Os novos rumos da Alta Costura
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Os novos rumos da Alta Costura
Os novos rumos da Alta Costura Em um processo cíclico, o constante debate sobre a possível extinção versus o sucesso da alta-costura gera opiniões diferentes em contextos distintos. As previsões apocalípticas que afirmam o fim do haute couture se iniciam toda vez que este segmento sofre alguma movimentação de mercado, como por exemplo, em 2004, quando Ungaro e Versace deixaram de fazer parte do calendário de apresentações – a casa de moda italiana voltou a desfilar sua coleção de alta-costura, a Atelier Versace, em julho de 2012. Protegido legalmente, o termo “alta costura” é uma marca registrada que só pode ser utilizada pelos estilistas que integram o Chambre Syndicale de la Haute Couture (Câmara Sindical de Alta Costura), entidade criada em 1968. Os membros fixos e convidados devem ter um ateliê em Paris responsável por produzir toda coleção, respeitando as regras que são impostas pela Instituição, como número mínimo de funcionários, apresentar pelo menos 35 modelos para o dia e para a noite por coleção e ter uma loja no Triangle d’Or – o Triângulo de Ouro, formado pela Avenue Montaigne, Avenue Georges V e Avenue Champs Elysées, em Paris. Além disso, avaliam anualmente cada casa de criação revisando a lista dos que devem fazer parte do seleto grupo. O grupo já contou com mais de 100 integrantes, mas atualmente apenas 12 marcas podem valer-se do selo concebido pela Câmara, e a grande diferença é que boa parte das casas não são mais originalmente francesas. Valentino foi o primeiro, em 1989, a levar a sua elegância para as passarelas de Paris, depois dele Giorgio Armani e nomes como o do libanês Ellie Saab e do italiano Giambattista Valli contribuíram para o ressurgimento dessa instituição francesa que havia sido soterrada pelo prêt-à-porter. Um processo de reconhecimento de talentos globais. A alta costura oferece uma moda rara, única e feita a mão. A primazia na qualidade, a diferenciação e a atemporalidade das peças faz com que sejam relacionadas muito mais com peças de arte do que apenas com roupas que possuem um alto valor e que seguem determinadas tendências. Os profissionais envolvidos são meticulosos artesãos que precisam ser “apaixonados” pelo que faz, pois, como já dizia Coco Chanel: “nesta profissão, quem não for apaixonado pelo o que faz não realiza coisas belas”. Apesar dos atuais problemas econômicos, a alta costura passa por um período de revivalismo, à medida que a sociedade resgata princípios, tradições e principalmente os mercados emergentes passam a defender valores centrais focados em autenticidade e herança. O desenvolvimento econômico das nações do Oriente Médio e de países como Brasil, Rússia, China e Índia, contribui para o renascimento desse modo de produção. Um artigo publicado recentemente no WWD apresenta números positivos e uma atitude otimista com relação à perspectiva de crescimento. Cita o aumento do número de clientes asiáticos, o retorno das clientes americanas após a retração vista durante o auge da recessão, além do sucesso do formato mais intimista que algumas maisons adotaram. As atuais coleções são símbolos de novos tempos. Já se foi a época em que os vestidos eram feitos com metros e metros de tecido, agora o preciosismo está na manufatura, no corte, nas técnicas e na escolha dos materiais usados. As roupas aparentam ser mais simples, mas com o mesmo símbolo de exclusividade de outros tempos. É possível afirmar que o haute couture nunca substituirá prêt-à-porter, mas é ele quem estimula as vendas e traz uma imagem de sonho e poder às grifes. Não existe vanguarda sem tradição, a alta costura é o sonho que existe na moda, e onde os designers podem ser artistas. A alta- costura é feita de sonhos.