Revista Faculdades do Saber - Faculdade Mogiana do Estado de
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Revista Faculdades do Saber Volume 02 / Número 03 / Jul/Dez de 2014 ISSN 2317-0867 Faculdade Mogiana do Estado de São Paulo – FMG Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 242 FICHA CATALOGRÁFICA Revista Faculdades do Saber: Artigos Acadêmicos e Científicos. – Vol. 02 n.03 (jul./dez. 2014). – Mogi Guaçu: FMG – Faculdade Mogiana do Estado de São Paulo, 2014. Semestral. ISSN 2317-0867 1. Artigos Científicos. 2. Iniciação Científica. Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 243 SUMÁRIO EDITORIAL............................................................................................................ 245 A QUESTÃO RACIAL NO BRASIL: VISÕES E LEITURAS DO PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO................................................................................................................... Ediano Dionisio do PRADO 247 RELEITURA DA HISTÓRIA BÍBLICA DE JOSÉ DO EGITO COM ENFOQUE EM RESILIÊNCIA.................................................................................................................. Josiane COUTO, Sergio Fernando ZAVARIZE 261 FOCANDO A EQUIPE PARA OS OBJETIVOS DO SPRINT BACKLOG NA METODOLOGIA ÁGIL DE DESENVOLVIMENTO ATRAVÉS DO DAILY SCRUM: UM ESTUDO DE CASO............................................................................................................................. 269 Márcio Tadeu STAFOCHER SÍNDROME DA ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO EM CÃES E A INFLUÊNCIA DOS SENTIMENTOS HUMANOS NO DESENVOLVIMENTO DA SÍNDROME E AGRAVAMENTO DOS SINTOMASSOCIOLÓGICOS .................................................................................... 285 Juliana Dias PEREIRA, Tania Murari MATTEUCI CARACTERIZAÇÃO DAS LESÕES DECORRENTES DO CICLISMO....................................... Giovani Arfelli de CASTILHO, Rafael Martins MENDES, Lucas Rissetti DELBIM, Marcelo Studart HUNGER, Cássio José Silva ALMEIDA, Anderson MARTELLI 297 INSTRUÇÕES E DIRETRIZES PARA PUBLICAÇÃO ............................................................ 309 Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 244 Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 245 EDITORIAL Em sua empreitada de fomentar a produção e democratizar a divulgação de conhecimentos científicos, a Revista Faculdades do Saber lança sua terceira edição. Abraçando a interdisciplinaridade como norteadora de sua filosofia, esta revista semestral concebe o conhecimento como construção sociointerativa. Assume a indissociabilidade entre a liberdade de pesquisar e o conhecimento com qualidade social, primando pelo pluralismo de ideias, de concepções e de paradigmas conceituais. A Revista Faculdades do Saber veicula não apenas a produção teórica de seu corpo docente e discente, mas também as mais diversas e relevantes contribuições, num escopo internacional, com ênfase nas áreas da Saúde, Educação, Administração, Direito e temas relacionados. Nesta edição são apresentados artigos inéditos, de suma relevância para a reflexão acadêmico-científica, e sintonizados com múltiplos aspectos da vida contemporânea: A questão racial no Brasil: visões e leituras do pensamento social brasileiro; Releitura da História Bíblica de José do Egito com Enfoque na Resiliência; Tocando a equipe para os objetivos do sprint backlog na metodologia ágil do desenvolvimento através do daily scrum: um estudo de caso; Síndrome da ansiedade de separação em cães e a influência dos sentimentos humanos no desenvolvimento da síndrome e agravamento dos sintomas; Caracterização das Lesões Decorrentes do Ciclismo. Cientes de que as contribuições elencadas referendam em grande medida os propósitos da Revista, convidamos todos aqueles que reconhecem a importância da pesquisa científica a participar conosco, envidando esforços para um diálogo amplo e enriquecedor, pautados nos critérios da objetividade e do pluralismo do conhecimento. A todos, nossos votos de uma profícua leitura. Ediano Dionisio do Prado Conselho Editorial Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 246 Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 247 A QUESTÃO RACIAL NO BRASIL: VISÕES E LEITURAS DO PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO THE RACIAL ISSUE IN BRAZIL: VISIONS AND READINGS OF BRAZILIAN SOCIAL THOUGHT Ediano Dionisio do PRADO¹ RESUMO O presente trabalho percorre, sumariamente, diferentes visões construídas a respeito da questão racial no Brasil, desde meados do século XIX até a década de 1960. De suma relevância para compreendermos a dinâmica das relações raciais, tais leituras e visões fornecem diagnósticos da sociedade brasileira e apontam a profundidade do legado transmitido por mais de três séculos de escravidão. Descortinam continuidades e apontam críticas à natureza de nosso racismo: velado, covarde, latente. Racismo imobilizador e mutilador da vítima, baseado em traços exteriores como a coloração da pele, o tipo de cabelo e o formato do nariz. A compreensão dessas visões e de seu contexto social de mediação possibilita o deslindamento de práticas e manifestações reincidentes de discriminação racial nas interações em logradouros públicos, no mercado de trabalho, na mídia, na política, em suma, nas diversas esferas da vida social. Palavras-chave: questão racial; pensamento social; democracia racial; sociologia crítica; escravidão. ABSTRACT This job runs, briefly, different visions constructed about the racial issue in Brazil since the mid-nineteenth century until the 1960. Of paramount importance to understand the dynamics of race relations, such readings provide diagnoses and visions of Brazilian society and indicate the depth of the legacy passed for more than three centuries of slavery. Continuities unveil critical point and the nature of our racism: veiled, coward, latent. Racism immobilizer and mutilating the victim, based on external traits such as skin color, hair type and the shape of the nose. Understanding these visions and their social context mediation enables the unraveling of practices and relapsing forms of racial discrimination in interactions in public places, in the labor market, in the media, in politics, in short, in many spheres of social life. Keywords: racial issue; social thought; racial democracy; critical sociology; slavery. ******** 1 Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas, Docente nos cursos de Direito, Administração e Educação Física da Faculdade Mogiana do Estado de São Paulo (FMG), Mogi Guaçu, SP. E-mail: [email protected] Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 248 1. Metodologia trabalho produzia para exportação e a força motriz dessa produção ainda era o braço escravo; 2) um aparato administrativo parasitário: o corpo acadêmico, de natureza descritiva e analítica, foram efetuadas leituras de pensadores administrativo era ineficiente e corrompido por todos os vícios da intromissão do particular brasileiros que, desde meados do século XIX, se debruçaram sobre a dinâmica da sociedade sobre o público; 3) a inexistência de uma opinião pública esclarecida: uma população minada pela brasileira e apresentaram relevante contribuição para a compreensão da questão racial. Além das prepotência dos poderosos e obscurecida pelo analfabetismo, incapaz, portanto, de participar fontes primárias, procedemos à leitura de comentadores. Teoricamente, o presente artigo objetiva contribuir com elementos sociológicos para a consolidação dos parâmetros estipulados pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura), que disciplina a temática interdisciplinar das Relações Étnico-raciais no Brasil, nos cursos de graduação. Desta feita, emerge a nítida preocupação em fornecer subsídios que contribuam para uma análise crítica da dinâmica, dos fundamentos e das contradições da questão racial em nossa sociedade1. Na perspectiva de Karl Marx2, o pensamento não é etéreo, não está desvinculado da realidade social. A compreensão das ideias de uma época reclama a compreensão de sua ativamente da definição dos rumos da vida política; 4) formação clássica (greco-romana) de nossa elite pensante: a elite pensante era formada pelos filhos dos grandes proprietários rurais que estudavam em Coimbra e Lisboa e, a partir de 1820, nas Faculdades de Direito de São Paulo e do Recife. Jovens bacharéis que absorviam avidamente as ideias reinantes na Europa, com fervor pelo uso de palavras grandiloquentes (PRADO Jr.,1994). Secularmente colônia e depois país de economia dependente, o Brasil importou, junto com produtos manufaturados e industrializados, o ideário vicejante na Europa. Cabe, desta feita, a indagação: ao esboçar e desenvolver um pensamento social nacional, com o processo de independência política, até que ponto conseguiu extirpar essa influência externa e constituir algo genuíno, original? Com a proclamação da independência torna-se patente a necessidade de evitar o desmembramento territorial, político e cultural mediação social. A realidade sócio-econômica mediadora dos ideários desenvolvidos no Brasil, ao longo do século XIX, diverge muito pouco da realidade do período colonial. A realidade socioeconômica continha os seguintes pilares: 1) latifúndio monocultor e da nação que se formava. Esboça-se um esforço para forjar uma identidade nacional. É justamente nesse momento histórico que se consolida o movimento literário romântico, no seu viés de exaltação nacionalista. Como expressão intelectual desse período, o escravista: a célula capital da vida econômica e social continuou sendo a grande propriedade que romantismo não rejeita por completo o olhar inicial, lançado pela ótica do europeu. Ao contrário, absorve muito dos estereótipos construídos a respeito de nossa sociedade e cultura, porém, confere-lhes uma coloração original. A literatura romântica procurou delinear uma identidade nacional de acordo com os interesses predominantes. Nesse esforço Na construção deste 2. A identidade do Brasil independente: a idealização do índio e a ocultação do negro 1 O Conselho Nacional de Educação, por intermédio da Resolução CP/CNE nº1 de 17 de junho de 2004, instituiu diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais no Brasil. 2 Karl Marx (1818 – 1883) é considerado uma das três matrizes clássicas do pensamento sociológico. Em sua obra A ideologia Alemã desenvolve o tema da mediação entre a realidade socioeconômica e as ideias. Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 249 selecionou o indígena como figura nacional. Por seu passado nostálgico, de pureza étnica, e pelo seu futuro promissor, suscetível de ser civilizado riquezas foi lavrada legalmente. A Constituição outorgada pelo Imperador D. Pedro em 1824 primou pela inviolabilidade da propriedade, pelo branco europeu, o índio torna-se o cerne dessa literatura. Entretanto, romantiza-se esse defendendo os interesses dominantes da sociedade da época ao declarar o negro como índio. Ele é enquadrado pelos moldes da literatura de cavalaria medieval. um objeto. Na interpretação crítica de Caio Prado Jr. (2000), a independência ratificou nosso O imaginário dos romancistas românticos (Gonçalves Magalhães, Gonçalves caráter dependente dos impulsos externos, o liberalismo apenas como sugestão e não como Dias e José de Alencar) estava preso ao sistema latifundiário-escravista. Estava impregnado dos valores estéticos metropolitanos. Seus heróis e heroínas foram pautados por moldes clássicos, privados de sua origem nativa, europeizados. Os heróis indígenas aparecem envergando valores e atitudes que se enquadravam nos padrões europeus. Havia uma preocupação em aproximar o nativo do cavaleiro europeu, ocultando a situação de extermínio do índio brasileiro. Nesse sentido, podemos citar o personagem Peri do romance “O Guarani” de José de Alencar em que os embates são travados entre nativos como se seguissem os códigos de honra típicos das novelas de cavalaria (MELLO e SOUZA, 2000). A idealização do índio teve como contraponto a negação da existência do negro, quer social, quer esteticamente. Em toda essa produção romântica nenhum personagem negro entrou como herói3. A figura do negro estava associada a trabalhos vis, degradantes. O negro trazia à tona a imagem da escravidão; prática de organização das instituições políticas e a escravidão como relação social. O escravo permaneceu uma coisa, uma propriedade alheia, pois sua importância econômica superava toda e qualquer aspiração de um progresso moral da sociedade brasileira. Nossos senhores não ficavam com as faces enrubescidas perante a vergonha da escravidão: essa mácula de nossa história e alteração completa da ordem natural do trabalho (SILVA, 2000). representava uma figura “perniciosa” para a imagem da nação jovem que se formava. O indianismo romântico definiu o negro como inferior numa estética que o colocava, de um lado, como negação da beleza e, de outro, como anti-herói, como subalterno, obediente, quase domínio da Inglaterra. Sendo esta a maior potência econômica da época e, sobretudo, depois da Revolução Industrial urgia a ampliação do mercado consumidor para seus produtos manufaturados4. Não obstante a coação da Inglaterra, ao nível de animal (MOURA, 1988). A coisificação do escravo ou a redução do homem negro a um reles objeto produtor de inclusive policiando a costa brasileira, o tráfico grassava com gordos rendimentos, enchendo as 3 Uma exceção entre os autores românticos foi Castro Alves. Em suas obras procura denunciar as injustiças e o horror da escravidão, destacando o papel social e ativo do negro na sua dimensão de rebeldia e na sua interioridade existencial. O negro aparece como pessoa que pensa e reivindica, que ama e luta. 3. A condenação da mestiçagem: teorias raciais de finais do século XIX Com a proibição do tráfico negreiro, em 1850, a elite local depara-se com novos problemas de ordem econômica e social. A proibição do tráfico, segundo alguns historiadores, representou uma adequação na letra da lei para corresponder às pressões e sanções econômicas inglesas. Desde a Independência, o império esteve submetido ao 4 A liberdade individual de comprar era um requisito fundamental para a ideologia liberal da economia inglesa: os escravos não eram remunerados com estipêndios; recebiam como esmolas as roupas de tecido rústico e a alimentação que o senhor determinava. Aos olhos dos capitalistas ingleses esse era um obstáculo que devia ser superado na expansão de seus negócios. Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 250 burras dos traficantes e fertilizando os campos de cana e café. A proibição do tráfico não se concretizou no término do intolerável cativeiro. nesse sentido que podemos visualizar a Lei do Sexagenário e a Lei do Ventre Livre5. Com resistências, a elite escravocrata No entanto, o montante desse tráfico, consideravelmente menor que no passado, não conscientizou-se, com pavor, da eminente abolição da escravatura. Repentinamente, os correspondia às necessidades ampliadas pela cultura cafeeira do sudeste; o novo veio de ouro senhores correram o risco de ver seus salões invadidos por indivíduos que até pouco tempo chamado café. Para agravar insuficiência eram seus “animais de trabalho”. Com o enorme contingente de negros elevados à categoria de numérica, nesse período, o trabalho escravo já se mostrava oneroso para o sistema econômico em transição, estando a produtividade do trabalho escravo muito baixa para atender às exigências impostas pelas novas relações da unidade produtiva com o mercado mundial. “O sistema escravista em sua fase final não possuía meios com que preservar e multiplicar a força produtiva do escravo. Contudo, sem que existisse um núcleo forte de trabalho livre, assalariado ou não, a escravidão não estaria com os seus dias contados” (PRADO, 2001, p. 100). O premente problema da mão-de-obra colocou para a dinâmica classe dos cafeicultores a necessidade de uma reorganização do trabalho, que consistiu numa substituição do trabalhador. Ardorosas contendas, nas assembleias, nos jornais, nos congressos da oligarquia, efetivaram-se acerca de quais elementos potencialmente disponíveis no mercado representariam uma ruptura menos traumática com o sistema escravista precedente. cidadãos, como transformar essa pluralidade cultural, de raças, num único povo? Num país com amplas potencialidades de civilização e progresso? A virtual abolição da escravidão colocou problemas de ordem econômica e, também, sociocultural. As preocupações econômicas foram sanadas pela gradativa implantação das políticas imigrantistas. Já a resposta à questão da separação racial ou da identidade processouse pela absorção de teorias relativamente obsoletas no contexto europeu: as teorias raciais. Os “homens de ciência” do Império, representantes da elite social branca, importaram o darwinismo social, conferindo-lhe traços bastante singulares, ao aplicá-lo à realidade brasileira. O cerne dessas teorias era a crença na existência de um processo seletivo entre as raças, classificando-as numa hierarquia: raças superiores e raças inferiores. O darwinismo, como teoria biológica, foi essa Dentre as possibilidades cogitadas - imigrantes europeus, trabalhadores nacionais livres, chineses e os “coolies” da Índia - predominou a preferência pelos imigrantes europeus. A partir de 1870 são desenvolvidas políticas imigrantistas, visando à substituição da mão-deobra escrava (PRADO, 2001, p. 101). Paralelamente à política imigrantista, os donos do poder, pressionados pela gradativa conscientização de setores urbanos da sociedade imperial, efetuam algumas concessões. Essas trouxeram em si a marca da ambiguidade. É 5 A lei do sexagenário foi a mais dolorosa chibatada desferida no dorso dos escravos envelhecidos. Devido às atrocidades do senhor, ao trabalho incessante e exaustivo, à alimentação precária, à ausência de cuidados com a saúde, o tempo médio de vida do escravo era muito pequeno. Um número exíguo atingia o patamar de 60 anos. Esses geralmente estavam estropiados – sem uma das mãos, sem orelhas, sem pernas, adoentados. Assim, a lei significou completo desrespeito aos indivíduos que não conseguiam manter-se por conta própria. Praticamente, a lei concedeu alforria para que o escravo envelhecido morresse à míngua. Se a Lei do Sexagenário foi um triunfo dos beneficiados com a escravidão, a Lei do Ventre Livre ou lei dos nascituros que determinava a alforria de todos os nascidos depois de 28 de setembro de 1871 – não atuou em sentido diverso. Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 251 amplamente utilizado no âmbito das ciências humanas, com a popularização dos seus conceitos nos jornais e na literatura e com a um século, para que a civilização deitasse, nesta exuberante terra, seus sólidos pilares (AZEVEDO, 1987). cotidianização dos seus autores. Nos moldes das ciências biológicas, nossos cientistas sociais Dentre os representantes principais das teorias raciais destacamos o médico Nina debruçaram-se sobre o organismo social brasileiro, procurando diagnosticar as causas de Rodrigues. Segundo Nina Rodrigues (1935), a mestiçagem representava o grande mal, pois seu atraso, sua patologia, e apresentando a medicação para os seus males. Era necessário implicava no enegrecimento da população. Era uma composição negativa, já que o mestiço descobrir as enfermidades ou os sistemas debilitados que se constituíam em empecilhos ao progresso civilizatório da nação. O diagnóstico predominante foi de um corpo social consumido pela chaga da mestiçagem, dilacerado pela inferioridade dos mestiços e cujo único medicamento possível seria a injeção de sangue branco, superior. O prognóstico mais otimista para a solução seria o branqueamento6: através da extinção natural das raças inferiores (indígena e negra) e pela substituição gradativa da população negra pela população branca através da imigração europeia (SCHWARCZ, 1993; MOURA, 1988). A campanha imigrantista do final do século XIX esteve baseada numa política de eugenia; no desenvolvimento de uma raça pura e superior. Existiu a crença no branqueamento: a esperança de que assimilando o sangue europeu haveria uma depuração racial do povo brasileiro, com o sangue (gene) branco se impondo na miscigenação e, ao produzir um elemento cada herdava os vícios da raça negra, considerada inferior. O cruzamento não favorecia, a seu ver, o desenvolvimento de uma civilização, pois o mestiço constituía um tipo sem valor, não servindo nem para o modo de viver da raça superior, nem para o modo de viver da raça inferior, não servindo para nenhum gênero de vida. A languidez (estado de moleza, falta de energia), a preguiça e a degeneração seriam os traços característicos dos mestiços (SCHWARCZ, 1993). Acreditava, também, que o mestiço era estéril. Tal qual o cruzamento da égua com o jegue resulta num animal estéril, pois proveniente de espécies diferentes, o cruzamento de raças diferentes produziria frutos estéreis e, por isso, inconstantes, tendentes ao crime. Resulta dessa crença a denominação de mulato (mula) (MOURA, 1988). Nina Rodrigues foi tenaz defensor da institucionalização e legalização de um código de Direito diferenciado para cada raça (RODRIGUES, 1933). Estando os negros vez mais branco, revertendo os traços morais, intelectuais e físicos inferiores da raça negra. Na perspectiva dos pensadores raciais, a purificação sanguínea seria acompanhada da purificação cultural: a criminalidade e a bestialidade “at|vicas” aos mestiços seriam desprovidos da mesma consciência jurídica dos brancos e incapacitados de discernir o que era bom e o que era mal, tornava-se necessário atenuar os males de sua infantilidade civilizacional pela aplicação de um código Penal diferenciado. Os grupos raciais inferiores seriam suprimidas pela enraizada moral branca. Em suma, tornava-se preciso branquear o Brasil, em portadores de predisposições criminais, de “taras” at|vicas. Nessa época desenvolveram-se estudos de criminologia e frenologia (estudo das medidas dos ossos e do crânio). Tais estudos elegeram os caracteres sociais, morais e físico-raciais de negros e mestiços como representativos dos grupos naturalmente dispostos à marginalidade e à loucura. Essa nociva estigmatização nos foi 6 A tese do branqueamento foi uma solução local, encontrada manuseando-se as teorias raciais europeias, embora em contraste com muitos princípios das mesmas. Fato que denota a singularidade de nosso pensamento social, justamente, por estar atrelado a um contexto social específico. Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 252 legada, sobrevivendo no âmago de nossa sociedade. Inúmeras pesquisas realizadas no âmbito da sociologia demonstram o quão que o sangue do índio era um fator positivo, enquanto o africano não era. Isso o levou a louvar a mistura do branco com o índio e a enraizada é, no imaginário da sociedade, a vinculação entre criminalidade e pele escura. considerar o mulato degenerado (CUNHA, 2000). O sociedade diagnóstico do autor sobre a brasileira foi relativamente As teorias raciais mantiveram seu vigor até finais da década de 1920, com amplas pessimista. O branqueamento seria uma incógnita. A miscigenação não conduziria, repercussões na literatura. São exemplares, neste sentido, as obras de Aluísio Azevedo: O segundo sua crença determinista, a um aperfeiçoamento das raças, mas sim a uma degenerescência da população, dada a prevalência dos vícios das raças inferiores. Não havia, segundo ele, saída para uma raça miscigenada. Nina Rodrigues efetua uma detração da mestiçagem (SCHWARCZ, 1993). Outro defensor do determinismo racial e crítico da miscigenação foi Euclides da Cunha 7 (2000) . Euclides era descrente num único tipo racial decorrente da miscigenação. Concebia o mestiço como um desequilibrado, um decaído, sem a força das raças originais: um intruso, sem caracteres próprios, oscilando entre duas raças opostas. O mestiço apresentaria uma hibridez moral; vigor mental frágil, assim como uma fragilidade da composição física. Sua instabilidade decorreria da tendência de regredir às suas matrizes originais. Uma instabilidade atávica. Preso à doutrina racista de sua época, Euclides acreditava que a miscigenação Cortiço, O Mulato e Casa de Pensão (AZEVEDO, 2009). Seu último representante foi Paulo Prado, um dos mecenas da Semana de Arte de 1922. Na obra Retrato do Brasil, Paulo Prado (2006) assevera que a escravidão deixou marcas profundas em nossa formação. O negro teria sido uma máquina de trabalho e vício; um elemento pernicioso que perturbou e envenenou a formação da nacionalidade, não tanto pela mescla de seu sangue, mas pelo relaxamento dos costumes e dissolução do caráter social. A “filosofia da senzala” teria penetrado no seio das famílias brancas através das mucamas e dos “moleques” disseminando vícios e lições de libertinagem. Em sua interpretação, nesta terra radiosa vive um povo triste. Seriam duas as paixões responsáveis pela austera e vil tristeza de nosso povo: a cobiça (desejo voraz de acumular ouro) e a luxúria (desenfreado sensualismo). Essas duas paixões teriam minado a energia de nosso povo, impedindo-o de cultivar (especialmente o cruzamento entre brancos e negros) poderia criar um problema sério ao país. Apresenta no interior de sua obra uma contradição: de um lado coloca que o sertanejo seria o produto nacional e, de outro, que a miscigenação não resultaria em um tipo virtudes superiores. brasileiro. Visualiza uma superioridade do 8 sertanejo em relação ao mulato, acreditando Nabuco (2000). A escravidão é apresentada como instituição total enraizando consequências deletérias à nossa formação. Foi o elemento mais triste que entrou na envenenada 7 Em sua obra “Os Sertões” o determinismo racial acompanha-se do determinismo geográfico. 8 Segundo Walnice Nogueira Galvão, em seu prefácio de Os Sertões (1981, Livraria Francisco Alves Editora S/A, Rio de Janeiro) em sua leitura, Euclides se baseia na noção de que no mestiço brigam a raça mais forte e a raça mais fraca, sendo que, nos momentos de crise, predominam as características inferiores da raça mais 4. Joaquim Nabuco: O Abolicionismo No final do século XIX, encontramos, também, uma análise profunda: Joaquim fraca. “Então, ao descrever a resistência ímpar dos rebeldes canudenses, com quem simpatiza, vê-se atribuindo suas proezas a aleijões raciais. Aí se detém a análise, quando Euclides se surpreende desservindo a causa que queria servir”. Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 253 composição da sociedade brasileira. Esta alteração completa da ordem natural do trabalho, umbilicalmente vinculada ao que o escravo foi mártir, mas também a eliminação dos dois tipos contrários: o escravo e o senhor. Deveria ser realizado o duplo mandato colonialismo e, depois, à aurora do capitalismo dependente, enodoou as sombras da longa e da raça negra: a plena incorporação do negro como cidadão, acompanhada pela obra maior de silenciosa noite do nosso passado com o sangue inocente. “Uma instituição pesando sobre as apagar todos os efeitos de um regime que, por séculos, foi uma escola de desmoralização e pessoas como corrupção dos costumes, produzindo não uma ética do trabalho, mas o inércia, de servilismo e irresponsabilidade para a casta dos senhores. horror ao trabalho. O sistema escravista não implicava apenas na degradação do escravo, mas na constituição de uma sociedade totalmente organizada sobre a escravidão e marcada por ela. O cancro da escravidão, com sua voracidade descomunal, produziu nos âmbitos econômicos, político, institucional, cultural, em cada uma e em todas as dimensões do Estado e da sociedade, sua marca profunda.” (PRADO, 2001, p. 74) Na leitura de Nabuco, “a escravidão alienava senhores e escravos: estando os escravos nas mãos dos senhores, como reféns; e os senhores, praticamente, à mercê dos escravos. Essa organicidade gerava uma pressão constante entre os opostos, o que implicava em receio, temor e inimizade. O escravo transformase, pela sua própria condição, em inimigo. O senhor teme o escravo e por isso o castiga severamente, para salvar sua conservação no meio dos temores. Como a posição do proprietário de homens no meio de seu povo Nabuco foi militante entusiasta do 9 Abolicionismo . Entretanto, entendeu, ao mesmo tempo, que para o Abolicionismo não se deformar numa mistificação sem glória precisava mostrar que seus alvos transcendiam “o problema do negro”, sem releg|-lo a segundo sublevado seria a mais perigosa, cada senhor, em todos os momentos de sua vida, vive exposto à contingência de ser bárbaro, e, para evitar maiores desgraças, coagido a ser severo. A escravidão, portanto, não pôde existir senão pelo terror absoluto infundido na alma do homem. A escravidão era má, obrigando o senhor a sê-lo; não havendo bondade em seu seio. Só poderia ser ministrada com brandura, não pela bondade dos senhores, mas pela resignação dos escravos; quando estes renunciavam a própria individualidade, tornando-se cad|veres morais” (PRADO, 2001, p. 75). Nabuco afirma que a emancipação não deveria significar somente o fim da injustiça de 9 Sua verve crítica transmitiu à posteridade imagens de uma estética trágica ao descrever a escravidão. Cumpre-nos tentar pincelar algumas passagens. Para Nabuco, diversamente da escravidão antiga baseada no apresamento de guerra, em dívidas e sem vínculos com a origem racial, a escravidão moderna caracterizou-se pela captura, deslocamento, venda e subordinação de uma população unicamente com base no fundamento racial: a cor preta. Os brancos europeus violaram todos os fundamentos básicos do direito natural e todas as premissas éticas para espoliar e submeter ao trabalho compulsório um enorme contingente de entes humanos. Se lucrativo para os traficantes, o comércio de carne humana foi usura da pior espécie, com ganhos descomunais do senhor sobre a peça adquirida. Uma vez realizada a compra, o escravo era reduzido a uma máquina de trabalho e objeto do sadismo dos senhores e senhoras dos casarões. As mulheres escravas, com os corpos cansados após exaustivo trabalho, eram violentadas em suas carnes pela luxúria dos senhores. Os homens escravos corriqueiramente apanhavam de açoite e tinham suas mãos, línguas e orelhas decepadas barbaramente. O escravo era uma propriedade da qual o senhor podia dispor como de um cavalo ou um móvel. Estava submetido completamente ao arbítrio do senhor. Antes de nascer, o escravo estremecia sob o chicote vibrado nas costas da mãe e não tinha senão os restos do leite que esta, ocupada em amamentar os filhos do senhor, podia salvar para o seu próprio filho. O escravo era o homem negro reduzido à condição de coisa, sujeito ao poder de um outro; era o homem tornado morto, privado de todos os direitos. Privado da esperança, impedido de ter uma afeição, uma preferência, um sentimento que pudesse manifestar sem receio, condenado a não se possuir a si mesmo inteiramente uma só hora na vida. O escravo estava proibido de levantar os olhos para o senhor e de reclamar a mínima parte do seu próprio trabalho. Não tinha nenhum asilo inviolável, só tinha de seu a morte. Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 254 plano, integrando-o na questão fundamental do país, que era do trabalho livre. Reconstruir o Brasil sobre o trabalho livre e a união das raças negras escravas. A mestiçagem aparece não somente no sentido racial, mas cultural; como assimilação e integração cultural das três raças: na liberdade, tal era o objetivo de Nabuco. branca, indígena e negra. Se a mestiçagem constituiu-se 5. Década de 1930: Gilberto Freyre e a apologia à mestiçagem no elemento principal de nosso sucesso, o que explica, para Freyre, a inferioridade produtiva? Num contexto nacional de profundas Dois fatores são apresentados como explicativos: a sifilização que acompanhou a alterações políticas, econômicas e sociais, consolida-se uma mudança no estilo de pensamento: o eixo das discussões é deslocado, passando do conceito de raça ao conceito de cultura. O conceito de cultura consolida-se como variável explicativa. A partir deste conceito procura-se explicar o Brasil como um tipo social específico: a nação é concebida como cultura. A ideia de que a nação é sinônima de cultura encontra-se solidificada na obra do pernambucano Gilberto Freyre (1978-1990). Esse autor introduz as concepções culturalistas em voga na Europa e nos E.U.A. desde finais do século XIX, opondo-se ao evolucionismo, tecendo uma crítica política ao determinismo racial. Gilberto Freyre procura descobrir o car|ter nacional, nosso “ethos”, através de um estudo sócio antropológico da formação brasileira. Nesta empreitada, narra a história social do Brasil escravista10 (desde a colônia), preocupando-se em demonstrar que a formação brasileira é sui generis. aventura da colonização - a sifilização teria precedido a civilização - e a alimentação precária - decorrente de uma organização econômica baseada no latifúndio monocultor. São, portanto, condições provenientes de fatores externos e não do nosso “ethos” que explicariam o atraso. O atraso não decorre da degenerescência física e moral decorrente da miscigenação, como acreditavam os teóricos raciais. O autor descobre na família patriarcal a realização mais extrema do “ethos” brasileiro: o Brasil seria uma grande sociedade patriarcal. A família patriarcal seria a metáfora da sociedade brasileira. A organização patriarcal concebida como relação comunitária primária – que envolve fusão de pensamento e sentimento, coesão social baseada num compromisso moral – teria diluído os conflitos entre raças diversas. Segundo Freyre, nossa escravidão teria sido atenuada por um clima de harmonia entre senhores bondosos e escravos felizes. Nossos Conclui que o traço principal dessa singularidade é a miscigenação. A miscigenação é interpretada positivamente, sendo a grande responsável pelo fato de um pequeno número de portugueses ter salpicado virilmente uma civilização tão vasta. A senhores não teriam sido malévolos, ao contrário, inexistia ódio entre senhores e seus escravos. Se os senhores demonstravam sadismo (compulsão à aplicação de dores físicas e psíquicas a outro) era porque encontravam uma disposição masoquista nos escravos Se os miscigenação foi para o português a grande vantagem para sua melhor adaptação aos trópicos. A aventura da colonização teria sido uma aventura viril, de intercurso sexual do homem branco com as índias e depois com as senhores fustigavam violentamente as carnes das negras era porque estas o requisitavam através de uma propensão masoquista. Se o menino da casa-grande aprendia como mandar e desmandar aplicando ao moleque todas as perversidades possíveis era porque havia uma correspondência de anseios. Na ótica de Freyre a miscigenação racial, e também cultural, foi a grande 10 Freyre pontua que a escravidão negra se deu por contingências econômicas, dada à inaptidão da população indígena ao trabalho agrícola. Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 255 responsável pela inexistência de conflitos étnicoraciais, pela “ausência de ódio”, pelo clima de harmonia, pelas características de Porém, como veremos, a tese da democracia racial escamoteava uma realidade de segregação e preconceito racial, transformando-se no democratização das relações; pela nossa consolidação como a maior “democracia racial” grande obstáculo ao processo de conscientização da existência do racismo no do mundo. preconceito, Brasil. principalmente, oportunidades Sem conflitos gozando os raciais, sem negros e, todas as ascensão 6. Ciclo de pesquisas da UNESCO ou o desmascaramento da “democracia racial” socioeconômica. Há em Freyre a crença na miscigenação como um instrumento de igualitarismo. A nossa formação social criaria mecanismos sociais de ascensão vertical das classes subalternas, não sendo vedada aos negros a ascensão. Os mulatos, particularmente, teriam grande facilidade de se ascender socialmente. A coloração escura da pele não implicaria, no seu diagnóstico, em segregação socioeconômica. Aquilo que Paulo Prado incorpora como extremamente pernicioso – a filosofia da senzala introduzida, através do negro, em maior ou menor escala, latente nas profundezas inconfessáveis do caráter nacional – Freyre traduz como o alicerce de nossa sociedade: a assimilação, o hibridismo, o sincretismo. A tese da “democracia racial” publicizou-se. Foi erigida como imagem nacional, vinculada internacional e profundamente enraizada na “psique” de nosso povo. Transformou-se num mito nacional, em A questão racial apareceu no pós-guerra (1945) como uma questão política importante e central. Alguns intelectuais brasileiros passam a escrever sobre o tema na revista Anhembi, bem como a realizar pesquisas sobre o preconceito racial no Brasil. Essas pesquisas, patrocinadas pela UNESCO, envolveram, no pólo paulista, nomes como Roger Bastide, Florestan Fernandes e seus assistentes da cadeira de Sociologia I da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo: Maria Sylvia de Carvalho Franco, Fernando Henrique Cardoso e Otávio Ianni. O Brasil foi escolhido para as pesquisas da UNESCO porque parecia o país que havia encontrado a melhor fórmula na combinação de elementos étnicos e raciais distintos. A tese da democracia racial, de Gilberto Freyre, delineava nossa imagem internacional e, internamente, ocultava todo um quadro de segregação e discriminação. elemento capital do discurso oficial. Com essa coloração harmoniosa, o Brasil passou a ser modelo para as nações onde os conflitos raciais eram evidentes. O Brasil parecia o país que melhor tinha resolvido a questão da interação racial numa sociedade poliétnica. Era o Correspondendo aos anseios deste trabalho faremos uma sucinta exposição das posições de Florestan Fernandes (1972; 1976; 1978) na elucidação do problema do negro. Florestan Fernandes, procurando explicar os processos de interação racial na cidade de São contraponto principal dos Estados Unidos11. Paulo, promoveu uma mudança de patamar analítico, abandonando o ensaísmo dos anos 1920/1930. Ao lado dos métodos mais rigorosos da Sociologia (entrevistas, histórias de vida, estatística), procurou evitar o obscurecimento das explicações que nascem da ignorância do passado, através do esforço de sondagem histórica, para acompanhar a posição do negro e do mulato na evolução da economia e da 11 os mulatos de possíveis de Nos Estados Unidos, o racismo é, neste contexto histórico, explícito. Até meados da década de 1960 vigorou o sistema de segregação que delimitava bairros de moradia, veículos de transporte, escolas e direitos políticos e civis diferentes para brancos e negros. Se, por um lado, o racismo é declarado, por outro permitiu a mobilização dos negros na luta por seus direitos, sobretudo na década de 60, consolidando expoentes como Martim Luther King e Malcom X. Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 256 sociedade paulistanas, do século XVI à década de 40 ou 50 do século XX. As alterações econômicas promovidas da miséria ou à condição de párias de uma sociedade de classes. De um momento para outro, o negro – que fora sustentáculo exclusivo pela superação do escravismo não alteraram substancialmente a situação do elemento de cor do trabalho na escravidão – passa a ser representado como ocioso, por ser negro, e na organização social, processando-se presumivelmente de modo a mantê-lo nos status assim por diante. Daí a comum expressão racista sobre o trabalho: “Preciso descansar, amanhã é ocupacionais financeira e socialmente menos compensadores. A desagregação do regime dia de branco”. O trabalho associado ao branco, sendo o negro pejorativamente visto e servil correspondeu à eliminação parcial do negro no sistema de trabalho. O elemento negro perdera sua posição, sendo as oportunidades surgidas aproveitadas pelos imigrantes. Com a abolição, o negro fora alijado do processo econômico. Neste sentido, Florestan mostra o caráter de instituição total assumido pela escravidão ao degradar a tal ponto o seu agente humano de trabalho, que tornava a sua recuperação econômica extremamente penosa, difícil e demorada. A abolição teria consagrado uma autêntica espoliação dos escravos pelos senhores – aos escravos foi concedida uma liberdade teórica, sem qualquer garantia econômica ou de assistência compulsória. Nada concedeu ao negro além do status de homem livre. O alijamento do negro do processo econômico e sua lenta reabsorção a partir das ocupações mais humildes e mal remuneradas se explicam pela herança negativa deixada pela escravidão, pela persistência de critérios de estigmatizado como vagabundo. O preconceito de cor aparece como uma racionalização do branco para justificar um sistema de posições e vantagens assimétricas e desiguais. Torna-se um recurso de autodefesa. O negro é estereotipado como indolente, cachaceiro, não persistente no trabalho, enquanto o branco aparece como modelo de perseverança, honestidade e estabilidade. A tese da democracia racial é desconstruída. No Brasil não vigora a plena harmonia entre as raças, mas um racismo velado, disfarçado. Um racismo mais cruel do que aquele existente nos Estados Unidos, pois acaba inibindo a mobilização dos negros, já que a grande barreira é justamente o seu não reconhecimento. Esse racismo tem como principal e indesejável efeito a introjeção da negação pelo próprio negro. Este deve assimilar a imagem que o branco elabora dele, deve ser um “preto de alma branca”. Ao negro são reservadas escassas seleção ocupacional associados à cor. Florestan Fernandes elucidou a manutenção da linha de cor como herança da ordem estamental, como fator de segregação. Deslindou a permanência de elementos estruturais arraigados pelo escravismo ao longo possibilidades de ascensão: a música, o samba, o futebol. Torna-se um indivíduo circunscrito, limitado a essas possibilidades, quando não ocorre sua coisificação como objeto sexual. A cor negra da pele aparece como uma maldição que deve ser atenuada. Por exemplo, em relação à dos séculos. Essas pesquisas demonstram a falácia da tese da democracia racial, evidenciando que o preconceito de cor solidificou-se em nossa sociedade como uma fronteira para jogar a população negra (nãobranca) para os serviços mais aviltantes e economicamente menos compensadores. Com a Abolição, os negros continuaram sujeitos a outras modalidades de escravidão: à escravidão mulher negra, quando muito bonita, ela deixa de ser considerada negra e passa a ser denominada de “mulata”, “morena”. Pois, a mulata é objeto de fascínio e admiração estética, pelo seu exotismo, por sua comemorada sensualidade. Já a mulher negra aparece, no imaginário coletivo, como algo a ser degustado, consumido, “comido”. É apresentada como um objeto Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 257 sexual, situado no derradeiro nível de decência e respeitabilidade. Nosso racismo é hipócrita, pois nega a si quadro de interações é possível falar de relações entre brancos, de um lado, e “não-brancos”, de outro. O preconceito e a discriminação mesmo. É manifestado em relações tensas entre um branco e um não-branco. O racismo como atravessam essas relações inter-raciais de modo diferente e contrastante no Brasil e nos Estados barreira explicita discrepâncias: realidade de desigualdades Unidos. Com base no contraste entre as situações raciais nesses dois países, Oracy socioeconômicas entre brancos e negros são visíveis e incontestáveis. Basta recorrermos às Nogueira apresenta um quadro com dois conceitos ideais12. estatísticas. Essas diferenças se devem a um desigual ponto de partida: a concentração da riqueza pela elite branca, o acesso aos postos de trabalho pelos imigrantes europeus e a exclusão do negro do mercado de trabalho. Ao longo do século XX ocorreu um acúmulo de desvantagens pelo negro devido ao expediente da discriminação racial. Hoje, há diferenças porque ainda existe discriminação, sendo esta uma variável determinante da desigualdade. A discriminação como ação contra os negros e o preconceito como atitude covarde estão baseados num sentimento de superioridade que os brancos alimentam. Através desse sentimento os brancos se atribuem certos privilégios e procuram mantê-los. Temem a quebra do gozo desses privilégios. Através do medo manifestam sua essência racista. Voltam-se coléricos contra a possibilidade dos negros alcançarem a igualdade de direitos: foi esse o sentido impresso, segundo algumas interpretações, na rejeição das camadas médias e altas da sociedade ao programa de No Brasil, a atitude violenta, preconceituosa e desfavorável para com os negros manifesta-se tomando como pretexto a aparência física, ou fenótipo. Esse preconceito alicerçado nos traços físicos do indivíduo caracteriza o preconceito de marca. Nos Estados Unidos, encontra-se, também, uma disposição desfavorável em relação aos negros. Porém, o preconceito racial norte-americano tem como fundamento o pertencimento do indivíduo a um grupo étnico. Não se discrimina o indivíduo pelo fato de possuir traços negroides, mas pelo fato de conter em sua composição genética sangue africano. Assim, não é incomum o preconceito se estender a pessoas de pele branca, olhos verdes e cabelo louro que tenham ascendentes negros. O preconceito que toma por base o genótipo da pessoa é o preconceito de origem. Os dois “tipos” de preconceito alimentam gritante diversidade quanto à natureza. O preconceito de marca, típico do cotas para negros nas universidades públicas. Essas pesquisas demonstram que o lado mais pusilânime de nosso racismo é a imobilização do negro e a pressão que ele sofre para interiorizar o modelo de passividade apregoado pelos brancos. Brasil, determina uma preterição, com base no critério do fenótipo ou aparência racial, enquanto o preconceito característico dos E.U.A. determina uma exclusão incondicional a partir do patrimônio genético; da potencialidade hereditária de pertencer ao grupo racialmente 7. “Preconceito racial de marca” e “preconceito racial de origem” discriminado. As diferenças avançam em múltiplos sentidos. No que diz respeito à carga afetiva, o preconceito de marca tende a ser mais uma as Na década de 1950, Oracy Nogueira (1954) asseverou que os problemas cruciais de interação étnica, no continente americano, dizem respeito às relações entre descendentes de europeus e descendentes de africanos. Nesse 12 Tipos ideais são construções conceituais inferidas de casos concretos, sendo que todo o caso particular propende para um ou outro dos dois pólos ideais, embora nenhum caso coincida, ponto por ponto, com qualquer destes. Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 258 intelectivo e estético, sendo sua intensidade variável em proporção direta aos traços negroides. Diferentemente, o preconceito de momentos de conflito), o que explicita uma reação individual, procurando o indivíduo “compensar” suas marcas pela ostentação de origem tende a ser mais emocional e irracional, assumindo caráter de ódio intergrupal, com aptidões que impliquem aprovação social. Nos E.U.A., o preconceito de origem intencional exclusão população negra. da condiciona a consciência da própria identificação racial por parte do negro. Uma identificação As duas manifestações de preconceito (origem e marca) utilizam o elemento permanente, contínua, obsedante que assinala uma luta coletiva, onde o indivíduo de cor ideológico. O preconceito de marca, assimilacionista e miscigenacionista, apregoa o branqueamento da população, a saber, a preponderância do fenótipo branco ao longo de um século de cruzamento racial e homogeneização cultural. Já o preconceito de origem, cuja ideologia é segregacionista, alimenta a expectativa de que as minorias se mantenham endogâmicas e nucleadas, constituindo cada qual um mundo à parte. No Brasil, o preconceito de marca não é incompatível com fortes laços de amizade entre indivíduos de grupos raciais diferentes, pois as fronteiras de cor são facilmente transpostas pela deferência, pela admiração e pela amizade. O preconceito de origem na América do Norte restringe severamente, com tabus e sanções de caráter negativo, as relações entre indivíduos do grupo discriminador e do grupo discriminado. A vigência do preconceito de origem implica uma etiqueta que enfatiza o controle do comportamento de membros do grupo assume o papel de representante de seu próprio grupo. Uma última diferença entre os dois “tipos” diz respeito { estrutura social. No preconceito de marca a probabilidade de ascensão social está na razão inversa da intensidade das marcas do indivíduo (quanto mais clara a pele do indivíduo, maiores serão suas oportunidades de ascensão). O elemento ideológico desse preconceito disfarça o preterimento por raça como preconceito de classe, inspirando um movimento político dos não brancos que se confunde com a luta de classes. No preconceito de origem apresenta-se nítida a fronteira racial, de modo que se alguns negros conseguem ascensão social conformam duas hierarquias, a de classe e a de raça. discriminado, de modo a conter a agressividade do grupo discriminador, além de promover a prevalência da raça sobre a cultura. O preconceito de marca, diversamente, coloca ênfase no controle do comportamento de indivíduos do grupo discriminador, de modo a Joaquim Nabuco sobre as raízes profundas e nefastas que a escravidão fincou entre nós, com toda uma série de influências perniciosas para a natureza, caráter e organização de nossas instituições políticas, sociais e econômicas. Nabuco admoestou que a empresa de anular evitar a humilhação de indivíduos do grupo discriminado; além de enfatizar o dogma da cultura em relação à raça. O conjunto de particularidades de cada “tipo” de preconceito, acima expostas, desenvolve efeitos e reações diferentes dos grupos discriminados. No Brasil, a consciência da discriminação tende a ser intermitente (com a consciência do homem de cor emergida nos esses efeitos é superior aos esforços de uma só geração. Para o indignado abolicionista, enquanto nossa sociedade e cultura acharem-se envolvidas pelas sombras e tentáculos das influências com que a escravidão passou trezentos anos a moldar-nos “o abolicionismo ter| sempre razão de ser”. Passados 126 anos da assinatura da Lei Áurea, o cancro da escravidão se faz presente entre nós, com contundência, ou segregação 8. Conclusão É relevante encerrar essa discussão sobre a questão racial retomando a denúncia de Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 259 por uma de suas nódoas mais infames: a discriminação racial. Assim, enquanto não sepultarmos essa herança funesta do passado, subsídios para o olhar multidisciplinar sobre o nosso comportamento nas relações raciais. toda e qualquer tentativa de construção de uma comunidade alicerçada na igualdade racial, na 9. Referências justiça social, na liberdade e harmonia será malograda. A superação do racismo em solo ALENCAR, José de. O Guarani. São Paulo: Ática, 1981. 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Portanto, enquanto não eliminarmos o racismo, a discriminação e o preconceito raciais como obstáculos à ascensão socioeconômica dos não-brancos não alcançaremos a real e verdadeira emancipação. Não concluiremos a obra da autêntica libertação. Não podemos abandonar a ciência de que a problemática racial não está reduzida à questão social. Faz parte dela e a extrapola. Entretanto, o social e o econômico são os ditames que a conformaram ao longo de nossa história. O contato com diferentes ideários expressos pelo pensamento social e a compreensão da natureza, fundamentos e desdobramentos da questão racial no Brasil possibilitam-nos superar entraves ao lançar questões capazes de quebrar o consenso. O mito da “democracia racial” fincou raízes no imaginário coletivo, constituindo-se no principal entrave ao processo de mobilização dos negros na luta por seus direitos. Esse mito consubstancializa o nosso racismo disfarçado, velado, latente, onde se torna indecoroso o reconhecimento da existência do preconceito racial, pois tal constatação vai contra uma “verdade nacional”. As leituras e autores acima expostos muito contribuem para a compreensão crítica de seus contextos sociais, para o entendimento lúcido da sociedade presente, bem como para o embasamento das leituras e políticas encetadas posteriormente. Fomentam Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 260 HASENBALG, C. Relações Raciais no Brasil Contemporâneo. Rio de Janeiro: Rio Fundo Editora, 1992. HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1971. IANNI, Otávio. As Metamorfoses do Escravo. Apogeu e Crise da Escravatura no Brasil Meridional. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1962. MELLO e SOUZA, Antônio Cândido. Literatura e sociedade. 8ª ed. São Paulo: Publifolha, 2000. MOURA, Clóvis. Sociologia do negro brasileiro. 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Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 261 RELEITURA DA HISTÓRIA BÍBLICA DE JOSÉ DO EGITO COM ENFOQUE EM RESILIÊNCIA A REREADING OF JOSEPH IN EGYPT'S BIBLICAL STORY WITH A FOCUS ON RESILIENCE Josiane COUTO¹, Sergio Fernando ZAVARIZE² RESUMO Considerando a importância da assertividade em situações inesperadas de adversidade, o presente artigo vem estabelecer uma analogia entre os aspectos importantes da resiliência trazendo uma releitura de uma situação extrema de conflito familiar ocorrido com o personagem bíblico José do Egito, frente a problemas familiares e sociais contemporâneos. Para isto, foi realizado um levantamento teórico sobre resiliência e resiliência familiar em 19 bases de dados eletrônicas. A busca resultou em 44 trabalhos, sendo 30 artigos, 3 teses de doutorado e 11 livros, entre eles a Bíblia. Pôde ser observada em José a capacidade resiliente de agir buscando assertividade e a capacidade de desenvolver domínio sobre o que pode ser modificado e, em alguns momentos, a aceitação do que não pode, frente às dificuldades por ele enfrentadas. Os resultados demonstraram que a história de José, embora antiga, apresenta uma contextualização atual, relacionandose com a teoria da resiliência pela demonstração de assertividade no enfrentamento perante as adversidades e evidenciando ferramentas eficazes diante das situações de risco. Concluindo, o ser humano pode ser capaz de superar as adversidades por meio da resiliência, compreendendo seus mecanismos e desenvolvendo maneiras assertivas de enfrentamento. Palavras-Chave: Resiliência; Resiliência Familiar; Coping e Assertividade. ABSTRACT Considering the importance of assertiveness in unexpected situations of adversity, this article establishes an analogy between the important aspects of resilience, bringing a rereading of an extreme family conflict occurred with the biblical character Joseph in Egypt, facing family and contemporary social problems. Thereunto, a theoretical survey on resilience and family resilience involving 19 electronic databases was conducted. The search has resulted in 44 papers, comprising 30 articles, 3 PhD thesis and 11 books, including the Bible. It could be observed in Joseph his resilient ability to act seeking assertiveness and the ability to develop mastery over what can be modified, and in some moments, acceptance of what cannot, face the difficulties dealt by him. The results show that the story of Joseph, although ancient, has a current context, relating with the theory of resilience by demonstrating assertiveness in confronting adversity and demonstrating effective skills in risk situations. In conclusion, the human being may be able to overcome adversity through resilience, understanding their mechanisms and developing assertive ways of face-off. Keywords: Resilience; Family resilience; Coping and Assertiveness. ******** 1 Aluna de Iniciação Científica do curso de graduação em Psicologia da Faculdade Municipal Professor Franco Montoro – FMPFM – SP. E-mail: [email protected] 2 Doutor em Psicologia, Docente dos cursos de Graduação em Psicologia na Faculdade Municipal Professor Franco Montoro – FMPFM – SP e de Educação Física na Faculdade Mogiana do Estado de São Paulo – FMG – SP. Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 262 INTRODUÇÃO Rotineiramente o ser humano faz planos energia, ou seja, capaz de voltar ao estado anterior. Explica ainda a expansão do termo para as outras áreas do saber, sendo que no campo da para sua vida e por vezes, toma como referência e inspiração aspectos positivos visualizados em medicina seria a resistência à enfermidade enquanto capacidade desenvolvida, e na pessoas resilientes (WALSH, 2005). No decorrer do tempo, as famílias se estruturam tanto nos Psicologia e Sociologia, tal capacidade individual ou de um grupo de resistência a adversidades. O aspectos culturais quanto em suas experiências, desenvolvendo crenças e valores subentendidos autor conclui esclarecendo que a referida capacidade tem possibilidade de ser ocasionada no comportamento dos indivíduos, em que cada um desenvolverá suas particularidades, vindo a encarar a realidade de maneira singular em cada situação (FALICOV, 1995; MCGOLDRICK; GIORDANO; GARCIA-PRETO, 2005; WALSH, 2005). Lidar com o que nos surpreende de forma negativa exige soluções inesperadas, contudo, alguns não se deixam abalar agindo de maneira admiravelmente resiliente (LIFTON, 1993; WALSH, 2005), podendo inclusive se desenvolver apesar das situações promotoras de riscos (DA SILVA et al., 2005), isto, considerando o comportamento humano diante de adversidades, em uma sociedade onde a mudança é constante e a adaptação se faz necessária (PINHEIRO, 2004; ANTONELLO; GODOY, 2011; MINELLO; BIRRER, 2012). O presente artigo vem apresentar a resiliência como um novo olhar na busca de compreender o homem que se encontra constantemente sujeito ao sofrimento. Deste horizonte, é percebido que alguns apresentam no desenvolvimento de autoestima, autoconceito e espiritualidade. Contudo, frente a circunstâncias de risco, diversas e peculiares possibilidades de acertos são características da Resiliência (LACHARITE, 2005; DA SILVA, 2014). A resiliência pode ser observada na biografia de José do Egito, um exemplo histórico-religioso-cultural de um jovem, filho preferido e mais amado de um pai de família chamado Jacó com Raquel, a mulher que mais amava e que também, por isso, foi rejeitado e menosprezado por seus irmãos (BÍBLIA, Gênesis, 37:3-4) que brutalmente planejaram sua morte (BÍBLIA, Gênesis, 37:20). Porém, sem coragem de consumar tal ato, o venderam à Ismaelitas (BÍBLIA, Gênesis, 37:27), sendo ele levado como escravo ao Egito e posteriormente comprado pelo capitão da guarda do palácio (BÍBLIA, Gênesis, 39:1). A partir daí, passou a viver em uma terra estranha em condições inesperadas, refém de um destino impreciso. Na casa de Portifar, José foi assediado por sua patroa e ao certa desenvoltura diante de adversidades apresentada no decorrer de sua existência, assim como adaptação aos fatores expostos de origem estressora, capacidade de ressignificação frente a tais estressores a fim de que estes deixem de representar negativamente em sua vida e certa recusar-se de se deitar com ela, foi condenado ao cárcere por calúnias injustas da mesma (BÍBLIA, Gênesis, 39: 7-20). Mais tarde, na prisão, sua boa conduta o promoveu a uma espécie de administrador da cadeia (BÍBLIA, Gênesis, 39:2023). Passados dois anos, o Faraó passou a ter habilidade para superação (KOTLIARENKO; FONTECILLA; CÁCERES, 1997; TABOADA; LEGAL; MACHADO, 2006; SILVEIRA; MAHFOUD, 2008). Tavares (2001), citado por Da Conceição Lettnin et al. (2014), explica que o termo Resiliência vem da Engenharia e da Física fazendo referência ao material capaz de não ser deformado permanentemente ao absorver sonhos que o deixavam intrigado, ao qual ninguém conseguia interpretar. Por suas habilidades, José foi levado até sua presença (BÍBLIA, Gênesis, 41: 9-13), sugerindo de forma ousada e confiante uma solução para os problemas de plantio ocultados nos sonhos. José pediu que Faraó levantasse um homem capaz de liderar um trabalho de armazenamento para suportar o período de escassez que estava por vir Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 263 (BÍBLIA, Gênesis, 41: 17-36), o que foi bem visto pelo Faraó que o acabou elegendo vicegovernador do país. (BÍBLIA, Gênesis, 41:41). Trata-se conceitualmente de um desenvolvimento favorável advindo da adversidade, que pode desencadear maneiras Sendo assim, José viveu situações em que habilidades de enfrentamento podem ser assertivas de enfrentamentos, antes ignorados. Condições que proporcionam certa superação de desenvolvidas por indivíduos que se deparam com mudanças de origem estressora e algum momento traumático permitindo que o indivíduo siga sem consequentes negativos, modificam essa situação adversa transformando em uma nova e aprimorada realidade sendo impulsionado a vivências inesperadas, levando em conta certa habilidade de resolução (LAZARUS, 2006; MINELLO; BIRRER, 2012). Nesse sentido, a psicologia contribui significativamente no estudo da Resiliência, estudada também em outras áreas do conhecimento e entendida como uma capacidade de enfrentamento e superação de adversidades (PINHEIRO, 2004; DA SILVA et al., 2005; RIBEIRO; SANI, 2009). A Resiliência, sendo então definida de maneira mais formal como um tipo de adaptação e superação frente aos eventos adversos, enquanto que o termo coping estaria mais ligado às maneiras estratégicas da prática da resiliência (ANTONIAZZI; DELL’AGLIO; BANDEIRA, 1998; LANGER, 2004; TABOADA; LEGAL; MACHADO, 2006; MINELLO, 2010). Diversos autores concordam ao afirmar que o termo Resiliência não dispõe de uma definição cientificamente comprovada (RUTTER, 1987; PESCE et al., 2005), tratando-se de um termo novo (RUTTER, 1987; PESCE et al., 2005; TABOADA; LEGAL; MACHADO, 2006; DA de problemas, em que a experiência positiva pode vir em consequência da negativa (WALSH, 2005; WOLIN; WOLIN, 2010). Dentro da resiliência, estão envoltas perspectivas específicas, primeiramente apontando-a como inata ao ser humano, alargada e aprimorada ao longo de sua existência. Um conseguir habituarse às situações ou a uma assertiva habilidade de superação frente ao que não está dando certo (TIMM; MOSQUERA; STOBÄUS, 2008; DA CONCEIÇÃO LETTNIN et al. 2014). A resiliência não se caracteriza somente por traços individuais, (RICHMAN; FRASER, 2001; RIBEIRO; SANI, 2009) pode ser desenvolvida com raízes tanto em âmbito familiar, quanto no convívio com as demais pessoas inseridas em seu meio, entre eles os amigos, as figuras cuidadoras e educadoras, autoridades espirituais de escolha, entre outros. Neste caso, um indivíduo de uma família convencional, em que sentimentos de acalanto que são imprescindíveis no processo de COSTA et al., 2009), cujo desenvolvimento em discussão contemporânea se dá a fim de uma construção fiel de seu real significado para que não seja confundido com outros termos já utilizados (PESCE et al., 2005; BRANDÃO, 2011). Encontra-se inserido na área de ciências resiliência não provenham dos pais, pode vir a vivenciar tal aconchego fraterno suprido por algum desses outros indivíduos, o que certamente contribuirá no processo de adaptação, provindo das vivências adquiridas por convívio social (WERNER, 1993; RUTTER, 1987; humanas, mais precisamente no campo de Promoção da Saúde (RUTTER, 1987; PESCE et al., 2005), abrangendo variáveis envoltas a situações de adversidade, tanto pessoais, quanto em âmbito familiar, numa perspectiva de melhor compreensão desta nova forma de se obter saúde (DA SILVA et al., 2005; TABOADA; LEGAL; MACHADO, 2006). BROOKS, 1994; WALSH 2005; HOCH et al., 2007; RIBEIRO; SANI, 2009; SCHERER; MINELLO, 2013). MÉTODO Este estudo se desenvolveu através de levantamento teórico durante os meses de março e setembro de 2014 sobre a resiliência e a Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 264 resiliência na família no período que englobou os anos de 1987 a 2014. Foram utilizados para o levantamento teórico 19 bases de dados podem vir a abalar a instabilidade por consequência do comportamento de seus membros (PTACEK; PTACEK; DODGE, 1994; eletrônicas: American Psychological Association – APA, Biblioteca Digital UFP – Repositório PEIXOTO; SANTOS, 2009). Em consequência dessa concepção, já no começo da história de Institucional, Biblioteca Online UAI, Biblioteca Virtual em Saúde - BVS, Biblioteca Virtual em José, percebe-se que por Jacó, seu pai, amar mais a José do que aos demais filhos, sendo este, Saúde para Psicologia - BVS-PSI, Cambridg Univ Press, Digital library USP, Google Books, JSTOR, fruto de seu grande amor por Raquel e ainda, por ser também filho de sua velhice, gozando de Literatura Latino-americana em Ciências da Saúde – LILACS, PEPSIC, Portal de Revistas Eletrônicas PUC – SP, PsycINFO, PsycNet, Repositório Digital UFRGS – LUME, Repositório Institucional UCP, Scientific Eletronic Library Online - SCIELO, Taylor & Francis, Wiley Online Library. Para a busca de artigos, as palavras chave utilizadas foram: resiliência / resilience, resiliência familiar / family resilience, coping e assertividade / assertiveness, que resultou, após refinamento, em 87 trabalhos encontrados. Após refinamento, foram selecionados 44 trabalhos, entre eles 30 artigos, 3 teses de doutorado e 11 livros, sendo um deles o livro da Bíblia de Estudo Pentecostal, onde foram consultadas as escrituras de Gênesis, capítulos de 27 à 50, sendo utilizados apenas os versículos que contavam a história do personagem selecionado para pesquisa. Foram eliminados os trabalhos que não diziam respeito à temática desta pesquisa, os que não estavam disponíveis na íntegra e os que mais tempo para dedicar-se a ele, seus irmãos paternos nutriram um sentimento de ódio pelo irmão mais jovem (BÍBLIA, Gênesis, 37:2-4, 11; STAMPS, 1995). Em conformidade com isto, os autores Trentini et al. (2005) e Peixoto e Santos (2009) afirmam que acontecimentos mais significantes podem vir a causar danos profundos no desenvolvimento das famílias quando não tratados cuidadosamente. Diante do que representam os aspectos de estrutura familiar, tanto culturais quando advindos de experiências vividas, autores em diferentes linhas de pesquisa concordam em afirmar que nos comportamentos tais aspectos aparecem de forma subentendida, onde cada um desenvolve suas particularidades, encarando cada situação de forma singular (FALICOV, 1995; MCGOLDRICK; GIORDANO; GARCIA-PRETO, 2005; WALSH, 2005). Não obstante, ressalta-se uma passagem em que os irmãos de José chegaram ao ponto de pensarem em acabar com sua vida, planejando sua morte, quando optaram não possibilitaram download. por se distanciarem mais de casa, sabendo que o pai o mandaria procurá-los, podendo então aproveitar a situação para assim acabar com a vida do irmão (BÍBLIA, Gênesis, 37:13, 16-18). E nesse contexto de resiliência, Da Silva et al. (2009) esclarece que o sujeito carrega em seus DISCUSSÃO A família, enquanto unidade funcional é vista como geradora de resiliência (WALSH, 2005). Sendo assim, seus membros podem vir a demonstrar manejo adaptativo e resistência perante adversidades, por processos imprescindíveis capazes de minimizar seus consequentes e gerar aprendizado (WALSH, 1996; YUNES; MENDES; ALBUQUERQUE, 2005). Entretanto, é correto salientar que toda família está sujeita a situações de angústia, sendo estas corriqueiras ou mais profundas, que sentimentos e lembranças as marcas dos fatos ocorridos, que todavia não são apagados. Assim sendo, o bem estar da família pode vir a ser abalado tanto no presente como no futuro por conta de lidar com tais estressores (MECCUBIN; MECCUBIN, 1988; HAWLEY; DEHAN, 1996; YUNES, 2003; TRENTINI et al., 2005; PEIXOTO; SANTOS, 2009). Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 265 Essa ideia é reafirmada e explicada por Walsh (2005) ao relatar sobre os desafios que surgem ao longo da vida que podem tirar o pelas adversidades e se adaptar ao sofrimento, podendo encontrar maneiras de se fortalecer diante de tais experiências (WALSH, 2005). sujeito de sua zona de conforto, tendo que enfrentar algo novo, confuso e ameaçador. No Perante o disposto, enquanto estava na casa de Portifar, José conquistou sua confiança, fazendo entanto, podem vir a descobrir uma maneira resiliente de lidar com o ocorrido, que se dará notar suas habilidades o que o colocou à frente da administração de sua casa e de seus negócios conforme cada situação. Deste modo, pode-se notar que assim que José se aproximou e foi que vieram a prosperar significativamente (BÍBLIA, Gênesis, 39:3-5). Essa ideia é reafirmada violentamente surpreendido pelos irmãos, que não tiveram coragem de matá-lo e o atiraram em um buraco de onde não poderia sair. José permaneceu ali por horas, tentando sensibilizar os irmãos para que o libertassem (BÍBLIA, Gênesis, 37:20-24). Essa interpretação construtiva de lidar com o que surpreende o ser humano de forma negativa como explicam Lifton (1993) e Walsh (2005) exige dele soluções inesperadas e fará com que cada indivíduo venha a reagir conforme suas características. Por sua vez, alguns tendem a conseguir operar de maneira consideravelmente resiliente, buscando manter-se firme e perseverante. Desta forma, uma característica resiliente para um momento assim, seria distinguir a dor, moldando seu sentido a ponto de conseguir suportá-la e podendo resolver a questão de forma construtiva (PINHEIRO, 2004), na busca de compreender o que está acontecendo para poder vir a identificar os recursos e as opções de solução (WALSH, 2005). considerando-se que da experiência de adversidades pode ser desenvolvida a resiliência que, portanto, pode ser aprendida. De qualquer forma, saber o momento certo de agir buscando a assertividade, por mais que se esteja passando por um momento de dor, encarando os causadores de medo e as incertezas, contribuirão no desenvolvimento de habilidades que vão proporcionar melhor direcionamento frente às dificuldades (SILVEIRA; MAHFOUD, 2008; MINELLO, 2010; MINELLO; BIRRER, 2012). Os estudos de Resiliência configuram-se como um novo olhar na busca de compreender o homem constantemente sujeito ao sofrimento. Como explicam os autores Kotliarenko, Fontecilla e Cáceres (1997), Taboada, Legal e Machado (2006) e Silveira e Mahfoud (2008), onde situam os resilientes como capazes de apresentar certa desenvoltura e adaptação aos fatores de risco. Isto pode ser bem observado no comportamento de José quando, talvez por ser de boa aparência, a esposa de Portifar veio a Considera-se que o ser humano pode se desenvolver, apesar das situações promotoras de risco (DA SILVA et al., 2005). Em se tratando disso, os irmãos de José não tiveram coragem de matá-lo, mas querendo se livrar definitivamente dele, venderam-no como escravo para manifestar interesse por ele, chegando ao ponto de tentar seduzi-lo. No entanto, José recusou-se, resistindo à mulher e empreendendo fuga, o que foi tido com afronta para ela, que o acusou injustamente. Em consequência disso, ela procurou convencer seu marido de que havia comerciantes Ismaelitas que por ali passavam rumo ao Egito (BÍBLIA, Gênesis, 37:25-33). Ele então foi comprado por Portifar, para quem trabalhou duramente como nunca havia feito, e sendo assim, foi se desenvolvendo em condições adversas, em uma terra estranha e marcado pela escravidão (BÍBLIA, Gênesis, 39:1). Porém, conforme demostrado, não há obrigatoriedade de se estabilizar diante das situações impostas sido assediada e atacada por José, usando como prova parte de suas vestes que caíram quando ele tentou escapar de suas mãos (BÍBLIA, Gênesis, 39:6-8, 12-19). Neste momento José mostra características resilientes por saber como agir diante das situações adversas, sendo assertivo nas atitudes. Este tipo de comportamento torna-se uma fator essencial de resiliência, pois ainda que o indivíduo não esteja Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 266 preparado para o inusitado, ele pode encontrar forças para o enfrentamento (WALSH, 2005). O sujeito resiliente consegue extrair o interpretara nos sonhos como um período de escassez que estava por vir (BÍBLIA, Gênesis, 41:14, 17-36). Trata-se aqui de um maior número de possibilidades em que possa vir a desenvolver domínio sobre o que pode ser desenvolvimento resiliente, vindo da adversidade, que pode desencadear maneiras modificado, ou aceitação para o que não pode ser modificado (WALSH, 2005). Sendo assim e assertivas antes impulsionado à diante dessas imediatamente falsas acusações, José foi mandado para prisão. considerando certas habilidades de resolução de problemas, em que a experiência positiva pode Novamente o jovem se via em uma situação difícil, sujeito a terminar seus dias no interior de uma cela, sem nenhum direito de recorrer, restando-lhe a esperança e o instinto de sobrevivência que o manteve vivo no cárcere (BÍBLIA, Gênesis, 39:20; STAMPS, 1995). Por outro lado, mesmo sendo mais uma vez inocente, José não se deixou entregar, mantendo a serenidade e sujeitando-se a uma das mais duras etapas de sua vida. Sua boa conduta na prisão chamou a atenção do carcereiro-mor, que o promoveu a uma espécie de administrador da cadeia (BÍBLIA, Gênesis, 39:21-23). Isso porque suas atitudes destacaram maneiras claramente assertivas no enfrentar das demandas da vida por não se submeter a elas, o que provavelmente abalariam os não tidos como resilientes (RUTTER, 1999; YUNES, 2001; YUNES, 2003; CECCONELLO, 2003; PINHEIRO, 2004; DA COSTA et al., 2009). É possível afirmar que a Resiliência tem se consolidado como um conceito positivo, advir em consequência da negativa (WALSH, 2005; WOLIN; WOLIN, 2010). Além disso, as palavras de José agradaram ao Faraó, que o elegeu diante de todos para liderar esse trabalho como vice-governador do país, estando subordinado apenas a ele, que continuaria como soberano. Nisso findavam-se os dez anos de escravidão e outros três anos de prisioneiro para agora galgar o mais alto cargo político do país, abaixo apenas ao do Faraó, o que se fez notório a todos acerca de seu cargo (BÍBLIA, Gênesis, 41:37, 40-46; STAMPS, 1995). propondo a ideia de que o sujeito é capaz de construir seu próprio curso, se desenvolvendo de forma assertiva frente às adversidades, assim como proposto por Da Silva et al. (2005). Na história de José, é possível perceber os aspectos resilientes, quando por dois anos inteiros em que história, sobressaindo as formas de coping, ou seja, as estratégias resilientes adotadas por José frente às adversidades enfrentadas. Diante do que apresentam os aspectos teóricos, pode-se ver na biografia de José uma história antiga, porém de contextualização ele, como prisioneiro, foi levado à presença do Faraó, para interpretar os sonhos que deixavam intrigado o soberano do Egito. Essas interpretações indicavam para uma previsão do que iria acontecer num futuro próximo. (BÍBLIA, Gênesis, 41:1-13). Por conta disso, José, de forma ousada e confiante, sugere ao Faraó que escolhesse um homem sábio e capaz de liderar um trabalho assertivo a fim de lidar com o que muito atual, que traz questões contemporâneas enfrentadas por diversas famílias, que vem sendo estudada e melhor definida. Sendo assim, é correto afirmar que José demonstrou maneiras assertivas de enfrentamento perante os momentos de adversidade. Com isso, é possível salientar alternativas resilientes frente a problemas desconhecidas, sendo vivências inesperadas, CONCLUSÕES É possível perceber nesse estudo que a história de José tem toda uma relação com a teoria da resiliência nos aspectos de coping, enfrentamento, superação, assertividade, entre outros, correlacionada aos artigos encontrados sobre este construto, demarcando sua ocorrência em diferentes pontos da referida Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 267 familiares e sociais que não muito se diferem dos atuais. Em consequência dessa concepção, a Resiliência pode trazer diversas ferramentas para serem trabalhadas diante de situações promotoras de risco, comprovando grande eficácia no enfrentamento e resolução de problemas de adversidades na família, sendo possível ao ser humano buscar compreender e fortalecer as maneiras em que assertivamente superar adversidades. pode REFERÊNCIAS ANTONELLO, C. S.; GODOY, A. S. 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Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 269 FOCANDO A EQUIPE PARA OS OBJETIVOS DO SPRINT BACKLOG NA METODOLOGIA ÁGIL DE DESENVOLVIMENTO ATRAVÉS DO DAILY SCRUM: UM ESTUDO DE CASO FOCUSING ON TEAM GOALS FOR THE SPRINT BACKLOG IN AGILE DEVELOPMENT METHODOLOGY THROUGH THE DAILY SCRUM: A CASE STUDY Márcio Tadeu STAFOCHER¹ RESUMO O Daily Scrum vem a ser uma das partes mais importantes do Scrum, método usado no desenvolvimento ágil de software e que objetiva estabelecer foco contínuo da equipe no Sprint Backlog. Este artigo tem como objetivo explanar uma das partes mais importantes na implantação e utilização do Scrum no desenvolvimento ágil de software, o Daily Scrum, que são breves reuniões diárias estabelecendo, definindo ou redefinindo o foco de todos. O Daily Scrum é conhecido também como Standup Meeting, uma vez que os participantes ficam em pé visando a breve explanação da reunião; e esse, apesar de breve, deve ser objetivo e obedecido, motivo pelo qual o estudo de caso deste artigo deve ser considerado. Também há um breve enfoque em alguns conceitos de Scrum e sua relevância na conclusão de projetos de software dentro do prazo e com o menor custo possível. Scrum tem como objetivo o gerenciamento de projetos de software, porém, pode ser utilizado em qualquer contexto onde um grupo de pessoas necessite atingir um objetivo comum. Nas seções do artigo são mencionadas as vantagens de se implantar esse método no gerenciamento de projetos de software, pontos importantes de um bom Daily Scrum e, ao final, visando uma demonstração prática, o trabalho apresenta uma ferramenta simples de ser utilizada para auxiliar na regência das reuniões curtas e diárias que visam administrar o projeto atribuindo foco constante no Sprint Backlog. Palavras-chave: Scrum; Dailyscrum; Sprintbacklog; Desenvolvimento Ágil. ABSTRACT The Daily Scrum is to be one of the most important parts of the Scrum method used in agile software development and aims to establish continuous focus team in Sprint Backlog. This article aims to explain one of the most important parts in the implementation and use of the Scrum agile software development, the Daily Scrum, which are brief daily meetings establishing, defining or redefining the focus of everyone. The Daily Scrum is also known as Standup Meeting, since the participants are standing brief explanation aiming at the meeting; and this although brief, should be objective and obeyed, why the case study of this article must be considered. There is also a brief focus on some concepts of Scrum and its relevance in the completion of software projects on time and at the lowest possible cost. Aims Scrum project management software, however, can be used in any context where a group of people need to achieve a common goal. In sections of the article mentions the advantages of deploying this method in managing software projects, important points of a good Daily Scrum, and ultimately seeking a practical demonstration, the paper presents a simple tool to be used to assist in conducting of short, daily meetings that aim to manage the project by assigning constant focus on the Sprint Backlog. Keywords: Scrum; Dailyscrum; Sprintbacklog; Agile Development. ******** 1 Administrador de Empresas com ênfase em Sistema de Informações, Analista de Sistemas, Engenheiro e Arquiteto de Software, Pós-Graduação Lato Sensu em Engenharia e Arquitetura de Software, Universidade Estácio de Sá – UNIESA. E-mail: [email protected] Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 270 1. Introdução Após a Crise do Software de 1970, ponto Com essa metodologia, há constante feedback da equipe e de cada membro envolvido, porém sem dimensionar problemas, devendo então, na história onde a engenharia de software era inexistente e havia um crescimento visível pela caso sejam levantados problemas, ser levadas as devidas questões a grupos menores e específicos demanda de software, desenvolvimento vêm as empresas de tentando criar, com autoridade para a resolução dos mesmos. Com o Daily Scrum, então, a equipe tem uma estabelecer e documentar métodos de gerenciamento de projetos visando um melhor dimensão do projeto, seja no status atual ou o que ainda deve ser feito, tendo então, cada desenvolvimento eficiente, com foco constante e estrutura específica. Como resultado desta necessidade de organização, surgiu em 1990 o Desenvolvimento Ágil de Software, estrutura conceitual de desenvolvimento que visava substituir os métodos com alta regulamentação e regimentação, trazendo aos projetos a lentidão no desenvolvimento, motivo pelo qual se procurava novas formas e conceitos de modelagem de software. O desenvolvimento ágil de software faz menção a um propósito claro de projetos bem estruturados e com foco nos objetivos finais com projetos concluídos no prazo, com qualidade e com o menor custo possível. Nesse contexto, em 1993 teve início à documentação e utilização da formação Scrum do Rugby nos desenvolvimentos de projetos de software. O Scrum no Rugby vem a ser uma jogada onde todo o time realiza uma breve reunião em campo, estabelece um regimento e vai ao jogo em função de realizar o ponto, objetivo principal. Realizando uma um, um compromisso assumido perante a equipe e que pode ser cobrado futuramente por todos, dando ascensão uns aos outros no projeto. Este artigo apresenta um estudo de caso onde é estabelecida, desenvolvida e apresentada uma ferramenta de atas diárias para auxiliar no direcionamento da equipe no foco do projeto ou de parte do projeto, resultando, ao final, uma documentação completa do caso e servindo ainda como base de dados para futuros projetos, amadurecendo a equipe. São apresentados os benefícios de uma interação da equipe com um Daily Scrum bem documentado, e o autofoco dos stakeholders com casos de ausência ou desempenhos reduzidos, sendo a equipe estimulada pela própria equipe. analogia, a equipe de desenvolvimento de projetos de software obtém-se o direcionamento da equipe focando a conclusão do projeto obedecendo aos parâmetros definidos. Para tal, essa técnica foi adaptada, tendo como requisito reuniões diárias curtas e objetivas no início do De acordo com Steffen (2011), o Scrum não é uma sigla e não possui uma tradução. É apenas um nome próprio que indica o momento do jogo de Rugby em que a equipe está reunida com um único propósito, em uma formação específica, preparando uma jogada onde a expediente denominada Daily Scrum. O Daily Scrum, também conhecido como Standup Meeting, foca em reuniões breves e bem feitas, em pé, fazendo menção ao nome, colocando em destaque o que cada participante fez desde a última reunião, o que fará até a próxima reunião e se há possibilidades de haver impedimentos para que o objetivo a ser alcançado possa ser prejudicado ou atrasado. participação de todos é essencial. O não comprometimento de um dos membros da equipe pode comprometer a formação. Logo, a união e o foco no objetivo (mover a bola em direção ao gol) são primordiais para o sucesso. Em TI (Tecnologia da Informação), Scrum, segundo Schwaber (2011), é uma prática de desenvolvimento ágil que permite manter o foco da entrega da maior prioridade do projeto no 2. Fundamentação Teórica 2.1. Scrum Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 271 menor tempo possível, permitindo assim a rápida e contínua avaliação do software em produção. Possui duração, normalmente, de significativas e, em alguns casos, transformações completas na regência e administração de projetos. duas a quatro semanas e utiliza um projeto prático, simples e com poucas regras, sendo O Scrum possui um ciclo de vida que, conforme Schwaber (2011), tem o formato rápido e simples de ser implantado em um projeto. baseado em interações com duração de duas a quatro semanas conhecidos como Sprints. Tem Scrum pode ser definido ainda como um framework estrutural que vem sendo usado como primeiro passo, já no Sprint, o planejamento inicial (Sprint Planning), onde o desde 1990 para gerenciar o desenvolvimento de produtos complexos. Não é um processo ou uma técnica para construir produtos, mas um framework dentro do qual você pode empregar vários processos ou técnicas, deixando em evidência o status do projeto dando possibilidade de melhorar as práticas de desenvolvimento com foco constante no objetivo (SUTHERLAND, 2011). Deemer e Benefield (2007) destacam que o Scrum é o método ágil de desenvolvimento de software que mais se desenvolve. Apesar de ter sido formalizado há mais de duas décadas por Ken Schwaber e Jeff Sutherland, está sendo utilizado por empresas de pequeno e grande porte, em projetos de pequeno e grande porte, e por empresas como Yahoo!, Microsoft, Google, Lockheed Martin, Motorola, SAP, Cisco, GE e a Reserva Federal dos EUA. Deemer e Benefield (2007) afirmam ainda que muitas equipes conseguem efetuar ajustes que, através de relatórios Scrum, podem fornecer melhorias time (Scrum Team), seguidos pelo cliente (Product Owner), define o desenvolver administrativo do projeto estabelecendo a priorização do trabalho a ser feito. Schwaber continua descrevendo o passo seguinte como a etapa em que o time detalha as tarefas necessárias para atender o Sprint Planning dando início a execução. Durante o Sprint o time realiza reuniões diárias (Daily Meeting ou Daily Scrum) e objeto de estudo deste artigo, a fim de obter feedback constante da equipe gerando relatórios ou gráficos chamados Burn Down Chart para melhor acompanhamento. Ao final do Sprint é realizada uma reunião para entrega (Sprint Review) onde são verificados se os objetivos estabelecidos foram atingidos. Terminada a validação do Sprint Review, é realizada pela equipe uma reunião para avaliação do Sprint (Sprint Retrospective) a fim de estabelecer possíveis estudos de caso para posteriores projetos. Abaixo segue uma ilustração que representa o ciclo utilizado pelo Scrum: Figura 1. Scrum. Fonte: DesenvolvimentoAgil.com Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 273 Schwaber (2011) descreve o Time Scrum como um time auto-organizável e multifuncional formado basicamente pelo Product Owner, a projetos na área de TI. Eu não aguentava mais os mesmos problemas projeto a projeto, que se repetiam há mais de 20 anos”. Equipe de Desenvolvimento e o Scrum Master. Segue informando que o modelo de equipe no Conforme a Agile Alliance (2013), métodos ágeis de desenvolvimento possuem Scrum é projetado para administrar projetos com melhorias contínuas. uma estreita colaboração entre a equipe de programadores e os especialistas em negócios, 2.2. Scrum e a Metodologia Ágil de Desenvolvimento Conforme Demmer e Benefield (2007), a metodologia ágil de desenvolvimento surgiu por haver uma necessidade de melhores resultados, obtendo resultados mais rápidos onerando, muitas vezes, custos menores, com equipes em tamanho reduzido, multifuncionais, com poder de decisão, ao contrário de grandes hierarquias e funções excessivas existentes em outros métodos. Afirma ainda que o método que mais se desenvolve é o Scrum. Para Pressman (2006), estamos sempre descobrindo maneiras melhores de desenvolver software e com a Metodologia Ágil de Desenvolvimento, a comunicação tornase mais efetiva entre os stakeholders (partes envolvidas e interessadas no projeto), há uma melhor visualização do cliente para a equipe, obtém-se uma equipe com controle sob o trabalho realizado e a entrega é rápida e incremental. A evolução da tecnologia e sua com comunicação pessoal imediata retirando burocracias e ocasionando entregas frequentes de partes utilizáveis do produto em desenvolvimento. Destaca ainda a presença de equipes auto-organizadas e com foco constante no objeto final na maior qualidade possível. O manifesto ágil possui valores como indivíduos e interações, software funcional, cliente participante e rápida resposta a mudanças (AGILEMANIFESTO, 2013); e Cohn (2005) destaca que os métodos ágeis possuem vantagem sob os métodos tradicionais por demandar documentação simplificada para um projeto, envolvendo a equipe em um todo. O Scrum, então, predomina como uma prática ágil de desenvolvimento que mantém foco na entrega permitindo rápida e contínua avaliação do software em produção através de projetos práticos, simples e com poucas regras, dando maior facilidade na adaptação de toda equipe neste método, que é de fácil aprendizagem (SCHWABER, 2011). 2.3. Sprint Backlog utilização em massa como base estratégica através de sistemas computacionais, aponta uma necessidade por desenvolvimentos, adaptações ou implementações em grande escala e de forma rápida. Para atender a demanda crescente, a Metodologia Ágil de O Sprint Backlog é o responsável pela abertura do time box (tempo limitado para realização de determinado trabalho da melhor forma possível) de trabalho da equipe de desenvolvimento, e será a base de todas as Desenvolvimento torna-se de grande importância nos projetos de software, tendo o Scrum como um de seus frameworks mais utilizados. Magno (2009) explana a alta importância da Metodologia Ágil de Desenvolvimento dizendo: “Eu encontrei os métodos ágeis em um momento da minha vida em que estava refletindo se valia à pena seguir em frente na carreira de gerenciamento de reuniões durante o ciclo de vida do Sprint. Segundo Schwaber (2011), o coração do Scrum é a Sprint, que vem a ser uma rotina de trabalho de mais ou menos um mês, que terá como resultado uma versão incremental potencialmente utilizável do produto. Sprints têm durações coerentes no projeto em desenvolvimento, dando, no ato de sua conclusão, origem a uma nova Sprint. Ao obter a descrição do produto que Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 274 entrará em desenvolvimento, é realizada a reunião de planejamento da Sprint, onde a equipe de desenvolvimento oficializa os itens após a Reunião Diária, para replanejar o restante do trabalho da Sprint. Todos os dias, a Equipe de Desenvolvimento deve estar apta a esclarecer que participarão do Sprint que será iniciado e gerando o Time Scrum ou Sprint Backlog. Com o para o Product Owner e para o Scrum Master como pretendem trabalhar em conjunto, como Sprint Backlog definido, abre-se a necessidade de reuniões diárias apenas para direcionar a um time auto-organizado, para completar o objetivo e criar um incremento previsto desejado equipe. no restante da Sprint”. 2.4. Reuniões diárias ou Daily 3. Materiais e Métodos Scrum O Daily Scrum, de forma sintética, vem a ser reuniões diárias com breve duração, muitas vezes em pé, de onde vem o nome Standup Meeting, onde a equipe se auto-organiza para obter sucesso no objetivo estabelecido pelo Sprint Backlog. (Schwaber, 2011). Segundo James (2012), o Daily Scrum deve ser realizado preferencialmente no mesmo horário e local, com duração não muito discrepante do total de 15 minutos, estabelecendo relatos entre os membros, dando abertura para o surgimento de tarefas adicionais necessárias para atingir os objetivos da Sprint. Schwaber (2011) define a reunião diária do Scrum como um evento time-boxed a fim de sincronizar as atividades da equipe e criar um plano para as próximas 24 horas. Nessa reunião o trabalho é inspecionado partindo-se da última reunião e procura-se prever o trabalho que deverá ser Conforme Barros (2010), até 2020 a demanda por software crescerá 400%, destacando a alta necessidade de preparação tanto governamental quanto na profissionalização. Lembrando o objetivo da metodologia ágil de desenvolvimento de software citado por Demmer e Benefield (2007), que se resume em obter resultados rápidos e com qualidade, observa-se a necessidade de obter o maior número de dados sobre projetos correntes e concluídos, a fim de possuir um banco com situações transpassadas e que servirão como base para a rápida resolução de situações futuras similares. Diante deste cenário evolutivo, este estudo de caso visa desenvolver uma aplicação que efetue registros das reuniões diárias, ou seja, Daily Scrum, através de atas digitais, fornecendo um banco de dados de casos ocorridos, com situações tratadas e ocorrências, bem como um realizado até a próxima reunião tendo como foco a resposta de cada membro da equipe e desenvolvimento às seguintes questões: o que foi feito desde a última reunião? O que será feito até a próxima reunião? Quais os obstáculos que estão no caminho? controle nos registros de participações dos membros, dando maior visualização sobre o que cada um está fazendo e se realmente está evoluindo em suas responsabilidades, firmando uma das características do Scrum, que é a autoorganização da equipe. Para Schwaber (2011) “A Equipe de Desenvolvimento usa a Reunião Diária para avaliar o progresso em direção ao objetivo da Sprint e para avaliar se o progresso tende para completar o trabalho do Backlog da Sprint. A Reunião Diária aumenta a probabilidade da Equipe de Desenvolvimento atingir o objetivo da Sprint. A Equipe de Desenvolvimento frequentemente se encontra imediatamente 3.1. A Empresa Para um processo de desenvolvimento e teste da aplicação, foi escolhida uma empresa em fase de crescimento, porém com planos de expansão e organização de suas atividades, visando aumento de suas fronteiras comerciais com qualidade e baixo custo; pontos cruciais Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 275 para o estabelecimento do Scrum como framework. Estabelecida em 2002, com sede em atividade a qual será aplicado. Assim, para futuras atualizações, pode-se observar novas necessidades e recursos. Socorro, estado de São Paulo, conta com 13 profissionais diretos e 4 freelancers, possui como A implantação deste sistema de registros, em sua fase teste, contou com grandes atividade principal aplicações para TI. de evoluções em termos de envolvimento da equipe e interação entre os membros, uma vez que a Atualmente a empresa conta com alguns contratos fechados para desenvolvimento aplicação está disponível para todos a qualquer momento para consultas. Os membros podem de aplicações para gerenciamento em seis empresas de São Paulo e Bragança Paulista, onde foi efetuada a indicação do sistema de registro de reuniões, base deste estudo de caso, para um dos projetos que demanda maior número de membros. ainda acompanhar quando será a próxima reunião através de uma agenda desenvolvida para melhor organizar e registrar os dados através do usuário, que por hierarquia, deve ser o Scrum Master ou algum membro escolhido no inicia do Sprint para liderar e reger as reuniões. Para validar este artigo com a implantação deste método organizacional pretende-se alcançar em sua evolução e posteriores compilações os seguintes objetivos: - Registro frequente das reuniões diárias a fim de obter dados importantes para estudo de casos futuros que possam ocorrer e obtenha similaridade; - Maior frequência dos membros nas reuniões, uma vez que a fiscalização por parte dos membros será mais efetiva e observada com maior facilidade através de relatórios que serão desenvolvidos para tais fins; - Acompanhamento dos prazos para conclusão do Sprint corrente e melhor mensurar o status do projeto, melhorando a visão dos 3.2. o desenvolvimento Problema identificado Com os avanços tecnológicos e o aumento da demanda de softwares para gestão, a empresa teve que adotar uma metodologia de trabalho, framework, que objetivasse a organização nos processos de desenvolvimento, mantendo uma linha de produção ativa, sincronizada e com interação entre os clientes, os desenvolvedores e o produto final. Como alguns clientes demandam softwares específicos, necessitam assim de personalizações, porém alguns projetos esbarravam em demoras em entregas de pontos prontos para utilização, obtendo retornos negativos por parte do cliente e com relação à demora. Estudou-se então o método Scrum, que em descrição teórica supre as necessidades da empresa. Estruturação dos dados e membros sobre o que ainda deve ser feito; - Diminuir o tempo nas tomadas de decisões através de casos ocorridos; - Aumentar a interatividade entre os membros da equipe, uma vez que o sistema pode ser acessado via dispositivos móveis e Para conceituar e estruturar a aplicação pode-se elaborar uma coleta inicial de requisitos com base nas bibliografias citadas neste artigo, contando com estudo detalhado de futuras necessidades subjetivando os dados que possam ser necessários para se obter informações concretas e com grande valia ao ramo de computadores que apenas possuam internet e navegadores; Disponibilidade imediata das ocorrências registradas nas reuniões, tendo em vista que possíveis faltas podem ocorrer e o membro poderá, da mesma forma, estar inteirado aos fatos; - Controlar a mensuração de prazos futuros, uma vez que os dados obtidos 3.3. Implantação Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 276 diariamente podem servir de controle sobre a conclusão dos Sprints; - Obter registro de visitantes das obedeçam à necessidade de preenchimento ou validações estabelecidas através do estudo de requisitos, nada acontecerá mantendo a reuniões, controlando os direitos autorais e méritos dos membros efetivos da equipe. integridade das informações que possam ser requisitadas futuramente. 3.4. Tecnologias e linguagens A linguagem utilizada no desenvolvimento do banco de dados é o SQL utilizadas Firebird. A interface com o usuário possui desenvolvimento em PHP e mecanismo de As tecnologias utilizadas possuem base sólida no desenvolvimento de software atual, dando base sólida para os dados e acesso multiplataforma, ou seja, pode ser acessado através de qualquer sistema operacional e até por dispositivos móveis como telefones celulares. Com a maior acessibilidade ao sistema de registro de atas, o registro do Daily Scrum pode ser realizado no ato das discussões, sem limitação de equipamento. Todos os processos de registros foram estabelecidos e estruturados para acontecerem no banco de dados através de procedimentos automáticos e dependentes conhecidos como Stored Procedures. Tal tecnologia garante os registros com sucesso e caso haja problemas ou dados que não pesquisa otimizada em Ajax responsável por facilitar a localização de cadastros trocando o uso de listas de registros cadastrados pela busca efetiva por qualquer campo ou sequência de letras dos cadastros efetuados. Na figura 2 podese observar um exemplo de Stored Procedure em SQL Firebird e, na figura 3, pode-se observar a interface com o usuário desenvolvido em PHP estando em foco o mecanismo de pesquisa Ajax. A figura 4 mostra os dados e mais algumas tecnologias utilizadas para maior qualidade visual do sistema, porém sem grande necessidade para a resolução e conclusão da aplicação deste estudo de caso. A figura 5 apresenta as tabelas presentes no banco de dados. Figura 2. Stored Procedure em SQL Firebird. Fonte: eleborada pelo autor. Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 277 Figura 3. Interface com o usuário em linguagem PHP e mecanismo de busca em Ajax. Fonte: eleborada pelo autor. Figura 4. Dados técnicos da aplicação desenvolvida. Fonte: eleborada pelo autor. Figura 5. Tabelas básicas utilizadas no Banco de Dados. Fonte: eleborada pelo autor. Com a implantação de tal procedimento de registro das reuniões, obtêm-se informações importantes para usos futuros agilizando a resolução de problemas ou métodos procedimentais utilizados no desenvolvimento do produto do Sprint Backlog. Ainda podemos monitorar a frequência dos membros da equipe, uma vez que são registrados os requisitos Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 278 estabelecidos pelo Scrum para o Daily Scrum, que vem a ser obter o que foi feito desde a última reunião, o que será feito até a próxima reunião e conhecimentos cooperando para a diminuição na tomada de decisões pela qual já tenham sido transpassadas e efetivamente cadastradas em quais os obstáculos que poderão existir. Havendo registro destes requisitos, o membro casos passados de desenvolvimento. Para auxiliar a implantação e a melhor e rápida está ativo e participante, tendo um registro completo dos desenvolvimentos de cada aprendizagem dos usuários, foi realizada a modelagem de um tutorial explicativo membro, participação, cooperação e resolução de problemas na forma de base de legendado, como se pode observar na figura 6. . Figura 6 – Tutorial filmado e legendado desenvolvido para melhor compreensão de todas as funções do sistema. Fonte: eleborada pelo autor. Nos apêndices deste artigo podem ser visualizadas as principais janelas da interface com o usuário, inclusive a janela de agendamentos de reuniões e janela de auditoria, Para um primeiro momento do estudo de caso, foi tomado o cuidado de elaborar uma ferramenta que pudesse ser implantada sem melhorando o acompanhamento de acessos e otimizando possíveis relatos de participações e envolvimento dos membros da equipe. Tomou-se o cuidado de obter um produto final sem burocracias em demasia, garantindo o preenchimento correto. Com a aplicação do tutorial e o registro sendo realizado em conjunto com os membros da equipe, o procedimento de registro pode tornar-se rotineiro e sem resistência. Porém, deve-se observar a qualidade dos relatos obtidos, dando maior ênfase na possibilidade e pontualidade da resistência, uma vez que o Daily Scrum possui como característica ser breve, com durabilidade em torno de 15 a 30 minutos, além de ser realizado sem acomodações, em pé, dificultando a presença de aparelhos que facilitem a implantação de qualquer tipo de sistema de captura de informações. A escolha de uma linguagem que funcionasse em navegadores de internet e que pudesse conter banco de dados em servidores internos ou internos com acesso via internet, possui como base a grande presença de aparelhos móveis como celulares e tablets em resolução dos pontos levantados em pauta nas últimas reuniões. qualquer ambiente social, além de ocorrer grande incidência de internet móvel ou redes wireless que disponibilizem qualquer tipo de conexão de rede. 4. Discussão Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 279 Visando maior sucesso deste estudo, reduzindo qualquer tipo de resistência na implantação da ferramenta desenvolvida, foi conhecimentos para resolução de problemáticas futuras. Por estar em fase inicial de utilização em teste piloto, a proposta do Scrum, que tem base desenvolvido um tutorial filmado e legendado de 15 minutos, aumentando a qualidade na inclusão na ideia de equipes auto-organizáveis, demonstra aceitação e estimula o aumento na do sistema nos procedimentos habituais das reuniões sem interrupções ou aumento no frequência de todos os membros da equipe, uma vez que o sistema oferece recurso de auditoria, tempo da mesma. Não havendo resistência na implantação, há um aumento na além de um registro de presenças para os membros que devam estar no Daily Scrum em cooperatividade dos membros da equipe, despertando o grande auxílio que um banco de dados de casos ocorridos e que sirva de banco de evidência possibilitando ainda o registro de possíveis visitantes, como mostra a figura 7. Figura 7. Tela de manutenção de Dailys Scrum. Fonte: elaborada pelo autor. Conforme demonstra a figura 7, pode-se observar a flexibilidade e organização com que o sistema pode capturar os dados, dando ênfase às abas organizacionais, setorizando a entrada de dados por Objetivos do Dia, Pontos Positivos, prazo, com o menor custo e com a maior qualidade. Futuramente, tal ferramenta pode partir para possíveis vínculos com sites, a fim de facilitar o acompanhamento dos clientes frente ao status do produto, bem como o Pontos Negativos e a Ata universal, onde pode ocorrer a descrição detalhada das pautas discutidas. A captura de tais informações pode, seguramente, colaborar na evolução de Sprints sem grandes eventualidades, tendo em vista o banco de conhecimentos adquirido e desenvolvimento de aplicações que formatem uma espécie de rede social da equipe, aumentando a integração e a discussão iniciada no Daily Scrum, auxiliando a auto-organização, demonstração de participações, troca de informações e alertas de possíveis problemas e devidamente cadastrado, a mensuração do tempo decorrido em casos similares, o que pode colaborar para o objetivo de qualquer projeto, que vem a ser concluir o produto dentro do que possam ser identificados e sanados pela equipe em um todo. Dos pontos mostrados neste artigo, é razoável afirmar que o software desenvolvido e Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 280 proposto se mostra uma alternativa atraente às empresas que desejam implantar o método Scrum como framework estrutural, em especial puderam ser realizados mais facilmente, não necessitando de equipamentos específicos como computadores ou notebooks. no desenvolvimento de software, porém podendo ser implantado em qualquer tipo de Podem-se observar através do registro de atividades no sistema, maiores consultas aos ramo de atividade onde existam equipes que necessitem atingir um mesmo objetivo. Desta registros, reforçando o trabalho a ser realizado, evitando dúvidas e aumentando a cobrança forma, foi possível ilustrar o potencial atual e futuro deste novo produto que possui grande entre os membros da equipe a fim de solucionar ou concluir as atividades registradas no Daily diferenciação em um tema muito utilizado e com poucas referências e estudos, que vem a ser o Scrum. Scrum. Contudo, torna-se indispensável, com a evolução tecnológica, o estudo apresentado neste artigo para que se obtenha o máximo de cada membro, cada responsabilidade e, o mais importante, produtos de qualidade, baixo custo e dentro dos prazos estipulados. 5. Conclusão O Scrum vem sendo muito aplicado no mercado de desenvolvimento de projetos de software ou qualquer tipo de atividade que envolva equipes de trabalho focadas em um mesmo objetivo. Através do método Scrum, em especial nos desenvolvimentos de aplicações computacionais, as equipes são constantemente focadas no objetivo, contando muito com as reuniões diárias chamadas Daily Scrum e que são muito importantes para que o método obtenha sucesso ao seu final. Com este artigo busca-se utilizar ferramentas tecnológicas para tornar o Daily Scrum em mais que apenas uma reunião diária para direcionamento, mas também obter controles de participações, mensurar envolvimentos dos membros, obter um banco de dados com casos resolvidos para consultas futuras diminuindo a tomada de decisões baseando-se em casos reais bem sucedidos; mas além destas características, podemos obter uma interação entre os membros através de recursos que possam, futuramente, serem agregados à aplicação, como uma rede social das equipes gerando possíveis fóruns de discussões. No ato da implantação, mesmo que em fase de testes, pode-se observar aumento das participações no Daily Scrum e maior efetividade em registrar cada evento ocorrido, anseios e problemas resolvidos e pendentes. Contando com o aumento de dispositivos móveis, os registros 6. Referências AGILEALLIANCE. Agile Alliance. 2013. Disponível em: http://www.agilealliance.org/thealliance/what-is-agile/. Acesso em 19 dez. 2013. AGILEMANIFESTO. Manifesto for Agile Development. 2013. Disponível em: http://www.agilemanifesto.org/. Acesso em 22 nov. 2013. BARROS, Fábio. Convergência Digital. 2010. Disponível em: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua. exe/sys/start.htm?infoid=32006&sid=5#.Ut3nqd K5fIU. Acesso em 21 jan. 2014. COHN, M.; FORD, D. Introducingan Agile Process to an Organization. Edinburgh Gate, England: Publishing Person Education, 2005. DEEMER, Pete; BENEFIELD, Gabrielle. The Scrum Primer: An Introduction to Agile Project Management whit Scrum. 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APÊNDICE APÊNDICE A – Tela de acesso ao sistema. Fonte: elaborada pelo autor. APÊNDICE B – Área Principal do Sistema Contendo os Menus à Esquerda. Fonte: elaborada pelo autor. APÊNDICE C – Filtros usados pelo sistema. Fonte: elaborada pelo autor. Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 282 APÊNDICE F – À esquerda tabelas principais para cadastro e à direita uma listagem contendo os productowners cadastrados. Fonte: elaborada pelo autor. APÊNDICE G – Relatório disponível para impressão contendo um breve resumo dos vínculos stakeholders – função – projeto. Fonte: elaborada pelo autor. APÊNDICE H – Tela contendo a agenda dos sprints cadastrados, onde se pode efetuar manutenções ou o registro das pautas da reunião apenas clicando duas vezes sobre a data desejada. Fonte: elaborada pelo autor. Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 283 APÊNDICE I – Janela de manutenção e registro da agenda, que pode ser acessado como descrito no apêndice h. Fonte: elaborada pelo autor. APÊNDICE J – Tela onde é efetivamente registrada a daily scrum. Fonte: elaborada pelo autor. Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 284 Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 285 SÍNDROME DA ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO EM CÃES E A INFLUÊNCIA DOS SENTIMENTOS HUMANOS NO DESENVOLVIMENTO DA SÍNDROME E AGRAVAMENTO DOS SINTOMAS SEPARATION ANXIETY SYNDROME IN DOGS AND INFLUENCE OF HUMAN FEELING IN THE DEVELOPMENT OF SYNDROME AND ESCALATION OF SYMPTOMS IN ANIMALS Juliana Dias PEREIRA¹, Tania Murari MATTEUCI² RESUMO Este trabalho teve como objetivo caracterizar a Síndrome de Ansiedade de Separação (SAS) em cães a partir do entendimento de como as emoções humanas podem interferir no comportamento dos cães de companhia. Para tanto, foi aplicado um questionário enviado pela internet pelo aplicativo Google Drive a 108 proprietários de cães, foi possível mapear importantes aspectos da personalidade do dono e do cão, além de sinais clínicos da SAS como vocalização excessiva, destruição de objetos, defecação e micção em locais impróprios. A análise dos dados permitiu concluir que existe, na atualidade, por diversas razões, um antropomorfismo exacerbado direcionado aos cães, mediado pela necessidade humana em preencher um vazio emocional, depositando no cão uma projeção afetiva inconsciente, inibindo o desenvolvimento do comportamento natural do cão, levando o animal a desenvolver ou intensificar a Síndrome de Ansiedade de Separação. Assim, existe a real necessidade da realização de um autoconhecimento por parte do dono, de sua dinâmica psicológica-comportamental para que possa compreender como de fato possa ser um intensificador da SAS no seu cão. Palavras-chave: Ansiedade; Cães; Comportamento. ABSTRACT This study aimed to characterize the syndrome Separation Anxiety (SAS) in dogs from an understanding of how human emotions can interfere with the behavior of companion dogs. To this end, a questionnaire was sent by the internet by Google Drive application to 108 dog owners allowed us to map important aspects of the personality of the owner and the dog, in addition to clinical signs of SAS as excessive vocalization, destruction of objects, defecation and urination in inappropriate places. Data analysis showed that there is, at present, for various reasons, an exaggerated anthropomorphism directed to dogs, mediated by the human need to fill an emotional void, depositing the dog unconscious affective projection, inhibiting the development of natural dog behavior, taking the animal to develop or enhance Separation Anxiety Syndrome. Thus, there is a real need to conduct a self-knowledge by the owner, his psychologicalbehavioral dynamics so you can understand how in fact can be an intensifier of SAS in your dog. Keywords: Anxiety; Dogs; Behavior. ******* 1 Medicina Veterinária, Faculdade de Jaguariúna – FAJ – SP. E-mail: [email protected] 2 Medicina Veterinária, Faculdade de Jaguariúna – FAJ – SP. Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 286 Introdução O estudo da Síndrome de Ansiedade de alguma carência emocional do proprietário e não de fato própria do animal. Diante deste quadro, muitos cães têm apresentado problemas Separação (SAS) em cães tem ganhado grande importância entre os cuidadores, médicos comportamentais, nem sempre corretamente diagnosticados (CASTILLO, et al., 2000; veterinários e pesquisadores do comportamento animal (BEAVER, 2001; SCHWARTZ, 2003; SCHWARTZ, 2003; LANTZMAN, 2007;). A emoção, natureza e sensibilidade do TELHADO, 2007; SOARES; PEREIRA; PAIXÃO, 2010). Vários são os fatores que se correlacionam animal compõem um sistema de inteligência em rede, sendo que seu comportamento e com o desenvolvimento da SAS nos cães, dentre os quais merece destaque a dinâmica de vida dos proprietários frente às demandas da sociedade moderna e sua relação afetiva com o animal, que tem a cada dia, um menor tempo de convivência, em contraste com uma maior dependência emocional do homem em relação ao cão (LANTZMAN, 2007; SCHWARTZ, 2003). Inserida na cultura “self” e sobrecarregada de demandas sociais e profissionais, o homem tem assumido um novo estilo de vida que geram inúmeras circunstâncias de desgaste físico e emocional (BEHAN, 2012; PEREIRA, 2012) ao longo dos anos. Em momentos como esses, muitos indivíduos buscam por uma “v|lvula de escape” que reprima os sentimentos de solidão e carência vinculados à redução da vida social e acabam por adquirir um animal de estimação (BEAVER, 2001; BEKOFF, 2010). Esse animal, na maioria dos casos o cão, acaba por se tornar a companhia fundamental dos proprietários, que fazem dos personalidade são uma manifestação e expressão de emoções e sentimentos que ele recebe daqueles aos quais está ligado, sendo um reflexo da dinâmica emocional do dono, como um princípio da física, ou seja, os cães são alimentados por um sistema de energia que oscila em seu eixo (BEKOFF, 2010; BEHAN, 2012). Dessa forma, no que diz respeito à interrelação emocional homem-cão, faz-se necessário conhecer a vida emocional dos cães com maior profundidade tanto quanto se conhece ou tenta conhecer a dos seres humanos, compreendendo que os cães demonstram seu emocional através de comportamentos previamente aprendidos, pois somente assim, a SAS poderá ser realmente compreendida em sua essência, e o proprietário por sua vez, compreender melhor a si mesmo e tomar consciência do tamanho da projeção inconsciente que faz sobre seu animal, entendendo que suas questões pessoais devem animais o centro de suas atenções e conforto emocional. Na grande maioria dos casos, essa atitude de acolhimento e entrega emocional que o proprietário tem para com o cão é algo que se desenvolve inconscientemente (TELHADO, et ser resolvidas para que a vida emocional de seu cão possa ser a mais sadia possível (PEREIRA, 2012). Tendo em vista que o estudo do comportamento dos cães e da correlação emocional existente entre o animal e seu al., 2004; BEKOFF, 2010; BEHAN, 2012; PEREIRA, 2012), sempre na tentativa de preencher algum espaço emocional, ainda que pareça, à primeira vista, apenas um ato de carinho com o animal. Os cães, por sua vez, em um reflexo estereotipado, demonstram atitudes semelhantes aos donos, ou seja, transparecem as necessidades psíquicas dos proprietários como se fossem suas, passando a compensar proprietário pode fornecer subsídios para a compreensão de como se desenvolve a SAS em cães, este trabalho objetivou identificar cães portadores da SAS e buscar, através da avaliação do comportamento emocional de seus proprietários, possíveis fatores que estejam relacionados com o desenvolvimento da síndrome. Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 287 Metodologia No período de março a junho de 2014, projeto, informações sobre a SAS e como evitála. Composto por questões indiretas que foram enviados a 108 pessoas por meio de redes sociais como o FACEBOOK, o convite para envolvem respostas inconscientes, sem indução tendenciosa, o questionário adaptado foi participar de forma voluntária desta pesquisa através do preenchimento via online, por meio dirigido à identificação de traços comportamentais da personalidade humana, do aplicativo Google Drive, de um questionário comportamental adaptado do QI-SASA (Quadro através da observação de emoções, hábitos, atitudes dos proprietários que podem estar 1), teste desenvolvido e validado pela Clínica médica da Faculdade Unicastelo, para a avaliação da síndrome de ansiedade de separação em cães. Todos os convidados foram informados sobre o objetivo da pesquisa, de que seus dados não seriam revelados e de que, após a participação, todos iriam receber, ao final do correlacionados ao desenvolvimento da SAS em seus cães. O único critério de seleção para participar da pesquisa correspondeu à necessidade de ter um ou mais cães como animal de estimação, independentemente de idade, sexo, raça e outros fatores. QUADRO 1: Questões para título de pesquisa orientado para trabalho de conclusão de curso (TCC) de Medicina Veterinária da Faculdade de Jaguariúna. Objetivo de identificar nos cães aspectos sobre a SAS, assim como características de perfis de proprietários, de modo a elucidar o desenvolvimento dessa Síndrome em cães. As questões são direcionadas ao proprietário (pessoal) e sobre o seu cão, na qual o proprietário não precisa se identificar. Sexo do proprietário (a) Estado civil Onde mora? Qual a sua idade? Tem filhos (as)? Se sim, vivem com você? Quantas pessoas vivem na casa? Tem outro animal de estimação além do cão? Qual a espécie? Já possuiu outro animal de estimação anteriormente? Você (proprietário) pratica alguma atividade física? Se sim, qual atividade física? Com que frequência pratica atividade física? Costuma receber amigos ou família em casa? Com que frequência? Costuma ter vida social? Por que decidiu adquirir o animal? Onde o animal foi adquirido? Sabe se possui irmãos de ninhada? Quanto tempo o animal tinha quando você o adquiriu? Costuma comprar muitos presentes para o cão? Qual é a frequência que compra presentes para o cão? Qual o tipo de presente que compra para o cão? Quem manda na casa (tem autoridade) sobre o cão? Em qual ocasião você oferece petiscos ou agrados para o cão? Como você se sente quando percebe que o cão sente a sua falta? Quando você chega à casa, como é recebido pelo seu cão? Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 288 Você e seu cão mudaram de casa desde que o adquiriu? Filhos ou parentes que moravam com você e seu cão faleceram ou se mudaram? Qual emoção você acha que seu animal transmite com maior frequência? Dados específicos sobre o animal Sexo do cão Idade do cão Cão é castrado (a) Se castrado (a), mudou o comportamento depois da castração? O comportamento mudou de qual forma? Qual a personalidade do animal? Qual o tipo de alimento que o animal consome? Com qual frequência é alimentado? Onde o animal costuma dormir? Atividades diárias e rotina do animal Faz algum exercício físico? Qual é a frequência que pratica a atividade física? Qual é a duração dessa atividade física? Qual o tipo de brincadeira o cão mais gosta? Quando o animal faz algo errado, como é feita a sua punição? Comportamento do animal Quanto tempo ele fica sozinho por dia? Apresenta comportamento destrutivo? Quais objetos são normalmente destruídos pelo animal? Esse comportamento ocorre quando o dono está presente (em casa)? Esse comportamento ocorre quando o dono está ausente? Existe reclamação por parte dos vizinhos sobre o comportamento do cão como uivos e latidos? Animal apresenta micção (fazer xixi) em local impróprio? Se sim, faz xixi no local errado quando o dono está presente? Faz xixi no local errado quando o dono está ausente? Animal defeca em local impróprio? Se sim, faz isso quando o dono está presente? Se sim, faz isso quando o dono está ausente? O cão costuma acompanhar o dono por todos os cantos da casa? Cão apresenta vômitos na ausência do dono? Animal apresenta depressão na ausência do dono? Todos os resultados obtidos foram avaliados através de gráficos e cálculos de porcentagens capazes de correlacionar os dados Com relação à origem dos dados, houve uma grande amplitude de regiões do Brasil avaliadas, uma vez que o estudo não se limitou a comportamentais dos animais com os traços comportamentais dos proprietários. nenhuma localidade específica, minimizando assim a ocorrência de falácia em função das diferentes culturas regionais. Assim, de forma imparcial, como resultados, algumas informações se mostram essenciais através da observação do comportamento de forma tão Resultados e Discussão Ao final do estudo, foram obtidos 108 questionários de voluntários interessados, abrangendo donos de cães, machos e fêmeas, que apresentavam ou não as queixas referentes à SAS. objetiva quanto possível, isenta de ideias preconcebidas (FREUD, 1995; CASTILLO, 2000; RIBAS; MOURA, 2004). Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 289 Para isso, faz-se necessário que o médico veterinário esteja a par dessas informações fundamentais a respeito do tipo de relação social que um animal estabelecerá com os outros animais e com o seu proprietário. Quando ainda filhote, vários comportamento canino e humano de modo a poder intervir de forma assertiva e significativa eventos podem levar ao desenvolvimento da ansiedade de separação. Um deles é ter sido na promoção do bem-estar dos cães e dos proprietários. Os resultados obtidos encontram- tirado da mãe muito jovem, não ter tido contato suficiente com irmãos de ninhada, se descritos nas Tabelas 1 a 5. Dos 108 voluntários, 77% (80) foram do amamentação interrompida antes do tempo correto, mudança súbita de ambiente na qual sexo feminino, 52% (57) casadas, 36% (39) com idade entre 25 e 35 anos, 53% (58) possuem filhos e destes 39% (42) ainda estão convivendo na mesma casa. Na maioria das sociedades, a mãe é responsável pelos cuidados com a criança estabelecendo as bases para os futuros relacionamentos com outras pessoas (MANNING, 1994). A responsividade materna tem sido considerada como um elemento central para a compreensão do desenvolvimento infantil através das relações maternas de apego em diferentes aspectos (RIBAS; MOURA, 2004) que se constitui numa clara função biológica de sobrevivência da espécie e teria se consolidado no ambiente evolucionário de adaptação, sendo especificamente efetivo por mulheres na sua relação mãe-bebê. Isso poderia justificar a maioria das respostas terem sido apresentadas por mulheres, com idade mediana e com filhos, que se preocupariam em manter, da melhor forma possível, a sua prole, incluindo seus estava acostumado, entre outros (LANTZMAN, 2007; PEREIRA, 2012). Os primeiros dias e semanas após o nascimento constituem um período fundamental para o estabelecimento de uma ligação afetiva sadia e reconhecimento entre a mãe e o seu bebê humano/filhote (LANTZMAN, 2007; BEKOFF, 2010). A amamentação influi no desenvolvimento físico e emocional (BEHAN, 2012), e quando é interrompida antes que surjam outros vínculos de prazer que permitam suportar a frustração, o sentimento que fica é de carência e para preencher essa falta, tanto os humanos quanto os cães passam a buscar relações onde as pessoas sejam sempre um oferecedor de prazer. Assim, pode-se supor que a manifestação da SAS possa estar relacionada com esse distanciamento físico e na amamentação do filhote da mãe e irmãos de ninhada antes de um período sadio de sociabilização, (LANTZMAN, 2007) como também, relacionada a fatores de frustração da primeira infância dos donos, animais (FREUD, 1995). Com relação ao convívio primário dos cães, 69% (74) deles tinham irmãos de ninhada. Desses, 50% (54) foram retirados do convívio dos irmãos antes dos 45 dias de nascimento. Quanto à origem da Síndrome de buscando, esses, suprirem a fonte de carência através da relação estabelecida com seus animais (FREUD, 1995; MOSS, 1995; SEGATA, 2012). Dos proprietários, 66% (71) adquiriram seus cães como forma de companhia, mesmo Ansiedade de Separação em animais não se sabe ao certo, porém de acordo com Lantzman (2007), o período de sociabilização determina o 52% (56) destes já possuindo outro animal de estimação, como mostra o gráfico 1. Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 290 Gráfico 1. Porcentagem de Proprietários Adquirir mais que um cão de companhia intensifica a hipótese de que a ansiedade do dono que foi desenvolvida ao longo do tempo possua uma válvula de escape (MILLAN, 2007) que é preenchida no convívio com mais de um cão, mais de uma companhia. O fruto dessa relação amenizaria uma ansiedade latente do dono e supriria a necessidade de atenção do animal, ao mesmo tempo (RIBAS; MOURA, 2004; TELHADO, 2004), pois o cão demonstra o afeto que o dono deseja reforçando, assim, o desenvolvimento do comportamento ansioso também no cão que passa a sentir-se bem apenas com a presença do cuidador excessivamente atencioso (BEHAN, 2012). Do comportamento dos donos e cães, 66% (71) dos cães acompanham os donos por todos os locais da casa, 55% (59) dos cães apresentam depressão na ausência do dono, 22% (24) dos cães apresentam personalidade ansiosa, segundo os donos, 72% (78) dos donos dizem que a emoção que o cão transmite com maior frequência é a alegria, 82% (89) dos donos disseram que o cão sente alegria quando o dono chega em casa, como mostra o gráfico 2. Gráfico 2. Dados de Proprietários e Cães 1 Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 291 O cão acompanhar o dono por todos os cantos da casa demonstra comportamento ansioso que se traduz em uma reação a uma ou que dorme o tempo todo na ausência do dono (SOARES; PEREIRA; PAIXÃO, 2010). Nesse estudo, 55% dos cães foram definidos pelos situação de perigo decorrente da natureza social dos cães domesticados e do seu vínculo donos como depressivos na ausência destes, porém na presença do dono, 22% dos cães se emocional com os humanos (BEAVER, 2001; SCHWARTZ, 2003; TELHADO et al., 2004; mostram ansiosos e 72% transmitem como emoção principal a alegria. De acordo com esses CARVALHO, 2007; LANTZMAN, 2007; NOVAIS; LEMOS; FARIA JÚNIOR, 2010), sentindo-se, os dados, existe uma dificuldade em estabelecer uma diferenciação entre comportamento que cães, mais seguros acompanhando seu cuidador por todos os cantos (BEAVER, 2001; LANTZMAN, 2007), assim como seus donos se sentindo menos ansiosos ao perceberem que o cão depende deles, (MILLAN, 2007; TELHADO, 2007; BEHAN, 2012), intensificando a relação da teoria do apego (SIMPSON, 2000; RIBAS; MOURA, 2004; ALTHAUSEN, 2006; BEHAN, 2012). O modo dos donos se relacionarem com os cães substituindo-os por filhos, numa extrema humanização (PEREIRA, 2012), não permitindo que os cães possam expressar sua real natureza herdada geneticamente faz com que seu comportamento natural seja oprimido passando a manifestar um comportamento ansioso e inseguro de seguirem seus donos por todos os locais (SOUZA, 2009; SEGATA, 2012). A depressão em cães é definida pela inatividade total do cão que não defeca, urina, se alimenta denomina ansiedade, depressão e alegria, podendo facilmente se confundirem no ponto de vista dos donos (MILLAN, 2007), atrapalhando a identificação da SAS (LANTZMAN, 2007). Assim, cães que possuam a tendência de manifestarem a SAS têm seu comportamento incentivado pelas necessidades psicológicas de apego dos donos (SEGATA, 2012). De acordo com o gráfico 3, 44% (48) dos donos se sentem felizes ao perceber que o cão sentiu sua falta enquanto estava ausente, 60% (65) dos donos oferecem petiscos ocasionalmente aos cães, 73% (79) dos cães apresentam comportamento destrutivo quando o dono está ausente, 51% (55) dos cães apresentam micção em local impróprio na ausência dos donos, 67% (72) dos cães apresentam defecação em local impróprio na ausência dos donos. Gráfico 3. Dados dos proprietários e cães 1.2 Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 292 Uma condição considerada necessária para a ocorrência da SAS é a hipervinculação (SCHWARTZ, 2003; LANTZMAN, 2007), que se trata da organização da rotina canina em torno da figura de vínculo, havendo sinais de ansiedade ou desconforto sempre que essa figura se afasta (SCHWARTZ, 2003). Ela pode ser reforçada involuntariamente pelo proprietário quando não dão aos cães a oportunidade de aprender a lidar com o tempo longe de seus donos. Esse tipo de relação torna-se um incentivador no surgimento da SAS e também um complicador para o tratamento desta a partir do momento em que a característica do vínculo é desejável pelo proprietário (SCHWARTZ, 2003) na qual se mostra mais satisfeito quando o cão apresenta maior apego (TELHADO, 2007). Assim, quando o dono assume que fica feliz ao perceber que o cão sentiu a sua falta, pode influenciar negativamente ao tratamento do cão, pois se o animal passar a não apresentar mais os sintomas que satisfazem o psicológico do dono, a relação perde o sentido (FERREIRA, 1998; TARUME, 2004). Oferecer petiscos ocasionalmente ao cão como demonstração de afeto, sem que tenha havido qualquer merecimento por parte do animal, pode ser interpretado como que alimentando um sentimento de apego para que este permaneça. Os donos, na verdade, estão alimentando a si próprios, aos seus próprios sentimentos (MILLAN, 2007), lembrando o cão o quanto ele é amado, temendo perder a reciprocidade que o cão afetivamente o oferece (FERREIRA, 1998). Isso confunde o animal, pois recebe o petisco em qualquer ocasião, não importando se fez algo correto que deva ser repetido ou algo errado (TARUME, 2004; MILLAN, 2007; SEGATA, 2012). Comportamento destrutivo dos cães, micção e defecação em local impróprio que são sinais da SAS junto a outros, num conjunto maior, são vistos em alta frequência quando os donos estão ausentes (SCHWARTZ, 2003; LANTZMAN, 2007). A apresentação desses comportamentos impróprios faz com que a atenção do dono se volte para o cão (LANTZMAN, 2007) e ambos, cão e dono, acabam ativando mecanismos de proximidade (BEHAN, 2012), alimentando o sentimento de satisfação inconsciente no dono em verificar que tem utilidade na vida do cão através do cuidar (TARUME, 2004; SEGATA, 2012;), intensificando o ciclo de comportamento inadequado. O cão passa a ser um canal de ligação emocional e afetiva através do qual os sentimentos humanos podem ser atribuídos e retribuídos como a um espelho (ALTHAUSEN, 2006; BEHAN, 2012; SEGATA, 2012). Em relação à prática de atividade física, 68% (73) dos donos a praticam, destes, 41% (44) realizam a prática da musculação; 55% (59) dos cães praticam atividade física, destes, 54% (58) praticam uma vez ao dia, 41% (44) com duração máxima de 30 minutos e 78% (84) com a atividade de pegar objetos e correr, como mostra o gráfico 4. Gráfico 4. Dados de proprietários e cães 1.3 Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 293 Esses dados mostram que a prática de musculação pelos donos como atividade física é algo que não pode incluir o animal, reduzindo um realmente gastasse sua energia contida, focando sua atenção ao comportamento de matilha de um cão (MILLAN, 2007). Isso auxiliaria na tempo que poderia ser mais bem aproveitado por ambos. A atividade física dos cães existe, na diminuição da ansiedade, uma vez que leva o corpo a um estado de exaustão natural maioria praticada uma vez ao dia por 30 minutos, porém possa estar sendo realizada (SCHWARTZ, 2003). De acordo com o gráfico 5, 65% (70) dos ineficientemente no intuito de diminuição da ansiedade, pois o ideal seriam caminhadas e até donos disseram que são eles que exercem o domínio na casa, porém, 60% (65) destes mesmo corridas longas com o cão rotineiramente (RIBAS; MOURA, 2004; BEHAN, 2012), em vez de pegar objetos e correr. A atividade física deveria fazer com que ele oferecem petiscos aos cães ocasionalmente, 51% (55) compram presentes semanalmente, 82% (89) dos donos são recebidos com alegria pelos cães, com muitos pulos. Gráfico 5. Porcentagem de dados dos proprietários Esses dados mostram a incongruência do dono seja diferente (SCHWARTZ, 2003). Essa entre pensar ser e realmente ser líder do cão, demonstrando que o cão é quem está exercendo o domínio da relação (MILLAN, 2007) e refletindo exatamente aquilo que o dono deseja (BEHAN, 2012). Oferecer petiscos sem que haja um contexto para o recebimento, assim como humanização e reforço comportamental por parte do dono estimulam e contribuem para o desenvolvimento da SAS (LANTZMAN, 2007; SEGATA, 2012). comprar presentes demasiadamente, serem recebidos com alegria excessiva e incentivarem esse comportamento, mostra que o dono estimula um comportamento ansioso presenteando a atitude do cão, identificando que o animal é o seu líder (MILLAN, 2007). Essa dinâmica inconsciente indica ao animal que ele está agindo da maneira correta e que deve permanecer dessa forma, mesmo que o discurso Conclusão Diante da análise dos dados, pode-se concluir que na atualidade há a necessidade psicológica humana inconsciente em estabelecer relações permeadas de afeto que são mais claramente alcançadas com sucesso no convívio com um cão, na tentativa de restabelecer a sensação de um amor incondicional (BEHAN, 2012) que foi frustrado na primeira infância Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 294 (RIBAS; MOURA, 2004; TELHADO, et al., 2004; BEHAN, 2012; BEKOFF, 2010; PEREIRA, 2012). Devido a essa necessidade, o tipo de relação estabelecida entre donos e cães, na qual ocorre um antropomorfismo demasiado, culminam no estabelecimento de alterações psicológicas e comportamentais nos cães (BEHAN, 2012). Portanto, existe a necessidade da ocorrência de um autoconhecimento dos proprietários na tentativa de compreender as bases da sua dinâmica psicológica-comportamental (ALTHAUSEN, 2006; MILLAN, 2007; PEREIRA, 2012) na qual permeiam suas necessidades afetivas e impulsos do self que são influenciadores de todas as suas relações, inclusive e especialmente com seus animais de estimação (SEGATA, 2012). É necessário também que ocorra um conhecimento mais amplo da etologia dos cães (MILLAN, 2007; BEKOFF, 2010; CARVALHO, 2012) para que a compreensão do comportamento natural dos cães possa ser mais bem compreendida e respeitada, evitando, assim, diagnósticos falhos quanto as alterações comportamentais. A excessiva humanização canina e o antropomorfismo exacerbado levam ao desenvolvimento e/ou exacerbação dos sintomas ansiosos nos cães, inibindo o comportamento natural destes, portanto, um novo conceito sobre a relação homem-cão deve ser analisado, assim, diversas alterações comportamentais contemporâneas como a SAS poderão ser evitadas (SCHWARTZ, 2003; SIMPSON, 2000). Referências ALTHAUSEN, S. Adolescentes om síndrome de Down e Cães: compreensão e possibilidades de intervenção. 2006. 170 f. Dissertação (mestrado) - Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo: São Paulo, 2006. BANDIM, J. M. Recusa Escolar – Características Clínicas. Infanto – Ver. Neuropsiq. Da Inf. E Adole 4(1): 41-45 , 1996. BEAVER, B. V. Comportamento Social Canino. In. Com¬portamento canino: um guia para veterinários. São Paulo: Roca. 2001. p. 229233. BEHAN. K. Seu cachorro é seu espelho. São Paulo: Lúmen, 2012. BEKOFF, M. 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Assim, esta revisão busca identificar os principais locais de acometimento das lesões decorrentes do ciclismo, incidência e condutas preventivas utilizadas por atletas e dirigentes, buscando uma metodologia de atingir altos níveis de desempenho sem comprometer o rendimento saudável do atleta. Para a composição da presente revisão foi realizado um levantamento bibliográfico de artigos científicos publicados entre 1998 a 2013 e adicionalmente a consulta de livros acadêmicos para complementação das informações sobre lesões no ciclismo. Conclui-se que as principais áreas lesionadas encontram-se na região dorsal e lombar dos atletas praticantes do ciclismo, muitas vezes a ponto de comprometer a carreira profissional do ciclista. Palavras-chave: Ciclismo; Lesões Ortopédicas; Lombalgia. ABSTRACT Even it’s not a contact sport, cycling provides plenty of possibilities of lesion caused by accidents, repetitive motion, or mostly due to bad adjustments of the equipment. This work was conducted through a review of published articles on the subject of injuries in cyclists, searching for information regarding to the incidence of injuries in cycling, ways of involvement, and prevention methods used by athletes and officials, searching for a methodology to achieve high levels of performance without compromising their health. It aimed to identify preventive procedures, such as stretching, warming up and hydration and also to identify the main areas of involvement of injuries. After reviewing these studies, it was found that the main areas of lesions are in the dorsal and lumbar, often to the point of committing the career of the rider. Keywords: Cycling, Orthopedic Injuries, Prevention, Lumbago. ******* 1 Graduado em Educação Física pela Faculdade Mogiana do Estado de São Paulo – FMG – SP. 2 Graduado em Educação Física pela Faculdade Mogiana do Estado de São Paulo – FMG – SP. 3 Mestre em Sustentabilidade e Qualidade de Vida. Docente do Curso de Educação Física da FMG Faculdade Mogiana do Estado de São Paulo – SP e Faculdade de Jaguariúna – SP. 4 Mestre em Performance Humana. Docente do Curso de Educação Física da FMG - Faculdade Mogiana do Estado de São Paulo – SP. 5 Mestre em Sustentabilidade e Qualidade de Vida. Docente do Curso de Educação Física da UNIFAE – São João da Boa Vista – SP. 6 Especialista em Laboratório Clínico - UNICAMP. Docente do Curso de Educação Física da FMG Faculdade Mogiana do Estado de São Paulo – SP. E-mail para correspondência: [email protected] Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 298 INTRODUÇÃO Desde os tempos mais remotos, o objetivos e superar seus concorrentes, o posicionamento adequado sobre a bicicleta é homem buscou meios para facilitar sua permanência e transporte no planeta. Dentre fundamental. Um ciclista que conseguir alcançar esse posicionamento ideal será eficiente, forte, muitas invenções que buscaram facilitar seu deslocamento, a bicicleta a cada dia apresenta confortável e potencialmente livre de lesões. Se sentir confortável sobre a bicicleta é permitir que inúmeras vantagens sobre os outros meios de transportes e, como esses, sofreu diversas o peso do ciclista seja distribuído entre o assento, os pedais e o guidão, de forma que o adaptações ao longo dos anos (SILVA & OLIVEIRA, 2002). O ciclismo está entre as atividades esportivas com maior número de praticantes no mundo, com substancial aumento nas últimas décadas (ASPLUND & ROSS, 2010). Além de ser utilizada em competições, a bicicleta teve sua inserção entre os meios de locomoção por ser um importante meio de transporte para milhões de pessoas em diversas regiões do mundo (MARTINS et al, 2007). De acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a bicicleta é diariamente usada por cerca de quatro milhões de pessoas, e entre os anos de 1997 e 2008 houve um aumento de 189% no número de bicicletas circulando nas ruas brasileiras (KLEINPAUL et al., 2010). Seja com a finalidade de competir ou simplesmente por lazer, a bicicleta deve possuir os ajustes na medida correta para o objetivo pretendido, levando-se em consideração altura de selim, posição de guidão e tamanho do sistema esquelético apoie o peso do corpo, em vez dos músculos das costas e dos braços (KLEINPAUL et al.,2010). Asplund e Ross (2010) afirmam que mais de 49 milhões de norte americanos utilizam a bicicleta mensalmente, dos quais mais de 5 milhões pedalam pelo menos vinte dias no mês. No entanto, a prática do ciclismo, ou mesmo como meio de transporte, muitas vezes é prejudicada por lesões devido ao esforço repetitivo, levando à diminuição da frequência de seu uso (CLARSEN et al., 2010). Muitas das lesões crônicas que acometem os ciclistas são os resultados de um ajuste incorreto da bicicleta ou de pouco tempo de ajuste a uma nova posição. Assim, o ajuste correto e o tempo ideal de adaptação a esses novos ajustes ajudam a prevenir muitas lesões (MARTINS et al., 2007). Silva e Oliveira (2002), dizem que as lesões no esporte e também nas diferentes atividades físicas são divididas em típicas e quadro (DIEFENTHAELER & VAZ, 2008), favorecendo a redução dos riscos de lesões. Segundo Kleinpaul et al. (2010) e Abbis (2005), o ciclismo é considerado um esporte complexo, com as competições divididas em provas de pista e estrada, individuais e por atípicas. As lesões típicas são aquelas mais comuns a cada modalidade e as atípicas são acidentais, ou seja, lesões que não são comuns a uma dada modalidade. Podemos dividir as lesões em traumáticas, que ocorrem em acontecimentos imprevisíveis ou por excesso de equipes. Dentre as diversas modalidades, temos o ciclismo indoor ou Bike Indoor, que é a prática do ciclismo em bicicletas estacionárias, realizado geralmente em academias de ginástica, com fins de melhor condicionamento do sistema cardiovascular (AMBROGI, 1999; BARRY, 1999). Para o ciclista de longas distâncias, que busca o conforto para suportar horas em cima da bicicleta e a performance para alcançar seus uso repetitivo (RODRIGUES, 2012). Durante a pedalada, há uma grande exigência da musculatura postural, que ao ser realizado de forma inadequada, pode causar lesões ortopédicas e posturais. As lesões características dos ciclistas possuem fatores predisponentes intrínsecos e extrínsecos como idade, sexo, alterações biomecânicas, desequilíbrios musculares, fraqueza ou Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 299 encurtamento muscular, frouxidão ligamentar e histórico de lesões. Os desequilíbrios musculares podem ser gerados por sobrecarga durante a critérios de elegibilidade foram estudos que apresentassem dados sobre a incidência de lesões na prática das diversas modalidades de atividade gestual esportiva, posicionamento inadequado na bicicleta, tipo de aquecimento ciclismo, tipos de lesões, locais mais acometidos e formas de prevenção preconizadas entre os utilizado, excesso de treino ou pouca qualidade técnica (ANDRADE et al., 2007). anos de 1998 até o mais atual, 2013. No ciclismo esportivo, a busca pelo alto rendimento gera diversas preocupações, o que LESÕES NO CICLISMO leva a necessidade da pesquisa científica buscar respostas para as alterações fisiológicas e mecânicas decorrentes dessa prática (CARPES, 2005) a fim de evitar novas lesões. A busca incansável por melhores resultados leva atletas a utilizarem de estratégias perigosas que acabam por colocar em risco sua integridade física. Em relação aos fatores descritos, o objetivo da presente revisão é identificar os principais locais de acometimento das lesões decorrentes do ciclismo competitivo e de lazer, com apresentação do nexo causal de algumas lesões observadas nesta prática esportiva, incidência e condutas preventivas utilizadas por atletas e dirigentes, buscando uma metodologia para atingir altos níveis de desempenho sem comprometer o rendimento saudável do atleta. Para a composição da presente revisão O fator indireto mais indesejado por um treinador durante um ciclo de treinamento é a lesão. Uma lesão esportiva pode ser causada por um desgaste muscular excessivo ou por sobrecarga. O dano muscular induzido pelo exercício é um acontecimento comum após atividades físicas na qual o indivíduo não está habituado, ou após atividades físicas de alta intensidade ou longo período de tempo podendo apresentar rigidez, edema, dor muscular tardia, além de diminuição de força na contração muscular (CATELLI et al., 2012). Um dos fatores que vem sendo estudado em paralelo à incidência de lesões em atletas é a relação do tempo de prática desportiva com os índices de acometimento. O nível de uma lesão é determinado pela duração e intensidade do exercício, assim, atividades de resistência ou de explosão produzem vários níveis de resposta celular e de lesão muscular (Di ALENCAR et al., 2011) como habitualmente é visto no ciclismo competitivo. foi realizado um levantamento bibliográfico nas bases de dados Scielo, Lilacs, Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e a busca de dados no Google Acadêmico de artigos científicos nacionais e internacionais publicados Estudos apontam que 75% dos atletas jovens já foram diagnosticados com lombalgia e que a coluna vertebral é o principal local de lesões em diversas modalidades esportivas. No ciclismo, a posição da coluna difere muito da sua posição fisiológica ereta, o que causa um grande até 2013 utilizando como descritores isolados ou em associação: Ciclismo, Lesões ortopédicas, Lombalgia; e, adicionalmente, consulta de livros acadêmicos para complementação das informações sobre lesões decorrentes do ciclismo. Dos artigos selecionados e incluídos na pesquisa constituíram ensaios clínicos, artigos originais, revisões e revisões sistemáticas. Os estresse mecânico durante a atividade. Esse estresse, aliado ao longo período de atividade, tanto profissional quanto amadora, faz com que as dores na coluna lombar, pescoço e nas costas sejam frequentes entre os ciclistas (PEQUINI, 2005). Lesões traumáticas são provocadas por problemas súbitos, e algumas lesões deste tipo são mais propensas de ocorrer na atividade METODOLOGIA Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 300 ciclística do que em outros esportes (CATELLI et al., 2012). Quanto mais se pedala, maiores as relacionado ao aumento da intensidade e volume de treinamento. Um dos fatores etiológicos da lombalgia crônica em ciclistas é a chances de uma lesão ocorrer, e para minimizar esses riscos e também o grau de uma lesão é flexão de tronco sustentada por longos períodos, em especial quando o ciclista assume uma preciso pedalar numa posição confortável sobre a bicicleta (BURKE, 2000). A determinação dos postura visando otimização de aerodinâmicos (PEQUINI, 2005). domínios de intensidade do exercício tem importantes implicações na prescrição do treino Neste sentido, o ciclismo da modalidade triathlon é o que apresenta posicionamentos (CARITÁ et al., 2013). Porém, a natureza repetitiva do ciclismo, combinada com horas e horas sobre a bicicleta, pode levar a vários tipos de incômodos e lesões (BURKE, 2000). Neste caso, o posicionamento adequado é essencial não apenas para o conforto, mas também para minimizar o risco de lesões (PEQUINI, 2005). Dentre as lesões típicas, segundo estudos epidemiológicos, a lombalgia acomete de 30 a 60% dos ciclistas, representando uma das queixas mais comuns entre as disfunções musculoesqueléticas neste esporte (Di ALENCAR et al., 2011). Clarsen et al. (2010) realizaram um estudo com cento e nove ciclistas profissionais do campeonato mundial de ciclismo e do Tour de France. Sessenta ciclistas participaram do Tour de France (com idade de 25 ± 4 anos) e quarenta e nove do campeonato mundial (com idade de 28 ± 5 anos). De acordo com os autores, 58% (n = 63) dos ciclistas apresentaram dor lombar durante os últimos doze meses antecedentes à com maior flexão de tronco, sendo composto por três modalidades realizadas sucessivamente - natação, ciclismo e corrida, apresentando especificidades que desencadeiam demandas fisiológicas e biomecânicas diferentes dos esportes individuais que o compõem (FRAGA et al, 2013). Em seguida, temos a modalidade estrada (road bike) e a de montanha (mountain bike) apresentando posicionamentos com acentuada flexão do tronco e riscos aumentados de lesões. Pequini (2005) relata que o treinamento envolve postura específica a cada modalidade praticada e adaptação corporal ao esforço físico. Uma postura adequada sobre a bicicleta é fundamental para não ocorrer redução do desempenho ou aumentar os riscos de lesão (SALAI et al., 1999). De modo geral, a postura de flexão de tronco utilizada no ciclismo produz uma retificação da lordose lombar, aumenta a tensão do complexo ligamentar posterior e altera a realização da pesquisa, sendo que a incidência foi distribuída da seguinte forma: 27% com ocorrência de dor fora de temporada, 41% na pré-temporada e 43% no início e na alta temporada. Dos 63 ciclistas apenas 45 procuraram assistência médica, sendo que, em transmissão da pressão sobre os discos intervertebrais com aumento da pressão na porção anterior (comprimida) enquanto a posterior é distendida (figura 1). A distensão da porção posterior do disco e do complexo ligamentar posterior por estimulação mecânica, um ciclista, a lombalgia foi intensa o suficiente para obrigá-lo a abandonar o esporte como carreira profissional. Os resultados encontrados por Clarsen et al. (2010) sugerem que o aumento da incidência da lombalgia está diretamente resultante da postura adotada, induz à lombalgia, pois ambas as estruturas recebem inervação de ramos do nervo sinovertebral que interpretam esta alteração biomecânica como estímulo doloroso. (Di ALENCAR et al., 2011). Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 aspectos 301 Figura 1. Flexão de tronco com alteração da transmissão da pressão sobre os discos intervertebrais e aumento da pressão na porção anterior. Extraído e modificado de Personal Treiner, 2014. A redução da pressão intradiscal pela redistribuição da sobrecarga imposta ao disco durante a posição de flexão de tronco é alcançada quando o ciclista apoia as mãos sobre posterior do annulus fibrosos pode sofrer microlesões cumulativas (Di ALENCAR et al., 2011). Os ciclistas geralmente têm problemas o guidão (PEQUINI, 2005). Basicamente três mecanismos podem ser associados à lombalgia em ciclistas (Di ALENCAR et al., 2011). O primeiro, de acordo com Burnett et al. (2004), está relacionado ao fenômeno da flexão-relaxamento, que se com suas costas, e alguns estudos chegaram a registrar 60% de reclamações de dores nas costas em atletas de longa distância. Isso ocorre porque os músculos da perna são “presos” { pélvis. Quando esses músculos da perna se contraem, as forças impressas sobre a pélvis são manifesta pelo silêncio mioelétrico (não ativação) dos eretores da coluna ao final da amplitude de flexão. Quando as forças musculares são reduzidas, estruturas como ligamentos e discos intervertebrais são colocadas em maior risco de lesão. Enquanto enormes, gerando um abuso aos músculos e ossos de parte das costas (Di ALENCAR et al, 2011). Esses problemas são causados por pequenas e constantes distensões. As terminações nervosas nas costas são numerosas vários ligamentos intervertebrais garantem a estabilização primária das vértebras adjacentes e e constantemente estimuladas, portanto, não é raro gerarem dor. Os músculos das costas limitam os movimentos de flexão da coluna vertebral, a musculatura intrínseca e extrínseca à inferiores podem, involuntariamente, ter alguns espasmos para tentar manter o conjunto das coluna lombar garante secundária (ADAMS, 2004). estabilização costas rígido para diminuir o desconforto. Os discos, ligamentos e músculos possuem muitos Em segundo lugar, a lombalgia crônica não específica em ciclistas pode resultar em nervos, e isso torna o problema complexo, pois permitem que o estresse do dia a dia ou a fadiga ativação excessiva dos extensores da coluna, resultando em aumento da tensão muscular de física e mental exerçam influência sobre o local (SALAI, 1999). toda a coluna lombar. Esse mecanismo foi previamente sugerido como causa da lombalgia crônica não específica, e em terceiro lugar, a flexão prolongada pode ser um importante fator etiológico para a lombalgia, pois a porção De acordo com Salai (2010), quando o ciclista começa a ter dores nas costas, possivelmente ele está com o selim num ângulo que não seja o ideal e alguns estudos mostram que ciclistas recreativos que reportavam dores a Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 302 nas costas deixaram de tê-las assim que fizeram alterações no ângulo do selim. Embora os músculos das costas não se A fadiga muscular é outro relato nesse esporte e pode alterar o bom funcionamento muscular, devido ao esgotamento de envolvam em fazer os pedais girarem, eles apresentam uma tarefa importante de mediadores estabelecer estabilizar o corpo e aumentar a transferência de força gerada pelos quadris e pelas pernas. Dores favorecendo o surgimento de lesões. A fadiga aguda origina-se de esforços musculares no pescoço em ciclismo geralmente são associadas a longas distâncias percorridas, ou a excessivos, sendo resultado de apenas uma sessão de treino. Esse tipo de fadiga tem uma um guidão mal ajustado (MESTDAGH, 1998). A posição do ciclista na bicicleta geralmente é o fator principal a levar a esse tipo de dor, j| que a posição “horizontal” que o ciclista usa é desconfortável se ele não estiver com a flexibilidade em bom estado e habituado à posição. O correto tamanho da bicicleta e o ajuste das posições são imprescindíveis para se evitar esse tipo de dor. Como exemplo, as mulheres tendem a usar bicicletas muito “longas” para elas, j| que grande parte das bicicletas é desenhada para o corpo masculino. O corpo feminino tem, relativamente, pernas maiores e troncos menores que os homens, assim, é importante que uma ciclista utilize bicicletas desenhadas especialmente para ela evitando manifestações álgicas e lesões (MESTDAGH, 1998). duração de um ou dois dias e geralmente vem acompanhada de dores musculares. A extrapolação de microciclos ou de tempos muito curtos de regeneração podem causar uma fadiga transitória com duração de dias ou até semanas. (BOMPA, 2002) Outro acometimento em ciclistas é a lesão patelofemoral, que se caracteriza por um desgaste da cartilagem existente entre a patela e o fêmur (figura 2). Normalmente gera dor na parte de trás ou ao redor da patela. Essa dor pode ser em virtude do aumento da compressão da cartilagem entre a patela e o fêmur, que por sua vez pode ser motivado pelo mau posicionamento do ciclista sobre a bicicleta (D’ELIA, 2007). em um vários níveis, desequilíbrio podendo muscular Figura 2. Síndrome patelofemoral com desgaste da cartilagem articular. Extraído e modificado de Bike Fit, 2014. As articulações do corpo suportam peso, são submetidas a cargas produzidas pelas forças dos músculos e, ao mesmo tempo, proporcionam uma grande amplitude de movimento aos segmentos corporais, por isso as Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 303 articulações estão sujeitas a uma diversidade de lesões (HALL, 2009). Numa pedalada longa, muitos pequenos Assaduras nas nádegas e na parte interna das coxas são as principais lesões que afligem os ciclistas de longa distância. Muitas desconfortos podem acontecer. Dores nos joelhos é sinal de que algo está errado. Isso pode das suas causas podem ser evitadas usando equipamento adequado e precauções ser uma posição incorreta do pé sobre os pedais, uso demasiado de marchas pesadas, ou um mau específicas, como bermudas com estofamento interno e um selim confortável, mas mesmo posicionamento do assento. Os músculos da perna também sofrem com treinos exaustivos, tomando todos os cuidados possíveis elas podem ocorrer (MARTINS et al, 2007). fazendo com que o atleta não consiga explorar o seu potencial máximo (BINI et al., 2011). As lesões por esforço repetitivo (LER) ocorrem num período de tempo em que as forças aplicadas numa estrutura aumentam de maneira mais rápida do que a estrutura se adapta, superando em absoluto a sua capacidade de adaptação. Muita quilometragem, ou quilometragem muito intensa, como em subidas e em marchas altas, geralmente tendem a causar lesões por sobreuso. O ciclismo é uma atividade extremamente repetitiva, onde se pode chegar a pedalar cinco mil vezes em uma hora (ALENCAR et al, 2010). O ciclista, na prática intensiva, pode apresentar a percepção de alguns sintomas ou mesmo lesões em suas mãos. Os principais problemas que ocorrem com as mãos do ciclista são: formigamento, adormecimento, enfraquecimento, escoriações ou bolhas. Muitas horas sobre a bicicleta, excesso de peso sobre as mãos, pistas muito esburacadas e falta de Lesões que afetam a virilha são mais raras, mas também as mais perigosas, pois afetam uma região anatomicamente complexa, de difícil diagnóstico e tratamento. A segunda maior reclamação na área da virilha entre homens foi de dormência na área genital, e um estudo revelou que entre 58% e 70% dos homens num grupo de ciclistas na Alemanha reportaram sofrer de dormência genital (BURQUE, 2000). Já a dor testicular em adultos é uma queixa comum que pode surgir como complicação após traumas locais ou cirurgias. É importante ressaltar que alguns tipos de vestuário em atividades físicas como o ciclismo, hipismo ou motociclismo também podem ser responsáveis pela dor local (BAUTZER, 2012). Quanto às principais lesões atípicas no ciclismo estão as causadas pelo próprio movimento das pedaladas e são relativamente raras quando comparadas a outros esportes. Isso se dá pelo fato de o ciclismo ser um esporte onde praticamente não há impacto. Esse tipo de lesão amortecimento são suas principais causas (KLEINPAUL et al, 2010). Outro problema comum enfrentado pelos ciclistas são as dores e a dormência nos pés. Isso pode ser causado por um equipamento mal encaixado ou mal posicionado ou até por um está relacionado principalmente a erros do ciclista, como posicionamento, excesso de treinos e os acidentes, que são os que levam as lesões mais graves (D’ELIA, 2007). Se tratando de lesões por acidentes, podemos nos deparar com fraturas. A fratura é a calçado muito apertado. Ocasionalmente pedaladas de várias horas podem resultar em desconforto para o pé, e sapatos com os clipes mal posicionados também podem resultar em desconforto e lesões como bolhas e calos. Unhas encravadas também são inerentes à prática do ciclismo (BURQUE, 2000). perda na continuidade do osso (figura 3), e o grau da fratura depende de muitos fatores como: intensidade de carga sofrida, duração da carga mecânica, direção, assim como a saúde e a maturidade do osso no momento em que sofre a lesão (HALL, 2009). Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 304 Figura 3. Fratura da clavícula. Extraído de Clube Renove Ciclismo, 2014. Para o mesmo autor, luxações também podem ser consequências de uma queda. Os principais locais das luxações são os ombros, quando uma carga externa é aplicada nessa unidade contrátil (McARDLE et al., 1998). Os alongamentos devem ser dedos, joelhos, cotovelos e a articulação temporomandibular. Seus sintomas incluem sustentados de 10 a 30 segundos em cada posição. O alongamento realizado ao final da deformidade articular visível, dor, edema, e alguma perda na capacidade de realizar movimentos articulares. CONDUTAS ANATÔMICAS PREVENTIVAS NA PRÁTICA DO CICLISMO aula, treino ou competição tem o objetivo de alongar e relaxar a musculatura que esteja edemaciada por água e catabólitos de contração. O método de alongamento estático deve ser preferido, pois existe um menor risco de dano tecidual, a demanda energética é menor, e No ciclismo, assim como em qualquer outra prática esportiva, é preciso proporcionar ao corpo tempo suficiente para sua adaptação realiza-se a prevenção e/ou consegue-se aliviar tensão e a dor muscular (SILVA & OLIVEIRA, 2002). Ao alongar, deve-se evitar o bloqueio da respiração (McARDLE et al., 1998). aos exercícios. Como conduta preventiva, no treinamento deve-se aumentar a carga de exercícios gradualmente e esperar períodos de descanso e adaptação, por exemplo, alternando treinamentos pesados com treinamentos leves, aquecimento e esfriamento, e alongamento antes e depois dos exercícios pode ajudar. Silva e Oliveira (2002) afirmam que o aquecimento deve ser feito por praticantes de qualquer nível de condicionamento físico. O aquecimento ajuda o executante a preparar-se fisiológica e psicologicamente para um evento, Muitas vezes o ajuste da bicicleta ainda é realizado numa base de tentativa e erro. Ajustes incorretos no posicionamento podem levar à lesão, pois podem acarretar aumento da sobrecarga musculoesquelética (BURKE, 2000). O pedalar não é um movimento natural na ergonomia do ser humano, e como consequência disso, a menor irregularidade no campo da simetria física pode levar a uma série de reclamações (MARTINS et al., 2007). O ajuste da bicicleta deve ser individualizado para que se alcance o melhor podendo reduzir as chances de lesão articular e muscular. O processo de aquecimento estira a unidade músculo-tendinosa e, portanto, permite alcançar um maior comprimento e menor tensão desempenho, conforto, satisfação e prevenção de lesões, ressaltando que os ajustes podem ser baseados apenas nas medidas antropométricas externas dos ciclistas, ou ainda, a utilização de Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 305 ajustes tanto estáticos quanto dinâmicos. Porém, quando se trata de ciclistas de elite, as regulagens do complexo ciclista-bicicleta devem CONSIDERAÇÕES FINAIS respeitar as características (MESTDAGH, 1998). individuais. durante o ato da pedalada, o tempo empregado nos treinamentos e as elevadas temperaturas em As pesquisas científica e empírica têm mostrado que a posição correta numa bicicleta é determinadas épocas do ano favorecem as lesões e os acometimentos dos atletas. A determinada por vários fatores e que mudanças na geometria da bicicleta podem melhorar o utilização correta dos equipamentos para a referida prática, como também a aquisição de desempenho do atleta. (BALTAZAR et al., 2011). Contudo, muitos ciclistas amadores, e até mesmo profissionais, continuam a adotar posições incorretas nas suas bicicletas (BURKE & PRUITT, 2003; MARTINS et al., 2007) favorecendo o aparecimento de lesões. É no selim que os maiores erros no ajuste corporal do ciclista na bicicleta são encontrados. A altura do banco é um compromisso entre eficiência aeróbica, aerodinâmica, força e prevenção de lesões. Fórmulas como a da distância do períneo ao chão apenas apontam o resultado aproximado e não devem ser consideradas rigidamente. (MARTINS et al., 2007; BURKE, 2003). Uma alteração comum na geometria da bicicleta é a utilização de um suporte de selim ou até mesmo de bicicletas que permitem pedalar com um Ângulo do Tubo do Selim (ATS) mais acentuado. O ATS de uma bicicleta é definido na intersecção do tubo do selim com uma linha paralela ao solo. Um maior ATS permite mais produtos que apresentem notória qualidade e atestada condições de uso se faz necessário como medida de redução da incidência de lesões, sendo necessária uma orientação profissional específica sob pena de prejuízo da performance e saúde do atleta. Quando os atletas visam o alto rendimento, é comum buscarem cada vez mais cargas elevadas, e não é raro o tempo de descanso ser reduzido, a fim de atingirem um nível cada vez maior de condicionamento. Isso tudo, aliado a ajustes mal feitos, equipamentos mal posicionados e, muitas vezes, deficiência de informações a respeito do assunto, tornam a prática do ciclismo um esporte de risco com favorecimento do aumento na incidência de lesões. No ciclismo recreativo, ou de uso cotidiano, é preciso o auxílio de pessoas capacitadas na hora da escolha do material, das regulagens e dos acessórios. Diversos hábitos simples podem contribuir para que as lesões sejam reduzidas. conforto e eficiência em posição aerodinâmica com antebraços repousados sobre o guidom (BALTAZAR et al., 2011). Segundo Diefenthaeler et al. (2008), um dos grandes causadores do abandono por parte dos praticantes iniciantes do ciclismo são as Alongamentos antes e depois da prática esportiva, a escolha de uma roupa confortável e uma reposição adequada de líquidos podem reduzir o número de lesões e desconfortos durante a prática do ciclismo. Novas discussões e estudos devem continuar com o objetivo de dores no corpo provocadas muitas vezes pela má postura e por desajustes nos equipamentos utilizados como o ajuste da posição do selim. Silva e Oliveira (2002) relatam que existe um potencial de lesão nos diferentes tipos de treinamento e descrevem que todas as atividades esportivas possuem um risco inerente de lesão, seja ela muscular, estresse psicológico e lesão traumática de menor intensidade. esclarecer possíveis causas das principais lesões acometidas por este esporte. A posição assumida pelos ciclistas REFERÊNCIAS ABBIS, CR; LAURSEN, PB. Models to explain fatigue during prolonged endurance cycling. Sports Med. v. 35, p. 86-98, 2005. Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 306 ADAMS, M. A. Biomechanics of back pain. Acupuncture in Medicine, v. 22, n. 4, p. 178188, 2004. ALENCAR, T. A. M; BINI, R.R; MATIAS, K. F. S; DIEFENTHAELER, F; CARPES, F.P; Comprimento do pedivela e desempenho de ciclistas, Brazilian Journal of Biomotricity, v. 4, n. 1, p. 32-47, 2010. AMBROGI, G. Ciclismo Indoor. Apostila entregue aos congressistas do Spinning Millennium Tour, São Paulo- SP, 1999. ANDRADE, R. 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S; DAGNESE, F; KLEINPAUL, F.J; CARPES, F. P; MOTA, C. B. Avaliação do Corporal no Ciclismo Competitivo e Recreacional, Rev. Bras.Cineantropom. Desempenho Hum. v. 9, n. 2, p.183-188, 2007. McARDLE, W. D; KATCH, F. I; KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício- Energia, Nutrição e Desempenho Humano. 4ª ed., Baltimore, Guanabara Koogan, 1998. MESTDAGH, K. V. Personal Perspective: in Search of an Optimum Cycling Posture. Appl Ergon, v. 29, 325-334, 1998. PEQUINI, S. M. Ergonomia Aplicada ao Design de Produtos: Um Estudo de Caso Sobre o Design de Bicicletas, FAU-USP, 2005. Personal Trainer - Gabriel Paz - Os malefícios da posição inclinada do ciclismo no processo de degeneração do disco intervertebral. Disponível em: <http://profgabrielpaz.blogspot.com.br/2011/06/ os-maleficios-da-posicao-inclinada-do.html> Acesso em: 13/02/2014. RODRIGUES, M. D. Incidencia de lesões em atletas de Piracicaba nos 56º jogos regionais de Lins SP, UNIMEP, 2012. SALAI, M; BROSH, T; BLANKSTEIN, A; ORAN, A; CHECHIK, A. 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Após submissão do manuscrito, uma resposta será enviada ao autor do artigo num prazo não superior a 90 dias, contado a partir do recebimento pela Revista Faculdades do Saber. II - Procedimentos para Submissão de Artigos: II.1 - Eixos de abrangência com destaque: Multidisciplinar com ênfase para Saúde, Educação, Administração, Direito e áreas relacionadas. II.2 - Os artigos enviados devem ser originais, isto é, não terem sido publicados em outro periódico ou coletânea no país. O procedimento adotado para aceitação definitiva será o seguinte: Primeira Etapa: seleção dos artigos segundo critério de relevância e adequação às diretrizes editoriais. Segunda Etapa: parecer a ser elaborado por no mínimo dois consultores “ad hoc”, de forma cega, isto é, sem o conhecimento dos nomes por parte dos pareceristas e dos autores. No caso dos pareceres não serem conclusivos, ou divergentes, o artigo será enviados a novos pareceristas. Sendo que a aceitação final é de responsabilidade do Conselho Editorial e do Conselho Consultivo. III - Línguas: Serão aceitos trabalhos redigidos em inglês, português ou espanhol. IV - Tipos de Colaborações Aceitas pela Revista: serão aceitos trabalhos originais que se enquadrem nas seguintes categorias: IV.1 - Artigos Científicos: Apresentam, geralmente, estudos teóricos ou práticos referentes à pesquisa e desenvolvimento que atingiram resultados conclusivos significativos. As publicações de caráter científico devem conter os seguintes tópicos: Título (Português e Inglês ou Espanhol e Inglês); Resumo; Palavras-chave; Abstract, Key words, Introdução, Material e Métodos, Resultados, Discussão e Conclusão, Agradecimentos (quando necessários), Menção de Conflito de Interesses e Referências. IV.2 - Artigos de Revisão: Apresentam um breve resumo de trabalhos existentes, seguidos de uma avaliação das novas idéias, métodos, resultados e conclusões, e bibliografia relacionando as publicações significativas sobre o assunto. Devem conter os seguintes tópicos: Título (Português ou Espanhol e Inglês), Resumo, Palavras-chave, Abstract, Keywords, Introdução, Desenvolvimento (incluir os procedimentos de busca e seleção dos artigos utilizados na revisão), Conclusão, Menção de Conflito de Interesses e Referências. IV.3 - Casos Clínicos: Apresentam a descrição de casos clínicos, seguido de avaliação dos procedimentos, métodos, resultados e conclusões, e uma bibliografia relacionando as publicações significativas sobre o assunto. Devem conter os seguintes tópicos: Título (Português ou Espanhol e Inglês), Resumo, Palavras-chave, Abstract, Key words, Introdução, Relato e desenvolvimento do caso, Conclusão, Menção de Conflito de Interesses, e Referências. V - Forma de Apresentação dos Artigos V.I- Os artigos devem ser encaminhados via email para [email protected] ou [email protected] digitadas em editor de texto Word no formato.doc, em espaço 1,5 linha, em fonte tipo Times New Roman, tamanho 12. A página deverá ser em formato A4, com formatação de margens (3 cm), Os textos não devem exceder 20 páginas (atentar para o tamanho do arquivo que não deverá ultrapassar 3 Mb (Megabytes). As citações bibliográficas no texto devem seguir o sistema autor-data, conforme normas ABNT 10520/2002. V.II. A apresentação dos trabalhos deve seguir a seguinte ordem: Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 310 V.II.1. Folha de rosto sem identificação dos autores contendo apenas: • Título em português ou espanhol • Título em inglês V.II.2. Folha de rosto personalizada contendo: • Título em português ou espanhol • Título em inglês • Nome de cada autor, seguido por afiliação institucional e titulação por ocasião da submissão do trabalho. • Indicação do endereço completo dos autores, telefone e endereço eletrônico. Incluir também CPF e RG de todos os autores, à exceção dos autores estrangeiros. V.II.3. Folha contendo Resumo em português ou espanhol (máximo de 250 palavras), redigido em parágrafo único, espaço simples e alinhamento justificado e Palavras-chave (mínimo 3 e máximo 5). O resumo deve iniciar com a problematização, seguido dos objetivos, metodologia, resultados e finalização com a conclusão. Entre as palavras-chave coloca-se ponto e vírgula para separá-las. Cada palavrachave deve ser grafada com o primeiro caractere em maiúsculo e os demais minúsculos. O item palavras-chave deve estar espaçado de duas linhas em branco do corpo do resumo; V.II.4. Folha contendo Abstract e Key words. O Abstract deve obedecer às mesmas especificações para a versão em português, seguido de Key words, compatíveis com as palavras-chave. V.II..5. Texto de acordo com as especificações recomendadas para cada tipo de colaboração. VI - Citações Bibliográficas devem ser de acordo com as normas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas 6023. A responsabilidade pela edição e adequação dos manuscritos é de responsabilidade do autor, assim como pelos dados referenciais da obra. Segue abaixo modelos de referências. Atividade Física para Saúde Mental. Saúde Coletiva, v.8, n.50, p.126-130, 2011. ROCHA, R.T.; LELES, P.S.S.; OLIVEIRA NETO, S. Arborização de vias públicas em Nova Iguaçu, RJ: o caso dos bairros rancho novo e centro. Revista Árvore, Viçosa, MG, v.28, n.4, p.599-607, 2004. PARA ARTIGOS DA INTERNET: QUEIROZ, M.C. O direito como sistema autopoiético: contribuições para a sociologia jurídica. Disponível em: http://www.buscalegis.ufsc.br/arquivos/o%20d ireito%20como%20sistema.pdf. [Acesso em: 02 jul. 2010]. Manual Merck para a família. Disponível em: http://www.manualmerck.net/images/thumbn ail/p_116.gif [Acesso em: 14 dez. 2009]. LIVROS ACADÊMICOS KUMAR, V.; ABBAS, A.K.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran Patologia. Bases Patológicas das Doenças. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2005. GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2006. LAKATOS, E.M.; MARCONI, M.A. Metodologia do trabalho científico. 2.ed. São Paulo: Atlas; 1986. TESES E DISSERTAÇÕES MIYAMOTO, S. O Pensamento geopolítico brasileiro: 1920-1980. 1981. 287f. Dissertação (Mestrado em Ciência Política) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1981. FAGIOLI, M. Relação entre a condutividade elétrica de sementes e a emergência de plântulas de milho em campo. 1997. 74f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP, Jaboticabal, 1997. ARTIGOS CIENTÍFICOS HERNANDEZ, S.S.S.; VITAL, T.M.; GOBBI, S.; COSTA, J.L.R.; STELLA, F. Atividade física e sintomas neuropsiquiátricos em pacientes com demência de Alzheimer. Motriz, Rio Claro, v.17 n.3, p.533-543, jul./set. 2011. NERY, R.M. Questões sobre questões leitura. 2001. 326f. Tese (Doutorado Lingüística) – Instituto de Estudos Linguagem, Universidade Estadual Campinas, Campinas, 2002. OLIVEIRA, E.M.; AGUIAR, R.C.; ALMEIDA, M.T.O.; ELOIA, S.C.; LIRA, T.Q. Benefícios da EVENTO (CONGRESSO, SIMPÓSIO, REUNIÃO, ENCONTRO, WORK SHOP) Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 de em da de 311 FESSEL, S.A.; FAGIOLI, M.; VIEIRA, R.D. Tratamento químico e uso de corante em sementes de amendoim e sua influência na qualidade fisiológica. In: SIMPÓSIO DE PATOLOGIA DE SEMENTES, 5., 1998, Ponta Grossa. Anais... Ponta Grossa, 1998. p.29. MOREIRA, A.F.B. Multiculturalismo, Currículo e Formação de Professores. In: SEMINÁRIO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA, 2., 1998, Santa Cruz do Sul. Anais... Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 1998. p. 15-30. OBS. Trabalhos com autorias múltiplas e idênticas deverão ser ordenados na ordem crescente de data. VII - Gráficos devem ser acompanhados dos parâmetros quantitativos utilizados em sua elaboração, na forma de tabela. VIII - Ilustrações até 5 (cinco) ilustrações (entre figuras, mapas, imagens, desenhos, fotografias, gravuras, tabelas e gráficos), dispostas o mais próximas possível do texto aos quais se referirem e acompanhadas das respectivas legendas, gravados em extensão *.JPEG, com resolução de 300dpi. IX - Observações importantes para a qualidade do artigo: 1. Título: deve ser sucinto e refletir o assunto discutido no texto. Título e subtítulo (se houver) devem estar na página de abertura do artigo na língua do texto e em inglês. O autor deve evitar sobrecarregá-lo com informação expressa em forma de abreviatura (salvo casos em que são universalmente conhecidas ou nomes de projetos) e entre parênteses. 2. Resumo: texto com quantidade predefinida de até 250 palavras, onde se expõe o objetivo do texto, a metodologia aplicada, e as soluções encontradas. O abstract é o resumo traduzido para a língua inglesa. 3. Palavras-chave: são palavras características que devem identificar o artigo em bases de indexação. Constituem item obrigatório e devem estar abaixo do resumo, antecedidas da expressão palavras-chave separadas entre si por vírgula. 4. Introdução: deve situar o leitor no contexto do tema estudado, oferecendo uma visão global da pesquisa realizada, situando o problema e a metodologia empregada. 5. Desenvolvimento e explanação dos resultados: é a fundamentação lógica do trabalho, onde o autor deve fazer uma exposição e uma discussão das teorias que foram utilizadas para o entendimento e o esclarecimento do problema pesquisado e que devem apresentar um estreita ligação com a dúvida investigada. Dependendo do assunto tratado no manuscrito, há a necessidade de subdivisão em etapas que seguem em seções e subseções. A divisão do desenvolvimento deve apresentar a seguinte estrutura: a) Metodologia: descrição precisa dos materiais, métodos, técnicas, equipamentos e outros itens utilizados no decorrer da pesquisa, devendo estar apresentados com a maior clareza possível de modo que outros autores possam contextualizar e empregar em suas pesquisas. b) Resultados: apresentação da obtenção dos dados experimentais, que podem ser demonstrados através de tabelas, gráficos, fotografias, dentre outros recursos utilizados. c) Discussão: comentários cientificamente fundamentados, restritos apenas aos dados do trabalho confrontados com os dados da literatura da área na qual se encontra inserido o trabalho. 6. Conclusão: apresenta os resultados obtidos ao longo do manuscrito que foram extraídos da pesquisa ou apontados por ela, sendo relacionadas às diversas questões desenvolvidas ao longo do trabalho, sintetizando os resultados fundamentais, com comentários do autor e as contribuições resultantes da pesquisa. É importante a observação de que trata-se do encerramento do trabalho estudado, devendo responder às hipóteses propostas e aos objetivos apresentados na introdução, não devendo, sob condição alguma, que sejam apresentadas informações novas, que já não tenham sido apresentadas no desenvolvimento do trabalho. 7. Referências: Conjunto de informações que devem permitir identificar, no todo ou em parte, documentos impressos ou produzidos em diferentes materiais que foram citados no decorrer do texto, devendo seguir as normas da ABNT que estão explicadas e demonstradas no documento de orientação da apresentação gráfica do artigo. 8. Linguagem do artigo: O artigo é um texto condensado, é importante que sejam observados a correção e precisão da linguagem, coerência das idéias apresentadas, inteligibilidade, objetividade e fidelidade às fontes citadas. A análise destas questões inclui a análise de: a) impessoalidade: O trabalho é resultado da investigação cientificamente fundamentada do Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 312 autor sobre determinado assunto, não cabendo um relato pessoal sobre o trabalho, haja vista que o estudo deverá ser acessível à comunidade científica sempre que outro estudioso necessitar explorar o assunto em questão, logo deve ser redigido em terceira pessoa, caracterizando o teor universal da pesquisa desenvolvida; b) objetividade: deve ser direto, preciso, sem expressões que possibilitem interpretações medíocres, sem valor científico. Sendo assim, termos como “eu penso”, “eu acho”, “pareceme”, e outros que denotem dúvida ou desconhecimento de causa devem ser abolidos do texto; c) vocabulário técnico: a comunicação científica deve ser feita com termos comuns, que garantam a objetividade da comunicação, sendo, porém que cada área possui seu vocabulário técnico próprio que deve ser observado; d) correção gramatical: a observação da correção do texto deve ser feita com cuidado, evitando-se o uso excessivo de orações subordinadas em único parágrafo, o excesso de parágrafos, lembrando que cada parágrafo encerra uma pequena idéia defendida no texto, logo, encerrada a idéia, muda-se o parágrafo; e) ilustrações: a Revista Faculdades do Saber considera gráficos, mapas, fotografias, desenhos e tabelas como elementos ilustrativos devendo seguir as normas da ABNT que estão explicadas e demonstradas no documento de orientação da apresentação gráfica do artigo. X - Comitê de Ética Em toda matéria relacionada com pesquisa humana e pesquisa animal, os autores devem incluir no corpo do artigo, o número do processo de aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa, na qual a pesquisa foi realizada. XI - Conflito de Interesse Os autores devem preencher e assinar o formulário de Conflito de Interesse (Anexo A). XII - Direitos Autorais XII.1 - Artigos publicados na revista FACULDADES DO SABER Os direitos autorais dos artigos publicados pertencem à revista FACULDADES DO SABER. A reprodução total dos artigos desta revista em outras publicações, ou para qualquer outra utilidade, está condicionada à autorização escrita do(s) Editor(es). Pessoas interessadas em reproduzir parcialmente os artigos desta revista (partes do texto que excedam a 500 palavras, tabelas e ilustrações) deverão ter permissão escrita do(s) autor(es). O(s) autor(es) deverão encaminhar por e-mail o Formulário de conflito de interesse (Anexo A), a Carta de Autorização para Publicação, juntamente com o artigo (Anexo B) e Concessão de Direitos Autorais (Anexo C). O processo de submissão é feito via email, pelo endereço [email protected] ou [email protected] . XIII - Endereço da revista FACULDADES DO SABER: FMG - Faculdade Mogiana do Estado de São Paulo Endereço: Av. Padre Jaime, 2600 – Jardim Serra Dourada – Mogi Guaçu – SP Site: http://www.fmg.edu.br/ E-mail: [email protected] / [email protected] Maiores informações: (19) 3831-3080 ou (19) 3831-3079 XIV - Princípios Éticos a serem Seguidos pelos Autores: É importante que os autores que desejam publicar nesta revista tenham em mente que o desenvolvimento científico e doutrinário deve estar baseado em princípios éticos fundamentais que contribuem para a própria qualificação das obras publicadas e servem como referencial de boa conduta. Pesquisas com seres humanos devem passar obrigatoriamente por um comitê de ética. Por isso, é importante que: a) Descrição clara e concisa da pesquisa e de sua importância; b) Detalhamento da pesquisa, para permitir a repetição por outros cientistas; c) Créditos a trabalhos anteriores. Citar fontes da atual pesquisa; d) Os originais devem vir com carta de autorização à revista; e) Proibida a publicação e submissão múltipla; f) Co-autoria: todos os autores devem assinar. É responsabilidade do autor principal: incluir todos que participaram e excluir os que não participaram; estabelecer a comunicação entre editor e demais autores; O encaminhamento de um original implica em que os autores aceitam a autoridade final do editor quanto à avaliação e edição do texto; Quem envia um artigo, está fazendo um contrato com a revista e aceita as regras impostas. Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 313 ANEXO A DIVULGAÇÃO DE POTENCIAL CONFLITO DE INTERESSE Título do artigo: Autor Correspondente: E-mail: Em conformidade com a lei do direito civil vigente no Brasil o autor declara não haver (em relação ao artigo) qualquer conflito de interesse. Nome por extenso Assinatura Caso existam conflitos de interesses, essa condição deve ser redigida no espaço abaixo: _____________________________________ ASSINATURA do Autor Responsável Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 Data 314 ANEXO B MODELO DE CARTA DE AUTORIZAÇÃO PARA PUBLICAÇÃO Ao Conselho Editorial da revista FACULDADES DO SABER Área: Título do Artigo: Nome(s) do(s) autor(es): O(s) autor(es) do presente trabalho se compromete(m) a cumprir as seguintes normas: 1) Todos os autores relacionados acima participaram do trabalho e responsabilizam-se publicamente por ele. 2) Todos os autores revisaram a forma final do trabalho e o aprovam para publicação na revista FACULDADES DO SABER. 3) Este trabalho, ou outro substancialmente semelhante em conteúdo, não foi publicado, nem está sendo submetido a outro periódico ou foi publicado como parte de livro. 4) O(s) autor(es) concordam em ceder os direitos autorais do artigo à revista FACULDADES DO SABER e a reprodução total ou parcial do mesmo em outras publicações requer a autorização por escrito . _________________,______/______/__________. Local / Data _____________________________ Assinatura do Autor Responsável Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 315 ANEXO C CONCESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS (Modelo de Autorização) Esta autorização, devidamente preenchida, datada, assinada pelo autor principal, deverá ser entregue e, quando necessário, cópia da aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) e cópia do Consentimento Livre e Esclarecido assinado pelo paciente no caso de utilização de sua imagem. ............................................................................................................................................................... [(nome, endereço, RG e CPF do(s) autor(es)], doravante denominado(s) Autor (es), elaborou(aram) o original do artigo “...............................................................................................................................” (nome do artigo), e por ser(em) titular(es) da propriedade literária do mesmo e em condições de autorizar(em) a edição de seu trabalho, concede(m) à REVISTA FACULDADES DO SABER a permissão para comercializar, editar e publicar o citado artigo impresso em papel ou on line na Internet, na “REVISTA FACULDADES DO SABER”, em número e volume ainda a serem definidos pelo Conselho Editorial da revista. Essa concessão não terá caráter de ônus algum para o Conselho Editorial da “REVISTA FACULDADES DO SABER”, ou seja, não será necessário o pagamento em espécie alguma pela utilização do referido material, tendo o mesmo o caráter de colaboração. O(s) Autor(es) compromete(m)-se a assegurar o uso e gozo da obra à revista REVISTA FACULDADES DO SABER, que poderá explorá-la com exclusividade nas edições que fizer e compromete(m)-se também a não autorizar(em) terceiros a transcreverem ou traduzirem parte ou totalidade da obra sem expressa autorização do Conselho Editorial da REVISTA FACULDADES DO SABER, cabendo ao infrator as penas da legislação em vigor. O Conselho Editorial da REVISTA FACULDADES DO SABER compromete-se a entregar uma revista ao Autor Principal, caso o artigo seja publicado. O Autor tem ciência de que: 1. A publicação desta obra poderá ser recusada caso o Corpo Editorial da REVISTA FACULDADES DO SABER, responsável pela seleção dos artigos, não ache conveniente sua publicação, seja qual for o motivo, sendo que este cancelamento não acarretará responsabilidade de espécie alguma e nem a qualquer título por parte do Conselho Editorial da REVISTA FACULDADES DO SABER; 2. Os Editores da REVISTA FACULDADES DO SABER, reservam-se o direito de modificar o texto, quando necessário, sem prejudicar seu conteúdo, com o objetivo de uniformizar a apresentação. Data: ______/______/____________ Nome do(s) Autor(es) e assinatura: Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014 316 ANEXO D CHECKLIST Faça uma revisão cuidadosa do texto com relação ao uso correto do idioma e à digitação. Revise, cuidadosamente, o texto, no que diz respeito às NORMAS de publicação da revista. Verifique os seguintes itens e ordem de aparecimento: ( ) Folha de rosto identificada ( ) Folha de rosto sem identificação ( ) Resumo (nº de palavras) ( ) Palavras-chave ( ) Abstract ( ) Key words ( ) Texto ( ) Documento comprovando a aprovação do trabalho por Comissão de Ética em Pesquisa (quando aplicável) ( ) Referências ( ) Ilustrações com resolução de 300 dpi ( ) Tabelas ( ) Gráficos ( ) Menção de conflito de interesse ( ) Carta de autorização para publicação ( ) Concessão dos direitos autorais para a revista. Revista Faculdades do Saber, Mogi Guaçu, 02(3): 241-316, jul-dez, 2014