Renda acelera com qualificação

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Renda acelera com qualificação
DOMINGO 12, OUTUBRO, 2014
EDITOR: JEAN GREGÓRIO
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Renda acelera com qualificação
Paraibanos com maior grau de instrução em áreas de forte demanda industrial estão quebrando barreira regional e elevando salário inicial
K
Alexsandra Tavares
A indústria é a quarta
maior empregadora e apenas
o terceiro setor que melhor
remunera os empregados na
Paraíba, segundo dados da
Relação Anual de Informações
Sociais (Rais-2013) divulgada
em setembro pelo Ministério
do Trabalho e Emprego (MTE).
Comparado aos grandes polos
fabris do Nordeste, o Estado
ainda precisa evoluir em termos salariais e oferta de vagas.
Contudo, investindo em capacitação, o profissional pode
não apenas elevar sua renda e
expandir as oportunidades de
trabalho, mas também fortalecer a indústria.
Com perseverança e muito
estudo, paraibanos conseguem
vencer as barreiras regionais e
ter o privilégio de poder escolher entre as oportunidades
que surgem ao longo do caminho. Este é o caso do tecnólogo
em automação industrial Alysson Domingos, que concluiu
o curso superior em 2012 no
Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia (IFPB), de
João Pessoa.
Logo que recebeu o diploma, ele passou em um concurso público e na mesma época
recebeu a proposta para trabalhar em uma indústria do Rio
Grande do Norte, na área de
energia renovável, com salário
inicial de R$ 3.900, podendo
chegar a R$ 9.000 em três anos.
Caso assumisse o concurso, ele
iria receber R$ 3.000.
“Então fui para o Rio Grande do Norte, passei nove me-
ses lá, mas voltei por causa da
distância da família”, contou.
Segundo ele, o profissional
de automação industrial na
região potiguar é bastante requisitado por causa do perfil
de grande parte das indústrias,
que são automatizadas.
O tecnólogo contou, porém, que as empresas terceirizadas da Fiat e a própria montadora já iniciaram uma busca
intensiva por profissionais da
Paraíba, principalmente na
área em que ele atua. “Meu telefone não para de tocar. São
muitas propostas”, contou
Alysson sorrindo.
Com o leque de opções, a
função mais difícil para Alysson Domingos é escolher qual
direção seguir e vale lembrar
que ele está apenas começan-
do a carreira. Logo após chegar do Rio Grande do Norte, o
tecnólogo trabalhou no polo
industrial paraibano em uma
indústria de calçados, com salário inicial de R$ 3 mil.
Contudo, ele mudou novamente de rumo. “Passei no
mestrado na Paraíba e como
já tinha uma vivência acadêmica preferi esta área. Além
de fazer o mestrado, hoje dou
aula em duas escolas técnicas
em João Pessoa. Fui recentemente aprovado em um outro
concurso em Pernambuco,
no IFPE, e dentro em breve
estarei sendo convocado”, revelou. Com tantas propostas,
só resta saber como estará a
vida profissional do tecnólogo daqui a um ano, mas isso é
assunto para outra história.
T
A ARMA DA QUALIFICAÇÃO. Tecnólogo Alysson Domingos disse que propostas de empresas não param de chegar
Sistemistas da Fiat intensificam procura
Com a chegada da Fiat
(Goiana/PE), suas sistemistas
(empresas especializadas) e
da instalação das cimenteiras
no Estado, os trabalhadores
da indústria no Estado estão
cada vez mais requisitados. E
o diferencial para vencer a concorrência profissional, vinda
inclusive de outros estados, é a
instrução.
A gerente de Recursos Humanos de uma empresa que
capacita profissionais na Paraíba para atender à demanda da
Fiat e outras unidades fabris,
Maria Helena Morais, revelou
que cada vez mais as sistemistas pernambucanas solicitam
trabalhadores paraibanos, mas
a qualificação é indispensável
para a efetivação da contratação.
“Estamos capacitando paraibanos na área de eletromecânica para atender à demanda da Fiat porque quem mora
em João Pessoa, por exemplo, é
mais fácil atender Goiana por
causa da facilidade no deslocamento. Mas, para ser contratado, é preciso que os candidatos estejam bem qualificados”,
apontou.
De acordo com os dados da
Rais, quanto maior o grau de
instrução, melhor a remuneração do trabalhador. No ano
passado, o salário médio do
paraibano com ensino médio
completo era de R$ 1.182. Para
o trabalhador com ensino superior incompleto o salário médio
subia para R$ 1.707 e quando
o profissional tinha o diploma
de graduado seus vencimentos
aumentavam para R$ 3.364.
A única exceção de um trabalhador com menor instrução
ganhar melhor do que outro
com mais anos de estudo foi
na comparação salarial entre
aqueles com Ensino Fundamental Completo (R$ 1.516,41)
e os que tinham Ensino Médio
Incompleto (R$ 1.016,87). Isso
pode ser explicado na cons-
trução civil, em que se tem aumento de remuneração acima
da média do mercado por causa da carência de pessoal.
“Na Paraíba, a oferta de trabalhador da construção civil é
escassa. Quando se encontra
um trabalhador qualificado
paga-se caro por ele”, afirmou o
vice-presidente de Administração, Finanças e Patrimônio do
Sindicato da Construção Civil
de João Pessoa, João Barbosa.
O presidente da Federação
da Indústria do Estado da Paraíba (Fiep), Buega Gadelha, afirmou que o profissional capacitado não só conquista melhores
salários, mas também aumenta
a competitividade da indústria.
“O trabalhador bem preparado vai ter exata noção de
produtividade, competência
e habilidade na função e isso
contribui no resultado final da
indústria”, frisou.
O levantamento do MTE
com base na Rais apontou
ainda que a indústria de transformação na Paraíba empregava até o ano passado 81.024
pessoas, perdendo em oferta
para a administração pública
(256.238), serviços (151.454) e
comércio (100.731).
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