promoção da biomassa florestal residual na bacia do

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promoção da biomassa florestal residual na bacia do
PROMOÇÃO DA BIOMASSA
FLORESTAL RESIDUAL NA BACIA
DO MEDITERRÂNEO
„FLORESTAS
„
MEDITERRÂNICAS
Conteúdo
2: Florestas Mediterrânicas
4: O que é biomassa?
5: Apresentação do projecto
6: F omentar a sensibilização e
o networking
9: Estimativa da biomassa
13: Uso da biomassa
16: Mobilização da biomassa
18: D
isseminação de
resultados
2
A vegetação associada a florestas mediterrânicas pode
referir-se a vários tipos de florestas e outras áreas florestais, desde o estrato arbustivo a altos povoamentos
de pinheiro, incluindo muitas outras espécies, tais como
azinheira ou sobreiro, cedros e medronheiros e também
sistemas florestais de curta rotação e matos.
A principal característica destas florestas é estarem sujeitas ao
clima mediterrânico, o que significa verões quentes e secos,
quando as plantas mais precisam de água para crescer, e outonos
e invernos chuvosos e húmidos.
As florestas mediterrânicas sempre fizeram parte das actividades
antrópicas e exploração humana. Não existe uma clara distinção
entre a actividade económica e o ambiente natural: as dinâmicas das florestas mediterrânicas sempre estiveram intimamente
ligadas com as sociedades humanas que se têm desenvolvido
em torno destas.
As florestas mediterrânicas são ecossistemas particularmente multifuncionais:
• Apresentam características ecológicas notáveis: hotspots de
biodiversidade (grande riqueza de espécies, espécies endémicas
e habitats singulares), sistemas de prevenção contra erosão, cheias
e desertificação, reservatórios de carbono, etc.;
• Têm um valor económico intrínseco e geram vários produtos,
nomeadamente madeira e cortiça, assim como, plantas medicinais, trufas e outros cogumelos, bolotas, frutos, mel, resina de
pinheiro, etc.;
• Estão sujeitas a significativa procura social: fornecem um
ambiente vivencial a muitas comunidades florestais e têm funções recreativas, constatando-se um aumento das actividades
ao ar livre em florestas, particularmente em florestas urbanas e
periurbanas.
Neste sentido, as florestas mediterrânicas são ecossistemas de elevado interesse mas frágeis e insuficientemente promovidas. Estão
sujeitas a várias ameaças: ameaças intrínsecas, tais como os riscos
naturais (incluindo incêndios florestais), solos pobres e condições
climáticas difíceis, assim como, ameaças externas designadamente o aumento da pressão socio-económica e a ausência de
uma cultura coesa associada à floresta e à exploração da madeira,
em concreto. Tudo isto conduz à dificuldade em atribuir valor ao
produto madeira e à implementação de uma gestão sustentável.
A
s florestas mediterrânicas são
ecossistemas
de grande interesse
mas são frágeis e
insuficientemente
fomentadas
3
„O
„ QUE É BIOMASSA?
A Directiva 2009/28/CE do Parlamento Europeu define biomassa
como a “fracção biodegradável de produtos, resíduos e detritos de
origem biológica provenientes da agricultura (incluindo substâncias
de origem vegetal e animal), da exploração florestal e de indústrias
afins [...]”.
Simplificadamente, a biomassa é material derivado de organismos
vivos (ou recém-vivos).
Porquê a biomassa?
No contexto da Política Energética da UE e da Estratégia Horizonte
2020, o desenvolvimento de fontes de energias renováveis,
incluindo a biomassa, representa um dos principais desafios para
os Estados Membros.
"
A biomassa oferece uma ampla gama de benefícios em comparação com outras fontes de energia. Por exemplo, a energia a
biomassa contribui para a criação local de emprego. Apresenta
também um impacte neutro no ciclo do carbono, uma vez que o
carbono libertado é novamente capturado em florestas em crescimento. O seu preço é altamente competitivo e menos flutuante,
quando comparado com as fontes de energia fósseis.
O desenvolvimento
de fontes de energias
renováveis, incluindo
a biomassa, está-se
a tornar um desafio
chave para os Estados Assim, a promoção das energias renováveis em áreas rurais, atraMembros…" vés da gestão sustentável da biomassa florestal, está no centro do
projecto PROFORBIOMED.
4
„O
„ PROJECTO PROFORBIOMED
No enquadramento específico das Florestas
Mediterrânicas, a União Europeia financiou projectos
para a promoção do uso de produtos florestais, nomeadamente através do programa MED, um programa
de cooperação transnacional financiado pelo Fundo
Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
Como resposta ao Objectivo MED 2.2: “Promoção das energias renováveis e melhoria da eficiência energética”, o projecto
PROFORBIOMED é um projecto MED estratégico ligado à
promoção do uso de energias renováveis através do desenvolvimento de uma estratégia integrada para o uso da biomassa
florestal como fonte de energia que demonstra, aplica e transfere
sistemas de gestão sustentáveis adaptados às diversas condições
florestais na área MED.
A estratégia assenta no desenvolvimento das florestas mediterrânicas e no seu potencial como fonte de rendimento em áreas
rurais, necessitando de uma gestão e manutenção apropriadas
(a nível ambiental).
Mapa dos parceiros do projecto
18 PARCEIROS
no projecto: distribuídos por
seis países da União Europeia –
Espanha, Grécia, Itália, Portugal,
Eslovénia e França. Estes
envolvem uma ampla gama
de parceiros a nível nacional,
regional e local, representados por entidades públicas e
privadas.
5
„„FOMENTAR A SENSIBILIZAÇÃO
E O NETWORKING
Parceiros:
CRPF
ADEP
Enguera
Um dos objectivos do projecto PROFORBIOMED foi identificar
e envolver todos os actores relevantes (stakeholders) relacionados com a cadeia de biomassa florestal, desde proprietários
florestais (privados e públicos), entidades públicas de gestão e
licenciamento, até empresas de sistemas de aquecimento e caldeiras, desenvolvendo-se assim uma rede multinível. Esta rede foi
considerada como uma base para a criação de estruturas e compromissos sustentáveis, tendo em conta a sensibilização sobre
a biomassa e a revitalização da cadeia de valor florestal, criando
emprego e desenvolvendo indústrias ligadas ao sector florestal.
PROPRIETÁRIOS
FLORESTAIS PRIVADOS
Um dos principais obstáculos à exploração
da biomassa, e da madeira em geral recai, nos
próprios proprietários. Na maioria dos casos,
falta-lhes a tradição e cultura florestais, enquanto
alguns desconhecem mesmo que possuem
terrenos florestais.
O CRPF da região de Provence-Alpes-Côte
d’Azur (França) tem vindo a experimentar novas
metodologias para contactar e reunir proprietários florestais privados a fim de aumentar o seu
interesse nas suas parcelas florestais.
Pelo que, no âmbito do projecto
PROFORBIOMED, o CRPF convocou representantes locais oficiais para criar vínculos e sinergias
para diversos conteúdos.
Também trabalharam no sentido de remover
outros obstáculos no sector da exploração da
madeira e biomassa, tais como expectativas
6
irrealistas no que concerne à qualidade do trabalho florestal, que é muitas vezes encarado como
“jardinagem” em região turística ou a relutância
em deixar resíduos no terreno no contexto do
risco de incêndio.
Para enfrentar estes constrangimentos e o
elevado nível de fragmentação das propriedades florestais, é necessário tempo e esforços
para contactar e motivar um grande número de
proprietários florestais privados através do fornecimento de argumentos e soluções relevantes.
CENTRO DE BIOMASSA
NA GRÉCIA OCIDENTAL
O Centro de biomassa na
Grécia Ocidental foi inaugurado a 15 de Janeiro de 2014.
É usado para promover o
aproveitamento da biomassa
florestal e de resíduos rurais
para fins energéticos.
São várias as ferramentas de
comunicação implementadas
neste centro (tablets, vídeos e
jogos educacionais) e os seus
funcionários cedem informação técnica sobre a procura no
sector da biomassa florestal.
Para além de fornecer informações ao público em geral, o
centro da biomassa visa formar
crianças e alunos, oferecendo
um programa de aprendizagem completo; neste contexto,
foram contactadas as escolas
da região e convidadas a registar as suas aulas no programa.
Para atingir este objectivo, os parceiros implementaram várias
actividades nos seus territórios. Por exemplo, em França, o Centro
Regional de Proprietários Florestais (CRPF) trabalhou com representantes oficiais, no sentido de os envolver numa estratégia de
extracção e mobilização de biomassa nas suas áreas. Em níveis
mais baixos da cadeia, as plataformas de biomassa florestal trabalharam com grupos stakeholders profissionais ligados ao sector da
biomassa para reforçar a cooperação; e foram criados gabinetes/
centros para promover a biomassa e os seus usos para diversos
públicos-alvo.
Principais impactes do projecto nos territórios
Para o CRPF, o principal impacte tem sido o interesse renovado na
gestão das florestas privadas, assim como a consciencialização da
necessidade de mudar a abordagem da prevenção de riscos de
incêndios para uma abordagem de cariz mais silvicultural.
Para a Empresa Municipal para o Desenvolvimento Local de Patras
(ADEP) na Grécia, o Centro de Biomassa é usado como fonte de
informação, educação e consultoria técnica, assim como fornece
informação objectiva e especializada sobre energia da biomassa
florestal, tecnologias e recursos de combustíveis em geral.
Em Enguera, Espanha, a Plataforma Florestal Valenciana (VFP) faz
lobby para promover um sector económico verdadeiramente sustentável para as florestas mediterrânicas em Valência.
F
omentar a
sensibilização e
consciencialização
sobre a biomassa e
revitalizar a cadeia
de valor florestal,
criando empregos
e desenvolvendo
indústrias ligadas ao
sector florestal.
7
PLATAFORMA FLORESTAL VALENCIANA
Sob a alçada do projecto PROFORBIOMED,
no dia 31 de Maio de 2013 um total de 18
associações, entidades e organizações criaram
a Plataforma Valenciana Florestal (PVF), em
Enguera (Valencia, Espanha), com o objectivo
de conservar e requalificar as áreas florestais
através da harmonização de práticas de conservação e gestão florestal.
O Presidente da PVF, José Vicente Oliver, explicou que a nova entidade tem “um desafio muito
ambicioso, um contrato com as futuras gerações
para manter e preservar um legado rico e um
ambiente diversificado e também desenvolver um
sector capaz de aproveitar oportunidades, tanto
na criação de empregos como de riqueza [...]”.
Os parceiros que criaram a Plataforma
trabalharam, numa fase inicial, no diagnóstico da situação das florestas Valencianas.
"
8
Um contrato com
as futuras gerações para manter e
preservar um legado
rico e ambiente
diversificado…"
Estabeleceram que, apesar de estas ocuparem
mais de metade do território Valenciano, o
actual sector contribui com menos de 1 % do
Produto Interno Bruto (PIB).
Através desta iniciativa, a Plataforma visa
promover o “real e verdadeiro” reconhecimento
da propriedade florestal “como estratégia para
fomentar o desenvolvimento sustentável do nosso
sector, produzindo valor ambiental e socio-económico, e contribuindo para uma melhoria
das condições de vida nas aldeias da região”. A
Plataforma também pretende tornar-se um
verdadeiro “Cluster da bioenergia em Valência”
e começar a promover a bioenergia na
sociedade.
„ESTIMATIVA
„
DA BIOMASSA:
QUANTIDADE E VALOR ENERGÉTICO
Os planos de gestão adequados são uma ferramenta essencial
para o desenvolvimento, de forma sustentável, da cadeia de
valor da biomassa florestal. Na verdade, permitem aos técnicos
florestais planear a gestão florestal, tendo em conta o potencial
de produção e os melhores usos, permitindo assim desenvolver
modelos energéticos realísticos e sustentáveis.
Parceiros:
DGMA
ISPRA
ARGEM/INFO
DRAFD
GOV
PLANEAMENTO REGIONAL
DE BIOMASSA FLORESTAL
A DGMA, em Múrcia, desenvolveu uma metodologia inovadora para a elaboração de planos
de gestão de biomassa florestal. Esta metodologia é baseada numa pesquisa estratificada,
que utiliza os dados recolhidos no âmbito do
4º Inventário Florestal Nacional e que, reduz
pela metade o trabalho de campo necessário,
economizando custos e tempo.
Para além disto, através do projecto
PROFORBIOMED, a DGMA desenvolveu um
software que processa de forma mais rápida os
dados recolhidos. O programa calcula o volume
de biomassa e outros parâmetros importantes
para a gestão florestal, com base nos dados
obtidos e integrando os dados do Inventário
Florestal Nacional.
Foram organizados vários seminários, com o
principal objectivo de fornecer aos técnicos
regionais e empresas de engenharia, a metodologia específica para o uso da ferramenta
desenvolvida. Esta acção facilita a padronização
dos planos na Região de Múrcia. Como resultado, o primeiro Plano de Gestão de Biomassa
Florestal foi elaborado para a floresta pública
Serra de Burete (Cehegín, Região de Múrcia,
Espanha).
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POTENCIAL DE BIOENERGIA
DAS TERRAS FLORESTAIS DA LAZIO
Após o levantamento da flora
e vegetação de Lazio e da análise dos recursos florestais, o
Instituto Italiano de Protecção
e Pesquisa Ambiental (ISPRA)
desenvolveu uma metodologia para avaliar o potencial
de bioenergia dos recursos
da floresta e fora desta, sem
aumentar a pressão ou prejudicar o meio ambiente.
O ISPRA focou-se no papel
das culturas de curta rotação
(CCR) para o fornecimento de
bioenergia. O ISPRA realizou
um estudo para avaliar a
quantidade de terras que
poderiam ser destinadas às
CCR. Este instituto focou-se
nos potenciais impactos das
CCR para bioenergia e em
vários aspectos do ambiente
e da paisagem, incluindo a
biodiversidade e os serviços
provenientes dos ecossistemas. Com base nos resultados
de estudos anteriores foram
elaboradas directrizes, a fim de
fornecer assessoria às partes
interessadas sobre a escolha
do local, espécies, criação de
zonas técnicas de cultivo do
solo, técnicas de plantação,
gestão da cultura e métodos
de colheita, tendo em conta o
conceito de sustentabilidade
ambiental. Foi também realizada uma análise económica
e de sensibilidade da espécie
Robinia pseudoacacia.
O trabalho realizado pelo ISPRA
sobre os impactes ambientais das CCR corresponde à
acção-piloto 1.6 (parcelas de
demonstração com plantações
energéticas de curta rotação);
as directrizes criadas para a Itália
seguiram assim, as indicações
e recomendações da acção
piloto 1.6.
Os parceiros PROFORBIOMED trabalharam nesta perspectiva
para desenvolverem novas ferramentas e métodos para formalizar planos de gestão e avaliar o potencial bioenergético florestal.
Por exemplo, tanto os governos regionais de Múrcia, como de
Valência pesquisaram, com sucesso, formas de recolher mais rapidamente e economicamente os dados de silvicultura necessários,
com base em inventários existentes e novas tecnologias.
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BIOMASSA DISPONÍVEL
E OS PROCEDIMENTOS DE COLHEITA
Foram realizados, pela ARGEM
(Agência de Energia da Região
de Múrcia), vários estudos para
a determinação de uma zona
com uma alta produção de
agrobiomassa no município de
Cieza. Através de ferramentas
de sistemas de informação
geográfica (SIG), foi calculada
a quantidade de biomassa
disponível a cada ano para um
total de 542 mil toneladas, a
maior parte proveniente de
actividades agrícolas.
Além disso, foi desenvolvido
um teste para melhorar os
procedimentos de coleta de
agro-biomassa, a fim de reduzir
os custos finais, permitindo
mais eficácia ao nível de custos
de matéria-prima na produção
de biocombustíveis e estilha
de madeira. Os resultados
finais revelam reduções de
potenciais custos de cerca de
45 %, a partir de 50 € a 27 € por
tonelada (20 % de humidade).
Principais impactes do projecto no território
Na Região de Múrcia, o trabalho da Direcção-Geral do Ambiente
(DGMA), em particular as novas ferramentas que foram desenvolvidas, tem contribuído para o aparecimento de grande interesse
na elaboração de Planos de Gestão de Biomassa Florestal, e
para a sua implementação e gestão em florestas públicas e privadas. Este trabalho também ajudou a melhorar a cooperação
entre os quadros técnicos, as empresas do sector florestal e os
GESTÃO DE PLANTAÇÕES PARA A PROMOÇÃO DE UMA CADEIA DE FORNECIMENTO
FLORESTA-MADEIRA-ENERGIA
A região da Sicília realizou um
estudo sobre a madeira obtida
a partir da renaturalização da
reflorestação nas Montanhas
Sicani.
O estudo foi realizado para
avaliar a biomassa, numa base
territorial para toda a área com
recurso ao SIG, e numa base
municipal através da realização
de um plano de gestão, em
que foram utilizados dados
dendrométricos experimentais
da Universidade de Palermo.
Além disso, foi realizada uma
actividade experimental numa
área de teste (1 ha) para a
biomassa da colheita a partir
de um desbaste selectivo de
Pinus halepensis.
Os resultados confirmam
que o desenvolvimento de
uma cadeia de fornecimento
floresta-madeira-energia é
apropriado para fornecer uma
central de co-geração que
estaria localizada em cada
zona do concelho, dimensionada de acordo com a
disponibilidade da biomassa.
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ELABORAÇÃO DE UMA METODOLOGIA
INOVADORA PARA O DESENVOLVIMENTO
DE PLANOS DE GESTÃO FLORESTAL
A Generalitat Valenciana desenvolveu uma
metodologia inovadora para o desenvolvimento de planos de gestão florestal, com foco
na produção sustentável de biomassa florestal.
Esta metodologia baseia-se na combinação da
tecnologia LIDAR e de técnicas de inventário florestal convencionais. A aplicação deste método
no campo é uma forma menos dispendiosa
para a obtenção de dados provenientes da
silvicultura, uma vez que requer menor número
de parcelas do que um inventário florestal.
ao uso desta nova metodologia. É complementada por um documento técnico que descreve
a metodologia, fornece mapas e inclui toda a
documentação da gestão de projectos.
A floresta pública Serra Negrete, localizada
no município de Utiel (Valência), é gerida pela
Generalitat Valenciana e propriedade da cidade
de Utiel. O seu plano de gestão florestal foi
criado pela Generalitat Valenciana com recurso
proprietários florestais privados. Em última análise, irá apoiar o
sector florestal na região, através do uso sustentável da biomassa.
"
Em Valência, o desenvolvimento da metodologia e a sua comunicação aos proprietários florestais e técnicos tem promovido
o desenvolvimento de um maior número de planos de gestão
florestal. Reduzir o custo de aplicação desta metodologia é fundamental para incentivar os proprietários de terras públicas e
Desenvolvimento privadas a gerir as suas propriedades florestais. A área de floresta
de novas ferramen- gerida de forma sustentável irá assim aumentar, conduzindo a
tas e métodos para uma maior rentabilidade económica e a benefícios ambientais.
projectar planos de
gestão e avaliar o
potencial bioenergético das florestas"
12
„USO
„
DE BIOMASSA:
NOVOS USOS E USOS COMBINADOS
A biomassa florestal residual é usada principalmente para fins
energéticos, para a produção de calor, electricidade, ou ambos
através de combustão. Assim, foram realizados estudos para
avaliar a viabilidade e os benefícios de uma mudança de combustíveis fósseis para as energias renováveis, como a biomassa
ou biogás.
Parceiros:
Algar
Region West. Macedonia
Univ. West. Macedonia
O projeto PROFORBIOMED também tem realizado estudos no
desenvolvimento de novos usos para a biomassa, para expandir
as possibilidades oferecidas pelas cadeias de valor de biomassa.
Um exemplo de novas utilizações são os compostos encontrados na madeira e em outras partes da planta. Uma das tarefas do
Centro de Investigação em Ciências do Ambiente e Empresariais
(CICAE), em Portugal, foi a sua identificação, a caracterização e
quantificação em várias amostras, em particular de parcelas
acção-piloto do projecto.
CICAE / INUAF
Outra possibilidade para utilização da biomassa é usá-la juntamente com outros materiais, para evitar a grande mudança em
instalações já existentes. Por exemplo, a central energética Kardia,
SISTEMA DE AQUECIMENTO DE UMA PISCINA
A ALGAR, a agência para o tratamento de resíduos sólidos no
Algarve, conduziu um estudo
sobre a avaliação do retorno
económico, ambiental e social
da substituição na piscina interior de São Brás de Alportel, de
um sistema de aquecimento
a gasóleo por um sistema a
biomassa.
Duas caldeiras a gasóleo, com
o apoio adicional de painéis
solares instalados no telhado,
eram suficientes para as necessidades térmicas da piscina.
do tanque e um projecto para
Motivada pelos aumentos
constantes no preço do diesel, a solucionar o armazenamento
dos pellets. Uma vez identifigestão da piscina decidiu procados os investimentos e os
curar uma solução de energia
custos operacionais, o estudo
alternativa para a redução dos
de viabilidade económica irá
elevados custos operacionais.
considerar os gastos de energia
A metodologia aplicada neste
para a piscina através do
estudo foi baseada na comconsumo actual do diesel, comparação do consumo actual
parado com a mesma energia
do diesel e nos valores da biofornecida por um sistema de
massa como fonte de energia
biomassa a pellets.
alternativa. Como resultado, o
novo sistema irá adoptar uma
caldeira a pellets, que requer
uma revisão da capacidade
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UNIDADE DE BIOGÁS E INSTALAÇÃO DE PRODUÇÃO DE PELLETS
A Região da Macedónia
Ocidental apoiou um projecto
na área da Servia-Velventos
para a construção de uma unidade combinada de produção
de biogás e pellets. A principal
matéria-prima do biogás
serão os resíduos de animais
com uma menor proporção
de resíduos agrícolas (70/30).
O Centro de Investigação e
Tecnologia Hellas/processos químicos e Instituto de
Recursos Energéticos (CERTH/
CPERI) apoia o município de
*Joint European Support for
Sustainable Investment in City Areas
Servia-Velventós na preparação dos documentos para o
projecto que será financiado
através do mecanismo de
Apoio Europeu Conjunto para
o Investimento Sustentável em
Áreas Urbanas (JESSICA)*.
novas tecnologias), melhorar
o perfil energético da região
(para atrair novos investimentos), e contribuir para a meta
nacional de diminuição das
emissões de gases com efeito
de estufa.
Este projecto tem como
objectivo, economizar os
recursos (por substituição de
combustíveis importados para
resíduos não utilizados), controlar a queima de resíduos e a
emissão de poluentes (usando
na Grécia, não fez uma mudança completa do carvão de lenhite
a biomassa, mas sim várias experiências com combinação de
ambos os combustíveis.
Principais impactes do projecto nos territórios
"
No Algarve (Portugal), a transformação de um sistema de
aquecimento a biomassa de uma piscina, irá contribuir para o
desenvolvimento territorial, através da utilização de um material regional. Irá também reduzir o uso de combustíveis fósseis
e os custos económicos (até 60 %). Para além dos indicadores
económicos muito atractivos, a instalação de uma caldeira a
pellets conduz a benefícios ambientais significativos. As emissões
As emissões de CO2 de CO2 associadas à combustão de biomassa são considerados
associadas à com- zero, porque as árvores que produzem esta biomassa combustível
bustão de biomassa durante o seu crescimento absorvem a mesma quantidade de
são consideradas CO2 que a emitida em combustão.
zero…" Na Macedónia Ocidental, o projecto de uma nova unidade de
biogás irá desenvolver novos empregos (directos e indirectos)
na cadeia de matérias-primas e produtos finais, juntamente
com condições propícias para futuros investimentos semelhantes (centrais de produção de energia, sistemas de produção
14
descentralizados, etc). Também irá contribuir para o uso de sub-produtos, actualmente inexploradas, criando novas cadeias
de valor acrescentado. Finalmente, os investimentos realizados
criam redes para o desenvolvimento de tecnologias de energia
renovável.
Na Grécia, a acção-piloto liderada pela Universidade promove o
uso da biomassa lenhosa, entre os agentes locais interessadas,
para fins de calor e energia, reforçando a mensagem do Cluster
Bioenergia na região e promovendo o desenvolvimento de biomassa e bioenergia, para uma economia regional mais verde e
mais próspera.
A
biomassa
florestal surge
como uma
matéria-prima ideal
para a recuperação,
de forma sustentável,
de compostos de valor
acrescentado provenientes dos recursos
naturais.
Ainda na região do Algarve, a caracterização e identificação
de compostos químicos, com grande interesse e valor acrescentado, provenientes de biomassa florestal residual permite a
criação de uma nova cadeia de valor, o que pode melhorar o
CO-INCINERAÇÃO
DE BIOMASSA COM LENHITE
A co-incineração foi realizada na estação de
energia Kardia em Kozani, Grécia. O objetivo da
operação foi a mistura da biomassa lenhosa e
carvão de lenhite para o abastecimento de uma
unidade de energia já existente.
A duração da co-incineração foi cerca de
14 horas e foram introduzidos 510 toneladas de
estilha de madeira, juntamente com o carvão,
numa das unidades de energia; foi mantida
uma carga de potência de 225 MW durante
a co-combustão. A substituição de biomassa
foi de cerca de 2,1 % com base no peso que
corresponde a 6,22 % numa base de energia
(com base em sistemas térmicos com valores de
aquecimento mais baixos para a lenhite e estilha
de madeira).
A mistura foi feita nas fábricas normais que pulverizaram o carvão e todo o procedimento decorreu
de forma muito satisfatória. No geral, o teste piloto
foi bem-sucedido e toda a operação decorreu
de forma facilitada, sem problemas significativos,
evitando as principais ameaças para os padrões
operacionais estabelecidos pela fábrica.
A co-incineração contou com a presença de representantes do Instituto de Processos Químicos e
Recursos Energéticos (CPERI/CERTH) e da Agência
Regional para o Desenvolvimento da Macedónia
Ocidental (ANKO, SA), aumentando assim o
público e enriquecendo a discussão do potencial
global da actividade.
15
PRINCIPAIS COMPOSTOS DE VALOR ACRESCENTADO DA BIOMASSA FLORESTAL RESIDUAL
Por exemplo, nas amostras
O Centro de Investigação
de eucalipto, considerou-se o
em Ciências do Ambiente
seguinte:
e Empresariais do INUAF
(Portugal), desenvolveu um
- As amostras são ricas em
estudo sobre os compostos
óleos essenciais e lipofílico
de valor acrescentado que
volátil não extraível
podem ser obtidos da biomassa florestal residual. Foram - Estão presentes sesquiteridentificados, caracterizados e penos, aromadendreno e
quantificados, em várias amos- alloaromadendrene
tras, compostos que poderão
ter valor económico acrescido.
- Um dos principais compostos
identificados foi o globulol
- Estão presentes ácidos gordos,
como o ácido palmítico.
desenvolvimento económico dos produtores. A identificação e
quantificação dos compostos de valor acrescentado é o primeiro
passo de um esquema mais amplo; o próximo passo será a determinação da actividade antioxidante. Em última análise, a biomassa
florestal surge como uma matéria-prima ideal para a recuperação
dos recursos naturais de forma sustentável e para a obtenção de
compostos de interesse.
„„MOBILIZAÇÃO DE BIOMASSA
TRACEABILIDADE DA BIOMASSA: UM NOVO PROTOCOLO
PARA MELHORAR A SUSTENTABILIDADE E QUALIDADE
A Fundação para o Ambiente
de Lombardia (FLA), em
cooperação com os outros
parceiros do projecto,
desenvolveram e testaram
um novo protocolo para o
estabelecimento de princípios
e requisitos técnicos para a
16
traceabilidade da biomassa
florestal ao longo de toda a
cadeia de abastecimento. O
protocolo pretende contribuir
para a promoção do uso
responsável dos recursos florestais para fins energéticos. O
novo sistema de traceabilidade
define procedimentos, instruções de trabalho e medidas
de manutenção de registos
que garantam a identificação
dos lotes de biomassa ao
longo de toda a cadeia de
abastecimento.
„MOBILIZAÇÃO
„
DE BIOMASSA:
NOVAS FERRAMENTAS
Um dos objectivos do projecto PROFORBIOMED é estabelecer
estratégias de desenvolvimento integrado para as energias renováveis​​, em particular através da melhoria dos aspectos técnicos,
logísticos e ambientais das cadeias de produção de biomassa. Isto
inclui o desenvolvimento de novas ferramentas, metodologias e
de técnicas para a colheita de biomassa florestal sustentáveis​​, que
reduzam os custos para os proprietários e preservem o ambiente.
Uma das acções-piloto foi a extração completa da biomassa de
árvores, que foram realizadas em várias áreas-piloto (incluindo o
sul da França e Catalunha). O objectivo foi a promoção da árvore
como um todo, reduzindo os custos operacionais e a avaliação
do impacte sobre o ambiente (em particular sobre o solo e
nutrientes).
Parceiros:
FLA
CTFC
EXTRACÇÃO DA ÁRVORE INTEIRA
PARA APROVEITAMENTO DA BIOMASSA
A equipa do CTFC realizou um
grande conjunto de medidas
para melhor avaliar a viabilidade económica da extracção
de biomassa através de um
sistema de colheita completa
de árvores. Em particular,
concentraram-se na utilização
da maquinaria Feller-buncher.
Estas medidas também
levaram o CTFC a criar e sugerir
uma metodologia para a
avaliação dos impactes a longo
prazo deste tipo de extracção.
Principais impactes do projecto sobre o território
O trabalho do CTFC (Centro de Tecnologia Florestal da Catalunha)
forneceu uma visão sobre a viabilidade económica e ambiental
da extração completa de biomassa de árvores, juntamente com
uma avaliação dos seus impactes. Este centro também analisou
qual a necessidade de subsídios para a realização de operações
de desbaste. Os seus esforços também pretendem sensibilizar
os gestores florestais para a necessidade da monitorização dos
impactes a longo prazo.
17
„„DISSEMINAÇÃO DOS
RESULTADOS DO PROJECTO
Parceiros:
AIFM
Para que as actividades e os resultados do projecto fossem amplamente divulgados, os vários parceiros fizerem esforços especiais
para delinear uma estratégia de comunicação. O objectivo foi a
promoção e divulgação do projecto e as suas áreas de maior interesse: biomassa florestal, diversidade da florestal mediterrânica e
as suas especificidades e desafios para a economia local e para
o ambiente.
Principais impactes do projecto sobre os
territórios
Durante todo o projecto, as actividades de comunicação tiveram
um elevado impacto.
O site do projeto recebeu mais de 17 000 visitas em Julho de
2014, e as redes sociais obtiveram 273 gostos (Facebook) e 185
membros (LinkedIn), respectivamente.
"
Promover o projecto
e fornecer informações sobre este, e as
suas principais
áreas de interesse:
a biomassa florestal,
a diversidade
da floresta
mediterrânea... “
18
O principal evento organizado no âmbito do projecto, a conferência internacional final, reuniu cerca de 100 pessoas que visitaram
as áreas-piloto, discutiram sobre os projetos de biomassa em
curso na área e debateram sobre os desafios relacionados com
a biomassa.
CONFERÊNCIA INTERNACIONAL FINAL
A Associação Internacional das Florestas do
Mediterrâneo (AIFN), juntamente com o CRPF,
organizaram a conferência internacional final do
projecto, em Marselha (França) nos dias 19 e 20
de Junho de 2014, onde foram apresentados os
resultados do projecto e discutido o desenvolvimento da biomassa, os seus impactes e o seu
futuro na bacia do Mediterrâneo.
A conferência iniciou-se com uma visita de
campo às áreas piloto do CRPF, onde esteve
presente um grupo de proprietários florestais
privados para a produção de biomassa que
fizeram uma apresentação, no local, para os
parceiros do projecto sobre a temática em
questão no sul da França.
O segundo dia focou-se em duas questões principais: “onde e como mobilizar biomassa” e “quais
as tecnologias e estruturas organizacionais que
devem ser implementadas”. As apresentações das
acções do projeto (projectos-piloto, capitalização e actividades de comunicação) forneceram
abordagens tangíveis no âmbito das questões
colocadas no debate.
• Editor: AIFM
(International Association for
Mediterranean Forests)
• Tradução:
Centro de Investigação em Ciências do
Ambiente e Empresariais (CICAE)
14, rue Louis Astouin
13 002 Marsiglia Γαλλία
Tel: +33 (0)4 91 90 76 70
www.aifm.org
• Fotografia:
• Design gráfico:
Falhène Productions
Moca 20140 Moca Croce Γαλλία
Tel: +33 (0)4 95 24 39 25
www.falhene.info
• impresso na UE.
PROFORBIOMED, Marie de Guisa,
Nicolas Joly, MEDLAND 2020, Falhène
Productions.
Copyrights :
Outubro 2014
ISBN: 978-2-9550619-0-9
19
PARCERIA
Para mais informações,
visite o site do projecto:
www.proforbiomed.eu
Ou contacte: Roque Perez
Palazon (Região de Múrcia)
Endereço electrónico:
[email protected]
O projecto PROFORBIOMED
também está presente em :
Facebook: www.facebook.com/
Proforbiomed
E no LinkedIn: Group
“Proforbiomed (Mediterranean Forest
Biomass for Energy)”
Esta publicação é co-financiada pelo FEDER no
âmbito do Projecto “ PROFORBIOMED, Promoção
da Biomassa Florestal na Bacia do Mediterrâneo “
No. Ref. (1S-MED 10-009).
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