FACULDADE TECSOMA Curso de Biomedicina Talita Emanuela
Transcrição
FACULDADE TECSOMA Curso de Biomedicina Talita Emanuela
FACULDADE TECSOMA Curso de Biomedicina Talita Emanuela Alves PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES E COMENSAIS INTESTINAIS EM ALUNOS DO CENTRO SOLIDÁRIO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL ROSANA COSTA GUIMARÃES PETRÔNIO, DO BAIRRO NOVA ESPERANÇA DA CIDADE DE SALINAS (MG) Paracatu- MG 2012 Talita Emanuela Alves PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES E COMENSAIS INTESTINAIS EM ALUNOS DO CENTRO SOLIDÁRIO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL ROSANA COSTA GUIMARÃES PETRÔNIO, DO BAIRRO NOVA ESPERANÇA DA CIDADE DE SALINAS (MG) Monografia apresentada à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II, ao curso de Biomedicina da Faculdade Tecsoma como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Biomedicina. Orientadora: MSc. Hélica Silva Macedo Orientador Metodológico: Benedito Batista de Oliveira Geraldo Co-orientadora: MSc. Claúdia Peres Silva Paracatu- MG 2012 A474p Alves, Talita Emanuela Prevalência de enteroparasitoses e comensais intestinais em alunos do centro solidário municipal de educação infantil Rosana Costa Guimarães Petrônio, do bairro Nova Esperança da cidade de Salinas (MG). / Talita Emanuela Alves. Paracatu, 2012. 63f. Orientadora: MSc. Hélica Silva Macedo Monografia (Graduação) – Faculdade Tecsoma, Curso de Bacharel em Biomedicina. 1. Parasitologia médica. 2. Enteroparasitoses. 3. Escolares. 4. Exame laboratorial. I. Macedo, Hélica Silva. II. Faculdade Tecsoma. III. Título. CDU: 614.3.008.3.07 Talita Emanuela Alves PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES E COMENSAIS INTESTINAIS EM ALUNOS DO CENTRO SOLIDÁRIO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL ROSANA COSTA GUIMARÃES PETRÔNIO, DO BAIRRO NOVA ESPERANÇA DA CIDADE DE SALINAS (MG) Monografia apresentada à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II, ao curso de Biomedicina da Faculdade Tecsoma como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Biomedicina. MSc. Hélica Silva Macedo (Orientadora) Geraldo Benedito B. de Oliveira (Orientador Metodológico) MSc. Claúdia Peres (Coordenadora do Curso de Biomedicina) MSc. Talitha Araújo Farias (Professora Convidada) Josimar Dornelas Moreira (Professor Convidado) Paracatu, 22 de Junho de 2012. AGRADECIMENTOS A Deus Por todas as bênçãos e proteção durante estes anos de grandes dificuldades. À minha mãe, Nilma Pelo valioso exemplo de vida, dedicação, pela cumplicidade e apoio nesta longa caminhada. À minha irmã, Duquicléia Que com seu imenso esforço, persistência, otimismo e confiança, tornou possível a realização deste sonho. Ao meu namorado, Jhonantan Pela paciência, apoio, incentivo, e pelo amor incondicional a mim dedicado, tornando tênues até as maiores dificuldades. Ao meu irmão, Rafael Pelo carinho, amor e amizade. Aos meus amigos da Faculdade Pela rica troca de experiência, companheirismo e apoio durante todos estes longos anos. Aos mestres Que participaram de forma efetiva para essa realização, dispondo de seus conhecimentos não só teóricos, como seus ensinamentos de vida. À minha orientadora, Hélica Que com sua imensa paciência, dedicação e total atenção contribuiu de forma significativa para elaboração desse trabalho. A todos que, de alguma forma, contribuíram para esta construção. RESUMO As parasitoses intestinais constituem grande problema de saúde pública nos países em desenvolvimento e estão intimamente associadas com o nível sócioeconômico, condições higiênico-sanitárias, hábitos pessoais e com a faixa etária dos indivíduos. Diversos estudos apontam as crianças de zero a cinco anos de idade como o grupo mais vulnerável às infecções parasitárias, devido a alguns fatores como: deficiência nos hábitos higiênico-sanitários, imaturidade do sistema imunológico, maior necessidade de contato interpessoal e contato com o solo na hora de lazer. Frente a essas situações, o objetivo desse trabalho foi analisar a prevalência de enteroparasitoses e comensais intestinais em alunos entre três e quatro anos matriculados no Centro Solidário Municipal de Educação Infantil (CEMEI) Rosana Costa Guimarães Petrônio do Bairro Nova Esperança em Salinas (MG). Trata-se de um estudo quantitativodescritivo, desenvolvido com 58 escolares do CEMEI, em que foram realizados exames parasitológicos de fezes e uma pesquisa sócioeconômica e comportamental através de aplicação de questionário padronizado. Os resultados demonstraram uma elevada taxa de prevalência de parasitoses e comensais intestinais (60,34%) entre os escolares do CEMEI. O parasito mais frequente foi Entamoeba histolytica (39,58%), seguido pelo protozoário comensal Entamoeba coli (33,34%) e Giardia lamblia (18,75%). Entre os helmintos, foram detectados Ascaris lumbricoides (4,17%), Strongyloides stercoralis (2,08%) e Enterobius vermicularis (2,08%). A pesquisa social revelou alguns fatores de risco para as infecções parasitárias como a presença de vetores como animais domésticos, moscas e baratas; hábitos de manipular terra e andar descalço e baixo nível sócioeconômico e escolar dos pais. Neste sentido, os resultados sugerem a necessidade de implantação de medidas e programas que visem melhorar o saneamento básico do município, também sugere-se a realização de exames coproparasitológicos periódicos e o acompanhamento das crianças infectadas para analisar a eficácia do tratamento proposto, além da elaboração de campanhas e projetos voltados para a educação sanitária e ambiental para serem executados tanto pelos envolvidos na pesquisa como pela comunidade como um todo. Palavras-chave: Enteroparasitoses. Prevalência. Escolares. ABSTRACT The intestinal parasites are major public health problem in developing countries and are closely associated with socioeconomic level, hygiene and sanitary conditions, personal habits and the age range of subjects. Several studies indicate children from zero to five years of age as the group most vulnerable to parasitic infections, due to some factors such as deficiencies in hygiene and health habits, immaturity of the immune system, greater need for interpersonal contact and contact with soil in leisure time. Faced with these situations, the objective of this study was to analyze the prevalence of intestinal parasites and commensal intestinal pupils between three and four years enrolled in the Centro Solidário Municipal de Educação Infantil (CEMEI) Rosana Costa Guimarães Petrônio on the neighborhood Nova Esperança in Salinas (MG). This is a descriptive quantitative study was conducted among 58 students in the CEMEI, where tests were performed for parasites and a socioeconomic and behavioral research through a standardized questionnaire. The results showed a high prevalence of intestinal parasites and commensals (60.34%) among the children of the CEMEI. The most frequent parasite was Entamoeba histolytica (39.58%), followed by dinner protozoan Entamoeba coli (33.34%) and Giardia lamblia (18.75%). Among helminths, Ascaris lumbricoides were detected (4.17%), Strongyloides stercoralis (2.08%) and Enterobius vermicularis (2.08%). Social research has revealed some risk factors for parasitic infections such as the presence of vectors such as pets, flies and cockroaches; habits of manipulating land and walk barefoot and low socioeconomic level and school parents. In this sense, the results suggest the need to implement measures and programs aimed at improving the sanitation of the city, also suggest a periodic fecal examinations and follow-up of infected children to examine the effectiveness of the proposed treatment, and the development of campaigns and projects for the health and environmental education to be executed by both involved in the research and by the community as a whole. Keywords: Enteroparasitosis. Prevalence. School. LISTA DE SIGLAS CEMEI - Centro Municipal de Educação Infantil COPASA - Companhia de Saneamento de Minas Gerais IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IFNMG – Instituto Federal Norte de Minas Gerais MG – Minas Gerais OMS – Organização Mundial da Saúde SUS – Sistema Único de Saúde UBS – Unidade Básica de Saúde LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Presença de Parasitos e/ou Comensais Intestinais ...............................................29 FIGURA 2 - Prevalência das Parasitoses Segundo o Sexo das Crianças ..................................30 FIGURA 3 - Prevalência de cada Parasito e/ou Comensal ...................................................... 30 FIGURA 4 - Perfil do Parasitismo nos Escolares ....................................................................31 FIGURA 5 - Perfil do Público em Relação ao Gênero Feminino e Masculino ........................ 32 FIGURA 6 - Idade dos Alunos ............................................................................................... 33 FIGURA 7 - Profissão dos Pais .............................................................................................. 33 FIGURA 8 - Nível de Escolaridade dos Pais ..........................................................................34 FIGURA 9 - Renda Familiar ..................................................................................................34 FIGURA 10 - Número de Pessoas na Família .........................................................................35 FIGURA 11 - Tipo de Piso das Residências ...........................................................................35 FIGURA 12 - Tipo de Construção das Casas ..........................................................................36 FIGURA 13 - Presença de Animais Domésticos .....................................................................36 FIGURA 14 - Procedência da Água para o Consumo ............................................................. 37 FIGURA 15 - Tratamento Empregado para Água ................................................................... 37 FIGURA 16 - Tipo de Instalação Sanitária .............................................................................38 FIGURA 17 - Procedência das Verduras e Frutas ................................................................... 39 FIGURA 18 - Frequência de Higienização dos Alimentos Antes do Consumo ....................... 39 FIGURA 19 - Frequência de Higienização das Mãos .............................................................. 40 FIGURA 20 - Costume de Andar Descalço ............................................................................40 FIGURA 21 - Hábito de Manipular Terra ...............................................................................41 FIGURA 22 - Costume de Nadar ........................................................................................... 41 FIGURA 23 - Presença de Parasitos nas Fezes .......................................................................42 FIGURA 24 - Realização de Exames Parasitológico de Fezes pelas Crianças ......................... 42 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................10 1.1 Justificativa ..................................................................................................................... 12 2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 13 2.1 Objetivo geral ..................................................................................................................13 2.2 Objetivos específico .........................................................................................................13 3 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................ 14 3.1 Conceitos da parasitologia médica .................................................................................14 3.2 Principais espécies de parasitas e comensais intestinais ................................................16 4 METODOLOGIA .............................................................................................................23 4.1 Área de estudo .................................................................................................................23 4.2 Tipo de pesquisa .............................................................................................................24 4.3 Público alvo .................................................................................................................... 25 4.4 Pesquisa parasitológica ..................................................................................................25 4.5 Pesquisa sócioeconômica e cultural ...............................................................................27 4.6 Atividade de educação em saúde ...................................................................................27 4.7 Orientação para avaliação médica .................................................................................27 4.8 Divulgação dos resultados .............................................................................................. 28 5 RESULTADOS .................................................................................................................29 5.1 Pesquisa parasitológica ................................................................................................... 29 5.2 Pesquisa social ................................................................................................................32 5.3 Atividade de educação em saúde ...................................................................................43 6 DISCUSSÃO ...................................................................................................................... 44 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 49 8 PERSPECTIVAS ...............................................................................................................51 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................52 APÊNDICES ........................................................................................................................ 55 ANEXOS ............................................................................................................................... 59 10 1 INTRODUÇÃO As parasitoses intestinais representam grande problema de saúde pública, principalmente em países em desenvolvimento, e são habitualmente associadas com o nível sócioeconômico, condições higiênico-sanitárias, hábitos pessoais e a faixa etária do indivíduo. (BASSO et al., 2008). A principal via de transmissão das enteroparasitoses é a via fecal-oral, estando intimamente associada a regiões com falta de tratamento de água e esgoto e condições precárias higiênico-sanitárias, o que favorece o aumento da disseminação de ovos, larvas e cistos dos parasitos. (MAMUS et al., 2008; MACHADO et al., 1999). Segundo Andrade et al. (2010) na América Latina e Caribe, aproximadamente 200 milhões de pessoas estão abaixo da linha da pobreza. Cerca de um bilhão de adultos são analfabetos e 110 milhões de crianças na idade escolar não frequentam a escola; um milhão de pessoas não possui água potável em suas residências. Além disso, 790 milhões de pessoas não dispõem de uma alimentação adequada. Cimerman, Benjamin (2010), e Cimerman, Sérgio (2005) relata que foi desenvolvido um levantamento multicêntrico sobre parasitoses intestinais com crianças no Brasil, e este demonstrou que 55,3% das crianças estão parasitadas, sendo que destas 51% estão poliparasitadas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) no ano de 2009, cerca de 300 milhões de crianças no mundo sofreram de patologias graves decorrentes de infecções por helmintos. Estima-se que 1 bilhão de pessoas estejam infectadas por Ascaris lumbricoides, 795 milhões por Trichuris trichiura, 740 milhões por ancilostomídeos (Ancylostoma duodenale e Necator americanus), aproximadamente 200 milhões pelo complexo Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar e 400 milhões por Giardia lamblia, sendo que maior parte das infecções por helmintos ocorre em solos contaminados principalmente da África Subsaariana, América, China e no leste da Ásia. Segundo Neves (2005) a doença parasitária é uma consequência do desequilíbrio entre o parasito e o hospedeiro, sendo que a intensidade da doença está diretamente associada com a carga parasitária que o indivíduo alberga, o estado nutricional e idade do hospedeiro, o grau de virulência do organismo, os órgãos afetados e da resposta do sistema imunológico do indivíduo. 11 Contudo Marques, Bandeira e Quadros (2005) ressaltam que se não houver uma participação ativa da comunidade nos projetos educativos e de conscientização sobre as parasitoses intestinais, mesmo com investimentos realizados pelos órgãos públicos e privados para melhorar as condições sócioeconômicas da população e de infraestrutura das cidades, os programas de prevenção e controle desenvolvidos por estes não terão uma implantação satisfatória e nem sucesso nos resultados. 12 1.1 Justificativa De acordo com Uchôa et al. (2001) as crianças de zero a cinco anos de idade estão mais vulneráveis as infecções parasitárias, devido a alguns fatores como: imaturidade do sistema imunológico, deficiência nos hábitos de higiene devido à idade, maior necessidade de contato interpessoal e contato com o solo nas horas de lazer. De acordo com Gurgel et al. (2005) as mudanças ocorridas em relação à presença mais frequente da mulher no mercado de trabalho fez com que muitas crianças passassem a ser cuidadas em creches e na educação infantil. Essa mudança no perfil do local de cuidado com a criança proporcionou a ocorrência de ambientes mais propícios para as contaminações e infecções parasitárias, tendo em vista que nestes locais a aglomeração de crianças é inversamente proporcional aos cuidados individuais. Nesse sentido, as infecções parasitárias apresentam caráter mais relevante nas crianças, pois estas podem ficar parasitadas por longos anos, além de provocar diversos prejuízos às sua saúde como: anemia, diarreias, dor abdominal, emagrecimento, redução na absorção intestinal, obstrução intestinal. Estes problemas vão refletir diretamente no crescimento e desenvolvimento físico e intelectual da criança, podendo causar déficit no aprendizado e no rendimento escolar (UCHÔA, 2009). Muitos dos agravos parasitários à saúde infantil poderiam ser evitados se as doenças parasitárias não fossem negligenciadas no nosso país. Desta forma a escolha do tema desta pesquisa teve como justificativa três aspectos importantes: analisar a prevalência das enteroparasitoses em escolares que pertencem a um grupo de risco, levantar dados sobre o assunto no município de Salinas (MG) e fornecer subsídios para o desenvolvimento de medidas profiláticas pertinentes que favoreçam a melhoria da qualidade de vida das crianças. 13 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral O objetivo desse trabalho foi analisar a prevalência de enteroparasitoses e comensais intestinais em alunos entre três e quatro anos matriculados no Centro Solidário Municipal de Educação Infantil Rosana Costa Guimarães Petrônio do Bairro Nova Esperança em Salinas (MG). 2.2 Objetivos específicos Diagnosticar a presença de parasitos e comensais intestinais nas amostras biológicas fecais advindas dos alunos do Centro Solidário Municipal de Educação Infantil Rosana Costa Guimarães Petrônio do Bairro Nova Esperança, Salinas MG. Realizar levantamento sobre os conhecimentos, atitudes e hábitos dos alunos e familiares acerca de vários aspectos relacionados às enteroparasitoses, através de questionário padronizado. Desenvolver atividades de educação em saúde, com ênfase para a prevenção, entre os escolares, responsáveis e funcionários da instituição. Orientar os portadores de parasitos e comensais intestinais a buscar orientação médica em Unidade de Saúde da Família, para tratamento e acompanhamento específicos. Divulgar os resultados da pesquisa no trabalho de conclusão do curso de Biomedicina da Faculdade Tecsoma, para Secretária Municipal de Educação, Ciências e Tecnologia de Salinas, além da Instituição participante e também para Secretária Municipal de Saúde. 14 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 Conceitos da parasitologia médica Parasito: Segundo Ferreira (2000) é cada organismo que, pelo menos numa fase de seu desenvolvimento, se acha ligado à superfície ou ao interior do ser vivo, que é a espécie hospedeira, onde apresenta uma dependência metabólica. De acordo com Cimerman, Benjamin (2005), e Cimerman, Sérgio (2005) parasitos são organismos que vivem no interior ou exterior de um hospedeiro, extraindo deste seu alimento e abrigo, sendo que esta associação nem sempre é nociva ao hospedeiro. Neves (2005) relata que parasito é o organismo que agride a integridade física do hospedeiro que o alberga. No entanto Rey (2002) salienta que parasitos são organismos consumidores que, dependendo do seu hospedeiro (planta, animais herbívoros ou carnívoros), podem ser classificados nos níveis de consumidores primários, secundários, terciários ou quaternários, sendo que metabolicamente comportam-se como os demais consumidores. Parasitismo: De acordo com Leventthal e Cheadle (2000) é a associação entre duas espécies diferentes de organismos na qual a menor espécie vive sobre a outra ou dentro dela e possui grande dependência metabólica da espécie hospedeira. Neste sentido Rey (2002) diz que parasitismo é toda relação ecológica, entre duas espécies diferentes, onde apresenta uma associação íntima e duradoura, ocasionando em uma dependência metabólica com grau variado. Contudo Neves (2005) ressalta que parasitismo é a associação entre seres vivos, em que há unilateralidade de benefícios, sendo que um dos associados é prejudicado pela associação, geralmente é o hospedeiro a parte prejudicada. Comensalismo: De acordo com Neves (2005) comensalismo é uma relação harmônica entre duas espécies, onde uma obtém vantagens, sem causar prejuízos para a outra espécie. 15 Segundo Rey (2002) o comensalismo é a relação entre duas espécies, que compartilham dos nutrientes que a outra consegue, sendo que esta relação costuma ser temporária e geralmente não é obrigatória para nenhum dos parceiros, onde cada qual possui sua independência orgânica. Neste sentido Leventthal e Cheadle (2000) relatam que comensalismo é associação entre dois organismos de espécies diferentes, na qual uma das partes é beneficiada e a outra nem beneficiada e nem prejudicada. Prevalência: Segundo Neves (2005) é o termo empregado para caracterização do número total de casos de uma determinada doença ou qualquer ocorrência numa dada população e tempo definido (casos antigos somados aos casos novos). Parasitoses Intestinais: As parasitoses intestinais se caracterizam por infecções causadas por parasitos que ficam albergados no trato digestório humano, particularmente nos intestinos delgado e grosso, locais onde encontram alimento e abrigo para a sua sobrevivência. Os organismos vivos responsáveis pelas parasitoses intestinais são os protozoários, como por exemplo: Giardia lamblia, Entamoeba histolytica e helmintos, como por exemplo: Ascaris lumbricoides, Taenia sp, Ancilostomatídeos, entre outros. (NEVES, 2005). Parasitologia: A parasitologia é uma ciência que estuda os organismos (parasitos), este estudo abrange principalmente os protozoários, helmintos e artrópodes, onde cada grupo possui os principais representantes (parasitos) de importância médica e veterinária. (REY, 2002). Esta ciência é de fundamental importância, pois as parasitoses constituem grande problema de saúde pública, atingindo as populações mais carentes, que vivem em situações precárias de infraestrutura e saneamento básico, causando diversos agravos à saúde do indivíduo parasitado, desde quadros assintomáticos até mesmo à morte súbita, como por exemplo, na Doença de Chagas. (CIMERMAN, Benjamin; CIMERMAN, Sérgio, 2005). 16 Neste sentido a doença parasitária é resultante do desequilíbrio entre o parasito e hospedeiro, porém alguns fatores são determinantes para o desenvolvimento da doença como: número de exemplares, tamanho, localização, virulência são fatores relacionados ao parasito, com relação ao hospedeiro os fatores são idade, imunidade, nutrição, hábitos, costumes e o uso de medicamentos. (REY, 2002). 3.2 Principais espécies de parasitas e de comensais intestinais Giardia lamblia A Giardia lamblia (Giardia intestinalis ou Giardia duodenalis) é um protozoário pequeno e flagelado, que parasita o homem e vários animais domésticos ou silvestres. Em seu ciclo monoxênico de vida apresenta-se em duas formas distintas: trofozoíta e cistos. Nutrem-se através da membrana e por processo de pinocitose; o tipo de reprodução baseia-se na reprodução assexuada, por divisão binária longitudinal. (REY, 2002). A forma infectante, responsável pela disseminação da doença são os cistos, estes por sua vez, são muito resistentes, sendo encontrados por até dois meses no meio externo de forma viável, além de não serem destruídos quando submetidos juntamente com a água pelo processo de cloração, aquecimento até 60°C e congelamento, sendo apenas inativados no processo de fervura da água por no mínimo cinco minutos. (CIMERMAN, Benjamin; CIMERMAN, Sérgio, 2005). Neste sentido, a principal via de infecção do homem é a ingestão de cistos maduros, que podem ser ingeridos através de diversas formas como: a ingestão de águas superficiais sem tratamento ou deficientemente tratadas (apenas cloro); alimentos contaminados (pela água ou por vetores), contato direto pessoa a pessoa, principalmente em creches, asilos, orfanatos etc.); sexo anal-oral; riachos e reservatórios contaminados pela presença de animais parasitados. (NEVES, 2005). A giardíase pode cursar com quadros assintomáticos ou quadros de diarreia aguda ou formas crônicas de diarreia e má-absorção intestinal. Apresenta-se de forma mais grave em pessoas com a imunidade baixa ou imunodeficientes, sendo o fator idade muito importante, pois as crianças menores de cinco anos são as mais predispostas a desenvolverem quadros sintomáticos. (REY, 2002). 17 No entanto Cimerman, Benjamin (2005), e Cimerman, Sérgio (2005) afirmam que quando o parasitismo é intenso, os trofozoítos podem formar um atapetamento no duodeno produzindo uma barreira mecânica, que impede a absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), ácidos graxos, vitamina B12 e ácido fólico; podendo provocar um quadro de esteatorreia. Para o tratamento da giardíase são mais indicados os derivados de nitroimidazólicos como o metronidazol, orinidazol, tinidazol e nimorazol. (REY, 2002). Entamoeba coli É um comensal intestinal albergado pelo homem, tem ampla distribuição geográfica, porém é mais frequente em países tropicais e subtropicais. Vive na luz do intestino grosso, alimenta-se de bactérias e detritos alimentares. Não possui características patogênicas, nem invadem tecidos, por isso não necessita de tratamento. (CIMERMAN, Benjamin; CIMERMAN, Sérgio, 2005). Possui duas formas em ciclo monoxênico de vida, a forma de trofozoítos que medem cerca de 20 a 50 µm de diâmetro, seu citoplasma não pode ser diferenciado em endo e ectoplasma, a outra forma é o cisto que tem formato esférico, ligeiramente ovoide ou, formato irregular, mede aproximadamente de 15 a 25 µm, apresenta parede cística espessa, citoplasma sem vacúolos contendo de 1 a 8 núcleos, isso dependendo do grau de maturação. (REY, 2002). Entamoeba histolytica A amebíase é definida como a infecção do homem causada pela Entamoeba histolytica, com ou sem manifestação clínica. Tem grande importância epidemiológica, pois possui ampla distribuição geográfica mundial, com elevada incidência, acompanhando-se em alguns casos com quadros patológicos graves, podendo ser fatais. (REY, 2002). Contudo a Entamoeba histolytica é classificada com um complexo formado por duas espécies morfologicamente idênticas. Sendo a Entamoeba histolytica caracterizada como uma espécie patogênica e invasiva, com diversos graus de virulência, provocando assim diferentes formas clínicas da doença. A outra espécie é Entamoeba dispar que 18 não tem caráter invasivo, é um patógeno não-virulento e responsável por quadros assintomáticos e colite não-disentérica. (CIMERMAN, Benjamin; CIMERMAN, Sérgio, 2005). Possui ciclo monoxênico, sendo observados quatro estágios consecutivos: trofozoíto, pré-cistos, cistos e metacistos. Sua nutrição baseia-se no processo de fagocitose de partículas volumosas como hemácias, grânulos de amido e outros detritos; é um organismo que realiza a microaerofilia e sua reprodução ocorre por divisão binária simples. (REY, 2002). O mecanismo de transmissão ocorre pela ingestão de cistos maduros, através de água e alimentos contaminados (por fezes humanas ou vinculadas por insetos ou animais); transmissão direta de homem a homem por meio das mãos contaminadas; sexo oral-anal direto ou indireto. (NEVES, 2005). Neste sentido Neves (2005) ressalta que a Entamoeba histolytica apresenta dois ciclos parasitários distintos: o ciclo não-patogênico que ocorre com a ingestão de cistos maduros através de água ou alimentos contaminados por fezes de indivíduos portadores do parasito, depois o ciclo desenvolve-se normalmente na luz do intestino, passando pelos quatros estágios até o parasito estar pronto para ser eliminado nas fezes e iniciar o ciclo novamente. Já no ciclo patogênico o parasita desenvolve a capacidade de invadir a mucosa intestinal e penetrar em tecidos e órgãos, onde as formas trofozoítas ficam maiores que as encontradas na luz intestinal (magna) e assim desenvolvem o ciclo patogênico onde alimentam-se de hemácias, células e fragmentos celulares. As manifestações clínicas da amebíase são variáveis e decorrentes da ação direta do parasito sendo classificadas como: assintomáticas; forma sintomática da amebíase intestinal: (colite disentérica, colite necrosante); forma da amebíase extra-intestinal (apendicite amebiana, os amebomas, amebíase hepática e o abscesso amebiano do fígado, o abscesso pulmonar e amebíase cutânea). (CIMERMAN, Benjamin; CIMERMAN, Sérgio, 2005). Os medicamentos utilizados no tratamento da amebíase podem ser divididos em três grupos: amebicidas que atuam diretamente na luz intestinal; amebicidas tissulares; amebicidas que atuam tanto na luz intestinal como nos tecidos. (NEVES, 2005). 19 Ascaris lumbricoides O parasita Ascaris lumbricoides apresenta uma distribuição geográfica cosmopolita, é vulgarmente conhecido como lombriga e bichas. São vermes longos, cilíndricos, de coloração amarelo-rosada, e possuem as extremidades afiladas, sobretudo na região anterior. (CIMERMAN, Benjamin; CIMERMAN, Sérgio, 2005). Segundo Rey (2002) as fêmeas são maiores e mais grossas que os machos, tendo a parte posterior retilínea ou ligeiramente encurvada. Os machos possuem um enrolamento ventral, espiralado, de sua extremidade caudal. O verme adulto habita a luz do intestino delgado do homem, se alimenta do conteúdo intestinal circundante, por um período de seis meses ou mais. A carga parasitária que o indivíduo alberga é variável, podendo atingir, nos casos mais intensos, o total de 500 a 600 vermes adultos. (REY, 2002). Ascaris lumbricoides também apresenta um ciclo monoxênico, porém para completar todo o ciclo biológico, os ovos do parasita precisam passar por um período no solo, para realizar as mudas, Dessa forma o solo tem que apresentar as seguintes características possuir em média 70% de umidade, a temperatura ambiente tem que ser de 25°C a 35°C, e rico em oxigênio, além de serem resistentes ao frio e certo grau de dessecação. (NEVES, 2005). Cimerman (2005) ressalta que a infecção pelo parasito se dá através da ingestão de água ou vegetais crus poluídos com ovos contendo a forma infectante; através das mãos contaminadas pelo solo poluído, levando os dedos contaminados até a boca ou pelo hábito da geofagia, principalmente as crianças mais novas. Ainda pela inalação da poeira contendo os ovos do parasito, visto que estes encontram-se no solo. No entanto Rey (2002) salienta que a ação patogênica causada pelo parasita, pode ser dividida em duas etapas: 1º durante a migração das larvas; 2º quando os vermes adultos já se encontram em seu hábitat definitivo. As alterações desenvolvidas podem ser do tipo mecânica, tóxica ou alérgica. As crianças durante a invasão larvária, podem desenvolver a síndrome de Loeffler, onde apresentam febre, tosse e eosinofilia sanguínea elevada, que pode persistir por muitos dias. Na fase intestinal pode cursar sem manifestações clínicas, ou apresentar os seguintes sintomas: desconforto abdominal com cólicas intermitentes, dor 20 epigástrica e má digestão; além de náuseas, perda de apetite e peso, sensação de coceira no nariz, irritabilidade, sono intranquilo e ranger de dentes à noite. (REY, 2002). Para o tratamento são indicadas algumas drogas como: albendazol, mebendazol, pirantel, piperazina e levamisol. (NEVES, 2005). Strongyloides stercoralis A doença conhecida como estrongiloidíase, estrongiloidose ou anguilulose é causada pelo parasito Strongyloides stercoralis que é um pequeno nematódeo, que possui uma distribuição geográfica heterogênea, sendo encontrado principalmente em áreas de clima tropical como na África, Ásia, leste europeu e países da América, como Colômbia, Peru, Brasil e Chile, estes locais apresentam condições essenciais para o desenvolvimento das fases de vida livre e larvas infectantes do parasito na natureza, sendo então estas condições ambientais o solo do tipo arenoso, temperatura entre 2530°C. (CIMERMAN, Benjamin; CIMERMAN, Sérgio, 2005). De acordo com Rey (2002) as fêmeas desse parasita apresentam uma constituição partenogenética, que irão produzir larvas que, ao saírem no meio externo, gerarão machos e fêmeas de vida livre. Os casais de vida livre produzirão ovos que darão origem a uma nova geração de larvas. Contudo Cimerman, Benjamin (2005), e Cimerman, Sérgio (2005) relatam que o hábitat das fêmeas partenogenéticas são as vilosidades do duodeno e porção posterior do jejuno, onde que depositam seus ovos e encontram alimento. Sendo assim seus ovos já são postos embrionados, e a larva rabditóide, recém-eclodida, sofre mudas no meio externo (solo) que irá prepará-las para o ciclo direto ou indireto. O ciclo biológico desse parasito é monoxênico, porém complexo, pois compreende uma fase no hospedeiro humano (ciclo parasitário, ciclo direto ou homogônico) e uma fase no meio externo (ciclo indireto ou de vida livre). (NEVES, 2005). O mecanismo de transmissão da doença se dá principalmente através da heteroinfecção, onde ocorre por meio da penetração de larvas infectantes através da pele dos pés, mãos, espaços interdigitais e nádegas. Também pode ocorrer pela ingestão de água ou alimentos contaminados com larvas filariformes infectantes. (CIMERMAN, Benjamin; CIMERMAN, Sérgio, 2005). 21 Além destes mecanismos, Rey (2002) ressalta que a infecção pode se dá através da autoinfecção externa, que acontece quando as larvas rabditoides se transformam em larvas filarioides infectantes, na pele da região anal e perianal, contaminada com fezes. Desta forma as larvas penetram através da pele ou da mucosa retal, invadindo assim a rede venosa e desenvolvendo o ciclo pulmonar. A outra forma de infecção é o processo de autoinfecção interna, que se dá quando as condições do intestino são favoráveis para o desenvolvimento do parasito na luz do intestino delgado e grosso, permitindo que ele possa penetrar a mucosa intestinal e dá continuidade ao seu ciclo, sem que este precise sair para o meio externo. As lesões provocadas pelo parasito se devem à penetração no hospedeiro, com sua migração durante o ciclo pulmonar e com sua permanência e multiplicação na mucosa intestinal ou em localizações ectópicas. (REY, 2002). Segundo Neves (2005) as lesões mais frequentes são: lesões cutâneas, que podem ser assintomáticas, ou apresenta eritema, prurido, edema local e manifestações urticariformes. As lesões pulmonares são variáveis ou podem ser ausentes. Podem desenvolver, com tosse, febre baixa, mal-estar ou apresentar a síndrome de Loeffler. No entanto as principais lesões são intestinais, com quadros de diarreia, seguido de períodos de constipação intestinal, desconforto abdominal, cólicas, dor epigástrica. Nos casos de maior parasitismo e gravidade da doença pode acontecer quadros de anemia, emagrecimento, astenia, desidratação, irritabilidade nervosa e depressão. Enterobius vermicularis O parasito Enterobius vermicularis, também conhecido popularmente como oxiuro é o agente patológico responsável pela doença conhecida como enterobiose, enterobíase ou oxiuríase, que normalmente cursa com uma infecção benigna, no entanto causa grande incômodo, pois provoca intenso prurido na região anal e consequentemente algumas complicações, principalmente em crianças. (REY, 2002). É um pequeno nematoide, que apresenta-se com uma incidência variável, que depende exclusivamente de fatores como a idade, clima e condições de higiene. Este parasita tem como hábitat de escolha o ceco (onde se alimenta saprozoicamente do conteúdo intestinal, apêndice, reto e o ânus). (CIMERMAN, Benjamin; CIMERMAN, Sérgio, 2005). 22 Os vermes, morfologicamente, apresentam dimorfismo sexual, o macho mede de 2 a 5 mm de comprimento, enquanto a fêmea mede cerca de 8 a13 mm. São parasitos cilíndricos, de cor branca, filiformes, em sua extremidade anterior, possui expansões vesiculosas típicas, que são conhecidas como asas cefálicas ou asas cervicais. (NEVES, 2005). Enterobius vermicularis realiza o ciclo monoxênico, e é uma das parasitoses de maior vulnerabilidade de infecção, pois os ovos são extremamente leves, de superfície pegajosa que se adere facilmente em qualquer local, medem em torno de 50 a 60 µm de comprimento por 20 a 30 µm de largura, apresentando um leve achatamento de um dos lados. (REY, 2002). Segundo Neves (2005) os mecanismos de transmissão são: heteroinfecção - que ocorre quando um novo hospedeiro ingere os ovos presentes nos alimentos ou inala os ovos da poeira principalmente em creches, dormitórios, roupa de cama, habitações coletivas, asilos; autoinfecção externa ou direta – este é o principal meio de transmissão, onde a criança, doentes mentais ou adultos sem cuidados de higiene ingerem ovos da região perianal a boca através dos dedos contaminados; retroinfecção – ocorre quando as larvas da região anal migram através do reto, até o ceco, onde sofre as mudas até se transformarem em vermes adultos. De acordo com Cimerman, Benjamin (2005), e Cimerman, Sérgio (2005) as principais manifestações clínicas causadas pela verminose são náuseas, vômitos, dores abdominais em cólica, raramente evacuações sanguinolentas. O sintoma mais característico da doença é o prurido anal, principalmente à noite quando as fêmeas migram para a região perianal para realizarem a postura, desta forma causa intensa coceira, o que acarreta em irritabilidade e insônia do indivíduo parasitado; nas mulheres os vermes podem migrar da região perianal para a genital, e provocar prurido vulvar, corrimento vaginal, excitação sexual, salpingite e granulomas peritoneais. O tratamento da enterobiose é à base de mebendazol, albendazol, pamoato de pirantel, piperazina e pamoato de pirvínio. (REY, 2002). 23 4 METODOLOGIA O presente trabalho intitulado Prevalência de enteroparasitoses e comensais intestinais em alunos do Centro Solidário Municipal de Educação Infantil Rosana Costa Guimarães Petrônio do Bairro Nova Esperança, Salinas MG, foi desenvolvido pela acadêmica do oitavo período de Biomedicina da Faculdade Tecsoma auxiliada pela professora-orientadora do referido curso, sendo realizado no período de fevereiro de 2012 a maio de 2012. 4.1 Área de estudo O município de Salinas está situado no Norte de Minas na Região Fisiográfica do Chapadão do Itacambira, Vale do Jequitinhonha. Se localiza a 649 Km de Belo Horizonte e 223 Km de Montes Claros, ocupando uma área de 1.897,17 Km2, sendo 46,30 Km2 de área urbana e 1850,87 Km2 de área rural. (IBGE, 2010). A cidade apresenta um clima semi-árido predominantemente quente por quase todos os meses do ano. Se caracteriza por um período de seca marcante, com chuvas mal distribuídas e um outro período de chuvas torrenciais e espaçadas; atingindo assim uma temperatura média de verão de 33°C e no inverno a média chega a 18°C. (PREFEITURA DE SALINAS, 2012). Com relação à hidrografia, Salinas fica localizada na Bacia Hidrográfica do Rio Jequitinhonha (Nordeste de Minas Gerais), formando a Sub-Bacia do Rio Salinas com os rios Matrona, Salinas, Bananal e Caraíbas. Os três últimos são perenizados pelas barragens de mesmo nome com volume d'água de 92 milhões, 25 milhões e 9,4 milhões de metros cúbicos respectivamente, que deságua à margem esquerda do Rio Jequitinhonha no Município de Coronel Murta/MG. A média anual do índice pluviométrico é de 855,0 mm. (PREFEITURA DE SALINAS, 2012). Geograficamente o município possui a seguinte posição: 16º 10’ 19” de Latitude (S) e 42° 17’ 33” de Latitude (W). O relevo é constituído por 40% de terreno plano, 35% de terreno ondulado e 25% de terreno montanhoso. Apresenta uma umidade relativa do ar média de 63,0%, além da pressão atmosférica no nível da estação local de 962,1. A vegetação predominante é a Caatinga, o Cerrado e as Matas Caducifólicas. Já o solo predominante é o latossolo vermelho amarelo, podzólicos eutópicos, sendo solos 24 altamente férteis, apesar da existência de litossolos associados com afloramento rochosos principalmente nos relevos. (PREFEITURA DE SALINAS, 2012). O município é conhecido pela qualidade do requeijão e da carne de sol, pelas tradições, pelo folclore e pela produção agropecuária. Mas nada lhe dá mais notoriedade do que as suas famosas cachaças, com destaque para a lendária "Havana/Anísio Santiago", considerada a mais famosa marca de cachaça artesanal do país. Outras atrações da cidade são as Festas Juninas, o Festival Mundial da Cachaça, as jazidas minerais e o artesanato. O município possui uma população de 39.178 habitantes. (IBGE, 2010). No setor educacional a cidade possui cinco escolas municipais, seis escolas estaduais, seis creches municipais dois centros municipais de educação infantil e um Instituto Federal Norte de Minas Gerais (IFNMG). Na área da saúde a população conta com seis unidades da estratégia da família, uma unidade básica de saúde (UBS), um hospital municipal para o atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), uma policlínica que faz atendimentos particulares, além de algumas clínicas e consultórios particulares. (PREFEITURA DE SALINAS, 2012). A empresa responsável pelo abastecimento de água e capitação do esgoto da cidade é a Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) que faz parte do Distrito do Baixo Pardo. Segundo a prória empresa, tomando como base a referência de abril de 2012, já foram realizados até a referida data 10.676 ligações de água nos domicílios e 8.141 ligações de rede de esgoto, o que representa um percentual de cobertura do abastecimento de água de 96,48% e a cobertura para a capitação do esgoto é de aproximadamente 73,52%. No entanto a empresa realiza apenas a capitação do esgoto doméstico através de suas redes de encanamento, porém o mesmo ainda não passa pelo tratamento antes de ser lançado ao meio ambiente, pois ainda não foi implantado o sistema de tratamento na cidade. (COPASA, 2012). 4.2 Tipo de pesquisa O presente trabalho baseia-se em uma pesquisa de campo do tipo quantitativodescritivo, onde através de questionário e exames coproparasitológicos, foi feita uma análise das características sócioeconômicas e culturais do público alvo. A finalidade foi obter e fornecer dados que verifiquem a hipótese levantada inicialmente, podendo assim 25 verificar se existe correlação entre os resultados sócioeconômicos e a clínica do paciente. (MARCONI; LAKATOS, 2010). 4.3 Público alvo O público alvo escolhido para pesquisa foram alunos do Maternal II e do 1º Período, matriculados em 2012 no Centro Solidário Municipal de Educação Infantil Rosana Costa Guimarães Petrônio, do bairro Nova Esperança da cidade de Salinas (MG). Sendo um total de 64 crianças com idade entre três a quatro anos. Como critério de inclusão dos escolares na pesquisa, foi utilizada a seguinte medida: estar devidamente matriculado na instituição referida e apresentar autorização assinada pelos pais ou responsáveis através de um termo de consentimento entregue a cada um dos pais no dia da reunião. 4.4 Pesquisa parasitológica Inicialmente a autorização para realização da pesquisa foi feita mediante a Secretária Municipal de Saúde e a Secretaria Municipal de Educação, Ciências e Tecnologia de Salinas, através de um ofício encaminhado ao secretário de saúde (Anexo A). Após essa primeira autorização, foi realizada com agendamento prévio na instituição junto à diretoria da mesma, uma reunião com pais e/ou responsáveis pelos alunos selecionados na amostragem com o objetivo de prestar esclarecimentos sobre as atividades do projeto e convidar os pais a participarem da pesquisa. Os pais e/ou responsáveis foram informados quanto à confidencialidade dos dados fornecidos, que sua participação não era obrigatória e que em qualquer etapa da pesquisa eles poderiam abandoná-la. Informando também que seus dados não seriam expostos sob nenhum aspecto, e aqueles que aceitaram a participação dos escolares, tiveram que assinar um termo de compromisso, atestando seu consentimento integral, livre e esclarecido sobre o caráter da pesquisa (Apêndice A). Para a realização da coleta do material fecal os pais receberam um frasco coletor universal com espátula, previamente identificado, e foram instruídos oralmente e com panfletos dos procedimentos necessários para coleta de uma amostra fecal e a forma de armazenamento (Apêndice B). 26 As amostras fecais foram devolvidas na instituição dois dias após a primeira reunião com os pais e/ou responsáveis, onde foram recolhidas e encaminhadas ao Laboratório Biomed, que fica situado na Praça Procópio Cardoso, nº 44, Centro/ Salinas (MG), para investigação dos parasitos. O trabalho técnico de realização dos exames parasitológicos foi desenvolvido pela acadêmica com a supervisão da responsável técnica pelo estabelecimento, atestado através de declaração (Apêndice C). A análise coproparasitológica foi realizada de acordo com o método de Hoffmann, Pons e Janer ou Lutz ou sedimentação espontânea para a verificação de cistos de protozoários, ovos e larvas de helmintos. Segundo Neves (2005) o método se baseia nas seguintes etapas: primeiramente utiliza-se em média 2 gramas de fezes, em um frasco Borrel com aproximadamente 5mL de água, e com um bastão de vidro faz-se a trituração da mesma, em seguida acrescenta-se 20mL de água. Logo após fazer a filtragem da suspensão em uma gaze cirúrgica dobrada em quatro partes ou em uma tela metálica ou de náilon de 80 a 100 malhas por cm2, em um cálice cônico com volume de 200mL, os detritos retidos devem ser lavados com 20mL e agitados com o bastão de vidro, armazenando a água no cálice. Em seguida acrescentar mais água até completar o volume do cálice e deixar a suspensão em repouso por um intervalo de 2 até 24 horas. Depois de transcorrido esse tempo, analisa-se o líquido sobrenadante, caso este esteja turvo, deve descartá-lo com cuidado para não ressuspender o sedimento. Completa-se o volume do cálice e deixa-o em repouso por mais 1 hora. Caso esteja límpido e com bom sedimento, a amostra está pronta para se examinada. Após esta etapa coleta-se uma gota do sedimento contido no fundo do cálice com uma pipeta ou canudinho de plástico, e coloca-se em uma lâmina em seguida faz-se um esfregaço corado com Lugol para melhor visualização de cistos de protozoários, ovos e larvas de helmintos. A análise deve ser feita em microscopia óptica de luz utilizando objetivas 10x e/ou 40x. O método utilizado foi dividido em três etapas: pré-analítica, analítica e pósanalítica. A etapa pré-analítica compreendeu desde o período de obtenção da autorização para o desenvolvimento da pesquisa até o recolhimento das amostras biológicas e os questionários dos escolares. Na etapa analítica foi seguido o protocolo referido anteriormente e a microscopia óptica de luz usada foi do modelo Nikon YS 100 nas objetivas de dez e quarenta vezes. Para melhor garantia de qualidade do exame e dos resultados, foram confeccionadas três lâminas por amostra fecal de cada paciente. 27 Na etapa pós-analítica os resultados foram emitidos diretamente aos pais e/ou responsáveis pelos escolares em data previamente agendada junto à direção da instituição. 4.5 Pesquisa sócioeconômica e cultural Para investigação dos aspectos sócioeconômicos, culturais, ambientais e comportamentais foi aplicado um questionário padronizado com questões abertas e fechadas aos pais e/ou responsáveis, no dia da reunião para esclarecimento da pesquisa. Para aqueles que aceitaram participar do trabalho, os mesmos entregaram o questionário juntamente com as amostras fecais dois dias após a primeira reunião (Anexo B). Todos os resultados obtidos através do questionário foram mantidos sob confidencialidade, e foram utilizados para fins didáticos, onde foram compilados e apresentados através de gráficos e/ou tabelas utilizando o sistema Excel versão 2007. 4.6 Atividades de educação em saúde Tendo como base os resultados obtidos junto à investigação parasitológica e social, a acadêmica realizou atividades de educação em saúde com os escolares, pais e/ou responsáveis, através de visita previamente agendada junto à direção da instituição. O conteúdo das atividades foi desenvolvido através de palestra em linguagem simples, tendo como base principalmente os parasitos e comensais intestinais diagnosticados no exame parasitológico de fezes. Também foi abordado os aspectos relevantes observados no levantamento social, com ênfase nas formas de transmissão, sintomatologia, patologia e principalmente profilaxia das parasitoses intestinais apresentadas pelo público pesquisado. 4.7 Orientação para avaliação médica Na última reunião com os pais e/ou responsáveis dos escolares, além das atividades de educação em saúde, foram entregues os resultados dos exames parasitológicos de fezes. Para aqueles pacientes que apresentaram resultados positivos, os pais e/ou responsáveis foram orientados a procurar um Posto de Saúde da Família, 28 para que um médico pudesse prescrever um tratamento e acompanhamento desses pacientes. 4.8 Divulgação dos resultados Todos os resultados da pesquisa foram utilizados, divulgados e apresentados no trabalho de conclusão do curso de Biomedicina da Faculdade Tecsoma no primeiro semestre de 2012, mantendo a confidencialidade das informações e sem expor os participantes sob nenhum aspecto. Também foi enviada uma cópia do projeto e dos resultados do trabalho para a Secretaria Municipal de Educação, Ciências e Tecnologia de Salinas; para Instituição participante e também para Secretária Municipal de Saúde, para armazenamento das informações junto ao banco de dados do município. 29 5 RESULTADOS 5.1 Pesquisa parasitológica Dos 64 alunos selecionados, apenas 58 participaram da pesquisa parasitológica e socioeconômica, o que representa uma adesão de 90,62% do público. Entre as 58 crianças estudadas, 35 (60,34%) apresentaram resultados positivos para enteroparasitoses e comensais intestinais, 23 (39,66%) apresentaram resultados negativos. Dentre os resultados positivos foram registrados 44 (91, 67%) casos de protozoários e quatro (8,33%) casos de helmintos devido a ocorrência de biparasitismo e poliparasitismo, tendo assim um predomínio dos protozoários sobre os helmintos (Figura 1). Presença de Parasitos e/ou Comensais Intestinais 70 Número de Crianças 60 58 50 40 35 30 23 20 10 0 Total de Alunos Alunos Positivos Alunos Negativos Figura 1 - Alunos do Centro de Educação Municipal Infantil (Salinas/MG) segundo a positividade dos resultados das amostras analisadas (n=58), 2012. Fonte: Dados da pesquisa A prevalência de parasitoses intestinais no sexo masculino foi de 57, 14% (20 meninos), e no sexo feminino de 42,86% (15 meninas) (Figura 2). 30 Prevalência das Parasitoses Segundo o Sexo das Crianças Número de Casos Positivos 70 60 58 50 40 30 20 20 15 10 0 Total de Alunos Meninos Parasitados Meninas Parasitadas Figura 2 - Alunos do Centro de Educação Municipal Infantil (Salinas/MG) segundo a prevalência das parasitoses de acordo com o sexo de cada criança (n=58), 2012. Fonte: Dados da pesquisa Entre os resultados positivos o parasito mais frequente foi Entamoeba histolytica (39,58%), seguido pelo protozoário comensal Entamoeba coli (33,34%), Giardia lamblia (18,75%). Entre os helmintos, foram encontrados: Ascaris lumbricoides (4,17%), Strongyloides stercoralis (2,08%) e Enterobius vermicularis (2,08%) (Figura 3). Prevalência de Cada Parasito e/ou Comensal Resultados em % 39,58 40 35 30 25 20 15 10 5 0 33,34 18,75 4,17 2,08 2,08 Figura 3 - Alunos do Centro de Educação Municipal Infantil (Salinas/MG) segundo a prevalência dos parasitos e/ou comensais intestinais em amostrais fecais (n=58), 2012. Fonte: Dados da pesquisa 31 Dentre os 35 casos positivos, o monoparasitismo foi observado em 24 (68,57%) dos escolares, sendo a associação entre dois parasitos observada em nove (25,71%) dos escolares e entre três parasitos em dois (5,72%) dos escolares. As associações mais frequentes foram entre Entamoeba histolytica/Entamoeba coli e Entamoeba histolytica/ Giardia lamblia (Figura 4). Com relação aos 35 casos positivos Perfil do Parasitismo nos Escolares 25 24 20 15 9 10 5 2 0 Monoparasitismo Biparasitismo Poliparasitismo Figura 4 - Alunos do Centro de Educação Municipal Infantil (Salinas/MG) segundo o perfil das associações dos parasitos e/ou comensais intestinais dos casos positivos (n=35), 2012. Fonte: Dados da pesquisa 32 5.2 Pesquisa social Com o intuito de analisar as condições sócioeconômicas, culturais, ambientais e comportamentais do grupo estudado, foi aplicado um questionário aos mesmos, com os resultados demonstrados em seguida. Em relação ao sexo, são 23 (39,66%) meninas e 35 (60,34%) meninos (Figura 5). Perfil do Público em Relação ao Genêro Feminino e Masculino 35 35 30 23 25 20 15 10 5 0 Meninos Meninas Figura 5 - Alunos do Centro de Educação Municipal Infantil (Salinas/MG) segundo o sexo (n=58), 2012. Fonte: Dados da pesquisa Em relação à idade, são 23 (43,10%) alunos com três anos de idade e 35 (56,90%) alunos com quatro anos de idade (Figura 6). 33 Idade dos Alunos 35 35 30 23 25 20 15 10 5 0 3 Anos 4 Anos Figura 6 - Alunos do Centro de Educação Municipal Infantil (Salinas/MG) segundo a idade (n=58), 2012. Fonte: Dados da pesquisa Quanto a profissão do pai ou da mãe, tiveram maior predomínio os cargos de lavrador (8) e servente de pedreiro (7) (Figura 7). Profissão dos Pais 11 8 7 5 3 3 3 3 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Não Informou Lavrador Servente de Pedreiro Doméstica Pedreiro Serviços Gerais Carpinteiro Autonômo Eletricista Técnico de… Professora Forneiro Bombeiro Hdraúlico Jateador Auxiliar de… Pintor Operador de… Auxiliar de Produção Açougueiro Motorista Auxiliar de Soldador 12 10 8 6 4 2 0 Figura 7 - Alunos do Centro de Educação Municipal Infantil (Salinas/MG) segundo a profissão dos pais (n=58), 2012. Fonte: Dados da pesquisa Com relação ao nível de escolaridade dos pais, foi observado apenas um analfabeto e um com nível superior completo (Figura 8). 34 Nível de Escolaridade dos Pais 18 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 11 7 7 7 4 2 1 1 Figura 8 - Alunos do Centro de Educação Municipal Infantil (Salinas/MG) segundo ao nível de escolaridade dos pais (n=58), 2012. Fonte: Dados da pesquisa Em relação à renda familiar houve predomínio de um salário mínimo por família analisada (Figura 9). Renda Familiar 35 31 30 25 20 15 11 8 10 5 2 5 0 1 Salário Menos de 1 Salário Minimo 1 Salário e meio Não Informou 2 Salários Figura 9 - Alunos do Centro de Educação Municipal Infantil (Salinas/MG) segundo ao nível de escolaridade dos pais (n=58), 2012. Fonte: Dados da pesquisa 35 O número de pessoas por família predominante foi de 1 a 4 pessoas e está representado na figura 10. Número de Pessoas na Família 36 40 35 30 22 25 De 1 a 4 Pessoas De 5 a 10 Pessoas 20 15 10 5 0 Figura 10 - Alunos do Centro de Educação Municipal Infantil (Salinas/MG) segundo o número de familiares (n=58), 2012. Fonte: Dados da pesquisa Das 58 famílias entrevistadas apenas uma reside na zona rural. Com relação ao tipo de piso das residências, 21 são de cerâmica, 20 do tipo “vermelhão”, 16 de concreto (piso grosso) e apenas um de terra (Figura 11). Tipo de Piso das Residências 25 21 20 20 16 15 10 5 1 0 Cerâmica Vermelhão Piso Grosso (Concreto) Terra Figura 11 - Alunos do Centro de Educação Municipal Infantil (Salinas/MG) segundo o tipo de piso das residências (n=58), 2012. Fonte: Dados da pesquisa 36 O tipo de construção mais utilizada para as casas foi o tipo alvenaria (91,37%) (Figura 12). Tipo de Construção das Casas 60 53 50 40 30 20 10 3 2 0 0 Alvenaria Outro (Adobe) Não Informou Madeira Figura 12 - Alunos do Centro de Educação Municipal Infantil (Salinas/MG) segundo ao tipo de construção das casas (n=58), 2012. Fonte: Dados da pesquisa Em 28 residências verificou-se a presença de animais de estimação, dentre eles destacam o cão, gato, galinha e periquito (Figura 13). Presença de Animais Domésticos 30 30 29,5 29 Possui Animais Domésticos 28,5 28 Não Possui Animais Domésticos 28 27,5 27 Figura 13 - Alunos do Centro de Educação Municipal Infantil (Salinas/MG) segundo presença de animais de estimação (n=58), 2012. Fonte: Dados da pesquisa 37 Quanto à procedência da água para o consumo, 56 famílias utilizam água proveniente da torneira, fornecida pela Copasa (Figura 14). Procedência da Água para o Consumo 60 56 50 40 30 20 10 1 1 0 Torneira Outros(Barragem) Rio/Ribeirão Figura 14 - Alunos do Centro de Educação Municipal Infantil (Salinas/MG) segundo a procedência da água para o consumo Humano (n=58), 2012. Fonte: Dados da pesquisa Com relação ao tipo de tratamento que emprega na água antes do uso, 49 famílias relataram que utilizam a filtração como tratamento, sete não fazem nenhum tipo de tratamento e duas usam solução clorada (Figura 15). Tratamento Empregado para Água 49 50 45 40 Filtração 35 30 25 Não Faz Nenhum Tratamento 20 Solução Clorada 15 10 5 7 2 0 Figura 15 - Alunos do Centro de Educação Municipal Infantil (Salinas/MG) segundo o tratamento empregado para água antes do consumo Humano (n=58), 2012. Fonte: Dados da pesquisa 38 Em relação ao tipo de instalação sanitária utilizada pelas famílias, em 53 casas utilizava-se a privada/vaso sanitário, quatro famílias não informaram qual tipo utilizava e apenas uma casa possuía o sistema de fossa (Figura 16), sendo que destas 70,68% utilizam a rede de esgoto para o destino dos dejetos, apenas 18,97% utilizam a fossa séptica, 3,45% usa o meio ambiente e 6,90% não informaram qual destino utiliza. Tipo de Instalação Sanitária 60 53 50 40 Privada/Vaso Sanitário Não Informaram 30 Fossa 20 10 4 1 0 Figura 16 - Alunos do Centro de Educação Municipal Infantil (Salinas/MG) segundo o tipo de instalação sanitária utilizada nos domicílios (n=58), 2012. Fonte: Dados da pesquisa Em relação à origem das frutas, verduras e hortaliças consumidas no domicílio, 63,79% das famílias consomem as mesmas da feira do mercado municipal da cidade (Figura 17). 39 Procedência das Verduras e Frutas 37 40 35 30 Feira do Merc. Municipal 25 Supermercado ou Sacolão 17 20 Não Informaram 15 10 4 5 0 Figura 17 - Alunos do Centro de Educação Municipal Infantil (Salinas/MG) segundo a procedência das frutas, verduras e hortaliças (n=58), 2012. Fonte: Dados da pesquisa Com relação à frequência que lavavam os alimentos antes do consumo, 43 famílias relataram fazer sempre a higienização dos alimentos (Figura 18). Frequência de Higienização dos Alimentos Antes do Consumo 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 43 6 6 2 Sempre 2 vezes Não informaram 1 vez 1 Às vezes Figura 18 - Alunos do Centro de Educação Municipal Infantil (Salinas/MG) segundo a frequência de higienização dos alimentos antes do consumo (n=58), 2012. Fonte: Dados da pesquisa Das 58 famílias, 47 relataram que lavam sempre as mãos depois de usar o banheiro, cinco relataram que lavam às vezes, e seis não informaram (Figura 19). 40 Frequência de Higienização das Mãos 47 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 6 Sempre Não informaram 5 Ás vezes Figura 19 - Alunos do Centro de Educação Municipal Infantil (Salinas/MG) segundo a frequência de higienização das mãos após usar o banheiro (n=58), 2012. Fonte: Dados da pesquisa Entre as famílias entrevistadas, 11 delas têm o hábito de andar sempre descalças no quintal, fazenda ou sítio (Figura 20). Costume de Andar Descalço 30 27 25 20 13 15 11 10 4 5 3 0 Às vezes Raramente Sempre Não informaram Nunca Figura 20 - Alunos do Centro de Educação Municipal Infantil (Salinas/MG) segundo o costume de andarem descalço (n=58), 2012. Fonte: Dados da pesquisa Com relação ao hábito de manipular terra, foi detectado que 20 famílias possuem este hábito, sendo as crianças do estudo as principais a praticar este costume (Figura 21). 41 Hábito de Manipular Terra 20 19 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 13 6 Sim Às vezes Não Não informaram Figura 21 - Alunos do Centro de Educação Municipal Infantil (Salinas/MG) segundo o hábito de manipular terra (n=58), 2012. Fonte: Dados da pesquisa Dos entrevistados, apenas 5,18% possuem o costume de nadar, principalmente em rios (Figura 22). Costume de Nadar 87,93 90 Frequência em % 80 70 60 50 40 30 20 6,89 5,18 10 0 Não Não Informaram Sim Figura 22 - Alunos do Centro de Educação Municipal Infantil (Salinas/MG) segundo ao costume de nadar em rios, lagos, piscina (n=58), 2012. Fonte: Dados da pesquisa Cerca de 18 famílias relataram ter observado a presença de parasitos nas fezes das crianças ou de alguém da família, dentre os parasitos encontrados destacam-se os helmintos (Figura 23). 42 Presença de Parasitos nas Fezes 35 35 30 25 18 20 15 10 5 5 0 Não Sim Não Informaram Figura 23 - Alunos do Centro de Educação Municipal Infantil (Salinas/MG) de acordo com a observação da presença de parasitos nas fezes de algum membro da família (n=58), 2012. Fonte: Dados da pesquisa Das 58 famílias entrevistadas, 46,55% relataram já ter feito algum exame parasitológico de fezes das crianças (Figura 24), e que dos exames com resultados positivos teve o predomínio dos parasitos Entamoeba coli e Entamoeba histolytica, sendo que 48,15% realizou o último exame há mais de um ano, 37,04% havia realizado no período de seis meses a um ano e 14,81% havia realizado o exame a menos de seis meses. Realização de Exames Parasitológicos de Fezes pelas Crianças Resultado em % 50 46,55 41,37 40 30 20 12,08 10 0 Sim Não Não Informaram Figura 24 - Alunos do Centro de Educação Municipal Infantil (Salinas/MG) de acordo com a realização de algum Exame Parasitológico de Fezes (EPF) (n=58), 2012. Fonte: Dados da pesquisa 43 5.3 Atividade de educação em saúde Tendo como base os principais parasitos encontrados na pesquisa parasitológica, a acadêmica desenvolveu uma palestra para os pais, guiando-se por um roteiro de linguagem simples, onde abordou as formas de transmissão, patologia e sintomatologia dos parasitos encontrados nos exames das crianças, além das medidas preventivas de cada parasitose intestinal. Para os alunos que tiveram resultados positivos, os pais foram instruídos a procurar uma unidade de estratégia da família mais próxima de suas residências. A atividade foi encerrada com os devidos agradecimentos a todos que se dispuseram a participar da pesquisa, visto que foi de grande importância para o sucesso do trabalho. 44 6 DISCUSSÃO Segundo Quadros et al. (2004) as doenças parasitárias são empregadas como indicadores do desenvolvimento sócioeconômico de uma determinada população, além de ser um grave problema de saúde pública, acometendo principalmente a população jovem, de baixa renda, com nível sócioeconômico baixo e de baixa instrução escolar, causando assim problemas gastrintestinais, quadros de desnutrição, deficiência no desenvolvimento corporal e consequente déficit no aprendizado escolar. Tomando como base esses fatores de risco para a contaminação e consequente infecção parasitária, foi possível verificar tais fatores através do levantamento sócioeconômico, cultural e comportamental das famílias, sendo que o nível de escolaridade predominante, do pai ou da mãe, foi o Ensino Fundamental I Incompleto (18 famílias). Com relação à renda familiar cerca de 53,45% das famílias sobrevivem com um salário mínimo, a profissão mais predominante entre os pais foi a de lavrador (8) e em 36 dos domicílios convivem no mínimo quatro pessoas. Estes dados confirmam o que já foi citado anteriormente por diversos autores, como por exemplo, Quadros et al. (2004), que diz, que as parasitoses acometem justamente essas famílias com renda e nível de escolaridade baixos, que possui vários integrantes na família e que possuem cargos profissionais mais humildes o que reflete diretamente nos salários recebidos. Gurgel et al. (2005) salientam que os centros de educação infantis são ambientes com condições que os predispõem a serem ambientes expositores a enteroparasitoses, com uma probabilidade de 1,5 vezes mais de risco para infecção parasitária. Como se trata de um grupo de crianças com idade entre três e quatro anos que caracteriza um grupo de risco, alguns fatores determinantes podem estar associados à alta prevalência dessas parasitoses, como por exemplo: deficiência nos hábitos higiênico-sanitários, imaturidade do sistema imunológico e consequente ausência de imunidade a reinfecções e o pouco conhecimento quanto às medidas preventivas para infecção de protozoários e helmintos. Desta forma foi verificada uma prevalência de 60,34% (35/58) de parasitoses no grupo estudado, estando de acordo com outros resultados de várias regiões do país, tais como Quadros et al. (2004) na cidade de Lages- Santa Catarina (70,5%); Silva, Luciana (2010), e Silva Reginaldo (2010) na cidade de Patos de Minas-Minas Gerais (73%); 45 Gomes et al. (2010) na cidade de Águas do Miranda-Mato Grosso do Sul (83,8%); Vasconcelos et al. (2011) na cidade do Crato-Ceará (60,84%); Araújo Filho et al. (2011) na cidade de Osasco-São Paulo (66,6%); Seixas et al. (2011) na cidade de Salvador-Bahia (94%). Entre os 35 resultados positivos o parasito mais frequente foi Entamoeba histolytica com 39,58% dos casos. No entanto o resultado encontrado está acima da média nacional e de outros trabalhos como o de Seixas et al. (2011) na cidade de Salvador-Bahia que detectou 21,5%; Andrade et al. (2008) na cidade de BlumenauSanta Catarina com 15,1%; Monteiro et al. (2009) na cidade de Coari-Amazonas (14%) e Macedo (2005) na cidade de Paracatu-Minas Gerais com uma taxa de 21,5%. A segunda espécie mais prevalente foi Entamoeba coli (33,34%), que é um comensal intestinal, no entanto sua transmissão ocorre via fecal-oral, e representa um indicador de condições socioeconômicas e sanitárias precárias, indicando a situação de risco para infecções de agentes patogênicos que possuem o mesmo mecanismo de disseminação. De acordo com a literatura, os resultados registrados sobre esse comensal intestinal em crianças variam conforme os estudos realizados por Cardoso et al. (2010) na cidade de Araguaína-Tocantins com um total de 28,9% e Macedo (2005) na cidade de Paracatu-Minas Gerais com uma taxa de 50%. Segundo Gomes et al. (2010) na cidade de Águas do Miranda-Mato Grosso do Sul a prevalência foi de 20%, e Seixas et al. (2011) na cidade de Salvador-Bahia encontrou um valor de 43,5% que é superior ao encontrado neste trabalho. Levando em consideração o levantamento feito através do questionário, pode-se verificar a presença de saneamento básico nas residências e bons hábitos de higiene por parte dos familiares, pois em 91,37% dos domicílios usava-se a privada/vaso sanitário, 1,72% usa o sistema de fossa. Cerca de 41 famílias utilizam a rede de esgoto para o destino final dos dejetos, 11 delas utilizam a fossa séptica e duas liberam os dejetos no meio ambiente. Os tipos de construção e piso das residências mais predominante foram respectivamente alvenaria (53/58) e cerâmica (21/58). Além disso, 63,79% das famílias consomem frutas, verduras e hortaliças da feira do mercado municipal da cidade; 43 famílias possuem o hábito de higienizar sempre os alimentos antes do consumo e cerca de 81,03% das famílias têm o hábito de lavar sempre as mãos após utilizar o banheiro. No entanto, mesmo com os bons hábitos de higiene, as melhorias no saneamento básico e nas construções das casas, verificou-se uma alta prevalência de parasitoses 46 intestinais (60,34%) neste grupo estudado. Esta pode estar associada à presença de animais domésticos como ocorreu em 28 domicílios, pois estes são vinculadores desses agentes, devido a vetores mecânicos como moscas, baratas, formigas, pois observando em algumas ruas do bairro onde localiza-se o CEMEI, foi encontrado esgoto a céu aberto, córrego sem tratamento com livre acesso para as crianças, além dos fatores de risco relacionados com a idade dos escolares já mencionado anteriormente. De acordo Pittner et al. (2007) a prevalência de Giardia lamblia varia de acordo com a população e região pesquisada, podendo variar de 9 a 50% atingindo principalmente as crianças com mais de quatro anos de idade, em seu estudo realizado na cidade Guarapuava-Paraná, encontrou uma prevalência de 50,73%. Neste estudo a prevalência de Giardia lamblia foi de 18,75%. Outros autores em seus estudos demonstraram diferentes prevalências desse protozoário como: Biscegli et al. (2009) na cidade de Catanduva-São Paulo (74%); Macedo (2005) na cidade de Paracatu-Minas Gerais com uma taxa de 15%; Mascarini e Donalisío (2006) na cidade de Botucatu-São Paulo (21,4%); Silva, Luciana (2010), e Silva, Reginaldo (2010) na cidade de Patos de Minas-Minas Gerais (32%); Vasconcelos et al. (2011) na cidade do Crato-Ceará (43,3%); Uchôa et al. (2009) na cidade de Niterói-Rio de Janeiro (33,06%). De acordo com Cimerman, Benjamin (2005), e Cimerman, Sérgio (2005) Giardia lamblia é um protozoário muito resistente, pois se mantém vivo no meio externo até dois meses após sua eliminação nas fezes. Além disso, os tratamentos empregados na água, como a cloração, o aquecimento até 60°C e o congelamento não são capazes de destruir os cistos desse agente, apenas a água fervida durante cinco minutos pode inativar os cistos. Desta forma fica evidente que a melhor forma de tratamento da água para o controle dessa parasitose é a fervura da água. Neste sentido a pesquisa realizada com as famílias demonstrou que nenhuma delas utiliza esse tipo de tratamento, pois 49 famílias utilizam a filtração, sete não empregam nenhum tratamento e duas usam a solução clorada. Outra característica importante com relação à água usada para o consumo, é que 56 famílias utilizam a água distribuída pela Copasa e que apenas duas famílias utilizam água do rio e/ou da barragem local. Dentre os helmintos mais prevalentes destaca-se Ascaris lumbricoides com 4,17% dos casos positivos, porém seu percentual encontra-se abaixo dos valores descritos por Cardoso et al. (2010) em seu trabalho na cidade de Araguaína-Tocantins, 47 onde apresentou um percentual de 9,2%. Outros trabalhos semelhantes Quadros et al. (2004) na cidade de Lages- Santa Catarina com 35%; Macedo (2005) na cidade de Paracatu-Minas Gerais com uma taxa de 7,5%; Seixas et al. (2011) na cidade de Salvador-Bahia com 25%; Pittner et al. (2007) na cidade Guarapuava-Paraná com 15,27% e Vasconcelos et al. (2011) na cidade do Crato-Ceará com 21,9%. Foi observada a ocorrência de apenas um único caso de Strongyloides stercoralis (2,08%) sendo este resultado não compatível com os descritos pela literatura. Nela encontra-se estudos como o de Basso et al. (2008) na cidade de Caxias do Sul-Rio Grande do Sul (3%); Seixas et al. (2011) na cidade de Salvador-Bahia (2,5%), e Gomes et al. (2010) na cidade de Águas do Miranda-Mato Grosso do Sul (3,5%). No entanto o valor encontrado para este parasito pode estar subestimado, pois o método utilizado na pesquisa foi o método de sedimentação espontânea, e o método mais indicado para o geohelminto é o método de Baermann-Moraes, devido sua característica de hidro-termotropismo. (CIMERMAN, Benjamin; CIMERMAN, Sérgio 2005). No estudo realizado verificou-se a ocorrência de um único caso de Enterobius vermicularis (2,08%). No entanto outros trabalhos realizados demonstram resultados superiores ao encontrado neste estudo como o de Silva et al. (2010) na cidade de Alfenas-Minas Gerais com 16,7%; Seixas et al. (2011) na cidade de Salvador-Bahia com 3% e Basso et al. (2008) na cidade de Caxias do Sul-Rio Grande do Sul com 8%. De acordo com Rey (2002) as crianças em idade pré-escolar constituem o grupo de maior vulnerabilidade à infecção, tornando assim a escola o ambiente de maior intensidade para disseminação dos ovos, seguido de ambientes que apresentam um confinamento entre as pessoas, como: orfanatos, creches, dormitórios coletivos, asilos. Isso porque os ovos são extremamente leves e tornam-se infectantes em aproximadamente seis horas após a postura, desta maneira, após a postura que ocorre principalmente a noite, os ovos ficam depositados na roupa de cama, peças íntimas, e com a movimentação do indivíduo durante a noite, ou ao despir-se e vestir-se, os ovos por serem leves se misturam na poeira, favorecendo assim a transmissão por inalação, além de poder contaminar alimentos e água. Outro fator importante a ser considerado em relação à alta prevalência dessa parasitose em crianças, é a deficiência nos hábitos higiênicos, o que facilita a transmissão fecal-oral, através da ingestão de ovos depositados nas unhas e dedos. 48 Sendo assim, neste trabalho foi possível observar a presença de três helmintos de grande relevância para a medicina, devido às suas manifestações clínicas e consequências, principalmente para faixa etária em discussão. Neste sentido como já citado anteriormente por alguns autores como Neves e Cimerman, Benjamin (2005), e Cimerman, Sérgio (2005) com exceção do helminto E. vermicularis, os outros dois helmintos ou seus ovos necessitam de um contato com o meio externo (solo) para completarem o ciclo biológico, com isso podemos ressaltar a importância do solo na manutenção e transmissão dessas parasitoses. Foi possível observar essa característica neste grupo estudado, pois cerca de 20 famílias possuíam o hábito de manipular terra com muita frequência, e 11 dessas também possuíam o costume de andar descalças no quintal, sítio ou fazenda, sendo que as principais pessoas que apresentavam estes hábitos eram as crianças em estudo. Não foi encontrado nenhum agente patológico que tenha como principal mecanismo de transmissão veiculação hidríca, como o Schistosoma mansoni, que não é um parasito intestinal, porém o seu diagnóstico é através do exame parasitológico de fezes. Esse fato ficou demonstrado através do questionário, pois 51 famílias não possuem o hábito de nadar em rios, lagos, piscinas ou lagoas. Frente aos resultados obtidos neste trabalho, ficou evidente a relação direta entre a elevada taxa de parasitoses e comensais intestinais e os fatores sócioeconômicos e sanitários dos escolares. Desta maneira fica demonstrada a necessidade de implantar medidas e programas que visem a melhoria do saneamento básico e infraestrutura da comunidade. É de suma importância a realização de projetos e medidas que visem a educação sanitária e ambiental da população, para que esta possa conhecer e conscientizar-se sobre as medidas preventivas e as formas de transmissão das parasitoses intestinais e também para que ocorra o acompanhamento das crianças parasitadas e a verificação da eficiência do tratamento empregado. 49 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O trabalho “Prevalência de enteroparasitoses e comensais intestinais em alunos do Centro Solidário Municipal de Educação Infantil Rosana Costa Guimarães Petrônio do Bairro Nova Esperança, Salinas (MG)” permitiu realizar uma investigação coproparasitológica dos alunos entre três e quatro anos matriculados no CEMEI. Os resultados obtidos através desse estudo, demonstraram uma elevada taxa de prevalência (60,34%) para enteroparasitoses e comensais intestinais entre os escolares selecionados para a pesquisa, a taxa de prevalência para os parasitos foi de 66,66% e para os comensais intestinais foi de 33,34%. Os parasitos encontrados nos exames coproparasitológicos positivos e suas respectivas prevalências foram os protozoários: Entamoeba histolytica (39,58%) e Giardia lamblia (18,75%), e os helmintos foram: Ascaris lumbricoides (4,17%), Strongyloides stercoralis (2,08%) e Enterobius vermicularis (2,08%). O comensal intestinal verificado foi o protozoário Entamoeba coli (33,34%). Tendo em vista os resultados das pesquisas coproparasitológica e social, pode se verificar certo grau de melhoria do saneamento básico das residências e bons hábitos de higiene pessoal e com o preparo dos alimentos, conforme relatos das famílias entrevistadas. Contudo, foi verificada uma elevada taxa de prevalência das parasitoses e comensais intestinais nos escolares do CEMEI, podendo estar associada a alguns fatores de transmissão presentes em nosso país, como contaminação de água e alimentos, falta de saneamento básico, deficiência de infra-estrutura, maus hábitos de higiene, exposição rotineira ao solo (hábito de manipular terra) e também devido à falta de conhecimento sobre as principais medidas preventivas acerca destas doenças. Neste sentido, os resultados encontrados foram compatíveis com os resultados esperados e confirmam a hipótese levantada inicialmente, que os alunos com idade entre zero e cinco anos caracterizam um grupo de risco, devido à própria idade e todos os fatores relacionados com a mesma, já citados anteriormente, e por estes serem mais susceptíveis as infecções parasitárias quando permanecem em ambientes coletivos como as creches ou centros de educação. Sendo assim, com base nos resultados encontrados entre os escolares do CEMEI do Bairro Nova Esperança de Salinas (MG), ressalta-se a importância do acompanhamento das condições de saúde desse grupo e da comunidade como um todo, 50 além da implantação de medidas que visem melhorar ainda mais as condições higiênicosanitárias, saneamento básico da população e também por campanhas educativas e de conscientização para que a população tenha um conhecimento maior sobre as parasitoses intestinais e principalmente de como impedir a transmissão das mesmas. 51 8 PERSPECTIVAS Ao final do projeto, todos os resultados coproparasitológicos foram entregues aos pais e/ou responsáveis durante a palestra de educação em saúde, que foi realizada na sede do CEMEI. Para aqueles alunos que tiveram resultados positivos, os pais foram orientados a procurarem uma unidade de estratégia da família mais próxima de suas residências, para que um médico pudesse prescrever o tratamento e fazer o acompanhamento da criança. Com base nos resultados da pesquisa, fica clara a necessidade de implantação de medidas e programas que visem melhorar o saneamento básico do município, também sugere-se a realização de exames coproparasitológicos periódicos e o acompanhamento das crianças infectadas para analisar a eficácia do tratamento proposto. Além disso elaboração de campanhas e projetos voltados para a educação sanitária e ambiental para serem executados tanto pelos envolvidos na pesquisa como por toda a comunidade são importantes. 52 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Fernanda de. et al. Parasitoses Intestinais em um Centro de Educação Infantil Público do Município de Blumenau (SC), Brasil, com ênfase em Cryptosporidium spp e outros protozoários. Revista de Patologia Tropical, v.37, n. 4, p. 332-340. 2008. ANDRADE, Elisabeth Campos de. et al. Parasitoses Intestinais: Uma Revisão Sobre Seus Aspectos Sociais, Epidemiológicos, Clínicos e Terapêuticos. Revista APS, v. 13, p. 231-240. abr/jun. 2010. ARAÚJO FILHO, Humberto B. et al. Parasitoses Intestinais se Associam a Menores Índices de Peso e Estatura em Escolares de Baixo Extrato Sócioeconômino. Revista Paulista de Pediatria, v. 29, n. 4, p. 521-528. 2011. BASSO, Rita Maria Callegari. et al. Evolução da prevalência de parasitoses intestinais em escolares em Caxias do Sul, RS. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 41, n. 3, p. 263-268. 2008. BISCEGLI, Terezinha Soares. et al. Estado Nutricional e Prevalência de Enteroparasitoses em crianças matriculadas em creche. Revista Paulista de Pediatria, v. 27, n.3, p. 289-295. 2009. CARDOSO, Franciano Dias Pereira. et al. Prevalência de Enteroparasitoses em escolares de 06 a 14 anos no Município de Araguaína Tocantins. Revista Eletrônica de Farmácia, v. 7, n. 1, p. 54-64. 2010. CIMERMAM, Benjamin; CIMERMAM, Sérgio. Parasitologia humana: e seus fundamento gerais. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 2005. COMPANHIA DE SANEAMENTO DE MINAS GERAIS, (COPASA). 2012. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio Século XXI Escolar: o minidicionário da língua portuguesa. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. GOMES, Patrícia Daniele Matos Ferreira. et al. Enteroparasitos em Escolares do Distrito Águas do Miranda, Município de Bonito, Mato Grosso do Sul. Revista de Patologia Tropical, v. 39, n. 4, p. 299-307. 2010. GURGEL, Ricardo Queiroz. et al. Creche: ambiente expositor ou protetor nas infestações por parasitas intestinais em Aracajú, SE. Revista Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 38, p. 267-269. 2005. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Cidades. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em: 08 de maio de 2012. LEVENTHAL, Ruth; CHEADLE, Russel. Parasitologia Médica: texto & atlas. 4. ed. São Paulo: Premier, 2000. 53 MACEDO, Hélica Silva. Prevalência de parasitos e comensais intestinais em crianças de escolas da rede pública municipal de Paracatu (MG). Revista Brasileira de Análises Clínicas, Rio de Janeiro, v. 37, p. 209-213. 2005. MACHADO, Renato Carlos. et al. Giardíase e helmintíases em crianças de creches e escolas de 1º e 2º graus (públicas e privadas) da cidade de Mirassol (SP, Brasil). Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 32, n. 6, p. 697-704. 1999. MAMUS, C.N.C. et al. Enteroparasitoses em um centro de educação infantil do Município de Iretama/PR. Revista Saúde Biologia, v. 3, p. 39-44. 2008. MARCONI, Mariana de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARQUES, Sandra Márcia Tietz; BANDEIRA, Claúdia; QUADROS, Rosiléia Marinho de. Prevalência de Enteroparasitos em Concórdia, Santa Catarina, Brasil. Revista de Parasitologia Latino Americana, v. 60, p. 78-81. 2005. MASCARINI, Luciene Maura; DONALÍSIO, Maria Rita. Giardíase e criptosporidiose em crianças institucionalizadas em creches no Estado de São Paulo. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 39, n. 6, p.577-579. nov/dez. 2006. MONTEIRO, Adriana Maria de C. et al. Parasitoses intestinais em Crianças de creches Públicas localizadas em Bairros Periféricos do Município de Croari, Amazonas, Brasil. Revista de Patologia Tropical, v. 38, n. 4, p. 284-290, out/dez. 2009. NEVES, David Pereira. Parasitologia Humana. 11. ed. São Paulo: Livraria Atheneu, 2005. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). Soil-transmitted helminthiases. Disponível em: <http://www.who.int/gho/neglected_diseases/soil_transmitted_helminthiases/en/index.h tmlAcesso em 19 de abril de 2012. PITTNER, Elaine. et al. Enteroparasitoses em crianças de uma comunidade escolar na cidade de Guarapuava, PR. Revista Salus, v. 1, n. 1. 2007. PREFEITURA MUNICIPAL DE SALINAS. Informações Gerais. Disponível em: <http://www.salinas.mg.gov.br/a_cidade/informa%E7%F5es_gerais/informacoes_gerais .htm>. Acesso em: 08 de maio de 2012. QUADROS, Rosiléia Marinho de. et al. Parasitos intestinais em centros de educação infantil municipal de Lages, SC, Brasil. Revista Brasileira de Medicina Tropical, v. 37, n. 5, p. 422-423. set/ out. 2004. REY, Luís. Bases da Parasitologia Médica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. 54 SEIXAS, Marieli Tavares Leite. et al. Avaliação da Frequência de Parasitos Intestinais e do Estado Nutricional em Escolares de uma Área Periurbana de Salvador, Bahia, Brasil. Revista de Patologia Tropical, v. 40, n. 4, p. 304-314. 2011. SILVA, Luciana Pereira; SILVA, Reginaldo Márcio Gonçalves da. Ocorrência de Enteroparasitos em Centros de Educação Infantil no Município de Patos de Minas, MG, Brasil. Bioscience Journal, v. 26, n. 1, p. 147-151, jan/fev. 2010. SILVA, Roberta Ribeiro. et al. Prevalência de Parasitoses e Estado Nutricional de Préescolares de Centros Educacionais Municipais no Sul de Minas Gerais. Revista Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição, v. 35, n. 1, p. 59-72. 2010. UCHÔA, Cláudia Maria Antunes. et al. Parasitoses intestinais: prevalências em creches comunitárias da cidade de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. Revista Instituto Adolfo Lutz, v. 60, p. 97-101. 2001. UCHÔA, Cláudia Maria Antunes. et al. Parasitismo Intestinal em crianças e funcionários de creches comunitárias na cidade de Niterói- RJ, Brasil. Revista de Patologia Tropical, v. 38, n. 4, p. 267-278. out-dez. 2009. VASCONCELOS, Izabel Alencar Barros. et al. Prevalência de Parasitoses Intestinais entre crianças de 4-12 anos no Crato, Estado do Ceará: um problema recorrente de saúde pública. Acta Scientiarum. Health Sciences, v. 33, n. 1,p. 35-41. 2011. 55 APÊNDICES 56 APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO TERMO DE CONSENTIMENTO Eu, RG nº declaro ter sido informado de que minha participação não é obrigatória e que meus dados serão mantidos em sigilo total, usados apenas para fins didáticos, e consinto assim a participação de como voluntário (a), do projeto de pesquisa sobre Parasitoses Intestinais, consentindo a colheita de uma amostra fecal a ser analisada no Laboratório Biomed, Salinas (MG), sob a responsabilidade da acadêmica Talita Emanuela Alves. Assinatura Salinas de de 2012. 57 APÊNDICE B – INFORMATIVO AOS PAIS E RESPNSÁVEIS INFORMATIVO AS PAIS E/OU RESPONSÁVEIS Neste mês de fevereiro serão realizados exames de fezes dos alunos com idade de 3 e 4 anos do Centro Solidário Municipal de Educação Infantil Rosana Costa Guimarães Petrônio, do bairro Nova Esperança da cidade de Salinas (MG). Para colher o material necessário, siga as seguintes instruções: 1) Você está recebendo um frasco coletor (potinho) onde colocará as fezes de sua(s) criança(s). 2) A criança deverá defecar (fazer cocô) em lugar seco e limpo (penico, urinol ou até mesmo uma folha de papel limpa). Nunca pegue cocô do vaso ou misturado com xixi. 3) Pegue o frasco e com a ajuda da espátula (ou palito de picolé limpo) e coloque as fezes dentro do frasco, enchendo até a metade. Tampe bem quando acabar de fazer a colheita. 4) É importante que as fezes sejam colhidas assim que a criança defecar (fazer cocô). Só coloque fezes da pessoa que tiver o nome colado no frasco. Nunca misture fezes de outras pessoas. Após a colheita do material, lave bem as mãos com água e sabão. 5) Entregue o material (frascos com fezes) no dia marcado para a entrega. 6) Você será informado sobre o resultado do exame de seu filho(s) por meio da instituição. Salinas, de de 2012. OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO! 58 APÊNDICE C – DECLARAÇÃO DA RESPONSÁVEL TÉCNICA DECLARAÇÃO Eu Ana Elisa Miranda Brito CRF:14.81, Farmacêutica Bioquímica responsável pelo Laboratório Biomed, declaro para os devivos fins, que a estagiária do 8º período de Biomedicina da Faculdade Tecsoma, Talita Emanuela Alves, realizou 58 exames parasitológicos de fezes dos alunos do Centro Solidário de Educação Infantil, neste estabelecimento, sob minha supervisão técnica. Responsável Técnica: Ana Elisa Miranda Brito CRF: 14.811 Salinas, 11 de março de 2012. 59 ANEXOS 60 ANEXO A – OFÍCIO AO SECRETÁRIO DE SAÚDE 61 ANEXO B -QUESTIONÁRIO SÓCIOECONÔMICO, CULTURAL, AMBIENTAL E COMPORTAMENTAL 1- Dados Pessoais: Nome da criança: Idade: anos Endereço: Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino 2- Dados Sócio-Culturais: Profissão do pai: Nível de escolaridade do pai: Renda familiar: Número de pessoas na família: 2.1 - Local onde vive: ( ..) Área urbana ( ..) Área rural (sítio, fazenda, chácara) 2.2 - Tipo de piso da casa: ( ..) Madeira ( ..) Cerâmica ( ..) Vermelhão ( ..) Terra ( ..) Outro, Qual? 2.3 - Tipo de construção da casa: ( ..) Madeira ( ..) Alvenaria ( ..) Outro, Qual? 2.4 - Possui animais na residência? ( ) Sim ( ) Não Quais? 2.5 - Procedência (de onde vem) a água de beber: ( .. ) Torneira ( ..) Rio /ribeirão ( .. ) Poço/mina ( .. ) Outros, Quais? 2.6 - Utiliza qual forma de tratamento para água de beber: ( ..) Filtração ( .. ) Fervura ( .. ) Solução clorada (água sanitária) ( .. ) Não faz nenhum tratamento ( ..) Outros, Quais? 62 2.7 - Instalações sanitárias: ( ..) Privada/vaso sanitário ( ..) Fossa ( ..) Não tem 2.8 - Destinos dos dejetos (fezes): ( ..) Esgoto ( ..) Fossa ( ..) Queima ( ..) Meio ambiente (quintal, mato, rua) 2.9 - Verduras e frutas consumidas no domicilio são procedentes (de onde vem): (.. ) Da horta de casa ( ..) De feiras (mercado municipal), ( .. ) Sacolão ou supermercados ( ..) Outros, Qual? 2.10 – Costuma fazer a lavagem e limpeza dos alimentos com que freqüência, quantas vezes? 2.11 – Depois de usar o banheiro, com que freqüência (quantas vezes) costuma lavar as mãos? 2.12 - Costuma andar descalço no quintal, fazenda ou sítio? ( ..) Sempre (.. ) Às vezes ( ..) Raramente (.. ) Nunca 2.13 – A criança ou alguém da família costuma manipular ou brincar na terra? ( ..) Sim, Quem? ( ..) Às vezes, Quem? ( ..) Não 2.14 - A criança ou alguém da família costuma nadar com freqüência? ( ..) Sim Onde? ( ..) Não 2.15 - Já observou algum parasito (verme, lombriga) nas fezes da criança ou de alguém da família? (.. ) Sim ( ..) Não Qual? 2.16 – A criança já fez algum exame parasitológico de fezes? ( ..) Sim (.. ) Não Se o resultado foi positivo, cite o nome do parasito: 2.17- Em que período (data) realizou o último exame de fezes? (;;..) Menos de 6 meses (,..,) De 6meses a um ano....(....) Mais de um ano Fonte: Macedo, 2005.
Documentos relacionados
Adriana Sapata - Faculdade Tecsoma
Este trabalho teve como proposito auxiliar para o entendimento dos fatores determinantes das parasitoses intestinais envolvendo 50 crianças com faixa etaria entre 7 e 8 anos que estudam na Escola M...
Leia mais