentes que ele poderia ser
responsável, e vendo o estado que alguns convidados estavam, ele
provavelmente salvou muitas vidas.
Quando nós acabamos de mixar o Too Fast for Love, Coffman de
repente decidiu mandar a banda para uma turnê no Canadá, mesmo não
tendo nenhuma gravação para divulgar. Nós protestamos e dissemos para
ele que ele estava sendo inútil, mas Coffman era determinado.
Nós nunca entendemos porque Coffman fez a banda fazer uma turnê
no Canadá até a verdade vir mais tarde: ele tinha vendido uma parte da sua
participação na banda para um cara Michigan chamado Bill Larson, que
tinha herdado a herança de seus pais – mais ou menos vinte e cindo mil
dólares – então ele poderia ter cinco por cento do contrato do Mötley Crüe.
Ao invés do Coffman juntar o dinheiro, ele teve que mandar a banda para
sul
o para fazer uma turnê. Então a banda foi para o Canadá para embarcar
em uma miserável, desastrosa viagem com um ajudante que eles nunca
tinham ouvido falar ou encontrado antes. Lá tinha bombas, problemas de
bordo, esmurradores, jogadores de hóquei viciados, quebradores de ossos
(principalmente Coffman), e policiais parados do lado do palco para ter
certeza que o público não mataria a banda.
Logo depois, Coffman desapareceu, junto com a Elektra e com o cara
Michigan rico. Possivelmente ele voltaria porque a banda começou a fazer
muitas perguntas sobre onde o dinheiro tinha ido – dinheiro que ele
provavelmente achava que tinha merecido depois de hipotecar sua casa três
vezes para pagar todos os aluguéis de carros e quartos de hotel e vai saber
Deus o que mais que a banda tinha danificado. No fim das contas, a pessoa
que mais se machucou foi Bill Larson, cujo pai morreu de um ataque no
coração por causa de estresse. Larson processou, embora ninguém
conseguisse achar Coffman para atender a intimação.
A partir do que eu ouvi, a esposa do Coffman tinha se divorciado
dele, seus filhos pararam de falar com ele, e ele se tornou cristão de
novo.
Quando a Elektra lançou o Too Fast for Love, foi um desastre. A
prioridade para a empresa era uma banda australiana chamada Cold Chisel,
e todo mundo no departamento de promoção estava atentado em fazê-los a
próxima grande coisa. Aconteceu de eu ouvir uma conferência por telefone,
quando eu ouvi “Escuta, eu tenho uma estação em Denver e outra em
Colorado Springs que acabaram de acrescentar Mötley Crüe. Eles não estão
interessados na Cold Chisel, mas nós continuaremos trabalhando neles.
“Eu não dou uma merda pelo Mötley Crüe,” o departamento da rádio
”
berrou de volta. “Eles não são uma prioridade. Eu não quero adicioná-los.
Fale pra essas estações que se elas querem acrescentar o Mötley Crüe, eles
que vão se foderem.”
Quando eu ouvi isso, eu tive um ataque de raiva. Era ruim o
suficiente que a empresa não estava ajudando o Mötley Crüe, mas eles
estavam tentando prejudicá-los. Então eu explodi com Joe Smith. Por causa
desse incidente e vários outros semelhantes, o chefe foi substituído. Mais
ou menos na mesma hora, Tom Werman veio para a empresa como o novo
chefe da A&R. Werman tinha produzido o primeiro álbum do Ted Nugent e
algumas das melhores músicas do Chip Trick, e ele estava louco pelo
Mötley Crüe que ele insistiu em produzir nossa próxima gravação. Ele e
Nikki estavam em grande sintonia: Nikki queria uma imagem de bad-boy,
mas ao mesmo tempo tinha senso popular e queria que sua música atingisse
o objetivo final, que era o que Werman tentava fazer com as bandas que ele
produzia. Apesar dos melhores esforços do departamento de promoção para
sabotar por alguma razão misteriosa, Too Fast for Love acabou vendendo
mais de cem mil cópias, através da palavra da boca de todos. Eu não sabia
o que fazer porque a banda tinha um acordo com uma gravadora
importante, tinha vendido uma quantidade respeitável de álbuns, podia
vender tudo nos clubes de L.A., estavam sendo falados na indústria, e
estavam começando a escrever seu segundo álbum, mas eles não tinham
um gerente e estavam todos quebrados e famintos. Eu tentei cuidar deles
máximo
que eu pude.
o
Quando eu tinha dezesseis anos, Lita Ford era a garota que eu
sonhava: uma gata roqueira. Tinha pôsteres dos Runaways pelo quarto todo
na casa dos meus pais. Agora, cinco anos depois, eu assinei com o Mötley
Crüe, e Nikki Sixx estava morando com uma dos Runaways. E não apenas
eu estava saindo com eles, como também dando dinheiro e comida para
eles. Eu passava pela casa do Nikki e da Lita quando eu podia levar para
eles sorvete Häagen-Dazs ou um sanduíche da Subway. As pessoas falavam
que eles brigavam como cães e gatos, mas eles eram sempre legais para
estar junto. O tempo se passava, de qualquer forma, a casa continuava a
ficar horripilante. Eu fui fazer uma visita e vi o The Necronomicon, um
livro preto de magia negra, na mesa. Nikki estava pegando pesado em
coisas satânicas e queria chamar o disco Shout with the Devil. Isso era
constrangedor para a empresa, e era constrangedor para mim. Eu sabia que
o departamento de promoção poderia usar o titulo como uma desculpa para
ignorar completamente o álbum.
Eu fui a casa deles uma noite para discutir com o Nikki sobre mudar
o titulo. Quando eu entrei, ele e Lita estavam grudados no sofá. “Eu estou
um pouco assustada,” Lita disse. “Coisas estranhas estão acontecendo no
apartamento.”
“O que você quer dizer?” eu perguntei, olhando em volta para o as
recentes pinturas de pentagramas e umas pinturas góticas que o Nikki tinha
feito nas paredes e no chão.
“Coisas estranhas apenas acontecem,” ela disse. “As portas dos
armários ficam abrindo e fechando, tem uns barulhos estranhos, e coisas
ficam voando pelo apartamento sem razão.”
“Escuta, Nikki,” eu disse. “Você tem que parar de zoar com esse
livro de magia negra de merda. São coisas poderosas, e se você não souber
o que está fazendo, não brinque com isso.”
Mas Nikki não ligava pra isso. “Não é nada,” ele disse. “Apenas
parece ser legal. Esses símbolos insignificantes e merdas. Eu estou fazendo
isso apenas para fazer as pessoas se irritarem. Não é como se eu estiver
venerando Satan ou algo assim.”
Eu sabia que eu não podia mudar sua cabeça, então eu fui embora.
Quando eu voltei duas noites depois, tinha garfos e facas enfiados na
parede e no teto, e Nikki e Lita pareciam mais pálidos e doentios do que
onormal.
“Que merda que vocês estão fazendo?” eu perguntei.
“Nós não estamos fazendo nada, cara,” Lita disse. “Eu tentei dizer
para você: coisas estão voando por aqui sozinhas.
Após ela falar isso, eu juro por Deus, eu vi aquilo com os meus
”
próprios olhos, uma faca e um garfo saíram da mesa e cravaram no teto
exatamente acima de onde eu estava sentado. Eu olhei para o Nikki e me
assustei. “Não existe mais ‘Shout with the Devil. ’ Se você quiser
mexendo com o diabo, você será morto.”
continuar
Você pode acreditar no que você quer, mas eu realmente acreditava
que Nikki estava sem saber recorrendo a algo satânico, alguma coisa mais
perigosa do que ele pudesse controlar que estava à beira de machucá-lo
seriamente. Nikki deve ter percebido a mesma coisa, porque ele decidiu
mudar o nome do álbum para Shout at the Devil. Desde aquele dia, aquele
incidente permanece como um das coisas mais bizarras que eu já vi na
minha vida.
Felizmente, logo eu conheci um agente reservado chamado Doug
Thalet, e ele conhecia um cara, Doc McGhee, que tinha muito dinheiro e
queria começar uma empresa de gerenciamento. Doc era um carinha
charmoso que sabia como dizer as coisas certas. “Nós iremos fazer Mötley
Crüe ser a maior banda de rock n’ roll do mundo,” ele disse. “E qualquer
quantia que a Elektra não der para fazer isso acontecer, eu darei.
Tudo parecia perfeito: Mötley Cüe tinha dinheiro, eles tinham um
”
cara chamado Barry Levine ajudando-os com a sua imagem, e eles se
tornaram a prioridade da empresa. Graças a manipulação máxima do Doc,
grande imaginação, e presentes por debaixo da mesa, Nikki estava
finalmente à beira de mudar sua rebelião do Whisky para os estádios. Mas,
claro, nada acontecia para esses garotos sem esforço.
Eu acordei umas semanas depois para saber que Joe Smith tinha sido
despejado e um cara chamado Bob Krasnow estava administrando a
empresa. Ele despediu Tom Werman e o substituiu com Roy Thomas
Baker, o que era legal porque agora tinha mais razões para ir às festas
e Werman continuava querendo produzir a gravação. Mas enquanto
RTB
estávamos ficando prontos para gravar, Krasnow voou para Los Angeles e
chamou Werman e eu para um encontro.
“Rock n’ Roll não está rolando,” ele nos disse. “Eu decidi que
quero eu
nenhuma
não banda de rock na empresa. Eu não irei aceitar Ozzy
Osbourne se vocês não me derem ele de graça em um prato de prata.
“Por que você quer que caia um grupo que está vendendo um monte
”
de discos? Isso não faz sentido nenhum, Bob!”
“Está é a Elektra Records, Tom,” ele disse. “Nós temos uma tradição
de bem, talentos como Linda Ronstadt, the Doos, e Jackson Browne. Eu
não estou na área do circo. E eu não estou dando a eles um centavo.
“Seus gerentes estão dispostos de tomar contar de parte da promoção
”
e dos custos das turnês.”
“Escuta,” ele disse. “O grupo é terrível. Eu vi o vídeo deles e
embaraçoso.
isso é Eu tenho que tirar isso da MTV.”
“O que?! Nós conseguimos uma turnê com o Kiss. Você não pode
fazer isso.”
“Eu fiquei sabendo disso, e cancelei as datas.
Eu
” liguei para Doug Thaler e Doc McGhee para se encontrarem com
Krasnow, e ele disse a eles a mesma coisa. Eles responderam perguntando
aele o que ele precisava para liberarem Mötley Crüe do seu contrato com a
Elektra.
“Eu irei dizer o que,” Krasnow cedeu. “Você fará o melhor disco
você pode
que fazer. Não se preocupe com o dinheiro, mas mantenha o
orçamento razoável. Eu não irei te prometer que eu irei lançá-los, mas eu
irei prometer a você que eu irei deixar isso mais fácil para você chegar
algum
lugar.”
a
Se eles deixassem que isso caísse e perdesse o ímpeto eles teriam que
fazer alguma coisa, esse provavelmente seria o fim do Mötley Cüe. Mas
felizmente algo aconteceu para mudar a cabeça de Bob. E essa coisa foi o
US Festival. Menos de um ano mais tarde, Krasnow estava com uma
bandana do Mötley Crüe no Madison Square Garden, apresentando a banda
com prêmios de ouro e platina para a venda dos álbuns.
Capítulo 2
Vince
-Um dia de público triunfo acaba em uma privada recriminação enquanto nosso herói
submete para seus instintos ordinários, quais não devem ser revelados em mais
detalhes nesta breve sinopse pelo medo de viciar leitores jovens.
--
Este foi o dia que a new wave morreu e o rock and roll tomou o
comando: 29 de maio, 1983. O segundo dia de três do US Festival.
Circulando sobre centenas de milhares de pessoas em um helicóptero
– o primeiro helicóptero que eu estive – parecia que o povo da Sunset
na sexta-feira e no sábado a noite tinha sido transportado de repente para
Strip
um campo no meio do nada em uma tarde quente de primavera. Ozzy
Osbourne, Judas Priest, Scorpions, e Van Halen estavam se apresentando na
frente de trezentas mil pessoas. E nós também.
Toda cidade na América deve ter desenvolvido seu equivalente na
Sunset Strip. Não era mais apenas uma coisa underground. Isso era um
movimento em massa, e finalmente nós encontramos a postos uma nova
nação no mapa. Olhando para baixo do helicóptero, com uma garrafa de
Jack na minha mão esquerda, uma bolsa de pílulas na minha mão direita, e
uma cabeça loira subindo e descendo no meu colo, eu me senti como o rei
do mundo. Isso durou por um segundo. Daí eu fiquei assustado pra caralho.
Nós tínhamos apenas um álbum, e tínhamos apenas encostado no
topo das paradas no número 157. Muitas dessas pessoas não nos
conheciam. Eles estavam excitados o dia todo, e provavelmente nos
odiariam porque eles estavam impacientes pelo Ozzy e Van Halen.
Eu dei outro gole no Jack enquanto nós pousamos e conhecemos
nossos novos gerentes, Doc McGhee, que era basicamente um viciado em
bons negócios, e Doug Thaler, seu homem positivo. O cara que tinha nos
assinado com a Elektra, Tom Zutaut, estava lá com a sua namorada, uma
garota gostosa e surpreendente considerando a sorte de Tom com mulheres.
Eu fui para o camarim para fazer minha maquiagem e colocar minhas
roupas, e vi o que eu podia fazer com a fila de garotas e repórteres
esperando do lado de fora. Depois do que parecia ser apenas alguns
minutos, houve um bater frenético na porta.
“Você tinha que estar no palco dez minutos atrás,” Doc berrou. “
daí.”Sai
Quando nós tocamos “Shout at the Devil”, eu soube que nós
tínhamos conseguido. Eu não tinha nada para me preocupar. Essas pessoas
nunca tinham ouvido a música antes: nós nem tínhamos começado gravar o
álbum direito. Mas no fim, eles estavam cantando junto, erguendo seus
punhos para o ar. Eu observei e cada palavra que eu cantava, cada pancada
na guitarra que o Mick dava, a multidão agitava em resposta. Eu entendi
daí porque rock stars tem um ego tão grande: do palco, o mundo é um
anônimo, uma merda, uma multidão obediente, muito longe do que os
olhos podem ver.
Mick deixou o palco primeiro e voltou para o trailer que duplicava
nosso camarim. Sua namorada estava esperando ele lá dentro, quem nós
chamávamos de A Coisa, uma morena medíocre cujas mangas enrolavam
no seu cotovelo. Assim que ele entrou na porta, após tocar no maior show
da sua vida, ela o puxou e socou diretamente no rosto sem nenhuma
explicação. (Voltando em Manhattan Beach, ela às vezes ficava bêbada,
batia nele, e o jogava pra fora da casa, depois Nikki ou eu recebíamos
telefonema desesperado do Mick perguntando se podíamos pegá-lo na
um
entrada da sua casa.)
Mais tarde para mim tinha álcool, drogas, entrevistas, e garotas.
me lembro
Eu de estar saindo do palco e ter visto a namorada do Tom Zutaut,
que tinha ficado apenas com um biquíni de leopardo porque estava muito
quente lá fora. Eu a agarrei, passei meu rosto suado contra ela, e soquei
minha língua na sua garganta. Ela espremeu meu corpo contra o dela e
mordeu minha língua.
Eu a levei de volta para o trailer – passando pelo Mick, que estava
sentado nos degraus segurando sua cabeça entre as mãos – e enterrei minha
cara no meio dos peitos dela. Daí, houve uma batida na porta e uma voz
estridente falando, “Hey, é o Tom. Posso entrar?
“O que você quer?” eu perguntei, preocupado se ele tinha me
”
“Eu apenas quero te dizer que vocês foram e-e-exelentes. Esse foi
visto.
melhoro show que eu já vi de vocês.”
“Obrigada, cara,” eu disse. “Escuta, eu sairei em um minuto. Eu
preciso
só de um tempinho para relaxar.”
Daí eu arranquei o biquíni dela e meti nela enquanto ele esperava do
lado de fora.
Nikki ficou furioso quando eu contei pra ele o que eu tinha feito.
“Seu idiota do caralho!” ele gritou. “Você não consegue segurar seu
Esse cara nos contratou. Se ele descobrir, ele usará isso contra nós e vai
pinto?
foder com o nosso álbum novo.”
“Desculpa,” eu respondi. “Mas isso só se ele
descobrir.”
Capítulo 3
Tom Zutaut
-Uma questão delicada é abordada durante o curso de uma breve entrevista com Tom
Zutaut, um inocente e bem intencionado benfeitor.
--
Fale-me sobre o US Festival.
Eu só me lembro de dirigir para o meio de lugar nenhum e a banda ser paga
por um garoto da Apple para fazer esse show na frente de todas essas
pessoas.
Você se lembra de algo mais notável desse dia?
Bom, foi meio estranho vê-los toando no meio do dia.
Você foi para o festival com alguém?
Eu fui com Doc [McGhee] e Doug [Thaler].
Alguém mais?
Sim, minha namorada foi comigo.
Alguma coisa estranha aconteceu com a sua namorada nesse dia?
Não, não que eu me lembre.
Porque o Vince me disse que dormiu com ela.
Ele dormiu com a minha namorada?!?
Foi o que ele me disse.
Não, isso nunca aconteceu.
Ele disse que ela estava vestindo um biquíni de pele de leopardo.
Ok, então era uma garota diferente. A namorada real não estava vestindo
um biquíni de leopardo. Isso era provavelmente algum rolo sem valor que
eu estava tendo. Nikki provavelmente esteve preocupado com isso todos
esses anos, mas ela não significava nada pra mim.
Era o Vince, não o Nikki.
Era Vince? Bom, Vince tem uma fissura sem fim por garotas. Ele pode
pegar dez garotas antes do set e dez garotas depois. Você olha pra ele e
“Cara, onde ele consegue isso?” ele nunca para. Eu fico impressionado
fala,
porque ele tem uma namorada. Quando ela está perto deles é como se
fossem casados, mas quando ela vira sua cabeça ele está fodendo outra
pessoa. Eu não estou surpreso. Eu penso que se eu tentasse voltar e
lembrar, tinha uma garota que eu costumava pegar em algumas datas de
vez em quando por um bom tempo e pode ser ela. Seu nome era Amanda
alguma coisa de San Diego. Foi antes de eu conhecer a namorada que eu
estava pensando inicialmente. Enquanto eu penso mais sobre isso, eu me
lembro dela vestindo alguma coisa pequena de pele de leopardo.
Você está chateado?
Se alguém fosse importante pra mim, eu não a levaria para um show de
rock como aquele. Eu definitivamente não deixaria ninguém em um trailer
com algum membro do Mötley Crüe.
Teve outra vez que eu tinha outra namorada que Nikki atualmente fodeu.
Ela era uma garota festeira, e ela estava saindo do backstage comigo. E
Nikki na minha frente a agarrou e transou com ela. Ela estava no seu
período. Era nojento. Ela nem tentou pará-lo. Eu a conhecia por apenas
umas semanas e era a segunda ou terceira vez que estávamos saindo. Ela
não se tornou uma namorada séria depois disso. Mas eu não culpei Nikki.
Parte disso era que garotas me usavam para ir pro backstage. Então percebi
que esse era um ótimo jeito de achar para o que alguém era feito. Eu era
como se tivesse vinte e um anos. Eu não estava pronto para casar ou ter
relacionamento sério. Digo, no mínimo Nikki não estava escondendo nada.
um
Eu penso que ele disse, “Essa garota com quem você está é uma gracinha.
Você se importaria se eu a pegasse?” e eu disse, “Não, eu não me importo.
Não é nada sério.” Mas isso do Vince eu realmente não sabia.
Desculpe-me de ter dito isso pra você.
Sim, eu ainda penso que com o Vince foi a garota de San Diego. E, sabe,
relacionamentos terminam imediatamente depois disso. Ela começou agir
super estranho depois do festival, agora que eu penso sobre isso, como se
algo tivesse acontecido. Eu lembro depois desse fim de semana me
despedir dela e nunca mais vê-la de novo porque ela estava agindo
estranho. Provavelmente por causa do Vince. Primeiramente, ela
provavelmente pensou, “Oh, eu vou ser a nova namorada do Vince e
esquecer esse cara A&R.” Mas ela percebeu que ela era só mais uma das
cincos garotas que ele tinha comido em quinze minutos. Então
provavelmente ela se sentiu traída: ela não tinha nada com ele, mas se eu
descobrisse sobre isso ela estava fodida. Eu me lembro dela ficando
estranha depois disso, tão estranha que eu não me lembro de tê-la visto
novo.
de

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