01/12/15 – AULA 1 - GE Fabiano de Cristo

Transcrição

01/12/15 – AULA 1 - GE Fabiano de Cristo
01/12/15 – AULA 1: AS PARÁBOLAS – José de Souza Almeida
PARÁBOLA DO MORDOMO INFIEL (OU ADMINISTRADOR)
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VII.1. — Parábola do Mordomo
(ou Administrador Infiel) (Lc 16:1-13)
“Disse Jesus também aos discípulos: Havia um homem rico que tinha um
administrador; e este lhe foi denunciado como quem estava a defraudar os seus bens.
Então, mandando-o chamar, lhe disse: Que é isto que ouço a teu respeito? Presta
contas da tua administração, porque já não podes mais continuar nela.
Disse o administrador consigo mesmo: Que farei, pois que, o meu senhor, me tira a
administração? Trabalhar na terra, não posso; também de mendigar tenho vergonha.
Eu sei o que farei, para que, quando for demitido da administração, me recebam em
suas casas.
Tendo chamado cada um dos devedores do seu senhor, disse ao primeiro: Quanto
deves ao meu patrão?
Respondeu ele: Cem cados de azeite. Então disse: Toma a tua conta, assenta-te
depressa e escreve cinquenta.
Depois perguntou a outro: Tu, quanto deves? Respondeu ele: Cem coros de trigo.
Disse-lhe: Toma a tua conta e escreve oitenta.
E elogiou o senhor o administrador infiel porque se houvera atiladamente, porque os
filhos do mundo são mais hábeis na sua própria geração do que os filhos da luz.
E eu vos recomendo: Das riquezas de origem iníqua fazei amigos; para que, quando
estas vos faltarem, esses amigos vos recebam nos tabernáculos eternos.
Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco, também é
injusto no muito.
Se, pois, não vos tornastes fiéis na aplicação das riquezas de origem injusta, quem vos
confiará a verdadeira riqueza?
Se não vos tornastes fiéis na aplicação do alheio, quem vos dará o que é vosso?
Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao
outro; ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. ”
A parábola nos fala de um administrador (mordomo) que se comportou
desonestamente. Então, chamado às contas, antes que fosse despedido convocou os
devedores do proprietário (o senhor) e mandou que confessassem dívidas menores que as
verdadeiras; com esse estratagema visava a captar a boa vontade deles.
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E o senhor (proprietário) louvou sua astúcia.
Assim, à primeira vista, parece que Jesus incentiva (já que aprovou) a prática de atos
ilícitos, do roubo e da fraude.
Todavia, como sempre, é preciso interpretar as Escrituras segundo o espírito que
vivifica.
A parábola representa, simbolicamente, as seguintes personagens: o proprietário, ou
senhor, é Deus; o mordomo infiel é o homem; a propriedade é o mundo; os devedores
beneficiados são o nosso próximo; os bens dados à administração é tudo: bens, propriedades,
fortuna, posição social, filhos, cônjuge, família e até mesmo o corpo carnal; porque todas
essas coisas são colocadas por Deus, o Senhor, à disposição do homem durante certo tempo.
Mas, não pertencem ao homem, porque lhes podem ser tiradas a qualquer instante; de fato:
quem é casado, pode ficar sem seu cônjuge, portanto, não é proprietário dele; identicamente,
os filhos, os pais, podem, a qualquer instante, ser levados, portanto, não são propriedade
individual.
No uso e administração de qualquer desses bens, o homem procede como mordomo
infiel: apropria-se deles com exclusivismo, egoisticamente, acumula-os só para si,
desrespeita os direitos alheios, prejudica o próximo. A “infidelidade” está em se apossar do
que nos é dado temporariamente, “para administrar”.
“O homem sendo o depositário, o administrador dos bens que Deus lhe depositou nas
mãos, severas contas lhe serão pedidas do emprego que lhes dará, em virtude do seu livrearbítrio. O mau emprego consiste em utilizá-los somente para a sua satisfação pessoal. Ao
contrário, o emprego é bom sempre que dele resulta algum bem para os outros. O mérito é
proporcional ao sacrifício que para tanto se impõe. ” (O Evangelho Segundo o Espiritismo,
cap. XVI, item 13)
Mas, chega sempre o instante da tomada de contas; cada vez que ocorre a
desencarnação (“morte”, como o povo diz) há uma prestação de contas, porque, deixando de
viver no mundo da matéria, o homem não pode ficar na administração de seus bens.
A parábola louva a sagacidade de um desses administradores; sabendo que nada podia
alegar em sua defesa, granjeia amigos com a riqueza da iniquidade, isto é, ganha a amizade
de várias pessoas com a riqueza do Senhor e que estava sob sua guarda, temporariamente.
E, assim, chegamos ao tema central da parábola: — Significa que se deve aproveitar a
oportunidade da reencarnação para beneficiar os que sofrem, e para minorar os padecimentos
dos necessitados. É necessário fazer o bem sempre.
Com isso, esses a quem se beneficia aqui na Terra serão aqueles que, futuramente,
receberão o benfeitor no Plano Espiritual. (Algumas versões usam a expressão nos
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“tabernáculos eternos" que significa o “céu”, as moradas espirituais felizes, o Plano
Espiritual.)
É com referência à necessidade de se proceder deste modo, que Jesus empregou a
expressão “os filhos do século são mais sábios na sua geração do que os filhos da luz” (ou,
em algumas versões, “os filhos do século são mais avisados no gerir seus negócios do que os
filhos da luz”); ou seja, o homem de negócios é sábio preparando e assegurando seu futuro
enquanto aqui no mundo; “os filhos do século”, ou seja, o homem materializado, luta,
sacrifica-se, procede com arrojo e engenho para satisfazer sua ambição de acumular riquezas.
Ora, se “os filhos da luz", isto é, os já esclarecidos, já espiritualizados, procedessem com o
mesmo denodo e afã na esfera do bem, certamente que já teriam galgado os Planos da
Espiritualidade, as “moradas felizes”.
Todavia, há um aspecto importantíssimo da parábola que é preciso considerar; é a
advertência de Jesus: Quem não é fiel no uso dos bens perecíveis, os bens temporais, como
poderá sê-lo no dos bens verdadeiros, os bens espirituais? E quem não é fiel na aplicação do
bem alheio, como poderá receber no mundo espiritual o que a ele lhe compete? Aí está a
condenação do roubo e do emprego de meios ilícitos.
E também: a riqueza classificada por Jesus como sendo “o pouco”, “iníqua” e “alheia”
é a que consiste nos bens materiais. Ao reverso, a riqueza chamada de “o muito”, “legítima”
e “inalienável” é a que resulta da evolução do Espírito, representada pelos bons predicados
do caráter; são as virtudes.
Assim, outro grande ensinamento desta parábola é que toda riqueza material é iníqua,
no seguinte sentido: a terra não é propriedade de ninguém; é patrimônio comum. O homem
tem apenas o usufruto dos bens materiais; porque, de fato, quando ele reencarna já encontra
esses bens aí; e quando desencarna esses bens permanecem aqui.
Isso significa que ao homem é dado desfrutar das riquezas terrenas na exata medida de
suas reais necessidades. O que passa daí é apropriação indébita, em prejuízo do próximo.
Daí, aliás, que resulta a “infidelidade” do “mordomo” (o homem): ela procede do fato de os
homens apossarem-se dos bens que lhe foram confiados por Deus, para administrá-los. Da
Terra nada é nosso; não passamos de meros administradores.
Encerrando a parábola, Jesus chama a atenção que ninguém pode servir com o mesmo
zelo a dois senhores: a Deus e a Mamon. (“Mamon” é uma palavra aramaica que significa
“riquezas”.)
Os cristãos têm o dever de servir somente a Deus, não se sujeitando aos “filhos do
século” que sempre querem dominar a consciência alheia.
Observação: Ver o capítulo XVI de O Evangelho Segundo o Espiritismo, “Servir a
Deus e a Mamon”.

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