Boletim de Abril
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Boletim de Abril
Boletim do Centro Regional de Informação das Nações Unidas Bruxelas, Abril de 2008, N.º 33 Secretário-Geral Ban Ki-moon adverte do perigo dos impulsos proteccionistas O Secretário-Geral da ONU disse que o “mundo estava a atravessar uma das mais extraordinárias transformações da história. Entre 1990 e 2007, o volume da economia mundial passou de 23 biliões para 53 biliões de dólares e o comércio aumentou 133%, durante o mesmo período. UN PHOTO Ao usar da palavra em Acra, na abertura da XII reunião da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (CNUCED), Ban Ki-moon avisou que nem a crise alimentar nem a hipótese de algumas regiões virem a conhecer um abrandamento da sua economia deveriam ser utilizadas pelos governos como desculpa para optarem pelo proteccionismo. Sublinhou ainda a necessidade de o Ciclo de Doha ser concluído com êxito. “Isso significaria, no mínimo, abrir mercados novos e importantes às “Os países em desenvolvimento contribuíram para exportações de bens e serviços agrícolas e não mais de metade desse crescimento. Representam agrícolas dos países de baixo rendimento”. agora quase 40% do comércio mundial e realizam metade das trocas entre si. Países que antes eram “É tempo de os países mais ricos reverem os seus pobres tornaram-se motores do crescimento de programas obsoletos de subsídios agrícolas. Os outros, arrancando assim centenas de milhões de economistas concordam em que entravam as pessoas da pobreza”. trocas comerciais e penalizam os países mais pobres de uma maneira desproporcionada, contriBan Ki-moon sublinhou, porém, que o crescimento buindo, assim, para a crise actual. Se não podemos económico mundial não passou pelos países mais libertar-nos destes vestígios de outros tempos, pobres dentre os pobres. “Não podemos abando- quando os preços são elevados, quando é que o nar os mil milhões de habitantes mais pobres do poderemos fazer?” Para mais informações Editorial - Afsane Bassir-Pour A ONU de volta ao Iraque, dirigida por um “diplomata operacional” Quando se trabalha num escritório situado num lugar confortável e seguro como Bruxelas, é, por vezes, fácil esquecer o que é, afinal, o trabalho da ONU e como afecta a vida das pessoas, todos os dias. Foi isso que nos lembrou algo que foi também um privilégio: ouvir o Representante Especial do Secretário-Geral da ONU para o Iraque, durante a sua visita a Bruxelas, nos princípios de Abril. A ONU está de volta ao Iraque e é bem-vinda. A bandeira azul ondula orgulhosamente. planeta. Não podemos descurar as suas necessidades, que são reais e urgentes. Precisamos de uma reflexão nova, de abordagens inovadoras”. Europeia, o seu principal doador”. O diplomata ítalo-sueco é um dos “apaga-fogos” por excelência das Nações Unidas. Esteve em dezanove conflitos no mundo inteiro, incluindo, o Afeganistão, a Somália, o Ruanda, o Sudão, a ex-Jugoslávia e, mais recentemente, o Líbano. Foi o primeiro dos mais importantes diplomatas da ONU a ir para o Iraque, desde que a Organização se retirou quase totalmente do país, em 2004, depois de um bombista suicida ter matado o Enviado Sérgio Vieira de Mello e vinte e um colegas e amigos das Nações Unidas em Bagdade. Actualmente, trabalham para a ONU no Iraque mais de 300 funcionários internacionais e pelo menos 400 funcionários nacionais, entre os quais pessoal de segurança, uma vez que a segurança é, por razões óbvias, uma grande prioridade. O mandato atribuído à Missão das Nações Unidas no Iraque pela resolução 1770 do Conselho de Segurança é muito amplo e “a outra ONU”, como De Mistura lhe chamou, a que vacina as crianças iraquianas, organiza eleições e constrói escolas está a trabalhar arduamente. Também nos recordou que aquilo que a ONU está a fazer no É consolador saber que, a 19 Iraque é “em grande medida de Agosto de 2003, os nospossível graças à União sos amigos não morreram em vão. Aliança das Civilizações – Uma iniciativa para lançar pontes Jorge Sampaio fala à UNRIC Magazine O Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações, Jorge Sampaio, visitou Bruxelas em Abril, a fim de ter encontros com altos funcionários da União Europeia. Durante a sua visita, foi o orador convidado na conferência “Vivermos juntos no nosso mundo em processo de globalização: Por que é importante a iniciativa Aliança das Civilizações?” organizada pelo Real Instituto de Relações Internacionais, no Palais d’Egmont. compreende toda a humanidade. Agora, a arte consiste em tornar esta aldeia global vivível. Isto inclui aceitar que os outros são diferentes. Pode ter a sua opinião e eu posso ter a minha, mas temos de nos respeitar mutuamente. Temos de viver juntos, conscientes de que, por mais diferentes que possamos ser, somos completamente iguais. A globalização aproximou os valores, realçou as características e acentuou as diferenças. Mas cultivemos a nossa humanidade comum, não procuremos o confronto mas sim o espírito de vizinhança. Nem muros nem guerra. O grande desafio é vivermos juntos. Os valores e princípios fundamentais que isso exige foram enunciados na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Jorge Sampaio teve encontros com um grupo de jornalistas e deu uma entrevista a Arni Compreendo o medo de alguns, quando confrontados com outras culturas e outras Snaevarr para a UNRIC Magazine. maneiras de viver. Se figuras proeminentes de outra civilização dominante querem impor os Sobre as diferenças entre civilizações: Muitas civilizações contribuíram para a huma- seus valores, isso é inaceitável. “Este é o nidade, em diferentes momentos. Não esta- século das minorias”, diz o filósofo Régis mos todos ao mesmo tempo na mesma fase Debray. As pessoas de outros continentes de desenvolvimento. Sou um cidadão de vêm ter connosco, mas partilhamos os mesPortugal, um país que é considerado civiliza- mos valores fundamentais que encontrará em do. No entanto, no século XV, expulsámos os todas as grandes religiões. Além disso, procuJudeus e, nos séculos XVI e XVII, tivemos a ramos a paz, a tolerância, o respeito. É importante eliminar a exclusão e a discriminação. Inquisição. Sim à integração, mas não à assimilação. Sempre existiram diferentes culturas, diferen- Assim, digamos: és como eu, tens os mesmos tes civilizações, mas, devido à globalização, o direitos. Aceito as nossas diferenças, a tua nosso mundo tornou-se uma aldeia. Nós, os cultura e religião, mas espero também que seus habitantes, partilhamos agora o mesmo aceites os nossos valores fundamentais”. espaço e o mesmo tempo. Se virmos as coisas sob esta perspectiva, poderemos inclusivamente dizer que só há uma civilização, que (continua na pág. 5) Ban Ki-moon pede medidas imediatas e a longo prazo para travar escalada da crise alimentar Fórum Permanente das Nações Unidas sobre Questões Indígenas assume novo papel Passando em seguida aos cinco temas principais da reunião, Ban Ki-moon pediu que se chegasse a um consenso sobre medidas de financiamento do desenvolvimento susceptíveis de conduzir a fluxos de recursos mais estáveis e previsíveis, a longo prazo, para os países em desenvolvimento. UN PHOTO Secretário-Geral Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC A adopção, pelos dirigentes mundiais, em 2007, da histórica Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas significa que, este ano, o Fórum Permanente terá um novo papel, disse Ban Ki-moon, na abertura. terras, acumularam um conhecimento profundo e directo do impacto da degradação ambiental, incluindo as alterações climáticas. Conhecem as consequências económicas e sociais, podendo e devendo, por isso, desempenhar um papel no quadro da acção mun“Trabalhareis para transformar a dial. Declaração num documento vivo aos níveis nacional e internacional”, O Secretário-Geral saudou ainda o disse. “Ao fazê-lo, promovereis a facto de a sessão se concentrar em Agenda das Nações Unidas para o outras inúmeras questões e desaDesenvolvimento e a sua visão de fios, nomeadamente, a necessidade um desenvolvimento para todos. de proteger e promover as línguas Essa visão inclui os mais pobres e indígenas. mais vulneráveis, um grupo do qual fazem parte muitos povos indíge- “As línguas indígenas representam nas”. uma esmagadora maioria das línguas faladas actualmente, sendo que a As alterações climáticas são um maioria corre o risco de extinção”. tema especial desta sessão anual. “Os povos indígenas vivem em muitas das regiões onde existe uma maior diversidade biológica no Para mais informações mundo. Como guardiães dessas Paz duradoura no Médio Oriente “depende totalmente” da resolução do conflito israelo-árabe O Secretário-Geral sublinhou que a paz e o progresso no Médio Oriente “dependem totalmente de uma solução justa e duradoura para o conflito israelo-árabe” e prometeu o apoio das Nações Unidas com vista à realização deste objectivo. nho para a paz está pejado de desafios enormes”. O Secretário-Geral apelou a uma estratégia mais positiva em relação a Gaza e encorajou todos os países árabes a agirem de uma maneira responsável e a exercerem a influênNuma mensagem transmitida por cia que têm para apoiar o fim da Lynn Pascoe, Secretário-Geral Adjun- violência em Gaza e nas proximidato para os Assuntos Políticos, na des de Gaza. cimeira da Liga dos Estados Árabes, Ban Ki-moon afirmou que a Iniciativa Sobre a crise política no Líbano, onde de Paz apresentada pela Liga o cargo de presidente está por ocu“continua a ser um elemento essen- par há mais de quatro meses, Ban Kicial dos nossos esforços para alcançar moon disse que a situação já não era sustentável. a paz”. “O vosso compromisso é particularmente importante para o frágil processo político em curso entre o Presidente Abbas e o PrimeioMinistro Olmert”, frisou o Secretário-Geral, que acrescentou que, embora os dois dirigentes tenham manifestado o desejo de chegar a um acordo até ao fim do ano, “o cami- "A rápida escalada da crise alimentar no mundo inteiro atingiu proporções de emergência", disse o Secretário-Geral, em Nova Iorque, numa reunião conjunta do Conselho Económico e Social das Nações Unidas (ECOSOC), das instituições de Bretton Woods, da Organização Mundial do Comércio (OMC) e da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (CNUCED), realizada a 14 de Abril. "Necessitamos não só de medidas de emergência a curto prazo, para ir ao encontro de necessidades vitais urgentes e evitar a fome em muitas regiões do mundo inteiro, mas também de um aumento significativo da produtividade a longo prazo no sector da produção de cereais alimentares", disse Ban Kimoon, citando o recente aumento acentuado dos preços e as advertências do Banco Mundial de que a crise pode significar "sete anos perdidos" na luta contra a pobreza no mundo. "A comunidade internacional terá igualmente de empreender acções urgentes e concertadas com vista a evitar as implicações mais gerais desta crise no plano político e em termos de segurança. A ONU necessita de considerar formas de liderar um processo destinado a procurar respostas imediatas e a longo prazo para este problema mundial", acrescentou. Observou que os países de rendimento médio necessitam de um melhor acesso aos mercados, a fim de desenvolverem as suas vantagens comparativas, bem como de assistência técnica e partilha de conhecimentos. Em terceiro lugar, apontando o comércio como um motor do crescimento para as economias mais pobres, o Secretário-Geral apelou a um aumento do investimento e da transferência de tecnologias dos doadores, a fim de ajudar os países menos avançados a alargarem o seu leque de exportações através da diversificação e do reforço de capacidades económicas. Para o efeito, é necessário intensificar a "ajuda ao comércio". Apelou ainda à introdução de "regulamentação inovadora e robusta para proteger os sistemas financeiros e apoiar um crescimento e expansão continuados", advertindo que os freios e contrapesos regulamentares não têm acompanhado o "enorme crescimento" dos últimos anos. Por último, o Secretário-Geral observou que as alterações climáticas estão a pôr em risco o crescimento económico mundial a longo prazo e o desenvolvimento sustentável. Para mais informações MENSAGENS DO SECRETÁRIO-GERAL - Dia Mundial de Sensibilização para o Autismo (2 de Abril) - Dia Internacional de Sensibilização para o Perigo das Minas e a Assistência à Acção Antiminas (4 de Abril) - Dia Mundial da Saúde (7 de Abril) Para mais informações 2 - 14º Aniversário do Genocídio no Ruanda (7 de Abril) Secretário-Geral: Tribuna Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC Chegou o momento de combater a sério a malária Ban Ki-moon, Secretário-Geral da ONU Malária. Nesse dia, os organismos das Nações Unidas e os seus parceiros lançam uma grande iniciativa internacional que visa intensificar a luta contra essa doença. Os meus guardas de segurança não se assustam facilmente. Raras vezes se perturbam perante uma multidão difícil de controlar ou em zonas de tensão após um conflito. Mas, um dia, quando viajava pela África Oriental, no ano passado, dei por mim rodeado de uma nuvem de mosquitos. A expressão dos seus rostos fez-me compreender que o meu dispositivo de segurança não serviria de nada face àqueles minúsculos agressores não armados. A malária é uma causa de morte implacável. Durante o tempo que dedicar a ler este artigo, a doença terá roubado a vida a seis crianças. Todos os anos, cerca de 500 milhões de pessoas são infectadas. Mais de um milhão morre. Segundo os peritos, a malária reduz em 1,3% por ano o crescimento económico de África, trava o desenvolvimento e tem um custo de dezenas de milhar de milhão de dólares em perda de produtividade. Nos países onde é particularmente grave, é comum que a malária chegue a consumir 40% do orçamento da saúde do Estado, o que tem efeitos paralisantes na saúde pública, na protecção social e no desenvolvimento. Esta situação é inaceitável, tanto mais que a malária é evitável e pode ser tratada. A comunidade internacional já venceu outras pandemias letais. A varíola foi erradicada. A poliomielite está prestes a sê-lo. Talvez não seja possível erradicar completamente a malária para já. Mas é possível controlá-la e reduzir consideravelmente o número das suas vítimas, por meio de uma acção concertada. É a primeira vez que a comunidade internacional empreende um combate a grande escala. Embora tenha havido acções que produziram alguns resultados, a falta de recursos para assegurar uma cobertura universal obrigou-nos a concentrar os nossos esforços nos grupos que correm o maior risco de morrer: as crianças pequenas e as mulheres grávidas. Salvámos vidas, mas também deixámos um grande número de pessoas desamparadas ante o flagelo da doença, o que permitiu que se mantivesse viva e se propagasse. Devido a isto, a malária continua a ser endémica na África Subsariana, na Ásia, na América Latina e nas Caraíbas. Para vencer a malária, bastaria distribuir redes mosquiteiras e medicamentos em grandes quantidades e proceder à pulverização com insecticidas de acção residual dentro das casas. Custa menos de 10 dólares comprar e distribuir redes mosquiteiras impregnadas de insecticida que podem durar cinco anos. Por meio deste investimento simples, os governos asseguram a protecção durante cinco anos. Os beneficiários podem frequentar a escola, trabalhar e contribuir produtivamente para a sociedade. É difícil pensar numa maneira melhor de gastar 10 dólares. A prová-lo citemos a caso da Etiópia, que, nos últimos três anos, conseguiu uma redução de 50% da taxa de mortalidade de crianças devido à malária. Também o Ruanda reduziu em dois terços o número de crianças que morreram em consequência da malária. Ambos os países distribuíram milhões de redes mosquiteiras impregnadas de insecticida de longa duração e forneceram medicamentos anti-malária aos que deles necessitavam. Agora, temos de redobrar os esforços em todos os países afectados. É por isso que, com a iniciativa “Fazer Recuar a Malária” e o meu Enviado Especial para a Malária, Ray Chambers, proponho um A 25 de Abril, a comunidade internacio- plano simultaneamente ambicioso e realinal celebra o primeiro Dia Mundial da zável. O nosso objectivo é pôr fim às mortes causadas pela malária mediante 3 uma cobertura universal em África, até ao final de 2010. Para isso, há que assegurar a todos os habitantes de África em risco redes mosquiteiras impregnadas de insecticida e a pulverização com insecticidas de acção residual dentro das suas casas. É necessário que todos os serviços de saúde pública tenham acesso a meios de diagnóstico e possam ministrar tratamentos eficazes. Nas regiões onde a incidência da malária é elevada, as mulheres grávidas devem beneficiar de um tratamento especial. Há que reforçar e multiplicar os meios para prestar esses serviços, em particular através de trabalhadores da saúde ao nível das comunidades. E, dado o grande número de pessoas que continuam a morrer devido à malária, é essencial também reforçar as actividades de investigação e desenvolvimento, tendo em vista o controlo, a eliminação e a erradicação da doença. A África é a região onde se regista o maior número de mortes por malária, mas não podemos limitar-nos a este continente. O mosquito da malária, tal como outros problemas do nosso mundo globalizado, não conhece fronteiras. Há que fornecer recursos de forma sistemática, para que os países possam não só planear as actividades de luta contra a malária mas também continuar a realizálas ano após ano. Os parceiros tradicionais desses países – como o Banco Mundial, o Fundo Mundial de Luta contra a SIDA, a Tuberculose e a Malária e os países doadores – devem conceder fundos, com o apoio do sector privado. Os países onde a malária é endémica devem elaborar planos para conseguir a cobertura universal e os doadores devem garantir um financiamento regular e previsível, nos próximos meses. Impedir que a malária mate é um meio de dar um novo dinamismo à campanha mais vasta de eliminação definitiva da pobreza. É um dos principais Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, o plano adoptado por todos os dirigentes do mundo para construir um mundo melhor no século XXI. Possuímos os recursos e os conhecimentos especializados necessários, mas faltam menos de 1000 dias para o final de 2010. Assim, deitemos mãos à obra. Assembleia Geral Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC É necessário um reforço do compromisso e da determinação, para alcançar os ODM, afirma Srgjan Kerim, no final de debate temático É tempo de traduzir em acções os compromissos no domínio do combate à pobreza, afirma Presidente da Assembleia Ao usar da palavra na abertura do debate temático da Assembleia sobre os ODM, Srgjan Kerim disse que o mundo só alcançaria os ODM até 2015 se os Estadosmembros demonstrarem um maior empenhamento e dedicação à causa. “A meio do percurso rumo à consecução dos ODM […] todos os nossos compromissos se devem traduzir, urgentemente, em planos práticos cuja execução seja objecto de um acompanhamento sistemático”, disse, referindo que as actuais tendências mostram que o ritmo dos progressos conseguidos até agora tem sido demasiado lento. A África Subsariana, por exemplo, não atingirá nenhum dos oito Objectivos, se não se registarem melhorias notáveis. Srgjan Kerim disse que os países ricos têm de se esforçar mais por traduzir os seus compromissos no domínio da ajuda ou do apoio em medidas mais concretas no terreno. “Os doadores têm de definir calendários de programas para cada país sobre como vão aumentar a ajuda, para que os governos parceiros possam planear os investimentos essenciais em serviços. É preciso centrar toda a nossa atenção em criar um programa de desenvolvimento mais coerente, baseado na ligação entre o Financiamento do Desenvolvimento, os ODM e o desafio do aquecimento global”. Para mais informações É necessário que haja flexibilidade durante as conversações sobre reforma do Conselho de Segurança O Presidente da Assembleia Geral apelou aos Estados-membros do Conselho de Segurança para que demonstrem flexibilidade durante as negociações sobre a dimensão e os membros do Conselho e se lembrem de que, sem compromissos de todas as partes, não haverá reforma. Srgjan Kerim disse ao Grupo de Trabalho Aberto sobre a Reforma do Conselho de Segurança, reunido na Sede da ONU em Nova Iorque, que pretendia apresentar um relatório à Assembleia Geral com as recomendações acordadas sobre a questão, antes do final da presente sessão, em Setembro. Os Estados-membros deveriam, portanto, demonstrar flexibilidade”, disse, e assegurar que os interesses e preocupações de todas as partes sejam tomados em consideração, especialmente os dos que estão actualmente subrepresentados. Srgjan Kerim e o seu Grupo de Trabalho – composto pelo Presidente da Assembleia e os Representantes Permanentes do Bangladeche, Chile e Portugal – tencionam iniciar um ciclo de consultas junto dos Estadosmembros sobre os contributos recebidos até agora, disse aos jornalistas o seu Porta-voz, Janos Tisovszky, que acrescentou que o Representante Permanente do Jibuti se iria juntar ao Grupo de Trabalho. A 4 de Abril, a Assembleia Geral terminou o debate temático sobre os ODM, no qual participaram 111 delegações de Estadosmembros. Os quatro dias de debate mostraram que, para realizar os ODM dentro do prazo fixado, é necessário um reforço do compromisso e da determinação, declarou o Presidente, Srgjan Kerim, no seu discurso de encerramento. “O ano de 2008 tem de ser o ano da acção”, disse Srgjan Kerim aos Estados-membros, repetindo a afirmação feita no início deste debate. Srgjan Kerim disse ser evidente que se alcançaram avanços significativos em matéria de realização dos ODM, mas sublinhou que foram “desiguais e demasiado lentos”. Sublinhou também que os doadores deveriam respeitar as suas promessas de redução da dívida e de aumento da ajuda aos países que dela necessitam, enquanto os países em desenvolvimento deveriam integrar os ODM nas suas prioridades nacionais e acelerar o cumprimento de outros compromissos, como a boa governação. Srgjan Kerim frisou que a arquitectura da ajuda ao desenvolvimento sofria de um excesso de fragmentação que debilita o impacto da ajuda, acrescentando que as parcerias com a sociedade civil e o sector privado são essenciais para acelerar os progressos. Lembrou que o comércio é um instrumento poderoso para sair da pobreza, pelo que apelou à conclusão bem sucedida do Ciclo de Doha. Para mais informações Comunicado de imprensa GA/10700 (em inglês) Na ONU, Papa pede promoção de uma concepção universal dos direitos humanos O Papa Bento XVI usou da palavra perante a Assembleia Geral da ONU onde prestou homenagem à “nobre tarefa” da Organização, defendendo os valores enunciados na Declaração Universal dos Direitos Humanos e a responsabilidade de proteger. “Os princípios fundamentais da Organização – o desejo de paz, o sentido da justiça, o respeito pela dignidade da pessoa, a cooperação e a assistência humanitária – são a expressão das justas aspirações do espírito humano e constituem os ideais que deveriam estar subjacentes às relações internacionais”, sublinhou. “Isso é ainda mais necessário no contexto actual, em que se vive o paradoxo evidente de um consenso multilateral que continua a estar em crise porque está ainda subordinado às decisões de um pequeno número, quando os problemas do mundo exigem da comunidade internacional intervenções sob a forma de acções comuns”, afirmou. Final da Cimeira Mundial de 2005 como princípio do direito internacional, lembrando que esse conceito era já considerado, quando se começou a desenvolver o direito das relações entre os Estados, como o “fundamento de toda a acção empreendida pelos que governavam em relação aos que são por eles governados”. Considerou também que os direitos enunciados na Declaração Universal dos Direitos Humanos se fundam na lei natural inscrita no coração do homem e presente nas diversas culturas e civilizações”. Insistiu em que “retirar os direitos humanos deste contexto significaria restringir o seu alcance e ceder a uma concepção relativista, para a qual o sentido e a interpretação dos direitos poderiam variar e a sua universalidade poderia ser negada em nome das diferentes concepções culturais, políticas, sociais e até religiosas”. Na sua alocução preveniu também que a defesa dos direitos humanos continuava a ser a estratégia mais eficaz para eliminar as desigualdades entre países e grupos sociais e para melhorar a segurança. “As vítimas do desespero e da adversidade, cuja dignidade humana é violada impunemente, tornam-se presas fáceis dos apelos à violência Bento XVI insistiu no conceito de e podem, por seu turno, violar a paz”. “responsabilidade de proteger”, consagrado pela Assembleia Geral no Documento Para mais informações 4 Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC ENTREVISTA A ALTO REPRESENTANTE PARA A ALIANÇA DAS CIVILIZAÇÕES, JORGE SAMPAIO (continuação da pág. 1) Deste modo, podemos evitar o choque de civilizações de Huntigton. Se olharmos para as outras culturas como algo negativo, algo que há que combater, então a luta está perdida por definição. Setenta e dois países e 13 organizações internacionais aderiram já aos objectivos da Aliança e eu trabalho em estreita colaboração com organizações muçulmanas. Juntamente com os nossos parceiros, queremos dar um contibuto decisivo, mas é extraordinariamente difícil. Sobre o polémico filme holandês “Fitna” A recente difusão deste filme insultuoso sobre o Santo Corão não parece ter outro objectivo senão injuriar. O filme pode provocar agitação social e encorajar grupos extremistas no seio das sociedades europeias que têm como objectivo discriminar e marginalizar imigrantes muçulmanos. Este filme ofensivo pode também agravar as tensões entre culturas diferentes e pode gerar a ideia de que a Europa ou o Ocidente no seu conjunto são hostis ao Islão. Sobre o jornalista afegão que foi ameaçado de pena de morte por ter descarregado uma crítica ao Corão Condeno o filme, mas, ao mesmo tempo, defendo a liberdade de expressão. Não quero que haja dois pesos e duas medidas. E respeito os direitos humanos: o direito à vida, a um julgamento equitativo e a liberdade de expressão. Àqueles que votaram em Wilders e Verdonk, quero dizer que deveríamos fazer todos os esforços em prol do pluralismo e da tolerância. Vivemos no mesmo mundo, temos de avançar juntos. Sobre os novos desafios no que se refere a como lidamos com as minorias muçulmanas na Europa Ocidental A diversidade cultural das cidades europeias é um resultado espontâneo da globalização em curso, uma necessidade, para que as nossas sociedades sejam mais atraentes e competitivas numa economia global, e uma oportunidade de as enriquecer. Mas sejamos também realistas: levanta enormes desafios a todos os níveis. Há demasiados imigrantes desempregados, a viver em zonas urbanas segregadas e desfavorecidas, excluídos socialmente e objecto de discriminação, diariamente. Em segundo lugar, como os Muçulmanos se tornaram a maior minoria religiosa não-cristã na Europa, a sua integração levanta alguns problemas específicos. Assim, nas nossas sociedades globalizadas e abertas, a diversidade cultural converteu-se Na realidade, a Aliança trata de questões que não podem ser resolvidas a curto prazo. É provável que sintamos a tentação de desistir, mas nunca devemos resignar-nos. Sabemos que a história das nações, das religiões e das civilizações é feita de luz e de trevas, os períodos de paz alternaram com períodos de numa questão política importante que é um guerra, com momentos de confronto, conflito teste às democracias modernas, ao pluralis- e intolerância. mo, à cidadania e à coesão social. E, há que reconhecê-lo, as minorias muçulmanas estão a Mas, a meu ver, o diálogo entre civilizações, suscitar uma preocupação crescente na Euro- culturas e religiões é possível, frutuoso e pa. Por um lado, os dirigentes europeus estão necessário. É o melhor contraponto ao isolacada vez mais preocupados com a capacidade mento, à desconfiança e ao confronto e tamou recusa de integração na vida dos países bém o mais forte incentivo à abertura, à comadoptados, demonstrada por migrantes recen- preensão e à tolerância. tes. Por outro, nos países de acolhimento, tanto os públicos ocidentais como as minorias A história mostra, no entanto, que este diálomuçulmanas na Europa, em particular nas go não é fácil e que, se não for ensinado e cidades e zonas urbanas, estão muito inquie- cultivado, é substituído pelo monólogo ou o tos com as suas más relações mútuas. silêncio, quase sempre catalisador de atitudes extremistas perigosas e de impulsos fanáticos. Há aqui uma questão demográfica. Se as tendências actuais se mantiverem, os Muçulma- Cada civilização, cada religião e cada cultura nos representarão cerca de 10% da população deve ser tolerante e reconhecer o direito à da UE até 2020. diferença no seu seio. Não só porque a intolerância em relação a uma cultura ou a uma Sobre a integração dos Muçulmanos no religião é proporcional a intolerância que Ocidente e a identidade europeia: existe no seu seio, mas também porque a Na minha opinião, a presença dos Muçulma- intolerância em relação a uma cultura ou uma nos na Europa não é uma questão do Islão e religião não deve ser considerada como um do Ocidente, mas um problema grave de dado, mas como algo que tem variado ao integração que não deveria ser subestimado. longo do tempo. Esperam-nos dificuldades e perigos constantes, que não serão superadas se não houver Sobre a Aliança das Civilizações como uma acção política global e coerente em difeuma iniciativa para lançar pontes: rentes contextos. Há também uma questão de A meu ver, é neste contexto de urgência que identidade: por que julga que as discussões a Aliança das Civilizações tem um papel a sobre o Preâmbulo da Constituição Europeia desempenhar como um novo instrumento das terminaram com manifestações tão abertas de Nações Unidas para a construção da paz, em acrimónia? Por que razão a adesão da Turquia sentido lato. Tudo isto tem que ver com a à União Europeia desencadeia debates tão identidade europeia e, nesta altura, a Aliança apaixonados e combativos? como uma iniciativa para lançar pontes entre as comunidades e as sociedades partilha os Na minha opinião, tudo isto tem que ver com objectivos do projecto europeu: ajudar as questões relacionadas com valores, crenças e pessoas a viverem juntas como iguais. costumes. Tem que ver com a religião e a democracia, com a secularização e o secularisNa União Europeia, isto implica ir mais longe mo ou laicité, com os Estados, a esfera pública, para criar uma identidade colectiva entre os os actos privados e o renascimento religioso. seus cidadãos, independentemente das sua Tem que ver com a identidade europeia. origens, etnias, línguas, crenças filosóficas, filiações políticas e religiosas – para partilhar Em que medida a perspectiva da Alianvalores, atitudes e projectos, e criar espaço ça das Civilizações pode dar um contripara um futuro comum que possamos desenbuto decisivo? volver juntos. É por esta razão que a diversiComo vivermos juntos no nosso mundo em dade cultural não deveria ser dissociada da processo de globalização, onde os confrontos solidariedade económica e da coesão social. num lugar são confrontos em toda a parte e Para que se torne uma realidade, a identidade onde as fracturas culturais e religiosas dividem europeia deveria abranger as convicções indias nossas sociedades? Afinal, é este o desafio viduais e os legados culturais adoptados. A global que a Aliança das Civilizações enfrenta Europa como espaço onde vivermos juntos e que tem de abordar em termos concretos. como iguais exige cada vez mais respeito pelos direitos humanos, um pluralismo reforTransformar esse desafio global em resultados çado e uma melhor governação das diversidatangíveis “glocais” é, pois, a principal tarefa da des culturais. Aliança. Por “glocais” entendo que devem apoiar-se numa ampla abordagem global, mas têm de ser aplicados a nível local. 5 Paz e Segurança Internacionais Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC Reunião de alto nível do Conselho de Segurança sobre paz e segurança em África Na sessão estiveram também presentes o Presidente Kikwete, da Tanzânia, que assume a presidência da União Africana (UA), bem como Alpha Oumar Konaré, presidente cessante da Comissão da UA. Este último será substituído por Jean Ping, do Gabão, antigo Presidente da Assembleia Geral da ONU. O Conselho de Segurança reuniu, a 16 de Abril, para um debate público na presença do Secretário-Geral e de Chefes de Estado e de Governo sobre a questão da paz e da segurança em África. Na presença de Thabo Mbeki, Presidente da África do Sul, país que detém a presidência do Conselho no mês de Abril, Ban Ki-moon lembrou que, durante os seus 15 meses à frente dos destinos da ONU, consagrou “mais tempo às questões africanas do que a qualquer outro continente”. Ban Ki-moon regozijou-se com o anúncio da formação de um novo governo no Quénia. “Agora que as questões a curto prazo relacionadas com a partilha do poder foram resolvidas, apelo a todas as partes para que continuem empenhadas em resolver as questões a longo prazo que estiveram na origem da crise”, afirmou o Secretário-Geral. “Poderia estar em jogo a credibilidade do processo democrático em África. Se houver uma segunda volta das eleições, tem de ser conduzida de uma forma transparente e equitativa, na presença de observadores internacionais”, insistiu Ban Ki-moon, que exortou a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral a prosseguir os seus esforços. O Secretário-Geral saudou o aprofundamento das relações entre a UA e a ONU. Saudou, nomeadamente, a “reunião conjunta do Conselho de Segurança da ONU e do Conselho de Paz e Segurança da UA, a segunda do género e Ban Ki-moon manifestou também a sua a primeira na Sede da ONU em Nova Iorque”. “profunda preocupação perante a incerteza resultante da não divulgação dos resultados das eleições no Zimbabué”. Comunicado de imprensa SC/9301 (em inglês) “Se não for encontrada uma solução transparente para sair deste impasse, a situação poderá deteriorar-se”, advertiu o Secretário-Geral. Ban Ki-moon propõe medidas para reforçar cooperação com organizações regionais O Secretário-Geral Ban Ki-moon propôs uma série de medidas para reforçar a parceria entre a ONU e as organizações regionais. “Temos agora a possibilidade de desempenhar um papel comum na manutenção da paz e da segurança internacionais”, escreve, no seu relatório ao Conselho de Segurança sobre a relação entre a Organização mundial e as organizações regionais. “As autoridades do Zimbabué e os países da região insistem em que estas questões devem ser resolvidas a nível regional, mas a comunidade internacional observa-as e continua a esperar medidas decisivas”, disse. Armas ligeiras: Secretário-Geral recomenda maior coordenação institucional por uma organização regional e autorizada pelo Conselho de Segurança. Entre as recomendações apresentadas, Ban Ki-moon propõe a criação, nos próximos três meses, de um grupo União Africana-ONU encarregado de ponderar as formas de apoiar as operações de manutenção da paz levadas a cabo por organizações regionais, especialmente no que “É reconhecida a necessidade de diz respeito ao financiamento na um maior envolvimento das orga- fase de arranque, ao equipamento nizações regionais com as Nações e à logística. Unidas nos domínios da prevenção, da gestão e da resolução do O Secretário-Geral recomenda conflito em todas as regiões”, ainda que o Conselho defina o acrescentou. papel que as organizações regionais desempenham na manutenSalientando a necessidade de ção da paz e segurança, nomeadaapoiar os esforços dos organis- mente na prevenção, gestão e mos regionais, Ban Ki-moon resolução de conflitos. declara que “o verdadeiro desafio é encontrar formas de substituir a A ONU deveria também melhoabordagem improvisada, muitas rar a sua coordenação das várias vezes selectiva e desequilibrada iniciativas de formação, no âmbito no que diz respeito aos recursos, das operações de manutenção da por uma mais planeada, coerente paz em África, nomeadamente e fiável”. através do desenvolvimento de centros regionais para os aspectos Esse apoio deve ir além do finan- militares e civis da prevenção de ciamento imediato do arranque conflitos e do apoio à paz. de uma missão regional e incluir formas de assegurar o financiamento “sustentável, flexível e prevísivel” de qualquer missão de Para mais informações manutenção da paz levada a cabo UN PHOTO É altamente recomendável que haja uma maior coordenação institucional sobre a questão das armas ligeiras, afirma o Secretário-Geral, no seu relatório ao Conselho de Segurança. destas armas deveriam fazê-lo, acrescentou. O Secretário-Geral recomenda também ao Conselho de Segurança que encoraje uma cooperação acrescida entre os grupos de vigilância e de sanções do Conselho, as missões de manutenção da paz, os Estados-membros e as organizações regionais e internacionais. “Fazer reviver o Mecanismo de Coordenação da Acção sobre Armas Ligeiras é uma das prioridades, em 2008, no domínio do desarmamento”, disse a Porta-voz Michèle Montas, durante o seu encontro com a imprensa na Sede Na sua opinião, vários órgãos, da ONU, em Nova Iorque. nomeadamente a Comissão de Consolidação da Paz, o Gabinete No seu relatório, Ban Ki-moon de Assuntos de Desarmamento e recomenda que os Estados inten- o Representante Especial do sifiquem os esforços para reco- Secretário-Geral para as Crianças lher, preservar e partilhar os e os Conflitos Armados, deveriam dados relativos a armas ligeiras. reforçar a sua cooperação sobre a Os Estados que estão em condi- questão das crianças e das armas ções de apoiar mais a investigação ligeiras. sobre a distribuição e o impacto 6 Paz e Segurança Internacionais Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC Conselho de Segurança saúda anúncio de eleições legislativas na Guiné-Bissau O Conselho de Segurança saudou o anúncio da realização de eleições legislativas na Guiné-Bissau em Novembro e apelou ao Governo deste país para que acelere os preparativos dessas eleições e prossiga os seus esforços de consolidação da paz. O Conselho “apelou novamente à comunidade internacional para que forneça os recursos financeiros e materiais necessários para assegurar a realização efectiva e atempada das eleições”, disse, numa declaração à imprensa, o Embaixador da Rússia, Vitaly Churkin, que detinha a presidência rotativa do Conselho em Março. Na sua declaração, Vitaly Churkin disse que os membros do Conselho saudavam as notícias segundo as quais a Comissão para a Consolidação da Paz da Casos do Chade, da República Centro-Africana e de Darfur têm de ser abordados em conjunto ONU criou um quadro estratégico para determinar a melhor forma de prestar assistência à Guiné-Bissáu. esforço coordenado, que tenha em conta as causas profundas dos conflitos internos e as dimensões regionais destes problemas. Os membros do Conselho “apelaram também à comunidade internacional para que preste assistência ao Governo e reforce o apoio e intensifique a formação do sistema judicial e penal da Guiné-Bissau no quadro da reforma do sector da segurança e do combate ao crime organizado, ao tráfico de droga e ao terrorismo”. "Até à data, porém, não foram atribuídos à MINURCAT nem à EUFOR os mandatos que seriam necessários em condições ideais para fazer face a estas questões", diz Ban Ki-moon. A EUFOR é a designação da Força da União Europeia que está A intensificação da guerra civil, as tensões a dar apoio à MINURCAT. transfronteiriças e a deslocação de populações que caracterizam a situação no A MINURCAT, uma missão inovadora e Chade, na República Centro-Africana multidimensional, foi criada pelo Conse(RCA) e no Sudão são questões que lho de Segurança em Setembro passado devem ser abordadas de uma forma unifi- para ajudar a proteger os civis e facilitar a cada, fora do mandato da missão das prestação de ajuda humanitária a milhares Nações Unidas que se encontra actual- de pessoas que abandonaram as suas mente no terreno, diz o Secretário-Geral casas, devido à insegurança no Nordeste Ban Ki-moon num relatório divulgado a 3 da RCA, na região oriental do Chade e na região vizinha de Darfur, no Sudão. de Abril. Para mais informações Status quo nas negociações sobre Sara Ocidental é inaceitável, segundo último relatório da ONU A consolidação do status quo não é um resultado aceitável do actual processo de negociações sobre o Sara Ocidental, afirma o Secretário-Geral Ban Ki-moon, no seu último relatório sobre o diferendo entre Marroco e a Frente Polisario. Ban Ki-moon diz que, embora registe com agrado o compromisso das duas partes – enunciado num comunicado do mês passado – em relação à continuação das negociações, não houve qualquer sinal de avanço. “Só é possível manter a dinâmica tentando encontrar uma saída para o actual impasse político através do realismo e de um espírito de compromisso de ambas as partes”, declara. O Secretário-Geral recomenda ao Conselho de Segurança que insista com Marrocos e a Frente Polisario para que iniciem uma fase das negociações que seja mais intensa e incida sobre questões de fundo, sem imporem quaisquer condições prévias. Expressa também a sua preocupação com a situação humanitária dos refugiados do Sara Ocidental, muitos dos quais vivem em campos na zona de Tindouf, na vizinha Argélia, há anos. Para mais informações No seu relatório sobre a missão das Nações Unidas na RCA e no Chade, denominada MINURCAT, Ban Ki-moon escreve o seguinte: "A crise interna no Chade, a situação dos refugiados e das pessoas deslocadas internamente (PDI) na região oriental do Chade e na República Centro-Africana, as tensões entre o Chade e o Sudão e a situação em Darfur devem ser abordadas em simultâneo". O Secretário-Geral acrescenta que, para esse efeito, deve ser desenvolvido um Composta por 300 polícias e 50 oficiais de ligação militares, bem como pessoal civil, a MINURCAT foi encarregada de se concentrar nas áreas dos assuntos civis, direitos humanos e do primado do direito. Em 1 de Abril, a missão tinha ao seu serviço 163 funcionários internacionais e 64 funcionários nacionais. O cargo de Representante Especial do SecretárioGeral para a MINURCAT é desempenhado por Victor Ângelo. Para mais informações Darfur: após cinco anos de sofrimento, a crise agrava-se, denuncia John Holmes O Secretário-Geral Adjunto para os Assuntos Humanitários, John Holmes, apelou perante o Conselho de Segurança ao Governo sudanês e aos movimentos rebeldes para que façam “muito mais” a favor da protecção da população. Dos seis milhões de habitantes do Darfur, até ao presente foram afectadas 4,27 milhões de pessoas. conflito e 4 anos após o envolvimento do Conselho de Segurança, ainda não encontrámos uma solução duradoura”, denunciou o Coordenador Humanitário. Lançou um apelo ao Governo do Sudão no sentido de “melhorar a segurança dos civis e da comunidade internacional nas zonas sob o seu controlo” e “desmantelar definitivamente todas as milícias Janjaweed e levar a tribunal os autores dos crimes”, nomeadamente os de índole sexual e uma vez que “o Sudão é um país cada vez mais próspero”, “prestar assistência à sua própria população em vez de deixar que a comunidade internacional assuma toda a responsabilidade financeira”. Desde que, há quatro anos, o Conselho de Segurança foi encarregado de examinar a crise do Darfur, o número de pessoas afectadas sextuplicou. Dentre elas, 4,27 milhões encontram-se gravemente afectadas pelo conflito. 2,45 milhões estão deslocadas dentro do país e 260 000 refugiaram-se nos países vizinhos, declarou o Secretário-Geral Adjunto, numa reunião do Conselho de Segurança sobre a Operação Híbrida John Holmes intimou também os rebelUA-ONU para o Darfur (UNAMID). des “a deixarem de pôr em perigo a vida de civis, ao lançarem ataques a Desde 2003, estima-se que tenham partir de zonas civis”, “a porem termo morrido no Darfur 300 000 pessoas, aos ataques aos comboios humanitáum número que inclui as vítimas direc- rios” e a “respeitarem os princípios tas da violência e os mortos que resul- humanitários”. taram da continuação do conflito: malnutrição, deslocação de populações e doenças. “Estou profundamente triste e revoltado por constatar que, após 5 anos de 7 Para mais informações Paz e Segurança Internacionais Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC Avizinham-se tempos cruciais no Iraque, diz Enviado da ONU a funcionários europeus Conselho de Segurança pede mais progressos na aplicação da resolução sobre Líbano O Conselho de Segurança apelou a mais progressos em relação às questões pendentes, a fim de que seja possível alcançar um cessar-fogo definitivo entre Israel e o Hezbollah, no Sul do Líbano, após a guerra de meados de 2006. Numa declaração do Presidente, os membros do Conselho reafirmaram o seu empenhamento na aplicação da resolução do Conselho que pôs termo ao conflito e exortaram todas as partes a “intensificarem os seus esforços” para cumprir as disposições do texto. A resolução pede, nomeadamente, respeito pela Linha Azul que separa as forças libanesas das forças israelitas, o desarmamento das milícias e o fim do contrabando de armas. O Embaixador Dumisani Kumalo, da África do Sul, país que detém a presidência rotativa do Conselho este mês, disse, numa declaração, que este órgão “sublinha a necessidade de maiores progressos em relação a todas as questões necessárias para a consecução de um cessar-fogo definitivo e uma solução a longo prazo”. Para mais informações Melhor coordenação da ajuda ao Afeganistão — prioridade de novo Enviado da ONU Melhorar a coordenação dos esforços internacionais para ajudar a levar a paz e o desenvolvimento ao Afeganistão será uma prioridade essencial das Nações Unidas, prometeu o novo Representante Especial do Secretário-Geral. de alto nível sobre o Afeganistão, que teve lugar na semana passada, no quadro da cimeira dos Estados-membros da OTAN. Em Bucareste, Ban Ki-moon reconheceu que a ONU não foi tão eficaz como precisa de ser na coordenação da comunidade internacional, acrescentando que o novo mandato do Conselho de Segurança permitirá ao organismo mundial ter um papel mais afirmativo na coordenação. Na sua primeira conferência de imprensa em Cabul, Kai Eide, que dirige também a Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA), disse que quer “criar um novo dinamismo e um novo sentido de urgência” no que se refere à “Temos de sair de uma situação coordenação dos esforços inter- em que a administração do Afeganistão, que ainda precisa de nacionais. um reforço das suas capacidaKai Eide acabou de regressar de des, se vê perante uma sociedaBucareste, na Roménia, onde se de internacional demasiado juntou a Ban Ki-moon, ao Presi- fragmentada”, declarou Kai Eide. dente Hamid Karzai e a outros líderes para participar na reunião Para mais informações O Representante Especial do Secretário-Geral para o Iraque, Staffan de Mistura, concluiu, A 11 de Abril, uma visita de dois dias a Bruxelas, durante a qual sublinhou à União Europeia e a funcionários da OTAN que 2008 será um ano crucial para aquele país. As importantes eleições provinciais previstas para Outubro são uma das razões por que é provável que este ano se revele tão decisivo, disse Staffan de Mistura, em entrevistas concedidas a vários destacados meios de comunicação social europeus. Durante a sua estada na capital belga, Staffan de Mistura avistou-se com o Secretário-Geral da OTAN, Jaap de Hoop Scheffer, e com o DirectorGeral de Assuntos Político-militares no Secretariado do Conselho da UE, Robert Cooper. Também informou o Comité de Segurança do Conselho da UE e manteve conversações com diplomatas belgas. Nas suas reuniões, Staffan de Mistura disse que a sua visita a Bruxelas demonstrava o reconhecimento do papel essencial que a Europa tem no Iraque, observando que não seriam possíveis quaisquer actividades sem o apoio financeiro da UE e que a ONU e a UE trabalhavam em prol da realização do mesmo objectivo: levar a paz e a estabilidade ao Iraque. Nepal: “participação entusiástica” em eleições históricas Direitos Humanos, Louise Arbour, felicitou as autoridades por terem apoiado um processo eleitoral em grande parte pacífico, apesar das circunstâncias difíceis. “A eleição de uma Assembleia Constituinte é um grande passo em frente rumo a um futuro novo do Nepal, no qual os direitos de todos os povos – nomeadamente os das comunidades historicamente margiO Secretário-Geral Ban Ki-moon, elo- nalizadas – sejam reconhecidos”, declagiou o povo nepalês pela “entusiástica rou. participação” nas eleições históricas, realizadas a 10 de Abril e que decorre- A 25 de Abril, a Comissão Eleitoral ram de um modo “geralmente ordeiro anunciou que o Partido Comunista e pacífico”. Apelou à calma até ao anún- (maoísta) obteve 100 assentos na Assembleia Constituinte, enquanto o cio das eleições. Congresso Nepalês obteve 73 e o Para o Representante Especial do Partido Unificado Marxista-Lenininsta, Secretário-Geral no Nepal, Ian Martin, 70. Não se trata ainda dos resultados o povo nepalês “demonstrou o seu finais, os quais, nos termos da Consticompromisso em relação à democra- tuição Interina, só serão anunciados cia” através da sua elevada participação depois de os partidos terem definido os seus representantes e a Comissão no escrutínio. Também a Alta-Comissária para os Eleitoral os ter aprovado. No regresso de Presidente timorense, Representante Especial do Secretário-Geral reitera apoio da ONU No regresso da Austrália do Presidente José Ramos Horta, que esteve naquele país para recuperar dos ferimentos resultantes da tentativa de assassínio de que foi alvo há dois meses, o Representante Especial do Secretário-Geral para TimorLeste, Atul Khare, pediu aos dirigentes e ao povo da jovem nação que reforçassem o seu empenhamento em assegurar uma paz duradoura. Atul Khare, que é também o Chefe da Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT), saudou o Presidente no aeroporto da capital, Díli, e reiterou-lhe o apoio continuado da ONU, no momento em que retoma as suas funções. “Estou ansioso por prosseguir o trabalho da ONU com o Presidente nos domínios da governação democrática, do reforço do Estado de direito, da reforma do sector da segurança e da promoção do desenvolvimento socioeconómico”, disse o Representante Especial. “O regresso do Presidente Ramos Horta proporciona à sociedade timorense uma oportunidade de trabalhar arduamente e com renovada determinação em prol do futuro de Timor-Leste”, acrescentou. “A paz sustentada depende do empenhamento de todos, nomeadamente os políticos, o sector da segurança e os cidadãos de Timor-Leste”. Para mais informações 8 ONU pede mais 150 milhões de dólares para ajuda de emergência ao Quénia A ONU anunciou que adicionou 150 milhões de dólares ao apelo à ajuda de emergência ao Quénia, onde surgiu uma grave seca pouco depois do conflito civil que eclodiu devido à contestação das eleições e causou a deslocação de centenas de milhares de pessoas. A fraca pluviosidade na última parte de 2007 é apontada como responsável pela seca no Corno de África, devendo conduzir a uma diminuição das colheitas na Etiópia, Jibuti e Eritreia bem como na região meridional e central da Somália. nação dos Assuntos Humanitários (OCHA), 840 000 pessoas correm o risco de ser atingidas pela seca nas zonas setentrionais do país, indo somar-se às 500 000 afectadas pelos problemas surgidos no pósconflito, em todo o país. O Plano de Intervenção Humanitária de Emergência para o Quénia, do OCHA, pede agora um total de 189 milhões de dólares, montante que inclui já os fundos recebidos desde que o plano foi lançado, em Janeiro, para cobrir as necessidades humanitárias ao longo do ano de 2008. Segundo o Gabinete das Nações Unidas para a Coorde- Somália: situação humanitária está a agravar-se mais depressa do que se esperava ACNUR transfere 5400 refugiados sudaneses para campos no Chade naram a transferência extremamente difícil. UNHCR PHOTO Desde que o ACNUR começou a operação, em princípios de Março, transferiu 5287 dos recém-chegados para o campo de Kounoungou, que foi alargado recentemente, mas atingiu a sua capacidade de 18 900 refugiados. Quase 90% dos recémchegados são mulheres e crianPouco mais de dois meses depois do último surto de combates importantes no Darfur Ocidental, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) transferiu mais cerca de 5400 refugiados sudaneses para dois campos no Chade Oriental. Segundo uma notícia do ACNUR, de 18 de Abril, 8000 pessoas estariam ainda espalhadas por várias aldeias ao longo da volátil fronteira entre o Chade e o Sudão. A insegurança continuada ao longo da fronteira e os problemas logísticos inerentes a uma operação numa zona tão isolada tor- ças. No dia 15, o ACNUR começou a transferir os recém-chegados para um segundo campo – Mile, a cerca de 20 quilómetros a norte de Kounoungo. “Esperamos que a situação em termos de segurança na fronteira não volte a deteriorar-se. A transferência para os campos de refugiados tem de estar concluída antes do início da estação das chuvas. Restam-nos menos de dois meses”, disse a Representante Adjunta do ACNUR no Chade, Catherine Huck. Falta de fundos poderá colocar meio milhão de pessoas em risco no Chade UNHCR PHOTO Assuntos Humanitários Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC A situação humanitária na Somália está a deteriorar-se mais depressa do que se esperava, devido a uma estação seca especialmente severa e ao grande aumento das taxas de inflação, disse, hoje, o Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA). assistência no país seja da ordem de 1,8 milhões, mas este número poderá aumentar para 2 milhões quando estiverem concluídas as actuais avaliações, afirma o OCHA. Além disso, o país – tal como muitos outros – registou um aumento dramático dos preços A ONU reviu em alta, de dos alimentos, no último ano. 315 000 para 425 000, o número de pessoas que vivem numa Por outro lado, a deterioração situação de emergência humani- da situação de segurança nos tária e, de 705 000 para 745 000, últimos meses está a dificultar o o número de pessoas deslocadas trabalho do pessoal humanitário neste país da África Oriental, que recentemente. não tem um governo a funcionar Calcula-se que o número total desde 1991. de pessoas que necessitam de Funcionários humanitários das Nações Unidas repetiram o apelo à concessão de fundos, a fim de prestar ajuda humanitária a cerca de meio milhão de refugiados e deslocados internos no Chade, observando que se recebeu menos de 1/5 dos 290 milhões de dólares pedidos em Dezembro de 2007. nitários, John Holmes, disse ter ainda esperança de que os doadores respondam generosamente ao apelo. “Mas se a tendência [de atribuição de fundos] não melhorar significativamente nos próximos meses, isso poderá ter consequências devastadoras para cerca de meio milhão de pessoas que depenAté ao momento, apenas foram recebi- dem substancialmente da ajuda humanidos 51 milhões de dólares para o Apelo tário para sobreviver”, alertou. Humanitário para o Chade 2008, que cobre 70 projectos propostos por 8 Os actores humanitários no Chade irão organismos da ONU e 14 organizações reunir-se em Maio para rever as necessidades humanitárias e requisitos necesnão-governamentais (ONG). sários da resposta à crise. O Coordenador do Socorro HumanitáPara mais informações rio das Nações Unidas e SecretárioGeral Adjunto para os Assuntos Huma- “A situação é muito grave e deteriora-se de hora para hora. Pensamos que a continuação deste estado de coisas será catastrófica para a população civil do território”, disse o porta-voz do UNRWA, Adnan Abu Hazna. “Não temos combustível para os nossos camiões, bulldozers e automóveis, e decidimos parar a distribuição em todo o território. Apelamos a Israel e à comunidade internacional, para que intervenham com vista a conseguir que dispunhamos de combustíveis, recomeçaremos a distribuição”. Gaza: ONU suspende ajuda humanitária por falta de combustível O Organismo de Obras Públicas e de Socorro das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) suspendeu, a 24 de Abril, a distribuição de ajuda na Faixa de Gaza, em virtude de não dispor de combustível para os seus veículos. 9 Na véspera, ao usar da palavra numa reunião pública do Conselho de Segurança, a Subsecretária-Geral para os Assuntos Políticos, Angela Kane, referiu-se à enorme crise humanitária em Gaza. Sublinhou, precisamente, a grave escassez de combustível. Antes do ataque de 9 de Abril, cerca de 65% das necessidades das centrais eléctricas de Gaza em matéria de combustível eram satisfeitas graças às importações. Direitos Humanos Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC Concluído exame do desempenho do primeiro grupo de países em matéria de direitos humanos Secretário-Geral Ban Ki-moon congratula-se com entrada em vigor de tratado sobre direitos das pessoas com deficiência versal, a melhoria da situação dos direitos humanos no terreno”, disse o Presidente do Conselho, Doru Romulus Copstea, numa mensagem lida pelo VicePresidente Boudewijn Van Eenennaam, no final da reunião. O Conselho de Direitos Humanos concluiu o exame do primeiro grupo de países, no âmbito do Exame Periódico Universal, um novo mecanismo que analisará o desempenho de todos os Estados-membros das Nações Unidas. Durante a próxima sessão do Grupo de Trabalho, que decorrerá entre 5 e 19 de Maio, serão examinados mais 16 Estadosmembros. O mecanismo de Exame Periódico Universal é uma das reformas introduzidas que diferencia o O Grupo de Trabalho do ConseConselho da Comissão de Direilho terminou, a 18 de Abril, a sua tos Humanos, à qual sucedeu em primeira sessão em Genebra, 2006. após ter avaliado a situação dos direitos humanos em 16 países: Segundo o plano de trabalho do Barém, Equador, Tunísia, Marromecanismo, está prevista a avaliacos, Indonésia, Finlândia, Reino ção de 48 países por ano, de Unido, Índia, Brasil, Filipinas, modo que os 192 EstadosArgélia, Polónia, Países Baixos, membros da ONU sejam analisaÁfrica do Sul, República Checa e dos de quatro em quatro anos. Argentina. “Tendo testemunhado a energia que todos demonstraram ao longo desta sessão, não tenho dúvidas de que nos devemos mostrar colectivamente à altura das circunstâncias e alcançar o objectivo fundamental do mecanismo de Exame Periódico Uni- Sobre o Exame Periódico Universal (em inglês) Situação das crianças no Iraque é “intolerável” UN PHOTO No final de uma visita de cinco dias ao Iraque, Radhika Coomaraswamy, Representante Especial do Secretário-Geral para as Crianças e os Conflitos Armados, declarou que as crianças eram as “vítimas silenciosas” da violência que prevalece no país. wamy, num comunicado publicado em Amã, a 25 de Abril. Qualificado a situação de “intolerável”, apelou aos dirigentes religiosos, políticos, militares e das comunidades para que transmitam uma mensagem clara às crianças do seu país: “Não participes na violência e volta para a escola”. Durante a sua visita, a Representante Especial comprovou que apenas 50% das crianças frequentam a escola primária, em comparação com 80%, em 2005. Só 40% têm acesso a água potável. Nos últimos quatro anos, um número crescente de menores foi recrutado por grupos armados. A situação é igualmente alarmante, no caso das crianças refugiadas no Iraque e nos países vizinhos. “Muitas não frequentam a escola, muitas outras são recrutadas para actividades violentas ou mantidas sob detenção e não têm acesso a serviços essenciais e mostram uma série de sintomas psicológicos “A paz no Iraque deve começar devido à violência quotidiana”, pela protecção das crianças”, sublidenunciou Radhika Coomaras- nhou. 10 Na declaração, o Secretário-Geral felicitou os Estados que ratificaram ou aderiram à Convenção. Desde 30 de Março de 2006, a Convenção foi assinada por cerca de 126 países; 71 assinaram o Protocolo Facultativo, um instrumento que permite que os particulares apresentem queixas por violações de qualquer dos direitos consagrados na Convenção. O Secretário-Geral Ban Ki-moon congratulou-se com o depósito, pelo vigésimo Estado, do instrumento de ratificação ou adesão ao primeiro tratado internacional sobre os direitos humanos das Estima-se que existam pelo menos pessoas com deficiência, a 3 de 650 milhões de pessoas com deficiência em todo o mundo, das quais Abril. aproximadamente 80% vivem em “É um momento histórico na nossa países em desenvolvimento. busca da realização dos direitos humanos de todas as pessoas, que Dois terços dos Estados-membros cria uma sociedade plenamente das Nações Unidas não possuem inclusiva para todos”, disse Marie um instrumento jurídico que asseOkabe, Porta-voz do Secretário- gure a protecção das pessoas com Geral, numa declaração que celebra deficiência, apesar de estas repreos rápidos progressos da Conven- sentarem um décimo da população ção sobre os Direitos das Pessoas mundial. com Deficiência, adoptada em “A Convenção – bem como o seu Dezembro de 2006. Protocolo Facultativo – está pro“A Convenção será um poderoso fundamente enraizada no firme instrumento para erradicar os obs- empenhamento da comunidade táculos que as pessoas com defi- internacional em reparar as negliciência enfrentam: a discriminação, gências flagrantes e as práticas a segregação social, a marginaliza- desumanizadoras que violam os ção económica e a falta de oportu- direitos das pessoas com deficiênnidades de participação no proces- cia”, diz a declaração, que convida so de tomada de decisões a nível todos os Estados que ainda não o social, político e económico”, disse. fizeram a aderirem ou ratificarem sem demora o tratado. A ratificação pelo Equador significa que a Convenção e o Protocolo Para assinalar a entrada em vigor da Facultativo serão juridicamente Convenção será organizada, a 12 de vinculativos a partir de 3 de Maio. A Maio, na Sede da ONU, em Nova Tunísia e a Jordânia ratificaram o Iorque, uma cerimónia especial. tratado uns dias antes. Finalizado novo tratado que permite apresentação de queixas em caso de violações dos direitos económicos, sociais e culturais Foi finalizado a 4 de Abril, na Sede das Nações Unidas em Genebra, o Protocolo ao Pacto Internacional sobre Direitos Económicos, Sociais e Culturais, um tratado que irá permitir que indivíduos de todo o mundo apresentem queixas à ONU, no caso de os seus direitos económicos, sociais e culturais serem violados. Unidas bem como vários organismos da ONU (como a UNESCO e a OIT) e centenas de organizações não governamentais. O Protocolo, que deverá ser endossado pelo Conselho de Direitos Humanos, na sua sessão de Junho de 2008, e pela Assembleia Geral da ONU, na sua 63ª. sessão, entrará em vigor depois de Este Protocolo, redigido por um ratificado por um mínimo de 10 Grupo de Trabalho presidido pela Estados. jurista portuguesa Catarina de Albuquerque, foi objecto de um Ver também artigo de Catarina de processo de negociações, iniciado Albuquerque intitulado “Queixas à em Fevereiro de 2004. Nessas ONU por violações de direitos econónegociações participaram todos os micos, sociais e culturais” em Boletim Estados-membros das Nações de Março de 2008 (pp. 18-19) Direitos Humanos Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC Nicole Kidman e funcionárias da ONU pedem apoio à campanha para a eliminação da violência contra as mulheres A 22 de Abril, a actriz e Embaixadora da Boa Vontade do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM), Nicole Kidman, e altas funcionárias da Organização lançaram um apelo a um maior apoio a uma petição em linha que tem como objectivo eliminar a violência contra as mulheres. “Todas as vozes contam e todos os contributos contam”, disse Nicole Kidman aos jornalistas, na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, pedindo às pessoas que adiram à campanha e aos doadores, que intensifiquem as contribuições para esta causa. “Façamos saber às sobreviventes da violência em todo o mundo que podem contar connosco”. Quando interrogada sobre as suas motivações para participar na campanha, a Embaixadora da Boa Vontade disse que, como mãe de dois filhos que está grávida de 7 meses, procura ajudar tanto os próprios filhos como as crianças de todo o mundo a terem uma “vida melhor”. Desde que foi lançada, em Novembro de 2007, a campanha “Diga NÃO à violência contra as mulheres” (Say NO to violence Caracterizando-a como uma “das mais difunagainst women) já recebeu o apoio de mais de didas violações de direitos humanos”, AshaRose Migiro disse que a violência contra as 200 000 pessoas. mulheres “transcende fronteiras, culturas e “Ao subscreverem a petição, os cidadãos diferenças económicas”. enviam uma mensagem inequívoca aos dirigentes de todo o mundo, fazendo saber aos Apelando à comunidade internacional para seus governos que querem medidas decisi- que coopere no sentido de acabar com este vas”, disse Joanne Sandler Directora Executi- flagelo, o Presidente da Fundação das Nações va do UNIFEM, numa conferência de impren- Unidas, Timothy E. Wirth, disse que todos sa. “Querem o fim da impunidade, serviços podem contribuir para que isso aconteça. destinados às sobreviventes e, sobretudo, “O simples acto de subscrever esta campaum forte investimento na prevenção”. nha envia e mensagem de que já chega e de A Vice-Secretária-Geral Asha-Rose Migiro que o ciclo de violência deve acabar agora”, disse que o sistema da ONU tem vindo ago- disse. ra a convergir quanto a esta questão fundamental, observando que, em Fevereiro, o Secretário-Geral Ban Ki-moon iniciou uma campanha mundial plurianual, que envolve a organização mundial, os governos e a sociedade civil numa tentativa de pôr fim à violência contra as mulheres, uma questão que, a seu ver, “não pode esperar”. Nova série de filmes combate cultura de silêncio perante violência contra as mulheres A violência contra as mulheres é o tema de Women on the Frontline, uma série de sete filmes difundida pela primeira vez pela BBC World a 18 de Abril. “A violência contra as mulheres ameaça mais a vida das mulheres jovens do que o cancro, a malária ou a guerra”, disse a cantora britânica e apresentadora da série Annie Lennox. “Afecta uma em cada três mulheres no mundo inteiro. Deixa nas mulheres marcas para o resto da vida e, em geral, é infligida por um membro da família”. relações sexuais ou ser alvo de outro tipo de violência durante a vida, e uma mulher em cada cinco será vítima de violação ou de tentativa de violação. O tráfico de mulheres, o assédio sexual, a mutilação genital feminina, os crimes ligados ao dote, os crimes de honra e o infanticídio feminino fazem também parte do problema. “As lacunas no combate à violência contra as mulheres têm que ver com a falta de vontade política, de recursos e de uma forte participação dos homens e rapazes a favor da tolerância zero. Se não pusermos fim à pandemia da violência contra as mulheres, não podemos realizar nenhum dos outros objectivos acordados: desenvolvimento, igualdade ou paz”, diz Joanne Sandler, Directora Executiva Interina do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM). Women on the Frontline salienta a violência que as mulheres têm de suportar na sua vida diária e como lidam com ela. Os sete países focados são a Áustria, a Colômbia, a República Democrática do Congo (RDC), a Mauritânia, Marrocos, o Nepal e a Turquia. Infelizmente, quando há uma guerra, a violação continua a ser utilizada Vários organismos da ONU, incluindo o UNFPA e o UNIFEM, países como uma arma. doadores, como a Áustria, organizações não governamentais e outros parceiros prestaram informação e apoiaram a produção da série de “Mesmo nos lugares onde não há guerra, os corpos das mulheres documentários. continuam a ser campos de batalha. As mulheres e as raparigas correm o risco de ser vítimas de violência no decurso das suas activida- Os sete filmes focam o Nepal, onde 7000 mulheres são todos os anos des quotidianas – em suas casas, quando se deslocam a pé, quando objecto de tráfico; a Turquia, onde continuam a ser cometidos crimes utilizam transportes públicos para ir trabalhar ou quando vão buscar de honra; Marrocos, onde as militantes políticas que sobreviveram à água ou apanhar lenha. Exigir o fim da violência contra as mulheres tortura e à prisão depõem perante uma Comissão Verdade e Reconcitem que ver com proteger os direitos humanos e assegurar que as liação do Governo; a RDC, onde as mulheres sofrem as piores consemulheres vivam em segurança e com dignidade”, diz Thoraya Ahmed quências de dez anos de guerra nas províncias orientais; a Colômbia, Obaid, Directora Executiva do UNFPA (Fundo das Nações Unidas onde as mulheres foram torturadas à sombra de uma guerrilha; a para a População). Mauritânia, onde as mulheres vítimas de violação podem ir para a prisão; e a Áustria, onde uma nova lei obriga os autores de violência Segundo os dados das Nações Unidas, pelo menos uma em cada três doméstica a saírem de casa. mulheres no mundo corre o risco de ser espancada, coagida a ter Para mais informações 11 Crise Alimentar Produção alimentar tem de beneficiar os pobres do mundo iniciativa Avaliação Internacional da Ciência e Tecnologia Agrícolas para o Desenvolvimento (IAASTD). UNEP PHOTO Desenvolvimento Económico e Social Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC O grupo, patrocinado por vários organismos das Nações Unidas entre os quais se incluem a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) e o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), bem como o Banco Mundial, propõe-se introduzir medidas destinadas a aumentar a produção e, simultaneamente, proteger o ambiente e conservar recursos preciosos como a água, as florestas e a biodiversidade. Um grupo de mais de 400 cientistas apoiado pelas Nações Unidas está a pedir uma mudança radical na forma como o mundo cultiva os alimentos, a fim de ajudar os pobres e as pessoas com fome e proteger os recursos do Também pede que se examinem os planeta. regimes comerciais e os sistemas de A agricultura moderna trouxe aumen- subvenção, já que, tal como referiu o tos significativos da produção alimen- Professor Watson, "os países em tar, mas os seus benefícios têm sido desenvolvimento mais pobres ficam variáveis e têm tido um preço elevado sempre a perder, mesmo nas condipara os pequenos agricultores, os ções de maior liberalização comercial". trabalhadores, as comunidades rurais e Para mais informações o ambiente, diz um novo relatório da Subida dos preços dos cereais continua a afectar gravemente os países mais pobres rendimento com um défice alimentar, prevê-se que a factura dos cereais registe um aumento colossal de 74%, devido à subida acentuada dos preços internacionais dos cereais, taxas de frete e preços do petróleo, diz a FAO. A FAO advertiu que se prevê que a factura das importações de cereais dos países mais pobres do mundo aumente mais de 50% no ano fiscal em curso. "A inflação dos preços dos alimentos afecta mais duramente os pobres, já que os alimentos representam uma parcela das suas despesas muito superior à das populações mais ricas", disse Henri Josserand, do sistema de informação mundial e alerta rápido da FAO. Citando o novo relatório da FAO intitulado Crop Prospects and Food Situation, Henri Josserand observou que "a alimentação representa 10% a 20% dos gastos dos consumidores nos países industrializados, percentagem que chega a atingir 60% a 80% nos países em desenvolvimento, muitos dos quais são importadores líquidos de produtos alimentares". PAM: subida dos preços alimentares é um verdadeiro “tsunami silencioso” UN PHOTO grande escala, a alto nível e que inclua soluções de emergência e a longo prazo”, declarou Josette Sheeran, Directora Executiva do PAM. Segundo análises do PAM, que confirmam as avaliações efectuadas pelo Banco Mundial, há mais 100 milhões de pessoas totalmente carentes de recursos, devido à subida dos preços alimentares. O Programa Alimentar Mundial (PAM) qualificou o aumento dos preços alimentares, que poderia afectar gravemente cerca de 100 milhões de pessoas no mundo, de “tsunami silencioso”. Trata-se do maior desafio que o PAM tem de enfrentar, desde “É este o novo rosto da fome – que foi criado, há 45 anos, afirmilhões de pessoas que há seis mou Josette Sheeran, para meses não pertenciam à catego- quem, tal como no caso do ria dos que se encontravam tsunami de 2004, a resposta tem numa situação de emergência de ser mundial. “Precisamos do alimentar, pertencem agora. A mesmo tipo de acção e de genecomunidade internacional deve rosidade”, afirmou. responder com uma acção a Para mais informações Abandono da agricultura na Ásia está a deixar centenas de milhões de pessoas na pobreza O abandono a que foi votada a agricultura na Ásia e no Pacífico já deixou mais de 200 milhões de pessoas na pobreza extrema, numa altura em que os preços dos alimentos estão a aumentar e apesar do crescimento robusto registado noutros sectores, diz relatório Economic and Social Survey of Asia and the Pacific 2008, elaborado pela Comissão Económica e Social para a Ásia e o Pacífico (ESCAP). Segundo o estudo, 218 milhões de pessoas – um terço dos pobres da região, que vivem principalmente nas zonas rurais – poderão sair da situação de pobreza em que vivem, se houver um aumento da produtividade agrícola. Segundo aquela organização, no último mês houve notícia de tumultos causados pela falta de alimentos no Egipto, Camarões, Costa do Marfim, Senegal, Burquina Faso, Etiópia, Indonésia, Madagáscar, Filipinas e Haiti. A fim de ajudar os países a superarem esta situação, a FAO diz ter lançado uma iniciativa contra a subida dos preços dos alimentos, destinada a prestar assistência técnica e política com o objectivo de ajudar os agricultores vulneráveis a aumentarem a produção local de alimentos. Vão ser iniciadas actividades no terreno no Burquina Faso, Mauritânia, Moçambique e Senegal. "O relatório pergunta por que razão a pobreza se mantém tão elevada, apesar das taxas de crescimento tão aplaudidas da região", disse Rob Vos, Director da Divisão de Análise de Políticas de Desenvolvimento do Departamento de Assuntos Económicos e Sociais (DESA), por ocasião do lançamento do relatório. "O abandono a que foi votado o desenvolvimento agrícola e rural é uma das causas principais", afirmou. estejamos a fazer tudo o que está ao nosso alcance para melhorar a vida de mais de 200 milhões de pessoas que vivem numa situação de tamanha pobreza". O relatório de 2008, intitulado Sustaining Growth and Sharing Prosperity, apela à revitalização da agricultura através do melhoramento da produtividade agrícola e da orientação para o mercado. É necessário modificar as políticas de reforma agrária, a fim de ligar os pobres das zonas rurais às cidades e aos mercados e facilitar o acesso dos agricultores ao crédito e ao seguro de colheitas, diz o relatório, que também propõe a formação com vista à diversificação de competências como meio de ajudar os pobres, e especialmente as mulheres, a tirarem partido de mais oportunidades de emprego. O estudo apela também a uma liberalização total do comércio mundial de produtos agrícolas, já que isso permitiria tirar mais 48 milhões de pessoas da região da situação de pobreza em que vivem. Ao lançar o relatório em Nova Deli, Para mais informações juntamente com funcionários do Governo indiano, Noeleen Heyzer, Secretária Executiva da ESCAP, disse: "É simplesmente inaceitável que, numa altura em que o crescimento económico da Ásia e do Pacífico ultrapassou todas as expectativas, não Para mais informações O relatório diz que o aumento de 56% registado no período de 20072008 surge no seguimento de um aumento de 37% em 2006-2007, já difícil de suportar pelas famílias de menor rendimento. Para os países africanos de baixo 12 Desenvolvimento Económico e Social Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC CNUCED XII consagra princípio da “globalização solidária” Os trabalhos culminaram no lançamento de um New Deal para Africa, qualificado de “continente de esperança” pelo SecretárioGeral da CNUCED, Supachai Panitchpakdi, que invocou os progressos notáveis em matéria de crescimento e de democratização registados na região, nos últimos cino anos. Photo Credit: D. Anobil / ISD A CNUCED concluiu os seus trabalhos a 25 de Abril, com a adopção da Declaração e do Acordo de Acra, que consagram o princípio de uma “globalização solidária” em relação à África Subsariana, onde a realização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) está mais ameaçada. A “globalização solidária” é, hoje, mais realizável na medida em que se assiste à emergência de um “novo Sul”, que marca o nascimento de uma nova fase da globalização em que os países em desenvolvimento se tornam um motor da economia mundial. Esta “segunda geração” da globalização deveria ser aproveitada para corrigir os erros do passado e reforçar os efeitos A próxima sessão quadrienal da CNUCED terá positivos. É necessária que criar uma forte lugar em 2012, no Catar. coerência entre as politicas comerciais, financeiras e de desenvolvimento humano. Sítio Web da CNUCED XII Declaração de Acra Na Declaração de Acra, os Estados-membros constatam que problemas como o aumento dos preços dos produtos alimentares e da energia, os riscos da economia a nível internacional, agravados pelas alterações climáticas, poderiam travar o crescimento mundial, em particular o dos países em desenvolvimento, comprometer os avanços alcançados em matéria de redução da pobreza e constituir uma ameaça directa tanto para os grupos desfavorecidos como para o tecido social e político de numerosos países. Supachai Panitchpakdi sublinhou que, após a longa dominação da lei do mercado, a CNUCED XII restabeleceu o Estado nos seus direitos de “estratega do desenvolvimento”. Debruçou-se também sobre o papel, reconhecido por todos, do investimento directo estrangeiro (IDE) no financiamento do desenvolvimento. Os Estados-membros da CNUCED, o sector privado e os economistas, insistiu, reconheceram a necessidade de uma plataforma concertada “para aqueles que acreditam em África”. O Secretário-Geral da CNUCED fez também ressaltar a ligação entre a expansão do comércio e a integração regional. preços dos produtos alimentares e dos custos dos factores de produção agrícola corresponde ao aparecimento de uma nova economia mundial dos produtos de base, os Estados-membros consideram que esta evolução proporciona uma possibilidade inédita de promover o crescimento económico e o desenvolvimento sustentável, melhorando a produtividade dos sectores de produtos de base dos países em desenvolvimento. Comprometem-se a reforçar estes sectores por meio de um aumento substancial do investimento, tanto público como “Estamos decididos a encon- privado, de um maior valor trar soluções integradas para acrescentado e da diversificaestes problemas”, declaram, ção. acrescentando que, respondendo aos apelos a “uma revo- Os resultados da CNUCED lução verde em África” com- XII, dizem, contribuirão signifiprometem-se a acompanhar os cativamente para um acesso esforços nacionais de medidas equitativo e inclusivo às vantacolectivas para alcançar uma gens oferecidas pela globalizaverdadeira reforma e uma ção, nos domínios do comérliberalização do comércio dos cio, do financiamento, do produtos agrícolas bem como investimento, da tecnologia, da um aumento da APD já desti- inovação e do pleno emprego nada a este sector. Regoziam- produtivo. se com a decisão, tomada pelo Secretário-Geral da ONU, de Declaração de Acra (em inglês) criar uma equipa especial encarregada de analisar a questão da segurança alimentar. Constatando que a subida dos Acordo de Acra Este texto sublinha a necessidade de os países em desenvolvimento assentarem os seus esforços numa parceira mundial para o desenvolvimento e num sistema das Nações Unidas mais vigoroso que responda às necessidades e às prioridades de todos os países. Afirma que não existe um modelo único, quando se trata de definir a melhor governação ou as melhores instituições de apoio ao crescimento. geografia da economia mundial, destaca questões como a adesão dos países à Organização Mundial do Comércio, o acesso aos mercados, num regime isento de direitos e não sujeito a quotas, para os produtos dos Países Menos Avançados e a necessidade de os países em desenvolvimento reforçarem a sua capacidade produtiva. O Sistema Global de Preferências Comerciais entre países em desenvolvimento e a Iniciativa de Ajuda ao Comércio são considerados essenciais. No que se refere aos produtos de base, identifica medidas para atenuar o impacto da forte instabilidade dos preços. A nível nacional, o texto sublinha a necessidade de coerência entre as políticas macroeconómicas e microeconómicas. A nível internacional, estabelece medidas que visam a reforma da arquitectura financeira internacional e o reforço da cooperação regional entre países em desenvolvimento, nos Para atrair e aproveitar os fluxos de sectores monetário, financeiro e IDE, o texto apela à melhoria dos comercial. dados neste domínio. Descreve também medidas a tomar para reforçar a O texto sublinha que a viabilidade do boa governação e a primazia do direiendividamento é determinante para o to, requisitos indispensáveis para atrair crescimento e enumera medidas para IDE, e preconiza medidas para o assegurar uma melhor aplicação da desenvolvimento da infra-estrutura de Iniciativa a favor dos Países Pobres novas tecnologias e a aquisição de Muito Endividados e da Iniciativa para competências neste plano. a Redução da Dívida Multilateral. Os três pilares da acção da CNUCED, Reconhece o carácter complexo das que são a investigação e a análise, a questões ligadas à quantidade e à quali- formação de consensos e a cooperadade da Ajuda Pública ao Desenvolvi- ção técnica, formam um todo e estão mento (APD), considerando a Decla- estreitamente ligados. O texto contém ração de Paris sobre a eficácia da ajuda apelos ao reforço destes pilares, com um “contributo importante”. vista a garantir o cumprimento do mandato da CNUCED. Na parte sobre as novas realidades da Acordo de Acra (em inglês) 13 Desenvolvimento Económico e Social Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC OMS : Alterações climáticas vão abalar alicerces da saúde No Dia Mundial da Saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para o facto de as alterações climáticas influenciarem os alicerces da saúde pública e nos darem já uma visão dos desafios em grande escala que será necessário superar. Dia Mundial de Segurança e Saúde no Trabalho* os géneros alimentícios, a habitação ou a ausência de doenças”, declarou a Directora-Geral da OMS, Dra. Margaret Chan. À semelhança de anos anteriores, o Escritório da Organização Internacional do Trabalho em Lisboa associa-se às comemorações do Dia Mundial de Segurança e Saúde no Trabalho a 28 de Abril, chamando a atenção para a importância da segurança e saúde no trabalho e para a gestão dos riscos no ambiente de trabalho. “Os seres humanos encontramse já expostos aos efeitos de doenças influenciadas directamente pelo clima e que causam já milhões de mortes. Assim, a malnutrição provoca mais de 3,5 milhões de mortes por ano, as doenças diarreicas, mais de 1,8 milhões e a malária, perto de um milhão”, sublinha um comunicado da OMS. “O problema fundamental pode resumir-se numa simples frase: as alterações climáticas põem directamente em perigo a saúde. O planeta vai aquecer progressivamente, mas as consequências dos fenómenos climáticos extremos – aumento do número de tempestades, de inundações, de secas e de O comunicado cita alguns exemcanículas – serão brutais e dura- plos que dão uma perspectiva do mente sentidas. Esta conjugação que será o nosso futuro. evolutiva pode ter repercussões sobre elementos fundamentais para a saúde como o ar, a água, Para mais informações “A Minha Vida. O meu Trabalho. O meu Trabalho em Segurança. Gestão dos Riscos no Ambiente de Trabalho ” é o título do Relatório produzido pelo Bureau Internacional do Trabalho (BIT) da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para o Dia Mundial de Segurança e Saúde no Trabalho 2008, que se comemora a 28 de Abril. Este Relatório foi traduzido para português pela ACT – Autoridade para as Condições de Trabalho - ao abrigo de um acordo de parceria com o Escritório da OIT em Lisboa. * Notícia do Escritório da OIT em Lisboa É preciso aumentar cuidados de saúde para reduzir mortalidade materna e infantil Photo: Carina Wint/UNFPA Num mundo em que mais de 10 milhões de mulheres e crianças morrem por ano, nos países em desenvolvimento, de doenças em grande medida evitáveis e tratáveis, um novo relatório de organismos das Nações Unidas e seus parceiros para discutir o papel que podem ter para acelerar apela ao aumento dos cuidados de saúde para a acção a favor da realização dos ODM 4 e 5, relacionados com a reducção da mortalidade reduzir as mortes maternas e de crianças. infantil e materna Tracking Progress in Maternal, Newborn and Child Survival conclui que dentre os 68 países em desen- O relatório salienta os progressos realizados em volvimento que representam 97% das mortes muitos dos 68 países, em áreas como a prevenção maternas e de crianças no mundo são poucos os do sarampo e da malária. que dispensam os cuidados de saúde necessários O relatório aponta também “quatro oportunidapara salvar vidas. des perdidas de salvar vidas”: o planeamento famiO relatório de 2008 foi divulgado a 16 de Abril, liar, os cuidados prestados à nascença por pessoal hoje, na Cidade do Cabo, onde decorria a 118ª. qualificado, os cuidados clínicos para crianças Sessão da União Interparlamentar cujos participan- doentes e a nutrição. tes se reuniram com destacados especialistas de Para mais informações saúde e responsáveis pela formulação de políticas Relatório da ONU anuncia progressos substanciais no tratamento de mulheres e crianças com SIDA UNICEF representar cerca de 40% das novas infecções pelo VIH entre todas as pessoas com mais de 15 anos, em 2007. Além disso, calcula-se que, no ano passado, tenham morrido 290 000 crianças com menos de 15 anos devido à SIDA, e, na África Subsariana, 12,1 milhões de crianças perderam o pai ou a mãe, ou ambos, devido a esta doença. Um relatório das Nações Unidas divulgado a 3 de Abril, revela progressos no tratamento de crianças com SIDA e na prevenção da transmissão mãe-filho do VIH, mas apela a uma intensificação dos esforços com vista a travar a epidemia mundial. Segundo o relatório Children and AIDS, em 2007 havia aproximadamente 2,1 milhões de crianças com menos de 15 anos a viver com o VIH que, na sua maioria, foram infectadas antes de nascer, durante o parto ou o aleitamento. E os jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos continuaram a "As crianças e os jovens de hoje nunca conheceram um mundo em que a SIDA não existisse", disse Ann M. Veneman, Directora Executiva da UNICEF, que produziu o relatório juntamente com o ONUSIDA e a OMS. "Todos os anos, morrem milhões de crianças devido a esta doença, e milhões já perderam os seus pais ou as pessoas que cuidavam delas", afirmou. "As crianças têm de estar no cerne da programa mundial de luta contra a SIDA". Para mais informações 14 OIT comprova progressos significativos nas atitudes em relação ao VIH/SIDA nos locais de trabalho O novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Saving lives, protecting jobs: new horizons in the fight against HIV/AIDS at work, elaborado pelo Programa sobre o VIH/SIDA no mundo do trabalho, revela os progressos no que se refere às atitudes em relação a colegas seropositivos bem como uma melhor aceitação da utilização de preservativos e de outras medidas preventivas no mundo inteiro. “O relatório cita as mudanças de atitudes em relação ao VIH e apresenta uma série de boas práticas e de dados recolhidos nos locais de trabalho, junto dos ministérios do trabalho e das organizações patronais e de trabalhadores que colaboram com a OIT”. Ao longo dos últimos quatro anos, a OIT recolheu dados juntos dos dirigentes e dos trabalhadores das empresas parceiras nos seis países-piloto, a fim de medir o impacte das actividades relativas ao VIH/ SIDA e às políticas não discriminatórias. Nos seis países que foram alvo do estudo, a proporção de trabalhadores com um comportamento favorável em relação às pessoas portadoras do VIH subiu de 49 para 63% , em média, ao longo do programa, enquanto a percentagem de utilização de preservativos com parceiros ocasionais passou de 74 para 84%. Para mais informações Ajuda à educação básica estagna, segundo relatório da UNESCO Semana Mundial de Acção da UNESCO a favor da Educação para Todos UNESCO A Semana Mundial de Acção 2008 da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), que decorreu de 21 a 27 de Abril, teve por objectivo a promoção de uma educação de qualidade que ponha fim à exclusão de que sofrem os 72 milhões de crianças que continuam a não frequentar a escola, no mundo. “Setenta por cento vivem na África Subsariana ou no Sul da Ásia e na Ásia Ocidental, mas a exclusão atinge as crianças de uma maneira ou de outra em todos os países do planeta”, explica um comunicado publicado, em Paris, a 16 de Abril. A pobreza e a marginalização são as primeiras causas de exclusão. As famílias que vivem em comunidades rurais ou isoladas e as crianças dos bairros desfavorecidos das grandes cidades têm menos acesso à educação. A exclusão mais gritante é aquela que atinge as crianças com deficiência, as quais constituem mais de um terço das não escolarizadas. As crianças que trabalham, as crianças de populações autóctones ou de minorias linguísticas, as crianças nómadas e as afectadas pelo VIH/SIDA figuram também entre os grupos vulneráveis. “Cerca de 37% das crianças não escolarizadas vivem nos 35 países considerados como frágeis pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE)”, precisa a UNESCO. Entre as numerosas actividades figuraram o lançamento no portal da UNESCO de um novo sítio Internet inteiramente consagrado a uma educação integradora de qualidade e que acolhe igualmente um fórum de discussão em linha sobre o tema “Uma educação de qualidade para pôr fim à exclusão”. É possível aceder ao sítio, lançado a 1 de Abril, até ao final do mês. Para tentar bater um novo recorde para o Guiness, a UNESCO participou também em “A Maior Aula do Mundo”, organizada pela Campanha Mundial para a Educação, um parceiro da UNESCO. Para mais informações (em inglês) Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor Segundo o relatório da equipa que acompanha os avanços rumo à consecução do objectivo “Educação para Todos” (Education for All Global Monitoring Report), apesar das promessas de apoio à educação básica, os compromissos financeiros estagnaram, situando-se muito abaixo dos níveis necessários para a realização do ensino primário universal. Há várias tendências preocupantes, lê-se num comunicado da UNESCO. Em primeiro lugar, embora, em 2006, a ajuda destinada à educação básica tenha aumentado em relação ao ano anterior, o nível atingido foi inferior ao de 2004. Em segundo, comprovou-se que a ajuda à educação básica avançou ao mesmo ritmo da ajuda total, um sinal de que a maioria dos doadores não atribuiu maior prioridade à educação básica. Em terceiro, segundo os números fornecidos pelo Comité de Ajuda ao Desenvolvimento da OCDE, a ajuda total ao desenvolvimento diminuiu 8,4%, o que se traduzirá, provavelmente, numa nova redução da ajuda afectada à educação básica. “Consideramos encorajador o aumento da ajuda à educação registado em 2006, em comparação com 2005, mas continuamos preocupados com o abrandamento geral dos compromissos dos doadores em relação à educação. Isso poderia ter consequências graves para os progressos da educação nos países de baixo rendimento”, declarou Koïchiro Matsuura, Director-Geral da UNESCO. “Estes países precisam de uma ajuda suficiente e previsível para “escrito, produzido, trocado, utilizado e apreciado num dado quadro linguístico”. “Quando uma língua não tem acesso ao mundo da edição, é excluída – juntamente com aqueles que a falam – de uma grande parte da vida intelectual e da actividade económica da sociedaO Dia Mundial do Livro e do Direito de de”, afirma, sublinhando a consequente Autor associa milhões de pessoas em mais importância do desenvolvimento do multide uma centena de países tanto do Sul linguismo por meio da tradução. como do Norte, à celebração das múltiplas funções do livro nas sociedades humanas, É no momento em que a proclamação do afirmou, na sua mensagem, o Director-Geral Ano Internacional das Línguas coloca em da UNESCO, Koïchiro Matsuura. primeiro plano a questão das línguas e do multilinguismo na agenda internacional que é No Ano Internacional das Línguas, é particu- necessário reflectir sobre o futuro do livro larmente oportuno reflectir sobre a dimen- como veículo de expressão e de reconhecisão linguística da edição, pois o livro é mento linguístico, insiste. UNESCO Desenvolvimento Económico e Social Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC 15 financiar uma rápida expansão dos seus sistemas educativos”. No total, a ajuda destinada à educação básica aumentou de 3,7 mil milhões de dólares, em 2005, para 5 mil milhões de dólares, em 2006, mas continuou a ficar abaixo do nível de 2004 (5,3 mil milhões de dólares). A ajuda bilateral à educação básica aumentou de 2,7 mil milhões de dólares, em 2005, para 3,9 mil milhões de dólares, em 2006, enquanto os contributos dos organismos multilaterais se mantiveram inalterados (1,1 milhões de dólares). O aumento da ajuda à educação básica registado em 2006 deve-se, em grande parte, aos esforços de dois doadores bilaterais (os Países Baixos e o Reino Unido), que contribuíram com mais 1,3 mil milhões de dólares. Mas o seu exemplo deveria ser seguido por outros, para garantir um aumento mais sustentado da ajuda à educação básica. “Os doadores não estão no bom caminho para honrar os compromissos assumidos na cimeira do G8, em 2005”, diz Kevin Watkins, Director do relatório. “Enfrentamos uma falta iminente de recursos que põe gravemente em perigo a realização dos objectivos de desenvolvimento humano, se os doadores não aumentarem consideravelmente a ajuda”. Para mais informações O Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor é celebrado a 23 de Abril, data da morte de Cervantes, Shakespeare e Garcilaso de la Vega, e também do nascimento de escritores eminentes como Maurice Druon, Vladimir Nabokov ou Josep Pla. A ideia da celebração tem origem na Catalunha (Espanha) onde há a tradição de oferecer uma rosa pela compra de um livro. Desenvolvimento Sustentável Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC Conversações das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas em Banguecoque chegam a acordo sobre Programa de Trabalho para 2008 UN FCCC As Conversações das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, em Banguecoque, terminaram, a 4 de Abril, com um acordo sobre um programa de trabalho que estrutura as negociações relativas a um acordo internacional a longo prazo sobre as alterações climáticas, que deverá ser celebrado em Copenhaga no final de 2009. A reunião de Banguecoque também enviou um sinal claro de que a utilização de mecanismos baseados no mercado, como, por exemplo, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Quioto, deve manter-se; os mecanismos devem ser melhorados como meio de os países desenvolvidos cumprirem as metas de redução das emissões e contribuírem para o desenvolvimento sustentável. ção", disse Yvo de Boer, Secretário Executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (CQNUAC). "Não só temos a certeza de que este ano serão abordados temas fundamentais, como os trabalhos foram divididos em parcelas mais pequenas, de modo a permitir-nos negociar eficazmente". Na reunião de Banguecoque, delegados de 162 países começaram a preparar o "Roteiro" acordado na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, realizada em Bali, no ano passado, em que foram lançadas as negociações sobre um acordo internacional a longo prazo, bem como a reforçar o trabalho em curso no âmbito da CQNUAC. Aquele acordo deverá ser concluído em Copenhaga, em 2009. Os principais elementos do acordo reforçado sobre as alterações climáticas incluem uma visão comum a longo prazo e o reforço da acção nos domínios da atenuação, adaptação, tecnologia e financiamento. já temos esse bom começo", disse Yvo de Boer. "É imprescindível começarmos a promover um melhor entendimento de questões fundamentais, antes de as partes poderem avançar para a fase de análise de propostas de texto concretas para o novo acordo", acrescentou. Enquanto se chegava a acordo sobre um programa geral de trabalho para 2008 no quadro da Convenção, o grupo encarregado do processo, estabelecido nos termos do Protocolo de Quioto, iniciou o trabalho de análise das ferramentas de que os países desenvolvidos dispõem para alcançar as metas de redução das emissões a partir de 2012, altura em que expira o primeiro período de cumprimento do Protocolo. Aquele grupo discutiu igualmente formas de reforçar a eficácia dessas ferramentas e aumentar o seu contributo para o desenvolvimento sustentável. Um dos principais resultados das suas discussões foi terem concordado em que a utilização do regime de comércio de direitos de emissão, do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e do Mecanismo de Implementação deve prosseguir. "Os delegados trouxeram as suas esperanças e aspirações para Banguecoque. É necessário um "O comboio para Copenhaga já saiu da esta- bom começo para chegar a bom termo. Agora Indústria do turismo tem um papel fundamental a desempenhar no domínio das alterações climáticas UN PHOTO A indústria mundial do turismo tem um papel decisivo a desempenhar no que se refere a superar os desafios das alterações climáticas, disse o Director Executivo do Programa nas Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), num seminário internacional que decorreu no Reino Unido. "Com efeito, é muito claro hoje que a indústria do turismo pode ajudar a resolver o problema das alterações climáticas, reduzindo as suas emissões de gases com efeito de estufa e ajudando as comunidades para as quais o turismo é uma importante fonte de recursos económicos a prepararem-se para as alterações climáticas e a adaptarem-se a elas", disse Achim Steiner. O número de turistas internacio- nais continua a aumentar, tendo-se registado 898 milhões de chegadas no ano passado e prevendo-se novos aumentos, à medida que países tradicionalmente pobres começarem a surgir como destinos turísticos atraentes, diz a Organização Mundial do Turismo (OMT). O seminário, realizado em Oxford, reuniu cerca de 30 funcionários de alto nível das áreas do turismo e do ambiente para examinar, entre outras coisas, maneiras práticas de atenuar as alterações climáticas no sector do turismo e de promover a adaptação do sector às mesmas. Os efeitos das alterações climáticas já se estão a fazer sentir no sector do turismo, especialmente em certos destinos, tais como as regiões montanhosas e as zonas costeiras gravemente afectadas pelas alterações climáticas. Por outro lado, a indústria do turismo contribui para as emissões de gases com efeito de estufa, especialmente através do transporte de turistas. Para mais informações 16 Para mais informações Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Quioto ultrapassa o marco do 1000.º projecto a ser registado UN FCCC Foi registado o 1000.º projecto do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) do Protocolo de Quioto, projecto esse que se destina a promover a eficiência energética em Andhra Pradesh, na Índia e visa reduzir as emissões de dióxido de carbono em mais de 34 000 toneladas. workshop conjunto de coordenação realizado em Bona, na Alemanha. Até à data, os projectos do MDL já geraram mais de 135 milhões de reduções certificadas de emissões (RCE). Nesta altura, prevê-se que o MDL gere mais de 2,7 mil milhões de RCE durante o primeiro período de cumprimento do Protocolo de Quioto. "Com 1 000 projectos em 49 países em apenas dois anos e meio, o MDL já deu provas do seu potencial e está a chegar ao fim da «primeira infância». O potencial por realizar continua, claramente, a ser considerável, e há que realizá-lo, respeitando o imperativo de assegurar a integridade ambiental e simplificar o "O MDL ultrapassou mais um mecanismo tanto quanto possímarco e é tempo de reflectirmos vel", disse Rajesh Kumar Sethi. sobre o nosso êxito e de redobrarmos os nossos esforços para melhorar e expandir o mecanismo", disse Rajesh Kumar Sethi, Presidente do Conselho Executivo do MDL, que aprovou formalmente o 1000.º projecto num Para mais informações Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC Portugueses e a ONU A COMISSÃO DE DIREITO INTERNACIONAL das NAÇÕES UNIDAS Paula Escarameia Membro da Comissão de Direito Internacional da ONU Em 2001 fui, pela primeira vez, eleita pela Assembleia Geral da ONU como membro da Comissão de Direito Internacional (CDI), para um mandato de cinco anos (2002-2006); em 2006 fui reeleita para um 2º mandato, que terminará em 2011. Tem sido uma experiência singular, francamente enriquecedora, de que nunca pensei poder vir a usufruir, e que me tem ensinado muito sobre os modos como o Direito Internacional é criado, como se relaciona com o mundo, bem como sobre a importância que as pessoas envolvidas no processo assumem no mesmo. Poucas actividades das Nações Unidas têm sido tão intensas, tão duradoiras, tão estruturantes e tão decisivas para as relações internacionais como o desenvolvimento do Direito Internacional. Muito deste trabalho é devido à actividade da CDI, que, a par com o Tribunal Internacional de Justiça e a 6ª Comissão da Assembleia Geral (Comissão para Assuntos Jurídicos), é um dos principais órgãos mundiais de produção do que virá a ser o Direito Internacional Público. A Carta das Nações Unidas estatui, no art. 13°, que “1 – A Assembleia Geral promoverá estudos e fará recomendações, tendo em vista: a) Fomentar a cooperação internacional no plano político e incentivar o desenvolvimento progressivo do direito internacional e a sua codificação;…” , podendo, para tal, criar um órgão próprio, nos termos do art. 22° (“A Assembleia Geral poderá estabelecer os órgãos subsidiários que julgar necessários ao desempenho das suas funções.”). Assim, a Assembleia Geral deliberou, pela resolução 174 (II), de 21 de Novembro de 1947, criar a Comissão de Direito Internacional e aprovar o seu Estatuto. Deste modo, a Comissão tem, segundo o seu Estatuto, como função promover o desenvolvimento progressivo do Direito Internacional (“preparação de projectos de convenções em assuntos ainda não regulados pelo Direito Internacional ou em relação aos quais o Direito não está ainda suficientemente desenvolvido na prática dos Estados”) e codificá-lo (“formulação mais precisa e sistematização de normas de Direito Internacional em campos em que já existe prática estatal, precedente e doutrina extensivos”). A CDI é actualmente um órgão composto por 34 peritos independentes que “deverão ser pessoas de reconhecida competência em Direito Internacional”, que exercem as suas funções exclusivamente na sua capacidade individual e não como representantes dos Estados. São, contudo, eleitos pela Assembleia Geral da ONU após apresentação das suas candidaturas pelos Estados, por um mandato de cinco anos, podendo vir a ser reeleitos. Nessa eleição, para além das qualificações individuais de cada candidato, a Assembleia Geral deve tomar em consideração que “as principais formas de civilização e os principais sistemas jurídicos mundiais estejam representados”. Na prática, este requisito tem-se traduzido pela distribuição de lugares de acordo com os grupos regionais da ONU (grupo dos países ocidentais e outros; grupo dos países da Europa de Leste; grupo africano; grupo da América Latina e Caraíbas; grupo asiático), de tal modo que cada candidato pode apenas concorrer às vagas que existam no seu grupo. O grupo em que Portugal está inserido conta com 8 vagas. Apesar de tal não ser necessário, tem havido certas nacionalidades permanentemente representadas na CDI, designadamente as dos membros permanentes do Conselho de Segurança (Portugal nunca teve um membro na CDI até à eleição da autora). Por outro lado, a CDI parece ter sido o único órgão da ONU que não contou com uma única mulher entre os seus membros durante 54 anos após a sua criação, tendo as primeiras duas sido eleitas apenas em 2001 (a autora desta nota e a candidata chinesa). Finalmente, a qualidade de membro da Comissão pode durar numerosos anos, tendo, em certos casos, ultrapassado os vinte, e é, por vezes, encarada como uma antecâmara para o posto de juiz do Tribunal Internacional de Justiça, o órgão judicial das Nações Unidas que julga litígios entre Estados. A CDI tem uma sessão anual no Escritório das Nações Unidas em Genebra, no “Palais des Nations”, edifício que albergou a sede da antiga Sociedade das Nações, entre 10 a 12 semanas (dependendo do progresso dos trabalhos, sendo que normalmante é necessário mais tempo nos anos próximos do fim do quinquénio, quando os principais projectos são completados), separadas em duas partes: a primeira normalmente em Maio/Junho e a segunda em Julho/ Agosto. A agenda dos trabalhos é aprovada pela Comissão, tendo em consideração os pontos que lhe são referidos pela Assembleia Geral, por Estados membros e pelas agências especializadas da ONU, podendo ela própria seleccionar também pontos para a mesma. Da agenda da próxima sessão (60ª sessão, que começará em 5 de Maio próximo) constarão os seguintes temas: Reservas a Tratados, Responsabilidade de Organizações Internacionais, Recursos Naturais Partilhados, Efeitos dos Conflitos Armados nos Tratados, Obrigação de Julgar ou Extraditar, Expulsão de Estrangeiros, Imunidades de Chefes de Estado e Membros de Governos e Protecção de Pessoas em Situações de Desastres. Alguns destes temas estão a ser discutidos desde há muito, como é o caso das Reservas a Tratados, enquanto outros só começarão a ser abordados em Maio, como sejam os dois últimos referidos. É frequente que, devido ao carácter estruturante destes temas e aos métodos de trabalho da CDI, muitos se arrastem por um número elevado de anos, que chega a atingir a meia centena. A Comissão começa por eleger um Relator para cada tema, ficando este encarregado de propor aos restantes membros projectos de normas jurídicas, com base em estudos profundos e muito pormenorizados que são apresentados em relatórios. Estes projectos são discutidos em sessões públicas (abertas apenas a quem possuir credenciais de presença) e, se a Comissão assim o entender, serão submetidos, para elaboração final, a um comité de redacção, composto por um número seleccionado de membros da CDI. Após aprovação pelo colectivo da Comissão, estes projectos de artigos são apresentados à 6ª Comissão da Assembleia Geral da ONU, inseridos no Relatório anual da CDI, que, para além dos textos propostos, apresenta um sumário dos principais debates e diferentes pontos de vista expressos pelos membros da Comissão. (continua na pág. 18) 1. Este e outros documentos podem ser encontrados na página das Nações Unidas, www.un.org, sob “International Law”, “International Law Commission”. 17 Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC A COMISSÃO DE DIREITO INTERNACIONAL das NAÇÕES UNIDAS (continuação) Muitas vezes, também, os pontos de vista dos Estados são transmitidos em observações escritas e em respostas a questionários que a CDI faz circular. Finalmente, o projecto final é apresentado à 6ª Comissão, que o passa a debater no seu âmbito. Alguns destes projectos são aceites quase que na sua totalidade enquanto outros, como foi o caso do Estatuto do Tribunal Penal Internacional, sofrem mudanças profundas até serem aprovados. Normalmente, é convocada uma conferência de plenipotenciários para adopção do texto da convenção em causa, que fica aberta para assinatura e, depois, para ratificação ou adesão pelos Estados, entrando seguidamente em vigor. Pode assim afirmar-se, sem muitas dúvidas, que a CDI tem estado na origem da codificação de todos os ramos de Direito Internacional, numa actividade impressionante: só para dar alguns exemplos, é à CDI que se deve a elaboração das convenções sobre Direito dos Tratados, sobre Relações Diplomáticas e Consulares, sobre Eliminação da Apatri- dia, sobre Processo Arbitral, sobre o Tribunal Penal Internacional, sobre o Direito do Mar, sobre Sucessão de Estados , sobre Usos de Rios Internacionais, etc. O seu último grande trabalho, concluido em 2001 e ainda não negociado entre Estados, é o projecto de artigos sobre Responsabilidade de Estados por Actos Internacionalmente Ilícitos, um esforço monumental de codificação desta área fundamental que, até agora, tem sido regida sectorialmente, para certos regimes específicos, ou tem ficado a cargo de regras gerais de Direito Consuetudinário. Pessoalmente, este trabalho tem exigido de mim preparação científica suficiente para poder arguir ideias que me empenho em defender e que são, por vezes, controversas. É, contudo, este sentimento de poder contribuir para influenciar as grandes linhas de orientação futura do Direito Internacional que torna este cargo tão fascinante e o transforma, para mim, não só numa honra mas também num prazer. A ONU e a UE (http://www.europa-eu-un.org/) EU Presidency Statement - United Nations General Assembly: Improving Global Road Safety (31 de Março) http://europa-eu-un.org/articles/en/article_7801_en.htm European Parliament reviews progress on human rights in the world in 2007 (2 de Abril) http://europa-eu-un.org/articles/en/article_7805_en.htm EU Presidency Statement- United Nations General Assembly: Thematic Debate on the Millenium Development Goals (2 de Abril) http://europa-eu-un.org/articles/en/article_7813_en.htm "Our commitment to the Millennium Development Goals – milestones (4 de Abril) http://europa-eu-un.org/articles/en/article_7807_en.htm European Commission urges Member States to raise development aid (4 de Abril) http://europa-eu-un.org/articles/en/article_7808_en.htm EU Presidency Statement - UN General Assembly: Informal meeting of the plenary on the UN System-wide Coherence: Funding (7 de Abril) http://europa-eu-un.org/articles/en/article_7810_en.htm EU Presidency Statement - United Nations General Assembly: Ad-Hoc Committee on the Criminal Accountability of United Nations Officials and Experts on Mission (7 de Abril) http://europa-eu-un.org/articles/en/article_7814_en.htm EU Presidency Statement - United Nations 5th Committee: "Towards a Common Understanding on Management Reform" (8 de Abril) http://europa-eu-un.org/articles/en/article_7815_en.htm EU Presidency Statement - United Nations 1st Committee: United Nations Disarmament Commission (UNDC) (8 de Abril) http://europa-eu-un.org/articles/en/article_7817_en.htm EC: EU must stand by its promises and deliver on development aid if we are to meet the Millennium Development Goals (9 de Abril) http://europa-eu-un.org/articles/en/article_7818_en.htm EU Presidency Statement - Ad - Hoc Committee on the Administration of Justice at the United Nations (10 de Abril) http://europa-eu-un.org/articles/en/article_7821_en.htm Keynote address by European Commissioner Almunia - United Nations ECOSOC Spring Meeting: "Building and sustaining solid financial markets: Challenges for international cooperation" (14 de Abril) http://europa-eu-un.org/articles/en/article_7827_en.htm EU Presidency Statement - United Nations ECOSOC: Special High-level Meeting with the Bretton Woods Institutions (14 de Abril) http://europa-eu-un.org/articles/en/article_7835_en.htm EU Presidency Statement- UN General Assembly: Informal review session on Chapter IV of the Monterrey Consensus (15 de Abril) http://europa-eu-un.org/articles/en/article_7833_en.htm European Commission Statement- United Nations General Assembly: Informal review session on Chapter IV of the Monterrey Consensus (16 de Abril) http://europa-eu-un.org/articles/en/article_7832_en.htm EU Presidency Statement - United Nations Security Council: Debate on Peace and Security in Africa (16 de Abril) http://europa-eu-un.org/articles/en/article_7834_en.htm 18 Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC Mulheres e VIH-SIDA Elza Pais Presidenta da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género A I Reunião Ministerial de Políticas para as Mulheres e VIH/SIDA, realizou-se de 24 a 25 de Março de 2008, no Rio de Janeiro, Brasil, subordinada ao tema: Construindo Alianças entre Países de Língua Portuguesa para o Acesso Universal. Esta iniciativa contou a presença de ministras e ministros e representantes dos Estados da Comunidade dos oito Países de Língua Portuguesa (CPLP) – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau. Moçambique, Portugal S. Tomé e Príncipe e Timor Leste. Contribuiu decisivamente para o aprofundamento do conhecimento das realidades locais, troca de experiências e abertura de novas perspectivas de intercâmbio e cooperação. De igual modo, constituiu um passo significativo para a concretização dos objectivos do Milénio (ODM, 2000), onde se reconhece que a promoção dos direitos das mulheres e a Igualdade de Género são, não só, necessários ao progresso e desenvolvimento, mas também um mecanismo fundamental para se alcançarem os objectivos então definidos. (promover a Igualdade de Género e empoderar as mulheres; combater o VIH/SIDA e outras doenças). A resolução sobre mulheres, raparigas e VIH/SIDA aprovada em Fevereiro 2008 na CWS - Nações Unidas, afirma claramente que a vulnerabilidade das mulheres e raparigas está directamente relacionada com desigualdades legais, económicas, sociais, incluindo a pobreza, a violência de género, casa- mentos forçados, mutilação genital feminina, relações sexuais forçadas e tráfico para a exploração sexual, a que as mulheres e raparigas estão particularmente expostas. O VIH/SIDA afecta as mulheres e os homens de um modo diferente e requer por isso um tratamento adaptado às especificidades de cada um e cada uma. Estas desigualdades traduzem dificuldades das mulheres no acesso ao tratamento e à prevenção, pelo que só desenvolvendo políticas que promovam o empoderamento das mulheres e reforcem a Igualdade de Género, se poderá combater com eficácia esta pandemia. Torna-se fundamental adoptar uma dimensão de género neste domínio para o pleno exercício, por mulheres e homens, dos seus direitos em matéria de saúde e, em particular, para o pleno exercício aos seus direitos sexuais e reprodutivos. Por isso, o desafio de reverter a disseminação da pandemia, requer a implementação simultânea de múltiplas políticas e medidas, tais como medidas destinadas a promover a igualdade económica, de modo a conceber maior poder às mulheres e raparigas, e garantir a igualdade nas relações familiares e matrimoniais. A promoção dos serviços de saúde, bem como a eliminação da violência de género, o combate aos estereótipos culturais de género, e o aumento da participação política das mulheres, são condições fundamentais não só à promoção da igualdade de género, mas também à prevenção do VIH/SIDA por parte das mulheres, tornando-as sujeitos activos no exercício dos seus direitos sexuais e reprodutivos. Como representante do Governo Português e enquanto Presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), propus que seja lançada em conjunto uma Campanha em todos os Estados CPLP sobre Mulheres e VIH/SIDA. Em Portugal, vária iniciativas legislativas e As desigualdades de género e o VIH/SIDA medidas de política estão a ser implementaestão relacionados de diversas formas e a das: o III Plano Nacional para a Igualdade Cidadania e Género; o III Plano Nacional diferentes níveis. Contra a Violência Doméstica, e o I Plano De facto, a maior incidência da pobreza Nacional contra o Tráfico de Seres Humasobre raparigas e mulheres e a dependência nos, bem como a Lei da paridade, o agravaeconómica das mulheres; a exposição a mento da pena ao agressor em sede de vioactos violentos e à pressão psicológica e lência doméstica e a despenalização da Interemocional; as atitudes negativas em relação rupção Voluntária da Gravidez, que muito às mulheres e às raparigas; a discriminação pode contribuir para a promoção da saúde racial e outras formas de discriminação, sexual e reprodutiva. Deste modo, estamos incluindo a discriminação de género; a falta a dar passos significativos no empoderamende informação/educação em matéria de to das mulheres e na promoção da Igualdade saúde sexual e reprodutiva; o desequilíbrio de Género. de poder entre mulheres e homens, incluindo o limitado poder que muitas mulheres Ao nível da cooperação horizontal, desde detêm sobre a sua própria vida sexual e 2000, entre os países da CPLP tem-se efectireprodutiva, constituem um conjunto de vado numa caminhada conjunta, pontuada factores que concorrem para que raparigas e por importantes decisões e recomendações, mulheres possuam um baixo controlo sobre que procuraram quebrar o ciclo da discrimios seus corpos, baixa auto estima e auto- nação e da violência, promovendo a igualdaconfiança e, desse modo, uma maior incapa- de de género e os direitos humanos das mulheres. cidade de negociar sexo seguro. 19 A carta do Rio, assinada por ocasião desta I Reunião Ministerial de Políticas para as Mulheres e VIH/SIDA, muito pode contribuir, não só, para reafirmar os compromissos firmados no âmbito da CPLP, como ainda, para enfrentar a feminização do VIH/ SIDA e definir novas estratégias de empoderamento das mulheres e a sua implicação no exercício responsável da saúde sexual e reprodutiva. UM OLHAR SOBRE A ONU * Um tsunami silencioso? Desde o mês passado, quando Ban Ki-moon veio fazer o retrato do novo rosto da fome e começaram os apelos de financiamento extra por organismos como o Programa Alimentar Mundial da FAO, que a situação tem piorado por todos os continentes. O aumento do preço dos alimentos de base, como trigo, milho e arroz ameaça lançar para a fome, para a insegurança alimentar extrema, cerca de 100 milhões de pessoas num fenómeno tão devastador como o tsunami que em Dezembro de 2004 varreu o sudeste asiático. Mas desta feita um tsunami silencioso – como lhe chamou a directora executiva do PAM. O aumento do preço dos cerais no mercado internacional tem origens multifacetadas. O mesmo deve-se às alterações climáticas, ao aumento dos custos da energia, à redução de alguma produção em campos que agora são cultivados para alimentar a crescente indústria dos biocombustíveis, à especulação e às restrições às exportações, ao medo e ansiedade que tem dominado alguns mercados nos tempos mais recentes e ao facto de alguns grandes produtores e exportadores terem classes médias a consumirem cada vez, mais diminuindo as suas disponibilidade de exportação. O aumento do preço dos cerais deve-se, em última instância, à actividade humana. Este espectro da fome que assombra todos os continentes e se prepara para encetar a mais grave crise humanitária de sempre é resultado da acção humana. Há aqui uma novidade para as agendas humanitárias: a maior crise humanitária de sempre vai ter cunho humano mas não vai ser provocada por um conflito. Se isto facilita a acção, por exemplo diminuindo o risco de segurança de algumas missões humanitárias, cria também desafios para os quais não estamos, enquanto comunidade internacional, preparados. Nos cenários de antes, o facto de a crise estar ligada a um conflito gerava o optimismo de acreditarmos que resolvido o conflito o foco da crise estava tratado. Hoje essa possibilidade foi eliminada pela disseminação dos focos da crise e pela desesperante falta de consenso sobre quais as causas deste flagelo mundial e, mais grave ainda, sobre a forma como impedir que o mesmo se perpetue. que vivem num qualquer nível de insegurança alimentar. Em breve, com a entrada nos mercados das novas colheitas, o medo e ansiedade diminuirão e a crise será adiada. E se perder esta crise será recebido por muitos milhões como um facto positivo, o que não deve ser perdido é o sinal de alerta. Um pouco por todo o mundo a instabilidade social ameaça gerar uma crise e pôr em causa a própria manutenção dos regimes. Uma crise em qualquer lado afecta todos No curtíssimo prazo a solução tem que passar os outros seres humanos quer pela humanidapelo reforço da cooperação internacional, pelo de partilhada, quer pela interdependência reforço do financiamento a organismos inter- política mundial inescapável. nacionais que aparecem a colmatar o espaço deixado em aberto por mecanismos de solida- A crise vem com anúncios claros, pois este riedade tradicionais e pelos sistemas de segu- tsunami não é silencioso: os distúrbios sociais rança social que têm ruído sob o peso dos no Haiti, os protestos no Senegal, as manifesenormes gastos que os estados têm tido para tações no Bangladesh, o clima de ansiedade controlar artificialmente esta crise com subsí- generalizada nas Filipinas, a insegurança dios ao preço do arroz, por exemplo. Neste alimentar no Egipto, Paquistão, Afeganistão, momento, em 78 países os representantes do Etiópia, Somália, Quénia, Zimbabué tornam a PAM enfrentam difíceis decisões como no fome das populações um grito ensurdecedor. Camboja – onde eventualmente terão que cortar o apoio à alimentação fornecida às A fome não é uma questão humanitária, é, crianças nas escolas para poderem reafectar outrossim, uma questão política mundial essas verbas à ajuda alimentar de emergência. fundamental. E se o mundo se mobilizou quando o tsunami matou 250 mil pessoas e A longo prazo a prevenção de uma nova crise deixou mais de 10 milhões em situação de passará por reformas políticas, por apoio vulnerabilidade, hoje quando a ameaça é técnico aos governos para que estes realizem mundial o apelo que se faz é, no mínimo, por verdadeiras revoluções agrícolas, pelo comba- uma reacção semelhante. te activo às alterações climáticas e por um repensar das regras de comércio internacional. É paradoxal que num tempo em que se produz tantos alimentos e ao preço real mais Mónica Ferro baixo de sempre da história da humanidade, a Docente do Instituto Superior de Ciências fome seja, como nunca, a mais fiel compa- Sociais e Políticas nheira de cerca de 800 milhões de pessoas * Os artigos publicados nesta secção expressam exclusivamente os pontos de vista da autora, não devendo ser interpretados como reflectindo a posição da ONU. Novos sítios Web Opinião Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC 60th anniversary of the Universal Declaration of Human Rights Inglês: http://www.un.org/events/humanrights/udhr60/ Francês: http://www.un.org/french/events/humanrights/udhr60/ Global Monitoring Report 2008 - MDGs and the Environment: Agenda for Inclusive and Sustainable Development (World Bank / IMF) Relatório: http://www.imf.org/external/pubs/ft/gmr/2008/eng/ gmr.pdf Peacebuilding Portal (new DESA project) http://www.peacebuildingportal.org/ Prohibiting Cluster Munitions: Our Chance to Protect Civilians (UNDP report) http://www.undp.org/cpr/documents/ UNDP_clusterMunitions_2008.pdf 20 2008 Economic Report on Africa (UNECA) http://www.uneca.org/era2008/ERA2008Full.pdf Global Monitoring Report 2008 - MDGs and the Environment: Agenda for Inclusive and Sustainable Development (World Bank / IMF) Relatório: http://www.imf.org/external/pubs/ft/gmr/2008/eng/gmr.pdf LDCs information website http://www.un.org/esa/policy/devplan/profile/index.html World Population Policies 2007 http://www.un.org/esa/population/publications/wpp2007/ Publication_index.htm Pode encontrar estas e muitas outras informações úteis no Boletim da Biblioteca do UNRIC O AMBIENTE EM PERSPECTIVA* A COMUNIDADE DE PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA E O AMBIENTE De partida para Luanda, onde irei participar nos programas técnico e da sociedade civil da 4ª Conferência dos Ministros do Ambiente da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, com início em 22 de Abril (Dia da Terra), aproveito para reflectir um pouco sobre a importância da Plataforma de Ambiente criada no seu seio. Estabelecida em 1996, a CPLP reúne actualmente oito Estados – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Desde logo, a preocupação com o ambiente reflectiu-se na Declaração Constitutiva, que enumera, entre os seus objectivos, o incentivo à cooperação bilateral e multilateral para a protecção do ambiente nos Estados Membros, com vista à promoção do desenvolvimento sustentável, apoiado em políticas públicas de incentivo à ciência e à tecnologia, à conservação da natureza, à capacitação de recursos humanos e ao desenvolvimento de indicadores de sustentabilidade adequados, bem entendido, às condições sociais, económicas, ambientais e políticas de cada país. Na Declaração de Brasília de 26 de Maio de 2006, os Estados Membros acordaram as seguintes áreas prioritárias para cooperação: biodiversidade, combate à desertificação e mitigação dos efeitos da seca, ecoturismo, educação ambiental, gestão ambiental marinha e costeira, gestão de resíduos, gestão integrada de recursos hídricos e alterações climáticas. Para a Conferência de Luanda, foram elei- Das alterações climáticas também não chetos como temas centrais a biodiversidade e garam boas notícias nos últimos dias. Cientistas do Laboratório Oceanográfico de as alterações climáticas. Proudman (Inglaterra), presentes em Viena Nem de propósito. Acabam de ser divulga- na Conferência da União de Geocienciêndos os resultados de um estudo feito para cias Europeia, propuseram que os apresentados pelo IPCC as Nações Unidas e o Banco Mundial, que cenários sublinham as relações íntimas entre a agri- (Intergovernamental Pannel on Climate cultura e a biodiversidade e os efeitos per- Change) para a subida do nível do mar até versos da produção de biocombustíveis na ao final do século sejam revistos “em alta”, luta pela erradicação da fome nos países prevendo um aumento de até metro e pobres, flagelo que persiste em atingir não meio, situação que colocará em risco muimenos de 850 milhões de pessoas em todo tas dezenas de milhões de habitantes deste planeta, com destaque para as populações o mundo. insulares e as que vivem em regiões deltaiA conversão galopante de áreas agrícolas cas, como é o caso do Bangladesh e da em campos de recursos energéticos alter- Indochina. nativos aos combustíveis fósseis, antes destinadas a produzir cereais para a alimen- Por isso, espera-se que a Conferência de tação humana e animal, é, desde logo, ética Luanda seja uma oportunidade para aproe socialmente errado. É tirar o pão da boca fundar a consciência dos governantes (e dos mais pobres para o enfiar no depósito também dos lideres da sociedade civil) dos de combustível dos carros dos mais ricos. povos que falam português, acerca das Mas ainda não é o suficiente para os planos ameaças que pairam sobre a Terra – neste das multinacionais e dos governos ditos do caso, com destaque para a biodiversidade e primeiro mundo (com os Estados Unidos à as alterações climáticas – e da necessidade cabeça, que tratam de preservar as suas de tomar medidas de cooperação urgentes, jazidas petrolíferas): áreas crescentes de que contribuam para inverter as mata e floresta estão a ser sacrificadas em “tendências suicidárias” desta espécie que, muitos países da América do Sul, de África, embora dotada de inteligência suficiente da Ásia e da Oceânia, destruindo o seu para dominar o planeta, não parece capaz “capital natural” e em particular a biodiver- de garantir a sua própria sobrevivência. sidade, incrementando a erosão e a desertificação, agravando o défice hídrico e as condições de seca, pressionando os preços Carlos Costa dos cereais, numa palavra, aumentando a GEOTA – Grupo de Estudos do Ordenamento pobreza, logo a sua dependência relativa- do Território e Ambie mente aos países ricos. * Esta coluna é da responsabilidade do GEOTA. Os artigos nela publicados expressam exclusivamente os pontos de vista do autor, não deven- Laureados com Prémio Defensores da Terra 2008 UNEP Opinião Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC A 22 de Abril, sete “pilares” da luta contra o aquecimento global do planeta e catalisadores da transição para uma economia mundial mais ecológica receberam o prémio Defensores da Terra 2008. Os laureados, entre os quais figuram Sua Alteza Sereníssima o Príncipe Alberto II do Mónaco e a Primeira-Ministra da Nova Zelândia bem como um investigador sudanês sobre alterações climáticas, receberam de vista ambiental mas também do social e os troféus durante uma gala, em Singa- do económico”. pura. Os laureados são: Sua Alteza Sereníssima o Achim Steiner, Director Executiva do Príncipe Alberto II do Mónico, o exPNUA, que entregou os prémios, numa Primeiro-Ministro do Iémen, Abdul-Qader cerimónia realizada à margem da Ba-Jammal, Timothy E. Wirth, Liz ThompCimeira Business for the Environment, son, Dr. Atiq Rahman, Dr. Balgis Osmandisse: “O elo de ligação entre os lau- Elasha e a Primeira-Ministra da Nova Zelânreados desta noite são as alterações dia, Helen Clark. climáticas, o desafio para esta geração e uma catástrofe para a próxima, se não O prémio, ao qual não está associada qualforem abordadas com urgência”. quer recompensa monetária, consiste num troféu feito de metal reciclado. Especialmen“Os nossos laureados de 2008 apontam uma te concebido para o efeito pelo escultor via alternativa para a humanidade”, disse. queniano Kioko, representa os quatro ele“Cada um deles é uma prova viva de que o mentos fundamentais da vida na Terra: o sol, processo para tornar a economia verde está o ar, a terra e a água. em curso e que a transição para uma sociedade que faça uma utilização mais eficaz dos seus recursos vale a pena não só do ponto 21 Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC O CANTO DA RÁDIO ONU * As Nações Unidas realizaram em Acra, capital de Gana, a 12ª. Conferência da organização sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad. Num discurso na abertura do evento, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que a crise dos alimentos não deve ser motivo para medidas protecionistas. Uma das autoridades presenter ao encontro, o vice-ministro do Planejamento de Moçambique, Victor Bernardo, concedeu a seguinte entrevista à Rádio ONU. RO: Como pretendem fazer isso na prática? Victor Bernardo: A globalização, para Moçambique, tem os seus lados positivos e negativos, evidentemente. O que nós, como país, estamos fazendo é preocupar-nos com aquilo que depende de nós, no contexto da globalização. O que nós podemos fazer? Está claro que nós não vamos parar o vento com as mãos e não vamos alterar a ordem econômica mundial. Mas, há muitos aspectos que dependem de nós e que nós podemos melhorar. E é sobre estes que o governo de Moçambique, em seu programa qüinquenal, tem dedicado maior atenção. A nossa agenda é clara: nós pretendemos combater a fome e a pobreza, e criar postos de trabalho. Esta é a nossa agenda. Para que todos os aspectos da globalização sejam alinhados com mais trabalho, comida e empregos. Nós nos alinhamos com eles. RO: De que forma esta reunião da Unctad pode ajudar? VB: Nós temos 36 milhões de hectares de terra arada. O que nós devemos fazer é utilizá-la melhor, produzir melhor, mas termos sempre como perspectiva principal a eliminação da fome no nosso país e a eliminação da pobreza. Nós não devemos perder a nossa direção nem a nossa orientação. A nossa atividade é fazer uma autêntica revolução verde com a participação das comunidades e com o apoio de todos os Rádio ONU: Qual é o impacto da globalização em países em setores. Tanto dos setores privados, sobretudo que é motor do desendesenvolvimento como, por exemplo, Moçambique? volvimento com o apoio e patrocínio dos órgãos do estado. VB: Nós esperamos que a conferência da Unctad seja o espaço para que os pequenos possam ser ouvidos. Nós contamos ainda, entretanto, com o fato de que a Unctad é um órgão das Nações Unidas que dá voz aos sem voz, que dá espaço aos seus relegados e que ajuda a mostrar que o desenvolvimento ou o estado de subdesenvolvimento de países menos avançados também há de afetar e pode afetar a vida dos países mais avançados. Nós somos uma aldeia de fato e os desequilíbrios na aldeia não são apenas nocivos para os mais afetados como podem ser numa média de longo-prazo também para os mais beneficiados pela economia mundial RO: Nas últimas semanas, o preço dos alimentos está subindo do jeito em que ela está hoje. Nós acreditamos que a Unctad é um rapidamente e tem causado efeitos negativos em alguns paí- órgão que deve continuar a ouvir-se cada vez mais e a alinhar-se cada ses . Qual o impacto disto para Moçambique? vez mais com as necessidades, sobretudo dos países mais necessitados, no caso os países menos desenvolvidos. VB: Moçambique é afetado por esta subida de preços, não só dos produtos alimentares mas como também, ainda antes da subida dos preços Nós acreditamos que a Unctad e as Nações Unidas no âmbito de suas dos produtos alimentares, o aumento no preço do petróleo no mundo. reformas e no âmbito da onda de encontro de alinhamento das estratéA nossa economia é extremamente dependente da importação de gias de cooperação dos vários países do mundo possam produzir resulcombustíveis, e estes combustíveis já subiram o que tem um efeito tados favoráveis não só para os países nossos, subdesenvolvidos, mas repercutido na cadeia da economia nacional. como para os mais desenvolvidos. Nós todos ganhamos quando há harmonia, alinhamento, coerência. Nós somos um país com muitas potencialidades para a produção agrícola. O que nós pretendemos é utilizar isto, o que agora é uma ameaça, transformar numa oportunidade: o que é nós produzirmos mais e melhor. * Colaboração da Rádio ONU Nomeações Tayé-Brook Zerihoun nomeado Representante Especial para Chipre Inês Alberdi nomeada Directora Executiva do UNIFEM O Secretário-Geral nomeou Tayé-Brook Zerihoun, da Etiópia, O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) anunciou Representante Especial para o Chipre e Chefe da Força das que a espanhola Inés Alberdi foi nomeada Directora Executiva do Fundo de Nações Unidas para a Manutenção da Paz em Chipre Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM). (UNFICYP), em substituição de Michael Moller. Inés Alberdi, que sucederá a Noeleen Heyzer, foi seleccionada pelo AdmiAntes da nomeação, Tayé-Brook Zerihoun desempenhava o nistrador do PNUD, Ad Melkert, em consulta com o Secretário-Geral Ban cargo de Representante Especial Adjunto Principal do Secretá- Ki-moon e com o Comité Consultivo do UNIFEM, diz um comunicado de rio-Geral para a Missão das Nações Unidas no Sudão (UNMIS). imprensa daquele organismo. Johan Verbeke nomeado Coordenador Especial para o Líbano O Secretário-Geral nomeou belga Johan Verbeke para o cargo de Coordenador Especial para o Líbano. Catherine Pollard nomeada Subsecretária-Geral para a Gestão dos Recursos Humanos O Secretário-Geral da ONU, anunciou hoje a nomeação de Catherine Pollard, da Guiana, para o cargo de Subsecretária-Geral para a Gestão dos Recursos Humanos. Catherine Pollard substituirá Jan Beagle, que acabou de ser nomeada Directora Adjunta da Sede das Nações Unidas em Genebra. Johan Verbeke é diplomata de carreira e foi embaixador da Bélgica junto das Nações Unidas. Nesta qualidade, representou o seu país no Conselho de Segurança e na Comissão de ConCatherine Pollard é actualmente Chefe de Gabinete do Departamento das solidação da Paz. Operações de Manutenção da Paz. Tem uma experiência comprovada na gestão dos recursos financeiros e humanos e na administração em geral. 22 Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC Aconteceu em Portugal Direitos Humanos das Pessoas com Deficiência: Uma Estratégia de Desenvolvimento e de Igualdade O Instituto Nacional para a Reabilitação(INR) organizou um Fórum subordinado ao tema “Direitos Humanos das Pessoas com Deficiência: Uma Estratégia de Desenvolvimento e de Igualdade”, que teve lugar na sua sede, em Lisboa, a 27 de Março. O Fórum foi aberto pela Directora do INR, Dra. Luísa Portugal. Usaram ainda da palavra a Responsável pela Comunicação para Portugal no UNRIC, Mafalda Tello, o Vice-Presidente da Associação para o Planeamento da Família, e a atleta paralímpica Odete Fiúza, Dia Internacional de Sensibilização para o Perigo das Minas e a Assistência à Acção Antiminas que foi um dos rostos da campanha “Todos os Direitos para Todas as Pessoas”, apresentada durante o Fórum. obstáculo ao desenvolvimento económico e social. Este ano, a conferência realizou-se a 9 de Abril. Após a abertura, pela Presidente da Fundação, Doutora Maria de Jesus Barroso Soares, usaram da palavra o Dr. Fernando Roque de Oliveira (Comissão Nacional Justiça e Paz), o Padre Valentim Gonçalves (Comissão Desde que se iniciou a comemoração Justiça e Paz dos Religiosos) e o deste Dia, em 2006, a Fundação Pró Comandante José Arruda (Associação Dignitate tem organizado todos os dos Deficientes das Forças Armadas). anos, em parceria com o UNRIC, uma conferência para sensibilizar para a Na segunda parte, após a intervenção questão das minas e dos resíduos de da Responsável pela Comunicação para guerra explosivos que constituem uma Portugal, Mafalda Tello, o Secretário ameaça à segurança, à saúde e à vida de Estado Adjunto e da Administração das populações civis e são um Interna, Dr. José de Magalhães, encerrou a comemoração. Texto integral II. Os Excluídos – O Mundo Desconhecido dos Apátridas Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), cerca de 15 milhões de pessoas – ou A ONU acaba de divulgar uma série de casos que se foram desenrolando ao seja, o correspondente à população de um país médio – longo de 2007 e que têm sido esquecidos, mas o mundo deveria conhecer seriam apátridas. No entanto, são raros os que se apercebem da dimensão do problema ou que sabem o que significa ser melhor. apátrida. A lista de casos não pretende ser representativa do leque de temas em que a ONU está envolvida nem reflectir as prioridades do Secretário-Geral Ban Kimoon. Tal como em anos anteriores – esta já é a quarta série -- há dimensões dos conflitos que são descuradas (Sul do Sudão e Afeganistão) e fenómenos que têm sido em certa medida ignorados (o sofrimento das raparigassoldado ou o trabalho dos relatores sobre direitos humanos). Noutros casos, talvez não se tenha prestado atenção suficiente aos progressos realizados relativamente à resolução de uma crise (Norte do Uganda) ou à preparação para uma pandemia (gripe aviária). Mais uma vez, o jornal Semanário abriu as suas páginas a esta série, tendo iniciado a 11 de Abril a publicação do primeiro artigo. I. Norte do Uganda: Principais passos rumo à paz num conflito que começou há décadas Enquanto o aumento da violência noutros países africanos atraiu a atenção do mundo, registaram-se progressos discretos mas sistemáticos, durante os últimos dois anos, no sentido de pôr termo a um dos conflitos armados mais longos e mais tristemente célebres – a guerra no Norte do Uganda. O caso A apatridia é uma condição degradante e debilitante que influencia quase todos os aspectos da vida de uma pessoa. Aqueles que não são reconhecidos como cidadãos de um país não podem, com frequência, matricular-se na escola, trabalhar legalmente, possuir bens imobiliários, casar-se ou viajar. Podem ter dificuldade em ser hospitalizados e revelar-se impossível abrirem uma conta bancária ou receber uma pensão. Se são vítimas de roubo ou de violação, podem ver-se impossibilitados de apresentar queixa, porque, aos olhos da lei, não existem. Muitas vezes, não têm sequer um nome reconhecido oficialmente. Os apátridas encontram-se em todos os cantos do mundo – tanto nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento. Há muitas maneiras de se tornar apátrida. Alguns são-no em consequência de acontecimentos que tiveram lugar no passado. Todos os dias, outros se tornam apátridas, quer ao nascer quer no seguimento de um “erro”. Milhões de apátridas devem a sua condição à criação, conquista, divisão, descolonização ou libertação do país donde eles próprios ou os seus antepassados são oriundos. Quando um Estado é afectado de uma maneira tão fundamental, põe-se imediatamente a questão de quem é e quem não é cidadão. Os que não entram nas categorias definidas no contexto dessa reflexão não têm, com frequência, para onde ir. Outros nunca tiveram nacionalidade ou perderam-na devido a efeitos secundários de leis mal concebidas, de sistemas de registo de nascimento ineficazes, de outras omissões administrativas ou simplesmente em consequência de incompatibilidades entre os sistemas jurídicos de diferentes países. Uma minoria importante de apátridas é vítima de uma forma mais perniciosa de privação de nacionalidade: a exclusão de grupos inteiros de pessoas ligada à discriminação política, religiosa ou étnica. Duas décadas depois de o Exército de Resistência do Senhor (LRA) ter iniciado a sua guerra no Norte do Uganda, os persistentes esforços de estabelecimento da paz que têm sido desenvolvidos estão, finalmente, a dar fruto. O conflito parece estar à beira de ser resolvido, em consequência das conversações mediadas internacionalmente entre o Gover- Texto integral no ugandês e o LRA, as quais conheceram uma aceleração no início de 2008. 23 Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC Simulação Marselha Simulação Mediterrânica - SIMONU – Marselha 2008 Para tal, durante as sessões havia períodos de negociação em que era dada oportunidade às equipas de formarem alianças e consertarem posições, no final de cada período de negociação era pedido aos países que formulassem um discurso onde para além de apresentarem as conclusões das negociações, tinham oportunidade de reforçarem os seus pontos de vista e de comunicarem os seus interesses nacionais. Na ultima parte da sessão procedeu-se à apresentação e votação das quatro resoluções apresentadas. Algumas das medidas adoptadas passaram pela definição de refugiado climático, a futura realização de uma conferência internacional para criar um estatuto internacional para os refugiados climáticos, a criação de um centro de pesquisa sobre alterações climáticas situado na bacia do mediterrâneo e de um fundo internacional que suportasse o seu funcionamento. Durante a SIMONU, os participantes tiveram também oportunidade de assistir a duas conferências sobre os refugiados climáticos e sobre o “Plano Azul” da ONU. Foi sem dúvida uma oportunidade única para reflectir sobre o impacto real das alterações climáticas no planeta, em especial na região do mediterrâneo, e para tomar conhecimento das medidas que os estados membros das nações unidas estão a adoptar para combater este problema. Decorreu nos dias 26 e 27 de Março, no hemiciclo do Conselho Regional de Marselha, a SIMONU 2008. Nesta simulação das Nações Unidas foram SIMONU: a equipa portuguesa convidados a participar vários países entre os quais Portugal. O Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa Como já foi acima referido a representação portuguesa foi constituída por (ISCSP – UTL), foi a faculdade portuguesa escolhida para representar o sete alunos finalistas do Curso de Relações Internacionais do ISCSP – UTL. país. O convite surgiu em Outubro de 2007, vindo do Núcleo de Portugal no A SIMONU é um exercício em que se pretende simular de forma o mais UNRIC e dizia: “Pareceu-me evidente que a universidade a convidar seria o fiel possível o funcionamento da Assembleia Geral da ONU, de forma a ISCSP. Não só pela experiência de realização de simulações, mas também e sensibilizar os participantes para o funcionamento da organização, para as sobretudo pelo contributo para uma melhor compreensão da Organização – os principais temáticas da agenda internacional e para as técnicas de negocia- seus objectivos, funcionamento e actividades - em Portugal e pelo apoio claro e ção internacional. generoso dispensado às Nações Unidas – inclusivamente apoiando a criação de uma Associação Portuguesa das Nações Unidas.”. A escolha dos alunos foi Para além de Portugal, foram convidados a participar mais seis países, todos efectuada pela Dra. Mónica Ferro – docente da cadeira de Organizações da zona do mediterrâneo: Egipto, Espanha, Grécia, Itália, Mónaco e Marro- Internacionais – ONU, tendo em conta a capacidade dos alunos para falacos - no total foram cerca de cinquenta participantes estrangeiros, que se rem francês (língua de trabalho da SIMONU 2008), a sua participação em juntaram a cem participantes do país organizador: França. simulações das Nações Unidas em Portugal, e conhecimentos sobre Nações Unidas. A organização desta simulação esteve a cargo da Secção de Aix et Provence da Associação Francesa das Nações Unidas, em parceria com a Universi- Aproveitamos por isso esta oportunidade para expressar os nossos agradedade de Aix et Provence, com o Centro Regional das Nações Unidas em cimentos tanto à Responsável pela Comunicação para Portugal no UNRIC, Bruxelas (UNRIC), e com o alto patrocínio da Conselho Regional de Mar- Mafalda Tello, como à Dra. Mónica Ferro e ao Conselho Directivo do selha e da Região de Turismo. ISCSP, por nos permitirem participar neste evento, proporcionando-nos uma experiência única de partilha de conhecimentos e de culturas, em que O tema escolhido para o debate foi “Alterações Climáticas na Bacia do aumentámos o nosso conhecimento sobre Nações Unidas e tivemos a Mediterrâneo”. Assim as equipas procuraram chegar a uma acordo para possibilidade de pôr em pratica os capacidades de negociação adquiridas ao estabelecer medidas para combater as alterações climáticas nesta zona longo do curso. geográfica. A nossa participação na SIMONU foi sem dúvida marcante, uma vez que Para tal, os participantes foram divididos em cerca de cinquenta equipas, tivemos a oportunidade de conhecer outras culturas, mas especialmente cada uma das quais representava um Estado Membro das Nações Unidas. onde, encarnando os papéis de representantes dos estados que nos foram Cada equipa tinha de procurar defender com o maior rigor possível os atribuídos, pudemos estudar as politicas ambientais destes países e nos pontos de vista e os interesses do seu país. Desta forma, era exigido aos apercebemos de quão grave é a situação ambiental da bacia do Mediterrâparticipantes alguma pesquisa e preparação prévia, para que o objectivo de neo e de quão urgente é sensibilizar a população e os estados para este encenar uma sessão da Assembleia Geral da ONU da forma mais real pos- assunto. Acreditamos que uma solução eficaz para este problema global, só sível fosse bem sucedido. pode ser alcançada globalmente e sem dúvida que o palco mais importante para atingir essa solução é a Assembleia Geral das Nações Unidas, tal como As cinquenta equipas eram constituídas na sua maioria por dois participan- foi simulado neste exercício. tes franceses, e um estrangeiro. Assim, os sete participantes portugueses – todos alunos finalistas da Licenciatura em Relações Internacionais do ISCSP – representaram Estados tão diversos como: Suécia, Reino Unido, Turquia, Marrocos, Suiça, Tunísia e Holanda. Ana Teresa Santos Durante os dois dias de trabalhos, os participantes tiveram oportunidade Finalista do Curso de Relações Internacionais do ISCSP – UTL. de testar os seus dotes diplomáticos, tentando negociar de forma muito empenhada, conciliando interesses dos estados, procurando atingir o maior consenso possível, de forma a conseguir aprovar duas resoluções, em que se determinassem soluções eficazes para o flagelo das alterações climáticas no Mediterrâneo. 24 Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC PUBLICAÇÕES Statistical Yearbook- Fifty first Issue (PDF) Código de Venda: 07.XVII.1 H P Publicado em Abril 2008 Versão Electrónica (PDF) Disponível em Inglês e Francês Interlinkages and the Effectiveness of Multilateral Environmental Agreements Código de Venda: 08.III.A.3 ISBN-13: 9789280811490 Publicado em Abril 2008 Disponível em Inglês World Population Policies 2007 Migration and Climate Change Código de Venda: 08.XIII.8 ISBN-13: 9789211514445 Publicado em Abril 2008 Disponível em Inglês Código de Venda: 08.III.S.3 ISBN-13: 9789211036596 Publicado em Abril 2008 Disponível em Inglês Yearbook of the United Nations 2005: Sixtieth Anniversary Edition - Towards Development, Security and Human Rights for All Código de Venda: 07.I.1 H ISBN-13: 9789211009675 Publicado em Abril 2008 Disponível em Inglês World Population Prospects: The 2006 Revision - Sex and Age Distribution of the World Population Código de Venda: 07.XIII.3 ISBN-13: 9789211514308 Publicado em Abril 2008 Disponível em Inglês Poderá encontrar estas e outras publicações na página na internet do Serviço de Publicações das Nações Unidas: https://unp.un.org/ Clubes europeus de futebol juntam-se à ONU para combater fome mundial fundamental do desenvolvimento e da promoção da luta contra a fome, bem como da consecução do primeiro Objectivo de Desenvolvimento do Milénio (ODM) - reduzir para metade, até 2015, a proporção de pessoas que sofrem de fome e vivem na pobreza", diz a FAO, num comunicado de imprensa. O Director-Geral da FAO, Jacques Diouf, assinou um acordo de cooperação, em Lisboa, com David Richards, Presidente da EPFL e da 1ª Divisão de futebol de Inglaterra, tendo em vista a promoção de uma série de iniciativas destinadas a sensibilizar o público para questões relacionados com a segurança alimentar e a angariar fundos. FICHA TÉCNICA No mês passado, a FAO assinou um acordo semelhante com a Confederação Africana de Futebol (CAF) tendo em vista a realização de campanhas de solidariedade – por exemplo, programas de segurança alimentar de âmbito nacional ou regional, projectos "TeleFood" e eventos culturais e desportivos destinados a promover o desenvolvimento da "As duas organizações acreditam que o agricultura, a nutrição e o ambiente. poder do futebol é um instrumento Directora do Centro: Afsané Bassir-Pour Responsável pela publicação: Ana Mafalda Tello Redacção : Maria João Duarte Tiago Castro Freire Concepção gráfica: Sónia Fialho CALENDÁRIO A Associação das Ligas Europeias de Futebol Profissional (EPFL) reuniu os mais de 900 clubes seus associados para apoiar as Nações Unidas na sua luta contra a fome, e, mais uma vez, o desporto internacional junta-se à Organização para promover causas humanitárias. 3 de Maio Dia Mundial da Liberdade de Imprensa 15 de Maio Dia Internacional das Famílias 17 de Maio Dia Mundial das Telecomunicações 17 de Maio Dia Mundial da Sociedade da Informação 21 de Maio Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento 22 de Maio Dia Internacional da Diversidade Biológica 29 de Maio Dia Internacional dos Soldados da Paz das Nações Unidas Tel.: + 32 2 788 84 84 Rue de la loi /Wetstraat 155 Fax: + 32 2 788 84 85 Résidence Palace Bloc C2, 7ème et 8ème 1040 Bruxelles Sítio na internet: www.unric.org Belgique E-mail: [email protected] 25
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