Previsão do fMi para 2012

Transcrição

Previsão do fMi para 2012
NÚMERO DA SEMANA
10
mil milhões
Previsão da população mundial
em 2100
Cerveja de mandioca
A Cervejas de Moçambique,
única produtora da bebida no
país, vai lançar cerveja à base
de mandioca, após a aprovação pelo parlamento de uma
“taxa preferencial” de 10%
sobre o consumo daquele produto, anunciou a companhia.
A Assembleia da República de
Moçambique aprovou na quarta-feira uma revisão do Código
do Imposto sobre Consumos
Específicos, que fixa em apenas 10 % o imposto sobre a
cerveja produzida a partir da
mandioca.
Previsão
do FMI
para 2012
Crescimento
perto dos 11%
Concessão de Mercados
O vice-ministro do Comércio,
Archer Mangueira, anunciou ontem, em Luanda, que
brevemente os mercados da
capital do país vão funcionar
com contratos de concessão
de licença de exploração. A
novidade foi apresentado no
final de um encontro com os
administradores dos mercados da província de Luanda e
dos directores das actividades
económicas e dos serviços comunitários.
Produção Petrolífera
396 milhões de barris de petróleo foram produzidos em
Angola, de Janeiro a Agosto
do ano em curso, informou,
em Luanda, o vice-ministro
dos Petróleos, Aníbal Silva.
Aníbal Silva avançou essa informação durante a abertura
da Conferência Internacional
sobre “Energia em Angola”,
promovida pelo Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica
de Angola (UCAN).
>>P.00
Cervejas
Guerra declarada
entre nacionais
e importadas
>>P. 06
Aeroporto
Um “hub”
com muitas
interrogações
Conjuntura
Agricultura
Negócios
Contrasenso
da produção
Trabalhar a terra
mesmo sem salários
O trabalho afinal
recompensa
Escoamento
>>P. 05
Mecanagro
>>P.08
Micro-crédito
>P.09
>>P. 04
02
28 Outubro 2011
Análise
PIB
Boas perspectivas
mas o contexto não ajuda
As estimativas de crescimento para 2011 continuam a sugerir um desempenho forte da economia angolana, segundo o
relatório de Setembro do Banco Português de Investimento (BPI), um dos principais accionistas do BFA.
O Fundo Monetário Internacional (FMI), no seu relatório semestral sobre a economia mundial publicado recentemente, antecipa
um crescimento de 3.7% para 2011
e uma aceleração para 10.8% em
2012. Saliente-se que esta expansão provém decisivamente do comportamento dos sectores não-petrolíferos, os quais deverão registar
acréscimos reais globais de 9.2% e
10.4%, respectivamente, em 2011 e
2012.
Mas nos últimos meses o FMI tem
apresentado uma visão mais sóbria
do andamento da economia angolana, destacando os riscos associados
à queda da produção petrolífera face aos valores projectados (de cerca
de 1.786 milhões de barris/dia para
valores na vizinhança de 1.70 mbd).
Acresce que a economia não é indi-
ferente à turbulência observada nos
mercados internacionais e aos efeitos que poderão resultar de uma
“tempestade perfeita” na economia mundial: nos EUA, acumulamse os sinais de arrefecimento da
economia, manifestas dificuldades
no processo de tomada de decisões
políticas; na Europa, os efeitos da
crise da dívida soberana periférica
alastram a vários países, incluindo
economias de maior dimensão (como é o caso da Itália e Espanha) e
obrigam a programas de restrição
orçamental severa, com implicações no potencial de crescimento
nos próximos anos; e o Japão, continua com desempenhos anémicos, em contracção económica há
três trimestres consecutivos, agravados pelos efeitos do maremoto e
da crise nuclear que afectou o país
no primeiro semestre do ano. Estes
factores levantam questões acerca
da evolução da procura mundial de
commodities, em particular de petróleo, principal canal de contágio
à economia angolana.
Mas poderá também afectar a propensão ao investimento por parte
dos investidores estrangeiros, limitando a disponibilidade para investimento directo estrangeiro.
Em contrapartida, estes efeitos poderão ser atenuados pelas relações
estreitas que Angola vem aprofundando com outros mercados emergentes em forte expansão, com
destaque para os BRIC, com quem
realiza cerca de um terço das trocas
comerciais, particularmente com a
China e o Brasil. É certo que perante
uma nova ameaça de recessão mundial, estes países emergentes tam-
Para 2012, as
perspectivas
de produção
petrolífera são
mais animadoras
com a entrada em
exploração de novos
poços
bém não ficarão indiferentes.
Ainda assim, as perspectivas de
crescimento para o futuro próximo
são mais fortes nestes países que
noutras economias, pelo que se sugere que o impacto da desaceleração internacional será mais ténue.
A mais recente pesquisa da Reuters sobre o crescimento da economia angolana reflecte exactamente
uma postura mais cautelosa sobre o
comportamento da economia devido não só à queda da exploração
petrolífera, mas igualmente a sinais
de abrandamento no sector não-petrolífero.
O valor médio de crescimento real
do PIB angolano caiu de 7.3% em
Fevereiro para 7.1% em Agosto, oscilando as previsões actuais entre
3.5% e 8.1%. Acreditava-se, inclusivamente que o FMI deverá rever pa-
28 Outubro 2011
03
A mais recente pesquisa da Reuters sobre o crescimento
da economia angolana reflecte exactamente uma
postura mais cautelosa
ra baixo as suas previsões relativas
a 2011, na medida em que na sua
última nota sobre Angola publicada em Junho realça a queda da produção de petróleo. Assumindo que
as projecções de expansão real para o sector não-petrolífero se manteriam em 9.2% para 2011, uma diminuição real em cerca de 4.8% do
sector petrolífero deverá implicar
uma evolução mais modesta do PIB
global, de cerca de 7.8% (valor original) para cerca de 3.6%, após incorporação de novos dados sobre o
contributo do sector extractivo.
Efectivamente, no relatório semestral sobre economia mundial de Setembro, o FMI aponta para uma expansão global de Angola de 3.7% em
2011. Segundo as previsões de exportação de petróleo até Outubro,
a produção petrolífera deverá rondar cerca de 1.54 mbd em média em
2011 face a um valor médio de cerca de 1.73 mbd em 2010, os efeitos
reais deste diferencial será em parte compensado pela subida do preço do petróleo de cerca de USD 75/
barril para USD 100/barril no que
respeita ao rendimento disponível e
ao seu impacto no comportamento
dos sectores não-petrolíferos.
Contudo, os sinais existentes fora
das áreas extractivas sugerem um
acréscimo modesto de actividade.
Atente-se às despesas públicas correntes, com um grau de execução
de 14.4% no primeiro trimestre do
ano, que compara com patamares
de execução ainda mais baixos de
despesa de investimento público no
mesmo período (12.3%). Conhecendo-se a relevância do ímpeto público como catalisador do consumo e
investimento privado, o seu abatimento indicia um andamento igualmente anémico daqueles agregados
no sector privado. Desta forma, o
BPI reviu para baixo as previsões
de crescimento do PIB angolano
para 2011, de 6.3% (em Maio) para
2.5%. Para 2012, as perspectivas de
produção petrolífera são mais animadoras com a entrada em exploração de novos poços. Nos últimos
três meses de 2010, a Total prevê
uma produção de 31 000 barris/dia
do poço Pazflor, o qual no próximo
ano atingirá a sua capacidade máxima de 220 000 barris/dia.
A BP espera que o seu poço PSVM
também inicie exploração ainda em
2011, devendo alcançar o seu pico produtivo estimado em 150.000
barris/dia ao longo de 2012. Consequentemente, as perspectivas
de expansão económica para 2012
constituem um progresso face ao
ano transacto, podendo atingir
9.8%. Ao contrário de 2011, em que
o preço do petróleo eliminou parcialmente o impacto da descida da
produção, em 2012, tenderá a ser
a quantidade explorada a alisar os
rendimentos petrolíferos devido ao
possível deslize de preços internacionais por via de um eventual menor crescimento nas economias desenvolvidas.
Um novo contexto de enfraquecimento da economia mundial, que se
desenha no horizonte, com conse-
um total de desembolsos de USD 1.4
mil milhões, dos quais até ao momento foram disponibilizados 1.25
mil milhões. A aprovação da libertação da nova tranche após esta revisão deverá ocorrer em Setembro e
será de cerca de USD 136 milhões. O
De acordo com o FMI, as perspectivas macroeconómicas para 2011 mantêm-se positivas, reflectindo a subida do preço do petróleo e o aumento da produção
quências materializadas em queda
de preços das commodities, tem um
impacto duplo em economias como
Angola, as quais apresentam elevada dependência de importações de
bens básicos e são fortes exportadoras de matérias-primas ou energia. Em Angola, a queda dos preços
internacionais dos bens alimentares sedimentaria a desaceleração
da inflação, limitando a erosão do
poder de compra doméstico, mas
reduz as receitas petrolíferas, condicionando negativamente o andamento desse mesmo rendimento.
Acresce que as respostas à crise oferecidas pelos países desenvolvidos
podem ser determinantes para o
desempenho das economias emergentes, que têm sustentado a procura mundial.
FMI PREPARA APROVAÇÃO DE ÚLTIMA TRANCHE NO ÂMBITO DO
STAND BY AGREEMENT (QUINTA
REVISÃO)
O FMI visitou Angola (em Junho)
para mais uma avaliação do andamento dos progressos feitos no âmbito do acordo Stand-By, que prevê
Fundo refere os progressos que vêm
sendo feitos em termos de políticas
de estabilização económica, que
beneficiam de um aumento das reservas internacionais, mas também
da implementação da agenda de reformas estruturais.
Nomeadamente, o progresso feito
em termos de pagamentos das dívidas, apesar de não ter ficado concluído em Março como desejado,
facto que é justificado com questões processuais relacionadas com a
verificação dos valores em atraso. É
expectável que esta questão tenha
ficado resolvida até ao final de Junho e o Fundo refere igualmente os
esforços por parte das autoridades
no sentido de controlar a despesa
pública para evitar novos incumprimentos. O objectivo é manter as dívidas abaixo do limite dos AOA 100
mil milhões.
De acordo com o FMI, as perspec-
tivas macroeconómicas para 2011
mantêm-se positivas, reflectindo a
subida do preço do petróleo e o esperado aumento da produção diária para 1.7 milhões barris/dia ao
longo do último trimestre do ano.
As receitas que daí provêm deverão
contribuir para facilitar a tarefa do
governo de implementação das necessárias reformas. Nomeadamente, canalizar as receitas suplementares para infra-estruturas básicas
em falta e apostar em questões sociais. Por outro lado, no actual contexto de forte incerteza, também
será importante apostar no reforço das reservas internacionais, como forma de se proteger face à forte
volatilidade do mercado de petróleo. Outra prioridade assinalada pelo FMI continua a ser a contenção
da inflação.
Forte volatilidade
no mercado do petróleo
Os preços do petróleo sofreram uma correcção acentuada
em início de Agosto, reflectindo
as crescentes preocupações com
a questão da dívida dos EUA, mas
também sinais de crise noutros
blocos económicos, nomeadamente na Europa. A correcção observada colocou em causa a tendência de valorização do petróleo,
desenhada desde meados de
2010. É notório que, ao longo de
2011, em contraste com a estabilidade manifestada em 2010, o preço do petróleo tem apresentado
frequentes picos de volatilidade,
mostrando-se sensível a questões
que fazem temer um desequilíbrio
entre a oferta e a procura.
Um primeiro momento prendese com o despertar da instabilidade geo-política no Magreb; um
segundo momento, relacionado
com a tomada de consciência da
debilidade económica nos dois lados do Atlântico, quando o BCE e
a Reserva Federal goraram as expectativas favoráveis para a evolução das respectivas economias;
e mais recentemente, um terceiro pico de volatilidade associado
ao cepticismo em torno da política fiscal norte-americana.
A barreira dos USD 87/barril foi
quebrada em Agosto. De facto, o
preço do petróleo no terceiro trimestre de 2011 caiu de forma
acentuada, tendo quebrado níveis
considerados relevantes no contexto da tendência de subida que
dominava desde meados de 2010.
Porém, recentemente, a tendên-
cia de queda abrandou, entrando num período de maior estabilidade. Donde, torna-se pertinente
avaliar as previsões da procura e
oferta mundial de petróleo para os
próximos meses. De acordo com a
Agência Internacional de Energia
(AIE), a procura mundial de petróleo em 2012 deverá aumentar cerca de 1.5
mbd face a 2011, para 91 milhões
barris/dia
Este aumento da procura deverá ser suportado essencialmente
por países fora da OCDE, na medida em que relativamente aos países da OCDE se prevê um declínio.
O aumento da procura virá dos países asiáticos, da América Latina e
do Médio-Oriente.
Porém, riscos negativos adicionais poderão advir da situação financeira frágil que se apresenta
ao nível das duas principais economias mundiais: EUA e Europa.
Por outro lado, poderão surgir sur-
presas positivas, associadas às soluções que se venham a encontrar
para a questão energética no Japão, com a possibilidade de substituição da energia nuclear por petróleo e gás.
O ano de 2011 tem sido igualmente marcado por constrangimentos
do lado da oferta, justificados pela situação de instabilidade política na região do Magreb, que no
segundo semestre se alastrou à Síria, acumulando dúvidas quanto
ao futuro da região. No entanto,
as quebras de produção nos países
afectados têm sido compensadas
por aumentos de produção pela
Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), não se
verificando uma queda na oferta global, que se mantém actualmente pouco abaixo dos 89 mbd.
Dependendo do prolongamento
do conflito, nos próximos meses,
este cenário poderá sofrer alterações.
04
28 Outubro 2011
Actual
A descapitalização dos produtores está a condicionar
o processo de reactivação das fazendas agrícolas no
município da Ganda, província de Benguela, segundo o
responsável da Agricultura, Manuel Tchitumba
Processo envolto em polémica é finalmente tornado público
Aeroporto pronto em 2014
O novo aeroporto internacional
de Luanda, situado a 40 quilómetros
do centro da cidade, estará concluído dentro de 24 meses, anunciou
o ministro dos transportes angolano, Augusto da Silva Tomás, durante a recente visita do Presidente da
República, José Eduardo dos Santos
ao local.
Foi a primeira vez que o projecto foi
mostrado à sociedade. Até agora
as obras estiveram rodeadas de um
elevado secretismo – o que causou
preocupação e estranheza junto de
agentes económicos e políticos. Durante muito tempo sabia-se apenas
que os trabalhos estavam sob a responsabilidade do Gabinete de Reconstrução Nacional (GRN).
Entretanto a obra terá passado para
a tutela do Ministério dos Transportes. Segundo Jornal de Angola a empresa chinesa CIF Aeroporto Construction está a erguer actualmente
os terminais, as bases para construção da torre de controlo e a reali-
zar os trabalhos de compactação das
duas pistas norte e sul.
Augusto Tomás revelou ainda, durante a visita, que a infra-estrutura terá capacidade anual para 15
milhões de passageiros e 600 mil toneladas de carga. Ocupará uma área
de 1.324 hectares, com duas pistas
duplas e permitirá a aterragem do
maior avião comercial do mundo, o
Airbus A380.
Em Agosto de 2012 está prevista
a inauguração da primeira fase do
empreendimento, que inclui o edifício da administração aeronáutica, o
terminal VIP, a área dos bombeiros,
a zona de voos norte, o edifício do
terminal principal e a torre de controlo.
A infra-estrutura integra ainda a
pista norte, com 4.200 metros de
comprimento e 60 de largura, enquanto a sul terá 3.800 de comprimento e 75 de largura, disse Augusto Tomás, acrescentando que nos
terminais haverá 31 mangas, 20 pa-
ra voos internacionais e 11 para voos domésticos. A área da placa de
estacionamento dos aviões vai ter
582 mil metros quadrados e a área
para manobra dos aviões 5.125 metros quadrados.
Polémica
A movimentação no terreno ficou
marcada pela confusão desde o primeiro dia, praticamente. Durante a
primeira visita oficial, ainda no consulado de André Brandão (antigo
ministro dos Transportes), a comitiva foi surpreendida por manifestações de desagrado da população.
Tudo porque o terreno do futuro aeroporto era uma zona de lavras, exploradas por camponeses da zona
do Bom Jesus. O facto aconteceu em
Julho de 2005.
Mais tarde, no ano de 2008, um técnico ligado ao GRN, António Flor, e
que chegou a ser vice-ministro das
Obras Públicas, assumiu algum protagonismo ao nível da opinião pública no que diz respeito às obras da
infra-estrutura.
Foi nessa altura que Flor admitiu publicamente, mesmo sem se conhecer
os pormenores definitivos do projecto, que a primeira fase do aeroporto
estaria “concluída em 2010”. E reconheceu que subsistiam “alguns problemas com a expropriação de terrenos pertencentes a 140 famílias
residentes na área do aeroporto”.
Entre 2008 e 2010, para além do secretismo, de problemas de tutela
(GRN ou Ministério dos Transportes?) e das expropriações, a crise internacional – que afectou largamente o nosso país – limitou também o
desenrolar dos trabalhos.
M.G.
Iberia pisa hoje Luanda
pela primeira vez
A Iberia, companhia espanhola de bandeira, beija hoje
pela primeira vez a pista do Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, em Luanda. Proveniente de
Madrid, a ligação será efectuada
duas vezes por semana.
Entretanto a companhia aérea já
começou a divulgar a operação
Luanda e apresenta-se no primeiro mês (até 30 de Novembro)
com uma promoção que parece
querer agitar o mercado – e atacar a posição dominante da TAAG e da portuguesa TAP, que controlam a conexão com a Europa.
Que é também uma das mais rentáveis das duas companhias.
A promoção está a anunciar 598
dólares (ida e volta) para Madrid
e 705 dólares americanos para
Lisboa (via Madrid). A tarifa será praticada está a ser praticada
desde ontem, 27 de Outubro, em
classe económica e com origem
nos aeroportos de Lisboa ou Porto. Já o “upgrade” para a classe Business Plus ficará por 1.030
euros (cerca de 1500 dólares..
A promoção da Ibéria é válida até dia 30 de Novembro e todos os preços “incluem taxas de
combustível e aeroporto, suplementos e despesas de administração”, segundo a companhia
espanhola.
28 Outubro 2011
Conjuntura
05
A Unitel, expandiu pela primeira vez o serviço
de roaming de voz à Macedónia e o serviço de
roaming de dados ao México, através de parcerias
estabelecidas com operadoras locais
Matala
Sete mil toneladas
de alimentos
em vias de apodrecer
Mais de sete mil toneladas de
produtos agrícolas diversos estão
a se deteriorar devido às dificuldades que os agricultores do perímetro irrigado pelo canal da Matala, 180 quilómetros a leste da
Huíla, encontram para colocar a
produção nos principais centros
de consumo.
Em declarações à Angop, o coordenador da cooperativa 1º de Maio,
Francisco Domingos, realçou que
estão nesta condição quantidades
de tomate, repolho e cebola, situação que está a preocupar os agricultores que têm compromissos
com instituições financeiras.
O dirigente associativo avançou
ainda que há “dificuldades em colocar a produção nos centros de
consumo”, principalmente a batata que ainda não foi colhida, pois
“não há espaço para armazená-la
com garantia de conservação”, e
por isso corre o risco de apodrecer
nos campos.
Em relação ao tomate, Francisco Domingos disse que a Sociedade de Desenvolvimento da Matala E.P. (Sodmat) prometeu, com
o arranque, em breve, da fábrica
de transformação, absorver toda
produção mas enquanto isso não
acontece o produto poderá se deteriorar.
Francisco Domingos avançou ainda que já foram feitos contactos
com o governo para encontrar
uma saída para o problema.
O perímetro irrigado do canal da
Matala, com uma extensão de 42
quilómetros, é constituído por sete mil hectares de terra arável, onde a produção em maior escala é a
de batata rena e hortícolas, com
uma produção sazonal de mais de
50 mil toneladas de produtos diversos.
África do Sul
Cinco biliões de dólares
para reactivar economia
A África do Sul lançou um
plano de 3,2 biliões de euros para reactivar a economia, cujo
crescimento não passará de 3,1%
este ano, disse terça-feira o ministro das Finanças, Pravin Gordhan.
“Há um ano, pensávamos que teríamos uma recuperação duradoura da economia local e mundial, mas infelizmente não tem
sido assim”, disse o ministro,
que teve que rever a sua previsão
de crescimento para um volume
0,3 pontos percentuais a menor.
“A crise de liderança pela qual
passa a Europa possui um efeito
negativo na economia mundial,
inclusive na nossa”, disse ao Parlamento.
O governo sul-africano espera
financiar o seu plano de reactivação aumentando o seu défice
orçamental, que deve alcançar
5,5% do Produto Interno Bruto
(PIB) este ano.
Seremos 10 mil milhões
de pessoas em 2100
A população mundial hoje fixada em sete mil milhões de pessoas, deverá ultrapassar os 10
mil milhões até 2100, ou mesmo os 15 mil milhões se a taxa
de fertilidade subir, segundo um
relatório das Nações Unidas.
Este “Estado da população mundial 2011” foi hoje publicado em
Londres pouco antes das cerimónias que a 31 de outubro vão
marcar a passagem da barreira
dos sete mil milhões de seres humanos a viver no planeta.
O Fundo das Nações Unidas para a população (UNFPA) insistiu
nos enormes desafios colocados
pelas pressões demográficas para combater a pobreza e preservar o ambiente.
Segundo as últimas estimativas,
em alta relativamente a números anteriores, em 2050 deverão existir 9,3 mil milhões de seres humanos na terra e mais de
10 mil milhões até ao fim do século, indicou a UNFPA.
Mas “apenas com uma ligeira
variação da fertilidade, particularmente nos países mais povoados, os números podem ser
mais elevados: 10,6 mil milhões
de pessoas até 2050 e mais de 15
mil milhões até 2100”.
O documento sublinha o crescimento demográfico iniciado durante o Baby Boom após a Segunda Guerra mundial, cujo impacto
se fez sentir nos anos 1960.
A prosperidade, uma educação
melhor e o acesso à contracepção reduziram drasticamente a
fertilidade global, ao ponto de
hoje certos países ricos enfrentarem uma quebra significativa
da sua população.
Durante as seis últimas décadas, a fertilidade média mundial
desceu, passando de seis crianças por mulher para 2,5 na atualidade.
A média vai de 1,7 crianças em
média nos países mais desenvolvidos para as 4,2 em países me-
nos desenvolvidos.
Atualmente o Mundo conta com
80 milhões de nascimentos por
ano e as pessoas com menos de
25 anos representam 43% da
população.
Dois milhões
de dólares é o
montante para
implementar
o Programa de
Promoção do
Comércio Rural
que o Banco de
Desenvolvimento
Angola (BDA)
e o Banco Keve
assinaram no
início desta
semana
“O nosso recorde de população
pode ser considerado como um
sucesso para a humanidade – as
pessoas vivem mais tempo, com
melhor saúde”, sublinhou Babatunde Osotimehin, diretor executivo da UNFPA.
“Quantas pessoas pode a nossa
terra suportar? Essas são questões importantes, mas talvez
não as que mais interessem. Se
olharmos apenas para os números, arriscamo-nos a perder de
vista as novas oportunidades de
tornar a vida melhor para todos
no futuro”, concluiu.
06
28 Outubro 2011
Entrevista
“A indústria local
tem que ser protegida”
A produção do grupo Castel-Cuca/BGI ultrapassou o consumo nacional, mas as importações de cerveja têm ainda
peso significativo no mercado interno. A concorrência entre as várias marcas é ainda desleal, no entender do
administrador deste grupo empresarial, Philippe Frederic, que numa entrevista ao Novo Jornal aborda o assunto e o
eventual agravamento das taxas de importação do produto a partir de Janeiro.
Texto de Hortêncio Sebastião e António Paulo
Fotos de Quintiliano dos Santos
Que inquietações se levantam à
volta da nova pauta aduaneira,
mais concretamente o suposto aumento das taxas sobre as
importações de cerveja previsto
para o próximo ano?
Recentemente o semanário Sol
publicou uma entrevista com o
Presidente da UNICER [António
Pires de Lima], que produz as
marcas Super Bock e Cristal, que
colocou a questão da futura pauta
aduaneira ao nível do mercado da
cerveja.
É que Pires de Lima, na qualidade
também de administrador do grupo UNICER, diz que o aumento da
pauta aduaneira de 30 para 50%
seria muito mau para a indústria
que representa. Ele preside também a associação dos produtores
portugueses de cerveja. Estas pessoas consideram que o aumento
da pauta aduaneira, a partir de
1 de Janeiro, é muito prejudicial
para o mercado português. Aqui
estamos em Angola e temos outro
problema. A produção nacional
já é mais que suficiente, quer em
quantidade, como em qualidade e
é muito bem reconhecida.
Mas é favorável às importações
de cerveja?
Sim senhor, é normal que Angola
importe cerveja. Mas tem que ser
numa percentagem muito aceitável em relação aos 1,5 milhões de
hectolitros que importa actualmente do exterior, porque não se
justifica. Os portugueses têm os
seus problemas e os angolanos têm
os seus. Isto é, no final das contas,
uma batalha económica.
Como administrador e responsável pela produção de cerveja em
Angola, com nove cervejeiras, estou preocupado que a nova pauta
possa não entrar em vigor a partir
de 1 de Janeiro de 2012. Poderá
haver algum ajustamento, o que
seria desastroso para a economia
nacional.
Como assim?
Temos aqui as melhores unidades
de fabrico. Este mercado já é auto-suficiente. Quem quiser beber
uma bebida importada deve pagar
um pouquinho mais caro, mas o
28 Outubro 2011
07
“O discurso do Executivo diz que quando não há, em Angola, a
capacidade produtiva necessária é normal haver importações. Neste
momento existem nove cervejeiras a funcionar no país e a capacidade de
produção já ultrapassa, de longe, o consumo nacional”
Defende que esta pauta deve entrar mesmo em vigor?
Tem mesmo que entrar em vigor,
porque é um instrumento que visa
regular as importações. Neste momento o volume de importações, em
Angola, ultrapassa os 20% do consumo nacional. Normalmente as importações devem representar (e isto
é uma norma) 5 a 7% do consumo
nacional. O resto tem que ser produzido no país. Estamos a enfrentar
alguns problemas de ocupação das
nossas fábricas.
Pode dar algum exemplo?
Vou dar um exemplo. Estamos a especializar uma fábrica na produção
de cerveja descartável, porque no
mercado há muito produto retornável e vai continuar a ser o mercado
principal, porque é uma cerveja
mais barata. Decidimos especializar
a fábrica da Funda para esta cerveja
(descartável), com três marcas. Pela
primeira vez em Angola vai haver
uma oferta de cerveja descartável
para enfrentar directamente a importação.
Quanto vale o mercado da cerveja
em Angola?
O senhor conhece o preço da cerveja. Faça as contas. Não vou dar detalhes, mas digo que é um mercado
importante. Também contribuímos
para o Estado: pagamos imposto de
consumo de 20% sobre os 6,8 milhões de hectolitros vendidos.
Têm receio da concorrência?
Não estamos com medo da concorrência, mas o que estou a dizer
é que vamos ocupar uma parte do
espaço ocupado hoje pelos importadores e oferecer um produto nacional descartável, não só uma marca,
mas quatro. Os custos de produção
em Angola são elevados. Uma fábrica de cerveja aqui não é só tê-la,
pode custar entre 100 e 200 milhões
de dólares, em função da sua capacidade produtiva. Angola investiu
centenas e centenas de milhões de
dólares nos últimos cinco anos e o
país precisa de se proteger.
A Castel-Cuca/BGI terá capacidade
para abastecer o mercado em caso
de retracção das marcas importadas?
O consumo nacional é de 8,3 milhões de hectolitros até finais de
2010, dos quais a produção nacional é de 6,8 milhões de hectolitros
- incluindo 1,5 milhões de hectolitros de cerveja importada. Temos
nove fábricas em Angola, a Cuca e
a Nocal, a ECNN na Funda – todas
em Luanda. A Soba (Catumbela)
em Benguela, a Nocebo (Huambo),
Eka (Dondo) no Kwanza-Norte, ECN
(Lubango), na Huíla, e a Cerbeb, em
Cabinda. Estas empregam de forma
directa quase 7 mil pessoas e têm
uma capacidade de produção de
9,3 milhões hectolitros. Nisto tudo
temos uma capacidade de produção
total de 9,3 milhões de hectolitros e
o consumo de 8,3 milhões de hectolitros e 1,5 milhões de importação.
Aí está o problema.
Que problema?
O que estamos a pedir ao governo
é que a nova pauta aumente de 30
para 50% os direitos aduaneiros,
o que é normal, para reduzir o número de consumidores de cerveja
importada.
Um milhão e meio de hectolitros devem ser reduzidos para 700 mil [de
importações], porque 1,5 milhões
são quase 20% dos 8,3 milhões de
hectolitros - representando 20% da
quota do mercado que são as importações, normalmente tem que se
reduzir para 7 ou 8%. Estou em Angola e o meu objectivo é defender a
produção nacional.
Então a presença dessa bebida
importada faz com que a capacidade instalada nacional não seja
atingida?
Não por incapacidade, mas porque
há importações a mais. Vou dar um
exemplo: eu tenho três fábricas,
nomeadamente a Eka que tem capacidade de produção mensal de 60
mil hectolitros, mas neste momento
está a vender 35 mil. Tenho lá 430
empregados. Será que vou diminuir
para 250 trabalhadores porque não
preciso de tanta gente? Não preciso de três turnos. Estou a produzir
pouco, estou a vender pouco. A Eka
é boa, mas tem concorrência directa
porque a Eka, de certa forma, é uma
cerveja mais antiga. Está a competir
com a Super Bock e com a Cristal,
que tem um posicionamento um bocadinho diferente da Cuca. Mas está
a sofrer, porque os grossistas já não
querem ir ao Dondo buscá-la. Então
vou cortar 250 cabeças aqui - e não
quero. Não gosto de fazer isto. Então o meu dever é dizer: “Cuidado
executivo. Isto é um problema.”
Não acha que o problema está
mais na distribuição do que na
importação?
É claro que temos que ser mais competitivos. E que precisamos de um
bom circuito de distribuição através
de grossistas. O mercado interno
deve estar associado ao produto
retornável. Há uma parte da população angolana que não quer o vasilhame retornável.
Mas os custos são altos e também
são elementos que travam a venda
da cerveja. Hoje há indianos que
têm esquemas e conseguem tudo.
Mesmo assim não acha que os importadores das bebidas facilitam
mais os distribuidores e dão até
crédito, o que a Cuca/BGI não faz?
Vou ser sincero. Eu trabalho com os
grossistas. Eles pagam em cash, mas
também dão crédito aos seus revendedores. Mas é preciso olhar para o
lado dos importadores. Ao invés de
comprar a Super Bock ou Cristal sem
contentor, porque que não compram
a nossa cerveja descartável? Nós podemos dar-lhes a mesma margem ou
o mesmo poder económico. O que é
importante é nós oferecermos uma
margem de lucro ao importador melhor do que importar cerveja. Por
outro lado, trabalhamos com muitas
indústrias locais (vidro, rótulos).
Estamos a pensar fazer um investimento para uma fábrica de cartão para fabricar as caixas de
cerveja. Com parceiros locais.
Isto é muito importante para
o país.
Mas a Cuca/BGI já esteve
pior. Neste momento está
muito melhor, não é?
As nossas vendas aumentaram
muito nos últimos anos, porque
aplicámos cerca de 600 milhões de
dólares em investimentos há cinco
anos. Um valor importante, mas
também houve um investimento
muito forte no homem.
Toda a gente hoje reconhece que a
cerveja produzida localmente é boa
e são referências do mercado. Quer
a Cuca fabricada na Cuca de Luanda, como em Bom Jesus e a Soba
em Catumbela são referências no
mercado. Hoje temos cervejeiros e
equipas que fazem uma cerveja de
qualidade, está reconhecida, muitos expatriados que bebiam cerveja
importada agora estão a consumir a
Cuca, quer em lata, em barril e outras. A realidade é que há muitos
anos as empresas portuguesas
manifestaram o interesse a investir
em Angola, no sector da cerveja. Há
projectos, falaram muito, mas não
concretizaram.
Porquê?
Porque custa caro fazer uma fábrica
de cerveja em Angola. Só os custos
com o betão são bastante elevados.
Depois há que aceitar dar 50% a parceiros nacionais.
E os portugueses não aceitaram
isso?
Não sei se aceitaram ou não. Essa
pergunta tem de ser colocada a eles.
Mas temos que aceitar esta regra.
Então há custos de investimento e a
Perfil
importante é que a indústria local
tem que ser protegida. A indústria
cervejeira portuguesa quer exportar para Angola, mas Angola não
precisa de tanta cerveja importada.
participação de nacionais faz parte
também do jogo. Não sei o que se
passou, mas até agora não houve
investimento dessas empresas lusas
que até era bom, porque eram concorrentes locais e trabalharíamos
em pé de igualdade.
Ainda temos em memória de que
a Sagres era produzida pela Cuca/
BGI não é verdade?
Sim. Houve uma parceria com a Sagres aqui em Angola que no início
funcionou, mas depois acabou.
Mesmo assim o negócio da cerveja
angolana é promissor?
Sim, mas já não está como antigamente, onde havia escassez e pouca
oferta nacional, pois não havia muitas fábricas. Chegámos ao ponto de
haver evolução do mercado em mais
de 25% em apenas um ano. Entre
2008 e 2010 não houve produção.
Hoje há uma retomada positiva
da produção e do mercado.
Philippe Maurice Leon Frederic
Tem 49 anos.
É natural de Thionville – França.
Aportou em Angola em 1986 como gestor do sector
petrolífero na empresa Petromar, tendo sido um dos
fundadores do estaleiro do Ambriz, Base do Kwanda
no Soyo, com passagens por outros empreendimentos petrolíferos como FPSO Girassol e o poço
Kizomba B.
É actualmente administrador da Castel-Cuca/BGI
e pai de três filhos de nacionalidade angolana.
08
28 Outubro 2011
Agricultura
Enquanto subsistem salários em atraso
Mecanagro prepara terras
aráveis no norte do país
A Empresa Nacional de Mecanização Agrícola – Empresa Pública
(Mecanagro) vai preparar sete mil
hectares de terras aráveis nas províncias de Malanje, Kwanza-Norte e Uíge para a campanha agrícola
2011/2012, anunciou em Malanje
o director regional norte da empresa, engenheiro Massó Maria.
O plano nacional de extensão e desenvolvimento rural (PDR) do Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA) contempla para Malanje
três mil hectares, dois mil hectares para o Uíge e porção idêntica
para a província do Kwanza-Norte,
assegurado por um parque de máquinas activo de 30 tractores, com
igual número de operadores subdivididos por brigadas de acordo
com as necessidades específicas de
cada território.
Em Malanje, no itinerário Cacuso/Lombe, a Mecanagro organizou
já 31 hectares de extensão com as
três operações, nomeadamente a
lavoura, ganadagem e abertura de
regos. Estão implantadas equipas
nos municípios de Cacuso, Malanje, Cangandala e Calandula. Na comuna do Cota, na província do Uíge, as operações em curso andam
“na ordem dos 230 hectares e no
Kwanza-Norte 12 hectares”, precisou o engenheiro Massó Maria.
Uma base de reparação dos equipamentos poderá ser construída este
ano no município de Cacuso, 75
quilómetros a oeste da capital da
direcção regional, para fazer face
ao descalabro da assistência técnica aos meios técnicos (Massey Ferguson, New Holland e Taf) que emperram as actividades da empresa e
solucionar os problemas “dos agricultores que têm tractores ao nível
da região”. A Mecanagro pretende
criar também um espaço para a formação contínua dos estudantes finalistas do Instituto Médio Agrário
de Malanje (IMAM) e interessados.
A Direcção Regional Norte da Mecanagro – EP Malanje precisa de
um investimento anual avaliado
em USD 1.000.000 (um milhão de
dólares) para a reposição e reforço da frota de máquinas em Malanje (15 tractores), Uíge (11) e Kwanza-Norte (4).
“Isso iria permitir que os salários
dos trabalhadores estivessem em
Os atrasos salariais
de cerca de
cinco meses dos
funcionários da
direcção regional
serão solucionados
com recurso a um
crédito bancário.
dia. O ATM estaria em dia e teríamos uma base de reparação em condições para dar resposta aos problemas que se nos apresentam no
dia-a-dia”, afirmou Massó Maria,
justificando os atrasos salariais de
cerca de cinco meses dos funcionários quadros da direcção regional
sede, que serão solucionados com
recurso a um crédito bancário.
Algumas marcas em funcionamento não possuem representações em
Luanda. A escolha tem sido o exte-
rior do país, processo moroso que
“encalha” o desempenho, retirando garantias para uma campanha
agrícola saudável e sem sobressaltos.
As mensalidades ao nível do Kwanza-Norte estarão liquidadas na totalidade ainda este mês, com o dinheiro arrecadado da empreitada
num campo de feijão, no município de Lucala. No Uíge, as operações com máquinas especiais vão
permitir também tratar o salário
dos trabalhadores, assegurou Massó Maria.
A Empresa Nacional de Mecanização Agrícola – Empresa Agrícola tem praticado dois preços por
hectare na preparação de terras. O
primeiro, no âmbito do Programa
de Desenvolvimento Rural (PDR)
restringido ao Crédito Campanha
Agrícola, fixado em AKZ 25 mil/
hectares, e outro, de AKZ 30 mil, às
pessoas singulares e colectivas interessadas nos seus serviços.
Chuvas complicam campanha
As abundantes precipitações
prejudicaram em parte a campanha agrícola passada na região
norte de Angola, agravada pela
cultura de longa duração (man-
dioca) que ocupa enormes extensões de terras aráveis.
“Aqui cultiva-se muita mandioca. Mas a mandioca demora um
ano e seis meses até ser recolhi-
da, às vezes pode chegar até dois
anos”, afirmou o responsável da
Mecanagro, Massó Maria. O gestor
lembrou que, apesar do cadastramento irregular das cooperativas
agro-pecuárias e das associações
por áreas de localização, juntamente com a exiguidade financeira para a aquisição de combustíveis, lubrificantes e reposição
de peças sobressalentes, os rendimentos resultantes da produtividade foram aceitáveis.
O pagamento centralizado das
obras complica a operacionalidade da empresa nas diferentes regiões. “Por isso é que temos atra-
sos de salários”, lembra Massó. “E
50% do custo global da respectiva
campanha agrícola não são implementados em tempo útil”.
Sem revelar perímetros ou extensões preparadas na campanha
agrícola 2010/2011, o engenheiro
Massó Maria esclareceu que muito se pode esperar da experiência
dos operadores e dos funcionários
administrativos da empresa.
O maior actor na preparação de
terras para a produção de alimentos nas comunidades rurais do
país, em particular nas províncias
de Malanje, Uíge e Kwanza-Norte
continua a ser a Mecanagro. I.S.
28 Outubro 2011
09
O projecto do pólo agro-industrial da comuna de Kizenga, na
província de Malanje foi lançado oficialmente nesta segundafeira, 24, pela empresa de Gestão de Terras Aráveis (Gesterras)
e da argentina Globaltec.
Novos
rumos… sem
computadores
A reestruturação da Mecanagro - EP, mormente a reforma acelerada por velhice e
a redução do número excessivo de trabalhadores, deverá impulsionar dinâmicas e
rentabilizar os investimentos que se pretendem no domínio da formação dos recursos.
As acções em vista e urgentes na sede (Malanje) prendem-se com a capacitação
dos técnicos, informatização
de todo o sistema, incluindo
o administrativo-financeiro, que tem limitado o envio
de relatórios ou de outra documentação indispensável a
partir das direcções do Uíge e
Kwanza-Norte por inexistência de computadores, exemplificou o director regional.
Esforços estão igualmente
a ser envidados para a reposição do ATM e garantir, pela primeira vez, a assistência médica e medicamentosa
a todos os funcionários, pese embora o responsável regional norte não ter mencionado qualquer número de
funcionários, assim como as
proporcionalidades dos ordenados entre o mínimo e o
máximo.
Uma fonte contactada pelo
NJ naquela cidade afirmara
recentemente que a suspensão do processo de entrega
de terrenos aos cidadãos da
urbe inscritos no programa
do executivo local para auto-construção dirigida pode estar ligada ao não pagamento, pela Administração
Municipal de Malanje, dos
talhões terraplanados até ao
momento.
Ao nível da referida Administração ninguém aceitou
ou rejeitou confirmar tal informação, que coloca Malanje na cauda da implementação do Programa Nacional de
Urbanismo e Habitação, que
rigorosamente estabelece a
construção de seis mil casas
sociais na região.
I.S.
Micro-crédito
O sonho das mãos que trabalham
Isabel Fernando desde os 17
anos que sonhava ser empresária. Mas foi apenas aos 36 que
concretizou esse desejo, após ter
beneficiado de um micro-crédito concedido pelo Banco Millennium Angola (BMA) e pelo Banco
Privado Atlântico, assumindo-se
hoje como uma empreendedora
de sucesso.
Isabel é dona da empresa Costa´s
Home, que se dedica à decoração de interiores. Está situada no
município da Samba, em Luanda,
e começou por solicitar financiamento junto do Banco de Fomento Angola (BFA) – sem sucesso.
“Sou geóloga de profissão, curiosamente. Como toda e qualquer
empresa, para nos afirmarmos no
mercado precisamos de capital
que nos permita iniciar a actividade. Remeti todos os documentos necessários ao BMA e volvidos
15 dias fui surpreendida com um
telefonema avisando-me que tinha conseguido o micro-crédito”,
conta Isabel Fernando, que foi
uma das três clientes premiadas
nesta terça-feira, 25, pelo BMA e
pelo BPA.
A empresária explica que, no
princípio, estava receosa em recorrer à banca. Mas foi a motivação de um familiar que a levou a
arriscar. Com o prémio que recebeu e por ter cumprido os prazos
estabelecidos, apenas vai pagar
50% do montante em falta (dos
10 mil dólares que recebeu).
“O valor serviu para tratar a documentação da empresa. Embora
tenha um mega-projecto, comecei com a abertura de pequenas
filiais onde os clientes são ainda pessoas minhas conhecidas”,
conta Isabel Fernando.
Actualmente está também a trabalhar em parceria com uma em-
“Não tive nenhum
receio, porque
enquanto houver
vida temos que
trabalhar e mostrar
isso aos nossos
filhos”
presa holandesa, inclinada para o
segmento das decorações em papel, referindo que ainda é longo
o caminho para o sucesso total da
firma. No seu entender, o sucesso
definitivo “depende de um bom
serviço de marketing” que ainda
não existe.
Já Ana Kwazeca, também de 36
anos e proprietária de uma mercearia no bairro de Camama, denominada “Casa o Sonho Próprio”
foi a primeira classificada do micro-crédito do Banco Millennium
Angola, cujo prémio consiste na
liquidação total do valor em dívida junto do banco.
“Foi muito difícil no início porque não tinha capital para começar o meu negócio. Com o microcrédito disponibilizado consegui
realizar tudo o que queria”, disse
Kwazeca visivelmente satisfeita.
Esta pequena empresária, que
também obteve um financiamento no valor de 10 mil dólares, manifestou já o interesse em solicitar outro crédito bancário. E
sugeriu que o mesmo deveria ser
mais elevado, para permitir alargar os seus investimentos.
“Agora vou continuar com o meu
trabalho e queria que os bancos
me ajudassem mais, como fizeram até agora”, frisou Kwazeca.
Outra premiada foi Matilde Monteiro, dona da hospedaria Chelmas, de Porto Amboim, pro-
víncia do Kwanza-Sul, que tem
assim 70% do valor do micro-crédito liquidado e refere que, com
o montante recebido, conseguiu
construir o empreendimento e
comprar mobílias, além de um gerador.
“Estou bastante satisfeita, não só
pelo prémio que recebi, mas pelo menos a minha conta já ficou
quase toda liquidada”, afirmou
Matilde Monteiro.
Para ela, sem o micro-crédito seria impossível terminar a sua
obra, concretizada fruto da sua
entrega ao trabalho sem recear
pelos eventuais transtornos (juros) que os créditos bancários impõem.
“Não tive nenhum receio, porque
enquanto houver vida temos que
trabalhar e mostrar isso aos nossos filhos”, sublinhou.
Os prémios micro-crédito do Banco Millennium Angola e do Banco
Privado Atlântico foram atribuídos durante uma gala que decorreu no Palmeiras Clube (ex-parque Heróis de Chaves), contou
com a presença da ministra do
Comércio, Idalina Valente e dos
presidentes das duas instituições
bancárias, respectivamente, Carlos Santos Ferreira e Carlos José
da Silva, que na ocasião assinaram um protocolo sobre microcrédito.
HORTÊNCIO SEBASTIÃO
10
28 Outubro 2011
Mercados
Dados cedidos pelo
ACTIVIDADE ECONÓMICA
Comparação dos Títulos de Dívida Pública em relação a Alemanha
África do Sul revê em baixa o crescimento do PIB para 3,4% em 2012
As previsões do crescimento Pravin, que a economia esse 2020 que requererá um cresci- 1,3% no segundo trimestre
da economia Sul-Africa para ano crescerá apenas 3,1%, mento da economia em 7% ao deste ano, para o nível mais
o próximo ano foi revista em abaixo da anterior previsão ano, segundo a promessa do baixo em quase dois anos,
baixa, menos de metade, no de 3,4%. Apontam-se as ra- seu Presidente Zacob Zumba. reflectindo a contracção da
nível que o governo precisa zões para o crescimento fraco Em termos anuais cresceu em produção industrial.
para cumprir com a sua meta da maior economia africana
Evolução do Indice Dow Jones (USA)
de criação de empregos. Se- a crise de dívida na Europa,
12.000
gundo o Ministro das Finan- que têm ameaçado a econo11.900
ças Sul-Africano, Pravin Gor- mia mundial para uma reces11.800
dhan, nas suas declarações de são global, que compromete
11.700
apresentação do orçamento o crescimento e o nível de
11.600
a médio prazo lançado na confiança dos consumidores.
11.500
terça-feira dia 25, na Cidade A África do Sul que regista
11.400
do Cabo, o PIB provavelmente actualmente uma taxa de de11.300
crescerá 3,4% em 2012, com- semprego de 25,7%, terá a
11.200
parados com os 4,1% estima- criação de cinco milhões de
11.100
do em Fevereiro. Acrescentou novos postos de trabalho até
22-Out-11
23-Out-11 24-Out-11
17-Out-11 18-Out-11 19-Out-11
20-Out-11 21-Out-11
Acordo entre EUA e Suiça sobre Evasão Fiscal
Bancos na Suiça estão dispostos a pagar uma multa avultada assim como colaborar com
os EUA, no combate à evasão
fiscal.
Neste sentido diligências têm
sido feitas entre oficiais dos
dois países no sentido de se
fazer um levantamento dos
detentores americanos das
contas assim como dos montantes nelas depositados.
As negociações estão já num
plano avançado e tudo indica,
que brevemente as mesmas
poderão estar concluídas,
tendo como base um acordo
civil que poderá incluir 11
instituições financeiras, entre elas o Crédit Suisse AG e
HSBC Holdings Plc, o maior
banco europeu. Estas instituições financeiras são para
ajudar clientes americanos
a esconder o seu dinheiro
do Internal Revenue Service
(IRS), o serviço que controla
as receitas fiscais.
A Suiça é o mais apreciado
dos paraísos fiscais e quer
resolver esta questão o mais
rápido possível, sem no entanto perder aquela que tem
sido durante muitos anos a
principal ferramenta de trabalho que é o sigilo bancário. A principal medida que
as autoridades americanas
pretendem implementar é
evitar que os bancos suíços participem desta fuga
de capital. Neste sentido a
Suiça poderia pagar aos EUA
vários milhões de dólares,
assim como, a divulgação
de 5.000 a 10.000 contas
bancárias, para poder de
certa forma “indemnizar” as
perdas referentes a fraudes
bancárias.
Em 2009 o UBS Bank, o
maior banco Suíço, aceitou
pagar uma multa de 780 milhões de dólares e divulgar
4.700 contas secretas para
evitar um processo judicial.
Bancos europeus evoluem em sentidos opostos
A crise financeira na Europa
tem afectado os bancos europeus que divulgaram resultados diferentes esta semana.
O maior banco Suíço, UBS AG,
anunciou nesta terça-feira dia
25, uma queda no seu lucro
em 39% depois de ter reportado uma perda de U$D2,3 mil
milhões no mês anterior, causado por Kweku Adoboli, extrader desta instituição, que
realizou uma operação não
autorizada pelo banco. O lucro
líquido do banco também baixou para CHF1,02 mil milhões,
(U$D1,16 mil milhões), depois
de ter registado no início do
ano uma perda de CHF1,66
mil milhões. Este resultado
decepcionou o mercado que
antecipava ganhos no valor de
318 milhões de francos suíços.
Depois das perdas realizadas
pelo Ex trader que conduziu a
demissão do CEO Oswald Gruebel, o banco declarou que o
trimestre será ligeiramente
BBB
A agência de notação financeira Fitch
mantém rating de crédito do Brasil, com
perspectiva estável.
Evolução da taxa de Câmbio EUR/USD
1,395
PAÍS
Alemanha
EUA
Portugal
Irlanda
Itália
Grécia
Espanha
Bélgica
França
Reino Unido
Japão
Yelds
2,099
2,15
11,777
7,994
5,94
22,321
5,485
4,268
3,122
2,507
0,987
10 anos
Spread
5,10
967,80
589,50
384,10
2022,20
338,50
216,90
102,30
40,80
-111,20
Var. Sem
-0,20
-4,00
-0,20
-3,10
-20,80
-5,90
-5,80
-8,70
-4,30
-6,90
CD 5 anos
Spread (Bp)
86,70
44,30
1121,20
777,50
453,50
0,00
378,50
294,75
186,83
86,00
116,30
Taxas de JURO
TBC- 63 dias
TBC- 182 dias
EURIBOR 1 M
EURIBOR 6 M
EURIBOR 12 M
LIBOR 1 M
LIBOR 6 M
LIBOR 12 M
MOEDA
AKZ
AKZ
EUR
EUR
EUR
USD
USD
USD
Var. Sm.Bp
0
0
0
0
0
0
1
1
24-Out-11
6,80
10,65
1,368
1,785
2,121
0,245
0,610
0,924
Var.Ac.Bp
-317
-176
59
56
62
-2
15
14
1,39
Taxas de CÂMBIO SPOT
1,385
1,38
1,375
1,37
1,365
1,36
1,355
17-Out-11
18-Out-11
19-Out-11
20-Out-11
21-Out-11
22-Out-11
23-Out-11
24-Out-11
Evolução do preço do Petróleo (Brent)
Cotação
USD/AKZ
EUR/AKZ
ZAR/AKZ
EUR/USD
GBP/USD
USD/ZAR
USD/BRL
USD/CNY
24-Out-11
Var. Sem.
0,05%
-0,22%
-4,28%
1,16%
1,32%
-0,85%
0,14%
-
95,360
130,862
11,634
1,3927
1,5987
7,8861
1,752
-
Var. Acum.
2,55%
5,48%
-17,11%
4,30%
3,38%
18,72%
5,94%
-
117
Mercados Accionistas
116
115
114
113
112
111
110
109
10-Out-11
11-Out-11
12-Out-11
13-Out-11
positivo, compensando estas
perdas pelos ganhos dos créditos e venda de bilhetes do tesouro americanos assim como
obrigações governamentais
britânicas. O banco anunciou
recentemente o corte de 3 500
postos de trabalho em Agosto,
anunciou a redução substancial da sua actividade da banca
de investimento e vai direccionar mais capital para a gestão
de riqueza devido a incerteza
14-Out-11
15-Out-11
16-Out-11
17-Out-11
nos mercados. As mudanças
constatadas na indústria são
de tal importância que são
consideradas pelo presidente
Kaspar Villiger como uma “mudança de paradigma”. Depois
do incidente registado no mês
passado, o preço da acção UBS
subiu 1.9% , comparado com
o aumento de 9,7% do índice
da Bloomberg que agrupa 46
bancos e provedores de serviços financeiros europeus.
Paris-Berlim: dueto ou duelo?
As aparentes dificuldades entre Paris e Berlim de chegar a
um acordo rapidamente para
a salvação do euro provêm
de várias divergências culturais. Com efeito, a implicação
do Parlamento alemão nas
decisões importantes faz-se
sentir muito mais que o papel
a desempenhar pelo BCE que
difere muito entre os dirigentes dos dois países, ou seja Nicolas Sarkozy e Ângela Merkel.
Estas diferenças que surgem a
cada crise europeia, explicamse com o respectivo passado e
0,25 Pontos percentuais
Índia sobe taxas de juros de referência, a 13ª
subida consecutiva desde Março de 2010,
no sentido de tentar conter o avanço da
inflação.
Índice
DOW JONES
S & P 500
NASDAQ
FTSE 100
BOVESPA
PSI 20
Nikkei 225
Var.Sem.
3,66%
5,50%
-0,40%
24-Out-11
11.901,51
56.677,99
8.843,98
Var.Acum.
1,72%
-19,55%
-13,54%
Commodities 24-Out-11
Brent
Crud oil (Angola)
Gas Natural
Ouro Spot
Platina
112,50
112,32
1.652,30
1.538,60
respectivos traumatismos dos
dois países. Alemanha é travada no seu processo de tomada
de decisão com a obrigação
de associar regularmente os
parlamentares nas decisões
importantes. Este motivo foi
o avançado para a organização
da segunda cimeira na quartafeira dia 26, num momento
onde o mundo inteiro estava a
espera de respostas urgentes a
questão da crise da dívida. Segundo Claire Demesnay, Pesquisadora da Sociedade Alemã
Var. Sem.
-0,37%
1,43%
-1,48%
-0,77%
Var.Acum.
16,35%
22,71%
16,47%
-12,88%
de Política Etrangeira (DGAP)
em Berlin, “a Bundestag é
sempre implicada nas decisões
de política exterior enquanto
a Assembleia Nacional francesa desempenha um papel mais
limitado”.
“Em França o Presidente tem
prerrogativas especiais em
matéria de política estrangeira
que permitem-lhe não ser dependente do Parlamento”, salienta ainda Stefan Seidendorf
do Instituto Franco-Alemão de
Ludwigsburg.
174%
Aumento do lucro da BP no terceiro
trimestre deste ano, ascendendo aos $4.907
milhões, face aos $ 1.785 milhões em igual
período de 2010.
28 Outubro 2011
Fecho
11
O BCP (accionista do Millenium Angola) e o BPI (accionista
do BFA), que revelam o maior nível de exposição a activos
“perigosos”, já admitiram poder ter de recorrer ao fundo de
recapitalização dos bancos de 12 mil milhões de euros
Acordo faz
baixar juros
Europeus desesperam pelo fim da crise do euro
Credores perdoam metade
da dívida grega
A zona euro chegou, durante a madrugada de quinta-feira, a
um acordo sobre praticamente todos os aspectos de um novo plano
contra a crise do euro, que pressupõe uma redução da dívida grega e
o “aumento do seu fundo de estabilidade de ajuda aos países em dificuldades para cerca de um bilião de
euros”, escrevia a diário português
Público, ontem, quinta-feira.
O acordo foi selado às 4h da manhã
(mais uma hora que em Luanda) pelos líderes dos dezassete países da
zona euro, depois de ultrapassado
um duro braço de ferro com os representantes dos bancos credores
de Atenas sobre os termos da redução de 50% da parte da dívida do país. Essa fatia é detida por privados e
ascende actualmente a 210 mil milhões num total de 350 mil milhões
de euros.
Depois de várias horas de negociações, e de uma ameaça velada por
parte dos líderes de redução forçada
da dívida, os bancos acabaram por
aceitar abater 100 mil milhões de
euros dos empréstimos concedidos
ao governo grego, em troca de garantias (colateral) de 30 mil milhões
de euros fornecidos pelo fundo de
estabilidade financeira (FEEF).
As modalidades exactas desta redução da dívida ainda terão de ser decididas pelos ministros das finanças
da zona euro, no quadro do novo
programa de ajuda a Atenas, que
deverá ser definido nas próximas
semanas no valor de 100 mil milhões
de euros até 2014.
Graças a todas estas medidas, afirmam os dezassete, a dívida grega
poderá ser reduzida para 120% do
PIB em 2020, contra mais de 170%
actualmente, um nível considerado
“sustentável”.
Charneira da Europa
A correspondente do Público em
Bruxelas, Isabel Arriaga e Cunha,
escreveu ainda que o acordo “foi arrancado a ferros” ao presidente do
Instituto da Finança Internacional (IIF), Charles Dallara, que esteve igualmente presente no edifício
da reunião.
O braço de ferro iniciado há mais
de cinco dias e que se prolongou
até várias horas depois do início da
cimeira, ao princípio da noite, só
foi ultrapassado depois de Angela
Merkel, chanceler alemã, e Nicolas
Sarkozy, presidente francês, terem
assumido a negociação em mãos –
os dois países são o eixo central da
união monetária e tiveram assim de
assumir a posição de charneira durante as negociações.
Em seu apoio, os dois governantes contaram com Christine Lagarde, directora-geral do FMI e JeanClaude Juncker, primeiro-ministro
do Luxemburgo e presidente do eurogrupo.
A crise das dívidas soberanas, que
afectou a Grécia, a Irlanda e Portugal está a colocar a moeda única europeia, o euro, numa posição
fragilizada em relação ao futuro.
A falta de credibilidade das políticas daqueles países (estão em sérios riscos de não conseguir honrar
os compromissos junto dos credo-
res), juntamente com a
inevitável recessão,
levou a políticas de
austeridade bastante agressivas – o que
deu origem a cortes
em subsídios, salários, empregos e colocou em causa a sustentabilidade do euro enquanto
unidade monetária.
A situação na Europa, caso não seja solucionada
de forma definitiva, ameaça arrastar o mundo inteiro para a recessão ou
estagnamento económico.
Para Angola, por exemplo, esse cenário levaria imediatamente à redução da procura por petróleo (a principal fonte de receita do
Estado a larga distância dos outros agregados). O que teria consequências no preço do petróleo.
Recorde-se que, entre 2008 e 2009,
o preço do barril desceu de um máximo histórico de 130 dólares para
30… Em apenas seis meses. M.G.
O acordo da madrugada de
quinta-feira, apesar de ainda não
estar totalmente terminado, teve consequências imediatas junto dos agentes económicos. Durante a sessão de quinta-feira as
bolsas europeias estavam todas
em terreno positivo, e também
os juros (asfixiantes) da dívida de Portugal e da Grécia apresentaram uma tendência de descida.
Ao mesmo tempo, e ao contrário do que aconteceu em cimeiras anteriores, vários líderes europeus parecem ter abandonado
o cepticismo e apareceram a falar a uma só voz. De acordo com
o responsável do banco central
alemão, o Bundesbank, Jens
Weidmann, as decisões tomadas
na Cimeira de Bruxelas, onde
“os líderes do governo apoiaram
plenamente o papel do Banco
Central Europeu como garante
da estabilidade dos preços”, deveria levar “a uma redução significativa dos riscos para a política
monetária”.
“A separação entre a política monetária e fiscal tornou-se mais
pronunciada”, congratulou-se
Weidmann. “Enquanto durante
muitos meses estivemos sempre
a pensar qual era o país seguinte
a poder precisar de ajuda, agora
acredito que teremos condições
para deixar de lado esse processo e passar para uma história diferente e de maior normalização”, defendeu por sua vez
Pedro Passos Coelho,
primeiro-ministro de
Portugal.
“É uma nova época, uma nova era
que se abre para a
Grécia”, sublinhou
o primeiro-ministro grego aos jornalistas, acrescentando que este
acordo “é um
novo ponto
de partida,
mas o trabalho tem
de continuar”.
Depois de várias horas de negociações, os bancos acabaram por aceitar abater 100 mil
milhões de euros dos empréstimos concedidos ao Governo grego, em troca de garantias (colateral) de 30 mil milhões de
euros fornecidos pelo fundo de
estabilidade financeira (FEEF).
M.G.
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