Untitled - Caixa Cultural

Transcrição

Untitled - Caixa Cultural
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CAIXA CULTURAL RECIFE
16 DE SETEMBRO A 20 DE NOVEMBRO DE 2016
TERÇA A SÁBADO DAS 10H ÀS 20H //
DOMINGO DAS 10H ÀS 17H //
AV. ALFREDO LISBOA, 505 - PRAÇA DO MARCO ZERO //
INFO.: (81) 3425-1906 //
CAIXA CULTURAL BRASÍLIA
GALERIA VITRINE
11 DE JANEIRO A26 DE FEVEREIRO DE 2017
TERÇA À DOMINGO DAS 9H ÀS 21H //
SBS QUADRA 04 - LOTES 3/4 [ANEXO À MATRIZ DA CAIXA]//
INFO.: (61) 3206-9448 / 3206-9449 //
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ÍNDICE/
SUMMARY //
­APRESENTAÇÃO / PRESENTATION // ...............................p.6
OZI - 30 ANOS DE ARTE URBANA NO BRASIL
POR MARCO ANTONIO TEOBALDO CURADOR /
A ORIGEM DO GRAFITTI NO BRASIL //.............................. p.8
OZI – 30 YEARS OF URBAN ART IN BRAZIL
BY MARCO ANTONIO TEOBALDO CURATOR /
THE ORIGINS OF GRAFFITI IN BRAZIL //........................... p.8
.........................................................................................
BIO A TRAJETÓRIA DO ARTISTA / ................................... p.10
BIO THE TRAJECTORY OF THE ARTIST // ........................ p.10
RUA A CENA URBANA E A PERIFERIA / .......................... p.16
STREET THE URBAN SCENE AND THE OUTSKIRTS//........ p.16
ARTE FINA - DAS RUAS PARA QUALQUER ESPAÇO/........ p.22
FINE ART - FROM THE STREETS TO ANYWHERE//........... p.22
MATRIZES - AS MÁSCARAS DE ESTÊNCIL/ .................... p.38
MATRICES - THE STENCIL MASKS// ............................... P.38
FICHA TÉCNICA / CREDITS//.......................................... p.42
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2012 • foto Guillaume Betemps
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2008 • Foto Samanta Fontainha
APRESENTAÇÃO
PRESENTATION
A CAIXA é uma empresa pública brasileira que prima pelo respeito à diversidade, e
mantém comitês internos atuantes para promover entre os seus empregados campanhas,
programas e ações voltados para disseminar ideias, conhecimentos e atitudes de respeito
e tolerância à diversidade de gênero, raça, orientação sexual e todas as demais diferenças
que caracterizam a sociedade.
CAIXA is a Brazilian state financial institution that values the respect for diversity, and
holds internal acting committees to promote, among its employees, campaigns, programs
and actions aiming at disseminating ideas, knowledge and acts of respect and tolerance
to the diversity of gender, race, sexual orientation and all other differences that constitute
our society.
A CAIXA também é uma das principais patrocinadoras da cultura brasileira, e destina,
anualmente, mais de R$ 60 milhões de seu orçamento para patrocínio a projetos culturais
em espaços próprios e espaços de terceiros, com mais ênfase para exposições de artes
visuais, peças de teatro, espetáculos de dança, shows musicais, festivais de teatro e
dança em todo o território nacional, e artesanato brasileiro.
CAIXA is also one of the main sponsors of the Brazilian culture, and sets apart, every year,
more than R$ 60 million of its budget for the sponsoring of cultural projects in venues
owned by the institution itself or others, with special emphasis to visual arts exhibitions,
theater plays, dance shows, musical shows, theater and dance festivals all over the
country, and Brazilian handcrafting.
Os projetos patrocinados são selecionados via edital público, uma opção da CAIXA para
tornar mais democrática e acessível a participação de produtores e artistas de todas as
unidades da federação, e mais transparente para a sociedade o investimento dos recursos
da empresa em patrocínio.
The sponsored projects are selected via public notice, an alternative for CAIXA to make
sure that the participation of producers and artists from all over the country is democratic
and accessible for all, and that the investment of the company’s resources in sponsoring
is transparent for our society.
A exposição Ozi - 30 anos de Arte Urbana no Brasil se apresenta como ação prática da
filosofia que a CAIXA se orgulha em promover. Celebramos nesta rara retrospectiva, a arte
que vem das ruas dos grandes centros urbanos e representa uma importante expressão da
cultura contemporânea no mundo.
Following this trend, the exhibition “Ozi - 30 years of Urban Art in Brazil” comes out as a
practical action of the philosophy CAIXA is proud to promote. We celebrate, in this rare
retrospective, the art coming from the streets of big urban centers and that represents an
important expression of the world’s contemporary culture.
Desta maneira, a CAIXA contribui para promover e difundir a cultura nacional e retribui
à sociedade brasileira a confiança e o apoio recebidos ao longo de seus 155 anos de
atuação no país, e de efetiva parceira no desenvolvimento das nossas cidades. Para
a CAIXA, a vida pede mais que um banco. Pede investimento e participação efetiva no
presente, compromisso com o futuro do país, e criatividade para conquistar os melhores
resultados para o povo brasileiro.
This way, CAIXA contributes to promote and widespread our national culture at the same
time that it gives back to the Brazilian society the confidence and the support received all
along its 155 years of action in the country, and of effective partnership in the development
of our cities. For CAIXA, life asks for more than just a bank. It asks for investment and
effective participation in the present, commitment to the country’s future, and creativity
to achieve the best results for the Brazilian people.
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OZI 30 ANOS DE
ARTE URBANA
NO BRASIL
OZI 30 YEARS OF
URBAN ART
IN BRAZIL
por
MARCO ANTONIO TEOBALDO
curador
by
MARCO ANTONIO TEOBALDO
curator
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THE ORIGINS OF
A ORIGEM DO
GRAFITTI NO BRASIL GRAFFITI IN BRAZIL
A Arte Urbana no Brasil teve a sua origem no trabalho de Alex Vallauri, em São Paulo,
no ano de 1978, quando ele recortou a capa de um LP de seus pais e fez a sua primeira
máscara de estêncil, com a silhueta de uma bota feminina sadomasoquista (Bota preta),
que acabou se tornando um de seus desenhos mais populares. Desde então, ele
passou a caminhar pelas ruas da capital paulistana com máscaras de estêncil e
latas de spray para estampar as paredes da cidade. Vallauri dominava a técnica da
xilogravura, com a qual criava estamparias em tecidos e gravuras sobre papel, com forte
influência da estética das histórias em quadrinhos (HQ) e das culturas Kitsh ePop. O termo
Grafitti não era utilizado naquela época, pintar nas ruas era pichar, conferindo uma
proximidade às mensagens políticas escritas nos muros pelos jovens militantes.
Os tempos amargos da ditadura militar serviram de combustível para a criação de uma
arte transgressora e provocativa, mas também o estimulou a passar uma temporada no
Pratt Institute de Nova York, em 1982, para estudar gravura. De volta ao Brasil, em 1984,
Vallauri se reúne novamente com os amigos Carlos Matuck, Waldemar Zaidler, Julio
Barreto e conhece Maurício Villaça, com o qual forma uma parceria de trabalho em
vários projetos comuns. Nesta mesma época, integra-se a este grupo o então publicitário
Ozéas Duarte, que mais tarde viria a ser conhecido como Ozi.
Urban Art in Brazil had its origin in Alex Vallauri’s work, in São Paulo, in 1978, when
he cut the cover of one of his parents’ records and made himself his first stencil
mask, with the silhouette of a female S&M boot (Bota Preta - Black Boot), which
eventually became one of his most popular prints. Since then, he started walking
the streets of São Paulo, carrying stencil masks and spray cans to graffiti the city.
Vallauri mastered the techniques of xylography, with which he created different
print patterns in fabrics and paper print, with strong influence from the aesthetics
of cartoons, as well as the Kitsch and the Pop cultures. The word graffiti was not
used at that time, painting the streets was “pichar” (tagging), conferring some
proximity to the political messages inscribed on the walls by militant youngsters.
The bitter times of the military dictatorship stood as a source of fuel for the creation
of a transgressive and provocative art, but also led him to spend some time in New
York’s Pratt Institute, in 1982, to study printing. Back to Brazil, in 1984, Vallauri
reunites with his friends Carlos Matuck, Waldemar Zaidler, Julio Barreto and gets
to meet Maurício Villaça, with whom he starts a partnership in several projects. It’s
about this time that the then adman Ozéas Duarte, who would later be known as Ozi,
joins the group.
O Grafitti toma força com as diversas ações destes artistas, conquistando a simpatia
dos intelectuais e formadores de opinião, e estimulando a formação de novos grupos, como o performático Tupinãodá (formado por Zé Carratü, Rui Amaral, Carlos
Delfino, Jaime Prades). Mesmo com a recente retomada da democracia no país, a
repressão ainda era uma realidade e fugir da polícia e das bombas de gás ainda era
costumeiro. Em 1984, Vallauri participa da coletiva inaugural da Galeria Art Brut,
criada por Maurício Villaça e que se constituiu em um espaço alternativo da cena
underground daquela época, acolhendo artistas visuais e performáticos, poetas
e toda sorte de visitantes que eram atraídos por aquela nova forma de gerar o
pensamento artístico. Naquele mesmo ano, Vallauri foi convidado para fazer parte
da área de Grafitti da Bienal de São Paulo, e convidou Carlos Matuck e Waldemar
Zaidler para ocuparem o espaço com trabalhos individuais. Em 1986, acontece na
Fundação Bienal de São Paulo a exposição “A trama do gosto”, na qual Vallauri
assina a subcuradoria e generosamente convida Hudnilson Jr., John Howard, Vado
do Cachimbo, Waldemar Zaidler, grupo Tupinãodá e Ozi. No ano seguinte, Vallauri
morre prematuramente, aos 37 anos de idade, deixando uma lacuna gigantesca
na cena urbana que tomava forma. Um ano após a sua morte, a partir de 1988, foi
instituído o dia 27 de março como Dia Nacional do Grafitti, com a participação de
Hudnilson Jr., Julio Barreto, Maurício Villaça e Ozi, no Circo Escola Picadeiro, na
Ponte Cidade Jardins.
Graffiti takes force with the several actions taken by these artists, gaining the empathy
from intellectuals and opinion formers, and stimulating the formation of new groups, like
the performative “Tupinãodá” (formed by Zé Carratü, Rui Amaral, Carlos Delfino, Jaime
Prades). Despite the recent resumption of democracy in the country, repression was still a
reality and getting away from the police and gas bombs was rather usual. In 1984, Vallauri
takes part in the opening cast of artists of “Galeria Art Brut” (Art Brut Gallery), created by
Maurício Villaça, which arised as an alternative space for the underground scene of that
time, embracing visual and performative artists, poets and all sorts of visitors who were
attracted by that new way of generating the artistic thinking. In that same year, Vallauri
was invited to take part in the graffiti area of “Bienal de São Paulo” (an international arts
event that takes place every two years), and invited Carlos Matuck and Waldemar Zaidler
to exhibit their individual works. In 1986, ‘Fundação Bienal de São Paulo’ (the institution
responsible for the organization of “Bienal”) hosts the exhibition “A trama do gosto”
(“The plot of taste”), in which Vallauri signs the subcuratorship and generously invites
Hudnilson Jr., John Howard, Vado do Cachimbo, Waldemar Zaidler, the “Tupinãodá” group
and Ozi. In the following year, Vallauri passes away, at the age of 37, leaving a huge gap in
the shaping urban scene. One year after his untimely death, as of 1988, March 27th was
proclaimed Graffiti’s National Day, with the participation of Hudnilson Jr., Julio Barreto,
Maurício Villaça and Ozi, in ‘Circo Escola Picadeiro’(“School-Circus Picadeiro”), at ‘Ponte
Cidade Jardins’ (“Cidade Jardins Bridge”).
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BIO
A TRAJETÓRIA
DO ARTISTA
BIO
THE TRAJECTORY
OF THE ARTIST
Ozi é paulistano e faz parte da primeira geração do Grafitti brasileiro, quando iniciou
suas primeiras intervenções urbanas com Alex Vallauri, Carlos Matuck, Waldemar
Zaidler, John Howard e Maurício Villaça. Desde então, vem desenvolvendo sua
pesquisa sobre a técnica de estêncil, criando suas obras a partir de uma estética Pop.
Ozi viveu na época em que a repressão sufocava, segundo ele mesmo, fugir da polícia
e das bombas de gás era costumeiro. “Lembro-me de que o Alex Vallauri escrevia
‘Diretas já’ e o Maurício Villaça chegou a pintar uma Salomé dançando com a cabeça
do Sarney em suas mãos. O pensamento geral era que qualquer pessoa ligada à arte
era subversiva ou comunista”, revela o artista. Ozi aprendeu a fazer estêncil com
Villaça, que o instruiu tecnicamente como recortar as máscaras. Em 1985, registrou
na rua a sua primeira arte com estêncil, técnica que acabou se tornando a sua marca
registrada durante toda carreira artística.
Ozi is ‘paulistano’ (born in São Paulo), and is part of the first generation of the Brazilian
Graffiti, by starting his first urban interventions with Alex Vallauri, Carlos Matuck, Waldemar
Zaidler, John Howard and Maurício Villaça. Since then, he has been developing his research
on the technique of stenciling, creating his work from a Pop aesthetics. Ozi lived in the
time when repression would stifle. According to him, getting away from the police and gas
bombs was rather usual. “I remember when Alex Vallauri would write ‘Diretas Já’ (meaning
“Direct (elections) Now”) and Maurício Villaça even got to paint a Salome dancing with
Sarney’s head (José Sarney, the then Brazilian president) in her hands. The common sense
was that everyone connected with art was subversive or communist”, the artist reveals.
Ozi learned stenciling from Villaça, who technically instructed him how to cut the masks.
In 1985, he registered on the street his first artistic piece with stenciling, the technique
which ended up being his trademark all along his artistic career.
Ozi Rebobinado foi a sua primeira exposição individual, que foi realizada durante
o Parede - Festival Internacional de Pôster Arte do Rio de Janeiro, no Centro Cultural da
Justiça Federal (CCJF), em 2010. A sua primeira individual em São Paulo, foi a Ozi Pop-up Show, na galeria A7MA, em 2015. Com esta mostra restrospectiva alusiva aos
seus trinta anos de Grafitti, o artista apresenta um acervo considerável de suas obras
e matrizes, documentos pessoais, fotografias e depoimentos de artistas contemporâneos seus e de novas gerações.
Ozi Rebobinado (“Ozi Rewound”) was his first individual exhibition, and was put up during
“Parede” - Rio de Janeiro’s Poster Art International Festival, at “Centro Cultural Justiça
Federal” (CCJF - Federal Justice Cultural Center), in 2010. His first solo exhibition in São
Paulo was Ozi - Pop-up Show, at the A7MA gallery, in 2015. With this retrospective show,
allusive to his thirty years of Graffiti, the artist presents a considerable collection of
his works and matrices, personal documents, photographs and testimonials by artists
contemporary to himself and of new generations.
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1988 • SESC Pompéia SP - Homenagem pela passagem do anivérsario de Alex Vallauri Hudinilson Jr. - Cláudio Donato - Numa Ramos - Ozi -Marcia Chikaoka - Juneca - Beto Pandiani
1986 • Vado do Cachimbo - Waldermar Zaidler - Ozi - Jaime Prades - Zé Carratü - Alex Vallauri
- Rui Amaral - Foto Vitché
1987 • Homenagem a Alex Vallauri - Funarte SP - Zé Carratü - Hudinilson Jr - Vado do Cachimbo Júlio Barreto - Maurício Villaça - Carlos Delfino - Ozi - Cláudia Reis - Jaime Prades - Mara Borba
na pele da Rainha do Frango Assado - Beto Lima - John Howard - Rui Amaral
1986 • Bichopicho
1987 • Primeiro dia do graffiti - Escola Circo Picadeiro - Ozi - Júlio Barreto
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1982 • Sem título
Nanquin sobre papel
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1998 • O Anjo
Pastel seco sobre papel Carmem
1985 • Incêndio no santório da coincidências
Acrilica sobre tela
1998 • Moça
Pastel seco sobre papel Carmem
1986 • Cabeça
Acrilica sobre papel
1998 • Away from the flock
Pastel seco, nanquin, grafite sobre papel Carmem
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1993 • Freud
Colagem - papel Carmen
1993 • Tv Marilyn
Colagem - papel Carmen
1982 • Louis Armstrong
Colagem - papel Carmen
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2012 • Favela do Moinho - foto Mel Duarte
RUA
A CENA URBANA E
A PERIFERIA
STREET
THE URBAN SCENE
AND THE OUTSKIRTS
A transgressão do ato de grafitar ganhou conotações políticas e sociais, associadas
ao discurso irônico que Ozi imprime em seu trabalho, que busca provocar os seus observadores para as questões que o incomodam. O seu ativismo se dá no âmbito das
artes visuais, e se tornou um dos grandes aliados nas intervenções em comunidades
das periferias, onde tenta levar uma mensagem de força e esperança. De acordo com
o artista Carlos Matuck, em entrevista recente para a pesquisa deste projeto, a cena
urbana tomou esta força e deixou de ser uma ação de um grupo pequeno, a partir do
momento em que ela entra nas periferias dos grandes centros e é transformada em
um instrumento de grito dos excluídos. Neste sentido, unem-se ao Grafitti e ao “pixo”
(escrito com “x”, a partir dos anos 90), os movimentos do Hip Hop e do skate, que
caminham juntos nos traços de rebeldia e transgressão.
The transgression of the act of graffiting has gained political and social connotations,
associated to the ironic discourse Ozi imprints in his work, which aims at arousing in its
observers the issues that bother them. His activism takes place in the realm of visual
arts, and has become one of the great allies in the interventions in the communities of
the outskirts, where he tries to spread a message of power and hope. According to artist
Carlos Matuck, in a recent interview for the research of this project, the urban scene has
taken such force and started not being an action of a restricted group from the
moment it enters the outskirts of the great centers and is transformed in an instrument
of expression of the poor. In this sense, graffiti and “pixo” (tagging, in Portuguese spelt
with “x” instead of “ch” as of the 90s) walk alongside with the Hip-hop and the skating
movements when it comes to their traits of rebellion and transgression.
A territorialização dos espaços urbanos “em branco” é levada a sério e conduzida
por um código de ética entre os artistas de rua, porque o local destinado a eles na
sociedade é reduzido, e esta marcação com tinta se consolida como a conquista de
um território até então negado. Ozi se apresenta neste meio como uma unanimidade,
pelo verdadeiro trabalho de “costura” social que faz ao reunir grupos de artistas de
diferentes origens e propostas estéticas. Ele possui um papel fundamental de aglutinador do Grafitti com o “pixo”, participando de diversas ações nas “quebradas”,
e também propondo parcerias importantes, como a sua obra em homenagem ao
arquiteto Oscar Niemeyer, realizada para a 8ª Bienal Internacional de Arquitetura de
São Paulo, na Fundação Bienal de São Paulo, em 2009, na qual convidou diferentes
turmas da “pixação” para realizar intervenções sobre o seu trabalho, transformando-o em uma obra coletiva.
The territorialization of the “blank” urban spaces is taken seriously and directed through
an ethics code among street artists, because the workplace set aside for them in society
is restricted, and this ink marking consolidates itself as the conquering of a territory which
had been so far denied. Ozi emerges in this area as an unanimity, for the true work of social
“sewing” he does by gathering groups of artists from different origins and with different
aesthetic proposals. He plays a central role as an agglutinating agent, combining graffiti with
“pixo” (tagging), participating in several initiatives in “quebradas” (Brazilian slang for places
in the empoverished outskirts), as well as proposing important partnerships, like his work
done in memory of the architect Oscar Niemeyer, organized for the “8a Bienal Internacional de
Arquitetura de São Paulo” (“São Paulo’s 8th International Architecture Summit) at “Fundação
Bienal de São Paulo” in 2009, in which he invited different “turmas da pixação” (tagging
crews) to make interventions over his own work, transforming it into a collective piece.
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2012 • Ícaro
Tinta spray e tinta PVA sobre lona
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2006 • Wallpaper I
Tinta spray sobre papel
2009 • Wallpaper II
Tinta spray sobre papel
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2016 • Moisés
Tinta spray e tinta PVA sobre papel de seda
2016 • Venus
Tinta spray e tinta PVA sobre papel de seda
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2006 • Revolution Solution
Tinta spray e tinta PVA sobre papel
2006 • Shirley - da série Toy Art Show
Tinta spray sobre papel de presente
2016 • Aê, Tio!
Tinta spray sobre papel de seda
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2016 • Miss Pimaco - da série Uma Miss para a Cidade
Tinta spray sobre adesivos
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ARTE FINA
DAS RUAS
PARA
QUALQUER ESPAÇO
FINE ART
FROM THE
STREETS
TO ANYWHERE
A popularização do Grafitti impulsionou o mercado das artes, desde a década de 70, na
efervescência cultural de Nova York, nos Estados Unidos, sobretudo com a produção
de Jean Michel Basquiat e Keith Haring. No Brasil, as obras de Vallauri começavam
a aparecer em exposições, culminando com a emblemática instalação site-specific:
A festa na casa da Rainha do Frango Assado, na Bienal de São Paulo, em 1985. Este
estilo irônico, com imagens de fácil reconhecimento, influenciou fortemente a
formação artística de Ozi e o estimulou a experimentar outros tipos de suportes, dos
convencionais, aos mais inusitados.
Graffiti’s popularization boosted the arts market since the 70s, amid New York’s cultural
effervescence, specially with the production by Jean Michel Basquiat and Keith Haring. In
Brazil, Vallauri’s work started popping up in exhibitions, culminating with the emblematic
site-specific installation: “A festa na casa da Rainha do Frango Assado” (“The Party at
the Grilled Chicken Queen’s House), at Bienal de São Paulo, in 1985. His ironic style, with
images that can be easily recognized, has strongly influenced Ozi’s artistic background,
and has also stimulated him to experiment with other kinds of instruments, from the
conventional to the most unexpected ones.
Materiais encontrados no lixo, objetos de uso doméstico, latas de spray, e o
que mais for possível conjugar com o estêncil, são utilizados por Ozi. Mesmo na
escolha de seus suportes, o artista alfineta o mercado das artes. Ele trabalha com
a apropriação de símbolos e representações gráficas de todo o mundo, mas reitera
o seu gosto pela cultura brasileira na criação de obras que misturam referências
de mestres da pintura nacional, personagens de histórias em quadrinhos e
personalidades reais.
Material found in the garbage, household utensils, spray tins, and whatever else
might come to be combined with stencil, these are the instruments used by Ozi. Even
in the choice of his instruments does the artist poke the arts market. He works with
the appropriation of symbols and graphic representations from all o ver the world,
but reinforces his appreciation for the Brazilian culture in the creation of works
that blend references to masters of the national painting, cartoon characters and
real personalities.
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2011 • Canabalize
Paête, tinta spray e acrilica sobre tapetes
2009 • Autópsia do Rei
Tinta spray e tinta PVA sobre lona
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2011 • Largata Rastafari - da série Toy Art Show
Tinta acrilica e spray sobre tela
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2015 • Devil Mickey - da série Arte Ordinária
Tinta spray sobre papel de presente
2009 • Mona Mickey - da série Arte Ordinária
Tinta spray sobre madeira
2010 • Cristo Mickey - da série Arte Ordinária
Tinta spray sobre latas de refrigerante
2015 • Snoopy - da série MixMickey
Tinta acrilica e spray sobre tela
2015 • Frajola - da série MixMickey
Tinta acrilica e spray sobre tela
2015 • Mônica - da série MixMickey
Tinta acrilica e spray sobre tela
2015 • Pica-pau - da série MixMickey
Tinta acrilica e spray sobre tela
2015 • Homer - da série MixMickey
Tinta acrilica e spray sobre tela
2015 • Brazinha - da série MixMickey
Tinta acrilica e spray sobre tela
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2016 • Thinker Mouse - da série Arte Ordinária
Tinta spray sobre tecido de toalha
2016 • Freud Mickey - da série Arte Ordinária
Tinta spray sobre tecido de toalha
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2016 • Cristo Mickey - da série Arte Ordinária
Tinta spray sobre tecido de forração
2016 • Mona Mickey - da série Arte Ordinária
Tinta spray sobre tecido de toalha
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2016 • São Sebastião do Rio de Janeiro
Tinta spray sobre tecido
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2012 • São Ronald - da série Toy Art Show
Tinta spray sobre tela
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2016 • Série Ozican
Latas de spray customizadas
2016 • Nossa Senhora do Preto Fosco - Ready made - da série Ozican
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2011 • Metralhadora Jujuba - da série Toy Art Show
Resina acrilica sobre MDF
2011 • Metralhadora Lego - da série Toy Art Show
Peças de Lego sobre MDF
2011 • Metralhadora Bebê - da série Toy Art Show
Bonecos plásticos sobre MDF
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2013 • Bitch bags da série Glamour para todos
Tinta spray sobre material sintético e lona
2016 • Santa Grife - da série Glamour para todos
Tinta acrilica e spray sobre veludo
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2013 • Panos de prato - da série Glamour para todos
Tinta spray sobre tecido
2014 • Chana - da série Glamour para todos
Tinta spray sobre lenço de seda sintética
2013 • Sweat bags
Tinta spray sobre papel e lâmina de PET
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2011 • Série Vinis
Tinta spray sobre vinil
2011 • Série Vinis
Tinta spray sobre vinil e cartão
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2015 • Mc Bruxa - da série Toy Art Show
Tinta spray, decalques sobre sousplat de plástico
2016 • Bad Pooh - da série Toy Art Show
Tinta spray, stickers sobre sousplat de plástico
2016 • Ursinho Belicoso - da série Toy Art Show
Tinta spray, stickers sobre sousplat de plástico
2015 • Largata rastafari - da sérieToy Art Show
Tinta spray, stickers sobre sousplat de plástico
2016 • Matando o tempo - da sérieToy Art Show
Tinta spray sobre sousplat de plástico
2010 • Stickers box IV
Tinta spray, stickers sobre cartão
2012 • Fruteira - da série Arte Ordinária
Tinta spray, stickers sobre fruteira plástica
2010 • Stickers box I
Tinta spray, stickers sobre cartão
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2012 • Smile - da sérieToy Art Show
Tinta spray sobre resina acrilica
2016 • Smile splash - da sérieToy Art Show
Tinta spray sobre resina acrilica
2014 • Seu lixo é meu luxo - Pimp my carroça fragmento da carroça do catador Rafael Bahia
Tinta spray sobre chapa metálica
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2015 • Pizza Nacional
Tinta spray, acrilica sobre alumínio e papel
2011 • Xuxu soup - ready made
Impressão fotografica sobre lata
2015 • Bandeira
Tinta spray sobre tecido sintetico
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2012 • Atêlie - foto Guilherme Kramer
MATRIZES
AS MÁSCARAS
DE ESTÊNCIL
MATRICES
THE STENCIL
MASKS
Foi Villaça quem ensinou a técnica do estêncil para Ozi, e o instruiu
tecnicamente no recorte das máscaras. A experiência como publicitário foi
decisiva para Ozi na escolha do estêncil e no desenvolvimento de um repertório,
que mistura o recado das ruas com a estética Pop. Inicialmente, as máscaras
eram confeccionadas com silhuetas inteiras e vazadas, e posteriormente, com
sistemas de “pontes” ou grampos de papel, para que as figuras apresentassem
linhas internas.
It was Villaça who taught Ozi the stenciling technique, and who technically
instructed him on how to cut the masks. The experience as an adman was
fundamental for Ozi in his choice of the stencil and in the development of
a repertoire that blends the streets’ voice with a Pop aesthetics. Initially,
the masks would be crafted with wholesome, hollow silhouettes, and
later, with systems of “bridges” or staples, so that the figures could show
inner lines.
Desde o início de sua carreira, o artista recorta todas as suas matrizes a mão, com
estilete, muitas vezes apresentando mais de uma camada de cor. Estas máscaras
de estêncil recebem um acabamento em filó, para manter a integridade dos recortes
múltiplos. Pelo detalhamento das linhas e sofisticação de edição de imagens, suas
matrizes são verdadeiras obras de arte.
Ever since the beginning of his career, the artist hand-cuts his matrices, with the
use of a retractable-blade knife, many times presenting more than one shade of
color. These stencil masks then get a net fabrics lining, to keep the integrity of their
multiple cuts. For their richness of details in their lines and the sophistication of the
images editing, his matrices are real works of art.
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1984 • Neandertal
1984 • Astronauta
1984 • Neandertal III
1984 • TV - da série Graffiti Magazine
1984 • Neandertal II
1985 • Estêncil assinatura
40
1984 • Mariposa
1984 • Rã
1985 • Formiga
1984 • Borboleta e Anjo Mal
1986 • Dagon
41
1986 • Sopa Campbell`s - da série Museu de Rua
1988 • Vênus - da série Museu de Rua
42
1986 • Van Gogh - da série Museu de Rua
1986 • Di Cavalcanti - da série Museu de Rua
1986 • Anita Mafalti - da série Museu de Rua
1986 • Picasso - da série Museu de Rua
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2009 • Pistola King
2009 • Big head
2009 • Réplica Frango Assado de Alex Vallauri
2009 • Caveira
2009 • Coração
2009 • Cristo Silva
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1990 • Cisne
2004 • Anatomia Costa
2009 • Cabo Ronald - da série Toy Art Show
2009 • São Jorge
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FICHA TÉCNICA / CREDITS
OZI 30 ANOS DE ARTE URBANA NO BRASIL /
OZI 30 YEARS OF URBAN ART IN BRAZIL
curadoria / curatorship_Marco Antonio Teobaldo
coordenação geral / general coordination_Quimera Empreendimentos Culturais
produção executiva / executive production_Carlos Chapéu
projeto gráfico / graphic design_Sato do Brasil e Murilo Thaveira > casadalapa
expografia / expography_Carlos Chapéu e Marco Antonio Teobaldo
fotografia / photography_Zeca Caldeira > casadalapa
fotografias documentais/documentary pictures_acervo do artista/artist collection
revisão de textos / text revision_Renata Zambianchi
tradução / translation_Leandro Aguiar
molduras / frames_Capricho Molduras
VÍDEOS / VIDEOS
direção / direction_Marco Antonio Teobaldo
fotografia / photography_Thais Taverna
edição / editing_Guta Pacheco > casadalapa
trilha sonora / soundtrack_Janja Gomes - Estúdio Medusa
digitalização de acervo / video conversion to digital format_Morena Calazans
imagens de arquivo / archive image_Mel Duarte
entrevistados / interviewed_Alto-contraste, Baixo Ribeiro, Cadumen, Carlos Matuck, Celso
Githay, Daniel Melin, Enivo, Galo, Julio Barreto, Julio Dojcsar, Magrela, Manulo Sauro,
Mundano, Pinguim, Rui Amaral, Sato do Brasil e Siss
RECIFE (PE)
produção local / local production_ Alexandre Sampaio
assessoria de imprensa / press_ Flora Noberto
registros em foto e vídeo / still and video_Morgana Narjara
montagem / setting_GF Montagens
BRASÍLIA (DF)
produção local / local production_Monica Monteiro - Sinhá Produções
assessoria de imprensa / press_Objeto Sim
iluminação / light design_Dalton Camargos e Carlos Peukert
montagem / setting_Manoel Oliveira
pintura / wall paiting_LM Montagem e Cenários
AGRADECIMENTOS / THANKS TO
casadalapa, DJ Garrincha, Eduardo Denne, Evangelina Seiler, Fabiano Moreira,
Julio Docsjar, Heloisa Buarque de Hollanda, Maria de Oliveira, Maria do Rosário
Malcher, Merced e Petrúcio Guimarães dos Anjos, Mônica Filgueiras (in memorian),
Paulo Turra Magni e Yukimi Yagui
Para todos os escritores e artistas urbanos / To all writers and urban artists
Aos eternos parceiros de rua (in memorian) / In memorian to eternal street partners
Alex Vallauri, Mauricio Villaça e Hudinilson Jr
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Acesse www.caixacultural.gov.br
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realização
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patrocínio
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA / COMERCIALIZAÇÃO PROIBIDA

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