Raízes no.015

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Raízes no.015
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Shavei Israel
‫נשלח‬:
‫נושא‬:
14:12 2009 ‫ ינואר‬14 ‫יום רביעי‬
Raizes 015
Raízes
Edição n°. 15
Janeiro, primeira quinzena - 2009
Tevet - 5769
França versus o
Direito dos
Judeus de se
reproduzir
Judeus do Meu
Mundo: Recife,
Brasil
Por: Rabino Eliahu
Birnbaum
Por: Michael Freund
Sobrenomes
Judeus - de
quais Raízes se
Originam?
Tesouro de
Hagadot da
Torá
Shalom,
Shalom e Paz
para Israel
Por: Rabbi Y.
Klapholtz
Por: Jorge Magalhães
Rabi Moshê
Cordovero
Do Ha-Lapid
do Capitão
Barros Basto
Fonte: Morashá Edição 53
Fonte: Jornal HaLapid
França Versus o Direito dos Judeus de se reproduzir
Por: Michael Freund - Tradução: David Salgado
Por ser uma nação conhecida por
sua afeição ao romance e ao amor,
parece estranho que os franceses
tenham decidido declarar guerra
contra a reprodução. Isto é
exatamente o que está fazendo
Paris, pelo menos no que concerne
às atividades reprodutivas de
certas partes da terra de Israel.
No início de dezembro, o jornal
Haaretz publicou o conteúdo de um
documento da União Européia com respeito a disputa israelense-palestina. O
memorando, o qual ressalta os planos da EU para 2009, foi preparado pelo ministro
do exterior francês, já que Paris é o presidente da vez da EU.
No documento, o francês disse que Israel deve frear a expansão dos assentamentos
em Judéia e Samária, afirmando que a UE “espera que se congelem completamente
todas as atividades de assentamento, incluindo o crescimento natural”. Após ler
várias vezes esta frase, dei-me conta de tão absurda e impraticável é a postura
européia.
14/01/2009
Organização
Shavei Israel
King George 58,
4°. andar
Heichal Shlomo
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Mas na realidade, o que a França quer dizer com isso? Os demógrafos dizem, que
existem três fatores básicos que determinam o crescimento natural da população:
fertilidade, mortalidade e imigração. Simplesmente, crescimento natural é
meramente o número de nascimentos menos o número de mortes, mais a imigração
ou emigração.
Jerusalém 94262,
Israel
Tel: +972-2-625-6230.
Fax: +972-2-625-6233.
O que os europeus não compreendem é que as comunidades judaicas de Judéia e
Samária não são diferentes das coletividades humanas de qualquer outra parte. São
entidades dinâmicas viventes, nascem filhos, os mais velhos falecem, novas pessoas
passam a viver ali, outras se mudam e as famílias crescem e se expandem.
Portanto, quando a França, ou neste caso a UE, insiste em que Israel congele “todas
as atividades de assentamento, incluindo o crescimento natural”, estão
essencialmente demandando o impossível.
Basta apenas observar os elementos que compõem o “crescimento natural” e
saberemos porque.
Visite nosso site
Quanto a mortalidade, Israel não pode controlar ou ditar quando as pessoas
morrem. Assim esta parte da equação está além da capacidade do governo.
No que diz respeito a migração, a única forma de prevenir as pessoas de se
mudarem para a Judeía ou Samária seria adotar doutrinas soviéticas com respeito a
liberdade de movimento. Tais passos não apenas contradizem a democracia, como
também são impossíveis de serem implantados.
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Não tenha dúvida
em contatar-nos:
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Isto deixa a fertilidade como o único elemento restante do “crescimento natural” o
qual, teoricamente, pode ser induzido.
Portanto, concluindo logicamente, a solicitação francesa de congelamento do
“crescimento natural” nos territórios, pode significar apenas uma coisa: que os
judeus não tenham mais relações conjugais além da linha verde.
Vamos imaginar, por exemplo, como a UE pode se excitar (com o perdão da
palavra) tentando provocar esta mudança. A embaixada francesa em Tel Aviv
começará a entregar tipos de anticoncepcional aos habitantes de Maalé Adomim e
Shiló!? Ou talvez, a UE despachará monitores especiais para controlar os modelos
de ovulação de Ariel e Efrat!?
Caso tudo isto esteja soando ridículo, é porque o é realmente.
É simplesmente irreal, irracional e inaceitável que a UE demande que o “crescimento
natural” das comunidades judaicas em Judéia e Samária cesse.
Judéia e Samária são o coração do povo judeu, a estirpe de nossa antiga civilização
e o cenário de grande parte de nosso precioso passado. Seguindo os passos de
nossos ancestrais, retornamos a reclamar o patrimônio de nossa nação.
Mais ainda, os judeus têm o direito – “natural” ou de outra forma – de viver aonde
desejam.
Dizer o contrario nada mais é do que fanatismo e discriminação.
Essa idéia de que aos judeus não lhes deve ser permitido viver livremente em certas
áreas porque são judeus, poderia ter vindo da política francesa nos obscuros dias do
regime de Vichy, porém não tem lugar em nossos dias, e Paris sabe disso muito
bem.
Há mais de dois séculos, que o documento básico da Revolução Francesa, a
Declaração dos Direitos Humanos, afirma em seu primeiro parágrafo que “os
homens nascem e se mantêm livres e com igualdade de direitos”.
Gostem ou não, esses nobres sentimentos se aplicam tanto para os judeus como
para os não judeus – incluindo os residentes em Judéia e Samária.
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Retornar
Judeus do meu Mundo - Recife, Brasil
Por: Rabino Eliahu Birnbaum - Tradução: David Salgado
Depois do descobrimento da América
em que lugar do Novo Mundo foi
contruída a primeira sinagoga?
Quando ouvimos falar do Brasil
pensamos em futebol, carnaval, praias
e música, porém esquecemos que foi o
Brasil, também, a porta de entrada dos
judeus no Novo Mundo. A primeira
sinagoga em solo americano foi
construída na cidade de Recife, em
Pernambuco, em 1636.
Os primórdios da colonização
judaica em Recife
Os judeus começaram a se estabelecer em Recife a partir de 1500. Os primeiros
judeus eram anussim que foram trazidos até ali junto com presos e delinquentes
para desenvolver a nova colonia portuguesa no Recife. Os judeus, que viam nessa
situação uma ótima oportunidade econômica e uma forma de afastar-se um pouco
da Inquisição, abraçaram com fervor a chance e, certamente, em pouco tempo
desenvolveram a região e a converteram em um centro próspero de cultivo de cana
de açucar. Efetivamente, os judeus conseguiram desenvolver diversas áreas da
economia no nordeste do Brasil, como a exportação de açucar, o empréstimo e a
Bolsa, a provisão de escravos da África, e se converteram em uma força econômica
e comercial sumamanete importante.
Quando os judeus descobriram o novo continente e suas características, sugiram
diferentes perguntas sobre a vida judaica no Novo Mundo. A primeira pergunta
haláchica (jurisprudência religiosa) enviada desde Recife no século XVI ao Rabino
Shabtai de Salonica referia-se a benção do orvalho e da chuva, porque a temporada
de chuvas no Brasil difere da Europa, e eles não sabiam como comportar-se:
“Devemos rezar pela chuva nos meses de Tishrei a Nisan, assim como fazem os
judeus em todo o mundo, ou talvez tenhamos adequar nossas orações as estações
do ano no Brasil?”
Apesar dos anussim que chegaram ao Brasil terem tentado durante anos encontrar
um lugar afastado para viver tranquilos como judeus, apenas conseguiram mudar o
Velho Mundo pelo Novo Mundo, porém não modificaram significativamente sua
situação e seus sofrimentos. Mesmo a Inquisição não tendo sido estabelecida no
Brasil formalmente, em 1580 teve início o controle, por assim dizer, sobre o que se
fazia no Brasil, e foram enviados “visitadores” que eram supervisores do Santo
Ofício para que examinassem a situação daqueles que renegavam o catolicismo.
Aqueles considerados herejes pelo visitador, entre estes, principalmente, judeus e
anussim, eram enviados a Lisboa, Portugal, para serem julgados pela Inquisição; se
condenados, eram castigados e já não podiam regressar a suas famílias, na melhor
das hipóteses.
O Florescimento judaico em Recife
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Em 1630, a Holanda conquistou a colônia portuguesa e desde então começou o
renascimento judaico no Recife. Muitas famílias judaicas chegaram de Amsterdam
para dar início a uma nova vida e muitos anussim decidiram deixar de viver em dois
mundos e voltar a adotar a religião de seus antepassados abertamente, o judaísmo.
Quase todos os membros da comunidade, que chegavam a 4000 almas, eram
judeus da Holanda e anussim da região de Recife.
Os judeus começaram a se organizar e a construir uma vida comunitária similar
aquela que levavam em Portugal e Amsterdam. Construíram a sinagoga Zur Israel,
que é reconhecidamente, a primeira construída no Novo Mundo em geral, e em solo
americano em particular; um Talmud Torá (lugar próprio para o estudo da Torá) e
uma academia rabínica chamada Etz Chaim.
Naqueles anos, a comunidade “Zur Israel” decidiu convocar um rabino, e elegeram o
rabino Ytzchak Abuhab da Fonseca, que chegou a Recife em 1642 e que foi o
primeiro rabino do continente americano.
Nos últimos anos, foram feitas escavações arqueológicas na antiga sinagoga de
Recife, que foi restaurada pela comunidade judaica e pela família Safra do Brasil (no
sotão foi descoberta uma mikve). Hoje em dia, o lugar é uma fonte de inspiração
para os numerosos turistas que buscam conhecer “a primeira sinagoga das
américas”.
É interessante assinalar a mudança no nome da rua em que se encontra a sinagoga.
Quando foi construída, em tempos de prosperidade judaica, era chamada “a rua dos
judeus”, porém quando os portugueses reconquistaram a cidade e a Igreja
reassumiu seu papel, o nome foi modificado para “a rua do Bom Jesus”, o qual é
preservado até o presente. Deve ser a única sinagoga do mundo que se encontra
em uma rua que leva o nome de Jesus.
Em 1654, os portugueses reconquistaram a cidade ocupada pelos holandeses, e a
liberdade de culto adquirida e que os judeus se habituaram a possuir durante os 24
anos de domínio holandês, desapareceu imediatamente. Alguns estudiosos
acreditam que o crescimento da comunidade judaica e a vida judaica em Recife
naqueles anos fez com que a Igreja Católica pedisse ao governo português que
“reconquistasse a cidade de Recife para evitar a humilhação do funcionamento de
uma sinagoga aos olhos da Igreja”.
Quando teve início o bloqueio português a Recife, os judeus lutaram lado a lado com
os holandeses; quando a cidade caiu em mãos de Portugal, decidiram abandoná-la e
retornar com os holandeses para Amsterdam.
A dispersão judaica desde Recife para o Novo Mundo
Depois da conquista, foi dado aos judeus um prazo de três meses para que
abandonassem a cidade. Os que assim optaram se espalharam em quatro direções,
cada um deles dando início a uma nova história judaica. Muitos voltaram a Holanda
com o Rabino Aboab da Fonseca; outros se dirigiram as ilhas do Caribe (Curaçao,
Barbados, Jamaica) aonde criaram novas comunidades. Os imigrantes de Recife
construiram em Curaçao uma sinagoga sefaradi-portuguesa que é uma réplica exata
da sinagoga de Amsterdam na Holanda. Outros foram bem mais longe, até Nova
Amsterdam na América do Norte, e estabeleceram as bases da primeira comunidade
judaica no país.
De Recife a Nova Amsterdam (Nova York)
O primeiro judeu que chegou a América do Norte com a expedição de Colombo foi o
tradutor Luis de Torres, que passou a viver ali. Porém a primeira vez que aportou
um grupo de judeus foi em 1654, quando judeus do Recife chegaram a Nova
Amsterdam, posteriormente Nova York.
Os vinte e três judeus que chegaram do Recife foram os pioneiros na colônia
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holandesa denominada Nova Amsterdam nos Estados Unidos da América. Com o
passar dos anos foram chegando a Nova Amsterdam mais judeus, anussim da
Espanha, e a comunidade cresceu e logo construiu a primeira sinagoga em Nova
York. Esta sinagoga, foi e é até hoje denominada, Sheerit Israel.
Outros judeus optaram por ficar no Brasil, afastaram-se de Recife e de sua sinagoga
e foram viver em lugares distantes, distintos e em outras regiões, tudo em busca da
preservação do seu judaismo em segredo.
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Sobrenomes Judeus - de quais Raízes se Originam?
Postado para o Blog Coisas Judaicas por: Jorge Magalhães
Por que me chamo Moisés?
Por que levo o nome do meu bisavô,
que morreu antes de eu nascer?
Os judeus ashkenazim dão a seus
filhos os nomes dos ascendentes
falecidos. Isso tem a ver com a crença
no restabelecimento da alma e com a
honra e recordação do morto. Se
pudesse seguir sua árvore
genealógica, alguém que se chame
Moisés encontraria tataravôs
chamados Moisés a cada três
gerações.
Os judeus sefaradim dão a seus filhos
o nome dos avôs, que geralmente
estão vivos. Assim, numa árvore
genealógica sefaradí vai-se encontrar
o mesmo nome a cada uma geração em média. Se alguém ler a história da
Espanha não saberá às vezes distinguir quem morreu e quem continua
vivo. Será o avô ou o neto? Outras vezes encontramos o filho com o mesmo
nome que o pai; contudo esse é um costume cristão que se encontra entre
os judeus sefaradim depois que deixaram a Espanha, devido à Inquisição.
Diferentemente dos aristocratas e das pessoas ricas, os judeus não tinham
sobrenomes na Europa Oriental até os anos napoleônicos, nos princípios do
século XIX. A maior parte dos judeus dos países conquistados por
Napoleão, como Rússia, Polônia, e Alemanha, receberam a determinação de
adotar sobrenomes para a cobrança de impostos. Entretanto, após a
derrota de Napoleão, muitos judeus retiraram estes nomes e voltaram à
denominação de "filho de", surgindo então sobrenomes como: Mendelsohn,
Jacobson, Levinson, etc.
Durante a chamada Emancipação, os judeus mais uma vez receberam a
ordem de adotar sobrenomes. Na Áustria e na Galícia, o imperador José fez
os judeus adotarem sobrenomes em 1788. As "listas de sobrenomes" do
Império Austro-Húngaro, em geral, usavam palavras em alemão, muito
parecidas com ídiche. A Polônia ordenou os sobrenomes em 1821 e a
Rússia em 1844. É provável que algumas das famílias judias já tivessem
recebido seus sobrenomes nos últimos 175 anos ou menos. Na França e nos
países anglo-saxônicos os sobrenomes voltaram no século XVI.
Também os judeus sefaradim recuperaram seus sobrenomes após longos
séculos. A Espanha, antes de Fernando e Isabel, concebeu uma época de
ouro para os judeus. Contudo, eles foram expulsos por Isabel no mesmo
ano em que Colombo partiu para a América. Além disso, os primeiros
judeus americanos também eram sefaradim.
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Significado dos sobrenomes
Sobrenomes ashkenazim:
Há dezenas de milhares de sobrenomes judeus utilizando a combinação das
cores, dos elementos da natureza, dos ofícios, cidades e características
físicas. Um pequeno exercício é perguntar: Quantos sobrenomes judaicos
podemos reconhecer com a raiz das seguintes palavras?
• Cores: Roit, Roth (vermelho); Grun, Grin (verde); Wais, Weis, Weiss
(branco); Schwartz, Swarty (escuro negro); Gelb, Gel (amarelo);
• Panoramas: Berg (montanha); Tal, Thal (vale); Wasser (água); Feld
(campo); Stein (pedra); Stern (estrela); Hamburguer (morador da vila);
• Metais, pedras preciosas e mercadorias: Gold (ouro); Silver (prata);
Kupfer (cobre); Eisen (ferro); Diamant, Diamante (diamante); Rubin (rubi);
Perl (pérola); Glass, (vidro); Wein (vinho);
• Vegetação: Baum, Boim (árvore); Blat (folha); Blum (flor); Rose (rosa);
Holz (Madeira);
• Características físicas: Shein, Shen (bonito); Hoch (alto); Lang
(comprido); Gross, Grois (grande), Klein (pequeno), Kurtz (curto); Adam
(homem);
• Ofícios: Beker (padeiro); Schneider (alfaiate); Schreiber (escriturário);
Singer (cantor); Holtzkocker (cortador de madeira); Geltschimidt (ourives);
Kreigsman, Krigsman, Krieger, Kriger (guerreiro, soldado); Eisener
(ferreiro); Fischer (peixeiro, pescador); Gleizer (vidreiro).
Utilizaram-se as palavras de forma simples, combinadas e com a agregação
de sílabas como "son", filho; "man", homem; "er", que designa lugar,
agregando-se, preferencialmente, após o final do nome da cidade. Em
muitos países adaptaram-se as terminações dos sobrenomes ao uso do
idioma do país como o sufixo "ski", "sky" ou "ska" (para o caso de nomes
de mulher), "as", "iak", "shvili", "wicz" ou "vich". Na Polônia, a mulher tinha
um sobrenome diferente do masculino, terminava em "ska", no lugar de
"ski", indicando assim o seu gênero.
Desta forma, com a mesma raiz, temos, por exemplo: Gold, que deriva em
Goldman, Goldrossen, Goldanski, Goldanska, Goldas, Goldiak, Goldwicz,
etc. A terminação indica que idioma se falava naquele país de onde se
originou o sobrenome.
• Nomes de cidade ou país de residência: Berlin; Berliner; Frankfurter;
Danziger; Oppenheimer; Deutsch ou Deutscher (alemão); Pollack
(polonês); Breslau; Mannheim; Cracóvia; Warshaw (Varsóvia);
• Nomes complexos: Gluck (sorte); Rosen (rosas); Berg (montanha);
Rosenblatt (papel ou folha de rosas); Rosenberg (montanha de rosas);
Rothman (homem vermelho); Koenig (rei); Koenigsberg (a montanha do
rei); Spielman (homem que joga ou toca); Lieber (amante); Wasserman
(morador da água); Kershenblatt (papel de igreja); Kramer (que tenta se
passar como não judeu);
• Nomes designados (normalmente indesejáveis): Plotz (morrer); Klutz
(desajeitado); Billig (barato).
Sobrenomes sefaradim:
Entre os sobrenomes judaicos espanhóis é fácil reconhecer ofícios
designados em árabe ou em hebraico, como: Amzalag (joalheiro); Saban
(saboneiro); Nagar (carpinteiro); Haddad (ferreiro); Hakim (médico).
• Profissões relacionadas com a sinagoga: Hazan (cantor); Melamed
(maestro); Dayan (juiz); Cohen (sacerdote); Levy, Levi (auxiliar do
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templo);
• Títulos honoríficos: Navon (sábio); Moreno (nosso mestre) e Gabay
(oficial).
Muitos sobrenomes espanhóis adquiriram pronuncia ashkenazi na Polônia,
como, por exemplo, Castelanksi, Luski (que vem da cidade de Huesca, na
Espanha) ou tomaram como sobrenome Spanier (espanhol), Fremder
(estranho) ou Auslander (estrangeiro).
Na Itália, a Inquisição se instalou depois da Espanha, o que levou os judeus
italianos a emigrarem para a Polônia. Apareceram, então, o sobrenome
Italiener e Welsch ou Bloch, porque a Itália é também chamada de Wloche
em alemão.
Sobrenomes oriundos da Bíblia:
Uma boa quantidade de sobrenomes judeus deriva dos nomes bíblicos ou
de cidades européias da Ásia Menor. Isto ocorre pois os judeus levavam
consigo as pegadas dos lugares em que originaram.
Tomemos como exemplo de "raiz de sobrenome" o nome de Abraham
(Abrahão). Filho de Abraham se diz diferentemente em cada idioma:
Abramson, Abraams, Abramchik, em alemão ou holandês; Abramov ou
Abramoff, em russo; Abramovici, Abramescu, em romeno; Abramski,
Abramovski, nas línguas eslavas; Abramino, em espanhol; Abramelo, em
italiano; Abramian, em armênio; Abrami, Ben Abram, em hebraico; Bar
Abram, em aramaico; Abramzadek ou Abrampur, em persa; Abramshvili,
em georgiano; Barhum ou Barhuni, em árabe. Podem-se constatar essas
variações também quanto aos sobrenomes derivados de Isaac e Jacob.
Os judeus de países árabes também usaram o prefixo "ibn". Os cristãos
também passaram a usar seus sobrenomes com agregados que significam
"filho de". Os espanhóis usavam o sufixo "ez", os suecos o sufixo "sen" e os
escoceses "Mac", mas no início do sobrenome. Todavia, os sobrenomes
judaicos não tomaram a terminação sueca, nem o prefixo escocês.
Há também sobrenomes judeus que seguem o nome de mulheres, mas é
menos comum. Às vezes isto acontecia porque as mulheres eram viúvas ou
por terem sido figuras dominantes na família. Goldin vem de Golda; Hanin
de Hana; Perl ou Perles de Rivka. Um fato curioso apresenta o sobrenome
Ginich: a filha do Gaon de Vilna se chamava Gine, e se casou com um
rabino vindo da Espanha. Seus filhos e netos ficaram conhecidos como os
descendentes de Gine e tomaram o sobrenome Ginich.
Também há sobrenomes derivados de iniciais hebraicas, como Katz ou Kac,
que, em polonês, pronuncia-se Katz. São duas letras em hebraico, K e Z,
iniciais das palavras Kohen Zedek, que significa "sacerdote justo".
Sobrenomes adquiridos em viagens:
Nos sobrenomes que derivam de cidades, a origem é clara em Romano,
Toledano, Minski, Kracoviac, Warshawiak (de Varsóvia).
Outras vezes o sobrenome mostra o caminho que os judeus tomaram na
diáspora. Por exemplo, encontramos na Polônia sobrenomes como Pedro,
que é um nome ibérico. O que indica? Foram judeus que escaparam da
Inquisição espanhola no século XV. Em sua origem, possivelmente eram
sefaradim, mas se mesclaram e adaptaram ao meio ashkenazi.
Muitas avós polonesas se chamam Sprintze. De onde vem esse nome? O
que significa? Lembrem-se que em hebraico não se escrevem as vogais,
assim se escreve em letras hebraicas o nome Sprinz, que em polonês se lê
Sprintze. Mas como leríamos esse nome se colocássemos as vogais? Em
espanhol, seria Esperanza e, em português, Esperança, que escrito em
hebraico e lido em polonês resulta Sprintze.
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Mudança de sobrenomes:
Existem muitas histórias de mudanças dos sobrenomes. Durante as
conversões forçadas na Espanha e em Portugal, muitos judeus se
converteram, adotando novos sobrenomes, que as paróquias escolhiam
para os "cristãos novos", como, Salvador ou Santa Cruz. Outros receberam
o sobrenome de seus padrinhos cristãos.
Mais tarde, ao fugir para a Holanda, América ou ao Império turco, voltaram
à religião judaica, sem perder seu novo sobrenome. Assim apareceram
sobrenomes como Diaz ou Dias, Errera ou Herrera, Rocas ou Rocha, Marias
ou Maria, Fernandez ou Fernandes, Silva, Gallero ou Galheiro, Mendes,
Lopez ou Lopes, Fonseca, Ramalho, Pereira e toda uma série de
denominações de árvores frutíferas (Macieira, Laranjeira, Amoreira, Oliveira
e Pinheiro). Ou ainda de animais como Carneiro, Bezerra, Lobo, Leão, Gato,
Coelho, Pinto e Pombo.
Outra mudança de sobrenomes foi causada pelas guerras. As pessoas
perderam ou quiseram perder seus documentos e se "conseguia" um
passaporte com sobrenome que não denunciava sua origem, para cruzar a
salvo uma fronteira ou escapar do serviço militar.
Nos fins do século XIX, o Czar da Rússia exigia 25 anos de serviço militar
obrigatório, especialmente dos judeus. Quantos imigrantes fugiram da
Rússia e da Ucrânia com passaportes mudados para evitar uma vida
dedicada ao exército do Czar?
Outra questão é que somos filhos de imigrantes, e muitos sobrenomes se
desfiguraram com a mudança de país e de idioma. Às vezes eram os
funcionários da Alfândega ou da Imigração, outras o próprio imigrante que
não sabia espanhol, ou escrevia mal. Por isso, muitos integrantes da
mesma família têm sobrenomes similares em som, mas escritos com grafia
diferente
Esses são só alguns dos milhares de sobrenomes judeus existentes. E
assim, a história continua...
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Tesouro de Agadot da Torá Por: Rabbi Y. Klapholtz
As Últimas Bênçãos de
Yaakov
O Primeiro Homem
Doente
Desde a criação do céu e
da terra, ninguém jamais
ficara doente antes de
morrer. Quando chegava a
hora de alguém morrer,
ele dava um espirro e
assim devolvia sua alma
ao céu. Quando Yaakov
viu que estava ficando
velho, ele disse a Hashem:
“Não é bom que o homem morra tão repentinamente, sem sentir nada, sem
nenhum aviso prévio. A pessoa não tem tempo de redigir seu testamento
nem de reunir a família para dizer-lhe algumas palavras finais de
despedida. Imploro-Lhe, portanto, que faça a fraqueza e a doença se
abaterem sobre a pessoa antes de sua morte. Deixe que ela sinta que seus
dias estão contados, para que possa transmitir seu último desejo e seu
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14 ‫ מתוך‬9 ‫עמוד‬
testamento à família”.
Hashem disse a Yaakov: “Você faz um pedido sábio. Eu começarei por
você”. Assim Yaakov se tornou o primeiro homem doente da terra.
Yossef e Filhos Visitam Yaakov
Os últimos dezessete anos de Yaakov foram tão bons e alegres que o
fizeram esquecer todas as tribulações que os tinham precedido.
Quando chegou a hora de Yaakov deixar este mundo, ele gradativamente
se tornou fraco e doente. Sentindo que seu fim estava próximo, mandou os
mesmos servos que Yossef lhe dera para atender todas as suas
necessidades buscar seu filho e netos queridos.
Apesar de seu grande amor pelo pai, Yossef não visitava Yaakov todos os
dias pois temia que, caso ficassem a sós, ele lhe faria todo tipo de
pergunta: como ele chegara ao Egito, etc. Ele não queria confessar que fora
vendido como escravo pelos irmãos. Portanto, quando Yaakov ficou doente,
Yossef não estava por perto, mas, assim que foi chamado, ele pegou
rapidamente os dois filhos e foi visitá-lo. Os três ficaram em pé ao lado do
leito do doente, ouvindo com admiração e respeito suas últimas palavras.
Yaakov disse a seu querido filho Yossef: “Sinto que meus dias estão
contados e meu fim está próximo. Se eu for sepultado aqui no Egito depois
de morrer, temo que as pessoas me transformarão num deus e virão ao
meu túmulo para prostrar-se e adorar-me, porque eu sou santo na opinião
delas.
Mais tarde, quando Hashem enviar a praga de piolhos à terra, estas
criaturas rastejarão sobre meu corpo também. Sei que Hashem ressuscitará
os mortos, reanimando primeiro as pessoas que estão enterradas em Eretz
Israel, enquanto aquelas que estão enterradas em outros países terão de
rolar por cavernas e túneis subterrâneos até chegarem finalmente, depois
de muita dificuldade, à Terra Santa, onde também serão ressuscitados. Não
desejo portanto ser sepultado aqui. Tenho outras razões para querer ser
enterrado em Eretz Israel. Temo que se eu ficar aqui, meus descendentes
pensarão que esta terra também é santificada e permanecerão aqui para
sempre”.
Então ele acrescentou: “Quando Hashem lançar as dez pragas sobre esta
terra, as pessoas irão ao meu túmulo – se eu ficar aqui – para pedir-me
que reze por elas. Se eu atender suas preces, estarei salvando os inimigos
de Hashem e os inimigos de meus próprios filhos. Se eu não atender suas
preces, estarei profanando o Nome de Hashem, porque os egípcios dirão
que o D-us de Yaakov não tem poder para salvá-los. E assim, pelas muitas
razões que enumerei, eu lhe peço, meu querido filho, que remova meus
ossos daqui assim que eu morrer e faça com que eles sejam levados ao
sepulcro de meus antepassados, à Mearat Hamachpelá. Sua garantia me
deixará extremamente feliz”.
Yossef de fato prometeu atender o pedido de seu pai, mas Yaakov não se
contentou com isto; ele quis que Yossef jurasse. Yossef ficou ofendido e
disse: “Você está me tratando como um servo, pedindo que eu jure. Minha
palavra não é suficiente?” Yaakov respondeu: “Eu acredito e confio em
você, mas temo que o Faraó o convencerá a enterrar-me aqui num grande
funeral, como convém a um rei. Só se você jurar eu poderei morrer em paz,
sem preocupação”. Yossef imediatamente jurou que levaria os restos do pai
de volta a Eretz Israel, prometendo que exigiria a mesma garantia de seus
próprios filhos – de levar seus restos mortais para serem enterrados em
Eretz Israel quando eles deixassem o Egito.
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A Bênção de Yaakov
Yaakov viu a Shechina (presença Divina) à cabeceira de sua cama e
inclinou-se diante dela, agradecendo e louvando a Hashem por lhe ter
permitido morrer em paz, sabendo que todos os seus doze filhos eram
tzadikim, e não como Avraham, de cujos filhos só um era um tzadik, nem
como seu próprio pai Ytzchak, que gerara o perverso Essav.
Yossef queria que Yaakov abençoasse seus filhos antes de morrer.
Aproximou-se da cama de seu pai, mas nesse momento a Shechiná
desapareceu. Yaakov ficou assustado, porque enxergou numa visão
profética que destes netos descenderiam homens cruéis e idólatras. Ele viu
um rei do reino de Israel segurando bezerros de ouro e exclamando: “Estes
são os seus deuses, ó Israel!” Todas as pessoas à sua volta se ajoelhavam
e prostravam diante destas imagens. Então ele viu a nação construindo um
templo especial para estes deuses. Yaakov ficou furioso com esta visão e
disse a Yossef: “Vejo que reis perversos, que pecarão e levarão a nação a
pecar, descenderão de você. É por isso que a Shechiná me deixou e eu não
posso abençoá-los”.
Yossef arremessou a coroa de sua cabeça, caiu aos pés do pai e chorou:
“Você só está olhando para seus futuros pecados. Não vê o cântico de
louvor que eles entoarão a Você junto ao mar?” Seu pai chamou os netos
de volta e disse: “Eu os abençoarei afinal”. Nesta ocasião Yossef rezou a
Hashem, pedindo: “Hashem misericordioso, Que julga a todos de acordo
com seus atos do presente e não pelos pecados que cometerão no futuro,
eu imploro que a Sua sagrada Presença repouse sobre meu pai mais uma
vez para que ele possa abençoar meus dois filhos, que não pecaram, para
que eu não saia daqui envergonhado”.
Ainda assim a Shechiná não voltou. Yossef tirou seus dois filhos do quarto e
disse-lhes que rezassem, que pedissem a Hashem para repousar Sua
Shechiná mais uma vez sobre seu avô, para que este pudesse abençoá-los.
Todos os três rezaram, até que finalmente o Espírito Divino voltou a
repousar sobre Yaakov.
Yossef e seus filhos entraram no quarto novamente. Yaakov os viu, reuniu
suas forças e disse a Yossef: “Nos dezessete anos que vivi no Egito, você
sempre vinha perguntar por minha saúde, mas nunca trazia seus filhos. Só
agora os trouxe para receber a minha bênção. Eu só os abençoarei porque
Hashem me disse para fazê-lo, assim como abençoarei os meus doze filhos,
e não porque você me deu uma casa e todas as coisas de que necessitei ao
longo de todos estes anos. Estes dois filhos estão incluídos no número de
tribos que Hashem me prometeu e com as quais me abençoou. Efraim e
Menashe são para mim como Reuven e Shimon, como meus próprios
filhos”.
Quando Yossef ouviu seu pai mencionar primeiro Efraim, antes de Menashe,
o mais velho, ele imediatamente colocou Efraim à esquerda de Yaakov e
Menashe à sua direita, porque não queria que Menashe fosse lesado em seu
direito de primogenitura. Mas Yaakov pôs a mão sobre a cabeça de Efraim e
a esquerda sobre a cabeça de Menashe, para mostrar a Yossef que ele
estava plenamente consciente da ordem de nascimento dos dois, mas que
Efraim, devido à sua humildade, mereceria honra maior. Yehoshua filho de
Nun descenderia dele; ele levaria os judeus a Eretz Israel e operaria
grandes milagres para eles. Numa batalha, chegaria a ordenar ao sol e à
lua que permanecessem imóveis no céu até que os judeus terminassem de
guerrear.
E Hashem atenderia sua prece. Um tzadik descenderia de Menashe
também. Guideon, o juiz, libertaria seu povo de Midian. No entanto, Efraim
o excederia em grandiosidade.
Yaakov abençoou seus dois netos, dizendo: “Que Hashem os proteja de
todo mal. Sejam fecundos e se multipliquem como os peixes do mar, sobre
os quais o mau-olhado não tem poder”.
Depois que Yaakov abençoou os filhos de Yossef, Yossef perguntou: “Por
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que você não enterrou minha mãe na Mearat Hamachpela? Foi por causa
das chuvas que caíam então”?
Yaakov respondeu: “Não. Ela não morreu na estação das chuvas. Eu
poderia tê-la levado até lá, mas não o fiz, por mais que quisesse tê-la
enterrada ao meu lado, porque Hashem decretou que ela fosse sepultada à
margem da estrada. No futuro, quando o Beit Hamikdash for destruído e os
judeus forem levados ao exílio, eles passarão pelo seu túmulo e lá
implorarão misericórdia. Ela então levará a súplica deles a Hashem e terá
suas preces atendidas. Ela será consolada e receberá a garantia da
redenção final”.
Após ouvir isto, Yossef já não estava triste.
Yossef deixou a casa de seu pai com boa disposição. Seus irmãos o viram e
disseram: “Nosso pai abençoou Yossef e seus filhos primeiro porque ele é
mais importante do que nós”.
Yaakov ouviu estas palavras e disse: “Não porque ele é mais importante,
mas porque ele ama tanto a Hashem e pratica boas ações. Sigam seu
exemplo, realizando atos generosos e misericordiosos, e eu os abençoarei
também”.
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Rabi Moshé Cordovero
Fonte: Morashá - Edição 53
Cabalista dos maiores de todos os
tempos, foi o primeiro a sistematizar o
estudo do misticismo judaico.
Organizou-o numa estrutura filosófica
baseada principalmente na descrição e
análise da forma como D'us criou e
interage com o mundo através das dez
sefirot - canais de energia divina. Até
hoje, o estudo das sefirot é a chave
para o estudo da cabalá.
Pouco se sabe sobre a vida de Rabi
Moshe Cordovero, conhecido pelo
acrônimo de "O Ramak", mas
conhecemos sua obra, com a qual
tocou e iluminou a vida de milhares de
judeus. Tão respeitado foi por seu
trabalho, que foi o primeiro cabalista a
ter o destaque de ser distinguido entre
os demais, com o uso do artigo "o"
antes de suas iniciais. É conhecido, até
hoje, como "O Ramak".
Acredita-se que Rabi Cordovero tenha nascido no ano de 1522 EC (5282 do
calendário judaico), provavelmente em Safed, Israel, onde passou a maior parte de
sua curta vida. Seu sobrenome indica as origens ibéricas de sua família,
possivelmente oriunda de Córdoba, expulsa da Espanha em 1492.
Abençoado com uma inteligência impar, Rabi Moshe Cordovero era respeitado desde
jovem por seus dons intelectuais e seu profundo conhecimento do Talmud e de
várias correntes filosóficas. Estudou os ensinamentos revelados da Torá com Rabi
Yosef Caro, autor do Shulchan Aruch, Código de Lei Judaica. O mestre elogiava
muito o brilhantismo e o vasto conhecimento do jovem aluno.
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O Ramak iniciou sua missão espiritual dando aulas sobre o Talmud e a Lei Judaica.
Apesar da pouca idade, foi um dos quatro rabinos a receber a semichá, ordenação
rabínica, quando, em 1538, o Rabi Yaacov Beirav a reinstituiu após ter sido
suspensa por mais de onze séculos. Rabi Cordovero foi ordenado juntamente com os
Rabanim Yossef Caro, seu mestre, Moshe de Trani e Yossef Sagis, todos muito mais
velhos e mais renomados que o jovem prodígio de 18 anos.
Até completar 20 anos, Rabi Cordovero não adentrara os mistérios da Cabalá. Na
introdução de sua obra, Pardêss Rimonim, (Pomar de Romãs), revela que foi nessa
idade que ouviu uma voz celestial lhe ordenar que estudasse a Cabalá com o Rabi
Shlomo Alkabetz, seu cunhado. Famoso cabalista, Rabi Alkabetz escreveu Lechá
Dodi, o cântico entoado, às sextas-feiras, ao se receber o Shabat e que o compara à
alegria da chegada de uma noiva. Após receber a ordem de estudar o misticismo
judaico, o Ramak imergiu, nas profundezas do Zohar, obra fundamental da Cabalá,
escrita por Rabi Shimon bar Yochai, pai do misticismo judaico. (Morashá 44)
Rabi Cordovero domina prontamente o Livro do Esplendor, o Zohar. Percebeu,
porém, que o sagrado texto era propositalmente inacessível - fora escrito de forma
ambígua, sem uma estrutura clara. Empreende, então, a audaz tarefa de
sistematizar esses ensinamentos. Com apenas 27 anos de idade, completou a obra
Pardêss Rimonim, onde sistematiza todas as correntes do pensamento místico. Sua
obra mais extensa sobre o Zohar, porém, foi Or Yakar (A Luz Preciosa), um trabalho
de 16 volumes. Apesar de ter passado muitos anos escrevendo A Luz Preciosa, a
obra só foi levada a público 400 anos depois, em 1962, com o início de sua
publicação.
O Ramak se tornou conhecido por outros dois livros: Tomer Devorá (A Palmeira de
Débora) e Or Ne'erav (Doce Luz). No primeiro, utiliza os conceitos das Sefirot para
ensinar um sistema de moral e ética. Escrita em linguagem relativamente simples, a
obra é uma introdução à Cabalá, que ensina de que maneira o homem pode emular
os atributos de D'us. O segundo livro, Or Ne'erav, reitera a importância do estudo
da Cabalá e apresenta uma introdução a seus métodos. Contudo, faz uma clara
advertência: não se deve estudá-la antes de dominar o Tanach, a Bíblia judaica, a
Mishná e a Guemará, partes componentes do Talmud.
No ano de 1550, Rabi Cordovero fundou, em Safed, uma Academia de Cabalá, que
dirigiu durante 20 anos, até seu falecimento. Entre seus discípulos contavam-se
grandes sábios: o Rabi Eliyahu di Vidas, autor de Reshit Chochmá (Princípio da
Sabedoria); Rabi Chaim Vital, responsável por registrar e disseminar os
ensinamentos de Rabi Isaac Luria, o Arizal, um dos maiores cabalistas da História
Judaica; Rabi Eliezer Azikri, autor de Sefer Haredim; e Rabi Yeshayahu Horowitz, o
Shelach, que escreveu a famosa obra Shnei Luchot HaBrit, As Duas Tábuas da Lei.
Safed se tornou centro do estudo da Cabalá e, até hoje, a cidade é considerada um
dos locais mais espiritualizados da sagrada Terra de Israel. O Ramak e os outros
cabalistas viviam conforme os ensinamentos do Zohar e para apressar a Redenção
Messiânica impunham-se um banimento, como forma de se engajar. Deixavam seu
lar e passavam longas horas nos campos, entre meditação e oração, visitando
também os túmulos de Sábios do Talmud. Acreditavam que, como a Shechiná, a
Presença Divina, fora exilada com a destruição do Templo de Jerusalém, somente se
poderia adquirir uma profunda compreensão da Torá mediante o "exílio", o autoisolamento. As sessões de estudos realizadas por Rabi Cordovero e seus discípulos
foram coletadas num volume chamado "Sefer Guerushin", Livro dos Banimentos.
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Do Ha-Lapid do Capitão Barros Basto - Shulh'an Aruh'
Artigo do Redator publicado na Edição n.16 - Dezembro de 1928
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Shulh’an Aruh’
Mesa Posta – É o título de um livro onde estão codificados os deveres dos israelitas
em todos os atos de sua vida. Esta obra foi feita pelo Rabbi Joseph Ben Ephraim que
nasceu em Portugal ou Espanha em 1488 e morreu em Safed (Palestina) em 1575.
O sumário desta obra é o seguinte:
Parte I – Orah H’aim
Regras de conduta pela manhã, ao levantar, as orações o Taleth e os Tefilin.
Orações da manhã. Recitação do Shemá. Oração em geral e algumas orações em
particular. Ofício da Sinagoga. Oração das 18 bênçãos (Shemoné Esré); Bênção
sacerdotal, elevação das mãos, prostrações; leitura da Torah; outras orações.
Para as refeições: lavagem das mãos; o partir do pão; diversos ritos da refeição e
graças pelas refeições; diversas orações em particular sobre os frutos. Oração de
Minh’a; Shemá e oração da noite.
Shabat: diversas regras; limites do Shabat; união de territórios shabáticos. Começo
do mês. Páscoa. Festas: dias complemente feriados, dias intermediários (quais são
os trabalhos proibidos). Jejum do dia nove de Ab e outros jejuns, individuais ou
gerais; dias de penitência. Novo ano.
Kipur, Sucot (cabanas): a Sucah, o Lulab, as orações, o Hoshanah. H’anucah. Purim
e Miguilah.
Parte II – Yorê Deah
Imolação ritual. Comidas impuras (Terefah): quinhões dos sacerdotes; membros do
animal vivo, gorduras, sangue; salgar as carnes para extrair o sangue. Animais
puros e impuros; répteis, ovos, carne e leite; misturas permitidas e defendidas.
Comidas e bebidas dos idólatras; coisas proibidas por estarem descobertas.
Limpeza dos utensílios; utensílios permitidos. Vinhos suspeitos de idolatria.
Relações com os idólatras; atitude para os objetos relativos à idolatria; empréstimos
a juros; feitiçaria; proibição de se barbear. Hábitos da mulher.
Impurezas femininas; purezas dos namorados e casamento. Banhos. Fazer
juramentos. Honrar seus pais, seus mestres e os discípulos dos doutores. Estudo da
Lei. Esmola. Circuncisão. Escravos e prosélitos. Bolo da Lei; Mezuzá. Respeitar os
ninhos. Comidas e objetos novos ou que não podem ser usados. Objetos que não
sabemos se foram tirados os quinhões religiosos. Primogênitos e seu resgate;
Animais puros. Primícias da massa; quinhões e dízimos; donativos aos pobres,
primícias da tosquia.
Excomunhões. Visita aos doentes e cuidados com os mortos; luto; funerais;
impurezas que daí resultam.
Parte III – Eben Haezer
Lei Divina: Frutificai-vos e multiplicai-vos. Lei do casamento: realidade, contrato,
uso; noivados. Obrigações materiais do marido e da mulher. Divórcio. Recusa de
casamento (noiva muito nova). Lei do Ybumlevirato. Violação e sedução. Mulher
suspeita e acusada de adultério.
Parte IV – Hochen Hammishpat
Julgamentos e juízos. Processos: empréstimos; acusações; juramentos; credores e
obrigações. Diversas formas de exigir os empréstimos obrigações; compensações,
penhores ou hipotecas; exigir uma dívida por mandatário. Credores. Caução.
Propriedade e tomada de posse: móveis e imóveis.
Estragos por meação. Divisões, disputas e partilhas; limitações. Mandatários.
Compra e partilhas. Doações, em particular dos doentes, testamentos. Objetos
perdidos e encontrados. Estragos acidentais. Bens de prosélitos. Sucessões e tutela.
Depósitos gratuitos ou contra salário. Locações de animais, de objetos, forma de
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depósito. Assalariados e operários. Coisas emprestadas. Furtos e latrocínios. Danos.
Depósitos perdidos; danos causados nos bens, no corpo ou na reputação.
A Redação
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