Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola
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Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical Levantamento florístico e etnobotânico em um hectare de floresta de terra firme na região do Médio Rio Negro, Roraima, Brasil. Juan Gabriel Soler Alarcón 2005 Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical Levantamento florístico e etnobotânico em um hectare de floresta de terra firme na região do Médio Rio Negro, Roraima, Brasil Juan Gabriel Soler Alarcón Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Botânica, Escola Nacional de Botânica Tropical, do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Botânica. Orientador: Ariane Luna Peixoto Rio de Janeiro 2005 ii Levantamento florístico e etnobotânico em um hectare de floresta de terra firme na região do Médio Rio Negro, Roraima, Brasil. Juan Gabriel Soler Alarcón Dissertação submetida ao corpo docente da Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre. Aprovada por: Prof. Dra. Ariane Luna Peixoto - Orientador Prof. Dra. Alpina Begossi Prof. Dra. Rejan R. Guedes Bruni Em 23/02/2005 Rio de Janeiro 2005 iii Soler Alarcón, Juan Gabriel S685L Levantamento florístico e etnobotânico em um hectare de floresta de terra firme na região do Médio Rio Negro, Roraima, Brasil. – Rio de Janeiro, 2005. ix, 121 f. : il. ; 28 cm. Dissertação (mestrado) – Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro/Escola Nacional de Botânica Tropical, 2005. Orientadora: Ariane Luna Peixoto. Banca examinadora: Alpina Begossi, Rejan R. Guedes Bruni. Bibliografia. 1. Etonobotânica. 2. Florística. 3. Fitossociologia. 4. Floresta Amazônica. 5. Plantas úteis. I. Título. II. Escola Nacional de Botânica Tropical. CDD 581.61 iv Este trabalho é dedicado a meus pais, Germán e Myriam, e a meu irmão por me apoiarem e acreditarem sempre em mim; ao povo brasileiro que abriu as portas do país, desde que nele pisei, permitindo-me caminhar nesta terra maravilhosa; à comunidade de Caicubi por ter me acolhido e compartilhado comigo aventuras inesquecíveis. v Agradecimentos Quero agradecer especialmente à Ariane Luna Peixoto pela excelente orientação e paciência que teve comigo durante este etapa especial da minha vida. A minha família por terem apoiado sempre, mesmo nos momentos difícies. Ao Beto e à Pascale pelo apoio que me deram quando cheguei no Rio de Janeiro. Ao instituto Caiuá por financiar o projeto, e principalmente a Walo Leuzinger por ter acreditado em nosso trabalho. À comunidade Caicubi pela acolhida carinhosa, em especial a Ernane Fontes Barbosa pela ajuda e dedicação no campo, a Pedrinho Jazinto Ogasti “Wilson”, José dos Santos “Passarinho”, Juzelino Ferreira da Silva, Duacir de Melos das Chagas “Gavião”, Elio Brasão “Gari”, Arlindo Mendes da Costa, Elizabeth Araújo da Costa, Plinia de Melo, Alberto Cerrão dos Santos “Mutum” e Esteban Brás Monteiro pela colaboração e dedicação no campo; a Mana Fé por ser uma das mulheres mais bondosas que eu já conheci durante minha vida. Aos meninos da comunidade pelas altas pescarias que realizamos durante meu transcurso na comunidade. A Santiago Palacios, um grande e velho amigo, que me acolheu em Manaus, fazendo me sentir em casa. A Maria de Paula por compartir momentos inesquecíveis no Rio de Janeiro e me ensinar coisas que os livros não podem. A todos meus companheiros do mestrado que tantas estórias vivemos. Aos parceiros do Anexo que virou um lugar de irmandade e camaradagem, Valeu irmãos! A Daniela Caride fiel parceira de escalada que passamos por aventuras inesquecíveis no estado do Rio de Janeiro virando irmãos para sempre. Ao Programa de Pos-graduação do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro pela oportunidade de realização do trabalho. A secretaria da ENBT por todo o apoio logístico durante estes dois anos. A C.A.Cid Ferreira pelo inestimável apoio no herbário do INPA. A Pablo Assunção pelo auxílio na confirmação das identificações no herbário do INPA. Aos especialistas Alberto Vicentini, Douglas Daly, José Eduardo Ribeiro, vi Michael Hopkins pela identificação de espécies de famílias de suas especialidades. A CAPES pela bolsa de mestrado concedida. vii Resumo Este estudo trata sobre a florística, fitossociologia e etnobotânica das plantas (indivíduos arbóreos, lianas e hemiepífitas) com DAP > 10cm encontradas em 1ha de floresta de terra firme na zona de interflúvio Rio Negro-Rio Branco (01°01’43”S, 62°05’21”W), município de Caracaraí, estado de Roraima, Brasil. Na florística e fitossociologia encontrou se que a altura média da floresta foi de 16,63m, com árvores emergentes que alcançaram alturas de 58m, 48m e 47m. Foram encontrados 544 indivíduos pertencentes a 194 espécies, das quais cinco estavam representadas por lianas e duas por hemiepífitas. A família de maior riqueza específica foi Leguminoseae. A espécies com densidade maior foi Clathrotropis macrocarpa. No total 17 famílias e 76 gêneros estiveram representadas por apenas uma espécie; enquanto 40 gêneros e 106 espécies estiveram representados por apenas um indivíduo. A família com maior Valor de Importância (VI) foi Leguminosae. O maior VI para as espécies foi encontrado em Clathrotropis macrocarpa. A área basal total encontrada foi de 26,35m2. O índice de Shannon (H’) encontrado foi de 4,66 e a equabilidade (J) de 0,88. A região de interflúvio entre o Rio Branco e o Rio Negro, em relação à flora era dita como insuficientemente conhecida mais de provável importância. Os dados e informações aqui apresentados e discutidos apontam a importância florística da floresta de terra firme desta área. Na etnobotânica realizou-se um estudo com os caboclos da vila de Caicubí, município de Caracaraí, envolvendo o seu conhecimento sobre as espécies com indivíduos com DAP > 10 cm no hectare de floresta de terra firme. Foram entrevistados 11 informantes chaves com idades entre 34 a 74 anos. Foram analisadas 191 espécies das quais 187 (98%) mostrarão ser de alguma utilidade; das 43 famílias encontradas, 42 (98%) apresentam espécies úteis. A família com maior valor de uso para comunidade foi Arecaceae. A espécie com maior valor de uso foi Bertholletia excelsa. As Arecaceae, Lecythidaceae e Sapotaceae são famílias que se destacaram em várias categorias de uso. As categorias com maior valor de uso foram combustível, tecnologia e construção, sendo tecnologia a categoria com maior quantidade de usos. O valor de uso médio por espécie foi de 1,6. Os recursos mais utilizados da floresta foram madeira, folhas e espinho e exsudatos. viii Abstract A floristic, phytosociolocal and ethnobotanical inventory of plants (trees, lianas and hemiepiphytes) with DBH > 10 cm was realized in a 1ha. of terra firme forests in the region between Rio Negro-Rio Branco (01°01’43”S, 62°05’21”W). In the floristic and phytosocilogical inventory were found that the media height of the forest was 16,63m, with canopy trees of 58m, 48m e 47m. The plot had 544 individuals, 194 species, of which five were represented by lianas and two by hemiepiphytes. The richest family was Leguminoseae. The species with highest density was Clathrotropis macrocarpa. A total of 17 families and 76 genera were represented only by one species; meanwhile 40 genera and 106 species were represented only by one individual. The family with the highest important value (IV) was Leguminoseae. The highest IV for the species was found in Clathrotropis macrocarpa. The basal area was of 26,35 m2. The Shannon Index (H’) found was of 4,66 and the equitability (J) 0,88. This region that is localized between the rivers Rio Branco and Rio Negro is been poorly studied with respect of the flora but it is been said of probable importance. The data and information presented in this study shows the floristic importance of terra firme forest in this area. In the ethnobotanical inventory results are presented with the caboclos of the village of Caicubi, Caracarai county, state of Roraima. The study involved the knowledge of the caboclos among the species, with individuals of DBH > 10 cm, in a 1ha of terra firme forest. A total of 11 informants were interviewed with ages between 34 and 74 years old. From the 191 species analyzed, 187 (98%) were useful for the caboclos. The family with the highest use value for the community was Arecaceae. The species with the highest used value was Bertholletia excelsa. The Arecaceae, Lecythidaceae and Sapotaceae were the families that show the highest use values between the categories of use. The categories with the highest use values were firewood, technology and construction; technology was the category with the more uses. The mean use value for species was 1,6. The resources more utilized in the forest were wood, leaves, spines and exudates. ix Sumário Resumo...........................................................................................................................viii Abstract............................................................................................................................ix Introdução Geral………………………....……………....................................................1 Referências Bibliográficas.................................................................................................3 Artigo. Florística e Fitossociologia de um Hectare de Floresta de Terra Firme no Estado de Roraima, Amazônia, Brasil...........................................................................................4 Resumo..................................................................................................................6 Abstract..................................................................................................................7 Introdução..............................................................................................................8 Materiais e métodos.............................................................................................10 Área de estudo..........................................................................................10 O método..................................................................................................12 Resultados e discussão.........................................................................................14 Conclusão.............................................................................................................42 Agradecimientos..................................................................................................43 Referências Bibliográficas...................................................................................43 Artigo. Estudo Quantitativo sobre o Uso da Floresta de Terra Firme pelos Caboclos da Vila de Caicubi, no Médio Rio Negro, Brasil.................................................................47 Resumo................................................................................................................48 Abstract................................................................................................................49 Introdução……….......…………………………………………………….........49 Área de estudo ....................................................................................................51 Métodos...............................................................................................................52 Resultados e discussão.........................................................................................56 Conclusões ..........................................................................................................91 Agradecimentos...................................................................................................93 Referências Bibliográficas...................................................................................93 Anexo 1................................................................................................................96 Conclusões e recomendações........................................................................................115 Anexo.............................................................................................................................116 x Introdução Geral A região de influência do Rio Negro exibe extensas áreas intactas de floresta. Duas características de sua vegetação merecem destaque: a alta diversidade em uma região de solos extremamente pobres e o grande número de espécies endêmicas (Oliveira et al. 2001). A região do Rio Negro constitui-se em um grande laboratório para pesquisas, pois a sua extensa área de floresta tropical ainda está pouco fragmentada pela ação do homem. Esse fato reveste-se de importância, especialmente para o futuro, tendo em vista que ainda é possível planejar a ocupação e o uso de seu solo, buscando conciliar a utilização dos recursos naturais e a conservação da biodiversidade, garantindo assim a continuidade da floresta com toda a sua riqueza (Vicentini, 2001). A densidade demográfica, 1,3 habitante por 100 hectare, vem se alterando pelo rápido crescimento populacional no baixo Rio Negro. A extração de madeira e de outros produtos naturais e a queima de áreas para o plantio e criação de pastagens direcionadas à pecuária, vêm provocando a destruição de grandes trechos da floresta (Zeiderman, 2001). O bem-estar das populações tradicionais locais será sacrificado se não se criar mecanismos para estabelecimento de áreas mínimas necessárias para conservação. Um bom conhecimento botânico da Amazônia é imprescindível para todas as atividades relacionadas ao uso e à conservação da floresta (Vicentini, 2001). Atualmente a Bacia do Rio Negro é ocupada por dois grupos principais: o índio e o caboclo. Apesar de existirem diferenças marcantes entre estes dois grupos étnicos, semelhanças amplamente difundidas podem ser apontadas, destacando-se a similaridade na agricultura de corte-queima com base no cultivo da mandioca, dieta baseada principalmente em proteína fornecida por animais silvestres, baixa densidade populacional, uma cultura de tecnologia material simples, incluindo ferramentas e utensílios de fibras vegetais (German, 2001). Diversas e complexas estratégias de utilização de recursos transformam o ambiente em uma rica base de subsistência para esses povos (German, 2001). Entretanto, a alta diversidade biológica condicionada à baixa densidade da maioria das espécies vegetais e animais dificulta a atividade de coleta e extração e determina uma relação custo-benefício, na maioria dos casos, desfavorável à exploração intensa de um único recurso (German, 2001). Soma-se a isto o fato dos solos alagáveis do Rio Negro serem muito ácidos e pobres em nutrientes, não se prestando para a agricultura. Assim diversas adaptações culturais a essas características ecológicas fundamentam 1 as práticas de subsistência das populações tradicionais, erroneamente percebidas como primitivas (German, 2001). Nesse contexto, o extrativismo é parte de um sistema diversificado e integrado nas práticas de subsitência, junto com a agricultura, a pesca, e outros, e não se constitui em uma atividade isolada de sutento (German, 2001). O projeto que originou a presente dissertação teve o objetivo de 1) estudar a florística e a estrutura de um trecho de um hectare de floresta de terra firme na região do médio Rio Negro e 2) identificar as espécies vegetais utilizadas por uma comunidade de caboclos ribeirinhos que habitam a vila de Caicubi, no igarapé Caicubi, afluente do Rio Jufari, determinando a importância e o valor de uso das espécies. Tal conhecimento poderá ajudar na implementação de projetos de sustentabilidade da floresta, visando à conservação da Bacia do Rio Negro. Também poderá auxiliar projetos já em desenvolvimento em comunidades da Amazônia, com aporte de novos conhecimentos sobre comunidades tradicionais amazônicas. O projeto também se insere no conjunto de estudos já realizados no Brasil sobre comunidades de ribeirinhos amazônicos, dando continuidade à busca de conhecimento sobre o saber destas comunidades tradicionais. O Ministério do Meio Ambiente em 2001 listou 168 trabalhos publicados sobre caboclos/ribeirinhos amazônicos. Destes trabalhos 54 (32,1%) envolveram estudos de etnoconhecimento (Diegues & Arruda, 2001). A comunidade que habita a vila de Caicubi ainda não foi contemplada com estudos desta natureza. A região de interfluvio Rio Branco-Rio Negro é apontada como área de alta importância biológica, prioritária para conservação da biodiversidade, com ausência de unidades de conservação é reconhecida como de Alta Importância Biológica para aves, mamíferos, répteis e anfíbios (Capobianco, 2001). As florestas da região são ditas como prioritárias para inventários, sendo classificadas como uma Área Insuficientemente Conhecida mas de Provável Importância (Capobianco, 2001). Optou-se pela apresentação dos resultados da pesquisa na forma de dois artigos científicos. O primeiro deles, intitulado “Florística e fitossociológia de um hectare de floresta de terra firme no estado de Roraima, Amazônia, Brasil” trata do inventario das espécies arbóreas, lianas e hemiepifitas com diâmetro igual ou maior de 10 cm ocorrentes em 1 ha. de floresta de terra firme. Buscou, além do inventário florístico, determinar a riqueza, densidade, freqüência, dominância e valor de importância das espécies da área. Este artigo foi submetido à revista científica Acta Amazônica, publicada pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, e está 2 apresentado segundo as normas da revista. O segundo artigo, intitulado “Estudo Quantitativo sobre o Uso da Floresta de Terra Firme pelos Caboclos da Vila de Caicubi, no Médio Rio Negro, Brasil” trata da identificação das espécies vegetais de terra firme utilizadas pela comunidade de caboclos da vila de Caicubi e da compreensão e importância das espécies vegetais do ponto de vista da comunidade de Caicubi. No artigo buscou-se resgatar, sistematizar e categorizar as informações sobre as espécies vegetais ocorrentes em 1 ha. de floresta de terra firme utilizadas pela comunidade de Caicubi, calculando o valor de uso. Este artigo será enviado para a revista científica Economic Botany, publicada pelo New York Botanical Garden. Referências Bibliográficas Capobianco, J.P.R. (Org.). 2001. Biodiversidade na Amazônia Brasileira. Ed. Estação Liberdade/Instituto Socioambiental. São Paulo, SP. 540 p. Diegues A.C. & Arruda R. S. V. 2001. Saberes Tradicionais e Biodiversidade no Brasil. Biodiversidade 4. Ministério do Meio Ambiente. Brasília. 176 p. German L. 2001. Cap. 7. Formas Tradicionais de Exploração e Conservação das Florestas. In: Oliveira A.A. & Daly, D. (ed.). Florestas do Rio Negro. The New York Botanical Garden, New York. 221-253 Oliveria A.A., Daly D. C., Vicentini A., Cohn-Haft M. 2001. Cap. 6. Florestas sobre Areia: Campinaranas e Igapós. In: Oliveira A.A.& Daly, D. (ed.). Florestas do Rio Negro. The New York Botanical Garden, New York. 179-219 Vicentini A. 2001. Cap. 5. As Florestas de Terra Firme. In: Oliveira A.A.& Daly, D. (ed.). 2001. Florestas do Rio Negro. The New York Botanical Garden, New York. 143-177 Zeidermann V.K. 2001. Cap. 2. O Rio das Águas Negras. In: Oliveira A.A.& Daly, D. (ed.). Florestas do Rio Negro. The New York Botanical Garden, New York. 61-87 3 Artigo FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLÓGIA DE UM HECTARE DE FLORESTA DE TERRA FIRME NO ESTADO DE RORAIMA, AMAZÔNIA, BRASIL 4 FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGIA DE UM HECTARE DE FLORESTA DE TERRA FIRME NO ESTADO DE RORAIMA, AMAZÔNIA, BRASIL¹,² Juan Gabriel Soler ALARCÓN³ Ariane Luna PEIXOTO4 ¹Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, desenvolvida na Escola Nacional de Botânica Tropical do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. ² Apoio financeiro e logístico da Fundação Caiuá de Gestão Ambiental. ³ Mestrando, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Bolsista Capes; 4 Pesquisadora do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rua Pacheco Leão 2040, 22460-038, Horto, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Bolsista CNPq. 5 FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGIA DE UM HECTARE DE FLORESTA DE TERRA FIRME NO ESTADO DE RORAIMA, AMAZÔNIA, BRASIL RESUMO. São apresentados dados florísticos e fitossociológicos de 1 ha. de floresta de terra firme localizada na região do baixo Rio Branco (01°01’43”S, 62°05’21”W), Roraima, Brasil. A amostragem incluiu os indivíduos arbóreos, lianas e hemiepífitas com DAP > 10cm. A altura média da floresta é de 16,63m, com árvores emergentes que alcançaram alturas de 58m, 48m e 47m. Foram encontrados 544 indivíduos pertencentes a 194 espécies, das quais cinco estavam representadas por lianas e duas por hemiepífitas. As famílias de maior riqueza específica foram Leguminoseae, Cecropiaceae, Burseraceae, Chrysobalanaceae e Moraceae. Os gêneros de maior riqueza específica foram Pourouma, Inga, Licania, Protium e Pouteria. As espécies com densidades maiores foram Clathrotropis macrocarpa, Bocageopsis multiflora, Eschweilera coriacea, Euterpe precatoria, Inga alba, Pourouma cf. tomentosa subsp. apiculata. Dezessete famílias e 76 gêneros estiveram representados por apenas uma espécie; 40 gêneros e 104 espécies representados por apenas um indivíduo. As famílias com maiores Valor de Importância (VI) foram Leguminosae, Cecropiaceae, Lecythidaceae, Annonaceae e Arecaceae. Os maiores VI para espécies foram encontrados em Clathrotropis macrocarpa, Goupia glabra, Bocageopsis multiflora, Eschweilera coriacea, Euterpe precatoria. A área basal total encontrada foi de 26,35m2. O índice de Shannon (H’) encontrado foi de 4,66 e a equabilidade (J) de 0,88. A região de interfúlvio entre o Rio Branco e o Rio Negro, em relação à flora era dita como insuficientemente conhecida, mas de provável importância. Os dados e informações aqui apresentados e discutidos comfirmam a importância florística da floresta de terra firme desta área. Também se procura fornecer dados que permitirão comparar esta pesquisa com outras similares, realizadas na Amazônia. 6 Palavras-chave – inventário florístico, estrutura fitosociologica, floresta de terra firme, Amazônia brasileira. ABSTRACT. (Floristic compositon and structure in one hectare of terra firme forest, state of Roraima, Amazon, Brazil) A quantitative floristic and phytosociological inventory in a 1 ha. of terra firme forests were conducted in the region of the lower Rio Branco (01°01’43”S, 62°05’21”W), Roraima State, Brazil. This study included trees, lianas and hemiepiphytes with dbh > 10cm. The media height of the forest was 16,63m, with canopy trees of 58m, 48m e 47m. The plot had 544 individuals, 194 species, of which five were represented by lianas and two by hemiepiphytes. The richest families were Leguminoseae, Cecropiaceae, Burseraceae, Chrysobalanaceae and Moraceae. The richest genera were Pourouma, Inga, Licania, Protium e Pouteria. The species with highest densities were Clathrotropis macrocarpa, Bocageopsis multiflora, Eschweilera coriacea, Euterpe precatoria, Inga alba, Pourouma cf. tomentosa subsp. apiculata. A total of 17 families and 76 genera were represented by only one species; 40 genera and 104 species by only one individual. The families with the highest important value (IV) were Leguminosae, Cecropiaceae, Lecythidaceae, Annonaceae e Arecaceae. The highest IV for the species was found in Clathrotropis macrocarpa, Goupia glabra, Bocageopsis multiflora, Eschweilera coriacea, Euterpe precatoria. The basal area was of 26,35m2. The Shannon Index (H’) found was of 4,66 and the equitability (J) 0,88. This region, which is localized between the rivers Rio Branco and Rio Negro is said to have been poorly studied with respect of the flora but of probable importance. The data and information presented shows the floristic importance of the forest of terra firme in this area and looks forward to provide tools that will permit to compare this study with similar ones carried out in the Amazons. Key words – floristic composition, structure phytosociology, terra firme forest, Brazilian Amazon. 7 Introdução A região Amazônica ocupa uma área aproximada de seis milhões de km 2 na América do Sul, dos quais cerca de 60% encontra-se em território brasileiro (Pires, 1980). O relevo é um dos fatores principais para determinar o tipo de vegetação, e esta está dividida em dois grupos principais: a vegetação de terra firme e a vegetação que sofre inundação (Pires & Prance, 1985). Outra forma prática para expressar as diferenças entre tipos de vegetações é de correlacionar as diferenças entre índices de biomassa: tipos de vegetação similar contém aproximadamente a mesma biomassa (área basal por hectare)(Pires & Prance, 1985). Com estes dois fatores Pires & Prance (1985) dividem os principais tipos de vegetação na Amazônia. O presente estudo foi desenvolvido em floresta densa de terra firme, segundo esta classificação e muitas vezes chamada na literatura de floresta de terra firme (Milliken, 1998; Campbell et al. 1986; Ferreira & Prance, 1999, entre outros). As florestas de terra firme são reconhecidas no sistema de Veloso et al. (1991) como Florestas Ombrófilas Densas. Embora a literatura hoje disponível sobre inventários florísticos e fitossociológicos em florestas de terra firme, várzea e igapó seja considerável, muitas vezes é difícil comparar os resultados entre os diferentes inventários devido à diferença entre os métodos empregados, os critérios de inclusão de indivíduos e a grande diversidade local. Campbell et al. (1986) tecem comentários sobre a dificuldade de se fazer comparações entre diferentes inventários realizados na Amazônia por muitos deles utilizarem distintos critérios de inclusão. Apresentam uma tabela contendo 20 inventários realizados, incluindo o deles, que amostraram entre 0,5 e 3,8ha com formato de área variado e critério de inclusão, entre 8 e 15cm de DAP. Oliveira & Nelson (2001), fazem uma analises da composição florística, a nível genérico, entre 12 localidades da Amazônia Brasileira, uma na Bolívia e uma Costa Atlântica Brasileira 8 com base em inventários publicados. Não analisaram os dados a nível específico por reconhecerem a existência de problemas de indentificação botânica e nomenclatura das espécies. Nelson & Oliveira (2001) escrevendo sobre o estado de conhecimento florístico da Amazônia, comentam sobre inventários quantitativos de árvores em florestas de terra firme e em florestas periodicamente inundadas, desde os primeiros realizados na região em 1934, até os mais recentes. Apresentam uma tabela síntese de 37 destes inventários. Comentam sobre as dificuldades para comparações entre os diferentes estudos devido à variedade de metodologias, principalmente quanto à forma e tamanho da área amostral e diâmetro de inclusão. Ressaltam as dificuldades de se obter boas amostras de material testemunho e a complexidade de identificações destas amostras, o que dificulta ainda mais as comparações florísticas e estruturais ao nível de espécies. Embora já seja significativo o conhecimento sobre a florística e a estrutura da floresta Amazônica, quando se considera o tamanho e a diversidade biológica da região, a informação ainda é insuficiente para uma interpretação satisfatória da fitogeografia e da fitossociologia da Amazônia (Milliken, 1998). Na revisão de literatura sobre inventários apresentada por Nelson & Oliveira (2001), não há nenhuma citação para trabalhos realizados em Roraima. Entretanto, a região de interfúlvio Rio Branco-Rio Negro, onde o presente trabalho foi realizado, é apontada como área de alta importância biológica, prioritária para biodiversidade, com ausência de unidades de conservação, é reconhecida como de Alta Importância Biológica para aves, mamíferos, répteis e anfíbios. Também suas florestas são ditas como prioritárias para inventários, sendo reconhecidas como uma Área Insuficientemente Conhecida, mas de Provável Importância (Capobianco, 2001). O presente estudo objetivou a busca de conhecimento sobre a estrutura e a composição florística de um hectare da floresta de terra firme, considerando-se apenas árvores, lianas e 9 hemiepífitas arbóreas com diâmetro altura do peito (DAP) > 10cm. Esta pesquisa faz parte de um estudo etnobotânico que visa identificar a utilização das espécies do trecho de floresta estudado pela comunidade ribeirinha da vila de Caicubi. Os dados e informações aqui apresentados e discutidos visa contribuir também para uma futura interpretação mais acurada do vasto espaço florestado da Amazônia, fornecendo ferramentas para a conservação. Materiais e Métodos Área de estudo O estudo foi realizado em um hectare de floresta de terra firme, localizado próximo à vila Caicubi (com coordenada central de 01°01’43”S e 62°05’21”W, altitude de 50 msnm). Esta vila, habitada por 400 pessoas em 72 famílias (Com. Pes. Orange Ferreira), localiza-se na margem do igarapé Caicubí, afluente do rio Jufarí, na região do baixo Rio Branco (interfluvio Rio Branco/ Rio Negro), município de Caracaraí, Roraima (Fig. 1). As cidades mais próximas à vila de Caicubi são Barcelos e Manaus (Amazônia) localizadas no Rio Negro, e Caracaraí, Roraima no Rio Branco. Segundo a classificação de Veloso et al. (1991), a área de estudo caracteriza-se como Floresta Ombrófila Densa das terras baixas e segundo a classificação de Pires & Prance 1985 a floresta densa de terra firme. 10 Figura 1 Mapa de localização do trecho de floresta de terra firme próximo à vila de Caicubi, Município de Caracaraí, Estado de Roraima, Brasil. Vila Nova et al. (1976), apresentam dados climatológicos de Barcelos (0o59’S, 62o55’W) onde se localiza a estação meteorológica mais próxima a Caicubi e apontam, em uma série de 30 anos (1931-1960), temperatura media anual de 26 °C; pluviosidade média anual de 1999 mm, sendo os meses mais chuvoso s abril, maio e junho; umidade relativa de 86%. O clima da região é tipicamente quente e úmido (Afi de Köepen). O trabalho desenvolvido pelo RADAMBRASIL (1978) identifica o trecho estudado como pertencente à Formação Solimões; geomorfologicamente está classificado como Interflúvio tabular de relevo de topo aplainado, cujo solo é do tipo Latossolo Amarelo Álico (RADANBRASIL, 1978). A escolha do trecho selecionado para o estudo foi feita numa área que, de acordo como a população local, teve pouca intervenção, tendo sido extraídos produtos não madeiráveis, principalmente de espécies como: açaí (Euterpe precatória), bacaba (Oenocarpus bacaba), cipó 11 titica (Heteropsis cf. flexuosa), arumã (Ishnosiphon sp.), castanha (Bertholletia excelsa), ubim (Geonoma spp.). O método O método escolhido para o estudo florístico e fitossociológico foi o de parcelas, de modo geral empregado em estudos similares na Amazônia (Campbell et al. 1986, Milliken, 1998, Ferreira & Prance, 1999, entre outros). Na área previamente escolhida delimitou-se 1 ha. em forma de retângulo (200m x 50m), sob oreintação Norte-Sul subdividido em parcelas de 10m x 10m. Optou-se por um retângulo, pois ao tentar se delimitar um quadrado de 100m x 100m se encontrou castanhais nos quais a população local coleta frutos e para tal limpam parcialmente um trecho correspondente ao diâmetro das copas das castanheiras. Mas a diferença de forma da parcela entre quadrado e retângulo, das dimensões empregadas, parece não influenciar significativamente analises relativas à riqueza de espécies (Laurance et al. 1998); retângulos mais estreitos (10m x 1000m), entretanto, podem capturar maior riqueza (Laurance et al. 1998). Dentro das parcelas foram numerados seqüencialmente, com pequenas placas de material plástico, todos os indivíduos arbóreos, lianas e hemiepífitas com diâmetro a altura do peito (DAP) > a 10cm. Quando as árvores apresentavam sapopemas, o DAP foi medido acima destas. Para todos os indivíduos anotou-se em planilhas dados de altura total, altura do fuste, DAP e características morfológicas, como cor do ritidoma, exsudatos (látex, seiva, resina, goma), odor, ou outros caracteres que pudessem auxiliar na identificação, bem como o nome popular. No período de novembro de 2003 a fevereiro de 2004, em duas estadias que totalizaram 56 dias na vila de Caicubi, foram coletados ramos de todas as morfo-espécies, com exceção Astrocaryum aculeatum, Attalea maripa, Euterpe precatoria, Oenocarpus bacaba e Jacaranda copaia. A 12 coleta foi realizada com tesoura de alta poda e, para os indivíduos com copas acima de 14 m, foi necessário escalar as árvores utilizando peconha, técnica amplamente utilizada pelos habitantes da região, para a coleta de alguns recursos vegetais das palmeiras de açaí (Euterpe precatoria), bacaba (Oenocarpus bacaba) e patauá (Oenocarpus bataua), entre outras. As amostras botânicas foram prensadas em jornal e preservadas em álcool durante todo o período de permanência no campo. Após cada um dos dois períodos no campo as amostras foram secas em estufa nos laboratórios do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). A coleção completa das amostras foi depositada no herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB) e duplicatas de exemplares férteis encontram-se depositadas no herbário do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). A identificação taxonômica foi realizada inicialmente no campo, utilizando-se dois manuas de campo muito empregados em identificação de árvores (Gentry, 1993; Ribeiro et al. 1999). As identificações foram realizadas com literatura especializada e comparando as amostras coletadas com exemplares depositados nos herbários do INPA e RB. Para algumas famílias as identificações foram confirmadas pelos seus especialitas: Lauraceae (A. Vicentini ), Burseraceae (D. Daly), Moraceae (J. E. Ribeiro) e Leguminoseae (M. Hopkins). Não foi possível identificar três espécimes as quais foram tratadas como um grupo à parte, denominado Indeterminadas. Estes espécimes permaneceram desfolhados durante toda a permanência em campo, o que impossibilitou também suas coleta para constituir exemplares testemunhos. Três morfo-espécies, idênticas a táxons ainda não descritos táxonômicamente, porém citados em Ribeiro et al. (1999), são citadas como nesta obra (Ocotea sp. E, Aniba aff. williamsii, Qualea sp.1). O tratamento das famílias adota o sistema de classificação de Cronquist (1981), exceto para Leguminosae que foi considerada como família única, como indicadod por Polhill & Raven (1981). Optou-se por este procedimento para possibilitar uma melhor comparação entre o trecho 13 estudado e outros estudos realizados na região Amazônica. A grafia dos nomes das espécies foi conferida em revisões taxonômicas ou no Index Kewensis, versão on line. Os nomes dos autores dos táxons encontram-se abreviados segundo Brummit & Powel (1992). Os nomes populares foram indicados por 11 colaboradores da vila de Caicubí que auxiliaram nos trabalhos de campo. O programa Fitopac 1 (Shepherd, 1995) foi utilizado para analisar os parâmetros fitossociológicos. No caso das espécies e das famílias foram calculados os valores absolutos e relativos de densidade, freqüência e dominância e os valores de importância (VI) (MüllerDombois & Ellenberg, 1974), assim como o índice de diversidade de Shannon (H’) e a Equabilidade (J) (Magurran, 1988). Resultados e discussão No trecho de um hectare de floresta de terra firme foram encontrados 544 indivíduos, distribuídos em 43 famílias, 106 gêneros e 192 espécies. Com respeito ao hábito, 185 eram de espécies arbóreas (em 100 gêneros), seguido pelas lianas com cinco espécies (em 4 gêneros e uma indeterminada) e hemiepífitas com duas espécies (em dois gêneros). A Tabela 1 apresenta as espécies ocorrentes na área de estudo, em ordem alfabética de famílias, juntamente com os nomes populares pelos quais são reconhecidas pelos moradores locais e seus respectivos números de coleta do exemplares testemunhos. 14 Tabela 1. Espécies arbóreas, lianas e hemiepífitas com DAP >10cm amostradas em 1 ha. de floresta de terra firme na vila de Caicubi, Caracaraí, Roraima, Brasil,, seus nomes comuns utilizados localmente e número de coleta de Juan G. Soler A. (hemiepífita*, lianas**, nomes utilizados por Ribeiro et al. ***). FAMÍLIAS/ESPÉCIES NOMES POPULARES ANACARDIACEAE Tapirira guianensis Aubl. ANNONACEAE Bocageopsis multiflora (Mart.) R.E. Fr Fusaea longifolia Safford. Guatteria citriodora Ducke Xylopia aff polyantha R.E.Fr. Xylopia amazonica R.E.Fr. APOCYNACEAE Ambelania acida Aubl. Couma guianensis Aubl. Odontadenia cognata (Stadelm.) Woodson ** Rhigospira quadrangularis Miers. 132 Envira-surucucu, envira-ferro, envirapreta envira-ferro Envira-pimenta, envira Envira-preta, envirera Envira-vasourinha, envira-surucucuvermelha 4 160 44 12 40 Pepino-do- mato Sorva, sorvão Cipó-cururu 7 57 141 Balatarana 204 AQUIFOLIACEAE Ilex divaricata Mart ex Reiss. ARALIACEAE Schefflera morototoni (Aubl.)Maguire,Steyerm. & Frodin No Col. 86 Morototo, murucututu 8 ARECACEAE Astrocaryum aculeatum Wallace Attalea maripa Mart. Euterpe precatoria Mart. Oenocarpus bacaba Mart. Tucumã Inajá Açaí Bacaba, bacabeira S/C S/C S/C S/C BIGNONIACEAE Jacaranda copaia D.Don Para-pará S/C Envira-branca 25 168 BOMBACACEAE Quararibea ochrocalyx Visch. Rhodognaphalopsis cf. duckei A. 15 Robyns BORAGINACEAE Cordia bicolor A.DC. ex Dc. Cordia exaltata Lam. Cordia nodosa Lam. Cordia panicularis Rudge Cordia sp. BURSERACEAE Crepidospermum cf. rhoifolium (Benth.) Triana & Planchon Dacryodes cf. hopkinsii Daly Dacryodes sclerophylla Cuatrec. Protium amazonicum (Cuatrec.) Daly Protium grandifolium Engl. Protium hebetatum Daly Protium opacum Swart subsp. Opacum Protium subserratum Engl. Protium trifoliolatum Engl. Trattinnickia boliviana ( Swart.) Daly Trattinnickia glaziovii Swart. CARYOCARACEAE Caryocar glabrum (Aubl.)Pers. subsp. parviflorum (A.C.Sm.) Prance & M.F. da Silva Caryocar glabrum (Aubl.) Pers. subsp. Glabrum CECROPIACEAE Cecropia distachya Huber Coussapoa sprucei Mildbr.* Pourouma cf. cuspidata Warb. & Mildbr. Pourouma cf. tomentosa subsp. apiculata (Benoist) C.C. Berg & Van Pourouma cucura Standl. & Cuatrec. Pourouma ferruginea Standl. Pourouma guianensis Aubl. subsp. guianensis Pourouma melinonii Benoist subsp. melinonii Envira-pimenta, envira-tai Ovo-de-mucura, saco-de-mucura Envira-preta, embira Muela –de-inambu, tintarana, breuxicantã Breeira, tinturana Breu-cicantaá Breera, breu-cajarana Breu-cicantaá, cicantaá-de-inambú Breu-cicantaá, breu Moela-de-inambu, breeira-da-folhagraúda Moela-de-inambu, tinturana Breu Breu-cicantaá Breera-breu xicantá, cajarana 18 38 261 76 216 99 187 289 178 133 53 70 158 15 109 77 Piquiarana 312 Piquiarana 50 Imbaúba-branca, imbaúba-da-folhagraúda Mata-pau Imbauba, imbaubarana 69 251 60 Imbaubão, cucuraí, imbaúba-da-terrafirme Imbaúba-branca, imbaúba, cucura Imbaúba, cucurarana, cucura Imbaúba-bengüe, caimbe, cucura-do-mato 20 111 205 202 Imbaubão, cucura, imbaúba 19 16 Pourouma minor Benoist Imbaúba-branca, imbaúba, imbaúba-defolha-miúda Imbaúba-branca, cucurarana, cucura, Imbaúba-branca, cucura–do-mato 284 218 Imbaúba, cucurai, imbaúba-branca 148 Imbaúba-bengüe, caimbe, cucurarana 105 Cupiúba 11 Cumanda, macucuí Caraipé branco, caraipé, jutaí-pororoca 270 78 Caraiperana, uchibravo, caraipé Macucuí Macucuí 282 101 255 Macucuí, macucuí-preto 172 Macucuí, macucuí-legitimo, macucuíbranco Caraipe, Guará, , caraipé-preto, Uararana, Ararana Caraipé, caraipé-de-casca fina, caraipépreto Macucuí, macucuí-branco Macucuí-branco 114 Apuí Bacurizinho, Anani, Ananirana, pachiubarana Pachiubarana, pachiubinha, Ananirana 264 106 DILLINIACEAE Pinzona coriacea Mart. & Zucc. ** Cipó-d´agua 241 ELAEOCARPACEAE Sloanea cf. synandra Spruce ex. Benth. Urucurana 113 Pourouma ovata Trec. Pourouma tomentosa Miq. subsp. essequiboensis (Stand.) C.C. Berg & Heusden Pourouma tomentosa Miq. subsp. tomentosa Pourouma villosa Trecúl CELASTRACEAE Goupia glabra Aubl. CHRYSOBALANACEAE Couepia aff. obovata Ducke Hirtella racemosa var. hexandra (Willdenow ex Roemer & Schultes) Prance Licania canescens Benoist Licania caudata Prance Licania cf. prismatocarpa Spruce ex Hook. F. Licania heteromorpha Benth. subsp. Heteromorpha Licania hirsuta Prance Licania micrantha Miq. Licania octandra subsp. pallida (Hooker f.) Prance Licania sothersiae Prance Licania unguiculata Prance CLUSIACEAE Clusia grandiflora Splitg. * Symphonia globulifera L. Tovomita schomburgkii Planch. & Triana 36 75 122 88 143 13 17 Sloanea pubescens Benth. Sloanea rufa Planch. ex Benth. Sloanea sp.1 EUPHORBIACEAE Alchornea schomburgkii Klotzsch Alchornea triplinervia Mull. Arg. Croton lanjouwensis Jabl. Hieronyma mollis Muell. Arg. Euphorbiaceae sp1 FLACOURTIACEAE Laetia procera Eichl. Laetia sp.1 Lindackeria cf. paludosa Gilg. GNETACEAE Gnetum leyboldii Tul.** HUGONIACEAE Hebepetalum humiriifolium (Planch.) Jackson LAURACEAE Aniba aff. williamsii O. C. Schmidt *** Licaria guianensis Aubl. Mezilaurus subcordata (Ducke) Kosterm Ocotea nigrescens A. Vicentini Ocotea rhodophylla A. Vicentini Ocotea sp. E *** Ocotea subterminalis H. van der Werff Pleurothyrium vasquezii H. van der Werff LECYTHIDACEAE Bertholletia excelsa Humb & Bonpl. Eschweilera bracteosa Miers Eschweilera coriacea Mart. ex O.Berg Eschweilera grandifolia Mart ex DC. Eschweilera pedicellata Urucurana Canala-de-velho, canela-de-maçarico Urucurana 278 211 279 Dima 165 22 128 212 210 Pau-judeu, matutexi, matute 9 235 47 Cipó-curucuda, cipó-tuiri 250 Suim 6 Louro-rosa, abacaterana, louro-chumbo Louro-alitú, louro-gavali 208 98 214 Louro-preto, louro-santo, louro-chumbo, marirana Louro-rosa, louro-bosta, louro-alitu, marirana Abacaterana, louro-bosta Louro-santo Louro-chumbo, louro-abacaterana 42 Castanheira Matamata-preto, matamata Ripeira, matamata, matamata-preto, matamatá-folha-graúda Matamata-branco, sapucaia-castanha, catanharana Matamata-preto, matamata-folha-miúda, 197 162 82 283 S/C 45 54 125 199 18 (Richard)S.A.Mori Gustavia augusta Amoen. Acad. Lecythis poiteaui O.Berg. Lecythis retusa Spruce ex O.Berg Lecythis zabucaja Aubl. LEGUMINOSAE CAESALPINIOIDEAE Bahuinia guianensis Aubl. ** Dicorynia paraensis Benth. Sclerolobium aff. setiferum Ducke Sclerolobium chrysophyllum Poepp. & Endl. Sclerolobium setiferum Ducke Tachigali myrmecophila Ducke Tachigali venusta Dwyer MIMOSOIDEAE Cedrelianga cataeniformis (Ducke) Ducke Dinizia excelsa Ducke Enterolobium schomburgkii Benth. Inga aff. bicoloriflora Ducke Inga aff. Capitata Desv. Inga alba (Swartz) Willd. Inga cf. laurina Willd. Inga cf. paraensis Ducke Inga grandiflora Ducke Inga paraensis Ducke Inga rhynchocalyx Sandwith Inga thibaudiana DC. Inga umbratica Poepp. & Endl. Parkia sp. Parkia nitida Miq. Pseudopiptadenia psilostachya (DC.) G.Lewis & M.P.M. de Lima Stryphnodendrom paniculatum Poepp. & Endl. Zygia racemosa (Ducke) Barneby & J.W.Grimes canhizera Envira-de-cutia, periquito-castanha, ripeira Envira-de-cutia, envira-de-periquito, cuyombo, ripeira Envira-de-cutia, matamata, castanhasapucaia, cajurana Castanha-sapucaia, piquiteira, ripeira 220 273 226 269 Escada-de-jabuti Coração-de-negro, tintarana Tachi-preto, tachi Tachi-vermelho, tachi 27 96 134 276 Tachi-preto, tachi Tachi, tachi-preto, tachi-vermelho, Tachi-preto, tachi 41 66 84 Cedrarana, cedrão-vermelho 300 Angelim, paracaxii, angelim-pedra, cavivi-da-terra firme Angelim, sucupira, cavivi-da-terra-firme Ingá, ingarana, ingá-xixica Ingá-de-macaco, ingá-xixica, ingá-pretp Ingá-xixica, ingarana Ingá-xixica, ingarana Ingá-de-macaco Ingarana Ingá-de macaco, ingá-xixica, ingá-preto, ingaí, cumanda Ingá-xixica, ingarana Ingarana, ingá-xixica, ingá-preto Ingarana, ingá-de-macaco, ingá-xixica, Piradabi-do-mato Piradabi-do-mato, angelirana, piradabida-terra-firme, fava Angelim-babão, cavivi-da-terra-firme, sucupira-branca Taquarirana, tachi, tachirana 246 Pau-santo, rabo-de-tatu, angelim, cavivida-terra-firme 267 236 153 73 238 245 206 48 37 189 31 90 80 244 68 28 19 PAPILIONOIDEAE Andira micrantha Ducke Clathrotropis macrocarpa Ducke Papilionoideae sp. 1 Ormosia aff. nobilis Tul. var. nobilis Ormosia grossa Rudd. Pterocarpus officinalis Jacq. Swartzia cf. dolichopoda R.S.Cowan Swartzia corrugata Benth. MELASTOMATACEAE Miconia traillii Cogn. Sucupira-amarela, cavari-babão Amarelinho, cavari, baudera, paratari Tento, tento-vermelho Tento Sucupira-preta, jutaí-pororoca, cavivirana Coração-de-nego Tento, tenturana Goiaba-de-anta, canelha-de-velha, buchucho MELIACEAE Guarea guidonia (L.) Sleumer Guarea silvatica C.DC. MORACEAE Clarisia racemosa Ruiz & Pav. Helianthostylis sprucei Baill. Helicostylis tomentosa (Poepp. & End.) Macbride Maquira sclerophylla (Ducke) C.C.Berg. Moraceae sp1 Virola calophylla Warb. Virola enlongata (Benth.) Warb. Virola theiodora Warb. 193 285 234 Guariuba Anani-branco Muiratinga, pé-de-jabuti, fruta-dejabuticaba Muiratinga, abiurana-branca Paratari-branco, saboarana-da-terra-firme, mirapiringa Naucleopsis glabra Spruce ex Pittier Muiratinga, pé-de-Jabuti Perebea guianensis Aubl. Muiratinga, pé-de-jabuti, jaboticaba Perebea mollis (Planch. & Endl.) Huber Muiratinga, pé-de-jabuti, tinteira, subsp mollis jaboticaba Pseudolmedia laevis (Ruiz & Muiratinga, taquari-da-terra-firme, Pav.)Macbride muiratinga, manichi Sorocea guilleminiana Gaudich. Piranha caã, matacalado, língua-de-tucano MYRISTICACEAE Iryanthera juruensis Warb. Iryanthera coriacea Ducke Iryanthera grandis Ducke Osteophloeum platyspermum Warb. 237 92 127 112 277 222 157 81 Copeira, punã, lacre, taquari, Copeira, punã, jiigua Punarana, virola Marupa-vermelho, pau-pra-tudo, miracêe, uicui, copeira Envirola, ucuuba, puna-da-folha graúda, ucuuba, lacre Ucuuba-vermelha, puna, puna-branca Virola-branca, ucuuba-vermelha, copeira, 136 290 24 192 33 43 39 239 35 155 5 123 175 203 156 312 21 20 Virola venosa Warb. punã, virola, ucuuba Punarana, virola, taquari, copeiro-branco 173 MYRSINACEAE Cybianthus aff. detergens Mart. Tintarana-da-terra-firme 23 Araçarana, araçá, pau-mulato Daicú, tintarana, caçari-da-terra firme, araçá Pau vidro, guajabinha, caçari-da-terrafirme Pau-vidro, araçá, araçarana Chumberi, tamandaré, araçá-do-mato Pau-vidro, araçá, mustinha, ouvido-depeixe Araçarana, caçari-da-terra-firme, araçá, pau-mulato 169 150 Acariquarana, acariquara 16 Macucuirana, louro, macucui, lourinho Paratari, paracaxi-do-vermelho, taperebarana 170 16 Carapitiu-da-terra-firme, daicurana, paucravo 225 Apuruí Itaubarana Itaubarana-da-folha-miúda 249 51 72 Tamaquarerana 223 MYRTACEAE Calycolpus sp. Eugenia aff. florida DC. Eugenia cf. cuspidifolia DC. Eugenia cf. omissa McVaugh Eugenia sp.1 Myrcia aff. rufipila McVaugh Myrcia sylvatica DC. OLACACEAE Minquartia guianensis Aubl. QUIINACEAE Quiina florida Tul. Touroulia guianensis Aubl. ROSACEAE Prunus myrtifolia Urb. RUBIACEAE Borojoa claviflora (K.Schum.)Cuatrec. Ferdinandusa rudgeoides Wedd. Ferdinandusa sp1. SABIACEAE Ophiocaryon aff. manausense (W.A.Rodrigues)Barneby 85 182 271 256 46 SAPINDACEAE Cupania scrobiculata Rich. 136 SAPOTACEAE Chrysophyllum sanguinolentum (Pierre) Abiurana 281 21 Baehni Micropholis guyanensis (A.DC.) Pierre subsp. Guyanensis Pouteria caimito Radlk. Pouteria cuspidata (A.DC.)Baehni Pouteria durlandii (Standl.) Baehni Pouteria glomerata Radlk. Pouteria guianensis Aubl. Pouteria sp.1 Cedrinho, cedro-branco, caramuri, balatarana Abiurana-ferro, abiurana Mortinha Abiurana, abiurana-ferro Abiurana, abiurana-ferro, araru Abiurana-ferro, abiurana Taquari, goiaba-de-jabuti 145 120 74 131 34 257 Cajurana 117 Marupá, marupa-branco 63 Envira, biriba, biriba-do-mato, cupuíbravo Cupuí-bravo 89 Cacau, cupu-do-mato Cupuí Cacau 110 55 83 Sororoca, bananeira-do-mato 78 Biriba-do-mato, biribarana, bolacheira, bolacharana 83 VIOLACEAE Paypayrola sp. Abacaterana 91 VOCHYSIACEAE Erisma bracteosum Ducke Qualea paraensis Ducke Qualea sp.1 *** Vochysia vismiaefolia Spruce ex Warm. Ripeira Cafearana-branca, cafearana Cupiubarana Macucui-da-branca 140 64 243 108 SIMAROUBACEAE Simaba polyphylla (Cavalcante) W.W.Thomas Simarouba amara Aubl. STERCULIACEAE Theobroma microcarpa Mart. Theobroma obovatum Klotzch ex Bernoulli Theobroma speciosa Willd. ex Spreng. Theobroma subincanum Mart. Theobroma sylvestris Aubl. ex Mart. STRELITZIACEAE Phenakospermum guyanense (L. C. Rich.) Endl. TILIACEAE Apeiba echinata Gaertn. INDETERMINADAS Indet. sp.1 Indet. sp.2 ** Indet. sp.3 93 14 S/C S/C S/C 22 A família com maior riqueza foi Leguminosae com 32 espécies, 17 delas pertencem à subfamília Mimosoideae, oito à subfamília Papilionoideae e sete à subfamília Caesalpinoideae. As outras famílias com maior riqueza de espécies foram Cecropiaceae (13 espécies), Burseraceae (11), Chrysobalanaceae (11) e Moraceae (10). Foram encontradas 17 famílias representadas por apenas uma espécie. A família Leguminosae, também se caracterizou por apresentar o maior número de indivíduos (102), pertencendo 46 deles à subfamília Papilionoideae, 43 a Mimosoideae e 13 a Caesalpinioideae. As outras famílias com maior número de indivíduos foram Cecropiaceae (51), Lecythidaceae (46), Annonaceae (42) e Arecaceae (32). Foram encontradas 10 famílias representadas por apenas um indivíduo (Tabela 2). Tabela 2. Famílias listadas em ordem decrescente de valor de importância (VI), com número de indíviduos (No. Ind.), espécies (N. Spp.) coletados na vila de Caicubi, município de Caracaraí, Roraima, Brasil. Família No.Ind Leguminosae 102 Cecropiaceae 51 Lecythidaceae 46 Annonaceae 42 Arecaceae 32 Celastraceae 9 Moraceae 30 Myristicaceae 25 Burseraceae 20 Chrysobalanaceae 19 Clusiaceae 14 Euphorbiaceae 11 Sapotaceae 13 Lauraceae 15 Sterculiaceae 16 Rubiaceae 14 Caryocaraceae 5 No.Spp 32 13 9 5 4 1 10 8 11 11 3 5 8 8 5 3 2 VI 59.77 24.91 24.60 19.79 14.26 14.15 13.61 11.13 10.39 9.29 7.56 7.42 7.29 7.27 7.14 6.80 6.42 23 Flacourtiaceae Simaroubaceae Vochysiaceae Apocynaceae Myrtaceae Boraginaceae Bignoniaceae Hugoniaceae Elaeocarpaceae Quiinaceae Araliaceae Bombacaceae Myrsinaceae Strelitziaceae Indet Meliaceae Rosaceae Melastomataceae Tiliaceae Aquifoliaceae Sapindaceae Gnetaceae Anacardiaceae Dilliniaceae Violaceae Sabiaceae Olacaceae 7 5 5 7 7 5 2 4 5 5 2 4 1 3 3 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 3 2 4 4 7 5 1 1 4 2 1 2 1 1 3 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 4.33 4.08 4.05 3.72 3.05 2.96 2.66 2.63 2.48 2.41 2.26 1.58 1.46 1.34 1.34 1.05 0.92 0.90 0.83 0.74 0.60 0.50 0.50 0.46 0.46 0.45 0.44 Os gêneros que apresentaram maior riqueza de espécies foram Pourouma (11 espécies), Inga (10), Licania (9), Protium (7) e Pouteria (6). Estiveram representados por apenas uma espécie 76 gêneros (Fig. 2). 24 76 80 No de espécies 70 60 50 40 30 20 11 10 9 10 6 6 5 5 4 4 4 4 4 3 3 3 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 Po u ro u m a In g a L ican ia Pro tiu m Po u teria Co rd ia T h eo b ro m a E sch w eilera E u g en ia O co tea Slo an ea V iro la Iry an th era L ecy th is Sclero lo b iu m T rattin ick ia A lch o rn ea Cary o car D acry o d es Ferd in an d u sa G u area Laetia M y rcia O rm o sia Park ia Pereb ea Q u alea Sw artzia T ach ig ali X y lo p ia O u tro s 0 Gêneros Figura 2. Número de espécies por gênero em um trecho de floresta de terra firme na vila de Caicubi, Roraima (Outros = gêneros representados por uma espécie). Em relação ao número de indivíduos por gênero observa-se também Pourouma foi o mais abundante, com 45 indivíduos, seguido por Clathrotropis (39), Eschweilera (35), Bocageopsis (30) e Inga (29). Gêneros representados por apenas um indivíduo, somam 40. O gênero Pourouma se destacou como o mais abundante, porque somou os indivíduos de dois táxons bem representados na área, P. cf. tomentosa subsp. apiculata (15 indivíduos) e P. minor (13 indivíduos). As outras nove espécies estiveram assim representadas: duas espécies com quatro indivíduos, duas espécies com dois indivíduos e cinco espécies com apenas um indivíduo. As espécies com maior número de indivíduos foram Clathrotropis macrocarpa (39), Bocageopsis multiflora (30), Eschweilera coriacea (21), Euterpe precatoria (20), Inga alba (15) e Pourouma cf. tomentosa subsp. apiculata (15). Estas seis espécies representaram 3% do total de espécies, porém 25,7% dos indivíduos amostrados (Fig. 3). 25 45 40 39 No de indivíduos 35 30 30 25 21 20 20 15 15 15 13 12 10 12 12 10 9 8 7 6 6 6 5 5 5 5 5 5 5 5 5 4 4 4 4 4 4 4 4 4 0 Espécies Figura 3. Número de indivíduos por espécies, amostrados pelo menos quatro vezes em um trecho de floresta de terra firme na vila de Caicubi, Município de Caracaraí, Roraima, Brasil. 15 espécies foram amostradas três vezes; 39 duas vezes; 104 uma vez. Do total de 192 espécies do trecho estudado apenas 11 estiveram representadas por 10 ou mais indivíduos, as quais juntas representam 38,2% dos indivíduos. Também, é interessante ressaltar que as 25 espécies com densidades maiores representam 51,6% do total dos indivíduos. Isto corrobora com Pires & Prance (1985) quando afirmam que não existe uma espécie dominante nas florestas úmidas tropicais; entretanto sempre vai existir um grupo de espécies dominantes, entre cinco a dez ou às vezes até trinta, que quando somados os indivíduos destas ultrapassam 50% do total. O surgimento progressivo de novas espécies amostradas encontra-se representado na curva espécies/área (curva do coletor) (Fig. 4). O número de espécies amostradas em cada subparcela de 10m x 10m variou de 1 a 10. Observa-se que embora tenha havido dois pontos de aparente estabilidade entre 0,52 a 0,56ha e entre 0.85 a 0.88ha, não há, no final da amostragem uma estabilidade, demonstrando que a área é insuficiente para uma boa representação da riqueza da floresta de terra firme. Tal informação corrobora com pesquisas realizadas por Milliken (1998) 26 e Campbell et al. (1986), que observaram também que os dados de 1 ha. na floresta de terra firme da Amazônia não são suficientes para uma avaliação acurada da riqueza de espécies. número de espécies 250 200 150 100 50 0 0 0,2 0,4 0,6 0,8 Area amostral=1ha 1 1,2 Figura 4. Curva do coletor em um trecho de floresta de terra firme na vila de Caicubí, Município de Caracaraí, Roraima, Brasil. As espécies representadas por apenas um indivíduo somam 104, ou seja, 54,2% do total (Fig. 5). As cinco espécies de lianas e as duas espécies de hemiepífitas amostradas estiveram representadas por apenas um indivíduo. Considerando como espécies raras aquelas representadas por apenas um indivíduo em um hectare, Martins (1991) compara alguns trabalhos realizados em florestas brasileiras e cita três inventários em áreas de 1 ha. na Amazônia que utilizaram como critério de inclusão, árvores com DAP>10cm: Pires et al. em 1953, em floresta de terra firme em Castanhal, Pará, encontraram 45 espécies raras (25,14%); Black et al. em 1950, em floresta de terra firme em Tefé, Amazonas, encontraram 42 de espécies raras (53,16%); Porto et al. em 1976 em “mata de baixio” em Manaus, Amazonas, encontraram 58 espécies raras (50,88%) (apud. Martins, 1991). 27 % de espécies 54,2% 20,3% 7,8% 4,7% 4,2% 1,6% 1 2 3 4 5 6 1,6% 0,5% 0,5% 0,5% 0,5% 7 8 9 10 11 12 1,0% 0,5% 13 14 15 0,5% 0,5% 0,5% 0,5% 16 17 18 19 20 21 22 número de indivíduos * A classe 22 corresponde a 30 indivíduos amostrados, e a classe 23 a 39 indivíduos amostrados. Figura 5. Porcentagem de espécies em relação ao de número de indivíduos amostrados em um trecho de floresta de terra firme na vila de Caicubi, município de Caracaraí, Roraima, Brasil. O índice de Shannon (H’) encontrado foi de 4,652 e a equitabilidade (J) foi de 0,885. Os altos valores para o índice de Shannon (H’) e de equitabilidade (J) podem ser atribuídos ao grande número de espécies raras (54,2%). Considerando apenas as espécies arbóreas os valores para H’ e J foram 4,616 e 0,884, respectivamente. O número de espécies raras encontrado em Caicubi, foi maior do que qualquer outro citado acima, e os altos valores do índice de diversidade e da equitabilidade vem corroborar com o indicativo exposto em Capobianco (2001) que o interfluvio entre os rios Branco e Negro é uma área de alta diversidade e que é necessário estudos para inventariar a sua biota. As cinco famílias de mais alto VI no trecho estudado foram Leguminosae (59,77), Cecropiaceae (24,91), Lecythidaceae (24,60), Annonaceae (19,79) e Arecaceae (14,26) (Tabela 2). 28 23 A Tabela 3 apresenta as espécies com seus respectivos parâmetros fitossociológicos. As cinco espécies com maior VI foram Clathrotropis macrocarpa, Goupia glabra, Bocageopsis multiflora, Eschweilera coriacea e Euterpe precatoria representando, juntas, 21,87% dos indivíduos amostrados e 23,8% da área basal. C. macrocarpa foi a espécie de maior VI pela sua abundância (39 indivíduos), tendo alcançado as maiores densidade e freqüência relativas. C. macrocarpa é uma árvore de porte médio, sua altura total variou de 8m a 28m, sendo a altura media de 16 m, seu DAP variou de 10,2cm a 37,9 cm sendo o DAP médio de 20cm. Bocageopsis multiflora, Eschweilera coriacea e Euterpe precatoria, com 30, 21 e 20 indivíduos, respectivamente, também tem destaque por sua abundância e freqüência na área estudada. Tabela 3. Espécies listadas com os parâmetros fitossociológicos, em ordem decrescente de valor de importância (VI), na Vila de Caicubi, município de Caracaraí, Roraim, Brasil. N: número de indivíduos; DR: densidade Relativa; DA: Densidade Absoluta; DoR: Dominância Relativa; DoA: Dominância Absoluta; FR: Freqüência Relativa; FA: Freqüência Absoluta; VI: Valor de importância. Especie Clathrotropis macrocarpa Goupia glabra Bocageopsis multiflora Eschweilera coriacea Euterpe precatoria Cedrelianga cataeniformis Inga alba Pourouma cf. tomentosa subsp. apiculata Pourouma minor Symphonia globulifera Eschweilera pedicellata Caryocar glabrum subsp. parviflorum Ferdinandusa rudgeoides Oenocarpus bacaba Parkia nitida Ormosia grossa Bertholletia excelsa Virola theiodora Simaruba amara N 39 9 30 21 20 1 15 15 13 12 12 3 12 10 3 1 5 8 4 DA 39 9 30 21 20 1 15 15 13 12 12 3 12 10 3 1 5 8 4 DR DoA DoR FA FR VI 7,17 1,40 5,29 33 6,41 18,87 1,65 2,75 10,44 9 1,75 13,84 5,51 0,69 2,62 26 5,05 13,18 3,86 1,16 4,42 18 3,5 11,77 3,68 0,27 1,02 18 3,5 8,2 0,18 1,99 7,55 1 0,19 7,93 2,76 0,60 2,27 12 2,33 7,36 2,76 0,58 2,21 12 2,33 7,3 2,39 0,52 1,99 12 2,33 6,71 2,21 0,46 1,75 12 2,33 6,29 2,21 0,36 1,37 11 2,14 5,71 0,55 1,12 4,26 3 0,58 5,4 2,21 0,21 0,82 12 2,33 5,35 1,84 0,25 0,94 10 1,94 4,72 0,55 0,86 3,26 3 0,58 4,39 0,18 1,05 3,98 1 0,19 4,36 0,92 0,51 1,95 5 0,97 3,84 1,47 0,19 0,71 8 1,55 3,74 0,74 0,52 1,96 4 0,78 3,48 29 Laetia procera Euphorbiaceae sp.1 Licania octandra subsp. pallida Trattinickia glaziovii Xylopia aff. Polyantha Helicostylis tomentosa Jacaranda copaia Guatteria sp.1 Perebea guianensis Cecropia distachya Hebepetalum humiriifolium Tachigali myrmecophila Inga paraensis Iryanthera juruensis Schefflera morototoni Qualea paraensis Theobroma subincanum Theobroma microcarpa Iryanthera coriacea Couma guianensis Zygia racemosa Pseudolmedia laevis Pourouma melinonii subsp. melinonii Pourouma cf. cuspidata Pourouma cucura Croton lanjouwensis Lecythis retusa Cybianthus aff. detergens Ocotea rhodophylla Aniba aff. williamsii Ocotea nigrescens Sorocea guilleminiana Naucleopsis glabra Quiina florida Sloanea rufa Crepidospermum cf. rhoifolium Theobroma sylvestris Phenakospermum guyanense Alchornea triplinervia Moraceae sp.1 Clarisia racemosa Licania micrantha Perebea mollis subsp. mollis Sclerolobium setiferum Micropholis guyanensis subsp. guyanensis 5 3 7 5 5 6 2 4 6 5 4 6 5 5 2 1 5 4 4 3 4 4 2 4 4 3 2 1 3 3 3 3 3 3 2 3 3 3 2 2 2 2 2 1 2 5 3 7 5 5 6 2 4 6 5 4 6 5 5 2 1 5 4 4 3 4 4 2 4 4 3 2 1 3 3 3 3 3 3 2 3 3 3 2 2 2 2 2 1 2 0,92 0,55 1,29 0,92 0,92 1,1 0,37 0,74 1,1 0,92 0,74 1,1 0,92 0,92 0,37 0,18 0,92 0,74 0,74 0,55 0,74 0,74 0,37 0,74 0,74 0,55 0,37 0,18 0,55 0,55 0,55 0,55 0,55 0,55 0,37 0,55 0,55 0,55 0,37 0,37 0,37 0,37 0,37 0,18 0,37 0,36 0,52 0,12 0,30 0,24 0,11 0,48 0,28 0,08 0,17 0,26 0,10 0,11 0,10 0,38 0,47 0,09 0,09 0,09 0,17 0,07 0,05 0,25 0,05 0,04 0,13 0,18 0,28 0,07 0,06 0,06 0,05 0,05 0,04 0,14 0,04 0,04 0,03 0,11 0,11 0,11 0,10 0,09 0,19 0,09 1,37 1,97 0,44 1,12 0,93 0,42 1,84 1,08 0,32 0,63 0,98 0,38 0,41 0,37 1,44 1,8 0,33 0,36 0,33 0,64 0,25 0,21 0,95 0,19 0,17 0,51 0,67 1,05 0,28 0,22 0,22 0,21 0,2 0,16 0,53 0,14 0,13 0,11 0,42 0,42 0,41 0,36 0,35 0,73 0,34 5 3 7 5 5 6 2 4 6 5 4 5 5 5 2 1 4 4 4 3 4 4 2 4 3 2 2 1 3 3 3 3 3 3 2 3 3 3 2 2 2 2 2 1 2 0,97 0,58 1,36 0,97 0,97 1,17 0,39 0,78 1,17 0,97 0,78 0,97 0,97 0,97 0,39 0,19 0,78 0,78 0,78 0,58 0,78 0,78 0,39 0,78 0,58 0,39 0,39 0,19 0,58 0,58 0,58 0,58 0,58 0,58 0,39 0,58 0,58 0,58 0,39 0,39 0,39 0,39 0,39 0,19 0,39 3,26 3,1 3,09 3,01 2,82 2,69 2,59 2,59 2,59 2,52 2,49 2,45 2,3 2,26 2,2 2,18 2,03 1,87 1,84 1,77 1,76 1,72 1,71 1,7 1,49 1,45 1,43 1,43 1,41 1,36 1,35 1,34 1,33 1,3 1,29 1,27 1,27 1,24 1,18 1,18 1,17 1,12 1,1 1,1 1,09 30 Sclerolobium aff. setiferum Quararibea ochrocalyx Pouteria caimito Xylopia amazonica Pouteria guianensis Alchornea schomburgkii Pouteria durlandii Protium hebetatum Touroulia guianensis Pouteria cuspidata Inga rhynchocalyx Cordia bicolor Licania hirsuta Lecythis zabucaja Licaria guianensis Virola venosa Pourouma villosa Protium opacum subsp. opacum Theobroma obovatum Dicorynia paraensis Stryphnodendrom paniculatum Caryocar glabrum Prunus myrtifolia Pouteria glomerata Inga grandiflora Protium grandifolium Theobroma speciosa Miconia traillii Ambelania acida Vochysia vismiaefolia Virola calophylla Protium amazonicum Apeiba echinata Osteophloeum platyspermum Virola enlongata Ilex divaricata Couepia aff. obovata Eschweilera grandiflora Tovomita schomburgkii Hieronyma mollis Attalea maripa Parkia cf. decussata Cupania scrobiculata Ferdinandusa sp.1 Pourouma guianensis subsp. guianensis 2 3 2 2 1 2 2 2 2 2 2 1 2 2 2 2 2 2 2 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 3 2 2 1 2 2 2 2 2 2 1 2 2 2 2 2 2 2 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0,37 0,55 0,37 0,37 0,18 0,37 0,37 0,37 0,37 0,37 0,37 0,18 0,37 0,37 0,37 0,37 0,37 0,37 0,37 0,18 0,37 0,37 0,37 0,37 0,37 0,37 0,37 0,37 0,37 0,37 0,37 0,18 0,18 0,37 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,09 0,03 0,08 0,07 0,17 0,06 0,06 0,06 0,05 0,05 0,05 0,15 0,04 0,04 0,04 0,04 0,03 0,03 0,03 0,13 0,03 0,03 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,11 0,11 0,05 0,09 0,09 0,07 0,07 0,06 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,32 0,13 0,31 0,28 0,64 0,25 0,24 0,23 0,18 0,18 0,18 0,55 0,15 0,15 0,14 0,14 0,12 0,12 0,11 0,48 0,1 0,1 0,09 0,09 0,08 0,08 0,07 0,07 0,07 0,06 0,06 0,42 0,42 0,2 0,36 0,33 0,28 0,26 0,25 0,2 0,2 0,19 0,19 0,19 0,19 2 2 2 2 1 2 2 2 2 2 2 1 2 2 2 2 2 2 2 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0,39 0,39 0,39 0,39 0,19 0,39 0,39 0,39 0,39 0,39 0,39 0,19 0,39 0,39 0,39 0,39 0,39 0,39 0,39 0,19 0,39 0,39 0,39 0,39 0,39 0,39 0,39 0,39 0,39 0,39 0,39 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 1,08 1,07 1,06 1,04 1,02 1 1 0,99 0,94 0,94 0,93 0,93 0,9 0,9 0,9 0,89 0,88 0,87 0,87 0,86 0,86 0,86 0,85 0,84 0,84 0,83 0,83 0,83 0,82 0,82 0,82 0,8 0,8 0,76 0,74 0,71 0,66 0,64 0,62 0,58 0,58 0,57 0,57 0,57 0,57 31 Pourouma tomentosa subsp. tomentosa Guarea guidonia Hirtella racemosa var. hexandra Cordia panicularis Cordia sp. Inga cf. laurina Swartzia cf. dolichopoda Andira micrantha Lecythis poiteaui Pseudopiptadenia psilostachya Enterolobium schomburgkii Myrcia aff. Rufipila Protium trifoliolatum Pourouma ovata Pleurothyrium vasquezii Eschweilera bracteosa Fusaea longifolia Odontadenia cognata Sclerolobium chrysophyllum Eugenia aff. florida Licania sothersiae Gnetum leyboldii Tapirira guianensis Erisma bracteosum Pouteria sp.1 Astrocaryum aculeatum Helianthostylis sprucei Simaba polyphylla Dacryodes sclerophylla Pourouma ferruginea Chrysophyllum sanguinolentum Guarea silvatica Inga umbratica Laetia sp.1 Inga thibaudiana Licania heteromorpha subsp. heteromorpha Sloanea cf. synandra Licania canescens Tachigali venusta Protium subserratum Pterocarpus officinalis Inga aff. Bicoloriflora Coussapoa sprucei Pinzona coriacea 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,05 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,18 0,17 0,14 0,14 0,14 0,14 0,14 0,13 0,13 0,12 0,12 0,11 0,11 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,09 0,09 0,09 0,09 0,09 0,08 0,08 0,07 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,05 0,05 0,05 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,56 0,55 0,52 0,52 0,52 0,51 0,51 0,51 0,51 0,5 0,49 0,49 0,48 0,48 0,48 0,48 0,48 0,47 0,47 0,47 0,47 0,47 0,46 0,46 0,46 0,44 0,44 0,44 0,43 0,43 0,43 0,43 0,43 0,43 0,43 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,43 0,43 0,43 0,43 0,43 0,43 0,43 0,43 0,43 32 Licania unguiculata Paypayrola sp. Ormosia aff. nobilis var. nobilis Eugenia sp.1 Trattinickia boliviana Ocotea subterminalis Calycolpus sp. Licania cf. prismatocarpa Qualea sp.1 Ocotea sp.E Cordia exaltata Indet sp.3 Pourouma tomentosa subsp. essequiboensis Ophiocaryon aff. manausense Rhigospira quadrangularis Indet sp.2 Myrcia sylvatica Gustavia augusta Maquira sclerophylla Sloanea pubescens Swartzia corrugata Mezilaurus subcordata Licania caudata Dacryodes cf. hopkinsii Borojoa claviflora Bahuinia guianensis Clusia grandiflora Inga aff. capitata Lindackeria cf. paludosa Eugenia cf. omissa Eugenia cf. cuspidifolia Dinizia excelsa Rhodognaphalopsis cf. duckei Indet sp.1 Iryanthera grandis Leg: Papilionoideae sp.1 Cordia nodosa Minquartia guianensis Sloanea sp.1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,04 0,04 0,04 0,04 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,42 0,42 0,42 0,42 0,42 0,42 0,42 0,42 0,42 0,42 0,42 0,42 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,42 0,42 0,42 0,42 0,42 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 Por outro lado, Goupia glabra com nove indivíduos e Cedrelinga cataeniformis com apenas um indivíduo, têm valores baixos de densidade e freqüência relativas, apresentando os 33 maiores valores de dominância relativa (DoR), 10,44% e 7,55%, respectivamente, o que as coloca entre as seis espécies de maiores VI. Este padrão também se repete para Caryocar glabrum subsp. parvifolium com três indivíduos e DoR de 4,26%, Parkia nitida com três indivíduos e DoR de 3,26% e Ormosia grossa com um indivíduo e DoR de 3,98%. Além das quatro espécies de maiores populações (C. macrocarpa, B. multiflora, E. coriaceae, E. precatoria), as espécies Inga alba (15 indivíduos), Pourouma cf. tomentonsa supbsp. apiculata (15), Pourouma minor (13), Eschweilera pedicellata (12), Symphonia globulifera (12), Ferninandusa rudgeoides (12) e Oenocarpus bacaba (10) apresentam populações com mais de 10 indivíduos e valores elevados na freqüência relativa, mostrando assim a distribuição uniforme destas espécies dentro do trecho estudado. Os 544 indivíduos amostrados, dentro dos parâmetros estabelecidos, somaram uma área basal de 26,35m². Pires & Prance (1985) citam que florestas densas podem ultrapassar 40m 2 de área basal e que florestas abertas encontram-se entre 18 a 24 m2. Os resultados indicam que se trata de uma floresta densa com uma baixa área basal. Na distribuição das árvores por classes de diâmetro (Fig. 6), observa-se uma predominância de indivíduos (45,96%) na classe diamêtrica de 10-15cm. 23,35% dos indivíduos estão inseridos na classe de >15-20 cm; 10,85% na classe >20-25 cm; 6,6% na classe de >25-30; 3,49% na classe de >30-35; 3,3% na classe >35-40; os demais, totalizando 6,43%, dividem-se em classes diamêtricas acima deste valor. O maior diâmetro foi de 159,15cm, encontrado no único indivíduo de Cedrelinga cataeniformis. O diâmetro médio foi de 20,15 cm incluindo todos os indivíduos da amostragem e excluindo as lianas o diâmetro foi de 20,24 cm. A curva formada pelos valores no conjunto de classes estabelecidas mostra a configuração de J invertido, demonstrando que há uma maior quantidade de indivíduos de menor porte e poucos indivíduos 34 emergentes. Isto é esperado que ocorra com o incremento do diâmetro dos indivíduos, pois a distribuição de classes de tamanho é conseqüência da dinâmica da floresta onde a quantidade de espaço constringe o número de árvores que podem se acomodar em um determinado tamanho de classe (Swaine, 1989). 300 250 200 150 127 100 1 0 1 >60-65 >65-70 >70-75 >75-80 >80-85 >85-90 0 1 1 1 0 1 1 >120 1 >115-120 2 >110-115 2 >105-110 4 >100-105 3 >90-95 8 >95-100 8 >55-60 19 18 >50-55 36 50 >45-50 59 >40-45 No de indivíduos 250 >35-40 >30-35 >25-30 >20-25 >15-20 >10-15 0 Classes diamétricas (cm) Figura 6. Distribuição da freqüência das classes de diâmetro de todas os indivíduos amostrados em um 1 ha. de floresta de terra firme na vila de Caicubi, Roraima, Brasil. Agruparam-se os indivíduos amostrados em 12 classes de altura (Figura 7), variando a amplitude de alturas entre 3m a 58m. O maior número de indivíduos concentrou-se na segunda (31,25%) e terceira classes (30,15%). A classe de maior altura apresentou apenas um indivíduo, Ormosia grossa, representada na área por um único indivíduo. O pequeno número de amostras na primeira classe deveu-se ao fato de varias árvores desta classe se apresentaram com a copa quebrada (o que diminuía a sua altura total), e 46% dos indivíduos desta classe possuíam alturas de 7m, encontrando-se próximo à altura da segunda classe (>7-12m). A altura media encontrada foi de 16,41m (excluindo as lianas), sendo as árvores emergentes, indivíduos de Ormosia grossa (58m de altura), Jacaranda copaia (48m), Laetia procera (48m) e Cedrelinga cataeniformis 35 (47m). Jacaranda copaia e Laetia procera estavam representadas por dois e cinco indivíduos respectivamente e as duas outras espécies por apenas um indivíduo. 170 164 140 120 100 80 43 1 2 0 1 >57 >32-37 >27-32 >22-27 >17-22 >12-17 >7-12 15 >52-57 22 >47-52 17 20 0 >42-47 26 >37-42 60 40 83 >3-7 No de Indivíduos 180 160 Classes de altura (m) Figura 7. Distribuição da freqüência das classes de altura dos indivíduos amostrados em 1 ha. de floresta de terra firme na vila de Caicubi, município de Caracaraí Roraima, Brasil. Na Vila de Maré (61º15’W, 1º45”S), em terras Waimiri Atroari, Milliken (1998), inventariou 1 ha. de floresta de terra firme utilizando método de parcela e tendo como parâmetro de inclusão DAP de 10cm, sendo esta a área mais próxima àquela estudada em Caicubi. Encontrou 662 indivíduos, em 216 espécies e 41 famílias, sendo 17 lianas em 14 espécies e 8 famílias e uma estranguladora. O número de espécies e de famílias é aproximado ao que foi encontrado no presente estudo. O número de indivíduos, porém, é maior (118 indivíduos). Ao comparar as dez famílias com maior VI apresentadas por Milliken (1998) com aquelas do presente estudo, sete delas são comuns, sendo Leguminosae a de maior VI em ambas as áreas. As demais aparecem em diferentes ordenações. Em relação às espécies, Cathrotropis macrocarpa é a de maior VI nas duas áreas: em Vila de Maré apresentou VI de 24,7 e 72 indivíduos; em Caicubi apresentou VI de 18,87 e 39 indivíduos. Eschweilera coriacea é a segunda espécie de maior VI em Vila de Maré (VI de 18,2 e 53 indivíduos) e é a quarta de maior VI em Caicubi (VI de 11,77 e 21 indivíduos). Além destas duas espécies não há outras espécies comuns entre as 10 36 espécies de maior VI, em ambas as áreas. Dentre as 10 mais importantes da área de Vila Maré, quatro não foram nem mesmo amostradas em Caicubi. A Tabela 4 sintetiza os dados apresentados acima para a Vila da Maré e para outros dois estudos realizados na Amazônia Central e Sudeste. Tabela 4. Número de indivíduos, de espécies, gêneros, famílias e área basal encontrados em quatro estudos fitossociológicos realizados trechos de 1 ha em florestas de terra firme na Amazônia. (*** incluindo lianas). Trabalhos com DAP>10cm Boom, 1986 Campbell et al. 1986 (1) No Espécies ind 649 94 393 133 Campbell et al. 1986 (2) Campbell et al. 1986 (3) Ferreira & Prance, 1999 (1) Ferreira & Prance, 1999 (2) Ferreira & Prance, 1999 (3) Milliken, 1998*** Nosso estudo*** 567 46 639 162 118 144 669 Gêneros Famílias A.Basal T. 62 76 28 33 21,48 27,63 83 72 33 33 36 32,14 28,68 32,8 159 41 37,8 713 137 37 40,2 662 544 216 194 41 43 ca 31 26,353 >109 68 Ferreira & Prance (1999) amostraram 3ha de floresta alta no Parque Nacional Jaú (1º 90’–3º 00´S, 61º 25’–63º50’W), usando DAP≥10cm. Encontraram uma media de 146,7 espécies/ha e densidade média de 673,7 árvores/ha; o mais rico apresentou 159 espécies e o de maior densidade apresentou 713 indivíduos. Em dois dos hectares por eles amostrados cinco das famílias de maiores VI estão incluídas entre as 10 de maiores VI em Caicubi (Leguminosae por eles tratada em três famílias). No outro hectare, são seis famílias que estão entre as 10 de maiores VI em Caicubi. Escweilera coriacea é a única espécie comum entre as 10 de maiores VI entre um dos hectares estudados por Ferreira & Prance (1999) e Caicubi. Também esta é a única espécie comum entre as dez de maiores VI entre o estudo de Milliken (1998) e de Ferreira & Prance 37 (1999). Os outros dois hectares, de Ferreira e Prance (1999), não possuem espécies em comum com Caicubi, quando se observam as dez espécies de maiores VI (Tabelas 5, 6). Campbell et al. (1986), em O Deserto, no Rio Xingu, Pará (3º 29’ S/ 51º 40’ W), amostraram três hectares de floresta de terra firme, utilizando também como critério de inclusão DAP > 10cm. Encontraram 393, 567 e 460 indivíduos em cada um dos hectares estudados; e 133, 162 e 118 espécies respectivamente; encontraram 33 famílias nos três hectares estudados. Das dez famílias com maiores VI, cinco estão entre as dez de maiores VI em Caicubi. Nenhuma espécie, entre as 10 de maiores VI, são comuns ao trecho estudado em Caicubi (Tabelas 5, 6). Boom (1986) em Beni, Bolívia (11o45´S, 66o02´W), amostrou um hectare de floresta de terra firme, utilizando um DAP > 10 cm. Encontrou 649 indivíudos, 94 espécies e 28 famílias. Das dez famílias com maiores VI sete estão entre as dez de maiores VI em Caicubi, mas não há nenhuma espécie em comum entre as 10 de maiores VI (Tabelas 5, 6). 38 Tabela 5. Comparação das dez famílias com maiores VI entre estudos realizados em trechos de 1 ha. de terra firme na Amazônia Caicubi Leguminosae Cecropiaceae Lecythidaceae Annonaceae Milliken, 1998 Leguminosae Lecytidaceae Sapotaceae Burseraceae Arecaceae Celastraceae Moraceae Lauraceae Chrysobalanacea e Myristicaceae Moraceae Myristicaceae Burseraceae Meliaceae Chrysobalanaceae Annonaceae Ferreira & Ferreira & Prance, 1999 Prance, 1999 (Hectare 1) (Hectare 2) Chrysobalanaceae Myristicaceae Myristicaceae Burseraceae Bombacaceae Leguminosae Burseraceae Bombacaceae Ferreira & Prance, 1999 (Hectare 3) Lecythidaceae Myristicaceae Leguminosae Lauraceae Campbell et al. 1986 Leguminosae Arecaceae Lecythidaceae Moraceae Boom, 1986 Moraceae Myristicaceae Arecaceae Leguminosae Leguminosae Sapotaceae Lauraceae Lecythidaceae Burseraceae Leguminosae Bombacaceae Meliaceae Melastomataceae Cecropiaceae Euphorbiaceae Lauraceae Euphorbiaceae Leguminosae Chrysobalanaceae Sterculiaceae Sapotaceae Nyctaginaceae Lecythidaceae Cecropiaceae Cecropiaceae Combretaceae Bombacaceae Euphorbiaceae Vochysiaceae Annonaceae Chrysobalanaceae Chrysobalanaceae Sapotaceae Rubiaceae Tabela 6. Comparação das dez espécies com maiores VI entre estudos realizados em trechos de 1 ha. de terra firme na Amazônia 39 Caicubi Clathrotropis macrocarpa Goupia glabra Bocageopis multiflora Eschweilera coriacea Euterpe precatoria Cedrelinga cataeniformis Inga alba Pourouma cf tomentonsa supbsp. apiculata Pourouma minor Symphonia globulifera Milliken, 1998 Clathrotropis macrocarpa Eschweilera coriacea Protium hebetatum Protium apiculatum Eschweilera grandiflora Oenocarpus bacaba Pouteria glomerata Ferreira & Prance, 1999 (Hectare 1) Alexa grandiflora Scleronema micrantum Pourouma sp.1 Iryanthera sp.1 Ferreira & Prance, 1999 (Hectare 2) Scleronema micrantum Eschweilera coriacea Iryanthera sp 1 Alchorneopsi s sp.1 Protium sp.1 Iryanthera tricordis Swartzia ulei Orbygnia speciosa Guarea scabra Emmotun cf fagifolium Protium sp.2 Couepia longipendula Pourouma sp Alexa grandiflora Protium sp.1 Protium sp.2 Buchenavia sp.2 Tetragastris sp.1 Orbygnia speciosa Ferreira & Prance, 1999 (Hectare 3) Alexa grandiflora Scleronema micrantum Iryanthera sp.1 Protium pedicellatum Campbell et al. 1986 (Hectare 1) Cenostigma macrophyllum Campbell et al. 1986 (Hectare 2) Cenostigma macrophyllum Campbell et al. 1986 (Hectare 3) Cenostigma macrophyllum Orbygnia sp. Alexa imperatricis Rinorea juruana Orbygnia sp. Orbygnia sp. Inga sp.10 Theobroma speciosum Iryanthera tricordis Berhtolletia excelsa Micropholis sp.3 Ceiba pentandra Theobroma speciosum Sterculia pruriens Neea altissima Theobroma speciosum Guatteria schomburgkian a Hirtella piresii Euterpe oleracea Lecythis retusa Guatteria macrophylla Couepia sp.1 Trichilia sp.1 Coccoloba coronata Matisia sp.1 Neea altíssima Astrocarium mombaca Micrandra Sclerolobium sp 2 Acacia sp.1 Lecythis retusa Guarea macrophylla Protium opacum Matisia sp.1 Boom, 1986 Iryanthera juruensis Pseudolmedia laevis Euterpe precatoria Pseudolmedia macrophylla Socratea exorrhiza Vochisia vismiifolia Iryanthera tessmanii Cecropia sciadophylla Sclerolobium chrysophyllum Diplotropis purpurea 40 Os dados encontrados em Caicubi e nos quatro últimos trabalhos acima citados corroboram com Nelson & Oliveira (2001) quando afirmam que a composição das florestas amazônicas varia em função de sua fisionomia e da distância entre sítios amostrados, e vem a trazer aporte de dados para a confirmação da hipótese de que a floresta de terra firme é um mosaico de florestas com variada composição e estrutura. A família Leguminosae, quando considerada como um só táxon, é de modo geral a de maior importância fitossociológica nos estudos acima citados, excetuando Boom (1986) que encontrou Moraceae como a família dominante. A família Leguminosae também é apontada como de grande importância em outros estudos realizados na Amazônia (Nelson & Oliveira, 2001). Entretanto, em relação às espécies, não há nenhuma que possa ser considerada como de destaque no conjunto de trechos estudados, o que vem corroborar com Campbel et al. (1986) quando afirmam que a Amazônia é um grande mosaico de florestas e com Campbel et al. (1986) e Nelson & Oliveira (2001) quando alertam para se ter cuidado ao se tentar fazer generalizações para a Amazônia a partir de dados florísticos e estruturais oriundos de amostras pontuais. A família Lecythidaceae alcança sua maior expressão nas florestas de terra firme da Amazônia, e a presença de muitas espécies dessa família pode ser considerada como indicadora de florestas preservadas (Mori, 2001). Os dados encontrados em Caicubi comprovam este fato. Foram encontradas nove espécies de árvores desta família, uma delas representadas por 21 indivíduos (Eschweilera coriacea), uma por 12 indivíduos (E. pedicellata), uma com cinco indivíduos (Bertholetia excelsa), duas com dois e quatro por apenas um indivíduo. E. coriacea é uma espécie comum e de distribuição ampla na Amazônia e apontada entre as espécies com destaque em diversos inventários (Salomão et al. 1988; Ferreira & Prance, 1999; Milliken, 1998) sendo a quarta espécie em VI no trecho estudado. Em Caicubi, Cecropiaceae é a segunda família de maior VI. Das 13 espécies amostradas, 11 pertencem ao gênero Pourouma, um gênero de árvores de floresta. Uma espécie pertence a 41 Coussapoua, um gênero de estranguladoras, e uma espécie de Cecropia que é um gênero que agrega predominantemente espécies pioneiras (Ribeiro et al. 1999). Cecropiaceae não aparece como família de destaque no trecho estudado por Milliken (1998), embora seja este o trecho mais próximo de Caicubi, o mesmo ocorrendo nos trechos estudados por Campbel et al.(1986). Em Ferreira & Prance (1999) não ocorre com destaque em um dos trechos e é a décima em VI nos outros dois trechos estudados por estes autores. Conclusão O trecho estudado na vila de Caicubi, Caracarí, RR, em termos de estrutura, diversidade e composição florística, dentro dos limites estabelecidos pela metodologia utilizada, vem a corroborar com as características estruturais apontadas por diferentes autores para as florestas de terra firme da Amazônia. As famílias mais importantes representadas no estudo realizado são de modo geral aquelas encontradas em outros trabalhos realizados na Amazônia sendo elas Leguminosae, Cecropiaceae, Lecythidaceae, Annonaceae, Arecaceae, Moraceae, Myristicaceae, Burseraceae, Chrysobalanaceae, Sapotaceae e Lauraceae. A importância particular das Leguminosas, encontrada no trecho estudado, parece ser uma característica de várias florestas de terra firme da Amazônia, especialmente daquelas na bacia do Rio Negro. Ao nível específico a similaridade não é muito evidente e detectável principalmente por espécies mais amplamente distribuídas. A composição de espécies encontrada difere substancialmente de outros inventários conduzidos na Amazônia, suportando as premissas de que a floresta de terra firme é um mosaico de florestas e que para a manutenção da biodiversidade local deve-se levar em conta a preservação de pedaços grandes de floresta. 42 Embora os inventários em pequenas áreas (1 ha., no contexto da Amazônia) não sejam adequados para amostrar toda a diversidade de espécies, como explicitado pela de coletor, estudos em áreas deste tamanho podem espelhar as diferenças em composição de espécies de distintos trechos de floresta de terra firme. Devido a diferenças em metodologias aplicadas em inventários na floresta de terra firme da Amazônia, é difícil fazer comparações entre resultados encontrados por diferentes autores que estudaram estas florestas. Listagens completas de espécies e seus exemplares de referência, tabelas contendo dados de estrutura são essenciais para a comparação entre os trabalhos possibilitando conclusões mais abrangentes sobre estas florestas. Agradecimentos Ao instituto Caiuá por financiar o projeto, e principalmente a Walo Leuzinger por ter acreditado em nosso trabalho. À comunidade Caicubi pela acolhida carinhosa, em especial a Ernane Fontes Barbosa pela ajuda e dedicação ao campo; A C.A.Cid Ferreira pelo inestimável apoio no herbário do INPA. A Paulo Assunção pelo auxílio na confirmação das identificações no herbário do INPA. Aos especialistas Alberto Vicentini, Douglas Daly, José Eduardo Ribeiro, Michael Hopkins pela identificação de espécies de famílias de suas especialidades. A CAPES pela bolsa de mestrado concedida. Ao Programa de Pos-graduação do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro pela oportunidade de realização do trabalho. Bibliografia Citada Boom, B. M. 1986. A forest Inventory in Amazonian Bolivia. Biotropica, 18(4): 287-294 Brummitt, R.K.; Powel, C.E. 1992. Authors of plants names. Royal Botanic Gardens, Kew, UK. 732 p. 43 Campbell D. G.; Daly D. C., Prance G. T.; Maciel U. N. 1986. Quantitative ecological inventory of terra firme and várzea tropical forest on the Rio Xingu, Brazilian Amazon. Brittonia, 38 (4): 369-393 Capobianco, J.P.R. (Org.). 2001. Biodiversidade na Amazônia Brasileira. Ed. Estação Liberdade/Instituto Socioambiental. São Paulo, SP. 540 p. Cronquist, A. 1981. An Integrated System of Classification of Flowering Plants. The New York Botanical Garden. Columbia University Press. New York, USA. 1262 p. Ferreira, L. V.; G. T. Prance. 1999. Ecosystem recovery in terra firme forests after cutting and burning: a comparison on species richness, floristic composition and forest structure in the Jaú National Park, Amazonia. Botanical Jounal of the Linnean Society, 130: 97-110 Gentry, H.A. 1993. 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Resumo Juan Gabriel Soler A. & Ariane Luna Peixoto (Escola Nacional de Botânica Tropical, Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rua Pacheco Leão 2040, CEP 22460-030, Rio de Janeiro, RJ, Brasil). ESTUDO QUANTITATIVO SOBRE O USO DA FLORESTA DE TERRA FIRME PELOS CABOCLOS DA VILA DE CAICUBI, NO MÉDIO RIO NEGRO, BRASIL. Economic Botany--Realizou-se um estudo etnobotânico com os caboclos da vila de Caicubí, estado de Roraima, Brasil. Esta vila localiza-se na área de interfluvio Rio Negro/Rio Branco (01°01’43”S, 62°05’21”W). Os dados foram coletados em 1 ha. de floresta de terra firme e envolveu o conhecimento dos caboclos sobre as espécies com indivíduos de DAP > 10 cm. Foram entrevistados 11 informantes chaves com idades entre 34 a 74 anos. Foram analisadas 191 espécies das quais 187 (98%) mostraram ser de alguma utilidade; das 43 famílias encontradas 42 (98%) apresentam espécies úteis. A família com maior valor de uso para comunidade foi Arecaceae. A espécie com maior valor de uso foi Bertholletia excelsa. As Arecaceae, Lecythidaceae e Sapotaceae são famílias que se destacaram em várias categorias de uso. As categorias com maior valor de usos foram combustível, tecnologia e construção, sendo tecnologia a categoria com maior quantidade de usos. O valor de uso médio por espécie foi de 1,6. Os recursos mais utilizados da floresta foram madeira, folhas e espinho e exsudatos. Palavras chaves: Inventário etnobotânico, floresta amazônica, conhecimento tradicional, plantas úteis. 48 Abstract Results are presented for an ethnobotanical study with the caboclos of the village of Caicubi, state of Roraima, Brazil. This village is localized in the area between the rivers Negro and Branco (01°01’43”S, 62°05’21”W). The data was collected in a 1 hectare of terra firme forest and involved the knowledge of the caboclos among the species with individuals of DBH > 10 cm. A total of 11 informants were interviewed with ages between 34 and 74 years old. From the 189 species analyzed, 185 (98%) were useful for the caboclos. The family with the highest use value for the community was Arecaceae. The species with the highest used value was Bertholletia excelsa. The Arecaceae, Lecythidaceae and Sapotaceae were the families that show the highest use values between the categories of use. The categories with the highest use values were firewood, technology and construction; technology was the category with the more uses. The mean use value for specie was 1,6. The resources more utilized in the forest were wood, leaves, spines and exudates. Key words: Ethnobotanical inventory, Amazon forest, traditional knowledge, use of plants. Introdução Estudos etnobotânicos têm procurado resgatar o conhecimento de diferentes comunidades tradicionais. Métodos quantitativos vem sendo utilizados para analisar o conhecimento tradicional, por fornecerem maior confiabilidade na informação coletada, analisada e na comprovação das hipóteses (Phillips 1996). Na Amazônia estudos quantitativos de 1 ha. têm sido realizados com o objetivo de demonstrar o quanto é útil uma floresta para as comunidades tradicionais em termos do número e proporção de espécies e famílias (Phillips et al. 1994). Embora estes tipos de trabalhos sejam poucos até o momento, podem-se citar alguns realizados com indígenas (Boom 1988, 1989, 1990; Baleé 1986, 1987; Milliken et al. 1992; Prance et al. 49 1987; Paz y Miño et al. 1995) e com comunidades tradicionais não indígenas (Pinedo-Vasquez et al. 1989; Phillips & Gentry, 1993a, 1993b, Phillips et al. 1994). Prance (1995) enfatiza a importância de se trabalhar com comunidades tradicionais não indígenas, as quais têm sido pouco valorizadas pelos etnobotânicos; provavelmente muito do conhecimento e usos das plantas por estas comunidades provêem das culturas indígenas, algumas já extintas. Além do estilo de vida, o conhecimento destas comunidades na Amazônia está desaparecendo rapidamente pela expansão da pecuária, instalação de hidroelétricas, mineração e outros projetos em desenvolvimento. Por outro lado, o resgate do conhecimento destas comunidades pode ser usado para um desenvolvimento mais racional destas regiões (Prance 1995) devido ao tempo de convivência destas comunidades com a floresta. É interessante ressaltar que algumas comunidades indígenas têm adaptado conhecimento de comunidades tradicionais não indígenas (Campos & Ehringhaus 2003). Os caboclos da Amazônia são descendentes de índios e portugueses e apesar de existirem muitas diferenças entre o índio e o caboclo, semelhanças amplamente difundidas indicam uma lógica comum de ocupação e de usos dos recursos da região (German 2001). Mas os caboclos ao serem menos exóticos que os indígenas e se apresentarem menos interessantes para alguns pesquisadores, seu conhecimento, uso e manejo dos recursos na Amazônia têm sido pouco estudado (Parker 1989). Na Amazônia Brasileira, os caboclos têm se mantido como uma população discreta, e nesta região se concentra a grande identidade e expressão de sua cultura (Parker 1989). Até o momento não se têm estudos quantitativos em 1 ha. de floresta de terra firme com caboclos na Amazônia Brasileira. Este estudo tem a finalidade de conhecer e quantificar o uso das plantas com DAP> 10 cm em 1 ha. de terra firme utilizados pelos caboclos da vila de Caicubi, município de Caracarai, estado de Roraima, Brasil. 50 Área de estudo A vila de Caicubi localiza-se no igarapé Caicubi, afluente do Rio Jufari na região do médio Rio Negro, na área de interflúvio Rio Negro/ Rio Branco (com coordenada central de 01°01’43”S, 62°05’21”W) (Fig. 1). Pertence politicamente ao município de Caracaraí, estado de Roraima e é habitada por cerca de 400 habitantes em 72 famílias. As cidades mais próximas à vila são Barcelos e Manaus (localizadas no Rio Negro) e Caracaraí (no Rio Branco). Mas estas cidades ficam relativamente longe para seus habitantes (12 horas de motor de rabeta até Barcelos, dois dias de barco até Manaus ou três dias de barco para Caracaraí) o que dificulta o comércio entre os moradores da vila e as cidades, o que acaba sendo feito através de intermediários. A vila possui uma escola com ensino até oitava série do primeiro grau e um posto de saúde com condições precárias de atendimento. O principal credo religioso é o cristianismo, havendo duas igrejas, uma católica e outra Universal do Reino de Deus. A comunidade vive principalmente da pesca, caça, agricultura de subsistência e extrativismo dos recursos da floresta. A principal fonte de renda é a venda de castanha (Bertholletia excelsa) e cipó-titica (Heteropsis spp.) na época das chuvas e de peixes ornamentais no período da seca. Alguns artesanatos como tupés e balaios, feitos principalmente de Arumã (Ischnosiphom sp.) e cestos ou paneiros, feitos de Ambé-coroa (Phlilodendron sp.), são vendidos esporadicamente. Os primeiros habitantes de Caicubí chegaram na década de 1940, fixando-se no local para extração da castanha. Pouco a pouco outros habitantes foram chegando, oriundos de várias regiões da Amazônia, porém, principalmente de diferentes regiões do Rio Negro (Alto, Médio e Baixo Rio Negro), e também do Rio Solimões e de algumas regiões de Roraima. A língua principal é o português, mas algumas pessoas, dentre as mais idosas, provenientes da região do Alto e Médio Rio Negro, também falam a Língua Geral, ainda muito usada no alto Rio Negro (Ricardo F. P. et al. 2005). 51 A caracterização da área de estudo, sua geomorfología, clima e análise florística e estrutural da floresta de terra firme encontra-se em Soler & Peixoto (ined.) Figura 1. Mapa de Localização da vila de Caicubi, município de Cararacaí, RR, Brasil. Métodos O método utilizado para o estudo foi aquele desenvolvido por Phillips & Gentry (1993a, 1993b) que se baseia no consenso dos informantes. Entretanto algumas adaptações nessa metodologia foram feitas e são a seguir especificadas: (1) Na organização dos dados trabalhou-se com os nomes científicos das espécies e não com os nomes populares devido à grande variação de nomes dados para cada espécie entre os informantes; (2) Os informantes não foram escolhidos ao acaso, e sim pelo reconhecimento da comunidade sobre o saber que detinham acerca das plantas. A permanência na vila de Caicubí se deu por dois períodos entre novembro de 2003 e fevereiro de 2004, totalizando 56 dias. Na primeira semana de permanência, após a apresentação do projeto de pesquisa à comunidade, buscou-se fazer um reconhecimento prévio da floresta no 52 entorno da vila, caminhando-se através de três trilhas que partiam da comunidade em direção às roças chegando até a floresta. Escolheu-se uma destas trilhas, usada pela comunidade para coletar castanhas no inverno. Em uma área sem exploração dentro da floresta delimitou-se uma unidade amostral de 50 m x 200 m (1 ha.). A coleta de material botânico e informações foi realizada em duas etapas: na primeira delimitou-se 0.5ha que subdividido em parcelas de 10m x 10m. Dentro destas parcelas foram numerados todos os indivíduos arbóreos, lianas e hemiepífitos, com diâmetro a altura do peito (DAP) ≥ 10 cm.. De todos os indivíduos foram coletados ramos que, além de armazenados em sacos plásticos para posterior herborização, eram colocados ao lado da árvore para auxiliar os informantes no processo de identificação das plantas. Para cada indivíduos anotou-se informações relativas à altura total, altura do fuste e DAP, além de características morfológicas que pudessem auxiliar na posterior identificação taxonômica. Ao final de cada dia de trabalho as amostras de plantas eram prensadas e preservadas em álcool. Uma vez marcados e coletados todos os indivíduos, foram escolhidas seis pessoas, apontadas pela própria comunidade, como conhecedores da flora local os quais estavam dispostos a colaborar como informantes chaves na pesquisa. Nesta etapa só foram entrevistados homens, com idades entre 34 e 65 anos. Utilizou-se a metodologia “caminhado na floresta” (Alexiades, 1996), onde cada informante percorreu todo o trecho de 0,5ha, mostrando-lhe cada árvore numerada e coletada, e perguntado-lhe: se a planta era conhecida, por qual nome era conhecida e se tinha algum tipo de uso. Os usos eram anotados assim como as partes empregadas eram especificadas. Objetivando diminuir o cansaço do informante optou-se por argüir sobre todas as espécies presentes na área e não sobre todos os indivíduos. Quando uma planta ocorria mais de uma vez na área perguntava-se apenas até se ter assegurado que não havia variação na resposta da identificação. Foi considerado um evento o processo de perguntar ao informante, em um dia, a respeito dos usos de cada espécie (Phillips & Gentry, 1993a). Porém, se em um dia a 53 espécie era encontrada mais de uma vez, a resposta do informante era combinada com as outras entrevistas, com exceção apenas para o caso do informante fornecer um nome popular diferente para a mesma espécie (Phillips & Gentry, 1993a). Uma vez terminada esta etapa, o material coletado foi herborizado no herbário do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), em Manaus, procedendo-se também a identificação taxonômica dos exemplares. Na segunda etapa da pesquisa delimitou-se 0,5ha, seguindo-se os mesmos procedimentos, porém das espécies já identificadas não se coletou novos exemplares para herborização. Nesta etapa foram entrevistados também seis informantes, cinco dos quais distintos daqueles da primeira etapa, sendo duas mulheres e quatro homens, com idades entre 34 e 74 anos. Cada informante foi entrevistado individualmente para que suas respostas não fossem influenciadas pelos demais. Dos onze informantes entrevistados, dez permaneceram todo o dia em atividade no campo.O outro foi contratado para ajudar no trabalho de campo e foi entrevistado durante vários dias. Elaborou-se uma base de dados, em planilha EXCELL, com registros para cada espécie de planta indicada pelos informantes como útil, contendo os seguintes itens: nome científico, família, número dos indivíduos (de árvores, lianas ou hemiepífitas) do hectare estudado, número do coletor, nomes populares, tipos de usos, partes da planta utilizadas e nome do informante. Os usos indicados foram tratados de uma perspectiva etic, a qual conceitualiza e organiza a informação etnobotânica do ponto de vista do pesquisador (Zent, 1996). Os usos foram tratados em oito categorias: construção, tecnologia, medicina, comércio, alimentar, artesanato, combustível e outros. A definição das categorias de uso para construção, medicinal, alimentação e tecnologia seguiu, de modo geral, aquelas indicadas por Galeano (2000). A categoria artesanato foi tratada separadamente segundo Pinedo-Vasquez et al. (1989); combustível foi 54 tratado como Baleé (1987); a categoria outros foi tratado com Prance et al. (1994) acrescentando frutos que servem para caça. Seguem-se as categorias com suas respectivas definições: Construção: casas, cercas e postes. Tecnologia: material de pesca, caça, agricultura, utensílios de cozinha, canoas, móveis, folhas para fumar. Medicinal: substâncias utilizadas para curar e aliviar doenças. Comércio: uso econômico. Alimentar: alimento para o homem. Artesanato: cascas para tingir fibras para cestaria; ripas para a borda de cestaria; folha para tecer, sementes para anéis e brincos Combustível: lenha, carvão e resinas voláteis. Outros: plantas ritualísticas, brinquedos, frutos para alimentação de animais silvestres. O valor de uso para cada espécie foi calculado seguindo a metodologia de Phillips & Gentry 1993a, através da qual se obtém um valor de uso da espécie por cada informante (a), para depois obter o valor de uso da espécie (b): a) VUis = ∑Uis / nis Onde Uis é o número de usos mencionados em cada evento pelo informante i para a espécie s, e nis é o numero de eventos por espécie s com o informante i b) VUs = ∑UVis / ns onde ns é igual a o número de informantes entrevistados para a espécie s O valor de uso para cada família foi calculado seguindo a metodologia de Phillips & Gentry 1993a, onde VUF= ∑VUs / nf 55 Onde VUs = valor de uso das espécie nf = número de espécies na família. Os valores de uso das dez espécies mais importantes foram comparados estatisticamente com a teste não paramétrico “Mann-Whitney test” (Zar, 1996) para ver se existiam diferenças significativas entre elas. As amostras botânicas encontram-se depositadas no herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB), e as duplicatas de espécimes férteis, no herbário do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). O número de coleta de J.G.Soler A. para cada espécime encontra-se em Soler & Peixoto (ined). Resultados e Discussão No trecho de 1 ha. de floresta de terra firme estudado foram analisadas 189 espécies, das quais 185 (98%) foram reconhecidas pelos informantes como de alguma utilidade, enquanto as outras quatro espécies não foram reconhecidas por nenhum dos informantes (Ilex divaricata, Laetia sp.1, Guarea guidonia, Leguminosae: Papilionoideae sp.1). Além destas, três espécies arbóreas permaneceram dormentes durante o período de estudo, não sendo, portanto utilizadas para as entrevistas no presente estudo. Dentre as 43 famílias amostradas, 42 (98%) têm espécies apontadas como úteis. Neste trecho, dentro do critério de inclusão adotado (DAP ≥ 10 cm), encontram-se 541 indivíduos entre os quais 537 (99%) são reconhecidos como de alguma utilidade. Quando os dados são analisados sem a categoria de combustível, a que agrega a maior número de espécies e indivíduos, observa-se que 180 espécies (95%) têm utilidade e 98% dos indivíduos e 93% das famílias têm utilidade. O Anexo 1 apresenta as espécies ocorrentes em 1 ha. de floresta de terra firme na vila de Caicubí, Caracaraí, Roraima, Brasil, em ordem alfabética de família, seguido de nome científico, nome comum e usos indicados pelos caboclos. 56 Foram obtidos 1763 eventos independentes. A média de usos por espécie em 1 ha. foi de 5,4. No total 110 usos foram descritos para as espécies no trecho estudado (Tabela 1). O maior número de usos atribuído a uma espécie foi 14 encontrado apenas em Berthollethia excelsa; 34 espécies apresentaram cinco usos e nove espécies um uso (Fig. 2). Tabela 1. Usos da floresta pelos caboclos de Caicubi, Roraima, Brasil. Listadas por categorias. Construção Tecnologia Cabo de enxada, machado, terçado, faca, Caibros, linhas, travessas, esteio. Cascas para paredes. Tábuas para paredes de casas e sualho. Folha para tecer cobertura de casas. foice. Embira para paneiro, peçonhas, como corda. Talheres. Folha de sobreposição em telhados de palha. Estacas e moirão de cercas. Ripas para estrutura de forno de farinha, Móveis Espinhos para caçar garfanhotos. construção de casas e cercas. Compensado. Barrote, pernamancas. Postes. Pecíolo para fazer pipas. Pecíolo para ponta de flechas. Pecíolo colher látex. Medicinal Látex para distenção muscular. Raiz para anemia. Breu para dor de cabeça. Estípula para puxar tumor. Resina para desinflamar pancadas e Arcos. Caniço. Breu para afastar morcêgos e carapanas. Breu para calafetar canoas. Construção de canoas, barcos e batelão. Bucha de motor e de bomba. Folha para empalhar carne seca evitando torções. Opérculo para carne crescida. varejera. Casca para tingir linhas de pesca. Ripa para instrumentos de pesca de peixinhos Seiva contra veneno de cobra. Casca contra veneno de cobra. ornamentais. Látex como cola. Sapopemas para tábuas de lavar roupa, leme Casca para diarréia. Semente para apendicite. Folha para tirar panema de cachorro de barco e remos. Fruto pixidio como pilhão. Ripa para cabeceira de lanterna. Jaticá, cabo de zagaia e astia p/ pesca de peixe Casca para males dos rins. Seiva para dor de dente. Seiva como antiséptico e cicatrizante. boi. Folha para cobertura de caiera de fazer carvão. Tronco como rolete para deslizar 57 Seiva como coagulante. Semente contra dor de urina. Látex como veneno. Seiva contra vômito. Casca contra hemorroides. embarcações. Latex como veneno para caça. Balsas. Espinho para tira espinho. Semente para plantar Abanos. Folha na prensa de farinha para não grudar a Casca para hemorragia em aborto. Casca para o sapinho na boca das crianças. massa com a prensa. Coronha de espingarda Folha para botar a caça encima para tirar o Casca para friera brava (micose), curuba. Casca para sarna do cachorro (pirento) Estípula para barriga d’ água. Casca contra câncer. Folha para banho de crianças quando couro. Pecíolo para apitar e chamar anta. Látex para fazer balata. Tronco como adubo para canteiro. choram muito. Folha para lixar. Meristema apical e de troncos velhos onde se Látex para matar piolho. cira mixigua usada como isca de pesca. Folha para torrar massa de farinha para Casca para matar piolho. Seiva para derrame. Casca para diabetes. massoca. Folha para fumar. Jirao para assar peixe. Fruto como isca para pescar com espinhel. Folha para fazer sabão. Fruto como timbó para mata peixe. Casca para fazer fogão de barro. Combustible Lenha e carvão. Breu para fazer fogo. Casca para queimar. Pericarpo da catanha para carvão. Outros Defumação de pessõas para afastar e tirar Artesanato Folha nova para cestaria, chapéu. Semente para anéis e brincos. Ripa para borda de cestaria. Casca para tingir fibras. doenças. Fruto no chão para caçar inambu, anta. Tronco para fazer brinquedos Breu para queimar quando vem temporal. Breu para afastar os maus espiritos. Folha para estragar pessoas. Casca para pegar mulher. Alimetar Fruto comestível. Palmito. Âmago e larva (michigua) que se cria Comércio Sementes dentro do tronco dentro do tronco. Seiva para beber. Semente comestível. Látex para beber. Breu e Látex Palmito vende Galhos vendem para turistas 58 Folha para chá. porcentagem das spp. úteis 20% 18% 18% 16% 14% 12% 12% 11% 11% 10% 11% 11% 8% 8% 6% 6% 5% 3% 4% 2% 2% 1% 1% 1% 12 13 14 0% 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Número de usos por espécie Figura 2. Número de usos por espécie (%) com DAP > 10cm de 1 ha. de floresta de terra firme indicado pelos caboclos da vila de Caicubi, Município de Caracaraí, RR, Brasil. A Tabela 2 mostra que dentro dos 109 usos, 44 (40%) estão na categoria tecnologia, seguida por medicinal (27%), construção (8%), alimentar (6%), comércio (3%), combustível (3%), artesanato (3%), outros (6%). A madeira é o recurso mais utilizado (26%) dentro dos usos descritos; seguidos pelas exsudatos (látex, resina e seiva) (22%), folhas e espinhos (21%), casca (15%), frutas e semente (13%), meristema apical (envolve o palmito e uma larva usada como alimento) (4%), raízes (2%) e estípula (2%). Quando analisado os usos por categoria (Tabela 2), observa se que em tecnologia os recursos mais utilizados são a madeira (36%) e as folhas e espinhos (34%); na categoria de construção a madeira é o recurso mais utilizado (88%); na categoria de comércio quatro itens (madeiras, frutos e sementes, exsudatos e coração do tronco) totalizaram 100% com a mesma proporção (25%) para cada um deles. Na categoria medicinal as cascas e os exsudatos são os recursos mais utilizados com 37% para cada categoria. Na categoria alimentar os recursos mais utilizados são frutos e sementes (28,6%), exsudatos (28,6%) e meristema apical de palmeira (28,6%). Na categoria combustível os recursos estão igualmente dividido em madeiras, frutos e 59 sementes, exsudatos e cascas (25% para cada item). Em artesanato os recursos estão divididos em madeiras, frutos e sementes, folhas e espinhos e cascas com 25% para cada item. Para a categoria de outros usos predomina o uso de exsudatos 43%. Tabela 2. Partes utilizadas das árvores, cipós e hemiepifitas com DAP > 10cm pelos caboclos da vila Caicubi, Caracaraí, Roraima, Brasil, distribuídas por categorias de usos. (Cons: construção; Tec: tecnologia; Alim: alimentar; Med: medicinal; Arte: artesanato; Comb: combustível, Com: comércio, Outr: outros). Parte Utilizada Madeira frutos, sementes, Exsudatos folhas e espinhos Casca Raízes coraçao do tronco * Estípula Total de usos utilizados Cons 8 0 0 1 0 0 0 0 Com 1 1 1 0 0 0 1 0 Med 0 3 11 2 11 1 0 2 Alim 0 2 2 1 0 0 2 0 Tec 16 5 4 15 3 0 1 0 Comb 1 1 1 1 0 0 0 Arte 1 1 0 1 1 0 0 0 Outr 1 1 3 1 1 0 0 0 Total 28 14 22 21 17 1 4 2 %Total 26% 13% 20% 19% 15% 1% 4% 2% 9 4 30 7 44 4 4 7 109 100% *coração do tronco envolve ao âmago e uma larva que se cria dentro do tronco quando este cai. Phillips et al. 1994 enfatizam que o simples processo de totalizar o número de espécies úteis e o número de usos por espécie em uma área é somente uma forma muito crua de mostrar a importância cultural da floresta e que estes resultados têm que ser interpretados com cautela. A figura 3 sustenta este fato quando mostra as 30 espécies com maiores números de uso e paralelamente mostra seus VU. Observa-se que estes valores não seguem o mesmo padrão. Estas inconsistências refletem o fato de existirem usos ocasionais para quase todos as espécies de árvores, mais só algumas espécies são intensamente utilizadas (Phillips et al. 1994). A maioria das espécies (23%) apresenta valor de uso (VU) entre >0,5 e 1,5 (Fig. 4). VU altos estão concentrados em poucas espécies. O VU médio por espécie é 1,59; o VU médio por espécie para combustível é 0,43; tecnologia de 0,43; construção de 0,39; alimentação 0,14; medicinal de 0,13; artesanato de 0,02; comércio de 0,02 e para outros 0,04. As espécies com maior VU são Bertholletia excelsa seguida por Pouteria glomerata, Eschweilera pedicellata, 60 Eschweilera coriacea, Euterpe precatória (Tabela 6). A lista das espécies com VU totais e por categoria, sua abundância relativa, número de eventos, e número de informantes encontram-se na Tabela 3. 1 6 ,0 0 VUTotal 1 4 ,0 0 nutotal Valores 1 2 ,0 0 1 0 ,0 0 8 ,0 0 6 ,0 0 4 ,0 0 0 ,0 0 Berth o letia E sch w eilera V iro la th eio d o ra E sch w eilera In g a alb a Po u teria Bo cag eo p sis G u atteria sp 1 Po u ro u m a cf. O co tea G u stav ia au g u sta Po u teria caim ito X y lo p ia O en o carp u s X y lo p ia aff G o u p ia g lab ra Sy m p h o n ia L icaria E sch w eilera Helico sty lis Iry an th era Po u teria Crep id o sp erm u m A ttalea m arip a E u terp e Cecro p ia L ican ia cau d ata L ican ia h irsu ta A n ib a aff. O co tea 2 ,0 0 Figura 3. Trinta espécies com maior número de usos totais e com seus respectivos valores de uso (VU Total) citados pelos caboclos da vila de Caicubi, Município de Caracaraí, RR, Brasil. 23% 21% 20% 15% 15% 12% 11% 5% 2% 1% 1% 0% 1% 5 ,5 - 6 8% 5 - 5 ,5 7% >4 ,5 - 5 10% >4 - 4 ,5 Porcentagem das spp. úteis 25% >3 ,5 - 4 >3 - 3 ,5 >2 ,5 - 3 >2 - 2 ,5 >1 ,5 - 2 >1 - 1 ,5 >0 ,5 - 1 0 ,1 7 - 0 ,5 0% Valor de uso Figura 4. Distribuição dos valores de uso (UV) para as 185 espécies utilizadas pelos caboclos da vila de Caicubi, Município de Caracaraí, RR, Brasil, encontradas em 1 ha. de floresta terra firme. 61 Tabela 3. Lista de plantas apontadas como úteis pelos caboclos da vila de Caicubi, Caracaraí, RR, Brasil, encontradas em 1 ha. de floresta de terra firme, mostrando o valor de uso total (VUTot), valor por categoria de uso (VUCons = construção; VUCom = comércio; VUAli = alimentar; VUMed = medicinal; VUTec = tecnología; VUComb = combustível; VUArt = artesanato; VUOu = outros usos), número de usos (nu), número de entrevistas (ne), número de informantes (ni), densidade relativa (DRe). Espécies ANACARDIACEAE Tapirira guianensis Aubl. ANNONACEAE Bocageopsis multiflora (Mart.) R.E. Fr. Fusaea longifolia Safford. Guatteria citriodora Ducke Xylopia aff. polyantha R.E.Fr. Xylopia amazonica R.E.Fr. APOCYNACEAE Ambelania acida Aubl. Couma guianensis Aubl. Odontadenia cognata (Stadelm.) Woodson Rhigospira quadrangularis Miers. ARALIACEAE Schefflera morototoni (Aubl.)Maguire,Steyern. & Frodin ARECACEAE Astrocaryum aculeatum Wallace Attalea maripa Mart. Euterpe precatoria Mart. Oenocarpus bacaba Mart. BIGNONIACEAE Jacaranda copaia D.Don BOMBACACEAE Quararibea ochrocalyx Visch. Rhodognaphalopsis cf. duckei A. Robyns BORAGINACEAE Cordia bicolor A.DC. ex DC. Cordia exaltata Lam. Cordia nodosa Lam. VUTot VUCons VUCom VUAli VUMed VUTec VUComb VUArt VUOu nu ne ni D.Re 0,17 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,17 0,00 0,00 1 6 6 0,18 3,56 3,33 2,08 3,12 2,95 0,92 0,50 0,63 1,06 1,09 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,09 0,00 0,10 0,00 0,00 1,63 2,00 0,85 1,18 1,05 0,92 0,83 0,50 0,88 0,82 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 10 6 10 9 9 25 6 16 20 12 11 6 10 11 11 5,51 0,18 0,74 0,92 0,37 1,23 2,39 0,83 0,83 0,00 0,09 0,00 0,00 0,09 0,18 0,00 0,00 0,91 1,09 0,00 0,00 0,00 0,27 0,83 0,17 0,18 0,73 0,00 0,33 0,05 0,03 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4 5 1 4 12 11 0,37 14 11 0,55 6 6 0,18 6 6 0,18 0,55 0,27 0,00 0,00 0,00 0,18 0,09 0,00 0,00 3 12 11 0,37 3,50 3,50 3,86 3,09 0,00 1,00 1,09 0,98 0,17 0,00 0,09 0,00 1,50 1,50 1,41 1,56 0,00 0,00 1,00 0,09 0,67 0,83 0,27 0,45 0,00 0,00 0,00 0,00 1,17 0,17 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 6 8 8 9 6 6 0,18 6 6 0,18 14 11 3,68 16 11 1,84 1,00 0,58 0,00 0,00 0,00 0,17 0,25 0,00 0,00 3 9 0,86 1,33 0,14 0,50 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,36 0,67 0,36 0,17 0,00 0,00 0,00 0,00 6 4 13 11 0,55 6 6 0,18 0,50 1,67 0,50 0,33 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,17 0,00 0,00 0,00 0,17 0,83 0,00 0,00 0,50 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2 5 1 6 6 6 6 6 6 6 0,37 0,18 0,18 0,18 62 Cordia panicularis Rudge Cordia sp. BURSERACEAE Crepidospermum cf. rhoifolium (Benth.) Triana & Planchon Dacryodes cf. hopkinsii Dacryodes sclerophylla Cuatrec. Protium amazonicum (Cuatrec.) Daly Protium grandifolium Engl. Protium hebetatum Daly Protium opacum Swart subsp. Opacum Protium subserratum Engl. Protium trifoliolatum Engl. Trattinickia boliviana (Swart.) Daly Trattinickia glaziovii Swart. CARYOCARACEAE Caryocar glabrum (Aubl.)Pers. subsp. parviflorum Caryocar glabrum Pers. CECROPIACEAE Cecropia distachya Huber Coussapoa sprucei Mildbr. Pourouma cf. cuspidata Warb. & Mildbr. Pourouma cf. tomentosa subsp. apiculata (Benoist) C.C. Berg & Van Pourouma cucura Standl. & Cuatrec. Pourouma ferruginea Standl. Pourouma guianensis Aubl. guianensis Pourouma melinonii Benoist subsp. melinonii Pourouma minor Benoist Pourouma ovata Trec. Pourouma tomentosa Miq. subsp. essequiboensis Pourouma tomentosa Miq. subsp. tomentosa Pourouma villosa Trec. CELASTRACEAE Goupia glabra Aubl. CHRYSOBALANACEAE Couepia aff. obovata Ducke Hirtella racemosa var. hexandra (Willdenow ex Roemer & 1,17 0,67 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,17 0,00 0,33 0,50 0,00 0,33 0,17 0,00 0,00 0,00 0,00 5 4 6 6 6 6 1,82 2,17 3,40 1,17 1,83 2,68 2,22 0,80 1,83 2,50 2,77 0,00 0,17 0,00 0,33 0,25 0,00 0,06 0,00 0,33 0,33 0,10 0,05 0,17 0,20 0,00 0,00 0,09 0,11 0,00 0,00 0,00 0,05 0,09 0,00 0,00 0,17 0,00 0,00 0,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,05 0,00 0,20 0,00 0,00 0,00 0,11 0,00 0,00 0,17 0,21 0,64 0,33 0,80 0,17 0,50 0,77 0,33 0,40 0,50 0,67 0,79 0,59 0,83 1,40 0,33 0,58 1,14 1,00 0,20 0,67 0,50 0,98 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,41 0,67 0,80 0,17 0,50 0,68 0,56 0,20 0,33 0,83 0,65 9 5 7 4 6 7 7 3 5 6 8 17 11 0,55 6 6 0,18 5 5 0,18 6 6 0,18 8 6 0,37 12 11 0,37 10 9 0,37 5 5 0,18 6 6 0,18 6 6 0,18 28 11 0,92 1,60 1,75 0,33 0,42 0,00 0,00 0,10 0,00 0,50 0,50 0,67 0,67 0,00 0,17 0,00 0,00 0,00 0,00 5 5 12 10 0,55 7 6 0,37 1,41 0,17 1,18 1,04 0,18 0,00 0,00 0,10 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,18 0,07 0,32 0,17 0,21 0,13 0,43 0,00 0,24 0,31 0,47 0,00 0,55 0,44 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 8 1 7 10 19 11 0,92 5 6 0,18 16 11 0,74 23 10 2,76 1,08 1,33 1,50 1,20 1,00 1,00 0,67 0,75 1,00 0,04 0,17 0,00 0,20 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,17 0,20 0,09 0,20 0,17 0,00 0,00 0,25 0,17 0,17 0,10 0,18 0,20 0,17 0,00 0,30 0,38 0,17 0,67 0,20 0,27 0,20 0,00 0,25 0,40 0,42 0,50 0,50 0,50 0,45 0,40 0,33 0,50 0,30 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4 5 4 6 7 4 3 2 6 10 6 0,74 6 6 0,18 6 6 0,18 10 10 0,37 20 11 2,39 5 5 0,18 6 6 0,18 4 4 0,18 10 10 0,37 2,68 1,11 0,00 0,00 0,18 0,68 0,70 0,00 0,00 9 15 11 1,65 0,50 1,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,17 0,00 0,00 0,17 0,33 0,50 0,00 0,00 0,00 0,00 2 4 6 6 6 6 0,18 0,18 0,18 0,18 63 Schultes) Prance Licania canescens Benoist Licania caudata Prance Licania cf. prismatocarpa Spruce ex Hook. f. Licania heteromorpha Benth. subsp. heteromorpha Licania hirsuta Prance Licania micrantha Miq. Licania octandra subsp. pallida (Hooker f.) Prance Licania sothersiae Prance Licania unguiculata Prance CLUSIACEAE Clusia grandiflora Splitg. Symphonia globulifera L. Tovomita schomburgkii Planch. & Triana DILLINIACEAE Pinzona coriacea Mart. & Zucc. ELAEOCARPACEAE Sloanea cf. synandra Spruce ex. Benth. Sloanea pubescens Benth. Sloanea rufa Planch. Ex Benth. Sloanea sp.1 EUPHORBIACEAE Alchornea schomburgkii Klotzsch Alchornea triplinervia Mull. Arg. Croton lanjouwensis Jabl. Euphorbiaceae sp.1 Hieronyma mollis Muell. Arg. FLACOURTIACEAE Laetia procera Eichl. Lindackeria cf. paludosa Gilg. GNETACEAE Gnetum leyboldii Tul. HUGONIACEAE Hebepetalum humiriifolium (Planch.) Jackson LAURACEAE Aniba aff. Williamsii O. C. Schmidt. (Guia Ducke) Licaria guianensis Aubl. 0,50 2,33 2,00 3,00 3,75 1,25 2,26 2,67 1,83 0,00 0,67 0,33 0,83 0,83 0,25 0,22 0,67 0,67 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,17 0,00 0,00 0,17 0,00 0,00 0,17 0,00 0,17 0,83 0,50 1,17 1,42 0,33 1,15 0,83 0,50 0,33 0,67 0,83 0,67 0,83 0,67 0,89 0,83 0,67 0,00 0,00 0,33 0,33 0,50 0,00 0,00 0,17 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2 8 5 6 8 5 5 7 3 6 6 0,18 6 6 0,18 6 6 0,18 6 6 0,18 7 6 0,37 9 6 0,37 17 11 1,29 6 6 0,18 6 6 0,18 0,67 1,80 1,33 0,00 0,36 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,07 0,00 0,67 0,09 0,00 0,00 0,75 0,50 0,00 0,43 0,50 0,00 0,00 0,00 0,00 0,09 0,00 1 9 5 6 6 0,18 15 11 2,21 6 6 0,18 1,50 0,00 0,00 0,67 0,67 0,00 0,17 0,00 0,00 6 6 6 0,18 1,00 1,00 0,67 0,67 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,08 0,00 0,00 0,00 0,17 0,00 0,67 1,00 0,08 0,50 0,33 0,00 0,33 0,17 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3 2 5 3 6 6 11 6 6 6 6 6 0,18 0,18 0,37 0,18 0,67 0,42 1,42 0,67 0,47 0,00 0,25 1,33 0,17 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,08 0,00 0,00 0,00 0,00 0,11 0,17 0,00 0,00 0,17 0,00 0,50 0,17 0,08 0,33 0,28 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3 2 2 3 7 9 7 8 6 13 6 6 6 6 6 0,37 0,37 0,55 0,55 0,18 0,75 0,33 0,36 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,05 0,00 0,18 0,00 0,16 0,17 0,00 0,00 0,00 0,17 6 2 16 11 0,92 6 6 0,18 1,00 0,00 0,00 0,80 0,00 0,00 0,20 0,00 0,00 2 5 0,86 0,18 0,00 0,09 0,18 0,00 0,41 0,00 0,00 6 15 11 0,74 3,03 3,55 1,42 1,82 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,33 1,36 0,28 0,36 0,00 0,00 0,00 0,00 8 9 11 6 0,55 12 11 0,37 5 0,18 64 Mezilaurus subcordata (Ducke) Kosterm Ocotea nigrescens A. Vicentini Ocotea rhodophylla A. Vicentini Ocotea sp. E (guia Ducke) Ocotea subterminalis H. van der Werff Pleurothyrium vasquezii H. van der Werff LECYTHIDACEAE Bertholetia excelsa Humb & Ponpl. Eschweilera bracteosa Miers Eschweilera coriacea Mart. ex O.Berg Eschweilera grandifolia Mart ex DC. Eschweilera pedicellata (Richard)S.A.Mori Gustavia augusta Amoen. Acad. Lecythis poiteaui O.Berg. Lecythis retusa Spruce ex. O.Berg Lecythis zabucajo Aubl. LEGUMINOSAE CAESALPINIOIDEAE Bahuinia guianensis Aubl. Dicorynia paraensis Benth. Sclerolobium aff. Setiferum Ducke Sclerolobium chrysophyllum Poepp. & Endl. Sclerolobium setiferum Ducke Tachigali myrmecophila Ducke Tachigali venusta Dwyer LEGUMINOSAE MIMOSOIDEAE Cedrelianga cataeniformis (Ducke) Ducke Dinizia excelsa Ducke Enterolobium schomburgkii Benth. Inga aff. bicoloriflora Ducke Inga aff. capitata Desv. Inga alba (Swartz) Willd. Inga cf. laurina Willd. Inga grandiflora Ducke Inga paraensis Ducke Inga rhynchocalyx Sandwith Inga thibaudiana DC. Inga umbratica Poepp. & Endl. 0,40 3,20 3,06 2,50 1,83 1,33 0,00 1,50 1,06 1,33 0,83 0,50 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,35 1,42 0,83 0,67 0,50 0,40 0,26 0,58 0,33 0,33 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,09 0,00 0,00 0,00 0,00 1 10 8 5 5 6 5 5 0,18 17 11 0,55 13 6 0,55 6 6 0,18 6 6 0,18 6 6 0,18 5,55 2,50 4,24 3,17 4,35 2,60 1,00 1,42 2,67 0,86 1,00 1,14 1,17 1,17 1,00 0,33 0,58 0,92 0,80 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,00 0,00 0,00 0,17 0,00 0,20 0,00 0,25 0,42 1,02 0,50 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,17 1,59 0,50 1,93 1,17 2,02 0,80 0,17 0,33 0,75 0,27 0,50 0,97 0,67 0,95 0,40 0,50 0,25 0,42 0,00 0,00 0,20 0,00 0,22 0,20 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 14 5 13 9 11 10 3 7 8 15 11 0,92 2 2 0,18 26 11 3,86 6 6 0,18 16 10 2,21 5 5 0,18 6 6 0,18 9 6 0,37 9 6 0,37 1,17 0,33 2,08 1,00 1,33 1,85 1,20 0,00 0,17 0,92 0,20 0,67 0,55 0,60 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,67 0,00 0,17 0,20 0,00 0,18 0,20 0,50 0,17 0,50 0,40 0,17 0,58 0,20 0,00 0,00 0,50 0,20 0,50 0,55 0,20 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3 2 7 5 4 7 5 6 6 0,18 6 6 0,18 7 6 0,37 5 5 0,18 6 6 0,18 14 11 1,1 5 5 0,18 2,17 2,17 1,67 1,00 0,83 1,96 2,33 1,27 1,46 1,22 1,50 1,17 1,33 0,50 0,67 0,17 0,17 0,14 0,17 0,00 0,14 0,11 0,17 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,26 0,33 0,45 0,37 0,33 0,33 0,17 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,27 0,50 0,00 0,09 0,00 0,00 0,17 0,67 0,83 0,33 0,33 0,00 0,18 0,50 0,09 0,18 0,22 0,17 0,00 0,17 0,83 0,67 0,17 0,33 0,75 0,83 0,64 0,65 0,56 0,67 0,83 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,36 0,00 0,09 0,03 0,00 0,17 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 6 7 6 6 2 11 7 4 8 4 5 3 6 6 0,18 6 6 0,18 6 6 0,18 6 6 0,18 6 6 0,18 22 11 2,76 6 6 0,18 12 11 0,37 22 11 0,92 10 9 0,37 6 6 0,18 6 6 0,18 65 Parkia nitida Miq. Parkia sp. Pseudopiptadenia psilostachya (DC.) G.Lewis & M.P.M. de Lima Stryphnodendrom paniculatum Poepp. & Endl. Zygia racemosa (Ducke) Barneby & J.W.Grimes LEGUMINOSAE PAPILIONOIDEAE Andira micrantha Ducke Clathrotropis macrocarpa Ducke Ormosia aff. Nobilis Tul. var. nobilis Ormosia grossa Rudd. Pterocarpus officinalis Jacq. Swartzia cf. dolichopoda R.S.Cowan Swartzia corrugata Benth. MELASTOMATACEAE Miconia traillii Cogn. MELIACEAE Guarea silvatica C.DC. MORACEAE Clarisia racemosa Ruiz & Pav. Helianthostylis sprucei Baill. Helicostylis tomentosa (Poepp. & End.) Macbride Maquira sclerophylla (Ducke) C.C.Berg. Moraceae sp1 Naucleopsis glabra Spruce ex Pittier Perebea guianensis Aubl. Perebea mollis (Planch. & Endl.) Huber subsp. mollis Pseudolmedia laevis (Ruiz & Pav.)Macbride Sorocea guilleminiana Gaudich. MYRISTICACEAE Iryanthera coriacea Ducke Iryanthera grandis Ducke Iryanthera juruensis Warb. Osteoplhoeum platyspermum Warb. Virola calophylla Warb. Virola enlongata (Benth.) Warb. Virola theiodora Warb. 1,42 1,00 1,83 0,75 0,50 0,67 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,17 0,00 0,42 0,00 0,50 0,25 0,33 0,67 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 5 4 6 7 6 6 6 6 6 0,55 0,18 0,18 0,64 2,02 0,09 0,68 0,00 0,00 0,00 0,00 0,18 0,05 0,09 0,41 0,27 0,89 0,00 0,00 0,00 0,00 4 8 11 11 0,37 17 11 0,74 1,83 2,75 1,67 2,33 1,50 1,20 0,83 0,17 0,25 0,17 0,83 0,33 0,40 0,17 0,00 0,00 0,17 0,17 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 1,29 0,17 0,67 0,17 0,00 0,17 0,50 0,25 0,33 0,33 0,33 0,40 0,33 0,83 0,96 0,50 0,33 0,67 0,40 0,17 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 7 8 5 8 5 5 5 6 12 6 6 6 5 6 6 8 6 6 6 5 6 0,18 7,17 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 1,17 0,33 0,00 0,17 0,00 0,08 0,58 0,00 0,00 5 11 6 0,37 0,50 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,17 0,00 0,00 3 6 6 0,18 1,41 0,17 1,69 0,83 0,75 1,18 0,73 1,08 0,73 1,23 0,14 0,17 0,20 0,17 0,08 0,09 0,09 0,08 0,05 0,00 0,00 0,00 0,14 0,17 0,00 0,09 0,03 0,00 0,05 0,00 0,27 0,00 0,53 0,00 0,08 0,18 0,23 0,33 0,09 0,00 0,00 0,00 0,03 0,00 0,17 0,00 0,00 0,08 0,00 0,91 0,82 0,00 0,24 0,17 0,25 0,18 0,00 0,00 0,32 0,09 0,18 0,00 0,51 0,33 0,17 0,45 0,33 0,50 0,23 0,23 0,00 0,00 0,05 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,18 0,05 0,08 0,00 0,00 8 1 9 4 8 7 5 4 8 6 12 6 21 7 11 12 13 11 16 12 11 6 11 6 6 11 11 6 11 11 0,37 0,18 1,1 0,18 0,37 0,55 1,1 0,37 0,74 0,55 1,55 0,83 2,05 1,33 1,36 2,50 2,20 0,40 0,33 0,61 0,33 0,36 0,50 0,48 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,40 0,33 0,42 0,67 0,32 0,75 0,74 0,25 0,00 0,41 0,17 0,23 0,75 0,36 0,50 0,17 0,61 0,17 0,45 0,50 0,63 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 7 5 9 5 7 8 12 12 6 19 8 12 4 23 10 6 11 6 11 4 11 0,74 0,18 0,92 0,37 0,37 0,18 1,47 66 Virola venosa Warb. MYRSINACEAE Cybianthus aff. detergens Mart. MYRTACEAE Calycolpus sp. Eugenia aff. Florida DC. Eugenia cf. cuspidifolia DC. Eugenia cf. omissa McVaugh Eugenia sp.1 Myrcia aff. rufipila McVaugh Myrcia sylvatica DC. OLACACEAE Minquartia guianensis Aubl. QUIINACEAE Quiina florida Tul. Touroulia guianensis Aubl. ROSACEAE Prunus myrtifolia Urb. RUBIACEAE Borojoa claviflora (K.Schum.)Cuatrec. Ferdinandusa rudgeoides Wedd. Ferdinandusa sp1. SABIACEAE Ophiocaryon aff. manausense (W.A.Rodrigues)Barneby SAPINDACEAE Cupania scrobiculata Rich. SAPOTACEAE Chrysophyllum sanguinolentum (Pierre) Baehni Micropholis guyanensis (A.DC.) Pierre subsp. guyanensis Pouteria caimito Radlk. Pouteria cuspidata (A.DC.)Baehni Pouteria durlandii (Standl.) Baehni Pouteria glomerata Radlk. Pouteria guianensis Aubl. Pouteria sp.1 SIMAROUBACEAE Simaba polyphylla (Cavalcante) W.W.Thomas 0,95 0,36 0,00 0,00 0,23 0,14 0,23 0,00 0,00 7 12 11 0,37 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 1 6 6 0,18 2,67 2,33 1,00 2,00 0,50 1,17 2,00 0,83 0,50 0,00 0,83 0,00 0,17 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,33 0,17 0,17 0,00 0,00 0,67 0,00 0,00 0,00 0,00 0,17 0,00 0,17 0,50 0,67 0,00 0,17 0,00 0,17 0,00 1,00 0,83 0,83 0,83 0,17 0,83 0,83 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,17 0,00 0,00 6 6 2 5 3 3 5 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 3,33 2,17 0,00 0,17 0,00 0,33 0,67 0,00 0,00 8 6 6 0,18 1,00 0,45 0,27 0,05 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,09 0,18 0,05 0,55 0,27 0,00 0,00 0,00 0,00 4 4 13 11 0,55 12 11 0,37 0,33 0,00 0,00 0,08 0,08 0,00 0,17 0,00 0,00 2 12 2,17 2,55 0,50 0,33 1,21 0,17 0,00 0,00 0,00 1,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,17 0,68 0,17 0,67 0,65 0,17 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4 7 3 6 6 0,18 21 11 2,21 6 6 0,18 0,60 0,00 0,00 0,00 0,00 0,20 0,40 0,00 0,00 2 5 5 0,18 0,17 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,17 0,00 0,00 1 6 6 0,18 3,00 1,55 3,45 0,50 2,59 4,92 3,33 0,83 0,83 0,73 1,05 0,09 0,73 1,50 1,33 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,17 0,00 0,00 0,00 0,00 0,18 0,00 0,27 0,50 0,50 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,17 0,41 1,23 0,09 1,05 1,83 0,67 0,00 1,00 0,41 1,00 0,32 0,55 0,92 0,83 0,50 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 6 7 10 3 11 9 8 3 6 12 12 11 11 9 6 5 6 11 11 11 11 6 6 6 0,18 0,37 0,37 0,37 0,37 0,37 0,18 0,18 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,17 0,17 0,00 0,00 2 6 6 0,18 6 0,37 67 Simaruba amara Aubl. STERCULIACEAE Theobroma microcarpa Mart. Theobroma obovatum Klotzch ex Bernoulli Theobroma speciosa Willd. ex Spreng. Theobroma subincanum Mart. Theobroma sylvestris Aubl. ex Mart. STRELITZIACEAE Phenakospermum guyanense (L. C. Rich.) Endl. TILIACEAE Apeiba echinata Gaertn. VIOLACEAE Paypayrola macrophylla VOCHYSIACEAE Erisma bracteosum Ducke Qualea paraensis Ducke Qualea sp.1 (Guia Ducke) Vochysia vismiaefolia Spruce ex Warm. TOTAL 1,67 1,17 0,00 0,00 0,06 0,28 0,00 0,00 0,17 6 8 6 0,74 1,39 1,75 1,70 1,88 1,75 0,27 0,08 0,00 0,09 0,00 0,00 0,00 0,10 0,00 0,08 0,14 0,67 1,20 1,00 1,33 0,00 0,00 0,10 0,36 0,00 0,64 0,50 0,10 0,09 0,17 0,34 0,50 0,20 0,33 0,17 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 8 6 6 5 5 19 11 0,74 10 6 0,37 11 10 0,37 13 11 0,92 8 6 0,55 3,23 1,05 0,00 0,09 1,14 0,95 0,00 0,00 0,00 7 12 11 0,55 0,67 0,17 0,00 0,00 0,00 0,50 0,00 0,00 0,00 3 6 6 0,18 1,00 0,20 0,00 0,00 0,00 0,40 0,40 0,00 0,00 4 5 5 0,18 1,83 1,17 0,50 0,33 0,67 0,83 0,17 0,08 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,50 0,33 0,17 0,00 0,67 0,00 0,17 0,25 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 5 5 3 2 6 6 6 9 6 6 6 6 0,18 0,18 0,18 0,37 306,14 73,31 3,18 27,22 25,32 82,44 82,24 3,98 8,44 5,52 1739 98,46 68 Foram encontradas quatro espécies de lianas com DAP > 10cm, representadas cada uma por um indivíduo; a média dos VU para estas espécies foi de 1,12; sendo que o 48% deste valor correspondeu à categoria de medicina, 33% à categoria alimentar, 11 % à categoria tecnologia e 8% à categoria combustível. No hábito hemiepífito foram encontradas duas espécies com dois indivíduos, a média dos VU para as espécies foi de 0,42; sendo que o 100% deste valor provêem da categoria medicinal. No hábito arbóreo o VU médio por espécie foi de 1,61 e as categorias mais importantes são tecnologia, combustível e construção (Tabela 4). Tabela 4. Contribuição dos valores de uso por categoria e por hábito encontrados em 1 ha. de floresta de terra firme utilizados pelos caboclos da vila de Caicubi, Caracaraí, RR, Brasil (VU: valor de uso; Cons: construção; Tec: tecnologia; Alim: alimentar; Med: medicinal; Arte: artesanato; Comb: combustível, Com: comércio, Outr: outros, No de spp.: número de espécies). Hábito %VU %VU %VU %VU %VU %VU %VU %VU No de Tec Arvoreo 27,2 Lianas 11,1 Hemiepífito 0 Total 26,9 Cons 24,7 0 0 23,9 Comb 27,2 8,1 0 26,9 Med 7,4 48,1 100 8,3 Alim 8,7 32,6 0 8,9 Arte 1,3 0 0 1,3 Com 1,1 0 0 1 Outr 2,4 0 0 3 spp. 183 4 2 189 As categorias com maior VU são combustível, tecnologia e construção. Estas três categorias juntas somam 78,1% do total dos VU (Fig. 5). É interessante destacar que o 91% das espécies úteis no hectare estudado têm utilidade para combustível, enquanto 83% em tecnologia e 75% em construção (Fig. 6). Poucas destas espécies têm uso exclusivo numa categoria, apenas 3% das espécies são exclusivas para a categoria de combustível e 1% para a categoria de construção; não há nenhuma espécie exclusiva na categoria de tecnologia. Ao analisar figura 6 se observa que foram citados mais espécies com usos medicinal que alimentar (44% a 35%), por outro lado as porcentagens nos VU para estas categorias têm pouca diferença entre elas (8,2% e 9,0% respectivamente) mostrando que no conhecimento agregado existe maior quantidade de plantas medicinais conhecidas que alimentar, mas a floresta esta sendo utilizada na mesma 69 proporção para estas duas categorias de uso (Fig. 5). O mesmo ocorre com as categorias 30,0% 2 6 ,8 % 2 7 ,0 % 2 4 ,3 % 25,0% 20,0% 15,0% 8 ,2 % 2 ,4 % 1 ,3 % 1 ,0 % A rtesan ato O u tro s M ed icin al A lim en tar Co n stru ção 0,0% Tecn o lo g ia 5,0% Co m êrcio 9 ,0 % 10,0% Co m b u stív el Porcentagem de valores de uso combustível e tecnologia e com as categorias de comércio e artesanato (Fig. 5,6). Categorias de uso Todas as spp usadas nesta categoria 91% 83% 75% Exclusivas da categoria 44% 35% 2% 11% 8% 0% A rtesan ato 0% O u tr o s M ed icin al 1% A lim en tar 1% Co n stru ção 0% 0% Co m êrcio 11% 3% T ecn o lo g ia 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Co m b u stív el porcentagem das spp. úteis Figura 5. Contribuição dos valores de uso por categoria encontrados em 1 ha. de floresta de terra firme utilizados pelos caboclos da vila de Caicubi, Caracaraí, RR, Brasil. Categoria de Uso Figura 6. Distribuição das espécies com potencial de uso entre as categorias encontradas em 1 ha. de floresta de terra firme pelos caboclos da vila Caicubí, Cararacaí, RR, Brasil. As categorias de artesanato, comércio e outros são categorias com baixos porcentagens nos VU e no número de espécies úteis (Fig 5, 6), mostrando que as espécies (considerando os indivíduos com DAP>10cm) oferecem poucos recursos para esta comunidade nestas categorias. 70 Seria interessante fazer outros estudos abrangendo DAP menores para melhor analisar os resultados nestas categorias. Sabe-se que espécies de Heteropsis, conhecidas como cipó-titica e de Ischnosiphom, conhecidas com arumã, encontradas comumente na parcela (porem não amostradas porque não alcançavam o critério de inclusão) são espécies muito utilizadas no artesanato e no comércio local. Famílias e espécies Ao analisar as dez famílias com maior VU (Tabela 5), observa-se que as Arecaceae são as de maior VU, isto também foi encontrado para quatro comunidades indígenas e uma de “mestizos” dentro da Amazônia (Prance et al. 1987; Phillips & Gentry 1993a). A razão deste valor no presente estudo deve-se a que a família é importante em várias categorias, mostrando destaque nos VU nas categorias de alimentar, artesanato, comércio, em medicinal, construção e tecnologia. As famílias Olacaceae e Strelitziaceae, posicionadas nos VU totais em segunda e terceira posição respectivamente, ambas representadas por uma espécie, têm destaque porque apresentam VU altos em uma determinada categoria: Olacaceae encontra-se na primeira posição na categoria construção e em sexta posição na categoria combustível; Strelitziaceae se destaca na categoria medicinal (primeira posição) e na categoria de construção (quarta posição). As Lecythidaceae é a quarta família no VU total, tendo destaque nos VU em várias categorias: no comércio, tecnologia, em artesanato, construção e alimentar. Annonaceae, tem destaque em VU nas categorias de construção e combustível. Celastraceae tem destaque nos VU de construção, combustível, tecnologia e medicinal. Sapotaceae tem destaque nas categorias de tecnologia, construção, combustível, comércio e alimentação. Lauraceae tem destaque em construção (terceira) e tecnologia (quartas). Burseraceae se destaca nas categorias outros (primeiras), combustível (terceiras) e comércio (quartas). Chrysobalanaceae tem destaque em combustível (sétimas) e tecnologia (oitavas). 71 Estes resultados apontam famílias que se destacam em várias categorias de uso mostrando flexibilidade para ser utilizadas em várias categorias: Arecaceae e Lecythidaceae em seis categorias, Sapotaceae em cinco categorias e Celastraceae em quatro categorias. . Por outro lado as Burseraceae têm destaque em três categorias; as Olacaceae, Strelitzeacea, Annonaceae, Lauraceae e Chrysobalanaceae têm destaque apenas em duas categorias, mostrando que são famílias com utilidades mais especificas. As categorias alimentar e outros estão citados em apenas oito famílias; a categoria artesanato em quatro famílias (Tabela 5), mostrando pouca riqueza para estas categorias considerando-se o critério de inclusão utilizado. Ao analisar as dez espécies com maior VU total, Bertholletia excelsa, foi a de valor mais alto (Tabela 6). B. excelsa se destacou entre as dez espécies com maiores VU nas categorias: comércio (primeira posição), medicinal (terceira posição), alimentar (oitava posição). Bocageopsis multiflora, em sétima posição dos VU total, destacou-se apenas na categoria de tecnologia (quinta posição). Cada uma das outras oito espécies se destacaram em duas categorias de uso (Tabela 7). Os testes de Mann Whitney mostram que Bertholletia excelsa possui diferenças significativas no valor de uso total com cinco das dez espécies mais importantes. Pouteria glomerata mostrou diferenças significativas com as espécies Bocageopsis multiflora e Euterpe precatoria. As outras espécies não mostraram diferenças significativas entre elas (Tabela 6). Isto mostra que os usos estão distribuídos em várias espécies, mostrando a grande oferta de usos da floresta de terra firme para a comunidade. Tabela 5. Famílias com maiores valor de uso por categoria apresentados no hectare (VU: valor de uso; Cons: construção; Tecn: tecnologia; Alim: alimentar; Med: medicinal; Arte: artesanato; Comb: combustível, Com: comercio, Outr: outros) 72 Família Arecaceae Olacaceae Strelitziaceae Lecythidaceae Annonaceae Celastraceae Sapotaceae Lauraceae Burseraceae Chrysobalanaceae N spp. 4 1 1 9 5 1 8 8 11 11 VUTotal 3,49 3,33 3,23 3,05 3,01 2,68 2,52 2,36 2,11 1,92 Família Olacaceae Celastraceae Lauraceae Strelitziaceae Lecythidaceae Annonaceae Sapotaceae Arecaceae Bignoniaceae Simaroubaceae N spp. 1 1 8 1 9 5 8 4 1 2 VUCons 2,17 1,11 1,06 1,05 0,92 0,84 0,82 0,77 0,58 0,58 Familia Annonaceae Lecythidaceae Strelitziaceae Lauraceae Sapotaceae Celastraceae Caryocaraceae Chrysobalanaceae Elaeocarpaceae Arecaceae N spp. 5 9 1 8 8 1 2 11 4 4 VUTec 1,34 1,04 0,95 0,93 0,80 0,68 0,67 0,64 0,56 0,56 Família Arecaceae Sterculiaceae Gnetaceae Dilliniaceae Apocynaceae Rubiaceae Myrtaceae Lecythidaceae Sapotaceae Moraceae N spp. 4 5 1 1 4 3 7 9 8 10 VUAlim 1,49 0,87 0,80 0,67 0,50 0,33 0,24 0,22 0,18 0,17 Familia Strelitziaceae Dilliniaceae Caryocaraceae Myristicaceae Meliaceae Apocynaceae Arecaceae Clusiaceae Leguminosae Celastraceae N spp. 1 1 2 8 1 4 4 3 31 1 VUMed 1,14 0,67 0,50 0,48 0,33 0,32 0,27 0,25 0,19 0,18 Família Annonaceae Myrtaceae Burseraceae Celastraceae Sapotaceae Olacaceae Chrysobalanaceae Melastomataceae Lecythidaceae Rubiaceae N spp. 5 7 11 1 8 1 11 1 9 3 VUComb 0,79 0,76 0,75 0,70 0,69 0,67 0,66 0,58 0,56 0,49 Familia Burseraceae Flacourtiaceae Simaroubaceae Moraceae Clusiaceae Myrtaceae Lauraceae Leguminosae N spp. 11 2 2 10 3 7 8 31 VUOutr 0,53 0,08 0,08 0,03 0,03 0,02 0,01 0,01 Família Lecythidaceae Apocynaceae Arecaceae Burseraceae Moraceae Sterculiaceae Sapotaceae Leguminosae N spp. 9 4 4 11 10 5 8 31 VUCom 0,08 0,07 0,06 0,06 0,05 0,04 0,02 0,01 Familia Arecaceae Chrysobalanaceae N spp. 4 11 VUArte 0,33 0,12 73 Lecythidaceae Leguminosae 9 31 0,07 0,02 Tabela 6. Dez espécies com maiores VU total em 1 ha. de floresta de terra firme indicados pelos caboclos da vila de Caicubi, Município de Caracaraí, RR, Brasil. As letras representam diferenças estatísticas encontradas com testes Mann-Whitney. Familia Lecythidaceae Sapotaceae Lecythidaceae Lecythidaceae Arecaceae Chrysobalanaceae Annonaceae Lauraceae Arecaceae Arecaceae Gênero sp Bertholletia excelsa Pouteria glomerata Eschweilera pedicellata Eschweilera coriacea Euterpe precatoria Licania hirsuta Bocageopsis multiflora Licaria guianensis Astrocaryum aculeatum Attalea maripa VUTotal 5,55 a 4,92ab 4,35ac 4,24ac 3,86c 3,75bc 3,56c 3,55bc 3,50ac 3,50bc Tabela 7. Dez espécies com maiores VU por categoria em 1 ha. indicados pelos caboclos da vila de Caicubi, Município de Caracaraí, RR, Brasil. (VU=valor de uso; Const=construção; Tecno= tecnologia; Alim= alimentar; Med= medicinal; Arte= artesanato; Comb= combustível, Com= comércio; Outros= outros). Familia Olacaceae Lauraceae Lauraceae Sapotaceae Lauraceae Euphorbiaceae Lauraceae Leguminosae Gênero sp Minquartia guianenses Licaria guianensis Ocotea nigrescens Pouteria glomerata Aniba aff. williamsii Croton lanjouwensis Ocotea sp. E Cedrelianga cataeniformis VUConst 2,17 1,82 1,50 1,50 1,42 1,33 1,33 1,33 74 Sapotaceae Rubiaceae Pouteria guianensis Ferdinandusa rudgeoides Familia Lecythidaceae Annonaceae Lecythidaceae Sapotaceae Annonaceae Lecythidaceae Chrysobalanaceae Lauraceae Lauraceae Lauraceae Gênero sp Eschweilera pedicellata Fusaea longifolia Eschweilera coriacea Pouteria glomerata Bocageopsis multiflora Bertholletia excelsa Licania hirsuta Ocotea rhodophylla Licaria guianensis Ocotea nigrescens Familia Arecaceae Arecaceae Arecaceae Arecaceae Sterculiaceae Sterculiaceae Apocynaceae Lecythidaceae Rubiaceae Sterculiaceae Gênero sp Oenocarpus bacaba Astrocaryum aculeatum Attalea maripa Euterpe predatoria Theobroma sylvestris Theobroma speciosa Couma guianensis Bertholletia excelsa Borojoa claviflora Theobroma subincanum Familia Leguminosae Strelitziaceae Lecythidaceae Arecaceae Moraceae Apocynaceae Myristicaceae Myristicaceae Clusiaceae Dilliniaceae Leguminosae Gênero sp Clathrotropis macrocarpa Phenakospermum guyanense Bertholletia excelsa Euterpe predatoria Sorocea guilleminiana Odontadenia cognata Virola enlongata Virola theiodora Clusia grandiflora Pinzona coriacea Bahuinia guianensis Familia Lecythidaceae Burseraceae Apocynaceae Arecaceae Burseraceae Leguminosae Leguminosae Moraceae Gênero sp Bertholletia excelsa Dacryodes sclerophylla Couma guianensis Astrocaryum aculeatum Dacryodes cf. Hopkinsii Ormosia aff. nobilis var. nobilis Ormosia grossa Maquira sclerophylla 1,33 1,21 VUTecn 2,02 2,00 1,93 1,83 1,63 1,59 1,42 1,42 1,36 1,35 VUAlime 1,56 1,50 1,50 1,41 1,33 1,20 1,09 1,00 1,00 1,00 VUMed 1,29 1,14 1,02 1,00 0,91 0,83 0,75 0,74 0,67 0,67 0,67 VUComercio 0,80 0,20 0,18 0,17 0,17 0,17 0,17 0,17 75 Sapotaceae Moraceae Pouteria glomerata Helicostylis tomentosa 0,17 0,14 Familia Arecaceae Chrysobalanaceae Leguminosae Chrysobalanaceae Gênero sp Astrocaryum aculeatum Licania hirsuta Inga alba Licania cf. prismatocarpa Licania heteromorpha subsp. Chrysobalanaceae Lecythidaceae Lecythidaceae Lecythidaceae Arecaceae Chrysobalanaceae heteromorpha Eschweilera pedicellata Gustavia augusta Eschweilera coriacea Attalea maripa Licania sothersiae Familia Burseraceae Burseraceae Burseraceae Burseraceae Burseraceae Burseraceae Burseraceae Burseraceae Burseraceae Burseraceae Gênero sp Trattinickia boliviana Dacryodes sclerophylla Protium hebetatum Dacryodes cf. hopkinsii Trattinickia peruviana Trattinickia glaziovii Protium opacum subsp. opacum Protium grandifolium Crepidospermum cf. rhoifolium Protium trifoliolatum VUOutros 0,83 0,80 0,68 0,67 0,67 0,65 0,56 0,50 0,41 0,33 Familia Burseraceae Burseraceae Burseraceae Myrtaceae Sapotaceae Sapotaceae Burseraceae Lecythidaceae Leguminosae Lecythidaceae Gênero sp Dacryodes sclerophylla Protium hebetatum Protium opacum subsp.opacum Calycolpus sp. Chrysophyllum sanguinolentum Pouteria caimito Trattinickia glaziovii Eschweilera coriacea Clathrotropis macrocarpa Eschweilera pedicellata VUComb 1,40 1,14 1,00 1,00 1,00 1,00 0,98 0,97 0,96 0,95 VUArte 1,17 0,50 0,36 0,33 0,33 0,22 0,20 0,20 0,17 0,17 Construção Das 139 espécies utilizadas na categoria construção (75% das espécies úteis), Minquartia guianeneis, conhecida pela comunidade como acariquara é a que apresentou maior VU nesta 76 categoria (Tabela 7). Esta espécie é bem conhecida na Amazônia e muito utilizada em construção. Para os índios Tembé é também a mais importante na categoria construção (Prance et al, 1987). Na vila Caicubí é utilizada para construção de casas (caibros, travessas, linhas, pilares e esteios), postes e estacas. Observa-se que dentro das dez espécies mais importantes, quatro pertencem à família Lauraceae; esta família é de grande importância madeireira na Amazônia (Vicentini et al. 1999). Outra espécie importante é Cróton lanjouwensis, conhecida como dimã: sua madeira é muito apreciada e utilizada para construção de casas (caibros, travessas e linhas), porém foi reconhecida pelos informantes como pouco resistente à umidade, sendo utilizada predominantemente no interior das casas. Pouteria glomerata e P.guianensis conhecidas por quase todos os informantes como abiurana ou abiurana-ferro (indiferentemente) são espécies utilizadas para construção de casas, tábuas, estacas e pilares. Tecnologia Das 153 espécies utilizadas nesta categoria (83% das espécies úteis), Eschweilera pedicellata e E. coriacea se destacam pelos altos VU nesta categoria (Tabela 7). Estas duas espécies, geralmente conhecidas em Caicubi como ripeira ou matamatá, são utilizadas para tirar ripa do tronco a qual é muito utilizada para fazer instrumentos de pesca chamados de cacuri e rapiche, em cabeceira de lanterna (estrutura que se coloca para que a lanterna funcione presa à cabeça em atividades de pesca e caça); para tecer folhas de ubim (várias espécies de Geonoma) para os tetos das casas; nas estruturas dos fornos de barro (categoria de construção). O tronco dessas duas espécies também é utilizado para construção de zagaias, cabo de ferramentas (machado, enxada e boca de lobo); suas cascas fornecem embira de boa qualidade, utilizadas para amarrar diversas coisas, fazer peconhas e alças de paneiros para transportar mandioca. Suas tábuas são utilizadas na confecção de canoas, porém, são consideradas de baixa qualidade. Pouteria glomerata, chamada de abiurana-ferro ou abiurana, por sua resistência, é considerada 77 pelos informantes uma da melhores madeiras para fazer cabo de ferramentas, em especial cabo de machado, também para fazer zagaias e jaticá; é empregada para construção de embarcações pela sua durabilidade dentro d’água. Outras espécies importantes nesta categoria são Fusaea longifólia e Bocageopsis multiflora, conhecidas como envira-surucucu (que na língua geral significa cobra brava devido a seu ritidoma assemelha uma cobra), envira-preta ou envira-ferro. Seus troncos são utilizados para confecção de cabo de ferramentas (machado, enxada e boca de lobo) e para caniço; sua casca é utilizada como embira para paneiros e para amarrar coisas, com ressalva de que a embira de B. multiflora só é utilizada quando seus indivíduos são jovens. Licania hirsuta, conhecida como macucuí, tem seu tronco utilizado na confecção de cabo de ferramentas (machado, enxada e boca de lobo), cabo de zagaia, enquanto sua casca é empregada para tingir linhas de pesca como forma de evitar apodrecimento das mesmas. Licaria guianensis, conhecida por quase todos os informantes como louro-alitú ou louro- gavali, é empregada na confecção de canoas e remos por sua durabilidade na água. Também serve para fazer cabo de ferramentas (machado, enxada e boca de lobo), assim como cabo de zagaia e jaticá. Bertholletia excelsa, a castanheira, é importante nesta categoria, pois que sua casca é utilizada como estopa para calafetar canoas com látex; também sua casca serve como embira para amarrar coisas quando o tronco é jóvem. O tronco algumas vezes é usado para fazer canoas e remos. Ocotea rhodophylla, O. nigrescens e Licaria guianensis, três espécies de Lauraceae, são muito utilizadas na confecção de canoas e outras embarcações, remos, cabo de ferramentas, cabo de zagaia e jaticá e móveis; as duas primeiras são comumente chamadas de louro-preto, louro-bosta, lourochumbo e às vezes de louro-alitú, Licaria guianensis é conhecida como louro-alitú. Licania octandra subsp. pallida, conhecida como caraipé, embora não esteja entre as dez espécies de maior VU nesta categoria, tem sua casca utilizada para construir fogão de barro para cozinhar. Esta casca é misturada com barro (tabatinga) para moldar fogareiros, ainda muito utilizados pelos moradores embora alguns já utilizem fogão a gás. 78 Alimentar Das 65 espécies que são utilizas na categoria alimentar (35% das espécies úteis), a família Arecaceae é a mais importante. Dentre as dez espécies com maior VU nesta categoria (Tabela 7) Oenocarpus bacaba (bacaba), Attalea maripa (inajá), Astrocaryum aculeatum (tucumã) e Euterpe precatória (açaí) são bem utilizadas pela população. Os frutos da bacaba e açaí para fazer suco (chamado de vinho, em Caicubi) e óleo para cozinhar; os frutos de tucumã se comem após cozimento e os de inajá se come in natura. Nas quatro espécies anteriormente mencionadas, o meristema apical, chamado de palmito, é utilizado para a alimentação. Além disto, no estipe da bacaba é na semente de inajá se desenvolve uma larva chamada de “michigua” usada como alimento e medicamento para a asma. Na família Sterculiaceae, encontram-se as espécies Theobroma sylvestris e T. speciosa, conhecidas como cacau, cuja polpa é utilizada na alimentação e a semente para fazer chocolate. A polpa T. subincanum, cupuí, é também de uso alimentar. Couma guianensis (sorva), da família Apocynaceae, tem fruto comestível é seu látex é bebido misturado com café. Os informantes afirmam que se deve usar em pequenas quantidades, por ser adstringente e causar constipação. Borojoa claviflora (apuruí), da família Rubiaceae, tem seu fruto utilizado para fazer suco. As sementes de Bertholletia excelsa (castanheira) são utilizadas in natura, e quando amassadas e espremidas produz um “leite” usado na elaboração de um bolo com farinha de mandioca conhecido como “pé de moleque”. Medicinal Das 82 espécies apontadas como de uso medicinal (44% das espécies úteis), Clatrhotropis macrocarpa, geralmente chamada de cavari ou amarelinho, é a espécie de maior VU para esta categoria (Tabela 7). A casca é utilizada para tratamento de impigem, curuba, diarréia e banho como estimulante para ativar o corpo. Apresenta ainda uso veterinário em 79 cachorros pirentos. Entre os índios Waimiri Atroari a casca desta espécie é utilizada como veneno para peixe (Milliken et al. 1992). Phenakospermum guyanense,chamada de sororoca, tem sua seiva utilizada como coagulante para cicatrizar feridas quando alguém se corta e para tratamento de mordida de cobra (em forma oral e colocando-a diretamente sobre a ferida). Berholletia excelsa, castanheira, tem sua casca colocada em água e utilizada no tratamento de diabetes, dor no corpo e para diarréia. As raízes novas de Euterpe precatoria, açaí, são utilizadas para anemia. Sorocea guilleminiana, mais conhecida como piranha-caã, tem látex é venenoso (quando ingerido pode matar a pessoa) e utilizado para matar piolhos e no tratamento de impigem. Odontadenia cognata, conhecida como cipó-cururu, e Clusia grandiflora, conhecida como apuí, têm o látex utilizado para distensões musculares (ex. peito aberto). Os moradores aplicam o látex na região afetada e o cobrem com um pano, deixando até que este “emplasto” caia. Virola enlongata e V. theiodora conhecidas como punãs ou ucuubas, sendo esta última também denominada copeira, têm a seiva avermelhada usada como analgésico para dor de dente, anti-séptico de feridas e também ingeridas para o tratamento de diarréia e vômito. A seiva de V. theiodora é utilizada também para matar piolhos. Os Yanomami utilizam a casca desta espécie no paricá, um rapé alucinógeno (Prance 1972). A casca de Bahunia guianensis, conhecida como escada-de-jabuti, é utilizada em forma de chá para o tratamento de diarréia e como antiinflamatório. É importante esclarecer que estes usos foram descritos pelos informantes, não querendo dizer que são realmente eficientes, testes químicos teriam que ser feitos para comprovar seu verdadeiro valor. Comércio Das 21 espécies da categoria comércio (11% das espécies úteis), Bertholletia excelsa é a de maior VU nesta categoria (Tabela 7) e umas das principais espécies que propicia a entrada de 80 moeda para comunidade no inverno. Espécies de Heteropsis, conhecidas como cipó-titica são economicamente importantes pelo mesmo motivo, porém não foram amostradas no presente estudo. As outras nove espécies com maior VU nesta categoria são espécies com pouco valor comercial, pois fornecem produtos que não são vendidos fora da comunidade: As duas espécies de Dacryodes fornecem breus vendidos para calafetar canoas ou para defumação; Couma guianensis cujo látex foi importante no Ciclo da Borracha para fazer balata. Pouteria glomerata foi apontada porque também foi utilizada para fazer balata. As duas espécies de Moraceae, Maquira sclerophylla e Helocostylis tomentosa, chamadas de muiratinga têm seus galhos vendidos para turistas devido a sua forma fálica, embora turistas nesta área não sejam freqüentes, este uso foi indicado por informantes que moravam em Barcelos, local muito turístico. As duas espécies de Ormosia, chamadas de tento, têm suas sementes vendidas para confecção de artesanato. O Astrocaryum aculeatum, tucumá, a folha nova serve para fazer abanos e chapéus, enquanto sua semente é utilizada para fazer brincos e anéis, mais sua comercialização e escassa. Artesanato A Tabela 7 mostra as dez espécies com maior VU para esta categoria. Das 14 espécies usadas para artesanato (8% das espécies úteis), Astrocaryum aculeatum (tucumã) é a espécie com maior VU nesta categoria. Suas folha novas são utilizas para fazer chapéus e abanos, enquanto suas sementes para fazer brincos. Dentro da família Chrysobalanaceae encontram-se três espécies de Licania, chamadas de macucuí, enquanto em Leguminosae encontram-se Inga alba, chamada de ingá-xixica, cujas cascas são usada para tingir várias espécies de Ischnosiphon, conhecido na região como arumã, empregadas para tecer tupés e para tingir fibras de Philodendron sp, ambe-coroa, utilizadas para fazer cestos ou paneiros. As três espécies de Lecythidaceae, Eschweilera pedicellata, E. coriacea e Gustavia augusta, a ripa do tronco são 81 utilizadas para fazer a cabeceira dos balaios de arumã. Attalea maripa (Inajá) suas sementes servem para fazer brincos e anéis. Combustível Esta é a categoria que reuniu o maior número de espécies (168 espécies ou 91% das espécies úteis) devido ao fato de que a maioria das espécies é usada como lenha e carvão. As espécies que apresentaram maiores VU foram os breus (quatro espécies das 10 mais importantes, Tabela 7), isto se deve a que seu exsudato chamado de breu é um combustível considerado ótimo. Sua madeira também fornece lenha e carvão. Outros Esta categoria agrega usos diversos que não puderam ser incluídos em nenhuma das categorias anteriores e engloba 20 espécies (11% do total das espécies úteis). A tabela 7 mostra as dez espécies com maior VU para esta categoria, predominando entre elas os chamados breus, muito utilizados num ritual chamado defumação, feito quando as crianças estão doentes, com falta de ar (asma) ou com paralisia infantil. O ritual é dirigido por numa pessoa que tem o conhecimento de reza (geralmente transmitido de pai para filho); o breu é ascendido no momento de rezar à criança; também o breu é indicado para queimar no interior das casas para afastar maus espíritos. Outra espécie utilizada para defumar com as mesmas finalidades é Simarouba amara, utilizando-se, neste caso as folhas. Lindackeria cf paludosa tem suas folhas utilizadas em banhos para “estragar a pessoa”. Comparações com outros trabalhos Prance et al. (1987) comparam o uso de plantas por quatro comunidades indígenas em diferentes trechos de 1 ha. de florestas de terra firme na Amazônia considerando indivíduos com 82 DAP > 10 cm. Ao analisarem seus dados suprimiram as categorias de combustível e caça já que quase todas as árvores estariam incluídas nestas categorias. Milliken (1992) utiliza a mesma metodologia com uma comunidade de indígenas Waimiri Atroari. Os resultados de Prance et al. (1987), assim como os de Milliken (1992) e os que compõem o presente estudo (aqui excluindo as categorias de combustível e outros, para possibilitar comparações mais acuradas) são a seguir comparados (Tabela 8). Observa-se que o presente estudo apresenta maior porcentagem de plantas utilizadas que as outras comunidades estudadas. Nas categorias de construção e tecnologia as porcentagens são bem mais altas do que nos demais estudos (quase o dobro das outras comunidades). É importante ressaltar que Prance et al. (1987) e Milliken (1992) agrupam os usos da floresta de uma forma diferente do tratamento aqui adotado, como por exemplo: a construção de canoas foi incluída em construção nos trabalhos citados, enquanto neste estudo foi incluída em tecnologia. Ainda assim pode-se reconhecer uma maior utilidade das florestas pelos caboclos de Caicubi nas categorias de construção e tecnologia. Na categoria medicinal observa-se também uma maior porcentagem em relação aos outros estudos. Estes resultados mais elevados de usos pelos caboclos de Caicubi podem ser atribuídos a duas razões: (1) os caboclos entrevistados poderiam ter identificado errado as árvores, dando uma maior utilidade a algumas espécies. Mas este erro pode ocorrer em qualquer trabalho usando esta metodologia; (2) os informantes provêm de várias regiões da Amazônia trazendo conhecimento de vários lugares. Ao contrário das comunidades indígenas cujo conhecimento provém de um só lugar e ao mesmo tempo por habitar a mais tempo o lugar possuem maior domínio sobre a área e acurácia no reconhecimento das espécies. Assim sendo pode-se pensar que os caboclos de Caicubi usam os recursos de uma forma mais generalista, agregando fontes diferenciadas de saber popular e as comunidades indígenas de uma forma mais especialista. Mesmo assim ressalta-se o comentário feito por Phillips et al. (1994) que o processo de simplesmente totalizar os usos das espécies numa área determinada é uma forma crua de 83 mostrar a importância cultural das florestas e estes resultados devem ser interpretados com cautela. Tabela 8. Comparação das porcentagens das plantas utilizadas encontradas em 1 ha. de florestas de terra firme com diferentes comunidades na Amazônia, sem adicionar as espécies que servem para caça e para combustível. (WA= Waimiri Atroari; * estão juntas as categorias tecnologia e outros). Comunidade Sp. Úteis Alimentar Construção Tecnologia Medicinal Ka’apor * 76,3% 34,3% 20,2% 19,2% 21,2% Tembé * 61,3% 21,8% 30,3% 21% 10,9% Chácabo * 78,7% 40,4% 17% 18,1% 35,1% Panare * 48,6% 34,3% 2,9% 43,0% 7,1% WA ** 79% 27% 32% 31% * 15% O Presente 95% 35% 75% 83% 44% * Dados incorporados de Balée & Boom, apresentados em Prance et al. (1987). ** Dados apresentados em Milliken et al. 1992. Comercio 2% 5% 1% 4% 0% 11% Ao comparar com outras comunidades tradicionais não indígenas se observa que numa comunidade de “mestizos” de Tambopata, Madre de Dios, Peru (Phillips et al. 1994) encontraram que em duas florestas de terra firme as espécies úteis totalizaram 89,3% e de 85,7% das espécies, predominando os VU das categorias de construção, alimentar e comércio. Num estudo com os afro-americanos do Pacífico Colombiano, Chocó (Galeano 2000), encontrou 62,8% de espécies úteis (com critério de inclusão DAP > 5 cm) e nos VU as categorias mais importantes foram construção, tecnologia e combustível. Os VU encontrados por Galeano (2000) se assemelham aqueles do presente estudo (Fig. 7). 84 Porcentagem do VU spp. 35% Caicubí 32% 30% 30% 28% Chocó 28% 25% 25% 21% 20% 15% 9% 9% 10% 8% 5% 5% 4% 1% Com ércio M edicinal Alim entar Com bustível Tecnologia Construção 0% Categorias de Uso Figura 7. Comparação dos VU das espécies indicadas pelos caboclos da vila de Caicubi e os afro-americanos do Chocó, Colômbia (Galeano 2000). Estes resultados mostram o grande conhecimento que as comunidades tradicionais detêm do seu ambiente. Ressalta-se que as florestas neotropicais constituem um grande mosaico de florestas, abrangendo e oferecendo uma grande diversidade de recursos para estas comunidades. Assim os usos das plantas por comunidades tradicionais em diferentes regiões envolvem predominantemente dois atributos: o conhecimento das plantas e a oferta de recursos de cada floresta. Os resultados do presente estudo mostram o alto conhecimento da floresta pelos caboclos de Caicubi, ratificando, o exposto por Prance (1995) quando diz que estas comunidades tradicionais não indígenas carregam um grande conhecimento da flora e que é muito importante continuar fazendo estudos com este tipo de comunidades. 85 Conclusões A família com maior VU para a comunidade de Caicubi é Arecaceae. Esta família também foi apontada como de grande importância em outros etnobotânicos na Amazônia. As Arecaceae, Lecythidaceae e Sapotaceae são famílias que se destacaramm em várias categorias de uso, mostrando a grande importância destas famílias tanto para a comunidade de Caicubi, como para a conservação da floresta amazônica. A espécie com maior VU foi Bertholletia excelsa. Esta espécie embora apresente vários usos em quase todas as categorias de uso, é mais utilizada na alimentação e comercialização de sua castanha. Embora B. excelsa tenha apresentado o maior VU e o maior número de usos, não se pode considerá-la essencial para a comunidade; existe um grande numero de espécies úteis e utilizadas pela comunidade. Embora existam espécies mais conhecidas e mais utilizadas pela comunidade, também há espécies de uso exclusivo por um número pequeno de pessoas. As categorias com maior quantidade de usos e mais utilizadas pelos caboclos de Caicubi são combustível, tecnologia e construção; isto se reflete principalmente no hábito arbóreo. Entre as lianas e as hemiepífitas a categoria mais importante foi medicinal, embora o tamanho amostral tenha sido baixo para estes dois hábitos, seria interessante fazer estudos mais detalhados com estes hábitos para obter resultados mais acurados. Um total de 98% das plantas do trecho estudado são reconhecidas como de alguma utilidade mostrando o alto conhecimento da floresta de terra firme pela comunidade de Caicubi. O resgate desta informação mostra a importância de se continuar trabalhando com comunidades tradicionais não indígenas pela riqueza do saber ai acumulado. A quantificação de usos pela metodologia de valor de uso é uma forma complementar à citação de usos. O valor de uso ressalta as espécies mais utilizadas para a comunidade enquanto a 86 citação de usos dá uma informação ampla do uso das espécies. A utilização dessas metodologias em conjunto são imprescindíveis para o estabelecimento de prioridades conservacionistas. Os resultados parecem indicar que esta comunidade de caboclos utiliza maior quantidade de plantas que outras comunidades indígenas na Amazônia para as categorias de construção, tecnologia e medicinal. É necessário continuar-se aprofundando no conhecimento sobre estas comunidades tanto indígenas como não indígenas para poder entender melhor suas culturas e suas maneiras de lidar com as florestas. Reitera-se que ao comparar dados quantitativos entre diferentes comunidades é importante considerar que cada floresta oferece diferentes recursos e cada comunidade poderá utilizar a floresta pela quantidade de recursos oferecidos e pelo seu grau de conhecimento. Acredita se que o uso de um maior número de categorias tornem a analise quantitativa mais acurada. Entretanto é importante padronizar as categorias de uso para possibilitar comparações mais aprofundadas. O uso de réplicas em trabalhos etnobotânicos são necessários para possibilitar comparação dos resultados dentro da comunidade estudada e posteriormente entre comunidades. Os resultados desta pesquisa são baseados no conhecimento dos usos que os informantes detêm da floresta, não querendo dizer que todos as espécies e seus usos fazem parte da vida diária da comunidade. Para poder saber o que realmente utilizam teria que se fazer um monitoramento detalhado para observar os usos atuais; mesmo assim com estes resultados observa-se o vasto conhecimento que os caboclos detêm da floresta. 87 Agradecimentos Ao instituto Caiuá por financiar o projeto, e principalmente a Walo Leuzinger por ter acreditado em nosso trabalho. À comunidade Caicubi pela acolhida carinhosa, em especial a Ernane Fontes Barbosa pela ajuda e dedicação ao campo, a Pedrinho Jazinto Ogasti “Wilson”, José dos Santos “Passarinho”, Juzelino Ferreira da Silva, Duacir de Melos das Cahagas “Gavião”, Elio Brasão “Gary”, Arlindo Mendes da Costa, Elizabeth Araújo da Costa, Plinia de Melo, Alberto Cerrão dos Santos “Mutum” e Esteban Brás Monteiro pela colaboração e paciência; A C.A.Cid Ferreira pelo inestimável apoio no herbário do INPA. A Pablo Assunção pelo auxílio na confirmação das identificações no herbário do INPA. Aos especialistas Alberto Vicentini, Douglas Daly, José Eduardo Ribeiro, Michael Hopkins pela identificação de espécies de famílias de suas especialidades. A CAPES pela bolsa de mestrado concedida. Ao Programa de Pos-graduação do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro pela oportunidade de realização do trabalho. Referências Bibliográficas Alexiades, M. 1996. Collecting Ethnobotanical Data: An Introduction to Basic Concepts and Techniques in Selected Guidelines for Ethnobotanical Research: A Field Manual. Chapter 3. The New York Botanical Garden. 53-94 Balée, W. 1986. Análise preliminar de inventário florestal e a etnobotânica Ka’apor (Maranhão). Boletim Museu Paraense Emilio Goeldi 2 (2):141-167 Balée, W. 1987. A Etnobotânica Quantitativa dos Índios Tembé (Rio Gurupi, Pará)1 . Bol. Mus. Par. Emilio Goeldi, ser. Bot., 3(1). 29-50 Boom, B. M. 1988. The Chácabo Indians and their Palms. Advances in Economic Botany 6:9197 Boom, B. M. 1989. Use of Plant Resources by the Chácabo. Advances in Economic Botany 7: 88 78-96 Boom, B.M. 1990. Useful Plants of the Panare Indians of the Venezuelam Guyana. Advances in Economic Botany 8: 57-76 Campos, M. T. & Ehringhaus C. 2003. Plant Virtues in the Eyes of the Beholders: A Comparison of Known Palm Uses Among Indigenous and Folk Communities of Southwestern Amazônia. Economic Botany 57 (3): 324-44 Galeano, G. 2000. Forest Use at the Pacific Coast of Chocó, Colombia: A Quantitative Approach. Economic Botany 54(3): 358-376 German, L. 2001. Cap 7: Formas Tradicionais de Exploração e Conservação das Florestas in Oliveira A.A. & Daly, D. (ed.). 2001. Florestas do Rio Negro. The New York Botanical Garden, New York. 221-253 Milliken, W., R.P. Miller, S. R. Pollard & E. V. Wandelli 1992. The Ethnobotany of the Waimiri Atroari Indians of Brazil.Royal Botanical Gardens Kew. 145p Parker, E. P. 1989. A Neglected Human Resource in Amazonia: the Amazon Caboclo. Advances in Economic Botany 7: 249-259 Paz y Miño, G.; H. Baslev & V. Renato. 1995. Useful Lianas of the Siona-Secoya Indians from Amazonian Ecuador. Economic Botany 49(3)269-275 Phillips, O. 1996. Some Quantitative Methods for Analyzing Ethnobotanical Knowledge, in Alexiades, M., 1996. Selected Guidelines for Ethnobotanica Research: A Field Manual. Chapter 9, New York Botanical Garden. 171-197 Phillips, O & A.H. Gentry 1993a. The Useful Plants of Tambopata, Peru: I. Statistical Hypotheses Tests with a New Quantitative Technique. Economic Botany 47 (1): 15-32 Phillips, O & A.H. Gentry. 1993b. The Useful Plants of Tambopata, Peru: II. Additional, Hypothesis Testing in Quantitative Ethnobotany. Economic Botany 47(1): 33-43 Phillips, O; A.H Gentry; C. Reynel; P.Wilkin, & C. Gálvez-Durand, 1994. Quantitative 89 Ethnobotany and Amazonian Conservation. Conservation Biology Vol 8(1): 225-248 Prance, G. T. 1972. An ethnobotanical comparison of four tribes of Amazonian Indians. Acta Amazônica 2 (2): 7-27 Prance, G. T. 1995. Ethnobotany Today and in the Future. in Ethnobotany: Evolution of a Discipline. (Eds) Schultes R. E. & Reis S. Timber Press, Cambridge, U. K. 60-71 Prance, G.T., W. Baleé, B. M. Boom & L. R. Carneiro. 1987 Quantitative ethnobotany and the case for conservation in Amazônia. Conservation Biology 1 (4): 296-310 Ricardo, F.P., F.B.L.B.Vianna, M.P. Rufino, P.L. Mesquita & V. Macedo. 2005. Povos Indígenas no Brasil. www.sociambiental.org/pib/portugues/linguas/linger.shtm#t2 Soler-Alarcon, J.G. & Peixoto, A.L. Ined. Florística e Fitossociologia de um Hectare de Floresta de Terra Firme no Estado de Roraima, Amazônia, Brasil. Vicentini, A. 1999. Lauraceae. in Ribeiro, J.E.L.S.; Hopkins, M.J.G; Vicentini, A.; Sothers, C. A.; Costa, M.A.S.; Brito, J.M.; Souza, M.A.D.; Martins, L.H.P; Lohmann,L.G.; Assunção, P.A.C.L.; Pereira, E.C.; Silva, C.F.; Mesquita, M.R.& Procópio, L.C. 1999. Flora da Reserva Ducke. Guia de identificação das plantas vasculares de uma floresta de terra-firme na Amazônia Central. INPA-DFID. Manaus, AM. 150-179 Zar, J. H. 1996. Biostatistical Analysis. Third Edition. Prentice Hall. 662 p Zent, S. 1996 Behavioral Orientations towards Ethnobotanical Quantification in Alexiades, M., 1996. Selected Guidelines for Ethnobotanica Research: A Field Manual. Chapter 9, New York Botanical Garden. 199-239 90 Anexo 1. Espécies ocorrentes em 1ha de floresta de terra firme na vila de Caicubí, Caracaraí, Roraima, Brasil, em ordem alfabética de família, seguido de nome científico, nomes comuns e usos indicados pelo ribeirinhos. ANACARDIACEAE Tapirira guianensis Aubl Sem nome comum Lenha ANNONACEAE Bocageopsis multiflora (Mart.) R.E. Fr Envira-preta, envira-surucucu, envireira, envira, envira-ferro. Tronco: madeira para casas, estacas, tábuas, móveis, cabo de zagaia, cabo de ferramentas caniço, lenha, carvão; embira (quando jovem); sumo da casca p/mordida de cobra; Fusaea longifolia Safford. Envira-ferro, envira-surucucu, envira-preta, envira. Tronco: construção de casas, cabo de enxada, caniço, cabo de zagaia, lenha, carvão; embira para paneiro. Guatteria citriodora Ducke Embireira, envira-surucucu, samaumera-de-terra-firme, envira-preta, envira-preta-de-cascafina, envira-pimenta, envira, envira-pindaiba. Tronco: madeira para casas, tábuas, estacas, cabo de enxada, caniço, cabo de zagaia, lenha, carvão; casca p/ fazer paredes, p/ mordida de cobra; embira (quando jovem).. Xylopia aff. polyantha R.E.Fr. Envira-preta, envireira, envira-vasourinha, envira-vassoura, envira-ferro, envira, envira-taí, envira-verde, envira-branca, biribarana. Tronco: Construção de casas, tábuas, estacas, cabo de ferramentas, cabo de zagaia, caniço, carvão; casca p/ fazer paredes; embira para amarrar. Xylopia amazonica R.E.Fr. Envira-vasourinha, envira-surucucu-vermelha, envira-ferro, envira-vassoura, envira-preta, envira, envira-fina. Tronco: construção de casas, tábuas, estacas, barrote, cabo de ferramentas, carvão, arcos, cabo de jaticaceira e zagaia; embira (quando jovem). APOCYNACEAE Ambelania acida Aubl. Pepino-do-mato, pepino, cururú, pepino-branco Caule: lenha, látex vendido como balata e p/ pegar passarinhos; fruto comestível. Couma guianensis Aubl. Sorva, sorvão, sorveira Látex: para calafetar canoas, tomar com café, p/ diarréia e comercializado; fruto comestível. Odontadenia cognata (Stadelm.) Woodson 91 Cipó-cururú, cipó-sucuúba Látex como emplastos p/ distenções musculares e peito aberto. Rhigospira quadrangularis Miers. Balatarana Madeira p/ fazer talheres, lenha; látex para calafetar canoas;. AQUIFOLIACEAE Ilex divaricata Mart ex Reiss. Sem nome comum. Sem utilidade. ARALIACEAE Schefflera morototoni (Aubl.)Maguire,Steyern. & Frodin Morototo , imbaúba-da-terra-firme, pará-pará-da-terra-firme, morocotutu, imbaubeira. Tronco: tábuas, móveis, balsas. ARECACEAE Astrocaryum aculeatum Wallace Tucumã Palmito; folhas novas: balaios, chapéus; espinhos p/caçar gafanhotos; fruto comestível; semente p/ artesanato e p/ plantar. Attalea maripa Mart. Inajá Estipe: para prensar farinha, adubo para canteiro, criação de uma larva de besouro (michigua) que se come e se usa para pescar; o broto p/ palmito; folha: p/ cobrir casas; pecíolo/baínha para fazer papagaios e pontas de flechas; fruto: comestível; semente p/ artesanato. Euterpe precatoria Mart. Açaí Estipe para assoalho e parede de casas; broto p/ palmito; raiz: p/ falta de sangue, anemia, tirizia (cansaço); folha para prensar massa de farinha (para não unir a prensa com a farinha); pecíolo/baínha para colher (como jarra); fruto comestível, comercializado em Barcelos, vinho, óleo. Oenocarpus bacaba Mart. Bacaba, bacabeira Estipe: cabo de astia e zagaia, arcos, ripa para cercas; criação de uma larva de besouro ( michigua) usado p/ asma; broto p/ palmito; folha proteger tetos de palha; fruto: vinho, óleo. BIGNONIACEAE Jacaranda copaia D.Don Pará-pará Tábuas, móveis, lenha. BOMBACACEAE Quararibea ochrocalyx Visch. Envira-branca, envira-de-porco, canhiceira, envira 92 Tronco: cabo de enxada, cabo de zagaia e jaticaceira, canhicera, construção de casas (caibros) lenha e carvão; embira. Rhodognaphalopsis cf. duckei A. Robyns Piriquiteira, munguba, munguba-arana, munguba-da-terra-firme Tronco: construção de casas, tábuas, lenha e carvão; embira:amarrar diversas coisas e p/ arriata. BORAGINACEAE Cordia bicolor A.DC. ex DC. Louro-cururú Tronco: tábuas, embira p/ paneiro. Cordia exaltata Lam. Envira-pimenta, envira-tahi, envira, envira-preta Tronco: construção de casas, cabo de ferramentas, cabo de zagaia, lenha, carvão; embira p/ paneiro. Cordia nodosa Lam. Ovo-de-mucura, saco-de-mucura Lenha, carvão Cordia panicularis Rudge Envira-preta, envira, chapéu-de-sol Tronco: construção de casas, cabo de enxada, balsas, lenha e carvão; embira. Cordia sp. Suin Tronco: lenha; casca contra piolhos e frieira brava (micose); fruto comestível. BURSERACEAE Crepidospermum cf rhoifolium (Benth.) Triana & Planchon Moela-de-inambú, tintarana, breu, breu-xicantã, breero. Tronco: cabo de enxada, lenha e carvão; breu: calafetar canoas, defumação de crianças, espantar morcegos, dor de cabeça, fazer fogo, para vender; fruto comestível Dacryodes cf hopkinsii Breera, tinturana, breero, breu. Tronco: construção de casas, lenha e carvão; breu para defumação, calafetar canoas, vender. Dacryodes sclerophylla Cuatrec. Breu-xicantã, breera, breero, breu. Tronco: madeira: lenha, carvão; breu: espantar morcegos, para calafetar canoas, defumação, dor de cabeça, fazer fogo, vender. Protium amazonicum (Cuatrec.) Daly Breera, breu-cajarana , Apichuna. Tronco: tábuas, lenha, carvão; breu: calafetar canoas, defumação. 93 Protium grandifolium Engl. Breera-branca, tintarana, breu, breu-xicantã, breera, xicantã-de-inhambú Tronco: tábuas, lenha e carvão, cabo de zagaia; breu: defumação, calafetar canoas, fazer fogo. Protium hebetatum Daly Breu-xicantã, breera, breu. Tronco: lenha, carvão; breu: defumação, espantar morcegos e mosquitos, calafetar canoas, p/ dor de cabeça, fazer fogo, vender. Protium opacum Swart subsp. opacum Tatapiririca, breera-da-folha-grauda, farinha-seca, breera, breu-xicantã, breu. Tronco: moirão, lenha e carvão; breu: espantar morcegos, defumação,calafetar canoas, dor de cabeça, fazer fogo. Protium subserratum Engl. Moela-de-inhambú, breera, tinturana. Tronco: lenha e carvão; breu:defumação, calafetar canoas. Protium trifoliolatum Engl. Breu, breera Tronco: tábuas, lenha e carvão; breu: defumação, calafetar canoas, fazer fogo. Trattinickia boliviana Breu-xicantã, breera, breu. Tronco: tábuas, lenha e carvão; breu: calafetar canoas, dor de cabeça, defumação, fazer fogo. Trattinickia glaziovii Swart. Breera, cajarana, breu-xicantã Tronco: madeira, tábuas, cabo de sagaia, lenha e carvão; breu: defumação, dor de cabeça, calafetar canoas, espantar morcegos, fazer fogo, vender. CARYOCARACEAE Caryocar glabrum (Aubl.) Pers. subsp. parviflorum Piquiarana, assacú Tronco: tábuas para assoalho, bucha de motor, canoas; casca: p/ frieira brava (micose); fruto: para tinguijar peixe (mistura com barro e joga na água). Caryocar glabrum Pers. Piquiarana Tronco: tábuas, canoas, bucha de motor, lenha, carvão; casca p/ frieira brava. CECROPIACEAE Cecropia distachya Huber Imbaúba-branca, imbaúba-de-folha-grauda, imbaúba-legitima, imbaúba. Tronco: balsa, bucha de motor, tábuas, lenha e carvão; estípula: p/ barriga d’água, (bebe-se a água da estípula), p/ puxar forúnculos; folha: empalhar a carne para não dar varejera, para fumar. 94 Coussapoa sprucei Mildbr. Apuí, apuizeiro, pau-de-pachiuba, mata-pau. Látex: p/ peito aberto. Pourouma cf cuspidata Warb. & Mildbr. Imbaubarana, imbaúba-branca, cucuraí, Imbaúba, cucurarana, cucura Tronco: balsas, bucha de motor, lenha e carvão; casca para disenteria; folha para fumar; estípula para puxar tumor; fruto comestível. Pourouma cf. tomentosa subsp. apiculata (Benoist) C.C. Berg & Van Imbaubão, cucuraí, Imbaúba-preta, imbaúba-da-terra-firme, imbaúba, cucurarana Tronco: balsas, bucha de motor, tábuas, cabo de machado, lenha e carvão; casca p/ dor de barriga; folha: empalhar carne, fumar, estipula p/ puxar furúnculo; fruto comestível; Pourouma cucura Standl. & Cuatrec. Imbaubão, cucura, imbaúba-branca, Imbaúba, cucuraí-branca Tronco: balsas, bucha de motor, lenha: estípula p/ puxar furúnculo. Pourouma ferruginea Standl. Imbaubão, imbaúba, cucurarana, cucura. Tronco: tábuas, lenha; folha para empalhar carne; estípula p/ puxar furúnculo; fruto comestível. Pourouma guianensis Aubl. subssp. guianensis Caimbé, imbaúba-vic, cucura-do-mato. Tronco: madeira, lenha e carvão; folha para lixar; resina p/ pancadas; fruto comestível. Pourouma melinonii Benoist subspp. melinonii Imbaubão, Imbaúba, cucurarana, cucura Tronco: construção de casas (baixa qualidade), balsas, lenha e carvão; folha p/ empalhar carne, estípula para puxar furúnculo; fruto comestível. Pourouma minor Benoist Imbaúba branca, cucuraí-da-folha-miuda, cucuraí, imbaúba, imbaubarana, imbaúba-da-folhamíuda, cucura-do-mato Tronco: balsas, bucha de motor, lenha e carvão; casca para disenteria; folha: fumar; estípula: para puxar furúnculo: fruto comestível. Pourouma ovata Trec. Imbaúba-branca, imbaúba, caimbe, cucurarana, cucura. Trono: lenha e carvão; folha para fumar; estípula p/ puxar furúnculo; fruto comestível, Pourouma tomentosa Miq. subsp. essequiboensis Cucura do mato, imbaúba, cucurarana, imbaúba-branca Tronco: lenha; estípula puxa forúnculo, fruto comestível. Pourouma tomentosa Miq. subsp. tomentosa 95 Imbaúba, cucurai, imbaúba-branca Tronco: balsas, lenha. Pourouma villosa Trec. Imbaúba-vic, cucurairana, imbaúba-bengüe, imbaúba, caimbe, cucurarana Tronco: bucha de motor, balsas, lenha e carvão; seiva para baques (quedas); folha: p/ fumar, estípula: puxar furúnculo. CELASTRACEAE Goupia glabra Aubl. Cupiúba Tronco: tábuas, moirão, canoas, cabo de ferramenta, móveis, remos, lenha e carvão; casca: disenteria, banho para tirar moleza. CHRYSOBALANACEAE Couepia aff. obovata Ducke Cumanda, macucuí Tronco: carvão; casca: impingem (raspa e coloca num pouco d’água). Hirtella racemosa var. hexandra (Willdenow ex Roemer & Schultes) Prance Caraipé-branco, caraipé, jutaí-pororoca Tronco: estacas, cabo de enxada, barrote, carvão, lenha. Licania canescens Benoist Caraiperana, uchibravo, caraipé Tronco: lenha e carvão; casca para fazer fogão com barro. Licania caudata Prance Macucuí Tronco: construção de casas, barrote, estacas, cabo de enxada e machado, cabo de zagaia, lenha e carvão; casca: tingir linha, dor de estômago, Licania cf. prismatocarpa Spruce ex Hook. F. Macucuí Tronco: construção de casas, cabo de enxada, lenha e carvão; casca: tingir artesanato e linha de pesca. Licania heteromorpha Benth. subsp. heteromorpha Macucuí, macucui-preto, cumate Tronco: construção de casas, cabo de ferramentas, cabo de zagaia, lenha e carvão; casca: tingir linhas e artesanato. Licania hirsuta Prance Macucuí, macucuí-legítimo, macucuí-branco Tronco: construção de casas, estacas, cabo de ferramentas, cabo de zagaia, lenha e carvão; casca: tingir linhas e artesanato, dor de barriga. Licania micrantha Miq. Caraipé, guara, caraipé-preto, uararana, pajurá 96 Tronco: construçãorução de casas, cabo de ferramentas, lenha e carvão, astia; casca: para fazer fogareiros. Licania octandra subsp. pallida (Hooker f.) Prance Caraipé-branco, caraipé, caraiperana, caraipé-de-casca-fina, caraipé-preto, caraipéverdadeiro, caraipé-da-terra-firme Tronco: construção de casas, cabo de ferramentas, cabo de zagaia, carvão e lenha; casca: para fazer caraipé para fogão e cerâmicas. Licania sothersiae Prance Macucuí, macucuí-branco Tronco: construção de casas, barrote, cabo de ferramentas, lenha e carvão; casca: tingir linha e arumã, dor de estômago. Licania unguiculata Prance Macucuí-branco, macucuí Tronco: construção de casas, cabo de enxada, lenha e carvão. CLUSIACEAE Clusia grandiflora Splitg. Apuí Látex: distenção muscular, peito aberto. Symphonia globulifera L. Bacurizinho, anani, ananirana, bacuri, breera, breu, pachiubarana, apuizeiro Tronco: construção de casas, tábuas, canoas, lenha e carvão; fruto: comestível, como isca no espinel; breu: calafetar canoas, cheira para dor de cabeça, defumar. Tovomita schomburgkii Planch. & Triana Pachiubaarana, pachiubinha, ananirana Tronco: construção de casas, estacas, ripa para instrumentos de pesca de peixinho ornamental (rapiche, cacuri, pusa), carvão; látex como cola. DILLINIACEAE Pinzona coriacea Mart. & Zucc. Cipá-d'agua Seiva: para beber e para diarréia, derrame, tirizia (cansaço), mordida de cobra; caule: carvão. ELAEOCARPACEAE Sloanea cf. synandra Spruce ex. Benth. Urucurana Tronco: cabo de machado, enxada, carvão; sapopemas: para remos, tábua de lavar roupa. Sloanea pubescens Benth. Urucurana Tronco: cabo de ferramenta; sapopemas: remos, tábuas de lavar roupa. Sloanea rufa Planch. ex Benth. 97 Canela-de-velho, canela-de-maçarico, cacauaçu, Tronco: lenha e carvão; galho: talher para mingau; casca: febre, dor de estômago; folha: chá para beber. Sloanea sp1 Urucurana Tronco: cabo de ferramentas, carvão; sapopemas: remos, tábuas de lavar roupa. EUPHORBIACEAE Alchornea schomburgkii Klotzsch Sem nome comum Tronco: cabo de enxada, carvão. Alchornea triplinervia Mull. Arg. Língua-de-tucano Tronco: tábuas, lenha. Croton lanjouwensis Jabl. Dima Tronco: construção de casas (não pode molhar), tábuas. Euphorbiaceae sp1 Uxirana Lenha e carvão Hieronyma mollis Muell. Arg. Abiurana, abiurana-ferro, itaubarana, uchirana, macucui, sapucaia-castanha Tronco: construção de casas, estacas, carvão; sapopemas: remos; casca: curuba (diretamente no corpo ou em beberagem), disenteria; fruto comestível. FLACOURTIACACEAE Laetia procera Eichl. Pau-judeu, matutexi, matute, garotera, Tronco: construção de casas, tábuas, astia de arpão, cabo de ferramentas, carvão; casca p/ vômito. Laetia sp.1 sem utilidade Lindackeria cf. paludosa Gilg. Sem nome Tronco: carvão; folha: banho para estragar a pessoa. GNETACEAE Gnetum leyboldii Tul. Cipó-curucuda, cipó-tuiri Fruto cozido comestível; carvão HUGONIACEAE 98 Hebepetalum humiriifolium (Planch.) Jackson Suim Tronco: tábuas, cercas, lenha e carvão; casca, em chá para disenteria, dor de corpo e cólicas; fruto comestível. LAURACEAE Aniba aff. williamsii O. C. Schmidt. (Guia Ducke) Louro-rosa, abacaterana, louro-chumbo Tronco: construção de casas, canoas e embarcações, tábuas, pernamancas, cabo de ferramentas, remos, móveis, lenha e carvão. Licaria guianensis Aubl. Louro-alitu, louro-gavali Tronco: construção de casas, tábuas, canoas e embarcações, remos, cercas, barrote, cabo de ferramentas, cabo de zagaia e jatica, móveis, lenha e carvão. Mezilaurus subcordata (Ducke) Kosterm Sem nome carvão Ocotea nigrescens A. Vicentini Louro-preto, louro-santo, louro-chumbo, louro-bosta, louro-gavali, louro-alitu Tronco: tábuas, estacas, barrote, construção de casas, móveis, cabo de ferramentas, cabo de zagaia, embarcações e canoas, remos, lenha e carvão Ocotea rhodophylla A. Vicentini Louro-preto, louro-bosta, louro-abacaterana, louro-chumbo, louro-alitu, marirana, louro- rosa Tronco: construção de casas, tábuas, móveis, cabo de ferramentas, cabo de zagaia, canoas e embarcações, remos, carvão. Ocotea sp. E Abacaterana, louro-bosta, louro Tronco: construção de casas, tábuas, remos, canoas, lenha e carvão. Ocotea subterminalis H. van der Werff Louro santo, louro Tronco: construção de casas, tábuas, canoas, remos, lenha e carvão Pleurothyrium vasquezii H. van der Werff Louro-abacaterana, louro-chumbo Tronco: tábuas, cercas;canoas e embarcações, cabo de enxada, cabo de zagaia, lenha e carvão. LECYTHIDACEAE Bertholetia excelsa Humb & Ponpl. Castanheira Tronco: construção de casas, canoas, embarcação, pernamanca, remos, carvão; casca: remédio p/dor no corpo, canseira (tirizia), diabetes, diarréia, e estopa de canoas; envira: para 99 amarrar; opérculo do fruto: para carne crescida; casanha contra veneno de cobra, comestível, comercialização. Eschweilera bracteosa Miers Matamata-preto, matamata Tronco: construção de casas, estacas, lenha e carvão; embira: para paneiros; casca: banho para coceira de curuba. Eschweilera coriacea Mart. ex O.Berg Matamata-preto, matamata, ripeira, matamata-folha-grauda Tronco: construção de casas, canoas, estacas, barrote, cabo de ferramentas, cabo de zagaia, ripa para estrutura de forno e tetos, ripa para cacuri (cabeceira de lanterna) e ripa para artesanato, lenha e carvão; embira: amarrar. Eschweilera grandifolia Mart ex DC. Matamata-branco, sapucaia-castanha, sapucaiarana, castanha-arana Tronco: construção de casas, canoas estacas, tábuas, ripa, cabo de enxada, machado e zagaia, lenha e carvão: envira: amarrar. Eschweilera pedicellata (Richard)S.A.Mori Ripeira, matamatá-da-folha-miuda, caniceira, matamata-preto, matamatazeiro Tronco: construção de casas, estacas, ripa, tábuas, cabo de ferramentas, zagaia ripa para cabeceira de lanterna e cacuri, rapiche (instrumentos de pesca de peixinho ornamental), ripa para balaios, lenha e carvão; embira: amarrar coisas. Gustavia augusta Amoen. Acad. Envira-de-cutia, periquito castanha, ripeira Tronco: construção de casas, moirão, tábuas, barrote, cabo de enxada, canoas, ripa para balaios, ripa para cabeceira de lanterna, lenha e carvão; fruto comestível Lecythis poiteaui O.Berg. Envira-de-cutia, envira-de-periquito, cuiombo, ripeira Tronco: construção de casas, carvão; embira: paneiro. . Lecythis retusa Spruce ex. O.Berg Envira-de-cutia, matamata, castanha-sapucaia, sapucaia castanha-cajurana Tronco: construção de casas, canoas e barcos, tábuas, estacas, carvão; embira: paneiros; semente comestível. Lecythis zabucajo Aubl. Piquiteira, sapucaia, sapucaia-castanha, ripeira Tronco: construção de casas, canoas e barcos, tábuas, moirão, lenha e carvão; casca: curuba (friera brava); envira: paneiro, semente comestível. LEGUMINOSAE LEG: CAESALPINIOIDEAE Bauhinia guianensis Aubl. Escada-de-jabuti 100 Embira: amarrar; casca p/ diarréia e inflamação. Dicorynia paraensis Benth. Coração-de-nego, tintarana Tronco: construção de casas, embarcações. Sclerolobium aff. setiferum Ducke Tachi-preto, tachi Construção de casas, tábuas, estacas, cabo de enxada, cabo de zagaia, lenha e carvão; casca diarréia. Sclerolobium chrysophyllum Poepp. & Endl. Tachi-vermelho, tachi Tronco: tábuas para casas, cabo de zagaia, jirão (para assar peixe), lenha e carvão: casca: para diarréia. Sclerolobium setiferum Ducke Cumanda, tachizeiro, tachi Tronco: construção de casas, tábuas, cabo de enxada, lenha e carvão. Tachigali myrmecophila Ducke Tachi, tachizeiro, tachi-preto, tachi-vermelho, tachi-de-terra-firme Tronco: tábuas, cabo de zagaia, cabo de enxada, lenha e carvão; casca para diarréia. Tachigali venusta Dwyer Tachi-preto, tachi Tronco: construção de casas, tábuas, cabo de zagaia, lenha e carvão; casca: para diarréia e vômito. LEG: MIMOSOIDEAE Cedrelianga cataeniformis (Ducke) Ducke Cedroarana, cedrão-vermelho, cedrão Tronco: construção de casas, tábuas, pernamancas, canoas, móveis, carvão. Dinizia excelsa Ducke Angelim-vermelho, paracaxii, angelim, angelim-pedra, cavivi-da-terra-firme Tronco: construção de casas, canoas, tábuas, móveis, pilão, cabo de zagaia (quando jovem), lenha e carvão. Enterolobium schomburgkii Benth Sucupira, angelim, cavivi-da-terra-firme, angelim Tronco: construção de casas, canoas, tábuas, barrote, móveis, lenha e carvão. Inga aff. bicoloriflora Ducke Inga, ingarana, ingá-xixica Tronco: tábuas, canoas, lenha e carvão; casca: tingir linhas, disenteria, hemorróides. Inga aff. capitata Desv. Ingá-de-macaco, ingá-xixica, ingá-preta, ingá, ingarana 101 Lenha e carvão; fruto comestível. Inga alba (Swartz) Willd. Ingarana, ingá-xixicá, ingá-de-macaco, ingá- xixi, ingá-do-mato Tronco: Construção de casas, tábuas, móveis, cabo de enxada, lenha e carvão; casca: tingir linhas, artesanato, hemorróides e disenteria; folha: banho para crianças que choram muito; fruto comestível. Inga cf. laurina Willd. Ingá-xixica, ingarana Tronco: madeira de casas, cabo de enxada, lenha e carvão; casca: tingir artesanato, curar sapinho na boca das crianças (raspa e passa na boca), dor de barriga; fruto comestível. Inga grandiflora Ducke Ingarana, ingá, ingá-preta, ingá-peludo, ingá-xixica, ingá xixi, ingá de macaco Cabo de machado, fruto comestível, casca para tingir aruma lenha e carvão Inga paraensis Ducke Ingá-de-macaco, ingá-xixica, ingá, ingá-branca, ingá-preta, ingaí, cumanda, ingazeira, ingarana Tronco: construção de casas, cercas de quintal, astia, cabo de ferramentas, carvão, lenha; casca: tingir arumã, como anti-séptico para feridas; fruto comestível. Inga rhynchocalyx Sandwith Ingarana, ingá-xixicá, ingá, ingarana, tamanqueira Tronco: madeira de casas, cabo de enxada, machado, boca de lobo, carvão; fruto:comestível. Inga thibaudiana DC. Ingarana, ingá-xixica, ingá-preta, ingá, ingá-xixica-vermelha Tronco: tábuas, cabo de enxada, carvão; casca: tingir arumã e cestos; fruto comestível. Inga umbratica Poepp. & Endl. Ingá-de-macaco, ingarana, ingá-xixica, jutaí-pororoca, ingá Tronco: lenha e carvão; casca: curar sapinho na boca das crianças (raspa e passa na boca); fruto comestível. Parkia nitida Miq. Piradabi-do-mato, angelirana, piradabi-da-terra-firme, fava Tronco: construção de casas, móveis, tábuas, lenha e carvão; sapopemas: tábuas para lavar roupa e remos. Parkia sp. Piradabi da terra firme Tronco: construção de casas, tábuas, carvão; casca: p/disenteria. Pseudopiptadenia psilostachya (DC.) G.Lewis & M.P.M. de Lima Angelim-babão, cavivi-da-terra-firme, cavivi, iurara, sucupira-branca Tronco: construção de casas, canoas, móveis, moirão de cerca, cabo de zagaia, lenha e carvão. 102 Stryphnodendrom paniculatum Poepp. & Endl. Taquarirana, tachirana, iurara Tronco: construção de casas, lenha e carvão; látex: curar coceira, veneno para matar caça. Zygia racemosa (Ducke) Barneby & J.W.Grimes Pau-santo, piradabi-da-folha-grauda, rabo-de-tatu, angelim, cavivi-da-terra-firme, angelinzeiro, paracachi, cavivirana Tronco: construção de casas, móveis, canoas, tábuas, moirão de cerca;cabo de ferramentas e zagaia, carvão e lenha; casca para disenteria. LEG: PAPILIONOIDEAE Andira micrantha Ducke Sucupira-amarela, cavari, cavari-babão Tronco: construção de casas, móveis, acabamentos de embarcações, cabo de enxada e terçado, lenha e carvão; casca: p/ dor de barriga e hemorroides. Clathrotropis macrocarpa Ducke Cavari, amarelinho, baudera, paratari, saboeiro Tronco: tábuas, carvão: casca: banho em cachorro pirento (com sarna), p/ curuba e em pessoas, diarréia, p/ tirar a moleza do corpo; folha: p/ feridas, p/empalhar farinha, fazer sabão. Leg: Papilionoideae sp. 1 sem utilidade Ormosia aff. nobilis Tul. var. nobilis Tento, tentera, tento-vermelho Tronco: tábuas, móveis, lenha e carvão; semente: p/ jogar dominó, p/ dor de urina, venda. Ormosia grossa Rudd. Tento Tronco: construção de casas, canoas, tábuas, móveis, lenha e carvão; chá para abortar e para os rins; semente p/ vender. Pterocarpus officinalis Jacq. Sucupira-preta, jutaí pororoca, cavivirana Tronco: esteio de casas, móveis, canoas, lenha e carvão; casca: p/ disenteria. Swartzia cf. dolichopoda R.S.Cowan Coração de nego Construção de casas,estacas, cabo de machado construção de batelão, lenha e carvão Swartzia corrugata Benth. Tento, tenturana Tronco: construção de casas, móveis, cabo de enxada, lenha e carvão; casca: p/ dor de rins. MELASTOMATACEAE Miconia traillii Cogn. Goiaba-de-anta, canela-de-velha, buchucho, buchuchorana, goiaba-do-mato 103 Tronco: construção de casas, moirão, cercas, cabo de machado, lenha e carvão; fruto comestível (pouco). MELIACEAE Guarea guidonia (L.) Sleumer sem nome sem utilidade. Guarea silvatica C.DC. sem nome Tronco: lenha e carvão; casca: dor de cabeça, disenteria. MORACEAE Clarisia racemosa Ruiz & Pav. Guariuba Tronco: construção de canoas, casas, móveis, cabo de ferramentas, carvão; látex: calafetar canoas e cola; fruto comestível. Helianthostylis sprucei Baill. Anani-branco Construção de casas Helicostylis tomentosa (Poepp. & End.) Macbride Muiratinga, pé-de-jabuti, fruta-de-jaboticaba, jaboticaba, Tronco: construção de casas, tábuas, cabo de enxada e de zagaia, carvão, galho para vender a turistas; fruto comestível. Maquira sclerophylla (Ducke) C.C.Berg. Muiratinga, abiurana-branca Tronco: fazer tapiriri (casinha pequena), cabo de machado, lenha e carvão, galho para vender a turistas. Moraceae sp1 Paratari-branco, pé-de-jabuti, mirapiringa Tronco: construção de casas, cabo de zagaia, machado, móveis, lenha e carvão; casca p/ disenteria, dor no corpo; fruto comestível. Naucleopsis glabra Spruce ex Pittier Muiratinga, muiratinga-verdadeiro, pé-de-jabuti Tronco: construção de casas, cabo de enxada, arcos, galho para vender a turistas e brinquedos, lenha e carvão; fruto comestível. Perebea guianensis Aubl. Pé-de-jabuti, muiratinga, cauchurana, jaboticaba Tronco: construção de casas, lenha e carvão, galho para vender a turistas e brinquedo; fruto comestível. 104 Perebea mollis (Planch. & Endl.) Huber subsp mollis Muiratinga, pé-de-jabuti, jaboticaba Lenha e carvão; látex para impigem; fruto comestível. Pseudolmedia laevis (Ruiz & Pav.)Macbride Taquari-da-terra-firme, manichi, muiratinga, cauchurana Tronco: construção de casas, cabo de enxada, cabo de zagaia, lenha e carvão, galhos para vender a turistas; látex: como cola; fruto comestível. Sorocea guilleminiana Gaudich. Matacalado, piranheira, piranhacãa, língua-de-tucano Tronco: cabo de enxada, lenha e carvão; látex: como veneno, p/ matar piolhos e frieira brava, p/ estancar o sangue após a mordida do morcego. MYRISTICACEAE Iryanthera coriacea Ducke Copeira, Punã, jiigua Tronco: construção de casas, tábuas, cabo de ferramentas, talheres de pau, lenha e carvão; seiva: p/ dor de dente; casca p/ disenteria. Iryanthera grandis Ducke Punarana, virola Tronco: tábuas, compensado, lenha e carvão; seiva: p/ dor de dente, limpar feridas. Iryanthera juruensis Warb. Copeira, punã, envira, lacre, copero, envira-amarela, taquari, abiurana-branca Tronco: construção de casas, tábuas, talheres de pau, cabo de ferramentas, lenha e carvão; envira: amarrar; seiva: p/dor de dente, disenteria, matar impigem. Osteoplhoeum platyspermum Warb. Marupa-vermelho, miracêe, uicui, copeira, pau-pra-tudo Tronco: construção de casas, móveis, lenha e carvão; seiva: disenteria e p/lavar feridas. Virola calophylla Warb. Envirola, ucuuba, puna-da-folha-graúda, virola, ucuuba-da-terra-firme, lacre, copero Tronco: construção de casas, tábuas, cabo de ferramentas, talheres de pau, lenha e carvão; seiva p/ dor de dente, p/ matar impinge na pele, Virola enlongata (Benthan) Warb. Ucuuba-vermelha, punã, puna-branca Tronco: cabo de ferramentas, móveis, construção de casas, tábuas, lenha e carvão; seiva: p/ diarréia (bebe-se com água), p/ cicatrizar feridas, dor de dente. Virola theiodora Warb. Copeira, copeira-vermelha, puna, ucuuba-branca, ucuuba, envirola, puna-branca, virola, punarana, ucuuba-vermelha, ucuuba-da-terra-firme Tronco: construção de casas, tábuas, móveis, cabo de ferramentas, cabo de zagaia, talheres de pau, lenha e carvão; seiva p/ dor de dente, diarréia, cicatrizar feridas, matar piolhos; casca p/ vômito. 105 Virola venosa Warb. Punarana, virola, taquari, copero-branco Tronco: colher de pau, tábuas e compensado, cabo de machado, lenha; seiva: p/dor de dente, cicatrizar feridas. MYRSINACEAE Cybianthus aff. detergens Mart. Tintarana-da-terra-firme Lenha e carvão MYRTACEAE Calycolpus sp. Araçarana, araçá, pau-mulato Tronco: esteio de casas, estacas, cabo de enxada, carvão, vara de pesca (quando novo); fruto comestível. Eugenia aff. florida DC. Daicú, tintarana, caçari-da-terra-firme, araçá Tronco: estacas, barrotes, cabo de zagaia, cabo de ferramentas, lenha e carvão; fruto comestível. Eugenia cf. cuspidifolia DC. Pau-vidrio, guajabinha, caçari-da-terra-firme Tronco: lenha e carvão, fruto p/ suco. Eugenia cf. omissa McVaugh Pau-vidro, araçá, araçarana Tronco: esteio de casas, estacas, cabo de enxada, carvão; fruto comestível. Eugenia sp.1 Chumberi, tamandare, araçá-do-mato Tronco: lenha e carvão; casca: para matar a pira do cachorro (sarna), e para pegar mulher (macumba). Myrcia aff. rufipila McVaugh Araça, mustinha, ouvido-de-peixe, pau-vidrio Tronco: moirão de cercas, cabo de ferramentas, lenha e carvão. Myrcia sylvatica DC. Araçarana, caçari-da-terra-firme, goiaba-de-anta, araça, pau-mulato Tronco: construção de casas, cercas, lenha e carvão; casca p/ curuba; fruto comestível. OLACACEAE Minquartia guianensis Aubl Acariquarana, Acariquara Tronco: cabo de enxada, esteio de casas, postes de luz, cabo de ferramentas, barrote, estacas, lenha e carvão; fruto comestível. 106 QUIINACEAE Quiina florida Tul. Macucuirana Tronco: construção de casas, tábuas, cabo de ferramentas, carvão. Touroulia guianensis Aubl. Paratari, paracaxi-do-vermelho, taperebarana Tronco: construção de casas, móveis, lenha e carvão; casca p/ mordida de cobra. ROSACEAE Prunus myrtifolia Urb. Carapitiu-da-terra-firme, daicurana-de-terra-firme, pau-cravo. Tronco: lenha e carvão; casca p/ dor de estômago. RUBIACEAE Borojoa claviflora (K.Schum.)Cuatrec. Apurui Tronco: esteio de casas, cabo de machado, moirão, carvão; fruto comestível. Ferdinandusa rudgeoides Wedd. Itaubarana Tronco: esteio de casas, tábuas, cercas, barrote, cabo de ferramenentas, astias, canoas, carv. Ferdinandusa sp1. Itaubarana-da-folha-miuda Tronco: cabo de ferramentas, construção de casas, lenha e carvão. SABIACEAE Ophiocaryon aff. manausense (W.A.Rodrigues)Barneby Tamacuarerana. Lenha SAPINDACEAE Cupania scrobiculata Rich Sem nome Carvão SAPOTACEAE Chrysophyllum sanguinolentum (Pierre) Baehni Abiurana Tronco: construção de casas, cercas, cabo de ferramentas; arcos, jaticá e cabo de zagaia, lenha e carvão. Micropholis guyanensis (A.DC.) Pierre subsp. guyanensis Cedrinho, cedro-branco, caramuri, balatarana Tronco: construção de casas, tábuas, estacas, cabo de ferramentas, móveis, canoas e barcos, lenha e carvão. 107 Pouteria caimito Radlk. Abiurana-ferro, abiurana Tronco: tábuas, estacas, esteio de casas, cabo de ferramentas, batelão, cabo de zagaia e jaticá, arcos, bulinete para prensa de farinha, lenha e carvão; fruto comestível. Pouteria cuspidata (A.DC.)Baehni Mortinha Tronco: construção de casas, madeira, cabo de enxada, lenha e carvão. Pouteria durlandii (Standl.) Baehni Abiurana (E,W,J,G) Abiurana-ferro Tronco: construção de casas, tábuas, moirão, estacas, barrote, cabo de ferramentas, zagaia e jaticaceira, arcos, carvão; látex para fazer balata; fruto comestível. Pouteria glomerata Radlk. Abiurana, abiurana-ferro, Araru Tronco: construção de casas, embarcações, estacas, móveis, jaticá e zagaia, cabo de ferramentas, lenha e carvão; látex para vender; fruto comestível. Pouteria guianensis Aubl.. Abiurana-ferro, abiurana, abiurana-da-terra-firme Tronco: construção de casas, tábuas, estacas, barrote, cabo de ferramentas, astia e jaticá, lenha e carvão; fruto comestível. Pouteria sp.1 Taquari, goiaba-de-jabuti Tronco: estacas, construção de casas, lenha e carvão. SIMAROUBACEAE Simaba polyphylla (Cavalcante) W.W.Thomas Cajurama Tronco: coronha de espingarda, lenha e carvão. Simaruba amara Aubl. Marupá, marupa-branco Tronco: tábuas, balsas, cercas, móveis, casca para diarréia; folha: defumação. STERCULIACEAE Theobroma microcarpa Mart. Envira-ferro-de-folha-miúda , cacau, envira, envira-branca, biriba, cupuí-bravo, cupuí Tronco: construção de casas, tábuas, canoas, cabo de ferramentas, cabo de zagaia, lenha e carvão, embira para amarrar; fruto comestível. Theobroma obovatum Klotzch ex Bernoulli Cupui-bravo Tronco: construção de casas, cabo de zagaia, cabo de machado, embira, lenha e carvão; fruto comestível. Theobroma speciosa Willd. ex Spreng. 108 Cacau, cupui, cupu-do-mato Tronco: cabo de machado, lenha e carvão; casca: p/ disenteria; fruto: comestível; semente: fazer chocolate e vende; Theobroma subincanum Mart. Cupuí, cacau, cupu-do-mato Tronco: construção de casas, cabo de martelo, lenha e carvão; casca p/ disenteria; fruto comestível. Theobroma sylvestris Aubl. ex Mart. Cacau, cupui, cacau-de-jacaré Tronco: cabo de ferramentas, carvão; fruto comestível, semente faz chocolate e vende. STRELITZIACEAE Phenakospermum guyanense (L. C. Rich.) Endl. Sororoca, bananeira-do-mato Tronco: água do tronco (olho) para mordida de cobras (bate, tira água e bebe) e para cicatrizar feridas, ripas para tecer; folha: cobertura de casas, botar a caça acima para retirar o couro; pecíolo: apito de chamar anta, embira para amarrar. TILIACEAE Apeiba echinata Gaertn. Biribarana, biraba-do-mato, bolacheira, bolachaarana Tronco: balsas, tábuas; embira para paneiro VIOLACEAE Paypayrola macrophylla Abacaterana Tronco: construção de casas, cabo de enxada, cabo de zagaia, lenha e carvão VOCHYSIACEAE Erisma bracteosum Ducke Ripeira Tronco: construção, ripas p/ construção, cercas, cacuri (para lanterna), lenha e carvão. VOCHYSIACEAE Qualea paraensis Ducke Cafearana branca, cafearana Tronco: construção de casas, tábuas, barrotes, canoas, móveis. Qualea sp.1 Cupiubarana Tronco: canoas, cercas, carvão. Vochysia vismiaefolia Spruce ex Warm. Sem nome Madeira p/ construção de casas, carvão. 109 Conclusões e Recomendações Os trabalhos de fitossociologia são importantes ferramentas auxiliares para implementação de estratégias de conservação; estes trabalhos mostram a riqueza e a diversidade de áreas pré-estabelecidas e indicam as espécies de maior valor de importância local. O presente estudo apresentou dados de um hectare, o que possibilitou a comparação com outros estudos similares realizados na Amazônia. Entretanto, como foi mostrado na curva de coletor, seria interessante continuar fazendo o levantamento fitossociologico até estabilizar a curva de coletor para poder afirmar com mais precisão a riqueza e diversidade desta área biogeográfica e poder afirmar sua importância botânica. Os dados fitossociológicos mostraram que Leguminosae é a família com maior VI, dado também compartilhado com outros estudos realizados na Amazônia. Os dados etnobotânicos mostraram que o maior VU foi encontrado em Arecaceae sendo Leguminosae a 17ª família em VU. Por outro lado, Arecaceae ocupa a 5ª posição em VI. Ao comparar as dez famílias com maiores VI com as dez famílias com maiores VU encontraram-se cinco famílias em comum porém em diferentes posições (Arecaceae, Lecythidaceae, Annonaceae, Burseraceae, Chrysobalanacea). Ao nível de espécie, ao comparar as dez espécies com VI mais altos com as dez espécies com VU mais altos observam-se três espécies em comum (Eschweilera coriacea, Bocageopsis multiflora, Euterpe precatoria). Isto sugere uma relação entre os dados fitossociologicos e etnobotânicos. Análises mais detalhadas são necessárias para esclarecer estas relações. Demostrou-se que os caboclos da vila de Caicubi possuem um conhecimento detalhado da floresta de terra firme. É interessante continuar fazendo estudos em outro tipo de florestas como, por exemplo, as florestas de igapó, um ecossistema que os caboclos da vila de Caicubi supostamente utilizam também. Resgatar o conhecimento das comunidades tradicionais é de suma importância para se entender quais são os recursos principais e essências para estas comunidades. Tal conhecimento poderá ser utilizado em estratégias de conservação, auxiliando na preservação do ambiente e de sua cultura. A inclusão de exempleras de referência (voucher), oriundos inventários fitossociológicos e etnobotânicos, em coleções de hervários são essenciais para respaldar os dados e as informações desses estudos. Tais exemplares possibilitam maior acuracia entre trabalhos pretéritos e atuais. 110 ANEXO. Algumas fotografias que mostram a floresta de terra firme onde foi realizado o estudo, os informantes chaves que colaboraram na parte etnobotânica e atividades realizadas pelos caboclos da vila de Caicubi. 111